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ARqUEOlOGiA NO PElOURiNhO

1. Figura 11 Urinol em cer mica vidrada encontrado na casa 14 rua S o Francisco quarteir o 31 lixeira dom stica Merece destaque tamb m a presenca dos cachimbos e das contas micangas Fragmentos e pecas inteiras de cachimbos e de contas somam mais de duas mil pecas A grande maioria dos cachimbos proveniente dos dep sitos secund rios aterros enquanto a maior parte das contas foi recuperada em dep sitos prim rios Os cachimbos apresentam rica variedade de padr es decorativos e de formas Foram classificados PROGRAMA MONUMENTA IPHAN seis tipos de formas diferenciadas pela t cnica de manufatura A princ pio trabalhamos com a hip tese de que a maioria das pe as seja de produ o local com exce o de algumas pe as que foram importadas como os cachimbos de caulim por exemplo As contas por sua vez podem ser classificadas pela cor e pela mat ria prima Possivelmente a grande maioria foi importada Sylvia Braga Mesmo n o tendo realizado an lise mais aprofundada desses materiais podemos tecer algumas considera es O grande n mero de cachimbos identificados distribu dos por toda a rea pesquisada e em dep sitos arqueol gicos de diferentes per odos mostra que o h bito de fumar foi pr tica constante durante s culos A incid ncia de motivos decorativos nas pe as revela que elas est o carregadas de simbolismos representativos da cultura de seus d
2. Refer ncias ALEVATO Hilda Trabalho e neurose enfrentando a tortura de um ambiente em crise Rio de Janeiro Quartet 1999 BAUMAN Zigmunt Identidade Rio de Janeiro Zahar 2005 BOURDIEU Pierre PASSERON Jean Claude A reprodu o elementos para uma teoria do sistema de ensino Petr polis Vozes 2008 FAZENDA Ivani Interdisciplinaridade hist ria teoria e pesquisa 16 ed Campinas Papirus 2009 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 44 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2005 HALL Stuart A identidade cultural na p s modernidade Rio de Janeiro DP amp A 2007 MORIN Edgar Os sete saberes necess rios educa o do futuro S o Paulo Cortez Bras lia Unesco 2000 PEREZ Carmen L cia Vidal Rodas de mem rias e saberes uma pr tica de forma o In P REZ Carmen L cia Vidal TAVARES Maria Teresa Goudard ARA JO Mairce da Silva orgs Mem rias e patrim nios experi ncias em forma o de professores Rio de Janeiro EdUerj 2009 P REZ Carmen L cia Vidal TAVARES Maria Teresa Goudard ARAUJO Mairce da Silva Alfabetiza o patrimonial uma ferramenta te rico pr tica para a forma o de professoras In _ orgs Mem rias e patrim nios experi ncias em forma o de professores Rio de Janeiro EdUerj 2009 SCHEIBE Leda A reforma como pol tica educacional no campo da forma o de professores a perspectiva global e pragm tica das atuais reformas In LINHARES C
3. tinha porta de entrada independente tr s janelas com sacadas de ferro duas salas e tr s quartos sendo todo forrado esse andar 1 APMS fundo provedoria livro de IPTU 1893 livros le II local S 2 Oinvent rio de Quintino Ol mpio dos Santos encontra se no Arquivo P blico do Estado da Bahia Apeb se o judici ria s rie invent rios doc 01 366 708 06 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN O s t o era coberto de telha va possu a tr s janelas para o telhado de frente tr s para o telhado do fundo duas salas e um quarto Consta ainda na descri o que o sobrado fora constru do sobre paredes dobradas da caixa do edif cio e singelas as divis rias Avaliado em oito contos de r is moeda corrente na poca limitava se de um lado com a casa de Joaquim Gon alves Maia e do outro com propriedade de Jos Lopes Muito interessante a descri o da cultura material ligada ao sobrado 39 da rua do Tijolo em que existiam no in cio do s culo XX e Uma mob lia de jacarand antiga a muito usada composta de um sof duas bancas quatro cadeiras de bracos doze poltronas e Dois candeeiros de vidro e Dois pares de casticais com arranjos de vidros e Dois pares de jarros pequenos e Um par de escarradeiras e Duas estantes com ferramentas dent rias enferrujadas e mais quatro pe as muito estragadas tamb m para trabalhos em dentes e Uma cadeira de encosto de couro estragada e Um espelho qu
4. A ES 1 E 8 Te a AR 7 ow n M E 130 necessariamente acess veis por constata o emp rica Ora a novidade presente nos bancos de dados eletr nicos fruto do desenvolvimento das tecnologias da inform tica a possibilidade de integrar em uma nica interface uma infinidade de fontes e meios de informa o A expans o dos meios de comunica o como a internet por sua vez potencializa infinitamente os usos de tal interface A partir do material recolhido nos trabalhos de campo do Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta lphan ou Projeto Pelourinho de Arqueologia pretende se destacar a inser o do banco de dados na atividade de pesquisa arqueol gica com o intuito de potencializar a constru o de conhecimento Nesse sentido examinam se algumas potencialidades inerentes aos recursos e ferramentas associadas aos bancos de dados atuais especialmente aqueles que podem ser geridos por meio da internet Antes de considerar o banco de dados na pesquisa arqueol gica tentaremos construir um panorama sobre sua evolu o a fim de pontuar como os aspectos de armazenamento organiza o e sistematiza o de informa es participam da constru o de conhecimentos em um trabalho de pesquisa arqueol gica Panorama sobre a evolu o dos bancos de dados A hist ria humana se inicia com o desenvolvimento de t cnicas
5. o do movimento de terra e para garantir a estabilidade das construc es 9 Resto de materiais construtivos associados tralha dom stica 10 Ver cap tulo XVII 239 Em nossas conclus es podemos apontar um desenho unit rio de toda a rea o que significa dizer que a ocupa o mais tardia se deu com base numa ideia de regularidade com a inten o de dotar a rea de um tra ado regular com ruas retil neas embora esta n o fosse a melhor forma de ocupa o para um terreno acidentado do ponto de vista topogr fico O desejo de dar um tra ado regular cidade ainda que o relevo fosse bastante acidentado determinou a paulatina modifica o do lugar ao longo dos s culos com a realiza o de sucessivos cortes no terreno e diversas camadas de aterro principalmente nas partes mais acidentadas Na rea mais profunda foi necess rio o preenchimento do fosso com espessa camada de aterro Propondo conhecer as sucessivas ocupa es da rea a partir do bin mio tempo espa o Santos 1994 visto como elemento atuante na evolu o do crescimento urbano em todos os distintos contextos hist rico culturais abordaremos a poligonal da rea estudada de forma minuciosa a fim de explicar a g nese dos dep sitos arqueol gicos Primeiro decidimos analisar os dep sitos arqueol gicos focalizando as diferen as nos padr es de sua forma o e as caracter sticas f sicas dos vest gios culturais ali encontrados D
6. rua Guedes de Brito o que nos permite fazer essa afirma o s o Cidade do Salvador em 1785 elaborada por Jos Azevedo Gale o Simas Filho 1998 p 135 Quarteir o 22 destacado pelo c rculo em vermelho A casa 15 est destacada no detalhe por um quadril tero em verde 60 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO os alicerces paredes com reboco e outras estruturas construtivas identificadas nesse arruamento Se tiv ssemos levado em considera o a fei o arquitet nica da casa 15 quando do in cio da pesquisa afirmar amos que sua constru o original teria ocorrido no segundo quartel do s culo XIX Por m elementos construtivos indicam o recuo ao s culo XVIII Destarte por meio da localiza o dos elementos de sustenta o ou divis o do im vel pudemos compreender que a constru o da galeria se deu anteriormente edifica o da casa 15 e em espa o que atravessava o quarteir o onde ela se encontra atualmente Comparando se as figuras 2 e 3 observa se nas reas destacadas por c rculos em vermelho o referido espa o com o quarteir o acima aludido ainda n o estabelecido em 1624 e depois consolidado em 17854 Visualiza se o que deve ser a canaliza o de um c rrego dividindo em dois o quarteir o e seguindo para o rio das Tripas No detalhe da planta de 1624 visualiza se o arruamento ininterrupto o que nos leva a afirmar que existira sim uma canaliza o passando ali bem prov vel que
7. A rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho A pesquisa arqueol gica iniciada em julho de 2006 teve como objetivo desvelar e caracterizar as sucessivas ocupa es na rea da 7 Etapa do Projeto de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador buscando conhecer PROGRAMA MONUMENTA IPHAN espacial e temporalmente o lugar Najjar amp Silva 2006 Entendemos que nessa tentativa a compreens o do relevo foi fundamental para enxergarmos os problemas relativos ocupa o e expans o da cidade Desse modo a partir de uma leitura sobre a topografia da rea pesquisada apresentaremos uma an lise acerca do processo de ocupa o A rea da poligonal estudada de 52 329 53m podendo ser caracterizada por dois tipos de relevo O primeiro ocupa um ter o da poligonal 33 32 com cota de altitude acima de 60m situa se na crista de uma cadeia montanhosa parte plana local onde se encontram testemunhos dos assentamentos dos n cleos primitivos da cidade Na parte plana da rea observamos que o assentamento das casas se deu em solo natural com camadas de aterros pontuais pouco espessas geralmente servindo de contrapisos O subsolo apresenta poucas anomalias O contexto se resume a uma rea pouco mexida onde as transforma es f sicas das casas se apresentam principalmente nas estruturas na superf cie Os outros dois ter os da rea pesquisada 66 68 considerada como rea de expans o dos n cleos primitivos
8. ed o kx iaa an im E pod ia Figura 9 Se es GPR mostrando padr es de reflex o relacionados com interfer ncias enterradas na rea paredes blocos de rocha tubula es etc Lame HIE FIT iiia Lm evidenciadas nesse local s o identificadas no mapa de anomalias da rea A2 figura 11 Figura 10 esquerda od i de anomalias identificadas na 4 rea 1 Pelourinho i Salvador Figura 11 direita de anomalias identificadas na rea 2 Pelourinho 27 z Salvador QR255 CASA 35 A partir do detalhamento de certas feic es identificadas e da associa o de informa es diversas arqueol gicas hist ricas investiga es diretas etc foi poss vel estimar poss veis configura es da antiga igreja existente no local A figura 12 ilustra tal interpreta o 0 5 QR26S CASAS 27 29 Conclus o rea 3 p tio do Quartel do Corpo de Bombeiros Os resultados obtidos mostram que as investiga es Nos perfis GPR 2D as principais anomalias hiperb licas geof sicas realizadas com o GPR possibilitaram o s o interpretadas e relacionadas a alicerces paredes de delineamento de anomalias geof sicas possivelmente antigas edifica es existentes no local As anomalias associadas a vest gios arqueol gicos existentes nas 126 e
9. es encontradas em im veis da rea em exame observamos que independentemente dos lugares de implanta o se nos espa os internos das edifica es nos seus quintais ou na rua elas podiam servir tanto para melhorar as condi es sanit rias no centro da cidade como para canalizar as guas dos c rregos t o comuns na rea Considera es finais N o demasiado dizer que as galerias apesar de soterradas consolidam se como elementos da paisagem para al m de seu aspecto f sico Seus usos as inten es inerentes a sua constru o sejam de particulares ou do poder p blico e os efeitos de correspond ncia no ambiente em que foram inseridas tornaram essas estruturas componentes vivos no espa o de sociabilidade do centro da cidade atrav s dos s culos de ocupa o ali registrados A sua forma final transgrediu o aspecto material e avan ou nas idealiza es e em suas diversas fun es A conforma o desse componente da paisagem exprime se ent o por um conjunto de vetores sociais e ambientais que marcaram os locais de sua influ ncia e o destino dos dejetos A topografia permitiu o estabelecimento do 17 Idem ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO complexo sistema de drenagem tamb m utilizado para esgotamento sanit rio e consecutivamente para destinar os despejos em um rio com energia para transport los a grande dist ncia not rio que esse antigo sistema de canaliza es ainda ativo tenha resistido s alt
10. realizando atividades educativas mesmo ap s o t rmino do projeto de educa o patrimonial Contribuir para a forma o continuada dos professores incorporando ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO discuss es acerca do patrim nio cultural nessa medida contribuir para que o importante debate sobre a diversidade cultural presente hoje nas escolas n o seja posto de lado no meio de tantas e tamanhas outras preocupa es que marcam o cotidiano escolar No que se refere forma o de professoros fundamental desenvolver projetos que integrem a dimens o intercultural ao trabalho com a mem ria e o estudo do patrim nio local Esses projetos valorizam as marcas culturais presentes no bairro na escola na cidade por meio de um processo de reconstru o identit ria que exige a destrui o das representa es monoculturais de uma vis o de mundo fundada na redu o da diferen a como caracter stica da homogeneidade P rez 2009 p 254 A escola brasileira hoje particularmente a escola p blica reflete em seu interior a diversidade cultural existente na sociedade na medida em que tal como foi dito anteriormente acolhe a quase totalidade das crian as em idade escolar Como exemplo podemos citar o ocorrido no Rio de Janeiro que n o difere muito do que se viu em outros grande centros urbanos do pa s Em 1950 somente tr s de cada dez crian as em idade escolar frequentavam escolas na antiga capital do Brasil Em 6
11. reproduzida em Nosso S culo S o Paulo Abril Cultural 1980 vol 1 p 30 escuros da citada freguesia e vereis entaipadas entre quatro paredes escuras midas jazendo no ch o atijolado ou revestido de cimento sobre esteiras ou pobres leitos impuros os membros de uma grei numerosa que o parentesco ajuntou ou a mis ria reuniu e a verificareis como se envenena uma popula o inteira num ambiente infecto cujo ar n o se renova jamais pela nica abertura at que se fecha por necessidade forcada de noturna jy P Fh seguran a Pela manh quando tais antros se Ng Ses T Me 70 16 APEB se o colonial presid ncia da prov ncia obras ardt s p blicas 1825 1851 ma o n 4882 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO abrem o h lito que deles se exala trai para logo a corrupc o que a todos envenena Por esse motivo a popula o pobre da cidade definha enfraquece sem a tonifica o do trabalho moralizado e regular que lhe garanta a subsist ncia sem o aux lio da instru o que lhe fa a compreender a vida dentro dos limites da Higiene sem a qual ela n o pode ter a resist ncia precisa para a luta bendita do trabalho grifo nosso Al m da falta de asseio e compostura dessa popula o pobre o texto de Sampaio atenta para outro fator de degrada o a vadiagem Aos olhos dos modernos a falta de um trabalho moralizado e regular faz com que a popula o definhe
12. 2 p 14 23 AZKARATE A Arqueolog a de la arquitectura definici n disciplinar y nuevas perspectivas Arqueolog a de La Arquitectura Universidad Del Pa s Vasco CSIC 2002 n 1 p 7 10 HARRIS E Principios de estratigraf a arqueol gica Barcelona Editorial Cr tica 1991 LEONE Mark P POTTER Jr Parker B The Recovery of Meaning Historical Archaeology in Eastern United States Washington D Smithsonian Institute Press 1988 QUIR S Castillo J Arqueolog a de La Arquitectura em Espana Arqueolog a de La Arquitectura Universidad Del Pa s Vasco CSIC 2002 n 1 p 27 38 RIBEIRO Cl udia R V A dimens o simb lica da arquitetura par metros intang veis do espaco concreto Belo Horizonte Fumec Face C Arte 2003 ZARANKIN Andr s Casa tomada sistema poder y vivienda dom stica In ZARANKIN Andr s ACUTO F lix A eds Sed non satiata teor a social en la arqueolg a latinoamericana contempor nea Buenos Aires Ediciones del Tridente 1999 Paredes que domesticam arqueologia da arquitetura escolar capitalista Campinas Unicamp 2002 ZOREDA C El an lisis estratigr fico de construcciones hist ricas Arqueolog a de La Arquitectura 55 74 Centro de Estudios Hist ricos CSIC Madrid ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO X ladrilho hidr ulico no Centro Hist rico de Salvador Na pesquisa arqueol gica das obras da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monu
13. 4l oa E ae a 5 A Fl n A 1 f 1 d hs Figura 9 Simula o da composi o dos pisos de ladrilho hidr ulico Figura 10 abaixo esquerda Fachada da casa 10 rua 3 de Maio Figura 11 abaixo direita Ladrilho hidr ulico do corredor de acesso nas cores branca azul e cinza Figura 12 Ladrilho hidr ulico do sal o nas cores branca e vermelha com elementos geom tricos e gregos Figura 13 abaixo direita Simula o da composi o dos pisos de ladrilho hidr ulico Figura 14 Simula o da composi o dos pisos de ladrilho hidr ulico Figura 15 Ladrilho hidr ulico em vermelho e preto 160 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Casa 16 rua 7 de Novembro Dois belos modelos de composi o com ladrilho hidr ulico foram encontrados no corredor da casa 16 0 primeiro composto por motivos geom tricos pequenos de cor vermelha sobre fundo branco e o outro um combinado que apresenta trama em diagonal com motivos florais e faixa floral figuras 16 a 20 m gt e gt 8 ot mm E 1 1 L le 4 os E Mm 6 P e M l Ee Ay To gt las p L4 3 M f
14. Bala de canh o LEITE Rinaldo C sar Nascimento E a Bahia civiliza se Ideais de civiliza o e cenas de anticivilidade em um contexto de moderniza o urbana Salvador 1912 1916 Salvador 1996 Disserta o mestrado em Hist ria Faculdade de Filosofia e Ci ncias Humanas Universidade Federal da Bahia LEMOS Carlos A C Hist ria da casa brasileira S o Paulo Contexto 1996 MATTOSO K tia Bahia s culo XIX uma prov ncia no Imp rio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1992 NAJJAR et al Arqueologia na restaura o arquitet nica reflex es sobre uma pr tica que se torna recorrente In Anais do Arquimem ria 3 Salvador IAB BA 2008 Cat logo das cole es cer micas da 645 Rio de Janeiro Iphan 2007 NAJJAR Rosana SILVA Regina Coeli Pinheiro da Relat rio de pesquisa arqueol gica da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Salvador BA Monumenta lphan 2007 Relat rio parcial do projeto de prospec es arqueol gicas na rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Monumenta lphan jul dez 2006 NASCIMENTO Anna Am lia Vieira Dez freguesias da cidade do Salvador aspectos sociais e urbanos do s culo XIX Salvador Funda o Cultural do Estado da Bahia 1986 REIS Jo o Jos Amorte uma festa ritos f nebres e revolta popular no Brasil do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 1991 Cc Rebeli o escrava no Brasil a hist ria do levante dos Mal s em 1835
15. Nelson Kon ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO O un u Z Detalhe da rea de pesquisa do Projeto Pelourinho de Arqueologia Torre da Igreja de Selo REEE convento oW M T 1 NE TOY 1 QUY NE 1 W W Y RN SW AN MAR S TBD monumen BRAS IRR Este livro cont m o registro da pesquisa arqueol gica desenvolvida na rea do Pelourinho enquanto o Programa Monumenta ali restaurava 76 im veis multifamiliares O principal objetivo desse trabalho foi diagnosticar e investigar no solo da rea em recupera o os vest gios deixados pelas sucessivas ocupa es que sofreu desde os prim rdios da coloniza o Diversos profissionais envolvidos no trabalho elaboraram os artigos que est o aqui reunidos com o relato e o estudo dos m ltiplos aspectos em que se desdobrou a pesquisa das variadas t cnicas de prospec o at o levantamento de dadose a analiseshbistorieasdecorferite do importante volume de conhecimentos produzidos pela equipe em quest o qu gt EI 2 dies a 7 1 IA C CoPpECIc j e o p blico v GOVERNO FEDERAL MONUMENTA tu BRASIL PA S RICO E PA S SEM POBREZA
16. a numerosa presen a de africanos mal s Reis 2003 p 284 285 indica uma habita o em Guadalupe provavelmente na rua que tem esse nome ou nas imedia es da capela hom nima onde o liberto e mestre mal Manoel Calafate habitou Percebe se em documentos hist ricos utilizados por Reis na sua obra acerca do Levante dos Mal s que aqueles considerados rebelados como tamb m denunciantes dimensionavam espa os na freguesia da S tendo como base as adjac ncias da Capela de Guadalupe Tamb m havia habitantes mal s em outros locais como o Cruzeiro de S o Francisco o Caminho Novo do Gravat e a rua do Tijolo Um documento hist rico referente aos autos da Revolta dos Mal s revela que entre os oito rebelados moradores da rua do Tijolo lateral a Guadalupe quatro eram libertos pardos e naturais de Salvador Outros pardos foram listados como rebelados Em seus endere os identifica se a localiza o de ruas pr ximas a Capela de Guadalupe Ainda tendo documentos hist ricos como fontes percebe se que a partir de meados do s culo XIX era comum ter na vizinhan a de diversas ruas da S junto aos moradores citados acima ricos senhores de engenho comerciantes funcion rios civis e 13 Ver Devassa do levante de escravos ocorrido em Salvador em 1835 In Anais do Arquivo do Estado da Bahia Apeb n 38 1968 e Pecas processuais do Levante dos Mal s In Anais do Arquivo do Estado da Bahia Apeb n 40 1971 ARQUE
17. as que estavam j parcialmente ocupadas povoadas tinham 8 oito casas no m ximo e 6 seis no m nimo o que era de fato muito pouco Delas somente 10 dez eram de taiparia sendo as demais de pedra de m o e de madeira e barro e feno o que compreens vel visto sabermos que s recentemente come ara a fabrica o de cal e a explora o de pedreiras reservando se o uso da alvenaria de pedra com cal para os edif cios p blicos que eram como se observa as nicas edifica es cobertas de telha cer mica Com o correr do tempo que semelhantes t cnicas construtivas seriam utilizadas na arquitetura civil privada Os relatos de poca demonstram que a densidade de constru es e ocupa o da cidade alta ainda era pequena no ano de sua funda o contando essa regi o com uma popula o ainda incipiente Tal fato comprovado por carta datada de 30 de abril de 1549 destinada ao rei por Ant nio Cardoso de Barros ent o provedor mor da Fazenda Lu s Dias informava ainda sobre a possibilidade da constru o de outras casas no local muitas casas se podem fazer nestas ladeiras se isto houver de ir avante Os trabalhos de escava o 4 FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Salvador Pallotti 1998 p 50 Edi o especial 5 Idem ibidem p 51 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN arqueol gica
18. constitu das pelas duas fachadas e maci os internos est o paralelas ladeira da Pra a Tamb m podemos confirmar que os maci os de carga t m uma continuidade com as casas vizinhas e que n o possuem uni o com as paredes geminadas As paredes laterais comuns com as casas vizinhas s o duplas situa o visualizada claramente nos andares superiores S o paredes de tijolo maci o 140 x 300 x 40mm e massa grossa vari vel entre 40 e 60mm de cale areia Os v os de portas e janelas na edifica o possuem vergas de madeira arco reto e arco de descarga ou ressalva No caso da parede matricial no n vel do subsolo que divide o segundo setor do terceiro existe um arco pleno truncado pela cria o de uma passagem e escada Foram colocados dois trilhos de trem como refor o e criou se um grande pilar de apoio central que n o alcan ou a camada resistente e portanto est descendo o que gerou gretas e fissuras ativas na parede em todos os andares Encontramos quatro tipos de argamassa no interior do im vel com inst ncias onde visualizamos tr s tipos de interven es em um determinado trecho reflexo claro do grande n mero de altera es pelas quais passou a edifica o em diferentes pocas Constatamos uma camada de reboco de areia e cimento predominante no pavimento t rreo que se ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO aplica inclusive em cima de outros rebocos anteriores que foram repicados para garantir maior ader nci
19. degrada o do patrim nio cultural Mas importante salientar que foi a perman ncia da comunidade de baixa renda que garantiu a preserva o ainda que prec ria de grande parte dos casar es Com criatividade os moradores n o deixaram as paredes ca rem por completo conservando o patrim nio de acordo com as suas possibilidades Ou seja foi a comunidade que n o deixou o casario com o qual tinha uma rela o de pertencimento desmoronar por completo pela a o do tempo A partir da d cada de 1960 o poder p blico municipal criou o Programa de Recupera o dos S tios Hist ricos programa que se preocupou com o patrim nio material mas que n o trouxe novidades para a comunidade local Houve promessas de ressocializa o de combate ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO a criminalidade Por m os jornais da poca noticiavam claramente que a inten o do poder p blico era excluir a populac o do Centro Hist rico Pelourinho embora reportagens oficiais insistissem em um discurso pol tico social Na realidade tal espaco passou por um processo de gentrifica o elitiza o que traz cultura e melhoramento do espa o urbano mas ao mesmo tempo promove a exclus o social De in cio quando se anunciou uma proposta de recupera o do Pelourinho a comunidade parecia acreditar que as oportunidades bateriam s suas portas O jornal carioca Correio da Manh de 27 de novembro de 1968 traz o texto de uma carta envia
20. distrito da S Uma mob lia de jacarand antiga a muito usada composta de um sof duas bancas quatro cadeiras de bra o e doze poltronas e o que tendo avaliaram em comum acordo em oitenta mil r is Dois candeeiros de vidro dois pares de casti ais com arranjos de vidros dois pares de jarros pequenos e um par de escarradeiras o que tudo avaliaram de comum acordo em vinte mil r is Duas estantes com ferramentas dent rias enferrujadas e mais PROGRAMA MONUMENTA IPHAN quatro pecas tamb m para trabalhos em dentes tudo muito estragado pelo que avaliaram tudo em cinq enta mil r is Uma cadeira de encosto de couro estragada que avaliaram em cinco mil r is Um espelho quadrado com o vidro inutilizado que avaliaram por tr s mil r is Dois quadros com figuras que avaliaram em dois mil r is Uma cama de vinh tico francesa com lastro de palhinha que avaliaram em doze mil r is Uma outra cama com lastro de t buas que avaliaram em dez mil r is Uma mesa antiga para jantar que avaliaram por seis mil r is Uma marquesa que avaliaram em mil e quinhentos r is Somando todos os m veis cento oitenta e nove mil e quinhentos r is A s rie Mapas e plantas dispon vel no APMS nos trouxe a possibilidade de visualizar e cruzar dados acerca da descri o dos im veis presentes na rea de interesse desta pesquisa bem como acompanhar a movimenta o oficial sobre a libera o para constru o e reforma d
21. es retiradas dos projetos de do Centro Hist rico de Salvador como por exemplo o Programa de Recupera o do Centro hist rico o Programa de Recupera o dos S tios Hist ricos e Restaurac es de Cidades Hist ricas todos surgidos entre o final da d cada de 1960 e a primeira d cada do s culo XXI verificamos como o entendimento do urbano em rea hist rica est ligado rela o entre o patrim nio cultural e o sujeito hist rico Essa constata o nos levou a analisar as preocupa es do poder p blico em rela o as comunidades que habitavam o Pelourinho a partir da d cada de 1930 Ao longo do texto trataremos mais detidamente dos projetos acima mencionados Ter o patrim nio cultural preservado essencial para uma sociedade composta por cidad os comprometidos com a cultura e o legado hist rico o que refor a o entendimento de identidade e mem ria constru do ao longo de gera es PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 21 Conhecendo se os projetos de revitalizac o do Centro Hist rico de Salvador percebe se que o patrim nio cultural foi objeto de discuss es mas de modo limitado Se o patrim nio pertence aos sujeitos e se esse patrim nio sofrer interfer ncias preciso que o indiv duo participe ativamente das discuss es acerca dessas intervenc es entendendo seu modo de vida as influ ncias culturais e a rela o de pertencimento com o local onde
22. logo Samuel Gordenstein em seu doutoramento na UFBA Objetivando melhor salvaguardar todo o conte do produzido durante os quatro anos e meio de trabalho foi criada uma base de dados espec fica para o projeto onde as informa es est o organizadas e dispon veis para consulta Esperamos inserir esses dados no endere o eletr nico do Iphan assim que poss vel O cap tulo VIII O banco de dados na pesquisa arqueol gica apresenta a base de dados O Projeto Pelourinho de Arqueologia trouxe resultados in ditos e extremamente estimulantes fornecendo uma farta gama de materiais e sobretudo de novos olhares Triagem de material em laborat rio da Casa dos Sete Candeeiros 42 e descobertas sobre o urbano do Centro Hist rico de Salvador Merece ser conhecido e continuado o que esperamos CARNEIRO Edison A cidade do Salvador 1549 uma reconstitui o hist rica 2 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1980 HODDER lan Theory and Practice in Archaeology London New York Routledge 1995 NAJJAR Rosana Construtores de igrejas um estudo arqueol gico da presen a da Companhia de Jesus no litoral brasileiro S o Paulo 2005 Tese doutorado Universidade de S o Paulo _ Manual de arqueologia hist rica em projetos de restaura o Bras lia Iphan 2005 REIS Nestor Goulart Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial S o Paulo Edusp 2000 SAMPAIO Teodoro Hist ria da
23. magn tico O controle de temperatura e campo aplicado deve ser o mais preciso poss vel para minimizar os problemas de altera o magn tica e substitui o da M pela M As medidas de magnetiza o em cada etapa s o realizadas em magnet metros sens veis e de prefer ncia em salas magneticamente blindadas para evitar interfer ncias externas Da mesma maneira que na aquisi o direcional um valor de intensidade m dio para um s tio de idade conhecida calculado a partir de uma m dia de diversos fragmentos sendo que a m dia intrafragmento obtida a partir de diversos esp cimes do mesmo fragmento Em ambos os casos os valores devem ser coerentes entre si e apresentar baixo desvio padr o Varia es temporais do campo magn tico da Terra no per odo colonial Modelos globais de varia o do campo geomagn tico O campo magn tico da Terra apresenta uma morfologia complexa embora boa parte da sua varia o seja devida ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO ao dipolo geomagn tico axial Se o campo tivesse a configurac o exata de um dipolo inclinado seria id ntico ao esquema da figura 1 A linha que passa pelo centro da Terra junto ao eixo do dipolo intercepta a superf cie em dois pontos chamados de polos geomagn ticos Esses polos diferem dos polos magn ticos de inclina o que s o as regi es sobre a superf cie da Terra onde o campo vertical Do mesmo modo o equador geomagn tico aquele obtido pelo melhor
24. n T NAJJAR Rosana et al Arqueologia na restaura o arquitet nica reflex es sobre uma pr tica que se torna recorrente Anais do Arquimem ria n 3 v 2 Salvador IAB BA 2008 ____ Catalogo das cole es cer micas da 6 SR Iphan Rio de Janeiro Iphan 2007 NAJJAR Rosana Manual de arqueologia hist rica em projetos de restaura o Bras lia Iphan 2005 NAJJAR Rosana SILVA Regina C P da Projeto de prospec es arqueol gicas na rea da 74 Etapa do Pelourinho Monumenta Iphan mar 2006 Relat rio de pesquisa arqueol gica da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Salvador BA Monumenta Iphan 2007 __ Relat rio parcial do projeto de prospec es arqueol gicas na rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Monumenta lphan jul dez 2006 REIS Nestor Goulart Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial S o Paulo Edusp 2000 SAMPAIO Consuelo Novais 50 anos de urbaniza o no s culo XIX Rio de Janeiro Odebrecht Versal 2005 SAMPAIO Teodoro Hist ria da funda o da cidade do Salvador Salvador Beneditina 1949 SANTOS Milton A urbaniza o desigual Petr polis Vozes 1980 Espa o e m todo 3 ed S o Paulo Nobel 1992 l cnica espa o tempo S o Paulo Hucitec 1994 SCHIFFER Michael B Archaeological Context and Systemic Context American Antiquity apr 1972 v 37 n 2 0 156 165 Toward the Identification of Formation Processes A
25. na medida em que o processo de consolida o avan a importante apontar que o processo de consolida o j acontece com o primeiro esbo o de modelagem de dados ao se definir como ser organizado e sistematizado todo o trabalho A visualiza o do banco de dados por meio de uma interface web pode se dizer a efetiva o p blica das atividades voltadas para a consolida o Em verdade a interface inaugura uma nova etapa no processo de consolida o Essa etapa precisa incluir certos par metros para o pleno desenvolvimento da base de dados rigor necess rio considerar os crit rios de acessibilidade navegabilidade economia de informa o seguran a estrat gica de informa o pol ticas de acesso e controle gest o da informa o al m de gest o da seguran a da informa o Um aspecto significativo a ser ressaltado a ideia de portabilidade de todo o sistema Ou seja a capacidade de ser transplantado para outra hospedagem sem perder suas caracter sticas b sicas Para isso necess rio ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO considerar dois pontos o servi o de hospedagem precisa permitir opera o dos c digos PHP al m de disponibilizar servidor MySQL Consolida o de dados A utiliza o de uma interface web constitui etapa fundamental no processo de consolida o de dados Em termos estritos a interface abre uma janela de intera o com os usu rios de maneira a ativar o amplo conjunto de r
26. ne Hausmann na segunda metade do s culo XIX SILVA Margareth e SANTOS Denise Evolu o das pol ticas de limpeza urbana na organiza o do espa o de Salvador Dispon vel em lt http www conhecer org br enciclop 2005 2005 16a pdf gt Acesso em maio 2010 Essa hip tese foi descartada quando encontramos fotografias dos fornos utilizados para incinerar lixo e descobrimos sua localiza o em reas muito afastadas do centro da cidade Por fim levantou se a possibilidade de o forno ser utilizado para fabrica o de alimentos como paes e biscoitos j que essa rea possu a muitas padarias e casas de massas Uma planta anexa a um pedido de permiss o para a constru o de um forno de padaria na rua Saldanha da Gama deixou claro pela sua semelhan a que a estrutura encontrada provavelmente era de um forno com essa finalidade Esgotada a pesquisa sobre o forno passamos investiga o sobre po os na rea do projeto Alguns elementos apontaram para a exist ncia de po os em propriedades particulares que serviriam para o servi o dom stico tendo em vista a abund ncia de len is fre ticos na rea como informam algumas das 24 cartas redigidas por Lu s dos Santos Vilhena Toda montanha na sua falda geme gua e poucas s o as casas que n o tenham sua po a em que a aproveitam toda por m salobra Dentro j na cidade um pouco abaixo da igreja e freguesia de Santa Anna fica a Fonte do Gravat
27. o A dialogicidade proposta por Freire 1983 que pressup e que o ato 4 Referente s ideias de Paulo Freire importante educador brasileiro M CA Y oe 9 ts rupe PE uw imam gahvadet s ACUMEN Programa de tamb m necessariamente um ato de aprender superando a hierarquiza o entre sujeitos e entre saberes foi um princ pio educacional a nortear o trabalho realizado Tentou se n o cair na armadilha que marca muitas a es educativas de utilizar a dialogicidade somente como um truque pedag gico como um falso di logo no qual quem fala de fato n o tem nenhum interesse em escutar o que o outro tem a dizer Partiu se do pressuposto que professores e alunos t m conhecimentos diversos sobre o mundo sobre educa o sobre seu passado e seu patrim nio cultural A ideia nunca foi a de dar lhes algo que haviam perdido sua mem ria e seu patrim nio cultural ou que nunca tiveram conhecimentos suficientes sobre a tarefa de ensinar tal como muitos discursos explicitam Ao contr rio a proposta sempre foi a de partir de seus conhecimentos e de com eles dialogar justamente esse di logo que pode estimul los a uma participa o maior e a tensionar o campo de for as no qual ocorrem as disputas acerca das mem rias dos patrim nios e das identidades que ser o vistas como leg timas As condi es para esse di logo entretanto s o de
28. onde havia depress o natural do terreno servindo de 6 Idem ibidem p 48 39 fosso que depois se entulhou na altura da rua do Tijolo a que abria para o sul no v rtice do tri ngulo fortificado correspondia ao que hoje s o os fundos do Theatro S Jo o e se denominou porta de S Luzia por causa de uma ermida que a junto se edificou a que ficava do lado da terra olhando ao nascente era uma porta pequena access vel da baixada fronteira por meio de uma ladeira em degraus que ainda hoje se chama beco da gua de Gasto a que abria para o lado do mar na altura da rua atual do Pau da Bandeira dava acesso ao caminho parte rampado parte em degraus que do porto ou Um momento importante da hist ria de Salvador foi a invas o holandesa 1624 1625 A cidade sofreu terr veis danos tendo parte de seu tecido urbano destru do principalmente nos bairros de ocupa o mais recente como o de S o Bento e do Carmo Em rela o constru o Civil que na poca da invas o se encontrava em torno de mil casas n o houve grandes estragos Os principais pr dios tamb m se mantiveram intactos Preocupando se em fortificar a cidade rec m tomada os holandeses promoveram algumas obras de represamento de rios como a do rio das Tripas para a constru o do que ficou conhecido como o Dique dos Holandeses ribeira das naus galgava a encosta do monte pelo O desenvolvimento urbano da cidade de Salvador melhor do
29. para conhecer e observar in loco os fornos remanescentes do per odo colonial e outros que segundo relatos dos oleiros locais embora recentemente constru dos conservam a mesma estrutura dos fornos antigos A visita foi proveitosa pois observamos as estruturas dos fornos Companhia do Queimado Salvador Sampaio 2005 p 109 21 32 Poss vel forno identificado na casa 33 rua Guedes de Brito antigos para n s desconhecidos at ent o e refor ou a hip tese de que o artefato encontrado seria um forno nos mesmos moldes apesar de at o momento n o termos encontrado documentos que o comprovem Para verificar uma outra hip tese a de que o forno estaria relacionado incinera o de lixo dom stico pelo poder municipal pesquisamos as pol ticas de limpeza da cidade de Salvador durante os s culos XIX e XX De acordo com Relat rio das gest es dos neg cios municipais de 1895 os primeiros fornos foram instalados no final do s culo XIX na rea da antiga rua da Vala No in cio do s culo XX a constru o de novos fornos ainda era premente Em 1906 montaram se tr s novos equipamentos no largo Dois de Julho Caminho de Areia e Distrito da Vit ria em conson ncia com o in cio das obras de saneamento da rea central da cidade que marcaram os antecedentes das interven es urbanas de Salvador ao estilo haussmaniano 24 Referente remodela o de Paris conduzida pelo urbanista Georges Eug
30. pois apesar de seus fragmentos serem predominantemente datados do s culo XVIII possui fragmentos de todas as pocas e origens poss veis inclusive ind genas O que nos preocupa numa avalia o apressada que essa cole o seja interpretada como um reflexo de uma sociedade rica em artefatos dom sticos o que absolutamente n o real Muito pelo contr rio a tralha PROGRAMA MONUMENTA IPHAN dom stica poca era reduzida Mais uma vez fica clara a necessidade de descobrirmos a origem do material dos aterros O projeto de arqueologia da 74 Etapa est dentro de um projeto maior que perpassa pela necessidade de solucionar o profundo problema social existente no Centro Hist rico da Cidade do Salvador conciliando o com a necessidade de se preservar a hist ria e o patrim nio cultural edificado daquela rea Nossa colabora o para al m de aprofundar o conhecimento sobre o passado daquela cidade aprimora a qualidade das a es de prote o e conserva o que hoje t m uma base mais segura para suas interven es Refer ncias ECO Humberto A estrutura ausente S o Paulo Edusp 1971 FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Edi o especial Salvador Pallotti 1998 NASCIMENTO Ana Am lia Vieira As dez freguesias da cidade de Salvador aspectos sociais e urbanos do s culo XIX Salvador F
31. recursos e estrat gias para fixar registrar ou armazenar uma s rie de experi ncias cotidianas Os achados em paredes rochosas de cavernas por exemplo podem ser considerados como anota es ou mem rias de uma coletividade acerca de seu modo de vida O que foi escrito primeiramente em pedras e depois em t buas de argila come a a se tornar obsoleto com o aparecimento do papiro seguido do papel facilitando consideravelmente o transporte dessas informa es Por um longo tempo os livros representaram a principal tecnologia para armazenagem do conhecimento gerado pela humanidade Os esfor os para elaborar folhas mais leves e impress es mais finas tinham como objetivo guardar uma quantidade maior de informa es em um menor espa o f sico Podemos considerar esse processo como o embri o dos bancos de dados eletr nicos atuais Tais investimentos resultaram em mecanismos capazes de concentrar uma quantidade crescente de informa o no menor espa o poss vel A sofistica o dos bancos de dados ganha for a a partir da expans o e converg ncia das tecnologias de base eletr nica com aquelas relacionadas comunica o e informa o Sua hist ria se confunde em v rios momentos com a hist ria da inform tica porque o elemento fundamental o mesmo a informa o mas a l gica de process lo ou consumi lo sofre varia es importantes conforme estejamos falando de uma dessas reas A rigor os bancos
32. rie limpeza p blica 1854 1889 ma o 1612 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO na superf cie e pelos canos que sa am das resid ncias os quais deviam ser ligados aos canos reais pelo pr prio propriet rio Tentando contextualizar dois achados arqueol gicos singulares na totalidade da rea explorada por essa pesquisa um po o no im vel n mero 3 no beco do Semin rio e um poss vel forno no im vel n mero 33 na rua Guedes de Brito iniciamos a pesquisa documental para o s culo XVI em busca de fontes e bibliografia que possibilitassem relacionar a rea do antigo Col gio dos Jesu tas localizado no atual Pelourinho com esses achados Sab amos que era comum a presen a de olarias ou fornos nos dom nios dos jesu tas em v rias regi es do Brasil e tentamos localizar algo parecido no col gio 23 Ver cap tulo IV PROGRAMA MONUMENTA IPHAN situado em Salvador Em levantamento efetuado no Apeb encontramos uma relac o de bens da Ordem Inaciana colocada em hasta p blica no ano de 1763 mas tratava de propriedades rurais localizadas em sua maior parte no Rec ncavo A fim de explorar outras hip teses e possibilidades recorremos bibliografia acerca da produ o de materiais construtivos na tentativa de relacionar o mencionado forno produ o de tais materiais construtivos no centro de Salvador Fizemos tamb m uma visita t cnica a Maragogipinho localidade tradicional na fabricac o de cer mica
33. rua 28 de Setembro quarteir o 31 Figura 7 acima direita Disposi o do DTC 1 2 alicerce contrapiso e piso Detalhe da continuidade lateral do DIC 1 Figura 8 abaixo Detalhe do contato entre DTC 2 contrapiso e piso Alguns terrenos cont guos apresentam desn veis de at dois metros nas cotas dos DIC o que pode estar associado topografia espessura do pr prio dep sito ou ao n vel de base seja em rocha solo ou din mica fluvial Nesse caso o aterro sobre um dique marginal que invariavelmente encontra se em cota superior da plan cie de inunda o ou de um canal dependendo da espessura do aterro tamb m ter uma cota mais elevada As figuras 1 a 8 apresentam detalhes dos dep sitos As figuras 3 a 5 mostram o dep sito identificado na casa 39 rua 28 de Setembro quarteir o 31 fundo de vale de um afluente do rio das Tripas onde a espessura de nove metros constatados por sondagem a percuss o constitu do de restos de lou as cer mica ossos tijolos conchas etc DIC 2 Observa se uma leve discord ncia separando diferentes unidades figura 3 Acredita se que essa discord ncia seja consequ ncia do processo de constru o do aterro fluxo de rejeitos dispostos segundo a posi o em que foram despejados Observa se tamb m que em determinados pontos a deposi o sub horizontal e em outros com um ngulo de mergulho de aproximadamen
34. s setores e Setor 1 P tio interno do pr dio do Corpo de Bombeiros e Setor 2 Quintais dos im veis 24 33 35 37 e 39 quarteir o 31 at a rua S o Francisco e Setor3 Rua S o Francisco e quarteir o 28 Cada setor foi dividido em segmentos limitados entre os pocos de visita PV seta vermelha entre as sondagens 2 e 3 da figura 10 e estes em sess es de dois metros Esse procedimento favoreceu a localiza o mapeamento e registro dos vest gios arqueol gicos figura 10 Nessa rea acompanhou se o revolvimento de aproximadamente 144m de sedimentos Durante a execu o da obra foi coletada uma amostra de 505 fragmentos de vest gios culturais m veis cer mica vidro metal etc Com o aparecimento de sepultamentos prim rios tornaram se necess rias sistem ticas para o registro e resgate emergencial de 12 indiv duos articulados esqueletos completos encontrados no eixo da rede de esgoto Tamb m foram realizados cortes e limpezas para identifica o e registro de estruturas arquitet nicas Neste trabalho s o apresentados apenas os estudos consolidados do setor 1 com enfoque para algumas ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO estruturas de funda es em arco de descarga identificadas pela pesquisa Das estruturas evidenciadas abaixo do piso atual duas chamaram a atenc o pela sua localiza o robusteza tipo de material empregado na construc o e principalmente por estarem
35. sticas f sicas PROGRAMA MONUMENTA IPHAN do terreno Assim a obten o de um padr o representativo do terreno local dada em fun o dos valores totais medidos e das varia es das caracter sticas f sicas de cada litotipo silte argila areia etc Os valores representativos da rea s o ent o obtidos por meio do processamento e correla o com os dados diretos de campo As faixas de valores f sicos podem variar de acordo com as propriedades de cada material e representar mais de um tipo Telford et al 1990 A utiliza o de cores no processamento de dados e posterior apresenta o um artif cio gr fico com o objetivo de destacar faixas de valores espec ficos caracterizados no processamento De forma geral para cada rea utiliza se um padr o de cor e sempre que poss vel esse padr o repetido para as demais reas do projeto objetivando a melhor visualiza o das anomalias a destacar Assim a escala de cor independe dos valores medidos sendo apenas um crit rio visual para destacar as anomalias identificadas A velocidade da onda eletromagn tica no solo foi em m dia de 0 08m ns permitindo investigar uma profundidade m dia de 2 8 metros com uma janela temporal de 7Ons Os refletores mais evidentes hiperb licos descont nuos e cont nuos encontram se na profundidade m dia de 1 4 metro S o verificados tr s padr es distintos de reflex o nas se es de GPR relacionados mudan a
36. 183 190 PYBURN K A WILK R Responsible Archaeology is Applied Anthropology In LYNOTT M J WYLLIE A eds Ethics in American Archaeology Washington D C Society for American Archaeology 2000 p 8 83 SARLO B Tempo Passado cultura mem ria e guinada subjetiva S o Paulo Belo Horizonte Companhia das Letras UFMG 2007 SCHAAN D P M ltiplas vozes mem rias e hist rias por uma gest o compartilhada do patrim nio arqueol gico na Amaz nia In LIMA T A org Patrim nio arqueol gico o desafio da preserva o Revista do Patrim nio Bras lia lohan n 33 p 109 136 2007 SHACKEL P CHAMBER E J eds Places in Mind Public Archaeology as Applied Anthropology New York London Routledge 2004 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO XII Quando a Arqueologia vai escola Jorge Najjar Gisela Tapioca Samuel Lira Gordenstein A hist ria do tempo o tempo na hist ria Num resto de hist ria Uma hist ria inteira Um s culo numa chave Uma vida numa panela Compreender o tempo A partir de um peda o Um sentido de vida Ressignificado Surge na poeira do espa o Verdadeiros tesouros em restos de cacos E a chave da hist ria Abre a alma Isabela Severo Nascimento Santana professora da Escola Municipal Jo o Lino fevereiro de 2009 O presente texto tem por objetivo apresentar e analisar o projeto de Educa o Patrimonial levado a cabo em tr s escolas situadas no Pelourinho d
37. 1987 v 1 c 4 p 249 512 LEGOFF M GALLET Y A new three axis vibrating sample magnetometer for continuous high temperature magnetization measurements applications to paleo and archeo intensity determinations X Earth and Planetary Science Letters Amsterdam Elsevier v 229 p 31 43 2004 LE GOFF M GALLET Y GENEVEY A WARME N On archeomagnetic secular variation curves and archeomagnetic dating Physics of the Earth and Planetary Interiors Amsterdam Elsevier v 134 n 3 p 203 211 2002 MCINTOSH G CATANZARITI G An introduction to archaeomagnetic dating Geochronometria Gliwice Silesian University of Technology v 25 p 11 18 2006 MERRILL R T MCELHINNY M W MCFADDEN P L The magnetic field of the Earth paleomagnetism the core and the deep mantle Amsterdam Elsevier Academic Press 1998 v 63 International Geophysics Series STERNBERG S Archaeomagnetism in archaeometry A semi centennial review Archaeometry University of Oxford v 50 n 6 p 983 998 2008 THELLIER E THELLIER O Sur l intensit du champ magnetiqu terrestre dans le pass historique et g ologique Annales de G ophysique Paris Centre National de la Recherche Scientifique v 15 p 285 376 1959 105 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 106 VI A Geoarqueologia no Projeto Pelourinho Julio Cezar Rubin de Rubin Rosicl r Theodoro da Silva Gabriele Viega Garcia A ocupa o urbana em Sa
38. 3 Pelourinho dan EE A p alvador QR318 CORPO DE BOMBEIROS Figura 7 abaixo Mapa de obst culos na superf cie estruturas de concreto localiza o das l Tw S entulhos rvores Foram realizadas 92 linhas de GPR aquisicoes de m A a e 3 5 m m dH GPR da rea ERE ME A 2D divididas em tr s reas rea 1 casas 27 e 29 da Fo Xem rua Guedes de Brito rea 2 casa 35 da rua Guedes de Salvador z Ras ER IN Brito rea 3 p tio do Quartel do Corpo de Bombeiros QR26S CASAS 27 28 T i A figura 4 evidencia algumas aquisi es GPR realizadas nas reas estudadas mostradas por meio dos mapas de iid j localiza o de cada rea figuras 5 6 e 7 Lr un Nas aquisi es GPR foi utilizado um par de antenas m transmissor receptor blindadas de 250MHz e de 133 t da 00MHz com espa amento entre os pontos de leitura de AM 0 02 metro atingindo as profundidades de investiga o ew ER de aproximadamente 2 8 metros Lia T un 2 Na definic o dos par metros de aquisic o de dados E utilizados consideraram se tr s aspectos e Mapas e croquis existentes e Estruturas geot cnicas vis veis na superf cie m 122 Es CRE CASA 36 e Geologia regional da regi o do Pelourinho ARQUEOLOGIA NO P
39. 7 e COLETA DE AMDETRAGEM DATA O AROLIECMAGNE TICA Mapas Tem ticos Projeto Pelourinho Pesquisa Arqueol gica estudo e tamb m do tipo de registro direcional e ou de intensidade por exemplo Mcintosh e Catanzariti 2006 Embora a data o arqueomagn tica seja uma t cnica que fornece resultados com muita precis o incertezas inferiores a 10 anos em alguns casos importante salientar que ela pode apresentar ambiguidades que devem ser resolvidas com o bom conhecimento do contexto arqueol gico dos s tios estudados Le Goff et al 2002 Para que se efetuem data es arqueomagn ticas fundamental construir uma curva de refer ncia com materiais que apresentem uma boa precis o de idades Al m disso o material a ser datado deve guardar um registro de boa qualidade do campo magn tico antigo O arqueomagnetismo no Brasil vem sendo desenvolvido a partir de aquisi es da intensidade do campo geomagn tico em tijolos telhas e cer micas de constru es hist ricas das regi es Nordeste e Sudeste Uma curva de refer ncia de arqueointensidade magn tica para os ltimos cinco s culos foi determinada a partir de materiais arqueol gicos da Bahia Em fun o da resolu o obtida para essa curva poss vel utiliz la para determinar idades em estruturas do Projeto Pelourinho de Arqueologia em Salvador Bahia Neste cap tulo ser apresentada a curva de refer ncia para a Bahia e um exemplo
40. ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO a mais imunda e pior de todas por m a mais frequentada por ser a nica p blica que h dentro na cidade digo p blica por ser naquela paragem h por m alguns po os de que seus donos vendem a gua a quem a n o pode haver nas duas nicas bicas que tem aquela fonte h tamb m mais um po o junto capela de S Miguel do qual se serve o povo daquela vizinhan a e havia no S tio do Maciel um outro que me dizem a rogara a si um particular quando este era do P blico Na busca por contextualizar as estruturas encontradas forno e po o muitas fontes foram consultadas mas 25 CAT LOGO 68 do Arquivo P blico Nacional do Rio de Janeiro In APEB se o de microfilmagem filme 60 documento 702 Cartas de Lu s dos Santos Vilhena livro carta Il LEGENDA 112 BOGI CONTEVTORANTEO MISTO IPIDRA TUCLOI Tu VEGETA O PROGRAMA MONUMENTA IPHAN poucas realmente trouxeram contribui es At o momento estamos elaborando hip teses acerca da finalidade dos artefatos Outra descoberta que concentrou um grande esfor o de pesquisa foi a ru na da antiga Capela de Nossa Senhora de Guadalupe encontrada sob o p tio do Quartel do Corpo de Bombeiros da Barroquinha A capela foi fundada em 1776 pela Irmandade dos Pretos e Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe e demolida em 1857 Al m da estrutura do templo encontraram se algumas ossadas hum
41. ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO sens vel preocupa o das autoridades com o espa o destinado s classes pobres de Salvador principalmente no in cio do s culo XIX quando a Bahia experimentou um clima de revoltas nunca antes visto A sincronia entre os projetos de reforma urbana e o controle social no centro de Salvador pode ser notada nos discursos higienistas e nas reclama es dos moradores em rela o presen a de agentes de sa de e as obras sanit rias que invadiam suas propriedades Em Salvador no entanto ao contr rio do ocorrido no Rio de Janeiro a popula o pobre e negra permaneceu no centro contrariando os projetos do poder p blico Contexto hist rico da Bahia na primeira metade do s culo XIX Segundo dados levantados por Jo o Jos Reis 1991 o censo de 1808 calculou que viviam em Salvador 250 mil pessoas 63 eram livres e 3 96 escravos A riqueza em Salvador estava concentrada nas m os dos brancos propriet rios mas havia possibilidade de ascender socialmente por meio do tr fico de escravos j que o grosso do com rcio era controlado pelos portugueses ou atrav s da carreira administrativa e militar Qualquer pessoa com um m nimo de condi o possu a um escravo O que n o representava necessariamente um luxo pois apesar de garantir certo status significava Ap s a segunda d cada do s culo XIX a Bahia atingida por uma severa crise econ mica O a car de beterraba das Antilhas e de Cuba
42. Bahia no s culo XIX Salvador Edufba Sarah Letras 1996 p 55 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Nenhuma pessoa poder conservar imundos ou com guas estagnadas os quintais e p tios de suas casas pena de 8 r is ou quatro dias de pris o O despejo imundo das casas ser levado ao mar noite em vasilhas cobertas os que forem encontrados fazendo tais despejos nas ruas ou outros lugares que n o sejam os designados incorreram uns e outros na pena de 2 r is ou 24 horas de pris o Ficam os senhores respons veis por seus escravos Ficam proibidos os canos que despejem imund cies sobre as ruas pena de 10 r is ou cinco dias de pris o pela primeira vez e de 20 r is e 8 dias de pris o su TN eS TO PROGRAMA MONUMENTA IPHAN se depois de marcados um prazo pelo respectivo subdelegado para o seu desmancho o n o fizer Os desaguadouros que com facilidade possam ser encaminhados para o mar e dos de gua pluviais nas ruas em que n o houver canos reais ser o tolerados contando que passem por baixo dos passeios nas ruas em que houver propriet rios ou inquilinos das casas por m se n o os conservarem limpos ser o multados em 8 r is ou sofrer o 4 dias de pris o Todo o processo de canaliza o do rio das Tripas ou seja a transforma o da Vala Geral em rua da Vala com saneamento das reas pantanosas foi muito lento 30 184 Jornal da Bahia 27 de abril de 1857 Cortejo funer
43. Centro Hist rico da Cidade do Salvador Partindo dos pressupostos de que a Arqueologia a ci ncia da cultura material e que o objeto arquitet nico cultura material o aporte te rico adotado pela pesquisa foi o da Arqueologia p s processualista Hodder 1995 que por sua vez pressup e que os objetos n o seriam apenas resultado da adapta o mas sim elementos com m ltiplos significados utilizados pelos indiv duos de uma sociedade para simbolizar suas rela es Nessa perspectiva n o importa que existam dezenas centenas de objetos ou edifica es aqui n o a quantidade que vale mas a qualidade Da mesma maneira n o a sociedade que est em mi ic e In s ps 2 a T zu Nc Fi r d i jogo mas as a es de cada indiv duo para interagir nessa sociedade aceitando ou resistindo as suas regras sociais Najjar 2005 p 15 16 A partir desse olhar cada um dos im veis pesquisados e a pr pria malha urbana foram nossos objetos de pesquisa e entendidos como a materializac o de v rios aspectos da sociedade de Salvador desde a sua funda o no s culo XVI Essa vis o potencialmente nos permite revelar as rela es existentes entre os v rios sujeitos da hist ria daquela rea opressores e oprimidos Nesse sentido pretendemos a partir dos resultados das escava es dar voz as pessoas de todos os segmentos sociais que l viveram
44. Faz se necess rio observar os sistemas construtivos empregados as diferen as e ou semelhan as entre os tipos de t cnicas materiais utilizados e contexto do assentamento diante da topografia da rea padr es de assentamentos A partir da diversidade de vest gios im veis ou superartefatos encontrados correlacionar os sistemas construtivos com o terreno em que se encontram edificados e Torna se fundamental considerar nas pesquisas o contexto topogr fico do lugar Foram observadas durante as escava es v rias sobreposi es de aterros formados principalmente por lixo cultura material m vel Diante dessa constata o preciso conhecer a l gica desses aterros temporal e espacialmente e a relev ncia que tiveram em cada momento na ocupa o da rea No campo a abordagem foi padronizada sendo a primeira etapa uma visita t cnica ao im vel que serviu para um diagn stico pr vio Em seguida realizaram se prospec es arqueol gicas com base nos resultados das prospec es somados aos resultados dos outros estudos desenvolvidos hist rico geol gico geoarqueol gico geof sico arqueomagn tico etc dava se in cio s escava es sistem ticas em locais determinados como de especial interesse Para finalizar mesmo depois das pesquisas sistem ticas terem ocorrido todas as obras civis foram acompanhadas pela equipe do projeto buscando se observar novas evid ncias Nos raros im veis on
45. Figura 2 Planta da Cidade do Salvador em 1624 de autor n o identificado Quarteir o 22 em destaque Reis 2000 p 24 i Figura 3 Planta da encontramos evid ncias de conex es na galeria As dimens es desse im vel e as t cnicas construtivas nele empregadas remetem sua edifica o original a fins do s culo XVIII conforme tamb m indica o registro arqueol gico A referida canaliza o atravessa as estruturas de funda o da casa o que permite afirmar que ela foi constru da antes do s culo XIX Refor am esse argumento fontes iconogr ficas que mostram a ocupa o do local em 1785 Partindo do pressuposto de que o im vel do s culo XVIII reformas atrav s do tempo altera es geradas com ele necessariamente sofreu transforma es as mudan as das moradias no s culo XIX decorrentes dos novos modos de viver Lemos 1996 p 44 j emergentes em meados do s culo anterior Algranti 1997 p 117 120 153 No registro arqueol gico muitas evid ncias de estruturas construtivas isoladas e sem fun o aparente n o se associam com as subdivis es do espa o interno da edifica o que provavelmente abrangia outros lotes fato que se repete em diversos im veis pesquisados no Centro Hist rico de Salvador com recorr ncia de elementos arquitet nicos do s culo XIX Najjar e Silva 2007 p 66 79 As dimens es daquela edificac o agregavam uma rea ao seu redor correspondente tamb m
46. Negras no tempo da escravid o Revista Tempo Rio de Janeiro 1993 v 2 n 3 p 7 33 Rebeli o escrava no Brasil a hist ria do levante dos Mal s em 1835 S o Paulo Companhia das Letras 2003 REIS Nestor Goulart Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial S o Paulo Edusp 2000 SAMPAIO Consuelo Novais 50 anos de urbanizac o no s culo XIX Rio de Janeiro Odebrecht Versal 2005 SAMPAIO Teodoro Hist ria da fundac o da cidade do Salvador Salvador Beneditina 1949 SANTOS Milton A natureza do espaco t cnica e tempo raz o e emo o S o Paulo Edusp 2008 SCHWARCZ Lilia Moritz O espet culo das racas cientistas institui es e quest o racial no Brasil 1870 1930 S o Paulo Companhia das Letras 1993 SILVA C ndido da Costa e Os segadores e a messe o clero oitocentista na Bahia Salvador SCT Edufba 2000 SILVEIRA Renato da O candombl da Barroquinha processo de constitui o do primeiro terreiro baiano de keto Salvador Maianga 2006 TAVARES A C P Vest gios materiais nos enterramentos na antiga S de Salvador postura das institui es religiosas africanas frente a Igreja Cat lica em Salvador no per odo escravista Pernambuco 2006 Disserta o mestrado Programa de p s gradua o em arqueologia Universidade Federal de Pernambuco TAVARES Lu s Henrique Dias Hist ria da Bahia S o Paulo Unesp Salvador Edufba 2001 VALLADARES Clarival do Prado
47. S o Paulo Companhia das Letras 2003 REIS Nestor Goulart Imagens de vilas e cidades do Brasil Colonial S o Paulo Edusp 2000 RUBERTONE Patricia E Landscape as Artifact Comments on The Archaeological Use of Landscape Treatment in Social Economic and Ideological Analysis In Historical Archaeology 1989 v 23 p 50 54 SAMPAIO Consuelo Novais 50 anos de urbanizac o no s culo XIX Rio de Janeiro Odebrecht Versal 2005 SANTOS Milton A natureza do espaco t cnica e tempo raz o e emo o S o Paulo Edusp 2008 SCHWARCZ Lilia Moritz O espet culo das racas cientistas institui es e quest o racial no Brasil 1870 1930 S o Paulo Companhia das Letras 1993 SIMAS FILHO Am rico Evolu o f sica de Salvador 1549 1800 Salvador Funda o Greg rio de Mattos 1998 TAVARES Lu s Henrique Dias Hist ria da Bahia S o Paulo Salvador Unesp Edufba 2001 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO OUTROS CAMPOS DO SABER Nelson Kon V A rela o entre Arqueomagnetismo e a Arqueologia Introdu o O Arqueomagnetismo o estudo do campo magn tico da Terra nas diferentes escalas de tempo arqueol gicas que por sua vez podem ser utilizadas para fins de data o de artefatos arqueol gicos A chamada data o arqueomagn tica consiste na compara o de um dado geomagn tico obtidoa partirde um material arqueol gico de idade desconhecida co
48. S o Paulo Perspectiva 1978 S rie Debates SEGURADO J E S Acabamento das constru es 6 ed Rio de janeiro Paulo de Azevedo 1914 WALL Diana Family Meals and Evening Parties Constructing Domesticity in Middle Class In Nineteenth Century Middle Class New York In DELLE et al eds Lines that Divide Historical Archaeologies of Race Class and Gender Knoxville University of Tennessee Press 2000 p 109 142 O PROJETO DE EDUCA O PATRIMONIAL em cer mica vidrada Vasilhame TVINOWNILYd OY YVONdI OLIlOld O XI Arque logos e comunidades locais no projeto de educa o patrimonial As reflex es aqui apresentadas referem se s atividades do Projeto de Educa o Patrimonial realizadas no mbito do Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta lphan entre 2007 e 2008 O texto visa apresentar as a es executadas e em particular discutir a percep o que os moradores do Centro Hist rico de Salvador os velhos e os auxiliares de campo t m sobre a Arqueologia A realiza o de projetos de divulga o cient fica pressup e o conhecimento dos grupos que ser o alcan ados pelos programas e pelos materiais utilizados para disseminar os resultados da ci ncia No caso da Educa o Patrimonial voltada para a Arqueologia a preocupa o ainda maior A Educa o Patrimonial um proc
49. a partir dos seus fragmentos Ora uma decis o fundamental para potencializar a dimens o da produ o de conhecimento est ligada ao compartilhamento criterioso do acesso aos dados coletados descentralizando assim a manipula o e o controle sobre as informa es ao tempo em que se criam as condi es para a integra o de conhecimentos A quest o t cnica atrelada a tal decis o est assentada na utiliza o de softwares gerenciadores de dados na ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO segmenta o dos acessos ao banco de dados por meio de camadas grupos na disponibilizac o segura da base de dados na internet Sem d vida esses pontos est o necessariamente amarrados ao estabelecimento de pol ticas de acesso e seguran a gerenciamento eletr nico de arquivos e backups registros de dom nios e hospedagem para a web Tais itens entre outros foram utilizados e desenvolvidos ao longo do cronograma de atividades do Projeto Pelourinho Vejamos como esse conjunto de elementos pode estar associado constru o de conhecimento da infraestrutura interface web para acesso manipula o e consultas p blicas poss vel reunir os itens necess rios para a qualifica o da base de dados como fonte para novas pesquisas e descobertas em geral Eis enfim os elementos a serem considerados para a an lise do conjunto 1 Defini o do servi o de hospedagem de dados 2 Defini o dos recursos associados ao servi o de hosped
50. a comunidade desconhecia o que se pretendia implantar ali Tratava se do projeto Restaura o de Cidades Hist ricas idealizado pelo primeiro diretor do Servi o do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional Sphan hoje Iphan Rodrigo Melo Franco que enquanto membro do Conselho Federal de Cultura em 1966 apresentou o plano do empreendimento em reuni o da Unesco Sobre o projeto o jornal O Estado de S o Paulo de 10 de maio de 1969 revelou que o bairro do Pelourinho ser transformado em foco de atra o tur stica ser o restaurados n o s os mil edif cios dos s culos XVIII e XIX que comp em o bairro e que atualmente est o quase desabando transformados em casas de c modos mas tamb m cal amento o sistema de esgoto os encanamentos Quase toda a popula o do bairro ser transportada para as resid ncias fornecidas pelo Banco Nacional de Habita o As unidades vazias depois de restauradas ser o transformadas em hot is cinemas teatros atelier de artistas populares escolas de artes pl sticas salas de exposi o e lojas de objetos t picos 205 206 Tudo indica que o projeto era guiado por prop sitos mercadol gicos e que n o reservava nenhum papel a popula o local nessa transforma o A vontade da comunidade de se fazer presente e de conquistar melhorias sociais no centro era apenas um sonho A realidade estava posta Entram em debate ent o os efeito
51. a partir da necessidade de conhecer com profundidade a comunidade dos homens que constru ram as cidades e que passaram a se reunir e a se organizar enquanto comunidades diferentes das demais sociedades Freitas 2008 conceitua a Arqueologia como o estudo do passado a partir de sua produ o material visando entender a hist ria de povos e sociedades e n o somente de indiv duos isolados Conforme esse autor O interesse da Arqueologia pelas cidades enquanto um s tio fechado relativamente recente Antes disso as institui es e os monumentos eram analisados isoladamente De acordo com Galini 1998 ela a cidade era objeto de Hist ria n o de Arqueologia Cabia aos textos estabelecer os v nculos entre os monumentos elucidar ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO as sociedades que haviam erigido esses edif cios Para esse autor a amplia o dos objetivos juntamente com avan o t cnico foi respons vel pela mudan a que levou redefini o do que interessa ao arque logo em um s tio urbano por sua constitui o feita de camadas cronol gicas que deixaram vest gios mais ou menos abundantes conforme suas fases de desenvolvimento ou de recesso a fizeram abandonar destruir ou conservar as constru es herdadas do passado a cidade o produto da longa dura o Segundo Freitas 2008 os sitios urbanos sempre existiram sempre estiveram ali novo o interesse da Arqueologia sobre reas que ela
52. alves Jos de Azevedo Fernandes Samuel Am rico de Freitas Alexandrina Garcia Rosa Outras fontes que trazem informa es sobre os moradores e propriet rios dos im veis do Pelourinho s o a S rie Tesouraria d cimas de casas do Apeb e os Livros de d cimas urbanas e IPTU dispon veis no Arquivo P blico Municipal de Salvador APMS Os propriet rios eram obrigados a pagar os impostos anuais sobre seus im veis e a informar o fim destinado a eles se moradia ou aluguel e no caso da loca o informar o nome dos inquilinos Al m dos nomes trazem informa es sobre a configura o do im vel o n mero de c modos etc Como exemplo reproduzimos na tabela abaixo os registros contidos no livro de IPTU de 1893 freguesia da S em especial para a rua do Tijolo atual rua 28 de Setembro Tamb m mereceram aten o os Livros de notas dos tabelionatos da capital dispon veis no Apeb onde constam as certid es de compra venda doa o loca o e hipoteca dos im veis de Salvador Esse registro nos remeteu a alguns dos principais propriet rios e a descri es de alguns im veis contemplados na rea Tipo de im vel Loja inquilino ausente Andar e s t o Francisco Pereira de Miranda Loja Joanna Francisca Andar o propriet rio Loja Janu rio Dam sio Andar Thomaz Flor ncio de Mattos Flora Adelaide Coelho casa t rrea casa t rrea Louren o de Queiroz 46 Prato em faian a d
53. atualizada quando necess rio para facilitar a leitura PROGRAMA MONUMENTA IPHAN A utilizac o de uma valeta para o despejo de toda sorte de imundices aberta em reas comuns s habita es permite afirmar que existira a improvisa o de um sistema de esgotamento na localidade Mattoso sustenta que havia o h bito de cavar longitudinalmente no meio das ruas uma valeta destinada ao escoamento das guas pluviais que poderia tornar se o escoadouro de todo tipo de gua suja e detrito 1992 p 442 As discord ncias com a situac o insalubre gerada pelas de descarte da popula o enfatizam a tentativa dos gestores p blicos em implantar no local as condi es higi nicas que eram difundidas no per odo como a pol tica sanit ria ideal para diminuir a taxa de mortalidade decorrente das epidemias Esses aspectos das ideias recorrentes do per odo estudado se relacionam com a higieniza o e organiza o do espa o urbano uma vez que os sistemas de despejo de dejetos foram inseridos em locais p blicos e privados determinando os modos de viver e conflitos de moradores com os propriet rios de im veis da freguesia da S e deles com o poder p blico A partir dos documentos consultados percebemos que os locais de influ ncia das galerias era tamb m preocupa o de particulares que realizavam tentativas de melhoramentos das vias p blicas Membros da familia dos Azevedo Fernandes ao buscarem inserir mu
54. colora o vermelha argila de granula o X 1700 1710 Salvador grossa com presenca de quartzo Solar Conde dos Arcos SCA Tijolos de colora o clara a vermelha argila de X 1780 1781 Salvador BA granulac o grossa com presenca de quartzo Tijolos de colora o clara a vermelha argila de Tijoleira Farias TF Tijolos granula o grossa com presen a quartzo X 1886 1887 Salvador BA fragmentos de tijolos Tijolos de colora o vermelha argila de granula o Etnologia 4 Tijolos 2 2 2 X X 1896 1906 Salvador BA P s q Tijolos de colora o vermelha argila com Galeria Canizares GC Sweden Tijolos granula o grossa e presen a de quartzo e X X 1900 1920 100 fragmentos de tijolos ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Hist rico Hist e Arqueol gico Arq Intervalo de idade dado em anos AD A figura 3 mostra os resultados de arqueointensidade obtidos na Bahia Os resultados s o comparados com o modelo de campo geomagn tico hist rico Jackson et al 2000 Cada m dia s tio foi determinada a partir da m dia de diversos fragmentos no m nimo tr s e a partir de diversos esp cimes por fragmento m nimo de dois ou seja para cada s tio h no m nimo seis determina es independentes de intensidade A m dia leva em conta a coer ncia em termos de fragmento desvio padr o inferior a 596 e tamb m a coer ncia em termos de s tio com bai
55. como uma capelinha erigida em rea pantanosa por pardos cativos devotos da santa espanhola Sua localiza o foi convencionalmente indicada na rea fronteira evidenciada pela pesquisa ao lado da ladeira do Gravat pr ximo ao edif cio que atualmente abriga a Casa de Angola atual pra a dos Veteranos A pra a dos Veteranos assim chamada a partir dos conflitos pela independ ncia por se reunirem ali veteranos de guerra era a rea onde normalmente os historiadores localizavam a Capela de Guadalupe O teatro de Guadalupe era um pr dio localizado nessa rea mas a capela estava situada na esquina direita pra a dos Veteranos Baixa do Sapateiro in cio do s culo XX 226 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO fronteira entre a ladeira da Praca e a rua J J Seabra ou Baixa dos Sapateiros onde hoje se situa o Quartel do Corpo de Bombeiros A divulga o dos resultados parciais da pesquisa arqueol gica na rea justifica se pela contribui o para identificar a localiza o exata da capela e resgatar a hist ria das popula es que ocuparam a rea do atual Centro Hist rico de Salvador e adjac ncias Durante quase um s culo a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe fez parte do bel ssimo patrim nio arquitet nico edificado da cidade de Salvador Os vest gios que sobraram da sua demoli o s o as estruturas de funda es Najjar 2008 encontradas sob o p tio interno do Quartel do Corpo de Bombeiros
56. crist s PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Documentos prim rios encontrados pelas histo riadoras do projeto mostram que em 1778 foi erguida naquela localidade uma capela para atender solicita o de uma irmandade de pardos da Igreja da S Capela de Nossa Senhora de Guadalupe Dados hist ricos informam que sua demoli o ocorreu por volta de 1857 poss vel que esse fato tenha ocorrido por fatores f sicos ou pol ticos desencadeados naquele per odo prec rio estado de conserva o do pr dio talvez por estar assentado sobre DIC sua localiza o geogr fica as margens do rio das Tripas quest es sanit rias grav ssimas que a cidade vivenciava no per odo e principalmente por causa das obras de canaliza o do rio das Tripas conforme constatado no documento a seguir Em cumprimento ao determinado por Vossa Excel ncia no of cio de 19 do corrente com o qual se dignou honrar me convoquei a Mesa da Irmandade de Nossa Senhora do Guadalupe no Domingo 23 do corrente e foi nomeada uma Comiss o para com melhor conhecimento de causa responderem a respeito da proposta feita pelo arrematante da obra da vala sobre os materiais pertencentes a capela e bem assim de sua final demoli o o que nestes oito dias o far o Deus guarde a Vossa Excel ncia por mais anos Bahia 25 de agosto de 1857 6 APEB se o colonial governo da prov ncia religi o livro de tombo dos bens de todas as ordens terceiras confraria
57. da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe A trajet ria da canaliza o indica a tentativa de utilizar espa os ainda n o constru dos Por outro lado direcionar as conex es para os fundos das resid ncias ou reas de servi os era um meio de conduzir as guas servidas a partir de reas distantes do c modo de entrada de uso predominantemente social Outra vers o para justificar a escolha do lugar de implanta o das canaliza es era evitar a constru o das galerias localizadas sob os im veis Tanto no decorrer do s culo XIX quanto no in cio do s culo seguinte para 9 ARQUIVO P blico Municipal de Salvador Funda o Greg rio de Mattos doravante APMS Fundo c mara se o obras p blicas municipais termo de alinhamento e vistoria 3 de dezembro de 1855 10 Ver diversos documentos consultados no APMS arrolados entre as fontes prim rias e Relat rios dos esgotos projetados para o 2 distrito da cidade da Bahia apresentados intend ncia municipal pela firma contratante Teodoro Sampaio amp Paes Leme 12 de abril de 1905 Dispon vel no APMS fundo c mara se o gua e esgoto do munic pio intend ncia processos 1893 1922 alguns engenheiros municipais os dutos de esgoto deveriam estar localizados sob as ruas o que contribuiria para minimizar os prov veis danos aos arruamentos com a constru o de valetas de drenagem utilizadas para diversos fins independente do momento de constru o o
58. de Guadalupe mas provavelmente a irmandade n o passou ilesa influ ncia da cultura africana disseminada na rea principalmente porque o pardo era descendente em alguma medida do africano Junto aos enterramentos evidenciados foi encontrado um n mero expressivo de contas que d o margem a duas 240 21 Ver cap tulo XIV interpreta es Em alguns casos desconfia se que as contas possam fazer parte de ros rios objeto cat lico muito usado em enterramentos crist os mas outras fogem a esse padr o levando a conjeturar que faziam parte de adere os usados por negros principalmente africanos em rituais religiosos ou simplesmente como amuleto de prote o At o momento tamb m n o foi poss vel encontrar o compromisso da irmandade documento mais completo sobre sua funda o e exist ncia ao longo dos s culos XVII XVIII e XIX e que se acredita poderia fechar algumas lacunas da pesquisa Esse documento poderia esclarecer por exemplo se a irmandade contava com negros e ou escravos entre seus membros ou se os pardos confrades eram ainda pr ximos ao cotidiano da escravid o poss vel saber no entanto por meio de outros documentos que os pardos de Guadalupe eram respons veis por um acervo de bens bastante razo vel para o s culo XIX Do invent rio dos seus haveres constava em destaque um terreno com quatorze bra as de frente anexo mesma igreja a imagem da Virgem de Guadalupe com adere o
59. de aplica o dessa curva em uma casa hist rica do Projeto Pelourinho Magnetismo f ssil e as an lises arqueomagn ticas Os materiais arqueol gicos ou geol gicos que cont m xidos de ferro como magnetita e hematita s o capazes de adquirir uma magnetiza o remanescente PROGRAMA MONUMENTA IPHAN est vel 1550 ocorre quando os minerais magn ticos aquecem e resfriam em temperaturas superiores temperatura cr tica caracter stica de cada mineral magn tico temperatura de bloqueio A dire o dessa magnetiza o paralela ao campo geomagn tico no momento em que os materiais s o fabricados Essa magnetiza o tamb m proporcional intensidade do campo geomagn tico por exemplo Dunlop e Ozdemir 1997 Caso as estruturas encontrem se in situ e sem ind cios de perturba o por meios externos poss vel determinar tanto a intensidade quanto a dire o do campo geomagn tico no mesmo artefato No caso de fragmentos de cer micas telhas ou tijolos onde a posi o original de queima n o pode ser determinada com certeza poss vel somente definir a intensidade do campo geomagn tico Em estudos arqueomagn ticos devem se extrair as informac es direcionais e de intensidade prim rias ou seja aquelas que foram registradas durante a produ o do artefato arqueol gico a queima para sua confec o Mas geralmente o registro magn tico original est parcialmente corrompido por efeitos secu
60. de aterro dentro da cavidade com o vasilhame Portanto durante a an lise laboratorial o grande desafio ser tentar diferenciar os artefatos colocados intencionalmente do restante A escavac o do vasilhame 2 n o foi registrada pelo pessoal do projeto Por isso n o podemos tecer observa es sobre seu conte do O vasilhame apresenta um s mbolo em espiral pintado com tinta avermelhada na sua face externa poss vel que estivesse na mesma situa o em que se encontrava o vasilhame anterior mas n o h como confirmar tal fato Apesar da falta de informa es contextuais foi inclu do na discuss o porque se trata de mais um vasilhame inteiro e em bom estado de conserva o O vasilhame 3 tem contexto um pouco diferente foi assentado acima de um alicerce de barro a aproximadamente 0 40m de profundidade esse alicerce que no atual im vel n o exerce nenhuma fun o foi utilizado na configura o interior do im vel em tempos pret ritos O vasilhame encontrado vazio estava localizado no segmento posterior do por o em um c modo rente parede esquerda do im vel Vale retornar discuss o de Schiffer 1983 sobre o contexto dos dep sitos arqueol gicos No caso do vasilhame 1 trata se de um recipiente cer mico bastante grande colocado numa cavidade com di metro somente 0 41m maior do que o do objeto em sua parte mais larga A possibilidade de que tenha sido descartado como lixo n o no
61. de dados e a microinform tica alcancam o pice do seu desenvolvimento praticamente no mesmo per odo em torno dos anos de 1960 e permanecem como campos independentes at o momento em que suas pesquisas se interceptam e conquistam o r tulo da tecnologia de informa o O aspecto significativo da expans o dos bancos de dados por um lado e da inform tica por outro d se n o exatamente pelo poder de processamento mas ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO pela capacidade de estocar informa es Por meio das l gicas de armazenamento de informa es vinculamos necessariamente as exig ncias de processamento com os recursos e estrat gias voltados para o ac mulo sistem tico de grande quantidade de informa o A partir dos anos de 1980 o aprimoramento vigoroso dos mecanismos manipuladores dos bancos de dados por meio das tecnologias que combinam inform tica e comunica o com uma infinidade de t cnicas de gest o e pesquisa faz emergir a ideia do primado do banco de dados Em outras palavras o banco de dados se constitui simultaneamente como infraestrutura necess ria para uma s rie de a es e iniciativas sociais bem como um dos seus produtos mais emblem ticos Diversos segmentos sociais exploram os bancos de dados como fontes de conhecimento e refer ncia b sica para tomada de decis o Universidades centros de pesquisa institui es governamentais e outros atores sociais empreendem a es variadas para s
62. de gr ficos e mapas tem ticos possibilitaram o entendimento dos diferentes sistemas construtivos e das t cnicas tradicionais relacionadas a per odos tipol gicos que foram marcantes na arquitetura dom stica da rea estudada Al m disso favoreceram a identifica o dos diferentes per odos ocupacionais e o entendimento de como se deu o desenvolvimento da cidade As informa es de maior relev ncia tais como os tipos de funda o a grande variedade de argamassas caia es e pinturas murais n o foram reveladas e os mais variados tipos de sistemas construtivos foram digitalizadas pelo projeto de pesquisa Ao analisarmos esses superartefatos fica claro que o im vel mais uma linha de evid ncia que nos ajuda a compreender a dimens o social do bairro particularmente a partir de meados do XIX nesse per odo que os im veis tornam se moradia para uma popula o menos abastada e mais transeunte as mudan as frequentes em diversos aspectos arquitet nicos refletem esse dinamismo crescente O trabalho de an lise dos dados arquitet nicos continua mas por meio do pequeno recorte aqui exposto tentamos mostrar como a Arqueologia e a Arquitetura n o s podem mas devem ser utilizadas conjuntamente para investiga es do patrim nio constru do Refer ncias ARRASCAETA D Habana Vieja Arqueologia en edificios hist ricos Gabinete de Arqueolog a Bolet n Oficina Del Historiador de La Ciudada de La Habana 2002 n
63. de uma rela o de pertencimento mem ria identidade de um povo parte de um todo cultural que perpassa pelo patrim nio material e imaterial A cidade de Salvador especificamente a rea do Centro Hist rico Pelourinho com seu conjunto arquitet nico colonial exemplo disso O Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta Iphan ou Projeto Pelourinho teve como objetivo principal estudar a rea em quest o buscando compreender como se deu a sua forma o atrav s do aporte te rico da Arqueologia p s processualista que postula acerca da cultura material os objetos n o seriam apenas resultado da adapta o mas sim elementos com m ltiplos significados utilizados pelos indiv duos de uma sociedade para simbolizar suas rela es Nessa perspectiva n o importa que existam dezenas centenas de objetos aqui n o a quantidade que vale mas a qualidade Da mesma maneira para os p s processualistas n o a sociedade que est em jogo mas as a es de cada indiv duo para interagir nessa sociedade aceitando ou resistindo s suas regras sociais Najjar 2005 p 15 16 Nesse sentido de acordo com um conceito de patrim nio cultural mais diverso e abrangente que passaremos a discorrer sobre a rela o entre este e o sujeito hist rico ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Por meio de an lises de reportagens de jornais impressos e com base nas informa
64. devo agradecer ao arquiteto Luiz Fernando de Almeida presidente do Iphan e Coordenador Nacional do Programa Monumenta que em 2006 convidou a mim e arque loga Regina Coeli Pinheiro da Silva do Depam para coordenarmos a pesquisa Ao Luiz Fernando agrade o o convite a confian a e o apoio irrestrito Regina amiga e companheira de d cadas que infelizmente afastou se do projeto no seu decorrer por motivos particulares agrade o pelos mesmos motivos A execu o do projeto foi poss vel com os recursos do Programa Monumenta e apoio do Iphan Assim agrade o a todos do Iphan de Bras lia e de Salvador que ajudaram a viabilizar a pesquisa Do Monumenta quero agradecer a todos os t cnicos que atuaram com compet ncia carinho e aten o e em especial ao arquiteto Robson Ant nio de Almeida Coordenador Nacional Adjunto do Programa pela confian a pela extrema disponibilidade pelo irrestrito apoio e pela paci ncia N o ser exagero se eu afirmar que sem ele n o teria havido o projeto Devo tamb m agradecer aos superintendentes do Iphan na Bahia que me acolheram durante o projeto Evandro Lins arquiteto e grande conhecedor da cidade de Salvador colaborou diretamente desde o in cio e continuou nos prestigiando at o final como nosso consultor Leonardo Falangola arquiteto que assumiu a Superintend ncia ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO em seguida j vinha participando ativamente do projeto e sua contribui o foi de grande valia pa
65. din mica s ciocultural n o Engate de arma com pederneira Montagem de Luciana Keller de restaura o O evento proporcionou aos participantes o contato com a Arqueologia e sobretudo com a pesquisa que vem 183 sendo desenvolvida a poucos metros PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 184 suficiente para atender as demandas que surgem invariavelmente ao longo desses processos Somado isso preciso rever o per odo de execu o dos projetos em fun o de realidades locais Salvador uma cidade tur stica com grande aumento de fluxo de visitantes e de festividades entre os meses de dezembro e fevereiro N o apenas as escolas est o em per odo de f rias mas os moradores especialmente aqueles impactados pelo projeto atuam na economia informal que cresce em raz o dos eventos na cidade Lavagem do Bonfim Carnaval entre outros Isso afetou o cronograma de realiza o de projetos e implicou a solu o de continuidade de v rias atividades propostas N o obstante avalia se que as a es executadas ainda que pontuais tiveram papel importante na sensibiliza o dos diversos envolvidos no Projeto de Pesquisas Arqueol gicas da rea da 7 Etapa do Pelourinho A conviv ncia com os moradores funcion rios professores pesquisadores e funcion rios do Iphan serviu para reorientar determinadas a es e foi decisiva para a concretiza o dos objetivos delineados A partir dessa experi
66. e enfraque a uma queixa recorrente durante o per odo p s aboli o quando a recusa dos libertos em ocupar se segundo a l gica do trabalho assalariado e dependente era confundida com vadiagem e indol ncia Os libertos n o pretendiam continuar dependentes e preferiam tentar a vida de forma aut noma mesmo que de modo irregular e imoral Trabalho imoral poderia ser o da prostituta ou o do feiticeiro principal concorrente dos m dicos em pocas de epidemias Como grei numerosa que o parentesco ajuntou e a mis ria reuniu leia se pretos pobres reunidos em habita es coletivas Esses espa os n o foram demolidos apenas por serem focos de doen as contagiosas mas certamente por abrigar em pleno centro da cidade escravos libertos africanos livres estrangeiros pobres 17 APMS fundo intend ncia processos se o de gua e esgoto do munic pio 1893 1922 Relat rios dos esgotos projetados para o 2 distrito da cidade da Bahia apresentado intend ncia municipal pela firma contratante Teodoro Sampaio amp Paes Leme 1906 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN capoeiras feiticeiros vagabundos e toda a gente pobre e rebelde que as autoridades consideravam perigosas Eram como quilombos urbanos na feliz express o de Jo o Jos Reis 2006 p 241 Pessoas como essas impediam que as autoridades higienistas invadissem suas propriedades seja para fiscalizar o estado dos canos de esgotos ou para vacinar eram o pr
67. educa o mais emancipadora mesmo sabendo das dificuldades que essa op o poderia trazer para o trabalho Outro desafio comumente enfrentado por projetos de Educa o Patrimonial ligados Arqueologia a inexist ncia de material de apoio as suas atividades Praticamente n o h men o nos livros did ticos sobre quest es vinculadas a achados arqueol gicos Tamb m S o raros os livros paradid ticos que apresentam essa discuss o ficando a divulga o da arqueologia a cargo dos filmes de Indiana Jones e dos games de Lara Croft em que o exotismo e a aventura acabam por desfigurar a ci ncia Assim em cada projeto seus respons veis devem elaborar todo o material de apoio as atividades educativas inclusive pela especificidade dos achados arqueol gicos 5 Diz se do curr culo efetivamente praticado no cotidiano escolar em parte diferente daquele oficialmente proposto PROGRAMA MONUMENTA IPHAN No caso do Pelourinho esse material foi produzido em formato digital dados os custos e a facilidade de uso em sala de aula Ele composto por uma mostra significativa de fotografias do patrim nio recuperado nas escava es da 7 Etapa que pode auxiliar os professores em suas aulas S o fotos de artefatos de vidro metal cer mica osso estruturas arquitet nicas materiais construtivos e etapas da pesquisa Tamb m foram inclu dos no material digitalizado mapas antigos pinturas iconografias fotos atuais de mon
68. enquadramento estratigr fico e cartografa o dos solos e dep sitos tecnog nicos In Peloggia A U U Estudos de geot cnica e geologia urbana 1 Manual T cnico 3 GT Geotec Superintend ncia da Habita o e Desenvolvimento Urbano S o Paulo Prefeitura do Munic pio de S o Paulo 1999 ROHDE G M Epistemologia ambiental Porto Alegre Edipucrs 1996 RUBIN J C R Sedimenta o quatern ria contexto paleoambiental e intera o antr pica nos dep sitos aluviais do alto rio Meia Ponte Goi s Rio Claro 2003 Tese doutorado Universidade Estadual Paulista Instituto de Geoci ncias e Ci ncias Exatas Arelac o do ser humano e o rio Meia Ponte em Goi nia GO Fragmentos de Cultura jul 2004 v 14 n 7 p 127521295 RUBIN J C R BRITO G S OLIVEIRA A M S SAAD A R Dep sitos tecnog nicos associados a um segmento da plan cie aluvial do ribeir o Anicuns Goi nia GO Anais Congresso da Associa o Brasileira de Estudos do Quatern rio Bel m Abequa 2007 CD ROOM _______ Amostragem dos dep sitos tecnog nicos associados ao rio Meia Ponte na rea urbana de Goi nia GO Revista Brasileira de Geomorfologia Uberl ndia 2006 v 9 n 2 p 3 14 SAMPAIO T Hist ria da fundac o da Cidade do Salvador Bahia Tipografia Benedita 1949 Obra p stuma publicada por indica o de An sio Teixeira SERGEEV Ye M Engineering Geology and Protection of the Envir
69. erro e o 95 par metro de concentra o permitem determinar com precis o a dire o geomagn tica m dia para uma determinada poca Diferentemente da dire o a intensidade geomagn tica pode ser determinada em materiais que foram deslocados de sua posi o original ou seja n o h necessidade da amostragem de materiais in situ por m necess rio conhecer a origem do material A intensidade geomagn tica determinada pela t cnica desenvolvida por Thellier e Thellier 1959 para materiais arqueol gicos e rochas A magnetiza o adquirida por um material arqueol gico que foi submetido a aquecimento proporcional ao campo geomagn tico da poca em que esse material foi produzido O m todo de aquisi o da paleointensidade ou arqueointensidade baseado na compara o da magnetiza o prim ria ou natural com uma magnetiza o de laborat rio M produzida por um campo magn tico de laborat rio H Assim a intensidade do campo geomagn tico antigo FF pode ser estimada pela seguinte equa o M H inclina o da reta obtida pelo ajuste de M e fornece diretamente o valor de Ff Na pr tica a determina o da paleointensidade muito mais complexa que a aquisic o de um dado direcional Para obten o da paleointensidade s o utilizados fornos que al m de possu rem blindagens para desmagnetiza o t rmica t m acopladas bobinas de indu o de campo
70. es aqui transcritas tiveram a grafia atualizada quando necess rio para facilitar a leitura PROGRAMA MONUMENTA IPHAN cursos d gua Os autores apresentam estimativas de crescimento e distribuic o em rea correlacionando os com a funda o da cidade em 1937 A a o do homem na natureza modificando sua geografia est bem registrada no Brasil a partir do descobrimento principalmente em algumas cidades como S o Vicente S o Paulo Rio de Janeiro Porto Seguro S o Lu s Salvador Recife Ouro Preto e Diamantina As escava es arqueol gicas e geol gicas de algumas resid ncias que integram o conjunto de bens tombados do Centro Hist rico de Salvador evidenciaram sob o piso de ocupa o dep sitos tecnog nicos constru dos DTC ao longo dos fundos dos vales com espessuras variadas que chegam a 12 metros em uma rea de aproximadamente 52 000m poligonal da rea das Obras Civis da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Algumas paredes de at seis metros de altura t m seu alicerce sobre os dep sitos assim como algumas sapatas de colunas O Pelourinho se destaca pela amplitude e principalmente pelo n mero de exposi es dos DIC o que favorece em muito a caracteriza o em geral de exposi o limitada Nossa pesquisa se ateve a rea atualmente ocupada por alguns im veis quadra 31 e n o foi poss vel a observa o de toda a rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho a classifica
71. ladrilho de cimento dispon vel em diversos formatos padr es e cores O assentamento do ladrilho geralmente se fazia pelo emprego de argamassas pl sticas compostas por cimento cal ou saibro e areia em cuja superf cie era polvilhado p de cimento As dosagens utilizadas n o s o mencionadas nos manuais de constru o da poca mas o Caderno geral de encargos do Banco do Brasil 1959 indica para esse tipo de piso as dosagens de 1 3 3 de cimento saibro e areia ou 1 2 7 no caso de cimento cal em pasta e areia fina Com a imigra o italiana em 1920 come aram a ser utilizados no Brasil os pisos de ladrilho hidr ulico na arquitetura o que perdurou at os anos 1960 quando devido ao processo de fabrica o artesanal e ao emprego de m o de obra qualificada foram substitu dos por materiais mais acess veis pois oneravam demais o custo final da obra medida que aumentavam as cores na sua composi o aumentava tamb m o custo por demandar o trabalho de artes os mais experientes e mais bem remunerados e ainda um maior tempo para sua fabrica o inviabilizando assim uma produ o em escala industrial Durante a primeira metade do s culo XX nossa rea de pesquisa bem diferente da que se caracterizaria a partir de d cada de 1990 em situa o de abandono com casas arruinadas era bastante movimentada de popula o densa com grande n mero de pequenos ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO neg cios tinha
72. na Barroquinha Sua posi o geogr fica est a sudeste da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe e os esqueletos relacionados a ela orla da Bafa de Todos os Santos na coordenada de UTM 8565494 0553107 SAD 69 O local s margens do rio das Tripas antes considerado rea perif rica dos n cleos primitivos da cidade alta era caracterizado por vegeta o densa declive acentuado do terreno e alagadi os Ao longo dos s culos transforma es profundas mudaram completamente essas caracter sticas Atualmente o rio das Tripas encontra se canalizado abaixo da rua J J Seabra e a rea foi aterrada e edificada A seguir apresentamos um resumo contextualizando o processo de ocupa o da rea desde a constru o da cidade de Salvador LOCALIZA O DOS BOMBEIROS LEGEND M ETAPA 3 H Ti m ERE L im PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Como revelam os mapas hist ricos da cidade dos s culos XVII e XVIII Reis 2001 p 27 Valladares 1991 p 101 102 Apeb planta de Joaquim Vieira da Silva 1798 a implanta o da cidade de Salvador desde sua funda o em 1549 incidiu inicialmente sobre as vertentes e os interfl vios e s posteriormente a expans o da malha urbana passou a ocupar os fundos dos vales A Cidade de Salvador portuguesa foi criada com um termo e um rossio segundo a tradi o sendo o primeiro territ rio sob a autoridade municipal e o rossio uma part
73. ncia propomos algumas medidas que podem ser teis para futuras a es no Centro Hist rico de Salvador mas tamb m para outros contextos no pa s ver Schaan 2007 e Amplia o das a es de Educa o Patrimonial voltada para o patrim nio arqueol gico tendo a Arqueologia P blica como perspectiva norteadora e Parceria com a UFBA para a realiza o de curso semelhante ao da Escola Oficina de Restaura o para os funcion rios das construtoras com nfase no patrim nio arqueol gico e Organiza o de curso de treinamento de guias tur sticos moradores do CHS com nfase no patrim nio arqueol gico e Estabelecimento de conv nio entre secretarias de Educa o e Cultura Iphan e para a cria o de programa permanente de preserva o do patrim nio arqueol gico a partir das escolas locais e Cria o de curso de forma o de agentes do patrim nio para os moradores locais e Sinaliza o das casas escavadas para fins tur sticos e Montagem de exposi o permanente em parceria com os moradores com materiais recuperados nas escava es e em local de acesso f cil no CHS e Promo o de oficinas para a confec o de produtos inspirados em motivos arqueol gicos e Desenvolvimento de projeto de Arqueologia P blica de longo prazo Encerramos esse texto com a fala de um dos auxiliares de campo Ao avaliar a sua participa o no projeto ele sublinha a dimens o social do patrim n
74. nona subcole o a dos materiais construtivos que foram agrupados dentro de uma nica cole o e n o est o separados por mat ria prima A cole o cer mica a mais significativa contabiliza cerca de 250 mil pe as sendo as mais antigas atribu das aos ind genas que viveram na rea antes da chegada dos colonizadores vidrada A cole o de artefatos culturais m veis objeto do cap tulo XVI do livro Um passado atrav s do lixo Cer mica n o Estruturas evidenciadas abaixo das funda es da casa 27 tua Monte Alverne Vis o a rea da mese Ma Casals rua Guedes de Brito Fundac es da casa 41 rua 28 de Setembro Evidencia o do forno existente abaixo do piso da casa 33 antiga rua do Tijolo rua Guedes de Brito E Liso Usa IN aq 5 0 E idi i F s m Pie n t Atividade de registro da fachada da casa 21 rua 3 de Maio Pr dio anexo ao Liceu Todas as subcole es foram tratadas analisadas acondicionadas e guardadas no Laborat rio de Arqueologia da Casa dos Sete Candeeiros uma das sedes do Iphan em Salvador Os trabalhos foram encerrados em agosto de 2010 Para melhor interpretar os dados o projeto contou ainda com um time de consultores de v rias reas e utilizou se de tecnologias de ponta como ferramentas de trabalho e an lise Os resultados dessas parcerias est o refletidos em todos os cap tulos mas podem ser melho
75. o de guas pluviais e de guas servidas Em especial este cap tulo focaliza as por es evidenciadas dessas canaliza es em locais pr ximos vertente do rio das Tripas dentro da rea de influ ncia da pesquisa Apresentaremos algumas considera es sobre o sistema de esgotamento sanit rio em Salvador nos s culos XVIII e XIX dialogando com as fontes arqueol gicas e documentais A partir da an lise da documenta o hist rica dos s culos XIX e XX observamos detalhes do saneamento urbano presentes nos documentos manuscritos pouco mencionados nas fontes historiogr ficas Pretendemos portanto revelar aspectos da urbaniza o da Cidade do Salvador pouco divulgados ou mesmo desconhecidos q E I A TES ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO As observa es justificam se pelo fato de tratarmos de assunto pouco discutido pela historiografia baiana Mattoso 1992 p 442 443 Nascimento 1986 p 46 51 Sampaio 2005 p 22 76 79 ainda n o aprofundado e confrontado com as descobertas arqueol gicas uma oportunidade para revelar informa es ocultas nos estudos sobre a paisagem urbana As canaliza es foram edificadas para uso comunal ou seja para todos os moradores de uma mesma rea que deviam ligar suas casas ao sistema de canos intervindo assim diretamente na cria o do urbano Propomos investigar a partir de quando e como essas canaliza es foram implantadas e isso feito t
76. o seu estado primog nito at o atual A pesquisa estratigr fica de um edif cio hist rico tem car ter cronol gico diacr nico em virtude de determinar as sequ ncias dos estratos que o conformam Outros elementos comuns no campo do restauro arquitet nico s o estudos tipol gicos e documentais Zoreda 1996 p 57 61 Quir s 2002 p 32 Entre os estudos tipol gicos devem ser levados em conta os materiais utilizados as t cnicas construtivas e as formas arquitet nicas Arrazcaeta 2002 p 15 entendidos 1 Ver HARRIS 1991 Na verdade esse um princ pio tamb m emprestado aos arque logos pela Geologia disciplina que deu origem ao conceito PROGRAMA MONUMENTA IPHAN como a manifesta o da l gica cultural de uma poca determinada e portadores de informa o hist rica espec fica Por m imprescind vel conhecer as t cnicas construtivas do passado e compreender os mecanismos presentes nas estruturas produtivas do artes o envolvido na arquitetura Arrazcaeta 2002 p 9 Assim ao abordarmos o partido arquitet nico analisamos fundamentalmente a disposi o do espa o constru do e as interven es ocorridas ou provocadas ao longo do tempo como testemunhos hist ricos e culturais tendo em vista compreender o desenvolvimento da cidade e a sociedade na qual foram produzidos Metodologia Este cap tulo apresenta as sistem ticas de estudo e registro de resultados de prospec es que associa
77. padres caixeiros e entre as mulheres costureiras ganhadeiras negociantes e quitandeiras ocupa es pr prias de escravos e libertos Ao lado de pessoas solit rias havia fam lias extensas que dividiam o mesmo espa o A pesquisa de Nascimento 1986 encontrou um n mero m dio de 8 6 moradores por fogo compondo o cotidiano daquela freguesia Em 1888 por exemplo o sobrado 51 na rua Maciel de Baixo abrigava 50 pessoas que n o conseguiam segundo ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO a C mara Municipal manter limpos o cano e o p tio existentes em seu quintal Esse provavelmente era um corti o vertical A proximidade das classes perigosas com o centro administrativo da prov ncia preocupava as autoridades Estas j utilizavam o discurso racista que relacionava toda criminalidade e desordem popula o negra principalmente africana antes de utilizar o discurso higienista para exterminar as habita es coletivas que em Salvador apresentava se n o sob a forma de estalagens e vilas de corti os mas sob uma configura o vertical com sobrados divididos e subdivididos 12 Arquivo P blico do Estado da Bahia doravante APEB Se o colonial presid ncia da prov ncia inspetoria de higiene 1888 1889 ma o n 5617 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN alugados a pessoas pobres e de cor inclusive muitos africanos Esses corti os verticais de Salvador tamb m foram alvo da limpeza pretendida por m dicos higie
78. para constru es foram usados para a cria o de animais e ou cultivo de hortali as e pequenas planta es de subsist ncia ver figura 1 ficando esses terrenos destinados expans o futura da cidade A Cidade do Salvador segundo atradi o portuguesa foi criada com um termo e um rossio sendo o primeiro territ rio sob a autoridade municipal e o rossio uma parte do termo pr xima ao espa o urbano cuja finalidade era propiciar condi es para o pastoreio de uso dom stico dos moradores e o fornecimento de lenha a ser usada como combust vel principal Era o rossio ainda uma rea livre para expans o urbana Funda o Gregr rio de Mattos 1998 p 37 A forma o da rua S o Francisco pode ser um bom exemplo dessa expans o que aproveitava os declives ou rossios da rea Essa rua existe desde o in cio da implanta o da cidadee a partir de fontes consultadas e de informa es colhidas nas escava es arqueol gicas e prospec es geol gicas realizadas em v rios de seus im veis foi poss vel estabelecer o perfil esquem tico cortada pelo vale que estudamos A rua S o Francisco que vemos hoje o resultado da apropria o da natureza pelo homem no decorrer da expans o da cidade Nota se na por o mais profunda do perfil figura 5 a exist ncia de uma paisagem pret rita bem diferente da de hoje em alguns pontos chegando a estar a nove metros abaixo do piso atual Mapa Tem tico Pesquisa Arqueol gica P
79. para o despejo de guas servidas Ind cios apontam que a constru o do sistema de esgotamento sanit rio n o se deu antes das mudan as capitaneadas pelos ideais de moderniza o presentes em meados do s culo XIX Schwarcz 1993 Leite 1996 Do espa o examinado no presente trabalho existem alguns trechos de canaliza es localizados nas adjac ncias do rio das Tripas que provavelmente foram implantados antes do s culo XIX Mas a historiografia baiana que se debru a sobre o desenvolvimento urbano PROGRAMA MONUMENTA IPHAN de Salvador n o menciona sistema de esgotamento sanit rio naquela freguesia concretizado antes da canaliza o do rio e consequente constru o da rua da Vala hoje rua J J Seabra ocorrida entre 1849 e 1870 Mattoso 1992 Nascimento 1986 e Sampaio 2005 Em contraposi o os vest gios arqueol gicos nos informam que se n o fora projetado e constru do o tal sistema ao menos as galerias estavam sendo utilizadas para a condu o de dejetos ver figura 1 As conex es das canaliza es que conduziam as guas servidas corroboram a hip tese da inser o de um sistema de esgoto mesmo que em espa o reduzido tendo o rio das Tripas como deposit rio dos detritos Dessa forma as galerias subterr neas seriam as grandes coletoras dos s lidos e fluidos p tridos Na casa 15 localizada na rua S o Francisco quarteir o 22 designa o estabelecida pelo Projeto Pelourinho
80. pelo rio das Tripas A rea pesquisada localiza se na regi o posterior do plat e pega rea significativa da encosta que termina na rua J J Seabra leito original do rio Essa vertente possui vales que foram barreiras geogr ficas para a ocupa o e crescimento da cidade Como a rea da cidade alta mostra se restrita em fun o da sua topografia a expans o da malha urbana dependeu necessariamente da cria o de terreno a partir de aterros que ampliavam tanto a cidade baixa quanto o plat da cidade alta ou pelo menos Na cidade alta os aterros serviam para preencher as depress es suavizavam o declive entre as cidades nivelando o terreno para amplia o e implanta o dos novos quarteir es ruas e principalmente para o assentamento de novos im veis tarefa complexa e trabalhosa retardando a ocupa o desses vales que s ocorreu depois da ocupa o do plat Buscando entender a manipula o da topografia e dimensionar a quantidade de aterro utilizado para alcan ar esse objetivo nos aprofundamos na an lise do preenchimento de um vale em especial por n s apelidado de grot o compreendido entre a ladeira a ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO da Praca e a sua paralela rua 28 de Setembro ou rua do Tijolo O in cio do vale atr s do quarteir o vizinho ao atual pr dio da prefeitura de Salvador na rua da Miseric rdia e seu fim no rio das Tripas antiga rua da Vala e atual rua J J Seabra vulgo Ba
81. pessoas de cor seria numericamente muito maior que a categoria branca Na segunda metade do s culo XIX a popula o escrava decrescia em Salvador pois o processo de extin o da escravid o j se delineava A proibi o do tr fico a decad ncia da economia baiana e a consequente venda de escravos para as prov ncias do Sul assim como o aumento do n mero de manumiss es alteravam o 11 Manumiss es s o alforrias Acontecia quando o senhor em geral na hora da morte ou mediante pagamento espontaneamente libertava o escravo por bons servicos prestados Praca dos Veteranos Freguesia da S Salvador 1873 Sampaio 2005 p 179 65 carregadores Sampaio 2005 status da sociedade soteropolitana O n mero de libertos crescia 56 era uma das freguesias com maior agrupamento de negros ou de escravos ficava atr s das freguesias do Pilar Passo e S o Pedro Isso pode se explicar pelo fato de haver nas freguesias centrais desde o in cio do s culo per odo de intensa ac o rebelde escrava constante fiscaliza o e repress o s reuni es de pretos proibidas pelas posturas municipais o que tirava dessa popula o a liberdade de divertimento e manifesta o religiosa nessas freguesias A preocupa o com os libertos era grande e expressava se em leis que visavam principalmente impedir a indig ncia e vagabundagem dessas pessoas consideradas perigosas O liberto n o
82. por constitu rem uma unidade construtiva com aspecto em fachada de casa geminada figura 21 TER i il Dur Op j Mo o EI om Will 164 An lise e interpreta o dos dados De um universo de 57 im veis pesquisados na rea em 19 im veis 33 encontramos ladrilhos hidr ulicos Dessa amostra em 11 foram encontrados ladrilhos hidr ulicos apenas nas reas de acesso e circula o em quatro nas reas de circula o e em outros c modos e em um no subsolo al m dos tr s encontrados fora do seu contexto Observamos que na maioria dos im veis 11 os ladrilhos foram encontrados nos acessos e corredores de circulac o e n o em c modos que demandariam um custo maior e de menor visibilidade como banheiros e cozinhas Nesses c modos encontramos geralmente cimento alisado colher e tacos de madeira materiais menos onerosos Sabemos que o ladrilho hidr ulico por possuir um valor agregado maior era utilizado no interior das casas das fam lias mais abastadas como podemos verificar no atual Palacete das Artes Museu Rodin no bairro da Graca outrora resid ncia da fam lia Martins Catarino Para fins anal ticos isso pode sugerir que a aus ncia do ladrilho no interior dos im veis por n s pesquisados seja um reflexo de poss veis limita es financeiras dos propriet rios O caso do im vel de n mero 24 na ladeira da Pra a com ladrilho hidr
83. posi o que ocupam no pacote estratigr fico O DIC 2 encontra se normalmente entre a superf cie e 1 20m Apresenta estruturas de funda es diversas calhas de esgoto pisos e contrapisos sepultamentos e concentrac o de vest gios culturais m veis lixo dom stico No DIC 1 localizado nas camadas mais profundas a partir de 1 20m verifica se a presenca macica de restos construtivos fragmentos grandes pouco compactados e associados a vest gios culturais m veis em baixa densidade Os dois tipos de DIC diferenciam se a partir da classifica o do tipo de material encontrado Nessa separa o constatou se no DIC 1 a aus ncia de lou a inglesa cuja produ o iniciada no final do s culo XVIII teve seu com rcio transatl ntico desenvolvido durante o s culo XIX inclusive com o Brasil Essa ocorr ncia sugere que o DIC 1 mais antigo que o DIC 2 ou se contempor neos t m origens diferentes um fato que precisa ser investigado no decorrer das pesquisas Essa cultura material est associada aos diversos momentos de ocupa o da rea favorecida pelo fato de alguns locais apresentarem se menos perturbados permitindo uma leitura e classifica o apresentadas nas figuras 11 e 12 De modo geral as camadas estratigr ficas identificadas na rea se resumem em camada asf ltica ou concreto grosso piso de paralelep pedo e ou contrapiso de pedra talhada areia fina para assentamento e ou DIC 2 PROGRAMA MONUMEN
84. quadril tero verde localiza a Capela de ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Nossa Senhora de Guadalupe de constru o atribu da ao ano de 1776 segundo documento arquidiocesano de meados do s culo XIX Outras fontes manuscritas indicam que a Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe sediada na capela hom nima detinha diversas propriedades nas redondezas onde talvez ap s constitui o da par quia come ara uma ocupa o intensa nas adjac ncias do rio das Tripas e com isso a demarca o desse quarteir o Nessa discuss o importante compreender a implanta o de uma canaliza o receptora de guas servidas fluviais e pluviais tamb m na rea central do quarteir o referido quarteir o 31 figura 6 e no vizinho ao norte dele quarteir o 28 A estrutura foi introduzida nos espa os vazios dos quarteir es atravessando ambos Essa canaliza o a mais recente entre as analisadas com mesma fun o Ambos os quarteir es foram constitu dos e ocupados em per odo posterior ao do quarteir o 22 Na figura 6 poss vel visualizar o espa o f sico em discuss o onde indicamos o curso das galerias Est o inseridos os prov veis trechos das canaliza es identificados na pesquisa arqueol gica e por meio de documentos hist ricos 6 ARQUIVO P blico do Estado da Bahia doravante APEB se o colonial not cias das igrejas da capital da Bahia 1852 1888 doc 5241 p 52 7 APEB se o c
85. refugos secund rios encontrados na rea revelaram se enormes concentra es de lixo em alguns casos majoritariamente composto por tralha dom stica podendo ser considerados como in ditos na Arqueologia brasileira Os dep sitos mais profundos est o justamente na rea descrita por Sampaio 1948 p 184 entre o come o da rua da Miseric rdia na pra a do Pal cio e o largo do Teatro onde o terreno come ava a descer no extremo sul Neste mbito t o pequeno abriram se quatro portas flanqueadas por baluartes improvisados a que abria para o norte no come o da rua da Miseric rdia onde havia depress o natural do terreno servindo de fosso que depois se entulhou na altura da rua do Tijolo e 28 OS apresentaram se em camadas densas chegando a 9 Nessa rea quarteir es 31 dep sitos metros de profundidade Para uma an lise macrosc pica de sua composi o e do processo de deposi o consideramos apenas as camadas mais superficiais at 3 50m limite em que as escava es puderam chegar com seguran a Essa an lise preliminar permitiu identificar detalhes como por exemplo a posi o das carro as para o despejo do entulho as propor es de cada tipo de material na sua composi o sua compacta o etc Com base nessas observa es levando em conta as escava es Tabela 1 Classificac o das camadas de aterro Caracteriza se pela presen a de dois componentes O primeiro uma enorme quan
86. rio em 1830 Sampaio 2005 p 143 243 244 e dispendioso Sabe se que o entulho produzido pela demoli o da Capela de Guadalupe assim como de outros lugares e at o lixo da varredura das ruas foram utilizados em alguns trechos da obra Em 1869 a rua da Vala possu a apenas 1 345m j pavimentados dos 8 282m serem cal ados Segundo Sampaio a outra finalidade da obra na rua da Vala era interligar as duas colinas da cidade alta as freguesias da S e a de Nazar Salvador estava em expans o exigia novas reas para a constru o de im veis e amplas vias de acesso no caso as atuais ladeira da Pra a e ladeira do Gravat As igrejas n o eram apenas centros religiosos importantes nelas se realizavam elei es discuss es pol ticas audi ncias judiciais Eram locais de celebra o dos principais eventos da vida dos cat licos o batismo O casamento e as encomenda es por ocasi o da morte Para um cat lico ser sepultado em solo sagrado ou seja dentro de uma igreja era estar mais pr ximo da salva o pois morrer sem enterro significava virar alma penada Reis 1991 p 171 Esse costume foi incentivado pela Igreja Cat lica durante s culos e cultivado por toda a popula o de escravos a ricos senhores de engenho incluindo a os estrangeiros Era muito comum as pessoas indicarem em testamento o local onde queriam ser enterradas como Jo o Nunes Pereira que pediu Meu
87. sempre se mostrou presente no Pelourinho continua viva Desafia o Estado e mostra sociedade que poss vel respeitar o patrim nio hist rico os moradores da regi o e reverenciar sua identidade cultural enquanto algumas etapas do Programa prosseguem Conjunto arquitet nico do Centro Hist rico de Salvador revitalizado na d cada de 1990 210 Nunca tarde para se pensar em pol ticas de preserva o resultantes de uma constru o social que incluam moradia trabalho educa o lazer turismo cultura e sustenta o econ mica Em 2002 come ou a 7 Etapa das obras de recupera o do Centro Hist rico de Salvador baseada em uma nova proposta sob comando da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia Conder que teve suas a es integradas as do Projeto Monumenta do Governo Federal Em linhas gerais esta ltima etapa n o nos remete a muitas novidades concretas no entanto h promessas de revitalizar o espa o e o social A s tima etapa de recupera o do Centro Hist rico de Salvador que compreende a poligonal que vai das imedia es da igreja de S o Francisco at a igreja D Ajuda e que teve in cio no antigo casar o onde funcionou o Semin rio de S o D maso vai devolver a Salvador e aos baianos quase um s culo depois a oportunidade de ocupar com dignidade conforto e seguran a um dos mais cobi ados s tios hist ricos do mundo integrante do conj
88. sentir seja com o tang vel ou com o intang vel mobilizam o espa o e formam a representa o cultural de uma comunidade A modernizac o das cidades impulsionada pela industrializac o e pelo capitalismo do final do s culo XIX exigia a requalificac o dos espacos urbanos antigos e ou tradicionais em todo o mundo nesse momento que o poder p blico abre os olhos para a import ncia do patrim nio cultural na cidade de Salvador Mas que base social teriam essas tend ncias internacionais Que articula o do bin mio patrim nio cultural comunidade seria alcan ada Para responder a essas e outras quest es preciso lembrar que nas d cadas de 1960 e 1970 predominou em Salvador um discurso oficial voltado para o turismo e para o lazer Esse discurso surgiu como consequ ncia das tend ncias de requalifica o citadas nos par grafos anteriores e fez com que a metr pole se preocupasse em construir efetivamente uma cidade que cuida de seu patrim nio se espera ampliar a conex o cultural dessa cidade com o mundo principalmente atrav s dos interesses contempor neos de cultura e entretenimento despontando neste plano o desenvolvimento da ind stria do turismo Oliveira 1998 p 70 Para obter esse desenvolvimento era preciso portanto mudar o contexto de mis ria abandono sujeira meretr cio ou seja de desigualdade social que se instalou no Pelourinho e que segundo rg os oficiais levou
89. servi os como o abastecimento de gua pela Companhia do Queimado em 1852 e mudan a do tipo de ilumina o de leo de baleia para g s em 1858 Nesse contexto com certa urg ncia em raz o do perigo de epidemias iniciaram se as obras no rio das Tripas Essa n o foi uma obra f cil por in meros motivos era muito dispendiosa para os cofres p blicos n o havia trabalhadores qualificados e havia a resist ncia de particulares que teriam seus quintais invadidos pelas obras Senhor Diretor llustr ssimo Excelent ssimo Senhor Tendo chegado em tal ponto com o desentulho do rio das Tripas em que indispens vel passar por quintais particulares remover cercas e muros aprofundar e alargar o aluveo do mencionado rio e depositar nas margens o resultante material contra a oposi o brutal de quase todos os propriet rios cumpre me levar ao conhecimento de Vossa Excel ncia que n o podendo mais resistir aos insultos e amea as pessoais como acabei de sofrer ontem me foi for oso parar a obra at nova disposi o e en rgicas provid ncias que devo reclamar das competentes autoridades Deus guarde Vossa Excel ncia Bahia 25 de novembro de 1846 Jo o Baptista Ferrari 27 APEB se o colonial presid ncia da prov ncia obras p blicas 1825 1851 ma o 4882 Nesse ambiente doen as proliferavam O c lera foi sem d vida a mais mortal delas No ano de 1855 eliminou 36 mil pessoas em toda a Bahia espalhand
90. seu ngreme terreno grifo nosso ocorreu rapidamente logo ap s sua fundac o No Representac o do momento da invas o holandesa Observar represamento provocado pelos diques 1625 Fonte Urbs Salvador 1671 Arnoldus Montanus publicado no Atlas An Accurate Description and Complete History of America de John Ogilby 40 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO final do s culo XVI e in cio do seguinte sua ocupac o territorial j havia superado a rea intramuros Por meio da bibliografia poss vel perceber que durante os dois primeiros s culos de constru o e desenvolvimento o territ rio foi amplamente distribu do aos habitantes e colonizadores Um estudo mais atento dos nomes desses indiv duos seria interessante para a percep o da distribui o n o s geogr fica mas tamb m pol tica social e econ mica da cidade Ant nio Sampaio destaca o per odo que vai de 1651 at o ano da independ ncia do Brasil em 1822 Identificando o como s culo de da Bahia colonial ele caracteriza esse intervalo como de grande crescimento populacional e urbano da cidade as descri es dos viajantes entre 1685 e 1717 apontam uma povoa o no in cio do s culo dezoito com 2 000 casas Sampaio 1999 p 55 56 O crescimento populacional se pautava por um grande crescimento econ mico de Salvador Nessa mesma poca existiam hortas ao lado das fontes Nas ruas estreitas do bairro da Praia localiza
91. sobreviv ncia os propriet rios passaram a sublocar os im veis Mas a renda n o era suficiente para financiar obras de conserva o Por falta de investimentos estatais em saneamento e educa o que lhe poderia garantir emprego e inser o social a comunidade esquecida do Pelourinho se voltou para a prostitui o para o tr fico de drogas e para outras atividades ilegais Mesmo com as iniciativas a partir de 1938 do Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional Iphan que tombou v rios monumentos no Centro Hist rico de Salvador a situa o social e a do conjunto arquitet nico n o teve mudan as significativas Ao contr rio empres rios que em algum momento pensaram em recuperar os casar es deslocaram seus investimentos para outras localidades Recearam poss veis interdi es legais por parte do rg o respons vel pelo patrim nio cultural Uma vez conhecido esse processo hist rico social chega se conclus o de que existiu um conflito entre a comunidade do Pelourinho e o poder estatal que deveria ter sido resolvido por meio de pol ticas sociais inclusivas Ou seja a es do poder p blico no sentido de valorizar e preservar o patrim nio cultural e manter PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Fam lia habitante do Centro Hist rico na d cada de 1940 203 204 Centro Hist rico de Salvador na d cada de 1970 os moradores em suas habita es O conv vio o agir o fazer
92. sustenta o as funda es das casas As prospec es geol gicas apontam que ela teria m de profundidade Face a sua composi o abrang ncia e localiza o partimos do pressuposto de que essa camada foi assentada naquele local pelo poder p blico viabilizando a constru o de edifica es nas encostas e consequentemente a expans o da cidade Foi a partir dessa camada que as casas 37 39 e 41 al m da 43 foram erguidas A casa 37 usou uma t cnica construtiva mais simples provavelmente por se assentar numa cota mais plana seu propriet rio depositou uma nova e distinta camada de aterro tecnog nico sobre a primeira e construiu um por o com cerca de 1 5m de altura que produz um bols o de ar que evita a umidade ascendente J as casas 39 41 e 43 adotaram uma t cnica bastante requintada Foram abertas cavas nesse primeiro aterro para construir dentro de cada uma delas ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO as bases das colunas para a funda o das casas As cavas serviram de molde sendo preenchidas com blocos de rochas e argamassa de argila vermelha e cal figura 6 A partir dessa base ergueram se colunas com a func o de sustentar as funda es superficiais A camada de aterro mais superficial chega a atingir 2m de espessura abra ando as colunas de funda o das casas 39 41 e 43 tendo sido intencionalmente ali colocada com o prop sito de preencher o espa o entre a base das colunas e o piso do im vel viabilizando a c
93. tem por objetivo solucionar problemas dos indiv duos envolvidos no projeto de pesquisa Os resultados da pesquisa b sica tamb m podem contribuir para mudar a vida dos grupos estudados mas essa n o a sua principal preocupac o LeCompte amp Schensul 1999 A Arqueologia P blica nessa perspectiva tem papel importante como instrumento de pol tica e social O trabalho do arque logo de natureza interventiva desde o momento de sua chegada ao local onde as pesquisas de campo ter o lugar at as interpreta es dos vest gios arqueol gicos e a consequente constru o de uma dada vis o do passado A Arqueologia P blica lida especialmente com essa faceta de nosso trabalho e prop e n o apenas o reconhecimento do outro mas a sua participa o em todo o processo investigativo comunit rio do assim como o gerenciamento patrim nio arqueol gico Em nossa avalia o a Educa o Patrimonial um dos caminhos para que essa perspectiva se desenvolva A Educa o Patrimonial para a Arqueologia P blica tem o status de m todo e como tal subordinada a um corpus te rico O m todo aqui compreendido como subsystem of larger theory which is directed toward the solution of a particular kind of problem Dunnell 1971 p 34 Ou seja a Educa o Patrimonial n o m sin nimo de Arqueologia P blica como muitas vezes se tem visto no Brasil mas sim um m todo subordinado particularmente ao ca
94. tenha sido realizada uma obra para drenagem do afluente com a intenc o de melhor definir o local onde foram erguidas habita es importante notar tamb m que direcionamento do tra ado da canaliza o locado iconografia an logo aquele das parcelas identificadas na pesquisa arqueol gica 4 O espa o aberto em meio ao quarteir o 22 onde passava um c rrego pode ser visualizado tamb m em outras iconografias do segundo quartel do s culo XVI que tamb m contribuem para as an lises Simas Filho 1998 Reis 2000 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Com a investigac o arqueol gica constatamos que para erguer a casa 15 foi realizado terrapleno com aterro formado por rejeitos do cotidiano Sobre ele foram encontradas v rias camadas relacionadas per odos diferenciados A an lise do material coletado nesse espesso aterro em especial do material cer mico confirma os dados at aqui relatados As camadas de ocupa o identificadas desde a superf cie at o topo do aterro distinguem se tamb m por pisos Em contato com o aterro foi assentado um piso de barro batido constitu do por mistura de cal e saibro e sobre ele uma camada com esp cimes cer micos do s culo XIX Ainda existem sobre a camada do oitocentos outras ocupa es que se distinguem por mais um piso de ch o batido um piso de tijoleira e um piso de cimento com data o relativa que aponta a utiliza o do im vel at ao s culo XX figura 4 Fi
95. v 312 n 5775 p 900 902 2006 HARTMANN G A AFONSO M e TRINDADE I F Data o arqueomagn tica princ pios e m todos Revista do Museu Arqueologia Etnologia S o Paulo n 17 p 445 459 2007 HONGRE L HULOT G KHOKHLOV A An analysis of the geomagnetic field over the past 2000 years Phys Physics of the Earth and Planetary Interiors Amsterdam Elsevier v 106 p 311 335 1998 JACKSON JONKERS A R TL WALKER M Four centuries of geomagnetic secular variation from historical records Philosophical Transactions of the Royal Society London A 358 p 957 990 2000 JONKERS A JACKSON MURRAY A Four centuries of the geomagnetic data from historical records Reviews of Geophysics University of Liverpool v 41 n 2 2003 KIRSCHVINK J L The least squares line and plane and analysis of paleomagnetic data Geophysical Journal of the Royal Astronomical Society London v 62 p 699 718 1980 KORTE M and CONSTABLE G Continuous geomagnetic field for the past 7 millennia Part 2 CALS7K Geochemistry Geophysics Geosystems American Geophysical Union v 6 Q02H16 2005 KORTE M DONADINI E CONSTABLE Geomagnetic field for 0 3 ka Part 2 A new series of time varing global models Geochemistry Geophysics Geosystems American Geophysical Union v 10 Q06008 2009 LANGEL R A The main field In JACOBS J ed Geomagnetism New York Academic Press
96. vive No caso do Centro Hist rico de Salvador apesar de haver pol ticas p blicas de preservac o elas eram orientadas por modelos diretrizes internacionais al m de esbarrarem na burocracia tornando se pouco discutidas por conta talvez de mau gerenciamento e de disputas pol ticas A especula o imobili ria induzida pelo turismo o surgimento de tend ncias de requalificar os espa os que concentrem memoria identidade e cultura para Festa de Santa B rbara em Salvador 201 207 aprecia o de todo o mundo trouxeram proje es que renegaram valores culturais locais em prol de valorizac es de fachadas que passam a refletir meramente o contexto de uma sociedade capitalista no mundo globalizado Est se falando portanto da sociedade de consumo De um consumo impositivo e de f cil acesso para os que det m poder pol tico e econ mico que querem se sobrepor aos usos e costumes alheios o que passa a ser bem percept vel a partir de uma ideologia denunciada pela professora Lysie dos Reis Oliveira 1998 p 54 o que possu a valor de uso passa a ter valor de troca e consumo assim as intervenc es s o apontadas como subterf gios que se constituem e um meio de expulsar a populac o de baixa renda com pretexto de conferir mais rentabilidade rea A inten o requalificar para tornar o espa o atrativo de acordo com normas e exig ncias do mercado internacional com vistas exp
97. 0 anos a situa o se inverteu hoje aqueles que estavam fora da institui o nela ingressaram Assim em cada grupo de dez crian as em idade escolar cerca de dez est o matriculadas nas institui es de ensino Sem d vida esses que entraram mais recentemente s o oriundos das camadas menos favorecidas da popula o e trazem para a escola vis es de mundo comportamentos padr es lingu sticos PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Figura 2 Fachada da Escola Municipal Jo o Lino Figura 3 Fachada da Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima 189 190 Atividades com professores nas escolas gostos mem rias em suma arbitr rios culturais Bourdieu Passeron 2008 que n o faziam parte do universo escolar e que inclusive s o vistos com muitas restri es pela escola Essa invas o da escola pelos b rbaros traz novas demandas e complexidade institui o fazendo com que ela tenha de lidar necessariamente com a diferen a cultural ao mesmo tempo em que lhe dado como objetivo socializar a cultura constitu da pela humanidade ao longo de sua exist ncia Esse aparente paradoxo pode ser superado se abandonamos a dicotomia e pensamos os processos que interligam organicamente unidade e diversidade Como bem nos aponta Morin 2000 p 57 Os que veem a diversidade das culturas tendem a minimizar ou ocultar a unidade humana os que veem a unidade humana tendem a considerar como secu
98. 007 SCHIFFER Michael B Toward the Identification of Formation Processes American Antiquity oct 1983 v 48 n 4 p 675 706 SYMANSKY L C P O Dominio da t tica pr ticas religiosas de origem africana nos engenhos de Chapada dos Guimaraes MT Vest gios jul dez 2007 v 1 n 2 p 7 36 Perfil esquem tico associado ao vasilhame 2 no im vel 24 PAS Enterramento relacionado capela XV Oresgate de uma hist ria a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe Alane Fraga do Carmo Catarina Menezes Ferreira Cl udio C sar de Souza e Silva D bora Bacelar Bastos O Projeto Pelourinho na realidade n o se ateve rea da 7a Etapa do Projeto de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Em dado momento incluiu o terreno adjacente poligonal da pesquisa no Quartel do Corpo de Bombeiros Naquela rea fomos surpreendidos pela descoberta de vest gios de funda es que muito provavelmente pertenceram Capela de Nossa Senhora de Guadalupe erigida em 1776 pela Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe e demolida em 1857 por motivos ainda n o esclarecidos Al m dos vest gios de estruturas do templo a presen a de ossadas humanas dispostas de forma ordenada e ornadas com adere os f nebres pr prios de enterramentos em igrejas n o deixa d vidas de que a rea em algum momento abrigou um templo A capela dedicada a Guadalupe era conhecida pelos historiadores
99. 1500 1550 1600 165 1700 1750 1800 1850 1900 1950 Idade AD Figura 5 Diagrama id ntico ao da figura 3 mas com a adi o da m dia do s tio CP27 Para esse s tio est o tamb m representados os erros de intensidades e idades obtidos a partir da compara o com os s tios de intensidades magn ticas id nticas 103 Amostras prontas para 104 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO as an lises Al m da data o arqueomagn tica as t cnicas magn ticas podem ser aplicadas em outros problemas arqueol gicos como os processos de forma o de s tios arqueol gicos e a proveni ncia de materiais arqueol gicos Stenberg 2008 entre outros Nesse sentido o presente trabalho um primeiro exemplo de um extenso campo de aplica es em diferentes contextos e regi es que se abre comunidade arqueol gica brasileira Agradecimentos Os autores agradecem ao Instituto de Astronomia Geof sica e Ci ncias Atmosf ricas da Universidade de S o Paulo e ao Institut de Physique du Globe pelo apoio institucional Fapesp pela bolsa de doutorado a G A Hartmann 2005 57782 4 e ao CNPq pela bolsa de apoio produtividade e pesquisa a R F Trindade A Rosana Najjar e toda a equipe do Projeto Pelourinho de Salvador pelo apoio com coletas de amostras e trabalhos de campo Ao prof Carlos Etchevarne e toda a equipe do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia pelo apoio nas coletas d
100. A E r 1 1 J f i f 5 4 i E r E 4 M gt AE A ET F 4 F 4 h F 4 PN a F d ET gt ay o 4 le fe M F Y i 1 k ER 4 N TN a 4 4 hd A v E F A h F A RE s dh P be EET BE 5 gt E 4 Get lo 1 I y N j o 1 4 4 1 e n gt 4 Uu E d i 0 8 d sh q N 4 a Cz e lt gt 4 4 1 I Al i 4 4 4 Y d gt dz A L 05 Bd 1 4 N d Yeh inte mide cm ee oe I e gt EA gt o o gt L gt I E 2 n qo A 2 E 1 gt gt e gt o e E c e A e Figura 19 acima Piso encontrado na casa 16 rua 7 de Novembro Figura 20 direita Simula o da composi o dos pisos de ladrilho hidr ulico ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Casa 18 rua 7 de Novembro Este mosaico uma pequena representa o de express o marcante foi encontrado no acesso da casa poss vel observar uma introdu o discreta de elementos geom tricos na faixa linear bicromada terminada com motivos florais A casa 18 estudada em conjunto com a casa 16 da mesma rua vista no exemplo anterior
101. B se o colonial of cio diretoria das obras p blicas da Bahia 8 de junho de 1872 mas de modo a n o acarretar grandes custos aos sempre depauperados cofres provinciais Costumava contribuir apenas com a fiscaliza o sempre a cargo de um engenheiro da Diretoria de Obras P blicas Este deveria reportar ao presidente minuciosamente o andamento das obras Os gestores das obras p blicas em Salvador ratificavam a necessidade da divis o dos gastos em resposta ao requerimento dos proponentes das obras Eles ainda alegavam que deveria haver a mobiliza o dos demais propriet rios para o rateio dos gastos em decorr ncia dos beneficiamentos urbanos ali inseridos comuns a todos que habitavam as imedia es Incluso remetto a VS o or amento da despesa com um cano no estreito beco entre os fundos das casas da Ladeira da pra a e Caminho novo o qual ter de ligar os dois canos da rua das Ver nicas e pra a dos Veteranos a despejar no da rua da Valla 14 Sampaio 2005 p 40 e 43 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Esta obra requerida pelos propriet rios Anselmo de Azevedo Fernandes e Manoel de Azevedo Fernandes que se oferecem para coadjuva la com a quantia de um conto de reis de urgente e indeclin vel necessidade para salubridade publica supuz que no corac o da Cidade podesse haver tanta imundicie acumulada e em estado de causar grandes males pelo desprendimento de gazes delet rios que infalive
102. Brasil A partir dessa curva de refer ncia poss vel datar artefatos arqueol gicos produzidos na regi o e que guardam um magnetismo f ssil Algumas casas do Projeto Pelourinho para as quais n o existem v nculos diretos de idade foram estudadas sob o aspecto arqueomagn tico Nesse contexto uma das casas apresentou resultados arqueomagn ticos satisfat rios que ser o mostrados aqui como um exemplo de utiliza o do arqueomagnetismo como ferramenta de data o arqueol gica Na casa 27 CP27 da rua Monte Alverne quadra 19 foram coletadas amostras de tijolos das trincheiras F G e H oriundas da base da constru o ou seja do mesmo contexto arqueol gico Todas as amostras de tijolos foram submetidas a duas an lises magn ticas antes das medidas de paleointensidade a determina o da estabilidade da mineralogia magn tica durante o aquecimento e b determina o da natureza da mineralogia magn tica presente nas amostras A an lise da estabilidade t rmica da mineralogia magn tica Figura 3 Diagrama da intensidade geomagn tica versus idades AD para todos os s tios estudados ver tabela 1 para as respectivas siglas A figura mostra os erros de idades e intensidades A curva em preto representa o modelo de campo geomagn tico determinado por Jackson et al 2000 101 a importante para descartar as amostras que apresentam Figura 4 Exemplo altera o dos minerais magn ticos durant
103. ELOURINHO Processamento de dados Todas as etapas de processamento foram realizadas no software Reflexw vers o 4 5 Sandmeier 2008 e desenvolvidas de forma a destacar as anomalias alvo deste trabalho Inicialmente filtraram se os dados de campo dewow eliminando se os ru dos eletr nicos e est ticos inerentes ao sistema O processamento dos dados envolveu determina o da chegada da primeira onda ajuste do tempo zero aplicac o de ganhos linear exponencial e decaimento de energia filtragens 1D bandpass butterworth e bandpass frequency e 2D do background convers o da escala de tempo para profundidade georreferenciamento e interpola o dos perfis elabora o de cubos tridimensionais e depth slices cortes em profundidade Para a convers o dos perfis em profundidade realizou se um ajuste hiperb lico de alguns pontos difratores encontrados na rea investigada A velocidade obtida foi de 0 80m ns utilizada na invers o dos dados tempo para profundidade Resultados Todas as informa es e resultados obtidos s o analisados nesta etapa visando a obten o de um quadro diagn stico da rea e defini o das poss veis estruturas arqueol gicas enterradas assim como sua localiza o e caracteriza o sempre que poss vel al m de recomenda es de a es frente aos resultados Os resultados dos valores f sicos medidos a partir de cada metodologia variam em fun o das caracter
104. F SICO LEGENDA POLESONAL ETAPA GEORADAR GROUND PENETRATING RADAR PF IL E imi Li ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO que analisam os materiais escavados sob diferentes enfoques utilizando t cnicas abrangentes e eficazes A Geof sica uma das ci ncias usadas atualmente com o intuito de definir as estruturas camufladas por sedimentos utilizando para isso as propriedades f sicas do meio como por exemplo o magnetismo a susceptibilidade resistividade el trica a radia o e eletromagnetismo Barba 1986 Grande parte das refer ncias bibliogr ficas encontradas sobre aplica es dos m todos geof sicos em arqueologia trata de aplica es do m todo eletromagn tico GPR Ground Penetrating Radar Esse m todo est baseado na propagac o de campos eletromagn ticos cont nuos ou transit rios no subsolo nos quais suas ondas possuem diferentes frequ ncias Ele pode ser considerado passivo quando utiliza campos magn ticos e el tricos da Terra por exemplo magnetotel rico ou ativo quando um transmissor artificial utilizado pr ximo ao campo por exemplo condutiv metro de solo ou distante dele utilizando transmissores de alta pot ncia como o caso do GPR Com emprego dos m todos geof sicos nos levantamentos arqueol gicos espera se caracterizar melhor e com maior precis o os diversos m
105. GPR modificada de Annan 1992 b Sec o obtida na aquisi o GPR Metodologia O GPR um m todo eletromagn tico que emprega ondas de r dio em frequ ncias elevadas 10 a 2500 MHz para localizar estruturas feic es geol gicas ou objetos enterrados pelo homem em subsuperf cie Annan 1992 Annan 2002 Daniels 1996 Kruk et al 1999 Nesse m todo as ondas eletromagn ticas s o rapidamente radiadas para o solo Irradia se pulso eletromagn tico para o interior do solo pela antena transmissora Mudancas nas propriedades el tricas do meio fazem com que parte do sinal seja refletida para a superf cie e parte seja transmitida O sinal refletido ent o captado amplificado formatado registrado e armazenado em uma unidade de controle permitindo a gera o de uma imagem de alta resolu o da subsuperf cie que pode ser visualizada em uma unidade de controle ou computador figura 2 A resposta do GPR em cada ponto do terreno amostrado representada por um tra o Os tra os refletem a resposta da propaga o da onda eletromagn tica no subsolo Quanto maior a amplitude do sinal registrado maior ser o contraste el trico entre os meios investigados Nos sistemas GPR em geral a velocidade permanece em um patamar essencialmente constante para condutividades menores que 100mS m milisiemens por metro e o campo EM propaga se sem apresentar dispers o Davis Annan 1989 Os principais fatores que influencia
106. I e XVIII e documentos manuscritos do in cio do s culo XIX 3 AsPosturas Municipais exaradas pela C mara Municipal previam as normas de conviv ncia que deveriam ser seguidas pela populac o com o objetivo de regularizar a vida urbana Para o tema utilizamos especialmente as posturas que tratam das normatizac es do despejo de dejetos em locais p blicos C digo de Posturas Municipaes Cidade do Salvador Bahia Imprensa Official do Estado Rua da Miseric rdia n 1 1921 p 108 114 n 288 290 293 299 305 Por sua vez a Diretoria de Obras P blicas da Bahia era o rg o respons vel pela fiscaliza o e andamento dos melhoramentos urbanos Figura 1 Canaliza es da rede principal e conex es no interior da casa 15 rua S o Francisco associadas a vest gios arqueol gicos do s culo XVIII Mapas Tem ticos Projsto Pelounnho Pesquisa Arqueol gica L to 60 a T E ford Pee MESE IT EE DR xL E JAN 2 ad O a lt mo cc lt a lt ad O hor 2 T lt 2 gt Se a i Evid ncias arqueol gicas e a cronologia de implanta o das canaliza es Mesmo sendo incipiente a expans o urbana em Salvador durante os s culos XVIII e XIX muitos arruamentos foram implantados na freguesia da S criando espa os de sociabilidade Nesses lugares uma estrutura deveria ser projetada para canalizar c rregos e guas pluviais e tamb m
107. II per odo da constru o Recorrendo novamente a Larissa Viana 2007 p 146 147 temos a informa o de que no Rio de Janeiro no in cio do s culo XVIII tornou se comum a doa o de terrenos pr ximos aos limites da cidade para 55 j T Es LE T ir FN rum I a d FN EX Bas x E E Sd E Tam _ 4 Suposi o de fachada da Igreja de Guadalupe com inspirac o em igrejas locais detalhe da aquarela da p 193 237 Aderecos encontrados associados aos enterramentos pingente de b zio e contas brancas a constru o das capelas pelas irmandades de negros Essa pr tica parece ter sido estendida aos pardos s na segunda metade desse s culo como foi o caso da Igreja de S o Gon alo Garcia fundada em 1758 Infelizmente n o foi poss vel apurar as circunst ncias que levaram a Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora Figura 1 Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe Acervo do Museu de Arte Sacra da Bahia UFBA de Guadalupe a construir sua igreja em local t o in spito e insalubre Mas do terreno parece ser uma tima explica o para isso sem falar que as caracter sticas do local se assemelham muito s reas escolhidas para as capelas das irmandades cariocas negras e pardas Tamb m n o se sabe ainda qual o n vel de relacionamento entre africanos moradores na regi o e os confrades pardos
108. LHOUB Sidney Cidade febril p 149 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO As a es cotidianas dessa popula o acabaram impedindo o sucesso das medidas do governo e dos sanitaristas sabotando o plano de afastar os pobres do centro de Salvador Eles permaneceram nos antigos casar es e as autoridades acabaram desistindo n o antes de ferrenha luta di ria de limpar o centro hist rico da cidade Diferente do que aconteceu no Rio de Janeiro os corti os baianos n o foram demolidos e nem desocupados pois a popula o residente resistiu e permaneceu defendendo o campo negro que se havia formado Essa a Salvador ou melhor a freguesia da S que o Projeto Pelourinho de Arqueologia estuda Refer ncias ATHAYDE Johildo Lopes de Salvador e a grande epidemia de 1855 Salvador Centro de Estudos Baianos da Universidade Federal da Bahia 1985 AVE LALLEMANT Robert Viagem pelas prov ncias da Bahia Pernambuco Alagoas e Sergipe S o Paulo Edusp 1980 AZEVEDO C lia Maria Marinho de Onda negra medo branco O negro no imagin rio das elites s culo XIX Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 CARVALHO Jos Murilo de Os bestializados o Rio de Janeiro e a Rep blica que n o foi S o Paulo Companhia das Letras 1987 CHALHOUB Sidney Cidade febril corti os e epidemias na corte imperial S o Paulo Companhia das Letras 1996 DAVID Onildo Reis O inimigo invis vel a epidemia na Bahia no s culo XIX Salv
109. LOS Pedro de Almeida Salvador transforma es e perman ncias 1549 1999 Ilh us Editus 2002 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Escava o da trincheira Em primeiro plano v rios dos esqueletos evidenciados PAS os quarteir es 28 e 31 entre a rua do Tijolo e a ladeira da Pra a Essa rea descrita por Sampaio 1949 p 195 vista da elevada ribanceira a que cavalgava e da grota funda hoje mais disfar ada pelas edifica es entre as atuais ruas do Tijolo e ladeira da Pra a N o existia ainda esta ltima rua pois que lhe ocupava ent o o lugar o fosso profundo que corria em descida desde o primeiro baluarte defendendo essa face nordeste da cidade murada e prolongando se at pr xima do lugar onde hoje se chama a pra a de Guadalupe Como se verifica pela descri o de Sampaio no local havia profunda depress o grot o Caracter stica que ajuda a explicar a demora de quase dois s culos para sua urbaniza o Toda essa rea passou por uma a o intensa de aterramento para propiciar o nivelamento do terreno e sua ocupa o O aterro constitu do principalmente por restos de demoli o e fragmentos de cer mica utilit ria vidro metais e ossos que serviram como base para as edifica es Najjar amp Silva 2006 2007 O quarteir o 31 conforme mapa de 1785 foi uma das ltimas reas a ser totalmente ocupada dentro da poligonal onde fica o Centro Hist rico de Salvador A iconogra
110. Miseric rdia o Convento de S o Francisco a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda e a igreja dos antigos padres da Companhia de Jesus Nascimento 1986 As mais importantes fam lias da prov ncia viviam na S at a primeira metade do s culo XIX quando a freguesia perde sua caracter stica elitista Geralmente esse processo descrito como uma passagem quase natural de uma freguesia elegante da classe alta para uma freguesia popular Parece que alarmados pelas epidemias da d cada de 1850 e em busca de melhores ares OS ricos abandonaram o centro e foram viver em suas propriedades no Rec ncavo ou mudaram se para as novas e charmosas freguesias da Vit ria e de S o Pedro passando a alugar seus im veis a uma popula o menos abastada A princ pio era oportuno para a elite alugar alguns andares de seus sobrados a funcion rios p blicos Estes tamb m viam lucros em subloc los a pobres livres libertos escravos e assim cada vez mais essa popula o perigosa se apropriava de um espa o outrora reservado elite O resultado foi a desvaloriza o dos im veis e da freguesia o dom nio das classes populares sobre aquela regi o da cidade e uma preocupa o por parte dos poderes p blicos em rela o a esses inc modos vizinhos 9 Sobre demografia e perfil social da S e das demais freguesias de Salvador ver principalmente NASCIMENTO Ana Am lia Vieira As dez freguesias da cidade de Salvador aspectos sociais e ur
111. Nesse sentido a oficina oferecida aos professores das tr s escolas locais Escola Municipal Jo o Lino Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima e Col gio Azevedo Fernandes foi pensada como f rum de debates entre profissionais da Educa o e representantes do Iphan al m de servir como momento de apresenta o do projeto de Arqueologia em curso no CHS A atividade compreendeu cinco fases minicurso sobre Arqueologia v deo sobre Arqueologia e Educa o visita a uma das casas escavadas pela equipe de Arqueologia ida ao Laborat rio de Arqueologia situado na Casa dos Sete Candeeiros uma das unidades do Iphan BA e visita t cnica ao Solar do Berqu sede do Iphan em Salvador Durante a oficina os professores reafirmaram a necessidade de se elaborar programas mais frequentes sobre o patrim nio local e sugeriram que tais a es constru das em parceria com as escolas come assem no in cio do primeiro semestre letivo e perdurassem por todo ano Todos se mostraram dispostos a trabalhar em conjunto na consolida o de projetos que alcancem todas as escolas locais 3 V deo Arqueologia vai escola uma experi ncia com escava o simulada Roteiro e apresenta o Marcia Bezerra Dire o Cadu Lopes Rio de Janeiro CPTV 2001 VHS ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Contudo h vozes discordantes E a resist ncia e o desinteresse de segmentos desse p blico escolar em rela o ao projeto de Educa o Patrimoni
112. No entanto pardos e brancos geralmente n o tinham interesse em pertencer a confrarias negras Alguns poucos brancos de destaque na sociedade eram cooptados por irmandades de cor para servirem como uma esp cie de patrono que tamb m contribu a para os fundos da confraria Essa rela o causava satisfa o al m de conferir certo status ao benem rito 17 REIS Jo o Jos A morte uma festa ritos f nebres e revolta popular no Brasil do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 1991 p 51 53 18 VIANA Larissa O idioma da mesti agem Campinas Unicamp 2007 p 157 LOCALIZA O DA IGREJA DE GUADALUPE Os pardos normalmente n o participavam dos grupos de negros Eles n o gozavam de status social e desejando adquiri lo preferiam ficar o mais distante poss vel de seu passado ligado escravid o Mesmo os pardos nascidos livres sofriam san es sociais baseadas na cor da pele e eram impedidos por exemplo de participar de confrarias ligadas a atividades profissionais por nao terem a pureza de sangue exigida por elas Entre africanos negros e estrangeiros brancos estavam os brasileiros mesti os almejando a ascens o e de certa maneira defendendo a pureza de ser nativo Segundo as teorias racistas importadas pelo Brasil no final do s culo XIX havia mais valor em ser negro ou branco puro ou Seja sem mistura com outra ra a do que ser mesti o Tentando responder a essas ideias os mesti os assu
113. Nordeste hist rico e monumental Bahia Odebrecht 1991 v IV VASCONCELOS Pedro de Almeida Salvador transforma es perman ncias 1549 1999 Ilh us Editus 2002 VIANA Larissa O idioma da mesti agem Campinas Unicamp 2007 XVI Um passado atrav s do lixo Cl udio C sar Souza e Silva Os s tios urbanos brasileiros v m sendo objeto de estudo nas mais diversas reas do conhecimento principalmente nas ci ncias sociais A Arqueologia urbana um campo relativamente novo no Brasil Foi s a partir de 1990 que alguns pesquisadores come aram a se debru ar sobre o tema de forma sistem tica Desde o ano 2000 o Programa Monumenta do MinC e do BID com apoio da Unesco vem financiando projetos de recupera o e preserva o do patrim nio cultural em 26 cidades hist ricas brasileiras protegidas pelo Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional Iphan e ao mesmo tempo promovendo iniciativas para o desenvolvimento de projetos de pesquisas arqueol gicas nas reas urbanas onde ocorrem as obras Foi o que ocorreu em Porto Alegre e Pelotas no Rio Grande do Sul Natividade no Tocantins Recife e Olinda em Pernambuco e Salvador na Bahia entre outras Dessa forma o programa contribui n o s para a recupera o e preserva o dos bens edificados mas sobretudo para promover o reconhecimento e a valoriza o do patrim nio arqueol gico urbano brasileiro Essas a es t m permitido u
114. O projeto segue tamb m os procedimentos estabelecidos no Manual de arqueologia hist rica do Monumenta lphan Najjar 2005 em busca de uma maior qualidade M i u e produtividade para o desenvolvimento da pesquisa arqueol gica dentro dos projetos de restaura o arquitet nica A pesquisa arqueol gica partiu da an lise dos im veis como unidade m nima de observa o visando compreender o todo onde o urbano o foco principal mas n o o nico Nosso objetivo foi entender como se deu a forma o daquela rea estabelecendo as etapas e respectivos modos de ocupa o Em resumo nosso enfoque centrou se no estudo da urbaniza o da rea atrav s dos tempos mas sem deixar de observar a presen a dos indiv duos que constru ram aquela cidade chamamos a aten o para uma parte da rea de pesquisa que det m testemunhos do primeiro n cleo da cidade de Salvador fundada no s culo XVI o que determina um longo intervalo temporal a ser investigado A partir do aporte te rico metodol gico adotado do levantamento hist rico e dos primeiros meses de pesquisas alguns questionamentos e pressupostos foram levantados como bases para o desenvolvimento do projeto e necess rio desvelar as rela es de classes por meio da cultura material observando como os agentes sociais representativos da sociedade soteropolitana do per odo estudado s culos XVI a XXI se relacionavam e ex
115. OGIA NO PELOURINHO procedimentos ligados urbaniza o em suas diferentes possibilidades consiste na utilizac o de m todos arqueol gicos para compreender processos espec ficos de desenvolvimento urbano Envolve ver a cidade tanto como ambiente como objeto de pesquisa Staski 1982 p 96 97 Na primeira perspectiva o autor se refere Arqueologia da cidade outra perspectiva trata da Arqueologia na cidade que individual e n o diz respeito necessariamente a processos ligados ao meio urbano e n o toma a cidade como objeto de pesquisa Consiste em enderecar qualquer quest o de pesquisa em um assentamento urbano Envolve ver a cidade como um ambiente tal como um vale ou um deserto Staski 1982 p 96 97 Inspirados por essas linhas de interpreta o entendemos que para al m de uma Arqueologia da cidade ou na cidade compreender os espa os urbanos nos seus diversos momentos hist ricos requer estudos interdisciplinares que contemplem m ltiplos olhares Assim pensar o urbano a partir do vi s arqueol gico interpretar o passado observando e aprendendo no presente As rugosidades espaciais enquanto cultura material encontram se no presente disseminadas por todas as partes da cidade Dessa forma n o h como desassociar os dois tempos Da a import ncia de entender os espa os urbanos como s tios vivos em movimento onde o passado e o presente est o lado a lado
116. OLOGIA NO PELOURINHO eclesi sticos Reis 1991 p 30 A fam lia portuguesa dos Azevedo Fernandes aparece em documentos hist ricos do per odo como propriet ria de im veis e terrenos na S inclusive nas imedia es da Capela de Guadalupe bem poss vel que elementos da configura o social at aqui discriminada fizessem parte da Irmandade de Nossa Senhora de Guadalupe Reis 1991 p 54 cita para a d cada de 1830 o rico negociante portugu s Jos Coelho Maia natural do Porto como um dos seus membros Ainda n o foi localizada nenhuma documenta o referente ao estatuto da irmandade contudo sabe se que mesti os estariam entre os seus membros como apontam Reis 1991 p 54 e Silva 2000 p 30 A Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe As irmandades eram associa es leigas dedicadas devo o de algum santo cat lico fundadas em rela es sociais hier rquicas e cujos membros mantinham la os de solidariedade entre si Desde o per odo colonial 14 APMS c mara of cios e requerimentos obras municipais orcamento caixa 03 15 Diversos historiadores e antrop logos t m apresentado um conceito para irmandade Segundo Jo o Jos Reis as irmandades eram associa es corporativas no interior das quais se teciam solidariedades fundadas nas hierarquias sociais 1991 p 51 Larissa Viana define irmandade como institui es de aux lio comunit rio dedicadas as obras de
117. PEC O AMPLA 20 um REGISTRO CADABTRAL DETALHADO 20 VIDOTOIJNONV IG OHNHINOTId OLI OUd E _ 4 DOS m DIS er js E rm MX UNE ARTT Loo j 1 75 T e Servid o em im vel da rua S o Francisco em etapa final de recu M Pr dio anexo ao Liceu Evidenciac o da base 20 de funda o para pilares O livro O presente livro considerado pela equipe do projeto como um dos principais produtos do Projeto Pelourinho de Arqueologia pois fruto da consolidac o de parte consider vel dos dados produzidos e sobretudo seu principal ve culo de divulga o para o grande p blico Desde o in cio vimos exposto o projeto em v rios congressos e semin rios nacionais e internacionais cumprindo obriga o de discutir o conhecimento produzido com nossos pares Entretanto faltava ainda a apresenta o de seus resultados sistematizados para a parcela da popula o diretamente envolvida Temos consci ncia de que n o s ela mas a popula o brasileira em geral apesar dos esfor os dos arque logos brasileiros ainda se pergunta para que serve a Arqueologia Essa pergunta formulada por todos em particular pelos que participaram do processo das escava es seja a popula o afetada pelo projeto ou os profissionais envolvidos na 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador uma vez que raramente t m cont
118. PRO GER 1 Lu PIA N ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO PR OF Mm MEON Mi EN ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Cr ditos Presidenta da Rep blica do Brasil Dilma Rousseff Ministra de Estado da Cultura Ana de Hollanda Presidente do Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional Coordenador Nacional do Programa Monumenta Luiz Fernando de Almeida Coordenador Nacional Adjunto do Programa Monumenta Robson Ant nio de Almeida Diretoria do Iphan Andrey Rosenthal Schlee C lia Maria Corsino M rcia Helena Gon alves Rollemberg Maria Em lia Nascimento Santos www iphan gov br www monumenta gov br www cultura gov br A772 Arqueologia no Pelourinho Organizado por Rosana Najjar Bras lia DF Iphan Programa Monumenta 2010 288 p il color 23 __ Registro 3 ISBN 978 85 7334 176 8 1 Arqueologia Bahia 2 Pelourinho Najjar Rosana Il T tulo Ill S rie CDD 930 Coordena o editorial Sylvia Braga Edi o Caroline Soudant Organiza o Rosana Najjar Copidesque e Denise Costa Felipe Revis o Ana L cia Lucena Gilka Lemos Design gr fico Ronald Neri Fotos Nelson Kon Sylvia Braga Projeto Pelourinho de Arqueologia do Programa Monumenta Iphan Apresenta o Com esta nova publica o temos o prazer de registrar o trabalho de pesquisa arqueol gic
119. R profundidade de 1 3m LIT 128 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO COIROLO A D BOKSAR R B In Arqueologia de Tierras Bajas Comisi n Nacional de Arqueologia Ministerio de Educaci n y Cultura Montevideo Uruguay 2000 p 207 226 DANIELS J J Surface Penetrating Radar London The Institution of Electrical Engineers 1996 DANIELS J 1 ROBERTS R VENDL M Ground Penetrating Radar for the Detection of Liquid Contaminants Journal of Applied Geophysics 1995 n 33 p 195 207 DAVIS J L ANNAN A P Ground Penetrating Radar for High Resolution Mapping of oil and rock stratigraphy Geophysical Prospecting 1989 n 37 p 531 551 GRANDJEAN G GOURRY J C BITRI A Evaluation of GPR Techniques for Civil Engineering Applications Study on a Test Site Journal of Applied Geophysics 2000 n 45 p 141 156 JOL H M SMITH D G Ground Penetrating Radar Antenna Frequencies and maximum Probable Depths of Penetration in Quaternary Sediments Journal of Applied Geophysics 1995 n 33 p 93 100 KRUK J van der SLOB E C FOKKEMA J T Background of Ground Penetrating Radar Measurements Geologie en Mijnbouw 1999 n 77 p 177 188 MANZANILLA L BARBA L CHAVEZ R TEJERO CIFUENTES G amp PERALTA N 1994 Caves and geophysics an approximation to the underworld of Teotihuacan Mexico Archaeometry 36 141 157 MASON R J 1984 An Unorthodox Magnetic Survey of a Large Forested His
120. Senhor Diretor Illustrissimo Excelentissimo Senhor Tendo chegado em tal ponto com o desentulho do rio das Tripas em que he indispens vel passar por quintaes particulares remover cercas e muros profundar e alargar o aluveo do mencionado rio e depositar nas margens o resultante material contra a opposi o brutal de quase todos os Rua da Vala atual J J Seabra Baixa dos Sapateiros Salvador 1875 Sampaio 2005 0 79 Ferro de passar roupas 44 propriet rios cumpre me levar ao conhecimento de Vossa Excel ncia que n o podendo mais resistir aos insultos e ameacas pessoaes como acabei de soffrer hontem me foi forcoso parar a obra at nova disposi o e en rgicas providencias que devo reclamar das competentes authoridades Deos guarde Vossa Excel ncia Bahia 25 de novembro de 1846 Jo o Baptista Ferrari Bahia 25 de novembro de 1846 Respondido em 13 de janeiro de 1847 Procurando montar um panorama da infraestrutura da freguesia da S ao longo do s culo XIX um dos locais mais atingidos pelas epidemias que assolaram a Bahia no per odo foram utilizados os 5 de documentos sobre epidemias medidas sanit rias higiene e limpeza da cidade das s ries Limpeza p blica e Inspetoria de higiene do Apeb que trouxeram algumas informa es sobre os moradores dessa freguesia como demonstra o documento abaixo 14 ARQUIVO P blico do Estado da Bahia doravante APEB se o colonial s rie
121. TA IPHAN lente com areia de praia lavada e material malacol gico rolado pisos de ch o batido argamassa de barro e cal DIC 2 e DIC 1 Considerac es finais Os dep sitos tecnog nicos constru dos identificados no Pelourinho associados arqueologia hist rica constituem rara oportunidade para a constata o de alguns procedimentos culturais e ambientais utilizados nos s culos XVII e XVIII como a reutiliza o intencional de res duos de material de constru o uma vez que esse tipo de dep sito indica intencionalidade assim como procedimentos de altera o da paisagem visando ocupa o urbana semelhantes ao que ocorre atualmente nas cidades brasileiras de porte m dio a grande Outra quest o que tamb m se apresenta o volume Figura 12 a zs Perfil d de rejeitos utilizados Considerando a espessura m dia M d parede norte de quatro metros inferida dos dep sitos de 52 000 da segmento 2 Poligonal da rea das Obras Civis da 7 Etapa obt m se sess o C e D r T di E E E Ei lir SAB TCA 21 de puri ra qu cubrrio care cal um valor aproximado de 208 000m Relatos hist ricos indicam que a cidade foi reconstru da por volta de 1625 ap s a reconquista pelos portugueses e espanh is podendo estar a a origem de parte dessa consider vel quantidade de re
122. UMENTA IPHAN Em vermelho delimita o da rea da pesquisa arqueol gica Em amarelo tracado das canaliza es identificadas pela Arqueologia Inserc es em fotografia a rea de 2007 Fonte Google Earth 76 IV Desce esgoto Os canos reais outros canos do Centro Hist rico Luiz Antonio Pacheco de Queiroz Catarina Menezes Ferreira A partir das pesquisas arqueol gicas podemos descobrir uma vasta gama de vest gios materiais da presen a humana que n o se limitam aos conhecidos pelo senso comum como fragmentos de cer micas ou ru nas Estruturas ligadas s edifica es tamb m merecem ser objeto da Arqueologia como o caso da malha de canos de escoamento encontrada durante nossas investiga es As escava es para o Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 74 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta Iphan ou Projeto Pelourinho de Arqueologia levaram identifica o de canaliza es de grande porte e das respectivas liga es secund rias enterradas em profundidades variadas ver Najjar e Silva 2006 e 2007 Podemos dizer que essas estruturas 1 Denominamos canaliza es os conjuntos de canos ou galerias utilizados como estruturas de drenagens fluviais destinadas condu o de guas pluviais e de guas servidas formam um conjunto complexo de vias subsuperficiais por onde pelo menos desde o s culo XVIII realizavam se a drenagem de c rregos e a condu
123. a Prospec es estratigr ficas dos rebocos realizadas para identificar os materiais e t cnicas aplicados apresentaram um resultado bem interessante que podemos considerar o in cio de uma pesquisa de rebocos tradicionais no Centro Hist rico de Salvador Rebocos tradicionais encontrados e Reboco tipo 01 com alto conte do de xido de ferro que d a cor vermelha acentuada onde foi utilizada a argila como material aglutinante um percentual baixo de cal e areia como aglomerado e Reboco tipo 02 uma primeira camada de emboco de 12mm com um conte do de argila areia e cal nesse caso com maior quantidade de cal como aglutinante e areia como aglomerado com superf cie queimada Como acabamento h estuque de cal possivelmente com um percentual de gesso com v rias camadas de caia o e Reboco tipo 03 composto por uma camada de emboco de aproximadamente 30mm uma granulometria maior de areia s lice contaminado com material de origem marinha e um PROGRAMA MONUMENTA IPHAN pequeno percentual de argila e como argamassa de acabamento uma camada de 5mm de areia e cal Foram encontradas v rias camadas de pintura mural nas paredes internas acompanhando o desenvolvimento da marca deixada no reboco pelas escadas de madeira e em ambientes a uma altura aproximada de 1m do piso do andar As pinturas representam almofadados e m dulos retangulares simples e geom tricos n o t m um grande academici
124. a es sobre o que chamava de condi es sub humanas da vida de sua popula o Mas n o assumiu sua pr pria responsabilidade e a de seus representantes pela omiss o que levou a tal estado de coisas Na d cada de 1990 a diretoria geral do Ipac tinha o Centro Hist rico como um caso grave e para ela casos graves e extremos necessitam de interven es radicais objetivas que estabele am as condi es de sobrevida em todas as suas fun es Programa de Recupera o 1995 p 12 O Programa de Recupera o realizado a partir de 1992 foi dividido inicialmente em quatro etapas e assim como projetos anteriores para a localidade n o incluiu de forma respons vel os moradores como agentes vivos e engrenadores das melhorias e de seus futuros benef cios A quest o que o Programade Recupera o tinha que ser iniciado e trazia como quest o fundamental a requalifica o reocupa o da rea A requalifica o proposta pelo Governo do Estado da Bahia com seu Plano de A o Integrada n o deixou clara a manuten o dos moradores considerando que estes eram segmentos considerados problema na escala de valores sociais dominantes Programa de Recupera o 1995 p 20 Com base nesse tipo de argumenta o tudo levou a uma esp cie de assepsia social que acabou por afastar os moradores de seus im veis At porque seguindo os crit rios do Programa para o desenvolvimento satisfat rio ser
125. a capital 1877 tabeli o lvaro Lopes da Silva livro n 525 18 ARQUIVO P blico Municipal de Salvador doravante APMS Fundo c mara livro de posturas da C mara Municipal 1837 1847 p 17 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO dos c modos e discuss es acerca dos dispositivos legais que norteavam a constru o civil no in cio do s culo XX na Bahia A seguir a avalia o e descri o de um im vel com seu respectivo mobili rio contido no invent rio de Quintino Ol mpio dos Santos datado de 1911 Um sobrado de n mero trinta e nove sito rua 28 de Setembro distrito da S edificado em terreno pr prio medindo seis metros de frente dividindo se em loja um andar e s t o a loja com porta e uma janela tem duas salas um quarto cozinha e quintal murado e toda cimentada o andar nobre com porta de entrada independente tem tr s janelas com sacadas de ferro duas salas e tr s quartos sendo todo forrado esse andar o s t o com tr s janelas para o telhado da frente tr s para o do fundo tem duas salas e um quarto tudo de telha van constru do o pr dio sobre paredes dobradas da caixa do edif cio e singelas as divis rias divide se de um lado com a casa de Joaquim Gon alves Maia e do outro com propriedade de Jos Lopes sobrado descrito este que por estar carecendo de consertos o avaliaram em oito contos de r is 8 0005 M veis existentes no sobrado n mero trinta e nove rua 28 de Setembro
126. a de Guadelupe p 195 A ocupa o dos fundos dos vales no Brasil deu se principalmente por popula es de baixa renda ao que parece impossibilitadas de adquirir terrenos urbanizados de custo elevado No caso do Pelourinho estruturas dimens es e t cnicas construtivas de muitas resid ncias edificadas sobre aterros indicam um consider vel poder aquisitivo de seus moradores Essa realidade pode estar associada a um estresse urbano gerado pelo esgotamento dos terrenos localizados nas vertentes ou interfl vio por quest es financeiras ou uma nova tend ncia de ocupa o da paisagem Esses aterros atualmente podem ser classificados como dep sitos tecnog nicos originados a partir da atividade humana e que t m sua defini o em trabalhos desenvolvidos por pesquisadores como Chemecov 1983 Sergeev 1980 1984 Kowalski 1984 e Ter Stepanian 1988 No Brasil destacam se os trabalhos de Oliveira 1990 1994 Rohde 1996 e Peloggia 1998 a b Oliveira 1994 classifica os dep sitos tecnog nicos em constru dos aterros bota foras etc induzidos resultantes da ocupa o desordenada do solo e modificados lan amento de adubos no solo etc Peloggia 1999 e Nolasco 2002 tamb m apresentam classifica es com base em Oliveira 1994 Cunha 2002 Rubin 2003 2004 e Rubin et al 2007 2008 caracterizaram os dep sitos tecnog nicos na rea urbana de Goi nia associando os aos principais 3 As cita
127. a dom stica Como forma de se manter na freguesia da S apesar da rigidez imposta pela regulamenta o do espa o da cidade e pelo controle do regime escravista esses trabalhadores definiam pontos estrat gicos para a realiza o de suas atividades Os locais onde ofereciam OS servi os chamados cantos eram bem demarcados e organizados pelos pr prios trabalhadores Nas proximidades da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe existiam alguns cantos bastante movimentados Conforme Costa 1991 p 24 alguns deles situavam se na rua da Ajuda atr s da cadeia ladeira de S o Bento rua do Cabe a Baixa dos Sapateiros canto da rua da Vala rua do Guadalupe e pra a do Guadalupe pra a dos Veteranos Ali eles trabalhavam como vendedores ambulantes de doces frutas peixes tecidos ou como carregadores artes os lavadeiras engomadeiras entre outras atividades Muitos dos escravos de ganho e libertos moravam na S em quartos alugados Segundo Reis 1991 p 30 algumas fam lias de brancos habitavam os andares t rreos e superiores dos sobrados enquanto os por es eram ocupados por escravos e libertos que serviam a essa parcela da sociedade soteropolitana Al m desses espa os eles podiam habitar tamb m edifica es de menor porte como as diversas casas de taipa existentes nas freguesias centrais Costa 1991 p 22 25 Um interessante detalhe dessa configura o do espa o habitado por escravos e libertos na S
128. a e mestre em Hist ria Social pela Universidade Federal da Bahia UFBA Integrante da equipe de Hist ria do Projeto Pelourinho de Arqueologia alanefraga yahoo com br Alberto Beovides Bonachea Arquiteto pela Universidad Central de Las Villas UCLV Cuba e especialista em Restaura o e Conserva o de Monumentos e Conjuntos Hist ricos Cecre UFBA Integrante da equipe de Arquitetura do Projeto Pelourinho de Arqueologia albertobeovides yahoo es Alexandre Colpas Administrador tecnico em Arqueologia e responsavel pelo Nucleo de Arqueologia Nuar da Superintend ncia do Iphan na Bahia Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia alexcolpas yahoo com br Anderson Silveira Analista de Sistema e consultor de tecnologia doutorando em Ci ncias Sociais pela Universidade Federal da Bahia UFBA Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia Respons vel pela Base de Dados andsilveira uol com br Catarina Menezes Ferreira Historiadora pela Universidade Cat lica do Salvador UCSAL e t cnica pesquisadora em Arqueologia Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia catarinamenezesf gmail com Claudio C sar de Souza e Silva Gedgrafo e arquedlogo especialista na area de Educa o Ambiental e Patrimonial pela Universidade Cat lica de Goi s UCG Coordenador local do Projeto Pelourinho de Arqueologia ccesargyn yahoo com br D bora Bacelar Bastos Historiador
129. a facilitar o acesso dos visitantes muitos deles seus familiares O grupo foi guiado pelas reas de escava o onde p de conhecer os procedimentos empregados no trabalho as ferramentas utilizadas e os resultados obtidos Em seguida os moradores foram levados at uma bancada na qual puderam ver e manusear os diversos materiais encontrados Os relatos sobre o local e sobre os objetos coletados contribu ram para a confirma o das distintas fun es da casa no passado resid ncia escola e lavanderia As reminisc ncias que afloraram ainda que permeadas pelas quest es presentes e relativas viol ncia trouxeram imagens das casas de alguns deles n o necessariamente aquelas em processo de restaura o mas as suas casas on ricas Bachelard 2008 p 32 primordiais O espaco desenhado pela mem ria n o se limita s paredes da unidade dom stica mas se prolonga pelas calcadas onde a lembranca coletiva um emaranhado de hist rias particulares costuradas e conectadas a um dado espaco constru do por relac es sociais estabelecidas ao longo de d cadas No PROGRAMA MONUMENTA IPHAN passado as ruas no CHS eram apropriadas como parte do universo da casa Um lugar ocupado por um grupo de moradores que viviam parte de seu cotidiano nas cal adas como se estivessem em casa DaMatta 1997 p 55 A amea a de perda desses espa os e dessas lembran as em centros urbanos como o CHS s pode ser revertida
130. a motivos geom tricos em diagonal com uma cruz no centro de cada ladrilho com faixa enquadrada em linhas e cubos na cor azul em diferentes tonalidades No sal o evidencia elementos geom tricos em vermelho sobre fundo branco e uma faixa em grega de igual cor No restante dos locais pisos mais cl ssicos inteiramente em preto e vermelho formam composi es lineares e em xadrez Conforme o referencial te rico anteriormente abordado entende se que esse im vel foi ocupado por uma fam lia com mais recursos financeiros figuras 9 a 15 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN A il F 3 po f i i d a X F a Fa Ao ul mm i a prm F 1 j 4 1 d 1 Fe s a F mm FK 4 q F 9 f q 1 i si O f Fi uin Ji pir il LT f q H 4 4 si k Kom b od 1 d ning Cd n d dem md Ir i i F ISTIS A k JP k d j q F f 4 j i j ha um T F em m om gt 7 3 i 1 7 A J i J Ni T P p mu m Ee wu Qm 2 pr Fr h LL 1 as ue k ye m id f 1 J L Af
131. a na rea da 72 Etapa do Projeto de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Enquanto o Programa Monumenta restaurava 76 im veis multifamiliares do Pelourinho para neles promover a fixa o dos pr prios moradores do bairro coube tamb m ao Iphan realizar a pesquisa arqueol gica da rea que abrangeu 11 quarteir es totalizando em torno de 52 300m O Projeto Pelourinho de Pesquisa Arqueol gica n o se ateve rea da 7 Etapa do Projeto de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Incluiu se ainda o terreno adjacente poligonal da pesquisa no Quartel do Corpo de Bombeiros Naquela rea fomos surpreendidos pela descoberta de vest gios de funda es que muito provavelmente pertenceram Capela de Nossa Senhora de Guadalupe erigida em 1776 pela Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe e demolida em 1857 O Projeto Pelourinho teve in cio em mar o de 2006 e durou quatro anos e meio Seu principal objetivo foi diagnosticar e pesquisar no solo da rea em recupera o os vest gios deixados pelas sucessivas ocupa es que sofreu desde os prim rdios da coloniza o O Iphan no entanto teve sempre em perspectiva a necessidade de incluir a popula o local no processo de pesquisa e restauro buscando valorizar sua rela o de pertencimento e responsabilidade com o Centro Hist rico Este registro elaborado pelos diversos profissionais envolvidos no trabalho d conta dos numerosos e imbricados aspectos qu
132. a necessidade do asseio dos p ntanos e das guas empocadas s margens do rio das Tripas A proposta era aproveitar o lixo das varreduras das ruas e jog lo nos locais com ac mulo de gua parada e em seguida utilizar o solo est ril retirado do Campo da P lvora para cobrir esse lixo Para finalizar o empreiteiro manifesta sua preocupa o frente insalubridade se referindo utiliza o do lixo e a reporta aos profissionais da sa de para que deem seu parecer Interessante foi constatar por mais de uma vez durante as pesquisas que realizamos perfis estratigr ficos 2 APEB se o colonial fundo presidente da prov ncia s rie obras p blicas 1847 1849 ma o 4879 e 1825 1851 ma o 4882 s rie inspetoria de higiene 1855 1889 ma o 5613 s rie limpeza p blica 1854 1889 ma o 1612 s rie ju zes de paz 1836 ma o 2686 e 1836 ma o 2686 3 APEB se o colonial fundo presidente da prov ncia s rie limpeza p blica 1854 1889 ma o 1612 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN semelhantes ao contexto descrito no documento citado onde os materiais seguiam a ordem proposta lixo coberto por solo est ril O aterro enquanto artefato O aterro observado na rua S o Francisco foi exaustivamente pesquisado durante as escava es nas casas 37 39 e 41 da rua 28 de Setembro ver figura 4 local onde primeiro encontramos o aterro tecnog nico com 9m de profundidade confirmado por prospec o geol gica uma realid
133. a pecha que impedia o progresso e a ordem da recente rep blica A imigra o de europeus em especial arianos alem es demonstra a preocupa o com a no o de civiliza o e branqueamento da popula o uma tentativa em parte frustrada mas largamente defendida e isso o que nos importa aqui Sampaio defende que n o bastavam medidas higi nicas se permaneciam os costumes populares Sabemos que no Rio de Janeiro pr ticas usuais africanas como variolizac o eram preferidas pelas camadas populares em detrimento da vacina preconizada pelos m dicos e autoridades A obrigatoriedade desse ltimo procedimento levou pessoas comuns a uma postura vacinof bica de revolta contra essa imposi o oficial e defesa dos costumes populares que certamente prevaleciam nos corti os e bairros pobres Nosso engenheiro entendia que medidas higi nicas significavam mais que gua e esgoto segundo ele era na vigil ncia dos costumes das classes pobres que consistia a higiene a civiliza o e o progresso Engenheiros m dicos autoridades p blicas pol cia todos estavam de olho nos corti os 20 Segundo Sidney Chalhoub varioliza o ou inocula o do pus vari lico consiste na pr tica de aplicar o pus gerado pelas bexigas pr prias da var ola no bra o de seres humanos e retir lo ap s alguns dias Essa pr tica era baseada na ideia de que da pr pria fonte do flagelo surge a possibilidade da purifica o e da cura Ver CHA
134. a pela Universidade Federal da Bahia UFBA Integrante da equipe de Hist ria do Projeto Pelourinho de Arqueologia bastos debora ig com br Gabriele Viega Garcia Graduanda em Arqueologia pela Universidade Cat lica de Goi s UCG e t cnica em Geoprocessamento pelo Cefet MT PAS PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 294 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Gelvam A Hartmann F sico pelas Faculdades Integradas de Palmas mestre em Geof sica pelo Instituto de Astronomia Geof sica e Ci ncias Atmosf ricas da Universidade de S o Paulo IAG USP doutorando em Geof sica pelo IAG USP na rea de Arqueomagnetismo Consultor do Projeto Pelourinho de Arqueologia gelvam iag usp br Geovana Frois Rocha Graduanda do Curso Superior em Decora o da Universidade Federal da Bahia UFBA Integrante da equipe de Arquitetura do Projeto Pelourinho de Arqueologia geovanafrois gmail com Gisela Tapioca de Carvalho Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia UFBA especialista na rea de educa o de crian as e jovens projetos de forma o e qualifica o de educadores e profissionais de reas afins atuando tamb m na rea de educa o e audiovisual Integrante da equipe de Educa o Patrimonial do Projeto Pelourinho de Arqueologia giselatapioca yahoo com br Jea Paulo Lima Historiador com habilitac o em Patrim nio Cultural e especialista em Hist ria Social e Educa o pela Universidade Cat lica do Sa
135. a que teve o Governo em mira o Supplicante pede a Vossa Excel ncia defferimento a esta sua preten o Bahia 22 de setembro de 1877 Antonio Joaquim Cardoso de Castro A pesquisa arqueol gica encontrou um n mero consider vel de galerias subterr neas passando pelos quintais ou sob a estrutura de diversas casas Essa configura o foi representativa principalmente nas casas 37 39 e 41 da rua 28 de Setembro O material construtivo das galerias variou entre pedras tijoleiras e gr s principalmente O di metro dessas estruturas tamb m variou sendo que as de maior di metro foram classificadas pelos arque logos como galerias prim rias visto que outras de menor di metro galerias secund rias eram a elas ligadas Para entender as circunst ncias de implanta o desse processo e a ocupa o dessa rea recorremos documenta o referente s obras no sistema de abastecimento de gua e de esgoto tanto no arquivo estadual como no municipal Encontramos relat rios e projetos para saneamento da cidade e uma s rie de discursos sobre salubridade urbaniza o e embelezamento de Salvador luz das maiores cidades europeias Nesses projetos tamb m se acham refer ncias sobre a prec ria rede de esgotos da poca final do s culo XIX e in cio do s culo XX composta pelos chamados canos reais constru dos ainda no s culo XVII que passavam por algumas ruas quase 22 APEB se o colonial s
136. ac es Geol gicas Ltda rinaldo geopesquisa com Rosana Najjar Arque loga pela Universidade Est cio de S especialista em Arqueologia pelo Museu Nacional mestre e doutora em Arqueologia pela Universidade de S o Paulo USP e assessora de Arqueologia da Superintend ncia do Iphan do Rio de Janeiro Coordenadora do Projeto Pelourinho de Arqueologia rosananajjaregmail com Rosicl r Theodoro da Silva Arque loga pela Universidade Est cio de S mestre em Hist ria pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE doutora em Geoci ncias pela Universidade Estadual Paulista J lio de Mesquita Filho Rio Claro e professora na Pontif cia Universidade Cat lica de Goi s UCG Consultora do Projeto Pelourinho de Arqueologia silva rosiclero gmail com 229 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 296 Samuel Gordenstein Arque logo bacharel em Estudos Latino Americanos pela Vassar College EUA mestre em Arqueologia Hist rica pela Universidade de Massachusetts Boston EUA e doutorando em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia UFBA Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia Samgordenstein hotmail com Taise Ane Santana Graduanda em Administracao pela Faculdade 2 de Julho e em Pedagogia pela Faculdade Social da Bahia Atua nas areas de Gestao do Conhecimento e Modelagem de Dados Integrante da equipe da Base de Dados do Projeto Pelourinho de Arqueologia taise_ane12 gmail com
137. ada inclusive a borda e encontrava se no segmento central da parede leste figuras 3 e 4 O vasilhame 2 foi encontrado rente a outro pilar a quatro metros do vasilhame descrito anteriormente Estava fragmentado e assentado com o fundo voltado para cima A fragmenta o provavelmente ocorreu em fun o de uma perturba o p s deposicional A IN AT O vasilhame 3 foi localizado a dois metros do vasilhame 2 tamb m rente parede abaixo do piso de tijoleira junto ao contrapiso de argamassa de argila de cor laranja 5 Ne E gt va J T cm E Processo de identifica o e an lise das pe as ul Am Artefatos em vidro Nelson Kon O contexto de deposi o dos tr s vasilhames nos parece claro Os recipientes cer micos foram colocados no contrapiso de argila durante a implementa o do piso resultando num aprofundamento do solo A h UM para acomodar a forma do vasilhame O contrapiso depois foi tapado junto com os vasilhames com o assentamento dos tijolos do piso logo acima Parece nos que a inten o foi esconder os vasilhames abaixo do piso O fato de serem tr s artefatos todos colocados no mesmo momento de constru o do piso rente parede leste e pilares de sustenta o do im vel refor a a ideia de que o assentamento foi intencional N o
138. ade at o presente in dita para a Arqueologia hist rica brasileira 4 Realizada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia Fachadas das casas 37 39 e 41 rua 28 de Setembro ou rua do Tijolo 274 Essas tr s casas nos mostraram duas realidades distintas de construc o dos terrenos e diferentes modos de construc o das casas nesse contexto A casa 37 foi edificada sozinha entre ela e a de n mero 35 existe uma servid o somente depois de estar pronta foi erguida a vizinha casa 39 A casa 37 tem por o baixo e localiza se numa cota originalmente mais alta do que as das duas outras subsequentes O fato que confirma a sucess o das constru es a presen a das duas fachadas laterais cegas coladas respectivamente as da casa 37 e 39 Ou seja a parede lateral da casa 39 foi constru da encostada da casa 37 j existente inclusive suas funda es s o tamb m distintas No geral a sucess o de constru es nem sempre pode ser observada a partir das fachadas mas na maioria das vezes notada a partir do telhado que pode ter uma emenda aparente Somente as prospec es de parede e funda es nos d o a certeza da sucess o de constru es As casas 39 e 41 muito prov vel de um mesmo propriet rio foram constru das ao mesmo tempo As escava es apontam para o fato de a casa 43 tamb m ter sido edificada simultaneamente s outras Entretanto n o pesquisamos esse im vel pois n o
139. adeira localiza o do muro Outro elemento de interesse foi a evolu o do n cleo primitivo a partir de 1549 Teodoro Sampaio 1949 3 Sobre essa discuss o ver CARNEIRO Edison A cidade do Salvador 1549 uma reconstitui o hist rica 2 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1980 SAMPAIO Teodoro Hist ria da funda o da cidade de Salvador Bahia Beneditina 1949 e SOUZA Gabriel Soares de Tratado descriptivo do Brasil em 1587 3 ed S o Paulo Companhia Editora Nacional 1938 DA RAHI NT tamb m traz informa es interessantes sobre in cio das constru es na cidade As casas de princ pio se constru ram todas t rreas feitas de taipa de m o e somente coberta de palma As fortifica es de entorno fizeram se tamb m de pau a pique semelhan a das cercas ou estacadas em uso nas aldeias do gentio Lu s Dias mestre de obras em carta de 1551 afirmava estarem conclu das as obras mais importantes da cidade Oito casas e o que menos tem d o seis casas s o as dez de taiparia que as outras s o de parede de m o e de madeira e barro e feno por ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO conseguinte pequena era a ocupa o na cidade alta mesmo no recinto fortificado Na amostra foram indicadas as casas j existentes em agosto de 1551 as quais foram constru das nas quadras resultantes da loca o de ruas feita pelo mestre das obras da cidade n 1 Nas mesmas quadras
140. ador Edufba 1996 NASCIMENTO Ana Am lia Vieira As dez freguesias da cidade de Salvador aspectos sociais e urbanos do s culo XIX Salvador Funda o Cultural do Estado da Bahia 1986 REIS Jo o Jos A morte uma festa ritos f nebres e revolta popular no Brasil do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 1991 Domingos Pereira Sodr um sacerdote africano na Bahia do s culo XIX Revista Afro sia n 34 p 237 313 2006 Salvador Centro de Estudos Afro Orientais Ufba EN Domingos Sodr um Sacerdote Africano escravid o liberdade e candombl na Bahia do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 2008 22222 Rebeli o escrava no Brasil A hist ria do levante dos mal s 1835 S o Paulo Companhia das Letras 2003 REIS Nestor Goulart Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial S o Paulo Edusp 2000 SAMPAIO Consuelo Novais 50 anos de urbaniza o Salvador da Bahia no s culo XIX Rio de Janeiro VERSAL 2005 SCHWARCZ Lilia Moritz O espet culo das ra as cientistas institui es e quest o racial no Brasil 1870 1930 S o Paulo Companhia das Letras 1993 SEVCENKO Nicolau A revolta da vacina mentes insanas em corpos rebeldes S o Paulo Brasiliense 1984 TAVARES Luis Henrique Dias Hist ria da Bahia Salvador Correio da Bahia 2000 WIED NEUWIED Maximiliano pr ncipe de Viagem ao Brasil S o Paulo Companhia Editora Nacional 1940 12 PROGRAMA MON
141. ador em Arqueologia Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia luizpachecoqa gmail com M rcia Bezerra de Almeida Arque loga pela Universidade Est cio de S mestre em Hist ria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ doutora em Arqueologia pelo Universidade de S o Paulo USP e professora da Universidade Federal do Par UFPA Consultora do Projeto Pelourinho de Arqueologia mabezerra terra com br Marcia Labanca Administradora especialista em Metodologia do Ensino Superior pelas Faculdades Integradas Olga Mettig FAMETTIG BA Integrante da equipe da Base de Dados do Projeto Pelourinho de Arqueologia labancamarcia ig com br Railson Cotias da Silva Historiador com concentra o em Patrim nio Cultural pela Universidade Cat lica do Salvador UCSAL e t cnico pesquisador em Arqueologia Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia railsoncs gmail com Ricardo Ivan Ferreira da Trindade Gedlogo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte doutor em Geofisica pela Universidade de Sao Paulo USP Defendeu Livre Doc ncia na USP e concluiu dois p s doutorados em Toulouse e Paris VII Franca Professor do Departamento de Geof sica da USP rtrindad iag usp br Rinaldo Marques Graduado em Geofisica pela Universidade de Sao Paulo USP mestre em Recursos Minerais e Hidrogeologia do Instituto de Geoci ncias da USP e diretor da empresa Geopesquisa Investig
142. ados positivos frutos de sua atuac o profissional dentre outros fatores fazem com que o professor adoeca Alevato 1999 nos mostra que a desesperanca leva parte consider vel dos docentes a sofrer em menor ou maior grau da S ndrome de Burnout que induz ao aparecimento de in meras doen as dos nervos card acas Comofazer para que um projeto de Educa o Patrimonial interesse a esse professor concreto que no geral ganha mal trabalha muito doente e desestimulado N o adianta a equipe do projeto ter boas inten es e acreditar que seu trabalho importante se n o consegue atrair os professores para uma parceria O trabalho de Educa o Patrimonial no Pelourinho deparou se com essa quest o Ao todo at o final de 2009 participaram de alguma atividade do projeto Professores das tr s escolas reunidos para assistir palestra de Educa o Patrimonial 191 192 Material distribu do aos professores aproximadamente trinta professores de um total de 51 nas tr s escolas parceiras do projeto Esse n mero parece razo vel se analisado de forma absoluta mas ainda pequeno considerando se que v rios participaram somente de uma atividade pontual n o se envolvendo de forma mais org nica com o projeto Um dos fatores que pode com o tempo vencer em parte essa resist ncia tem rela o com o pr prio escopo conceitual do projeto quando aponta para uma vis o freireana de educa
143. adrado com o vidro inutilizado 283 284 e Dois quadros com figuras e Uma cama de vinh tico francesa com lastro de palhinha e Umaoutra cama com lastro de t buas e Uma mesa antiga para jantar e Umamarquesa O im vel foi levado a leil o em 1912 e arrematado por Ant nio Fernandes da Costa pela alt ssima quantia de 14 contos de r is Deparamo nos com Ant nio Fernandes da Costa endere ando um abaixo assinado ao Illustre Cidad o Dr Intendente Municipal em 1914 onde requisitava libera o para construir no mesmo sobrado 39 uma cozinha e um banheiro com latrina O pedido foi autorizado mas o propriet rio deveria impermeabilizar a rea de acordo com as orienta es sanit rias da poca revestindo as paredes internas dos c modos at a altura de 1 5m com placas de azulejo ou reboco de cimento al m de ladrilhar ou cimentar as paredes ao redor do fog o at altura de 2m e assim tamb m o rolo em roda do fog o quanto chamin deveria ter pelo menos 2m acima do telhado da casa mais alta da circunvizinhan a Essas eram as exig ncias da intend ncia municipal institui o que equivale atualmente prefeitura municipal Nos livros de registro de pagamento de imposto predial de 1915 Isaura de Oliveira Fernandes aparece como 3 APEB se o judici ria s rie invent rios doc 01 366 708 06 p 39 4 APMS Abaixo assignado de Antonio Fernandes da Costa ao llustrissimo Senhor Intende
144. agem de dados 3 Pegistro de um dom nio relativo ao espa o reservado 4 Linguagem de manipula o de dados 5 Linguagem recurso para apresenta o da interface de dados A figura 1 mostra a tela inicial da interface web destinada ao acesso ao banco de dados do Projeto Pelourinho Tal interface permanece acess vel por meio da web e a navega o ocorre por meio dos c digos HTML e PHP comuns a boa parte das p ginas publicadas na internet PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Essa interface por sua vez tem o prop sito de servir de superf cie de integra o entre as camadas associadas ao banco de dados quais sejam dados filtros de acesso e restri o e interface A superf cie de integra o em web preenche o objetivo de equacionar aspectos t cnicos cr ticos com a efic cia da gest o das informa es Nesse sentido podemos afirmar que se trata de uma ferramenta de tecnologia da informa o fundamental tanto para o gerenciamento de dados quanto para o planejamento de a es futuras com base nos cen rios observados em consultas e relat rios gerados automaticamente pelos recursos dispon veis A integra o da base de dados est ancorada na constru o de um sistema cuja finalidade articular o amplo rol de dados vinculados aos trabalhos desenvolvidos pela equipe do projeto de forma a viabilizar e ou potencializar a produ o de novos conhecimentos Tal sistema se constitui a um s tempo como um instrument
145. ainda n o explorou devidamente Essa nova vis o de tempo hist rico levou a Arqueologia a rever seu papel no estudo dos s tios urbanos Da combina o da Arqueologia com a Hist ria teremos a Arqueologia urbana cuja fun o pode ser assim definida de acordo com Galini 1998 o papel da Arqueologia urbana passou a ser o de ir al m das primeiras impress es remontar mais longe do que permitem fazer a Geografia hist rica e a Hist ria do espa o edificado aproximando os elementos que est o acima do solo dos que nele est o enterrados Conforme Pesez 1990 os historiadores e arque logos nunca se preocuparam em formular um conceito definitivo para cultura material limitando se a definir o campo de pesquisa e os m todos empregados no estudo da vida material Para eles o nome j definiria a ideia de cultura material pois o conceito s tem valor se tiver utilidade pr tica PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Pesez 1990 ent o prop e uma defini o de cultura material A cultura material tem uma rela o evidente com as injun es materiais que pesam sobre a vida do homem e s quais o homem op e uma resposta que precisamente a cultura a cultura material faz parte das infraestruturas mas n o as recobre ela s se exprime no concreto nos e pelos objetos Em suma a rela o entre o homem e os objetos sendo ali s o pr prio homem em seu corpo f sico objeto material pois o homem n o pode estar ausent
146. ajuste a um dipolo ideal enquanto o equador magn tico definido pela linha cuja inclinac o do vetor magn tico nula variando de maneira n o uniforme em fun o da complexidade do campo magn tico terrestre Os polos e o equador geomagn tico e magn tico deveriam coincidir se o campo fosse dipolar e geoc ntrico Mas este n o o caso e cerca de 10 a 20 do campo na superf cie da Terra de natureza n o dipolar Merrill et al 1998 Assim na m dia o campo dipolar pode responder por at 90 da intensidade total do campo terrestre Em fun o das diferen as e complexidades do campo magn tico da Terra s o necess rios modelos que permitam melhor descrev lo no tempo e no espa o Atualmente as medidas diretas do campo s o realizadas continuamente por meio de observat rios e sat lites Como a orienta o magn tica foi o m todo mais utilizado durante o per odo das grandes navega es h registros de dados magn ticos direcionais distribu dos globalmente que fornecem uma boa descri o da varia o secular As primeiras medidas de declina o foram feitas pelos navegadores em torno de 1590 as medidas de inclina o iniciaram se no come o do s culo XVII e as medidas de intensidade total come aram a ser realizadas apenas por volta de 1835 Jonkers et al 2003 Al m PROGRAMA MONUMENTA IPHAN P lo Sul magnetico dos dados obtidos por meio P lo Norte ueomagn etica de medidas di
147. al e de Arqueologia ficaram evidentes N o obstante as tentativas frustradas de estabelecer contatos e marcar reuni es com alguns representantes da comunidade escolar entendemos que reduzir a situa o ao n vel acusat rio em que o professor aparece como o respons vel pela nega o introdu o de novas ideias atitude simplista e redutora das quest es que envolvem a identidade da escola como comunidade e dos professores como indiv duos desse grupo Fischmann 2002 p 99 chama a aten o para o fato de que se espera que professores e diretores das escolas tenham as suas fronteiras permanentemente abertas Segundo ela isso pode explicar o porqu de a escola ter uma for a inegavelmente centr fuga afinal quem suporta viver como se n o fosse um ser em si Isso implica o desenvolvimento de programas de longa dura o com base na pesquisa etnogr fica para entender as rela es de poder cristalizadas no cotidiano escolar As reflex es acad micas de uma pesquisa dessa natureza podem ser aplicadas na solu o do problema de distanciamento das quest es patrimoniais locais da sala de aula Do contr rio tratamos de mem ria patrim nio identidade perten a mas esquecemos que a escola tamb m produtora de cultura Popkewitz 1992 De olho no ch o O t tulo acima dado a uma atividade que iremos comentar inspirado na fala de um dos jovens moradores que trabalhou com a equipe de Arqueologia d
148. al estudado e descri o geral das amostras Data o estimativas de idades em termos de contextos Intervalo de S idade AD Descri o geral Hist Arg 0 2 Tijolos de colora o vermelha argila de granula o Etnologia 1 e 2 MAE1 2 Tijolos J arg 9 S X 1556 1591 Salvador BA grossa com presenca de quartzo Igreja Mem de S IMS Tolos Tijolos de colora o vermelha argila de granula o X X 1561 1591 Salvador BA grossa com presenca de quartzo Tijolos de colora o vermelha argila de granula o co aoe fina telhas de argila vermelha granula o grossa X X 1590 1620 Salvador BA e telhas com presen a de quartzo Pra a da S 1 SE1 Tijolos Tijolos de colora o vermelha argila com X X 1600 1650 Salvador BA e telhas granula o grossa com presen a de quartzo Pra a da S 2 SE2 Tijolos Tijolos de colora o vermelha argila de granula o X X 1650 1700 Salvador BA e telhas grossa com presen a de quartzo Museu de Arte Sacra MAS tolos Tijolos de colora o clara argila de granula o X 1666 1686 Salvador BA grossa com presenca de quartzo Solar Berqu SB Tijolos de colorac o escura a vermelha argila de X 1691 1693 Salvador granulac o grossa com presenca de quartzo Farol da Barra 2 FB14 2 Tijolos Tijolos de colora o clara a vermelha argila de X 1696 1702 Salvador BA granulac o grossa com presenca de quartzo Casa n mero 6 C06 Jiles Tijolos de
149. anas em posi o de enterramento prim rio e crist o Segundo a bibliografia especializada at a segunda metade do s culo XIX era comum o enterramento em igrejas principalmente dos membros das irmandades CORTE CO ARQUEOLOGIA 0 T E a a 0 5 ESCALA THO Planta esquem tica do forno e corte da casa 33 rua Guedes de Brito 20 Escravos carregadores de gua no chafariz do largo Dois de Julho Fins do s culo XIX Sampaio 2005 p 107 24 As igrejas tamb m se a enterrar os indigentes deixados em suas portas o que no caso da Capela de Guadalupe perfazia um total de 796 dos enterros ocorridos por ano na freguesia da S Ap s exaustiva pesquisa em s ries documentais referentes religi o bens da lgreja irmandades testamentos obras em igrejas e na rua da Vala conseguimos reunir alguns documentos que apontam a localiza o do pr dio da capela e confirmam a posi o dos enterramentos voltados para a atual ladeira da Pra a Ou seja provavelmente a Capela de Guadalupe tinha sua entrada voltada para a ladeira da Pra a fundo para a antiga rua do Tijolo atual rua 28 de Setembro e lateral esquerda voltada para a antiga rua da Vala atual avenida J J Seabra Tamb m tivemos acesso aos testamentos de alguns membros da irmandade entre irm os patronos e pardos que nela exerceram diversos cargos na tentativa de tra ar o perfil da entidade seu poder
150. anta o da malha urbana podem e devem ser entendidos como artefatos E sobretudo entendidos como constitu dos a partirda cultura material descartada sendo eles pr prios um segundo momento de descarte desses artefatos mas agora revestidos por uma nova fun o Humberto Eco 1971 p 204 215 pode ajudar no desafio de entender os aterros quando define que a cultura material tem sua fun o primeira que no caso dos aterros a de aterrar e suas fun es segundas ou seja todos os outros significados atribu dos aos artefatos al m de sua fun o prec pua As fun es segundas dos aterros ainda precisam ser definidas Nossas pesquisas est o em andamento e esperamos ao final determinar algumas delas Os materiais constituidores dos aterros s o todos identific veis e dat veis mas infelizmente ainda n o nos foi poss vel estabelecer a origem desse material O que nos impede de aprofundar as quest es relativas a quem os produziu e utilizou ou como e por que foram descartados As cole es de artefatos m veis derivadas das pesquisas na rea da 2 Etapa v m predominantemente dos aterros e formam um enorme conjunto de 400 mil pe as composto por todas as categorias conhecidas Merecedoras de especial aten o s o as cole es cer micas v treas e sseas muito numerosas em particular a cer mica que soma 250 mil pe as para o total dos 63 im veis pesquisados e al m de numerosa tamb m bastante complexa
151. aquisitivo e de agrega o da comunidade local etc Outra demanda do projeto qual a pesquisa hist rica deu suporte est relacionada com as escava es realizadas no im vel 39 da rua 28 de Setembro onde houve o resgate de um pequeno vasilhame com um ovo dentro Segundo o relato de um morador do Centro Hist rico trata se de uma pr tica ligada tradi o 26 Sobre o tema ver cap tulo XV ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO africana para a prote o da resid ncia Sua data o foi estimada com base em consulta feita ao invent rio de Quintino Ol mpio dos Santos de 1911 no qual se relata a exist ncia de um piso de cimento e a escava o mostrou que o artefato foi depositado antes desse piso A partir do cruzamento dessas informa es podemos presumir ou pelo menos limitar a data de coloca o desse artefato no im vel antes de 1911 A descoberta abriu um universo at ent o pouco desvelado pelas pe as desenterradas pela arqueologia a presen a negra na rea de pesquisa Conclu da a etapa de coleta de dados pretendemos nos dedicar a sua an lise junto com as equipes de arqueologia e arquitetura N o intentamos chegar a quaisquer proposi es nesta etapa da pesquisa pois os dados coletados ainda n o foram devidamente analisados Conclus o A pesquisa hist rica relacionada a pesquisas arqueol gicas e arquitet nicas consiste em grande desafio para o historiador No entanto a possibilidade de auxiliar
152. armos vest gios culturais de grupos sociais que n o deixaram seus registros documentados por escrito e que portanto n o est o nos nossos livros de Hist ria Nesses casos o desafio da Arqueologia conseguir localizar e registrar os vest gios da cultura material desses grupos contextualizando os no tempo espa o quando e onde foram deixados A combina o desses dados alinhavados e sistematizados pode revelar h bitos e comportamentos sociais que trazem tona uma hist ria ainda desconhecida Para o arque logo alcan ar esse grau de detalhamento fundamental que ele consiga conhecer os processos de forma o dos dep sitos arqueol gicos Nelson Kon Geralmente em reas urbanas esses dep sitos arqueol gicos possuem alt ssima concentra o de cultura material e encontram se localizados em lugares com fatores de degrada o bastante distintos tornando se um grande desafio contextualiz los no tempo espa o Nessa empreitada para desvelar as problem ticas da pesquisa arqueol gica outras dados dessas outras reas do conhecimento processados e disciplinas s o essenciais Os advindos associados aos arqueol gicos ajudam por exemplo a realizar diagn sticos mais r pidos e precisos permitindo selecionar reas que apresentam refugos mais bem preservados e portanto com maior potencial para serem investigadas Acreditamos que apenas por meio do estudo das complexas rela es sociocul
153. arquitetura religiosa da Bahia foi palco da devo o a Nossa Senhora de Guadalupe Perfil social da freguesia da S Em Salvador at o in cio do s culo XIX n o havia uma separa o r gida entre bairros nobres e populares A cidade baixa abrigava o porto e a freguesia da Concei o da Praia a maior daquela parte da cidade era o local das transa es comerciais e territ rio dos vendedores aut nomos A cidade alta abrigava freguesias residenciais como Santo Ant nio Passo Santana S o Pedro e residenciais administrativas como a S a mais populosa de todas 7 APEB se o colonial governo da prov ncia religi o irmandade da capital 1847 1889 ma o 5249 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN A antiga freguesia da S local onde estava situada a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe e sua irmandade at meados do s culo XIX concentrava em seus limites a administra o p blica da cidade Tamb m possu a n mero significativo de pr dios religiosos dentre eles o mais importante a Igreja da 56 Na freguesia da S estavam localizadas a C mara Municipal a Casa da Moeda o Pal cio do Governo e tamb m a Santa Casa da Miseric rdia Mas al m de abrigar a administra o e os templos cat licos essa freguesia era um amplo espa o de moradia K tia Mattoso e Ana Am lia Nascimento analisaram o censo de 1855 efetuado dois anos antes da demoli o da Capela de Guadalupe para tra ar um perfil da popula o res
154. as foi imposta uma quarentena a todos os navios procedentes de reas afetadas e a neutraliza o de focos insalubres de Salvador Para isso estabeleceram se tr s frentes a comiss o de higiene se responsabilizaria por acabar com o lixo das praias e pracas a municipalidade faria a limpeza das ruas e demais lugares p blicos a pol cia agiria nas casas e quintais particulares O fato que essas medidas n o surtiram efeito e a doen a se espalhou com grande rapidez como salientou David 1996 p 45 Era como se o s culo XIX na Bahia houvesse se dividido ao meio antes e depois do ch lera morbus que nela se desencadeou em 1855 As lembran as daquele ano s o marcadas pelo medo e horror diante da peste epid mica o que se deveu principalmente ao grande n mero de mortos A Bahia j havia passado por outros surtos como o de febre amarela febre tif ide e var ola sem falar das constantes febres intermitentes da t sica e do sarampo Mas o c lera foi sem d vida a epidemia mais dram tica de todas Em julho de 1855 a mol stia j fazia v timas em v rias freguesias da capital Na freguesia da S entre a popula o livre o c lera foi respons vel por 83 8 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO das mortes observadas em setembro Nos nove meses da epidemia as maiores v timas foram os pardos livres homens e mulheres de 30 a 40 anos e os escravos dos engenhos do O flagelo causou a falta de v veres
155. as respectivas subcategorias Como a anterior a tela inicial desse relat rio possui o cone busca avan ada para a consulta e cruzamento de dados conforme a necessidade da pesquisa figura 6 Por fim h uma op o intitulada quadra Rel Esse link proporciona uma vis o panor mica dos objetos encontrados com suas respectivas categorias subcategorias e quantidades figura 7 Como j foi dito anteriormente as possibilidades n o est o esgotadas visto que o banco de dados Figura 4 B ZA permanece indefinidamente em amadurecimento Consulta EM EA As implementa es futuras sobretudo em termos de espec fica total de pe as recursos costumam partir de solicita es dos usu rios encontradas N o obstante algumas atualiza es se devem ao e cadastradas d Ivi d T BEST pr prio desenvolvimento das tecnologias tanto em determinado termos de softwares quanto de hardware im vel rea do s tio Considera es finais A constru o da interface web site representa uma importante etapa do processo de consolida o Vil Ue Sateen Bia de dados Por meio dela se organizam os n veis de relacionamento das informa es com os usu rios rigor o conhecimento gerado a partir das experi ncias Na parte superior direita da tela inicial desse mesmo de tais usu rios na utiliza o dos recursos do site Nesse 136 relat rio encontra se o
156. as com a nobreza refinada de sua fam lia Na rea que estudamos com o esvaziamento das classes abastadas durante a primeira metade do s culo XIX Nascimento 1986 e influenciados pela opul ncia arquitet nica de pr dios como os da antiga Faculdade de Medicina e do Tesouro Estadual uma parcela da popula o de poder aquisitivo mais modesto que aos poucos passou a residir na regi o e que ainda nela ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO permanecia durante as primeiras d cadas do s culo XX come a a utilizar o ladrilho hidr ulico como forma de ostentar uma condi o econ mica que na realidade n o possu a Provavelmente esses moradores imitavam o gosto das classes altas e estas ltimas usavam a decora o as vestimentas as joias etc justamente como s mbolos de distin o social A presen a do ladrilho poderia tamb m ter outros significados A decis o de colocar ou n o azulejos seria um reflexo de fatores ligados identidade tnica por exemplo e n o a quest es de classe Num bairro com grande porcentagem de moradores com ascend ncia africana poss vel perceber outros s mbolos dessa cultura na moradia assim como os de uma cultura gestada no Brasil mas formada por elementos africanos N o pretendemos aprofundar as formas de morar na frica mas sabemos que provavelmente na cultura dos povos africanos independentemente do poder aquisitivo as formas de impressionar os vizinhos ou clientes eram
157. as eram acessadas a partir dela Tal fato aponta para um grande tr fego de pessoas provavelmente escravos e servicais uma vez que era na parte posterior das casas que ficavam as reas de servico e dep sito Portanto essas reas que foram tanto de passagem como de conv vio t m hoje um elevado potencial arqueol gico cujos vest gios est o depositados em grande profundidade e sob as camadas de aterros tecnog nicos uma nova realidade dif cil de ser observada in loco A partir dos resultados apresentados esperamos ter deixado clara a import ncia dos aterros para a constitui o do urbano daquela por o do Centro Hist rico de Salvador Para finalizar abordamos o terceiro tipo de aterro tecnog nico identificado Sua caracter stica ainda mais instigante pois ele existe inserido nos outros aterros S o camadas culturais ou bols es tamb m constitu das por vest gios culturais m veis mas com uma peculiaridade que salta aos olhos seu grau de integridade S o pe as quase inteiras associadas a sedimento mais escuro preto e mido Os materiais inteiros sugerem menos fluxos de movimenta o at sua deposi o final o que nos leva a considerar que essa camada seja proveniente de lix o formado em condi es distintas dos que serviram de fonte aos outros dois aterros Esses tr s diferentes aterros portanto face a suas constitui es afora a fun o de domar a natureza em prol da impl
158. as p blicas conhecidas como posturas e seu descumprimento seria punido com multas e ou pris o Sendo o infrator escravo seu dono seria responsabilizado O fato que essas posturas municipais eram constantemente desobedecidas e as pessoas acumulavam montes de res duos nas ruas focos de insetos e de mau cheiro Em rea de com rcio a situa o era mais grave os fardos os cestos os caix es e barricas com mercadorias se abrem publicamente nas ruas e a palha os objetos inutilizados que serviam para a embalagem de todos os res duos ali ficam nas ruas ou se lan am nelas os armaz ns tavernas lojas e botequins com rar ssimas exce es todos se varrem e o cisco vai logo para as ruas as guas servidas e urinas ou se despejam nos lveos das cal adas ou se atiram das janelas dos hot is e restaurantes as cascas de frutas e mariscos as garrafas vidros e lou as quebradas se lan am nas ruas os gatos galinhas ratos p ssaros e todos os animais mortos ossos e carca as igualmente se lan am nas ruas 26 SAMPAIO Consuelo Novais 50 anos de urbaniza o no s culo XIX Rio de Janeiro Odebrecht Versal 2005 p 76 77 241 242 Toda a cidade necessitava de obras de esgoto e limpeza medidas que fizessem a cidade parecer moderna aos moldes europeus com ruas amplas limpas e arejadas Para tanto come aram a ser executadas algumas obras como o alargamento de ruas e o embelezamento de pra as mas tamb m
159. assentadas sobre DIC a mais de tr s metros de profundidade em relac o camada de asfalto atual Encontram se alinhadas em paralelo a uma dist ncia regular de cinco metros Provavelmente s o vest gios da antiga Capela de Nossa Senhora de Guadalupe O Projeto de Pesquisa Arqueol gica considera tanto o DIC quanto as estruturas arquitet nicas evidenciadas como superartefatos produzidos pelo homem em um determinado tempo e espa o Alguns vest gios culturais m veis como faian as e moedas recuperadas e previamente analisadas apontam para a constru o dessas estruturas durante a segunda metade do s culo XVIII o que coincide com as informa es encontradas nos registros hist ricos para ocupa o da rea Tamb m foram encontrados durante as escava es em v rios pontos do p tio ossos humanos enterrados articulados e bem preservados mostrando uma ordena o em suas posi es configurando se como sepultamentos prim rios Associados a esses esqueletos acharam se vest gios culturais como contas de colares presilhas bot es etc que ajudaram na identifica o Em outras ocorr ncias os ossos apresentaram se amontoados e sem articula o entre si s vezes envelopados por uma camada de cal Os enterramentos identificados durante a escava o da trincheira encontravam se entre 0 90m e 1 20m de profundidade cobertos por DIC Foram recuperados 12 indiv duos todos enterrados aparentemente obedecendo s regras
160. atas surpresas como a verifica o de que muitos envolvidos na rebeli o eram em algum per odo moradores em ruas da regi o alvo do Projeto Pelourinho A seguir um documento da s rie Ju zes de paz 15 APEB se o colonial s rie inspetoria de higiene 1888 1889 ma o 5617 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO llustr ssimo Excelent ssimo Senhor Por me constar que alguns moradores desta Freguesia ainda conservam em seu poder armas que no dia 4 de Maio receber o no Trem do Noviciado apesar dos Bandos e Ordens que se tem publicado para que os entregassem aos Juizes de Paz respectivos passei esta manh a dar busca acompanhado do escriv o deste Ju zo e auxiliado pelo Comandante da Pol cia com 12 soldados em 3 casas mais suspeitas a 1 na rua do Tijolo aonde mora o crioulo Victorino Joaquim carpina e nella achei 1 arma 1 patrona com 4 cartuxos 5 balas 1 martelinho 1 baioneta e 1 cintur o e por isso mandei o recolher a cadeia a minha ordem e agora mesmo o vou passar ao Desembargador Ouvidor Geral da Coroa a quem passo a dar parte remetendo o competente termo de achada para proceder conforme a Lei grifo nosso 16 APEB se o colonial s rie juiz de paz 1830 1831 ma o 2681 N do Ny Propriet rio im vel Rua 28 de setembro Rua 28 de setembro Rua 28 de setembro Rua 28 de setembro Rua 28 de setembro PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Jos de Azevedo Fernandes Constantino Jos Gon
161. ateral direto entre refletores de alta amplitude e de baixa amplitude figura 9 Do TILT ind nm omg SI Figura 8 Se es GPR mostrando padr es de reflex o relacionados a interfaces geol gicas encontradas na rea estudada lines ed piu 124 interface geol gica ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO rea 1 casas 27 e 29 rua Guedes de Brito Nos perfis GPR 2D as principais anomalias hiperb licas s o interpretadas e relacionadas aos alicerces das constru es superficiais evidenciadas no local As anomalias manifestadas nesse local s o identificadas no mapa de anomalias da rea figura 10 N o foram encontrados padr es de anomalias relacionados a fei es arqueol gicas subterr neas be FI u T ama d F Laj i dd rapa lr e Dhi mihi F Ir ia ai interfer ncias PROGRAMA MONUMENTA IPHAN rea 2 casa 35 rua Guedes de Brito Nos perfis GPR 2D notam se algumas anomalias hiperb licas que s o reas de potencial ocorr ncia de artefatos arqueol gicos Na parte mais a leste da rea ocorre uma zona de forte atenuac o do sinal eletromagn tico podendo ser relacionada ao aumento da condutividade el trica do meio Essa zona deve indicar o aumento da quantidade de argila no meio e ou alguma estrutura arqueol gica soterrada As anomalias D F liii L Ed d a
162. ateriais e estruturas dentre outros vest gios arqueol gicos de forma r pida e sem intervenc es danosas tornando as escavac es mais eficientes e com menores custos Assim surgem novas pesquisas com equipamentos cada vez mais sofisticados na tentativa de se interpretar quantitativamente as informa es geo f sicas geradas por diferentes propriedades f sicas obtidas em prospec es arqueol gicas Mason 1984 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Coirolo 2000 Nas investigac es geof sicas aplicadas arqueologia a interpreta o deve ser feita levando se em conta todo o conjunto de integra o de dados Essa uma forma de se fazer valer as informa es e credit las permitindo a interpreta o de reas arqueol gicas com maior seguran a Objetivo Neste trabalho foi realizado um levantamento geof sico ao partir do m todo eletromagn tico GPR com o objetivo de avaliar de forma indireta a subsuperf cie e fornecer subs dios que auxiliem na identifica o de fei es arqueol gicas soterradas tais como vest gios de edifica es e estruturas arqueol gicas diversas As reas investigadas situam se no Centro Hist rico de Salvador tamb m conhecido como Pelourinho figura 1 X SET CO PF Errem BIS Figura 1 Mapa de anomalias identificadas na rea 3 Pelourinho Salvador 119 120 Figura 2 a Desenho esquem tico do processo de aquisic o de dados
163. ato com as hist rias produzidas a partir da Arqueologia ou seja com os resultados sistematizados e palp veis Essa quest o tem origem perversa baseada na aus ncia de informa es desde o ensino b sico brasileiro sobre o que Arqueologia e qual seu papel como mais uma fonte de produ o de conhecimento a respeito do nosso passado O livro busca portanto apresentar a todos os p blicos numa linguagem sempre que poss vel descomplicada alguns resultados das pesquisas a partir de cap tulos com conte dos espec ficos mas que no conjunto de sua leitura oferecem uma vis o geral do conhecimento produzido por meio da Arqueologia A seguir mostramos como foi o desenrolar das pesquisas aproveitando para sempre que oportuno remeter a cada cap tulo do livro O in cio At o in cio dos trabalhos nenhuma arqueol gica de f lego sobre a implanta o do urbano pesquisa da cidade alta fora desenvolvida Assim nosso projeto carecia de informa es que nos auxiliassem a formular quest es A partir dessa realidade e objetivando uma melhor compreens o da rea de estudo sob o ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO vt k e a cum ponto de vista da Arqueologia optou se pelo uso de procedimentos te ricos e metodol gicos que subsidiassem o estabelecimento de indaga es a serem respondidas e ao mesmo tempo permitissem uma avalia o pr via dos est gios da ocupa o espacial da rea onde hoje fica o
164. banos do s culo XIX Salvador Funda o Cultural do Estado da Bahia 1986 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN O espaco f sico da S assim como o de toda a cidade era comprimido ruas estreitas casas amontoadas principalmente as t rreas com portas e janelas dando para as vias p blicas a maioria na cidade As casas de andares com varandas fechadas por r tulas cobertas por um telhado faziam com que as vias p blicas ficassem escuras e desagrad veis para quem passasse por elas Wied Neuwied 1940 Av Lallemant 1980 Sup e se que havia uma disputa acirrada pela moradia nas reas centrais da cidade principalmente da freguesia da S talvez explicada pela dificuldade de transporte e necessidade de estar pr ximo dos locais de trabalho Os sobrados resid ncias de fam lias de alta renda eram todos iguais Segundo Nascimento 1986 poderiam ter de um a quatro andares Nos divididos em v riosfogos j desdeot rreo existiamaslojas habita es onde viviam pessoas mais pobres geralmente negros agregados dos propriet rios Na maioria das vezes esses 10 Era a impress o registrada por diversos viajantes que visitaram as ruas de Salvador Ver WIED NEUWIED Maximiliano pr ncipe de Viagem ao Brasil S o Paulo Companhia Editora Nacional 1940 e AV LALLEMANT Robert Viagem pelas prov ncias da Bahia Pernambuco Alagoas e Sergipe S o Paulo Edusp 1980 Revolta da Vacina Rio de Janeiro caricatura d
165. bertos e escravos de ganho que tinham autoriza o de seus senhores para dormirem fora de casa e eventualmente africanos livres De maneira geral a popula o negra estava aglomerada nos corti os e estalagens cariocas ocupando assim o centro da capital Os corti os perseguidos pelas autoridades policiais e administrativas desde sua expans o no Rio ap s 1850 e nascedouros de criminosos e rebeldes al m de focos as d cadas de 1860 eram considerados de doen as e foram alvo de medidas de controle social principalmente durante os per odos de epidemia culminando com a pol tica de demoli o desses espa os como no caso do c lebre corti o carioca Cabe a de Porco Chalhoub 1996 p 15 20 O discurso sanitarista em muito contribuiu para as pol ticas de reorganiza o do espa o urbano quando defendia o exterm nio das habita es coletivas nos centros das cidades considerando os empecilhos difus o de 3 O Cabe a de Porco foi um dos maiores corti os do Rio de Janeiro demolido em 1893 h bitos civilizados como as vacinas e tratamentos oferecidos pelos m dicos s doen as epid micas O epis dio conhecido como Revolta da Vacina ocorrido no Rio de Janeiro em 1904 ilustra bem a luta das classes perigosas pela preserva o de seus h bitos e pr ticas populares de cura e do seu espa o de moradia contra o saber m dico do in cio do s culo XX Nenhuma outra revolta popular desse feitio foi vista n
166. bertos ou escravos que alugavam os por es de sobrados vizinhos Voltando aos dados apontados por Nascimento 1986 p 68 percebe se que a freguesia da S em meados do s culo XIX ainda abrigava classes abastadas da sociedade s que seu perfil social e econ mico come ava a se transformar existia uma popula o pobre que cada vez mais ocupava o espa o central da cidade A S da segunda metade do s culo XIX vai mudando suas fei es ganha diversos pontos comerciais assim como passa a abrigar o grosso da popula o baiana artes os livres alforriados escravos funcion rios burgueses e nobres Mattoso 1992 p 440 Fora os poucos privilegiados que residiam ou apenas passavam uma temporada na freguesia da S a comunidade era formada por empregados do servi o p blico e eclesi stico comerciantes de m dio e pequeno porte 9 Ver cap tulo Ill quitandeiros e vendedores ambulantes advogados sapateiros pintores m sicos e outros mais a parcela africana e afrodescendente A pr pria configura o das fam lias residentes podia ser variada incluindo algumas vezes pessoas de cor e condi o jur dica diversas al m de agregados e escravos o exemplo da casa de n mero 49 no Pelourinho onde residia uma fam lia composta por um portugu s casado com uma crioula e tr s filhos pardos J na rua do Aljube muito perto da extinta Capela de Guadalupe residia um m sico solteiro em compan
167. caridade e prote o social e material de seus pr prios membros em especial 2007 p 37 Renato da Silveira define como organiza es volunt rias monetarizadas com j ias e anuidades nas quais os pr prios participantes sob supervis o oficial encarregavam se da sele o dos integrantes da dire o e manuten o do culto podendo assumir al m das PROGRAMA MONUMENTA IPHAN essas instituic es funcionaram como um elemento de distinc o social e material para seus membros e agrupavam pessoas de acordo com o status social naturalidade cor da pele sexo atividade profissional e origem tnica ou nacional Esses crit rios de sele o eram estabelecidos atrav s dos compromissos que eram um conjunto de regras submetidas aprova o da Coroa portuguesa e geralmente determinavam os direitos e as obriga es dos confrades A irmandade encarregava se de garantir o funeral cat lico a seus membros al m de auxili los em momentos de dificuldades inclusive financiando a compra da liberdade no caso das irmandades de negros Tamb m oferecia assist ncia m dica e jur dica Em contrapartida exigia bom comportamento pagamento de anuidades arrecada o de fundos para a constru o e manuten o do templo organiza o das festas do padroeiro dos cortejos f nebres al m das obriga es devocionais As irmandades deviam funcionar em uma igreja que lhes reservava um dos altares laterais at conseguir fu
168. casas mais modestas segundo Rainville 1880 era comum o emprego de barro batido de argamassa de gesso para locais sem a presen a de umidade de argamassa de cal de formig es de argamassa de cimento e areia e de camadas de asfalto lan adas sobre o cal amento de tijolos O ladrilho hidr ulico tamb m conhecido como ladrilho de cimento ou ladrilho mosaico foi muito utilizado no in cio do s culo XX Era assente entre argamassa de cal de cimento ou bastarda argamassa que utiliza como aglomerantes o cimento e a cal sobre a qual enquanto ainda fresca lan ava se imediatamente antes do assentamento do ladrilho uma fina camada de cimento proporcionando uma pel cula superficial de maior resist ncia e com maior poder de ader ncia utilizado tanto em pisos exteriores como nos internos em edifica es t rreas e sobrados dos edif cios de diversos pavimentos Segurado 1914 De acordo com Albuquerque 1942 o revestimento de argamassa de cimento e areia alisado a colher destinado 1 Os formig es consistiam de uma camada executada com cacos de pedras socados sobre os quais lan ava se uma camada de argamassa produzida pela mistura de cal saibro e sangue de boi devidamente nivelada e alisada a pisos internos estava sendo abandonado devido dificuldade de limpeza ficando seu uso restrito s reas externas sendo a empregado com superf cie spera Para as reas internas esse material foi substitu do pelo
169. cialmente para o projeto Seu objetivo ainda al m da necessidade de cumprir a legisla o foi o de fazer um retrato da rea da 74 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de O NZ amp 0 U ZA Salvador sob o prisma da Arqueologia para melhor compreender a ocupa o do que hoje conhecemos como Centro Hist rico A cidade de Salvador foi a primeira capital do Brasil sendo seu Centro Hist rico tombado como Patrim nio Hist rico brasileiro desde 1984 e reconhecido pela Unesco como Patrim nio Cultural da Humanidade a partir de 1985 A numerosa equipe que desenvolveu a pesquisa durante os quatro anos e meio de sua dura o contou com a participa o de profissionais e consultores de diferentes reas al m de membros da comunidade local nos anexos consta a lista completa da equipe Essa interdisciplinaridade caracter stica b sica do projeto nos mostrou os caminhos que permitiram entender a complexidade da rea objeto da pesquisa A poligonal da rea de pesquisa abrange um total de 11 quarteir es totalizando em torno de 52 300m e engloba obras em im veis degradados que foram ou ainda ser o recuperados a pesquisa arqueol gica terminou mas as obras ainda continuam atendendo a cinco programas de habita o popular que somados v o oferecer 76 im veis multifamiliares Toda a rea encontra se em avan ado processo de arruinamento e est tomada pelo com rcio e consumo de crack e pela pr
170. cidade pelo menos at o in cio do s culo XX Conforme diversos documentos n o havia certeza dos locais por onde as galerias passavam bem como do estado delas A seguir um desses documentos citado na ntegra llustr ssimo Senhor demorei a solu o do que me fora incumbido a respeito do mau estado do esgoto dos quintaes do quarteir o de casas fronteiro ao Aljube e sobre o meio de remediar esse mal 1 porque sob a denomina o de beco ou rua do Fidalgo me custou a atinar com a localidade Depois do exame reconheci que esse esgoto que vai ter a rua da Valla saindo nele logo atras da igreja de Guadalupe em uns lugares correndo a descoberto e em aguas sob cano e a conservando se em deplor vel estado essa parte da Cidade precisa de uma medida dispendiosa mas indispens vel para se poder executar qualquer 67 99 melhoramento radical essa medida consiste na remo o da parte que for indispens vel do esterquilineo existente ao longo desse esgoto para que se possa limpar o cano por onde parte do esgoto se faz para que depois de limpo possam ser examinados a linha do esgoto e o cano com o fim de completa lo ou reforma lo em todo caso no da rua da Valla onde a descoberto esse esgoto tem hoje sa da A execu o desta proposta exigir alem do cano outros trabalhos acess rios assim como a supress o ou alargamento de alguns becos ao longo ou atrav s do referido esgoto A medida provis ria que se pode t
171. co de dados atrav s de p ginas da internet A decis o final pelo PHP tamb m foi baseada no fato dessa linguagem dispensar pagamentos de licen as royalties e dispor de documenta o na internet J para o item 5 especificamente voltado para a constru o da interface web foi utilizado uma ferramenta chamada PHPRunner 4 1 Tal ferramenta permite um ganho significativo em produtividade no que tange ao processo de concep o planejamento e implementa o de banco de dados on line Al m disso o PHPRunner 4 1 promove uma integra o mais consistente entre as camadas que comp em o projeto poss vel automatizar tarefas t cnicas cansativas e de elevado potencial de erro ao serem feitas manualmente Ainda assim a utiliza o do PHPRunner 4 1 n o dispensa o bom conhecimento em PHP MySQL bem como em modelagem avan ada de dados Enfim uma importante ferramenta para uso profissional O item 5 revela precisamente a interface web para a consolida o de dados Ou seja a interface promove a integra o de todos os itens anteriores em uma nica superf cie de acesso Por outro lado tal consolida o de dados nos termos efetivos deve ser considerada como um processo permanente de ajustes revis es atualiza o e desenvolvimentos Uma determinada interface reflete um momento espec fico das atividades de um grupo Entretanto espera se um inevit vel amadurecimento de todas as inst ncias relacionadas ao banco de dados
172. com a a o do grupo Para Bosi p 452 Destru da a parte de um bairro onde se prendiam lembran as da inf ncia do seu morador algo de si morre junto com as paredes ru das Mas a tristeza do indiv duo n o muda o curso das coisas s O grupo pode resistir e recompor tra os de sua vida passada A conviv ncia com esse grupo ao longo dos meses do projeto sugere que a recomposi o f sica da paisagem por si s n o pode mudar o curso das coisas pois as coisas existem em rela o s pessoas Como afirma Halbwachs 2004 143 mas se as pedras se deixam transportar n o t o f cil modificar as rela es que s o estabelecidas entre as pedras e os homens Se a mem ria uma constru o social realizada no presente devemos refletir sobre que mem rias est o amalgamadas ao patrim nio objeto da restaura o quais s o os impactos causados ao processo memorial quando as paisagens lembradas se tornarem paisagens restauradas qual o papel da Educa o Patrimonial nesse contexto Um programa de Arqueologia P blica de longa dura o considerando tamb m a Educa o Patrimonial poderia colaborar nessa reconstru o promovendo um fortalecimento das rela es entre os velhos e a nova paisagem criada a partir da restaura o 173 174 antigos do CHS Patrim nio arqueol gico Educa o no Centro Hist rico de Salvador A escola tem sido o ocus preferencial dos
173. com cota de altitude abaixo de 60m localizam se em encosta de morro com inclina o do terreno muitas vezes superior a 40 graus tendo uma ocupa o mais tardia Segundo a bibliografia consultada o relevo da rea caracterizava se pelas escarpas acentuadas e baixadas 3 De acordo com a atual legisla o em vigor a rea seria considerada impr pria para habita o Salvador Lei Municipal n 3 377 84 Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupa o do Solo LOUS PA de charco classificadas como grota funda ou fosso Sampaio 1949 Tavares 2001 Dessa forma podemos afirmar que o lugar inicialmente era desconfort vel para assentamentos humanos inclusive para os grupos pr hist ricos fato confirmado pelos resultados da pesquisa j que se constatou a aus ncia de artefatos culturais pr hist ricos contextualizados que pudessem caracterizar a presenca de s tios pr coloniais no local Essa situac o desfavor vel do terreno explica tamb m em parte porque demorou a ocupa o do lugar assim como a expans o da cidade Algumas iconografias mostram a rea em um primeiro momento in cio do s culo XVII com uma casa isolada sem liga o com a malha primitiva da cidade No s culo XVIII os mapas j revelam uma rea parcialmente ocupada com alguns quarteir es incompletos e no s culo XIX fica clara a ocupa o por completo Documentos do in cio do s culo XVIII informam sobre o cargo administrativo d
174. como articular informa es a fim de viabilizar um conjunto consistente de buscas para a composi o de relat rios Em termos ideais o ac mulo gradativo de dados em um banco deve permitir avan ar sua expans o com base na seguinte escala l gica dados gt informa es gt conhecimentos Ora dados podem ser considerados como algo bruto de car ter informativo limitado como idade profiss o nome etc Informa o por sua vez deve ser considerada a partir de alguma aproxima o ou articula o de dados ao retomar o cadastro de pessoas dados por exemplo poss vel construir percentuais de homens e mulheres com determinada idade que desenvolvem certa profiss o Por fim o conhecimento gerado deve permitir perceber aspectos n o constat veis na realidade imediata No limite trata se de gerar cen rios previs veis com base nas informa es levantadas no banco de dados 121 132 Figura 1 Tela inicial da interface web A evolu o da ind stria eletr nica viabilizou exponencialmente a utiliza o do banco de dados A prolifera o e consequente expans o de sua utiliza o entretanto foram impulsionadas com a converg ncia das tecnologias da inform tica e da comunica o A internet pode ser considerada como a ponta mais vis vel dessa converg ncia rotulada aqui e ali como converg ncia de m dias ou interfaces Eis enfim a potencialidade mais marcante dos ban
175. cone de busca avan ada ao caso podemos dizer que os saberes s o constru dos ser acessado oferece diversas modalidades de consulta obviamente sob demanda ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Figura 5 Relat rio geral de pe as aplica o de filtros avan ados para pesquisa detalhada Figura 6 Relat rio geral de im veis aplica o de filtros avan ados para pesquisa detalhada 27 O site representa a conclus o de uma importante etapa no processo de construc o de conhecimento Esse processo por sua vez n o se finaliza jamais De maneira mais t cnica entretanto podemos dizer que a interface web representa o fechamento de uma fase da concep o do projeto Sua utiliza o a partir da tende a apontar para novos rumos e novos projetos O banco de dados antes instrumento de trabalho tende gradativamente a se transformar em um importante produto por si s suficiente para demandar novos investimentos algo que tende a um desenvolvimento cont nuo em espiral Refer ncias BRETON Philippe Hist ria da inform tica S o Paulo Unesp 1991 CASTELLS Manuel A sociedade em rede S o Paulo Paz e Terra 1999 A era da informa o economia sociedade e cultura v 1 GIDDENS Anthony As consequ ncias da modernidade S o Paulo Unesp 1991 HARVEY David Condic o p s moderna uma pesquisa sobre as origens da mudan a cultural 7
176. contexto de moderniza o urbana Salvador 1912 1916 Salvador 1996 Disserta o mestrado Universidade Federal da Bahia MATTOSO K tia Bahia s culo XIX uma prov ncia no Imp rio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1992 NAJJAR Rosana et al Cat logo das cole es cer micas da 6 SR phan Rio de Janeiro Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional 2007 NAJJAR Rosana SILVA Regina Coeli Pinheiro da Relat rio de pesquisa arqueol gica da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Salvador BA Monumenta lphan 2007 __ Relat rio parcial do projeto de prospec es arqueol gicas na rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Monumenta lphan jul dez 2006 245 246 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO NASCIMENTO Anna Am lia Vieira Dez freguesias da cidade de Salvador aspectos sociais e urbanos do s culo XIX Salvador Funda o Cultural do Estado da Bahia 1986 REGINALDO Lucilene Os ros rios dos Angolas irmandades negras experi ncias escravas e identidades africanas na Bahia setecentista Campinas 2005 Tese doutorado Universidade Estadual de Campinas REIS Jo o Jos A morte uma festa ritos f nebres e revolta popular no Brasil do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 1991 Domingos Sodr um sacerdote africano escravid o liberdade e candombl na Bahia do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 2008 EN Identidade diversidade tnicas nas Irmandades
177. corpo ser levado para ser sepultado na Capela de Nossa Senhora de Guadalupe conduzido pela respectiva Irmandade Havia indica es mais detalhadas como no caso de Jo o Alves da Concei o que deixou registrado 31 APEB se o judici ria livro de registro de testamento 38 D 3 verso Declaro que o meu enterro ser feito na forma seguinte amortalhado em um len ol branco convidando se a seis pobres para conduzir o meu corpo igreja da do Boqueir o ou de Nossa Senhora d Aguadalupe onde desejo ser sepultado ou na igreja que melhor convier a minha testamenteira dando se a estes pobres dois mil reis de esmola a cada Houve tentativas de separar os vivos do conv vio dos mortos inclusive por parte da pr pria Igreja Cat lica por meio do que se chamou de carneiros sepulturas que formavam paredes nos subsolos das igrejas tamb m chamadas de catacumbas pela semelhanca com os cemit rios subterr neos dos primeiros crist os Todas as ordens terceiras da Bahia constru ram seus carneiros durante o s culo XVIII por m o locais mais desejados para os enterramentos eram as igrejas ligadas a irmandades que n o possu am tal estrutura A ruptura com a tradi o de se enterrar os mortos nas igrejas s p de ser feita de maneira definitiva por meio da introdu o de novo agente no caso a epidemia de c lera morbo A Capela de Nossa Senhora de Guadalupe foi um grande centro de ent
178. cos de dados eletr nico digitais conectados internet a possibilidade de reunir diversas m dias fontes e informa es em m ltiplas camadas de dados sobrepostas e acessadas dist ncia simultaneamente e instantaneamente integra o de informa es se d assim por meio da conex o em rede de um ou v rios bancos de dados distribu dos em rede de maneira descentralizada Trata se de uma conhecida estrat gia militar posteriormente adotada nos meios organizacionais como crit rios para a tomada de decis es gerenciais A internet vista como meio para acesso a banco de dados traz por sua vez desafios delicados em rela o seguran a e ao acesso aos dados A disponibiliza o p blica da internet abre brechas para uma s rie de riscos como a quebra de sigilos banc rios de informa es banc rias fiscais e estrat gicas bem como de registros policiais alfandeg rios cient ficos etc Banco de dados na pesquisa arqueol gica A utiliza o de um banco de dados na pesquisa arqueol gica n o se encerra apenas na constru o de um dep sito de informa es Independentemente do volume geral de dados levantados nos trabalhos de campo tal recurso deve estar voltado para os aspectos da gest o de informa o e da produ o de conhecimento A inten o promover a partir da reuni o sistem tica de informa es de pesquisa um entendimento mais fino de certa realidade n o necessariamente constat vel
179. cos pode ser encontrada em Langel 1987 P lo geogr fico Equador P lo Norte magn tico P lo Sul geomagretico Fgura T Localiza o dos polos geogr ficos geomagn ticos e magn ticos e do equador geogr fico e geomagn tico 97 aj Declina o 1500 bi Declina o 2005 Figura 2 Exemplos de mapas que descrevem a varia o secular do campo magn tico da Terra para o per odo hist rico Em a e b mapas de declina o em c e d mapas de inclina o em e e f mapas de intensidade total As linhas de isovalores nos mapas direcionais s o dadas em graus enquanto que nos mapas de intensidade total a unidade o nano Tesla a A z 80 130 60 D BU j BO Bo 120 1831 a inten dade total 1580 et al 2000 Korte e Constable 2005 Gubbins et al A figura 2 mostra exemplos de mapas feitos a partir 2006 e Korte et al 2009 O modelo de Jackson et al do c lculo dos harm nicos esf ricos de modelos o mais utilizado atualmente para estudos do campo de campo Os mapas apresentam a varia o secular magn tico terrestre no per odo hist rico pois cobre para dois per odos distintos Os mapas de 1590 foram 99 continuamente com modelos anuais o intervalo de determinados a partir do modelo de Jackson et al 2000 1590 1990 e os mapas de 2005 a partir do modelo IGRF Nota se a ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO evolu o das isolinhas ao longo do
180. d rios em que o indiv duo teve de ser transferido para outro local ap s a primeira inuma o Nesse caso os ossos encontram se desarticulados e podem estar incompletos O contexto dos sepultamentos realizados dentro de igrejas normalmente se apresenta menos perturbado que os realizados do lado de fora principalmente porque esses enterramentos seguiam uma ordem preestabelecida pela igreja Os casos acima analisados exceto o do sepultamento secund rio podem ser compreendidos como refugos de facto ou prim rios Segundo Schiffer 1972 p 161 o refugo prim rio indica os objetos simplesmente abandonados aqueles descartados de forma intencional mas no local onde eram usados Salientemos ainda a import ncia de identifica o desses tipos de refugo pois eles possibilitam vantagens em termos de an lises material encontrada contextos a cultura nesses deposicionais pode ser associada diretamente a grupos espec ficos de indiv duos Osaterros figura 5 s o considerados refugos secund rios Schiffer 1972 p 161 South 1977 p 47 48 por terem sido transportados de outro lugar e removidos uma ou mais vezes pois havia a pr tica de desaterrar e utilizar o aterro em outros locais A tend ncia que estejam mais fragmentados como resultado dos impactos p s deposicionais que sofrem Normalmente mais dif cil conseguir a recomposi o das pe as que cont m Os dep sitos de
181. da reda o assinada pelo Sr Marcos Pinheiro de Oliveira informando o seguinte Divulga a imprensa com desusada insist ncia os projetos de conserva o e preserva o do Pelourinho famoso conjunto arquitet nico colonial da Bahia Se o conjunto arquitet nico importante segundo historiadores e soci logos o conjunto humano que o habita o povo que desde s culos passados vem habitando o bairro e constituindo mesmo na Bahia uma verdadeira ra a de caracter sticas e forma o pr pria quer sejam negros ou brancos ou mesmo pardos ou mulatos foi geral a alegria principalmente entre os brasileiros de cor da instala o de escolas de alfabetiza o e artes e of cios nos edif cios e sobrados hist ricos possibilitando massa humana sem recursos que habita e trabalha e vegeta no fabuloso conjunto arquitet nico human stico elevar se s cio economicamente e culturalmente Bahia Secretaria da Cultura e Turismo Instituto do PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Patrim nio Art stico e Cultural 30 anos do lpac nos jornais Salvador 1997 Edic o comemorativa Introdu o de C ndido da Costa e Silva Observa se portanto que carta incorpora caracter sticas de um discurso tradicional e oficial pela valora o excessiva do acontecimento No entanto de se concordar que uma popula o renegada pelo Estado tenha anseios e dentre eles a esperan a de melhoria de vida Por m
182. da S tamb m demonstra a vivacidade do trabalho bra al nessa freguesia essencialmente administrativa ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Considera se que a S durante o s culo XIX passava por um processo de vulgariza o o que preocupava as autoridades policiais e os defensores de uma capital moderna e civilizada aos moldes europeus Os sobrados sofriam com os estragos materiais seus habitantes entregavam se a pequenos neg cios e a trabalhos bra ais Alguns miser veis n o tinham ocupa o fazendo crescer a preocupa o da Igreja e autoridades com a mendic ncia A popula o da S ainda era representativa mas deca da em estatura social A freguesia podia oferecer o conforto de uma morada casa ou andar de sobrado no centro da cidade pr ximo aos lugares onde seus habitantes exerciam suas profiss es onde eram espectadores das festas e prociss es mas era ineg vel a desintegra o social e material de seu antigo status Quanto caracteriza o tnica da popula o que habitava a S em 1855 pode se dizer que os brancos PROGRAMA MONUMENTA IPHAN constitu am uma categoria ligeiramente majorit ria mas muito distinta da antiga elite que outrora ocupara a freguesia Tratava se muitas vezes de brancos pobres com ocupa es modestas Outra circunst ncia ainda relativiza essa maioria branca pois cada categoria de cor era classificada parte nos recenseamentos ou seja se fossem reunidas a categoria
183. da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe 74 terreno do Corpo de Bombeiros Vigil ncia nisso consistia o centro das medidas higienistas e modernizantes na Bahia assim como no Rio de Janeiro Apesar das diferen as conjunturais e das consequ ncias n o podemos deixar de notar as semelhan as quanto as pol ticas de controle e repress o popula o negra e pobre residente nos centros urbanos de duas das mais importantes cidades do Imp rio Os costumes das classes perigosas deveriam ser reformados por meio de regras e conselhos que na pr tica consistiam em leis coercitivas vigil ncia e repress o quando tudo isso falhasse a exclus o era a melhor sa da afastar do centro da cidade a grei numerosa que o parentesco reuniu O fim do s culo XIX marcado pelo advento de uma rep blica em busca de aceita o e legitima o por um mal estar quanto aceita o da cidadania dos negros rec m libertos e uma tentativa de disfarce de um racismo baseado na cor da pele que encontrou durante s culos uma c moda acolhida no estatuto jur dico da escravid o ra a e a civiliza o est o na Nelson Kon ordem do dia nas discuss es acad micas e jur dicas e um pa s mesti o e degenerado pela relevante presen a negra n o poderia facilmente grassar entre as pot ncias civilizadas do mundo moderno O Brasil encontrava se numa delicada situa o E suas mentes mais ilustradas desejavam eliminar ess
184. dan as na canaliza o de esgoto ap s as obras no rio das Tripas com a constru o da rua da Vala tiveram como intuito 12 Desde o segundo quartel do s culo XIX at in cio do s culo XX essa fam lia aparece em documentos hist ricos como propriet ria de muitos im veis APEB se o colonial rela o das obras existentes na Freguesia da S nov 1858 65 66 Vistas interna e externa da galeria com conex es secund rias evidenciadas respectivamente nos quintais das casas 39 e 37 da rua 28 de Setembro quarteir o 31 garantir uma adequada condu o dos dejetos nos seus im veis localizados na rua do Tijolo e redondezas De forma geral as fontes hist ricas mostram que a participa o de particulares era requerida nas a es p blicas em obras civis Nascimento 1986 p 40 ao se debru ar na documenta o de meados do s culo XIX aponta a exist ncia de crit rios para a participa o dos moradores locais nas obras de melhoramentos em vias p blicas E Consuelo Sampaio afirma que para realizar obras p blicas em benef cio das condi es f sicas da cidade em geral o Governo da Prov ncia constitu a uma comiss o de tr s membros escolhidos entre cidad os considerados id neos Na maior parte das vezes os tr s eram diretamente interessados no benef cio a ser realizado Eles deviam contratar um empreiteiro que providenciava os trabalhadores para as obras O Governo participava 13 APE
185. das documenta o hist rica foram empregadas para percep o e avalia o de fachadas de edif cios hist ricos de cronologias diferentes durante o projeto de pesquisa arqueol gica inserindo as nas premissas da Arqueologia da Arquitetura Vale ressaltar que quando mencionamos a palavra fachada nos referimos n o s fachada principal a parte externa e frontal de uma edifica o mas tamb m as fachadas internas geradas por cortes ou se es do monumento Abordamos aqui o estudo de dois casos o do im vel 24 da ladeira da Pra a e o do 22 da rua 28 de Setembro A metodologia de trabalho aplicada nos im veis iniciou se com o reconhecimento da volumetria 143 144 composi o estil stica de fachadas plantas baixas estruturas de carga t cnicas construtivas e materiais Em seguida realizou se o cadastramento fotogr fico dos im veis e cada foto foi mapeada em fichas com um referencial em planta do seu posicionamento os cadastramentos arquitet nicos iniciais foram atualizados pelas fotos e visitas in loco onde foram conferidas as poligonais internas A equipe de Arquitetura acompanhou as escava es para cadastrar in loco as estruturas arquitet nicas evidenciadas durante o andamento da pesquisa A quadr cula escavada pelos arque logos era locada na planta do im vel j constando os achados com detalhes como a estratigrafia dos pisos e funda es com cotas de n vel Realizou se tamb m a descr
186. das escolas Entretanto executar um projeto de Educa o Patrimonial nas escolas est longe de ser algo f cil ou simples por diversas raz es Talvez a mais dif cil de ser enfrentada seja o desest mulo de parte do corpo docente em realizar outras atividades na escola al m das usuais primeira vista parece que essa afirma o tem por objetivo iniciar mais um discurso responsabilizando o professor pelos problemas que a escola enfrenta H ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO uma recorr ncia nas argumentac es sobre a escola que como nos mostra Scheibe 2001 p 69 atribui ao professor papel fundamental identificando se nele a responsabilidade pelas mazelas do sistema p blico de ensino e paradoxalmente ao mesmo tempo o m gico poder de extirp las desest mulo a que nos referimos est vinculado em grande parte as prec rias condi es de trabalho a que s o submetidos os professores Os baixos sal rios fizeram aumentar sua carga hor ria m dia nas ltimas d cadas pois cada vez mais eles passam a trabalhar em v rias escolas transformando se no que Vieira 2002 chama de professores itinerantes Assoberbados de trabalho t m grande dificuldade em se entusiasmar por mais uma tarefa A quest o por m n o se resume ao cansa o produzido pelo excesso de trabalho As condi es ruins em que realizado o desprest gio social da profiss o a PROGRAMA MONUMENTA IPHAN dificuldade em identificar result
187. de 1990 arquitetos e decoradores inspirados nastend ncias retr que valorizam elementos do passado na decora o come aram a utilizar ladrilhos hidr ulicos em projetos de interiores Depois de quase um s culo o processo de produ o artesanal continua o mesmo ainda s o utilizadas f rmas de bronze originais trazidas da Europa Hoje a maior produ o Configura o comum das casas Casa 27 rua Monte Alverne 155 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Figura 2 acima Simula o do piso da casa 21 rua 28 de Setembro Figura 3 abaixo Piso da casa 21 rua 28 de Setembro Apresenta faixa e elementos de centro formando motivos florais nas cores vermelha e branca ir Figura 1 Fachada da casa 21 rua 28 de Setembro ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO em S o Paulo onde bisnetos dos emigrantes italianos mant m essa tradi o Na rea em estudo foram pesquisadas 57 casas dentre estas encontramos ladrilhos em 19 e neste trabalho analisamos cinco ocorr ncias O objetivo deste trabalho portanto apresentar o ladrilho hidr ulico identificar sua localiza o no im vel e compartilhar algumas reflex es iniciais sobre a motiva o dos propriet rios ao optar pelo uso desse tipo de mosaico Casa 21 rua 28 de Setembro Localizado no corredor de acesso e no sal o principal nessa casa deparamos com um verdadeiro tapete de influ ncia rabe andaluz composto por motivos florais e e
188. de n o houve prospec o realizou se o registro detalhado de suas caracter sticas O levantamento hist rico de fundamental import ncia para as an lises e tomadas de decis o desde o in cio da pesquisa arqueol gica foi feito especialmente para projeto pela equipe de historiadores a partir de fontes prim rias e secund rias Teve como enfoque predominante a forma o e a evolu o da Cidade do Salvador desde seu primeiro assentamento urbano n cleo primitivo ao arranjamento urbano atual passando por aspectos bastante pontuais quando os resultados das escava es assim recomendavam Seus resultados percorrem todos os cap tulos do livro mas o levantamento propriamente dito tratado na parte 02 que traz a vis o hist rica do projeto Nela destacamos o cap tulo Il Pesquisa hist rica e Arqueologia Em v rios momentos do trabalho a equipe de historiadores precisou se debru ar sobre quest es espec ficas e de especial interesse para responder a quest es que surgiram no decorrer das pesquisas Os principais exemplos est o explicitados no cap tulo ll De olho no corti o Moradia e controle social no s culo XIX cap tulo IV Desce esgoto Os canos reais e outros canos do Centro Hist rico de Salvador cap tulo XV O resgate de uma hist ria a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe cap tulo XVII Compra se aterro Um novo olhar sobre o Centro Hist rico de Salvador Do ponto de vista do superarte
189. der ncia civil A S era onde se haviam instalado as mais importantes fam lias da prov ncia mas j na primeira metade do s culo XIX perdia a caracter stica de freguesia elitista Os sobrados onde viviam grandes fam lias transformavam se em moradas de muitos e se subdividiam em v rios fogos instalados em andares lojas s t os e sobress t os abrigando trabalhadores pobres africanos e crioulos libertos e at escravos de ganho A freguesia da S contudo era o centro da vida o cora o da cidade onde tinham representatividade os poderes institucionais De import ncia consider vel nesta fase da pesquisa foram as fontes da s rie Obras p blicas localizadas na se o colonial do Arquivo P blico do Estado da 13 Fogos s o unidades domiciliares As contagens censit rias eram baseadas em n mero de fogos n o de moradores ou im veis PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Bahia obras realizadas na cidade por iniciativa do governo Essa documenta o refere se s principais provincial apesar de feitas na pr tica por particulares numa esp cie de concorr ncia p blica que assegurava a arremata o das obras diante do governo Essa vast ssima documenta o serviu para entendermos como se deu o processo de urbaniza o da rea da S e suas imedia es palco de grandes obras como a rua ou estrada da Vala antiga Baixa dos Sapateiros atual J J Seabra A seguir destacamos um documento a t tulo de exemplo
190. desbanca o a car brasileiro e a economia despenca O fumo tamb m perde mercado e os conflitos da Independ ncia 1822 23 colocam Salvador diante de uma crise de abastecimento O tr fico de escravos combatido pelos ingleses e a lei de 1831 apesar de n o abolir de vez tal com rcio eleva consideravelmente o pre o do escravo As secas de 1824 1825 que castigaram o Rec ncavo principal fornecedor de alimentos para a Capital e uma epidemia que atingiu o gado em 1830 fizeram escassear e encarecer a carne Em 1833 o cen rio de fome e carestia de g neros Em alguns lugares como Salvador foram tomadas medidas para conter a especula o sob pena de mis ria generalizada A economia agr cola dom stica operada nos quintais das casas passa a ser de extrema necessidade A crise de g neros ocasionou v rios motins populares A crise inflacion ria e o derrame de moedas falsas agravaram a crise de g neros levando o povo a se revoltar principalmente contra os comerciantes Representa o em 3D da casa 21 rua 28 de Setembro antiga rua do Tijolo onde se observa no 2 subsolo a divis o interna de pequenos c modos sugerindo um corti o antes de tudo a sobreviv ncia de muitos cidad os que tinham nos jornais pagos por seus escravos a nica fonte de renda 5 Ojornal constitu a o pagamento di rio ou semanal dado pelo escravo de ganho a seu senhor prestando conta da venda de mercadorias ou do s
191. dia territ rio ocupado por uma popula o flutuante composta principalmente pelos sacizeiros 7 Otermo refere se aos usu rios de crack que para se drogarem utilizam se de cachimbos Nas escava es feitas pela pesquisa arqueol gica encontrou se uma grande quantidade de cachimbos para fumar o crack feitos de diversos materiais e com v rios formatos ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Se os alunos e professores das escolas n o moravam na regi o dos achados arqueol gicos como discutir com eles patrim nio cultural e identidade a partir desses vest gios Embora tenha sido objeto de preocupac o para os t cnicos no in cio do projeto de Educa o Patrimonial essa era uma falsa quest o Os vest gios arqueol gicos tocavam em muitos aspectos da vida daqueles sujeitos tais como a religiosidade o cotidiano da vida familiar a segrega o entre negros e brancos a constru o espacial do poder pol tico dentre muitas outras Al m do mais os vest gios eram provenientes do espa o do Pelourinho onde n o moravam mas que era visto como deles A partir desse pertencimento a discuss o sobre os vest gios arqueol gicos deixou de ser sobre o outro sobre o ex tico e passou a ser sobre eles sobre os seus e suas vidas Como bem aponta o poema em ep grafe a partir de ent o o projeto de Educa o Patrimonial passa a trabalhar em verdadeiros tesouros em restos de cacos E a chave da hist ria abre a alma
192. do inclusive animais em decomposi o eram bastante atacados no discurso higienista baiano Tamb m se apontava a insalubridade dos charcos que recebiam as guas de servi os dom sticos lan adas diretamente nas ruas ou dos canos no caso dos im veis cuja instala o j fora feita em obedi ncia s posturas municipais A freguesia da S uma das mais importantes da cidade possu a um prec rio servi o de esgoto formado por galerias isoladas que desembocavam no rio das Tripas e no mar Essas galerias insuficientes e malconservadas estavam constantemente obstru das As valas que deveriam receber somente as guas das chuvas tamb m recebiam as guas podres e mat rias org nicas Na poca acreditava se que nesse tipo de ambiente surgiam os miasmas altera o do ar por princ pios 13 Sobre epidemias na Bahia ver principalmente DAVID Onildo Reis O inimigo invis vel A epidemia na Bahia no s culo XIX Salvador Edufba 1996 delet rios que resulta da decomposi o de mat rias org nicas causadores de diversas doen as inclusive do c lera quando o indiv duo infectado pelo contacto com os gases p tridos era acometido por envenenamento miasm tico David 1996 p 55 Segundo consta no relat rio da Comiss o de Higiene P blica de 1856 o presidente da prov ncia da Bahia foi avisado de uma epidemia de c lera no Par e tomou medidas para impedir que esta chegasse Bahia Entre as medid
193. e quando se trata de cultura Partindo desse conceito podemos expandir a ideia de cultura material que n o se limitaria mais aos artefatos e t cnicas abrangeria agora as estruturas sociais as rela es econ micas presentes nessas estruturas OS costumes das popula es Sob essa tica O ladrilho hidr ulico enquanto artefato e ao mesmo tempo t cnica construtiva antes mesmo de ser um datador temporal importante poderia fornecer informa es relevantes sobre a din mica das rela es sociais e econ micas do centro urbano da cidade de Salvador na primeira metade do s culo XX As fontes consultadas para a elabora o do presente estudo referem se de forma geral a documentos escritos e materiais ambos entendidos enquanto cultura material produzida pelo homem e para o seu uso Assim colocados alguns conceitos que nortearam este estudo passa se agora an lise dos dados relativos aos levantamentos arquitet nico e arqueol gico dos im veis destacados 152 154 Segundo Reis Filho 1978 os ladrilhos hidr ulicos foram empregados nas cozinhas e banheiros apoiados sobre abobadilhas ab badas de tijolos assim como nos sagu es e nos jardins de inverno formando verdadeiros mosaicos coloridos Acredita se que esses revestimentos considerados nobres devido s dificuldades de importa o ou produ o eram utilizados apenas para edifica es de uma classe mais privilegiada pois no interior das
194. e arruador da cidade o que mostra certa preocupa o dos governantes em manter as ruas alinhadas mesmo com a expans o da urbe Termo de arrecadac o e vistoria que fazem a D Joanna de Souza Guedes de Brito na rua dos Latoeiros que vai da S para a porta do Carmo de S o Francisco Oito de maio de 1728 nesta cidade de Salvador Bahia de Todos os Santos e casas da C mara dela estando presentes o dr Juiz de fora e mais verea o para ano abaixo assinado da 4 Nesse caso estamos nos referindo forma o de aldeias complexas e n o a assentamentos sazonais mais dif ceis de visualizar para diagnostic los s o necess rias pesquisas mais aprofundadas 5 Iconografia das cidades Portuguesas de ultramar Ver REIS Nestor Goulart Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial S o Paulo Edusp 2000 apresentar o a Resolu o que a vistoria e arrua o feita a D Joana a rua dos Latoeiros que vai da S para S Francisco aos sete dias do dito m s aonde achando se a mesma Vereac o com adiante nomeado mandar o ao Arruador da cidade Manuel Antunes de Lima que achasse e confrontasse o que a sua linha achou e arruou seis bra as de terra que parte da banda de Leste com casas acima confrontados e fica a rua com a largura que a mais arruou a Suplicante e cinco bra as oito palmos e meio a dita terra que parte da banda de Leste com casas de Maria ruas contraparte com a frente das casa
195. e Le nidas Freire publicada na revista O Malho Rio de Janeiro 1904 63 Negros e brancos pobres dividindo o espaco central da cidade com a elite oitocentista Sampaio 64 2005 p 179 sobrados com lojas para renda tinham portas no andar t rreo e uma delas distinta mais ornada que as demais servia de entrada para os andares do sobrado Se este fosse dividido em v rios fogos essa porta levava aos v rios andares com entradas independentes Quando o sobrado era morada de uma s familia o andar t rreo se apresentava com uma porta e v rias janelas pois constitu a o pavimento de maior uso di rio inclusive contendo nele as depend ncias de escravos Confirmam esses dados os ind cios arqueol gicos e as modifica es ocorridas ao longo do tempo naarquitetura dos im veis estudados na pesquisa para o Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 2 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta Iphan ou Projeto Pelourinho de Arqueologia poss vel perceber ainda hoje que houve um reordenamento do espa o a partir do s culo XIX quando grandes lotes foram secionados e sobrados subdivididos visando abrigar uma popula o pobre e numerosa que desejava viver no centro da cidade A popula o da S Durante a primeira metade do s culo XIX na composi o da popula o da S pelo que se constata em documentos referentes a cinco quarteir es a elite passou a ser substitu da por p
196. e dentro dele uma moeda datada de 1868 A presen a dessa moeda aliada an lise preliminar dos artefatos encontrados ali nos permite tecer infer ncias sobre a data de utiliza o do piso Uma cavidade escavada abaixo desse piso em per odo anterior ser um dos temas da discuss o seguinte O centro de nossa discuss o s o tr s vasilhames inteiros encontrados no segmento dianteiro do subsolo do im vel figura 2 O vasilhame 1 com 0 44m de altura 1 Para melhor compreender as possibilidades de data o aproximada a partir da an lise de fachadas ver cap tulo IX ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO 0 45m de di metro no ponto mais largo do bojo e boca de 0 28 de di metro surgiu ap s um desabamento na parede do perfil devido a chuvas Por m foi poss vel reconstituir o local em que o objeto se encontrava apesar da destrui o parcial da parede do perfil O vasilhame foi colocado dentro de uma cavidade circular com di metro de 0 86m e cerca de 1 00m de profundidade A cavidade escavada abaixo do segundo piso de ch o batido descrito anteriormente est localizada no canto nordeste do im vel abaixo da escada de acesso ao primeiro andar A base parcialmente fragmentada do vasilhame estava assentada acima de uma plataforma de solo argiloso e logo abaixo encontramos fragmentos grandes de uma garrafa o que nos leva a considerar a possibilidade de que estivesse dentro do vasilhame Constatamos tamb m a presen a
197. e amostras e discuss es sobre o trabalho professora Marisa C Afonso do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de S o Paulo por apoiar a implementa o da t cnica de arqueomagnetismo no Brasil Refer ncias BARRACLOUGH D R Spherical harmonic analyses of the geomagnetic field for eight epochs between 1600 and 1910 Geophysical Journal of the Royal Astronomical Society London n 36 p 497 513 1974 BLOXHAM J JACKSON A Time dependent mapping of the magnetic field at the core mantle boundary Journal of Geophysical Research Washington American Geophysical Union v 97 B13 19537 19563 1992 DUNLOP D OZDEMIR O Rock Magnetism Fundamentals and Frontiers New York Cambridge University Press 1997 FINLAY C C Historical variation of the axial geomagnetic dipole Physics of the Earth and Planetary Interiors Amsterdam Elsevier v 170 p 1 14 2008 FISCHER R A Dispersion on a sphere Proceedings of the Royal Society London A 217 295 305 1953 GENEVEY A GALLET Y CONSTABLE C G KORTE M and HULOT G Archeolnt An upgraded compilation of geomagnetic field intensity data for the past ten millennia and its application to the recovery of the past dipole moment Geochemistry Geophysics Geosystems American Geophysical Union n 9 2008 GUBBINS D JONES A L and FINLAY C C Fall in earth s magnetic field is erratic Science American Association for the Advancement of Science
198. e concorreram para o sucesso da empreitada desde as variadas t cnicas de prospec o e pesquisa at o levantamento de dados e a an lise hist rica do resultado desse complexo trabalho e do importante volume de conhecimentos produzidos que o p blico leitor e em especial os gestores de obras de restauro de s tios urbanos hist ricos poder o valer se agora Luiz Fernando de Almeida Presidente do Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional Setembro 2011 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Detalhe da rea objeto da pesquisa arqueol gica vendo se a rua S o Francisco e a torre da igreja de mesmo nome ao fundo Nelson Kon Apresenta o O projeto Pelourinho de arqueologia Escavando o Pelourinho o desafio da pesquisa arqueol gica Uma vis o hist rica da rea do projeto Il Pesquisa hist rica e Arqueologia De olho no corti o Moradia e controle social no s culo XIX IV Desce esgoto Os canos reais e outros canos do Centro Hist rico O di logo com outros campos do saber V A rela o entre o Arqueomagnetismo e a Arqueologia VI A Geoarqueologia no Projeto Pelourinho VII O m todo geof sico GPR e a Arqueologia VIII O banco de dados na pesquisa arqueol gica O di logo com a arquitetura IX As fachadas do Pelourinho X O ladrilho hidr ulico no Centro Hist rico de Salvador O projeto de educa o patrimonial XI Arque logos e comunidades locais no projeto d
199. e do termo pr xima ao espa o urbano cuja finalidade era propiciar Mapa de localiza o do Quartel do Corpo de Bombeiros 247 Planta da Cidade de Salvador em 1785 No detalhe a representa o da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe Funda o Greg rio de Mattos 1998 p 135 230 amt condic es para o pastoreio de uso dom stico dos moradores e o fornecimento de lenha a ser usada como combust vel principal Era o rossio ainda uma rea livre para expans o urbana Funda o Greg rio de Mattos 1998 p 37 Esse cen rio em torno do termo e do rossio perdurou nos primeiros s culos retratando uma urbaniza o de assentamentos na parte alta enquanto as plan cies atendiam ao fornecimento de material de subsist ncia 1 As cita es aqui transcritas tiveram a grafia atualizada quando necess rio para facilitar a leitura 22 e E di N ik T SW E 5 E Com a necessidade de expansao dos nucleos primitivos as reas voltadas ao abastecimento da cidade passaram a ocupar terrenos cada vez mais distantes do n cleo principal As reas mais pr ximas outrora consideradas rossio foram tomadas pelas autoridades governamentais e religiosas para novas construc es sendo necess rio superar obst culos naturais em alguns casos como a topografia acidentada e o charco da baixada Foi o que ocorreu por exemplo na rea onde hoje se encontram 2 VASCONCE
200. e educa o patrimonial Quando Arqueologia vai escola XIII Um olhar socioarqueol gico O patrim nio cultural e o sujeito hist rico Alguns resultados in ditos XIV Nem tudo caco a integridade escondida sob os pisos XV O resgate de uma hist ria a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe XVI Um passado atrav s do lixo XVII Compra se aterro Um novo olhar sobre o Centro Hist rico de Salvador Anexos Estudo de caso Im veis Pesquisados Projeto Pelourinho de Arqueologia 2006 2010 Agradecimentos Equipe Projeto Pelourinho de Arqueologia 2006 2010 Autores 03 09 11 29 31 54 74 89 91 104 116 127 137 139 149 165 167 185 198 211 213 224 245 266 280 281 284 286 288 291 02 Uma vis o hist rica 05 O projeto de da rea do projeto 29 educa o patrimonial 165 Igreja e ladeira dos Aflitos Foto de J Schleier pertencente ao acervo da Funda o Biblioteca Nacional Observar imagem do s culo XIX que ainda n o h ocupa o no lado ingreme da ladeira e a presen a de reas muradas nas fachadas das casas que hoje n o mais existem O PROJETO PELOURINHO DE ARQUEOLOGIA Nelson Kon uoy UOS 3N 2 S N dem 49 RC RE 69 J VIDOTOINOUV IG OHNINOTId OLI OUd O O Projeto Pelourinho de Pesquisa Arqueol gica iniciou se em marco de 2006 com o objetivo de diagnosticar e pesquisar a rea da 7 Etapa do Projet
201. e estar por exemplo atr s do reboco de uma fachada sob o piso de uma casa enterrada no subsolo dos quintais etc Ao estudar esses objetos culturais inseridos na cidade a Arqueologia tem a oportunidade de realizar uma releitura do modo de vida dos seus antigos moradores Por m ela n o se prende apenas s escava es sistem ticas de campo pois tamb m conta com as informa es oferecidas por outras disciplinas principalmente pela Hist ria Mesmo quando a investiga o se resume a reas espec ficas da cidade como resid ncias o mercado a pra a ou at mesmo um conjunto desses superartefatos importante ela ter como refer ncia a cidade s tio O conceito de cidade s tio proposto por Pamela J Cressy 1978 esbo a uma primeira estrutura conceitual para se entender as cidades do per odo hist rico Para Edward Staski 1982 s o duas as perspectivas uma de Arqueologia da cidade e outra na cidade Das duas perspectivas a primeira sist mica preocupa se com os 2 Na perspectiva da autora a cidade entendida como uma unidade de an lise Ela prop e pesquisas interessadas em compreender os processos urbanos a partir de objetivos orientados por problemas e quest es que entendam a cidade como um s tio representativo um tipo de assentamento ligado a uma sociedade complexa Para isso exigem se estrat gias apropriadas de levantamento arqueol gico de acordo com os objetivos propostos ARQUEOL
202. e forma sustent vel At porque al m do patrim nio arquitet nico o turista deve apreciar a produ o individual e coletiva realizada pelos moradores O patrim nio de qualquer localidade n o se constitui apenas de pedra e de fachadas de pr dios mas tamb m do saber fazer dos seus habitantes O Pelourinho sem os moradores perde certamente a vitalidade e petrifica forja uma identidade figurativa em favor dos interesses econ micos Seguindo essa compreens o Fran oise Choay em sua obra A alegoria do patrim nio 2001 afirma que a nsia de valoriza o para a explora o acaba excluindo os residentes No entanto em 17 de junho de 1979 o Jornal da Bahia trouxe a manchete Pelourinho dez anos depois a mesma quest o o turismo ou a comunidade Ou seja a falta de discuss o de planejamento inclusivo e de participa o popular repercutiu ao longo de duas d cadas e as inten es ficaram apenas no papel Com o prop sito de rediscutir e alavancar o projeto de recupera o o professor Vivaldo Costa Lima diretor do lpac insistia publicamente que O Pelourinho n o do turista Trata se de conservar e restaurar o maior conjunto arquitet nico do Brasil preservando a sua estrutura f sica mas ao mesmo tempo melhorando as condi es de vida e de suas moradias O turismo uma consequ ncia para o turismo ser melhor um Pelourinho livre do lixo da escurid o da sujeira e da mis ria com seu
203. e im veis na cidade durante o final do s culo XIX e in cio do s culo XX Anexado s plantas principalmente das fachadas dos im veis h processos com pedidos de libera o de obras que informam sobre a utiliza o de novos materiais e modas arquitet nicas importadas das principais cidades europeias e o per odo em que se deu a adi o de andares em alguns im veis na rea pesquisada Esses dados auxiliaram uma das pesquisas desenvolvidas pelos arquitetos ligados ao projeto de arqueologia na 7 Etapa 19 APEB se o judici ria s rie invent rio invent rio de Quintino Ol mpio dos Santos 1911 1921 doc 01 366 708 06 20 Ver cap tulo IX 47 Fachada posterior da casa 22 rua 28 de Setembro antiga rua do Tijolo Fachadas posteriores das casas 33 35 e 37 rua S o Francisco P Fachada posterior da E casa 24 ladeira da Pra a irum s An E 1 ME 1 n Retirada de lixo e entulho da casa 39 rua Sm 13 OBL 28 de Setembro antiga rua do Tijolo e Ji ao EN Ta a 50 3 fase da pesquisa tentando responder algumas quest es da Arqueologia Desde o in cio das escava es a quantidade e variedade de tipos de aterros encontrados despertou o interesse da equipe de arqueologia Os aterros foram utilizados para nivelar terrenos e ruas viabilizando a constru o das edifica es Na sua maioria s o compostos basicamente de resto
204. e material construtivo provavelmente oriundo de desmoronamentos e demoli es aproveitado para servir de base para novas constru es Aterro tipo 3 grandes fragmentos de partes de constru es como peda os de colunas e paredes Nem sempre se apresenta compactado A deposi o encontra se geralmente entre antigos pisos Najjar amp Silva 2006 p realizadas num universo de aproximadamente 60 im veis foi poss vel estabelecer distin es entre as camadas e sobretudo classific las em quatro tipos Esses tipos n o eram recorrentes em todo o s tio em algumas reas registrou se a presen a de um nico tipo em outras a de dois tipos ou de todos eles Queremos enfatizar que essa classifica o n o segue crit rios mais t cnicos que considerassem o sedimento e sua granulometria por exemplo Nossa nfase foi na presen a de material cultural no aterro e na tipologia desse material A tabela acima mostra a classifica o dos aterros 16 Uma outra classifica o mais t cnica e detalhada dos aterros pode ser encontrada no cap tulo VI PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Os processos de disposi o das camadas estratigr ficas algumas vezes revelaram uma ordena o na superposi o dessas diferentes categorias de aterro mostrando funcionalidades distintas associadas ao processo de preenchimento e nivelamento do terreno e objetivando a cria o de superf cies planas pass veis de serem ocupadas por constru es Nas bas
205. e o per odo 2006 2007 que primeiro aprofundou os estudos sobre a fun o dos aterros para entendermos melhor como ocorrem os processos naturais que levam a gua de n veis fre ticos a se elevarem at os embasamentos de edifica es superf cies e pelas paredes de alvenaria seguiremos a orienta o da disciplina Mec nica Figura 6 Funda o base e coluna inserida no aterro mais profundo composto por sedimentos e restos arquitet nicos ba ES 276 Escava o da casa 21 rua 28 de Setembro antiga rua do Tijolo do Solo ramo da Engenharia Civil que observa dentre outras coisas os processos pelos quais a umidade chega superf cie pela capilaridade ascendente proveniente do solo A capacidade de movimentac o da gua no solo chamada de percolac o variando de acordo com os tamanhos das part culas minerais ndices de vazios grau de satura o e a estrutura do solo Vemos aqui que a l gica da sobreposi o de aterros serviria como amenizador da capilaridade ascendente com esse recurso iria preservar um ambiente domiciliar mais salubre e uma manutenc o mais sistem tica das estruturas de alvenarias O formato c ncavo dos fragmentos arqueol gicos em sua grande maioria cer micos sobrepostos uns nos outros com baixa densidade de sedimentos facilitam a forma o de ndices de vazios Funcionando como uma esp cie de quebra mola
206. e os dos resultados obtidos para o tijolo 09 da CP27 Em a est representada a curva de susceptibilidade magn tica em fun o da temperatura as setas indicam a sequ ncia do aquecimento e do resfriamento e a unidade de medida adimensional Em b est a curva de experimentos de paleointensidade Para isso foram feitas curvas de variac o da susceptibilidade magn tica em fun o da temperatura 30 C a 550 C usando se o suscept metro kappabridge KLY3 CS3 Agico Ltd O tipo de mineral e suas caracter sticas magn ticas podem tamb m influenciar as determina es de Eusceptibedada magn tica Sl paleointensidades Para determina o do mineral magn tico ou minerais magn ticos e seu estado de dom nio fizeram se curvas de histerese magn tica em histerese magn tica campos de at 1 Tesla As medidas foram realizadas em para a amostra desse Baci dme e um magnet metro de amostra vibrante do Institut de variac o do momento de dipolo em fun o do campo aplicado a dire o do campo indica a mudanca de formato da curva Em C exemplo de aquisi o de intensidade em fun o da temperatura para uma amostra do tijolo 09 a curva em cinza aponta ajuste para toda a Physique du Globe de Paris Por fim as medidas de paleointensidade foram feitas usando um magnet metro de amostra vibrante triaxial riaxe Le Goff e Gallet 2004 A figura 4a mostra a grande estab
207. e tornarem competentes na utiliza o de tais recursos Toda essa movimenta o dispara e faz girar um consider vel volume de recursos econ micos Nesse sentido n o exagero afirmar que a chamada era da informa o estabelece o primado do banco de dados o que significa dizer que parte dos sistemas de informa o de intelig ncia e de seguran a entre outros est associada a algum tipo de gerenciamento de dados Tais sistemas entretanto n o devem ser vistos como algo estanque est tico meramente informativo e destinado ao arquivamento de informa es tal qual um dep sito ou armaz m eles s o capazes de produzir conhecimentos novos a partir de uma infinidade de cruzamento de dados PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Como j sinalizamos os bancos de dados constituem se simultaneamente em instrumentos e produtos das a es de manipula o e gest o de dados Nesse caso n o apenas participam como recursos importantes para o desenho metodol gico dos projetos aos quais est o vinculados como se mostram produtos finais desses trabalhos Pol ticas p blicas relat rios t cnico cient ficos e decis es estrat gicas est o entre os resultados poss veis das consultas aos bancos de dados Sendo assim as informa es arquivadas em um banco de dados devem estar estruturadas de maneira a facilitar as buscas posteriores Trata se em grande medida de estabelecer mecanismos para classificar estruturar bem
208. eados do s culo XIX percebemos a recorr ncia da atividade de particulares na compra e venda de lixo ou restos culturais m veis para aterros Os construtores compravam esse tipo de aterro livremente como apontam diversos documentos 1 APEB se o colonial fundo presid ncia da prov ncia s rie obras p blicas 1837 1864 ma o 4885 Cote Esquem tico da rua S o Francisco Trecho S o Francesco a mo Im ein EL Figura 5 Prancha de cadastro n 1 corte esquem tico da rua S o ABFALTO GALERIA B CULO XIX 2 T GALERJA SECULO XVI ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO do per odo e inclusive revendiam ao poder p blico viabilizando outras obras H tamb m fontes prim rias que mencionam a transfer ncia de entulho retirado de um ponto da cidade para outro o chamado desaterro o que nos possibilita refletir sobre a poss vel exist ncia de uma pol tica de expans o da cidade como um todo alta e baixa Buscamos saber como ela estava sendo reorganizada ou mesmo como se dava o processo dessa expans o mas n o localizamos fontes que abordassem direta e efetivamente essa din mica Consultamos um documento que despertou especial interesse no qual consta a proposta de um empreiteiro para solucionar os problemas s rios de responsabilidade do governo que envolviam o desaterro de reas p blicas Campo da P lvora a limpeza p blica da cidade e
209. ecess ria a constru o de funda es diversas muros de conten o bases de funda o vertical e horizontal funda es em arco e funda es com bases para esteios entre outras Algumas vezes as funda es est o em contato com o terreno natural outras se apoiam sobre os pr prios aterros H casos em que foi necess rio o aterramento total do lote para alcan ar o n vel da rua baixadas profundas Em outros ainda houve a necessidade de cortes no terreno natural e aterramento entre muros de conten o formando degraus favorecendo o parcelamento do lote e permitindo a constru o de por es e subpor es declive muito acentuado Os alicerces das casas geralmente cercam o terreno lote proporcionando uma rea fechada a ser preenchida Para o preenchimento interno das estruturas foram identificadas diferentes sobreposi es de camadas de aterros formados principalmente por lixo indispens veis para a amplia o do tecido urbano naquela rea da cidade Os terrenos lotes foram aterrados pelos propriet rios que geralmente compravam o aterro derivado de demoli es na pr pria cidade Para constru o das resid ncias naquele setor da cidade observamos tamb m uma caracter stica peculiar em v rios lotes Seu posicionamento estabelece uma testada menor para a rua o que pode ter sido definido em fun o do tra ado e hierarquiza o das vias ou ainda em fun o do relevo pela necessidade de conten
210. ecial ao arque logo Cl udio C sar de Souza coordenador local do projeto profissional dedicado competente e sobretudo amigo com quem dividi o desafio e a experi ncia radical de coordenar um projeto desse porte Cl udio aceitou o meu convite e se mudou de Goi nia para Salvador com toda a fam lia apostando no projeto Como eu Cl udio cresceu profissionalmente e transformou se num mesti o Cl udio tem minha especial gratid o e meu incondicional respeito Para finalizar quero agradecer aos consultores do projeto e em especial equipe que me assessorou diretamente na produ o deste livro os arque logos Cl udio C sar de Souza Samuel Gordenstein e a historiadora Alane Fraga do Carmo pela compet ncia e dedica o bem como as editoras do Programa Monumenta Sylvia Braga Caroline Soudant e equipe pela aten o carinho e respeito Rosana Najjar Arque loga do Iphan RJ Coordenadora do Projeto Pelourinho de Arqueologia PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 209 Equipe Projeto Pelourinho de Arqueologia 2006 2010 T cnico em Arqueologia 2008 a 2010 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Pedrinho F Barbosa Rafaela C N Almeida T cnico em Arqueologia T cnico em Arqueologia T cnico em Arqueologia Arque loga Historiador Arque loga coordenadora do projeto Estagi ria de Arquitetura Arque logo Estagi ria da base de dados Estagi ria de Arquitetura Estagi rio de Arqueologia menm Railson Cotias da Silva Regiane Ga
211. ecorrente da Pesquisa Arqueol gica realizada no mbito de uma das etapas do projeto de restaura o da rea Outro cap tulo deste livro de autoria de M rcia Bezerra ver cap tulo tamb m se dedica discuss o das atividades de Educa o Patrimonial que l foram desenvolvidas mas focado nas a es que precederam as realizadas nas escolas e que visavam prioritariamente trabalhar quest es sobre o patrim nio arqueol gico junto aos oper rios das empresas que estavam realizando as obras de restaura o e aos antigos moradores da regi o PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Os professores das escolas tamb m foram chamados a participar dessas discuss es iniciais e desse contato comecaram a ser tracados os rumos das atividades de Educa o Patrimonial nas escolas A op o por trabalhar de forma sistem tica nas escolas n o fortuita Ao contr rio do que ocorria em nosso pa s em meados do s culo XX hoje nos grandes centros urbanos do Brasil como Salvador cerca de noventa e sete por cento das crian as em idade escolar t m acesso escola Assim praticamente todas as crian as dessas cidades passam por essa institui o e t m sua forma o marcada pelos conhecimentos valores habilidades e processos de socializa o com que nela entram em contato Al m disso a forma o que a escola propicia n o baseada em a es eventuais ou pontuais A escola caracteriza se por uma a o prolongada e sistem t
212. ecursos vinculados ao projeto Deve apresentar um layout leve de f cil carregamento por parte dos terminais computadores conectados rede O conjunto das p ginas precisa manter uma inter rela o l gica a ponto de permitir uma navega o intuitiva Em outras palavras o sistema deve dispensar conhecimentos t cnicos espec ficos por parte dos usu rios A inten o permitir uma experi ncia amig vel capaz de prescindir de investimentos em capacita o t cnica O ambiente deve parecer familiar e comum suficiente para potencializar a concentra o em atividades de gest o e manipula o de dados figura 2 Nessa fase comum em termos de menus controles e op es encontrarmos uma infraestrutura mais ou menos definida poss vel entretanto uma expans o de tais op es dos itens de consultas e relat rios haja vista o amadurecimento compreens o do potencial da base de dados Alguns aperfei oamentos tamb m s o rotineiros especialmente quanto s propriedades dos campos e ou atualiza o dos registros nas tabelas A partir da uma s rie de implementa es pode ser viabilizada e planejada A base de dados do Projeto Pelourinho encontra se estabelecida a ponto de permitir seu pleno desenvolvimento futuro As op es est o constitu das e prontas os relat rios em constru o outros itens diversos podem ser elaborados a qualquer tempo Vale ressaltar ainda a possibilidade de mo
213. ed S o Paulo Loyola 1998 KUMAR Krishan Da sociedade p s industrial p s moderna novas teorias sobre o mundo contempor neo Rio de Janeiro Jorge Zahar 1997 MATTELART Armand Hist ria da sociedade da informa o S o Paulo Loyola 2002 WIENER Norbert Cibern tica e sociedade o uso humano de seres humanos 5 ed S o Paulo Cultrix s d e 3 riri ur n ma noms re e Ei ail x Figura 7 Relat rio geral HE precem de quadra aplicac o de filtros avancados para pesquisa detalhada 138 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO O DI LOGO COM ARQUITETURA Nelson Kon p O DIALOGO COM A ARQUITETURA Fachada da casa 25 rua Monte Alverne IX As fachadas do Pelourinho O estudo das fachadas dos im veis pesquisados pelo Projeto Pelourinho de Arqueologia permitiu perceber a evolu o tanto tipol gica quanto morfol gica da arquitetura auxiliando na percep o da justaposi o de estilos experimentados na primeira capital do pa s O resultado dessa an lise transformou a investiga o das fachadas tamb m em uma ferramenta de data o fazendo com que cada fachada potencialmente se transformasse em marcador temporal Contextualiza o A pesquisa arqueol gica enfrentou situa es adversas desde o in cio uma vez que os projetos arquitet nicos dispon veis como base para nossas interven es estavam desatualizados f
214. eferem a ele especialmente ao tratar do impacto do turismo da viol ncia e das obras de restauro Nelson Kon A O PROJETO DE EDUCA O PATRIMONIAL 171 172 sobre o Centro Hist rico ou Pelourinho antigamente apareciam ainda que n o fossem indagadas Tal como disse Sarlo a lembran a assim como o cheiro acomete at mesmo quando n o convocada 2007 p 10 No CHS com o crescimento da cidade o ritmo da mudan a intenso e o espa o apropriado por distintos segmentos provocando em muitos casos a desagrega o da memoria cuja causa segundo Bosi 1999 p 443 o predom nio das rela es de dinheiro sobre outros v nculos sociais Esse desenraizamento que f sico e simb lico se expressa nas entrevistas com o grupo de velhos do CHS Em suas falas ao tratarem do Centro Hist rico ou Pelourinho antigamente eles pouco se referem ao casario em processo de restaura o Bezerra 2009 As lembran as de todos dizem respeito ao dom nio afetivo a um tempo passado que se faz presente Sarlo 2007 e cujo marcador que primeiro se imp e a aus ncia presen a da viol ncia que est impressa em suas mem rias Nesse sentido procuramos ter um momento com esses antigos moradores que permitisse a instaura o de uma po tica perdida no processo de espolia o de suas lembran as e por sua situa o de vulnerabilidade O encontro ocorreu no interior de uma da
215. egundo bloco tem tico relaciona se ao tipo de pesquisa arqueol gica realizada na 74 Etapa de Recuperac o do Centro Hist rico de Salvador como pode ser visto em diversos cap tulos que comp em este livro Apesar de recolher e analisar milhares de fragmentos de cer mica vidro ladrilhos dentre outros materiais a preocupa o principal da pesquisa foi de trabalhar com as estruturas arruinadas das casas do Pelourinho Com esse trabalho pode se interpretar como viviam as pessoas em Salvador em diferentes pocas e como essa cidade foi crescendo Vale lembrar que aquela rea apresenta uma ocupa o das mais antigas constituindo se como um n cleo em torno do qual a cidade de Salvador se formou Atividades com jovens daTV Pelourinho 197 198 P cara em cer mica vidrada O terceiro e ltimo bloco tem tico Arqueologia e a pesquisa na 7 Etapa ci ncia patrim nio e preserva o traz mais diretamente a discuss o sobre rela o entre os conhecimentos constru dos pela pesquisa arqueol gica e o s patrim nio s cultural ais que ajudam a dar sentido s identidade s dos diferentes sujeitos part cipes do cotidiano escolar Com ele o objetivo era n o s socializar os conhecimentos criados ao longo da pesquisa arqueol gica mas discutir se e como esses conhecimentos contribuiriam para a forma como aqueles sujeitos se viam no mundo Hall 2007 e Bauman 2005 entre outros pesquisado
216. elhorias no sistema vi rio com a chegada dos transportes coletivos Aos poucos pessoas de maior poder aquisitivo abandonaram essa rea central cedendo lugar a fam lias de classe m dia que por sua vez terminaram por deixar a regi o E o centro passou a ser habitado por pessoas de poucos recursos que n o poderiam fazer frente s despesas de manuten o do conjunto arquitet nico Acompanhando esse processo de sa da da popula o abastada observamos que na segunda metade do s culo XX a quase totalidade dos rg os administrativos mudou se para uma localidade distante passando a formar o Centro Administrativo da Bahia CAB A administra o enquanto enraizada no Centro Hist rico representava um Estado sempre disposto a melhorar a infraestrutura local em favor das elites Com a sa da dos privilegiados e a dos rg os p blicos ficou a popula o pobre que passou a ocupar os grandes casar es 1 Ver capitulo Ill ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Sem a presen a do Estado que proporcionava investimentos e com habitantes impossibilitados financeiramente de manter bem preservado o acervo patrimonial o Centro Hist rico entrou em processo de degrada o Era como se a cidade passasse a renegar a manuten o de sua heran a Com o tempo instalou se um processo de desgaste que terminou por arruinar por vezes em sua totalidade a estrutura f sica dos sobrados dos solares e dos monumentos Para garantir a pr pria
217. emos o que se perdeu mas mesmo assim iniciativas de recuperar preservar e conservar devem ser mantidas necess rio que tudo isso seja feito de forma que o Patrim nio Cultural e o sujeito hist rico n o sejam lembrados apenas em relat rios t cnicos espec ficos E dessa forma qual o papel de uma equipe multidisciplinar que re ne arque logos arquitetos historiadores dentre outros em um projeto que analisa o Centro Hist rico de Salvador Um dos prop sitos fundamentais de fato o reconhecimento da diversidade cultural pret rita marcada no presente e em ltima inst ncia ensinar e aprender li es para o futuro A Arqueologia n o apenas uma forma de entender o passado mas tamb m uma pr tica social vivenciada no presente ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Refer ncias ABREU Regina CHAGAS M rio orgs Mem ria e patrim nio ensaios contempor neos Rio de Janeiro DP amp A 2003 AMORIM Alexandre Romulo Alves de Educa o patrimonial e patrim nio as representa es sociais do professor de hist ria do ensino fundamental da 52 a 8 s rie das redes municipais do Recife e do Cabo de Santo Agostinho Pernambuco 2004 Disserta o mestrado em educa o Centro de Educa o Ufpe BRASIL Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988 41 ed S o Paulo Saraiva 2008 CERTEAU Michel de A inven o do cotidiano 1 Artes de fazer 9 ed Petr polis Voze
218. empresa Terraza uma das poucas que manifestou interesse pela atividade As demais empresas contatadas n o puderam ou n o quiseram participar Na impossibilidade de contemplar todos os trabalhadores na maior parte das vezes pelo desinteresse dos respons veis pelas obras espera se que o grupo reunido atue como agente multiplicador entre os demais profissionais da categoria Funcion rios das empreiteiras em visita ao s tio UOY UOS 2N UOY UOS 2N figas agulha 1 Fragmentos de artefatos em osso escova de dentes de cabelo Moedas Fragmentos de sopeiras em porcelana Nelson Kon 182 Entrevista com Jailson auxiliar de campo A atividade foi realizada com vinte e dois funcion rios que atuam em v rios setores do projeto de recupera o da rea da 7 Etapa Entre eles h pedreiros eletricistas e marceneiros Toda a a o foi acompanhada e apoiada pelo chefe da seguran a do trabalho da empresa Os funcion rios reuniram se pela manh antes de dar inicio as suas atividades di rias e seguiram com a equipe de Arqueologia e os t cnicos do Iphan para uma das casas pesquisadas No local foram apresentados os m todos e t cnicas da pesquisa arqueol gica as interpreta es do registro arqueol gico local os aspectos ligados preserva o do patrim nio arqueol gico ressaltando se a import ncia do grupo na identifica o e no tratamento do material arqueol gico A
219. enos ngremes desciam ensombradas pela mata at a baixada mida onde corre o ribeiro cujo nome ind gena se perdeu e que fluindo ao Norte e rodeando pelo nascente vai buscar desaguadouro no rio Vermelho Neste mbito t o pequeno abriram se quatro portas flanqueadas por baluartes improvisados a que abria para o norte no come o da rua da Miseric rdia onde havia depress o natural do terreno servindo de fosso que depois se entulhou na altura da rua do Tijolo p 184 altura da atual rua do Tijolo mui not vel depress o que fazia com que os terrenos que se seguiam para o norte afetassem a figura de um teso ou colina a que a vegeta o natural dava ainda mais acentuado relevo esse teso a que se refere o padre N brega na sua carta ao padre mestre Sim o Rodrigues quando de refer ncia ao local para o col gio lhe dizia a todos nos pareceu melhor em teso que est logo al m da cerca para a parte d onde se h de estender a cidade p 194 vista da elevada ribanceira que cavalgava e da grota funda hoje mais disfar ada pelas edifica es entre as atuais rua do Tijolo e ladeira da Pra a N o existia ainda esta ltima rua pois que lhe ocupava ent o o lugar o fosso profundo que corria em descida desde o primeiro baluarte ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO defendendo essa face nordeste da cidade murada e prolongando se at pr xima do lugar onde hoje se chama a pra
220. eologia 5 Paulo tica 1988 GALZERANI Maria Carolina Bov rio Mem ria hist ria e rejinven o educacional uma tessitura coletiva na escola p blica In MENEZES Maria Cristina org Educa o mem ria hist ria possibilidades leituras Campinas Mercado das Letras 2004 GIL Antonio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 3 ed S o Paulo Atlas 1991 INVENT RIO de Prote o do Acervo Cultural lac Ficha de identifica o do Solar do Sodr para fins de tombamento do im vel Salvador BA n BR 32007 1 3 044 1973 MALERBA Jurandir BERTONI Mauro Nossa gente brasileira texto e atividades para o ensino fundamental Campinas Papirus 2001 MARTINS Maria Helena Pires Preservando o patrim nio e construindo a identidade S o Paulo Moderna 2001 Cole o Aprendendo a Com viver MATTOS Waldemar A presen a de Castro Alves em Salvador A Tarde Salvador 14 mar 1986 2 cad NAJJAR Rosana Manual de arqueologia hist rica em projetos de restaura o Bras lia Iphan 2005 NIGRO C nthia Territ rios do patrim nio tombamentos e mobiliza es sociais In CARLOS Ana Fani Alexandri LEMOS Am lia In s Geraiges orgs Dilemas urbanos novas abordagens sobre a cidade S o Paulo Contexto 2003 ORI Ricardo Mem ria e ensino de hist ria In BITTENCOURT Circe org O saber hist rico na sala de aula 2 ed S o Paulo Contexto 1998 SANTOS Gildenir Carolino PASSOS Ro
221. epresenta o de uma nica casa no seu interior Planta atribu da ao cosm grafo portugu s Jo o Teixeira Albernaz inclu da no Livro que d Raz o do Estado do Brasil de Diogo de Campos Moreno 269 c he 57 a Mn ut dh aee de LR RE 221 e MANNA E m 3 i rm cee E m E E 1 m a In a e a a 3 eee FE EEE J Essas informa es nos levaram a concluir que dever amos aprofundar nossas an lises no sentido de compreender a ocupa o do espa o frente topografia e presen a de gua pot vel uma vez que a umidade presente nos terrenos muito provavelmente impunha um cuidado maior na hora de construir em particular no sentido de evitar a temida umidade ascendente que poderia acarretar inclusive o desmoronamento das constru es nas reas mais acidentadas da regi o em estudo Na realidade trabalhamos com a hip tese de que o vale em estudo era na origem o leito de um afluente do rio das Tripas conforme apontaram os resultados das an lises geoarqueol gicas Como tal potencialmente bastante mido indicando a necessidade da utiliza o de t cnicas construtivas que minimizassem problemas futuros O levantamento hist rico realizado mostra que os vales e declives existentes entre a cidade alta e a baixa apesar de inadequados
222. era es territoriais com as ocupa es Surpresas ou descobertas dos gestores municipais do per odo estudado mostram o qu o desconhecidos eram os caminhos das canaliza es at o in cio do s culo XX Isso aponta para o fato de que havia grande necessidade de constru o de vias de canaliza o por causa tamb m da falta de asseio nas vias p blicas e quintais das resid ncias lim trofes a reas planas e ou ribeirinhas As fontes analisadas permitem dizer que em decorr ncia da situa o insalubre em que viviam os habitantes nas imedia es do centro de Salvador tentativas de melhorias dessa condi o eram alcan adas a duras penas com a utiliza o das galerias subterr neas de guas fluviais e pluviais Por essas estruturas realiza se a libera o do esgoto dom stico desde pelo menos o segundo quartel do s culo XVIII Apesar da aparente distin o dos espa os de influ ncia das canaliza es s o semelhantes os terrenos onde foram inseridas ou seja os espa os abertos nos quarteir es onde n o havia funda es das edifica es Percebemos isso quando observamos as cotas topogr ficas e as associamos s novidades nos oitocentos surgidas com as a es da Fam lia Real Ao situar temporalmente os im veis notamos que as duas galerias identificadas at o momento inseridas nas reas n o edificadas estavam em terrenos que PROGRAMA MONUMENTA IPHAN correspondiam as reas de servid o p tios in
223. erramento o terceiro na freguesia da S N o sabemos se em 1855 ano do c lera e da proibi o definitiva das inuma es nos centros urbanos a capela ainda ocupava tal posi o No entanto mesmo em 1855 um ano antes de sua demoli o houve testamentos com pedidos de sepultamento na rea da capela O que nos leva a crer que a popula o gostaria de manter a tradi o 32 Idem ibidem n 36 p 71 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Conclusao Alguns documentos referem se ao p ssimo estado de conserva o da igreja Ign cio M Costa Peixoto prov vel devoto de Nossa Senhora de Guadalupe deixa em testamento uma de dez mil r is para a manuten o do templo caso a irmandade fa a no per odo de dois anos ap s sua morte ocorrida em 1838 Embora de maneira superficial essas not cias deixam entrever que a demoli o da capela justificava se pelo seu estado de decad ncia Por m sabemos que muitas outras igrejas em estado deplor vel de conserva o passaram por reformas e reconstru es que impediram sua destrui o A Igreja dos Pardos de Guadalupe ao contr rio deixou de existir O entulho resultante da demoli o foi direcionado para as obras da rua da Vala atual J J Seabra para onde dava provavelmente uma de suas laterais e a irmandade voltou para o antigo lar a Catedral da S N ose sabe exatamente o que levou ao enfraquecimento da Irmandade dos Pardos de Guadalupe a ponto de n o conse
224. ervi o por ele desempenhado Em geral era uma quantia fixa e o excedente podia ser embolsado pelo escravo 59 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Muro de arrimo ou alicerce e outras estruturas arquitet nicas Casa 27 rua Monte Alverne Galerias da casa 41 rua 28 de Setembro antiga rua do Tijolo 62 portugueses Em 1831 as revoltas mata marotos eclodiram em Salvador Civis armados ocuparam o forte do Barbalho e exigiram a retirada dos portugueses da cidade algo que vinha ocorrendo desde 1823 por conta do processo de independ ncia brasileira Os rebeldes saquearam dep sitos de armas e destru ram o com rcio como protesto contra a carestia O desemprego em muitos setores considerados seguros como o militar deu o toque final ao cen rio das revoltas populares do s culo XIX Em 1824 motins militares como o do Batalh o dos Periquitos provocaram a fuga de v rias fam lias da capital para o Rec ncavo Escravos e libertos participaram lado a lado com os soldados nesses motins Ao longo da primeira metade do s culo os escravos da Bahia reputados como rebeldes deixaram os senhores em estado constante de inseguran a e medo da onda negra Azevedo 1987 Embora frequentes em outros tempos sob forma de constitui o de quilombos as rebeli es se multiplicaram a partir do in cio do s culo XIX A ideologia de religi es e as pr ticas culturais africanas favoreciam uma identidade tnica Por m em v
225. es Water Resources Research 1980 n 16 p 574 582 ZENG X MCMECHAN G A GPR Characterization of Buried Tanks and Pipes Geophysics 1997 v 62 n 3 p 797 806 O ac mulo progressivo de conhecimentos um dos tracos mais marcantes da experi ncia humana A engenhosidade do homem sempre foi aplicada ao aprimoramento dos recursos destinados preserva o e transmiss o dos saberes produzidos em uma dada realidade Eis o aspecto fundamental contido na concep o de banco de dados a capacidade de estabelecer uma rela o l gica entre os fragmentos recolhidos de um determinado contexto com o prop sito de dar visibilidade a conhecimentos n o repii p toa rum cento em oU ss flam wu Li mac Pie Eua Eu ecu ru E dera dy eg 9 doc m oT mm die LS EL Maii at Po DUE t ee dem Ada e Rr RE dun il E 7 Li E oem Bae T Vicki a E one pat A aT ER de Der oen E aal LEE ED e 7 QU RLW ater E MEN ufi Fm E IE eee a LA umm sony aige AS IO t det lr 52 FE i 3 sees a un T E TN a E Rr Ert Fa 7 i 1 F a Pior d aay 4 T F a Tier
226. es das estruturas de funda o pesadas presenciamos camadas de aterros bem compactadas geralmente do aterro tipo 2 Nas camadas mais superficiais os materiais encontravam se com baixa compacta o verificando se a presen a principalmente do aterro tipo 1 Os outros tipos de aterro 3 e 4 apresentaram se 494 258 geralmente intercalados aos demais Sobre aterro tipo 3 a hip tese que o material pode ser decorrente de demoli es de estruturas de paredes e ou casas que existiam no local O que refor a essa interpreta o o fato de comumente estarem posicionados entre camadas de pisos preexistentes Quanto ao aterro tipo 4 tamb m foi encontrado logo abaixo das camadas de pisos e por se tratar de solo natural de f cil manuseio facilitando o trabalho de nivela o do terreno presumimos que sua fun o esteja associada implanta o dos pisos Entretanto os dados da pesquisa apenas sugerem a exist ncia de regras e t cnicas para a constru o dos aterros e que havia sele o dos tipos de material a serem empregados Contudo acreditamos que para se chegar a conclus es definitivas sobre o tema s o necess rios mais estudos consistentes e sistem ticos O levantamento hist rico aponta tamb m outros motivos para a confec o de aterros como o preenchimento de depress es naturais do terreno de trincheiras e de fossos de defesa e a cria o de diques e represas Podemos concluir que os v ri
227. essa forma conseguimos categorizar pelo menos quatro tipos de deposi o distintos para a rea pesquisada de abandono lixeiras dom sticas sepultamentos e aterros O contexto de abandono definido pelo ato de se deixar em uma rea artefatos associados a ela Esse ato pode ser intencional como nos casos de enterramentos de artefatos para fins funcionais ou de deposi o de oferendas para uma divindade por exemplo figura 2 O abandono tamb m pode ser n o intencional como ocorre por esquecimento ou em situa es de fuga de uma familia por ocasi o de inc ndio ou desmoronamento do im vel figura 1 Nesses casos definimos deposi o como de facto Schiffer 1983 comum que as deposi es de facto resultem em artefatos encontrados ainda inteiros ou parcialmente inteiros Nas lixeiras dom sticas figura 3 os objetos geralmente est o fragmentados pois o descarte ocorre ap s a quebra ou a perda da funcionalidade da pe a Mas a tend ncia que estejam mais completos na maioria das vezes poss vel a sua recomposi o Outra caracter stica das lixeiras a presen a abundante de restos org nicos o que torna a cor do sedimento bastante escura Isso facilita a delimita o do espa o ocupado por esses detritos que geralmente n o muito extenso Para os casos de sepultamento temos o tipo prim rio figura 4 dentro e fora da igreja algo associado a um ritual crist o e os sepultamentos secun
228. esso de ensino aprendizagem no qual v rios sujeitos com seus distintos pertencimentos estabelecem um di logo Horta Grunberg Monteiro 1999 Isso torna imperioso conhecer o universo cultural desses atores e a partir dele elaborar a es que de fato possam promover a sensibiliza o a apropria o e a preserva o do patrim nio arqueol gico Em nosso entendimento a Educa o Patrimonial deve ser compreendida como um caminho fundamentado pela perspectiva da Arqueologia P blica A Arqueologia P blica uma vertente da Arqueologia preocupada em compreender as rela es entre distintas comunidades considerando e o patrim nio arqueol gico impacto do discurso acad mico na vis o de mundo PROGRAMA MONUMENTA IPHAN M rcia Bezerra dessas comunidades o lugar de suas narrativas na construc o do passado e a gest o comunit ria dos bens arqueol gicos Como se v a Arqueologia P blica ao mesmo tempo produto e vetor de reflex es acad micas de a es pol ticas e de estrat gias de gest o ver Bezerra 2003 Funari 2004 Pyburn amp Wilk 2000 Schaan 2007 entre outros Muitos autores Pyburn amp Bezerra 2006 Pyburn amp Wilk 2000 entendem a Arqueologia P blica como Antropologia Aplicada Pyburn amp Bezerra 2006 Shackel amp Chambers 2004 A pesquisa aplicada diferente da Ilustra o de Adriana Mendon a para projeto de Educa o Patrimonial 169 pesquisa b sica
229. essoas de camadas medianas e pobres da sociedade Ali residiam vi vas que viviam de seus bens abrigando diversos filhos parentes e escravos Os grandes sobrados constru dos para acolher fam lias numerosas se subdividiam em fogos por andares transformando se em lares com fam lias de mediana e inferior segmenta o social em que seus chefes filhos e mesmo agregados eram na maioria funcion rios p blicos Nascimento 1986 Ali tamb m viviam portugueses rec m chegados que se estabeleciam nas lojas e casas de com rcio atividade que at esse momento era exclusiva da freguesia da Concei o da Praia Na rua das Ver nicas pr ximo ladeira da Pra a e C mara Municipal aglomeravam se pretos e pardos livres e libertos e alguns escravos com ocupa es prim rias de presta o de servi os aut nomos como Hu vende agua vende lenha vende mingau tem venda na porta carrega cadeira de ganho rema saveiro Era o caso de Joaquim de Matos e In cio da Limeira ambos carregadores de cadeira moradores na rua das Ver nicas 5 acusados de participa o na Revolta dos Mal s em 1835 Nessa casa foram encontrados dois sacos com dinheiro de cobre 11 bainhas de espada parnahibas umas roupetas enfeitadas com cascav is e uma boceta com bichinhos de madeira que se moviam o que foi suficiente para indiciar os dois carregadores A presenca dos cantos de trabalhadores na freguesia
230. fato arquitet nico adotou se como procedimento padr o a caracteriza o dos im veis do projeto no contexto do conjunto urbano que nesse sentido foi realizada a partir da observa o descri o e avalia o dos elementos e t cnicas construtivas utilizados Tamb m foram observados partido arquitet nico a disposi o do espa o constru do bem como as interven es ocorridas ou provocadas ao longo do tempo Todos esses aspectos foram entendidos como testemunhos hist ricos e culturais buscando se compreendero desenvolvimento da cidade e a sociedade na qual se produziram Esse PROGRAMA MONUMENTA IPHAN extenso e detalhado levantamento foi realizado pela equipe de arquitetos do projeto e est parcialmente retratado na quarta parte do livro que trata do di logo com a Arquitetura a partir dos cap tulos IX e X respectivamente As fachadas do Pelourinho e O ladrilho hidr ulico no Centro Hist rico de Salvador Chamamos a atenc o para a excel ncia dos registros gr ficos realizados objetivo que perseguimos durante todo projeto A cole o de artefatos m veis coletados bastante diversificada e numerosa contabilizando cerca de 400 mil pe as a maioria do material vem dos aterros pesquisados E foi dividida em nove subcolec es baseadas nos tipos de material cer mico l tico pedra sseo malacol gico conchas vidro de madeira e pl stico A v treo met lico
231. fazia parte da rea prevista para a pesquisa tendo se mantido ocupado e sofrido severas reformas Portanto o mesmo propriet rio construiu pelo menos tr s casas geminadas na rua 28 de Setembro ou rua do Tijolo todas assentadas sobre os aterros tecnog nicos mais profundos observados durante a pesquisa As paredes divis rias entre as casas 39 41 e 43 s o simples em alvenaria de tijolos mas constru das com a t cnica necess ria para permitir a edifica o de um segundo pavimento Por m o mais interessante foi observar como as casas foram assentadas As prospec es arqueol gicas nas casas 39 e 41 se limitaram a 3 5m de profundidade em respeito Seguran a dos pesquisadores Com base nessa prospec o foi poss vel associar os diferentes tipos de aterro com sua fun o para a constru o do artefato arquitet nico A profundidade alcan ada nas pesquisas mostrou tr s camadas distintas de deposi es e consequentemente intencionalidades A camada mais profunda da qual observamos uma parcela de 1 5m composta basicamente por sedimento e restos construtivos vindos muito prov vel dos desabamentos ou de interven es em im veis da rea Sua principal caracter stica firmeza e compacta o se deve possivelmente grande presen a de sedimento entre os elementos construtivos descartados impedindo a forma o de vazios entre as partes constituidoras da camada Essa primeira camada teve o papel de dar
232. fer ncia para a Bahia possibilitou uma aplica o do m todo de data o arqueomagn tica PROGRAMA MONUMENTA IPHAN a uma casa do Projeto Pelourinho a casa 27 1550 foi poss vel gracas a dois fatores b sicos as informac es arqueol gicas a priori para este estudo de caso e a boa resolu o da curva de refer ncia para esse intervalo de tempo As informac es arqueol gicas e arquitet nicas da casa 27 foram essenciais para um bom delineamento do intervalo cronol gico obtido a partir do arqueomagnetismo Estudos similares em outras casas do Projeto Pelourinho permitir o delinear zoneamentos urbanos e consequentemente indicar com grande precis o poss veis intervalos para as ocupa es A data o arqueomagn tica no Brasil est ainda em sua inf ncia mas esse exemplo em Salvador forte indicativo de sua potencialidade pelo menos para o per odo colonial e p s colonial As varia es de intensidades para esse per odo s o grandes o suficiente para possibilitar data es a partir da intensidade geomagn tica No entanto as curvas de refer ncia podem ainda ser melhoradas com dados de outros elementos geomagn ticos declina o e inclina o necess rio tamb m que os estudos sejam ampliados na Bahia e iniciados em outros locais do pa s M dia de intensidade para cada sitio Modelo de campo geomagnetico Intensidade geomagn tica micro Tesla 20 ad E L
233. fia que abrange o per odo mostra uma expans o urbana extramuros No c rculo maior em vermelho configura o espacial da quadra revela uma rea ainda 3 Olixo dom stico descartado pela sociedade soteropolitana 4 Mapa elaborado por Jos Azevedo Gale o FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Salvador Pallotti 1998 p 135 Edi o especial parcialmente ocupada no per odo Havia poucas casas sendo uma por o delas com as fachadas voltadas para a rua S o Francisco e outro conjunto menor voltado para a ladeira da Pra a Chamamos a aten o para um detalhe representado por um ponto dentro do c rculo vermelho na margem esquerda do rio das Tripas um pr dio solto que a representa o da Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe ver mapa na p 228 Dessa forma podemos considerar que a localiza o do templo no contexto de ocupa o da rea foi importante para o avan o da apropria o do territ rio da cidade atuando como chamariz para outras constru es e contribuindo para a organiza o do tecido urbano de Salvador Foi assim uma das edifica es precursoras da melhoria espacial e urbana naquele setor da cidade Mesmo nos ltimos anos antes do abandono e de sua demoli o quando a popula o soteropolitana sofreu com duas grandes epidemias a igreja teve um papel importante como u
234. forma geral o trabalho arquitet nico do projeto est embutido num di logo entre a Arqueologia e a Arquitetura conhecido como a Arqueologia da Arquitetura O arque logo argentino Andr s Zarankin 1999 e 2002 tem sido o principal postulador dessa subdisciplina em nosso pa s Segundo ele a Arqueologia da Arquitetura pode ser definida de maneira geral como uma corrente de pesquisa que abarca todos aqueles trabalhos direcionados ao estudo da Arquitetura de um ponto de vista arqueol gico quer dizer centrados na an lise de sua materialidade Esse tipo de abordagem oferece uma nova perspectiva de an lise para a discuss o de elementos vinculados 141 conforma o da paisagem cultural As constru es s o vistas como elementos ativos produtos culturais que interatuam de forma din mica com o homem 2002 p 45 Os trabalhos dessa Arqueologia podem abordar a Arquitetura de modos distintos como uma arquitetura funcionalista que se preocupa com os aspectos funcionais que suprem necessidades impostas pelo meio ambiente como uma arquitetura simb lica que desvela o aspecto ideol gico das constru es ou ainda analisando a arquitetura como uma linguagem n o verbal o que nos possibilita trabalh la como um texto Zarankin 1999 e 2002 Ribeiro 2003 Podem ainda trabalhar em diferentes escalas de espa o desde a regional de uma nica edifica o Em s ntese a Arquitetura como elemento constitutiv
235. funda o da cidade de Salvador Bahia Tip Beneditina 1949 SANTOS Milton T cnica espa o tempo S o Paulo Hucitec 1994 SANTOS Paulo Forma o de cidades no Brasil colonial Rio de Janeiro Editora UFRJ 2001 elson Kon UMA VIS O HIST RICA DA REA DO PROJETO uoy UOS 2N Cer mica vidrada OG VTudV VA VOTHOLSIH OVSIA YWA Il Pesquisa hist rica e Arqueologia Reconstruir a hist ria da cidade de Salvador seu processo de ocupa o desenvolvimento determinando o perfil econ mico e social da cidade da Bahia foi o principal objetivo da pesquisa hist rica desenvolvida no decorrer do Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 72 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta Iphan ou Projeto Pelourinho de Arqueologia A selec o e a coleta de fontes prim rias secund rias e iconogr ficas nos arquivos mais importantes das cidades do Rio de Janeiro e Salvador permitiram a contextualizac o e serviram de base 1 Salvador era usualmente chamada cidade da Bahia at O s culo XIX Alane Fraga do Carmo D bora Bacelar Bastos para as an lises das fontes prim rias no estudo dos 11 quarteir es do Centro Hist rico de Salvador relativos Etapa Para o per odo compreendido entre os s culos XVI a XVIII em raz o de dificuldade de acesso a fontes prim rias a an lise deteve se especificamente sobre as fontes secund ria
236. ger a rea do Projeto Pelourinho e portanto ser objeto de estudo no presente cap tulo Centro do governo administrativo legislativo judici rio e religioso da prov ncia a S concentrava belos e majestosos 7 Sobre a revolta dos mal s ver REIS Jo o Jos Rebeli o escrava no Brasil A hist ria do levante dos mal s 1835 S o Paulo Companhia das Letras 2003 8 A S come ava nas portas de S o Bento estendendo se at o beco do Ferr o onde se delimitava com a freguesia do Passo Distava de norte a sul um quarto de l gua e de leste a oeste 150 bra as Situava se na orla da montanha onde se dividia com a freguesia de Nossa Senhora da Concei o da Praia pela ladeira da Miseric rdia at as ltimas casas dos ferreiros e pela ladeira do Pal cio ou atr s do pal cio at a ltima casa do lado do mar Na parte interior limitava se com a freguesia de Santana pela rua da Vala pela ladeira do Gravat no fim da rua de S o Miguel e no t rmino da ladeira que descia pelo canto do Semin rio em dire o ao bairro da Sa de Limitava se com S o Pedro Velho na ladeira das Hortas e nas portas de S o Bento ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO edif cios como o Pal cio dos Governadores a Casa da Moeda o col gio m dico cir rgico o Senado da C mara o solar do Ferr o o solar do Berqu o pa o do Saldanha al m da Igreja de S o Pedro dos Cl rigos a s Catedral fazendo frente para o mar a Santa Casa de
237. guir impedir a demoli o de seu templo Ap s a demoli o a irmandade n o conseguiu evitar o calote da municipalidade N o encontramos not cias sobre esse evento nos jornais de maior circula o na prov ncia o que indica que a capela foi demolida sem maior alarde na imprensa e na comunidade e sumiu da mem ria oficial baiana sem deixar rastros 33 ldem ibidem n 26 p 75 34 Ver APEB se o colonial governo da prov ncia religi o irmandade da capital 1847 1889 ma o 5249 Ver tamb m APMS obras p blicas municipais termo de alinhamento e vistoria caixa 01 Ver APEB se o colonial not cias das igrejas da capital da Bahia 1852 1888 ma o 5241 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Refer ncias C SSIA Taynar de Movimento negro de base religiosa a Irmandade do Ros rio dos Pretos Revista Caderno CRH Salvador jan jun 2001 n 34 p 165 179 COSTA Ana de Lourdes Ribeiro da Espacos negros cantos e lojas em Salvador no s culo XIX Revista Caderno CRH Cantos e toques etnografas do espa o negro na Bahia Salvador 1991 v 4 DAVID Onildo Reis O inimigo invis vel epidemia na Bahia no s culo XIX Salvador Edufba Sarah Letras 1996 FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Salvador Pallotti 1998 Edi o especial LEITE Rinaldo C sar E a Bahia civiliza se em um
238. gura 4 rea escavada onde s o vistas as conex es para escoamento de guas servidas e o piso de tijoleira Figura 5 Faiancas de proveni ncia ib rica recuperadas na casa 62 15 rua 3 de Maio No mesmo aterro mas na camada sobre a canaliza o foi identificado um pacote que aponta o recuo cronol gico desse im vel ao s culo XVIII Alguns vest gios dessa camada podem ser visualizados a seguir onde apresentamos tipos distintos de faian as produzidas na Pen nsula Ib rica figura 5 selecionados de uma amostra bastante representativa e que podem ter sido confeccionados desde a segunda metade do s culo XVI at aproximadamente a terceira d cada do s culo XVIII 5 Para as an lises da data o relativa ao material cer mico utilizamos o Cat logo das cole es cer micas da 6 SR phan onde poss vel consultar informa es acerca da produ o cer mica for nea e encontrar extensa bibliografia e endere os na rede mundial de computadores que contribuem para a compreens o dos per odos de fabrica o da faian a comercializada nos s culos referidos neste texto Ver NAJJAR et al Cat logo das cole es cer micas da 6 SR Iphan Rio de Janeiro Iphan 2007 Paisagem e salubridade durante o s culo XIX Com o olhar direcionado ao s culo XIX podemos tratar das mudan as nas paisagens ao utilizar tamb m fontes documentais produzidas pelo poder p blico Com base na documenta o man
239. h evid ncia de que os vasilhames enterrados tivessem fun o utilit ria e n o foram observados remendos ou imperfei es no piso acima ind cios que poderiam sugerir que os interessados tivessem acesso constante a eles Localizados nos cantos do por o os vasilhames estariam em locais de baixa circula o de pessoas Conclusao Grande parte dos vasilhames analisados aqui parece ter sido depositada intencionalmente no local onde foram encontrados durantes as pesquisas arqueol gicas est clara a raz o para isso Por m uma das hip teses que essa disposi o esteja associada a rituais religiosos dom sticos t pico que est sendo abordado em projeto de doutoramento de Samuel Lira Gordenstein co autor deste cap tulo No caso do vasilhame 1 encontrado no im vel 3 do Beco do Semin rio al m da hip tese de uso ritual cogita se a possibilidade de que a cavidade onde foi encontrado o artefato cer mico tenha tido a fun o de local de guarda ou de esconderijo de mantimentos Somente com a finaliza o da an lise laboratorial da cultura material coletada assim como levantamento hist rico e etnogr fico poderemos tecer conclus es mais definitivas sobre o s motivo s do enterramento de vasilhames no Pelourinho PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Refer ncias NAJJAR Rosana SILVA Regina Coeli Pinheiro da Relat rio de pesquisa arqueol gica da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Salvador BA Monumenta lphan 2
240. hia de quatro irm s um filho e um agregado todos pardos K tia Mattoso 1992 p 440 441 tamb m descreve de forma detalhada o perfil social e tnico dos moradores de duas ruas pr ximas Capela de Guadalupe A primeira diz respeito rua da Ajuda e a segunda rua Direita da Ajuda A partir dessas refer ncias a autora apresenta sete casas registradas no censo de 1855 seis das quais habitadas principalmente por mulatos livres vi vos solteiros crian as trabalhadores especializados e agregados Nesses seis casar es moravam 24 mulatos uma escrava e um portugu s Numa sociedade escravista e estratificada a posi o so ciale a cor se confundiam 2 Isso se aplica tanto a Salvador 10 REIS Jo o Jos A morte uma festa ritos f nebres e revolta popular no Brasil do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 1991 p 30 11 NASCIMENTO Anna Am lia Vieira Dez freguesias da cidade do Salvador aspectos sociais e urbanos do s culo XIX Salvador Funda o Cultural do Estado da Bahia 1986 p 68 71 12 REIS Jo o Jos A morte uma festa ritos f nebres e revolta popular no Brasil do s culo XIX S o Paulo Companhia das Letras 1991 p 37 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO de forma geral quanto especificamente freguesia da S Entre aqueles que poderiam ter condi es de participar das decis es administrativas da prov ncia e os que viviam no limiar da pobreza situavam se os mesti os Dece
241. i o de fachadas plantas baixas e t cnicas construtivas utilizando se a documenta o hist rica quando existente para fins comparativos Nos im veis em que o projeto previa a demoli o interna dos monumentos em alguns casos conseguiu se fazer compara es com o estado atual e casas do entorno o que permitiu conferir as intensas mudan as e ocupa es que ocorreram no Centro Hist rico de Salvador Tamb m se efetuaram prospec es de argamassas e pintura mural em todas as casas estudadas encontrando se grande variedade em cada uma delas Para uma melhor leitura do sistema construtivo e materiais tradicionais realizaram se prospec es nos rebocos e embo os das paredes Em alguns casos tamb m foram feitas an lises da pintura mural para conhecer um pouco mais esse tipo de t cnica ancestral t o presente nos im veis As informa es fundamentam se nos registros gr ficos e fotogr ficos das estruturas nos elementos evidenciados e na coleta de amostras de materiais achados nas escava es e nos sistemas construtivos tradicionais acima da cota de escava o Catalogou se cada tipo de argamassa utilizada nas funda es bem como tipos de massa embo o e reboco em paredes com a finalidade de se fazer um estudo tipol gico dos mesmos e assim possibilitar as compara es e associa es as tipologias e per odos hist ricos da cidade Para o desenvolvimento e consolida o dos trabalhos foram utilizadas imagens em f
242. ia necess rio ter os im veis nas m os da iniciativa privada que gerando lucros ressarciria o Estado nesse momento e com o nico prop sito de reocupa o pela iniciativa privada que o Programa parte para a chamada negocia o com os moradores promovendo se a pol tica da exclus o que ignorou equivocadamente o espa o de conv vio dos sujeitos hist ricos possuidor de vitalidade conforme men o abaixo seo propriet rio possu sse dois im veis por exemplo doava um ao Estado e recebia o outro recuperado quando s possu sse um im vel o dono cedia a sua posse em comodato por um per odo de 10 anos e ao fim deste prazo o im vel lhe seria devolvido houve ainda casos de desmembramento da propriedade de compra e quando n o houve possibilidade de acordo umas poucas desapropria es Programa de Recupera o 1995 p 20 Uma vez que o patrim nio cultural foi entendido apenas como pedra e cal a popula o estigmatizada aos poucos perdeu o direito de propriedade e sua identidade De forma incoerente foi difundida a ideia de que os moradores poderiam retornar ao Pelourinho ap s as obras de recupera o No entanto era sabido que seriam desestimulados por uma s rie de fatores que redundariam em eleva o do custo de vida impostos mais altos despesas com a conserva o dos casar es tombados e outros gastos incompat veis com o padr o de renda daquela comunidade O efe
243. ica As crian as segundo a legisla o brasileira devem nela permanecer por no m nimo duzentos dias por ano quatro horas por dia perfazendo um total de oitocentas horas anuais um tempo significativo embora grande parte dos educadores aponte a necessidade de aumentar o per odo de perman ncia das crian as na institui o visando a uma educa o de melhor qualidade 1 Ver dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An sio Teixeira rg o do MEC respons vel pela realiza o do Censo Escolar www inep gov br 2 Vera Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional Lei 9 394 96 art 24 inciso 187 188 Figura 1 Fachada da Escola Estadual Azevedo Fernandes 1986 sociedade ocidental confere escola um lugar de destaque como Como bem nos indica Trilla uma das principais instituic es educativas sendo ela a respons vel pela socializa o sistem tica de determinados saberes Entretanto continua o autor O discurso de muitos sobre a escola acaba por localiz la como o nico lugar na sociedade onde o conhecimento formado e socializado o que uma grande distor o pois h na sociedade in meras outras institui es e movimentos pelos quais passa o conhecimento Evitando qualquer perspectiva de supervaloriza o da educa o escolar o trabalho realizado no interior das escolas foi priorizado no projeto de Educa o Patrimonial realizado no Centr
244. ica de chocolate algumas tavernas Entre seus moradores havia padres funcion rios p blicos militares m dicos professores e escravos inclusive v rios mal s envolvidos na Revolta dos B zios ocorrida em 1835 Iniciamos a pesquisa tentando verificar se o nome da rua derivava da exist ncia no local de f bricas de tijolos que abasteceriam a cidade em forma o no per odo colonial Por m esse fato n o foi comprovado nem pelas escava es arqueol gicas nem pela pesquisa hist rica Decidimos investigar o cotidiano da rua durante o per odo oitocentista s culo XIX por causa da ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO disponibilidade de fontes e por notar nos im veis ali localizados alguns vest gios desse per odo Em etapa posterior nos preocupamos em investigar quem eram os indiv duos que viveram ali baseando a pesquisa no nome O nome passou a ser o fio pelo qual nos guiamos no labirinto dos arquivos e fontes na tentativa de chegar mais perto da vida que se passou naquelas ruas e casas do Centro Hist rico de Salvador durante o s culo XIX Ginzburg Poni 1979 1 fase da pesquisa constru o e desenvolvimento urbano de Salvador Na primeira fase da pesquisa destacamos as fontes secund rias que melhor responderam s indaga es acerca da configura o f sica do s tio arqueol gico Uma das quest es era saber se Salvador foi uma cidade planejada e se sua planta baseou se no modelo das cidades portuguesas Entendemo
245. idente nas freguesias centrais da cidade Ana Am lia Nascimento 1986 p 72 afirma que 65 63 dos moradores da freguesia da S era formada por pardos crioulos cabras e pretos Desse percentual 28 eram pardos 23 44 eram pretos e 13 42 eram crioulos e cabras O restante da popula o da S 34 3796 era formado por brancos nativos e estrangeiros de baixo poder aquisitivo Perfil social da freguesia da S 1855 f Yt dz a A Crioulos e Pardos 13 da populacao 8 MATTOSO Katia Bahia s culo XIX uma provincia no Imp rio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1992 p 440 233 234 Segundo Reis 2003 p 23 que tamb m utiliza os dados do censo de 1855 havia distin es entre os nomes dados aos negros brasileiros ou estrangeiros e mesticos O negro era chamado de crioulo quando nascido no Brasil O mulato mestico de pretos e brancos tamb m podia ser chamado de pardo e o mestico de mulato com crioulo era chamado cabra Aos africanos cabia a designac o preto Estes al m de serem distinguidos pela cor eram tamb m distinguidos pelas na es e pela condi o jur dica de livres libertos ou escravos Os pardos tamb m podiam estar entre essas tr s distin es jur dicas Composta basicamente por sobrados a S abrigava nesse per odo membros da alta sociedade como o bar o de Jaguaripe propriet rio de um im vel na rua Direita do Pal cio e li
246. ilidade t rmica das amostras da casa 27 durante seu aquecimento resfriamento indicando que elas praticamente n o apresentam altera o magn tica E Momento magn tico durante o ciclo de aquecimento e resfriamento Observa a se na figura 4b que a curva de histerese apresenta um gama de temperatura 08 4 a 900 COmportamento t pico de mistura de minerais visto enquanto que a curva Campo aplicado Testa que ocorre a saturac o da magnetita em campos em azul representa o melhor ajuste para a pr ximos a 100 mT Essa curva pode indicar presenca s CP27 09 03 38 5 uT K73 s0 PUANA CP27 00 03 38 5 uT KT795 1 de minerais de baixa coercividade magn tica como a da magnetiza o na legenda os valores de titanomagnetita e minerais de alta coercividade como LE intensidade obtidos 1 2 a hematita em micro Tesla K f o percentual de 3 A figura 4c mostra um gr fico da intensidade do campo magnetiza o usado Em T me ed magn tico f ssil func o da temperatura em que m desvio padr o do ajuste as medidas foram efetuadas no Triaxe Note que os resultados obtidos em altas temperaturas convergem 107 para o mesmo valor de intensidade nos dois m todos ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO de ajuste utilizados curvas com cores diferentes revelando uma boa coer ncia d
247. incipal empecilho para os projetos higienistas Teodoro Sampaio via a habita o como o alvo principal do projeto de limpeza segundo suas palavras O saneamento de uma cidade deve come ar pela unidade urbana a habita o N o h saneamento poss vel quando os costumes dom sticos e as habita es do povo n o obedecem a condi es sanit rias e n o se modificam ao seu influxo A habita o especialmente a coletiva abrigava h bitos populares inaceit veis ao pensamento modernizante Acabar com ela era reformar os costumes e s por meio da reforma dos costumes podia se encontrar a civiliza o Sampaio continua Na Bahia a reforma da habita o isto o melhoramento das condi es sanit rias das casas a fiscaliza o exercida assiduamente sobre elas no que diz respeito limpeza e suprimento de ar puro a vigil ncia quanto aos costumes das classes pobres visando melhor los por meio de regras e conselhos prescritos popula o s o medidas primordiais urgentes ao tratar se do saneamento da cidade grifo nosso 18 Idem ibidem 19 Idem ibidem 71 J Fr JW i EC E 7 E ow am A ol on 8 E Estruturas evidenciadas a partir das escava es no pr dio anexo ao Liceu Funda es e buracos de estacas descobertos na casa 24 ladeira da Pra a Bot es de roupas presentes nos enterramentos associados aos vest gios
248. inerantes ou com magnet metros instalados em sat lites A evolu o do campo geomagn tico em per odos mais antigos investigada a partir da an lise do magnetismo f ssil registrado em materiais arqueol gicos e rochas Esse tipo de observa o permite reconstruir a evolu o do campo geomagn tico em diferentes escalas de tempo O magnetismo f ssil pode ser determinado quando os objetos arqueol gicos e as rochas possuem a capacidade de registrar uma magnetiza o remanescente est vel produzida pelo campo geomagn tico existente no momento de sua forma o ou produ o O Arqueomagnetismo pode ser definido como um dominio de pesquisa multidisciplinar que une a Arqueologia o Magnetismo de rochas e o Geomagnetismo Assim o Arqueomagnetismo se ocupa de estudar a evolu o do campo magn tico da Terra em escalas de tempo arqueol gico por exemplo Hartmann et al 2007 Essas varia es podem inclusive ser utilizadas como ferramenta de data o A data o arqueomagn tica consiste na compara o das varia es do campo geomagn tico em uma determinada regi o com o registro geomagn tico obtido em materiais arqueol gicos de idade desconhecida A precis o de uma data o arqueomagn tica depende muito da resolu o da curva geomagn tica de refer ncia da regi o em 23 ee mn Y e axs gt ad a z O ARQUEGOMAGNETISMO LEGA HSM DA
249. io das Tripas que contribu a para a forma o de charcos e lama ais quase intranspon veis A Ribeira d gua como chamava Edison Carneiro 1980 inundava o vale transformando o em um perigoso lama al A preocupa o com a defesa militar teve grande influ ncia na decis o da escolha do terreno para a constru o da cidade pr tica usual dos lusitanos como podemos perceber em outras cidades portuguesas Para aliarem se s defesas naturais foram levantados alguns baluartes e uma cerca A cerca um tipo de pali ada mostrou se ineficiente j que era facilmente destru da at mesmo por animais como porcos e bois O governador ent o ordenou a construc o de uma protec o mais r gida 2 As cita es aqui transcritas tiveram a grafia atualizada quando necess rio para facilitar a leitura FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Salvador Pallotti 1998 p 37 Edi o especial 97 38 Planta de Salvador de 1625 a 1631 atribu da ao cosm grafo portugu s Jo o Albernaz inclu da no Livro que d Raz o do Estado do Brasil de Diogo de Campos Moreno para substitu la um muro de taipa em torno do qual se encontravam profundos fossos Segundo Carneiro 1980 o muro era de boa e grossa taipa de barro e madeira H inclusive uma grande discuss o entre os historiadores sobre a verd
250. io e afirma a sua import ncia como construtor do seu patrim nio da sua hist ria Diz ele Eu ganhei duas vezes ganhei trabalho que dif cil em Salvador e estou participando da restaura o da minha cidade do meu local do ch o onde eu piso 4 Jailson 26 anos Os auxiliares de campo cujas falas foram citadas aqui e autorizadas por eles s o V io Bui Mimi Daniel Bimba Teletubie e Chia ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Agradecimentos Aos moradores do CHS que nos receberam com muito carinho amizade m sica e mingau Refer ncias ANDR M E D A de Etnografia da pr tica escolar Campinas Papirus 1995 BACHELARD G A Po tica do espa o 2 ed S o Paulo Martins Fontes 2008 BEZERRA M Educa o bem patrimonial e escola In NAJJAR J CAMARGO S orgs Educa o se faz na pol tica Niter i Eduff 2006 p 79 98 __ OAustralopiteco Corcunda ouasrepresentac es sociais da Arqueologia para as crian as Anais do XII Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira S o Paulo SAB 2003 CD 1 __ Por cima balangand por baixo molambo 56 os moradores as paisagens e as ru nas em um projeto de Arqueologia no Centro Hist rico de Salvador Bahia In SILVEIRA F L A da CANCELA C D Paisagem e cultura din micas do patrim nio e da mem ria na atualidade Bel m Edufpa 2009 p 63 70 BOSI E Mem ria e sociedade lembran as de velhos S o Paulo Companhia da
251. irau E eres subson escavando sua parte externa onde observar amos mais uma vez o aterro tecnog nico nos deixava frustrados a parte externa estava ocupada pelas empresas ligadas s obras civis mesmo que j o tiv ssemos caracterizado detalhadamente No entanto ao buscarmos as fundac es da casa localizamos uma escada enterrada que descia mais ainda cerca de tr s metros abaixo do n vel do solo atual ver figura 7 Ou seja descobrimos a escada que estava relacionada implanta o da casa no seu primeiro momento em que o afluente do rio das Tripas formador do vale ainda existia e a casa tinha uma liga o direta com ele Seed 1111 z Lar 21 As into do seculo EX onec ums madinga am fachada principal once d retirado O Baral a uma paliza Eva mueaemseninsz A surpresa deveu se ao fato de termos encontrado vest gios que duvid vamos ainda existirem ver figuras 8 9 10 que mostram a reconstitui o da casa A partir desse achado pudemos supor como se dava a implantac o das casas constru das naquela rua adjacentes ao riacho Nenhuma fonte consultada nos deu pistas de como se dava essa rela o com o riacho ou sequer mencionava a relac o das casas com sua parte posterior Constatamos que na realidade existia uma servid o at hoje observ vel que passava paralela aos fundos das casas e as escad
252. isa Esses produtos foram inclu dos no material de apoio entregue ao professor e veiculados na TV Educativa da Bahia e na TV Brasil O trabalho com os professores embora tamb m algumas palestras tenham sido organizadas foi realizado principalmente a partir de oficinas em que eram discutidas tem ticas pertinentes ao projeto Nessas oficinas no di logo entre os saberes dos professores e os saberes dos t cnicos da equipe de Educa o Patrimonial trocavam se conte dos e saber fazeres potencializando o trabalho junto aos alunos Assim concordamos com P rez Tavares Ara jo 2009 p 25 quando dizem que as oficinas v m se constituindo como uma das principais metodologias de nossas a es de ensino pesquisa e extens o visto que um dos princ pios pol tico epistemol gicos que fundamentam nosso trabalho no campo da forma o de professoras reconhece docente como algu m capaz de construir teorias sobre seu fazer sobre sua pr tica profissional Assim como atividades de extens o as oficinas cumprem o duplo papel de estender ou ex tender o conhecimento produzido na universidade e trazer ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO para esta conhecimento realizado no ch o da escola uma vez que reconhecemos a escola como espaco tempo de uma teoria em movimento que tem a necessidade de ser re conhecida e apropriada pelos diferentes sujeitos escolares Al m dessa troca de saberes as oficinas tiveram o objetiv
253. ito da negocia o foi colocar para a popula o a op o de sair ou ficar no Centro Hist rico conforme consta no Programa de Recupera o 1995 p 21 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO houve opc o macica pelas indenizac es pois estas calculadas caso a caso levavam em considera o o tamanho da fam lia o tamanho da moradia a indeniza o resultava em valores bem atrativos pois a renda familiar m dia era inferior USS 100 por m s V rias etapas do Programa prosseguiram com a mesma pol tica de separa o social O Centro Hist rico como ponto tur stico foi alvo de aten o nos ltimos anos da d cada de 1990 Houve melhoramentos consider veis na infraestrutura e valoriza o do patrim nio material Mas o patrim nio imaterial que ali se enraizou ao longo do tempo pouco ou nada obteve de valoriza o por parte da pol tica estatal que devido a interesses financeiros relegou a recupera o social do local E a negocia o foi em grande parte intransigente por n o permitir a compreens o de que o Centro Hist rico Pelourinho de Salvador j possu a vitalidade social que precisava ser estudada e incentivada Portanto requalificar a localidade negando seu pr prio dinamismo e fun o social e entreg la a grupos detentores de capital era o objetivo evidente do projeto elaborado pelo Estado Em contrapartida a resist ncia popular que
254. ixa dos Sapateiros Esse vale originalmente cortava a atual rua S o Francisco conforme mostram as figuras 1 a 5 Esses vales escavados pelas nascentes d gua existentes na cidade alta foram moldados pela energia das guas de pequenos c rregos Inclusive a fartura de gua naquele plat foi um dos motivos que levaram os governantes a transferir a cidade originalmente implantada na praia do Porto da Barra para a cidade alta Sobretudo a riqueza da cidade alta s o suas guas presentes em toda parte Esta gua t o presente PROGRAMA MONUMENTA IPHAN que os homens do s culo XVI escolheram o s tio em func o tamb m dela Pois a base cristalina de horst absolutamente imperme vel e a espessa camada de solo derivada de sua decomposi o t o porosa que serve de reservat rio de guas sempre renovadas pelo clima mido Porosidade que de 2096 e que permite a cada m de solo conter 200L d gua Este solo atinge com frequ ncia mais de 30m de espessura Da ser f cil imaginar o imenso dep sito em gua que representa o solo da cidade alta basta cavar para encontrar poco Basta um afloramento ao contato da rocha m e com seu solo de decomposi o para que surja uma fonte Fontes que se encontram na base do horst como tamb m qualquer pista de fratura antiga Funda o Gregr rio de Mattos 1998 p 39 Figura 2 Detalhe da Planta de Salvador de 1625 a 1631 Observar no destaque o vale com a r
255. jeitos utilizados Os DICs tamb m podem estar relacionados com o prec rio estado de conserva o da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe j mencionado constru da sobre dep sitos aluviais do rio das Tripas Nesse caso a superposi o dos dep sitos resultou talvez na estrutura o de uma rea com condi es geot cnicas desfavor veis edifica o agravadas pelo len ol fre tico pr ximo superf cie e pelos constantes transbordamentos do rio das Tripas Al m dos aspectos acima mencionados os planos de discord ncia e o sentido do mergulho dos constituintes dos dep sitos permitem estabelecer hip teses sobre o processo de constru o As figuras 3 4 e 5 indicam que a deposi o ocorreu predominantemente da esquerda para a direita da rea fotografada Um levantamento geral dos perfis pode estabelecer os procedimentos adotados no aterramento da rea fato significativo para a Arqueologia hist rica e a Geologia ambiental CHEMECOV Y F lecnogenics Deposits In Congress 11 Moscow Abstracts 1983 p 62 v 3 Inqua CUNHA B C C Impactos socioambientais decorrentes da ocupa o da plan cie de inunda o do ribeir o Anicuns O caso da Vila Roriz Goi nia 2002 Disserta o mestrado Universidade Federal de Goi s Instituto de Estudos Socioambientais KOWALSKI W History of Change of Geological Environment Under the Influence of the Activity of Manking In International Geological Cong
256. lementos simples que se juntavam para gerar uma verdadeira obra de arte com a simplicidade de apenas duas cores o vermelho sobre fundo branco figuras 1 a 3 Casa 27 rua Monte Alverne O piso nessa casa composto por dois modelos de ladrilhos hidr ulicos de 20 x 20cm medida encontrada em todos os outros im veis pesquisados Trata se de um modelo antigo no corredor de acesso que desenha uma trama diagonal formando estrelas de oito pontas fechada por uma grega apesar da utiliza o de tr s cores b sicas como o branco o cinza e o preto n o deixa de ser interessante O segundo modelo localizado no sal o principal um cl ssico em xadrez vermelho e branco com faixa linear vermelha e branca figuras 5 e 7 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Figura 4 Fachada da casa 27 rua Monte Alverne oeil I a mm LEE E SS an r e H CN o m I gt ae um ms E 1 d 4 1 aycu 1 a n 5 BERE mt kh S 5 E a ENS E m aum MB m E E m DL A e Casa 10 rua 3 de Maio Nos espa os dos corredores de acesso e no sal o foram encontrados pisos de ladrilho hidr ulico mais complexos No corredor o piso apresent
257. lia GARCIA Regina Leite orgs Simp sio Internacional Crise da Raz o e da Pol tica de Forma o Docente Rio de Janeiro gora da Ilha Niter i Eduff 2001 TRILLA Jaume Ensayos sobre la escuela el espacio social y material de la escuela 2 ed Barcelona Laertes 1986 VIEIRA Sofia Lerche Ser professor pistas de investiga o Bras lia Plano 2002 199 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 200 Garrafas encontradas na casa 10 rua 3 de Maio XIII Um olhar socioarqueol gico O patrim nio cultural e o sujeito hist rico Je Paulo Lima Railson Cotias da Silva Josane da Silva Oliveira Luciano de Santana Santos Ao pensarmos no patrim nio cultural n o devemos apenas enxergar o monumento arquitet nico caracter stico de um entendimento da Hist ria baseado nos grandes acontecimentos mas sobretudo a diversidade cultural e a identidade de um povo Assim partimos do conceito de patrim nio cultural como o conjunto dos bens culturais referentes s identidades coletivas Devemos preservar os conjuntos arquitet nicos das cidades hist ricas os acervos arqueol gicos mas centrar o interesse no homem e em sua exist ncia considerando todos os atores sociais Valorizamos portanto os aspectos nos quais se identifica a cultura de um povo as l nguas as rela es sociais ritos signos de valores cren as e comportamentos coletivos O patrim nio cultural resultado do processo hist rico
258. lisados proporcionando uma ampla vis o dos diferentes contextos E foram v rias as abordagens em 14 im veis realizamos al m das prospec es pesquisa sistem tica em 29 prospec es amplas em 20 o registro cadastral detalhado ver mapa tem tico a seguir Um empreendimento do porte da 7 7 Etapa de Recuperac o do Centro Hist rico de Salvador que envolve v rios agentes de todas as esferas de governo demandou da equipe da pesquisa arqueol gica para al m do desenvolvimento do projeto cient fico compet ncia no estabelecimento das rela es entre as partes Nossa postura durante todo o processo foi de observar o cronograma das obras com o intuito de afetar o menos poss vel os prazos estabelecidos Entretanto nem sempre o cronograma das obras foi cumprido prejudicando as pesquisas arqueol gicas e por outro lado em alguns poucos casos obras foram paralisadas temporariamente em fun o da necessidade de aprofundamento das pesquisas De um modo geral a gest o dos interesses entendidos a priori como conflituosos se mostrou bastante satisfat ria com o decorrer do tempo Gostar amos inclusive de desejar sucesso e agradecer a todos os envolvidos pela aten o que nos deram Mapas Projeto Petourinho Pesquisa Arqueot gica AL 7 Gee THEE One TESA his IMOVEIS PESQUISADOS LEGENDA POLHSONAL T ETAPA mm PESQUISA SISTEM TICA 14 L1 PROS
259. lizadas e imorais 3 s pas P E popula o pobre principalmente negra e mesti a O ge grafo e engenheiro sanitarista Teodoro Sampaio fiscaliza o e repress o as pr ticas culturais negras como outros pensadores de sua poca estava atento ritos de cura e religiosos costumes sexuais etc dessa ao discurso higienista defendido principalmente pelos pol ticas p blicas e forma o do pensamento ilustrado do pa s na segunda metade do s culo XIX ver principalmente SCHWARCZ Lilia Moritz O espet culo das ra as cientistas institui es e quest o racial no Brasil 1870 1930 S o Paulo Companhia das Letras 1993 m dicos durante a segunda metade do s culo XIX quando as epidemias do c lera e da febre amarela assolaram a cidade Ajudando o governo provincial a contornar um dos mais desconcertantes problemas do Imagem da rea da pesquisa no in cio dos trabalhos 56 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO popula o considerada perigosa em sua ess ncia eram alvos do projeto de limpeza higienista Segundo os projetos higienistas as classes pobres e viciosas deviam ser afastadas dos centros urbanos das grandes cidades pois eram um perigo para a sociedade por causa de sua aglomera o e promiscuidade sua propens o para o crime e sua falta de higiene Em Salvador quando se constatava que essa popula o estava habitando uma freguesia central como a S
260. lmente devem viciar o ar Com grande dificuldade pude tomar as precizas medidas para calcular o custo da obra na qual no meu entender dever o tamb m tomar parte alguns outros propriet rios daquela localidade que muito v o lucrar com este melhoramento porque todas as propriedades de um e outro lado ali existentes fazem o despejo para este estreito beco ou valla situada no fundo dos quintais 15 APMS fundo c mara se o of cios caixa 04 Of cio a Francisco Pereira de Aguiar diretor das obras p blicas 25 de fevereiro de 1871 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Como se v os propriet rios mais abastados da rea tinham interesse na melhoria das condi es sanit rias visando tornar mais salubre seu dia a dia e valorizar os im veis que possu am Foram os particulares que propuseram ao poder p blico a benfeitoria dos canos em um lugar espec fico demonstrando terem alguma no o do tra ado de um sistema de esgotamento sanit rio ainda que incipiente A necessidade de aux lio do capital particular mesmo ap s a obra da rua da Vala projetada para solucionar alguns dos problemas sanit rios do centro urbano indica que ali a situa o ainda estava longe de ser a ideal A associa o do poder p blico com os empreiteiros particulares nas obras p blicas e a prov vel desorganiza o que proveio disso ao que parece resultou num desconhecimento parcial e muitas vezes total do tra ado da rede de esgoto da
261. lora o do turismo ou mesmo em benef cio dos moradores da cidade que t m maior poder aquisitivo A rela o sujeito patrim nio turismo n o encontrou uma unidade na maioria dos projetos para Salvador principalmente porque seus planos e a es n o previam sustentabilidade Projetos culturais que pretendem valorizar espa os constitu dos por representa es identit rias e que pelo artif cio de um pano de fundo desenvolvimentista esquecem a no o de pertencimento social est o perpetuando a n o democratiza o do uso do espa o p blico Para chegarmos a uma conclus o sobre o processo de inclus o ou exclus o das comunidades locais a partir de projetos para revitalizar o Pelourinho faremos um breve resumo das transforma es dos agentes sociais que tornaram poss vel ao longo da hist ria a manuten o do patrim nio cultural existente O Centro Hist rico de Salvador que aqui se estabelece a outrora denominada cidade alta Foi o espa o escolhido para sediar a administra o colonial al m de instala es militares comerciais e religiosas Foitamb m um espa o prop cio para a constru o das resid ncias coloniais portuguesas Mais tarde a composi o social da popula o do Centro Hist rico sofreu transforma es significativas Isso a partir do final do s culo XIX O n mero de habitantes foi aumentando surgindo a necessidade de ocupa o de outros espa os Novos bairros apareceram e houve m
262. lvador UCSAL Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia jealimap hotmail com Jorge Najjar Soci logo e mestre em Educa o pela Universidade Federal Fluminense UFF Doutor em Educa o pela Universidade de S o Paulo USP Professor da Faculdade de Educa o da UFF Pesquisador da rea de Educa o Patrimonial e membro do Laborat rio de Educa o Patrimonial Laboep da UFF Consultor do Projeto Pelourinho de Arqueologia jorgenajjar gmail com Josane da Silva Oliveira Graduada em Desenho e Pl stica e graduanda em Artes Pl sticas pela Universidade Federal da Bahia UFBA Especialista em Arte e Patrim nio Cultural pela Faculdade do Mosteiro de S o Bento Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia jobonfim yahoo com br Julio Cezar Rubin de Rubin Ge logo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos S o Leopoldo doutor em Geoci ncias pela Universidade Estadual Paulista J lio de Mesquita Filho Rio Claro e professor da Pontif cia Universidade Cat lica de Goi s UCG Consultor do Projeto Pelourinho de Arqueologia rubin ucg br Luciano de Santana Santos Licenciado em Hist ria pelo Centro de Ensino Superior de Arcoverde PE e t cnico em Arqueologia Integrante da equipe do Projeto Pelourinho de Arqueologia lucianubis hotmail com Luiz Ant nio Pacheco de Queiroz Historiador pela Universidade Cat lica do Salvador UCSAL e t cnico pesquis
263. lvador incidiu sobre o fundo dos vales com destaque para o rio das Tripas e seus afluentes Algumas dessas reas foram aterradas principalmente com restos de demoli o fragmentos de cer mica utilit ria vidro metais ossos e conchas servindo como base para edifica es Utilizaram se esses componentes tamb m no preenchimento dos alicerces dos im veis Mapas hist ricos da cidade dos s culos XVII e XVIII mostram a ocupa o urbana primeiro sobre as vertentes e interfl vios e posteriormente no fundo dos vales Sampaio 1949 faz refer ncias geografia da rea onde hoje se encontra assentado o Centro Hist rico de Salvador tamb m conhecido como Pelourinho em particular sobre o fosso localizado entre a rua do Tijolo e a ladeira da Pra a exatamente o local onde iniciou se o estudo para este cap tulo Na mesma obra o autor cita a carta do padre Manuel da N brega que j nos prim rdios da constru o da cidade menciona a inten o de estend la para a rea do fosso A estacada primitiva n o tinha mbito maior do que isso pois que a cidade de Tom de Sousa toda ela se compreendia ent o entre o come o da rua da Miseric rdia na pra a do Pal cio e o largo do Teatro onde o terreno come ava a descer no extremo sul Do lado do mar o terreno ca a r pido 1 Lixo dom stico descartado pela sociedade soteropolitana 2 Ver mapas no cap tulo IV quase em despenhadeiro do lado da terra as encostas m
264. m lt http www conhecer org br enciclop 2005 200516a pdf Acesso em maio 2010 TAVARES Luis Henrique Dias Hist ria da Bahia 5 Paulo Unesp Salvador Edufba 2001 VASCONCELOS Pedro de Almeida Salvador transforma es e perman ncias 1549 1999 Ilh us Editus 2002 52 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN III De olho no corti o Moradia e controle social no s culo XIX Alane Fraga do Carmo D bora Bacelar Bastos Salvador era uma cidade considerada insalubre pelos ilustrados do s culo XIX Isso significava em termos pr ticos que ela n o era digna de receber visitantes e s culo os lentes da Faculdade de Medicina da Bahia reivindicaram maior participa o nas pol ticas p blicas ligadas a urbaniza o e sa de p blica investimentos estrangeiros e sua imagem perante a discurso m dico espalhou se por v rias regi es Europa estava bastante comprometida Tal estado devia es do Imp rio na Bahia assim como no Rio de Janeiro se principalmente segundo m dicos e autoridades TT administrativas falta de higiene de seus habitantes habita h bit iderad ivilizad Por higiene compreendia se desde h bitos ligados OUS moralizantes esteve relacionada a pol ticas de limpeza do corpo da habita o e das ruas at a extin o x do espaco urbano ocupado por uma de pr ticas culturais consideradas incivi
265. m a profundidade de penetra o do sinal GPR s o o espalhamento geom trico a atenua o pelo terreno e a parti o da energia nas interfaces todos relacionados perda de energia durante a propaga o da onda Para amenizar essas perdas a frequ ncia de opera o escolhida de modo a fornecer a rela o mais vantajosa entre a penetra o e a resolu o para um determinado tipo de trabalho A maioria dos sistemas pode operar sob v rias frequ ncias por m as frequ ncias na faixa de 50 a 400MHz s o as mais comuns para os estudos de mapeamento em pequenas profundidades As profundidades de investiga o e resolu o do GPR variam de acordo com a frequ ncia da antena Quanto maior a frequ ncia maior a resolu o vertical e menor a profundidade de investiga o e vice versa A tabela 1 b ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO ilustra um guia pr tico da rela o da frequ ncia a ser ad i As principais caracter sticas que tornam o GPR indicado ae A utilizada em fun o da profundidade de investiga o de forma a planejar os trabalhos de GPR as finalidades de levantamentos arqueol gicos s o Laptop nrazenamento Pac dados e Fornece perfs ao longo de linhas produzindo n a ur lidade Central sec es em tempo real P emiss gideldados e Permite interpretar no campo os registros gr ficos e corrigi los topograficamente de acordo com a varia o do ter
266. m aumento do n mero de estudos sobre o tema e proporcionado novos entendimentos sobre o passado das cidades hist ricas brasileiras a partir do vi s arqueol gico Os resultados mesmo que incipientes est o se mostrando altamente 1 Fernanda Tochetto T nia Andrade Lima Paulo Tadeu Albuquerque Miriam Casseta Rosana Najjar Astolfo Ara jo entre outros PROGRAMA MONUMENTA IPHAN positivos Trata se de informa es in ditas e reveladoras para nossa historiografia In ditas pois resultam do estudo do passado das cidades a partir de outro vi s que reconhece a diversidade dos agentes sociais em cada poca a partir da cultura material deixada por eles E s o reveladoras pois nos permitem conhecer detalhes do comportamento social das diversas culturas que compunham os cen rios urbanos brasileiros Neste cap tulo trataremos da cultura material resgatada durante o Projeto Pelourinho a pesquisa arqueol gica desenvolvida na rea da 72 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador e sua rela o com o urbano Devido vast ssima cole o de vest gios culturais m veis coletados e diante da variedade de pe as identificadas algumas remontando ao per odo de funda o da cidade entendemos que imprescind vel apresentar os diferentes contextos deposicionais de onde elas foram retiradas Propomos inicialmente uma discuss o sobre a rela o entre a Arqueologia e o urbano Depois analisaremos o proce
267. m comunicarem aquelas entre si e os quatro grupos de edificios s o ocupados por uma popula o numerosa cujas execuc es sao lancadas ahi Obstruida em sua parte mais baixa nao d esta valla de ordin rio escoamento pronto as aguas imundas e pluviaes que para ella correm e constitui assim um foco de emana o pura de todo g nero no cora o da cidade devido de mais ocasi o a se conservarem muito umidas as casas vizinhas della o que contrario a salubridade local A constru o de um esgoto seria portanto suma vantagem e utilidade Entende alem disto esta Comiss o que esta obra de urg ncia em primeiro lugar porque tendo inutilmente esperado ate hoje as informa es do Governo da Provincia requisitara em trese de janeiro do ano pr ximo passado e a fim de poder estudar como lhe cumpre todos os casos de insalubridade e pensando com as melhores autoridades em Higiene Publica que s o muito prejudiciaes a sa de as emana es que provem de tais focos mormente como mao estado e com a dire o p ssima dos esgotos de que tem conhecimento julgo necess rio que seja aproveitada a ocasi o da passagem da rua da valla ao lado da igreja Guadalupe para a abertura da passagem e constru o comoda e conveniente do esgoto proposto 11 APEB se o colonial ma o 5613 of cio da comiss o de higiene p blica da Bahia ao presidente da Prov ncia Bahia 24 de maio de 1855 As cita es aqui transcritas tiveram a grafia
268. m de Guadalupe era preferida pelos pardos cativos Nossas pesquisas em arquivo identificaram quatro templos dedicados a Nossa Senhora de Guadalupe na rea hoje correspondente Grande Salvador Um deles localizado na ilha dos Frades referido como o maior polo de romaria da Bahia no s culo XIX embora se situasse em propriedade privada Tamb m instalada em rea particular e dedicada Virgem de Guadalupe era a Capela do Engenho de Cotegipe pertencente a Dona 20 Idem ibidem p 154 157 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Maria Madalena de Lima Queir s que legou fundos em testamento para a sua manuten o Aqui nos interessa especialmente a Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora de Guadalupe fundada por volta de 1640 na Igreja da S de Salvador Conta se que devido dissolu o da Uni o Ib rica a santa perdeu seus devotos espanh is que inclusive mandaram fazer sua imagem em madeira e revestir em prata Os pardos que eram propriedade da Igreja pediram permiss o para o culto virgem morena Permiss o concedida fundaram a irmandade que parece ter progredido o suficiente para construir seu pr prio templo em 1776 Como j foi dito a pesquisa revelou onde foi constru da a capela Sua localiza o causou controv rsia entre os historiadores durante muito tempo intrigante a escolha do local considerando se as dificuldades apresentadas pelo terreno e a forte presen a negra observada na rea desde o s culo XVI
269. m dos principais locais de enterramentos conforme os dados que apresentaremos mais adiante Sua demoli o ocorreu no momento em que aquela rea passava por transforma es profundas a canaliza o do rio das Tripas e de seus afluentes o soerguimento do terreno a partir de aterramentos para a implanta o de novos pr dios etc As mudan as estruturais na rea podem ter justificado a demoli o da capela Em cumprimento ao determinado por vossa excel ncia no of cio de 19 do corrente com o qual se 5 Ver capitulo 6 Ver cap tulo XIV ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO dignou honrar me convoquei a Mesa da Irmandade de Nossa Senhora do Guadalupe no Domingo 23 do corrente e foi nomeada uma Comiss o para com melhor sic conhecimento de causa responderem a respeito da proposta feita pelo arrematante da obra da vala sobre os materiais pertencentes a Capela e bem assim de sua final demoli o o que nestes oito dias o far o Deus guarde a Vossa Excel ncia por mais anos Bahia 25 de Agosto de 1857 A rea pertencia antiga freguesia da S uma das mais antigas e representativas do per odo A implanta o da capela se deu no momento de crescimento demogr fico e de expans o da cidade acompanhando provavelmente uma tend ncia da Igreja Cat lica de construir ou ampliar templos religiosos fortalecendo e promovendo a f crist entre os fi is da Irmandade dos Pardos Durante quase cem anos essa capela modelo da
270. m o dado geomagn tico de uma curva de refer ncia para uma determinada regi o do planeta Neste cap tulo apresentamos a curva de variac o da intensidade do campo magn tico terrestre determinada a partir do magnetismo f ssil de tijolos de constru es hist ricas de Salvador e a data o arqueomagn tica de uma das casas do Pelourinho a casa 27 na rua Monte Alverne estudada pelo Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 72 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Monumenta Iphan ou Projeto Pelourinho de Arqueologia O campo magn tico da Terra ou campo geomagn tico origina se no n cleo externo atrav s de processos turbulentos de movimenta o de um fluido eletricamente condutor O campo geomagn tico definido por par metros direcionais da declina o D e inclina o e pela intensidade total do campo H A declina o corresponde ao ngulo entre o vetor campo e o norte geogr fico a inclina o o ngulo entre o vetor campo e o plano horizontal e a intensidade o m dulo do vetor campo geomagn tico Estas tr s componentes definem o campo geomagn tico em cada ponto da superf cie da Terra e variam no tempo e no espa o PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Gelvam A Hartmann Ricardo 1 F Trindade A evoluc o do campo geomagn tico nos ltimos 200 anos tem sido investigada por meio de observac esfeitas na superf cie da Terra ou do espa o com magnet metros em observat rios e esta es it
271. mbim Barreto Rodrigo Borges Monteiro Rosana Najjar Samantha de Santana Santos Samuel Lira Gordenstein Taise Ane C Santana Thiala Armede M Santana Ueld Ferreira de Souza Yoanny Rodriguez Calvo Apoio Conder Alo so C sar de M Moura Auxiliar de Arqueologia Arthur Ferreira Ribeira Auxiliar de Arqueologia Ata de Morais dos Santos Auxiliar de Arqueologia C cero dos S Santana Auxiliar de Arqueologia Daniel Conceic o dos Santos Auxiliar de Arqueologia Auxiliar de Arqueologia Edvaldo Santana Matos Francisco dos Reis Marinho Auxiliar de Arqueologia Jailson Moreira de Brito Auxiliar de Arqueologia Jos Silva Filho Auxiliar de Arqueologia Joseval dos Santos Auxiliar de Arqueologia Paulo Roberto P da Mota Auxiliar de Arqueologia Rafael Bonfim da Concei o Auxiliar de Arqueologia PROGRAMA MONUMENTA IPHAN FRanWesCdeshe Aereas To Sandro Alex Alves aha swoNcodshe wemrkagoraxs _ worupdCAMe arene Lweingonsoesde m Ewpeph BAa Tomna To mem _ mma SiS TT DreAnaCisinadesouss Menace amen 7 ocenama taman me lT ordenar ly Geoarquedogo Dr Maia ezerade Alda Amuedom Di MacosAnd T deSouss _ Daneman Weeks 7 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Autores Alane Fraga do Carmo Historiador
272. menta Iphan ou Projeto Pelourinho de Arqueologia fomos surpreendidos quando na vistoria inicial dos im veis objetos da pesquisa constatamos a rica variedade de pisos de ladrilho hidr ulico existentes nas mais variadas combina es de padr es decorativos motivos e cores Alberto Beovides Samuel Lira Gordenstein Alexandre Colpas Geovana Fr is Percebemos que os modos de ornamentar os ambientes internos dos im veis no in cio do s culo XX variava de im vel para im vel seguindo modismos gostos particulares poder aquisitivo dos moradores e a disponibilidade do material decorativo Durante o presente estudo deparamos com pisos que ocupavam todo o im vel caso do antigo pr dio do Mapas Tem ticos Projeto Pelourinho Pesquisa Arqueol gica LADRILHOS HIDR ULICOS TQUE NEC RI eed POLKGONAL T ETAPA li d IM VEIS PESQUISADOS COM PRESEN A DE LADRILHOS A d V zm MCNEIS TRABALHADOS COM PRESEN A DE LADRILHOS A k T 4 i A LL T Lo PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 1 Code Leitao Lot Poligonal do Centro Hist rico de Salvador e em detalhe poligonal da 73 Etapa Inser o 152 em fotografia a rea Fonte Google Earth Tesouro Estadual e com outros mais simples mas menos importantes de im veis residenciai
273. merican Antiquity oct 1983 v 48 n 4 p 675 706 STASKI Edward Advances in Urban Archaeology In SCHIFFER Michael B ed Advances in Archaeological Method and Theory New York Academic Press 1982 v 5 TAVARES Lu s Henrique Dias Hist ria da Bahia S o Paulo Unesp Salvador Edufba 2001 VASCONCELOS Pedro de Almeida Salvador transforma es e perman ncias 1549 1999 Ilh us Editus 2002 267 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Figura 1 Planta da cidade de Salvador em 1605 publicada no Livro que d Raz o do Estado do Brasil de Diogo de Campos Moreno Observar o vale no destaque a rua S o Francisco interrompida pelo vale o rio das Tripas e a presen a de planta es 268 nas encostas XVII Compra se aterro Um novo olhar sobre o Centro Hist rico de Salvador Rosana Najjar Do ponto de vista arqueol gico a rea da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador estrat gica e fundamental para compreendermos a expans o da malha urbana da cidade nos seus primeiros s culos uma vez que se encontra situada entre os dois primeiros n cleos de ocupa o da cidade alta A cidade alta chamada assim por ser implantada num longo e alto plat com cerca de 60m de altura cujas encostas ngremes acompanham de perto a linha da costa sendo originalmente delimitado por uma estreita faixa de terra banhada pela Ba a de Todos os Santos e na sua parte posterior
274. mindo uma identidade nacional de brasileiro nato 19 Idem ibidem p 162 163 Localizac o aproximada LEGENDA da Igreja de Guadalupe QUARTEIR O 215 com base nos dados ES SCHEDA 238 coletados pelo GPR ESCALA GR FICA I 718 m E NEN LL ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO defendiam a ideia de que brasileiro puro era mesti o e n o o branco ou negro puro nascido no Brasil Determinadas irmandades de pardos chegaram tam b m a exigir a presen a apenas de pardos puros entre seus membros E assim fundando grupos apenas de pardos conseguiam um lugar pr prio na igreja e na vida social da col nia e do Imp rio O lugar dos homens pardos na igreja estava intimamente ligado prote o de uma entidade um santo ou uma imagem de nossa senhora com a qual fosse poss vel uma identifica o Principalmente as imagens pardas de Nossa Senhora cumpriram esse papel Larissa Viana 2007 p 106 115 conseguiu identificar na Bahia algumas irmandades de pardos devotos dessas virgens morenas As preferidas dos pardos eram Nossa Senhora do Amparo Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora do Ter o essa ltima em alus o a Nossa Senhora do Ros rio protetora dos negros A Igreja da S de Salvador abrigava duas irmandades ligadas s duas primeiras santas Segundo Lucilene Reginaldo 2005 p 177 os pardos forros eram geralmente devotos de Nossa Senhora do Amparo enquanto a Virge
275. momento de um modo de produ o pela mem ria do espa o constru do das coisas fixadas na paisagem criada Assim o espa o uma forma uma forma dur vel que n o se desfaz paralelamente mudan a de processos ao contr rio alguns processos se adaptam s formas preexistentes enquanto que outros criam novas formas para se inserir dentro delas A partir desse racioc nio entendemos que as rugosi dades constituem paisagens t cnicas que podem ser periodizadas segundo o desenvolvimento do modo de produ o ao longo do tempo Para Santos 1992 p 55 estudo da paisagem pode ser assimilado a uma escava o arqueol gica Em qualquer ponto do tempo a paisagem consiste em camadas de formas provenientes de seus tempos pregressos Desse modo podemos considerar que as rugosidades s o a materializa o do espa o e ao mesmo tempo s o a constru o e a destrui o de formas e fun es sociais dos lugares Nesse sentido um dos pressupostos da Arqueologia urbana estudar as rugosidades espaciais identificando e contextualizando os vest gios culturais im veis e m veis no tempo espa o Esses vest gios podem estar na superf cie algumas vezes facilmente reconhec veis por serem grandes monumentos como as ru nas de uma igreja antigos fortes etc Outras vezes encontram se no subsolo encobertos pelas transforma es f sicas por que passam as cidades em sua trajet ria hist rica Essa parte n o vis vel pod
276. mpo da Educa o e apropriado pela Arqueologia P blica nesse mesmo sentido que a Arqueologia P blica adota o m todo etnogr fico da Antropologia Essa discuss o bastante procedente e pode evitar certa confus o entre a es de interven o situadas no dom nio da Educa o direcionadas para o tema do patrim nio arqueol gico e projetos de Arqueologia P blica pensados a partir da Antropologia com utiliza o de estrat gias tais como a Educa o Patrimonial entre outras O projeto tratado neste texto foi constru do com base na premissa de que conhecer o outro n o constitui apenas uma etapa diagn stica termo esse que preferimos n o utilizar mas uma pesquisa de natureza antropol gica cujos resultados contribuem para a reflex o acerca das rela es entre popula es locais e o patrim nio arqueol gico no Centro Hist rico de Salvador e por conseguinte para a gest o desse patrim nio Ex preciso conhecer de perto essas comunidades locais para n o corrermos o risco de transform las em locais Meskell 2005 quer dizer uma categoria homog nea em oposic o a n s arque logos H idiossincrasias no interior dessas comunidades que devem ser consideradas ao se propor projetos que lidam com aspectos culturais sociais e pol ticos preciso considerar as vozes de todos os atores do cen rio etnogr fico Cardoso de Oliveira 1998 p 30 Nesse sen
277. na capital baiana n o s pela morte dos colonos ou de seus escravos mas tamb m pelo medo que acometeu as pessoas que se recusavam a ir a Salvador entregar as mercadorias Houve escassez de alimentos e consequente eleva o de pre os o que tornava o cen rio ainda mais desesperador principalmente para os mais pobres O governo tentou implantar medidas de reabastecimento mas as not cias de trabalhadores que conduziram gado e voltaram doentes zona rural s fazia aumentar o medo de contamina o Uma das mudan as ocorridas durante a epidemia do c lera foi em rela o aos enterramentos at ent o realizados nas igrejas e conventos j que se acreditava que o solo sagrado era garantia de salva o da alma Houve a tentativa de implanta o de um cemit rio constru do pela Santa Casa de Miseric rdia em cumprimento ao ato da presid ncia da prov ncia que proibiu enterramento nas igrejas Mas tal medida motivou a ira popular levando destrui o do cemit rio A revolta ficou conhecida como Cemiterada Embora soubessem dos conselhos m dicos sobre higiene e sa de as pessoas desejavam que seus entes fossem enterrados conforme o costume Com a devasta o causada pelo c lera finalmente o apelo dos m dicos para que o mortos fossem sepultados longe dos centros urbanos foi atendido e os cemit rios passaram a ser o local de enterramento por excel ncia 14 Idem ibidem p 121 138 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Ap
278. na parede interna anteriormente exposta porque se fizermos uma proje o dessas estruturas o eixo coincide no apoio delas Esse um belo exemplo do relacionamento entre estruturas internas e fachadas em um momento hist rico espec fico ind cios que s podem ser visualizados hoje por meio de escava es arqueol gicas Quarto tipo funda o rasa de 600mm de largura com uma composi o de material de origem marinha areia argila e cal Se acompanharmos o eixo dessa funda o at fazer coincidir com a fachada externa da ladeira da Pra a vemos que similarmente funda o terceiro tipo correspondia a uma divis ria interna antes das profundas altera es da fachada t rrea Nos outros setores tamb m foram encontradas funda es que acompanhavam restos demolidos de antigas paredes de tijolo que pela tipologia aparentam ser do final do s culo XIX ou in cio dos s culo XX Rua 28 de Setembro 22 A edifica o uma casa t rrea de fachada bastante simples completamente lisa sem nenhum tipo de ornamenta o com v os de arco abatido e terminada em beiral de beira seveira de clara influ ncia rabe A cobertura era de telha em tr s guas as poucas paredes internas que ainda existiam evidenciavam a inclina o do telhado O im vel do lado na rua 28 de Setembro 20 era parte do im vel aqui analisado conclus o poss vel pela observa o da unidade construtiva comunicada pela fachada e
279. nas propriedades diel tricas do meio e O primeiro padr o de reflex o ocorre at a profundidade m xima de 1 4 metro e mostra alta 123 amplitude superior a 15 000dB m refletores hiperb licos retilineos e descont nuos e segundo padr o de reflex o mais profundo abaixo de 1 4 metro mostra maior atenua o do sinal eletromagn tico e refletores cont nuos e descont nuos lineares e irregulares inclinados e horizontalizados e Oterceiro padr o de reflex o caracterizado pela presen a de refletores descont nuos hiperb licos de alta a m dia amplitude Ocorrem na maioria das se es de GPR de forma aleat ria Os resultados GPR 2D obtidos na rea possibilitam ao int rprete identificar e correlacionar os refletores com interfaces geol gicas e com interfer ncias paredes blocos de rocha tubula es etc presentes na rea Os refletores relacionados a interfaces geol gicas s o comumente retil neos cont nuos sub horizontais a inclinados figura 8 Est o relacionados a varia es texturais de solos argilosos a siltosos que ocorrem ao longo de toda a rea do Pelourinho Os refletores pontuais reflex es hiperb licas indicam em sua maioria blocos de rocha e estruturas diversas soterradas no solo paredes tubula es e estruturas arqueol gicas Al m das reflex es hiperb licas escava es no solo s o identificadas por interrup o abrupta entre refletores e contato l
280. ncia cer mica vidrada e n o vidrada gr s faian a faianca fina porcelana cer mica vidrada e a n o vidrada s o as categorias materiais com maior incid ncia de fragmentos coletados As faian as faian as finas e porcelanas apresentam se em menor n mero No entanto s o consideradas excelentes indicadores cronol gicos para os dep sitos Diante dos motivos decorativos observados em alguns fragmentos podemos afirmar que houve importa o de v rias partes da Europa e sia Gostar amos de destacar que os contextos deposicionais de facto e lixeira dom stica nos fornececeram grande quantidade de pe as restaur veis ou mesmo inteiras como podemos observar nas figuras 7 a 12 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO vidrada encontrado na casa 3 rua Beco do Semin rio quarteir o 19 dep sito de facto Figura 7 Vasilhame inteiro encontrado in loco sob um dos pisos da casa 3 rua Beco do Semin rio quarteir o 19 CEREO 21 Nelson Kon Figura 8 Prato em porcelana chinesa encontrado casa 2 rua Monte Alverne quarteir o 19 dep sito de abandono Nelson Kon Sylvia Braga Figura 9 Malga em faianca fina do s culo XIX encontrada na casa 14 rua S o Francisco quarteir o 31 lixeira dom stica Figura 10 Prato em faianca fina inglesa do s culo XIX encontrado na casa 2 rua Monte Alverne quarteir o 19 dep sito de abandono
281. nd ria a diversidade das culturas Ao 3 No sentido que os romanos davam ao termo isto aqueles que viviam fora das fronteiras do imp rio e que possu am cultura e l ngua vistas como estranhas selvagens contr rio apropriado conceber a unidade que assegure e fortaleca a diversidade a diversidade que se inscreve na unidade A discuss o sobre a diversidade cultural tal como est disposto nos Par metros Curriculares Nacionais deve ser um tema transversal que perpasse todas as disciplinas e atividades presentes na escola Para tal entretanto fundamental que a forma o inicial e continuada dos profissionais da educa o contemple essa quest o permitindo lhes ser sujeitos importantes nessa discuss o em seus locais de trabalho As atividades de Educa o Patrimonial nas tr s escolas do Pelourinho tinham como um de seus principais objetivos contribuir para a forma o desses profissionais a partir da socializa o e discuss o dos diferentes conhecimentos criados pelas an lises das estruturas e dos artefatos achados na pesquisa arqueol gica A Arqueologia lida com elementos do patrim nio cultural e tem um car ter eminentemente interdisciplinar podendo ser trabalhada nas diversas disciplinas escolares Hist ria Geografia Ci ncias Artes etc Al m disso despertou grande interesse em alunos e professores P de ser assim um elemento dinamizador das discuss es sobre diversidade cultural no interior
282. nd rios que devem ser identificados e eliminados durante as an lises O princ pio de obten o da dire o geomagn tica antiga reside no fato de que a magnetiza o prim ria mais est vel ou seja ela est registrada nos gr os minerais com temperaturas de bloqueio e coercividades mais elevadas Desse modo 1 Artefatos que sofreram mais de uma queima como panelas n o s o apropriados para o estudo 2 Coercividade a capacidade que um certo material tem de reter uma magnetiza o espont nea quando submetido a um campo externo materiais fortemente coercivos s o aqueles que guardam de forma mais efetiva um magnetismo f ssil 96 para suprimir as magnetiza es secund rias utilizam se etapas sucessivas de desmagnetizac o seja com incrementos de temperatura seja com incrementos de campo magn tico artificial Nesses procedimentos s o utilizados fornos com controles precisos de temperaturas e encapsulados em blindagens magn ticas ou aparatos que induzem campos que oscilam entre os valores de pico at zero O dado direcional obtido a partir da an lise por componentes principais dos resultados da desmagnetiza o Kirschvink 1980 Determinadas as dire es para cada amostra s o calculadas as dire es m dias por fragmento ou estrutura em seguida calculada a dire o m dia para um determinado s tio com idade conhecida Os par metros estat sticos direcionais Fischer 1953 cone de
283. ndo diz que a divis o manual intelectual repousa sobre o rg o do corpo que executa o trabalho Ou seja O trabalho desses indiv duos considerado como sendo meramente t cnico e mec nico prescindindo de qualquer reflex o Fernandes op cit O presente projeto embora n o seja classificado na categoria contrato possui algumas das mesmas caracter sticas que afetam essas rela es Por isso a coordena o do Projeto de Pesquisa Arqueol gica indicou como condi o primordial que a equipe de auxiliares de campo fosse contratada na comunidade local e que dentro do poss vel se mantivesse a mesma at o final do projeto Isso permitiu o estabelecimento de rela es muito distintas e ben ficas para todos Os funcion rios contratados pelas empresas de engenharia respons veis pelas obras de restaura o da rea da 7 Etapa s o os primeiros a entrar em contato com o material arqueol gico Contudo esses profissionais t m recebido pouca ou nenhuma aten o no mbito dos projetos educativos que envolvem PROGRAMA MONUMENTA IPHAN o patrim nio arqueol gico As informa es sobre Arqueologia acabam sendo transmitidas de maneira informal e assistem tica A atividade De olho no ch o visou apresentar no es de Arqueologia e patrim nio e principalmente sensibilizar esses profissionais para sua import ncia na preserva o do patrim nio arqueol gico local Os participantes s o contratados pela
284. ndos para a constru o de sua pr pria capela Pertencer a uma irmandade era ter acesso a uma comunidade coesa baseada em princ pios religiosos mas tamb m sociais Existiam irmandades exclusivamente formadas por homens brancos da elite colonial Estas em sua maioria eram riqu ssimas e destacavam se pela voca o caridade como era o fun es devocionais e festivas fun es pol ticas sindicais assistenciais funer rias e financeiras 2006 p 143 16 Existiam irmandades que agregavam escravos pardos por m n o temos informa es sobre empr stimo de quantias para a compra de liberdade por parte dessas irmandades caso da Irmandade da Ordem Terceira de S o Francisco e da Santa Casa de Miseric rdia Algumas irmandades eram formadas especificamente por negros africanos ou crioulos e por pardos pois a Igreja Cat lica visava difundir o catolicismo entre as camadas inferiores da sociedade As irmandades de africanos eram divididas etnicamente pelo menos at a primeira metade do s culo XIX per odo de entrada maci a de escravos no Brasil e rejeitavam veementemente crioulos e pardos As formadas por crioulos e por pardos agregavam em sua maioria libertos mas aceitavam escravos desde que seu acesso aos altos cargos da confraria fosse vetado Certas irmandades de negros principalmente crioulos aceitavam pessoas brancas abastadas e pardos libertos em razo vel situa o financeira
285. nistas por autoridades e pela elite branca baiana As epidemias como fator de legitima o do discurso m dico sobre salubridade Como j foi dito Salvador era uma cidade insalubre com ruas repletas de lixo casas midas e pouco arejadas lixo acumulado nas cozinhas e quintais das casas Os excrementos primeiro despejados em barris eram depois lan ados em rios e praias ou simplesmente atirados nas ruas Sendo esse um costume t o enraizado na popula o parecia dif cil elimin lo mesmo com as Popula o nativa e estrangeira residente no Brasil no s culo XIX Imagem publicada em Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial de Nestor Goulart Reis 67 68 in meras posturas de proibi o prevendo elevadas multas e pris o para quem descumprisse a lei A maioria da popula o pobre que residia na freguesia da S habitava os por es fundo de lojas midas e sem ventila o onde em geral se dormia no ch o ou sob esteiras de palha o que propiciava o agravamento de doen as como a tuberculose Entre 1850 e 1920 no Rio de Janeiro a tuberculose matou mais que qualquer outra doen a epid mica Mas foi a febre amarela a mais combatida pelo poder p blico talvez por ter vitimado principalmente estrangeiros europeus Segundo m dicos e engenheiros os grandes focos de contamina o eram os esterquil nios Esses dep sitos de toda a diversidade de lixo em geral situados no fundo de ruas e becos conten
286. no entendimento de um processo t o surpreendente quanto a forma o e desenvolvimento de uma cidade como Salvador uma das experi ncias mais estimulantes para o trabalho de qualquer profissional das ci ncias humanas O desafio consiste em pesquisar e entender um processo hist rico muito longo e ao mesmo tempo em ter cuidado para n o transpor para nosso objeto generaliza es recorrentes na bibliografia que a pesquisa arqueol gica vem questionar e suplantar Quebrar paradigmas sempre uma tarefa rdua cuidadosa mas completamente apaixonante Refer ncias CARNEIRO Edison A cidade do Salvador 1549 uma reconstitui o hist rica 2 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1980 FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Salvador Pallotti 1998 Edi o especial GINZBURG C PONI C O nome e o como troca desigual e mercado historiogr fico In GINZBURG C org A micro hist ria e outros ensaios Lisboa Difel 1979 SAMPAIO Antonio Heliod rio Lima Formas urbanas cidade real e cidade ideal Contribui o ao estudo urban stico de Salvador Salvador Quarteto 1999 SAMPAIO Teodoro Hist ria da Funda o da cidade de Salvador Bahia Tip Beneditina 1949 SILVA Margareth SANTOS Denise Evolu o das pol ticas de limpeza urbana na organiza o do espa o de Salvador Dispon vel e
287. no s tio principalmente na chamada rea do Grot o uma rea ngreme de dif cil acesso comprovaram que espa os desse tipo foram mais aproveitados para a constru o de moradias a partir do s culo XVII o que verificamos por meio das fontes secund rias Quanto aos sistemas construtivos utilizados no primeiro n cleo urbano de Salvador os materiais empregados seguiriam uma ordem de disponibilidade local pedra e cal pedra e barro taipas ou madeira como melhor puder ser de maneira que seja forte por conseguinte a resist ncia dos materiais teria de ser considerada Para al m da preocupa o com os materiais construtivos nos interessava entender como e quando o aterro construtivo viria a se tornar uma op o vi vel para o nivelamento do terreno em reas ngremes no Centro Hist rico de Salvador Um relato de Teodoro Sampaio sobre os limites da cidade ajudou a responder parte dessa quest o o aterro formado por entulho foi utilizado desde os prim rdios da constru o de Salvador A outra parte da quest o s seria respondida pela documenta o referente ao s culo XIX A seguir as palavras de Sampaio 1949 p 184 entre o come o da rua da Miseric rdia na pra a do Pal cio e o largo do Theatro onde o terreno come ava a descer no extremo sul Neste mbito t o pequeno abriram se quatro portas flanqueadas por baluartes improvisados a que abria para o norte no come o da rua da Miseric rdia
288. ntar gr ficos capazes de sintetizar todo o trabalho de campo at o momento e de filtrar detalhes dessa atividade em fun o de interesses espec ficos figuras 3 e 4 Ao acessar o site interface web do Projeto Pelourinho veem se as op es pe as Rel Im veis Rel e quadra Rel A tela inicial pe as Rel por exemplo composta de informa es como categoria subcategoria etc dados cadastrados e organizados previamente como devido u FF amr au Canim mu 79 5 c EE o sdb ossi LIP ar A i m Mm tomar bue duae sm k amp pa nyt yee aS PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Figura 2 Interface intuitiva 132 Tore j A partir da escolhida poss vel gerar relat rios m f ATi i 3 espec ficos e autom ticos de acordo com o interesse e Figura 3 E Consulta finalidade da pesquisa figura 5 panor mica parcial total A im veis Rel apresenta um conjunto de Hep informa es relativas ao im vel tais como unidade encontradas e cadastradas nos im veis reas do s tio ut Espa de Fra eto Prai cpm Cine Parcae n veis de escava o categorias de pe as e su
289. nte Municipal Se o de mapas e plantas s rie caixas de plantas da Freguesia da S propriet ria do sobrado 39 prov vel herdeira de Ant nio Fernandes da Costa alugava a loja do sobrado ao Dr Ant nio Freitas possivelmente um dentista j que im vel foi arrematado com todo o mobili rio j descrito inclusive os instrumentos odontol gicos Em 1920 o sobrado continua sob a posse de Isaura Fernandes que aluga o primeiro andar a Nestor Melo e a loja a Maria da Cruz Almeida Infelizmente s teremos outras documenta es sobre casa 39 apenas em 1935 quando Jos Lopes de Azevedo Maia um rico propriet rio de im veis e de ap lices da d vida p blica casado com Am lia Mariana de Azevedo falece e deixa entre seus bens o referido im vel 39 da rua 28 de Setembro A descri o do sobrado feita no invent rio de Jos Lopes informa que o mesmo media m de frente e 18m de frente a fundo Al m dessa mudan a quanto medida da fachada o andar t rreo perdeu parte do forro e ganhou latrina com banheiro cimentado o que confirma a constru o do banheiro proposta pelo antigo propriet rio Ant nio Fernandes da Costa O primeiro andar ganhou banheiro e latrina e o s t o abrigava tr s quartos Tudo indica que o sobrado passou por reformas pois devido ao seu bom estado de conserva o foi avaliado em 25 contos de r is No ano seguinte 1936 o mesmo Jos Lopes de Azevedo Maia ainda apareceu como prop
290. ntensidade geomagn tica para a Bahia conta com o apoio do Projeto PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Pelourinho Monumenta Iphan em Salvador e do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia MAE UFBA Boa parte dos resultados foi obtida a partir de tijolos de constru es hist ricas de Salvador A op o por determinar a curva de refer ncia a partir de materiais construtivos importante pois em geral esse tipo de material apresenta um bom controle cronol gico Em grande parte dos s tios estudados a atribui o das idades foi feita a partir do contexto hist rico de constru o dos im veis utilizando se fontes documentais Em alguns casos recorreu se tamb m a informa es do contexto arqueol gico e ou arquitet nico Para per odos recentes a atribui o de idades por meio do contexto hist rico e ou arqueol gico muitas vezes melhor do que a obtida por outro m todo de data o como a termoluminesc ncia ou radiocarbono por exemplo A boa precis o de idades fundamental para determina o de uma curva arqueomagn tica pois a partir dela que se definem as idades de outros s tios A tabela 1 apresenta uma descri o dos s tios estudados para a constru o da curva de refer ncia da Bahia incluindo tipos de amostra e atribui o de idades Coleta de amostras P Tabela 1 S tios arqueol gicos estudados S tios nome e sigla utilizada em cada s tio Amostras tipo de materi
291. o Brasil Primeiro pelos alvos diferenciados os m dicos segundo por ser facilmente encarada como rejei o civiliza o ao bem comum como prova da barb rie em que viviam as classes pobres do Brasil em pleno s culo XX Infelizmente por muito tempo acreditou se que tudo o que fosse civilizado era bom e que as sociedades partiam de um estado de barb rie e evolu am at a civiliza o numa curva sempre ascendente de bem estar social rumo ao progresso Para os rebeldes de 1904 n o era bem assim serem obrigados a passar por um procedimento doloroso e de efic cia duvidosa como a vacina antivari lica al m de terem seus lares invadidos e at demolidos n o parecia ser algo muito bom e nem civilizado Na Bahia n o houve uma revolta dessa natureza mas a capital da prov ncia vivenciou um processo muito parecido com o ocorrido no Rio de Janeiro embora com resultado um pouco distinto Observamos por meio de vasta correspond ncia entre os higienistas engenheiros autoridades policiais e administrativas que havia uma 4 Quanto ao epis dio conhecido como Revolta da Vacina ver SEVCENKO Nicolau A revolta da vacina mentes insanas em corpos rebeldes S o Paulo Brasiliense 1984 CARVALHO Jos Murilo de Os bestializados o Rio de Janeiro e a Rep blica que n o foi S o Paulo Companhia das Letras 1987 CHALHOUB Sidney Cidade febril corti os e epidemias na corte imperial S o Paulo Companhia das Letras 1996
292. o Hist rico de Salvador Partiu se do pressuposto que n o se pode prescindir de levar as discuss es sobre o Patrim nio Cultural para essa institui o que ocupa um lugar central nos processos formativos em nossa sociedade Acreditar que a educa o algo que ocorre somente no interior da escola um equ voco enorme Mas por outro lado crer que se pode realizar projetos educativos potentes em nossa sociedade particularmente nos grandes centros urbanos sem envolver as escolas um equ voco de igual dimens o O projeto de Educa o Patrimonial desenvolvido em paralelo ao Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 74 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador instituiu parceria com tr s escolas situadas nas proximidades das obras de restaura o e dos trabalhos de pesquisa arqueol gica Escola Estadual Azevedo Fernandes Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima e Escola Municipal Jo o Lino figuras 1 a 3 A primeira atua no Ensino M dio e as duas outras nos primeiros anos do Ensino Fundamental Desde o in cio do projeto embora se pretendesse realizar atividades com o conjunto dos sujeitos part cipes do cotidiano escolar gestores professores alunos e funcion rios t cnico administrativos tinha se como objetivo principal trabalhar junto aos professores dessas escolas A escolha desse profissional como o foco de nosso trabalho pedag gico deveu se a sua import ncia como formador que permanece na comunidade
293. o Projeto Pelourinho Com o mesmo intuito visando identificar t cnicas de constru o e os materiais nelas empregados e possibilitando o cruzamento de informa es com dados arquitet nicos e arqueol gicos foram consultados o Livro de tombamento dos bens im veis da Santa Casa de Miseric rdia da Bahia no Arquivo da Santa Casa de Miseric rdia o Invent rio de conta e tombo da Irmandade do Sant ssimo Sacramento da S e a Avalia o e arremata o dos bens da Irmandade de Nossa Senhora da F da s rie Conta e tombo no Apeb Escriptura de venda compra paga e quita o que fasem Antonio Jos Pereira artista e sua mulher Dona Jesu na de Souza Braga residentes na Freguesia de Sam Pedro desta Capital ao negociante Jo o Jos de Magalh es do sobrado de n 18 municipal sito em terreno pr prio na rua do Bispo do Curato da S desta Capital pela quantia de 2 000 000 como abaixo se declara Pelos primeiros outorgantes foi dito que eram senhores e possuidores do sobrado municipal 18 sito em terreno pr prio na rua do Bispo do Curato da S desta capital contendo trinta e cinco palmos de frente duas portas tambem na frente sendo uma da servid o do sobrado e outra da loja que tem sala e dous quartos e sot o a qual tem janellas que deit o para cima do telhado da frente tres quartos pequenos e cosinhas tendo duas divis es internas de frontal singello e estuque e no primeiro pavimento superior quatro janellas
294. o Recupera o do Centro Hist rico de Salvador Foi realizado com verbas do Programa Monumenta lphan programa estrat gico do Minist rio da Cultura que busca conjugar a recupera o e preserva o do nosso patrim nio cultural com o desenvolvimento econ mico e social e apoio do Iphan Departamento de Patrim nio Material Depam e Superintend ncia na Bahia Cumpre ressaltar que a rea do atual Pelourinho foi testemunho dos prim rdios da coloniza o do pa s e portanto encerra em seu solo valiosos vest gios das sucessivas ocupa es que sofreu de extrema import ncia para a Hist ria do Brasil merecia ser estudada previamente antes de ser danificada por obras civis a serem realizadas Nesse sentido cabe ao Iphan principal rg o de preserva o do patrim nio cultural brasileiro fazer cumprir o previsto na legisla o de preserva o do patrim nio arqueol gico sempre com o intuito de produzir conhecimento que venha a efetivar nossa identidade nacional O Projeto Pelourinho de Arqueologia cujos trabalhos de campo come aram em julho de 2006 foi um grande desafio desde sua formula o pois n o se caracterizou como um mero acompanhamento de obras Seu objetivo foi diagnosticar o potencial arqueol gico da rea e tamb m desenvolver pesquisas sistem ticas nas reas apontadas como de especial interesse face aos resultados das prospec es e ou pelo profundo levantamento hist rico realizado espe
295. o da paisagem humana pode ser um caminho alternativo para estudar o mundo social Por outro lado a Arqueologia como disciplina especializada em estudar a cultura material oferece Mapas Tem ticos Projeto Pelourinho Pesquisa Arqueol gica o E hs e E 5 ys wit E ES a etii 3 P FAI Ti EC Le LEGENDA TESS Ths E 142 mona ir Ee SE ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO os instrumentos te rico metodol gicos adequados para se atingir esse objetivo Zarankin 2002 p 46 Utiliza se na Arqueologia da Arquitetura um conceito importante o do superartefato que produzido pela Arquitetura Cada im vel pesquisado foi assim considerado um superartefato Leone amp Potter 1988 pass vel de an lise como qualquer outro artefato arqueol gico Al m da base conceitual tamb m pegamos emprestado da Arqueologia os princ pios da estratigrafia A an lise estratigr fica trabalha com o entendimento de que as camadas de solo que est o embaixo s o mais antigas do que as que est o acima No sentido pr tico o conceito de estratigrafia teve um papel norteador no trabalho arquitet nico A an lise estratigr fica de diferentes componentes de um im vel como por exemplo as camadas de tinta sobrepostas uma outra permite a diferencia o e data o das fases e sequ ncias dos elementos estratigr ficos que comp em um sistema construtivo desde
296. o de estimular a criac o de um banco de atividades acess vel a todos os participantes e de potencializar o uso de equipamentos como data show e TV pen drive existentes nas escolas Os conte dos tanto dos materiais quanto das oficinas palestras foram organizados em tr s blocos tem ticos Arqueologia e cultura material os objetos contam hist ria Arqueologia e Arquitetura a casa como artefato Arqueologia e a pesquisa na 7 Etapa ci ncia patrim nio preserva o A ideia do primeiro bloco a de trabalhar nas escolas o fazer arqueol gico partindo do imagin rio sobre Arqueologia n o d para esquecer a exist ncia de Indiana Jones mas superando o Busca se mostrar que o trabalho do arque logo n o s o de escava o pois possui diversas outras etapas como a pesquisa em laborat rio a descri o dos objetos e estruturas encontradas a an lise do material e a constru o de conhecimento sobre os homens e mulheres que viveram naquele lugar em um passado mais ou menos remoto Pretende se por fim deixar claro que o objeto principal da Arqueologia interpretar num resto de hist ria uma hist ria inteira e que poss vel com muito trabalho rigoroso entender um s culo numa chave uma vida numa panela 6 Trechos do poema escrito pela professora Isabela Severo Nascimento Santana da Escola Municipal Jo o Lino usado como ep grafe deste cap tulo PROGRAMA MONUMENTA IPHAN O s
297. o de trabalho e produto das a es desenvolvidas ao longo do cronograma de pesquisa Passemos ent o para a an lise dos itens relacionados acima Produ o de conhecimento a partir da interface web No que diz respeito ao item 1 a defini o dos servi os associados hospedagem pode ser considerada como ponto cr tico Os servi os de hospedagem dizem respeito capacidade de armazenamento transfer ncia mensal n meros de e mails etc Al m disso define se o tipo de servidor e o sistema de base de dados utilizado 133 134 item 2 Toda a configura o feita considerando se o registro pr vio de um dom nio vinculado rea de hospedagem item 3 O registro se d por meio das entidades reguladoras nacionais a custo anual O controle de custos financeiros sempre crit rio priorit rio nas atividades de pesquisa Em vista disso definimos um servidor com o ambiente operacional Linux e para a base de dados o MySQL ambos livres de custos com licen a e com farta documenta o na internet Custos e documenta o fazem da combina o Linux MySQL um par com elevado potencial para pesquisa de solu es em sistemas de informa o Assim poss vel capacitar rapidamente uma equipe para a utiliza o dessas tecnologias a custos relativamente baixos Vencidos os itens 1 2 e 3 seguimos para a defini o da linguagem para manipula o de dados PHP item 4 Com o PHP podemos acessar e manipular o ban
298. o o pavor entre seus habitantes Essa doen a foi respons vel por uma mudan a na mentalidade da poca devido ao fortalecimento do discurso m dico existente desde o Iluminismo e a Revolu o Francesa mas ainda sem repercuss o entre a popula o Antes das epidemias a popula o recorria a costumes tradicionais e a ritos religiosos para curar doen as As epidemias de c lera e febre amarela tornam essas receitas ineficazes e levam a popula o de maneira geral a recorrer medicina aumentando assim o prest gio da classe m dica O c lera imp s mudan as sociedade baiana os m dicos passaram a ter maior influ ncia junto ao governo e como consequ ncia houve o fortalecimento das comiss es de higiene que puderam combater o ac mulo de lixo e promover o processo de entulhamento das guas paradas fonte de doen as e miasmas Os mortos passaram a ser enterrados longe dos centros urbanos pois dos corpos em decomposi o tamb m se desprendiam miasmas que poderiam contaminar a popula o Na poca acreditava se que o c lera era transmitido pelo ar contaminado Em 1857 s o republicadas no Jornalde Bahia as seguintes posturas com recomenda o do governo para a mais pontual execu o das mesmas em beneficio da sa de p blica 28 Ver capitulo Ill 29 Gases p tridos espalhados na atmosfera se originavam da decomposi o de mat ria org nica Ver DAVID Onildo Reis O inimigo invis vel epidemia na
299. o se refere realidade observada apenas na rea acima referida Pela signific ncia dos dep sitos e para sistematizar a abordagem foram estabelecidos dois tipos de DIC 4 Para uma classifica o dos dep sitos tecnog nicos em uma rea mais extensa da poligonal da 73 Etapa do Projeto Pelourinho compreendendo aproximadamente 50 im veis ver cap tulo XVI 107 para a rea observada DIC 1 sedimentos areia fina a grossa com alguns fragmentos de restos de demoli o cer mica utilit ria vidro metais ossos e conchas DIC 2 sedimentos areia fina a grossa com grande quantidade dos rejeitos mencionados acima Neste cap tulo s o apresentados dois estudos de casos que retratam a import ncia dos DIC na rea de estudo conjuntos de casas no quarteir o 31 e o p tio do Quartel do Corpo de Bombeiros Alicerce S o im veis localizados em um dos quarteir es que tiveramsuaformac otardiaem decorr ncia da topografia acidentada De acordo com os levantamentos hist ricos e arqueol gicos realizados at o momento sua inser o na malha urbana da cidade ocorreu provavelmente por volta da segunda metade do s culo XVIII Najjar e Silva 2006 e 2007 Vh Ver figura 2 y Y O DIALOGO COM OUTROS CAMPOS DO SABER Figura 6 acima esquerda Disposi o do DTC 1 DTC 2 alicerce contrapiso e piso direita da foto a pilastra sobre DIC 1 ea continuidade lateral dos DTCs Casa 41
300. o um eliminado para a coloca o de portas met licas do tipo de enrolar uma modifica o de fachada caracter stica dos com rcios do s culo XX Ap s a retirada do reboco da parte superior dos v os do t rreo fomos surpreendidos ao encontrar arcos de descarga completamente fora dos eixos dos v os do primeiro pavimento o que anulou nossas expectativas de que coincidissem com os v os superiores de que a fachada tivesse sido constru da de uma s vez Tamb m indiciamos uma mudan a de materiais entre os dois andares sugerindo que a casa inicialmente era t rrea Fato que fortaleceu essa hip tese foi a descoberta no v o menor da presen a de uma arma o de verga e pilares de pedra com cavidades da antiga tranca de madeira em seus entrados A fachada do fundo lisa sem nenhuma testemunha de decora o e atualmente est saturada com reboco de argamassa de cimento arenoso e areia A parte superior do primeiro pavimento foi reconstitu da junto com as vergas dos v os e nessa mesma face observamos um escalonamento que confirmou a adi o de um primeiro andar A planta muito simples est formada por tr s setores com acesso ao t rreo pela ladeira da Pra a Ainda se conservam as paredes do primeiro pavimento e restos do que seria um segundo pavimento ou s t o Os buracos deixados nas paredes decorrentes da retirada das vigas ou barrotes de madeiras mostram que as paredes de carga de composi o mista
301. obras p blicas 1825 1851 ma o 4882 Officio da Camara Municipal declarando haver providencias a respeito do concerto e asseio do cano e pateo do sobrado 51 a rua do Maciel de Baixo na S pertencente a Firmino Jos Alves de Ara jo habitado por cerca de 50 pessoas e que o quintal alludido conforme informou o Fiscal Geral fora limpo e acha se asseiado como convem de hygiene p blica grifo nosso Para entendermos a din mica de ocupa o da S do ponto de vista imobili rio e social no per odo estudado recorremos s rie Ju zes de paz fonte exaustivamente trabalhada por vasta bibliografia dedicada Hist ria social na Bahia que possibilitou um contato mais pr ximo podemos assim dizer com os verdadeiros protagonistas da hist ria dessa freguesia no s culo XIX seus habitantes Por meio dela pudemos conhecer o cotidiano das pessoas comuns funcion rios p blicos vi vas comerciantes libertos empregados nos mais variados neg cios e escravos de ganho principais ocupantes das chamadas lojas situadas nos por es dos sobrados Essa fonte abriu horizontes para recordarmos algo singular ocorrido em 1835 na freguesia da S centro pol tico administrativo de Salvador a maior rebeli o de escravos africanos ocorrida no Brasil a Revolta dos Mal s Essa constata o levou nos a consultar os Autos da devassa da Rebeli o dos Mal s fonte impressa nos Anais do Apeb que nos trouxe gr
302. ocupa o do lote fundi rio O estado de conserva o das fachadas passa por processo gradativo de deteriora o h desprendimento de grande por o dos rebocos e v rias camadas de caia o Parte das esquadrias externas foi perdida ainda existem restos de bandeira e marcos de venezianas s culo XIX e tem se a leitura das folhas de seguran a ou escuros s culos XVII XVIII que apresentam trincas perda da camada pict rica e presen a de umidade A planta assim como a fachada simples e pode representar uma implanta o vern cula que sofreu modifica es no s culo XX A casa constitu da de paredes de carga paralelas a rua 28 de Setembro com uma composi o de tijolo maci o 4cm com massa grossa 5cm estruturado com esteios e vigas de madeira que se encontram afetados pelo apodrecimento e a o das t rmites causados pela umidade e falta de conserva o Nas paredes internas por causa da umidade ascendente por capilaridade e da a o da chuva os esteios perderam a se o do material na parte inferior Os v os das portas e janelas possuem vergas de madeira arco reto e arco de descarga ou ressalva na parede do fundo come am a perder a massa e o tijolo PROGRAMA MONUMENTA IPHAN est com decr scimo da sec o externa devido de intemp rie As argamassas s o constitu das por materiais tradicionais terra argila e cal em algumas reas existem vest gios de reparos e inclu
303. olonial livro do tombo dos bens de todas as ordens terceiras confrarias irmandades de Salvador 1851 1853 8 O exame dos materiais arqueol gicos em contato com a galeria e dos pr prios elementos construtivos utilizados na sua confec o aponta para um recuo a meados do s culo XIX Documentos manuscritos desse per odo tamb m tratam da inser o dessa canaliza o PROGRAMA MONUMENTA IPHAN CEU DE E OF CIOS PULKSONAL 7 ETAPA GALERIAS S CULO XVII XIX PROVAVEL PROLONGAMENTO AT RID DAS TRIPAS ESGOTO DOMESTICO No quarteir o 28 a galeria decai no sentido norte sul e situa se sob a casa 31 que tem a fachada principal voltada para a rua S o Francisco Passa sob essa rua tal como outra grande canaliza o dos quarteir es 22 e 30 Seguindo o mesmo sentido adentra o quarteir o vizinho 31 entre as casas 22 e 24 na rua S o Francisco e da em diante segue pelos quintais Seu ltimo trecho identificado o do quintal da casa 41 da rua 28 de Setembro no quarteir o 31 A extens o seguinte at alcan ar o rio das Tripas apenas uma probabilidade figura 6 linha larga de cor lil s mas adicionam se as informa es hist ricas que apontam Figura 6 Detalhe do tra ado nos quarteir es onde as galerias foram identificadas 93 64 Galeria em alvenaria de tijolos encontrada na casa 15 sustentada por base de alvenaria em pedra sua trajet ria para osfundos
304. omar em beneficio dos moradores dos quarteir es fronteiros ao Aljube e da para baixo limita se a ligar as interrup es que se observ o no cano atual crivando o de ralos em diferentes lugares de forma tal que s as guas tenh o ingresso no cano quanto posso dizer sobre o esgoto supra mencionado e para remediar os males de que se queixam os moradores dos quarteir es atravessados pelo supra dito esgoto moradores esses que com raras exce es s o os principais agravadores sen o motores dos males que alias os vexam e lhes poder prejudicar a saude No relat rio apresentado em 1906 por Teodoro Sampaio ao governo municipal no qual o engenheiro prop e um inovador sistema de esgoto para a cidade poss vel perceber que havia a inten o de mudar o direcionamento das canaliza es a fim de buscar a passagem que causasse menos transtornos s moradias do local Os benef cios advindos da nova localiza o dos condutores permitiria dinamismo e economia 16 APMS fundo c mara se o obras p blicas municipais termo de alinhamento e vistoria 3 de dezembro de 1855 na manuten o e uso do espa o p blico evitando poss veis desgastes com propriet rios de im veis evidente que isso demandaria uma obra muito custosa mas a proposta se justifica pela fun o de despejo de dejetos e condu o de guas pluviais nas galerias que finalmente teriam um sistema integrado Assim nas canaliza
305. omente estruturas arquitet nicas associadas ao im vel Na rea 3 o objetivo do levantamento geof sico foi diferente pois n o havia possibilidade de escava es arqueol gicas adicionais por se tratar de uma pesquisa PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Slice GPR 3D corte horizontal em profundidade em detalhe Profundidade de 1 3 m dentro de um p tio do Corpo de Bombeiros atendendo demanda de uma obra emergencial Nesse caso os dados geof sicos foram fundamentais para o lan amento de hip teses sobre a configura o espacial de uma antiga capela no local assunto abordado neste livro com mais detalhes no cap tulo XV Refer ncias ANNAN A P GPR History Trends and Future Developments Subsurface Sensing Technologies and Applications 2002 v 3 n 4 p 253 270 2 2 Ground Penetration Radar Workshop Notes Internal Report Sensors amp Software Inc 1992 BARBA L La aplicaci n de m todos geof sicos qu micos e sedimentol gicos no estudo de s tios arqueol gicos Sociedade Mexicana de Antropolog a M xico Revista Mexicana de Estudios Antropol gicos 1986 t XXXII p 35 50 BENSON A K Applications of Ground Penetrating Radar in Assessing Some Geological Hazards Examples of Groundwater Contamination Faults and Cavities Journal of Applied Geophysics 1995 n 33 p 177 193 Figura 12 Imagens representativas da poss vel configura o da antiga igreja local Mapa e slice GP
306. onde geralmente est o mais fragmentados como resultado dos impactos adicionais que sofrem ap s a deposi o Nos exemplos a seguir al m de identificar o contexto arqueol gico das deposi es vamos tamb m discutir a localiza o do objeto de estudo em rela o configura o do im vel durante o per odo de deposi o e mencionaremos a presen a de objetos 92 DE MAIO 1 o gt gt i a cO HIA GUEDES encontrados dentro ou junto s estruturas estudadas Essas medidas s o necess rias para qualquer tentativa futura de interpreta o dos vest gios e seus significados Beco do Semin rio im vel 3 O im vel n mero 3 do Beco do Semin rio quadra 19 est localizado em solo relativamente ngreme pr ximo aos fundos do antigo Semin rio S o D maso constru do no s culo XVII A porta que aparece esquerda na figura 1 d acesso a um por o de aproximadamente 64m enquanto uma escadaria direita d acesso primeiro pavimento Apesar de ter sofrido altera es no s culo XX o espa amento dos v os aparente na fachada indica caracter sticas oitocentistas Ap s a retirada do piso de cimento as escava es arqueol gicas no segmento dianteiro do por o evidenciaram uma sobreposi o de contrapisos e um piso de argila A aproximadamente 0 50m de profundidade foi encontrado um novo piso de com cal e outros aditivos
307. onment Bulletin of the International Association of Engineering Geology Krefeld 1980 n 22 p 75 78 _____ Theoretical Fundamentals and Problems of Engineering Geology In International Geological Congress 27 Moscow 1984 Proceedings Ultrech VNU Science Press p 35 49 v 17 SUGUIO K Dicion rio de geologia sedimentar e reas afins Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1998 TER STEPANIAN G Beginning of the Tecnogene Bulletin of International Association of Engineering Geology Paris 1988 n 38 p 133 142 117 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 118 VII O m todo geof sico GPR e a Arqueologia Rinaldo Marques Segundo Manzanilla amp Barba 1994 Arqueologia uma ci ncia que investiga o passado estudando as sociedades humanas e suas transforma es no tempo Completa o estudo do homem como ser social e sua influ ncia no meio em que vive integrando informa es procedentes da Biologia Paleobot nica Paleozoologia e Paleoantropologia aliadas aos dados procedentes do conhecimento da Terra Geologia Geof sica e Geografa refazendo assim a hist ria do homem Nos dias de hoje a Arqueologia utiliza ferramentas cada vez mais inovadoras e aparelhos mais refinados nos estudos arqueol gicos Os grupos de pesquisa s o compostos normalmente por profissionais interdisciplinares com forma o em diversas reas Mapas Tem ticos Projeto Pelourinho Pesquisa Arqueol gica LEVANTAMENTO GEO
308. onos e ou produtores Em rela o as contas sobressai uma quantidade de pe as de cor branca sobre as de outras cores em contextos de sepultamento poss vel que fizessem parte de ros rios enterrados com defuntos crist os Mas sabemos que para povos n o crist os o uso de contas e a cor branca tamb m tinham grande valor simb lico As figuras 13 14 e 16 apresentam alguns exemplares de cachimbos e contas relacionando os com seus respectivos locais de descarte Outros materiais encontradas s o v treos l ticos malacol gicos sseos met licos de madeira e de material construtivo Os vidros em sua maioria s o garrafas de bebidas A propor o de pe as de vidro se torna maior geralmente nos dep sitos dos s culos XIX e XX Os contextos deposicionais que mais apresentaram pe as inteiras foram os dep sitos prim rios O material l tico est representado na amostra principalmente por pe as e fragmentos de pederneiras 15 provenientes de dep sitos secund rios aterros na maior parte dos casos Os fragmentos malacol gicos e ossos identificados em sua maioria apresentaram marcas de cortes o que sugere se tratar de restos alimentares As maiores concentra es desses materiais est o associadas entre si e s camadas que apresentam sedimento escuro e vest gio cultural m vel em menor estado de fragmenta o sugerindo que pertenceram ao descarte prim rio das resid ncias isto encont
309. onstru o da edifica o propriamente dita Sua caracter stica principal a de ter sido constitu da pela maci a presen a de restos culturais m veis lixo dom stico por restos construtivos em menor quantidade e em menor quantidade ainda sedimentos que os envolvessem Em um po o teste de um metro c bico aberto nessa primeira camada em uma das casas casa 39 foram recolhidos 22 mil fragmentos de materiais culturais predominantemente cer micos Essa quantidade absolutamente fora dos padr es conhecidos de deposi o arqueol gica A principal caracter stica dessa camada de aterro o fato de o material estar solto formando lacunas espa os vazios entre uma pe a e outra devido baixa incid ncia de sedimento em sua composi o Isso demonstra que os respons veis pelos aterros j possu am o dominio de t cnicas de drenagem e a preocupa o com a salubridade valores fundamentais tanto para a constru o das edifica es quanto para o estabelecimento e a manuten o de um n cleo urbano O aterro da casa 37 bastante semelhante ao encontrado nas outras casas estudadas e certamente PROGRAMA MONUMENTA IPHAN tem a mesma func o Acreditamos que a diferenca existente resida no fato de as casas vizinhas terem sido constru das em outro momento e por propriet rios distintos que compraram seus aterros em locais fornecedores tamb m diversos Segundo Henrique Valadares arque logo do projeto durant
310. oram feitos em 2004 baseados em cadastros realizados ainda nas d cadas de 1970 1980 ou em pocas anteriores Em 2004 os escrit rios contratados n o conseguiram acessar interior dos im veis em raz o da grande quantidade de lixo restos de estruturas e vida vegetal existentes dentro das moradias o que impediu a atualiza o dos dados Como consequ ncia pouco se conseguiu estudar da arquitetura dos edif cios em 2004 Inclusive h casos em que a descoberta de subsolos s foi poss vel ap s a limpeza que antecedeu as obras em 2006 Comoresultadodoprogramaarquitet nicodesenvolvido anteriormente as estruturas internas dos im veis foram em sua maioria demolidas independentemente de seu PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Alberto Beovides Bonachea estado de conserva o reduzindo assim a necessidade de a es emergenciais Em alguns casos al m da fachada restaram s paredes perimetrais do lote fundi rio Os poucos vest gios entretanto tornaram se valiosos para as an lises da evolu o diacr nica das influ ncias estil sticas pelas quais passaram os edif cios Apesar das demoli es foi poss vel enxergar em cada im vel trabalhado as t cnicas construtivas e materiais utilizados a composi o de argamassas nas paredes as modifica es que sofreram os v os de portas e janelas Esse o pano de fundo com o qual nos deparamos ao iniciar a pesquisa arqueol gica em 2006 Norte conceitual do trabalho De
311. orma espont nea por for a do tempo de conviv ncia Isso talvez tenha impedido reflex es mais pontuais sobre essas rela es uma vez que o contexto dos projetos de pesquisas acad micas de longa dura o dava uma ilus ria impress o de que todos eram guindados a interlocutores Cardoso de Oliveira 1978 p 30 As primeiras reflex es sobre o tema surgem no contexto da Arqueologia de Contrato nos anos 1980 Oliveira et al 1988 em um artigo que discutia a etnografia do trabalho de campo se det m em particular na rela o entre n s e os trabalhadores como s o denominados os auxiliares no texto Entre as muitas dificuldades apontadas est a alta rotatividade dos trabalhadores o que fazia com a equipe tivesse que repetir in meras ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO vezes as explica es sobre a pesquisa Al m disso sublinham tamb m o fato de que para muitos deles o trabalho com a equipe de Arqueologia teria pouco ou nenhum sentido Cerca de duas d cadas depois constatamos as mesmas dificuldades e ainda refletimos pouco sobre a sua solu o Destacamos como um dos problemas a denomina o dada a esses integrantes das equipes de Arqueologia Em geral s o chamados de trabalhadores ou de bracais Fernandes 2007 p 112 O primeiro termo os coloca numa categoria gen rica desqualificada e o segundo cristaliza essa inferioriza o Isso nos remete discuss o proposta por Goulart 2000 p 66 qua
312. ormato JPG geradas a partir de c mera fotogr fica Sony DSC S500 programas de digitaliza o e edi o de imagens como Adobe Photoshop CS3 CorelDRAW X3 FppProl63 e AutoCAD 2006 e instrumentos de medic o como o tel metro Bosch DLE 50 Profissional Estudos de casos Ladeira da Praca 24 O im vel encontra se em estado progressivo de deteriora o com problemas estruturais ativos nos maci os que restam da ru na Foram perdidas todas as estruturas horizontais que formavam o conjunto limitando se hoje s as paredes matriciais at o n vel do primeiro pavimento A fachada principal com v os estreitos compridos e grades trabalhadas de ferro no segundo pavimento influenciada pelo ecl tico Os elementos quadrados em baixo relevo na parte inferior dos v os indicam a marca discreta do art d co dando um toque de geometria na fachada Esses v os encontram se fechados com ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO 9 En Fachada do im vel na ladeira da Pra a 24 146 alvenaria inclusive se misturando com o gradil e o resto da superf cie de fachada toda chapiscada com areia e cimento De quatro v os ainda existem tr s bandeiras de portas de madeira e vidro figura 1 No n vel do pavimento t rreo ocorreram grandes transforma es foi introduzida uma marquise de concreto armado e azulejado 10x 10cm em cor amarela nas paredes e houve uma profunda altera o dos v os aumentados na largura send
313. os por causa do avan ado estado de deteriorac o do templo uma das justificativas dadas para a sua demoli o que veio a acontecer entre 1856 e 1857 Salubridade e higiene na freguesia da S Como j foi dito a Capela de Guadalupe foi erguida as margens do rio das Tripas assim chamado por receber as tripas e outros restos de gado das rocas e do criadouro do Convento de S o Bento localizadas 24 Em raz o da semelhan a com a descri o feita no invent rio de bens da Irmandade dos Pardos suspeitamos que a imagem de madeira revestida de prata que hoje se encontra no Museu de Arte Sacra da Bahia ver figura 1 seja a mesma que foi cultuada na Capela de Nossa Senhora de Guadalupe 25 APEB se o colonial governo da prov ncia livro do tombo dos bens de todas as ordens terceiras confrarias irmandade de Salvador 1851 1853 ma o 5266 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN ao longo do seu curso O rio tornou se a principal zona de descarte de lixo para a popula o da S Era o local onde livres e escravos rejeitavam restos de alimentos animais mortos excrementos e outros Por se localizar no fundo de um vale recebia ainda toda o lixo das ruas levado pelas chuvas Al m disso a prec ria rede de esgotos escoava tamb m para esse rio que nos per odos chuvosos transbordava causando preju zos e transtornos popula o At o s culo XIX o descarte do lixo era responsabilidade apenas da popula o Deveria seguir norm
314. os resultados na escala da amostra Foram obtidos resultados de intensidades em tr s tijolos do s tio casa 27 A m dia para todo o n vel amostrado foi obtida com mais de seis determinac es distintas atendendo assim ao crit rio estat stico de confiabilidade do s tio O valor m dio de intensidade para essa casa foi de 36 9 2 4 micro Tesla Essa m dia pode ser comparada com os valores de intensidade da curva de refer ncia da Bahia figura 3 Valores muito pr ximos aos da casa 27 foram obtidos em v rios s tios figura 3 inclusive nos tijolos do Solar Berqu Salvador que tem idade bem determinada entre 1691 e 1693 AD O erro na intensidade magn tica determinado para a casa 27 um pouco superior ao erro determinado para o Solar Berqu Levando em conta todos os dados da curva de refer ncia e as incertezas na determina o da intensidade da casa 27 pode se estimar sua idade entre 1670 e 1720 ou seja entre o final do s culo XVII e o in cio do s culo XVIII A figura 5 apresenta os mesmos valores de intensidade da figura 3 al m do valor m dio para o s tio casa 27 CP27 ponto em vermelho com os respectivos valores de intensidades e idades De modo geral esse resultado condizente com os estudos arqueol gicos realizados pela equipe do Projeto Pelourinho nessa casa Considera es finais Os estudos arqueomagn ticos realizados em Salvador forneceram resultados excelentes A determina o de uma curva de re
315. os tipos de dep sito arqueol gico identificados na rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho representam importantes testemunhos do processo de ocupa o e expans o da rea urbana em diferentes momentos Contribuem para enriquecer o conhecimento sobre a configura o de novos arranjos espaciais e sociais dentro do contexto urbano Os diferentes tipos de dep sito aqui apresentados comp em amostra altamente representativa da cultura material das diversas classes sociais no cen rio urbano do passado A seguir apresentaremos por meio de coment rios uma amostra dessa cole o exumada Para uma discuss o mais aprofundada necessitar amos de dados anal ticos conclusivos dos quais ainda n o dispomos A cultura material dos antigos moradores de Salvador Os dep sitos arqueol gicos identificados na rea da pesquisa apresentaram enorme variedade de objetos m veis e im veis Para este trabalho vamos enfocar os vest gios arqueol gicos m veis que est o representados por uma cole o com mais de 500 mil pe as divididas entre as seguintes categorias materiais cer mica v treo l tico malacol gico sseo madeira pl stico met lico e material construtivo Dentre essas categorias destacamos a da cer mica que al m de apresentar maior quantidade de objetos representativa das mais diversas pocas e proced ncias Categorizamos as cer micas utilizando o Cat logo das cole es cer micas da 6 SR Iphan como refer
316. ostitui o A pesquisa portanto visa n o s desvelar como a vida ali se desenvolvia no passado como auxiliar na recupera o da regi o hoje muito violenta e degradada Esperamos que pelo menos essa rea retorne ao seu car ter predominantemente residencial distinta do restante do Centro Hist rico ocupado hoje quase em sua totalidade por atividades ligadas ao turismo A 7 Etapa de Recupera o previu obras em 93 im veis Portanto esse constituiria o universo a ser estudado mas alguns im veis n o puderam ser objeto da pesquisa arqueol gica pois n o foram desocupados ou seu estado de arruinamento n o oferecia seguran a para a realizac o de qualquer atividade Assim a investiga o se concentrou em 63 im veis observados entre julho de 2006 e dezembro de 2009 quando foram encerradas as pesquisas de campo no ltimo im vel a n s disponibilizado O fato de n o termos examinado a totalidade dos im veis n o deve ser interpretado como uma perda uma vez que os 63 pesquisados nos anexos consta a lista completa dos im veis mostraram se bem distribu dos dentro do universo social da rea permitindo uma excelente abordagem A decis o de encerrar a etapa de campo foi tomada com total seguran a pois j t nhamos material suficiente para responder s quest es formuladas e conhecimento das v rias realidades arqueol gicas existentes no per metro da pesquisa Todos os 11 quarteir es tiveram im veis ana
317. outras e n o incluiriam o assentamento do ladrilho hidr ulico nas reas p blicas do im vel Outra hip tese seria o uso do ladrilho hidr ulico como reflexo do uso do espa o Por exemplo o dono de um estabelecimento comercial no andar t rreo para impressionar seus clientes teria mais interesse em destacar a decora o de seu espa o do que o dono de um im vel utilizado somente para fins residenciais Nesse caso o ladrilho hidr ulico seria aplicado como recurso para atrair clientes Para confirmarmos essas interpreta es precisar amos nos deter na an lise de documentos que avaliassem 3 Ver cap tulo XIV PROGRAMA MONUMENTA IPHAN os bens e o poder aquisitivo dos propriet rios dos 19 im veis por meio de invent rios e testamentos tarefas que fogem ao alcance deste estudo Finalmente devemos ter cautela nas infer ncias que desenhamos a partir da presenca e tamb m da aus ncia do ladrilho hidr ulico Para al m da Arqueologia queremos chamar a atenc o para a necessidade da preserva o desse tipo de piso O estado de conserva o encontrado n o cr tico fato que poderia ter sido considerado pelo Projeto de Recupera o do Centro Hist rico de Salvador no sentido de tentar resguard los nos trabalhos atualmente em execu o A preserva o desses testemunhos encontrados em uma parcela significativa das casas do Centro Hist rico de Salvador poderia servir como base para um estudo mai
318. outrora uma freguesia de elite a preocupa o ganhava novas dimens es Era preciso ficar de olho nos corti os Assim em seu relat rio sobre esgotamento para a cidade Teodoro Sampaio 1906 refere se aos espa os ocupados por essas classes Pode algu m considerar saud vel uma parte t o consider vel da cidade como por exemplo a freguesia da S com as suas edifica es velh ssimas os seus feios sobrados em forma de caix o com escassas aberturas para o ar e para a luz nos pavimentos superiores e exibindo no r s do ch o essas horrendas espeluncas mais baixas de que a rua onde pulula uma popula o prom scua empobrecida no moral como no organismo devorada pela t sica arruinada pela s filis e perseguida pela mis ria grifo nosso 2 Arquivo P blico Municipal de Salvador Funda o Greg rio de Mattos doravante APMS Fundo intend ncia s rie processos se o de gua e esgoto do munic pio 1893 1922 Relat rios dos esgotos projetados para o 2 distrito da cidade da Bahia apresentados intend ncia municipal pela firma contratante Teodoro Sampaio amp Paes Leme 1906 Observa o as cita es aqui transcritas tiveram a grafia atualizada quando necess rio para facilitar a leitura PROGRAMA MONUMENTA IPHAN At o in cio do s culo XIX as cr nicas e relatos de viajantes estrangeiros informam que a freguesia da Concei o da Praia era o local de abrigo da popula o pobre e de co
319. p s o reconhecimento e manuseio dos materiais arqueol gicos alguns participantes relataram a descoberta de pe as durante obras no CHS Muitos admitiram desconhecer o valor dos objetos e um deles afirmouterjogado fora uma moeda porque estava muito suja Essa parte da atividade na qual o grupo interagiu com a equipe ressalta a urg ncia na formula o de a es mais duradouras para esses profissionais J o grupo de moradores que trabalhou diretamente com a equipe de Arqueologia manteve se praticamente inalterado durante toda a pesquisa Isso permitiu a socializa o do conhecimento arqueol gico al m de promover um ambiente prop cio para as reflex es acerca de nossas rela es com as comunidades locais do ponto de vista desses auxiliares de campo como preferimos denomin los As etapas do projeto de Educa o Patrimonial foram precedidas por entrevistas que tinham por objetivo conhecer as representa es sobre a Arqueologia e o patrim nio local Dentre os temas recorrentes nas entrevistas destacamos as narrativas dos auxiliares sobre o trabalho que desempenhavam com os arque logos e a percep o que os demais colegas n o participantes da pesquisa de campo tinham sobre o seu trabalho Retomando a discuss o de Goulart a no o de trabalho para esses grupos est ligada for a f sica necess ria para a execu o das tarefas Um dos auxiliares relata que um colega seu de forma ir nica considerava
320. panorama encontrado nos deixando importantes fontes de an lise Em 1714 o engenheiro militar Amadeu Francisco Frezier visitou Salvador e relatou que por volta de 90 da popula o baiana era composta de negros que encontrou duas mil casas geralmente bem constru das Seus habitantes viviam bem alojados e fartos de bom mobili rio Em 1717 La Barbinais conta que na cidade alta 8 Idem ibidem p 106 Fragmento de garrafa gr s Praca Municipal Salvador fins do s culo XIX Sampaio 2005 as casas eram grandes e c modas mas tal aciden tado do solo que as ruas ficavam desagrad veis e perdiam o efeito ornamental A parte edificada compreendida entre as portas urbanas n o era das maiores mas se se levasse em conta os arrabaldes tinha se uma rea bastante consider vel Direcionando o olhar para a rea do atual Centro Hist rico que compreendia a freguesia da S pudemos tra ar um perfil de algumas ruas durante o s culo XVIII Pedro de Almeida Vasconcelos contribui com uma informa o interessante a respeito dessa localidade Na rua Cruzeiro de S o Francisco no in cio do s culo XVII foi constru do o solar onde nasceu Greg rio de Matos Continua seu relato focalizando os arredores 9 Idem ibidem p 107 10 VASCONCELOS Pedro de Almeida Salvador transforma es e perman ncias 1549 1999 Ilh us Editus 2002 p 58 do Convento de S o Francisco Soare
321. pressavam sua cultura e importante observar o ambiente constru do como fonte de dados que nos permita interpretar o perfil dos indiv duos que compunham a sociedade nos diferentes per odos da forma o da cidade de Salvador a arquitetura como marcador temporal Deve se estar atento aos v rios limites que a cidade j teve chamava nos a aten o a exist ncia de muros constru es que limitam os v rios per metros que a cidade possuiu e que inicialmente foram erguidos com intuito de prote o mas que na realidade eram marcos na paisagem que impunham fronteiras tamb m sociais Viver dentro ou fora do muro tinha seu significado V rios autores Goulart 2000 Santos 2001 Carneiro 1980 Sampaio 1949 comentam a respeito dessas edifica es Alguns por meio da cartografia mostram mapas e desenhos de poca que fornecem dados sobre a localiza o destas No entanto onde est o essas rugosidades O que sobrou delas Outra quest o levantada diz respeito ao bin mio tempo e espa o Santos 1994 visto como elemento atuante na evolu o da ocupa o urbana j que estamos trabalhando em uma rea onde encontramos contextos de ocupa es diferentes tanto temporal quanto espacialmente e que compreende desde meados do s culo XVI at os dias atuais Deve se desvelar como foi o crescimento da cidade de Salvador como o arranjamento urbano chegou ao que observamos hoje saber como se deu a ocupa o do espa o
322. prias experi ncias perceber as nuances que caracterizavam essas Ilustra o de Adriana Mendon a para projeto de Educa o Patrimonial 177 Exemplo da diversidade de artefatos localizados pela pesquisa Em cima bot o de um nico furo feito em osso moeda e dedal Em sequ ncia escova de dentes em osso cachimbo de cer mica bot es em osso e mi angas em osso e vidro 178 rela es no mbito dos projetos acad micos de ontem e dos projetos de Arqueologia de Contrato de hoje Segundo Prous 2006 30 a pesquisa acad mica foi quase abandonada no Brasil Isso implica mudan as de toda ordem incluindo os contornos dessas rela es interpessoais que se d o nos trabalhos de campo Os longos projetos acad micos permitiam que os pesquisadores convivessem por anos com o mesmo grupo de moradores e em geral eram eles que integravam as equipes auxiliando nas tarefas requeridas pela pesquisa de campo A proximidade com os auxiliares muitas vezes se dava fora do hor rio de trabalho Assim n o era incomum que horas de lazer fossem compartilhadas por todos Certo romantismo da pr tica arqueol gica em tempos passados promovia essa integra o entre universos distintos mas n o garantia o estabelecimento de rela es sim tricas entre os grupos envolvidos A preocupa o de compartilhar o conhecimento com os auxiliares de campo n o se colocava como quest o mas acontecia de f
323. projetos de Educa o Patrimonial As comunidades impactadas por projetos de desenvolvimento e ou de restaura o t m sido em parte beneficiadas por essas a es que visam sensibiliza o acerca da import ncia do patrim nio arqueol gico e de sua fun o como componente fundamental na constitui o da cidadania na escola Contudo o papel da escola na constru o desses projetos n o muito claro uma vez que em geral atuam apenas como receptoras das a es Bezerra 2006 Machado 2006 Consideramos que as escolas devam participar das a es de interven o desde a sua Cria o contribuindo assim para que as demandas particulares de cada unidade escolar de cada regi o possam ser atendidas pelos pesquisadores Em projetos de curta dura o como o nosso seguir essa orienta o um desafio uma vez que processo envolve entre outras quest es a realiza o de v rias reuni es com os membros das escolas e a adequa o n o apenas das atividades mas dos apertados calend rios escolares Al m disso como j dito anteriormente ao entendermos a Educa o Patrimonial como m todo utilizado pela perspectiva da Arqueologia P blica e esta como Antropologia Aplicada acreditamos ser fundamental o desenvolvimento de uma pesquisa etnogr fica na escola em momento anterior realiza o do projeto Os estudos t m revelado que o contato mais pr ximo com a escola por meio da observa o participante en
324. quipe de Arqueologia organizasse evento para o corpo de funcion rios do rg o Tal solicita o foi atendida por meio de atividade que incluiu uma palestra seguida de debates sobre a pesquisa arqueol gica em curso na rea da 7 Etapa e dentro do CHS A atividade desenvolvida pela coordenadora do Projeto de Pesquisa Arqueol gica da 7 Etapa ocorreu nas depend ncias do Ipac no Centro Hist rico em Salvador Os participantes receberam pasta com o Manual de Arqueologia Hist rica de Rosana Najjar editado pelo Monumenta Iphan em 2005 e cujo conte do sublinha a inser o da Arqueologia em obras da sede do Ipac A parceria entre rg os dedicados preserva o potencializa as a es de preserva o do patrim nio arqueol gico e aproxima as diversas reas do conhecimento envolvidas em projetos dessa natureza possibilitando que as a es desenvolvidas tenham continuidade por meio de outros projetos locais ap s o encerramento das pesquisas arqueol gicas Desafios Os desafios da Educa o Patrimonial no Brasil s o in meros e a multiplica o desses projetos no mbito da Arqueologia implica a necessidade de refletirmos sobre a sua pr tica de forma geral e sobre as singularidades de cada contexto como o Centro Hist rico de Salvador Como vimos tais projetos n o devem prescindir de uma longa etapa de conhecimento das comunidades locais envolvidas Um projeto de seis meses especialmente em reas de complexa
325. r da cidade Ali estava o grosso do trabalho de ganho e do com rcio e por isso concentrava trabalhadores dormindo nas lojas e por es dos estabelecimentos comerciais ainda que alguns inclusive escravos trabalhassem na parte baixa mas vivessem na S Em pequeno n mero a presen a dessa popula o era aceit vel pois podia ser controlada pelos senhores e autoridades Mas a cidade alta reduto das camadas abastadas come ava a perder esse perfil abrigando cada vez mais as classes perigosas Uma realidade que passava a tirar o sono da elite e da administra o p blica Para a corte de fins do s culo XIX Sidney Chalhoub 1996 p 20 45 argumenta que as medidas higienistas e as pol ticas p blicas de urbaniza o visavam antes de tudo livrar os centros urbanos das chamadas classes Cena cotidiana do centro da cidade aguas servidas jogadas nas ruas Sampaio 2005 p 128 T pico cortico do Rio de Janeiro s culo XIX Fotografia de Augusto Malta reproduzida em Nosso S culo S o Paulo Abril Cultural 58 1980 vol 1 li E ii M Th A dL a n aT om ia Bo E M M e ah E s uou i B perigosas ou classes pobres e viciosas As classes perigosas eram a popula o pobre de cor habitante dos corti os espalhados pelos centros da cidade do Rio de Janeiro Os corti os moradias coletivas de aluguel abrigavam desde estrangeiros pobres a li
326. r dimensionados a partir da leitura dos cap tulos V VI e VII daterceira parte do livro que trata do di logo com outros campos do saber A rela o entre o Arqueomagnetismo e a Arqueologia A Geoarqueologia no Projeto Pelourinho O m todo geof sico GPR e a Arqueologia Dotime de consultores destacamos os que se dedicaram ao nosso subprojeto de educa o patrimonial Esses profissionais educadores e arque logos especialistas na rea tiveram a rdua tarefa de estabelecer uma ponte entre o projeto e v rios segmentos da sociedade envolvidos direta e indiretamente com ele aceitando o desafio de traduzir inclusive as tecnologias de ponta para nossos interlocutores O trabalho desenvolvido examinado na quinta parte do livro O projeto de educa o patrimonial que re ne os cap tulos XI XII e XII respectivamente Arque logos e comunidades locais no projeto de educa o patrimonial Quando a Arqueologia vai escola Um olhar socioarqueol gico O patrim nio cultural e o sujeito hist rico Por ltimo destacamos alguns resultados mesmo que preliminares referentes s rela es entre os grupos ou classes que conviviam na rea estudada Nossas an lises mostram vest gios ligados pr tica de rituais religiosos PROGRAMA MONUMENTA IPHAN dom sticos nos im veis trabalhados e o cap tulo XIV Nem tudo caco a integridade escondida sob os pisos trata desse assunto que vem sendo aprofundado pelo arque
327. ra as pesquisas Agrade o ao Carlos Amorim atual Superintendente com quem tive o prazer de dividir a etapa final do projeto Finalmente n o posso deixar de agradecer ao arquiteto e urbanista Carlos Fernando Andrade Superintendente do Iphan no Rio de Janeiro unidade a que perten o Carlos Fernando mesmo sofrendo com minhas aus ncias peri dicas deu todo o apoio necess rio para que eu pudesse realizar meu trabalho A todos mais uma vez obrigada N o posso deixar de mencionar o apoio prestado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia Conder pelas empresas respons veis pelas obras da 7 Etapa de Recupera o do Centro Hist rico e pela Unidade Executora de Projeto UEP Monumenta de Salvador Sem a presen a desses parceiros n o ter amos tido por exemplo nossos inestim veis auxiliares t cnicos em arqueologia Tamb m devo agradecer a acolhida que recebemos do Instituto do Patrim nio Art stico e Cultural da Bahia atrav s do Diretor Geral arquiteto Frederico Mendon a e do Diretor de Preserva o Paulo Canuto parceiros desde o in cio Aos moradores da rea s lideran as comunit rias aos professores funcion rios e alunos das tr s escolas envolvidas no projeto de educa o patrimonial ao pessoal da TV Pelourinho e aos cineastas Mateus Damasceno e Toni Couto respons veis pelo nosso v deo deixo meu agradecimento pelo respeito e pela participa o atenta Reservo agradecimento esp
328. ra de Antropologia Goi nia 2006 CD1 185 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Recipiente cer mico n o 186 vidrado MESKELL L Archaeological Ethnography Conversations around Kruger National Park Archaeologies 2005 v 1 has pre 100 NAJJAR J De educador e de arque logo todo mundo tem um pouco embora educadores e arque logos sejam poucos algumas reflex es sobre a rela o entre Educa o e Arqueologia Anais do Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira S o Paulo SAB 2003 cal NAJJAR NAJJAR Reflex es sobre a rela o entre Educa o e Arqueologia uma an lise do papel do Iphan como educador coletivo In LIMA FILHO M F BEZERRA M orgs Os caminhos do patrim nio cultural no Brasil Goi nia Alternativa 2006 p 171 182 OLIVEIRA A G MACHADO L MAGALH ES C et al Arque logos e populac es ribeirinhas uma etnografia do trabalho de campo Cadernos UFPA 1988 n 15 p 37 60 POPKEWITZ T S Cultura pedagogia e poder Teoria e Educa o Porto Alegre 1992 n 5 p 91 106 PROUS A O Brasil antes dos brasileiros a pr hist ria do nosso pa s Rio de Janeiro Zahar 2006 PYBURN A BEZERRA M Arqueologia P blica em 5 tempi reflex es sobre o workshop Gerenciamento do patrim nio cultural Arqueologia Goi nia In LIMA FILHO M F BEZERRA M orgs Os caminhos do patrim nio no Brasil Goi nia Alternativa 2006 p
329. rasgadas e saccadas de madeira sala gabinete e quarto e dividindo se o dito sobrado por um lado com a da Santa Casa de Miseric rdia e por outro com o sobrado do mesmo Magalh es grifo nosso Uma fonte indispens vel ao estudo da urbaniza o da cidade presente no Arquivo P blico Municipal de Salvador s o as Posturas municipais Foram consultados alguns livros de posturas que tratavam das principais normas e proibi es que orientavam a constru o e trabalhos de infraestrutura em Salvador assim como sua vida social Sobre o destino do lixo na cidade por exemplo a postura n 1 de 1846 versa o seguinte Fica proibido o lan amento de lixo e qualquer outra qualidade de entulho nas marinhas em frente dos cais de desembarque pena de dez mil r is e oito dias de pris o Ficam revogadas as disposi es em contr rio 29 abril 18465 Numa tentativa de formar um panorama detalhado sobre a freguesia da S e mais especificamente sobre a antiga rua do Tijolo atual rua 28 de Setembro coletamos documentos manuscritos e plantas de v rios im veis Demos especial import ncia as descri es dos im veis as certid es de compra venda e loca o dos mesmos im veis e aos invent rios dos seus propriet rios Privilegiamos tamb m a busca por imagens do local iconografia mapas e plantas No caso das ltimas as encontramos acompanhadas por valiosas descri es 17 APEB se o judici ria s rie livro de notas d
330. ratamos das modifica es na paisagem com o olhar nos discursos para as altera es na cidade decorrentes do processo dial tico entre sociedade e espa o Santos 2008 p 103 110 Apesar de localizadas abaixo da superf cie devido a seu car ter ativo essas estruturas comp em a paisagem urbana e com ela se integram pois foram utilizadas e contribu ram para altera es no espa o f sico servindo comunidade residente na rea em exame importante perceber que em alguns per odos estiveram vista dos moradores da localidade concorrendo com outras estruturas improvisadas conforme indicado por K tia Mattoso 1992 p 442 2 Em sua tese de doutoramento defendida no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de S o Paulo ao refletir sobre os estudos acerca da significa o da paisagem Bornal 2008 indica que ela deve ser entendida como um conjunto de elementos articulados em determinada por o do espa o constituindo um fen meno em constante processo de transforma o seja por fatores naturais ou culturais Outra obra importante para essa discuss o o texto de Rubertone 1989 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Utilizamos confronta o dos testemunhos arqueol gicos com os observados nas Posturas Municipais e em correspond ncias entre engenheiros C mara Municipal e Diretoria de Obras P blicas da Bahia do s culo Tamb m est o entre as fontes consultadas a iconografia dos s culos XVI
331. ravam se nas lixeiras dom sticas rs x E O e 20 Zz Os objetos met licos est o representados na amostra por pe as de constru o material b lico utens lios dom sticos etc encontrados tanto em dep sitos arqueol gicos prim rios como secund rios A madeira tem uma amostra bastante reduzida embora tenha sido junto com a cer mica uma das mat rias primas mais utilizadas nos s culos passados Infelizmente sua composi o org nica n o permitiu que resistisse ao transcurso do tempo Sobre o material construtivo acredita se que esteja relacionado necessidade dos aterros e de nivelamento PROGRAMA MONUMENTA IPHAN dos pisos das casas Essa categoria 6 composta fragmentados de telhas tijolos emboco rebocos seixos rolados rochas talhadas etc Encontram se tamb m fragmentos de constru es anteriores como peda os de muros e de paredes restos de canaletas galerias secund rias e pisos diversos nossa an lise enquanto par metros para categoriza o dos aterros fundamentais Figura 14 Amostra de cachimbos de barro com diferentes formas coletados na casa 39 rua 28 de Setembro quarteir o 31 Figura 15 Pederneira com marca de uso Casa 39 rua 28 de Setembro quarteir o 31 265 Figura 16 Amostra de contas micangas coletadas na casa 3 rua Beco do Semin rio quarteir o 19 Conclusao Na Arqueologia urbana comum encontr
332. reno e Permite a adequa o s condi es locais altas frequ ncias maior resolu o e baixas frequ ncias maior penetra o e Possibilita a identifica o de t neis parede objetos enterrados blocos e ou matacaes de rochas estruturas de concreto etc Para a execu o dos trabalhos foi utilizado equipamento GPR IDS Detector Duo fabricado pela Ingegneria Dei Sistemi IDS Esse sistema IDS consiste em tr s m dulos interligados por cabos o primeiro composto por um conjunto de antenas blindadas o segundo por uma unidade de controle e o terceiro por uma unidade de armazenamento figura 3 A disposi o das linhas no campo foi estabelecida em fun o da disponibilidade de reas livres sem o Kr ossi A A A ee ok 7 i EAN CE gua 5 no alt CEN da p gina Co emm quem UU hi X X 14 E ad esquerda Mapa prd zi de localiza o 388 Ne SM gu das aquisi es M C BE de GPR da rea TT 1 a 1 Pelourinho A N Bi Id 2 Salvador ai ERIT 5 Figura 6 no alto 13 1 da p gina Ww wu direita Mapa ss V E At de localiza o A A TOT das aquisi es Ira da rea dere T
333. res mostram que na sociedade contempor nea n o se pode falar de identidade no singular mas de identidades no plural Apontam que um determinado sujeito joga com os elementos constituidores de sua inser o no mundo criando diferentes identidades que se relacionam em um campo de for as din mico Assim n o est vamos no projeto procurando trabalhar a ideia de que os vest gios arqueol gicos completariam a identidade daqueles sujeitos mas sim que esses vest gios poderiam trazer subs dios que viessem a dialogar com outros elementos de suas mem rias Um complicador para essa discuss o em seu in cio foi o fato de que praticamente nenhum dos professores ou alunos das tr s escolas parceiras morava no Pelourinho Depois das primeiras etapas das obras de recupera o do Centro Hist rico de Salvador a rea central do Pelourinho passou a ser ocupada quase que exclusivamente por estabelecimentos relacionados ao turismo Nesse processo cresceu exponencialmente o n mero de pousadas e de lojas E diminuiu o uso residencial das constru es pois o pre o dos alugu is e dos im veis aumentou muito Os ent o residentes pouco a pouco mudaram se para outras reas Outros quarteir es do Pelourinho como os abrangidos pela 7a Etapa de Recupera o do Centro Hist rico tiveram seu processo de arruinamento potencializado Com poucos moradores esses quarteir es passaram a ser perigosos ficando conhecidos como a Cracol n
334. ress 27 Moscow 1984 Proceedings Ultrech VNU Science Press D 51 67 v 17 NAJJAR R SILVA R C P Relat rio parcial do projeto de prospec o arqueol gica na rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Salvador Monumenta Iphan jul dez 2006 Relat rio parcial do projeto de prospec o arqueol gica na rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Salvador Monumenta Iphan 2007 NOLASCO M C Registros geol gicos gerados pelo garimpo Lavras Diamantinas BA Porto Alegre 2002 Tese doutorado Instituto de Geoci ncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul OLIVEIRA A M S Dep sitos tecnog nicos associados a eros o atual In Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia 6 Salvador Anais S o Paulo Abge 1990 p 411 415 v 1 Dep sitos tecnog nicos e assoreamento de reservat rios exemplo do reservat rio de Capivari Rio Paranapanema SP PR S o Paulo 1994 2 v Tese doutorado Departamento de Geografia Universidade de S o Paulo PELOGGIA A U G A magnitude e a frequ ncia da a o humana representam uma ruptura na processualidade geol gica na superf cie terrestre Geosul 1998b v 14 n 27 p 60 edi o especial do Il Simp sio Nacional de Geomorfologia Florian polis nov 1998 ____ O Homem e o ambiente geol gico geologia sociedade e ocupac o urbana no munic pio de S o Paulo S o Paulo 1998a 2 Sobre classifica o
335. retas dados arqueomagn ticos dire o e intensidade tamb m t m sido incorporados em modelos de secular Hongre et al 1998 Korte e Constable 2005 Gubbins et al 2006 As varia es do campo magn tico terrestre para o intervalo de tempo compreendido entre 1550 at presente s o conhecidas como variac es para o per odo P lo geogr fico hist rico ou colonial ou seja variac es na escala de anos a centenas de anos Merrill et al 1998 Para esse intervalo de tempo a evolu o do campo magn tico da Terra pode ser analisada atrav s de modelos de campo obtidos por harm nicos esf ricos por causa da boa cobertura espacial e temporal dos dados O modelo mais usado atualmente o IGRF International Geomagnetic Reference Field constru do a cada cinco anos desde 1900 com base em dados de observat rios e sat lites principalmente Para o per odo anterior a 1900 h outros modelos de campo como os modelos Barraclough 1974 Bloxham e Jackson 1992 Hongre et al 1998 Jackson 3 Os harm nicos esf ricos s o fun es matem ticas que permitem representar a parte angular da solu o da equa o de Laplace em coordenadas esf ricas No caso do campo magn tico terrestre essas fun es representam o potencial magn tico na superf cie do planeta sendo que primeiro termo da s rie representa o campo dipolar Uma descri o detalhada de modelagem por harm nicos esf ri
336. rias ocasi es os rebeldes tiveram seus planos frustrados e n o passaram da fase conspirativa Mas essa insubmiss o permanente criou uma tradi o de aud cia que impregnaria as rela es escravistas na Bahia nesse per odo A rebeli o dos escravos mal s ocorrida no centro da cidade em 1835 foi o maior exemplo do alcance e da for a dessa tradi o Os escravos e libertos africanos nag s e hauss s em sua maioria percorreram as ruas das freguesias da S S o Pedro Vit ria e Concei o 6 Onda negra express o utilizada por AZEVEDO C lia Maria Marinho de Onda negra medo branco O negro no imagin rio das elites s culo XIX Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 da Praia E pretendiam chegar ao Rec ncavo onde se uniriam aos escravos dos engenhos Esses africanos de religi o isl mica prepararam de forma surpreendente uma rebeli o que se vitoriosa mudaria de uma vez por todas as fei es da cidade de Salvador A revolta foi delatada e jamais saberemos como seria um califado baiano Mas sabemos que nunca houve uma revolta t o ousada principalmente por ser gestada em pleno centro da cidade de Salvador na freguesia da S debaixo dos olhos do governo provincial Reis 2003 O centro de Salvador A cidade de Salvador contava no s culo XIX dez freguesias urbanas A freguesia da S seu primitivo n cleo foi criada em 1552 por D Pero Fernandes Sardinha Chamamos a aten o para o fato de a S abran
337. riet rio do sobrado 39 5 APMS fundo provedoria livro de IPTU 1915 livro local S 6 APMS fundo provedoria livro de IPTU 1920 livro local S 7 APEB se o judici ria s rie invent rios doc 06 2713 10 8 APMS fundo provedoria livro de IPTU 1936 livro local S ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Im veis Pesquisados Projeto Pelourinho de Arqueologia 2006 2010 Casa 02 rua Sao Francisco Prospec o ampla Casa 06 rua Sao Francisco Prospec o ampla Casa 08 rua Sao Francisco Registro cadastral detalhado Casa 03 beco do Seminario Pesquisa sistematica Casa 20 rua 3 de Maio Prospecc o ampla Casa 25 rua Monte Alverne Prospecc o ampla Casa 27 rua Monte Alverne Pesquisa sistem tica Casa 17 rua Guedes de Brito Registro cadastral detalhado Casa 19 rua 5 Francisco Prospec o ampla Casa 24 rua 7 de Novembro Prospec o ampla 5 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Casa 37 rua 5 o Francisco Prospec o ampla Casa 39 rua S o Francisco Prospec o ampla Casa 15 rua 3 de Maio Registro cadastral detalhado Casa 21 rua S o Francisco Registro cadastral detalhado eoe ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Casa 17 rua 3 de Maio Pesquisa sistem tica Formandos do curso de Auxiliar T cnico em Arqueologia na cerim nia de encerramento do projeto 288 Agradecimentos Conceber e executar uma pesquisa uma atividade extremamente solit ria Voc o respons
338. rno de Francisco Goncalves Martins logo ap s a epidemia de febre amarela Esse rio formava um charco de guas podres no fundo do Mosteiro de S o Bento e na Baixa dos Sapateiros e da sua canaliza o surge a rua da Vala que se tornar a avenida J J Seabra no s culo XX importante destacar que existiam dois tipos de lixo o de descarte dom stico que era o grande problema e o representado principalmente pelos restos de materiais construtivos vendido para nivelar terrenos que inclusive foi utilizado na obra do rio das Tripas primeiro para a ocupa o de suas margens e depois para possibilitar sua canalizac o e Conclus o O fato de n o ter havido uma pol tica agressiva de demoli o dos corti os do centro de Salvador como ocorreu na capital carioca na segunda metade do s culo XIX n o significa que esse tipo de habita o gozou de aceita o passiva pela sociedade baiana De maneira mais sutil e discreta houve um esfor o da administra o e classe m dica local para o exterm nio de tais habita es consideradas focos de doen as e degradantes para a vida humana pela imoralidade e devassid o em que viviam seus habitantes Teodoro Sampaio mais uma vez nos d sua impress o sobre o assunto Percorrei certa hora da noite esses lugares Caricatura de ngelo Agostini sobre a mortandade decorrente da epidemia de febre amarela em 1876 publicada na Revista lllustrada de 4 de mar o de 1876
339. ro UFRJ FGV 1998 p 262 264 KERN Arno A Interface entre a arqueologia e a hist ria cidades antigas medievais e modernas Pontificia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul gradua o e p s gradua o em Hist ria s d p 2 Texto policopiado LIMA Solange Ferraz de O tr nsito dos ornatos modelos ornamentais da Europa para o Brasil seus usos e abusos S o Paulo Anais do Museu Paulista jan jun 2008 v 16 n 1 p 151 199 MOSAIC del Sur F brica de mosaico hidr ulico Spain Manual de mosaico hidr ulico tradicional Dispon vel em www mosaicdelsur com Acesso em 19 jul 2010 MROZOWSKI Stephen The Growth of Managerial Capitalism and the Subtleties of Class Analysis in Historical Archaeology In DELLE et al eds Lines that Divide Historical Archaeologies of Race Class and Gender Knoxville University of Tennessee Press 2000 p 276 306 NASCIMENTO Ana Amelia Vieira As dez freguesias da cidade de Salvador aspectos sociais e urbanos do s culo XIX Bahia Funda o Cultural do Estado da Bahia 1986 ORSER Charles E ntroduc o arqueologia hist rica Belo Horizonte Oficina de Livros 1992 PESEZ Jean Marie Hist ria da cultura material In LE GOFF J dir A hist ria nova S o Paulo Martins Fontes 1990 RAINVILLE C sar de O vinhola brasileiro Rio de Janeiro Eduardo amp Henrique Laermmert 1880 REIS FILHO Nestor Goulart Quadro da arquitetura no Brasil 4 ed
340. rojeto Pelourinho Destaque rea do Grot o LEGENDA 7 Ares da Casa 21 rua 28 de Setembro Conas 37 2641 rua 28 de Setembro ge wT LE H p 11 ilie Figura 4 Mapa tem tico apresentando a rea do vale estudado 211 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN ih A Essa transforma o sobretudo refor a o empenho dos governantes em manter o tra ado geom trico da malha urbana original influ ncia do urbanismo portugu s mesmo que para isso tivessem de aterrar profundas depress es Como exposto no cap tulo VI um aterro tecnog nico ou intencionalmente feito pelo homem essa peculiaridade n o poderia passar despercebida uma vez que sendo artificial e intencional deveria tamb m ser entendido como um artefato e portanto necessariamente objeto da Arqueologia Buscando aprofundar a quest o recorremos ao levantamento hist rico As informa es advindas das fontes prim rias em particular foram bastante revelando fundamentais esclarecedoras aspectos para o entendimento da forma o do solo urbano de Salvador Documento do s culo XIX consultado mostra o com rcio de entulho restos construtivos para atender crescente demanda de aterros sendo seu Uso associado constru o de muros de arrimo para cont los o que foi largamente confirmado durante nossas escava es Ao nos remetermos s fontes secund rias Nascimento 1986 para o per odo de m
341. rto essa parcela da popula o levava uma vida de muito trabalho e sacrif cios diante de conven es sociais que delimitavam os espa os de sociabilidade Por m esses obst culos n o impossibilitaram alguns mesti os de conseguir a ascens o social atrav s de rela es de amizade ou parentesco seja na administra o p blica ou na carreira militar Ao longo do s culo XIX a popula o mesti a cresceu e conquistou espa o A pr pria exist ncia de uma capela e irmandade de pardos dentro da freguesia da S atesta a for a e a representatividade dessa parcela dos moradores Na S oitocentista os brancos mesti os e africanos tiveram de conviver em um mesmo espa o e as novas rela es forjadas entre os moradores causaram profundas transforma es na vida daquela freguesia At 1831 a sociedade recebeu significativa de africanos soteropolitana quantidade que foram 236 introduzidos na economia escravista rural e urbana Parte dos escravos urbanos era destinada ao trabalho de ganho Devem ser considerados tamb m os libertos nesse tipo de of cio Durante o s culo XIX tais servicos principalmente os prestados por escravos de ganho garantiram a renda de pequenos propriet rios que poderiam ser estrangeiros brasileiros brancos ou mesti os e africanos os que conseguiam acumular algum excedente e adquiriam cativos O trabalho desses escravos foi muito comum na freguesia da S assim como o da escravari
342. s barreiras consecutivas para diminuir a energia da umidade quando est muito pr xima do n vel fre tico a densidade de fragmentos cer micos principalmente aumentaria os ndices de Vazio e com o maior ac mulo de ar a umidade teria maiores dificuldades de emergir Valadares 2009 p 3 5 Uma outra realidade At o momento as moradias estudadas pertenciam a fam lias de classe m dia de Salvador Agora passaremos a tratar de um outro im vel representativo das classes mais abastadas A casa 21 da rua 28 de Setembro vizinha das casas j apresentadas e exemplo absolutamente esclarecedor de como se dava a implanta o das moradias lim trofes ao afluente do rio das Tripas A partir dela foi poss vel vislumbrar como se dava a rela o das moradias com o vale estudado ver figura 4 A casa possui dois pavimentos ao n vel da rua e mais dois abaixo Portanto foi constru da diretamente no declive sem utilizar aterros para produzir terrenos planos como os outros exemplos apresentados Por si s essa uma caracter stica interessante que merece ser explicada Trabalhamos com a hip tese de que naquela poca seria mais econ mico realizar aterros para produzir terrenos planos do que construir em encostas ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Atualmente o acesso casa 21 se d apenas por meio de sua fachada posterior e a casa encontra se em completa ru na oferecendo s rio risco de desabamento As pesq
343. s 2003 CHOAY Francoise A alegoria do patrim nio S o Paulo Unesp 2001 CORREIA Cl udia Educa o patrimonial A Tarde Salvador 6 jan 1989 DIAS Marcos Borbulhar do g nio incompreendido In RAMOS Ana Paula TEIXEIRA Dem stenes coords Poeta da Liberdade Mem rias da Bahia Salvador v 6 p 8 9 dez 2002 Horror perante os c us da velha Bahia In RAMOS Ana Paula TEIXEIRA Dem stenes coords Poeta da Liberdade Mem rias da Bahia Salvador v 6 p 10 13 dez 2002 ______ Mem ria dispersa de um libert rio In RAMOS Ana Paula TEIXEIRA Dem stenes coords Poeta da Liberdade Mem rias da Bahia Salvador v 6 p 18 20 dez 2002 ENCONTRO Sulbrasileiro de Educa o Patrimonial 19 2001 Tubar o SC Cadernos de resumos Tubar o Unisul 2001 FLORENCE Afonso Bandeira O ensino de hist ria e a natureza um caminho na educa o patrimonial In LIMA Carlos Augusto Ferreira org Ensino de hist ria reflex es e novas perspectivas Salvador Quarteto 2004 FONSECA Selva Guimar es Did tica e pr tica de ensino de hist ria experi ncias reflex es e aprendizados Campinas Papirus 2003 Cole o Magist rio Forma o e Trabalho Pedag gico Fragmento de artefato em vidro 211 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 217 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO FREITAS Karla Issa A educa o patrimonial Salvador A Tarde 10 jun 1989 FUNARI Pedro Paulo Abreu Arqu
344. s Nestes aparecem com uma complexidade e beleza mais acentuada em reas sociais e de acesso no restante dos espa os com motivos mais cl ssicos e simples Na perspectiva de Orser 1992 a Arqueologia hist rica refere se s manifesta es materiais do mundo em r pida transforma o devendo ser compreendida n o somente como Hist ria mas como um campo muito diverso de investiga o que combina grande n mero de abordagens e beneficia se com a possibilidade do uso de documentos escritos importantes fontes de pesquisa cabendo ao arque logo o papel de integrar essa informa o com registros arqueol gicos Segundo Freitas 2008 quando nos referimos cidade falamos de todo centro urbano de toda organiza o deliberada do espa o ocupado pelas popula es fundado ou reocupado por diferentes povos e em diferentes pocas independentemente de sua extens o territorial total ou volume populacional tendo ou n o um centro pol tico administrativo identific vel e que apresenta como principal caracter stica a transforma o humana cont nua ao longo do tempo A cidade vista n o somente como um conjunto de elementos apontados por diferentes campos cient ficos mas englobando todas essas variantes al m do componente humano as pessoas que ergueram viveram e morreram dentro delas e por elas O elemento humano inserido no conceito de cidade segundo Freitas 2008 justifica se de acordo com Kern s d
345. s irmandade de Salvador 1851 1853 ma o 5266 7 Sobre o assunto ver cap tulo XV 8 APEB se o colonial governo da prov ncia religi o irmandade da capital 1847 1889 ma o 5249 113 Conforme j mencionado as informac es geol gicas mostram que a rea onde hoje se encontram assentados os quarteir es 28 e 31 possui DIC que chega a nove metros de profundidade indicando uma topografia original acidentada e uma paisagem do tipo rossio que perdurou pelos primeiros s culos de ocupa o da cidade Essa realidade responde uma das quest es formuladas pelo projeto por que uma rea t o pr xima dos n cleos primitivos demorou tanto tempo para ser densamente ocupada Mostra tamb m que o DIC foi pr requisito para implanta o dos novos quarteir es na malha urbana e consequentemente para o assentamento das casas Os DICs para este trabalho foram classificados a partir da caracter stica f sica material utilizado na sua composi o de aspectos de deposi o se foram jogados sobrepostos se receberam tratamento de compacta o ou n o e da funcionalidade se colocados para receber as funda es dos casar es se apenas para preencher os vazios entre os alicerces do im vel ou servir de contrapiso para eles Os DICs identificados ao longo da trincheira setor 1 aberta pelas obras no quarteir o 31 apresentaram caracter sticas que permitem subdividi los em DIC 1 2 elencadas a seguir de acordo com a
346. s Letras 1999 CARDOSO DE OLIVEIRA R O trabalho do antrop logo Bras lia Paralelo 15 S o Paulo Unesp 1998 DAMATTA R A casa e a rua espa o cidadania mulher e morte no Brasil 5 ed Rio de Janeiro Rocco 1997 DUNNELL R Systematics in Prehistory New York The Free Press 1971 FERNANDES T C Vamos criar um sentimento um olhar sobre a Arqueologia P blica no Brasil S o Paulo 2007 Disserta o Programa de P s gradua o em Arqueologia Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de S o Paulo FISCHMANN R Identidade identidades indiv duo escola passividade ruptura constru o In TRINDADE A L SANTOS R dos orgs Multiculturalismo mil e uma faces da escola 3 ed Rio de Janeiro DP amp A 2002 p 91 114 FUNARI P P A Public Archaeology in Brazil In MERRIMAN N ed Public Archaeology London Routlegde 2004 p 202 210 GOULART A L G de F Ideologia no livro did tico S o Paulo Cortez 2000 HALBWACHS M A mem ria coletiva S o Paulo Centauro 2004 HORTA M L P GRUNBERG E MONTEIRO A Guia b sico de Educa o patrimonial Bras lia lohan Museu Imperial 1999 LECOMPTE M D SCHENSUL J S Designing and Conducting Ethnographic Research London Altamira Press 1999 MACHADO M B P Percursos rotas e caminhadas as iniciativas de preservar o patrim nio arqueol gico atrav s da Educa o In Anais da 25 Reuni o Associa o Brasilei
347. s acima confrontadas e fica a rua com a largura que agora tem e nesta forma No documento acima e em v rios outros da mesma poca fica clara a inten o da C mara de Salvador de vistoriar e fiscalizar os arruamentos objetivando manter uma postura de organiza o sobre o tecido urbano As fontes hist ricas e as evid ncias arqueol gicas fornecem ind cios fortes para pensarmos em dois momentos distintos de ocupa o da rea O primeiro pontual com casas isoladas possivelmente constru das obedecendo o relevo do lugar No segundo a ocupa o foi paulatina se ajustando malha dos n cleos primitivos A amplia o do n cleo original em dire o aos terrenos livres obviamente exigiu o prolongamento das vias p blicas e a cria o de novas quadras Atrav s das sobreposi es dos mapas e plantas da cidade em diferentes per odos percebemos que os 6 As cita es aqui transcritas tiveram a grafia atualizada quando necess rio para facilitar a leitura ARQUIVO P blico Municipal de Salvador Funda o Greg rio de Mattos doravante APMS C mara termos de alinhamento e vistoria 1724 1746 doc n 1741 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO alinhamentos das ruas o formato dos quarteir es sofreram pouqu ssimas altera es desde sua implanta o As an lises revelaram tamb m que as principais ruas que cortam a poligonal s o resultado do prolongamento das vias p blicas que j existiam nos n cleos primiti
348. s aprofundado dos variados motivos e composi es que foram utilizados na cidade o que reafirma o valor art stico dos monumentos al m de constituir por si s um verdadeiro museu vivo de belas pe as de acabamento decorado que representam a express o mais delicada da utiliza o do cimento na decora o de interiores Refer ncias ALBUQUERQUE Alexandre Constru es civis 1 ed S o Paulo Revista dos Tribunais 1942 BARROS M rcia Maria Bottura de horizontais Revestimentos Epusp Departamento de Engenharia de Constru o Civil 2000 notas de aula S o Paulo 166 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Texto adaptado da disserta o de mestrado da autora Tecnologia de produ o de contrapisos para edif cios habitacionais e comerciais 1991 S o Paulo Epusp BREITENBACH Silvia Becher A presen a da arquitetura neocolonial em Salvador Salvador 2005 Disserta o mestrado Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal da Bahia CADERNO geral de encargos do Banco do Brasil s l Departamento do patrim nio imobili rio 1959 FREITAS Camila da S O Mediterr neo em Portugal a contribui o de romanos e mu ulmanos na forma o urbana portuguesa Porto Alegre Pucrs 2008 p 18 22 GALINIE Henri ROYO Manuel A arqueologia conquista da cidade In BOUTIER Jean JULIA Dominique Passados recompostos campos e canteiros da hist ria Rio de Janei
349. s casas escavadas Foi selecionado um grupo de moradores antigos especialmente os familiares dos funcion rios das empreiteiras que integram a equipe de Arqueologia Entende se que essa aproxima o pode contribuir para o fortalecimento da autoestima das fam lias cujos filhos trabalham no projeto de restaura o Os participantes vivem no CHS h cerca de 40 anos e s o portanto testemunhas das in meras transforma es na paisagem Com todos reunidos deu se in cio caminhada at a casa selecionada Ao longo do trajeto os participantes foram narrando as suas lembran as A t nica dos relatos girou em torno da parte de suas vidas que se desenrolou nas ruas festas m sica distribui o de comidas conversas nas portas das casas O contraponto com a situa o de degrada o e viol ncia da rea nos dias de hoje parece acentuar ainda mais a busca por essas reminisc ncias A transforma o f sica da paisagem ou seja a quest o que envolve diretamente o aspecto arquitet nico ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO aparece em segundo plano em face da n voa causada pela falta de seguranca e que aparece em todas as conversas entrevistas e relatos Na casa visitada pelos moradores a equipe de Arqueologia recuperou centenas de fragmentos de louca cer mica vidro ferro e ossos de animais Os auxiliares de campo que faziam parte da equipe constru ram de forma espont nea uma passarela por entre as ru nas par
350. s das pesquisas nas fontes bibliogr ficas Optamos por realizar o corte do desenho sempre no mesmo local na altura da Ladeira da Pra a viabilizando expor v rios dos vest gios mencionados no livro O primeiro momento representa o per odo anterior chegada dos portugueses mostrando a presen a dos ndios a importante presen a do Rio das Tripas e seus afluentes bem como o relevo bastante acidentado da atual rea da cidade de Salvador No segundo momento fins do s culo XVIII meados do XIX observa se cidade com sua capela de Nossa Senhora de Guadalupe e o Rio das Tripas ainda sem estar canalizado e a rua S o Francisco com a torre da igreja no alto da imagem No terceiro e ltimo momento observa se o s culo XXI destacando os vest gios arqueol gicos que est o guardados no subsolo daquela rea de Salvador com um detalhe mostrando as escava es dentro do pr dio do Corpo de Bombeiros J F 196 Atividades com jovens da TV Pelourinho E m 3 E Vale destacar parceria na elabora o de parte desses materiais com a TV Pel organiza o n o governamental sediada no Pelourinho que capacita jovens para a produ o de conte dos audiovisuais Com essa parceria os jovens tiveram a oportunidade de filmar as escava es as atividades do laborat rio e de gravar entrevistas com a equipe da pesqu
351. s de Souza informou em 1587 da exist ncia de uma rua muito comprida diante do col gio rumo ao norte povoada de casas e moradores al m da qual estava um mosteiro de capuchinhos de Santo Ant nio com a cerca do mosteiro indo at o mar Com informa es pontuais o autor mostra que mais a leste da pra a do Pal cio o solar do grande financista Jo o de Matos de Aguiar foi constru do em 1674 na atual ladeira da Pra a que liga a pra a do Pal cio freguesia de Santana 11 Idem ibidem p 63 64 12 Idem ibidem p 102 aa m ud Lil ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO 2 fase da pesquisa A freguesia da S no s culo XIX suas ruas casas e pessoas Considerando o s culo XIX como provavelmente o per odo de constru o dos im veis que foram objeto da pesquisa arqueol gica e o volume de fontes encontradas nos principais arquivos da cidade de Salvador procedemos ao levantamento de documentos e trabalhos cl ssicos e atuais sobre a regi o espec fica da freguesia da S bem como seu processo de povoamento e urbaniza o durante o s culo XIX Afreguesia da S foi criada em 1552 por D Pero Fernandes Sardinha Era o centro do governo administrativo legislativo judici rio e religioso da prov ncia Nela rivalizavam se dois poderes na procura do dom nio espiritual e ou material sobre os habitantes da cidade principalmente no final do s culo XIX quando a Igreja j n o se conformava com a prepon
352. s de cultura material m vel e de material construtivo Em alguns locais h camadas de aterro com nove metros de profundidade A principal justificativa para o uso de tal volume de aterro foi a necessidade de vencer as grandes declividades presentes na rea do Centro Hist rico de Salvador Essa caracter stica geomorfol gica explica o porqu dessa rea ter sido ocupada t o tardiamente Pode se destacar nesse contexto o inusitado com rcio de aterro fomentado pela enorme demanda que se tinha desse material procurado n o s por propriet rios interessados em nivelar seus terrenos como tamb m pelo poder p blico para utiliza o em suas obras Illustrissimo Excelentissimo Senhor O Governo teve em vista celebrando a referido contracto do Campo da Polvora 1 evitar dos cofres publicos um aumento de despeza com o desaterro desse campo 2 acabar com os charcos pestiferos que existem no cora o da cidade que de outra forma n o se podendo extinguir 3 o proveito que poderia colher o Emprezario Supplicante em depositar em logar pr ximo o lixo que de outra forma seria obrigado a levar para paragens longinquas 4 aformozear a rua da Valla nivelando a com os quintaes circunvizinhos 5 crear terrenos 21 Sobre esse assunto ver cap tulos V VI e XVII de construcc o com o consentimento e a pedido dos respectivos propriet rios Tamanhos benef cios sendo para desprezar se em vista da grande utilidade public
353. s e iconogr ficas Na primeira etapa o levantamento das fontes foi feito nos arquivos e bibliotecas das unidades do Iphan no Rio de Janeiro em especial as bibliotecas Noronha Santos Paulo Santos do Museu da Rep blica e da Superintend ncia do Iphan no Rio de Janeiro onde foram encontradas importantes refer ncias sobre a hist ria de Salvador Desenho Esquematico da Evolu o Fisica de Salvador antra 1551 e 1650 Fonie Carte cia Estudos Arquitetura r Belden CEAR Mapa c o Eron Fis da 1521 p 1080 33 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN E veia ra casa T i vx rua Fragmento de faianca 36 A pesquisa iconogr fica importante para complementar asinformac esdos documentos escritos posteriormente se estendeu Biblioteca Nacional e ao Arquivo Nacional no Rio de Janeiro entidades que disp em de maior documenta o nessa rea Num segundo momento tentando responder a quest es espec ficas da pesquisa arqueol gica foram consultadas fontes que pudessem esclarecer detalhes da constru o da malha urbana da cidade de Salvador o Arquivo e Biblioteca P blica do Estado da Bahia e o Arquivo e Biblioteca Municipal Greg rio de Mattos Salvador BA Tamb m recorreu se aos arquivos da Santa Casa de Miseric rdia da Bahia e da Funda o Mario Leal Ferreira Salvador BA a e Geogr fico da Bahia do Estado da Bahia do Museu de Arte do Estado da Bahia da Faculdade de Arquite
354. s em pedras e prata as imagens de Santa Rita Senhor do Bonfim Senhora Santana Santo Ant nio S o Gon alo e Cristo Crucificado tamb m adornadas com prata dois c lices duas p tenas e duas colheres uma cruz de 22 Associadas aos enterramentos foram coletadas 413 contas Dessas 343 s o de cor branca 69 pretas e 1 incolor 23 TAVARES A C P Vest gios materiais nos enterramentos na antiga S de Salvador postura das institui es religiosas africanas frente Igreja Cat lica em Salvador no per odo escravista Pernambuco 2006 Tese mestrado Programa de p s gradua o em arqueologia Universidade Federal de Pernambuco ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO bojo uma cadeirinha dois tocheiros uma cancela para h stias tudo de prata e ainda um cetro e uma coroa de prata para Nossa Senhora Al m disso destacava se uma imagem de Cristo toda aparelhada de prata dois pares de brincos de lagartixa de pedras brancas cravadas em prata e grande n mero de ornamentos para os ritos f nebres Jo o Reis 1991 p 189 alerta para o n mero de enterramentos feitos na Capela de Guadalupe durante O s culo XIX Entre os enterrados na freguesia da S em 1835 e 1836 3 060 mortos 7 encontraram sepultura na Capela de Guadalupe Talvez durante o per odo cr tico de epidemias de c lera e febres na Bahia entre 1850 1855 esse n mero tenha aumentado sensivelmente a n o ser que os enterramentos no local estivessem suspens
355. s essa epidemia de consequ ncias catastr ficas a preocupac o com a higiene se torna prioridade Em 1857 demolida a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe situada nas margens do rio das Tripas Fundada em 1776 por uma irmandade de pardos livres e escravos a capela ocupava o 3 lugar em n mero de enterramentos na freguesia da S Sua demoli o foi justificada ao que parece para a realiza o das obras da rua da Se por um lado existia grande respeito ao espaco das igrejas e dos enterramentos por outro era imprescind vel acabar com o charco formado pelo rio apontado pelos m dicos como grande foco de doen as Diante do contexto apresentado os m dicos assumem cada vez mais espa o dentro da administra o p blica Schwarcz 1993 A comiss o de higiene adquire maior import ncia e algumas reformas s o colocadas em pr tica Em 1856 o recolhimento do lixo passa a 15 Ver cap tulo XV Visita de D Pedro II a doentes de c lera em 1856 fotografia do quadro de Louis Auguste Moreau existente na se o de iconografia da Biblioteca Nacional c digo de chamada 2 F42 ser responsabilidade do governo depois mudando novamente para as m os de particulares por meio de contratos mais severos e de maior fiscalizac o em sua execu o Mais tarde a implanta o de fornos de incinera o solu o encontrada para o problema do lixo O rio das Tripas comeca a ser canalizado em 1851 pelo gove
356. s interven es pontuais em um ou outro pr dio sem que se considerasse o conjunto urbano Ainda faltava um projeto s cioecon mico mais abarcante que formulasse um programa de indeniza o e reassentamento da popula o residente A d cada de 1990 no entanto se fez promissora para o turismo baiano Cria se um novo Programa de Recupera o para o Centro Hist rico de Salvador Seus objetivos expostos na p gina 18 do projeto tornavam claras as inten es PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Dotar o Centro Hist rico de Salvador atrav s da ativa o do ciclo econ mico de condi es efetivas para a manuten o de bens e valores culturais de forma cont nua e eficaz Promover a recupera o e a restaura o f sica da rea do Centro Hist rico de Salvador redefinindo sua fun o em rela o cidade e regi o metropolitana Criar condi es de desenvolvimento do potencial produtivo e da organiza o social da rea Introduzir a a o cooperada entre os setores p blicos e o privado organismos internacionais e comunidade como mecanismo capacitado a propiciar o Plano de A o Integrada Largo do Pelourinho 208 Tratava se ent o de um projeto mais direcionado e ambicioso que tinha em vista o desenvolvimento econ mico com base no turismo e no lazer Nesse contexto o poder p blico n o omitiu a necessidade de preservar o acervo cultural de forma hist rico est tica e teceu consider
357. s parece prov vel pois apesar dos sinais de uso trata se de utens lio em perfeitas condi es Como explicar sua deposi o de facto Est claro para n s que o vasilhame foi intencionalmente colocado na cavidade O ato de colocar o vasilhame numa cavidade relativamente estreita e profunda certamente exigiu bastante cuidado e pode sugerir que esteja ligado a uma atividade ou a o de import ncia para o ator envolvido O que est menos claro no momento se o abandono foi um ato intencional ou n o Quanto ao vasilhame 2 preciso mais informa es para uma avalia o contextual de seu assentamento Por m o vasilhame 3 apesar de estar associado a uma camada de aterro fornece ind cios de que pode ter sido assentado intencionalmente No aterro associado n o foi encontrada nenhuma evid ncia de tralha dom stica e restos aliment cios que poderiam sugerir contexto de descarte prim rio Seu assentamento logo acima do alicerce de barro e diretamente abaixo do piso de ch o batido nos parece resultado de um descarte de facto intencional O fato de n o haver sinais de ruptura do piso sugere que a deposi o do vasilhame est associada ao momento de constru o dessa camada de revestimento O que tamb m sugere ter sido intencional Materiais encontrados imediatamente ap s a coleta 219 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN o abandono do vasilhame Se essa hip tese estiver correta o autor ao colocar o objeto abai
358. s perversos dessa revitaliza o que requalifica os espa os antigos mas n o as pessoas que os ocupam O Centro Hist rico revitalizado para atrair os olhares do outro era o mais importante A mem ria social foi desconsiderada e esquecida pelo poder da ind stria cultural que em nome do turismo enxerga apenas os meios de desenvolvimento capazes de gerar renda sobreviv ncia e futuro econ mico para a cidade Que cidade esta rica em patrim nio cultural que pretende sobreviver sem a participa o de sua pr pria popula o A valoriza o do patrim nio cultural no Centro Hist rico era realmente imprescind vel mas n o deveria contrariar os anseios de seus habitantes sujeitos hist ricos O ent o presidente do Instituto do Patrim nio Art stico Cultural da Bahia M rio Mendon a sabia disso conforme se verifica por suas declara es ao jornal O Globo publicadas em 19 de agosto de 1976 o plano deve buscar atender sobretudo aos moradores da cidade ficando o incremento do turismo como consequ ncia do trabalho feito Reconhe o a import ncia do turismo mas guardo algumas reservas quanto ao aspecto cultural que em quase todo o mundo o turismo que carrega a cultura a reboque quando deveria ocorrer o contr rio ou seja o desenvolvimento cultural que teria de atrair o interesse dos turistas Seria esse o caminho mais flex vel para a revitaliza o o turismo incrementado d
359. s pr dios vener veis os turistas ser o beneficiados como os moradores mas estes que devem ter em primeiro lugar os benef cios dessa reforma Jornal da Bahia 1979 ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO ser alvo deinvestimentos do mercado imobili rio de prest gio tende a excluir dele as populac es locais ou n o privilegiadas e com elas suas atividades tradicionais e modestamente cotidianas Choay 2001 p 226 Ao longo das d cadas de 1960 e 1970 enquanto as reportagens denunciavam o descaso de v rios projetos com a quest o social as verbas para financi los escasseavam Por falta de investimentos eles n o foram conclu dos ou alcan aram apenas objetivos pontuais O discurso que revestia tais projetos no qual as coisas pareciam se adequar de forma ordenada flex vel e correta era meramente formal Na pr tica as a es frustravam e iludiam Mas em 1981 o argumento do poder municipal se tornou claro no Programa de Limpeza P blica do S tio Hist rico do Pelourinho Como se viu o abandono do Pelourinho estimulou o meretr cio a pobreza e a mis ria Com esse programa a inten o de limpar era generalizada abrangendo tanto os seres humanos quanto a infraestrutura Por m alegando falta de verbas o Estado enxergava como soluc o desapropriar os im veis e repass los iniciativa privada Assim na d cada de 1980 constatou se um avan o relevante da deteriora o do lugar cujas causas foram a
360. s que o regimento n o previa um plano para a cidade mas Lu s Dias o mestre de obras que veio na armada de Tom de Sousa levava consigo modelos de planos de cidades que talvez pudessem ser adaptados topografia da regi o de Salvador O plano que realizou seria informal moda medieval Nesse contexto predominava a preocupa o com a defesa Al m da aten o com a defesa a cria o da cidade de Salvador acabou por seguir assim como diversas outras cidades fundadas na Am rica Portuguesa uma tradi o lusa de organiza o urbana segundo as esferas pol ticas sociais e econ micas Desta forma Salvador foi criada com um termo e um rossio sendo o primeiro territ rio sob a autoridade municipal e PROGRAMA MONUMENTA IPHAN rossio uma parte do termo pr xima ao espa o urbano cuja finalidade era propiciar condi es para o pastoreio de uso dom stico dos moradores e o fornecimento de lenha a ser usada como combust vel principal Era o rossio ainda uma rea livre para expans o urbana Salvador era uma cidadela elevada acima do mar circundada de muralhas muralhas com baluartes Quando a cidade ultrapassou as muralhas e chegou beira mar ficou dividida como ainda hoje em cidade alta e cidade baixa apresentando uma tend ncia ao tra ado regular O local escolhido para a constru o da cidade estendia se sobre uma montanha ngreme de dif cil acesso mas plana em seu topo Era cercado pelo r
361. semary colaboradora Manual de organiza o e refer ncias e cita es bibliogr ficas para documentos impressos e eletr nicos Campinas Autores Associados 2000 SAVIANI Dermeval Pedagogia hist rico cr tica primeiras aproxima es 8 ed Campinas Autores Associados 2003 Cole o Educa o Contempor nea SIMSON Olga Rodrigues de Moraes von Memoria cultura e poder na sociedade do esquecimento o exemplo do Centro de Mem ria da Unicamp In FILHO Luciano Mendes de faria org Arquivos fontes e novas tecnologias quest es para a hist ria da educa o Campinas Autores Associados Braganca Paulista Universidade S o Francisco 2000 Cole o Mem ria da Educa o VOLKMER Jos Albano Mem ria cultural e o patrim nio intang vel Dispon vel em lt http www vitruvius com br revistas read arquitextos 01 009 916 gt Acesso em 11 maio 2010 ALGUNS RESULTADOS IN DITOS Nelson Kon XIV Nem tudo caco a integridade escondida sob os pisos Samuel Lira Gordenstein Cl udio C sar Souza e Silva O objetivo deste cap tulo tecer considera es sobre alguns vest gios curiosos encontrados em dois im veis pesquisados entre 2006 e 2009 no decorrer do Projeto Pelourinho Trata se de vasilhames inteiros talvez deixados intactos de forma intencional Apresentaremos o contexto em que tais artefatos cer micos foram encontrados e poss veis explica es para sua presen a Re
362. seu per metro ao sudeste margeado pelo polo comercial da Barroquinha onde passava a linha do bonde e ao norte pelo nervo administrativo municipal Haviam se estabelecido na regi o no fim do s culo XIX dois institutos de ensino a Escola de Belas Artes e o Liceu de Artes e em 1918 Batalh o do Corpo de Bombeiros De acordo com Carmo 2009 o que foi tamb m confirmado pela arqueologia dos im veis poss vel perceber ainda hoje que houve um reordenamento do espaco a partir do s culo XIX quando grandes lotes foram divididos e sobrados subdivididos visando abrigar uma populac o pobre e numerosa que desejava abrigar se no centro da cidade Geralmente os sobrados possu am portas no andar t rreo e uma dessas distinta mais ornada que as demais servia de entrada para os andares do sobrado se este fosse dividido para mais de uma fam lia Essa porta levava aos v rios andares com 2 Ver cap tulo lll entradas independentes Os ind cios arqueol gicos e as modificac es ocorridas ao longo do tempo na arquitetura dos im veis estudados na pesquisa para o Projeto Pelourinho confirmam esses dados Em todos os im veis pesquisados isso fica evidenciado pelo fato de os ladrilhos hidr ulicos terem sido encontrados sempre nos respectivos halls de entrada e n o em c modos o que demandaria um custo maior al m de ambientes como banheiros e cozinhas por exemplo apresentarem menor visibilidade No final da d cada
363. seu trabalho junto aos arque logos como trabalho mole trabalho sentado Os relatos indicam de forma recorrente a associa o da Arqueologia com coisa velha com a morte vai pegar defunto ou ainda macumba Para os auxiliares de campo seus colegas n o tinham interesse em visitar as escava es porque n o sabem do que se trata Um deles sugere Tem que chamar a aten o deles Outro completa Tem que abrir os olhos deles pelo solo dizer que o solo bom ou ruim V rios deles narraram situa es em que tiveram de explicar o que faziam numa clara tentativa de mudar a percep o dos demais N o sabem os colegas que se confere etiqueta separa E dizem orgulhosos J chamam a gente de arque logo ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Se excluirmos esse grupo das a es educativas corremos o risco de torn los invis veis ou transform los em coisas em ferramentas do trabalho de campo preciso lembrar que estamos tratando de cidad os membros das comunidades locais para quem afinal dirigimos esses projetos A pesquisa arqueol gica nos projetos de restaura o Voltamos as aten es por fim para outro grupo que tem papel fundamental no sucesso desses projetos os gestores locais Em reuni o realizada nas depend ncias do Escrit rio de Refer ncia do Centro Antigo ERCA a dire o do Instituto do Patrim nio Art stico Cultural da Bahia solicitou que a e
364. sfavor veis n o s pelo que foi exposto acima sobre as condi es de trabalho do professor mas pela pr pria forma como a institui o escolar concebida e organizada Os processos de ensino que ocorrem na escola s o marcados historicamente pela divis o em disciplinas Matem tica Portugu s Hist ria etc que guardam pouca ou nenhuma inter rela o Fazenda 2009 Os discursos de interdisciplinaridade caracter sticos da Pedagogia contempor nea pouco mudaram as pr ticas cotidianas dessa institui o Nesse contexto trabalhar com projetos n o algo simples ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO pois pressup e a supera o das pr ticas docentes e dos curr culos em a o organizados por disciplinas Essa disciplinaridade presente no cotidiano escolar faz com que os espa os tempo da escola sejam pouco male veis e condizentes com um projeto de Educa o Patrimonial que se pretende interdisciplinar Assim muitas das atividades de forma o com professores e alunos foram realizadas aos s bados pois durante a semana o tempo da escola estava dividido entre as disciplinas e cada uma delas tinha um programa a cumprir O processo de avalia o do desempenho dos alunos tamb m disciplinarizado impele os professores a n o abrir m o de seu espa o individualizado de aula Talvez o mais simples fosse formatar o projeto de forma a atender aos requisitos de cada disciplina isoladamente Entretanto optou se por apostar em uma
365. sive superposic o de rebocos aplicados acima de camada de cal da aplica o anterior Foram feitas prospecc es para conferir poss veis v os na fachada e a estratigrafia dos rebocos Durante o acompanhamento das obras no processo de demoli o dos rebocos das fachadas foi poss vel observar a composi o de argamassas nas paredes e as mudan as pelas quais v os de portas e janelas passaram Destacamos aqui uma superposi o de arcos no v o da porta de acesso e a identifica o de argamassas diversas o que representa ind cios de interven es feitas em v rias pocas Nos arcos rebaixados das janelas percebeu se uma diferen a de argamassa em rela o ao resto da alvenaria evidenciando assim transforma es ocorridas no im vel Os pisos encontrados possibilitam a descri o das diferentes ocupa es pelas quais passou o im vel e revelam a aplica o de t cnicas construtivas tradicionais e atuais A camada de piso mais recente era de cimento polido ou queimado de cor terracota aplica o do s culo XX Considera es finais Por meio desta pesquisa foi poss vel documentar e acompanhar cada etapa das escava es arqueol gicas em andamento na rea do projeto estudar e compreender profundamente as t cnicas construtivas tradicionais 149 150 Os levantamentos fotogr ficos das escavac es e dos achados arqueol gicos o mapeamento dos s tios as an lises do material levantado elabora o
366. smo ou riqueza no cromatismo figura 2 As escava es arqueol gicas evidenciaram um grande n mero de pisos e diversas tipologias de funda es constitu das poraglomerados e aglomerantes diferentes No primeiro setor do im vel foram encontrados quatro tipos de funda o e Primeiro tipo funda o que sustentava a parede divis ria da ltima ocupa o que subdividia a propriedade do t rreo para acessar o primeiro pavimento atrav s das escadas com uma largura de aproximadamente 300mm e pouca profundidade e Segundo tipo funda o de aproximadamente 700 de largura e 1 50m de profundidade evidenciando ainda na parte superior o relevo deixado pelas travas ou separadores de madeira que eram utilizados para estabilizar a forma o caixote de madeira utilizado no processo de constru o do muro A pedra possui tamanho m dio de 300mm talhada e como aglutinante um solo argiloso arenoso de cor amarelada barrenta sem a presenca de cal na sua composi o e Terceiro tipo funda o rasa de aproximadamente 300mm de largura composta por pedras talhadas 147 e argamassa de areia argilosa de cor vermelha com presen a de cal na sua composi o O percurso dela reto e muda de dire o quando se encontra com a fachada principal situa o que nos permite confirmar ter sido uma divis ria interna constru da no per odo em que a fachada t rrea tinha quatro v os Essa realidade foi constatada com prospec o
367. sso de forma o e ocupa o da rea da 7 Etapa do Projeto Pelourinho Em seguida apresentaremos alguns resultados in ditos da pesquisa arqueol gica com a classifica o de quatro tipos de dep sito arqueol gico identificados na poligonal da rea da pesquisa Por fim destacaremos os vest gios culturais m veis coletados apresentando e comentando uma amostra da cole o 247 Mapas Tem ticos Projeto Pelourinho Pesquisa Arqueol gica P ee S UND aM Pe ur MESI a ad Il EN TOPOGRAFIA DA CIDADE ALTA LEGENDA PCLIGONAL F ETAPA Ez PARTE FLANA LIDADE ALTA 35326 E ENCOSTA YS SOLIGANT SOGVITASTad SNOOTY AD ILE pm ipe i TO reri ro p 250 A Arqueologia e o urbano Nas cidades hist ricas brasileiras encontram se importantes testemunhos hist ricos e culturais do nosso pa s referentes aos mais diversos per odos S o os vest gios f sicos formas espaciais do passado produzidos em momentos distintos e portanto com caracter sticas socioculturais espec ficas De acordo com Santos 1980 p 138 podemos compreend los como rugosidades espaciais as rugosidades nos oferecem mesmo sem tradu o imediata restos de uma divis o de trabalho internacional manifestada localmente por combina es particulares do capital das t cnicas e do trabalho utilizados O espa o portanto um testemunho ele testemunha um
368. sultados da pesquisa arqueol gica H 27 anos Michael Schiffer advertia os arque logos sobre a import ncia de entender a g nese dos dep sitos arqueol gicos pois sem esse entendimento n o se consegue inferir o comportamento de interesse nos padr es dos artefatos no dep sito Schiffer 1983 p 675 No presente estudo em que tentamos entender por que vasilhames inteiros foram abandonados os vest gios arqueol gicos sugerem contexto de deposi o de facto que definido como um contexto de abandono de uma rea Esse abandono do local e dos artefatos ali encontrados pode ser proposital como no caso de artefatos deixados por algu m que est dedicando uma oferenda a uma divindade ou n o intencional se houve esquecimento ou fuga do lugar devido a um inc ndio Materiais encontrados imediatamente ap s a coleta por exemplo comum o arque logo encontrar artefatos inteiros nas deposi es de facto Outros tipos de deposi o arqueol gica incluem o descarte prim rio onde objetos indesej veis largados onde foram utilizados e o PROGRAMA MONUMENTA IPHAN 216 Plantas localizando a casa 24 rua S o Francisco e a casa 3 rua Beco do Semin rio descarte secund rio que ocorre em local diferente daquele em que eram usados No descarte prim rio os objetos geralmente est o fragmentados mas a tend ncia que estejam mais completos do que no contexto secund rio
369. te 45 graus o que pode indicar o sentido de constru o Dep sitos como esses foram encontrados a partir de escava es manuais e de sondagem por percuss o figura 9 O p tio do Quartel do Corpo de Bombeiros O pr dio do Quartel do Corpo de Bombeiros encontra se no quarteir o 31 na esquina entre a ladeira da Pra a e a rua J J Seabra Trata se de uma edifica o com arquitetura moderna constru da na primeira metade do s culo XX Em novembro de 2008 foi iniciada no local a implanta o da rede de esgoto que servir as casas contempladas pelas obras civis da 72 Etapa do Projeto de do Centro Hist rico de Salvador Desde ent o atendendo a uma solicita o Figura 10 TNR feita pela UEP Monumenta Conder a equipe de do Corpo de arqueologia do Projeto Pelourinho come ou o Bombeiros com a rea escavada para implanta o da rede de acompanhamento das obras esgoto w A BOMBEIROS BE SEGMENTO x d a n B n eiiam 112 0 10 20 30 REA ESCAVADA A metodologia utilizada para esse acompanhamento segue os mesmos procedimentos adotados pela Pesquisa Arqueol gica da 72 Etapa do Projeto Pelourinho Najjar 2006 Por se tratar de uma obra linear abertura de trincheira de aproximadamente 170 m de comprimento com profundidade m xima alcan ando 3 20 m e largura variando entre 1 60 m e 0 80 m optou se por dividir o trecho em tr
370. tempo indicando claramente a temporal e espacial Os modelos de campo no per odo hist rico foram determinados basicamente a partir de dados direcionais coletados por navegadores Resultados de arqueointensidade t m sido obtidos nos ltimos anos e incorporados aos modelos de campo geomagn tico Gubbins et al 2006 Finlay 2008 No entanto a correta an lise do campo depende de uma boa cobertura temporal e espacial de dados de intensidade Nesse quesito o hemisf rio Sul do planeta contribui com apenas 596 dos dados globais para os ltimos dez mil anos Genevey et al 2008 Na Am rica do Sul apenas Bol via Equador e Peru apresentam dados de intensidade geomagn tica para intervalos de tempo anteriores ao per odo hist rico por m s o resultados de baixa resolu o temporal Portanto a determina o de valores de intensidade do campo geomagn tico para intervalos de tempo arqueol gico no Brasil de suma import ncia A curva de varia o de arqueointensidade para a Bahia No Brasil os estudos arqueomagn ticos est o sendo desenvolvidos em duas regi es distintas Nordeste e Sudeste Em ambas iniciaram se medidas de intensidade magn tica em materiais construtivos hist ricos tijolos e telhas e fragmentos cer micos por exemplo vasos No Nordeste foram obtidos resultados a partir de materiais do estado da Bahia oriundos principalmente de Salvador O desenvolvimento da curva de varia o de i
371. teriores quintais e ou reas externas das habita es Segundo esse modelo ocorreu a implanta o da estrutura de canaliza o nas reas adjacentes casa 15 da rua S o Francisco do quarteir o 22 Tal condutor provavelmente foi constru do para a drenagem de um c rrego que segundo iconografia do s culo XVII avan ava em declive cortando esse quarteir o ao meio de Nordeste a Sudoeste poss vel que as canaliza es de consider vel import ncia para o escoamento das guas das chuvas e de drenagens nunca deixaram de ser usadas considerando se tamb m as conex es de escoamento direto das habita es Hoje pode se afirmar que esses condutores subterr neos cujo destino continua sendo o rio das Tripas ainda s o utilizados Refer ncias ALGRANTI Leila Mezan Fam lias e vida dom stica In SOUZA Laura de Melo org Hist ria da vida privada no Brasil Cotidiano e vida privada na Am rica Portuguesa S o Paulo Companhia das Letras 1997 v 1 p 84 154 BORNAL Wagner Gomes S tio hist rico S o Francisco um estudo sob a tica da arqueologia da paisagem S o Paulo 2008 Tese doutorado em Arqueologia Museu de Arqueologia e Etnologia Universidade de S o Paulo HOLTHE Jan Maur cio Oliveira van Quintais urbanos de Salvador realidades usos e viv ncias no s culo XIX Dispon vel em lt http www portalseer ufba br index php ppgau article viewFile 1403 887 Acesso em dez 2008 69 90
372. tidade de tralha dom stica evidenciada em um contexto n o dom stico que inclui cer mica utilit ria faian as porcelana gr s e em quantidade menor os vidros recipientes para l quidos e pecas decorativas e metais moedas 5 talheres armas etc segundo componente desse tipo de aterro o material construtivo que se OSEE comparado ao material cultural dom stico se apresenta em menor quantidade telhas tijolos pisos revestimento de parede azulejos e reboco argamassa de rejunte madeiras material met lico seixos pedras de m o Observa se que esse tipo de aterro menos compactado que os demais Najjar amp Silva 2006 p 33 34 O segundo tipo de aterro tem os mesmos componentes presentes no tipo 1 Entretanto caracteriza se pelo Aterro tipo 2 inverso das propor es entre o material cultural dom stico e o material construtivo Diferencia se do tipo 1 tamb m por apresentar maior compacta o Najjar amp Silva 2006 p 33 34 33 34 O quarto tipo de aterro o caracterizado pela presen a de camada de terra arqueologicamente est ril Aterro Dos Trabalhamos com a hip tese de o sedimento ser o terreno base e tamb m com a possibilidade de ser proveniente dos cortes no terreno realizados nos relevos da rea de pesquisa Geralmente encontram se intercalados entre as outras camadas de aterro Najjar amp Silva 2006 p 33 34 O terceiro tipo de aterro caracteriza se pela presen a apenas d
373. tido as atividades foram orientadas a partir de reuni es com l deres comunit rios moradores comunidade escolar e representantes de rg os p blicos locais Esperava se nesses encontros conhecer as demandas locais e na medida do poss vel atend las durante o projeto A conviv ncia com as comunidades locais essencial para o sucesso desses projetos Ouvir os moradores suas hist rias suas necessidades confere s a es implantadas um car ter de a o social mais efetivo cujos resultados v o ao encontro dos anseios dos grupos contemplados Assim optamos pela realiza o de uma s rie de entrevistas com membros dos grupos identificados no local do projeto O cruzamento dos resultados das reuni es com as comunidades locais e das entrevistas teve como objetivo contribuir para o desenvolvimento do projeto educativo e para a proposi o de medidas de gest o do patrim nio arqueol gico local As reflex es geradas pelas entrevistas ajudaram a compreender as complexas rela es entre os grupos impactados pelo projeto e o patrim nio arqueol gico O Pelourinho do meu tempo Em artigo anterior Bezerra 2009 tratei da percep o do Centro Hist rico de Salvador daqui em diante referido como CHS e do patrim nio arqueol gico pesquisado entre os moradores antigos Durante as entrevistas ou conversas informais as lembran as 1 O Pelourinho uma parte do Centro Hist rico de Salvador mas os moradores se r
374. tinha direito por exemplo de alugar casas a menos que obtivesse uma autoriza o especial do juiz de paz Para mercar Tm carregar cadeiras trabalhar em alvarengas os libertos pagavam impostos suplementares municipalidade Segundo dados de Nascimento 1986 na S em 1847 havia 356 pessoas libertas perfazendo 14 2 da totalidade dessa popula o na cidade Esses eram na sua maioria os moradores das lojas muitas vezes compondo grupos de solteiros sem fam lia unidos pela etnia comum se africanos ou talvez pela profiss o Tais aglomerados deviam ser o fermento social da cidade de onde surgiam as lutas por melhores condi es de vida as inconformidades as revoltas A S concentrava o maior n mero de pessoas que viviam 505 OU com escravos As que moravam com um escravo provavelmente de ganho n o podem ser confundidas com a popula o abastada que outrora ocupou essa freguesia Em geral tratava se de pessoa humilde possivelmente liberta e o ganho do trabalho desse escravo talvez fosse sua nica fonte de renda Os que viviam s s podiam ser os pr prios escravos de ganho Analisando as profiss es declaradas pelos moradores da S no censo de 1855 Nascimento 1986 verificou que eram em sua maioria ganhadores alfaiates barbeiros ferreiros sapateiros corretores cortadores de carne cozinheiros advogados lojistas marceneiros funileiros ourives pintores empregados p blicos
375. toric Site Historical Archaeology 18 2 54 63 McGRATH R J STYLES P THOMAS E NEALE S Integrated High Resolution Geophysical Investigations as Potential Tools for Water Resource Investigations in Karst Terrain Environmental Geology 2002 n 42 p 552 557 PENNER G C E Estudo de caso da contamina o do solo e da gua subterr nea por deposi o no solo de res duos vinculados a leos lubrificantes S o Carlos 2005 Tese doutorado Escola de Engenharia de S o Carlos USP SANDMEIER K J Reflexw version 4 5 for Windows 9x 2000 2008 Program for the Processing of Seismic Acoustic or Electromagnetic Reflection Refraction and Transmission Data Manual do Software SAUCK W A A Model for the Resistivity Structure of LNAPL Plumes and their Environs in Sandy Sediments Journal of Applied Geophysics 2000 n 44 p 151 165 SAUCK W A ATEKUANA EA NASH M S High Conductivities Associated With an LNAPL Plume Imaged by Integrated Geophysical Techniques Journal of Environmental and Engineering Geophysics 1998 v 2 n 3 p 203 212 SHIRAIWA S LISOVSKY S P ELIS V R PORSANI J 1 BORGES W Estudos geof sicos integrados no lix o de Cuiab MT Brasil Resultados preliminares Revista Brasileira de Geof sica 2002 v 20 n 3 p 181 186 C DAVIS J L ANNAN A P Electromagnetic Determination of Soil Water Content Measurements in Coaxial Transmission Lin
376. trevistas question rios contribui para que se conhe am as rela es estabelecidas no cotidiano escolar Isso possibilita a reconstru o de algumas pr ticas nesse terreno cultural caracterizado por v rios ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO guiada dos professores reas de pesquisa 176 Professores no laborat rio de Arqueologia graus de acomoda o contesta o resist ncia uma pluralidade de linguagens e objetivos conflitantes Andr 2003 p 41 e por isso mesmo arena prop cia as discuss es sobre mem ria patrim nio identidade A limitada dura o do projeto prejudicou esse processo de pesquisa mas alguns encontros e conversas com professores da rede p blica local nos deram a medida da urg ncia em se refletir sobre as rela es entre pesquisadores gestores e educadores As escolas da rede p blica de ensino localizadas no entorno do projeto atendem aos ensinos M dio e 2 Para discuss o acerca do status de arque logos e gestores como educadores ver BEZERRA 2003 NAJJAR 2003 NAJJAR amp NAJJAR 2006 Fundamental O contato com diretores e professores dessas escolas revelou a demanda por a es que partam especialmente do Iphan e demais rg os de preserva o atuantes na regi o Segundo eles h um hiato entre o conhecimento produzido no mbito dos projetos ligados ao patrim nio local e o seu compartilhamento com o p blico escolar do CHS
377. tura da Universidade Federal da Bahia e da Superintend ncia m das bibliotecas do Instituto Hist rico do Iphan na Bahia O levantamento bibliogr fico foi extenso assim como a coleta de dados contemplando n o s a forma o e constitui o f sica de Salvador mas tamb m as transforma es e perman ncias no decorrer de quase quatro s culos de hist ria da cidade O volume documental reunido chega a aproximadamente tr s mil exemplares E foram consultados aproximadamente sete mil documentos A metodologia empregada relacionou se diretamente as necessidades da pesquisa arqueol gica de modo que houve aprofundamento em certas quest es ou hip teses hist ricas Alguns temas adquiriram prioridade por serem desconhecidos ou pelo grande interesse que despertaram na equipe como a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe e o com rcio de aterro na cidade de Salvador Para buscar entender o cotidiano das ruas do Pelourinho as atividades ali desenvolvidas e chegar a conhecer seus moradores optamos pela escolha de uma nica rua a do Tijolo atual 28 de Setembro pela diversidade de atividades comerciais e art sticas em seus im veis no s culo XIX que nos surpreendeu desde os primeiros passos da pesquisa Nela funcionou uma galeria de arte uma tipografia um consult rio odontol gico a sociedade abolicionista Dois de Julho formada por alunos da Faculdade de Medicina uma Sociedade de Belas Artes uma f br
378. turais entre os moradores da cidade atrav s do tempo seria poss vel compreender o processo de mudan as por que passou Salvador durante sua hist ria Nesse sentido os estudos arqueol gicos em centros urbanos se afirmam como excelente ferramenta em prol do conhecimento Sabemos tamb m que as medidas adotadas hoje pensando na preserva o do patrim nio cultural e arqueol gico urbano refletir o nas futuras gera es Portanto os projetos de pesquisas arqueol gicas em centros hist ricos se tornam cada vez mais presentes e necess rios Para al m do seu cunho cient fico eles se apresentam como excelente instrumento de legitima o valoriza o preserva o e prote o desse patrim nio 18 Arquitetura Geof sica Geologia Qu mica Geografia Hist ria F sica entre outras ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Refer ncias CRESSEY P J The City as a Site The Alexandria Model for Urban Archaeology Paper Presented at the 19th Annual Meeting of the Historic Sites Conference Old Salem North Carolina 1978 DEETZ James n Small Things Forgotten An Archaeology Of Early American Life New York Doubleday 1996 FUNDA O Greg rio de Mattos Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia Evolu o f sica de Salvador 1549 a 1800 Salvador Pallotti 1998 especial HONERKAMP FAIRBANKS Definition of Site Formation Processes American Archeology Urban Contexts 1984 V 4
379. u aproveitamento da rede de canaliza es para c rregos esgotos e guas pluviais bem poss vel que os tra ados no ltimo quartel do s culo XIX correspondessem ao alinhamento de cores amarela e azul apontado na figura 6 Conforme indicamos no t pico anterior o estabelecimento dessas canaliza es no Centro Hist rico de Salvador antecede o ideal de moderniza o que aportou na cidade depois de meados do s culo XIX e influenciou as ideias recorrentes at in cio do s culo XX Tal fato sugere que os moradores daquela rea do centro da cidade e os gestores p blicos j se preocupavam com aspectos do saneamento que implicam em salubridade mas tamb m em melhorias da apar ncia do espa o urbano Fontes manuscritas apresentam projetos para reas do centro urbano de Salvador onde ocorreram mudan as com o intuito de melhorar as condi es sanit rias locais O espa o culturalmente transformado nos quarteir es 28 e 31 era alvo de preocupa es do poder p blico em meados dos oitocentos como aponta o documento a seguir A Comiss o de Higiene P blica tem a honra de propor a Vossa Excelencia a conveni ncia de ser construido um cano de esgoto na valla que fica entre as imin ncias da ladeira da pra a e do caminho novo e aljube Esta valla serve atualmente ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO de deposito a imund cies das casas que est o compreendidas entre as duas ruas e atravessadas por tres ruas diversas que faze
380. uisas nesse im vel se detiveram na parte interna pois nosso objetivo era determinar sua forma compartimenta o e usos como tamb m a t cnica de constru o e materiais utilizados Essa foi uma das casas estudadas com mais detalhes o que nos propiciou aprofundar a pesquisa sobre o artefato arquitet nico e sua implanta o e sobre quem nela viveu O arque logo Casa 21 Rua 28 de Setembro Sec lo XVIII Pavimento T rreo lt 5 AIT d P3 M er sd Samuel Gordenstein membro da equipe desde 2008 desenvolve seu doutorado abordando a prov vel presen a de vest gios de rituais religiosos dom sticos nas depend ncias da casa Aqui iremos apresentar as descobertas ligadas ao artefato arquitet nico e sua implanta o na paisagem em seus diversos momentos A casa 21 foi uma grata surpresa pois nos mostrou com muita facilidade como se dava a organiza o dos c modos e sua utiliza o Mas o fato de n o estarmos Figuras 8 9 e 10 Reconstituic o ao longo do tempo da casa 21 rua 28 de Setembro antiga rua do Tijolo DAE O NS JFT GR gra rpm em Simba 21 C285 Partap mun cures rr xvi Tai erae Fen artt iacu cr ck fundas cue amemesum a poca micial que subdinida a espig nitima em aui Simuda o Cau 2102HB5 Crea manie ck casa no Imamna do qusrte
381. ulico no subsolo destoa do restante Ele tamb m apresenta pintura mural no subsolo o que junto com a presen a do azulejo demonstra uma preocupa o pouco comum com o embelezamento desse pavimento Uma an lise arquitet nica preliminar sugere ter sido uma loja durante o per odo de enfoque do estudo portanto essa ornamenta o do subsolo n o estaria a princ pio relacionada com a atividade comercial da loja Em 6 dos casos em 38 dos 57 im veis pesquisados utilizou se outro tipo de piso e n o o ladrilho hidr ulico Em linhas gerais o piso utilizado nas reas de acesso e circula o desses im veis sem ladrilho hidr ulico era predominantemente cimento alisado colher Por que ent o a presen a do ladrilho hidr ulico nos 19 im veis A pesquisa arqueol gica em outros locais nos fornece algumas pistas Em Rhode Island nos EUA a pesquisa arqueol gica de Mrozowski 2000 comprovou que a manuten o de jardins em frente s resid ncias da classe gerencial de uma f brica oitocentista era um recurso utilizado por esse grupo para se diferenciar dos oper rios de ch o de f brica Segundo Wall 2000 em Nova lorque no mesmo s culo a an lise de lou as associadas ao h bito de tomar ch sugere que as donas de casa de classe m dia alta em compara o com contempor neas de classe m dia baixa poderiam estar usando seus pratos em ostenta o competitiva para impressionar suas amigas e conhecid
382. umentos arquitet nicos do Pelourinho textos escritos e v deos al m de tr s aquarelas que de forma bastante did tica ilustram como as atividades di rias humanas formam e impactam o s tio arqueol gico A heterogeneidade de recursos visa estimular a discuss o e principalmente permitir ao professor selecionar e reorganizar as imagens do acervo para propostas de atividades relacionadas s diversas reas do conhecimento Hist ria Geografia Artes etc O uso de imagens pode auxiliar o professor a abordar os conte dos e a dinamizar as aulas o caso por exemplo do v deo Escavando o Pelourinho o passado no presente registro das atividades de Educa o Patrimonial do projeto e ferramenta de trabalho pedag gico Vale dizer que em todas as salas de aula das tr s escolas estava dispon vel uma TV pen drive tal como chamada pelos professores um aparelho com entrada USB no qual os professores podem acoplar seus pen drives e exibir o conte do Isso permitiu o uso de material digital nas aulas e abriu novas possibilidades para a equipe de Educa o Patrimonial apresentar elementos da pesquisa arqueol gica aos professores e alunos 193 Representa o art stica de Josane Oliviera artista pl stica e membro do projeto da evolu o urbana da rea pesquisada mostrando em tr s etapas sucessivas a ocupa o da regi o baseadas exclusivamente nos vest gios arqueol gicos descobertos e nos resultado
383. unda o Cultural do Estado da Bahia 1986 VALADARES Henrique Considera es sobre funcionalidade do aterro na ocupa o urbana de reas in spitas do Centro Hist rico de Salvador Pelourinho 2009 mimeografado 281 ANEXOS Estudo de caso Pesquisa hist rica relacionada casa 39 rua 28 de Setembro antiga rua do Tijolo A pesquisa hist rica conseguiu identificar por meio do registro dos impostos prediais IPTU contido nos Livros de d cimas urbanas do Arquivo P blico Municipal de Salvador APMS os nomes dos propriet rios e ou inquilinos do im vel 39 da rua 28 de Setembro durante os anos de 1893 1900 1915 1920 e 1936 No ano de 1893 era propriet rio do im vel Constantino Jos Gon alves Ele alugava a loja do sobrado a Joanna Francisca e residia no mesmo im vel Em 1900 o im vel pertenceu a Quintino Ol mpio dos Santos que ali residiu pelo menos at 1911 quando faleceu Quintino Ol mpio provavelmente era dentista a julgar pelos instrumentos de odontologia avaliados no invent rio de seus bens em 1911 Era casado com Maria Geralda dos Santos e pai de filhos menores que herdaram o sobrado O im vel foi descrito como situado no distrito da S edificado em terreno pr prio medindo 6m de frente Dividia se em loja um andar e s t o A loja possu a duas salas com porta e uma janela um quarto uma cozinha quintal murado e piso de cimento O primeiro andar considerado nobre
384. unto arquitet nico do Pelourinho patrim nio da humanidade Dispon vel em http www conder ba gov br cthistorico htm gt Acesso em jan 2009 O maior Patrim nio Cultural sem d vida o sujeito hist rico O conjunto arquitet nico parte da constru o social Neste momento a maioria dos moradores antigos j n o se faz presente Poderemos ent o recuperar pr dios mas n o a memoria social Iniciativas como trabalhos arqueol gicos na rea da 7 Etapa ainda nos proporcionam a cren a de que algumas no es de viv ncias ser o recuperadas de forma respons vel e cient fica No entanto recuperaremos fachadas melhoraremos o espa o urbano reocuparemos casar es abandonados iniciativas que sempre ser o necess rias e que tamb m s o dever do Estado mas ainda teremos uma d vida social a reparar a compreens o de que o sujeito hist rico e o patrim nio cultural fazem parte de um mesmo contexto Fica ent o a vontade de despertar e de nunca perder de vista a cren a de que n o cair o por terra os objetivos que defendem o Monumenta e o Iphan N o poss vel avaliar um programa de reabilita o para reas urbanas centrais de interesse cultural sob a tica exclusivamente financeira H que se considerar a dimens o social e cultural Preserva o do Patrim nio Cultural nos Centros Hist ricos 2008 Mesmo com um discurso verdadeiro n o salvaremos o que se destruiu apenas imitar
385. urante as escava es ao se referir aos colegas das empresas de PROGRAMA MONUMENTA IPHAN engenharia contratadas pelo projeto de restaura o Tem de perguntar voc sabe o que voc t pisando O que tem a embaixo Segundo ele a maior parte dos funcion rios dessas construtoras n o tem conhecimento algum sobre o patrim nio no qual trabalham A percep o desses funcion rios sobre os colegas que atuam diretamente com os arque logos foi objeto de coment rio de v rios entrevistados Os projetos de Educa o Patrimonial no mbito da Arqueologia t m se voltado especialmente para o p blico escolar Aos poucos esse panorama est mudando mas ainda h um grupo que tem sido pouco contemplado por essas a es os auxiliares de campo em geral pessoas da pr pria comunidade contratadas para trabalhar com as equipes de Arqueologia durante os trabalhos de campo Um dos exemplos dessa mudan a o trabalho desenvolvido por Fernandes 2007 em Guararema S o Paulo cujo projeto de Arqueologia de Contrato incluiu a es especialmente dirigidas para esse grupo Segundo Fernandes op cit al m de aproximar pesquisadores e comunidades locais o projeto estimulou voca es na comunidade As rela es entre arque logos e os auxiliares de campo sofreram mudan as ao longo da hist ria da Arqueologia no Brasil Muito embora n o haja pesquisas direcionadas para essas reflex es poss vel a partir de nossas pr
386. uscrita da Diretoria de Obras P blicas percebe se que seus gestores ao realizarem interven es no espa o do centro urbano da capital baiana buscavam n o interferir nas edifica es Por outro lado com a subdivis o das moradias na freguesia da S em meados do s culo XIX Nascimento 1986 p 44 45 foram utilizadas as reas adjacentes dos im veis ampliando as habita es com aterramentos que atingiram entre outros espa os e estruturas tamb m as canaliza es Tais expedientes apresentam abrangentes peculi aridades do processo de urbaniza o da freguesia que estava em crescimento desde o segundo quartel do s culo XIX e apresentou taxas constantes de aumento populacional no per odo de 1775 a 1807 Na primeira metade do s culo XIX importante observar houve uma diminui o no n mero de habitantes da S por causa de v rias epidemias Mattoso 1992 p 111 Nascimento 1986 p 68 72 Reis 1991 p 33 35 Al m das observa es mencionadas acima outras s o as singularidades do crescimento urbano da freguesia Em fins dos setecentos ainda existiam im veis n o agrupados nos quarteir es adjacentes ao vale do rio das Tripas Algumas iconografias s o esclarecedoras ao apontar as fei es da localidade Pode se observar na planta de autoria de Jos Azevedo Gale o figura 3 na rea destacada quadril tero em azul o lugar onde em seguida provavelmente no in cio do XIX foram erguidos im veis J o
387. vam se diversos art fices funileiros ferreiros sapateiros alfaiates barbeiros etc Para os lados da Vit ria Graca e Vila Velha do Pereira comecavam a surgir ch caras residenciais Tavares 2001 p 121 Al m de centro administrativo a cidade de Salvador era um dos grandes polos econ micos da col nia americana destacando se na produ o de a car Essa evolu o econ mica da Bahia como um todo e particularmente de Salvador foi acompanhada tamb m por um profundo desenvolvimento arquitet nico e urban stico 7 Idem ibidem p 60 PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Com o enriquecimento da cidade motivado prin cipalmente pelo com rcio havia a necessidade de regulamentac o da ordem urbana em especial por causa do car ter escravista de Salvador as terras da cidade foram tombadas em 1653 foi requerido aos foreiros que apresentassem seus t tulos nas tr s l guas de terra em quadra que pertenciam C mara situadas entre Itapu e o rio Joanes em 1757 As primeiras provis es de alinhamento foram estabelecidas em 1695 Vasconcellos 2002 p 83 Essas provis es tentavam evitar as tortuosidades das ruas e obrigar os propriet rios a seguir um tra ado ordenado Previam que toda pessoa que fizesse casa sem ser arruada ou fora do arruamento teria sua obra destru da e ainda seria presa por 30 dias Alguns viajantes que passaram pela cidade em finais do s culo XVII e in cio do seguinte relataram o
388. vel por todos os atos e resultados para o bem e para o mal Por outro lado um trabalho de pesquisa n o se faz s mas apoiado numa equipe preferencialmente interdisciplinar objetivando alcan ar o rigor cient fico que o trabalho requer O Projeto Pelourinho de Arqueologia n o foi diferente Tive a oportunidade de trabalhar durante os seus quatro anos e meio de dura o com uma equipe espetacular que soube apreender as dificuldades e desafios que n o foram poucos se fortalecendo com eles e aprendendo mais e mais a partir do cotidiano das pesquisas e dos resultados que alcan amos Sobretudo essa equipe me estimulou muito e profundamente a ser uma melhor arque loga a ser melhor coordenadora e a ser uma carioca mesti a uma vez que fez com que me sentisse um pouco soteropolitana Posso afirmar que aprendemos e crescemos juntos o que foi profundamente marcante para mim Precisaria agradecer a todos da equipe nominalmente mas sabendo que vou necessariamente incorrer no erro de esquecer algu m n o o farei A todos meu muito obrigada Tamb m dentro dessa equipe incluo o grupo dos que viabilizaram a pesquisa pessoas com as quais n o convivemos cotidianamente ou que s conhecemos pelo telefone mas que nos d o o ch o para trabalhar s o aqueles que sabem os caminhos da administra o do material permanente das passagens a reas e tudo mais Sem eles n o h sonho a ser realizado Obrigada Retornando s origens do projeto
389. videnciadas ali sao identificadas no mapa de anomalias reas investigadas no Pelourinho Centro Hist rico da rea de Salvador ARQUEOLOGIA NO PELOURINHO Mapa representativo das anomalias GPR identificadas em detalhe A T gt PA 4 8 3 pert I ag uM cam NF E E 4 E Profundidade de 1 3 Os dados geof sicos forneceram ind cios importantes que ajudaram no planejamento das escava es arqueol gicas Nas reas 1 e 2 onde busc vamos sinais de uma estrutura arqueol gica bastante espec fica os resultados foram muito teis No im vel vizinho aos locais prospectados casa 33 da rua Guedes de Brito as escavac es arqueol gicas evidenciaram um forno de prov vel uso no per odo oitocentista A identifica o da poss vel exist ncia de outros fornos nos im veis vizinhos tornou se ent o o objetivo principal da prospec o geof sica pois era necess rio esclarecer se o forno descoberto na casa 33 constitu a uma estrutura isolada ou se havia um complexo de fornos instalado antes das casas que hoje se encontram no local As anomalias na rea 1 rasas e de formato linear n o sugeriam a exist ncia de fornos e por isso o local n o foi escavado pelos arque logos J os ind cios geof sicos da rea 2 mais condizentes com o formato de um forno levaram os arque logos a escavarem o solo do im vel de n mero 35 mas foram encontradas s
390. vos Portanto foi a partir desses arruamentos lineares que se criaram os quarteir es com seu formato quadrangular Em seguida houve o assentamento dos im veis obedecendo a essa nova configura o not rio tamb m que os novos assentamentos em alguns casos se deram sobre os antigos conforme evid ncias arqueol gicas registradas no quarteir o 317 Para a implanta o e consolida o dos quarteir es na rea podemos destacar pelo menos tr s tipos de obras de infraestrutura imprescind veis Primeiro a constru o de muros de conten o arrimos para conter os deslizamentos de terras das encostas Os arrimos ora estavam isolados das casas ora foram aproveitados como funda o para o soerguimento dos im veis Segundo as deposi es de entulhos aterros necess rias para minimizar o problema da irregularidade do terreno Os aterros tamb m foram utilizados como contrapisos no patio interno dos im veis E por fim a constru o de galerias a drenagem das reas de charcos fundamentais para a concretiza o da ocupa o dos quarteir es Em rela o implanta o dos im veis diversas situa es se apresentaram mostrando que os construtores buscavam geralmente adaptar as t cnicas construtivas ao desconforto topogr fico apresentado pela rea Ver cap tulo IV 8 ldem PROGRAMA MONUMENTA IPHAN Para administrar toda essa irregularidade e ter o melhor aproveitamento dos espa os foi n
391. xo de um piso de argila pretendia escond lo para sempre O im vel est localizado na rua S o Francisco na baixa vertente em rea aterrada Trata se de casa t rrea com por o alto e paredes laterais geminadas as edifica es cont guas Os degraus de acesso indicam desn vel entre a rua e o n vel t rreo atestando a exist ncia de um por o alto pertencente disposi o original As paredes remanescentes ao fundo mostram uma escada de acesso ao quintal e outra menor do quintal ao por o i Ml MUI CASA Di 3 1 es Durantea pesquisa arqueol gica no im vel descobriram se tr s pisos sendo o mais recente de cimento seguido por um piso de tijoleira com contrapiso de argila laranja e finalmente o mais antigo um piso de ch o batido O objeto da discuss o aqui o piso de tijoleira que foi poss vel datar de forma preliminar como constru do no TRU per odo oitocentista a partir das observac es da cultura material encontrada em campo Durante a decapagem do piso de tijoleira junto parede lateral leste foram identificados tr s vasilhames cer micos encostados em pilares de sustenta o Nenhum dos recipientes apresentou cultura material associada nem em seu interior O vasilhame 1 estava assentado na sua base com a parte superior fragment
392. xo desvio padr o quanto ao s tio A precis o na determina o de idades em materiais n o datados cujos resultados arqueomagn ticos ser o comparados com a curva de refer ncia definida a partir das incertezas de idade e de intensidade dos s tios estudados e da quantidade de s tios ou m dias que comp em a curva As determina es de idades variam portanto em fun o da qualidade da curva de refer ncia Quanto menor forem as incertezas nas idades e nas intensidades dos s tios que comp em a curva melhores ser o as determina es de idades de s tios com idades desconhecidas Outro fator que influencia a precis o da data o arqueomagn tica o n mero de elementos geomagn ticos dispon veis para constru o da curva Por exemplo na Fran a os materiais s o basicamente datados a partir da compara o dos elementos direcionais de inclina o declina o e em alguns casos tamb m intensidade por exemplo Le Goff et al 2002 A data o da casa 27 da rua Monte Alverne Como mostrado acima um estudo de arqueomagne tismo sistem tico foi realizado na cidade de Salvador PROGRAMA MONUMENTA IPHAN M dia de intensidade para cada sitio Modelo de campo geomagn tico Intensidade geomagn lica micro Tesla 1500 1550 DD 1700 1800 850 Idade AD 150 2000 para determina o de uma curva arqueomagn tica de refer ncia que v lida para toda regi o Nordeste do

ARqUEOlOGiA NO PElOURiNhO

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