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PARENTALIDADE SOCIAL, FRATRIAS E RELAÇÕES

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1. Segalen 1999 207 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 46 Cristina Lobo incerteza os fragilize a ambos remetendo todo o poder para a m e A mulher sem pre desempenhou um papel maternal em seu nome e em nome do casal ao passo que o homem tem mais dificuldade em dissociar aidentidade paternal da conjugal o que pode justificar o facto de os homens perderem muitas vezes o contacto com os seus filhos biol gicos ap s um div rcio ou separa o e reconstitu rem uma vida familiar com outras crian as Cutsem 2004 Mesmo assim certo que o pai apesar de nem sempre ser uma evid ncia n o se escolhe Ele existe simplesmente o seu lugar e o seu papel raramente s o postos em causa at mesmo quando acusado de destitui o paternal Ao con tr rio o padrasto n o um parente das crian as mas invade lhes o quotidiano en tra lhes em casa muitas vezes sem pedir autoriza o ocupa um lugar privilegiado no quarto da m e e por tudo isso tem de provar com o tempo que capaz de ser qualquer coisa no meio entre parente e estranho ou um parente estra nho Beer 1988 um amigo um c mplice um outsider ntimo Papernow 1993 Equemsabe com algum tempo imagina o jeito e paci ncia um segundo pai ou um quase pai Tudo indica que o papel de padrasto sendo um papel de compo si o se constr i com vontade e no tempo e cuja legitimidade se conquista conti nuamen
2. Journal of Marriage and the Family 59 pp 375 388 Ihinger Tallman Marilyn e Kay Pasley 1987 Remarriage Newbury Park CA Sage Publications Inc Johnson Colleen Leahy 1988 Ex Familia Grandparents Parents and Children Adjust to Divorce New Brunswick Rutgers University Press Kiernan Katherine E 1992 The impact of family disruption in childhood on transitions made in young adult life Population Studies 46 pp 213 234 Kurdek Lawrence A e Mark Fine 1991 Cognitive correlates of satisfaction for mothers and stepfathers in stepfather families Journal of Marriage and the Family 53 pp 565 572 Le Gall Didier 1992 Par tres d Aujourd hui Formes du Role Beau Parental dans les Familles H riti res d une Union Ant rieure avec Enfant s Genebra policopiado Le Gall Didier 1996 Les nouvelles parent s em Francois de Singly e outros orgs La Famille en Question tat de la Recherche Paris Syros pp 139 144 Le Gall Didier e Claude Martin 1991 Composer avec le Logement Recompostion Familiale et Usage de l Espace Domestique Centre de Recherche sur le Travail Social Universit de Caen policopiado Le Gall Didier e Claude Martin 1995 Construire un nouveau lien familial beaux parents et beaux grands parents em Marianne Gullestad e Martine Segalen La Famille en Europe Parent et Perpetuation Familiale Paris ditions La D couverte pp 201 219 Lobo Cristina 1994 Processos
3. m maior influ ncia nas decis es familiares Por outro lado nas fam lias em que os padrastos consi deram que os seus enteados possuem mais poder do que eles estes adolescentes passam mais tempo com os seus pais biol gicos Isto quando os jovens possu em fontes alternativas de financiamento aceitam menos a posi o de poder da m e e do padrasto Naopini o do soci logo Frank Furstenberg Jr os efeitos psicol gicos do re casamento nas criancas tornam se mais dif ceis de avaliar Apesar do aumento de pesquisas emp ricas sobre a vida das criancas e dos jovens nas fam lias recompos tas isso n o significa de modo algum consenso nos resultados quanto s conse qu ncias dos v rios momentos de transic o nos membros mais novos destas confi gura es familiares Verifica se nomeadamente que estes trabalhos sobre os 23 Para um maior desenvolvimento acerca desta rela o de poder entre padrastos e enteados ve ja se Giles Sims e Crosbie Burnett 1989 1065 1078 24 Ver as s nteses dos resultados das pesquisas emp ricas sobre os efeitos do recasamento nas cri an as em Ihinger Tallman e Pasley 1987 e Hetherington 1987 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 59 efeitos a longo prazo do recasamento nas crian as n o demonstram com muita evi d ncia se o recasamento dos pais aumenta o bem estar psicol g
4. pp 507 522 Meuders Klein Marie Th rese e Irene Th ry orgs 1993 Les Recompositions Familiales Aujourd hui Paris Nathan Morgan Leslie A 1991 After Marriage Ends Economic Consequences for Midlife Women Londres Sage Publications Papernow Patricia 1993 Becoming a Stepfamily Patterns of Development in Remarried Families S o Francisco Jossey Bass Publishers Pasley Kay e Cathy L Healow 1988 Adolescent self esteem a focus on children in stepfamilies em E Mavis Hetherington e Josephine D Arasteh Impact of Divorce Single Parenting and Stepparenting on Children Nova J rsia Lawrence Erlbaum Associates Publishers pp 263 277 Pasley Kay e Marilyn Ihinger Tallman 1987 Remarriage and Stepparenting Current Research and Theory Nova lorque Guilford Press Philips Susan 2005 Stepchildren Speak 10 Grow up Stepchildren Teach Us How to Build Healthy Stepfamilies Vanc ver AYWN Publications Pong S L 1997 Family structure school context and eighth grade math and reading archievement Journal of Marriage and the Family 59 pp 734 746 Ritala Koskinen Aino 1997 Stepfamilies from the child s perspective from stepfamily to close relationships em Irene Levin e Marvin B Sussman orgs Stepfamilies History Research and Policy Nova Iorque The Haworth Inc pp 135 151 Santrock John W e Karen A Sitterle 1987 Parent child relationships in stepmother families em Kay Pasl
5. Attias Donfut e Segalen 2002 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 65 Os av s se est o muito presentes na vida dos seus netos podem significar um pilar de estrutura o das suas identidades e constituir uma fonte de estabili dade para os seus netos em qualquer momento da traject ria conjugal dos seus fi lhos Attias Donfut e Segalen 2002 284 Em muitos casos ap s uma separa o ou um div rcio em que as crian as ficam a viver com a m e as rela es com os av s paternos tendem a enfraquecer Cherlin e Furstenberg Jr 1986 a n o ser que o pai biol gico mantenha um contacto regular com os seus filhos De facto as av s mater nas tornam se mais activas ap s o div rcio das suas filhas o que faz sentido na me dida em que s o habitualmente as m es que ficam com as crian as Na verdade para os soci logos Andrew Cherlin e Frank Furstenberg Jr os la os intergeracio nais mant m se latentes enquanto a fam lia funciona bem e emergem como rela es fundamentais quando a fam lia come a a experimentar situa es de conflito por exemplo as av s maternas s o encaradas como os bombeiros volunt rios Cherlin e Furstenberg Jr 1986 No entanto grande parte das m es guardi s esfor a se por preservar os la os intergeracionais mantendo as rela es com os av s paternos tios e prim
6. Booth 1985 697 Importa tamb m referir que tanto neste como em outros estudos s o as raparigas que por volta dos 19 anos dei xam a casa em que vivem com a m e e o padrasto para casarem ou irem viver sozi nhas Kiernan 1992 Aquilino 1991 Mesmo assim outras an lises comparativas sobre a rela o entre a presen a exclusiva de enteados sem crian as comuns ao ca sal recasado e o conflito entre o casal apresentam algumas nuances Por exemplo Wiliam MacDonald e Alfred DeMaris 1995 ao analisarem comparativamente o conflito entre fam lias do primeiro segundo e terceiros casamentos e s com crian as biol gicas com crian as biol gicas e enteados e s enteados conclu ram o se guinte nos grupos dom sticos de casais recasados onde s vivem enteados o con flito est mais presente no seu quotidiano que nos grupos dom sticos do primeiro casamento de longa dura o no entanto o oposto verdadeiro para os casamentos de curta dura o Em suma as fam lias com enteados e crian as biol gicas vivem tanto em ambientes de conflito como as fam lias s com crian as biol gicas 1995 397 Ainda assim preciso n o esquecer que um n mero substancial de crian as consegue criar la os fortes com os seus padrastos ou madrastas Tamb m ver dade que esse estreitar de rela es muda segundo o g nero e a idade das crian as na altura do div rcio e do recasamento dos pais Em todo o caso algumas investi ga e
7. de Ci ncias Sociais SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 69 Cadolle Sylvie 2000 tre Parent treBeau Parent La Recomposition de la Famille Paris ditions Odile Jacob Cherlin Andrew J 1978 Remarriage as an incomplete institution American Journal of Sociology 84 pp 634 650 Cherlin Andrew J e Frank Furstenberg Jr 1986 The New American Grandparent Nova Iorque Basic Books Cherlin Andrew J e Frank Furstenberg Jr 1994 Stepfamilies in the United States a reconsideration Annual Review of Sociology 20 pp 359 381 Clingempeel W Glenn Eulalee Brand e Richard Ievoli 1984 Stepparent stepchild relationships in stepmother and stepfather families a multimethod study Family Relations 33 pp 465 473 Coleman Marilyn e Lawrence H Ganong 1990 Remarriage and stepfamily research in the 80s new interest in an old family form Journal of Marriage and the Family 52 pp 925 940 Coleman Marilyn Laurence Ganong e Mark Fine 2000 Reinvestigating remarriage another decade of progress Journal of Marriage and the Family 62 pp 1288 1307 Cutsem Chantal Van 2004 A Fam lia Recomposta Entre o Desafio e a Incerteza Lisboa Instituto Piaget Daly Kerry J 1995 Reshaping fatherhood findings the models em William Marsiglio org Fatherhood Contemporary Theor
8. de Recomposic o Familiar Estrat gias e Traject rias nas Fam lias Recompostas disserta o de mestrado em sociologia Lisboa ISCTE Lobo Cristina 2007 As Recomposi es Familiares Din micas de Um Processo de Transi o tese de doutoramento Lisboa ISCTE MacDonald William L e Alfred DeMaris 1995 Remarriage stepchildren and marital conflict challenges to the incomplete institutionalization hypothesis Journal of Marriage and the Family 57 pp 387 398 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 71 MacDonald William L e Alfred DeMaris 2002 Stepfather stepchild relationship quality the stepfather s demand for conformity and biological father s involvement Journal of Family Issues 23 1 pp 121 137 Marsiglio William 1995 Fatherhood Contemporary Theory Research and Social Policy Thousand Oaks Sage Publications Marsiglio Wiliam 2004 When stepfathers claim stepchildren a conceptual analysis Journal of Marriage and Family 66 pp 22 39 Martin Claude 1992 Transitions familiales Evolution du R seau Social et Familial Apr s la Disunion et Modes de Regulation Social Universit de Paris VIII Vincennes Saint Denis policopiado tese de doutoramento Mason Mary Ann e outros 2002 Stepparents de facto parents or legal strangers Journal of Family Issues 23 4
9. dos amigos dos seus padrastos Mais recente mente Margolin 1992 concluiu que os namorados das m es que s o de facto pa drastos se encontravam sobrerrepresentados no relat rio de Iowa sobre abusos a crian as Agora do outro lado menos negro para as fam lias recompostas por exemplo Gordon e Creighton 1988 chegaram aos seguintes resultados 37 das crian as abusadas sexualmente pelos pais biol gicos foram obrigadas a ter rela es sexuais com eles comparando com 21 das v timas de pais substitutos na morados e apenas 16 das v timas de padrastos Malkin e Lamb 1989 tamb m conclu ram no mesmo sentido os padrastos n o representavam maior perigo para os seus enteados do que os pais biol gicos quanto a abusos f sicos citados em Ga nong e Coleman 1994 86 87 Como vimos particularmente dif cil retirar conclus es cred veis acerca dos abusos f sicos e psicol gicos a que podem estar sujeitas as crian as das fam li as recompostas Na maior parte das vezes os padrastos e os namorados sucessi vos das m es s o confundidos numa mesma categoria outras vezes com os pa drastos aparecem os tios os primos os av s ou ent o s o remetidos para a cate goria residual outros e para aumentar a confus o os investigadores definem de maneiras diferentes o significado de crian a abusada Por fim a sobrerre presenta o dos padrastos como os potenciais abusadores dos seus enteados pode estar relacionada com
10. entre padrastos e enteados s o de as sinalar as duas l gicas identificadas nos processos de recomposic o familiar substituic o e perenidade Assim nos meios mais desfavorecidos imp e se a l gica da substitui o de vido ao facto de os div rcios serem bastante conflituosos e as rela es entre os ex c njuges n o se manterem para al m da separa o influenciando tamb m os contactos entre o pai biol gico e os filhos isto confundindo se o v nculo de pa rentalidade com o la o conjugal Nos casos mais extremos o pai desaparece dei xando o seu lugar vazio que de imediato ocupado pelo padrasto Em contrapon to os padrastos que regulam a constru o do seu papel pela l gica da perenidade papel de composi o tentam a todo o custo inventar um modelo in dito sem in vadir os pap is pr estabelecidos E para al m disso o espa o familiar estrutura do em forma de rede onde as crian as s o incentivadas a circular pelas v rias casas alargando assim a trama de relacionamentos familiares Le Gall 1992 Por outro lado e independentemente dos tipos de modelo de padrasto a vinda de uma nova crian a favorece a integra o dos padrastos no quotidiano Tudo se passa como se a parentalidade serem pais em conjunto tivesse um efeito directo sobre a rela o entre padrasto ou madrasta e enteado a s Le Gall e Martin 1995 209 E para al m disso esta crian a da recomposi o constitui um podero so fac
11. mesmo papel passam pelas interac es entre as crian as a m e e o pai biol gico E por essa raz o cada um destes actores pode entravar ou favorecer a forma como se institucionaliza este papel consoante o modelo de fam lia ao qual ele se 2 A rela o entre padrastos e enteados tem sido objecto de v rias pesquisas emp ricas realizadas ao longo das ltimas d cadas Clingempeel Brand e levoli 1984 Marsiglio 1995 Ganong e outros 1999 McDonald e DeMaris 2002 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 47 refere Le Gall e Martin 1991 65 Assim as rela es entre padrastos e enteados es t o muito dependentes da experi ncia de vida detodos os protagonistas da rede fa miliar e inscrevem se numa hist ria que os dois pais biol gicos em parte j es creveram Cadolle 2000 78 Apesar da not ria sobrerrepresenta o das fam lias de padrastos ou seja das fam lias estruturalmente compostas por uma m e que tem a guarda dos fi lhos pelo a s seus suas filho a s e por um padrasto que pode tamb m ser pai guardi o ou n o os cientistas sociais com particular destaque para os nor te americanos sempre descuraram a import ncia da constru o social de um mo delo de papel de padrasto que muitas vezes o substituto do pai das crian as da sua mulher Coleman e Ganong 1990 E no entanto a
12. nova crian a nas rela es entre padrastos e entea dos Ambert 1986 Santrock e Sitterle 1987 Ganong e Coleman 1988 Steward 27 semelhan a de Catherine Villeneuve Gokalp 1999 usamos a designa o quase irm os para identificar as crian as que n o s o filhos biol gicos dos dois elementos do casal recasado Por exemplo quando um homem com crian as de um casamento anterior recasa com uma mulher que tamb m tem filhos de uma rela o anterior as crian as tornam se quase irm os entre si SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 63 2002 2005 Ora o nascimento de um filho do casal recomposto n o s vem alterar de forma significativa toda a estrutura familiar como tanto os adultos como as cri an as passam a desempenhar novos pap is o padrasto passa a pai e as crian as passam a meios irm os ou meias irm s da mesma crian a Com este nascimento o la o biol gico que faltava entre alguns elementos da familia reposto mas tam b m pode ser o comeco de novos problemas ci mes rivalidades principalmente para as criancas do primeiro casamento que se v em confrontadas com o fim da an tiga familia Isto com o aparecimento do beb chega ao fim para as outras crian cas o sonho de reuni o dos dois pais biol gicos Cutsem 2004 Quando os cientistas sociais se debrucam sobre as rela es entre irm
13. o papel de pa drasto do parental na medida em que esta rela o entre padrastos e enteados n o fundada na ordem do nascimento mas na ordem do social A partir do mo mento em que o casamento nas sociedades ocidentais j n o constitui o garante do sistema da parentalidade ent o chegada a altura de repensar o significado do biol gico e reconstruir a representa o dos fundamentos complexos da parentali dade biol gica e social Th ry e Dhavernas 1993 Padrastos no quotidiano l gicas e ambiguidades na constru o social de um papel em aberto Ser padrasto implica construir e reconstruir no tempo um modo de ser e de estar que n o colida com os outros actores m e pais biol gicos e crian as cujos pa p is sempre estiveram socialmente definidos e inscritos numa hist ria familiar que j est em parte escrita uma evid ncia que n o existe um manual de instru es que oriente a constru o social do papel de padrasto mas tamb m n o existe para os pais biol gicos No entanto dada a aus ncia de qualquer tipo de inst ncia de legitima o das pr ticas de parentalidade social somos quase tentados a dizer que os padrastos por via dos div rcios n o t m exist ncia real nas sociedades ocidentais ou seja a sua figura s est prevista para os casos de morte do pai biol gico e ent o a sim o padrasto desempenha o verdadeiro papel de pai A insist ncia na fragiliza
14. o um conjunto de vari veis explicativas sobre os efeitos do nascimento de uma crian a meio irm o ou meia irm nas rela es familiares recompostas tais como a diferen a de idades o g nero a dura o do re casamento dos pais A exist ncia de quase irm os numa fam lia significa que ambos os adultos t m filhos de casamentos ou rela es anteriores e significa tamb m que pelo me nos em certas alturas tudo se passa a dobrar Se as crian as de um dos lados n o vi vem com o casal os filhos do padrasto podem viver com a m e ent o torna se ne cess rio desenvolver todos os esfor os para acomodar integrar essas crian as quando visitam o grupo dom stico Quando todas as crian as vivem na mesma casa isto quando temos rela es de irm os meios irm os e de quase irm os no quotidiano ent o as mudan as para organizar a vida familiar s o consider veis e s vezes tudo se complica bastante Geralmente na vida das fam lias recompostas a complexidade sin nimo de aumento de problemas e as rela es entre os qua se irm os nas fam lias mais complexas n o s o excep o Mesmo assim segundo Ganong e Coleman a presen a destes irm os constitui um problema maior para os pais do que para as crian as Ganong e Coleman 1993 137 No entanto para a soci loga Marilyn Ihinger Tallman numa fam lia em que os quase irm os tenham contactos frequentes partilhem experi ncias sejam mais ou menos da mesma idade do m
15. processo de recomposi o o pai biol gico e o novo companheiro da m e parentalidade biol gica vem somar se a parentalidade social Segalen 1999 209 O significado social da rela o entre padrastos e enteados adquiriu relev n cianos dias de hoje porque os pais biol gicos em m dia t m um contacto limitado com os seus filhos ap s uma separa o Seltzer e Blianchi 1988 Seltzer 1991 1994 Os la os entre o pai biol gico e as crian as fragilizam se quando o v nculo conjugal se quebra porventura devido ao significado do papel de paternidade Singly 2000 No entanto seja qual for a raz o esta fragilidade das rela es entre pais di vorciados e filhos n o deixa de ser verdadeiramente inquietante Na verdade a identidade do homem pai estrutura se muito mais pelo pro jecto profissional remetendo para segundo plano o projecto de parentalidade do que a identidade da mulher m e Da que os homens desenvolvam menos compe t ncia relacional e tenham pouca disponibilidade para as crian as quando vivem com a m e dos seus filhos claro que depois da separa o esses la os entre o paie as suas crian as se podem tornar ainda mais t nues Cadolle 2000 Talvez nem pais nem padrastos saibam exactamente o que a parentalidade e talvez essa 1 Em Fran a segundo Catherine Villeneuve Gokalp e Henri Leridon 54 dos filhos de casais separados nunca v em o pai ou s t m com este contactos espor dicos
16. todas as pesquisas desenhadas sob o modelo de Cherlin 4 Sobre a terminologia do parentesco ver Segalen 1999 e Cabral 1991 e 2003 5 Ap s um div rcio assiste se em grande parte dos casos a uma reconfigura o dos la os de pa rentesco ver Johnson 1988 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 49 t m provado que a aus ncia de normas institucionalizadas seja a causa de todos os males nestas familias MacDonald e DeMaris 1995 397 Bem pelo contr rio o fac to de essas normas n o existirem tamb m pode ser ben fico para a vida nas famili as recompostas na medida em que existe mais liberdade e maior flexibilidade para se pensar essas rela es Mesmo assim na maior parte dos casos muitos casais com enteados entram no recasamento com expectativas muito elevadas subestimando a complexidade destas configura es e rapidamente ficam desapontados Paper now 1993 Parece contudo que estamos a alcan ar um relativo consenso quando se diz que os padrastos ou madrastas s o na maior parte das vezes chamados pe los seus nomes pr prios Ora o chamar algu m pelo nome j sin nimo de proxi midade de reconhecimento m tuo cumplicidade de liberdade e por outro lado exclui a no o de qualquer tipo de hierarquia poder e autoridade Cutsem 2004 No fundo todos estes esfor os se traduzem na recusa de decalcar
17. COMPOSI ES FAMILIARES 67 Segalen 2002 283 Por outro lado a grande maioria das jovens m es n o s s o pro fissionalmente activas como muitas delas est o empenhadas nas suas carreiras e da serem das que mais beneficiam com a ajuda das suas m es Tal tend ncia reflecte a forte solidariedade intergeracional entre mulheres empenhadas na ajuda das no vas gera es de mulheres que pretendem avan ar nas suas carreiras profissionais Attias Donfut e Segalen 2002 285 Um dos factores importantes para as crian as das fam lias recompostas precisamente o alargamento da rede de familiares fam lia do recasamento Isto os parentes s o acrescentados ou mudam de lugar quando as crian as passam de uma fam lia para a seguinte certo que n o f cil perceber se as crian as benefici am mais ou menos com este alargamento da rede familiar No entanto uma coisa certa elas t m mais fam lia em quantidade Resta saber se ter o em qualidade afectiva Particularmente interessante o facto de o recasamento introduzir para al m de um padrasto ou de uma madrasta ou de ambos na actual configura o fa miliar outros elementos de ambiguidade av s nas rela es intergeracionais Que direitos e responsabilidades t m e esperam estes av s sociais assumir Sabe se que existem muitas maneiras de se ser av e que a liberdade de ac o grande na medida em que tamb m para o desempenho deste papel social n o exi
18. IONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 57 madrastas e ainda outras com os dois pais biol gicos Os autores pretendiam aferir das diferen as entre a natureza das rela es que estas crian as mantinham com os seus pais biol gicos padrastos e madrastas E conclu ram o seguinte os enteados ou as en teadas n o tinham tanta proximidade afectiva com os seus padrastos ou madrastas como tinham as criancas das familias nucleares para com os seus pais biol gicos para al m disso sentiam se mais rejeitados e discriminados pelos padrastos mas as coisas pioravam sobretudo quando se tratava das madrastas Ainda nos anos 60 mais precisamente em 1964 surge um outro trabalho tamb m comparativo entre as crian as e adolescentes das fam lias recompostas das monoparentais e das nucleares realizado por Lee G Burchinal Procurava identificar pontos discordantes entre as crian as quanto s rela es de sociabilida de na escola ao n mero de faltas ao n mero de amigos s atitudes perante a esco la os professores e as actividades escolares Quanto aos resultados n o foram identificadas diferen as significativas entre as atitudes das crian as pertencentes as v rias estruturas familiares citado em Pasley e Ihinger Tallman 1987 118 2 Para Pasley e Ihinger Tallman 1987 semelhan a da d cada anterior as 16 pesquisas realizadas por cientistas sociais nos anos 70 seguiram os mesmos proce dimentos te ricos e metodol gicos para
19. Lobo pois s o elas que gerem a coexist ncia entre parentalidade social e biol gica nestas fam lias e n o menos importante a rela o entre a experi ncia anterior recom posi o da parentalidade biol gica e o tipo de interac es entre padrastos e entea dos que com o tempo se v o reconfigurando e consolidando Crian as e jovens das familias recompostas passados atribulados presentes negociados futuros err ticos Ao passar em revista algumas das principais pesquisas tanto europeias como nor te americanas sobre as fam lias recompostas torna se evidente que as crian as constituem o elemento central destas configura es familiares A pr pria defini o de fam lia recomposta difundida pelos cientistas sociais inclui os adultos e as crian as de rela es anteriores Ali s sem crian as n o existem fam lias recompostas Elas circulam nos v rios grupos dom sticos ligando os entre sie alargando a cons tela o recomposta um pouco semelhan a da fam lia tradicional Se bem que o grupo dom stico recomposto corresponda quele em que a crian a vive com o pai ou com a m e que ficou com a sua guarda e o respectivo c njuge contudo h outro grupo dom stico aquele que a crianca visita mas que n o tem de ser forcosamente recomposto S o ser se l viverem criancas de casamentos anteriores Um outro factor que indicia essa relev ncia precisamente o caso de as tipo logias apresentadas sobre estas con
20. PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES Cristina Lobo As desuni es instauram uma pluralidade de traject rias tanto familiares como in dividuais que s o parte integrante de um processo mais vasto de sequ ncias e de transi es familiares que cada vez mais desembocam nas configura es familia res recompostas Neste sentido as fam lias recompostas s o fam lias de transi o O debate em torno da fileira te rica das intera es entre os v rios protago nistas das recomposi es familiares centrou se nos ltimos tempos na procura de respostas s seguintes quest es qual a natureza dos la os estabelecidos entre os membros destas configura es recompostas Poder o os padrastos em certos ca sos substituir o pai biol gico ausente Sen o o fizerem qual o seu lugar Que pa pel na educa o na socializa o e no sustento econ mico dos seus enteado a s podem ou devem representar os padrastos Qual a natureza do la o entre pa drastos e enteados Quem o verdadeiro pai da crian a O pai biol gico ou o pai social certo que a aus ncia de enquadramento jur dico para estas fam lias pode r levantar alguns problemas na sua organiza o no entanto mais importante do que isso s o talvez as quest es relacionadas com a divis o dos pap is N o se trata aqui da divis o cl ssica entre pai e m e mas entre os protagonistas masculinos en volvidos no
21. PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 68 Cristina Lobo Refer ncias bibliogr ficas Ahrons Constance R e Lynn Wallisch 1987 Parenting in binuclear family relationships between biological and stepparents em Kay Pasley e Marilyn Ihinger Tallman orgs Remarriage amp Stepparenting Current Research amp Theory Nova lorque Guilford Press pp 225 256 Ambert Anne Marie 1986 Being a stepparent live in and visiting stepchildren Journal of Marriage and the Family 48 pp 795 804 Ambert Anne Marie 1988 Relationships with former in laws after divorce a research note Journal of Marriage and Family 50 pp 679 686 Aquilino William S 1991 Predicting parent s experiences with co resident adult children Journal of Family Issues 12 pp 323 342 Attias Donfut Claudine e Martine Segalen 2002 The construction of grandparenthood Current Sociology 50 2 pp 281 294 Bawin Legros Bernadette e Anne Gauthier 1992 Les relations inter g n rationnelles grands parents dans la rupture et la continuit em Familles et Contextes Sociaux Les Espaces et les Temps de la Diversit Actes du Colloque de Lisbonne CIES ISCTE pp 247 259 Beer W 1988 Relative Stangers Studies of Stepfamily Processes Nova lorque Littlefield Adams amp Co Berger Roni 1998 Stepfamilies A Multi dimensional Perspective Nova lorque The Haworth Press Bernard Jessie 1971 1956 Remarriag
22. a es de sexo e de classe Le Gall 1992 Outro aspecto fundamental para compreender o papel do padrasto diz res peito ao tempo desde logo ao tempo passado na medida em que as fam lias re compostas s o herdeiras de um passado ou seja de uni es anteriores que con dicionam as rela es entre os v rios actores da recomposi o Por exemplo se o pai biol gico das crian as estiver muito presente nas suas vidas o padrasto v a sua ac o de educador relativamente limitada Por outro lado o sentido das rela es constr i se no tempo Segalen 1999 125 ou seja a legitimidade do papel de pa drasto a seguir a um div rcio ou separa o porque um papel mais adicional do que de substitui o Duberman 1975 51 conquista se continuamente 7 Sobre as ambiguidades do papel de padrasto ver tamb m Berger 1998 28 31 8 Para certos autores o modelo de acumula o significa que as crian as acumulam pais ou seja que o pai biol gico e o padrasto desempenham um papel importante nas suas vidas Em contra partida o modelo de substitui o sugere a aus ncia dos la os entre as crian as e o pai biol gico White e Gilbreth 2001 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 51 Se o processo de recomposi o familiar se instaura diferenciadamente con soante as condi es materiais de exist ncia da
23. a autoridade ainda representa a linha de clivagem entre o pai biol gico e o padrasto e quando o pai n o est presente a m e que assume essa fun o de autoridade Singly 2000 267 Com efeito independentemente da estrutura familiar a m e que toma as decis es relativas a cada um dos filhos porque de facto ela que conhece os gostos os hor rios as ocupa es de cada um dos filhos muito mais que o pai E para al m disso ela que est presente na maior parte do tempo e em todas as si tua es porque o tempo que as m es e os pais dedicam aos seus filhos real mente diferente Apesar do reconhecimento generalizado das diferen as entre os pap is do pai biol gico e do padrasto muito pouco se tem avan ado na reconceptualiza o deste ltimo papel Mason e outros 2002 No entanto cabe perguntar aqui t m 3 Se a literatura popular est repleta de hist rias sobre madrastas a situa o actual confere mais evid ncia presen a do padrasto porque estes s o estatisticamente dominantes nos EUA cer ca de quatro milh es de padrastos viviam entre 1987 e 1988 com enteados at aos 19 anos de idade Marsiglio 1995 211 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 48 Cristina Lobo os pais biol gicos um modelo de papel para seguir Como constroem a sua identi dade de pais Por oposi o ao modelo de refer ncia dos seus pais ou seguindo esse mesmo modelo Segundo os resultados d
24. a maior relut ncia em denunciar os pais biol gicos SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 62 Cristina Lobo como tendo abusado dos seus filhos Tudo se complica ainda mais se a fam lia de pende economicamente desse pai Ganong e Coleman 1994 As fratrias recompostas irm os meios irm os e quase irm os Nas fam lias recompostas consoante a hist ria passada de cada um dos elemen tos do casal assim varia o n mero de criancas existentes Na fratria recomposta partilham se v nculos de alian a e de consanguinidade conforme a filia o de cada crianca A exist ncia de criangas provenientes de casamentos anteriores au menta a complexidade da estrutura dos pap is e das rela es familiares nas confi gura es recompostas As fam lias recompostas s o fam lias de geometria vari vel isto o n mero de elementos no grupo dom stico varia quando por exem plo nos fins de semana ou nas f rias chegam os filhos biol gicos do padrasto Ora nesta altura em que todos os irm os est o juntos que se torna necess rio da parte dos adultos tempo dispon vel e tacto para conseguirem que se estabele am rela es de irm os ou seja de cumplicidade entre todas as crian as certo que quando existe pelo menos um jovem adolescente na casa ele est muito mais interessado em adquirir a sua autonomia e independ ncia do que participar acti vamente na constru o do grupo de c mplices Out
25. ac es ela que no seu triplo estatuto de ex mulher nova es posa ou companheira e m e das crian as est no centro de todas as redefini es e legitima es de pap is O autor refere se mesmo a essa rela o como o casal m e filho Trata se de um poder feminino e maternal que leva Ir ne Th ry a ques tionar ser este tipo de casal o cora o intoc vel sagrado sacralizado do sistema complexo de interac o das rela es conjugais e das rela es parentais no seio de uma fam lia recomposta idem 14 A soci loga Sylvie Cadolle privilegia a dimens o temporal no estudo das sucessivas transi es biogr ficas Num primeiro momento analisa em que medida 10 Para esta pesquisa Bl ss entrevistou 30 mulheres m es que recompuseram a sua vida familiar ap s uma ruptura conjugal SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 53 o peso do passado determina o papel o lugar e os sentimentos de cada um na fam lia recomposta Isto parte da hip tese de que mesmo antes da separac o dos pais a forma como se estruturam as rela es com as crian as na primeira fam lia j con diciona em parte n o s a organiza o p s div rcio bem como o lugar que poder tomar ou n o o padrasto na nova fam lia Em seguida a autora d a palavra aos jovens que na recomposi o familiar t m uma dupla ide
26. adquirirem outros familiares do que padrastos Furstenberg Jr 1988 258 Contudo nem sempre os resultados das pesquisas v o no mesmo sentido ou seja n o um dado adquirido que os av s sociais sejam uma fonte segura de apoio para os seus netos enteados Por exemplo segundo dados do National Sur vey of Children apenas 7 dos inquiridos recasados responderam que a gera o mais velha n o tinha tido qualquer dificuldade em aceitar os seus netos enteados Furstenberg Jr e Spanier 1984 Para os soci logos Andrew Cherlin e Frank Furs tenberg Jr quanto mais novas s o as crian as quando os pais recasam mais os av s sociais dizem sentir que os seus netos enteados s o como os seus netos biol gi cos 1994 368 Como vimos s o as av s paternas que mant m com mais frequ ncia os la os com as suas noras para n o perder o relacionamento com os seus netos Por outro lado s o tamb m estas av s que alargam com alguma facilidade as suas rela es afectivas s crian as do padrasto ou da madrasta dos seus netos isto aos seus netos enteados Johnson 1988 Todavia seo padrasto ou a madrasta viverem no grupo dom stico recomposto as rela es entre os seus pais av s sociais e as crian as netos enteados intensificam se Sabe se atrav s dos resultados de pesquisas Johnson 1988 180 que a ex pans o do sistema de parentesco devido ao div rcio e depois ao recasamento dos pais biol gicos tem re
27. amente com as crian as que vi vem com pais que s se casaram uma nica vez Fine e Kurdek 1992 Outro aspecto relacionado com o stresse tem a ver com o conflito Por um lado o conflito entre os pais divorciados e por outro o ambiente de conflito gene ralizado dentro do grupo dom stico em que vivem as crian as com o padrasto ou a madrasta Este clima de conflito permanente potencia segundo alguns autores a sa da precoce dos enteados de casa Kiernan 1992 e isso explica o facto de existir 26 o caso do projecto nacional de maior envergadura National Study of Families and House holds NSFH e de estudos comparativos como Avon Longitudinal Study of Parents and Children in the U K realizado tamb m na Am rica do Norte Europa sia Austr lia Israel e Nova Zel ndia Coleman Ganong e Fine 2000 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 61 uma taxa reduzida de jovens adultos nas fam lias recompostas Aquilino 1991 No entanto sublinhe se que nem todos os investigadores d o conta nas suas pes quisas de que o conflito esteja mais inscrito no quotidiano das fam lias recompos tas do que nas fam lias nucleares e tamb m nem todos identificam o conflito den tro e fora de casa como o respons vel pelos maus resultados escolares Hanson McLanahan e Thomson 1996 claro que as quest es econ mic
28. as ocupam um plano privilegiado nesta discuss o acerca dos problemas que enfrentam as crian as destas configura es fa miliares Segundo a hip tese da priva o econ mica as crian as que vivem com um padrasto ou uma madrasta e as que vivem apenas com um dos pais biol gicos est o em desvantagem no que toca a quest es econ micas a resid ncias degrada das a bairros perigosos e a escolas inadequadas do que as crian as que vivem com os dois pais biol gicos Pong 1997 Vale a pena referir ainda mesmo que de forma muito breve uma rea de discuss o relacionada com as crian as das fam lias recompostas e que se prende com os riscos de abuso sexual e de viol ncia psicol gica a que estas crian as e jo vens podem estar expostos Mas tamb m sobre este assunto os resultados s o con troversos e longe de poderem ser generalizados Giles Sims 1997 Na verdade segundo Ganong e Coleman 1994 em 1970 um n mero ra zoavel de investigadores tra ou um quadro negro sobre os abusos a crian as nas fa m lias recompostas come ando pelo levantamento conduzido por Gil 1970 identificando os padrastos e os pais substitutos como os respons veis por um ter o dos casos denunciados de abuso sexual de crian as Uma d cada depois para Fin kelhor 1987 o incesto representava uma pr tica quatro ou cinco vezes mais co mum nestas fam lias e para al m disso as enteadas representavam um alvo prefe rencial de abusos sexuais por parte
29. cas as pesquisas que acompanham as criancas do div rcio ao recasamento passando pela fase da monoparentalidade dos pais Clingempeel Brand e levoli 1984 Het herington 1987 No que diz respeito apenas ao recasamento talvez ele beneficie mais os pais em termos econ micos e de bem estar afectivo do que as criancas Pasley e Ihin ger Tallman 1987 certo que o recasamento como demonstram alguns traba Ihos pode reintroduzir na vida de muitas mulheres um estatuto econ mico relati vamente semelhante aquele que tinham no primeiro casamento e que as criancas por um lado tiram proveito dessa estabilidade econ mica e afectiva mas por ou tro o recasamento tamb m pode significar para elas uma aus ncia das viv ncias quotidianas com os pais biol gicos n o residentes Tudo indica contudo que o facto de o padrasto contribuir de forma sig nificativa para o sustento da fam lia recomposta em qualquer meio social con fere Ihe respeitabilidade aos olhos das crian as e dos jovens adolescentes Ve ja se porexemplo o trabalho de Jean Giles Sims e de Margaret Crosbie Burnett 1989 acerca do poder que gozam adolescentes e padrastos nas fam lias recom postas Uma das hip teses destes autores traduz se no seguinte quanto maior a contribui o financeira do padrasto para a fam lia comparando com a da sua mulher maior poder este usufrui Na verdade segundo estes autores os pa drastos que suportam economicamente os seus enteados t
30. ce aux Mutations de la Famille et de la Vie Priv e Paris Editions Odile Jacob Th ry Irene e Marie Dharvenas 1993 La parent aux frontieres de l amiti statut et r le du beau parent dans les familles recompos es em Meuders Klein Marie Th rese e Irene Th ry orgs Les Recompositions Familiales Aujourd hui Paris Nathan pp 159 187 Villeneuve Gokalp Catherine 1999 La double famille des enfants de parents s par s Population 1 pp 9 36 White Lynn K e Alan Booth 1985 The quality and stability of remarriages the role of stepchildren American Sociological Review 50 pp 689 698 White Lynn e Joan G Gilbreth 2001 When children have two fathers effects of relationships with stepfathers and noncustodial fathers on adolescent outcomes Journal of Marriage and Family 63 pp 155 167 Zill Nicholas 1988 Behavior achievement and health problems among children in stepfamilies findings from a National Survey of Child Health em E Mavis Hetherington e Josephine D Arasteh Impact of Divorce Single Parenting and Stepparenting on Children Nova J rsia Lawrence Erlbaum Associates Publishers pp 325 368 Cristina Lobo professora auxiliar do Departamento de Sociologia do ISCTE IUL e investigadora do Centro de Investiga o e Estudos de Sociologia CIES ISCTE IUL Lisboa E mail Cristina lobo iscte pt Resumo abstract r sum resumen Parentalidade social fratrias e rela es inte
31. ciedades ocidentais Tamb m neste plano de assinalar que o recasamento dos pais alarga a rede de relaciona mentos e se as crian as tiverem para al m dos pais biol gicos um padrasto e uma madrasta podem beneficiar com a inclus o na nova fam lia de mais av s tios e pri mos Johnson 1988 Comoj se referiu nos anos 90 os cientistas sociais e os cl nicos norte ameri canos produziram um n mero muito consider vel de trabalhos sobre o recasa mento e as fam lias recompostas Segundo os levantamentos bibliogr ficos publi cou se mais sobre esse tema nessa altura do que durante os anos anteriores Apro ximadamente um ter o destes trabalhos reflectia sobre os efeitos provocados nas crian as pela viv ncia quotidiana com um padrasto ou uma madrasta Em primeiro lugar a maioria das pesquisas realizada nesta altura anali sou o aproveitamento e o insucesso escolar o bem estar e os problemas de com portamento das crian as e dos jovens que viviam em fam lias recompostas Por outro lado e semelhan a de d cadas anteriores estas crian as e as que viviam em fam lias monoparentais eram comparadas com os filhos das fam lias intactas Para al m de uma variedade de hip teses relacionadas com o stresse como por exemplo a dos efeitos cumulativos isto quanto maior for o n mero de transi es conjugais dos pais a que as crian as assistam maior a probabilidade de apre sentarem problemas comportamentais comparativ
32. destas fam lias foi precisamente Remarriage realizada por Jessie Bernard nos anos 50 17 Neste tra balho ao entrevistar cerca de 81 jovens estudantes a viverem com m es ou pais vi vos divorciados recasados ou em situac o de monoparentalidade a autora con cluiu que n o se verificavam diferencas significativas quanto a estabilidade a auto sufici ncia e ao dom nio sobre si pr prios destes jovens em rela o aos que viviam com os dois pais biol gicos E para al m disso no caso do recasamento dos pais estes jovens revelaram quase sempre uma atitude positiva para com os seus padrastos ou madrastas 1971 1956 318 Para o trabalho emp rico de maior f lego sobre este tema que aparece publica do em 1962 55 da autoria de Charles E Bowerman e Donald P Irish foram inquiridas criancas entre os 7 e os 12 anos de idade umas a viverem com padrastos outras com 17 Ver Bernard 1971 1956 311 329 18 Ainda nos anos 50 mais precisamente em 1957 Ivan Nye realiza uma pesquisa emp rica por si nal a primeira a usar o modelo de compara o entre as crian as das v rias estruturas familiares s o inquiridos 780 criancas e adolescentes entre os 9 e os 12 anos de idade para concluir tam b m que n o se verificaram diferencas significativas entre as atitudes das criancas Cf Pasley e Ihinger Tallman 1987 118 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERAC
33. ds family blending stepfathers stepchildren blended siblinghood social grandparents Parentalit sociale fratries et relations interg n rationnelles dans les familles recompos es Cet article aborde du point de vue sociologique la trame de relations entre cer tains membres de familles recompos es beaux parents beaux enfants fratries recompos es et grands parents sociaux Il s agit d interactions non institutionnali s es ou qui sont autor gul es c est dire empreintes d ambiguit et d invisibilit tant sociale que juridique Autant dire que ces r les restent cr er qu ils ont besoin d tre pens s invent s et n goci s avec le temps Le nombre d enfants au sein des familles recompos es varie selon l histoire pass e de chaque membre du couple SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 74 Cristina Lobo L existence de ces enfants de mariages ou de relations pr c dents augmente la com plexit de ces familles D ou les familles recompos es g om trie variable L analyse des relations interg n rationnelles dans la phase post divorce peut consti tuer une excellente occasion pour voir comment les r les des parents et des grands parents sont red finis Dans la famille plus largie de la recomposition les grands parents paternels comme maternels continuent d occuper leur place sans ou blier les grands parents sociaux c est dire les parents du nouveau compagnon de la m re o
34. e A study of Marriage Nova Iorque Russel amp Russel Bernstein Anne C 1989 Yours Mine and Ours Nova lorque Scibner s Bl ss Thierry 1996 ducation Familiale et Beau Parent L Empreinte des Trajectories Biographiques Paris L Harmattan Bohannan Paul 19702 Divorce chains households of remarriage and multiple divorces em Paul Bohannan org Divorce and After Nova Iorque A Doubleday Anchor Book pp 127 139 Bohannan Paul org 1970b Divorce and After Nova lorque A Doubleday Anchor Book Bowerman Charles E e Donald P Irish 1962 Some relationships of stepchildren to their parents Marriage and Family Living 4 pp 113 121 Brand Eulalee W Glenn Clingempeel e Kathryn Bower Woodward 1988 Family relationships and children s psychological adjustment in stepmother and stepfather families em E Mavis Hetherington e Josephine D Arasteh Impact of Divorce Single Parenting and Stepparenting on Children Nova J rsia Lawrence Erlbaum Associates Publishers pp 299 324 Bray James H 1988 Children s development during early remarriage em E Mavis Hetherington e Josephine D Arasteh Impact of Divorce Single Parenting and Stepparenting on Children Nova J rsia Lawrence Erlbaum Associates Publishers pp 279 298 Cabral Jo o de Pina 1991 Os Contextos da Antropologia Lisboa Difel Cabral Jo o de Pina 2003 O Homem na Fam lia Cinco Ensaios de Antropologia Lisboa Imprensa
35. e tornam pais as rela es intergeracio nais n o melhoram pelo contr rio por vezes agudizam se e levam ruptura das rela es entre as v rias gera es Attias Donfut e Segalen 2002 Os dois grandes estudos que foram realizados nos EUA sobre as rela es entre os av s e as crian as ap s um div rcio dos pais conclu ram que os av s t m rela es de maior proximidade com as crian as nas fam lias do div rcio Por 29 Clingempeel Brand e levoli 1992 denominam esta tend ncia hip tese da fun o latente na medida em que o div rcio pode activar o envolvimento na vida dos seus filhos divorciados e dos seus netos citado em Ganong e Coleman 1994 115 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 66 Cristina Lobo exemplo 30 das crian as das fam lias do div rcio vivem com os av s comparan do com 1 das crian as das fam lias nucleares Furstenberg Jr 1988 Segundo os resultados do estudo da Pensilv nia ap s um recasamento os av s sociais pais do padrasto ou da madrasta assumem rapidamente o seu pa pel de av s na nova fam lia por seu lado as crian as n o parecem fazer muita dife ren a entre av s reais e av s sociais Muito embora os pais encorajem as crian as principalmente quando s o pequenas a assimilarem os novos elementos da fa milia o mais depressa poss vel a seguir ao recasamento na verdade para as crian as causa lhes menos problemas
36. e uma pesquisa conduzida por Kerry Daly os seus entrevistados pais de crian as pequenas confrontavam se n o apenas com a au s ncia de um modelo mas com o facto de as mudan as sociais e culturais os pressi onarem por um lado a serem pais diferentes dos seus pais mas por outro a de sempenharem o papel mais tradicional de principais provedores de rendimentos para a familia 1995 40 A proposta de Cherlin e de Furstenberg Jr 1994 elucidativa do trabalho que deve ser desenvolvido para que algu m seja considerado um parente de san gue ou por afinidade Mesmo reconhecendo a exist ncia de lacos de sangue isso n o faz necessariamente as pessoas pensarem se entre si como parentes ou familia res na medida em que a aus ncia de qualquer tipo de relacionamento pode signifi car por exemplo que um parente de sangue n o seja considerado como fazendo parte da familia E os autores continuam se entre pais e filhos esta quest o n o se coloca ou n o se deveria colocar uma vez que o relacionamento acontece de for ma relativamente autom tica ou pelo menos n o pensado o mesmo n o se passa com as relac es entre padrastos e enteados em que quase nada resulta de forma autom tica bem pelo contr rio nada deixado ao acaso tudo negociado e plane ado 5 Trata se evidentemente de padrastos do recasamento em busca de um papel para desempenhar no meio dos dois pais biol gicos com participa o activa na vida das cr
37. en rio de temporalidades e de transi es identificou do mesmo modo dois tipos de din micas de recompo si o integra o e exclus o aglutinadoras tanto de referenciais te ricos como de procedimentos operat rios dos trabalhos dos autores anteriormente mencionados mas tamb m outros factores intervenientes no processo de recom posi o com implica es directas na constru o social do papel de padrasto Observar a interdepend ncia entre classes sociais e din micas de recomposi o familiar correspondia hip tese principal que norteou a investiga o e de facto foi poss vel associar as din micas de integra o aos sectores mais escolarizados profissionais intelectuais e cient ficos t cnicos de n vel interm dio e as di n micas de exclus o aos empregados executantes trabalhadores independentes e oper rios especializados Particularmente significativa foi a confirma o da sobreposi o das dina micas de recomposi o familiar determinadas pelos dois eixos de conjugalidade e parentalidade O mesmo se pode dizer da import ncia da ocorr ncia e dura o dos primeiros casamentos no processo de recomposi o familiar o peso do passado da centralidade da figura da m e nestas configura es familiares recompostas 11 Para esta pesquisa foram entrevistados 32 madrastas 28 padrastos e 24jovens 14 enteadas e 10 enteados SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 54 Cristina
38. esmo g nero partilhem os mesmos valores t m todas as probabilidades de criarem la os fortes entre eles Pasley e Ihin ger Tallman 1987 179 Contudo ficam por responder algumas quest es qual a natureza dos la os entre os quase irm os Que direitos e deveres t m na constela o familiar Que efeitos provocam os quase irm os uns nos outros A exist ncia de meios irm os refor a os la os afectivos na fam lia As rela es intergeracionais av s maternos paternos e sociais A an lise das rela es intergeracionais na fase p s div rcio pode constituir uma excelente oportunidade para examinar a forma como os pap is dos pais e dos av s se redefinem Na fam lia alargada do recasamento os av s maternos e paternos t m o seu lugar assim como por vezes os av s sociais isto os ascendentes di rectos do eventual novo companheiro da m e guardi ou nova parceira do pai n o guardi o A reflex o sociol gica na rea da familia sobre este novo objecto os av s tem produzido nos EUA e na Europa um n mero significativo de estudos sobre as rela es intergeracionais 28 Um dos primeiros trabalhos a surgir sobre o tema dos av s e das rela es intergeracionais na Europa foi realizado na B lgica por Bernadette Bawin Legros e Anne Gauthier 1992 247 259 Em Fran a em 1995 Claudine Attias Donfut realizou uma pesquisa extensiva sobre as rela es entre tr s gera es de fam lias francesas
39. ey e Marilyn Ihinger Tallman orgs Remarriage and Stepparenting Current Research and Theory Nova Iorque Guilford pp 273 299 Segalen Martine 1999 Sociologia da Fam lia Lisboa Terramar Seltzer Judith A 1991 Relationships between fathers and children who live apart the father s role after separation Journal of Marriage and the Family 53 pp 79 101 Seltzer Judith A 1994 Consequences of marital dissolution for children Annual Review of Sociology 20 pp 235 266 Seltzer Judith A e Suzanne M Bianchi 1988 Children s contact with absent parents Journal of Marriage and the Family 50 pp 663 677 Singly Fran ois de 2000 O Eu o Casal e a Fam lia Lisboa Publica es Dom Quixote Steward Susan D 2002 The effect of stepchildren on childbearing intentions and births Demography 39 1 pp 181 197 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 72 Cristina Lobo Steward Susan D 2005 How the birth of a child affects involvement with stepchildren Journal of Marriage and Family 67 pp 461 473 Th ry Irene 1985 La reference l int r t de l enfant usage judiciaire et ambiuit s em O Bourguignon Du Divorce et des Enfants Paris PUF INED Th ry Irene 1995 Reperes em Irene Thery Recomposer une Famille des Roles et des Sentiments Paris Les ditions Textuel Th ry Irene 1998 Couple Filiation et Parent Aujourd hui Le Droit Fa
40. figura es familiares tomarem para al m do segundo casamento as crian as como principal crit rio de classifica o da fam lia nesta categoria o casal tem crian as apenas dos casamentos anteriores ou tamb m do actual Todas as crian as dos v rios casamentos dos pais vivem no mesmo grupo dom stico Ou h crian as de casamentos anteriores que visitam um dos grupos dom sticos Ainda assim e apesar desta centralidade nem sempre as crian as t m sido o objecto de reflex o por excel ncia dos trabalhos realizados por cientistas sociais acerca das fam lias recompostas e muito menos se t m analisado estas fa milias do ponto de vista das crian as ou dos jovens Veja se por exemplo que a maioria das pesquisas que envolve crian as destas configura es familiares se debru a quase sempre sobre as rela es entre os padrastos ou as madrastas e as crian as e raramente sobre estas e os padrastos ou madrastas Ganong e Cole man 1994 S o conhecidas algumas vozes cr ticas pelo lado da sociologia da in f ncia referindo que os investigadores tendem a olhar para as crian as como os adultos de amanh e n o como crian as vivendo as suas vidas aqui e agora Ri tala Koskinen 1997 137 138 1 Na verdade as principais pesquisas acerca das 12 Sobre a familia alargada depois do recasamento ver Frank Furstenberg Jr 1987 42 61 13 Especificamente sobre os adolescentes e a influ ncia do div rcio ou do recasamento d
41. have recomposi es familiares padrastos enteados fratrias recompostas av s sociais Social parenthood siblinghood and intergenerational relationships in blended families This article aims to provide a sociological account of the fabric of relationships between some of the protagonists of blended families stepfathers stepchil dren blended siblings and social grandparents It considers relationships that are non institutionalised or self regulated i e imbued with both social and legal ambiguity and invisibility This is equivalent to saying that these roles are open and for this reason need to be thought about invented and negotiated over time In blended families the number of children varies in accordance with the history of each member of the couple The existence of these children from earlier marria ges or relationships increases the complexity of these families Hence blended fa milies are families with variable geometry An analysis of intergenerational rela tionships in the post divorce phase may be seen to be an excellent opportunity to have a look atthe way in which the roles of the parents and grandparents arere defined In the broader blended family both the paternal and maternal grandpa rents maintain their positions but the social grandparents are not to be overloo ked that is the immediate predecessors of the mother guardian s possible new companion or the father non guardian s new partner Key wor
42. ian as Por m em muitos casos s o padrastos que partilham o dia a dia com as crian as e essa partilha do quotidiano sem d vida o ch o de onde brota a verdadeira parentalidade seja biol gica ou social Porque quanto figura do pai a paternidade biol gica mesmo refor ada juridicamente j n o suficiente para s por si justificar a ocupa o do lugar de pai e por isso a paternidade social pode ocupar um lugar de destaque nas recomposi es familiares Contudo a situa o desej vel seria por exemplo a proposta de Ir ne Th ry sobre uma pluriparentali dade ordenada que distingue claramente os pais dos padrastos reconhece os a uns e a outros abrindo assim as fronteiras da fam lia 1995 102 semelhan a da proposta de Andrew Cherlin 1978 acerca de o recasa mento ser uma institui o incompleta tamb m se pode retirar a mesma conclus o sobre o papel de padrasto institucionalmente incompleto Cherlin e Fursten berg Jr 1994 367 A este respeito os autores consideram que o facto de n o existir um nome para designar o padrasto para al m de padrasto e de habitualmente as crian as usarem o seu primeiro nome sugere que o padrasto n o um estranho nem um parente mas algu m que est no meio idem 368 Ainda assim apesar das aus ncias significativas de nomes para certas for mas de parentesco relacionadas com a trama de relacionamentos que recobrem as fam lias recompostas nem
43. ico dos filhos mes mo que as condi es econ micas melhorem significativamente 1990 396 Por exemplo osjovens do div rcio e do recasamento ou s os do div rcio parecem ter a mesma inclinac o para certos tipos de pr ticas de conjugalidade quando crescem comecam a ter relac es sexuais mais cedo do que as criancas das familias nuclea res saem mais cedo de casa dos pais coabitam e casam muito novos e t m crian as precocemente Furstenberg Jr 1990 396 397 Lynn K White e Alan Booth inquiriram cerca de 1673 indiv duos casados e recasados de ambos os sexos em 1980 e voltaram a faz lo em 1983 com o objecti vo de mostrarem que a taxa de divorcialidade nos recasamentos mais elevada nos casos mais complexos ambos os membros do casal recasado foram casados e am bos t m filhos desse primeiro casamento Os autores conclu ram a presen a de enteados uma influ ncia desestabilizadora dentro dos recasamentos e o factor que mais contribui para o aumento do n mero de segundos div rcios Acontece que durante os tr s anos decorridos entre as entrevistas cerca de metade 51 de todos os jovens enteados tinham abandonado a casa onde viviam comparando com 35 de jovens a viver com os dois pais biol gicos Para onde foram estes jo vens Uns foram viver com o outro pai outros foram mesmo obrigados a isso ou tros foram para col gios ou arranjaram casa para viver sozinhos ou acompanhados coabitaram ou casaram White e
44. identificarem mais ou menos as mesmas tend ncias isto a grande maioria dos trabalhos concluiu que as rela es entre os membros das fam lias recompostas n o diferem do tipo de rela es nas outras con figura es familiares Um dos primeiros trabalhos de Lucile Duberman 1975 sobre a integra o familiar as rela es entre padrastos e enteados e entre os meios irm os revelou se uma das poucas excep es forma dominante de abordagem deste tema naquela altura A autora entrevistou 88 casais recasados entre 1965 e 1968 explorando va ri veis independentes tais como idades dos pais n vel de instru o religi o idade das crian as local de resid ncia etc Os resultados alcan ados foram os seguintes as rela es entre os padrastos e os enteados bem como entre os meios irm os reve laram se duma forma geral bastante positivas Quanto aos anos 80 eles foram igualmente f rteis na produ o de trabalhos so bre as fam lias recompostas assim como sobre a vida das crian as nessas mesmas fa m lias Por exemplo at meados desta d cada mais precisamente at 1986 nos EUA tinham sido realizadas por cientistas sociais norte americanos 39 pesquisas emp ricas sobre este tema Pasley e Ihinger Tallman 1987 2 Utilizando procedimentos variados e analisando popula es diferenciadas as conclus es convergiram quase sempre no 19 Este trabalho de Bowerman e Irish 1962 tornou se um cl ssico das pesquisas sobre as fa
45. ig A Everett org The Stepfamily Puzzle Intergenerational Influences Nova lorque The Haworth Press Inc pp 125 141 Ganong Lawrence H e Marilyn Coleman 1994 Remarried Family Relationships Thousand Oaks Sage Publications SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 70 Cristina Lobo Ganong Lawrence H e outros 1999 Stepparents affinity seeking and affinity maintaining strategies with stepchildren Journal of Family Issues 20 3 pp 299 327 Giles Sims Jean 1997 Current knowledge about child abuse in stepfamilies em Irene Levin e Marvin B Sussman orgs Stepfamilies History Research and Policy Nova lorque Haworth pp 215 230 Giles Sims Jean e Margaret Crosbie Burnett 1989 Adolescent power in stepfather families a test of normative resource theory Journal of Marriage and the Family 51 pp 1065 1078 Hanson Thomas L Sara S McLanahan e Elizabeth Thomson 1996 Double jeopardy parental conflict and stepfamily outcomes for children Journal of Marriage and the Family 58 pp 141 154 Hetherington E Mavis 1987 Family relations six years after divorce em Kay Pasley e Marilyn Ihinger Tallman Remarriage and Stepparenting Current Research and Theory Nova lorque Guilford Press pp 185 205 Hines Alice M 1997 Divorce related transitions adolescent development and the role of the parent child relationship a review of the literature
46. m lias recompostas e um dos mais citados nos trabalhos sobre a fam lia em geral apesar de os seus re sultados irem em sentido contr rio aos da maioria dos estudos sobre as rela es entre padrastos e enteados realizados naquela altura 20 Durante a d cada de 1960 foram publicadas mais tr s pesquisas sobre este tema nomeadamen te Langner e Michael 1963 Perry e Pfuhl 1963 Rosenberg 1965 citados em Pasley e Ihin ger Tallman 1987 21 Dois anos depois Duberman chega s mesmas conclus es na sua pesquisa sobre as fam lias re constitu das Duberman 1975 48 75 22 Nestas 39 pesquisas n o est o contabilizados os trabalhos realizados por cl nicos SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 58 Cristina Lobo mesmo sentido as crian as das fam lias monoparentais e recompostas n o usufruem de melhor bem estar em m dia que as crian as das fam lias de dois pais biol gicos Zill 1988 Brand Clingempeel e Bowen Woodward 1988 Bray 1988 Muitos dos trabalhos que analisaram os efeitos do div rcio nas criancas durante esta d cada ignoraram as repercuss es do recasamento dos pais e em contrapartida os trabalhos sobre o recasamento n o contemplaram as transi es anteriores como o div rcio e a monoparentalidade dos pais biol gicos Sabe se que tanto o div rcio como a entrada no recasamento constituem momentos pertur badores na organizac o familiar Hetherington 1987 Na verdade s o pou
47. ntidade filhos e enteados para falarem acerca de uma re composi o que por vezes lhes causa ang stias e conflitos como por exemplo o facto de terem de partilhar a intimidade com os padrastos que eles n o escolheram No fundo Cadolle procura saber de que modo interferem os sentimentos e os pa p is nos percursos biogr ficos de cada um Tamb m aqui se identifica uma plurali dade de interpreta es acerca do papel de padrasto e como no meio da confus o das normas cada um inventa este papel Por fim atrav s das respostas obtidas nas entrevistas torna se claro para a autora o seguinte os padrastos raramente ocupam o papel do pai biol gico a re composi o tende a fazer se por adi o e n o por substitui o no centro do siste ma familiar encontra se a m e nova matricentralidade a rela o entre a m e e as crian as decisiva para o relacionamento entre padrastos e enteados Todavia para a autora esta matricentralidade n o apan gio das fam lias recompostas Pri meiro porque ela j existe na maioria das fam lias monoparentais e depois por que este poder no feminino j acontecia na fam lia de origem antes da separa o dos pais devido for a da divis o de pap is de g nero relativamente atenuada de pois da entrada das mulheres no mercado de trabalho 2000 37 38 A mais recente das pesquisas Lobo 2007 a tomar as recomposi es fami liares enquanto objecto de an lise sociol gica num c
48. ntual nuevo compa ero de la madre con la custodia o la nueva compa era del padre sin la custodia Palabras llave recomposiciones familiares padrastros hijastros fratr as recompuestas abuelos sociales SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74
49. o deste papel pela n o exist ncia de normas sociais que o regulem s pode ser encarada pelo facto de ele n o se inscrever na ordem do nascimento da natureza do biol gico mas na ordem do social exclu sivamente A for a do primado do biol gico na filia o indiscut vel nas socie dades contempor neas no entanto em simult neo assiste se ao surgimento de um n mero crescente de fam lias que integram padrastos madrastas e entea dos isto nos dias de hoje a parentalidade biol gica coexiste cada vez mais 6 Ver a proposta de Andrew Cherlin 1978 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 50 Cristina Lobo com a parentalidade social E as fam lias recompostas incorporam essas duas formas de parentalidade De qualquer modo o padrasto tamb m aquilo que os outros protagonistas do processo de recomposi o permitem que ele seja isto a legitima o do seu pa pel passa pelas interac es entre m es pais biol gicos e crian as e pelas suas re presenta es acerca do modelo de fam lia que querem construir E neste sentido o grau de ambiguidade deste papel est tamb m muito associado s expectativas do pai biol gico dos seus enteados isto alguns pais esperam que o padrasto assuma integralmente as responsabilidades parentais e outros n o desejam nem esperam que o padrasto assuma tais responsabilidades outros ainda n o se importam que o padrasto praticamente os substitua desde q
50. o dos limites aceites pela m e guardi Aqui o casal parental sobrep e se ao conjugal a fam lia recomposta averdadeira fam lia da crian a no entanto esta influ ncia dos la os entre padras tos e enteados n o suficiente para substituir o pai biol gico Na segunda l gica de recomposi o protagonizada por padrastos mais es colarizados a rela o conjugal n o se confunde com a parental o div rcio n o afec tou a fam lia de origem a verdadeira fam lia da crianca e o pai biol gico e a m e mant m um acordo de cooperac o activa 1996 150 151 Interessante nesta proposta de Bl ss asobreposic o das l gicas educativas de recomposi o com os modelos de casal Nomeadamente o novo casal conjugal que assume aeducac o da crianca no primeiro caso e no segundo o casal paren tal que mantido pai e m e biol gicos para assumir essa responsabilidade Neste sentido e como diz Irene Th ry no pref cio da obra deste soci logo ao contr rio de uma ideia muito divulgada Bl ss sublinha a interdepend ncia entre o conju gale o parental e nessa rela o de depend ncia ser o conjugal que comanda o jogo idem 13 14 Para al m disso quaisquer que sejam as l gicas educativas de recomposi o o investimento educativo parental resulta de um processo desigual de divi s o sexual idem 152 Isto significa segundo o autor que a m e guardi o piv de todas estas inter
51. or parte do tempo pensam se a si pr prios como ir m os Bernstein 1989 Ganong e Coleman 1988 1993 Se as crian as t m pouco contacto entre elas a distin o entre meios irm os e irm os mais comum No en tanto a informa o sobre os meios irm os escassa para se saber ao certo quando que eles funcionam como irm os ou sob que condi es Quando nasce uma crian a nas fam lias recompostas todos partilham des ta rela o biol gica que no fundo facilita a liga o entre os v rios elementos os membros do casal os irm os e entre padrastos e enteados Ganong e Coleman 1988 Stewart 2005 Mas a vinda de uma nova crian a nestes grupos dom sticos recompostos ser sempre um factor de coes o e de unidade familiar Em algumas pesquisas a presen a de um meio irm o ou de uma meia irm afecta de forma negativa a rela o entre madrastas e enteados Santrock e Sitterle 1987 e afecta de forma positi va a rela o entre padrastos e enteados Ambert 1986 Em outras os resultados s o diferentes o nascimento de uma nova crian a afecta relativamente pouco as re la es entre os elementos da fam lia Ahrons e Wallisch 1987 mas reduz o tempo dispon vel da m e para dar aten o aos filhos do primeiro casamento idem SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 64 Cristina Lobo A disparidade de resultados prende se essencialmente com o facto de n o terem sido tomadas em considerac
52. os meios irm os e quase irm os no recasamento juntam todos no mesmo grupo in viabilizando a an lise da din mica de cada caso em separado Ao combinar os v ri os tipos torna se imposs vel identificar diferen as entre as rela es entre irm os no recasamento e as rela es entre meios irm os e quase irm os Por exemplo quanto aos irm os nas fam lias recompostas ser o as suas rela es diferentes mais pr ximas ou mais intensas que as dos outros tipos de estruturas familiares Que efeitos produzir o as situa es de stresse de conflito ou de negocia o perma nente nas rela es entre irm os que vivem com um padrasto ou uma madrasta Os meios irm os dividem se em tr s grupos aqueles que nasceram no gru po dom stico recomposto isto de um casal recasado em que pelo menos um dos elementos deste casal j tinha filhos de um primeiro casamento aqueles que tam b m vivem nesse grupo dom stico recomposto mas s o filhos de apenas um dos elementos do casal e os visitantes que tamb m s o filhos de um dos membros do casal mas vivem numa outra casa com um dos pais biol gicos Numa pesquisa qualitativa realizada por Anne C Bernstein sobre familias do recasamento que se reproduziram os meios irm os d o se melhor se a diferen a entre as idades for mais acentuada quando a fam lia j est reunida h algum tempo e quando os meios irm os vivem juntos na mesma casa Ali s se os mei os irm os vivem juntos a mai
53. os do lado do pai biol gico porque eles s o tamb m a fam lia das suas crian as fam lia do div rcio Alguns estudos indicam que de facto se n o existir esta press o por parte das m es as rela es entre os av s paternos e os seus netos raramente s o t o intensas como habitualmente acontecia antes do div rcio ou separa o dos pais das crian as Attias Donfut e Segalen 2002 Verifica se que em muitos casos os av s podem ter uma atitude de rejei o tanto das suas ex noras como dos seus ex genros e at dos netos ap s a separa o dos filhos principalmente se tiverem mais netos de outros filhos Ambert 1988 684 Ainda assim o div rcio geralmente intensifica as rela es entre as crian as e os familiares da m e guardi ou do pai caso tenha ficado com a sua guarda Por exemplo uma m e em situa o de trabalho prec rio pode temporariamente ir vi ver com os pais ou os av s ajudarem financeiramente na educa o ou alimenta o dos netos Com efeito o recasamento das filhas n o altera a liga o entre as av s ma ternas e os seus netos apenas a ajuda monet ria diminui quando as filhas voltam a casar Cherlin e Furstenberg 1986 Quando se trata de av s que se divorciaram e voltaram a casar outros facto res entram em jogo No caso de terem tido filhos de ambos os casamentos estes av s em especial os homens tendem a dar mais aten o aos netos do actual casa mento Se os filhos dos pais divorciados s
54. os pais no seu desenvolvimento e na sua auto estima ver Pasley e Healow 1988 Hines 1997 e Philips 2005 14 Uma dessas vozes mais cr ticas Qvortrup 1994 sugeriu que os investigadores aprendessem a olhar para as crian as n o como human becomings mas como human beings citado em Rita la Koskinen 1997 138 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 55 familias recompostas assim como de qualquer outro tipo de estrutura familiar s o maioritariamente orientadas para os adultos e ancoradas na ideologia da fa m lia nuclear particularmente interessante a sugest o de Ritala Koskinen de que as perspectivas das crian as podem abrir novos ngulos de pesquisa sobre as constela es familiares recompostas idem 149 Porque not ria a escassez de pesquisas que tenham dado a palavra s cri ancas ou aos jovens adolescentes sobre as suas experi ncias de vida nas familias re compostas vale a pena destacar ainda que de forma breve os trabalhos de Penny Gross 1986 Irene Levin 1994 citados em Ritala Koskinen e de Aino Rita la Koskinen 1997 sobre a maneira como as crian as destas configura es defi nem a sua fam lia e como percepcionam as suas rela es com os outros membros do agregado dom stico recomposto Tendo por base os resultados alcancados na sua pesquisa Penny Gross 1986 prop s a seguinte
55. percuss es significativas nos pap is dos av s e principalmen te das av s paternas E para al m disso os av s tamb m mudaram Na verdade nas sociedades ocidentais contempor neas estes av s foram pais liberais e hoje s o na sua grande maioria divorciados vi vos ou j v o no segundo ou terceiro casamento o que faz com que as experi ncias conjugais sucessivas nas suas traject rias conju gais os tornem mais flex veis quanto aos novos estilos de vida familiares e aceitem uma defini o de fam lia mais abrangente Concretamente em Fran a os av s de hoje foram muitos dos jovens da gera o de 68 que abriram os caminhos para o di v rcio as rela es fora do casamento a contracep o generalizada e as suas crian as tornaram se parte integrante da nova cultura de intimidade Attias Donfut e 30 Os resultados do primeiro grande estudo The Central Pensylvania Study foram publicados no livro de Andrew Cherlin e Frank Furstenberg Jr Recycling the Family Beverly Hills Sage 1984 citado em Furstenberg Jr 1988 O segundo estudo tamb m dos dois soci logos foi apresenta do na ntegra no livro The New American Grandparent Nova lorque Basic Books 1986 31 Ap s um div rcio dos filhos os av s tornam se quase familiares quasi kin para as suas ex noras ou ex genros Bohannan 1970a SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RE
56. pr xi mos daquela Verifica se nomeadamente que os parceiros dos pais biol gicos que vivem na mesma casa com as crian as mas que n o s o considerados por elas como pertencendo sua fam lia podem ser adultos de uma extrema import ncia na vida quotidiana desses jovens ou crian as Vejam se os resultados identificados na sua investiga o para as crian as o facto de viverem na mesma casa com outras pes soas n o significa automaticamente que elas fa am parte da sua fam lia na medida em que para estas crian as a fam lia pode estar para al m do grupo dom stico re composto Portanto osnovos membros do grupo dom stico recomposto padrasto ou madrasta n o representam necessariamente para a crian a a sua fam lia o 15 Ostrabalhos de Gross 1986 e Levin 1994 foram citados por Ritala Koskinen 1997 146 149 16 O material recolhido para este trabalho corresponde a 10 entrevistas realizadas a crian as entre os 6 e os 16 anos de idade Sobre os pormenores das entrevistas ver Ritala Koskinen op cit p 139 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 56 Cristina Lobo simples facto de as criancas referirem o padrasto como membro da sua familia n o explica a natureza dessa relac o isto esse relacionamento entre padrasto e entea dos n o se explica por via do parentesco mas pela amizade idem 149 As v rias defini es apresentadas pelas crian as acerca das suas familias e das rela e
57. ra tarefa crucial dos pais m es madrastas e padrastos destes grupos dom sticos precisamente o de re constituir uma mem ria partilhada e partilh vel por todos os elementos da fam lia recomposta Isto ajudar as crian as a situarem se na sua pr pria hist ria contando lhes as hist rias passadas duma fam lia que nem sempre foi a sua e faz las entender que a partir de um certo momento elas s o parte integrante do grupo de actores da hist ria da nova fam lia No in cio dos anos 90 nos EUA segundo Ganong e Coleman 1994 aproxi madamente 75 de todas as crian as que vivem numa fam lia recomposta t m pelo menos um irm o ou irm e 20 t m um meio irm o ou meia irm Quanto ao n mero dos quase irm os dif cil de calcular por m cerca de um grupo dom sti co em quinze tem uma estrutura complexa isto ambos os adultos recasados vi vem com crian as dos casamentos anteriores na mesma casa Em Fran a na mesma altura segundo Catherine Villeneuve Gokalp 1999 cerca de 22 de crian as francesas vivem com um meio irm o ou uma meia irm e apenas 2 de crian as das fam lias recompostas vivem na mesma casa com meios irm os e quase irm os As pesquisas sobre a natureza das rela es entre todas as crian as envolvi das numa constela o familiar deste g nero as crian as da m e guardi do pa drasto e de ambos escasseiam Assim como tamb m s o poucos os trabalhos sobre o impacto do nascimento de uma
58. rgeracionais nas recomposi es familiares Dar conta sociologicamente da trama de rela es entre alguns protagonistas das recomposi es familiares padrastos enteados fratrias recompostas e av s so ciais o objectivo deste artigo Trata se de interac es n o institucionalizadas ou que s o auto reguladas isto imbu das de ambiguidade e de invisibilidade tanto social como jur dica O mesmo dizer que estes pap is est o em aberto por isso precisam de ser pensados inventados e negociados com o tempo O n mero de cri an as nas fam lias recompostas varia conforme a hist ria passada de cada um dos elementos do casal Com a exist ncia destas crian as de casamentos ou rela es an teriores aumenta a complexidade destas fam lias Da as fam lias recompostas SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 PARENTALIDADE SOCIAL FRATRIAS E RELA ES INTERGERACIONAIS NAS RECOMPOSI ES FAMILIARES 73 serem fam lias de geometria vari vel A an lise das rela es intergeracionais na fase p s div rcio pode revelar se uma excelente oportunidade para olhar a for ma como os pap is dos pais e dos av s se redefinem Na fam lia mais alargada da recomposi o tanto os av s paternos como os maternos continuam a ocupar o seu lugar sem esquecer os av s sociais isto os ascendentes directos do eventual novo companheiro da m e guardi ou nova parceira do pai n o guardi o Palavras c
59. s d o conta de que mesmo os adolescentes e os jovens adultos estabelecem re la es fortes com os seus padrastos ou madrastas Furstenberg Jr 1990 397 Para 25 Do total da popula o 80 eram casados 73 eram casados pela segunda vez e 69 eram casa dos pela terceira vez White e Booth 1985 691 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 60 Cristina Lobo al m disso como refere o soci logo Frank Furstenberg Jr em finais dos anos 80 au menta o reconhecimento entre os americanos de que as estruturas familiares al ternativas podem assegurar s criangas um ambiente est vel E mesmo os cientis tas sociais comecaram a questionar a ideologia dominante que fazia da fam lia nu clear o nico tipo de estrutura familiar onde as crian as eram socializadas de forma apropriada 1988 245 Um objecto de reflex o particularmente interessante nas investiga es so bre o div rcio o recasamento e as fam lias recompostas diz respeito s mudan as nas rela es familiares medida que cada um destes momentos ocorre Bohannan 1970b Johnson 1988 Por exemplo o div rcio habitualmente mutila as rela es entre as crian as e os familiares do pai biol gico provocando um refor o dos la os matrilineares na estrutura de parentesco Em contrapartida o recasamento dos pais se ocorrer cedo na vida de uma crian a pode repor os la os bilaterais caracte r sticos do sistema dominante de parentesco nas so
60. s fam lias o mesmo se passa com a construc o social do papel de padrasto certo que o processo de construc o social do papel de padrasto ou de ma drasta apenas tem lugar a partir do momento em que um pai ou uma m e com a guarda dos filhos decide casar ou coabitar com um homem ou uma mulher que pode ter ou n o crian as de uma uni o anterior Isto este papel s pode ser apre endido a partir do momento em que se torna intelig vel Le Gall e Martin 1995 204 Contudo ao privilegiar a designa o de Didier Le Gall 1992 padrastos no quotidiano destaca se a situac o dominante m e guardi com filhos e o pa drasto que mant m uma relac o de proximidade com essas criancas Habitual mente as rela es de parentalidade social dist ncia s o mais protagonizadas pe las mulheres ou seja pelas madrastas Para al m de um conjunto integrado de tr s factores ligados entre si e di rectamente relacionados com o processo de recomposic o familiar o meio soci al a representa o da fam lia e o tipo de rela es ap s o div rcio que nos re metem agora para l gicas diferenciadas de construc o social do papel do padras to torna se tamb m importante ter em conta outras vari veis tais como a passa gem do tempo a atitude do pai n o guardi o a idade dos enteados na altura dos primeiros confrontos o clima relacional e a diferen a de idades entre mei os irm os Tamb m neste plano das relac es
61. s mais pr ximas entre os seus elementos s o um sinal claro da necessi dade de se analisarem as fam lias recompostas atrav s de uma abordagem diferen te da que tradicionalmente sugerida nas pesquisas sobre a fam lia Trata se em suma de clarificar uma quest o importante para um entendimento mais prof cuo das fam lias recompostas torna se inevit vel adoptar perspectivas novas Rita la Koskinen 1997 particularmente no que toca s rela es de parentesco A produ o emp rica norte americana 1950 2000 Vale a pena por isso retomar aqui a produ o norte americana sobre um dos te mas mais populares nas investiga es dos cientistas sociais os efeitos do recasa mento de um ou de ambos os pais biol gicos nas crian as e nos jovens adolescen tes Trata se de um tema incontorn vel quando deambulamos pelo manancial de pesquisas emp ricas realizadas entre 1956 e 2000 acerca do recasamento e das fa m lias recompostas Duma maneira geral e semelhan a do que se constatou quanto s pesqui sas sobre o recasamento e as fam lias recompostas a maioria destes trabalhos acci onou o modelo de compara o deficit comparison entre as crian as das fam lias re compostas particularmente as fam lias de padrastos ou das monoparentais e as crian as das fam lias nucleares A primeira investiga o sociol gica a incluir na sua an lise as repercuss es do recasamento nos jovens e nas crian as dando voz aos jovens
62. s pesquisas sobre este tipo estrutural de configura o familiar raramente ficam indiferentes influ ncia tan to positiva como negativa da figura do padrasto na estabilidade social emocional intelectual dos seus enteados j para n o falar dos aspectos econ micos Hethe rington 1987 Coleman e Ganong 1990 certo que esta influ ncia pode variar consoante o sexo a idade e a atitude das crian as a dura o da recomposi o o in vestimento pessoal do padrasto Bray 1988 Th ry 1998 mas tamb m com a posi o que este ocupa na estrutura de classes Isto como refere Didier Le Gall a cons tru o social da rela o entre padrastos e enteado a s para al m de ser um pro cesso inscreve se nas rela es sociais de sexo e de classe 1992 2 Trata se da complexidade inerente vida nas fam lias recompostas e que passa essencialmen te por este plano da afirma o da parentalidade social Coleman e Ganong 1990 Papernow 1993 Cherlin e Furstenberg Jr 1994 Tudo indica que o facto de o padrasto ser ignorado pelo direito o envolve numa trama de ambiguidades refor adas pela acentuada valoriza o das conex es biol gicas entre pais e filhos nas sociedades ocidentais Ele pode aparecer aos olhos de muitos como um potencial usurpador da verdadeira filia o a filia o atra v s do sangue Th ry 1995 97 Muito embora a figura do pai autorit rio tenha perdido legitimidade social a quest o d
63. stem normas e o estatuto de av s est apenas directamente relacionado com a posi o que ocupam na ordem das gera es Conclus o Nas recomposi es familiares a indefini o ou a ambiguidade das fronteiras que delimitam os contornos das fam lias torna o sistema de parentesco mais flex vel permitindo aos indiv duos liberdade suficiente para determinarem quem faz ou n o parte das suas rela es familiares E esta quest o n o diz apenas respeito or dem do social isto aos padrastos quase irm os ou av s sociais mas tamb m se coloca nas rela es constru das na ordem do biol gico Tal flexibilidade tamb m se reflecte nas pr prias concep es de fam lia Por exemplo a partir do momento em que as lealdades e as alian as s o facilmente transferidas sem qualquer san o tanto os la os biol gicos como os la os que se es tabelecem por afinidade podem ir perdendo significado ao longo dos tempos das conjugalidades sucessivas casamento div rcio e recasamento isto durante o processo de transi es familiares E neste sentido talvez seja tempo de se olhar para os la os de parentesco social como uma alternativa cred vel e de direito degrada o de muitas situa es vividas em fam lias biol gicas 32 Sobre o modo de prepara o para se assumir o papel de av s sociais ver o modelo de Henry Ceglian e Ostrander 1993 citado em Ganong e Coleman 1994 118 119 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E
64. te Th ry 1995 Pais e padrastos numa configura o familiar recomposta n o devem ser pensados em separado Porque s atrav s da rela o das crian as com os seus pais elas poder o reconhecer no padrasto algu m que pode partilhar com eles a sua educa o idem Na verdade o padrasto n o entra na fam lia por causa das crian as mas por causa de um adulto neste caso a m e e para al m disso numa fase de refor o dos la os entre a m e guardi e os filhos Ou seja as m es sozinhas e os seus filhos cri am um novo sistema familiar e precisamente neste sistema em que se partilha uma hist ria se intensificam rela es e se restabelecem regras que chega o padras to Cherlin e Furstenberg Jr 1994 Em todo o caso a chegada do novo companheiro da m e tamb m pode re presentar um refor o no or amento da nova fam lia e consequentemente um au mento da estabilidade econ mica e da qualidade de vida do agregado familiar Morgan 1991 Se nos casos de viuvez mais raros nos dias de hoje o padrasto vem preen cher um lugar que ficou vazio as situa es de separa o e de div rcio fazem dele um actor suplementar do dado familiar Le Gall e Martin 1991 62 De qualquer modo o problema relacionado com a incorpora o do padras to na constela o familiar n o diz apenas respeito sua posi o institucional na medida em que se trata de um problema de papel e os mecanismos de legitima o desse
65. tipologia 1 reten o as crian as contam os dois pais bi ol gicos como fazendo parte da sua fam lia mas n o o seu padrasto ou madrasta 2 substitui o as crian as excluem da fam lia pelo menos um pai biol gico e in cluem pelo menos o padrasto ou a madrasta 3 redu o as crian as incluem na fam lia menos pessoas do que os dois pais biol gicos 4 aumento crian as inclu em na fam lia ambos os pais biol gicos e pelo menos o padrasto ou a madrasta Tra ta se apesar de tudo de uma tipologia est tica na opini o de Ritala Koskinen em que a fam lia confinada a um certo tipo de fronteiras que no fundo coincide com a fam lia nuclear citado em Ritala Koskinen 1997 145 146 Quanto a Irene Levin 1994 ao considerar na sua investiga o uma dimen s o sobre a forma como as crian as olham e definem a sua fam lia tamb m elabo rou uma tipologia tendo por base o grupo dom stico ou a casa a que as crian as di zem pertencer e dividindo as do seguinte modo 1 crian as para quem a sua casa tanto a do pai como a da m e 2 crian as que dizem pertencerem casa do pai ou da m e 3 e crian as que n o identificam nem a casa da m e nem a casa do pai como sendo sua idem 146 Na opini o de Ritala Koskinen tomar como nico indicador a quest o quem s o os membros de uma fam lia pode se revelar problem tico para um entendimento mais profundo do grau de afinidade entre os membros mais
66. tor de institucionaliza o das fam lias recompostas Le Gall 1996 142 9 V rios t m sido os soci logos que nas suas pesquisas identificaram estas duas l gicas de cons tru o social do papel de padrasto Th ry 1985 Le Gall 1992 Martin 1992 Lobo 1994 Bl ss 1996 Cadolle 2000 SOCIOLOGIA PROBLEMAS E PR TICAS n 59 2009 pp 45 74 52 Cristina Lobo Importa referir aqui ainda que de forma breve duas pesquisas realizadas por dois soci logos franceses Thierry Bl ss e Sylvie Cadolle acerca da cons truc o sociobiogr fica da parentalidade a primeira e das traject rias de vida dos pais biol gicos e dos padrastos a segunda Estes dois trabalhos t m em comum para al m de muitas outras quest es o facto de terem feito uma aproximac o s duas l gicas acima enunciadas Thierry Bl ss interroga se acerca da especificidade educativa das familias recompostas e confirma atrav s dos discursos dos entrevistados m es guardi s e padrastos a exist ncia de duas l gicas de recomposic o socialmente distintas que desembocam em dois modos diferenciados de rela es educativas da o autor fa lar em l gicas educativas de recomposi o Na primeira a fam lia constru da sobre a integrac o parental do padrasto e sobre uma nova entidade dom stica isto a paternidade social que o padrasto pouco escolarizado exerce sobre os enteados confere lhe alguma autoridade no plano educativo dentr
67. u de la nouvelle compagne du p re Mots cl s recompositions familiales beaux parents beaux enfants fratries recompos es grands parents sociaux Parentalidad social fratr as y relaciones intergeneracionales en las recomposiciones familiares Mostrar sociol gicamente la trama de las relaciones entre algunos protagonistas delas reestructuraciones familiares padrastros hijastros fratr as recompuestas y abuelos sociales es el objetivo de este art culo Se abordan las relaciones no ins titucionalizadas o que son autorreguladas esto es imbuidas de ambig edad y de invisibilidad tanto social como jur dica Es lo mismo decir que estos papeles est n indefinidos por eso precisan de ser pensados inventados y negociados con el ti empo El n mero de ni os en las familias reestructuradas var a conforme a la his toria pasada de cada uno de los elementos de la pareja Con la existencia de ni os de matrimonios anteriores aumenta la complejidad en estas familias De ah que las familias recompuestas sean familias de geometr a variable E an lisis de las relaci ones intergeneracionales en la fase posterior al divorcio puede ser una excelente oportunidad para observar la forma en c mo los papeles de los padres y de los abu elos se redefinen En la familia extendida recompuesta tanto los abuelos paternos como maternos contin an ocupando su lugar sin olvidar a los abuelos sociales o sea los ascendientes directos del eve
68. ue as linhas de orienta o educativa sejam coincidentes com as suas Neste ltimo sentido pode se falar de padras tos aliados dos pais biol gicos Marsiglio 2004 Em suma as modalidades quanto ao exerc cio do papel de padrasto s o muito condicionadas pelas figuras parentais que vivem fora do agregado dom sti co recomposto Cherlin e Furstenberg Jr 1994 A ambiguidade do papel de padrasto n o ser para Lawrence Kurdek e Mark Fine a nica vari vel independente a introduzir um clima de conflito ou de in satisfa o no quotidiano das fam lias recompostas Do mesmo modo uma perspec tiva excessivamente optimista e alguns mitos acerca da vida nestas configura es fa miliares explicam um maior ou menor grau de satisfa o no interior das fam lias de padrastos Para estes autores as mulheres s o mais optimistas acerca da rela o en tre os seus filhos e o seu actual marido do que os pr prios padrastos e o facto de se acreditar que as fam lias recompostas s o equivalentes s fam lias de pais biol gicos que todos se v o ajustar e amar uns aos outros rapidamente s o ind cios de dificul dade na resolu o de conflitos e de certos problemas de comunica o 1991 566 No processo de constru o social do papel deste actor suplementar da re composi o interv m igualmente as pr prias caracter sticas estruturais do seu lu gar de classe na medida em que este lugar do padrasto se inscreve precisamente nas rel
69. y Research and Social Policy Thousand Oaks Sage Publications Duberman Lucile 1975 The Reconstituted Family A Study of Remarried Couples and their Children Chicago Nelson Hall Fine Mark A e Lawrence A Kurdek 1992 The adjustment of adolescents in stepmother and stepfather families Journal of Marriage and the Family 54 pp 725 736 Furstenberg Jr Frank F 1987 The new extended family the experience of parents and children after remarriage em Kay Pasley e Marilyn Ihinger Tallman Remarriage and Stepparenting Current Research and Theory Nova lorque Guilford Press pp 42 61 Furstenberg Jr Frank F 1988 Child care after divorce and remarriage em E Mavis Hetherington e Josephine D Arasteh Impact of Divorce Single Parenting and Stepparenting on Children Nova J rsia Lawrence Erlbaum Associates Publishers pp 245 261 Furstenberg Jr Frank F 1990 Divorce and the American family Annual Review of Sociology 16 pp 379 403 Furstenberg Jr Frank F e Graham B Spanier 1984 The risk of dissolution in remarriage an examination of Cherlin s hypothesis of incomplete institutionalization Family Relations 33 pp 433 441 Ganong Lawrence H e Marilyn Coleman 1988 Do mutual children cement bonds in stepfamilies Journal of Marriage and the Family 50 pp 687 698 Ganong Lawrence H e Marilyn Coleman 1993 An exploratory study of stepsibling subsystems em Cra

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