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Jackson - Universidade Federal de Pernambuco

1. 135 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Mapa de Localiza o do Munic pio de Santana dos Garrotes 47 FIGURA 2 Condi es de Manuten o da PB 426 101 FIGURA 3 Trecho da PB 426 em Constru o aos 102 FIGURA 4 Vista A rea do Munic pio de Santana dos Garrotes 106 FIGURA 5 Mapa Rodovi rio e Hidrol gico de Santana dos Garrotes PB 112 FIGURA 6 Presen a de Pont o na Comunidade P de serra 125 FIGURA 7 Baixio de Arroz Vermelho na comunidade Serra Branca 142 FIGURA 8 Momento de Colheita de Arroz Vermelho 10 LISTA DE SIGLAS CEB s Comunidades Eclesiais de Base CPT Comiss o Pastoral da Terra DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes EMATER Empresa de Assist ncia T cnica e Extens o Rural da Para ba EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu ria EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecu ria da Para ba S A FAO Organiza o das Na es Unidas para agricultura e alimenta o FIBGE Funda o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica INCRA Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agr cola da Para ba MDA Minist rio do Desenvolvimento Agr rio MIRAD Minist rio da Reforma e do Desenvolvimento Agr rio MST Movimento dos T
2. Por outro lado as conversas informais nos conduziram a outro grupo de quest es As lideran as sindicais e dos trabalhadores rurais quando perguntadas a respeito da hist ria da forma o das comunidades e s tios a fala elucida parte da din mica espacial do trabalho O s tio de Pereiros sob auxilio dos servi os da pastoral de Patos e da a o individual de professores se constituiu como espa o e g nese da historia local de organiza o dos trabalhadores Os primeiros espa os coletivos tiveram nas reuni es entre os trabalhadores do campo momentos iniciais na organiza o 172 A comunidade de Pereiros a gente fundou ela atrav s de uma professora velha de nosso s tio s tio Pereiros Tinha uma professora e ela come ou frequentando uma igreja a pastoral de Patos Ai come ou participando l em Patos com apoio do padre Olevir naquele tempo Ent o ela falava pra l que tava fazendo reuni o e formando uma comunidade de Pereiros com os alunos dela no caso que era eu e muitas e muitas pessoas Ai da surgiu formar uma comunidade formamos uma comunidade Era um trabalho muito sofrido na zona rural e a gente aprendeu atrav s das reuni es a trabalhar coletivo Ajudar uns aos outros fazer trabalho de colheita de arroz vermelho em grupo de at 30 pessoas sem gastar um centavo trocando as id ias Ai da foi surgindo essa comunidade e formamos uma comunidade em 1974 74 Zezito Presidente do Sindicato dos Trabalhadores
3. A din mica da feira agroecol gica divide espa o no centro da cidade lado a lado com a feira de produtos convencionais Uma diversidade de mercadorias comercializadas desde pequenos animais vivos passando pelo com rcio de roupas tecidos at utens lios dom sticos como panelas artesanato local regional e sapatos evidenciando a feira enquanto espa o socialmente aglutinador e fragmentador das rela es da cidade com o campo Esta exerce ainda a atra o n o s de consumidores mas de vendedores ambulantes e comerciantes feirantes oriundos principalmente de cidades vizinhas como Itaporanga e Pianc Assim a import ncia que assume na produ o da renda local bem como nas intensas trocas demonstra a depend ncia que a popula o urbana local tem em rela o ao conjunto de atividades agr colas desenvolvidas no campo A dial tica campo cidade suas contradi es e diferentes processos produtivos e de trabalho ganham relev ncia para explicar a par 106 tir da din mica espacial do trabalho e da totalidade viva do trabalho as mudan as em curso no espa o A Figura 4 abaixo demonstra uma vista a rea geral do munic pio as duas vias de acesso e o a ude que abastece a cidade ao fundo Figura 4 Vista A rea do Munic pio de Santana dos Garrotes e o A ude Queimadas ao Fundo Fonte www santanadosgarrotes pb gov br portal1 municipio historia asp ildMun 100125174 Acessado em 15 05 2011 Na educa o cuja responsabili
4. o de classe com o advento da quest o e da crise agr ria De outra maneira a corrente de interpreta o do trabalho campon s no capitalismo foi a dos marxistas ortodoxos que a partir da produ o te rica e metodol gica baseada nos interesses de classe do proletariado alcan aria o socialismo construindo teorias de interpreta o gerais da natureza e da sociedade Dentre alguns equ vocos cometidos por KAUTSKY 1981 est a interpreta o de que haveria na obra de MARX ENGELS 1981 a formula o da teoria geral da evolu o numa vis o do materialismo hist rico mec nica e linear do desenvolvimento do mundo Idem Alguns tra os te ricos caracterizaram a realidade segundo os cr ticos da ortodoxia marxista tais como a incompreens o e generaliza o das aprecia es realizadas na obra de Marx o desconhecimento do m todo de interpreta o da realidade analisada assim como a aus ncia de categorias filos ficas essenciais movimento contradi o e totalidade GUZM N MOLINA 2005 e LUK CS 2010 Com a expans o e o desenvolvimento do capitalismo na agricultura o paradigma da transforma o do trabalhador campon s foi hegem nico em virtude da relev ncia que o mercado as trocas e o consumo adquiriram No Brasil a defesa te rica do fim do campesinato na metade final do s culo XX em diante refor ou o paradigma de sua extin o com a metamorfose do trabalhador campon s em agricultores escamoteando ideologicame
5. pecu ria extensiva O gado dominantemente bovino era criado solto no campo e uns poucos empregados os vaqueiros vigiavam o rebanho A agricultura n o tinha express o cultivavam tamb m o algod o visando o fornecimento da fibra utilizada na confec o artesanal de tecidos para uso da pr pria comunidade A partir da segunda metade do s culo XVIII a cultura do algod o tomou maior impulso em face da demanda de fibras pelo mercado europeu Este fato provocou um maior interesse pela regi o semi rida chamada sertaneja provocando um crescimento mais acelerado da popula o e uma dinamiza o das atividades econ micas As atividades agr colas dos moradores trabalhadores rurais sem terra eram feitas na por o seca ora na margem ou no leito dos rios O crescimento demogr fico e o desenvolvimento urbano provocaram uma demanda maior de arroz cuja cultura foi ganhando import ncia e ocupando as chamadas lagoas de arroz mas quando as guas baixam os agricultores aproveitam as terras que v o sendo descobertas e fazem a rizicultura IDEM p 57 59 Renovam se as contradi es entre os capitais e entre estes e o trabalho j que o momento hist rico foi de intensifica o da atividade manufatureira e de mercantiliza o no plano nacional expressas na aquisi o via exporta o de m quinas de origem inglesa para descaro ar o algod o produzido pelo conjunto de trabalhadores no sert o parai
6. A solu o deve ser encaminhada a partir do aparato ideol gico do Estado no discurso do interesse nacional A sociedade brasileira est descolada dos interesses de classe em evolu o no sistema do capital como o conjunto de interesses compartilhados pela sociedade em suas intera es com o mundo Deve abarcar valores fundamentais que traduzam a heran a hist rica e os condicionantes pol ticos e geoecon micos O exame da hist ria nacional contempor nea a partir dos temas que mobilizam a cidadania revela cinco valores b sicos e permanentes da na o o desenvolvimento a autonomia a paz e estabilidade em seu entorno o respeito diversidade cultural e democracia BRASIL 2000 p 15 Reconhece se a import ncia em se combater a fragmenta o as rela es intra e inter regionais os atributos territoriais na diferencia o regional com as novas tecnologias determinando uma nova estrutura de rela es espa o tempo Sistemas log sticos redes t cnicas e informa o jogam importantes papeis na diferencia o do territ rio nacional promotores de vantagens competitivas Nove s o as a es sintetizadas elabora o de nova regionaliza o intensificar a articula o entre territ rios via consolida o de redes valorizar a diferen a e a competitividade sist mica ou seja baseada na sinergia e na concerta o de interesses considerando informa o como conhecimento diversidade e sustentabilidade orde
7. o n s temos tamb m sempre quando essa lei do meio ambiente n o permitia n s distribu a o Estado e o munic pio doava para a associa o sementes inseticidas e s o esses benef cios que agente tem pra oferecer aos trabalhadores associados Jo o Alexandre presidente da associa o de trabalhadores rurais de Pitombeira de Dentro 2012 Al m do car ter organizativo os trabalhadores valorizam as formas coletivas de luta e de conquista No limite o ordenamento do espa o agr rio do campo e as estrat gias de reestrutura o expressas na moderniza o agr cola sob controle do Estado e dom nio do capital entram em conflito com os espa os sociais potencialmente produtores da resist ncia do conjunto de trabalhadores camponeses e sem terra no munic pio de Santana dos Garrotes Quando indagamos a respeito do desenvolvimento de lutas e resist ncias na hist ria de organiza o do espa o das Associa es as falas evidenciam a import ncia do trabalho unido e politicamente coletivo J N s j inclusive fomos em Santana dos Garrotes por que tinha uma terra da padroeira e da Santa l e tava l um cidad o que apossou e at no tempo de Padre Luciano isso j faz muito tempo E juntou todas as comunidades aqui e a gente foi l e foi um tipo aqueles sem terra pra tomar mesmo Foi uma luta Faz uma faixa de 20 anos Oxente Sem associa o n o vale nada Todo mundo precisa ter uma associa o toda categoria tem de ter uma
8. o agr cola nos espa os da pecu ria faz sujeitar o trabalhador e a renda da terra do pequeno produtor aos sentidos da especializa o produtiva na produ o de galinhas de corte avicultura que o capital agroindustrial e na forma de cooperativas de produ o aproveita se do trabalho familiar tipicamente campon s e do trabalho em regime de arrendamento este ltimo historicamente trabalho migrante em determinado per odo do ano Al m de tirar duplo proveito ao sujeitar a renda da terra e o excedente do trabalho o atual sistema de acumula o do capital ao mobilizar a for a de trabalho mercadoria em movimento no espa o coloca em confronto leis econ micas mediadas pela rela o sal rio lucro A declara o abaixo expressa a reprodu o da diferencia o e da fragmenta o perpassadas pelo trabalho migrante Pra o senhor v como o problema dif cil N s tinha l um rapaz e n o era que o trabalho fosse puxado mas que tinha que ter responsabilidade O rapaz chegou e disse que isso aqui n o pra mim n o e eu vou pro corte de cana Ai deixou n s todo a toa e chegou numa hora e disse que eu vou embora e ai estamos n s l todo a toa Eu e mais Z Galego com as tarefas da gente e quando Z Galego ta no abatedouro a gente tem que cuidar das galinhas E quando to em casa tem que ir pra l Mas tem momento que preciso a gente ficar por que n o vai deixar morrer uma coisa que agente lutou pra conseguir n
9. o de problemas mais precisos ou hip teses pesquis veis para estudos posteriores Cruz Neto 1994 De outra forma entre o m todo e a realidade h problemas e preciso considerar consequente a necessidade da apreens o dos fatos em meio s media es para al m dos fen menos preciso compreender que a primeira condi o pr via de um estudo realmente cient fico que segundo as palavras de Marx seria sup rfluo se a forma fenom nica e a ess ncia das coisas coincidissem imediatamente Trata se de uma parte de arrancar os fen menos de sua forma imediatamente dada de encontrar as media es pelas quais eles podem ser relacionados a seu n cleo e a sua ess ncia e tomados em sua ess ncia mesma e doutra parte de alcan ar a compreens o deste car ter fenom nico desta apar ncia fenom nica considerada como sua forma de apari o necess ria Esta forma de apari o necess ria em raz o de sua ess ncia hist rica em raz o de sua g nese no interior da sociedade capitalista Esta dupla determina o este reconhecimento e esta ultrapassagem simult neos do ser imediato precisamente a rela o dial tica LUKACS 1981 p 68 Assim sem descartar o momento descritivo estivemos por exemplo sempre atentos s media es pol tica e econ mica dos agentes do Estado e do capital junto organiza o dos sistemas agr colas no munic pio de Santana dos Garrotes A apreens o da totalidade concre
10. o do relat rio do ponto de vista te rico e metodol gico fica por conta do reconhecimento da centralidade da reestrutura o produtiva e da inser o competitiva do Brasil no cen rio mundial considera es que devem marcar a formula o de estrat gias A alega o da extens o territorial como entrave inser o global do Brasil na din mica internacional e as disparidades no n vel de desenvolvimento e de renda enquanto elementos que impede a unidade nacional e produz rupturas e tens es esquece se de levar em conta que a sociedade brasileira no capitalismo est organizada em classes e que se h disparidades entre regi es e tens es sociais devido inicialmente reprodu o das mesmas estruturas econ micas e sociais seculares mediadas pelos agentes do Estado Reconhece entre outros limites que a op o por maior inser o no mercado t o somente pode ter como consequ ncia dificuldades na efetiva o das a es p blicas que buscam maior equidade social e maior equil brio espacial E sem d vida um desafio para o Brasil com suas profundas disparidades regionais BRASIL 2000 p 7 O referido relat rio prop e equidade social e espacial por meio da inclus o das pol ticas de trabalho renda e da redu o da pobreza Competir com equidade e de forma sustentada s o os objetivos finais do plano O Estado se confunde com a gest o compartilhada do territ rio e o termo mais im preciso par
11. s contradi es em reprodu o no espa o Toca S que o problema porque os jovens n o querem trabalhar mais hoje N s temos esse problema aqui na nossa regi o que eles v o para o corte de cana e n o fica na ro a Nessa poca aqui voc v pouca gente demais homi T o tudo l pro lado do corte de cana Tem deles que se despeda a todim quando vem no final do ano tr s R 4 000 00 ou R 5 000 00 e tem deles que saiu devendo e chega devendo Raimundo Isidro Maracuj 2011 A declara o indica que as condi es de trabalho e de vida dos sujeitos pesquisados s o permeadas por momentos de des realiza o subjetiva e concreta quando comparado ao conjunto dos trabalhadores do campo e das cidades O ordenamento do capital tem no dom nio do metabolismo social no 118 limite da acumula o a garantia da reprodu o em escala regional e local da fragmenta o pol tica do trabalho ao des terrar parte do trabalho migrante No limite a organiza o dos trabalhadores e das associa es de trabalhadores enquanto espa os de resist ncia e produ o potencial de consci ncia e de luta de classes entram em contradi o econ mica e ideol gica j que o trabalho migrante reprodutor da diferencia o social e espacial nos estabelecimentos rurais bem como processos de subordina o e sujei o entre o duplo sistema em desenvolvimento no espa o agr rio paraibano A exiguidade de terras e o avan o da moderniza
12. terra O avan o de espa os destinados a pecuariza o expressos na amplia o do rebanho bovino entre os pequenos produtores al m de ampliar a subordina o do espa o agr rio e social do trabalho ao capital agroindustrial privatiza concretamente ao cercar as terras produtoras de alimentos Neste 149 caso a teoria j apontava nas d cadas de 1980 e 90 para os processos de subordina o entre diferentes espa os agr rios No limite a reestrutura o espacial e a valoriza o e a homogeneiza o que o capital reproduz em determinadas regi es sobre outras no Litoral a cana de ac car era cultivada em grandes propriedades situadas nas v rzeas dos rios consequentes que cortam a regi o No agreste a policultura alimentar No sert o o algod o a pecu ria extensiva e a policultura alimentar determinavam a organiza o da produ o regional MOREIRA E TARGINO 1997 p 104 Considerando que o processo de pecuariza o no espa o agr rio de Santana dos Garrotes resultou da moderniza o no campo a partir de 1970 atrelado ao pacote tecnol gico da revolu o verde novas transforma es econ micas conduzidas pelo capital e pelo aparato ideol gico do Estado capitalista entram em a o mais atualmente Andrade 1984 A teoria aponta o fato hist rico na produ o do espa o agr rio enquanto express o de contradi es econ micas ocorre subordinando desigualmente regi es Termos desiguais de
13. Neste o poder econ mico e pol tico constituiu se em volta da propriedade privada da terra o eixo norteador MOREIRA TARGINO 1997 p 178 Conforme destacam os autores os latifundi rios pecuaristas do sert o paraibano constitu ram o poder dominante Estes e suas fam lias ditavam de fato a ordem e a lei O controle pol tico rebatimento do poder econ mico era privil gio 91 daquelas poucas fam lias da aristocracia rural Hoje os filhos travestidos da nova roupagem dos camarins pol ticos regionais permanecem imbu dos da mesma necessidade de mando controle e posse da terra Por outro lado a estrutura agr ria n o obstante ter sofrido mudan as significativas ao longo do tempo sobretudo no que diz respeito s rela es de trabalho substitui o do trabalho escravo pelo trabalho livre proletariza o do campesinato etc preservou sua caracter stica principal a elevada concentra o fundi ria IDEM Apesar da import ncia da produ o e do com rcio do a car e de escravos at a metade do s culo XVIII a pecu ria permanecer como primeira atividade econ mica do Nordeste durante um longo per odo hist rico servindo n o somente como fonte de alimento mas sobretudo como for a para tocar o maquin rio utilizado nos engenhos no espa o do litoral O desenvolvimento da pecu ria no espa o do sert o ser seguido pelo do algod o Dentre as transforma es econ micas e pol tic
14. a no espa o do campo na transi o entre diferentes per odos no Brasil foi observada ao legalizar a aquisi o de terras simultaneamente ao fechamento das possibilidades de compra de terras pelo conjunto de trabalhadores desprovidos de riqueza Este processo induziu trabalhadores do campo a vender a nica mercadoria dispon vel sua for a de trabalho Assim A lei de terras principalmente as que trata de terras ind genas devolutas p blicas de coloniza o oficial e particular definem estabelecimentos e im veis rurais classificam os trabalhadores do campo todas assinalam aspectos importantes das pend ncias e conflitos agr rios Indicam a maneira pela qual o poder estatal tem sido levado a acomodar ou favorecer e contrariar interesses das mais diversas categorias sociais envolvidas na luta pela posse e uso da terra ndios ex escravos camaradas imigrantes moradores colonos agregados assalariados sitiantes posseiros parceiros meeiros arrendat rios grileiros latifundi rios fazendeiros empres rios A lei de 1850 foi um marco na hist ria da terra Ao mesmo tempo em que favorecia a monopoliza o da propriedade da terra por fazendeiros e latifundi rios induzia os trabalhadores rurais a venderem a sua for a de trabalho nas planta es de caf cria es de gado e outras atividades MARQUES 1994 p 6 Mais atualmente o Estado exerce sobre os trabalhadores o controle de diferentes maneiras
15. a ro a de arroz exige mais trabalho A irriga o por gravidade e a gua bombeada em po o Jandu Pacheco Pitombeira de Dentro 2012 Quando o a ude enche eles usam mas faz dois anos que o a ude n o toma gua Aqui por gravidade Se eu pudesse cavar um po o artesiano eu n o perdia o arroz Aqui semi rido e as chuvas s o mal distribu das Manoel Nelito Pereiros 2011 Mesmo para os estabelecimentos rurais beneficiados pela infra estrutura constru da pelo Estado como n o h continuidade devido insufici ncia e falta de integra o das a es e estrat gias o desenvolvimento econ mico e o valor da produ o alimentar reduzido A tabela 4 da pagina 129 revela nos o aumento no n mero de arrendat rios e parceiros entre os trabalhadores estudados o que pode indicar o caminho sem volta da proletariza o Rela es de produ o e condi es de trabalho se fundem em unidade org nica na forma do trabalho migrante que o arrendat rio diarista estabelece no campo de Santana dos Garrotes As falas denotam parte das raz es Quando poca de colheita de arroz eu pago a di ria a um trabalhador rural Apenas bombeamos gua de po o para o baixio de arroz vermelho Edmilson Batista Aroeiras 2012 O patr o paga e tem mutir o um trabalha na ro a do outro O patr o ajuda e eu planto no arrendamento Maria Esmeralda Pereiros 2011 A pr tica do arrendamento n o ocorre durante todo o
16. constru o de a udes p blicos e privados abriram as vias para que o aparato ideol gico do Estado e do Capital fosse assumido pelo conjunto de trabalhadores Marques 1994 Somados a estas a es o incentivo constitui o de cooperativas de produ o consumo e servi os agr colas o cr dito associado a uma rede de assist ncia t cnica e extens o rural O aproveitamento energ tico e h drico resultado dos investimentos maci os na industrializa o e na urbaniza o do Brasil exigiu do Estado uma pol tica de constru o de grandes barragens para uso energ tico produtivo e de consumo de gua no sert o Na atualidade a transposi o de parte das aguas do Rio S o Francisco atrav s de dois canais para o Estado da Para ba a express o maior das a es estruturantes em andamento no 2 Definimos migra es permanentes e epis dicas as transfer ncias autorit rias da popula o como a migra o de refugiados o com rcio de escravos etc e as migra es espont neas aparentemente espont neas Delineiam se motivos pol ticos e econ micos conjunturais ou causas econ micas mais estruturais DAMIANI 2002 p 62 64 Nordeste sob o discurso de seguran a h drica para a popula o pobre do semi rido nordestino O que se observa historicamente que os maiores benefici rios da constru o dessas represas tem sido as popula es urbanas que vivem a centenas de quil metros da rea as
17. industrial e fict cio ou financeiro este ltimo em escala mundial de organiza o Marx e Engels 2007 Assim o desenvolvimento desigual objetivo e material das formas de capital inclusive no uso e distribui o do espa o engendrou novos valores significados modos de vida de ser e subjetividades subordinados aos ditames do sistema de acumula o e re produ o ampliada de capital Marques 1994 Contraditoriamente produziu em escala mundial a hist ria do conflito de interesses a luta de classes Foi necess rio e urgente instalar um agente mediador com o fim de regular os conflitos nas rela es de trabalho e de produ o o Estado moderno e capitalista Marx 2010 Da presen a e das a es de re ordenamento do espa o no Sert o pelo Estado capitalista trataremos mais adiante No campo o conflito expressa se diferentemente daqueles nas cidades pode se afirmar que conflito de classes no campo n o se manifesta como na ind stria n o est restrito ao conflito existente entre oper rios agr colas e burguesia rural propriet rios de terra o nexo da compreens o da quest o agr ria e do campesinato reside na desigual correspond ncia entre as rela es sociais e as for as de produ o de mercadorias FABRINI 2008 p 32 O rebatimento econ mico da crise internacional do a car no Brasil foi logo sentido internamente com a queda dos pre os no mercado mundial refor ando o papel subordinado
18. inorg nico org nico e social o ser s pode ser abordado como ser se for objetivamente determinado em todos 12 est o historicamente relacionados a procedimentos espec ficos e teorias disseminadas pela comunidade cient fica Sposito 2004 p 29 A segunda parte do trabalho desenvolvido a partir de revis o bibliogr fica a tentativa foi aproximar o leitor tem tica do trabalho e as contradi es em reprodu o no espa o do campo e da agricultura frente ao capital e ao Estado capitalista Partimos da discuss o das correntes de interpreta o dos sujeitos sociais que vivem da venda de for a de trabalho Entendemos que a reprodu o do sistema metab lico do capital ocorre simultaneamente coexist ncia a outros modos de produ o de ser e de vida embora sob subordina o direta e indireta formal ou real Apesar de nossa preocupa o central n o est relacionada aos termos e posicionamento de classe foi importante ressaltar as rela es hist ricas e a complexidade que o desenvolvimento do ser social estabelece com os outros seres Temos clareza de nossas limita es de tempo e de espa o portanto te ricas para o os sentidos Um ser privado de determina es apenas produto do pensamento uma abstra o de todas as determina es cuja totalidade somente faz do ser um ser Outra constata o de Marx estreitamente ligada a isso que as categorias s o formas do ser determina es da e
19. litor neas e dos trabalhadores dos engenhos de a car SOUZA 2008 p 29 Assim combinado ao desenvolvimento dos engenhos de a car no espa o quente e mido e tabuleiros no relevo o ordenamento do espa o do Litoral esteve articulado ao fornecimento da charqueada e de sal bem como de outros alimentos produzidos no sert o quente seco dominado por uma rede hidrol gica pouco desenvolvida rios tempor rios e relevo medianamente ondulado de solos rasos e salinizados A produ o de g neros agr colas de cavalos e de carne serviu para tracionar o maquin rio industrial dos engenhos mas sobretudo como meio de transporte garantindo as trocas comerciais e a sujei o entre diferentes sistemas agr rios Por raz es econ micas e a necessidade da explora o agr cola e agr ria o projeto colonizador portugu s e espanhol nas Am ricas se desenvolveu sob a domina o material em condi es s cio econ micas e naturais que oferecesse menor resist ncia poss vel ao projeto de domina o De clima mido quente e produ o energ tica o ano todo coube ao litoral a vanguarda no desenvolvimento econ mico com o sert o servindo aos interesses do com rcio internacional e entre as capitanias Estes garantiriam a reprodu o de processos de acumula o de capital na origem necess rios forma o da classe burguesa no centro do sistema nos s culos XVII e XVIII 93 enquanto na periferia o sert o tornou se espa o domina
20. mica complexa que assumem os mundos do trabalho THOMAZ JR 2002 FABRINI 2003 A coexist ncia de rela es de produ o tipicamente n o capitalistas como o regime de parcerias e mutir o e de trabalho no espa o das cidades ou ainda nas usinas de lcool no estado de S o Paulo s o express es da fragmenta o e precariza o por que passa os mundos do trabalho Essa condi o perpassada pela organiza o do trabalho nas associa es de trabalhadores rurais pelo aparato ideol gico do Estado capitalista mas sobretudo pela luta de classes e os reveses dos conflitos entre sal rio e lucro dos capitalistas A diferencia o social e espacial controlada pelo Estado capitalista produto de processos comandados pelas possibilidades de concretiza o do sistema de acumula o do capital reproduzindo no seio da classe trabalhadora momentos de des realiza o e desterritorializa o THOMAZ Jr 2004 Ap s a d cada de 1970 comandado pelo sistema do capital mundial ocorrem novas transforma es nos processos produtivos e de trabalho A mudan a est ligada amplitude e escala que assumem a degrada o social e da natureza em expans o com o capital mundializado No campo o uso de novas tecnologias impregnadas de conhecimento cient fico amplia se e respons vel mesmo que momentaneamente pelo aumento da produtividade e do rendimento agr colas A expans o da pecuariza o no sert o do Nordeste bem como da
21. natureza Quando indagamos ao conjunto de trabalhadores camponeses e arrendat rios se predominam sistemas agr colas ou pastoris de cria o ou de ro a verificamos que em todos os territ rios estudados as respostas n o foram un nimes ocorrendo uma diversidade de t ticas na organiza o da produ o e 131 nos processos de trabalho As evid ncias apontam para apesar de lentas transforma es o predom nio da cria o como atividade essencial nos territ rios em franca pecuariza o O avan o da pecuariza o no espa o do munic pio de Santana dos Garrotes no entanto sofre limita es em ltima inst ncia da estrutura e da malha fundi ria municipal concentrada e estabelece as condi es para a subordina o entre diferentes sistemas agr rios a grande e a pequena propriedade Quando indagamos o conjunto de trabalhadores a respeito de qual atividade predominava obtivemos respostas que v o nesta dire o por exemplo A cria o A gente vende ovos e galinha A gente vende quando precisa pra comer uma carne e a gente mata e come A cria o em fun o da terra est em lit gio na heran a e a gente n o t cultivando nada apenas criando Maria Aparecida Pitombeira de Dentro 2012 A ro a de arroz exige mais trabalho Depende de chuva e quando n o chove a gente tem de molhar Quando no inverno isso aqui rea de ficar molhada e se n o tiver cuidado o rio leva tudo A agricultura gera mais mas a terr
22. no plano da evolu o hist rica todo elemento teleol gico Em Marx o ponto de partida n o dado nem pelo tomo como nos velhos materialistas nem pelo simples abstrato como em Hegel Aqui no plano ontol gico n o existe nada an logo Todo existente deve ser sempre objetivo ou seja deve ser sempre parte movente e movida de um complexo concreto LUKACS 1978 p 2 Terra para n s n o se trata do planeta terra mas do meio de produ o essencial na rela o do homem com a natureza na produ o do espa o O autor trata a diversidade hist rica e as formas sociais esclarecendo que a terra logo se apresenta como uma vasta dispensa de meios de subsist ncia um imenso arsenal de instrumentos de trabalho No interc mbio com a terra o homem extrai os elementos indispens veis satisfa o de necessidades tais como comer beber vestir se abrigar se e meios de trabalho A terra sua dispensa primitiva e ao mesmo tempo o seu arsenal de instrumentos de trabalho Oferece lhe por exemplo a pedra que atira com a qual fricciona percute corta etc E a pr pria terra um instrumento de trabalho ainda que exija outra s rie de instrumentos e um desenvolvimento relativamente grande da for a de trabalho T o logo o processo de trabalho se desenvolve um pouco exige instrumentos de trabalho fabricados MARX 1946 Tomo 1 p 201 apud IANNI 1983 p 5 46 Nosso estudo pretende contribuir par
23. o No final do s culo XX o progresso e a moderniza o chegaram com mais intensidade ao campo reestruturando uma s rie de atividades e de capitais Um conjunto de atividades produtivas e de trabalho reestruturados sob uma estrutura agr ria desigual e concentrada coexistindo modos de produ o distintos tradicional rudimentar ao moderno O avan o do progresso produziu mudan as na ordem pol tico econ mica ideol gica e territorial sem contudo alterar o ordenamento social Para a pequena produ o trabalhadores camponeses arrendat rios e sem terra a estrat gia da diversifica o do sistema agr cola sofre limita es e est associada disponibilidade do principal meio de produ o a terra Portanto o tamanho dos estabelecimentos define as possibilidades de uso da terra e manejo do solo e quando combinadas cria o de modo similar ao apontado por Grabois et al no in cio dos anos 1990 permite associa es entre diferentes culturas e suas rela es O rudimentarismo dos sistemas agr colas e pastoris ai encontrados n o exclui sua associa o traduzida em alguns tra os fundamentais os animais s o utilizados para tra o o estrume apesar de perdido na maior parte vem sendo gradualmente utilizado em culturas como a do alho e a da palma parte da alimenta o do rebanho se baseia no restolho das culturas Assim a exist ncia do ro ado n o pode ser compreendida isoladamente mas ao contr rio deve ser vista em
24. o momento cair esse dinheiro pra eu come ar a obra Isso ai pelo governo que eu fiz pelo BNB via Projeto Cooperar que ta dando uma for a atrav s da sede de Itaporanga Sempre Jaci Bia Presidente da Associa o dos trabalhadores de Aroeiras 2012 Se der pra n s passar nas Aroeiras a gente sai Mas talvez as estradas estejam ruim e a gente tem que voltar pra pegar outra estrada pra voltar para Aroeiras Mas como o foco Serra Branca pra onde n s vamos ver o arroz N o n o n o Isso aqui aquela hist ria que eu contei isso aqui daquele convenio que fizemos do projeto como eu j disse no BNB A saiu uma reforma pra a e existia esse outro po o aqui mas a gua dele n o saia e com a minha experi ncia e n s do grupinho que tava trabalhando agente viu que a gua vinha mais desse lado Ent o vamos fazer assim e afastar um metro cavar desse lado a Essa gua aqui ta indo l pro abatedouro L onde Z galego tava matando os frangos l Vai pra l Eu sei que daqui at l d 2 Kms A propriedade do ex prefeito tem outro po o desse ai mas n o igual a esse ai n o Raimundo Isidro Maracuj 2011 Seguindo no espa o em dire o sede municipal ap s passarmos pela Igreja Cat lica Matriz e o pr dio da Prefeitura Municipal seguindo no sentido Noroeste passamos pela Cadeia P blica e podemos acessar duas estradas 115 que nos permitir chegarmos a seis s tios Cabaceiras P de S
25. o o ve culo que vem quebrando estruturas seculares Os tangerinos ou tangedores tamb m constituem uma outra profiss o em vias de desaparecimento estando o seu campo de a o limitado aos sert es mais distantes devido concorr ncia do caminh o que transporta o gado s cidades mais afastadas na realidade passam a vida a varar os sert es percebendo sal rios 57 Quando na fazenda existem reas de melhores solos desenvolve se a agricultura de algod o moc Muitas vezes os propriet rios fazem por sua conta grandes ro ados deste tipo contratando para isto assalariados ANDRADE 1980 p 185 Os espa os de maior mercantiliza o do trabalho avan am e o aparato do Estado institucionaliza no campo formas de cooperativas de produ o de consumo de leite e empresas agroindustriais Estas ao lan arem excedentes econ micos no mercado realizam atrav s da extra o de mais trabalho do trabalhador Os espa os do campo s o soldados aos da cidade repercutindo nos mundos do trabalho Estes tornam se um complexo de sistemas em intera o integrados numa diversidade de possibilidades O trabalhador migrante sertanejo se desloca para o corte de cana de a car no interior do Estado de S o Paulo com certa frequ ncia o que amplia o lucro do capital usineiro e aprofunda a propriedade privada capitalista da terra Como recorda o autor Devido amplia o qualitativa do campo de atividades
26. o Paulo Editora Brasiliense 1969 A quest o agr ria no Brasil S o Paulo Editora Brasiliense 1979 QUAINI Massimo Marxismo e geografia Rio de Janeiro Paz e Terra 1979 constru o da geografia humana Rio de Janeiro Paz e Terra 1983 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Para ba Jo o Pessoa Editora Grafset 2002 SOUZA Francisco Teot nio de Pianc o pequeno grande rio Jo o Pessoa Ed UFPB 2008 SPOSITO Eliseu Sav rio Geografia e filosofia contribui o para o ensino do pensamento geogr fico S o Paulo Editora UNESP 2004 THOMAZ J NIOR Antonio Por tr s dos canaviais os n s da cana a rela o capital x trabalho e o movimento sindical dos trabalhadores na agroind stria canavieira paulista S o Paulo Annablume FAPESP 2002 A des ordem societ ria e territorial do trabalho os limites para a unifica o org nica In OLIVEIRA Ariovaldo U MARQUES Marta I M Orgs O campo no s culo XXI territ rio de vida de luta e de constru o da justi a social S o Paulo Paz e Terra 2004 189 Se Campon s se oper rio Limites e Desafios para a compreens o da classe trabalhadora no Brasil In THOMAZ JR Antonio CARVALHAL Marcelo Dornelis CARVALHAL Teresinha Brumatti Orgs Geografia e Trabalho no s culo XXI Presidente Prudente SP Ed Centelha 2006 V 2 p 130 167 Desafios te ricos para a geografia do trabalho no s culo XXI In THOMAZ JR A FRAN A
27. o rural mais fortemente a partir do ltimo censo populacional realizado no ano de 2010 Outra informa o que podemos aferir dos dados observados na tabela a queda em n meros absolutos do total da popula o o que demonstra em linhas gerais que a popula o do munic pio n o acha atrativos para permanecer Com a virada do mil nio a mudan a observada a predomin ncia da popula o residindo no espa o urbano algo que ocorrera no Brasil na d cada de 1970 IBGE 2010 Dentre alguns indicadores potenciais para o afastamento e o deslocamento da popula o do espa o rural que limita o desenvolvimento da atividade agr cola no munic pio de Santana dos Garrotes amplia a possibilidade de concentra o da estrutura fundi ria e reproduz o 97 deslocamento campo cidade est o fechamento de dezenas de escolas rurais bem como a incapacidade do trabalhador se apropriar da renda gerada no campo Administrativamente o munic pio conta com 9 pastas e uma chefia de gabinete assim organizada Secretaria de Meio Ambiente de Educa o Cultura e A o Social de Sa de Agricultura Finan as Administra o e Infraestrutura e de Planejamento e Assuntos Especiais sob o comando do Senhor Jos Alencar Lima do Partido da Social Democracia Brasileiro PSDB Acerca das condi es sociais e econ micas na sede municipal a cidade conta com 5 estabelecimentos de sa de em sua totalidade sendo 4 municipais e 1 da rede privada com atendimento d
28. p 88 Ponderamos algumas quest es por entendermos que n o se trata de colocar como prioridade de forma manique sta uma ou outra categoria geogr fica mas levar em conta aquela que ajuda nos a explicar nosso objeto de estudo e interesse de pesquisa os trabalhadores pequenos produtores de arroz vermelho no munic pio de Santana dos Garrotes estado da Para ba Entendemos que a renova o de contradi es no campo ao potencializar tens es e a es sociais momentos hist ricos de resist ncia e de luta da classe trabalhadora simultaneamente expressa organiza o do espa o e o ordenamento territorial Assim o espa o ess ncia viva em constante movimento produto do antagonismo e da luta de classes 27 Ao debater as categorias importante delimitar que diferentemente do idealismo hegeliano os autores na cr tica metaf sica rep em as categorias filos ficas n o como seres aut matos e aut nomos mas enquanto ess ncias vivas concretas e imersas em determina es de todas as ordens O racionalismo idealista hegeliano nos ajuda a compreender a import ncia que assume o uso das categorias no interior do conhecimento geogr fico Marx e Engels criticam dizendo que para Hegel as categorias n o passam de ess ncias automatas que existem independentemente das coisas e antes delas fazendo o papel de substancias dessas ltimas Cheptulin 1982 p 12 Para os dois pensadores a raz o especulativa elem
29. rea rural do munic pio de Santana dos Garrotes em virtude de nossa preocupa o estar concentrada em entender como se organizam os trabalhadores camponeses ou n o produtores de arroz vermelho Por esta raz o foram nove territ rios dentre estes incluindo um distrito e oito comunidades rurais e s tios Aqui importante destacarmos a distin o entre comunidades e s tios pela autora A comunidade rural camponesa uma forma de agrupamento social que organiza segundo modalidades historicamente determinadas um conjunto de fam lias fixadas ao solo Estes grupos elementares possuem por um lado bens coletivos e indivisos e por outro bens privados conforme rela es vari veis mas sempre historicamente determinadas LEFEBVRE 1981 apud MARQUES 1994 p 97 Enquanto a comunidade evoca simultaneamente unidade espacial e social diferentemente do termo s tio que a n vel social corresponde ao grupo 110 de vizinhan a Marques IDEM Assim os territ rios estudados s o compostos por nove diferentes espa os sendo o distrito de Pitombeira de Dentro que possui desenvolvimento distinto das 8 comunidades rurais Destes os de Aroeiras Gravat Pereiros e Maracuj apresentaram maior complexidade na organiza o e din mica espacial inclusive contando com trabalho e organiza o da luta no sentido de maior coletiviza o enquanto outros quatro s tios Cabaceiras Palestina P de Serra e Serra Branca observamos apen
30. ria A inexist ncia de formas alternativas de emprego e ocupa o para o conjunto mais amplo de trabalhadores do campo em Santana dos Garrotes n o significa apenas aus ncia de renda mas concretamente a possibilidade do capital reduzir sal rios e custos de produ o com a for a de trabalho no espa o urbano e fabril Moreira 1993 Dentre os efeitos da rela o desigual entre os espa os do campo e da cidade a exist ncia de um ex rcito industrial de reserva ou ainda a produ o de uma popula o para o capital resultado das possibilidades de realiza o concreta de trabalho vivo no campo A gente faz trabalhar pois n o tem terra A terra dos outros e n o tem como criar As vezes quando d pra vender a gente vende mas quase sempre s para o autoconsumo N s 148 lucramos o arroz por que n s aguamos Arrendat rio Rita Souza Aroeiras 2011 As duas coisas combinadas mas mais ro ado A ordem do propriet rio pra criar at 10 reis de gado Arrendat rio Angelita Mendes Aroeiras 2011 O destaque das declara es confirma nossas observa es anteriores respeito das comunidades rurais com maior produtividade de arroz vermelho Aroeiras Serra Branca e Gravat Nestes casos a organiza o do trabalho e da produ o resulta n o s da exist ncia de associa es de trabalhadores estruturada assim como da evolu o de uma rede de drenagem e hidrogr fica e solos f rteis o que permite a reali
31. total A sistematiza o da pesquisa junto aos estabelecimentos familiares levou em conta como forma de minimizar a redund ncia que para cada estabelecimento pesquisado o seu vizinho posterior n o fosse objeto de 31 pesquisa o que exigiu que salte ssemos as unidades pesquisadas Esta sistem tica na coleta de informa es junto s fam lias levou em conta o acentuado fracionamento da propriedade entre os membros das fam lias resultado da partilha familiar da terra em regime de heran a Ainda relativo aos procedimentos de pesquisa que utilizamos destaca se o uso de revis o bibliogr fica documental e jornal stica nas bibliotecas p blica estadual e local em rg os de classe como Sindicatos de Trabalhadores Rurais STR e em institui es de pesquisa como as Empresas Estaduais de Pesquisa Agropecu ria EMBRAPA EMPASA nas Secretarias de Agricultura do Munic pio e do Estado e nos escrit rios das Empresas de Assist ncia T cnica e Extens o Rural EMATER s O pr ximo item nossa finalidade foi aproximar o leitor da teoria que interpreta a classe trabalhadora do campo em movimento bem como as contradi es na conforma o das condi es de vida e de trabalho no espa o do campo e das cidades 32 ESPA O HIST RICO DE CONTRADI ES E O SER TRABALHADOR Se levarmos em conta que o desenvolvimento do capitalismo na agricultura brasileira no per odo moderno resultou historicamente na apropria o desigual
32. vaqueiros os trabalhos com o gado Marques 1994 p 85 Conforme a autora No s culo XVII surgem fazendas s margens do rio S o Francisco primeiras terras do sert o a serem ocupadas por currais Entradas baianas partindo de Salvador sobem pela margem direita do rio em dire o cachoeira de Paulo Afonso onde se encontrariam com outros grupos oriundos da Bahia As fazendas de gado avan am para o interior por diferentes caminhos A conquista do sert o s se verifica de fato depois da guerra com os holandeses IDEM p 28 Externamente somado crise agr ria por que passou o continente europeu nos s culos XVIII e XIX expressas na revolu o econ mica inglesa de car ter industrial e pol tica francesa com a tomada de poder pela burguesia as duas grandes guerras mundiais no s culo XX e uma s rie de revolu es no campo objetivamente abriram as vias para o re ordenamento pol tico sob o territ rio e econ mico atrav s da acumula o do capital A especificidade do avan o e expans o do capitalismo na escala mundial no s culo XX deve se ao seu car ter financeiro especulativo destrutivo mantendo o ordenamento social 35 M sz ros 1989 2006 Novas hegemonias s o instaladas sob novos processos de subordina o As transforma es e o avan o das formas de capital combinaram coexist ncias hist ricas na g nese desenvolvimento e crise das diferentes estruturas do capital natural comercial manufatureiro
33. 70 at os dias atuais Portanto um texto de car ter revisional e descritivo embora com certo lampejo de an lise Elegemos o per odo que vai da presid ncia do ent o Jo o Goulart Jango presidente que assumiu ap s curta passagem pelo poder do ent o Janio Quadros at o presidente Luis In cio Lula da Silva S o 4 d cadas de recorte espa o temporal e o desejo n o encerrar o debate em torno do pol mico tema do desenvolvimento social mas contribuir re colocando no centro da tem tica o avan o do modo de produ o capitalista na agricultura com a passagem do Estado regulador interventor e produtor do per odo militar para o Estado capitalista neoliberal controlador socialmente 65 Z Inicialmente a tentativa entender as Pol ticas Nacionais de Desenvolvimento PND s adotadas pelos diversos presidentes para posteriormente quando ganha relev ncia as diferen as regionais as mudan as e perman ncias na ado o das a es e estrat gias no interior das institui es e agentes do Estado O olhar enfatizou as diverg ncias e converg ncias na condu o e comando da pol tica no per odo hist rico considerado com destaque para o car ter de classe na organiza o da sociedade civil e a import ncia que assumiu o territ rio no processo de desenvolvimento do Estado brasileiro O flerte com o materialismo dial tico nos permitiu compreender o Estado capitalista e seu aparato ideol gico enquant
34. JR Luzimar B Orgs Geografia e Trabalho no s culo XXI Presidente Prudente SP Ed Centelha 2009 V 4 p 162 217 As correntes te ricas na geografia agr ria brasileira Uma contribui o cr tica te rica sem a prioris Revista Terra Livre V 34 p 35 52 2011 VALVERDE Orlando Estudo Regional da Zona da Mata de Minas Gerais Revista Brasileira de Geografia Ano XX n 1 p 3 44 Jan Mar o 1958 Rio de Janeiro FIBGE Metodologia de geografia agr ria Reflex es sobre a geografia Revista Geografia Ontem e Hoje p 53 80 S o Paulo AGB 1980 Estudos de geografia agr ria brasileira Petr polis RJ Editora Vozes 1985 WELCH Clifford Andrew A semente foi plantada as ra zes paulistas do movimento sindical campon s no Brasil S o Paulo Express o Popular 2010 190 AP NDICES FORMUL RIO APLICADO JUNTO AOS TRABALHADORES 1 COMPOSI O FAMILIAR 1 1 Nome 1 2 Sexo 1 3 Escolaridade 1 4Qual o parentesco com o chefe a da fam lia 1 5Qual o lugar de origem 1 6Antes da ro a trabalhava com o qu 2 A MORADA NO CAMPO 2 1 A casa em que a fam lia mora pr pria alugada ou cedida 2 2 Materiais de constru o utilizados na casa taipa alvenaria ambos 2 3Quantos c modos existem na casa 2 4 A casa disp e de cozinha 2 5 O banheiro est dentro ou fora da casa Do que ele constitu do sanit rio pia chuveiro etc 2 6 A casa conta com gua encanada e energia
35. Maria de A territorialza o do Capital Agroindustrial Canavieiro e a Nova Geografia do Trabalho Migrante no Brasil In Revista Centelha Geografia e Trabalho no s culo XXI UNESP v 3 p 54 83 2007 Presidente Prudente SP CEGET UNESP 2007a OLIVEIRA Ariovaldo Umbelino de Agricultura Brasileira Transforma es recentes In ROSS Jurandyr L S Org Geografia do Brasil S o Paulo EdiUSP 1995 A agricultura camponesa no Brasil S o Paulo Contexto 2001 Modo capitalista de produ o e agricultura S o Paulo editora tica 1990 188 A longa marcha do campesinato brasileiro movimentos sociais conflitos e Reforma Agr ria In Revista Estudos Avan ados Universidade de S o Paulo v 15 n 43 2001 S o Paulo Instituto de Estudos Avan ados lEA 2001a Modo de produ o capitalista Agricultura e Reforma Agr ria S o Paulo LABUR edi es 2007 Agricultura e Ind stria no Brasil Revista CAMPO TERRIT RIO revista de geografia agr ria Universidade Federal de Uberl ndia v 5 n 10 p 5 64 ago 2010 Uberl ndia MG OLIVEIRA Ariovaldo U de MARQUES Marta Inez M orgs O campo no s culo XXI territ rio de vida de luta e de constru o da justi a social S o Paulo Editora Casa Amarela e Paz e Terra 2004 OLIVEIRA Francisco de A economia brasileira cr tica raz o dualista Petr polis RJ Editora Vozes 1987 PRADO Jr Caio Evolu o pol tica do Brasil e outros estudos S
36. Observamos n o somente quando socorre o capital e suas variadas formas nos momentos de crise econ mica aguda mas sobretudo ao mediar rela es de trabalho e de conflito capital trabalho O controle burocr tico plenamente exercido sobre as entidades de classe tais como sindicatos de trabalhadores rurais nas a es sociais de car ter individual e coletivas bem como na regula o de associa es e cooperativas de trabalhadores THOMAZ JR 2002 As a es de moderniza o agr cola e progresso na reprodu o do rebanho bovino comandados pelo Estado n o escapam do dom nio do capital agroindustrial e no sert o do Nordeste juntamente com uma estrutura que Grifo nosso para os sujeitos que juntamente com os pequenos propriet rios de terra predomina no munic pio estudado 55 sujeita diferentes espa os agr rios est o no centro dos processos de migra o e mobilidade espaciais como analisa o autor O processo de pecuariza o em r pido avan o que da mesma forma que a pol tica alcooleira e a ucareira vem criando s rios problemas sociais Atrav s deste processo o propriet rio da terra e criador passa a cultivar reas com gram neas e ou leguminosas resistentes seca e a acumular alimentos na esta o chuvosa para o consumo no estio sobretudo em silos trincheiras Com estas medidas executadas geralmente gra as empr stimos de bancos oficiais e a juros baixos o pecuarista liberta se da necessidade de
37. Pequenas Empresas SEBRAE e Banco do Nordeste do Brasil BNB ampliou o quadro de mis ria e autoexplora o do trabalhador Brasil 2003 p 19 34 fazendo avan ar a moderniza o e maior racionalidade no rebanho bovino A estrat gia e as a es do Estado brasileiro tiveram como efeito arrefecer as for as contr rias ao sistema metab lico do capital ao ampliar os espa os de fragmenta o e concentra o de capital Conjunturalmente as institui es representantes da classe que vive da venda da for a de trabalho facilitaram a forma o e supera o dos equil brios inst veis entre fra es do capital e entre o dominante e os dominados conforme lembra HARVEY 2005 p 90 O autor avan a seguro acerca do papel do Estado capitalista na sociedade atual e lan a uma quest o ainda por ser resolvida que nos til At que ponto o Estado capitalista capaz de variar suas formas e estruturas dando a apar ncia de diferencia o substancial entre as na es capitalistas enquanto cumpre a fun o b sica de sustentar a sociedade capitalista e assegurar a reprodu o dessa sociedade Os projetos em andamento no sert o semi rido da Para ba especialmente no munic pio de Santana dos Garrotes vem refor ando a sujei o entre os sistemas agr rios e mais n o tem ultrapassado o car ter assistencialista nas pol ticas adotadas A express o maior das pr ticas 80 z pol ticas adotadas pelo Estado a
38. a finalidade de fornecer cr dito s atividades produtivas no chamado Pol gono das Secas e em 1959 foi criada a Superintend ncia de Desenvolvimento do Nordeste SUDENE que tentaria promover o desenvolvimento de uma rea de mais de um milh o e meio de quil metros quadrados Na resolu o dos problemas sociais o estado est preocupado em ampliar a produtividade e a rentabilidade econ mica ANDRADE 1981 p 56 60 Ideologicamente o Estado capitalista para assegurar a domina o de classe engendra a es e t ticas aut nomas e de car ter universais escamoteando as contradi es em seu interior A primeira estrat gia encarregada de expressar a vontade do dom nio e as institui es pelas quais essa vontade se manifesta deve parecer independente e aut noma em seu funcionamento a segunda estrat gia para solucionar a contradi o se baseia na conex o entre ideologia e Estado Especificamente os interesses de classe s o capazes de ser transformados num interesse geral ilus rio pois a classe dirigente pode com sucesso universalizar suas id ias como id ias dominantes HARVEY 2005 p 81 Assim o discurso utilizado pelos agentes p blicos o da vontade geral e universal tornando os interesses da classe dirigente interesses comungados por toda a sociedade civil A contradi o p blico privado inelimin vel na a o pol tica dos administradores e gestores tem no campo
39. acenando lhes com a posse da terra que estava faltando na Europa Era uma pol tica de coloniza o baseada na pequena propriedade A pequena propriedade reproduzia atrav s desses n cleos de coloniza o confinada nos terrenos mais desfavor veis seja quanto localiza o ou qualidade complemento reprodu o da grande lavoura Era a necessidade de trabalho e a sujei o do migrante como trabalhador que sempre apareceu como objetivo principal mesmo que nem sempre t o transparente DAMIANI 2002 p 41 Foi importante classe dominante manter um sistema complementar muito embora subordinando regi es e espa os com a nica finalidade de acumular capital necess rio produ o Al m da necessidade de acumular capital para alavancar os investimentos na ind stria a preocupa o das classes dominantes girava em torno da redu o com os custos de manuten o da for a de trabalho De forma magistral a autora analisa parte das raz es para o movimento do trabalho e do capital entre e no interior dos pa ses centrais e perif ricos Tanto as migra es internacionais como a migra es internas rural urbana rural rural comprovam o processo de expropria o a concentra o da propriedade e de explora o que marcam o desenvolvimento do capitalismo em pa ses como o Brasil IDEM o processo de migra o e mobilidade no espa o ser assunto retratado por n s mais adiante 4
40. acesso a esta medica o 5 7H algum atendimento m dico na comunidade Qual Desde quando 5 8Na comunidade existe alguma unidade de sa de p blica Sim N o Qual 5 9Como o senhor avalia o atendimento de sa de no munic pio Por qu Excelente Bom Regular JRuim 5 10Algum membro da fam lia tem plano de sa de privado Qual Por qu 5 11A fam lia quando necessita de rem dios recorre a que tipo de entidade caseiros Jfarm cia entidade p blica fornecedora Outros 5 12Algum membro da fam lia tem alguma doen a cr nica diabetes card aco c ncer AIDS Caso positivo como trata 5 13Quando a fam lia precisou dos servi os de sa de do munic pio a secretaria municipal ajudou Relate como foi 5 14 Algum membro da fam lia beneficiado por algum programa social do governo bolsa fam lia Qual o valor que recebe 5 15 Na sua opini o h alguma rela o entre as doen as com a qualidade do alimento produzido e consumido 6 SANEAMENTO B SICO DESTINA O DOS RESIDUOS S LIDOS 6 1 Qual o destino do lixo dom stico queima enterra coletado 6 2 Se coletado quem faz o servi o de coleta e para onde vai o lixo coletado 193 7 O TRABALHO NA PROPRIEDADE FAMILIAR 7 1Quantos trabalham na ro a 7 2 Quais as tarefas executadas na propriedade 7 2 1 Quem as executa H alguma forma de trabalho coletivo na propriedade mutir o parceria coopera o 7 2 2 Q
41. amplia o das trocas comerciais e circula o de mercadorias altera as bases econ micas e as for as produtivas em vigor muito embora por pouco tempo em virtude do quadro complexo de contradi es A finalidade do aparato tecnol gico e das t cnicas utilizadas nos sistemas de irriga o bem como a aplica o de venenos e insumos foi garantir por um lado n veis de acumula o de capital adequados na ind stria e por outro garantir que as taxas de lucro na agricultura tendencialmente negativas fossem mantidas A presen a do Estado capitalista na agricultura assumiu no caso da crise econ mica que abateu o Brasil import ncia significativa a partir da 121 segunda metade do s culo XX at tornar se o principal agente a controlar e garantir a plasticidade e a mobilidade social do trabalho no espa o e das rela es capital trabalho Andrade 1981 Guimar es 1982 e Thomaz Jr 2002 Os efeitos negativos e as consequ ncias sociais para o trabalho da reestrutura o produtiva no campo e na agricultura brasileira somente foram sentidos com mais intensidade no final do s culo XX Por outro lado no plano internacional a reestrutura o produtiva gestada nos pa ses centrais a partir de 1970 significou dentre outras estrat gias a retra o acentuada do Estado regulador do mercado bem como a financeiriza o de parte da economia mundial No campo este processo ficou conhecido como a revolu o verde pacote tecn
42. ano e originalmente ligada aos ro ados de arroz nos estabelecimentos cujo relevo mais aplainado permite a evolu o de razo vel rede de drenagem e baixios nos interfl vios Embora no in cio de cada ano o uso do trabalho torne se mais intenso como tamb m o per odo de desenvolvimento do ciclo de corte da cana de a car parte dos jovens e trabalhadores se deslocam para S o Paulo A liga o org nica do trabalho migrante com os ro ados de arroz vermelho expressos na continuidade da atividade agr cola muito embora na dupla condi o de sujei o e subordina o experimentada pelo trabalhador Oxente a juventude daqui ta toda em S o Paulo por que aqui n o oferece oportunidade pra juventude A juventude sonha alto Agora mesmo chegou um monte e hoje ta chegando um bocado Agora mesmo ta chegando um bocado e vem pra festa e quando em 165 dezembro chega outra camada Luis Francisco Presidente da Associa o de Cabaceiras 2012 A presen a da divis o do trabalho familiar nos estabelecimentos rurais coexiste com o uso da for a de trabalho do arrendat rio A maior divis o do trabalho pode indicar al m da intensividade nos tratos culturais com o arroz vermelho a possibilidade de diferencia o social por acumula o Dentre as formas de pagamento o assalariamento se concretiza sob as mais diversas estrat gias dentre elas o pagamento de di rias Tentamos ilustrar nos Gr ficos abaixo os extremos da reprodu o de
43. carne nos engenhos e centros urbanos em emerg ncia e os conflitos entre criadores e lavradores foram respons veis pela separa o das atividades canavieira e pecu ria MOREIRA e TARGINO 1997a p 32 67 O processo de povoamento e ocupa o no sert o seguiu e deveu se instala o de grandes sesmarias dirigidas por vaqueiros agregados e posseiros que arrendavam terras nas propriedades e desenvolviam uma incipiente lavoura de subsist ncia nas vazantes de rios e brejos ou nos anos de invernada boa Correia de Andrade 1980 p 165 Nos anos de invernada fraca 40 sertanejos que na poca da seca migram para o Brejo a fim de trabalhar na colheita da cana Fazem para a grande ilha mida migra o igual a dos corumbas para a regi o da Mata e o seu n mero tanto maior quanto mais intensa for a seca no Agreste e no Sert o IDEM p 156 O s culo XIX foi historicamente marcado por transforma es nas rela es de trabalho e de produ o oriundas dos processos de regula o e acesso a terra o instituto da Lei de Terras de 1850 a instala o da Rep blica e a crise do escravismo foram fatos hist ricos decisivos para re acomodar as for as sociais econ micas e pol ticas A autora observa que Com o colapso do regime de trabalho escravo no Brasil Toda uma pol tica de coloniza o que desembocou em n cleos coloniais particulares e oficiais apareceu como uma forma de atrair os imigrantes
44. com que as leis e decretos publicados pelo Estado garantissem o comando dos processos de acumula o Andrade 1994 p 228 No plano nacional as diferen as regionais foram agu adas no interior de um sistema de capital mundializado estruturado pelos pa ses centrais e perif ricos As trocas comerciais e produtivas internamente refor aram as distancias entre as regi es e o estado mais rico S o Paulo e os pobres O cientista social Andre Gunder Frank analisando o desenvolvimento do subdesenvolvimento nos pa ses da Am rica Latina d conta de explicar algumas causas estruturais da pobreza 68 El Nordeste tuvo que obtener sus suministros de las nuevas e costosas industrias del Centro sul S o Paulo Esto ha significado de hecho el deterioro de los t rminos de intercambio del Nordeste e ha originado dentro de Brasil una transferencia de recursos como la que tan a menudo menciona Prebish respecto a la posici n de Am rica Latina frente al mundo desarrollado La pr ctica que ha llevado al Nordeste a comprar en el Sur e no em el extranjero bajo condiciones de venta menos favorables entra a una transferencia de capitales de la regi n m s pobre a la m s rica del pa s Se asegura que la magnitud de esta transferencia puede ser estimada BAER 1964 apud GUNDER FRANK 1974 p 191 O relat rio publicado no plano trienal da era Jango teve como objetivo corrigir os desequil brios regionais embora tenha naturalizado a d
45. como Associa o aut noma sem fins lucrativos PATAC 2012 Desta maneira a atua o de Organiza es N o Governamentais ONG Movimentos Sociais como a CPT e o MST al m de institui es representantes da sociedade civil de car ter privado na regi o do Vale do Pianc e no munic pio de Santana dos Garrotes n o s o recentes na hist ria das comunidades rurais Neste sentido o car ter organizativo imerso de contradi es foi acentuado com a media o dos agentes da pastoral junto ao espa o das comunidades rurais observado na fala dos presidentes das associa es de 84 produtores rurais O distrito de Pitombeira de Dentro n o foi diferente e quando indagamos a respeito de poss veis interven es e media es de agentes p blicos e privados no processo pol tico de institucionaliza o e constitui o da associa o de trabalhadores a declara o confirma o que j suspeit vamos em rela o ao car ter controlador do Estado capitalista e das institui es civis que lhes representa Frente s possibilidades de organiza o dos trabalhadores do campo o exerc cio do controle se expressa na apreens o da subjetividade que envolve a consci ncia no processo de trabalho e de produ o Ela foi fundada em janeiro de 1992 n N s decidimos um grupo de pessoas a formar a comunidade com o nome comunidade Depois ouvindo uma pessoa da comunidade ela repassou da seguinte maneira pra formar um nome comunidade em agl
46. conjunto dos trabalhadores do campo estudados Quando comparamos sa de e in exist ncia de alimentos saud veis ou envenenados as declara es evidenciam poss veis rela es entre os efeitos negativos provocados pela industrializa o dos alimentos ao abuso no uso de agrot xicos at a imposi o de padr es e da dieta alimentar pela l gica do mercado Sim primeiro as coisas industrializada uma qu mica danada e as coisas tudo com veneno Raimundo Isidro S tio Maracuj 2011 140 Eu acho que sim Tipo frutas compradas na cidade tudo com agrot xicos e eu acho que isso afeta a sa de da popula o O veneno sempre faz mal Por que eles pensam mais no dinheiro do que em si pr prio Quem cuida de ro a n o est preocupado com quem vai comprar Maria de F tima Aroeiras 2011 Alimento industrializado e as frutas de qualidade consumidas no espa o urbano est o contaminados e devido industrializa o s o considerados como alimentos de qualidade inferior Afetam diretamente a sa de do trabalhador que tem no fetiche da mercadoria e do dinheiro sua preocupa o maior J para o item atividade que os trabalhadores realizam no estabelecimento rural foi importante notar que dos 69 sujeitos de pesquisa 62 responderam ter na agricultura e na cria o de animais as principais atividades muito embora apare a em menor n mero o exerc cio da profiss o de dom stica 2 constru o 2 agentes de sa
47. da Agricultura Familiar 2011 A presen a do Estado capitalista e da Igreja uma constante no controle e regula o do movimento dos trabalhadores A t tica do poder estatal local manter o controle atrav s do estabelecimento de rela es pessoais junto aos trabalhadores tornando os dependente politicamente Desta maneira os espa os para o exerc cio do controle dos trabalhadores s o simultaneamente aqueles espa os sociais a escola postos de sa de a capela ou ainda servindo como moeda de troca no tempo de elei o os investimentos em melhorias na infraestrutura Quando indagamos a respeito dos projetos em execu o e j executado nas comunidades a presen a do Fundo Rotativo Solid rio FRS as experi ncias com barragens subterr neas e a constru o de cisternas no Projeto 1 Milh o de Cisternas P1MC n o passaram imunes as a es ideol gicas e de fragmenta o pol tica dos trabalhadores nos s tios de Pereiros P de Serra e Maracuj conforme nos lembram as falas Olha deixa eu voltar um pouquinho Se a quest o da forma o como foi implantada nos primeiros projetos de cisterna de placas o Fundo Rotativo Solid rio FRS podia ter crescido Mas ai um parceiro meu que participou do FRS do come o at o final assim da devolu o ele foi um dos que devolveu 100 da devolu o Mas ai com esse novo programa e essa nova coisa n o vem mais Vem e a fam lia recebe e a nica coisa quando o FRS aparece
48. de lutas de forma es coletivas entre os grupos e familias de trabalhadores e reuni es evidencia diferencia es no ordenamento socio espacial Este ltimo sob controle do Estado capitalista e dominio das formas que assume o capital na agricultura Gr fico 3 Distribui o das Formas de Trabalho Predominantes em Aroeiras a FORMA DE TRABALHO AROEIRAS REER CONTPATA TPABALHADOPES 14 29 7 14 TRABALHO FAMILIAR 78 57 Fonte Dados de Pesquisa de Campo 2012 Organizado por Jackson Vital 167 No sert o paraibano historicamente as pol ticas de desenvolvimento econ mico tiveram durante v rias d cadas o combate seca uma de suas maiores metas como se a reprodu o da mis ria e da pobreza do homem do campo fosse uma quest o meramente clim tica Sobre isso ANDRADE 1981 1985 pontua os termos alertando para as estruturas econ micas e sociais do espa o agr rio reprodutoras do duplo sistema agr rio no espa o Neste sentido o Estado capitalista ao promover o desenvolvimento econ mico faz ampliando as condi es de reprodu o do capital Desde a g nese at o desenvolvimento do capitalismo na agricultura enquanto momento determinado na hist ria universal objetivamente se concretizou transformando e revolucionando o espa o sem contudo alterar a ordem social constru o de vias de acesso amplia o da comunica o e dos transportes entre os espa os e na garantia do avan o da
49. desde j por meio das fraturas que identificam um sem n mero de rela es vivas desconectadas do trabalho a malha de significados que pode repor em quest o a ruptura com a l gica do capital em escala mundial Em Antunes 1999 temos as pistas para vincular a economia informal terceiriza o subcontrata o trabalho tempor rio parcial prec rio desemprego estrutural Quer dizer esse processo de fragmenta o da classe trabalhadora em diversos segmentos que tem prejudicado o entendimento de pertencimento de classe diante dessa realidade movedi a THOMAZ JR 2009 p 167 No Brasil o movimento de ruptura na geografia agr ria repercutiu em toda a comunidade geogr fica per odo que viv amos o Estado de plena ditadura Os espa os do campo e das cidades viveu se um momento hist rico cujas manifesta es populares e sociais foram contr rias aos efeitos nocivos reproduzidos nos movimentos de migra o e xodo rural ou ainda na mobilidade social do trabalho no espa o parte da lideran a sindical foi assassinada e os militantes dos partidos de esquerda e ou oposi o ficaram na clandestinidade e ou foram perseguidos exilados e mortos O crescimento desordenado e sem urbaniza o das grandes cidades a piora das condi es de vida e de trabalho no campo fruto da estrutura fundi ria concentrada e o empobrecimento dos camponeses que permaneceram na terra ou que foram ocupar terras em outras regi es mais distantes
50. desloca o humana mas como irradia o geogr fica de um dado sistema econ mico e de uma dada estrutura social Na maioria das vezes um empreendimento controlado um ato pol tico No Brasil a maioria da imigra o envolveu uma popula o expropriada e empobrecida a maioria da imigra o para o Brasil e em especial a italiana decorreu da desapari o do campesinato no seu lugar de origem os imigrantes preservariam um modo de vida campon s Contudo o sentido desse processo era a cria o de um proletariado potencial DAMIANI 2002 p 40 Pensemos nas consequ ncias sociais que a manuten o da dualidade de diferentes regimes de propriedade e de sistemas agr rios desde o per odo colonial se fizeram reproduzir junto aos trabalhadores Oliveira 2007 2010 Dentre as contradi es pol ticas reproduzidas no seio da classe trabalhadora a fragmenta o resulta da situa o entre a perman ncia na terra enquanto 13 O conceito de sistemas agr colas a distribui o espacial e cronol gica das esp cies de culturas sobre toda a rea cultivada segundo determinados princ pios sendo que sob esp cies de culturas ficam entendidas todas as reas de utiliza o como florestas prados naturais pastos campos de cultura etc LAURE E apud WAIBEL 1979 p 6 MARQUES 1994 No dizer dos autores representa um conjunto de t cnicas desenvolvidas pelo homem com o objetivo de obter produtos vegetais e anim
51. do pa s como fornecedor de mat rias primas e m o de obra barata A produ o de carne e charque avan ou sobre espa os da cana e foi necess rio transferi la para as terras do Sert o juntamente com o avan o das frentes pioneiras e de ocupa o do per odo colonial Em meio crise do escravismo e do a car umbilicalmente ligados a produ o pecu ria encontrou mercado e floresceu com o fabrico de carne seca e o com rcio do couro salgado curtido solas e vaquetas Marques 1994 36 Somado s constantes crises no mercado mundial e internacional de a car que afetaram a demanda interna de carne as dificuldades para o conjunto de trabalhadores do campo no espa o do Sert o devido s secas peri dicas se ampliava com a concorr ncia da produ o de charqueadas ga chas IDEM A emerg ncia do desenvolvimento de uma cultura adaptada ao clima semi rido e que atendesse as demandas externas e internas foi iniciada na primeira metade do s culo XIX com o algod o inicialmente no Litoral dominando simultaneamente fra es do territ rio do sert o Grande parte do produto era consumida na pr pria regi o ap s tecido manualmente pelas tecedeiras Assim como a pecu ria do in cio do s culo XVII a atividade agr cola algodoeira proporcionou um grande desenvolvimento do trabalho assalariado no espa o do Sert o Andrade 1980 p 175 Como nos recorda o professor acerca da ocupa o eles fundaram fazendas dedicadas
52. e de rendimento das usinas reproduziram profundas altera es nos sistemas agr colas ainda na d cada de 60 Segundo os autores o avan o das usinas de a car e a expans o dos canaviais afetaram profundamente as rela es de produ o e de trabalho inclusive na rea pecu ria do Agreste Esse per odo de concentra o de terras e de moderniza o tecnol gica tamb m marcado diante das necessidades de amplia o dos canaviais por altera es significativas nas rela es de produ o Neste momento de quebra do quadro tradicional de ocupa o a usina come a a expulsar das terras de seus engenhos os numerosos moradores piorando lhes sensivelmente as condi es de vida e gerando s rios conflitos Os assalariados s o cada vez menos foreiros e condiceiros transformando se em b ias frias A tentativa de regulamenta o dessas rela es estabelecida depois de 64 no Estatuto da Terra que reconhece uma s rie de direitos dos trabalhadores acentua fortemente o fen meno da expuls o GRABOIS SILVA MACIEL 1992 p 140 O car ter extensivo que assumiu a din mica da produ o do espa o do sert o estruturou se baseado na sujei o entre sistemas agr colas e regimes agr rios cujas mudan as requeridas no processo de ocupa o da terra e do espa o pelos sujeitos sociais conformou um sistema de minif ndios limitados 53 por grandes fazendas de gado A forma que assume os sistemas agr colas com
53. em seu processo de socializa o n o pode prescindir das esferas inorg nica e org nica Os processos de adapta o e reprodu o explicativos dos seres org nicos apesar de importantes n o d o conta de explicar na continuidade hist rica as evolu es posteriores dos seres Segundo o autor 49 A possibilidade de um aut ntico desenvolvimento aparece como sabemos somente em e devido aos pores teleol gicos j conscientes que trazem consigo em parte o trabalho e suas fases iniciais LUKACS 2010 p 181 A emerg ncia da categoria trabalho entendida essencialmente enquanto produtora de espa o assumiu historicamente com o desenvolvimento da atividade humana consciente um complexo de formas Uma destas formas foi o desenvolvimento de sistemas agr colas e de produ o ora em coopera o ora em conflito aberto como na reprodu o de diferentes sistemas agr rios no sert o do estado da Para ba Quanto aos conte dos hist ricos as rela es sociais de trabalho e de produ o v o se tornando mais complexas em virtude da coexist ncia de rela es n o tipicamente capitalistas com aquela capitalista Processos de trabalho s o permeados por subjetividades valores e significados THOMAZ JR 2002 Esta diversidade de rela es expressa variedade de sujeitos formas de pertencimento e identidades sociais e de classe com conte dos hist ricos e espaciais distintos posseiros meeiros foreiros arrendat rios p
54. empresas industriais e mais recentemente os grandes propriet rios que fazem agricultura irrigada As popula es ribeirinhas s o desalojadas proletarizadas e marginalizadas O estado naturalmente se beneficia do crescimento da produ o e do crescimento dos impostos Os agricultores que antes cultivavam a terra perderam at esta oportunidade de ser explorados mas de conseguir receber o m nimo para a reprodu o de for a de trabalho sendo obrigado a viver de migrar para os centros urbanos de maior import ncia ou para reas agr colas diferentes daquelas em que viviam tendo problemas de transfer ncia de desorganiza o da estrutura familiar e de adapta o ANDRADE 1981 p 61 Nossas aproxima es daqui por diante se concentrar o em entender como o Estado a partir de 1970 vai criar a infraestrutura no espa o do campo e das cidades e como reagiu frente s incertezas produzidas pelas crises na ordem econ mica e pol tica 2 3 O Estado Desenvolvimentista p s 1970 Os Sentidos da Reestrutura o Produtiva do Capital e do Espa o na Periferia do Sistema A tarefa simples e ao mesmo tempo gigantesca j que tem o intuito de refletir as pol ticas adotadas pelo Estado na condu o do desenvolvimento econ mico e social junto s diferentes regi es do Brasil do per odo pr ditadura 1961 e aquele que ficou conhecido como fase p s reestrutura o produtiva d cada de
55. es no processo de reprodu o s cio territorial nas nove comunidades e s tios produtores de arroz vermelho em nosso estudo Nesta etapa descritiva do trabalho o conceito de regi o foi central na compreens o das especificidades na forma o espacial do Nordeste De forma consequente o conceito de regi o Nordeste se singularizou em fun o das rela es de trabalho Andrade 1980 p 13 O autor completa que diferentes sistemas agr rios reproduziram no sert o especificidades dentre elas o desenvolvimento hist rico do Nordeste esteve baseado em processos de sujei o entre os diferentes sistemas agr rios diversos na explora o e reprodu o social o que fez desenvolver uma civiliza o do couro sui generis Andrade Idem De outra forma para compreendermos a complexidade que envolveu a forma o s cio territorial municipal partimos do entendimento de que a rela o sociedade natureza assumiu no exerc cio do controle do metabolismo social momento essencial A produ o do espa o pelo trabalho tem na apreens o das contradi es em reprodu o na sociedade com a natureza seus momentos impares Entender a din mica do trabalho no espa o envolve a participa o de rios riachos relevo a predomin ncia de clima quente e seco da semi aridez sua pedologia e geomorfologia na forma o das paisagens Para n s significou antes de op o te rico metodol gica tornar consequente a constru o das possibilidades de di l
56. fornecer terras aos agricultores sem terra para que cultivem milho feij o e algod o em associa o e que ap s a colheita liberem a terra o antigo ro ado para que o gado se alimente com restolho destas plantas Ora ocorre que estes agricultores perderam a possibilidade de cultivar a terra por deixarem as mesmas de ser arrendadas a eles e tiveram que migrar para as reas novas mas j apropriadas Sul do Piau oeste do Maranh o e Bahia onde v o trabalhar como assalariados ou como moradores dos grandes fazendeiros que se apossaram de vastas reas atrav s da compra ou da grilagem Na regi o semi rida pode se observar a mesma tend ncia conserva o das estruturas sociais existentes atrav s de programas governamentais com projetos de empr stimos para constru o de cercados de po os de a udes de currais e de casas de fazendas a propriet rios que tenham de 20 a 500 hectares ANDRADE 1985 p 35 O estudo recente no sert o paraibano a autora realiza a descri o do S tio Ribeira e destaca a mobilidade espacial do conjunto de trabalhadores mediada pelo projeto do alho um fato importante Estes recorrem estrat gia do deslocamento tempor rio no espa o para garantir a reprodu o social nas terras de trabalho mesmo que sob sujei o de fra es de sua renda e do excedente ao capital A reprodu o Grande parte dos produtores de Curral foram exclu dos do projeto
57. humanas a agricultura pecu ria e etc em compara o com o per odo de coleta devido ao desenvolvimento extensivo e intensivo da divis o do trabalho devido diferencia o dos problemas internos das sociedades surgimento de classes e s atividades que por consequ ncia aumentam quantitativamente e que se diferenciam fortemente etc esse mbito de possibilidades se amplia de forma constante e necess ria tanto quantitativamente como qualitativamente em cada membro singular da sociedade e na totalidade de sua coopera o LUKACS 2010 p 221 As rela es campo cidade se intensificam as trocas desiguais de mercadorias trabalho e capital renovam as contradi es Os sujeitos hist ricos do trabalho devido s diferen as e desigualdades de modos de vida e de ser desenvolve a pr xis em toda sua plenitude produto do antagonismo de classe que resulta da consci ncia Os sujeitos hist ricos na luta pol tica combatem os processos de fragmenta o desrealiza o e desterritorializa o Dentre os limites te ricos em fun o da din mica complexa que assumiu a sociabilidade e o trabalho o autor sugere que preciso apreender rela es que n o est sendo poss vel compreender a totalidade viva do trabalho pois ao mesmo tempo em que est sendo refeita com mais 1 A no o de mais trabalho concebida como o resultado processual de componentes estreitamente ligados mas heterog neos em si no interior
58. importa neste momento aproximar nos da descri o e da din mica pr pria que a evolu o dos elementos naturais simultaneamente ao ordenamento s cio espacial no conjunto do munic pio assume na atualidade O desenvolvimento da estrutura fundi ria no espa o do munic pio n o escapou daquelas determina es j anteriormente observadas dos regimes difusos de propriedade da terra reproduziram ao combinar sistemas agr rios distintos O 108 resultado foi concentra o de terras riqueza e valor pela classe dominante O quadro mais amplo da estrutura da terra as condi es dos produtores as culturas agr colas e a cria o predominante bem como evidenciar a dial tica rela o sociedade natureza no conjunto da paisagem 3 3 Terra Propriedade e Estrutura Fundi ria Municipal Levando em conta a complexidade que assume os sistemas econ micos e sociais a reproduzir se nos mundos do trabalho do campo importou para n s descrever na escala municipal o regime predominante de propriedade a condi o dos produtores passando pelas culturas produzidas no munic pio Para tal empreitada o conceito de metabolismo s cio natural permitiu nos na medida exata desvelar parte das especificidades locais dentre elas o conte do que assume a terra e o trabalho na reprodu o social junto aos trabalhadores do campo e nas estrat gias de organiza o e resist ncia do conjunto de trabalhadores camponeses no distrito de Pitombeira de Dentro e nas co
59. indagamos a participa o e o sentido de pertencimento que assume os sujeitos sociais nas Associa es de Trabalhadores Rurais especialmente o significado da reprodu o destes espa os para as mulheres trabalhadoras que permanecem nos estabelecimentos rurais a resposta indica que o horizonte do trabalho coletivo enquanto produto das conquistas das trabalhadoras mulheres muito positiva por que n s j trouxemos tamb m e j passamos por v rios treinamentos e antigamente por exemplo antes de fundar a associa o n s n o receb amos incentivos pra fazer produtos de higiene e limpeza pessoal est treinado pra isso Corte costura j foi feito isso aqui tamb m e a participa o delas imensa Agente encontra at dificuldade por que quase todas querem participar ent o tima neste sentido quanto participa o delas Jo o Alexandre Presidente da Associa o de trabalhadores de Pitombeira de Dentro 2012 161 Assim quando indagamos os motivos do deslocamento e mobilidade dos trabalhadores e seus familiares as respostas s o ricas variadas e intensas A mobilidade social do trabalho no espa o do munic pio de Santana dos Garrotes tem nas determina es econ micas da produ o de mais valia uma das raz es de sua reprodu o DAMIANI 2002 preciso levar em conta que na agricultura as taxas de lucro e acumula o do capital s o tendencialmente menores quando comparado a outros setores exigindo para manut
60. lises da agricultura dos Estados Unidos e pa ses europeus influenciado pelo neopositivismo que tinha como trunfo explicar o avan o das rela es capitalistas a urbaniza o e a industrializa o do campo as matrizes e classifica es agr colas as tipologias agr colas DINIZ 1973 apud THOMAZ JR 2011 p 7 algo objetivamente defin vel que indica ao mesmo tempo o que desej vel MARX 1981 p 16 22 O aprofundamento das contradi es capital trabalho e capital capital no campo exigiu que o aparato te rico e de pesquisa levasse em conta n o s as inova es t cnicas mas a totalidade social em movimento Ao aparato ideol gico e econ mico do capital em franco avan o no espa o do campo o somou se o neopositivismo que propositadamente ao engavetar a realidade perdeu de vista as contradi es da totalidade viva do trabalho inclusive no interior das estruturas e diferentes sistemas agr rios A renova o no conhecimento geogr fico ao estudar as rela es da sociedade com a natureza por meio do espa o incorporou no caso da geografia do Brasil a no o de pr xis e trabalho social fundamentados na ontologia do ser social A teoria cr tica de origem marxiana no interior da geografia brasileira ganhar novos contornos express o da crise no conhecimento e das lutas ideol gica e pol tica Assim que o conhecimento geogr fico mais atualmente ao territorializar as contradi es
61. momentos que o trabalho se sujeita est o controle exercido pelo Estado capitalista ao 157 reordenar o territ rio Neste processo o capital agroindustrial se apropria de parte da renda da terra por exemplo quando compra na forma de leite o resultado do excedente do trabalho repassado Cooperativa Agropecu ria do Cariri Ltda COAPECAL A pecuariza o sin nimo de moderniza o agr cola avan a sobre o espa o agr rio de Santana dos Garrotes e uma das formas atrav s da comercializa o direta com o capital agroindustrial Neste caso representado pela COAPECAL localizada na cidade de Boqueir o esta ltima realiza a coleta de leite cujo resfriador mantido no escrit rio da Empresa Paraibana de Assist ncia T cnica e Extens o Rural EMATER PB localizada na sede do munic pio de Santana dos Garrotes apesar de n o oferecer assist ncia t cnica e social ATES nos estabelecimentos rurais analisados As falas iluminam o quanto est o ideologicamente envolvidos os trabalhadores nos projetos de estimulo expans o da pecu ria e da agroind stria do leite quando entregam parte da renda da terra via aquisi o e compra direta do leite e ainda trabalho excedente A cria o mais importante por que d trabalho mas d mais dinheiro Um garrote por R 1 000 00 d pra comprar legumes para o ano todo Maria Desterro Maracuj 2011 Cuido de ovelha gado galinha peru e pato Nos momentos de seca ele corre que
62. na consci ncia do trabalhador e o fetiche que a reprodu o do dinheiro exerce nas comunidades rurais e s tios degradam a natureza e as condi es sociais Neste caso o consumo de mercadorias o grande momento de realiza o do ciclo produtivo do capital A Tabela 6 acima na pagina 135 exp e a presen a de mercadorias nos estabelecimentos rurais reveladora de status social para os trabalhadores com maior n mero de aparelhos em casa A ilus o e a sensa o de auto realiza o humana e de felicidade na sociedade sob controle metab lico do capital e das for as de mercado somente torna se poss vel no interior das rela es de consumo escapando os sentidos essenciais de realiza o e emancipa o humanos J para fra es de trabalhadores desterritorialzados como os observados na Tabela 4 da p gina 117 que totalizam aproximadamente 25 do trabalho no espa o do campo de Santana dos Garrotes a subordina o do trabalho ao capital se concretiza sob outros sentidos valores e momentos Quando indagamos quem lucra na rela o trabalho migrante capital a resposta indica consci ncia O patr o Eles t m muita m o de obra barata Os caras daqui v o trabalhar de servente de pedreiro ou sen o cortar cana por um sal rio que nenhum de l vai Ent o quem ganha s o os empres rios os donos das ind strias Nelito comunidade de Pereiros 2011 Assim uma das especificidades da reprodu o social nas comunidades rurais
63. nem doido o marido atr s de pasto e ra o para o gado No inverno tem pasto para o gado comer E o melhor tempo que tem O pessoal planta e as vezes n o d N o tira nada e perde E o gado n o Ele vende o leite ele entrega para os tanques de Santana S o 57 bois e 1 cavalo Averl cia Costa Maracuj 2011 Os esfor os do conjunto de trabalhadores na garantia de entrega do leite indicam no limite que a reprodu o da pecu ria leiteira junto aos trabalhadores e pequenos produtores mesmo que a um custo elevado em fun o da descapitaliza o signifique potencial eros o da poupan a do trabalhador na rela o indireta e comercial com o capital j que via Estado Outro elemento a reprodu o da forma conte do dinheiro nas comunidades e s tios como equivalente de troca expressa simultaneamente a possibilidade concreta de realiza o das trocas necess rias reprodu o social dos trabalhadores S o espa os de subordina o e sujei o de fra es do trabalho ao capital O trabalhador do campo sem terra e o pequeno produtor detentor de fra es do territ rio e de for a de trabalho ao adquirirem parte dos 158 x instrumentos e meios de trabalho necess rios produ o econ mica e a reprodu o social tem que sujeitar parte da renda da terra e do trabalho excedente nos momentos de aquisi o produtiva dos instrumentos e ferramentas de trabalho no com rcio O efeito ideol gico e pol tico
64. o para justificar parte do controle social exercido sobre os trabalhadores sem incorporar o conflito e as lutas entre as classes contribuiu para fazer avan ar o capitalismo e os processos de integra o e ocupa o do espa o e das regi es brasileiras Importou para os gestores militares reduzir a taxa de crescimento demogr fico conciliando maiores oportunidades de emprego investimentos econ micos associados s estrat gias de integra o pol tica nacional O incremento das trocas e da produ o de mercadorias permitiu que o fluxo de capitais e de tecnologia fosse incorporado no pacote de Programas de Investimentos PIN programas econ micos como o PROTERRA PROVALE e PRODOESTE No caso espec fico do Nordeste o plano previa o crescimento acima de 10 ao ano ideologicamente justificado para acentuar as desigualdades regionais Para criar as condi es de desenvolvimento do Nordeste o plano prev as seguintes a es efetiva o de investimentos com recursos federais e garantia de recursos para a industrializa o do Nordeste em ritmo din mico No desenvolvimento industrial cabe destacar e implanta o do p lo petroqu mico do Nordeste com a execu o das centrais de mat rias primas e implanta o do complexo mineral petroqu mico regional e implanta o em articula o com esse complexo do p lo de fertilizantes do Nordeste compreendendo Fosfatados nitrogenados e pot ssicos e Complexo metal mec
65. pesquisadas a reprodu o do trabalho migrante al m da subordina o camponesa Para estes a sujei o da renda da terra incorpora se no movimento e circula o do capital e da mercadoria Oliveira 1990 enquanto para os trabalhadores arrendat rios a aqueles com exiguidade de terras a degrada o e precariza o das rela es de trabalho e de produ o da vida se reproduz no espa o urbano nas grandes obras e constru es e ainda no espa o fabril A produ o simult nea de processos de acumula o primitiva e 159 ampliada do capital tem no deslocamento e na mobilidade social no espa o ou seja na movimenta o da mercadoria for a de trabalho um dos momentos de realiza o na circula o das mercadorias da reprodu o ampliada do capital Assim quando indagamos os motivos do deslocamento e mobilidade de parte dos membros da fam lia as respostas foram variadas ricas e intensas Tr s filhos Por que a agricultura n o tava dando e foram para S o Paulo Um dos dois voltou para Pedra Branca e trabalha em Itaporanga na f brica Jorge Calixto Maracuj 2011 Tr s pessoas 2 filhos e o marido que est em S o Paulo e volta no inverno para trabalhar Maria Desterro Maracuj 2011 Se o inverno bom o retorno s terras de trabalho garantia de lucro entendendo lucro n o como compreende o capitalista mas enquanto possibilidade de reprodu o social nas terras de trabalho Neste caso quando as possib
66. propriedade da terra indicativo de potencial aumento na concentra o de terras Este movimento na estrutura fundi ria do munic pio realiza se 117 atrav s da aquisi o e ou compra entre grandes e pequenos propriet rios ou em fun o da partilha das terras em regime de heran a Em rela o rea ocupada segundo os dados oficiais do IBGE j no ano de 1985 apenas duas grandes propriedades privadas capitalistas ocupavam a mesma dimens o de terra que todas as pequenas propriedades no munic pio algo em torno de 12 735ha IBGE 1996 2006 Tabela 4 Evolu o da Condi o dos Produtores no Munic pio de Santana dos Garrotes Munic pio Total Propriet rio Arrendat rio Parceiro Ocupante Santana dos estabel Area ha Estabel Area Estabel Area Estabel Area Garrotes ecimen ecimen ha ecimen ha ecimen ha tos tos to tos 1980 827 718 32778 55 2305 SR SR 54 491 1985 894 890 36922 3 26 SR SR 1 0 1996 671 659 23334 3 205 7 85 2 1361 2006 726 550 16184 30 693 64 1286 82 1438 Fonte Censo Agropecu rio IBGE Organizado por Jackson Souto A din mica s cio espacial do campo no munic pio de Santana dos Garrotes e o avan o da propriedade privada s o express es do avan o da divis o do trabalho que ao se desenvolver no espa o engendra contradi es Diferentes rela es de trabalho e de produ o entram em conflito com o desenvolvimento das for as produtivas A fala do trabalhador pequeno produtor alusiva quanto
67. rela es de trabalho e de produ o predominantes em 3 diferentes s tios e comunidades Gr fico 1 Distribui o das Formas de Trabalho Predominantes em Gravat FORMA DE TRABALHO GRAVAT CONTRATA TRABALHADORES 100 00 Fonte Dados de Pesquisa de Campo 2012 Organizado por Jackson Vital No s tio Gravat a presen a de trabalho contratado em 100 dos estabelecimentos estudados indica o uso intenso no ro ado de arroz vermelho de for a de trabalho importate frisar que s o os sitios Gravat Aroeiras e Serra Branca aqueles que apresentaram a maior produtividade e volume de produ o de arroz vermelho A presen a da rede de riachos e rios tempor rios em cota altitude inferior aos a udes de Queimadas e Nova Olinda permite o aproveitamento da agua dos reservat rios pelos trabalhadores pequenos produtores e sem terra 166 Gr fico 2 Distribui o das Formas de Trabalho Predominantes em Maracuj a FORMA DE TRABALHO MATA DE MARACUJ N O H TRABALHO 16 67 CONTRATA TRAI 50 00 TRABALHO FAMILIAR 33 33 P Fonte Dados de Pesquisa de Campo 2012 Organizado por Jackson Vital J para a comunidade de Maracuj a coexistencia de duplo regime de trabalho est relacionada organiza o social dos trabalhadores A hist ria de dialogo e lutas coletivas com o sitio de Pereiros deve se localiza o no espa o agrario do munic pio O desenvolvimento comum
68. s a m o de obra dele que vai ajudar e mais nada O FRS acabou por ai Quando chegou o PiMC parou o FRS Entendeu parceiro Raimundo Isidro Maracuj 2011 A entrou a pol tica seu Raimundo Jorge Calixto P de Serra Ai se n o entra a pol tica no meio pronto N s tava muito bem organizado pois nois tinha um grupo forte N o era n o compadre Chico Mas quando entrou esse negocio ai pronto acabou tudo Como a gente temos uma pol tica que tem essa quest o de manter o pobre desinformado cativo se isso se aquilo Tudo ser eles que fazem pra enganar e dizer que foram eles A Articula o do Semi rido ASA mesmo disse que tem que ter o contrato e o pol tico diz que n o tem Voc s n o t m 173 que pagar nada Isso ai dinheiro de voc s e n o sei Ai o pobre coitado j acha dif cil tirar dez conto do bolso ai o pol tico chega e manda ele n o tirar Ele n o tira mesmo n o N s sofremos aqui com essa quest o A gente faz um trabalho organizativo por um lado e o pol tico faz outro destruindo no que voc ta fazendo Raimundo Isidro Maracuj 2011 O pol tico gestor do poder p blico municipal o agente central e representa o Estado capitalista As falas dos sujeitos do trabalho d o a exata dimens o que assume o papel ideol gico e de cortina de fuma a junto aos trabalhadores e suas Associa es Se o Estado no plano ideol gico e do discurso promove a es e projetos que ate
69. se reproduz na forma das Associa es de Trabalhadores Estas se constitu ram de forma desigual conforme a natureza social das comunidades enquanto espa os de resist ncia e do fazer pol tica desde que constitu da processualmente pelo e para o trabalho S o dois os enfretamentos que os trabalhadores ter o de construir no conflito com a l gica metab lica do capital Os trabalhadores do campo em Santana dos Garrotes t m no desafio ideologia burguesa dominante parte dos sentidos do trabalho no espa o das Associa es de Trabalhadores Rurais 181 As conquistas e a resist ncia perpassam por compreender que o combate no interior do aparelho ideol gico do Estado capitalista representante maior dos interesses da burguesia seu aparato alienante e a promo o da racionalidade econ mica individual Outra luta a ser desenvolvida pelos trabalhadores especialmente junto os arrendat rios em situa o mais intensamente prec ria a mobiliza o do trabalho migrante inclusive como forma de esclarecer os sentidos concretos da fragmenta o que o capital realiza e o pertencimento de classe em que a pr xis do trabalho produz importante ocupar o espa o das Associa es de Trabalhadores Rurais na produ o de momentos de forma o e de pr ticas coletivas e atos conscientes de trabalho 182 6 REFER NCIAS ABRAMOWAY Ricardo Paradigmas do capitalismo agr rio em quest o S o Paulo Hucitec 1998 ANDRADE Manoel Corr
70. smico hist ricos os quais est o separados no tempo e no espa o Chegamos assim ao n cleo da geografia hist rica ou hist ria geogr fica de Hegel a dial tica como m todo para instituir as correla es entre estruturas geogr ficas e modos de vida dos povos Em poucas palavras a dial tica de Hegel mostra de um lado a sua verdade l gica e metodol gica e portanto o seu lado progressivo em rela o a Kant enquanto unidade de opostos ser pensamento liberdade necessidade etc e portanto por aquilo que nos interessa aqui enquanto unidade de natureza e hist ria mas por outro lado demonstra seu car ter regressivo mesmo em rela o a Kant e mistificador enquanto tal unidade unidade no pensamento enquanto n o dial tica do trabalho humano na rela o concreta e hist rica com a natureza como em Marx mas essencialmente dial tica do trabalho espiritual da id ia QUAINI 1979 p 32 13 esgotamento acerca do tema das classes sociais e do pertencimento inclusive de classe O terceiro cap tulo teve como fim contextualizar o espa o agr rio do sert o paraibano sua especificidade natural e o desenvolvimento social desigual neste espa o de r gida estrutura agr ria que mudan as econ micas e pol ticas se reproduzem sem no entanto alterar o ordenamento social e metab lico sob dom nio do capital Com lampejos de reflex o partimos para analisar no quarto e
71. suas rela es org nicas com a pecu ria GRABOIS MARQUES SILVA 1991 p 89 preciso destacar que o movimento do trabalho no espa o agr rio tornou se historicamente um complexo de sistemas em disputas territoriais ora em conflito aberto ora em coopera o A diferencia o nos processos de apropria o e distribui o de terras ocorre desigualmente nos territ rios e a tend ncia que produtores com maior potencial em se capitalizar ou seja aqueles estabelecimentos de uso intensivo e maior aproveitamento tecnol gico express o do avan o da reestrutura o produtiva fragmente e desterritorialize as diversas categorias de trabalhadores do campo Somados a isto o aparato ideol gico do Estado capitalista seus programas projetos e agentes simultaneamente ao financiarem a 130 moderniza o da agricultura reproduzem ideologicamente valores como universalidade cidadania inclus o e benef cio a todos desconsiderando os interesses de classe vigentes na sociedade capitalista Assim suas a es definem como moderno e de vanguarda o produtor rural que usa todo o potencial h drico as inova es e os pacotes tecnol gicos estimulados em projetos de irriga o e aproveitamento de guas fluviais e ou subterr neas S o sistemas agropecu rios praticantes do confinamento e sele o das melhores e produtivas ra as bovinas na compra e aquisi o de sementes geneticamente modificadas e ra es balanceadas faci
72. t pica de caatinga intensamente devastada pelo homem de floresta estacional semidecidual que combina agricultura de culturas tempor rias ou c clica como o cons rcio de feij o milho e arroz vermelho com a forma o natural da caatinga arb rea aberta sem palmeiras t picas de clima quente e seco xer fila ou adaptada a poucas chuvas com destaque na paisagem para a presen a de marmeleiro jurema unha de gato xique xique mandacaru pereiro favela e umbuzeiro IDEM 1981 conhecidas plantas do sert o bravo Assim o ordenamento s cio espacial e a diversidade de sistemas agr colas e agropastoris observados nas comunidades rurais foram estruturados no desenvolvimento de culturas tempor rias e permanentes dispersas no espa o De acordo com o ltimo Censo a agricultura no munic pio de Santana dos Garrotes produziu 415 mil litros de leite de vaca 393 mil d zias de ovos de galinha possuindo um rebanho bovino de 9 262 cabe as 908 cabras 912 ovelhas 869 su nos 11 969 aves e 2 bubalinos numa rea de pastagem natural de 7 507ha A rea total para a lavoura de 2 360ha sendo destes 594 irrigados enquanto 6 989ha s o de matas e florestas IBGE 2006 J as lavouras tempor rias as culturas de maior express o s o exatamente aquelas cuja capacidade de adapta o ao clima se encontra intensamente desenvolvida tais como Arroz Algod o herb ceo batata doce feij o e milhos com exce o do tomate Nas lavouras permanente
73. transformar o espa o agr rio de Santana dos Garrotes apontam para o que de forma ampla alguns estudos localizados na regi o do Cariri paraibano j descreviam no in cio da d cada de 1990 O baixo Vale do Tapero consiste num exemplo did tico de organiza o do espa o do Cariri No conjunto desta regi o a paisagem marcada pela sucess o fortemente contrastada de vales e interfl vios aos grandes espa os vazios essencialmente pastoris dos interfl vios recobertos pela caatinga que serve de pasto natural op em se os vales mais midos e de solos melhores onde se concentra a atividade agr cola e onde se adensa a popula o GRABOIS MARQUES e SILVA 1991 p 82 Ou seja em Santana dos Garrotes as possibilidades de manejo do solo e uso da terra s o limitadas pelo arranjo e quadro natural embora as possibilidades de constante dom nio de fra es de terra e condi es de 144 trabalho e de produ o pelos seres sociais revelem que est na estrutura agr ria um dos fundamentos da reprodu o do trabalho no campo Estruturalmente a distribui o da terra no regime de minif ndios impede e tem na presen a da grande propriedade potencial inimigo A presen a do duplo sistema agr rio ao subordinar trabalho ao capital tem na reprodu o da grande propriedade capitalista da terra parte das contradi es inerentes em seu desenvolvimento Os espa os de baixios quando as condi es t cnicas e sociais permit
74. tratamento de gua e esgoto feito na nica unidade de saneamento b sico que abastece 1 275 unidades residenciais Deste abastecimento a Companhia de gua e Esgoto da Para ba CAGEPA distribui 100M3 sem tratamento e 980M3 de gua tratada totalizando 1 080M3 distribu dos 1 516 unidades residenciais J quanto ao esgotamento sanit rio h variadas formas e unidades atendidas O poder p blico local informa que do total de 1 836 unidades domiciliares recenseadas pelo IBGE 793 tratam seus esgotos com fossa rudimentar 28 com rede de esgoto pr pria enquanto a maioria dos domic lios 933 n o recebe qualquer tratamento em seus esgotos totalizando 4 314 moradores que ainda n o recebem tratamento algum no esgoto domiciliar IBGE 2008 para uma popula o total de 7 266 habitantes Quanto ao destino dado ao lixo e aos res duos s lidos a prefeitura divulga em seu s tio dados relativos ao ano de 2000 que a maior parte dos 99 domic lios tem o lixo destinado a outro destino al m daqueles previstos Dos previstos contabilizamos 576 domic lios que tem a coleta domiciliar de lixo sendo 574 coletados por servi o de limpeza urbana e 2 com servi os de coleta em ca amba enquanto a maioria dos domic lios ou seja 580 queimam enterram ou jogam em terrenos baldios espalhados por toda sede municipal Constatamos que n o h aterro sanit rio nem muito menos tratamento e coleta seletiva para a reciclagem do lixo urbano com o li
75. 1 Per odos hist ricos de r pido florescimento econ mico no Brasil amplificaram o quadro j acentuado de contradi es essenciais estruturais parte do processo de expans o ampliada do capital A produ o da crise agr ria no campo com o contingente de m o de obra e a massa de trabalhadores migrando para as cidades foi uma quest o de tempo e de lutas de organiza o dos trabalhadores Desta forma dentre as especificidades na forma o e desenvolvimento da classe trabalhadora no Brasil a mobilidade social no espa o parte de sua g nese Como bem lembra a autora o processo de migra o envolve interesses contradit rios Damiani 2002 Duas grandes guerras mundiais somadas s diversas revolu es de origem camponesas potencializaram a organiza o pol tica e ideol gica do trabalho no Nordeste com as ligas camponesas e a forma o de sindicatos e de trabalhadores rurais STR e Associa es Estas formas de luta e organiza o exigiram do Estado capitalista a presen a e interven o na economia ap s a segunda grande guerra mundial O capital industrial numa clara tentativa de fragmenta o da organiza o da classe trabalhadora do campo e da cidade exige a institucionaliza o das entidades de classe e a cria o do marco legal regulat rio das rela es de trabalho A segunda metade do s culo XX ficou marcada pela tutela do Estado junto s organiza es de classe e pol tica dos trabalhadores Thomaz Jr 2002 N
76. 85 2012 1985 2012 1985 2012 1985 2012 Incra Incra Incra Santana Estabelec IBGE INCRA 832 1 057 57 37 5 2 dos imentos 894 1 096 Garrotes Area h 36 949 25 986 12 768 13 050 11 446 8 736 12 735 4 200 Fonte IBGE 1985 INCRA 2012 Organizado por Jackson V Souto importante frisar que apesar de metodologias distintas do IBGE e do INCRA foi poss vel interpretar os dados Enquanto o IBGE n o distingue os regimes de propriedades rurais familiares daqueles privados capitalistas dividindo em grupos de reas e condi o os produtores o INCRA utiliza como referencia o n mero total de im veis e os grupos de rea correspondentes por 116 im veis De uma ou outra forma e levando em conta diferentes metodologias os dados dispon veis pelos diferentes rg os do Estado somados aos dados levantados por pesquisa de campo informa es das Tabelas 2 e 3 poss vel afirmar que a pol tica de Reforma Agr ria de mercado adotada pelo aparato e aparelho do Estado n o tem alcan ado a desconcentra o da terra Em alguns casos as a es e estrat gias do programa de reforma agr ria adotado pelo Minist rio de Desenvolvimento Agr rio na gest o da Presidente Dilma continuidade do ent o Presidente Luis In cio da Silva tem contribu do para ampliar o quadro j elevado de concentra o fundi ria e a distancia que separa os diferentes sistemas agr rios em desenvolvimento no semi rido paraibano As evid ncias s o de que apesa
77. ARX 2011 p 4 Assim como a renda da terra esclarece as poss veis formas anteriores de pagamento vigentes no feudalismo a grande propriedade privada e a transforma o em renda capitalizada t m sua g nese no cercamento dos campos na separa o dos produtores de seus meios de produ o nas pequenas propriedades que sob controle direto fornecia as condi es materiais e subjetivas reprodu o social Al m das formas diversas de propriedade familiar comunal coletiva individual cooperada limitada a es que o capitalismo engendrou contraditoriamente no desenvolvimento da agricultura e da ind stria a hist ria de realiza o do capital produ o circula o distribui o consumo esteve 16 permeada por altera es e perman ncias no quadro denominado de moderniza o conservadora O progresso das formas de domina o econ mica do capital sobre a classe trabalhadora esteve associado emerg ncia do controle pol tico ideol gico exercido pelo Estado moderno Estes fen menos foram historicamente perpassados n o apenas pelo antagonismo entre o desenvolvimento das for as produtivas e as rela es de produ o mas sobretudo pelo conflito resist ncia e unidade entre as diferentes classes Fernandes 2009 As forma es sociais e econ micas ganharam em complexidade desde o final da idade m dia at os dias atuais com o aparato cient fico da modernidade acompanhando as mudan as estruturai
78. Ai tamos assim Raimundo Isidro Maracuj 2012 A reprodu o da especializa o produtiva nos estabelecimentos pesquisados ao fragilizar as t ticas de diversifica o produtiva e uso do trabalho pelos trabalhadores camponeses e arrendat rios fragmenta a organiza o econ mica dos trabalhadores e ideologicamente constituem no campo as condi es concretas e subjetivas para o avan o do capital na agricultura Quando comparamos dados atuais relativos aos im veis rurais no 119 munic pio de Santana dos Garrotes coletados junto ao INCRA com os dados publicados pelo Censo Agropecu rio IBGE 1985 conforme tabela 2 acima podemos inferir uma s rie de quest es tais como passados aproximadamente tr s d cadas e apesar do n mero de estabelecimentos at 100ha IBGE ser relativamente menor que o n mero de im veis rurais fornecidos pelo INCRA a rea ocupada por estes im veis permanece numa varia o entre 35 a 49 conforme o indicador usado Se tomarmos em conta as m dias e grandes propriedades os dados fornecidos pelo IBGE indicam que 65 da rea produtiva est o ocupadas por grandes e m dias propriedades enquanto os dados do INCRA este percentual de aproximadamente 50 ou seja usando uma metodologia ou outra os dados expressam aquilo que se reproduz em todas as regi es e munic pios brasileiros a concentra o de terras riqueza e de valores de uso pelas classes dominantes Ao observar o predom nio da peq
79. Aprovada em 2012 Prof Caio Augusto Amorim Maciel Dr Orientador UFPE Prof Cl udio Ubiratan Gon alves Dre Examinador UFPE Prof Mar a Franco Garc a Dr Examinadora Externa UFPB PB Recife 2012 AGRADECIMENTOS Sou grato a pessoas de alguns c rculos amigos profiss o e familiar Dentre os amigos Girl n C ndido pela for a na produ o dos mapas e Gina Ca cia na fase das disciplinas nossas curiosidades comuns e di logo A caminhada produziu mais d vidas do que certezas e a clareza de que estamos na trilha correta o campo cr tico do conhecimento cient fico embora em trincheiras diversas Wendell Tatiana e Miscileide pelas luzes no tratamento dos dados e na tradu o Aos trabalhadores sem terra camponeses dos s tios e dona Maria com sua pousada simples mas acolhedora em Santana dos Garrotes Senhor Francisco e Nelito seres iluminados Profissionalmente para enumerar o risco de equ vocos seria grande mas uma aproxima o poss vel Os momentos e o prazer da boa companhia de amigos como os historiadores e fil sofos Nilmar Diogo e Fabio Gama recheados por prosas no bar de seu Peixoto na capital dos paraibanos Jampa Aos amigos e professores do Grupo de Estudos Marxista Elisabeth Teixeira GEMET Pablo Wladi Romero Patricia Fabr cio e Nunes A boa acolhida fez a diferen a na caminhada rica intensa e cheia de crises que o percurso da consci ncia Devo tamb m a outros
80. Collor de Melo e sua queda via impeachament produziu resultando na assun o ao poder do mineiro Itamar Franco A hist ria recente da sociedade brasileira viveu no per odo de 1990 a 94 movimento pol tico de car ter nacionalista contrario corrup o e esc ndalos na gest o do Estado Este movimento marcou a cr tica s pr ticas pol ticas clientelistas apoiadas na corrup o e na esteira da abertura econ mica comandada internamente em v rias frentes de atividades tidas como de monop lio de grupos do capital industrial nacional e estatal brasileiro O que se viu foi forte abertura econ mica privatiza o de patrim nio estatal e crise inflacion ria cr nica Apesar das privatiza es a sa da do Estado brasileiro da economia jamais se efetivou por conta de sua aus ncia hist rica frente s pol ticas sociais O formato de negocia o neoliberal entre os pa ses centrais e os perif ricos exigia para garantir financiamentos e cr dito que os projetos e a es tivessem nas ag ncias multilaterais tais como Banco Interamericano de Desenvolvimento BID Fundo Monet rio Internacional F M l e Organiza o Mundial do Com rcio OMC seus parceiros Assim do ponto de vista econ mico o pa s que ap s v rios planos plano cruzeiro cruzado cruzado novo real e processos de ajuste fiscal monet rio e cambial regulados internacionalmente pelo d lar n o passou imune s crises externas que deprimiam o valor das moe
81. Das esp cies paraibanas que integram a lista o arroz vermelho tamb m conhecido como arroz da terra tem despertado a aten o de especialistas Cada vez mais substitu do pelo plantio do arroz branco que considerado mais produtivo j perdeu cerca de dois ter os de sua rea de plantio nos ltimos 50 anos Segundo o pesquisador da Em presa Brasileira de Pesquisa Agro pecu ria Embrapa Jos Almeida Pereira que especialista na cultu ra do arroz vermelho atualmente ta esp cie tenha perdido tanto pa o Segundo ele o arroz da ter _ ra foi trazido para o Brasil ainda na vermelho no a s O vale do Piani Pian pode ser considerado um deiro ref gio do arroz vermelho no Brasil afirmou o pesquisador que M de Capitanias Heredit rias j publicou um livro sobre a cultura entrando no pela Capitania desta esp cie no Brasil E Th us atual Bahia onde n o sperou e posteriormente che nal pelo Maranh o onde a cul g se desenvolveu Muito usado na aliment dos sertanejos e na culin ria regio nal por muito tempo o arroz iget 196 A TU Haraipa ler a feira 07 de junho de 2011 PB lidera produ Vale do Pianc tem 3 mil hectares cultivados e E EDSON VERBER A regi o Vale do Pian c no Alto Sert o da Pa ra ba a maior produtora de arroz vermelho do pa s com uma rea plantada de tr s mil hectares O mu nic pio com a maior r
82. Thomaz Junior 2011 foram fatos hist ricos determinantes para o aprofundamento na hist ria da luta e organiza o dos trabalhadores na segunda metade do s culo XX no Brasil 24 O momento e os fatos hist ricos estavam a exigir o re encontro da hist ria com a geografia Era urgente que se produzisse uma hist ria natural j que o avan o havia se dado no estudo das sociedades Quaini 1983 Citando Turgot o autor enfatiza a intensa rela o entre aquelas duas ci ncias na g nese das ci ncias sociais Este di logo constante passa a exigir de n s pesquisadores entender a realidade em toda a sua plenitude e complexidade o que a mera descri o incapaz de refletir O condicionamento hist rico e social est na base desta perspectiva te rica e metodol gica que colocam os homens em suas diversas distancias uma exprime as distancias em rela o ao espa o a outra em rela o ao tempo mas viu tamb m como a geografia e a hist ria n o podendo ser reduzidas nem descri o de elementos coexistentes no espa o nem cronologia que juntos constituem apenas a tela na qual necess rio colocar os objetos penetram necessariamente uma na outra IDEM p 95 Neste sentido h uma rela o entre o espa o e o tempo E mais a geografia e a hist ria s o ci ncias sociais em unidade dial tica Entendemos que sim e compreendemos que a quest o do mbito dos processos sociais e hist r
83. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CI NCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE P S GRADUA O EM GEOGRAFIA JACKSON VITAL SOUTO Resist ncia e Trabalho no Campo no Munic pio de Santana dos Garrotes PB Recife 2012 JACKSON VITAL SOUTO Resist ncia e Trabalho no Campo no Munic pio de Santana dos Garrotes PB Disserta o apresentada em cumprimento parcial para obten o do t tulo de Mestre em Geografia Comiss o Examinadora da Universidade Federal da Pernambuco Campus sob orienta o do Professor Caio Augusto Amorim Maciel Dr Orientador Prof Caio Augusto Amorim Maciel Drs Recife 2012 Cataloga o na fonte Bibliotec ria Divonete Ten rio Ferraz Gominho CRB4 985 S726r Souto Jackson Vital Resist ncia e trabalho no campo no munic pio de Santana dos Garrotes PB Jackson Vital Souto Recife O autor 2012 197 f il 30 cm Orientador Prof Dr Caio Augusto Amorim Maciel Disserta o mestrado Universidade Federal de Pernambuco CFCH Programa de P s Gradua o em Geografia 2012 Inclui bibliografia ap ndices e anexos 1 Geografia 2 Trabalho migrat rio 3 Associa es de trabalhadores Resist ncia ao governo 4 Trabalhadores rurais l Maciel Caio Augusto Amorim Orientador II T tulo 910 CDD 22 ed UFPE CFCH2012 122 JACKSON VITAL SOUTO Resist ncia e Trabalho no Campo no Munic pio de Santana dos Garrotes PB Disserta o
84. a o com base no trabalho independente do produtor MARX 1967 apud HARVEY 2005 p 121 No limite o desenvolvimento do capitalismo na agricultura e no espa o agr rio reproduziu diferenciando socialmente espa os e tempos Uma das contradi es na origem do capital explica as razoes por que no capitalismo h um contingente de trabalhadores migrantes e em mobilidade no espa o Quando indagamos aos presidentes de associa es se a mobilidade do trabalho no espa o fragiliza a resist ncia dos trabalhadores as respostas nos permitem inferir que o medidor para o movimento do trabalho no espa o sob dom nio do capital s o os conflitos de interesses Eu acho que n o O certo seria ficar aqui ele lutar por aqui Lutar por aqui Afraca nosso trabalho aqui por que olha enquanto a gente ta aqui a gente ta fazendo por eles l A gente ta fazendo pros empres rios as multinacionais l em S o Paulo Podendo ta fazendo aqui O movimento aqui podia ser mais forte aqui Luis Francisco Presidente da Associa o de Trabalhadores de Cabaceiras 2012 A totalidade viva do trabalho revela que na consci ncia e na pr xis do trabalho a import ncia da luta Esta varia conforme a qualidade e a quantidade potencializadas pelo trabalho em movimento no espa o Ao sair o movimento 176 que o trabalho realiza fragiliza o sentido e a concretude das lutas e amplia a fragmenta o do trabalho potencializando rela es precarizadas de trabalho P
85. a o teve apoio na t cnica da descri o O registro de conversas informais anotadas posteriormente em caderno de campo o uso de gravador quando a finalidade foi captar a fala consentida dos entrevistados bem como imagens atrav s de fotografias permitiu nos compor o quadro mais amplo de informa es necess rias ao estudo da diversidade de sistemas agr colas e agr rios e o desenvolvimento das rela es de trabalho e de produ o no campo Paralelo ao trabalho de registros anota es de documentos e dados hist ricos secund rios utilizamos quando o registro das falas n o era poss vel por quest es ticas e pol ticas formul rios A constru o dos formul rios permitiu aprofundar quest es pertinentes ao quadro mais amplo de contradi es no munic pio de Santana dos Garrotes Nossa preocupa o perpassava tamb m em n o constranger os sujeitos da pesquisa considerando a necessidade de apreens o da ess ncia dos fatos espacializados J quanto ao tamanho da amostra trabalhamos com uma amostra probabil stica sistem tica levando em conta o n mero total de pequenos produtores no munic pio de Santana dos Garrotes Estado da Para ba Do total de onze s tios potencialmente produtores de arroz vermelho obtivemos o n mero amostral de aproximadamente 365 produtores Optamos por trabalhar com amostragem representativa de aproximadamente 70 estabelecimentos de pequena produ o o que d um percentual aproximado de 20 do universo
86. a pouca e n o permite criar muito Ma al Marcelino Gravat 2011 A partir da fala dos trabalhadores verificou se que quando a invernada boa os trabalhadores t m nos ro ados a principal forma de gera o de renda apesar da exig ncia maior de bra os e for a humana para o trabalho quando comparado cria o Mesmo naquelas comunidades como em Gravat e Aroeiras cuja presen a de gua fluvial permite o cultivo cont nuo de arroz vermelho durante a safra agr cola os trabalhadores e pequenos produtores esbarram na descapitaliza o e nos limites impostos pela intensividade que o manejo do solo e o uso da terra reproduzem nos estabelecimentos estudados Grabois et al 1991 1992 Assim os planos de moderniza o e maior racionalidade agr cola do Estado capitalista com o discurso de inclus o produtiva do agricultor familiar intensificaram a diferencia o s cio espacial e reproduziram a desigualdade O desenvolvimento das for as produtivas encontra seus limites no estabelecimento das rela es de produ o que quando fragmentadas produz as condi es para intensificar a desterritorializa o dos trabalhadores do campo ampliar a mobilidade social no espa o e precarizar as condi es de vida e de trabalho das diferentes forma es sociais 132 A partir de 1970 o Estado capitalista ordenado por condi es distintas de reprodu o mundial do capital inicia um per odo hist rico caracterizado por redu e
87. a De fato da produ o de mais valia relativa Marx deduz consegu ncias ainda mais revolucion rias Por outro lado a produ o de mais valia relativa ou seja a produ o de mais valia baseada sobre o aumento e desenvolvimento das for as produtivas exige a produ o de novos consumos isto exige que o c rculo do consumo no mbito da circula o se alargue do mesmo modo em que antes se alargava o circulo da produ o MARX 1970 apud QUAINI 1979 p 127 O desenvolvimento das fases do capitalismo produ o circula o distribui o consumo no espa o reproduz momentos de desrealiza o do trabalho nos territ rios Ao revolucionar os espa os sociais do trabalho em conte do forma o capital degrada natureza precariza condi es e rela es de trabalho mobiliza e faz migrar de forma permanente os trabalhadores entre o campo campo campo cidade fragmenta pol tica e ideologicamente as possibilidades de organiza o do trabalho sujeita o circuito produtor de valores de uso aos circuitos comerciais e financeiros baseados na intensifica o e valores de troca No limite o desenvolvimento do sistema do capitalismo na agricultura e no campo ao desterritorializar o trabalho reproduz a diferencia o social e econ mica THOMAZ JR 2002 preciso recordar que a g nese do Estado moderno capitalista emergiu no momento em que a institucionaliza o dos processos de regula o por exemplo das disputas por terra e a apr
88. a re por contradi es reproduzidas nos processos de trabalho de produ o e das condi es de vida do conjunto de trabalhadores do campo no munic pio de Santana dos Garrotes Estado da Para ba No estudo nos apoiamos em pressupostos te ricos elaborados na geografia agr ria em dialogo constante com as ci ncias sociais Nos acostamos em autores como Moreira 1993 Valverde 1958 1980 1985 Andrade 1980 2008 Marques 1991 1994 2004 Grabois 1983 2004 Oliveira 2001 2001a 2004 2007 2010 Thomaz Jr 2002 2004 2008 2010 2011 Carvalho 2005 Martins 1989 1996 e Garcia JR 1983 2002 dentre outros Antes contudo cabe localizarmos a rea objeto de nosso estudo conforme Figura 1 abaixo Figura 1 Mapa de Localiza o do Munic pio de Santana dos Garrotes 3810 0 w 38 0 o Ww 37 50 0 Ww Nova Olinda 1 4 605 324 Fonte SEPLAN Governo do Estado de Pernambuco Organizado por Girl n Candido 2012 Toos 7100 s 7200 S T300 s 7 400 S T 500 S 47 48 2 1 Notas Te ricas ao Ser do Trabalhador ou Por Onde Entender o Trabalho O debate te rico acerca da forma o re produ o e desenvolvimento das classes sociais no espa o n o recente e ocorrem nas mais diversas orienta es quase sempre coexistindo inclusive as formas de interpreta o dos mundos do trabalho no campo e nas cidades A compreens o te rica do trabalho a partir dos seres sociais levando em conta a c
89. a as seguintes diretrizes intensificar os pr investimentos relacionados com o levantamento e a avalia o dos recursos naturais inclusive as pesquisas diretamente ligadas agricultura Il intensificar os pr investimentos ligados ao aperfei oamento do fator humano beneficiando de prefer ncia as regi es de mais baixo ndice de desenvolvimento Ill continuidade da pol tica de favores diferenciais visando a estimular os investimentos privados economicamente vi veis em benef cio daquelas reas em que maior o excedente estrutural de m o de obra Brasil s d O debate da reforma agr ria e de quest es estruturais como a soberania alimentar bem como as desigualdades regionais e entre os espa os n o avan ou no governo e as press es no plano internacional indicavam o papel que deveria exercer o Brasil na Am rica do Sul ideologicamente influenciado pelas pol ticas de interessa nacional dos Estados Unidos da Am rica A prioridade pela integra o regional refere se no cap tulo V do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento sob o titulo de Integra o Nacional e Ocupa o do universo brasileiro evidencia que as correla es de for as na sociedade n o foram capazes de potencializar o equil brio econ mico Era urgente para que a for a capitalista do Norte representada pelo EUA exercesse influencia na Am rica Latina uma maior homogeneiza o do espa o converg ncia que veio com os se
90. a deixou 4 4 At que ano voc estudou 4 5 Se n o frequentou por qu 4 6A escola em que voc estudou ficava na cidade ou no campo Especifique o lugar 4 7 Como voc avalia a estrutura das escolas na atualidade pr dio professores livros did ticos Excelente Boa Regular Ruim 4 8Descreva a estrutura f sica da escola onde estudou 4 9 Se voc pudesse ter escolhido teria continuado a estudar Por qu 4 10 Algum familiar seu continua estudando Quantos Quais 4 11 Onde fica a escola na qual eles estudam 4 12 Algum membro de sua fam lia saiu da comunidade para continuar os estudos Quantos quais e onde terminaram os estudos 4 13 Estudar para voc foi importante Por qu 4 14 Na sua opini o poss vel conciliar os estudos com as tarefas do campo Explique 192 5 SA DE FAMILIAR 5 1 Quais s o as doen as mais comuns que ocorrem nos membros da fam lia 5 2 Alguma vez a prefeitura realizou alguma a o de sa de preventiva na comunidade E COMBATE A ENDEMIAS PROGRAMAS DE CONTRACEP O GRUPOS DE HIPERTENSOS E DIABETICOS PRE NATAL VACINA O ALEITAMENTO MATERNO OBS 5 3J foi ou teve algum membro da fam lia hospitalizado Qual foi o problema e em que hospital foi atendido 5 4Com que frequ ncia procura atendimento m dico JSemanal Mensal Anual Dificilmente 5 5 Faz uso de algum medicamento de uso controlado Se sim quais 5 6Como tem
91. a e aus ncia de escolas rurais observamos exist ncia estrutura e espa os destinados s escolas rurais Apenas em quatro das nove comunidades rurais estudadas h escolas todas em prec rio funcionamento e estrutura Os relatos dos trabalhadores e seus filhos no entanto evidenciam a aus ncia quase total de manuten o nas escolas rurais pelo gestor municipal Quando indagamos a respeito se membros da fam lia j deixaram de morar na comunidade e ou s tios para estudar as respostas s o variadas inclusive naquelas comunidades onde h presen a de escola rural Sim dois filhos em Jo o Pessoa Uma na UFPB estuda Servi o Social e outro cursinho para tentar fisioterapia Francisco Adilson Serra Branca 2011 Os dois filhos A filha que estuda direito em Patos e o filho que est em Jo o Pessoa na casa do estudante no 2 ano do ensino m dio Averl cia Costa Maracuj 2011 Entendendo o ensino aprendizagem como momento importante para a forma o humana caracter stico da sociedade moderna que compreendemos o espa o da escola como possibilidade formadora de diferentes n veis de consci ncias muito embora predomine a forma o para atender aos interesses do mercado de trabalho Aquele processo pautado em valores urbanos tais como o consumismo na democracia burguesa e na liberdade dentro e no interior do mercado tornando se mero instrumento de reprodu o da l gica capitalista Quando procuramos relacionar mo
92. a justificar a pol tica globaliza o Desta maneira o PND na gest o de FHC prev a es de combate a problemas tais como a conjuga o de um conjunto de din micas interdependentes tais como a extens o sem precedentes de redes capitais financeiro comunica o tecnologia m dia consumo etc cada vez mais separadas das coletividades e culturas Touraine 1997 velocidade aceleradas das mudan as que incidem diferencialmente nos territ rios a concorr ncia crescente das empresas e de produtores visando baixar os custos de produ o a privatiza o do patrim nio p blico a reforma profunda do Estado interconex o crescente das arenas pol ticas nacionais e internacional dualiza o da sociedade com a ascens o do desemprego concentra o das rendas e a exclus o Ao chamado recuo do Estado corresponde a multiplica o de formas de auto organiza o e de associa o que comp em com a globaliza o das redes configura es complexas que estamos longe de compreender A afirma o crescente da ret rica dos direitos do homem e das minorias na pol tica internacional a reorienta o das ajudas multi bilaterais de Estados e bancos multilaterais que exercem hoje uma coopera o descentralizada destinada escala local financiando 11 projetos de ONG s ou de associa es a globaliza o da quest o ambiental sob a f rmula pensar globalmente e agir localmente BRASIL 2000 p 12
93. a torna se um servi o ao mercado com a renova o das contradi es No entanto o conjunto de transforma es hist ricas e espaciais n o se reproduziu de forma homog nea e subordinou nexos sociais fragmentando diferentes espa os sistemas regi es e classes sociais ou ainda entre os pa ses centrais e perif ricos A desigualdade expressa na coexist ncia de diferentes sistemas agr rios produzidos a partir de forma es sociais que ao se espacializar desenvolve for as produtivas em contradi o com as rela es de produ o e de trabalho Outro fato a ser ponderado que o conflito social resultou dentre outras causas de contradi es econ micas e pol ticas estruturantes do sistema do capital historicamente reproduzidos em momentos de apropria o desigual dos frutos e resultados do trabalho A partir de 1970 renovam se as contradi es pautadas no movimento de reestrutura o produtiva do capital e dos espa os O conhecimento geogr fico n o passou imune a estas mudan as O aparato cient fico a servi o do capital no interior dos processos produtivos simultaneamente s inova es t cnicas e tecnol gicas de ordem econ mica ampliou politicamente a fragmenta o e ideologicamente o sentido de pertencimento da classe trabalhadora Foi exatamente o que ocorreu no final dos anos 1960 e in cio dos anos de 1970 em meio a esse debate politizado que se consolidaram no Brasil os referenciais em uso nas an
94. abalho e a incapacidade de acumular capital produtivo Assim os sistemas agr colas de cultivo de arroz vermelho tem status de ro a junto aos sujeitos pesquisados Quando indagamos se mais comum o cultivo irrigado ou sequeiro o pequeno produtor relata sua pr xis e insights de por teleol gico Assim tanto ele d de sequeiro como em irriga o Irrigado ele ainda produz melhor por que n o farta gua De sequeiro no tempo adequado s vezes n o tem gua n o tem chuva E n o E Sequeiro Se o rio que passa ai fosse um rio perene isso aqui tudo terra de arroz Tudo baixio de arroz Raimundo Isidro Maracuj 2011 A declara o do trabalhador acima demonstra o que Marx em momento hist rico distinto j recordara que n s transformamos a nossa rela o com o mundo e transcendemos a nossa aliena o dele criando as nossas pr prias rela es distintamente humano naturais pela a o isto atrav s da nossa pr xis humana apud FOSTER 2005 p 18 atrav s da pr xis do trabalho que os seres sociais ao transformarem a natureza transformam se a si mesmo e adquirem consci ncia transcendendo espa os e momentos de aliena o Apesar das diferencia es do espa o do campo se vincular s possibilidades e limites da reprodu o e coexist ncia de forma es sociais e de produ o o que pode evidenciar certas especificidades territoriais o desenvolvimento da sociabilidade entre os homens na luta por
95. ace explaining the world of migrant labor within the field Our brief reflection came out in support of the Associations of Rural Workers in case that they are constituted by workers as spaces produced by labor capable of doing in the fight against the domination of Capital and control of the Capitalist State Keyword migrant labor resistance agrarian space class struggle SUM RIO INTRODU O DNN 11 1 FUNDAMENTOS TE RICO METODOL GICOS 15 1 1 Limpando o Terreno do M todo Te rico rs 15 1 2 O M todo de Pesquisa Uma aproxima o An lise 28 2 ESPA O HIST RICO DE CONTRADIC ES E O SER TRABALHADOR 32 2 1 Notas Te ricas ao Ser do Trabalhador ou Por Onde Entender o Trabalho 48 2 2 Crise e Estado Capitalista na Mobilidade S cio espacial do Trabalho 59 2 3 O Estado Desenvolvimentista p s 1970 Os Sentidos da Reestrutura o Produtiva do Capital e do Espa o na Periferia do Sistema 64 2 3 1 Jos Sarney A Nova Rep blica e o Brasil de 1986 90 72 2 3 2 FHC Lula e os Grilh es do Neoliberalismo na Periferia do Sistema 75 3 APROXIMA ES AO ESPA O E CONTEXTO DO SEMI RIDO PARAIBANO ueaussesanaisarsvoracarasoriiecaserii mm veniio saver T ossadas cone raiar suite na co aunis ones 82 3 1Notas da Ocupa o do Sert o Col nia at os Dias Atuais O Grand
96. acesso s poss vel ve culos tracionados impedindo que caminh es que transporta mercadorias e nibus escolares transitem entre as diversas comunidades e entre o espa o urbano e o rural A rodovia asfaltada mais do que facilitar a comunica o e a circula o de mercadorias e produtos agr colas entre os munic pios e com a regi o garantia de maiores fluxos n o s de pessoas mas sobretudo de trocas comerciais o que potencializa o desenvolvimento das for as produtivas Nos meses de maior intensidade de chuvas maio a julho em algumas comunidades rurais somente autom veis adequados tracionados e motocicletas se deslocam em fun o do relevo medianamente acentuado e da presen a de pequenos a udes e riachos que invariavelmente sangram recobrindo parte da rodagem que d acesso N o h linhas de nibus e transporte p blico nem muito menos moto taxi realizando o percurso no trecho Pianc Santana dos Garrotes com as mercadorias e pessoas dependendo de vans e carros pequenos particulares para o transporte Figura 2 Condi es de Manuten o da PB 426 Fonte pesquisa de campo Jul 2011 102 O que podemos observar nas declara es informais dos moradores da cidade que a descontinuidade na constru o do asfaltamento da rodovia proposital e os moradores j n o acreditam mais no t rmino da obra por tantlas vezes anunciada A figura 3 abaixo demonstra as p ssimas condi es de acesso sede muni
97. ade de classes O destaque fica por conta da import ncia do dialogo da geografia com outros conhecimentos com o fim de explicar a forma o das paisagens e a evolu o das diferentes sociedades obvio que para estudar a explora o agr cola indispens vel um conhecimento da fitogeografia e da zoogeografia j que a geografia agr ria estuda os sistemas de produ o de determinadas esp cies animais e vegetais geneticamente vinculados flora e fauna existentes VALVERDE 1980 p 53 Mais adiante o autor esclarece acerca das perspectivas te ricas no interior da geografia agr ria e nos revela que o determinismo ambiental viabilizado no conceito de espa o vital de origem ratzeliano n o contribuiu para explicar a forma o das diferentes paisagens resultantes das rela es entre o meio f sico e os homens Ainda segundo o autor De acordo com o n vel t cnico a que atingiu determinado grupo humano e de acordo tamb m com as 18 condi es econ micas e sociais deste grupo o meio f sico poder impor limita es Valverde IDEM p 57 Assim sem for ar qualquer determinismo econ mico ou ambiental o autor revela que o estudo do espa o essencial na hist ria das sociedades e da natureza A geografia produzida no in cio do s culo XX no Brasil refletiu n o s as diferentes for as internas sociais em movimento mas sobretudo os pressupostos da geografia Europ ia A no o de g ner
98. ado revis o bibliogr fica nos aproximou do referencial te rico acerca dos sistemas agr colas ent o conformadores de diferentes paisagens Diferentemente de um conjunto de autores que enumeram seis m todos axiom tico hipot tico dedutivo indutivo dial tico de an lise s ntese e hermen utico o autor em que nos acostamos precisa que os m todos s o os seguintes hipot tico dedutivo dial tico e fenomenol gico A raz o da redu o justifica o autor que eles cont m as caracter sticas de um m todo cient fico como leis e categorias e Daqui por diante utilizaremos arroz vermelho como cultura principal nas comunidades rurais estudadas muito embora reconhe amos a exist ncia de outros nomes dados mesma esp cie de arroz Oryza Sativa como chamado tamb m por arroz da terra 2 Na dial tica as categorias comparecem ora como pares contradit rios ora como elementos de uma tr ade s o elementos que fazem parte de sua estrutura e que comp em seu movimento preciso acrescentar e destacar o espa o e o tempo que Kant chamou de dois postulados sem os quais n o se pode conceber a realidade Para Marx espa o e tempo est o impl citos na ci ncia da hist ria e s o citados sem a necessidade de enfatiz los como categorias SPOSITO 2004 p 46 Para melhor entendimento de nosso estudo consideraremos categorias a partir da ontologia de Marx que divide em 3 momentos os problemas categoriais dos seres
99. adores A especializa o produtiva a que est sujeito o avan o da pecu ria no espa o agr rio a exiguidade de terras express o de uma estrutura agraria concentrada e a incapacidade do pequeno produtor acumular capital produtivo pode indicar os limites do desenvolvimento das for as produtivas Quando perguntamos se a terra e a casa em que residiam eram pr prias aproximadamente 25 dos trabalhadores responderam positivamente para o arrendamento de terras o que confirma o percentual atual de trabalhadores sem terra mais intensamente precarizados no munic pio conforme Tabela 4 da p gina 129 Quando indagados quem executa as atividades a presen a de rela es de trabalho tipicamente capitalistas na contrata o de trabalhadores rurais diaristas em coexist ncia s rela es n o tipicamente capitalistas como o trabalho em regime de mutir o e familiar Y hectare de arroz 1 4 de milho eu fa o destoca e a ara o por minha conta Eu pago R 200 00 para o carro de boi arar a terra Eu meu filho e um vizinho Para o vizinho eu pago a di ria pelo dia de trabalho na hora de plantar Arrendat rio Luiz Martins Pitombeira de Dentro 2011 Fica evidenciado na declara o que conforme o calend rio agr cola adotado o ro ado de arroz vermelho por demandar maior quantidade de for a de trabalho e pela aus ncia de m o de obra familiar em virtude da mobilidade social no espa o se concretiza via pagamento de trabalhadores na di
100. ais Estar sempre intimamente ligado organiza o social da produ o e sujeito s influencias do meio natural GRABOIS 1983 1991 38 arrendat rio e ou posseiro em coexist ncia com o momento de cortador de cana de a car portanto trabalhador assalariado tempor rio Entendemos que as a es do Estado capitalista no campo no caso do Nordeste do Brasil ampliou o espa o do capital sob o discurso e a ideologia do combate s secas mantendo as condi es degradantes de vida e de trabalho ao reproduzir estrutura agr ria concentrada O Estado capitalista e as a es de car ter assistencialista e emergenciais historicamente reproduziram espa os de acumula o do capital Carvalho 2005 e Fabrini 2003 A manuten o hist rica da concentra o de terras express o da domina o de classe no campo raz o pela qual a produ o e distribui o de valores de uso e de riquezas permanecem apropriadas privadamente Dentre as v rias especificidades na forma o e din mica do espa o do sert o no Nordeste as contradi es entre sistemas agr rios difusos e rela es campo cidade desiguais Por esta e outras quest es defendemos a reforma agr ria ampla democr tica e estatizante que sob controle dos trabalhadores poder ser indicativo da supress o da propriedade privada da terra na constru o da soberania alimentar Al m das desigualdades preciso levar em conta que atualmente dentre as raz es econ micas
101. ais da sua exist ncia as condi es propriamente econ micas MARTINS 1996 p 19 25 2008 Outras indaga es neste momento podem ser teis A for a de trabalho humano mercadoria controlada pela classe dominante se reproduz atualmente no tempo e no espa o de forma homog nea no campo e nas cidades Quais as implica es para o trabalho na a o do Estado e nos processos reprodutores de controle social da classe trabalhadora O autor nos recorda das especificidades e limites que as diversas sociabilidades e media es imp em compreens o te rica da realidade atual Dentre elas a complexidade e o movimento que assume a totalidade das media es em desenvolvimento na sociedade preciso ir al m nas lutas e demandas do trabalho ou seja a exclusividade das reivindica es dos trabalhadores proletarizados por melhores sal rios e condi es de vida ou os camponeses e agricultores familiares por pre os m nimos financiamentos ou a terra para os posseiros e trabalhadores envolvidos na luta pela reforma agr ria A riqueza de sentidos e as media es s o desconsideradas quando se fragmenta a compreens o do trabalho radicada na seara da especificidade das reivindica es e n o na estrutura societ ria que de fato pode nos oferecer a compreens o j no mbito dos significados e do pertencimento de classe THOMAZ JR 2004 p 77 Se estivermos corretos somente considerando o complexo de processos soc
102. ana quando afirmava que a teoria torna se for a material quando assumida pelas massas A quest o antes a de pesquisar tanto na teoria quanto na modalidade da sua penetra o nas massas os momentos e as determina es que fazem da teoria do m todo dial tico o ve culo da revolu o trata se de desenvolver a ess ncia pr tica da teoria a partir dela mesma e da rela o que estabelece com o seu objeto Somente esta rela o da consci ncia para com a realidade torna poss vel a unidade entre a teoria e a pr xis E somente quando a tomada de consci ncia implica a opera o decisiva que o processo hist rico deve efetuar em dire o a seu pr prio fim LUKACS 1981 p 61 a 68 23 bem como o aparato ideol gico de controle social exercido pelo Estado capitalista Neste sentido que passou a ser consequente apreender os desafios espaciais e te ricos repostos constantemente no interior dos processos de trabalho na produ o do espa o no movimento de desjterritorializa o dos trabalhadores camponeses e sem terra no campo Assumiu import ncia no es tais como fragmenta o precariza o e reestrutura o produtiva e do trabalho no espa o A des realiza o do trabalho tem na fragmenta o a express o das rela es vivas Num mundo cada vez mais contaminado pela perversidade do processo de reprodu o do capital e pelo embaralhamento ideol gico e conceitual teremos temos que reconhecer
103. antropol gicos de diferentes sociedades agr colas uma corrente de pensamento geogr fico apoiada na distribui o das atividades agr colas relacionando homem e natureza Os limites e avan os colocados pelo m todo descritivo no interior da ci ncia geogr fica perpassavam pelo posicionamento te rico e ideol gico outrora polemizado O autor do debate nos recorda 5 Grifo nosso 19 se colocava como fundante era explicar como se distribu a todo um conjunto de atividades agr colas no mundo sem tocar nos conflitos sociais nas polemicas te ricas e pol ticas efervescentes A descri o de boa qualidade de Valverde ultrapassa os limites das explica es emp ricas e revela a inten o de relacionar o grupo social e a natureza associando a geografia agr ria geografia econ mica ainda que considerasse o homem individualmente THOMAZ JR 2011 p 6 O avan o para al m do empirismo no entanto n o produziu uma geografia do trabalho associada categoria movimento em seu interior nem tampouco o espa o como produto do trabalho ontol gico A influ ncia da escola determinista neopositivista na geografia brasileira predominou e somente a partir de 1970 a geografia de car ter marxista radical trar novas contribui es ao debate do espa o Esta perspectiva se contrap e a corrente do positivismo ent o escola que prevaleceu nos estudos da geografia cl ssica nos s culos XIX e in cio do XX Um dos expoen
104. apelas sendo 6 cat licas e 3 protestantes espa os frequentemente utilizados pelas comunidades rurais com o fim de realiza o de reuni es entre os trabalhadores para festas junina e padroeira bem como para os momentos de partilha e confraterniza o entre os trabalhadores rurais e urbanos Assim para o conjunto de trabalhadores rurais estudados o espa o das capelas remete se aos espa os de debate e discuss o dos problemas e quest es a serem enfrentados o que pode ampliar ou tornar menor o potencial de organiza o da classe no espa o das 104 associa es Uma das razoes para esta observa o que os espa os das associa es de trabalhadores nas comunidades rurais estudadas n o possuem estrutura e pr dios pr prios apesar de haver demandas nesse sentido Essas e outras a es estimuladas pelos agentes pastorais nestes espa os criou no seio dos trabalhadores e de grupos de fam lias a ideologia que o aparato os servi os pastorais e suas diversas tend ncias religiosas podem estar a servi o da luta e da organiza o da classe trabalhadora A seguran a p blica local conta com o destacamento e a for a do efetivo de 7 policiais militares sediados no munic pio com um carro para as diligencias locais O aparato de seguran a conta com pr dio pr prio funcionando a cadeia p blica subordinada 3 Cia de Pianc Quando indagamos ao Cabo Daniel policial de plant o e respons vel acerca do maior n mero de ocorr n
105. as de forma embrion ria a organiza o dos trabalhadores e de suas associa es A Tabela 2 abaixo d o quantitativo de trabalhadores pesquisados a partir dos territ rios observados A sequencia na disposi o das unidades espaciais estudadas obedece a ordem decrescente do n mero de estabelecimentos rurais com produ o de arroz vermelho Tabela 2 Amostra dos Sujeitos Pesquisados Unidade Espacial Total de Trabalhadores Amostra Pesquisada 20 1 Distrito Pit de Dentro 80 16 2 Aroeiras 70 14 3 Serra Branca 15 3 4 Gravat 10 2 5 Maracuj 80 16 6 Palestina 30 6 7 Cabaceiras 20 4 8 Pereiros 20 4 9 P de Serra 20 4 Subtotal 345 69 Fonte Dados coletados em pesquisa de campo 2009 Organizado por Jackson Vital Souto Os acessos e as vias de comunica o ao espa o das comunidades e s tios variam e est o localizados conforme um complexo sistema de rela es No caso de Palestina e Gravat identificamos a estrada que d acesso aproximadamente 1km esquerda antes de chegar sede do munic pio no sentido Santana dos Garrotes Pianc cujo trecho feito em estrada de ch o A dist ncia de aproximadamente uma l gua entre estas comunidades e a sede municipal J a comunidade de Gravat cortada pelo rio de mesmo nome seu acesso por autom veis de grande porte fica restrito ao per odo seco o L gua a unidade de medida usada pelos trabalhadores lo
106. as contradi es sua natureza fragmentada capaz de opor espa os de resist ncia frente ao Estado capitalista e ao dom nio do capital para esta quest o que nos preocupamos adiante 4 2 O Come o da Hist ria As Associa es de Trabalhadores Rurais Como Poss veis Espa os de Resist ncia Passados mais de cinco s culos de invas o europ ia a hist ria da g nese e institucionaliza o do trabalho no Brasil ajuda nos a entender a constitui o de diferentes espa os de resist ncia e lutas coletivas e individuais dos trabalhadores do campo Como recorda o autor dentre as lutas hist ricas do trabalhador campon s num passado distante das iniciativas de organiza o dos escravos fugitivos nos quilombos e num passado recente das ro as comunit rias desenvolvidas entre camponeses rebelados na d cada de 1950 por exemplo FABRINI 2003 p 7 A hist ria de rebeli es e contesta es n o recente e carregada de signos valores subjetividades e concretude Massacres como o de Corumbiara pr ticas de pistolagem no sert o nordestino assassinatos de lideran as e vingan a contra lideres sindicais como Chico Mendes faz parte da hist ria passada e recente S o a es violentas de dom nio do capital sobre o trabalho devidamente sob controle do Estado capitalista no Brasil Na virada do s culo XX novo ordenamento econ mico e pol tico se desenvolve no campo do Brasil com a organiza o do trabalho ganha
107. as contradi es e das transforma es junto ao conjunto de trabalhadores do campo O que h de consequente no desenvolvimento das contradi es que atinge desigualmente as diferentes forma es sociais e trabalhadores do campo em especial s fra es produtoras de arroz vermelho Segundo o autor o estabelecimento de categorias explicativas da realidade ajuda nos a desvendar o desenvolvimento de formas mais evolu das socialmente Sua compreens o de mundo n o presumia o evolucionismo hist rico e linear nem o determinismo econ mico e estava apoiada no movimento real do concreto pensado na hist ria das sociedades A sociedade burguesa a organiza o hist rica mais desenvolvida mais diferenciada da produ o As categorias que exprimem suas rela es a compreens o de sua pr pria articula o permitem penetrar na articula o e nas rela es de produ o de todas as formas de sociedade desaparecidas sobre cujas ru nas e elementos se acha edificada e cujos vest gios n o ultrapassados ainda leva de arrast o desenvolvendo tudo que fora antes apenas indicado que toma assim a sua significa o etc A economia burguesa fornece a chave da economia da antiguidade etc Por m n o conforme o m todo dos economistas que fazem desaparecer todas as diferen as hist ricas e v em a forma burguesa em todas as formas de sociedade Pode se compreender o tributo o d zimo quando se compreende a renda da terra KARL M
108. as em cidades com menos de 10 000 habitantes o est mulo que o Governo do Estado da Para ba oferta aos agricultores e pequenos produtores rurais quando isenta parte dos impostos na aquisi o do ve culo tais como o primeiro emplacamento no intuito de substituir o uso de cavalos burros e bois como transporte campo cidade IBGE 2008 Em pesquisa explorat ria observamos que parte do deslocamento dos produtores rurais ocorre basicamente com o uso das 100 motocicletas muito embora a presen a de autom veis e cavalos tamb m ocorra em menor quantidade Os acessos e as rodovias que liga o munic pio cidade de Pianc e Nova Olinda est o parcialmente asfaltados embora desde janeiro de 2009 a pavimenta o da BR 426 do trecho que liga Pianc Nova Olinda passando por Santana dos Garrotes est em constru o A obra or ada em R 12 888 792 03 com prazo para ser entregue em julho de 2010 sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre DNIT foi terceirizada e est em execu o pela Construtora Rodovi ria Ltda RODOCON respons vel pela manuten o e execu o do trecho j asfaltado e do que ainda est por ser feito O trecho inicial asfaltado a partir de Pianc em fun o da falta de manuten o e da baixa qualidade da cobertura asf ltica muito espessa j se encontra parcialmente comprometido com a presen a de buracos grandes sulcos na via e acostamento recoberto pela caatinga local e
109. as na hist ria de ocupa o dos sert es a combina o de sistemas agr colas cria o bem como a presen a de um sistema agr rio duplo at os dias atuais reproduz toda uma diversidade de contradi es entre diferentes espa os ANDRADE 1980 O avan o do ouro branco como ficou conhecido o cultivo de algod o inicialmente foi praticado nas pequenas propriedades e somente depois em grande escala j que intensivo no uso de for a de trabalho Segundo os autores C organiza o do trabalho combinando trabalho livre e escravo O criat rio se desenvolveu com base num sistema ultra extensivo com o gado criado solto em reas muito amplas Assim era imposs vel ao propriet rio ou ao seu preposto controlar diretamente a produ o o que apontado como um elemento inibidor do predom nio do trabalho escravo no Sert o Al m disso o criat rio n o exigia uma m o de obra numerosa Poucos trabalhadores eram suficientes para fazer funcionar uma grande fazenda Da a import ncia do trabalho livre na organiza o das fazendas Com a expans o do algod o a partir do final do s culo XVIII o trabalho escravo ganhar maior express o O algod o expandiu se por todo o territ rio paraibano disputando terras e bra os at mesmo com a cana de ac car no sert o que ele assume posi o hegem nica no sistema de uso do solo regional estabelece se a combina o gado algod o policultura trin mio ma
110. as s o tudo pequeno propriet rio Essa propriedade aqui do ex prefeito A tem um rendeiro dele que trabalha naquela feirinha que plantou essa rea ai pra puder tirar um milhozinho fazer canjica pamonha bolo essas coisas assim Raimundo Isidro S tio Maracuj 2011 Assim o desenvolvimento da for a produtiva encontra seu limite na reprodu o do arrendamento e no uso potencial de fra es do territ rio Ao rendeiro assalariado pago na di ria cabe apenas o cuidado com a reprodu o do rebanho bovino se restringindo aos limites impostos pelo dono da terra Nestes casos cabe ainda ao arrendat rio a produ o de alimentos barateando os custos de sua reprodu o simultaneamente manuten o e disponibilidade no interior da propriedade de for a de trabalho Al m da explora o a que est subordinado deve o arrendat rio ceder parte da renda da terra quando divide os frutos do seu trabalho no regime de mea o com o grande propriet rio capitalista da terra No limite o arrendamento uma estrat gia utilizada por fra es de trabalhadores sem terra e ou com exig idade de condi es e meios de produ o e de trabalho O assalariamento de trabalhadores rurais um fato hist rico entre os trabalhadores camponeses e deve se a uma diversidade de 147 condi es dentre as quais a diferencia o econ mica e social reprodutora de forma es sociais distintas o que favorece o dom nio e o controle sobre os trabalh
111. asileiros AGB 186 Lugar do modo de vida tradicional na modernidade In OLIVEIRA Ariovaldo U de MARQUES Marta Inez M orgs O campo no s culo XXI territ rio de vida de luta e de constru o da justi a social S o Paulo Editora Casa Amarela e Editora Paz e Terra 2004 Agricultura e campesinato no mundo e no Brasil um renovado desafio reflex o te rica In PAULINO Eliane T FABRINI Jo o E orgs Campesinato e territ rios em disputa S o Paulo Express o Popular UNESP Programa de P s Gradua o em Geografia 2008 MARTINS Jos de Souza Os camponeses e a pol tica no Brasil Petr polis RJ Editora Vozes 1981 Caminhada no ch o da noite S o Paulo Hucitec 1989 s temporalidades da hist ria na dial tica de Lefebvre In MARTINS Jos de Souza org Henri Lefebvre e o retorno dial tica S o Paulo Editora Hucitec 1996 MARX Karl Forma es econ micas pr capitalistas Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 1981 O capital V T 2 S o Paulo Bertrand Brasil 1991 O capital V Ill T 6 S o Paulo Bertrand Brasil 1991a Manifesto do partido comunista Porto Alegre L amp PM 2001 Manuscritos Econ mico filos ficos S o Paulo Boitempo 2006 Glosas cr ticas marginais ao artigo O rei da Pr ssia e a reforma social de um prussiano S o Paulo Express o Popular 2010 O m todo da economia pol tica Acessado em www Insrolux org textosmarxistas met
112. associa o Na minha opini o Se agricultor se m dico se dentista e se advogado Pra mim todos precisam ta agregado numa associa o por que primeiro a associa o que 175 representa a classe Luis Francisco Presidente da Associa o do Trabalhadores de Cabaceiras 2012 A Associa o um espa o de resist ncia com sentido concreto de coletividade e pertencimento de classe reproduzido na fala A respeito da resist ncia e do movimento do capital frente aos trabalhadores camponeses e pequenos produtores a literatura cient fica recorda que a luta de classe o motor da hist ria Motor que transforma coexiste e destr i modos de vida de ser e de produ o j que em contradi o o desenvolvimento das for as produtivas com as rela es de produ o Resist ncia explica as condi es internas e externas da luta de classes Eis como Marx descreve a rela o no caso das col nias fundadas por meio da livre migra o de trabalhadores Em todo lugar O regime capitalista colide contra a resist ncia do produtor que como propriet rio de suas pr prias condi es de trabalho emprega esse trabalho para enriquecer a si mesmo e n o o capitalista Nesse caso a contradi o entre esses dois sistemas econ micos diametralmente opostos manifesta se na luta entre eles Onde o capitalista tem atr s de si o poder do pa s Natal ele tenta limpar o caminho for a eliminando os modos de produ o e apropri
113. banhadas pelo rio Pianc localizada a montante do a ude Coremas m e d gua tivera como l der nas expedi es o senhor Teod sio de Oliveira Ledo que penetrando os Cariris Velhos chegou at ao Boqueir o e se estendeu cidade de Tapero enquanto a influencia das reg ncias capitaneadas pela for a baiana e paulista atingira as reas drenadas pelo Pianc e Piranhas Andrade IDEM Outra influ ncia que limitou as possibilidades de desenvolvimento agr rio foram os processos desiguais de ocupa o historicamente relacionados as a es dos grandes latifundi rios institucionalizados na Casa da Torre e dos Governadores Gerais Estes ltimos respons veis diretos pela manuten o e concess o de sesmarias a partir de expedi es que partiam das capitanias de Pernambuco Olinda Salvador Porto Seguro e S o Paulo S o 90 Vicente A g nese do espa o agr rio paraibano constituiu se historicamente de forma desigual reproduzindo diferentes sistemas agr rios e agr colas AV No caso do Vale do Pianc o rio principal recebe guas de afluentes como os riachos de Gravat Aroeiras Croat Campos e das baixas como observados no munic pio de Santana dos Garrotes As frentes de ocupa o tiveram nas capitanias a influ ncia necess ria no vale e estavam ligadas a Salvador e a S o Paulo A coloniza o por explora o diferente do povoamento explicitado O car ter mais profundo da coloniza o r
114. bano A persist ncia da quest o pol tica e agr ria no entanto se expressa no n mero de conflitos abertos em evolu o no continente europeu especialmente na Inglaterra e na Fran a Para o autor uma clara demonstra o que para 37 al m das contradi es oriundas entre o desenvolvimento das for as produtivas e a imposi o de limites nas rela es de produ o o motor da hist ria a luta de classes Marx 2001 No caso do Brasil o desenvolvimento desigual entre o espa o agr rio do Litoral e o Sert o paraibano permitiu a coexist ncia de uma diversidade de sistemas agr colas no espa o Moreira e Targino 1997 Dentre outras formas de controle os trabalhadores est o envoltos por processos de migra o dominados pelo capital As margens de lucro e o sistema de acumula o variam conforme a organiza o do trabalho e dos espa os sociais e requer a mobilidade social entre pa ses regi es e campo cidades A mobilidade do trabalho no espa o passou a ser determinante no estabelecimento das condi es e avan o do capitalismo n o somente na Europa especialmente em pa ses perif ricos como o Brasil Sobre a mobilidade e o deslocamento social no espa o a autora observa que embora os movimentos de popula o n o tenham necessariamente o car ter diretamente compuls rio como no caso da mercantiliza o do escravo eles resultam de constrangimentos Pierre George fala de migra o n o s como
115. biental Sem d vida que colocar a globaliza o como novo paradigma e os processos de participa o enquanto elementos centrais na elabora o formula o e execu o da pol tica de integra o e desenvolvimento regional adotadas pelo Estado uma inova o meramente conceitual e est longe das reais necessidades de quem vive da venda da fora de trabalho no Brasil Importante ressaltar que dentre as consequ ncias negativas para o conjunto de trabalhadores na pol tica neoliberal est a ado o pelo Estado de no es como concerta o social concilia o de dire es opostas processos participativos e inclus o social Cria se como pano de fundo ideol gico e pol tico a falsa sensa o no seio da sociedade civil a solu o do problema social sob o argumento da universalidade dos direitos A diferen a do Estado capitalista no Brasil para o Estado em alguns pa ses centrais na Europa que nestes a luta dos trabalhadores veio acompanhada por concess es da classe dominante que permitiram o desenvolvimento do chamado Estado de bem estar social ou Keynesiano resultante tamb m de processos de luta conflito e resist ncia de classes No Brasil experi ncias e a es parcialmente exitosas do que restou de Estado s o efetivadas pela participa o da sociedade civil em processos participativos no mbito municipal e em experi ncias de or amentos democr tico e participativo 76 A grande contribui
116. bilidade social no espa o e educa o observamos que parte importante dos filhos de trabalhadores que saem das comunidades deve se a luta por trabalho e renda na conquiste de emprego A aus ncia e mesmo manuten o adequada das escolas e do ensino no campo contribui para ampliar a elevada migra o campo cidade especialmente junto aos estabelecimentos rurais cuja reprodu o de trabalhadores sem terra e arrendat rios A declara o em rela o ao valor que a educa o tem para os trabalhadores expressa quando perguntamos se gostaria de ter continuado os estudos 137 Teria sim Foi um grande erro ter deixado Devia ter me formado em alguma coisa Papai tinha 4 filhos ele era pobre e hoje percebo que agente passa fome Papai ficou numa situa o dif cil endividado e eu deixei a escola A agricultura n o d mais para viver O pequeno produtor est desaparecendo No sistema capitalista o pequeno produtor desaparece Eu via como uma lenda mas hoje eu to vendo jovens e velhos deixarem a agricultura Acabou o algod o a o pessoal t desestimulado a continuar Eu vivia da agricultura mas quando acabou o algod o eu tive que ficar na ro a pois eu n o tinha outra op o A gente tem que estudar Quem n o estuda t ferrado Manoel Nelito Leite Pereiros 2011 Se por um lado a agricultura produtora de alimentos n o permite que o trabalhador se aproprie da renda suficiente para sua reprodu o e reproduza a mobil
117. bina consorciamento associa es ro a cria o t cnicas agr colas e agr rias em constante transforma o requeridas pelas novas exig ncias do sistema geral de acumula o de capital Como observa os autores Este sistema agr cola caracterizado pelo pequeno investimento de capital pelo emprego de m o de obra pouco numerosa em rela o rea cultivada pelo uso de instrumentos rudimentares sendo o mais aprimorado o cultivador de tra o animal e pelos baixos rendimentos por hectare E um sistema extensivo no qual paradoxalmente a rota o de terras est cada vez menos presente Tal fato por m n o se deve a qualquer progresso t cnico mas sim a limites impostos por uma estrutura fundi ria que concentradora de terra gera como contrapartida uma quantidade enorme de pequenas propriedades A estrutura fundi ria interfere assim decisivamente no sistema agr cola provocando modifica es que poder o trazer problemas econ micos e ecol gicos pela redu o de tempo de pousio por falta de espa o no caso das pequenas propriedades GRABOIS MARQUES SILVA 1991 p 88 Somados ao quadro de concentra o fundi ria e crise econ mica estrutural a instala o de novos arranjos produtivos produz a racionalidade requerida no advento da reestrutura o produtiva do capital e do espa o Este movimento do capital articulado ao Estado possibilitou que as transforma es econ micas reforcem o controle s cio
118. bril de 2011 j sob orienta o e conclu da em Junho de 2012 Portanto nos coube desvelar nos ltimos dois anos dados gerais e totais da popula o urbana e rural a evolu o demogr fica relativos economia municipal e regional a forma o hist rica do munic pio de Santana dos Garrotes bem como o quadro mais amplo da estrutura agr ria e social da sede municipal Combinamos esta variedade de informa es com o fim de delinearmos mais apropriadamente a aproxima o ao espa o e a escala geogr fica pretendidos A nfase nesta etapa recaiu dentre os fatores geogr ficos sobre as condi es em que se reproduzem no espa o do campo e da cidade do munic pio de Santana dos Garrotes os elementos seguintes a sa de seguran a transporte servi o social agricultura com rcio e educa o Na ordem passamos a descrever como a presen a de determinados fatores geogr ficos potencializa o uso e a distribui o de riquezas naturais sem perder de vista centralidade e o valor do trabalho e da produ o na conforma o organiza o e estrutura do espa o em seu conjunto e o ordenamento territorial das comunidades rurais pesquisadas Compreendemos 83 que a din mica pol tica do munic pio viveu um processo hist rico imerso de contradi es em diversos momentos passando pela emancipa o pol tica e autonomia administrativa do munic pio de Pianc ent o polarizador urbano na regi o do Vale do Pianc Dentre as espec
119. cais e equivale a aproximadamente 6 km 111 j que nos meses de inverno a estrada cortada pelo leito do rio de mesmo nome Passando pelo povoado de Palestina chega se aos primeiros estabelecimentos localizados na comunidade de Gravat tendo acesso apenas somente motocicletas bicicletas e carro as e cavalos nos estabelecimentos mais distantes conforme Figura 5 abaixo Mapa Rodovi rio e Hidrol gico 7300 s Figura 5 Mapa Rodovi rio e Hidrol gico de Santana dos Garrotes PB 37 50 0 W Rede de Drenagem Rodovias A Sede Municipal 9 p O Distrito Ho Tavares Fonte SEPLAN PE Org Girl n C ndido 2012 7200 S 7300 S 112 113 Em nossa pesquisa podemos vivenciar dois momentos distintos e as mudan as que a presen a aus ncia de gua no leito dos riachos produz junto aos estabelecimentos e trabalhadores bem como no conjunto dos sistemas agr colas e na atividade humana em desenvolvimento Rela es e processos de trabalho e de produ o s o dinamizados muito embora n o estejamos afirmando qualquer determina o de ordem nica e linear Dentre as condi es prec rias e degradantes de vida e de trabalho que os trabalhadores do campo incluindo arrendat rios e aqueles sem terra enfrentam n o apenas de ordem ideol gico e pol tico mas sobretudo material e concreta A falta de estradas acessos infraestrutura como pontes passagens molhadas e pontilh es nas comunidades rurais estuda
120. car O sert o paraibano seria tamb m invadido e semeado de sesmaria na segunda metade do s culo XVII que ocuparam o alto curso do Rio Piranhas e a bacia do Rio do Peixe A influencia paraibana penetrava os Cariris Velhos at o Boqueir o e da se estendia a Tapero enquanto a baiana e paulista atingia as reas drenadas pelo Pianc e pelo Piranhas ANDRADE 1980 p 163 No caso do campo no Nordeste a propriedade privada da terra express o da divis o do trabalho foi uma das contradi es do capital em seu espalhamento e dom nio horizontal do Litoral ao Sert o O espa o de cultivo da cana de a car no litoral do Nordeste subordinar a forma o e o desenvolvimento de outros espa os produtivos como as fazendas de cria o de gado e algod o no Sert o e a produ o de alimentos no Agreste Moreira e Targino 1997a e Marques 1994 Como recorda os autores no sentido Leste Oeste do Litoral em dire o ao Sert o No litoral ela baseou se na produ o da cana de a car A evolu o da atividade canavieira teve influencia tamb m na ocupa o e no povoamento do Sert o e do Agreste Isso porque a necessidade de especializa o das terras na produ o da cana determinou a separa o das atividades canavieira e pecu ria Da resultou uma divis o regional do trabalho o crescimento da procura de animais de tiro em fun o da expans o da atividade a ucareira o paulatino aumento do consumo de
121. cias e quantos presos havia no pres dio para nosso espanto o ltimo homic dio ocorreu a mais ou menos 2 anos resultado de latroc nio na zona rural As principais ocorr ncias s o devido desordem embriaguez e som abusivo numa frequ ncia de tr s ocorr ncias m s A declara o acima parece entrar em contradi o com a realidade e as declara es de alguns trabalhadores e moradores da cidade Apesar de pr dio pr prio a estrutura da cadeia prec ria com rachaduras infiltra es e equipamentos como radio e computador em prec rias condi es de uso e manuten o No momento de nossa entrevista apenas um preso se encontrava no xadrez preso correcional n o havendo nenhum preso judici rio J relativo s a es da pol cia judici ria e criminal o munic pio n o conta com pr dio pr prio de delegacia civil sem plant o fixo na cidade com a delegacia funcionando apenas um nico dia da semana cujo delegado o Senhor Antonio respons vel em atender os delitos originados no munic pio A equipe de policiais civis conta com um delegado sediado na cidade de Pianc e um escriv o sem plant o fixo enquanto os militares contam com 1 sub tenente 3 cabos e 3 soldados operando em rondas em uma nica viatura autom vel Gol N o registramos a presen a de guardas municipais nos pr dios e instala es da prefeitura embora vigias particulares e a realiza o de rondas de vigil ncia particular s resid ncias e com rcios na
122. cipal Figura 3 Trecho da PB 426 em Constru o HOMENS A N PISTA Fonte pesquisa de campo Jul 2011 J no item relativo aos servi os banc rios e financeiros existe uma casa lot rica que opera contas do Banco do Brasil e da Caixa Econ mica Federal CEF uma agencia dos correios que atende correntistas do Banco Bradesco e do Brasil e dois caixas eletr nicos do Banco Bradesco O munic pio conta ainda com dois cart rios sendo um de registro de im veis e outro de registro civil uma agencia de turismo Santana Turismo com viagens interestaduais e intermunicipais partindo de Patos e Pianc uma pousada com capacidade de at 6 leitos Hotel Central de propriedade da senhora Maria situado na Rua Renato Teot nio e a r dio FM AM de m dia frequ ncia e de alcance local Os vereadores locais se re nem em pr dio pr prio na C mara Municipal Casa Coronel Francisco T dos Santos e os mun cipes contam com razo vel acervo na Biblioteca P blica Municipal Adalgisa B Palitot aberta diariamente 103 Relativo habita o a sede municipal possui 1 836 domic lios contabilizados sendo deste total 1 402 pr prios 73 alugados 329 cedidos e 329 cedidos por empregador ou outras formas IBGE 2008 N o existem a es e projetos espec ficos na pasta da habita o em andamento ou previstos na sede municipal embora muitas reformas e amplia es particulares em resid ncias e pr dios comerciais s o observadas em
123. co e do relevo levemente ondulado observamos o presen a de sistemas simples de irriga o por gravidade que atrav s de moto bomba retira gua de po os localizados em maiores altitudes e permite lan ar gua com vaz o e for a suficientes nos vales e baixios de arroz ou ainda nos interfl vios 154 A fala do conjunto de trabalhadores do S tio Serra Branca revela a import ncia quem tem a gua para a semeadura e evolu o do gr o e as rela es entre os sistemas agr colas e agropastoris no desenvolvimento do espa o agr rio A gente planta s uma vez por ano Depende do per odo De janeiro a maio Quando a terra enxuga a gente bota o gado pra pisotear O replantio no final de dezembro pra janeiro As vezes tem o trator que corta e arroz a gente vende aqui mesmo na regi o A gua n o deixou o arroz se situar muito bem Foi gua demais no come o que tem o a ude de Nova Olinda e um rio que passa ai Grupo de Produtores Serra Branca 2011 A import ncia do clima e da chuva no per odo correto do calend rio agr cola uma das condi es impostas para o lucro do pequeno produtor O m s em que o n mero de tarefas aumenta compreende o per odo entre fevereiro e maio demandando maior quantidade de trabalhadores nos estabelecimentos Quando a invernada boa o cuidado com o ro ado dobra as tarefas e os servi os de manuten o com a cria o se desenvolvem simultaneamente O controle e a libera
124. como nos recordam o autor os sentidos que assumem a reestrutura o espacial diferem de acordo com o conflito de classes e as estruturas desiguais entre diferentes pa ses regi es e espa os A acumula o primitiva na fronteira t o vital como a acumula o primitiva e o desemprego tecnologicamente induzido na terra natal As condi es internas e externas da luta de classes est o intimamente entrela adas HARVEY 2005 p 121 Dentre as lutas e os conflitos no plano nacional as declara es dos trabalhadores pesquisados associam processos de aliena o e de interesse de classe vis vis a pol tica agr cola reforma agr ria de mercado e seu car ter assistencialista levado adiante pelo Estado capitalista CARVALHO 2005 Os reclames se vinculam inexist ncia e a irregularidade de cr dito terras e instrumentos de trabalho ou seja da total falta de condi es de trabalho e de produ o N o suficiente a gua n o Fazer plantio plantar bananeira mam o e coco Ningu m quer trabalhar Voc v todas as casas tem ajuda O povo novo n o quer trabalhar n o Aqui se o cabra lutar d pra comer Umas partes o governo O governo era pra cavar po o nesses lugares aqui Voc v essa estrada ai de Santana a Nova Olinda n o sai n o Parece que os governos em Pernambuco se interessa mais Os prefeitos s querem saber de quem tem dinheiro O prefeito negocia com o povo O voto que leva daqui comprado Os g
125. controle pol tico e ideol gico externamente avan ou nos pa ses centrais os efeitos da reestrutura o produtiva no plano produtivo e de consumo com consequ ncias desastrosas nas d cadas de 1990 no Brasil A gest o na Nova Rep blica sob os ausp cios da ideologia burguesa da democracia institui no comando um dos maiores latifundi rios do Nordeste Jos Sarney O momento hist rico nacional de abertura pol tica e crise econ mica 2 3 1Jos Sarney A Nova Rep blica e o Brasil de 1986 90 Apesar de manter a renda como norte na ado o de pol ticas e a es estrat gicas o Estado reconheceu o fracasso das pol ticas adotadas nas duas d cadas de planos nacionais de desenvolvimento A regi o Nordeste fornecendo renda s regi es mais desenvolvidas como o Sudeste e o Sul no plano nacional O destaque fica por conta da observa o O Nordeste em particular a despeito do crescimento industrial recente continua a apresentar baixo n vel de renda elevados ndices de pobreza no meio rural e nas cidades e condi es insatisfat rias de educa o sa de e alimenta o Sua participa o na renda nacional declinou de 15 para cerca de 12 nas ltimas d cadas RELAT RIO S d Quanto quest o regional o plano do per odo Sarney prev a es que envolvem o complexo de rela es rural urbanas e interurbanas e recomenda atrav s das diretrizes o fortalecimento da SUDENE no caso do Nordeste fortalec
126. crise estrutural do capital das a es e estrat gias do Estado capitalista na organiza o dos trabalhadores do campo especialmente aqueles sujeitos pesquisados nas nove comunidades e s tios nossa tentativa nos aproximarmos das condi es hist ricas e do contexto atual da sede do munic pio de Santana dos Garrotes 3 2 O Espa o da Sede Municipal de Santana dos Garrotes Hist ria e Organiza o O munic pio de Santana dos Garrotes teve sua forma o hist rica no s culo XIX na antiga Fazenda Exu cujo povoado se desenvolvera no lado esquerdo do riacho Santana com a constru o de uma capela em 1850 IBGE 2011 Neste per odo hist rico vale ressaltar o papel dos padres Jesu tas vaqueiros e ndios guerreiros sujeitos e agentes que embalados pelos interesses comerciais portugueses na coloniza o desenvolveram a atividade da pecu ria ao longo do grande rio Pianc N o sem resist ncia o colonizador europeu travou longas guerras com ndios das tribos Coremas Panatis e Jandu s Souza 2008 J por volta de 1896 foi constitu do o ent o distrito de Santana dos Garrotes administrativamente subordinado Pianc passando a se chamar simplesmente Garrotes quando elevado condi o de munic pio por Lei Estadual N 2672 Passados 65 anos de depend ncia e parte do munic pio de Pianc no ano de 22 12 1961 constitu do o munic pio de Santana dos 96 Garrotes com o distrito de Pitombeira de Dentro per
127. da exerce na subordina o entre diferentes espa os agr rios MOREIRA TARGINO 1997 A exig idade de terras e de estruturas para ac mulo de gua surge nas falas dos sujeitos como outro elemento importante No limite os trabalhadores sem terra e os pequenos produtores cuja fam lia estar em idade produtiva foram os que apresentaram a condi o mais intensamente degradante de trabalho e de produ o A pol tica assistencialista adotada pelo Estado capitalista revela qual classe beneficiada A eu precisaria de mais ou menos uns 8 ou 9 mil litros hora A dava pra voc plantar uma rea pra produzir 100 sacas de arroz ou at mais n Entendeu A rea mesmo que favor vel Aroeiras e Serra Branca por que t m os rios perenes L tem os a udes grandes que eles sortam gua Raimundo Maracuj 2011 A capacidade teleol gica implica o ac mulo de conhecimento do potencial condi es e rela es entre os seres inorg nico org nico sociais Dentre os a udes o de Queimadas e de Nova Olinda quando o volume suficiente liberada gua em suas comportas que s o drenadas para riachos nas comunidades de Aroeiras Gravat e Serra Branca A exig idade de terras aparece no limite como imposi o na produ o de renda da terra muito 164 embora o dom nio das condi es t cnicas e tecnol gicas implique maior capitaliza o dos produtores A cria o d mas a terra pequena e s cabe 30 cabe as de gado J
128. da territorializa o do capital e a renova o dos processos de mobilidade espacial do trabalho Estes renovam o quadro de contradi es capital trabalho mediado pelo Estado capitalista Os rearranjos e as formata es desencadeadas pelo capital agroindustrial canavieiro nos ltimos anos decorrem das in meras estrat gias adotadas por essas personifica es do capital O processo de reestrutura o produtiva as fus es as aquisi es de empresas e ou a es de empresas por v rios grupos do setor s o exemplos significativos para apreendermos tal processo na atualidade Estamos acompanhando n o somente um processo de territorialza o de novas unidades mas tamb m de desterritorializa o de algumas unidades e sobretudo de capital de um estado para outro ou de uma regi o do pa s para outra gerando nos locais a que se destinam as unidades fabris e o capital um processo de re territorializa o a conjuntura pol tica e econ mica voltada para a abertura do mercado de etanol contribui igualmente para a emerg ncia de novas re configura es geogr ficas e espaciais n o apenas no mbito do capital mas tamb m no do trabalho tendo como grande aliado o Estado OLIVEIRA 2007a p 54 A interven o do Estado capitalista nos momentos hist ricos de crise do capital amplia junto classe trabalhadora a quest o da mobilidade no espa o Na agricultura a regula o exercida pelo Estado perpassa o uso e manu
129. dade do Estado observamos desde o uso pol tico em benef cio das comunidades rurais que ap ia a gest o municipal local at o fechamento de escolas em v rios s tios e comunidades pesquisadas As aus ncias s o variadas e v o desde a inexist ncia de transporte coletivo para o conjunto dos estudantes passando por pr dios com infraestrutura comprometida e alugados at a falta de merenda salas banheiros e em algumas escolas o abandono da estrutura A fala de alguns entrevistados nas comunidades rurais express o do descaso e do abandono que o Estado capitalista tem para com a forma o e a educa o dos trabalhadores no espa o do campo e das cidades Outra coisa que eu acho errado em nosso pa s a educa o em nosso pa s Por que hoje o governo ta gastando uma fortuna enorme com educa o Educa o pai e a m e Voc s viram ali da minha casa pra escola 13 metros Eu vejo a professora perguntar crian a Como o nome de teu pai meu filho Papaiii Educa o pai O que 107 uma crian a vai buscar numa escola que n o sabe nem como chamar o nome do pai Isso ai eu acho que t errado Jorge Calixto Serra Branca 2012 Em Pitombeira de Dentro a escola tinha 4 salas 1 biblioteca e um banheiro Eu fui l um dia desse e achei tudo bagun ado O reboco caindo as portas n o reformaram e a pintura j tem uns 20 anos Avani Augustinho da Silva Pitombeira de Dentro 2012 O quadro de abandono infraestrutural das esc
130. dade tempor ria dos trabalhadores no espa o das comunidades rurais estudadas 141 animais e a agricultura as respostas confirmam o que aponta parte do referencial te rico A diversidade de sistemas agr colas e agropastoris as t cnicas de trabalho empregadas no cultivo e na cria o o manejo e uso da terra variam conforme a disponibilidade uso e intensividade de capital terras e trabalho De outra forma a ocupa o do espa o agr rio no munic pio de Santana dos Garrotes quando comparados s outras regi es do sert o paraibano apresenta especificidades que n o nos permite realizar generaliza es Grabois et al 1991 A presen a de rios e riachos tempor rios cuja rede de drenagem pouco desenvolvida forma es rochosas cristalinas expostas clima quente e seco com chuvas escassas e relevo ondulado impede a evolu o de solos adequados ao desenvolvimento agr cola H presen a de solos granodioritos ou seja granulosos e o relevo levemente aplainado pr ximo aos ltimos contrafortes da chapada da Borborema na Para ba no sentido PE PB conforme a Figura 6 do pont o na p gina 125 Desta forma o uso agr cola e o manejo do solo t m nos espa os dos interfl vios grandes dep sitos de sedimentos e mat rias org nicas o que favorece os ro ados de arroz vermelho exigentes de umidade A imagem abaixo demonstra a pr tica do ro ado no baixio de arroz em rea pr xima ao riacho de Aroeiras no sitio Serra Branca O regi
131. das impede n o s a comunica o entre os trabalhadores e entre as diferentes comunidades e s tios e uma forma do Estado capitalista e seus agentes manter o controle da organiza o e dos trabalhadores Ao restringir o acesso aos espa os sociais e de produ o e trabalho o Estado limita que potenciais compradores e consumidores dos excedentes resultantes do trabalho no campo possam comprar diretamente parte da produ o de arroz vermelho e simultaneamente estimula o atravessador comerciante parasita que media as rela es entre a produ o e o consumo Outra dificuldade para a maior parte dos trabalhadores estudados que nos meses de inverno h o perigo do isolamento no espa o em fun o da inexist ncia de infraestrutura e de vias adequadas de comunica o As falas dos trabalhadores ilustram o descaso do Estado representado pelo poder p blico municipal frente s condi es de infraestrutura nos s tios e por outro lado demonstra a import ncia que assume o espa o e as associa es de trabalhadores rurais como caminho alternativo na conquista de benef cios e organiza o do trabalho A falta de condi es de acesso e de comunica o entre os trabalhadores do campo e a sede municipal implica al m do isolamento social no espa o consider veis perdas de renda para o conjunto de trabalhadores dos s tios Serra Branca Gravat e Aroeiras mais significativamente produtores de arroz vermelho no munic pio Quan
132. das nacionais bem como a rela o cambial com o d lar Simultaneamente e como consegiu ncia resultado negativo dos processos de reestrutura o produtiva vigentes no Brasil a partir de 1990 organismos internacionais como o Fundo para Alimenta o Mundial FAO da Organiza o das Na es Unidas ONU preocupado com a amplia o da fome e da pobreza no mundo e a degrada o de parte da natureza e da sociedade organizam encontros cumeeiras entre os pa ses para debater as mudan as clim ticas e a relev ncia de processos mais sustent veis na produ o consumo mundiais A realiza o do Rio Eco 92 e da Rio 20 s o 75 marcos hist ricos e geogr fico que refor am as conseq ncias negativas do atual metabolismo social sob dom nio do capital 2 3 2 FHC Lula e os Grilh es do Neoliberalismo na Periferia do Sistema Mudam se as formulas e conserva se o ordenamento social e territorial ocupado pelo Brasil no desenvolvimento do sistema capital mundial ou seja a moderniza o conservadora que no campo e nas cidades de pa ses perif ricos re coloca ou cobra na forma de sujei o da classe trabalhadora os interesses do capital Assume conforme o pr prio relat rio BRASIL 2000 o car ter comercial globalizado sem fronteiras e limites para a acumula o vertical e horizontal no tempo espa o embora n o supere o fracasso econ mico reposto constantemente pela estrutural crise econ mica e s cio am
133. de 1 merendeira 1 e professor 1 Foi importante destacar que parte das atividades assumidas pelos trabalhadores que n o consta a agricultura como principal as declara es tem no servi o p blico municipal a fonte de renda em ocupa es vinculadas s escolas rurais e aos postos de sa de A presen a concreta do trabalhador b ia fria cortador de cana como atividade em um dos estabelecimentos n o altera a condi o predominante entre os trabalhadores arrendat rios de trabalho migrante e refor a o quadro econ mico e social de intensa mobilidade dos trabalhadores no espa o A quase totalidade dos estabelecimentos estudados aponta para a presen a de migra o tempor ria e menos intensa aquela permanente Juntamente com a reprodu o da atividade do corte de cana trabalhador rural b ia fria o trabalho informal foi observado quando da migra o para outras regi es e cidades A depend ncia da renda oriunda do trabalho prec rio no assalariamento tempor rio a cada safra no corte de cana no estado de S o Paulo pode indicar a aus ncia de terra principal meio de produ o bem como uma tend ncia ao arrendamento como rela o de produ o Quando indagamos o tamanho da propriedade e confrontamos com o quadro mais amplo de atividades desenvolvidas tais como a cria o de 2 A refer ncia reprodu o do caso de b ia fria apenas para indicar qual atividade dominante e n o representa a situa o geral de mobili
134. de do munic pio e de outras regi es Parte das contradi es econ micas se reproduz na rela o entre o espa o das cidades e do campo ou entre a regi o do sert o em especial o Vale do Pianc e o Litoral paraibano Em raz o da evolu o do desenvolvimento social produzido no avan o do capitalismo na agricultura as rela es metab licas entre a sociedade e natureza s o constantemente revolucionadas e a pecuariza o dos estabelecimentos rurais um fato hist rico que avan a lentamente sobre os espa os de produ o de alimentos e da policultura O desenvolvimento n o ocorre de forma homog nea e promove grande diferencia o social e econ mica entre os trabalhadores do campo A dupla evolu o do espa o agr rio e uma diversidade de sistemas agr colas s o express es daquela diferencia o s cio espacial Fragmenta se e amplia se o controle sobre o trabalho com o nico fim de acumular capital e fazer avan ar os espa os do rebanho bovino sedimentando a estrutura agr ria e fundi ria concentrada 180 A moderniza o agr cola e o ordenamento territorial ideologicamente planejado pelo Estado capitalista t m na especializa o dos pequenos produtores de arroz vermelho uma das express es do avan o do capital e do saque da renda da terra bem como a cria o voltada para a produ o de leite Transformam se as rela es de produ o e de trabalho sem no entanto alterar o ordenamento social e muito pelo contr ri
135. de fra es de territ rios por diferentes forma es sociais e econ micas e na coexist ncia de modos de ser de vida e de produ o diferenciados as categorias contradi o e trabalho s o centrais para explicar o ser trabalhador do campo ajudando nos a dar conta da din mica e organiza o do espa o Neste sentido foi consequente ponderar que a evolu o da ocupa o e do povoamento do espa o do sert o na hist ria moderna do Nordeste brasileiro e o avan o das rela es mercantis do Brasil com resto do mundo n o passaram imunes aos momentos de crise econ mica na Europa S rias consequ ncias e rebatimentos internos na quest o agr ria no fim do s culo XVIII bem como transforma es das contradi es econ micas ent o em vigor no desenvolvimento social no espa o das cidades e do campo estavam em gesta o A expuls o da massa de produtores livres do campo para as cidades na Europa na forma de cercamento das terras especialmente no caso Ingl s tornou relevante o debate pol tico e ideol gico da quest o agr ria O Estado foi chamado para mediar conflitos e levantes regulando rela es entre o capital e o trabalho A propriedade privada da terra e dos instrumentos de trabalho instalou a crise agr ria essa quest o ganhava em interesse tanto do ponto de vista te rico quanto do ponto de vista pr tico a crise agr ria haviam transformado a mesma em uma das quest es pr ticas das mais importantes
136. de pol ticas de racionaliza o econ mica estimuladas pelo Estado capitalista Ao lado do aparato econ mico campanhas publicit rias trabalham ideologicamente os benef cios da moderniza o agr cola tais como as campanhas de vacina o anual contra febre aftosa Como recordam os autores as transforma es no processo de trabalho e mudan as nos sistemas agr colas alteram o ordenamento econ mico substituindo as fra es de terra de policultura por monoculturas de exporta o ou ainda de mat rias primas para a agroind stria O processo de moderniza o da agricultura levado a efeito na Para ba a partir de 1970 foi respons vel por profundas altera es nessa din mica da organiza o da produ o Isso porque ele promoveu a substitui o tanto de culturas aliment cias e de mat rias primas destinadas ao abastecimento do mercado interno quanto da vegeta o natural MOREIRA TARGINO 1997 p 104 Nos estabelecimentos em que os trabalhadores t m a atividade mais importante a cria o de animais a exig ncia de capital se amplia quando comparado ao uso e disponibilidade de for a de trabalho Os processos produtivos e de trabalho determinantes na organiza o do espa o agr rio e sistemas agr colas s o mediados pela presen a de t cnicas intensivas no uso de ra o balanceada vacinas e medicamentos industrializados silos para armazenamento cercas e instrumentos de trabalho Estes n o participam do pr
137. de um complexo social Luk cs 2010 p 194 58 ou menos intensidade aqui e ali n o somos capazes de considerar uma rica trama de rela es de fragmenta es de valores de significados e de subjetividades THOMAZ Jr 2011 p 131 Os processos concretos de reestrutura o produtiva no espa o do campo s o estruturais para o avan o da moderniza o das atividades e da produ o Na agricultura dentre os efeitos que a desregulamenta o do Estado e a financeiriza o da economia produziram no mercado de trabalho est a fragmenta o pol tica e ideol gica dos trabalhadores Assim Esta se diante pois dos rearranjos da ordem metab lica do capital em n vel mundial que adota formas e procedimentos derivados combinados bem como outras formas de organiza o do processo de trabalho que impactam diretamente na diminui o do operariado industrial tradicional na expropria o de milh es de camponeses no aumento crescente da legi o de desempregados na profunda redefini o do mercado de trabalho o capital em n vel internacional se prop em a sufocar a resist ncia dos camponeses das comunidades nativas ind genas pescadores atingidos por barragens oper rios urbanos e rurais desempregados subempregados para implementar a expropria o e sujei o dos camponeses sendo que ao recri lo subordina os com mais intensidade IDEM p 136 As consequ ncias s o a intensifica o
138. derna apoiados no aparato racional que se reproduziram na teoria do conhecimento Analisando os argumentos da escola humanista cuja preocupa o est na consci ncia e no sentido os escritos de Husserl exerceram intensa influ ncia na forma o daquela escola constata que toda consci ncia visa um objeto para a consci ncia a fenomenologia ultrapassa simultaneamente o realismo e o idealismo Ela ultrapassa o idealismo na medida em que toda consci ncia visa a um objeto transcendente isto exterior a ela ultrapassa o realismo na medida em que toda significa o remete a uma consci ncia transcendental doadora de sentido VERGEZ amp HUISMAN apud SPOSITO 2004 p 37 Desta forma a cr tica que se faz aos pressupostos da escola fenomenol gica se destaca das demais perspectivas j que autonomiza certas no es e conceitos Para a escola fenomenol gica os objetos s o tomados a partir do esp rito consciente embora jamais sobre objetos materializados concretos N o h preocupa o em refletir numa escala que leve em conta a totalidade da realidade o movimento considerando o concreto pensado a unidade no diverso como quer a dial tico colocado acento nos n veis de consci ncia que os indiv duos e no m ximo grupos constroem em rela o aos objetos Corr a da Silva 1986 foi um dos pioneiros a revelar os tra os da escola aqui no Brasil Podemos distinguir na fenomenologia dois tra os fundame
139. do 114 indagados se houve alguma ajuda do Estado no financiamento de infraestrutura s respostas s o negativas At hoje n o tem benef cio de nada n o por que agente n o tem uma ajuda de nada Aqui agente trabalha por conta Pra construir pr dio todo o mantimento tudo por nossa conta e n s n o tem uma ajuda de governo nem de prefeito nem de nada N s n o tem um tijolo e tudo foi botado aqui por nossa conta Bia Presidente da associa o de trabalhadores de Aroeiras 2012 As declara es delimitam claramente a a o e o controle que o Estado capitalista exerce junto aos trabalhadores do campo Assim as formas de organiza o pol tica e econ mica inclusive ideol gica passam a ser relevantes no conjunto do ordenamento territorial pesquisado desde que constru das coletivamente pelo conjunto de trabalhadores do campo e das cidades Noosa pesquisa avan ou sobre a organiza o dos trabalhadores e observamos que parte das conquistas e da luta dos trabalhadores em algumas comunidades rurais encontra nas associa es de trabalhadores rurais a express o das a es coletivas e de resist ncia frente ao dom nio do capital e aos interesses de classe engendrados pelo Estado At no projeto que tem agora pra sair de duas passagens molhadas eu j fui em Jo o Pessoa e outra em Campina Grande e consegui um recurso em projeto de R 126 000 00 pra construir essas duas passagens molhadas Eu j abri a conta e to esperando s
140. do sujeito e complementar Conforme nos lembra Andrade 1980 No Nordeste o elemento que marca mais sensivelmente a paisagem e mais preocupa o homem o clima atrav s do regime pluvial e exteriorizado pela vegeta o natural Da distinguir se desde o tempo colonial a Zona da Mata com o seu clima quente e mido e duas esta es bem definidas uma chuvosa e outra seca do Sert o tamb m quente por m seco e n o s seco como sujeito desde a poca colonial a secas peri dicas que matam a vegeta o destro a os animais e for am os homens migra o Da dessa diversidade clim tica surgiria a dualidade consagrada pelos nordestinos e expressa no per odo colonial em dois sistemas de explora o agr ria diversos que se complementam economicamente mas que pol tica e socialmente se contrap em o Nordeste da cana de a car e o Nordeste do gado IDEM p 13 Ap s o per odo colonial e durante a breve fase imperial as crises do escravismo e do sistema plantation refor aram o padr o desigual de apropria o e desenvolvimento do espa o agr cola e da estrutura de terras ampliados na forma o do mercado de terras No entanto a legaliza o da compra e da venda de terras somente foi permitida com a promulga o da Lei de Terras em 1850 que impediu que o conjunto mais amplo de trabalhadores livres do campo tivesse o acesso s fra es de terra De forma sint tica ap s a co
141. do Estado capitalista e do Capital desenvolvendo as lutas no espa o do campo e das cidades As a es s o variadas desde a es de ocupa es de terra at a resist ncia aos Sindicatos de Trabalhadores Rurais STR sem qualquer legitimidade e representa o Os poderosos s o aqueles que det m os meios de produ o as grandes fazendas privadas capitalistas e que s o apoiados pelo Estado burgu s Numericamente reduzido os capitalistas se beneficiam pela facilidade em se unir al m do poder pol tico e econ mico reproduzido nos processos de domina o Somente coletivamente os trabalhadores conquistar o o poder e lutar o contra os interesses da classe e do Estado burgu s A constru o de espa os de resist ncia do trabalho perpassa pela forma o da consci ncia ideol gica do trabalho e das Associa es de Trabalhadores Rurais espa os potenciais de organiza o da luta de classes no campo seja atrav s de a es coletivas de organiza o do trabalho ou ainda nos espa os de representa o da categoria como os Sindicatos de Trabalhadores Rurais STR A declara o abaixo ilumina o sentido e o pertencimento de classe entre os trabalhadores do campo falta de conhecimento falta de organiza o de forma o O cara tem que conhecer que ele eu acredito muito que era melhor quando o menor passe a acreditar no menor E quando o pobre acreditar nisso O pequeno acreditar no pequeno n N o ficar esperando que douto
142. do alho por n o apresentarem terra com frente para o rio E de Curral que saem periodicamente levas de migrantes em dire o ao Rio de Janeiro Eles retornam para o plantio do alho e partem novamente caso os resultados obtidos na safra sejam negativos MARQUES 1994 p 98 de cercas muitas das quais subsidiadas pelo Estado impedem o acesso livre por parte dos pequenos produtores j que seus s tios e lotes n o s o conformados de frente para o rio No limite a exiguidade na posse da terra determina os limites no desenvolvimento da cultura principal ou seja aquela produtora de parte da renda o que inviabiliza outras atividades 56 Os momentos hist ricos de realiza o do trabalho pelo homem impuseram ao trabalhador do campo muito antes que aquele da cidade uma infinidade de especificidades especialidades e divis es desde a divis o campo cidade passando pela divis o familiar do trabalho at especializa es de car ter territorial Vale lembrar que o desenvolvimento da sociabilidade do trabalho com base na divis o do trabalho tornou se aut nomo em rela o atividade humana e passou de condi o determinante nos processos de trabalho e de produ o De modo t o marcante como o trabalho esse planejamento mental que antecede o trabalho tenha sido no inicio apenas coleta e aplica o de experi ncias assim como que no curso do aperfei oamento do processo laborativo esse pensar que precede a
143. e Pianc COMO EN A LE AE E E AEE aU CN a E E SS e E 88 3 2 O Espa o da Sede Municipal de Santana dos Garrotes Hist ria e Organiza o saiun pita E DL DR UE a id A 95 3 3 Terra Propriedade e Estrutura Fundi ria Municipal 108 4 TRABALHADORES DO CAMPO E SUAS ASSOCIA ES ESPA OS DE RESIST NCIA niaan a Sa 128 4 1Condi es de Vida e de Trabalho no Espa o Agr rio de Santana dos Ta A o OR PDR AROS DURNO EE DRRAD E EE AAE AE DIRIA ER BRENO DEDE E A 132 4 2 O Come o da Hist ria As Associa es de Trabalhadores Rurais Como Poss veis Espa os de Resist ncia nessa 169 5 CONCLUS ES ro harenean enn aaaea manira maaien a NEEE e AEE ais EEEa EEEE EEEE 179 6 REFER NCIAS so masiaosntagoiasinadadarbdega dano inata cavado nd dano assada d andas avi Posadas 182 AP NDICES asneira ncia anal 190 ANEXOS J osmasmassionisasicocisasisociianis aci corinadi oo sinadis asi onda asdar essani asia aci osainani assina auatad 196 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Evolu o da Popula o em Santana dos Garrotes 96 TABELA 2 Amostra dos Sujeitos Pesquisados 110 TABELA 3 Evolu o da Malha Fundi ria Municipal ll 115 TABELA 4 Evolu o da Condi o dos Produtores 117 TABELA 5 Quadro S cio demogr fico dos Trabalhadores do Campo TABELA 6 Registro de Aparelhos eletroeletr nicos do Campo
144. e da import ncia dos vales bacias e afluentes de rios Andrade 1980 p 62 destaca que o sert o paraibano fora invadido e semeado de sesmarias que ocuparam fra es do territ rio paraibano desde o alto curso do Rio Piranhas at a bacia do Rio do Peixe pr ximos da ent o cidade de Souza esta ltima localizada jusante do a ude Coremas m e d gua A forma o s cio espacial do sert o ficou por conta das distintas rela es de produ o e de trabalho quando comparado a outras regi es do Brasil e do Nordeste No sert o semi rido nordestino as rela es foram reproduzidas historicamente apoiadas por certas especificidades econ micas tas como uma estrutura agr ria cuja sujei o entre diferentes sistemas produtivos demarcou os limites do desenvolvimento social e econ mico desde o per odo colonial at os dias atuais Andrade IDEM A produ o de animais extensivamente concentrou a estrutura agr ria pleiteada pelos homens das Casas da Torre que com o recebimento das capacidade segundo levantamento e monitoramento da Ag ncia Executiva de Gest o das Aguas do Estado da Para ba AESA PB Atlas Escolar da Para ba editado pela Grafset sob coordena o de Rodriguez 2002 combinado ao Atlas de Geografia Agr ria da Para ba coordenado pela professora de geografia da UFPB Dr Emilia Moreira 1997 89 sesmarias resultou na realiza o plena do projeto de domina o colonizador conforme
145. e a noite Hoje o menino passa 12 anos na escola e n o sabe nem ler nem escrever Ant nio Passos Maracuj 2011 A refer ncia do ensino antigo revela um estudo apesar de particular de turno integral vinculado aos momentos de trabalho O interesse de classe reproduzido no espa o escolar em fun o da qualidade e dos indicadores de 138 ensino da escola p blica em rela o aos col gios particulares o que denota um sistema educacional que distingue escola para trabalhador de escola para formar os quadros t cnicos do Estado burgu s Novos estudos devem ser realizados para a tem tica da educa o do campo que longe de esgotar apenas esbo amos j que n o foi nosso objetivo Quanto ao quadro amplo das condi es de sa de e moradia dos trabalhadores do campo camponeses e sem terra a realidade preocupante em virtude da incid ncia de doen as cr nicas Estruturalmente s o moradias que possuem 5 a 6 c modos em m dia de alvenaria de tijolo telha simples piso cimentado contando com energia el trica banheiro no interior da casa fossa s ptica e gua encanada que atrav s de motor bomba transportada de cisterna para caixa de gua no interior da resid ncia O n mero de membros nas fam lias de predominantemente 3 a 5 pessoas embora tenhamos observado estabelecimentos com casais morando em casas de taipa A aus ncia de pol tica de urbaniza o e estrutura de moradias no munic pio foi observada no espa o da sed
146. e atua o pol tica raz o pela qual fizemos a op o em entender e estudar a import ncia das organiza es do trabalho tais como s o as Associa es de Trabalhadores Rurais O recorte espacial a escala do munic pio agr cola de Santana dos Garrotes localizado no Vale do Pianc Sert o do Estado da Para ba permitiu que o desenvolvimento do projeto levasse em conta a organiza o e as contradi es entre o espa o urbano e o agr rio Ap s breve aproxima o bibliogr fica realizamos uma explora o no espa o do campo e das cidades e podemos entender parcialmente a organiza o dos trabalhadores rurais sem terra e camponeses Os lampejos de an lise tiveram como caminhos metodol gicos a constru o de formul rio e roteiro de entrevista semiestruturado combinado s conversas informais Nossa amostra inicial contou com aproximadamente 20 do total de produtores de arroz vermelho no munic pio de Santana dos Garrotes muito embora nosso estudo n o tenha se preocupado com exatid o estat stica Enquanto categorias explicativas o desenvolvimento desigual do espa o agr rio pelas diferentes forma es sociais e econ micas permitiu que re coloc ssemos as contradi es reproduzidas nos mundos do trabalho Seguimos adiante procurando aproximar o leitor da hist ria da constitui o do munic pio de Santana dos Garrotes das comunidades rurais e s tios estudados para ent o de forma aproximativa analisarmos os espa os das Associa
147. e da resist ncia pol tica no interior das Associa es de Trabalhadores Rurais Por outro lado a forma o de grupos coletivos de produtores uma das exig ncias que o Banco do Nordeste do Brasil BNB faz Para garantir o financiamento na constru o de galp es para a cria o de galinhas avi rio e uma s rie de investimentos como a constru o de po os artesianos e aquisi o de silos os trabalhadores se unem na luta para a consecu o dos objetivos do projeto Passados alguns meses ap s o acesso aos recursos oficiais os problemas come aram a surgir permanecendo apenas duas fam lias de um grupo de mais de dez envolvidas em um dos projetos na comunidade de Maracuj A fala do trabalhador do S tio Maracuj alusiva em rela o falta de condi es de trabalho que enfrenta o conjunto dos trabalhadores do campo de Santana dos Garrotes 153 N o n o n o Isso aqui aquela hist ria que eu contei isso aqui daquele conv nio que fizemos do projeto como eu j disse no BNB A saiu uma reforma pra a e existia esse outro po o aqui mas a gua dele n o saia e com a minha experi ncia e n s do grupinho que tava trabalhando agente viu que a gua vinha mais desse lado Ent o vamos fazer assim e afastar um metro cavar desse lado a Raimundo Isidro Maracuj 2011 A avalia o que os trabalhadores fazem dos projetos de empr stimos para viabilizar de forma geral negativa em virtude das exig ncias da
148. e de maior interesse KAUTSKY 1986 p 7 Altera es nas rela es entre os pa ses europeus redefiniram rela es coloniais rebatendo em mudan as na composi o e organiza o social bem Compreendemos por categoria elemento que est em constante movimento na hist ria Juntamente com a contradi o formam a tr ade dial tica a totalidade e o movimento Neste sentido a sociedade moderna reproduz na totalidade tr s formas de ser distintos embora em unidade diversa inorg nico org nico e o ser social Segundo Marx categorias s o formas do ser determina es da exist ncia Luk cs 2010 p 78 33 como na forma o pertencimento e identidade das categorias sociais internamente A crise agr ria que se abateu sobre alguns pa ses na Europa reproduziu se desigualmente nas col nias no esteio de processos cont nuos de acumula o primitiva e de forma mais intensa em pa ses que o desenvolvimento das for as produtivas assim o permitia O avan o do capitalismo na agricultura ao separar os trabalhadores do principal meio de produ o a terra reproduziu o descompasso entre as possibilidades de desenvolvimento das for as produtivas e as rela es de produ o o que explica parte da presen a de diferentes forma es econ micas e sociais no interior dos pa ses e entre diferentes regi es e pa ses Dai que para explicar a perman ncia social de um conjunto de trabalhadores camponeses no campo e
149. e e reduzido de chuvas do sert o enquanto a capacidade de armazenamento das guas subterr neas apresenta m dio a fraco desempenho variando entre 0 2 x 10M3 Km2 ano a 0 7 x 10M3 KmZ2 ano Embora a capacidade de ac mulo subterr neo de gua n o seja plenamente desenvolvida h relatos de experi ncias exitosas na instala o da barragem subterr nea como estrat gia de garantia de gua para uso diverso na comunidade de Pereiros Isto demonstra que mesmo diante de uma situa o de sa da bastante adversa para pr tica agr colas dependentes de gua atrav s do trabalho isto pode ser superado desde que haja acesso terra Quanto combina o da geologia dos diferentes s tios com a capacidade da rede de aqu feros predomina solos granodioritos grosseiros fino de cor cinza r seo com a presen a de quartzo e um sistema de aqu feros com reduzida import ncia descont nuo e restrito a zonas fraturadas O relevo acidentado pouco favor vel ao armazenamento de gua em rea de rochas cristalinas expostas s fraturas e intemperismos conforme Figura 6 da p gina 125 que destaca o pont o na comunidade P de serra Quanto vulnerabilidade do aqu fero degrada o e polui o a rede de riachos e rios tempor rios apresenta uma condi o alta negligenci vel conforme mapa hidrogeol gico em anexo IBGE 2006 A vulnerabilidade degrada o ampliada devida retirada de parte da mata ciliar com o aproveita
150. e empresas de grupos de fam lias produtoras de a car e de lcool no Nordeste A abertura do mercado internacional de lcool s usinas do Nordeste que sem capacidade para absorver a for a de trabalho sobrante resultou na compra e aquisi o por grupos de outras regi es e pa ses Este movimento dos capitais sobre o trabalho teve na t tica da mobilidade social no espa o fato geogr fico que regula os n veis de lucro e de acumula o necess rios reprodu o ampliada do capital entre os estados do NE e entre estes e os estados no Centro Sul mas igualmente no interior dos mesmos isto entre v rios munic pios dos principais estados produtores tanto do Nordeste como do Centro Sul No Nordeste esse movimento comum entre os munic pios dos tr s principais estados produtores OLIVEIRA 2007a p 62 Assim temos clareza que n o esgotamos as possibilidades do debate acerca das formas que assume o trabalho no espa o do campo e das cidades nem tampouco temos a pretens o de esgotar o quadro complexo de renova o das contradi es em vigor no interior dos processos de trabalho e entre as diferentes classes No pr ximo item a tentativa amparada em pesquisa explorat ria e descritiva aproximar o leitor constitui o e din mica hist rica do espa o do sert o evidenciando elementos da estrutura do espa o agr rio e urbano do munic pio de Santana dos Garrotes e caracter sticas do conjunto mais amplo da paisag
151. e municipal Outro aspecto s o as condi es de transporte dos usu rios do Sistema nico de Sa de SUS at a rede hospitalar na regi o indicativo de descaso municipal com a sa de dos trabalhadores A gente n o escolhe quando vai adoecer mas deveria ter acesso transporte Daqui pra Pianc eles cobram R 100 00 pra levar Em Santana dos Garrotes n o tem atendimento Maria Aparecida Pitombeira de Dentro 2011 As doen as cr nicas t picas da senilidade observada nas comunidades rurais e s tios demonstram o predom nio de idosos nos estabelecimentos rurais O uso de medicamentos para doen as como hipertens o em 30 estabelecimentos rurais pesquisados na comunidade de Pitombeira de Dentro e Aroeiras indica que 40 13 dos sujeitos da pesquisa faz uso de medicamentos para controle da press o arterial Esta situa o se repete nas outras comunidades e s tios e pode indicar desde a automedica o at a falta de condi es de trabalho nos estabelecimentos rurais As declara es reproduzem a aus ncia de condi es de trabalho adequadas j que nas atividades produtivas o manuseio de equipamentos cortantes e perfurantes normal 139 No posto de sa de dif cil mesmo Quando o povo do s tio chega no posto o rem dio s serve para a cidade O povo da cidade vivo N s somos menos informado Quando o povo do s tio chega eles j sabem e quando pergunta eles j d o informa o errada Leonor Teresa A
152. e sa de ambulatorial e odontol gico sem contudo apresentar estrutura de sa de para tratar doen as de m dia a maior complexidade como cirurgias de alto risco doen as renais e ou card acas e doen as t picas da senilidade Em caso de usu rios que n o possam ser atendidos pela rede p blica local de sa de s o encaminhados cidade de Itaporanga Pianc Pombal Patos ou mesmo Campina Grande Estes s o encaminhados aos hospitais regionais dependendo da patologia O munic pio n o conta com transporte pr prio nem ambul ncia e o poder p blico aluga carros particulares para remo o de doentes Em pesquisa de campo podemos observar relato de pacientes que havia um hospital filantr pico no munic pio mas que por raz es pol ticas foi desativado O Servi o M dico de Urg ncia SAMU programa que funciona em parceria com a prefeitura est em implanta o cujo pr dio pr prio j se encontra constru do A equipe m dica conta com agentes de sa de que atuam em 20 micro reas incluindo as comunidades rurais 3 equipes de Programa Sa de da Fam lia PSF composta por M dico Odontologista enfermeiro e assistentes sociais J quanto ao funcionamento da assist ncia social em conversa informal junto Assistente Social servidora do munic pio a senhora Josefa Adelaide nos informou Quando indagada respeito da pol tica de assist ncia social municipal a referida t cnica nos respondeu de pronto as a es se d
153. ea plantada nesta regi o Santana dos Garrotes distante 414 quil metros de Jo o Pessoa Com boa aceita o na culin ria ita liana o produto tem po tencial para exporta o iges e pu e t cnico a Federa o da Agri Seia do Estado da Pa raiba e do Senar Servi o Nacional de Aprendizagem Rural Domingos L lis no momento em que foi realiza da no final de semana a 1 Festa do Arroz Vermelho da Para ba no Vale do Pianc O evento reuniu mais de 200 produtores e envol veu toda a regi o do Vale do Pianc especialmente os munic pios de Santa dos Garrotes Nova Olinda Pianc Itaporanga e Pedra Branca De acordo com o t c nico da Faepa as varieda des cultivadas no Vale s o Arroz Vermelho Maranh o e Arroz Vermelho Caqui Cerca de 80 da produ o consumida na pr pria re Os dados foram reve gi o enquanto o restante comercializado na Para ba e uma pequena parte en viada para outras regi es do Pa s como S o Paulo e Bra s lia Pelas avalia es de Domingos L lis h um grande potencial para exporta o visto a boa aceita o do produto es pecialmente na culin ria produ o ao de arroz vermelho consumida no pr prio Vale do Pianc Fi Ele assegurou que algumas barreiras ainda impedem os produtores de expandir a produ o e conquistar novos merca do em sua maioria a es governamentais c
154. eceber o seguro desemprego e j tem outra firma pra ele entrar O ano trasado eu fui trabalhar em constru o e fui incentivado e dizendo que era bom e quando chegou l ganhava R 35 00 dia em servi o mais pesado do que aqui Passei pouco tempo e vim simbora e a alimenta o n o era suficiente fraca e ai eu digo pra eu passar pior que l eu disse vou voltar L eu era clandestino por causa da idade e ai eu n o fichei mais se n o eu n o me aposentava Bia Presidente da Associa o de trabalhadores do sitio Aroeiras 2012 O dom nio que o capital realiza sobre o trabalho inclui a sele o de for a de trabalho em idade ativa jovens homens com pouca ou nenhuma forma o o que explica a presen a maci a de casais idosos e mulheres nos estabelecimentos estudados O relato pessoal d conta da superexplora o a 162 que se submete parte dos trabalhadores migrantes muitos em situa o de trabalho informal A literatura acerca do tema migra o e mobilidade social no espa o explicam o movimento de domina o na rela o capital trabalho inclusive recolocando o fen meno da acumula o primitiva O sentido da acumula o e do lucro do capital tem na oferta maior de for a de trabalho no espa o das cidades e mesmo na agricultura capitalista a garantia da recomposi o org nica do capital e n veis de lucro pela via do achatamento salarial e maior fragmenta o pol tica dos trabalhadores DAMIANI 2002 Adicionalmente
155. eia de A terra e o Homem no Nordeste S o Paulo Editora Ci ncias Humanas Ltda 1980 O Nordeste a reforma agr ria ainda necess ria Recife Guararapes 1981 Poder pol tico e produ o do espa o Recife Funda o Joaquim Nabuco Editora Massangana 1984 A seca e o combate aos fatores desestabilizadores da economia agr cola do Nordeste In Revista de Ci ncias Sociais e Econ micas Ra zes Campina Grande PB UFCG PPGCS ano IV N 4 5 Jan 1984 a Dez 1985 p 33 38 1985 Moderniza o e pobreza a expans o da agroind stria canavieira e seu impacto ecol gico e social S o Paulo Editora da UNESP 1994 BECKER Bertha K Reflex es sobre pol ticas de integra o nacional e desenvolvimento regional Bras lia Presid ncia da Rep blica 2000 BRASIL Minist rio de Integra o Nacional Pol tica Nacional de Desenvolvimento Regional Proposta para discuss o Bras lia SPDR SPR 2008 BRASIL Presid ncia da Rep blica Pol tica Nacional de Desenvolvimento Regional Rio de Janeiro Imprensa Nacional 2007 CARVALHO Hor cio M de A quest o agr ria e o fundamentalismo neoliberal no Brasil In Revista de Ci ncias Sociais e Econ micas Ra zes Campina Grande PB UFCG PPGCS Vol 22 N 01 Jan Jun p 100 107 2008 183 O campesinato no s culo XXI possibilidades e condicionantes do campesinato no Brasil Rio de Janeiro Vozes 2005 CORR A Roberto L Espa o um conceito chave da
156. el trica 2 7 A gua das tarefas dom sticas reaproveitada em outras atividades Quais 2 8 Quando a gua da cria o acaba a gua de uso na casa dividida com os animais Com que frequ ncia isso corre 2 9A resid ncia necessita de abastecer a gua de uso dom stico com o carro pipa Caso positivo quem paga a gua 2 10 Existe alguma forma de armazenamento de gua no interior da casa 2 11 Existe fossa na casa Se positivo fossa negra ou fossa s ptica 2 12 Houve algum financiamento para a constru o de fossa s ptica Qual 2 13 O piso da casa de terra batida cimentado ou ladrilhado 2 14 A casa disp e de forro ou s apresenta as telhas expostas 2 15 Se houver forro qual o material utilizado no mesmo Dr a dreE de 2 16 Os c modos da casa disp em de janelas Quais os c modos que n o disp em de janelas 2 17 A casa sempre teve esta estrutura Caso negativo quando e por que houve a reforma 191 2 18 Quantas pessoas vivem na casa 2 3a5 5 3 EQUIPAMENTOS ELETRO ELETR NICOS E ELETR NICOS 3 1 Quanto aos eletrodom sticos e eletr nicos existentes no domicilio marcar os itens presentes TV Telefone celular r dio Lavadora Geladeira computador impressora Joutros LL pm o o o o a pm 4 EDUCA O 4 1 Existe escola na comunidade Sim N o 4 2 Se o povoado n o tem escola para onde s o encaminhados os estudantes 4 3 Voc frequentou a escola Por que
157. em s o para o cultivo de arroz vermelho conforme a Figura 7 abaixo cujo momento de colheita indicativo da intensidade de uso da for a de trabalho A presen a da cerca no detalhe e ao fundo fortalece aquela contradi o e d o tom das contradi es presentes na produ o do espa o agr rio O sistema agr cola produtor de arroz tem nos meses de janeiro a Mar o per odo de pousio quando o gado pisoteia parte da rea a ser cultivada de arroz FIGURA 8 Trabalhadores durante refei o na comunidade Serra Branca Fonte pesquisa de campo 2011 Org Jackson V Souto As falas denotam que a partir de abril at os meses de junho per odo mais intenso de chuvas o solo deve est preparado e cortado para o plantio 145 das sementes que germinar o e ser o colhidas no final do ano O pre o do quilo de arroz vermelho j sem a polpa despolpado vendido ao atravessador quase sempre pequeno comerciante local ao pre o de 1 5R Kg chegando a R 90 00 o pre o final da saca de 60 quilos Uma das t ticas empregada pelos trabalhadores na comunidade de Gravat n o despolpar o arroz e armazenar a produ o de arroz para garantir o pre o m nimo no momento da comercializa o o que depende do alcance do trabalho organizativo realizado nas associa es Por diversas raz es dentre elas a dispers o geogr fica falta de estrutura f sica de forma o produtiva e econ mica al m da unidade pol tica a maior parte dos trabal
158. em e da sede municipal Nossa inten o descritiva e de forma breve procurou relacionar a influencia que exerce os fatores geogr ficos hidrografia relevo clima geologia na conforma o estrutural de diferentes paisagens bem como na organiza o dos sistemas agr rios e agr colas 82 APROXIMA ES AO ESPA O E CONTEXTO DO SEMI RIDO PARAIBANO Nesta etapa do trabalho nos valeremos da descri o e observa o de fragmentos do espa o urbano relativo sede do munic pio de Santana dos Garrotes bem como do m todo explorat rio e da coleta de dados levantados nas mais distintas institui es tais como Biblioteca P blica Municipal de Santana dos Garrotes Adalgisa B Palitot da Universidade Federal da Para ba UFPB do Instituto Hist rico e Geogr fico da Para ba IHGB PB institui es p blicas e privadas como Empresa Estadual de Pesquisa Agropecu ria do Estado da Para ba EMEPA Empresa de Assist ncia T cnica e Rural da Para ba EMATER Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria INCRA Instituto de Terras e Planejamento Agr cola da Para ba INTERPA jornais e revistas na tem tica bem como s tios visitados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica doravante IBGE A tentativa ao realizar a pesquisa documental e bibliogr fica nos aproximarmos da pesquisa explorat ria Esta ltima foi iniciada em Outubro de 2009 com nossa ida a campo e continuada entre os meses de Janeiro a A
159. en o da composi o org nica do capital a realiza o de fluxos e movimentos mais intensos do trabalho mercadoria entre os espa os campo campo e ou campo cidade Dentre estes movimentos o n mero de trabalhadores migrantes de Santana dos Garrotes para S o Paulo Bras lia e Minas Gerais evolui conforme a organiza o dos trabalhadores e a luta de classes Quando indagamos quais os destinos e raz es para o deslocamento dos trabalhadores a fala denota a migra o como destino Pronto no per odo que esse ano que uma seca grande dessa o pessoal mais novo v o tudo se embora e passa um ano ou seis meses e quando melhora eles voltam E por que aqui n o d pra sobreviver N o tem um emprego e ai n o tem condi o Aqui mesmo no m s de dezembro por diante onde t mais o per odo do inverno e onde a gente precisa mais deles e eles n o t o pra trabalhar com a gente As vezes os pais de fam lias ficam s E S o Paulo Bras lia Rio e outros v o pro interior de S o Paulo v o pro corte de cana Como eu mesmo eu j fui Em 2007 eu passei o ano l que aqui a situa o tava ruim ai eu fui obrigado e passei um ano no corte de cana E bom porque voc fica bem atualizado Agora o problema l nesse corte de cana eu n o achei suficiente pra mim E um servi o muito pesado e muito arriscado tamb m Meus filhos ficaram e tem um mais velho em S o Paulo que ele trabalha em f brica l Agora que ele at foi mandado e ta esperando r
160. entar onde esta sobra vendida 8 3 5 Essas culturas t m financiamento banc rio ou de outra natureza 8 3 6 Quais as culturas comerciais desenvolvidas na propriedade 8 3 7 Qual a quantidade produzida de cada uma delas 8 3 8 Essas culturas comerciais s o vendidas onde 8 3 9 Essas culturas t m financiamento banc rio ou de outra natureza 8 3 10 H reserva de mata na propriedade Se existente quantos hectares de terra 9 RECURSOS H DRICOS 9 1 Quais os recursos h dricos existentes na propriedade Rio perene ou tempor rio Riacho perene ou tempor rio Cacimb o Cisterna de placas Po o Individual Po o coletivo Barragem subterr nea 9 2 H irriga o em seu s tio Se existente qual o tipo de irriga o gotejamento micro aspers o gravidade 9 3A gua irrigada bombeada do po o ou do rio 9 4 Seu s tio recebe gua de alguma barragem a ude que alimenta os rios Sim N o 9 5 Se o uso da gua controlado tal controle exercido pelo poder p blico ou pela iniciativa privada 9 6 A gua suficiente para as tarefas na propriedade Sim N o Explique por qu 9 7 Como o senhor economiza gua 9 8 Na sua opini o o ambiente natural onde est situada a sua propriedade tem mudado ao longo do tempo 195 9 9 Do seu ponto de vista se ocorreram mudan as na natureza quais os motivos de tais mudan as 9 10 Na sua opini o quem o respo
161. ento fundamental da dial tica procura sair desse embara o explicando o conceito geral n o por uma ess ncia morta desprovida de diferen as mas por uma ess ncia viva que distingue no seu interior as coisas concretas e as faz nascer no curso de seu desenvolvimento SPOSITO 2004 p 63 Enquanto ess ncia viva que nos ajuda a compreender o movimento concreto dos fatos e coisas dentre elas o trabalho que entendemos o espa o geogr fico Categoria central e principal o espa o quando apropriado pelo trabalho e compreendido em movimento pode evidenciar a ess ncia para al m da superficialidade dos fen menos N o queremos com isso dizer que o espa o aut nomo ou que superior mas que nos ajuda a desvelar a ess ncia no interior das media es e das apar ncias em movimento na sociedade Temos clareza dos limites em nossa tentativa de limpar o terreno do m todo Nossa pretens o n o foi esgotar o assunto e aproximar o leitor de categorias essenciais ao conhecimento geogr fico Tentamos responder a dupla pergunta por que e para que realizar a pesquisa Imbricado ao m todo te rico est o m todo de exposi o ou metodologia cient fica como comumente reconhecida cuja finalidade disponibilizar e orientar o ferramental pr tico disposi o do pesquisador no tratamento dos achados de pesquisa A Pergunta que nos parece essencial neste momento como a pesquisa ser realizada Que t cnicas utilizarmo
162. ento territorial Simultaneamente aos momentos de expropria o subordina o fragmenta o domina o e sujei o do trabalho pelo capital e como resultado destes processos o capital engendra contraditoriamente seu movimento de nega o Conforme o autor observa consequente ter a totalidade como pressuposto observando a estrutura agr ria e o movimento real dos sujeitos na estrutura social e econ mica mais ampla suas contradi es pol ticas inclusive as possibilidades de luta de classes Desta maneira H no campo e na cidade a materializa o das mais variadas combina es entre expropria o subordina o sujei o e domina o do trabalho pelo capital e pelo Estado O exerc cio do controle social do capital e do Estado sobre o trabalho que se assenta na polemica que gira em torno das dificuldades de entendimento das sobreposi es e da plasticidade rompida entre as diferentes formas de externaliza o do trabalho A riqueza de sentidos e as media es s o desconsideradas quando se fragmenta a compreens o do trabalho radicada na seara da especificidade das reivindica es e n o na estrutura societ ria que de fato pode nos oferecer a compreens o j no mbito dos significados e do pertencimento de classe THOMAZ JR 2004 p 72 77 A riqueza de sentidos que assume a externaliza o das formas de trabalho tem na mobilidade espacial uma das express es da fragmenta o exercida pelo ca
163. eologia do cara da pessoa Nelito Pereiros 2012 Nossa an lise pretende refletir acerca das possibilidades e dos limites para o desenvolvimento da quest o pol tica no campo expressos na produ o social de espa os de resist ncia de luta e na organiza o da classe trabalhadora FABRINI 2003 Compreendemos que a luta por emancipa o humana perpassa por a es individuais e coletivas com as associa es de trabalhadores potencializando o combate frente ideologia burguesa 128 TRABALHADORES DO CAMPO E SUAS ASSOCIA ES ESPA OS DE RESIST NCIA Ao observar a organiza o no espa o das comunidades rurais e distrito das associa es de trabalhadores rurais compreendemos que a constru o de a es sociais t ticas e estrat gias de resist ncia dos trabalhadores do campo sofrem um complexo sistema de determina es hist ricas pol tico econ mica ideol gica sociais dentre outras como tentamos demonstrar anteriormente Dentre as comunidades rurais e distrito estudados foi preciso destacar o desenvolvimento de Pitombeira de Dentro Este distrito ao se tornar p lo de atra o re ordenou no conjunto do espa o do munic pio for as pol ticas econ micas e sociais Apesar de maior dinamismo quando comparado a outras comunidades rurais o desenvolvimento s cio espacial n o esteve relacionado maior concentra o de servi os e com rcios t pico de p los urbanos locais como as cidades de Pianc e reg
164. equ ncia imediata a solu o da pobreza e da mis ria seja na tica econ mica social ou pol tica que prolifera entre os pequenos produtores Toda a gama tecnol gica e organizacional da reestrutura o da propriedade produtiva familiar antes ou ainda restrita comercializa o dos excedentes em propriedade produtiva capitalista vem acompanhada das grandes contradi es entre o capital e o trabalho entre fornecedores da for a de trabalho e detentores da produ o CARVALHO 2005 p 209 As consequ ncias s o sentidas nos dias atuais com a reestrutura o produtiva assumindo a dianteira nas atividades e nas mudan as e transforma es em curso no campo No limite o desemprego estrutural reflete a crise estrutural por que passa o capital que reproduz em todos os sentidos a barb rie social desde o in cio dos anos sessenta ligada a uma libera o excessiva de popula o rural Eram milhares de pequenos camponeses que expulsos do campo n o conseguiam encontrar trabalho produtivo nas cidades Da os crescentes ndices de migra es de subemprego para n o falar na mendic ncia prostitui o e criminalidade das metr poles brasileiras GRAZIANO DA SILVA 1996 p 12 45 Neste sentido cabe uma s rie de indaga es quais os limites te ricos do conhecimento geogr fico na compreens o hist rica do seres sociais e suas rela es com os seres inorg nicos e org nicos consequente considerar s
165. erra Serra Branca Maracuj Pereiros e Aroeiras Retornando para a sede municipal podemos seguir no sentido Sul em dire o cidade de Nova Olinda quando localizamos a aproximadamente 3 Kms de estrada de barro o entroncamento que d acesso comunidade de Pitombeira de Dentro Nossa orienta o no espa o foi feita e re feita in meras vezes e em diversos momentos seja na fase explorat ria de pesquisa seja nos momentos de realiza o das entrevistas semiestruturadas Se considerarmos que a estrutura fundi ria o regime de propriedade predominante e as rela es de trabalho com o capital determinam as condi es locais de reprodu o social dos trabalhadores do campo e que estas condi es entram em contradi o com as diversas express es do capital passa a ser relevante o levantamento do n mero de pequenas m dias e grandes propriedades rurais no espa o agr rio de Santana dos Garrotes O desenvolvimento hist rico e as condi es de reprodu o na estrutura da terra no sert o paraibano est o inseridos no quadro mais amplo de desigualdade entre distintos regimes e sistemas agr rios e de terras originalmente partilhado no momento colonial como j observado anteriormente Assim a Tabela 3 abaixo demonstra o quadro mais amplo da estrutura fundi ria municipal Tabela 3 Evolu o da Malha Fundi ria Segundo os Im veis Rurais do Munic pio de Santana dos Garrotes Munic pio Total At 100 101 a 999 lt 1000 19
166. ervar que o resultado das diferentes intera es entre o ser social do trabalhador sertanejo com a natureza inorg nico org nica o que funda toda pr xis humana Assim o complexo de problemas na coexist ncia e diferencia o dos tr s grandes tipos de seres inorg nico org nico e social o fundamento de todo ser social do trabalho O aprofundamento da divis o do trabalho no campo ao se fixar na ess ncia do ser social fez distinguir na hist ria o desenvolvimento social daqueles seres inorg nico e org nico ent o presentes no sistema evolutivo da competi o biol gica na natureza Luk cs 1978 p 4 importante destacar que ao avan ar a sociabilidade do ser social ocorreu uma diferencia o evolutiva em virtude do potencial do por teleol gico ou seja o ser social distingue se de outros seres em virtude da capacidade consciente de planejar o resultado do processo de trabalho O concreto pensado resultado dos processos metab licos do trabalho funde no ser social uma serie din mica de transforma es As rela es sociedade natureza s o historicamente transformadas A g nese do trabalho permitiu uma constitui o genuinamente nova do ser e de modos de ser distintos A situa o muito diferente nas rela es rec procas do ser social com a natureza org nica Estas podem ser adaptadas s necessidades da exist ncia do ser social este ltimo pode trazer um ambiente totalmente novo para aquela e com is
167. es de Trabalhadores Rurais enquanto territ rios produtores de luta e de resist ncia do Trabalho frente ao Capital e ao Estado capitalista Ap s aplicarmos 69 formul rios em estabelecimentos rurais entrevistamos 9 presidentes de Associa es quando ent o tentamos nos amparar teoricamente O dialogo realidade teoria realidade exigiu de n s a capacidade de construir pontes entre a geografia agr ria e do trabalho com outras ci ncias sociais No es como metabolismo social foram associadas a conceitos tais como o de sistema agr cola e espa o agr rio explicativos do mundo do trabalho migrante no espa o do campo Nossa breve reflex o saiu em defesa das Associa es de Trabalhadores Rurais desde que constitu das pelos trabalhadores enquanto espa os produzidos pelo trabalho capazes de na luta fazer frente ao dom nio do Capital e controle do Estado Capitalista Palavra chave trabalho migrante resist ncia espa o agr rio luta de classes ABSTRACT Why would we study the work in the field Our commitment is associated with our membership and political action which is why we chose to understand and study the importance of work organizations such as the Rural Workers Associations The spatial area the scale of agricultural municipality of Santana dos Garrotes located in the Pianc Valley in the countryside of the state of Paraiba allowed the development of the project to take into account the organization and its contradic
168. escadores ind genas quilombolas assentados sitiantes moradores pequenos propriet rios e informais O mundo do trabalho sua organiza o e luta sob a ordem metab lica do capital vem sofrendo os efeitos simult neos da centraliza o concentra o superexplora o precariza o e desterritorializa o das condi es de vida e de trabalho que a reestrutura o produtiva do capital reproduz A fragmenta o na organiza o pol tica dos trabalhadores combinada a precariza o das rela es de trabalho no campo e nas cidades s o express es das transforma es que a reestrutura o introduziu Simultaneamente aos processos de acumula o ampliada e primitiva o movimento de reprodu o ampliada de capital reproduz expropria o explora o e desterritorializa o enquanto momentos de des realiza o dos trabalhadores Thomaz Jr Idem O mesmo capital que criou historicamente as condi es para a unidade entre capitalistas e propriet rios de terra com base na concentra o espacial e centraliza o de capital na agricultura com a ind stria exemplo maior as usinas de lcool combust vel e as paisagens horizontais das grandes propriedades de terra das agroind strias da carne e pecu ria nega este 50 movimento atrav s da reestrutura o produtiva a partir da segunda metade do s culo XX Varias s o as diverg ncias no entendimento acerca do avan o do capitalismo na agricultura assim como a reprodu o da situa
169. esenvolvem em tr s programas em regime de parceria entre o munic pio e a Uni o 98 Junto aos jovens e crian as est em funcionamento embora prec rio o Programa de Erradica o do Trabalho Infantil PETI conta com dois monitores capacitando jovens na forma o de futuros m sicos em banda filarm nica de flauta dentre outros cursos O Conselho Tutelar funciona em pr dio alugado pela prefeitura local tamb m em condi es prec rias sem contar com carro para deslocamento das ocorr ncias nem apoio da prefeitura Na assist ncia familiar o Programa Bolsa Fam lia conta com uma equipe de duas t cnicas tr s entrevistadores e um gestor realizando cursos de corte costura e pintura em tecidos Em processos de implanta o encontra se o Centro de Referencia em Assist ncia Social CRAS porta de entrada dos programas de assist ncia social que visa providenciar cart es de idosos benef cios eventuais como cesta b sica auxilio natalidade auxilio funeral ajuda aluguel dentre outros Segundo a t cnica a estrutura do CRAS contar com uma psic loga e uma assistente social t cnicas respons veis O que podemos observar muito embora nossa pesquisa n o tenha estes objetivos que a estrutura montada pelo poder p blico municipal para pol tica social fr gil incompleta e de car ter assistencialista servindo conforme v rias declara es como troca de moeda pol tica Em rela o s condi es sanit rias o
170. eside na forma pela qual se distribuiu a terra A superf cie do solo e seus recursos naturais constitu am naturalmente a nica riqueza da col nia Aqui uma s riqueza os recursos naturais da uma s forma de explora o a agricultura ou a pecu ria subordinadas ambas posse fundi ria PRADO JR 1969 p 16 Caracter stica da forma o s cio espacial do sert o nordestino a organiza o da estrutura fundi ria e da terra principal meio de produ o foi regida pelos interesses comerciais do mercado de a car em vigor A reprodu o do espa o da Zona da Mata especialmente no Litoral ocupado por canaviais abriu a possibilidade de que novas frentes de expans o se desenvolvessem No entanto a produ o de a car atividade econ mica relevante at os dias atuais teve sua expans o garantida somente ap s a ocupa o das terras do sert o na reprodu o de animais bois cavalos ANDRADE 1980 e MOREIRA TARGINO 1997 O avan o das atividades econ micas sobre outros espa os deu se em virtude da urg ncia que tinha os propriet rios de engenho na produ o alimentar e no fornecimento de energia necess ria ao desenvolvimento das atividades no interior do processo produtivo dos engenhos de a car instalados no Litoral O espa o agr rio do sert o da Para ba de clima quente e radia o solar praticamente o ano todo tornou se por excel ncia produtor de carne e energia fornecidos pelo rebanho bovino
171. esigualdade intra e inter regionais quando considerou que as causas da desigualdade estavam apoiadas na dimens o e na extens o continental do Brasil na diversidade de reas de coloniza o e nos n veis de desenvolvimento e de vida distintos O relat rio torna se confuso quando n o define que fatores produtivos estavam escassos As desigualdades regionais t m como causa prim ria a diversidade de recursos naturais mas resulta em realidade de um complexo de causas hist ricas Em raz o da escassa mobilidade de determinados fatores produtivos e da tend ncia acumulativa de certos processos hist ricos as desigualdades tendem a cristalizar se BRASIL S d Enquanto Jango e sua equipe colocam assento para explicar a desigualdade regional na disponibilidade de recursos naturais e na falta de infraestrutura adequada tratando a natureza como mercadoria o campo em especial no Nordeste do Brasil produz o deslocamento e a mobilidade social no espa o movimentos estes estimulados pelo Estado A expuls o de centenas de trabalhadores sem terra concentrou trabalho acumulou primitivamente o capital e separou parte do trabalho de seus meios de produ o condi o essencial para a re produ o ampliada do capital Ap s curto per odo de est mulo mobilidade do trabalho do campo em dire o s cidades o governo Tradu o nossa O Nordeste teve que obter suas mat rias primas das novas e custosas ind strias do cent
172. espa o privilegiado de a o A constitui o indiv duo comunidade raz o de ser do Estado moderno expressa parte das contradi es entre o p blico e o privado Repousa o Estado capitalista na escravid o da sociedade civil O Estado n o pode eliminar a contradi o entre a fun o e a boa vontade da administra o de um lado e os seus meios e possibilidades de outro sem eliminar a si mesmo uma vez que repousa sobre essa contradi o Ele repousa sobre a contradi o entre vida p blica e privada essa dilacera o essa inf mia essa escravid o da sociedade civil o fundamento natural em que se ap ia o Estado moderno MARX 2010 p 61 62 Na origem hist rica do Estado a reprodu o da mis ria o que explica parta da pobreza na Europa Marx ao estudar o Estado moderno realizou uma invers o ou seja demonstrou est no estudo da economia parte das explica es do quadro mais amplo de mis ria entre os trabalhadores e que os partidos pol ticos em oposi o aos governos tentaram explicar equivocadamente Assim na superf cie da quest o social o Estado reproduz contradi es devido s falhas administrativas Na medida em que a burguesia inglesa admite que o pauperismo uma responsabilidade da pol tica nenhum dos partidos encontra a causa na pol tica em geral ao contr rio cada um deles a encontra na pol tica do partido advers rio por m ambos os partidos sequer sonham com uma re
173. fico Procuramos estabelecer os momentos por n s conduzidos nos trabalhos de campo enquanto espa os de constru o de di logos sem qualquer imposi o aos sujeitos de pesquisa nem tampouco como um pesquisador que ap s seu trabalho desaparece sem disponibilizar o conhecimento da realidade estudada aos sujeitos da pesquisa H autores que denotam o trabalho de campo como essencial ao conjunto das ci ncias sociais avaliando que Essa forma de investigar al m de ser indispens vel para a pesquisa b sica nos permite articular conceitos e sistematizar a produ o de uma determinada rea de conhecimento Ela visa criar novas quest es num processo de incorpora o e supera o daquilo que j se encontra produzido CRUZ NETO 1994 p 53 Mas o que entendemos como o trabalho de aproxima o ao campo Iniciamos nossa pesquisa com o uso da observa o na sede municipal como forma de aproxima o dos sujeitos e avan amos atrav s do estudo explorat rio de campo na escala municipal Entender a realidade social especialmente no campo e dos trabalhadores exigiu de n s variados 29 instrumentos desde levantamento bibliogr fico e documental passando pelo desenvolvimento de formul rios e entrevistas semiestruturadas at a defini o de amostras para a coleta de dados Segundo o autor este trabalho inicial do pesquisador tem como fim principal desenvolver esclarecer e modificar conceitos e id ias tendo em vista a formula
174. forma da sociedade Antes de mais nada o assustador aumento do pauperismo atribu do a uma falha de administra o MARX 2010 p 52 Na segunda metade do s culo XX a a o do Estado no Brasil ao viabilizar a moderniza o pecu ria no Nordeste assumiu historicamente a forma de programas de racionaliza o econ mica e maior produtividade e rendimentos agr cola A crise estrutural do capital e a emerg ncia do Estado para salvaguardar setores produtivos inteiros s o constantemente resgatado no discurso do combate s secas parte dos projetos e planos de mitiga o da pobreza Ao desconsiderar a desigual estrutura agr ria econ mica e social entre e no interior das regi es a a o do Estado naturalizou as quest es agr ria e social Andrade 1981 1985 Dentre as condi es para funcionamento do aparato ideol gico do Estado capitalista a emerg ncia em fazer o trabalhador assumir como suas subjetividades e ideais tais como individualidade autonomia poder de decis o capacidade de improviso e sentimento de independ ncia Assim constitu do o trabalhador vaqueiro do sert o tornou se sujeito desconfiado Marques 1994 p 45 A evolu o da ocupa o extensiva da moderniza o da pecu ria e da organiza o do espa o do sert o da Para ba reproduziu mudan as no modo de vida do trabalhador campon s e nas rela es de trabalho e de produ o em vigor no espa o do campo Segundo a autora a partir da seg
175. forme os autores como prolongamento da fachada da casa uma cerca separando a parte mais importante da propriedade do mundo exterior da via p blica para al m da qual existem apenas as mangas de solto que pouco a pouco entretanto v o deixando de ter este car ter pelo seu progressivo cercamento GRABOIS MARQUES e SILVA 1991 p 82 As cercas foram observadas n o s no ordenamento territorial mas sobretudo para isolar reas de cultivo e ro ado daquelas do rebanho Mesmo naqueles estabelecimentos cujas fra es de terra resultam da partilha de fra es de terra entre parentes e familiares h a reprodu o de cercas Ainda na conforma o da paisagem a morfologia agr ria ora apresenta moradias dispersas e organizadas de acordo com a disponibilidade de gua terras f rteis no fundo de vales como observamos nas comunidades de Pedra Branca e Pereiros Nestes casos a localiza o de vertentes mais suaves encontra nas estradas e na presen a de inselbergs parte dos limites Constatou se a coexist ncia de 3 sistemas agr colas a pecu ria extensiva a ro a de arroz vermelho e o cons rcio das leguminosas e cereais milho feij o Os espa os dos fundos de vales reconhecidos por baixios s o aproveitados pelo ro ado principal de arroz vermelho que divide fra es de terra usadas pela cria o junto s reas de margem e in cio dos interfl vios O predom nio daquele ltimo evidenciado nas declara es A l
176. geografia In CASTRO In s E et al Org Geografia conceitos e temas Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1995 DAMIANI Am lia Luisa Popula o e geografia S o Paulo Contexto 2002 FERNANDES Florestan Capitalismo dependente e classes sociais na Am rica Latina S o Paulo Global 2009 FOSTER John Bellamy A ecologia de Marx materialismo e natureza Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2005 GARCIA JR Afr nio R Terra de Trabalho Rio de Janeiro Paz e Terra 1983 sociologia rural no Brasil entre escravos do passado e parceiros do futuro Revista Estudos Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro UFRRJ Programa de P s Gradua o em Ci ncias Sociais UFRRJ N 19 p 40 71 outubro 2002 GRABOIS Jos AGUIAR Maria de Jesus N A cultura do fumo arom tico no Semi rido da Para ba e Rio Grande do Norte Revista de Ci ncias Sociais e Econ micas RA ZES Campina Grande PB Mestrado em Economia e Mestrado em Sociologia da Universidade Federal da Para ba UFPB V 2 n 2 3 Jan Dez 1983 GRABOIS Jos coord MARQUES Maria Inez Medeiros SILVA Jos da S A organiza o do espa o no baixo vale do Tapero uma ocupa o extensiva em mudan a Revista Brasileira de Geografia Rio de Janeiro 53 4 p 81 114 Out dez 1991 GRABOIS Jos SILVA Mauro Jos da MACIEL Caio Augusto A Reordena o espacial e evolu o da economia agr ria o caso das terras altas 184 da tra
177. grupos de estudos estes no espa o da Universidade Federal de Pernambuco UFPE O Laborat rio de Estudo sobre o Espa o Cultura e Pol tica LECGeo as ricas trocas na leitura de textos e nas observa es pertinentes sob coordena o dos professores Caio e Cl udio ou simplesmente Bira A caminhada de leituras junto ao grupo da quest o dos pretos e quilombos sob coordena o da Professora Marie Christine Dabat Este ltimo apesar da curta passagem tornou claro em minha forma o a escala que assume a categoria da totalidade na teoria cr tica marxiana professora Maria Beatriz Pontes que apesar das nossas diferen as legou em minha forma o a import ncia da pesquisa na transforma o da realidade Por ltimo s irm s queridas J Vital e Fernanda In memorian Ao meu pai ex campon s que me ensinou a for a do sil ncio Mais do que falar o aprendizado do ouvir escutar observar campon s Minha m e exemplo de dignidade e for a para continuar o desafio do viver Em especial minha companheira de ciclo e de jornadas Josimery Ser mulher que orienta meu olhar instinto e desejos companheira de lutas e conquistas SOUTO Jackson Vital Resist ncia e Trabalho no Campo no Munic pio de Santana dos Garrotes PB 2012 197f Disserta o de Mestrado em Geografia Recife Universidade Federal de Pernambuco 2012 RESUMO Por que estudar o trabalho no campo Nosso compromisso est associado com nossa milit ncia
178. hadores e pequenos produtores n o avan aram na organiza o da comercializa o apesar da consci ncia da import ncia que tem a venda direta e coletiva dos produtos para a manuten o das condi es de re produ o social e da vida Quando indagamos o processo produtivo s falas denotam simultaneamente necessidade de coletiviza o do trabalho a organiza o o momento pol tico e econ mico perpassado por processos de domina o de classe A propriedade dos meios de produ o e instrumentos de trabalho regulam rela es de trabalho e produ o social na terra Uma das m quinas essenciais no processo de produ o do cultivo de arroz a despolpadeira permanece controlada pelos pequenos comerciantes e atravessadores locais ou seja quando o produto j se encontra na circula o Apenas em 2 comunidades os trabalhadores possuem despolpadeira de uso coletivo utilizada e em funcionamento Mas tamb m isso muito falta de uma forma o do pessoal Vamos dizer que se comparar a gente despolpa o arroz da gente e a gente leva 60Kg de arroz em palha e ai a gente recebe 40 kg n o sabe Mas tem direito a poagem que serve de ra o para o animal a palha mesmo serve pra voc vender pras granjas Ent o ai leva bota l numa despolpadeira l em Santana leva 60kg s recebe 36Kg 4Kg j foi e a poagem e a palha Quer dizer que o lucro dele ele deu aos outros N o quis Raimundo Isidro Sitio Maracuj 2011 As rela e
179. iais em reprodu o metab lica nos diferentes espa os as diversas media es em que o trabalho est imerso no espa o do campo e das cidades e a coexist ncia simult nea e em unidade de luta e reivindica es das diferentes forma es econ micas e sociais que a riqueza de sentidos e significados concretamente pode iluminar os vazios ideol gicos e pol ticos produzidos pela fragmenta o A mobilidade social do trabalho no espa o expressa os sentidos que a fragmenta o assume nos mundos do trabalho Categoria central na geografia dos conflitos o territ rio que nos permite compreender a escala das disputas sociais e de classes baseada em a es individuais e coletivas em reprodu o nos espa os do trabalho e da produ o no campo As contradi es sociais e econ micas s o renovadas na manuten o da grande propriedade da terra no avan o do capital industrial na atividade agr cola suas formas de explora o e expropria o do trabalho e na o que entendemos por classe dominante A classe dominante da sociedade capitalista a classe que possui e controla os meios de produ o e que capaz em virtude do poder econ mico que em decorr ncia disse lhe conferido de usar o Estado como instrumentos de domina o da sociedade MILIBAND 1982 p 36 26 media o dos agentes do Estado evidenciando a opacidade te rica e os limites da capacidade explicativa na ado o simples da categoria paisagem preciso u
180. icos isto da sua refer ncia espacial est na obra de Marx e reaparecem densamente na obra de Lefebvre autores em que nos acostamos conforme Martins 1996 O espa o ao ser produzido ganhou forma concreta ser criador e criatura com o ser social da pr xis do trabalho constituindo se simultaneamente ao transformar a natureza Assim o ser social produz hist ria e espa o ao transformar a natureza Desta maneira funcionando como motor das transforma es na sociedade capitalista as contradi es devem ser compreendidas n o somente a partir da no o como forma o econ mica social e Leis como a do desenvolvimento desigual e do valor mas preciso indagar se poss vel que o espa o desempenhe um papel ou uma fun o decisiva no estabelecimento de uma totalidade de uma l gica de um sistema como nos lembra Lefebvre ne que compreendemos por forma o econ mica social abrange simultaneamente esses dois mbitos da pr xis a natureza o econ mico e a sociedade o social O homem age sobre a natureza na atividade social de atender suas necessidades Constr i rela es sociais e concep es id ias interpreta es que d o sentido quilo que faz e quilo de que carece Reproduz mas tamb m produz isto modifica revoluciona a sociedade base de sua atua o sobre a natureza inclusive a sua pr pria natureza Ele se modifica edifica a sua humanidade agindo sobre as condi es naturais e soci
181. idade necess ria do trabalho no espa o por outro o capital realiza a redu o necess ria do valor trabalho no espa o urbano A educa o pode ser uma alternativa no tempo futuro do trabalhador do campo mesmo com as dificuldades existentes na poca em que estudavam inclusive aquela de pagar professores particulares No tempo em que estudava minha m e pagava os professores e para pagar era complicado N s pagava e depois s dava o dinheiro para comer O cansa o da vida e do trabalho Eu pensei errado Mas aqui as escolas foram sempre dif ceis Pra come ar o aprendizado dos alunos zero e a estrutura fica muito a desejar Veio melhorar de uns anos para c A escola que tivesse privil gio do prefeito era beneficiada Raimundo Isidro Maracuj 2011 A consci ncia revelada pelo trabalho ao refletir a a o do Estado capitalista cuja escola burguesa espa o de reprodu o da aliena o n o permite que os filhos dominem a leitura e a escrita mesmo passados alguns anos de frequ ncia escolar o analfabetismo estrutural As falas denotam o valor que os trabalhadores d o ao processo de forma o relacionado s possibilidades de trabalho e renda Reproduz tamb m a possibilidade de diferencia o econ mica e social entre os trabalhadores dependendo dos n veis de aprendizado adquiridos Eu me casei comecei a botar ro a e a foi quando parei As professoras vinham ensinar em casa Antigamente eu estudava de dia
182. ido de pertencimento de classe avan ar na media o dos processos simult neos de forma o e trabalho A declara o de um dos presidentes de associa o evidencia as fragilidades e as condi es para o fortalecimento da luta No inicio n s achava que n o precisava de associa o e n s j tinha um grupo formado mas depois come ou a gente pensar em conseguir projetos Cooperar e essas coisas Melhoria pra associa o e a gente s podia receber algum beneficio com a documenta o da associa o legalizada Esse foi o motivo por que a gente tinha que se legalizar pra atrav s da associa o conseguir projetos reivindicar coisas do prefeito Contribui por que a gente t num est gio que s consegue alguma coisa atrav s de associa es por mais que tenha dificuldades e os trabalhadores n o acredite muito mas a gente n o pode acabar a associa o por que a tend ncia era que a gente at crescesse e criasse um cooperativismo ai e organizasse a produ o atrav s das cooperativas Se n s ficar apenas na associa o em que n s vamos melhorar Fica eu na minha casa e nada consigo n Fica isolado demais E falta de conhecimento falta de organiza o de forma o O cara tem que conhecer que ele capaz Eu acredito muito que era melhor quando o menor passasse a acreditar no menor E quando o pobre acreditar nisso O pequeno acreditar no pequeno n N o ficar esperando que doutor fulano resolva Melhorar a id
183. ificidades locais a influ ncia da a o da igreja atrav s da Diocese de Patos e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santana dos Garrotes STR junto aos sujeitos hist ricos de nossa pesquisa Aquela primeira institui o com a es sociais diocesanas desde a d cada de 1960 contribuiu intensamente na organiza o e desenvolvimento de comunidades rurais e s tios atrav s de a es diretas de seus agentes pastorais ou mais atualmente atrav s do Programa de Promo o e A o Comunit ria PROPAC apoiados pelo Programa de Aplica es de Tecnologias Apropriadas Comunidades PATAC Somam se s a es da Diocese de Patos na regi o do Vale do Pianc compreendido por Nove munic pios a base de a o territorial atrav s de diferentes pastorais como a Comiss o Pastoral da Terra CPT O PATAC surgiu em 1970 como servi o da Congrega o Redentorista Nordestina At o final dos anos 70 atuou na rea de habita o popular desenvolvendo pesquisas e contribuindo para a adapta o e difus o de tecnologias simples voltadas para a constru o de moradias sobretudo na periferia da cidade de Campina Grande PB A partir dos 80 redefiniu sua a o e rea de atua o Passou a desenvolver a es junto a fam lias agricultoras e suas organiza es na regi o do semi rido paraibano em especial nas comunidades e s tios de Santana dos Garrotes Em 1992 desligou se da Congrega o Redentorista e constitui se legalmente
184. ignificou a reestrutura o de espa os ou seja maior concentra o de terras maior amplitude das contradi es entre capital capital e os trabalhadores do campo 122 Na Para ba os efeitos do movimento de reestrutura o no campo vieram acompanhados de fus es aquisi es fechamento e compra de usinas engenhos e terras de fornecedores pelos grupos usineiros mais intensivamente capitalizados no litoral MOREIRA e TARGINO 1997a Localmente o rebatimento daqueles processos exemplificado na rela o metab lica direta que o ser social desenvolve com os seres inorg nicos da natureza e consigo pr prio A rela o metab lica sintetizada quando indagamos a aus ncia de gua no s tio Maracuj as consequ ncias e a es dos trabalhadores do campo O trabalhador campon s reproduz com fidelidade o complexo sistema de decis es teleol gicas em que deve desenvolver com a natureza mediada pelo trabalho ontol gico Simultaneamente consci ncia a fala re coloca na medida exata os termos que a media o dial tica sociedade natureza imp e historicamente ao conjunto de trabalhadores na atualidade Se esse rio que passa a fosse perene isso aqui tudo terra de arroz mas por conta que n o tem gua o cara planta pasto e vai criar boi Raimundo Isidro Maracuj 2011 Assim a capacidade ontol gica do trabalho na transforma o do espa o est diretamente relacionada din mica do metabolismo social que d
185. ilidades de realiza o concreta do trabalho n o se concretizam nos estabelecimentos rurais enquanto forma humana de emancipa o social na sociedade do capital o arrendamento de terras caracteriza se pela precariza o econ mica e fragmenta o pol tica e social do conjunto mais amplo dos trabalhadores rurais em quest o Assim o trabalho migrante subjetivamente e concretamente reproduzem no deslocamento as condi es de superexplora o momento de desterritorializa o e des realiza o do trabalho Como se n o fosse suficiente o quadro de precariza o o trabalho migrante coexiste com o trabalho informal Estes reproduzem no espa o do campo e das cidades momentos distintos mas que socialmente relacionados pelo movimento de reestrutura o produtiva e do espa o pelo capital Faces da estrat gia de domina o e aliena o que o capital imp e aos trabalhadores e as possibilidades de organiza o do trabalho tais como s o as Associa es de Trabalhadores Rurais preciso notar que historicamente a forma o do mercado mundial engendrou reviravoltas econ micas transformadoras das condi es sociais e de trabalho al m do desenvolvimento que as for as produtivas provocou Dentre as condi es para a dissolu o de sociedades naturais a separa o do trabalho de seus meios de produ o foi um momento hist rico essencial merecedor de nota 160 deve ser entendida como dissolu o das sociedades naturais c
186. imento das for as produtivas com as rela es de produ o Para n s a atualiza o da quest o agr ria no Brasil perpassa delinear as especificidades e peculiaridades no avan o do capitalismo no Brasil dentre elas a atualiza o das contradi es O pr ximo item nossa tentativa foi aproximar o leitor do debate te rico e metodol gico realizado pela ci ncia geogr fica especialmente levando em conta os pressupostos do di logo poss vel das geografias agr ria e do trabalho com o conjunto maior das ci ncias sociais como entende parte dos populistas russos Para estes Marx na maturidade rev seu posicionamento em rela o s classes essenciais Por outro lado o ser campon s representa uma fra o dos trabalhadores do campo diversa flu da pl stica e em movimento Esta perspectiva trabalha com o conceito expandido de classes sociais e na geografia do trabalho o artigo do Professor Antonio Thomaz Junior retoma o debate com o tema Se Campon s se Oper rio Limites e desafios para a compreens o da Classe trabalhadora no Brasil Thomaz 2004 Estas diferen as perpassam n o s a compreens o da obra e dos volumes publicados de O Capital Karl Marx levando em conta a forma o e a teoria da luta de classes desenvolvida pelo autor 15 1 FUNDAMENTOS TE RICO METODOL GICOS 1 1 Limpando o Terreno do M todo Te rico Por onde caminhar e quais categorias de an lise do espa o eleger para o estudo d
187. imento institucional das agencias regionais de desenvolvimento avalia o sistem tica da execu o dos programas regionais com vistas a melhorar sua efic cia e efici ncia econ mica social e operacional 13 intenso esfor o para gera o e adapta o de tecnologias objetivando descobrir combina es de fatores mais apropriados em fun o da realidade e disponibilidade de recursos de cada regi o desenvolvimento e indu o de novos padr es de ocupa o espacial que permitam reduzir os desequil brios rurais e urbanos e aperfei oamento das formas de organiza o social e participa o popular criando se as condi es para a mobiliza o da popula o com vistas sua autopromo o IDEM S d ineg vel o avan o do Estado no plano econ mico promotor de infraestrutura mas sua a o esbarra nos interesses do capital nacional e internacional que n o cabe ao Estado solucionar a mis ria social produto das contradi es em que se move o modo de produ o capitalista Para o desenvolvimento rural e urbano a previs o do primeiro Plano de Reforma Agr ria PRA que at os dias atuais a luta de classes n o permitiu que se concretizasse Distribuir e alterar a estrutura e os sistemas agr rios em desenvolvimento no Nordeste perpassa por tocar na pedra de toque do capitalismo a propriedade e o capital Neste sentido o Estatuto da Terra de 1960 foi o marco legal e regulou parte dos conflitos oriundo
188. imo item trataremos de aproximar o leitor n o de conclus es finais como se a realidade n o estivesse em movimento mas de argumentar sugest es e poss veis encaminhamentos no fortalecimento das Associa es enquanto espa os de luta e de resist ncia no combate contra o Capital e o Estado capitalista 179 5 CONCLUS ES N o precisamos s do remendo precisamos o casaco inteiro N o precisamos de peda os de p o precisamos de p o verdadeiro N o precisamos s de emprego toda a f brica precisamos E mais o carv o E mais as minas O povo no poder E disso que precisamos Que tem voc s a nos dar Can o do remendo e do casaco de Bertolt Brechet Iniciamos o trabalho com o objetivo de estudar a produ o de arroz vermelho no munic pio de Santana dos Garrotes que logo que nos permitiu entender a organiza o do trabalho no espa o do campo atrav s das contradi es oriundas da luta dos trabalhadores por melhores condi es de vida e de trabalho na escala do munic pio sertanejo de Santana dos Garrotes Ao caminhar surgiram duas quest es na fase explorat ria da realidade e da aplica o dos formul rios a import ncia pol tica que assume as Associa es de Trabalhadores Rurais na reprodu o do trabalho migrante entre os sujeitos de nossa pesquisa Assim estudar o espa o agr rio em Santana dos Garrotes exigiu de n s a compreens o da totalidade do espa o raz o pela qual a escala do estudo avan ou sobre a se
189. imultaneamente os pressupostos da realiza o da mercadoria for a de trabalho simultaneamente sujei o da renda da terra enquanto momentos explicativos do trabalho frente ao capital Que media es concretas ainda est o por ser reproduzidas na integra o do trabalho diante o sistema de controle metab lico do capital Ser a agricultura camponesa uma fra o da agricultura familiar ou ainda o agricultor familiar um campon s especializado Quais as consequ ncias pol ticas e ideol gicas da ado o da no o de agricultura familiar no hist rico esvaziamento pol tico e social campon s Se o conceito de campon s um grande guarda chuva capaz de abrigar uma diversidade de sujeitos hist ricos como pescadores quilombolas pequenos produtores arrendat rios posseiros pequenos propriet rios de terra parceiros agregados sitiantes vazanteiros ribeirinhos e ind genas Carvalho 2005 por que n o consider los enquanto fra o da classe trabalhadora do campo Noutra escala as rela es entre a agricultura e a ind stria o espa o do campo e das cidades bem como as mudan as nos valores passaram por transforma es que resultaram de mudan as concretas na estrutura agr ria e econ mica assim como na pol tica e organiza o da luta de classes Neste sentido os espa os sociais foram afetados de forma igual Compreendemos que N o A ontologia marxiana afasta daquela de Hegel todo elemento l gico dedutivo e
190. inexist ncia de assist ncia e orienta o t cnica e social qualificada e da aus ncia de cr dito no momento certo do calend rio agr cola Quando indagamos a respeito dos projetos financiados o di logo entre dois trabalhadores permite inferir que o endividamento uma quest o a ser solucionada Faz muito medo essa quest o de projeto e financiamento O cara se endivida e n o sai mais nunca do buraco Raimundo Isidro Sitio Maracuj 2011 Tem muito cabra enrolado ai viull Jorge Calixto S tio Aroeiras 2011 Eu n o vou dizer que projeto ruim n o Mas tem muito projeto que o cabra se endivida Raimundo Isidro Sitio Maracuj 2011 Diferentemente de outras culturas o ro ado de arroz vermelho n o suporta a falta nem o excesso de gua devendo no tempo e no espa o agr cola ser irrigado corretamente O calend rio agr cola para o final de cada ano destinado s primeiras tarefas como corte do ro ado e no inicio do per odo chuvoso que vai de fevereiro a maio as etapas de plantio e semeadura mais intensivas no uso da for a de trabalho A rela o de arrrendamento em algumas comunidades tais como Aroeiras Gravat e Serra Branca mais intensa em virtude da fertilidade do solo da exist ncia de gua e sistemas de irriga o por gravidade do abastecimento de gua pelos a udes do munic pio mas sobretudo pelo espa o agr rio cuja malha fundi ria intensamente concentrada Em virtude do clima quente e se
191. ionalmente a cidade de Patos Estes ltimos centros urbanos pela presen a de determinados servi os de sa de educa o e financeiros exercem influ ncia urbana na organiza o e na din mica por toda regi o do Vale do Pianc Assim a constitui o hist rica do espa o de Pitombeira de Dentro n o reproduz uma concentra o de trabalhadores e capitais vivendo de atividades outras como comerciais e industriais e sua din mica espacial continua predominantemente no espa o agr rio e agr cola O com rcio incipiente e apresenta fraco potencial atrativo urbano bem como a diversifica o de servi os e de infraestrutura pr ximo ao povoado Sua import ncia deve se sobretudo sua localiza o mais ao Sul do munic pio de Santana dos Garrotes ocupando na paisagem um dos v rtices do triangulo que mant m os munic pios de Nova Olinda e Pedra Branca equidistantes De forma explorat ria observamos que a sede do distrito enquanto espa o nuclear de agrega o de atividades festas e momentos de troca entre trabalhadores e comerciantes n o tem din mica pr pria pela aus ncia de servi os como o banc rio correios e urbaniza o 129 A presen a de despolpadeira de arroz de sede pr pria de associa o de ruas pavimentadas e com eletrifica o estabelecimentos rurais servidos de po os posto de sa de avan ado e escola expressa parte das conquistas da luta e da organiza o dos trabalhadores do campo neste espa
192. ios para cria o de munic pios e de projetos comunit rios inclusive de extin o de munic pios criados por puro clientelismo pol tico b a es de estabiliza o do povoamento descentralizado Tais considera es oferecem subs dios reformula o do Estado no sentido de seu papel regulador e coordenador A uni o cabe ainda e talvez mais do que nunca zelar pelos interesses gerais da regi o contra interesses particulares que podem levar fragmenta o social e territorial e exclus o BECKER 2000 p 67 79 A equipe t cnica os agentes do Estado na gest o do governo Lula tra aram como meta para o PND organizar os trabalhadores e a imensa massa produtiva desempregada e na informalidade S o considerados como exclu dos e de fora do mercado capitalista devendo ser resgatado pela via ideol gica da inclus o social Para tal empreitada o Estado capitalista investiu em empresas competentes e inovadores que atue em nichos de mercado sustent veis trazendo como exemplos o desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais APL na regi o Nordeste No sert o semi rido o espa o est repleto por grandes grupos estrangeiros detentor de grandes extens es de terras em reas de per metros irrigados v rzeas de Souza e per metros Mossor Ass Petrolina Feira de Santana O discurso do empreendedorismo financiado no sert o do Nordeste por ag ncias oficias como Servi o Brasileiro de Apoio Micro e
193. iras 14 10 4 5 1 5 3 11 1 Maracuj 2 12 Professora 2 meren deira 1 Subtotal 69 40 29 15 18 25 11 23 35 11 62 12 Total 69 69 69 74 Fonte Dados coletados em pesquisa de campo entre os anos de 2010 a 2012 Organizado por Jackson V Souto 134 Ao enumerar os aparelhos eletrodom sticos e eletroeletr nicos consumidos e em uso nos estabelecimentos observamos geladeira fog o e celular os que apresentaram maior frequ ncia O destaque o uso combinado de fog o a g s e lenha O acesso geladeira e televis o indica dentre outras mudan as o h bito e a dieta alimentar mais dependente das mercadorias industrializadas raz o pela qual a geladeira e o fog o foram os itens de consumo 100 presentes nos estabelecimentos mesmo naqueles mais precarizados Nestes o uso do fog o lenha aparece como alternativa de lbarateamento dos custos Quando consideramos o computador item relativamente sup rfluo a proximidade espacial com a sede da cidade pode indicar a presen a maior nos estabelecimentos O s tio Maracuj foi aquele com maior n mero de estabelecimentos com computador dois registros enquanto no item impressora n o houve ocorr ncias Podemos inferir que a aus ncia de conex o rede mundial de computadores Internet implica no n mero reduzido de computadores e acess rios como as impressoras Chama aten o o n mero elevado de eletroeletr nicos no distrito de Pitombeira de Dentro totalizand
194. laves como os quilombos sem falar da luta de resist ncia ind gena expressaram originalmente a capacidade de 34 organiza o do grupo de trabalhadores escravos durante o per odo colonial e in cio da rep blica Fabrini IDEM Com o avan o das rela es de trabalho e de produ o capitalistas no campo era necess rio no caso do Brasil institucionalizar a separa o dos trabalhadores de seus meios de produ o ent o em uso naquele momento O melhor meio utilizado pelo Estado com apoio das classes dominantes foi o estatuto da Lei de Terras instrumento forjado pela elite que legalizou na metade do s culo XIX a compra e a venda de fra es do territ rio do Brasil Durante os s culos XVI a XIX duas classes exerceram atividades senhores e escravos Nos meandros desta sociabilidade desenvolvida nas grandes fazendas foi necess ria a perman ncia e reprodu o de outros sujeitos ndios mesti os escravos rec m libertos e agricultores Marques 1994 Com isso reduziam se os custos com a manuten o da m o de obra nas fazendas e garantia se a disponibilidade em qualquer tempo de trabalho conforme a demanda dos engenhos e das fazendas de gado No sert o colonial dois tipos de criadores se reproduziram o grande fazendeiro cujas terras formavam grandes dom nios e os m dios e pequenos criadores Expressaram o duplo sistema agr rio ent o em desenvolvimento Aqueles ltimos residiam em geral em suas terras e partilhavam com os
195. lmente encontradas no mercado local e regional No entanto o uso dos pacotes tecnol gicos nas grandes fazendas de cria o de gado e produ o de monoculturas com elevados n veis de capitaliza o e t cnicas e tecnologias inovadoras n o concretizou as previs es de maior rendimento e produtividade agr colas conforme o discurso do capital agroindustrial do agroneg cio subsidiados pelo Estado capitalista Os resultados econ micos financeiros e sociais da agricultura capitalista quando comparado aos praticados pela pequena produ o e pelo conjunto dos trabalhadores do campo s o nfimos e p fios e expressam o esgotamento do modelo importado de produ o agr cola e uso da terra Oliveira 1995 Desta maneira o Estado capitalista com seus agentes planejadores e condutores da pol tica de moderniza o agropecu ria n o levam em conta as estruturas econ micas pol ticas e sociais alienadas do trabalho na sociedade do capital Ao desconsiderar o complexo sistema social e a realidade dos mundos do trabalho esfuma a leis econ micas que ordena a sociedade atual tais como a mais valia retirada da mercadoria for a de trabalho bem como o saque da renda da terra produto do conjunto dos trabalhadores camponeses no momento da circula o das mercadorias As a es de moderniza o na agricultura perdem de vista a totalidade e o movimento contradit rio em que a pr xis do trabalho se insere na rela o com o capital e ao transformar a
196. loniza o e a institui o dos reinados pelo imperador D Jo o 1808 1822 a situa o pol tica brasileira refletia internamente a ebuli o e a press o das classes na Europa em dire o constitui o do novo estado nacional brasileiro ent o em gesta o Externamente a emerg ncia pol tica do liberalismo burgu s na Europa colocou o problema da substitui o do bra o servil pelo assalariado A independ ncia do Brasil al m das disputas no plano interno foi uma quest o de tempo e de gesta o da burguesia nacional fato incontest vel para a participa o ativa do Brasil no sistema econ mico do capital em forma o na escala mundial A moderniza o em curso nas f bricas inglesas assumira a dianteira no desenvolvimento econ mico enquanto na Fran a a for a pol tica da burguesia cimentava as transforma es nas rela es capitalistas de produ o nos s culos XIX e XX Aos sert es com o avan o tecnol gico e as transforma es no transporte ferrovi rio coube a produ o de carne simultaneamente ao fornecimento de algod o cujas m quinas de tear permaneceram nas grandes 94 propriedades localizadas no litoral farto de m o de obra e pr ximo aos portos de exporta o ANDRADE 1980 e PRADO JR 1969 No s culo XX a renova o das contradi es no desenvolvimento s cio espacial do campo abriu espa o para o controle social e a interven o econ mica exercida pelo Estado A mobilidade espacial e
197. ltimo item os limites impostos pelo capital organiza o do trabalho na forma das associa es de trabalhadores rurais Dentre os limites a fragmenta o se espacializa quando o capital promove a mobilidade do trabalho no espa o em ltima inst ncia determinado econ mico e politicamente pela luta de classes Portanto a tentativa foi compreender o potencial pol tico das a es estrat gias individuais e coletivas na constru o da resist ncia enquanto desafio e disputas territoriais pelos trabalhadores O desenvolvimento da agricultura no Brasil sob o capitalismo se concretizou reproduzindo uma diversidade de modos de vida e de ser de forma es sociais e econ micas distintas embora sob hegemonia do grande capital propriet rio de terras e de renda No campo a domina o de classe capital trabalho ocorreu simult nea expans o da grande propriedade e da agroind stria com a fus o do capital agr cola ao industrial As contradi es foram acirradas e ganharam novos contornos ap s a virada do s culo XIX A compreens o do ser e dos sujeitos que trabalham no campo enquanto fra o da classe trabalhadora n o nos redime da quest o te rica Martins 1996 interpretando Lefebvre nos lembra da emerg ncia de ir a Marx mas um retorno cr tico isto retorno a um Marx datado situado no tempo e na hist ria O Marx de uma obra inacabada por isso mesmo cheia de preciosos fios desatados que era e preciso re
198. m pa ses perif ricos como o Brasil O conceito de forma o econ mico e social de L nin implica o reconhecimento de um descompasso de rela es sociais de produ o e o desenvolvimento das for as produtivas materializadas num mesmo espa o h uma correspond ncia entre o desenvolvimento das for as produtivas e as rela es sociais n o h entre elas uma harmonia e uniformidade sincronizada E neste contexto que se pode compreender a manifesta o coletiva dos camponeses FABRINI 2008 p 31 Historicamente as ocupa es de terras no Brasil resultaram da doa o de grandes extens es do territ rio a particulares conhecidas como sesmarias A evolu o do latif ndio baseado no escravismo e na exporta o em grande escala somados escassez de m o de obra estruturaram o mercado rent vel de tr fico de escravos Graziano da Silva 1996 p 25 A plantation escravista em toda sua plenitude na regi o litor nea do Nordeste No Brasil col nia a fase mercantilista do sistema do capital tinha o escravo como mercadoria de alto valor comercial entre os s culos XVI a XVIII e a forma o social do trabalho no Brasil g nese da organiza o dos trabalhadores teve no campo um espa o privilegiado j que reprodutor de lutas revoltas e insurrei es Fugas e suic dio de escravos dos latif ndios revoltas como quebra quilos no sert o do Nordeste farroupilha no Sul do Brasil at a forma o de verdadeiros enc
199. mais valia relativa e absoluta na evolu o das for as produtivas e das trocas A cria o de mais valia absoluta de mais trabalho objetivado por parte do capital condicionada pelo alargamento constante do c rculo da circula o A mais valia criada num ponto exige a cria o de mais valia em outro ponto com a qual possa entrar em intercambio Em rela o as comunica es e ao transporte importante notar que o capital tende a na cria o do mercado mundial ampliar o per metro de circula o quebrando o isolamento de velhos modos de produ o baseados em valores de uso e revoluciona os meios de transporte e de comunica o QUAINI 1979 p 126 Dentre as m ltiplas a es de re ordenamento s cio territorial sob controle do Estado capitalista no munic pio de Santana dos Garrotes a conclus o da rodovia PB 426 os financiamentos para a constru o de passagens molhadas nos s tios Gravat e Aroeiras atrav s de projetos financiados com recursos do COOPERAR bem como projetos de compra e aquisi o direta de leite nas comunidades e s tios estudados Outro elemento n o menos importante que a mobilidade social no espa o sob dom nio do capital revela a revolu o que a explora o do trabalho exerce na produ o de mais valia absoluta Como lembra o autor os circuitos da produ o e do consumo s o constantemente ampliados 168 sob o impulso da necessidade de produzir mais valia absolut
200. manuten o da mobilidade social no espa o uma das causas poss veis para a atra o do grupo de trabalhadores rurais para atividades como o corte de cana mais intensamente a partir dos anos de 1990 e inicio do s culo XXI A precariza o das condi es de vida e e de trabalho se amplia quando mudam significativamente o ritmo e o potencial de expans o da atividade produtiva nas usinas sucroalcooleira assim como a moderniza o pecu ria Desde ent o a mobilidade territorial em dire o a v rios estados do Centro Sul Sudeste e Centro Oeste principalmente para os estados de Minas Gerais com forte presen a de usineiros nordestinos S o Paulo Goi s Norte Noroeste do Paran e Norte do Esp rito Santo n o s tem sido expressiva como tamb m tem se intensificado Vale ressaltar que no estado de S o Paulo essa expans o recente est ocorrendo com mais intensidade na por o oeste que a expans o da produ o neste estado ocorrer tanto horizontalmente como j estamos acompanhando como verticalmente em virtude dos ganhos de produtividade OLIVEIRA 2007a p 56 Na origem a comoditiza o do mercado internacional de lcool estimulado pelo consumo a eleva o dos pre os do barril de petr leo o debate ambiental e a abertura de a es por parte dos maiores grupos empresariais do setor tem sido uma das estrat gias utilizadas para atrair o capital estrangeiro Oliveira IDEM Adicionalmente reproduz
201. me de mutir o entre camponeses membros da mesma fam lia se combina ao uso de trabalhadores no regime de arrendamento 142 FIGURA 7 Baixio de Arroz Vermelho no sitio Serra Branca Fonte pesquisa de campo 2011 Org Jackson Vital Souto A forma que assumem os pacotes de solos delimita sem determinar a possibilidade de desenvolvimento dos sistemas agropastoris e agr colas em terrenos mais midos A presen a de inselbergs e pont es contribuem para aumentar a capacidade de armazenamento h drico embora insuficientes j que a rede de drenagem apresenta fraca evolu o As forma es rochosas cristalinas e a forma que assume o relevo em vale t m nos interfl vios a possibilidade do dom nio da natureza pelos seres sociais Parte das pr ticas produtivas e do manejo dos solos tem nos ro ados de arroz vermelho nas reas de baixio cujo acumulo de sedimentos maior e ondula es relativamente planas espa os por excel ncia dominados pelo trabalho vivo produtor de excedentes Os baixos investimentos de capital exigidos para o cultivo de arroz nos sistemas agr colas em desenvolvimento no campo de Santana dos Garrotes s o compensados por fra es de terras mais midas f rteis e cuja possibilidade de uso da for a produtiva possa re produzir socialmente os trabalhadores camponeses e arrendat rios Dentre as 143 limita es impostas aos trabalhadores a exiguidade de terras a falta de instrumentos adequados de tr
202. mento demogr fico dos pa ses subdesenvolvidos em face de dois tipos de problemas a dificuldade de obten o de r pido aumento da renda per capita e a tend ncia mundial superpopula o com reflexos principalmente quanto escassez de alimentos e energia e deteriora o do meio ambiente BRASIL S d Dentre as preocupa es do regime militar para justificar o controle social est a superpopula o A teoria darwinista serviu como pano de fundo para que o Estado capitalista e militar justificasse as interven es e a es de controle demogr fico A economia vivia a crise do petr leo e padr o fordista produtivo industrial e urbano entrou em colapso nos pa ses centrais Transforma es no espa o do campo e das cidades entraram em vigor e os novos processos de reestrutura o produtiva instauraram inicialmente nos pa ses centrais e ricos o regime Toyotista baseado na flexibiliza o produtiva e na desconcentra o espacial da linha de produ o A nova filosofia de produ o tinha no controle de qualidade no estoque zero e na entrega de pe as no momento certo as razoes para capturar a subjetividade do trabalho abandonada pelo regime fordista de produ o em s rie O novo regime de produ o industrial de origem japonesa veio acompanhado das pol ticas 71 neoliberais do per odo e significou a derrota de parte das conquistas dos trabalhadores A ado o pelo Estado militar do termo popula
203. mento das margens de riachos e pequenos c rregos para o plantio da rizicultura nos alagados e baixios Quando indagado a respeito da necessidade de gua para a produ o o pequeno produtor descreve com clareza O solo tamb m a gua muito profunda n S se fosse uma m quina que perfurasse um po o com mais de 100 metros Pois bem o baixio tem muito uma rocha medonha A na minha ro a tem 124 um eu furei 50 metros e s d 3 000litros hora Para a gente produzir precisava de mais ou menos 8 a 9 000litros hora A dava pra oc plantar uma rea para produzir 100 sacos de arroz ou at mais A rea mesmo que favor vel Aroeiras e Serra branca por que tem o rio perene e os a udes s o grandes que soltam gua Raimundo Isidro Maracuj 2011 Nas comunidades somadas baixa capacidade no ac mulo de gua subterr nea relevo acidentado que frequentemente inviabiliza o uso de v rzeas bem desenvolvidas no curso dos rios e uma estrutura agr ria r gida predominam em algumas fra es de terra e s tios visitados solos rasos e medianamente salinizados de dif cil aproveitamento agr cola Apesar do quadro natural a paisagem do campo no Nordeste apresenta uma das maiores densidades demogr fica do mundo muito embora o espa o apresente uma ocupa o e distribui o da popula o acentuadamente irregular Como observa o autor acerca das condi es e das rela es sociais e naturais frente estrut
204. metab lico do trabalho ao racionalizar e introduzir possibilidades de rendimentos e maior produtividade agr colas Neste processo somou se dentre as contradi es oriundas da dial tica dos espa os da cidade e do campo o acirramento das diverg ncias e dos conflitos entre as classes e no interior dessas Na crise chamado a mediar s rela es sociais de produ o e de trabalho o agente representante dos interesses da classe dominante o Estado importante frisar a respeito da crise e seus efeitos no sert o do Nordeste que coincid ncias entre secas e pobreza n o encontram seus fundamentos no determinismo ambiental e da natureza mas na estrutura agr ria social e econ mica desigual entre a grande seca e a grande crise tem levado numerosas pessoas a creditar que o desequil brio econ mico conjuntural Esta cren a por m n o tem nenhum fundamento de vez que em numerosas regi es do mundo dominam climas adversos obrigando o homem a regularizar sua a o produtiva levando em conta as caracter sticas dos mesmos a crise que atinge o Nordeste de forma intensa se deve a um sistema econ mico alienado que impede o 54 desenvolvimento real com implica es n o apenas econ micas mas tamb m sociais e ecol gicas sobre a regi o ANDRADE 1985 p 33 Na hist ria moderna o controle das for as sociais e econ micas media o do Estado agente regulador de conflitos abertos no mundo do trabalho Sua for
205. micas em disputa na organiza o pol tica da sociedade brasileira com o Estado brasileiro preparando o terreno para garantir a reprodu o na sociedade nacional das transforma es econ micas reproduzidos no seio dos pa ses centrais ou desenvolvidos A classe burguesa apoiada na ind stria nacional orientada por parte dos interesses internacionais conquista espa o e representa o angariando recursos e linhas de cr ditofinanciamento do Estado desenvolvimentista parte da oligarquia agr ria que rompera com o governo federal e grupos urbanos de forma o e id ias as mais diversas Estes grupos conseguiram conquistar espa os antes controlados pela elite latifundi ria aliada ao comercio de exporta o A vit ria dos revolucion rios representava uma linha que defendia maior interfer ncia do Estado na rea econ mica novas id ias come aram a ser discutidas como o corporativismo dos pa ses ligados direita e o keynesianismo dos que namoravam a pol tica do New Deal de F D Roosevelt nos Estados Unidos ANDRADE 1994 p 223 inusitado o fato da perca de apoio do Estado pela classe dos latifundi rios no Brasil rural das d cadas de 1950 e 60 o que demonstra 67 claramente a mudan a nos rumos dos investimentos do Estado A configura o forma o e consolida o de uma burguesia comercial concentrada nas cidades ent o em crescimento e um setor industrial sedento por estender seu
206. mpo na forma de associa es de produtores rurais sua din mica e os desdobramentos na forma o do territ rio Tentaremos realizar esta empreitada mais adiante na parte 4 j que nos propomos entender no pr ximo item a hist ria recente da pol tica desenvolvimentista e as consequ ncias para o conjunto de trabalhadores do campo e das cidades 2 2 Crise e Estado Capitalista na Mobilidade S cio espacial do Trabalho H consensos entre autores e sobram diverg ncias acerca da responsabilidade do Estado capitalista frente ao desenvolvimento social Este assumiu na hist ria a media o reguladora dos interesses e conflitos entre as classes e os grupos sociais Dentre as diverg ncias a quest o da rela o distinta dos governos com as diferentes classes sociais e institui es No es como neutralidade universalidade e legalidade s o utilizadas pelos agentes dos governos em a es e projetos no interior de institui es e no exerc cio do 60 poder escamoteando o controle que o Estado capitalista exerce sobre a classe trabalhadora Dentre os consensos est o s contradi es em que se move o Estado Como recorda o autor em pa ses centrais e desenvolvidos mais fortemente Em numerosas ocasi es e em todos os pa ses capitalistas os governos desempenharam um papel decisivo na repress o s greves muitas vezes recorrendo ao poder coercitivo do Estado e ao uso da viol ncia crua a interven o do Estado na
207. mpresas e institui es financeiras pouco s lidas etc o Estado uma forma independente que surge da contradi o entre o interesse do individuo e o da comunidade Essa contradi o sempre se baseia na estrutura social e em particular nas classes j determinadas pela divis o do trabalho e pela qual uma classe domina todas as outras IDEM p 79 Em discord ncia aberta com autores que defendem a possibilidade de um capitalismo popular promotor de igualdade e cidadania o autor destaca a continuidade da exist ncia de uma classe relativamente pequena de pessoas que possuem grandes parcelas de propriedade sob uma ou outra forma e que recebem tamb m enormes rendas derivadas geralmente no todo ou em parte da posse ou do controle dessa propriedade Miliband 1982 p 40 61 No sert o do Nordeste a a o do Estado demonstrou que o combate as secas n o ultrapassaria o car ter assistencialista e imediato da pol tica Da haver o governo federal em diferentes per odos criado institui es que se dedicam a combater os efeitos de seca como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DNOCS inicialmente chamado de Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas IFOCS que desenvolveu uma grande atividade construindo a udes reservat rios po os artesianos estradas etc visando a assistir a popula o da regi o Posteriormente foi criado o Banco do Nordeste BNB com
208. munidades rurais Ap s pesquisa explorat ria observamos que a morfologia da paisagem rural de Santana dos Garrotes similar aos analisados em outros estudos de geografia agr ria no espa o do semi rido paraibano MARQUES 1994 e GRABOIS MARQUES SILVA 1991 Fra es do espa o agr rio t m na lenta transforma o de sistemas extensivos de cria o e agr colas em ocupa o parte do conte do que assume os territ rios Uma das explica es para o baixo rendimento h agr cola pode est na impossibilidade de realiza o do sistema de rota o de terras impedido pela estrutura concentrada da terra somado s t cnicas que entra em contradi o com os sistemas pol tico e econ mico vigentes Como lembra nos os autores um sistema extensivo no qual paradoxalmente a rota o de terras est cada vez menos presente Tal fato por m n o se deve a qualquer progresso t cnico mas sim a limites impostos por uma estrutura fundi ria que concentradora de terra gera como contrapartida uma quantidade enorme de pequenas propriedades A estrutura fundi ria interfere assim decisivamente no sistema Metabolismo conceito empregado para definir o trabalho como um processo entre o homem e a natureza um processo pelo qual o homem atrav s das suas pr prias a es media regula e controla o metabolismo entre ele mesmo e a natureza FOSTER 2005 p 201 109 agr cola provocando modifica es que poder
209. nar e gerir o territ rio com base em Zoneamentos Ecol gico Econ mico ZEE resgatar a pol tica urbana e de rela es cidade campo normatizar e reger a distribui o geogr fica do fluxo de capitais integrar se regionalmente via MERCOSUL defender as fronteiras e realizar projetos estruturantes O que concretamente se percebe que os oitos anos de gest o do ent o presidente FHC consolidaram a sa da do Estado de importantes atividades e ganhou espa o o Estado m nimo de filosofia neoliberal exigido no novo paradigma competitivo Conforme a escala e o avan o da reestrutura o do capital nos espa os a luta e organiza o do trabalho perpassada por fragmenta o precariza o explora o subordina o e expropria o nas regi es e espa os agr rios 78 De outra forma considerando que a an lise deve levar em conta a hist ria distinta dos pa ses e das sociedades pois os ordenamentos s cio territoriais no Brasil obedeceram a pressupostos distintos daqueles europeus urgente ressaltar que outras determina es al m dos PND s foram essenciais na reflex o acerca do papel e fun o do Estado enquanto ordenador e agente regulador das sociedades especialmente quando se trata da sociedade e do Estado Moderno O autor contr rio aquela an lise de car ter sist mica ou estruturalista v no Estado um agente promotor do interesse nacional sem distinguir classes Assim O Estado moderno capitalista e sua o
210. nda os cidad os independentemente da orienta o e dos interesses de classe o que explica as a es dos seus agentes nas comunidades rurais e s tios estudados Como nos lembram o autor o papel ideol gico na hist ria do Estado dissimular as contradi es LEFEBVRE 1971 Quando indagamos a respeito dos benef cios da participa o e pertencimento de classe na hist ria de organiza o dos trabalhadores do campo nas associa es as falas s o indicativas da capacidade organizativa e do potencial de coletiviza o do trabalho O nosso trabalho antes foi muito bom pra continuar na associa o por que quando a associa o ela formada quando vem de fora como diz voc ou por interesse de algum pol tico a n o funciona n o Por que nem toda vez voc recebe aquilo que deseja e o pol tico s quer voto mesmo Como a nossa era uma associa o que antes se reunia e j tinha um trabalho antes ela continua firme por conta disso ai Mesmo que a gente receba beneficio pol tico n s tamos juntos N s entende que o que vale nossa organiza o n Nos t junto discutindo os problemas e reivindicando Isso ai tem de ter toda vida quer seja associa o ou quer n o seja Nelito Presidente da Associa o de Trabalhadores Rurais de Pereiros 2011 O que fica patente a clareza da import ncia da associa o enquanto espa o de organiza o dos trabalhadores que somente juntos e reunidos estar o firmes para a luta A s
211. ndo f lego nas experi ncias trazidas por trabalhadores migrantes de origem italiana polonesa e japonesa A luta os conflitos e interesses de classe s o acentuados pelo avan o do capitalismo na agricultura e sob a forma de ind strias 170 Dentre as novas demandas do capital a emerg ncia de maior controle social sobre o trabalho foi legitimada inclusive ideologicamente no interior da classe trabalhadora com a institucionaliza o de novas formas organizativas nos mundos do trabalho tais como as cooperativas associa es e especialmente os conselhos no espa o das f bricas e ind strias em franca expans o no Brasil Se por um lado as organiza es de classe como os sindicatos e os partidos expressavam parte dos anseios dos trabalhadores por mudan a dentre elas a transforma o social por outro foi uma maneira do Estado capitalista regular os focos de conflito capital capital e capital trabalho THOMAZ JR 2002 A segunda metade do s culo XX foi permeada pelo avan o ideol gico e pol tico do bloco comunista sobre regi es e continentes fruto da revolu o russa de 1912 a 1917 Nos pa ses latino americanos o movimento revolucion rio repercutiu positivamente na luta de classes no campo abrindo espa os para revolu es em Cuba e El Salvador e hist ricas resist ncias O espa o do trabalho do campo no Brasil foi disputado ideologicamente por v rios agentes privados e estatais dentre eles os movimentos cat lico sindical
212. nico e eletro mec nico e Fortalecimento dos p los industriais tradicionais principalmente dos t xteis confec es e couro cal ados Il execu o do Programa de Desenvolvimento da agroind stria do Nordeste abrangendo entre outros projetos de algod o castanha de caju mamona pelotiza o de mandioca e suco de frutas Ill na rea rural esfor o de transforma o em economia de mercado da agricultura tradicional principalmente na faixa semi rida BRASIL S d Ora o que estava em pauta era a inser o do Nordeste nos processos de moderniza o conservadora com o campo recebendo a es e projetos reprodutores do aparato cient fico e tecnol gico conhecido como revolu o verde originado nos pa ses centrais e exportado como modelo de desenvolvimento para os pa ses pobres e perif ricos Neste sentido o Estado novamente cumpriu seu papel de agente na concerta o de interesses divergentes entre as classes sociais Assim os 12 processos de acumula o e de reprodu o ampliada do capital na base da estrutura que reproduz as desigualdades sociais e econ micas intensificaram se com a estrat gia desenvolvimentista integradora do espa o adotada pelo Estado militar Os conflitos e a viol ncia no campo foram arrefecidos em virtude da extin o e clandestinidade de parte dos STR e das organiza es de classe dos trabalhadores tais como as Ligas Camponesas Somado aos processos de
213. ns vel pela degrada o da natureza 9 11 Na sua opini o o que o homem poder fazer para diminuir a degrada o da natureza ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM OS SUJEITOS 1 Das associa es e da participa o dos trabalhadores 1 1 Qual o ano e a hist ria de cria o da associa o Motivo da cria o e objetivos finalidade 1 2 Na hist ria da associa o alguma decis o dos trabalhadores sofreu influencia dos agentes do Estado 1 3 Quais os benef cios que a associa o garante aos trabalhadores 1 4 Que trabalhador participa da associa o 1 5 Como avalia a participa o das pessoas na associa o Em caso de reduzida participa o como explica 1 6 A associa o j organizou na sua hist ria alguma atividade de forma o coletiva com os trabalhadores Qual intercambio visitas t cnicas cursos de forma o trocas de experi ncias 1 7 A associa o j realizou atividades conjuntas com outras associa es De que comunidades Quais atividades 1 8 Na sua opini o a associa o contribui de alguma forma para a resist ncia e a luta dos trabalhadores na comunidade Explique 2 Das causas da mobilidade espacial dos trabalhadores 2 1 E comum a migra o de trabalhadores para outros lugares Qual o per odo do ano ocorre com mais frequ ncia 2 2 Quais s o os destinos mais comuns dos trabalhadores 2 3 Quais as principais causas deste movimento O que atrai os trabalhadores Voc conhece algum
214. nsi o Agreste Mata do Norte de Pernambuco Revista Brasileira de Geografia Rio de Janeiro v 54 n 1 p 121 177 Jan Mar 1992 GRABOIS Jos Reflex es sobre a geografia agr ria uma trajet ria In OLIVEIRA Ariovaldo U de MARQUES Marta Inez M orgs O campo no s culo XXI territ rio de vida de luta e de constru o da justi a social S o Paulo Editora Paz e Terra e Casa Amarela 2004 GUIMAR ES Alberto Passos A crise agr ria Rio de Janeiro Paz e Terra 1982 GUNDER FRANK Andre Capitalismo y subdesarrollo em Am rica Latina Buenos Aires Argentina Siglo XXI 1974 GUZM N Eduardo Sevilla MOLINA Manoel Gonz lez Sobre a evolu o do conceito de campesinato S o Paulo Express o Popular 2005 HARVEY David Condi o p s moderna S o Paulo edi es Loyola 1992 A teoria marxista do Estado In A produ o capitalista do Espa o S o Paulo Annablume 2005 HUBERMAN Leo Hist ria da riqueza do homem Rio de Janeiro LTC 1986 IANNI Octavio Formas sociais da terra Revista de Ci ncias Sociais e Econ micas RA ZES Campina Grande Mestrado em Economia e Mestrado em Sociologia da Universidade Federal da Para ba UFPb V 2 n 2 3 jan dez 1983 Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria INCRA Balan o da reforma agr ria e da agricultura familiar 2001 Bras lia Dispon vel em www incra gov br reforma recordes1 html acesso em 20 04 2006 IBGE Censo ag
215. ntais Em primeiro lugar trata se de um m todo que consiste em descrever o fen meno isto aquilo que se d imediatamente Como tal a fenomenologia n o se interessa pelas ci ncias da natureza e se defronta com o empirismo Tamb m renuncia e com isso p e se em oposi o ao idealismo a tomar como ponto de partida uma teoria do conhecimento Deste modo vemos que como m todo representa uma atitude radicalmente contr ria a todos os tra os que predominam no s culo XIX Por outro lado seu objetivo constitu do pela ess ncia isto o conte do intelig vel ideal dos fen menos que captado em uma vis o imediata a intui o essencial CORREA 1995 p 38 Para al m da intui o doadora de sentidos e enquanto caminho para entender as rela es sociedade natureza importante resgatar a hist ria social e os pores teleol gicos da produ o do espa o resultado ou produto da pr xis social Como nos lembra Marx e Engels 2007 na historia da organiza o das 21 diferentes sociedades humanas o desenvolvimento do ato da fala e da linguagem j presumiam certa materialidade na passagem do ar pelas cordas vocais O desenvolvimento social por meio do progresso no s culo XX ordenado pelo capital se apoiou na apropria o do aparato cient fico enquanto meio de produ o Este aparato contribuiu para transformar antigas contradi es renovadas em nova roupagem nos espa os do campo e das cidades A ci nci
216. nte a luta e os processos hist ricos de resist ncia al m de esvaziar a identidade e o sentido de pertencimento de classe dos sujeitos hist ricos Esse quadro pol tico mais amplo evidenciou a transforma o do sujeito campon s em sujeito agricultor familiar sugere tamb m uma mudan a ideol gica O campon s metamorfoseado em agricultor familiar perde a sua hist ria de resist ncia fruto da sua pertin cia e se torna um sujeito conformado com o processo de diferencia o que passa a ser um processo natural do capitalismo CARVALHO 2005 p 25 Assim a condi o e o desenvolvimento da sociabilidade do ser social apontavam para o acirramento das possibilidades e diferencia es das 51 forma es sociais em ritmo acelerado na hegemonia exercida em conjunto pela classe dominante e o aparato ideol gico do Estado Para um grupo de intelectuais a tend ncia do trabalhador campon s foi transformar se em burgu s rural ou oper rio da f brica numa idealiza o da realidade KAUTSKY 1981 A falta de compreens o da obra total de Marx desconsiderou dentre outras quest es as an lises feitas por este autor do papel do trabalhador rural e do campon s no processo hist rico Uma segunda corrente de interpreta o do trabalho e da agricultura no capitalismo n o exclui a possibilidade de manuten o do campon s e compreende que esta fra o de classe fruto das contradi es e desigualdades do processo de reprodu
217. ntidos da integra o O movimento crescente de poder externo a ajuda financeira na reconstru o de parte da Europa do per odo p s guerra e a bipolariza o R ssia EUA pelo poder determinaram a hegemonia na regi o 70 Na Am rica Latina e no Brasil registram se v rios golpes de estado com algumas revolu es de car ter democr tico e burgu s derrubada de presidentes eleitos pela via popular e al ada ao poder de l deres militares Estes sem apoio no plano interno contribuir o para retirada de parte das conquistas da classe trabalhadora do campo e das cidades do per odo anterior A geopol tica baseada na filosofia politica positivista e nacionalista do facismo afastou definitivamente a possibilidade concreta de constitui o de regimes comunistas e a transi o socialista na Am rica Latina Uma das estrat gias adotadas pelos militares foi a pol tica de controle demogr fico da popula o ou seja o Estado passou a controlar a natalidade incentivando o uso e a distribui o de preservativos e anticoncepcionais para as mulheres Deslocamento migra es tempor rias e permanentes eram demandas incentivadas conforme a emerg ncia da acumula o e dos lucros do capital A influ ncia indireta de parte dos pa ses centrais no Brasil durante a gest o militar pode ser destacada quando no Plano evidencia se Do ngulo geoecon mico verifica se que o mundo desenvolvido vem demonstrando preocupa o com o r pido cresci
218. nto aberto Quanto maior o avan o do dom nio do capital fragmentando o trabalho e os trabalhadores nos espa os produtivos maior sentido concretude e pertencimento inclusive de classe ganha as lutas e os conflitos no espa o social e agr rio As a es isoladas ou n o ao se institucionalizar torna se referencias para a es coletivas organizadas nos espa os das Associa es de Trabalhadores nos movimentos sociais e Sindicatos de Trabalhadores Rurais STR FABRINI 2003 A distribui o dos espa os produtivos outro elemento importante destacado pelos trabalhadores Nestes espa os as mudan as em curso resultam de uma diversidade de fatos e fen menos de ordem natural econ mica pol tica e hist rica A valoriza o da produ o leiteira por exemplo tem na media o do Estado capitalista uma das determina es Projetos como o de compra direto ao produtor executados pela EMATER PB cujo pre o final do litro de leite subsidiado pelo Estado repercute no limite na manuten o ou transforma o das rela es de trabalho e t cnicas no interior dos estabelecimentos Apesar de importantes as a es de compra direta podem estimular e ampliar as condi es para a pecuariza o e o aumento da precariza o entre os trabalhadores sem terra e pequenos produtores Aquele plano do governo n d o leite l no banco de leite e chama eles Compra o leite direto Esse leite n o sei se a Parmalat ou outra que vem
219. o 92 equipamentos em 16 estabelecimento estudados girando em torno de 6 aparelhos por estabelecimento enquanto no s tio Aroeiras apenas 72 registros para um total de 14 estabelecimentos rurais TABELA 6 Registro de Aparelhos Eletroeletr nicos nas Comunidades e S tios Equipamento Maracuj Pereiros P de Cabacei Serra Gravat Pales Pitombeira Aroeiras S tios 16 4 Serra 4 ras 4 Branca 3 2 tina 6 de 14 Dentro 16 S N S N S N S N S NISIN S N S N S N TV 16 4 3 1 4 3 2 6 16 13 1 Celular 16 4 4 4 3 2 5 1 13 3 10 4 R dio 14 1 4 4 4 3 2 5 1 16 14 Geladeira 16 4 4 4 3 2 6 16 13 1 Fog o 16 4 4 4 3 2 6 16 14 g s lenha Liquidificador 4 12 2 2 2 2 3 1 3 2 5 1 12 4 7 7 Ventilador 3 13 1 3 4 1 3 3 2 5 1 10 6 8 6 Lavadora 1 15 4 4 4 2 1 2 2 4 1 15 14 Computador 2 14 1 3 4 1 3 3 2 1 5 16 14 Impressora 16 4 4 4 3l 2 6 16 14 Outros Video 11 DVD 2 DVD 1 DV 2 Bate l l Fe DVD Ferr 10 Ferr 11 game e e De deira rro ferro o 0 3 e DVD ferro ferro ferr 2 micro 6 5 2 3 o ferro 2 onda DVD s 8 5 Subtotal 83 41 26 18 24 20 26 17 28 7 1 16 6 49 19 92 70 82 72 Fonte Dados coletados em pesquisa de campo no ano de 2011 Elaborado por Jackson V Souto 135 136 Quanto presen
220. o ampliada do capital MARTINS 1989 e OLIVEIRA 2001 Para estes a sujei o do trabalhador do campo dupla e se concretiza no momento da circula o das mercadorias na aquisi o de instrumentos e meios de trabalho ou ainda na esfera financeira dos empr stimos banc rios diferentemente da subordina o direta que h entre o capital trabalho reproduzido no espa o da f brica Em pa ses perif ricos como o Brasil ex col nia o antagonismo cl ssico de classes oriundo da rela o capital trabalho n o d conta de explicar parte das especificidades que a din mica s cio espacial e a totalidade do trabalho assumiram N o pretendemos com isso desconsiderar a centralidade ontol gica do trabalho na compreens o das contradi es que move a sociedade apesar das condi es distintas em que encontra o emprego e a ocupa o em progresso nos mundos do trabalho THOMAZ JR 2002 Simultaneamente ao avan o do capital abre se no movimento contradit rio dos trabalhadores brechas e espa os sociais de luta pol tica e de organiza o do trabalho Dentre as especificidades hist ricas vividas pelo conjunto de trabalhadores no campo do Brasil est o s lutas estrat gicas e de conquista dos espa os produtivos a hist ria do campesinato no Brasil pode ser definida como o registro das lutas para conseguir um espa o pr prio na economia e na sociedade Interessa portanto saber que condi es ele encontra at o presen
221. o autor Construfram assim os maiores latif ndios do Brasil tornando se senhores de uma extens o territorial maior do que muitos reinos europeus pois possu a em 1710 em nossos sert es mais de 340 l guas de terra nas margens do Rio S o Francisco e de seus afluentes ANDRADE 1980 p 162 Restou aos trabalhadores conquistar a posse da terra no Nordeste Oriental e resistir ao pagamento do foro ao sesmeiro ent o dono da concess o de terra cabendo ainda desbravar o territ rio em luta dif cil em um meio hostil contra selvagens belicosos marcos do avan o do movimento povoador eram feitas pelos vaqueiros muitas vezes escravos e por posseiros que n o dispondo de prest gio em Salvador nem das habilidades necess rias para obterem concess es de terras nos meios palacianos n o conseguiam sesmarias tornando se seus foreiros estabeleciam se com o curral e as reses no que chamavam de s tio pagando anualmente um foro IDEM Importou ao colonizador civilizador de origem europ ia e branca subordinar homens terras e dominar na es inteiras para al m mar repassando aos grupos de povos nativos ndios negro escravo e camponeses mesti os a miss o de lutar nas frentes de ocupa o onde o conflito era inevit vel ocorr ncia comum na abertura das terras Tinha como objetivo o dom nio da riqueza e a explora o de trabalho alheio A ocupa o das fra es territoriais
222. o campo o Estatuto do Trabalhador Rural de 1950 e nas cidades a Consolida o das Leis Trabalhistas CLT da era Vargas s o a demonstra o clara e inequ voca da presen a do Estado como regulador dos conflitos e interesses de classe na sociedade brasileira Ainda acerca das especificidades do capitalismo na agricultura do Brasil o autor afirma a tend ncia que No caso brasileiro o capital n o tem atuado na dire o da separa o entre capitalista e propriet rio de terra O que ocorre a apropria o da renda da terra pelo capital tanto na pequena propriedade quanto na grande Ou em outras palavras estamos vendo que o capital tem se apropriado diretamente de grandes propriedades ou promovido a sua forma o em setores econ micos no campo em que a renda da terra alta como no caso da cana da soja da pecu ria de corte Onde a renda baixa como no caso dos setores de alimentos de consumo interno generalizado o capital n o se torna dono da terra mas cria as condi es para extrair o excedente econ mico MARTINS 1979 apud OLIVEIRA 1994 p 8 42 N o apenas o monop lio territorial e o desenvolvimento desigual entre diferentes sistemas agr rios caracterizam as especificidades hist ricas do desenvolvimento do capitalismo na agricultura do Brasil Al m de estruturas econ micas a hist ria pol tica explicada pela luta de classes e organiza o do trabalho De outra forma consequente obs
223. o controlador dos conflitos e dos interesses difusos de classe Na base das a es do Estado a manuten o do poder econ mico pela classe dominante e o desenvolvimento de pol ticas de re ordenamento territorial Planos projetos a es e estrat gias fundam o planejamento estatal cujo fim em ultima instancia garantir um estado de concerta o entre as diferentes for as sociais em luta no seio da sociedade civil A gest o do Estado sob os par metros do capital exige governabilidade efic cia e efetividade nas pol ticas sociais e econ micas de car ter regional e integradoras o sentido de inclus o em vigor produtor de cidadania Esvazia se o sentido de classe que opera na ordem econ mica capitalista cabendo pergunta conforme o autor qual o lugar que a pol tica ocupa na teoria da transi o de um tipo de sociedade para outro Graciolli 2010 p 153 Antes do per odo que vai de 1961 63 importante breve revis o da pol tica pr 1961 Compreender os Planos Nacionais de Desenvolvimento Regionais PNDR de forma consequente passa por entender e constatar as transforma es por que passou a rela o econ mica e pol tica do Estado brasileiro com pa ses centrais especialmente os Estados Unidos da Am rica Com o fim da primeira e segunda grande guerra mundial e o fortalecimento da hegemonia americana no continente sul americano a pol tica adotada pelo Estado brasileiro no referido momento hist
224. o da gua do a ude pelo Estado atrav s da Agencia de gua do Estado da Para ba AESA afeta diretamente as comunidades beneficiadas pelo sistema de irriga o por gravidade ent o em funcionamento O que ficou patente para n s que os trabalhadores pequenos produtores t m no segundo semestre do calend rio agr cola demanda mais intensa de trabalho enquanto no primeiro o uso da for a de trabalho direcionado manuten o da cria o em especial do gado leiteiro Este constitui um verdadeiro fundo de reserva do trabalhador sertanejo j que na precis o se desfaz de parte da cria o doen as casamentos festas morte mudan as e renda s o algumas das causas declaradas O car ter de fundo de reserva ou poupan a que assume a cria o refor ado nas declara es sendo comuns respostas paradigm ticas A cria o pois o gado mais caro O arroz e o legume n o tem valor Antonio Passos Aroeiras 2011 O alimento pois nunca criamos para vender Lenice Maria Serra Branca 2011 155 o valor pago pelo mercado renda produzida uma das refer ncias na avalia o dos trabalhadores e pequenos produtores A pecuariza o dos espa os expressos na expans o quantitativa e qualitativa do rebanho bovino nos estabelecimentos rurais apenas uma das faces do avan o da moderniza o agr cola sob dom nio do capital O apoio necess rio para a expans o da atividade vem financeiramente e
225. o de vida refletiu a predomin ncia do positivismo na ci ncia geogr fica pelo mundo e no Brasil n o foi diferente Como bem observa o autor preval ncia no fen meno retira do movimento em que se assenta a renova o das contradi es na sociedade moderna e coloca em relevo A preval ncia da ci ncia neutra e apegada aos valores burgueses como universais consolidou o pensamento positivista e liberal e na geografia materializou se no complexo geogr fico ao longo dos anos 1940 1950 e parte dos 1960 e atrav s dos g neros de vida os ge grafos agr rios desenvolveram investiga es sobre os tipos de agricultura prevalecendo as aten es as paisagens rurais os regimes agr rios os tipos de produ o enfim os g neros de vida vinculado aos agricultores e criadores O principal a ressaltar das observa es de Bray 2008 e o que vai prevalecer na geografia brasileira como um todo que a geografia estudava os fen menos agr rios mas n o os movimentos agr rios as a es organizadas dos trabalhadores THOMAZ JR 2011 p 5 6 Assim ao estudar os fen menos a geografia acentuou certas irregularidades clim ticas que assumiram s vezes tanta import ncia quanto a descri o do pr prio clima o que traz um grau de incerteza ao labor agr cola o que ocorre por exemplo no sert o do Nordeste com suas secas peri dicas Valverde 1980 p 62 A no o de modo de vida produzir a partir de estudos
226. o e fragmenta o recentes do espa o da rede urbana n o estiveram descoladas dos efeitos que as duas grandes guerras mundiais promoveram na primeira metade do s culo XX e da crise econ mica que sacudiu o mercado mundial em 1929 Estes fatos hist ricos foram respons veis pela transfer ncia da hegemonia do sistema do capital da Inglaterra para os Estados Unidos da Am rica EUA A partir de 1970 com o advento da reestrutura o produtiva nas ind strias e a revolu o verde no campo a pecu ria bovina no sistema moderno de cria o se utiliza de gado geneticamente selecionado ra o industrializada balanceada pasto preparado por maquin rio e insumos 95 agr colas A atividade como forma de poupar for a de trabalho exige grandes extens es de terra no sistema extensivo cujo rebanho solto nas grandes propriedades privadas Este sistema terminou por sujeitou n o apenas a pequena produ o e os trabalhadores ampliando a especializa o a divis o do trabalho e o assalariamento Ao ampliar a domina o da grande propriedade privada capitalista termina por desterritorializar pequenos produtores e parceiros O sert o da pecu ria do algod o da hist rica mobilidade da for a de trabalho sazonalmente s regi es midas e das grandes propriedades de terra permaneceu at os dias atuais reproduzindo processos de domina o e sujei o entre diferentes regi es e classes Antes contudo de enfatizarmos os efeitos da
227. o estabelecendo maiores retiradas do excedente produzido pelo trabalho e da mercadoria for a de trabalho inclusive entre trabalhadores sem terra e pequenos produtores Os sentidos concretos das mudan as revelaram maior precariza o das condi es de vida e de trabalho entre os trabalhadores desterrados e aqueles que garantem a reprodu o social na mobilidade no espa o Qualitativamente quando comparado ao conjunto dos trabalhadores sujeitos de nossa pesquisa os efeitos do dom nio do capital sobre o trabalho migrante mais intenso devido maior fragmenta o ora no espa o do campo ora no espa o urbano ou ainda ao trabalhar na agricultura capitalista do corte da cana A possibilidade de fracasso na organiza o coletiva dos trabalhadores no campo de Santana dos Garrotes concreta e deve se ao exerc cio da domina o do capital sobre o trabalho medido na acumula o regulada por tend ncia de taxas de lucro menores na agricultura e por outro lado pelas conquistas que a luta de classe produzem Se na composi o org nica do capital participam capital vari vel e fixo trabalho vivo e trabalho morto quanto maior for o n mero de trabalhadores expropriados fragmentados desterritorializados e sem meios de produ o menores ser o os sal rios e o custo de produ o para o capital desembolsar O enfrentamento ao Capital e ao Estado capitalista no caso das nove comunidades e s tios estudados perpassa pelo sentido concreto da luta e
228. o pr prio p r essa elabora o mental de p r fins e meios de realiza o teve de se generalizar e com o desenvolvimento da divis o do trabalho tamb m teve que se autonomizar LUK CS 2010 p 236 Assim o avan o do capitalismo na agricultura e das fo as produtivas historicamente mediadas pelo assalariamento teve na divis o do trabalho os processos necess rios de integra o do trabalho no mercado re criando novas categorias de sujeitos e acentuando as contradi es entre diferentes espa os e entre o campo e as cidades No campo as contradi es s o reproduzidas a partir da sujei o do valor de uso ao valor de troca no processo de valoriza o do valor da atividade agr cola ind stria e mesmo dos valores do campo s cidades A fragmenta o do trabalho sob dom nio do capital realiza se quando a divis o social do trabalho imp e ao conjunto de trabalhadores do campo nova e diversas ocupa es entre os trabalhadores tais como cambiteiro cortador de cana botador tombadores maquinista e o mestre de a car Soma se ao vaqueiro cl ssico corredor de gado alguns empregados percebendo sal rios em dinheiro dentre os quais se destacam os carreiros Sua import ncia decorre do uso do tradicional carro de bois que vai diminuindo de ano para ano com a abertura de novas estradas e o aumento do n mero de caminh es Na realidade tem sido o caminh o nessas duas ltimas d cadas o grande conquistador do Sert
229. o rural desertifica e fica aquilo sem jeito Sem gente E um fracasso pra aqui pra comunidade Atrapalha Por que voc n o acredita aqui n o d mais n o Eu acho que a gente tem de enfrentar O sistema capitalista a tend ncia essa mesma o pequeno se acabar Ai a realidade t o dura daqui que o pessoal n o resiste e chega o ponto de a nica sa da daqui voc se proletarizar l fora Trabalhar n Nelito Presidente da Associa o dos Trabalhadores Rurais de Pereiros 2012 O espa o urbano para parte dos trabalhadores do campo estudados sin nimo de proletariza o de sujei o e domina o que os poderosos exercem sobre o trabalho O sentido da desertifica o e do xodo aquele da mobilidade no espa o e reflete o fracasso das possibilidades de trabalho e gera o de renda A resist ncia ao capital e seus agentes perpassa inclusive pelos momentos de des realiza o que a proletariza o reproduz no mundo do trabalho Muito embora a realidade seja dura o enfrentamento as possibilidades de resist ncia e luta somente s o poss veis com a es coletivas seja de forma o pol tica ou na pr xis do trabalho A via do desaparecimento das culturas alimentares como o arroz vermelho o umbu e a mangaba conforme not cia veiculada em jornal de circula o estadual em anexo reflete n o s a expropria o material que sofre os trabalhadores camponeses e sem terra mas sobretudo cultural e valores No pr x
230. o trazer problemas econ micos e ecol gicos pela redu o de tempo de pousio por falta de espa o no caso das pequenas propriedades GRABOIS MARQUES e SILVA 1991 p 88 Ora se a terra participa como principal meio de produ o no labor agr cola e a separa o entre trabalhadores e ou produtores e a terra j se encontra parcialmente concretizada no desenvolvimento do modo de produ o capitalista na agricultura o centro da quest o n o est nas t cnicas mais avan adas e modernas mas nas rela es sociais e de produ o ao entrar em conflito com o desenvolvimento das for as produtivas Assim avan a nas grandes propriedades capitalistas de terra a atividade da pecu ria bovina e de corte de ra a selecionada manejo racional e de rendimento maior no caso a nelore e o mesti o enquanto ao pequeno produtor permitida apenas a cria o para a produ o de leite em escala invariavelmente menor O dom nio territorial daquelas grandes propriedades capitalistas determina a presen a maci a de pequenos estabelecimentos na estrutura fundi ria no munic pio de Santana dos Garrotes Dentre as dimens es identificadas e predominantes nos estabelecimentos pesquisados h uma varia o entre 50 a 1ha no distrito de Pitombeira de Dentro e entre 40 e 6ha nas comunidades rurais dentre elas a de Aroeiras uma das principais na produ o de arroz vermelho Nossa pesquisa como j destacado anteriormente n o levou em conta toda a
231. ocesso de trabalho como acess rios e s o instrumentos de trabalho e insumos adquiridos no comercio a troca subordinando os valores de uso no momento de aquisi o do aparato produtivo A estrat gia da diversifica o produtiva na organiza o do trabalho avan a simultaneamente homogeneiza o dos espa os de pecuariza o esta ltima de forma lenta A estrutura agr ria r gida secular e espacialmente concentrada reproduz contradi es econ micas no movimento dial tico da especializa o policultura do trabalho no campo Simultaneamente 156 intensifica o da tecnologia e das t cnicas a tend ncia a maior especializa o expressa al m dos pacotes tecnol gicos o avan o do capital reduzindo as reas de cultivo alimentar no interior dos estabelecimentos rurais GRABOIS MARQUES e SILVA 1991 e GRABOIS SILVA E MACIEL 1992 A disponibilidade de for a de trabalho e de terra meios de produ o essenciais na agricultura sob dom nio do sistema metab lico do capital regulada pela necessidade constante e pelas transforma es que o sistema de acumula o e lucro do capital reproduz no espa o agr rio inclusive demandando a mercadoria for a de trabalho no espa o urbano A exig idade de terras pelos pequenos produtores no sert o paraibano simultaneamente ao expressar a subordina o do espa o agr rio do sert o s demandas do Litoral tamb m reduz os campos de cultivo alimentar para a pecu ria al m da
232. ododaeconomiapol tica htm em 23 05 2011 MARX Karl ENGELS Friedrich A ideologia alem cr tica da mais recente filosofia alem em seus representantes Feuerbach B Bauer e Stirner e do socialismo alem o em seus diferentes profetas S o Paulo Boitempo 2007 187 MAZZEO Antonio Carlos Burguesia e capitalismo no Brasil S o Paulo tica 1988 MELO MARIN Maria Cristina de Migra o sem urbaniza o o caso da cidade paraibana de Serra Branca In Revista de Ci ncias Sociais e Econ micas Ra zes Campina Grande PB UFCG PPGCS ano IV N 4 5 Jan 1984 a Dez 1985 p 197 203 1985 M SZ ROS Istv n Produ o destrutiva e estado capitalista S o Paulo Ensaio 1989 Para Al m do Capital Rumo a uma teoria da transi o S o Paulo Boitempo Editorial 2006 MILIBAND Ralph O estado na sociedade capitalista Rio de Janeiro Zahar editores 1982 MINAYO Maria Cec lia de Souza Ci ncia t cnica e arte o desafio da pesquisa social In DESLANDES Suely Ferreira Pesquisa Social teoria m todo e criatividade Petr polis RJ Vozes 1994 MOREIRA Emilia de Rodat Fernandes Atlas de geografia agr ria da Para ba Jo o Pessoa PB Editora da UFPB 1997 MOREIRA Emilia de Rodat F TARGINO lvan Cap tulos de geografia agr ria da Para ba Jo o Pessoa PB Editora da UFPB 1997a MOREIRA Ruy O c rculo e a espiral A crise paradigm tica do mundo moderno Rio de Janeiro Obra Aberta 1998 OLIVEIRA Ana
233. ogo de sistemas agr colas com os processos hist ricos de constru o do espa o agr rio Neste sentido que para o trabalhador do campo ao se relacionar diretamente com a natureza e a terra enquanto meio e condi o de trabalho assume import ncia vital as possibilidades de aproveitamento das vertentes v rzeas e colinas Estas engendram em virtude das contradi es no processo de produ o do espa o agr rio paisagens constantemente conformadas nos processos produtivos e de trabalho Todo o aproveitamento do potencial de ac mulo de gua da sub bacia do rio Gravat para irriga o rio este tribut rio do Pianc que fica montante do grande a ude Coremas M e d gua bem como o uso das v rzeas e vertentes de riachos para o cultivo de arroz vermelho s o exemplos cl ssicos que os seres sociais ao planejar o processo de trabalho conscientemente 87 realizam a es concretas de produ o no espa o tornando poss vel a transforma o da natureza e de si pr prio Riachos como o maracuj e o Gravat cortam fra es do espa o agr rio do munic pio com o acesso s guas do segundo sendo controlado por agentes p blicos o que demonstra como o Estado capitalista regula atrav s da media o os diversos momentos da atividade produtiva e do trabalho no campo Neste caso a Ag ncia Executiva de Gest o das guas do Estado da Para ba AESA com o discurso de controlar o fluxo e o n vel de gua no reservat rio dete
234. ol gico que combinou uso de insumos agr colas e avan o do trabalho morto ou seja das maquinas em substitui o ao trabalho vivo na agricultura Este movimento de renova o das for as do capital significou dentre outras coisas uma resposta diante da crise que o aumento do pre o do barril de petr leo instalou em escala mundial que atingiu inclusive o Brasil Sobre estes fatos o autor desenvolve foi idealizada para salvar a agricultura do mundo subdesenvolvido de uma suposta incapacidade de vencer os obst culos tecnol gicos Remover os obst culos tecnol gicos e s eles significava adotar um pacote de insumos que inclu a sementes de variedades melhoradas de alto rendimento principalmente de trigo e arroz acompanhadas do uso obrigat rio de grande propor o de fertilizantes de equipamentos mec nicos avan ados e de sistemas de irriga o controlado GUIMARAES 1982 p 223 O trabalho industrial da era Fordista j n o exercia seu poder de vanguarda e alcance nas fabricas de todo o mundo e a bola da vez no inicio do s culo XX era o modelo Toyota de linha de produ o e de trabalho descentralizado no espa o Dentre as novas prerrogativas de organiza o do trabalho industrial o processo de trabalho conhecido como toyotismo exigia capacidade intelectual continuada dos trabalhadores sem retardar um minuto sequer os n veis de produtividade Na agricultura a reestrutura o produtiva s
235. olas do campo sem exce o evidencia n o s o car ter ideol gico que assume o aparato do Estado capitalista servi o da classe dominante mas sobretudo relativo as possibilidades de amplia o dos processos de aliena o do trabalho s diversas formas que os representantes do capital assume no campo Alguns relatos de moradores da cidade e do campo d o conta de que a educa o as escolas e o pagamento de professores dependem invariavelmente do n mero de eleitores votantes ou seja caso a comunidade vote no gestor garantido o benef cio e o funcionamento caso contr rio se houver resist ncia e consci ncia pol ticas a escola fechada A partir dos dados do IBGE o quadro mais amplo do ensino no munic pio conta com um n mero total de 201 docentes que atuam em escolas da rede p blica municipal e estadual al m de um col gio privado O trabalho dos professores em sua maioria no entanto na rede municipal de ensino que soma um total de 107 docentes equivalendo a 53 dos professores em 26 espa os escolares do fundamental ao ensino infantil 19 o n mero total de pr dios destinados educa o infantil e fundamental e 2 destinados ao ensino m dio para uma popula o total de 1 701 estudantes do ensino b sico Destes a maioria est matriculada no ensino fundamental 1 254 ou 55 3 frequentando a rede estadual 830 enquanto apenas 42 alunos estudam no ensino fundamental da rede privada IBGE 2009 De outra forma
236. omera es de pessoas como um distrito dentro de uma cidade n o pegava muito bem por que o pessoal come ava a se reunir e aquela coisa e outra Por orienta o de Dom Geraldo da Diocese de Patos hoje falecido ent o ai nasceu da minha cabe a como eu morei em Bras lia 12 anos l essa experi ncia de associa o de moradores depois de um ano e demos toda a entrada em toda papelada e chegamos a conclus o de fundar esta associa o E at os dias de hoje ela vem e eu fui presidente por v rias vezes eleito outro rapaz j assumiu em meu lugar As pessoas conscientes vieram o conhecimento habitacional veio a quest o da moderniza o dos tempos de hoje Jo o Alexandre Presidente Associa o de Trabalhadores de Pitombeira de Dentro 2012 O que se percebe que no per odo final da d cada de 1970 e inicio dos anos 80 houve claramente a re orienta o das a es de parte da Igreja Cat lica e agentes pastorais em clara contradi o com as possibilidades de organiza o independente e coletiva dos trabalhadores nas comunidades rurais e urbanas A orienta o na constitui o das associa es de trabalhadores perpassou pelo movimento hist rico para al m do trabalho eclesial O momento hist rico p s grande guerra mundial que passou o Brasil e os pa ses latino americanos foi de inflex o democr tica no campo pol tico e ideol gico A presen a do Estado no controle social se fez sobretudo pela nece
237. ominado pelo capital transforma e media os momentos e espa os do por teleol gico subordinando conforme seus interesses diferentes sistemas agr rios Elementos outros na conforma o da paisagem s o os processos pedol gicos edafo clim tico de fluvio pluviometria bem como hidrol gico hidroqu mico e ecol gico Estes comp em o quadro mais amplo da fisiogeografia local distintos do espa o da Zona da Mata e do Agreste nordestinos Contribuem sobremaneira ao desenvolvimento das especificidades reproduzidas no espa o de clima semi rido quente seco com chuvas escassas e irregulares e m dias pluviom tricas em torno de 268 a 800 mm ano Assim no espa o das comunidades e s tios estudados o potencial hidrol gico a disponibilidade de recursos h dricos RADAMBRASIL 1981 e a hidrogeologia IBGE 2006 s o essenciais no estabelecimento dos sistemas agr colas dependentes que s o conforme as t cnicas rela es sociais de 123 trabalho e de produ o em desenvolvimento O controle pelo Estado da disponibilidade qualidade tratamento coleta e uso da gua que abastece as comunidades rurais e s tios no munic pio determina a din mica do trabalho na terra em fun o do sistema de irriga o usado e da capacidade de capitaliza o dos produtores Observamos ainda conforme Radambrasil que a distribui o anual de gua superficial super concentrada 4dC ou seja o regime hidrol gico municipal segue o ciclo inconstant
238. omo a implanta o de pequenas barragens de acumula o de gua linhas de finan i ciamento para a produ o acesso a tecnologia entre outros RY O evento foi realizado pela FAEPA e Sindicato dos Produtores Rurais com o apoio do SENAR PB prefei turas e outras institui es m mnim en nmm a m CORREIO DA PARA de arroz vermelhc UFPE BC Souto Jackson Vital Resist ncia e Trabalho no Campo no Munic pio de Santana dos Garrotes Jackson Vital Souto Recife 2012 197p Orientador Caio Augusto Amorim Maciel Disserta o Mestrado UFPE CFCH 1 Geografia do Trabalho 2 Migrante 3 Resist ncia 4 Estado Capitalista 198
239. omo reviravolta das velhas rela es entre o homem e a natureza e dos limitados mbitos locais como cria o da hist ria universal atrav s da forma o do mercado mundial QUAINI 1979 p 125 Portanto o avan o do capitalismo na agricultura redundou em mudan as no quadro pol tico e econ mico e atualmente o movimento de reestrutura o do capital no espa o se assenta em 3 pilares acumula o flex vel desregulamenta o produtiva e financeiriza o do capital HARVEY 1992 As transforma es conduzidas pelo capital no momento hist rico atual re colocam para pensarmos se os trabalhadores na luta por espa os mantem a posse da terra como bandeira pol tica e econ mica a ser conquistada ou se h espa os de reprodu o social para al m da luta pela terra Discute se se consequente nos dias de hoje a luta dos trabalhadores no limite pela posse da terra conforme apontou outrora ANDRADE 1981 A luta por trabalho perpassa outros direitos e conquistas sociais e uma delas reproduz o Movimento de Luta dos Trabalhadores Desempregados MLTD movimentos sociais e eclesiais de base que tem na reprodu o do trabalho migrante desempregados e formas atuais de trabalho escravo bandeiras de luta e de conquistas sociais A escassez de emprego a falta de condi es de vida de renda e terra no campo s o alguns dos argumentos dos trabalhadores pesquisados Apesar da precariza o social e degrada o das terras quando
240. omplexidade e diversidade dos sujeitos hist ricos que vivem da venda da for a de trabalho encontra limites n o s quando tenta explicar o desenvolvimento do trabalho levando em conta apenas a rela o cl ssica de explora o direta entre o trabalho assalariado e o capital realizado nos espa os de ch o de f brica e ainda quando levam em conta apenas determina es de nica ordem econ mica ou pol tica As formas que assumem na atualidade as rela es de trabalho e de produ o no campo t m nas usinas de lcool e a car bem como nas agroind strias espa os privilegiados para a reprodu o da subordina o entre diferentes regi es sistemas agr rios e classes sociais As evid ncias hist ricas da g nese e evolu o do trabalho no campo no Brasil demonstram que o avan o do capitalismo na agricultura ao produzir intensas transforma es fragmenta e d novos sentidos ao movimento de des realiza o dos trabalhadores THOMAZ JR 2002 A raz o em se considerar categoria do trabalho para estudar o espa o enquanto momento explicativo dos novos sentidos do trabalho que o salto ontol gico observado na atividade produtiva humana representada pela capacidade e potencial de diferentes pores teleol gicos encontra se inelutavelmente ligado natureza inorg nica e org nica ou seja a rela o metab lica sociedade natureza LUK CS 1978 e FOSTER 2005 Assim a humaniza o da natureza do homem
241. opria o dos meios de produ o entre os trabalhadores camponeses e os grandes propriet rios abriram espa o para as media es do Estado moderno no campo e nas cidades no centro do sistema do capital A constitui o de um organismo acima da sociedade contendor e distribuidor das forma es e for as sociais tinha como ideologia combater a pobreza e os conflitos sociais HARVEY 2005 Por outro lado as a es e os investimentos do Estado capitalista simultaneamente ao reestruturar o espa o e o tempo da produ o de mais valia reproduzem os momentos da nega o do capital FABRINI 2003 Os espa os de organiza o dos trabalhadores nas Associa es de Trabalhadores Rurais nas comunidades rurais e s tios pesquisados s o indicativos de potencial resist ncia fragmenta o pol tica Para o autor A organiza o e luta de resist ncia dos trabalhadores do campo sempre estiveram presentes no territ rio brasileiro Nos dias atuais outros exemplos podem ser citados principalmente aqueles surgidos nos assentamentos de trabalhadores sem terra como associa es grupos coletivos cooperativas e etc IDEM p 7 169 Observamos que um dos impasses a participa o e o sentido de pertencimento inclusive de classe dos trabalhadores rurais nas associa es perpassado contradi es pol ticas e econ micas dentre elas a reprodu o da mobilidade social do trabalho no espa o O trabalho migrante ao reproduzir cert
242. or outro lado quando perguntamos por que os trabalhadores migram a conquista da renda e do emprego o que move parte dos trabalhadores do campo de Santana dos Garrotes A dificuldade da renda que n o t m Ent o eles procura o corte de cana em S o Paulo outros procuram empresas e f bricas e por causa da crise financeira e ent o eles procuram atrav s disso Atr s de uma vida melhor pra sobreviv ncia da fam lia e ent o eles v o atr s de renda Roseilton Presidente Associa o de Trabalhadores Rurais de Palestina 2012 Outro elemento importante na produ o de espa os de resist ncia e luta dos trabalhadores as a es coletivas ou individuais E neste sentido ao estudar as a es de resist ncia dos trabalhadores camponeses nas reas de assentamentos rurais o autor distingue a es coletivas de a es comunit rias Aquelas t m como fim a supress o da fragmenta o campo cidade e da luta desenvolvida por oper rios e camponeses FABRINI 2003 p 11 Neste sentido continua o autor observando que o fen meno da dispers o do trabalho no espa o pode limitar a constru o de a es coletivas pelos trabalhadores do campo j que se encontram desagregados Indagamos a respeito de potenciais inimigos e observamos que Os administradores p blicos est o contra O pol tico s quer ver o trabalhador desorganizado e mais pobre Quanto mais pobre mais melhor pra eles E bom por que o cara quanto mais pobre fav
243. or parte do abastecimento de gua da cidade atrav s do a ude Queimadas Como descreve de forma consequente a natureza n a ude queimadas localizado no munic pio tem uma capacidade total de armazenamento ou volume 15 625 338m3 e nos meses em que realizamos a pesquisa estava com 68 de sua 88 se caracteriza por suas forma es cristalinas havendo apenas pacotes de sedimentos localizados em por es altas formando chapadas nas cabeceiras dos rios ou em graben que resultaram do tectonismo do passado geol gico antigo na posi o cristalina a unidade decorre apenas das precipita es atmosf ricas havendo uma grande perda de gua quer pela evapora o a temperatura m dia do m s mais frio sempre superior a 20 c quer pelo escoamento estimulado pela r pida vaz o dos rios em face pequena espessura de camada perme vel dos solos e declividade do relevo ANDRADE 1981 p 57 Retomaremos parte da geografia hist rica mais adiante quando destacaremos os processos que permitiram a ocupa o de parte das sub bacias do grande rio Pianc levando em conta o recorte s cio espacial da escala municipal de Santana dos Garrotes Antes contudo descreveremos de forma breve o povoamento do sert o nordestino da col nia aos dias de hoje 3 1 Notas da Ocupa o do Sert o Col nia at os Dias Atuais O Grande Pianc Como Limite Acerca dos processos de coloniza o ao longo do sert o nordestino
244. orece mais ele E mais f cil dele chegar aqui e iludir com um chinelo com qualquer besteira com um bon com uma tirineta besta As comunidades e as associa es s est o se acabando por que a pol tica entrou no meio das comunidades Se n o existisse pol ticos existia organiza o no mundo Por que a comunidade grande o pov o e o pol tico bem pouquinho Voc v s tem quinhentos e poucos deputados e quantos milh es de pessoas s o pra botar eles l Eles l s o um grupinho de 500 pessoas bem f cil de organizar Luis Francisco Presidente da Associa o de Trabalhadores de Cabaceiras 2012 Por que exatamente a pessoa organizada a pessoa esclarecida a pessoa que busca esclarecimento ele n o lesado com facilidade Ele n o lesado com facilidade ent o eu acredito que os poderosos eles ficam de orelha em p quando v as pessoas se organizando Eu acredito que tanto que um poderoso v um grupo assim eles n o v o l mas eles podem mandar algu m l o que se est discutindo o que est acontecendo acol Jo o Alexandre presidente da Associa o de Trabalhadores de Pitombeira de Dentro 2012 177 Por que o trabalho organizado potencializa a luta Os espa os sociais do trabalho s o espa os intensos de possibilidades de luta e conquista de direitos Contra a fragmenta o e a precariza o da vida e do trabalho est o conjunto de trabalhadores migrantes desterrados por a es
245. os Garrotes muitos sujeitos da pesquisa t m no s tio em que vivem e mora a resposta do lugar de origem denotando importante rela o com a terra Cidades vizinhas como Nova Olinda Pianc e Itaporanga aparece como resposta embora com menor frequ ncia Dois fatos despertaram nossa aten o a alta mobilidade social no espa o denotando a reprodu o do trabalho migrante a presen a feminina e de idosos principalmente nos estabelecimentos cujo trabalhador reproduz a condi o mais prec ria de trabalho e de reprodu o social migrante e arrendamento de terras TABELA 5 Quadro S cio demogr fico dos Trabalhadores do Campo 133 Comunidade Sexo Escolaridade Lugar de Origem Teve outra atividade fora da Rural ro a M F Anal Alf Fund M dio S tio Santana Outros Qual N o Sim Quais em que dos vive Garrotes Maracuj 16 8 8 2 6 4 4 1 13 Sitio dos Morros 15 Dom stica 1 Pianc auxiliar de enfermagem 1 AS 1 Pereiros 4 3 1 2 2 3 Pedra Branca 4 P de Serra 4 3 1 1 1 1 1 4 4 Cabaceiras 4 3 1 1 1 2 4 4 Serra Branca 2 1 1 1 1 3 2 Agente de sa de 1 3 Gravat 2 1 1 2 2 2 Palestina 6 2 4 2 4 5 S o Paulo 5 B ia fria 1 constru o 1 Pitombeira de 8 8 3 7 4 2 11 Itaporanga 14 Dom stica 1 Dentro 16 2 Nova Olinda Pedreiro 1 Tavares Brejo escola 1 dos santos Aroe
246. os processos de migra o dos trabalhadores sob controle metab lico do capital tem na tend ncia a n veis das taxas de lucro sempre em queda na agricultura a determina o da subordina o de diferentes sistemas agr rios GUIMAR ES 1982 De outra forma ao estudar os movimentos populacionais a autora recorda as determina es do sistema de acumula o de capital que sob a migra o tem um car ter estrat gico no desvendamento da rela o entre a din mica populacional e o processo de acumula o de capital para al m da concep o de crescimento natural a do excesso de nascimentos sobre mortes Um fen meno de import ncia mundial na Idade Moderna e que nos atingiu bem de perto foi o grande xodo da Europa A emigra o anual m dia ultramarina atingiu 377 mil indiv duos por ano entre 1846 1890 cerca de 911 mil entre 1891 1920 e aproximadamente 366 mil de 1921 a 1929 Mais de 50 milh es de europeus foram para o estrangeiro O maior volume dirigiu se para a Am rica do Norte Com rela o aos pa ses da Am rica Latina foi significativa a migra o para a Argentina e o Brasil DAMIANI 2002 p 40 As mudan as ocorridas na Europa metamorfoses necess rias reprodu o do metabolismo social do capital n o deixou imune o Brasil sendo sentido no Sert o do Nordeste especialmente naqueles munic pios menos economicamente din micos como Santana dos Garrotes De outra forma a forma o constitui
247. overnantes pegam o dinheiro e a pobreza quem paga Jo o Ara jo Pitombeira de Dentro 2012 Se o prefeito representante do Estado na escala local negocia o voto o Estado da Para ba n o realiza os investimentos necess rios quando comparado Pernambuco O assistencialismo a falta de investimentos em infraestrutura e gera o de emprego s o cr ticas constantes feitas pelos 163 trabalhadores o que demonstra a pertin ncia e a consci ncia do ser que vive do trabalho No espa o do Sert o em ltima inst ncia o controle que o Estado capitalista exerce sobre os trabalhadores tem no discurso da moderniza o agr cola parte do aparato ideol gico O caminho aberto para pulverizar a hegemonia e os interesses da classe dominante junto aos trabalhadores concretamente se realiza atrav s de valores a es programas e projetos planejados e em execu o Faz avan ar as condi es de reprodu o de sistemas agr colas intensivos em capital como os reproduzidos nas grandes propriedades privadas capitalistas de terra na forma da racionaliza o dos grandes rebanhos bovinos As transforma es apesar de lentas indicam a pecuariza o do espa o agr rio especificidade no desenvolvimento rural do sert o atual GRABOIS SILVA MACIEL 1992 Para al m do rigor da rela o sociedade natureza na falta de invernada as rela es sociais e de trabalho s o dominadas pela imposi o que a estrutura fundi ria r gida concentra
248. para a redu o do n mero de trabalhadores e da popula o do campo est o s mudan as de ordem tecnol gica na agricultura e a expans o da pecu ria extensiva entre as d cadas de 1940 at os dias atuais Grabois 2004 p 90 No sert o do Nordeste apesar de semi rido relativamente habitado o povoamento concentrou se em algumas reas A gua recurso natural escasso foi uma referencia importante para o assentamento das fazendas vilas e povoados Andrade 1981 As guas se distribufam ao longo dos principais cursos d gua que figurando como caminhos naturais garantiram o fornecimento necess rio aos trabalhadores propriet rios ou n o Marques 1994 Aspecto importante da forma o hist rica do trabalho no Brasil deve se a que parte da for a de trabalho nas regi es do Sul e Sudeste do Brasil veio com os imigrantes contingentes de trabalhadores e camponeses oriundos do campo e das cidades europ ias Damiani 2002 Serviram como m o de obra nos cafezais de S o Paulo minoria privilegiada e dirigente do pa s na 39 condi o de trabalho de baixo custo premida no mercado de trabalho sem alternativa de ocupa o Prado Jr 1979 p 26 O desenvolvimento da pecu ria e da cria o de animais teve sua g nese nos meandros dos espa os da cana no litoral e se constituiu n o somente com o fim de fornecer alimentos mas sobretudo for a e tra o animal para o maquin rio do conjunto dos engenhos de cana de a
249. partid rio e social como a presen a das Ligas Camponesas em S o Paulo Pernambuco e Para ba Como nos recorda o autor a luta do trabalho p s Il grande guerra mundial foi oxigenada e reestruturada quando em 1964 o movimento havia adquirido uma presen a pol tica sem precedentes na hist ria do pa s Suas propostas foram constru das com base na aprova o p blica e em uma crescente posi o de influencia na estrutura agr ria O movimento promoveu greves e outras a es coletivas e individuais haviam causado mudan as nas rela es de trabalho nas fazendas e modifica es nas pr ticas dos fazendeiros WELCH 2010 p 22 Organicamente somente a partir do final das d cadas de 1960 e inicio de 70 que os trabalhadores pequenos produtores camponeses e sem terra no munic pio de Santana dos Garrotes constitu ram processos de organiza o pol tica e econ mica de car ter coletivo Quando indagamos a respeito da hist ria dos objetivos e finalidade das Associa es de Trabalhadores Rurais e cruzamos com informa es de poss veis grupos de orienta o as respostas s o variadas e indica a presen a de interesses diversos 171 Por orienta o de Dom Geraldo da Diocese de Patos hoje falecido ent o ai nasceu da minha cabe a como eu morei em Bras lia 12 anos l essa experi ncia de associa o de moradores Ai n s juntamos um grupo de pessoas com 22 pessoas e come amos a nos reunir e vendo se dava cer
250. pegar esse leite ai E uma ind stria por ai Raimundo Isidro Maracuj 2011 152 O saque de parte da renda da terra evidenciado na fala e demonstra que o discurso do Estado capitalista n o passa de mera assist ncia j que promove a subordina o da pequena produ o e do trabalho ao capital agroindustrial Aspecto estrutural a presen a aus ncia de po os artesianos amazonas e condi es de ac mulo de gua para a manuten o e uso nas comunidades rurais No limite estas condi es estruturantes permitem o desenvolvimento de sistemas t cnicos e tecnologias de irriga o Neste sentido quando indagamos se houve algum apoio do Estado seja do poder p blico municipal estadual ou federal para a constru o das estruturas de po os a resposta para projetos de grande monta e valor o que impede sua concretiza o em fun o das garantias que a pol tica de cr dito dos bancos oficiais exige N o h diferen a na realiza o de empr stimos e financiamentos entre os grandes e pequenos produtores Dentre as estrat gias dos trabalhadores para garantir minimamente as condi es sociais e t cnicas de trabalho perpassa a forma o de grupos e coletivos de trabalho al m do debate realizado no espa o das capelas conhecidos por momentos de partilha entre diferentes s tios e comunidades O desenvolvimento coletivo de espa os de trabalho ao promover o di logo de diferentes territ rios fortalece os sentidos da luta
251. perpassou n o somente por desvelar tipologias ou formas de paisagens como se fosse poss vel modelar o espa o em movimento da totalidade viva do trabalho mas por considera lo historicamente Importou compreender espacialmente o movimento complexo na organiza o da luta dos trabalhadores levando em conta n o s a base material econ mica e espacial ou seja a estrutura e os conflitos no espa o agr rio mas sobretudo os elementos subjetivos que os seres sociais desenvolvem 7 Por pesquisa entendemos a atividade b sica da ci ncia na sua indaga o e constru o da realidade E a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente realidade do mundo Minayo 1994 p 18 De que totalidade n s nos preocupamos Aquela que integra os diferentes fatos da vida social enquanto elementos do devir hist rico numa totalidade que o conhecimento dos fatos torna se poss vel como conhecimento da realidade Este conhecimento parte de determina es simples puras imediatas e naturais no mundo capitalista para avan ar sobre elas no sentido do conhecimento da totalidade concreta enquanto reprodu o no pensamento da realidade Esta totalidade concreta nunca dada imediatamente ao pensamento Marx diz O concreto concreto porque a s ntese de v rias determina es logo unidade do m ltiplo Por pr xis compreendemos n o apenas no sentido que Marx lhe atribu a em sua primeira cr tica hegeli
252. pital e do controle do Estado sobre o conjunto de trabalhadores O controle do metabolismo social exercido pelo capital sobre o 15 Todo por teleol gico uma escolha conscientemente efetuada pelo sujeito da pr xis entre duas ou mais possibilidades e a consequente realiza o pr tica assim determinada da possibilidade escolhida LUKACS 2010 p 212 44 trabalho se concretiza produzindo viol ncia mis ria mobilidade permanente tempor ria e pobreza No espa o do sert o do Nordeste as reas sob cuidado dos trabalhadores destinadas ao pastoreio de gado leiteiroe transformaram se de terras comuns conhecidas como os espa os de solta em espa os privatizados com a nica finalidade de engordar o lucrativo plantel dos grandes propriet rios privados de terra Assim A press o dos sistemas modernos sobre os sistemas camponeses a modernidade ocupa as chapadas transforma as terras comuns em privadas confina os camponeses nos vales erradica a biodiversidade base do extrativismo fecha o espa o da solta do gado CARVALHO 2005 p 114 A solu o da mis ria no campo e os processos de reestrutura o do espa o no interior das grandes propriedades capitalistas tiveram como determinantes um complexo de processos cuja consequ ncia foi o acirramento das contradi es entre capital trabalho A moderniza o da produ o agr cola encontra se diante de um enorme impasse Ela n o tem como cons
253. poderio econ mico e social nas regi es de maior potencial de consumo transformaria o quadro de contradi es em vigor entre as for as produtivas e as rela es de produ o A participa o do Estado na pauta de exporta es e na propaga o de ind strias de base a partir deste momento passa a ser determinante o que altera substancialmente as bases e o padr o de desenvolvimento nacional concentrando a maior parte do parque industrial no Estado de S o Paulo e esvaziando o potencial industrial j debilitado das regi es Norte e Nordeste com as crises da monocultura Plantation da Cana de A car Mas o que moveu Jango em seu plano trienal de desenvolvimento social e econ mico Externamente o per odo compreendeu uma econ mica internacional e nacional entrela adas pela reconstru o ap s o colapso econ mico e social em virtude da destrui o provocada pela segunda guerra mundial pela crise econ mica p s 1929 e a urg ncia dos processos de reconstru o Estes est o sob os ausp cios e cuidados financeiros e empresariais da emergente potencia militar e econ mica o imp rio dos Estados Unidos Internamente as classes sociais em rearranjo lutam em campos opostos com os grandes produtores agroindustriais que somam for as ao capital industrial financiados parcialmente pelo Estado Os desequil brios regionais foram refor ados pelo processo de concentra o econ mica com o avan o do sistema capitalista de mercado sem
254. por animais As figuras 2 e 3 abaixo demonstram as condi es de manuten o do trecho asfaltado que na responsabilidade da construtora RODOCON fiscalizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT Com parte do novo asfalto j comprometido a continuidade e retomada dos trabalhos de pavimenta o al m de utilizar trabalhadores de outras regi es for a de trabalho especializada denota a p ssima condi o de manuten o pelo Estado da Para ba dos acessos estradas e meios de comunica o e liga o terrestre do munic pio de Santana dos Garrotes com outras localidades e regi es Estes dificultam as trocas comerciais e dos produtos entre os trabalhadores e pequenos produtores rurais com o conjunto dos munic pios na regi o J o trecho que liga Patos Pianc via BR federal 361 rec m constru da com recursos do Programa de Acelera o do Crescimento PAC 1 na ent o gest o do presidente Luiz In cio Lula da Silva apresenta excelente qualidade e manuten o adequados O mesmo n o pode ser afirmado na PB 426 que liga Pianc Santana dos Garrotes j que al m de n o apresentar qualquer sinaliza o horizontal nem vertical n o h acostamento e a presen a de animais mortos e cortando a via um perigo constante aos motoristas e pedestres em circula o Em per odos de intensa chuva como nos meses de maio a julho em que estivemos realizando parte do 101 trabalho de campo o
255. r do predom nio da pequena propriedade algo em torno de 93 do n mero total de estabelecimentos agr colas no munic pio a rea ocupada por estes era de somente 34 ou de aproximadamente um ter o na d cada de 1980 A observa o do desenvolvimento hist rico da estrutura fundi ria municipal permitiu que infer ssemos que aquele fato reproduzido no espa o das comunidades rurais estudadas n o destoa das condi es de reprodu o da propriedade e estrutura agraria e da terra na escala nacional Localmente a estrutura fundi ria repete o padr o nacional de concentra o e distribui o de uso da terra Para al m foi poss vel observar que a partir dos dados relativos malha fundi ria adquiridos no INCRA se levarmos em conta apenas tr s im veis com tamanhos acima de 500 hectares ou seja as grandes propriedades estas ocupam uma rea total de aproximadamente 20 de toda rea agricult vel no munic pio Para um total de 1 096 im veis rurais apenas 3 ou seja 0 002 ocupam uma rea de 4 810 hectares de terras agr colas o que confirma uma das razoes para a minifundiariza o do espa o agr rio no munic pio de Santana dos Garrotes Tendo a Tabela 4 abaixo como refer ncia dos dois ltimos Censos Agropecu rios pode se concluir que a redu o de propriet rios ocorre simultaneamente ao aumento no n mero de parceiros rendeiros e posseiros O que pode denotar a piora das condi es de vida e de trabalho em virtude da perda da
256. r fulano resolva Melhorar a ideologia do cara da pessoa Nelito Presidente da Associa o de Trabalhadores de Pereiros 2011 A fala ilumina a concretude do sentido e pertencimento de classe que a pr xis exerce no trabalho ontol gico O pequeno pobre e menor refere se aos trabalhadores que somente em luta coletiva construir o as condi es de transforma o social O papel regulador do aparelho ideol gico burgu s e do Estado capitalista devidamente reposto pelo autor 178 a execu o constante e correta do trabalho produz conflitos continuados at di rios hora a hora e o modo de sua decis o muitas vezes pode conter direta ou indiretamente quest es vitais para a respectiva sociedade Por isso a ideologia em ltima an lise tem de ordenar essas decis es isoladas em um contexto de vida geral dos seres humanos e esfor ar se por esclarecer ao indiv duo como indispens vel para sua pr pria exist ncia avaliar as decis es segundo os interesses coletivos da sociedade LUKACS 2010 p 47 Quando indagamos se a mobilidade e o controle do trabalho no espa o pelo capital afetam os processos pol ticos e econ micos a resposta coloca no horizonte o poss vel caminho da proletariza o Pra mim um fracasso se voc sai fica menos gente aqui e o pessoal n o acredita que aqui vai dar certo Fica s os velhos e aposentados e alguns que resiste aqui mesmo mas fracassa muito Eu acho que o xod
257. rabalhadores Rurais Sem Terra PROTERRA Programa de Redistribui o de Terras e de Est mulo Agricultura do Norte e Nordeste STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais SUDENE Superintend ncia de Desenvolvimento do Nordeste UFPE Universidade Federal da Pernambuco 11 INTRODU O A presente pesquisa teve como objetivo entender a din mica da produ o de arroz vermelho e as a es de ordenamento do espa o no munic pio de Santana dos Garrotes Para tal empreitada adotamos a d cada de 1980 em fun o da crise do algod o no ano de 1985 como recorte temporal e a escala municipal Neste sentido compreendemos que o trabalho vive v rios momentos de des realiza o e a realidade do campo e da agricultura no munic pio tem no trabalho migrante uma das express es Por outro lado e como resposta quela domina o se produz a es estrat gias e t ticas hist ricas de resist ncia do trabalho ao capital A forma observada pelos trabalhadores do campo em Santana dos Garrotes foi a Associa o de Trabalhadores Rurais que dentre outras prerrogativas tem como finalidade organizar o trabalho a produ o e a forma o ideol gica A primeira parte do trabalho tentou se limpar o terreno do m todo expositivo e te rico Como procedimento metodol gico a pesquisa de car ter explorat rio no espa o do munic pio permitiu que observ ssemos a realidade dos trabalhadores e camponeses O uso do m todo descritivo combin
258. rca da organiza o do espa o agr rio sertanejo paraibano at a segunda metade do s culo XX MOREIRA e TARGINO 1997 p 72 77 Para o pequeno produtor e o conjunto de trabalhadores camponeses a possibilidade de combinar o plantio de algod o com a base alimentar milho 92 feij o e ainda aproveitar o restolho na alimenta o do gado permitia lhe abrir a possibilidade de acumula o Conforme a historiografia da poca dentre as regi es que tornara se produtoras de gado o Vale do Pianc e suas terras f rteis ao longo de seus interfl vios ser rapidamente apropriada por fazendeiros e grandes comerciantes de gado Os primeiros currais foram instalados por Domingos Jorge Velho na atual cidade de Pianc em Curral Velho e Fazenda Acu no munic pio de Souza onde hoje funciona um assentamento dos sem terra e um projeto de agricultura familiar Em seguida vieram os procuradores da Casa da Torre que n o s vendiam posses como tamb m arrendavam Os lotes denominados de Sesmarias tinham de modo geral uma l gua de largura por tr s de comprimento Os procuradores vendiam ou arrendavam e recebiam os pagamentos ou alugueis passavam escrituras ou loca es para constru o de igrejas Assim instalaram se os currais e capelas que com o tempo deram lugar funda o de vilas e cidades O nordeste se transformou no grande produtor de gado que era encaminhado para a alimenta o da popula o das cidades
259. rganiza o se concretizam no interior dos conflitos de classe e ideologicamente identificado pelo conjunto de trabalhadores em no es como justi a direito liberdade s o apresentadas como se tivessem um significado independente de qualquer interesse de classe espec fico se o Estado pode ser representado como idealiza o abstrata do interesse comum o pr prio Estado pode se tornar encarna o abstrata do princ pio moral nacionalismo patriotismo fascismo todos apelam para isso em algum grau HARVEY 2005 p 82 A era Lula da Silva carregou no discurso oficial a manuten o das conquistas sob duras penas para quem trabalha da estabilidade econ mica e da moeda embora sob o signo da continuidade do movimento neoliberal de privatiza o de estatais de empresas p blicas e aumento do desemprego A autora ainda no relat rio produzido sob encomenda do governo neoliberal de FHC observa que o papel do Estado foi desenvolver Ja articula o entre as diversas pol ticas p blicas V rios processos de descentraliza o est o em curso na regi o em v rias escalas decorrentes de movimentos espont neos da sociedade e de sua consagra o na constitui o de 1988 Esses processos incluem a descentraliza o econ mica principalmente pela agroind stria Tal situa o contradit ria exige pelo menos dois grupos de a es simult neas e integradas a revis o de crit r
260. rico conhecido como E Daqui por diante trataremos os diferentes Planos Nacionais de Desenvolvimento Regional apenas como PNDR bem como resultante da Pol tica Nacional de Desenvolvimento PND 66 per odo de chumbo de 1930 1945 e posteriormente de 1960 80 absorveu parte das correla es de for a predominantes tais como o momento de guerra fria ou a redivis o do poder pol tico e econ mico na hegemonia entre EUA R ssia definido pela bipolaridade Antes contudo o Brasil n o passou imune aos variados e diversos momentos de crise econ mica e pol tica no s culo XIX com express o aquela de car ter externo a crise de 1929 quando a bolsa de valores de Nova York quebra for ando os demais pa ses da Am rica Latina a realizarem ajustes econ micos revolu es de car ter democr tico burgu s para posteriormente serem novamente atingidos pela crise do pre o do barril de petr leo em 1970 O advento da reestrutura o produtiva est a reboque da crise mundial Assim o in cio do s culo XX registrou fatos pol ticos que resultaram no rearranjo das for as pol ticas e sociais ent o em constitui o e crise no Brasil bem como mudan as na orienta o do planejamento e a es do Estado demandados pela acumula o capitalista interna e externa Referente ao per odo anterior segunda guerra mundial 1944 46 o destaque fica por conta da transforma o das for as produtivas e forma es s cio econ
261. rmina a distribui o o uso e acesso da gua reservada pelo conjunto de trabalhadores e produtores irrigantes nas comunidades rurais de Gravat e Aroeiras raz o pela qual s o consideradas pelos trabalhadores como as que apresentam a maior rea plantada de arroz vermelho Outras comunidades rurais como Pereiros e os s tios P de Serra e Serra Branca localizados entre a sede do munic pio de Santana dos Garrotes e a margem esquerda do rio Gravat t m nas forma es rochosas no relevo ondulado e na geologia os limites com munic pios que est o ao Sul como Pedra Branca e Nova Olinda A presen a de ondula es mais significativas e relevo colinoso os processos de forma o do complexo inorg nico reproduz v rzeas menos significativas nos cursos de rios secund rios ao Gravat o que se torna determinante para os cultivos e o desenvolvimento de sistemas agr colas fazendo predominar conforme as condi es t cnicas e de trabalho a cria o de gado no sistema intensivo Assim apesar do rio gravat cortar o Sul do munic pio de Santana dos Garrotes as nascentes na serra de Teixeira de outros riachos terminam conformando modifica es na paisagem rural embora sem grande potencial h drico Assim que comunidades e s tios como Maracuj P de Serra e Cabaceiras durante o per odo de chuvas tem nos leitos dos rios Bruscas Canoas e Jara a possibilidade de maior aproveitamento para a atividade agr cola Este ltimo respons vel p
262. ro sul S o Paulo Isto significou de fato a deteriora o dos termos de troca do Nordeste e originou dentro do Brasil uma transfer ncia de recursos como a que t o claramente menciona Prebish a respeito posi o da America Latina frente ao mundo desenvolvido A pr tica que levou o Nordeste a comprar no Sul e n o no estrangeiro baseado nas condi es de venda menos favor veis envolve uma transfer ncia de capitais da regi o mais pobre mais rica do pa s Assegura se que a magnitude desta transfer ncia pode ser estimada 69 iniciou a es de controle e procurou atenuar as consequ ncias do impacto junto aos trabalhadores da pol tica capitalista apoiada por ele Andrade 1994 Como compreender as desigualdades entre as regi es sem levar em conta a produ o de riquezas e de valores pelo trabalho O trabalho mercadoria respons vel pela produ o de valores de uso e de trocas se deslocou no per odo anterior para as regi es mais ricas espacialmente concentradoras dos meios de produ o essenciais terra capital trabalho O movimento do capital no espa o exigiu monop lio territorial centraliza o no espa o e concentra o das for as produtivas fazendo Dentre as a es previstas a responsabilidade pela execu o do plano coube Superintend ncia de Desenvolvimento do Nordeste SUDENE que conduziu os projetos norteados pela natureza e trabalho como fatores produtivos Parte das prerrogativas do plano tinh
263. roeiras 2011 Sim meu esposo foi internado no hospital de Itaporanga Ele foi ajeitar um motor e aconteceu o acidente Maria Jos Pitombeira de Dentro 2011 A avalia o que fazem do atendimento hospitalar as causas de interna o nos relatos dos trabalhadores d o conta de que 40 das interna es mais simples s o realizadas em Pianc e t m como causas doen as t picas de pa ses da periferia do sistema bronquite asm tica gastrite e infec o urin ria dores de cabe a febre e diarr ias Para o Hospital Regional de Patos s o enviados os casos mais complexos como os Acidentes Vasculares Cerebrais AVC e aqueles mais graves o destino o Hospital Regional de Campina Grande traumatismos intoxica es diversas e problemas vesiculares A elevada preval ncia de doen as relacionadas ao cora o pode indicar a aus ncia de condi es de sa de adequadas dentre elas uma dieta alimentar balanceada e que forne a o m nimo cal rico requerido Quando indagados a respeito da rela o da sa de com a dieta alimentar as falas denotam uma rela o direta Tem sabe por qu Eu n o posso comer comida salgada e n o posso comer muitas coisas carregadas Tem que ter frutas Jorge Calixto Maracuj 2011 As repostas positivas quando a pergunta refere se avalia o da sa de no munic pio denota dentre outras quest es o uso pol tico que feito pelo poder p blico local na contram o dos interesses e necessidades do
264. ropecu rio 1995 96 Rio de Janeiro IBGE 1996 185 IBGE Censo Demogr fico 2010 Rio de Janeiro IBGE 2010 LEFEBVRE Henry De lo rural a lo urbano Barcelona Ediciones pen nsula 1978 A produ o do espa o Trad Grupo As im possibilidades do urbano na metr pole contempor nea do N cleo de Geografia Urbana da UFMG Do original La production de espace 4 Ed Paris ditions Anthropos 2000 primeira vers o 2006 L NIN Vladimir Ilitch O capitalismo na Agricultura In Silva J G e Stolcke V org A Quest o Agr ria S o Paulo Brasiliense 1981 LUK CS George As bases ontol gicas do pensamento e da atividade do homem In NOGUEIRA Marco A BRAND O Gildo M CHASIN J e SODR Nelson Werneck Orgs S o Paulo Livraria Editora Ci ncias Humanas 1978 Sociologia S o Paulo tica 1981 Proleg menos para uma ontologia do ser social quest es de princ pios para uma ontologia hoje tornada poss vel S o Paulo Boitempo 2010 MARQUES Marta Inez Medeiros O modo de vida campon s sertanejo e sua territorialidade no tempo das grandes fazendas e nos dias de hoje em Ribeira PB Disserta o de mestrado em Geografia Humana Orientador Ariovaldo Umbelino de Oliveira Depto De Geografia FFLCH USP S o Paulo 1994 O Conceito de Espa o Rural em Quest o Revista Terra Livre Ano 18 v 2 n 19 p 95 112 Jul dez 2002 S o Paulo Associa o dos Ge grafos Br
265. rota o de terras h bito ancestral que exige espa os maiores controlados pelos trabalhadores Os autores em virtude da necessidade de rota o de terras na cultura do alho relatam os limites que a exig idade de terras produz diferindo dos ro ados de arroz menos exigente de solos f rteis problema que obviamente se acentua nas pequenas propriedades assim um fator de impedimento de uma condi o b sica dessa lavoura qual seja a do deslocamento do campo de cultivo GRABOIS MARQUES e SILVA 1991 p 83 No caso em nosso estudo como a ro a de arroz vermelho diferentemente do alho n o se concretiza no sistema de rota o de terras Uma das especificidades hist ricas do trabalho campon s no capitalismo resulta da homogeneiza o produtiva que o capital reproduz Neste caso a simples produ o de mercadorias tende especializa o produtiva e do trabalho no campo O campon s sob o capitalismo produtor de mercadorias produto das transforma es que a agricultura feudal sofreu na sua transi o para o capitalismo Mais que isso esse campon s produtor de mercadorias hoje ultra especializado e com invej vel capacidade produtiva produto do capitalismo OLIVEIRA 1990 p 68 Para al m da produ o de mercadorias as falas expressam momentos de des realiza o da totalidade viva do trabalho no interior do modo de produ o e regula o social em vigor o capitalismo Dentre estes
266. s Marx e Engels 2007 De outra forma a ado o de pressupostos te rico metodol gicos explicativos pela via do avan o do capitalismo na agricultura na forma de desenvolvimento das for as produtivas ent o em contradi o com as rela es de produ o ou pela an lise da propriedade e uso da terra na quest o agr ria fora essenciais para a compreens o de determinado momento hist rico As contradi es em vigor no momento atual no entanto est o a exigir novos elementos para compreens o da sociedade do capital e os mundos do trabalho A din mica complexa da totalidade viva do trabalho em oposi o aos grupos e classes dominantes est a exigir um aparato te rico e metodol gico que d conta de uma diversidade de fatos hist ricos em movimento na sociedade Neste sentido preciso delinear a partir das bases ontol gicas a compreens o das transforma es nos mundos do trabalho O autor observa os efeitos que a g nese e as diferentes perspectivas te rico metodol gicas reproduziram na conforma o neopositivista da sociedade moderna Todos sabem que nas ltimas d cadas radicalizando as velhas tend ncias gnosiol gicas o neopositivismo dominou de modo incontrastado com sua recusa de princ pio em face de toda e qualquer coloca o ontol gica considerada como n o cient fica E esse dom nio se deu n o apenas na vida filos fica propriamente dita mas tamb m no mundo da pr xis Se analis ssemos bem as cons
267. s com pouca express o destaca se o cultivo de banana coco da ba a e a manga IDEM Estas notas ao espa o agr rio do munic pio de Santana dos Garrotes teve a finalidade de aproximar o leitor ao espa o do campo no munic pio de Santana dos Garrotes e ao contexto mais amplo da sede municipal Sabemos tratar se apenas de uma aproxima o e n o pretendemos esgotar a complexidade social em reprodu o no espa o Nosso pr ximo assunto a tentativa foi verticalizar quest es relativas organiza o do espa o agr rio e agr cola e as formas institucionalizadas ou n o do trabalho e da produ o em que os trabalhadores rurais e do campo reproduzem 127 Quest es como participa o e pertencimento de classe dos trabalhadores do campo suas associa es de trabalhadores rurais foram entrecruzadas pela intensa mobilidade dos trabalhadores no espa o Nossa preocupa o foi entender o controle que o Estado capitalista exerce sobre a organiza o do conjunto de trabalhadores do campo ao mediar e regular o reordenamento do espa o produtivo assim como as possibilidades de luta e resist ncia no munic pio de Santana dos Garrotes Quando indagamos aos sujeitos de nosso estudo acerca das associa es ficou evidente a import ncia para a luta dos trabalhadores na sociedade cujo metabolismo social dominado pelo capital O que podemos inferir que a organiza o do trabalho no espa o do campo somente ser efetiva e concreta quando o sent
268. s de domina o embora controlada pelo Estado capitalista s o expressas nos diversos momentos e fases do processo produtivo e de trabalho S o lembradas pelos trabalhadores do campo em Santana dos Garrotes o que demonstra a precariza o e degrada o das condi es de vida 146 e de reprodu o sociais Dentre os efeitos que a fragmenta o do trabalho sob dom nio metab lico do capital produz nas comunidades rurais que nos momentos e espa os potencialmente reprodutores de unidade e pertencimento de classe o dom nio da propriedade privada da terra reproduz controle pol tico e econ mico nas rela es entre as formas de capital e o trabalho As declara es confirmam que a minifundiariza o do espa o agr rio avan a lado a lado com a pecuariza o extensiva moderna e racionalizada O desenvolvimento de sistemas agr colas pelos pequenos produtores encontra limites simultaneamente s possibilidades ao conformar paisagens ordenar distintos territ rios e organizar o espa o agr rio Dentre os limites de reprodu o nas fra es de terra do trabalhador campon s arrendat rio e migrante as contradi es entre o desenvolvimento das for as produtivas e as rela es de trabalho e de produ o e as possibilidades oriundas da luta de classes no campo express o viva da quest o agr ria n o Tudo pequeno De 60 hectares abaixo S tem uma grande ali encima que de Joaquim Felix Que l grande mas as outr
269. s e perdas de direitos sociais e do trabalho anteriormente conquistados No Brasil a pol tica de redu o e avan o do Estado m nimo incluiu o espa o do campo atrav s da pol tica agr ria e agr cola de car ter assistencialista implicando consequ ncias para o conjunto de trabalhadores do campo e das cidades CARVALHO 2007 Antes contudo de passarmos a compreender a participa o e o pertencimento de classe nos espa os de organiza o e luta dos trabalhadores rurais analisaremos as condi es de trabalho e de vida dos trabalhadores do campo 4 1 Condi es de Vida e de Trabalho no Espa o Agr rio de Santana dos Garrotes Em rela o aos dados mais gerais tais como as condi es s cio demogr ficas de consumo e sa de e educa o preferiu se condensar parte dos dados nas Tabelas 5 e 6 As informa es resultam da aplica o de 69 formul rios de pesquisa junto aos estabelecimentos rurais estudados e levantam quest es de car ter mais gerais tais como g nero escolaridade o lugar de origem se trabalhou em outra atividade al m da ro a e quais s o os equipamentos eletro eletr nicos mais consumidos Podemos inferir das tabelas 5 e 6 abaixo que a presen a predominante no espa o agr rio do munic pio de Santana dos Garrotes de homens com ensino b sico fase fundamental incompleta cujo local de origem o espa o do munic pio de Santana dos Garrotes Al m de ter nascido predominantemente na cidade de Santana d
270. s na aproxima o dos sujeitos de pesquisa na coleta e tratamento dos dados Importa neste momento esclarecer os instrumentos utilizados bem como o caminho percorrido durante nossa observa o inicial de car ter explorat ria e descritiva para ent o passarmos aos lampejos de an lise 28 1 2 O M todo de Pesquisa Uma Aproxima o An lise Neste momento importante delinear os procedimentos na execu o da presente pesquisa que tem o estudo do espa o da pequena produ o no munic pio de Santana dos Garrotes um de seus pressupostos A pesquisa explorat ria foi o melhor instrumento para atualizar as contradi es em desenvolvimento na realidade dos sujeitos sociais no campo Segundo Gil 1999 p 43 o m todo de investiga o tamb m conhecido como m todo expositivo tem como objetivo proporcionar os caminhos e meios para garantir a objetividade e a precis o no estudo dos fatos sociais fornecendo uma orienta o referente obten o processamento e valida o de dados Os elementos principais na conforma o da metodologia de forma sint tica s o apresentados como defini o da amostragem coleta de dados e organiza o e an lise de dados MINAYO 1994 p 43 Dentre uma diversidade de formas de estudar a organiza o do espa o da pequena produ o questionamos a import ncia que assume a sistematiza o do trabalho de campo para al m de mero instrumento descritivo na produ o do conhecimento geogr
271. s negocia es se verifica a sombra de sua conhecida e propalada propens o a invocar seus poderes de coer o contra uma das partes em luta e n o a outra quando falham os mecanismos de concilia o Tais mecanismos constituem realmente um elemento adicional de freio s organiza es trabalhistas e servem tamb m ao objetivo de dividir ainda mais as fileiras sindicais a no o de neutralidade muitas vezes associada a ela na realidade altamente enganadora pois basta um movimento de reflex o para se verificar que isso absurdo pessoas que est o profundamente submersas nos assuntos p blicos como tais pessoas indubitavelmente est o n o estar o provavelmente livres de determinadas tend ncias ideol gicas por menos consci ncia que tenham de tal fato MILIBAND 1982 p 102 148 Da origem e da contradi o na sua g nese o autor considera o Estado capitalista um instrumento de domina o de classe pois se organiza para sustentar a rela o b sica entre capital e trabalho Harvey 2005 p 84 Desta forma o planejamento nacional em virtude da atual estrutura de poder ao estabelecer objetivos refor a aquela contradi o essencial indiv duo comunidade j que inseridos na divis o do trabalho justi a social e conserva o sendo gradualmente convertidos em objetivos de efici ncia e racionalidade do mercado com um toque de muito socialismo para os ricos auxilio financeiro para e
272. s no campo empurrando a solu o da quest o agr ria e social at os dias atuais O plano se dividiu em estrat gias e diretrizes com o fim de fortalecer a economia atrav s de uma pol tica industrial e agr cola articulando investimentos em infraestrutura e amplo programa de desenvolvimento cient fico e tecnol gico removendo pontos de estrangulamento abrindo novas oportunidades e aproveitando mat rias primas e competitividade A revolu o verde avan ou com intensidade sobre o campo no Brasil O momento hist rico foi de uso intenso de insumos m quinas e aparato tecnol gico Grandes projetos de envergadura nacional e regional tiveram como estimulo alavancar recurso federal para os estados a fundo perdido O Projeto Caraj s os Programas de Irriga o do Nordeste PIN C dula da Terra Programa de moderniza o da pecu ria associado a investimentos na sa de e na educa o com a finalidade de ampliar a competitividade industrial e produtividade agr colas No espa o grandes projetos se concretizaram e a forma o de p los de desenvolvimento iniciado pelos militares tais como Poloamaz nia Polonordeste Projetos de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia Tocantins Prodiat dentre outros resgatado 74 x Antes da passagem gest o do ent o presidente Fernando Henrique Cardoso FHC importa ressaltar parte das perip cias econ micas e pol ticas que a elei o do empres rio alagoano Fernando
273. s representantes do Distrito tomam ci ncia dos programas ainda em funcionamento tais como o Programa do Governo Federal 1 milh o de cisternas P1MC o Programa uma terra e duas guas P1 2 experi ncias de conv vio com a seca tais como as observadas na comunidade de Pereiros s tio do senhor Nelito como a cisterna subterr nea constitui o do Fundo Rotativo Solid rio FRS e ainda a organiza o dos trabalhadores na comercializa o de produtos agroecol gicos no projeto da feira agroecol gica Parte das a es previstas implantadas e em execu o tem como entidade coordenadora a Articula o do Semi rido ASA institui o que agrega um conjunto de outras organiza es no campo da sociedade civil De outra forma antes de desvelarmos a din mica hist rica do ordenamento s cio territorial municipal importou os processos hist ricos inerentes forma o e ocupa o da regi o Nordeste do Brasil desde a etapa colonial at os dias de hoje O levantamento de dados e informa es acerca da regi o nos limites espaciais da bacia do rio Pianc possibilitou nos entender as 2 Em A terra e o Homem no Nordeste o professor Manoel Correia desenvolve o conceito de Nordeste a partir das rela es de trabalho dominantes no meio rural O autor analisa os sistemas agr rios tendo como norte as rela es de trabalho e o processo de ocupa o e de apropria o do espa o nordestino Andrade 1980 86 determina
274. sagem do campo exigindo do conjunto de trabalhadores t ticas das mais variadas tais como barragens subterr neas cisternas de placa e mutir es na organiza o do trabalho nos momentos de maior intensidade como s o os momentos de colheita Figura 6 Presen a de Pont o na Comunidade P de serra Le EA Ro ss Fonte pesquisa de campo 201 1 Organizado por Jackson V Souto Portanto quanto geomorfologia os solos predominantes no munic pio de Santana dos Garrotes t m nos planaltos residuais um dos limites paisagem reconhecida pelos contrafortes do extenso planalto da Borborema no sentido Norte Sul no Estado da Para ba A presen a de formas de disseca o variando de agu ada a convexas s o separadas geralmente por grandes vales de fundo plano e uma rede de drenagem pouco desenvolvida A presen a do pont o no s tio n o por acaso denominado de P de Serra altera parte do metabolismo a se reproduzir nas pr ticas agr colas em solos que varia de bruno n o c lcico com boa textura medianamente argiloso lit licos eutr fizados como demonstra o mapa geomorfol gico e de solos n volume 23 em anexo RADAMBRASIL 1981 126 A sede do munic pio de Santana dos Garrotes est localizada numa altitude relativamente baixa de aproximadamente 322m acima do n vel do mar coordenadas geogr ficas de 37 59 09 longitude oeste e 07 23 02 de latitude sul A cobertura vegetal predominante no munic pio aquela
275. sar adequadamente as categorias evidenciando aquilo que mais rico tem a geografia sua capacidade explicativa da totalidade da realidade N o se trata no entanto de defendermos o pluralismo metodol gico nem tampouco o ecletismo no interior do conhecimento geogr fico De outra forma a conforma o de diferentes paisagens a partir de diversos modos de vida e formas agr colas embora importantes na cole o de s mbolos significados e cen rios imaginados n o nos permite na plenitude re atualizar as contradi es em reprodu o nos territ rios estudados Mas por que dialogar na organiza o do espa o com o territ rio ao inv s de trabalharmos a categoria paisagem e as formas que esta assume Como recorda nos o autor a fortaleza que assumiu a categoria da paisagem na geografia neopositivista e tradicional nos impediu de refletir outras escalas A aus ncia do conflito da luta de classes e do movimento do trabalho n o se apresenta na no o de espa o vital A geografia tradicional privilegiou os conceitos de paisagem e regi o e estabeleceram a discuss o acerca do objeto e da identidade da geografia no mbito das demais ci ncias CORREA 1995 p 17 Se na geografia chamada tradicional o espa o n o um conceito chave ele comparece na obra de Ratzel encerrando as condi es de trabalho quer naturais quer aquelas socialmente produzidas consubstanciando o conceito de espa o vital CORREA 1995 apud SPOSITO 2004
276. se a contradi o entre o afluxo s cidades e a redu o quantitativa do engajamento nas atividades de produ o Portanto a migra o rural urbana comportaria inclusive o aumento quantitativo e qualitativo dos conflitos sociais DAMIANI 2002 A rela o de subservi ncia do Estado capitalista ao capital al m de n o se opor s empresas privadas e agroind strias torna os capitais fundamentalmente dependentes em grau cada vez maior das concess es e do apoio direto do Estado e s pode preservar seu car ter privado base desse apoio p blico A interven o do estatal na vida econ mica significa de fato em sentido amplo uma interven o destinada a ajudar a empresa capitalista MILIBAND 1982 p 100 No caso do sert o paraibano o Estado foi chamado a regular os novos padr es de acumula o requeridos pelo desenvolvimento industrial e urbano exigidos na reorganiza o social e espacial No espa o do sert o o estado viabilizou a reprodu o de novas atividades produtivas tais como o com rcio 81 local e inter regional profissionais liberais e o crescimento do funcionalismo p blico MARQUES 1994 No espa o do Litoral projetos de incentivo atividade canavieira com o Programa de Intensifica o da Produ o de lcool PROALCOOL re ordenou a din mica do espa o do sert o MOREIRA TARGINO 1997 As crises econ micas do capital resultaram nacionalmente em fus es e compra d
277. sede do munic pio com uso de motocicletas j exista denotando poss vel quadro de viol ncia 105 A din mica comercial local tem no espa o do mercado municipal o centro dinamizador das trocas Parte do comercio local gira em torno da organiza o da feira aos s bados e do pagamento de aposentadorias no inicio de cada m s Os dias de maior movimento de pessoas mercadorias e visitantes bem como de consumo e trocas s o a sexta feira e os fins de semana Distribuidores de estados vizinhos como Pernambuco e localizados na cidade de Patos e Campina Grande se responsabiliza por entregar parte das mercadorias consumidas na cidade e pelos trabalhadores do campo Observamos ainda desde pequenos a m dios mercados padarias farm cias lanchonetes frigor fico de carne aves abatidas e vivas lojas de vendas de roupas de grife ou boutiques dep sitos de materiais de constru o de agrot xicos e produtos veterin rios bares e botecos no mercado central e nas franjas da cidade at lan house com acesso a internet discada O que nos chamou a aten o na feira foi presen a mesmo que incipiente e iniciada por 10 fam lias do projeto de produ o comercializa o de produtos agroecol gicos e a diversidade produtiva desde medicamentos naturais fertilizantes biol gicos mudas arroz vermelho e sementes at hortifrutigranjeiros produzidos pelos trabalhadores do campo alguns destes trabalhadores sujeitos de nosso estudo
278. so realizar modifica es importantes na sua adapta o ao ambiente basta lembrar das plantas teis e dos animais dom sticos A diferen a nos modos de reagir dos dois tipos do ser da natureza em rela o ao ser social e ao seu desenvolvimento outra prova do que resumidamente indicamos A constitui o qualitativamente nova origina se dos pressupostos e consequ ncias no plano ontol gico dos pores teleol gicos que come ando com o trabalho no curso do desenvolvimento determinam no interior dessa constitui o todo o modo do ser Especialmente toda a considera o ontol gica tem de partir do fato de que s aqui e devido ao por teleol gico surge o par opositivo sujeito objeto t o decisivo para o ser social em todos os sentidos que adquire uma 43 import ncia sempre maior e mais diferenciada no ser social LUKACS 2010 p 211 Assim o ato potencial de pores teleol gicos do ser social desenvolvido pelo trabalho no espa o do campo e das cidades a novidade no estabelecimento do ser e suas rela es metab licas com a natureza O ser social em atividade historicamente experimentou uma diversidade de externaliza es e formas de trabalho constituindo v rios modos de ser inclusive a mobilidade do trabalho no espa o do sert o Da que ao tentarmos apreender as metamorfoses nos mundos do trabalho nos propomos re colocar o espa o e a import ncia da luta de classes como motor explicativo no ordenam
279. ssidade de regula o dos conflitos capital capital e capital trabalho cada vez mais latente No campo a regula o se expressou no planejar e mediar pol ticas de re ordenamento territorial reforma agr ria e seguran a alimentar Essas pol ticas no entanto assumiram o car ter assistencialista ao utilizar se 85 de a es de estimulo e participa o de agentes do capital na promo o do desenvolvimento territorial Carvalho 2005 As formas institucionais que assume o Estado nas a es planos programas e projetos nos territ rios historicamente se diversificaram e sob a influ ncia e emerg ncia ideol gica do Estado capitalista a responsabilidade do gestor p blico tornou se administrativa com as pol ticas sociais conduzidas pelos agentes mediadores das organiza es n o governamentais ONG associa es comunit rias bem como pelos pr prios movimentos sociais Parte destes ltimos ao fazer a op o pela atua o no interior do Estado fora cooptados e perderam parte da independ ncia que pautava suas hist rias particulares de luta e organiza o pol tica da classe trabalhadora THOMAZ JR 2002 e OLIVEIRA 2001 Desta maneira atualmente junto Casa Paroquial de Santana dos Garrotes sob os cuidados do Padre Luiz Gonzaga a diocese organiza grupos de fam lias em diversas a es e projetos demonstrativos Neste espa o agentes p blicos e privados tais como as lideran as das comunidades rurais e s tios bem como o
280. ta do espa o do campo perpassou pelo levantamento de dados junto sede do munic pio aos rg os de classe atuantes tais como os sindicatos de trabalhadores rurais bem como junto estrutura e agentes p blicos da Prefeitura Municipal de Santana dos Garrotes A observa o e as conversas informais nos aproximaram dos sujeitos de nossa pesquisa Precis vamos delinear o quadro geral da din mica do comercio local levando em conta a origem de seus propriet rios das mercadorias comercializadas e quais os destinos Est vamos preocupados dentre outras quest es com as contradi es oriundas das trocas desiguais entre o espa o do campo e da cidade bem como com as rela es de produ o e de trabalho em reprodu o no espa o Ap s observa o inicial e aproxima o atrav s da 30 pesquisa explorat ria tratamos de elaborar os primeiros formul rios com o fim de iniciarmos o levantamento de informa es de car ter vertical junto aos feirantes e pequenos comerciantes sem distinguir a feira agroecol gica daquela tradicional Est vamos preocupados com a apreens o da totalidade no espa o da sede do munic pio A pesquisa explorat ria ganhou corpo em sistem ticos trabalhos de campo cuja finalidade foi atrav s das t cnicas de observa o direta uso de formul rios e entrevistas semiestruturadas anotar registrar entender e apreender para al m do vis vel ou apar ncia dos fen menos Moreira 1993 A etapa inicial de aproxim
281. tantes te ricas dos grupos dirigentes pol ticos militares e econ micos de nosso tempo descobrir amos que elas consciente M sz ros 2006 17 ou inconscientemente s o determinadas por m todos de pensamento neopositivistas Deriva disso a onipot ncia quase ilimitada desses m todos e quando o confronto com a realidade tiver conduzido crise aberta essa situa o produzir grandes abalos a partir da vida pol tica econ mica at a filosofia no sentido mais amplo do termo LUKACS 1978 p 2 Compreendemos que a cis o teoria pr tica promovida por parte do conhecimento cient fico foi parcialmente respons vel pela crise que vive o aparato te rico e metodol gico no per odo moderno muito embora temos clareza dos limites te ricos na compreens o das sociedades Nossa preocupa o perpassou por repensar as transforma es e contradi es concretamente em reprodu o na sociedade tendo como referencial os pressupostos em que assenta a ci ncia geogr fica inclusive como est mulo sua crise interna Assim o ac mulo de conhecimentos desde meados do s culo XIX produzidos na teoria geogr fica na vertente historicista do possibilismo influenciou o desenvolvimento da geografia no Brasil no s culo XX Oliveira 2004 Ge grafos iminentes revelaram categorias e preocupa es do ponto de vista metodol gico ao estudar determinados sistemas agr colas muito embora sem considerar os antagonismos e a unid
282. te o amplo leque das estrat gias adotadas refiro me s lutas por um espa o produtivo pela constitui o do patrim nio familiar e pela estrutura o do estabelecimento como um espa o de trabalho familiar CARVALHO 2005 p 36 52 O campo no s culo XX experimentou novos processos de re valoriza o das terras agora negociadas no interior da l gica do mercado com a regulariza o dos limites das fazendas de gado provocando mudan as n o somente no modo de vida campon s sertanejo mas sobretudo nas possibilidades de sociabilidade entre os diferentes seres sociais Tens es conflitos e diverg ncias sociais expressam contradi es na concretiza o da forma o social sertaneja For as pol ticas em luta numa estrutura agr ria profundamente desigual e concentrada que j n o mais reproduzido nos mesmos moldes H um desajuste causado pela imposi o n o raro atrav s da viol ncia de novas pr ticas a extors o econ mica expuls o do agregado e divis o das terras de uso comum que violam normas costumeiras Ocorre uma marcada estratifica o social no contexto da fazenda O ac mulo de tens es sociais decorrentes de tais desajustes resultou em surtos de banditismo rural e movimentos milenaristas MARQUES 1994 p 48 No Nordeste do Brasil as regi es produtoras de cana de a car com o progresso e as mudan as tecnol gicas no parque industrial a amplia o da capacidade produtiva
283. ten o 59 do poder de classe ao garantir o direito de propriedade privada inclusive sobre a mercadoria for a de trabalho Como recorda o autor o mesmo tipo de regula o estatal da oferta e do cr dito de dinheiro Do mesmo modo se a margem de lucro precisa ser equalizada ent o tanto o capital quanto o trabalho devem ter grande mobilidade o que significa que o Estado deve ser empenhar quando necess rio em remover as barreiras em favor da mobilidade Em geral o Estado e em particular o sistema legal possuem um papel crucial a desempenhar a sustenta o e na garantia da estabilidade desses relacionamentos b sicos A garantia do direito da propriedade privada dos meios de produ o e da for a de trabalho a elimina o de barreiras para a mobilidade do capital e do trabalho est o todos dentro do campo de a o do Estado HARVEY 2005 p 84 Se estivermos corretos ao considerar a centralidade ontol gica do trabalho na compreens o das transforma es por que passa o espa o do sert o no Nordeste o movimento de mobilidade social do trabalho exige a apreens o de uma diversidade de escalas e momentos distintos e complexos de des realiza es do trabalho inclusive os processos de territorializa o Neste sentido al m das estrat gias de controle e interven o do Estado capitalista na economia importou nos levar em conta as possibilidades de organiza o e resist ncia dos trabalhadores do ca
284. tencente ao territ rio municipal Esta conforma o territorial permanecer at os dias atuais conforme mapa pol tico do Estado da Para ba em anexo IBGE 2007 Sua localiza o no entanto limita se ao Norte com o munic pio de Pianc ent o polarizador urbano na regi o conhecida por Vale do Pianc distante 23 Kms ao Norte A Sul faz divisa com os munic pios de Nova Olinda e Juru Oeste com Itaporanga e a Leste com Olho d gua como mostra o mapa 1 Distante de Patos 105kms p lo urbano irradiador e cidade principal a concentrar servi os faculdades rg os p blicos e p lo industrial Com uma popula o total de 7 266 sendo rural 3 530 e urbana 3 736 sua extens o territorial de 354 Km2 densidade demogr fica em torno de 20 54 hab Km2 Sua sede municipal est localizada nos quadrantes 37 98 de longitude e 7 38 de latitude especificamente na por o sudoeste do Estado da Para ba O quadro abaixo nos permite uma r pida observa o acerca da evolu o da popula o conforme IBGE 2011 Tabela 1 Evolu o da popula o residente no munic pio de Santana dos Garrotes Popula o Total hab Rural hab Censo 1991 8 064 5 643 Censo 2000 7 882 4 210 Censo 2010 7 266 3 530 Fonte www ibge gov br cidadessat painel php Resultados do Censo 2010 Organizado por Jackson V Souto Os dados acima est o a indicar certa tend ncia ao predom nio da popula o urbana e relativa perda de popula o no espa
285. tes da radicalidade marxista na geografia o ge grafo italiano esclarece acerca dos elementos essenciais ao m todo dentre eles a determina o em todos os sentidos um m todo que seja bem claro n o admite embora advers rios e mesmo seguidores do marxismo tenham querido sustent lo nem o determinismo natural nem o determinismo econ mico n o admite em outras palavras nenhuma base quer seja natural quer seja econ mica como esfera que antecede a media o inter numana QUAINI 1979 p 23 Ainda acerca das oposi es no conhecimento e na epistemologia geogr fica h autores que ao discorrer o pensamento geogr fico tomam no como uma linha evolutiva em que a nega o uma caracter stica entre as sucessivas escolas de pensamento o que nem sempre ocorreu Levando em conta o espa o geogr fico enquanto resultado de transforma es e constru es realizadas pelo trabalho humano o autor destaca que o tempo e as rupturas na geografia entre as escolas no interior do projeto dial tico ganhou relevo quando surge em meados de 1970 apoiada no materialismo hist rico e na dial tica rompe com a geografia tradicional lablachiana diferencia o de reas e Ratzel e com os modelos matem ticos da escola quantitativa CORREA 1995 p 24 20 De outra forma em certo sentido a fenomenologia enquanto nega o das escolas anteriores abandonou os fundamentos cient ficos da filosofia mo
286. tions between the urban and agricultural After a brief bibliographic approach we carried out an exploration within the countryside and cities and we can partially understand the organization of landless rural workers and peasants The flashes of analysis had methodological approaches the building of a form and script of semi structured interviews combined with informal conversations Our initial sample included approximately 20 of red rice producers in Santana dos Garrotes although our study has not been concerned with statistical accuracy While explanatory categories uneven the development of the agrarian space by different social and economic formations allow re placement the contradictions we put in the worlds of work We continued looking forward to bring the reader of the history of the establishment of the municipality of Santana dos Garrotes rural communities and sites studied in order to then analyze the approximate areas of the Associations of Rural Workers territories as producers struggle and resistance against the Labour and Capital and the Capitalist State After applying 69 forms on farms interviewed nine presidents of associations after that we try to support theory The dialogue between and reality theory reality demanded of us the ability to build bridges between the geography of the land and work with other social sciences Notions such as social metabolism were associated with concepts such as the farming system and agrarian sp
287. to Jo o Alexandre Presidente da Associa o de Pitombeira de Dentro 2012 Historicamente a presen a do movimento religioso esteve orientada para a forma o eclesial e cat lica passando a atuar posteriormente na organiza o dos grupos de fam lias e de trabalhadores nas comunidades inclusive cedendo o espa o das capelas nos s tios e comunidades para os momentos de partilha e reuni es entre trabalhadores Apesar da presen a de padres e bispos liberais e progressistas o n cleo conservador e reacion rio da igreja predominou nas a es e projetos da Diocese de Patos sert o paraibano ampliando o sentido da aliena o entre os trabalhadores do campo O car ter de classe na orienta o te rica assume import ncia vital na sociedade do capital enquanto momento concreto na forma o dos trabalhadores perpassados pela pr xis do trabalho Sem avan ar no interesse da classe trabalhadora a doutrina crist apesar da exist ncia de grupos e do Movimento Eclesial de Base MEB e as diversas orienta es das pastorais terra negro ndio perde espa o para as for as sindicais na representa o e comando do trabalho Temos clareza da dimens o que assumiu a rela o entre o movimento paroquial e os trabalhadores do campo e que n o foi linear tendo momentos de fratura no entanto a media o esteve pautada na orienta o pela paz sem jamais questionar a base te rica da forma o human stica e hol stica da filos fica crist
288. todo per metro urbano J nos comunidades rurais dentre outros projetos observamos a constru o de banheiros com fossas individuais nas unidades familiares em algumas comunidades Quanto aos credos religiosos h registro do predom nio de crist os cat licos e protestantes com a igreja matriz principal templo constru do entre os anos de 1937 46 e que sofreu uma reforma no ano de 2012 Al m da matriz que est sob os cuidados do Padre Manoel Otaviano h outro templo cat lico localizado na sa da para a cidade de Pianc A matriz cat lica est localizada no centro da cidade com a par quia ocupando espa o privilegiado amplo sal o de festas pr ximo sede da Prefeitura Municipal de Santana dos Garrotes contando ainda com a presen a de 3 pequenos templos evang licos mais afastados do centro da cidade A for a da igreja cat lica no munic pio patente na presen a da Diocese Cat lica sediada em Patos e as evidencias se concretiza quando observamos as a es de organiza o local das fam lias grupos e trabalhadores e a presen a de capelas por todas as comunidades rurais e s tios pesquisados Quando indagamos aos trabalhadores do campo acerca de a es programas e projetos bem como quando observamos o n mero de cat licos de templos e s mbolos espacializados seja na cidade como nas estradas que d o acesso aos s tios as evidencias n o s o apenas simb licas mas sobretudo pol tico e ideol gica Contabilizamos 9 c
289. tomar Temos clareza do debate aberto acerca das novas configura es das classes sociais do re ordenamento s cio territorial assumidos no mundo do trabalho bem como das fei es que os sujeitos que vivem da venda da for a de trabalho est o a reproduzir nos mundos do trabalho Uma s rie de caminhos na interpreta o da forma o do car ter e do desenvolvimento das classes sociais na contemporaneidade se desenvolveu no seio das ci ncias sociais muito embora dois aspectos mostram se relevantes para o debate no interior da cr tica marxista levar em conta toda a obra de Karl Marx inclusive os manuscritos e volumes n o conclu dos pelo autor como o volume 3 de sua obra seminal O Capital ou considerar apenas aquilo que foi publicado e produzido em vida pelo autor Conforme o entendimento e a perspectiva te rica o campesinato compreendido como parte da terceira classe que vive da renda produzida na terra a classe dos propriet rios familiares de terra embora sui generis SHANIN 1972 2008 14 central e que pode iluminar nossa preocupa o com a totalidade o entendimento que as transforma es das contradi es produzem no campo O conjunto das ci ncias sociais deve considerar ou n o como relevantes o n g rdio da quest o agr ria ainda por ser solucionada no Brasil ou de outra forma pensar o desenvolvimento do campo e da agricultura enquanto fen meno resultado das contradi es entre o desenvolv
290. trabalhador associado que fa a a migra o Relate esta hist ria 2 4 Em que atividades os trabalhadores costumam se envolver nos destinos 2 5 A migra o dos trabalhadores influencia de alguma forma a organiza o da luta e da resist ncia dos trabalhadores Explique 2 6 Aqui na regi o o trabalhador campon s tamb m faz esses deslocamentos tempor rios 2 7 Na sua avalia o o trabalhador que se desloca deixa de ser trabalhador campon s Explique 2 8 Na sua opini o quem ganha e quem perde com a migra o o trabalhador ou o patr o Por que 2 9 Na sua avalia o quem est a favor e quem est contra a organiza o da luta e da resist ncia dos trabalhadores associados ANEXOS 1 6l PARA BA DOMINGO 21 DE MAR O DE 2010 GER EM BREVE O arroz da terra umbu e a mandgaba est o na lista dos a A mantos Te a da NAT LIA XAVIER aixo valor comercial subs titui o pelo plantio de novas culturas e explora o desordenada s o alguns dos problemas que t m amea ado de extin o sabores t picos na nossa terra Segundo uma lista elaborada pela funda o internacional Slow Food para Biodiversidade o arroz vermelho o umbu e a mangaba s o alguns dos alimentos cultivados na Para ba que correm o risco de de saparecer caso nada seja feito nos pr ximos anos A lista elaborada pela funda o denominada Arca do Gosto e possui outras 18 esp cies produzidas no Brasil
291. troca realizados entre a cidade e o campo entre as regi es do litoral sert o bem como a sujei o dos valores de uso aos valores de troca MOREIRA e TARGINO 1997 No munic pio de Santana dos Garrotes a evolu o da pecuariza o ora intensiva ora extensiva tende a denotar no limite o recuo dos espa os produtores de alimentos e da policultura na conforma o da paisagem rural A economia de trabalho vivo no espa o agr rio do munic pio de Santana dos Garrotes por um lado denota o avan o de sistemas modernos de irriga o e manejo do solo fazendo avan ar pacotes tecnol gicos intensificadores de insumos e investimentos de capital por outro uma exig ncia do capital na mobiliza o da mercadoria for a de trabalho no espa o urbano reajustando constantemente a composi o org nica do capital Dentre as contradi es no desenvolvimento da produ o no espa o a reprodu o de variadas formas de cercamento de terras expressa n o s a import ncia que assume os valores e a ideologia burguesa da propriedade privada da terra entre os pequenos produtores no interior dos estabelecimentos rurais mas sobretudo caminho para garantir seguran a e determinar limites e fronteiras entre os estabelecimentos vizinhos Assim as terras de cria o 150 conhecidas como mangas de solto cujo gado reproduzia se invariavelmente se alimentando da vegeta o nativa na atualidade esbarra nas vias e estradas fronteira urbana no campo con
292. ua for a perpassa por entender e discutir os problemas para reivindicar solu es junto ao Estado independente das a es isoladas de pol ticos A constitui o formal da Associa o de Trabalhadores no caso de Pereiros consequ ncia do desenvolvimento de espa o de di logo e debate entre os trabalhadores Eles come aram primeiro trabalhando s a quest o de evangeliza o e depois foram sentindo a necessidade de se 174 organizar pra buscar solu es pra seus problemas e foram juntando e trabalhando a quest o de juntar v rias comunidades que eles trabalhavam sempre juntos Pereiros Maracuj Cabaceiras Ainda hoje h essa liga o e a gente sempre faz o trabalho em conjunto Ana Presidenta da Associa o dos Trabalhadores Rurais de Maracuj 2012 A organiza o e a luta nas comunidades inicialmente individual ganha o car ter coletivo quando as comunidades e s tios espacialmente pr ximos realizam n o s mutir es e momentos de partilha coletivos inclusive na busca de solu es dos problemas A luta dos trabalhadores articula momentos concretos de realiza o do trabalho espa os de organiza o pol tica Portanto condi es materiais e subjetivas s o pautadas no espa o social das associa es de trabalhadores rurais Olha n s garantimos em primeiro plano para elas a organiza o e depois vem a quest o material m quinas de plantar arroz temos dois silos de armazenamento para produ
293. ual a ocupa o ou tarefa principal 7 2 3 Em que poca do ano as tarefas aumentam meses Por qu 7 2 4 Das tarefas que s o executadas na propriedade quais s o as que exigem mais tempo de trabalho 7 2 5 Qual tarefa produz mais renda a cria o ou os alimentos Por qu 7 2 6 O senhor dedica mais cuidado para as culturas e ou cria o Por qu 7 2 7 Quantas pessoas sa ram da propriedade familiar e qual o motivo da sa da Obseva es 8 USO DA TERRA NA PROPRIEDADE 8 1 Tamanho da propriedade em hectares 8 2 Criat rio na propriedade 8 2 1 Tipos de rebanho existentes Bovinos quantidade Equinos quantidade Asininos quantidade Moares quantidade Su nos quantidade 8 2 1 Os animais s o para consumo interno da propriedade ou s o tamb m vendidos 8 2 2 Se s o vendidos quem os compra 8 2 3 H financiamento banc rio ou de outra natureza para o criat rio Qual o valor 8 2 4 H cria o de galinhas para consumo interno ou tamb m para a venda Qual o apurado mensal Se vendidas quem as compra Quanto paga por unidade 194 8 3Cultivos desenvolvidos na propriedade 8 3 1 Quais as culturas alimentares s o desenvolvidas na propriedade 8 3 2 Qual a quantidade produzida de cada uma dessas culturas alimentares 8 3 3 As culturas alimentares produzidas na propriedade s o para consumo interno ou sobram para serem vendidas 8 3 4 Se h sobra de cultura alim
294. uena produ o a rea ocupada o n mero de im veis e o tamanho dos estabelecimentos rurais a tentativa aproximar o leitor do espa o do campo no munic pio de Santana dos Garrotes Estes se identificam como agricultores sem terra trabalhadores e produtores nos estabelecimentos estudados Neste sentido sem perder de vista a totalidade viva do trabalho tornou se consequente portanto interpretar a realidade considerando a perman ncia da quest o agr ria e a import ncia que assume a propriedade da terra na agricultura No entanto o ordenamento territorial nos permitiu afirmar positivamente que parte das for as produtivas em desenvolvimento no campo de Santana dos Garrotes tem de forma ampla no avan o do capitalismo na agricultura ou seja nas rela es sociais que travam com o capital uma das estrat gias que garante a reprodu o social e as condi es de vida mesmo que na forma de trabalho migrante e no limite informal Assim observamos no campo coexist ncias de rela es de trabalho e de produ o distintas tais como a parceria e o arrendamento bem como o assalariamento e o pagamento de sal rio por produ o como ocorre com o trabalhador migrante contratado temporariamente nas usinas de lcool e a car especialmente para o Estado de S o Paulo no caso dos sujeitos de 120 nossa pesquisa O debate acerca das estrat gias a es e organiza es dos trabalhadores do campo deve ent o ser perpassado por entender a din
295. unda metade do s culo XX h 63 Uma maior tend ncia certa homogeneiza o cultural a n vel nacional ao mesmo tempo em que diferentes modos de vida s o recriados local e regionalmente O movimento de homogeneiza o o mesmo que recria a sua nega o a diversidade MARQUES 1994 p 50 Enquanto resultado da expans o da pecu ria e da paulatina concentra o fundi ria parte das migra es sazonais e definitivas de trabalhadores para pontas de ruas entre o espa o rural urbana e pendulares s o explicadas por uma complexa trama de processos simult neos de desterritorializa o e re territorializa o do trabalho sob dom nio do capital Novamente as contradi es se renovam no espa o A migra o rural urbana tem sido explicada como resultado de mudan as tecnol gicas da produ o agr cola e industrial e de simult neas transforma es nas rela es de produ o embora se saiba que este tipo de processo migrat rio h muito est esgotado o fen meno da migra o como expuls o de trabalhadores de uma determinada estrutura produtiva permanece at os dias de hoje com caracter sticas as mais diversas MELO MARIN 1985 p 197 No Nordeste o Estado capitalista somente vai intervir de forma mais intensa com a cria o da Superintend ncia de Desenvolvimento da Regi o Nordeste SUDENE na d cada de 1970 A es de barreamento de gua constru o de cisternas perfura o de po os
296. ura agr ria concentrada No vasto territ rio dos sert es secos onde imperam climas muito quentes chuvas escassas peri dicas e irregulares vivem aproximadamente 23 milh es de brasileiros Trata se sem d vida da regi o semi rida mais povoada do mundo E talvez aquela que possui a estrutura agr ria mais r gida na face da terra Para completar o esquema de seu perfil demogr fico h que sublinhar o fato de se tratar da regi o de mais alta fertilidade humana das Am ricas Uma regi o geradora e redistribuidora de homens em face das press es das secas prolongadas da pobreza e da mis ria AB SABER 20083 p 92 O armazenamento uso e manuten o hist ricos da semente na variedade de arroz vermelho no munic pio de Santana dos Garrotes em reprodu o nos s tios e sistemas agr colas em desenvolvimento conformadores de diferentes paisagens podem indicar certo potencial da organiza o dos trabalhadores sob certas condi es f sicas naturais e sociais mesmo que no limite As diferentes forma es pedol gicas solos suscept veis saliniza o presen a de rochas fraturadas relevo acidentado e diversificado bem como o desenvolvimento de micro climas observamos por exemplo na comunidade P de Serra afloramento de pont o Neste caso a paisagem est a delimitar o dom nio cl ssico dos sert es secos como observou o professor Ab S ber IDEM 125 A Figura 6 abaixo revela parte da pai
297. uta maior com o gado Por que eu tenho o leite e aqui e acol eu vendo um garrote Se for esperar pela ro a n o d n o pois n o tem inverno Jorge Calixto Maracuj 2011 Nos 69 estabelecimentos rurais pesquisados podemos observar que a organiza o do espa o produtivo e de trabalho se estrutura combinando ro ado principal de arroz vermelho com sistemas agropastoris A cria o al m de resguardar valor ou seja serve como poupan a para os momentos de maior urg ncia e despesas permitem que parte dos custos com a dieta alimentar seja reduzido O desenvolvimento da ro a e do ro ado varia conforme a disponibilidade de capital produtivo e invernadas A presen a da 151 pecu ria varia diretamente disponibilidade de terras para a produ o de capim Os relatos apontam para reduzido n mero de estabelecimentos que h aproveitamento do ro ado de arroz pelo gado 24 hectares A cria o feita de acordo com a disponibilidade de capim A gente plantava de acordo com o que tivesse 2 a 3 hectares de arroz e duas de milho Damiana Ferreira Maracuj 2011 O que podemos inferir ap s observarmos a organiza o dos espa os produtivos e de trabalho no campo de Santana dos Garrotes que h ind cios de que a disponibilidade de for a de trabalho no campo mercadoria privada pelo capital tem nas t ticas e estrat gias de resist ncia dos trabalhadores uma das contradi es pol ticas em desenvolvime
298. xist ncia V se aqui novamente o contraste radical com qualquer gnosiologia idealista segundo o qual as categorias s o produtos de nosso pensar sobre a constitui o do ser especialmente suas determina es concretas O terceiro momento chegamos a conceber o mundo n o dualisticamente na forma de coisas bem como formas de pensamento coisificadas e energias imaterias mas como complexos cujas inter rela es internas bem como a dial tica do movimento desencadearam processos irrevers veis portanto hist ricos LUKACS 2010 p 172 Para Quaini 1979 um fato que a geografia de Kant permaneceu como uma geografia f sica um quadro geral da natureza e dos seus efeitos em que o homem entra somente enquanto efeito da natureza J em Hegel a geografia se coloca n o como uma disciplina naturalista mas como uma disciplina hist rica como estudo das possibilidades de vida que o ambiente oferece aos povos localizados nas diversas regi es da terra e como uma das chaves para compreender a hist ria do mundo Dentre os princ pios interpretativos do quadro l gico e dial tico da filosofia de Hegel est a hist ria universal a realiza o do esp rito a hist ria do mundo representa a id ia do esp rito enquanto ela se mostra na realidade como s rie de forma es exteriores diz Hegel Em particular o esp rito do mundo realiza se nos diversos esp ritos dos povos ou povos c
299. xo sendo coletado semanalmente em caminh o alugado particular e lan ado em lix o a c u aberto no acesso comunidade do Maracuj Podemos verificar tamb m a proximidade entre o local de despejo do lixo matadouro p blico municipal e uma variedade de com rcios de alimentos tais como padarias lanchonetes e a estrutura da EMATER que est servindo de apoio coleta e armazenamento de leite para a Cooperativa Agropecu ria do Cariri Ltda COAPECAL conhecida por comercializar os produtos Cariri Aquele de assist ncia e extens o agr cola do Estado cedeu parte do escrit rio para que a cooperativa instale e coloque pra funcionar o resfriador de leite Semanalmente o t cnico da cooperativa contabiliza controla recebe e armazena o leite que o atravessador coleta junto aos produtores locais que ser transportado para outro resfriador na cidade de Pianc para poder seguir para a COAPECAL Sem contar com pasta pr pria o transporte e a habita o municipais est o sob coordena o da secretaria de Administra o e Infraestrutura contabilizando no munic pio uma frota de 439 ve culos sendo 253 motocicletas 101 autom veis e 57 caminhonetes no ano de 2009 Quando comparamos a 2005 o n mero de motocicletas era de 118 e 72 autom veis o que demonstra um crescimento de mais de 100 no n mero de motocicletas e de aproximadamente 50 no de autom veis Uma das raz es para o aumento expressivo no n mero de motociclet
300. za o de estrat gias produtivas e de trabalho que combine cria o ro ados Nestas comunidades o trabalho assalariado do arrendat rio ocupa uma escala mais ampliada muito embora se combine com regimes de trabalho campon s como o mutir o Contrata o de trabalhador rural no per odo de limpa da ro a Na ro a de arroz feij o milho A cria o do propriet rio da terra Eu tiro somente o leite Arrendat rio Maria do Socorro Pitombeira de Dentro 2011 Limpando e no seco fazendo cerca arrancando toco destocar Pago trabalhador rural na di ria quando tenho de bater o arroz Logo de primeiro era ro ado mas com invernos fracos agora mais cria o Arrendat rio Lucileide Aroeiras 2011 Embora o trabalho n o menos pesado durante as fases de semeadura e cultivo combine momentos de limpeza do solo destoca corte da terra e melhorias na estrutura dos estabelecimentos como o refor o de cercas principalmente nos momentos de colheita e despolpa da ro a de arroz vermelho que o arrendamento torna se comum entre os trabalhadores pesquisados Dentre as transforma es na organiza o do espa o agr rio o desenvolvimento de sistemas agr colas tem na estrat gia da diversifica o de culturas uma das alternativas a policultura A import ncia que assume a diversifica o e o consorcio ro ado cria o entre os pequenos produtores varia conforme as condi es de trabalho e a disponibilidade do meio de produ o

Jackson - Universidade Federal de Pernambuco

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