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Imagens de uma Casa em Espera Construção de um processo de

1. Fig 17 Lygia Pape Divisor 1968 45 46 Fig 18 Fotografia de arquivo familiar Construtores 1 Alc ovas 1975 Fig 19 Fotografia de arquivo familiar Construtores 2 Alc ovas 1995 47 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o II Presente Na velha casa Entram os novos moradores Se os que a constru ram ainda l estivessem BRECHT B Louvor do A casa seria pequena de mais esquecimento in Poemas op cit p 464 Chegada a casa Condi o do habitar Apropria o do espa o 1 Como quem vindo de pa ses distantes fora de si chega finalmente aonde sempre esteve e encontra tudo no seu lugar o passado no passado o presente no presente assim chega o viajante tardia idade em que se confundem ele e o caminho Entra ent o pela primeira vez na sua casa e deita se pela primeira vez na sua cama Para tr s ficaram portos ilhas lembran as cidades esta es do ano E come agora por fim um p o primeiro sem o sabor de palavras estrangeiras na boca 68 PINA M A O regresso in Como se desenha uma casa op cit p 13 49 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 69 PINA M A Que dia Que olhar in Todas as palavras poesia reunida op cit p 304 70 Etimoligia de morada de raiz indo europeia in http etimologias dechile net morada 71 ROSA A R
2. A nossa constru o casa espa o o criar do espa o dentro do lugar Sem a presen a do construtor sem a sua interven o a casa apenas esqueleto lugar todavia n o ainda espa o alguma coisa com exist ncia por m sem experi ncia casa vazia dos seus construtores moradores viajantes n o experienciada o que significa que a sua exist ncia n o portanto praticada por ningu m Deste modo apenas atrav s do habitar do construir que o morador experiencia o espa o vivo que a casa Assim a presen a a interven o do construtor que cria o espa o dentro do lugar que a casa Em suma o espa o um lugar praticado Assim a rua geometricamente definida por um urbanismo transformada em espa o pelos caminhantes Da mesma forma a leitura o espa o produzido pela pr tica do lugar que constitui um sistema de signos um escrito o espa o como um sistema de signos que se torna praticado pela leitura 76 O lugar casa torna se espa o casa quando habitado e vivido pelo morador A casa lugar at que se d in cio ao processo de habita o passando a ser nesse momento espa o lugar vivo apropriado habitado pelo h bito pela repeti o do ter relembrado sempre morada V nhamos para a casa tr s ou quatro vezes ao ano j h tr s ou quatro anos Um fim de semana uma semana no m ximo duas ou tr s Nunca mexiamos em nada nunca alter vamos
3. Pois a casa materna se divide em dois mundos o t rreo onde se processa a vida presente e o de cima onde vive a mem ria A Casa em Espera que sempre esperou a chegada do futuro foi ocupada pelo passado pelo seu peso pela sua mem ria E a presen a deste ganhou tal dimens o no espa o que a casa transformou se em cen rio palco para uma ac o ausente em que as reminisc ncias passadas protagonizam todo o habitar da casa Haver assim espa o para acolher os novos construtores Fantasmas presen as quase residuais antigas marcas de corpos de antigas gentes construtores e viajantes do passado habitam hoje o espa o atrav s dos vest gios que deixaram para tr s Todas as salas da casa est o povoadas por retratos fotografias de fam lia como sombras que habitam im veis a nossa morada observam silenciosamente cada gesto que fazemos e cada passo que damos Gritam em gritos mudos Intruso esta a nossa morada Partilhamos assim o espa o casa com um outro habitante silencioso caminhando frente dos nossos passos dormindo na cama ao nosso lado e competimos com ele por um espa o para cohabitar Procuremos ent o encontrar o equil brio entre estes dois mundos em que se divide a casa materna conscientes que o t rreo onde se processa a vida presente tem vindo a ser anulado encolhido comprimido pela dimens o de cima onde vive a mem ria Deste modo e n o querendo desprezar a import ncia da mem
4. Apropria se a casa apropriam se as mem rias recebem se os fantasmas e esquecem se tamb m um pouco III Futuro O futuro desta casa e sempre ser uma projec o poss vel da realidade de um passado e de um presente que agora encontramos projecto projecto da casa e projecto de vida Assuma se a consci ncia de que a casa do projecto n o existe no agora Este em espec fico e como costume na habitual constru o das casas anda na fronteira entre o fazer poss vel e o fazer o poss vel Porque no que toca ao assunto da casa n o se constr i mas sim boa maneira alentejana vai se construindo Esta constru o futura nada mais nada menos que um potenciar do espa o ampliando o no tempo ampliado pelo futuro pela sua novidade pela sua criatividade pelo seu espanto O espa o ampliado pelo tempo do futuro o espa o da imagina o pois a imagina o a capacidade de criar continuamente novos espa os e novas figuras no espa o O espa o da imagina o o espa o da esperan a e da utopia o espa o novo num novo espa o Os nossos espa os s o sempre espa os cruzados pelos tempos espa os da mem ria e espa os da imagina o espa os das ra zes e espa os da viagem espa os do passado e espa os do futuro Fig 1 Jos Manuel Rodrigues gavetas da mem ria lbum de retratos As 15 16 Fig 2 Paul Klee View from a window Island in the north sea 1923
5. 1913 459 Fenster ans lia L Nordsee insel TA SER N EN SK ES Fig 3 Fotografia da autora Vista da minha janela Casa em espera Alc covas 2015 18 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Fig 4 Aldo diagram 1962 Van Eyck Leaf tree Aldo van EvaL 1 2 is not a city unless it s also a huge house a house is a house only if itis odso Say leaf Say tvee m say a few leaves still and momy leaves soon say leafless tree Sey heap of leaves Say this tree when 1 Se up ond thet tvee cher wes a child say one treo lots 04 rees odi sorts og treer treer in the Sey forest her dark lost five fury owls host toadstoel timber say orchard apples apple pit sa va tree 5 iq lea say wurst fa PE 2 mecity say amythina but t tr Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o O espa o e o tempo O tempo e o espa o Duas categorias que servem para explicar toda a realidade duas coordenadas que se entrecruzam para dizer um algo antes indefinido inexistente Todas as perguntas poss veis podem ser respondidas por meio destes dois eixos ainda que umas realidades sejam mais temporais e outras mais espaciais o registo espaciotemporal a hibridiza o ou a am lgama de ambos a dimens o de um conceito filos fico que permitir resolver o dilema atrav s de um bin mio d
6. Sempre que entr vamos na Casa em Espera fic vamos com a sensa o de que algu m que aqui vivia um dia teria sa do pressa sem tempo de levar consigo as suas coisas queridas Se n o soub ssemos dir amos que os moradores da casa tinham ido de f rias e regressariam a qualquer momento Na verdade sab amos o motivo de ainda encontrarmos em cima da mesa as agulhas de croch da av na cabeceira do quarto ainda estava a cigarreira em prata e as revistas insistentemente pousadas em cima da mesa j haviam perdido a conta aos anos A morte atribui significado s coisas torna as mais que coisas por terem sido tocadas por algu m que j n o vemos E acabar amos necessariamente assim mortos inventariando mortos Al m das coisas eminentemente presentes na casa tamb m n s tal como todos os viajantes inexperientes traziamos bagagens sobre dimensionadas tamb m n s com o tempo nos transformamos em acumuladores de coisas s quais atribuiamos os nossos pr prios significados lembran as de outras viagens mem rias f sicas de outras moradas Cheg mos casa carregados das nossas mais que coisas apegados a elas como quem embala um remorso conscientes de n o estarmos dispostos a abandon las entrada Porque os novos moradores t m as suas pr prias expectativas em rela o casa espera se que ela nos receba de bra os abertos abrindo em si espa os para n s cansados viajantes e para a no
7. de uma grande raz o Agora uma pequena raz o chegaria um ponto fixo uma esperan a uma medida O tempo do processo permitiu o abandono de uma ideia que arrumada na gaveta das possibilidades poder vir a ser retomada um dia ou como tantas outras cair no esquecimento O construtor torna se ent o a figura central deste processo figura protagonista que cri mos para que pud ssemos entender de que modo intervir na casa materna m e de todas as casas que est sempre na origem dos nossos espa os de afectos e a qual transportamos fielmente na nossa mem ria e nas nossas constru es casa Assim o construtor aquele que se situa entre o habitante e o arquitecto entre aquele que habita e aquele que cria projecta o espa o a habitar Poder amos ent o dizer que o construtor o di logo presente neste processo mediador da emo o e do saber fazer da afectividade e da objectividade final desta jornada da marquise projecto Casa em Espera Alc ovas 2014 Desenho Piteira Lu s Fig 47 101 ESS TRENN Ng ZA AN Fa lt a A N E Py ee z y Pes y x a q WS gt ESSAS Lu s Piteira Adriana Corr a Desenho de levantamento Casa em Espera Alc ovas 2014 Fig 48 102 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Espa o do poss vel V s artistas que fazeis teatro Em grandes casas sob
8. um corpo inerte feito mais de coisas como esperan a e desejo do que de carne sangue e nervos porque o corpo tem ab badas onde soam os sentidos se tocados de leve ecoando longamente como mem rias de outra vida O passado n o est ainda pronto para n s nem o futuro O homem pensa age cria ama contempla habita e comunica segundo coordenadas que nem sempre s o percept veis mas que est o sempre impl citas na sua vida habitual Resta nos ent o habitar construir e desenhar esta casa Como quem habita uma mem ria 36 ROSA Ant nio Ramos O Apren diz Secreto Quasi Edi es Vila Nova de Fami lac o Julho de 2005 p 48 37 ANDR J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 75 38 PINA M A Separa o do cor po in Todas as palavras poesia reunida op cit p 312 39 Idem 40 ROSA A R O Aprendiz Secreto op cit p 68 41 PINA M A A vida real in Todas as palavras poesia reunida op cit p 273 23 Fig 5 Joana Rego Voltar a casa como se fosse a primeira vez Exposi o da galeria Miguel Justino Contemporary Art 2014 i 4 Fig 6 Larry Sultan Nighland Pictures from home San Fernando Valley 1984 Fig 7 Larry Sultan My father s dresser Pictures from home San Fernando Valley 1985 25 Fig 8 Fotografia da autora Casa da av afecto materno Vila Nova de Gaia 2014 26 Fig
9. 2000 Oh as casas as casas as casas BRAND O Ludmila de Lima A casa subjetiva mat rias afectos e espa os S o Paulo Perspectiva Cuiab Secretaria de Estudos de Cultura de Mato Grosso 2002 BRECHT Bertlot Poemas Vers o portuguesa de Paulo Quintela ASA Editores Porto Colec o Terra Im vel 1 edi o Setembro 2007 De todas as obras Louvor do esquecimento Sobre a constru o das obras duradouras Sobre o teatro do dia a dia BUARQUE Chico Chico Buarque lbum Universal Music 1978 Feijoada Completa CAMARERO Jes s Especies de Espacios Barcelona Montesinos Abril 1999 Escribir y leer el espacio CAMPOS lvaro Poemas de Fernando Pessoa Vis o Janeiro 2006 Tabacaria COUTO Mia Vozes anoitecidas Lisboa Caminho 1987 3 edic o FIGUEIREDO V tor Fragmentos de um discurso Circo de Ideias 2012 Ensinar O meu melhor projecto O processo Tempo e dinheiro 125 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o FONSECA SANTOS In s A Habita o de Jonas Lisboa Abysmo 2013 A Habita o de Jonas FONSECA SANTOS In s As coisas Lisboa Abysmo 2012 FONSECA SANTOS In s Regressar a casa com Manuel Ant nio Pina Lisboa Abysmo Fevereiro 2015 HELDER Herberto Poema cont nuo Lisboa Ass rio amp Alvim 2004 Falemos de casas LACATON amp VASSALL 2G Lacaton amp Vassal GG Barcelona 2
10. a ser abertas Algumas coisas ganharam vidas novas outras foram finalmente esquecidas Sacudindo o p da velha casa sentimos que finalmente volt vamos a respirar vida simples problema de respira o Compreendemos a necessidade da mudan a apenas poss vel atrav s da reconcilia o da casa com o tempo presente Pois a casa que habitamos e constru mos n o pode alimentar se de vidas passadas Tal como tivemos que abandonar as nossas antigas casas agora mortas a nova morada ter que dizer adeus aos seus primeiros construtores abrindo espa o ao nosso habitar 104 BRECHT B Louvor do esquecimento in Poemas op cit p 464 105 BELO Ruy Oh as casas as casas as casas op cit 81 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 106 FONSECA SANTOS In s A Habita o de Jonas op cit 107 PINA M A Os mortos in Todas as palavras poesia reunida op cit p 306 108 MORAES V A casa materna in Para vivier um grande amor op cit p 49 109 PINA M A Os mortos in Todas as palavras poesia reunida op cit p 306 110 BRECHT B Louvor do esquecimento in Poemas op cit p 464 111 PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa op cit p 9 112 R GIO Jos Toada de Portalegre op cit 113 BRECHT B Louvor do esquecimento in Poemas op cit p 464 82 Sabemos por m que o peso
11. constru o de um processo de habita o 142 LACATON amp VASSAL Cit Manifeste Mulhouse Fran a http www lacatonvassal com index php idp 19 143 AIXOPLUC Cine Lidia Ru idecols Espanha http www aixopluc net cine lidia 01 riudecols 144 MENDES Miguel Mumemo Mo ambique http mumemo blogspot pt 145 PEREIRA Godofredo Da sustentabilidade ecologia radical in op cit p 32 146 HELDER H Falemos de casas op cit p 9 12 112 sua capacidade de ser um processo cr tico e cont nuo no tempo Assuma se portanto a exist ncia de um projecto disciplinar e de um outro que n o o mas nem por isso menor menos importante ou menos v lido a exist ncia de um projecto cont nuo abrangente com a dura o de um habitar Trata se ent o de estender o que o projecto disciplinar aquele que requer a presen a constante do arquitecto e de tornar infinito aquele que n o o aquele que praticado todos os dias atrav s de processos de apropria o e de constantes adapta es que pode ou n o ser acompanhado pelo arquitecto mas que decerto se fez munir das ferramentas necess rias para a sua continua o Falamos das metodologias projectuais praticadas por Lacaton amp Vassal no acompanhamento peri dico dos processos de apropria o das resid ncias na Cit Manifeste em Mulhouse falamos do CIY adapta o do DIY do it yourself para complete it yourself dos Aixopluc com a c
12. in Especies de espacios op cit p 127 102 FONSECA SANTOS Regressar a casa com Manuel Ant nio Pina op cit p 13 In s 103 PEREC G O espa o continua o e fim in Especies de espacios op cit p 139 140 78 Todos os dias fazemos alguma coisa na casa da eternidade de coisas que t m que ser feitas mas que sempre demoram mais A luz do corredor fundiu os candeeiros tinham vindo de Fran a h pelo menos tr s d cadas atr s e levavam uma l mpada especial sem rosca absolutamente imposs vel de encontrar Portanto o corredor ficou s escuras Todos os dias reclam vamos por ainda n o termos mudado o candeeiro do corredor Todos os dias nos irrit vamos ao carregar inutilmente no interruptor ao cimo da escada Todos os dias viv amos no amanh quando volt ssemos a ter luz no corredor At que chegou o dia em que o candeeiro foi mudado E j n o nos lembramos mais de acender a luz no interruptor ao cimo da escada Agora reclamamos por outros amanh s de outras coisas que ficaram por fazer Isto do espa o do habitar e viver um espa o algo que para n s habitantes do dia a dia se assemelha s ac es involunt rias que praticamos inconscientemente como o pestanejar ou o bocejar Por m o tempo esse sim passa nos ao lado a ponto de n o sermos capazes de habitar a sua espessura com a mesma facilidade com que praticamos o espa o casa A verdade que o espa o parece estar mais domesti
13. mais do que paredes e ch o tectos e telhados portas e janelas mais do que os m veis que a ocupam e mais do que as coisas que preenchem os m veis mais do que as mem rias as fotografias mais do que roupas e trapos A casa mais do que a casa E a cada dia h de surpreender seja pelas manchas de humidade que se fazem notar no tecto da casa de banho seja pelas novas flores no jardim que ainda ontem jur mos que l n o estavam Assim nunca poder amos contar vos a casa n o toda a casa n o o sabemos n s que c vivemos comemos e dormimos Podemos sim mostrar vos imagens imagens de uma casa desta casa fragmentos passagens e retratos de uma casa em espera Desta casa cheia dos maus e bons cheiros das casas que t m hist ria cheia da t nue mas viva obsidiante mem ria de antigas gentes e tra as cheia de sol nas vidra as e de escuro nos recantos cheia de medo e sossego de sil ncios e de espantos N o temos portanto a pretens o de chegar a um entendimento geral da casa mas sim de dar not cia do que pode ser um processo de habita o que n o poderia ser levado a cabo sen o pela experi ncia e pelo experimento como algo que n o nem poder ser estanque Porque a casa e as gentes que a habitam est o em constante transforma o a casa que nos transforma simultaneamente transformada por n s ser vivo composto por tempo espa o gente que vibra range respira e vive E o que n s
14. mbolo de uma posi o que haviam conquistado e nica rela o estabelecida entre os av s e a constru o da sua pr pria casa era o dinheiro Construtores segundos A casa come ou a ser constru da num processo que ser talvez o oposto da auto constru o Como os av s n o estavam presentes quem tratava de todos os processos relacionados com a constru o da casa eram o Padrinho e o Tio Chico Mas a casa n o era para eles Fazia se o estritamente necess rio Com cuidado mas sem gosto Construtores terceiros Assim no fundo quem de facto constru a a casa eram os oper rios Sabiam que o que constru am era uma casa rica ainda hoje o vemos pela coloca o das pedras m rmore nos s tios mais inusitados faziam no da forma que sabiam no entendimento do que para eles seria uma casa rica Finalmente os construtores primeiros chegam casa Mas o seu interesse pela sua constru o mant m se igual O objecto casa que agora v em constru do n o um objecto amado mas sim um contentor dep sito de coisas pelas quais t o pouco sentiam muito apre o Vivem na casa porque a constru ram porque a pagaram N o existe na rela o com ela verdadeiro amor 43 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Construtores quartos 66 MORAES V A arte de ser velho in Para vivier um grande amor op cit p 33 Filha e genro mais tarde tamb m o neto participam na
15. ria para constru o actual da nova morada o construtor ter agora como fun o abrir o espa o presente ampliando a sua dimens o pot ncia criando espa o para a ac o da vida presente do morador actual corpo real e presente da casa Competimos assim por um espa o que seja capaz de dar casa ao que constru mos abrigo e aconchego constru o inacabada de um longo processo de projecto e de projectos Todavia n o pretendemos com isto decerto fazer perder o sentimento de tempo presente na casa ele faz parte da sua espacialidade d for a s suas ra zes e constr i hoje a base s lida em que apoiamos os pilares da nossa constru o N o queremos demolir as ru nas que encontr mos chegada mas sim nelas abrir novos espa os nossos dentro deste contentor de emo es passadas e presentes e com isto tornar poss vel o habitar de uma casa ou um espa o em branco entre as palavras ou uma possibilidade de sentido 85 in Para vivier um grande amor op cit p 49 86 Como se desenha uma casa op cit p 26 87 MORAES V A casa materna PINA M A Talvez de noite in Idem 65 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 88 PINA M A Relat rio in Como se desenha uma casa op cit p 14 89 Idem Dir se ia antes uma casa um pouco mais alta que um imp rio e um pouco mais indecifr vel que a palavra casa n o fulge Em certas noit
16. vista e algum ru do a mais est uma casa de certo mas aquela que connosco l esteve morreu no dia em nos mud mos E agora como vamos para casa Na nova casa preciso paci ncia Paci ncia para reaprender a habitar paci ncia para esperar que a casa queira tamb m ela habitar em n s Fazemos o luto s casas que deix mos aquelas que morreram nossa sa da Enquanto isso aprendemos a viver nesta morada e a conhecer lhe os cheiros os ru dos e os humores Um dia aprenderemos a chamar lhe casa Fig 25 Fotografia da autora Casa luto Porto 2014 Fig 26 Fotografia da autora Apropria o 2 Casa em Espera Alc ovas 2015 63 Fig 27 Lacaton amp Vassal fotografia e arquitectura Cit Manifeste Mulhouse 2005 arquitectura 64 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Espa o dos fantasmas H desde a entrada um sentimento de tempo na casa materna As coisas vivem como em prece nos mesmos lugares onde as situaram as m os maternas quando eram mo as e lisas Rostos irm os se olham dos porta retratos a se amarem e compreenderem mudamente O piano fechado com uma longa tira de flanela sobre as teclas repete ainda passadas valsas de quando as m os maternas careciam sonhar A casa materna o espelho de outras em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo em que tudo era belo o licoreiro magro a bandeja triste o absurdo bibel
17. O Aprendiz Secreto op cit p 60 50 Condi o do habitar A chegada nova morada sempre um ponto de viragem O viajante entra pela primeira vez na sua nova casa o seu novo abrigo sem ainda o sentir como seu A estranheza do sentimento da chegada marcada por cheiros que n o lhe pertencem de outros viajantes que por esta morada passaram e que alguma coisa por c constru ram Assim a chegada ao momento presente em que as viagens do construtor e da casa coincidem um momento de tens o de intercep o de tempos mem rias constru es e construtores que como quem diz de viagens e viajantes Esta tens o fundamental para o retomar desta constru o como uma passagem de testemunho de construtores passados para construtores presentes O futuro ainda ter que esperar Os primeiros tempos desta longa estadia sentem se com algum receio esta casa que habitamos n o nos pertence n o tem os nossos v cios ou as nossas marcas Habitamo la como quem habita um quarto de hotel h spedes tempor rios procurando n o deixar rastro Tanto n s construtores viajantes rec m chag dos como a casa imponente constru o passada e presente carregada de mem rias de outrora recebemo nos mutuamente com surpresa e desconfian a e como quem aperta a m o a um estranho pela primeira vez somos constrangidos a entrar e a acomodar nos Afinal esta agora a nossa casa Cheguei demasiado tarde e j todos se tinham
18. a nossa procura n o do espa o da casa m e mas sim de recriar a capacidade afectiva que esse espa o continha Procuramos a constru o deste espa o contentor de afectos Reclamamos assim esta capacidade afectiva do espa o contentor de afectos como mat ria e material de projecto para a constru o desta casa Esta capacidade n o entendida enquanto produto racionaliz vel pass vel de ser mimetizado que n o o mas enquanto pot ncia Assim o labirinto do tempo e das emo es transforma o espa o num labirinto que a pot ncia para muitos labirintos A evoca o deste espa o da afectividade o transporte desta mem ria para a nova casa abre espa o a outros espa os Espa os capazes de intensificar os afectos A incapacidade de racionalizar esta afectividade espacial da casa materna leva nos a uma rela o de dif cil trato com estas mem rias assumimos a sua exist ncia n o sabendo o que fazer com ela porque o r dio do av j n o toca e n o podemos trazer connosco para a nova casa o cheiro do almo o da av O que fazer ent o com toda esta carga mem ria fantasma que nos persegue necess rio tomar consci ncia que este espa o contentor de emo es ou espa o de afectos apenas existe em n s e assim tornarmo nos dispositivos de transporte desta dimens o afectiva Assumirmo nos a n s mesmos como dispositivo potenciador de afectos e emo es porque certo que temos um corpo mas
19. casa estiver totalmente determinada pela fun o que lhe foi atribu da a pot ncia deste espa o anulada Viveria assim o construtor encarcerado numa constru o est ril de possibilidades de usos e eventualmente de emo es N o te curves sen o para amar aconselhava o poeta Ren Char O que poder fazer ent o o arquitecto De um modo simples medir o espa o tirar o medo ao espa o de modo que a resultante seja o edif cio sobre o qual os homens e as mulheres digam entre si alto l dentro curvo me apenas por amor A Casa fun o tem todas as pe as necess rias ao habitar contempor neo e nenhuma pe a in til livre aberta Todas as pe as se encerram na sua pr pria condi o funcional O espa o est simultaneamente encolhido e ampliado no total da sua capacidade impossibilitando a abertura de novos espa os de novas pot ncias e principalmente de novos usos a casa em que as suas ru nas foram completamente demolidas para n o ocupar espa o Assim a casa fun o espa o est tico Por exemplo n o tenho nada contra espa os que n o tenham fun o espec fica Sabemos que antigamente quando se alugava uma casa muitas vezes se mudava a sala para o quarto e o quarto para a sala e o pr prio agregado familiar ia fazendo as suas op es Hoje em dia tal como est o destinadas as coisas por raz es que certamente n o s o culturais o sistema determina que a sala a sala com t
20. do passado a sua prologada presen a na nossa morada n o ser f cil de silenciar Durante muito tempo a casa ausentou se da vida quotidiana para tornar se museu homenagem aos antigos construtores homenagem a vidas passadas Econtr mos uma velha casa uma casa velha exausta e cinzenta cen rio para ac es mortas rendida ao passar do tempo Ao se afastarem os m veis as paredes deixaram cair pregos abriram rachas mostraram pudicas as manchas Paredes estais hoje mais velhas do que n s O branco demasiado aberto n o vos assenta bem Compreendemos ent o a necessidade do esquecimento Eu sei preciso esquecer Por m como esquecer Com que palavras e sem que palavras Como pode o construtor ser capaz de silenciar as vozes do passado vozes essas que tal como ele um dia fizeram vida do espa o casa No corrim o ao cimo das escadas discretamente colocados encontramos dois furos Do outro lado na parede timidamente mais um Um dia h muitos anos as m os paternas cuidadosamente ali puseram uma cancela pintada de preto para proteger o mais novo construtor dos perigos das escadas Sabemos h desde a entrada um sentimento de tempo na casa materna E esse sentimento de tempo de vida passado e mem ria n o deixar de existir na casa diferen a ser que passaremos a fazer parte desse tempo desse passado Ajudaremos a constru lo para que sustente mais tarde constru e
21. e dizer sobre essas casas intu sse a necessidade de experimentar uma outra concep o construtiva Criamos a consci ncia de que a casa n o pertence nossa disciplina mais do que pertence a todos n s habitantes do dia a dia como se a arquitetura precisasse fechar os olhos por uns tempos se permitisse ouvir cheirar perceber com o tato com o deslocamento do corpo flagrar o nascimento do espa o nessa conjun o de elementos e suas capacidades afetivas e que para falarmos dela necess rio que falemos de casas como quem fala da sua 216 10 alma Como seremos n s capazes ent o de produzir este texto construtor de espa o Troquem se tijolos por palavras ponha se o poeta subjetivamente na qu drupla fun o de arquiteto engenheiro construtor e oper rio Aprendamos a desenhar a casa com Manuel Ant nio Pina com Vin cius de Morais com Bertlot Brecht com Herberto Helder com muitos outros capazes de o fazer com algum grau de abstrac o e sem um plano rigoroso porque o material do poeta a vida e a vida o material da casa Notas sobre a estrutura Chegamos a casa Espera Entrai Estamos obviamente a escrever vos num momento presente numa sala do primeiro andar com uma janela nossa esquerda acima da qual as andorinhas teimosamente insistem em fazer ninho J muito se passou desde a primeira vez que c entr mos e estamos longe de chegar ao fim deste
22. em pot ncia quando polarizado por uma forma que o pode actualizar ainda n o chegou realiza o ou actualiza o dessa forma deste modo que o construtor percorre mentalmente os in meros espa os poss veis contidos no espa o casa transformando a casa num espa o potencial capaz de albergar as v rias casas poss veis labirinto que a pot ncia para muitos labirintos Cada espa o da casa a seu tempo ser ocupado por dispositivos que possibilitam ac es No espa o quarto ser constru da a cama para dormir no espa o cozinha a mesa e o fog o para comer e cozinhar N o dormir o construtor em cima da mesa Fechamos o leque A casa que se iniciou como um espa o pot ncia pot ncia de pot ncias cumpre a escolha do construtor passando de potencial a efectiva e afectiva Onde antes poder amos comer ou dormir hoje podemos dormir mas n o comer Assim o construtor habita a sua casa das muitas casas poss veis que poderia habitar continuando a sua constru o partindo de uma das muitas formas poss veis de a construir No centro do inabit vel o mobili rio define um espa o domesticado que os gatos os livros e os homens habitam com serenidade Encolhe assim o construtor o espa o da casa n o na sua dimens o claro est mas na sua potencialidade de albergar um determinado n mero de ac es Do espa o nu vazio potencial de todas as ac es poss veis na sua dimens o passamos para o
23. encontro e indistin o entre mat ria e subjetividade 3 SIZA VIEIRA lvaro Viver uma casa in 01 textos Porto Civiliza o Editora Abril 2009 p 133 135 4 R GIO Jose Toada de Portalegre in Fado Editora A bela e o monstro Outubro 2012 5 PINA M A em Ler mais Ler melhor registo v deo em lt https www youtu be com watch v X171VPq6LiE gt 6 SIZA VIEIRA Alvaro Viver uma casa op cit Ze Jos Saramago Memorial do Convento Porto Editora 2015 8 T tulo do poema e livro de Manuel Ant nio Pina 9 BRAND O Ludmila de Lima A casa subjetiva mat rias afectos e espa os S o Paulo Perspectiva Cuiab Secretaria de Estudos de Cultura de Mato Grosso 2002 p 135 11 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 10 BRAND O L L op cit p 17 11 Idem 12 PEREC Georges Especies de Espacios trad da autora Barcelona Montesinos Abril 1999 p 33 34 13 Como se desenha uma casa de Manuel Ant nio Pina 14 BRAND O L L op cit p 3 15 Idem p 134 135 16 HELDER H Falemos de casas op cit p 9 12 17 MORAES Vin cius de Sobre a poesia in Para viver um grande amor Rio de Janeiro Editora Autor 1962 p 57 58 18 PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa Ass rio amp Alvim Lisboa 2011 p 9 19 MORAES V Sobre a poesia op cit p 57 58 12 Notas sobr
24. espa o habitado quotidiano encolhido no leque da potencialidade das ac es mas aumentado na sua dimens o construtora 63 ANDRE J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 25 64 Idem p 75 65 PEREC G A conquista do espa o in Especies de espacios op cit p 134 39 Fig 14 Fotografia da autora Casa para o av espa o encolhido Casa em Espera Alc ovas 2015 41 Fig 15 Lygia Clark The proposition ping pong 1966 Fig 16 Robert Morris Untitled Box for Standing 1961 42 Outra Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o s mem rias Contaram nos Esta casa uma casa sem amor A casa que hoje constru mos teve antes da nossa chegada constru es e que reunir nova viagem Chamemo los agora para um reencontro neste espa o papel construtores pr vios A sua presen a nesta constru o n o pode ser hoje descartada ou sequer desconhecida Para retomarmos a constru o da Casa em Espera temos mente todos aqueles que de algum modo participaram na sua Construtores primeiros Os av s viviam em Paris estamos nos anos 70 A sua condi o financeira permitia lhes construir uma casa Uma casa de emigrante que fizesse jus express o tudo grande e francesa Iniciou se a constru o Para os av s a casa era uma conquista nada mais A sua constru o era apenas o s
25. j n o est e o que ainda n o esteve entre os que j partiram e os que ainda n o chegaram entre aquilo que j foi e o que ainda poder ser A casa do presente aquela em que habitamos hoje acaba suspensa entre narrativas passadas e utopias futuras vendo o seu espa o ampliado ou encolhido por dimens es temporais passadas ou futuras casa presente assim esquecida entre tanto tempo e tanto espa o Por isso o construtor foca se na dif cil tarefa de aprender a viver a casa presente por entre a sobreposi o de tempos e espa os e a constante constru o inacabada Apenas assim este poder habitar a espessura do tempo ou seja o espa o do tempo nas suas dilata es e contrac es constantes sem se perder pelos labirintos abertos pela imagina o utopia futura ou pela mem ria narrativa passada Oh as casas as casas as casas mudas testemunhas da vida 100 BELO Ruy Oh as casas as casas as casas in Todos os poemas Lisboa Ass rio Porque o tempo presente o mais curto dos tempos o mais fugaz e fugidio Alvim 2000 mas tamb m o mais real ele o tempo que ainda n o foi contaminado pela incerteza da mem ria ou pela liberdade da imagina o por isso nele o construtor encontra a mais verdadeira forma de habitar o espa o casa que cria recria e transforma a cada momento presente 77 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 101 PEREC G Medidas
26. momentos esta incurs o acerca da casa das casas assume se como uma vis o de dentro para dentro no interior da casa e principalmente no interior da rela o estabelecida entre ambos Procura se o entendimento da mec nica interna do habitar para ter a capacidade de intervir conscientemente no espa o casa Dividida em tr s momentos esta incurs o atrav s do espa o casa iniciada na subjectividade da constru o ntima de um habitar termina na objectividade final de uma reflex o de como pode o arquitecto a pr tica a disciplina da arquitectura intervir sobre a constru o da casa Assim o concluir desta constru o casa de papel procura a resposta do que o arquitecto para a casa o seu posicionamento em rela o constru o da morada e o papel que a arquitectura pode desempenhar na constru o deste projecto enquanto processo aberto cont nuo no tempo En Abstract Let s talk about houses Let s talk about houses about the way we build them the way we live them Let s talk about the way we make them living spaces in constant transformation Let s talk about everything that builds a house everything that composes it everything that is part of it Therefore let s also talk about ourselves those who build them those who live in them Assuming the internal and personal character of this investigation we leave aside incially the inherent subjects of architecture deviating the protagonism way of the architectura
27. nada A roupa ficava na mala a mala aberta no ch o a um canto o guarda roupa estava sempre cheio ainda que a casa estivesse sempre vazia 72 ANDRE J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 15 73 Idem 74 FONSECA SANTOS In s A habita o de Jonas in A Habita o de Jonas Lisboa Abysmo 2013 75 ANDR J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 15 76 ANDR J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 19 55 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o De uma das ltimas vezes que viemos temporariamente necessit vamos de um espa o para trabalhar Nada de muito exigente apenas uma superf cie horizontal livre qual pud ssemos dar uso N o havia na casa tal coisa Por m na garagem encontr mos uns cavaletes empoeirados e uma porta esquecida Arrastamos ent o todos os muitos m veis para os cantos desimpedindo o espa o necess rio para montarmos um improviso de mesa na marquise do andar de cima Durante essa semana utiliz mos esse espa o para trabalhar E foi a primeira vez que cri mos espa o dentro da casa At ao dia em que volt mos agora definitivamente a mesa improvisada manteve se l espera de que regress ssemos portanto na des apropria o na ac o do morador que nasce o espa o da c
28. objecto conclu do em si mesmo pois parte de um todo que inclui a constru o cont nua e inacabada n o podendo nunca ser entendido como um fim em si mesmo mas apenas como um meio um entre uma parte A falta de experi ncia associada previs vel ingenuidade de construtores pela primeira vez levou nos a um dif cil confronto com a realidade da constru o de uma casa Rapidamente percebemos que os meios pelos quais fomos ensinados a comunicar plantas sec es al ados e at mesmo axonometrias impecavelmente desenhadas a AutoCad nos seriam perfeitamente in teis Das in meras pessoas envolvidas neste processo de constru o apenas uma sabia ler nestas representa es o conjunto de inten es que pretend amos comunicar Para as restantes os desenhos n o eram mais do que manias de arquitectos Posto isto n o tardou a que tom ssemos a decis o de abandonar este processo e pass ssemos a outros modos de comunica o mais eficazes o de explicar rabiscar gesticular e principalmente o de contar e mostrar que se revelaram meios muito mais operativos de comunica o Assim os poucos desenhos que fomos fazendo tinham como nico remetente n s mesmos servindo nos apenas em ocasi es espec ficas de d vida pontual A inutilidade das representa es como meios de comunica o alterou a forma com que pens mos o projecto O di logo seu substituto for a levou nos a uma aprendizagem que conduziu o projecto por o
29. para ser feita para se ir fazendo a cada dia um pouco mais E o projecto tem assim que ser capaz de acompanhar a constru o ao longo do tempo que esta durar e como tal tem que se adaptar moldar e transformar sempre que necess rio pois este serve para dar respostas aos problemas do habitar tamb m estes em constante transforma o Na chegada casa eram claras as interven es necess rias constru o de um primeiro habitar N o ainda um habitar definitivo mas para j um habitar poss vel E assim foi delineada uma primeira etapa construtiva uma cozinha s mbolo de um habitar independente um quarto uma sala O resto para quando houver tempo Foi ent o iniciado o processo Com a casa partida a meio a metade em que improvis vamos uma morada e a metade da obra da sujidade e do p fomos construindo um projecto que ia sendo adaptado ao tempo que t nhamos antes da chegada do inverno condicionado pelos dias de chuva e pela paci ncia limitada de quem habita uma casa em obras Chegado o natal concluiu se a primeira etapa A casa encontrava se j no estado poss vel de receber a fam lia para a celebra o da data mas mais do que isto para a celebra o da nova morada O projecto deve ser entendido enquanto m todo e n o enquanto objecto iniciado na abertura do espa o poss vel levantamento e reconhecimento de potencialidades e continuado pelo espa o do poss vel no conflito com a realidade diante
30. 007 Two conversations with Patrice Goulet LOBO ANTUNES Ant nio Mem ria de elefante Publica es Dom Quixote 2003 MENDES Miguel Mumemo in http mumemo blogspot pt MORAES Vinicius Para viver um grande amor Rio de Janeiro Editora Autor 1962 A arte de ser velho A casa materna A velha mesa Sobre a poesia PEREC Georges Especies de Espacios Barcelona Montesinos Abril 1999 A conquista do espa o De um espa o in til Medidas O apartamento O espa o continua o e fim O quarto PEREIRA Godofredo Detritos 02 Cria es singulares Novembro 2008 Da sustentabilidade ecologia radical PINA Manuel Ant nio Como se desenha uma casa Ass rio amp Alvim Lisboa 2011 Como se desenha uma casa O quarto Relat rio Ru nas Talvez de noite 126 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o PINA Manuel Ant nio Ler melhor registo v deo em https www youtube com watch v X171VPq6LiE PINA Manuel Ant nio Todas as palavras poesia reunida Ass rio amp Alvim Lisboa 2013 A vida real As coisas Corpo presente Lugares da inf ncia Neste preciso tempo neste preciso lugar Os mortos Que dia Que olhar Quinquag simo ano Separa o do corpo Uma casa O regresso R GIO Jos Fado Editora A bela e o monstro Outubro 2012 Toada de Portalegre ROS
31. 68 Fig 31 1922 Kathe Kollwitz The mothers 69 Fig 32 Jo o Fazenda Ilustra o do livro As coisas de In s Fonseca Santos 2002 70 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Os corpos e as coisas H em todas as coisas uma mais que coisa fitando nos como se dissesse Sou eu algo que j l n o est ou se perdeu antes da coisa e essa perda que a coisa A casa ocupada pelos fantasmas do passado at nossa chegada est hoje repleta das coisas que deixaram para tr s objectos inanimados aos quais algu m ap s a partida dos antigos construtores atribuiu significado Essas coisas mortas parecem ganhar vida pr pria como se pudessem hoje de algum modo continuar a presen a interrompida dos que por c passaram Talvez seja pr prio da natureza humana este atribuir de significado esta mais que coisa s coisas que nos rodeiam E talvez do mesmo modo o fa amos s nossas casas transformando as em mais que casas Todavia com a chegada dos novos moradores as coisas parecem voltar ao seu estado original de coisas mortas coisas apenas coisas insignificantes acumuladores de p e teias de aranha ocupando espa o fundamental instala o dos novos corpos presentes Inicia se ent o uma disputa entre as coisas passadas e os corpos presentes entre novos moradores e a mem ria de moradores passados disputando um mesmo espa o uma mesma morada
32. 9 Fotografia da autora Transporte espa os de afectos Casa em espera Alc ovas 2015 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Espa os mesti os Transporte 2 Morada Calle de la Guardia Civil n 2 puerta 22 Valencia Espa a Habitantes Adriana Correa Lu s Piteira Morada Rua Cinco de Outubro n 181 1 tr s Porto Habitantes Adriana Correa Lu s Piteira F bio Verr ssimo A primeira vez que vimos a casa tudo pareceu muito grande Principalmente para n s que apenas t nhamos meia d zia de m veis emprestados por familiares A agente imobili ria cuspia disparates a alta velocidade qualquer coisa sobre a luz do sole o pavimento de soalho umas placas pl sticas a imitar madeira O pelo do gato dos antigos inquilinos cismava em n o desaparecer Dois anos depois j n o nos lembr vamos da sala ser t o grande agora novamente despida dos velhos m veis emprestados O pobre sof cama castanho desbotado j tinha um bra o partido disfar adamente encostado parede para n o abanar mas ainda assim um minuto depois de o termos deixado junto aos contentores do lixo j algu m o tinha levado Estranhamente j tudo parecia ali pertencer n s os velhos m veis emprestados as luzes de natal que iluminavam o hall e as fotografias de uma viagem a Marrocos penduradas na parede Eu somos tristes N o me engano digo bem Ou talvez n s sou triste Po
33. A Ant nio Ramos O Aprendiz Secreto Quasi Edi es Vila Nova de Familac o Julho de 2005 SARAMAGO Jos A viagem do Elefante Porto Editora 2014 SARAMAGO Jos Jos e Pilar document rio de Miguel Gon alves Mendes 2010 SARAMAGO Jos Memorial do Convento Porto Editora 2015 SIZA VIEIRA lvaro 01 textos Porto Civiliza o Editora Abril 2009 Viver uma casa TAVARES Gon alo M Arquitectura natureza e amor Op sculo 14 Dafne Porto 2008 127 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 128 Iconografia Na presente disseta o a presen a da imagem seja ela desenho fotografia ou pintura constitui uma narrativa paralela narrativa textual aut noma e complementar que n o a pretende ilustrar NOTAS Fig 1 Jos Manuel Rodrigues As gavetas da mem ria lbum de retratos in lt http alexandrepomar typepad com alexandre pomar jos manuel rodrigues gt Fig 2 Paul Klee View from a window Island in the north sea 1923 in lt http elisabeth blog lemonde fr 2013 02 13 fenetres de la renaissance a nos jours durer monet magritte fensterausblick nordseeinsel gt Fig 3 Fotografia da autora Vista da minha janela Casa em espera Alc ovas 2015 Fig4 Aldo Van Eyck Leaf tree diagram 1962 in lt http iris nyit edu rcody Thesis Readings Eyck 20 20Trees jpg gt I PASSADO ESPACOS DE AFECTOS TRANSPORTE 1 Fig 5 Joana Rego Voltar a ca
34. Assim ocupamos o nosso contentor Se outros construtores c estivessem fariam de outra forma ou seja desenhariam outra casa Um mesmo contentor tem assim a capacidade de albergar um sem n mero de casas poss veis desenhos poss veis construtores poss veis Deste modo as vastas salas os pequenos quartos os corredores corresponder o a outras tantas formas de estar e de participar na un nime respira o da terra O av construiu a sua casa Uma casa muito grande grande de mais Fazia parte dos seus requisitos que a casa fosse assim grande E pouco a pouco o av foi demolindo partes da sua constru o o andar de cima quando os joelhos deixaram de o permitir subir o lan o de escadas tamb m ele grande a grande sala para as muitas visitas que deixou de ter paci ncia para receber o grande quintal que perdeu interesse quando a av deixou de l estar presente carinhosamente de roda das flores O av desenhou assim a sua nova casa o quarto para dormir a cozinha para todo o resto Esta era a casa do av Quando o construtor chega casa vazia espa o nu recorre imagina o Veste mentalmente o espa o com objectos quotidianos a mesa a cama o sof Veste tamb m este espa o nu com objectos do espa o afectivo o poster do Mir comprado numa viagem a Barcelona a poltrona do av Assim se abre o leque das possibilidades que como quem diz assim se constr i o espa o pot ncia Algo est
35. E IT EASIER Our job is to think so others can build and live more easily Our goal is clear and simple the way is complex We devote our quality time to this Autonomy and freedom are our allies 5 NO WASTE We need to evolve from parasites to a symbiotic relation with nature In order to achieve this our priority is to use energy that has not been transformed by man yet sun wind rain To make the most of everything We strive to give the maximum comfort for others with the minimum material and energy waste Our goal is to build the minimum necessary to fulfill somebody else s need with no waste whatsoever and with a positive ecological impact Fig 51 Aixopluc Our questions to think b make to think to make Fig 52 Aixopluc A little map for builders young and on a journey architect builder 113 g S 2 S 8 o 3 an 3 gt amp g 2 3 o 3 A o gt 2 a T 3 a is E q on 8 5 o o N S 2 5 Fig 53 114 Fig 54 Lacaton amp Vassal Cit Manifeste Mulhouse 2005 fotografia por Philippe Ruault Fig 55 Lacaton amp Vassal fotografia e arquitectura Cit Manifeste Mulhouse 2005 115 co 3 o a E 3 5 vo ES o y a E 2 Fig 56 116 117 Fig 58 118 Miguel Mendes Mumemo 2006 Fig 59 Miguel Mendes Mumemo 2006 119 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um pr
36. H muito tempo antes de vir a hera nu Insustent vel ainda Como a m quina que se usa Embora j n o chegue Mas promete outra melhor Assim ter de construir se A obra pra durar como A m quina cheia de defeitos Espa o poss vel Espa o do poss vel 127 BRECHT B Sobre a constru o das obras duradouras in Poemas op cit p 362 97 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 128 PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa op cit p 9 98 Espa o poss vel Primeiro abre se a porta por dentro sobre a tela imatura onde previamente se escreveram palavras antigas o c o o jardim impresente a m e para sempre morta Anoiteceu apagamos a luz e depois como uma foto que se guarda na carteira iluminam se no quintal as flores da macieira e no papel de parede agitam se as recorda es Protege te delas das recorda es dos seus cios das suas conspira es usa cores morosas tons mais que perfeitos o rosa para as l grimas o azul para os sonhos desfeitos Uma casa as ru nas duma casa uma coisa amea adora espera de uma palavra desenha a como quem embala um remorso com algum grau de abstrac o e sem um plano rigoroso Assim iniciamos a constru o do nosso espa o poss vel Andamos pela casa agora j limpa das suas vidas mortas despida de m veis de quadros e de cores e abrimos nela
37. Imagens de uma Casa em Espera Constru o de um processo de habita o Adriana Cerqueira Correa Orientador Prof V tor Silva Disserta o de Mestrado Integrado em Arquitectura FAUP 2015 A presente disserta o n o foi escrita de acordo com o novo Acordo Ortogr fico Agradecimentos s minhas casas e a todos os que participaram na sua constru o Aos meus av s a minha casa materna Ao Lu s companheiro de constru es Ao av Machado pela constru o desta casa que tanto soube esperar Aos amigos minhas outras moradas Ao Manuel Ant nio Pina por me deixar ver a casa pelos seus olhos Ao Professor Vitor Casa em Espera Pt Resumo Falemos de casas Falemos de casas do modo como as constru mos do modo como as habitamos Falemos de como fazemos delas espa os vivos em constante transforma o Falemos de tudo aquilo que constr i uma casa de tudo o que a comp e de tudo o que dela faz parte Falemos portanto tamb m de n s que as construimos e que as habitamos Assumimos o car cter interno e pessoal que esta investiga o tem como fundo deixando de lado inicialmente os aspectos pr prios da disciplina da arquitectura afastando o protagonismo da pr tica do arquitecto Esta constru o subjectiva que encontra semelhan a na poesia e na literatura procura retratar o conflito do habitante com a casa passada e presente que constitui material de um projecto futuro Assim nos dois primeiros
38. O que apropriar se de um s tio A partir de que momento que um s tio verdadeiramente de algu m Quando j se p s de molho tr s pares de meias numa bacia de pl stico rosa Quando j se requentou esparguete num camping gas Quando j se utilizaram todas as cruzetas desocupadas do guarda roupa Quando j se colou na parede um postal velho que representa o sonho da Santa rsula de Carpaccio Quando j se experimentou a as nsias da espera ou as exalta es da paix o ou os tormentos das dores de garganta Quando j se vestiram as janelas com cortinas a gosto e se colocou o papel de parede pintado e se riscou o soalho Ap s a chegada a casa tempo do viajante se instalar na sua nova morada retomar a sua constru o e fazer desta casa a sua casa Por m a partir de que momento que um s tio verdadeiramente de algu m e mais do que um s tio qualquer a partir de que momento que uma casa verdadeiramente a nossa casa Esta transi o na rela o habitante casa construtor constru o algo que acontece a um n vel t o interno que n o conseguimos precisar o instante em que se d essa passagem o momento em que de repente e sem aviso dizemos vou para casa e n o h nesta afirma o qualquer hesita o ou d vida que a casa s uma Casa nova casa de f rias casa dos pais casa da rua x casa A casa pr pria dispensa adjectivos ou justifica es porque a casa a casa P
39. Propomos ent o um exerc cio de leitura em que o leitor seja tamb m ele construtor desta casa capaz de percorrer o espa o do livro t o livre e criativamente como lhe apetega entendendo que a leitura e a escritura n o t m porque ser dois actos antag nicos I Passado Reconhecemos as marcas de quem por c passou antes da nossa chegada a sua import ncia para as nossas hist rias ser indiscut vel Reconhecemos tamb m marcas em n s mesmos como nomes de namoros de crian a cravados na madeira da velha mesa de Vinicius A casa que construiremos juntos ter estas marcas como funda es preciso que convidemos todos a entrar para que possamos criar espa o para entrarmos n s tamb m neste equil brio entre todos os que juntos constru mos esta casa que se inicia o processo do habitar As personagens destas hist rias habitaram esta e outras moradas moradas que fomos construindo e por onde fomos passando Moradas que nos constru ram a n s tamb m e que permitem agora a constru o desta casa que sempre esperou a nossa chegada e que continuar a esperar as chegadas futuras Deste modo estas p ginas povoam se de amigos e outras moradas alguns que j partiram mas nem por isso est o ausentes alguns que ainda est o por vir mas que j t m lugar posto nossa mesa 20 PEREC G op cit p 47 21 CAMARERO Jes s in PEREC G op cit p 16 22 Idem 23 Idem p 18 24 MO
40. RAES V A velha mesa in op cit p 87 25 PINA M A Como se desenha uma casa op cit 13 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 26 PINA M A Talvez de noite in Como se desenha uma casa op cit p 26 27 PINA M A Neste preciso tempo neste preciso lugar in Todas as palavras poesia reunida op cit p 252 28 ANDR Jo o Maria O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o C rculo de Artes Pl sticas de Coimbra Col gio das Artes 2014 P 73 74 14 II Presente aqui no momento presente que nos encontramos n s e casa Aqui se inicia o processo de desejo dan amos a passo lento abrindo espa os nossos A casa n o a mesma ap s a nossa chegada pois n s tamb m mud mos Criam se as condi es do habitar As condi es encontradas s o de um outro habitar que n o o nosso como se todos os que por c passaram nunca tivessem sa do e agora seja indispens vel a cria o de um espa o potenciador do nosso habitar s costas trazemos bagagens e n o as podemos deixar do lado de fora da porta Encontramos claro est resist ncia um habitante silencioso caminhando frente dos nossos passos dormindo na cama ao nosso lado comemos a sua comida as nossas pr prias palavras n o nos pertencem Pensamos que faria eu com tanto Passado sen o passar lhe ao lado deitando lhe o enviesado olhar da ironia
41. a do passado ensina nos a encontrar no presente a base para o projecto futuro constru do sobre as viagens e mem rias passadas capaz de ver para al m do imediato do bvio do presente Constru mos ent o um projecto n o consum vel no instante mas sim uma projec o futura de combust o lenta constru o lenta respeitando o tempo dos homens e das casas Procuramos um projecto capaz de ser moldado pelas m os que o constroem que o habitam que o praticam capaz de se adaptar regenerar e actualizar a cada instante capaz de compreender a mod stia das casas e dos homens Quanto tempo Duram as obras Tanto Quanto o preciso pra ficarem prontas Pois enquanto d o que fazer N o ruem Fig 46 Ana Ventura Take care 2012 95 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o III Futuro Sobre a construg o das obras duradouras Quanto tempo Duram as obras Tanto Quanto o preciso pra ficarem prontas Pois enquanto d o que fazer N o ruem Convidando ao esfor o Compensando a participa o A sua ess ncia duradoura enquanto Convidam e compensam As teis Pedem homens Asart sticas T m lugar pra arte As s bias Pedem sabedoria As destinadas perfei o Mostram lacunas As que duram muito Est o sempre pra cair As planeadas verdadeiramente em grande Est o por acabar Incompletas ainda Como o muro espera da hera Esse esteve um dia inacabado
42. asa at ent o esqueleto im vel desabitado vazio de emo es e de afectos de transportes de outras viagens e de mem rias pois sem ningu m para as recordar como e onde podem existir as mem rias A chegada a casa casa termina ent o quando o visitante se transforma em construtor 56 Fig 22 Fotografia da autora Apropria o 1 Casa em Espera Alc ovas 2013 57 Fig 23 Joana Rego N de n o lugar 2008 Fig 24 Ram n Masats t tulo desconhecido Tornelloso 1960 58 Todos os lugares s o passageiros eternos passageiros no passo de quem os ultrapassa No s tio de uma n o janela pode ficar uma n o cadeira tanto d como n o d lugar ou n o lugar ligar ou n o ligar legar ou n o legar riscar ou n o riscar o que n o Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Casa cen rio Apropria o do espa o 2 Espa o dos fantasmas Os corpos e as coisas Espa o do tempo Louvor do esquecimento no centro do inabit vel o mobili rio define um espa o domesticado que os gatos os livros e os homens habitam com PEREC G A conquista de serenidade espa o in Especies de espacios op cit p 134 59 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 78 PEREC G O quarto Especies de espacios op cit p 48 49 79 60 Idem in Apropria o do espa o 2
43. bjecto arquitect nico resiste de uma forma residual como um fundo pot ncia sobre o qual se constituem eventos e acontecimentos 139 PEREIRA Godofredo Da sustentabilidade ecologia radical op cit p 31 Entramos ent o no campo de uma arquitectura menor n o por ser uma arquitectura pobre de escassez de meios mas sim por ser uma pr tica de economia de meios e de recursos que n o t m que ser necessariamente recursos econ micos Falamos de uma arquitectura capaz de trabalhar com aquilo que tem m o por assim dizer Falamos tamb m de uma pr tica da disciplina consciente de que a resolu o dos problemas da habita o n o passa necessariamente por uma grande interven o pelo contr rio em muitos dos casos interven es pontuais por vezes quase cir rgicas t m a capacidade de transformar por completo o espa o casa e o habitar desse mesmo espa o com a consci ncia de que n o o tamanho da interven o que importa mas sim o seu impacto a sua pot ncia transformadora e a sua capacidade de cria o Com isto n o nos referimos apenas a processos de interven o sobre uma pr exist ncia Mesmo na constru o de uma casa de raiz importa a no o de que n o cabe disciplina pr tica do arquitecto resolver tudo controlar tudo finalizar tudo O espa o casa tem que ser aberto vida ao acontecimento mudan a tem que ser aberto livre apropria o e modos de vida Assim cabe ao arq
44. c ovas 2014 Fig 48 Lu s Piteira Adriana Corr a Desenho de levantamento Casa em Espera Alc ovas 2014 132 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o ESPA O DO POSS VEL Fig 49 Fotografia da autora Materializa o 1 Casa em Espera Alc ovas 2014 Fig 50 Fotografia da autora Materializa o 2 Casa em Espera Alc ovas 2014 ESPA O CONTINUA O E FIM Fig 51 Aixopluc Our questions in lt http www aixopluc net aixopluc our questions gt Fig 52 Aixopluc A little map for builders young and on a journey in lt http www littlemaps net a a little map for builders gt Fig 53 Lacaton Vassal Cit Manifeste Mulhouse 2005 fotografia por EntreVoir in lt http entrevoirart blogspot pt 2014 06 a lacaton p vassal cite manifeste html gt Fig 54 Lacaton amp Vassal Cit Manifeste Mulhouse 2005 fotografia por Philippe Ruault in lt http www lacatonvassal com index php idp 19 gt Fig 55 Lacaton amp Vassal fotografia e arquitectura Cit Manifeste Mulhouse 2005 in lt http www lacatonvassal com index php idp 19 gt Fig 56 Aixopluc Cine Lidia 2013 in lt http www aixopluc net cine lidiago1 riudecols gt Fig 7 Aixopluc Cine Lidia 2013 in lt http www aixopluc net cine lidia 01 riudecols gt Fig 58 Miguel Mendes Mumemo 2006 in lt http mumemo blogspot pt gt Fig 59 Miguel Mendes Mumemo 2006 in lt http mu
45. cado ou ser mais inofensivo do que o tempo onde quer que vamos encontramos gente que usa rel gio mas muito raro encontrar algu m com uma b ssola Assim o Espa o do tempo este que habitamos na dimens o presente moment nea do espa o casa o habitar deste bin mio de duas condi es contrapostas mas complementares e insepar veis porque uma realidade n o pode ser explicada nem sequer pensada sem requerer a presen a desta dupla ideia do espa o e do tempo O construtor tem no o da fragilidade deste espa o n o contaminado pelo esquecimento ou pela imaginag o com a consci ncia de que os meus espa os s o fr geis o tempo ir desgast los ir destru los nada se parecer j com o que era as minhas recorda es me atrai oar o o esquecimento se infiltrar na minha mem ria olharei para algumas fotos amareladas com os cantos rasgados sem as poder reconhecer O espa o desfaz se como a areia que desliza entre os dedos O tempo leva o e apenas me deixa uns quantos peda os informes WEST DEVON DISTRICT EMOOR OREST Fig 37 Richard Long Ilustra o do livro Dartmoor 2006 in Diogo Silva Ideologia e desencanto voca o pol tica da arquitectura em Manfredo Tafuri Porto Faup 2014 79 Fig 38 Grega 80 Ouroboros Simbolo da Mitologia Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Louvor do esquecimento Bom o esqueciment
46. casa h pouco tempo ainda tudo parecia ser novidade por c N o sentiamos esta casa como algo que nos fosse natural Viv amos c sim mas esta ainda n o era a nossa casa Havia sempre um momento no regresso em que algu m dizia Vamos para casa e seguia se sempre a mesma resposta Qual casa Foi s passado bastante tempo que a casa come ou a ser s uma Parece nos ter sido um dia escolhido ao acaso sem qualquer raz o espec fica em que isso aconteceu mas desde ent o nunca mais deixou o de ser Esta passagem acontece assim na inseparibilidade da rela o estabelecida pelas partes constituintes do todo do habitar N o se trata de uma transi o f sica ou palp vel por m o momento em que o viajante p e de parte ainda que por um tempo limitado a sua viagem a solo e acompanha o elefante 80 SARAMAGO Jos A viagem do Elefante op cit e LOBO ANTUNES Ant nio a Mem ria de elefante op cit E dif cil discernir onde a fronteira de que modo n s vivemos nos livros e de que modo os livros vivem em n s Acho que as duas coisas n o s o completamente diferentes uma da outra Os livros vivem em n s por n s vivermos neles uma esp cie de rela o de intimidade 81 PINA M A in FONSECA SANTOS In s Regressar a casa com Manuel Ant nio Pina Lisboa Abysmo 2015 p 53 Substitua se livros por casas e temos a forma mais clara de construir por palavras a apropria o do espa o casa o
47. colunas escadas e divis es s o formas mais uma vez n o apenas no sentido de apar ncias exteriores mas no sentido de freixes de for as que dinamizam o espa o s o complexos de m veis que o actuam s o n s de energia que o conflituam e por esse motivo contribuem para transformar no sentido em que Michel de Certeau o afirmava um lugar num espa o praticando os j de algum modo antes mesmo de os corpos e os olhares o praticarem de um modo mais intenso e vibratil Compreender a pot ncia do espaco deste modo o gesto inaugural do projecto Por isso assim fechamos o nosso tempo presente fazendo a passagem para o habitar futuro desta nossa constru o Porque o projecto sempre parte de um tempo futuro reconhecimento da pot ncia espa o ou espa o em pot ncia imaginando o em novas configura es e novos usos atribuindo lhe a capacidade de se renovar pela sua novidade pela sua criatividade pelo seu espanto O espa o ampliado pelo tempo do futuro o espa o da imagina o pois a imagina o a capacidade de criar continuamente novos espa os e novas figuras no espa o O espa o da imagina o o espa o da esperan a e da utopia o espa o novo num novo espa o Assim entendemos o projecto como a cria o destes novos espa os atrav s da imagina o de um espa o futuro concretiza o de um espa o pot ncia Cabe ent o ao papel do construtor habitante viajante e tamb m agora arquitec
48. constru o da casa Fazem se mudan as constr i se o ninho Interrompe se a espera com gosto com cuidado Um intervalo curto de tempo deixa marcas permanentes nesta constru o uma marquise uma cozinha uma lareira que nunca chegou a ter uso Uma nova gera o de construtores cruza se na viagem desta casa Mais tarde partem para outras constru es mas sem nunca abandonar esta completamente Os construtores primeiros voltam a habitar em solidao a sua constru o Solid o que parece sempre possuir meios para aumentar para ocupar mais espa o Os av s j n o s o dois ficou o av fechando portas atr s de si numa esp cie de pudor de que o vejam enfrentar a velhice que se aproxima Quando c cheg mos nas nossas primeiras p ginas ainda o av estava a tornar se mestre nesta arte se ser velho Agora s c estamos n s Construtores quintos Cheg mos com vontade de construir com a for a caracter stica dos novos construtores Convid mos para a nossa mesa todos os que por c passaram os que trouxemos connosco e aqueles que nos acompanhar o ao longo deste processo assim que retomamos esta constru o Evocam se mem rias passados e vontades futuras juntamo las todas neste momento presente nesta constru o presente Deste agora em diante retomaremos a constru o da casa Abra se agora espa o para os novos construtores 44
49. constru o de um processo de habita o 45 COUTO Mia Vozes anoitecidas op cit p 85 46 PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa op cit p 9 47 SARAMAGO Jos A viagem do Elefante Porto Editora 2014 e LOBO ANTUNES Ant nio Mem ria de elefante Publica es Dom Quixote 2003 48 SARAMAGO Jos transcri o do document rio Jos e Pilar de Miguel Gon alves Mendes 2010 49 PINA M A O regresso in Todas as palavras poesia reunida op cit p 351 50 PINA M A Relat rio in Todas as palavras poesia reunida op cit p 352 30 iniciamos esta constru o carregados de espa os mem rias e afectos tamb m na casa outras intensidades disputam a sua nica vida A verdade que j nem sabemos sobre quantas outras constru es estamos agora n s a construir Assim uma casa as ru nas de uma casa constru mos o nosso processo de habita o sobre as suas e as nossas ru nas pois a casa que encontramos n o uma tela em branco mas sim um espa o espera em espera de uma palavra para que a reconstruamos ou retomemos a sua constru o entre o que aqui encontramos e o que trazemos na bagagem Esta consci ncia da casa enquanto espa o mesti o mulato permite nos situ la por hip tese entre dois espa os liter rios com um denominador comum o elefante em dois espa os distintos a sua viagem e a sua mem ria A casa assim o el
50. constru o mental de um espa o que s existiu num determinado tempo de um determinado sujeito Lugares da inf ncia onde sem palavras e sem mem ria algu m talvez eu brincou J l n o est o nem l estou mem ria de um tempo sujeito que nos poss vel revisitar A evoca o da mem ria desta casa n o carrega consigo apenas a bvia dimens o do tempo passado carrega tamb m uma outra a dimens o dos afectos uma quinta dimens o que a dimens o da emo o e da afectividade Assim na casa m e n o a casa propriamente dita que nos assombra o seu espa o f sico e palp vel a sua planta a cor do papel de parede ou a disposi o do mobili rio da pesada sala de jantar o que trazemos connosco desta casa sim a dimens o afectiva o espa o de afectos de cores de cheiros de mem rias difusas e esbatidas Fazendo o esfor o de regressar a essa casa fechando os olhos e l voltando n o ao agora mas recuando a esse tempo sujeito passado lembramo nos do cheiro do almo o da av do frio da tijoleira do ch o nas tardes quentes de ver o e do barulho de fundo do r dio do av que ouvia as not cias com uma seriedade diferente da qual ouvia o relato do jogo de futebol Lembramo nos da satisfa o de um habitar constru o de emo es que pratic mos inconscientemente Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes e apenas na Na verdade as coisas palp veis que rec
51. das circunst ncias e dificuldades da sua constru o ele dever ser conclu do apenas enquanto etapa formal de um processo aberto por m nunca enquanto constru o Pois esta cabe ao habitante no dia a dia do seu habitar Acima de tudo o projecto deve ser entendido enquanto potenciador de um 133 FIGUEIREDO V O meu melhor projecto in Fragmentos de um discurso op cit p 75 105 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 134 BELO Ruy Oh as casas as casas as casas op cit 106 habitar pr prio e nunca condicionador desse mesmo habitar Deve abrir portas possibilidades de ac o e di logo abrir espa o para constru o da morada e n o impor um modo de habitar fechando o espa o sua condi o m nima e est ril de funcional m quina de habitar Foram estes os princ pios com que iniciamos o processo de cria o concretiza o e execu o do espa o do poss vel onde o projecto ganha for a no confronto com as condi es do real e onde a constru o ganha forma espessura e materialidade finalmente neste ltimo espa o que os corpos moradores construtores homens poder o habitar e construir a sua morada Ainda muito fica por fazer aqui na Casa em Espera Continuaremos a constru la para que ela continue a receber nos Continuaremos a habit la para que ela habite tamb m em n s A casa continuar espera a sua condi o permanente parti
52. desta constru o tentamos partilhar reconhecer e assumir como partes integrantes da constru o de uma morada Deste modo a Casa em Espera ponto de partida para o problema da casa uma amostra de um processo de habita o pessoal e disciplinar personificado na figura do construtor experi ncia simult nea da condi o de habitante e arquitecto Atrav s desta simultaneidade conseguimos um maior entendimento da enorme complexidade da constru o de uma casa e mais do que isso da constru o de um modo de habitar desta forma que a Casa em Espera constru o para projectar e habitar nos abriu espa o para uma tentativa de compreens o do paradigma da casa Assim esta constru o de casa por palavras procura ser mais do que uma evoca o para ser relato de uma experi ncia de projecto e de casa e a express o do que pode ser entendido como um processo auto cr tico de uma pr tica pessoal e disciplinar O fantasma mudo que nos assombrou ao longo de todo este processo fazia nos repetidamente uma mesma pergunta qual n o pod amos ou sab amos responder com qualquer convic o Qual o papel do arquitecto na constru o de uma casa Como pode o arquitecto contribuir para que a casa supere a forma estritamente burocr tica e funcional Ou pior a sua forma impositiva e limitativa Importa pensar de que modo pode a disciplina ser uma mais valia nesta constru o Importa pensar de que modo pode o arquitecto afastando se d
53. ditores Porto Colec o Da nossa compreens o Por outro lado Terra Im vel 1 edi o Setembro 2007 p 388 Serviram j est o mesmo j ultrapassados Tudo isto Me faz feliz 21 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 31 MORAES V A casa materna in op cit p 49 32 PINA M A Lugares da inf ncia in Todas as palavras poesia reunida op cit p 160 33 ANDR J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 75 34 CAMPOS lvaro de Tabacaria Poemas de Fernando Pessoa Vis o Janeiro 2006 35 PINA M A Lugares da inf ncia in Todas as palavras poesia reunida op cit p 160 22 Espa os de afectos Transporte 1 Morada Rua Clube dos Ca adores n 30 4 drt Mafamude V N Gaia Habitantes Maria Rosa e Manuel Cerqueira Trazemos em n s a ideia da casa do lar Levamo la para toda a parte connosco de casa em casa as nossas e as dos outros Falamos do sentimento da casa materna de Vinicius onde as coisas vivem como em prece imagem cristalizada na mem ria que constr i hoje esta casa das palavras Esta evoca o quase sempre inconsciente da casa materna ou casa m e aquela em que imaginamos o espa o da felicidade sobrevoa o constante processo de habita o que vamos construindo Mas a casa materna utopia que tentamos alcan ar n o existe para l da imagina o a
54. e duas condi es contrapostas mas complementares e insepar veis porque uma realidade n o pode ser explicada nem sequer pensada sem requerer a presen a desta dupla ideia 29 CAMARERO J in PEREC G Especies de espacios op cit p 9 19 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o I Passado Casas mem ria Espa os de afectos Transporte 1 Espa os mesti os Transporte 2 Espa o encolhido Outras mem rias De todas as obras as mais queridas S o para mim as usadas Os jarros de cobre com amolgaduras e as bordas achatadas As facas e os garfos com os cabos Gastos de muitas m os formas tais Sempre me pareceram as mais nobres Igualmente os ladrilhos em volta de velhas casas Calcados de muitos p s polidos Por entre os quais crescem tufos de erva isto o que s o obras felizes Entradas no uso de muitos Muitas vezes alteradas melhoram a sua forma e fazem se saborosas Porque muito saboreadas At os fragmentos de esculturas Com suas m os decepadas eu amo Tamb m eles Viveram para mim Ainda que deixados cair foram assim mesmo usados Ainda que derrubados n o estiveram alto de mais Os edif cios meio arruinados T m de novo aspecto de ainda n o acabados Planeados em grande as suas belas propor es 30 BRECHT Bertlot De todas as Deixam j adivinhar se mas ainda precisam obras in Poemas Vers o portuguesa de Paulo Quintela ASA E
55. e o texto Revelemos aqui um conjunto de inquieta es que antecedem eacompanham a constru o de um texto que n o pretende ser sobre casas nem sobre a casa mas sim ser uma constru o da casa ou seja construir n o um texto sobre casas mas casas com um texto Um texto construtor ou texto espaco que permitisse n o apenas visualiz lo mas que afetasse o corpo leitor convocando lhe outros sentidos maneira de uma experi ncia corporal do espa o Procuramos um texto capaz de construir transformar e criar espa o somente com palavras com s mbolos tra ados sobre a p gina branca Simulacro de espa o simples pretexto com nomenclatura mas nem sequer faz falta fechar os olhos para que esse espa o suscitado pelas palavras espa o de dicion rio unicamente espa o s de papel se anime se povoe se preencha Como fruto da impossibilidade de escrever a casa esta casa escrevemos constru mos e desenhamos uma casa comum como todas as casas em que habitamos inconscientes do pr prio acto de habitar Porque isto da casa isto do habitar pertence ao quotidiano pertence vida e ao mundano Curioso Para escrever sobre estas casas foi preciso esquecer a arquitetura Foi preciso sobretudo inicialmente e n o sem culpas e vergonhas desqualificar a arquitetura como of cio e seus procedimentos mais usuais te ricos e pr ticos Talvez porque empurrada pelas coisas que achava importante pensar
56. eceber as poucas visitas s quais ainda abria a porta ver televis o ouvir a telefonia muitas vezes simultaneamente Fora isso apenas a casa de banho e o corredor por bvias raz es utilit rias Muito raramente o banco por baixo dos arcos no alpendre Esta era a casa do av E curioso como com o avan ar dos anos e o aproximar da morte v o os homens fechando portas atr s de si numa esp cie de pudor de que o vejam enfrentar a velhice que se aproxima 55 MORAES V A arte de ser velho in Para vivier um grande amor op cit p 33 37 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 56 Em Notas sobre a casa 57 PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa op cit p 9 58 ROSA A R O Aprendiz Secreto op cit p 71 59 PINA M A em Ler mais Ler melhor lt https www youtube com watch v X171VPq6LiE gt 60 ROSA A R O Aprendiz Secreto op cit p 71 61 Idem p 74 62 Idem p 45 38 A casa mais do que a casa dissemos antes numa das nossas notas Uma coisa amea adora espera de uma palavra A sua constru o permanente mesmo ap s o final da sua obra porque a finalidade da constru o n o a obra acabada para ser habitada finalmente na tranquilidade de um repouso merecido O gesto construtivo um fim em si mesmo porque um modo de abrir e habitar o espa o da constru o A cada dia
57. efante Entre aquilo que trazemos e aquilo que encontramos entre as suas constru es e construtores pr vias e as nossas entre a sua mem ria de elefante que nunca esquece e a viagem Falamos sobre a viagem do elefante N o sobre a viagem das pessoas que acompanham o elefante Mas o que que faz o elefante ao longo de todo esse tempo Andar andar andar caminhar caminhar caminhar N o faz mais nada Mas h a dados que me faltam e que s o coisas que parecem tontas o elefante como o cavalo Dorme em p S o coisas que parecem sem import ncia mas que s o fundamentais Assumir este espa o sobre o qual constru mos um espa o cont nuo em permanente constru o permite nos experimentar que o tempo da constru o da casa superior ao tempo do construtor Uma esp cie de v o se os dedos ficam se os an is da casa por isso importante que tenhamos presente que estamos a falar da viagem do elefante e n o das pessoas que o acompanham sejam as que estiveram presentes no in cio da viagem as que com o elefante chegar o ao destino pretendido ou aquelas que chegaram a meio do caminho e entretanto desviaram a sua rota para outras viagens Todos deixamos marcas na nossa constru o paquid rmica mas a viagem do elefante n o propriamente nossa Por m e apesar disto n o podemos deixar de parte o valor da nossa pr pria viagem foi ela que nos trouxe at aqui a este ponto de coincid ncia entre a nos
58. el espa o real f sico e tang vel Assim saindo do campo da abstrac o e das possibilidades pisamos pela primeira vez em solo firme onde as coisas t m um peso e uma outra presen a Sabemos o confronto duro no projecto principalmente para aquele que nunca soube o que sentir o seu pr prio peso E este ainda que inexperiente no que toca s conting ncias e circunst ncias do real tem que ter a elasticidade suficiente para se adaptar transformar e dar resposta a condicionantes que apenas existem no espa o dos homens Aqui no confronto com a realidade reside a diferen a entre fazer poss vel e o fazer o poss vel E neste segundo fazer que encontramos as casas 103 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 132 BRECHT B Sobre a constru o das obras duradouras in Poemas op cit p 362 104 reais aquelas que v o sendo constru das durante tanto tempo quanto o preciso pra ficarem prontas Pois enquanto d o que fazer n o ruem no seio deste conflito que a constru o ganha for a distanciando se do campo subjectivo de um espa o ideal para enfrentar as dificuldades concretas da sua realiza o Para tal o projecto tem que conseguir dar resposta s altera es de ltima hora aos imprevistos s decis es apressadas do construtor entre tijolos e p assim o projecto n o pode de modo algum ter a ambi o de ser um produto finalizado obra de autor ou
59. elhas nunca nada assim t o simples Os construtores anteriores que continuam a ter lugar nossa mesa s o os mesmos que anos antes tinham transformado a varanda em marquise Recordavam esse gesto essa apropria o do espa o casa com o carinho com que recordamos viagens passadas Atribuiam a esse gesto construtor um sentido uma marca que sab amos n o queriam ver apagada N o nos diziam tal coisa claro est Diziam antes que era a chuva que iria bater nos vidros fazer barulho diziam mil e uma coisas menos aquilo que n o sabiam como dizer E como isto das casas como sabemos coisa complexa o projecto varanda outra vez deixou de fazer sentido Hoje projecto cozinha espa o de afectos e onde passamos maior parte do tempo na casa A cria o do espa o poss vel ent o a cria o do projecto an lise de condi es e de meios o escolher entre as v rias possibilidades abertas qual ser a constru o da nova morada principalmente a constru o de um longo processo projectual que contraria a pr tica do projecto fast food de consumo instant neo alienado da realidade quotidiana dos que sentem e vivem o espa o casa Porque a constru o da morada talvez a mais ntima das constru es e como tal leva tempo a desvendar os seus mist rios Eu continuo a dizer que o tempo tem um enorme papel na nossa produ o a press o que exercem sobre n s que contamina que mina Acredito q
60. ens es do tempo abrem novas dimens es no espa o por dentro do espa o mais uma vez contribuindo para a sua extens o dilata o ou contrac o O espa o pode assim ser contra do por um tempo curto como o tempo de um suspiro ou ser dilatado por um tempo longo como o tempo do amor Mas sobretudo o espa o pode ser ampliado pelo tempo do passado abrir se pelos seus corredores pelos seus subterr neos e pelos seus labirintos Ou pode ser ampliado pelo futuro pela sua novidade pela sua criatividade pelo seu espanto O espa o ampliado pelo tempo do passado o espa o criado pela mem ria O espa o ampliado pelo tempo do futuro o espa o da imagina o pois a imagina o a capacidade de criar continuamente novos espa os e novas figuras no espa o O espa o da mem ria o espa o da narrativa das nossas narrativas e das narrativas dos outros O espa o da imagina o o espa o da esperan a e da utopia o espa o novo num novo espa o Os nossos espa os s o sempre espa os cruzados pelos tempos espa os da mem ria e espa os da imagina o espa os das ra zes e espa os da viagem espa os do passado e espa os do futuro 99 ANDR J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 73 74 Viver n a casa sempre situ la numa condi o interm dia entre os espa os do passado e os do futuro Condi o de constante insatisfa o entre aquilo que
61. es por m sai de si e de mim e fica suspensa l fora entre a mem ria e o remorso de outra vida E termina assim com palavras mortas nunca pronunciadas e a agonia intermin vel das coisas acabadas Gritamos agora n s por gestos e por palavras aos fantasmas dos retratos reclamamos o retomar da viagem da obra constru o cont nua e no entanto inacabada Espante se a agonia as palavras mortas gritemos palavras vivas Casa Finalmente a constru o qual j chamamos casa deixar de ser palco para a ac o suspensa no tempo do que um dia foi o seu habitar e passaremos n s 90 BRECHT B Sobre o teatro do a assumir o protagonismo desta ac o quotidiana e terrena teatro do dia a dia em dia a dia in Poemas op cit p 277 que o actor ou o dan arino n o dan am num espa o que lhes pr existe mas criam permanentemente espa o atrav s dos seus gestos ou dos seus movimentos como se o corpo se prolongasse num espa o criado e se desdobrasse continuamente em novos 91 ANDR J M O espa o c nico espa os como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 39 40 66 pm em Ve o a m Em Fig 28 Fotografia da autora Fanstasmas 1 Casa em Espera Alc ovas 2014 Fig 29 Fotografia da autora Fanstasmas 2 Casa em Espera Alc ovas 2014 67 A E y 20 jo 2 o Y Bausch Pina Blaubart 1977 Fig 30
62. espa o lugar casa espa o casa casa cen rio casas mortas luto mais que coisa mais que casa coisas mortas ou coisas apenas coisas corpos presentes corpos ausentes espa o do tempo ou espessura do tempo pratic vel passado inabitado ou passado museol gico ou tempo incapacitante gesto construtivo casa fun o casa espa o casas da casa casa real espa o in til espa o est tico espa o futuro ou espa o da imagina o arquitecto habitante viajante construtor espa o poss vel intimidade saber fazer objectividade subjectividade pr tica pessoal pr tica disciplinar materializa o arquitectura menor pot ncia transformadora 121 CAE TT E io yn E amp as Fig 60 Fotografia da autora Construtores 3 Casa em Espera Alc ovas 2014 123 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Bibiografia Em algumas obras consultadas importa a distin o de textos espec ficos por se tratarem de refer ncias directamente relacionadas com os temas abordados ainda que toda a obra seja parte da bibliografia apresentada ATXOPLUC www aixopluc net ANDR Jo o Maria Multiculturalidade identidades e mesti agem Coimbra Palimage 2012 ANDRE Jo o Maria O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o C rculo de Artes Pl sticas de Coimbra Col gio das Artes 2014 BELO Ruy Todos os poemas Lisboa Ass rio e Alvim
63. etido a nada Um espa o sem fun o N o sem fun o precisa mas sim precisamente sem fun o n o pluri funcional isso toda a gente sabe fazer mas sim a funcional Um espa o que n o serviria para nada Mas n o queria nada inutiliz vel nem tamb m nada inutilizado mas algo que fosse in til Como prescindir das fun es uy PEREG G DE um ap ro dos ritmos dos costumes Como prescindir da necessidade in til in Especies de espacios op cit p 59 61 85 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 115 PEREC G O apartamento in Especies de espacios op cit p 53 57 116 86 Idem As casas da casa Um quarto uma pe a em que existe uma cama uma sala de jantar uma pe a em que existe uma mesa e cadeiras e frequentemente um aparador uma sala uma pe a em que existem uns sof s e uma poltrona uma cozinha uma pe a em que existe um fog o e uma torneira uma casa de banho uma pe a em que existe uma torneira por cima de uma banheira uma entrada uma pe a em que pelo menos uma das portas d para o exterior do apartamento um quarto de crian as uma pe a onde est uma crian a um arrumo uma pe a onde se arrumam as vassouras e o aspirador um quarto de h spedes uma pe a que se aluga a um estudante Seria f cil imaginar um apartamento cuja disposi o responderia j n o somente a activ
64. fazemos ao longo de toda a vida n o tentar construir uma casa para habitarmos Entendemos as p ginas que se seguem como um espreitar para dentro desta casa no papel de visitantes irresponsavelmente pouco atentos aos instantes de felicidade esquecendo as nossas ang stias de n madas b rbaros assistindo natural inevitabilidade da constru o de um habitar em que a casa e os seus ocupantes participam num processo de sedu o m tua porque a casa dos dois era olharem se muitas vezes conflituado entre a racionalidade de uma forma o e a emotividade de uma humanidade em que nos encontramos da dupla fun o de habitante e arquitecto ser subjectivo e objectivo raz o e contradi o N o se espere portanto encontrar aqui um cat logo de solu es ao jeito IKEA de como se desenha uma casa mas sim a documenta o reflectida de um processo de habita o de um processo de projecto entendido como o equil brio entre o fazer poss vel e o fazer o poss vel atrav s da constru o subjectiva da casa j existente e do habitar porque entre casas e homens sem abdicar claro de uma distin o m nima que n o escandalize a raz o se processa um encontro especial Esse encontro especial porque seus elementos produzem zonas de sombreamento m tuo nas quais imposs vel discernir o humano do n o humano o objetivo do subjetivo ou dito de outra maneira a zona de sombreamento m tuo esse lugar de
65. guas permanentes ou um sinal de eternidade espalhado nos cora es r pidos Que fizeram estes arquitectos destas casas eles que vagabundearam pelos muitos sentidos dos meses dizendo aqui fica uma casa aqui outra aqui outra para que se fa a uma ordem uma dura o uma beleza contra a for a divina His purpose was to get closer and closer and closer John Berger We keep questioning 1 TO HELP Our job is to help others build what they need Making architecture is an act of empathy and generosity We don t believe in competition we practice collaboration We must be useful to others and to the biotopes we transform From now on constructions without ego nor desire As a poet once said everything is bullshit but the open hand 2 TO IMPROVE Our job is to solve not to create more problems The places we make are thought for a better performance and for people to feel good in them This is so for the whole construction life cycle from our collaborators to the builders the users and the whole biosphere Each project poses new questions sometimes we need to develop specific tools for them Every obstacle on the way is a chance to improve 3 TO INCREASE POSSIBILITIES There are no constraints only possibilities In order to give the maximum building the minimum we materialise adaptable easily transformable environments To gain inhabitable energy through building weather systems 4 TO MAK
66. hp idp 19 gt ESPA O DOS FANTASMAS Fig 28 Fotografia da autora Fanstasmas 1 Casa em Espera Alc ovas 2014 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Fig 29 Fotografia da autora Fanstasmas 2 Casa em Espera Alc ovas 2014 Fig 30 Pina Bausch coreografia Blaubart 1977 lt http monaeltahawy tumblr com post 92364916912 thewaking blaubart bluebeard pina bausch gt Fig 31 Kathe Kollwitz The mothers 1922 in lt http www moma org collection ge object php object id 69687 gt Fig 32 Jo o Fazenda Ilustra o do livro As coisas de In s Fonseca Santos 2002 in lt http joaofazenda com g illustrated books livro Coisas gt OS CORPOS E AS COISAS Fig 33 Jo o Fazenda Ilustra o do livro As coisas de In s Fonseca Santos 2002 in lt http joaofazenda com g illustrated books livro Coisas gt Fig 34 Anton Corbjin Fotografia de Tom Waits Dilon Beach California in lt http www americanphotomag com 2013 photo books year culture image 2 gt Fig 35 Luis Bu uel Salvador Dali Un chien andalou 1928 in lt https www youtube com watch v BIKYF07Y4kA gt Fig 36 Fotografia da autora Mudar se as coisas Porto 2014 ESPA O DO TEMPO Fig 37 Richard Long Ilustra o do livro Dartmoor 2006 in Diogo Silva Ideologia e desencanto voca o pol tica da arquitectura em Manfredo Tafuri Porto Faup 2014 Fig 38 Ouroboros S mbolo da Mitologia Grega in lt http
67. ia e a capacidade de vaguear pelo labirinto dos espa os poss veis Apenas o construtor ser capaz reunindo em si ambas as partes de levar a cabo a constru o do espa o casa Assim e na impossibilidade da figura do construtor o arquitecto tem como principal objectivo no processo de constru o do espa o casa estabelecer uma rela o de di logo de partilha e aprendizagem com o habitante pois precisamente essa rela o que funcionar como funda o para todo o processo Deste modo o arquitecto deve assumir se como um possibilitador ou seja aquele que torna poss vel o desejo de um habitar concreto real e humano Uma amiga contava me que determinado arquitecto tinha sido bestial porque tinha feito tal e qual ela queria tinha seguido as instru es dela risca etc Eu respondi lhe Olha eu acho que merecias mais Merecias mais merecias o di logo E poder se ia at ter chegado ao mesmo resultado mas n o nessa atitude passiva do arquitecto que vai cumprir as indica es portanto no di logo na rela o entre habitante e arquitecto que nasce o projecto O arquitecto assume o papel de um gestor de processos emocionais desejos e expectativas que dar o origem ao espa o casa Ter assim que reconhecer no habitante os espa os que este transporta consigo compreender o seu passado o presente e a sua ideia de um habitar futuro nesta gest o que s o dados os primeiros passos na abertura de possibi
68. idades quotidianas mas sim a fun es de rela es Faria falta sem d vida um pouco mais de imagina o para representar se um apartamento cuja disposi o estivera fundada sobre fun es sensoriais A casa na sua primeira constru o tinha sido pensada de modo a que determinados espa os cumprissem determinadas fun es fun es bvias condicionadas grandemente pelo mobili rio que os ocupava Assim as pe as compostas por paredes ch o e tecto m veis e rotinas cumpriam silenciosamente as fun es que lhe haviam sido destinadas A casa vivia assim sem a inqueta o da possibilidade Por m na casa m e casa real tudo isto se mistura dentro das suas rela es mesti as uma cozinha uma pe a em que existe um fog o e uma torneira sim mas tamb m onde se re nem mesa os construtores onde os olhos cansados viajam entre as pequenas letras do jornal onde se assiste ao jogo do Benfica e onde se processa o dia a dia da Casa em Espera Porque uma casa n o pode ser pensada longe do todo da vida que cont m pois a casa materna sempre contentor de vidas de novas e velhas gentes Apesar de ter sido pensada como uma dupla casa numa duplica o de espa os fun o duas cozinhas duas salas duas casas de banho etc nunca existiu na casa um total descolamento da t pica organiza o funcional Assim as duas casas a de cima e a de baixo cruzavam se e sobrepunham se Eram duas casas e
69. ido embora restavam pap is velhos vidas mortas identidade sujidade eternidade Inicia se assim o processo de habita o de cria o da morada do morar retardar parar residir recordar mem ria Deixamos de ser h spedes non gratos na nossa pr pria casa e come amos a encar la como parte do nosso quotidiano como o nosso abrigo e o nosso habitar Lentamente a sensa o de perten a come a a ganhar lugar e com ela a vontade da mudan a Muda se uma coisa aqui outra acol A princ pio timidamente com medo como se os verdadeiros donos da casa pudessem regressar e ofender se com a ousadia depois vamos assumindo os gestos Quando a obra se inicia o habitante virtual torna se o habitante presente mas a sua presen a sempre distante ou demasiado envolvida no processo da constru o para que a sua presen a se recorte como uma figura n tida e distinta Todos os dias temos que nos relembrar esta agora a nossa casa porque este processo n o nos parece natural Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o A constru o de que agora fazemos parte est preparada para acolher um habitar que n o o nosso mas sim outro habitar que foi aqui constru do e praticado antes de n s e assim apesar da reconhecermos que est o c reunidas todas as condi es inerentes ao h bito ao habitar essas condi es n o correspondem s nossas expectativas enquanto novos moradores O n
70. inteligentes pseudo adaptativas mas apenas acrescentar espa o e esperar pelo tempo e pelo uso para que o que um projecto se torne uma vida A Casa espa o n o precisa de mesa ponha os pratos no ch o e o ch o est posto Fig 40 Vitor Figueiredo Planta de um fogo Chelas 1973 Fig 41 Le Corbusier Cabanon 1951 Fig 42 Le Corbusier Desenho para o Projecto Wanner 1928 89 Fig 43 Jo o Fazenda Ilustra o do livro As coisas de In s Fonseca Santos 2002 90 Fig 44 Paul Klee Villa R 1919 91 Fig 45 Fotografia da autora Espa o in til Casa em Espera Alc ovas 2015 92 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Pot ncia espa o o actor ou o dan arino n o dan am num espa o que lhes pr existe mas criam permanentemente espa o atrav s dos seus gestos ou dos seus movimentos como se o corpo se prolongasse num espa o criado e se desdobrasse continuamente em novos espa os Mas tamb m a arquitectura n o apenas a arte da organiza o do espa o mas a arte da cria o do espa o atrav s do pr prio acto da cria o de lugares Um nicho numa parede mesmo um muro ou um edif cio que se ergue numa pra a mais do que organiza es do espa o s o cria es de espa o e de sentidos ou novos sentidos dentro do espa o Janelas portas corredores cantos
71. l practice This subjective construction which finds resemblance in poetry and literature seeks to portray the conflict between the inhabitant and the house the past and present that is material for a future project Thus in its first two moments this incursion into the house the houses is assumed as an inside view inside the house and particularly inside the relationship established between them We seek the understanding ofthe internal mechanics ofinhabiting in order to be able to consciously intervene in the house space Divided into three stages this foray through space house that begun in the inner construction of the subjectivity of a inhabit completes in the final objectiveness of a reflection of how can the architect the practice or the architecture subject intervene on the construction of the house Thus the conclusion of this construction paper house looks for the answer of what is the architect for the house its position in relation to the construction of the dwelling and the role that architecture can play in building this project an ongoing and open process in time 1 HELDER Herberto Falemos de casas in Poema cont nuo Lisboa Ass rio amp Alvim 2004 p 9 12 Imagens de uma Casa em Espera Constru o de um processo de habita o Notas sobre casa sisi 11 Notas sobre o texto sens 12 Notas sobre a estrutura ss 12 I Passado Casas mem ria Espa os de afectos Transporte 1 s 22 Espa os mes
72. lhada com todas as casas Elas esperam por novos construtores novos espa os novos moradores para receber As casas esperam por n s Na casa nasci e hei de morrer na casa sofri convivi amei na casa atravessei as esta es respirei vida simples problema de respira o Oh as casas as casas as casas Fig 49 Fotografia Materializa o 1 Alc ovas 2014 Fig 50 Fotografia Materializa o 2 Alc ovas 2014 Casa Casa da da autora em Espera autora em Espera 107 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o O espa o continua o e fim Toda a tarefa que a gente assume tem a capacidade de ser alienada e alienante Est em n s e naquilo que n s somos como pessoas a capacidade de que essa tarefa n o seja alienada nem alienante Quer dizer essa a nossa capacidade Primeiro somos pessoas e depois somos arquitectos Caso contr rio n o passaremos de uns profissionais que sabem fazer uma coisa Retomando o in cio assim come a o espa o somente com palavras com s mbolos tra ados sobre a p gina branca assim come ou tamb m a nossa constru o E neste espa o final de continua o e de fim baptizado por Georges Perec despedimo nos da p gina branca habitando ja o espa o aqui iniciado A experi ncia da casa esta em particular n o mais do que as outras trouxe nos inquieta es que ao longo
73. lidades atrav s do reconhecimento de intens es de pot ncias espa o e da constru o da casa Trata se sempre de um processo de aprendizagem m tua de compreens o de um desejo comum de uma expectativa partilhada do que vir a ser um resultado final ainda que n o finalizado do espa o casa Este processo dever ser seguido por uma materializa o de inten es e desejos na transforma o do espa o poss vel em espa o do poss vel no qual o arquitecto assume se enquanto mediador munido das ferramentas necess rias para tornar a abstrac o do projecto em espa o palp vel f sico e real Trata se de uma medi o entre uma expectativa inicial e o seu confronto com a realidade numa gest o de recursos pessoais emocionais materiais econ micos intelectuais etc que buscam a concretiza o objectiva de um ideal futuro Ele Jorge Spencer escreveu que os desejos se processam mais atrav s da conversa e da manipula o das incertezas do que atrav s do discurso de afirma o da disciplina 38 reconhece se um recuar da imagem enquanto discurso ou representa o em favor de uma imagem express o que n o Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o expressa nada para al m do seu movimento ligada directamente s vidas e ocupa es dos habitantes da casa Atrav s de uma activa economia de meios d se valor interven o e colabora o A imagem do o
74. m separado por m todos os quartos foram localizados no piso de cima Assim dizia a regra Contudo e como em todas as casas reais a vida sobrep e se regra quando chegou a velhice e as escadas come aram a ser um obst culo demasiado duro para fazer parte do percurso do corpo cansado ao final do dia o quarto dos av s ocupou uma das Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o pe as do andar de baixo desocupando uma das pe as do andar de cima Apenas com a nossa chegada essa pe a voltou a ser ocupada No Alentejo nossa morada a estas pe as chamam lhe casas Aqui encontramos casas com muitas casas casas com poucas casas casas com grandes casas e casas com casas pequenas Assim a casa composta por casas pelas casas que tem e tamb m pelas casas que foi Entendemos ent o a casa como algo em constante muta o transformado e modificado ao longo do tempo da sua constru o em que se alteram as casas e a casa tamb m tomando diferentes usos e configura es albergando diferentes quotidianos Deste modo n o faz sentido pensar a casa enquanto ser funcional contentor de dispositivos determinadores de ac es mecanizadas do acto de habitar mas sim pens la enquanto suporte de usos ac es e emo es e enquanto espa o potenciador do h bito e do habitar Porque pensar a morada luz do olhar estritamente funcional do espa o a anti pot ncia do espa o casa se cada pe a cada
75. m post 85940307291 announcing moma studio breathe with me a drop in gt Fig 16 Robert Morris Untitled Box for Standing 1961 in lt http beatrixfishes tumblr com image 86545799300 gt OUTRAS MEM RIAS Fig 17 Lygia Pape Divisor 1968 in lt http post thing net files LygiaPape JPG gt Fig 18 Fotografia de arquivo familiar Construtores 1 Alc ovas 1975 Fig 19 Fotografia de arquivo familiar Construtores 2 Alc ovas 1995 129 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 130 II PRESENTE CHEGADA A CASA CONDI O DO HABITAR Fig 20 Fotografia da autora Casa passado fantasmas Casa em Espera Alc ovas 2014 Fig 21 Fotografia da autora Casa passado habitar ausente Casa em Espera Alc ovas 2014 APROPRIA O DO ESPA O 1 Fig 22 Fotografia da autora Apropria o 1 Casa em Espera Alc ovas 2013 Fig 23 Joana Rego N de n o lugar 2008 in lt http www saomamede com artista php id_artista 253 gt Fig 24 Ram n Masats t tulo desconhecido Tornelloso 1960 in lt https pickanick wordpress com 2009 06 20 gt CASA CEN RIO APROPRIA O DO ESPA O 2 Fig 25 Fotografia da autora Casa luto Porto 2014 Fig 26 Fotografia da autora Apropria o 2 Casa em Espera Alc ovas 2015 Fig 27 Lacaton amp Vassal fotografia e arquitectura Cit Manifeste Mulhouse 2005 arquitectura in lt http www lacatonvassal com index p
76. memo blogspot pt gt Fig 60 Fotografia da autora Construtores 3 Casa em Espera Alc ovas 2014 133
77. momento em que a casa verdadeiramente a nossa casa Assim mais do que habitarmos a casa n s viajantes construtores teremos que deixar que a casa habite em n s Pensar a casa como algo que vive em n s precisamente por n s vivermos nela Pensar a casa como parte desta rela o de intimidade 82 Idem Ironicamente no filme As casas n o morrem que chegamos conclus o 83 FONSECA SANTOS In s MACHADO Pedro As casas n o morrem in _ Regressar a casa com Manuel Ant nio Pina rela o e o facto de elas as casas habitarem em n s fazendo parte de n s assim op cit que elas de facto morrem Apenas desta forma seremos capazes de explicar esta como os amigos e outras moradas de Manuel Ant nio Pina 84 PINA M A Como se desenha uma casa op cit Foram quase tr s anos naquele primeiro andar com m vista e algum ru do a mais Pareceu nos antes uma eternidade L n s e a casa constru mos uma rela o de intimidade uma esp cie de parceria em que nos compreend amos mutuamente Conheciamo nos os cheiros os ru dos e os humores 61 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 62 O ltimo dia em que l estivemos foi de despedida A casa agora despida parecia olhar nos pela ltima vez N s por nosso lado n o sab amos como lhe dizer adeus e afinal como dizer adeus s nossas casas Nesse dia a nossa casa morreu Naquele primeiro andar com m
78. novos espa os novos mundos em que finalmente os nossos corpos podem habitar com a serenidade com que se habita uma casa e com a emo o com que desejam viver Muitas s o as vezes em que nos sentamos mesa ap s o jantar e entre sonhos e mem rias discutimos um habitar futuro rabiscos sobre a folha de papel palavras e gestos que tentam tornar quase palp vel quase real quase material as possibilidades que abrimos Levantam se possibilidades A casa revela se ent o num infinito de espa os poss veis mar de possibilidades mar de pot ncia e o construtor vagueia lentamente entre os espa os que a imagina o consegue abrir O projecto da nossa constru o passa entre eles novos espa os analisa examina este sim aquele n o Algumas passagens s o fechadas neste labirinto poss vel outras tornam se mais claras e mais s lidas O projecto vai se construindo lentamente como lento o tempo dos que o fazem Por vezes o passado volta a visitar nos pede nos mem ria pede nos paci ncia A marquise do piso superior antes varanda hoje projecto de cozinha Por m foi j projecto de varanda outra vez marca o Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o de uma entrada que a casa de cima na verdade n o tem Era um projecto simples de simples constru o tirar um caixilho aqui outro ali um remate aqui outro acol enfim simples Contudo e como dev amos j saber nas casas v
79. o Sen o como que O filho deixaria a m e que o amamentou Que lhe deu a for a dos membros e O ret m para os experimentar Ou como havia o disc pulo de abandonar o mestre Que lhe deu o saber Quando o saber est dado O disc pulo tem de se p r a caminho Na velha casa Entram os novos moradores Se os que a constru ram ainda l estivessem A casa seria pequena de mais 5e A fraqueza da mem ria d Fortaleza aos homens Chegada a hora da despedida do passado o construtor e a casa fazem luto s suas mem rias recebendo por fim o esquecimento que trar fortaleza n o s aos homens mas tamb m sua constru o Sim o passado serviu nos como suporte pilar estrutura invis vel que sustenta a constru o at na tela em branco existe j alguma coisa mais n o seja a pr pria tela um tecido sobre uma estrutura de madeira que d morada cria o art stica do pintor N o rejeitaremos a sua exist ncia nem a sua import ncia o passado est e estar sempre presente na nossa constru o Por m n o habitaremos nele mas sim com ele Ele passar assim a ser um habitante mudo e invis vel que n o nos assombrar do mesmo modo que entre os tijolos das nossas paredes habita um esqueleto esquecido em ferro e cimento A pouco e pouco as molduras preenchidas por retratos amarelados deixaram de povoar as salas da nossa casa Os velhos m veis ganharam a merecida reforma e as janelas e portas voltaram
80. o ego e da produ o da imagem v de consumo instant neo participar no processo de constru o da casa n o s a sua mas a de um outro habitante Importa pensar de que modo pode o arquitecto dialogar com a condi o afectiva e emocional latente na constru o da morada compreendendo as necessidades condicionantes e possibilidades de um habitar que n o o seu deixando de parte uma concep o determinista do habitar sendo assim capaz de tornar poss vel um espa o casa que d morada a um outro corpo uma outra vida a um outro algu m Torna se ent o indispens vel a consci ncia da import ncia da figura fict cia do construtor arquitecto e habitante num corpo s que n o nada mais do que a rela o estabelecida entre duas personagens fundamentais deste processo 135 FIGUEIREDO V Ensinar in Fragmentos de um discurso op cit p 95 136 PEREC Georges O espa o continua o e fim in Especies de espacios op cit p 139 140 109 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 137 FIGUEIREDO V O meu melhor projecto in Fragmentos de um discurso op cit p 75 138 FIGUEIREDO V O processo in Fragmentos de um discurso op cit p 86 110 O arquitecto por si s ter sempre a incapacidade de conceber um espa o capaz de receber o habitar ideal de um outro sujeito do mesmo modo que ao habitante faltar o as ferramentas o saber fazer a experi nc
81. ocesso de habita o Mapa de conceitos Mapa de no es desiga es conceitos e palavras chave da investiga o Imagem casa espera casa em espera constru o processo habita o processo de habita o fazer poss vel fazer o poss vel texto construtor ou texto espa o quotidiano vida tempo tempo da casa tempo do construtor moradas moradores condi o do habitar habitar criar espa o ou abrir espa o espa o potenciador apropria o do espa o mem ria fantasmas esquecimento espa o passado espa o presente futuro ou projec o poss vel da realidade projecto de vida espa o ampliado no tempo casa materna ou casa m e imagina o espa o mental evoca o dimens o do tempo espa o de afectos ou espa o contentor de afectos casa do regresso satisfa o de um habitar casa da felicidade ou espa o felicidade ou espa o de desejos mat ria de projecto material de projecto dispositivos de transporte espa o mesti o processo de ocupa o processo de continuidade ou espa o cont nuo ou espa o em permanente constru o ru na viagem construtor experi ncia gestor de processos recursos projectos mediador espa o tempo presente di logo exist ncias espa o encolhido corpo h bito ser contentor casas poss veis desenhos poss veis construtores poss veis casa vazia ou espa o nu dispositivos espa o habitado espa o quotidiano contentor de h bitos casa vis vel casa
82. or m quando falamos desta transi o n o a relacionamos com as quest es pr ticas que envolvem o habitar pois esta passagem algo que tem lugar no ntimo da rela o e da liga o mutuamente estabelecia entre o morador e a nova morada N o podemos ent o afirmar que esta passagem se d ao trig simo sexto dia de perman ncia na casa nem no quinquag simo terceiro N o se trata de uma realidade exacta em que ao fim de setecentas e sessenta e tr s horas juntos o habitante e a casa se apaixonam e criam esta liga o como se num acontecimento sobrenatural N o falamos tampouco de uma quest o de rotina como se esta conex o fosse estabelecida pela primeira vez que morador n o se equivocasse ao abrir a porta do arm rio da cozinha na procura dos pratos da sopa os pratos da sopa t m uma grande tend ncia em gravitar de s tio para s tio dentro do arm rio da cozinha durante as horas em que n o h gente em casa Por fim tamb m n o se trata de uma f rmula matem tica que possa ser calculada por quantos objectos da nossa posse j ocupam o seu lugar dentro da casa tr s m veis do Ikea dois conjuntos de pratos todos os livros que j lemos mais aqueles que n o lemos mas que tamb m conquistaram um lugar nas estantes N o mais uma vez N o se trata de quantidade esta apropria o do espa o casa vai para al m disso Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o T nhamos mudado de
83. ordamos da casa materna temos que confessar n o deixam saudades o papel de parede tinha flores n o sabemos quais a sala era coberta por uma horrorosa alcatifa cinzento rato e os m veis eram escuros e de uma enorme gigante despropor o N o portanto este o espa o que nos leva nossa incessante procura O espa o que hoje encontramos onde um dia estava esta casa da felicidade espa o de afectos agora banal e corresponde constru o de um habitar que n o nosso que n o nos pertence e mais importante que n o reconhecemos como o ideal de espa o felicidade ou seja espa o de desejos intensidades e emo es capazes de potenciar o habitar desta casa Porque esse espa o que procuramos j n o existe quando o revisitamos j n o o sentimos como essa constru o que recordamos Agora sei coisas de um modo que n o me pertence como se as tivesse roubado E fico de novo sozinho na cama vazia no quarto vazio L fora de noite ladram os c es e cubro a cabe a com os leng is A casa m e n o existe j porque n s tamb m n o temos hoje a Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o capacidade de a habitar do mesmo modo apenas a podemos evocar um espa o que s existe atrav s da mem ria e nenhuma evoca o por m pode restituir a presen a solar do que outrora foi um instante fulgurante e inicial mas mesmo assim nem por isso abandonamos
84. ovo habitar disputa agora o seu lugar nesta constru o procura instalar se neste novo contentor de h bitos adaptando se a si mesmo e adaptando a nova constru o sua presen a Lentamente vamos abrindo espa os ampliando espa os para termos espa o para n s na casa 51 Fig 20 Fotografia passado fantasmas Alc ovas 2014 da autora Casa Casa em Espera 53 Fig 21 Fotografia da autora Casa passado habitar ausente Casa em Espera Alc ovas 2014 54 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Apropria o do espa o 1 O lugar aparece me por isso sobretudo como um continente aquilo onde se est ou onde algo se situa assim que podemos falar da casa como lugar ou seja o topos onde se existe morando ou habitando mas onde se est Do mesmo modo podemos dizer que o roupeiro o lugar da roupa a estante o lugar dos livros e o restaurante o lugar onde se come O espa o algo diferente aquilo de que nos apropriamos criando espa o dentro de lugar Chamar nossa constru o o lugar onde estamos reduzi la a algo mais pequeno do que a sua exist ncia Mais do que o topos onde se existe morando ou habitando mas onde se est a casa espa o experi ncia e pot ncia O lugar ou seja onde estamos a casa vis vel o objecto palp vel paredes ch o e tecto o esqueleto da casa Ossos feitos em material de construcdo
85. pa o casa Assim neste processo apoiado no ideal futuro imagina o e esperan a que iniciamos o projecto na abertura de um espa o poss vel irreal e aut nomo pois na verdade ele n o pode existir no tempo presente nem ser depend ncia da realidade por se tratar sempre da abstrac o do que poder vir ser a realidade futura do espa o casa Falar da pot ncia espa o ent o falar da pot ncia imaginativa do construtor que ao olhar para o espa o para a pe a para a casa capaz de ver aquilo que ainda n o est visualizar a ainda ausente transforma o antes mesmo de os corpos e os olhares o praticarem de um modo mais intenso e vibratil Na marquise do andar superior que primeiramente fora varanda os antigos construtores mandaram construir uma chamin Virada a norte a luminosa sala marquise varanda cozinha que sofria dos rigores do inverno poderia ent o tornar se o ex libris da casa nas noites mais frias At data de hoje a chamin nunca teve uso para al m da exalta o da sua exist ncia aquando da sua constru o com o arder de uma nica folha de jornal amachucada A antecipa o do que poderia vir a ser aquele espa o foi o suficiente para alegrar a mente dos construtores Assim o calor n o veio nunca do fogo na chamin mas da certeza da for a da sua interven o com isto que partimos para o projecto alcan ando finalmente o tempo futuro da nossa morada A consci nci
86. processo o processo de Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o habita o durar o tempo da casa Ainda que tenha come ado muito antes da nossa chegada As imagens que nos propomos aqui partilhar convosco n o nos pertencem inteiramente nem a n s nem casa pertencem tamb m queles que por c passaram e aos que ainda h o de passar Pertencem s casas que trouxemos connosco e quilo que nelas deix mos Por isso elas tamb m aqui ter o lugar Sentemo nos todos mesa talvez como nosso costume para construir esta casa que nos espera A estrutura que opt mos segue uma ordem cronol gica N o por fazer sentido contar as imagens ordenadas ao longo de uma linha que tem como imposi o o desfilar do tempo mas sim por ser uma ordem cuja pertin ncia n o carece de justifica o a par da ordem alfab tica mas esta causar nos ia demasiada estranheza Convidamos vos assim a entenderem o objecto que agora apresentamos como um volume um espa o no sentido f sico e material conjunto de s mbolos acumulados atrav s de complex ssimas regras e depositados num suporte cofre tridimensional que pode ser maravilhosamente bem manipulado pelo leitor visualizador e manipulador que pode trabalhar com as infinitas partes daquele objecto e realizar assim um exerc cio absolutamente est tico Porque no espa o n o h sequ ncia mas sim extens o e o percurso pode sempre variar
87. que c vivemos constru mos um pouco mais esta casa E o que n s fazemos ao longo de toda a vida n o tentar construir uma casa para habitarmos A obra nunca ser uma prioridade mas sim a actividade incessante de um oper rio que se constr i a si mesmo em cada gesto construtivo Desenhamos a casa com o corpo com o h bito e com o ser Como quem desenha um trilho por pisar sempre o mesmo ch o a cada dia por muitos dias Os trilhos que tra amos desenham uma planta que se altera e transforma quando se altera e transforma o caminho Assim a constru o da morada sempre uma reconstru o do corpo Sabemos que a sua presen a f sica composta por tijolos argamassas algum ferro madeiras azulejos pedras tijoleiras por m estes elementos constituem apenas um contentor uma parte do todo que a constru o da morada Constru do o contentor fica muito ainda por construir o acordar o comer o tomar banho de gua fria naquele dia em que se deixou acabar a botija do g s o corre corre matinal o deitar o corpo cansado no sof ao regressar a casa o dormir novamente Dez passos da cama casa de banho vinte e tr s at ao frigor fico doze degraus at ao andar de baixo Existem seis cadeiras volta da mesa apenas duas servem para sentar uma para segurar a porta do quintal para n o bater as restantes esporadicamente para sentar as visitas Assim desenhamos a nossa casa marcamos os nossos trilhos
88. ria o de sistemas que podem ser reproduzidos pelo habitante no futuro falamos da pr tica de Mumemo pelo arquitecto Miguel Mendes que atrav s de processos de forma o permite a independ ncia e a autonomia de programas inicialmente condenados incapacidade de subsist ncia aut noma falamos de todas as pr ticas de continuidade e abrang ncia o que n o implica necessariamente falar de uma arquitectura sem projecto mas de uma concep o transformada de projecto concebido como um tempo de forma o de cristaliza o de certas op es dentro de um tempo indeterminado e mais abrangente que o da arquitectura em si Falamos de todas estas pr ticas e falamos tamb m da que tivemos a oportunidade de construir com a Casa em Espera em primeira m o experienciando todas as dificuldades e procurando criar estrat gias para as solucionar Falamos tamb m das nossas casas e das vossas e de todas as outras constru das diariamente com ou sem arquitecto mas sempre contando com a presen a do habitante Falamos das casas por onde pass mos tamb m elas far o parte das nossas constru es futuras Falamos de todas as casas constru das para serem vividas contentores de afectos de mem rias e gentes Falamos de casas Falamos de casa Falemos de casas Estas s o as casas E se vamos morrer n s mesmos espantamo nos um pouco e muito com tais arquitectos que n o viram as torrentes infind veis das rosas ou as
89. rinta metros quadrados e uma lareira que o quarto o quarto de casal com uma casa de banho apensa tipo suite de hotel E as pessoas v o para l morar e v o ficando domesticadas e inertes Acabaram se os grandes vest bulos e outros espa os valiosos 117 M TAVARES Gon alo Arquitectura natureza e amor Op sculo 14 Dafne Porto 2008 118 Uma casa as ru nas de uma casa PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa op cit p 9 119 FIGUEIREDO Vitor Tempo e dinheiro in Fragmentos de um discurso Circo de Ideias 2012 p 82 87 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 120 PEREIRA Godofredo Da sustentabilidade ecologia radical in Detritos 02 Cria es singulares Novembro 2008 p 32 121 BUARQUE Chico Feijoada Completa in Chico Buarque lbum Universal Music 1978 88 Por sua vez a Casa espa o a pot ncia para v rios espa os possibilidades e usos um espa o com a elasticidade necess ria para ser ampliado e encolhido por outros tempos e construtores o espa o do uso por oposi o fun o o espa o para usar espa o usado em vez do espa o funcional A Casa espa o abre espa os em si mesma acolhe os novos moradores preserva as suas ru nas dando for a s novas constru es N o se tenta reduzir a habita o a uma determina o funcional ou desenvolver arquitecturas
90. rque dentro de mim n o sou sozinho Sou muitos E esses todos disputam minha nica vida Vamos tendo nossas mortes Mas parto foi s um A o problema Por isso quando conto a minha hist ria me misturo mulato n o de ra as mas de exist ncias Na constru o desta casa existe tamb m mesti agem Tamb m ela mulata n o de ra as mas de exist ncias exist ncias pr vias sua constru o que s o tamb m elas constru es igualmente mulatas porque o processo de ocupa o se iniciou muito antes da chegada Casa em Espera Noutras moradas passadas outras constru es foram feitas E estas reclamam agora o seu lugar na constru o desta outra casa N o as podemos deixar para tr s porque este processo um processo de continuidade A constru o um retorno e uma continuidade atrav s das rupturas Estas por vezes s o t o dolorosas e prolongadas que o construtor sente o seu futuro atrai oado Nesses momentos o desespero que paradoxalmente sustenta o seu nimo N s enquanto construtores desta casa temos o dever de reconhecer a sua mesti agem tal como a reconhecemos em n s mesmos Do mesmo modo que 42 COUTO Mia Vozes anoitecidas Lisboa Caminho 1987 3 p 85 em ANDR Jo o Maria Multiculturalidade identidades e mesti agem Coimbra Palimage 2012 p 15 43 Idem 44 ROSA A R O Aprendiz Secreto op cit p 40 29 Imagens de uma Casa em Espera
91. s www pinterest com pin 98094098106697500 gt LOUVOR DO ESQUECIMENTO Fig 39 Julie Laurin Atl ntida Performance integrada no evento Walk amp Talk Azores Fotografia de Jorge Artur 170276368 amp set a 1158118380870047 1073741834 100000156877876 amp type 1 amp __ mref message_bubble gt 131 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o CASA FUN O AS CASAS DA CASA Fig 40 Vitor Figueiredo Planta de um fogo Chelas 1973 in Vitor Figueiredo Fragmentos de um discurso Circo de Ideias 2012 Fig 41 Le Corbusier Cabanon 1951 in lt http archidead net poor and rich gt Fig 42 Le Corbusier Desenho para o Projecto Wanner 1928 in Cecilia Vivanco El proyecto moderno como construcci n de una utop a Arteoficio no7 Santiago do Chile Trazas Escuela de Arquitectura USACH 2008 p 13 Fig 43 Jo o Fazenda Ilustra o do livro As coisas de In s Fonseca Santos 2002 in lt http joaofazenda com g illustrated books livro Coisas gt Fig 44 Paul Klee Villa R 1919 in lt https www pinterest com pin 327285097894130645 gt Fig 45 Fotografia da autora Espa o in util Casa em Espera Alc ovas 2015 POT NCIA ESPA O Fig 46 Ana Ventura Take care 2012 in lt http demo anaventura com index php portfolio page take care gt TI FUTURO SOBRE A CONSTRU O DAS OBRAS DURADOURAS ESPA O POSS VEL Fig 47 Luis Piteira Desenho da marquise projecto Casa em Espera Al
92. s is de luz artificial Perante a multid o calada procurai de vez em quando Aquele teatro que se passa na rua Aquele teatro do dia a dia de milhentas faces e sem fama Mas t o vivo terreno que se alimenta Da vida comum dos homens e se passa na rua Mas n o digais Esse homem N o artista Levantando um muro destes Entre v s e o mundo todo apenas vos expulsais Do mundo Se v s lhe diss sseis Que ele n o era artista ele podia dizer vos Que v s n o sois homens e isso Seria censura bem maior Dizei antes Ele artista porque homem N s Talvez fa amos com maior perfei o o que ele faz e Por isso nos honram mais mas o que n s fazemos algo geral e humano hora a hora Ensaiado no tumulto da rua quase T o apreciado pelo homem como o comer e o respirar Gas Mas entendamo nos mesmo que v s melhor sseis O que faz o homem da esquina far eis menos Do que ele se v s Fiz sseis o vosso teatro com menos sentido por menos pretexto Entrando menos na vida dos espectadores e Menos til 13 131 BRECHT B Sobre o teatro do dia a dia in Poemas op cit p 277 Criado o espa o poss vel projecto possibilidade abstrac o pot ncia inicia se o processo de execu o cruzamento do plano da imagina o com o plano terreno onde se processa a vida dos homens neste cruzamento no confronto do real com o poss vel que o espa o poss vel se transforma em espa o do poss v
93. s de fazer un ssono de todas estas vozes que soam dentro desta casa Pilar op cit Precisamos de construtores capazes de perguntar ser o os elefantes como os cavalos que dormem em p 53 Idem 31 Fig 10 Antoine de Saint Exup ry Ilustra o do livro Le petit prince Paris 1943 Fig 11 Francesc Catal Roca titulo desconhecido Girona 1975 33 34 Fig 12 Fotografia da autora Espa o mesti o 1 Val ncia 2011 Fig 13 Fotografia da autora Espa o mesti o 2 Porto 2013 35 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Espa o encolhido Toda a casa suspendera a respira o incapaz de conter tamanha despropor o e eu pr prio desaparecera algures na sala entre a tua vida e a tua morte Atenderam o telefone falando baixo temendo que regressasse cada coisa do teu lugar sem estar prontos ainda para a tua solid o Faltava muito para podermos perceber muitos passos para chegarmos aonde sempre estiv ramos mais perto do t dio do que da esperan a da parte do que do todo vagueando ainda na tua aus ncia 54 PINA M A Corpo presente longe do c u e da ideia da morte r as palavras poesia reunida op cit p 215 O av vivia na casa que havia construido o quarto para dormir quer de noite deitado na cama quer de dia descansando o corpo sobre a poltrona castanha a cozinha servia para todo o resto comer descansar r
94. s futuras Porque um passado inabitado posti o e congelado como o que encontr mos chegada o passado museol gico um tempo incapacitante Tudo isto eu sei antigo e repetido fez se tarde no que pode ser dito Bom o esquecimento sim do passado que limita o gesto construtivo que impede a cria o de espa os vivos e que contrai o espa o ao m nimo da sua pot ncia Desse passado j Manuel Ant nio Pina nos advertia na constru o da sua casa Protege te delas das recorda es dos seus cios das suas conspira es Esse passado que tanto difere da t nue mas viva obsidiante mem ria tem a capacidade de se transformar em material de constru o para o futuro para futuras constru es por ser viva Na velha casa Entram os novos moradores Se os que a constru ram ainda l estivessem A casa seria pequena de mais Fig 39 Julie Laurin Atl ntida Performance integrada no evento Walk amp Talk Azores Fotografia de Jorge Artur Alves A ores 2015 83 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Casa fun o Casa espa o As casas da casa Pot ncia espa o Em v rias ocasi es dediquei me a pensar num apartamento onde existisse uma pe a in til N o se tratava de uns arrumos n o era um quarto suplementar nem um corredor nem um casebre nem um recanto Seria um espa o sem fun o N o serviria para nada n o seria rem
95. sa viagem e a do elefante precisamente neste estado transit rio de sobreposi o e transporte que se amplifica a mesti agem misturando a nossa exist ncia com a da casa pois aqui eu somos muitos e porque assim chega o viajante tardia idade onde se confundem ele e o caminho Assim construtor e casa se misturam trocam marcas cicatrizes lambem feridas e constroem novas mem rias antigas para um dia futuro criam uma exist ncia comum em que a casa certas noites por m sai de si e sai de mim e fica suspensa l fora entre a mem ria e o remorso de outra vida Pois a constru o deste processo de habita o deste habitar espa o vivo faz se na fronteira da experi ncia e do adquirido ou seja na fronteira das mem rias que nos pertencem e das que pedimos emprestadas sem prazo de devolu o Encontramos assim o construtor tamb m na fun o de mediador gestor de processos de recursos e de projectos gestor de projectos de vida e de vidas tamb m Construtor capaz de conseguir com que todas estas exist ncias que Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o disputam uma nica vida sejam capazes de coexistir num mesmo espa o tempo 51 COUTO Mia Vozes anoitecidas presente Capaz de estabelecer o di logo entre as nossas v rias exist ncias e as da CR ES casa elefante que anda anda anda caminha caminha caminha construtores 52 SARAMAGO Jos em Jos e capaze
96. sa como se fosse a primeira vez Exposi o da galeria Miguel Justino Contemporary Art 2014 in lt https tr3sreinos wordpress com 2015 02 14 como se desenha debuxa dibuja uma casa de manuel antonio pina gt Fig 6 Larry Sultan Nighland Pictures from home San Fernando Valley 1984 in lt http larrysultan com gallery pictures from home gt Fig 7 Larry Sultan My father s dresser Pictures from home San Fernando Valley 1985 in lt http larrysultan com gallery pictures from home gt Fig 8 Fotografia da autora Casa da av afecto materno Vila Nova de Gaia 2014 Fig 9 Fotografia da autora Transporte espa os de afectos Casa em espera Alc ovas 2015 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o ESPA OS MESTI OS TRANSPORTE 2 Fig 10 Antoine de Saint Exup ry Ilustra o do livro Le petit prince Paris 1943 in http entree virgulas blogspot pt 2015 08 titulo pequeno principe html Fig 11 Francesc Catala Roca t tulo desconhecido Girona 1975 in lt http static4 devote se gallery big 20130514 598493908dc72f99668c5ed98e608106 jpg gt Fig 12 Fotografia da autora Espa o mesti o 1 Val ncia 2011 Fig 13 Fotografia da autora Espa o mesti o 2 Porto 2013 ESPA O ENCOLHIDO Fig 14 Fotografia da autora Casa para o av espa o encolhido Casa em Espera Alc ovas 2015 Fig 15 Lygia Clark The proposition ping pong 1966 in lt http moma tumblr co
97. ssa bagagem 92 PINA M A As coisas in Todas as palavras poesia reunida op cit p 20 93 PINA M A O quarto in Como se desenha uma casa op cit p 18 94 PINA M A Como se desenha uma casa in Como se desenha uma casa op cit p 9 71 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 95 PINA M A Uma casa in Todas as palavras poesia reunida op cit p 354 96 ROSA A R O Aprendiz Secreto op cit p 29 97 ROSA A R O Aprendiz Secreto op cit p 23 98 PINA M A Neste preciso tempo neste preciso lugar in Todas as palavras poesia reunida op cit p 252 72 Como podia a casa receber nos ent o de janelas e portas fechadas trancadas por dentro escondidas as chaves no meio de tantas outras coisas para n s sem sentido Vindos de outras moradas traz amos connosco todas aquelas coisas que nos pareciam essenciais ao nosso habitar a mesa onde comemos a outra onde trabalhamos caixas e caixas e mais caixas de roupa livros revistas pap is desenhos postais sapatos fotografias panelas e tachos colch o e cama tudo isto essencial Todas as coisas essenciais Cuidadosamente descarregadas e empilhadas na garagem Trouxemos connosco tamb m os corpos cansados da mudan a da viagem das caixas e das pr prias coisas corpos essenciais Cuidadosamente deitados na velha cama da nossos nova casa A
98. ssim perde se o corpo na inabitada casa das palavras entre coisas e mais que coisas corpos presentes rec m chegados vindos de outras moradas outras viagens e corpos ausentes que vivem apenas atrav s da mem ria das coisas e das marcas deixadas porque a constru o da obra tamb m uma reconstru o do corpo Para abrir espa o para os corpos esses sim absolutamente indispens veis por n o nos podermos desfazer deles ambas as partes envolvidas neste processo abdicam de coisas n s por um lado aceitamos deixar na garagem a tempo indefinido parte da nossa bagagem parte das mem rias das viagens passadas e das nossas casas mortas a casa por seu lado abre m o das suas coisas apenas coisas para n s mas mais que coisas para algu m de tal modo que o interior da constru o adquira a lenta espessura da temporalidade e l mpida vivacidade de cada instante Pois que faria eu com tanto Passado sen o passar lhe ao lado deitando lhe o enviesado olhar da ironia Fig 33 Jo o Fazenda Ilustra o do livro As coisas de In s Fonseca Santos 2002 73 Fig 34 Anton Corbjin Fotografia Tom Waits Dilon Beach California 74 Fig 35 Luis Bu uel Salvador Dali Un chien andalou 1928 75 Fig 36 Fotografia da autora Mudar se as coisas Porto 2014 76 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Espa o do tempo E a dimens o ou as dim
99. ti os Transporte 2 nm 29 Espa o encolhido 37 Outras mem rias 43 II Presente Chegada a casa Condi o do habitar sscinicacncinniaicnia citadas 50 Apropria o do espa o 1 ss 55 Casa Cen rio Apropria o do espa o 2 less gundo da vei bu dengue aa ii 60 Espa o dos fantasmas ne 65 Os corpos e as COISAS rr ns 71 Espa o do tempo sun 77 Louvor do esquecimento sm 81 Casa Fun o Casa Espa o As casas da casa 86 Pot ncia espa o 93 III Futuro Sobre a constru o das obras duradouras Espa o poss vel PI E TR TR 98 Espa o do poss vel ETET EAE 103 O espa o continua o e fim een 109 Mapa de conceitos ssssssnne 121 Bibliografia nennen 125 Iconografia IAEA O CEO U USO O OS UC IVO CO LUA LS COUNT OE U COCO OCL III I ren CO UAI CNAS Cen Us estes atado os 128 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Habitando te como uma casa ou uma memoria 2 PINA Manuel Ant nio A vida real in Todas as palavras poesia reunida Ass rio amp Alvim Lisboa 2013 p 273 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o Notas sobre a casa Lavar a seco e n o passar a ferro Se n o funcionar desligar e voltar a ligar Na casa n o temos manual de instru es e dificilmente seremos capazes de ter um completo entendimento acerca do seu funcionamento Viver numa casa numa casa aut ntica um of cio a tempo inteiro Ela
100. to a capacidade de actualizar o espa o casa levando o realiza o da sua pot ncia algo est em pot ncia quando polarizado por uma forma que o pode actualizar ainda n o chegou realiza o ou actualiza o dessa forma No quarto que um dia foi do pequeno filho hoje j n o t o pequeno existia uma grande cama com uma grande cabeceira um grande m vel que engolia o pequeno quarto Mais ao fundo do corredor no antigo quarto dos av s existia uma futura sala onde existiria uma futura televis o que iria ocupar um futuro m vel Agora nossa direita para l do sof uma passada cabeceira de uma passada cama de um passado quarto de um 122 123 124 ANDR J M O espa o c nico como espa o potencial para uma dinamologia do espa o op cit p 39 40 Idem p 73 74 Idem p 25 93 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 125 Idem p 39 40 126 BRECHT B Sobre a constru o das obras duradouras in Poemas op cit P 362 94 passado filho transformou se em m vel presente para a presente televis o na presente sala No presente quarto a presente cama descansa sozinha a partir desta capacidade do construtor de transportar o espa o presente para um tempo futuro de uma poss vel concretiza o da sua pot ncia que encontramos a origem do processo de transforma o de retoma da constru o e de actualiza o do es
101. ue certas formas ter o muito a ver com isso ter o muito a ver com o momento cultural em que se vive que talvez apressado A cria o do espa o poss vel assim demarcadamente um processo de lentid o feito de avan os e recuos e fundamentalmente de incertezas E ainda que como projec o futura que seja pura abstrac o o espa o pos vel procura ser a mais concreta das abstrac es ou seja a mais verdadeira resposta ao problema do espa o casa Um dos aspectos que mais nos atormentava na Casa em Espera eram as suas divis es interiores provocadas pela excessiva compartimenta o caracter stica deste g nero de constru o Assim era o nosso objectivo tornar o espa o o mais comunicante poss vel abrindo portas em janelas passagens circula es Para tal numa das paredes da casa escondida por um arm rio de ponta a ponta em ambos os sentidos foi pensada uma abertura passagem escondida por dentro do arm rio que faria 129 FIGUEIREDO V Tempo e dinheiro in Fragmentos de um discurso op cit p 83 99 Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o 130 PINA M A Quinquag simo ano in Todas as palavras poesia reunida op cit p 283 100 comunica o entre as duas salas O projecto foi se desenvolvendo com a lentid o necess ria passagem foi esquecida n o por falta de raz es nem por raz o alguma Precis vamos lembras te
102. uitecto apenas o tornar real de um espa o que possa ser praticado apropriado e vivido Trata se portanto de privilegiar o n o pensado o evento o surgimento de complexidades culturais e vivenciais que n o se encontram pr definidas nos comp ndios de uma exist ncia m nima Porque de facto o que se defende uma exist ncia m xima e saud vel da qual o espa o livre pe a essencial enquanto territ rio de um poder ser 140 PEREIRA Godofredo Da sustentabilidade ecologia radical in op cit p 32 Por outras palavras ndo se centra na pureza objectual da obra edificada nem na servid o funcional a um tal humano que a ocupar mas no conjunto aberto que se forma pelos elementos naturais construidos habitados humanos culturais etc e que se desenvolve ao longo do que se pode chamar a vida de uma casa Um tempo que n o se pode deixar de acentuar isto n o pode ser concebido cronologicamente mas intensivamente em espasmos de acelera o e abrandamento de muta o e estabiliza o A express o a vida de uma casa ganha uma import ncia concreta enquanto tema central do posicionamento arquitect nico 141 Idem p 33 Cabe assim ao arquitecto transformar o paradigma do projecto de arquitectura abandonando a ideia do projecto finalizado projecto objecto ou tantas outras no es de projecto que t m em si a ideia de fim e que por isso o destituem da 111 Imagens de uma Casa em Espera
103. utros novos caminhos que os processos de comunica o gr fica enquanto pe a est tica n o seria capaz de abrir Como tal o projecto enquanto pr tica da disciplina da arquitectura deve ser entendido como algo muito maior que a simples resposta a um pedido especialmente enquanto projecto da mais ntima das constru es do homem a morada Um projecto que se limite apenas a cumprir um organigrama de fun es perfeitamente desenhadas sobre a folha de papel estar sempre muito aqu m da constru o de uma casa Imagens de uma Casa em Espera constru o de um processo de habita o O meu melhor projecto foi com o Dr Vitor Nogueira da Figueira da Foz Comecei a falar com eles sobre a casa e percebi que ela queria um quarto grande para poder estar e que ele gostava de vacas Eu disse lhes V o se enfiar aqui num buraco num lote de terreno que n o tem sentido nenhum voc s t m que procurar aqui perto da Figueira uma casa que j exista ou terreno qualquer grande para se construir l a casa Aquilo era o que ele queria Eu nunca lhe poderia dar nada parecido num lote de 30 ou 40 metros maior ou menor seria sempre uma moradiazinha por muito jeito que eu tivesse Iniciado no di logo o projecto n o se finaliza em si mesmo n o sendo ele mesmo um fim mas sim uma parte fundamental de um processo continuamente inacabado tal como cont nua a insatisfa o do homem Uma casa n o

Imagens de uma Casa em Espera Construção de um processo de

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