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ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso

1. E depois isso a pessoa eu tenho medo de deixar de tomar e voltar que o psicol gico funciona logo a pessoa deixa de tomar come a logo a pensar Vou l outra vez 125 S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa a Isabel O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 126 Parte 3 Fus o de horizontes IV para uma desoculta o do fen meno Neste ltimo cap tulo partindo da cole o e articula o tem tica das experi ncias vividas individuais narradas pelas pessoas dada voz experi ncia vivida do grupo dos catorze participantes num exerc cio de escrita que pretende fazer emergir tanto as comunalidades tem ticas quanto as singularidades vivenciais e biogr ficas caso no tema Na sequ ncia num movimento que procura transformar o conhecimento sobre a experi ncia vivida narrada em teoriza o disciplinar os dados s o discutidos Prevemos as poss veis implica es do estudo para a pr tica para a investiga o e para o ensino de enfermagem e fazemos o que nos parecem ser a partir dos resultados deste estudo sugest es para a realiza o de investiga es futuras A conclus o encerra o cap tulo e o corpo do trabalho 127 Sobre a voz da experi ncia do grupo Com si
2. Isto nestes anos que estou aqui no CAT as coisas t m tido altos e baixos baixos e altos Hoje estou assim para a semana se for preciso estou a consumir e chego aqui de rastos outra vez Isto t sempre assim a subir e a descer s vezes o s tio onde eu me agarrar para como j aconteceu eu tava a consumir e tava a consumir metadona tam m E foi com a 104 enfermeira suspiro que eu arranjei uma solu o para na altura parar J andei aqui alturas e tava muito em baixo tamb m Muito em baixo mesmo e foi aqui que dessas vezes arranjei solu o para parar com aquele sistema que eu tava a viver naquela altura Ningu m me aponta o dedo por nada ningu m me acusa de nada n o tenho que ter medo de nada nem de tar a mentir Sentir se orientada No meu caso o que que posso dizer que j fizeram por mim desde a entrada para as Taipas o arranjar um centro o doutras vezes me darem centros a escolher v rias coisas em ajudar me empenharem se em ajudar me em terem trabalho em arranjar uma vaga para mim para tal s tio porque ali tas melhor do que ali e vamos fazer para que aconte a assim Sentir se traduzida N o fica satisfeita quando eu chego aqui tava dois tr s dias sem vir tomar a metadona e depois quando aparecia ah via no estado em que eu tava quando aparece assim mais magro quando aparece assim mais relaxado barba por fazer banho por tomar prontos v se que
3. p olha l mas qual a tua ideia eu assim para eles n o T s te a matar t s te a matar aos poucos p Tens necessidade disso p O problema t na cabe a Tu andavas t o bem p Se eu n o bebo lcool tamb m j n o vou para a reca da Eu n o sou melhor que os outros aten o que eu estou para aqui a falar e n o sou melhor que os outros Mas desde que aqui estou podem me dizer que nunca mais toquei em nada Nunca nunca mais toquei em nada E tenho visto tem me passado pelas m os mas n o Se eu tivesse uma dificuldade at mesmo numa situa o de reca da qualquer uma das minhas terapeutas 35 me aconselhava para o que eu precisasse Sou franco aquilo que eu tenho falado com a enfermeira penso que qualquer uma est apta a ajudar me Gostei das pessoas aqui dentro tou muito bem com as pessoas principalmente com as minhas duas terapeutas posso lhes chamar assim A enfermeira tem sido do melhor que h eu n o posso dizer mais nada E eu tenho muito que agradecer por estar aqui Voltei minha vida normal e at hoje sinceramente Bom for a de vontade tamb m conta penso eu Um indiv duo tem que ter for a de vontade para largar isto como eu tinha e tenho Eu penso que n o tenho problemas nenhuns em vir e ver hero na ou cocaina ou sei l aquilo j n o me diz nada n o me diz respeito nenhum nada nada nada at pelo contr rio tenho um amigo at coitado mas n o
4. 2 4 Ed London Routledge 184 Idem 185 Heidegger M 2006 op cit 203 51 compreender exatamente esse mesmo sentido no que se refere aos modos da sua exist ncia no mundo e com os outros Para Heidegger pela fala que o homem articula significativamente esta sua compreensibilidade O homem mostra se como um ente que na fala A fala pertence pois constitui o essencial do ser da presen a e ela que possibilita a sua abertura na pron ncia do mundo e das coisas na linguagem Dada pela linguagem e partilhada pela escuta compreensiva a 188 comunica o da compreens o do mundo e do ser no mundo est na origem do ser com na abertura existencial da presen a enquanto ser com os outros Nesta din mica rec proca a comunica o que pretende fazer o x i n189 ouvinte participar do ser que se abriu para o sobre que se fala passa a situar se assim tanto no mbito do j estabelecido como no das possibilidades e horizontes dispon veis para novas interpreta es Deste modo direcionada para a compreens o como totalidade e para a linguagem como meio de acesso ao mundo e s coisas a fenomenologia hermen utica heideggeriana renuncia interpreta o normativa como busca do significado verdadeiro para a defender a partir de uma estrutura pr via posi o vis o conce o que se conecta com o pr prio int rprete como uma possibilidade uma cria o circula
5. Quero ir buscar o que eu perdi Quero fazer o que eu era Perdi e agora quero ir l buscar o que eu perdi Agora quero faz de conta faz de conta que eu nasci de novo outra vez Gostava de ter a minha filha a meu favor n o h pai nenhum que n o goste Agora n o digo se um dia se houver alguma hip tese se um dia se houver alguma hip tese eu gostava de ter a minha filha se eu tivesse a minha filha a meu favor era o homem mais feliz do mundo Uma pessoa quem precisa tem que lutar tem que lutar N o porque isto assim isto aqui conta muito aponta para a cabe a o que quero fazer uma vida nova quero construir fam lia mas ainda vou a tempo Ainda vou a tempo de construir uma fam lia a mim n o A ltima coisa sorriso a vida a ltima coisa a morrer n o Como se diz n o 224 Narrativa do Carlos 2 A primeira vez que c vim foi pela assist ncia social do nome do outro local pronto vim c para tratar de do problema da toxicodepend ncia E ent o mandaram me aqui Foi a que eu conheci o enfermeiro n o t va muito vontade Pronto estivemos aqui a falar a primeira vez depois veio a segunda depois vinha a consulta para falar com a m dica e at que depois houve um problema por causa de receber da assist ncia social que eu vinha c basicamente todos os dias p a tomar no tempo da metadona eu pagava do meu bolso e depois era para ser reembolsado mas eu a
6. narrada pela pessoa como de grande sofrimento f sico e psicol gico Depois de breves mas intensos vividos corporais em que experiencia um vazio e perceciona uma vulnerabilidade f sica at ent o camuflada a pessoa revela como a marca afetiva da mem ria da subst ncia vivida como um chamamento que se manifesta durante toda a sua vida E como se fosse o 170 primeiro amor por exemplo Dizem que a gente nunca se esquece do primeiro amor mas a droga quase a mesma coisa fica c marcado V tor Neste sentido no desejo de contrariar o apelo da subst ncia e o consequente risco de recair que perceciona a pessoa descobre e procura mobilizar as suas pr prias fontes de controlo externo sobre os seus consumos Apesar de sentir que o risco de consumir nunca est ultrapassado por completo sente ser capaz de recusar consumir a subst ncia aditiva Experiencia assim gradualmente exercer o autocontrolo sobre o desejo de fazer consumos valorizando um pensar que lhe permite autodeterminar se e n o consumir mesmo quando em situa es em que normalmente o faria Sentindo se progressivamente mais distanciada da subst ncia a pessoa reconhece o potencial transformador da aus ncia daquela na sua vida presente e futura Valorizando as importantes mudan as que percebe ter sido capaz de operar a pessoa olha se como uma lutadora e perceciona ser tamb m assim olhada pelos outros significativos Compara se com outros consumidore
7. N o E pronto acho que bom acho que mostra interesse em mim Se n o tam m n o vinha s consultas se eu achasse que uma pessoa n o coiso o que que eu vinha l fazer N o vinha Tou muito satisfeito com a terapeuta que tenho agora No outro dia ela n o pode dar uma consulta e telefonou para o telem vel para eu n o vir para a Varia es consulta que n o valia a pena E j tar a fazer isso j de louvar n o J q P J J do tema de uma pessoa fiquei surpreendido Telefonar para o meu telefone Sentir se procurada O gt 5 Um enfermeiro Para o telem vel a dizer Se calhar se fosse outra qualquer uma pessoa vinha para a e dizia chegava a hora da consulta Olha n o tens consulta que que Mostrou essa preocupa o E as pessoas sentem se bem com isso Eu acho que este CAT at funciona bem e coiso Porque eu j tive noutro E n o funcionava t o bem como este J tive s vezes os meus pais s vezes v o para as Caldas das Rainhas e eu tomo l a metadona T m l Sentir se reconhecida uma qcasa e eu vou com eles E l o CAT muito diferente deste As pessoas para irem tomar a metadona ficam na rua chamam uma pessoa de cada vez e eu quando tou l Olha ainda bem que eu tou naquele sinto me privilegiado em rela o a estes que pronto coitados n o 116 Sentir que afeta emocionalmente o enfermeiro Quando o Fernando se s
8. Palavras chave pessoa com problemas de adi o tratamento enfermagem gest o de caso experi ncia vivida vii viii ABSTRACT This study tried to answer the following research question Which is the lived experience of the person addicted to psychoactive substances of being taken cared by a case manager nurse of a treatment team from the Public Institute of Drug and Addiction Its goal was therefore to understand the lived experience of being taken cared by a case manager nurse of the person addicted to psychoactive substances who is a client of the study Treatment Team from the Public Institute of Drug and Addiction Having the understanding of the lived experience as one of the nursing focus supported by Watson and Parse s thought we adopted a phenomenological interpretative approach The methodology was based on the theoretical methodological proposals of Heidegger and Gadamer and then we engaged on a supported discovery of the method With this study we gained understanding about the phenomenon through eight common themes Bonding with the nurse Feeling represented Feeling invested Situating himself herself on his her addiction story Changing the relational pattern with the substance Valuing changes Bonding with others and Seeing himself herself in the future The narrated experience is mostly relational and lived around the connecting disconnecting dialectics It enlightens the nurse client
9. a partir e pelas experi ncias vividas que os indiv duos e as fam lias transformam as suas perspetivas e agem as mudan as reorganizando padr es no sentido da qualidade da sua sa de e da sua vida verifica se que a aten o dos enfermeiros s suas experi ncias vividas conectadas com o universo da sa de ilumina um conhecimento imprescind vel transa o dial gica de significados e coconstru o das decis es sobre os cuidados de enfermagem Os enfermeiros adquirem por isso a condi o de poder ajudar perante a compreens o atenta das perspetivas das pessoas suas clientes e das suas necessidades na experi ncia humana de sa de 41 Weaver K amp Olson J 2006 Understanding paradigms used for nursing research Journal of Advanced Nursing 53 4 461 48 Idem 49 Newman M Sime A Corcoran Perry S 1991 The Focus of the Discipline of Nursing Advances in Nursing Science Aspen Publishers 14 1 1 6 In Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 20 24 5 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 30 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 31 63 69 et seq 52 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Resea
10. atrav s do qual apuram a melhor descri o do fen meno que s o capazes no tempo em que o fazem de produzir Este foi tamb m o caso 21 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 111 et seq 74 Parte 2 Ponto de encontro III com as pessoas e com as vozes da experi ncia No presente cap tulo apresentamos as pessoas participantes no estudo com quem nos encontr mos dialog mos na Equipa de Tratamento e damos conta tamb m do encontro com as suas narrativas individuais corpus de an lise que utiliz mos Sendo a an lise fenomenol gico interpretativa um processo complexo cuja evid ncia exaustiva n o cabe no corpo de um relat rio desta natureza a voz da experi ncia vivida de cada participante assim apresentada tanto numa breve vinheta biogr fica quanto no essencial da an lise tem tica da sua narrativa de onde emergem os temas essenciais tema no caso A participa o de cada pessoa recuperada mais frente na Parte e Cap tulo seguintes no seu contributo para a formula o da escrita sobre a voz da experi ncia do grupo suas comunalidades e singularidades caso no tema As narrativas de todos os participantes poder o ser encontradas em ap ndice 75 Sobre as pessoas Artur Carlos Marco Diniz Pedro Daniel Josu Samuel Lucinda V tor Rui Fernando Carla e Isabel s o
11. es iniciais Se calhar se n o fosse elas me ajudarem j n o tava aqui a falar consigo A enfermeira mandou me para Lisboa mandou me para Lisboa n o houve um papel que tive que fazer fiz exames e depois fui pa Lisboa coiso do alcoolismo Depois ela arranjou me um s tio para ir comer que eu tam m n o n o comia Primeiro vamos l a ter a cura do lcool vamos casa agora para a gente dar uma ajudinha vamos casa e depois a boca Porra ajudar t m ajudado muito Artur 1 Pronto estivemos aqui a falar a primeira vez depois veio a segunda depois vinha a consulta para falar com a m dica e at que depois houve um problema por causa de receber da assist ncia social que eu vinha c basicamente todos os dias p a tomar no tempo da metadona eu pagava do meu bolso e depois era para ser reembolsado mas eu aguentei pr ai tr s meses sem receber nada at que pronto falei com o enfermeiro e ele disse vamos ver isto aqui com a assist ncia social daqui depois recebi tudo junto recebi sim senhora Pronto e a partir da comecei a falar de tudo e mais alguma coisa com o enfermeiro at hoje Carlos 2 E experienciando desde cedo ser tomada a cargo nas suas necessidades mais prementes perceciona a utilidade da ajuda e disp e se a continuar a procur la na rela o Aqui a enfermeira apanhou me mesmo em baixo Quatro dias depois estava a entrar na comu
12. o Loures Lusoci ncia Ricoeur P 1996 Teoria da Interpreta o Lisboa Edi es 70 Rodrigues M Teixeira Z 2010 Da falta de for a de vontade ao empowerment na depend ncia de lcool Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 16 N 1 57 64 Rolfe G 2006 Validity trustworthiness and rigour quality and the idea of qualitative research Jounal of Advanced Nursing February 53 3 304 10 Rolfe G 2006 Judgements without rules towards a postmodern ironist concept of research validity Nursing Inquiry 13 1 7 15 Rosa A Gomes J Carvalho M 2000 Toxicodepend ncia Arte de cuidar Coimbra Formasau Santos B 2007 Um Discurso Sobre as Ci ncias 15 Edi o Porto Edi es Afrontamento Original de 1987 Shanley E Jubb Shanley M 2007 The recovery alliance theory of mental health nursing Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing 14 1734 743 Schaub B Schaub R 1997 Healing Addictions The Vulnerability Model of Recovery New York Delmar Sequeira A 2006 As Necessidades dos Toxicodependentes em Programa de Tratamento com Metadona em Baixo Limiar de Exig ncia Monografia de Licenciatura Set bal Curso de Complemento de Forma o em Enfermagem Escola Superior de Sa de Instituto Polit cnico de Set bal Sequeira A et al 2007 2008 2009 2010 Relat rios de Avalia o Interna do Projeto do Enfermeiro Gestor de Caso na Equipa de Trata
13. transformativo Neste sentido embora sejam apropriadas m ltiplas perspetivas para o desenvolvimento do conhecimento em enfermagem a perspetiva unit rio transformativa presente nos trabalhos de Watson Paterson amp Zderad e Parse torna se assim essencial para a explicita o plena da disciplina Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 4 5 Carter S Little M 2007 Justifying knowledge justifying method taking action epistemologies methodologies and methods in qualitative research Qualitative Health Research 17 10 1316 1328 5 Newman M Sime A Corcoran Perry S 1991 The Focus of the Discipline of Nursing Advances in Nursing Science Aspen Publishers 14 1 1 6 In Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 20 24 5 Carter S Little M 2007 op cit 8 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 5 Watson J 2002 Enfermagem P s Moderna e Futura Um novo paradigma de Enfermagem Loures Lusoci ncia 60 Paterson J Zderad L 1988 Humanistic Nursing The Project Gutenberg eBook Acedido em 6 de agosto em http www gutenberg org ebooks 25020 19 Filiand
14. Com cinquenta e quatro anos o mais velho dos participantes no estudo Foi combatente no ultramar onde acentuou consumos de lcool e deu in cio a consumos de hero na e coca na EV muito depois disso j aos trinta e dois anos de idade Sobre isso diz porque era o lcool por causa disto por causa daquilo uma dece o eu sei l N o vou arranjar essa desculpa foi uma fuga N o n o foi N o foi propriamente uma fuga realidade Bate chapas passou a consumir diariamente para n o sentir a ressaca e conseguir trabalhar Diz cheguei a uma degrada o na vida que voc n o faz a m nima ideia Fez duas tentativas de deixar os consumos a frio e cheguei conclus o que n o conseguia sozinho n o conseguia Procurou ajuda na Equipa de Tratamento logo que esta abriu Na altura foi acompanhado por uma psic loga e iniciou Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos que mant m Tem o primeiro ciclo de escolaridade casado vive com a esposa e dois filhos e trabalha irregularmente numa oficina como bate chapas Passou a ser acompanhado pela enfermeira h um ano e seis meses Apresenta perda de dentes e v rias c ries em estado avan ado que associa ao consumo de metadona A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Josu O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Ela chama me vamos l conversar se estou bem como que eu Sentir
15. E pronto acho que bom acho que mostra interesse em mim Se n o tam m n o vinha s consultas se eu achasse que uma pessoa n o coiso o que que eu vinha l fazer N o vinha Eu j tenho tido assim reca das de consumositos ir consumindo e depois o teste n o dar bem j me tem acontecido j me tem acontecido Falo ela sabe Ela v pelos testes E s vezes uma pessoa vai consumir nem sei porqu aquela se calhar t mais mal e vai consumir hoje e amanh j n o vai pronto sil ncio longo ela n o fica muito admirada parece que normal n o N o deve acontecer s comigo Acontece com os outros Aceita tenta logo arranjar qual a melhor maneira para a gente s vezes sinto me um bocado envergonhado n o Eu assim porque pronto reca e n o sei qu Mas n o tenho que sentir n o Isso normal eu que ando aqui em tratamento normal pronto E depois ela tenta achar a melhor solu o J por exemplo j tenho reca do e ela aumentar um bocado a metadona por exemplo j tem acontecido eu tava a tomar sessenta e agora tomo oitenta porque reca E pronto com oitenta j pronto n o senti tanto a falta do do produto riso Ela pronto quer ajudar a tentar resolver o problema pronto e e diz me como que hei de resolver o problema qual a forma que eu hei de resolver o problema e falamos sobre isso Por exemplo agora como eu ando tar assim deprimido
16. Isto uma bengala n o Eu prefiro ter a bengala do que voltar ao que estava antes A sua vida antes tava um caos lembro me perfeitamente tava um caos Uma pessoa depois para endireitar tudo outra vez demora E depois isso a pessoa eu tenho medo de deixar de tomar e voltar que o psicol gico funciona logo a pessoa deixa de tomar come a logo a pensar Vou l outra vez Ent o mas eu tam m tou desde dois mil e seis sete isto tam m ainda n o nada s o n o chega a quatro anos n o E ent o Eu sempre fui acompanhada por um psiquiatra sabe bem a pessoa s vezes desabafar e falar com pessoas que saibam do que que est o a falar mas claro que a metadona a metadona Pronto tenho ali a maior seguran a n o Se me dessem a escolher Queres continuar a tomar ou assim eu at consultas acho que h utentes que v m duas tr s quatro cinco vezes ou v m todos os meses e eu s venho duas vezes por ano ou tr s consoante a minha disponibilidade normalmente nas f rias com a 277 enfermeira No in cio acho que vim mais vim mais periodicamente e a pessoa ao princ pio tem que ser mais acompanhada n o Depois a pessoa come a a ficar um bocado mais despreocupada e j n o acha pronto j n o acha assim grande import ncia tar constantemente a vir Eu pr pria falei Falei com ela se valia a pena estar sempre a vir aqui at disse se me senti
17. O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Porque ele compreende muito a gente por causa da doen a Isto uma doen a por exemplo tenho aqui um caro o e ao falar disso o caro o salta Ou para cima ou para baixo n o interessa mas desaparece Fico aliviado mais f cil falar com ele Sentir se compreendida Come mos se a dar bem eu era mais f cil falar com o enfermeiro do Varia es que falar com a m dica portanto homem e tinha certas coisas que eu n o do tema Sentir se identificada consegui falar com uma mulher com a doutora da parte sexual porque eu ter pot ncia tinha mas por vezes queria e n o conseguia Agora tenho que marcar para ele Mas deve ser daqui a quinze dias se calhar ou vinte tenho me sempre dado bem quando preciso falo com ele Sentir const ncia na rela o 82 Confiar se ao enfermeiro N o sei se por ser uma pessoa estranha mas sinto me bem a falar com ele falo de tudo come o do princ pio e acabo no fim digo tudo Sinto me melhor e ele fica a saber mais um bocado sobre mim enquanto eu c andar eu conto tudo e mais alguma coisa ao enfermeiro Como eu cheguei aqui se eu quisesse n o n o lhe dizia nada do que se passava e ele ficava a olhar para mim e p fal vamos um ao outro mas n o prefiro chegar aqui e falar Partilhar o controlo sobre os encontros Ele at j me disse Quando te sentires mal ou alguma co
18. a uma consulta Foi a minha irm que disse que gostava de a conhecer vontade vontade n o tenho nada a esconder A minha irm tem o contacto da enfermeira se algum dia precisar de falar com ela s telefonar H tamb m contacto da enfermeira com o meu m dico de fam lia A prop sito de tudo mesmo para as credenciais mesmo para eu n o pagar os exames e n o sei qu O meu m dico liga para aqui e vice versa A enfermeira combina com o m dico Os pap is v o ao centro de sa de tudo carimbado e assinado pelo m dico Com as assistentes sociais n o tenho assim muito contacto as suas necessidades n o andam tanto por a Pelo menos at agora Ela a enfermeira tem conhecimento disso tudo Tanto que ela at queria que eu me inscrevesse ainda para a assistente social para me inscrever para arranjar emprego mas eu disse de momento n o vale a pena Tenho o plano de ir para fora conhecer outras pessoas outras culturas Isto j est muito visto risos Eu atualmente n o tou a trabalhar h coisa de seis meses que n o tou a trabalhar Tou em stand by porque quero tratar primeiro dessas coisas do figado e da vista e ajudar a minha m e A minha m e uma pessoa que j tem setenta e sete anos tem diabetes tem arterosclerose pronto j n o est capaz de tar sozinha A minha irm vai trabalhar durante o dia e eu que fico em casa a tratar das coisas E eu que tenho que cuidar
19. ajudou me muito Ajudou me muito porque a metadona um medicamento que pronto que substitui n o Substitui a hero na e ent o n o sentia sintomas de abstin ncia E gra as metadona fui prosseguindo adiante fui deixando fui vivendo A gravidez foi acompanhada aqui no CAT Aqui e no hospital Mas mais foi no hospital de Lisboa em Alfredo da Costa maternidade Ele o enfermeiro sabia desde o princ pio que eu estava gr vida J desde o outro CAT mandaram todo o historial para c Eles telefonavam muitas vezes do hospital para c para saber Acho que eles informavam o hospital e a CAT que eles telefonavam muitas vezes Se eu ia s consultas se n o faltava l consulta como estava tudo Para saber a quantidade a dose pronto que eu dizia a quantidade da dose da metadona que tomava e tudo e acho que eles se informavam se n o faltava s consultas Foi bom Preocuparam se Preocupam se com as pessoas Acho bom risos sim acho uma coisa boa pronto preocupam se por a gente querem o melhor pronto para n s n o T m muitos doentes mas p em muito empenho por n s que de uma vez por todas pronto tenhamos um trabalho tenhamos uma situa o que prontos estejamos bem na vida A Carla e o marido estamos numa situa o muito complicada N o temos trabalho nenhum dos dois J estamos numa situa o em que nos estamos a ver j na rua Diz a carta de despejo da dona da casa q
20. e um dia s que provei j era di rio di rio di rio di rio j n o h quem o pare J o faz todos os dias e assim um grande enganche enganchado na droga agarrado droga muito muito muito grande E era tudo tudo tudo o que t nhamos recuperado em dois ou tr s anos muitas coisas de valor foram para foram para a porcaria suspira Compreender as consequ ncias dos consumos estamos numa situa o muito complicada N o temos trabalho nenhum dos dois J estamos numa situa o em que nos estamos a ver j na rua N o temos n o temos ningu m que nos ajude tudo problemas tudo problemas tudo problemas N o h nada bom n o h nada bom Responsabilizar se pelas escolhas do presente muito dif cil mas a vida e os meus filhos e d o me for a para continuar a lutar tenho muitos problemas Eu quero antes viver assim nesta vida que que cair na droga Muito Prefiro ter esta vida que tenho em vez de estar metida na droga de verdade O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Valorizar o controlo externo sobre os consumos Ent o ele o enfermeiro pronto falou com fez muito fez muito tamb m para meter o meu marido Porque o meu marido j tinha terminado o programa e teve outra vez que recome ar por causa de mim voltou a met lo Por causa de mim meteu outra vez o meu marido
21. nota se Como tam m quando chego aqui mal com um problema tam m se nota que a pessoa fica desiludida que fica assim um bocado coiso por ver que as coisas est o a correr mal Houve uma altura a primeira vez que comecei aqui a tomar metadona as coisas come aram a correr tudo s mil e uma maravilhas desde montei um neg cio e tudo e tirar a carta e as coisas estavam a correr tudo bem e a pessoa tava a ficar Eh Samuel ent o agora come ou com isto voc uma pessoa que em pouco tempo conseguiu isto tudo e correu bem depois de um momento para o outro veio tudo por ali a baixo no espa o assim de tr s a quatro semanas a pessoa ficou assim sorriso triste Como que poss vel isto ter acontecido fica assim um bocado e nota se notou se que ficou Experienciar os cuidados como d diva N o sei a profiss o o of cio o trabalho da pessoa s vezes empenha se se calhar mais do que n o tem nada a ganhar tam m n o tem nada a perder e preocupa se E uma pessoa que n o conhece uma pessoa de lado nenhum que apareceu aqui a pedir ajuda e s vezes a gente que andamos l fora lidamos com tanta gente e qualquer coisa querem sempre qualquer coisa em troca n o h nada de borla seja o que for tem que pagar em troca disto e a pessoa aqui acho s vezes que a terapeuta ou a enfermeira ou quem t ali daquele lado neste caso a minha terapeuta d e n o pede nada s vezes s pede que
22. o que sejam medicados aqui pelo CAT prontos coisas assim e nem consumir hero na nem coca na E ela que me acompanha na metadona ela que sabe se eu se eu tenho que reduzir se eu n o tenho ela que se eu acusar nos testes ela que sabe o que que me pode fazer prontos ela que sabe de tudo Sentir se refor ada Ela d for a gente ela tamb m como uma psic loga Ela faz tam m conversa connosco d for a para a gente ver a vida de outra maneira d me for a para eu n o desanimar para ter for a para lutar para vencer para ultrapassar estes obst culos estou satisfeito com ela que ela tem me ajudado bastante que eu tenho tido problemas e ela tem at me ajudado a ultrapassar isso Sentir se orientada Eu tinha hepatite C e j andava com vontade de fazer o tratamento mas tinha receio porque dizem que aquilo que a gente fica muita fracos e n o sei qu Eu pedi opini o a ela Eu perguntei a ela e ela aconselhou me vai vai fazes bem Ela que me encaminhou pa come ar a fazer o tratamento Fui atrav s da minha terapeuta ao hospital ela que marcou me consulta e isso tudo tudo p m dico dos infetocontagioso Fui para l O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo Isto ao princ pio a gente arranja facilmente dinheiro mas depois vai ser preci
23. o a subst ncias psicoativas No ent o Centro de Atendimento de Toxicodependentes do estudo agora Equipa de Tratamento a constata o em finais de 2005 de um elevado n mero de clientes em lista de espera da escassez de recursos f sicos e humanos da baixa ades o aos projetos terap uticos oferecidos e da exist ncia de um importante conjunto de necessidades dos clientes em acompanhamento pass veis de serem satisfeitas atrav s dos cuidados de enfermagem motivou a avalia o interna do modelo assistencial em vigor A partir da objetiva o das insufici ncias da organiza o assistencial em uso considerando o desajustamento progressivo das respostas institucionais s necessidades dos clientes surgiu a necessidade da escolha e implementa o de uma organiza o dos cuidados mais flex vel mais integradora e efetiva nas respostas oferecidas pelos profissionais do Centro s diversas necessidades de cuidados dos clientes promotora da melhoria dos processos de ajuda da equipa no seu conjunto e de cada t cnico em particular Em liga o s orienta es da tutela foram por conseguinte escolhidos e gradualmente adotados os princ pios da organiza o de cuidados de acordo com a gest o de caso 151 Egenes K 1995 Addiction Treatment A Historical Nursing Perspetive Journal of Addictions Nursing T 1 2 7 152 Solari Twadell A 1989 Addictions Nursing An Emerging and Vital Field Journal of Addictions Nursing
24. o e que o eu posterior alteridade ao outro na subjetividade levinassiana a no o de vulnerabilidade passa a remeter tamb m para a depend ncia ao outro a quem cada um se apresenta e exp e Compreendida enquanto la o ontol gico comum a todo o humano como um intenso potencial de transforma o da liga o a si aos outros e ao mundo esta vulnerabilidade contudo longe de ser um menos estabelece se ent o como um mais na medida em que n o s cria as condi es individuais para que a pessoa aceda a ser cuidada e progressivamente possa ensaiar cuidar se a vulnerabilidade deixa de ser um obst culo liberdade pelo contr rio ela o terreno no qual a liberdade adquire a sua aut ntica figura quanto convoca a pessoa enfermeiro para a responsabilidade sobre aqueloutro que se lhe apresenta e lhe demanda uma resposta cuidativa moral profissional Vivida em torno da dial tica mas tamb m da dial gica do ligar se e do desligar se a experi ncia da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas revela se na forma como o enfermeiro gestor de caso inicialmente se lhe abre na aceita o e compreens o do seu pedido de ajuda Percebido como descentrado de si pr prio com a sua aten o dirigida para o outro o enfermeiro gestor de caso responde vulnerabilidade da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas com uma 257 Levinas E 2003 Humani
25. o proceder a uma significativa explicita o dos fundamentos e implementa o do desenho do estudo bem como das opera es de an lise dos dados As narrativas de todos os participantes no estudo s o por esse motivo presentes nos ap ndices que juntamos a este relat rio Sobre a coer ncia de referir que ao longo de todo o estudo nos procur mos manter fieis s balizas ontol gicas e epistemol gicas filos ficas e de enfermagem em que o inspir mos tamb m elas coerentes entre si No que se refere relev ncia e impacte do estudo e dos seus resultados apesar de considerarmos a priori a sua utilidade para os enfermeiros em geral que trabalham na rea da adi o e para os enfermeiros gestores de caso em particular uma vez considerado que dada a finitude da perce o e a subjetividade da interpreta o os fen menos se manifestam 191 para quem os olha em perspetivas entendemos que a sua compreens o ampla carece por isso de ser intencionada comunicada e comummente 313 subjetivada Nesse sentido esse ju zo a todos eles caber em cada momento posterior em que tomem contacto com os resultados do estudo Neste particular Rolfe 2 considera mesmo que mais do que por via do ju zo sobre a utiliza o que fazem dos m todos a import ncia dos estudos qualitativos lhes conferida quando cada autor ao concluir o seu estudo metaforicamente morre e o trabalho agora j n o seu se d subjetivam
26. por causa da maneira que a gente quer falar pronto desabafar Sinto me superbem com o enfermeiro Deixei de consumir drogas E j pronto j injetava infelizmente agora nem sequer haxixe fumo saio vejo um amigo vejo outro tou com os amigos que eu tive do tempo de droga que eu hoje vou falar com eles mesma Ainda h alguns metidos nisso tanto 221 de droga como no lcool mas eu continuo a falar com eles n o meto parte tejam a cheirar mal n o tejam igual N o sou diferente deles sou igual sou doente Embora na parte da doen a eles bebem e eu n o bebo Ou n o me drogo Sinto me mais do que eles Mas n o sentir por sentir ser diferente N o eu passei l igual a eles Somos de carne e osso o sangue igual pronto Agora eles ainda n o querem ir luta o que vai na cabe a deles n o sei se eu n o tivesse sido ajudado ent o tinha os problemas deles Felizmente j comecei a lutar por mim J uma vez reca n o Ao princ pio eu tomava sempre medicamentos e bebia na mesma s vezes n o tomava a medica o e os comprimidos e bebia Outras vezes bebia e em vez de tomar dois comprimidos tomava tr s ou quatro E ele sempre soube isso Chegava c quando falava com ele e dizia pronto desabafava com ele E agora recai tam m na ter a feira reca a ltima vez que eu bebi foi na ter a feira hoje quinta feira Pronto de ter a at agora nem sequer pensei em lc
27. que para eu tam m me conseguir mexer v tar bem para n o tar a arriscar para eu poder tratar tamb m destes assuntos todos ter mobilidade f sica para me mexer Mas uma coisa que n o prioridade Quando for prioridade vou pensar nisso Neste momento n o Depois v l sofrer um bocadinho se tiver que sofrer e come ar a fazer a redu o Depois j das coisas tratadas Agora h aquela confian a Ainda hoje por acaso reparei e comentei isso h bocado com a enfermeira eu de manh vim c buscar a toma para a semana e fiz uma toma ela encheu os frascos que tinha a encher uma toma por dia repartida s o mais frascos n o S o dois por dia e s depois de me dar os frascos e eu guardar os frascos no meu bolso que me deu o copo para fazer o teste S por a j demonstra que p ela confia que eu j n o tenho consumos Ela sente que eu j ultrapassei isso N o fal mos em consumos pura e simplesmente Tivemos aqui uma hora e n o fal mos em consumos Falou se em tudo O pai e a m e como que como que n o Como que tamos Falaste com os teus pais ou n o falas te ele falou contigo o que que voc tem de ir tratar de m dicos disto daquilo problemas normais do quotidiano da vida das pessoas e consumos n o se falou Como que v o os consumos e a cabe a tem pensado n o tem n o Os meus consumos j n o me dizem nada Para al m de n o os poder fazer
28. 1 1 4 5 153 Sequeira A 2006 As Necessidades dos Toxicodependentes em Programa de Tratamento com Metadona em Baixo Limiar de Exig ncia Monografia de Licenciatura Set bal Curso de Complemento de Forma o em Enfermagem Escola Superior de Sa de Instituto Polit cnico de Set bal 40 Neste novo modelo pioneiro no IDT IP no que se refere participa o formal dos enfermeiros enquanto gestores de caso a equipa de enfermagem da ET passou desde o in cio de 2006 com o apoio inicial do Departamento de Enfermagem da Escola Superior de Sa de do Instituto Polit cnico de Set bal a prestar cuidados de acordo com a metodologia da gest o de caso gerindo autonomamente os cuidados de sa de que desenvolvem com as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas no contexto da articula o da sua esfera de interven o individual disciplinar profissional com a recomenda o e acompanhamento de interven es caracter sticas de outras disciplinas profiss es da Equipa bem como de outras institui es de sa de e sociais Relativamente s pessoas que passaram a ser cuidadas pelos 155 uma maior enfermeiros como gestores de caso verificou se desde ent o ades o aos projetos de cuidados com aumento da compar ncia nas atividades da ET ganhos em sa de traduz veis no aumento da cobertura vacinal melhorias em atividades de vida tais como manuten o de um ambiente seguro higiene pessoal e vestu ri
29. 2001 A Outra Margem Filosofia Teorias de Enfermagem e Cuidado Humano Cole o Alagadi o Novo Fortaleza Casa de Jos de Alencar Programa Editorial Vieira C 2001 Repeti o Compuls o Repeti o e Reca das Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT 23 28 Wagner E Waldron H 2001 Innovations in adolescent substance abuse interventions Elsevier Walker C 1996 Coalescing the theories of two nurse visionaries Parse and Watson Journal of Advanced Nursing 24 988 996 Watson J 1995 Postmodernism and Knowledge Development in Nursing Nursing Science Quarterly Chestnut House Publications 8 2 60 64 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia Watson J 2002 Enfermagem P s Moderna e Futura Um novo paradigma de Enfermagem Loures Lusoci ncia Weaver K amp Olson J 2006 Understanding paradigms used for nursing research Journal of Advanced Nursing 53 4 459 469 Wherter 2001 O M todo Fenomenol gico Acedido em 3 de agosto de 2011 em http www scribd com White B Bouton L Garris S Humphreys P Miltier J 1998 The Role of the Nurse Case Manager in Substance Abuse Treatment Journal of Addictions Nursing 10 3 136 141 White P Hall M 2006 Mapping the literature of case management nursing Journal of the Medical Library Association 94 2 Supplement 99 106 Weydt A 2001 Nurs
30. Biscaia J Osswald W Coords 1996 Bio tica Lisboa Editora Verbo 323 328 Atkinson L Murray M 1089 Fundamentos de Enfermagem Introdu o ao Processo de Enfermagem Rio de Janeiro Guanabara Koogan American Psychiatric Association 2000 Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSM IV TR 4th ed USA Author Arana H 1987 Discurso sobre o M todo Fenomenol gico Tese de Doutoramento n o publicada Campinas Universidade Estadual de Campinas Babor T 2009 lcool Bem de consumo sui generis Resumo do Relat rio da OMS Revista Toxicodepend ncias Vol 15 N 1 77 86 Banonis B Charleston S 1989 The lived experience of recovering from addiction a phenomenological study Nursing Science Quarterly Spring 2 1 1989 37 43 Barchifontaine C Zoboli E 2007 Bio tica Vulnerabilidade e Sa de S o Paulo Ideias amp Letras e Centro Universit rio S o Camilo 29 45 Barreto J 1996 Doen a Ps quica In Archer L Biscaia J Osswald W Coords 1996 Bio tica Lisboa Editora Verbo 314 322 Benner P Tanner C Chesla C 2009 Expertise in nursing practice caring clinical judgment amp ethics 2nd Ed New York Springer Publishing Company Benner P Ed 1994 Interpretive Phenomenology Embodiment Caring and Ethics in Health and Illness Thousand Oaks Sage Publications Inc 202 Blancett S Flarey D 1996 Case studies in nursing
31. Com trinta e sete anos de idade o Pedro tem uma longa e sofrida hist ria associada ao consumo de subst ncias psicoativas Aos dezasseis anos iniciou consumo de hero na fumada que passou a injetar com vinte e cinco Cedo come ou tamb m a fumar coca na e a consumir benzodiazepinas Solteiro e com o nono ano de escolaridade chegou a trabalhar como eletricista mas n o se conseguiu manter no trabalho Tem um conflito antigo com o pai que o mandou embora de casa N o contacta com os dois irm os e viveu sozinho na rua durante v rios meses Partilhava seringas e tinha rela es sexuais com toxicodependentes prostitutas sem preservativo Desde h quatro anos seropositivo para VIH Com tuberculose pulmonar adoeceu gravemente foi internado no hospital e desde a acolhido numa associa o onde esteve intermitentemente voltando rua por per odos Foi encaminhado para a Equipa de Tratamento pelo m dico do hospital Ao in cio os outros utentes afastavam se do Pedro que sujo e muito magro comia na sala de espera as crostas de v rias feridas que apresentava nos bra os Passou a ser acompanhado pela enfermeira h um ano Iniciou Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e foi encaminhado para uma Comunidade Terap utica onde conseguiu permanecer oito meses Desempregado recebe o Rendimento Social de Inser o Atualmente est curado da tuberculose e voltou a viver na associa o Diz se cansado mesmo cansado de desses ritm
32. Curso de Forma o Avan ada deste Programa de Doutoramento em Enfermagem apenas um estudo se refere experi ncia vivida da pessoa com problemas de adi o a subst ncias cuidada por um enfermeiro Ainda assim sem que o enfermeiro fosse gestor de caso In Banonis B Charleston S 1989 The lived experience of recovering from addiction a phenomenological study Nursing Science Quarterly Spring 2 1 1989 37 43 3 produ o de sentidos e coconstru o das decis es sobre os cuidados de enfermagem Pelo que se os enfermeiros adquirem a condi o de poder ajudar mais melhor perante a compreens o atenta das perspetivas das pessoas suas clientes e das suas necessidades na experi ncia humana de sa de o desconhecimento sobre como as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas experienciam serem cuidadas por enfermeiros gestores de caso torna se nos como enfermeiros e investigadores n o apenas uma oportunidade de pesquisa compreensiva mas tamb m um imperativo tico deontol gico Mas se como nos diz Gadamer compreender significa antes de mais entender se na coisa O an ncio da nossa motiva o para levar a cabo o estudo que agora se apresenta carece de maior aten o Se aceitarmos que n o h compreens o sem mobiliza o de conceitos e que por isso toda a compreens o necessariamente preconceituosa na medida em que no ato de compreender algo passado e presente co
33. E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 491 497 Mitchell G Cody W 1992 Nursing Knowledge and Human Science Ontological and Epistemological Considerations Nursing Science Quarterly Chestnut House Publications 5 2 54 61 42 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 43 Watson J 1995 Postmodernism and Knowledge Development in Nursing Nursing Science Quarterly Chestnut House Publications 8 2 60 64 4 Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 4 Meleis A 2007 Theoretical Nursing Development and Progress 4 Edition Lippincott Williams amp Wilkins 455 et seq 46 Mitchell G Cody W 1992 op cit 17 Neste novo pensamento interpretativo por excel ncia no qual os fen menos s o considerados e estudados atrav s dos olhos das pessoas nas suas situa es vividas a natureza unit ria da pessoa ambiente torna se congruente com a valoriza o que a disciplina anuncia no que se refere a uma conceptualiza o e praxis de cuidados de enfermagem profundamente individualizada e hol stica considerado o compromisso moral com o cuidar da pessoa total e o interesse pelos fen menos em sa de de indiv duos e grupos Sendo que
34. Esfor o me sempre por portar me bem Temos que chegar c e mostrar os testes bons e temos que fazer por isso O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es Manifestar novas necessidades Tenho pena de n o ter trabalho Essa a nica coisa que n o me leva a fazer uma vida melhor E s isso mais nada do tema Sentir se satisfeita com o novo eu J recuperei e ando melhor Agora nem bebo lcool nem fumo nem nada Fumo um charrinho de vez em quando s E a nica coisa que eu fa o E tamb m digo enfermeira que a nica coisa que fa o riso O lig ar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Reparar as rela es A minha fam lia perdeu muita confian a em mim suspiro deixaram me de me falar O meu irm o tenho tudo o que quero dele se eu n o andar na droga Mas se andar na droga h p queres andar na droga vai te embora vai te por longe de mim Agora tar em tratamento para ele a mesma coisa que n o tar na droga Tou na casa dele abriu me logo a porta Na altura se eu tivesse na droga o meu irm o n o me abria a porta Desde que eu n o ande na droga ele ajuda me em tudo N o era a mesma pessoa que agora Somos da fam lia temos que se ajudar uns aos outros O pro jetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Desejar consolidar a mudan a A minha vida n o t mui
35. Eu posso falar de tudo de tudo tudo tudo o que me vai na alma que ela tem sempre uma frase amiga tem sempre um gesto uma palavra uma palavra banal simples de conforto e que isso me ajuda Lucinda 9 Falar por falar desabafar a dor continua l Aqui diferente Falo desabafo e analisamos as coisas em conjunto H as opini es trocamos muitas informa es e conversamos muito falar querer saber o que vai l dentro Pedro 5 Sentindo que o pode fazer com seguran a a pessoa acede gradualmente ao seu sofrimento Expressa o ao enfermeiro e valoriza o al vio que a partilha lhe proporciona bem como a possibilidade de o pensar em conjunto Agora em quest o aqui ao enfermeiro sinto me bem a falar com ele consigo desabafar tudo e mais alguma coisa por exemplo como se fosse eu tar a falar comigo num espelho Eu olhar para o espelho e ver me cara a cara pronto um bocado n o quer dizer que teja a falar n o Mas se for um pensamento ajuda me a pensar as coisas Posso por em cima do lavat rio e Filha da m e porque que tu fazes isto Podias ser isto podias ter aquilo podias ter um carro podias ter filhos podias Essas verdades que a gente fala Conseguir desabafar comigo mesmo T ali o espelho tou a olhar 148 para o espelho e se h alguma coisa para sair falo e n o tenho problemas nenhuns n o tenho vergonha em falar Em tar a falar como um espelho co
36. Fraser amp Strang 2004 Taylor 1999 In Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 62 70 mas verifica se uma escassez de estudos que deem voz experi ncia vivida dos clientes 157 Meleis A 2007 Theoretical Nursing Development and Progress 4 Edition Lippincott Williams amp Wilkins 456 158 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 31 63 69 et seq 42 e a aten o dos enfermeiros s experiencias vividas das pessoas conectadas com o universo da sa de ilumina um conhecimento imprescind vel transa o dial gica de significados e coconstru o das decis es sobre os cuidados de enfermagem e uma vez que a a o cuidativa se baseia em significados e que a sua comunh o entre os enfermeiros e os seus clientes proporciona a base fundamental para as rela es de ajuda que se estabelecem entre ambos compreender os temas que atravessam as experi ncias vividas das pessoas em mat ria de sa de proporciona orienta es teis para os enfermeiros no que se refere abertura compreens o das perspetivas individuais orienta o tem tica para a identifica o de problemas e a uma disponibilidade aumentada para a compreens o de assuntos que podem ser colocadas pelos clientes na rela o de forma pouco expl c
37. Ser que achava melhor assim Faz sentir bem Acho que pronto faz me sentir bem Faz me sentir que eu n o sou obrigado a nada que eu que quero O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Significar a sua narrativa Hum Eu acho que isto da droga tem a ver muito com com os sentimentos das pessoas e em saber lidar com os sentimentos e eu acho que n o sei muito bem lidar com os sentimentos e acho que vem vem de j muito atr s quando era crian a quando era infantil acho que vem da Falo Sinto Falo dos meus pais tamb m Ela fala muito eu vivo com os meus pais fala muito como que est os meus pais a minha m e eu sou muito igual minha m e e falamos muito nisso A minha m e tam m uma pessoa que se fecha muito em casa e dorme muito mete se muito na cama e eu sou um bocado igual a ela Ela parece que tam m drogada porque toma muitos comprimidos Eu s vezes vejo a minha m e assim como uma drogada Apesar de n o ser mas a droga dela os comprimidos parece que tem os mesmos sintomas que eu as mesmas as mesmas dificuldades que eu suspira assim Tomar consci ncia da aus ncia de controlo desque abriu j tou c Mas j tenho tado muito tempo fora ou ter reca das ficar bom pronto Tar um tempo bom e depois voltar a precisar pronto precisar outra vez infelizmente e ter que
38. Uma vez que este conhecimento se demonstra e age eficazmente apenas com o outro na rela o enfermeiro cliente no seu pensamento a fenomenologia ilumina n o apenas o mundo da experi ncia vivida das pessoas benefici rias dos cuidados de enfermagem como se situa tamb m na abertura aos vividos dos enfermeiros sua pr pria humanidade no processo transpessoal de cuidar Para Paterson e Zderad uma vez que os enfermeiros experienciam com os outros seres humanos eventos de vida existencialmente significativos peak life events como o nascimento a separa o a perda a morte a empatia que dirigem para a imediatez dessas experi ncias vividas pelas pessoas e o seu pr prio acervo experiencial educacional produzem o entre que transforma a situa o do encontro do enfermeiro com o outro numa situa o nica a ser compreendida Desse modo para as autoras a abordagem fenomenol gica dos eventos humanos presentes nas situa es com interesse para a enfermagem apresenta o potencial de contribuir para a cria o de conhecimento sobre os padr es de resposta e as variabilidades da express o humana presentes nas experi ncias vividas de sa de Consequentemente com a desoculta o sistem tica dos temas significativos dessas experi ncias nas situa es relevantes para a enfermagem estes tornam se gradualmente dispon veis para que possam ser compilados 8 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma
39. am j na rea da adi o Como investigador torna se importante referir que apesar de n o termos experi ncia de trabalhar na rea da adi o nos encontramos comprometidos com a experi ncia piloto que se iniciou na Equipa de Tratamento do estudo Com efeito fizemos parte da equipa que pensou e acompanhou a mudan a de praxis dos enfermeiros no sentido da gest o de caso com as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas Ou seja que somos suportados na teoria na evid ncia existente e nessa nossa experi ncia de acompanhamento favor veis mudan a operada na Equipa de Tratamento Ainda assim apesar de intensos contactos com a equipa de enfermagem em particular nos meses iniciais do projeto nunca tivemos antes das entrevistas realizadas para esta investiga o quaisquer contactos com os seus clientes coinvestigadores deste estudo Da identidade disciplinar No que se refere orienta o escolhida para o estudo de referir que congruente com a nossa forma de compreender a enfermagem enquanto ci ncia humana Investigador mas tamb m enfermeiro especialista em sa de mental perfilhamos a ideia de que as condi es de sa de mental se manifestam objetivamente pela comunica o e pelo comportamento mas s o subjetivamente experienciadas pela consci ncia Pelo que na senda do pensamento de Parse 1981 1998 Watson 1985 1988 e Newman 1991 1994 valorizamos no encontro de cuidados com o
40. beda s s fazia era figuras Tavam me sempre a dar agora a minha vez a minha vez de de os mandar a baixo a eles T s a ver Quando eu bebia T vas me sempre a criticar agora n o agora a minha vez Eu agora digo sou diferente das outras pessoas n o sou mais que os outros sou igual s outras pessoas N o sou mais nem sou menos Manifestar novas necessidades mas eu estou a precisar de outras coisas porque do lcool risos o lcool pra mim n o me faz falta nenhuma o que me faz falta um prato de sopa se eu n o tiver um prato de batatas fritas com bife tenho um prato de sopa por o menos o mais principal agora quero trabalho trabalho trabalho trabalho para a minha vida toda que o que eu quero Autocuidarse Eu tenho que olhar pela minha sa de n o Se uma pessoa se n o vai olhar pela minha sa de quem que vai olhar Se n o for eu a olhar por mim se n o for eu a olhar p ra mim ningu m olha e eu deixo me tar como tou sinto me bem tou mais gordo Sentir se satisfeita com o novo eu Eu sou um rapaz novo ainda eu tenho muita vida pela frente ainda e o que eu quero isso que eu tenho muita vida pela frente ainda para dar cabo Eu quero fazer vidas novas agora quero me alevantar agora quero trabalho trabalho trabalho trabalho para a minha vida toda que o que eu quero que isto continue se se continuar assim
41. com a tal minha antiga At o e eu agora vou l consulta at o e agora vou falar na minha vida Eu n o tenho que ir falar da minha vida ela t a h pouco tempo na metadona E eu achei esquisito dela n o falar na vida dela Porque ela vai s consultas para falar na vida dela Porque faz lhe bem sentia se melhor Foi o que eu lhe tive a dizer Fazias bem falares dos teus problemas com a terapeuta dos teus problemas e n o sei qu se te d s bem com a metadona porque ela n o fala nada Chega l T tudo bem T tudo bem Precisa metadona para isto n o precisa de aumentar N o precisa de baixar N o e pronto N o h uma conversa e acho que bom haver uma conversa n o A gente j t tanto tempo fechado em casa isolados como eu por exemplo bom falar com as pessoas n o Hum Eu acho que isto da droga tem a ver muito com com os sentimentos das pessoas e em saber lidar com os sentimentos e eu acho que n o sei muito bem lidar com os sentimentos e acho que vem vem de j muito atr s quando era crian a quando era infantil acho que vem da Falo Sinto Falo dos meus pais tamb m Ela fala muito eu vivo com os meus pais fala muito como que est os meus pais a minha m e eu sou muito igual minha m e e falamos muito nisso A minha m e tam m uma pessoa que se fecha muito em casa e dorme muito mete se muito na cama e eu sou um bocado ig
42. de os mandar a baixo a eles Tas a ver Quando eu bebia T vas me sempre a criticar agora n o agora a minha vez Tou sempre a os avisar Que eu sou daquele sou um rapaz novo e n o eu n o consigo ver os outros os outros est o bem e eu tou em baixo n o consigo n o consigo carar olhar mesmo p ra mim a dizer p n o pode ser temos que lutar Eu chamo lhes parte eu digo h p voc s deslarguem a bebida fa am como eu querem ajuda P as pessoas ajudam v o ao CAT as pessoas ajudam eu tou aqui se j me safei do lcool tou aqui tou bem Eu agora digo sou diferente das outras pessoas Posso mesmo agradecer s doutoras d eu tar assim muito bem tou eu por acaso t me a correr bem j consegui arranjar uma casinha p ra mim consegui arranjar uma casinha que eu ainda n o tou l vou s vou s partir de dia doze hoje tive l a pintar l um terra o sorriso Eu gra as a Deus vou come ar a trabalhar amanh Agora vou a casa dar a not cia minha m e que ela tam m vai ficar muito contente agora tam m a minha fam lia tem me tado a ajudar prontos Eu eu p ra mim a melhor coisa n o sou mais que os outros sou igual s outras pessoas N o sou mais nem sou menos Eu a partir da tou aqui sem beber uma pinga de lcool e n o n o que h aquela sensa o porque a minha m e de vez em quando diz me Ent o filho n o tens bebido
43. e eu fiquei um bocado porque que eu hei de ter uma enfermeira E achava que ela n o quest o de n o tar qualificada mas achava pronto que n o estava ao n vel ou que n o poderia me ajudar Mas depois pronto comecei a ter com as consultas e at telefonicamente se houvesse algum problema portanto e depois vi que que vai dar ao mesmo n o N o houve assim grande grande diferen a Mas eu por acaso eu j conhecia a enfermeira eu j a conhecia daqui portanto aqui da minha juventude Eu j a conhecia nem sabia que ela era enfermeira portanto j a conhecia tam m n o foi assim um choque t o tam m n o havia assim uma grande dist ncia mas por a conhecer ainda me custou um bocadinho mais tar a falar com uma pessoa que me 276 conhecia e ter que custou me um bocado a falar com ela porque ela at pr pria dizia que nunca fazia ideia que eu pronto que andava nesta vida n o era Que se lembrava de mim prontos e custou me um bocado mais como eu a conhecia tar a falar dos problemas n o Mas depois com o tempo come mos a ter assim comecei a ter um bocadinho mais de confian a Pronto vi que podia falar com ela portanto n o achei assim que houvesse um grande problema sempre falei com ela abertamente E depois quando falei com a enfermeira ela explicou me que n o havia problema nenhum que n o pela toma pela quantidade que vai fazer pior e ela indicou me
44. eu tava a dizer que n o tenho motiva o para procurar trabalho e n o sei m dica para tomar alguma coisa como eu ando assim algum antidepressivo E eu n o quero tava a dizer Olhe n o quero chegar ainda a esses termos pronto porque acho que ainda consigo dar a volta s vezes falta me a motiva o e e pronto Desist ncias por exemplo tou aqui um papel que preciso preencher pela m dica de fam lia o que que a m dica de fam lia as consultas consultas que demora tr s quatro meses Demora muito tempo E uma pessoa para apanhar vaga tem que ir logo de manh Logo s seis da manh E eu fui l duas vezes s seis da manh e mesmo assim n o consegui vaga para a m dica de fam lia e arranjei logo um motivo para desistir pronto agora j n o vou mais nenhum porque j fui duas vezes s seis da manh e n o consegui agora j n o vou mais vezes nenhuma N o tenho que insistir e ir l outra vez essas coisas que falo Tam m marcou com a assistente social que eu tenho pronto que arranjar os dentes baixa a voz e pronto acho que h um maior interesse da parte da enfermeira do que da psic loga Mesmo h pouco tempo tive a falar com uma colega minha que a mesma psic loga isto n o tar a falar mal das pessoas mesmo assim n o Que a mesma psic loga que a minha e ela diz que chega a tar a duas horas espera A pessoa perde logo a vontade de vir consulta
45. frequentemente sem poder em mat ria de participa o ativa na vida dos servi os de sa de de que ela pr pria benefici ria Ora uma vez que a partir das suas experi ncias vividas que as pessoas transformam perspetivas e agem mudan as verifica se que a aten o dos enfermeiros s experi ncias que se conectam com o universo da sa de ilumina um conhecimento imprescind vel transa o de significados T m sido estudados v rios aspetos sobre a gest o de caso realizada por enfermeiros na rea da adi o incluindo a satisfa o dos clientes Beebe 2002 Chan Mackenzie amp Jacobs 2000 Chan Mackenzie Tin Fu amp Leung 2000 Dechairo 2000 Tempier Pawliuk Perreault amp Steiner 2002 a satisfa o dos profissionais Abbott Young Haxton amp Van Dyke 1994 Nehis 2000 Ng Chan amp MacKenzie 2000 a qualidade dos cuidados Lynn amp Kelley 1997 Michaels 1992 e a rela o custo benef cio Chan Mackenzie amp Jacobs 2000 Forchuk amp Voorberg 1991 Fraser amp Strang 2004 Taylor 1999 In Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 62 70 mas verifica se uma escassez de estudos que deem voz experi ncia vivida dos clientes 7 Resultado da revis o sistem tica da literatura realizada por n s em julho de 2007 no contexto do
46. n o ter dinheiro para nada Tinha d vidas ter que pedir dinheiro emprestado ah ningu m j querer saber de mim Depois ver tudo a apontar o dedo E t s assim t s horr vel horr vel Uma pessoa n o tem objetivos Vive para aquilo s A pessoa parece que se esquece que existe parece que se esquece s vive para aquilo acordar para aquilo o dia e arranjar dinheiro e enfim tudo N o tinha dinheiro nem para mandar cantar um cego Ali s tinha carro que era da minha m e e quando ela descobriu tirou me o carro E ent o isso para mim Fiquei assim com algumas mazelas mas agora tou bem Fiquei com hepatite C Mas gra as a Deus curei me nem sei como Quando ia come ar o tratamento o v rus Saiu que acho que acontece alguns casos tenho s os anticorpos Gra as a Deus suspiro SIDA isso nada pronto Noto que n s com a hero na n o t nhamos dores nada n o temos doen as n o temos nada Tirava me as dores e eu s vezes at D i me os dentes foi assim que isto come ou na brincadeira D i me os dentes d i me a barriga aquele experimentou Ai isto tira as dores assim que as coisas come am Uma pessoa n o pensa que aquilo vai chegar ao ponto que chega Quando parei veio me tudo veio me tudo Aquilo depois vem tudo Tive uma pneumonia tenho s vezes umas c licas renais e tal coisa que nunca tinha Aquilo deve ter camuflado tudo e agora vem
47. n s ganhamos um v cio tal que depois j n o s o v cio aquilo chega a um ponto onde j n o para nada s para nos tirar o problema de sentirmos dores no corpo n o Aquela ressaca malvada que aquilo leva nos quase morte A mim levava de certeza a mim levava levava E h medida que o tempo vai passando n s vamos aumentando a dose n o Pois que aquele bocadinho j n o d depois outro bocadinho j n o d e etc por a fora e vamos aumentando aumentando chega aquele dia que eu vou fazer isto tudo e pronto acabou se Compreender as consequ ncias dos consumos Cheguei a uma degrada o na vida que voc n o faz a m nima ideia Eu j para poder trabalhar eu tinha que tomar isto logo de manh se n o era imposs vel onde que eu me levantava para ir trabalhar o dia no ramo autom vel como eu trabalho sou bate chapas O dinheiro que ganhava era todo para bater Responsabilizar se pelas escolhas do passado Eu j atravessei problemas a vida assim mesmo mas n o n o preciso de mais nada para enfrentar a minha vida n o vou agora agarrar me a isto e aquilo Foi uma fuga N o vou arranjar essa desculpa N o n o foi N o foi propriamente uma fuga realidade A realidade mesmo largar isto para entrar numa situa o que separar isto da minha vida E falo isso com ela O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema
48. no temor pelas dificuldades que antecipa poderem decorrer dessa decis o 143 Mas esta luta t o grande voc est a ver voc filho e no espa o de dois anos perde pai perde m e perde uma sobrinha perde os irm os todos fiquei completamente de rastos Se n o fosse a enfermeira era capaz de ir para a tomar um bocado daquilo ou meter me naquilo ou sei l p Podia ter acontecido ou no lcool A gente devemos falar disso de tudo A vida continua Meti uma pedra em cima daquela situa o Custou me pronto Eu levantei me H pessoas que n o tamb m est o na merda Alguns est o presos Josu 7 No contexto do trajeto na Equipa de Tratamento a pessoa perceciona a reca da como uma possibilidade real Nesse vivido como refere o Josu a rela o com o enfermeiro experienciada como protetora da passagem ao ato do consumo e das consequ ncias que da poderiam advir Agora foi ao fim de um m s tive uma reca da pronto Mas se eu tivesse tivesse deixado arrastar eu ia mesmo ao fundo do po o e sei l talvez j n o voltasse a cima Porque tou com problemas de sa de tou o meu companheiro faleceu emociona se e chora foi tudo ao mesmo tempo Mas eu antes que a coisa se afundasse mais vim logo aqui ao fim de um m s Vim aqui ao fim de um m s e pronto eu pedi para ficar com a doutora a enfermeira e ela assim Nem podia ser de outra maneira ficas comigo Lucinda 9
49. o risos Seria um problema se isso tivesse acontecido nessa altura em que consumia Mas eu preciso trabalhar n o Que coisa que brevemente devo come ar de certeza Estou espera e isso a vai ser um problema porque depois ela n o 98 quer ir para um centro de dia sozinha tamb m n o pode ficar e eu tenho que estudar isso a eu e a minha irm O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Desejar consolidar a mudan a Sinto me uma pessoa mais aberta Espero chegar ao caminho certo depois nem sequer tomar metadona e fazer a minha vida normal n o A enfermeira conhece os meus projetos As coisas est o a andar devagarinho mas est o a andar Tou melhor tou melhor Falo com uma certa alegria porque sinto me bem e sinto que uma pessoa que me t a ajudar E acho que desta vez vai l J tenho um bocado de experi ncia nisto Com isto tudo uma pessoa vai tendo experi ncia N o sou novo Estou em bom caminho j andei bastante S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Daniel O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 99 O Josu 7 Cheguei a uma degrada o na vida que voc n o faz a m nima ideia Aquela ressaca malvada que aquilo leva nos quase morte A mim levava de certeza a mim levava levava
50. o que cada vez mais centra a sua aten o disciplinar e profissional nas experi ncias humanas no campo da sa de e na valoriza o da participa o das pessoas na evolu o singular da sa de de cada uma no com fenomenal da presta o de cuidados de enfermagem contar se o seguramente entre aqueles sem os quais ela n o se far 309 Naegle M 1991 Florence Nightingale Addictions Nursing Pioneer Journal of Addictions Nursing 3 4 124 125 310 National Chronic Care Consortium 2000 Case Management Methods and Issues Bloomington 11 311 Walker C 1996 Coalescing the theories of two nurse visionaries Parse and Watson Journal of Advanced Nursing 24 988 996 188 Implica es para a pr tica para a investiga o e para o ensino de enfermagem Com este estudo procurou se responder quest o de investiga o qual a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas cliente de uma Equipa de Tratamento do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Atrav s dele ganhou se compreens o sobre a experi ncia vivida de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas fen meno que se revelou ao longo de oito temas comuns O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modi
51. o se conseguiu manter nos trabalhos e foi detido por furto durante v rios meses No estabelecimento prisional iniciou Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e quando saiu foi encaminhado para um outro CAT onde se manteve Quando esta Equipa de Tratamento abriu pediu transfer ncia por motivos de proximidade sua resid ncia Solteiro e com um filho com quem contacta esporadicamente vive com a m e e a irm ele quem agora se passou a ocupar da m e doente uma vez que a irm trabalha Atualmente tem uma namorada Desempregado recebe o Rendimento Social de Inser o Na Equipa de Tratamento acompanhado pela enfermeira h um ano e sete meses Com hepatite C h v rios anos sem tratamento passou recentemente a ser acompanhado no hospital Tem tamb m uma catarata que passou a procurar tratar A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Daniel O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Aqui neste CAT acompanhado pela enfermeira diz o nome h um ano e tr s meses mais coisa menos coisa O outro era um bocado mais Sentir se tomada a distante a outra terapeuta que eu tinha pronto era um bocado cargo mais mais mec nico tava ali para fazer o trabalho dela e eu tinha que fazer aquilo como que era e assim de seguida N o havia n o sentia muita preocupa o E aqui j me d o outra import ncia Geralmente quando venho quer dizer sento me
52. ou para casa a perguntar Como que Olha l 131 precisamos marcar alguma consultita A saber como que tu andas como que n o andas A gente j h muito tempo que n o se v nunca mais marcaste consulta nem nada Pode ser Pode ser Vai j ficar a consulta marcada quando vieres buscar a metadona t aqui o papelinho Ele faz isso Diniz 4 O Diniz conta como esse interesse tamb m experienciado quando recebe telefonemas do enfermeiro que o procura para saber de si quando est h mais tempo sem vir consulta Foi me atribu do o enfermeiro como terapeuta Achei uma pessoa bastante nova come amos a falar a falar n o sei qu acabei por descobrir que somos praticamente da mesma idade come amos a falar com mais vontade e acab mos por qualquer problema que eu tenha dirijo me a ele e falo abertamente Falo abertamente Rui 11 uma pessoa que eu identifico me e consigo eu com ela n o sou fechado Eu consigo identificar me em certos pontos E bate certo as coisas que ela me costuma dizer toca me nos s tios e realmente um bocado verdade isso Eu come o me a rir um feitio meu eu come o me logo a rir e tal e ela tam m j sabe quando eu come o me a rir ela j sabe que bateu no s tio certo risos Daniel 6 No evoluir da rela o a pessoa desenvolve progressivamente sentimentos de identifica o com o enfermeiro Come mos se
53. que isso continue muito mais Carla 13 procurando junto do enfermeiro ajuda para um companheiro tamb m consumidor como fizeram o Diniz o Rui e a Carla Acabei por cortar um bocado tudo Ali s tenho amigos que continuam e eu cortei de vez N o vale a pena Nem ir amos ter conversa sequer N o Eles continuam na mesma n o querem andar para a frente n o vale a pena Se a pessoa come a se a dar com essa gente outra vez Isabel 14 Ah eu tento evitar Eu tento me dar com pessoas de quem eu acho que t o a fazer o mesmo percurso Porque eu n o me dou com aquelas pessoas por exemplo que v m aqui todos os dias s vezes falo porque tenho que falar quase mas que v m aqui todos os dias tomam a metadona e depois v o ali para o jardim e t o ali o dia todo a beber cerveja e n o sei qu e v o se drogar mesma os testes t o sempre t o sempre positivos e se n o andam aqui a fazer nada o que que andam aqui a fazer Fernando 12 afastando se do grupo de amigos que sabe continuarem a consumir como diz a Isabel ou ainda como o Fernando procurando dar se com quem acha que est a fazer o mesmo percurso e evitando quem apesar de tomar metadona continua a consumir drogas e lcool 155 Os meus consumos j n o me dizem nada Para al m de n o os poder fazer tam m n o os quero fazer mais J n o vai por a j n o n o isso acho que um problema que nunca
54. que n o sei qu e aquilo fazia me muita confus o a fam lia do marido n o sabe da sua hist ria de consumos Eles v o descobrir a crian a vai ficar uma semana vai toda a gente descobrir que eu tomo metadona E para a passado um ano e meio dois como eu queria engravidar ter o beb ach mos por bem a enfermeira achou por bem come ar a reduzir e eu comecei s que eu devia ter reduzido gradualmente e eu com essa enfermeira ela n o me informou as coisas como eu n o informou as coisas corretamente da gravidez E o que que eu pensava quanto mais reduzisse melhor era para a crian a n o ficava tanto tempo na incubadora Foi o que me pareceu com a conversa dessa enfermeira Por isso que com a outra enfermeira eu reduzi e reduzi muito drasticamente Eu vinha de quinze em quinze dias aqui e de quinze em quinze dias descia descia descia e com a redu o aquilo come ou me a ficar a sentir a meio do dia j sentia me muito casada e a minha cabe a come ou logo ahhhhh pronto comecei a fraquejar Passou depois a ser acompanhada pela enfermeira atual como gestora de caso Sempre por ela Sempre muito dispon vel Para mim era uma pessoa estranha e ainda por cima o que me faz muita confus o que o meu marido tam m anda aqui h muito mais anos E tem uma m dica e portanto o meu problema era porque que eu n o hei de ter Porque a maior parte das pessoas praticamente tinham m dicas
55. que o fazem bem Pelo menos n o se v grandes algazarras nem se v grandes coisas A gente quando come a a tomar metadona d o nos um papelinho tipo contrato Temos que fazer isto aquilo aqueloutro se houver testes positivos acontece isto aquilo aqueloutro se faltarmos a consultas prontos h os castigositos como se diz Se eu meter a pata na po a eles cortam nos as r deas n o Se houver um teste como houve o teste coiso positivo tinha que c vir todos os dias Isso eles n o perdoam h aquela regra Enquanto o teste n o der negativo eles n o d o novamente para levar para casa h as regras n o Vim c todos os dias como os outros e pronto Depois noutra semana j deu negativo j levei para casa Todas as semanas fa o o teste tem me dado negativo melhor S o os benef cios claro Levar para casa e e tarmos descansadinhos da vida sem ter que c vir todos os dias muito bom Levo a metadona para casa Venho c uma vez por semana e levo para casa Para mim melhor sentir que confiam em mim preciso a gente ter controle na metadona preciso saber tomar conta dela Tenho l a minha metadonazinha todos os dias tomo a minha suspiro e tou descansadinho da vida n o N o penso em drogas n o penso em nada e sim ajuda me Esfor o me sempre por portar me bem Temos que chegar c e mostrar os testes bons e temos que fazer por isso Eu fa o por ter um lugar aqui no CAT riso
56. relationship as an essential element on the case management with these people Supported on the therapeutic use of the nurse s self the person narrates not only the main themes that emerge from what he she experiences in the relationship with the nurse but also those which he she perceives that the nurse allows him her to live The results of the study show both that lived experiences relate to the direct nurse s intervention and the perception of his her indirect intervention regarding the defense of the interests and resolution of the needs of the addicted person Keywords person with addiction problems treatment nursing case management lived experience ix NDICE GERAL P gina Introdu o ao OSTUAO assar to nas assada a nennen 1 Parte 1 Linhas de fuga para uma compreens o do fen meno em estudo 12 experi ncia vivida como foco de aten o da enfermagem eee 13 Complexidades contempor neas da adi o a subst ncias psicoativas eres 24 A enfermagem e a gest o de caso como resposta personalizada s necessidades da pessoa com problemas de adi o a subst ncias pSicoatiVa Sironen DR N 31 O contexto do ES dO ma a O RR ala ARO a 39 Formula o da quest o de investiga o 42 Objetivo dO ESTUDO inrait a SS 46 Il para a orienta o metodol gica do estudo e para a heur stica do m todo erra 47 Da fenomenologia existencial de Heid
57. ria de cuidados de sa de o enfermeiro ser capaz de lhes ampliar a voz nos f runs t cnicos e institucionais pr prios de as representar Dessa perce o da interven o indireta do enfermeiro em favor da defesa dos interesses e da resolu o das suas necessidades de sa de fala tamb m a experi ncia vivida dos participantes no estudo O enfermeiro gestor de caso no contexto de uma rela o que vivida pela pessoa como privilegiada passa gradualmente a dispor de informa o pormenorizada sobre a hist ria daquela e dentro desta a sua hist ria de consumo de subst ncias sobre a sua condi o de sa de atual sobre os seus sistemas de apoio familiar social ou a falta deles e sobre os seus desejos e necessidades Na Equipa de Tratamento para al m dela ou mesmo junto das fam lias respetivas ele assume ent o uma posi o privilegiada para advogar termo 297 White B Bouton L Garris S Humphreys P Miltier J 1998 The Role of the Nurse Case Manager in Substance Abuse Treatment Journal of Addictions Nursing 10 3 136 141 185 298 que usamos a partir do advocacy em benef cio dos seus clientes evidenciando defendendo e coordenando a resposta s suas necessidades identificadas e n o por si diretamente atendidas Uma vez que nenhum padr o de tratamento se revela igualmente efetivo para todas as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas e que na
58. ria de luta contra a droga 2005 2008 Bruxelas Autor 83 Conselho da Uni o Europeia CUE 2008 Plano de A o da UE em mat ria de luta contra a droga 2009 2012 Bruxelas Autor 84 Conselho da Uni o Europeia CUE 2004 op cit 8 Conselho da Uni o Europeia CUE 2005 op cit 88 Conselho da Uni o Europeia CUE 2008 op cit 25 estrutura e consumo de drogas como foram ent o o aumento do n mero de consumidores o uso de subst ncias cada vez mais potentes e o aumento da oferta no mercado no que se refere em particular hero na bastante mudou no panorama das subst ncias de abuso e das suas depend ncias semelhan a de outros pa ses da Uni o as depend ncias contempor neas novas subst ncias novos padr es de consumo e novas doen as associadas longe de apresentarem tend ncias decrescentes significativas acarretam na atualidade toda uma nova complexidade em termos de necessidades de cuidados de sa de por parte dos consumidores e consequentemente de respostas dos servi os de sa de Aos problemas tradicionalmente mais representativos no nosso pa s na rea das subst ncias il citas e do tratamento das depend ncias como t m sido O consumo de opi ceos e droga injetada nos ltimos anos a hero na continuou a ser referida como droga principal no que respeita aos consumos das pessoas que recorreram s diferentes estruturas de tratamento O consumo de coca na que v
59. stica de uma comunica o n o prescritiva livre de grelhas de an lise pr vias criam as condi es para que esta alian a se passe a operar tendencialmente numa din mica de parceria entre o enfermeiro a pessoa na qual os objetivos s o coconstruidos as a es copensadas e os seus resultados coavaliados N o falamos por isso na a o do enfermeiro gestor de caso de um prestar cuidados a mas antes de um prestar cuidados com que se abre ao campo fenomenol gico do outro o procura e na perspetiva de Watson se afeta por e com ele Quanto mais individualizados s o os sentimentos que o enfermeiro transmite mais fortemente o processo de cuidar afeta o recetor por outras palavras o uso total do eu chamado para este n vel de 22 Shanley E Jubb Shanley M 2007 The recovery alliance theory of mental health nursing Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing 14 1734 743 283 Idem 178 enfermagem O pensamento desta autora remetendo para o uso da totalidade do eu nos cuidados de enfermagem destaca que os sentimentos do enfermeiro podem ser experimentados n o com a finalidade de com isso obter al vio ou ajuda por parte dos clientes mas como parte de ser e de se tornar dentro do relacionamento A este prop sito a evid ncia permitiu demonstrar que o uso do self 268 do enfermeiro nos cuidados de enfermagem com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psico
60. tudo portanto t tudo bem Tinha os meus engates Depois comecei a andar com uma rapariga que infelizmente tam m consumia e tive mais tr s anos quase quatro e assim vou at chegar a uma altura que eu comecei a deixar de trabalhar ela tam m come ou a haver falta de dinheiro e chegamos mesmo ao fundo do po o At que ela n o digo que ela seja puta pronto come ou a prostituir se para arranjar dinheiro Eu n o trabalhava ela tam m n o e pronto era assim Quanto decidi tentar fugir da droga e tentar fugir d op dela fui p a Alemanha Tinha comprado quatro ou cinco gramas e fui pa Alemanha e pronto comecei a trabalhar infelizmente fui parar a um s tio onde trabalhei havia droga At que conheci uma rapariga alem e juntei me com ela Ela j sabia que eu consumia conseguiu convencer me a ir a um centro de desintoxica o Fui e pronto sa limpo sa limpo Houve um ano em que eu vim a Portugal de f rias e voltei a consumir E assim passou passou num m s s j estava de rastos e ela voltou para a Alemanha Deixei l tudo aparelhagens e roupas deixei l tudo Fiquei c com a roupa que dormia no corpo E a partir da comecei a pronto fiquei agarrado outra vez dependente da droga Eu desde que fui toxicodependente fui a minha fam lia j eu sou o neto mais velho j sou posto parte Eles quando tinha os meus dezasseis ou dezassete anos como era antes era tratado de uma maneira dif
61. vivi tanto na minha vida que s vezes acho que n o tenho nada para descobrir J vivi em muitas comunidades infelizmente e umas piores que as outras outras melhores 107 e psic logos e terapeutas As coisas do passado o passado nunca se deve esquecer para que ele nunca se volte a repetir Mas tam m h certas coisas do passado que a gente por exemplo a morte de uma pessoa querida que n s perdemos s o coisas que eu ainda n o associei bem A Lucinda perdeu o seu companheiro h um ano eu nem sabia onde que ele tava enterrado porque ele morreu na cadeia e foi ela que me ajudou a saber onde que ele tava enterrado e eu fartava me de gastar dinheiro a telefonar para aqui e para ali e para aqui e n o consegui Ela conseguiu E isso isso e outras coisas mais devo lhe muito Era importante para mim muito importante sil ncio Elaborar as perdas S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa a Lucinda O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos 108 O V tor 10 J consumi muita droga gostei de a consumir E o gozo da droga Uma pessoa quando dependa da droga sempre prejudicado O V tor tem agora trinta e cinco anos Come ou a consumir haxixe aos treze e hero na e coca na aos dezoito Durante v rios anos manteve consumos de hero na injetada e de haxixe Solteiro com o segundo
62. A 2001 Nursing Case Management Quality and Cost Creative Nursing New York Springer Publishing Company 10 141 Boyd M 2007 Psychiatric Nursing Contemporary Practice 4 ed Lippincott Williams amp Wilkins 33 142 Naegle M 1993 Substance abuse education in nursing National League for Nursing Massachusetts Jones amp Bartlett Publishers 192 143 Wagner E Waldron H 2001 Innovations in adolescent substance abuse interventions Elsevier 325 37 continuado no tempo e o investimento realista no desenvolvimento do 144 poder pessoal dos clientes melhoram o seu autocontrolo contribuem para 145 a preven o de reca das fen meno frequentemente recorrente na adi o melhoram o recurso assertivo aos diversos sistemas de suporte 148 fam lia outras institui es de sa de e sociais e fomentam a aceita o da responsabilidade pela sua pr pria sa de 144 Bokos P Mejta C Mickenberg J Monks R 1992 Case Management An Alternative Approach to Working With Intravenous Drug Users In National Institute on Drug Abuse 1992 Progress and Issues in Case Management U S Rockville Department of Health and Human Services Public Health Service Alcohol Drug Abuse and Mental Health Administration Research Monograph Series 92 111 145 Boyd M 2007 Psychiatric Nursing Contemporary Practice 4 ed Lippincott Williams amp Wilkins 39 146 Vieira C 2001 Rep
63. Enquanto c andar pelo menos sinto me seguro H o tal acompanhamento se quisermos conversar h aquela pessoa que nos ouve J falei um bocadinho com ela de tudo acho que sim J tivemos muitas consultas Geralmente ela que marca Saio daqui e marca para daqui a um m s por exemplo Tenho falado de muitos temas com ela Falado de muita coisa falado de tudo da vida de tudo Pergunta me se tou bem se preciso de alguma coisa tenta sempre saber o que que se passa pela minha casa se a minha m e sabe como que eu me dou com a minha m e e com o meu padrasto Houve sempre essas perguntas desde o princ pio como que era a minha vida familiar sempre desde o princ pio A minha fam lia perdeu muita confian a em mim suspiro deixaram me de me falar O meu irm o tenho tudo o que quero dele se eu n o andar na droga Mas se andar na droga Eh p queres andar na droga vai te embora vai te por longe de mim Agora tar em tratamento para ele a mesma coisa que n o tar na droga Tou na casa dele abriu me logo a porta Na altura se eu tivesse na droga o meu irm o n o me abria a porta Desde que eu n o ande na droga ele ajuda me em tudo N o era a mesma pessoa que agora Somos da fam lia temos que se ajudar uns aos outros A droga degrada a pior parte essa as pessoas perdem a confian a na gente n o nos ajudam s vezes at nos prejudicam essa a parte m Fui recuperando ao longo dos
64. Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento H tamb m contacto da enfermeira com o meu m dico de fam lia A prop sito de tudo mesmo para as credenciais mesmo para eu n o pagar os exames e n o sei qu O meu m dico liga para aqui e vice versa A enfermeira combina com o m dico Os pap is v o ao centro de sa de tudo carimbado e assinado pelo m dico Com as assistentes sociais n o tenho assim muito contacto as suas necessidades n o andam tanto por a Pelo menos at agora Ela a enfermeira tem conhecimento disso tudo O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se sustentada Agora h pouco tempo at tive uma reca da Andava bem depois uma brincadeira uma festa pronto uma pessoa ter um azar e perde o controle E n o fugi foi a primeira coisa que fiz foi vir c Isso ela fez do princ pio Se eu precisasse de alguma coisa era s dirigir me aqui e contactar com ela Nem tinha consulta nem nada mas precisei de vir c falar com ela encontra se sempre um lado positivo pelo menos para mim Se fosse em nome do outro CAT tenho impress o que era capaz de tentar enganar ou coiso Sentir se reassegurada Quando tive a reca da ela deixou e ainda levei metadona para casa nessa altura e depois na semana a seguir como continuei a consumir que ela disse melhor vires c p
65. Porque isto a pessoa tem que ter medo disto n o que isto isto leva a pessoa a um ponto J chega Cansei me Sentir se satisfeita com o novo eu Pronto a vida agora endireitou se n o Espero nunca mais recair Sinto me melhor sinto me mais feliz A pessoa sabe bem o que que quer da vida n o Sei Tam m n o sou assim n o tenho assim grandes ambi es n o O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Criar espa o para os outros S falamos mais da gravidez Espero ter um filho n o Espero que corra tudo bem Reparar as rela es A m e agora ai t contente pronto coitada ela t habituada a isto n o Uma pessoa t bem ou n o t bem portanto Mas tam m me diz Foi a ltima vez Mesmo que n o estejas n o contes comigo para nada Portanto e eu n o quero outra vez passar por isso n o quero O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentimentos de ambival ncia portanto aqui o como hei de explicar portanto aqui o objetivo a pessoa ir curando se n o At um dia deixar de tomar S que eu ainda n o me senti preparada para isso Que eu at brincava com ela E eu por mim tomo a vida toda e ela Ah a vida toda ent o assim Isto uma bengala n o Eu prefiro ter a bengala do que voltar ao que estava antes
66. T aqui duas horas e depois se calhar chega ali ao Forum um centro comercial local e v elas a passearem ali um bocado chato N o tar a falar mal das pessoas Se calhar at h pessoas que se d o bem com ela e n o se davam bem com a minha n o A enfermeira Mesmo h bocado telefonou logo para para a assistente social para marcar consulta Disse que n o tinha consulta marcada com ela e ela telefonou logo e pronto E depois h outra coisa que eu s vezes eu j podia ter resolvido este problema dos dentes e n o sei qu e tenho deixado adiar adiar adiar e a enfermeira j me marcou consulta para a assistente social mais do que uma vez e parece que n o desiste Volta a repetir pronto Porque eu tinha os or amentos de arranjar os dentes e isso j muito atrasados e agora preciso de uns novos Estes j n o porque eu n o tratei disto E pronto e ela n o desiste diz Olha vai ao n o trataste da outra vez mas tratas agora pronto Pois a consultar o tal o da marca o com uma consulta para daqui a duas semanas porque entretanto tenho a consulta com a assistente social e pronto e l t ela depois quer saber como que as coisas correram entre mim e a assistente social assim 266 Acho que bom por exemplo se fosse uma pessoa N o trataste disso agora j n o h nada a fazer ah j devia ter tratado agora pronto chap u n o h nada a fazer N o
67. a minha opini o E quando eu n o concordo n o concordo n o Mas geralmente estamos sempre em sintonia Quando por sua vez faz uma proposta ela tamb m est recetiva a isso sempre Tanto mais que vai haver a um programa de desenho e pintura e coiso e e estou a pensar seriamente em aderir a isso Sinto me uma pessoa mais aberta Espero chegar ao caminho certo depois nem sequer tomar metadona e fazer a minha vida normal n o A enfermeira conhece os meus projetos As coisas est o a andar devagarinho mas est o a andar Tou melhor tou melhor Falo com uma certa alegria porque sinto me bem e sinto que uma pessoa que me t a ajudar E acho que desta vez vai l J tenho um bocado de experi ncia nisto Com isto tudo uma pessoa vai tendo experi ncia N o sou novo Estou em bom caminho j andei bastante 243 Narrativa do Josu 7 Eu meti me na hero na em noventa e quatro sensivelmente Cheguei a uma degrada o na vida que voc n o faz a m nima ideia O problema que eu tinha diariamente para arranjar as doses e todas essas porcarias e todos esses problemas que adv m da do v cio pronto n s ganhamos um v cio tal que depois j n o s o v cio aquilo chega a um ponto onde j n o para nada s para nos tirar o problema de sentirmos dores no corpo n o Aquela ressaca malvada que aquilo leva nos quase morte A mim levava de certeza a mim levava levava E h medida que o temp
68. a pessoa e diz Samuel agora voc t mais magro Samuel voc t anda assim outra vez Samuel eu j o vi assim E v se um aviso que a pessoa t nos a dar Olhe que vai voltar outra vez mesma coisa veja l o que a que a gente pode fazer o que que a gente vai fazer para mudar isso Ainda h de conseguir outra vez Sentir se confi vel E acess vel naquilo que lhe compete fazer n o tem a obriga o de me andar a ligar a saber se consumi se n o consumi N o aquela pessoa que se for preciso t me a ligar para casa todos os dias Samuel ent o como que t Hoje consumiu n o consumiu N o n o faz isso n o Se calhar tam m n o v necessidade disso O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Compreender as consequ ncias dos consumos Os problemas da minha vida t m sido sempre os consumos O resto vem por causa dos consumos Eu tenho trinta e sete anos eu comecei a consumir a primeira vez que entrei num centro tinha dezasseis anos A minha vida tem sido sempre a consumir drogas Os problemas que eu tive tem sido tudo por causa da droga de andar sempre l metido chegar de rastos Chegar de rastos tipo uma pessoa tar em em desespero que as coisas t o mal Fisicamente fam lia tudo O andar a consumir o n o conseguir consumir porque n o tem veias para se injetar ou levar os dias in
69. a subst ncia valorizar as mudan as ligar se aos outros e projetar se no futuro Neste sentido uma vez que todos os participantes partilham dos temas vivenciais iniciais e nem todos progrediram para j nos temas seguintes n o ser de estranhar que ao procurar a representa o do caso no tema se verifique que aqueles temas iniciais sejam mais representados nas narrativas em todas elas e que os temas seguintes o sejam menos uma vez que apesar de identific veis na grande maioria das narrativas dos participantes n o o s o ainda em todas No que se refere progress o experiencial dos temas narrados no processo de cuidados dos participantes uma outra compreens o se anuncia Com efeito uma vez que os temas iniciais ligar se ao enfermeiro sentir se representada e sentir se investida anunciam uma maior depend ncia na rela o com o enfermeiro e com a Equipa de Tratamento e que os temas finais valorizar as mudan as ligar se aos outros e projetar se no futuro se situam na esfera experiencial do ensaio da autonomia e da autodetermina o parecem ser os temas interm dios emergentes no processo de cuidados situar se na sua hist ria de consumos e modificar o padr o de rela o com a subst ncia aqueles que se sugerem na charneira experiencial da mudan a do sentir se ligada ao enfermeiro gestor de caso e por ele tomada a cargo para passar a sen
70. a dar bem eu era mais f cil falar com o enfermeiro do que falar com a m dica portanto homem e tinha certas coisas que eu n o consegui falar com uma mulher com a doutora da parte sexual porque eu ter pot ncia tinha mas por vezes queria e n o conseguia E isso pronto come ou a dar aqui a volta cabe a n o Carlos 2 no caso do Carlos sentindo se mais confort vel para falar das suas dificuldades sexuais com um enfermeiro homem Eu identifico me em bastantes coisas com ela pronto Identificamos as duas identificamos H um interc mbio de aprendizagem suspiro porque a enfermeira para mim a enfermeira s lhe falta drogar se Claro que eu n o quero que ela o fa a riso mas n o s a gente ter um canudo Lucinda 9 para a Lucinda percecionando que enfermeira s lhe falta drogar se 132 N o sei se por ser uma pessoa estranha mas sinto me bem a falar com ele falo de tudo come o do princ pio e acabo no fim digo tudo Sinto me melhor e ele fica a saber mais um bocado sobre mim enquanto eu c andar eu conto tudo e mais alguma coisa ao enfermeiro Como eu cheguei aqui se eu quisesse n o n o lhe dizia nada do que se passava e ele ficava a olhar para mim e p fal vamos um ao outro mas n o prefiro chegar aqui e falar Carlos 2 Eu antes de entrar aqui venho logo a pensar que a pessoa que t ali daquele lado n o t aqui
71. a minha maneira de ser para ver o que que d para mim e o que que n o d para mim J houve boas not cias aconteceu poucas vezes sorri bom a pessoa v que eu tou a fazer alguma coisa Ela mostra nota se Como tam m quando chego aqui mal com um problema tam m se nota que a pessoa fica desiludida que fica assim um bocado coiso por ver que as coisas est o a correr mal a pessoa ficou assim sorriso triste Como que poss vel isto ter acontecido fica assim um bocado e nota se notou se que ficou Samuel 8 Sinto me compreendida por ela Conhece o meu historial todo e sabe dos problemas todos que eu tenho quando venho bem vejo que ela tam m fica fica contente Fica parece que para ela eu acho que a enfermeira leva isto muito a peito Leva isto muito a peito e ela fica contente com os meus progressos Sinto isso nela Lucinda 9 Sentindo se profundamente compreendida a pessoa experiencia nos seus avan os e recuos afetar emocionalmente o enfermeiro E depois h outra coisa que eu s vezes eu j podia ter resolvido este problema dos dentes e n o sei qu e tenho deixado adiar adiar adiar e a enfermeira j me marcou consulta para a assistente social mais do que uma vez e parece que n o desiste Volta a repetir pronto E pronto e ela n o desiste diz Olha vai ao n o trataste da outra vez mas tratas agora pronto
72. a o valor da fenomenologia em particular da fenomenologia interpretativa para a teoriza o em enfermagem assim como ilustra o uso do m todo fenomenol gico para a sua investiga o Com efeito metodologicamente inspirado tamb m na hermen utica gadameriana para a qual o m todo da 330 o estudo revela todo fenomenologia hermen utica que n o tem m todo um percurso heur stico de descoberta livre que se procurou coerente e fundamentada do como fazer 330 Gadamer H G 1999 Verdade e M todo Tra os Fundamentais de uma Hermen utica Filos fica 3 Edi o Petr polis Vozes 197 Sugest es para investiga es futuras Apesar da inexist ncia tanto quanto pudemos verificar na revis o sistem tica da literatura por n s realizada em julho de 2007 de estudos sobre a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso de pessoas com problemas de adi o a subst ncias ou outras tal como esta investiga o beneficiou de outras pr vias que com ela de um modo ou de outro se conectaram tamb m os seus resultados poder o contribuir para estudos posteriores Algumas sugest es ficam Associando a finitude da perce o e a subjetividade da interpreta o ao n o imobilismo da tradi o que proporciona a sua renova o e atualiza o em cada novo encontro com o s interprete s dificilmente poderemos deixar de propor para um foco de aten o complexo como a experi ncia vivida
73. aos catorze anos aos dezasseis meteram me na rua n o tinha onde viver e dormi na esta o dos comboios Corriam comigo da esta o dos comboios os senhores dos comboios cheguei a dormir no parque num banco do parque chuva tapado com jornais a chover em cima dos jornais e eu acordar molhado Compreender as consequ ncias dos consumos Tinha sido acompanhado num CAT em dois mil e tr s e fui detido por roubo estive detido H bastante droga dentro das cadeias eu consumia l dentro e optei por tomar metadona dentro do estabelecimento prisional Era acompanhado por uma psic loga que estava aqui na altura e tomava metadona l Deixei de consumir hero na l Quando sai deixei de tomar Nunca mais vim a consultas nem com psic logos nem com nada Estive bem at dois mil e nove e reca na hero na novamente Responsabilizar se pelas escolhas do presente Eu tamb m penso e bastante durante as nossas conversas eu quando estou a falar com ele de um eu quando estou a falar com ele de um problema estou a pensar nele no problema Estou lhe a dizer eu tenho 114 que me levantar muito cedo tenho que vestir a menina lev la ama depois tenho que voltar para casa esperar que a CAT abra para vir CAT tomar a metadona estou a pensar no meu problema Estou a pensar Tem de ser Esta a minha vida e eu tenho de a viver porque a minha vida assim O modific
74. baixos e altos Hoje estou assim para a semana se for preciso estou a consumir e chego aqui de 248 rastos outra vez Isto t sempre assim a subir e a descer s vezes o s tio onde eu me agarrar para como j aconteceu eu tava a consumir e tava a consumir metadona tam m E foi com a enfermeira suspiro que eu arranjei uma solu o para na altura parar J andei aqui alturas e tava muito em baixo tamb m Muito em baixo mesmo e foi aqui que dessas vezes arranjei solu o para parar com aquele sistema que eu tava a viver naquela altura Ningu m me aponta o dedo por nada ningu m me acusa de nada n o tenho que ter medo de nada nem de tar a mentir J houve boas not cias aconteceu poucas vezes sorri bom a pessoa v que eu tou a fazer alguma coisa Ela mostra nota se Como tam m quando chego aqui mal com um problema tam m se nota que a pessoa fica desiludida que fica assim um bocado coiso por ver que as coisas est o a correr mal Houve uma altura a primeira vez que comecei aqui a tomar metadona as coisas come aram a correr tudo s mil e uma maravilhas desde montei um neg cio e tudo e tirar a carta e as coisas estavam a correr tudo bem e a pessoa tava a ficar Eh Samuel ent o agora come ou com isto voc uma pessoa que em pouco tempo conseguiu isto tudo e correu bem depois de um momento para o outro veio tudo por ali a baixo no espa o assim de tr s a quatro semanas a pessoa fico
75. buscar o que eu perdi n o Quero ir buscar o que eu perdi Quero fazer o que eu era Perdi e agora quero ir l buscar o que eu perdi Agora quero faz de conta faz de conta que eu nasci de novo outra vez Artur 1 Percecionando tamb m passar a ser olhada mais positivamente pelos outros que agora a veem de outra maneira e chegam mesmo a elogiar a sua mudan a a pessoa sente confirmada a sua capacidade para se redefinir no contexto social Como refere o Artur faz de conta que renasceu Que eu cheguei a pensar como eu j tou assim j j n o vou a lado nenhum mas ainda vou Ainda fui a tempo O lcool n o me leva a lado nenhum o que eu penso e n o posso pensar de outra maneira porque isto assim se eu for tar a pensar de outra maneira n o n o vou a lado nenhum eu agora quero quero fazer uma outra vida uma vida diferente ter um trabalho ter uma casinha pr pria ter uma vida uma vida com as outras pessoas t m Artur 1 tou a come ar a a inserir me na sociedade Tenho o sexto ano antigo tenho quarenta e tal anos Ainda vou a tempo Agora vou ver as oportunidades que me v o dando mas vou ter que saber aproveit las Marco 3 158 Pronto a minha vida est regularizada s precisava era de ter uma vida mais sossegada e acabar com isso e voltar ao meu trabalho autom veis sempre gostei transform los arranj los que eles n o se queixam riso
76. c rculo hermen utico Gadamer apresenta o mais como uma met fora de como o processo compreensivo se pode constituir sendo por isso necess rio ao investigador iluminado pela sua metodologia ao mesmo tempo que mant m uma mente aberta flexibilidade paci ncia empatia e o desejo de entrar em contacto com o mundo dos participantes encetar o pr prio percurso de descoberta livre coerente e fundamentada do como fazer 213 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 30 214 Ibidem 3 215 Gadamer H G 1999 Verdade e M todo Tra os Fundamentais de uma Hermen utica Filos fica 3 Edi o Petr polis Vozes 216 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 55 217 Debesay J N den D Sletteb 2008 How do we close the hermeneutic circle A Gadamerian approach to justification in interpretation in qualitative studies Nursing Inquiry 15 1 59 61 Sele o dos participantes Nesta investiga o uma vez concedida a respetiva autoriza o pelo IDT IP vide anexos foi estudada a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso de um grupo de pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas clientes da Equipa de Tratamento do estudo Sendo que se procuraram encontros significativos com
77. case management health care delivery in a world of managed care Jones amp Bartlett Publishers Bleicher J 2002 Hermen utica Contempor nea Moruj o C Trad Lisboa Edi es 70 Borges C Filho H 2004 Alcoolismo e Toxicodepend ncia Manual T cnico 1 Lisboa Climepsi Editores Borges C Filho H 2004 Alcoolismo e Toxicodepend ncia Manual T cnico 2 Lisboa Climepsi Bower K 1992 Case Management by Nurses Kansas City American Nurses Publishing Boyd M 2007 Psychiatric Nursing Contemporary Practice 4th ed Lippincott Williams amp Wilkins Caelli K 2001 Engaging with Phenomenology Is it more of a Challenge than it Needs to be Qualitative Health Research Vol 11 No 2 273 281 Capalbo C 2008 Fenomenologia e Ci ncias Humanas S o Paulo Ideias e Letras Carpenter S 2001 Cognition is central to drug addiction American Psychological Association Acedido em 10 de agosto de 2011 em http www apa org monitor jun01 cogcentral aspx Carvalho A Coord 2008 Bio tica e Vulnerabilidade Coimbra Almedina Casarin S Villa T Caliri M Gonzales R Sassaki C 2001 Enfermer a y gerencia de caso Revista Latino Americana de Enfermagem julho 9 4 88 90 Casarin S Villa T Gonzales R Freitas M Caliri M et al 2002 Case management evolution of the concept in the 80 s and 90 s Revista Latino Americana de Enfermagem Julho Agosto 10 4 472
78. chega como refere o Samuel com admira o a percecionar os cuidados como d divas Para quem ao longo de todo um percurso de vida de consumo de subst ncias aprendeu que tudo tem um pre o esta disponibilidade graciosa do enfermeiro que d e n o pede nada Samuel chega mesmo a ser experienciada com estranheza e como referem o Pedro e a Lucinda 167 percecionada tamb m de forma ambivalente mais luz dos ganhos pessoais e profissionais que sup em que o enfermeiro colhe com o investimento que faz em cada um do que do interesse pessoal e profissional genu no que s o capazes como pessoas de lhe despertar Gradualmente no contexto de uma rela o que vai sendo experienciada como uma constante securizante e contentora a pessoa experimenta um senso de confian a que lhe permite passar a confiar se mais intimamente ao enfermeiro e disp e se a partilhar honestamente as suas dificuldades vivendo a responsabiliza o progressiva da sua participa o no processo de ajuda a si Os limites da rela o agora intensificada s o vividos pela pessoa como necess rios Perceciona realisticamente o potencial da ajuda e procura preservar a intimidade que sente que passou a ter com o enfermeiro Identificando se com o enfermeiro que s lhe falta drogar se Lucinda sente se profundamente compreendida e experiencia nos seus avan os e recuos do processo de cuidados afet lo emocionalmente A pessoa sente se ligada ao e
79. ciclo de escolaridade foi ainda novo trabalhar para a B lgica na constru o civil como ladrilhador A adoeceu gravemente com tuberculose pulmonar e iniciou tratamento para a doen a Passou tamb m a tomar metadona Por ter deixado de conseguir trabalhar regressou a Portugal onde concluiu o tratamento da tuberculose e come ou a ser acompanhado na Equipa de Tratamento aderindo de forma irregular e recaindo v rias vezes Relaciona se com a m e e com o padrasto e vive na casa de um irm o mas diz que a minha fam lia perdeu muita confian a em mim Sem trabalho deu in cio a pequenos furtos e est atualmente com pena suspensa Passou a receber o Rendimento Social de Inser o Tem seropositividade para VIH e apresenta v rias c ries em estado avan ado Est em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e acompanhado pela enfermeira h nove meses A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o V tor O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Sempre que faz falta alguma coisa vou ter com ela tenta ajudar ela super prest vel naquilo que pode Ela s vezes tam m n o pode fazer muito n o Mas tenta sempre ajudar Sentir se tomada a cargo Tenho falado de muitos temas com ela Falado de muita coisa falado de tudo da vida de tudo Pergunta me se tou bem se preciso de alguma coisa tenta sempre saber o que que se passa pela minha casa
80. como foi h pouco tempo que eu deslarguei a bebida posso vir ter assim pode vir uma coisa de repente e ter havido haver uma reca da eu n o quero s vezes come o a pensar porque eu n o sei o dia de amanh Resistir a separar se E depois partir da venho c nem que seja s para perder tempo s para falar com elas um bocadinho eu nunca vou deixar de c vir porque isto assim uma pessoa nunca se esquece das pessoas que fazem bem n o Se fizessem mal tam m n o vinha aqui de certeza risos S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Artur O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 81 O Carlos 2 Eu desde que fui toxicodependente fui a minha fam lia j sou posto parte Tratam me bem mas sinto diferente O Carlos solteiro agora com trinta e seis anos de idade iniciou consumos de canabis aos dezasseis e de lcool aos dezassete Foi no servi o militar obrigat rio pr ximo dos vinte anos que experimentou pela primeira vez hero na fumada que depois chegou a injetar Detetado como consumidor foi expulso Manteve os consumos e com o primeiro ciclo de escolaridade foi arranjando trabalhando onde conseguia sobretudo na constru o civi
81. como por si vividas o pensamento de Gadamer ao propor uma teoria geral de como a experi ncia humana pode ser interpretada e compreendida com os particulares perspetivados em rela o ao todo de cada fen meno possibilita aos enfermeiros uma orienta o metodol gica conducente gera o de conhecimento sens vel que n o se reparte entre sujeito e objeto corpo e mente Opondo se no o dicot mica de sujeito objeto no qual o indiv duo visto como uma entidade n o envolvida com o mundo externo e dele passivamente contempladora por meio de representa es a proposta te rica e metodol gica deste o autor encontra eco numa vis o da enfermagem na qual mente e corpo s o compreendidos como um todo unificado e a pessoa como participante situado num mundo de significados Ao privilegiar um conhecimento natural e hol stico adquirido por meio da abertura da participa o e do di logo com o outro e com a sua experi ncia vivida a hermen utica gadameriana e a sua liga o fenomenologia tornam se assim compreensivelmente comunicantes com os valores comuns s teorias de enfermagem do paradigma unit rio transformativo 72 O essencial do pensamento de Gadamer que convocamos para o estudo desenvolvido no cap tulo sobre a metodologia 73 Meleis A 2007 Theoretical Nursing Development and Progress 4 Edition Lippincott Williams amp Wilkins 456 74 Pascoe E 1996 The value to nursing research of Gada
82. conseguir Sente que com o seu empenho e a ajuda do enfermeiro e da Equipa de Tratamento se tem vindo a aproximar lentamente do bom caminho Daniel para si Sente se mais l cida e ambicionando para si um outro quotidiano que perceciona ao seu alcance revela sentimentos de ambival ncia teme tamb m face aos obst culos Marco da vida que antecipa a reca da e as suas consequ ncias Nesse sentido desejando persistir na sua mudan a a pessoa expressa o desejo de se continuar a autonomizar das subst ncias mesmo as de substitui o mas tamb m de permanecer ligada ao enfermeiro e Equipa de Tratamento que sente como securizantes Longe de terminar no momento da entrevista a pessoa com problemas de adi o a subst ncias sente que o seu processo de cuidados com o enfermeiro gestor de caso e a mudan a que procura tem a escala de uma vida Da vida de cada pessoa 172 Coment rio Uma vez que situada no tempo em que contou a sua experi ncia se narrou cada pessoa acedeu mem ria dos vividos singulares do seu processo de cuidados a presen a dos temas em cada caso revela o momento atual do percurso individual que cada uma tem vindo a viver Apesar de intimamente conectados e mutuamente influenciados os temas essenciais identificados parecem suceder se com uma determinada ordem do ligar se ao enfermeiro ao projetar se no futuro E uma vez que olhadas no seu conjunto as narrativas n o s desvel
83. conselho dentro da sabedoria dele daquilo que ele sabe da experi ncia dele tenta me dar um conselho Sentir se chamada a participar E ele disse me Deixaste de tomar o topiromato e foste consumir coca na Eu disse te que o topiromato desque tavas a tomar o topiromato nunca consumiste coca na nos testes que fizeste Deixaste de tomar o topiromato e foste consumir coca na Tavas a dizer que o topiromato n o te estava a fazer efeito nenhum e afinal deixaste de tomar o topiromato e foste consumir coca na Como que a nossa situa o O que que n s vamos fazer Enfermeiro traga me o topiromato eu vou voltar a tomar E estou a tomar o topiromato novamente As decis es s o tomadas em conjunto O que que n s vamos fazer em rela o ao topiromato coca na consumos O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Significar a sua narrativa Conto lhe bastante a minha vida principalmente as minhas dificuldades agora Mas Nunca falei da minha hist ria com ningu m Com ningu m J um assunto que eu prefiro esquecer At ao momento em que entrei para a cadeia n o tive vida N o tive vida n o vivi n o existi n o para ningu m nem para psic logos nem coiso Passei muitos maus bocados quando falo nesse assunto at me vem l grimas aos olhos que eu dormi na rua muitas vezes passei noites fora de casa meti me na droga
84. conveniente fazer N o que procure alguma coisa mas gosto de saber como que estou para a idade 100 que eu tenho mas pronto gosto de saber como que estou Como que est o sangue como que est a situa o Sentir se sustentada Mas esta luta t o grande voc est a ver voc filho e no espa o de dois anos perde pai perde m e perde uma sobrinha perde os irm os todos fiquei completamente de rastos Se n o fosse a enfermeira era capaz de ir para a tomar um bocado daquilo ou meter me naquilo ou sei l p Podia ter acontecido ou no lcool A gente devemos falar disso de tudo A vida continua Meti uma pedra em cima daquela situa o Custou me pronto Eu levantei me H pessoas que n o tamb m est o na merda Alguns est o presos Sentir se chamada a participar Mas estou a reduzir a metadona Vamos reduzir agora quatro ou cinco mil metros passamos assim por uma fase eu proponho enfermeira combinado A redu o combinada Nunca me aconteceu pedir para reduzir e ela dizer que n o Pelo contr rio ela pergunta se eu preciso de alguma coisa veja l N o eu tou bem O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo O problema que eu tinha diariamente para arranjar as doses e todas essas porcarias e todos esses problemas que adv m da do v cio pronto
85. da sua sequ ncia no processo assistencial que promove a independ ncia do cliente e a possibilidade de fazer escolhas informadas no seu percurso de recupera o Na situa o particular de pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas os enfermeiros alicer ados numa forma o que lhes permite uma abordagem eminentemente hol stica dos problemas de sa de assumem enquanto gestores de caso um papel de pivot ao longo do processo de cuidados com fun es que envolvem a presta o de cuidados diretos a prioriza o e coordena o dos cuidados desenvolvidos por outros 141 142 t cnicos e institui es de sa de e sociais e ainda a comunica o e articula o com outros organismos da rea da forma o e inser o profissional e da justi a No mbito da gest o de caso realizada por enfermeiros na assist ncia aos problemas de sa de e sociais apresentados pelas pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas verifica se que a presta o de cuidados diretos a coordena o de cuidados o acompanhamento 138 Blancett S Flarey Dominick 1996 Case studies in nursing case management health care delivery in a world of managed care Jones amp Bartlett Publishers 338 13 Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 62 70 140 Weydt
86. de caso Como poss vel compreender disciplinar e profissionalmente estes testemunhos privilegiados na primeira pessoa Numa altura em que a problem tica da adi o atinge na Europa e em Portugal propor es nunca antes vistas a diversifica o das subst ncias consumidas dos padr es de consumo e das doen as associadas aliada ao aumento do n mero de clientes e complexifica o das suas necessidades de cuidados suscita que sejam repensados os modelos assistenciais tradicionais e desde a se procurem novas respostas para as necessidades das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas As orienta es europeias e nacionais recentes apontam um caminho de organiza o dos cuidados que assenta na constru o de respostas integradas capazes de melhorar n o apenas o acesso mas tamb m as respostas s cada vez mais complexas e cr nicas necessidades de sa de das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas A gest o de caso apresentada como uma dessas respostas Consent neo com as necessidades atuais do tratamento das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas o interesse crescente dos enfermeiros pela rea da aditologia tem vindo a dar origem a toda uma tend ncia transformadora na qual os enfermeiros contextualmente ampliam o escopo da sua praxis trilhando caminhos de maior participa o nos projetos de sa de das pessoas que cuidam A gest o de caso realiz
87. de pessoas com toxicodepend ncia cuidadas por enfermeiros gestores de cuidados num CAT vem por este meio solicitar se digne autorizar a realiza o da respectiva colheita de dados na ET do destinada ao cumprimento da etapa emp rica do estudo Considerando que se trata de um estudo qualitativo de orienta o fenomenol gica a colheita de dados a que se refere este pedido de autoriza o reporta realiza o de entrevistas a dez utentes da ET do a escolher por amostragem te rica de entre a popula o de utentes acompanhada pelos enfermeiros como gestores de cuidados Estas entrevistas em profundidade que pelo facto de se inscreverem numa orienta o fenomenol gica n o se fazem acompanhar de gui o t m como objectivo conhecer descrevendo a experi ncia vivida das pessoas com toxicodepend ncia cuidadas por enfermeiros de acordo com o modelo de gestor de cuidados que a Escola Superior de Set bal tem ao abrigo de protocolo formulado entre a ESS e o CAT datado de Junho de 2006 vindo a desenvolver com a equipa de enfermagem da ET do emas Equipa de Tratamento na actualidade Campus do IPS Estefanilha Edif cio da ESCE gt Telef 265 709 300 395 Fax 265 709 392 gt 2914 503 SETUBAL 214 o ESS ESCOLA SUPERIOR DE SAUDE INSTITUTO POLIT CNICO DE SETUBAL HUMANISMO QUALIDADE E INOVA O Mais informa que estudo em quest o inclu do na linha de investiga o centrada na experi ncia vivida
88. direitos mas pronto n o sil ncio J fiz um pouco de tudo na vida j tou como Saramago esse Deus esse filha da puta esse ganacioso se ele existe muito injusto sil ncio a enfermeira d me muita for a eu n o preciso s de medica o Vou daqui com uma paz uma paz interior vou bem Eu saio daqui mais leve Deixo c as minhas frustra es emocionada Eu posso falar de tudo de tudo tudo tudo o que me vai na alma que ela tem sempre uma frase amiga tem sempre um gesto uma palavra uma palavra banal simples de conforto e que isso me ajuda eu vou chego l fora puxo do cigarro e vou a fumar devagar e vou beira mar tenho o autocarro e vou a pensar em tudo A nossa conversa vai no meu cora o eu rebobino a cassete e vou ouvindo tudo o que ela me diz levo a conversa comigo E vou bem Os meus projetos que eu recupere recupere o mais depressa poss vel do problema de sa de que eu tenho para que eu possa levar uma vida normal como qualquer outra mulher emociona se Vejo o CAT a fazer parte disso com a enfermeira vejo Sem a enfermeira n o vejo 254 Narrativa do V tor 10 J consumi muita droga gostei de a consumir n o posso dizer que n o Ningu m obrigado a dr gar se n o As pessoas fazem porque gostam digo eu o gozo da droga Eu gostava de me dr gar e gostava do efeito da droga mas ao fim e ao cabo a droga vem prejudicar a vida de uma p
89. dizer que eu n o venha s consultas Que eu at gosto bastante que isto no CAT uma ajuda que a gente tam m tem para tudo Diniz 4 mas tamb m de permanecer ligado ao enfermeiro e Equipa de Tratamento que sente como securizantes eu tou a tentar fazer ver se consigo degrau a degrau sei que isto para o resto da vida Carlos 2 E n s estamos a levar a nossa vida para a frente e tamos a fazer as coisas assim Ainda h um looooongo caminho a percorrer Rui 11 como ilustram as palavras do Carlos e do Rui nos momentos das suas entrevistas na experi ncia vivida de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso na Equipa de Tratamento do estudo a pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas sente que longe de terminar o seu processo transformativo tem a escala de uma vida Da vida de cada pessoa 165 Comunalidades e singularidades de uma experi ncia vivida Para as pessoas participantes no estudo a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso numa Equipa de Tratamento do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP manifesta se como um fen meno relacional que evolui tanto no tempo do acompanhamento pelo enfermeiro quanto da compreens o que cada uma vai fazendo a partir da sua rela o com a s subst ncia s adictiva s do seu pr prio tempo biogr fico com sentidos de passado de presente e de futuro Trata se pois de uma experi ncia toda ela v
90. do fogo ou o que e come ou me inflamou o p todo Queria cal ar e j n o conseguia E eu tava com medo porque h pessoas que j cortaram a perna pelo joelho por causa disso Queixei me minha terapeuta e ela deu conhecimento doutora e perguntou quando que ela podia ver o p e isso tudo marcou logo a consulta comigo disse me para eu vir c para a doutora tar um bocado comigo T a ficar bom Tava muito poxa tava muito pior Marco 3 Quando alguma coisa que n o pertence a ele ele Isto n o comigo mas deixa tar que eu falo com a doutora e ela depois h de marcar uma consulta contigo Diniz 4 A enfermeira mesmo h bocado telefonou logo para para a assistente social para marcar consulta Disse que n o tinha consulta marcada com ela e ela telefonou logo e pronto Fernando 12 Sentindo que os seus pedidos encontram eco na mobiliza o que o enfermeiro faz para a participa o de outros t cnicos da Equipa de Tratamento a pessoa experiencia o progressivamente como seu representante 137 Tem me ajudado em tudo o que poss vel tudo o que eu pe o s vezes pe o lhe para n o vir de t o longe tenho ins nias para me ajudar a dormir ela fala com a doutora e ela receita hoje e depois para a semana eu levo Venho c buscar ou ent o vai pelo correio um favor que ele faz s vezes mandar pelo correio um favor que ele t a fazer ele ao mandar fogo ta
91. do v cio pronto n s ganhamos um v cio tal que depois j n o s o v cio aquilo chega a um ponto onde j n o para nada s para nos tirar o problema de sentirmos dores no corpo n o Aquela ressaca malvada que aquilo leva nos quase morte A mim levava de certeza a mim levava levava E medida que o tempo vai passando n s vamos aumentando a dose n o Pois que aquele bocadinho j n o d depois outro bocadinho j n o d e etc por a fora e vamos aumentando aumentando chega aquele dia que eu vou fazer isto tudo e pronto acabou se Eu j para poder trabalhar eu tinha que tomar isto logo de manh se n o era imposs vel onde que eu me levantava para ir trabalhar o dia O dinheiro que ganhava era todo para bater Eu com cinquenta e quatro anos h quanto tempo que j andava metido nesta porcaria Josu 7 Neste pensar se a pessoa toma consci ncia da incapacidade que experienciou para controlar o uso da s subst ncia s e recorda o sofrimento que viveu ao longo dos anos em que consumiu Tive muito tempo a dormir na rua foi pela minha cabe a foi por mais nada Fiquei sem a minha filha a minha filha t numa estitui o Eu n o tinha condi es pa criar a minha filha p a crian a tar mal pa passar fome passar frio como eu passei Eu tam m fiquei sem ela porque eu tam m sou terr vel o lcool Isto d i muito pra mim d i muito n o h d
92. dos dados explicitamente n o relacionados com o fen meno em aten o e pelo reordenamento do texto com organiza o de sentidos tem ticos sem contudo lhe alterar o sentido inicial 4 23 uma vez que as narrativas fenomenol gicas promovendo o acesso experi ncia particular em vez de a divaga es sobre outros assuntos ou a constru es abstratas sobre essa experi ncia permitem mais facilmente desvelar interpretar e recolher os fen menos que se manifestam no texto De algum modo come ada j nas entrevistas quando o investigador est ativamente a ouvir os significados e a atribuir sentido ao que as pessoas 237 dizem e no processo de elabora o dos seus verbatins a an lise fenomenol gica dos dados continuou se aprofundou se na imers o do 234 Caelli K 2001 Deriving Narratives From Transcripts In Engaging with Phenomenology Is it more of a Challenge than it Needs to be Qualitative Health Research Vol 11 No 2 277 235 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 60 64 2 Benner P Tanner C Chesla C 2009 Expertise in nursing practice caring clinical judgment amp ethics 2nd Ed New York Springer Publishing Company 438 237 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Op cit 76 70 investigador nos dados na cria o da intimidade com
93. e ela deu conhecimento doutora e depois perguntou quando que ela podia ver o p e isso tudo e marcou logo a consulta comigo disse me para eu vir c um dia para a doutora tar um bocado comigo T a ficar bom Tava muito poxa tava muito pior Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Tive a falar com as duas a enfermeira e a assistente social sobre o trabalho Elas falam uma com a outra Elas t m reuni es elas falam sobre n s A terapeuta a enfermeira n o tem muito que para ajudar a gente a arranjar trabalho n o muito a parte dela mais da assistente Para esses programas do lado da assistente social elas daqui comunicam umas com as outras com as assistentes sociais do Centro de Emprego N o resolveu o problema mas marcou a consulta com a outra e a outra vai me atender mas primeiro vai ver o que que se passou para n o me terem metido nisso no programa ocupacional Se fosse eu a tar a telefonar p a outra assistente que me arranjou esse tal trabalho ah n o tinha dinheiro para andar a pagar na cabine telef nica e assim e isto as linhas eles n o devem gastar quase nada n o O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se controlada A gente quando vem come ar o tratamento tem que assinar um papel E l antes de assinar l e aquilo t l a dizer que n o se pode beber lcool nem tomar comprimidos sem autoriza
94. e n o sei qu isto pode ser uma uma forma de eu recair porque n o ando muito bem e n o sei que mais e perigoso n o Tenho que ter cuidado porque posso recair Pronto tenho que dar a volta n o assim Consigo refletir mais do que tar a pensar sozinho n o Ajuda me Eu s vezes saio daqui e at saio mais motivado e saio melhor quando venho consulta do que quando n o venho Por exemplo hoje j foi um bom dia eu ter vindo consulta j n o me fechei em casa Pronto j uma iniciativa para amanh tentar fazer o mesmo Quando o Fernando se sente melhor a enfermeira fica contente Tam m vejo que a pessoa fica contente Que eu tou a evoluir e n o sei qu e para eu ter projetos na vida Para ter um projeto pronto Por exemplo j tem falado de ter um projeto na vida Tou a trabalhar n o Pronto comprar um carro comprar uma casa pronto Ela diz Meta um projeto na sua cabe a tente por exemplo n o tem carro N o gostava de ter um carro Gostava eu j tive carros e o que eu j perdi porque mas gostava de voltar a ter E tenho carta Ent o meta essa projeto em comprar um carro E pronto quando tou bem Quando tou mas depois s vezes que isso cai tudo que o projeto cai todo abaixo n o assim um bocado Mas ela n o desiste que tam m depende da forma como a pessoa t Ela agora n o me vai dizer para ter esse projeto de comprar um carro por
95. era figuras tive tive muita chatice c a minha m e Porque eu porque isto assim porque eu n o via as figuras que fazia vejo as pessoas vejo as pessoas a fazer as coisas as figuras que elas fazem no meio da rua andarem l todos aos trambolh es eu fico coiso s vezes fico a pensar p ra mim olha a figura que eu fazia Tive muito tempo a dormir na rua foi pela minha cabe a foi por mais nada Fiquei sem a minha filha a minha filha t numa estitui o pro menos o que dizem Alguns dizem que a minha filha foi adotada outros dizem que ela t numa estitui o n o sei Eu n o tinha condi es pa criar a minha filha p a crian a tar mal pa passar fome passar frio como eu passei N o Assim por menos tem um teto e tem comida todos os dias de certeza Se tivesse comigo Eu tam m fiquei sem ela porque eu tam m sou terr vel o lcool e a tam m n o havia hip tese nenhuma a mesmo quem era as pessoas que queria entregar um filho um filho a um alco lico que era o que eu era um alco lico Isto d i muito pra mim d i muito n o h dia nenhum que eu n o pense na minha filha emociona se e respira fundo eu at nem gosto de tar a falar nisto porque porque chato chato n o chato triste e eu tam m lhe digo uma coisa eu tam m entreguei me mais ao lcool entreguei me mais ao lcool quando eu soube que fiquei sem a minha filha Relaxei me que eu n o era
96. es N o s quando temos consultas Eu posso esperar que ela acabe a consulta e se ela tiver outra consulta ou falo ali o que precisava de falar com ela e ela diz me Ent o olha vem c tarde vem c tarde um tempo tenho para ti E s o esses bocadinhos s o esses momentos que me agradam que me absorvem Caem bem Lucinda 9 Foi a que ela come ou a puxar mais por mim as conversas pois Sobre tudo E eu tamb m fui ganhando mais vontade em tar com ela e em falar com ela de tudo um pouco da minha vida com quem eu vivo com quem que n o vivo o que fa o se trabalho se n o trabalho falamos de tudo um pouco Da minha parte eu vejo que que uma pessoa que se interessa por aquilo que est a fazer e por mim pelo menos sinto isso Daniel 6 A pessoa perceciona que o enfermeiro se mostra dispon vel e se interessa por si Sente se procurada valoriza essa procura e transforma gradualmente O investimento na rela o As suas d vidas e retic ncias iniciais passam a ceder lugar a uma possibilidade de abertura ao enfermeiro e disponibilidade para a partilha de si As vezes quando ele tem qualquer coisa quando ele v que eu j tou sem consulta h muito tempo j por exemplo posso tar um m s sem vir consulta Ele como eu j tou h muito tempo e ele quer saber alguma coisa de mim como que anda a minha vida como que t ele liga me ou para o 2 meu telem vel
97. escuso de vir aqui Mas posso agradecer enfermeira um voto de confian a bem grande muitos est o aqui meses e meses e s podem levar quando t o a trabalhar Lucinda 9 Vivendo com agrado a confian a que sente que o enfermeiro passou a ter em si a pessoa sente se confi vel Inicialmente percecionado como exercido pelo enfermeiro o controlo sobre os seus comportamentos de consumo das subst ncias agora progressivamente experienciado como podendo ser partilhado 146 Consegui arranjar trabalho andavam a ver se conseguiam me arranjar agrade o muito a elas agrade o mesmo Pronto eu j tou curado j tou bem curado Posso mesmo dizer que tou mesmo cem por cento mesmo curado N o tou noventa e nove por cento tou cem por cento disseram me a enfermeira pois voc ainda tem pouco tempo por causa do lcool ficaram com um p atr s porque pouco tempo que eu deslarguei e eu tam m j pensei p a mim pr prio porque acho que foi muito pouco tempo Muito pouco tempo Artur 1 Olhando se tamb m a partir do olhar que o enfermeiro lhe devolve a pessoa cotraduz os seus vividos no tempo presente como conta o Artur sobre o momento em que contente por ter conseguido arranjar trabalho anunciou que j se sentia curado falamos sobre isso Por exemplo agora como eu ando tar assim deprimido e n o sei qu isto pode ser uma uma forma de eu
98. esfor os por pequenos que lhe possam parecer e tamb m enquanto indiv duo com valor pr prio 147 TEMA O situar se na sua hist ria de consumos tema comum maioria dos participantes Artur Carlos Maro Diniz Pedo Danid Josu Samea Linda Vita Rui Fernando Carla Isaba Oligar se ao enfermeiro x x x x x x x x x se x x x x Osentir se representada x x x x x x x x x x x x x x Osentir se investida x x x x x x x x x x x x x x Osituar se na sua hist ria x x x x x x x x x x x x De de consumos Porque ele compreende muito a gente por causa da doen a Isto uma doen a por exemplo tenho aqui um caro o e ao falar disso o caro o salta Ou para cima ou para baixo n o interessa mas desaparece Fico aliviado Carlos 2 Descarregar um peso das costas Descarregar um peso das costas Venho com uma cruz de pedra em cima das costas Venho assim curva se para a frente de forma pronunciada e quando saio daqui saio endireita se e respira fundo teatralmente saio assim mais aliviado mais mais coiso Parece que deixei o peso em cima das costas do enfermeiro Rui 11 J fiz um pouco de tudo na vida j tou como Saramago esse Deus esse filha da puta esse ganacioso se ele existe muito injusto sil ncio a enfermeira d me muita for a eu n o preciso s de medica o Vou daqui com uma paz uma paz interior vou bem Eu saio daqui mais leve Deixo c as minhas frustra es emocionada
99. eu Samuel veja l n o consuma olhe pela sua vida t nesta situa o assim t naquela situa o assado e agora desta vez veja l se consegue isso que eu vejo n o nos pedem nada em troca Aqui d o ajuda sem pedir nada em troca E s vezes empenham se Confiar se ao enfermeiro Eu antes de entrar aqui venho logo a pensar que a pessoa que t ali daquele lado n o t aqui para me enganar nem para me prejudicar em nada Portanto venho venho a fazer confian a N o venho para aqui com a inten o de tar a enganar ningu m Nem venho mentir nem escondo nada e quando as coisas est o a correr mal eu chego aqui e se consumi consumi se n o consumi n o consumi N o tenho nada a esconder n o tenho nada a perder s tenho quanto mais sincero for s tenho a ganhar com isso porque a pessoa t a trabalhar com aquilo que eu lhe tou a dar se lhe tou a dar coisas falsas t a trabalhar sobre uma coisa que mentira n o n o vai dar resultado Portanto tenho que ser o mais sincero poss vel Partilhar o controlo sobre os encontros Essa outra coisa de cada vez que preciso de falar com a enfermeira com a terapeuta chego ali pe o para falar ou pe o para marcar marco N o h bito isso acontecer mas j aconteceu Viver os limites da rela o E com a enfermeira que me t a acompanhar como minha terapeuta uma pessoa acess vel n o posso exigir mais dela at data
100. eu para que ele perceba Quando vem bem ent o n o vai perceber Ele j s o bastantes anos j Falando e ele a ver me nas consultas Ele ajuda nos muito Ajuda nos muito pronto a abrir n s abrimo nos muito com ele quer nos ajudar com o enfermeiro fala de tudo de toda a minha vida Como eu estou e como a situa o da minha casa com a minha fam lia com tudo Como est a situa o mais ou menos agora Que n o est muito boa pronto n o por causa das drogas mas por outras 120 Confiar se ao enfermeiro situa es de emprego e s o muitas muitos gastos a pagar a casa a agua a luz e n o e temos os filhos e para dar lhes de comer sem trabalho O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento J tenho falado com o enfermeiro para que ele fale com a assistente social do CAT a ver se ela se pode por em contacto com a outra para nos encaminhar mais r pido Pronto para que ele nos mande para a assistente social daqui do CAT a ver se ela pode fazer alguma coisa para ajudar me O doutor o enfermeiro falou com ela falou com ela pronto a ver se podia fazer alguma coisa por a gente e agora temos consulta com a assistente social do CAT agora no dia dezasseis acho eu Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Pronto ele tamb m nos deu muita ajuda porque a do
101. imagin rias que descrevem o efeito da perspetiva convergindo para o ponto de fuga s o apresentados os dois cap tulos correspondentes aos pontos de partida do estudo A saber No Cap tulo I para uma compreens o do fen meno em estudo situamos a experi ncia vivida como foco de aten o da enfermagem problematizamos sobre as complexidades contempor neas da adi o a subst ncias psicoativas articulamos a enfermagem e a gest o de caso como resposta personalizada s necessidades das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas apresentamos o contexto do estudo formulamos a quest o de investiga o e definimos o objetivo do estudo No Cap tulo II para a orienta o metodol gica do estudo e para a heur stica do m todo sintetizamos os elementos da fenomenologia existencial de Heidegger e da hermen utica de Gadamer que suportam a metodologia apresentamos e refletimos sobre a experi ncia e os a prioris do investigador anunciamos o desenho do estudo e descrevemos a sele o dos participantes bem como a colheita o tratamento e a an lise dos dados Tecemos tamb m considera es ticas e deontol gicas 10 Na Parte 2 Ponto de Encontro ou ponto de fuga ponto localizado na linha do horizonte para onde todas as linhas convergem quando vistas em perspetiva apresentado no Cap tulo II com as pessoas e com as vozes da experi ncia o encontro dialogante e privilegiado que tivemo
102. l parece que h mais interesse tam m da parte dela Ou fui eu que n o tou a dizer que a outra psic loga seja m posso eu n o ter gostado dela n o sei E parece que vejo mais interesse nela na enfermeira no meu problema do que com a outra identifico me mais com esta Apesar de ser enfermeira e da outra ser psic loga n o Que at uma pessoa at fica assim a pensar coiso como que isto poss vel A outra que devia pronto ser mais Suspiro assim 264 Eu com a outra terapeuta tenho uma hist ria que eu andava nos Narc ticos An nimos e pronto mas tava aqui mesma n o tomava metadona e tava aqui mesma E tava lhe a explicar que gostava de andar l que as pessoas falavam muito que ramos amigos e n o sei qu e e pronto e parece que ela n o tar a falar mal da pessoa parece que gozou de eu ter andado l que n o precisava disto Chamou as outras todas Olha este n o precisa c de metadona nem nada disso Anda ali nos Narc ticos An nimos agora j t a pensar deixar de fumar e tudo Se calhar tam m tenho que ir para l eu para deixar de fumar E eu n o levei muito bem aquilo Pronto tou bom em vez de a pessoa motivar e dizer Olha t se bem continua com aquela n o pronto Mas eu n o falo nisto a ela enfermeira n o falo da outra Com a enfermeira falo melhor consigo me exprimir melhor tenho mais confian a a falar de mim e dos meus
103. maneira risos mesmo com os comprimidos s vezes nem paci ncia tinha para a minha m e nem para a minha fam lia Diziam me qualquer coisa e eu desparatava Porque era a faltar me um bocado de qualquer coisa c dentro Inda tou um bocadinho em baixo Tomar consci ncia do controlo externo sobre os consumos Eu parado prontos tam m era o meu mal era quando eu bebia enquanto trabalhava n o dava aquela tenta o Se eu tiver muito tempo parado fico doente j tou habituado j desde os quinze anos catorze ou quinze anos a trabalhar eu tenho que fazer sempre qualquer coisa sempre tenho que arranjar maneira de sempre mexer Procurar controlar externamente os consumos Fui procurar para me mexer o trabalho fui eu que consegui arranjar Gra as a Deus vou come ar a trabalhar amanh Andavam a ver se conseguiam me arranjar agrade o muito a elas agrade o mesmo 79 Experienciar o autocontrolo sobre os consumos N o Isso j vem j vem da minha cabe a Se eu quisesse beber at o n o tinha bebido Que as pessoas se eu quisesse beber bebia todos os dias porque vejo as pessoas metem se todas ao meu lado a beber Ou vou comer com uns colegas meus ou convidam me para irem comer metem se l a beber o vinho Tou aqui eu eles t o aqui minha frente se eu quisesse beber E agora digo lhe uma coisa n o me puxa n o me puxa N o porque isto assim isto aqui conta muito apont
104. maneira risos mesmo com os comprimidos s vezes nem paci ncia tinha para a minha m e nem para a minha fam lia Diziam me qualquer coisa e eu desparatava Porque era a faltar me um bocado de qualquer coisa c dentro Artur 1 Centrando se nos vividos de um corpo que narra como fora de si o Artur lembra como se sentiu exaltado ao experienciar o vazio corporal deixado pela falta do lcool n s com a hero na n o t nhamos dores nada n o temos doen as n o temos nada Tirava me as dores e eu s vezes at D i me os dentes foi assim que isto come ou na brincadeira D i me os dentes d i me a barriga aquele experimentou Ai isto tira as dores assim que as coisas come am Quando parei veio me tudo veio me tudo Aquilo depois vem tudo Tive uma pneumonia tenho s vezes umas c licas renais e tal coisa que nunca tinha Aquilo deve ter camuflado tudo e agora vem tudo Isabel 14 a partir um corpo impregnado na subst ncia e vivido como invulner vel sem dores a Isabel conta como parar de consumir hero na permitiu no seu entender atual que desde a se manifestasse toda uma vulnerabilidade f sica supostamente camuflada at ent o pela subst ncia eu comecei muito novo por isso que o meu corpo custou mais a desmaginar do do do corpo A fase f sica sai em pouco tempo agora a psicol gica n o n o nem num ano nem dois que a ge
105. melhor andar sossegadinho sen o pronto Se eu me come o a drogar pronto de um dia para o outro come o a ficar fraco e prontos e vou V tor 10 muito dif cil mas a vida e os meus filhos e d o me for a para continuar a lutar tenho muitos problemas Eu quero antes viver assim nesta vida que que cair na droga Muito Prefiro ter esta vida que tenho em vez de estar metida na droga de verdade Carla 13 Contemplando as consequ ncias do seu futuro como dependente das subst ncias a pessoa narra a responsabiliza o gradual pelas escolhas que faz no presente na procura de uma vida diferente que deseja como melhor 152 TEMA O modificar o padr o de rela o com a subst ncia tema comum maioria dos participantes Artur Carlos Mro Diniz Pedo Danid Josu Samea Ludnda Vto Rui Fernando Carla Oligar se ao enfermeiro x x x x x x x x x x x Osentir se representada x x x x x x x x x x x Osentir se investida x x x x x x x x x x x Osituar se nasua hist ria x x x x x x x x x x de consumos Omodificar o pacr o de ss o x x x x x x x x rela o coma subst ncia Foi um bocado dif cil porque o corpo o corpo j t habituado aquele bebida O lcool como a droga O corpo sente uma pessoa que teja habituada aquilo tira aquilo de repente o corpo sente como o tabaco Se eu tiver um dia sem fumar come o a tremer por todo o lado Eu quando deslarguei eu andava um bocado stressado e de que
106. n o s a gente ter um canudo Sentir disponibilidade H uma flexibilidade at nas marca es N o s quando temos consultas Eu posso esperar que ela acabe a consulta e se ela tiver outra consulta ou falo ali o que precisava de falar com ela e ela diz me Ent o olha vem c tarde vem c tarde um tempo tenho para ti E s o esses bocadinhos s o esses momentos que me agradam que me absorvem Caem bem Sentir se confortada J fiz um pouco de tudo na vida j tou como Saramago esse Deus esse filha da puta esse ganacioso se ele existe muito injusto sil ncio a enfermeira d me muita for a eu n o preciso s de medica o Vou daqui com uma paz uma paz interior vou bem Eu saio daqui mais leve Deixo c as minhas frustra es emocionada Eu posso falar de tudo de tudo tudo tudo o que me vai na alma que ela tem sempre uma frase amiga tem sempre um gesto uma palavra uma palavra banal simples de conforto e que isso me ajuda Sentir se comprometida Eu sou honesta com ela porque quando fa o asneira enfermeira eu vou fazer o teste mas isto vai dar positivo eu fiz asneira Porque eu fazia asneira e dizia assim Eu lembra me do seu teste enfermeira vou fazer o teste mas isto vai acusar Deixar se habitar pelo enfermeiro eu vou chego l fora puxo do cigarro e vou a fumar devagar e vou beira mar tenho o autocar
107. n o aponta o dedo pronto N o critica n o pura e simplesmente Sentimentos de ambival ncia sobre a rela o um bocado uma muleta que eu tenho e que assim H que ser usada essa muleta isso uma quest o de interesse n o O meu interesse ficar bem o interesse da enfermeira p r me bem N o que eu esteja bem o trabalho dela e acima de tudo tam m a autoestima dela que que se eleva n o Sabendo que conseguiu alguma coisa n o Pronto l a sua vit ria n o O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento Saber que tenho aqui algu m que tenta se conciliar as consultas com o vir buscar as tomas de metadona que eu ando mal financeiramente neste momento n o Dava lhe jeito D lhe jeito este dia E a esta hora d lhe jeito 7 a forma de eu num dia levantar logo duas coisas como conciliar a consulta com o m dico no hospital com a consulta agui ajuda me nesse aspeto Podia n o lhe interessar Pronto n o compreende e tenta se fazer a coisa dessa maneira o que para mim timo Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Venho aqui e em tr s ou quatro dias arranjaram me logo um centro para eu ir J temos uma comunidade para si Senhora enfermeira mas religi es n o Pode se fumar Pode Pronto Se n o fosse
108. n o em lembro bem e sei agora n o sei se foi o enfermeiro que telefonou para l ou se foi a m dica isso n o sei mas foi com o enfermeiro que eu falei Eu n o sabia de nada n o E sei que na semana a seguir me telefonaram para ser internado no dia nove Foi logo e n o demorou tanto tempo O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se sustentada J uma vez reca n o Ao princ pio eu tomava sempre medicamentos e bebia na mesma s vezes n o tomava a medica o e os comprimidos e bebia Outras vezes bebia e em vez de tomar dois comprimidos tomava tr s ou quatro E ele sempre soube isso Chegava c quando falava com ele e dizia pronto desabafava com ele E agora reca tam m na ter a feira reca a ltima vez que eu bebi foi na ter a feira hoje quinta feira Pronto de ter a at agora nem sequer pensei em lcool nada S falo em lcool porque tou a falar consigo ou a falar com o enfermeiro e ele t a fazer tudo por tudo a ver se eu pronto consigo avan ar para a frente a ver se n o se n o caio outra vez no po o Sentir se orientada Tenho hepatite C mas j n o tomo medica o j h bastante tempo tam m agora marcaram a consulta mandaram me ao hospital para fazerem an lises o enfermeiro falou olha se quiseres a gente vai tentar Fa o aqui uns papeis e vais marcar uma consulta para se come ar ent o a tratar
109. n o faz mundos e fundos mas desempenha o papel dela considero na perfei o O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento Fiquei sempre com ela como minha terapeuta e como minha acompanhante e qualquer coisa que eu precise sempre aqui do CAT ela que t como a minha terapeuta Foi sempre com ela Sempre sempre Tem sido com esta enfermeira que eu tenho tado e nunca houve nada que n o tenho nada assim a dizer pelo contr rio Tem sido uma pessoa aqui dentro que eu tenho assim mais contacto Com os outros enfermeiros tenho tam m que quando venho tomar a metadona eles est o l a dar a metadona agora assim assuntos que as consultas e assim sempre com a enfermeira Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Depois tamb m tenho outros problemas de sa de e tamb m me encaminha para o hospital para o meu m dico tem esse contacto eu sei que t m contacto um com o outro H coisas que ela vem a saber que n o da minha boca tem que ser pelo pela boca do m dico Se h alguma coisa quer saber por exemplo a medica o que eu tou a tomar para saber se preciso aumentar a metadona se n o n o desconfia de mim mas liga para l para saber e informa se com o m dico Isso normal O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se sustentada
110. n o s os questionamentos debru am se frequentemente sobre aspetos ntimos e dolorosos da vida das pessoas que precisam de ser avaliados na perspetiva do preju zo que simplesmente falar sobre eles pode acarretar No presente estudo uma vez presumido que pedir aos participantes que relembrassem e narrassem a sua experi ncia vivida de serem cuidados por um enfermeiro gestor de caso lhes poderia suscitar mem rias de vividos de sofrimento relacionados com a hist ria e presente da sua condi o adictiva foi ainda assim sendo o investigador tamb m enfermeiro especialista em enfermagem de sa de mental n o experiente na rea da adi o mas treinado na realiza o de entrevistas e na presta o de cuidados em contexto de sa de mental e psiquiatria decidido proceder colheita dos dados tal como planeado J na realiza o das entrevistas a din mica que foi necess ria estabelecer entre o papel de investigador e de enfermeiro foi justamente um aspeto que se revelou crucial levar em aten o uma vez que apesar de enquanto entrevistadores aceitarmos e registarmos desej vamo lo mesmo toda a profundidade das experi ncias narradas pelas pessoas se tornou mandat rio que enquanto enfermeiros n o deix ssemos que as entrevistas terminassem sem que cuid ssemos das pessoas Sem que no seu final e conforme os casos procur ssemos reparar na rela o a atualidade de sentimentos provocados 232 Smith J Flowers P
111. ncia no processo de cuidados destas pessoas seja no refor o da conceptualiza o da interven o dos enfermeiros com recurso metodologia das hist rias de vida e das abordagens biogr ficas Apesar de esta ser uma mat ria n o inaugural para os enfermeiros encontra se ainda assim pouco desenvolvida e completamente coerente com a orienta o hol stica do paradigma unit rio transformativo em que nos situamos tamb m para Watson e Parse a pessoa torna se no tempo No que se refere ao outro tema essencial que intu mos tamb m como charneira no processo de mudan a destas pessoas o modificar o padr o de rela o com a subst ncia somos de opini o de que beneficiaria de uma abordagem tamb m ela fenomenol gica mas desta vez ancorada na proposta da fenomenologia da perce o de Merleau Ponty Com efeito em particular os vividos corporais e ps quicos da aus ncia da subst ncia narrados pelos participantes do estudo ganhariam em compreens o ao serem iluminados por uma filosofia que diferentemente da fenomenologia heideggeriana conceptualiza a consci ncia como encarnada e o mundo como profundamente vivido pelo corpo 332 Remmers H 2006 The importance of biographical approaches in nursing science Z Gerontol Geriat 39 183 191 333 Merleau Ponty M 2005 Ph nom nologie de la perception Paris Tel Galimard Original de 1945 199 Conclus o O estudo apresentado permitiu adquirir
112. ncia pessoal envolvidos desde h nove anos numa experi ncia de psican lise pessoal no contexto da qual as nossas pr prias depend ncias infantis e adultas s o frequentemente abordadas e transformadas sentimo nos particularmente dispon veis para a compreens o e valoriza o dos processos de vincula o mas tamb m de separa o individua o Apesar de nunca termos trabalhado como enfermeiro na rea da adi o sentimos que de algum modo a nossa experi ncia anal tica pessoal cria um horizonte de oportunidade emp tica para com as necessidades das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas participantes no estudo tamb m elas ocupadas disso d o conta as suas diversas narrativas com os respetivos processos relacionais e maturacionais Da nossa experi ncia profissional tendo come ado por trabalhar como enfermeiro num Centro de Sa de Mental 2 benefici mos nos dois primeiros anos do nosso exercido profissional do contacto com um modo de pensar os cuidados que perante as necessidades cr nicas e complexas das pessoas com doen a mental convocava e articulava como recurso assistencial as diferen as existentes entre os seus v rios t cnicos de sa de Apesar de n o sob a gide da gest o de caso aprendemos sobre e pass mos a valorizar as mais valias que encerra o reconhecimento das diferen as pessoais profissionais e disciplinares aquando priorizadas e conciliadas em favor das mel
113. ncias os enfermeiros s o na atualidade chamados a ampliar o escopo da sua praxis cuidativa trilhando caminhos de maior autonomia e responsabilidade de maior participa o no projeto de sa de das pessoas que cuidam 200 A figura do enfermeiro gestor de caso poder cr se no mbito das unidades de tratamento da adi o melhorar as respostas s necessidades das pessoas que a s o assistidas Os resultados desta investiga o contudo para os enfermeiros em geral que trabalham na rea da adi o e para os enfermeiros gestores de caso em particular carecer o dos seus ju zos posteriores Desde agora os resultados deste que foi um estudo nitidamente subjetivado ligado ao investigador sujeito que o desenvolveu n o s o mais sua propriedade Eles passam isso sim ao dom nio da partilha disciplinar e profissional Se e quando os seus resultados forem capazes de contribuir para a melhoria da presta o de cuidados dos atuais enfermeiros gestores de caso da Equipa de Tratamento e de para al m disso incentivar a que outros enfermeiros o passem a fazer tamb m se conhecer a sua real import ncia Sendo esta uma investiga o em enfermagem e por isso fundamentalmente destinada a ser divulgada aos enfermeiros ela destina se tamb m a quaisquer outros t cnicos de sa de que se interessem pelas pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas Com efeito se a adi o um fen meno complexo nada h de
114. no programa Porque o meu marido j tinha terminado o programa Porque se eu estivesse no programa e ele ainda consumindo eu tamb m voltava a consumir Eu n o podia estar na minha casa a ver o meu marido a consumir n o O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Manifestar novas necessidades eu aceito toda toda a ajuda que eles me possam dar volta a emocionar se e a chorar o que preciso isso trabalho e e o infant rio para a minha crian a quero orientar tamb m o menino J o resto com 121 o trabalho j d para pagar os gastos que temos em casa trabalho para mim e para o meu marido e o pequenito que eu possa mover me que eu possa ir em busca de me mexer solucionar a chorar tenho muita for a de de seguir para adiante sim S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa a Carla O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as 122 A Isabel 14 Uma pessoa n o tem objetivos Vive para aquilo s A pessoa parece que se esquece que existe parece que se esquece s vive para aquilo A Isabel hoje com trinta e seis anos tem uma hist ria de consumo diversificado de subst ncias psicoativas Iniciando se aos dezassete anos com haxixe depressa passou a hero na e coca na que
115. o isso Eu antes de entrar aqui venho logo a pensar que a pessoa que t ali daquele lado n o t aqui para me enganar nem para me prejudicar em nada Portanto venho venho a fazer confian a N o venho para aqui com a inten o de tar a enganar ningu m Nem venho mentir nem escondo nada e quando as coisas est o a correr mal eu chego aqui e se consumi consumi se n o consumi n o consumi N o tenho nada a esconder n o tenho nada a perder s tenho quanto mais sincero for s tenho a ganhar com isso porque a pessoa t a trabalhar com aquilo que eu lhe tou a dar se lhe tou a dar coisas falsas t a trabalhar sobre uma coisa que mentira n o n o vai dar resultado Portanto tenho que ser o mais sincero poss vel E com a enfermeira que me t a acompanhar como minha terapeuta uma pessoa acess vel n o posso exigir mais dela at data n o faz mundos e fundos mas desempenha o papel dela considero na perfei o Sabe um bocadinho da minha vida J sabe que n o sou pessoa de que me dou em centros sabe que mais ou menos a minha maneira de ser para ver o que que d para 247 mim e o que que n o d para mim O que ela me deve aconselhar a fazer e o que n o me deve aconselhar a fazer s vezes diz me o que que eu posso fazer mas diz me Se calhar para si Samuel o melhor isto porque voc com isto n o se d e isto se calhar n o o mais indicado para si pela sua maneira de ser
116. o Pronto l a sua vit ria n o E 238 para mim muito mais Eu posso dizer que aqui veem a parte humana bom a gente gosta de saber que h algu m que diz Sim senhora capaz de dizer Tens que tratar disso e veja l ou seja n o me repreende faz me ver as coisas de outra forma assim se voc n o fizer voc que vai sofrer as consequ ncias Se n o tratar destes papeis agora vai tratar mais tarde quanto mais tarde tratar mais tarde tem as consequ ncias Isto por causa da reforma A op o sua Ela sente essa confian a e sente que eu tenho vontade de fazer as coisas Tou limitado pronto h situa es que tou limitado e n o n o consigo faze las porque tou limitado Saber que tenho aqui algu m que tenta se conciliar as consultas com o vir buscar as tomas de metadona que eu ando mal financeiramente neste momento n o Dava lhe jeito D lhe jeito este dia E a esta hora d lhe jeito a forma de eu num dia levantar logo duas coisas como conciliar a consulta com o m dico no hospital com a consulta aqui ajuda me nesse aspeto Podia n o lhe interessar Pronto n o compreende e tenta se fazer a coisa dessa maneira o que para mim timo Sinto que cada vez mais a enfermeira tem mais confian a em mim A redu o da dose da metadona fui eu que propus Falou se na altura sobre isso fez se e agora durante uns tempos vai tar assim
117. o do seu passado sentida por si como um passo necess rio no processo de recupera o Passei muitos maus bocados quando falo nesse assunto at me vem l grimas aos olhos que eu dormi na rua muitas vezes passei noites fora de casa meti me na droga aos catorze anos aos dezasseis meteram me na rua n o tinha onde viver e dormi na esta o dos comboios Corriam comigo da esta o dos comboios os senhores dos comboios cheguei a dormir no parque num banco do parque chuva tapado com jornais a chover em cima dos jornais e eu acordar molhado Conto lhe bastante a minha vida principalmente as minhas dificuldades agora Mas nunca falei da minha hist ria com ningu m Com ningu m S a minha esposa a nica pessoa que conhece a minha hist ria N o um assunto que eu particularmente me agrade muito falar ahhh um assunto que a minha esposa conhece Com o enfermeiro n o senti necessidade nem nem gosto muito de falar desse assunto um assunto que eu prefiro esquecer At ao momento em que entrei para a cadeia n o tive vida N o tive vida n o vivi n o existi n o para ningu m Rui 11 Ainda assim habitado pelas mem rias de uma hist ria dif cil que aflora na entrevista mas que diz preferir esquecer o Rui conta como se emociona quando se disp e a falar dela Sente que consegue falar bastante com o enfermeiro sobre o seu presente mas vive ainda com dificuldade pensar s
118. o que sei hoje Considerar as consequ ncias do futuro como dependente Cansei me mesmo de vez Agora j vejo as coisas de outra maneira J nem me identifico sequer com aquela vida que eu levava N o tem nada a ver comigo j A pessoa tam m cresce n o Tam m j chega Aquilo n o leva a lado nenhum A pessoa cansa se Ela sabe bem O que eu lhe 124 tou a dizer aqui tam m j tive conversa com ela J tivemos esse tipo de conversas claro J chega Isso j ficou para tr s n o vale a pena tarmos a falar de coisas tristes Responsabilizar se pelas escolhas do presente Porque a metadona antigamente n o existia Eu acho que isto foi muito bom para muita gente apesar e haver ainda pessoas que tomam e continuam a fazer mas isso fica decis o da pessoa a pessoa que sabe o que que quer n o Se se quer curar Acho que isto foi o melhor a melhor coisa que arranjaram sinceramente Agora tive que me orientar sozinha desta ltima vez Se eu quero tenho que me mexer n o O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Transformar se a partir da aus ncia da subst ncia Aquele ano o primeiro ano sempre a pessoa parece que t a apanhar os cacos todos O primeiro ano a pessoa ainda t aqueles primeiros meses Apesar da pessoa se querer curar a cabe a fazer exames muita coisa A
119. o sei mas foi com o enfermeiro que eu falei Eu n o sabia de nada n o E sei que na semana a seguir me telefonaram para ser internado no dia nove Foi logo e n o demorou tanto tempo E pronto tenho gostado da ajuda tanto dele do enfermeiro como aqui do CAT Porque se n o for o CAT ele tam m n o poderia ajudar da maneira que eu ando pronto t tudo tudo interessado Ele fala com a m dica e com a assistente social Ele ajudou me a falar com a assistente social l no nome do outro local pronto depois passei para a assistente social daqui ele disse me que falou com a assistente social Por exemplo eu amanh quero uma consulta com a m dica n o Isto um exemplo E isto ah n o pode ser amanh s daqui a um m s portanto nada disso Falo com o enfermeiro pronto mais r pido marcar assim A m dica bastante ocupada Tem me ajudado em tudo o que poss vel tudo o que eu pe o s vezes pe o lhe para n o vir de t o longe tenho ins nias para me ajudar a dormir ela fala com a doutora e ela receita hoje e depois para a semana eu levo Venho c buscar ou ent o vai pelo correio um favor que ele faz s vezes mandar pelo correio um favor que ele t a fazer ele ao mandar fogo ta me a ajudar J eu n o gasto pronto dinheiro no transporte N o tenho nada com ele tenho tudo a favor Tenho hepatite C mas j n o tomo medica o j h bastante tempo tam m agora marcaram a c
120. os nomes fict cios dos participantes no estudo Das dezasseis pessoas inicialmente selecionadas todas acordaram em participar mas duas das entrevistas foram eliminadas A de L cio que se apresentou na entrevista com o pensamento lentificado e a fala entaramelada aparentemente sob o efeito de subst ncias psicoativas e que apesar de compreens vel no di logo se tornou ininteleg vel na grava o udio E a de Henrique que desconfort vel no in cio da entrevista aproveitou poucos minutos depois a interrup o criada pela necessidade de mudar de gabinete para concluir a sua participa o nesse dia Apesar de remarcarmos nova entrevista n o voltou a comparecer Os catorze participantes onze homens e tr s mulheres com idades compreendidas entre os vinte e nove e os cinquenta e quatro anos apresentam todos problemas de adi o a subst ncias psicoativas e s o cuidados por um enfermeiro gestor de caso No momento da entrevista um dos participantes era acompanhado por adi o a lcool Artur quatro por adi o a lcool e drogas Carlos Diniz Daniel e Lucinda e nove por adi o a drogas Marco Pedro Josu Samuel V tor Rui Fernando Carla e Isabel Todas as pessoas com problemas de adi o a drogas hero na e coca na sobretudo mas tamb m canabin ides e subst ncias sint ticas como LSD e ecstasy estavam tamb m em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos No que se refere ao tempo de acompanhamento com
121. os t cnicos 136 TEMA O sentir se representada tema comum a todos os participantes Artur Carlos Marco Diniz Peito Daid Josu Samea Ludina Vto Rui Femando Carla Isaba Oligar se ao enfermeiro x x x x x x x x x x x x x x Osentir se representada x x x x x x x x x x x x x x E pronto tenho gostado da ajuda tanto dele do enfermeiro como aqui do CAT Porque se n o for o CAT ele tam m n o poderia ajudar da maneira que eu ando pronto t tudo tudo interessado Carlos 2 Do enfermeiro em particular n o n o espero grandes expectativas Espero mais do ET no seu conjunto de enfermeiro psic logos assistentes sociais Espero mais do ET num todo do que do enfermeiro s O enfermeiro como uma porta de entrada para chegar mais r pido s outras necessidades do ET Tem me sido mais f cil chegar a outros s tios do ET atrav s do enfermeiro Porque ele tem me ajudado bastante e ele tenta me ajudar o m ximo poss vel O que pode que ele n o faz milagres Dentro do que pode aqui dentro tem feito bastante aqui no aqui no ET Rui 11 A perce o da complexidade das suas necessidades suscita na pessoa a no o de que a ajuda que necessita est para al m da que o enfermeiro diretamente lhe pode proporcionar Tinha um problema aqui na perna m circula o derivado a pronto a injetar me nas pernas nos p s Foi por causa de injetar na perna na virilha apanhou me uma veia a chamada veia
122. own life and that of others Dilthey As origens do termo experi ncia vivida remontam s ideias do fil sofo Schleiermacher ganhando posteriormente com Dilthey para quem compreender a vida tal como ela vivida pelo homem constituiu poca 1833 1911 o maior e mais profundo problema do pensamento moderno e da cultura uma maior elabora o Pensando o indiv duo como um todo com valor intr nseco e a vida como um processo um continuado que se transforma e que se manifesta na unidade din mica da experi ncia humana Dilthey revalorizou a influ ncia da hist ria e da cultura para a compreens o da vida humana intercomunicada com os outros e centrou e desenvolveu as suas principais ideias em torno do nexo coerente da vida tal como humanamente experienciada a das Erlebnis no original em Alem o 22 Dilthey W 1989 Introduction to the Human Sciences An Attempt to Lay a Foundation for the Study of Society and History Betanzos R Trans Detroit Wayne State University Press Original de 1883 24 23 Idem 24 Ibidem 23 25 Forma o secund ria do verbo erleben traduz vel por fazer terlviver uma experi ncia erleben Erfahrung machen Fazer uma experi ncia In Langenscheidts Grossw rterbuch 1998 Deutsch als Fremdsprache Berlin und M nchen Langenscheidt Dicion rio de Alem o viver presenciar assistir a vivenciar Langenscheidt Taschenw rterbuch 2001 Portugiesisch De
123. para me enganar nem para me prejudicar em nada Portanto venho venho a fazer confian a N o venho para aqui com a inten o de tar a enganar ningu m Nem venho mentir nem escondo nada e quando as coisas est o a correr mal eu chego aqui e se consumi consumi se n o consumi n o consumi N o tenho nada a esconder n o tenho nada a perder s tenho quanto mais sincero for s tenho a ganhar com isso porque a pessoa t a trabalhar com aquilo que eu lhe tou a dar se lhe tou a dar coisas falsas t a trabalhar sobre uma coisa que mentira n o n o vai dar resultado Portanto tenho que ser o mais sincero poss vel Samuel 8 E num envolvimento relacional que perceciona ao alcance de ser ativamente tecido tamb m por si disp e se a falar honestamente da sua vida e das suas dificuldades A pessoa come a a aceitar nesta altura com a consci ncia de que o enfermeiro trabalha com aquilo que lhe oferece viver a responsabiliza o progressiva da sua participa o no processo de ajuda a si Ela assim eu venho a uma consulta marco com ela para a pr xima Fica logo marcada Venho c mensal quinze em quinze dias depende Se eu posso vir naquele dia se n o venho noutro Prontos Combina se logo D me logo um papelinho a hora e a data Marco 3 H o tal acompanhamento se quisermos conversar h aquela pessoa que nos ouve J falei um bocadinho com ela de tudo acho que sim J tivemos muitas consul
124. para o hospital para o meu m dico tem esse contacto eu sei que t m contacto um com o outro H coisas que ela vem a saber que n o da minha boca tem que ser pelo pela boca do m dico Se h alguma coisa quer saber por exemplo a medica o que eu tou a tomar para saber se preciso aumentar a metadona se n o n o desconfia de mim mas liga para l para saber e informa se com o m dico Isso normal Tam m nesse ponto tam m tem ajudado muito para que tenha as consultas e para que seja acompanhado Muitas vezes a maior parte das vezes a enfermeira que toca no assunto e fala no assunto A medica o que eu fa o se tou a fazer se n o tou a fazer Como que me tou a dar com ela isso tam m falado aqui Sim Samuel 8 139 Por exemplo a enfermeira isto dos dentes eu tenho os dentes todos estragados a enfermeira disse que podia ir para Lisboa arrancar os dentes e arranjar a boca e tudo Olha a assistente social pode lhe arranjar tais s tios para voc h este tipo de tratamento voc t interessado Como eu sou seropositivo posso ir Abra o e arrancar os dentes de borla E eu Claro que sim tou interessado n o Arranjar a boca uma despesa cara para uma pessoa pagar Se a seguran a social me pode ajudar eu agrade o Agrade o bastante at V tor 10 Neste sentir se representada a pessoa experiencia tamb m a interven o do enfermeiro na resposta s suas
125. perce o sobre a possibilidade de escolher com seguran a Eu posso dizer que aqui veem a parte humana bom a gente gosta de saber que h algu m que diz Sim senhora capaz de dizer Tens que tratar disso e veja l ou seja n o me repreende faz me ver as coisas de outra forma assim se voc n o fizer voc que vai sofrer as consequ ncias Se n o tratar destes papeis agora vai tratar mais tarde quanto mais tarde tratar mais tarde tem as consequ ncias Isto por causa da reforma A op o sua Pedro 5 Ela a enfermeira geralmente pronto ela aconselha me n o Mas pergunta sempre a minha opini o E quando eu n o concordo n o concordo n o Mas geralmente estamos sempre em sintonia Quando por sua vez faz uma proposta ela tamb m est recetiva a isso sempre Tanto mais que vai haver a um programa de desenho e pintura e coiso e e estou a pensar seriamente em aderir a isso Daniel 6 145 Com a enfermeira as decis es s o acordadas entre n s Ela pergunta me Como que acha melhor Prop e me sim prop e me assim Faz sentir bem Acho que pronto faz me sentir bem Faz me sentir que eu n o sou obrigado a nada que eu que quero Fernando 12 e sentindo se progressivamente chamada a participar nas decis es sobre os seus cuidados experiencia ser ouvida nas suas motiva es e receios considerar em conjunto a
126. pessoa tem que andar a quebrar uma rotina que tinha n o Que eu nunca pensei como que ia fazer a minha vida quando tinha uma rotina diferente Portanto tem que aprender O primeiro ano custa sempre mais Depois a vida vai entrando nos eixos Quando parei veio me tudo veio me tudo Aquilo depois vem tudo Tive uma pneumonia tenho s vezes umas c licas renais e tal coisa que nunca tinha Aquilo deve ter camuflado tudo e agora vem tudo O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Valorizar a propriedade Tou bem no trabalho queria ficar com o meu trabalho gosto do meu trabalho ter uma vida est vel portanto tudo Ter o meu carrinho ter a minha casa coisa que n o tinha nada n o Tenho tudo agora gra as a Deus tenho tudo Redefinir se no contexto social Acabei por cortar um bocado tudo Ali s tenho amigos que continuam e eu cortei de vez N o vale a pena Nem ir amos ter conversa sequer N o Eles continuam na mesma n o querem andar para a frente n o vale a pena Se a pessoa come a se a dar com essa gente outra vez Estamos em mundos opostos agora O meu riso o meu o de clareza tar me a portar bem Uma pessoa assim tamos aqui t o pouco tempo tar a estragar a vida a andar a de um lado para o outro n o vale a pena H pessoas que n o querem continuam Para mim n o d Apanhei medo agora da ltima vez j chega
127. positivas na diminui o dos consumos de hero na em particular Considerando ainda que a coexist ncia de problemas como o alcoolismo doen as psiqui tricas doen as f sicas dificuldades financeiras falta de casa e de transporte interferem frequentemente com o tratamento expressamente dirigido ao abuso e depend ncia de subst ncias psicoativas verificou se tamb m que a gest o de caso com pessoas consumidoras de drogas intravenosas contribuiu efetivamente para a redu o ou elimina o desses problemas ao permitir dirigir os cuidados igualmente para essas outras necessidades de sa de e sociais 123 King T Jr Wheeler M Fernandez A Schillinger D Bindman A et al 2006 Medical management of vulnerable and underserved patients principles practice and populations New York McGraw Hill Professional 124 McLellan A Hagan T Levine M Meyers K Gould F Bencivengo M et al 1999 Does clinical case management improve outpatient addiction treatment Drug amp Alcohol Dependence 55 1 2 91 103 13 Idem 126 Dennis M Karuntzos G Rachal V 1992 Accessing Additional Community Resources Through Case Management To Meet the Needs of Methadone Clients In National Institute on Drug Abuse 1992 Progress and Issues in Case Management U S Rockville Department of Health and Human Services Public Health Service Alcohol Drug Abuse and Mental Health Administration Research Monograph
128. problemas E a outra pessoa pronto n o sei l parece que se calhar n o sentia tanto apoio da outra pessoa pronto em mim E desta pessoa da enfermeira sinto mais mais interesse em mim pronto tudo um pouco isso um bocado inquieta se na cadeira Tou satisfeito tou satisfeito com esta terapeuta E com a outra n o tava Ela nem sabe que eu pronto gosto de vir s consultas e que acho que sabe acho que sabe Mas em rela o outra pessoa outra n o sabe que eu gosto mais de uma do que da outra pronto Tou muito satisfeito com a terapeuta que tenho agora No outro dia ela n o pode dar uma consulta e telefonou para o telem vel para eu n o vir para a consulta que n o valia a pena E j tar a fazer isso j de louvar n o J de uma pessoa fiquei surpreendido Telefonar para o meu telefone Um enfermeiro Para o telem vel a dizer Se calhar se fosse outra qualquer uma pessoa vinha para a e dizia chegava a hora da consulta Olha n o tens consulta que que Mostrou essa preocupa o E as pessoas sentem se bem com isso Se calhar tam m tam m interesse em mim se calhar se fosse com outro depende n o sei se for com outra pessoa se calhar Acho que tem que haver um interesse de mutua parte Acho eu que isso se uma pessoa mostrar interesse a pessoa tam m mostra interesse Se uma pessoa n o mostrar interesse acho que um bocado assim tam m isso
129. profissional e com as suas experi ncias de vida neste cap tulo aclaramos tamb m o poss vel sobre os nossos pr conceitos e motiva es que estiveram na origem do estudo e na forma como nos relacion mos com ele durante a sua elabora o Apresentamos o desenho do estudo e ap s a sele o dos participantes descrevemos o procedimento que proporcionou a colheita de dados tecemos considera es de natureza tica e deontol gica e apresentamos o modo de tratamento e an lise fenomenol gico interpretativa dos dados em particular com um grupo considerado de maiores dimens es 171 Gadamer H G 2002 Verdade e M todo Il Complementos e ndice Petr polis Vozes 53 47 Da fenomenologia existencial de Heidegger O nico sentido ntimo das cousas E elas n o terem sentido ntimo nenhum Alberto Caeiro A fenomenologia compreende se como uma aproxima o filos fica ao estudo dos fen menos Enfocando se sobre o que aparece consci ncia aquilo que dado a fenomenologia explora a pr pria coisa que se percebe tanto sobre o la o que une o fen meno com o ser de que fen meno como sobre o la o que o une com o Eu para quem fen meno Projeto filos fico pensado por diversos autores e com diferentes acentua es no contexto desta investiga o contudo remetemos fundamentalmente para os aspetos que lhe s o principais no pensamento de Heidegger no seu contributo para a explicita o
130. qualidade de gestor de caso o enfermeiro supervisiona a continuidade da presta o hol stica de cuidados com estas pessoas a qualidade da comunica o e a colabora o ativa que este estabelece com os outros t cnicos e familiares a ponto de criar todo um sistema terap utico individualizado uma rede de recursos formais e 302 informais que envolva e suporte a evolu o idiossincr tica da pessoa tamb m referenciada na investiga o como uma das utiliza es terap uticas do self do enfermeiro nos cuidados de enfermagem com estas pessoas Com efeito a partir da conjun o das suas caracter sticas pessoais e da sua identidade profissional e disciplinar do eu pessoa e do eu enfermeiro que se revela para o enfermeiro gestor de caso a maior seguran a para decidir sobre a sua interven o direta em focos de aten o profissionais ou de outro modo reveladora de uma profunda no o de interdepend ncia funcional e de respeito profissional e mesmo pessoal 4 m tuo a decis o sobre a convoca o da participa o de outros t cnicos 2 S o tr s as principais orienta o de que a Nursing Advocacy se reveste a que se motiva nos direitos dos clientes informa o e autodetermina o a que decorre dos direitos dos clientes seguran a pessoal e a que se considera como um princ pio filos fico da enfermagem In Vaartio H Leino Kilpi H 2005 Nursing Advocacy A review of the empiri
131. que pode que ele n o faz milagres Dentro do que pode aqui dentro dentro do que pode tem feito bastante aqui no aqui no ET O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se controlada Ao in cio ele disse me Rui queres fazer um teste Eu disse Ah eu vou fazer um teste vai acusar isto vai acusar isto ou vai acusar aquilo a hero na vai dar negativa porque eu desde que tomo a metadona a hero na sempre deu negativa mas vai acusar coca na porque eu esporadicamente consumo N o havia se calhar necessidade de fazer o teste Ah mas fazes o teste na mesma Fa a fa a o teste na mesma que eu preciso do teste feito para apontar no papel E o teste confirmava coca na positivo com o segundo tracinho muito sumido que j tinha sido h quatro ou cinco dias Tu tens que deixar isso tens que deixar isso tens que deixar isso Sentir se sustentada Descarregar um peso das costas Descarregar um peso das costas Venho com uma cruz de pedra em cima das costas Venho assim curva se para a frente de forma pronunciada e quando saio daqui saio endireita se e respira fundo teatralmente saio assim mais aliviado mais mais Sentir se orientada coiso Parece que deixei o peso em cima das costas do enfermeiro s vezes marca me uma consulta outras vezes d me conselhos mesmo como enfermeiro que seja sem psic logo ser tentame dar um
132. que queria levar as coisas a s rio para engravidar e depois quando falei com a enfermeira ela explicou me e ela indicou me uma m dica daqui que faz banco no hospital falou me nessa m dica que faz aqui neonatal e que est o preparados para esse tipo de situa es Mas foi esta enfermeira que me esclareceu as coisas como deve ser n o E agora esta enfermeira esclareceu me as coisas fiquei muito mais descansada O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo Apanhei medo n o quero voltar a recair n o quero voltar a passar por aquilo N o foi overdose e essas coisas Um susto sei l n o ter nada para comer n o ter dinheiro para nada Tinha d vidas ter que pedir dinheiro emprestado ah ningu m j querer saber de mim Depois ver tudo a apontar o dedo E t s assim t s horr vel horr vel Uma pessoa n o tem objetivos Vive para aquilo s A pessoa parece que se esquece que existe parece que se esquece s vive para aquilo acordar para aquilo o dia e arranjar dinheiro e enfim tudo Compreender as consequ ncias dos consumos N o tinha dinheiro nem para mandar cantar um cego Ali s tinha carro que era da minha m e e quando ela descobriu tirou me o carro E ent o isso para mim Fiquei assim com algumas mazelas mas agora tou bem Fiquei com
133. que s me vai ajudar n o Assim se disser qual foi o problema ela pode me ajudar 109 Sentir se comprometida Viver os limites da rela o Acho que tenho sido sempre bem recebido S se uma pessoa se chegar aqui e se portar mal come ar aos gritos H compreens o mas tam m h limites o trabalho delas e acho que o fazem bem Pelo menos n o se v grandes algazarras nem se v grandes coisas O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento A assistente social com a enfermeira t o a ver se me arranjam trabalho a para uma Junta de Freguesia J s vezes n o t c a assistente social e eu pergunto lhe a ela A enfermeira entra em contacto com ela a assistente social e d me um recado Eu j cheguei aqui a perguntar o que que se passava mas foi com a enfermeira que eu falei sempre Olhe o que que se passa com a assistente social ainda n o me deu resposta A assistente social n o tar e ela depois telefonar me a dizer o que que se passava j ouve uma ou duas vezes Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Sei que ela a enfermeira fala com a assistente social e com o m dico do Hospital tam m Sempre que h alguma coisa t o em conjunto ali s at o m dico do hospital j chegou a telefonar para c Houve essa parte das rea es aos medicamentos sei que eles
134. quis tam m voltar a tomar quando tava c Desta ltima vez voltei n o me lembro muito bem se j tinha sido acompanhado por ela pela enfermeira ou n o Eu foi mais porque n o ia muito s consultas com a outra Eu perguntei porque que me mudaram de terapeuta Que eu tinha outra E mudaram Acharam melhor Porque eu perguntei Porque que mudaram de terapeuta A minha terapeuta era outra pessoa era uma psic loga porque que me mudaram para E depois explicaram me Porque t m mais contacto os enfermeiros no dia a dia E verdade No dia a dia t m mais contacto com o pronto consigo do que os psic logos E pronto e verdade e eu agora at venho mais s consultas do que vinha com com a psic loga E se calhar n o me identificava t o bem com a psic loga e n o tava t o bem vontade com a psic loga do que tou com a enfermeira Sei l n o me sentia muito bem vontade para falar com a outra pessoa Ah por exemplo eu s vezes chateava me com as psic logas porque s vezes t va a marcar para as quatro horas n o E eu vinha aqui tava a montes de tempo At o mas t marcado para as quatro horas tanto tempo Ficava a montes de tempo E vi que por exemplo com enfermeira quase n o espero espero pouco H mais mais pontual Se calhar ainda n o me ocorreu ter que esperar muito tempo se calhar um dia at vou ter que esperar mas parece que diferente sei
135. s e meio desta vez muitos est o aqui meses e meses e s podem levar quando t o a trabalhar Pronto H uma flexibilidade at nas marca es N o s quando temos consultas Eu posso esperar que ela acabe a consulta e se ela tiver outra consulta ou falo ali o que precisava de falar com ela e ela diz me Ent o olha vem c tarde vem c tarde um tempo tenho para ti E s o esses bocadinhos s o esses momentos que me agradam que me absorvem Caem bem Chegou a telefonar me para o telem vel Ah tantas vezes Telefonaram me daqui do CAT tr s e quatro vezes e eu n o ouvi o telem vel a tocar Lucinda ent o eu tou farta de lhe telefonar e voc n o ouve o telem vel Eh eh enfermeira eu tenho o telem vel desligado ou t no voice mail E ela At o afinal a consulta dia tal dia doze n o dia dezasseis N o falto Sinto me confort vel E s vezes j passa da hora da consulta riso Quando venho bem vejo que ela tam m fica fica contente Fica parece que para ela eu acho que a enfermeira leva isto muito a peito Leva isto muito a peito e para ela parece que mais n o queria dizer trof u porque ela n o iria gostar que eu dissesse isso mas como o chav o faz a tua boa a o hoje do dia pronto Ajuda uma velhinha a atravessar a estrada E ela fica contente com os meus progressos Sinto isso nela At ela agora arranjou uma nutricionista risos porque eu
136. se a enfermeira for explicando as coisas como ela explica acho que ela fica a perceber um bocadinho melhor o que isto muito bom para ela ficar a saber isso da boca de uma enfermeira sempre bom fica mais descansada eu acho que sim Mas h de vir c um dia V tor 10 Para al m da representa o institucional dentro e fora da Equipa de Tratamento o Vitor experiencia o enfermeiro tamb m como um parceiro que o pode vir a representar junto da sua fam lia suprindo as suas dificuldades de tradu o do tratamento e de credibiliza o das mudan as Como refere quando lembra as desconfian as da m e resultantes de todos os anos em que tem sido dependente de subst ncias 141 TEMA O sentir se investida tema comum a todos os participantes Artur Carlos Maro Diniz Pedro Danid Josu Samea Ludna Vito Rui Femando Cara Isaba Oligar se ao enfermeiro x x x x x se x x x x x x x se Osentir se representada x x x x x x x x x x x x x x Osentir se investida x x x x x x x x x x x x x sa A gente quando vem come ar o tratamento tem que assinar um papel E l antes de assinar l e aquilo t l a dizer que n o se pode beber lcool nem tomar comprimidos sem autoriza o que sejam medicados aqui pelo CAT prontos coisas assim e nem consumir hero na nem coca na porque pode dar uma overdose a metadona tamb m um opi ceo E ela que me acompanha na metadona ela que sabe se eu se eu tenho que reduzir s
137. se procurada qndo P ando se n o h problemas de maior At data tou com a enfermeira Creio que est muito bem entregue a Varia es situa o De vez em quando tenho consultas Eu venho buscar os frascos e do tema Sentir const ncia na marco se ela estiver presente eu marco Ou ent o deixo um aviso se ela rela o n o estiver deixo um aviso preciso de uma consulta Na data em que ela v pronto a gente v em acordo numa data que n o me fa a transtorno a mim O sentir se representada Ilustra o narrativa Tenho uma coisa comigo em rela o metadona que foi a c rie Tinha os Sentir se representada dentes que era uma categoria chegaram me a cair os dentes N o imagina Varia oes para al m da Equipa de o que eu senti quando me caiu um dente J falei disto enfermeira tenho do tema Tratamento que tratar da boca que isto est uma desgra a com ela ela est apta a fazer isso O sentir se investida Ilustra o narrativa Em rela o ao meu tratamento sinto me bem as an lises aqui s o o rastreio urina As an lises ao sangue j n o aqui Passam me ent o as Varia es i credenciais n o Passam me as credenciais com as an lises que s o dotena Sentir se controlada necess rias fazer e isso combinado com a enfermeira Se eu precisar de fazer umas an lises ou qualquer coisa mais ela passar me as an lises e o que for necess rio Uma vez duas no ano
138. se tam m largo isto que eu n o quero voltar mais vida que tinha n o Diniz 4 Ali s at agora a enfermeira comentou e eu pr pria disse Sim vamos come ar a reduzir agora um bocadinho aos poucos Portanto tam m tenho que come ar a n o posso andar a vida toda a tomar disto n o Espero eu J chega E depois isso a pessoa eu tenho medo de deixar de tomar e voltar que o psicol gico funciona logo a pessoa deixa de tomar come a logo a pensar Vou l outra vez Ent o mas eu tam m tou desde dois mil e seis sete isto tam m ainda n o nada s o n o chega a quatro anos n o Isabel 14 Nesse sentido desejando evoluir na sua mudan a a pessoa fala do seu desejo de se continuar a autonomizar das subst ncias mesmo as de substitui o 164 E depois partir da venho c nem que seja s para perder tempo s para falar com elas um bocadinho eu nunca vou deixar de c vir porque isto assim uma pessoa nunca se esquece das pessoas que fazem bem n o Se fizessem mal tam m n o vinha aqui de certeza risos Artur 1 eu j tou na fase de reduzir a metadona J tou tou a largar Depois quando chegar chegar ao zero pronto largo Mas venho s consultas mesma Para saberem se eu tou bem Marco 3 Depois mais para a frente logo a gente v Se tiver bem no meu sistema n o Se eu me sentir bem e tudo N o quer
139. ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso nele se manifestam tamb m as mais valias da gest o de caso realizada por enfermeiros Nesse sentido os seus resultados uma vez do conhecimento das hierarquias dos servi os de tratamento de adi es a subst ncias psicoativas t m o potencial para partindo do conhecimento 328 European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction EMCDDA 2000 Understanding and responding to drug use the role of qualitative research Scientific Monograph Series N 4 Luxembourg Office for Official Publications of the European Communities 329 Ibidem 22 196 profundo das necessidades dos clientes contribu rem para a melhoria organizacional dos cuidados de sa de em geral e de enfermagem em particular Para os enfermeiros gestores de caso atuais e futuros estes resultados proporcionam uma orienta o tem tica das comunalidades e das singularidades facilitadora da identifica o de problemas e da evolu o subsequente do estado de sa de dos seus clientes do que em fun o das suas necessidades estes daqueles esperam A estes dados qualitativos outros quantitativos se devem juntar contudo na cria o de um corpus de evid ncia que suporte as decis es sobre as melhores escolhas consideradas as necessidades das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas e a custo efetividade das solu es encontradas De referir ainda que em mat ria disciplinar o estudo refor
140. sua vida Vivo s com a minha m e S eu que podia ganhar dinheiro para a gente comer n o E eu n o posso andar metido no mundo da droga se n o n o ganho n o N o vou deixar a minha m e a passar fome Tenho que mudar a vida que para ter responsabilidades e ser eu a gerir a minha fam lia Coisa que nunca tinha feito antes quando ando metido na droga Marco 3 Eu atualmente n o tou a trabalhar h coisa de seis meses que n o tou a trabalhar Tou em stand by porque quero tratar primeiro dessas coisas do f gado e da vista e ajudar a minha m e A minha m e uma pessoa que j tem setenta e sete anos tem diabetes tem arterosclerose pronto j n o est capaz de tar sozinha A minha irm vai trabalhar durante o dia e eu que fico em casa a tratar das coisas E eu que tenho que cuidar disso tudo g s aberto s vezes a gua del rios Ela fez por mim agora tenho que fazer por ela n o risos Seria um problema se isso tivesse acontecido nessa altura em que consumia Mas eu preciso trabalhar n o Que coisa que brevemente devo come ar de certeza Estou espera e isso a vai ser um problema porque depois ela n o quer ir para um centro de dia sozinha tamb m n o pode ficar e eu tenho que estudar isso a eu e a minha irm Daniel 6 e diferentemente do que lembra n o lhe ser poss vel quando consumia descobre em si uma capacidade
141. surpreendente em ser um dom nio cl nico partilhado em que o di logo inter e mesmo transdisciplinar se compreendam na atualidade como t o necess rio Cada progresso de cada disciplina precisa e pode por isso trazer progressos ao conhecimento de outras disciplinas numa simultaneidade de envolvimentos nas trocas sobre as quest es definidas em comum sobre o que afeta as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas 4 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores 201 BIBLIOGRAFIA Adam E 1994 Ser Enfermeira Lisboa Instituto Piaget Medicina e Sa de Alexander J Pollack H Nahra T Wells R Lemak C 2007 Case Management and Client Access to Health and Social Services in Outpatient Substance Abuse Treatment Journal of Behavioral Health Services amp Research Vol 34 Issue 3 July 2007 221 236 Almeida F Brand o C 2009 Da Fenomenologia Transcendental Fenomenologia Existencial Goi s Universidade Federal de Goi s Acedido em 4 de agosto de 2011 em http www scribd com Alves P 2007 Fenomenologia A Metaf sica do M todo In D Ferrer Ed M todo e M todos do Pensamento Filos fico Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 156 179 Ant nio P 2008 O encontro terap utico e a centralidade do afeto na cl nica com toxicodependentes Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 14 N 2 15 24 Archer L
142. t ultrapassado por completo mas noventa e tal por cento t t ultrapassado Acho que ganhei um bocado de raiva um bocado ao v cio Eu pensar na hero na ou pensar numa bicicleta igual N o me afeta N o me diz nada eu n o tenho aquele pensamento a pedra da coca n o sinceramente n o me afeta Pedro 5 Que as pessoas se eu quisesse beber bebia todos os dias porque vejo as pessoas metem se todas ao meu lado a beber Ou vou comer com uns colegas meus ou convidam me para irem comer metem se l a beber o vinho Tou aqui eu eles t o aqui minha frente se eu quisesse beber E agora digo lhe uma coisa n o me puxa n o me puxa N o porque isto assim isto aqui conta muito aponta para a cabe a Artur 1 Apesar de sentir que o risco de consumir nunca est ultrapassado por completo a pessoa sente ser capaz de recusar a subst ncia aditiva Experiencia assim gradualmente exercer o autocontrolo sobre o desejo de fazer consumos valorizando um pensar que lhe permite autodeterminar se e n o consumir mesmo quando em situa es em que normalmente o faria Aquele ano o primeiro ano sempre a pessoa parece que t a apanhar os cacos todos O primeiro ano a pessoa ainda t aqueles primeiros meses Apesar da pessoa se querer curar a cabe a fazer exames muita coisa A pessoa tem que andar a quebrar uma rotina que tinha n o Que eu nunca pensei como que ia fazer a mi
143. tam m me diz Foi a ltima vez Mesmo que n o estejas n o contes comigo para nada Portanto e eu n o quero outra vez passar por isso n o quero Isso e o trabalho n o me apetecia fazer nada Faltava e n o tinha vontade de nada A pessoa depois n o se d com ningu m Vive para aquilo e s aquilo sair do trabalho e ir a correr para ir e ir para casa que a pessoa s vive para aquilo Eu por acaso trabalho nunca nunca tive assim grandes problemas Nem sei como que consigo manter risos consegui manter o trabalho Que trabalho j h quinze anos acho que gra as a Deus nunca descobriram nada pronto tive essa sorte Sim mas a pessoa depois tudo e a fam lia tudo e dinheiros e a pessoa destr i tudo n o Depois penso nesta altura j devia ter um filho e se n o andasse tanto tempo nesta vida e depois uma pessoa come a a lamentar o que fez n o E o tempo n o volta a tr s n o A que est Ainda tenho muito tempo sua frente mas se soubesse o que sei hoje uma pessoa diz sempre Se soubesse o que sei hoje se calhar at fazia tudo igual n o sei Mas se calhar se soubesse o que sei hoje Porque a metadona antigamente n o existia Eu acho que isto foi muito bom para muita gente apesar e haver ainda pessoas que tomam e continuam a fazer mas isso fica decis o da pessoa a pessoa que sabe o que que quer n o Se se quer curar Acho que
144. tam m n o os quero fazer mais J n o vai por a j n o n o isso acho que um problema que nunca t ultrapassado por completo mas noventa e tal por cento t t ultrapassado Acho que ganhei um bocado de raiva um bocado ao v cio Eu pensar na hero na ou pensar numa bicicleta igual N o me afeta N o me diz nada eu n o tenho aquele pensamento a pedra da coca n o sinceramente n o me afeta Agora tenho outros problemas mais graves a minha sa de tentar levantar me o mais que puder e o mais que conseguir fisicamente e psicologicamente para poder ter 239 um bocado de paz na vida que foi aquilo que eu nunca tive na vida E eu quero ver se tenho um bocado de paz e sossego agora p estes anos que tenho pela frente n o sei quantos mas quero ver se tenho um bocado de paz Estou cansado mesmo cansado desses ritmos que acabam por n o ter nada ou seja o que a gente ganha com isso n o ganha s perde Que eu tou farto de perder E agora assim n o eu j n o quero ganhar nada seja a n vel de de monet rio ou seja l o que for material v l Eu quero ganhar a n vel de paz de esp rito de sossego de tar bem comigo pr prio e tar bem com com aqueles que t o pr ximo de mim ou aqueles que t o mais pr ximos de mim como o caso de ter a minha fam lia mas quero quero ver se consigo isso e tar descansado Pronto t o me a ajudar naquilo que podem t o
145. tempos mas nunca sorriso triste nunca h de voltar a ser como antes claro H sempre a desconfian a Por exemplo ela a m e esqueceu se pensava que tinha dinheiro na carteira mas o dinheiro tava noutro s tio 256 n o era N o sei onde que tava nem imagino A primeira coisa que ela pensou foi que eu lho tinha roubado o dinheiro Porra ent o ao fim de tanto tempo ainda n o tens confian a em mim Porra H sempre essa desconfian a essas partes tam m doem gente Na altura a minha m e nem sequer sabia que eu tomava metadona Ela n o soube quando comecei a fazer o tratamento mas acabei por lhe dizer j depois de c estar Olhe a minha m e j sabe Ah at o depois traga a consigo um dia ela a enfermeira que foi a pr pria a dizer T bem assim quando isto tiver mais calmo at o depois eu trago a Passado dois ou tr s meses ela quis vir comigo mas ainda n o acabou por vir h de vir um dia aqui comigo para conhecer a enfermeira para dizer como que funciona isto Dizer que eu n o ando a consumir drogas que a gente fazemos testes todas as semanas esse tipo de coisas Porque a minha m e uma pessoa muito como se costuma dizer assim um bocadinho atrasadinha atrasada nesse aspeto das drogas e coiso Para ela a droga uma coisa muito um horror Como tem sido n o Acho que se a enfermeira for explicando as coisas como ela explica acho que ela f
146. tenho pronto que arranjar os dentes mesmo h bocado telefonou logo para para a assistente social para marcar consulta Disse que n o tinha consulta marcada com ela e ela telefonou logo e pronto O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se controlada Pois a consultar o tal o da marca o com uma consulta para daqui a duas semanas porque entretanto tenho a consulta com a assistente social e pronto e l t ela depois quer saber como que as coisas correram entre mim e a assistente social assim Sentir se sustentada Quando tou bem mas depois s vezes que isso cai tudo que o projeto cai todo abaixo n o assim um bocado Mas ela n o desiste que tam m depende da forma como a pessoa t Ela agora n o me vai dizer para ter esse projeto de comprar um carro porque sabe que eu tou desempregado sabe que eu n o ando bem depende s vezes as consultas demoram um bocadinho mais tempo Tam m depende do meu estado Se eu estiver bem demora mais algum tempo Se n o tiver t o bem as consultas s o eu j notei isso encurta mais J notei isso tam m Sentir se motivada Por exemplo j tem falado de ter um projeto na vida Tou a trabalhar n o Pronto comprar um carro comprar uma casa pronto Ela diz Meta um projeto na sua cabe a tente por exemplo n o tem carro N o gostava de ter um carro Gostava eu j tive carros
147. teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 151 6 Ibidem 111 et seg 67 Paterson J Zderad L 1988 Humanistic Nursing The Project Gutenberg eBook Acedido em 6 de agosto em http www gutenberg org ebooks 25020 21 sistematizados refletidos interpretados compreendidos e transformados em conhecimento contribuindo para o desenvolvimento da rea de saber De acordo com o seu pensamento pois no contacto com essas comunalidades e singularidades da experi ncia humana que os enfermeiros adquirem a possibilidade para irem de encontro s necessidades das pessoas na perspetiva da melhoria da qualidade dos cuidados que prestam I valoriza Parse por seu lado ancorada na fenomenologia existencia tanto a utiliza o conceptual quanto metodol gica e met dica prop e mesmo um m todo da sua autoria The Parse Method ou The Human Becoming Hermeneutic Method da fenomenologia como forma de aceder significar e teorizar as experi ncias humanas de sa de N o encarando a sa de como um estado fixo ou como associada a mecanismos de causa efeito a autora compreende a antes como um tornar se uma maneira de viver No seu pensamento considerando que este processo de mudan a temporal vivida pelas pessoas frequentemente oculto aos olhares mundanos ainda que profissionais mas inscritos nas ci ncias de orienta o positivista Parse defende que a complexidade do tornar se se pode reconhecer uni
148. the Expert Nurse s Perspetive Journal of Addictions Nursing 8 3 80 84 181 cocompreens o profunda das suas experi ncias de depend ncia s subst ncias das reca das e da recupera o Tra o comum entre a escassa evid ncia dispon vel e os resultados deste estudo os vividos narrados sobre o processo de recupera o da adi o a subst ncias psicoativas permitem pois compreend lo como uma experi ncia de luta na qual com a ajuda do enfermeiro a pessoa a partir de um po o de escurid o se abre gradualmente s suas possibilidades no processo neguentr pico de se tornar Neste processo inicialmente encerrada no que se poderia considerar um modo de ser adicto em que a viv ncia do tempo surge perturbada no 282 283 que se refere incapacidade para antecipar e desde a pr contemplar um modo de ser livre da depend ncia pelas subst ncias a oportunidade para se pensar ademais uma das valoriza es que a pessoa encontra nos 284 A encontros com o enfermeiro Como se intu sse a influ ncia da sua biografia nas circunst ncias presentes e futuras a literatura chega mesmo 279 Rosa A Gomes J Carvalho M 2000 Toxicodepend ncia Arte de cuidar Coimbra Formasau 280 Resultado da revis o sistem tica da literatura realizada por n s em julho de 2007 no contexto do Curso de Forma o Avan ada deste Programa de Doutoramento em Enfermagem apenas um
149. tomada em conta A redu o da dose da metadona fui eu que propus Falou se na altura sobre isso fez se e agora durante uns tempos vai tar assim que para eu tam m me conseguir mexer v tar bem para n o tar a arriscar para eu poder tratar tamb m destes assuntos todos ter mobilidade f sica para me mexer Mas uma coisa que n o prioridade Quando for prioridade vou pensar nisso Neste momento n o Depois v l sofrer um bocadinho se tiver que sofrer e come ar a fazer a redu o Depois j das coisas tratadas Sentir se compreendida A enfermeira uma pessoa que interessada e p e se muito no no meu lugar P e se muito do meu lado ou seja ela n o v s o lado t cnico v tam m bastante o lado o lado pessoal os sentimentos v isso tudo E isso ajuda me imenso e eu consigo acabo por conseguir falar e desabafar Sentir que afeta emocionalmente o enfermeiro E ainda agora tive a chorar e vir a chorar e e sente se que do outro lado tamb m eu sinto que lhe toca e que sente Confiar se ao enfermeiro Acaba por ser um g nero de um al vio quando saio daqui disse tudo o que vinha c dentro o que me t a doer e tentou se acima de tudo n o foi s dizer h o dizer mas sempre para arranjar solu o Para as coisas pode n o ser no imediato mas tenta se e depois isso faz eu ter esperan a e ter vontade de continuar E pronto e d esse nimo e
150. tou sempre a subir mas de repente h um azar qualquer pode ser comigo pode ser com a namorada pode ser com a minha m e ou um problema qualquer e a gente pronto descai aquele bocadinho descai esse bocadinho mas quando come a a subir outra vez se calhar n o degrau a degrau dois a dois ou tr s a tr s Mas pronto o que a vida quer assim assim que eu penso a vida o que eu tou a tentar fazer ver se consigo degrau a degrau sei que isto para o resto da vida 228 Narrativa do Marco 3 J c tinha estado s que tive uma reca da e agora quando vim fazer este j foi com esta terapeuta a enfermeira que tou agora Tenho sido sempre acompanhado com ela e tem me dado bem tenho tido sucesso pronto tenho sinto me bem Porque eu sei que ela n o me quer mal e como j a conhe o h bastante tempo n o A gente quando vem come ar o tratamento tem que assinar um papel E l antes de assinar l e aquilo t l a dizer que n o se pode beber lcool nem tomar comprimidos sem autoriza o que sejam medicados aqui pelo CAT prontos coisas assim e nem consumir hero na nem coca na porque pode dar uma overdose a metadona tamb m um opi ceo E ela que me acompanha na metadona ela que sabe se eu se eu tenho que reduzir se eu n o tenho ela que se eu acusar nos testes ela que sabe o que que me pode fazer prontos ela que sabe de tudo Ela d for a
151. transfer ncia para as situa es de intera o cuidativa profissional com a pessoa poder o criar estamos convictos as melhores condi es para que o enfermeiro gestor de caso se ofere a como elemento de vincula o n 322 1 adulta e recurso suficientemente bom promotor da emerg ncia do pr prio self da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas Na gest o de caso com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas os enfermeiros beneficiar o por isso da 319 Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 68 320 Idem 321 Conti o hare M 1996 A Descriptive Analysis of the Therapeutic Use of Self with Addicted Clients in Early Recovery from the Expert Nurse s Perspetive Journal of Addictions Nursing 8 3 80 84 322 Refer ncia ao pensamento de Winnicott sobre a m e suficientemente boa a que oferece afeto e seguran a mas que aceita frustrar o tempo timo e distanciar se o necess rio e adequado Donald Winnicott O self emergente In Gomez L 2005 Uma introdu o s rela es de objeto Lisboa Climepsi 89 115 193 possibilidade de acederem a pr ticas de desenvolvimento pessoal e de supervis o de cuidados que permitam essa apropria o e majora o da compreens o de si vertida para a compreens o e melhoria da
152. um investigador uma certa experi ncia verifica se que existe sempre algo com que este possa trabalhar O n vel acad mico do presente estudo OS recursos do investigador e a procura para de algum modo contornar a eventual sujei o da escolha dos participantes aos pr ju zos da equipa de enfermagem foram escolhidas das na altura trinta e tr s pessoas em acompanhamento 8 pelos enfermeiros como gestores de caso 2 dezasseis tr s das quais mulheres 223 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 38 51 52 224 Munaf M Albery Eds 2005 Cognition and addiction Oxford Oxford University Press 225 Carpenter S 2001 Cognition is central to drug addiction American Psychological Association Acedido em 10 de agosto de 2011 em http Awww apa org monitor jun01 cogcentral aspx 228 Oliveira M Laranjeira R Jaeger A 2002 Estudo dos preju zos cognitivos na depend ncia do lcool Psicologia Sa de amp Doen as 3 2 205 212 27 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 92 228 Lopes J Sequeira A 2009 Gest o de Cuidados de Enfermagem para uma Assist ncia Efetiva e Integrada Pessoa com Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 1 74 64 Apesar de esta dimens o represen
153. um bocado dif cil tar preso n o um bocado dif cil O enfermeiro d me apoio porque eu s vezes chego aqui n o Tou saturado come o a dizer a ele Eh senhor enfermeiro porra tou saturado de tar em casa tantos dias fechado porra isto e aquilo e ele come a me a dizer tens que ter calma isto tam m j t quase a chegar ao Julgamento o julgamento n o mais que um ano eles v o ter que te chamar depois a partir da vais ver como que vai ser como que n o vai ser e coiso Pronto Tenta me animar O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo Consumia hero na e de vez em quando muito raramente de vez em quando era coca na Muito raro mesmo Eu normalmente tava a hero na mas era junto com um comprimido Que o Dormicum juntava E dava com seringa comecei a consumir todos os dias 90 Compreender as consequ ncias dos consumos comecei a ver que n o era vida para mim que j tava a ter uma certa idade via amigos meus j com filhos e casa pr pria casa deles e tudo tavam a fazer a vidinha deles tavam bem O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Procurar controlar externamente os consumos Entretanto fui ter com a minha ex mulher pa tentar me reconciliar tam m com ela falei c
154. uma m dica daqui que faz banco no hospital falou me nessa m dica que faz aqui neonatal e que est o preparados para esse tipo de situa es Pronto e nesse altura acord mos que volt mos a subir Disse que queria voltar a subir pronto e foi basicamente Portanto e a fui subindo outra vez Mas foi esta enfermeira que me esclareceu as coisas como deve ser n o N o estar a falar mal da outra mas a outra fez me deu me umas informa es Ou ela n o estava dentro do assunto n o sei se calhar tam m por isso n o sei E agora esta enfermeira esclareceu me as coisas fiquei muito mais descansada Ela pr pria disse me quando eu engravidasse para falarmos Quando eu venho s consultas Ent o ou pergunta me quando eu venho s tomas Ent o tens boas tens boas not cias que para quando eu tivesse ela me encaminhar ent o para a m dica Portanto n o voltei a subir para o que tava a tomar pronto tam m tou com menos cinco miligramas entretanto agora vou me propor para reduzir que j falei com a enfermeira Isto n s n o podemos tar aqui a vida toda a tomar temos que ir reduzindo porque portanto aqui o como hei de explicar portanto aqui o objetivo a pessoa ir curando se n o At um dia deixar de tomar S que eu ainda n o me senti preparada para isso Que eu at brincava com ela E eu por mim tomo a vida toda e ela Ah a vida toda ent o assim
155. utilidade dos encontros com aquele para a resolu o dos primeiros problemas que lhe apresenta e gratificada disp e se a continuar a procur la As circunst ncias dessa valoriza o da ajuda variam entre os participantes Para o Carlos pela perce o da interfer ncia do enfermeiro na resolu o do reembolso das suas desloca es Equipa de Tratamento que tardava Para o Pedro que por estar a viver na rua foi encaminhado para uma comunidade terap utica e que experienciou o princ pio da liga o enfermeira tanto a partir do apoio que sentiu que aquela lhe deu para que conseguisse vencer as dificuldades de permanecer na comunidade quanto da perce o de que preparando o seu regresso Equipa de Tratamento ela se continuava a ocupar dele na sua aus ncia Para o Artur tamb m a viver na rua por se sentir orientado na resolu o das suas v rias necessidades de cuidados mandou me para Lisboa coiso do alcoolismo Depois ela arranjou me um s tio para ir comer que eu tam m n o n o comia Primeiro vamos l a ter a cura do lcool vamos casa agora para a gente dar uma ajudinha vamos casa e depois a boca Porra ajudar t m ajudado muito Sentindo se progressivamente tomada a cargo pelo enfermeiro que parece que n o desiste Fernando mesmo quando a pessoa resiste em aderir aos cuidados esta valoriza o que sente como a perseveran a do investimento em si sem nada lhe ser pedido em troca e
156. utilizada neste estudo e a autoriza o para ser entrevistada e que a entrevista fosse gravada em suporte udio Adicionalmente manifest mos a nossa disponibilidade para esclarecer qualquer quest o n o respondida Sobre o compromisso do investigador para com os dados a recolher de referir ainda que uma vez que nos estudos fenomenol gicos este se transforma num certo sentido em guardi o e defensor da verdadeira natureza do objeto foi assumida na prepara o para a sua an lise a necessidade de uma postura tanto de abertura quanto de rigor consent nea com essa atribui o 233 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 20 69 Tratamento e an lise dos dados Uma vez recolhidas as entrevistas em suporte udio foi realizada a sua transcri o para texto pelo investigador elaborando se desse modo os verbatins respetivos As raz es da escolha desta transcri o ser realizada pelo investigador prenderam se com a oportunidade de ao faz lo n o apenas poder ir ganhando intimidade com os dados e ir procedendo desoculta o pr via de temas medida que a transcri o ocorreu mas tamb m de aprimorar a nossa atitude fenomenol gica como entrevistadores nas entrevistas seguintes Como forma de dar sentido fenomenol gico s entrevistas procedeu se sua transforma o em texto narrativo pela limpeza
157. v pronto a gente v em acordo numa data que n o me fa a transtorno a mim Ela chama me vamos l conversar se estou bem como que eu ando se n o h problemas de maior Eu j atravessei problemas a vida assim mesmo mas n o n o preciso de mais nada para enfrentar a minha vida n o vou agora agarrar me a isto e aquilo Foi uma fuga N o vou arranjar essa desculpa N o n o foi N o foi propriamente uma fuga realidade A realidade mesmo largar isto para entrar numa situa o que separar isto da minha vida E falo isso com ela Em rela o ao meu tratamento sinto me bem as an lises aqui s o o rastreio urina As an lises ao sangue j n o aqui Passam me ent o as credenciais n o Passam me as credenciais com as an lises que s o necess rias fazer e isso combinado com a enfermeira Se eu precisar de fazer umas an lises ou qualquer coisa mais ela passar me as an lises e o que for necess rio Uma vez duas no ano conveniente fazer N o que procure alguma coisa mas gosto de saber como que estou para a idade que eu tenho mas pronto gosto de saber como que estou Como que est o sangue 244 como que est a situa o Tenho uma coisa comigo em rela o metadona que foi a c rie Tinha os dentes que era uma categoria chegaram me a cair os dentes N o imagina o que eu senti quando me caiu um dente J falei disto enfermeira tenho que tratar da boca q
158. vez cargo em quando vem c s consultas para falar comigo apoia me todos os assuntos que eu tenho s com ele Varia es Ele liga me sempre Quando n o ele mesmo aqui as doutoras Ele do tema deixa recado e elas ligam Olha tens consulta com o enfermeiro para o dia tal Sim senhora E venho c As vezes quando ele tem qualquer coisa quando ele v que eu j tou sem consulta h muito tempo j por exemplo posso tar um m s sem vir consulta Ele como eu j tou h muito tempo e ele quer saber alguma coisa de mim como que anda a minha vida como 89 Sentir se procurada que t ele liga me ou para o meu telem vel ou para casa a perguntar Como que Olha l precisamos marcar alguma consultita A saber como que tu andas como que n o andas A gente j h muito tempo que n o se v nunca mais marcaste consulta nem nada Pode ser Pode ser Vai j ficar a consulta marcada quando vieres buscar a metadona t aqui o papelinho Ele faz isso Sentir const ncia na rela o Venho normalmente de duas em duas semanas conforme Agora ele marcou me j para a semana que vem Eu sinto que suficiente Partilhar o controlo sobre os encontros Houve uma vez que que eu fui ao hospital com o meu filho que ele tem uma alergia o menino e ele tava l de servi o Eu entrei e vi o depois disse lhe Precisava de marcar uma consulta cons
159. vive s para aquilo n o se faz mais nada e faz se coisas que nunca pensei fazer n o Perdi muita coisa e em rela o fam lia chega uma altura a minha m e j me virou as costas Chega uma altura j gra as a Deus sempre me ajudou s que ela A primeira ainda escapas a segunda ainda escapa a terceira a quarta Agora tive que me orientar sozinha desta ltima vez Se eu quero tenho que me mexer n o A m e agora ai t contente S que assim se me v um bocado mais magra O que que tas a fazer assim t sempre um bocado com o p atr s medida que foi reaproximou se da m e Porque ela sempre quis estar dentro sempre me quis acompanhar ao psiquiatra e aos tratamentos E desta vez disse Lavo as m os da faz o que entenderes Eu n o tava ainda na metadona e na cabe a dela a metadona uma substitui o por outra droga Portanto e ela aqui n o sabe se eu venho n o sabe se eu estou a fazer as consultas ela n o sabe apesar de eu lhe contar portanto e ela com o tempo foi vendo tam m v que eu tou bem v que eu Acho que ela v Mas pronto mas h sempre aquelas alturas se a pessoa n o tem dinheiro ou se a pessoa emagrece um bocado come a logo a dizer N o comeces outra vez passa se alguma coisa tu n o me voltes a dar desgostos Pronto coitada ela t habituada a isto n o Uma pessoa t bem ou n o t bem portanto Mas
160. x x x x x pe x Osituar se nasua hist ria x x x x x x x x x x x x de consumos Omodificar o pacr o de E as x x x x x x x x x rela o coma subst ncia Ovalorizar as mudan as x x x x x x x x x x x Oligar se aos outros Eu quero ganhar a n vel de paz de esp rito de sossego de tar bem comigo pr prio e tar bem com com aqueles que t o pr ximo de mim ou aqueles que t o mais pr ximos de mim como o caso de ter a minha fam lia mas quero quero ver se consigo isso e tar descansado Com mais dificuldade com menos dificuldade gostava de ter a ajuda do meu pai mas t a ser muito dif cil hei de conseguir mostrar essas diferen as ao meu pai H uns meses atr s dizia Ser que vou ter tempo J vou ter tempo para dizer alguma coisa ao meu pai Fazer algo que ele fique contente Agora eu sei que consigo e que tamb m tento Sei que vou ter tempo quero faz lo da melhor forma e n o quero dar passos precipitados Por isso que eu vou sempre falando com ela Vou fazer por isso devagarinho Pedro 5 A minha fam lia perdeu muita confian a em mim suspiro deixaram me de me falar Fui recuperando ao longo dos tempos mas nunca sorriso triste nunca h de voltar a ser como antes claro H sempre a desconfian a Por exemplo ela a m e esqueceu se pensava que tinha dinheiro na carteira mas o dinheiro tava noutro s tio n o era N o sei onde que tava nem imagino A p
161. 2008 Plano de A o da UE em mat ria de luta contra a droga 2009 2012 Bruxelas Autor Conti o hare M 1996 A Descriptive Analysis of the Therapeutic Use of Self with Addicted Clients in Early Recovery from the Expert Nurse s Perspetive Journal of Addictions Nursing 8 3 80 84 Costa N 1995 A perturba o da viv ncia do tempo na toxicodepend ncia e na depress o Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPTT N 2 50 61 d Alte Petracchi P Ferreira T Cunha C Salgado J 2007 Self Dial gico Um convite a uma abordagem alternativa ao problema da identidade pessoal Intera es N 6 8 31 Dartigues A 1992 O que a fenomenologia 3 Ed Almeida M Trad Rio de Janeiro Moraes Debesay J N den D Sletteb 2008 How do we close the hermeneutic circle A Gadamerian approach to justification in interpretation in qualitative studies Nursing Inquiry 15 1 57 66 Decreto Lei n 221 2007 29 de maio Lei Org nica do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia I P Di rio da Rep blica S rie Decreto Lei n 17 2012 de 26 de janeiro Cria o do Servi o de Interven o nos Comportamentos Aditivos e nas Depend ncias SICAD Di rio da Rep blica S rie Dias A 2006 Alcoolismo Compreens o Psicodin mica Etanol um l quido meton mico Lisboa Climepsi Alcoolismo e Toxicomanias Modernas Dilthey W 1976 Selected Wrintings Rickman H Trans
162. 4 Idem 1976 1978 1989 37 Ibidem 13 38 Ermarth M 1978 Wilhelm Dilthey The critique of historical reason Chicago University of Chicago Press 16 Neste sentido uma vez assumido que n o se verificam descontinuidades a partir desta ideia de vida humana entre os mundos da natureza e os mundos humanos o conhecimento proveniente das ci ncias naturais anunciado como necessariamente integr vel pelo conhecimento proveniente das ci ncias humanas orientando se fundamentalmente aquelas por estas No que se refere enfermagem apesar do positivismo l gico ter prevalecido consistentemente enquanto a abordagem mais valorizada na maior parte do s culo XX verifica se na atualidade que crescentemente referenciada pelos autores como uma ci ncia humana do campo da sa d q4142 43 44 45 Ao mudar a sua aten o de fen menos em sa de humana enquadrados pelo pensamento positivista para se passar gradualmente a relacionar com as ci ncias humanas a enfermagem adota necessariamente uma outra perspetiva filos fica refletida tanto no desenvolvimento das suas teorias quanto na investiga o e na praxis 39 Dilthey W 1976 Selected Wrintings Rickman H Trans Cambridge Cambridge University Press 0 Dzurec L 1989 The Necessity for and Evaluation of Multiple Paradigms for Nursing Research A Poststructuralist Perspetive Advances in Nursing Science Aspen Publishers 11 4 69 77 In Polifroni
163. 57 230 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 66 68 65 Nesta investiga o em concreto uma vez tomada em conta a j referida expectativa sobre as limita es cognitivas dos participantes para conseguirem aceder e desde a narrarem a sua experi ncia vivida bem como a baixa alfabetiza o da maioria optou se pela realiza o de entrevistas t cnica dialogante consent nea com a orienta o dial gica da metodologia hermen utica e da enfermagem mas tamb m diferentemente da escrita propiciadora do acesso a manifesta es da comunica o n o verbal que acompanham a produ o das narrativas dos participantes e contribuem para lhes atribuir sentidos Levando em considera o a indispensabilidade de os participantes narrarem nas suas pr prias palavras a sua experi ncia vivida do fen meno em estudo ou seja n o lhes coartando a espontaneidade da manifesta o narrativa de si as entrevistas fenomenologicamente inspiradas e necessariamente em profundidade mais do que orientadas por um gui o pr vio foram com a pergunta de investiga o e o objetivo do estudo como fundo planeadas enquanto di logos n o estruturadas por isso Com as quest es iniciais orientadas para o fen meno em estudo pretendeu se assim luz das respostas dos participantes sintonicamente ir lhes propondo a amplia o qualitativa dessa
164. 7 Carter S Little M 2007 Justifying knowledge justifying method taking action epistemologies methodologies and methods in qualitative research Qualitative Health Research 17 10 1316 1328 Chalier C 1996 L vinas a utopia do humano Lisboa Instituto Piaget Epistemologia e Sociedade Chalifour J 2007 A Interven o Terap utica Os Fundamentos Existencial Humanistas da Rela o de Ajuda Vol 1 Loures Lusodidacta Chalker T 1997 Addiction A Concept Analysis Journal of Addictions Nursing 9 4 168 172 Chan G Brykczynski K Malone R Benner P 2010 Interpretive Phenomenology in Health Care Research Indianapolis Sigma Theta Tau International Honor Society of Nursing 203 Cohen E Cesta T 2004 Nursing Case Management From Essentials to Advanced Practice Applications 4h ed Elsevier Health Sciences Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc Coimbra de Matos A 2002 Psican lise e Psicoterapia Psicanal tica 2 Ed Lisboa Climepsi Editores Conselho da Uni o Europeia CUE 2004 Estrat gia da UE de luta contra a droga 2005 2012 Bruxelas Autor Conselho da Uni o Europeia CUE 2005 Plano de A o da UE em mat ria de luta contra a droga 2005 2008 Bruxelas Autor Conselho da Uni o Europeia CUE
165. Acho que ia me logo embora N o tinha paci ncia para tar uma hora ou uma hora e tal Porque se for ao contr rio se calhar j n o t m tanta sensibilidade com uma pessoa n o Ao contr rio de uma pessoa chegar atrasada Eu por exemplo se calhar se chegasse s cinco e com raz o n o Se calhar a enfermeira tam m n o tava aqui minha espera e j tinha ido para casa n o Como podia tar Ou podia n o tar dispon vel na hora e mandar me vir daqui a mais nada pronto Uma pessoa tam m tem que compreender que as pessoas n o podem n o tar sempre ali As pessoas tarem a espera e e tam m mau clima tar a as vezes espera Porque isto aqui tam m h v rios tipos de pessoas h pessoas que t o se a tratar bem mas h outros que n o se t o a tratar H outros que andam aqui por andar a tomar metadona e drogam se mesma Ah eu tento evitar Eu tento me dar com pessoas de quem eu acho que t o a fazer o mesmo percurso Porque eu n o me dou com aquelas pessoas por exempo que v m aqui todos os dias s vezes falo porque tenho que falar 269 quase mas que v m aqui todos os dias tomam a metadona e depois v o ali para o jardim e t o ali o dia todo a beber cerveja e n o sei qu e v o se drogar mesma os testes t o sempre t o sempre positivos e se n o andam aqui a fazer nada o que que andam aqui a fazer N o sei E s vezes mau isso que eu tou a dizer s vezes
166. Acho que bom por exemplo se fosse uma pessoa N o trataste disso agora j n o h nada a fazer ah j devia ter tratado agora pronto chap u n o h nada a fazer N o E pronto acho que bom acho que mostra interesse em mim Se n o tam m n o vinha s consultas se eu achasse que uma pessoa n o coiso o que que eu vinha l fazer N o vinha Fernando 12 Valoriza o que sente como a perseveran a do investimento em si sem nada lhe ser pedido em troca 134 N o sei a profiss o o of cio o trabalho da pessoa s vezes empenha se se calhar mais do que n o tem nada a ganhar tam m n o tem nada a perder e preocupa se E uma pessoa que n o conhece uma pessoa de lado nenhum que apareceu aqui a pedir ajuda e s vezes a gente que andamos l fora lidamos com tanta gente e qualquer coisa querem sempre qualquer coisa em troca n o h nada de borla seja o que for tem que pagar em troca disto e a pessoa aqui acho s vezes que a terapeuta ou a enfermeira ou quem t ali daquele lado neste caso a minha terapeuta d e n o pede nada s vezes s pede que eu Samuel veja l n o consuma olhe pela sua vida t nesta situa o assim t naquela situa o assado e agora desta vez veja l se consegue isso que eu vejo n o nos pedem nada em troca Aqui d o ajuda sem pedir nada em troca Samuel 8 e perceciona como refere o Samuel os cuidados co
167. Cambridge Cambridge University Press 204 Dilthey W 1980 Introducci n a las Ciencias del Esp ritu Ensayo de uma Fundamentaci n del Estudio de la Sociedad y de la Historia Mar as J Trans Madrid Alianza Editorial Original de 1883 Dilthey W 1989 Introduction to the Human Sciences An Attempt to Lay a Foundation for the Study of Society and History Betanzos R Trans Detroit Wayne State University Press Original de 1883 Ditzler J Ditzler J 1995 Largar as drogas Lisboa Associa o Tratamento Toxicodepend ncias Dowling M 2007 From Husserl to van Manen A review of different phenomenological approaches International Journal of Nursing Studies 44 131 142 Drummond J 2007 Historical Dictionary of Husserl s Philosophy New York The Scarecrow Press Inc Edwards G Ed 2020 Addiction Evolution of a specialist field Society for the Study of Addiction to Alcohol and Other Drugs Blackwell Science Ltd Egenes K 1995 Addiction Treatment A Historical Nursing Perspetive Journal of Addictions Nursing 7 1 2 7 Ermarth M 1978 Wilhelm Dilthey The critique of historical reason Chicago University of Chicago Press European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction EMCDDA 2000 Understanding and responding to drug use the role of qualitative research Scientific Monograph Series N 4 Luxembourg Office for Official Publications of the European Communit
168. Chestnut House Publications 5 2 54 61 Moustakas C 1994 Phenomenological research methods California SAGE Publications Inc Morgenstern J Blanchard K McCrady B McVeigh K Morgan T amp Pandina R 2006 Effectiveness of Intensive Case Management for Substance Dependent Women Receiving Temporary Assistance for Needy Families American Journal of Public Health 96 11 2016 2023 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores 208 Morel A Favre J Rigaud A 2001 Rapprocher Ialcoologie et intervention en toxicomanie Entre poits communs et sp cificit s Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT 45 56 Moruj o A 1990 Fen meno fenomenologia In Logos Enciclop dia Luso Brasileira de Filosofia Lisboa Editorial Verbo 484 495 Mulhall S 2005 Heidegger and Being and Time 2 4 Ed London Routledge Munhall P Ed 2001 Nursing research A qualitative perspetive 3 4 ed New York National League for Nursing Mullahy C Jensen D 2004 The case manager s handbook 3 Ed Massachusetts Jones amp Bartlett Publishers Munafo M Albery Eds 2005 Cognition and addiction Oxford Oxford University Press Naegle M 1991 Florence Nightingale Addictions Nursing Pioneer Journal of Addictions Nursing 3 4 124 125 Naegle M 1993 Substance abuse education in nursing National League for Nurs
169. Eu disse N o n o tenho bebido porque se eu for tar b bedo vou me prejudicar e n o quero n o me quero prejudicar Eu cheguei a tar com os meus amigos e eles querem me pagar at o o que que bebes Bebo um sumo ou uma garrafa de gua Eles t o chegam l com uma cerveja fico assim a olhar para ele e p a garrafa alevanto me vou buscar a minha garrafinha de gua ele senta se aqui minha frente e meto a garrafa ao lado Tar a olhar para a cerveja ou n o tar pra mim n o t ali nada As pessoas j me tentaram experimentar j pa ver se eu se eu tinha mesmo for a de vontade Mas n o t m sorte nenhuma S pr prio cheiro s o pr prio cheiro do baga o j me incomoda J me incomoda mesmo J n o fico mal disposto s com o cheiro N o Isso j vem j vem da minha cabe a Se eu quisesse beber at o n o tinha bebido Que as pessoas se eu quisesse beber bebia todos os dias porque vejo as pessoas metem se todas ao meu lado a beber Ou vou comer com uns colegas meus ou convidam me para irem comer metem se l a beber o vinho Tou aqui eu eles 222 t o aqui minha frente se eu quisesse beber E agora digo lhe uma coisa n o me puxa n o me puxa Porque quando eu comecei a beber puxava me ficava a pensar h p eu agora apetecia me agora beber um copo de vinho Eu acho eu acho que j n o porque porque se tiver que me acontecer alguma coisa j me tinha aco
170. L Age d homme Josso Marie Christine 2002 Experi ncias de Vida e Forma o Lisboa Educa 206 Kerouac S Pepin J Ducharme F Major F 2003 La pens e infirmi re 214 ed Montr al Beauchemin Editeur King T Jr Wheeler M Fernandez A Schillinger D Bindman A et al 2006 Medical management of vulnerable and underserved patients principles practice and populations New York McGraw Hill Professional Laverty S 2003 Hermeneutic phenomenology and phenomenology A comparison of historical and methodological considerations International Journal of Qualitative Methods 2 3 Article 3 Legrand M 1993 L approche biographique Marseille Hommes et Perspetives Le n E 2009 The hermeneutic turn on Martin Heidegger s phenomenology Revista Polis Revista Acad mica Universidade Bolivariana N 22 Acedido em 5 de agosto de 2011 em http www revistapolis cl english 22e leon htm Leshner A et al 1997 Addiction Is a Brain Disease and It Matters Science Washington DC American Association for the Advancement of Science Vol 278 45 47 Acedido em 20 de junho de 2007 em http www sciencemag org cgi reprint 278 5335 45 pdf Leshner A 1999 Science based views of drug addiction and its treatment The Journal Of The American Medical Association JAMA American Medical Association Vol 282 14 1314 6 Leshner A 1999 Science Is Revolutionizing Our View of Addictio
171. Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 53 68 pelo acesso a vividos de grande sofrimento perdas relacionais viver na rua doen as f sicas conce es err neas sobre doen as a hepatite C que se cura com lim o por exemplo ou convic es irreais sobre o tratamento e o processo de recupera o caso da omnipot ncia na aprecia o individual sobre o risco de recair quando a abstin ncia recente Em mat ria de consentimento livre e esclarecido para participar na investiga o foi produzido o respetivo termo escrito vide ap ndices que foi apresentado e explicado s pessoas selecionadas e convidadas a colaborar e na sequ ncia datado e assinado quer pelo investigador quer pela pessoa expressando dessa forma a sua anu ncia em participar no estudo No documento para al m da identifica o do investigador e da sua tutela cient fica constaram igualmente o t tulo provis rio do estudo o seu objetivo principal a indica o de que sendo volunt ria a participa o da pessoa poderia caso o desejasse ser interrompida em qualquer momento a garantia que da aceita o ou recusa em participar no estudo n o decorreriam quaisquer benef cios ou preju zos para o seu processo de tratamento a garantia de que a sua identifica o seria mantida no anonimato a garantia de que a informa o recolhida na entrevista seria confidencial e se destinaria exclusivamente a ser
172. Library Association 94 2 Supplement 105 317 Bower K 1992 Case Management by Nurses Kansas City American Nurses Publishing 318 Boyd M 2007 Psychiatric Nursing Contemporary Practice 4 ed Lippincott Williams amp Wilkins 192 Tal como noutros a rela o enfermeiro cliente identificada neste nosso estudo como um elemento essencial na gest o de caso com pessoas com problemas de adi o Na sequ ncia da sua elegibilidade no contexto da Equipa de Tratamento para ser acompanhada com um enfermeiro gestor de caso a pessoa experiencia participar no tecer desta nova rela o terap utica e a partir dela em conjunto negociar as prioridades para os seus cuidados Num quadro de estimula o e apoio ao autocuidado a presta o direta e indireta de cuidados pelo enfermeiro cria condi es para que a pessoa a ele se ligue se comece a desligar da subst ncia e gradualmente se ligue a si pr pria e aos outros A circunst ncia de o self do enfermeiro se revelar neste sentido um requisito b sico na constru o n o s desta rela o terap utica como tamb m da forma da rela o com os outros t cnicos de sa de e institui es coloca em perspetiva partindo da assun o de que os enfermeiros cuidam tamb m o que s o a necessidade da apropria o dos aspetos autobiogr ficos que enformam o ser enfermeiro de cada um A amplia o da compreens o de si pessoa enfermeiro e a aten o
173. Lima V 2006 Avalia o da vincula o do adulto uma revis o cr tica a prop sito da aplica o da Adult Attachment Scale R AAS R na popula o portuguesa 160 161 In Soares Org 2006 Psicologia Contributos da investiga o para o estudo da vincula o Lisboa Associa o Portuguesa de Psicologia e Edi es Colibri Vol XX N 1 No contexto da rela o entre a pessoa e o enfermeiro gestor de caso falamos pois da ltima forma de vincula o referida pelos autores a vincula o como um processo de intera o no contexto de uma rela o espec fica 273 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 111 et seq 180 express o pela e na rela o significativa dos campos fenomenol gicos de ambos cria condi es n o apenas para a amplia o da compreens o m tua o enfermeiro que acede experi ncia do cliente e este por seu lado que acede experi ncia do enfermeiro mas tamb m para a transforma o de cada um deles Na medida que um novo fen meno emerge e se desvela para ambos os participantes na rela o a cria o de um campo fenomenol gico pr prio que considera a participa o de cada um na hist ria da vida do outro torna se parte de um maior mais profundo e complexo padr o de vida Refor ando o valor desta coexist ncia nos cuidados de enfermagem o pensamento de Parse remete nos para a ideia de que as pessoa
174. Mas sim eu estava a consumir e tive que falar com o doutor o enfermeiro com o doutor que t nhamos tido outra reca da O meu marido j n o tomava metadona S eu que tomava a metadona mas consumia tamb m Eu tinha confian a com o enfermeiro s o comentei normalmente N o problema n o tinha pronto n o tinha nada para esconder para dizer Mas pronto eu j quando o disse pus me com vontade de querer queria deixar outra vez a droga O que se passa que tinha que aumentar a dose porque a metadona que estava a tomar mais o que estava a consumir a dose n o me fazia nada Ou seja tinha que aumentar Carla 13 Agora h pouco tempo at tive uma reca da Andava bem depois uma brincadeira uma festa pronto uma pessoa ter um azar e perde o controle E n o fugi foi a primeira coisa que fiz foi vir c Isso ela fez do princ pio Se eu precisasse de alguma coisa era s dirigir me aqui e contactar com ela Nem tinha consulta nem nada mas precisei de vir c falar com ela encontra se sempre um lado positivo pelo menos para mim Senti me mais seguro isto ao fim e ao cabo n s n o andamos aqui a enganar ningu m enganamos a n s pr prios Daniel 6 Ainda assim a experi ncia da reca da uma presen a frequente nas narrativas de todos os participantes Vivida como uma perda de controlo interno que n o consegue reapropriar sozinha e que lhe anuncia a 144 intensi
175. NIVERSIDADE E LISBOA SER CUIDADO POR UM ENFERMEIRO GESTOR DE CASO A experi ncia vivida da pessoa com problemas de adi o Joaquim Manuel de Oliveira Lopes DOUTORAMENTO EM ENFERMAGEM 2012 ii NIVERSIDADE E LISBOA com a participa o da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa E S E L Escola Superior eo de Enfermagem a l de Lisboa SER CUIDADO POR UM ENFERMEIRO GESTOR DE CASO A experi ncia vivida da pessoa com problemas de adi o Tese orientada pela Prof Doutora Maria Ant nia Rebelo Botelho Joaquim Manuel de Oliveira Lopes DOUTORAMENTO EM ENFERMAGEM 2012 iii iv AGRADECIMENTOS Professora Doutora Maria Ant nia Rebelo Botelho orientadora desta investiga o pela ilumina o que me proporcionou sobre a import ncia da fenomenologia para a enfermagem e pela not vel habilidade pessoal pedag gica e cient fica para criticar e suportar todo o longo caminho do estudo Professora Doutora Luc lia Nunes pelo desafio inicial para indagar pelos caminhos da filosofia Apesar de esta ser uma investiga o em enfermagem os benef cios dessa indaga o traduziram se numa maior possibilidade para compreender a orienta o fenomenol gica do estudo Aos colegas doutorandos do grupo colaborativo de investiga o fenomenol gica em enfermagem pela oportunidade de partilhar reflex es te rico metodol gicas e pelo contributo na an lise dos dados deste estudo Aos enf
176. Pelo menos n o se v grandes algazarras nem se v grandes coisas V tor 10 E com a enfermeira que me t a acompanhar como minha terapeuta uma pessoa acess vel n o posso exigir mais dela at data n o faz mundos e fundos mas desempenha o papel dela considero na perfei o Samuel 8 135 Pronto n o a trato por tu n o isso n o Isso h respeito Pessoalmente n o pode ajudar assim coiso mas psicologicamente pode me ajudar Abro me facilmente com ela Abro me mais com ela do que com outra pessoa qualquer Porque sei que o que tou aqui a falar com ela que confidencial tam m que sigilo profissional n o Marco 3 N o vou dizer que como um irm o mas falta pouco Carlos 2 Os limites da rela o agora intensificada s o vividos pela pessoa como necess rios Perceciona realisticamente o potencial da ajuda e procura preservar a intimidade que sente que passou a ter com o enfermeiro um bocado uma muleta que eu tenho e que assim H que ser usada essa muleta isso uma quest o de interesse n o O meu interesse ficar bem o interesse da enfermeira p r me bem N o que eu esteja bem o trabalho dela e acima de tudo tam m a autoestima dela que que se eleva n o Sabendo que conseguiu alguma coisa n o Pronto l a sua vit ria n o Pedro 5 para ela parece que mais n o queria dizer trof u por
177. Redefinir se no contexto social Voltei minha vida normal e at hoje sinceramente Bom for a de vontade tamb m conta penso eu Um indiv duo tem que ter for a de vontade para largar isto como eu tinha e tenho Manifestar novas necessidades Pronto a minha vida est regularizada s precisava era de ter uma vida mais sossegada e acabar com isso e voltar ao meu trabalho autom veis sempre gostei transform los arranj los que eles n o se queixam risos Vamos l a ver se n o me falta as for as at uma certa idade eu n o me estou a ver encostado a num jardim a jogar s cartas Sentir se satisfeita com o novo eu Eu penso que n o tenho problemas nenhuns em vir e ver hero na ou coca na ou sei l aquilo j n o me diz nada n o me diz respeito nenhum nada nada nada at pelo contr rio tenho um amigo at coitado mas n o quer dar a cara e n o vem c Eu digo lhe p tu vai l podes ir ao CAT falas com as pessoas n o custa nada Eu vim sozinho Para mim foi muito bom muito bom muito bom E quanto mais idade mais eu tenho consci ncia disso n o Pronto a minha situa o como voc j viu sou um doente que sinto me bem O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentimentos de ambival ncia Para matar o v cio trabalha se olha d se ao cabedal como se costuma dizer Eu s vezes estou a pensar sob
178. Series 54 77 127 Bokos P Mejta C Mickenberg J Monks R 1992 Case Management An Alternative Approach to Working With Intravenous Drug Users In National Institute on Drug Abuse 1992 op cit 92 111 34 A gest o de caso com pessoas com problemas de adi o tem com efeito demonstrado melhorar a ades o ao tratamento 12 prevenir as reca das reduzir significativamente o consumo de lcool e drogas e promover a sua liga o linkage a outros n veis de cuidados nomeadamente aos cuidados de sa de prim rios Sendo que genericamente a gest o de caso se estrutura a partir de uma equipa multiprofissional e multidisciplinar que organiza um modelo colaborativo no qual todos os membros participam articulando e transcendendo as zonas de especializa o individuais v rios s o os autores que defendem que os enfermeiros se situam entre os profissionais de sa de que disp em de uma forma o mais orientada para o desempenho do papel de gestor de caso em particular com pessoas com problemas de sa de de evolu o prolongada 14 5 13 uma vez que possuem conhecimentos cl nicos se orientam para um cuidar hol stico defendem os direitos dos clientes e det m um amplo conhecimento sobre os pap is dos outros profissionais de sa de 128 Rapp R Otto A Lane D Redko C McGatha S Carlson R 2008 Improving linkage with substance abuse treatment using brief case management and motivational int
179. a 250 Narrativa da Lucinda 9 Eu era na minha mocidade n o sou velha mas pronto era uma pessoa muito hiperativa tinha uma grande vida E agora n o eu sou capaz de passar semanas fechada em casa J quase h quinze anos que ando nisto Reca das reca das Eu acho que eu j vivi tanto na minha vida que s vezes acho que n o tenho nada para descobrir J vivi em muitas comunidades infelizmente e umas piores que as outras outras melhores e psic logos e terapeutas e h psic logos que nem nos olham nos olhos quando v o a falar connosco nem veem a nossa se tamos a mentir se temos uma express o se temos um olhar N s vamos adquirindo por experi ncia N o tava bem N o me tava a dar bem com a minha antiga terapeuta e ent o quis mudar Pus me com um p frente e outro atr s porque n o sabia o que que havia n o sabia o que que ia encontrar seria uma melhor outra pior Eu para falar ao princ pio era arrancar a pele naquela altura em que estava com o p atr s Dei me bem com a enfermeira e at agora temos nos dado otimamente H anos desque ela veio para aqui trabalhar Sorriso n o tem nada a ver o dia da noite A humildade com que ela nos trata humildade de nos olhar nos olhos e a for a a for a interior que ela nos transmite que a mim me transmite e que isso me faz sentir bem Ela parece que absorve tudo aquilo ela absorve a informa o que o utente tenta lhe passar Ela te
180. a Deste modo considerando que o conhecimento proporcionado pela experi ncia vivida dos fen menos humanos de sa de doen a em mat ria de adi o a subst ncias psicoactivas tem o potencial de iluminar e consequentemente melhorar a presta o dos cuidados de enfermagem torna se leg tima necess ria mesmo a indaga o sobre como os clientes 166 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores 82 167 Rosa A Gomes J Carvalho M 2000 Toxicodepend ncia Arte de cuidar Coimbra Formasau 168 Edwards G Ed 2020 Addiction Evolution of a specialist field Society for the Study of Addiction to Alcohol and Other Drugs Blackwell Science Ltd 169 Rosa A Gomes J Carvalho M 2000 op cit 170 Morel A Herv F Fontaine B 1998 op cit 45 vivem a experi ncia de serem acompanhados por enfermeiros que os passaram a cuidar agora como gestores de caso De que fala no encontro com os princ pios enunciados sobre a presta o de cuidados de enfermagem com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas a sua experi ncia de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso S o pois estes os desenvolvimentos e as interroga es que est o na origem da quest o de investiga o que guiou este estudo qual a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas c
181. a es se calhar a cem por cento Mas ele se calhar n o deve passar as informa es a cem por cento aos outros t cnicos Eu penso que j tiveram informa es passadas pelo enfermeiro N o completamente N o todas n o todas Assim tiveram informa es por alto Esta pessoa est se a sentir assim assim precisa de uma ajuda mais ou menos assim E precisava de falar consigo Mas n o diz tudo Ahhhh melhor voc falar com ele que ele explica lhe melhor a situa o E eu quando l chego eu que explico a situa o eu que falo ah eu penso que seja para que a consulta seja marcada para que a pessoa fale comigo diretamente Porque sen o a pessoa falava diretamente com o enfermeiro e o enfermeiro passava me a informa o a mim E assim a pessoa sente se na obriga o de falar comigo para conhecer o problema diretamente Porque se ele passar as informa es a cem por cento as outros t cnicos os outros t cnicos passam lhe uma informa o e pedem lhe para ele me passar a informa o a mim E a consulta j n o vai existir E passado um dia ou dois venho aqui e encontro o e ele pergunta me At o como que correu a consulta como que foi Ele sente se preocupado em perguntar Como que foi Como que correu a consulta Correu tudo bem Como que foi a conversa com a doutora ou com o doutor E foi tudo bem E n o sei qu Que ele uma pessoa que se preocupa bastante pelo menos d
182. a o f sica e mental dos utilizadores Na atualidade apesar das diferen as e especificidades que se mant m epidemiol gicas e de sa de p blica de representa es de efeitos neurobiol gicos de entendimento fenomenol gico na cl nica de complica es psiqui tricas associadas e de terap utica a redescoberta de racioc nios cl nicos comuns entre a toxicodepend ncia e o alcoolismo corresponde a uma evolu o cultural na abordagem geral da utiliza o das subst ncias psicoativas que aproxima no dom nio da adictologia tanto os consumidores de drogas e de lcool com relevo para as pessoas dependentes tanto daquelas quanto deste quanto os princ pios compreensivos e assistenciais das suas necessidades em mat ria de cuidados de sa de Nesse sentido a Organiza o Mundial de Sa de define adi o a droga ou a lcool como o uso repetido de subst ncia s psicoativas s ao ponto do utilizador referido como um adicto se encontrar peri dica ou 2 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2008 Relat rio Anual 2008 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias Dados referentes a Portugal 3 Nota do autor Justificada tamb m pela maior aten o ao despiste por m todo de dete o r pida da infec o por VIH SIDA no mbito do Programa KLOTHO Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia op ci
183. a s vezes vem aqui Ah tenho que me ir embora um bocado Eu eu ainda trabalho noite trabalho durante o dia e trabalho noite E tou sempre com pressa Pronto a vida agora endireitou se n o Espero nunca mais recair Espero ter um filho n o Espero que corra tudo bem Agora acho que est me a correr tudo muito bem Aquele ano o primeiro ano sempre a pessoa parece que t a apanhar os cacos todos O primeiro ano a pessoa ainda t aqueles primeiros meses Apesar da pessoa se querer curar a cabe a fazer exames muita coisa A pessoa tem que andar a quebrar uma rotina que tinha n o Que eu nunca pensei como que ia fazer a minha vida quando tinha uma rotina diferente Portanto tem que aprender O primeiro ano custa sempre mais Depois a vida vai entrando nos eixos N o que a pessoa s vezes lembra se de alguma coisa ou d na televis o ou ou ent o quando venho aqui e vejo estas h aqui pessoas que tavam l comigo n o E vejo as tamb m a pessoa s vezes at sei l lembra se destas coisas pronto N o que a pessoa uma coisa que n s dizemos se a hero na n o desse ressaca consumiamos a vida toda risos e eu infelizmente penso assim tam m Apesar de n o s a ressaca n o Tudo o que aquilo tr s Sei l se calhar se n o desse uma pessoa ainda tava a Mas 278 depois tam m n o s isso n o tudo a pessoa
184. a da Foi complicado Era Natal era altura do Natal e um vizinho de frente tamb m gosta da gosta da droga e um dia subiu nossa casa e queria pronto perguntou se podia se podia fazer um risco de cocaina Ent o o meu marido disse Olha l n s estamos em per odo de metadona N s est vamos em per odo de metadona mas um toxicodependente n s vemos a droga e gostamos Sentimos alguma coisa n o Pronto um desejo Ele disse N o que n o que n o que n o que n o mas afinal provou a e um dia s que provei j era di rio di rio di rio di rio j n o h quem o pare J o faz todos os dias e assim um grande enganche enganchado na droga agarrado droga muito muito muito grande E era tudo tudo tudo o que t nhamos recuperado em dois ou tr s anos muitas coisas de valor foram para foram para a porcaria suspira Foi muito complicado porque eu tava numa situa o tamb m pronto reca mos e foi uma reca da ainda mais as reca das s o ainda piores S o ainda piores com a droga Eh mais forte n o par vamos de consumir e o enganche foi mais vendemos tudo Tudo tudo tudo da casa Tudo o que t nhamos de valor deix mos perder tudo o que t nhamos 273 carro televisor que mont mos numa vida boa que t nhamos deix mos perder tudo em quatro meses que tivemos de consumindo N s nunca falh mos as consultas Mas sim eu estava a consumir e tive que fala
185. a um bocado mais mais mec nico tava ali para fazer o trabalho dela e eu tinha que fazer aquilo como que era e assim de seguida N o havia n o sentia muita preocupa o E aqui j me d o outra import ncia e tive mais tempo l sabia que quinta feira tinha que ir l buscar os frascos e ia e pronto n o se passava mais nada Tinha consultas de tr s em tr s meses quando havia Aqui diferente para mim este acompanhamento est a ser diferente Ao princ pio nos primeiros meses a gente tem que vir c todos os dias Depois que se come a a levar metadona para casa E a partir da que as coisas come aram a ser mais mais intensas riso As consultas s o marcadas na hora n o Combinamos geralmente sempre um m s Temos feito mais ou menos a coisa de m s a m s E nas consultas pronto falamos de tudo um pouco Foi a que ela come ou a puxar mais por mim as conversas pois Sobre tudo E eu tamb m fui ganhando mais vontade em tar com ela e em falar com ela de tudo um pouco da minha vida com quem eu vivo com quem que n o vivo o que fa o se trabalho se n o trabalho falamos de tudo um pouco Da minha parte eu vejo que que uma pessoa que se interessa por aquilo que est a fazer e por mim pelo menos sinto isso Mais do que por exemplo em rela o pessoa que me acompanhava no outro CAT Geralmente quando venho quer dizer sento me n o Ela tem o processo fren
186. a express o humanas tem ao longo do tempo e para autores tradutores diversos parecido ser mais apropriada uma vez que alegam que por Geisteswissenschaften Dilthey se pretendeu referir a todo o espectro da unidade psicof sica da natureza e da experi ncia humanas e n o unicamente os factos da mente ou do esp rito Betanzos in Dilthey W 1989 Introduction to the Human Sciences An Attempt to Lay a Foundation for the Study of Society and History Betanzos R Trans Detroit Wayne State University Press Original de 1883 31 32 33 O termo alem o Geisteswissenschaften tem tamb m sido traduzido na literatura de l ngua inglesa como Estudos Humanos In Mitchell G Cody W 1992 Nursing Knowledge and Human Science Ontological and Epistemological Considerations Nursing Science Quarterly Chestnut House Publications 5 2 54 61 Dilthey W 1989 Introduction to the Human Sciences An Attempt to Lay a Foundation for the Study of Society and History Betanzos R Trans Detroit Wayne State University Press Original de 1883 175 15 the combination of lived experience expression and understanding is the specific process whereby mankind exists as an object of the human sciences Hence the human sciences are grounded in this connection of life expression and understanding e Ao organizar uma ontologia e uma epistemologia com atributos pr prios as ci ncias humanas anunciam nesta perspetiva a
187. a gente gostava que andassem mais depressa mas est o a andar e tou contente claro mas por outro lado tam m sei que a culpa minha E s vezes temos aqui consultas a falarmos a fazer retrospetiva e a enfermeira com a paci ncia dela vamos fazer assim assim assim assim Primeiro vai aqui depois de tratar disto vai aqui se eles quiserem informa es voc vai ter com o doutor nome do m dico ele faz um relat rio com as informa es sobre o seu processo volta ao outro m dico Hei de conseguir mostrar essas diferen as ao meu pai H uns meses atr s dizia Ser que vou ter tempo J vou ter tempo para dizer alguma coisa ao meu pai Fazer algo que ele fique contente Agora eu sei que consigo e que tamb m tento Sei que vou ter tempo quero faz lo da melhor forma e n o quero dar passos precipitados Por isso que eu vou sempre falando com ela Vou fazer por isso devagarinho 240 Narrativa do Daniel 6 Infelizmente eu j ando nisto h muito tempo j Desde noventa e um j s o uns anos valentes J tinha estado em nome do outro CAT agora Equipa de Tratamento era uma terapeuta que n o era enfermeira Nunca existia este CAT aqui S que por quest es de dist ncias e coiso pedi para passar para aqui Aqui neste CAT acompanhado pela enfermeira diz o nome h um ano e tr s meses mais coisa menos coisa O outro era um bocado mais distante a outra terapeuta que eu tinha pronto er
188. a m e a passar fome Tenho que mudar a vida que para ter responsabilidades e ser eu a gerir a minha fam lia Coisa que nunca tinha feito antes quando ando metido na droga O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Desejar consolidar a mudan a Agora mas eu eu tenho tido sucesso aqui Apesar de ter ca do j de ter tido uma reca da n o Mas tou a levar isto a s rio vamos come ando at estabilizarmos a vida como fomos antes de come ar no mundo da droga n o Tivemos a infelicidade de cair l Mas tudo de resolve tudo se pode melhorar n o Sentimentos de ambival ncia Eu sou sou livre pronto tenho que ser eu mesmo a fazer por mim tou muito motivado Tou satisfeito como t a correr a cura n o E quem que tem mais cabecinha e p pr xima n o se l vai meter n o risos Eu acho que sim Mas ah a psicol gica isto ainda vai c durar uns aninhos n o Se uma pessoa passar cinco anos cinco seis anos sem sem consumir acho que j n o vai consumir mais Acho que esquece isso Mas h quebras h quebras H muitos obst culos para a gente ultrapassar e s vezes h uns que a gente nem consegue ultrapass los quando a vida parece que corre mal H contratempos mas a gente tem que saber ultrapass los Eu tenho medo de cair 87 novamente na hero na isso que eu tenho medo
189. a minha parte Eu n o sei como que ele como terapeuta para com os outros que ele terapeuta de mais pessoas Eu n o sei como que ele com os outros Eu tou a falar dele como terapeuta no meu caso Ele comigo funciona desta forma Agora como vim para aqui j come aram a aparecer umas assistentes sociais j me deram o combinado para trabalhar v o me dar rendimento m nimo Como eu estou aqui arranjaram trabalho para a minha mulher o trabalho provis rio est p acabar em maio uma ajuda agora para o Natal Ela vai continuar a receber o rendimento m nimo mais o ordenado temos a ajuda mais do abono dos mi dos mais o meu rendimento m nimo V o me arranjar os dentes para eu ter um uma apresenta o mais ou menos Foi o que a assistente foi proposta da assistente social Depois numa reuni o com o enfermeiro falei lhe nessa situa o Querem que eu engorde mais um bocadinho Eu estava super magro Estou muuuito melhor Voc via me h dois meses atr s eu tinha 262 covas aqui na cara Eu estava assim faz covas na cara e mostra me eu tinha covas na cara eu n o tinha culos o dinheiro n o chegava agora tenho dois pares tr s Depois a pr pria seguran a social quer me arranjar um trabalhinho para eu melhorar a minha vida para a minha situa o ser um pouco mais est vel Deixei de consumir hero na e a minha vida finalmente come ou se a endireitar Estava prestes a perder a minha mul
190. a para a cabe a O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se uma lutadora Uma pessoa quem precisa tem que lutar tem que lutar eu n o consigo ver os outros os outros est o bem e eu tou em baixo n o consigo n o consigo carar olhar mesmo p ra mim a dizer p n o pode ser temos que lutar Sentir se capaz Porque se fosse outras pessoas o tempo que eu deslarguei o pouco tempo isto mesmo muito pouco n o conseguiam fazer a coisa que eu fiz Valorizar a propriedade t me a correr bem j consegui arranjar uma casinha p ra mim consegui arranjar uma casinha que eu ainda n o tou l vou s vou s partir de dia doze hoje tive l a pintar l um terra o sorriso Tenho a pouco a pouco que ir comprando as coisas l para casa a casa t vazia tenho pessoas amigas que me v o arranjar algumas coisas mas n o n o o suficiente Uma pessoa ter que ter as coisinhas pelo menos o essencial n o O fog o frigor fico cama prontos o suciente o sufeciente Redefinir se no contexto social As pessoas dantes viam me de uma maneira e agora veem me doutra e dizem p tu sinceramente tiveste for a mesmo for a de vontade mesmo de deslargares o lcool J muitas vezes j me veem de outra maneira j n o me veem da mesma maneira As pessoas j me veem com outras caras porque uma pessoa b
191. achava pronto que n o estava ao n vel ou que n o poderia me ajudar Mas depois pronto comecei a ter com as consultas e at telefonicamente se houvesse algum problema portanto e depois vi que que vai dar ao mesmo n o N o houve assim grande grande diferen a Mas eu por acaso eu j conhecia a enfermeira eu j a conhecia daqui portanto aqui da minha juventude Eu j a conhecia nem sabia que ela Varia es era enfermeira portanto j a conhecia tam m n o foi assim um choque do tema t o tam m n o havia assim uma grande dist ncia mas por a conhecer ainda me custou um bocadinho mais tar a falar com uma pessoa que me conhecia e ter que custou me um bocado a falar com ela porque ela at pr pria dizia que nunca fazia ideia que eu pronto que andava nesta vida n o era Que se lembrava de mim prontos e custou me um bocado mais como eu a conhecia tar a falar dos problemas n o Mas depois com o tempo come mos a ter assim comecei a ter um bocadinho mais de confian a Pronto vi que podia falar com ela portanto n o achei assim que houvesse um grande problema sempre falei com ela abertamente Transformar a rela o informal pr via Ela s vezes pergunta se est tudo bem comigo e com o meu Sentir se procurada marido se estamos bem se ele t bem Ela s vezes comenta e eu tudo bem 123 Sentir const ncia na rela o eu s venho dua
192. acho que tou muito gorda Quer dizer tudo para eu sair rua risos Falei lhe disse que tava muita gorda Diga l pe a l doutora nome da m dica da Equipa de Tratamento que me receite qualquer coisa para emagrecer que eu tou me a sentir muita gorda Isto da metadona apesar de ser pouca E ela diz me assim At o olha eu tenho melhor para ti Temos c risos uma nutricionista e ela depois d te alguns conselhos risos algumas receitas para emagreceres E eu Quer dizer isto s para eu vir c para voc me ver t me a arranjar uma nutricionista Quer dizer n o venho c todos dias mas acabo por vir c duas vezes por semana na mesma risos Fico contente com esse interesse uma malandrice To me a rir prontos risos A enfermeira at fala muito sobre mim assistente social e se n o fala at sou eu pr pria s vezes que digo para n o falar N o fale n o fale por favor n o fale n o vale a pena porque eu n o quero que ela teja a pensar que eu sou mais aqui somos todos iguais deviamos ser tratados todos iguais porque somos todos iguais Eu tou sempre com medo de tar a tirar o lugar aos outros porque que eu hei de ter uma consulta duas vezes ou quatro vezes no m s e os outros s h o de ter uma Eu n o quero que 253 a doutora assistente social tenha uma ideia distorcida de voc ser minha terapeuta N o a quero prejudicar em nada Eu sei tenho os meus
193. acusar isto ou vai acusar aquilo a heroina vai dar negativa porque eu desde que tomo a metadona a hero na sempre deu negativa mas vai acusar coca na porque eu esporadicamente consumo N o havia se calhar necessidade de fazer o teste Ah mas fazes o teste na mesma Fa a fa a o teste na mesma que eu preciso do teste feito para apontar no papel E o teste confirmava coca na positivo com o segundo tracinho muito sumido que j tinha sido h quatro ou cinco dias Tu tens que deixar isso tens que deixar isso tens que deixar isso Depois falou com a m dica e passou me um medicamento que foi o topiromato para me cortar a ansiedade e tirar me a vontade de consumir a coca na Ele ficou um pouco desapontado foi quando eu lhe disse Ah o topiromato n o me t a fazer efeito nenhum eu vou deixar de tomar isto E dois dias depois fui consumir coca na e seis dias depois fui fazer um teste e acusou cocaina E ele disse me Deixaste de tomar o topiromato e foste consumir coca na Eu disse te que o topiromato desque tavas a tomar o topiromato nunca consumiste cocaina nos testes que fizeste Deixaste de tomar o topiromato e foste consumir coca na Tavas a dizer que o topiromato 259 n o te estava a fazer efeito nenhum e afinal deixaste de tomar o topiromato e foste consumir coca na Como que a nossa situa o O que que n s vamos fazer Enfermeiro traga me o topiromato eu
194. ada por enfermeiros disso um exemplo Na Equipa de Tratamento do estudo no contexto da necessidade de melhorar as respostas s necessidades de sa de dos clientes os enfermeiros passaram numa experi ncia piloto iniciada em 2006 a prestar cuidados como gestores de caso E se a avalia o da iniciativa demonstrou que as pessoas que passaram a ser cuidadas pelos enfermeiros como gestores de caso aumentaram a ades o aos projetos de cuidados e beneficiaram de todo um conjunto de ganhos em sa de traduz veis no aumento da cobertura vacinal em melhorias nas atividades de vida e no aumento da referencia o para 1 Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia 2005 Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodepend ncias 2005 2012 Lisboa Autor 2 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2006 Relat rio Anual 2006 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias 34 3 O Decreto Lei n 17 2012 de 26 de Janeiro cria o Servi o de Interven o nos Comportamentos Aditivos e nas Depend ncias SICAD e estabelece no seu Artigo 10 Sucess o que O SICAD sucede nas atribui es do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Contudo uma vez que todo o estudo decorreu no contexto do IDT IP optamos por manter todas as refer ncias a essa institui o 4 As Equipas de Tratamento definiam se no contexto da estrutura do Insti
195. adr o de E E x x x x x x x x x x rela o coma subst ncia Ovalorizar as mudan as x x x x x x x x x x x x eu passei l igual a eles Somos de carne e osso o sangue igual pronto Agora eles ainda n o querem ir luta o que vai na cabe a deles n o sei se eu n o tivesse sido ajudado ent o tinha os problemas deles Felizmente j comecei a lutar por mim Carlos 2 Voltei minha vida normal e at hoje sinceramente Bom for a de vontade tamb m conta penso eu Um indiv duo tem que ter for a de vontade para largar isto como eu tinha e tenho Josu 7 Eu penso assim desta maneira e eu prontos optei por largar esse mundo da droga e e ver mais realmente a minha fam lia e dedicar me mais minha fam lia que come am a ver com outra maneira veem nos como se a gente tivesse mesmo vontade de sair desta vida E t o a ver que a gente t a lutar para isso Marco 3 A pessoa avalia e valoriza as importantes mudan as que percebe ter sido capaz de operar Sente que tem for a para mudar olha se como uma lutadora e perceciona ser tamb m assim olhada pelos outros significativos A minha pr pria maneira de estar t um bocado diferente Sabe que isto tem consequ ncias n o Tanto em casa como ao n vel pessoal em todos os aspetos que mesmo assim e desde que estou aqui a coisa tem ido diferente A maneira de estar outra e j n o me engano Eu j n o consigo esco
196. alto m o armada e num dos casos tamb m tentativa de homic dio Um dos participantes encontrava se ali s no momento da entrevista com pena suspensa e outro em pris o domicili ria com pulseira eletr nica Quanto s entrevistas a circunst ncia do encontro com cada uma destas pessoas participantes no estudo decorreram como previsto e situadas no intervalo entre uma hora e vinte minutos Artur e meia hora Isabel tiveram genericamente a dura o de uma hora cada Foram terminadas pelos entrevistados 27 Sobre as vozes da experi ncia individual O Artur 1 A minha droga foi sempre o lcool tinha uns catorze quinze anos J apanhava as minhas cabe as chegava a ir em coma p hospital muitas vezes Quando o Artur era ainda crian a o pai faleceu com uma cirrose devido ao consumo de lcool Hoje tem quase quarenta anos solteiro Nascido numa fam lia de baixo estrato s cio econ mico tem uma escolaridade ao n vel do primeiro ciclo e at h dois anos foi conseguindo arranjar trabalhos na constru o civil em biscates como pintor Iniciou os consumos elevados de lcool na adolesc ncia e j adulto nos per odos em que trabalhava era no lcool que gastava grande parte do seu dinheiro J foi acompanhado antes num servi o de alcoologia mas recaiu e n o voltou A adi o levou o a n o ser capaz de se manter nos trabalhos nas rela es conjugais e a que a fam lia se afastasse
197. am temas comuns mas insinuam tamb m a possibilidade de alguns dos participantes virem a comungar em futuros individuais mais ou menos pr ximos dos mesmos temas de experi ncia parece sugerir se no grupo de participantes a possibilidade da exist ncia para todos eles das mesmas comunalidades na viv ncia do fen meno Pelo que se compreende como numa perspetiva de tema no caso as narrativas de alguns dos participantes se centrem ainda e apenas nos temas iniciais da experi ncia ligar se ao enfermeiro sentir se representada e sentir se investida ao passo que alguns dos outros d o j conta de experi ncias que est o para al m desses temas Paradigm ticas desta compreens o notem se as narrativas do Artur 1 do Marco 3 e mesmo da Isabel 14 que iluminam j todo o tecer dos temas experienciais comuns reveladores de uma maior evolu o no processo de cuidados que lhes permite no tempo da produ o da narrativa abordar temas como o valorizar as mudan as o ligar se aos outros e o projetar se no futuro Por seu lado situadas numa etapa anterior as narrativas do Samuel 8 e da Lucinda 9 ilustram um percurso centrado ainda nos temas experienciais iniciais ligar se ao enfermeiro sentir se representada e sentir se investida e para quem s o completamente omissos Lucinda ou 173 pouco expressivos Samuel os temas modificar o padr o de rela o com
198. amente na sua vida externa e interna e significativamente com ela se passa a relacionar Merc da natureza mutuamente significativa e transformadora da rela o assente no que se compreende ser a natureza rec proca das rela es de vincula o na idade adulta toda um sistema de vincula o gradualmente se estabelece facilitador do funcionamento e compet ncia da pessoa para lidar para al m do contexto da rela o com o enfermeiro com os problemas relacionados com a adi o que se manifestam noutros contextos do seu quotidiano Watson nesse sentido considera que os cuidados de enfermagem se desenvolvem no mbito de uma rela o transpessoal e rec proca em que se estabelece um fluxo intersubjetivo entre o enfermeiro e a pessoa A 271 Coimbra de Matos A 2002 Da emo o ao pensamento o afeto no conhecer do outro In Psican lise e Psicoterapia Psicanal tica p 199 211 Lisboa Climepsi Editores artigo original publicado em 1996 212 Berman amp Sperling 1994 e Shaver amp MiKulincer 2000 sugerem que a vincula o no adulto surge de tr s formas distintas vincula o como estado que emerge em situa es de stress num esfor o para restabelecer contacto com a figura de vincula o vincula o como tra o ou tend ncia para formar rela es de vincula o similares ao longo da vida vincula o como um processo de intera o no contexto de uma rela o espec fica In Canavarro M Dias P
199. amento para todas as consultas para assistentes sociais psic logos tudo Falo com o enfermeiro ele trata me das consultas no espa o de uma semana tenho uma consulta marcada o enfermeiro trata me disso tudo Senhor enfermeiro estou me a sentir assim assim precisava de ajuda a este n vel O que que voc pode fazer em rela o ao meu problema Olhe olha vem c daqui por dois ou tr s dias que eu falo contigo E daqui por dois ou tr s dias eu passo c hora marcada e ele diz me Olha daqui 261 por uma semana vem c tens uma consulta marcada com tal pessoa e tens uma consulta marcada com o doutor tal e ela vai resolver o teu problema O enfermeiro como meu terapeuta Ele que me encaminha para essas consultas todas a ele que eu me dirijo e ele trata me disso o mais rapidamente poss vel Ele trata me disso rapidamente Porque se eu for aqui ao guich do ET e pedir capaz de demorar dois tr s quatro meses at eu ter uma consulta porque n o h agenda Ai s p a daqui a dois ou tr s meses que voc ter uma consulta Eu vou direito ao meu terapeuta ao enfermeiro Olhe hoje tamos a dez dia dezassete venha c que voc tem uma consulta Num espa o de sete dias eu tenho uma consulta com um psic logo venho c amp tenho uma ajuda a n vel psicol gico O doutor tem sido uma grande ajuda o enfermeiro perd o pe o perd o Eu confio eu at lhe passo as inform
200. amos do passado tamb m De situa es que se passaram passadas E eu falo da minha fam lia tamb m Mesmo ainda h bocado fal mos como que t a rela o com a minha fam lia como que as coisas est o Agora moro sozinho Tou com a minha fam lia todos os dias mas tou a viver sozinho A enfermeira j teve contacto com a minha fam lia f cil a terapeuta ter contacto com a minha fam lia Tem contacto com a minha fam lia cada vez que precisa de ter Mesmo ainda h bocado fal mos como 249 que t a rela o com a minha fam lia como que as coisas est o Sinto que sou um utente que se calhar j a conhece mais tempo que alguns que come aram agora no CAT e que se calhar n o tem tanto conhecimento da vida deles A mim j tem se calhar um bocadinho de conhecimento mais mas n o sinto que sou diferente dos outros N o sei a profiss o o of cio o trabalho da pessoa s vezes empenha se se calhar mais do que n o tem nada a ganhar tam m n o tem nada a perder e preocupa se E uma pessoa que n o conhece uma pessoa de lado nenhum que apareceu aqui a pedir ajuda e as vezes a gente que andamos l fora lidamos com tanta gente e qualquer coisa querem sempre qualquer coisa em troca n o h nada de borla seja o que for tem que pagar em troca disto e a pessoa aqui acho s vezes que a terapeuta ou a enfermeira ou quem t ali daquele lado neste caso a minha terapeuta d e n o pede nada s v
201. anja facilmente dinheiro mas depois vai ser preciso mais s aquela quantidade n o chega e o dinheiro tamb m tem que ser mais E eu n o tenho assim muito coiso para roubar nem nada disso vendia comprimidos arrumava carros adquiria dinheiro assim mas como as doses eram t o altas j tinha que ser muito dinheiro e este dinheiro j n o dava e eu j tava farto dessa vida e pensei assim ouve l j chega derivado minha idade j chega vou pedir ajuda a eles Tou me a querer mesmo livrar porque eu comecei muito novo por isso que o meu corpo custou mais a desmaginar do do do corpo Depois n o consumia e ca do segundo andar e fraturei uma v rtebra As dores n o passavam da coluna com os medicamentos o que que eu experimentei fazer consumir hero na Passava me a dor sorriso triste o suficiente abriu a porta e agora para a fechar a que basta uma semana para se ficar agarrado E comecei por a e fui cair outra vez Foi a que eu me viciei outra vez 230 Tenho por experi ncia pr pria quando a gente t se a drogar quando a gente se droga a nossa mentalidade s anda ali no meio do mundo da droga esquece se o resto da fam lia desde que se tenha um pratinho de sopa para comer ou uma coisa qualquer e ter onde dormir e isso pronto o que interessa a droga E uma pessoa tem filhos e isso e n o d import ncia Agora mas eu eu tenho tido sucesso aqui Apes
202. aqui o papelzinho chegam aqui escrevem a data e venho c nestas datas Sentir const ncia na rela o Sentir se comprometida Vou continuar a vir s consultas e n o vou falhar N o vou falhar porque porque gosto de c vir N o se sentir presa se n o fosse aqui n o sei tinha que ser for a N o gosto de tar preso em hospitais mas aqui NA n o se sente preso O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es Sentir se representada andavam a enfermeira e a assistente social a ver se conseguiam me arranjar trabalho agrade o muito a elas agrade o mesmo 78 do tema para al m da Equipa de Tratamento O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se refor ada est o sempre dispostas para me ajudar em qualquer coisa para ver se isto vai avante tive uma grande ajuda posso agradecer CAT porque deram me uma granda for a para eu conseguir deslargar o lcool e eu agora tou aqui a falar consigo e posso agradecer muito a eles Sentir se orientada A enfermeira mandou me para Lisboa mandou me para Lisboa n o houve um papel que tive que fazer fiz exames e depois fui pa Lisboa coiso do alcoolismo Depois ela arranjou me um s tio para ir comer que eu tam m n o n o comia Primeiro vamos l a ter a cura do lcool vamos casa agora para a gente dar uma ajudinha va
203. ar de ter ca do j de ter tido uma reca da n o Mas tou a levar isto a s rio vamos come ando at estabilizarmos a vida como fomos antes de come ar no mundo da droga n o Tivemos a infelicidade de cair l Mas tudo de resolve tudo se pode melhorar n o A fase f sica sai em pouco tempo agora a psicol gica n o n o nem num ano nem dois que a gente diz assim olha tou livre n o podemos ter reca das Eu tou na fase psicol gica ainda tou na f sica at largar a metadona tou na f sica n o que isto um substituto ainda da hero na Por isso que a gente vai t a toma mas depois vai eu j tou na fase de reduzir J tou tou a largar Depois quando chegar chegar ao zero pronto largo Mas venho s consultas mesma Para saberem se eu tou bem Mas ah a psicol gica isto ainda vai c durar uns aninhos n o Se uma pessoa passar cinco anos cinco seis anos sem sem consumir acho que j n o vai consumir mais Acho que esquece isso Mas h quebras h quebras H muitos obst culos para a gente ultrapassar e s vezes h uns que a gente nem consegue ultrapass los quando a vida parece que corre mal H contratempos mas a gente tem que saber ultrapass los Eu tenho medo de cair novamente na hero na isso que eu tenho medo No meu caso eu agora j tenho a minha maneira p pria de ver as coisas eu acho que vejo com mais maturidade quer dizer j t
204. ar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Procurar controlar externamente os consumos N s est vamos quase a separar por causa da minha situa o da droga e da situa o dela a companheira com quem vive com a filha dos dois com o lcool Atrav s disso trouxe ela atrav s de mim para o CAT E est c em acompanhamento Eu deixei de beber lcool para a acompanhar numa de acompanhamento digamos de solidariedade Deixei de beber Bebo sumos e coca cola com ela l em casa O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se satisfeita com o novo eu V o me arranjar os dentes para eu ter um uma apresenta o mais ou menos Foi o que a assistente foi proposta da assistente social Depois numa reuni o com o enfermeiro falei lhe nessa situa o Querem que eu engorde mais um bocadinho Eu estava super magro Estou muuuito melhor Voc via me h dois meses atr s eu tinha covas aqui na cara Eu estava assim faz covas na cara e mostra me eu tinha covas na cara eu n o tinha culos o dinheiro n o chegava agora tenho dois pares tr s Depois a pr pria seguran a social quer me arranjar um trabalhinho para eu melhorar a minha vida para a minha situa o ser um pouco mais est vel O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Criar espa o para os outros De
205. as coisas est o a correr bem gra as a Deus O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Criar espa o para os outros O que quero fazer uma vida nova quero construir fam lia mas ainda vou a tempo Ainda vou a tempo de construir uma fam lia a mim n o Gostava de ter a minha filha a meu favor n o h pai nenhum que n o goste Agora n o digo se um dia se houver alguma hip tese se um dia se houver alguma hip tese eu gostava de ter a minha filha se eu tivesse a minha filha a meu favor era o homem mais feliz do mundo Reparar as rela es Agora vou a casa dar a not cia de que conseguiu arranjar trabalho minha m e que ela tam m vai ficar muito contente agora tam m a minha fam lia tem me tado a ajudar prontos Eu eu p ra mim a melhor coisa O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Desejar consolidar a mudan a Eu quero fazer vidas novas agora quero me alevantar que isto continue se se continuar assim as coisas est o a correr bem gra as a Deus Sentimentos de Pronto eu j tou curado j tou bem curado Posso mesmo dizer que tou mesmo cem por cento mesmo curado N o tou noventa e nove por cento 80 ambival ncia tou cem por cento Eu posso mesmo dizer posso mesmo dizer que eu era mesmo alco lico Foi o que eu disse doutora enfermeira
206. as eu n o sei o dia de amanh o que eu costumo dizer vinte e quatro sobre vinte e quatro Um gajo tem uma ideia mas essa ideia prontos pode chegar amanh e d se um problema Embora teja sempre a pensar no bom caminho mas S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Carlos O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O projetar se no futuro 84 O Marco 3 Tou me a querer mesmo livrar porque eu comecei muito novo por isso que o meu corpo custou mais a desmaginar abriu a porta e agora para a fechar Aos quarenta e cinco anos o Marco tem uma longa e intensa hist ria relacionada com o consumo de subst ncias psicoativas Foi com dez anos de idade que pela primeira vez experimentou consumir lcool Da at aos dezasseis anos altura em que iniciou o consumo regular de hero na cheirou cola e consumiu haxixe Passou por consumos de coca na e com pouco mais de trinta anos passou tamb m a ser consumidor de ecstasy Com o sexto ano de escolaridade experimentou v rios trabalhos na constru o civil mas nunca os conseguiu manter faltava muito O aumento progressivo da depend ncia e do pre o das diferentes drogas que passou a usar levaram no a come ar a traficar Na sequ ncia esteve v rias vezes detido num total d
207. assim Era um rapaz era outra pessoa eu dificuldade em falar posso mesmo dizer de boca cheia eu podia me rir da minha fam lia toda podia ter a minha casa podia ter dois carros podia ter a minha mota que uma coisa que eu gosto muito de motas e n o tenho nada ando a p se quiser ou ando de bicicleta Andei com uma rapariga tr s anos e meio e a gente acabamos tudo por causa do lcool ela deu me e escolher e eu disse que queria as duas coisas ao mesmo tempo Ah sinto mal porque porque se eu tivesse ido p o conselho dela se calhar tava melhor do que tou se tivesse ido p o conselho dela tava muito melhor Se calhar j j tinha casado com ela depois j tinhamos putos se calhar j tinha a minha casa j tinha o meu trabalhozinho se calhar como deve ser e agora aqui assim Quando eu andava no lcool nem sequer um cigarro tinha para fumar n o me sentia bem n o me sentia bem de ver os outros a trabalhar e eu n o tar a trabalhar Eu parado prontos tam m era o meu mal era quando eu bebia enquanto trabalhava n o dava aquela tenta o Oi a o dinheiro que eu gastei no lcool quando andava a trabalhar gastava muita dinheiro Eu se eu tivesse cem contos ou duzentos contos isto a duas semanas sorriso eu chegava a gastar quinze contos quinze contos por noite S em lcool lcool e tabaco Cheguei ao ponto de eu dizer assim Eu ent o eu ando farto me de trabalhar farto me de t
208. ativas permite que este ao estar integralmente na situa o de cuidados se ofere a como presen a verdadeira e reflexiva proporcionadora de um contexto relacional contentor com limites definidos e mantidos e por isso pass vel do desenvolvimento de confian a m tua Central em toda a experi ncia humana e for a motriz de todo o comportamento de liga o a afetividade influencia determinantemente as experi ncias relacionais com o mundo Elos de liga o entre o interior e o exterior entre a a o e a reflex o s o os afetos que permitem a liga o entre o indiv duo e o seu meio ao longo da vida Nesta perspetiva a 24 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 120 265 Ibidem 113 266 Ibidem 114 267 O conceito de self complexo e tem sido diferentemente apresentado em propostas psicanal ticas e construcionistas sociais Neste estudo que n o pretende aprofundar o conceito e a discuss o te rica que em torno dele existe consideramos o self tanto como uma unidade ps quica essencial uma representa o aut ntica de si como como uma realiza o ret rica um produto da a o conjunta entre as pessoas uma vez que na rela o que as pessoas se constituem In Guanes C Japur M 2003 Construcionismo social e metapsicologia um di logo sobre o conceito de self Psicologia Teoria e Pr tica Bras lia v 19 n 2 135 143 28 Na perspe
209. azer v l se fica bem para ti se queres assim ou se preferes diferente olha v l se queres ir para aqui se quiseres vais se n o quiseres n o vais Tudo bem Eu aceito o que aconselha o importante Agora tenho que marcar para ele Mas deve ser daqui a quinze dias se calhar ou vinte tenho me sempre dado bem quando preciso falo com ele Ele at j me disse Quando te sentires mal ou alguma coisa telefona para mim pronto para aqui se ele tiver aqui para falar no telefone seja o que for Eh p felizmente n o precisei s telefono quando os comprimidos est o a acabar N o sei se por ser uma pessoa estranha mas sinto me bem a falar com ele falo de tudo come o do princ pio e acabo no fim digo tudo Sinto me melhor e ele fica a saber mais um bocado sobre mim enquanto eu c andar eu conto tudo e mais alguma coisa ao enfermeiro Sinto me que tou tem confian a em mim N o vou dizer que como um irm o mas falta pouco 225 Foi na tropa que eu comecei nas drogas pesadas Foi um primeiro sargento que como se costuma dizer me batizou S dei por mim precisava daquilo j o fim de eu l tar como contratado fui ao copo Fazer an lises E pronto tive azar Fui apanhado fui expulso por causa disso Entretanto sa e depois ainda precisava de de consumir Fui chamado para uns trabalhos de constru o civil e havia dinheiro havia drogas havia
210. bem assim Diniz 4 Tou bem no trabalho queria ficar com o meu trabalho gosto do meu trabalho ter uma vida est vel portanto tudo Ter o meu carrinho ter a minha casa coisa que n o tinha nada n o Tenho tudo agora gra as a Deus tenho tudo Isabel 14 valoriza a conquista da propriedade e da intimidade Eu sou sou livre pronto tenho que ser eu mesmo a fazer por mim tou muito motivado Tou satisfeito como t a correr a cura n o E quem que tem mais cabecinha e p pr xima n o se l vai meter n o risos Eu acho que sim Marco 3 Sinceramente sinto me bem sinto me bem quando venho aqui n o ser engraxador ou isto ou aquilo n o e tenho aprendido bastante Eu tou diferente em diversos aspetos Pedro 5 Sinto me bem andar bem disposto n o ter a cabe a a mil n o n o haver aquela rotina ter tempo para tudo e mais alguma coisa Porque nessas alturas n o se tem tempo para nada Sinto me bem e acho que desta vez que a coisa vai mesmo Daniel 6 e motivada manifesta satisfa o com um novo eu que sente como mais reflexivo e livre 160 TEMA O ligar se aos outros tema comum maioria dos participantes Artur Carlos Marco Diniz Pedro Danid Josu Samea Linda Vita Rui Fernando Carla Oligar se ao enfermeiro se x se x PA x se x PA x se x s Osentir se representada x x x x x x x x x x x x x Osentir se investida x x x x se x
211. c 51 62 extrapola o e generaliza o para as popula es em geral na investiga o fenomenol gica pelo contr rio os dados originados a partir dos grupos de informantes privilegiados n o s o de algum modo representativos ou extrapol veis para as popula es em que estes se inscrevem Uma vez que os estudos fenomenol gico hermen uticos se interessam em como os indiv duos expressam a linguagem da sua tradi o e em como a linguagem de uma tradi o expressa atrav s do indiv duo o seu objetivo visa a qualidade e n o a quantidade pelo que dada a complexidade com que se expressam a maior parte dos fen menos humanos estes estudos beneficiam de um foco concentrado num n mero de casos expressivamente inferior quando comparados com a maioria dos estudos quantitativos N o havendo uma resposta certa quest o da dimens o do grupo dos participantes os autores consideram como um crit rio cientificamente importante para determinar o seu tamanho a intensidade do contacto necess rio para coligir informa o suficiente sobre o fen meno em estudo dependendo essa decis o tamb m do grau de exig ncia da pergunta de investiga o do n vel da an lise e do seu relat rio da riqueza dos casos individuais e dos constrangimentos organizacionais e pessoais a que o investigador est sujeito Sendo frequentes no mbito da investiga o fenomenol gico hermeneutica estudos com grupos de participantes entre tr s e sei
212. ca e que sente mas continua a dar me for a Voc t a ganhar coisas n o v o seu pai a mudar T a ganhar coisas E eu digo Eu parece que n o tou a fazer nada N o n o voc t a ganhar coisas n o s o palp veis agora mais tarde ir o ser de uma forma ou de outra ir o ser Agora n o s o Voc j fez muito Para o seu pai voc pode n o ter feito nada agora j fez muito Ou Seja uma pessoa que qualquer pessoa gosta d valor t c para dar valor por aquilo que eu fa o Pelo pouco que eu fa o compreende o meu esfor o e o sacrif cio Compreende e valoriza aquilo que eu fa o Pouco ou muito valoriza Ou seja d me valor Porque eu n o dava valor a mim pr prio em nada Nada E ela valoriza me bastante Pronto ajuda me imenso D me outro nimo n o Encaro as coisas de outra forma ganho seguran a nas coisas que fa o N o fa o coisas a tremer D para eu ganhar seguran a e sinto me mais seguro ela at me disse Telefona me seja l o que for Se eu n o tiver algu m h de tratar o seu problema E agora daqui quero ver se devagarinho sem precipita es come o a fazer alguma coisa por mim Com mais dificuldade com menos dificuldade gostava de ter a ajuda do meu pai mas t a ser muito dif cil O Pedro tem uma rela o de conflito com o pai que n o se envolve no seu tratamento e que recusa falar com ele Esta uma rea de import nc
213. cal reseach 1990 2003 International Jounal of Nursing Studies 42 706 29 Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 68 30 White B Bouton L Garris S Humphreys P Miltier J 1998 The Role of the Nurse Case Manager in Substance Abuse Treatment Journal of Addictions Nursing 10 3 137 301 Idem 302 National Chronic Care Consortium 2000 Case Management Methods and Issues Bloomington 17 303 Conti o hare M 1996 A Descriptive Analysis of the Therapeutic Use of Self with Addicted Clients in Early Recovery from the Expert Nurse s Perspetive Journal of Addictions Nursing 8 3 80 84 304 National Chronic Care Consortium 2000 op cit 8 186 para o processo de cuidados hol sticos com a pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas Em linha com a literatura gt 306307 tamb m os dados desvelados neste estudo permitem perceber como uma vez decidida com a pessoa no contexto da negocia o conjunta dos cuidados a prioriza o e a ativa o e coordena o que o enfermeiro gestor de caso faz dos cuidados desenvolvidos por outros t cnicos e institui es de sa de e sociais n o s recupera e amplia os diversos sistemas de suporte da pessoa fam lia outras institui es de sa de e sociais como tamb m melhora a forma assertiva co
214. camente na aten o consciente fenomenol gica express o da mem ria da experi ncia vivida ao linguajar singular e integral que cada indiv duo utiliza para a simbolizar e comunicar Considerando a experi ncia vivida como um foco da sua aten o profissional e cient fica compreende se a este ponto na procura que a enfermagem faz por compreender os comportamentos e as express es humanas estudando os nos seus contextos nos meios em que as experi ncias de sa de doen a s o capazes de se tornarem vis veis e 68 Na tradi o de autores como Heidegger mas tamb m Merleau Ponty e Sartre entre outros 8 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 61 et seq 70 Ibidem 32 71 Parse recorre ao uso da express o Languaging signifying valued images through speaking being silent and moving being still aqui traduzida livremente para linguajar enquanto modo idiossincr tico pessoal de se comunicar verbal e n o verbalmente In ibidem 39 22 intelig veis como se torna relevante o recurso ao contributo do pensamento de Gadamer para a investiga o em enfermagem Uma vez que enfocada nos indiv duos como totalidades a enfermagem como ci ncia humana do campo da sa de se ocupa das experi ncias humanas em mat ria de sa de e doen a e procura atrav s de di logos significativos com as pessoas a compreens o das suas experi ncias em sa de tal
215. cana de Enfermagem mar o 10 2 227 231 Guimar es R Fleming M 2009 Dor que Consome Para uma compreens o da Dor Mental na Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 2 3 12 Heidegger M 2006 Ser e Tempo Petr polis Editora Vozes Original de 1927 Honor B 2002 A Sa de em Projeto Loures Lusoci ncia Honor B 2004 Cuidar Persistir em conjunto na exist ncia Loures Lusoci ncia Husserl E 1989 A Ideia da Fenomenologia Mor o A Trad Lisboa Edi es 70 Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia 2005 Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodepend ncias 2005 2012 Lisboa Autor Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia 2006 Plano de A o Contra as Drogas e as Toxicodepend ncias Horizonte 2008 Lisboa Autor Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia 2006 Plano de Atividades para o ano de 2007 Lisboa Autor Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia 2010 Plano de A o Contra as Drogas e as Toxicodepend ncias 2009 2012 Lisboa Autor Janeiro L 2007 Motiva o para o tratamento estrat gias psicoterap uticas no tratamento da toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 13 N 1 49 58 Jonas H 1995 El Principio De Responsabilidad Ensayo de una etica para la civilizaci n tecnol gica Barcelona Herder original de 1979 Josso Marie Christine 1991 Cheminer vers soi Lausanne Editions
216. cem sobre a interpreta o N o se trata j de as colocar em suspens o como em Husserl mas de outro modo de aceitar desejar at a sua participa o no processo compreensivo de constru o do conhecimento Adquirido por via de um c rculo hermen utico que se move de partes da experi ncia para o todo e de volta este processo interpretativo para o autor o principal movimento de envolvimento compreensivo que o homem tem para com os fen menos em aprecia o 178 Le n E 2009 The hermeneutic turn on Martin Heidegger s phenomenology Revista Polis Revista Acad mica Universidade Bolivariana N 22 Acedido em 5 de agosto de 2011 em http www revistapolis cl english 22e leon htm 2 3 179 Laverty S 2003 Hermeneutic phenomenology and phenomenology A comparison of historical and methodological considerations International Journal of Qualitative Methods 2 3 Article 3 9 180 Le n E 2009 op cit 3 4 181 Laverty S 2003 op cit 50 Para o autor o ser no mundo interroga se Mas detentor exclusivo da capacidade de enunciar ao interrogar se e investigar sobre si sobre o seu ser f lo n o a partir do exterior mas de dentro para fora uma vez que a inquiri o com vista compreens o de si parte de si e por si mesmo conduzida Neste sentido a fenomenologia heideggeriana assente na capacidade do ser no mundo de permitir a desoculta o dos fen menos em si e no seu encontro com sigo t
217. como uma constru o transpessoal Metodologicamente optou se por um estudo de desenho fenomenol gico e interpretativo inspirado na fenomenologia existencial de Heidegger e na hermen utica de Gadamer ambas sint nicas com a orienta o epistemol gica e ontol gica do estudo A raz o do recurso a uma abordagem fenomenol gica interpretativa prendeu se pois com a necessidade de ganhar compreens o sobre as experi ncias vividas dos participantes desde os seus pontos de vista permitindo ao investigador atingir o objetivo do estudo e responder situadamente pergunta de investiga o Atrav s do acesso sob a forma de entrevistas fenomenol gicas s narrativas de catorze participantes a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas revela se ao longo de uma an lise fenomenol gico interpretativa que explicitada na articula o das propostas met dico processuais sobretudo de Van Mannen Cohen Kahn e Steeves e de Smith Flowers e Larkin 15 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press t Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 17 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Int
218. companhada pelo enfermeiro h quatro anos desde a gravidez Est tamb m em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa a Carla O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa eles acolheram me aqui gr vida tava gr vida quando cheguei aqui ao CAT ainda n o tinha barriga nenhuma estava com dois meses com voz sumida j sabia Acabava de come ar com a reabilita o com a metadona e gra as ao centro a este centro pronto equipa toda de toxicodepend ncia ajudou me muito Ele o enfermeiro sabia desde o princ pio que eu estava gr vida Foi bom Preocuparam se Preocupam se com as pessoas Acho bom risos sim acho uma coisa boa pronto preocupam se por a gente querem o melhor pronto para n s n o T m muitos doentes mas p em muito empenho por n s que de uma vez por todas pronto tenhamos um trabalho tenhamos uma situa o que prontos estejamos bem na vida Sentir se tomada a cargo Varia es ele sabe muito sabe muito tamb m da minha vida mas normal do tema porque a doen a e uma coisa b sica pronto aqui do CAT sil ncio longo mas ele percebe porque j muitas vezes que chorei com Sentir se compreendida ele quando me encontro com ele eu venho triste Eu acho que sim Ou algumas vezes sim outras vezes n o Ou algumas vezes n o fa o
219. comunalidades nas diversas descri es produzidas Procedeu se ent o ao 238 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 82 239 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 72 et seq 24 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 78 et seq 24 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Op cit 79 et seq 242 Van Manen M 1990 op cit 93 71 agrupamento dos temas emergentes e sua an lise numa perspetiva de caso no tema Na sequ ncia a decis o sobre o car ter essencial de cada um desses temas sobre se descobre aspetos ou qualidades que fazem do fen meno o que ele e sem os quais n o poderia ser decorreu ent o de um processo de livre varia o imaginativa em que o investigador se interrogou sobre se o fen meno perderia o seu significado fundamental em face de uma altera o ou mesmo anula o desse tema Uma vez estabelecidos os temas essenciais da experi ncia mas tamb m o que se manifesta como singular dentro de cada um deles atrav s dos quais a descri o do fen meno se tecer estas comunalidades e singularidades foram dado o car ter ilustrativo da investiga o fenomenol
220. da autora encontra eco na literatura que enfatiza o potencial que a constru o conjunta de biografias tem como modo de interven o na rea da sa de uma vez que a reflex o sobre a hist ria de vida e o trabalho de renarra o do passado em partilha intersubjetiva permite desencadear mudan as significativas no que se refere forma como a pessoa transforma a compreens o da sua hist ria com impactos positivos no seu presente e para o seu futuro nos temas definidos como focos da interven o de ambos pessoa e enfermeiro Ao pensar na liga o da pessoa ao enfermeiro importa contudo que n o se fique com a no o de que a solicitude relacional deste suficiente para que a rela o de ajuda se estabele a Frequentemente desligadas das rela es interpessoais para quem a subst ncia recria um universo autocentrado sem marcos comuns com os outros as pr prias pessoas participantes no estudo narram a dificuldade inicial em confiarem e se confiarem ao enfermeiro Pelo que se torna necess rio destacar a perce o inicial da utilidade da ajuda como alavanca do retorno motivado ao encontro e desde a constru o continuada da rela o Sentindo se desde cedo ajudada a pessoa retorna procura de mais ajuda que vai gradualmente encontrando na rela o como um um cuidado em si como vimos mas tamb m como um ve culo dos cuidados Ao apresentar se ao enfermeiro gestor de caso com v rias necessidad
221. da gest o de caso sobre isso permaneceram silenciosas e neste sentido de algum modo silenciadas n o ouvidas quanto ao que passou a significar para si esta experi ncia de cuidados prestados por enfermeiros como gestores de caso Ora ao recuperarmos a orienta o te rica deste estudo se pensarmos que e focada nos indiv duos como totalidades a enfermagem como ci ncia humana do campo da sa de se ocupa das experi ncias humanas em mat ria de sa de e doen a e procura atrav s de di logos significativos com as pessoas a compreens o das suas experi ncias em sa de tal como por si vividas perspetivando o particular em rela o ao todo de cada uma e a partir e pelas experi ncias vividas que as pessoas transformam as suas perspetivas e agem as mudan as reorganizando padr es no sentido da qualidade da sua sa de e da sua vida 156 T m sido estudados v rios aspetos sobre a gest o de caso realizada por enfermeiros na rea da adi o incluindo a satisfa o dos clientes Beebe 2002 Chan Mackenzie amp Jacobs 2000 Chan Mackenzie Tin Fu amp Leung 2000 Dechairo 2000 Tempier Pawliuk Perreault amp Steiner 2002 a satisfa o dos profissionais Abbott Young Haxton amp Van Dyke 1994 Nehis 2000 Ng Chan amp MacKenzie 2000 a qualidade dos cuidados Lynn amp Kelley 1997 Michaels 1992 e a rela o custo benef cio Chan Mackenzie amp Jacobs 2000 Forchuk amp Voorberg 1991
222. dade ao significado do texto ao novo que lhe comunica n o lhe pressup e assim uma objetividade neutra mas antes uma certa maneira de lidar com os seus pr prios a priori Como escreveu Gadamer compreender significa primeiramente entender se na coisa Em ordem a manter se aberto posi o do texto carece pois o int rprete de clarificar e tomar em considera o os seus pr prios preconceitos orientadores do ju zo sobre as suas diferen as e similaridades relativamente ao texto que se lhe vai descobrindo esta consciencializa o que n o prenuncia a aceita o ou a rejei o da mensagem do texto que cria as condi es de abertura a nova informa o a novo conhecimento independentemente das suas consequ ncias para as posi es iniciais do int rprete Uma vez que o texto representa em todas as pocas mais que a inten o do seu autor sendo tamb m lido em circunst ncias diferentes o int rprete situa se num horizonte de compreens o hist rico pessoal que se abre s possibilidades de significa o contempor nea do texto novidade Neste sentido partindo das tradi es de ambos int rprete e texto a compreens o ocorre pela fus o dos horizontes de ambos criando um novo horizonte compreensivo que transcende quer a tradi o deste quer os 19 De entre as diversas correntes te ricas e metodol gicas da hermen utica hermen utica cl ssica de Dilthey de Betti de Heidegger de Bultmann d
223. dades de tradu o do tratamento e de credibiliza o das mudan as como refere o V tor quando lembra as desconfian as da m e resultantes de todos os anos em que tem sido dependente de subst ncias No quadro do contrato de cuidados que acorda com a Equipa de Tratamento a pessoa valoriza como um investimento em si a experi ncia de o seu comportamento de consumo de subst ncias psicoactivas ser controlado pelo enfermeiro Associando os benef cios e as san es ao seu comportamento procura gradualmente os ganhos de modificar no dia a dia o consumo das subst ncias bem como confirmar com o enfermeiro a medida e a manuten o das mudan as no seu estado de sa de Percecionando a reca da como uma possibilidade real a rela o experienciada tanto como protetora da passagem ao ato do consumo e das consequ ncias que da poderiam advir quanto uma vez que a experi ncia da reca da uma presen a frequente nas narrativas de todos os participantes como uma fonte de controlo externo que a pessoa procura mobilizar depois de recair Sentindo se chamada a pensar os significados da reca da e olhando se tamb m a partir do olhar que o enfermeiro lhe devolve a pessoa cotraduz os seus vividos no tempo presente ampliando a compreens o da sua rela o com a subst ncia de si e do seu processo de mudan a 169 Experienciando ser progressivamente convocada a participar nas decis es sobre os seus cuidados sente se confi vel e gradual
224. de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas a realiza o de outros estudos similares e no mesmo contexto de cuidados e com os mesmos participantes mas num momento posterior propiciador da compreens o da evolu o dessa experi ncia da indaga o dos temas que apenas se insinuam em alguns dos participantes mas tamb m da emerg ncia de temas novos particularmente os relacionados com o final do acompanhamento e no mesmo contexto de cuidados e com outros participantes e ou num outro contexto de cuidados 331 A literatura indica o encerramento dos casos a alta quando poss vel como uma das tarefas que precisam de ser melhoradas pelos enfermeiros gestores de caso In National Chronic Care Consortium 2000 Case Management Methods and Issues Bloomington 19 198 contribuiria certamente para uma maior desoculta o do fen meno e desde a para a potencialmente consequente melhoria dos cuidados de enfermagem Sobre um dos temas que interrog mos como charneira experiencial no processo de a pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas se ligar e ser tomado a cargo pelo enfermeiro para se desligar das subst ncias adictivas e gradualmente se ligar a si tomando se a seu cargo o situar se na sua hist ria de consumos consideramos de todo o interesse o seu estudo posterior seja numa perspetiva da procura da sua real import
225. dele Perdeu tamb m a tutela de uma filha de quem s sabe que est numa institui o Sem dinheiro nem casa viveu durante alguns meses numa carrinha subsistindo com as ajudas de conhecidos e institui es locais Vendo se numa situa o limite soube da Equipa de Tratamento por um conhecido que j ai era acompanhado por problemas de consumo de lcool Foi com ele que veio quando pediu espontaneamente ajuda Desempregado recebe agora o Rendimento Social de Inser o Vive s numa casa arranjada j pela ET Apresenta v rias c ries em estado avan ado Est em acompanhamento com a enfermeira h treze meses A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Artur O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Sentir a aus ncia inicial de liga o Eu a primeira vez quando eu vi aqui fiquei assim porque uma pessoa n o conhece as pessoas n o tem aquela lida o Primeira pessoa foi com a doutora a enfermeira a doutora que que me tratou dos pap is todos fez me as perguntas que tinha que me fazer fiz exames fiz exames aqui Sentir se tomada a cargo Sentir se tomada em conta Primeiro perguntaram me quando eu c vim o que que eu Varia es pensava fazer minha vida a doutora a enfermeira perguntou me do tema Vem s consultas a uma ou duas semanas por quinze a quinze conforme O que passarem que c venho tenho
226. dentificada p 8 d q Varia es eu n o sou nada mais uma pessoa amiga do tema Ela assim eu venho a uma consulta marco com ela para a pr xima Fica Sentir const ncia na logo marcada Venho c mensal quinze em quinze dias depende Se eu rela o posso vir naquele dia se n o venho noutro Prontos Combina se logo D me logo um papelinho a hora e a data Abro me facilmente com ela Abro me mais com ela do que com outra pessoa qualquer Porque sei que o que tou aqui a falar com ela que confidencial tam m que sigilo profissional n o E ela ajuda me a ultrapassar esses essas fases e eu tenho s tenho que agradecer a ela Tem me ajudado bastante Confiar se ao enfermeiro 85 Viver os limites da rela o Pronto n o a trato por tu n o isso n o Isso h respeito Pessoalmente n o pode ajudar assim coiso mas psicologicamente pode me ajudar O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento Tinha um problema aqui na perna m circula o derivado a pronto a injetar me nas pernas nos p s Foi por causa de injetar na perna na virilha apanhou me uma veia a chamada veia do fogo ou o que e come ou me inflamou o p todo Queria cal ar e j n o conseguia E eu tava com medo porque h pessoas que j cortaram a perna pelo joelho por causa disso Queixei me minha terapeuta
227. detido por roubo estive detido H bastante droga dentro das cadeias eu consumia l dentro e optei por tomar metadona dentro do estabelecimento prisional Era acompanhado por uma psic loga que estava aqui na altura e tomava metadona l Deixei de consumir hero na l Quando sai deixei de tomar Nunca mais vim a consultas nem com psic logos nem com nada Estive bem at dois mil e nove e reca na hero na novamente Fui encaminhado pela minha mulher A minha mulher veio aqui ao ET Explicou O meu marido est na situa o da toxicodepend ncia dependente de hero na est a necessitar de ajuda n o sei qu e coiso e marcaram lhe os exames deram lhe as credenciais ela entregou me as credenciais para a m o e disse Olha tens estes exames para fazer e tens uma consulta no ET E eu aceitei claro que aceitei A vida estava bastante p ssima est vamos com uma s rie de problemas est vamos com dificuldades de pagamento da renda da casa havia falta de dinheiro n o sei qu Foi me atribu do o enfermeiro como terapeuta Achei uma pessoa bastante nova come amos a falar a falar n o sei qu acabei por descobrir que somos praticamente da mesma idade come amos a falar com mais vontade e acab mos por qualquer problema que eu tenha dirijo me a ele e falo abertamente Falo abertamente Ao in cio ele disse me Rui queres fazer um teste Eu disse Ah eu vou fazer um teste vai acusar isto vai
228. disse me como a enfermeira tam m Eu tive com rea es a medicamentos e eles tiveram que falar uns com os outros para saber o que que se passava Foi tudo feito como deve ser Tanto da parte do m dico como daqui do CAT foram um espet culo Foram cem por cento n o Ajudaram me em tudo S n o ajudam naquilo que n o podem n o J recuperei e ando melhor Agora nem bebo lcool nem fumo nem nada Fumo um charrinho de vez em quando s a nica coisa que eu fa o E tamb m digo enfermeira que a nica coisa que fa o riso Soube que era seropositivo e foi nessa altura veio tudo junto e pensei Porra se quero viver mais uns aninhos n o posso nem drogas nem tenho que fazer os tratamentos tanto do HIV como da tuberculose e foi isso que fiz Pus na cabe a que ia viver o que eu tenho feito Foi quanto ganhei Se eu quero c tar riso melhor andar sossegadinho sen o pronto Se eu me come o a drogar pronto de um dia para o outro come o a ficar fraco e prontos e vou Porque as drogas h um v cio eu chego a sonhar durante a noite que me tou a drogar e pensar mesmo que tava a injetar uma coisa que fica c dentro que as pessoas raramente se esquecem Quem se meta na droga tem que levar com o lema pode n o se drogar o resto da vida mas tem que levar com aquela com aquela em cima com aquela coisa a droga a droga a droga Fica sempre l marcado como se fosse o primeir
229. disso tudo g s aberto s vezes a gua del rios Ela fez por mim 242 agora tenho que fazer por ela n o risos Seria um problema se isso tivesse acontecido nessa altura em que consumia Mas eu preciso trabalhar n o Que coisa que brevemente devo come ar de certeza Estou espera e isso a vai ser um problema porque depois ela n o quer ir para um centro de dia sozinha tamb m n o pode ficar e eu tenho que estudar isso a eu e a minha irm Eu tou espera de ir para fora a enfermeira sabe disso at foi sempre um desejo meu mas n o para j Preciso de me tratar aqui primeiro tenho que me tratar primeiro risos para depois ir Quero ir para l mas em condi es mesmo Agora o imperativo para mim tratar a vista uma catarata e tratar isto do f gado hepatite C Tou para tomar conta de mim mesmo assim Agora preocupo me mais um bocadinho comigo foi uma das coisas que aconteceu que mudaram foi isso Comecei a preocupar me um bocado mais comigo Agora naquela altura um gajo novo n o acontece nada e as coisas n o s o bem assim Sinto me bem andar bem disposto n o ter a cabe a a mil n o n o haver aquela rotina ter tempo para tudo e mais alguma coisa Porque nessas alturas n o se tem tempo para nada Sinto me bem e acho que desta vez que a coisa vai mesmo Ela a enfermeira geralmente pronto ela aconselha me n o Mas pergunta sempre
230. duzi Falei com ele senhor doutor enfermeiro veja l se pode reduzir mais pelo menos dois e meio ou cinco para experimentar para eu ver se se tam m paro com isto tou farto disto j Que eu j tou mesmo saturado tam m disto quero ver se tam m largo isto que eu n o quero voltar mais vida que tinha n o Eu j disse a ele que esta semana agora n o quero ainda reduzir que eu ainda n o tou em forma para reduzir que eu tenho medo posso me sentir mal ele disse logo Ainda bem que avisaste que para a gente saber o que se passa e o que n o se passa Disse a ele esta semana para n o reduzir Resistir a separar se Depois mais para a frente logo a gente v Se tiver bem no meu sistema n o Se eu me sentir bem e tudo N o quer dizer que eu n o venha s consultas Que eu at gosto bastante que isto no CAT uma ajuda que a gente tam m tem para tudo 91 S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Diniz O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 92 O Pedro 5 A vida de de t xico a gente n o tem paz E aquela lufa lufa todos os dias roubar enganar a arrumar carros para arranjar dinheiro hero na e coca na e a degrada o e tudo
231. e Olha daqui por uma semana vem c tens uma consulta marcada com tal pessoa e tens uma consulta marcada com o doutor tal e ela vai resolver o teu problema O enfermeiro como meu terapeuta Ele que me encaminha para essas consultas todas a ele que eu me dirijo e ele trata me disso o mais rapidamente poss vel Rui 11 J tenho falado com o enfermeiro para que ele fale com a assistente social do CAT a ver se ela se pode por em contacto com a outra para nos encaminhar mais r pido Pronto para que ele nos mande para a assistente social daqui do CAT a ver se ela pode fazer alguma coisa para ajudar me O doutor o enfermeiro falou com ela falou com ela pronto a ver se podia fazer alguma coisa por a gente e agora temos consulta com a assistente social do CAT agora no dia dezasseis acho eu Carla 13 Percecionando que ampliada pelo enfermeiro a voz das suas necessidades se faz ouvir junto dos outros t cnicos da Equipa de Tratamento a pessoa passa a procurar ativamente essa representa o pedindo a diretamente 138 Eles falam uns com os outros Uma vez que eu tive a consulta com a assistente social era ele o enfermeiro e ela T o a quer me ajudar Fico contente Tou a ver que t o pronto ficam interessados em ajudar uma pessoa n o Diniz 4 L nessa parte eles s o cem por cento espetaculares T m sido sempre timos para ajudar T m me ajudado sempre em tudo Sempre sem
232. e o falar do identifica se com a pessoa esse o identifica que eu quero que eu me identifico assim mais Acho que h mais interesse da pessoa Falto poucas vezes Uma vez ou outra falto mas muito raro Agora a ltima vez faltei mas porque n o pude mesmo Venho s consultas depois de vir consulta marcam logo outra agora j tenho outra marcada para uma pr xima vez guardo tudo para as marca es Tam m n o tenho assim muito para quando tenho a consulta falo tudo o que tenho para falar Assim de urg ncia n o Mas n o quer dizer que n o venha a acontecer n o Um dia posso tar assim mais mal Olhe preciso Mesmo agora tive consulta com ela com a enfermeira e pronto tou vontade a falar com ela coisa que com a outra n o por isso que eu n o vinha s consultas com a outra psic loga Vinha l fazer o qu Sei l sinto me melhor tive a falar n o Pronto 265 mesmo h bocado t va a explicar que que ando a cair muito em depress o fecho me muito em casa e n o sei qu e isso n o t a ser bom para mim n o tenho vontade de de procurar trabalho pronto Ando assim e tive a falar isso com ela e pronto E depois ela fala comigo n o Ah tenta me ver o contr rio das coisas pronto tenta me ajudar Ah pronto ver o contr rio Pronto eu tou mal a pessoa tenta meter me bem N o t s te a sentir bem faz assim ou n o v s por esse caminho Pronto
233. e Apel de Habermas de Lorenzer e de Ricoeur entre outras a ontologia hermen utica de Gadamer completa a teoria ontol gico existencial da compreens o e simultaneamente constitui a base da sua supera o atrav s da t nica na linguisticidade da compreens o In Bleicher J 2002 Hermen utica Contempor nea Moruj o C Trad Lisboa Edi es 70 153 197 Gadamer H G 2002 Verdade e M todo Il Complementos e ndice Petr polis Vozes 78 198 Gadamer H G 1999 Verdade e M todo Tra os Fundamentais de uma Hermen utica Filos fica 3 Edi o Petr polis Vozes 54 preconceitos iniciais daquele Subjetivado o texto faz parte do eu e ambos se desenvolvem no decurso do conhecimento A compreens o surge assim uma intera o circular entre a em Gadamer como um processo dial gico expectativa do int rprete e o significado do texto Deste c rculo da compreens o segundo o qual devemos compreender o todo a partir do singular e o singular a partir do todo o pensamento gadameriano ressalva contudo a sua n o circularidade viciosa para o referir como um movimento espiralado uma espiral hermen utica uma oportunidade positiva para ganhar conhecimento atrav s da transforma o tanto do sentido da hist ria do int rprete quanto do sentido do texto quanto ainda do que se situa como significa o entre ambos No c rculo hermen utico no contexto de um jogo de uma tens o
234. e Freguesia N o se ganha muito mas sempre bom ter um trabalho certo sei que posso chegar ao fim do m s e que posso pagar a minha rendinha e tenho dinheiro para comer A principal parte essa agora do trabalho e acho que agora t a a assistente social que vai falar comigo a dizer o que que se passa Mas se n o tivesse a assistente social a enfermeira ocupava se sempre dessa coisa ou ficava de falar com ela ou telefonava e depois dava me o recado o que que fosse s vezes n o t c a assistente social e eu pergunto lhe a ela A enfermeira entra em contacto com ela a assistente social e d me um recado Eu j cheguei aqui a perguntar o que que se passava mas foi com a enfermeira que eu falei sempre Olhe o que 257 que se passa com a assistente social ainda n o me deu resposta A assistente social n o tar e ela depois telefonar me a dizer o que que se passava j ouve uma ou duas vezes L nessa parte eles s o cem por cento espetaculares T m sido sempre timos para ajudar T m me ajudado sempre em tudo Sempre sempre Falam todos em conjunto para ver se me podem ajudar nalguma coisa n o Sei que ela a enfermeira fala com a assistente social e com o m dico do Hospital tam m Sempre que h alguma coisa t o em conjunto ali s at o m dico do hospital j chegou a telefonar para c Houve essa parte das rea es aos medicamentos sei que eles falaram Tanto que o m dico
235. e disse Telefona me seja l o que for Se eu n o tiver algu m h de tratar o seu problema parece que sinto seguran a A enfermeira ainda n o interviu diretamente Ou seja t um bocado backstage Sentir se refor ada continua a dar me for a Voc t a ganhar coisas n o v o seu pai a mudar T a ganhar coisas E eu digo Eu parece que n o tou a fazer 94 nada N o n o voc t a ganhar coisas n o s o palp veis agora mais tarde ir o ser de uma forma ou de outra ir o ser Agora n o s o Voc j fez muito Para o seu pai voc pode n o ter feito nada agora j fez muito Sentir se orientada E s vezes temos aqui consultas a falarmos a fazer retrospetiva e a enfermeira com a paci ncia dela vamos fazer assim assim assim assim Primeiro vai aqui depois de tratar disto vai aqui se eles quiserem informa es voc vai ter com o doutor nome do m dico ele faz um relat rio com as informa es sobre o seu processo volta ao outro m dico Sentir se confi vel Sinto que cada vez mais a enfermeira tem mais confian a em mim Ela sente essa confian a e sente que eu tenho vontade de fazer as coisas Tou limitado pronto h situa es que tou limitado e n o n o consigo faze las porque tou limitado ela confia que eu j n o tenho consumos Ela sente que eu j ultrapassei isso Sen
236. e eu n o tenho ela que se eu acusar nos testes ela que sabe o que que me pode fazer prontos ela que sabe de tudo Marco 3 A gente quando come a a tomar metadona d o nos um papelinho tipo contrato Temos que fazer isto aquilo aqueloutro se houver testes positivos acontece isto aquilo aqueloutro se faltarmos a consultas prontos h os castigositos como se diz Se eu meter a pata na po a eles cortam nos as r deas n o Se houver um teste como houve o teste coiso positivo tinha que c vir todos os dias Isso eles n o perdoam h aquela regra Enquanto o teste n o der negativo eles n o d o novamente para levar para casa h as regras n o Vim c todos os dias como os outros e pronto Depois noutra semana j deu negativo j levei para casa Todas as semanas fa o o teste tem me dado negativo melhor S o os benef cios claro Levar para casa e e tarmos descansadinhos da vida sem ter que c vir todos os dias muito bom Levo a metadona para casa Venho c uma vez por semana e levo para casa Para mim melhor Esfor o me sempre por portar me bem Temos que chegar c e mostrar os testes bons e temos que fazer por isso V tor 10 Desde muito cedo no acompanhamento no quadro do contrato de cuidados que acorda com a Equipa de Tratamento a pessoa experiencia o seu comportamento de consumo de subst ncias psicoactivas como tendo passado a ser controlado pelo enfe
237. e o que eu j perdi porque mas gostava de voltar a ter E tenho carta Ent o meta essa projeto em comprar um carro E pronto quando tou bem Sentir se traduzida Por exemplo agora como eu ando tar assim deprimido e n o sei qu isto pode ser uma uma forma de eu recair porque n o ando muito bem e n o sei que mais e perigoso n o Tenho que ter cuidado porque posso 117 recair Pronto tenho que dar a volta n o assim Consigo refletir mais do que tar a pensar sozinho n o Ajuda me Eu s vezes saio daqui e at saio mais motivado e saio melhor quando venho consulta do que quando n o venho Por exemplo hoje j foi um bom dia eu ter vindo consulta j n o me fechei em casa Pronto j uma iniciativa para amanh tentar fazer o mesmo Sentir se chamada a participar Com a enfermeira as decis es s o acordadas entre n s Ela pergunta me Como que acha melhor Prop e me sim prop e me N o diz Faz assim ou ou coiso pronto prop e me como anda a trabalhar agora por exemplo se andasse mal e voltasse a tar na cama e n o sei que mais Se calhar era melhor falar com a m dica N o diz Tens que fazer Olha tens que ir falar com a m dica Tam m j tive uma vem um consumo de coca na andava a consumir coca na e pronto ela falou com a m dica para me passar mas n o diz que tens que fazer prop e me
238. e quase dez anos Foi nessa altura que come ou a ser acompanhado no ent o CAT conseguindo manter se ap s sair em liberdade sem consumir lcool e drogas cerca de tr s anos Ao fim desse tempo recaiu abandonou o acompanhamento e continuou a consumir situa o que se manteve por mais dois anos fui cair e me viciei outra vez abriu a porta e agora para a fechar a que J foi casado e tem filhos e uma neta Vive agora com a m e Diz que foi a fam lia quem o motivou para voltar a procurar ajuda na Equipa de Tratamento Tem hepatite C Desempregado passou a receber o Rendimento Social de Inser o Est em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e em acompanhamento com o enfermeiro h quinze meses A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Marco O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Falo da minha vida eu conto lhe conto lhe por isso que ela me ajuda Eu conto lhe as dificuldades que tenho sobre e da minha fam lia e isso tudo conto lhe porque tenho confian a tenho toda a confian a Sentir se compreendida nela J a conhe o h bastante tempo e sei que posso desabafar com ela porque ela compreende me e ajuda me psicologicamente n o Ela sabe est dentro de tudo o que aconteceu Ela aceita bem Ela aceita e eu tou satisfeito 3 na Uma pessoa amiga mais do que uma enfermeira ou m dica com quem Sentir se i
239. e sa de da ET com um outro alcance da sua interven o como enfermeiro a orienta o monitoriza o e avalia o do atendimento das necessidades dos seus clientes por outros t cnicos ou institui es de sa de sociais ou de justi a Numa altura especialmente cr tica em mat ria de escolhas em pol ticas de sa de em geral e na rea da adi o em particular torna se importante levar em considera o que a investiga o qualitativa tem demonstrado ser um pr requisito fundamental para compreender e responder aos problemas colocados pela adi o a subst ncias psicoativas Os seus resultados que possibilitam chegar a popula es antes ocultas e apreender as suas necessidades iluminar os contextos sociais da utiliza o das subst ncias e informar os desenhos da investiga o quantitativa e complementar as suas conclus es t m se revelado substancialmente teis no desenvolvimento de respostas pol ticas mais adequadas e de escolhas por interven es mais 328 No seu mais fundamental contudo o efetivas nos servi os de sa de contributo da investiga o qualitativa no campo da utiliza o de subst ncias psicoativas il citas pode ser encontrado no modo como se constitui um meio ao acesso e compreens o das experi ncias vividas e significados da utiliza o das subst ncias na perspetiva dos pr prios consumidores No que se refere ao presente estudo consideramos que para al m de iluminar a experi ncia vivida de
240. egger 48 Da hermen utica de Gadamer reter 53 Da experi ncia do investigador erreeeerereerererererrreseraa 57 Desenho do estudo PAR RR DER A SRP AR GU RR PR RD 60 Sele o dos participantes cs ares iara SE a SS a 62 Colheita de dados e si rae aa ria Ra ad 65 Considera es ticas e deontol gicas iara 68 xi Parte 2 Ponto de encontro Ill com as pessoas e com as vozes da experi ncia 75 Sobre as PESS aS ia sa e a a E ida 76 Sobre as vozes da experi ncia individual essere 78 Oto Aa a A a TU 78 O Canos aa aana aa a aa 82 O Marco Ianna a E ga a a 85 O Diz sro soro iaa A 89 O Pedro Sjer A A E A 93 O Daniel Oca sida E r E 97 STOTE A aque ai a a td sia 100 6 Ri Lic Ro PNR RD RR ANN RO a EE EANES 103 Aikucinda O pd DRA RIR DER RA A RED DAR 106 OVitor AO SRS np RR RR o RSRSRS RED E GRSA RE 109 CRU ac a N q a ad Do 113 O Fernando 12 itae an Poe pia Pad dg 116 PC ana santa ae SD a E 120 Alsabel PIA sai a a AN O a 123 Parte 3 Fus o de horizontes IV para uma desoculta o do fen meno rrenen 127 Sobre a voz da experi ncia do grupo ireeeeererrarerererems 128 Comunalidades e singularidades de uma experi ncia vivida 166 DISCUSSAO JOS dadose neee sado dad nana da run 175 Implica es para a pr tica para a investiga o e para o ensino de enfermagem reeereeeerererer
241. ele uma pessoa que se preocupa bastante pelo menos da minha parte Sentir se tomada a cargo uma pessoa que o meu terapeuta uma pessoa da minha mais chegado minha idade E eu falo mais vontade com ele uma pessoa que eu sou capaz de tar a falar com ele e at sou capaz de largar um uma Sentir se identificada asneirada para o ar e coiso e se calhar at sou capaz de Desculpe l senhor enfermeiro saiu at por respeito porque tou a falar com um enfermeiro uma pessoa que estudou e eu n o praticamente n o tenho estudos tenho o sexto ano e foi tirado dentro da cadeia Varia es do tema O enfermeiro s uma pessoa em quem eu confio bastante O doutor tem sido uma grande ajuda o enfermeiro perd o pe o perd o Eu confio eu at lhe passo as informa es se calhar a cem por cento Confiar se ao enfermeiro 113 O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento E basicamente assim eu espero mais do ET num todo com a participa o de todas as pessoas do que do que do enfermeiro s O enfermeiro como uma porta de entrada para chegar mais r pido s outras necessidades do ET Tem me sido mais f cil chegar a outros s tios do ET atrav s do enfermeiro Tem me sido mais f cil Porque ele tem me ajudado bastante e ele tenta me ajudar o m ximo o m ximo poss vel O
242. ele quer saber alguma coisa de mim como que anda a minha vida como que t ele liga me ou para o meu telem vel ou para casa a perguntar Como que Olha l precisamos marcar alguma consultita A saber como que tu andas como que n o andas A gente j h muito tempo que n o se v nunca mais marcaste consulta nem nada Pode ser Pode ser Vai j ficar a consulta marcada quando vieres buscar a metadona t aqui o papelinho Ele faz isso Ele que o meu doutor aqui dentro tudo o que eu tenho de problemas comigo seja o que for eu pe o a ele para marcar a consulta com ele Ou se for da parte de coisas assim com a seguran a social j marco com a assistente social Mas s vezes marco com o enfermeiro Depois falo com ele explico lhe a situa o e ele deixa tudo escrito a ele escreve tudo o que eu falo fica tudo a escrito e depois deve comunicar n o Com a doutora explicar o que se passa o que n o se passa que ela depois marca me o dia assim que se trata O enfermeiro j me falou que s vezes falam quando s vezes tem que me mandar a algum lado ele diz que tem que pedir autoriza o aqui ou acol tem que falar com a doutora assistente social para isto ou para aquilo Quando alguma coisa que n o pertence a ele ele Isto n o comigo mas deixa tar que eu falo com a doutora e ela depois h de marcar uma consulta contigo Eles falam uns com os outros Uma v
243. elo menos atr s era diferente Eu assim eu se ver que tenho raz o numa coisa n o Se me chateio com uma coisa que eu veja que eu tenho raz o que a outra pessoa t me a chatear a dizer outra coisa eu desoriento me logo eu passo me logo da cabe a e 234 logo para a pancada e nos ltimos anos que tenho tado mais tranquilo mais calmo tenho tado mesmo melhor tam m penso no meu filho na minha mulher tam m n o tem um bra o e eu penso nisso tudo e penso bom vou voltar para casa viro as costas A minha mulher n o tem um bra o e tenho um filho de um ano e come o a pensar nisso tudo e viro muito as costas Eu mudei muito Foi muita bom ter o meu filho foi muita bom uma coisa que eu sempre quis Quem trata do meu filho sou eu praticamente Agarro nele lavo o porque ela s tem um bra o De manh antes dele ir para o infant rio eu que o visto e tudo Para onde eu vou ele vai sempre comigo Fa o tudo por ele tudo Falo com ele o enfermeiro sobre o meu filho sobre quando este tiver dois tr s aninhos quando vir que a minha vida t melhorzinha pronto tentar fazer uma menina gostava de ter uma menina pronto um casalinho E tem corrido tudo bem gra as a Deus J me fez o teste da Sida T tudo bem De seis em seis meses fa o exames a tudo Marca me as an lises para fazer de vez em quando de seis em seis meses ou de quatro em quatro meses Tinha apanhado a hepatite hepat
244. enha a acontecer n o Um dia posso tar assim mais mal Olhe preciso Confiar se ao enfermeiro Com a enfermeira falo melhor consigo me exprimir melhor tenho mais confian a a falar de mim e dos meus problemas Tou satisfeito tou satisfeito com esta terapeuta Ela nem sabe que eu pronto gosto de vir s consultas e que acho que sabe acho que sabe Sentir se comprometida Se calhar tam m tam m interesse em mim se calhar se fosse com outro depende n o sei se for com outra pessoa se calhar Acho que tem que haver um interesse de mutua parte Acho eu que isso se uma pessoa mostrar interesse a pessoa tam m mostra interesse Se uma pessoa n o mostrar interesse acho que um bocado assim tam m Viver os limites da rela o Mas acho que o CAT tem esse problema s vezes muitas pessoas j est o a h montes de tempo para ser atendidas Eu por exemplo se calhar se chegasse s cinco e com raz o n o Se calhar a enfermeira tam m n o tava aqui minha espera e j tinha ido para casa n o Como podia tar Ou podia n o tar dispon vel na hora e mandar me vir daqui a mais nada pronto Uma pessoa tam m tem que compreender que as pessoas n o podem n o tar sempre ali O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento Tam m marcou com a assistente social que eu
245. enho uma certa idade n o a como esses mi dos que t m vinte e tal anos j tenho o dobro da idade deles Eu j vejo a vida de outra maneira tenho filhos tenho uma neta prontos para eu ver mais a minha fam lia e deixar este mundo da droga parte e ver mais o ambiente familiar tenho netos tenho uma vida j diferente Para a minha mentalidade j t mais resolvido Eu penso assim desta maneira e eu prontos optei por largar esse mundo da droga e e ver mais realmente a minha fam lia e dedicar me mais minha fam lia que come am a ver com outra maneira veem nos como se a gente tivesse mesmo vontade de sair desta vida E t o a ver que a gente t a lutar para isso Praticamente toda a minha dedica o para a minha casa P meu lar Vivo s com a minha m e S eu que podia ganhar dinheiro para a gente comer n o E eu n o posso andar metido no mundo da droga se n o n o ganho n o N o vou deixar a minha m e a passar fome A minha gera o praticamente j quase toda n o aquase toda mas mais de metade j j faleceu Da minha gera o pelo menos aqui da minha zona quem consumia mais de metade j j faleceu Felizmente n o tenho doen a nenhuma infetocontagioso e prontos tou a come ar a a inserir me na sociedade Tenho o sexto ano antigo tenho quarenta e tal anos Ainda vou a tempo Agora vou ver as oportunidades que me v o dando mas vou ter que saber aproveit las De
246. ente agora pronto com a minha av e os meus primos mais novos j n o Tratam me bem Ol e coiso at o mas sinto diferente que eles j n o falam tanto como antigamente O meu primo o dono dessa firma a minha av at fala com ele como se ele fosse o maior deles todos se estivermos os dois assim ele ele sobe sobe sobe sobe e eu fico no mesmo s tio em rela o fam lia J contei ao enfermeiro ele sabe praticamente sabe tudo Quando n o falo dos primos falo da quest o da minha m e do meu irm o do meu pai Infelizmente olhe correu me sempre mal pronto assim Responsabilizar se pelas escolhas do passado J podia tar mesmo casado j podia ter filhos ter um carrinho ter a minha casa e pronto infelizmente a culpa eu n o vou culpar ningu m a culpa minha n o N o tenho tido ju zo que mesmo assim O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia do controlo externo sobre os consumos Se estiver ocupado com alguma coisa j se torna mais dif cil consumir j nem eu penso tanto nesses problemas Tou s a pensar naquilo que tenho que tou ali para ser pago saio do trabalho posso ir para casa jantar tomar banho e at posso vir a pensar assim p se calhar melhor ir beber um cafezinho e uma macieira mas j diferente j tou em casa j n o sa
247. ente a conhecer aos leitores diretamente interessados com o que nele se trata Nesse sentido se e quando este estudo for capaz de contribuir para a melhoria da presta o de cuidados dos atuais enfermeiros gestores de caso da Equipa de Tratamento e de incentivar a que outros enfermeiros o passem a fazer tamb m se revelar ent o a sua relev ncia e o seu impacte Na atualidade a literatura reflete um mandato crescente para os enfermeiros prestarem cuidados na qualidade de gestores de caso com pessoas com necessidades complexas e cr nicas de sa de Os dados deste estudo revelam contudo que requerendo um conhecimento sofisticado a gest o de caso realizada por enfermeiros com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas v diversificada e aumentada a intensidade e 317 318 dura o das atividades que lhes s o exigidas suscitando toda uma nova aten o em mat ria da praxis da investiga o e do ensino de enfermagem 313 Capalbo C 2008 Fenomenologia e Ci ncias Humanas S o Paulo Ideias e Letras 19 314 Rolfe G 2006 Validity trustworthiness and rigour quality and the idea of qualitative research Jounal of Advanced Nursing February 53 3 304 10 315 Rolfe G 2006 Judgements without rules towards a postmodern ironist concept of research validity Nursing Inquiry 13 1 7 15 316 White P Hall M 2006 Mapping the literature of case management nursing Journal of the Medical
248. ente melhor a enfermeira fica contente Tam m vejo que a pessoa fica contente Que eu tou a evoluir e n o sei qu e para eu ter projetos na vida Para ter um projeto pronto Sentir se identificada E parece que vejo mais interesse nela na enfermeira no meu problema do que com a outra identifico me mais com esta Apesar de ser enfermeira e da outra ser psic loga n o Que at uma pessoa at fica assim a pensar coiso como que isto poss vel A outra que devia pronto ser mais suspiro assim isso e o falar do identifica se com a pessoa esse o identifica que eu quero que eu me identifico assim mais Acho que h mais interesse da pessoa Sentir disponibilidade Ficamos sempre muito tempo eu s vezes at me preocupa se n o tou a empatar o tempo da pessoa n o s vezes j tenho pensado nisso Eh p se calhar tou a ser muita chato At o a pessoa se calhar tem mais utentes para atender e eu tou aqui Sentir const ncia na rela o Falto poucas vezes Uma vez ou outra falto mas muito raro Agora a ltima vez faltei mas porque n o pude mesmo Venho s consultas depois de vir consulta marcam logo outra agora j tenho outra marcada para uma pr xima vez guardo tudo para as marca es Tam m n o tenho assim muito para quando tenho a consulta falo tudo o que tenho para falar Assim de urg ncia n o Mas n o quer dizer que n o v
249. entre o todo e os seus elementos e a pr pria interpreta o esta ocorre por meio de um processo pelo qual um pr rascunho continuamente revisitado testado mesmo medida que o int rprete ganha um maior alcance do significado do texto Em cada nova volta do c rculo refor ado na sua compreens o aquele mais profundamente articula cada parte com o todo e o todo com cada parte selecionando significados que se relacionam com o que est em quest o com o que o norteia como pergunta ao texto Uma vez que a tradi o n o est tica e que a compreens o pode por isso ser constantemente revista a hermen utica propondo que a procura do conhecimento uma procura orientada n o demanda contudo um conhecimento completo O conhecimento que proporciona n o pretende por isso ser fixado na tradi o mas antes transformado e atualizado por int rpretes futuros 19 Bleicher J 2002 Hermen utica Contempor nea Moruj o C Trad Lisboa Edi es 70 157 159 200 Ibidem 161 201 Gadamer H G 2002 Verdade e M todo Il Complementos e ndice Petr polis Vozes 72 202 Ibidem 79 55 Gadamer oferece nos uma descri o filos fica sobre como compreendemos n o um m todo prescritivo em sentido estrito O c rculo hermen utico como uma modeliza o de como o processo compreensivo pode ocorrer na realidade deve assim poder ser olhado numa perspetiva heur stica de descoberta livre da diferen a entre o signi
250. er de n s A ver como n s est vamos e se n o tinhamos tido nenhuma reca da e a dose Ela veio mesmo aqui ao centro para ver como n s lev vamos o tratamento Se tinhamos alguma reca da se tinhamos doping os testes positivo como pronto da maneira como a gente estava Ent o ela viu que est vamos bem que estava tudo bem que estavam os testes todos todos normais e e deram nos o rendimento Mas pronto isso j alguma coisa mas pouco Ele ajuda nos muito Ajuda nos muito pronto a abrir n s abrimo nos muito com ele quer nos ajudar com o enfermeiro fala de tudo de toda a minha vida Como eu estou e como a situa o da minha casa com a minha fam lia com tudo Como est a situa o mais ou menos agora Que n o est muito boa pronto n o por causa das drogas mas por outras situa es de emprego e s o muitas muitos gastos a pagar a casa a agua a luz e n o e temos os filhos e para dar lhes de comer sem trabalho As conversas com o enfermeiro tamb m me ajudam tamb m Tamb m me ajudam s vezes Falamos mais minha vida presente N o da minha vida passada muito pouco Mais da minha vida presente emociona se e chora ai muito sofrimento muito muito continua a chorar enquanto fala se n o fosse pelos meus filhos e pelo dia a dia pela vida que eles me d o assim e tudo S o muitos problemas procura deixar de chorar Muita coisa fica para mim ele sabe
251. er procurado ativamente como uma confirma o da medida e da manuten o das mudan as no seu estado de sa de Para reduzir a dose de metadona eu tenho que pedir autoriza o ao enfermeiro E ele Ent o pronto vamos l a a ver como que tu t s se t tudo bem Para dizer se t tudo bem se n o t tudo bem com os testes com tudo pergunta aos outros enfermeiros E ent o ele disse Bom ent o vamos experimentar reduzir pronto Reduzimos Ele d a ordem E eu disse Se eu vir que t mau eu volto a subir Se sentires alguma coisa tu avisas me logo Se sentires mal telefonas para aqui ou vens c ou deixas recado que ent o a a gente aumenta logo Que para n o sentires mal E ele at me disse at se for uma pessoa come ar a reduzir muito e depois sinta falta ou qualquer coisa pode se cair N o nunca recaias depois de ver que tas mal telefona me imediatamente para aqui para o CAT falas com a doutora que t c se vires algum problema se n o puderes c vir ou pedes autoriza o ou vem c a tua mulher p a gente resolve isso e aumenta como tava para estabilizar Eu T bem neste sentido como diz o Diniz tamb m o desejo que sente para reduzir a depend ncia s subst ncias de substitui o submetido ao ju zo do enfermeiro tanto na procura que faz da confirma o da possibilidade de o fazer em seguran a quanto na necessidade de se sentir suportado
252. ercado fa o as compras vou ao parque com o meu pequenito o mais velho vai para a escola de manh entra na escola Vou s compras compro o p o compro as compras com o pequenito vou ao parque um bocadinho depois vou para casa trato da casa limpo toda a casa ponho m quinas a lavar trato do almo o todo o dia igual todos os dias o mesmo todos os dias o mesmo O meu pequenito um mi do muito muito inquieto muito reguila d cabo da gente e d cabo da nossa paci ncia de n s os dois demais demais n o se entret m a brincar com brinquedos n o v desenhos animados n o um mi do Pronto eu compreendo uma crian a s o inquietas s o reguilas mas ele demais acaba com a nossa paci ncia com a minha e com a do pai ele esteve um tempo no infant rio mas tivemos que o tirar do infant rio porque n o tinhamos sequer dinheiro para pagar e e fic mos a dever no infant rio uns quantos de meses que ainda est o espera que paguemos e ele mudou muito mudou muito esse tempo que esteve no infant rio Era o que ele precisa precisa de de conviver pronto conv vio com mi dos Eu estou muito sozinha em casa n o sou assim de falar muito mas de vez em quando ele o enfermeiro sabe que eu me abro com ele muitas vezes E eu conto sempre tudo o que tenho para contar eu conto lhe ele sabe que eu n o deixo nada e no que ele me pode ajudar ele ajuda me J tive uma rec
253. erente agora pronto com a minha av e os meus primos mais novos j n o Tratam me bem Ol e coiso at o mas sinto diferente que eles j n o falam tanto como antigamente O meu primo o dono dessa firma a minha av at fala com ele como se ele fosse o maior deles todos se estivermos os dois assim ele ele sobe sobe sobe sobe e eu fico no mesmo s tio em rela o fam lia J contei ao enfermeiro ele sabe praticamente sabe tudo Quando n o falo dos primos falo da quest o da minha m e do meu irm o do meu pai Infelizmente olhe correu me sempre mal pronto assim J podia tar mesmo casado j podia ter filhos ter um carrinho ter a minha casa e pronto infelizmente a culpa eu n o vou culpar ningu m a culpa minha n o N o tenho tido ju zo que mesmo assim Agora quero ver se desta vez pelo menos Que eu j andei a tomar a medica o para o lcool mas n o resultou at que agora para O fim ele arranjou isto um centro de alco licos em Lisboa no J lio de Matos A primeira vez que fui l fui consulta tinha estado j com o enfermeiro cheguei l disseram que tinha que esperar dois meses e meio quase tr s meses para ser internado Prontos e eu nesse dia vim vim c depois falar com o enfermeiro assim no dia a seguir j n o em lembro bem e sei agora n o sei se foi o enfermeiro que telefonou para l ou 226 se foi a m dica isso n
254. erifica na atualidade uma tend ncia crescente associada tamb m ao aumento da utiliza o do pa s como principal ponto de entrada da coca na na Europa as doen as infetocontagiosas que no global t m vindo a apresentar uma tend ncia estabilizadora e mesmo decrescente mas inversamente 8 Neto D 1996 Tratamento combinado e por etapas de heroinodependentes Caracter sticas e evolu o de uma amostra Lisboa Universit ria Editora 8 Rosa A Gomes J Carvalho M 2000 Toxicodepend ncia Arte de cuidar Coimbra Formasau 23 89 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP 2005 Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodepend ncias 2005 2012 Lisboa Autor 9 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2008 Relat rio Anual 2008 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias Dados referentes a Portugal 26 com um aumento da incid ncia de SIDA relacionada com o consumo de droga injetada e as mortes relacionadas com o consumo de drogas em que Portugal juntamente com Espanha Fran a e It lia respons vel por 90 das mortes indiretamente relacionadas com o consumo de droga associam se agora tamb m o aumento da import ncia dos policonsumos e o envelhecimento e crescente degrad
255. ermeiros da Equipa de Tratamento do estudo pelo desenvolvimento da gest o de caso com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas e pela disponibilidade que sempre demonstraram para apoiar a realiza o deste estudo s pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas coinvestigadoras do estudo pela generosidade para partilharem a narrativa da sua experi ncia vivida e desde a se associarem ao contributo para a possibilidade da melhoria dos cuidados de enfermagem na rea da adi o Z Joana e Carolina pela compreens o e suporte afetuoso nas muitas horas e dias afastado do quotidiano familiar que a elabora o deste trabalho requereu Filomena Covas pela const ncia relacional e pelo desafio Dr 2 Ana Costa pela revis o final do texto vi RESUMO Neste estudo procurou se responder quest o de investiga o qual a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas cliente de uma Equipa de Tratamento do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP O seu objetivo foi por isso compreender a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas cliente da Equipa de Tratamento do estudo A partir de uma compreens o da experi ncia vivida como foco de aten o da enfermagem suportada sobretudo no pensame
256. erpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 7 Uma vez que o conhecimento sobre a experi ncia dos fen menos de sa de doen a demanda os vividos humanos no que t m de mais individual subjetivo e ntimo compreende se que este estudo tenha uma utilidade n o preditiva mas muito pelo contr rio profundamente compreensiva Sendo que os estudos fenomenol gicos permitem aos enfermeiros tomar contacto com os testemunhos na primeira pessoa sobre as experi ncias humanas de sa de e desde a invocar respostas que procurem ir de encontro s necessidades de cuidados identificadas a presente investiga o sobre a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso tem o potencial de uma vez comunicada aos enfermeiros contribuir para a sua orienta o no dif cil processo de cuidar pessoas com problemas de adi o a drogas e lcool Considera se neste sentido que aceder ao sentido da experi ncia vivida das pessoas suas clientes de serem por si cuidadas poder permitir aos enfermeiros e um olhar sobre o olhar que o outro faz sobre si e sobre os seus cuidados e uma amplia o da compreens o da sua pr pria a o cuidativa e uma orienta o tem tica das comunalidades e das singularidades para a identifica o de problemas e para a evolu o subsequente do estado de sa de dos clientes e uma maior capacidade para partindo do conhecimento profundo das necessidades dos clien
257. erreeno 189 Sugest es para investiga es futuras ss iisesreseerenes 198 fo psi Hioj 6 FARS PEER RDI ESP a RU RR a RTP e PR 200 BIBLIOGRAFIA essa ii ei a sia a gaga 202 ANEXOS cannot Ei aa de a Da ana ada a a Ca 214 APENDI ES ecann 218 xii NDICE DE QUADROS Quadro 1 Gest o de caso orienta o para o sistema e orienta o para a pessoa Quadro 2 Rela o entre o Processo de Enfermagem e o Processo de Gest o de Caso xiii 32 36 xiv Introdu o ao estudo Eu identifico me em bastantes coisas com ela pronto Identificamos as duas identificamos H um interc mbio de aprendizagem suspiro porque a enfermeira para mim a enfermeira s lhe falta drogar se Claro que eu n o quero que ela o fa a riso mas n o s a gente ter um canudo Lucinda O enfermeiro como uma porta de entrada Tem me sido mais f cil chegar a outros s tios do ET atrav s do enfermeiro Porque ele tem me ajudado bastante e ele tenta me ajudar o m ximo poss vel O que pode que ele n o faz milagres Dentro do que pode aqui dentro tem feito bastante aqui no aqui no ET Rui De que d o conta as narrativas da Lucinda e do Rui duas das pessoas com problemas de adi o a subst ncias que participaram no estudo Como tem sido para ambos e cada um procurar ultrapassar a adi o a subst ncias psicoativas e os problemas que se lhe relacionam sendo cuidados por um enfermeiro gestor
258. erviewing Drug and Alcohol Dependence Ireland Elsevier Science Ltd 172 182 129 Mejta C Bokos P Mickenberg J Maslar M amp Senay E 1997 Improving Substance Abuse Treatment Access and Retention Using a Case Management Approach Journal of Drug Issues 27 2 329 340 13 Morgenstern J Blanchard K McCrady B McVeigh K Morgan T amp Pandina R 2006 Effectiveness of Intensive Case Management for Substance Dependent Women Receiving Temporary Assistance for Needy Families American Journal of Public Health 96 11 2016 2023 131 Mejta C Bokos P Mickenberg J Maslar M amp Senay op cit 132 Schlenger W Kroutil L Roland E 1992 Case Management as a Mechanism for Linking Drug Abuse Treatment and Primary Care In National Institute On Drug Abuse 1992 Progress and Issues in Case Management U S Rockville Department of Health and Human Services Public Health Service Alcohol Drug Abuse and Mental Health Administration Research Monograph Series 316 330 133 Casarin S Villa T Gonzales R Freitas M Caliri M et al 2002 Case management evolution of the concept in the 80 s and 90 s Revista Latino Americana de Enfermagem Julho Agosto 10 4 472 7 134 Cohen E Cesta T 2004 Nursing Case Management From Essentials to Advanced Practice Applications 4 ed Elsevier Health Sciences 34 135 Lubkin Larsen P 2005 Chronic illness impact and intervention
259. es b sicas em mat ria de sa de como a alimenta o a habita o 22 Legrand M 1993 L approche biographique Marseille Hommes et Perspetives 28 Remmers H 2006 The importance of biographical approaches in nursing science Z Gerontol Geriat 39 183 191 2 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores 78 25 Lopes J 2010 O Aconselhamento como Cuidado de Enfermagem numa Equipa de Tratamento Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 16 N 1 74 2 Idem 184 a vacina o feridas corporais a sa de oral etc justamente ancorada nessa outra fun o da rela o que com ele vai tecendo a rela o como um ve culo dos cuidados que a pessoa se sente investida nas diversas modalidades de ocupa o de cuidados que o enfermeiro diretamente consigo desenvolve os cuidados f sicos o controlo a orienta o a solicita o gradual para a participa o nas decis es sobre os seus cuidados a si para o autocuidado a valoriza o das mudan as A complexidade e cronicidade das situa es de sa de destas pessoas ainda assim longe de poder ser omnipotentemente respondida apenas 1 pelo seu enfermeiro gestor de caso coloca em perspetiva a necessidade n o apenas da sua interven o direta na presta o de cuidados de enfermagem mas tamb m a import ncia de justamente por intimamente conhecedor das suas necessidades e prioridades em mat
260. escopo da sua interven o direta uma 323 National Chronic Care Consortium 2000 Case Management Methods and Issues Bloomington 11 324 Regulamento n 129 2011 Regulamento das Compet ncias Espec ficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Sa de Mental Di rio da Rep blica 2 s rie N 35 18 de fevereiro de 2011 325 Regulamento n 126 2011 Regulamento das Compet ncias Espec ficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Sa de Familiar Di rio da Rep blica 2 s rie N 35 18 de fevereiro de 2011 32 Regulamento n 129 2011 Regulamento das Compet ncias Espec ficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Sa de Mental Op cit 194 identidade profissional e disciplinar s lida e ao mesmo tempo um conhecimento alargado sobre a esfera de interven o de outros profissionais de sa de e institui es sociais Ora em Portugal tal como noutros pa ses verifica se que os enfermeiros adquirem a sua forma o em gest o de caso sobretudo no contexto do seu exerc cio tal foi o caso dos enfermeiros da Equipa de Tratamento do estudo constatando se uma escassez de ofertas formativas nesse dom nio seja em contexto da forma o acad mica seja em contexto da forma o cont nua oferecida pelas institui es de sa de Pelo que em mat ria de ensino de enfermagem de relevar a necessidade de atribuir maior import ncia rea da adi o tanto te rica quanto em est gios no mb
261. esmo pelos outros 1 Parse neste sentido considera que uma vez que a realidade n o um dado que se lhes apresenta mas antes uma elabora o que as pessoas fazem para si pr prias ao seu modo do que vivem a ressignifica o dos vividos aqui feita em intersubjetividade entre a pessoa e o enfermeiro R Fleming M 2009 Dor que Consome Para uma compreens o da Dor Mental na Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 2 5 288 Tinoco R 2002 Indetermina o biogr fica de condi o natural a uma fissura na hist ria do sujeito Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT Vol 8 n 3 61 67 287 Janeiro L 2007 Motiva o para o tratamento estrat gias psicoterap uticas no tratamento da toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 13 N 1 49 58 288 Refer ncia ao pensamento de Christine Josso sobre a transforma o da viv ncia em experi ncia formativa a posteriori no caso In Josso Marie Christine 1991 Cheminer vers soi Lausanne Editions L Age d homme E Josso Marie Christine 2002 Experi ncias de Vida e Forma o Lisboa Educa 289 Tinoco R 2002 op cit 62 290 Ibidem 64 291 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 35 36 183 amplia os horizontes de compreens o individual transforma os e tem o potencial para reiluminar os prop sitos da vida de cada indiv duo Esta ideia
262. essoa Gastar o meu dinheiro todo e s vezes ter que roubar ou sempre mau a parte m Havia a parte do gosto e a parte prejudicou me muito a minha vida Uma pessoa quando dependa da droga sempre prejudicado Eu j tomava metadona mas era na B lgica l nem sequer era acompanhado por ningu m Depois adoeci e vim para Portugal Adoeci com uma tuberculose Tava doente n o podia trabalhar nem nada tava numa fase dif cil vim para c N o era que na altura consumisse muitas drogas mas como tomava l a metadona vim para c continuei a tomar a metadona acompanhado aqui no CAT Desde o princ pio at agora tenho sido acompanhado pela enfermeira Pensei que tinha que me tratar e era a pessoa que me tava a ajudar Eu n o sou grande conversador t m que puxar s vezes um bocado por mim para falar alguma coisa N o sou grande conversador mas gosto de fazer me explicar mas s vezes n o sei a enfermeira tem me ajudado eu n o me abro com muita gente Sempre que faz falta alguma coisa vou ter com ela tenta ajudar ela super prest vel naquilo que pode Ela s vezes tam m n o pode fazer muito n o Mas tenta sempre ajudar Eu sou sincero n o s vezes h aqueles problemas que a gente tem e reca mos como j me aconteceu uma vez ou duas Recair sempre mau uma estupidez como se diz A gente j sabe o mal que faz e sabemos suspiro aquilo que Eu quando sei que vou apresentar um te
263. este continua a situar se entre os pa ses membros da Uni o Europeia como um dos que apresentam maiores consumos de bebidas alco licas e por isso uma maior preval ncia dos problemas que se lhes relacionam De entre estes problemas contam se importantes consequ ncias para o indiv duo dependente degrada o da sa de f sica e mental para a fam lia perturba o nas rela es conflitualidade e efeitos transgeracionais para o trabalho com diminui o do rendimento laboral aumento do absentismo e acidentabilidade desemprego ou reformas prematuras e consequente degrada o da situa o econ mica e para a comunidade perturba es nas rela es sociais e da ordem p blica delitos atos violentos criminalidade vagabundagem e acidentes de via o Assim a toda a pan plia de problemas e necessidades contempor neas em cuidados de sa de das pessoas dependentes de drogas as Equipas de Tratamento do IDT IP passaram tamb m a prestar cuidados de sa de a pessoas com depend ncia do consumo de lcool e problemas associados acrescentando complexidade ao seu j previamente complexo contexto assistencial Em mat ria de adequa o das medidas de tratamento dispon veis a avalia o da Estrat gia Nacional de Luta Contra a Droga e a 101 Decreto Lei n 221 2007 29 de maio Lei Org nica do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia l P Di rio da Rep blica S rie 102 Babor T 2009 lcool Bem de cons
264. estes que a leitura e releitura iniciais do texto proporcionam naive reading Progressivamente medida que partes do texto foram compreendidas em rela o ao seu todo e vice versa que o c rculo hermen utico se foi come ando a formar reflexivamente para o investigador um conjunto de sentidos antecipat rios se insinuaram sobre os dados Com um melhor entendimento do todo a aprecia o interpreta o de dados diferentes ou dos mesmos dados num n vel mais profundo foi gradualmente promotora em cada nova volta do c rculo investigador sentido geral dos dados sentido particular dos dados em que os sentidos antecipat rios foram continuamente testados e atualizados do maior alcance do sentido do texto da compreens o tem tica do investigador em rela o quest o que nos norteou Percebidos como as estruturas da experi ncia composi es intransitivas presentes no texto que descrevem a experi ncia vivida narrada e lhe d o sentido s o estes temas fenomenol gicos que conferem orienta o investiga o uma vez que atrav s deles e das suas rela es que se forma a compreens o do fen meno em estudo Realizada a an lise de cada caso na procura do tema no caso verificou se numa popula o que experienciou o mesmo evento que apesar da variabilidade da express o humana e do seu testemunho da experi ncia vivida alguns destes temas experienciais foram recorrentes emergindo como
265. estudo se refere experi ncia vivida da pessoa com problemas de adi o a subst ncias cuidada por um enfermeiro Ainda assim sem que o enfermeiro fosse gestor de caso In Banonis B Charleston S 1989 The lived experience of recovering from addiction a phenomenological study Nursing Science Quarterly Spring 2 1 1989 37 43 Neste estudo o fen meno da experi ncia vivida da recupera o da adi o manifestou se como uma experi ncia vivida de luta para a pessoa se puxar de um po o de escurid o para o conforto da luz o que experienciado enquanto a pessoa vive profundas modifica es na sua forma de ser medida que estas modifica es movem ritmicamente a pessoa para uma abertura s possibilidades a pessoa escolhe mover se para diante com conforto e confian a no processo neguentr pico de se tornar Idem 282 Recuperando o pensamento de Heidegger que considera o ente que por manifestar no tempo os seus modos de Ser In Heidegger M 2006 Ser e Tempo Petr polis Editora Vozes Original de 1927 283 Costa N 1995 A perturba o da viv ncia do tempo na toxicodepend ncia e na depress o Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPTT N 2 50 61 24 Tinoco R Pinto S 2001 Abordagem biogr fica das toxicodepend ncias o biograma como instrumento de interven o cl nica Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT Vol 7 n 1 17 22 285 Fleming 1995 num estudo de revis o dos resultad
266. eti o Compuls o Repeti o e Reca das Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT 23 28 147 Dias A 2006 Alcoolismo Compreens o Psicodin mica Etanol um l quido meton mico Lisboa Climepsi Alcoolismo e Toxicomanias Modernas 148 Edwards G Ed 2020 Addiction Evolution of a specialist field Society for the Study of Addiction to Alcohol and Other Drugs Blackwell Science Ltd 149 Pessoas com problemas de adi o acompanhados por enfermeiros gestores de caso aumentaram as suas pr ticas de autocuidado e relataram melhorias na qualidade de vida In Weydt A 2001 Nursing Case Management Quality and Cost Creative Nursing New York Springer Publishing Company 10 38 O contexto do estudo As Equipas de Tratamento ex Centros de Atendimento a Toxicodependentes CAT definem se no contexto da estrutura do IDT IP como unidades especializadas de interven o local s quais compete prestar em regime ambulat rio cuidados globais de sa de a pessoas com toxicodepend ncia e ou alcoolismo individualmente ou em grupo segundo as modalidades terap uticas mais apropriadas para cada situa o no mbito da redu o de riscos e da minimiza o de danos do tratamento e da reinser o social Articuladas com os servi os prestadores de cuidados do Servi o Nacional de Sa de existem em todos os distritos do pa s e s o constitu das por equipas que na sua formula o base integram m dicos psic logos enferme
267. eu tou farto de perder E agora assim n o eu j n o quero ganhar nada seja a n vel de de monet rio ou seja l o que for material v l Responsabilizar se pelas escolhas do presente Uma coisa que eu aprendi assim podem dizer muita coisa umas certas e outras erradas tens que tirar o que faz proveito para o teu bem estar para o teu futuro As coisas est o a andar e a gente gostava que andassem mais depressa mas est o a andar e tou contente claro mas por outro lado tam m sei que a culpa minha O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Experienciar o autocontrolo sobre os consumos J n o vai por a j n o n o isso acho que um problema que nunca t ultrapassado por completo mas noventa e tal por cento t t ultrapassado Acho que ganhei um bocado de raiva um bocado ao v cio Eu pensar na hero na ou pensar numa bicicleta igual N o me afeta N o me diz nada eu n o tenho aquele pensamento a pedra da coca n o sinceramente n o me afeta O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Manifestar novas necessidades Os meus consumos j n o me dizem nada Para al m de n o os poder fazer tam m n o os quero fazer mais Agora tenho outros problemas mais graves a minha sa de tentar levantar me o mais que puder e o mais que consegu
268. eu j tou na fase de reduzir a metadona J tou tou a largar Depois Resistir a separar se quando chegar chegar ao zero pronto largo Mas venho s consultas mesma Para saberem se eu tou bem S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Marco O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 88 O Diniz 4 Consumia hero na e de vez em quando era coca na dava a hero na mas era junto com um comprimido Que o Dormicum juntava E dava com seringa comecei a consumir todos os dias O Diniz tem vinte e nove anos Ap s a separa o dos pais com pouco mais de tr s passou a viver s com o com o pai no mesmo bairro onde atualmente reside aquilo s droga Aos catorze anos a par com o consumo de lcool iniciou consumos de haxixe na companhia de outros adolescentes da vizinhan a Passou a consumir hero na aos dezasseis que chegou a injetar regularmente com DormicumQ e dois anos mais tarde experimentou coca na com consumos espor dicos Concluiu tarde o primeiro ciclo de escolaridade e come ou a trabalhar em biscates da constru o civil onde aprendeu o of cio de pedreiro mas tamb m a fazer de tudo um pouco Depois de deixar a casa do pai viveu sempre com mulheres mais vel
269. exificando se ao longo do tempo a gest o de caso definida na atualidade como um processo que articula participa es t cnicas individualizadas e colaborativas para o diagn stico planeamento facilita o implementa o coordena o monitoriza o e avalia o de op es e servi os destinados a responder s necessidades de pessoas mais vulner veis e com necessidades complexas e cr nicas de sa de utilizando a comunica o e os recursos dispon veis para produzir qualidade em cuidados de sa de 107 Rice R 2004 Pr tica de Enfermagem nos Cuidados Domicili rios 3 edi o Loures Lusoci ncia 108 Casarin S Villa T Gonzales R Freitas M Caliri M et al 2002 Case management evolution of the concept in the 80 s and 90 s Revista Latino Americana de Enfermagem Julho Agosto 10 4 472 7 109 Commission for Case Management Certification 2004 In Mullahy C Jensen D 2004 The case manager s handbook 3 Ed Massachusetts Jones amp Bartlett Publishers 11 31 Mais ou menos orientada para o sistema ou para a pessoa vide Quadro 1 a gest o de caso afirmou na literatura do ltimo quartel do s culo XX o princ pio dos modelos de organiza o de cuidados de sa de hol sticos multiprofissionais e multidisciplinares que articulam os recursos dispon veis em favor das necessidades da pessoa benefici ria nas suas idiossincrasias 121 Quadro 1 Gest o de caso Or
270. ez que eu tive a consulta com a assistente social era ele o enfermeiro e ela T o a quer me ajudar Fico contente Tou a ver que t o pronto ficam interessados em ajudar uma pessoa n o Quando eu j h muito tempo que n o marco consultas nem nada e eles t o naquela Ser que ele t bem ser que n o t E o que eu penso E devem querer ver com o que eu tou claro Fico contente com isso Tou preso eu n o posso trabalhar n o E j fui ao fundo de desemprego a semana passada arranjaram me um trabalho fui l dar uma entrevista mandaram me esperar agora deixa ver tamos a tratar com a seguran a social Que eu sou pedreiro sou pintor eu fa o de tudo um pouco 236 Narrativa do Pedro 5 A vida de de t xico a gente n o tem paz aquela lufa lufa todos os dias seja de que maneira for roubar enganar a arrumar carros seja quando que for ao frio sempre aquela coisa aquela lufa lufa para arranjar dinheiro hero na e coca na e a degrada o e tudo Completamente degradado A n vel f sico a n vel psicol gico tava completamente de rastos N o via perspetivas nenhumas de de nada Sentia me completamente perdido Tava a caminhar para a destrui o mesmo Eu sou seropositivo e a n vel de doen a tava n o conseguia andar tava super magro tinha montes de feridas E o doutor m dico do hospital viu as an lises e assim Metadona ou um centro comunit rio Aq
271. ezes s pede que eu Samuel veja l n o consuma olhe pela sua vida t nesta situa o assim t naquela situa o assado e agora desta vez veja l se consegue isso que eu vejo n o nos pedem nada em troca Aqui d o ajuda sem pedir nada em troca E s vezes empenham se No meu caso o que que posso dizer que j fizeram por mim desde a entrada para as Taipas o arranjar um centro o d outras vezes me darem centros a escolher v rias coisas em ajudar me empenharem se em ajudar me em terem trabalho em arranjar uma vaga para mim para tal s tio porque ali tas melhor do que ali e vamos fazer para que aconte a assim Enquanto que a enfermeira podia dizer Eu tou aqui a trabalhar n o tenho nada a perder nem a ganhar v s para ali v s para ali para mim igual Onde entrares para onde houver vaga primeiro para onde tu vais e pronto t se bem E procura o melhor para o utente Mesmo para reparti es que fazem parte dos estado tam m se ver que para mim melhor esta do que aquela faz esfor o para que eu v para aquela E na volta para a terapeuta n o tem nada a ganhar nem a perder que eu v para uma ou v para outra mas procura sempre para que eu v para a melhor D se ao trabalho de fazer que aconte a eu ir para ali para aquele lado Sou uma pessoa que venho aqui pedir ajuda e que se calhar encontro a solu o para o meu problema Mudei neste anos sim mudei alguma cois
272. falaram Tanto que o m dico disse me como a enfermeira tam m Eu tive com rea es a medicamentos e eles tiveram que falar uns com os outros para saber o que que se passava Foi tudo feito como deve ser Tanto da parte do m dico como daqui do CAT Sentir se representada junto da fam lia a minha m e h de vir um dia aqui comigo para conhecer a enfermeira para dizer como que funciona isto Dizer que eu n o ando a consumir drogas que a gente fazemos testes todas as semanas esse tipo de coisas Acho que se a enfermeira for explicando as coisas como ela explica acho que ela fica a perceber um bocadinho melhor o que isto muito bom para ela ficar a saber isso da boca de uma enfermeira sempre bom fica mais descansada eu acho que sim Mas h de vir c um dia O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se controlada A gente quando come a a tomar metadona d o nos um papelinho tipo contrato Temos que fazer isto aquilo aqueloutro se houver testes positivos acontece isto aquilo aqueloutro se faltarmos a consultas prontos h os castigositos como se diz Se eu meter a pata na po a eles cortam nos as r deas n o Se houver um teste como houve o teste coiso positivo tinha que c vir todos os dias Isso eles n o perdoam h aquela regra Enquanto o teste n o der negativo eles n o d o novamente para levar para casa h as reg
273. fermeiro tema comum a todos os participantes Artur Carlos Marco Diniz Peito Daid Josu Samea Ludina Vto Rui Femando Carla Isaba Oligar se ao enfermeiro x x x x x x x x x x x x x x Eu a primeira vez quando eu vi aqui fiquei assim porque uma pessoa n o conhece as pessoas n o tem aquela lida o Artur 1 N o tava bem N o me tava a dar bem com a minha antiga terapeuta e ent o quis mudar Pus me com um p frente e outro atr s porque n o sabia o que que havia n o sabia o que que ia encontrar seria uma melhor outra pior Eu para falar ao princ pio era arrancar a pele naquela altura em que estava com o p atr s Lucinda 9 No in cio do acompanhamento a pessoa experiencia o enfermeiro com estranheza e interroga se sobre o que pode esperar de ajuda s suas necessidades sentindo se ambivalente na rela o Mas eu por acaso eu j conhecia a enfermeira eu j a conhecia daqui portanto aqui da minha juventude Eu j a conhecia nem sabia que ela era enfermeira portanto j a conhecia tam m n o foi assim um choque t o tam m n o havia assim uma grande dist ncia mas por a conhecer ainda me custou um bocadinho mais tar a falar com uma pessoa que me conhecia e ter que custou me um bocado a falar com ela porque ela at pr pria dizia que nunca fazia ideia que eu pronto que andava nesta vida n o era Que se lembrava de mim prontos e custou me um bocado mais como e
274. fica o dos consumos a pessoa intenta na procura que faz do enfermeiro ap s recair mobilizar essa fonte de controlo externo ao mesmo tempo que acede a significar a reca da em conjunto e a integrar essa nova compreens o de si e da rela o com a subst ncia Eu fa o por ter um lugar aqui no CAT riso Enquanto c andar pelo menos sinto me seguro V tor 10 Ela d for a gente ela tamb m como uma psic loga Ela faz tam m conversa connosco d for a para a gente ver a vida de outra maneira d me for a para eu n o desanimar para ter for a para lutar para vencer para ultrapassar estes obst culos estou satisfeito com ela que ela tem me ajudado bastante que eu tenho tido problemas e ela tem at me ajudado a ultrapassar isso Marco 3 Eu s vezes at posso ter isso na cabe a mas tenho aquele receio ser que devo ou ser que n o deva e fico naquele impasse e acabo por parece que sinto seguran a A enfermeira t um bocado backstage Encaro as coisas de outra forma ganho seguran a nas coisas que fa o N o fa o coisas a tremer D para eu ganhar seguran a e sinto me mais seguro ela at me disse Telefona me seja l o que for Se eu n o tiver algu m h de tratar o seu problema Pedro 5 Experienciando com satisfa o a seguran a e o refor o que encontra na liga o Equipa de Tratamento e ao enfermeiro a pessoa transforma gradualmente a sua
275. ficar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros e O projetar se no futuro Esta experi ncia emerge no estudo como um fen meno eminentemente relacional todo ele vivido em torno da dial tica do ligar se e do desligar se A partir dos vividos de se ligar ao enfermeiro e de por ele se sentir investida e representada dentro e fora da Equipa de Tratamento a pessoa progressivamente acede a pensar o seu sofrimento e inicia o que sente como uma luta pessoal para modificar a rela o com a subst ncia consigo pr pria e com os outros significativos Passando a valorizar e a desejar consolidar as profundas mudan as que sente que gradualmente vai conseguindo para si a pessoa abre se s suas possibilidades de ser e ensaia progressivamente pensar se num futuro livre de subst ncias Simultaneamente habitada pelo anseio de autonomia e pelo temor de recair a pessoa expressa o desejo de permanecer indefinidamente ligada ao enfermeiro e Equipa de Tratamento que sente como securizantes Pela voz da experi ncia vivida dos participantes percebemos como a rela o enfermeiro cliente se assume como um elemento essencial na gest o 189 de caso com pessoas com problemas de adi o Apoiada na utiliza o terap utica do self do enfermeiro que se revela um requisito b sico na constru o n o s desta rela o terap utica como tamb m da forma da rela o com os outr
276. ficativo e o insignificante entre a coer ncia e a contradi o que capaz de se manifestar no s sentido s dos textos em estudo 203 Debesay J N den D Sletteb 2008 How do we close the hermeneutic circle A Gadamerian approach to justification in interpretation in qualitative studies Nursing Inquiry 15 1 59 56 Da experi ncia do investigador From a phenomenological point of view to do research is always to question the way we experience the world to want to know the world in which we live as human beings Van Manen Van Manen considera que a primeira das caracter sticas da investiga o fenomenol gica que se inicia sempre no mundo vivido Uma vez que o conhecimento de um fen meno n o algo a que o investigador aceda objetivamente pelo contr rio ele se entretece com as 206 parte desse mundo onde situado com os suas experi ncias de vida outros e com as coisas o investigador compreende se como envolvido num processo em que a investiga o o produto de uma pessoa particular ancorada numa cosmovis o pessoal profissional e disciplinar tamb m ela singular Em especial na investiga o fenomenol gica interpretativa que explicita e toma em considera o os pr conceitos do investigador que se jogam no encontro significado com a pesquisa o investigador na sua subjetividade surge assim nas qualidades fundantes n o s de conceptor mas tamb m de instrumento da investi
277. ga o Neste sentido assumindo a exist ncia do inconsciente humano e n o sendo por isso poss vel aclarar exaustivamente todas as nossas pressuposi es pr conceitos e motiva es que estiveram na origem do 24 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 5 205 Ibidem 7 208 Ibidem 54 207 Laverty S 2003 Hermeneutic phenomenology and phenomenology A comparison of historical and methodological considerations International Journal of Qualitative Methods 2 3 Article 3 Recuperado em 2 agosto 2011 de http Iwww ualberta ca ilgm backissues 2 3final pdfllaverty pdf 208 Boyd C Philosophical foundations of qualitative Research In Munhall P Ed 2001 Nursing research A qualitative perspetive 3 ed New York National League for Nursing 65 90 57 estudo e na sua elabora o alguns deles s o ainda assim acess veis e incontorn veis Assim Da experi ncia pessoal Envolvidos desde h nove anos numa experi ncia de psican lise pessoal no contexto da qual as nossas pr prias depend ncias infantis e adultas s o frequentemente abordadas e transformadas sentimo nos particularmente dispon veis para a compreens o e valoriza o dos processos de vincula o mas tamb m de separa o individua o Apesar de nunca termos trabalhado como enfermeiro na rea da adi o sentimos que de algum m
278. gente ela tamb m como uma psic loga Ela faz tam m conversa connosco d for a para a gente ver a vida de outra maneira d me for a para eu n o desanimar para ter for a para lutar para vencer para ultrapassar estes obst culos estou satisfeito com ela que ela tem me ajudado bastante que eu tenho tido problemas e ela tem at me ajudado a ultrapassar isso Uma pessoa amiga mais do que uma enfermeira ou m dica com quem eu n o sou nada mais uma pessoa amiga Pronto n o a trato por tu n o isso n o Isso h respeito Pessoalmente n o pode ajudar assim coiso mas psicologicamente pode me ajudar Abro me facilmente com ela Abro me mais com ela do que com outra pessoa qualquer Porque sei que o que tou aqui a falar com ela que confidencial tam m que sigilo profissional n o E ela ajuda me a ultrapassar esses essas fases e eu tenho s tenho que agradecer a ela Tem me ajudado bastante Ela assim eu venho a uma consulta marco com ela para a pr xima Fica logo marcada Venho c mensal quinze em quinze dias depende Se eu posso vir naquele dia se n o venho noutro Prontos Combina se logo D me logo um papelinho a hora e a data Quando ela t ali na administra o de metadona s vezes se eu tiver alguma coisa pa falar com ela algum motivo para resolver resolve logo com ela Se eu n o tenho hora marcada eu venho c ou espero e consigo falar com ela Eu hoje fui ate
279. gico interpretativa iluminadas com fragmentos significativos da pr pria voz dos participantes Sobre estes temas essenciais e as respetivas varia es que se desvelaram na an lise dos dados de clarificar ainda que apesar de o estudo contar com participantes homens e mulheres aqueles foram sempre formulados no g nero feminino uma vez que o estudo se reporta experi ncia vivida da pessoa No que se refere a trabalhos com grupos com um maior n mero de participantes os autores consideram que se torna dif cil levar a an lise ao mesmo n vel de profundidade que para grupos mais pequenos ou mesmo 243 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 79 et seq 24 Van Manen refere se a temas essenciais e incidentais In Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 106 245 Ibidem 107 248 Smith J Flowers P Larkin M 2010 op cit 106 72 para um nico participante A nfase deve nesse caso deslocar se para a pesquisa dos temas chave emergentes para o grupo como um todo Neste particular n o obstante ser discut vel o valor das medidas quantitativas em estudos fenomenol gicos a no o da frequ ncia da recorr ncia tem tica entre os casos pode ser um dado importante para a ideia de qu o abrangentes esses temas chave s o
280. guentei prai tr s meses sem receber nada at que pronto falei com o enfermeiro e ele disse vamos ver isto aqui com a assist ncia social daqui depois recebi tudo junto recebi sim senhora Pronto e a partir da comecei a falar de tudo e mais alguma coisa com o enfermeiro at hoje Come mos se a dar bem eu era mais f cil falar com o enfermeiro do que falar com a m dica portanto homem e tinha certas coisas que eu n o consegui falar com uma mulher com a doutora da parte sexual porque eu ter pot ncia tinha mas por vezes queria e n o conseguia E isso pronto come ou a dar aqui a volta cabe a n o bom falar com ele n o por ser o enfermeiro t a perceber o enfermeiro at podia ser voc como podia ser outra pessoa qualquer Como eu cheguei aqui se eu quisesse n o n o lhe dizia nada do que se passava e ele ficava a olhar para mim e p fal vamos um ao outro mas n o prefiro chegar aqui e falar Porque ele compreende muito a gente por causa da doen a Isto uma doen a por exemplo tenho aqui um caro o e ao falar disso o caro o salta Ou para cima ou para baixo n o interessa mas desaparece Fico aliviado mais f cil falar com ele Ele nunca diz olha tens que fazer isto tens que fazer aquilo Naaa o sempre podes fazer isto se quiseres tu fazes isso se quiseres Ele pergunta sempre Da maneira que ele fala comigo h isto e isto e isto para f
281. has em casa delas Numa altura da sua vida em que j era acompanhado h alguns meses no ent o CAT abandonou subitamente o tratamento e foi para Espanha procura de emprego diz que sempre foi impulsivo Em Espanha n o fez consumos de subst ncias mas ao voltar a Portugal recaiu Na sequ ncia de um conflito com a companheira com quem vivia ent o tamb m utente da ET voltou casa do pai Encontrado pelo pai a injetar se no seu quarto foi posto na rua onde viveu tr s dias Pediu ajuda Equipa de Tratamento e pouco depois juntou se sobrinha da anterior companheira tamb m ela utente da ET com quem passou a viver e de quem tem um filho Desempregados vivem com o Rendimento Social de Inser o de ambos e com a ajuda de familiares H uns meses o Diniz aceitou o pedido de um primo para guardar em sua casa um saco com armas Foi descoberto pela pol cia e foi preso Est em pris o domicili ria h tr s meses vem entrevista com pulseira eletr nica na perna com autoriza o da pol cia Tem hepatite C Est em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e acompanhado pelo enfermeiro h dois anos e um m s A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Diniz O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Eu tou com o enfermeiro pelo que eu me lembro pelo menos tr s quatro Sentir se tomada a anos j tou com o enfermeiro s com ele Pedi lhe ajuda e ele de
282. hepatite C Mas gra as a Deus curei me nem sei como Quando ia come ar o tratamento o v rus saiu que acho que acontece alguns casos tenho s os anticorpos Gra as a Deus suspiro SIDA isso nada pronto Noto que n s com a hero na n o t nhamos dores nada n o temos doen as n o temos nada Tirava me as dores e eu s vezes at D i me os dentes foi assim que isto come ou na brincadeira D i me os dentes d i me a barriga aquele experimentou Ai isto tira as dores assim que as coisas come am Uma pessoa n o pensa que aquilo vai chegar ao ponto que chega Elaborar as perdas Perdi muita coisa e em rela o fam lia chega uma altura a minha m e j me virou as costas Chega uma altura j gra as a Deus sempre me ajudou s que ela A primeira ainda escapas a segunda ainda escapa a terceira a quarta Responsabilizar se pelas escolhas do passado Sim mas a pessoa depois tudo e a fam lia tudo e dinheiros e a pessoa destr i tudo n o Depois penso nesta altura j devia ter um filho e se n o andasse tanto tempo nesta vida e depois uma pessoa come a a lamentar o que fez n o E o tempo n o volta a tr s n o A que est Ainda tenho muito tempo sua frente mas se soubesse o que sei hoje uma pessoa diz sempre Se soubesse o que sei hoje se calhar at fazia tudo igual n o sei Mas se calhar se soubesse
283. her a minha filha a minha casa e agora recuperei tudo de novo Tenho a minha casa vivo com a minha mulher vivo com a minha filha Nasceu saud vel ela N s somos os dois seropositivos e ela nasceu saud vel gra as a Deus Gra as a Deus E n s estamos a levar a nossa vida para a frente e tamos a fazer as coisas assim Ainda h um looooongo caminho a percorrer Do enfermeiro em particular n o n o espero grandes expectativas Espero mais do ET que do pr prio enfermeiro do ET no seu conjunto de enfermeiro psic logos assistentes sociais Espero mais do ET num todo do que do enfermeiro s O enfermeiro s uma pessoa em quem eu confio bastante porque uma pessoa que o meu terapeuta uma pessoa da minha mais chegado minha idade E eu falo mais vontade com ele uma pessoa que eu sou capaz de tar a falar com ele e at sou capaz de largar um uma asneirada para o ar e coiso e se calhar at sou capaz de Desculpe l senhor enfermeiro saiu at por respeito porque tou a falar com um enfermeiro uma pessoa que estudou e eu n o praticamente n o tenho estudos tenho o sexto ano e foi tirado dentro da cadeia E basicamente assim eu espero mais do ET num todo com a participa o de todas as pessoas do que do que do enfermeiro s O enfermeiro como uma porta de entrada para chegar mais r pido as outras necessidades do ET Tem me sido mais f cil chegar a outros s tios do ET at
284. hores respostas poss veis s necessidades dos clientes Por outro lado ainda j como professor de enfermagem torna se importante anunciar que temos rela es de trabalho com a Equipa de Tratamento do estudo uma vez que fizemos parte da equipa que pensou e acompanhou a mudan a de praxis dos enfermeiros no sentido da gest o de caso com as pessoas com problemas de adi o a 12 Os Centros de Sa de Mental foram extintos em 1992 e integrados como Departamentos de Psiquiatria nos hospitais 5 subst ncias psicoativas Ou seja que somos suportados na teoria na evid ncia existente e nessa nossa experi ncia de acompanhamento favor veis mudan a operada na Equipa de Tratamento Foi pois na conflu ncia destas assun es e interroga es pessoais profissionais e disciplinares que formul mos a quest o de investiga o deste estudo qual a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas cliente de uma Equipa de Tratamento do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Assumindo que compreender os temas que atravessam as experi ncias vividas das pessoas em mat ria de sa de proporciona orienta es teis para os enfermeiros no que se refere abertura compreens o das perspetivas individuais orienta o tem tica para a identifica o de problemas e necessidades e a uma disponibilidade aumentada para perceber assunto
285. i o De salientar ainda uma vez que a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso se continuaria a construir ao longo do tempo para cada um dos participantes no estudo a escolha por entrevistar cada uma delas uma nica vez Com efeito uma vez que todas as pessoas se encontravam ainda em acompanhamento com os enfermeiros no momento da entrevista dado o car ter cumulativo e na medida em que se acrescenta hist ria de cada indiv duo hist rico da experi ncia de um fen meno que vivido ao longo do tempo como no caso a experi ncia de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso novas entrevistas com a mesma pessoa colocariam provavelmente em perspetiva todo um conjunto de vividos novos em cada uma delas numa abrang ncia que excederia o objetivo temporalmente situado deste estudo Com cada entrevista pretendeu se por isso aceder narrativa da experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso at ao momento presente da sua realiza o 67 Considera es ticas e deontol gicas Especialmente no mbito da investiga o humana evitar danos porventura a maior virtude de qualquer investiga o A prote o das pessoas que participam nas investiga es e dos seus dados e mesmo das institui es com as quais se relacionam deve por isso ser uma prioridade para qualquer investigador No mbito da investiga o em sa de no particular dos estudos fenomenol gicos mas
286. ia nenhum que eu n o pense na minha filha emociona se e respira fundo eu at nem gosto de tar a falar nisto porque porque chato chato n o chato triste e eu tam m lhe digo uma coisa eu tam m entreguei me mais ao lcool entreguei me mais ao lcool quando eu soube que fiquei sem a minha filha Relaxei me que eu n o era assim Era um rapaz era outra pessoa eu dificuldade em falar Come o a pensar o que o que eu a asneira que eu fiz Agora ando p ra minha cabe a mesmo apagar a asneira que eu fiz as coisas passadas pra mandar pra tr s das costas mas n o posso esquecer muitas coisas a borrada que eu fiz do lcool n o Artur 1 a pessoa depois tudo e a fam lia tudo e dinheiros e a pessoa destr i tudo n o Depois penso nesta altura j devia ter um filho e se n o andasse tanto tempo nesta vida e depois uma pessoa come a a lamentar o que fez n o E o tempo n o volta a tr s n o A que est Ainda tenho muito tempo sua frente mas se soubesse o que sei hoje uma pessoa diz sempre Se soubesse o que sei hoje se calhar at fazia tudo igual n o sei Mas se calhar se soubesse o que sei hoje Isabel 14 151 E evocando dolorosamente as v rias perdas que viveu acede a elabor las anunciando uma compreens o progressiva da sua responsabilidade nas escolhas que fez no passado Mas tam m h certas coisa
287. ia para o Pedro nesta altura Face dificuldade de comunicar com o pai a enfermeira prop s que enviasse uma mensagem SMS ao pai convidando o para vir ET A inten o foi propor lhe a participa o num grupo de familiares de pessoas com problemas de adi o a subst ncias Eu s vezes at posso ter isso na cabe a mas tenho aquele receio ser que devo ou ser que n o deva e fico naquele impasse e acabo por parece que sinto seguran a A enfermeira ainda n o interviu diretamente Ou seja t um bocado backstage At a enfermeira disse Era bom que o teu pai viesse c porque o teu pai pensa que a nica pessoa que tem um problema no mundo e que foi o filho o nico que o roubou se ele chegar ali e come ar a ouvir que os outros tam m t m filhos e a forma como v o conseguindo ultrapassar as situa es se calhar o teu pai ouvindo j tira alguma coisa para usar contigo Se o teu pai disser alguma coisa diz que a ideia foi minha E eu ent o eu vou mandar lhe uma mensagem e isso j me d mais um certo descanso um bocado uma muleta v l um bocado uma muleta que eu tenho e que assim H que ser usada essa muleta isso uma quest o de interesse n o O meu interesse ficar bem o interesse da enfermeira p r me bem N o que eu esteja bem o trabalho dela e acima de tudo tam m a autoestima dela que que se eleva n o Sabendo que conseguiu alguma coisa n
288. ica a perceber um bocadinho melhor o que isto muito bom para ela ficar a saber isso da boca de uma enfermeira sempre bom fica mais descansada eu acho que sim Mas h de vir c um dia Sinto que me tem ajudado at agora Sinto me bem Por exemplo a enfermeira isto dos dentes eu tenho os dentes todos estragados a enfermeira disse que podia ir para Lisboa arrancar os dentes e arranjar a boca e tudo Olha a assistente social pode lhe arranjar tais s tios para voc h este tipo de tratamento voc t interessado Como eu sou seropositivo posso ir Abra o e arrancar os dentes de borla E eu Claro que sim tou interessado n o Arranjar a boca uma despesa cara para uma pessoa pagar Se a seguran a social me pode ajudar eu agrade o Agrade o bastante at Ela tem me ido dar essas dicas e eu digo sim ou n o se quero e n o quero Se houver uma coisa que n o me interessa digo que n o N o A decis o sempre minha n o N o comecei porque n o tinha esse dinheiro para l ir E agora como tou a receber o rendimento m nimo j posso at vou falar com ela hoje para come ar a arranjar a boca e para ver do trabalho J h alguns tempos que eu tou espera de trabalho Isso do trabalho olhe H xis trabalho assim assim voc t interessado Claro que sim eu preciso de trabalho A assistente social com a enfermeira t o a ver se me arranjam trabalho a para uma Junta d
289. ienta o para o sistema e orienta o para a pessoa Orienta o para o sistema Orienta o para a pessoa Trabalha com os protocolos mais eficientes e efetivos Aborda o caso individualmente para cada diagn stico Algoritmos cl nicos diagn stico espec ficos Algoritmos cl nicos s o pessoa espec ficos Ocorre dentro de um ambiente espec fico Sens vel ao ambiente da pessoa Programado para promover um resultado de qualidade Procura promover um resultado de qualidade para a padr o para todos os benefici rios dos cuidados pessoa Processo repetitivo insere todos os benefici rios dos cuidados dentro de uma classifica o diagn stica da A pessoa considerada individualmente Metas e qual decorre a mesma sucess o de atividades atividades s o formuladas passo a passo assistenciais Retroalimenta continuamente o sistema mas sem Apoia se na retroalimenta o mas modifica o mudan as no processo de cuidados planeamento para atender s metas e responder s circunst ncias nicas da pessoa Inspira se na efic cia e efici ncia do funcionamento do sistema de cuidados Inspira se no cuidado hol stico e humano dos benefici rios de cuidados e familiares Adaptado a partir de Powell amp Wekell 1996 e Frankel amp Gelman 1998 110 Orienta o gestion ria dos sistemas de sa de que procura motivada pelo seu frequente sub financiamento o controle de custos e a efici ncia e a efic cia dos resul
290. ies Fleming M 2003 Dor Sem Nome Pensar o Sofrimento 2 Edi o Porto Edi es Afrontamento Frankel A Gelman S 1998 Case Management Chicago Lyceum Books Frazer K Strang V 2004 Decision Making and Nurse Case Management Advances in Nursing Science Lippincott Williams amp Wilkins Vol 27 Issue 1 32 43 Gadamer H G 1999 Verdade e M todo Tra os Fundamentais de uma Hermen utica Filos fica 3 Edi o Petr polis Vozes Gadamer H G 2004 Truth and Method 3 4 Edition London Continuum Publishing Group Gadamer H G 2002 Verdade e M todo Il Complementos e ndice Petr polis Vozes Gigliotti A Guimar es A 2007 Depend ncia Compuls o e Impulsividade Rio de Janeiro Editora Rubio 205 Giorgi A 1997 The theory practice and evaluation of the phenomenological method as a qualitative research Journal of Phenomenological Psychology 28 2 235 Retrieved from Psychology and Behavioral Sciences Collection database Giorgi A 1985 Phenomenology and psychological research Pittsburgh PA Duquesne University Press Glantz M Pickens R 1992 Vulnerability to Drug Abuse Washington American Psychological Association Gomez L 2005 Uma introdu o s rela es de objeto Lisboa Climepsi Gonzales R Casarin S Caliri M Sassaki C Monroe A et al 2003 Gerenciamento de caso um novo enfoque no cuidado sa de Revista Latino Ameri
291. igo pronto de falar consigo sobre l o tribunal e coiso Ele disse Ah at o pronto olha eu amanh ou depois de amanh eu ligo te para marcar a consulta para dia tal O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento se for da parte de coisas assim com a seguran a social j marco com a assistente social Mas s vezes marco com o enfermeiro Depois falo com ele explico lhe a situa o e ele deixa tudo escrito a ele escreve tudo o que eu falo fica tudo a escrito e depois deve comunicar n o Com a doutora explicar o que se passa o que n o se passa que ela depois marca me o dia assim que se trata O enfermeiro j me falou que s vezes falam quando s vezes tem que me mandar a algum lado ele diz que tem que pedir autoriza o aqui ou acol tem que falar com a doutora assistente social para isto ou para aquilo Quando alguma coisa que n o pertence a ele ele Isto n o comigo mas deixa tar que eu falo com a doutora e ela depois h de marcar uma consulta contigo Eles falam uns com os outros Uma vez que eu tive a consulta com a assistente social era ele o enfermeiro e ela T o a quer me ajudar Fico contente Tou a ver que t o pronto ficam interessados em ajudar uma pessoa n o Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Eu tinha uns processos em tribunal que um p
292. ima das costas Venho assim curva se para a frente de forma pronunciada e quando saio daqui saio endireitase e respira fundo teatralmente saio assim mais aliviado mais mais coiso Parece que deixei o peso em cima das costas do enfermeiro e sabendo eu que a ele n o lhe pesa nada Prontos digamos que os meus problemas a ele n o lhe v o pesar ele se calhar vai ficar a pensar nos meus problemas mas n o n o lhe v o pesar N o Os meus problemas n o n o v o afetar a vida dele Eu tamb m penso e bastante durante as nossas conversas eu quando estou a falar com ele de um eu quando estou a falar com ele de um problema estou a pensar nele no problema Estou lhe a dizer eu tenho que me levantar muito cedo tenho que vestir a menina lev la ama depois tenho que voltar para casa esperar que a CAT abra para vir CAT tomar a metadona Tou a expressar isso ao enfermeiro estou a descarregar o meu problema para me aliviar e tirar um peso de cima das minhas costas mas estou a pensar no meu problema Estou a pensar Tem de ser Esta a minha vida e eu tenho de a viver porque a minha vida assim Conhece as minhas necessidades e eu falo bastante com ele desabafo bastante com ele conto lhe a minha vida Conto lhe bastante a minha vida principalmente as minhas dificuldades agora Nunca falei da minha hist ria com ningu m Com ningu m S a minha esposa a nica pessoa que conhece a minha hist
293. imp ticas ajudaram mel e est o sempre dispostas para me ajudar em qualquer coisa para ver se isto vai avante tive uma grande ajuda posso agradecer a CAT porque deram me uma granda for a para eu conseguir deslargar o lcool e eu agora tou aqui a falar consigo e posso agradecer muito a eles Vem s consultas a uma ou duas semanas por quinze a quinze conforme O que passarem que c venho tenho aqui o papelzinho chegam aqui escrevem a data e venho c nestas datas Vou continuar a vir s consultas e n o vou falhar N o vou falhar porque porque gosto de c vir E depois partir da venho c nem que seja s para perder tempo s para falar com elas um bocadinho eu nunca vou deixar de c vir porque isto assim uma pessoa nunca se esquece das pessoas que fazem bem n o Se fizessem mal tam m n o vinha aqui de certeza risos At o se eu n o tivesse deixado de beber onde que eu j tava Se calhar j tava a fazer tijolo O meu pai tamb m o meu pai morreu com uma cirrose A minha droga foi sempre o lcool eu comecei a beber tinha uns catorze quinze anos J apanhava as minhas cabe as j o f gado j tava a inchar eu chegava a ir em coma p hospital muitas vezes Era uma coisa que eu adorava eu bebia baga o como bebia gua riso as pessoas at me diziam olha tu n o vais durar muito tempo assim At o eu bebia o baga o como tava a beber gua 219 S fazia
294. impossibilidade de conhecer os seres humanos como objetos como separados das suas vidas Pelo que no que se refere natureza da realidade os seres humanos est o por isso intimamente conectados com os seus mundos de experi ncia Totalidades unit rias em inter rela o constante com os seus universos din micos temporais hist ricos e culturais os indiv duos s o valorizados como intencionais e providos de livre arb trio sendo que nesta participa o ativa e cont nua na vida sua e dos outros que cada indiv duo a se experiencia humanamente como realidade fundamental complexa e total elaborada no pensar no sentir e no desejar A experi ncia vivida enquanto realidade pr reflexiva e final da consci ncia para al m da qual n o se consegue aceder constituiu se pois enquanto objeto de estudo ao mesmo tempo complexo e uno como o conjunto b sico de dados datum em torno dos quais operam as ci ncias humanas e a partir desta sua valoriza o primordial e exclusiva que o paradigma das ci ncias humanas cria a emerg ncia de busca de um conhecimento que diferentemente do paradigma positivista n o se pretende j explicativo e preditivo mas antes profundamente compreensivo interpretativo e ntimo 3 Dilthey W 1989 Introduction to the Human Sciences An Attempt to Lay a Foundation for the Study of Society and History Betanzos R Trans Detroit Wayne State University Press Original de 1883 2
295. ing Massachusetts Jones amp Bartlett Publishers National Chronic Care Consortium 2000 Case Management Methods and Issues Bloomington National Institute on Drug Abuse 1992 Progress and Issues in Case Management U S Rockville Department of Health and Human Services Public Health Service Alcohol Drug Abuse and Mental Health Administration Research Monograph Series Neto D 1996 Tratamento combinado e por etapas de heroinodependentes Caracter sticas e evolu o de uma amostra Lisboa Universit ria Editora Neves M 2003 tica e experimenta o humana novas vulnerabilidades Cadernos de Bio tica N 42 dezembro Nightingale F 2005 Notas Sobre Enfermagem O que e o que n o Loures Lusoci ncia Original de 1860 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2006 Relat rio Anual 2006 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2007 Relat rio Anual 2007 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2008 Relat rio Anual 2008 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias 209 Ol s P Hermans H 2005 The dia
296. ing Case Management Quality and Cost Creative Nursing New York Springer Publishing Company World Health Organization Lexicon of alcohol and drug terms published by the World Health Organization Acedido em 29 de julho 2011 de http www who int substance abuse terminology who lexicon en Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 62 70 Yardley L 2000 Dilemmas in qualitative health research Psychology amp Health 15 215 228 213 ANEXOS Pedido de autoriza o para realiza o do estudo e colheita de dados o ESS ESCOLA SUPERIOR DE SA DE INSTITUTO POLIT CNICO DE SET BAL HUMANISMO QUALIDADE E INOVA O Exmo Sr Dr Adelino Antunes Delegado Regional da Delega o Regional de Lisboa e Vale do Tejo do IDT Assunto Doutoramento em Enfermagem pedido de autoriza o para colheita de dados Joaquim Manuel de Oliveira Lopes Professor na Escola Superior de Sa de do Instituto Polit cnico de Set bal ESS IPS Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Sa de Mental e Psiqui trica e doutorando do Programa de Doutoramento em Enfermagem Curso de 2006 2007 organizado pela Universidade de Lisboa e pela Escola Superior de Enfermagem de Lisboa cujo projecto de tese de doutoramento se encontra j registado sob o t tulo A experi ncia vivida
297. io J diferente Se estiver ocupado j n o h j n o corro aquele risco O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se uma lutadora eu passei l igual a eles Somos de carne e osso o sangue igual pronto Agora eles ainda n o querem ir luta o que vai na cabe a deles n o sei se eu n o tivesse sido ajudado ent o tinha os problemas deles Felizmente j comecei a lutar por mim Redefinir se no contexto social Deixei de consumir drogas E j pronto j injetava infelizmente agora nem sequer haxixe fumo saio vejo um amigo vejo outro tou com os amigos que eu tive do tempo de droga que eu hoje vou falar com eles mesma Ainda h alguns metidos nisso tanto de droga como no lcool mas eu continuo a falar com eles n o meto parte tejam a cheirar mal n o tejam igual N o sou diferente deles sou igual sou doente Embora na parte da doen a eles bebem e eu n o bebo Ou n o me drogo Sinto me mais do que eles O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentimentos de ambival ncia Eu posso ter mais uma reca da e beber Mas a minha inten o ver se consigo olhar p a frente e e n o beber mais nem nem pensar mais nisso Porque tanto embora a gente n o beba mas o ratinho t sempre c na cabecinha N o sei o dia de amanh agora a cabe a t no bom caminho m
298. ioso e prontos tou a come ar a a inserir me na sociedade Tenho o sexto ano antigo tenho quarenta e tal anos Ainda vou a tempo Agora vou ver as oportunidades que me v o dando mas vou ter que saber aproveit las Sentir se satisfeita com o novo eu Eu sou sou livre pronto tenho que ser eu mesmo a fazer por mim tou muito motivado Tou satisfeito como t a correr a cura n o E quem que tem mais cabecinha e p pr xima n o se l vai meter n o risos Eu acho que sim O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Criar espa o para os outros No meu caso eu agora j tenho a minha maneira p pria de ver as coisas eu acho que vejo com mais maturidade quer dizer j tenho uma certa idade n o a como esses mi dos que t m vinte e tal anos j tenho o dobro da idade deles Eu j vejo a vida de outra maneira tenho filhos tenho uma neta prontos para eu ver mais a minha fam lia e deixar este mundo da droga parte e ver mais o ambiente familiar tenho netos tenho uma vida j diferente Para a minha mentalidade j t mais resolvido Praticamente toda a minha dedica o para a minha casa P meu lar Passar a cuidar dos outros Vivo s com a minha m e S eu que podia ganhar dinheiro para a gente comer n o E eu n o posso andar metido no mundo da droga se n o n o ganho n o N o vou deixar a minh
299. ir fisicamente e psicologicamente para poder ter um bocado de paz na vida que foi aquilo que eu nunca tive na vida Autocuidarse E agora daqui quero ver se devagarinho sem precipita es come o a fazer alguma coisa por mim Come o a ter a no o da obriga o de tomar a medica o a tempo e horas pronto Antigamente tava na cama e se tinha os comprimidos ao fundo do quarto Eia os comprimidos Agora j n o V levanto me Sentir se satisfeita com o novo eu Sinceramente sinto me bem sinto me bem quando venho aqui n o ser engraxador ou isto ou aquilo n o e tenho aprendido bastante Eu tou 95 diferente em diversos aspetos Sinceramente acho que estou com mais capacidade de resist ncia que um t xico N o posso dizer que teja bem mas n o tou mal tou remediado O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Reparar as rela es Eu quero ganhar a n vel de paz de esp rito de sossego de tar bem comigo pr prio e tar bem com com aqueles que t o pr ximo de mim ou aqueles que t o mais pr ximos de mim como o caso de ter a minha fam lia hei de conseguir mostrar essas diferen as ao meu pai H uns meses atr s dizia Ser que vou ter tempo J vou ter tempo para dizer alguma coisa ao meu pai Fazer algo que ele fique contente Agora eu sei que consigo e que tamb m tento Sei que vou ter te
300. iros t cnicos de servi o social e t cnicos psicossociais Heterog neas a n veis que v o da estrutura f sica dimens o da equipa e desta aos modelos de compreens o e interven o as Equipas de Tratamento ET tenderam a homogeneizar ainda assim desde a cria o do Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos PSAO vulgo programa de metadona a expectativa de participa o dos enfermeiros nos processos de cuidados Com efeito verificou se a partir da cria o e implementa o do referido programa nos passados anos noventa um aumento do n mero de admiss es de enfermeiros para os ent o CAT especialmente para responder s necessidades de prepara o e administra o de metadona s pessoas com toxicodepend ncia a opi ceos A diversifica o das subst ncias dos padr es de consumo e das doen as que a isso se associam o aumento do n mero de clientes e a complexifica o das suas necessidades de cuidados aliada ao crescente 150 Portaria n 648 2007 30 de maio Estatutos do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Di rio da Rep blica S rie 39 interesse dos enfermeiros pela rea da adictologia gt 2 contribui para que na atualidade se comece a verificar uma tend ncia transformadora e contextual de acordo com a distinta realidade de cada Equipa de Tratamento que suscita uma participa o diferente dos enfermeiros nos cuidados prestados com as pessoas com problemas de adi
301. isa telefona para mim pronto para aqui se ele tiver aqui para falar no telefone seja o que for Eh p felizmente n o precisei s telefono quando os comprimidos est o a acabar Viver os limites da rela o N o vou dizer que como um irm o mas falta pouco O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento Ele fala com a m dica e com a assistente social Por exemplo eu amanh quero uma consulta com a m dica n o Isto um exemplo E isto ah n o pode ser amanh s daqui a um m s portanto nada disso Falo com o enfermeiro pronto mais r pido marcar assim A m dica bastante ocupada E pronto tenho gostado da ajuda tanto dele do enfermeiro como aqui do CAT Porque se n o for o CAT ele tam m n o poderia ajudar da maneira que eu ando pronto t tudo tudo interessado Sentir se representada para al m da Equipa de Tratamento Que eu j andei a tomar a medica o para o lcool mas n o resultou at que agora para o fim ele arranjou isto um centro de alco licos em Lisboa no J lio de Matos A primeira vez que fui l fui consulta tinha estado j com o enfermeiro cheguei l disseram que tinha que esperar dois meses e meio quase tr s meses para ser internado Prontos e eu nesse dia vim vim c depois falar com o enfermeiro assim no dia a seguir j
302. isto foi o melhor a melhor coisa que arranjaram sinceramente Mesmo com a outra medica o que havia a pessoa eu ficava tinhamos nsias e tinhamos sempre E depois tam m deixei de ir ao psiquiatra que era particular n o N o tenho assim riso Pelo menos olha do estado assim 279 Agora depois com o tempo foi passando dou me sempre s com o meu marido ou a minha fam lia Tam m deixei de sair a pessoa depois tam m vai deixando aos poucos Pronto ainda tenho amigos mas tam m j t m filhos j t m a vida deles Acabei por cortar um bocado tudo Ali s tenho amigos que continuam e eu cortei de vez N o vale a pena Nem iriamos ter conversa sequer N o Eles continuam na mesma n o querem andar para a frente n o vale a pena Se a pessoa come a se a dar com essa gente outra vez Estamos em mundos opostos agora O meu riso o meu o de clareza tar me a portar bem Uma pessoa assim tamos aqui t o pouco tempo tar a estragar a vida a andar a de um lado para o outro n o vale a pena H pessoas que n o querem continuam Para mim n o d Apanhei medo agora da ltima vez j chega Porque isto a pessoa tem que ter medo disto n o que isto isto leva a pessoa a um ponto J chega Cansei me Apanhei medo n o quero voltar a recair n o quero voltar a passar por aquilo N o foi overdose e essas coisas Um susto sei l n o ter nada para comer
303. ita e e que os enfermeiros adquirem por isso a condi o de poder ajudar perante a compreens o atenta das perspetivas das pessoas suas clientes e das suas necessidades na experi ncia humana de sa de 2 verificamos na perspetiva unit rio transformativa da enfermagem para a qual os seres humanos s o considerados como vivenciados e os enfermeiros como coparticipantes nos seus mundos de experi ncia de sa de doen a que esta lacuna do conhecimento sobre a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso assume um relevo especial tanto a n vel 159 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 31 63 69 et seq 160 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 4 161 Idem 162 Newman M Sime A Corcoran Perry S 1991 The Focus of the Discipline of Nursing Advances in Nursing Science Aspen Publishers 14 1 1 6 In Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 20 24 163 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 30 32 43 disciplinar quanto profissional uma vez que mant m oculto o significado dos vividos dos cuidados de enfe
304. ite C ou que ele diz que est est vel que t fixe que t boa Tou me a sentir bem Vou reduzir a dose de metadona para largar a semana passada n o foi esta semana que passou a outra reduzi Falei com ele senhor doutor enfermeiro veja l se pode reduzir mais pelo menos dois e meio ou cinco para experimentar para eu ver se se tam m paro com isto tou farto disto j Que eu j tou mesmo saturado tam m disto quero ver se tam m largo isto que eu n o quero voltar mais vida que tinha n o Combino com o enfermeiro Eu tenho que pedir autoriza o ao enfermeiro E ele Ent o pronto vamos l a a ver como que tu t s se t tudo bem Para dizer se t tudo bem se n o t tudo bem com os testes com tudo pergunta aos outros enfermeiros E ent o ele disse Bom ent o vamos experimentar reduzir pronto Reduzimos Ele d a ordem E eu disse Se eu vir que t mau eu volto a subir Se sentires alguma coisa tu avisas me logo Se sentires mal telefonas para aqui ou vens c ou deixas recado que ent o a a gente aumenta logo Que para n o sentires mal T bem Pronto correu tudo bem Eu j disse a ele que esta semana agora n o quero ainda reduzir que eu ainda n o tou em forma para reduzir que eu tenho medo posso me sentir mal ele disse logo Ainda bem que avisaste que para a gente saber o que se passa e o que n o se passa E ele at me disse at se fo
305. ito dos curricula da forma o de primeiro ciclo Da nossa experi ncia como professor de enfermagem s o ainda poucas as licenciaturas em enfermagem que o fazem e quando o fazem o fazem para al m de atividades de observa o Uma melhor compreens o das problem ticas das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas e do espa o profissional que elas solicitam aos enfermeiros poder criar condi es n o s para a prefer ncia do exerc cio profissional por essa rea mas tamb m desde a para o continuar em percursos formativos p s graduados com ela relacionados Sobre estes em particular os que criam condi es para o acesso ao t tulo profissional de enfermeiro especialista Cursos de P s Licenciatura de Especializa o em Enfermagem ou Mestrados que os incluem enfatizamos no concreto da especialidade em enfermagem de sa de mental a indispensabilidade da aprendizagem sobre gest o de caso Falamos pois da necessidade da aprendizagem e treino de uma praxis complexa que como vimos demanda tanto a esfera de a o individual do enfermeiro especialista na prescri o implementa o e avalia o de cuidados diretos na sua rea de especializa o quanto a que se relaciona 327 National Chronic Care Consortium 2000 Case Management Methods and Issues Bloomington 11 195 num registo simultaneamente vertical utiliza o de redes de referencia o e horizontal articula o com outros t cnicos d
306. ivida em torno da dial tica do ligar se e do desligar se Profundamente ligada a s subst ncia s que consome a pessoa apresenta se ao enfermeiro com uma vida consumida por sua vez durante v rios anos por aquela s Sente se completamente degradado de rastos e perdido A caminhar para a destrui o Pedro E a partir desse fundo do po o Carlos de sofrimento singular que a pessoa se manifesta ao enfermeiro e pede de motu pr prio por iniciativa de familiares ou conhecidos ou encaminhada por outras institui es de sa de e ou sociais ajuda Desde ent o num primeiro tempo dos vividos desta rela o que se inicia a perce o da sua grande vulnerabilidade e a estranheza do novo outro do enfermeiro aliam se para suscitarem d vidas quanto ao que cada pessoa pode esperar O sentimento de arrancar a pele como diz a Lucinda aparentando manifestar mais que a dificuldade inicial em confiar e se confiar sugere tamb m a ambival ncia entre o desejo de se autonomizar das subst ncias e o temor de n o saber viver uma vida normal como qualquer outra mulher sem a pele com a qual se tem vindo a recobrir e relacionar consigo e com os outros ao longo de v rios anos 166 Gradualmente a partir da experi ncia de se sentir procurada nas suas motiva es e nas suas necessidades mas tamb m da constata o de que o enfermeiro nada lhe tira pelo contr rio oferece a pessoa perceciona a
307. ixei de consumir hero na e a minha vida finalmente come ou se a endireitar Estava prestes a perder a minha mulher a minha filha a minha casa e agora recuperei tudo de novo Tenho a minha casa vivo com a minha mulher vivo com a minha filha Nasceu saud vel ela N s somos os dois seropositivos e ela nasceu saud vel gra as a Deus Gra as a Deus O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Desejar consolidar a mudan a E n s estamos a levar a nossa vida para a frente e tamos a fazer as coisas assim Ainda h um looooongo caminho a percorrer S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Rui O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 115 O Fernando 12 Eu acho que isto da droga tem a ver muito com com os sentimentos das pessoas em saber lidar com os sentimentos e eu acho que n o sei muito bem lidar com os sentimentos Foi com haxixe que o Fernando deu in cio sua depend ncia a subst ncias Tinha ent o dezassete anos Aos vinte passou a consumir hero na que chegou a injetar diariamente Passou tamb m a consumir coca na injetada a partir dos vinte e tr s anos Partilhava regularmente seringas Foi acompanhado num outro CAT com uma psic loga e em P
308. ixo assim n o tu s sozinha mas ao mesmo tempo tu s uma grande mulher porque tu tens quarenta e nove anos tens tantos problemas tu j viste que a maior parte das mulheres n o t m ningu m e tu tens estes anos todos que n s j nos conhecemos pouco a pouco tu tens vais vens recais mas s vezes h palavras que nos doem mais do que uma 251 bofetada e depois entro nos eixos e vejo que ela tem raz o Consegue com que eu ponha a m o na consci ncia e digo para mim isso finalmente ela tem raz o Quando tenho reca das porque tou mal tou mal psicologicamente mas depois entro logo tam m em euforia e depois logo a frustra o logo Mas eu j tou farta de saber que assim mas assim que me calha sempre Tam m j tive problemas com a bebida que isso que a enfermeira tem mais medo tem mais medo de mim propriamente com o lcool do que propriamente com a droga Que eu cheguei a pontos de ir comprar bebida e ir beber para casa porque as pessoas n o sabiam Eu at h j n o sei quanto tempo que houve a que eu andei bem andava bem suspiro nem andava a beber nem andava com consumos e vinha c consultar a enfermeira Faziamos mesmo quest o de ter consulta as duas Agora foi ao fim de um m s tive uma reca da pronto Mas se eu tivesse tivesse deixado arrastar eu ia mesmo ao fundo do po o e sei l talvez j n o voltasse a cima Porque tou com problemas de sa de to
309. j injetava diariamente aos vinte anos Entre os dezanove e os vinte e sete anos consumiu tamb m regularmente LSD e ecstasy Esteve em acompanhamento durante v rios anos com um psiquiatra no setor privado per odo em que iniciou tomas de metadona numa Unidade M vel Com a abertura da Equipa de Tratamento deixou o psiquiatra e passou a ser acompanhada primeiro por uma outra enfermeira e desde h dois anos e meio com a atual como gestora de caso Tem o d cimo ano de escolaridade e conseguiu apesar da sua hist ria de depend ncia manter o mesmo emprego nos ltimos quinze anos Teve hepatite C mas recuperou espontaneamente Casada vive com o marido que tamb m acompanhado na Equipa de Tratamento Est o ambos em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa a Isabel O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Passou a ser acompanhada pela enfermeira atual como gestora de caso sempre por ela e ainda por cima o que me faz muita confus o que o meu marido tam m anda aqui h muito mais anos E tem uma m dica e portanto o meu problema era porque que eu n o hei de ter Duvidar inicialmente da Porque a maior parte das pessoas praticamente tinham m dicas e possibilidade de ser eu fiquei um bocado porque que eu hei de ter uma enfermeira ajudada E achava que ela n o quest o de n o tar qualificada mas
310. junta comigo e viemos os dois c e eu meti me c a mim falei com o enfermeiro se podiam dar uma ajudinha a ela tam m que era minha mulher e consegui a meter c at hoje Diniz 4 por causa da minha situa o da droga e da situa o dela a companheira com o lcool Atrav s disso trouxe ela atrav s de mim para o CAT E eue o enfermeiro fizemos uma reuni o em que ele perguntou minha esposa se queria participar na minha consulta ela disse que participava sim senhora Fal mos sobre os meus problemas ela teve a assistir e depois ele virou se para ela E agora vamos falar dos seus problemas com o lcool o Rui pode assistir Ela disse Pode sim senhor E est c em acompanhamento Eu deixei de beber lcool para a acompanhar Rui 11 Ent o ele o enfermeiro pronto falou com fez muito fez muito tamb m para meter o meu marido Porque o meu marido j tinha terminado o programa e teve outra vez que recome ar por causa de mim voltou a met lo Por causa de mim meteu outra vez o meu marido no programa Porque o meu marido j tinha terminado o programa Porque se eu estivesse no programa e ele ainda consumindo eu tamb m voltava a consumir Eu n o podia estar na minha casa a ver o meu marido a consumir n o E e eu com a metadona n o E agora pronto agora estamos outra vez h dois ou tr s anos tamb m dois anos mais ou menos sem consumir nada e esperamos que
311. l Nessa altura enquanto havia dinheiro havia drogas havia tudo portanto t tudo bem Teve uma rela o com uma rapariga tamb m consumidora Entre os dois aumentaram bastante os consumos e o Carlos deixou de conseguir manter se nos trabalhos A companheira passou a prostituir se para manter o v cio de ambos Sentindo se no fundo do po o decide tentar fugir da droga e afasta se da companheira Consegue trabalho na Alemanha mas continuou a consumir a que inicia uma rela o com uma rapariga alem que o convence a procurar um centro de desintoxica o Saiu limpo e assim se manteve durante uns meses at vir de f rias a Portugal onde recaiu A companheira deixou o e voltou para o seu pa s o Carlos continuou os consumos de droga e lcool e num m s s j estava de rastos Deixou na Alemanha tudo o que tinha e ficou c com a roupa que dormia no corpo Nessa altura volta a viver com a m e que quem o incentiva a procurar ajuda para trabalhar e para se tratar Tem tamb m epilepsia e hepatite C Sendo a fam lia de baixa condi o s cio econ mica procura a Seguran a Social que o encaminha para a Equipa de Tratamento Desempregado passou a receber o Rendimento Social de Inser o Est em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e acompanhado pelo enfermeiro no ltimo ano e meio A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Carlos
312. lemas relacionados com a adi o como mais uma das reas a ser tomada a cargo pelas enfermeiras na sua ajuda restaura o da sa de Na atualidade contudo o fen meno da adi o complexificou se Para pessoas com problemas complexos de sa de e de evolu o prolongada como vimos serem as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas os modelos assistenciais de inspira o nomot tica parcial mesmo que se desenvolveram ao longo do tempo manifestam se agora insuficientes Vimo lo na argumenta o dos autores vemo lo igualmente e porventura com uma maior legitima o na experi ncia vivida que nos foi narrada pelos participantes no estudo Pelo que urge reconsiderar a manuten o estrita de compreens es e modelos de cuidados de sa de bio m dicos ou m dico psicol gicos na assist ncia de sa de lato senso considerada a com estas pessoas a voz da sua experi ncia e das suas necessidades que nos convoca moral e profissionalmente para um cuidar hol stico capaz de perspetivar o ser humano como unit rio diferente da soma das suas partes e de se enfocar na totalidade do seu bem estar N o ser o os enfermeiros porventura os nicos t cnicos de sa de a pensar e agir o sentido dessa mudan a mas atendendo compreens o da enfermagem como ci ncia humana da rea da sa de e em particular dento desta s comunalidades entre o pensamento de Watson e de Parse os enfermeiros merc de uma forma
313. liente de uma Equipa de Tratamento do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Objetivo do estudo O objetivo desta investiga o foi compreender a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas cliente da Equipa de Tratamento do estudo 46 II para a orienta o metodol gica do estudo e para a heur stica do m todo O conhecimento pr prio das ci ncias do esp rito tem em si sempre um qu de autoconhecimento Em nenhum outro lugar t o f cil e t o pr ximo o engano do que no autoconhecimento S que em nenhum outro lugar t o significativo para o ser do homem como quando este conhecimento alcan a xito Gadamer Neste cap tulo apresentada a metodologia e o m todo que permitiram o acesso ao fen meno e a sua apreens o e compreens o posterior pelo investigador Numa investiga o de orienta o fenomenol gica interpretativa abordamos o essencial do pensamento de Heidegger e de Gadamer principais guias da orienta o metodol gica do estudo Uma vez que a hermen utica gadameriana se revela vaga no que se refere ao m todo ou t cnica interpretativa a utilizar na an lise explicitado o processo heur stico da sua descoberta fundamentada Partindo da convic o que a investiga o fenomenol gica se inicia tamb m no mundo vivido do investigador entretecido ele pr prio com a sua tradi o
314. logical self theory and research Lublin Wydawnictwo Olievenstein C 1983 Destin du toxicomane Paris Fayard Oliveira J Botelho M 2010 De Husserl a Ricoeur Um Percurso Metodol gico Aplicado Investiga o em Enfermagem Pensar Enfermagem Lisboa Unidade de Investiga o e Desenvolvimento em Enfermagem ui amp de Vol 14 N 2 2 Semestre Oliveira M Laranjeira R Jaeger A 2002 Estudo dos preju zos cognitivos na depend ncia do lcool Psicologia Sa de amp Doen as 3 2 205 212 Ortiz M 2009 Hermeneutics and nursing research history processes and exemplar Southern Online Journal of Nursing Research 9 1 Retrieved from CINAHL Plus with Full Text database Paisana J 1992 Fenomenologia e Hermen utica A rela o entre as filosofias de Husserl e Heidegger Lisboa Editorial Presen a Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks Parse R R 2001 Qualitative Inquiry The Path of Science London Jones and Bartlett Publishers Inc New York National League for Nursing Pascoe E 1996 The value to nursing research of Gadamers hermeneutic phenomenology Journal of Advanced Nursing 24 1309 1314 Paterson J Zderad L 1988 Humanistic Nursing The Project Gutenberg eBook Acedido em 6 de agosto em http www gutenberg org ebooks 25020 Playle J 1995 Humanism and positivism in nursing contradictions and conflicts J
315. lthey sobre as ci ncias humanas e a Erlebnis a experi ncia vivida conceptualizada enquanto foco de aten o disciplinar e profissional da enfermagem quando compreendida na perspetiva do paradigma unit rio transformativo Convocamos para isso associando os tamb m import ncia da fenomenologia para a enfermagem elementos do pensamento de autoras como Jean Watson Paterson e Zderad e Rosemarie Rizzo Parse Na abordagem ao fen meno da experi ncia vivida da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso come amos por tratar as complexidades contempor neas da adi o a subst ncias psicoactivas para perante a necessidade de desenvolver respostas assistenciais mais adequadas articularmos a enfermagem e a gest o de caso como resposta personalizada s necessidades da pessoa Na sequ ncia a experi ncia vivida em aten o situada no seu contexto institucional uma Equipa de Tratamento do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP decorrendo desde a no encontro com os princ pios que se enunciam sobre a presta o de cuidados de enfermagem com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas a quest o de investiga o e o objetivo do estudo 12 A experi ncia vivida como foco de aten o da enfermagem We understand ourselves and others only because we introduce our own lived experience of life into every kind of expression of our
316. m nem pensar mais nisso Embora a gente n o beba mas o ratinho t sempre c na cabecinha N o sei o dia de amanh agora a cabe a t no bom caminho mas eu n o sei o dia de amanh o que costumo dizer vinte e quatro sobre vinte e quatro Um gajo tem uma ideia mas essa prontos pode chegar amanh e d se um problema Embora teja sempre a pensar no bom caminho mas Carlos 2 Se uma pessoa passar cinco anos seis anos sem sem consumir acho que j n o vai consumir mais Acho que esquece isso Mas h quebras h quebras H muitos obst culos para a gente ultrapassar e s vezes h uns que a gente nem consegue ultrapass los quando a vida parece que corre mal H contratempos mas a gente tem que saber ultrapass los Eu tenho medo de cair novamente na hero na isso que eu tenho medo Marco 3 Avalia a sua situa o com maior clareza e ambicionando para si um outro quotidiano que perceciona ao seu alcance manifesta se ambivalente Expressa temer face aos obst culos da vida que antecipa a reca da e as suas consequ ncias Tou me a sentir bem Vou reduzir a dose de metadona para largar a semana passada a outra reduzi Falei com ele senhor doutor enfermeiro veja l se pode reduzir mais pelo menos dois e meio ou cinco para experimentar para eu ver se se tam m paro com isto tou farto disto j Que eu j tou mesmo saturado tam m disto quero ver
317. m o enfermeiro por causa da maneira que a gente quer falar pronto desabafar Sinto me superbem com o enfermeiro Carlos 2 O Carlos narra como chega a experienciar o enfermeiro como um espelho com o qual desabafa e se sente ajudado a pensar as coisas do seu presente mas tamb m do seu passado Eu acho que eu j vivi tanto na minha vida que s vezes acho que n o tenho nada para descobrir Tenho quarenta e nove anos mas parece que j vivi cem sil ncio N o f cil H sentimentos que s vezes uma pessoa quer descrev los e n o h n o h palavras que possam descrever s n s os sentimos e eu n o sou boa a falar Nem eu tenho estas conversas com mais ningu m n o A n o ser com ela Falo abertamente com a enfermeira coisas que eu s vezes nem quero falar e n o sei qu mas nesse momento Ah h a mais alguma coisa e eu acabo por sorriso triste depois uma coisa leva outra As coisas do passado o passado nunca se deve esquecer para que ele nunca se volte a repetir Lucinda 9 Falamos do passado Por exemplo que no passado aconteceu assim agora esta maneira como que est a acontecer ou na sequ ncia Samuel da outra vez foi assim desta vez vamos l a ver se n o volta a ser recorda se como que foi Falamos do passado tamb m De situa es que se passaram passadas Os problemas da minha vida t m sido sempre os consumos O resto
318. mau uma estupidez como se diz A gente j sabe o mal que faz e sabemos suspiro aquilo que Eu quando sei que vou apresentar um teste coiso j sei que fiz asneira Eu arrependo me s vezes mesmo j quando me tou a drogar por exemplo tou a fazer aquilo e j tou a pensar que n o o devia tar a fazer mas pronto olha siga 110 Compreender as consequ ncias dos consumos J consumi muita droga gostei de a consumir n o posso dizer que n o Ningu m obrigado a dr gar se n o As pessoas fazem porque gostam digo eu o gozo da droga Eu gostava de me dr gar e gostava do efeito da droga mas ao fim e ao cabo a droga vem prejudicar a vida de uma pessoa Gastar o meu dinheiro todo e s vezes ter que roubar ou sempre mau a parte m Havia a parte do gosto e a parte prejudicou me muito a minha vida Uma pessoa quando dependa da droga sempre prejudicado A droga degrada a pior parte essa as pessoas perdem a confian a na gente n o nos ajudam s vezes at nos prejudicam essa a parte m Responsabilizar se pelas escolhas do passado Reconhecer os erros sempre um bocado mau n o E sempre um bocado dif cil reconhecer os erros mas uma pessoa quando reconhece os erros bom j sabe Considerar as consequ ncias do futuro como dependente Soube que era seropositivo e foi nessa altura veio tudo junto e pensei Porra se quero viver mais un
319. mau tar ali muito tempo por causa disso Acho que acho que podiam ser tam m mais r gidos aqui em rela o a a certa coisas Se a pessoa n o chegasse aquele ponto se os testes tivesse positivos h p devia de ser um bocado mais rigoroso acho eu aqui Isto se calhar muito rigoroso para outros e para outros n o s o muito de sei l muito confuso tar a falar 270 Narrativa da Carla 13 A sua vida estava muito mal Estava mal porque pronto est vamos com problemas de droga e n o viv amos aqui Ao princ pio n o viv amos logo sozinhos viv amos com a minha sogra e uff o que eu passei em casa da minha sogra Ela n o me queria Levei porrada e tudo gr vida Que ela dizia que eu estava gr vida e que n o era do seu filho Por isso eu sai da casa dela e fui falar com a assistente social para que me arranjasse um s tio pronto onde e foi ela que nos mandou a que nos mandou para o centro para c Arranjou nos um centro comunit rio aqui E ent o depois cheg mos aqui ao CAT Mandaram a mim e ao meu esposo e ao meu filho tamb m Tenho um com tr s anitos e outro com dez o menino vai fazer tr s anos e eles acolheram me aqui gr vida tava gr vida quando cheguei aqui ao CAT ainda n o tinha barriga nenhuma estava com dois meses com voz sumida j sabia Acabava de come ar com a reabilita o com a metadona e gra as ao centro a este centro pronto equipa toda de toxicodepend ncia
320. me a ajudar J eu n o gasto pronto dinheiro no transporte N o tenho nada com ele tenho tudo a favor Carlos 2 Saber que tenho aqui algu m que tenta se conciliar as consultas com o vir buscar as tomas de metadona que eu ando mal financeiramente neste momento n o Dava lhe jeito D lhe jeito este dia E a esta hora d lhe jeito a forma de eu num dia levantar logo duas coisas como conciliar a consulta com o m dico no hospital com a consulta aqui ajuda me nesse aspeto Podia n o lhe interessar Pronto n o compreende e tenta se fazer a coisa dessa maneira o que para mim timo Pedro 5 como narram o Carlos e o Pedro essa representa o individual que justificam a partir do conhecimento profundo que sentem que o enfermeiro tem das suas necessidades e prioridades em cada momento vivida tanto como til quanto gratificante O papel do enfermeiro tem sido o encaminhamento para todas as consultas para assistentes sociais psic logos tudo Falo com o enfermeiro ele trata me das consultas no espa o de uma semana tenho uma consulta marcada o enfermeiro trata me disso tudo Senhor enfermeiro estou me a sentir assim assim precisava de ajuda a este n vel O que que voc pode fazer em rela o ao meu problema Olhe olha vem c daqui por dois ou tr s dias que eu falo contigo E daqui por dois ou tr s dias eu passo c hora marcada e ele diz m
321. me a ajudar imenso Sinceramente sinto me bem sinto me bem quando venho aqui n o ser engraxador ou isto ou aquilo n o e tenho aprendido bastante Eu tou diferente em diversos aspetos Come o a ter a no o da obriga o de tomar a medica o a tempo e horas pronto Antigamente tava na cama e se tinha os comprimidos ao fundo do quarto Eia os comprimidos Agora j n o V levanto me assim confiaram e confiam em mim E a tal coisa sempre a ouvir sempre a ouvir a todos Uma coisa que eu aprendi assim podem dizer muita coisa umas certas e outras erradas tens que tirar o que faz proveito para o teu bem estar para o teu futuro E aquilo que n o interessa n o se perde tempo Vai se ganhar tempo naquilo que faz proveito que para construirmos alguma coisa Eu aprendi isso ao longo da vida de de drogado que mesmo assim de andar na rua ter que andar com n o sei quantos olhos abertos ter que ser vivo sobreviver mesmo era a lei do mais forte e o mais forte n o quer dizer que tenha um grande cabedal ahhh uma vida que eu n o desejo a ningu m sinceramente Mas eu tive l e o que n o presta mandei fora agora h coisas que interessam se eu antigamente conseguia para aquilo porque que agora eu n o consigo Sinceramente acho que estou com mais capacidade de resist ncia que um t xico N o posso dizer que teja bem mas n o tou mal tou remediado As coisas est o a andar e
322. mente capaz de partilhar o controlo sobre o consumo das subst ncias psicoactivas inicialmente percecionado como exercido apenas pelo enfermeiro Envolvida num processo de mudan a a pessoa sente que valorizada nos seus esfor os por pequenos que lhe possam parecer e tamb m enquanto indiv duo com valor pr prio No evoluir da rela o a pessoa experiencia expressar ao enfermeiro o sofrimento que a habita valorizando o al vio que a partilha lhe proporciona e a possibilidade de o pensar em conjunto O Carlos narra mesmo como chega a experienciar o enfermeiro como um espelho com o qual desabafa e se sente ajudado a pensar as coisas do seu presente mas tamb m do seu passado Apesar de vivida como uma experi ncia dolorosa esta revisita o do seu passado sentida por si como um passo necess rio na mudan a que procura Neste pensar se a pessoa significa a sua narrativa em liga o ao consumo de subst ncias toma consci ncia da incapacidade que experienciou para controlar o seu uso e evocando dolorosamente as v rias perdas que viveu acede a elabor las anunciando uma compreens o da sua responsabilidade nas escolhas que fez no passado Contemplando as consequ ncias do seu futuro como dependente das subst ncias a pessoa responsabiliza se gradualmente pelas escolhas que faz no presente na procura de uma vida diferente que deseja como melhor A experi ncia de modificar o padr o de rela o com a subst ncia
323. mento Se t nhamos alguma reca da se t nhamos doping os testes positivo como pronto da maneira como a gente estava Ent o ela viu que est vamos bem que estava tudo bem que estavam os testes todos todos normais e e deram nos o rendimento Mas pronto isso j alguma coisa mas pouco Carla 13 140 para a Carla por seu lado esta representa o do enfermeiro junto da Seguran a Social foi vivida como determinante para a atribui o de uma ajuda financeira o Rendimento Social de Inser o uma das suas prioridades na altura Na altura a minha m e nem sequer sabia que eu tomava metadona Ela n o soube quando comecei a fazer o tratamento mas acabei por lhe dizer j depois de c estar Olhe a minha m e j sabe Ah at o depois traga a consigo um dia ela a enfermeira que foi a pr pria a dizer T bem assim quando isto tiver mais calmo at o depois eu trago a Passado dois ou tr s meses ela quis vir comigo mas ainda n o acabou por vir h de vir um dia aqui comigo para conhecer a enfermeira para dizer como que funciona isto Dizer que eu n o ando a consumir drogas que a gente fazemos testes todas as semanas esse tipo de coisas Porque a minha m e uma pessoa muito como se costuma dizer assim um bocadinho atrasadinha atrasada nesse aspeto das drogas e coiso Para ela a droga uma coisa muito um horror Como tem sido n o Acho que
324. mento do Barreiro Barreiro Equipa de Tratamento do Barreiro Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Documentos n o publicados Tomey A Alligood M 2004 Te ricas de Enfermagem e a Sua Obra Modelos e Teorias de Enfermagem 5 Ed Loures Lusoci ncia 211 Shwartz M Baker G Mulvey K Plough A 1997 Improving Publicly Funded Substance Abuse Treatment The Value of Case Management American Joumal of Public Health American Public Health Association 1659 1664 Smith J Ed 2008 Qualitative Psychology a practical guide to research methods 2n4 Edition Sage Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage Soares Org 2006 Psicologia Contributos da investiga o para o estudo da vincula o Lisboa Associa o Portuguesa de Psicologia e Edi es Colibri Vol XX N 1 Solari Twadell A 1989 Addictions Nursing An Emerging and Vital Field Journal of Addictions Nursing 1 1 4 5 Spiers J 2000 New perspetives on vulnerability using emic and etic approaches Journal of Advanced Nursing 31 3 715 721 Spiers J 2005 A concept analysis of vulnerability In Cutcliffe J McKenna H 2005 The Essencial Concepts of Nursing London Elsevier 331 345 Stanhope M Lancaster J 2004 Community amp public health nursing 6 Edition Mosby Elsevier Health Sciences Strasser S 1985 Under
325. mer s hermeneutic phenomenology Journal of Advanced Nursing 24 1309 1314 7 Mas tamb m com o pensamento de Peplau 1952 de Orlando 1961 e de Travelbee 1971 entre outras In Pascoe E 1996 The value to nursing research of Gadamers hermeneutic phenomenology Journal of Advanced Nursing 24 1309 1314 23 Complexidades contempor neas da adi o a subst ncias psicoativas A utiliza o de subst ncias psicoativas transcendendo especificidades de ra a g nero idade ou classe social acompanha a hist ria das culturas Constante hist rica e universal s ncrona com a busca que o homem faz de si mesmo com a procura do que os seus sentidos lhe podem ensinar sobre o significado da sua exist ncia o seu uso inscreve se em todas as pocas remontando a 5000 A C a refer ncia sua utiliza o mais antiga em rituais m sticos por povos hindus do norte de frica De igual modo tamb m as finalidades curativas ou recreativas t m feito parte dos usos que civiliza es diversas lhes t m dado Na Europa do s culo XVI os descobrimentos e o in cio das transa es comerciais com o oriente e com a Am rica do Sul estiveram na origem da sua divulga o Foi contudo na Inglaterra do s culo XIX que a utiliza o crescente e a identifica o de problemas a ele associados suscitaram nas ltimas duas d cadas os primeiros esfor os para controlar em particular o consumo de pio Desde ent o fen meno de import ncia c
326. mo com eles ela se passa gradualmente a relacionar Inclusive para algumas das pessoas com organismos da rea da justi a nos quais decorrem em simult neo processos relacionados de uma forma ou de outra com o consumo das subst ncias Desde longe vem a tradi o da ocupa o dos enfermeiros com os problemas das pessoas ligados ao consumo e depend ncia de subst ncias J Nightingale reconheceu os fatores econ micos e sociais frequentemente associados ao estigma do alcoolismo Identificando o recurso ao uso do lcool que os soldados faziam para combater o t dio o seu consumo como uma retirada r pida na aus ncia de outros suportes emocionais e o risco de vida decorrente da condi o de intoxica o alco lica ao tomar em considera o a totalidade do Homem aos seus cuidados Nightingale incluiu 305 Boyd M 2007 Psychiatric Nursing Contemporary Practice 4 ed Lippincott Williams amp Wilkins 33 3 Naegle M 1993 Substance abuse education in nursing National League for Nursing Massachusetts Jones amp Bartlett Publishers 192 307 Edwards G Ed 2020 Addiction Evolution of a specialist field Society for the Study of Addiction to Alcohol and Other Drugs Blackwell Science Ltd 308 Yamashita M Forchuk C Mound B 2005 Nurse Case Management Negotiating Care Together Within a Developing Relationship Perspetives in Psychiatric Care Oxford Blackwell Publishing Limited 67 187 os prob
327. mo d divas Se n o fosse aqui n o sei tinha que ser for a N o gosto de tar preso em hospitais mas aqui NAA n o se sente preso Artur 1 Tive sorte por acaso desta vez tive sorte na terapeuta a enfermeira que me calhou riso Sinto me vontade com ela uma pessoa que que me inspira confian a porque pronto tem acompanhado sabe os meus problemas que eu conto lhe n o Levo comigo as conversas com a enfermeira levo comigo Daniel 6 Vou daqui com uma paz uma paz interior vou bem Eu saio daqui mais leve Deixo c as minhas frustra es emocionada Eu posso falar de tudo de tudo tudo tudo o que me vai na alma que ela tem sempre uma frase amiga tem sempre um gesto uma palavra uma palavra banal simples de conforto e que isso me ajuda eu vou chego l fora puxo do cigarro e vou a fumar devagar e vou beira mar tenho o autocarro e vou a pensar em tudo A nossa conversa vai no meu cora o eu rebobino a cassete e vou ouvindo tudo o que ela me diz levo a conversa comigo E vou bem Lucinda 9 A pessoa experiencia n o se sentir presa e acede livremente a deixar se habitar pelo enfermeiro que se torna significativo e presente no seu mundo interno Acho que tenho sido sempre bem recebido S se uma pessoa se chegar aqui e se portar mal come ar aos gritos H compreens o mas tam m h limites o trabalho delas e acho que o fazem bem
328. mos casa e depois a boca Porra ajudar t m ajudado muito Sentir se traduzida disseram me a enfermeira pois voc ainda tem pouco tempo por causa do lcool ficaram com um p atr s porque pouco tempo que eu deslarguei e eu tam m j pensei p a mim pr prio porque acho que foi muito pouco tempo Muito pouco tempo O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo Quando eu comecei a beber puxava me ficava a pensar h p eu agora apetecia me agora beber um copo de vinho Era uma coisa que eu adorava eu bebia o baga o como tava a beber gua Compreender as consequ ncias dos consumos eu comecei a beber tinha uns catorze quinze anos J apanhava as minhas cabe as j o f gado j tava a inchar eu chegava a ir em coma p hospital muitas vezes O meu pai tamb m o meu pai morreu com uma cirrose Eu n o quero chegar ao ponto onde o meu pai chegou Elaborar as perdas Fiquei sem a minha filha a minha filha t numa estitui o pro menos o que dizem Alguns dizem que a minha filha foi adotada outros dizem que ela t numa estitui o n o sei Isto d i muito pra mim d i muito n o h dia nenhum que eu n o pense na minha filha emociona se e respira fundo eu at nem gosto de tar a falar nisto porque porque chato chato n o cha
329. mpo quero faz lo da melhor forma e n o quero dar passos precipitados Por isso que eu vou sempre falando com ela Vou fazer por isso devagarinho O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Desejar consolidar a mudan a E eu quero ver se tenho um bocado de paz e sossego agora p estes anos que tenho pela frente n o sei quantos mas quero ver se tenho um bocado de paz Estou cansado mesmo cansado desses ritmos que acabam por n o ter nada ou seja o que a gente ganha com isso n o ganha s perde Que eu tou farto de perder S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Pedro O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 96 O Daniel 6 Infelizmente eu j ando nisto h muito tempo j isto ao fim e ao cabo n s n o andamos aqui a enganar ningu m enganamos a n s pr prios O Daniel iniciou consumo de cannabis aos doze anos lcool aos treze e hero na e coca na injetadas aos vinte e tr s anos Agora com quarenta anos tem uma longa hist ria de desabitua es f sicas de acompanhamento noutros CAT e de reca das Com o s timo ano de escolaridade tem forma o como marceneiro e trabalhou esporadicamente na constru o civil N
330. muito sabe muito tamb m da minha vida mas normal porque a doen a e uma coisa b sica pronto aqui do CAT sil ncio longo mas ele percebe porque j muitas vezes que chorei com ele quando me encontro com ele eu venho triste Eu acho que sim Ou algumas vezes sim outras vezes n o Ou algumas vezes n o fa o eu para que ele perceba Quando vem bem ent o n o vai perceber Ele j s o bastantes anos j Falando e ele a ver me nas consultas eu acho que sim Eu tamb m n o me abro muito com ele mas acho que sim ele deve conhecer me a minha maneira de ser eu sou assim n o sou muito faladora Sou muito sou reservada sou aquelas que guardam para dentro e quando rebento volta a chorar e faz sil ncio longo emociono me riso nervoso ai Se tivesse um trabalho que saio de dia e me desse com pessoas falasse volta a chorar a minha vida mudou muito sinto falta da minha fam lia ah da minha m e 212 da minha irm do meu irm o da minha vida diferente Aqui s a rotina di ria todo o dia ent o n o quero pronto viver sem apoiar sou m e j de dois filhos n o J sou uma mulher de casa e e de tratar dos meus filhos para andar para a frente mas nem trabalho que n o trabalho para os poder sustentar a minha vida passaria adiante lutando a vida est t o mal sempre o mesmo sempre o dia a dia sempre igual pela manh saio vou a superm
331. muito mais Pronto n s temos esse problema esse problema da droga n o E um v cio que para toda a vida Um viciado para toda a vida E pronto e gra as a Deus este per odo que temos aqui no CAT a metadona uma ajuda muito muito grande Para mim uma ajuda muito grande a metadona porque n o sinto nada de sintomas j deixei muitas vezes as drogas mas sempre sempre a frio sempre em centro comunit rio sem medicamentos nenhuns sempre a frio e passei muito muito mal Muito sofrimento E pronto e conhecer esta este medicamento para mim ajudou me muito Levo a dose de quinze em quinze dias Levo as doses Deveria vir ter a feira mas j que estamos aqui aproveitamos para n o estar a vir tamb m a gasolina do carro n o h dinheiro para estar a vir S o profissionais e eu acho que toda a ajuda que eles me podem dar eu acho que boa risos eu acho que boa para mim E o problema que n s temos eu aceito toda toda a ajuda que eles me possam dar volta a emocionar se e a chorar o que preciso isso trabalho e e o infant rio para a minha crian a quero orientar tamb m o menino 3 J o resto com o trabalho j d para pagar os gastos que temos em casa trabalho para mim e para o meu marido e o pequenito que eu possa mover me que eu possa ir em busca de me mexer solucionar a chorar tenho muita for a 336 O filho mais de tr s anos tem revelado hiperatividade e al
332. n and What to Do About It American Journal of Psychiatry American Psychiatric Association Vol 156 1 3 Lessa J S R 2006 A rela o psicoterap utica na abordagem fenomenol gico existencial An lise Psicol gica 3 XXIV 393 397 Levinas E 2003 Humanism of the other Chicago University of Illinois Press L vinas E 2008 Totalidade e infinito Lisboa Edi es 70 Lopes J Sequeira A 2009 Gest o de Cuidados de Enfermagem para uma Assist ncia Efetiva e Integrada Pessoa com Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 1 67 76 Lopes J 2010 O Aconselhamento como Cuidado de Enfermagem numa Equipa de Tratamento Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 16 N 1 65 77 Lopes M 1999 Conce es de enfermagem e desenvolvimento s cio moral Alguns dados e implica es Lisboa Associa o Portuguesa de Enfermeiros Lopes M 2006 A rela o enfermeiro doente como interven o terap utica Proposta de uma teoria de m dio alcance Coimbra Formasau Forma o e Sa de Lda Lubkin Larsen P 2005 Chronic illness impact and interventions 6t ed Sudbury Jones amp Bartlett Publishers 207 Lyotard J F 2008 A Fenomenologia Lisboa Edi es 70 Makkreel R Rodi F Eds 1985 Wilhelm Dilthey Selected Works Volume V Poetry and Experience New Jersey Princeton University Press Mantzavinos C 2005 Na
333. n o e redu o do consumo da depend ncia e dos efeitos nocivos das subst ncias para a sa de e para a sociedade Em particular no que se refere ao tratamento e s medidas de reabilita o e reintegra o social s o enfatizadas medidas que num quadro de integra o de a es e servi os promovam o acesso a programas de cuidados psicossociais e farmacol gicos integrados capazes de responder aos problemas para a sa de e aos problemas sociais causados pelo consumo de subst ncias psicoativas il citas e pelo policonsumo em associa o de subst ncias psicoativas consideradas l citas como o tabaco os medicamentos e o lcool Na conjun o destes problemas tamb m a preven o e tratamento do VIH SIDA das hepatites B e C e de outras infe es doen as e danos para a sa de e sociais s o inclu dos em particular nos grupos considerados epidemiologicamente mais vulner veis 28586 Em Portugal desde a d cada de oitenta do s culo XX na qual surgiram as primeiras respostas dos servi os de sa de s importantes altera es na 8 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2008 Relat rio Anuai A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias 81 Conselho da Uni o Europeia CUE 2004 Estrat gia da UE de luta contra a droga 2005 2012 Bruxelas Autor 82 Conselho da Uni o Europeia CUE 2005 Plano de A o da UE em mat
334. n o Ela tem o processo frente e mais ou menos n o se esquece das coisas E geralmente quem puxa por mim ela risos por isso que ela diz que sou um bocado fechado Normalmente ela puxa por mim risos Ela que puxa por mim mas depois eu vou atr s Sinto me vontade e pronto e Varia es mando as coisas c para fora Sentir se procurada do tema E bate certo as coisas que ela me costuma dizer toca me nos s tios e realmente um bocado verdade isso Eu come o me a rir um feitio Sentir se compreendida meu eu come o me logo a rir e tal e ela tam m j sabe quando eu come o me a rir ela j sabe que bateu no s tio certo risos Tem me ajudado bastante sil ncio longo E uma pessoa que eu identifico me e consigo eu com ela n o sou Sentir se identificada fechado Eu consigo identificar me em certos pontos Sentir const ncia na As consultas s o marcadas na hora n o Combinamos geralmente rela o sempre um m s Temos feito mais ou menos a coisa de m s a m s Tive sorte por acaso desta vez tive sorte na terapeuta a enfermeira que me calhou riso Sinto me vontade com ela uma pessoa que que me inspira confian a porque pronto tem acompanhado sabe os meus 97 Deixar se habitar pelo enfermeiro problemas que eu conto lhe n o Levo comigo as conversas com a enfermeira levo comigo Levo comigo O sentir se representada
335. narrativa desvelando gradualmente e em conjunto a sua explicita o do que foi tem vindo a ser a sua pr pria experi ncia vivida de serem cuidados por enfermeiros gestores de caso na Equipa de Tratamento Como forma de disponibilizar o entrevistador para a rela o durante a entrevista e acompanhando o pensamento de Ricoeur reter a mem ria 231 Ricoeur trata a fixa o da fala para a escrita como forma de reten o do discurso Porque o discurso s existe numa inst ncia temporal e presente que ele se pode desvanecer como fala ou fixar se como escrita Ricoeur 1996 38 Uma vez que o facto humano da fala desaparece um texto escrito uma forma de discurso discurso sob a forma de inscri o ent o as condi es de possibilidade do discurso s o tamb m as do texto In Ricoeur P 1996 Teoria da Interpreta o Lisboa Edi es 70 35 et seq 66 das narrativas produzidas da fala previu se a sua grava o em suporte udio destinado a ser convertido em verbatins Quanto eventual necessidade de tomar pequenas notas escritas no decurso das entrevistas d vidas intui es manifesta es n o verbais que acompanhassem a narrativa foi igualmente equacionada a utiliza o pontual de um bloco de notas No que se refere ao local as entrevistas decorreram nas instala es da Equipa de Tratamento em gabinetes j conhecidos pelas pessoas em dias coincidentes com a sua desloca o ao serv
336. nas experi ncias das pessoas do grupo Contudo mesmo no caso presente em que a an lise decorreu ao n vel de um grupo de maiores dimens es no processo de escrita fenomenol gica os temas continuaram a ser ilustrados com exemplos particulares das narrativas dos indiv duos as ilustra es narrativas No que concerne ao processo de an lise dos dados e de reda o das v rias escritas dos seus resultados de mencionar ainda a contribui o do grupo de an lise colaborativa que integr mos desde uma fase inicial do estudo A an lise dos dados deu se ali s por conclu da quando nessa rela o se tornou consensual a sua compreens o para um grupo de investigadores tamb m eles enfermeiros quando se fechou por ora e para estes int rpretes o c rculo hermen utico sobre os textos em an lise 247 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 106 248 Dinamizado e orientado pela Professora Doutora Maria Ant nia Rebelo Botelho um grupo de doutorandos ligados linha de investiga o em experi ncia vivida do Programa de Doutoramento em Enfermagem da Universidade de Lisboa reuniu se regularmente para se envolver tanto em reflex es te rico metodol gicas quanto a partir dos nossos dados e do trabalho com eles efetuado produzir aprecia es de grande utilidade na gera o de interpreta es e compreens es 249 Van Manen conta se entre os auto
337. ndava com vontade de fazer o tratamento mas tinha receio porque dizem que aquilo que a gente fica muita fracos e n o sei qu Eu pedi opini o a ela Eu perguntei a ela e ela aconselhou me vai vai fazes bem Ela que me encaminhou pa come ar a fazer o tratamento Fui atrav s da minha terapeuta ao hospital ela que marcou me consulta e isso tudo tudo p m dico dos infetocontagioso Fui para l mas depois descobriram que eu j n o tinha Estranho mas verdade Ele contou me que o meu corpo que expulsou o v rus E eu j n o tenho Felicidade para mim n o Tive a falar com as duas a enfermeira e a assistente social sobre o trabalho Elas falam uma com a outra Elas t m reuni es elas falam sobre n s A terapeuta n o tem muito que para ajudar a gente a arranjar trabalho n o muito a parte dela mais da assistente Para esses programas do lado da assistente social elas daqui comunicam umas com as outras com as assistentes sociais do Centro de Emprego N o resolveu o problema mas marcou a consulta com a outra e a outra vai me atender mas primeiro vai ver o que que se passou para n o me terem metido nisso no programa ocupacional Se fosse eu a tar a telefonar p a outra assistente que me arranjou esse tal trabalho ah n o tinha dinheiro para andar a pagar na cabine telef nica e assim e isto as linhas eles n o devem gastar quase nada n o Isto ao princ pio a gente arr
338. ndem as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas 114 Dennis M Karuntzos G Rachal V 1992 Accessing Additional Community Resources Through Case Management To Meet the Needs of Methadone Clients In National Institute on Drug Abuse 1992 Progress and Issues in Case Management U S Rockville Department of Health and Human Services Public Health Service Alcohol Drug Abuse and Mental Health Administration Research Monograph Series 54 77 115 Ridgely M Willenbring M 1992 Application of Case Management to Drug Abuse Treatment Overview of Models and Research Issues In National Institute On Drug Abuse 1992 op cit 12 33 116 Alexander J Pollack H Nahra T Wells R Lemak C 2007 Case Management and Client Access to Health and Social Services in Outpatient Substance Abuse Treatment Journal of Behavioral Health Services amp Research Vol 34 Issue 3 July 2007 221 236 117 Woodward A 1992 Managed Care and Case Management of Substance Abuse Treatment In National Institute On Drug Abuse 1992 op cit 34 53 118 Leshner A 1999 Science based views of drug addiction and its treatment The Journal Of The American Medical Association JAMA American Medical Association Vol 282 14 1316 119 Casarin S Villa T Gonzales R Freitas M Caliri M et al 2002 Case management evolution of the concept in the 80 s and 90 s Revista Latino Americana de Enfe
339. nder as coisas eu digo o que tenho a dizer as coisas na hora mais facilmente n o me engano que eu andava me a enganar Daniel 6 Experiencia ser mais honesta consigo j n o me engano como diz o Daniel 157 N o sou mais que os outros sou igual s outras pessoas N o sou mais nem sou menos Artur 1 Deixei de consumir drogas E j pronto j injetava infelizmente agora nem sequer haxixe fumo saio vejo um amigo vejo outro tou com os amigos que eu tive do tempo de droga que eu hoje vou falar com eles mesma Ainda h alguns metidos nisso tanto de droga como no lcool mas eu continuo a falar com eles n o meto parte tejam a cheirar mal n o tejam igual N o sou diferente deles sou igual sou doente Embora na parte da doen a eles bebem e eu n o bebo Ou n o me drogo Sinto me mais do que eles Carlos 2 e identificando se com outros consumidores de subst ncias que conhece e que continuam a consumir compara se com eles experimentando sentir se diferente Sente se agora igual aos outros ou mesmo mais do que eles como referem o Artur e o Carlos As pessoas dantes viam me de uma maneira e agora veem me doutra e dizem p tu sinceramente tiveste for a mesmo for a de vontade mesmo de deslargares o lcool J muitas vezes j me veem de outra maneira j n o me veem da mesma P agora eu tam m quero chegar eu quero ir
340. ndido mais cedo Vim mais cedo e fui atendido mais cedo Falo da minha vida eu conto lhe conto lhe por isso que ela me ajuda Eu conto lhe as dificuldades que tenho sobre e da minha fam lia e isso tudo conto lhe porque tenho confian a tenho toda a confian a nela J a conhe o h bastante tempo e sei que posso desabafar com ela porque ela compreende me e ajuda me psicologicamente n o Ela sabe est dentro de tudo o que aconteceu Ela aceita bem Ela aceita e eu tou satisfeito Tinha um problema aqui na perna m circula o derivado a pronto a injetar me nas pernas nos p s Foi por causa de injetar na perna na virilha apanhou me uma veia a chamada veia do fogo ou o que e come ou me inflamou o p todo Queria cal ar e j 229 n o conseguia E eu tava com medo porque h pessoas que j cortaram a perna pelo joelho por causa disso Queixei me minha terapeuta e ela deu conhecimento doutora e depois perguntou quando que ela podia ver o p e isso tudo e marcou logo a consulta comigo disse me para eu vir c um dia para a doutora tar um bocado comigo T a ficar bom Tava muito poxa tava muito pior O teste do HIV fa o aqui tamb m Fiz com a minha terapeuta a enfermeira r pido J fiz duas vezes n o tenho nada as outras an lises num laborat rio a terapeuta que fala com a doutora que ela passa as credenciais p a gente ir fazer Eu tinha hepatite C e j a
341. necessidades que est o para al m da possibilidade de ajuda oferecida pela Equipa de Tratamento Sente se orientada no acesso a outras institui es de sa de e sociais e perceciona como em seu favor a comunica o que se estabelece e mant m entre o enfermeiro e os outros t cnicos Eu tinha uns processos em tribunal E eu s vezes precisava de qualquer coisa uma declara o daqui ou da assistente social e ele o enfermeiro tratava me disso tudo falava com as doutoras depois tinham reuni es comigo pronto consultas Come aram a ver que tava tudo bem comecei a entregar os papeis em tribunal viram que tava tudo telefonavam para c pediam para verificar tudo tava tudo em computador tava tudo bem Eles compreenderam me e at hoje at os testes que fa o est tudo bem sou vigiado tudo bem at hoje e n o torno a querer nada com isso Diniz 4 O Diniz em pris o domicili ria com pulseira eletr nica conta como tamb m se sentiu representado pelo enfermeiro e pela Equipa de Tratamento quando estes foram solicitados a reportar a sua evolu o no processo de recupera o junto das autoridades judiciais e policiais Pronto ele tamb m nos deu muita ajuda porque a doutora a assistente social da Seguran a Social veio aqui saber de n s A ver como n s est vamos e se n o t nhamos tido nenhuma reca da e a dose Ela veio mesmo aqui ao centro para ver como n s lev vamos o trata
342. nfermeiro que se torna gradualmente significativo e presente no seu mundo interno Chegando a fantasiar como este viveria a sua aus ncia sente que passou ter exist ncia para o enfermeiro No evoluir desta rela o a perce o da complexidade das suas necessidades suscita na pessoa a no o de que a ajuda que necessita est para al m da que o enfermeiro diretamente lhe pode proporcionar Valorizando a participa o da Equipa de Tratamento como um todo no seu projeto para levar uma vida normal como qualquer outra mulher Lucinda a ajuda do enfermeiro ainda assim vivida como imprescind vel Vejo o CAT a fazer parte disso com a enfermeira vejo Sem a enfermeira n o vejo Lucinda 168 Constatando que ampliada pelo enfermeiro a voz das suas necessidades se faz ouvir junto dos outros t cnicos da Equipa de Tratamento e mesmo de outras institui es de sa de sociais e de justi a a pessoa sente se orientada e perceciona como em seu favor a comunica o que se estabelece e mant m entre o enfermeiro e os outros t cnicos Progressivamente o enfermeiro experienciado como seu representante dentro e fora da Equipa de Tratamento e passa a ser procurado ativamente nessa representa o que vivida tanto como til quanto gratificante Para al m da representa o institucional o enfermeiro tamb m considerado como um parceiro que a pode vir a representar junto da sua fam lia suprindo as suas dificul
343. ngularidades pr prias que comp em as diversas varia es tem ticas a experi ncia da pessoa com problemas de adi o a subst ncias de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso na Equipa de Tratamento do estudo revela se ao longo de oito temas comuns O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros e O projetar se no futuro Esta experi ncia vivida emerge como um fen meno eminentemente relacional ao longo do qual a partir dos vividos de se ligar ao enfermeiro e de por ele se sentir investida e representada dentro e fora da Equipa de Tratamento a pessoa progressivamente acede a pensar o seu sofrimento passado e presente e inicia o que sente como uma luta pessoal para modificar a rela o com a subst ncia consigo pr pria e com os outros significativos Passando a valorizar e a desejar consolidar as profundas mudan as que sente que gradualmente vai conseguindo para si a pessoa abre se s suas possibilidades de ser e ensaia progressivamente pensar se num futuro livre de subst ncias Simultaneamente habitada pelo anseio de autonomia e pelo temor de recair a pessoa expressa o desejo de permanecer indefinidamente ligada ao enfermeiro e Equipa de Tratamento que sente como securizantes 128 TEMA O ligar se ao en
344. nha vida quando tinha uma rotina diferente Portanto tem que aprender O primeiro ano custa sempre mais Depois a vida vai entrando nos eixos Cansei me mesmo de vez Agora j vejo as coisas de outra maneira J nem me identifico sequer com aquela vida que eu levava N o tem nada a ver comigo j A pessoa tam m cresce n o H pessoas que n o querem continuam Para mim n o d Estamos em mundos opostos agora O meu riso o meu o de clareza Ela a enfermeira sabe bem O que eu lhe tou a dizer aqui tam m j tive conversa com ela J tivemos esse tipo de conversas claro Isabel 14 Para a Isabel os dif ceis vividos f sicos e psicol gicos da suspens o dos consumos s o na atualidade percecionados como uma oportunidade que teve para reconstruir as suas rotinas Um apanhar de cacos que lhe permitiu crescer colocar a sua vida nos eixos e transformando se progressivamente a partir da aus ncia da subst ncia estar agora no mundo com maior clareza 156 TEMA O valorizar as mudan as tema comum maioria dos participantes Artur Carlos Marco Diniz Pedro Danid Josu Samea Ludna Vito Rui Femando Cara Isaba Oligar se ao enfermeiro pe x se x se x se x sa se se x se se Osentir se representada x x x x x x x x x x x x x x O sentir se investida x x x x x x x x x x x x x x Osituar se nasua hist ria x x x x x x x x x x x x x de consumos Omodificar o p
345. nho j andei bastante Daniel 6 A minha vida n o t muito f cil mas penso que vou conseguir resolver Vou continuar o meu tratamentozinho Pode haver uma reca da nunca digo que n o volto l vou tentar fazer tudo corretamente n o Tentar como se diz Vou seguir a minha vidinha continuar o meu tratamento nem que seja cinco ou seis anos ou sete ou oito V tor 10 Apesar das dificuldades narradas motivada a pessoa fala com alegria da sua perce o da mudan a que conseguiu e que deseja estabilizar Aceitando a lentid o do processo manifesta o desejo de desde a continuar a melhorar a sua vida Sente que com o seu empenho e a ajuda do enfermeiro e da Equipa de Tratamento se tem vindo a aproximar lentamente do que perceciona como o seu bom caminho 163 Eu quero fazer vidas novas agora quero me alevantar que isto continue se se continuar assim as coisas est o a correr bem gra as a Deus Eu acho eu acho que j n o porque porque se tiver que me acontecer alguma coisa j me tinha acontecido se eu tivesse que me agarrar ao lcool se calhar j me tinha acontecido Deus queira que n o Deus queira que n o eu n o sei o dia de amanh Isto assim Eu n o gosto de cuspir para o ar que me pode cair em cima Artur 1 Eu posso ter mais uma reca da e beber Mas a minha inten o ver se consigo olhar p a frente e e n o beber mais ne
346. nho a minha mulher e tenho o meu filho E at hoje tenho tado bem assim O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Criar espa o para os outros O enfermeiro come ou me a aconselhar que era melhor eu parar porque eu por duas vezes fiquei sem levar metadona e ele aconselhou me tentou me ajudar de eu parar com isso porque se n o ia parar de vez de levar metadona para casa e que isto n o era vida para mim que a minha mulher tava gr vida j na altura j tava gr vida que para eu ter Jju zo at que eu comecei a pensar na vida e disse para ele Voc tem raz o Passar a cuidar dos outros Eu mudei muito Foi muita bom ter o meu filho foi muita bom uma coisa que eu sempre quis Quem trata do meu filho sou eu praticamente Agarro nele lavo o porque ela s tem um bra o De manh antes dele ir para o infant rio eu que o visto e tudo Para onde eu vou ele vai sempre comigo Fa o tudo por ele tudo Falo com ele o enfermeiro sobre o meu filho sobre quando este tiver dois tr s aninhos quando vir que a minha vida t melhorzinha pronto tentar fazer uma menina gostava de ter uma menina pronto um casalinho O projetar se no futuro Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentimentos de ambival ncia Tou me a sentir bem Vou reduzir a dose de metadona para largar a semana passada n o foi esta semana que passou a outra re
347. nidade Venho aqui e em tr s ou quatro dias arranjaram me logo um centro para eu ir J temos uma comunidade para si Senhora enfermeira mas religi es n o Pode se fumar Pode Pronto Oito meses por um lado obriguei me a isso ela tam m chegou a l ir visitar Falava com ela pelo telefone e quando tinha consultas Depois 130 EN tinha aquelas paranoias era muito regra era muito r gido E eu cheguei aqui e a enfermeira assim Vai se aguentando ali voc se sai dali vai para a rua e no seu estado de sa de n o d para estar na rua se quiser ir para a rua n o lhe dou uma semana ou voc est numa cama do hospital no ltimo ou n o deixa a Comunidade V se aguentando ali olhe pianinho e coiso V ficando deste lado tamos a tratar disto Pedro 5 no caso do Pedro que por estar a viver na rua foi encaminhado pela enfermeira para uma comunidade terap utica pouco tempo depois de iniciar o acompanhamento o princ pio da liga o enfermeira foi tamb m experienciado tanto a partir do apoio que sentiu que aquela lhe deu para que conseguisse vencer as dificuldades de permanecer na comunidade quanto da perce o de que preparando o seu regresso Equipa de Tratamento ela se continuava a ocupar dele Eu gosto Ela t sempre a a insistir para que eu venha para a gente falar um bocadinho Olha mas eu tenho tempo Pronto H uma flexibilidade at nas marca
348. njetar ou levar os dias inteiros a ressacar o querer parar e n o ver maneira uma maneira de a gente chegar aqui de rastos Psicologicamente e destro ado mesmo J tinha ouvido falar v rias vezes no CAT Dirigi me aqui a pedir ajuda e calhou me ficar com esta enfermeira Conheci a enfermeira Foi a enfermeira que me prop s me aconselhou a ir para as Taipas e depois entrar no centro e foi o que eu fiz Esta a terceira vez que estou aqui no CAT Fiquei sempre com ela como minha terapeuta e como minha acompanhante e qualquer coisa que eu precise sempre aqui do CAT ela que t como a minha terapeuta Foi sempre com ela Sempre sempre Tem sido com esta enfermeira que eu tenho tado e nunca houve nada que n o tenho nada assim a dizer pelo contr rio Tem sido uma pessoa aqui dentro que eu tenho assim mais contacto Com os outros enfermeiros tenho tam m que quando venho tomar a metadona eles est o l a dar a metadona agora assim assuntos que as consultas e assim sempre com a enfermeira Tenta saber como que tem sido por exemplo agora da ltima consulta at esta como que foi estas semanas que se passou Se tive consumos se n o tive consumos como que era se era espont neo se andava a pensar primeiro antes de ir consumir se acho que preciso de alguma medica o se durmo se n o durmo se ando ansioso se n o ando ansioso se a quantidade da metadona eu acho que a suficiente se n
349. nova para os tomar a cargo assumindo os ao seu cuidado 162 TEMA O projetar se no futuro tema comum maioria dos participantes Artur Carlos Marro Diniz Pedro Danid Josu Samea Ludna Vito Femando Carla Oligar se ao enfermeiro x x x x x x x x x x x x Osentir se representada x x x x x x x x x x x x O sentir se investida x x x x x x x pe x x x x Osituar se nasua hist ria x x x x x x x x x x x de consumos Omodificar o padr o de Ee x x x x x x x x rela o coma subst ncia Ovalorizar as mudan as x x x x x x x x x x Oligar se aos outros x sa x sa x x x Oprojectar se nofuturo x x x x x x x x Agora mas eu eu tenho tido sucesso aqui Apesar de ter ca do j de ter tido uma reca da n o Mas tou a levar isto a s rio vamos come ando at estabilizarmos a vida como fomos antes de come ar no mundo da droga n o Tivemos a infelicidade de cair l Mas tudo de resolve tudo se pode melhorar n o Marco 3 Sinto me uma pessoa mais aberta Espero chegar ao caminho certo depois nem sequer tomar metadona e fazer a minha vida normal n o A enfermeira conhece os meus projetos As coisas est o a andar devagarinho mas est o a andar Tou melhor tou melhor Falo com uma certa alegria porque sinto me bem e sinto que uma pessoa que me t a ajudar E acho que desta vez vai l J tenho um bocado de experi ncia nisto Com isto tudo uma pessoa vai tendo experi ncia N o sou novo Estou em bom cami
350. nsioso se a quantidade da metadona eu acho que a suficiente se n o isso eu acho que a minha terapeuta se visse se calhar se eu fosse um utente que n o tivesse fam lia e que tivesse na rua e se calhar visse a necessidade de andar minha procura porque eu precisava de ajuda se calhar era pessoa para o fazer Sentir se procurada Tem v rios utentes tem que olhar por eles mas cada vez que venho aqui tomar a metadona se ela que t ali a dar a metadona aos utentes fala sempre comigo mais um bocadinho ent o como que tem andado como que n o tem andado Se precisar de falar comigo diga Sinto que sou um utente que se calhar j a conhece h mais tempo que alguns que come aram agora no CAT e que se calhar n o tem tanto conhecimento da vida deles A mim j tem se calhar um bocadinho de conhecimento mais mas n o sinto que sou diferente dos outros Varia es do tema Sentir se reconhecida Sabe um bocadinho da minha vida J sabe que n o sou pessoa de que me dou em centros sabe que mais ou menos a minha maneira de ser para ver o que que d para mim e o que que n o d para mim O que ela me deve aconselhar a fazer e o que n o me deve aconselhar a fazer Sentir se compreendida Sentir que afeta J houve boas not cias aconteceu poucas vezes sorri bom a pessoa v 103 emocionalmente o enfermeiro que eu tou a fazer alguma coisa Ela mostra
351. nstantemente se fundem ent o os pressupostos individuais devem poder emergir e ser anunciados n o para que da resulte uma procura de suspens o uma objetividade neutra mas antes uma certa maneira de lidar com os nossos pr prios a priori na explicita o do nosso contexto situado e na prepara o da abertura s diferen as e similaridades relativamente ao fen meno que temos vindo a anunciar como foco da nossa aten o a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas 8 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 31 63 69 et seq 9 Newman M Sime A Corcoran Perry S 1991 The Focus of the Discipline of Nursing Advances in Nursing Science Aspen Publishers 14 1 1 6 In Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 20 24 10 Gadamer H G 2002 Verdade e M todo II Complementos e ndice Petr polis Vozes 78 11 Bleicher J 2002 Hermen utica Contempor nea Moruj o C Trad Lisboa Edi es 70 154 156 4 Optamos assim por situar a consciencializa o poss vel dos nossos pressupostos relativamente ao fen meno em dois n veis o da nossa experi ncia pessoal e o da nossa experi ncia profissional como enfermeiro e professor de enfermagem Da nossa experi
352. nta tirar partido disso porque cada caso um caso sil ncio Eu gosto Ela t sempre a a insistir para que eu venha para a gente falar um bocadinho Olha mas eu tenho tempo E uma pessoa que honesta e ela tamb m v isso da minha parte que eu sou bastante honesta com ela Eu identifico me em bastantes coisas com ela pronto Identificamos as duas identificamos H um interc mbio de aprendizagem suspiro porque a enfermeira para mim a enfermeira s lhe falta drogar se Claro que eu n o quero que ela o fa a riso mas n o s a gente ter um canudo Sinto me compreendida por ela Conhece o meu historial todo e sabe dos problemas todos que eu tenho E eu n o tenho onde me agarrar Ela praticamente como se fosse um membro da minha fam lia que eu n o tenho emociona se a irm mais velha que eu nunca tive Eu sou honesta com ela porque quando fa o asneira agora n o acontece mas se fiz asneira e vou fazer o teste enfermeira eu vou fazer o teste mas isto vai dar positivo eu fiz asneira Porque eu fazia asneira e dizia assim Eu lembra me do seu teste enfermeira vou fazer o teste mas isto vai acusar Ent o Lucinda partimos do in cio outra vez Assim nunca mais chegamos nunca mais chegamos a bom porto E ela bimba bimba bimba bimba bimba o que que se passou Diz me l conta Claro d me nas orelhas Ent o ent o mas tu n o podes te ir aba
353. ntal Sein und Zeit 1927 176 Dasein Conceito complexo cuja explicita o cabal ultrapassa o mbito deste trabalho Vide Heidegger M 2006 Ser e Tempo Petr polis Editora Vozes Original de 1927 177 Ibidem 246 et seq 49 preconceitos e que est por isso impedida de aceder descri o neutral e transparente da coisa real Heidegger defendeu que no acesso aos fen menos a fenomenologia n o se inicia na suspens o enquanto epoch e na intui o fenomenol gica mas tomada em considera o a historicidade de todo o ato cognitivo na compreens o Sustentando que ser humano ser interpretante e que cada encontro humano envolve uma interpreta o influenciada pela historicidade 1 a fenomenologia heideggeriana pretere o estudo das ess ncias individua husserlianas para colocando as no plano da exist ncia propor a abertura da fenomenologia hermen utica a fenomenologia hermen utica para a qual o sentido da exist ncia e dos existentes passa a ser a quest o central Para Heidegger ali s a interpreta o joga um papel fundamental no processo de compreens o No seu pensamento esta encontra se ligada a todo um conjunto de pr conce es nos quais se inclui a pr pria historicidade de cada Homem das quais n o pode ser separada sendo por isso importante que no estudo dos fen menos estas conce es se tornem t o expl citas quanto poss vel na aten o consciente sobre a influ ncia que exer
354. nte diz assim olha tou livre n o podemos ter reca das Eu tou na fase psicol gica isto ainda vai c durar uns aninhos n o Marco 3 153 Consumidor h perto de trinta anos e por isso quanto a si com maiores dificuldades em desmaginar o corpo o Marco refere como depois de uma breve mas intensa experi ncia de desabitua o f sica continua a sentir que ainda est na fase psicol gica J consumi muita droga gostei de a consumir n o posso dizer que n o Ningu m obrigado a dr gar se n o As pessoas fazem porque gostam digo eu o gozo da droga Eu gostava de me dr gar e gostava do efeito da droga Porque as drogas h um v cio eu chego a sonhar durante a noite que me tou a drogar e pensar mesmo que tava a injetar uma coisa que fica c dentro que as pessoas raramente se esquecem Quem se meta na droga tem que levar com o lema pode n o se drogar o resto da vida mas tem que levar com aquela com aquela em cima com aquela coisa a droga a droga a droga Fica sempre l marcado como se fosse o primeiro amor por exemplo Dizem que a gente nunca se esquece do primeiro amor mas a droga quase a mesma coisa fica c marcado Fica marcado mesmo Nem que teja cinquenta anos sem se drogar V tor 10 Neste sentido a marca afetiva da mem ria da subst ncia vivida como um chamamento que se manifesta durante toda a vida da pessoa como descreve
355. ntecido se eu tivesse que me agarrar ao lcool se calhar j me tinha acontecido Deus queira que n o Deus queira que n o eu n o sei o dia de amanh Isto assim Eu n o gosto de cuspir para o ar que me pode cair em cima Foi o que eu disse doutora enfermeira como foi h pouco tempo que eu deslarguei a bebida posso vir ter assim pode vir uma coisa de repente e ter havido haver uma recaida eu n o quero Eu tento eu tento que isto n o aconte a Deus queira que n o Deus queira que n o eu n o digo que n o venha a ter uma reca da ainda porque eu disse enfermeira que isto porque posso vir a ter uma reca da porque foi muito pouco tempo o que eu consegui deslargar o lcool s vezes come o a pensar porque eu n o sei o dia de amanh Que eu agora vou tar a querer fazer bem e depois amanh j tar em baixo outra vez Que eu vou ver se n o chego a esse ponto Se eu me sinto t o bem assim n o tenho necessidade daquilo N o tenho necessidade porque j primeira se eu me agarrasse aquilo o mal era meu Antes de durar mais vinte ou trinta ou quarenta anos durava s dez anos Eu n o quero chegar ao ponto onde o meu pai chegou O mal era meu Eu tenho que olhar pela minha sa de n o Se uma pessoa se n o vai olhar pela minha sa de quem que vai olhar Se n o for eu a olhar por mim se n o for eu a olhar p ra mim ningu m olha e eu deixo me tar como tou sinto me bem tou mais g
356. nto de Watson e Parse optou se por uma abordagem fenomenol gica interpretativa Recorrendo a uma metodologia inspirada nas propostas te rico metodol gicas de Heidegger e de Gadamer procedeu se descoberta fundamentada do m todo Atrav s do estudo ganhou se compreens o sobre o fen meno o qual se revelou ao longo de oito temas comuns O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros e O projetar se no futuro A experi ncia narrada eminentemente relacional e vivida em torno da dial tica do ligar se e do desligar se torna percet vel a rela o enfermeiro cliente como um elemento essencial na gest o de caso com estas pessoas Apoiada na utiliza o terap utica do self do enfermeiro a pessoa experiencia n o s os temas que decorrem do que vive relacionalmente com o enfermeiro mas tamb m do que perceciona que aquele lhe proporciona indiretamente viver Os resultados d o conta tanto da experi ncia vivida que se relaciona com a interven o do enfermeiro na presta o direta de cuidados como da que se relaciona com a perce o da sua interven o indireta no mbito da participa o na defesa dos interesses e da resolu o das necessidades da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas
357. o express o da sexualidade comer e beber sono trabalho e lazer assim como num aumento da referencia o para seguimentos em especialidades m dicas no caso de doen a f sica concomitante infeciologia pneumologia ginecologia estomatologia Mas se esta mudan a que ocorreu na Equipa de Tratamento do estudo foi apesar de dirigida s necessidades identificadas nos clientes planeada executada e avaliada pelos t cnicos de sa de no seu conjunto e pelos enfermeiros em particular nada se conhece contudo sobre como passou a ser experienciada por aqueles a quem se dirigiu os clientes da ET 154 Lopes J Sequeira A 2009 Gest o de Cuidados de Enfermagem para uma Assist ncia Efetiva e Integrada Pessoa com Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 1 67 76 155 Sequeira A et al 2007 2008 2009 2010 Relat rios de Avalia o Interna do Projeto do Enfermeiro Gestor de Caso na Equipa de Tratamento do Barreiro Barreiro Equipa de Tratamento do Barreiro Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Documentos n o publicados 41 Formula o da quest o de investiga o semelhan a do que poss vel constatar em v rios estudos sobre a op o das equipas de enfermagem pela gest o de caso na rea da adi o tamb m nesta Equipa de Tratamento se verifica que as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas principais interessados e benefici rios
358. o V tor que associa a droga ao primeiro amor Eu parado prontos tam m era o meu mal era quando eu bebia enquanto trabalhava n o dava aquela tenta o se eu tiver muito tempo parado fico doente j tou habituado j desde os quinze anos catorze ou quinze anos a trabalhar eu tenho que fazer sempre qualquer coisa sempre tenho que arranjar maneira de sempre mexer Fui procurar para me mexer o trabalho fui eu que consegui arranjar Gra as a Deus vou come ar a trabalhar amanh Andavam a ver se conseguiam me arranjar agrade o muito a elas agrade o mesmo Artur 1 Se estiver ocupado com alguma coisa j se torna mais dif cil consumir j nem penso tanto nesses problemas Tou s a pensar naquilo que tenho que tou ali para ser pago saio do trabalho posso ir para casa jantar tomar banho e at posso vir a pensar assim p se calhar melhor ir beber um cafezinho e uma macieira mas j diferente j tou em casa j n o saio Se estiver ocupado j n o h j n o corro aquele risco Carlos 2 No desejo de contrariar o apelo da subst ncia e o consequente risco de recair que perceciona a pessoa descobre e procura mobilizar as suas pr prias fontes de controlo externo sobre os seus consumos Tentando ocupar se como contam o Artur e o Carlos 154 Entretanto fui ter com a minha ex mulher pa tentar me reconciliar tam m com ela falei com ela ela aceitou tar
359. o acontecer mas j aconteceu Mesmo agora esta ltima vez que eu entrei para tomar a metadona a enfermeira a minha terapeuta tava de f rias e tava a uma outra enfermeira que fez o lugar dela que j me conhecia e disse Samuel a sua terapeuta t de f rias mas eu vou j ent o para que as coisas fiquem encaminhadas passo lhe j as an lises e os exames que voc tem que fazer para entrar e voc vai j adiantando isso Depois quando a sua terapeuta vier j tem isso adiantado e s entrar Depois tamb m tenho outros problemas de sa de que sou seropositivo tenho hepatite B e C e tamb m me encaminha para o hospital para o meu m dico tem esse contacto eu sei que t m contacto um com o outro H coisas que ela vem a saber que n o da minha boca tem que ser pelo pela boca do m dico Se h alguma coisa quer saber por exemplo a medica o que eu tou a tomar para saber se preciso aumentar a metadona se n o n o desconfia de mim mas liga para l para saber e informa se com o m dico Isso normal Tam m nesse ponto tam m tem ajudado muito para que tenha as consultas e para que seja acompanhado Muitas vezes a maior parte das vezes a enfermeira que toca no assunto e fala no assunto A medica o que eu fa o se tou a fazer se n o tou a fazer Como que me tou a dar com ela isso tam m falado aqui Sim Isto nestes anos que estou aqui no CAT as coisas t m tido altos e baixos
360. o amor por exemplo Dizem que a gente nunca se esquece do primeiro amor mas a droga quase a mesma coisa fica c marcado Fica marcado mesmo Nem que teja cinquenta anos sem se drogar A minha vida n o t muito f cil mas penso que vou conseguir resolver Reconhecer os erros sempre um bocado mau n o sempre um bocado dif cil reconhecer os erros mas uma pessoa quando reconhece os erros bom j sabe Acho que tem que pensar sempre em n o o fazer Tenho sido bem tratado Vou continuar o meu tratamentozinho Pode haver uma reca da nunca digo que n o volto l vou tentar fazer tudo corretamente n o Tentar como se diz Vou seguir a minha vidinha continuar o meu tratamento nem que seja cinco ou seis anos ou sete ou oito Tenho pena de n o ter trabalho Essa a nica coisa que n o me leva a fazer uma vida melhor s isso mais nada 258 Narrativa do Rui 11 Passei muitos maus bocados quando falo nesse assunto at me vem l grimas aos olhos que eu dormi na rua muitas vezes passei noites fora de casa meti me na droga aos catorze anos aos dezasseis meteram me na rua n o tinha onde viver e dormi na esta o dos comboios Corriam comigo da esta o dos comboios os senhores dos comboios cheguei a dormir no parque num banco do parque chuva tapado com jornais a chover em cima dos jornais e eu acordar molhado Tinha sido acompanhado num CAT em dois mil e tr s e fui
361. o e co orientado pela Professora Doutora Luc lia Nunes solicita a minha disponibilidade para ser entrevistado nas instala es desta Equipa de Tratamento a fim de colaborar no referido estudo Ao assinar o presente termo de consentimento livre e esclarecido manifesto Assinatura do entrevistado Assinatura do investigador Saber que o objectivo do estudo conhecer a experi ncia vivida de pessoas com toxicodepend ncia cuidadas por enfermeiros gestores de cuidados Saber que a minha participa o volunt ria podendo ser interrompida em qualquer momento Saber que da aceita o em participar no estudo n o decorrem quaisquer benef cios ou preju zos para o meu processo de tratamento Saber que da recusa em qualquer momento em participar no estudo n o decorrem quaisquer benef cios ou preju zos para o meu processo de tratamento Saber que a minha identifica o ser mantida no anonimato Saber que a informa o recolhida na entrevista confidencial e se destina exclusivamente a ser utilizada neste estudo Ter esclarecido com o investigador qualquer quest o n o respondida neste termo de consentimento Consentir ser entrevistado Autorizar que a entrevista seja gravada em suporte udio E de 2010 Joaquim Manuel de Oliveira Lopes 218 Narrativas da experi ncia dos participantes no estudo Narrativa do Artur 1 Foi por um colega meu que andava aqui tamb m pocausa da cura do lcool Q
362. o enfermeiro gestor de caso a experi ncia de treze dos participantes situou se no momento da entrevista entre um e quatro anos Exce o feita para o V tor que apesar de estar em acompanhamento h nove meses foi dada a 76 informa o da equipa de enfermagem sobre a sua capacidade reflexiva para aceder e narrar a sua experi ncia vivida ainda assim aceite Cinco pessoas t m escolaridade ao n vel do primeiro ciclo sete ao n vel do segundo ciclo e duas ao n vel do ensino secund rio sendo que apenas duas trabalham uma das quais de forma irregular As restantes doze pessoas est o desempregadas e a receber ou a aguardar que lhes seja atribu do o Rendimento Social de Inser o Na sua grande parte solteiras ou divorciadas a maioria vive s ou em casa de familiares pais ou irm os Uma delas vivia no momento da entrevista numa associa o de acolhimento Cinco dos participantes vivem maritalmente com os seus companheiros quatro dos quais tamb m com os filhos Grande parte portadora de patologias infetocontagiosas hepatite B e C em sete pessoas seropositividade a VIH em quatro e condilomatose numa s quais se juntam tamb m outras doen as concomitantes como epilepsia em duas pessoas e problemas dent rios c ries extensas em cinco pessoas Verifica se tamb m que seis dos homens t m hist rias de deten o em estabelecimentos prisionais por motivos associados ao consumo de drogas tr fico furto roubo ass
363. o se ideia de que h uma evolu o interligada vivencial entre o Homem e o Mundo e que os indiv duos s o unit rios nos seus mundos de experi ncia a enfermagem perspetiva neste paradigma os seres humanos como vivenciados e os enfermeiros como coparticipantes nos seus mundos de experi ncia de sa de doen a tanto no acompanhamento na muitas vezes dif cil imediatez das experi ncias de sa de quanto na sua elabora o e significa o posterior na explora o cuidativa do sentido do vivido para quem o viveu Pelo que se compreende que ao abrir se indaga o e compreens o cine qua non dos vividos em sa de humana a enfermagem requeira pois toda uma sensitividade conceptual e metodol gica fenomenol gica para o acesso e compreens o das experi ncias vividas constitu das como foco de aten o disciplinar e cient fica no que se refere ao desenvolvimento da sua investiga o da sua teoriza o e da sua da presta o de cuidados no encontro privilegiado e significativo com as pessoas suas realidades e mundos vividos nos quais se tecem os fen menos humanos de sa de doen a Na perspetiva da enfermagem a fenomenologia orienta se por isso para a pr tica a pr tica da vida a ponto de abrir possibilidades para rela es entre ser e agir entre o que a enfermagem e quem s o e como agem os enfermeiros no cruzamento significado de prestar cuidados a com outra igualmente pessoa Neste sentido Watson considera
364. o ser presente ainda assim subjetivado significado e valorizado a partir da experi ncia individual uma vez conceptualizada luz da perce o e avalia o individual dos desafios e dos recursos pessoais para os enfrentar a vulnerabilidade transfere se para um outro mbito o da experi ncia vivida para manifestar agora numa perspetiva interna pessoa a aprecia o situacional que cada uma faz em cada momento da sua pr pria integridade e vulnerabilidade Recordando as palavras da maioria dos participantes percet vel como a pessoa experiencia apresentar se ao enfermeiro condensando em si nesse momento toda uma vulnerabilidade que tanto epidemiol gica como 253 Neves M 2007 In Barchifontaine C Zoboli E 2007 Bio tica Vulnerabilidade e Sa de S o Paulo Ideias amp Letras e Centro Universit rio S o Camilo 29 45 254 Spiers J 2000 New perspetives on vulnerability using emic and etic approaches Journal of Advanced Nursing 31 3 715 721 255 Idem 256 Spiers J 2005 A concept analysis of vulnerability In Cutcliffe J McKenna H 2005 The Essencial Concepts of Nursing London Elsevier 331 345 176 vivencial quanto ainda procura e depend ncia do outro Com efeito atendendo ao plano filos fico da vulnerabilidade presente no pensamento de Levinas para quem the ego from top to toe and to the very marrow is vulnerability ao considerar que o homem rela
365. o vai passando n s vamos aumentando a dose n o Pois que aquele bocadinho j n o d depois outro bocadinho j n o d e etc por a fora e vamos aumentando aumentando chega aquele dia que eu vou fazer isto tudo e pronto acabou se Eu j para poder trabalhar eu tinha que tomar isto logo de manh se n o era imposs vel onde que eu me levantava para ir trabalhar o dia O dinheiro que ganhava era todo para bater Eu com cinquenta e quatro anos h quanto tempo que j andava metido nesta porcaria Foi uma sorte ter aberto o centro aqui Para mim foi a primeira vez que tive num centro Andava desejoso de ser visto eu j andava aqui volta Eu tava desejoso de me ver livre da porcaria mas n o conseguia fazer porque eu j tinha feito duas a frio e cheguei conclus o que n o conseguia sozinho n o conseguia n o conseguia Tive que aguentar fazer um esfor o at isto tar aberto e chegar a minha vez e come ar a tomar ent o a a dita metadona Deixei a hero na e foi o melhor que eu fiz foi A terapeuta uma psic loga da ET foi quem me acompanhou logo de princ pio Fui ent o avisado que passava para a enfermeira At data tou com a enfermeira Creio que est muito bem entregue a situa o De vez em quando tenho consultas Eu venho buscar os frascos e marco se ela estiver presente eu marco Ou ent o deixo um aviso se ela n o estiver deixo um aviso preciso de uma consulta Na data em que ela
366. obre o passado que lhe mais penoso e que s a esposa conhece Quando eu comecei a beber puxava me ficava a pensar h p eu agora apetecia me agora beber um copo de vinho Era uma coisa que eu adorava eu bebia o baga o como tava a beber gua Eu comecei a beber tinha uns catorze quinze anos J apanhava as minhas cabe as j o f gado j tava a inchar eu chegava a ir em coma p hospital muitas vezes Que eu chegava ao ponto a beber um caf metade do caf ia para todo parar ao ch o Eu tremo eu tremo mas j n o tanto Eu tremia por causa do lcool Artur 1 A vida de de t xico a gente n o tem paz aquela lufa lufa todos os dias seja de que maneira for roubar enganar a arrumar carros seja quando que for ao frio sempre aquela coisa aquela lufa lufa para arranjar dinheiro hero na e coca na e a degrada o e tudo Completamente degradado A n vel f sico a n vel psicol gico tava completamente de rastos N o via perspetivas nenhumas de de nada Sentia me completamente perdido Tava a caminhar para a destrui o mesmo Eu sou seropositivo e a 150 n vel de doen a tava n o conseguia andar tava super magro tinha montes de feridas Pedro 5 Cheguei a uma degrada o na vida que voc n o faz a m nima ideia O problema que eu tinha diariamente para arranjar as doses e todas essas porcarias e todos esses problemas que adv m da
367. ode assistir Ela disse Pode sim senhor Tenho um problema com o lcool o lcool tem um efeito em mim um bocado estranho e n o sei qu E est c em acompanhamento Ela t a tomar um comprimido aqui que meio comprimido por dia que ela n o pode beber ela n o bebe lcool Foi daqui que lhe deram o trabalho Foi a assistente social daqui Eu deixei de beber lcool para a acompanhar numa de acompanhamento digamos de solidariedade Deixei de beber Bebo sumos e coca cola com ela l em casa Ajudou somos os dois seropositivos n s tamos juntos e felizes se calhar gra as ajuda dele e n o s a psic loga dela que tam m minha psic loga tam m nos ajudou aos dois s vezes marca me uma consulta outras vezes d me conselhos mesmo como enfermeiro que seja sem psic logo ser tentame dar um conselho dentro da sabedoria dele daquilo que ele sabe da experi ncia dele tenta me dar um conselho Outras vezes quando um problema assim mais grave e n o sei qu diz Olha esse problema n o sei qu vou apontar aqui na minha agenda vamos marcar uma consulta para o psic logo que tu t s a precisar de de falar com tas a precisar de falar com um psic logo e acho que o melhor falares com um psic logo que ele a melhor pessoa para falar contigo sobre esse ou esses problemas isso s o assuntos para falar com um psic logos n o sei qu O papel do enfermeiro tem sido o encaminh
368. odo a nossa experi ncia anal tica pessoal cria um horizonte de oportunidade emp tica para com as necessidades das pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas participantes no estudo tamb m elas ocupadas disso d o conta as suas diversas narrativas com os respetivos processos relacionais e maturacionais que se inscrevem em dial ticas de depend ncia e autonomia Da experi ncia profissional Tendo come ado por trabalhar como enfermeiro num Centro de Sa de Mental benefici mos nos dois primeiros anos do nosso exerc cio profissional do contacto com um modo de pensar os cuidados que perante as necessidades cr nicas e complexas das pessoas com doen a mental convocava e articulava como recurso assistencial as diferen as existentes entre os seus v rios t cnicos de sa de Apesar de n o sob a gide da gest o de caso aprendemos sobre e pass mos a valorizar as mais valias que encerra o reconhecimento das diferen as pessoais profissionais e disciplinares aquando priorizadas e conciliadas em favor das melhores respostas poss veis s necessidades dos clientes Enquanto professor em cursos de enfermagem de primeiro e segundo ciclos encontr mos na ideia da realiza o do estudo um interesse particular a prop sito da utiliza o da evid ncia do que viessem a ser os seus resultados enquanto suporte dos processos formativos de licenciados em 58 enfermagem e enfermeiros que venham a exercer ou exer
369. om ela ela aceitou tar junta comigo e viemos os dois c e eu meti me c a mim falei com o enfermeiro se podiam dar uma ajudinha a ela tam m que era minha mulher e consegui a meter c at hoje que ainda c t O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Controlar os impulsos Eu era muito diferente h coisa de um ano ou dois anos atr s dois anos pelo menos atr s era diferente Eu assim eu se ver que tenho raz o numa coisa n o Se me chateio com uma coisa que eu veja que eu tenho raz o que a outra pessoa t me a chatear a dizer outra coisa eu desoriento me logo eu passo me logo da cabe a e logo para a pancada e nos ltimos anos que tenho tado mais tranquilo mais calmo tenho tado mesmo melhor tam m penso no meu filho na minha mulher tam m n o tem um bra o e eu penso nisso tudo e penso bom vou voltar para casa viro as costas A minha mulher n o tem um bra o e tenho um filho de um ano e come o a pensar nisso tudo e viro muito as costas Valorizar a propriedade Consegui ter casa coisa que nunca tive J tive muita mulher mas sempre vivi na casa delas agora na minha nunca tinha tido Eu j h um ano e tal que tenho casa Redefinir se no contexto social Arranjei trabalho at h um ano atr s Acabou se o trabalho e agora tou a receber o rendimento m nimo Agora levo a metadona para casa tenho a minha casa te
370. onsulta mandaram me ao hospital para fazerem an lises o enfermeiro falou olha se quiseres a gente vai tentar Fa o aqui uns papeis e vais marcar uma consulta para se come ar ent o a tratar ou com inje es ou com o que que eles t m ou com comprimidos Se for com inje es tens que ir de quinze em quinze dias ao hospital levar as inje es Vou vou amanh ou com certeza ou vou na segunda feira Desde que comecei a falar com o enfermeiro portanto eu pedi lhe ajuda sempre que me aparece qualquer coisa se puderem fazer n o Ajudam me tudo N o tenho nada a dizer contra o enfermeiro nada s tenho a dizer bem Tanto dele como do CAT Agora em quest o aqui ao enfermeiro sinto me bem a falar com ele consigo desabafar tudo e mais alguma coisa por exemplo como se fosse eu tar a falar comigo num espelho Eu olhar para o espelho e ver me cara a cara pronto um bocado n o quer dizer que teja a falar n o Mas se for um pensamento ajuda me a pensar as coisas Posso por em cima do lavat rio e Filha da m e porque que tu fazes isto Podias ser isto podias ter aquilo podias ter um carro podias ter filhos podias Essas verdades que a gente fala Conseguir desabafar comigo mesmo T ali o espelho tou a olhar para o espelho e se h alguma coisa para sair falo e n o tenho problemas nenhuns n o tenho vergonha em falar Em tar a falar como um espelho com o enfermeiro
371. onsumia mais de metade j j faleceu Responsabilizar se pelas escolhas do presente Derivado idade que tenho tenho que ser eu pr prio eu que tenho que dizer j chega j chega para come armos a construir a vida porque a gente est no zero c em baixo tamos a recome ar de novo O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Transformar se a partir da aus ncia da subst ncia Tou me a querer mesmo livrar porque eu comecei muito novo por isso que o meu corpo custou mais a desmaginar do do do corpo A fase f sica sai em pouco tempo agora a psicol gica n o n o nem num ano nem dois que a gente diz assim olha tou livre n o podemos ter reca das Eu tou na fase psicol gica ainda tou na f sica at largar a metadona tou na f sica n o que isto um substituto ainda da hero na O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se olhada como uma lutadora Eu penso assim desta maneira e eu prontos optei por largar esse mundo da droga e e ver mais realmente a minha fam lia e dedicar me mais minha fam lia que come am a ver com outra maneira veem nos como se a gente tivesse mesmo vontade de sair desta vida E t o a ver que a gente t a lutar para isso Redefinir se no contexto social Felizmente n o tenho doen a nenhuma infetocontag
372. ontal articula es dos diferentes vetores no processo de cuidados a op o por modelos de gest o personalizada dos casos 105 Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia 2005 Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodepend ncias 2005 2012 Lisboa Autor 106 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2006 Relat rio Anual 2006 A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias 34 30 A enfermagem e a gest o de caso como resposta personalizada s necessidades da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas Surgindo pela primeira vez nos Estados Unidos da Am rica na literatura sobre servi o social a gest o de caso tornou se especialmente a partir nos anos oitenta do s culo passado uma pr tica que passou a fazer parte cada vez mais e at aos nossos dias da organiza o dos servi os de sa de e da terminologia dos seus profissionais Num estudo que pretendeu definir o conceito de gest o de caso apresentado na literatura de enfermagem Norte Americana nas d cadas de oitenta e noventa verifica se que apesar da manuten o do objetivo essencial da melhoria da qualidade dos cuidados de sa de a gest o de caso como modelo de cuidados de sa de evoluiu adaptando se n o s s modifica es das necessidades de sa de das popula es mas tamb m ao desenvolvimento dos sistemas de sa de Compl
373. ool nada S falo em lcool porque tou a falar consigo ou a falar com o enfermeiro e ele t a fazer tudo por tudo a ver se eu pronto consigo avan ar para a frente a ver se n o se n o caio outra vez no po o Eu posso ter mais uma reca da e beber Mas a minha inten o ver se consigo olhar p a frente e e n o beber mais nem nem pensar mais nisso Porque tanto embora a gente n o beba mas o ratinho t sempre c na cabecinha N o sei o dia de amanh agora a cabe a t no bom caminho mas eu n o sei o dia de amanh o que eu costumo dizer vinte e quatro sobre vinte e quatro Um gajo tem uma ideia mas essa ideia prontos pode chegar amanh e d se um problema Embora teja sempre a pensar no bom caminho mas Se estiver ocupado com alguma coisa j se torna mais dif cil consumir j nem eu penso tanto nesses problemas Tou s a pensar naquilo que tenho que tou ali para ser pago saio do trabalho posso ir para casa jantar tomar banho e at posso vir a pensar assim p se calhar melhor ir beber um cafezinho e uma macieira mas j diferente j tou em casa j n o saio J diferente Se estiver ocupado j n o h j n o corro aquele risco s vezes cai um bocado mas n o por a gente querer quer dizer cair para tr s n o quer dizer que seja ter uma reca da ou uma coisa qualquer n o nada disso um exemplo pode ser que consiga arranjar trabalho
374. or um enfermeiro gestor de caso deriva justamente da nova realidade de cuidados de enfermagem na Equipa de Tratamento A escolha da popula o alvo e sele o dos participantes foi articulada com os enfermeiros da ET 312 Yardley L 2000 Dilemmas in qualitative health research Psychology amp Health 15 215 228 190 sendo as entrevistas a realizadas Por outro lado no que se refere a estas ltimas de salientar a natureza da intera o que decorreu durante a colheita de dados propiciadora de uma aten o profunda e sens vel ao mundo interno dos participantes que se continuou tamb m no processo de an lise dos dados Quanto ao compromisso e rigor consideramos que o primeiro expresso tanto no cuidado tico e deontol gico que enquanto investigador e enfermeiro tivemos com os participantes na realiza o das entrevistas quanto j na an lise dos dados no cuidado com a defesa da natureza da sua experi ncia narrada Estamos ademais comprometidos com a necessidade de dar voz s pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas popula o frequentemente silenciosa na sociedade em geral e nos servi os de sa de em particular Do rigor cabe nos acentuar ainda a participa o do grupo colaborativo de investiga o no processo intersubjetivo de an lise dos dados e da sua escrita final Uma vez que a transpar ncia se reporta clareza das decis es tomadas ao longo de todo o estudo foi nossa preocupa
375. or isto sen o vamos ter mais Porque j viu quando uma pessoa leva para casa e depois tem reca das as reca das acusam nos testes n o Comecei a tomar c uns tempos que eu sentia me mais seguro de vir c tomar E assim foi Durante um m s e pico estive a vir c tomar a fazer tomas presenciais Senti me mais seguro isto ao fim e ao cabo n s n o andamos aqui a enganar ningu m enganamos a n s pr prios E eu senti me mais seguro assim em vir c Agora a coisa voltou outra vez ao normal e tou a levar metadona para casa Sentir se chamada a participar Ela a enfermeira geralmente pronto ela aconselha me n o Mas pergunta sempre a minha opini o E quando eu n o concordo n o concordo n o Mas geralmente estamos sempre em sintonia Quando por sua vez faz uma proposta ela tamb m est recetiva a isso sempre Tanto mais que vai haver a um programa de desenho e pintura e coiso e e estou a pensar seriamente em aderir a isso O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se honesta consigo A minha pr pria maneira de estar t um bocado diferente Sabe que isto tem consequ ncias n o Tanto em casa como ao n vel pessoal em todos os aspetos que mesmo assim e desde que estou aqui a coisa tem ido diferente A maneira de estar outra e j n o me engano Eu j n o consigo esconder as coisas eu digo o que tenho a dizer a
376. oram progressivamente tornando mais importantes Na sequ ncia esteve detido durante quase tr s anos nos quais continuou a consumir H bastante droga dentro das cadeias eu consumia l dentro Ainda na cadeia acedeu a iniciar tratamento com metadona Ao sair foi encaminhado para a Equipa de Tratamento Desde que foi posto na rua que o Rui n o fala com o pai Solteiro tem na atualidade vinte e nove anos e vive junto com a companheira que tamb m seguida na Equipa de Tratamento por depend ncia alco lica e com uma filha de ambos Tanto o Rui como a companheira s o seropositivos para VIH a crian a n o O Rui tem tamb m hepatite C e apresenta v rias c ries dent rias em estado bastante avan ado Desempregado aguarda que lhe seja atribu do o Rendimento Social de Inser o Est em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e acompanhado pelo enfermeiro h um ano A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Rui O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Ap s o encaminhamento para outros t cnicos da Equipa de Tratamento E passado um dia ou dois venho aqui e encontro o e ele pergunta me At o como que correu a consulta como que foi Ele sente se preocupado em perguntar Como que foi Como que correu a consulta Correu tudo bem Como que foi a conversa com a doutora ou com o doutor E foi tudo bem E n o sei qu Que
377. ordo Que eu cheguei a pensar como eu j tou assim j j n o vou a lado nenhum mas ainda vou Ainda fui a tempo O lcool n o me leva a lado nenhum o que eu penso e n o posso pensar de outra maneira porque isto assim se eu for tar a pensar de outra maneira n o n o vou a lado nenhum eu agora quero quero fazer uma outra vida uma vida diferente ter um trabalho ter uma casinha pr pria ter uma vida uma vida com as outras pessoas t m Eu sou um rapaz novo ainda eu tenho muita vida pela frente ainda e o que eu quero isso que eu tenho muita vida pela frente ainda para dar cabo Eu quero fazer vidas novas agora quero me alevantar agora quero trabalho trabalho trabalho trabalho para a minha vida toda que o que eu quero que isto continue se se continuar assim as coisas est o a correr bem gra as a Deus Tenho a pouco a pouco que ir comprando as coisas l para casa a casa t vazia tenho pessoas amigas que me v o arranjar algumas coisas mas n o n o o suficiente Uma pessoa ter que ter as coisinhas pelo menos o essencial n o O fog o frigor fico cama prontos o suciente o sufeciente Se eu tivesse junto como eu fiz agora a h tempos d uma siguran a t juntinho t l no banco n o se mexe Porque eu um dia pode haver alguma falha j tenho onde ir busc lo 223 P agora eu tam m quero chegar eu quero ir buscar o que eu perdi n o
378. os de um grande n mero de investigadores concluiu que a maior parte dos pacientes toxicodependentes sofreram traumas em idade precoce quer resultantes de perdas de figuras importantes para o seu equil brio emocional quer devido a falhas ocorridas no plano das necessidades vitais para o desenvolvimento psicol gico In Guimar es 182 n286 a referir se a uma fissura biogr fica uma hist ria de vida estranha ao indiv duo que invade e fragmenta a sua coer ncia interna frequentemente identific vel nas pessoas com problemas de adi o a subst ncias para as quais o seu percurso existencial por si explicado como algo que lhes exterior manifestando desta forma uma intensa desist ncia na constru o de si um distanciamento n o criativo em rela o sua hist ria a pessoa disp e se num confronto realista e n o punitivo com o enfermeiro que funciona como um contentor externo a em conjunto transformar as suas muitas vezes dif ceis viv ncias em experi ncias formativas Aprendendo se deste modo partir da sua hist ria num processo reflexivo em que o eu passado passa a ser visto na sua complexidade e at 289 contradi o a pessoa cria condi es para operar uma modifica o na sua autoimagem e num desviar gradual de trajet ria para recriar os seus horizontes de compreens o de si no sentido de no limite se vir a apropriar no decurso do processo de cuidados da sua responsabilidade por si e m
379. os outros e com as coisas que lhe confere a condi o de fen meno de unidade e constitui o fundamental da presen a caracteristicamente temporal e lan ada no mundo situada no nexo da vida entre o nascimento e a morte A lan ado no mundo e com uma rela o nele e com ele fundada a partir dos conceitos de mortalidade ang stia culpa e consci ncia principais motores da inquietude do pensamento do autor o Dasein sempre em decad ncia uma vez que para a morte compreende se tamb m nas suas possibilidades de poder ser Projetando se nelas e desde a procurando desviar se desse seu decaimento antecede se pr ocupa se e ocupa se com o seu poder ser que tamb m um poder ser com os outros A sua presen a torna se assim ocupa o cura e cuidado consigo e com os outros propens o consciente e intencional para viver e se deixar viver por um mundo que no e pelo qual se compreende A proposta compreensiva heideggeriana situa se pois na ordem da desoculta o da vida humanamente vivida e significada e na procura que o ser no mundo faz do seu sentido de si no encontro com os fen menos mundanos Considerando que a fenomenologia n o livre de preconceitos por via tanto da parcialidade da consci ncia que n o separada do mundo e da sua hist ria nele quanto da impossibilidade de se despojar dos seus 175 Indicados aqui como os conceitos centrais do seu pensamento e n o como o t tulo da sua obra fundame
380. os que acabam por n o ter nada ou seja o que a gente ganha com isso n o ganha s perde Que eu tou farto de perder A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Pedro O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Entrei em setembro N o havia era tanto contacto Como que se sente como que est t a tomar X de metadona como que se sente Resumia se um bocado a a conversa s no estado de sa de Sentir a aus ncia inicial de liga o Completamente degradado A n vel f sico a n vel psicol gico Sentir se tomada a tava completamente de rastos N o via perspetivas nenhumas de de cargo nada Sentia me completamente perdido Aqui a enfermeira apanhou me mesmo em baixo Varia es Falar por falar desabafar a dor continua l Aqui diferente Falo do tema desabafo e analisamos as coisas em conjunto H as opini es trocamos muitas informa es e conversamos muito falar querer saber o que vai l dentro Falou se em tudo O pai e a m e como que como que Sentir se procurada n o Como que tamos Falaste com os teus pais ou n o falas te ele falou contigo o que que voc tem de ir tratar de m dicos disto daquilo problemas normais do quotidiano da vida das pessoas e consumos n o se falou Como que v o os consumos e a cabe a tem pensado n o tem n o 93 Sentir se
381. os t cnicos de sa de e institui es na rela o como um cuidado em si mas tamb m como um ve culo dos cuidados que a pessoa experiencia n o s os temas que decorrem do que vive relacionalmente com o enfermeiro mas tamb m do que perceciona que aquele lhe proporciona indiretamente viver O fen meno estudado d conta por isso tanto da experi ncia que se relaciona com a interven o do enfermeiro em mat ria de presta o direta de cuidados como da que se relaciona com a perce o da sua interven o indireta no mbito da sua participa o na defesa dos interesses e da resolu o das necessidades da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas planeando facilitando implementando coordenando e avaliando os servi os prestados por outros t cnicos da Equipa de Tratamento bem como por outros organismos de sa de e sociais Na atualidade a investiga o qualitativa cada vez mais avaliada de acordo com princ pios diferentes dos utilizados para avaliar estudos quantitativos Yardley prop s quatro princ pios essenciais destinados a avaliar a qualidade destes estudos sensitividade ao contexto compromisso e rigor transpar ncia e coer ncia relev ncia e impacte Neste estudo em particular a sensitividade ao contexto expressa se em primeiro lugar na aten o dada ao contexto institucional em que a experi ncia vivida enfocada decorreu A justifica o do estudo da experi ncia vivida de ser cuidado p
382. ot GAMES haat 5 FAX N 37 2008 DRLVT Del hu da oubtauui na anes Be moxi w dezen dea a S PARA Sert en is do IDT DE Adelino Antunes E uaes A C Ekmo Senhor Presidente do Conselho Directivo Dr EAE BL amp pu nas Sa Jo o Augusto Castel Brarico Gau o U Y peca revema eul cre NIN MERO DE FAX 21 723 56 77 gt 28 E N MERO DE FAX N PAGINAS 4 3 ASSUNTO Doutoramento em Enfermagem Pedido de autoriza o para colheita de dados Dado que a entrevista a utentes e 0 acesso a dados sobre cs mesmos carece de autoriza o da entidade m xima do Servi o vimos Por este meio submeter o presente pedido que nos chegou da Escala Superior de Sa de Instituto Polit cnico de Set bal aprecia o de V Exa Com os melhores cumprimentos O Delegado Regional Adelimo Antunes Av Columbano Bordalo Pinheiro n 87 25 4 21070 065 Lisboa Tell 00351 21 72555 00 E Mail did mia caude pro She wawidipi 217 AP NDICES Termo de consentimento livre e esclarecido E Programa de Doutoramento em Enfermagem a Curso de 2006 2007 ESELS J DE LISBOA siare Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante na Investiga o Joaquim Manuel de Oliveira Lopes enfermeiro e doutorando em Enfermagem a desenvolver 0 projecto A Experi ncia Vivida de Pessoas com Toxicodepend ncia Cuidadas por Enfermeiros Gestores de Cuidados orientado pela Professora Doutora Ant nia Rebelo Botelh
383. ou com inje es ou com o que que eles t m ou com comprimidos Se for com inje es tens que ir de quinze em quinze dias ao hospital levar as inje es Vou vou amanh ou com certeza ou vou na segunda feira Sentir se confi vel Sinto me que tou tem confian a em mim Sentir se chamada a participar Ele nunca diz olha tens que fazer isto tens que fazer aquilo Naaa o E sempre podes fazer isto se quiseres tu fazes isso se quiseres Ele pergunta sempre Da maneira que ele fala comigo h isto e isto e isto para fazer v l se fica bem para ti se queres assim ou se preferes diferente olha v l se queres ir para aqui se quiseres vais se n o quiseres n o vais Tudo bem O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo Ao princ pio eu tomava sempre medicamentos e bebia na mesma s vezes n o tomava a medica o e os comprimidos e bebia Outras vezes bebia e em vez de tomar dois comprimidos tomava tr s ou quatro E ele sempre soube isso Chegava c quando falava com ele e dizia pronto 83 desabafava com ele Elaborar as perdas Eu desde que fui toxicodependente fui a minha fam lia j eu sou o neto mais velho j sou posto parte Eles quando tinha os meus dezasseis ou dezassete anos como era antes era tratado de uma maneira difer
384. ournal of Advanced Nursing 22 979 984 Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott Portaria n 648 2007 30 de maio Estatutos do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Di rio da Rep blica S rie Powell S Wekell P 1996 Nursing Case Management A Practical Guide to Success in Managed Care Philadelphia Lippincott Rapp R Otto A Lane D Redko C McGatha S Carlson R 2008 Improving linkage with substance abuse treatment using brief case management and motivational interviewing Drug and Alcohol Dependence Ireland Elsevier Science Ltd 172 182 Remmers H 2006 The importance of biographical approaches in nursing science Z Gerontol Geriat 39 183 191 210 Regulamento n 126 2011 Regulamento das Compet ncias Espec ficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Sa de Familiar Di rio da Rep blica 2 s rie N 35 18 de fevereiro de 2011 Regulamento n 129 2011 Regulamento das Compet ncias Espec ficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Sa de Mental Di rio da Rep blica 2 s rie N 35 18 de fevereiro de 2011 Ribeiro L 1995 Cuidar e tratar Forma o em enfermagem e desenvolvimento s cio moral Lisboa Educa e Sindicato dos Enfermeiros Portugueses Rice R 2004 Pr tica de Enfermagem nos Cuidados Domicili rios 3 edi
385. outro a demanda dos seus mundos de experi ncia no que se refere aos vividos dos fen menos de sa de doen a 209 Lopes J Sequeira A 2009 Gest o de Cuidados de Enfermagem para uma Assist ncia Efetiva e Integrada Pessoa com Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 1 67 76 59 Desenho do estudo Uma vez que em liga o pergunta de partida o principal objetivo desta investiga o foi compreender a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias cliente da Equipa de Tratamento do estudo optou se por um estudo qualitativo de desenho fenomenol gico e interpretativo inspirado na fenomenologia existencial de Heidegger e na metodologia hermen utica de Gadamer ambas j apresentadas anteriormente Quanto ao m todo ele foi encontrado na articula o das propostas met dico processuais sobretudo de Van Mannen Cohen Kahn e Steeves e de Smith Flowers e Larkin gt A raz o do recurso a uma abordagem fenomenol gica interpretativa prendeu se pois com a necessidade de ganhar compreens o sobre as experi ncias vividas dos participantes desde os seus pontos de vista permitindo ao investigador atingir o objetivo do estudo e responder situadamente pergunta de investiga o Para Van Manen uma vez reduzida sua estrutura met dica mais elementar a investiga o fenomenol gico hermen
386. pelas pessoas no dom nio da sa de tem como orientadora a Professora Doutora Maria Ant nia Rebelo Botelho docente da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa e como co orientadora a Professora Doutora Luc lia Rosa Mateus Nunes docente da Escola Superior de Sa de do Instituto Polit cnico de Set bal Finalmente compromisso tico e deontol gico deste investigador que para a realiza o das entrevistas sejam acautelados de acordo com as melhores pr ticas de investiga o com pessoas os princ pios da Benefic ncia e N o Malefic ncia do consentimento informado e do sigilo e confidencialidade no que se refere divulga o da identidade dos utentes que aceitarem participar nesta etapa do estudo Junta documento em anexo C pia do certificado de inscri o no 2 ano do Programa de Doutoramento em Enfermagem Colocando me ao dispor para os esclarecimentos que possa julgar necess rios aguardo a melhor resposta Atentamente Escola Superior de Sa de do Instituto Polit cnico de Set bal em 26 de Fevereiro de 2008 E A E e lt doaquim Manuel de Oliveira Lopes Campus do IPS Estefanilha Edif cio da ESCE gt Telef 265 709 300 395 Fax 265 709 392 gt 2914 503 SET BAL 215 Concess o de autoriza o para realiza o do estudo e colheita de dados 08 SEG 16 07 FAX 351217235677 SEC DRLVT IDT W003 US UlA 12 28 FAX 351217235677 SEC DRLVT IDT gt SEC SERV CENTRAI 001 j l lwr g
387. pessoas intimamente conectadas com o fen meno em estudo a sua escolha foi intencional decorrendo das propostas de poss veis participantes discutidas pela equipa de enfermagem a partir do conhecimento profundo que tinha sobre os clientes da Equipa de Tratamento uma vez apresentado pelo investigador os crit rios de elegibilidade para a participa o como coinvestigadores no estudo pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas cuidadas por um enfermeiro gestor de caso h pelo menos um ano que soubessem ler e escrever e que acordassem voluntariamente participar no estudo Apesar de ser referida na bibliografia como uma limita o por se poder referir apenas aos pr ju zos da equipa de enfermagem sobre as melhores pessoas para serem convidadas a participar num estudo que de algum modo lhes dizia tamb m respeito o facto de apenas a equipa de enfermagem ter condi es para fazer esse ju zo sobre a inclus o dos eventuais coinvestigadores determinou ainda assim a op o pela sua participa o na escolha daqueles Sobre a dimens o do grupo inicialmente pensado para o estudo de referir que diferentemente da investiga o quantitativa em que os resultados dos estudos conseguidos com amostras t m a expectativa da sua 218 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications In
388. pre Falam todos em conjunto para ver se me podem ajudar nalguma coisa n o Sei que ela a enfermeira fala com a assistente social e com o m dico do Hospital tam m Sempre que h alguma coisa t o em conjunto V tor 10 Mediada pela a o do enfermeiro a pessoa sente que a Equipa de Tratamento no seu conjunto se ocupa de si na procura de respostas para as suas m ltiplas necessidades Os meus projetos que eu recupere recupere o mais depressa poss vel do problema de sa de que eu tenho para que eu possa levar uma vida normal como qualquer outra mulher emociona se Vejo o CAT a fazer parte disso com a enfermeira vejo Sem a enfermeira n o vejo Lucinda 9 para a Lucinda que valoriza igualmente a participa o da Equipa de Tratamento como um todo no seu projeto para levar uma vida normal como qualquer outra mulher a ajuda da enfermeira ainda assim vivida como imprescind vel H tamb m contacto da enfermeira com o meu m dico de fam lia A prop sito de tudo mesmo para as credenciais mesmo para eu n o pagar os exames e n o sei qu O meu m dico liga para aqui e vice versa A enfermeira combina com o m dico Os pap is v o ao centro de sa de tudo carimbado e assinado pelo m dico Ela tem conhecimento disso tudo Daniel 6 Depois tamb m tenho outros problemas de sa de que sou seropositivo tenho hepatite B e C e tamb m me encaminha
389. que em si mesmo uma unidade de sentido a experi ncia vivida define se pela acentuada imediaticidade do envolvimento integral do indiv duo com o mundo em situa o emergindo e sendo vivida em si pr pria no tempo em que decorre 2 Precedendo quaisquer movimentos de significa o a consci ncia de si inteiro situado numa situa o do mundo em particular vivida como uma realidade pr reflexiva que tem exist ncia em si pr pria The reality of lived experience is there for me Mas uma vez que todo o vividamente experienciado autorreferenci vel biogr fico nesse sentido ela n o s se significa nesse instante em liga o unidade de sentido total de quem a experiencia como tamb m passa a constituir se como lembran a 2 Dilthey W 1989 Introduction to the Human Sciences An Attempt to Lay a Foundation for the Study of Society and History Betanzos R Trans Detroit Wayne State University Press Original de 1883 2 Idem 2 Makkreel R Rodi F Eds 1985 Wilhelm Dilthey Selected Works Volume V Poetry and Experience New Jersey Princeton University Press 2 Ibidem 223 14 Determinada atrav s da reflexividade e da interioridade a experi ncia vivida organiza uma rela o insubstitu vel e imprescind vel com o todo dessa vida e ganha atrav s disso uma nova maneira de ser una no seu restante decurso vital no qual se funde e continua a acompanhar ininterruptamente Algo se t
390. que a fenomenologia oferece uma utilidade inestim vel para a enfermagem uma vez que a an lise 6 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 62 Newman M Sime A Corcoran Perry S 1991 The Focus of the Discipline of Nursing Advances in Nursing Science Aspen Publishers 14 1 1 6 In Polifroni E Welch M Eds 1999 Perspetives on Philosophy of Science in Nursing An Historical and Contemporary Anthology Philadelphia Lippincott 20 24 Carter S Little M 2007 Justifying knowledge justifying method taking action epistemologies methodologies and methods in qualitative research Qualitative Health Research 17 10 23 Carter S Little M 2007 Justifying knowledge justifying method taking action epistemologies methodologies and methods in qualitative research Qualitative Health Research 17 10 1316 1328 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 30 32 20 fenomenol gica emp rico descritiva das experi ncias humanas na sa de e na doen a pode fornecer uma descri o rica dos sentidos humanos das experi ncias vividas por uma pessoa Para a autora facilitada desde a a compreens o do comportamento humano na sa de e na doen a torna se poss vel aos enfermeiros passarem a criar as condi es para a otimiza o do conhecimento e do agir no processo humano do cuidar
391. que ela n o iria gostar que eu dissesse isso mas como o chav o faz a tua boa a o hoje do dia pronto Ajuda uma velhinha a atravessar a estrada Lucinda 9 Valorizada como o sustent culo das mudan as posteriores que poder o ocorrer como um apoio a experi ncia de se ligar percecionada ambivalentemente tamb m luz dos ganhos pessoais e profissionais que a pessoa sup e que o enfermeiro colhe com o investimento relacional que faz em si como referem em particular o Pedro e a Lucinda Quando eu j h muito tempo que n o marco consultas nem nada e eles t o naquela Ser que ele t bem ser que n o t E o que eu penso E devem querer ver com o que eu tou claro Fico contente com isso Diniz 4 Eu acho que a minha terapeuta se visse se calhar se eu fosse um utente que n o tivesse fam lia e que tivesse na rua e se calhar visse a necessidade de andar minha procura porque eu precisava de ajuda se calhar era pessoa para o fazer Tem v rios utentes tem que olhar por eles mas cada vez que venho aqui tomar a metadona se ela que t ali a dar a metadona aos utentes fala sempre comigo mais um bocadinho Samuel 8 Ainda assim como narram o Diniz e o Samuel uma vez ligada ao enfermeiro e Equipa de Tratamento a pessoa chega a fantasiar sobre como viveriam os t cnicos a sua aus ncia Sente que passou a ser significativa e que passou a ter uma exist ncia privilegiada para
392. que sabe que eu tou desempregado sabe que eu n o ando bem depende s vezes as consultas demoram um bocadinho mais tempo Tam m depende do meu 267 estado Se eu estiver bem demora mais algum tempo Se n o tiver t o bem as consultas s o eu j notei isso encurta mais J notei isso tam m Ficamos sempre muito tempo eu s vezes at me preocupa se n o tou a empatar o tempo da pessoa n o s vezes j tenho pensado nisso Eh p se calhar tou a ser muita chato At o a pessoa se calhar tem mais utentes para atender e eu tou aqui Isso tam m j j me lembrou de lhe perguntar mas ainda n o lhe perguntei nunca Mas isso tam m me preocupa Porque se for se tiver l uma pessoa espera se fosse eu n o gostava n o sei se h aquele limite das consultas meia hora com este meia hora porque parece que quando eles marcam s tr s com este s tr s e meia com este e se calhar um dia vou ter que esperar n o Porque n o posso ser tam m s para mim n o Se eu hoje tive uma hora se algu m tivesse marcado tinha que esperar Mas eu n o tenho n o tenho tido essa espera Acho que uma pessoa a falar sente se bem Da outra vez tava a falar com uma colega minha aqui e ela tava a dizer Vou consulta at o foi consulta e n o demorou nada cinco minutos ou o que que foi At o mas j foste consulta e j vieste J At o mas n o demora nada que
393. que vai ser como que n o vai ser e coiso Pronto Tenta me animar Venho normalmente de duas em duas semanas conforme Agora ele marcou me j para a semana que vem Eu sinto que suficiente porque eu tam m a ver se Saio tam m um bocadinho para n o saturar tanto Sei que chego c come o a falar com ele ele pergunta me At o como que foi esta semana Ent o o que que se passou E eu digo Ah passou se isto e isto e isto E t sempre tudo bem E ent o onde que j foste Fui ao fundo de desemprego fui aqui e acol J ontem era para falar com ele que j fui ao posto da pol cia h dias que esqueceu me de lhe dizer mas j vim dizer que eu h dias chamaram me para ir ao posto da pol cia para prestar a minha declara o E com ele falo essas coisas e diz assim Olha diz sempre para ter calma para levar a vida do dia a dia para n o me precipitar para n o ir na conversa de amigos que eu j sei quem s o Custa muito quando s tar em casa fechado sem no estabelecimento prisional pior n o Em casa melhor s que tam m satura um bocado ele at o tenta me dar apoio O meu colega n o teve apoio come ou a sair de casa t a ver Voltou para l Por isso tem me dado tam m muita for a Falo com ele e ele fala comigo pa ter calma d me apoio para por acaso tenho gostado Eu era muito diferente h coisa de um ano ou dois anos atr s dois anos p
394. quer dar a cara e n o vem c Eu digo lhe p tu vai l podes ir ao CAT falas com as pessoas n o custa 335 or 4 A psic loga e a enfermeira com quem est em acompanhamento agora 245 nada Eu vim sozinho Para mim foi muito bom muito bom muito bom E quanto mais idade mais eu tenho consci ncia disso n o Pronto a minha vida est regularizada s precisava era de ter uma vida mais sossegada e acabar com isso e voltar ao meu trabalho autom veis sempre gostei transform los arranj los que eles n o se queixam risos Vamos l a ver se n o me falta as for as at uma certa idade eu n o me estou a ver encostado a num jardim a jogar s cartas S lamento a morte dos meus familiares mas n o se pode fazer nada se eu lhes desse vida pois claro Pronto a minha situa o como voc j viu sou um doente que sinto me bem 246 Narrativa do Samuel 8 Os problemas da minha vida t m sido sempre os consumos O resto vem por causa dos consumos Eu tenho trinta e sete anos eu comecei a consumir a primeira vez que entrei num centro tinha dezasseis anos A minha vida tem sido sempre a consumir drogas Os problemas que eu tive tem sido tudo por causa da droga de andar sempre l metido chegar de rastos Chegar de rastos tipo uma pessoa tar em em desespero que as coisas t o mal Fisicamente fam lia tudo O andar a consumir o n o conseguir consumir porque n o tem veias para se i
395. r a medica o a tempo e horas pronto Antigamente tava na cama e se tinha os comprimidos ao fundo do quarto Eia os comprimidos Agora j n o V levanto me Pedro 5 Agora o imperativo para mim tratar a vista uma catarata e tratar isto do f gado hepatite C Tou para tomar conta de mim mesmo assim Agora preocupo me mais um bocadinho comigo foi uma das coisas que aconteceu que mudaram foi isso Comecei a preocupar me um bocado mais comigo Agora naquela altura um gajo novo n o acontece nada e as coisas n o s o bem assim Daniel 6 Experiencia assumir gradualmente o seu autocuidado 159 t me a correr bem j consegui arranjar uma casinha p ra mim consegui arranjar uma casinha que eu ainda n o tou l vou s vou s partir de dia doze hoje tive l a pintar l um terra o sorriso Tenho a pouco a pouco que ir comprando as coisas l para casa a casa t vazia tenho pessoas amigas que me v o arranjar algumas coisas mas n o n o o suficiente Uma pessoa ter que ter as coisinhas pelo menos o essencial n o O fog o frigor fico cama prontos o suciente o sufeciente Artur 1 Consegui ter casa coisa que nunca tive J tive muita mulher mas sempre vivi na casa delas agora na minha nunca tinha tido Eu j h um ano e tal que tenho casa tenho a minha casa tenho a minha mulher e tenho o meu filho E at hoje tenho tado
396. r ampliadora de sentidos e horizontes que ocorre no mbito da linguagem ve culo fundamental da comunica o da experi ncia 186 Heidegger M 2006 Ser e Tempo Petr polis Editora Vozes Original de 1927 209 187 Ibidem 228 188 Heidegger trata o Mundo nas suas dimens es de Quotidianidade modo mediano e banal de indiferen a quotidiana da presen a O ser quotidiano vive no mundo de utens lios que t m car ter pragm tico e que se relacionam essencialmente com o Dasein que deles se serve e de Mundanidade conceito existencial ontol gico que significa a estrutura de um momento constitutivo de ser no mundo Ibidem 110 et seq 121 189 Ibidem 232 52 Da hermen utica de Gadamer Tudo que humano deve poder ser dito entre n s Gadamer 191 Considerada como uma experi ncia de mundo para Gadamer a linguagem n o somente um dos dotes de que se encontra apetrechado o homem tal como est no mundo mas nela se baseia o facto de que os homens t m mundo 2 Assente num mundo que constitu do linguisticamente e que nela se representa n o existe um mundo margem da linguagem a linguagem introduz o indiv duo numa determinada rela o com o mundo e num determinado comportamento em rela o a ele Centro do ser humano a linguagem situa se neste sentido num mbito que s ela consegue preencher o da conviv ncia humana o do entendimento m tuo o do consenso c
397. r aos assaltos Na sequ ncia esteve detido durante quatro anos por furto roubo assalto m o armada e tentativa de homic dio Iniciou Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos no estabelecimento prisional e quando saiu foi encaminhado para a Equipa de Tratamento Recaiu fez tratamento numa comunidade terap utica mas voltou a recair de novo pouco depois Solteiro tem uma boa rela o com a m e e com a irm mas vive s seguido no hospital por ser portador de hepatite B e C e seropositivo para VIH Desempregado e a consumir voltou a procurar de modo pr prio ajuda na Equipa de Tratamento Por proposta da enfermeira fez um per odo de desintoxica o f sica no Centro das Taipas desde a acompanhado pela enfermeira h um ano e tr s meses e voltou a estar em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos Tem na atualidade trinta e seis anos Continua desempregado e passou a receber o Rendimento de Inser o Social A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Samuel O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa Tenta saber como que tem sido por exemplo agora da ltima consulta at esta como que foi estas semanas que se passou Se tive consumos se n o tive consumos como que era se era espont neo se andava a pensar primeiro antes de ir consumir se acho que preciso de alguma medica o se durmo se n o durmo se ando ansioso se n o ando a
398. r com o doutor o enfermeiro com o doutor que tinhamos tido outra reca da O meu marido j n o tomava metadona S eu que tomava a metadona mas consumia tamb m Eu tinha confian a com o enfermeiro s o comentei normalmente N o problema n o tinha pronto n o tinha nada para esconder para dizer N o sei se ele reagiu mal N o ter gostado porque nos estava a ver t o bem t o bem j h tanto tempo sem consumir e de um momento para o outro ter a reca da que n o ter gostado nesse momento Mas pronto eu j quando o disse pus me com vontade de querer queria deixar outra vez a droga O que se passa que tinha que aumentar a dose porque a metadona que estava a tomar mais o que estava a consumir a dose n o me fazia nada Ou seja tinha que aumentar Ent o ele pronto falou com fez muito fez muito tamb m para meter o meu marido Porque o meu marido j tinha terminado o programa e teve outra vez que recome ar por causa de mim voltou a met lo Por causa de mim meteu outra vez o meu marido no programa Porque o meu marido j tinha terminado o programa Porque se eu estivesse no programa e ele ainda consumindo eu tamb m voltava a consumir Eu n o podia estar na minha casa a ver o meu marido a consumir n o E e eu com a metadona n o E agora pronto agora estamos outra vez h dois ou tr s anos tamb m dois anos mais ou menos sem consumir nada e esperamos que que isso continue
399. r me aqui e contactar com ela Nem tinha consulta nem nada mas precisei de vir c falar com ela encontra se sempre um lado positivo pelo menos para mim Se fosse em nome do outro CAT tenho impress o que era capaz de tentar enganar ou coiso Quando tive a reca da ela deixou e ainda levei metadona para casa nessa altura e depois na semana a seguir como continuei a consumir que ela disse melhor vires c por isto sen o vamos ter mais Porque j viu quando uma pessoa leva para casa e depois tem reca das as reca das acusam nos testes n o Comecei a tomar c uns tempos que eu sentia me mais seguro de vir c tomar E assim foi Durante um m s e pico estive a vir c tomar a fazer tomas presenciais Senti me mais seguro isto ao fim e ao cabo n s n o andamos aqui a enganar ningu m enganamos a n s pr prios E eu senti me mais seguro assim em vir c Agora a coisa voltou outra vez ao normal e tou a levar metadona para casa Tive sorte por acaso desta vez tive sorte na terapeuta a enfermeira que me calhou riso Sinto me vontade com ela uma pessoa que que me inspira confian a porque pronto tem acompanhado sabe os meus problemas que eu conto lhe n o Levo comigo as conversas com a enfermeira levo comigo Levo comigo e depois falo com a minha irm Sim porque tamb m j conhece a enfermeira A minha irm como se fosse o meu bra o direito sil ncio longo J veio c
400. r uma pessoa come ar a reduzir muito e depois sinta falta ou qualquer coisa pode se cair N o nunca recaias depois de ver que tas mal telefona me imediatamente para aqui para o CAT falas com a doutora que t c se vires algum problema se n o puderes c vir ou pedes autoriza o ou vem c a tua mulher p a gente resolve isso e aumenta como tava para estabilizar Eu T bem Disse a ele esta semana para n o reduzir Depois mais para a frente logo a gente v Se tiver bem no meu sistema n o Se eu me sentir bem e tudo N o quer dizer que eu n o venha s consultas Que eu at gosto bastante que isto no CAT uma ajuda que a gente tam m tem para tudo 235 Houve uma vez que que eu fui ao hospital com o meu filho que ele tem uma alergia o menino e ele tava l de servi o Eu entrei e vi o depois disse lhe Precisava de marcar uma consulta consigo pronto de falar consigo sobre l o tribunal e coiso Ele disse Ah at o pronto olha eu amanh ou depois de amanh eu ligo te para marcar a consulta para dia tal Ele liga me sempre Quando n o ele mesmo aqui as doutoras Ele deixa recado e elas ligam Olha tens consulta com o enfermeiro para o dia tal Sim senhora E venho c As vezes quando ele tem qualquer coisa quando ele v que eu j tou sem consulta h muito tempo j por exemplo posso tar um m s sem vir consulta Ele como eu j tou h muito tempo e
401. rabalhar p a ir gastar o dinheiro p lcool N o Come o a pensar o que o que eu a asneira que eu fiz Agora ando p ra minha cabe a mesmo apagar a asneira que eu fiz as coisas passadas pra mandar pra tr s das costas mas n o posso esquecer muitas coisas a borrada que eu fiz do lcool n o N o sou contra os gajos do lcool que eu j fui mesmo igual ao meu pai 220 E eu para n o acontecer a mesma coisa como aconteceu ao meu pai cortou Falo de tudo com a enfermeira e t tudo t tudo apontado aquelas conversas com a doutora a enfermeira tinha comigo era o que eu respondia prontos ajudaram me muito Gosto de c vir s o muito simp ticas ajudaram me Se calhar se n o fosse elas me ajudarem j n o tava aqui a falar consigo A enfermeira mandou me para Lisboa mandou me para Lisboa n o houve um papel que tive que fazer fiz exames e depois fui pa Lisboa coiso do alcoolismo Depois ela arranjou me um s tio para ir comer que eu tam m n o n o comia Primeiro vamos l a ter a cura do lcool vamos casa agora para a gente dar uma ajudinha vamos casa e depois a boca Porra ajudar t m ajudado muito mas eu estou a precisar de outras coisas porque do lcool risos O lcool pra mim n o me faz falta nenhuma o que me faz falta um prato de sopa se eu n o tiver um prato de batatas fritas com bife tenho um prato de sopa por o menos o mai
402. ransforma em experi ncia vivida por isso na medida em que n o somente foi experienciado na imediaticidade com que se abrange algo real mas em que o seu ser experienciado no modo de existir da realidade para cada indiv duo cria uma impress o especial uma import ncia que perdura um conte do duradoiro Considerando a limita o positivista fragment ria das ci ncias da natureza para a apreens o e compreens o da vida tal como ela humanamente vivida a vida humana manifesta se inteiramente na Erlebnis na experi ncia vivida Dilthey anunciou que apenas ao n vel do que posteriormente se veio a designar como as ci ncias humanas 2 Geisteswissenschaften se torna poss vel aceder ao seu conhecimento na sua combina o tanto expressiva quanto compreensiva 30 Gadamer H G 2004 Truth and Method 3 Edition London Continuum Publishing Group 56 et seq 31 Ibidem 53 57 32 A express o escolhida por Dilthey para designar estas ci ncias distintas das ci ncias da natureza tem colocado problemas se n o de interpreta o do sentido pelo menos de tradu o frequentemente referido pelos tradutores o desafio lingu stico que envolve a captura do significado de neologismos em alem o Neste sentido se o h brido Geisteswissenschaften sugere uma conex o das ci ncias wissenschaft ao esp rito geist a partir da qual algumas tradu es se referem s ci ncias do esp rito a introdu o d
403. ransporta a hermen utica da epistemologia para o n vel da ontologia valorizando a compreens o como disposi o basilar do humano como abertura interpreta o do Ser sobre o s seu s modo s de ser 2 A partir desta conce o da compreens o como a forma fundamental da exist ncia humana a descritividade fenomenol gica oferece por isso por via da fenomenologia hermen utica que contraria uma tradi o de investiga o que se prendeu a uma compreens o ntica do ente o que e qual sempre escapou a compreens o ontol gica do Ser o que tem 183 modos h modos de ser uma disponibilidade fundante subjetividade do ser no mundo uma vez que no compreender subsiste a possibilidade essencial da presen a no que diz respeito aos modos caracterizados de ocupa o com o mundo de preocupa o com os outros e nisto tudo possibilidade de ser para si mesma em virtude de si mesma Assumindo a participa o da subjetividade para a compreens o dos fen menos a fenomenologia hermen utica heideggeriana oferece a possibilidade de a partir da compreens o que o ser no mundo desenvolve sobre o sentido de si ampliar complexificar circularmente por via da interpreta o enquanto elabora o das possibilidades projetadas no 182 Heidegger M 2006 Ser e Tempo Petr polis Editora Vozes Original de 1927 202 et seq 183 Mulhall S 2005 Heidegger and Being and Time
404. rap utica mas tamb m pol tica na medida da necessidade da redefini o dos objetivos de sa de p blica e consequentemente das pol ticas de sa de Considerando que a compreens o da adi o assume assim nas atuais condi es hist rico sociais um valor central em liga o ao qual os dispositivos de cuidados de sa de n o podem hoje conceber se de maneira separada sob l gicas aut nomas 1 o Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia I P IDT IP passou a integrar tamb m desde 2007 as 8 World Health Organization Lexicon of alcohol and drug terms published by the World Health Organization Recuperado em 29 de julho 2011 de http Awww who int substance abuse terminology who lexicon en 9 Morel A Favre J Rigaud A 2001 Rapprocher l alcoologie et intervention en toxicomanie Entre poits communs et sp cificit s Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT 45 56 100 Leshner A 1999 Science Is Revolutionizing Our View of Addiction and What to Do About It American Journal of Psychiatry American Psychiatric Association Vol 156 1 3 28 atribui es dos Centros de Alcoologia do Centro Norte e Sul em mat ria de preven o e tratamento do consumo de lcool N o obstante nos ltimos anos os dados das vendas revelarem uma ligeira descida global do consumo verifica se que o lcool permanece em Portugal enquanto uma problem tica major em termos de sa de p blica uma vez que
405. ras n o Vim c todos os dias como os outros e pronto Depois noutra semana j deu negativo j levei para casa Sentir se reassegurada Eu fa o por ter um lugar aqui no CAT riso Enquanto c andar pelo menos sinto me seguro Sentir se confi vel Todas as semanas fa o o teste tem me dado negativo melhor S o os benef cios claro Levar para casa e e tarmos descansadinhos da vida sem ter que c vir todos os dias muito bom Levo a metadona para casa Venho c uma vez por semana e levo para casa Para mim melhor sentir que confiam em mim Sentir se chamada a participar Ela tem me ido dar essas dicas e eu digo sim ou n o se quero e n o quero Se houver uma coisa que n o me interessa digo que n o N o A decis o sempre minha n o N o comecei porque n o tinha esse dinheiro para l ir E agora como tou a receber o rendimento m nimo j posso at vou falar com ela hoje para come ar a arranjar a boca e para ver do trabalho J h alguns tempos que eu tou espera de trabalho Isso do trabalho olhe H xis trabalho assim assim voc t interessado Claro que sim eu preciso de trabalho O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo s vezes h aqueles problemas que a gente tem e reca mos como j me aconteceu uma vez ou duas Recair sempre
406. rav s do enfermeiro Tem me sido mais f cil Porque ele tem me ajudado bastante e ele tenta me ajudar o m ximo o m ximo poss vel O que pode que ele n o faz milagres Dentro do que pode aqui dentro dentro do que pode tem feito bastante aqui no aqui no ET 263 Narrativa do Fernando 12 Eu j tive j tou h algum tempo desque abriu J vim de outro CAT e pronto desque abriu j tou c Mas j tenho tado muito tempo fora ou ter reca das ficar bom pronto Tar um tempo bom e depois voltar a precisar pronto precisar outra vez infelizmente e ter que voltar n o Sim s vezes uma pessoa recai e n o sei qu e pronto tem que voltar c outra vez Foi o que me tem acontecido Porque eu eu fui trabalhar fui trabalhar para fora fui trabalhar para Espanha e ent o eu andava c a tomar a metadona E foi mesmo de obriga tive que deixar mesmo a metadona de obriga Porque fui trabalhar para fora e l n o podia consumir a metadona n o podia tomar ent o pronto comecei a reduzir a reduzir e deixei E enquanto tive l fora a trabalhar tive bem n o sei qu depois voltei outra vez para Portugal acabou se o trabalho e n o sei qu e e pronto e voltei outra vez a tomar Tava bem Quando vim tava bem Vim de minha vontade Eu vim mais porque o trabalho acabou e tal Vim fazer o tratamento achei que era melhor fazer outra vez o tratamento Fui eu Como andava a tomar antes de ter me ido embora
407. rchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 4 53 Margareth Newman apoiada nos trabalhos de Leininger 1984 Watson 1985 1988 Benner 1988 1989 Phillips 1990 Pender 1987 1990 e Parse 1981 foi das primeiras te ricas de enfermagem a situar o foco da disciplina de enfermagem no estudo do cuidar na experi ncia humana de sa de In Newman M Sime A Corcoran Perry S 1991 op cit 18 Aceitando que a a o cuidativa se baseia em significados e que a sua comunh o entre os enfermeiros e os seus clientes proporciona a base fundamental para as rela es de ajuda que se estabelecem entre ambos compreender os temas que atravessam as experi ncias vividas das pessoas em mat ria de sa de proporciona orienta es teis para os enfermeiros no que se refere abertura compreens o das perspetivas individuais orienta o tem tica para a identifica o de problemas e a uma disponibilidade aumentada para a compreens o de assuntos que podem ser colocadas pelos clientes na rela o de forma pouco expl cita Uma vez que a explica o do conhecimento relevante para o cuidar na experi ncia humana de sa de afetada pelo paradigma em que se inscreve e considerando que em paradigmas anteriores os focos podem ser isolados para estudo a possibilidade de o foco da enfermagem ser estudado como um todo indivis vel encontra justifica o unicamente no paradigma unit rio 56 57
408. re a reca da e penso mas o que propriamente a reca da H aquele bichinho A reca da por vezes n o que um indiv duo precise vai ao encontro daquilo porque quer sentir novamente o deixa l ver H a um certo bairro onde v o comprar a dita branca e eu n o aceito E eu p olha l mas qual a tua ideia eu assim para eles n o T s te a matar t s te a matar aos poucos p Tens necessidade disso p O problema t na cabe a Tu 101 andavas t o bem p Se eu n o bebo lcool tamb m j n o vou para a reca da Eu n o sou melhor que os outros aten o que eu estou para aqui a falar e n o sou melhor que os outros Mas S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Josu O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O valorizar as mudan as O projetar se no futuro 102 O Samuel 8 Os problemas da minha vida t m sido sempre os consumos O resto vem por causa dos consumos Come ou a consumir hero na e coca na aos quinze anos tendo sempre sido esta ltima a sua subst ncia preferencial que chegou a injetar Tinha dezasseis anos a primeira vez que entrou num centro de recupera o Com o segundo ciclo incompleto esteve empregado por v rias vezes mas a incapacidade para se manter e o elevado pre o das drogas que consumia fizeram com que se passasse a dedica
409. recair porque n o ando muito bem e n o sei que mais e perigoso n o Tenho que ter cuidado porque posso recair Pronto tenho que dar a volta n o assim Consigo refletir mais do que tar a pensar sozinho n o Ajuda me Fernando 12 quando eu chego aqui tava dois tr s dias sem vir tomar a metadona e depois quando aparecia ah via no estado em que eu tava quando aparece assim mais magro quando aparece assim mais relaxado barba por fazer banho por tomar prontos v se que a pessoa e diz Samuel agora voc t mais magro Samuel voc t anda assim outra vez Samuel eu j o vi assim E v se um aviso que a pessoa t nos a dar Olhe que vai voltar outra vez mesma coisa Samuel 8 ou ainda o Samuel e o Fernando que narram a tomada de consci ncia sobre o aumento do risco de recair este por se sentir mais deprimido e aquele por descontinuar as tomas de metadona Ou seja uma pessoa que qualquer pessoa gosta d valor t c para dar valor por aquilo que eu fa o Pelo pouco que eu fa o compreende o meu esfor o e o sacrif cio Compreende e valoriza aquilo que eu fa o Pouco ou muito valoriza Ou seja d me valor Porque eu n o dava valor a mim pr prio em nada Nada E ela valoriza me bastante Pronto ajuda me imenso D me outro nimo n o Pedro 5 Envolvida num processo de mudan a a pessoa sente que valorizada nos seus
410. res que para os estudos fenomenol gico hermen uticos valorizam a progress o do tratamento dos dados no contexto do que chama de an lise colaborativa realizada em semin rios ou grupos de investigadores In Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 100 101 250 Debesay J N den D Sletteb 2008 How do we close the hermeneutic circle A Gadamerian approach to justification in interpretation in qualitative studies Nursing Inquiry 15 1 57 66 73 O principal objetivo da investiga o fenomenol gica a cria o de um texto fenomenol gico que externalize o que de algum modo se nos tornou interno enquanto investigadores as nossas interpreta es e sequente compreens o da experi ncia vivida em estudo e o torne intelig vel e comunic vel Mas a escrita permitiu tamb m enquanto parte integrante do processo investigativo que ao escrever ler objetivasse mos o nosso pr prio pensamento e o confront ssemos Uma vez em texto as nossas ideias sobre o fen meno falaram nos de volta convocando a reflex o sobre a reflex o pr via e a consequente reescrita das nossas compreens es Sendo que a escrita media a reflex o n o raro por isso que nos relat rios de estudos fenomenol gicos os investigadores autores se refiram a um processo com v rias escritas primeira escrita segunda escrita etc
411. rescentando se escassa literatura cient fica sobre o fen meno A partir dos seus resultados outros estudos se poder o desenvolver na sua metodologia outros investigadores se poder o inspirar Por ltimo na medida em que d voz a um grupo de indiv duos pertencentes a uma popula o frequentemente silenciosa as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas em que desoculta e anuncia a sua experi ncia vivida de ser cuidado numa circunst ncia em concreto gostar amos de poder pensar que o estudo se compreende ele mesmo enquanto um cuidado de enfermagem 19 Adam E 1994 Ser Enfermeira Lisboa Instituto Piaget Medicina e Sa de 20 Atkinson L Murray M 1089 Fundamentos de Enfermagem Introdu o ao Processo de Enfermagem Rio de Janeiro Guanabara Koogan 21 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 9 Uma vez que consideradas a finitude da perce o e a subjetividade da interpreta o os fen menos se manifestam em verdades perspetivadas a presente investiga o tamb m ela situadamente perspetivada a partir da cosmovis o pessoal profissional e disciplinar bem como do tempo biogr fico do autor organiza se em tr s partes Met foras tanto das etapas fundamentais do processo hermen utico quanto da pr pria perspetiva enquanto campo de estudo da perce o s o elas Na Parte 1 Linhas de Fuga linhas
412. rescente em que se tornam manifestas as ace es do mundo No seu pensamento tornada requisito b sico da compreens o a linguagem encontra se lhe intimamente ligada uma vez que esta o meio universal em que aquela ocorre N o h pensamento sem linguagem e n o h compreens o sem forma o continuada hist rica de conceitos Reabilitando a historicidade da compreens o na continuidade da interpreta o temporal do Dasein de Heidegger que atribui ao Tempo a base a partir da qual o presente encontra as suas ra zes para Gadamer toda a compreens o necessariamente preconceituosa na medida em que no ato de compreender algo passado e presente constantemente se fundem 19 Gadamer H G 2002 Verdade e M todo Il Complementos e ndice Petr polis Vozes 182 191 Gadamer H G 1999 Verdade e M todo Tra os Fundamentais de uma Hermen utica Filos fica 3 Edi o Petr polis Vozes 636 et seq 192 Ibidem 643 193 Bleicher J 2002 Hermen utica Contempor nea Moruj o C Trad Lisboa Edi es 70 163 194 Mantzavinos C 2005 Naturalistic Hermeneutics Cambridge Cambridge University Press 59 60 19 Bleicher J 2002 op cit 154 156 53 Na hermen utica gadameriana consequ ncia da historicidade humana cada int rprete encontra se com o fen meno a interpretar ancorado num conjunto de pr ju zos e opini es pr concebidas que lhe s o intrinsecamente constitutivas A recetivi
413. rescente nos pa ses da Uni o Europeia que estima contar na atualidade com mais de dois milh es de consumidores a adi o a subst ncias psicoativas passou a revestir se de um conjunto de complexidades individuais familiares socioculturais e criminais que tem promovido o seu enquadramento progressivo nas pol ticas nacionais assim como o alargamento de pol ticas 78 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores 7 United Nations Office for Drug Control and Crime Prevention UNODC 2000 Demand reduction a glossary of terms New York UN Publication 78 Borges C Filho H 2004 Alcoolismo e Toxicodepend ncia Manual T cnico 1 Lisboa Climepsi Editores 19 Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia OEDT 2006 2007 2008 Relat rios Anuais A Evolu o do Fen meno da Droga na Europa Luxemburgo Servi o das Publica es Oficiais das Comunidades Europeias 24 conjuntas Neste sentido a Estrat gia e os Planos da Uni o Europeia de Luta contra a Droga t m vindo a definir claramente para al m dos objetivos que reportam ao combate criminalidade ao tr fico e ao refor o dos mecanismos de coopera o internacional objetivos no mbito da sa de a implementar no espa o da Uni o at 2012 No seu conjunto estes objetivos visam alcan ar um elevado n vel de prote o sanit ria bem estar e coes o social no que se refere preve
414. ria N o um assunto que eu particularmente me agrade muito falar ahhh um assunto que a minha esposa 260 conhece Com o enfermeiro n o senti necessidade nem nem gosto muito de falar desse assunto um assunto que eu prefiro esquecer At ao momento em que entrei para a cadeia n o tive vida N o tive vida n o vivi n o existi n o para ningu m nem para psic logos nem coiso Nunca surgiu esse assunto eu entrei para a cadeia com vinte e tr s anos sai da cadeia com vinte e cinco e dos vinte e tr s anos para tr s nunca houve uma frase da minha hist ria aqui no ET sil ncio longo Desde que eu sai de casa e vivo desde que eu sai de casa e sou casado e eu a minha esposa e vivemos eu a minha esposa e a minha filha os assuntos aqui na ET s eu a minha esposa e a minha filha Prontos n o passa da Falo muito falo muito com o enfermeiro N s est vamos quase a separar por causa da minha situa o da droga e da situa o dela a companheira com quem vive com a filha dos dois com o lcool Atrav s disso trouxe ela atrav s de mim para o CAT E eu e o enfermeiro fizemos uma reuni o em que ele perguntou minha esposa se queria participar na minha consulta ela disse que participava sim senhora Fal mos sobre os meus problemas ela teve a assistir e depois ele virou se para ela E agora vamos falar dos seus problemas o Rui pode assistir Vamos falar sobre o seu problema com o lcool O Rui p
415. rimeira coisa que ela pensou foi que eu lho tinha roubado o dinheiro Porra ent o ao fim de tanto tempo ainda n o tens confian a em mim Porra H sempre essa desconfian a essas partes tam m doem gente V tor 10 Neste novo ligar se procurando a ajuda do enfermeiro a pessoa disp e se lenta e dolorosamente a iniciar um percurso de repara o das rela es com os outros que lhe s o significativos Eu j vejo a vida de outra maneira tenho filhos tenho uma neta prontos para eu ver mais a minha fam lia e deixar este mundo da droga parte e ver mais o ambiente familiar tenho netos tenho uma vida j diferente Para a minha mentalidade j t mais resolvido Praticamente toda a minha dedica o para a minha casa P meu lar Marco 3 161 Eu mudei muito Foi muita bom ter o meu filho foi muita bom uma coisa que eu sempre quis Quem trata do meu filho sou eu praticamente Agarro nele lavo o porque ela s tem um bra o De manh antes dele ir para o infant rio eu que o visto e tudo Para onde eu vou ele vai sempre comigo Fa o tudo por ele tudo Falo com ele o enfermeiro sobre o meu filho sobre quando este tiver dois tr s aninhos quando vir que a minha vida t melhorzinha pronto tentar fazer uma menina gostava de ter uma menina pronto um casalinho Diniz 4 Sentindo que passou a ter espa o interno valoriza a presen a dos outros na
416. rimo meu tinha me pedido para eu guardar umas armas E eu s vezes precisava de qualquer coisa uma declara o daqui ou da assistente social e ele o enfermeiro tratava me disso tudo falava com as doutoras depois tinham reuni es comigo pronto consultas Come aram a ver que tava tudo bem comecei a entregar os papeis em tribunal viram que tava tudo telefonavam para c pediam para verificar tudo tava tudo em computador tava tudo bem Eles compreenderam me e at hoje at os testes que fa o est tudo bem sou vigiado tudo bem at hoje e n o torno a querer nada com isso O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se controlada E tem corrido tudo bem gra as a Deus J me fez o teste da Sida T tudo bem De seis em seis meses fa o exames a tudo Marca me as an lises para fazer de vez em quando de seis em seis meses ou de quatro em quatro meses Tinha apanhado a hepatite hepatite C ou que ele diz que est est vel que t fixe que t boa Para reduzir a dose de metadona eu tenho que pedir autoriza o ao enfermeiro E ele Ent o pronto vamos l a a ver como que tu t s se t tudo bem Para dizer se t tudo bem se n o t tudo bem com os testes com tudo pergunta aos outros enfermeiros E ent o ele disse Bom ent o vamos experimentar reduzir pronto Reduzimos Ele d a ordem Sentir se sustentada Mas pronto
417. rivado idade que tenho tenho que ser eu pr prio eu 231 que tenho que dizer j chega j chega para come armos a construir a vida porque a gente est no zero c em baixo tamos a recome ar de novo Tenho que mudar a vida que para ter responsabilidades e ser eu a gerir a minha fam lia Coisa que nunca tinha feito antes quando ando metido na droga Eu queria pelo menos arranjar um trabalhinho dentro da minha rea mas com descontos por causa da minha reforma Agora uma pessoa t mais l cido do que a vida Eu sou sou livre pronto tenho que ser eu mesmo a fazer por mim tou muito motivado Tou satisfeito como t a correr a cura n o E quem que tem mais cabecinha e p pr xima n o se l vai meter n o risos Eu acho que sim 232 Narrativa do Diniz 4 Consumia hero na e de vez em quando muito raramente de vez em quando era coca na Muito raro mesmo Eu normalmente dava a hero na mas era junto com um comprimido Que o Dormicum juntava E dava com seringa comecei a consumir todos os dias Eu sempre vivi com o meu pai desde que nasci Entretanto o meu pai p s me uma ordem em casa at houve um dia que ele me apanhou no meu quarto a consumir p s me na rua para me castigar Tive prai tr s dias na rua depois comecei a ver que n o era vida para mim que j tava a ter uma certa idade via amigos meus j com filhos e casa pr pria casa deles e tudo
418. rma da metadona como que seria melhor fazer a redu o Vamos experimentar assim Se n o fosse ter o apoio aqui e ter ido p comunidade terap utica ah sinceramente n o sei se taria aqui hoje A enfermeira uma pessoa que interessada e p e se muito no no meu lugar P e se muito do meu lado ou seja ela n o v s o lado t cnico v tam m bastante o lado o lado pessoal os sentimentos v isso tudo E isso ajuda me imenso e eu consigo acabo por conseguir falar e desabafar Eu n o escondo nada E conseguir falar e desabafar certas coisas que l fora n o tenho ningu m com que venha fazer assim Ent o Pedro como que voc t Acaba por ser um g nero de um al vio quando saio daqui disse tudo o que vinha c dentro o que me t a doer e tentou se acima de tudo n o foi s dizer h o dizer mas sempre para arranjar solu o Para as coisas pode n o ser no imediato mas tenta se e depois isso faz eu ter esperan a e ter vontade de continuar E pronto e d esse nimo e n o aponta o dedo 237 pronto N o critica n o pura e simplesmente Falar por falar desabafar a dor continua l Aqui diferente Falo desabafo e analisamos as coisas em conjunto H as opini es trocamos muitas informa es e conversamos muito falar querer saber o que vai l dentro ainda agora tive a chorar e vir a chorar e e sente se que do outro lado tamb m eu sinto que lhe to
419. rmagem Julho Agosto 10 4 472 7 12 Shwartz M Baker G Mulvey K Plough A 1997 Improving Publicly Funded Substance Abuse Treatment The Value of Case Management American Joumal of Public Health American Public Health Association 1659 1664 121 Vanderplasschen W Wolf J Rapp R Broekaert E 2007 Effectiveness of Different Models of Case Management for Substance Abusing Populations Journal of Psychoactive Drugs Haight Ashbury Publications 81 95 122 Gonzales R Casarin S Caliri M Sassaki C Monroe A et al 2003 Gerenciamento de caso um novo enfoque no cuidado sa de Revista Latino Americana de Enfermagem mar o 10 2 227 231 33 Com efeito constatou se que pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas assistidos por um gestor de caso apresentaram evolu es terap uticas mais favor veis conseguiram aceder a servi os mais apropriados e tiveram menos reca das que pessoas tratadas nos mesmos programas mas sem gestor de caso No que se refere s necessidades das pessoas utilizadoras dos programas de substitui o por agonistas opi ceos metadona verificou se que a associa o de princ pios da gest o de caso intensificou a liga o unidade de sa de no que se refere utiliza o de servi os diretos melhorou o acesso aos recursos comunit rios e aumentou o n mero de referencia es para especialidades noutros n veis de cuidados com consequ ncias
420. rmagem para o outro a pessoa que deles beneficiou Por outro lado no mbito da presta o de cuidados de enfermagem com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas ao considerarmos ainda que assumida como um estado de intoxica o do Eu provocado pelo uso repetido e volunt rio de subst ncias no contexto de uma necessidade compulsiva f sica e psicol gica para continuar a utiliz las a adi o afeta mais que o corpo mais que a raz o mais que a moral a partir de um desejo irresist vel de reexperienciar os seus efeitos e da necessidade consequente de a procurar consumir a todo o custo a rela o com a subst ncia tende a totalizar a cosmovis o da pessoa com problemas de adi o com perda geral de interesse em outros envolvimentos e rela es prejudicando a sua sa de e limitando o seu projeto de vida e a sua participa o social ativa a experi ncia da adi o n o consiste em sofrer os efeitos de um produto psicoativo mas antes no agir intencional da pessoa sobre a rela o que a liga ao mundo pelo desvio das suas pr prias perce es recriando um universo sem marcos comuns entre si e os outros a experi ncia singular da adi o percet vel atrav s da escuta do outro das suas emo es das suas palavras dos seus atos mas tamb m 164 Leshner A et al 1997 Addiction Is a Brain Disease and It Matters Science Washington DC American Association for the Advancemen
421. rmeiro Associando os benef cios e as san es ao seu comportamento integra gradualmente os limites desse contrato procurando os ganhos de modificar no dia a dia o consumo das subst ncias 142 Deram me uma ajuda fizeram me os testes tudo que at hoje nunca mais toquei em nada Tem corrido tudo bem gra as a Deus J me fez o teste da Sida T tudo bem De seis em seis meses fa o exames a tudo Marca me as an lises para fazer de vez em quando de seis em seis meses ou de quatro em quatro meses Tinha apanhado a hepatite C ou que ele diz que est est vel que t fixe que t boa Tou me a sentir bem Diniz 4 Em rela o ao meu tratamento sinto me bem as an lises aqui s o o rastreio urina As an lises ao sangue j n o aqui Passam me ent o as credenciais n o Passam me as credenciais com as an lises que s o necess rias fazer e isso combinado com a enfermeira Se eu precisar de fazer umas an lises ou qualquer coisa mais ela passar me as an lises e o que for necess rio Uma vez duas no ano conveniente fazer N o que procure alguma coisa mas gosto de saber como que estou para a idade que eu tenho mas pronto gosto de saber como que estou Como que est o sangue como que est a situa o Josu 7 Percecionado como um modo de ajuda este controlo externo valorizado pela pessoa como um investimento que o enfermeiro faz em si e que passa a s
422. ro e vou a pensar em tudo A nossa conversa vai no meu cora o eu rebobino a cassete e vou ouvindo tudo o que ela me diz levo a conversa comigo E vou bem Sentimentos de ambival ncia sobre a rela o para ela parece que mais n o queria dizer trof u porque ela n o iria gostar que eu dissesse isso mas como o chav o faz a tua boa a o hoje do dia pronto Ajuda uma velhinha a atravessar a estrada O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento A enfermeira at fala muito sobre mim assistente social e se n o fala at sou eu pr pria s vezes que digo para n o falar N o fale n o fale por favor n o fale n o vale a pena porque eu n o quero que ela teja a pensar que eu sou mais aqui somos todos iguais dev amos ser tratados todos iguais porque somos todos iguais O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se sustentada Quando vai abaixo sei que tenho o ombro dela sorri Tenho ali um ombro amigo Ela n o s a minha terapeuta n o s a minha enfermeira o meu ombro um ombro que eu tenho aqui sil ncio Os meus projetos que eu recupere recupere o mais depressa poss vel do problema de sa de que eu tenho para que eu possa levar uma vida normal como qualquer outra mulher emociona se Vejo o CAT a fazer par
423. rograma de Substitui o por Agonistas Opi ceos Com o segundo ciclo de escolaridade desistiu do acompanhamento para ir trabalhar para Espanha suspendendo a metadona de obriga Diz que l n o consumiu e quando o trabalho acabou voltou a procurar ajuda em Portugal na Equipa de Tratamento que entretanto abrira Acompanhado por uma psic loga procurou tamb m os Narc ticos An nimos Teve v rias reca das at que por decis o da equipa passou h um ano e cinco meses a ser acompanhado pela enfermeira Apresenta c ries extensas e portador de hepatite B e C Desempregado recebe o Rendimento Social de Inser o Vive com os pais e solteiro Est em Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa o Fernando O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa eu s vezes eu j podia ter resolvido este problema dos dentes e n o sei qu e tenho deixado adiar adiar adiar e a enfermeira j me marcou consulta para a assistente social mais do que uma vez e parece que n o desiste Volta a repetir pronto E pronto e ela n o desiste diz Olha Sentir se tomada a vai ao n o trataste da outra vez mas tratas agora pronto Acho que cargo bom por exemplo se fosse uma pessoa N o trataste disso agora j n o h nada a fazer ah j devia ter tratado agora pronto chap u n o h nada a fazer
424. s 6t ed Sudbury Jones amp Bartlett Publishers 458 1 Stanhope M Lancaster J 2004 Community amp public health nursing 6 Edition Mosby Elsevier Health Sciences 449 35 Reconhece se ademais que a gest o de caso tem enquanto processo componentes que complementam o processo de enfermagem indicadas no quadro que se segue 137 como Quadro 2 Rela o entre o Processo de Enfermagem e o Processo de Gest o de Caso Processo de Processo de Enfermagem Gest o de Caso Etapas Atividades Etapas Atividades Desenvolve redes com a popula o alvo Rastreio e admiss o divulga material escrito procura refer ncias do caso aplica instrumentos de rastreio de acordo com Identifica o Colhe e analisa determina o da as finalidades e os objetivos do programa aplica dados elegibilidade m todos de avalia o global f sica social avalia o emocional cognitiva econ mica e da capacidade do autocuidado faz confer ncias interdisciplinares com a fam lia e o cliente Determina Diagn stico necessidades em Identifica o dos Determina conclus es com base na cuidados de problemas identifica o usa equipas interdisciplinares enfermagem Estabelece Prioriza o dos Valida e prioriza os problemas com todos os prioridades de problemas participantes desenvolve atividades Planeamento cuidados planeamento de cronogramas e op es consegue o Formula objetivos acordo com as consen
425. s Vamos l a ver se n o me falta as for as at uma certa idade Josu 7 e sentindo que ainda vai a tempo manifesta novas necessidades E eu quero ver se tenho um bocado de paz e sossego agora p estes anos que tenho pela frente n o sei quantos mas quero ver se tenho um bocado de paz Estou cansado mesmo cansado desses ritmos que acabam por n o ter nada ou seja o que a gente ganha com isso n o ganha s perde Que eu tou farto de perder Pedro 5 Deixei de consumir hero na e a minha vida finalmente come ou se a endireitar Estava prestes a perder a minha mulher a minha filha a minha casa e agora recuperei tudo de novo Tenho a minha casa vivo com a minha mulher vivo com a minha filha Nasceu saud vel ela N s somos os dois seropositivos e ela nasceu saud vel gra as a Deus Gra as a Deus Rui 11 Pronto a vida agora endireitou se n o Espero nunca mais recair Sinto me melhor sinto me mais feliz Isabel 14 Depois de um percurso aditivo abundante em perdas a pessoa vive com satisfa o os ganhos que sente ter at agora conseguido Eu tenho que olhar pela minha sa de n o Se uma pessoa se n o vai olhar pela minha sa de quem que vai olhar Se n o for eu a olhar por mim se n o for eu a olhar p ra mim ningu m olha e eu deixo me tar como tou sinto me bem tou mais gordo Artur 1 Come o a ter a no o da obriga o de toma
426. s que podem ser colocadas pelos clientes na rela o de forma pouco expl cita foi objetivo deste estudo compreender a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas cliente da Equipa de Tratamento do estudo Tomando em considera o o objetivo da investiga o este estudo inscreve se dentro de um paradigma interpretativo sendo influenciado por uma epistemologia de p s modernidade que se torna coerente com a compreens o da enfermagem como ci ncia humana do campo da sa de 13 Lopes J Sequeira A 2009 Gest o de Cuidados de Enfermagem para uma Assist ncia Efetiva e Integrada Pessoa com Toxicodepend ncia Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 15 N 1 67 76 14 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 4 6 Na abordagem disciplinar ao fen meno optamos por isso pela filia o a uma conce o de enfermagem unit rio transformativa Pelo que em mat ria de suporte te rico s o sobretudo os pensamentos de Jean Watson e de Rosemarie Rizzo Parse aqueles que convocamos no contexto do entendimento que oferecem sobre a natureza unit ria e dial gica da pessoa para a enfermagem sobre a abertura s experi ncias humanas na sa de e na doen a e sobre a ajuda em enfermagem considerada
427. s aninhos n o posso nem drogas nem tenho que fazer os tratamentos tanto do VIH como da tuberculose e foi isso que fiz Pus na cabe a que ia viver o que eu tenho feito Foi quanto ganhei Se eu quero c tar riso melhor andar sossegadinho sen o pronto Se eu me come o a drogar pronto de um dia para o outro come o a ficar fraco e prontos e vou O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Transformar se a partir da aus ncia da subst ncia Porque as drogas h um v cio eu chego a sonhar durante a noite que me tou a drogar e pensar mesmo que tava a injetar uma coisa que fica c dentro que as pessoas raramente se esquecem Quem se meta na droga tem que levar com o lema pode n o se drogar o resto da vida mas tem que levar com aquela com aquela em cima com aquela coisa a droga a droga a droga Fica sempre l marcado como se fosse o primeiro amor por exemplo Dizem que a gente nunca se esquece do primeiro amor mas a droga quase a mesma coisa fica c marcado Fica marcado mesmo Nem que teja cinquenta anos sem se drogar Experienciar o autocontrolo sobre os consumos preciso a gente ter controle na metadona preciso saber tomar conta dela Tenho l a minha metadonazinha todos os dias tomo a minha suspiro e tou descansadinho da vida n o N o penso em drogas n o penso em nada e sim ajuda me
428. s coisas do passado que a gente por exemplo a morte de uma pessoa querida que n s perdemos s o coisas que eu ainda n o associei bem A Lucinda perdeu o seu companheiro h um ano eu nem sabia onde que ele tava enterrado porque ele morreu na cadeia e foi ela que me ajudou a saber onde que ele tava enterrado e eu fartava me de gastar dinheiro a telefonar para aqui e para ali e para aqui e n o consegui Ela conseguiu E isso isso e outras coisas mais devo lhe muito Era importante para mim muito importante sil ncio Tens que ter mais for a Ela t me a querer sempre a levantar o ego sempre sempre sempre Eu tenho alturas que ando mesmo de rastos ela p s me as tomas para eu levar para casa mas j me est a dizer Lucinda n o te vais fechar em casa Eu 252 vou te dar as tomas mas isso n o caso para tu te fechares em casa dias inteiros a fio Sai vai para a rua vai para o parque Levo as tomas para casa e escuso de vir aqui Mas posso agradecer enfermeira Agora vem o inverno eu teria que gastar do meu dinheiro as passagens tar aqui s vezes com pessoas que para mim n o me dizem j nada fulano que um tem uma hero na melhor fulano tem uma branca melhor e e comprimidos e piriquitos e isto e aquilo e isso s o conversas que a mim j tou saturada Tou saturada um voto de confian a bem grande Que eu tou c desde catorze de setembro h m
429. s coisas na hora mais facilmente n o me engano que eu andava me a enganar Autocuidarse Agora o imperativo para mim tratar a vista uma catarata e tratar isto do f gado hepatite C Tou para tomar conta de mim mesmo assim Agora preocupo me mais um bocadinho comigo foi uma das coisas que aconteceu que mudaram foi isso Comecei a preocupar me um bocado mais comigo Agora naquela altura um gajo novo n o acontece nada e as coisas n o s o bem assim Sentir se satisfeita com o novo eu Sinto me bem andar bem disposto n o ter a cabe a a mil n o n o haver aquela rotina ter tempo para tudo e mais alguma coisa Porque nessas alturas n o se tem tempo para nada Sinto me bem e acho que desta vez que a coisa vai mesmo O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Passar a cuidar dos outros Eu atualmente n o tou a trabalhar h coisa de seis meses que n o tou a trabalhar Tou em stand by porque quero tratar primeiro dessas coisas do f gado e da vista e ajudar a minha m e A minha m e uma pessoa que j tem setenta e sete anos tem diabetes tem arterosclerose pronto j n o est capaz de tar sozinha A minha irm vai trabalhar durante o dia e eu que fico em casa a tratar das coisas E eu que tenho que cuidar disso tudo g s aberto s vezes a gua del rios Ela fez por mim agora tenho que fazer por ela n
430. s com as catorze pessoas participantes no estudo bem como o essencial do acesso que nos permitiram s vozes individuais das suas experi ncias Por ltimo na Parte 3 Fus o de Horizontes horizonte como elemento da perspetiva que representa o n vel dos olhos do observador mas tamb m como plano compreensivo da articula o da tradi o e do presente do fen meno em estudo e do seu int rprete no Cap tulo IV para uma desoculta o do fen meno procedemos desoculta o situada do fen meno por via da comunica o interpretativa da voz da experi ncia do grupo nas suas comunalidades e singularidades discutimo lo disciplinarmente prevemos as suas implica es para a pr tica para a investiga o e para o ensino da enfermagem e sugerimos a partir dele investiga es futuras capazes de transformar e continuar a tornar contempor neo o seu conhecimento Terminamos com a conclus o A apresenta o das refer ncias bibliogr ficas segue a norma da APA Nos anexos e ap ndices encontramos respetivamente as autoriza es para a realiza o do estudo e as narrativas de todos os participantes 11 Parte 1 Linhas de fuga I para uma compreens o do fen meno em estudo No presente cap tulo desenvolvem se e articulam se as ideias fundantes a partir das quais todo o restante texto se torna coerente Sendo este um estudo de enfermagem sobre a experi ncia vivida esta partindo das ideias de Di
431. s consequ ncias das op es e de forma gradual viver as suas escolhas com maior autonomia e confian a Agora h aquela confian a Ainda hoje por acaso reparei e comentei isso h bocado com a enfermeira eu de manh vim c buscar a toma para a semana e fiz uma toma ela encheu os frascos que tinha a encher uma toma por dia repartida s o mais frascos n o S o dois por dia e s depois de me dar os frascos e eu guardar os frascos no meu bolso que me deu o copo para fazer o teste S por a j demonstra que p ela confia que eu j n o tenho consumos Ela sente que eu j ultrapassei isso N o fal mos em consumos pura e simplesmente Tivemos aqui uma hora e n o fal mos em consumos Sinto que cada vez mais a enfermeira tem mais confian a em mim Pedro 5 acess vel naquilo que lhe compete fazer n o tem a obriga o de me andar a ligar a saber se consumi se n o consumi N o aquela pessoa que se for preciso t me a ligar para casa todos os dias Samuel ent o como que t Hoje consumiu n o consumiu N o n o faz isso n o Se calhar tam m n o v necessidade disso Samuel 8 ela p s me as tomas para eu levar para casa mas j me est a dizer Lucinda n o te vais fechar em casa Eu vou te dar as tomas mas isso n o caso para tu te fechares em casa dias inteiros a fio Sai vai para a rua vai para o parque Levo as tomas para casa e
432. s de subst ncias experimenta sentir se diferente e sente confirmada a sua capacidade para se redefinir no contexto social As pessoas dantes viam me de uma maneira e agora veem me doutra Artur Sentindo que ainda vai a tempo manifesta novas necessidades e depois de um percurso aditivo abundante em perdas vive com satisfa o os ganhos que sente ter at agora conseguido para si Experiencia assumir gradualmente o seu autocuidado valoriza a conquista da propriedade e da intimidade e motivada manifesta satisfa o com um novo eu que sente como mais reflexivo e livre medida que se desliga da subst ncia e se investe em si pr pria a pessoa inicia um ligar se aos outros Neste novo ligar se procurando a ajuda do enfermeiro a pessoa disp e se lenta e dolorosamente a iniciar um percurso de repara o das rela es com os outros que lhe s o significativos 171 Sentindo que passou a ter espa o interno valoriza a presen a dos outros na sua vida e diferentemente do que lembra n o lhe ser poss vel quando consumia descobre em si uma capacidade nova para os tomar a cargo assumindo os ao seu cuidado Desejando consolidar e ampliar as mudan as que sente em si e na rela o com os outros a pessoa abre se s suas possibilidades de ser e ensaia progressivamente projetar se num futuro livre de subst ncias Apesar das v rias dificuldades vividas motivada a pessoa fala com alegria dos resultados que tem vindo a
433. s do passado que a gente por exemplo a morte de uma pessoa querida que n s perdemos s o coisas que eu ainda n o associei bem A Lucinda perdeu o seu companheiro h um ano eu nem sabia onde que ele tava enterrado porque ele morreu na cadeia e foi ela que me ajudou a saber onde que ele tava enterrado e eu fartava me de gastar dinheiro a telefonar para aqui e para ali e para aqui e n o consegui Ela conseguiu E isso isso e outras coisas mais devo lhe muito Era importante para mim muito importante sil ncio Lucinda 9 sobre a elabora o das perdas a Lucinda cujo companheiro faleceu h um ano enquanto estava detido conta em particular como foi para si importante no processo de luto a ajuda que a enfermeira lhe deu na identifica o do local da campa no cemit rio do estabelecimento prisional e na visita que a fizeram juntas Derivado idade que tenho tenho que ser eu pr prio eu que tenho que dizer j chega j chega para come armos a construir a vida porque a gente est no zero c em baixo tamos a recome ar de novo Marco 3 Soube que era seropositivo e foi nessa altura veio tudo junto e pensei Porra se quero viver mais uns aninhos n o posso nem drogas nem tenho que fazer os tratamentos tanto do VIH como da tuberculose e foi isso que fiz Pus na cabe a que ia viver o que eu tenho feito Foi quanto ganhei Se eu quero c tar riso
434. s e apesar de ser importante n o julgar n meros maiores como um indicador de melhor trabalho verifica se ainda assim que estudos com n meros mais elevados de pessoas t m poderosas contribui es a dar para a compreens o dos fen menos em aprecia o na medida em que 219 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 45 220 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 51 221 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 op cit 56 222 Smith J Flowers P Larkin M 2010 op cit 51 63 proporcionam casos suficientes para a identifica o de similaridades e diferen as significativas entre os participantes Nesse sentido considerando a expectativa das limita es cognitivas dos participantes para acederem e narrarem a sua experi ncia vivida a investiga o 225 226 tem demonstrado que quer as drogas quer o lcool quer ainda o estilo de vida da popula o dependente de subst ncias psicoativas introduzem ao longo do tempo limita es cognitivas que afetam a mem ria a organiza o do pensamento e a capacidade de comunica o verbal Van Manen ainda assim defende que mesmo nos casos em que as pessoas s o menos capazes de produzir descri es sobre a sua experi ncia vivida quando algu m partilha com
435. s por eu ter arranjado o trabalho Foi logo isto foi logo a primeira porque foi uma grande novidade risos E bom para mim bom para mim Foi h pouco tempo que eu deslarguei o lcool risos e a minha maior preocupa o era o trabalho era o trabalho disseram me a enfermeira pois voc ainda tem pouco tempo por causa do lcool ficaram com um p atr s porque pouco tempo que eu deslarguei e eu tam m j pensei p a mim pr prio porque acho que foi muito pouco tempo Muito pouco tempo Porque se fosse outras pessoas o tempo que eu deslarguei o pouco tempo isto mesmo muito pouco n o conseguiam fazer a coisa que eu fiz Eu posso mesmo dizer posso mesmo dizer que eu era mesmo alco lico Que eu chegava ao ponto a beber um 221 caf metade do caf ia para todo parar ao ch o Eu tremo eu tremo mas j n o tanto Eu tremia por causa do lcool eu consegui pela minha cabe a deslargar aquilo que nem as minhas pessoas pensaram que fosse t o r pido Eu n o posso dizer que foi f cil As pessoas dantes viam me de uma maneira e agora veem me doutra e dizem p tu sinceramente tiveste for a mesmo for a de vontade mesmo de deslargares o lcool J muitas vezes j me veem de outra maneira j n o me veem da mesma maneira As pessoas j me veem com outras caras porque uma pessoa b beda s s fazia era figuras Tavam me sempre a dar agora a minha vez a minha vez de
436. s principal As pessoas s vezes me perguntam como que eu consegui deslargar porque uma pessoa que agarrada ao lcool j muito dif cil de sair Foi um bocado dif cil porque o corpo o corpo j t habituado aquele bebida O lcool como a droga O corpo sente uma pessoa que teja habituada aquilo tira aquilo de repente o corpo sente como o tabaco Se eu tiver um dia sem fumar come o a tremer por todo o lado Eu quando deslarguei eu andava um bocado stressado e de que maneira risos mesmo com os comprimidos s vezes nem paci ncia tinha para a minha m e nem para a minha fam lia Diziam me qualquer coisa e eu desparatava Porque era a faltar me um bocado de qualquer coisa c dentro Inda tou um bocadinho em baixo se eu tiver muito tempo parado fico doente j tou habituado j desde os quinze anos catorze ou quinze anos a trabalhar eu tenho que fazer sempre qualquer coisa sempre tenho que arranjar maneira de sempre mexer Consegui arranjar trabalho andavam a ver se conseguiam me arranjar agrade o muito a elas agrade o mesmo Pronto eu j tou curado j tou bem curado Posso mesmo dizer que tou mesmo cem por cento mesmo curado N o tou noventa e nove por cento tou cem por cento Fui procurar para me mexer o trabalho fui eu que consegui arranjar Gra as a Deus vou come ar a trabalhar amanh Ficaram contentes a doutora a enfermeira ficou contente ficaram contente
437. s que fazer prop e me Ser que achava melhor assim Faz sentir bem Acho que pronto faz me sentir bem Faz me sentir que eu n o sou obrigado a nada que eu que quero Mas tam m s vezes tam m me farto disto s vezes tam m chego aqui e tou farto de vir aqui E qualquer dia deixo de tomar a metadona mas depois aquela coisa deixo de tomar fico com medo n o H mais hip teses de uma pessoa recair uma pessoa n o t t o bem E tam m falo muito quando venho c tomar a metadona Ela n o s nas estrevistas T ali tam m a aviar e e falo Falo muito a tam m eu muitas vezes ali que eu falo N o preciso de vir de urg ncia falar Eu acho que este CAT at funciona bem e coiso Porque eu j tive noutro E n o funcionava t o bem como este J tive s vezes os meus pais s vezes v o para as Caldas das Rainhas e eu tomo l a metadona T m l uma casa e eu vou com eles E l o CAT muito diferente deste As pessoas para irem tomar a metadona ficam na rua chamam uma pessoa de cada vez e eu quando tou l Olha ainda bem que eu tou naquele sinto me privilegiado em rela o a estes que pronto coitados n o Mas acho que o CAT tem esse problema s vezes muitas pessoas j est o a h montes de tempo para ser atendidas Tira logo a motiva o pessoa Acho que isso pronto podia haver mais Se me acontecesse eu tam m n o n o gostava muito
438. s vezes por ano ou tr s consoante a minha disponibilidade normalmente nas f rias com a enfermeira No in cio acho que vim mais vim mais periodicamente e a pessoa ao princ pio tem que ser mais acompanhada n o Depois a pessoa come a a ficar um bocado mais despreocupada e j n o acha pronto j n o acha assim grande import ncia tar constantemente a vir Eu pr pria falei Falei com ela se valia a pena estar sempre a vir aqui at disse se me sentisse mal ou se necessitasse que lhe telefonava e que pod amos ter a consulta Portanto decidimos as duas O sentir se representada Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se representada na Equipa de Tratamento Ela pr pria a enfermeira disse me quando eu engravidasse para falarmos Quando eu venho s consultas Ent o ou pergunta me quando eu venho s tomas Ent o tens boas tens boas not cias que para quando eu tivesse ela me encaminhar ent o para a m dica O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se reassegurada Eu sempre fui acompanhada por um psiquiatra sabe bem a pessoa s vezes desabafar e falar com pessoas que saibam do que que est o a falar mas claro que a metadona a metadona Pronto tenho ali a maior seguran a n o Se me dessem a escolher Queres continuar a tomar ou assim Sentir se orientada decidi
439. s vivem as e com as outras evoluindo em conjunto e em cad ncia Num universo que se percebe como comum a ambas mas tamb m individual no que comporta de interno e externo para cada pessoa neste processo r tmico e relacional que a autora encontra a continuidade que liga o dentro e o fora o eu e o outro o que foi e o que num testemunho conjunto de exist ncia humana que proporciona o tornar se Caracteristicamente em deficit motivacional 76 persistida pelo enfermeiro nos aspetos mais nfimos da sua exist ncia quotidiana que desse modo se revela e mant m a pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas ensaia suportada no enfermeiro gestor de caso que 278 gradualmente vai sentindo como auxiliar do eu toda uma luta todo um conjunto de dif ceis transi es no sentido da autonomia assentes na 214 Watson J 2002 Enfermagem Ci ncia Humana e Cuidar Uma teoria de Enfermagem Loures Lusoci ncia 117 275 Parse R R 1998 The Human Becoming School of Thought California Thousand Oaks 20 42 218 Rodrigues M Teixeira Z 2010 Da alta de for a de vontade ao empowerment na depend ncia de lcool Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 16 N 1 57 64 277 Honor B 2004 Cuidar Persistir em conjunto na exist ncia Loures Lusoci ncia 65 218 Conti o hare M 1996 A Descriptive Analysis of the Therapeutic Use of Self with Addicted Clients in Early Recovery from
440. se a minha m e sabe como que eu me dou com a minha m e e com o meu padrasto Houve sempre essas perguntas desde o princ pio como que era a minha vida familiar sempre desde o princ pio Sentir se procurada Nem que seja uma palavra amiga s mais nada Cr tica n o Ela n o pessoa que fale com cr tica Nunca houve uma m palavra da parte dela E Sentir se compreendida sempre bom ter uma pessoa que compreenda a gente E uma p p p q p g pessoa que fala meiguinho Veja l n o fa a e tentam sempre ver Varia es se ajudam nalguma coisa do tema H o tal acompanhamento se quisermos conversar h aquela pessoa que Sentir const ncia na nos ouve J falei um bocadinho com ela de tudo acho que sim J rela o tivemos muitas consultas Geralmente ela que marca Saio daqui e marca para daqui a um m s por exemplo Eu sou sincero n o Se cometo erros sei bem que os cometo mas como a enfermeira que me t a acompanhar digo sempre o que Confiar se ao que se passa n o E chego aqui e digo isso Prontos j meti a pata enfermeiro na po a Fa o o teste d positivo mas digo logo Olhe j n o consumi mais e para a semana j d positivo E prontos sempre que consumo reconhe o o meu erro E tento n o voltar a faz lo Digo sempre a ela porque que consumi N o tenho que esconder porque acho que n o h mal nenhum e acho
441. sm of the other Chicago University of Illinois Press 63 25 Idem 29 Schaub B Schaub R 1997 Healing Addictions The Vulnerability Model of Recovery New York Delmar 20 Renaud M Solicitude e Vulnerabilidade In Carvalho A Coord 2008 Bio tica e Vulnerabilidade Co mbra Almedina 19 21 Levinas E 2003 op cit 177 solicitude que a acolhe a indaga e cria as condi es para que a liga o entre ambos se possa estabelecer Assente numa humanidade comum que oferece pessoa e ao enfermeiro a oportunidade de em cada novo encontro mutuamente se conhecerem a alian a terap utica que gradualmente desponta e se constr i na gest o de caso realizada pelo enfermeiro valoriza e estimula a import ncia do envolvimento da pessoa no seu pr prio processo de cuidados e medida que se centra numa abordagem gradual de reconhecimento e aceita o do problema de motiva o para a mudan a de identifica o e ativa o de recursos pessoais de reavalia o de prioridades e da experi ncia de otimismo faz nascer todo um horizonte de esperan a face mudan a poss vel Apesar da assimetria relacional inicial necess ria at uma vez que a pessoa se apresenta com poucos recursos para lidar com os seus diversos problemas relacionados com a adi o a compreens o e integra o dos vividos do quotidiano no contexto da narrativa individual a estimula o da autorrevela o e a utiliza o numa perspetiva hol
442. so mais s aquela quantidade n o chega e o dinheiro tamb m tem que ser mais E eu n o tenho assim muito coiso para roubar nem nada disso vendia comprimidos arrumava carros adquiria dinheiro assim mas como as doses eram t o altas j tinha que ser muito dinheiro e este dinheiro j n o dava e eu j tava farto dessa vida e pensei assim ouve l j chega derivado minha idade j chega vou pedir ajuda a eles Depois n o consumia e ca do segundo andar e fraturei uma v rtebra As dores n o passavam da coluna com os medicamentos o que que eu experimentei fazer consumir hero na Passava me a dor sorriso triste o suficiente abriu a porta e agora para a fechar a que basta uma semana para se ficar agarrado E comecei por a e fui cair outra vez Foi a que eu me viciei outra vez Compreender as consequ ncias dos consumos Tenho por experi ncia pr pria quando a gente t se a drogar quando a gente se droga a nossa mentalidade s anda ali no meio do mundo da droga esquece se o resto da fam lia desde que se tenha um pratinho de 86 sopa para comer ou uma coisa qualquer e ter onde dormir e isso pronto o que interessa a droga E uma pessoa tem filhos e isso e n o d import ncia A minha gera o praticamente j quase toda n o aquase toda mas mais de metade j j faleceu Da minha gera o pelo menos aqui da minha zona quem c
443. sse mal ou se necessitasse que lhe telefonava e que pod amos ter a consulta Portanto decidimos as duas Sentiu que apesar de n o se encontrarem continuava ligada Exato s vezes telefonava para qualquer coisa se precisasse de qualquer coisa Eu se um dia me sentir mal telefono e explico a situa o pronto Se achar que quero subir ou que quero reduzir eu pr pria posso lhe dizer Ali s at agora a enfermeira comentou e eu pr pria disse Sim vamos come ar a reduzir agora um bocadinho aos poucos Portanto tam m tenho que come ar a n o posso andar a vida toda a tomar disto n o Espero eu J chega de consumir drogas N o se pode dizer Desta gua n o beberei mas por enquanto n o Cansei me mesmo de vez Agora j vejo as coisas de outra maneira J nem me identifico sequer com aquela vida que eu levava N o tem nada a ver comigo j A pessoa tam m cresce n o Tam m j chega Aquilo n o leva a lado nenhum A pessoa cansa se Ela sabe bem O que eu lhe tou a dizer aqui tam m j tive conversa com ela J tivemos esse tipo de conversas claro J chega Isso j ficou para tr s n o vale a pena tarmos a falar de coisas tristes Ela s vezes pergunta se est tudo bem comigo e com o meu marido se estamos bem se ele t bem Ela s vezes comenta e eu tudo bem S falamos mais da gravidez Infelizmente uma pessoa tamb m anda sempre a correr n o Uma pesso
444. ssoa o Fernando O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as 119 A Carla 13 muito sofrimento muito muito a chorar se n o fosse pelos meus filhos Agora com trinta e tr s a Carla come ou a consumir haxixe aos dezasseis anos e esporadicamente hero na e coca na nos anos seguintes A partir dos vinte e oito anos consumiu regularmente estas ltimas duas drogas chegando a injetar se Esteve numa comunidade terap utica mas voltou a recair Partilhava seringas com regularidade e chegou a prostituir se Conheceu o atual companheiro e veio viver com ele para a terra deste perdendo a liga o com a sua fam lia Vive com o companheiro de quem tem dois filhos pequenos Come ou a ser acompanhada na Equipa de Tratamento ainda gr vida do filho mais novo O companheiro tamb m acompanhado na Equipa de Tratamento e j reca ram em conjunto chegando a vender tudo o que tinham em casa Com o segundo ano de escolaridade a Carla tem forma o no ramo da hotelaria mas est desempregada nunca conseguiu arranjar emprego desde que mudou de rea de resid ncia Recebe o Rendimento Social de Inser o mas est na emin ncia de perder a casa onde vive porque tem j v rios meses de atraso no pagamento da renda Tem seropositividade para VIH e portadora de hepatite C a
445. standing and Explanation Basic ideas concerning the humanity of the human sciences Pittsburgh Duquesne University Press Sund J Sveningson L 1998 Case Management in an Integrated Delivery System Nursing Management Springhouse Corporation 24 25 Tinoco R Pinto S 2001 Abordagem biogr fica das toxicodepend ncias o biograma como instrumento de interven o cl nica Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT Vol 7 n 1 17 22 Tinoco R 2002 Indetermina o biogr fica de condi o natural a uma fissura na hist ria do sujeito Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT Vol 8 n 3 61 67 United Nations Office For Drug Control And Crime Prevention UNODC 2000 Demand reduction a glossary of terms New York UN Publication Vaartio H Leino Kilpi H 2005 Nursing Advocacy A review of the empirical reseach 1990 2003 International Jounal of Nursing Studies 42 705 714 Vanderplasschen W Wolf J Rapp R Broekaert E 2007 Effectiveness of Different Models of Case Management for Substance Abusing Populations Journal of Psychoactive Drugs Haight Ashbury Publications 81 95 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 212 Van Manen M Edmund Husserl Acedido em 3 de agosto de 2011 em http www phenomenologyonline com scholars husserl edmund Verlaine R Barreto J Org
446. ste coiso j sei que fiz asneira Eu arrependo me s vezes mesmo j quando me tou a drogar por exemplo tou a fazer aquilo e j tou a pensar que n o o devia tar a fazer mas pronto olha siga Se cometo erros sei bem que os cometo mas como a enfermeira que me t a acompanhar digo sempre o que que se passa n o E chego aqui e digo isso Prontos j meti a pata na po a Fa o o teste d positivo mas digo logo Olhe j n o consumi mais e para a semana j d positivo E prontos sempre que consumo reconhe o o meu erro E tento n o voltar a faz lo Ent o ela tenta saber o motivo porque que foi Ela tenta ver sempre ir ao fundo do problema que a gente teve Saber o que que a gente qual foi o problema e porqu Digo sempre a ela porque que consumi N o tenho que esconder porque acho que n o h mal nenhum e acho que s me vai ajudar n o Assim se disser qual foi o problema ela pode me ajudar Nem que seja uma palavra amiga s mais nada Cr tica n o Ela n o pessoa que fale com cr tica Nunca houve uma m palavra da parte dela sempre bom ter uma pessoa que compreenda a gente uma pessoa que fala meiguinho Veja l n o fa a e tentam sempre ver se ajudam nalguma coisa Acho que tenho sido sempre bem recebido S se uma pessoa se chegar aqui e se portar mal 255 come ar aos gritos H compreens o mas tam m h limites o trabalho delas e acho
447. sua praxis de cuidados No nosso pa s definidas que est o pela Ordem dos Enfermeiros as compet ncias do Enfermeiro de Cuidados Gerais e as dos Enfermeiros Especialistas estas j em 2011 verifica se que apenas nestas ltimas a gest o de caso considerada como uma compet ncia a desenvolver em particular no mbito das especialidades em enfermagem de sa de mental e em enfermagem de sa de familiar E se pensamos que ambas s o necess rias nos contextos de tratamento ET s de pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas constatamos que das duas dada a necessidade do uso terap utico do self do enfermeiro na gest o de caso com estas pessoas apenas a primeira faz um apelo formal a essa compet ncia ao prever que o enfermeiro especialista em sa de mental carece de deter um elevado conhecimento e consci ncia de si enquanto pessoa e enfermeiro merc de viv ncias e processos de auto conhecimento desenvolvimento pessoal e profissional Ou seja que parecem ser os enfermeiros especialistas em enfermagem de sa de mental os melhor colocados para prestarem cuidados como gestores de caso com as pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas Por outro lado os dados do estudo permitem perceber da necessidade de os enfermeiros gestores de caso deterem um conhecimento aprofundado sobre a problem tica da adi o a subst ncias psicoativas possu rem no que se refere ao
448. t 9 Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP 2005 Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodepend ncias 2005 2012 Lisboa Autor Morel A Favre J Rigaud A 2001 Rapprocher I alcoologie et intervention en toxicomanie Entre poits communs et sp cificit s Revista Toxicodepend ncias Lisboa SPPT 45 56 9 Chalker T 1997 Addiction A Concept Analysis Journal of Addictions Nursing 9 4 168 172 27 cronicamente intoxicado demonstrar uma compuls o para o consumo da s subst ncia s apresentar grande dificuldade em cessar ou modificar voluntariamente a sua utiliza o e exibir determina o em obter a s subst ncia s psicoativa s por quase quaisquer meios Na depend ncia a drogas e ou ao lcool os fatores individuais comuns a sobreposi o de significa es no que respeita ao uso das subst ncias com uma fun o de controlo da dist ncia relacional a problem tica da sujei o subst ncia a hist ria natural das adi es e a similitude das trajet rias pessoais passam agora a organizar um sentido mais amplo da forma como todos estes fatores se relacionam e unificam na emerg ncia de sofrimentos comuns para os quais urge encontrar novos modelos de compreens o novas designa es e novos dispositivos assistenciais Nesse sentido verifica se que o envolvimento na constitui o do campo comum da adi o procede de uma evolu o que tanto conceptual quanto cl nica e te
449. t AN wi q ade Minist rio ds Sm do Deicga o Regional de Lisboa e Vale du Tejo o a a e e 2 ni w anI IS e FAX N 37 2008 DRLVT Del Qane pr ba aa ssludo sdu este poput c Gerd agem prrebindo ea sine de cardos PARA Servi os Centrais do IDT DE Adelino Antunes figan que O Cx rm Los veit d szlo da m pime AIC Exmo Senhor Presidente da Conselho Directivo Dr BATA 3 or Jo o Augusto Castel Branca Goul o Ep pe Pis Jos P dua m A Direcior cia NIN MIERO DE FAX 21 72356 77 Departamento de Tratamento e Reinser o N MERO DE FAX N PAGINAS 1 3 ASSUNTO Doutoramento em Enfermagem Pedido de autoriza o para colheita de dados Dado que a entrevista a utentes e o acesso a dados sobre os mesmos carece de autoriza o da entidade m xima do Servi o vimos por este meio submeter o presente pedido que nos chegou da Escola Superior de Sa de Instituto Polit cnica de Set bal aprecia o de V Exa Com os melhores cumprimentos O Delegado Regional Adelino Antunes Av Columbano Bordalo Pinheiro n 87 2030s 40 1070 062 LSBs Tell 00 351 24 725 ESTO EMail drhAGBid nin saurde pt Sho wwwidipt 216 ooz 8 SEG 16 07 FAX 351217235677 SEC DRLFYT IDT US QUA 12 29 FAX 351217235677 SEC DRLYT IDT gt gt gt SEC SERV CENTRAI 9001 As X r di i Er LES 993 eda TOKIG upend nsin to aR Ne ro IN r5 Delega o Regional de Lisboa e Vale du Teja t en
450. t of Science Vol 278 45 47 Recuperado em 20 de junho de 2007 de http www sciencemag org cgi reprint 278 5335 45 pdf 165 Morel A Herv F Fontaine B 1998 Cuidados ao toxicodependente Lisboa Climepsi Editores 78 44 atrav s do que ele suscita em n s do que ele produz como interroga o e como sentido e o desenvolvimento da autonomia a autonomia poss vel para cada pessoa se concebe como o principal horizonte dos cuidados de 167 168 ne enfermagem e que os cuidados de enfermagem com pessoas com problemas de adi o a subst ncia psicoactivas t m como objetivo o desenvolvimento de transi es no sentido da autonomia assentes na compreens o profunda das suas experi ncias de depend ncia s subst ncias das reca das e do processo de recupera o Constatamos que em particular na presta o de cuidados com pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas se torna fundamental em todas as a es dos enfermeiros tomar como refer ncia e fim ltimo a promo o da sua autonomia Pelo que se pensarmos que os enfermeiros n o podem por via de regra ter a pretens o de falar em vez das pessoas em geral mais intensamente o pensaremos em liga o s pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas em particular popula o frequentemente silenciosa em mat ria de participa o social e tamb m na participa o construtiva nas institui es de sa de que utiliz
451. tados em cuidados de sa de In Mullahy C Jensen D 2004 The case manager s handbook 3 Ed Massachusetts Jones amp Bartlett Publishers 111 Lubkin Larsen P 2005 Chronic illness impact and interventions 6 ed Sudbury Jones amp Bartlett Publishers 112 Powell S Wekell P 1996 Nursing Case Management A Practical Guide to Success in Managed Care Philadelphia Lippincott 113 Frankel A Gelman S 1998 Case Management Chicago Lyceum Books 32 Considerando as diversas e tendencialmente cr nicas necessidades de cuidados de sa de das pessoas com problemas de adi o que se aliam s dificuldades destas para acederem e utilizarem os sistemas de cuidados que desde os anos oitenta se defende a pertin ncia da introdu o de pr ticas de gest o de caso nos cuidados de sa de que lhe s o devidos S mais recentemente contudo os estudos evidenciam a adequa o da sua 115 116 escolha no reconhecimento crescente de que preciso atender mais do que ao abuso de subst ncias The best treatment programs are comprehensive and multidimensional Num quadro de cria o de sinergias em favor de metas comuns s quais se associam tamb m resultados custo 120 121 efetivos a gest o de caso tem demonstrado introduzir melhorias significativas na assist ncia em sa de em particular em grupos vulner veis e 122 123 1 com problem ticas complexas entre as quais se compree
452. tar na altura da sele o dos participantes cerca de cinquenta por cento das pessoas com problemas de adi o a subst ncias em acompanhamento com os enfermeiros como gestores de caso e da propor o entre homens e mulheres no grupo selecionado para o estudo ser tamb m genericamente justapon vel ao total da popula o da Equipa de Tratamento n o se pretendeu naturalmente qualquer tipo de representatividade considerado o total das pessoas em acompanhamento Na sequ ncia a cada uma destas pessoas foi apresentado pelo enfermeiro gestor de caso respetivo com uma explica o sum ria o convite para j connosco conhecer os termos do consentimento informado para a participa o no estudo e desde a livremente decidir sobre a sua participa o Colheita de dados No que se refere escolha de uma t cnica destinada colheita dos dados a investiga o fenomenol gica requer que seja atendida a necessidade de os participantes terem a oportunidade de expressarem as suas experi ncias de forma detalhada e na primeira pessoa As entrevistas e os di rios contam se por isso via de regra entre os melhores meios de acesso a essa intimidade vivencial facultando aos participantes o momento e o meio para contarem livre e reflectidamente as suas hist rias em liga o ao fen meno em aprecia o 229 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 56
453. tas Geralmente ela que marca Saio daqui e marca para daqui a um m s por exemplo Tenho falado de muitos temas com ela Falado de muita coisa falado de tudo da vida de tudo V tor 10 Falto poucas vezes Uma vez ou outra falto mas muito raro Agora a ltima vez faltei mas porque n o pude mesmo Venho s consultas depois de vir consulta marcam logo outra agora j tenho outra marcada para uma pr xima vez guardo tudo para as marca es Tam m n o tenho assim muito para quando tenho a consulta falo tudo o que tenho para falar Assim de urg ncia n o Mas n o quer dizer que n o venha a acontecer n o Um dia posso tar assim mais mal Olhe preciso Fernando 12 133 A rela o com o enfermeiro passa gradualmente a ser experienciada como uma constante securizante e contentora e a pessoa experimenta um senso de confian a que lhe permite passar a confiar se lhe mais intimamente A enfermeira uma pessoa que interessada e p e se muito no no meu lugar P e se muito do meu lado ou seja ela n o v s o lado t cnico v tam m bastante o lado o lado pessoal os sentimentos v isso tudo E isso ajuda me imenso e eu consigo acabo por conseguir falar e desabafar ainda agora tive a chorar e vir a chorar e e sente se que do outro lado tamb m eu sinto que lhe toca e que sente Pedro 5 Sabe um bocadinho da minha vida sabe que mais ou menos
454. tavam a fazer a vidinha deles tavam bem eles come aram a falar comigo eh p v l se tens calma eh p vai l abaixo fala com eles n o sei qu eu j tou c desde 2001 Tenho vinte e nove anos Tive com a doutora tive com outra doutora que eu agora n o me recordo bem o nome que uma terapeuta e depois trocaram me com o enfermeiro Tive uma complica o que eu fui trabalhar para Espanha tinha largado a metadona assim de um momento para o outro quando eu voltei tive uma reca da reca comecei a consumir novamente e depois passado um m s e tal eu pensei que tava a fazer mal foi quando voltei c e pedi ajuda novamente como eu j tinha processo c e tudo elas ent o ajudaram me Fui sempre de baixo novamente n o Eu tou com o enfermeiro pelo que eu me lembro pelo menos tr s quatro anos j tou com o enfermeiro s com ele Pedi lhe ajuda e ele de vez em quando vem c s consultas para falar comigo apoia me todos os assuntos que eu tenho s com ele Deram me uma ajuda fizeram me os testes tudo que at hoje nunca mais toquei em nada Entretanto fui ter com a minha ex mulher pa tentar me reconciliar tam m com ela falei com ela ela aceitou tar junta comigo e viemos os dois c e eu meti me c a mim falei com o enfermeiro se podiam dar uma ajudinha a ela tam m que era minha mulher e consegui a meter c at hoje que ainda c t Anda a tomar metadona e droga ainda
455. te rico metodol gica do estudo Com influ ncias na fenomenologia Husserliana mas tamb m em Dilthey Heidegger 1889 1976 demonstrou uma clara prefer ncia pela filosofia da vida substituindo numa descida ao mundo da exist ncia a proposta da consci ncia transcendental e da defesa do conhecimento das ess ncias de Husserl pela valoriza o do conhecimento da vida na sua factualidade Tendo como ponto de partida o problema do sentido de Ser seus modos e maneiras de enuncia o e express o e da exist ncia humana o que significa ser uma pessoa e de como o mundo intelig vel para os seres humanos ao reafirmar e reconceptualizar a complexidade fundamental da 172 Lyotard J F 2008 A Fenomenologia Lisboa Edi es 70 9 173 Heidegger encontrou igualmente influ ncias em Kant no Conde Yorck e no existencialismo de Kierkegaard 174 Le n E 2009 The hermeneutic turn on Martin Heidegger s phenomenology Revista Polis Revista Acad mica Universidade Bolivariana N 22 Acedido em 5 de agosto de 2011 em http www revistapolis cl english 22e leon htm 2 48 exist ncia humana desenvolvida e associada inextrincavelmente aos conceitos Ser e Tempot Heidegger prop s uma compreens o do Homem enquanto ser no mundo Dasein no original Como um ser a um existente designado pelo cunho espec fico da exist ncia humana o ser no mundo e com situa se como um ser no mundo com
456. te disso com a enfermeira vejo Sem a enfermeira n o vejo Sentir se refor ada Tens que ter mais for a Ela t me a querer sempre a levantar o ego sempre sempre sempre Eu tenho alturas que ando mesmo de rastos Sentir se confi vel ela p s me as tomas para eu levar para casa um voto de confian a bem grande Que eu tou c desde catorze de setembro h m s e meio desta vez muitos est o aqui meses e meses e s podem levar quando t o a trabalhar O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo Tam m j tive problemas com a bebida que isso que a enfermeira tem mais medo tem mais medo de mim propriamente com o lcool do que propriamente com a droga Que eu cheguei a pontos de ir comprar bebida e ir beber para casa porque as pessoas n o sabiam Eu at h j n o sei quanto tempo que houve a que eu andei bem andava bem suspiro nem andava a beber nem andava com consumos e vinha c consultar a enfermeira Faz amos mesmo quest o de ter consulta as duas Compreender as consequ ncias dos consumos Eu era na minha mocidade n o sou velha mas pronto era uma pessoa muito hiperativa tinha uma grande vida E agora n o eu sou capaz de passar semanas fechada em casa J quase h quinze anos que ando nisto Reca das reca das Eu acho que eu j
457. te e mais ou menos n o se esquece das coisas E geralmente quem puxa por mim ela risos por isso que ela diz que sou um bocado fechado Normalmente ela puxa por mim risos Ela que puxa por mim mas depois eu vou atr s Sinto me vontade e pronto e mando as coisas c para fora uma pessoa que eu identifico me e consigo eu com ela n o sou fechado Eu consigo identificar me em certos pontos E bate certo as coisas que ela me costuma dizer toca me nos s tios e realmente um bocado verdade isso Eu come o me a rir um feitio meu eu come o me logo a rir e tal e ela tam m j sabe quando eu come o me a rir ela j sabe que bateu no s tio certo risos Tem me ajudado bastante sil ncio longo A minha pr pria maneira de estar t um bocado diferente Sabe que isto tem consequ ncias n o Tanto em casa como ao n vel pessoal em todos os aspetos que mesmo assim e desde que estou aqui a coisa tem ido diferente A maneira de estar outra e j n o me engano Eu j n o consigo esconder as coisas eu digo o que tenho a dizer as coisas na hora mais facilmente n o me engano que eu andava me a enganar 241 Agora h pouco tempo at tive uma reca da Andava bem depois uma brincadeira uma festa pronto uma pessoa ter um azar e perde o controle E n o fugi foi a primeira coisa que fiz foi vir c Isso ela fez do princ pio Se eu precisasse de alguma coisa era s dirigi
458. teiros a ressacar o querer parar e n o ver maneira uma maneira de a gente chegar aqui de rastos Psicologicamente e destro ado mesmo O ligar se aos outros Ilustra o narrativa Varia es do tema Reparar as rela es E eu falo da minha fam lia tamb m Mesmo ainda h bocado fal mos como que t a rela o com a minha fam lia como que as coisas est o Agora moro sozinho Tou com a minha fam lia todos os dias mas tou a viver sozinho A enfermeira j teve contacto com a minha fam lia f cil a terapeuta ter contacto com a minha fam lia Tem contacto com a minha fam lia cada vez que precisa de ter Mesmo ainda h bocado fal mos como que t a rela o com a minha fam lia como que as coisas est o S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o Samuel O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O ligar se aos outros 105 A Lucinda 9 Tenho quarenta e nove anos mas parece que j vivi cem Reca das reca das Eu acho que eu j vivi tanto na minha vida que s vezes acho que n o tenho nada para descobrir Com catorze anos a Lucinda iniciou consumos de haxixe Aos vinte e um anos experimentou e passou a consumir regularmente hero na Fez o d cimo primeiro ano e ainda nova conseguiu o primeiro emprego Algum tempo depois foi despedida desse local tal como de v rios ou
459. ter o apoio aqui e ter ido p comunidade terap utica ah sinceramente n o sei se taria aqui hoje O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se sustentada Oito meses por um lado obriguei me a isso ela tam m chegou a l ir visitar Falava com ela pelo telefone e quando tinha consultas Depois tinha aquelas paranoias era muito regra era muito r gido E eu cheguei aqui e a enfermeira assim Vai se aguentando ali voc se sai dali vai para a rua e no seu estado de sa de n o d para estar na rua se quiser ir para a rua n o lhe dou uma semana ou voc est numa cama do hospital no ltimo ou n o deixa a Comunidade V se aguentando ali olhe pianinho e coiso V ficando deste lado tamos a tratar disto Sentir se valorizada Quando saiu da Comunidade Terap utica Eu n o me esque o da frase dela Oito meses j alguma coisa muita gente n o tinha aguentado e voc aguentou Voc aguentou oito meses J alguma coisa Conseguiu tirar alguma coisa para seu proveito Tava um bocadinho mais gordo Tomei de manh a metadona e depois estudou se a forma da metadona como que seria melhor fazer a redu o Vamos experimentar assim Sentir se reassegurada Encaro as coisas de outra forma ganho seguran a nas coisas que fa o N o fa o coisas a tremer D para eu ganhar seguran a e sinto me mais seguro ela at m
460. tera es de comportamento Tem a primeira consulta com uma psic loga da Equipa de Tratamento nos pr ximos dias 274 de de seguir para adiante sim muito dif cil mas a vida e os meus filhos e d o me for a para continuar a lutar tenho muitos problemas Eu quero antes viver assim nesta vida que que cair na droga Muito Prefiro ter esta vida que tenho em vez de estar metida na droga de verdade 275 Narrativa da Isabel 14 Isto j n o a primeira vez que tenho tratamentos mas em CAT s eu primeiro comecei por interm dio do meu psiquiatra na altura tive uns problemas ah ele indicou me um centro de atendimento em Lisboa para n o andar a consumir enquanto n o arranjava aqui E eu ia fazer as tomas nas carrinhas at conseguir ter vaga aqui e depois passado a um m s um m s e meio que vim para aqui para o programa de metadona Na primeira semana que para fazer a habitua o a indu o da metadona que vim aqui diariamente Depois fiquei logo com tomas domicili rias Que eu tinha tido antes desta enfermeira eu tive outra enfermeira Comecei com oitenta miligramas de metadona eu j engravidei e j abortei E andando na porcaria portanto agora que tou me a curar decidi eu j tenho trinta e tal n o E ent o decidi que queria levar as coisas a s rio Ent o o meu receio ra a metadona porque ouvia hist rias que a crian a ia ficar na incubadora uma semana e
461. tes contribu rem para a melhoria organizacional dos cuidados de sa de na adi o em geral e de enfermagem na adi o em particular 18 Chan G Brykczynski K Malone R Benner P 2010 Interpretive Phenomenology in Health Care Research Indianapolis Sigma Theta Tau International Honor Society of Nursing xxi 8 Numa outra dimens o se pensarmos que no contexto das profiss es de ajuda a partir da sugest o da necessidade expressa pelo outro e da sua avalia o da utilidade dos cuidados que a enfermagem se legitima enquanto pr tica individual e socialmente til este estudo poder tornar se igualmente relevante como subs dio para a forma o de enfermeiros que exer am ou venham a exercer na rea da adi o uma vez que permite orientar os seus processos formativos iniciais p s graduados e em servi o de acordo com uma legitima o fundante a voz da experi ncia vivida dos seus clientes que presentes em todos os momentos do processo assistencial em que se planeiam desenvolvem e avaliam os cuidados de enfermagem s o nos seu projetos de sa de e na perce o que desenvolvem da ajuda o fio condutor de toda a a o do enfermeiro Em mat ria de contributo para a disciplina de enfermagem este estudo pretende apresentar se como um subs dio para a compreens o das complexidades dos vividos da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoactivas de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso ac
462. timento dos clientes para a dos cuidados necessidades de implementa o ajuda o cliente a escolher as cuidados op es Valida o plano de cuidados Defesa dos Desenvolve os interesses do cliente cuidados combina o da Contacta os prestadores negoceia servi os Implementa o Documenta os presta o de coordena a presta o dos servi os monitoriza e avalia o cuidados e os efeitos servi os as mudan as no estado do cliente e dos interm dia dos cuidados monitoriza o dos servi os Reavalia as clientes durante o necessidades em processo de cuidados de cuidados enfermagem Avalia e compara as Examina os resultados em compara o com os Avalia o final necessidades em Reavalia o objetivos examina as necessidades em cuidados de compara o com os servi os prestados enfermagem examina a satisfa o do cliente e prestadores Adaptado a partir de Atkinson amp Murray 1989 e de Stanhope amp Lancaster 2004 137 Stanhope M Lancaster J 2004 Community amp public health nursing 6 Edition Mosby Elsevier Health Sciences 449 36 Neste sentido verifica se que a gest o de caso realizada por enfermeiros encontra a sua maior valoriza o na possibilidade de desenvolver com os clientes rela es de confian a m tua e uma profunda compreens o e valida o das suas necessidades individuais e recursos 138 139 favor veis ao autocuidado num cen rio de negocia o dos cuidados e
463. tir se progressivamente desligada das subst ncias e ligada e tomada a cargo de si pr pria 174 Discuss o dos dados Para as pessoas participantes neste estudo a experi ncia vivida de ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso narrada ao longo de todo o processo de cuidados em temas experienciais que decorrem do que vivem na rela o com o enfermeiro e do que percecionam que o enfermeiro lhes proporciona indiretamente viver Ou seja a sua experi ncia d conta por um lado do que se relaciona com a interven o do enfermeiro em mat ria de presta o direta de cuidados e por outro do que se relaciona com a perce o da interven o indireta do enfermeiro no mbito da participa o deste na defesa dos interesses e da resolu o das necessidades da pessoa planeando facilitando implementando coordenando e avaliando os servi os prestados por outros t cnicos da Equipa de Tratamento bem como por outros organismos de sa de sociais e mesmo de justi a No que se refere s experi ncias que decorrem do que a pessoa vive com o enfermeiro sua interven o em mat ria de presta o direta de cuidados torna se nos percet vel como estas encontram o seu ponto de partida na compreens o que fazemos da condi o de vulnerabilidade com que cada uma se lhe apresenta Filosoficamente significada enquanto condi o universal que se exprime na natureza perec vel do Homem ontologicamente vulner vel evocando o v
464. tir se chamada a participar Eu posso dizer que aqui veem a parte humana bom a gente gosta de saber que h algu m que diz Sim senhora capaz de dizer Tens que tratar disso e veja l ou seja n o me repreende faz me ver as coisas de outra forma assim se voc n o fizer voc que vai sofrer as consequ ncias Se n o tratar destes papeis agora vai tratar mais tarde quanto mais tarde tratar mais tarde tem as consequ ncias Isto por causa da reforma A op o sua O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Compreender as consequ ncias dos consumos A vida de de t xico a gente n o tem paz aquela lufa lufa todos os dias seja de que maneira for roubar enganar a arrumar carros seja quando que for ao frio sempre aquela coisa aquela lufa lufa para arranjar dinheiro hero na e coca na e a degrada o e tudo Completamente degradado A n vel f sico a n vel psicol gico tava completamente de rastos N o via perspetivas nenhumas de de nada Sentia me completamente perdido Tava a caminhar para a destrui o mesmo Eu sou seropositivo e a n vel de doen a tava n o conseguia andar tava super magro tinha montes de feridas Elaborar as perdas Estou cansado mesmo cansado desses ritmos que acabam por n o ter nada ou seja o que a gente ganha com isso n o ganha s perde Que
465. tiva do Self Dial gico a representa o existencial de cada indiv duo ganha sentido no movimento de posicionamento constante na rela o com um Outro e em rela o a ele Uma vez que o humano se realiza comunicacionalmente a partir de ferramentas culturalmente criadas o self nesta perspetiva articula e condensa a representa o de si tamb m numa perspetiva s cio cultural In d Alte Petracchi P Ferreira T Cunha C Salgado J 2007 Self Dial gico Um convite a uma abordagem alternativa ao problema da identidade pessoal Intera es N 6 8 31 29 Conti o hare M 1996 A Descriptive Analysis of the Therapeutic Use of Self with Addicted Clients in Early Recovery from the Expert Nurse s Perspetive Journal of Addictions Nursing 8 3 80 84 270 Ant nio P 2008 O encontro terap utico e a centralidade do afeto na cl nica com toxicodependentes Revista Toxicodepend ncias Lisboa IDT Vol 14 N 2 15 24 179 express o gradual dos afetos rec procos joga um papel determinante na cria o das condi es para que a rela o terap utica possa envolver paciente e terapeuta enfermeiro neste caso num mesmo percurso comum Simultaneamente observando e participando na vida da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas o enfermeiro gestor de caso oferece se lhe como recurso suficientemente objetivo e securizante para os problemas que aquela lhe apresenta ao mesmo tempo que entra demorad
466. to triste e eu tam m lhe digo uma coisa eu tam m entreguei me mais ao lcool entreguei me mais ao lcool quando eu soube que fiquei sem a minha filha Responsabilizar se pelas escolhas do passado Come o a pensar o que o que eu a asneira que eu fiz Agora ando p ra minha cabe a mesmo apagar a asneira que eu fiz as coisas passadas pra mandar pra tr s das costas mas n o posso esquecer muitas coisas a borrada que eu fiz do lcool n o Considerar as consequ ncias do futuro como dependente At o se eu n o tivesse deixado de beber onde que eu j tava Se calhar j tava a fazer tijolo Se eu me sinto t o bem assim n o tenho necessidade daquilo N o tenho necessidade porque j primeira se eu me agarrasse aquilo o mal era meu Antes de durar mais vinte ou trinta ou quarenta anos durava s dez anos Eu n o quero chegar ao ponto onde o meu pai chegou O mal era meu O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Transformar se a partir da aus ncia da subst ncia Foi um bocado dif cil porque o corpo o corpo j t habituado aquele bebida O lcool como a droga O corpo sente uma pessoa que teja habituada aquilo tira aquilo de repente o corpo sente como o tabaco Se eu tiver um dia sem fumar come o a tremer por todo o lado Eu quando deslarguei eu andava um bocado stressado e de que
467. to f cil mas penso que vou conseguir resolver Pode haver uma reca da nunca digo que n o volto l vou tentar fazer tudo corretamente n o Tentar como se diz Acho que tem que pensar sempre em n o o fazer Tenho sido bem tratado Vou continuar o meu tratamentozinho Vou seguir a minha vidinha continuar o meu tratamento nem que seja cinco ou seis anos ou sete ou oito 111 S ntese dos temas essenciais da narrativa da pessoa o V tor O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros O projetar se no futuro 112 O Rui 11 At ao momento em que entrei para a cadeia n o tive vida N o tive vida n o vivi n o existi n o para ningu m Aos catorze anos o Rui experimentou haxixe pela primeira vez Durante todo esse ano consumiu regularmente haxixe e tamb m benzodiazepinas Aos quinze experimentou hero na e coca na fumadas A partir dos dezasseis passou a injetar regularmente hero na Deixou a escola com o segundo ciclo de escolaridade e passou a fazer biscates sobretudo na constru o civil V rias vezes despedido come ou ent o a fazer pequenos furtos em casa na sequ ncia dos quais o pai o mandou embora Passou a viver na rua nos parques e na esta o dos comboios e come ou nessa altura com pequenos furtos que se f
468. tros que se lhe seguiram Aumentando os consumos de hero na passou a prostituir se durante anos Deixou a prostitui o quando arranjou um companheiro com quem chegou a viver Fez entretanto v rios tratamentos em comunidades terap uticas voltando sempre a recair pouco depois Encaminhada para a Equipa de Tratamento quando esta abriu iniciou Programa de Substitui o por Agonistas Opi ceos e foi inicialmente acompanhada por uma psic loga com quem veio a ter um conflito Quis mudar de terapeuta e passou a ser acompanhada pela enfermeira com quem est h tr s anos e meio H um ano o companheiro que foi entretanto preso faleceu na pris o Deprimida a Lucinda come ou a beber lcool sozinha em casa e teve v rias reca das com consumos de hero na Agora aos quarenta e nove anos solteira e vive s Tem um irm o e d se com ele e com a m e Tem tamb m uma filha com quem contacta esporadicamente Est desempregada e recebe o Rendimento Social de Inser o Tem epilepsia e condilomatose que lhe ficou como consequ ncia f sica da sua hist ria de prostitui o A sua narrativa encontra se em ap ndice Temas essenciais da narrativa da pessoa a Lucinda O ligar se ao enfermeiro Ilustra o narrativa N o me tava a dar bem com a minha antiga terapeuta e ent o quis mudar Pus me com um p frente e outro atr s porque n o sabia o que que havia n o sabia o que que ia encontrar seria uma melhor o
469. tudo Sinto me melhor sinto me mais feliz A pessoa sabe bem o que que quer da vida n o Sei Tam m n o sou assim n o tenho assim grandes ambi es n o Tou bem no trabalho queria ficar com o meu trabalho gosto do meu trabalho ter uma vida est vel portanto tudo Ter o meu carrinho ter a minha casa coisa que n o tinha nada n o Tenho tudo agora gra as a Deus tenho tudo 280 Texto escrito conforme o Acordo Ortogr fico convertido pelo Lince 281
470. turalistic Hermeneutics Cambridge Cambridge University Press Marriner A 1989 Modelos y Teor as de Enfermer a Barcelona Ediciones Rol S A Major F 2000 Le Centre D Int r t de la Discipline Infirmi re Une Clarification L Aide d s Bases Ontologiques Recherche en Soins Infirmiers Lyon Association de recherche en soins infirmiers N 60 Mars 9 16 McCormick P Elliston F Eds 1981 Husserl Shorter works Indiana Notre Dame Press McLellan A Hagan T Levine M Meyers K Gould F Bencivengo M et al 1999 Does clinical case management improve outpatient addiction treatment Drug amp Alcohol Dependence 55 1 2 91 103 Mejta C Bokos P Mickenberg J Maslar M amp Senay E 1997 Improving Substance Abuse Treatment Access and Retention Using a Case Management Approach Journal of Drug Issues 27 2 329 340 Meleis A 2007 Theoretical Nursing Development and Progress 4 Edition Lippincott Williams amp Wilkins Mello M Barrias J Breda J 2001 lcool e problemas ligados ao lcool em Portugal Lisboa Dire o Geral de Sa de Merleau Ponty M 2005 Ph nom nologie de la perception Paris Tel Galimard Original de 1945 Michel O 2002 lcool drogas e alucina es como tratar Tijuca Revinter Mitchell G Cody W 1992 Nursing Knowledge and Human Science Ontological and Epistemological Considerations Nursing Science Quarterly
471. tuto da Droga e da Toxicodepend ncia IP como unidades especializadas de interven o local s quais competia prestar em regime ambulat rio cuidados globais de sa de a pessoas com toxicodepend ncia e ou alcoolismo segundo as modalidades terap uticas mais apropriadas Portaria n 648 2007 30 de maio Estatutos do Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Di rio da Rep blica S rie 5 Sequeira A et al 2007 2008 2009 2010 Relat rios de Avalia o Interna do Projeto do Enfermeiro Gestor de Caso na Equipa de Tratamento do Barreiro Barreiro Equipa de Tratamento do Barreiro Instituto da Droga e da Toxicodepend ncia IP Documentos n o publicados 2 seguimentos em especialidades nada se sabe contudo sobre como foi para as pessoas cuidadas essa experi ncia de serem cuidadas Esta ademais uma lacuna do conhecimento que emerge da evid ncia produzida sobre a gest o de caso com pessoas com problemas de adi o a subst ncias s o frequentes os estudos sobre gest o de caso com pessoas com problemas de adi o que avaliam a satisfa o dos clientes a satisfa o dos profissionais a qualidade dos cuidados e a rela o custo benef cio mas quase inexistentes os que d o voz experi ncia das pessoas de serem cuidadas apesar de serem as principais interessadas no agir dos t cnicos de sa de em geral e dos enfermeiros em particular Decorre disto a manuten o do sil ncio de uma popula o
472. u o meu companheiro faleceu emociona se e chora foi tudo ao mesmo tempo Mas eu antes que a coisa se afundasse mais vim logo aqui ao fim de um m s Vim aqui ao fim de um m s e pronto eu pedi para ficar com a doutora a enfermeira e ela assim Nem podia ser de outra maneira ficas comigo Sinto me compreendida por ela diz me assim Mas tu eu compreendo tu tu sabes que fizeste porcaria e se n o vens c mas pronto agora vieste ao fim de um m s porque viste que se n o viesses c que ias at ao fim do po o e j n o voltavas mais com tantos problemas que tu tens Quando vai abaixo sei que tenho o ombro dela sorri Tenho ali um ombro amigo Ela n o s a minha terapeuta n o s a minha enfermeira o meu ombro um ombro que eu tenho aqui sil ncio Tenho quarenta e nove anos mas parece que j vivi cem sil ncio N o f cil H sentimentos que s vezes uma pessoa quer descreve los e n o h n o h palavras que possam descrever s n s os sentimos e eu n o sou boa a falar Nem eu tenho estas conversas com mais ningu m n o A n o ser com ela Falo abertamente com a enfermeira coisas que eu s vezes nem quero falar e n o sei qu mas nesse momento Ah h a mais alguma coisa e eu acabo por sorriso triste depois uma coisa leva outra As coisas do passado o passado nunca se deve esquecer para que ele nunca se volte a repetir Mas tam m h certa
473. u a conhecia tar a falar dos problemas n o Isabel 14 a Isabel que j conhecia a enfermeira daqui da minha juventude conta como sentiu que esse conhecimento pr vio permitiu reduzir a dist ncia inicial entre ambas mas ao mesmo tempo a fez experimentar maiores dificuldades em falar dos seus problemas agora que estavam em pap is diferentes e ainda por cima o que me faz muita confus o que o meu marido tam m anda aqui h muito mais anos E tem uma m dica e portanto o meu problema era porque que eu n o hei de ter Porque a maior parte das pessoas praticamente tinham m dicas e eu fiquei um bocado porque que eu hei de ter uma enfermeira E achava que ela n o quest o de n o tar qualificada mas achava pronto que n o estava ao n vel ou que n o poderia me ajudar Isabel 14 129 Uma vez que havia j sido acompanhada durante v rios anos no setor privado por um m dico psiquiatra e que o seu marido era tamb m acompanhado por uma m dica na Equipa de Tratamento somaram se lhe na altura retic ncias quanto possibilidade de ser ajudada por uma enfermeira que sup s como conta poder n o estar ao n vel Primeiro perguntaram me quando eu c vim o que que eu pensava fazer minha vida a doutora a enfermeira perguntou me Artur 1 Neste primeiro tempo do acompanhamento a pessoa sente que tem a possibilidade de expressar as suas motiva
474. u assim sorriso triste Como que poss vel isto ter acontecido fica assim um bocado e nota se notou se que ficou E chegou a dizer Samuel voc foi uma pessoa que aqui num ano e tal voc construiu fez isto e isto e isto passou por aqui poucas pessoas que aconteceram isso tam m tinha quem o ajudasse e de um momento para o outro voc destruiu tudo logo E se calhar at fica naquela que se calhar podia ter feito alguma coisa e n o fez na altura n o sei Ficava melhor claro se soubesse que as coisas tinham corrido bem E que tavam a dar certo N o fica satisfeita quando eu chego aqui tava dois tr s dias sem vir tomar a metadona e depois quando aparecia ah via no estado em que eu tava quando aparece assim mais magro quando aparece assim mais relaxado barba por fazer banho por tomar prontos v se que a pessoa e diz Samuel agora voc t mais magro Samuel voc t anda assim outra vez Samuel eu j o vi assim E v se um aviso que a pessoa t nos a dar Olhe que vai voltar outra vez mesma coisa veja l o que a que a gente pode fazer o que que a gente vai fazer para mudar isso Ainda h de conseguir outra vez Falamos do passado Por exemplo que no passado aconteceu assim agora esta maneira como que est a acontecer ou na sequ ncia Samuel da outra vez foi assim desta vez vamos l a ver se n o volta a ser recorda se como que foi Fal
475. ual a ela Ela parece que tam m drogada porque toma muitos comprimidos Eu s vezes vejo a minha m e assim como uma drogada Apesar de n o ser mas a droga dela os comprimidos parece que tem os mesmos sintomas que eu as mesmas as mesmas dificuldades que eu suspira assim N o gosto que os meus pais se metam Acho que eles j t m este problema j tiveram mais centralizados na minha quest o e agora j em deixam mais pronto j n o j n o dou tantos problemas como dava tam m e j n o se preocupam tanto Ele tem que se ir curar ou tem que ir para um centro Agora deixam me mais Antes a minha m e andava muito 268 atr s de mim andava sempre atr s de mim e n o sei qu para onde eu ia ela ia E agora j n o J j me deixa mais vontade ela tam m via que isso me fazia mal andar atr s de mim e preocupar se tanto Com a enfermeira as decis es s o acordadas entre n s Ela pergunta me Como que acha melhor Prop e me sim prop e me N o diz Faz assim ou ou coiso pronto prop e me como anda a trabalhar agora por exemplo se andasse mal e voltasse a tar na cama e n o sei que mais Se calhar era melhor falar com a m dica N o diz Tens que fazer Olha tens que ir falar com a m dica Tam m j tive uma vem um consumo de coca na andava a consumir cocaina e pronto ela falou com a m dica para me passar mas n o diz que ten
476. ue como j vamos para o terceiro m s que n o pagamos vamos para a rua N o temos n o temos ningu m que nos ajude E estamos a ver se tentamos alguma coisa solucionar alguma coisa Agora tamb m ao meu marido detetaram lhe a diabetes tudo problemas tudo problemas tudo problemas N o h nada bom n o h nada bom H muito tempo que tentamos meter o mi do mais pequeno num infant rio e n o conseguimos e muitos gastos que n o que apenas recebemos o rendimento m nimo e n o d para tudo E estamos numa situa o que e com dois filhos vermo nos na rua e se trabalho e sem nada complicado 271 J tenho falado com o enfermeiro para que ele fale com a assistente social do CAT a ver se ela se pode por em contacto com a outra para nos encaminhar mais r pido Pronto para que ele nos mande para a assistente social daqui do CAT a ver se ela pode fazer alguma coisa para ajudar me A ver se nos marcava pronto a ver se marcava outra consulta para a doutora porque faltamos mas pronto quando n s cheg mos viemos aqui ao CAT e cont mos o que se havia passado que por isso n o tinhamos vindo consulta O doutor o enfermeiro falou com ela falou com ela pronto a ver se podia fazer alguma coisa por a gente e agora temos consulta com a assistente social do CAT agora no dia dezasseis acho eu Pronto ele tamb m nos deu muita ajuda porque a doutora a assistente social da Seguran a Social veio aqui sab
477. ue eu era igual a ele Ele bebia muito ele vinha aqui ele depois que me conselhou c vir po causa que eu bebia muito Eu bebia muito e vim c com ele fiz a ficha e agora aqui tou Primeira pessoa foi com a doutora a enfermeira a doutora que que me tratou dos pap is todos fez me as perguntas que tinha que me fazer fiz exames fiz exames aqui Primeiro perguntaram me quando eu c vim o que que eu pensava fazer minha vida a doutora a enfermeira perguntou me Eu a primeira vez quando eu vi aqui fiquei assim porque uma pessoa n o conhece as pessoas n o tem aquela lida o e fui sincero fui sincero n o sei o que que h de explicar mais E posso agradecer a elas s doutoras a enfermeira e a assistente social por eu tar assim como tou agora Se n o fosse elas alguma vez se calhar andava a outra vez ou j tinha fechado os olhos se calhar se n o fosse as doutoras se n o fosse aqui n o sei tinha que ser for a N o gosto de tar preso em hospitais mas aqui N n o se sente preso aqui n o tenho nada contra as doutoras porque ajudaram Se n o me ajudassem eu tamb m eu tamb m n o vinha aqui mesmo assim A gente s temos que ir onde onde ajudam se n o ajudassem o que que eu tava aqui a fazer Eu aqui tou muita contente Aqui n o posso mesmo dizer assim h p isto aconteceu isto e isto n o ao contr rio Aqui gosto de c vir s o muito s
478. ue isto est uma desgra a com ela ela est apta a fazer isso Nunca tinha participado em nada eu at j podia estar fora do programa eu reconhe o que j podia estar fora do programa Mas esta luta t o grande voc est a ver voc filho e no espa o de dois anos perde pai perde m e perde uma sobrinha perde os irm os todos fiquei completamente de rastos Se n o fosse a enfermeira era capaz de ir para a tomar um bocado daquilo ou meter me naquilo ou sei l p Podia ter acontecido ou no lcool A gente devemos falar disso de tudo A vida continua Meti uma pedra em cima daquela situa o Custou me pronto Eu levantei me H pessoas que n o tamb m est o na merda Alguns est o presos Mas estou a reduzir Vamos reduzir agora quatro ou cinco mil metros passamos assim por uma fase eu proponho enfermeira combinado A redu o combinada Nunca me aconteceu pedir para reduzir e ela dizer que n o Pelo contr rio ela pergunta se eu preciso de alguma coisa veja l N o eu tou bem Para matar o v cio trabalha se olha d se ao cabedal como se costuma dizer Eu s vezes estou a pensar sobre a reca da e penso mas o que propriamente a reca da H aquele bichinho A reca da por vezes n o que um indiv duo precise vai ao encontro daquilo porque quer sentir novamente o deixa l ver H a um certo bairro onde v o comprar a dita branca e eu n o aceito E eu
479. ui a enfermeira apanhou me mesmo em baixo Entrei em setembro N o havia era tanto contacto Como que se sente como que est t a tomar X de metadona como que se sente Resumia se um bocado a a conversa s no estado de sa de Quatro dias depois estava a entrar na comunidade Venho aqui e em tr s ou quatro dias arranjaram me logo um centro para eu ir J temos uma comunidade para si Senhora enfermeira mas religi es n o Pode se fumar Pode Pronto Oito meses por um lado obriguei me a isso ela tam m chegou a l ir visitar Falava com ela pelo telefone e quando tinha consultas Depois tinha aquelas paranoias era muito regra era muito r gido E eu cheguei aqui e a enfermeira assim Vai se aguentando ali voc se sai dali vai para a rua e no seu estado de sa de n o d para estar na rua se quiser ir para a rua n o lhe dou uma semana ou voc est numa cama do hospital no ltimo ou n o deixa a Comunidade V se aguentando ali olhe pianinho e coiso V ficando deste lado tamos a tratar disto Quando saiu da Comunidade Terap utica Eu vim c logo nesse dia porque tomava metadona Eu n o me esque o da frase dela Oito meses j alguma coisa muita gente n o tinha aguentado e voc aguentou Voc aguentou oito meses J alguma coisa Conseguiu tirar alguma coisa para seu proveito Tava um bocadinho mais gordo Tomei de manh e depois estudou se a fo
480. ulnus latim a ferida a ideia da vulnerabilidade irredutivelmente definida como suscetibilidade a se ser ferido mant m se em 22 Refer ncia para o pensamento de Hans Jonas em Jonas H 1995 EI Principio De Responsabilidad Ensayo de una etica para la civilizaci n tecnol gica Barcelona Herder original de 1979 e de Martin Heidegger em Heidegger M 2006 Ser e Tempo Petr polis Editora Vozes Original de 1927 175 todas as evoca es do termo das mais correntes s dos dom nios de maior especializa o De conce o complexa e frequentemente considerada nas profiss es de sa de como organizadora da aprecia o que feita do s cliente s e de si pr prias a explicita o da vulnerabilidade como um conceito essencial para a enfermagem suscita que possa ser abordada tanto numa perspetiva externa tica quanto interna mica Com origens na epidemiologia na aprecia o por outros da exposi o agravada de cada um as premissas b sicas da perspetiva externa da vulnerabilidade relacionam os valores sociais normativos o risco objetivo e o mandato social para a interven o para legitimar a convoca o de um plano prescritivo na determina o de como os enfermeiros abordam e interagem com as pessoas ou grupos adjetivados nesse sentido enquanto vulner veis Ou seja particularmente expostos ao maior risco a serem feridos quando comparados com a sociedade em geral Mas uma vez que o risco podend
481. uma compreens o sobre a experi ncia vivida de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas O fen meno que se manifestou ao longo de oito temas comuns O ligar se ao enfermeiro O sentir se representada O sentir se investida O situar se na sua hist ria de consumos O modificar o padr o de rela o com a subst ncia O valorizar as mudan as O ligar se aos outros e O projetar se no futuro revelou se enquanto uma experi ncia eminentemente relacional toda ela vivida em torno da dial tica do ligar se e do desligar se A narrativa da experi ncia vivida de ser cuidada por um enfermeiro gestor de caso da pessoa com problemas de adi o a subst ncias psicoativas d conta tanto da experi ncia que se relaciona com a interven o do enfermeiro em mat ria de presta o direta de cuidados como da que se relaciona com a perce o da sua interven o indireta no mbito da sua participa o na defesa dos interesses e da resolu o das necessidades da pessoa no conjunto da Equipa de Tratamento mas tamb m junto de outros organismos de sa de sociais e de justi a Num momento da hist ria em que a problem tica da adi o a subst ncias psicoativas atinge na Europa e em Portugal propor es nunca antes vistas com repercuss es ao n vel da diversifica o e intensidade das necessidades das pessoas com essas depend
482. umo sui generis Resumo do Relat rio da OMS Revista Toxicodepend ncias Vol 15 N 1 77 86 103 Mello M Barrias J Breda J 2001 lcool e problemas ligados ao lcool em Portugal Lisboa Dire o Geral de Sa de 104 Idem 29 Toxicodepend ncia realizada em 2004 pelo IDT IP identificou importantes limita es nas respostas articuladas e geograficamente abrangentes assim como dificuldades de potencia o da articula o intra e interinstitucional no plano de uma interven o integrada Desta avalia o resultou um conjunto de orienta es que procuraram melhorar as respostas terap uticas ao aumento do n mero de clientes com problemas associados adi o de subst ncias psicoactivas e diversifica o das suas necessidades de cuidados O reconhecimento e valoriza o do tratamento a centralidade da pessoa na organiza o dos cuidados e a constru o de respostas integradas constitufram se assim como alguns dos principais eixos de interven o anunciados no atual Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodepend ncias 2005 2012 Na linha do proposto pelo Observat rio Europeu da Droga e da Toxicodepend ncia como uma das medidas tendentes a refor ar a qualidade do tratamento e da assist ncia a pessoas com problemas de adi o a subst ncias psicoativas este Plano Nacional prev para a implementa o e ou melhoramento de respostas num registo simultaneamente vertical rede de referencia o e horiz
483. utica pode ser vista como uma intera o din mica entre um conjunto de tipologias de atividades a focagem da aten o do investigador no fen meno a estudar a orienta o para a investiga o da experi ncia tal como vivida em vez de tal como conceptualizada a reflex o sobre os temas essenciais que caracterizam o fen meno 210 Van Manen M 1990 Researching Lived Experience Human Science for an Action Sensitive Pedagogy New York State University of New York Press 211 Cohen M Kahn D Steeves R 2002 Hermeneutic Phenomenological Research A Practical Guide for Nurse Researchers Methods in Nursing Research Thousand Oaks Sage Publications Inc 212 Smith J Flowers P Larkin M 2010 Interpretive Phenomenological Analysis Theory Method and Research Sage 60 a descri o do fen meno atrav s do exerc cio da escrita e da reescrita a manuten o de uma forte orienta o disciplinar na rela o com o fen meno e o equil brio do contexto da investiga o consideradas as partes e o todo Para este autor contudo o pensamento hermen utico de Gadamer demonstra uma aus ncia de preocupa o com a proposta explicita de um m todo ou t cnica interpretativa a utilizar no encontro com o texto em an lise na medida em que isso contrariaria o esp rito acad mico das ci ncias humanas 2 o m todo da fenomenologia hermen utica que n o tem m todo Apesar de discorrer extensamente sobre o
484. utora a assistente social da Seguran a Social veio aqui saber de n s A ver como n s est vamos e se n o t nhamos tido nenhuma reca da e a dose Ela veio mesmo aqui ao centro para ver como n s lev vamos o tratamento Se t nhamos alguma reca da se t nhamos doping os testes positivo como pronto da maneira como a gente estava Ent o ela viu que est vamos bem que estava tudo bem que estavam os testes todos todos normais e e deram nos o rendimento Mas pronto isso j alguma coisa mas pouco O sentir se investida Ilustra o narrativa Varia es do tema Sentir se sustentada As conversas com o enfermeiro tamb m me ajudam tamb m Tamb m me ajudam s vezes Falamos mais minha vida presente N o da minha vida passada muito pouco Mais da minha vida presente emociona se e chora ai muito sofrimento muito muito continua a chorar enquanto fala se n o fosse pelos meus filhos e pelo dia a dia pela vida que eles me d o assim e tudo S o muitos problemas procura deixar de chorar O situar se na sua hist ria de consumos Ilustra o narrativa Varia es do tema Tomar consci ncia da aus ncia de controlo J tive uma reca da Foi complicado Era Natal era altura do Natal e um vizinho de frente tamb m gosta da gosta da droga e um dia subiu nossa casa e queria pronto perguntou se podia se podia fazer um risco de coca na
485. utra pior Eu para falar ao princ pio era arrancar a pele naquela altura em que estava com o p atr s Sentir a aus ncia inicial de liga o A humildade com que ela nos trata humildade de nos olhar nos olhos e a for a a for a interior que ela nos transmite que a mim me transmite e que isso me faz sentir bem Ela parece que absorve tudo Sentir se procurada aquilo ela absorve a informa o que o utente tenta lhe passar Ela tenta Varia es tirar partido disso porque cada caso um caso sil ncio Eu gosto Ela t sempre a a insistir para que eu venha para a gente falar um do tema bocadinho Olha mas eu tenho tempo Sinto me compreendida por ela Conhece o meu historial todo e sabe dos Sentir se compreendida problemas todos que eu tenho Sentir que afeta Quando venho bem vejo que ela tam m fica fica contente Fica parece emocionalmente o que para ela eu acho que a enfermeira leva isto muito a peito E ela enfermeiro fica contente com os meus progressos Sinto isso nela E uma pessoa que honesta e ela tamb m v isso da minha parte que eu Sentir se identificada sou bastante honesta com ela Eu identifico me em bastantes coisas com ela pronto Identificamos as duas identificamos H um interc mbio de 106 aprendizagem suspiro porque a enfermeira para mim a enfermeira s lhe falta drogar se Claro que eu n o quero que ela o fa a riso mas
486. utsch Deutsch Portugiesisch Berlin und M nchen Langenscheidt Dicion rio de Portugu s Alem o e Alem o Portugu s o conceito ganhou uma contribui o importante com a sua utiliza o na literatura biogr fica alem dos anos setenta do s culo dezanove especialmente sobre artistas e poetas partindo do suposto de que a partir da vida se compreende a obra ao convocar a dimens o hist rica individual e coletiva do humano que acede experi ncia da vida a partir de si da sua vida passada e da cultura em que se inscreve 13 Realidade integral direta simultaneamente contempor nea e hist rica feita dos vividos todo coerentes que se constroem a partir da subjetividade individual experi ncia interna e coletiva de cada indiv duo a experi ncia vivida simultaneamente decorre organiza e expressa a rela o do Homem com o mundo presente e passado com a hist ria e a cultura manifesta es de padr es da vida humana perpassados de significados Na experi ncia vivida estamos perante a principal rela o e articula o que se estabelece entre o indiv duo e o mundo Formula o condensadora e intensiva que considera tanto a atualidade da experi ncia que se vive que oferece o ponto de partida para a interpreta o elabora o e transmiss o mas que lhes anterior quanto o produto por si mediado o seu resultado na vida de quem a viveu a experi ncia vivida funda o modo humano de ser Unidade vivencial
487. va tudo telefonavam para c pediam para verificar tudo tava tudo em computador tava tudo bem Eles compreenderam me e at hoje at os testes que fa o est tudo bem sou vigiado tudo bem at hoje e n o torno a querer nada com isso Consegui ter casa coisa que nunca tive J tive muita mulher mas sempre vivi na casa delas agora na minha nunca tinha tido Eu j h um ano e tal que tenho casa Arranjei trabalho at h um ano atr s Acabou se o trabalho e agora tou a receber o rendimento m nimo Agora levo a metadona para casa tenho a minha casa tenho a minha mulher e tenho o meu filho E at hoje tenho tado bem assim Fui preso em abril tava no nome do estabelecimento prisional e ao fim do m s vim para casa com pulseira eletr nica e tou de pulseira eletr nica S saio quando o doutor o enfermeiro marca uma consulta ou para vir buscar metadona tenho que levar a justifica o daqui pronto que o que se est a passar agora Mas pronto um bocado dif cil tar preso n o um bocado dif cil O enfermeiro d me apoio porque eu s vezes chego aqui n o Tou saturado come o a dizer a ele Eh senhor enfermeiro porra tou saturado de tar em casa tantos dias fechado porra isto e aquilo e ele come a me a dizer tens que ter calma isto tam m j t quase a chegar ao julgamento o julgamento n o mais que um ano eles v o ter que te chamar depois a partir da vais ver como
488. vai se estragar ainda mais larguei a h coisa de dois anos Agora vivo permanentemente com a sobrinha dela com quem tenho este filho Nunca mais liguei a ela T a morar ao p de mim s vezes vai l pede ajuda e coiso mas eu n o lhe entrego nem nada pa ver se ela se cura at j falei com ela que era melhor ela parar com a droga Eu dantes era muito desnaturado e tam m s vezes variava de vez em quando tinha um consumo ou outro eu enervava me saia tomava um pacotito s que cinco euros s um pacotito pequenino e depois n o me lembrava que tinha que ir buscar a metadona e quando vinha acusava Eu tinha uns processos em tribunal E eu s vezes precisava de qualquer coisa uma declara o daqui ou da assistente social e ele o enfermeiro tratava me disso tudo falava com as doutoras depois tinham reuni es comigo pronto consultas viam como que tavam os meus testes O enfermeiro come ou me a aconselhar que era melhor eu parar porque eu por duas vezes fiquei sem levar metadona e ele aconselhou me tentou me ajudar de eu parar com isso porque se n o ia parar de vez de levar metadona para casa e que isto n o era vida para 233 mim que a minha mulher tava gr vida j na altura j tava gr vida que para eu ter ju zo at que eu comecei a pensar na vida e disse para ele Voc tem raz o Come aram a ver que tava tudo bem comecei a entregar os papeis em tribunal viram que ta
489. vem por causa dos consumos A minha vida tem sido sempre a consumir drogas Os problemas que eu tive tem sido tudo por causa da droga de andar sempre l metido chegar de rastos Chegar de rastos tipo uma pessoa tar em em desespero que as coisas t o mal Fisicamente fam lia tudo Samuel 8 Hum Eu acho que isto da droga tem a ver muito com com os sentimentos das pessoas e em saber lidar com os sentimentos e eu acho que n o sei muito bem lidar com os sentimentos e acho que vem vem de j muito atr s quando era crian a quando era infantil acho que vem da Falo Sinto Falo dos meus pais tamb m Ela fala muito eu vivo com os meus pais fala muito como que est os meus pais a minha m e eu sou muito igual minha m e e falamos muito nisso A minha m e tam m uma pessoa que se fecha muito em casa e dorme muito mete se muito na cama e eu sou um bocado igual a ela Ela parece que tam m drogada porque toma muitos comprimidos Eu s vezes vejo a minha m e assim como uma drogada Apesar de n o ser mas a droga dela os comprimidos parece que tem os mesmos sintomas que eu as mesmas as mesmas dificuldades que eu suspira Fernando 12 Sentindo se convidada a pensar a sua hist ria pessoal em liga o ao consumo de subst ncias a pessoa experiencia dar in cio a um cossignificar a 149 sua narrativa Apesar de vivida como uma experi ncia dolorosa esta revisita
490. voc n o se vai dar bem com isto Se calhar o melhor ser isto Mesmo a medica o que eu devo tomar por exemplo agora se devia tomar medica o para dormir se n o devia tomar medica o para dormir voc n o est a trabalhar se ir para o trabalho depois d lhe sono n o t a trabalhar vamos aguentar a ver Sei l o tomar a medica o por causa da coca ina vamos esperar tamb m prontos essas coisas acess vel naquilo que lhe compete fazer n o tem a obriga o de me andar a ligar a saber se consumi se n o consumi N o aquela pessoa que se for preciso t me a ligar para casa todos os dias Samuel ent o como que t Hoje consumiu n o consumiu N o n o faz isso n o Se calhar tam m n o v necessidade disso eu acho que a minha terapeuta se visse se calhar se eu fosse um utente que n o tivesse fam lia e que tivesse na rua e se calhar visse a necessidade de andar minha procura porque eu precisava de ajuda se calhar era pessoa para o fazer Tem v rios utentes tem que olhar por eles mas cada vez que venho aqui tomar a metadona se ela que t ali a dar a metadona aos utentes fala sempre comigo mais um bocadinho ent o como que tem andado como que n o tem andado Se precisar de falar comigo diga Essa outra coisa de cada vez que preciso de falar com a enfermeira com a terapeuta chego ali pe o para falar ou pe o para marcar marco N o h bito iss
491. voltar n o Sim s vezes uma pessoa recai e n o sei qu e pronto tem que voltar c outra vez Foi o que me tem acontecido O modificar o padr o de rela o com a subst ncia Ilustra o narrativa Varia es do tema Valorizar o controlo externo sobre os consumos E s vezes mau isso que eu tou a dizer s vezes mau tar ali na sala de espera da Equipa de Tratamento muito tempo por causa disso Acho que acho que podiam ser tam m mais r gidos aqui em rela o a a certa coisas Se a pessoa n o chegasse aquele ponto se os testes tivesse positivos h p devia de ser um bocado mais rigoroso acho eu aqui Isto se calhar muito rigoroso para outros e para outros n o s o muito de sei l muito confuso tar a falar O valorizar as mudan as Ilustra o narrativa Varia es do tema Redefinir se no contexto social Eu tento me dar com pessoas de quem eu acho que t o a fazer o mesmo percurso Porque eu n o me dou com aquelas pessoas por exempo que v m aqui todos os dias s vezes falo porque tenho que falar quase mas que v m aqui todos os dias tomam a metadona e depois v o ali para o jardim e t o ali o dia todo a beber cerveja e n o sei qu e v o se drogar mesma os testes t o sempre t o sempre positivos e se n o andam aqui a fazer nada o que que andam aqui a fazer N o sei 118 S ntese dos temas essenciais da narrativa da pe
492. vou voltar a tomar E estou a tomar o topiromato novamente As decis es s o tomadas em conjunto O que que n s vamos fazer em rela o ao topiromato cocaina consumos Que eu tenho bastantes reuni es com o enfermeiro s vezes desabafo assuntos que s o para ser falados com psic logos falo os com o enfermeiro e eu desabafo essas coisas todas com ele Prontos Eu digo desabafar eu digo desabafar isto para mim n o passa de um aperto no pesco o que eu tenha que soltar s vezes venho com aperto s vezes venho com aperto Problemas em casa discuss es com a mulher ter de levantar cedo muito muito cedo levar a menina ama vestir a menina levantar muito cedo muito frio levar a menina ama voltar p cama a CAT ainda NEM ABRIU levanta a voz quando eu volto p cama depois levanto me outra vez para vir CAT e isso vai acumulando vai acumulando de semana para semana de semana para semana eu se tiver uma consulta de dois em dois meses com ele em dois meses isso acumula acumula acumula acumula vai enchendo vai enchendo vai enchendo eu chego aqui inspira e expira profundamente descarrego Descarrego com o enfermeiro e ele ouve me e tenta me dar digamos que uma palavra amiga E tens que aguentar e o que ele me diz Tens que aguentar a tua vida a vida assim Descarregar um peso das costas Descarregar um peso das costas Venho com uma cruz de pedra em c

ser cuidado por um enfermeiro gestor de caso

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