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O Estado eletrônico - Departamento de Ciência da Computação

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1. Ci ncia em a o como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora S o Paulo Editora UNESP 2000 WOOLGAR Steve A vida de laborat rio a produ o dos fatos cient ficos Rio de Janeiro Relume Dumar 1997 LIPKA Joseph Graphical and mechanical computation New York John Wiley amp Sons Inc Londres Chapman amp Hall 1918 MALCHER Luiz Paulo Leal da Gama Carta 4 jul 2001 Bras lia para PARENTE Pedro Bras lia 1f Presidente da SUCESU Nacional solicita ao Ministro Chefe da Casa Civil da Presid ncia da Rep blica participa o no Comit Gestor da Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira CT n 013 2001 PRESIN SN MARCUSE Herbert Cultura e sociedade Vol 2 Rio de Janeiro Paz e Terra 1998 MARTES Ana Cristina Braga Brasileiros nos Estados Unidos um estudo sobre 152 imigrantes em Massachusetts S o Paulo Paz e Terra 2000 MARTINS Humberto Falc o Reforma do Estado e coordena o governamental as trajet rias das pol ticas de gest o p blica na era FHC In ABRUCIO Fernando Luiz LOUREIRO Maria Rita org O Estado numa era de reformas os anos FHC Parte 1 Bras lia Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o Secretaria de Gest o 2002 Dispon vel em lt http www planejamento gov br arquivos down UCP publicacao estado reforma volL p df gt Acesso em 10 jul 2006 MARX Karl Letters Marx to P V Annekov in Paris December 28 1846 In ENGE
2. maiores macroobjetivos de governo que seriam desburocratiza o informatiza o governo eletr nico tal No que dependia das press es antag nicas da oposi o da cr tica estavam muito preocupados com esse impacto maior e n o com detalhes ou min cias t cnicas Em rela o a min cias ou detalhes de seguran a s vezes a gente tinha que discutir muito em reuni es e colocavam um filtro vamos dizer assim para o escal o pol tico porque no escal o t cnico o pau quebrava Entrevista n 15 A alian a entre t cnica e pol tica para a ICP Brasil foi definitivamente selada quando a Casa Civil puxou a para si Ao longo desse processo a lideran a passou das m os de t cnicos da burocracia para pol ticos do Executivo A coaliz o entre pol ticos e t cnicos se configurou em diferentes Minist rios que participavam da forma o e implanta o da ICP Brasil Cada um desses Minist rios configurou uma alian a entre t cnico e pol tico que lutou contra a alian a de outros Minist rios A disputa pela sede da Autoridade Certificadora Raiz consistiu numa das grandes lutas em que os pol ticos do Executivo elencaram a atua o dos seguintes rg os Minist rio da Defesa MCT atrav s do ITI Presid ncia da Rep blica Casa Civil da Presid ncia da Rep blica Secretaria da Receita Federal e Serpro vinculados ao Minist rio da Fazenda o MDIC atrav s do Instituto Nacional de Metrologia Normaliza
3. O papel t pico do Presidente da Rep blica como pol tico garantiu que a ICP Brasil resultasse de um processo pol tico e comandado por pol ticos An lise de discursos do ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso no papel de Chefe de Estado e principalmente daqueles proferidos no per odo da forma o da ICP Brasil mostrou coer ncia entre suas falas e a a o da burocracia Por exemplo em discurso para o Chanceler alem o em Berlim assim se referiu H um horizonte promissor em projetos de tecnologias de ponta e na coopera o acad mica e cient fica E al m de tudo a Alemanha hoje para n s um interlocutor pol tico privilegiado Pelo seu peso internacional pelo papel crucial que desempenha na obra da integra o europ ia pela sua cren a no multilateralismo Quantas das grandes quest es contempor neas n o est o a exigir um di logo cada vez mais estreito entre nossos pa ses A luta contra a pobreza a prote o ambiental os direitos humanos a reforma das Na es Unidas os rumos da sociedade da informa o a nova arquitetura financeira mundial o futuro do sistema multilateral de com rcio o crime organizado e in meras outras Cardoso 2001b p 214 grifo nosso Em ocasi o anterior a essa em entrevista o ent o Presidente da Rep blica mencionou condi es de infra estrutura relacionando as seguran a O entrevistador perguntou Essa a pergunta defesa do qu N o h ma
4. o digital para poder desempenhar sua tarefa O conhecimento adquirido lhe deu condi es de se tornar l der dos t cnicos da burocracia denotando a import ncia do conhecimento para o processo Em momentos cruciais do processo esse pol tico conector da pol tica nacional com a t cnica e com a pol tica internacional esteve presente Assim disse o entrevistado O Miguel gastou a umas dez horas aula para me explicar o que era o algoritmo de hash Quase que a gente chegou a botar na lei a escrever o algoritmo de hash na lei tamb m Foi um processo de conhecimento bem de baixo para cima mesmo Foi muito interessante N o t nhamos prato pronto Porque durante muito tempo n s ficamos nos perguntando por que o Raiz nico N s chegamos conclus o que era ela Mas eu n o posso dizer isso Eu Por que o Raiz nico Por que o Raiz nico Por que o Raiz nico O Raiz nico era o mais pr tico do ponto de vista operacional e segundo n s percebemos que os principais pa ses europeus adotaram o Raiz nico a come ar pela Alemanha Ent o eu j tinha um argumento para o Raiz nico os alem es s o Raiz nico risos Ent o a minha primeira brincadeira com o Silvano Silvano n s vamos para o Raiz nico E o Silvano Mas Bonif cio por que voc tomou essa defini o Porque a Alemanha assim mais risos A o Silvano Bom um argumento de autoridade Eu falei
5. o e Qualidade Industrial Inmetro o MPOG GSI atrav s de rg o da Abin o Cepesc A OAB tamb m almejava ter uma certificadora digital A a o da Casa Civil no processo objetivava tamb m pacificar conflitos entre esses rg os 87 Nem s de alian as se fez a rela o entre t cnicos e pol ticos Tamb m houve lutas entre eles Os pol ticos do Executivo pretendiam exercer maior controle sobre os t cnicos da burocracia proporcionando mais transpar ncia m quina p blica Pol ticos do Executivo recorreram at mesmo a um instrumento da democracia participativa para ampliar o controle social sobre o Estado no processo da ICP Brasil quando lan aram m o de consulta p blica Casa Civil 2001c Por outro lado os t cnicos da burocracia da seguran a da informa o igualmente tenderam a lutar contra os pol ticos do Executivo por m de outra forma Em linhas gerais quem zelava pela seguran a do Estado considerava que pol tico eleito para um governo n o proporcionava seguran a suficiente para o Estado Esse era um primeiro motivo de luta esses t cnicos se viam numa miss o de longo prazo e observavam pol ticos do Executivo preocupados com os mandatos de seus governos atentos a acontecimentos e repercuss es de curto prazo Dessa maneira pol ticos configuravam fonte de instabilidade diante da estabilidade que a burocracia buscava para o Estado e que se perdia com a Internet Relacionada a isso a segunda origem
6. 1999 2001a a consulta p blica Casa Civil 2001a sobre diferentes aspectos dos documentos eletr nicos no Estado 62 sobre elas um princ pio essencial da manuten o de uma posi o de controle 2003 p 146 Houve por outro lado uma diferen a entre a problem tica t cnica levada ao debate p blico e as discuss es que ocorreram na esfera do Estado em fun o da ICP Brasil Os temas citados por pol tico do Executivo Entrevista n 14 como tendo sido debatidos mostram as implica es envolvidas a quest o da democracia a democracia e o Estado na vida do cidad o democracia da informa o gest o p blica da informa o desenvolvimento do setor p blico se haveria ICP ou n o grau de abertura da ICP Brasil n mero de funcion rios p blicos envolvidos se haveria uma parte p blica se haveria conselho gestor se os Secret rios Executivos dos Minist rios participariam a forma das decis es Se tais quest es n o foram debatidas publicamente com a sociedade elas o foram na esfera do Estado Participar desse debate portanto requeria adentrar nessa esfera e o nico grupo social que assim conseguiu foi o setor banc rio Na configura o de Raz o de Estado que se apresentou como o rg o que concentrou a discuss o e a reflex o social o Estado seria o ator social mais e melhor capacitado para dirigir a sociedade emergindo em seu papel de Instituidor do Social No caso estudado tributa se o disparate entre
7. dos atores que agiram em seu nome o Estado Relacional se manifestou no caso da ICP Brasil pelas compara es que foram feitas entre os Estados E em alguma medida a pr pria ICP Brasil nasceu pela circunst ncia da realidade comparada do Brasil com outros pa ses quando se diagnosticou um atraso no estabelecimento de regras para a certifica o digital O Estado Relacional tamb m se manifestou pelo interc mbio de conhecimentos quando outros Estados serviram de fonte de informa es e experi ncias por redes internacionais que se formaram e pela constitui o de pol ticas de alian as geopol ticas No que consiste a quest o central por detr s do Estado Instituidor do Social Configurou uma luta pela monopoliza o dos recursos por uma crescente concentra o de poder na esfera do Estado um dos pontos relacionados ao Estado Leviat Surgiram dois resultados interligados da a o do Estado em seu papel de Instituidor do Social ele quem direcionava a sociedade no sentido de como deve ser feito e a partir dele que ocorreria a 111 expans o do uso da tecnologia atrav s da amplia o do mercado para as tecnologias da informa o popularizando as A legitima o do Estado no papel de Instituidor do Social se dava quando a sociedade solicitava a a o e a interven o do Estado Na forma o do Estado moderno Elias 1993 p 102 mostra uma lenta e progressiva monopoliza o dos recursos em que a esfera p blic
8. estudar a atividade de fazer ci ncia e n o a defini o de ci ncia dada por cientistas ou fil sofos Latour 2000 p 286 grifo do autor quando aceitamos a no o de ci ncia e tecnologia aceitamos um pacote feito por alguns cientistas para definir responsabilidades excluir o pessoal de fora e manter alguns l deres Para lembrar essa importante distin o a partir de agora usarei a palavra tecnoci ncia para descrever todos os elementos amarrados ao conte do cient fico por mais sujos ins litos ou estranhos que pare am e a express o ci ncia e tecnologia entre aspas para designar o que ficou da PKI a sigla de Public Key Infrastructure que traduzido para o portugu s Infra Estrutura de Chaves P blicas ICP 31 tecnoci ncia depois de resolvidos todos os julgamentos de responsabilidade Quanto mais esot rico o conte do da ci ncia e tecnologia maior sua expans o externa Assim ci ncia e tecnologia apenas um subconjunto que s parece ter preced ncia por uma ilus o ptica 2000 p 286 287 grifo do autor devemos duvidar das fronteiras das profiss es cient ficas tanto quanto das fronteiras da ci ncia e tecnologia nem mais nem menos Doravante a jogada ser deixar as fronteiras abertas e fech las s quando as pessoas que as seguimos as fecharem Em outras palavras precisamos ser t o indefinidos quanto os atores que se
9. expediu documento para o Ministro Chefe da Casa Civil Jos Dirceu de Oliveira e Silva quando escreveu sirvo me do presente para submeter aprecia o de Vossa Excel ncia proposta para a inclus o do Minist rio da Defesa no rol de membros titulares do Comit Gestor da Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira ICP Brasil Comentando o pedido o Secret rio Executivo do Comit Gestor da ICP Brasil escreveu para a Secretaria Executiva da Casa Civil com muita satisfa o que vemos a inten o do Minist rio da Defesa em participar do Comit Gestor da ICP Brasil Entendo ser esse um momento de fortalecimento da ICP Brasil No sentido de atender o pleito estou sugerindo que seja aberto um espa o na pr xima reuni o do comit gestor para que o Minist rio da Defesa possa fazer os esclarecimentos necess rios uma vez que o mesmo est criando uma nova Infra estrutura de Chaves P blicas bem como um comit gestor pr prio Por se tratar de um fato novo e n o previsto nos instrumentos normativos que regem a ICP sugiro tamb m que tenhamos um parecer da SAJ sobre os aspectos legais que permeiam o pleito Camolesi 2004 At mar o de 2006 representantes do Minist rio da Defesa n o haviam sido aceitos como membros efetivos com voto da ICP Brasil Todavia ao mesmo tempo em que 5 O caso da Febraban serve de ilustra o a entidade se apropria de um discurso de defesa da livre iniciativa e
10. n 10 p 14 46 2 sem 2001 QUE CORPORATION Guia do usu rio IBM PC DOS e Microsoft Windows Indianapolis IN Que Macmillam computer publishing 1994 REZENDE Pedro Antonio Dourado de Totalitarismo digital vers o 9 de 5 jul 2001 154 2001a Dispon vel em lt http www cic unb br docentes pedro trabs ditadura htm gt Acesso em 18 jan 2006 Sobre a cria o da ICP Brasil Observat rio da Imprensa 22 ago 2001 2001b Dispon vel em lt http www cic unb br docentes pedro trabs ICP htm gt Acesso em 7 jul 2005 ROSANVALLON Pierre O Estado em movimento Sociedade e Estado Bras lia vol 6 n 2 p 9 18 jul dez 1991 SAMS NET PUBLISHING Discover the world wide web with your sportster 2nd ed Indianapolis IN Sams net publishing Macmillam computer publishing 1996 SANTOS Eli R M Conceitos b sicos de computa o eletr nica Rio de Janeiro Editora Tecnoprint Ediouro 1980 SANTOS J NIOR Mozart J F Excel 7 0 passo a passo b sico Goi nia Editora Gr fica Terra 1995 Power point 97 passo a passo Goi nia Editora Gr fica Terra 1997a Windows 95 passo a passo b sico Goi nia Editora Gr fica Terra 1997b SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL Declara o de Pr ticas de Certifica o da Autoridade Certificadora da SRF Vers o 1 0 20029 Dispon vel em lt http www receita fazenda gov br acsrf dpcacsrf pdf gt Acesso em 11 jul 2006 SECRETARIA GERAL DA PRES
11. o O resultado do processo apontou para a privatiza o dos benef cios Furtado 1963 p 274 275 p 205 p 287 em favor dos bancos e socializa o das perdas Furtado 1963 p 205 entre Estado e sociedade Por sua vez a sociedade brasileira de alguma maneira se mostrou pujante e politicamente ativa no caso pujan a se revelou por ter praticamente criado um mercado de certifica o digital antes da interfer ncia do Estado Tamb m se ligando pujan a quanto ao ativismo pol tico elites interessadas e alijadas do processo da ICP Brasil se manifestaram protestando contra o que divergia de seus interesses O movimento do Estado para instituir a ICP Brasil consistiu em um importante grau numa rea o diante da a o da sociedade e que terminou por refor ar o poder da esfera federal e particularmente do seu topo Se por um lado conduziu ao fortalecimento da cabe a do Leviat mostrou tamb m um grau de autonomia e politiza o de setores da sociedade brasileira em rela o a seu Estado Finalmente entidades da sociedade civil organizada que se situavam em lados opostos no processo de implanta o da ICP Brasil situa o e oposi o mantiveram um sentido de uni o na defesa do interesse da sociedade diante do Estado Chamou se de eixo pac fico a cada par dessas entidades O caso do surgimento da ICP Brasil mostrou basicamente dois lados da atividade pol tica luta e coopera o A explica o de Weber 1993
12. o portanto na esfera supranacional Dessa maneira o Leviat n o se associava apenas seguran a paz e harmonia internas sociedade Estado ou na o pretendia mant las como observou Rosanvallon 1991 p 10 p 16 mas tamb m externas ou seja entre os Estados e na es Isso tamb m guarda rela o com o fato de que a seguran a a paz e a harmonia internas estavam sendo cada vez mais garantidas externamente na esfera internacional quando se ampliavam e fortificavam as alian as entre os pa ses Pode se falar numa tend ncia constitui o de Estados supranacionais a partir desse crescente e aprofundado relacionamento como foi o caso da Uni o Europ ia Em poucas palavras o Estado Leviat presente na ICP Brasil levantava se tamb m entre as na es Neste ponto importante que se fa a alguma distin o entre os Estados supranacionais e o Estado Relacional por mais que eles estejam relacionados Os Estados supranacionais v o surgindo como um conjunto de Estados nacionais que aceitam uma estrutura de poder superior O Estado Relacional surge do fato de existirem outros Estados e cada um deles se construir tamb m na rela o e intera o com seus pares O Estado n o se constr i apenas nas intera es com outros Estados porque as din micas internas dos Estados tamb m os constitui como mostrou o caso da ICP Brasil Estando essa caracter stica relacional do Estado introjetada e naturalizada nos habitus
13. qualquer eixo pac fico 55 Conceitualmente n o era poss vel existir um eixo pac fico entre OAB e Brisa J que ambas pertenceram oposi o da ICP Brasil 84 Pode se sugerir interpretativamente que diante do Estado e de sua coes o essas entidades erigiram seus eixos pac ficos na defesa do interesse da sociedade mesmo que individualmente elas tenham tendido a defender seus interesses particulares Em outras palavras perante o Estado entidades representativas de grupos sociais do setor banc rio do Direito e da ind stria de tecnologia da informa o estiveram unidas na defesa da sociedade Esse tipo de representa o da sociedade atrav s de grupos de interesses socialmente organizados remete concep o de Durkheim para a rela o entre Estado e sociedade Para o autor essa rela o deveria ser cada vez mais permeada por representa es da sociedade organizadas por interesse em torno da atividade profissional H mesmo raz o para supor que a corpora o est destinada a tornar se a base ou uma das bases essenciais da nossa organiza o pol tica Durkheim 1977 p 37 Finalmente os militares foram alijados da participa o direta isto com direito a voto na implanta o da ICP Brasil Cobrou se das For as Armadas mais tarde o pre o disso quando o Minist rio da Defesa desejava criar uma ICP Defesa Minist rio da Defesa 2004 Em 2004 o Ministro da Defesa Jos Viegas Filho 2004
14. 15 MCT Roger Stiefelmann Leal Casa Civil da Presid ncia da Rep blica Ot vio Carlos Cunha da Silva GSD e os seguintes representantes da sociedade civil Henrique C sar de Conti e Rodrigo de Assis Botafogo Gon alves ambos da Brisa No decorrer do processo de entrevistas outros atores relacionados institui o da ICP Brasil foram sendo citados inclusive com indica es para serem entrevistados e de fato o foram Pedro Pullen Parente Ministro Chefe da Casa Civil da Presid ncia da Rep blica Jos Bonif cio Borges de Andrada Subchefe da SAJ da Casa Civil Pedro Ant nio Dourado de Rezende Professor da Universidade de Bras lia UnB Marcos da Costa Presidente da Comiss o de Inform tica do Conselho Federal da OAB M rcio Liberbaum S cio Fundador da empresa CertiSign Jeroen Antonius Maria van de Graaf Pesquisador Cript grafo da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Foram entrevistadas tamb m com o objetivo de alargar a vis o do objeto quanto pr tica do governo eletr nico Tadeu Rodrigues Barbosa e Eguimar Jos de Oliveira Atendentes do servi o Fale com o Governo prestado pela Secom quanto rela o entre Estado e inform tica particularmente no processo de forma o da Pol tica Nacional de Inform tica Dantas 1988 p 54 56 Ivan da Costa Marques ex Presidente da empresa estatal Cobra E finalmente em 28 de julho de 2006 foi consultado Frederico Jos Regueira de
15. 2002k Resolu o n 14 de 6 de dezembro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica 147 Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 9 dez 2002 Se o 1 p 6 20021 Oficinas de planejamento estrat gico relat rio consolidado comit s t cnicos 2004 Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 243diretrizes governoeletronicol pdf gt Acesso em 2 nov 2004 COMIT GESTOR DA INFRA ESTRUTURA DE CHAVES P BLICAS BRASILEIRA Resolu o n 1 de 25 de setembro de 2001 2001a Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP1 htm gt Acesso em 18 nov 2005 Resolu o n 2 de 25 de setembro de 2001 2001b Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP2 htm gt Acesso em 18 nov 2005 Resolu o n 3 de 25 de setembro de 2001 2001c Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP3 htm gt Acesso em 17 nov 2005 Resolu o n 4 de 22 de novembro de 2001 2001d Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP4 htm gt Acesso em 18 nov 2005 Resolu o n 7 de 12 de dezembro de 2001 200le Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP7 htm gt Acesso em 19 jan 2006 Resolu o n 8 de 12 de dezembro de 2001 2001f Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP8 htm gt Acesso em 19 jan 2006 Resolu o n 9 de 12 de dezembro de 2001 2001g Dispo
16. A o fantasmag rica equipe de Campinas detalha fen meno que torna poss vel a criptografia qu ntica Pesquisa Fapesp S o Paulo n 102 p 49 51 ago 2004 Dispon vel em lt http www revistapesquisa fapesp br index php s 132 3 2535 2 amp ag s gt Acesso em 13 jul 2006 157 ANEXO A Entidades credenciadas e participantes da ICP Brasil Posi o em 17 de fevereiro de 2006 AUTORIDADE CERTIFICADORA dl AC CAIXA emitido em 22 11 2002 AC CAIXA emitido em 30 06 2005 AC CAIXA IN emitido em 10 06 2003 emitido em 30 06 2005 Z4 AC CAIXA PJ emitido em 10 06 2003 AC CAIXA PJ emitido em 30 06 2005 AC CERTISIGN M LTIPL A emitido em 04 02 2003 AC CERTISIGN M LTIPLA emitido em 29 11 2004 Ed CERTISIGN SPB emitido em 18 10 2002 ENDERE O WEB http icp caixa gov br asp repositorio asp http icp caixa gov br asp repositorio asp http icp caixa gov br asp repositorio asp http icp caixa gov br asp repositorio asp http icp brasil certisign com b r repositorio index01 html http icp brasil certisign com b r repositorio index02 html http icp brasil certisign com b r repositorio index03 html POL TICAS DE AUTORIDADES DE CERTIFICADO REGISTRO PC AC AR CAIXA PC A1 A3 AR CAIXA PC A1 A3 AR CAIXA PC A1 A3 AR CAIXA PC AC AR CERTISIGN PC A1 A2 A3 AR CERTISIGN A4
17. Interministerial n 264 de 4 de mar o de 2004 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF 8 de mar o de 2004 Se o 2 p 1 Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223portaria conjunta designacaocoordenadores 08032004 pdf gt Acesso em 27 jul 2006 CASTELLS Manuel Debates Prof Manuel Castells In Semin rio de Bras lia 1994 Bras lia O Brasil e as tend ncias econ micas e pol ticas contempor neas Bras lia Funda o Alexandre de Gusm o 1995 A gal xia da Internet reflex es sobre a Internet os neg cios e a sociedade Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003 A sociedade em rede 8 ed S o Paulo Paz e Terra 2005 CATAPULT INC MICROSOFT CORPORATION Microsoft Exchange 4 passo a passo S o Paulo Makron Books 1997 CHAHIN Ali CUNHA Maria Alexandra KNIGHT Peter T PINTO Solon Lemos E gov br a pr xima revolu o brasileira efici ncia qualidade e democracia o governo eletr nico no Brasil e no mundo S o Paulo Prentice Hall 2004 COMIT EXECUTIVO DE GOVERNO ELETR NICO Regimento Interno do Comit Executivo de Governo Eletr nico 20002 Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 202Regimento Interno Comite Executivo Gov Eletron pdf gt Acesso em 22 abr 2005 Resolu o n 1 de 8 de mar o d
18. Jairo Laser Procianoy Jo o Gabriel Lima Cruz Teixeira Jos Cl udio Cyrineu Terra Lourdes Maria Bandeira L cio de Brito Castelo Branco Luiz Alberto de Souza Aranha Machado Marcelo Medeiros Maria Ang lica Brasil Madeira Maria das Gra as Rua Maria Francisca Pinheiro Coelho Maria Stela Grossi Porto Mariza Veloso Motta Santos Michelangelo Trigueiro Paulo Grazziotin Roberto Cardoso de Oliveira in memoriam Roberto Sbragia Sadi Dal Rosso Tales Andreassi Thadeu de Jesus e Silva Filho e Wivian Weller E a meus Profs na USP UnB IV Col gio Sigma DF Col gio Marista Nossa Senhora de Nazar PA Col gio Ros rio DF Col gio Adventista Gr o Par Agrade o imensamente a Pedro Paulo Lemos Machado Silvano Gianni Murilo Marques Barboza Jorge Alves de Carvalho Amaury Guilherme Bier Benjamin Benzaquen Sics Carlos Am rico Pacheco Paulo Francisco de Vilhena Toledo Hugo Dantas Pereira Adelmar de Miranda T rres Gilberto de Oliveira Netto Rog rio Antonio Sampaio Parente Vianna Ernandes Lopes Bezerra Jos Ney de Oliveira Lima Miguel Teixeira de Carvalho Roger Stiefelmann Leal Ot vio Carlos Cunha da Silva Henrique C sar de Conti e Rodrigo de Assis Botafogo Gon alves Pedro Pullen Parente Jos Bonif cio Borges de Andrada Pedro Ant nio Dourado de Rezende Marcos da Costa M rcio Liberbaum Jeroen van de Graaf Tadeu Rodrigues Barbosa Eguimar Jos de Oliveira Ivan da Costa Marques Frederico Jos Regueira
19. Vol I Bras lia Funda o Alexandre de Gusm o S o Paulo Paz e Terra 1994 FLUKE CORPORATION Network maintenance and troubleshooting guide Everatt WA Fluke Publication 1997 FOUCAULT Michel As palavras e as coisas 2 ed S o Paulo Martins Fontes 1981 FREITAS Maria Cristina Penido de PRATES Daniela Magalh es Sistema Financeiro e Desenvolvimento as restri es das novas regras do Comit da Basil ia sobre os pa ses perif ricos In SEMIN RIO INTERNACIONAL DESENVOLVIMENTO NO S CULO XXI CENTEN RIO DO NASCIMENTO DE DON RAUL PREBISCH Anais Rio de Janeiro UFRJ Instituto de Economia 30 ago 2001 Dispon vel em lt http www ie ufrj br prebisch pdfs 1 1 pdf gt Acesso em 13 maio 2006 FREYRE Gilberto Sobrados e mucambos decad ncia do patriarcado rural no Brasil S o Paulo Companhia Editora Nacional 1936 FURTADO Celso Forma o econ mica do Brasil Bras lia Universidade de Bras lia 1963 GATES Bill RINEARSON Peter MYHRVOLD Nathan A estrada do futuro S o Paulo Companhia das Letras 1995 GIBBONS Michael LIMOGES Camille NOWOTNY Helga SCHWARTZMAN Simon SCOTT Peter TROW Martin The new production of knowledge dynamics of science and research in contemporary societies Londres Sage 1994 GODIN Seth Dicion rio de emoticons expresse suas emo es com smileys no teclado Rio de Janeiro Axcel books 1994 GOOGLE SCHOLAR Google Scholar Beta 2006 Dispon vel
20. der pol tico da constru o da ICP Brasil Esse nacionalismo se apresentou com duas faces interdependentes o nacionalismo turvo e o nacionalismo sustent vel O nacionalismo turvo se mostrou confuso pela sua natureza ou seja n o encontrou fundamenta o argumentativa e pr tica s lida para se legitimar diante do contexto em que se inseria Mesmo assim o nacionalismo turvo foi condi o para que pudesse surgir um segundo tipo o nacionalismo sustent vel Este nacionalismo foi o modo encontrado pelo pol tico do Executivo para que o discurso nacionalista continuasse tendo legitimidade a partir de uma realidade em que se aprofundava a interdepend ncia e a integra o entre diferentes Estados na es blocos e contingentes populacionais Como escreve Martes a para a inclus o da academia na continua o de seu processo de implanta o o conhecimento produzido na academia foi se revelando indispens vel dentro da l gica das condi es pol tico cognitivas que misturadas s condi es socioecon micas n o teriam um custo al m da possibilidade de inclu la Pode se tamb m pensar que por ser um grupo social politicamente importante e que manteve press o sobre a ICP Brasil sua inclus o faria parte de uma pol tica de concilia o quando tamb m se intentaria conferir mais legitimidade ICP Brasil agregando se atores nela antes exclu dos 117 solidariedade t n ica n o meramente uma quest o de identidade
21. enquanto probabilidade de pilhagem ao sistema financeiro a captura de dados sens veis de natureza b lica ou ataques e sabotagens matriz energ tica como s barragens de usinas hidrel tricas e s usinas nucleares De fato depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 a utiliza o da Internet por terroristas se comprovou Castells interpretou a a o dos Estados dado o contexto do uso da criptografia de chave p blica atrav s da Internet Castells 2003 p 142 como uma necessidade de se unirem na tentativa de evitarem perder soberania com o fortalecimento da Internet Mas ao se unirem tiveram que compartilhar poder fazendo com que acabassem perdendo parte de suas soberanias A soberania do Estado sempre come ou com o controle da informa o e agora esse controle estava sendo lenta mas inexoravelmente erodido Dado o car ter global da Internet tornou se necess rio para os governos mais importantes agir de maneira conjunta criando um novo espa o global de vigil ncia De fato ao fazer isso eles estavam perdendo soberania j que tinham de compartilhar poder e concordar com padr es comuns de regula o tornaram se eles pr prios uma rede de ag ncias reguladoras e de vigil ncia Mas compartilhar a soberania era o pre o a pagar para conservar coletivamente algum grau de controle pol tico Assim misturando pr ticas leg timas e ileg timas o Estado revidou 2003 p 146 grifo nosso Mesmo com o
22. funcion rio p blico para fins criminais Entrevista X Por paradoxal que possa aparentar primeira vista os pol ticos do Executivo encaravam a burocracia ao mesmo tempo como aliada e oponente Isso ocorreu no mesmo sentido em que Elias identificou como uma ambival ncia fundamental das rela es sociais 1993 p 150 ou seja os interesses das pessoas na sociedade s o parcialmente iguais e parcialmente contr rios 1993 p 150 No caso da ICP Brasil os pol ticos do Executivo pretendiam aumentar o controle sobre a burocracia contando com o apoio dos pr prios burocratas e ao mesmo tempo garantir a sua perman ncia como estamento vital para o Estado fornecendo bases para a domina o burocr tico legal sobre a qual escrevera Weber 1998 p 142 147 A ambival ncia desses pol ticos em rela o burocracia conduz id ia de mudan a que n o muda j que pretendiam alterar as condi es de trabalho da burocracia e a forma de control la para que por outro lado ela permanecesse como classe dominante e de sustenta o do Estado A id ia de mudan a que n o muda guarda rela o al m da pr pria lentid o do processo hist rico de forma o do Estado com outro processo descrito por Elias o mecanismo r gio que atribui a um nico homem um poder extraordin rio na qualidade de coordenador supremo 1993 p 150 nessa constela o que diferentes grupos sociais mant m s
23. gico 2006 4 As entrevistas dos representantes da sociedade civil comprovaram isso Documento cedido por entrevistado Brisa 2000 al m de outro consultado nos arquivos da ICP Brasil tamb m demonstram esse fato id 2001 42 As oposi es externas foram o terceiro grupo que participou do processo de implanta o da ICP Brasil ajudaram a legitimar o processo tamb m com sua representatividade na sociedade civil e influenciaram em altera es na Medida Provis ria Para efeito da presente pesquisa fizeram parte das oposi es externas o S cio Fundador da empresa CertiSign um Deputado do Congresso Nacional um representante da OAB e dois membros da academia O grau de influ ncia das oposi es externas isto o quanto influenciaram na implanta o da ICP Brasil dependeu do dinamismo das disposi es e posicionamentos do n cleo e da oposi o interna As decis es j tomadas podiam ser modificadas havendo mobilidade das disposi es e posicionamentos dos atores na ICP Brasil Denotam tal configura o duas consultas p blicas uma antes sobre documentos eletr nicos no Estado Casa Civil 2001a e outra depois de institu da a Infra Estrutura Casa Civil 2001c 2001d tr s vers es da Medida Provis ria 2 200 e apresenta es sobre t cnicas de n o membros para os membros da ICP Brasil A posi o de um ator nos c rculos de participa o do processo variou com o passar do tempo seja dentro do n cleo
24. lise dos discursos Isso significou que j existiam v rios elementos que davam uma dire o s hip teses de pesquisa Quando os arquivos foram pesquisados finalmente em alguma propor o se direcionou a aten o para a verifica o das constata es Todavia a pr pria consci ncia da tend ncia geral do conjunto das entrevistas for ava a que se mantivesse uma postura de vigil ncia epistemol gica Bourdieu Chamboredon amp Passeron 2004 p 11 n o se negligenciando o fato de que novos elementos poderiam aparecer Nada absolutamente surpreendente apareceu e a pesquisa nos arquivos apontou o mesmo sentido geral coletado nas entrevistas Foi examinado ao longo de tr s visitas cada documento de todas as pastas da ICP Brasil e da ICP Gov mais ou menos nove pastas da primeira e seis da segunda que foram colocadas disposi o da pesquisa A legisla o que regulamenta a ICP Brasil n o foi objeto de an lise sistem tica ao contr rio das entrevistas Sua utilidade se restringiu em geral ao confronto com as falas dos atores n o no sentido de exame da veracidade dos discursos operando neles testes de falseabilidade mas para a verifica o dos sentidos dos discursos e para a problematiza o dos motivos de lutas e controv rsias da ICP Brasil A decis o de n o se fazer an lise sistem tica dos discursos da regulamenta o se deu em decorr ncia da compara o com o conjunto dos discursos das entrevistas Alg
25. o pol ticos da Casa Civil retiraram a men o ao rg o por ocasi o da segunda reedi o da Medida Brasil 2001e Em alguma medida essa cr tica colaborou para que houvesse o afastamento dos t cnicos da burocracia militar do processo de implementa o da ICP Brasil Oposi es internas no pr prio Estado tiveram outra parte nessa influ ncia Assim disse o entrevistado Pela minha pessoa e do Ot vio que fosse no Cepesc porque era a melhor estrutura para isso Era um rg o de Estado S o t cnicos J trabalham com criptografia h anos A rea de criptografia com a rea de certifica o digital est muito junto Mas a j tinha come ado a rea o muito do Professor Rezende da UnB dizendo que na verdade ainda por resqu cios da ditadura do SNI a Abin que a rea de intelig ncia ia tomar conta de tudo E a esse esfor o descartado Isso a n o era problema interno do governo Nunca Mas era por que como que isso ia bater na cabe a da sociedade Porque estava come ando assim tinham artigos nos jornais A ningu m falava na poca da parte t cnica que era a mais importante Ainda estava naquela hist ria Vai ser o Grande Irm o V o tomar conta de tudo As senhas de todo mundo v o ser servi o de intelig ncia vai saber de tudo Come aram algumas coisas assim Coisa que afastou tamb m os militares antes um pouco
26. o significou todavia que apenas eles fizeram a ponte entre t cnica e pol tica Essa associa o entre t cnica e pol tica evidencia tamb m a dificuldade em se separar condi es sociocognitivas das pol ticas e econ micas e vice versa isolamento esse criticado por Latour amp Woolgar 1997 p 20 114 A burocracia se assumiu como portadora de uma miss o considerando se o grupo social preparado e pr posto pela sociedade para conduzi la Assim em algum grau se op s aos pol ticos na ICP Brasil quando ocorreu uma luta indireta e dissimulada configurando se mais como controv rsia Gouv a 1994 p 294 295 tamb m identificou a burocracia como o grupo social que se assumiu com a prerrogativa de governar o pa s pelo conhecimento t cnico e pelas redes de relacionamentos que tinha e no sentido da defesa do interesse p blico Outra caracter stica pol tica importante do surgimento da ICP Brasil consistiu no esvaziamento da participa o do Congresso Nacional no processo negociada com l deres do partido do governo nessa Casa Al m dos pol ticos do Executivo os t cnicos da burocracia tiveram significativa participa o pol tica Grande parte das discuss es e da formula o normativa t cnica e jur dica da ICP Brasil ocorreu dentro da esfera do Poder Executivo Nesse sentido ao serem analisadas v rias falas do ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso no per odo da forma o e implanta o
27. permitisse que ela protegesse de alguma forma Entrevista X Ademais o representante da Febraban assumiu um discurso pretensamente representando mais dois setores de alguma maneira enfraquecidos na ICP Brasil a iniciativa privada e importantes rg os da rea econ mica do Estado o Banco Central e a Secretaria da Receita Federal A contribui o dos bancos n o se deu apenas por ocasi o da influ ncia na decis o pol tica de cria o da ICP Brasil proporcionando lhe a precondi o socioecon mica Institu da a ICP Brasil e contando com a mudan a obrigat ria de governo os bancos persistiram na luta at a consolida o da sua vit ria por meio das suas opera es o representante dos bancos liderou uma equipe t cnica coesa e que trabalhou muito na implanta o tecnol gica Nesse sentido pol ticos do Executivo e o representante dos bancos tiveram comportamentos semelhantes ap s a Medida Provis ria Operaram com uma esp cie de c lculo daquilo que era necess rio fazer para que o governo seguinte n o abandonasse ou fizesse a ICP Brasil retroceder Assim disse o pol tico do Executivo Meu papel era um pouco para fora com o Congresso Nacional e com as empresas para aparar as arestas que impedissem os avan os da ICP Brasil E dentro fazer com que a coordena o e a execu o fossem de fato implementadas Depois desse esc ndalo da Medida Provis ria voc teve pequenos restos de resist ncia Quando voc tem u
28. quando da escrita da regulamenta o da ICP Brasil 9 Original em ingl s Original em ingl s 107 e nos eixos pac ficos entre entidades da sociedade civil Febraban OAB e Brisa Esses foram casos em que se mostrou uma tend ncia ao consenso no sentido habermasiano 1989 p 23 a partir de quem se pode interpretar pol tica tamb m como uma tend ncia a um processo cooperativo atrav s da linguagem Nem pol tica como guerra nem pol tica como coopera o apresentaram se num sentido puro mas geralmente misturados Relacionado a isso Elias observou a seguinte antinomia os interesses do governante central jamais se tornam inteiramente id nticos aos de qualquer outra classe ou grupo seus interesses exigem tanto uma certa coopera o quanto uma certa tens o entre as partes da sociedade 1993 p 149 grifo do autor Dessa maneira pol tica de concilia o esteve misturada pol tica de rendi o No caso da Brisa por exemplo os representantes tiveram um per odo inicial de estranhamento com a burocracia que politicamente demorava a repassar lhes informa es Brisa 2001 Isso dificultou a reflex o e o debate interno da Brisa at o advento de um segundo momento em que lhe foi poss vel ter uma maior participa o na implanta o da ICP Brasil Finalmente o processo pol tico do caso conteve tanto componentes n o planejados como tamb m de c lculo A forma o da ICP Brasil apresentou e
29. rios como o sistema de tr mite eletr nico de documentos Brasil 1999 2001a implantado pelo Serpro Cabia ao Ministro Chefe da Casa Civil articular a es governamentais entre a Presid ncia da Rep blica e os demais Minist rios A certifica o digital lhe ajudaria nessa tarefa pois lhe proporcionaria mais controle sobre esses pol ticos Al m do mais Pedro Parente liderou coaliz es a partir da Casa Civil quanto a pol ticas de tecnologias da informa o Martins 2002 p 223 224 p 252 Historicamente uma das atividades em que as tecnologias da informa o vieram sendo usadas no Estado referiu se atividade de controle ligada rea de controladoria Da parte do grupo pol tico t cnico de Pedro Parente o emprego de sistemas computacionais objetivando mais controle sobre a m quina p blica remontava constru o do Sisbacen 1984 e do Siafi 1986 1987 Pedro Parente era funcion rio de carreira do Banco Central do Brasil tendo se formado em Engenharia Eletr nica pela UnB com especializa es nas reas de controle e auditoria e com utiliza o de processamento eletr nico de dados Ocupou tamb m cargos em reas econ micas do Estado e tornou se presidente do Serpro entre 1990 e 1991 Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o 20062 J seu Secret rio Executivo Silvano Gianni foi diretor do Serpro e assessor do Minist rio da Fazenda tendo participado da cria o da Secretaria de Tesouro Nacional I
30. tradi o e o moderno entre ci ncia t cnica e Estado enfim Bruno Latour contribui por seu trabalho de media o 1994 p 138 2000 p 31 Como as id ias e conceitos aqui constru dos s o em grande medida tipos puros j que resultam de modelagem e tipifica o a realidade pode muitas vezes lhes escapar A realidade ao contr rio tende a ser h brida din mica mais diversificada do que os modelos purificados Latour 1994 p 139 Desse modo as supostas pequenas fendas que s o os interst cios acabam representando mais fielmente a realidade porque s o de fato mais amplas Latour 2000 p 287 que os tipos puros quando se observa a pr xis dos atores A media o que faz Latour relaciona se aos interst cios 2000 p 16 17 Latour amp Woolgar 1997 p 28 existentes entre os tipos puros Ademais o pr prio Weber 1998 p 12 escrevera que havia graus de aproxima o entre seus tipos e a realidade De certa forma Bruno Latour tenta complementar este trabalho Retornando aos exemplos da ICP Brasil a precondi o socioecon mica encontra se misturada condi o sociopol tica e precondi o sociocognitiva a precondi o socioecon mica em alguma inst ncia n o apenas uma precondi o mas tamb m uma condi o socioecon mica O mesmo se repete para as outras categorias cognitiva pol tica e econ mica para a hierarquiza o entre condi o e precondi o e assim por diante 23 dentre os c
31. Brasil e a quest o do Estado 50 2 3 1 3 Bancos ICP Brasil e Estado eeerereeenas 53 2 3 1 4 As oposi es e a quest o do Estado i 54 2 3 2 A rela o entre Estado e sociedade iieeereeeereerereanos 56 2 3 2 1 As lutas travadas ap s a Medida Provis ria 2 200 12 2 3 3 A rela o entre t cnica e pPoltica ssa nes rante aaa narra nnpa santo ada caspa 86 2 3 3 1 T cnica e pol tica alian as e desalian as i its 86 2 3 3 2 O papel politico da t cnicas gusssasaens irao ipa a cn rans as aqu annno rasa ndo 89 2 3 3 3 O papel t cnico da pol tica eee rererererereanos 97 2 3 3 4 A pol tica a partir da ICP Brasil 106 3 CONCLUS O sas ee AD SED DER CEE aa Sa 110 4 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ssssssssssesseseeesecceeeesressesssesesetseeeeeeeneessssesessseee 142 ANERO A E ATA A TARE 158 ANEXO e E E E E E T 161 1 INTRODU O Esta disserta o objetiva entender o que possibilitou o surgimento da chamada Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira ICP Brasil Em outras palavras compreender quais as condi es para sua institui o a partir de que se pode falar de ICP Brasil Tomando se as palavras de Foucault condi o consiste n aquilo sem o que e aqu m do que n o se pode conhecer 1981 p 84 Antes por m necessita se saber sobre para que ela utilizada 1 1
32. Internet Al m de bibliografia e bancos de dados do campo das ci ncias sociais pesquisaram se sites de busca como o Google Em pesquisas mais espec ficas no Google Scholar 2006 em que se utilizou a l ngua inglesa descobriu se que Beth Noveck 2004 7 no t tulo de um trabalho mas n o desenvolveu ou escreveu a express o Electronic State citou novamente ao longo do texto Andriy Vyshnevsky conceituou o que chamou de electronic state administration 2002 p 3 sem ter trabalhado a id ia espec fica de Estado eletr nico O conceito de administra o do estado eletr nico 2002 p 3 7 Estado Eletr nico 133 tradu o nossa do autor corresponde ao uso de modernas tecnologias em rg os da administra o governamental incluindo se tecnologias da Internet 2002 p 3 tradu o nossa Como se observa tal defini o tem alguma semelhan a com a segunda parte do que se chamou de Estado eletr nico na presente pesquisa Por sua vez S rgio Amadeu da Silveira 2000 observara a emerg ncia do ciberespa o quando relacionou Estado na o controle e regulamenta o da Internet Finalmente Castells descreveu o epis dio da rea o do Estado diante da inseguran a em decorr ncia da emerg ncia da Internet 2003 assinatura digital 2003 p 141 criptografia de chave p blica 2003 p 142 H uma tend ncia da sociedade a utilizar a palavra governo ao inv s de Estado Pa
33. Magda Suely Costa Ma ra Zenun de Oliveira Manoel Viana Manuela Alvarenga Nascimento Maria Cec lia Castello Branco Maria Isabel Pojo do Rego Maria Medrado Nascimento Maril ia Hillesheim Nelson do Vale Oliveira Patr cia Rachel Andrioni Pedro de Andrade Callil Jabur Pedro Henrique Isaac Penninha P blio Vieira Valadares Ribeiro Rita Matos Coitinho Rodrigo Paranhos Faleiro R mulo de Amorim Corr a Rosana Kirsch Rosevel Gutemberg Silva Sales Augusto dos Santos Shirlei Daudt Rodrigues Sonia Maria Ranincheski Taiguara Raiol Alencar Tania Cristina Alves de Siqueira e Zilda Vieira de Souza Pfeilsticker Pessoal do Departamento de Sociologia Ab lio Maia Cristiano Edilva Evaldo Alves Amorim Fran a J nior e Rose A todos os meus alunos RESUMO VI Partiu se da seguinte pergunta como foi poss vel surgir o governo eletr nico Para buscar respond la recorreu se a um estudo de caso Pertencente ao campo da Sociologia da Ci ncia e Tecnologia verificou se qual a manifesta o tecnol gica mais citada em legisla o do governo eletr nico Chegou se ent o Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira ICP Brasil que cont m a tecnoci ncia da criptografia O caso mostrou que a no o de governo eletr nico era insuficiente para explicar o que acontecera no processo de forma o e implanta o da ICP Brasil Criou se ent o o conceito de Estado eletr nico e Estado que in dito na literatura Um conjunto
34. Pereira Rafael Soares Rejane Ribeiro Mangueira Ricardo Augusto de Souza Ayres Lopes Santiago Falluh Varella Sergio Flor ncio Suzana Michelinne Dellabianca Ara jo in memoriam e Tiago de Arag o Silva minha turma de Sociologia da UnB 2004 Am lia Cardoso Alves Any vila Assun o Cristiano Guedes de Souza Daiane de Oliveira Lopes Ernandes Belchior Eugenio Jos Br s F bio Alves Fernando Kleiman Fernando de Jesus Rodrigues Gilberto Luis Lima Barral Le o Jesus Lopes de Pina Luana Sim es Pinheiro Luciana V Fonseca de Aguilar Marcela Corr a Martins Amaral Moacir Carvalho Oliveira e Ticiana Ramos Nonato Demais colegas da UnB Adauton Montagna Junior Ana Rosa Santos Agnaldo Jos da Silva Alberto Roseiro Cavalcanti Antonia L dia Freitas Espindola Antonio Santos B de Castro Beatrice Arruda Eller Gonzaga Benjamin Honorat Breitner Luiz Tavares Carlos Alexandre B Pl nio dos Santos Carol Vilalva Cinara Gomes de Ara jo Cleovane Souza Cristina Dias Dijaci David de Oliveira Eduardo di Deus Elder Patrick Maia Elo sa Pereira Barroso Enamar Fernandes Costa da Silva Gabriel Peters Gilson Ciarallo Gonzalo D az Crovetto Guilherme Paiva de Carvalho Homero Moro Martins Isamara Martins Vasconcelos Jacimara Machado Jos Nilvadino Rodrigues Julio Borges Karen Jorge Saliba Kenia Dias Leonardo Schiocchet Lilian M de Oliveira Luanda Dias Scramm Ludmila Gaudad Dardinha Carneiro Magda de Lima L cio
35. a Raz o de Estado defin vel como subordina o de qualquer outro valor necessidade da seguran a externa do Estado se manifesta com maior clareza e abrang ncia ou seja se torna regra e n o exce o Pistone 2004 p 1070 grifo nosso Em caso em que um processo de transnacionaliza o esteve presente o Estado brasileiro fez uso do recurso de medida provis ria mesmo havendo Projetos de Leis tramitando no Congresso Nacional sob o argumento de relev ncia e urg ncia exigidas pela Constitui o brasileira Brasil 2005 p 60 O uso desse expediente nessas circunst ncias se relacionou configura o da Raz o de Estado Por sua vez Elias procurou enfatizar as lutas entre tr s atores sociais nobreza burguesia e o rei 1993 p 155 em determinado per odo da forma o do Estado nacional em outro momento o autor tamb m faz refer ncia ao clero 1993 p 159 Muitos grupos envolveram se no caso da ICP Brasil mostrando a complexifica o social no processo da tomada de decis es Verificou se o envolvimento de sete atores nacionais burocracia pol ticos do Executivo bancos mercado de tecnologias da informa o academia OAB e pol ticos do Congresso Nacional al m do setor externo que foi levado em considera o pelos atores e com quem se acabou praticando uma pol tica inter nacional de alian as A trajet ria das an lises de Castells sobre a situa o do Estado significativa e sintom tica
36. aeaeaei aae aeoea es aiei acata 1 Lj Orque ga ICP Brasil ss ocaso amasse eoe ieai e EE E eE ET E 1 1 1 1 Localizando a ICP Brasil seeeeeeeeeeeeeeesesesessssreessrerssssresssreeessreeesreresssreessseee 3 1 1 2 Quem s o as Autoridades Certificadoras ACs 5 1 1 3 O que o governo eletr nico ssisunanmasrarnasissseaares a vin sisehatan apa dae ia nessacaniad a 6 1 1 4 Como est organizado o governo eletr nico 7 1 2 Por que pesquisar a ICP Brasil erre erereraceraanaa 1 3 Considera es Metodol gicas ssa sirssnesinrenariira osDesarioairenonadvosinnana mana ara nn rasama aa 10 1 4 Considera es AC RICAS nnion ein a a apatia 16 2 PRECONDI ES E CONDI ES DA INSTITUI O DA ICP BRASIL 25 2 1 Precondi es SOCINLOLTIN VASO amasse anna aaa dn AROS A dot 25 2 1 1 Conhecimento juridico arara aero dae anne dec SU 26 P BRA BO At E PERSA NDT E PRN RD PEN ERRA RR ER A 28 2 1 3 Conhecimento cient fico tecnol gico e tecnocient fico 29 2 2 Precondi o socioecon mica cs ieceeereeeerererererenerereeaaaererenaneerenaa 34 2 3 Precondi es e condi es pol ticas ee eee reeeeererereeeeeeeeeraneerenea 41 2 3 1 Raz o de Estado e a Institui o da ICP Brasil c iii 44 2 3 1 1 Pol ticos do Executivo ICP Brasil e o Estado 47 2 3 1 2 Burocracia ICP
37. aquele que ao unificar numerosas regi es chegou mais perto da supremacia A forma o de um bloco provoca a cria o de outro e embora por muito tempo o processo possa oscilar de um lado para outro o sistema como um todo tende a consolidar regi es cada vez maiores em torno de um centro e finalmente num nico centro Elias 1993 p 112 A caracteriza o da Raz o de Estado utilizada prov m do conceito formulado por Pistone que ofereceu variados elementos para o estudo Tais como a a complexifica o da estrutura social com intrincada articula o de classes Pistone 2004 p 1067 para a tomada de decis o Essa complexifica o foi exigindo ao longo do tempo o controle legal da Raz o de Estado Pistone 2004 p 1068 quando foram sendo criadas condi es para que emergisse a Raz o de Estado democr tica Pistone 2004 p 1069 b a exig ncia de seguran a interna do Estado com a utiliza o de qualquer meio necess rio para garanti la Pistone 2004 p 1068 44 c a prioriza o da seguran a externa do Estado Pistone 2004 1070 garantida por uma pol tica de alian as com outros Estados para a defesa do interesse nacional Pistone 2004 1071 d a influ ncia da rela o entre os Estados na vida dos Estados Pistone 2004 1066 Assim escreve o autor no contexto das rela es internacionais caracterizado por uma situa o de anarquia estrutural que o comportamento segundo
38. atrav s do voto e que tenham o reconhecimento e a legitima o diretos dos eleitores delibar o Consistir o em rg os que representar o contingentes populacionais maiores do que aqueles existentes dentro do territ rio das na es De outro modo com a emerg ncia de uma nova esfera a supranacional surge a necessidade de representa o pol tica de seus contingentes populacionais Nesse sentido a ICP Brasil sugestionou a possibilidade de forma o de condi es para a cria o desses rg os supranacionais que foram sugeridos por Habermas como institui es internacionais capazes de agir 2004 p 151 Essas novas institui es possibilitar o a exist ncia de agentes capazes de atuar com for a suficiente no plano internacional para atingir consensos em torno dos arranjos procedimentos e condi es sociopol ticas circunstanciais prementes Habermas 2004 p 151 Burocracia e segmento banc rio dois dos tr s atores que constru ram a ICP Brasil foram e est o internacionalizando se o que faltaria ent o para uma maior internacionaliza o do grupo dos pol ticos A institucionaliza o de espa os pol ticos supranacionais que talvez assumissem a forma de Congressos ou Parlamentos Supranacionais Em outras palavras institui es que permitam atrav s do voto o 140 reconhecimento da pr tica dos pol ticos na esfera supranacional Hoje o espa o desse reconhecimento basicamente se limita ao territ ri
39. autor Os t cnicos que participaram da ICP Brasil possu am alto grau de especializa o e formaram se em universidades reconhecidas por Estado e sociedade dentre as melhores do pa s O conhecimento foi ponto decisivo para a sele o dos t cnicos que participariam da implanta o da ICP Brasil Em ltimo inst ncia foi o Chefe de Estado quem comandou os grupos sociais participantes da ICP Brasil Isso tende a mostrar o mesmo sentido escrito por Elias no mecanismo r gio 1993 p 150 essa a situa o que d ao rei ao homem no topo ao governante central o poder timo E que lhe mostra inequivocamente onde est o seus interesses espec ficos 1993 p 150 grifo nosso Essa configura o da interdepend ncia levou a uma posi o ambivalente dos pol ticos do Executivo em rela o burocracia na ICP Brasil Ao mesmo tempo em que lutam entre si s o tamb m aliados A isso Elias chamou de ambival ncia fundamental das rela es sociais 1993 p 150 em que os interesses do governante central jamais se tornam inteiramente id nticos aos de qualquer outra classe ou grupo 1993 p 149 grifo do autor Ainda o Chefe de Estado responsabilizou se pela ICP Brasil ao assinar a Medida Brasil 2001b que a instituiu justificada por relev ncia e urg ncia como determina a Constitui o brasileira Brasil 2005 O instrumento da Medida Provis ria tamb m denota o mecanismo r gio 1993 p 150 Ad
40. blica Finalmente a configura o da situa o de Raz o de Estado verificada na ICP Brasil se deu ao longo de processos pol ticos percebidos assim em geral pelos atores Dessa maneira por mais que os t cnicos da burocracia enunciassem a neutralidade da t cnica inclusive como parte do papel pol tico desses t cnicos eles entenderam que estavam comandados pela pol tica E o conceito de pol tica que emanou do surgimento da ICP Brasil tende fortemente ao sentido que Weber lhe atribuiu 22 Verdadeiramente a natureza de toda pol tica luta recrutamento de aliados e de simpatizantes 1993 p 67 Para um maior debate te rico especificamente sobre a Raz o de Estado recorreu se aos autores Manuel Castells Swergio Pistone Pierre Rosanvallon al m do pr prio Norbert Elias que ser o objeto de considera es quando analisadas as condi es sociopol ticas Se por assim dizer Weber e Elias auxiliam a investiga o de cada condi o Bruno Latour permite perscrutar o que se localiza entre essas condi es perpassando a pesquisa Alguns exemplos deste caso entre condi o e precondi es entre os processos e per odos hist ricos entre os tipos de domina o de nacionalismo e de pap is do Estado entre a fala e a a o dos atores entre o bloco da situa o e da oposi o entre os campos cognitivo e pol tico entre t cnica e pol tica entre Estado e sociedade entre bancos e Estado entre a
41. conseguiriam alterar o resultado final mesmo se votassem como bloco pois os membros do Estado apresentavam se como maioria e posicionavam se com certa uniformidade votando em bloco O mundo contempor neo tem presenciado a forma o do Estado eletr nico e a ICP Brasil foi uma indica o nesse sentido Por que Porque a ICP Brasil foi constru da com elementos caracter sticos de Estado a a Raz o de Estado com sua preocupa o relativa seguran a e a garantia da exist ncia do Estado b o controle da sociedade pelo Estado c a estrutura da decis o pol tica a partir do Chefe de Estado d uma estrutura de domina o com import ncia para a burocracia e o poder de pol cia f quest es sobre soberania e territ rio g a atualiza o da maneira de se fazer guerra guerra cibern tica h o tratamento da criptografia assim trica uma t cnica de uso dual objeto de controle dos Estados 131 i a seguran a relacionada s rela es internacionais e configura o geopol tica dos Estados verificando se exaustivamente o que e como foi feito por outros pa ses atrav s do Direito e da t cnica comparados Em suma a quest o do Estado configurou se central para o surgimento da ICP Brasil O controle da sociedade pelo Estado atrav s da norma t cnica e jur dica perfez uma importante dimens o da ICP Brasil revelando uma conex o entre Leviat e Estado Legislador A constitui o da ICP Bra
42. cultural mas tamb m pol tica 2000 p 177 grifo nosso Atores civis implantaram a ICP Brasil quando t cnicos civis da burocracia principalmente p blica mas tamb m privada ligados rea de seguran a da informa o desempenharam papel de art fices de um processo de cria o de instrumentos de defesa para o Estado Os t cnicos da burocracia militar n o participaram diretamente da implanta o ou seja n o tiveram poder de voto quando institu da a Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira mas participaram em certo grau da constru o A aus ncia de representa o militar na implanta o da ICP Brasil n o se deu por falta de vontade de participar mas porque foram derrotados na luta pol tica ao longo da constru o e da transi o entre constru o e implanta o apesar de terem estado presentes no processo de transi o t cnica de ICP Gov para ICP Brasil Allemand et al 2001 No per odo entre a edi o das tr s vers es da Medida Provis ria Brasil 2001b 2001d 2001e teve import ncia a luta do Professor Pedro Rezende que ao receber espa o da imprensa para publica o de artigos influenciou decisivamente a retirada do Cepesc do texto final Brasil 2001e Detalhes de conversa es e poss veis negocia es pol ticas entre pol ticos do Executivo e l deres militares que definiram pela n o participa o das For as Armadas na implanta o da ICP Brasil n o vieram tona nas entrevistas
43. da ICP Brasil havia coer ncia entre seu discurso Cardoso 2001a p 209 Cardoso 2001b p 214 Cardoso amp Toledo 1998 p 352 e a a o desenvolvida pela burocracia Isso somado ao fato de que foram os pol ticos do Executivo quem tomaram as decis es finais e cruciais denota que n o houve autonomia da burocracia em rela o ao Presidente da Rep blica Por outro lado houve uma grande autonomia da burocracia diante do Congresso Nacional o que imediatamente conduz reflex o de Weber 1993 p 85 p 100 que se preocupava com a falta de controle da burocracia por parte dos pol ticos e acreditava no Parlamento alem o como o principal ator que a controlaria Entretanto por mais que enfatizasse poca tal rg o e estando centrado no caso alem o a preocupa o central de Weber que se controlasse a burocracia 1998 p 146 A conclus o deste estudo que no caso da ICP Brasil a exacerba o do poder da burocracia encontrou limites na presen a dos pol ticos do Executivo sob a gide do Presidente da Rep blica Foram os pol ticos do Executivo quem controlaram a a o da burocracia Quanto ao papel do Congresso Nacional no epis dio encontra se dentro daquilo que Nunes escreveu A participa o mais efetiva do Parlamento nas quest es relativas C amp T ainda uma expectativa a ser concretizada 1994 p 60 No caso da ICP Brasil mesmo com a pol tica empreendida por pol ticos da Casa Civil al m de tu
44. da seguran a necess ria Autoridade Certificadora Raiz b a necessidade de integra o do Estado brasileiro ao processo de globaliza o c o total do montante investido pelo Estado para garantir a seguran a da ICP Brasil d o poder de pol cia atribu do Autoridade Certificadora Raiz e representantes da sociedade civil na ICP Brasil nomeados pessoalmente pelo Chefe de Estado Para o representante dos bancos foi esse segmento econ mico a partir dele pr prio quem instigou o Estado a agir Instigou a partir do posto em que se auto configurava como o maior ator da iniciativa privada E como consegii ncia desse est mulo do setor o Estado apareceu como Instituidor o Social Nesse papel ao Estado caberia a fun o de popularizar as novas tecnologias da informa o Assim disse o entrevistado Era inserir a sociedade como um todo nos benef cios em que traria medidas desse tipo ICP Brasil Entrevista X Finalmente o Estado agiu tamb m como o Leviat ao pacificar o mercado evitando tanto o monop lio da certifica o digital como a luta entre bancos concorrentes Ao pacificar o mercado ele acabava por estabelecer para a sociedade como deve ser feito o que faz surgir novamente o Estado Instituidor do Social 53 2 3 1 4 As oposi es e a quest o do Estado a ICP Brasil uma necessidade para o Brasil ficar sic parte do mundo moderno Oposi o da ICP Brasil Entrevista X Para o S cio
45. da seguran a relacionada ao Estado burocratas preocupavam se com a seguran a para o funcionamento do Estado pol ticos do Executivo com a seguran a do Estado e da sociedade e com o controle pol tico do funcionamento do Estado quando controle e seguran a est o estreitamente ligados e o representante da Febraban com seguran a para os bancos em rela es intermediadas pelo Estado Dito isso Marx identificava a seguran a como aspecto central de um dos tipos de sociedade atual A seguran a o conceito social supremo da sociedade burguesa o conceito de pol cia segundo o qual t da a sociedade s mente existe para garantir a cada um de seus membros a conserva o de sua pessoa de seus direitos e de sua propriedade Marx 1991 p 44 grifo do autor Quais as caracter sticas do Estado que se configuraram para o bloco da situa o Para os tr s grupos pertencentes a esse bloco formaram se tanto o Estado Leviat como o Estado Instituidor do Social por solicita o Este segundo teve particularidades para cada grupo social para a burocracia o Estado em seu papel de Instituidor do Social se expressou em resposta solicita o da sociedade aos pol ticos que a representavam para os pol ticos do Executivo por solicita o da sociedade quando precisou politicamente conciliar e contrariar interesses e tamb m negociar no plano internacional para os bancos o Estado Instituidor do Social agiu pela alian a que fez com ele
46. da sociedade e mantenedor de seu pr prio 47 funcionamento conjunto que ajudava a configurar a situa o de Raz o de Estado A ICP Brasil continha a inten o de abranger o Estado a partir da for a do Poder Executivo federal no contexto federativo brasileiro Assim com a posi o que a Casa Civil ocupava no governo pr xima ao Presidente da Rep blica ela tinha uma justificativa para assumir a coordena o Afigurou se primeiro um projeto depois fazendo parte de sua estrutura organizacional Outra justificativa para a Casa Civil assumir o papel era a pacifica o da luta entre diversos rg os vinculados ao Estado por sediar a Autoridade Certificadora Raiz Assim disse o entrevistado voc tem na Casa Civil uma inst ncia de coordena o das a es do governo Voc tem Minist rios que t m pol ticas verticais olhando cada um no seu setor Quem faz a integra o das pol ticas verticais dos Minist rios do ponto de vista horizontal a Casa Civil Essa a l gica de voc ter uma inst ncia pr xima ao poder principal do Presidente da Rep blica de botar o governo para andar N o nas suas verticalidades mas nas suas horizontalidade de acordo com os programas do Presidente da Rep blica o tempo todo eu fui o Secret rio Executivo da Casa Civil Com isso cabia a mim fazer essa coordena o do governo E o meu papel era exatamente fazer o governo andar Quando voc fala de governo eletr ni
47. de rg os da rea econ mica do Estado fortalecendo e para fortalecer sua posi o e os interesses particulares dos bancos Em 10 de mar o de 2006 foram designados novos membros da Cotec da ICP Brasil Casa Civil 2006 85 ficaram de fora da participa o direta a ICP Brasil guardou um esp rito que era constitucionalmente relacionado aos militares a preocupa o com a seguran a nacional Note se que por outro lado a ICP Gov um dos principais processos que antecederam a ICP Brasil contou com a participa o direta de 21 t cnicos da burocracia militar dois servidores civis da Abin al m de 19 de outros Minist rios civis totalizando se 42 participantes diretos A pr pria adequa o de ICP Gov para ICP Brasil num processo de transi o de ICP Gov para ICP Brasil contou com participa o de representantes do Minist rio da Defesa Allemand 2001 Na implanta o da ICP Brasil apesar de os militares terem sido diretamente alijados atores civis da rea de seguran a do Estado com rela es de alguma maneira com os militares ocuparam dois postos chaves a Secretaria Executiva do Comit Gestor da ICP Brasil que coordenava a Cotec e a Presid ncia do ITI a Autoridade Certificadora Raiz Ambos os atores ocuparam postos de lideran a no processo e situaram se entre aqueles que mais trabalharam 2 3 3 A rela o entre t cnica e pol tica 2 3 3 1 T cnica e pol tica alian as e desalian as A ali
48. de Estado eletr nico Assim escreveu o autor r At certo ponto verdade no que interessava aos reis franceses e a seus representantes o que se disse certa vez sobre o pioneiro americano Ele n o queria toda a terra Queria simplesmente a terra que ficava junto sua Essa formula o simples e precisa expressa muito bem como a partir do entrela amento de incont veis interesses e inten es individuais quer tendessem mesma dire o ou a dire es divergentes e hostis surgiu algo que n o foi planejado nem foi inten o de qualquer um desses indiv duos mas emergiu a despeito de suas inten es e a es E realmente a se encontra todo o segredo das configura es sociais sua din mica irresist vel suas regularidades estruturais o car ter de seu processo e de seu desenvolvimento e esse o segredo da sociog nese e da din mica das rela es Elias 1993 p 140 grifo nosso No calor dos debates e das discuss es em lutas por diferentes posicionamentos na a o di ria e cotidiana os atores da ICP Brasil n o tinham o senso de que estavam contribuindo para a forma o do Estado eletr nico Nesse sentido eles ressaltaram epis dios ao acaso ocasionais incidentais confusos e at mesmo err ticos na forma o e implanta o da ICP Brasil Todavia n o se pode dizer que n o tenha havido processos planejados ao longo desses per odos Mas nenhum desses processos anunciava ou pretendia expre
49. de condi es sociopol ticas sociocognitivas e socioecon mica que se verificaram todas imbricadas umas s outras proporcionou a institui o da ICP Brasil Foram precondi es sociocognitivas o conhecimento jur dico o conhecimento tecnocient fico e a l ngua inglesa O apoio proporcionado pelos bancos configurou a precondi o socioecon mica Emergindo o Leviat a condi o sociopol tica consistiu na Raz o de Estado Esta envolveu a pr pria exist ncia do Estado a quest o da seguran a as rela es internacionais a pol tica nacional e internacional a t cnica a Internet Como precondi es sociopol ticas da ICP Brasil identificaram se outros pap is do Estado o Estado Relacional o Estado Instituidor do Social e o Estado Legislador A institui o da ICP Brasil resultou de processos pol ticos Al m da Raz o de Estado vieram tona a rela o entre Estado e sociedade e entre t cnica e pol tica Quanto primeira um dos resultados encontrados foi o surgimento de um nacionalismo turvo e de um nacionalismo sustent vel diante do contexto que se apresentou Quanto rela o entre t cnica e pol tica observaram se diversas configura es dos pap is t cnico e pol tico Dentre elas dois atores assumiram os tipos de pol tico conector e t cnico conector que expressam a liga o entre os dois pap is Ao final configurou se o Leviat eletr nico como parte do Leviat em resposta nova realidade que a Inte
50. de nacionalismo sustent vel a partir do de nacionalismo turvo A compara o internacional consistiu em relacionar o Brasil realidade atual de um segundo pa s a partir de informa es percep es e impress es que tinham os atores da constru o hist rica dessa realidade Assim disse um pol tico do Executivo era angustiante n s sab amos da responsabilidade t nhamos que escolher o melhor e depois n s t nhamos que dizer por que escolhemos Esse foi um argumento que se usou muito um sistema totalmente aberto como o americano ia determinar o monop lio da certifica o digital brasileira por alguma empresa norte americana E o nosso medo era que fosse a Verisign Se voc coloca um sistema completamente livre sem controle nenhum sem nada absolutamente livre n o existe empresa brasileira de certifica o digital o mercado do Brasil n o est desenvolvido n o tem ningu m aqui que trabalha nessa rea N o existe nenhuma estatal para poder regular o mercado ou desculpar o mercado Se n s abrirmos o modelo e disser que qualquer pessoa faz qualquer coisa o Brasil est na m o da Verisign e n o vai ter chance de nenhuma empresa brasileira poder aparecer E o Semeghini n o sei por que estava muito pr ximo da CertiSign na poca Padr o americano n o ter padr o a lei da selva Eu comecei a chamar de modelo lei da selva para o pessoal entender melhor Falei ass
51. de sair a Medida Provis ria Ainda havia uma d vida de que a Raiz nica hier rquica era ainda o melhor Faltando assim 30 minutos para terminar o prazo fatal A Medida Provis ria estava pronta j tinha sido aprovada definida ia mandar para a Imprensa Oficial Faltando 30 minutos o Murilo Barboza me aparece com uma minuta de um sistema com dupla Raiz Uma ICP para o sistema privado e uma ICP para o sistema p blico Digamos o seguinte olhe os dois est o certos A nessa hora a decis o foi minha Eu falei N o a primeira coisa o seguinte o sistema privado sempre tem op o de n o estar na ICP Segunda coisa se eu sair com dupla Raiz e verificar que errei e que eu tenha que ir para o Raiz nica eu n o vou conseguir Se eu sair com a Raiz nica e verificar que errei e precisar de uma segunda ou v rias ra zes eu sempre poderei fazer E depois aquele ltimo racioc nio voltando cabe a os alem es s o Raiz nica Entrevista X Estava selada a sorte da ICP Brasil o modelo escolhido foi de fato a Raiz nica em decis o tomada por pol tico Guiando se n o s pela condi o sociopol tica da Raz o de Estado mas tamb m pelo processo e pelo ator pol tico o representante dos bancos proporcionou a precondi o socioecon mica da institui o da ICP Brasil pressionando pela Raiz nica sob a guarda do Estado Tratava se em poucas palavras do ator econ mico atuando
52. dependia da configura o pol tica de cada momento espec fico J a oposi o ICP Brasil esteve dividida de duas maneiras em sua forma a primeira foi quanto configura o das alian as Ao contr rio da situa o que tendeu a agir coesa a oposi o esteve fragmentada Sua a o portanto permite configur la como oposi es A segunda divis o foi quanto ao tipo de participa o interna ou externa esta sem direito a voto no processo A oposi o interna ajudou a legitimar o processo com a representatividade que tinha na sociedade al m de ter contribu do com seus conhecimentos Pertenceram oposi o interna representantes da ind stria de tecnologia da informa o da Brisa Seus membros j haviam trabalhado em outros processos de informatiza o como foi o caso da estrutura o da certifica o digital do Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPD no Rio de Janeiro al m de negocia es e audi ncias p blicas no Congresso Nacional elabora o de documentos publica o de artigos em atividades relacionadas rea de tecnologia da informa o 45 O Sistema CV Lattes em suas vers es on line e off line o componente da Plataforma Lattes desenvolvido para o CNPq e utilizado por MCT FINEP CAPES MEC e por todos os atores institucionais bem como pela comunidade cient fica brasileira como sistema de informa o curricular Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol
53. dica em contratos eletr nicos Revista Jur dica Virtual Bras lia v 3 n 27 ago 2001 VIEGAS FILHO Jos Carta 4 jun 2004 Bras lia para SILVA Jos Dirceu de Oliveira e Bras lia 1f Ministro da Defesa solicita ao Ministro Chefe da Casa Civil inclus o de representante no Comit Gestor da ICP Brasil Aviso n 127 MD VYSHNEVSKY Andriy Development of Electronic Government as a Key Element of Electronic Democracy in Ukraine Open Society Institute Central European University 2002 Dispon vel em lt http pdc ceu hu archive 00001918 01 vyshnevsky pdf gt Acesso em 07 jun 2006 WEBER Max Parlamento e governo na Alemanha reordenada cr tica pol tica do funcionalismo e da natureza dos partidos Petr polis Editora Vozes 1993 Economia e sociedade fundamentos da sociologia compreensiva Vol I 4 ed Bras lia Editora Universidade de Bras lia 1998 A tica protestante e o esp rito do capitalismo S o Paulo Martin Claret 2001 A pol tica como voca o In Ci ncia e pol tica duas voca es S o Paulo Editora Cultrix 2004 Economia e sociedade fundamentos da sociologia compreensiva Vol II Bras lia Editora Universidade de Bras lia S o Paulo Imprensa Oficial do Estado de S o Paulo 2004b ZAKON Robert Hobbes Hobbes Internet Timeline v8 1 Growth 2005 Dispon vel em lt http www zakon org robert internet timeline gt Acesso em 15 jul 2006 ZORZETTO Ricardo
54. do Brasil Bras lia DF 24 jun 2002 Se o 1 p 8 2002b Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223decreto 2162002 inclui representante iti cege pdf gt Acesso em 27 jul 2006 Decreto de 29 de outubro de 2003 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF 30 out 2003 Se o 1 p 4 2003 Dispon vel em 144 lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223decreto criacao comites tecnicos 29112003 pdf gt Acesso em 27 jul 2006 Constitui o 1988 Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF Senado Federal Subsecretaria de Edi es T cnicas 2005 BRISA Coment rios sobre os Projetos de Lei 1 483 99 e 1589 99 Documento encaminhado Comiss o Especial de Com rcio Eletr nico da C mara dos Deputados Grupo de trabalho sobre regulamenta o em assinaturas digitais e certifica o Set 2000 An lise dos documentos recebidos da Consulta P blica feita pelo Comit Gestor da ICP Brasil Fac s mile de documento enviado por Henrique C sar de Conti para Murilo Marques Barboza Refer ncia FX 002 01 DF Bras lia 14 ago 2001 CAMOLESI Enylson Fl vio Martinez Carta 29 jun 2004 Bras lia para MACEDO Elcione Diniz Bras lia 1f Carta do Secret rio Executivo do Comit Gestor da ICP Brasil para o Assessor Especial da Secret
55. do que quanto ao conhecimento t cnico esse membro da academia rebatizou a quest o com a express o invers o do nus da prova Entrevista X O assunto da responsabiliza o j dividira anteriormente engenheiros e advogados Reeditada mais duas vezes a Medida Provis ria 2 200 a mat ria permaneceu intocada Neste ponto e garantindo a seguran a jur dica para os bancos a ICP Brasil criou uma divis o entre o interno e o externo a ela Assim na pr tica a parte que acata aceita um certificado da ICP Brasil considerada externa A responsabilidade imediata quanto ao certificado concentra se na parte interna da ICP Brasil isto naqueles que legalmente aceitam participar da Infra Estrutura Ent o para garantir que em princ pio a culpa estaria sempre dentro da ICP Brasil estabeleceu se uma cadeia de responsabilidades distribu das a partir da Autoridade Certificadora Raiz Nessa configura o o Estado tomou para si a responsabilidade primeira garantindo a guarda do Certificado Raiz e distribuiu outras responsabilidades entre os demais participantes Autoridades Certificadoras Autoridades Registradoras Prestadores de Servi o de Suporte e titulares do certificado digital da ICP Brasil Dessa maneira o titular sempre o respons vel pelo uso do certificado at que prove que n o foi ele de fato o usu rio Por outro lado a parte externa isto quem aceitou o certificado ficou isenta de provar que n o tem
56. documentos RG CPF etc j Pagamento de taxas de servi os 0 08 p blicos gua luz etc Obten o de certid es negativas e sis am om assistenciais Bolsa fam lia Re impostos T gas e e ds Base 8540 Resp estimulada RM Fonte E1 41 FONTE Ipsos Worldwide Social amp Opinion Research 2005b p 41 Quinta vers o da Disserta o e ltima quinta feira 22 set 2006 10h32 lt disserta o vers o final pdf gt 161
57. e burocratas do Estado Essa conjun o os tomou aliados Assim disse Hugo Dantas Se n o fosse o Pedrinho dificilmente eu teria convencido algu m a sair esse neg cio dessa maneira Entrevista X O Diretor Geral da Febraban buscou se legitimar no processo da ICP Brasil ao comparar o setor banc rio a outros segmentos econ micos Comparava os seguintes aspectos a o montante de capital representado pelos bancos b a configura o da base de clientes Estruturando a por quantidade poder parcela da popula o com recursos financeiros e capacidade de organiza o desses clientes n o teriam interesses difusos ou dispersos e c a hist ria da informatiza o do setor no Brasil internacionalmente comparada Dentre os argumentos que a Febraban utilizou estava o contraproducente e a falta de racionalidade de uma ICP Gov Essa Infra Estrutura contribuiria somente para os fluxos internos do Estado Assim seriam deixados sem solu o todos os processos envolvendo a rela o entre Estado e sociedade que necessitavam de identifica o e autentica o em meios eletr nicos Com a decis o do governo de instituir a ICP Brasil acabou prevalecendo o interesse dos bancos sobre o da burocracia estatal da ICP Gov Por que isso ocorreu Considerando se o poder que os bancos det m no Brasil e que seu representante fez uso dele para se legitimar o Diretor Geral da Febraban conseguiu que Pedro Parente se tornasse seu aliado Isso tornou m
58. e imediato do que a quest o do Estado A menor repercuss o que teve uma ICP para o Estado ICP Gov comparada a uma ICP nacional ICP Brasil demonstrou isso Esses pol ticos recorreram ent o ao uso do discurso nacionalista como forma de comunica o Explica se assim de mais uma maneira por que o nacionalismo portou caracter sticas turvas a principal quest o colocada pela ICP Brasil a Raz o de Estado transcendia o que pol ticos t cnicos e o representante dos bancos pretendiam comunicar com a sociedade O que fazia surgir um segundo paradoxo ao mesmo tempo em que a ICP Brasil vinha para aumentar o controle da sociedade sobre o Estado evitava se debater direta e explicitamente a quest o do Estado com a sociedade logo no nascedouro de algo que consideravam novo para ele 69 A base de sustenta o de um pol tico praticamente consiste na na o pelo voto circunscrever se a ela Vinculado a isso existe uma rela o entre comunica o com a sociedade e o nacionalismo associar se a l deres de um povo Relaciona se a esses elementos o nacionalismo ter se configurado mais relevante no discurso de pol ticos do Executivo especialmente aqueles vinculados Casa Civil do que para outros atores sociais envolvidos na ICP Brasil Isso lhes proporcionava de algum jeito a comunica o com a na o De qualquer modo tomando feitio de nacionalismo turvo e nacionalismo sustent vel o nacionalismo n o esteve morto por ocasi o d
59. eles de tens es e conflitos n tidos e permanentes de interesses 1993 p 149 Na constru o da ICP Brasil o pol tico necessitou entender a t cnica e o t cnico compreender a pol tica Exigiu um esfor o cognitivo pol tico de cada um desses atores Isso impactou suas a es pois tamb m vieram a assumir pap is diferentes daqueles t picos de suas fun es No final das contas verificaram se o papel t cnico da pol tica e o papel pol tico da t cnica Quando o pol tico adentrou na t cnica e o t cnico adentrou na pol tica observaram se h bridos t cnicos que desenvolveram habilidades pol ticas e usaram o papel pol tico e pol ticos que desenvolveram habilidades t cnicas e usaram o papel t cnico Nesse contexto a fala dos t cnicos procurava ressaltar seu papel t cnico fazendo quase desaparecer o papel pol tico de suas atua es Concluiu se que esse configurou mais um aspecto do papel pol tico dos t cnicos Um pol tico do Executivo encarnou com mais vigor o papel t cnico tendo sido classificado por isso como pol tico conector pois conectou a pol tica nacional pol tica internacional e t cnica Por outro lado tipificou se como t cnico conector o t cnico que assumiu mais intensamente os pap is t cnico e pol tico e no cargo de Secret rio Executivo do Comit Gestor da ICP Brasil conectou o Comit Gestor Comiss o T cnica Ambos os conectores desempenharam papel de lideran a na ICP Brasil Isso n
60. em lt http scholar google com gt Acesso em 7 jun 2006 GOUV A Gilda Figueiredo Portugal Burocracia e elites burocr ticas no Brasil S o Paulo Paulic ia 1994 GRUPO DE TRABALHO NOVAS FORMAS ELETR NICAS DE INTERA O Proposta de pol tica de governo eletr nico para o Poder Executivo federal Bras lia 20 set 2000 Dispon vel em 150 lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 90proposta de politica de governo eletronico pdf gt Acesso em 22 abr 2005 HABERKORN Ernesto O computador na administra o de empresas S o Paulo Editora Atlas 1986 HABERMAS J rgen T cnica e ci ncia enquanto ideologia In BENJAMIN Walter HORKHEIMER Max ADORNO Theodor Textos Escolhidos S o Paulo Abril Cultural 1975 Cole o Os pensadores Vol XLVIIND Mudan a estrutural da esfera p blica investiga es quanto a uma categoria da sociedade burguesa Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 The theory of communicative action Vol 2 Lifeworld and system a critique of functionalist reason Boston Beacon Press 1989 A inclus o do outro estudos de teoria pol tica 2 ed S o Paulo Edi es Loyola 2004 HELD David MCGREW Anthony GOLDBLATT David PERRATON Jonathan Global transformations politics economics and culture Stanford Stanford University Press 1999 HEWLETT PACKARD COMPANY HP deskjet 600 printer user s gu
61. em papel pol tico Assim disse o entrevistado o Minist rio da Fazenda e Banco Central teve a o Ministro da Casa Civil que era Pedro Parente Oriundo de l tanto do Minist rio da Fazenda como do 5 No primeiro cap tulo o organograma da ICP Brasil representa um exemplo da estrutura o por Raiz nica j que a ICP Brasil segue esse modelo 71 Banco Central a melhor conjun o que voc pode ter num governo para as coisas acontecerem estar com um projeto que a menina dos olhos do Minist rio da Fazenda que tem dinheiro tem tudo etc e da Casa Civil tamb m que coordena as a es pol ticas do governo A voc tem a faca e o queijo na m o S n o sai se voc n o quiser Entrevista n 12 Publicou se a Medida Provis ria 2 200 em 28 de junho de 2001 e afinal foi institu da a ICP Brasil Brasil 2001b O debate que vinha transcorrendo nos bastidores do Poder Executivo passou a ocupar o espa o p blico atrav s do Congresso Nacional e da imprensa Emergiram representa es de grupos sociais antes exclu dos a academia representada pelo Professor Pedro Rezende a OAB atrav s de Marcos da Costa a CertiSign com seu S cio Fundador M rcio Liberbaum e a Brisa O Deputado Julio Semeghini come ou a atacar publicamente a ICP Brasil Configuraram se blocos das oposi es e um bloco da situa o este composto pelos grupos que haviam participado da constru o da ICP Brasil pol ticos
62. esta ltima data No per odo compreendido entre 28 de setembro e 12 de dezembro de 2005 foram realizadas todas as entrevistas com exce o de uma consulta final sem car ter de entrevista Entrevistaram se os seguintes membros do Comit Gestor que ocupavam os respectivos cargos na poca da institui o da ICP Brasil Silvano Gianni Secret rio Executivo da Casa Civil da Presid ncia da Rep blica coordenador do Comit Gestor Murilo Marques Barboza Diretor da Ditel da Casa Civil da Presid ncia da Rep blica Secret rio Executivo do Comit Gestor sem direito a voto Jorge Alves de Carvalho General de Brigada e Subchefe Militar do Gabinete de Seguran a Institucional da Presid ncia da Rep blica GSI Amaury Guilherme Bier Secret rio Executivo do Minist rio da Fazenda Benjamin Benzaquen Sics Secret rio Executivo do Minist rio do Desenvolvimento Ind stria e Com rcio Exterior MDIC Carlos Am rico Pacheco Secret rio Executivo do Minist rio da Ci ncia e Tecnologia MCT e os seguintes representantes da sociedade civil Paulo Francisco de Vilhena Toledo Presidente da Brisa e Hugo Dantas Pereira Diretor Geral da Febraban Da Cotec entrevistaram se os seguintes membros Adelmar de Miranda T rres Minist rio da Justi a Gilberto de Oliveira Netto Serpro empresa pertencente ao Minist rio da Fazenda Rog rio Antonio Sampaio Parente Vianna MDIC Pedro Paulo Lemos Machado e Ernandes Lopes Bezer
63. institui o 14 De acordo com a p gina do Fale com o Governo Secretaria Geral da Presid ncia da Rep blica 2006a 15 Anteriormente ao exame da legisla o foram elencados as redes de computadores e cabeamentos a linguagem html a world wide web o computador programa o em camadas o modem a programa o orientada a objeto programas para navegar na Internet computador do tipo servidor de Internet a interface gr fica o processador ou chips e a criptografia de chaves p blicas Barra 2005b p 9 16 Essa regulamenta o espec fica refere se a Comit Executivo de Governo Eletr nico 2000 2001a 2001b 2001c 20024 2002b 2002c 2002d 2002 2002f 2002g 2002h 20021 2002j 2002k 20021 Brasil 2000c 2000d 2001e 2001f 2001g 2002a 2002b 2003 Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o 2002 e Casa Civil amp Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o 2004 17 Esses documentos consistiram em Comit Executivo de Governo Eletr nico 2004 Farias 2001 Grupo de Trabalho Novas Formas Eletr nicas de Intera o 2000 Minist rio das Comunica es 2002 Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o 2001 Vidigal 2001 e Third Global F rum 2001 18 Como expresso no projeto do pesquisador at 22 de abril de 2005 foram consultados 26 documentos jur dicos pertencentes ao governo eletr nico brasileiro acredita se que eram todos os existentes sendo que dez menci
64. lei independente da modalidade tinha que passar por cart rio porque o cart rio quem d autenticidade E a autenticidade que o cart rio d outra coisa Ele pega um documento e diz esse documento igual a esse Ele igual ele autentica ele n o comprova autoria que muito diferente Ele reconhece a sua assinatura mas ele n o me d instrumentos para assinar Ele n o identifica voc Sua carteira de identidade voc n o tira no cart rio Enfim mas a briga deles era essa a OAB tinha duas pessoas tem duas pessoas que militam e escreve m nesse assunto e continuam batendo na ICP Brasil Um o Marcos da Costa e o outro o Augusto Marcacini O Marcacini dizem eu n o sei se verdade tinha alguma vincula o com cart rios Eu n o sei se verdade E portanto eles faziam essa defesa tinha um sistema p blico e o sistema privado O sistema p blico era do cart rio O fato era o seguinte a OAB tinha interesse de montar e inclusive montou uma ICP de fato esse era o boom s o milhares de advogados no Brasil inteiro ent o voc tinha um mercado em potencial gigante Entrevista n 7 Seguindo essa linha de racioc nio representativa do Estado Instituidor do Social que se configurou aos representantes da sociedade faltaria legitimidade para agirem em nome do social Contudo o Estado teria tal legitimidade principalmente atrav s da burocracia comandada pelos pol ticos do E
65. momento da discuss o uma MP 2 200 1 ou 2 200 2 num Projeto de Lei a estava tudo acabado A n o nascia mais nada Melhor que n o tivesse feito nada A o governo agientou a m o Entrevista n 15 Em resumo nos momentos em que uma tend ncia pol tica de rendi o apareceu a pol tica apresentou se como uma guerra A interpreta o da pol tica como guerra tende a se opor quela encontrada na teoria da a o comunicativa de J rgen Habermas 1989 A partir do autor pode se interpretar a pol tica como um processo de coopera o e convencimento em que se pode convencer e ser convencido Assim escreve o autor A a o comunicativa se baseia num processo cooperativo de interpreta o Habermas 1989 p 120 tradu o nossa Ainda sugere a seguinte abordagem linguagem como um meio para atingir entendimento e linguagem como um meio para coordenar a o e socializar indiv duos Habermas 1989 p 23 tradu o nossa Houve situa es em que se p de observar uma tend ncia pol tica de concilia o na ICP Brasil como nos casos que se seguem a em conversa es di logos e entendimentos entre o bloco da situa o e Deputados da lideran a do partido governista b na rela o entre Brisa e o bloco da situa o ao longo de sua implanta o c na rela o entre academia e burocracia com a continua o do processo de implanta o d entre t cnica e pol tica nacional e internacional
66. n o apenas por congregar os interesses da ind stria de tecnologia da informa o que os aceitar enquanto tal mas porque eram representantes diante do Estado e aceitos como representantes pelo Estado Portanto esta foi a segunda metade do processo de tornar se representante o interesse e a m o do Estado que era diante de quem 82 se queria estar representado Foi o Estado quem conduziu a Brisa para a ICP Brasil Assim a vontade do Estado foi mais relevante para a atividade de representa o da sociedade civil do que a pr pria vontade dessa sociedade Explica se dessa forma por que a defesa da CertiSign foi indireta a posi o estruturalmente ambivalente da Brisa mostra que sua fun o de representante da sociedade civil na ICP Brasil era tutelada pelo Estado Assim disse o entrevistado hav amos sido designados como um h brido De um lado representando a sociedade civil e do outro lado nomeado pelo processo institucionado sic pelo Presidente da Rep blica sem sustenta o pol tica Eu fui nomeado representante da sociedade civil sem nenhum voto da sociedade civil l dentro O que era uma situa o assim bastante eu diria contradit ria e complexa A gente pretendia que houvesse mais transpar ncia n o apenas eu outros representantes brigamos por isso No entanto a natureza da cria o da ICP era extre Jmamente autorit ria e dar visibilidade ao que est acontecendo l n o foi um esfor o que tenha re
67. na regra se o cara usou uma assinatura falsa uma assinatura n o v lida quem usou a assinatura que deve responder por isso Quem usou a assinatura e n o quem recebeu documento E isso tamb m gerou uma pol mica desgra ada Eu fui acusado de quase desmoronar a ICP Brasil Fui acusado porque eu ganhei essa disputa com os t cnicos O texto hoje assim O que aconteceu Eu levei a Bonif cio que era meu chefe e mostrei Olhe isso Isso uma loucura Expliquei por que n o podia Ele concordou comigo A ele conversou com Dr Silvano das disputas das discuss es t cnicas que havia l Entrevista n 7 Atrav s dessas palavras interpreta se que a posi o da burocracia de engenheiros era favor vel responsabiliza o por exemplo de banco ou reparti o p blica pela checagem dos certificados digitais usados pelos clientes ou usu rios Isso significa que os engenheiros tenderam a ser contra a responsabiliza o em princ pio do titular do certificado Por m o grupo de engenheiros saiu derrotado na luta apesar de haver alguma ambigiidade no texto da Medida Provis ria Brasil 2001e Isso tende a demonstrar que a burocracia da rea do Direito do governo introduziu esse t pico no texto da lei Brasil 2001b 2001d 2001e em uma alian a com pol ticos do Executivo e com o representante da Febraban E como se desenrolou a rela o entre Poder Executivo federal e Congresso Nacio
68. nomos teve a tend ncia a se manter no mesmo patamar pelo menos luz de ambos os casos Com o intuito de se montar uma ICP Brasil optou se por centrar as atividades na regulamenta o das normas t cnicas internacionais ao inv s de em produtos espec ficos 38 As normas t cnicas internacionais para certifica o digital utilizadas pela ICP Brasil foram basicamente as normas X 509 A International Engineering Task Force IETF 2006 entidade envolvida na elabora o dessas normas mant m p gina na Internet que cont m a evolu o hist rica delas trazendo inclusive aquelas utilizadas por ocasi o do surgimento da ICP Brasil 30 Foi feita ent o uma adapta o relacional quando se adeguou a norma internacional para a legisla o brasileira de acordo com a pr tica de outros pa ses Isso significou que as normas t cnicas internacionais para certifica o digital eram flex veis de tal maneira que na pr tica os pa ses tivessem um grau de liberdade para traduzi las convenientemente para suas legisla es Em outras palavras os constrangimentos dos atores da ICP Brasil para regularem as normas internacionais no mbito da legisla o brasileira foram menos impostos pela pr pria norma t cnica do que pela pr tica dos outros pa ses De uma maneira se mostra a import ncia das rela es entre os Estados na constru o de um nico Estado como indicou Elias ao interpretar a forma o do Estado
69. o 2000 Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil 03 decreto D3505 htm gt Acesso em 18 nov 2005 Lei n 9 983 de 14 de julho de 2000 2000b Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil 03 MPV Leis L9983 htm gt Acesso em 22 fev 2006 Decreto n 3 587 de 5 de setembro de 2000 2000c Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil 03 decreto D3587 htm gt Acesso em 18 nov 2005 Decreto de 18 de outubro de 2000 Cria no mbito do Conselho de Governo o 143 Comit Executivo do Governo Eletr nico Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF 19 out 2000 Se o 1 p 3 2000d Dispon vel em lt http www governoeletronico redegoverno gov br arquivos Decreto de 18 de outubro de 2000 pdf gt Acesso em 4 fev 2006 Decreto n 3 714 de 3 de janeiro de 2001 Disp e sobre a remessa por meio eletr nico de documentos a que se refere o art 57 A do Decreto n 2 954 de 29 de janeiro de 1999 e d outras provid ncias 200la Dispon vel em lt https www presidencia gov br ccivil 03 decreto 2001 D3714 htm gt Acesso em 28 maio 2006 Medida Provis ria n 2 200 de 28 de junho de 2001 Institui a Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira ICP Brasil e d outras provid ncias 2001b Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223medida provisoria chave publica2200 pdf g
70. o que adaptou a ICP Gov Ocorreram ambas as coisas Desenrolou se uma transi o a partir da ICP Gov quando se adaptou seu conte do Allemand et al 2001 e foi analisado e discutido o material recebido atrav s de consulta p blica Casa Civil 2001a Ocorreu tamb m um processo espec fico de constru o da ICP Brasil quando se verificou o mercado brasileiro pesquisou se a tramita o de Projetos de Leis no Congresso Nacional e compararam se diferentes pa ses O bloco da situa o n o elaborou grandes an lises sobre o mercado brasileiro de certifica o digital Na pr tica parecia lhe crescente o poder de mercado da CertiSign que entrava em rg os importantes do Estado como a Secretaria da Receita Federal e o Banco do Brasil Essa situa o de mercado incomodava a Febraban e quadros ligados seguran a nacional O Decreto da Pol tica de Seguran a da Informa o Brasil 2000a capitancado pelo General Alberto Mendes Cardoso Ministro Chefe do GSI escrevera sobre a a elimina o da depend ncia externa em rela o a sistemas equipamentos e atividades vinculadas seguran a dos sistemas de informa o Brasil 2000a b a promo o da capacita o industrial do Pa s com vistas sua autonomia no desenvolvimento e na fabrica o de produtos que incorporem recursos criptogr ficos Brasil 2000 c e o uso soberano de mecanismos de seguran a da informa o com o dom nio de tecnologias sens ve
71. o segmento 102 banc rio sustentavam a estrutura de domina o existente Em suma esse conjunto que se relacionou Raz o de Estado redundou na tend ncia manuten o da mesma estrutura de domina o e poder vigente antes do surgimento da ICP Brasil Verificou se que o poder se estruturou a partir do topo do Estado no caso da ICP Brasil Tal fundamenta o estruturou o erguimento e a constru o de consensos Quanto forma mandar e dar ordens tamb m se configuraram uma maneira de manifesta o do poder Momentos houve em que o consenso foi alcan ado pelo poder de mando legitimado pela proximidade em rela o ao Presidente da Rep blica Nessa perspectiva os comandantes da Casa Civil Pedro Parente e Silvano Gianni estavam em situa o de co mando Tal posi o permitiu fazer uma pol tica puramente de rendi o quando houve necessidade Assim disse o entrevistado Pena que est gravado N o mas eu vou riso r pido dizer assim uma coisa do Manda quem pode e obedece quem tem ju zo Eu acho que foi uma coisa assim Os Minist rios aderiram ao projeto da ICP Brasil porque era um projeto concebido e bancado pela Presid ncia da Rep blica Ent o n o h muito o que contestar Primeiro voc tem que dar cr dito s duas pessoas que me possibilitaram ter cacife para bancar a discuss o o Presidente da Rep blica e o Ministro da Casa Civil que n o interferiram e no m nimo apoiaram pois hav
72. onde vai a p s gradua o brasileira In MACIEL Maria Lucia TRIGUEIRO Michelangelo org A alavanca de Arquimedes ci ncia e tecnologia na virada do s culo Bras lia Paralelo 15 1997 O campo cient fico da Economia no Brasil homogeneidade ou diversidade Pol tica Comparada Bras lia ano 3 n 1 p 59 70 1999 A Economia e a F sica no Brasil campos cient ficos ou transcient ficos In BAUMGARTEN Ma ra org A era do conhecimento matrix ou gora Bras lia Editora UnB Porto Alegre Editora da UFRGS 2001 SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTA O SBC envia carta aberta alertando para efeitos da regulamenta o da Infra Estrutura de Chaves P blicas sobre direitos da cidadania 2001 Dispon vel em lt http Avww sbc org br novidades cartaab htm gt Acesso em 18 jan 06 SPINNAKER SOFTWARE CORPORATION Manual do usu rio do PFS Windows Works Cambridge MA Spinnaker Software Corporation 1993 STANTON Michael Assinaturas digitais falta pouco agora O Estado de S o Paulo S o Paulo 9 jul 2001 Dispon vel em lt http www 200 182 48 131 tecnologia coluna stanton 2001 jul 09 17 htm htm gt Acesso em 18 jan 2006 SVOBODA Antonin JAMES Hubert M ed Computing mechanisms and linkages New York McGraw Hill Book Company Inc 1948 TAKAHASHI Tadao Sociedade da informa o no Brasil Livro Verde Bras lia Minist rio da Ci ncia e Tecnologia 2000 Dispon vel em lt http www mc
73. p 67 aproximou se mais do observado pois para ele a pol tica caracteriza se tanto por lutas como por recrutamento de aliados e simpatizantes Elias e Habermas permitem aprofundar a compreens o quanto a outros aspectos da pol tica que tamb m se verificaram Para Elias 1994b p 17 1993 p 104 cortes os historicamente substitu ram guerreiros e assim trocando num lento processo hist rico a guerra como principal instrumento de resolu o de conflitos Os meios de luta foram refinados ou sublimados 1993 p 104 e foram dando espa o a outra forma de lutar como a negocia o o di logo e a comunica o O caso estudado mostrou in meras lutas em que o sentido da luta f sica sublimava se inclusive com relatos que faziam insinua es a agress es corporais Tais lutas n o redundaram entretanto a vias de fato A comunica o configurou se ent o o principal meio da luta e da coopera o 119 pol tica E nesse mbito que Habermas 1989 p 120 p 23 se insere pois permite refletir a pol tica tamb m como um processo de comunica o A forma o e implanta o da ICP Brasil se assemelharam ao processo de constru o de Estados nacionais descrito por Elias 1993 p 140 tamb m em outro aspecto A situa o e a oposi o da ICP Brasil mesmo sabendo que estavam envolvidos em algo importante para o Estado nacional n o tinham consci ncia de que participavam imersos da forma o daquilo que se chamou
74. pol tico Seu objetivo maior era o capitalismo tutelado pelo Estado que lhe assegurasse lucros Assim primeiro lutaram para usar o arcabou o desenvolvido pelos t cnicos da burocracia como ICP Gov Conquistado tal feito a luta principal passou a ser n o permitir que os custos da ICP Brasil reca ssem sobre eles Nesse sentido mesmo os bancos tendo se tornado uma das grandes benefici rias do resultado do processo os pol ticos n o realizaram todos os seus pleitos Por exemplo almejavam tamb m que se desse valor jur dico c pia quando poderiam substituir um documento original por ela N o conseguiram conquistar isso Portanto apesar de haver a privatiza o dos benef cios a seu favor a vit ria dos bancos n o foi total e completa Essa conclus o oferece alguma indica o da tend ncia de configura o do Estado social democrata de Direito Habermas 1984 p 261 o Estado com obriga es sociais precisa vigiar para que o equil brio de interesses que surge se mantenha no mbito do interesse geral Habermas 1984 p 262 grifo nosso Finalmente perscrutar a l gica da a o do representante dos bancos na ICP Brasil ajuda a trazer elementos da racionalidade contida na precondi o socioecon mica O homo economicus da ICP Brasil formou se em Engenharia Mec nica tendo cursado p s gradua o em Engenharia Econ mica e Administra o Industrial Operou com base em chances probabil sticas no planejamen
75. que precisou recorrer a um processo de forma o de um Estado eletr nico supranacional Os atores que participaram do surgimento da Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira eram agentes do Estado nacional lutaram para garantir sua exist ncia e se identificavam com a id ia de na o em alguma propor o principalmente pela sua condi o em rela o ao Estado nacional Em suma o processo hist rico que a ICP Brasil se inseria colocava o Estado nacional em xeque Configurou se por conseguinte uma Raz o de Estado nacional O Estado eletr nico brasileiro forma se na presen a do conjunto de todas as esferas federal estadual e municipal e poderes Executivo Legislativo e Judici rio al m do Minist rio P blico do Estado que possuem presen a na Internet e que utilizam a rede em suas opera es Esse conjunto de rg os do Estado que usam a Internet e t m endere os na rede constituem o Estado eletr nico Quanto forma o do Estado eletr nico supranacional a ICP Brasil associou se natureza relacional dos Estados o Estado Relacional e participa o dos atores que nela 72 Original em espanhol 137 se engajaram Estados existem porque existem outros Estados Estados s o atores relacionais que se fundam a partir da sua rela o com outros Estados reconhecem a exist ncia de um novo Estado constroem se tamb m na din mica de suas rela es com outros Estados Portanto a face relacional dos Estado
76. quest o o que levou a o dos atores da situa o n o foi a democracia mas antes o pr prio Estado Como conclus o o Estado democr tico foi colocado em xeque pela exist ncia per se do Estado Pistone descreveu situa o parecida mas n o id ntica existem situa es e casos de recorr ncia Raz o de Estado exatamente provocados pela necessidade de salvar o Estado democr tico 2004 p 1069 Raz o de Estado e Raz o de Estado democr tico portanto estiveram ambas em jogo no surgimento da ICP Brasil O aparecimento da democracia moderna necessitou de uma configura o espec fica de poder e se deu ao longo da forma o dos Estados nacionais segundo a interpreta o de Elias para o caso europeu que assim escreveu O passo seguinte ocorre quando a burguesia conquista os monop lios da for a f sica e da tributa o juntamente com todos os demais monop lios governamentais que nele se baseiam O que os burgueses procuram alcan ar na luta pelo governo monopolista e finalmente conseguem n o a divis o dos monop lios existentes mas uma nova distribui o de seus nus e benef cios D se um passo nessa dire o quando o controle desses monop lios passa a depender de uma classe inteira e n o de um pr ncipe absoluto Ocorre um avan o quando as oportunidades proporcionadas pelo monop lio passam a ser distribu das cada vez menos segundo o favor pessoal e no interesse de indiv duos e cada
77. r mais risos Voc acha que nesse assunto n s estamos melhores que os alem es Silvano N o eu acho que n o Os alem es est o melhores que a gente Est o E eles t m Raiz nica Tem Ah ent o eu acho que a gente devia fazer igual Depois a gente pergunta por que mais risos A depois n s fomos ver os su os tamb m s o Raiz nico E o austr aco O austr aco tamb m Raiz nico Mas por que Raiz nico E o Silvano Pergunta para ele mais risos A depois nos cruzamos com os espanh is A os espanh is nos falaram o seguinte Quem est mais evolu do nesse assunto s o os alem es E ainda tinha o seguinte o alem o era o melhor que tem mas o alem o um Estado dentro da Uni o Europ ia Apenas na Europa o alem o puxa o carro Ent o na verdade n o o modelo alem o n s estabelecemos como meta ent o foi o seguinte N s vamos adotar o padr o europeu da Comunidade Europ ia de normativa E dentro do padr o europeu n s vamos ter como meta chegar nos alem es Sabemos que n o vamos fazer igual n o temos know how n o temos equipamentos n o temos gente n o temos estrutura mas n s vamos estabelecer como norte o que os alem es fazem dentro da Diretriz Europ ia E a ent o tomou uma defini o A seria o Raiz nico hierarquizado com o modelo de ICP E como modelo de normativa a regra da Di
78. regula o espec fica Isso caracterizou a quest o como de Estado e mais exatamente do Estado Legislador que forneceu meios para o Estado Leviat se manifestar Os membros da academia criticaram o papel do Estado como Instituidor do Social e a precondi o socioecon mica a que se valeu a alian a com o capital financeiro para fazer surgir a ICP Brasil Membros da academia alegaram tamb m que o Estado envolvido no surgimento da ICP Brasil foi autorit rio e oportunista 2 3 2 A rela o entre Estado e sociedade Esta an lise da rela o entre Estado e sociedade situa se dentro dos processos pol ticos da forma o e implanta o da ICP Brasil e procurar se balizar por dois marcos legais O primeiro foi a institui o da ICP Gov em 5 de setembro de 2000 e o segundo foi a edi o da Medida Provis ria 2 200 instituindo a ICP Brasil em 28 de junho de 2001 Escolheu se tais refer ncias para que se possa entender a institui o da ICP Brasil como resultado de um fluxo de processos hist ricos e n o como algo estancado num certo per odo de tempo Nesse sentido houve um esfor o em se trabalhar com processos localizados em tr s per odos antes da ICP Gov entre ela e a institui o da ICP Brasil e na implanta o desta A pesquisa n o coletou material historiogr fico que pudesse proporcionar grande precis o sequ ncia hist rica al m de n o ter pretendido contar a hist ria ou supor um come o para aquilo que depois v
79. se favoravelmente a um mercado com menos participa o do Estado menos regulamenta o e mais aberto s empresas como relataram os entrevistados que o ajudavam na escrita de Projeto de Lei Julio Semeghini tinha acesso ao Presidente da Rep blica e se queixava Assim disse o entrevistado De todo jeito com o Julio Semeghini n s fomos at o final do governo ele achando que t nhamos feito algo goela abaixo do Congresso Nacional e n s achando que t nhamos feito muito bem em fazer Entrevista n 13 Mesmo demorando a se render num momento adiantado do processo o Deputado come ou a curvar se realidade imposta pelo Poder Executivo recuando Assim disse o entrevistado Os caras n o tinham passado ainda pelos tr s processos O Semeghini depois aos poucos come ou a fazer algumas concess es Entrevista n 17 Existiram grupos que estiveram em lados opostos na ICP Brasil como situa o ou oposi o mas que mesmo assim n o duelaram entre si configurando o que se classificou como eixo pac fico Atrav s de seus representantes surgiram dois eixos pac ficos entre Febraban e OAB e entre Febraban e Brisa Antes de tudo esses dois eixos pac ficos se configuraram entre representantes de entidades da sociedade civil Note se que todas e apenas as entidades da sociedade civil participantes do processo engendraram eixos pac ficos De maneira inversa nenhum dos demais grupos sociais participantes constituiu
80. situa o que constru ram a ICP Brasil recorreram tamb m ao c lculo previs o e planejamento com metas pr determinadas e principalmente focadas e sendo bem sucedidas no curto prazo Enfim o processo de surgimento da ICP Brasil se deu reunindo alguns elementos de c lculo e de acaso 109 3 CONCLUS O Para a institui o da ICP Brasil se configuraram precondi es sociocognitivas sociopol ticas e socioecon mica e uma condi o sociopol tica embora n o totalmente aut nomas As precondi es sociocognitivas consistiram em conhecimento jur dico uso da l ngua inglesa escolha de um sistema computacional de certifica o digital e na transforma o de normas internacionais de certifica o digital em regulamenta o da ICP Brasil todas interligadas e relacionadas Raz o de Estado As precondi es sociopol ticas constitu ram se no Estado Relacional no Estado Instituidor do Social e no Estado Legislador que tamb m estiveram inter relacionados j que se formaram como pap is de um mesmo Estado A precondi o socioecon mica foi proporcionada pelo apoio dos bancos ICP Brasil e relacionou se diretamente ao interesse pol tico de incorporar um ator de peso na economia que garantisse o uso da Infra Estrutura al m do uso que faria a pr pria m quina do Estado A condi o sociopol tica preponderante foi a Raz o de Estado que configurou o aparecimento do Estado Leviat No caso da ICP Brasil o Leviat gar
81. stica e Tecnologia da Informa o A pol tica de governo eletr nico no Brasil documento apresentado In USING KNOWLEDGE FOR DEVELOPMENT BRAZIL INDIA CHINA FORUM 1 2 Londres Anais Londres 19 25 de mar o de 2001 Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 198TextoGoverno eletronico Seminario Londres Solonportugues pdf gt Acesso em 27 jul 2006 Secretaria de Log stica e Tecnologia da Informa o Portaria n 2 de 13 de mar o de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 15 mar 2002 Se o 2 p 29 Dispon vel em 153 lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223portaria n2 fenasoft delegacaocompetencia pdf gt Acesso em 27 jul 2006 Galeria Pedro Parente 20069 Dispon vel em lt http www planejamento gov br conheca mp conteudo galeria pedro parente htm gt Acesso em 13 jun 2006 MIRSHAWXKA Victor Conhecendo e utilizando o TK 2000 6 ed S o Paulo Nobel 1984 MOLES Abraham Engenheiros e inventores hoje In SCHEPS Ruth org O imp rio das t cnicas F Bayle et al entrevistados por Ruth Scheps Campinas Papirus 1996 MORA M nica Governo eletr nico e aspectos fiscais a experi ncia brasileira Texto para Discuss o IPEA Rio de Janeiro n 1089 2005 Dispon vel em lt http www
82. teses para a institui o da ICP Brasil Identificavam se as palavras chave contidas nas hip teses al m Para algumas das transcri es foi utilizado o programa IBM ViaVoice 12 de poss veis varia es e se fazia uma busca em cada c lula da planilha utilizando o comando Localizar Finalmente todas as respostas localizadas eram trazidas para um arquivo do programa Microsoft Word Repetiu se tal procedimento para todos os temas pesquisados buscando se ter finalmente uma no o da quantidade de recorr ncia de cada hip tese Na continua o foi feita uma an lise de conte do quando cada uma das respostas era lida e classificada de acordo com o conte do Classificadas todas as respostas agrupava se cada uma delas em categorias maiores todas as respostas colocadas em uma mesma categoria guardavam o mesmo sentido geral Feitas a classifica o e a categoriza o das respostas o autor analisava cada categoria a partir de uma releitura dos textos das respostas e em seguida redigia um texto que buscava sintetizar o sentido de cada discurso particular e compreender o conjunto dos discursos Criou se ent o inicialmente arquivos de texto relacionando a ICP Brasil a a governo eletr nico b presta o de contas c responsabilidade social d transpar ncia e participa o f democracia g matem tica h l ngua portuguesa i racionaliza o j representa o k rela o indiv duo sociedade 1 auto cr
83. tica e reflexividade Outros tr s arquivos se concentraram na constru o de conceitos a ICP Brasil b governo eletr nico e c pol tica A an lise deste material levou conclus o da preponder ncia de condi es sociopol ticas para a institui o da ICP Brasil Partiu se ent o para a an lise da configura o pol tica do processo Todos os grupos sociais envolvidos academia burocracia empresa privada advogados OAB bancos pol ticos do Poder Executivo pol ticos do Congresso Nacional e representantes da ind stria de tecnologia da informa o Brisa foram identificados e criou se uma nica planilha contendo o discurso de cada ator individual sobre seu pr prio grupo social e sobre cada outro grupo social a partir da leitura de todas as entrevistas A an lise desse material buscava verificar as lutas e controv rsias relacionadas institui o da ICP Brasil e terminou por indicar um processo em que a Raz o de Estado estava colocada Indicou tamb m a presen a de duas grandes categorias relacionais a rela o entre Estado e sociedade e a rela o entre pol tica e t cnica Um grupo social n o foi entrevistado os pol ticos do Congresso Nacional Dessa maneira valeu se das informa es e impress es que outros grupos sociais tinham sobre esse grupo 13 Obteve se acesso a arquivos da ICP Brasil depois que todas as entrevistas j haviam sido realizadas e quando havia terminado parte da an
84. tico como se ver Entretanto mesmo se posicionando criticamente ao papel pol tico da burocracia Weber 1993 p 72 tamb m observara tal papel Assim como Weber 1993 p 41 Elias relacionou a democratiza o burocratiza o 1993 p 104 105 Para este autor possibilitava se a democracia a partir do alcance de determinadas condi es sociopol ticas do desenvolvimento social Condi es essas relacionadas ao processo de monopoliza o de in meros recursos a partir do uso leg timo da coa o f sica Nesse processo Os meios de luta foram refinados ou sublimados Elias 1993 p 104 Com a democratiza o a luta se daria cada vez mais dentro do Estado e pela distribui o de bens e recursos O caso da ICP Brasil esteve ligado rela o entre democratiza o e burocratiza o quando a burocracia lutou contra todos os grupos participantes da ICP Brasil como observara Elias 1993 p 273 A ICP Brasil de alguma maneira se relacionou democratiza o da sociedade pois pol ticos do Executivo lutaram por mais controle da m quina do Estado atrav s de mais transpar ncia que acreditavam e esperavam proporcionar com a incorpora o de inova es em tecnologias da informa o pelo Estado Os pol ticos que mais se empenharam nessa batalha foram aqueles da Casa Civil que de imediato se beneficiariam dos resultados proporcionados por maior controle da m quina j que estavam mais pr ximos ao Presidente da Rep
85. um assunto para t cnicos especializados Ao fazer isso possibilitava se tamb m a autonomiza o entre o debate interno da ICP Brasil e o debate p blico Nesta an lise das normas internacionais o outro lado da face pol tica da t cnica relacionou se pol tica internacional em seu papel t cnico Por tr s do uso das normas X 509 estavam as rela es internacionais e um jogo da pol tica internacional Ao elaborarem essas normas na esfera supranacional t cnicos do campo da Engenharia exerciam fun es pol ticas e por seu turno a pol tica internacional dotava se de uma face t cnica Em outras palavras a norma t cnica internacional constitu a uma maneira da pol tica internacional adentrar em um Estado e numa na o Seguindo a l gica da a o da burocracia da ICP Brasil o poder da norma t cnica internacional residiu no fato de ela ter funcionado como uma coa o do exterior Portanto n o se tratava de aceit la ou rejeit la mas de traduzi la realidade brasileira pacificamente como intr nseco ao Leviat 105 2 3 3 4 A pol tica a partir da ICP Brasil Uma conjuntura em que se apresenta a Raz o de Estado n o emana todo momento da hist ria de uma sociedade Portanto de alguma maneira pode se dizer que uma situa o extrema para o Estado Pistone 2004 p 1068 Por m quando da intensifica o da integra o mundial pode ocorrer tend ncia a se tornar mais corriqueira a sua emerg ncia Dado
86. vez mais na conformidade com um plano mais impessoal e exato no interesse de muitos associados interdependentes A administra o em si a tarefa do governante monopolista e da administra o passa assim de uma fun o relativamente privada para p blica O controle do monop lio o 126 preenchimento de suas posi es decisivas n o mais decidido pelas vicissitudes da livre competi o mas por provas de elimina o que se repetem sem uso de armas e que s o reguladas pela m quina e assim pela competi o n o livre Em outras palavras forma se o que estamos acostumados a chamar de regime democr tico pressup e monop lios altamente organizados e s pode surgir ou sobreviver em certas circunst ncias numa estrutura social muito espec fica e num est gio bem avan ado de forma o de monop lios 1993 p 104 105 grifo nosso A democracia esteve numa encruzilhada pela possibilidade de colapso do pr prio Estado no caso da ICP Brasil Num extremo a Internet trouxe a possibilidade de que organiza es criminosas m fias corjas hordas de mercen rios e piratas eletr nicos operassem via rede dividindo os pr prios monop lios existentes Elias 1993 p 105 Conhecimentos de t cnicas computacionais ajudariam a proporcionar a uni o desses grupos E seriam efetivos podendo at revolucionar se fossem melhor articulados do que o pr prio Estado Estava colocada a possibilidade
87. 03 2005 E https lecd serpro gov PC A1 A3 AR SERPRO AC SERPRO ACF br serproacf PC SPB AR ANOREG emitido em 04 04 2005 AR IDORT RJ E https thorserprogo PC A1 A3 AR SERPRO AC SERPRO SRF v br acserprosrf AR SRF emitido em 23 12 2002 AR IDPRT RJ ARSRF Es Re asi FUNCION RIOS emitido em 06 06 2005 AR CORREIOS p http icp PC A1 A3 AR CERTISIGN CERTISIGN k AC SINCOR brasil acsincor com b PC S1 SINCOR CERTIFICADORA DIGITAL emitido em 16 08 2005 r repositorio S A pes http www receita faz PC AC AR SRF SERPRO AC SRF enda gov br acsr lind emitido em 14 10 2002 ex htm AC SRF emitido em 02 02 2005 FONTE Instituto Nacional de Tecnologia da Informa o 2006 160 ANEXO B Pesquisa sobre o uso do governo eletr nico realiza o ago a set 2005 referindo se aos ltimos 12 meses Incid ncia do Uso de Servi os de Governo Eletr nico gt TABELA RESUMO gt TODAS AS MEN ES Consulta ao CPF Cadastro de Pessoa F sica Declara o de Imposto de Renda Inscri o em concursos p blicos Pol cia Militar etc Informa es sobre servi os p blicos de educa o Informa es sobre emprego seguro desemprego postos de trab Pagamento de IPVA multas 0 18 licenciamento l Informa es sobre servi os p blicos 44 0 29 de sa de Informa es sobre direitos do gt 0 15 trabalhador previd ncia Sal Informa es sobre como emitir
88. 96 antes Come ou a vir uma cr tica E eu mesmo e o Ot vio n s dois fomos acusados dentro do governo est vamos entregando a certifica o digital para os militares Eram engenheiros do IME engenheiros do ITA Mas a come aram aquelas quimeras a aquele monstro da ditadura e tudo a os militares sentiram at um pouco vou me livrar porque come aram artigos nos jornais acusando as duas reas a rea militar e a rea de intelig ncia Tem uma s rie de artigos a publicados Enquanto totalmente r inverdade porque n s que est vamos pedindo as coisas e eles nunca se meteram nisso n s que ao contr rio que est vamos sugando a compet ncia das For as Armadas quer dizer da parte de engenharia de inform tica das For as Armadas para nos ajudar principalmente a Marinha E a gente sem poder at se incomodar com isso que a gente n o podia reagir porque essa rea o ficava no campo pol tico n s n o emit amos N s n o existiamos Como tem que ser mesmo n o existe Quem se projeta o campo pol tico Entrevista n 15 Contudo mesmo fora do texto da Medida Provis ria o Cepesc trabalhou para a ICP Brasil A sa da de Fernando Henrique Cardoso para a entrada de Luiz In cio Lula da Silva no governo alterou a configura o politica da ICP Brasil A partir da o Professor Pedro Rezende que havia lutado diretamente contra os t cnicos da burocracia foi nomeado repr
89. AR IDORT PC S1 S2 S3 AR TCI FILE S4 AR BDI AR VN AR SPELZ AR SERVIR AR ITAUTEC PHILCO AR G amp P AR C MARA DOS DEPUTADOS AR CERTISIGN NCT AR CERTISIGN TRADEMARX AR CERTISIGN DATTA IMAGEM AR ITAUTEC COM PC SPB AR CERTISIGN 158 PRESTADORES DE SERVI OS DE SUPORTE MODULO SECURITY MODULO SECURITY MODULO SECURITY MODULO SECURITY IMPSAT IMPSAT IMPSAT ES CERTISIGN SPB emitido em 26 11 2004 es http icp PC A1 A3 A4 ARCERTISIGN IMPSAT AC CERTISIGN sRF brasil certisign com b AR IDORT emitido em 27 03 2003 r repositorio index04 AR SERVIR html AR TCIFILE AC CERTISIGN SRF AR TRADEMARK emitido em 15 02 2005 BRASIL AR BDI AR ITAUTEC PHILCO AR CERTISIGN NET UNO AR CERTISIGN SINCOR AR CERTISIGN VN AR CERTISIGN SPELZ AR CERTISIGN NCT AR CERTISIGN SRF PORTO ALEGRE AR ITAUTEC COM B http icp PC A1 A2 A3 AR IMESP CERTISIGN AC IMESP brasil certisign com b A4 AR BANCO NOSSA CERTIFICADORA DIGITAL emitido em 28 11 2004 r repositorio index im PC S1 S2 S3 CAIXA S A prensa html S4 S http icp PC A1 A3 A4 ARIMESPSRF E AC IMESP SRF brasil certisign com b emitido em 18 10 2005 r repositorio E http zwww acjus gov PC AC AR JUS SERPRO AC JUS br acjus emitido em 28 11 2004 B hitos thor serpro go PC A1 A3 AR PRESID NCIA SERPRO AC PRESID NCIA v br ACPR DA REPUBLICA POLITEC DA REP
90. ARA L cio Projeto de Lei 672 1999 de 13 de dezembro de 1999 Bras lia DF Senado Federal 1999 Dispon vel em lt http legis senado gov br pls prodasen PRODASEN LAYOUT MATE DETALHE SH OW MATERIA P COD MAT 42793 gt Acesso em 17 de jan 2006 ALLEMAND Marcos OLIVEIRA NETTO Gilberto CARMO Roriman Figueiredo MACHADO Pedro Paulo Lemos BEZERRA Ernandez Lopes DIBO Rodolfo Frederico CARVALHO J lio Luiz Nunes SILVA Otavio Carlos Cunha da BRITTO Antonio Carlos CARVALHO Miguel Teixeira de RODRIGUES Ariosto TOCHNER Clara Relat rio das altera es feitas na adequa o do documento ICP Gov para ICP Brasil Bras lia DF 22 jun 2001 Mimeografado ALSINA J NIOR Jo o Paulo Soares A s ntese imperfeita articula o entre pol tica externa e pol tica de defesa na Era Cardoso 1995 2002 2002 Disserta o Mestrado em Rela es Internacionais Universidade de Bras lia Bras lia 2002 ARA JO Maria da Gl ria Domingos Silva O Sistema Pagamentos Brasileiros e a assun o de riscos pelo Banco Central Bras lia Notas T cnicas do Banco Central do Brasil Departamento Econ mico N 23 Jul 2002 Dispon vel em lt http www bcb gov br pec NotasTecnicas Port 2002nt23spbriscosbcp pdf gt Acesso em 13 de maio de 2006 ARTERTON Christopher F Teledemocracy can technology protect democracy Newbury Park Sage Roosevelt Center of American Policy Studies 1987 BANCO CENTRAL DO BRASIL A reforma do SPB S
91. BLICA emitido em 04 04 2002 E AC PRESID NCIA DA REP BLICA emitido em 12 02 2004 es http icp PC A1 A3 ARPRODEMGE CERTISIGN AC PRODEMGE brasil certisign com b PC S1 S3 CERTIFICADORA DIGITAL emitido em 27 12 2004 r repositorio S A es http www serasaco PC AC AR SERASA CAS TECNOLOGIA S A ACP SERASA m certificados reposit OPTIGLOBE emitido em 18 04 2002 orio acp index htm TELECOMUNIC ACP SERASA emitido em 22 04 2004 Es http www serasa co PC SPB AR SERASA CAS TECNOLOGIA S A AC SERASA AC m certificados reposit OPTIGLOBE emitido em 19 04 2002 orio ac index htm TELECOMUNIC AC SERASA AC emitido em 23 04 2004 n gt gt gt Es http www serasa co PC A1 A2 A3 AR SERASA CAS TECNOLOGIA S A AC SERASA CD m certificados reposit A4 AR AMCHAM OPTIGLOBE emitido em 02 08 2002 orio cd index htm PC S1 S2 S3 AR SCOPUS TELECOMUNIC s4 AR BRADESCO SCOPUS TECNOLOGIA Es PRP AR ITAUTEC PHILCO LTDA emitido em 23 04 2004 159 AR SERASA CAS TECNOLOGIA S A Es htto Anww serasaco PC A1 A2 A3 AC SERASA SRF m certificados reposit AR SCOPUS OPTIGLOBE emitido em 08 10 2003 orio srifindex htm AR BRADESCO TELECOMUNIC AR SAFEWEB SCOPUS TECNOLOGIA di ei ca AR ITAUTEC PHILCO LTDA emitido em 16 02 2005 E https thor serpro go PC AC AR SERPRO AC SERPRO v br ACSERPRO emitido em 04 04 2002 E AC SERPRO emitido em 24
92. Bonif cio Borges de Andrada a oposi o exercida pelo Professor Pedro Rezende era diferente daquela vinda do Congresso Nacional era uma cr tica te rica e acad mica Entretanto de alguma maneira buscou estigmatiz la como sendo doutrin ria e ideol gica al m de um conhecimento inaplic vel Mesmo sob a saraivada de cr ticas do membro da academia os bancos n o deixaram de ser imensamente bem sucedidos em seu objetivo enquanto nas atividades do atacado banc rio houve a diminui o de riscos com a entrada em opera o do novo SPB no varejo imputou se ao titular do certificado digital da ICP Brasil a obriga o de comprovar um uso que eventualmente lhe tenha causado preju zos Ainda se no atacado h indica es de que o custo do novo SPB tenha reca do em grande medida sobre o Banco Central Ara jo 2002 p 20 21 no varejo certamente incidiu sobre o titular que arca com os custos de emiss o de seu certificado digital De fato depois de os politicos do Executivo serem conquistados quanto inten o de se criar a ICP Brasil os bancos temiam arcar com os custos inerentes a ela Assim disse o entrevistado 714 O que n s defend amos naquele momento era o seguinte n s n o queremos gastar dinheiro Vai cair essa conta nas nossas costas que a banc ria Precis vamos criar uma estrutura que pudesse ser auto gerida em termos de recursos que pudesse gerir os recursos a partir dos neg cios que ela mesma induzisse
93. CP Brasil uma caixa preta Alegava que a a auditoria nela feita contou basicamente com as mesmas pessoas que a implantaram tecnologicamente b os t cnicos ficaram fechados em gabinetes ao inv s de buscarem o di logo com a sociedade c escolheram um sistema computacional com c digo estrangeiro e fechado e que acabou revelando mais uma faceta do nacionalismo turvo Mais ou menos dividida internamente e por consequ ncia variando de intensidade a burocracia lutou contra todos os grupos que se opuseram ICP Brasil Al m de um processo de lutas que revelou a tentativa de maior controle social e p blico das oportunidades como escreveu Elias 1993 p 105 pode se ainda interpretar que as lutas em que a burocracia se envolveu pertencem a uma fase seguinte quanto integra o e maior monopoliza o do uso leg timo da for a E neste particular tamb m por baixo do v u das atuais tens es as da pr xima fase est o se tornando vis veis as tens es entre os funcion rios de n vel superior e m dio da administra o monopolista entre a burocracia por um lado e o resto da sociedade por outro 1993 p 273 A burocracia e mais precisamente aquela de alta forma o e especializa o que participou da ICP Brasil agiu sentindo se representante leg tima para introduzir o pensamento social dado seu conhecimento pr tico al m de se considerar pr posta no Estado pela sociedade Indicava se o sentido da an
94. Estado O apoio dos bancos ICP Brasil proporcionou efetivamente a precondi o socioecon mica de sua institui o Assim a partir da vis o da burocracia dado que o Estado realizou o que a sociedade queria quando foi instado a agir configurou se um Estado do tipo Instituidor do Social por solicita o dessa pr pria sociedade Al m disso a pr pria atividade da burocracia estivera sob risco com a falta de seguran a A seguran a da informa o era importante para a burocracia pela situa o de inseguran a que se ia instalando entre ela e configurava a Raz o de Estado Essa situa o adveio da jun o de dois processos as rela es internacionais an rquicas Pistone 2004 1070 internalizavam se nas opera es da burocracia devido mistura entre o que era considerado externo e interno na o no contexto da chamada globaliza o Lafer 2001 p 112 113 E o segundo consistiu na complexifica o provocada pela crescente influ ncia das tecnologias da informa o sobre a burocratiza o A burocracia tentou combater a situa o de inseguran a atrav s de coopera o internacional esfor ando se pela interoperabilidade com sistemas de certifica o digital de diferentes pa ses Finalmente foi tamb m com o fim de sua pr pria seguran a como guardi do Estado que a burocracia atuou para que o Leviat garantisse a seguran a atrav s da ICP Brasil Todo o processo anteriormente descrito e que foram v
95. Fundador da CertiSign ocorreu o surgimento de uma nova tecnologia a Internet que associada a outra tecnologia a certifica o digital possibilitou uma nova forma de comunica o Assim disse o entrevistado Essa tecnologia que permite que a comunica o segura confidencial seja feita pela Internet O mundo digital o mundo em que eu posso simular uma conversa entre Marcos e Marcello sem que nem eu nem voc estejamos l Sem o certificado muito f cil voc simular mentiras manejos Sabe por que No mundo digital n o tem c pias tudo no mundo digital original Pega um documento bota na rede se voc digitalizou o documento acabou Quantas c pias voc fizer voc na verdade est fazendo originais porque n o tem c pias no mundo digital Ent o voc simula isso se voc quiser O certificado o que impede essa simula o Seu certificado torna voc nico no mundo Entrevista X A iniciativa privada come ou ent o a comercializar a tecnologia de certifica o digital por m o Estado interviu na atividade mostrando a rela o entre precondi es econ micas sociocognitivas e condi es sociopol ticas Foi novamente o Estado Instituidor do Social que emanou do caso por m desta feita contra a tend ncia que se impunha ordem de mercado No contexto da forma o da ICP Brasil o mercado de certifica o digital tendia monopoliza o da CertiSign Assim disse o entrevis
96. Henrique Cardoso em seu papel de Chefe de Estado Cardoso 2001b p 214 que revelou alguma tend ncia da exist ncia de conversa es bilaterais entre Brasil e Alemanha relacionadas a quest es de seguran a e tecnologias da informa o Segundo Elias 1993 p 112 no processo de amplia o dos blocos em que se monopolizam os recursos haveria uma peculiar pol tica de alian as entre os Estados que em muito se assemelharia ao curso de forma o do pr prio Estado nacional Assim existiram tanto for as centr fugas como centr petas em rela o s principais pot ncias o que se verificou na ICP Brasil Ao mesmo tempo em que o Brasil optou por se aliar Alemanha e Uni o Europ ia preterindo Estados Unidos e Jap o procurou deixar aberta a possibilidade de interopera o e at eventualmente de troca de modelo de estrutura o da certifica o digital Configurava se portanto uma peculiar pol tica de alian as globais A peculiar pol tica de alian as globais executada pela ICP Brasil obedecia a uma l gica pr pria ligada interdepend ncia entre cada Estado sociedade e indiv duo de acordo com a posi o que cada ator ocupava numa hierarquia social local global e m vel quando Elias 1993 p 266 p 273 constata o entrela amento entre indiv duo e humanidade e vice versa toda a humanidade e cada indiv duo exp em se a quest es que s o ao mesmo tempo de todos e de cada um A crescente divis o do trabal
97. ICP a estrutura alem Para os prop sitos da discuss o aqui colocada a escolha visava abrir a possibilidade de acesso a diferentes pa ses da Uni o Europ ia Finalmente para que a estrutura se viabilizasse houve a necessidade de se recorrer ao apoio da Microsoft empresa norte americana Esse epis dio acabou novamente por comprovar as duas faces do nacionalismo presente na ICP Brasil justificou o combate s aliadas CertiSign e Verisign mas por outro lado necessitou do apoio e reconhecimento da Microsoft outra empresa estrangeira e da mesma nacionalidade daquela segunda Apenas assim p de emergir a partir do nacionalismo turvo o nacionalismo sustent vel em 68 caso em que a realidade entrela ava a pol tica nacional a pol tica internacional e a t cnica Assim disse o pol tico do Executivo foi feito um conv nio do governo brasileiro com a Microsoft para que a Raiz brasileira integre com o Windows A Microsoft pediu que fosse auditada a Raiz brasileira A n s recusamos a auditoria da Raiz brasileira Quer dizer o Estado brasileiro n o auditado o Estado brasileiro audita Ou eles acreditavam na gente ou eles n o acreditavam N s somos a certificadora matriz e ningu m nos r certifica logo ningu m nos audita n s que auditamos A a Microsoft apresentou uma lista de requisitos para saber se a ICP aceitava E a ent o n s r r respondemos o que que tinha o que requisito que ate
98. ID NCIA DA REP BLICA Secretaria de Comunica o Institucional Fale com o Governo 2006 Dispon vel em lt http sistema planalto gov br brasil fale com o governo asp gt Acesso em 17 jan 2006 Secretaria de Comunica o Institucional In Governo Federal Estrutura Embaixadas 2006b Dispon vel em lt http www brasil gov br governo federal estrutura emb consul gt Acesso em 11 jul 06 Secretaria de Comunica o Institucional In Governo Federal Estrutura 2006c Dispon vel em lt http www brasil gov br governo federal estrutura outros gt Acesso em 11 jul 06 SILVEIRA S rgio Amadeu da Ciberespa o Estado na o controle e regulamenta o da Internet 2000 Disserta o Mestrado em Ci ncia Pol tica Universidade de S o Paulo S o Paulo 2000 SINDICATO DOS CORRETORES DE SEGUROS DO ESTADO DE S O PAULO SINCOR Declara o de Pr ticas de Certifica o da Autoridade Certificadora SINCOR Vers o 1 1 20 de Mar o de 2006 Dispon vel em lt http icp brasil acsincor com br DPC DPC AC SINCOR VI 0 PDF gt Acesso em 11 jul 06 SIRAGUSA Chris R Basic estruturado S o Paulo McGraw Hill 1986 155 SLEIGHT Steve Como usar a tecnologia da informa o S o Paulo Publifolha 2000 SOBRAL Fernanda Antonia da Fonseca Uma leitura da sociologia da ci ncia em Foucault e Bourdieu Revista de Biblioteconomia de Bras lia Bras lia v 19 n 2 p 269 275 jul dez 1995 Para
99. Julio Semeghini frontalmente pois coordenava os esfor os de desenvolvimento de uma lei que conciliasse interesses diversos da sociedade como a CertiSign e a ind stria de tecnologia da informa o a OAB os cart rios Assim mesmo pertencendo ao partido governista Julio Semeghini incorporou pessoalmente a luta contra a ICP Brasil Para Jos Bonif cio Borges de Andrada a lideran a do partido acompanhou a decis o do governo quanto Medida Provis ria por j estar descontente com o processo de privatiza es que o governo de Fernando Henrique Cardoso praticara at aquele momento Para esses pol ticos do Congresso Nacional a ICP Brasil representaria o limite dessas a es Importantes altera es que ocorreram na primeira reedi o da Medida Provis ria Brasil 2001d foram quanto ao n mero de acentos para representantes da sociedade civil no Comit Gestor da ICP Brasil e quanto possibilidade de exist ncia de certifica o digital fora do mbito da ICP Brasil A vers o original da Medida Provis ria parecia deixar algo impl cito de que tudo haveria de ser dentro dela Assim disse o entrevistado A ICP Brasil num primeiro instante estava dando a impress o de que quis monopolizar a quest o de assinatura digital dentro do Brasil Entrevista n 18 J na primeira reedi o Brasil 2001d houve um acr scimo ao texto que indicou sob quais condi es a sociedade poderia usar certificados que n o fossem aqueles expedi
100. LS Frederick Selected works Londres Lawrence and Wishart 1968 A quest o judaica 2 ed S o Paulo Editora Moraes 1991 MELO Marcus Andr Reformas constitucionais no Brasil institui es pol ticas e processo decis rio Rio de Janeiro Revam 2002 MENKE Fabiano Considera es sobre a interoperabilidade aplicada Infra Estrutura de Chaves P blicas In I F RUM SOBRE SEGURAN A PRIVACIDADE E CERTIFICA O DIGITAL DO ITI 1 2003 Bras lia Anais Bras lia ITI Dispon vel em lt http iti br twiki pub Forum ArtigoB01 b01 menke rtf gt Acesso em 30 jul 2006 MICROSOFT CORPORATION User s guide Microsoft Excel version 5 0 Redmond Microsoft Corporation One Microsoft Way 1993 MINIST RIO DA DEFESA Designa membros para compor o Comit Gestor da ICP Defesa Portaria de 15 de abril de 2004 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 16 abr 2004 Se o 2 n 73 p 4 MINIST RIO DAS COMUNICA ES Solu o completa de redes e servi os para suporte ao programa GESAC Concorr ncia n 01 2002 Anexo 1 Projeto B sico Programa GESAC Governo eletr nico servi o de atendimento ao cidad o 2002 Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 198GESAC Anexo 1 Projeto Basico pdf gt Acesso em 27 jul 2006 MINIST RIO DO PLANEJAMENTO OR AMENTO E GEST O Secretaria de Log
101. Leviat o Estado Instituidor do Social direcionou a a o da sociedade A partir das entrevistas dos atores o processo hist rico foi modelado procurando se verificar como a problem tica do Estado e a Raz o de Estado se apresentavam para o ator 46 ou grupo social A perspectiva de cada grupo variou quanto a essas quest es oferecendo diferentes nuances do processo de acordo com a posi o social do ator As oposi es como exemplo por basicamente n o terem participado diretamente da forma o da ICP Brasil n o detinham certas informa es factuais sobre o processo Por outro lado tinham a perspectiva de quem esteve posicionado direta ou indiretamente contra a ICP Brasil o que indispens vel para entender processos pol ticos Portanto a Raz o de Estado n o s apresentou uma configura o espec fica para cada grupo como a compreens o dos processos requer a an lise a partir dos diversos atores envolvidos Compreens o essa que se d n o como simples somat ria de discursos mas como interpreta o de sentidos 2 3 1 1 Pol ticos do Executivo ICP Brasil e o Estado A o Arnaldo Madeira virou para o Aloysio Nunes Ferreira e falou 1 assim os Andradas s o os fundadores do pa s Jos Bonif cio Borges de Andrada situa o da ICP Brasil Para os pol ticos do Executivo a forma o da ICP Brasil relaciona se introdu o de inova es em tecnologias da informa o especifi
102. O que a ICP Brasil Como provar que voc voc na Internet E como comprovar a autenticidade de um documento transmitido pela Internet A ICP Brasil nasceu basicamente para responder s duas perguntas proporcionando um meio de identifica o e autentica o atrav s da Internet A ICP Brasil visa proporcionar uma resposta para a quest o que o aparecimento desse novo meio de comunica o impunha como acreditar em algo na Internet Como enviar pela rede um documento assinado e que obtenha o mesmo valor jur dico de um documento assinado de pr prio punho A ICP Brasil foi institu da pelo Estado brasileiro como um mecanismo que possibilita a chamada assinatura digital com a validade reconhecida por esse Estado e por interm dio dele Tecnicamente a Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira constitui se num era r r 4 conjunto de normas jur dicas baseadas em conhecimentos tecnocient ficos espec ficos A ICP Brasil tamb m se relaciona id ia de integridade de documentos Para esta pesquisa subentendeu se integridade dentro de autentica o O Estado o intermedi rio da validade da assinatura digital atrav s da posse e guarda de um c digo primeiro Esse c digo primeiro completo chamado de Certificado Raiz Esse Certificado Raiz tem duas partes a chave p blica e a chave privada O Estado tem a posse e guarda exclusiva apenas da chave privada do Certificado Raiz A lei da ICP Brasil foi escr
103. Portanto eu tenho a uma discuss o no m nimo complicada Voc tem a uma discuss o e uma decis o importante do Presidente da Rep blica que j ensaiava naquela hora como que ia despachar os atos no seu terminal na sala da Presid ncia sem mais receber pap is Esse um dos projetos dele que ele permitiu que a gente tocasse Na hora o sujeito tem que correr o risco de quem tem a responsabilidade assina a Medida Provis ria o respons vel ele pela assinatura pelo desgaste Entrevista n 13 Houve momentos em que os pap is da t cnica e da pol tica apareceram ainda mais embaralhados do que nos casos em que ainda se mostraram o papel pol tico da t cnica e o papel t cnico da pol tica Nesses momentos praticamente se constituiu algo indistinto 5560 unificado como um t cnico pol tico e um pol tico t cnico A seguir destacam se dois exemplos O primeiro se deu por ocasi o de reuni o entre dois pol ticos do Executivo vinculados Casa Civil Pedro Parente e Jos Bonif cio Borges de Andrada Assim disse Jos Bonif cio Borges de Andrada Na hora que n s come amos a ter alguma dificuldade algum problema eu tive uma conversa com ele entre dez e quinze minutos ele entendeu tudo na hora Percebeu que n s est vamos no caminho correto e falou o seguinte Vai em frente e fica frio Por que o comportamento t cnico quando ele est correto e
104. Souza Burgos Chefe da Divis o de Seguran a em Tecnologia da Informa o do Banco Central do Brasil para se saber quais os sistemas do SPB usavam a ICP Brasil O campo de forma o acad mica dos entrevistados era Engenharia 13 Economia 4 Matem tica 2 Ci ncias Cont beis 1 F sica 1 Ci ncia da Informa o 1 Oficial do Ex rcito 1 Com rcio Internacional 1 e Direito 3 Portanto v se que os engenheiros representam cerca de metade do grupo e 11 s o bachar is em Direito 1 4 Considera es te ricas Max Weber e Norbert Elias se revelaram os autores com maior capacidade explicativa para este estudo de caso Weber colaborou especificamente para a an lise de Entre par nteses os respectivos cargos ocupados quando da institui o da ICP Brasil 33 A forma o de p s gradua o era a Curso lato sensu Administra o 8 Engenharia Econ mica 1 Publicidade 1 Telecomunica es 1 b Mestrado Engenharia 2 Economia 3 Matem tica 2 Ci ncia da Informa o 1 Ci ncias da Computa o 1 Planejamento 1 e Direito 1 e c Doutorado Economia 1 Ger ncia de Telecomunica es 1 Militar Matem tica 1 Ci ncia da Informa o 1 e Direito 1 16 cada uma das condi es de institui o da ICP Brasil com in meros aspectos anal ticos como sua tipologia de domina o rela o entre burocracia e pol ticos seu conceito de pol tica rela o entre nacio
105. Tanto as m quinas quanto os conhecimentos s o importantes em ambos os casos mec nico e cognitivo Isso significa que a evolu o do m todo mec nico decorre tamb m do ac mulo de conhecimentos te ricos espec ficos Por outro lado o ac mulo cognitivo pode igualmente requerer o uso de computadores At o come o do ano de 2006 n o chegou de fato a haver mudan a de paradigma no conhecimento criptogr fico Por m havia indica es do fortalecimento da criptografia qu ntica Entrevista n 6 Zorzetto 2004 Portanto o paradigma atual continua sendo a criptografia assim trica Por outro lado com o aumento da capacidade de processamento dos computadores os c digos criptogr ficos utilizados pela ICP Brasil vinham sendo atualizados 32 Esse conjunto de considera es aponta para a l gica embutida no racioc nio de Bruno Latour 2000 p 286 288 em rela o ao conceito de tecnoci ncia Dado seu car ter h brido indefinido e inclusivo auxilia a reflex o pela possibilidade de quebra do c digo criptogr fico e de ruptura do paradigma em criptografia que o cientista afeta a ICP Brasil Esse o elemento principal de seu poder no mbito da ICP Brasil Nesse sentido avan os de ponta na criptografia tendem fortemente a modificar a ICP Brasil Da sua parte a matem tica era estruturante na tecnoci ncia contida na ICP Brasil Assim disse o entrevistado Houve um conhecimento profundo a n vel de matem tica e cript
106. UNIVERSIDADE DE BRAS LIA INSTITUTO DE CI NCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA INFRA ESTRUTURA DE CHAVES P BLICAS BRASILEIRA ICP BRASIL E A FORMA O DO ESTADO ELETR NICO Marcello Cavalcanti Barra Bras lia 2006 UNIVERSIDADE DE BRAS LIA INSTITUTO DE CI NCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA INFRA ESTRUTURA DE CHAVES P BLICAS BRASILEIRA ICP BRASIL E A FORMA O DO ESTADO ELETR NICO Marcello Cavalcanti Barra Disserta o apresentada ao Departamento de Sociologia da Universidade de Bras lia UnB como parte dos requisitos para a obten o do t tulo de Mestre Bras lia agosto de 2006 UNIVERSIDADE DE BRAS LIA INSTITUTO DE CI NCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA PROGRAMA DE P S GRADUA O EM SOCIOLOGIA DISSERTA O DE MESTRADO INFRA ESTRUTURA DE CHAVES P BLICAS BRASILEIRA ICP BRASIL E A FORMA O DO ESTADO ELETR NICO Marcello Cavalcanti Barra Orientadora Profa Doutora Fernanda Antonia da Fonseca Sobral UnB Banca Prof Doutor Brasilmar Ferreira Nunes UnB Profa Doutora Tamara Benakouche UFSC Dedicat ria H Ave palavra A mem ria de meu querido pai Jos Cl udio Mau s Barra com todo amor A terceira margem do rio Caetano Veloso e Milton Nascimento 1991 Oco de pau que diz Eu sou madeira beira Boa d vau tristriz Risca certeira Meio a meio o rio ri Silencioso s rio Nosso pai n o diz diz Risca terceira gua da palavra gua calada p
107. a correndo com um Projeto sobre com rcio eletr nico misturado com certifica o digital uma doideira completa que tem l e estava amea ando botar esse tro o para ser votado E n s fizemos um estudo da tramita o e n s percebemos que esse neg cio ia bater no plen rio da C mara em agosto A Comiss o de Ci ncia e 65 Tecnologia em agosto vota qualquer coisa e submete a plen rio Ora como j estava definido que ia ser medida provis ria soltar a Medida Provis ria com o projeto no plen rio j com parecer da Comiss o de Ci ncia e Tecnologia da C mara voc soltar um outro neg cio sobre o mesmo assunto dizendo coisas extremamente diferentes ia ser um desgaste pol tico muito forte do governo Ent o nessa hora eu falei com o Pedro Parente falei com o Aloysio Nunes e falei com o Silvano Gianni E disse assim Se for fazer conv m fazer antes que a Comiss o de Ci ncia e Tecnologia se pronuncie para evitar um desgaste pol tico do governo J que v o ter cr ticas l na C mara melhor soltar logo agora Ent o a houve uma defini o pol tica de que o timing era esse tinha que sair antes disso Entrevista X Como o bloco da situa o ocupou se da quest o internacional da ICP Brasil A compara o internacional foi um dos meios pela qual a situa o da ICP Brasil empreendeu a rela o com outros pa ses durante a sua constru o e que deu margem constru o do conceito
108. a mas que se estendeu por redes de rela es que acabaram se configurando e se consolidando c pelo interc mbio de conhecimentos jur dicos tecnol gicos e cient ficos que se seguiu d pela possibilidade estrat gica de mudan as no e do modelo adotado 49 controlando se o risco inicial de fracasso e de obsolesc ncia no futuro As tecnologias da Internet da certifica o digital e a t cnica da criptografia assim trica tiveram repercuss o mundial e configuraram fato da realidade transnacional Provocaram um resultado institucional peculiar em cada pa s seguindo se as l gicas e especificidades de seu Estado e de sua sociedade ou de sua esfera p blica ou privada Ainda no contexto que Pistone 2004 p 1070 aponta da Raz o de Estado estando conectada s rela es internacionais pol ticos do Executivo viram se tamb m diante da falta de seguran a resultante da associa o de uma empresa brasileira CertiSign com uma norte americana Verisign e da possibilidade de ataque de piratas eletr nicos Castells 2003 p 146 Assim disse o entrevistado a ICP Brasil o sistema que faz o sistema ficar seguro Entrevista n 14 A partir da percep o dos pol ticos do Executivo assim pode ser sumarizado o surgimento da ICP Brasil em um processo de transnacionaliza o colocou se ao Estado Relacional um problema de seguran a que se configurou como Raz o de Estado Isso ensejou a presen a do Leviat num sentido qu
109. a ICP Brasil Serviu no plano discursivo da a o comunicativa como uma justificativa para determinadas a es empreendidas Se que se pode falar neste termo a estrat gia de comunica o caracterizou em alguma medida a lideran a pol tica da ICP Brasil A transforma o do nacionalismo turvo em nacionalismo sustent vel mostrou outra importante caracter stica da a o do pol tico o poder de transformar o que n o agrada a si e a seus aliados ou sua base em algo que lhes mais aceit vel Esse aspecto configura a pol tica como uma a o moral j que pautada por valores O caso estudado revelou tamb m um grau de autonomia do pol tico em rela o a seus aliados Em ambiente de muita press o faltando trinta minutos para a publica o da Medida Provis ria 2 200 que instituiria a ICP Brasil um t cnico da burocracia de engenheiros ligado ao campo da seguran a nacional entra na sala de um pol tico da Casa Civil com uma sugest o de ltimo minuto ao inv s de uma Raiz nica controlada pelo Estado a proposta de duas ra zes em que uma seria estatal e a outra privada A alternativa representava a concilia o com o Congresso Nacional onde O pr prio Semeghini queria fazer isso queria abrir a possibilidade de ter v rias ra zes e n o uma s Entrevista n 16 Trazia a proposta um alto membro da burocracia grupo que acreditava representar a sociedade no Estado e base social do tipo de domina o leg t
110. a brasileira nos governos de Fernando Henrique Cardoso quanto a temas relacionados a tecnologias Dessa maneira assim escreveu Alsina J nior A diplomacia de FHC argumentar que sem a aceita o dos grandes consensos n o seria poss vel qualquer acesso a tecnologias produzidas no exterior ainda que somente indiretamente relacionadas a produtos sens veis e que o desenvolvimento econ mico e cient fico tecnol gico do Pa s seria afetado Alsina J nior 2002 p 94 grifo nosso Construiu se a ICP Brasil ao longo de um processo pol tico que contou em sua implanta o com um coeso bloco da situa o e v rias alian as fragmentadas na oposi o que por isso assumiram caracter sticas de oposi es Sem que tivesse sido previamente planejado pelos atores os grupos que vieram a constituir o bloco da situa o foram acumulando conhecimentos relacionados Infra Estrutura de Chaves P blicas tais como certifica o digital criptografia assim trica e Internet ao longo de mais ou menos tr s anos e meio na forma o da ICP Brasil Esse bloco s constituiu se como tal no processo espec fico de surgimento da ICP Brasil Esse foi o motivo da surpresa geral das oposi es quando a ICP Brasil foi institu da desenrolava se um silencioso trabalho no Estado Como consequ ncia de terem sido pegos de surpresa as oposi es terminaram agindo de forma fragmentada diferentemente da situa o As seguintes alian as pol
111. a burocracia lutava por espa os de poder maiores e mais pr ximos aos decisores os pol ticos ao tentar eliminar ou desqualificar grupos rivais Finalmente especialistas em certifica o digital por m n o membros da ICP Brasil foram tamb m convidados a falar aos t cnicos participantes A participa o desses especialistas assim como o uso de suas exposi es deu se por interm dio e delibera o desses t cnicos da burocracia A burocracia acreditava que sua posi o ideal diante da sociedade era escutar por se considerar legitimada pela sociedade a agir dentro do Estado Portanto a burocracia n o gostava da id ia de o pol tico do Executivo que em ltima inst ncia era o pr prio Presidente da Rep blica proporcionar direito a voto para os representantes da sociedade civil Assim seguindo tamb m uma l gica de campos de disputa os t cnicos explicavam as nomea es de representantes da sociedade civil pela pol tica e n o pelo conhecimento Desse modo representante da Brisa teria sido inclu do por pol ticos do Executivo como representante da sociedade civil objetivando a concilia o com interesses diferentes j que a entidade participava da constru o do Projeto de Lei de Julio Semeghini na C mara dos Deputados O representante da Febraban passou por cima da luta da burocracia quanto a seu direito a voto Considerava se como esp cie de representa o nata da sociedade pelo poder que os bancos tinham na ec
112. a no Comit Gestor atrav s de assessoramento ao respectivo representante pol tico recomendando lhe o voto representa o do pol tico em caso de sua aus ncia explica o da t cnica para os pol ticos Com tudo isso dificilmente o Comit Gestor alterava as decis es da Cotec diferencia o entre o debate na ICP Brasil e a o debate p blico com as oposi es b a comunica o para o grande p blico Atividades que foram ocorrendo ao longo de ambos os processos de forma o e implanta o da ICP Brasil e que denotam a presen a da pol tica na pr tica da burocracia a b c d e luta contra outros grupos sociais e tamb m interna pr pria burocracia pr tica comunicativa de argumenta o e convencimento participa o direta na escrita da legisla o lideran a dos grupos t cnicos e a luta entre t cnicos da burocracia pelo pioneirismo das iniciativas que resultaram na ICP Brasil Assim disse o entrevistado s vezes eu tinha que botar o papel t cnico e s vezes eu tinha que botar o papel pol tico que tinha que tocar o tro o Ent o a gente sempre vivia esse conflito ser que n s estamos efetivamente certos Entrevista n 15 Max Weber 1993 p 72 p 101 Herbert Marcuse 1998 p 132 J rgen Habermas 1975 p 316 317 p 330 p 309 Bruno Latour 2000 p 53 55 p 76 p 286 p 417 mostraram cada um a sua maneira como a atividade t cnica tamb m uma ativid
113. a se mistura bastante esfera do Estado O Estado Instituidor do Social referido no caso da ICP Brasil tende a indicar o sentido eliasiano 1993 p 102 Em primeiro lugar pelo processo de monopoliza o dos recursos Processo esse que se relacionou constru o de um poder timo 1993 p 150 em torno do cargo do Presidente da Rep blica e da dificuldade de uma maior distin o entre as esferas p blica e estatal 1993 p 102 Houve ocasi o entretanto em que ambas se separaram bastante Quando por exemplo se diferenciaram os conte dos dos debates p blico e interno esfera do Estado sobre a ICP Brasil O Estado Legislador consiste na manifesta o do Estado por meio da legisla o dado o poder que tem para escrev la institu la ou aprov la No caso da ICP Brasil esse tipo de Estado surgiu diante de uma legisla o que se tornara obsoleta com as inova es proporcionadas por tecnologias da informa o A partir disso e de outras raz es conectadas l gica da Raz o de Estado denotada pelo Estado Leviat o Estado Legislador considerou a medida provis ria como o recurso necess rio para a institui o da ICP Brasil A ICP Brasil foi institu da como resultado de um processo pol tico cuja condi o sociopol tica enquanto Raz o de Estado influenciou mais o processo do que os pr prios pol ticos governantes evidenciando a quest o como eminentemente de Estado Ademais as a es da ICP Brasil assumiram u
114. acabou triumphando At que o mulato aprendeu com elle a dirigir os trens a fabricar o vidro a fazer macarr o e aletria O sabio americano John Casper Branner viajando no fim do seculo XIX pelo interior do Brasil se espantou da rapidez com que deante delle dos seus olhos claros de anglo sax o um mulatinho de Minas endireitou as rodas e as pe as de enorme balduina que se desconcertara no meio da viagem Era a assimila o da technica do europeu pelo mulato da terra 1936 p 301 grifo nosso O processo de importa o de uma nova t cnica ou tecnologia e posteriormente do aprendizado de como produzi la fabricando a em seguida est relacionado posi o global ocupada pelo pa s Essa posi o hier rquica do pa s se relaciona a m ltiplos aspectos relacionais e que se encontram misturados na realidade tais como a economia pol tica produ o capacidade b lica acordos e alian as internacionais forma o educacional e cultural hist ria Essa posi o do pa s encontra se diretamente refletida nas a es do individuo tal qual mostrou Freyre 1936 p 301 Um segundo aspecto que adv m da compara o da ICP Brasil com o estudo desse autor a repeti o de um mesmo processo importa o aprendizado e produ o em dois momentos separados por cerca de um s culo Isso leva sugest o de que a posi o brasileira na hierarquia sempre relacional e comparada dos pa ses mais ou menos tecnologicamente aut
115. ade pol tica Em abordagem espec fica sobre a ICP Brasil Menke 2003 p 12 problematiza a no o de neutralidade tecnol gica 90 Atribui se a domina o que o pol tico do Executivo exerceu na ICP Brasil ao poder leg timo a partir do voto e ao saber que o emprego e uso da criptografia assim trica atrav s do Estado se daria atrav s de processos pol ticos Assim disse o pol tico da Casa Civil erra o t cnico que pode achar que sem uma a o pol tica ele vai conseguir implementar aquilo que ele mesmo considera correto Eu acho que muito importante que o t cnico entenda tamb m sobre o pol tico e a linguagem pol tica para que ele possa atingir os seus objetivos naturalmente sob a pressuposi o de que s o interesses leg timos Ent o se a gente tivesse uma vis o estritamente t cnica sem um trabalho de natureza pol tica para chegar conclus o desse processo a gente n o teria conseguido Ent o houve muita articula o pol tica liderada pela Casa Civil para que a gente conseguisse chegar e pela Secretaria Geral naquela ocasi o Mas certamente houve um trabalho conjunto para que a gente pudesse superar as dificuldades e as resist ncias que n s encontramos E esse trabalho para implementa o de uma medida t cnica correta veio por trabalhos pol ticos Entrevista X O pol tico da Casa Civil pretendia que a t cnica assegurasse a legitimidade do pol tico atrav s do cumprimento da vontad
116. al como um dos tipos que emanou da ICP Brasil Tentou se uma maior difus o da atividade de certifica o digital com amplia o deste mercado atrav s de uma pol tica de Estado que transcendeu um governo espec fico Assim disse o entrevistado Tem um ponto a de refer ncia que bastante curioso Quando veio a ICP Brasil o Partido dos Trabalhadores na poca se manifestou radicalmente contr rio ICP Brasil Levantando assinando em baixo a cr tica que a Ordem tinha feito preocupado com a cidadania preocupado com o consumidor preocupado com o sigilo preocupado com a independ ncia dos poderes preocupado com a autonomia dos estados e munic pios E imediatamente ap s assumir o governo simplesmente desconsiderou todas as cr ticas que eles pr prios tinham feito e passaram um instrumento de poder No fundo no fundo um instrumento de poder que ao longo do tempo n o conseguiu sensibilizar a popula o a popula o n o comprou certificados e que acabou agora batendo numa pol tica de obriga o Ent o uma instru o normativa da Receita Federal obrigando empresas do pa s a comprarem certificados eletr nicos para Declara o de Imposto de Renda Entrevista n 25 Os membros da academia afinaram se com o representante da OAB ao criticarem o impacto da ICP Brasil sobre o federalismo brasileiro Ambos problematizaram a centralidade da Autoridade Certificadora Raiz na esfera federal do Estado e a resp
117. al ao Estado Ainda na vis o de pol ticos do Executivo a informatiza o do Estado teria o potencial de proporcionar mais seguran a sociedade quanto ao uso id neo dos recursos p blicos e responsabiliza o nos processos burocr ticos com mais transpar ncia e maior controle do Estado pela sociedade Assim disse um pol tico do Executivo antes de trabalhar na Casa Civil eu era o consultor jur dico do Minist rio da Previd ncia Volta e meia n s t nhamos not cia de fraude contra a Previd ncia praticadas atrav s do sistema Aquela burocracia que existe no papel o pessoal quando transfere isso para o sistema o pessoal da rea de inform tica n o conhece a burocracia de papel Isso um erro que existe com os analistas Voc tem toda uma burocracia todo um fluxo e a voc quer passar isso para a rea informatizada A chama um t cnico em inform tica um analista um engenheiro a ele monta aquela coisa toda s que eles n o conhecem o funcionamento N s chegamos conclus o que precisava ter 58 uma legisla o para proteger a Previd ncia de alguns ataques e de algumas fraudes esses crimes de fraude em geral s o produzidos praticados por funcion rios p blicos N s ampliamos referindo se Lei 9 983 2000 para incidir o conceito de funcion rio p blico N s fizemos o seguinte o empregado ou empresa terceirizado que presta servi os ele tem o tratamento que tem
118. am duramente o Estado basicamente porque agiu como um Estado que garantiu a seguran a como Leviat mas incorrendo em alto custo social Para eles esse alto custo social adveio do favorecimento dos bancos repasse dos riscos para o cidad o destrui o de direitos fazendo se retroceder conquistas da cidadania O Estado pressionou com o poder que tinha de escrever a legisla o como Estado Legislador a dire o que a sociedade deveria tomar revelando se como Estado Instituidor do Social As cr ticas dos membros da academia procuraram desnudar contradi es da ICP Brasil denunciando a alian a do capital financeiro com o Estado brasileiro no processo Na an lise de Castells 2003 p 146 a rea o do Estado quanto seguran a eletr nica misturou pr ticas leg timas e ileg timas j que ele dependia das redes de computador e elas n o podiam ser inseguras portanto para o Estado control las era condi o para manter sua situa o de controle 2003 p 146 Membros da academia tamb m argumentavam que os conhecimentos empregados pela ICP Brasil eram insuficientes e portanto levavam a riscos quanto seguran a J para o representante da OAB tanto o Estado Leviat como o Estado Instituidor do Social ambos presentes no surgimento da ICP Brasil guardaram fortes tra os de autoritarismo e revelaram se principalmente atrav s da baixa participa o da sociedade no processo Ao contr rio do que acreditava o bloco da
119. am errada a posi o de mercado da CertiSign Consideravam inconceb vel que uma empresa privada almejasse monopolizar o mercado de certifica o digital no Brasil atividade t o cara s prerrogativas de seguran a do Estado e ainda mais estando associada a uma empresa norte americana 83 Enfim o S cio Fundador da CertiSign se rendeu Sem mais acreditar num r pido crescimento do mercado e desgastado pela guerra acabou vendendo sua participa o na empresa Sob nova dire o a CertiSign mudou seu posicionamento de mercado n o mais conflitando com o Estado e vindo logo a aderir ICP Brasil Assim disse o entrevistado a CertiSign mudou a dire o entenderam que aquilo ali era um novo mercado que o certificado da ICP Brasil era muito mais valioso do que os certificados que eles tinham dos americanos Porque o certificado do americano da Verisign n o tinha a validade legal e os caras enxergaram que eles tinham um O governo estava dando com essa legisla o um man Estava dando o cofrinho de ouro para eles Que aquele certificado era mais caro E ia ser futuramente muito mais valorizado porque valia que nem uma assinatura manuscrita que a validade legal E a passaram a ser um dos grandes aliados nossos Entrevista n 15 A pol tica de rendi o por m n o se limitou ao S cio Fundador da CertiSign Outro que acabou sendo objeto de tal pol tica foi o Deputado Julio Semeghini Este ator posicionou
120. an a entre t cnicos e pol ticos pretendeu e conquistou benef cios m tuos para t cnica e pol tica Em algum grau a t cnica recorreu pol tica para se viabilizar e a pol tica utilizou a t cnica visando assegurar seu poder A pol tica tornou vi vel a t cnica ao socialmente legitim la atrav s da legisla o E a t cnica ajudou a viabilizar a pol tica ao legitim la socialmente auxiliando a aumentar o controle sobre a m quina do Estado por meio de tecnologias que surgiam Assim a estreita rela o entre as esferas revelou se novamente Latour amp Woolgar 1997 p 12 13 Em poucas palavras a rela o entre t cnicos e pol ticos foi de m o dupla a t cnica empoderou a pol tica e a pol tica empoderou a t cnica Assim disse o t cnico que tipificou a conex o entre t cnica e pol tica classificado como t cnico conector 58 A Constitui o Federal escreve As For as Armadas destinam se defesa da P tria 2005 p 99 86 Como podem conversar a t cnica e a pol tica quando a rea t cnica entende que ela para se expressar ela tem que ter essa express o atrav s da pol tica Porque a pol tica os pol ticos a estrutura pol tica que vai conseguir que aquela t cnica seja passada usada e gerida por aquela sociedade Se n o houver o trabalho pol tico o vi s pol tico a t cnica uma coisa muito rude muito cartesiana muito cheia de a
121. ando mais seguran a 1993 p 268 e como conseqii ncia paz A tal processo se chamou de Estado Leviat No presente estudo se observou que a interdepend ncia dos Estados configurou tanto fonte de tens o como de resolu o para essa tens o quando os Estados entraram em concord ncia Para Elias 1993 p 272 273 assim como as necessidades de seguran a e paz levaram forma o dos Estados nacionais estaria conduzindo tamb m constru o de blocos cada vez maiores De certa forma tamb m se verificou essa tend ncia no caso da ICP Brasil pela concord ncia que houve entre os Estados e que os tornou mais interdependentes Resumindo o processo primeiro a interdepend ncia entre os Estados proporcionou a inseguran a para em seguida a alian a entre eles na busca da paz e da seguran a O surgimento da ICP Brasil esteve relacionado exist ncia de Estados nacionais que se constru am na intera o uns com os outros processo a que se classificou como Estado Relacional a Raz o de Estado emergiu nesse contexto da realidade internacional do Estado Analisando a forma o dos Estados nacionais europeus para Elias 1993 p 96 97 eles foram construindo se nessa rela o Outra contribui o de Elias para esta pesquisa se referiu evolu o da t cnica que resulta em maior especializa o com crescente divis o 17 do trabalho 1993 p 266 e maior complexifica o social com aumento do n mero de atores que
122. antia a seguran a a paz e a exist ncia do Estado O Estado Leviat assegurava aquilo que assim escreveu Elias Sua precondi o foi a eleva o do padr o de vida e do n vel de seguran a ou em outras palavras uma maior prote o contra os ataques ou a destrui o f sica e assim contra os medos incontrol veis que afetavam com muito mais for a os indiv duos que eram membros de sociedades com monop lios menos est veis de for a e divis o menos acentuada das fun es Elias 1993 p 268 grifo nosso O Leviat buscou em primeiro lugar assegurar a exist ncia do pr prio Estado o que acabou por resultar no caso da ICP Brasil no aumento da centraliza o do poder Como garantidor da seguran a buscava diminuir a inseguran a na Internet ao possibilitar mais seguran a ao uso de sistemas conjugados a ela ao combater a possibilidade que vislumbrava de se configurar um monop lio ou a anarquia no mercado de certifica o digital e ao controlar de alguma maneira a entrada pela Internet do contexto de anarquia que impera nas rela es internacionais Como assegurador da paz buscava pacificar a luta entre os bancos e a empresa CertiSign pois os primeiros preocupavam se com a 110 possibilidade de monopoliza o do mercado a poss vel luta entre bancos pelo mercado de certifica o digital e a luta entre estruturas burocr ticas O caso da ICP Brasil mostrou um Leviat se formando al m das fronteiras da na
123. anular todo um processo Eles bateram muito mas n o era na discuss o t cnica N o era na discuss o do algoritmo que eu estava usando n o era discuss o da cadeia processos dos campos do meu certificado Entrevista n 15 Em s ntese a oposi o da burocracia empresa CertiSign ocorreu principalmente pelo fato de colocar em jogo quest es de seguran a e soberania nacional configurando a Raz o de Estado Em geral os t cnicos da burocracia acreditavam que a atividade de certifica o digital deveria ter um car ter mais estatal Mesmo assim quando j havia sido institu da a ICP Brasil internamente a burocracia n o foi un nime na luta contra a empresa Mais acurado consiste em dizer que a burocracia se dividiu quanto CertiSign 76 Com sua a o pol ticos do Executivo vinculados Casa Civil conseguiram neutralizar o partido do governo no Congresso Nacional atrav s de suas lideran as Deputados Arnaldo Madeira e Arthur Virg lio Jos Bonif cio Borges de Andrada Silvano Gianni e Aloysio Nunes Ferreira destacaram se no trabalho junto a esses Deputados em que acabaram isolando o Deputado Julio Semeghini no processo que reagiu com voracidade Para Max Weber cada luta no Parlamento uma luta pelo poder pessoal do parlamentar Toda luta parlamentar naturalmente n o somente uma luta por quest es objetivas mas igualmente uma luta pelo poder pessoal 1993 p 61 A ICP Brasil atingira o Deputado
124. ara a sociedade Quando o grupo e principalmente as lideran as estava em vias de ser derrotado em sua inten o tentou ainda a coexist ncia da ICP Gov com a ICP Brasil o que tamb m n o conseguiu Processos anteriores relacionados forma o da ICP Gov foram a Pol tica de Seguran a da Informa o a empreitada do Serpro na busca de sistemas de certifica o digital a C mara T cnica de Gerenciamento de Redes Todas elas se relacionaram esfera internacional atrav s da interdepend ncia entre o nacional e o internacional Ao longo dos processos que levariam transforma o da ICP Gov em ICP Brasil os pol ticos vieram a confiar que com a ICP Brasil haveria a possibilidade de se informatizar os processos burocr ticos entre Estado e sociedade e n o apenas os fluxos dentro do Estado De diferentes maneiras a ICP Brasil tamb m demonstrava lhes oferecer condi es para que se garantisse o papel dos burocratas no Estado a ampliando se o controle da classe pol tica sobre a burocracia com a possibilidade de se documentar no limite todo o fluxo de documentos no aparelho do Estado b com novas condi es tecnol gicas e pol ticas para que a burocracia continuasse operando dentro de uma realidade transformada pelas tecnologias da informa o Decreto 3 505 de 13 de junho de 2000 Brasil 20004 Bourdieu 2005 p 67 trata de situa o historicamente an loga quando observa a rela o entre o re
125. aria Executiva da Casa Civil sobre a participa o de Representante do Minist rio da Defesa nesse comit Memorando n 006 2004 SE CG ICP Brasil CARDOSO Fernando Henrique Debates presidente eleito Fernando Henrique Cardoso In Semin rio de Bras lia 1994 Bras lia O Brasil e as tend ncias econ micas e pol ticas contempor neas Bras lia Funda o Alexandre de Gusm o 1995 Extra do do discurso proferido na solenidade de abertura da Exposi o Universal do Ano 2000 em Hannover 31 de maio de 2000 In HOFMEISTER Wilhelm TREIN Franklin org Anu rio Brasil Europa 2000 institui es e integra o S o Paulo Funda o Konrad Adenauer 2001a Extra do do discurso proferido no jantar oferecido pelo Chanceler da Rep blica Federal da Alemanha Gerard Schr der e senhora Doris Schr der Koepf em Berlim 4 de outubro de 2000 In HOFMEISTER Wilhelm TREIN Franklin org Anu rio Brasil Europa 2000 institui es e integra o S o Paulo Funda o Konrad Adenauer 2001b TOLEDO Roberto Pompeu de O presidente segundo o soci logo entrevista de Fernando Henrique Cardoso a Roberto Pompeu de Toledo S o Paulo Companhia das Letras 1998 CARVALHO Luiz C S An lise de sistemas o outro lado da inform tica Rio de Janeiro Livros T cnicos e Cient ficos Sociedade Beneficente Guilherme Guinle 1988 CASA CIVIL DA PRESID NCIA DA REP BLICA Consulta P blica at 31 de janeiro de 2001 Sobre Proj
126. as 75 que est o dentro do governo que andam fazendo muito mal a muita gente at que n o sabia disso N o estou dizendo que haja m f nisso n o O pior burro o burro que trabalha Porque o inteligente que n o trabalha tudo bem O inteligente que trabalha produz O burro que n o trabalha inofensivo agora o burro que trabalha trabalha fazendo mal a muita gente E estava cheio de burro naquela cavalari a Aquilo era um horror pilantras Mas tamb m tinha l muita gente inteligente que era contra n s que tinha a sua posi o mas que tinha lucidez E tinha muita gente inteligente que tamb m era contra aquilo mas que n o se manifestava de forma aberta Entrevista X Por sua vez t cnicos da burocracia participaram de debates no Congresso Nacional sobre a institui o da ICP Brasil quando expuseram que havia praticamente uma nica empresa emitindo certificados digitais no Brasil a CertiSign A burocracia batia com for a na oposi o da CertiSign baseando se na quest o da soberania nacional argumentando n o se sentir segura com a id ia de subordinar a certifica o digital brasileira aos Estados Unidos Assim disse o entrevistado as cr ticas que n s receb iamos das empresas mas era uma coisa muito mais de um fator econ mico da sala cofre que era um absurdo aquilo no Brasil por que n o se podia usar a sala cofre deles que estava nos Estados Unidos a coisa muito si
127. as ele paga pelo uso daquela tecnologia sem us la E eu que uso muito mais para mim aquilo de gra a Eu recebo tecnologia de gra a na pr tica Mas a tend ncia que entre o papel do governo a d um pouco de educa o para esse povo d sa de para as m es e os dentes dele poderem nascer e as coisas v o caminhando e daqui a pouco eles v o disputar espa o comigo nesse atendimento do banco Porque eles v o poder pedir ao banco eles v o saber como pedir n o precisa de nada ele j tem todos os recursos Ele n o sabe falar Entrevista X De qualquer maneira os bancos estiveram orientados pela pol tica pelo ator pol tico e pelos processos pol ticos Isso evidencia a interdepend ncia entre condi o sociopol tica e socioecon mica para o caso da ICP Brasil O representante da Febraban 39 demonstrou temer o poder dos pol ticos pelo imprevis vel que eles representam j que s o mandat rios do voto popular e operam com l gicas peculiares Apesar de ter ocorrido uma alian a entre pol ticos e bancos por ocasi o da ICP Brasil o representante dos bancos atribuiu a aproxima o por conta de um relacionamento pessoal O medo que o pol tico provoca nos bancos guarda rela o com a diferen a entre as l gicas das racionalidades de ambos os atores A vit ria do ator econ mico se deu por etapas gradualmente Essa caracter stica se relacionou condi o de estar guiado pelo ator pol tico em um processo
128. azem a pr xis Muitas vezes exercem essa atividade pol tica conscientemente outras vezes agem sem consci ncia de que est o fazendo de fato pol tica j que ela est incorporada ao habitus Bourdieu 1996 p 21 91 22 do t cnico Entretanto o fato da a o do ator ser consciente ou inconsciente indiferente para se definir que h uma a o pol tica se desenrolando Quando os pol ticos do Executivo enunciavam a neutralidade da t cnica n o significava que a t cnica era efetivamente neutra Diante desse aparente paradoxo entre a fala e seu significado Pierre Bourdieu mostra em O que falar quer dizer 1998 a luta pela e na constru o dos grupos e classes 1998 p 120 atrav s das representa es engendradas sobre eles 1998 p 117 O autor escreve sobre a estrat gia da neutralidade embutida nessa luta Esta linguagem pol tica destitu da de uma pontua o pol tica caracteriza se por uma ret rica da imparcialidade sinalizada pelos efeitos de simetria equil brio e justa medida sustentada por um ethos da compostura e da dec ncia conforme atesta o fato de evitar formas mais violentas da pol mica bem como pela discri o pelo respeito alardeado ao advers rio em suma por tudo o que manifesta a denega o da luta pol tica enquanto tal 1998 p 121 122 grifo do autor A fala dos pol ticos do Executivo significava que para a t cnica empregada pela ICP Brasil ter expressividad
129. b Siragusa 1986 Spinnaker Software Corporation 1993 Svoboda amp James 1948 Vasconcellos 1974 Mais especificamente voltados para a Internet Barrett 1997 Borges amp M ttola 1994 Catapult Inc amp Microsoft 1997 Farias 2002 Fluke Corporation 1997 Gates Rinearson amp Myhrvold 1995 Godin 1994 Mora 2005 Negroponte 1996 Sams net Publishing 1996 Sleight 2000 Tittel amp James 1998 Tovalds 2001 5 O Interlegis objetiva constituir uma rede de computadores no Poder Legislativo em suas inst ncias federal estadual e municipal 11 houvesse condi es Tais condi es consistiram em tempo velocidade no desenrolar da entrevista percep o da efetividade da participa o individual temperamento abertura e disposi o do entrevistado b pesquisa da legisla o relacionada ICP Brasil atrav s da Internet c utilizando tamb m a Internet pesquisa de dados secund rios sobre os entrevistados e in meras buscas sobre informa es relacionadas ICP Brasil como por exemplo as transfer ncias via SPB d pesquisa em arquivos da ICP Brasil e e pesquisa de discursos do ent o Presidente da Rep blica Para a elabora o do roteiro de perguntas reuniram se todas as quest es que constavam no projeto de pesquisa acrescentando se aquelas sugeridas pela banca que qualificou o projeto Em seguida traduziram se perguntas acad micas em uma linguagem cotidiana buscando se usar palavra
130. banqueiro deve ser garantido como uma quest o de justi a Assim escreveu Elias A livre competi o econ mica igualmente n o apenas o oposto da ordem monopolista Ela est constantemente se inclinando para al m de si mesma na dire o oposta 1993 p 273 Ou seja o empres rio na ordem competitiva faz de tudo para obter o monop lio Por seu turno Weber 2001 p 131 observou que o capitalismo moderno se distanciara do ethos encontrado em sua forma o dado o poder crescente dos bens materiais Os bancos atrav s de seu representante perceberam a conveni ncia e a oportunidade que a institui o da ICP Brasil significava para eles Assim participaram de processos pol ticos envolvendo convencimento constitui o de aliados lutas debates al m de forte press o sobre o Poder Executivo e mais particularmente sobre a Casa Civil Portanto a precondi o socioecon mica da ICP Brasil representada pelo apoio da Febraban esteve sujeita aos processos atores e condi es sociopol ticas da porque ela n o se configurou como uma condi o para a ICP Brasil mas como uma precondi o Mas a assim chamada precondi o socioecon mica foi tamb m pol tica As alian as feitas pelos bancos valeram se do contexto e das circunst ncias em que o processo estava inserido precisando primeiro derrotar a oposi o da burocracia e em seguida mesmo se aliar a ela Assim escreveu Martes sobre a peculiaridade de uma
131. base para o Cepesc come ar o trabalho deles de criar tecnologia Ele j tinha alguma coisa em termos de criptografia mas naquele momento n o era poss vel implement las O que foi feito foi permitir que essas novas tecnologias nacionais desenvolvidas fossem incorporadas ICP Brasil N o se 29 limitou a uma tecnologia a um software ou alguma coisa assim Foi feita bem ampla bem aberta de tal forma que os softwares pudessem ser substitu dos como a gente Serpro substituiu agora na nossa solu o N s deixamos a solu o Baltimore e implementamos uma solu o nacional sem nenhuma solu o de continuidade a Entrevista X Ao estudar a incorpora o de novas t cnicas e tecnologias no Brasil do s culo XIX Gilberto Freyre percebera um processo de substitui o do t cnico estrangeiro pelo brasileiro no fim daquele per odo Na grafia original do autor assim est escrito com os trens com o saneamento das cidades a ilumina o o gaz quasi tudo obra de engenheiro ingl s o operario europeu o artifice branco o technico r extrangeiro se tornara t o necessario como o proprio ar organisa o mais industrial e estructura mais burguesa mais urbana mais mechanica da vida brasileira O nativismo gritou contra a concorrencia do louro ao caboclo da terra A febre amarella matou muito louro A malaria tambem E a peste bubonica outra inimiga de gringo Mas em parte o technico europeu
132. camente a criptografia assim trica a certifica o digital e a Internet todas componentes das precondi es sociocognitivas Portanto j se observa que construtos tecnocient ficos aparecem misturados s condi es sociopol ticas A partir da vis o destes atores em seguida despontou a possibilidade de que se instaurasse uma anarquia no mercado de certifica o digital dada a falta de controle estatal Tal situa o poderia se trasladar para toda a sociedade em uma atividade cara ao Estado identifica o e autentica o e para suas opera es fluxo de documentos Destarte e como observou Karl Marx 1991 p 44 a seguran a da sociedade est estreitamente vinculada ao Estado Tendo ela ficado amea ada conduziu constru o da ICP Brasil Paralelamente outros pa ses iam definindo seu modo de utiliza o da certifica o digital Assim disse o entrevistado a essa altura n s j est vamos totalmente desvinculados do governo eletr nico O Silvano teve com a gente come ou a entender que esse era um neg cio muito mais importante muito mais s rio muito mais grave Come ou a ter um tratamento totalmente separado E o pessoal come ou a entender na Casa Civil que era um neg cio important ssimo e se n s err ssemos a para consertar ia demorar anos Entrevista n 17 Nesse momento o Estado entrou em cena desempenhando dois pap is garantidor da seguran a sua pr pria e por consequ ncia
133. cebido aten o minimamente adequada para que se pudesse esperar um resultado disso Acho que a sociedade desconhece completamente o que a ICP fez que faz E acho que as pessoas que est o estavam e est o n o uma cr tica s administra o atual n o que estavam e as que est o administrando a ICP n o tem isso como prioridade Entrevista X Ao contr rio do que pode parecer apenas analisando se os textos da legisla o da ICP Brasil que designou acentos com direito a voto para representantes da sociedade civil Brasil 2001b 2001d 2001e n o houve uma representa o de fato da sociedade civil interessada Dessa maneira ao inv s sugere se que os atores foram nomeados por interesse do Estado como representantes da sociedade civil seguindo a l gica de Raz o de Estado A rela o entre burocratas e pol ticos do Executivo por ocasi o da ICP Brasil ocorreu basicamente de duas maneiras atrav s da Secretaria Executiva do Comit Gestor e dentro dos rg os do Estado Neste caso variou muito de intensidade de acordo com o interesse pelo assunto Por outro lado a implanta o da ICP Brasil contou com uma Secretaria Executiva que auxiliou no desenvolvimento do processo conectando o Comit Gestor Cotec Enquanto grupo como numa guerra contra o inimigo havia coes o entre t cnicos da burocracia representante dos bancos e pol ticos do Executivo Juntos mas liderados por pol ticos do Executivo julgav
134. certos arranjos institucionais obstrui uma revers o f cil da escolha inicial Levi 1997 apud Pierson 2000 p 252 tradu o nossa Ou seja os custos de sair de trocar para alguma alternativa plaus vel previamente aumentam Pierson 2000 p 252 tradu o nossa Al m da pergunta de pesquisa e da teoria do path dependence outro trabalho tamb m corroborou para que se concentrassem os esfor os sobre o grupo inicial que assumiu a ICP Brasil Estudo de treze projetos de teledemocracia conduzidos em diferentes cidades e estados norte americanos tais como Washington Nova York Hava Carolina do Norte entre meados da d cada de 1970 e meados dos 1980 levou seguinte conclus o Devo francamente admitir que eu comecei com uma quest o em mente que provou ser ing nua Quais tecnologias de comunica o provariam ser mais teis em facilitar a participa o pol tica Para responder a essa pergunta eu monitorei os sucessos e os insucessos de vinte projetos e experimentos de demonstra o em que diferentes tipos de equipamentos haviam sido engajados para encorajar o envolvimento do cidad o na participa o pol tica Eu descobri entretanto que a maior diferen a na natureza no papel e na efetividade da participa o pol tica estava enraizada n o na capacidade tecnol gica mas nos modelos de 1 Original em ingl s 20 Original em ingl s 21 Como escreve o autor da obra ele monitorou
135. cia a legisla o eu fazia o contato com as pessoas nesses outros pa ses para poder conhecer O grosso do meu trabalho se sustentou na legisla o dos outros pa ses e depois nos contatos e textos que a Internet fornecia sobre outros pa ses Entrevista n 7 Nessas an lises tamb m se buscou associar a hist ria da sociedade brasileira e do seu Direito hist ria do Direito de diferentes pa ses Usou se uma tica de interesses geopol ticos e de pol tica de alian as com vistas inser o internacional do Brasil e inser o do internacional no Brasil conectadas quest o da seguran a nacional Nesse contexto revelaram se tra os da domina o da tradi o que Weber tipificou como domina o tradicional existentes desde sempre Weber 1998 p 148 E que por seu lado Renato Ortiz interpretou como a moderna tradi o brasileira 1989 p 207 Assim disse o entrevistado esse neg cio de ICP vai exigir uma por o de normas e de regulamenta o Os americanos t m toda a cultura do common law E o nosso sistema o romano germ nico As ra zes do nosso Direito s o do Direito romano que influiu no Direito todo Existe toda uma certa forma de pensar existe toda uma maneira de elaborar norma Existe toda uma forma de se comportar diante do ordenamento jur dico do europeu que semelhante a nossa porque as nossas origens s o essas A maneira de pensar do amer
136. cial amp Opinion Research 2005b feita em 2005 procurou estimar o percentual da popula o brasileira que usou um ou mais servi os de governo eletr nico nos ltimos 12 meses O resultado foi o seguinte a consulta ao CPF 6 b declara o de imposto de renda 5 c informa es sobre servi os p blicos de educa o 3 Teoricamente porque uma possibilidade nica e exclusivamente te rica Isso precisa ser dito porque imposs vel que o governo esteja por completo na Internet dadas as condi es que hoje se apresentam 2 As informa es apresentadas reproduzem dados divulgados pela empresa Ipsos Worldwide Social amp Opinion Research que atrav s de uma pesquisa de campo com question rio de 40 minutos face a face 20055 p 5 perguntou Quais servi os do governo o a sr a j utilizou via Internet nos ltimos 12 meses Ipsos Worldwide Social amp Opinion Research 2005b p 39 Diferentes documenta es a partir dos dados da empresa trazem algumas explica es sobre o m todo empregado na pesquisa As informa es apresentadas referem se pesquisa realizada nos meses de agosto e setembro de 2005 Comit Gestor da Internet no Brasil amp Ipsos Worldwide Social amp Opinion Research 2006 em 8 540 domic lios ibid e nossa pesquisa representa apenas a popula o de 10 anos ou mais que de 143 milh es segundo a PNAD 2003 Ipsos Worldwide Social amp Opinion Researc
137. co e quando voc fala de Infra Estrutura de Chaves P blicas voc n o est falando de uma coisa vertical voc est falando de algo horizontal que vai permear o governo cabe Casa Civil fazer a coordena o Ent o me coube me trouxeram a proposta ou seja o diagn stico do problema temos uma vulnerabilidade n o temos uma Infra Estrutura de Chaves P blicas Outros pa ses avan avam com rela o a isso N s precisamos recuperar o nosso estado da arte t nhamos sistemas bons por m eram vulner veis chegou a hora de a gente ter que botar a m o nesse neg cio Entrevista X Horizontalidade vulnerabilidade al m de relev ncia e urg ncia ambas expressas na justificativa Casa Civil 2001b da Medida Provis ria 2 200 Brasil 2001b todas compuseram elementos que indicavam novamente que a seguran a do Estado e da sociedade e em ltima inst ncia a pr pria exist ncia do Estado estavam em risco em algum grau Al m disso para os pol ticos do Executivo os burocratas tinham exercido o papel de principais supridores do conhecimento t cnico em inform tica e em seguran a da informa o em processos anteriores no Estado Forneciam assim sustenta o para uma domina o que tendia ao tipo legal burocr tico Weber 1998 p 142 147 Pol ticos do Executivo vinculados Casa Civil enfim aliaram se a burocratas para constru rem a ICP Brasil Aliados consideravam se uma elite brasilei
138. condition resulted of Reason of State This configuration involved the existence of the State itself security issues international relations national and international politics technology Internet As sociopolitical precondition I observed some other roles Relational State State that Establishes the Social and Legislative State A political process set up PKI Brazil Besides Reason of State State Society relations and the relationship between technology and politics also emerged About the first one result was a confused nationalism and a sustainable nationalism About the relationship between technology and politics there were many different assortments between both Among those two people were typed as a politician broker and as a technician broker Both symbolized a deep interrelation between technology and politics At the end an electronic Leviathan shown up answering the challenge imposed by Internet on State Keywords electronic State electronic Leviathan electronic government Internet State ICP Brasil PKI Brazil PKI Public Key Infrastructure State Society relations relationship between technology and politics conditions technology science technoscience knowledge mixed conditions politics economy social actors law security nationalism confused nationalism sustainable nationalism politician broker technology broker Relational State State that Establishes the Social Legislative State 1 INTRODU O rne
139. conflitos consensos convencimentos negocia es coopera es relacionados ao seu processo de tomada de decis es Nesse processo os atores tinham determinadas disposi es e posicionamentos espec ficos com possibilidade de se modificarem com o passar do tempo Essas disposi es e posicionamentos foram estruturados por uma hierarquia entre os atores e a eles vinculados e a que se vinculam uma hierarquia entre os rg os da Administra o P blica ou entidades da sociedade civil Hierarquias essas relacionadas aos poderes do Presidente da Rep blica e de seus subordinados e tamb m ao processo de configura o do poder pelos rg os ou entidades ao longo do tempo O poder que de fato tinham ou grau de poder poder efetivo modificava se com o passar do tempo No processo de implanta o da ICP Brasil engendraram se tr s c rculos de participa o com pouca modifica o em suas composi es mas lutas e divis es internas um n cleo a oposi o interna e a oposi o externa O n cleo definiu em grande medida o conte do da ICP Brasil al m de ter deliberado sobre propostas de altera es Participaram do n cleo pol ticos do Poder Executivo t cnicos da burocracia do Estado e representantes da Febraban Entre os pol ticos do Poder Executivo inclu am se al m de Secret rios Executivos dos Minist rios e rg os nomeados para a ICP Brasil pol ticos n o nomeados mas com cargos na Casa Civil Em gera
140. cos do governo que est o acontecendo Adin decis es do Supremo medidas provis rias decis es governamentais Quer dizer essa coisa vai no bolo Entrevista n 17 De diferentes modos 1993 p 139 p 140 p 176 p 177 p 155 Elias observou a recorr ncia dessas situa es quando escreveu especificamente sobre o rompimento de conflitos 108 Os antagonismos entre diferentes partes da sociedade certamente n o assumem apenas a forma de um conflito consciente Planos e metas conscientemente adotados s o muito menos decisivos para produzir tens es do que a din mica an nima das configura es 1993 p 151 grifo nosso A pr pria novidade que a tecnologia da certifica o digital representava foi um componente ocasional e n o planejado que ajudou o bloco da situa o no objetivo de instituir a ICP Brasil Ao mesmo tempo a situa o de Raz o de Estado derivou de um processo n o previsto em que o mercado come ava a usar a tecnologia a partir principalmente da difus o empreendida por uma empresa brasileira associada a uma firma norte americana Em resumo os processos de forma o e implanta o da ICP Brasil a qual a t cnica misturou se pol tica deu se por vezes num sentido confuso acidental e ao acaso como tamb m se observa no fluxo da vida di ria Latour amp Woolgar 1997 p 9 10 procuraram transcrever a es da vida cotidiana tendo tamb m constatado tal fluxo Por outro lado todos os grupos da
141. culpa pelo menos no primeiro momento Em resumo at que se prove o contr rio a culpa est sempre localizada em algum ator dentro da ICP Brasil O Estado por sua vez garante absolutamente a parte em que respons vel Como os pol ticos do Executivo justificaram a responsabiliza o do titular que significou a seguran a jur dica para os bancos Ela foi justificada com o conte do da Diretiva Europ ia Uni o Europ ia 2000 para assinatura digital Assim disse o entrevistado Estudando a Diretriz Europ ia n s fizemos a seguinte quest o da legisla o nossa se adequar Diretriz Europ ia e de fato se ad qua Estudando a Diretriz Europ ia a nos verificamos que a Diretriz Europ ia ela permite que voc trabalhe com o sistema de certifica o dentro da ICP e com o sistema fora da ICP Com uma diferen a importante no documento dentro da ICP se voc emite o documento na ICP presume se a autenticidade e a origem do documento E se o documento n o for seu voc quem tem o nus de fazer a prova Ent o qualquer pessoa que receber um documento eletr nico ou um dado eletr nico produzido certificado e assinado dentro da ICP Brasil 53 O Certificado Raiz a chave privada que d origem cadeia de seguran a da certifica o digital da ICP Brasil 173 legalmente pode acreditar no documento e este documento tem a presun o de veracidade e de autenticidade e a parte que litigia que tem qu
142. de que chegava tinha uma rela o direta com desburocratiza o que era uma outra coisa que o Ministro Pedro Parente exercia Entrevista n 7 2 3 3 2 O papel pol tico da t cnica Foram in meras as atividades eminentemente pol ticas que os t cnicos da burocracia desempenharam na forma o e implanta o da ICP Brasil Essas atividades podem ser agrupadas em tr s per odos Primeiro aquelas que ocorreram at a institui o da ICP Brasil que consistiram em a demanda pela ICP Brasil b alian a com pol ticos do Executivo ao longo de seus processos de forma o c luta pela sede da ICP Brasil d convencimento de Congressistas e realiza o de apresenta es para eles e participa o na escrita da Medida Provis ria f esp rito de corpo da burocracia da seguran a da informa o e g adapta o de normas internacionais ap s a compara o com realidades de 89 outros pa ses Atividades dos t cnicos que se desenrolaram ap s a Medida Provis ria relacionadas pol tica a b c d e 1d 8 h apoio Medida Provis ria participa o em debates e negocia es no Congresso Nacional negocia o com outros t cnicos constru o de consensos vota o quando havia diverg ncia sobre um assunto conex o entre Cotec e Comit Gestor e vice versa institucionalizada atrav s do Secret rio Executivo do Comit Gestor da ICP Brasil participa o ativ
143. de Souza Burgos Agrade o Enylson Fl vio Martinez Camolesi Regiane Dias Peris Tamb m ao grupo de comunica es RBS e seu pessoal Anik Suzuki e Alice da Costa RS Kl sio Santos Ros ngela Fernandes DF Ao Banco Central e ao Radjalma Costa Aos amigos Alda Julieta Sim es Hamad Ana Maria Lobato Alves Belnilde T vora Capela Carlos Alberto Alves Alves Cleusa Oyarz bal Schlabitz Dalva S nia de Jesus Edilena Souza Pereira Eduardo Pereira Josinete Alves Alves Manoela Morgado Martins Maria Augusta Gobbi Maria Selma Bai o Reynaldo Andrade da Silveira Vitor Bossini e Neide Bossini e fam lia E tamb m Abelardo Mendes Adriana Dupita Alberto Carlos Louren o Pereira Alexandre Lameiras Carvalho Alexandre Teixeira Gripp Ana Carolina Lacerda Queiroz Ana Julieta Teodoro Cleaver Ana Luiza de Menezes Delgado Ana Luiza Machado de Codes Lima Andreia Juliana Leite Rodrigues Avany Lameiras Carvalho Bruno Schurmann Carol Torres Carlos Ledo C lia Bretas Netto Daniel Carvalho de Mendon a Fabiano Realino Fernando Mello Netto Francisco Moraes da Costa Marques Heverton Minoru Miyazaki Geraldo G is Jo o Bosco de Carvalho Lima Freitas Jos Mario Brasiliense Carneiro Leonador Leocadio da Silva Leonardo Flor ncio Marco Antonio Carvalho Natalino Marcus Cardoso Mari Gon alves Maria Selma Bai o Marlene Cristo Pinheiro Mauro Camasmie Osvaldo Assis Rocha Neto Paloma Camargo Var n Pedro Flor ncio Rafael Henrique Moraes
144. de contradi o residia numa associa o que t cnicos da burocracia faziam os pol ticos em geral estavam associados a lutas e conflitos Portanto para a burocracia da ICP Brasil que objetivava a seguran a advinda da harmonia paz e ordem social proporcionadas pelo Estado Leviat os pol ticos encarnavam o oposto disso Ademais al m de rela es pol ticas buscando alian as de sustenta o os pol ticos possu am suas pr prias rela es ntimas e que podiam representar um conjunto de interesses muitas vezes distinto do interesse dos t cnicos Os pol ticos se comunicavam mais com a sociedade do que os t cnicos Tal fato tamb m podia representar preocupa o para quem zelava pela seguran a do Estado e que utilizava at mesmo o recurso do segredo quando acreditava necess rio n o tendo portanto qualquer interesse real na populariza o do debate da ICP Brasil Como escreve Bobbio ao seguir a l gica da Raz o de Estado este fica obrigado a agir em segredo para n o provocar esc ndalo 2002 p 42 Considerados a prem ncia da atua o no curto prazo e o arco de rela es e interesses dos pol ticos do Executivo os t cnicos da burocracia de Estado na ICP Brasil em algum grau vislumbraram o dilema relacionado a esses pol ticos Como conseguir reunir ao mesmo tempo tantos Secret rios Executivos de Minist rios importantes para 88 tratarem de um tema que eles e os pr prios pol ticos consideravam t cnico gara
145. de e atraso internacional No caso estudado em geral se considerou o advogado como um t cnico da burocracia Entretanto o l der pol tico da ICP Brasil tinha a forma o e tamb m a fun o de advogado No bloco da situa o da ICP Brasil basicamente os pol ticos do Executivo vinculados Casa Civil encarnaram o discurso nacionalista para justificar a ICP Brasil Isso foi coerente com o pensamento de Weber para quem o nacionalismo tendia a ser uma constru o de l deres de um pa s ainda mais daqueles com poder de dirigir a a o social 2004b p 172 Como descrito o nacionalismo em que se baseou o ataque alian a entre CertiSign e Verisign configurou se turvo pois a solu o adotada foi incongruente com sua premissa Como principal art fice do nacionalismo no bloco da situa o o pol tico da Casa Civil acabou fornecendo novas bases legitimadoras da a o e o que garantiria vida ao nacionalismo Surge ent o o nacionalismo sustent vel como uma tentativa de resposta do nacionalismo diante da realidade de integra o entre pa ses e blocos O nacionalismo sustent vel dos pol ticos do Executivo consistiu numa pol tica de concilia o global Em decorr ncia de tal pol tica analisou se a atividade de certifica o digital em cerca de 66 pa ses optando se ao final por uma integra o seletiva escolhendo se como modelo de normativa a Diretiva Europ ia Uni o Europ ia 2000 e como modelo de
146. de processos que foram ocorrendo ao longo do tempo Em meados dos anos 1990 o autor acreditava numa profunda crise do Estado Castells 1995 p 44 quando em seguida detectou a forma o do Estado em rede Carnoy amp Castells 2001 apud Castells 2003 p 147 Finalmente observou o impacto sobre os Estados 2003 p 131 com a emerg ncia do uso da criptografia de chave p blica na Internet 2003 p 142 Seguindo se a l gica da Raz o de Estado Pistone 2004 p 1070 verificada na ICP Brasil para Castells o Estado nacional teve que estabelecer um controle sobre a criptografia Objetivava garantir sua seguran a mantendo algum controle sobre as atividades que podem se processar atrav s da rede 45 os governos est o impedindo a difus o da tecnologia da criptografia alegando que isso facilitaria atividades criminosas De fato essa tentativa o recurso extremo dos Estados para manter algum n vel de controle sobre os fluxos de informa o em que seus poderes se fundaram durante s culos 2003 p 131 grifo nosso Assegurar algum controle sobre os fluxos de dados e informa es foi um dos objetivos com que o Estado brasileiro instituiu a ICP Brasil Este se encontrava atrasado na compara o com outros Estados nacionais e tamb m com a evolu o de mercado da empresa CertiSign aliada a uma empresa norte americana Verisign que entrava em rg os importantes do Estado Os atores que constru ram a ICP Brasil ficara
147. decis es sobre estrat gia de defesa emprego e uso da for a militar est incrustada em uma matriz de mecanismos oficiais e n o oficiais de coopera o e consulta multilaterais e bilaterais institucionalizados 1999 p 144 tradu o nossa Na contemporaneidade a globaliza o militar e os modelos de enredamento nacional na ordem militar mundial t m instigado um s rio repensar sobre a id ia e a pr tica de seguran a nacional 1999 p 145 tradu o nossa O desenvolvimento e a busca de objetivos de seguran a nacional s o ent o insepar veis na maior parte do que diz respeito ao desenvolvimento e busca de seguran a atrav s de alian as 1999 p 146 tradu o nossa A atividade pol tica sobre mat rias de seguran a nacional n o mais simplesmente um assunto dom stico 1999 p 148 tradu o nossa grifo nosso dentro desse contexto que para garantir a exist ncia do Estado nacional a partir do caso estudado fortaleceu se uma comunidade espec fica de Estados Essa comunidade afigurou se em decorr ncia da pr tica de coopera o internacional forma o de alian as e redes e interc mbio de conhecimentos seguinte coloca o de Toledo Arthur r Schlesinger autor da seguinte frase O Estado nacional ficou pequeno demais para resolver os grandes problemas e grande demais para resolver os pequenos Cardoso amp Toledo 1998 p 88 assim argumentou Fernand
148. dente da Rep blica que vinculou seus rg os pr pria Casa Civil Um desses rg os o Comit Gestor e para seu primeiro grupo nomearam se em 18 de julho de 2001 os Secret rios Executivos dos Minist rios da Justi a da Fazenda do Desenvolvimento Ind stria e Com rcio Exterior do Planejamento Or amento e Gest o da Ci ncia e Tecnologia da Casa Civil e o Subchefe Militar do Gabinete de Seguran a Institucional o Presidente da Sociedade para o Desenvolvimento da Tecnologia da Informa o Brisa e o Diretor Geral da Federa o Brasileira dos Bancos Febraban Cada um desses atores indicou dois representantes para a Cotec rg o vinculado ao Comit Gestor um para o posto de titular e outro para o de suplente que foram nomeados em 26 de julho de 2001 Casa Civil da Presid ncia da Rep blica 2001e A Medida Provis ria Brasil 2001e que institui a ICP Brasil definiu tamb m o Instituto Nacional de Tecnologia da Informa o ITT como a Autoridade Certificadora Raiz AC Raiz da ICP Brasil Como AC Raiz instituiu se o ITI com a seguinte estrutura uma Presid ncia uma Diretoria de Tecnologia da Informa o uma Diretoria de Infra Estrutura de Chaves P blicas e uma Procuradoria Geral Dois rg os da Casa Civil da Presid ncia da Rep blica configuraram se centrais para a constru o e implanta o da ICP Brasil a Divis o de Telecomunica es Ditel e a Subchefia para Assuntos Jur dicos SAJ Encontros e reun
149. der vel conte do de tradi o a partir da a legisla o b configura o de atores que participaram do processo e que se fortaleceram No caso da interoposi o entre pol ticos e burocracia din mica desse processo chamou se de mudan a que n o muda 128 c repeti o hist rica de processos como o processo de substitui o de importa es de tecnologias ou a introje o do Estado Relacional pelos atores No entanto este novo o moderno que cont m muito de tradi o tamb m rompeu com diferentes tradi es Um exemplo do caso foi a mudan a no tr mite de documentos no alto escal o do Poder Executivo optando se pelo meio eletr nico com a utiliza o da assinatura eletr nica com certifica o digital A manuten o da tradi o encontrada no caso da ICP Brasil relacionou se aos riscos que representava a introdu o de algo considerado como novo Quando o pol tico do Executivo optou por um determinado modelo de estrutura de ICP como refer ncia queria deixar aberta a possibilidade de modifica o da ICP Brasil no caso de fracasso da empreitada ou de transforma o estrutural na configura o do poder mundial No caso da ICP Brasil conhecimentos sobre os pa ses analisados auxiliaram a sustentar a manuten o da tradi o Esses conhecimentos em larga propor o formaram se a partir de percep es ou impress es A a o social conceito de Weber 1998 p 13 14 ajuda a compreende
150. digitalmente assim Isso impressionou um pouco Pedro Parente Enfim A o Pedro Parente se empolgou muito com a id ia e a o pacote seria entregue para a SLTI E a v o baixar normativas e tudo para uso no governo federal At a governo federal Bom a o pessoal da rea banc ria principalmente E a a figura importante era o presidente da Febraban Hugo Dantas Ele viu que aquilo conversando com Pedro Parente se davam muito bem com Silvano Gianni e tudo Que aquilo seria uma ferramenta muito boa para a rea banc ria para a seguran a das transa es eletr nicas na rea banc ria E a pediu formalizou o pedido ao Pedro Parente ao governo e a n o o Pedro Parente Casa Civil para que a rea banc ria em especial o setor financeiro privado pudesse usar as normativas da ICP Gov Ele pediu para usar quer dizer como se aquilo fosse de autoria de algu m Na verdade de autoria de governo N o tem direito autoral mas o que ele queria era que o governo autorizasse e ele usar todo aquele trabalho que n s fizemos E a a evolu o a foi muito r pida para a ICP Brasil Entrevista n 15 Para pol ticos do Executivo envolvidos no processo da ICP Brasil as tecnologias da informa o garantiriam um Estado mais transparente atrav s de uma burocracia mais transparente E em poucas palavras a transpar ncia asseguraria que a burocracia estatal continuasse sendo um estamento cruci
151. do ainda falou mais alto a Raz o de Estado Portanto foi necess rio que houvesse poder 115 suficiente concentrado no topo do Executivo no Chefe de Estado para a configura o da ICP Brasil tal qual ocorreu E por outro lado com ela se ampliou o poder concentrado no cargo Em rela o constru o e implanta o da ICP Brasil detectou se a exist ncia de uma cadeia de confian a na hierarquia pol tica da Casa Civil a partir do Presidente da Rep blica Essa cadeia tamb m se relacionava com o controle do restante da m quina para fazer com que as ordens superiores fossem cumpridas nem que se seguisse uma pol tica do mando embutida no princ pio do Manda quem pode e obedece quem tem juizo Gibbons et al descreveram o novo modo de produ o do conhecimento 1994 p 3 em que entre outros fatores a acelera o da difus o de conhecimentos cient ficos e tecnol gicos 1994 p 37 conduziu a uma demanda por mais accountability e mais comunica o entre a comunidade t cnica e cient fica e a sociedade 1994 p 36 Esse processo levou tamb m prolifera o dos lugares em que o conhecimento passou a ser produzido 1994 p 38 e amplia o da difus o do conhecimento 1994 p 37 38 Constatou se que a academia perdeu poder em v rios processos da forma o da ICP Brasil o que em alguma medida se relacionou amplia o da dissemina o da informa o e do conhecimento na burocracia do Estado e na s
152. do Executivo t cnicos da burocracia e o representante dos bancos Com a Medida Provis ria transferiu se imediatamente para Bras lia a sede do ITI que ficava em Campinas No entanto sua burocracia desconhecia o processo em que o rg o estava inserido Em 10 de julho de 2001 doze dias depois de institu da a ICP Brasil o governo iniciou uma consulta p blica Casa Civil 2001c sobre ela que em seguida Casa Civil 2001d teve seu prazo para envio de sugest es prorrogado at 30 de julho de 2001 Contando com cobertura da imprensa escrita nas devidas propor es j que o tema foi abordado como assunto t cnico pelo governo os interessados exclu dos da sua constru o reagiram muito fortemente Medida Provis ria Seu impacto fora sentido pelos pol ticos do Executivo que decidiram pelo processo Assim disse o entrevistado A sociedade civil reagiu com muita for a muita for a Mas n o a for a suficiente para mudar a hist ria Entrevista n 24 2 3 2 1 As lutas travadas ap s a Medida Provis ria 2 200 A garantia de seguran a jur dica exigida pelo representante dos bancos para que apoiasse a ICP Brasil estava contemplada na Medida Provis ria Brasil 2001b Enquanto oposi o o Professor Pedro Rezende foi o ator que mais lutou contra a seguran a jur dica dos bancos com base na responsabiliza o do titular do certificado Percebendo que a 712 grande luta localizava se no campo pol tico mais
153. do em 8 out 2002 Se o 1 p 4 2002c Resolu o n 6 de 22 de julho de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 22 jul 2002 Se o 1 p 6 2002d Resolu o n 7 de 29 de julho de 2002 Bras lia Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 30 jul 2002 Se o 1 p 1 3 2002e Resolu o n 8 de 04 de setembro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 05 set 2002 Se o 1 p 6 2002f Resolu o n 9 de 4 de outubro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 8 out 2002 Se o 1 p 4 2002g Resolu o n 10 de 11 de outubro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 11 out 2002 Se o 1 p 2 2002h Resolu o n 11 de 14 de outubro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 11 out 2002 Se o 1 p 2 Republicado em 11 out 2002 Se o 1 p 66 20021 Resolu o n 12 de 14 de novembro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 18 nov 2002 Se o 1 p 5 20025 Resolu o n 13 de 25 de novembro de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 26 nov 2002 Se o 1 p 29
154. dos advogados na pol tica ocidental ap s a apari o dos partidos pol ticos A empresa pol tica dirigida por partidos n o passa em verdade de uma empresa de interesses Ora a fun o do advogado especializado consiste exatamente em defesa dos interesses daqueles que o procuram Em tal dom nio o advogado sobrepuja qualquer funcion rio Sem d vida alguma ele pode triunfar isto pode ganhar tecnicamente uma causa cujos argumentos t m fraca base l gica e que em consequ ncia Eventualmente o nacionalismo turvo poderia ser chamado de nacionalismo tardio Por m assim como escrevera Elias 1993 p 272 1998 p 104 n o h inexorabilidade no processo de integra o mundial Seria ent o exerc cio de futurologia ou normatividade incontida chamar o nacionalismo turvo de nacionalismo tardio 67 logicamente m por m tamb m o nico a ter condi es de fazer triunfar isto de ganhar uma causa que se funda em argumentos s lidos e que portanto boa em tal sentido 2004a p 78 grifo nosso O centro do nacionalismo turvo como pr tica discursiva localizou se em pol tico da Casa Civil profissional do Direito que defendeu a quest o da seguran a do Estado T cnicos da burocracia da seguran a haviam levado lhe a problem tica com que pol ticos hierarquicamente superiores a ele vieram a concordar quando ressaltaram a situa o brasileira de vulnerabilida
155. dos pela ICP Brasil Portanto sob os ausp cios dos pol ticos do Executivo o Estado Instituidor do Social emergiu tanto assumindo a forma da pr pria ICP Brasil como naquilo que podia ser feito fora de seu mbito Assim escreveu a Medida Provis ria O disposto nesta Medida Provis ria n o obsta a utiliza o de outro meio de comprova o da autoria e integridade de documentos em forma eletr nica inclusive os que utilizem certificados n o emitidos pela ICP Brasil desde que admitido pelas partes como v lido ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento Brasil 2001e grifo nosso 1 Interpretando se a vis o dos t cnicos da burocracia para esse grupo tamb m esteve em cena o Estado Instituidor do Social com a ICP Brasil E sob este papel a burocracia agiu mesmo que comandada pelos pol ticos Nesse sentido a burocracia lutou contra o Congresso Nacional tentando deslegitimar o Deputado Julio Semeghini ao consider lo como um ve culo dos interesses da empresa privada e tamb m contra a OAB acusando a de ter um projeto pr prio de certifica o digital al m de sugestionar vincula o com cart rios Assim disse o entrevistado A OAB queria que aquelas certifica es eletr nicas que tinham validade da lei s podiam ser aquelas autorizadas por registros em cart rios O Presidente da OAB dizia isso Podia ter o sistema dois que o sistema livre mas se o sistema for o sistema um que o sistema decorrente da
156. e aproximadamente em equil brio em termos de poder social nenhum dos lados pode vencer e destruir o outro porque a exist ncia de ambos interdependente 1993 p 150 Para os pol ticos do Executivo vinculados Casa Civil a certifica o digital representava n o somente controle sobre a burocracia mas tamb m sobre outros pol ticos Essa tecnologia n o deixava margem a d vidas se um documento havia sido enviado ou n o pois registram se todos os fluxos A percep o que os pol ticos do Executivo tinham sobre a burocracia ajuda a compreender por que desejavam que ela permanecesse como classe da sustenta o da domina o do Estado O desempenho dos t cnicos na ICP Brasil foi por eles adjetivado como competente dedicado informal tendo conhecimentos sobre o assunto com trabalho feito sob press o de qualidade e com determina o excedendo em Brasil 2000b 59 muito o expediente normal Elogiou se esse grupo n o apenas por ocasi o da ICP Brasil mas por sua atua o em geral no Estado Assim disse um pol tico do Executivo sobre a burocracia ela uma coisa necess ria captadora da a o do governo E trabalhou muito bem n o neste tema s como em outros tamb m E um trabalho que a burocracia pode se orgulhar um trabalho de n vel internacional Entrevista n 27 Houve um processo espec fico de constru o da ICP Brasil ou a constru o foi apenas uma transi
157. e 2001 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 9 mar 2001 Se o 1 p 3 2001a Dispon vel em 146 lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223resolucao nl sistemarh pdf gt Acesso em 22 abr 2005 Resolu o n 2 de 30 de julho de 2001 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 31 jul 2001 2001b Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223resolucao n2 sistemas pdf gt Acesso em 22 abr 2005 Resolu o n 3 de 20 de dezembro de 2001 2001c Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223resolucao n3 redebrOsilgov publicado atraves decreto pdf gt Acesso em 22 abr 2005 Resolu o n 4 de 08 de mar o de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 11 mar 2002 Se o 1 p 4 2002a Resolu o n 5 de 27 de mar o de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 28 mar 2002 Se o 1 p 4 Retificado em 8 out 2002 Se o 1 p 4 2002b Resolu o n 5 A de 15 de julho de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 16 jul 2002 Se o 1 p 7 Retifica
158. e Lei da C mara avan ava em interesse do pr prio parlamento de legislar sobre a mat ria Mas legislar de uma forma que n o nos convencia de que era melhor n s tivemos que fazer Medida Provis ria Uma Medida Provis ria que se contraponha a Projetos que j est o em tramita o no Congresso uma confus o esse neg cio Voc tem a uma quest o pol tica um 103 bocado complicada Voc atropela De alguma forma diz assim o Executivo que devia estar s executando e o legislativo legislando O Executivo toma o lugar dele pega o Projeto dele diz esse Projeto n o bom e manda agora uma Medida Provis ria que comece e entre em vigor imediatamente e voc s param de fazer andar o Projeto de voc s de fato uma situa o que precisa de muita arte pol tica para fazer com que ela n o resulte num desastre A Medida Provis ria quem assina quem toma a decis o de mand la para o Congresso 0 Presidente da Rep blica a independ ncia dos poderes n o uma coisa muito f cil de entender porque se essa a compet ncia do Legislativo por que o governo tem que se meter O Legislativo est legislando uma coisa que tem a ver com uma quest o de governo Que tem a ver com uma quest o de como que eu vou gerenciar E na Constitui o est escrito que cabe ao governo compet ncia privativa do Executivo a proposta de atos que digam respeito a falta de gest o p blica
159. e davam aulas para os advogados que tamb m liam livros e textos especializados sobre o assunto al m de acompanharem os debates que ocorriam entre os engenheiros e interagirem com especialistas estrangeiros Por outro lado foi necess rio que os engenheiros tamb m compreendessem os aspectos jur dicos relacionados certifica o digital A pesquisa e a an lise dos Projetos de Leis em tramita o no Congresso Nacional mostraram propostas mais liberais com menos regula o e participa o do Estado e mais liberdade empresarial do que t cnicos engenheiros e advogados da burocracia pol ticos do Executivo e representante dos bancos gostariam Consideraram nos carentes do 26 conhecimento que julgavam necess rio ou como c pias de leis e de projetos de leis provenientes do exterior O terceiro meio para se obter conhecimento jur dico consistiu no Direito comparado quando se analisaram diferentes realidades nacionais de certifica o digital no contexto de diferentes tradi es do Direito romano germ nico ingl s e asi tico comparando se em torno de 66 pa ses e suas legisla es Com alguns desses se fez contato por correio eletr nico e ou pessoal quando se dialogou com especialistas jur dicos e t cnicos envolvidos nos processos Assim disse o entrevistado O trabalho que a gente teve de fato e onde sustentou o meu trabalho foi a legisla o comparada a legisla o dos outros pa ses E depois de quando conhe
160. e dividira mais com a academia no passado Dantas 1988 p 175 narrou processo ocorrido quase 30 anos antes em 1974 quando o Estado brasileiro procurou tornar mais segura a comunica o de alguns de seus rg os rg os em que se considerava particularmente sens vel a integridade e seguran a dos sistemas de informa o Dantas 1988 p 175 Para isso agregou se conhecimentos em criptografia e seguran a da informa o que enredaram o Servi o Nacional de Informa es SND o Minist rio das Rela es Exteriores e Escola Nacional de Informa es Esni um rg o do SNI UnB atrav s de seu Laborat rio de Instrumenta o Cient fica Quanto ao nacionalismo Weber observou a tend ncia tanto de l deres pol ticos 2004b p 172 como de intelectuais 2004b p 175 a propagarem id ias nacionalistas De algum modo constatou se isso no estudo Entretanto nem o nacionalismo configurou se capaz de fazer os pol ticos do Executivo inclu rem a academia na constru o da ICP Brasil ou no primeiro grupo de representantes da sociedade civil Em estudo em que a id ia de na o tamb m se cruzava a processos da globaliza o Martes 2000 p 155 observou que a nacionalidade brasileira nem sempre era condi o suficiente de identifica o agrega o e sociabiliza o dos brasileiros Em um processo de intensifica o dos la os entre Estados o nacionalismo consistiu em discurso que justificava a a o proferido pelo l
161. e do governante eleito garantindo a efetividade da representa o Em outras palavras a t cnica ajudava a fortalecer a legitima o do pol tico governante em uma situa o em que t cnica e pol tica se complementavam Apesar disso enunciar a neutralidade da t cnica consistiu em outra tend ncia de t cnicos da burocracia e pol ticos do Executivo que participaram da ICP Brasil A pr xis dos t cnicos todavia mostrou o contr rio tiveram tamb m pr tica pol tica Habermas mostra a dualidade existente no discurso da t cnica que tende a se pretender neutra tal quando se enuncia tecnicamente necess ria 1975 p 305 grifo do autor e que ao divulgar se dessa maneira torna se em si mesma uma ideologia 1975 p 316 Como explicar essa ambiguidade no caso da ICP Brasil Anunciar a neutralidade pol tica da t cnica tamb m faz parte do papel pol tico dos t cnicos As ambigi idades entre pr xis e discurso assim como interna ao discurso t cnico comp em esse papel assim que os t cnicos podem representar com diferentes m scaras dependendo do contexto das circunst ncias dos interesses em jogo Na pr xis isso significa que os t cnicos da burocracia tendem a saber a hora de dizer que a t cnica neutra ou de exercer atividades pol ticas quando lhes interessa ou necessitam Dentro da l gica da ambival ncia da pol tica os t cnicos podem manipular o que est escrito na norma o dever ser e o que efetivamente f
162. e na vida social ela precisava estar sob o comando da pol tica Nesse sentido queriam dizer que a pol tica tinha mais poder que a t cnica e que a t cnica precisava se aliar com a pol tica para poder aflorar na sociedade Ademais a interpreta o do discurso dos participantes da ICP Brasil tanto da situa o quanto da oposi o revela que a forma o e implanta o da ICP Brasil se deu em campo pol tico Assim o entrevistado resumiu o processo tudo pol tica Entrevista n 18 Mesmo enunciando o contr rio os pol ticos do Executivo sabiam que a t cnica n o era politicamente neutra Interessava lhes que os t cnicos da burocracia n o tivessem um desempenho inferior ao proporcionado a qualquer outro governante E como representa o do grupo social dos pol ticos preferiam que os t cnicos da burocracia fossem politicamente neutros n o realizando um trabalho de diferente qualidade devido ao partido do governante A diferen a de qualidade do servi o podia advir de distintas capacidades de lideran a escolhas de t cnicos formas de gest o mas n o pela cor partid ria ou ideologia do governante eleito Para os pol ticos do Executivo a neutralidade da t cnica significava que eles queriam que os t cnicos se acreditassem e se fizessem neutros enfim que fossem neutros Os pol ticos pretendiam e desejavam a neutralidade da burocracia para que ela por exemplo desempenhasse atividades no Estado em que a qualidade
163. e nem nos documentos dos arquivos da ICP Brasil Por outro lado a aus ncia veio a ser sentida depois quando o Minist rio da Defesa tentava criar a ICP Defesa e esfor ava se por incluir representante pr prio na ICP Brasil Viegas Filho 2004 Os bancos afiguraram se grandes vitoriosos do processo de institui o e implanta o da ICP Brasil Os bancos aliaram se aos pol ticos do Executivo ap s uma pol tica de convencimento revelando uma vez mais a mistura entre condi es sociopol ticas e socioecon micas Entretanto n o se conseguiu obter detalhes de conversa es e negocia es que provavelmente ocorreram O fato objetivo que a ICP Brasil satisfez enormemente aos bancos Eles utilizaram um processo j elaborado na forma de ICP Gov e transformada em ICP Brasil evitaram a depend ncia em rela o empresa CertiSign pouparam se de uma luta no mercado de certifica o digital repassaram a maior parte dos custos inerentes ICP Brasil e diminu ram o risco da atividade banc ria A enorme vit ria na diminui o de riscos ainda veio coroada pelo xito em transferirem os custos inerentes a tal diminui o que se deu em duas frentes com a 118 institui o do novo SPB grande parte dos custos provavelmente recaiu sobre o er rio p blico Ara jo 2002 p 20 21 e com a institui o da ICP Brasil responsabilizou se o titular pelo uso do certificado digital a quem ainda cabia os custos de sua aquisi
164. e pol ticos antag nicos com consegii ncias sobre o Estado nacional que ator central nessa contenda como mostrou Amitai Etzioni para o caso norte americano 1999 p 100 101 Esse tipo de processo leva necessidade de acordos internacionais entre Estados para que se evite a batalha comercial e a perda do 6 amp 5 Uma entrevista relata que foram analisadas legisla es de 66 pa ses diferentes Outro entrevistado cita mais de 70 legisla es Da que ao longo deste texto escreveu se em torno de 66 pa ses Al m disso fizeram se in meras viagens internacionais relacionadas ICP Brasil trocaram se e mails com funcion rios da rea de certifica o digital de diferentes pa ses Com o uso da ICP Brasil em todos os sistemas do novo SPB parte substancial das transfer ncias financeiras no Brasil atrav s de institui es financeiras utiliza aquela Infra Estrutura 132 controle do Estado sobre determinada t cnica ou tecnologia de uso dual Jos Eduardo Fel cio monta um quadro das perspectivas dos regimes de controles referindo se situa o brasileira optou se pela coopera o internacional sem a qual parece hoje imposs vel desenvolver tecnologia de ponta No mesmo contexto da coopera o externa n o se vislumbra a elimina o dos regimes de controle das tecnologias de uso duplo Ao contr rio est claro que continuar o a operar tanto os formais quanto os regimes informais para evi
165. e propiciou o r pido crescimento da produ o e da capacidade produtiva de nossa ind stria 1994 p 53 Nesse in cio a a o do Estado teve menos visibilidade para a sociedade do que a movimenta o da empresa e sentiu se sua consequ ncia em um prazo mais longo A percep o da lentid o da a o do Estado em rela o ao mercado quanto certifica o digital deixou os pol ticos do Executivo com a convic o de que pagariam caro pelo atraso incorrido O Estado agira sem coordena o nica em diferentes frentes relacionadas certifica o digital e criptografia assim trica atrav s a do Serpro que pesquisou sistemas para certifica o digital b do MPOG que liderou a constru o da ICP Gov 121 c do GSI que elaborou uma Pol tica de Seguran a de Informa o expressa em Decreto Brasil 2000a assinado pelo Presidente da Rep blica e por consider vel n mero de Ministros 12 e que cita as necessidades de uma Infra Estrutura de Chaves P blicas para a Administra o P blica Federal de controle sobre a criptografia e de seu uso para a seguran a e defesa do Estado e d da Casa Civil que implementou um sistema Brasil 1999 2001a de tr mite eletr nico de documentos para o fluxo direto de documentos entre os Ministros e o Ministro Chefe da Casa Civil usando o recurso da certifica o digital Para todos os grupos da situa o da ICP Brasil a Internet trouxe ao centro das aten es a quest o
166. e provar que n o dela Entrevista n 17 O Professor Pedro Rezende se via na pr tica num dilema do tipo menor dos males Acreditava que havia duas op es colocadas no momento da institui o da ICP Brasil ela pr pria institu da pelo Poder Executivo ou um Projeto de Lei do Senador L cio Alc ntara 1999 Para ele ambas representavam um Estado totalit rio e o que as distinguia era o teor de nacionalismo presente na ICP Brasil Ao contr rio da proposta do Senador que supunha haver um controle pelo capital estrangeiro Assim disse o entrevistado Eu n o sou mais veemente contra a ICP Brasil porque acredito que o Projeto de Lei que veio do Senado e que n o foi aprovado seria pior Entrevista X Dessa feita pelo menos na ideologia o l der pol tico do processo na Casa Civil e esse membro da academia se uniram no nacionalismo Entretanto nem por isso o Professor Pedro Rezende deixou de lutar Por sua vez OAB e Brisa demonstraram tamb m sentimentos nacionalistas mais do que a burocracia em geral Finalmente ambos os acad micos entrevistados centraram a cr tica no papel de Leviat que o Estado exerceu no caso da ICP Brasil Assim disse o entrevistado o certificado digital nico muito perigoso por causa de quest es de centralidade Eu fico muito preocupado com um certificado digital vai dar muito poder ao Estado e a quem que pode emitir esse certificado Entrevista X Para Jos
167. e tende a Rosanvallon 1991 p 10 como o Estado garantidor da seguran a nacional da ordem interna e o administrador da justi a Tende tamb m a Elias 1993 p 272 273 como o Leviat que garante a seguran a entre Estados Mesmo contrariando in meros interesses o Estado Leviat legitimou sua a o atrav s do uso que fez da prerrogativa de legislar e do papel socialmente aceito de Estado Instituidor do Social 2 3 1 2 Burocracia ICP Brasil e a quest o do Estado Estamos mostrando ao mundo que o Brasil tem compet ncia para estabelecer isso T cnico da burocracia de Estado Entrevista n 10 A burocracia se defrontou com dois processos que cada vez mais estavam relacionados complexifica o das tecnologias da informa o no Estado e complexifica o dos procedimentos burocr ticos isto burocratiza o As tecnologias da informa o que se num primeiro momento pareciam para os t cnicos da burocracia exclusivamente desburocratizar em seu desenvolvimento hist rico acabaram tornando a burocracia mais complexa com novas especializa es Potengy 2001 p 20 e maior divis o social do trabalho maior depend ncia de novos profissionais e equipamentos e novas inst ncias de 50 poder Weber por sua vez associara burocratiza o s tecnologias da informa o Assim escreveu o autor a administra o burocr tica pressup e como fator essencial determinadas condi es t cnicas de comunica
168. eio se chamar de ICP Brasil Por m exclusivamente com o objetivo de an lise ser preciso abordar processos que a precederam Para isso buscou se estabelecer uma sequ ncia hist rica do desenrolar dos acontecimentos T cnicos da Secretaria de Log stica e Tecnologia da Informa o do Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o SLTI MPOG lideraram o esfor o da constru o da 56 ICP Gov Integraram o processo t cnicos da burocracia civil e militar praticamente divididos na mesma propor o num total de 42 servidores p blicos A Infra Estrutura de Chaves P blicas do Canad consistiu no principal modelo de refer ncia para a ICP Gov Durante a constru o dessa Infra Estrutura procurou se o isolamento da influ ncia direta de empresas e entidades da sociedade civil o que provocou tamb m desconhecimento da sociedade civil sobre o processo e seus objetivos Em virtude disso por exemplo a OAB impetrou uma a o direta de inconstitucionalidade Adin Assim disse o entrevistado A respeito das tecnologias que deveriam ser seguidas uma decis o foi se deixar completamente o desenvolvimento dos trabalhos imune ou seja completamente separado da parte comercial N s n o quer amos a influ ncia de nenhum fabricante e n s nos fechamos 77 dias aqui no Minist rio do Planejamento Entrevista n 9 Os participantes do processo da ICP Gov desejavam primeiro utiliz la dentro do Estado at futura extens o p
169. emais como escreveu Elias O Direito contudo de pouco vale quando n o se ap ia num poder social correspondente 1993 p 112 Weber observou a necessidade essencial das hoje chamadas tecnologias da informa o para a atividade da burocracia no sentido de conferir lhe precis o 1998 p 146 O autor 1998 p 144 mostra a burocracia como base social do tipo de domina o legal burocr tica e que precisava ser controlada Os pol ticos devem ser a for a capaz de enquadrar o funcionalismo 1993 p 72 No caso da ICP Brasil verificou se que a complexifica o das tecnologias da informa o complexificou a burocracia Diante de tais processos a a o dos pol ticos do Executivo configurou dois sentidos e que revelou a 21 ambival ncia fundamental das rela es sociais Elias 1993 p 150 Ao mesmo tempo em que pol ticos do Executivo controlariam a m quina do Estado permitiriam tamb m o funcionamento do Estado atrav s de novas condi es de trabalho para a burocracia incorporando se inova es em tecnologias da informa o Dado principalmente o controle da burocracia pelos pol ticos do Executivo ao longo do processo da ICP Brasil indicou se uma tend ncia geral dela ter agido tecnicamente no sentido tendencial do tipo puro de domina o burocr tica Weber 1998 p 142 147 Isso n o significou todavia que a burocracia da ICP Brasil n o desempenhasse tamb m um fundamental papel pol
170. enos dif cil o recrutamento de simpatizantes entre pol ticos do Executivo Pol ticos hierarquicamente abaixo de Pedro Parente acabaram seguindo sua orienta o incorporando o representante dos bancos ao processo Todavia n o sem que houvesse lutas Assim disse o entrevistado 37 No primeiro momento eu n o queria receber o Hugo Dantas N o tem nada a ver com o que a gente est fazendo etc e tal E o Silvano N o Voc tem que ouvir o cara E a primeira reuni o que eu tive com o Hugo Dantas hoje Hugo Dantas e eu somos amigos o H lio Brasileiro estava junto O Hugo Dantas de um lado da mesa e eu no outro Eu s faltei voar na jugular do Hugo Dantas risos Eu parti para cima Eu parti para cima Eu fui com tudo para cima dele Chutando canela mesmo Eu recebi o Hugo Dantas com uma trava de chuteira na testa dele Mas foi assim A depois ele foi ficando e tal foi a necessidade n o sei que e tal babababababababab e a gente viu que Hugo Dantas n o era problema nenhum Hugo Dantas estava encontrando uma solu o r pida fosse qual fosse Porque o sistema banc rio estava precisando de certifica o digital porque eles estavam fazendo transfer ncia eletr nica de valores elevad ssimos e precisavam saber que valor foi quem mandou quando mandou e como mandou Ent o eles precisavam de certifica o o sistema banc rio estava todo informatizado Rolavam opera es financeiras de bi
171. entre centro e periferia ou ent o entre oposi o interna e periferia do n cleo e vice versa em ambos os casos A posi o da Brisa por exemplo teve uma tend ncia a migrar da oposi o interna para a periferia do n cleo ao longo do processo de implanta o da ICP Brasil Isso revelou a ocorr ncia de uma pol tica de concilia o com a Brisa Neste trabalho todavia ela foi em geral considerada como oposi o interna Representava um setor econ mico que n o havia participado da constru o da ICP Brasil e que se envolveu em lutas com os grupos da situa o depois de sua institui o quando se tentou ignor la ou de alguma forma limitar seu acesso informa o Brisa 2001 Em resumo considerando se ambas as oposi es interna e externa lutaram contra o processo da ICP Brasil que efetivamente ocorreu membros da academia a empresa privada CertiSign representantes da ind stria de tecnologia da informa o a Brisa representante da OAB e um Deputado do Congresso Nacional J t cnicos da burocracia do Estado pol ticos do Poder Executivo e representante da Febraban estavam unidos na constru o da ICP Brasil e pertenceram ao bloco da situa o da ICP Brasil 43 2 3 1 Raz o de Estado e a Institui o da ICP Brasil A interpreta o de que a institui o da ICP Brasil teve como condi o uma situa o em que se configurou uma Raz o de Estado fundamentou se principalmente num grupo de autores Norbert El
172. erno n o autorizaram a pesquisa Diante de tal recusa ent o se resolveu verificar quais as tecnologias que tornavam poss vel a exist ncia do governo eletr nico j que a presente pesquisa pertence ao campo da Sociologia da Ci ncia e Tecnologia Mapeadas v rias tecnologias que possibilitavam o governo eletr nico verificou se a cita o delas na documenta o contida nos arquivos da p gina do governo eletr nico na Internet Esses arquivos continham regulamenta o espec fica e outros documentos do chamado governo eletr nico que foram analisados Foi a que se chegou ICP Brasil Nas an lises empreendidas a ICP Brasil consistia no nico conjunto de tecnologias regulamentado pela legisla o do governo eletr nico Somado a isso constatou se que a ICP Brasil fora constru da e era usada por brasileiros sendo objeto de regulamenta o da legisla o do pa s estes fatos a tornavam diferente de outras tecnologias universalmente usadas na Internet como por exemplo o HyperText Markup Language html uma linguagem de programa o utilizada por organiza es em geral Resumindo a escolha da ICP Brasil deveu se sua import ncia diante das outras tecnologias utilizadas pelo governo eletr nico al m de o caso brasileiro ser nico sui generis E por que se decidiu entrevistar apenas o primeiro grupo participante do Comit Gestor e da Cotec Como esta pesquisa se prop s a verificar as condi es para a
173. es Enquanto Weber tipificou o processo hist rico ao criar os tipos puros de domina o tradicional carism tica e racional legal burocr tica com os grupos sociais associados a cada tipo de domina o 1998 p 148 149 p 159 161 p 142 Elias mostrou como os grupos foram num processo formativo cont nuo configurando se em rela o uns aos outros ao longo da forma o do Estado Confirmaram se as palavras de Weber 1998 p 12 quando escreveu que a realidade combinava os tr s tipos puros Dois casos exemplificaram isso na rela o entre o representante dos bancos e o Ministro Chefe da Casa Civil e na atividade do l der pol tico do processo o ent o Subchefe da SAJ A ICP Brasil mostrou tamb m a complexifica o da sociedade em suas lutas pol ticas que trouxeram a participa o de um n mero maior de grupos sociais do que aqueles mostrados por Elias para outro per odo hist rico e como previsto pelo autor dada 20 a crescente divis o de fun es 1993 p 266 Nos processos de forma o do Estado descritos por Elias 1993 p 160 161 a burocracia lentamente substituiu a corte Aquela nova classe constitu a se por t cnicos al ados ao cargo cada vez mais pelo dom nio de conhecimentos proporcionados pela educa o formal recebida em escolas reconhecidas pelo Estado Como escrevera Weber no seu tipo puro Administra o burocr tica significa domina o em virtude do conhecimento 1998 p 147 grifo do
174. es Os bancos configuraram se fortes aliados da burocracia para a exclus o da academia Al m disso pol tico do Executivo e representante dos bancos usaram basicamente o mesmo argumento em rela o academia Como bloco constata se que a situa o esteve coesa para a n o inclus o da academia na ICP Brasil Assim disse o entrevistado N o podiam ser te ricos s no final das contas n o podia ser s professor participando da coisa tinham que ter posto a m o na massa Entrevista n 16 Em suma a n o inclus o da academia foi estruturada politicamente atrav s de uma alian a entre os grupos da situa o Apesar disso a pr pria burocracia teve suas clivagens internas quanto participa o da academia Classificam se essas divis es em tr s grupos aqueles que acreditaram que a participa o da academia foi fundamental ao processo aqueles que presenciaram apenas uma participa o poss vel dado o contexto da ICP Brasil ligado Raz o de Estado e um terceiro grupo que se opunha participa o Por que lutaram academia e burocracia A academia desejava um processo mais lento e uma menor barreira de entrada para o neg cio de certifica o digital com 95 necessidade de menos capital financeiro Outro ponto de conflito dizia respeito aos diferentes pap is profissionais da academia tanto como professores na doc ncia quanto como prestadores de servi os especializados em atividades de extens o univers
175. esas brasileiras De fato a maior preocupa o consistia em deixar segredos dos c digos criptogr ficos de opera es brasileiras e do Estado brasileiro sob controle de uma organiza o dos Estados Unidos Logo relacionava se configura o do contexto de Raz o de Estado e problem tica da soberania A Diretiva Europ ia Uni o Europ ia 2000 e a estrutura de certifica o digital alem inspiraram a alternativa a essa situa o Portanto remediou se uma situa o de monopoliza o associada ao capital internacional com id ias tamb m estrangeiras que acabavam por vincular o Brasil a uma outra pot ncia mundial Em resumo a contradi o do discurso do nacionalismo turvo residia no fato de que tanto o problema atacado quanto a solu o encontrada estavam ambos ligados esfera das rela es internacionais O papel de advogado que Pierre Rosanvallon 1991 p 17 anteviu para o Estado foi assumido por pol tico do Executivo que argumentou turvamente a inexist ncia de empresa brasileira no mercado A CertiSign era de fato brasileira por m associada empresa norte americana Verisign e como revelou o S cio Fundador em entrevista para esta pesquisa pretendia vender a empresa t o logo come asse a ter seus lucros Enquanto s cia a Verisign era potencial compradora Condizente com o quadro apresentado Weber escreveu sobre a rela o entre os profissionais do Direito e a pol tica Nada tem de fortuito a import ncia
176. esentante da sociedade civil A academia n o se chocou frontalmente contra os politicos do Executivo como o fez contra a burocracia Mesmo agindo politicamente e tendo o campo do conhecimento t cnico como base de legitima o os membros da academia sabiam que seu arsenal de luta n o era o mesmo dos pol ticos do Executivo Assim havia mais espa o para os membros da academia conciliarem com os pol ticos do que com os burocratas 2 3 3 3 O papel t cnico da pol tica A pol tica tamb m precisou compreender a t cnica adentrar nela foi condi o para control la Desse modo requereu se dos politicos um esfor o de entendimento da t cnica de tal maneira que um ou outro pol tico do Executivo tiveram que desenvolver o papel t cnico Posteriormente os pol ticos precisaram ainda negociar com outros atores sociais objetivando a manuten o do controle pol tico sobre a t cnica N o foram todos os pol ticos do Executivo envolvidos no processo que adentraram e compreenderam a t cnica contida na ICP Brasil No entanto quem liderou o processo o PR a x a N n e x fez O pol tico que mais completamente personificou a conex o entre pol tica e t cnica 5 Usando se um conceito de Castells relacionado rede pode se dizer que o ator representou o n 2005 97 foi Jos Bonif cio Borges de Andrada sendo considerado um pol tico conector Como Advogado Chefe da SAJ precisou entender in meras tipicidades da certifica
177. espa o dentro da Casa Civil para esse projeto Defendeu politicamente esse projeto Sustentou uma disputa grande com empresas privadas sobre isso Granjeou a confian a de autoridades importantes do governo para que sustentassem esse projeto Foi como eu disse n o havia um Ministro que fosse para a imprensa e dar uma entrevista sobre ICP Brasil e dizer como isso era importante Ele conseguiu mostrar a necessidade desse projeto por que esse projeto era importante Bom o Dr Bonif cio da linhagem do Bonif cio de Andrada e Silva O Bonif cio de Andrada o mo o Ent o ele de uma linhagem Hoje por exemplo o pai dele Deputado Federal pelo PSDB de Minas Gerais Teve parentes que foram Ministros do Supremo Tribunal Enfim a fam lia dele sempre militou na pol tica brasileira e isso evidentemente se reflete no perfil dele Ele tem conhecimento amplo da pol tica a fam lia dele sempre foi muito sempre viveu pr xim a da pol tica e ele um estrategista pol tico de primeira Ent o ele j trabalhou na Assembl ia Legislativa de Minas no Congresso Nacional No governo ele tem v rias experi ncias sobre v rios pontos de vista Entrevista n 7 Outras lutas que entrela aram tecnologia da informa o e pol tica antecederam a 99 ICP Brasil A gest o de Pedro Parente na Casa Civil usou sistemas computacionais para aumentar o controle sobre burocratas e pol ticos dos Minist
178. eto de Lei que Disp e sobre a autenticidade e o valor jur dico e probat rio de documentos produzidos emitidos ou recebidos por rg os p blicos federais estaduais e municipais por meio eletr nico e d outras provid ncias 2001a Dispon vel em lt https www presidencia gov br ccivil 03 consulta publica consultadocelet htm gt Acesso em 28 maio 2006 145 Subchefia para Assuntos Jur dicos Justificativa da Medida Provis ria 2 200 de 28 de junho de 2001 2001b E M I n 312 CCIVIL MJ Consulta p blica 10 de julho de 2001 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 10 jul 2001 Se o 1 2001c Dispon vel em lt http www in gov br imprimir asp id 573422 amp tela imp gt Acesso em 23 set 2002 Consulta p blica 19 de julho de 2001 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Poder Executivo Bras lia DF 19 jul 2001 Se o 1 2001d Dispon vel em lt http www in gov br imprimir asp id 77912900 amp tela imp gt Acesso em 23 set 2002 Portaria n 21 de 26 de julho de 2001 2001e Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br Port2 1 htm gt Acesso em 17 nov 2005 Portaria de 10 de mar o de 2006 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF 13 mar 2006 Dispon vel em lt http www irib org br pdf BE2354 pdf gt Acesso em 29 abr 2006 MINIST RIO DO PLANEJAMENTO OR AMENTO E GEST O Portaria
179. fosse reconhecida por eles como aconteceu no caso da ICP Brasil Al m do que n o almejavam que os t cnicos 92 fossem um extrato a mais lutando direta e explicitamente contra eles Relaciona se com isso a forma indireta e dissimulada que tomou a luta dos t cnicos da burocracia contra os pol ticos do Executivo na ICP Brasil captada apenas nas entrelinhas das entrevistas Os t cnicos da burocracia subordinaram se aos pol ticos na realidade da ICP Brasil Quando Weber escreveu sobre a neutralidade da burocracia mostrou que ela n o politicamente neutra 1993 p 72 mas deveria tender a ter uma a o politicamente neutra com o fim de manter a posi o de domina o leg tima 1993 p 101 1998 p 146 Assim escreveu o autor quando ainda especifica a situa o de Raz o de Estado O verdadeiro funcion rio n o deve fazer pol tica exatamente devido a sua voca o deve administrar antes de tudo de forma n o partid ria Esse imperativo aplica se igualmente aos ditos funcion rios pol ticos ao menos oficialmente e na medida em que a raz o de Estado isto os interesses vitais de ordem estabelecida n o est o em jogo 2004 p 78 79 grifo nosso a quest o sempre quem que domina o aparelho burocr tico existente E essa domina o s poss vel de modo muito limitado ao n o profissional 1998 p 146 grifo do autor Na ICP Brasil os t cnicos da burocracia tenderam a ag
180. guimos 2000 p 288 grifo do autor H uma estreita rela o entre tecnologia e ci ncia no caso da ICP Brasil Nela envolveram se engenheiros e matem ticos misturando se conhecimentos advindos dos dois campos Al m disso utilizaram se diferentes tipos de insumos tais como m quinas e conhecimentos que foram e s o utilizados para o avan o do conhecimento Depois de implantada a ICP Brasil tende a haver a antecipa o pelos atores legalmente envolvidos com ela da evolu o de m todos de quebra de c digos ou de uma poss vel ruptura de paradigma Kuhn 2005 p 107 108 em criptografia Isso faz com que a ICP Brasil e os atores legalmente envolvidos com ela sejam na pr tica obrigados a modificar seus insumos e produtos antes mesmo de existir a possibilidade de quebra de um c digo criptogr fico ou antecipando qualquer ruptura de paradigma Entre esses insumos est o sistemas computacionais computadores m quinas criptogr ficas regras operacionais treinamento de pessoal e entre os produtos certificados digitais sistemas computacionais tokens cart es equipamentos Em tese os c digos podem ser quebrados utilizando se m todos mec nicos ou cognitivos Os m todos mec nicos adv m do processamento dos computadores com o crescimento da capacidade de c lculo J os m todos cognitivos prov em do ac mulo do conhecimento te rico e da evolu o da ci ncia de resolu o de algoritmos e problemas matem ticos
181. guir mudar a tend ncia em curso no mercado a fim de liderar a sociedade como uma coletividade no sentido do caminho que lhe interessava O Estado usou para tanto pol ticas de concilia o e de rendi o e tinha consci ncia de que a demora em regular o mercado cobrava um pre o em recursos de poder necess rios para vencer a guerra Entretanto os pol ticos acreditavam que esse pre o tinha obrigatoriamente que ser pago uma vez que se colocava a Raz o de Estado Outrossim a Raz o de Estado explica a forma em que o debate da ICP Brasil foi colocado para a sociedade como um assunto de tecnologia voltado para especialistas t cnicos Um debate repercute publicamente mais ou menos dependendo da forma como trazido sociedade A ICP Brasil tinha implica es sobre v rios assuntos mais populares do que as chaves p blicas tais como privacidade rela o entre clientes e bancos crimes pela Internet papel do Estado E por que o debate n o foi colocado mais publicamente Justamente porque o Estado preocupava se anteriormente com a sua pr pria exist ncia E seguindo a l gica da Raz o de Estado a t cnica empregada na ICP Brasil precisava ser controlada pelo Estado no sentido do que escreveu Castells a no o de redes de computador inseguras literalmente insustent vel para os poderes vigentes em nosso mundo tudo depende dessas redes e o controle 50 Como a ICP Gov Brasil 2000c o tr mite eletr nico de documentos id
182. guran a significa tamb m elaborar sobre a falta de seguran a 130 figurando um paradoxo do conhecimento e que leva a um espiral dial tico Em outras palavras ensinar como se proporciona seguran a consiste em grande medida em revelar o que n o seguro Portanto um conhecimento que oferece riscos Nesse sentido a a o comunicativa da academia afigurou se reflexiva sua pr tica profissional que cont m fundamento na rela o entre conhecimento e risco refletiu se em sua luta na ICP Brasil quando apontou os riscos contidos nos conhecimentos empregados A institui o da ICP Brasil ocorreu em contexto de democracia representativa buscando maior legitima o de suas a es em elementos da democracia participativa Para isso selecionaram se diretamente na sociedade representantes e excluiu se o Congresso Nacional de uma posi o mais ativa Ainda como parte da configura o da democracia representativa a Casa Civil intentava controlar mais os outros Minist rios ao instituir a transmiss o de documentos por meios eletr nicos O caso da ICP Brasil que representou um processo de forma o de condi es para o Estado eletr nico mostrou um tipo espec fico de democracia sob a gide da democracia representativa com participa o de representantes sociais nomeados pelo Chefe de Estado mas em n mero minorit rio em rela o aos postos do Estado Por serem minorit rios os representantes da sociedade sabiam que n o
183. h 2005a Anexo p 317 Dessa maneira 6 da popula o corresponderiam a 8 58 milh es de brasileiros e assim por diante d inscri es em concursos p blicos 3 e informa es sobre empregos 2 f pagamentos de IPVA multas e licenciamentos 2 Quanto ao n mero absoluto de pessoas 2 correspondem a 2 86 milh es de brasileiros calculados a partir dos dados fornecidos pela empresa Ipsos Worldwide Social amp Opinion Research 2005a Anexo p 317 Para mais detalhes sobre a pesquisa como outras respostas dadas pelos entrevistados consultar o ANEXO B A pesquisa chegou conclus o que a utiliza o de servi os de governo eletr nico reflete as desigualdades de renda entre regi es e de escolaridade existentes no pa s pois uma minoria de brasileiros utiliza esses servi os Assim escreveu o estudo Fam lias e pessoas mais pobres t m muito menos probabilidade de usar 0 Governo Eletr nico do que fam lias e pessoas mais ricas Tal resultado mostra que fatores estruturais de n o acesso renda regi o escolaridade s o o grande respons vel de tornar o Governo Eletr nico um servi o que n o tem um apelo universal popular Ipsos Worldwide Social amp Opinion Research 2005b p 62 grifo do autor 1 1 4 Como est organizado o governo eletr nico No Brasil o chamado governo eletr nico constitui se dos conte dos com informa es e servi os das p ginas na Internet do Poder Exec
184. ha brigaram para evitar que os custos da ICP Brasil incorressem sobre eles Portanto o bloco da situa o agiu tendo tanto uma retrospectiva reflexiva de longo prazo quanto uma a o centrada no curto prazo sobre a quest o da Raz o de Estado na ICP Brasil Grosso modo a situa o partiu da forma o da Pol tica Nacional de Inform tica no caso no final dos anos 1970 e foi at as condi es necess rias para a legitimidade da ICP Brasil Por sua vez as oposi es comportaram uma vis o mais concentrada do processo hist rico partindo do aparecimento de tecnologias da informa o que culminaram na Internet e certifica o digital Em resumo as id ias que representam o Estado Leviat e o Estado Instituidor do Social tornaram se vis veis de uma ou outra forma nos grupos que participaram da constru o e ou da implanta o da ICP Brasil Se o Estado Leviat revelou se tanto para a situa o como para a oposi o ele representou coisas distintas para ambos para os apoiadores da ICP Brasil o que se buscava era a seguran a que se ia perdendo com a Internet e a criptografia assim trica com a certifica o digital controlada pela CertiSign com o atraso do pa s em rela o a seus pares para os opositores houve fortemente o aparecimento do autoritarismo a que se opuseram O Estado Instituidor do Social apresentou se para todos os grupos participantes da ICP Brasil mas foi de novo um 6t Os dados quanto ao per
185. ho com maior especializa o leva a uma maior diferencia o social e individualiza o na sociedade com aumento da complexifica o da sociedade e aprofundamento da interdepend ncia entre todos e cada um Elias 1994a p 103 104 p 112 114 Coerente com isso o caso da ICP Brasil revelou n o s lutas entre diferentes grupos e dentro de cada grupo social mas tamb m a luta ntima do ator As tens es e conflitos que operavam dentro dele por exemplo quando da sugest o de ltimo minuto de t cnico da burocracia da seguran a nacional por uma Infra Estrutura de Chaves P blicas com uma Raiz p blica e outra privada n o t o favor vel ao que seu grupo e ele pr prio como maior expoente entre esses t cnicos defendiam tenazmente Ele encontrava se exposto a lutas locais permeadas por lutas globais Sobre a rela o entre Estado grupos sociais e o ntimo do indiv duo assim concluiu Elias S quando essas tens es entre e dentro de Estados forem dominadas que poderemos esperar tornar nos mais realmente civilizados S com a 19 elimina o das tens es e conflitos entre os homens que esses mesmos tens es e conflitos que operam dentro dele podem se tornar mais brandos e menos nocivos s suas probabilidades de desfrute da vida 1993 p 273 grifo nosso O discurso nacionalista marcou presen a na ICP Brasil e se mostrou a partir do l der pol tico do processo e de membro da academia Para Weber o nacional
186. i es da constru o e implanta o da ICP Brasil foram realizados no Pal cio do Planalto ou em um dos seus anexos nesse caso mais especialmente nos escrit rios da Divis o de Telecomunica es T cnicos da burocracia que se reuniam na Ditel e posteriormente tamb m na SAJ discutiram aspectos tecnol gicos jur dicos e operacionais Definiu se nesses dois locais a maior parte dos aspectos t cnicos da ICP Brasil por m contando com a participa o majorit ria de pessoal de outros rg os V rios processos anteriores que ocorreram em diferentes rg os do Estado e na empresa estatal denominada Servi o Federal de Processamento de Dados Serpro e que contaram com a participa o dos futuros membros do primeiro grupo da ICP Brasil tamb m geraram muitos conhecimentos Finalmente o chefe da Ditel tornou se Secret rio Executivo do Comit Gestor fun o estrat gica pois o cargo conferia lhe a fun o de coordenador da Cotec conectando os representantes pol ticos aos t cnicos Tal cargo por m n o proporcionava lhe direito a voto Advogados da SAJ em conjunto com t cnicos da rea de seguran a da informa o praticamente definiram toda a base jur dica da ICP Brasil 7 A Ditel possivelmente localizava se no Anexo III do Pal cio do Planalto em Bras lia A SAJ era localizada no quarto andar do Pal cio do Planalto Art 4 Brasil 2001b 1 1 2 Quem s o as Autoridades Certificadoras ACs At feverei
187. i e seus ministros em que ao mesmo tempo em que os controla protegido por eles No desenvolvimento hist rico essa rela o vai assumindo maiores dimens es entre dirigente e burocracia no Estado moderno 57 c com a racionaliza o de processos dentro do Estado atrav s do uso de tecnologias da informa o Assim disse o entrevistado Foi levado ao Pedro Parente Eu e o Bonif cio Que estava chegando a hora de colocar em vigor N s amos pegar aquele pacote que n s j tinhamos feito com anu ncia do Pedro Parente apesar do grupo ser do GSI mas trabalhava muito em harmonia muito em conjunto Porque isso a tinha um impacto muito grande apesar de nosso grupo ser de seguran a e documenta o mas isso ia ajudar muito o programa de desburocratiza o Na verdade o pano de fundo era seguran a para fora o outro lado era desburocratiza o A o Pedro Parente ficou muito impressionado com isso Nessa reuni o tinha uma pessoa que trabalhava junto comigo no GSI Que era o Comandante Ivan Auzier que hoje nosso adido de defesa em Londres e na hora ele disse assim Mas escuta as For as Armadas A eu disse as For as Armadas j trabalham com a certifica o digital A Marinha trabalha A o Auzier tira do bolso est aqui meu disquete com minha assinatura digital A Pedro Parente falou como No bolso Voc usa Eu uso Na Marinha tem que assinar
188. ia Ministros ciosos de seu espa o sentindo se um pouco invadidos Ent o sem esse apoio n o se teria cacife para implementar algo do governo A Receita Federal foi se adiantando e quando dissemos que t nhamos regras eles disseram que j estavam na frente do nosso trabalho Sem o apoio dos dois n o seria poss vel Entrevista n 13 Nessa configura o pol tica o poder do Chefe de Estado relacionou se diretamente ao seu papel de legislador configura o do Estado Legislador O poder exercido na forma da escrita da lei conferiu ao Chefe de Estado o papel de dirimir lutas dentro do Poder Executivo e lutas entre os Poderes Executivo e Legislativo caracterizando o Estado Leviat A decis o da institui o da ICP Brasil atrav s de uma medida provis ria obedeceu l gica do Leviat fazendo se sentir atrav s do Estado Legislador Assim a medida provis ria seria dos males o menor a solu o que o Congresso Nacional e a sociedade n o gostavam mas a solu o encontrada por pol ticos do Executivo para se evitarem conflitos maiores Nesse caso a pol tica de rendi o seria o meio para se atingir a pol tica de concilia o Assim disse o entrevistado Se voc n o tem o respaldo do Presidente e do Ministro da Casa Civil voc n o faz uma coisa dessas Bancado de que faz sentido voc merece a confian a e vai estar em retaguarda para fazer a voc faz Isso fundamental a um certo momento um Projeto d
189. ias Swergio Pistone Manuel Castells e Pierre Rosanvallon Um dos aspectos constitutivos da ICP Brasil foi a pol tica de alian as praticada pelo Brasil com outros pa ses Essa pol tica ao mesmo tempo em que fez parte de um processo de integra o global consistiu em uma das caracter sticas da constru o do Estado nacional a partir de sua rela o com outros Estados e blocos de Estados O Brasil optou por alinhar se Alemanha e Uni o Europ ia por ocasi o da ICP Brasil sendo que nos Estados Unidos vinha ocorrendo uma luta entre Estado mercado e interesses organizados da sociedade civil em fun o da tentativa do Estado de introduzir um sistema de recupera o da chave p blica que ficaria sob a guarda do Estado e de controlar a exporta o de produtos criptogr ficos Etzioni 1999 p 99 101 O caso americano foi caracterizado pelos construtores da ICP Brasil por possuir um mercado aberto competi o e que atores do Poder Executivo federal americano n o apreciavam Por sua vez em processos de crescente integra o Elias acredita numa peculiar pol tica de alian as internacionais com movimentos centr fugos e centr petos em rela o s principais potencias Assim o autor descreveu esse processo Enquanto nenhum poder absolutamente dominante surgir um poder que tenha superado inequivocamente toda concorr ncia e assumido a posi o de monop lio unidades de segunda classe procuram formar blocos contra
190. ibui es de uma AC e uma AR s AC entidades credenciadas a emitir certificados digitais vinculando pares de chaves criptogr ficas ao respectivo titular compete emitir expedir distribuir revogar e gerenciar os certificados bem como colocar disposi o dos usu rios listas de certificados revogados e outras informa es pertinentes e manter registro de suas opera es s AR entidades operacionalmente vinculadas a determinada AC compete identificar e cadastrar usu rios na presen a destes encaminhar solicita es de certificados s AC e manter registros de suas opera es Brasil 2001e 1 1 3 O que o governo eletr nico A ICP Brasil nasceu no contexto de pol ticas de governo eletr nico Por isso importante explicitar essa id ia Teoricamente pode se dizer que o governo eletr nico Ce gov consiste no governo na Internet Consideram se servi os de governo eletr nico a declara o de imposto de renda on line as compras por preg o eletr nico a consulta ao CPF emiss o de certid es de pagamento de impostos divulga o de editais de compras governamentais cadastramento de fornecedores governamentais acesso a indicadores econ micos e sociais e a dados dos censos presta o de informa es sobre aposentadorias e benef cios da previd ncia social informa es sobre programas do governo federal Chahin et al 2004 p 36 Pesquisa por amostra Ipsos Worldwide So
191. ica Na realidade houve um movimento nos dois sentidos assim como os pol ticos do Executivo usaram a t cnica como instrumento a t cnica teve nesses pol ticos seu meio de ascens o Um dos aspectos disto consiste em que praticamente os t cnicos da burocracia n o tiveram acesso ao Chefe de Estado para tratar da ICP Brasil No entanto os pol ticos do Executivo relataram seu envolvimento e apoio com decis o e responsabilidade sobre a Medida Provis ria 2 200 Brasil 2001b 2001d 2001e Efetivamente a decis o de se adotar uma Infra Estrutura de Chaves P blicas se deu entre o Presidente da Rep blica e pol ticos de sua confian a Pol ticos do Executivo precisaram adentrar na t cnica da ICP Brasil para terem controle sobre ela para n o terem d vidas sobre um campo que segundo muitos acreditariam os pol ticos n o entenderiam O caso da ICP Brasil mostrou por isso que os pol ticos podem isto tem o potencial de compreender campos geralmente considerados in spitos ou mesmo herm ticos tal qual a criptografia assim trica O pr prio ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso talvez tenha oferecido pistas sobre o porqu do controle pol tico da t cnica Assim ele disse O que se tem a d vida e a d vida n o boa conselheira do poder O poder precisa de explica es tranqiilizadoras Cardoso amp Toledo 1998 p 52 A partir dessa vis o a converg ncia entre pol tica e t cnica represe
192. icano n o a nossa brit nico tanto que o padr o brit nico n o bate com a Europa o nosso comportamento sociol gico jur dico mais pr ximo do europeu Ent o vamos fazer o seguinte Como isso uma coisa nova eu acho que se botarmos o padr o europeu n o vai assustar ningu m e as pessoas ter o facilidade de assimila o porque n s estaremos fazendo uma coisa da maneira que sempre fizemos E da maneira que estamos acostumados a fazer Eu acho que a aceita o ser melhor Entrevista n 17 Na forma da Medida Provis ria 2 200 Brasil 2001b e suas reedi es posteriores Brasil 2001d Brasil 2001e a escrita da lei consistiu na elabora o de dezenas de diferentes vers es sob recomenda o de economicidade no texto da Medida Provis ria Com a press o exercida pelas oposi es da ICP Brasil as reedi es da lei trouxeram mudan as significativas em quest es espec ficas Destacam se a possibilidade de 27 exist ncia de certifica o digital fora do arcabou o tecnol gico e jur dico da ICP Brasil a responsabiliza o do titular pelo uso a retirada da men o na Medida Provis ria a um rg o da Ag ncia Brasileira de Intelig ncia Abin o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Seguran a das Comunica es Cepesc 2 1 2 L ngua A utiliza o da l ngua inglesa configurou uma precondi o para o surgimento da ICP Brasil sendo requisitada para a leitura da leg
193. id o e legalidade levaram a outro par de consequ ncias do uso de medidas provis rias mas que para os t cnicos da burocracia tamb m justificaram o recurso rotiniza o e banaliza o de sua utiliza o A rotiniza o do uso desse expediente tornou tamb m as cr ticas recorrentes Banalizaram se n o somente as medidas provis rias como as pr prias cr ticas a elas endere adas Ocultaram se assim ainda mais as lutas que se processam quando do uso do instrumento que numa importante propor o ocorre dentro do Poder Executivo As lutas pelo pioneirismo da iniciativa que deu origem ICP Brasil configuraram outro caso em que foi observada a a o pol tica dos t cnicos Afiguraram tamb m a exist ncia de um relevante eixo de poder quanto ao uso das tecnologias da informa o no Poder Executivo na esfera federal do Estado entre o Serpro e a Secretaria de Log stica e Tecnologia da Informa o SLTI MPOG Ainda na discuss o do papel pol tico dos t cnicos outra quest o presente foi a rela o entre conhecimento t cnico e poder Para Foucault 1978 apud Sobral 1995 p 271 s o rela es de poder que constituem os saberes mas por outro lado todo saber define rela es de poder Sobral 1995 p 271 A presen a do Serpro na ICP Brasil e a luta entre burocracia e academia constituem exemplos em que a rela o entre conhecimento t cnico e poder esteve presente O presidente e a diretoria do Serpro vislumbraram uma
194. ide Palo Alto Hewlett Packard Company 1995 HOBBES Thomas Leviat ou mat ria forma e poder de um Estado eclesi stico e civil S o Paulo Nova Cultural 1999 HOUAISS Antonio Dicion rio Houaiss de l ngua portuguesa verbete ci ncia 20067 Dispon vel em lt http houaiss uol com br busca jhtm verbete ciencia gt 25 jul 2006 IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DE S O PAULO IMESP Declara o de Pr ticas de Certifica o da Autoridade Certificadora Imprensa Oficial SP Vers o ll 06 de Mar o de 2006 Dispon vel em lt http icp brasil certisign com br repositorio dpc ACImprensaOficialSP DPC AC IMESP vl 1 pdf gt Acesso em 11 jul 06 INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMA O Entidades credenciadas posi o em 17 de fevereiro de 2006 2006 Dispon vel em lt http www iti gov br entidadescredenciadas htm gt Acesso em 11 jul 2006 INSTITUTO UNIEMP F rum Permanente das Rela es Universidade Empresa Silvano Gianni Revista Uniemp Inova o S o Paulo v 1 n 1 p 9 set 2004 Dispon vel em lt http home uniemp org br revista uniemp inovacao ed01 pdf gt Acesso em 11 jul 2006 INTERNATIONAL BUSINESS MACHINE Manual do hardware aptiva 2 ed Campinas Centro Industrial IBM Brasil Centro de tradu es 1994 151 INTERNET ENGINEERING TASK FORCE IETF Public Key Infrastructure X 509 pkix 2006 Dispon vel em lt http www ietf org html charters pkix charter h
195. ific veis perante o custo inesperado de uma crise banc ria ou at mesmo incalcul vel de uma crise sist mica Sucintamente trata se de direcionar o custo do risco privado para o setor privado 2002 p 20 21 grifo nosso O estudo de ambos os casos bastante relacionados da ICP Brasil e do SPB ou novo SPB conduz mesma conclus o de Celso Furtado quanto socializa o dos preju zos 1963 p 233 e privatiza o dos benef cios 1963 p 274 275 p 205 p 287 Para o autor ao longo da hist ria foram sendo criados mecanismos na economia em que as 4 Al m da express o socializa o dos preju zos em outra passagem da obra Furtado escreve termo an logo socializar as perdas 1963 p 205 38 perdas foram sendo transferidas para o conjunto da coletividade 1963 p 231 J os benef cios esses foram embolsados por um ou outro grupo social espec fico de acordo com cada configura o peculiar da pol tica econ mica 1963 p 205 p 274 275 p 287 Um contorno explicativo para a socializa o dos preju zos e privatiza o dos benef cios que favoreceram o segmento banc rio reside na configura o desse setor no Brasil No caso os bancos privados se valeram da exist ncia de bancos estatais para usufru rem do poder que essa condi o trazia A priori o poder dos bancos estatais sobre o Estado adveio n o s por pertencerem a ele mas tamb m pela circula
196. im Se n s estabelecermos aqui o modelo lei da selva a Verisign que j est aqui toma conta O americano n o aceitaria uma regula o maior desse mercado N s aqui n o agi entamos o modelo lei da selva porque n s n o temos como competir Entrevista n 17 Ao mesmo tempo em que a compara o entre Brasil e outros pa ses se configurou como uma forma de filtrar a internaliza o da realidade externa no pa s num tipo de internaliza o filtrada do externo revelou tamb m que a rela o entre Estado e sociedade permeada pelas rela es internacionais Dessa maneira refletir a rela o Estado sociedade consiste tamb m em estudar as rela es internacionais como sugere o trabalho de Elias 1993 p 273 66 No contexto da integra o de pa ses e blocos a a o na ICP Brasil foi pautada por uma face turva do nacionalismo ou seja confuso pelas circunst ncias desamparado Houaiss 20067 mas que forneceu todavia condi es para que se alcan asse um nacionalismo sustent vel O paradoxo do nacionalismo e da sua caracter stica de turvo consistiu em sustentar o nacionalismo no pr prio l cus contra o qual lutava a esfera internacional Em grande medida discursivamente se justificou a luta do bloco da situa o contra a CertiSign com base no nacionalismo Nesse discurso a empresa seria um bra o da firma norte americana Verisign e tiraria o mercado de empr
197. ima representada pelo Estado moderno Weber 1998 p 141 p 146 A partir da interpreta o de Elias 1993 p 273 a tens o por que passou o t cnico reflete as interdepend ncias existentes em que cada indiv duo se entrela a humanidade passando por grupo social a que pertence 70 Visualiza se assim a conex o entre indiv duo e sociedade e a configura o do eu n s Farias 2004 Sem hesitar a resposta do pol tico do Executivo ao t cnico da seguran a nacional foi negativa O pol tico do Executivo vinha de um processo por ele considerado longo em que se instru ra por um aprendizado em que foi orientado e orientou t cnicos da burocracia envolvendo pesquisas viagens contatos internacionais aulas particulares apresenta es debates discuss es lutas convencimentos e coopera es Esse pol tico tomou a decis o calcado na possibilidade de se voltar atr s em uma escolha de risco envolvendo a Raz o de Estado em que a d vida nunca se extinguira por completo coabitando com a probabilidade de fracasso de alguma maneira Neste momento houve um papel para a reflexividade do ator em rela o sua posi o no Estado e o sentimento de responsabilidade pol tica da decis o Al m de tudo o ator ainda carregava o peso da tradi o da hist ria por se tratar de herdeiro de Jos Bonif cio Andrada e Silva Assim disse o entrevistado E teve um momento importante tamb m cr tico foi o seguinte no dia
198. in memoriam Lilian Barra de Andrade Hilda Maria Piqueira Diniz Hildinha Maria Piqueira Diniz Guilherme Jos Mau s Barra Jos Herm genes Barra in memoriam Hildebrandina Mau s Barra in memoriam Agrade o tamb m a Arist teles Coelho Pinheiro Nilson Adrien Cunha Eduardo Adrien Cunha Neto Roberto Alburquerque Maranh o ngela de Pino Alburquerque Maranh o e Renata de Pino Alburquerque Maranh o Este trabalho se tornou poss vel com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico CNPg atrav s da bolsa de mestrado que o pesquisador obteve Agrade o tamb m ao Departamento de Sociologia da Universidade de Bras lia que al m de tudo contribuiu financeiramente para a realiza o de entrevistas em Belo Horizonte Rio de Janeiro e S o Paulo Contou tamb m com o generoso apoio da fam lia Barral em Belo Horizonte atrav s do amigo Gilberto Barral a qual gostaria de agradecer imensamente e tamb m Dona G rcina e L zaro Barral e Gislene Barral e fam lias Aos Professores Ana Cristina Braga Martes Antonio C sar Amar Maximiano Arthur Costa Maranh o Berlindes Astrid Ki chemann Carla Costa Teixeira Carlos Benedito Martins Christiana Soares de Freitas Cleucio Santos Nunes Cristiane Girard Christiane Girard Ferreira Nunes Edson Farias Francisco Gaetani Fr d rich Vandenberghe Glaucio Ary Dillon Soares Guilherme Ary Plonski Gustavo Lins Ribeiro Isak Kruglianskas Jacques Marcovitch
199. inist rio da Fazenda o Serpro se beneficiou ao participar de processos do surgimento da ICP Brasil A empresa p de estrategicamente se posicionar em rela o s empresas concorrentes adiantando se Mas n o apenas influenciou no arcabou o t cnico e jur dico da ICP Brasil e beneficiou os outros atores do Estado com quem compartilhou conhecimentos t cnicos acumulados nos ltimos anos ajudando a imprimir velocidade ao processo Assim disse um entrevistado que n o era do Serpro o Serpro foi o grande ber o da ICP Brasil al m do conhecimento que existia nas For as Armadas O Serpro tinha instala es f sicas que comportavam a estrutura da ICP Brasil cofres aquelas coisas todas toda a infra estrutura f sica que era necess ria para montagem da AC Raiz Entrevista n 7 A maioria dos t cnicos que participaram da ICP Brasil tinha feito parte de processos de sua forma o quando ent o puderam adquirir conhecimentos Nos casos em que isso n o havia se dado aplicaram se em adquiri los por ocasi o da constru o e implanta o da pr pria ICP Brasil Pode se concluir que de forma geral o conhecimento adquirido na pr xis em atividades de Estado legitimou os t cnicos a participarem da ICP Brasil E por que se menosprezou o conhecimento de membros da academia mas n o o dos burocratas Burocracia e academia lutaram politicamente sobre o mesmo campo o cognitivo A academia j vinha sendo alijada em outros processos anterior
200. io de Andrada conseguiu dar forma a isso a Algumas coisas ele puxou para um lado que a gente n o gostou do lado da assinatura outras coisas ele puxou fez certo da maneira que tinha que fazer Entrevista X Jos Bonif cio Borges de Andrada encarnou o papel de pol tico conector demonstrando grande disposi o e devo o ao trabalho matizando in meros aspectos e rela es embutidos na ICP Brasil que configuravam densa rede Rede h brida que envolvia conhecimentos pol tica e aspectos econ micos para ficar no b sico Como observou Weber o poder das lideran as pol ticas estava associado capacidade de trabalho de um modo geral podemos dizer que quem trabalha manda 1993 p 65 No caso estudado o ator era tribut rio de caracter sticas que tendiam a diferentes tipos puros weberianos de domina o 1998 p 141 o que demonstra novamente a hibridez da realidade diante de sua modelagem No exerc cio do cargo de Subchefe da SAJ tinha um posto que tendia domina o racional legal ao despertar admira o entre atores do processo revelou se tra o da domina o carism tica e por pertencer a uma fam lia com tradi o na politica e na vida p blica brasileiras perfazia se caracter stica tendente domina o tradicional Assim disse o entrevistado O Dr Bonif cio o grande pilar pol tico jur dico da hist ria porque ele foi a pessoa que compreendeu a import ncia do projeto que deu
201. ipea gov br Publicacoes details php num 2376 amp tit Governo Eletr F4nico e Aspectos Fiscais A Experi EAncia Brasileira Acesso em 8 jul 2005 MOREIRA Jos A Brincando com o computador Rio de Janeiro Editora Campus 1984 NEGROPONTE Nicholas A vida digital S o Paulo Companhia das Letras 1996 NOVECK Beth Simone The Future of Citizen Participation in the Electronic State Modeling Communicative Action in E Rulemaking Practice New York Law School New York 2004 Dispon vel em lt http Awww scils rutgers edu aakhus lap Noveck pdf gt Acesso em 07 jun 2006 NUNES Brasilmar Ferreira Sistema e atores da ci ncia e tecnologia no Brasil In FERNANDES Ana Maria SOBRAL Fernanda Antonia da Fonseca Colapso da ci ncia amp tecnologia no Brasil Rio de Janeiro Relume Dumar 1994 ORTIZ Renato A moderna tradi o brasileira 2 ed S o Paulo Brasiliense 1989 PIERSON Paul Increasing returns path dependence and the study of politics American Political Science Review v 94 n 2 p 251 267 jun 2000 PISTONE Swergio Raz o de Estado In BOBBIO Norberto MATTEUCCI Nicola PASQUINO Gianfranco Dicion rio de pol tica Vol 2 l z 5 ed Bras lia Editora UnB S o Paulo Imprensa Oficial do Estado de S o Paulo 2004 POTENGY Gis lia Franco Rela es de trabalho e carreira nos anos 90 tecnologia e flexibilidade na grande rede Contemporaneidade e Educa o Rio de Janeiro ano 6
202. ir tecnicamente aproximando se de v rias maneiras do tipo puro weberiano a ao n o se distinguirem entre t cnicos civis e militares 1993 p 41 42 mas como um corpo de t cnicos b ao dividirem o trabalho de acordo com as especializa es lotadas em cada rg o participante 1993 p 74 1998 p 142 143 c ao cumprirem prazos previamente determinados que se relaciona disciplina e controle do servi o no modelo weberiano 1998 p 144 d ao se submeterem aos pol ticos 1993 p 72 e ao terem o conhecimento como elemento que sustenta a domina o 1998 p 147 f ao terem o conhecimento pr tico como tra o de distin o 1998 p 146 Como os t cnicos da burocracia explicaram o recurso medida provis ria Apesar de n o terem participado da reuni o com o Presidente da Rep blica em que foi decidido o expediente da medida provis ria t cnicos da burocracia participaram de in meros processos que levaram a ela Utilizaram um conjunto de explica es para justific la as circunst ncias hist ricas como o medo do governo diante dos projetos do Congresso Nacional a cren a na atribui o do Executivo de legislar sobre o assunto o hist rico de lentid o dos Projetos de Leis que versavam sobre tecnologias da informa o no Congresso 93 Nacional a lentid o geral do Congresso Nacional e a legalidade do uso de medida provis ria com o benef cio de pequenas chances de modifica es As justificativas de lent
203. iram outras entidades em seus pleitos de participa o Como exemplo a Sociedade de Usu rios de Inform tica e Telecomunica es Sucesu reunia um n mero maior de pessoas do que a Brisa al m de ser historicamente mais antiga Assim escreveu seu presidente em carta para Pedro Parente Com mais de 32 anos de exist ncia a SUCESU Nacional Sociedade de Usu rios de Inform tica e Telecomunica es a maior e mais antiga entidade de defesa de usu rios consumidores em funcionamento no nosso pa s Representada nacionalmente conta hoje com 19 SUCESU s Regionais com sede em 19 Capitais que capilarizam a sua atua o atrav s de Escrit rios Regionais em in meras cidades do interior Este conjunto abriga aproximadamente 6 000 associados que desdobram se em mais de 100 000 empregos diretos nas reas da inform tica e das telecomunica es Malcher 2001 Os perfis dos representantes escolhidos tamb m corroboram na elucida o de outra quest o os representantes da ind stria de tecnologia da informa o n o defenderam abertamente a CertiSign que era a grande empresa do segmento de certifica o digital e contra a qual a ICP Brasil se voltou Os representantes da Brisa fizeram uma defesa indireta dissimulada da CertiSign De fato os representantes localizavam se entre o interesse de seus representados e o interesse do Estado Isso mostra uma ambival ncia constitutiva no l cus da entidade ela torna se representante
204. iro Jorge Zahar 1993 A Sociedade dos Indiv duos Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 1994a O processo civilizador Vol 1 Uma hist ria dos costumes 2 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar 1994b Envolvimento e aliena o Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1998 ETZIONI Amitai Deciphering encrypted messages a prolonged deadlock and an unholy war In The limits of privacy New York Basic Books 1999 FARIAS Edson Silva de Considera es Te rico metodol gicas em Norbert Elias 19 abr 2004 Bras lia Palestra Sala dos Alunos de P s Gradua o em Sociologia Departamento de Sociologia Universidade de Bras lia FARIAS Pedro Electronic government the Brazilian policy In GLOBAL FORUM FOSTERING DEMOCRACY AND DEVELOPMENT TROUGH E GOVERNMENT 3 N poles 12 15 mar 2001 Bras lia Secretaria Executiva do Minist rio do Planejamento 149 Or amento e Gest o Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 198Mr Pedro Farias Final Version PTK revisions pdf gt Acesso em 30 jul 2006 FARIAS Wlad Correio eletr nico a agilidade na comunica o S o Paulo Market Books 2002 FEL CIO Jos Eduardo M Os regimes de controle das tecnologias avan adas e a inser o do Brasil na nova equa o do poder internacional In FONSECA J NIOR G lson CASTRO S rgio Henrique Nabuco de org Temas de pol tica externa brasileira II
205. is e duais Brasil 2000 Quanto aos Projetos de Leis que tramitavam no Congresso Nacional a pesquisa realizada deixou pol ticos do Executivo e t cnicos da burocracia com as piores impress es sobre as propostas Assim disse o entrevistado praticamente todos os Projetos de Leis eram sofr veis do ponto de vista da 60 qualidade Percebia se que eram Projetos feitos por freelancers ou pessoas idealistas ou pessoas que n o tinham conhecimento t cnico suficiente ou pessoas que tinham conhecimento t cnico mas que n o tinham conhecimento da realidade n o tinham conhecimento da pr tica Alguns Projetos eram meras c pias de algumas normativas europ ias ou de alguns projetos que estavam tramitando na Europa de algumas c pias de alguns outros pa ses E Projetos que eram de absoluto inconveni ncia alguns Entrevista n 17 Recorreu se tamb m pesquisa comparativa entre diversos pa ses em rela o regulamenta o e estrutura de suas certifica es digitais Finalmente quando o governo decidiu agir o mercado j estava adiantado Portanto na vis o do pol tico da Casa Civil houve um custo pelo atraso em rela o ao mercado o que exigiu maior emprego de capital pol tico Assim disse o entrevistado Voc sabe que no mundo empresarial as coisas acontecem mais depressa do que no governo Ele j ia avan ando nessa coisa que diferente daquilo que o governo pretendeu fazer Em certo mo
206. is guerra fria n o temos problemas com vizinhos Defesa contra quem Cardoso amp Toledo 1998 p 352 Assim respondeu Fernando Henrique Cardoso H a no o de defesa como seguran a da sociedade Primeiro pode haver eventualmente algum problema sempre uma hip tese Em segundo lugar h hoje a internacionaliza o do crime do narcotr fico especialmente Uma parte disso afeta as For as Armadas N o a quest o da repress o direta mas a da informa o e das condi es de infra estrutura Isso tem a ver com fronteira Portanto tem a ver com o Ex rcito a Marinha e a Aeron utica H uma coisa em termos de seguran a n o de defesa mas de seguran a H muito o que fazer n o em termos do ataque do inimigo ou ao inimigo mas em termos de preservar a seguran a Cardoso amp Toledo 1998 p 352 grifo nosso Entre os elementos que mostraram a ICP Brasil como obra da Raz o de Estado estava a disposi o de fazer acontecer Entrevista n 27 dos pol ticos do Executivo com o respaldo do Presidente da Rep blica Era o Chefe de Estado o comandante do Estado Leviat requerido pela situa o de Raz o de Estado vieram dele as medidas que seriam tomadas visando garantir a seguran a e a exist ncia do Estado Somaram se a isso o Direito comparado e os atores sociais Enquanto a leitura do Direito comparado misturava o moderno ao tradicional Weber 1998 p 148 a burocracia os pol ticos e
207. isa das necessidades a que respondiam A vizinhan a material constituir sempre um v nculo entre os homens consequentemente a organiza o pol tica e social em bases territoriais subsistir certamente S que ela n o ter mais a sua actual preponder ncia precisamente porque este v nculo est a perder a sua for a Durkheim 1977 p 39 grifo nosso A introdu o do ciberespa o tornou ainda mais complexo o j an rquico cen rio das rela es internacionais Anarquia esta proveniente em ltima inst ncia da aus ncia do monop lio legitimo da for a na esfera global A ICP Brasil ajudava o Estado eletr nico a reposicionar o Estado nacional atrav s de novos meios assimilando novas bases tecnocientificas relacionadas Internet A ICP Brasil representava uma rea o do Estado brasileiro diante das inova es tecnol gicas que surgiam no mundo e que outros Estados j come avam a fazer uso A forma o do Estado eletr nico ocorre ap s per odo de amplo debate sobre a crise do Estado Assim se referiu Castells em 1994 a crise do Estado que nos temos referido me parece muito mais profunda do Estado nacional 136 sobretudo do que parecemos aceitar 1995 p 44 tradu o nossa Por m o Estado foi reconquistando sua import ncia diante da nova realidade que se apresentava como antevira Rosanvallon O autor 1991 p 16 17 observou a tend ncia ao retorno do Estado em seu papel primevo como Le
208. isla o internacional troca de mensagens por correio eletr nico em redes internacionais que se formaram contatos em viagens ao exterior tradu o de express es t cnicas para o portugu s Neste caso acabaram finalmente permanecendo palavras em ingl s na regulamenta o da ICP Brasil Fernanda Sobral mostrou tanto que a produ o do conhecimento tem uma influ ncia da esfera internacional 2001 p 225 como a ocorr ncia da valoriza o da inst ncia internacional na configura o do campo cognitivo 1999 p 69 Nessas rela es internacionais a comunica o em grande propor o mediada pelo ingl s No caso da ICP Brasil diante de uma situa o em que esteve colocada uma Raz o de Estado a comunica o foi feita em outras l nguas e n o exclusivamente naquela da comunidade nacional Desse modo o Estado portou mais marcadamente caracter sticas bil ngies utilizando se o ingl s al m do portugu s Para o burocrata de Estado participante do processo de surgimento da ICP Brasil a habilidade com a l ngua inglesa podia ser mesmo considerada uma das condi es de pertencimento elite da burocracia fato que se relaciona sua internacionaliza o Dezalay amp Garth 2000 p 164 mostraram um processo de internacionaliza o da elite da burocracia do Estado ao estudarem o caso da Am rica do Sul 35 Inclu da a partir da Medida Provis ria 2 200 1 em seu Artigo 12 Par grafo 2 Brasil 2001d e que final
209. ismo parte do topo da sociedade e segue para as camadas inferiores 2004b p 172 al m de tamb m se associar aos intelectuais 2004b p 175 Ao relacionar l ngua nacionalidade Weber 1998 p 275 colaborou para a an lise sobre a import ncia da l ngua no processo da ICP Brasil Ajudou na interpreta o de que a l ngua inglesa configurou uma precondi o sociocognitiva para seu surgimento por m misturada s condi es sociopol ticas e tamb m socioecon mica Na ICP Brasil o representante dos bancos atrav s de sua entidade representativa a Febraban lutou por um capitalismo tutelado pelo Estado em que este controla e regula o acesso ao mercado al m de garantir o lucro Elias aborda essa quest o pelo esfor o de todo competidor na livre competi o em buscar condi es monopol sticas 1993 p 273 de mercado Por sua vez Weber 2001 p 131 vislumbrou a transforma o das caracter sticas competitivas do capitalismo Para Elias entre os Estados imperaria a anarquia pela falta de leis aceitas em comum Isso levaria a um processo de concentra o de Estados em blocos cada vez maiores quando se formariam alian as e unidades supranacionais de v rios tipos Elias 1993 p 272 Esses blocos incumbiriam se de substituir os conflitos sangrentos por formas mais pac ficas de resolu o de conflitos O Estado Leviat configuraria se ent o entre contingentes populacionais e territoriais cada vez maior
210. istemas de Pagamentos Brasileiro 20027 Dispon vel em lt http www bcb gov br SPBREFORMA gt Acesso em 4 jul 2006 Dados estat sticos Sistemas de Pagamentos Brasileiro 20057 Dispon vel em lt http www bcb gov br pom spb estatistica port estatisticas pdf gt Acesso em 17 jan 2006 BARRA Marcello Cavalcanti Condi o da transnacionalidade no Estado brasileiro proposto para uma sociedade da informa o 2004 2005 Trabalho apresentado como requisito parcial para aprova o na Disciplina Antropologia da Globaliza o Departamento de Antropologia Universidade de Bras lia Bras lia 2005a Mimeografado Ci ncia tecnologia e sociedade o governo eletr nico e gov a partir do estudo de caso da Infra Estrutura de Chaves P blicas ICP Brasil 2005 Projeto de Disserta o de Mestrado Departamento de Sociologia Universidade de Bras lia Bras lia 2005b Mimeografado 142 BARRETT Neil 30 minutes to master the Internet Londres Kogan Page 1997 BAUDRILLARD Jean Simulacros e simula es Lisboa Rel gio d gua 1991 BECKER Howard S M todos de pesquisa em ci ncias sociais S o Paulo Editora Hucitec 1997 BENAKOUCHE Tamara Redes T cnicas Redes Sociais pr hist ria da Internet no Brasil Revista da USP S o Paulo v 35 p 124 133 1997 Dispon vel em lt http www ime usp br is infousp tamara htm gt Acesso em 26 jul 2006 Tecnologia sociedade contra a
211. it ria Como prestadores de servi o a burocracia atacava argumentando que a academia misturava interesses comerciais com a certifica o digital Mesmo logo percebendo que a grande luta localizava se no campo pol tico na guerra a academia recorreu ao seu principal recurso de poder o conhecimento tecnocient fico O que mostra uma vez mais a mistura entre as condi es para o surgimento da ICP Brasil campos pol tico e cognitivo encontravam se imbricados Assim os membros da academia acusavam a falta de conhecimentos suficientes e necess rios por parte dos t cnicos da burocracia para criarem a ICP Brasil Para a academia isso levava a riscos a possibilidade de conluio contra o usu rio da ICP Brasil um nico n mero geral de identifica o pessoal constru o de uma caixa preta conex o com interesses imperialistas a responsabiliza o do titular de certificado digital pelo seu mau uso Finalmente membro da academia denunciava que os riscos de fraudes e manipula es tinham sido ignorados ou negligenciados ao se abordar a inform tica como panac ia Finalmente reas de intelig ncia do Estado e mais especificamente o GSI e seus rg os For as Armadas e lideran as pol ticas do Executivo no processo sentiram uma das cr ticas do Professor Pedro Rezende Ele fora contundente contra a inclus o na Medida Provis ria de um rg o da Abin o Cepesc Preocupados com a repercuss o pol tica na sociedade dessa oposi
212. ita de tal maneira que responsabiliza o usu rio da assinatura digital pelo uso de sua assinatura seja qual for esse uso at que o usu rio prove quando necess rio o contr rio Pode ocorrer o caso em que o usu rio tem que provar que n o foi ele quem usou sua assinatura digital por exemplo quando o fez sob coa o por arma de fogo 2 Essas normas jur dicas consistem hoje numa Medida Provis ria Brasil 2001e resolu es portarias decretos instru es normativas e uma lei id 2000b que est associada Por que s o chamados conhecimentos tecnocient ficos Porque a pr tica de diferentes atores mistura se ao chamado desenvolvimento cient fico e tecnol gico Assim conhecimentos relacionados ICP Brasil gerados na academia impactam adiantadamente isto mais que imediatamente os aspectos t cnicos da ICP Brasil Esse impacto adiantado significa que a simples perspectiva de um avan o do conhecimento no campo da criptografia assim trica usada pela ICP Brasil leva os atores participantes da ICP Brasil a anteciparem modifica es nos seus padr es t cnicos Dessa maneira esses atores nunca podem esperar esse avan o tecnocient fico ocorrer de fato na realidade eles t m que precisam transformar seus produtos s pela expectativa de que haja evolu es substanciais do conhecimento ou seja que fa am com que os c digos se quebrem Na hip tese de tal fato ocorrer incide se em preju zo
213. l a defini o a que se chegou sobre pol tica tende a Weber quando se refere a lutas e conquista de aliados 1993 p 67 4 No caso do GSI o cargo do titular nomeado foi o Subchefe Militar que corresponde hierarquicamente ao cargo de Secret rio Executivo da Casa Civil 41 A maior parte dos membros do n cleo de uma forma ou de outra participavam ou tinham participado de in meros processos relacionados informatiza o principalmente do Estado ICP Gov 2000 centro de certifica o digital do Serpro 1998 1999 Comit Executivo do Governo Eletr nico 2000 2001 Comit Executivo de Com rcio Eletr nico 2000 2001 Comit Gestor da Internet no Brasil 1999 Livro Verde da Sociedade da Informa o no Brasil 2000 transforma o da ICP Gov em ICP Brasil 2001 f runs internacionais Pol tica de Seguran a da Informa o 2000 sistema de tr mite eletr nico de documentos dos Ministros para o Ministro Chefe da Casa Civil 1999 2000 Sistema Integrado de Administra o Financeira do Governo Federal Siafi 1986 1987 Sistema Integrado de Administra o de Recursos Humanos Siape 1987 Sistema de Informa es do Banco Central Sisbacen 1984 Plataforma Lattes 1999 2002 Projeto Internet II 1999 Programa Ano 2000 opera o Bug do Mil nio 1999 2000 Pol tica Nacional de Inform tica 1979 O n cleo tinha basicamente uma divis o o centro e a periferia Pertencer ao centro ou periferia
214. l ncia e arquivo de imagens programa o no campo da inform tica tecnologias da informa o tanto em software como em hardware Entretanto o conhecimento tecnocient fico central a criptografia Por exemplo a perspectiva de que o c digo da ICP Brasil possa ser quebrado faz com que se aumente o tamanho desse c digo por exemplo de 32 para 64 bits e assim por diante no futuro E quebra de um c digo em criptografia assim trica pode se dar de duas maneiras mec nica ou te rica A quebra mec nica se d com o aumento da capacidade de processamento dos computadores A quebra te rica por evolu o no m todo de se desvendar como se rompe um c digo 2 apresentados s o tipos para a compreens o da realidade que sempre mais complexa que sua modelagem Os per odos que se seguem n o pretendem trazer o sentido de linearidade e sequ ncia um ap s o outro j que muitas vezes eles se sobrepuseram uns aos outros na realidade dos atores Os pr prios entrevistados n o fizeram qualquer distin o rigorosa da passagem do tempo no processo Muito deles principalmente os t cnicos ainda exerciam atividades que se relacionavam ICP Brasil Estavam portanto diretamente interessados no desenvolvimento do assunto Por outro lado atrav s de suas a es os atores engendraram diferentes disposi es quanto ICP Brasil em momentos diversos no tempo Assim tais per odos s o entendidos como a forma com que a pesquisa in
215. le impressiona Fica firme porque voc s v o vencer as resist ncias todas porque est correto Fica frio porque vai convencer Num dado momento porque t nhamos a informa o t nhamos os conhecimentos t nhamos tudo n s sab amos que est vamos no caminho certo e todo mundo nos criticando e era uma situa o muito angustiante A gente olhar um para a cara do outro e falar assim est todo mundo errado e s a gente est certo risos Eu pedi ao Roger para perguntar aos alem es por que os alem es usavam Raiz nica hier rquica antes da gente tomar a nossa decis o final O alem o respondeu o e mail com uma palavra s security Seguran a Entrevista X Esse trecho de discurso mostra a fala reflexiva de Pedro Parente diante de sua trajet ria pessoal Partira de um cargo t cnico na burocracia do Banco Central ocupara v rios postos pol ticos no Estado e enfim fora al ado mais alta posi o pol tica no Poder Executivo abaixo apenas do Presidente da Rep blica Portanto como Ministro Chefe da Dominguez escreve sobre t cnico pol ticos 1997 apud Dezalay amp Garth 2000 p 163 na Am rica Latina 104 Casa Civil ali falava o pol tico no papel de t cnico sobre o comportamento pol tico do t cnico Pedro Parente Falava tamb m sobre o comportamento t cnico do pol tico Pedro Parente Como conector entre t cnica e pol tica manipulava as duas m scaras a de t cnic
216. lh es e bilh es de reais Entrevista n 17 Tamb m colaborou para a preval ncia do interesse da Febraban sobre o da burocracia o fato de que os burocratas encontravam se divididos quanto ICP Gov Alguns n o viam qualquer sentido nela ao considerarem o valor da rela o com a sociedade para o Estado A alian a entre os t cnicos da burocracia e os bancos atrav s de seu representante ocorreu sob o interm dio dos pol ticos do Executivo que foram obedecidos em sua decis o Em s ntese os bancos foram grandes vitoriosos com a institui o da ICP Brasil Os custos incorridos diretamente na ICP Brasil foram irris rios quando comparados aos enormes benef cios que ela lhes trouxe principalmente quanto diminui o dos riscos Ao analisar a rela o entre riscos custos e benef cios vinculados implementa o do SPB assim escreveu Maria da Gl ria Ara jo um aspecto muito relevante se refere aos custos de implementa o do SPB Quanto aos custos h os diretos a moderniza o tecnol gica do Banco Central custo p blico e das institui es financeiras custo privado e os indiretos de gerenciamento de riscos custo tamb m privado Por m os benef cios certamente suplantar o tais custos se considerados pela tica de que a autoridade monet ria vem assumindo riscos pertencentes s institui es privadas Os custos de implementa o do novo SPB para ambos os setores p blico e privado podem ser just
217. lise feita por Gilda Gouv a Eles consideravam se os detentores do que fosse o interesse p blico a partir de sua condi o de t cnicos competentes honestos neutros e apol ticos 1994 p 295 Assim a burocracia tendeu a questionar o porqu de haver necessidade de nomea o dos chamados representantes da sociedade civil Brasil 2001b al m daqueles atores que j vinham participando do processo os bancos atrav s da Febraban Como foi decidido politicamente tamb m nomear representa o da ind stria de tecnologia da informa o alguns t cnicos da burocracia na Cotec ouviram nos e outros tentaram Dos cinco membros titulares do primeiro grupo de auditoria um n o pertencia ICP Brasil Comit Gestor da Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira 2001c 80 ignor los Coerente com o local de sua fala como representante da citada ind stria membro da Brisa reagiu ao processo lutando acusando a limita o de conhecimentos mercadol gicos A luta dos burocratas contra os representantes da sociedade e mais especificamente contra a Brisa foi ainda mais dura do que a batalha contra os acad micos Apesar de que a luta entre burocracia e academia tendia a ocorrer no campo do conhecimento t cnico esta segunda j fora exclu da da participa o direta no surgimento da ICP Brasil Logo para a burocracia a luta maior se concentrava naqueles membros internos ao processo O significado disso que
218. lutam entre si Como consequ ncia desse processo configura se uma maior interdepend ncia 1993 p 273 entre os atores sociais sejam pessoas grupos sociais ou Estados O aprofundamento da interdepend ncia faz com que a seguran a seja cada vez mais uma quest o decidida entre os Estados 1993 p 272 273 como aconteceu na ICP Brasil Pierre Rosanvallon havia previsto que os Estados passariam a ser grandes advogados e super representantes das sociedades civis no turbilh o mundial 1991 p 17 a partir da rela o entre desenvolvimento da t cnica e crescimento da interdepend ncia entre os atores que a seguran a do territ rio f sico passa a se relacionar tamb m seguran a no ciberespa o No caso da ICP Brasil ao mesmo tempo em que os atores agiam em nome do Estado nacional tenderam a involunt ria e inconscientemente trabalhar pela maior integra o de todo o mundo sem qualquer no o exata do impacto de longu ssimo prazo que suas a es poderiam ter Weber descreveu a rela o entre consci ncia e a o A a o real sucede na maioria dos casos em surda semiconsci ncia ou inconsci ncia de seu sentido visado O agente mais o sente de forma indeterminada do que o sabe ou tem clara id ia dele na maioria dos casos age instintiva ou habitualmente 1998 p 13 grifo do autor Do processo de crescente monopoliza o do uso da for a Elias apontou as seguintes caracter sticas muito le
219. m importante propor o um conjunto de epis dios n o planejados contando at com o acaso e epis dios acidentais Assim disse o entrevistado Era tudo muito informal os processos decis rios Est o no quarto andar ali no Pal cio do Planalto Ent o vai tratar de um assunto a comenta fala do outro assunto Na maioria das vezes era com Silvano s vezes era reunido s vezes n o Com o Aloysio nem sempre voc n o consegue fazer momentos assim reuni es Como voc ficava 24 horas no assunto ent o voc conversava isso no corredor conversava no almo o Ia para uma reuni o antes de come ar um assunto olha tem esse aspecto N o tem organiza es met dicas dessa coisa Estava todo mundo absorvido por isso a 24 horas por dia Eu estou falando agora a chegava um e mail do Miguel a chegava outro e mail do PP Pedro Paulo Lemos Machado A o Miguel me dava uma id ia eu repassava para o PP repassava para o Roger e repassava para n o sei quem e falava assim O que voc acha disso fulano Essas coisas v o amadurecendo sobre a decis o da data de edi o da Medida Provis ria Essas coisas s o avaliadas o tempo todo N o chega senta re ne define Come a a surgir a preocupa o N o tem nada assim predeterminado Voc vai dizendo e junto com um milh o de outras coisas que voc tem que fazer ali E tem outros problemas pol ti
220. m inseguros diante desse conjunto de fatores Buscando se compreender os pap is empreendidos pelo Estado no caso pesquisado recorreu se aos tipos criados por Rosanvallon 1991 a partir de modelagem da hist ria francesa 1991 p 9 A despeito da especificidade hist rica esses tipos mostraram se teis e inspiradores para a presente pesquisa O primeiro foi aqui chamado de Estado Leviat a partir do conceito de Estado R gio O Leviat a pot ncia soberana que regulamenta a ordem interna administra a justi a gere a seguran a nacional 1991 p 10 O Estado Leviat configurado relacionou se tamb m primeira raz o de ser do Estado assegurar a paz civil e coexist ncia pacifica das diferen as que reencontra uma nova atualidade 1991 p 16 Enquanto express o da Raz o de Estado o Leviat foi o garantidor da seguran a e o pacificador no caso da ICP Brasil Uma outra face do Estado segundo Rosanvallon o Estado Instituidor do Social qual seja o agente de organiza o e de constitui o da sociedade 1991 p 10 O Estado Instituidor do Social teve um duplo papel na ICP Brasil s vezes foi causa outras vezes consequ ncia do Estado Leviat Enquanto motivador e ativador do Leviat o Estado Instituidor do Social legitimou o surgindo seja por solicita o de atores do Estado e da sociedade ou contra a tend ncia que se impunha na ordem de mercado Enquanto consegii ncia do Estado
221. m sentido oposto aos movimentos de privatiza o dos governos de Fernando Henrique Cardoso A supera o da situa o de Raz o de Estado colocada pela ICP Brasil envolveu o esfor o conjunto de atores de tr s grupos sociais pol ticos do Executivo burocracia do Estado e segmento banc rio que reunidos por meio de uma pol tica de alian as utilizaram seus recursos de poder A ICP Brasil em sua constru o associou se an lise e compreens o da situa o internacional assim como negocia o pol tica na esfera internacional visando a ado o de uma op o tecnol gica Para isso relacionaram se as poss veis alternativas tecnol gicas 112 depend ncia que elas provocariam e hist ria jur dica comparada entre Brasil e um segundo pa s A constru o dessa an lise levou em considera o tamb m a exist ncia de outras alian as globais e a situa o e a posi o do Estado norte americano Amitai Etzioni 1999 p 99 101 mostrou as lutas que vinham ocorrendo nos Estados Unidos em fun o da criptografia de chave p blica e a tentativa do Estado em control la No caso brasileiro analisou se em torno de 66 pa ses optando se por tomar como modelo de lei a Diretiva Europ ia Uni o Europ ia 2000 e a Alemanha como modelo de estrutura de certifica o digital Assim a ICP Brasil engendrou o sentido de uma pol tica de concilia o em termos mundiais Essa pol tica conciliat ria deu afinal o tom da diplomaci
222. ma medida provis ria que veio a ser decidida desse jeito por urg ncia e relev ncia n o ser uma medida provis ria que vai ser derrubada que vai ser de alguma forma considerada inapropriada Ent o lei O que eu posso fazer lei ponto Acaba que paci ncia Fizeram ah fez mal voc atropelou N o n o Ok est bom Vamos trabalhar vamos Que agora virou lei est escrito Ent o vamos Agora vamos come ar a fazer decretos em cima dessa lei Vamos fazer regras em cima dessa lei Entrevista n 13 O S cio Fundador da CertiSign n o lutou explicitamente contra os bancos que tiveram papel decisivo para a a o contra a empresa Tamb m n o lutou diretamente contra os pol ticos do Executivo que foram aqueles que bateram o martelo pela a o em prol da Raiz nica estatal contrariando a firma A empresa escudou sua oposi o pr tica de pol ticos do Executivo no confronto direto travado por Julio Semeghini a partir do Congresso Nacional Por outro lado muitos atores contr rios ICP Brasil tamb m teriam se escudado na empresa usando sua cr tica para critic la segundo esse ator da CertiSign O criador da empresa concentrou sua luta direta na batalha contra os t cnicos da burocracia de Estado Assim disse o entrevistado foi uma interfer ncia indevida da burocracia p blica na tecnologia que o mercado usava elas n o sabiam seu pr prio modelo de vida eram burocrat
223. mente foi contemplado na Medida Provis ria 2 200 2 id 2001e em seu Artigo 10 Par grafo 2 36 Inclu da a partir da Medida Provis ria 2 200 1 em seu Artigo 8 Par grafo nico id 2001d e que finalmente foi contemplado na Medida Provis ria 2 200 2 id 2001e em seu Artigo 6 Par grafo nico 37 O Cepesc foi retirado na segunda reedi o da Medida Provis ria 2 200 id 2001e 28 2 1 3 Conhecimento cient fico tecnol gico e tecnocient fico Houve um processo de ac mulo dos conhecimentos cient fico tecnol gicos e tecnocient ficos relacionados s tecnologias da informa o Para o caso teve mais relev ncia a criptografia assim trica a certifica o digital e a Internet A criptografia assim trica tamb m chamada de criptografia de chave p blica Nela usa se um par de chaves criptogr ficas matematicamente relacionadas Brasil 2000c Anexo II Gloss rio Uma chave a p blica serve para criptografar uma mensagem e a outra a privada para abrir o c digo A denomina o privada tem o significado de confidencial a p blica de conhecimento p blico Costa amp Marcacini 2004 p 66 Para a ICP Brasil o ac mulo de conhecimentos se traduziu em precondi es na forma da escolha de um sistema computacional de certifica o digital e a regulamenta o das normas t cnicas internacionais de certifica o digital Caracterizou se assim a import ncia da associa o entre a t cnica
224. mento n s estamos com a ICP Brasil espera a que o governo vai dizer como vai ser o jogo Entrevista n 13 E quais foram as especificidades de cada processo ICP Gov e ICP Brasil comparativamente O processo espec fico de constru o da ICP Gov contou com mais t cnicos diretamente envolvidos entretanto n o havia pol tico Ambos os processos inicialmente fecharam seus grupos para a sociedade havendo uma abertura maior para avalia o p blica apenas em momentos posteriores Em todos os seus per odos constitutivos as lutas assumiram dimens es consideravelmente maiores na ICP Brasil Modelando se a maior divis o na ICP Gov pode ser atribu da exist ncia de um grupo mais centrado na quest o da seguran a do Estado para o funcionamento de suas opera es internas e um segundo mais centrado nas quest es de Estado relacionadas seguran a nacional geralmente contando com atores mais ligados s For as Armadas e rg os da intelig ncia No processo que culminou na ICP Brasil com a entrada do interesse dos bancos uma parte da burocracia lutou contra eles e outra parte a burocracia da seguran a nacional em especial em prol da ICP Brasil tendeu a se aliar Febraban Participantes da ICP Gov como os t cnicos da burocracia do MPOG e principalmente aqueles voltados ao funcionamento do aparelho do Estado tenderam a lutar contra os bancos pela continua o da ICP Gov O processo da ICP Brasil se abriu
225. moderno 1993 p 96 Assim disse o entrevistado norma X 509 fala s do formato do certificado a PKI dif cil porque voc n o s l a norma mas voc tem que saber como interpretar a norma Voc tem que saber como isso est sendo interpretado Entrevista n 18 O caso da ICP Brasil evidenciou tamb m a proximidade entre tecnologia e ci ncia nos conhecimentos por ela utilizados Chegou se at a indistingiiibilidade no campo da certifica o digital por conta das redes que o constituem Quanto aos conhecimentos ditos cient ficos eles se relacionam criptografia no campo da ci ncia da computa o que est diretamente vinculada ao conhecimento matem tico Assim disse o entrevistado Como uma empresa e para poder manter uma infra estrutura segura a gente tem que estar sempre frente melhorando os sistemas melhorando os algoritmos Ent o tem esse link realmente desde a teoria at o dia a dia pr tico de hoje Uma mudan a te rica uma descoberta te rica Pois bem se algum dia algu m descobrir que os n o polinomiais e os polinomiais s o o mesmo conjunto isso vai ter toda uma cadeia de conseq ncias pr ticas e imediatas que a gente vai ter que reagir de forma r pida e fazer alguma coisa em rela o a isso Est o muito ligados Entrevista X O exame dos conhecimentos tecnol gicos e cient ficos utilizados pela ICP Brasil remete ao conceito de tecnoci ncia de Bruno Latour ao
226. mos no modelo europeu n o estar fechada a comunica o nossa com os americanos e com os asi ticos Quando eu fa o o modelo tupiniquim aqui eu talvez tivesse dificuldade de comunica o com o resto do mundo O modelo europeu necessariamente ter que se comunicar com os americanos e vice versa De sa da n s vamos estar iguais aos europeus o que n o nenhuma m companhia E se mesmo assim eles fizeram um termo de concess o com os americanos e vice versa estaremos igua is e estamos muito bem O modelo europeu era o mais conveniente Ele n o fecha ele n o r gido ele n o estatiza Mas por outro lado n o que ele impede mas ele cria uma dificuldade para se estabelecer monop lios Se estivermos errando estamos errando com a Comunidade Europ ia inteira ainda chegou a dizer N s estamos andando contigo aqui Para quem estava saindo do nada nos colocava pari passu com os europeus J vamos entrar l em cima Entrevista n 17 Portanto o Estado Relacional que emergiu da compara o internacional e do estabelecimento de coopera es com outros Estados proporcionou condi o de exist ncia e sustentabilidade ao Estado brasileiro atrav s da ICP Brasil De que maneira a Como fonte de conhecimentos para se saber o que fazer quanto certifica o digital b pela possibilidade aberta de alian as em uma perspectiva geopol tica a partir de uma tecnologi
227. mples eu vou fazer uma auditoria O auditor tem em parte o poder de pol cia Ele pode interditar se a sala n o tiver seguindo aquelas regras Eu tenho isso aqui no Brasil Mas eu vou poder auditar a sala cofre que est l nos Estados Unidos O meu auditor do ITI vai ter poder para interditar uma sala cofre da Verisign nos Estados Unidos E a matamos o argumento Tem soberania Soberania nacional Nenhum estrangeiro vai auditar a sala cofre minha E muito menos posso eu querer ter o direito de auditar Eu posso at n o auditar Qual vai ser a efic cia legal Isso o vi s da prote o da seguran a do sistema A gente podia at falar ah fica l Sim Na hora que d problema Porque o problema esse a cadeia de confian a da certifica o Ent o como que eu ia l e impor as minhas regras l Como eu ia testar Como que ia N o podia A filosofia base a da sala cofre Outra coisa tamb m as nossas normas da sala cofre por um fator dessa preocupa o da ICP Brasil da sociedade elas s o extremamente r gidas At hoje at dentro das For as Armadas eu tenho alguns t cnicos que criticam que n s exageramos Mas isso mesmo Se pudesse seria mais r gida um fator que n o pode uma AC a sala cofre de uma AC ela n o pode quebrar ela n o pode ser vulner vel tem que prevenir em todos os campos porque se eu perder aquele ramo da Raiz eu destru toda uma cadeia e a eu posso
228. n vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP9 htm gt Acesso em 17 nov 2005 Resolu o n 11 de 14 de fevereiro de 2002 2001h Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP11 htm gt Acesso em 17 nov 2005 Resolu o n 13 de 26 de abril de 2002 2001i Dispon vel em lt http www icpbrasil gov br RES ICP13 htm gt Acesso em 17 nov 2005 COMIT GESTOR DA INTERNET NO BRASIL IPSOS WORLDWIDE SOCIAL amp OPINION RESEARCH Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informa o e da comunica o TIC domic lios agosto setembro 2005 Metodologia 2006 Dispon vel em lt http www nic br indicadores usuarios index domicilios ntmifmetod gt Acesso em 11 jul 2006 COMPANHIA DE TECNOLOGIA DA INFORMA O DO ESTADO DE MINAS GERAIS PRODEMGE Declara o de Pr ticas de Certifica o da Autoridade Certificadora Prodemge 2006 Dispon vel em lt https wwws prodemge gov br cdigital docs DPC AC PRODEMGE pdf gt Acesso em 27 jun 2006 CONSELHO FEDERAL DE JUSTI A Declara o de Pr ticas de Certifica o da Autoridade Certificadora da Justi a DPC AC JUS Vers o 1 2 20047 Dispon vel em lt http www acjus gov br acjus dpcacjus pdf gt Acesso em 11 jul 2006 148 CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENT FICO E TECNOL GICO CNPq Apresenta o O que o Curr culo Lattes 2006 Dispon vel em lt http lattes cnpq br conheca con apres htm gt Acesso em 5 fe
229. nal A constru o da ICP Brasil compreendeu contatos conversa es e negocia es 64 com l deres do partido do governo Partido da Social Democracia Brasileira PSDB no Congresso Nacional Objetivava se deter principalmente o Deputado Julio Semeghini que desenvolvia um esfor o de elabora o de Projeto de Lei sobre com rcio eletr nico e certifica o digital conciliando diferentes interesses sociais OAB e Brisa ajudavam na elabora o desse Projeto de Lei que foi descrito como sendo mais liberal no sentido de que as organiza es da sociedade civil tinham muito mais liberdade do que t m hoje de acordo com a legisla o vigente para operar utilizar e desenvolver o emprego dos certificados digitais Entrevista X Al m disso O Projeto de Lei n o criava uma estrutura nica de chaves p blicas e dava as regras em que as certificadoras deveriam se inserir Entrevista X Buscando entendimento entre diversos interesses de seus associados a Brisa realizava debates e reuni es visando escrever uma proposta representativa da ind stria de tecnologia da informa o a ser inclu da no Projeto de Julio Semeghini Ao perceber o perigo que esse Projeto de Lei representava para sua vis o sobre a certifica o digital no Brasil a Casa Civil come ou a travar di logo com Julio Semeghini e com Deputados que lideravam o partido do governo Arnaldo Madeira l der do governo na C mara dos Deputados e Arthur Virg li
230. nal aparece na fala do representante da OAB porque a ICP Brasil s teria sido constru da dada a circunst ncia de existirem outros Estados Ademais analisou se o funcionamento da certifica o digital em diferentes pa ses Foi por meio do instituto de medida provis ria para o representante da OAB que se manifestou o Estado Legislador que deu suporte ao Leviat O Estado foi caracterizado como autorit rio concedendo baixo grau de participa o e vocaliza o sociedade e praticamente obrigando a a seguir na dire o de seu interesse Ao determinar essa dire o formou se o Estado Instituidor do Social Quando o Estado finalmente abriu para a participa o da sociedade teve que ser de acordo com seu interesse j que usou o argumento da seguran a nacional intr nseca ao Estado Leviat Dessa maneira os representantes da sociedade civil na ICP Brasil eram nomeados pessoalmente pelo Chefe de Estado ao inv s de serem indicados pelas entidades Assim essas entidades foram esvaziadas pois n o tinham liberdade para escolherem seu representante Para esse membro da OAB com as alian as que foram feitas pelo Estado a seguran a nacional foi colocada em risco al m de se ter transferido para os cidad os os riscos do uso do 55 certificado digital da ICP Brasil Para os membros da academia houve v rios processos que acabaram resultando na ICP Brasil Por sua vez o surgimento da Internet deixou a legisla o carente de uma
231. nalismo e l ngua Tamb m como ilustra o Elias contribuiu com o contexto em que se inseriu a ICP Brasil configura o do poder nas rela es sociais emaranhamento dos fen menos sociais forma de an lise como um processo din mico isto em movimento continuo de forma o do Estado relacionado intensifica o da interdepend ncia com outros Estados nacionais Elias caracterizou seu trabalho em compara o ao de Weber quando escreveu este estudo investiga tamb m a sociog nese do Estado H para citar um nico aspecto da hist ria da forma o e estrutura do Estado o problema do monop lio da for a Observou Max Weber principalmente por quest o de defini o que uma das institui es constitutivas exigidas pela organiza o social que denominamos Estado o monop lio do exerc cio da for a f sica Aqui tenta se revelar algo dos processos hist ricos concretos que desde o tempo em que o exerc cio da for a era privil gio de um pequeno n mero de guerreiros rivais gradualmente impeliu a sociedade para essa centraliza o e monopoliza o do uso da viol ncia f sica e de seus instrumentos Elias 1994b p 17 grifo nosso Weber 2004b p 525 caracterizou o Estado pelo monop lio da viol ncia leg tima e Elias mostrou o processo relacionado interdepend ncia entre os Estados 1993 p 272 273 em que o poder e o uso da for a foram concentrando se e monopolizando se 1993 p 105 lev
232. ndido o que requisito que estava em fase de desenvolvimento o que n o atendia E a Microsoft aceitou E houve uma cerim nia l no Pal cio do Planalto em que o representante da Microsoft no Brasil assinou um conv nio com o Pedro r Parente inserindo a Raiz brasileira no Windows O importante que a Microsoft reconheceu como tecnicamente id nea a Raiz brasileira A resolveu o assunto Entrevista n 17 A quest o basilar da ICP Brasil n o era o nacionalismo conclus o a que tamb m se chegou ao se analisar a problem tica da l ngua portuguesa A l ngua um s mbolo da nacionalidade pelo menos como uma base normal Weber 1998 p 275 No caso da ICP Brasil o ingl s foi usado todas as vezes que se fez necess rio resqu cios da l ngua inglesa na regulamenta o brasileira Comit Gestor da Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira 2001a 2001b 2001d 2001e 2001f 2001g 2001h 2001i assim o comprovam Continuando com a explica o de Weber pode existir uma dissocia o entre a l ngua do sentimento nacional 1998 p 275 e a da vida pol tica 1998 p 275 como ocasionalmente ficou demonstrado com o uso do ingl s no caso da ICP Brasil Pol ticos do Executivo precisavam justificar para a sociedade certas a es da ICP Brasil mais relacionadas ao Estado do que na o Acreditavam que para a sociedade a problem tica da na o trazia um impacto mais direto
233. no o de impacto tecnol gico Cadernos de Pesquisa Programa de P s Gradua o em Sociologia Pol tica da UFSC Florian polis n 17 1999 Dispon vel em lt http www faced ufba br menandro textos texto tamara pdf gt Acesso em 26 jul 2006 BHABHA Homi K O local da cultura Belo Horizonte Editora UFMG 1998 BOBBIO Norberto O futuro da democracia S o Paulo Paz e Terra 2002 BORGES Roberto C M M TTOLA Paulo R C Introdu o inform tica para concursos Porto Alegre Sagra DC Luzzatto 1994 BOURDIEU Pierre Raz es pr ticas sobre a teoria da a o Campinas Papirus 1996 A economia das trocas ling sticas o que falar quer dizer 2 ed S o Paulo Editora Universidade de S o Paulo 1998 Da casa do rei raz o de Estado um modelo da g nese do campo burocr tico In WACQUANT Loic org O mist rio do minist rio Pierre Bourdieu e a pol tica democr tica Rio de Janeiro Editora Revan 2005 CHAMBOREDON Jean Claude PASSERON Jean Claude O of cio de soci logo metodologia da pesquisa na sociologia Petr polis Vozes 2004 BRASIL Decreto n 2 954 de 29 de janeiro de 1999 Estabelece regras para a reda o de atos normativos de compet ncia dos rg os do Poder Executivo 1999 Dispon vel em lt http www presidencia gov br CCIVIL decreto D2954 htm gt Acesso em 28 jul 2006 Decreto n 3 505 de 13 de junho de 2000 Institui a Pol tica de Seguran a da Informa
234. nstituto Uniemp 2004 p 9 Envolvidos na constru o do Siafi Pedro Parente e Silvano Gianni reencontraram se na Casa Civil no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso 1999 2003 Sob a gest o deste Presidente da Rep blica h autores que acreditam que o Brasil teria sido governado por t cnico pol ticos Dominguez 1997 apud Dezalay amp Garth 2000 p 163 configurando um poder t cnico pol tico O ent o Presidente da Rep blica falou sobre a rela o entre t cnica e pol tica quando Toledo fez lhe a pergunta Com a crescente especializa o e abordagem t cnica dos temas n o dif cil encontrar deputados que tenham pol ticas para esta ou aquela rea Cardoso amp Toledo 1998 p 218 Assim disse Fernando Henrique Cardoso A linguagem do governo hoje mais t cnica Muitas das leis que mando para o Congresso nem eu entendo Algu m tem que me explicar natural que o congressista tamb m n o entenda porque o Estado e a sociedade ficaram muito complexos e exigem solu es t cnicas Ent o a capacidade de influenciar em algumas reas pequena no Congresso Mas tamb m me surpreende positivamente o fato de que cada vez h mais deputados com 100 forma o t cnica ou com interesse para estudar tecnicamente as quest es Cardoso amp Toledo 1998 218 219 grifo nosso Os pol ticos do Executivo que participaram do surgimento da ICP Brasil tamb m foram intermedi rios da t cn
235. ntaria mais seguran a para o governante Portanto que a situa o estaria sob controle ainda mais num caso em que a seguran a e a exist ncia do Estado estavam colocadas pela Raz o de Estado Nesse sentido conhecimento proporciona controle social e manuten o da estrutura de domina o como acredita Foucault 1978 apud Sobral 1995 p 271 O fato de que a t cnica tenha tido prest gio no topo do Poder Executivo que alguns pol ticos compreenderam na e mesmo que um pol tico da Casa Civil tenha tornado se especialista em certifica o digital n o significou todavia que os pol ticos do Executivo tenham deixado o papel de dominar Um l der pol tico sabendo que somente a edi o da Medida Provis ria Brasil 2001b 2001d 2001e n o assegurava a vit ria na guerra empenhou se ao m ximo para o sucesso cabal da ICP Brasil dentro da limita o do mandato do governante Assim disse o entrevistado sobre seu papel Fazer com que as decis es do Comit Gestor permeassem a administra o 101 p blica O papel institucional de fazer isso chegar e ser cumprido obedecido ser respeitado pelos Minist rios da Casa Civil pelo Secret rio Executivo da Casa Civil Eu sempre tentei evitar virar o t cnico do assunto T cnicos no assunto n s contratamos e apanhamos dos Minist rios Algu m tem que ter o poder pol tico de fazer com que essas coisas sejam implementadas Esse era meu papel no Comit Gestor Entrevista X
236. nte dos bancos preocupava se com a configura o do mercado de certifica o digital no Brasil n o gostava da tend ncia de monopoliza o da empresa CertiSign Essa estrutura de mercado levaria os bancos a criarem suas pr prias certificadoras digitais A partir da vis o do ator isso levaria irracionalidade coletiva do capitalismo competitivo resultando em inefici ncia e perdas para o setor banc rio Uma terceira situa o indesejada pelo representante dos bancos era a restri o e limita o pelo Estado da presta o de servi o de certifica o digital s suas pr prias empresas como o Serpro e a Caixa Econ mica Federal Justificava a luta contra esse cen rio com o argumento de que a economia brasileira pertencia tamb m ao capital internacional Segundo esse racioc nio n o caberia ao Estado nacional exercer um poder de monop lio para a presta o dos servi os Al m de todos esses interesses favor veis luta na ICP Brasil ainda se abria para os bancos uma outra oportunidade a ICP Brasil tornava real a possibilidade de responsabiliza o do titular pelo mau uso de seu certificado digital Interpretativamente a Medida Provis ria 2 200 2 Brasil 2001e apresenta em seu texto uma tend ncia grande a responsabilizar o titular No entanto pode deixar algo de amb guo sobre a quest o como sup s o Professor Pedro Rezende a partir principalmente do par grafo 1 do Artigo 10 As declara es constantes dos doc
237. nte voltadas ao objeto e pesquisas pr vias perif ricas que buscaram lan ar luzes laterais no interesse de pesquisa ajudando na constru o do objeto As pesquisas pr vias exclusivas recorreram a coleta de material etnogr fico quando se analisou o conte do verificando se a exist ncia de elementos comuns estruturais a eles b pesquisa da legisla o do governo eletr nico atrav s da Internet analisada em seu texto verificando se as tecnologias citadas 22 Original em ingl s 2 A banca foi constitu da pelos Professores Fernanda Antonia da Fonseca Sobral do Departamento de Sociologia da Universidade de Bras lia SOL UnB Brasilmar Ferreira Nunes SOL UnB e Carla Costa Teixeira Departamento de Antrologia UnB em sess o p blica ocorrida em 15 de agosto de 2005 no Departamento de Sociologia da UnB 10 c coleta de livros do campo da computa o datados a partir de 1918 quando se buscou identificar elementos estruturais que permaneciam e que se transformavam desde 1918 at 2005 d coleta de textos produzidos por representantes de diferentes grupos relacionados ao governo eletr nico analisados para a identifica o de um posicionamento favor vel ou contr rio informatiza o dos Estados As pesquisas pr vias perif ricas recorreram a a uma entrevista n o estruturada com servidor do Interlegis rg o do Senado Federal visando obter elementos para a constru o do objeto de
238. ntindo se legitimidade a uma pol tica de Estado Ao discutirem e tomarem decis es na Cotec os t cnicos agiram num sentido pr tico que acabou por resolver parte desse problema pelo menos em rela o s consideradas quest es t cnicas At como parte dessa conjuntura uma minoria deles revelou alguma tend ncia a n o considerar a atividade do pol tico como um exerc cio profissional Alguns t cnicos ainda avaliavam que pol ticos em geral n o tinham aptid o para o uso de tecnologias da informa o E finalmente para os pr prios pol ticos dos Minist rios Ministros e Secret rios Executivos e a burocracia que os assessorava a certifica o digital representava a modifica o de uma tradi o consolidada quanto ao fluxo de documentos Assim disse o entrevistado Muitas vezes acontecia o seguinte o Ministro de uma pasta era cobrado sobre um assunto E dizia n o isso a eu j encaminhei para a Casa Civil Mentira n o tinha encaminhado O sistema agora mostrava olha aqui o tr mite o neg cio n o veio Mostrava A dificuldade maior voc acostumar certos Minist rios e certos Ministros a esta pr tica Ningu m gostava disso Ningu m n o alguns gostavam mas muitos n o gostavam era uma aplica o que funcionava em todos os Minist rios e voc mandava os projetos voc mandava os pareceres Tudo vinha por isso O sistema dava assim uma sinopse Dava todo o roteiro on
239. nto 1993 p 221 aus ncia de planejamento 1993 p 181 n o intencionalidade 1993 p 140 Na ICP Brasil significou que a face do Estado Relacional das rela es internacionais que tamb m ajudam a construir um Estado naturalizou se e foi introjetada pelos seus participantes seguindo a l gica da aliena o a que se refere Elias 1998 p 102 103 1993 p 268 Aspectos n o planejados da ICP Brasil relacionaram se tamb m ao fato de que seu processo de decis o n o era exclusivo os atores n o se dedicavam exclusivamente a ela Muito ao contr rio lidavam simultaneamente com v rios outros processos em assuntos diversificados pertencentes ao fluxo ininterrupto da vida n o apenas do trabalho mas de diferentes campos da vida dos atores Ilustra esses v rios aspectos o fato de que se tratou do tema ICP Brasil em lugares ocasi es situa es variados como encontros fortuitos e epis dicos em corredores almo os al m dos demais lugares e situa es em que se conversava sobre in meros diferentes assuntos O caso da ICP Brasil mostrou intenso envolvimento da burocracia nas rela es internacionais mas tamb m o envolvimento de pol ticos do Poder Executivo Para Weber 18 1993 p 99 cabe aos pol ticos e n o burocracia a pr xis das rela es internacionais nos momentos decisivos para um Estado De alguma forma isso ocorreu como se denota a partir do discurso do ent o Presidente da Rep blica Fernando
240. ntr rio ele bancou o tempo todo Entrevista n 17 Os comandantes sabiam que na frente de batalha diante do advers rio n o havia condi es para exame de consci ncia ou para autocr ticas tinham que vencer a guerra n o importava o custo embutido nisso Isso ajuda a explicar tanto a convic o que os comandantes pol ticos demonstravam em geral em suas a es e decis es como a coes o do bloco da situa o contra o opositor inimigo Destarte os ataques recebidos eram 106 considerados como absurdos descabidos Nessas ocasi es a firmeza solicitada e empregada pelo Ministro Chefe da Casa Civil uma vez mais tomava corpo uma firme determina o pol tica em fazer isso acontecer apesar das rea es Entrevista X Assim disse um t cnico da frente de batalha Houve um embate pol tico e econ mico o Semeghini foi uma das vozes cr ticas Complicado para a gente porque o Semeghini era do PSDB Ent o era a pr pria base do governo criticando o governo E o nosso trabalho n o tinha nada de pol tico partid rio trabalho t cnico e continua at hoje E o Semeghini realmente atrapalhou Silvano e o Pedro Parente foram os caras que seguraram Chegou o momento de temperatura alt ssima do in cio de uma briga pesada mas que felizmente se esvaziou Mas que podia ter continuado E a se o governo virasse atr s voltasse atr s numa medida provis ria ou transformasse naquele
241. o claramente estruturada e internamente coerente a uma rede cada vez mais intimamente entretecida de n mero relativamente pequeno cerca de 150 de estados Perceber isso deste modo exige certamente consider vel esfor o de aliena o Elias 1998 p 102 103 grifo nosso O Estado Legislador se configurou como um meio de manifesta o do Estado Leviat afigurando se uma das precondi es da ICP Brasil O Estado Instituidor do Social surgiu tanto como consequ ncia da a o do Leviat quanto tamb m por vezes como uma das suas causas j que legitimava a a o deste ltimo Dessa maneira o Estado Instituidor do Social consistiu igualmente numa das precondi es da ICP Brasil J o Estado Leviat enquanto express o da pr pria Raz o de Estado constituiu se em condi o da constru o e institui o da ICP Brasil Todos esses pap is pertenceram a um mesmo Estado mesclando se ao longo do processo Na fala das oposi es da ICP Brasil o processo teve caracter sticas n o s de autoritarismo mas tamb m de totalitarismo como se um monstro houvesse se levantado Para a situa o o processo trazia elementos democr ticos pois houve di logo com a sociedade e esta inclusive sentou se mesa da ICP Brasil Tais discursos caracterizaram as lutas pol ticas que ocorreram no processo Ent o houve uma situa o de Raz o de Estado ou uma Raz o de Estado democr tico no processo de surgimento da ICP Brasil Num e
242. o e a de pol tico Exprimia se como algu m que tinha utilizado e utilizava o comportamento t cnico com o prop sito pol tico do convencimento Jos Bonif cio Borges de Andrada por sua vez demonstrava possuir a convic o requisitada pelo Ministro Chefe e exigida pelo poder tal qual enunciada pelo ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso Cardoso amp Toledo 1998 p 52 Sua convic o baseava se no conhecimento da t cnica que ele havia verdadeiramente adentrado Portanto configurou se uma confian a mesti a tanto pol tica quanto t cnica T cnica e pol tica encontraram se mais uma vez profundamente mescladas no conhecimento de normas t cnicas internacionais em especial naquelas para Infra Estrutura de Chaves P blicas denominadas X 509 estabelecidas pela International Engineering Task Force IETF Na pr tica centrar nessas normas preterindo a discuss o sobre produtos comerciais significava pacifica o evitando se entrar em lutas relacionadas a fornecedores de diferentes sistemas de certifica o digital Impedia se assim maiores clivagens dentro da burocracia tornando a mais coesa diante das lutas do debate p blico Portanto nessa situa o a t cnica tinha uma fun o pol tica de pacificadora legitima para o Estado Leviat Discutir sobre normas t cnicas internacionais consistia tamb m numa forma de se evitar a populariza o do debate tornando o mais t cnico Assim configurava se
243. o Henrique Cardoso no papel de Chefe de Estado Bem posta a frase Quando me perguntam Qual o principal problema do Brasil digo sempre N o aqui O principal problema daqui n o aqui As quest es que dependem do Estado brasileiro do nosso sistema pol tico por mais prec rio que seja e da sociedade brasileira temos condi es de processar Tome se um problema dram tico reforma agr ria N s vamos processar isso Demora mais tempo menos tempo n o vamos provocar nenhuma solu o insensata mas j entrou na agenda o governo tem no o clara da quest o e vamos processar isso A crise fiscal do Estado brasileiro Tamb m d para enfrentar N o tenho medo Agora essa quest o dos capitais selvagens surgida com a globaliza o essa tem origem fora de nossas fronteiras um problema que n o posso resolver sozinho Cardoso amp Toledo 1998 p 88 grifo nosso De alguma forma os pol ticos do Executivo perderam poder para a burocracia e para os bancos em processos relacionados forma o da ICP Brasil Ambos atrav s da t cnica e do capital apresentavam se mais internacionalizados do que os pol ticos A base de sustenta o e legitima o dos pol ticos atrav s de seus eleitores circunscrevia se esfera nacional enquanto a base da ICP Brasil era tamb m internacional Na realidade 74 Original em ingl s 75 Original em ingl s 79 Original em ingl s 7 Original em ingl
244. o Neto l der do governo no Congresso Nacional Entretanto Julio Semeghini resistiu e n o aceitou a proposta do governo acusando o de estatizar o setor e interferir indevidamente nas atividades do Congresso Nacional Por mais que nesse per odo a luta se desse nos bastidores e portanto fora do debate p blico ecoavam leves rumores da a o que estava por vir Assim disse o entrevistado Todo mundo foi pego de surpresa Se algu m na sociedade civil sabia era a c pula do PSDB A gente ouvia alguns sinais de alguns atores dentro do governo que diziam Olha est dif cil voc s a no Congresso n o resolvem essa disputa com a OAB vem coisa a porque a press o est demais Entrevista n 11 Pol ticos do Executivo em intensa por m silenciosa movimenta o sentiam se amea ados por Julio Semeghini pois viam sinais de que ele poderia levar seu Projeto de Lei ao plen rio Sob a press o da retomada dos trabalhos do Congresso Nacional o Executivo decidiu enfim publicar a Medida Provis ria Assim disse o entrevistado Estava chegando o m s de julho e o Congresso ia entrar em recesso E no m s de junho eu lembro que estava tendo um timing para sair a Medida Provis ria N s j t nhamos visto que o Projeto de Lei n o tramitaria no Congresso teria que ser medida provis ria E acho que era final de maio isso a e n s olhamos o seguinte se isso n o sa sse antes de julho o Semeghini estav
245. o com a seguran a dentro de 129 estruturas de domina o que tendiam ao modelo racional legal Abraham Moles observou historicamente essa correla o quando tipificou o profissional da Engenharia Um engenheiro na verdade algu m que aceita realizar metas fixadas pelo pr ncipe ou por seu conselheiro em fun o de regras bem precisas chamadas de caderno de encargos o caderno de encargos define o que se chama margem de toler ncia Essa id ia pr xima da de seguran a fundamental no mundo da t cnica e implica recusar as situa es limite em que o acaso pode intervir Moles 1996 p 60 61 grifo do autor Al m da rela o entre t cnica e seguran a ligada ao topo da estrutura de domina o a pesquisa identificou outro aspecto do papel pol tico da t cnica a demonstra o de convic o do t cnico provoca efeito positivo na constru o da percep o do outro Assim colocaram se os t cnicos em conversas com pol ticos em arenas pol ticas do Congresso Nacional da Casa Civil dos Minist rios pelo impacto positivo que provocariam nos pol ticos a partir da demonstra o do conhecimento t cnico Tal estrat gia mostrou se muitas vezes bem sucedida dentro de processos de convencimento Os advogados por sua vez receberam dos pol ticos do Executivo a miss o de defenderem a posi o que os t cnicos da seguran a da informa o do Estado trouxeram O que geralmente fizeram sendo que
246. o da na o a que se encontra a base eleitoral onde se escolhe o representante pol tico Entretanto as demandas sociais transcendem o territ rio nacional que j se mostra pequeno diante da integra o supranacional que emerge Assim vai se ampliando uma fenda entre representa o pol tica e n vel de integra o causando um v cuo entre as necessidades da sociedade e a representa o pol tica atrav s dos seus pol ticos Hobbes voltou eletronicamente remodelado como uma id ia nova Rosanvallon 1991 p 17 O Estado Leviat retornou como garantidor da seguran a numa sociedade que cada vez mais adiciona o componente da simula o Baudrillard 1991 p 29 31 pela pr pria capacidade possibilitada pelas tecnologias da informa o Turkle 1995 p 19 21 em que caos e anarquia amea avam imperar atrav s Internet Em um contexto em que o Estado se volta para pactos acordos e alian as que v o aprofundando o entrela amento de territ rios e contingentes populacionais cada vez maiores a ICP Brasil forneceu condi es para a configura o do Leviat eletr nico inspirado em Thomas Hobbes A nica maneira de instituir um tal poder comum capaz de defend los das invas es dos estrangeiros e das inj rias uns dos outros garantindo lhes assim uma seguran a suficiente para que mediante seu pr prio labor e gra as aos frutos da terra possam alimentar se e viver satisfeitos conferir toda sua for a e pode
247. o de quadros t cnicos da burocracia e pol ticos entre esses bancos e rg os chave do Estado e vice versa Assim os bancos privados beneficiaram se da simples exist ncia de bancos estatais que tinham influ ncia e penetra o na m quina e no topo do Estado dada a interdepend ncia existente no segmento banc rio Em s ntese o caso da ICP Brasil denota que uma das facetas do poder que os bancos t m no Brasil guarda rela o com a configura o existente do setor Configura o que envolve bancos estatais e privados e a penetra o dos primeiros na esfera do Estado que acaba beneficiando o segmento como um todo Outro aspecto da socializa o dos preju zos o aumento da concentra o de riqueza Segundo o representante dos bancos o processo de informatiza o por que passou essas organiza es contribu a para ampliar a concentra o de riqueza nas classes mais ricas Assim disse o entrevistado A melhoria para o cliente foi muito maior com a tecnologia que os bancos deram do que o lucro que os bancos tiveram l gico eles n o conseguiriam ter o lucro que eles tiveram se n o tivessem feito o uso de tecnologia mas o cliente passou a ganhar muito mais com aquilo As facilidades que ele tem de poder acessar conduzir os neg cios dele com muito menos nus muito menos burocracia dist ncia um neg cio inomin vel n o se paga isso a l gico que o Z l de baixo n o usa para nada m
248. o e transporte Sua precis o exige a ferrovia o tel grafo o telefone e liga se a estes em extens o crescente 1998 p 146 grifo do autor A complexifica o das tecnologias da informa o foi tornando dif cil seu controle pela pr pria burocracia at para o subgrupo espec fico da burocracia da seguran a da informa o Nesse momento a sa da pareceu ser a interoperabilidade percebendo logo em seguida que a simples exist ncia do conceito e da id ia n o fariam os sistemas computacionais estatais conversarem entre si Surgiu a Internet e em seguida o chamado governo eletr nico A burocracia da seguran a da informa o percebeu que a complexifica o continuava aumentando influenciando e criando novas quest es como a rela o entre inform tica territ rio nacional e soberania Assim disse o entrevistado os conceitos de soberania e territorialidade na sociedade em rede alteram se profundamente para efeitos jur dicos de seguran a de intelig ncia At o advento da ICP Brasil todos os objetos que transitavam na Internet Brasil a gente usava o OID Object Identifier o objeto identificado americano porque a gente n o tinha registro Na ICP Brasil a gente registrou o endere o Brasil N s temos hoje n s pegamos hoje uma soberania e territorialidade no cli berespa o Entrevista n 6 A burocracia da seguran a da informa o tamb m se preocupava diante dos poss vei
249. o ficou claro o texto da legisla o um retrato final e retocado de um longo processo de lutas Assim o texto da lei em si n o revela tais lutas Um paralelo assaz adequado a figura de Jano bifronte Latour 2000 p 16 o discurso dos entrevistados equivaleria ao processo de constru o o discurso da legisla o corresponderia ao resultado de um processo No caso da Medida Provis ria 2 200 em que houve diferentes vers es Brasil 2001b 2001d 2001e a sua an lise realmente p de mostrar quais foram os objetos espec ficos de luta por m n o mostravam os argumentos defendidos pelas partes Focar na legisla o empobreceria a an lise j que as entrevistas dos atores que participaram do processo encontravam se dispon veis explicitavam focos de controv rsia e como se encerravam Latour 2000 p 21 se de fato se encerravam Os documentos de arquivos f sicos da ICP Brasil explicitavam quantidade menor de conflitos do que as entrevistas mesmo assim os elementos significativos neles encontrados s o citados ao longo deste trabalho 14 Dessa maneira centraram se as an lises nos conte dos dos discursos das entrevistas de membros do primeiro grupo de pessoas nomeadas para a ICP Brasil em 18 e 26 de julho de 2001 e que foram em parte substitu das em 24 de maio de 2002 Os esfor os de coleta e an lise documental da legisla o e tamb m nos arquivos relacionados ICP Brasil buscaram concentrar se at
250. o sugest es dos supervisores e dos bancos e abrindo a segunda e ent o tida como ltima rodada de consulta 2001 p 10 nota de rodap n 9 grifo nosso Atrav s de seu representante os bancos articularam a bandeira de fazer o Brasil cumprir rapidamente o Novo Acordo utilizando se um sistema de certifica o digital estruturado e encampado pelo Estado Percebiam o risco das elei es para Presidente da Rep blica e da mudan a de governo manipulando essa conjuntura a seu favor Os projetos em tramita o no Congresso Nacional que de alguma forma tratavam da mat ria n o agradavam aos pol ticos do Executivo e nem aos burocratas Tudo isso fortaleceu sua campanha O cumprimento do Acordo de Capital de Basil ia com suas posteriores reformula es fez com que o pa s seguisse novas normas do sistema banc rio internacional Isso levou o Banco Central do Brasil a implementar a segunda vers o do Sistema de Pagamentos Brasileiro o novo SPB em 22 de abril de 2002 Banco Central do Brasil 20027 Essa vers o do SPB incorporou a ICP Brasil atrav s do sistema 34 automatizado de compensa o eletr nica entre institui es financeiras e da Transfer ncia Eletr nica Dispon vel TED utilizada por pessoas f sicas Com a ICP Brasil meios eletr nicos de troca como a Internet estariam mais protegidos contra fraudes Garantiria se lisura s compensa es eletr nicas mediadas pelo Banco Central Ademais o representa
251. ociedade sobre seguran a da informa o Ajudou nesta posi o de supremacia da burocracia sobre a academia o fato de que os burocratas localizavam se mais pr ximos do mandat rio do voto popular Os grupos da situa o argumentaram que a academia n o participou do surgimento da ICP Brasil pelo tipo de conhecimento que detinha mais te rico Adicione se maior difus o social do conhecimento outro elemento para a n o inclus o da academia no processo em favor dos t cnicos a combina o entre conhecimento profissional e saber pr tico de servi o 1998 p 147 grifo do autor dos burocratas com a tend ncia a se fortalecer ou ser fortalecida pelos governantes ainda mais como escreveu Weber 1998 p 147 Para os pol ticos do Executivo era conveniente trabalhar s com a burocracia dado que acreditavam na qualidade do trabalho por ela executado Al m disso pol ticos da Casa Civil relacionados ao processo haviam trabalhado como t cnicos da pr pria burocracia ao longo de suas vidas Quanto aos bancos eles tamb m endossavam a n o inclus o da academia Esse conjunto de fatores ajudou a afastar a academia do processo de constru o e em grande propor o tamb m da implanta o mas n o da continuidade da ICP Brasil Este trabalhou se ateve forma o e implanta o da ICP Brasil Pode se por m sugerir algumas hip teses 116 A burocracia tomava assim no caso da ICP Brasil um espa o qu
252. odo se basearam em Dantas 1988 e na refer ncia que faz a um ator que tamb m participou da constru o e implanta o da ICP Brasil Miguel Teixeira de Carvalho ibid p 190 124 Estado caracterizado como autorit rio pela oposi o J para a situa o ele foi um Estado solicitado Um terceiro tipo de Estado apareceu para a situa o e para a oposi o o Estado Relacional resultado das rela es pol ticas internacionais de um Estado nacional com os outros tal que cada um se constr i em certo grau na rela o com seus pares Condi o para a configura o da Raz o de Estado esse papel do Estado esteve naturalizado na vis o e na a o dos atores porque a caracter stica relacional foi por eles introjetada Essa introje o esteve associada aliena o e tradi o de que escreve Elias relacionadas ao processo de crescente integra o das sociedades e forma o da humanidade Assim escreveu o autor Olhar a humanidade de fora isto na maneira pela qual pode ser percebida pelo observador externo requer alto n vel de aliena o algo mais do que a usual habilidade de autodistanciamento A tradi o tem treinado nosso senso de realidade de tal modo que o termo humanidade parece referir se a um ideal distante e n o a uma forma o social existente a um mais alto n vel de integra o social Na fase presente o termo humanidade refere se cada vez mais a uma unidade social em curs
253. ografia a matem tica voc encontra na parte dos algoritmos criptogr ficos que s o implementa es de fun es matem ticas nos algoritmos de chaves p blicas Entrevista n 9 Observada por outra perspectiva a ICP Brasil resultava de um conjunto de conhecimentos que transcendiam quantitativa e qualitativamente a matem tica Assim qual a necessidade de qualquer reflex o sobre esta ci ncia Pensar sobre a matem tica no contexto deste caso significa partir do conceito de tecnoci ncia de Latour 2000 p 286 288 buscando se entender a rede de rela es em que a matem tica estava objetivamente colocada As ci ncias e as t cnicas n o formam um bloco e se acham disseminadas por todo o corpo social e todas as institui es Latour 1995 p 90 Nesse sentido e o que efetivamente importa para o caso da ICP Brasil no conhecimento em criptografia a Raz o de Estado se relaciona matem tica diretamente conectando Estado e ci ncia Dentre as implica es dessa constata o figura se que avan os dos conhecimentos que conduzem ruptura de paradigmas em criptografia tendem a levar novamente ativa o da Raz o de Estado O decreto que instituiu a Pol tica de Seguran a da Informa o entrev isso quando escreveu como um de seus pressupostos a capacita o cient fico tecnol gica do Pa s para uso da criptografia na seguran a e defesa do Estado Brasil 2000a 4 Al m do que Nunes destac
254. onavam a ICP Brasil Barra 2005b p 14 nota de rodap n 64 Em suma nenhuma tecnologia havia sido objeto de tanta regulamenta o da ICP Brasil pareceu mais adequado com as limita es inerentes qualquer pesquisa dedicar aten o especial aos processos que giravam em torno de sua institui o Por mais que sejam corretas muitas cr ticas ao determinismo hist rico embutido no historicismo inegavelmente os acontecimentos do passado tamb m influenciam os acontecimentos presentes as institui es n o se transformam a todo momento Apenas ficando com a influ ncia do passado sobre o presente para n o se entrar na discuss o da influ ncia do futuro no presente e para n o problematizar como passado presente e futuro imbricam se na fala Bourdieu 1996 p 75 e na pr xis Bourdieu 1996 p 81 dos atores emerge mais recentemente do que o historicismo marxiano Marx 1968 p 670 no campo da ci ncia pol tica formal o conceito de path dependence depend ncia do caminho A path dependence mostra como uma institui o no presente depende do caminho que ela percorreu restringindo as alternativas de a o e decis o no presente e no futuro Depend ncia do caminho significa se que significa alguma coisa que uma vez que um pa s ou uma regi o tenha entrado em um determinado caminho os custos de revers o s o muito altos Haver outros pontos de escolha mas o entrincheiramento de
255. onceitos aqui formulados Dessa forma mostra se mais acurado escrever em termos de condi o socioecon mica cognitiva pol tica Entretanto pelo problema que isso causaria optou se somente por condi o socioecon mica Nesse sentido assim escreve Fernanda Sobral S o as arenas transepist micas segundo Knorr Cetina que procuram quebrar a dicotomia entre condi es cognitivas internas e condi es sociais de produ o de conhecimento Knorr Cetina 1981 apud Sobral 1997 p 42 24 2 PRECONDI ES E CONDI ES DA INSTITUI O DA ICP BRASIL A partir de elementos obtidos em pesquisas pr vias sobre o governo eletr nico e a hist ria da computa o e da inform tica buscou se aferir as condi es para a institui o da ICP Brasil Mesmo estando permeada e at de alguma maneira constitu da por todas as outras condi es a condi o sociopol tica enquanto Raz o de Estado revelou se mais definidora do que as outras condi es Isso levou conclus o de que existia uma hierarquia de condi es engendrada na a o dos atores Fez se ent o uma distin o entre condi es e pr condi es que foram configuradas como precondi es sociocognitivas socioecon mica e sociopol ticas Tanto precondi es como condi es foram indispens veis para a institui o da ICP Brasil por m o que distinguiu condi o de precondi o foi o grau de influ ncia no processo Mas deve se ressaltar que embo
256. onomia Outro representante tendeu a problematizar a chamada representa o da sociedade civil Brasil 2001e na ICP Brasil Premissas de tal problematiza o consistiram em quest es de representa o e representatividade e n o prioriza o em se proporcionar mais visibilidade da ICP Brasil sociedade Pouca comunica o dos representantes com a sociedade conduzia finalmente a uma pequena participa o social no processo de implanta o 81 Os problemas observados pelo representante pol tico da sociedade civil eram funcionalmente coerentes com a l gica da Raz o de Estado embutida no caso por duas raz es Quanto ao teor do debate p blico e no Estado estabeleceu se uma distin o entre as esferas Al m disso a inclus o de determinados atores se deveu ao interesse do Estado naquelas participa es Assim escolheram se representantes com limitada comunica o junto a camadas mais vastas ou mais populares da sociedade o que ficou denotado pelos perfis dos representantes escolhidos e seus interesses enquanto representantes de grupos sociais Acrescente se ainda que em geral os representantes da sociedade civil escolhidos j haviam pertencido burocracia estatal tiveram v nculos com rg os do Estado ou prestaram servi o para ele Os perfis adequavam se aos interesses do Estado e ajudam a explicar por que se nomearam determinadas pessoas e n o outras Pesquisa nos arquivos da ICP Brasil mostrou que se preter
257. onsabilidade em rela o certifica o digital Isso aumentaria a concentra o do poder estatal e que acabou por denotar a emerg ncia do Estado Leviat Para os membros da academia essa pr tica do Leviat cortou o mpeto de a sociedade definir por conta pr pria suas a es quanto certifica o digital Assim j que n o cabia sociedade tal defini o caberia ao Estado decidir o que a sociedade deveria fazer o que configurou o aparecimento do Estado como Instituidor do Social Membros da academia e pessoas vinculadas OAB se uniram tamb m na acusa o de falta de transpar ncia da ICP Brasil como tendem a mostrar documentos encontrados na Internet Rezende 2001b Rezende 2001a Costa amp Marcacini 2001 Sociedade Brasileira de Computa o 2001 Stanton 2001 Embora lutando contra a OAB um t cnico da burocracia do Direito foi orientado por pol tico do Executivo a ouvir suas cr ticas Nas reedi es por que passou a Medida Provis ria e sob a dire o do pol tico do Executivo incorporaram se algumas delas Assim disse o entrevistado 79 Dr Bonif cio pediu que eu fosse Eu fui a S o Paulo entrei inc gnito na reuni o da OAB Fui para colher cr ticas informa es dados ver o que estava acontecendo Porque a gente estava prestes a editar a nova Medida Provis ria Entrevista X Por sua vez o representante da OAB lutou contra os t cnicos da burocracia acusando os de tornarem a I
258. oportunidade de neg cio emergente na certifica o digital Isso possibilitou a partir de 1998 pesquisas relacionadas a tal tecnologia que culminaram na montagem de uma autoridade certificadora Assim disse o entrevistado Ent o em 98 n s ficamos estudando avaliando Em 99 a gente passou para o processo de aquisi o de uma solu o montagem de uma autoridade certificadora no Serpro E no final do ano 2000 a gente j estava com a nossa infra estrutura o que a gente chamou naquele momento de um centro de certifica o digital do Serpro pronto Final do ano 2000 ent o a gente estava com isso montado No momento que a gente prepara e monta o centro de certifica o digital no final do ano 2000 naquele momento a gente j tinha demanda da Receita Federal para o uso do certificado digital e da Presid ncia da Rep blica Ent o final do ano 2000 a gente cria uma autoridade certificadora para a Presid ncia da Rep blica e uma autoridade certificadora para o Serpro na autoridade certificadora da Presid ncia da Rep blica a gente cria um sistema que ficou conhecido como tr mite eletr nico de documentos entre a Casa Civil e os Minist rios Ent o os documentos eram enviados de forma eletr nica assinados e criptografados Foi a primeira utiliza o no mbito do governo de certifica o digital Entrevista X 94 Com o conhecimento t cnico at ent o acumulado sobre a tecnologia representando o M
259. os conte dos dos debates p blico e no Estado a uma situa o em que se afetou especificamente a Raz o de Estado Todavia no contexto em que a realidade do Estado nacional se encontra cada vez mais exposta s rela es internacionais o comportamento segundo a Raz o de Estado Pistone 2004 p 1070 tende a surgir mais vezes com o fortalecimento da interdepend ncia Elias 1993 p 272 Como observado no caso da ICP Brasil a Raz o de Estado associou se n o s ao Leviat garantidor da seguran a mas tamb m ao Estado Instituidor do Social o norteador da sociedade Numa situa o hipot tica da manuten o da configura o pol tica nacional e internacional encontrada no caso da ICP Brasil ceteris paribus a continuar se intensificando o processo de integra o global o Estado nacional tender a assumir cada vez mais o papel de lideran a da sociedade no rumo da maior integra o A esse papel de lideran a dos Estados Rosanvallon chamou de super representantes das sociedades civis no turbilh o mundial 1991 p 17 63 Engenheiros e advogados ambos como t cnicos da burocracia por vezes se dividiram e lutaram entre si Os engenheiros pertenciam basicamente burocracia de Estado Por sua vez trabalhando para a SAJ por requisi o da Casa Civil os advogados pertenciam burocracia de governo no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso Essa luta mostrou quais desses atores estavam mais ou meno
260. os o da soberania nacional pode ser considerado como consegii ncia da crescente depend ncia m tua entre o espa o territorial f sico e o ciberespa o Desse jeito a soberania enquanto processo relacionado Raz o de Estado tamb m pode ser compreendida como uma das causas para a presen a do Estado na Internet com a forma o do Estado eletr nico como observado no caso da ICP Brasil Castells 2003 p 146 associou eros o da soberania do Estado a rea o que teve o Estado quando buscou maior controle sobre as tecnologias da informa o ligadas Internet ao aprofundar as rela es com outros Estados Para o autor essa rea o teria provocado nem mais nem menos a eros o dessa soberania A primeira v tima dessa retomada de posse do ciberespa o a pr pria soberania Para exercer a regula o global os Estados t m de fundir e compartilhar poder 2003 p 147 grifo nosso Com um olhar de longa dura o na hist ria Durkheim apontou para uma tend ncia diminui o da import ncia relativa do espa o f sico na defini o da organiza o pol tica e social quando escreveu n o queremos dizer que as circunscri es territoriais est o destinadas a desaparecer completamente mas apenas que passar o a um segundo plano As antigas institui es n o se apagam perante as novas institui es ao ponto de nem tra os deixarem Persistem n o somente por sobreviv ncia mas por que persiste tamb m qualquer co
261. ou a import ncia do Estado no desenvolvimento cient fico tecnol gico 1994 p 47 33 2 2 Precondi o socioecon mica Foram os bancos que proporcionaram a precondi o socioecon mica para a institui o da ICP Brasil tornando se tamb m vitoriosos com ela O setor se configurou como o primeiro e principal segmento econ mico usu rio at ent o Entretanto os bancos estiveram de fora de v rios processos que transcorreram no Poder Executivo envolvendo pol ticos e burocratas Tais processos apontavam no sentido de que haveria t o somente uma ICP Gov com atividades voltadas exclusivamente s opera es internas do Estado Por que e como o representante dos bancos entrou no processo De fato a atua o do Diretor Geral dessa entidade foi determinante no est mulo decis o do Poder Executivo de transformar a ICP Gov em ICP Brasil Para os bancos uma infra estrutura de certifica o digital intermediada pelo Estado representava uma oportunidade para diminu rem diferentes tipos de riscos que a introdu o da Internet lhes impunha Com esse objetivo o representante da Febraban aproveitou a janela de oportunidade que se abrira com a revis o do Acordo de Capital de Basil ia 1988 usando a como bandeira Sobre o que foi chamado de Novo Acordo de Capital assim escreveram Maria Cristina Freitas e Daniela Prates Em janeiro de 2001 o Basle Committee divulgou novos documentos sobre o Novo Acordo de Capital incorporand
262. pesquisa b ao Livro Verde da Sociedade da Informa o documento pertencente a um dos processos de forma o da ICP Brasil que foi analisado exclusivamente em seu cap tulo 6 Governo ao Alcance de Todos Takahashi 2000 p 67 80 quando se pretendeu verificar a exist ncia de uma realidade de transnacionaliza o relacionada ao Estado c pesquisa e coleta de documentos nos arquivos do Senado Federal e C mara dos Deputados objetivando verificar como apareceu pela primeira vez a uma eletr nica na legisla o brasileira As pesquisas pr vias exclusivas e perif ricas enredaram se a in meras pesquisas bibliogr ficas diferentemente da pr xima fase As pesquisas do objeto ICP Brasil consistiram em um estudo de caso abordando um curto per odo de tempo que recorreu aos seguintes instrumentos a 27 entrevistas semi estruturadas utilizando se um roteiro com 37 perguntas A entrevista foi semi estruturada para abrir a possibilidade de que se fizessem perguntas extras quando algum t pico n o estivesse suficientemente claro se 24 O material etnobibliogr fico pertencente ao campo da inform tica referiu se principalmente s seguintes obras Carvalho 1988 Haberkorn 1986 Hewlett Packard Company 1995 International Business Machine 1994 Keinert 1996 Lipka 1918 Microsoft Corporation 1993 Mirshawka 1984 Moreira 1984 Que Corporation 1994 Santos 1980 Santos J nior 1995 1997a 1997
263. pol tica de alian as As alian as s o din micas inclui uns e exclui outros dependendo das circunst ncias 2000 p 176 Por outro lado de algum modo a precondi o socioecon mica tamb m uma condi o j que ela teve relevante papel para a transforma o de ICP Gov em ICP Brasil Essas considera es mostram que os diversos aspectos que definiram a constitui o da ICP Brasil estiveram misturados na realidade Descritos os interesses em jogo dos bancos vem a pergunta como ocorreu a alian a entre bancos e pol ticos A alian a entre esses dois grupos foi alicer ada na mistura O S cio Fundador da CertiSign ofereceu a mesma representa o que o Diretor Geral da Febraban Para ambos o lucro das atividades empresariais uma quest o de justi a 36 de caracter sticas que remetem aos tr s tipos puros de domina o legal Weber 1998 p 142 147 tradicional Weber 1998 p 148 158 e carism tica Weber 1998 p 158 161 O ent o Diretor Geral da Febraban Hugo Dantas havia sido no passado chefe de Pedro Parente no Banco Central de onde surgiu um v nculo pessoal entre ambos e possivelmente de amizade No segundo mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso Pedro Parente tornou se Ministro Chefe da Casa Civil vindo a concordar com a id ia de Hugo Dantas de que fosse criada a ICP Brasil Para o Ministro um dos grandes benef cios consistia no maior controle sobre os pol ticos do Executivo
264. potencial de revolucionar por colocar baila a Raz o de Estado o resultado do processo em que a ICP Brasil esteve arrolada foi em linha geral a perman ncia das estruturas sociais de domina o sem que ocorresse mudan a no curto prazo N o apenas o resultado da ICP Brasil com a perman ncia da estrutura de domina o mas as l gicas e os atores que participaram de sua constru o e diretamente de sua implanta o tamb m indicam fortemente no sentido da domina o da tradi o que se 127 mistura domina o moderna proporcionada pelas novas tecnologias da informa o Justificou se a escolha da op o pelo modelo teuto europeu de certifica o digital como refer ncia comparativa para a ICP Brasil em uma id ia do tipo dado que isso uma coisa nova a aceita o ser melhor se fizermos uma coisa da maneira que sempre fizemos da maneira que estamos acostumados a fazer Imediatamente remetendo mistura dos tipos de domina o de Weber moderna 2004b p 525 e tradicional 1998 p 148 E tamb m ao construto da moderna tradi o brasileira 1989 de Renato Ortiz Poucas vezes pensamos como tradicional um conjunto de institui es e de valores que mesmo sendo produtos de uma hist ria recente se imp em a n s como uma moderna tradi o um modo de ser Tradi o enquanto norma embora temperada pela imagem de movimento e de rapidez 1989 p 207 Pol ticos banqueiros e burocratas os constru
265. provinda dos engenheiros e a t cnica do Direito para a constru o da ICP Brasil Assim disse o entrevistado a grande amarra o da ICP foi conseguir juntar a tecnologia junto com as normas e com o jur dico para fazer algo que d validade jur dica a um documento eletr nico Acho que esse o casamento mais importante ou seja a tecnologia com o conhecimento jur dico necess rio para fazer essas normas Entrevista n 21 A variedade dos conhecimentos empregados na ICP Brasil e seu contexto de produ o e aplica o tendem a indicar no sentido do novo modo de produ o do conhecimento 1994 p 3 Gibbons et al 1994 p 27 caracterizaram no pela transdisciplinaridade na produ o do conhecimento A sele o e a escolha de um sistema computacional foram executadas pelo Serpro em processo anterior id ia de se montar uma ICP Brasil Quando se decidiu mont la recorreu se escolha j feita inicialmente importando se o sistema A isso se seguiu um processo de gradual nacionaliza o quando os programas foram sendo produzidos por brasileiros que foram incorporando o conhecimento de como faz los Assim disse o entrevistado sobre a passagem da ICP Gov para a ICP Brasil se buscava simplesmente a regulamenta o o estabelecimento das normas gerais n o se buscava um software nacional n o se buscava o uso da criptografia nacional porque n o havia condi es naquele momento Mas aquilo dali serviu de
266. quando foi publicada a Medida Provis ria 2 200 A partir desse fato membros da academia e representantes da OAB Brisa CertiSign e o Deputado Julio Semeghini lutaram contra pol ticos do Executivo burocracia de Estado e Febraban As lutas da ICP Brasil revelaram dois aspectos o controle da sociedade pelo 61 Estado e o controle do Estado pela sociedade A habilidade e o emprego de recursos de poder capital pol tico cognitivo no caso mostraram o controle da sociedade pelo Estado J o controle do Estado pela sociedade revelou se mais forte nos atos que afetavam a sociedade direta e claramente Ao longo de todo o processo constitutivo da ICP Brasil isso ficou claro pela maior dimens o das lutas quando os interesses de mais grupos da sociedade encontravam se explicitamente em jogo Em outras palavras quando se anunciou que aquilo se voltava para toda a sociedade e n o apenas para o Estado Ao passo que os processos da ICP Brasil que ocorriam no interior do Estado e que se refletiam em legisla o expedida pelo Poder Executivo n o foram objeto de tanto controle social Para a sociedade o desenrolar de processos dentro do Estado afigurava uma caixa preta No entanto como lembra Tamara Benakouche com perspic cia pretender abrir a caixa preta da t cnica implica necessariamente em ter de abrir tamb m a caixa preta da sociedade 1999 p 24 Com efeito o Estado precisou de habilidade e poder suficiente para conse
267. que h amplia o das rela es interestatais e da influ ncia que elas exercem na vida dos Estados Pistone 2004 p 1066 contexto esse em que aumenta a probabilidade de surgir a disposi o de acordo com a Raz o de Estado A forma de lidar com essa configura o tende a assumir procedimentos legais nos regimes democr ticos Pistone 2004 p 1068 o que leva a uma rotiniza o de condutas diante de seu surgimento surgindo uma Raz o de Estado democr tico Devido a essas especificidades ganha mais sentido o trabalho de sumarizar os aspectos encontrados em rela o atividade pol tica O caso da ICP Brasil apresentou caracter sticas que permitem tipificar a pol tica em dois extremos como luta e rendi o e como coopera o e concilia o Entretanto em in meras situa es os dois tipos combinaram se Apesar de Weber apontar as duas tend ncias 1993 p 67 de um modo bem peculiar mostraram se em geral adequadas para o presente estudo No primeiro tipo a pol tica pode ser entendida como se fosse uma guerra em que se proporciona apoio praticamente incondicional a quem est na frente de batalha Esse apoio revelou se incondicional quando os comandantes possu am recursos de poder suficientes para sustentarem a guerra No caso da ICP Brasil os recursos eram grandes j que se tratava de proteger o Estado Assim disse um pol tico do Executivo Silvano n o perdeu a confian a na equipe nenhum instante Muito pelo co
268. r como os atores constru ram suas percep es e a es Participantes da constru o da ICP Brasil tiraram conclus es sobre a estrutura de certifica o digital alem atrav s da intera o com representantes de outros Estados Como Perguntavam para esses representantes sobre a situa o da certifica o digital na Alemanha e recebiam como respostas as impress es em rela o ao outro Nas intera es com os alem es consolidavam suas percep es Al m disso dado que os atores participantes da ICP Brasil estudaram e analisaram comparativamente em torno de 66 legisla es que versavam sobre o assunto e tamb m se basearam nas normas da IETF o Estado brasileiro atrav s de seus representantes orientou se pelo comportamento de outros Estados e pa ses A a o social orienta se pelo comportamento de outros Os outros podem ser indiv duos e conhecidos ou uma multiplicidade indeterminada de pessoas completamente desconhecidas Weber 1998 p 13 14 Cada etapa constitutiva da ICP Brasil desde a forma o at a implanta o baseou se de algum modo no fato de existirem outros Estados e de eles se constru rem tamb m nas suas rela es com outros Estados ao que se chamou de Estado Relacional Em grande medida profissionais formados em dois campos de conhecimentos t cnicos Engenharia e Direito constru ram e implantaram a ICP Brasil O caso mostrou grande correla o entre os engenheiros e a preocupa
269. r organiza es criminosas Entrevista X 54 Assim o Estado apareceu como um ator que reagiu dadas as press es a um processo que se desenrolava na sociedade E ao faz lo sinalizou em duas dire es a diminui o da inseguran a na Internet Estado Leviat e a expans o do uso das tecnologias da informa o pela sociedade Estado Instituidor do Social Para os representantes da ind stria o Estado foi autorit rio e a Raz o de Estado prevaleceu sendo esta mais importante para a ICP Brasil do que o pr prio ator pol tico Assim disse o entrevistado o governo Fernando Henrique que era tido como neoliberal teve uma posi o de interven o no dom nio econ mico numa atividade que considerada essencial Entrevista X Finalmente o Estado Relacional tamb m esteve presente porque o Brasil foi comparado a outros pa ses em cada fase do processo Para o representante da OAB a ICP Brasil foi institu da antes de tudo como resultado de um mundo moderno em que a tecnologia mudou a comunica o na sociedade Para este representante enquanto em processo anterior da ICP Gov a id ia era que a gera o transmiss o e armazenamento de documentos assinados manualmente fosse m feito s por meio eletr nico Entrevista X na ICP Brasil modificou se o conceito quando teria aparecido o interesse de rg os da seguran a nacional que envolvia a criptografia na quest o do sigilo Entrevista X O Estado Relacio
270. r a um homem ou a uma assembl ia de homens que possa reduzir suas diversas vontades por pluralidade de votos a uma s vontade Cedo e transfiro meu direito de governar me a mim mesmo a este homem ou a esta assembl ia de homens com a condi o de transferires a ele teu direito autorizando de maneira semelhante todas as suas a es Feito isto multid o assim unida numa s pessoa se chama Estado em latim civitas esta a gera o daquele grande Leviat ou antes para falar em termos mais reverentes daquele Deus Mortal ao qual devemos abaixo do Deus Imortal nossa paz e defesa Pois gra as a esta autoridade que lhe dada por cada indiv duo no Estado lhe conferido o uso de tamanho poder e for a que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles no sentido da paz em seu pr prio pa s e da ajuda m tua contra os inimigos estrangeiros nele que consiste a ess ncia do Estado a qual pode ser assim definida Uma pessoa de cujos atos uma grande multid o mediante pactos rec procos uns com os outros foi institu da por cada um como autora de modo a ela poder usar a for a e os recursos de todos da maneira que considerar conveniente para assegurar a paz e a defesa comum 1999 p 143 144 grifo do autor O Leviat eletr nico se levantou ajudando a erguer o pr prio Leviat do qual aquele apenas um peda o do grande todo 141 4 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ALC NT
271. r sozinha Os engenheiros recorreram aos advogados no processo de constru o da ICP Brasil quando j existia uma tecnologia pronta para a identifica o e a autentica o pela Internet a certifica o digital Da maneira que foi feito atribuir valor jur dico certifica o digital significava proporciona lhe vida social atrav s do Estado Intencionava se ampliar sua dissemina o com expans o de seu uso O conhecimento jur dico se configurou como uma das precondi es sociocognitivas para o surgimento da ICP Brasil e o Direito representou uma ponte entre t cnica e pol tica Para a rea jur dica o processo come ou a partir do seguinte ponto o que n s podemos fazer para que a mensagem eletr nica tenha a mesma autoridade a mesma respeitabilidade a mesma confiabilidade a mesma credibilidade do que as mensagens que est o em papel Entrevista n 17 Para a tecnologia obter a valida o jur dica os meios utilizados pelos atores foram basicamente compreens o da certifica o digital pesquisa e an lise dos Projetos de Leis que tramitavam no Congresso Nacional Direito comparado e escrita da lei Para a compreens o da certifica o digital foi necess rio que os advogados entendessem palavras peculiares muitas vezes em ingl s ou com dif cil tradu o para a l ngua portuguesa estrutura o e funcionamento da tecnologia objetivando traduzi la para a linguagem do Direito Os engenheiros explicavam a tecnologia
272. ra MPOG Miguel Teixeira de Carvalho 8 Atores nomeados pela Casa Civil 2001e ou indicados pela Presid ncia de Rep blica Brasil 2001b 2001c Tamb m participantes do processo de implanta o da ICP Brasil mas no caso de Julio Semeghini tamb m do surgimento tentou se entrevistar as seguintes pessoas Paulo de Tarso Ramos Ribeiro Guilherme Gomes Dias Ant nio Herman Benjamin Adriana Maria Pessoa L o Douglas Tevis Francisco e Julio Semeghini mas por um motivo ou outro n o foi poss vel realizar as entrevistas N o imediatamente do primeiro grupo do surgimento da ICP Brasil Fabiano Menke foi um outro ator bastante citado Trocaram se e mails mas por estar na Alemanha n o foi poss vel realizar a entrevista Alexandre Atheniense foi tamb m indicado e contatado mas por compromisso profissional tamb m n o p de realizar entrevista 2 Quando da cria o da ICP Brasil os primeiros membros de seu primeiro Comit Gestor foram definidos pelo Decreto 3 872 de 18 de julho de 2001 id 2001c 30 Os membros da Cotec do Comit Gestor da Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira foram indicados pela Portaria n 21 da Casa Civil da Presid ncia da Rep blica 2001e de 26 de julho de 2001 1 Por sugest o de Ernandes Lopes Bezerra Jos Ney de Oliveira Lima participante do processo da ICP Gov e da ICP Brasil e tamb m servidor do Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o participou da entrevista
273. ra houve a tend ncia a se analisar essas precondi es e condi es separadamente na pr xis dos atores elas encontravam se misturadas Da que em in meras passagens se perceber seu car ter h brido 2 1 Precondi es sociocognitivas Daqueles conhecimentos utilizados no surgimento da ICP Brasil o jur dico foi o mais relevante mas esteve diretamente relacionado aos outros conhecimentos O conhecimento tecnocient fico na forma de tecnologias da informa o e tendo a matem tica como estruturante teve duas precondi es relacionadas certifica o digital sistemas computacionais e normas internacionais transformadas em regulamenta o da ICP Brasil caracterizando a associa o entre tecnologia e Direito Finalmente a l ngua inglesa consistiu em outra relevante rea de conhecimento e seu uso configurou uma 34 Certifica o digital tamb m chamada por certifica o eletr nica ou certifica o de chave p blica Dentro do arcabou o t cnico e jur dico da ICP Brasil pode se dizer que o Certificado de Chave P blica a Declara o assinada digitalmente por uma AC Autoridade Certificadora Brasil 2000c Anexo II Gloss rio 25 precondi o 2 1 1 Conhecimento jur dico O conhecimento jur dico foi importante na l gica dos atores que participaram diretamente da constru o da ICP Brasil porque se fez necess rio no limite da t cnica quando esta n o era mais capaz de prossegui
274. ra capacitada e legitimada pelo conhecimento e representatividade originada no voto para conduzir a sociedade Finalmente houve a decis o pol tica por uma ICP Brasil inspirada em um determinado pa s Alemanha e bloco Uni o Europ ia quando se praticou uma pol tica de concilia o em escala global Elias 1993 p 272 273 Dentro da l gica dessa pol tica 48 pesquisou se um grande n mero de pa ses em torno de 66 integraram se caracter sticas de diferentes estrutura es da certifica o digital e estrategicamente se manteve uma abertura para modelos de outras pot ncias mundiais A pol tica de concilia o global esperava proporcionar apoio e qualidade ICP Brasil granjeando legitimidade e reconhecimento ao Estado brasileiro Para Elias 1993 p 112 no processo de forma o de grandes blocos territoriais h uma peculiar pol tica de alian as entre os Estados nacionais coexistindo tanto for as centr fugas como centr petas em rela o s pot ncias Percebeu se esse movimento no surgimento da ICP Brasil ao optar por se aliar com a Alemanha o Brasil acabou se afastando dos Estados Unidos e do Jap o mas manteve a possibilidade de interoperabilidade com ambos e eventualmente de modifica es na pr pria ICP brasileira Assim disse o entrevistado O modelo europeu n o pode ser um modelo invi vel por que Porque os Japoneses e os americanos s o obrigados a conversar com os europeus Se n s entrar
275. ra muitas pessoas a id ia de governo mais do que a de Estado transmite uma no o da fluidez transitoriedade e mudan as que ocorrem na democracia relacionadas possivelmente exist ncia de elei es Por outro lado a id ia de Estado traz ainda para muitos no o de algo est tico imut vel permanente Na certeza da recupera o do papel do Estado na sociedade Rosanvallon escreveu sobre o que chamou de Estado em movimento 1991 Por mais que o Estado n o se caracterize t o fluido quanto o governo o Estado nunca est de fato parado Mesmo sem haver consci ncia dele um processo construtivo do Estado eletr nico bastante recente considerando se que faz poucos anos desde que a Internet come ou a ter maior expans o mundial o que se deu basicamente a partir da segunda metade da d cada de 1990 J a forma o do Estado eletr nico transcende a constru o e se adentra na hist ria Benakouche aponta nesse sentido quando escreve como em toda inova o tecnol gica sua expans o apropria o o resultado de um processo mais longo do que transparece para o grande p blico 1997 p 1249 Em pesquisa pr via a essa disserta o ao se fazer an lise de discursos do Livro Verde da Sociedade da Informa o Takahashi 2000 p 67 80 encontraram se indica es de que o Estado brasileiro n o aceitaria passivamente a emerg ncia de um processo de transnacionaliza o Muito ao contr rio esse proce
276. restas para que voc coloque e impo nha isso numa sociedade A a gente vira modelo da tecnocracia A melhor coisa que voc vai ter que usar o certificado Em alguma maneira em algum momento a turma vai ser contestada E normalmente s o decis es erradas tomadas por t cnicos apenas com a cabe a t cnica sem olhar a rea o vi s social ou humano da aplica o da t cnica e isso pode ser tecnicamente muito certo mas s vezes pode ser inapropriado para aquele momento daquela sociedade daquela conjuntura Foi mais ou menos isso que eu fiz quer dizer mobilizar o pessoal t cnico com os anseios pol ticos E ao mesmo tempo o pessoal pol tico entender a capacidade ou a incapacidade t cnica daquele momento E que era poss vel fazer Porque s vezes tamb m se voc deixar s o pol tico entrar ele pode querer coisas que tecnicamente n o sejam vi veis ou sejam inseguras Hoje a nossa t cnica n o te d condi es de fazer isso at bom louv vel um bem comum maravilhoso mas n o tem seguran a intr nseca nisso E a eu acho que essa discuss o um pouco filos fica mas um pouco o que a gente est vivendo nos dias de hoje clonagem humana DNA essas coisas todas A t cnica avan ando e a gente come a a ter que discutir isso do ponto de vista pol tico do sentido humano social o grupo pol tico estava querendo desenvolver a es de governo a es com objetivos
277. retriz Europ ia que corrige com seus sistemas o informal o contratual e o legal Ou seja o legal bancado e fiscalizado pela ICP o contratual bancado e fiscalizado pelas partes e o informal informal qualquer um que quiser E pronto Com isso eu respondia ao argumento que estava estatizando Estatizando nada porque voc pode ficar fora dela e tem direito de ficar fora dela Ela apenas uma ferramenta sua disposi o A ICP n o obrigat ria para ningu m um servi o que est colocado disposi o de quem quiser com alt ssimo grau de confiabilidade e de seguran a fiscalizado pelo governo Por que fiscalizado pelo governo Porque a Raiz o governo Entrevista X Al m da intera o com os t cnicos da burocracia Jos Bonif cio Borges de Andrada dialogava com pol ticos hierarquicamente superiores ou equivalentes a ele na p 566 em que a rede t cnica e a rede pol tica se interconectaram 98 pr pria Casa Civil com as principais lideran as do partido governista no Congresso Nacional com o Deputado Julio Semeghini com o representante dos bancos Hugo Dantas Opondo se firmemente ao interesse da empresa CertiSign participou da introdu o do grande interesse dos bancos no texto da ICP Brasil aquilo que seu representante chamou de seguran a jur dica vindo a contrariar um ou outro interesse desse segmento econ mico Assim disse o representante dos bancos E o Jos Bonif c
278. rios processos que se entrecruzaram na realidade mas que se tentou modelar como um nico para a melhor compreens o do objeto estudado pode ser brevemente sumarizado complexifica o de sistemas Internet inseguran a ICP Gov press o da sociedade Estado Instituidor do Social por solicita o e ICP Brasil A seguinte constata o condicionou todo esse processo um Estado s existe enquanto tal porque existem outros Estados com os quais ele se relaciona o Estado Relacional A burocracia operou nesse sentido relacional ao comparar pa ses e seus Estados ao longo de processos da forma o e da implanta o da ICP Brasil A compara o entre Brasil e outros pa ses foi uma linha condutora do pensamento e da a o empreendida pela burocracia que assumiu para si a fun o de sustenta o do Estado atrav s do conhecimento Isso denota tamb m a rela o entre maior especializa o com conhecimentos t cnicos e jur dicos espec ficos e mais interdepend ncia entre tipos de conhecimentos e Estados Como escreveu Elias Aumentando a divis o de fun es e com 52 ela a interdepend ncia m tua de todas 1993 p 266 2 3 1 3 Bancos ICP Brasil e Estado Para os bancos representados pela Febraban a ICP Brasil foi uma quest o eminentemente de Estado A caracteriza o da presen a do Estado e n o t o somente de um governo veio de um conjunto de fatos a uma administra o burocr tica representava a garantia
279. rnet impunha ao Estado Palavras chave Estado eletr nico Leviat eletr nico governo eletr nico Internet Estado ICP Brasil rela o entre Estado e sociedade rela o entre t cnica e pol tica condi o de surgimento tecnologia ci ncia tecnoci ncia conhecimento h brido pol tica economia atores sociais Direito seguran a nacionalismo nacionalismo turvo nacionalismo sustent vel pol tico conector t cnico conector Estado Relacional Estado Instituidor do Social Estado Legislador Abstract VII Why did an electronic government arise in Brazil Looking for answering this question a case study approach was applied This research belongs to Science and Technology Sociology field and in this perspective I examined which technology had appeared most in Brazilian electronic government regulation Then I came across Brazilian Public Key Infrastructure ICP Brasil or PKI Brazil which brought cryptography This case showed electronic government idea was not enough to explain what had happened in PKI Brazil process Thence I formulated an original concept electronic State e State The institution of PKI Brazil came of sociopolitical sociocognitive and socioeconomic conditions These requirements turn out mixed with each other Knowledge of law technology technoscience and English language were sociocognitive preconditions Banks support provided socioeconomic condition Emerging as Leviathan sociopolitical
280. ro de 2006 eram Autoridades Certificadoras ACs basicamente Instituto Nacional de Tecnologia da Informa o 2006 as empresas Serpro Serasa CertiSign e Caixa Econ mica Federal A Presid ncia da Rep blica o Judici rio atrav s do Conselho Federal de Justi a 20047 e a Secretaria da Receita Federal 20027 s o tamb m Autoridades Certificadoras Cada uma dessas Autoridades Certificadoras ACs pode dispor de Autoridades Certificadoras de segundo nivel al m de possuir suas pr prias Autoridades Registradoras ARs e uma ou mais empresas como Prestador de Servi o de Suporte PSS Autoridades Certificadoras Autoridades Registradoras e Prestadores de Servi o de Suporte eram legalmente institu das e seguiam um conjunto espec fico de normas jur dicas e tecnocient ficas O ANEXO A apresenta tabela que relaciona a cada Autoridade Certificadora sua s Autoridade s Registradora s e Prestador es de Servi o de Suporte associados A FIG 1 uma representa o simplificada da estrutura o da ICP Brasil FIGURA 1 Organograma da ICP Brasil 10 Eram Autoridades Certificadoras de segundo n vel em 13 de dezembro de 2005 o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de S o Paulo Sincor 2006 p 6 a Imprensa Oficial do Estado S A Imesp 2006 p 6 e a Companhia de Tecnologia da Informa o do Estado de Minas Gerais Prodemge 2006 p 6 Assim escreve a Medida Provis ria 2 200 2 sobre as atr
281. s 139 pol ticos do Executivo tiveram que se movimentar em processos exteriores sua base de representa o num plano pol tico de outra dimens o visando garantir a exist ncia do Estado Outra pesquisa ressaltou a import ncia da esfera pol tica internacional no governo de Fernando Henrique Cardoso a centralidade da arena internacional para o governo Fernando Henrique Cardoso in dita na hist rica recente do pa s Melo 2002 p 110 Os processos internacionais que os pol ticos participaram tamb m os legitimaram n o direta mas indiretamente Quando h mecanismos que legitimam diretamente o eleitor reconhece a import ncia do trabalho do pol tico na esfera internacional atrav s de voto para representar nessa esfera Assim a esfera internacional constitui se como base de sustenta o eleitoral do pol tico Como ocorreu a legitima o indireta pol ticos hierarquicamente superiores reconheceram o trabalho do pol tico conector o l der pol tico do processo Ainda os pol ticos n o se movimentaram nessa esfera tanto quanto os t cnicos Por sua vez Weber 1993 p 99 apontou a necessidade de que a pol tica internacional fosse desempenhada por pol ticos ainda mais em momentos decisivos Se a realidade revelada pela ICP Brasil se generalizar com crescente integra o entre os atores globais indicar a tend ncia necessidade de cria o de rg os pol ticos supranacionais Neles os pol ticos escolhidos
282. s absolutamente claros quanto forma e ao modo de produzir com consegii ncias importantes n o s no sentido tecnol gico Mais do que isso essas mudan as tiveram implica es nas rela es sociais de produ o nas rela es internacionais que criam fluxos isso uma id ia muito importante que transcendem os limites nacionais Mas agora que ouvi o Castells percebi que a minha tarefa f cil porque ele disse que o Estado j n o existe mais risos Um passo para o abismo e acabou tudo Na hora em que eu cheguei Presid ncia da Rep blica acabou o Estado risos Mas amanh quando n s formos ouvir a discuss o sobre a experi ncia latino americana vamos ver que infelizmente n o d para dormir t o trang ilo porque o Estado est a vai continuar existindo e preciso que exista N s temos de pensar em formas mais ativas de rela o entre o Estado e as sociedades civis que a sim eu concordo com ele plural e talvez o Estado tamb m seja plural O Estado talvez seja uma abstra o que j n o tenha sentido que j haja v rias formas mais diversificadas de Estado Mas quem sabe seja algo mais do que mero coletor de impostos mero combatedor de criminosos Cardoso 1995 p 46 47 grifo nosso No contexto em que se circunscreveu a ICP Brasil a soberania nacional p de ser garantida gra as ao aprofundamento das rela es pol ticas exteriores Na configura o do processo a pol
283. s ataques de piratas eletr nicos aos sistemas estatais que utilizavam a Internet almejando resguardar segredos e dados sens veis ao Estado O fato de a ICP Brasil ter usado a criptografia assim trica uma t cnica de uso dual foi estruturante para sua constru o e implanta o e estruturador para sua institui o dentro da l gica da Raz o de Estado Estruturante pela burocracia ter tido pleno respaldo pol tico a partir do Chefe de Estado e estruturador porque ao regular a t cnica de alguma maneira exerceu controle sobre ela incorporando a ao arcabou o t cnico jur dico da sociedade O que se somou ao Decreto 3 505 2000 que instituiu a Pol tica de Seguran a da Informa o Brasil 20004 Com os objetivos de proporcionar mais seguran a e proteger o Estado a burocracia da seguran a da informa o tinha constru do a ICP Gov Paralelamente os bancos pressionavam pela sua expans o conseguindo se aliar aos pol ticos do Executivo para transform la em ICP Brasil Transforma o que finalmente contou com o apoio da pr pria burocracia Definidor para que os t cnicos viessem a aderir ao projeto da ICP Brasil foi eles terem aceitado a condi o de lideran a dos pol ticos Como os bancos fazem parte da sociedade ent o a burocracia se deu por 51 convencida de que a press o social sobre o governo tinha provocado a institui o da ICP Brasil a partir de seu esfor o na ICP Gov e em outros processos que se desenrolaram no
284. s consiste em suas rela es exteriores como fica impl cito em Elias 1993 p 96 97 p 264 Quanto aos atores participantes da constru o da ICP Brasil a burocracia tornou se a seu modo internacionalizada Dezalay amp Garth 2000 abordam o processo de internacionaliza o de elites burocr ticas de Estados latino americanos atrav s do conhecimento adquirido em suas forma es acad micas Para esses autores as lutas pelo controle do Estado passam por estrat gias internacionais dos atores como escrevem As estrat gias s o implementadas particularmente atrav s de guerras palacianas Guerras palacianas Bourdieu 1996 s o lutas n o apenas pelo controle do Estado mas tamb m pelos valores relativos dos indiv duos e dos conhecimentos que d o forma e dire o ao Estado A pesquisa descobriu que de 1960 at hoje as guerras palacianas do Sul isto Am rica Latina s o cada vez mais desenvolvidas em termos de estrat gias internacionais Dezalay amp Garth 2000 p 164 grifo nosso O espa o legitimador da burocracia no surgimento da ICP Brasil al m de sua pr pria na o consistiu tamb m na esfera internacional A t cnica empregada pela ICP Brasil foi produzida em processo de intera o internacional Na arena supranacional a International Engineering Task Force ETF e a International Organization for Standardization ISO foram duas das organiza es internacionais s quais o Brasil
285. s faladas por pessoas com forma o universit ria e de classes m dia alta ou alta Do total de 27 entrevistados 24 participaram da constru o e ou da implanta o da ICP Brasil dois trabalhavam em servi o de atendimento do governo eletr nico e um foi entrevistado pelo fato de ter participado de processo de forma o da Pol tica Nacional de Inform tica Dantas 1988 p 54 56 Daqueles 24 entrevistados dois encontravam se imbu dos da inten o de prestarem um depoimento sobre a forma o da ICP Brasil Portanto com eles n o se realizou a entrevista semi estruturada ao final de seus depoimentos por m foram feitas algumas perguntas do roteiro Dos 22 entrevistados restantes 19 responderam a todas as perguntas do roteiro de entrevista e tr s entrevistados responderam algumas das perguntas Identificou se cada entrevistado com o n mero da entrevista Aqueles que pediram para n o serem identificados receberam a designa o de Entrevista X Receberam tamb m a mesma denomina o os entrevistados em que ficava bvia a sua identidade ou j era revelado pelo contexto da fala ou do texto da disserta o Como foram tratadas as 24 entrevistas Transcreveu se cada entrevista que em seguida foi transposta para uma planilha do programa Microsoft Excel onde cada pergunta correspondeu a uma c lula Ao final todas as 24 entrevistas encontravam se coladas em uma nica grande planilha A partir disso passou se a testar as hip
286. s incalcul veis a partir da quebra da garantia de identidade e autenticidade proporcionada pelo Estado Para se ter uma id ia o principal uso hoje da ICP Brasil em termos do montante do conjunto das opera es ocorre dentro do Sistema de Pagamentos Brasileiro SPB tamb m chamado de novo SPB Todos os sistemas do SPB utilizam a ICP Brasil Somando se as transfer ncias feitas por esses sistemas foram transferidos com o aux lio da ICP Brasil em 2002 R 195 69 trilh es Banco Central do Brasil 20057 em 2003 R 159 62 trilh es Banco Central do Brasil 20057 em 2004 R 180 79 trilh es Banco Central do Brasil 20057 Dados mais recentes n o se encontram dispon veis Ao longo desta disserta o ser o usados alguns conceitos que foram elaborados como modelagem de processos hist ricos Elias 1994b p 17 Weber 1998 p 12 13 a partir da a o dos atores principalmente enunciado por suas falas Embora os modelos simplifiquem a realidade pela impossibilidade de apreend la de forma total permitiram que se tirassem conclus es originais que os atores provavelmente nem imaginavam Colocando se de diferente modo apesar dos resultados encontrados os conceitos e id ias Eram v rios os conhecimentos tecnocient ficos relacionados ICP Brasil conhecimentos em criptografia assim trica certifica o digital assinatura digital identifica o por ris biometria e senhas tecnologia de cofres vigi
287. s interessados na responsabiliza o dos titulares dos certificados com o aumento ou a diminui o da probabilidade de que fossem acusados pelo uso indevido do certificado da ICP Brasil Assim disse o entrevistado Eles engenheiros queriam que colocasse como obrigat rio que essa parte que recebeu o documento assinado tivesse que conferir n o s a chave p blica para ver se foi assinad a ela tivesse que conferir na lista de certificados revogados que fica na Internet se a assinatura estava v lida ou n o Para ver se aquela assinatura tem base em certificado v lido Quer dizer Voc s est o malucos Se eu disser que obriga o dele e ele n o fizer a responsabilidade dele ele responder pelo dano Ou seja Ele n o conferiu o problema dele N o o respons vel tem que ser o outro Porque eu n o posso dizer que obriga o recomend vel que ele olhe bom que ele olhe mas se eu disser que obriga o eu vou estar dizendo que a responsabilidade dele E muito diferente se eu digo que ele tem que olhar Se ele olhar ele vai ver se foi revogado ou n o se a assinatura vale ou n o vale Isso bom para ele Ent o uma garantia da seguran a do uso da tecnologia N o isso isso Pois se voc disser que obriga o dele e ele n o fizer todos os danos causados ele responde para ele mesmo ou seja ningu m rep e o preju zo Ao passo que
288. s pr prios que se consideravam representantes da economia e da iniciativa privada e por isso da sociedade como um todo O discurso do ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso trazia em suas entrelinhas essa id ia do setor banc rio como representativo da configura o da economia existente e da import ncia que isso tinha para o Estado brasileiro e para seu governo a reconstru o do Estado no Brasil tem que ter pelo menos duas vertentes fundamentais uma para permitir o crescimento da economia e outra para atender as camadas mais pobres S o duas vertentes aparentemente contradit rias Se 122 adoto um programa para evitar a quebradeira dos bancos me acusam Est vendo est defendendo os banqueiros Tenho que defender a economia Porque a economia que temos a que a est N o existe outra N o existe a economia centralmente planificada e sim a economia de mercado Cardoso amp Toledo 1998 p 290 grifo nosso A quest o da seguran a tamb m pautou a oposi o da ICP Brasil por m de forma mais diversa A partir das impress es dos representantes da ind stria de tecnologia da informa o Brisa essas novas tecnologias trouxeram inseguran a o que provocou o aparecimento primeiro do Estado Leviat Esse Estado criaria condi es para que se expandisse o uso dessas novas tecnologias na sociedade configurando o Estado como Instituidor do Social Membros da academia criticar
289. se vinculou com a ICP Brasil Em carta para o ent o coordenador do Comit Gestor da ICP Brasil assim escreveu o presidente da ISO Agradecemos vosso of cio e informamos que a ISO e eu como seu Presidente nos sentimos honrados e satisfeitos por vermos o sistema ICP Brasil adequar se as nossas normas internacionais Esse o caminho que desejamos que os pa ses trilhem para podermos ter um sistema internacional harm nico evitando futuros problemas para a interconex o dos sistemas de Chaves P blicas Cortopassi 2001 grifo nosso A partir de processos de internacionaliza o como esses para os t cnicos da burocracia naturalizaram se as pr ticas de compara es consultas contatos e viagens internacionais O Estado Relacional se introjetou nos atores pela for a da tradi o como acentuou Elias 1998 p 102 103 Nesse contexto de internacionaliza o da burocracia da t cnica do conhecimento al m da pr pria natureza relacional do Estado a atividade A IETF produziu parte consider vel das normas t cnicas que sustentavam a ICP Brasil Trabalhando em cargo de dire o em empresa privada um dos participantes da constru o da ICP Brasil relatou que dois de seus funcion rios estavam engajados nas discuss es no f rum p blico da IETF atrav s da Internet 138 militar tamb m passou por um processo de internacionaliza o como observaram Held et al A constru o da pol tica de defesa nacional das
290. sil como um corpo de normas v lidas juridicamente acarretou duas consequ ncias quanto aos conhecimentos tecnocient ficos espec ficos nela contidos Se de alguma maneira esses conhecimentos passaram a normatizar aspectos da vida social por outro lado tamb m foram normatizados em algum grau Neste caso principalmente a criptografia assim trica que consiste numa t cnica de uso dual T cnicas e tecnologias de uso dual caracterizam se pela possibilidade de utiliza o tanto em atividades l citas quanto il citas e por isso recebem tratamento e aten o especial dos Estados Um Estado que domina uma t cnica ou tecnologia dual pode ter uma pol tica espec fica para a venda a outros pa ses autorizando a exporta o somente de uma t cnica ou tecnologia ultrapassada como ocorreu no caso dos Estados Unidos em rela o criptografia assim trica Etzioni 1999 p 100 101 Com uma pol tica desse tipo o Estado vendedor pode ainda proibir a revenda a um terceiro pa s impondo a obrigatoriedade ao pa s comprador de fornecimento de um certificado de uso final Fel cio 1994 p 263 Essa pol tica visa evitar que as t cnicas e tecnologias fujam ao controle do Estado at pela competi o entre empresas e entre Estados Por outro lado outros Estados acabam autorizando o com rcio internacional de t cnicas e tecnologias mais avan adas Isso provoca dentro do primeiro pa s lutas entre interesses econ mico comerciais
291. situa o para o representante da OAB a seguran a nacional teria sido colocada em risco com as alian as feitas envolvendo interesses comerciais privados A seguran a como condi o para o surgimento da ICP Brasil apresentou baixa relev ncia na fala do S cio Fundador da CertiSign coerente com o fato de que teve seu interesse comercial contrariado pela ICP Brasil pois a atua o da empresa representava 123 inseguran a para os grupos da situa o Para aquele ator o Estado se configurou como autorit rio e esteve presente o Estado Instituidor do Social pondo se contra a tend ncia que se impunha ordem de mercado Dentre os grupos participantes a a o da burocracia pautou se pela vis o mais long nqua no tempo ou seja que mais adentrou reflexivamente em processos da forma o da ICP Brasil J os bancos concentraram a a o sobre a realidade de curto prazo do surgimento do objeto usaram o argumento das rela es exteriores para pressionarem pelo reconhecimento do investimento feito pelo capital estrangeiro no pa s pressionaram em prol da administra o burocr tica como garantia da preserva o da seguran a da ICP Brasil e pela presen a do alto escal o dos Minist rios Secret rios Executivos na ICP Brasil visando proporcionar lhe legitimidade No processo a primeira luta dos bancos foi para poderem usar uma ICP que estava sendo gestada para operar apenas dentro do Estado como ICP Gov Vencida a primeira batal
292. ssamente a forma o do Estado eletr nico que resultou em grande propor o da n o intencionalidade das a es Finalmente embora conectadas a condi o sociopol tica prevaleceu sobre a condi o sociocognitiva no caso da ICP Brasil Constatou se em certa medida a rela o entre l ngua na o e Estado proposta por Weber 1998 p 275 A l ngua portuguesa relacionou se mais id ia de na o j a necessidade de seguran a exist ncia funcionamento e defesa do Estado E dentro da problem tica da Raz o de Estado a comunidade pol tica articulada em torno da ICP Brasil recorreu tamb m ao uso da l ngua inglesa Assim escreveu Weber Os motivos reais da cren a na exist ncia de uma comunh o nacional e da a o comunit ria que nesta se baseia s o muito diversos Hoje numa poca de luta entre as l nguas a comunidade de l ngua considerada sua base normal O que ela possui em conte dos ultrapassando a mera comunidade de l ngua pode ser procurado no resultado espec fico pretendido em sua a o comunit ria e este somente pode ser a associa o pol tica particular De fato o Estado nacional e 120 o Estado tornaram se hoje conceitualmente id nticos com base na homogeneidade de l ngua Na realidade ao lado das associa es pol ticas de car ter moderno constitu das sobre uma base nacional neste sentido ling stico encontra se consider vel n mero de outras q
293. sso aparecia sob a tutela do Estado 6 Original em ingl s Original em ingl s 70 Chegou se conclus o sobre a maior expans o da Internet a partir de an lise do n mero de computadores conectados Internet no mundo e de sua curva de crescimento Zakon 2005 71 O Livro Verde foi constru do em um processo que contou com a participa o de mais de 300 pessoas Takahashi 2000 p xv Das 17 pessoas participantes de sua Concep o e Elabora o ibid p ix sete identificaram se como ligadas atividade privada tr s a universidades e outras sete a organiza es do Estado ou da sociedade civil 134 Barra 2005a O Estado eletr nico e Estado aponta nesse mesmo sentido diante do fortalecimento da Internet o Estado nacional reagiu e se reposicionou criando o Estado eletr nico nacional Outro epis dio anterior que prenunciava o reposicionamento do Estado diante da realidade que se pintava relacionada s mudan as vinculadas s inova es tecnol gicas ocorreu por ocasi o do Semin rio de Bras lia Nele reuniram se em 1994 in meros intelectuais antes da posse do ent o rec m eleito Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso Manuel Castells principalmente motivou o seguinte coment rio do rec m eleito Presidente da Rep blica N s j vivemos numa outra sociedade o mundo mudou profundamente Esta mudan a j tem como enfatizou tantas vezes Manuel Castells aspecto
294. t Acesso em 22 abr 2005 Decreto n 3 872 de 18 de julho de 2001 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF 19 jul 2001 200lc Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil 03 decreto 2001 D3872 htm gt Acesso em 29 jul 2005 Medida Provis ria n 2 200 1 de 27 de julho de 2001 Institui a Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira ICP Brasil e d outras provid ncias 2001d Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil 03 MPV 2200 1 htm gt Acesso em 14 dez 2005 Medida Provis ria n 2 200 2 de 24 de agosto de 2001 Institui a Infra Estrutura de Chaves P blicas Brasileira ICP Brasil e d outras provid ncias 2001e Dispon vel em lt http www planalto gov br cc vil 03 MPV Antigas 2001 2200 2 htm gt Acesso em 18 nov 2005 Decreto n 3 996 de 31 de outubro de 2001 2001f Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil decreto 2001 D3996 htm gt Acesso em 22 abr 2005 Decreto de 4 de dezembro de 2001 Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Bras lia DF 5 dez 2001 Se o 1 p 4 5 2001g Decreto de 15 de mar o de 2002 20024 Dispon vel em lt http www governoeletronico gov br governoeletronico publicacao down anexo wsp tm p arquivo E15 223decreto 1532002 inclui representante corregedoria no cege pdf gt Acesso em 27 jul 2006 Decreto de 21 de junho de 2002 Di rio Oficial da Rep blica Federativa
295. t gov br Temas Socinfo Livro_Verde gt Acesso em 15 jan 2005 THIRD GLOBAL FORUM Fostering democracy and development through e government findings and recommendations N poles 15 17 de mar o de 2001 Dispon vel em lt http www sdnp org gy sdnp TGF Communiqueversion5definitival html gt Acesso em 27 jul 2006 TITTEL Ed JAMES Stephen N HTML 4 Rio de Janeiro Campus 1998 TOVALDS Linus O que faz o cora o de um hacker bater mais r pido tamb m conhecido como Lei de Linus In HIMANEN Pekka A tica dos hackers e o esp rito da era da informa o a import ncia dos exploradores da era digital Rio de Janeiro Campus 2001 156 TURKLE Sherry Life on the screen identity in the age of the Internet New York Touchstone Simon amp Schuster 1997 UNI O EUROP IA Directive 1999 93 EC of the European Parliament and of the Council of 13 December 1999 on a Community framework for electronic signatures 2000 Dispon vel em lt http europa eu int eur lex lex LexUriServ LexUriServ do uri CELEX 31999L0093 EN HTML gt Acesso em 6 jun 2006 VASCONCELLOS Augusto Computadores eletr nicos digitais 5 ed Rio de Janeiro Livros T cnicos e Cient ficos Editora LTD Datamec 1974 VELOSO Caetano NASCIMENTO Milton A terceira margem do rio Int rprete Caetano Veloso In VELOSO Caetano Circulad Rio de Janeiro Polygram p1991 1 CD Faixa 9 VIDIGAL Geraldo Fac Validade amp seguran a jur
296. tado eles ao inv s de pegarem uma carona no nosso avan o tecnol gico decretaram que todos n s dever amos estar atrelados ao atraso deles Um absurdo uma aberra o uma monstruosidade Eu acho mesmo que isso cabia um processo por crime de responsabilidade pelo mal que eles causaram foi uma irresponsabilidade das maiores foi uma grande irresponsabilidade a Raiz Brasil n o a ICP Brasil A ICP Brasil uma aspira o natural Agora criar uma Raiz tecnol gica sabendo de antem o que voc vai ter que decretar sete oito anos de atraso na ocupa o que essa tecnologia vai fazer no mercado como um todo com todas as perdas com todos os preju zos de custos que isso vai trazer por esse atraso E o maior deles o de talvez ter condenado a tecnologia a nunca mais se propagar daquela forma Entrevista X Na perspectiva dos representantes da ind stria de tecnologia da informa o surgiram inova es em tecnologias da informa o que a sociedade come ou a utilizar alterando se ent o pr ticas sociais O uso crescente dessas tecnologias causou inseguran a no Estado e na sociedade Assim disse o entrevistado A principal raz o eu acho que de natureza que n o expl cito na proposta o governo nunca disse por que ia criar a ICP explicitamente A minha leitura a raz o tem a ver com pol ticas e diretrizes de seguran a nacional e o medo que o governo tem do uso indevido de tecnologias criptogr ficas po
297. tamb m houve controv rsias entre engenheiros e advogados Antes de tudo considerando se o contexto do processo relacionado seguran a e que a ICP Brasil visava proporcionar garantias para a exist ncia do Estado na linha da Raz o de Estado pode se concluir que os advogados tenderam a optar pela tradi o como garantia da manuten o da estrutura de domina o j estabelecida Nesse sentido pode se dizer que em uma ou outra ocasi o os profissionais do Direito lutaram por causas que eram mais aderentes ao status quo do que os pr prios engenheiros historicamente ligados seguran a Moles 1996 p 60 61 Assim pode se argumentar que o sentido da a o desses profissionais configurou se coerente com o que Weber identificou como a import ncia do habitual para a constitui o do direito 1998 p 215 Outra abordagem quanto quest o da perman ncia da tradi o na ICP Brasil adv m da configura o da rela o entre conhecimento e risco No bloco da situa o um novo conhecimento mostrou riscos j existentes e riscos em que se incorreria seguindo se diferentes alternativas Na oposi o a academia se destacou pelo destaque que deu ao bin mio conhecimento e risco Fundamentaram sua argumenta o e a o na ICP Brasil sobre essa rela o quando se encontravam eles pr prios num dilema sobre o conhecimento que detinham sobre seguran a O dilema b sico consistia em que construir conhecimento sobre se
298. tar que os pa ses cujos perfis divirjam dos padr es aceitos pela maioria adquiram poder adicional em armas de destrui o maci a vindo a amea ar os valores que a comunidade internacional deseja preservar e fortalecer A participa o parece cada vez mais ser a chave tanto da prote o das conquistas cient fico tecnol gicas j obtidas no Brasil quanto do reconhecimento de que o pa s suficientemente confi vel para usufruir das tecnologias que possam ser transferidas do exterior 1994 p 279 280 grifo nosso O processo de forma o do Estado eletr nico e Estado configurou a coloca o do Estado na Internet e utiliza o da Internet pelo Estado no caso da ICP Brasil O conceito de Estado eletr nico e Estado in dito na literatura Como inicialmente se constatou que a ICP Brasil merecia destaque no arcabou o jur dico do governo eletr nico atrav s de um Conselho de Governo chamado Comit Executivo do Governo Eletr nico a pesquisa partiu desta id ia Entretanto chegou se conclus o que se tratava de uma quest o eminentemente de Estado e que havia a necessidade portanto de um conceito que lhe alcan asse De outro modo a no o de governo eletr nico n o compreendia todo o trabalho que vinha sendo desenvolvido sob esse r tulo como acabou por demonstrar o estudo de caso da ICP Brasil O conceito de Estado eletr nico surgiu para descrever essa nova realidade do Estado ao se deparar com a
299. terpretou o posicionamento do conjunto de atores em rela o ICP Brasil ao longo do tempo Al m do mais como lembram Latour amp Woolgar 1997 p 20 diferentes dimens es sociais encontram se misturadas na a o dos atores Considerando se tais ressalvas quando se escreveu institui o da ICP Brasil refere se ao momento espec fico em que ela foi criada pela Medida Provis ria 2 200 A constru o indica o processo exclusivo por modelagem da ICP Brasil anterior ao momento de sua institui o A forma o da ICP Brasil pretende dar a dimens o dos in meros processos anteriores relacionados a esta Infra Estrutura sendo por m que os atores ao longo de muitos desses processos n o relacionavam com o que viria a se tornar no futuro a ICP Brasil O conceito de forma o inclui o de constru o O conceito de implanta o refere se ao processo ap s a institui o da ICP Brasil Esta pesquisa procurou centrar an lises at a primeira sa da de t cnicos quando alguns dos participantes do primeiro grupo nomeado para a Comiss o T cnica Executiva Cotec deixaram a ICP Brasil Portanto para efeito da presente pesquisa a implanta o vai at esse momento Finalmente a id ia de surgimento envolve a constru o institui o e implanta o 1 1 1 Localizando a ICP Brasil A constru o da ICP Brasil ocorreu em grande medida na Casa Civil da Presid ncia da Rep blica A Infra Estrutura foi institu da pelo Presi
300. tica exterior transcendeu a diplomacia oficial do Estado em tese praticada pelo Minist rio das Rela es Exteriores e programas formais de coopera o internacional T cnicos da burocracia e pol ticos do Executivo realizaram o trabalho pol tico nas rela es exteriores Finalmente o surgimento da ICP Brasil relacionou se fortemente pol tica internacional e ao entrela amento entre os Estados A partir disso pode se sugerir que vigora numa vis o de longo prazo um processo ligado forma o de Estados supranacionais ou finalmente de um nico Estado supranacional Buscando analisar processos de integra o no longo prazo Elias observou tal tend ncia Conforme mencionado anteriormente para al m das tens es entre os continentes e j em parte despontando nelas come am a emergir as tens es da fase seguinte Podemos ver os primeiros lineamentos de um sistema mundial de tens es composto de alian as e unidades supranacionais de v rios tipos o prel dio de 135 lutas que abracem todo o globo e que s o as precondi es para um monop lio mundial de forca f sica para uma nica institui o pol tica central e assim para a pacifica o da Terra 1993 p 272 273 grifo nosso Ainda a prote o do espa o territorial dissociada do ciberespa o e das inova es em tecnologias da informa o perdia cada vez mais o sentido do ponto de vista da seguran a entre as na es e Estados De algum modo o processo de er
301. ticas se configuraram nas oposi es pol tico do Congresso Nacional aliou se com representa o da ind stria de tecnologia da informa o Deputado Julio Semeghini com a Brisa pol tico do Congresso Nacional com CertiSign Deputado Julio Semeghini com o S cio Fundador dessa empresa pol tico do Congresso Nacional com a OAB o S cio Fundador da CertiSign com representantes da ind stria de tecnologia da informa o da Brisa membros da academia com representantes da OAB 113 Enquanto a situa o agiu como uma unidade coesa na luta pela ICP Brasil nas fragmentadas oposi es atores que n o se aliaram opuseram se v rias vezes uns aos outros representante da OAB e membros da academia lutaram contra as empresas do mercado de certifica o digital o S cio Fundador da CertiSign se op s a congressistas que n o atacaram a ICP Brasil Do outro lado tirante a coes o geral do bloco da situa o em sua luta externa houve tamb m certa oposi o interna a cada grupo e entre cada subgrupo pol ticos burocracia e bancos A configura o entre os atores da ICP Brasil leva id ia de mecanismo r gio 1993 p 150 relacionada ao poder do governante sobre o qual escreveu Elias sua for a depende por um lado da preserva o de um certo equil brio entre os diferentes grupos e de um certo grau de coopera o e coes o entre os diferentes interesses da sociedade mas tamb m por outro lado da persist ncia entre
302. tml gt Acesso em 20 maio 2006 IPSOS WORLDWIDE SOCIAL amp OPINION RESEARCH Penetra o e uso da Internet no Brasil Rog rio Santanna dos Santos SLTI e Clifford Young Instituto Ipsos In SEMIN RIO IBERO AMERICANO CONSTRUINDO UMA REFER NCIA DE INDICADORES E M TRICAS DE GOVERNO ELETR NICO 1 2005a Bras lia Anais Bras lia ENAP 13 14 dez 2005 Mimeografado Penetra o e uso da Internet no Brasil Rog rio Santanna dos Santos SLTT e Clifford Young Instituto Ipsos In SEMIN RIO IBERO AMERICANO CONSTRUINDO UMA REFER NCIA DE INDICADORES E M TRICAS DE GOVERNO ELETR NICO 1 2005b Bras lia Anais Bras lia ENAP 13 14 dez 2005 Dispon vel em lt http www enap gov br index php option com docman amp task docclick amp Itemid 240 amp b id 191 8 amp limitstart O amp limit 9 gt Acesso em 31 jan 2006 KEINERT Laura Coreldraw 6 for Windows 95 curso b sico e r pido Rio de Janeiro Axcel Books do Brasil KUHN Thomas A estrutura das revolu es cient ficas 9 ed S o Paulo Perspectiva 2005 LAFER Celso A identidade internacional do Brasil e a pol tica externa brasileira passado presente e futuro S o Paulo Perspectiva 2001 LATOUR Bruno Jamais fomos modernos ensaio de antropologia sim trica Rio de Janeiro Ed 34 1994 As representa es da ci ncia uma coer ncia improv vel In WITKOWSKI Nicolas coord Ci ncia e tecnologia hoje S o Paulo Editora Ensaio 1995
303. to do futuro Assim disse o entrevistado Tinha que seguir o caminho da Medida Provis ria foi o nico jeito Ainda assim demorou muito Acho que se tiv ssemos tido seis meses mais quatro meses mais n s ter amos conseguido deslanchar o processo efetivamente ainda no governo anterior Porque demorou muito entre o novo governo chegar e haver algu m para olhar para o assunto Porque chega com id ias novas quer construir uma coisa que n o existe At saber que j tenho ali pelo menos vamos usar o mesmo projeto Termina n o andando Entrevista X Outras caracter sticas do ator foram o pragmatismo o respeito hierarquia de poder e a permanente busca pela legitima o do processo Todas as caracter sticas apontadas 40 tinham um objetivo pr tico e imediato a tenaz defesa dos interesses dos bancos Isso se traduzia em minimiza o dos custos necess rios para se construir a ICP Brasil resultando na melhor rela o custo benef cio para eles Assim disse o representante dos bancos vamos constituir esta id ia vamos constituir esse projeto gastando o m nimo poss vel mas o m nimo que seria necess rio A id ia da certifica o atrav s de uma arquitetura hier rquica como foi criada foi pensada era no sentido de ter o menor custo Pa s poss vel Entrevista X 2 3 Precondi es e condi es pol ticas No contexto da forma o e implanta o da ICP Brasil pode se definir pol tica como lutas
304. tores da ICP Brasil representavam por es das elites brasileiras Portanto introduzir no Estado algo considerado novo tal como a certifica o digital e a Infra Estrutura de Chaves P blicas trouxe consigo in meros elementos de tradi o Isso se relacionou com outra observa o feita do caso os pol ticos do Executivo agiram visando aumentar o controle sobre a burocracia ao mesmo tempo em que fortaleciam a domina o burocr tica A essa situa o social estrutural e estruturante dos pol ticos diante da burocracia se chamou de mudan a que n o muda No plano te rico Elias proporciona as interpreta es mais pr ximas ao tratar do mecanismo r gio 1993 p 150 e da forma o do Estado moderno O primeiro configura a situa o em que o poder se concentrou t o vigorosamente no governante que os grupos sociais tendiam a se equilibrar em harmonia n o ocorrendo mudan as bruscas no equil brio geral da sociedade 1993 p 150 No processo formativo do Estado percorridas e analisadas talvez mais de 1000 anos de hist ria europ ia 1993 p 98 p 129 transforma es muito lentas e graduais foram ocorrendo at culminarem primeiro no monop lio privado da for a e em seguida no monop lio p blico quando foram se configurando os Estados modernos 1993 p 102 103 p 98 Finalmente particularizando a pergunta Como o novo entra no mundo Bhabha 1998 p 292 o caso da ICP Brasil mostrou que entra com consi
305. ue abrangem v rias comunidades de l ngua 1998 p 275 grifo do autor A preocupa o com a l ngua portuguesa ocupou um lugar hierarquicamente menos importante do que com a seguran a para os atores que constru ram e implantaram a ICP Brasil Como implica o disso constatou se que a seguran a podia ser obtida por interm dio de outras l nguas que n o exclusivamente a portuguesa A partir dessa constata o o uso do ingl s se configurou como uma precondi o para o surgimento da ICP Brasil Em outras palavras o portugu s n o obteve o monop lio ling stico quando a quest o colocada foi a seguran a e a defesa do Estado na l gica da Raz o de Estado que se relaciona exist ncia de outros Estados com outras l nguas A forma o da ICP Brasil pode ser resumida como um modelo Houve um processo de complexifica o dos sistemas estatais e o aparecimento de inova es em tecnologias da informa o especialmente a Internet a certifica o digital e a criptografia assim trica que ajudaram a complexificar ainda mais aqueles sistemas Estado e sociedade foram apropriando se dessas tecnologias O mercado brasileiro de certifica o digital come ou a crescer por meio de uma empresa privada nacional CertiSign associada a uma norte americana VeriSign Pela associa o empreendida configurou se a l gica apontada por Nunes No caso brasileiro a presen a das empresas de capital estrangeiro foi um dos fatores qu
306. umentos em forma eletr nica produzidos com a utiliza o de processo de certifica o disponibilizado pela ICP Brasil presumem se verdadeiros em rela o aos signat rios E do par grafo nico do Artigo 6 O par de chaves criptogr ficas ser gerado sempre pelo pr prio titular e sua chave privada de assinatura ser de seu exclusivo controle uso e conhecimento Brasil 2001 grifo nosso Na fala de dois advogados da SAJ que em grande medida escreveram a Medida Provis ria a inten o era a responsabiliza o do titular Com isso por exemplo um correntista de banco deve provar que houve um mau uso de seu certificado Por outro lado o banco n o precisa provar que se usou um certificado fraudado numa opera o fraudulenta Assim disse o Diretor Geral da Febraban 35 A ICP Brasil quando saiu por Medida Provis ria tinha por objetivo o nosso lado o lado da iniciativa privada era permitir que o contrato eletr nico tivesse validade jur dica e o maior ator era o setor banc rio Ent o o que a gente queria era encontrar um instrumento legal que na Justi a n o nos trouxesse problemas Documentos assinados a dist ncia n o precisam estar frente a frente s perante uma tecnologia Entrevista X O sentido que se depreende da luta do representante dos bancos no processo de surgimento da ICP Brasil foi por um capitalismo tutelado pelo Estado sendo favor vel aos bancos Nesse modelo o lucro do
307. ura gua da palavra gua de rosa dura Proa da palavra Duro sil ncio nosso pai Margem da palavra Entre as escuras duas Margens da palavra Clareira luz madura Rosa da palavra Puro sil ncio nosso pai Meio a meio o rio ri Por entre as rvores da vida O rio riu ri Por sob a risca da canoa O rio viu vi O que ningu m jamais olvida Ouvi ouvi ouvi A voz das guas Asa da palavra Asa parada agora Casa da palavra Onde o sil ncio mora Brasa da palavra A hora clara nosso pai Hora da palavra Quando n o se diz nada Fora da palavra Quando mais dentro aflora Tora da palavra Rio pau enorme nosso pai Agradecimentos HI querida Profa Fernanda Ant nia da Fonseca Sobral pelo brilhantismo com que iluminou esta pesquisa Ao Prof Brasilmar Ferreira Nunes por ter me recebido de bra os abertos no campo da Sociologia Profa Tamara Benakouche pelo incentivo que recebi Tatiana de Pino Albuquerque Maranh o por todo amor da mulher de minha vida minha querida m e Eluza Cavalcanti Barra por todo amor com todo amor A meus queridos irm os Cl udio Cavalcanti Barra e Tatiana Cavalcanti Barra A Edna Cavalcante Muniz Euler Pinheiro Cavalcante H rcules Pinheiro Cavalcanti in memoriam Espedita Pinheiro Cavalcanti in memoriam Waldemar Barbosa Pinheiro in memoriam Roberto Baldocchi Cavalcanti Renato Passos Muniz e Renata Cavalcanti Muniz Alba D a Barra de Andrade Orlando Macedo de Andrade
308. utivo na esfera federal O governo eletr nico resulta de pol ticas p blicas dirigidas historicamente pelo Poder Executivo n o abrangendo os Poderes Legislativo e Judici rio al m do Minist rio P blico nem as esferas municipal e estadual 1 2 Por que pesquisar a ICP Brasil Obscura e desconhecida para absolutamente a maior parte dos brasileiros quais as raz es do interesse em se pesquisar a ICP Brasil A escolha da ICP Brasil como objeto de pesquisa se deu a partir de uma resposta negativa a uma proposta inicial de 1 Comp em o Poder Executivo em sua esfera federal a Presid ncia da Rep blica conselhos Minist rios ag ncias bancos empresas institui es de ensino embaixadas consulados delega es miss es e escrit rios Secretaria Geral da Presid ncia da Rep blica 2006b funda es e institutos comiss es departamentos fundos hospitais secretarias e superintend ncias id 2006c pesquisa No primeiro momento se prop s uma etnografia do Fale com o Governo servi o prestado pela Secretaria de Comunica o Institucional da Secretaria Geral da Presid ncia da Rep blica Secom e dispon vel atrav s do endere o na Internet lt http www brasil gov br gt O Fale com o Governo consiste num n cleo de atendimento de e mails do governo eletr nico brasileiro que recebe mensagens enviadas para o endere o governo mbrasil gov br e os responde Entretanto membros do gov
309. v 2006 CORTOPASSI Mario G Carta 19 nov 2001 Genebra para GIANNI Silvano Bras lia 1f Presidente da International Organization for Standardization ISO informa ao Coordenador do Comit Gestor da ICP Brasil que ela se ad qua s normas internacionais da entidade COSTA Marcos da MARCACINI Augusto Tavares Rosa O apag o do com rcio eletr nico no Brasil Jun 2001 Dispon vel em lt http www marcosdacosta adv br documento asp ID Documento 16 gt Acesso em 18 jan 2006 COSTA Marcos da MARCACINI Augusto Tavares Rosa Direito em bits S o Paulo Fiuza Editores 2004 DANTAS Vera Guerrilha tecnol gica a verdadeira hist ria da pol tica nacional de inform tica Rio de Janeiro Livros T cnicos e Cient ficos 1988 Dispon vel em lt http www mci org br biblioteca guerrilha tecnologica pdf gt Acesso em 28 maio 2006 DEZALAY Yves GARTH Bryant Dolariza o do conhecimento t cnico profissional e do Estado processos transnacionais e quest es de legitima o na transforma o do Estado Revista Brasileira de Ci ncias Sociais S o Paulo v 15 n 43 p 163 176 jun set 2000 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php pid S0102 69092000000200009 amp script sci arttext gt Acesso em 17 jun 2006 DURKHEIM Emile A divis o do trabalho social Vol 1 Lisboa Editorial Presen a 1977 ELIAS Norbert O processo civilizador Vol 2 Forma o do Estado e Civiliza o Rio de Jane
310. viat por m n o apenas assumiria o papel de representante da sociedade na integra o mundial e organizaria suas administra es Assim escreveu Rosanvallon 1 Em uma Europa cada vez mais atravessada por tens es entre grupos regi es etc a primeira raz o de ser do Estado assegurar a paz civil e coexist ncia pacifica das diferen as reencontra uma nova atualidade O Estado retornar a Hobbes e a seu programa fundador 2 Entramos na Europa em uma zona de grandes incertezas pol ticas e econ micas Neste contexto as na es as empresas os grupos sociais t m necessidade de ver os seus interesses defendidos Os Estados reencontrar o um novo vigor assumindo um papel de grandes advogados e de super representantes das sociedades civis no turbilh o mundial Uma demanda do 7Estado vai se colocar neste n vel em um per odo onde as negocia es de toda ordem v o se multiplicar 3 as formas administrativas pesar o amanh sobre a localiza o dos investimentos Esquecer se do Estado gestor da economia para se reencontrar o Estado pol tico cl ssico passaremos de Keynes a Hobbes O Leviat est de volta 1991 p 16 17 grifo nosso A institui o da ICP Brasil desvelou a forma o de um Estado eletr nico supranacional ou de um Estado eletr nico nacional A institui o da ICP Brasil engendrou duas dire es diretamente inter relacionadas a forma o de um Estado eletr nico nacional
311. vinte projetos e experimentos Arterton 1987 p 26 mas centrou an lises em treze dos casos ibid p 53 participa o que os iniciadores do projeto tinham em mente Arterton 1987 p 26 tradu o nossa grifo nosso De uma maneira particular a presente pesquisa tamb m relaciona tecnologia e pol tica Portanto o estudo sobre teledemocracia citado representou mais uma justificativa por m essa com base emp rica para finalmente a defini o pela abordagem centrada na institui o da ICP Brasil entrevistando se o primeiro grupo participante ap s esse momento 1 3 Considera es Metodol gicas O m todo empregado em uma pesquisa relaciona se diretamente a seu objeto e s condi es existentes para a pesquisa desse objeto no sentido indicado por Becker toda pesquisa tem o prop sito de resolver um problema espec fico que em aspectos importantes n o parecido com nenhum outro problema e deve faz lo dentro de um ambiente espec fico diferente de todos os que existiram antes 1997 p 12 13 grifo nosso Para a descri o do m todo empregado na presente pesquisa conv m dividi la em duas fases pesquisas pr vias que subsidiaram em maior ou menor teor a elabora o do projeto de pesquisa e as pesquisas do objeto realizadas ap s a qualifica o a que o projeto Barra 2005b foi exposto com os coment rios da banca As pesquisas pr vias podem ser classificadas como aquelas exclusivame
312. xecutivo O representante da OAB compreendeu que a ICP Brasil se situava nos campos da pol tica e da seguran a de Estado Entretanto n o se tratava de qualquer tipo de seguran a mas uma seguran a sui generis era de fato t pico do comportamento segundo a Raz o de Estado Demonstrava a especificidade do processo pela exist ncia de representa o da sociedade civil nomeada pessoalmente pelo pr prio Presidente da Rep blica ao inv s de se delegar a escolha pr pria entidade representativa A luta que empreendeu o representante da OAB relacionou se a um projeto da entidade de ter uma certificadora digital e diferen a de concep o sobre seguran a na Internet Esse representante preferia que se desse menos nfase seguran a f sica e mais seguran a do processo com menores custos Assim disse o entrevistado havia solu es tecnol gicas muito mais baratas sistemas abertos testados no 78 mundo inteiro e que poderiam ter sido utilizados N s criamos uma ICP uma ICP OAB E at para demonstrar que uma ICP muito simples ela complexa na sua concep o Nos preocupamos por demais com a seguran a do processo E no mbito da tecnologia usamos sistema aberto Qualquer usu rio pode entrar na loja e auditar isso a A Ordem est aberta para qualquer auditagem diferentemente da ICP Brasil Entrevista X Do discurso do representante da OAB se depreendeu o Estado Instituidor do Soci
313. xerc cio de simetria Bloor 1978 apud Latour amp Woolgar 1997 p 23 invertam se os sinais e veja se a pr xis de 125 situa o e das oposi es o que de autorit rio houve na a o daqueles que tenderam a apontar a situa o como Raz o de Estado democr tico Destacam se a aus ncia de um debate aberto e mais amplo com a sociedade sobre o processo de transforma o da ICP Gov em ICP Brasil e a nomea o de representantes da sociedade civil que n o representavam a maior parte dos interesses E o que de democr tico houve na a o dos que tenderam a argumentar pela exist ncia da Raz o de Estado O protesto quase imediato ICP Brasil atrav s da imprensa e da Internet a configura o de alian as entre grupos sociais e a participa o em debates p blicos sobre a quest o comp em caracter sticas de democracia Portanto a pr pria pr xis da situa o e das oposi es mostraram que o discurso de seus opostos sim tricos n o era totalmente infundado Pelo caso da ICP Brasil pode se interpretar que esteve em curso um processo de democratiza o do Estado e da sociedade brasileira mas que permaneciam caracter sticas do controle do Estado sobre a sociedade Nesse sentido houve um reclamo favor vel a uma democracia com mais participa o social Por m esse n o constitui o ponto verdadeiramente importante aqui n o essa conclus o que responde qual Raz o de Estado estava em jogo no caso da ICP Brasil A

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