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ludovice_cab_dr_arafcl - Repositório Institucional UNESP

1. Obviamente que a gente poderia estar crescendo mais mas a gente poderia estar crescendo mais com infla o e n s vamos crescer mais sem infla o Em outros momentos empregando a 1 pessoa do plural n s com um cunho mais s rio e mais distante do povo assume o papel tem tico de presidente do pa s N s aprendemos que o crescimento importante mas t o importante quanto o crescimento a gente fazer distribui o de renda e 100 controlar a infla o porque com ela controlada significa um ganho extraordin rio para aqueles que vivem de sal rio No dia 25 de junho o programa traz como tema os problemas nos aeroportos brasileiros e o ator Lula no papel tem tico de presidente se mostra bastante defensivo com rela o a este fato e para isto faz uso da debreagem enunciativa em 1 pessoa do plural assumindo se como governante e sujeito cognitivo O que n s n o podemos permitir que pessoas que trabalham cuidando dos aeroportos os controladores e outros n o tenham um profundo respeito pelos brasileiros ou pelos estrangeiros que est o viajando pelos nossos aeroportos E mesmo quando faz uso da debreagem em 1 pessoa do singular n o de forma pessoal e individualizada e sim como presidente da rep blica evidenciando seu fazer persuasivo Ora mediante esse fato de insubordina o a determina o minha para o Comando da Aeron utica colocar ordem na casa O presidente co
2. nico ou pelo menos o principal objetivo de convencer o enunciat rio Verifica se portanto a relev ncia do trabalho pois ao considerar o discurso um jogo de 13 m scaras todo ele especialmente no campo pol tico deve ser analisado ao mesmo tempo tanto pelo que diz como pelo que n o diz Pode se dizer que um dos artif cios que o presidente utiliza para conseguir a ades o de seu enunciat rio s o as entrevistas veiculadas pelo programa Caf com o Presidente pois se trata de um momento em que pode conversar com seus ouvintes e poss veis eleitores de uma maneira mais informal com um tom de conversa ao p do ouvido e mostrar ou melhor tentar convencer o cidad o sobre a import ncia e a relev ncia das suas a es governamentais A hip tese que o presidente continua mesmo depois de reeleito com uma postura de candidato Considera se que Lula continua na tentativa de persuadir e seduzir seus eleitores mesmo depois de ter sido eleito e reeleito Mesmo se tratando de g neros diferentes entrevista e propaganda entendemos que poss vel mostrar que o programa parece uma entrevista mas funciona como propaganda Para analisar o corpus acima descrito buscam se as contribui es te ricas da semi tica greimasiana cujo objeto de estudo o sentido mais especificamente o parecer do sentido Esse parecer do sentido ou efeito de sentido pode ser apreendido por meio das formas da
3. o Pontif cia Universidade Cat lica PUC Local Araraquara 2011 DEDICO este trabalho ao meu filho Gabriel que com sua do ura alegrava meus momentos de descanso e mesmo na sua inoc ncia entendia meu distanciamento Aos meus pais Carlos e Diva que supriram minha aus ncia e se dedicaram inteiramente preenchendo as lacunas deixadas por mim Ao meu marido Guilherme que em todos os momentos me apoiou me incentivou e me amou AGRADECIMENTOS A Deus que me deu for a coragem serenidade e sempre me amparou nos momentos dif ceis aos meus pais pelo constante incentivo pelas ora es e por tudo que sempre fizeram por mim ao meu filho que mesmo sem compreender foi pe a fundamental na finaliza o deste trabalho ao meu marido que entendeu e aceitou meu ex lio social e sempre esteve ao meu lado s minhas amigas L cia Ruth Juliana e Marilurdes pelo apoio pela ajuda pelas leituras pela amizade ao Prof Dr Juscelino Pernambuco pela presen a carinhosa e atenciosa nos momentos dif ceis de elabora o deste trabalho Profa Dra Edna Fernandes Nascimento pela valiosa contribui o na banca de qualifica o e tamb m em todos os momentos em que a ela me dirigi Meus sinceros agradecimentos por toda dedica o e carinho em todas as ocasi es desde o in cio da minha jornada acad mica ao Prof Dr Arnaldo Cortina pela disponibilidade e valiosa contribui o na banca de qualifica o e dur
4. com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 23 de abril de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 150 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 30 de abril de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 7 de maio de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 14 de maio de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 21 de maio de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 28 de maio de 2007 Entrevista concedida
5. constitui precisamente a semiose BERTRAND 2003 p 163 A semiose pode tamb m ser entendida como a fun o semi tica e trata se de uma reformula o feita por Hjelmslev da dicotomia saussuriana entre significante e significado E sua contribui o consiste no fato de que toda linguagem se articula em dois planos o da express o e o do conte do e ambos podem ainda ser analisados em termos de uma subst ncia e uma forma seguindo o seguinte esquema Subst ncia da express o Plano de express o Forma da express o Forma do conte do Plano do conte do Subst ncia do conte do mun om zuma A partir do momento em que por exemplo o leitor faz surgir o mundo ao ler da forma como o percebe e experimenta dele em sua experi ncia vivida reconhece um tra o central desse tipo de texto a iconicidade ou seja uma forma de manifesta o da figuratividade Segundo Bertrand 2003 p 208 Essa iconicidade portanto nada mais do que uma forma dentre outras poss veis de explorar componentes figurativos da express o lingu stica Ao 36 inseri la como um termo polar no interior de uma categoria o que faz a semi tica op la ent o polaridade contr ria a da abstra o que tamb m manipula mas de maneira completamente outra as disponibilidades primeiras da l ngua A figuratividade pode ser concebida como uma propriedade sem ntica fundamental da linguagem e prop
6. din mica da produ o de sentido a disposi o ordenada das etapas sucessivas pelas quais passa a significa o para se enriquecer e de simples e abstrata tornar se complexa e concreta FLOCH 2001 p 15 Inicia se o percurso gerativo da significa o pelo n vel fundamental que procura explicar os n veis mais abstratos da produ o do funcionamento e interpreta o do discurso Para isso necess rio verificar as oposi es que est o na base da constru o textual Aplicando se uma opera o de nega o a cada um dos contr rios obt m se dois elementos contradit rios Nas palavras de Floch 2001 p 19 essa rela o de contradi o traduz uma vis o est tica de um ponto de vista din mico ela corresponde a uma opera o de nega o A contradi o caracterizada pela impossibilidade de ver seus dois termos coexistir Seguindo o esquema de Floch 2001 p 19 ap s a produ o dos contradit rios opera o de nega o coloca se um dos dois contradit rios em oposi o ao contr rio a partir do qual ele foi projetado e aparece ent o o outro contr rio como pressuposto n o rec proco Essas rela es s o chamadas de complementaridade e s o apresentadas como uma implica o A partir das rela es acima citadas poss vel construir o quadrado semi tico da seguinte forma para as categorias masculino e feminino 21 Masculino Feminino nen uu N o feminino N o masculino
7. esse entendimento t cito entre dois c mplices mais ou menos conscientes que n s denominamos contrato de veridic o Percebe se ent o que para haver esse contrato de veridic o tamb m necess rio que haja um contrato entre enunciador e enunciat rio e um entendimento entre eles segundo Greimas e Court s 2008 p 486 V se entretanto que o bom funcionamento desse contrato depende em definitivo da inst ncia do enunciat rio para quem toda mensagem recebida seja qual for seu modo veridict rio apresenta se como uma manifesta o a partir da qual ele chamado a atribuir este ou aquele estatuto ao n vel da iman ncia a decidir sobre o seu ser ou o seu n o ser Assim n o basta que no discurso haja marcas de veridic o necess rio muito mais que isso necess rio que o discurso produza um efeito de sentido de verdade para o enunciat rio e que esse efeito de sentido seja o mesmo para enunciador e enunciat rio para haver o contrato de veridic o e um exerc cio persuasivo pois como afirmam Greimas e Court s 2008 p 487 A verdade para ser dita e assumida tem de deslocar se em dire o s inst ncias do enunciador e do enunciat rio N o mais se imagina que o enunciador produza discursos verdadeiros mas discursos que produzem um efeito de sentido de verdade desse ponto de vista a produ o da verdade corresponde ao exerc cio de um fazer parecer verdadeiro que se pode
8. o Perelman 2005 p 16 explica que Para que haja argumenta o mister que num dado momento realize se uma comunidade efetiva dos esp ritos mister que se esteja de acordo antes de mais nada e em princ pio sobre a forma o dessa comunidade intelectual e depois sobre o fato de se debater uma quest o determinada Ent o o m nimo necess rio para a argumenta o a exist ncia de uma linguagem em comum de uma t cnica que estabele a a comunica o E apenas isso n o basta importante tamb m que o enunciat rio seja delimitado e bem constru do pois de acordo com Perelman 2005 p 22 A argumenta o efetiva tem de conceber o audit rio presumido t o pr ximo quanto o poss vel da realidade Uma imagem inadequada do audit rio resultante da ignor ncia ou de um concurso imprevisto de circunst ncias pode ter as mais desagrad veis consegu ncias Uma argumenta o considerada persuasiva pode vir a ter um efeito revulsivo sobre um audit rio para o qual as raz es pr s o de fato raz es contra Assim o conhecimento daqueles que se pretende atingir uma condi o pr via para a argumenta o eficaz Cada tipo de audit rio caracteriza se por opini es dominantes por convic es e premissas s quais o orador que objetiva persuadir tem que se adaptar 45 Z Z Quando o objetivo alcan ar um resultado persuadir mais do que convencer pois a convic o apenas uma primeira fase
9. ora de candidato mas n o mais povo Como neste momento est se referindo n o s s suas opini es pessoais mas tamb m a si mesmo enquanto brasileiro trabalhador no passado emprega em seu discurso a debreagem enunciativa no singular e no plural respectivamente Ent o eu acho que vai ser um 1 de maio melhor do que aquele 1 de maio que eu participava onde n s s amos para a pra a para reclamar os preju zos que t nhamos tido Desta vez n s vamos poder comemorar algumas vit rias 78 O presidente Lula faz quest o de se mostrar solid rio n o apenas com o Brasil mas tamb m com os outros pa ses pobres como a Bol via por exemplo No programa do dia 08 de maio ao ser questionado sobre a rea o brasileira ao saber da decis o da Bol via de nacionalizar o g s o presidente mostrou se na sua fala bem solid rio com o pa s como sujeito cognitivo Em seu discurso alterna a debreagem enunciativa no singular e no plural e a debreagem enunciva Eu estou certo estou tranquilo que o Brasil est fazendo o que deve ser feito O Brasil n o quer ser uma ilha de desenvolvimento cercada de pa ses pobres ao lado N s queremos que todos tenham chance de crescer um pouco O Brasil pode ajudar e naquilo que n s pudermos ajudar n s vamos ajudar A maneira did tica de explicar os fatos pol ticos para seus ouvintes tamb m continua o que demonstra a preocupa o em formar sua imagem diante de um enunciat ri
10. pol tico n o se pode esquecer que toda linguagem pronunciada nesse campo espec fico mas n o apenas nesse campo pois tudo na linguagem axiol gico carregada de valores inten es e objetivos n o pode ser entendida como transparente e ing nua O programa funciona como um suporte de comunica o em que s o veiculadas informa es e impress es a um grupo de enunciat rios com objetivo de influenciar pessoas alcan ar a comunidade e convencer sobre o bom andamento do governo Como o programa produzido e veiculado pelo Governo Federal as informa es s o selecionadas e recortadas de acordo com o objetivo da equipe de governo as respostas entrela am os fatos as not cias e a realidade dando lhes um sentido pr prio O pr prio g nero entrevista proporciona essa possibilidade e mais ainda ao se tratar de uma 134 entrevista que tem sempre o mesmo formato o mesmo entrevistador o mesmo entrevistado e o mesmo objetivo Como o programa gravado e exibido posteriormente o que acontece em sua produ o e edi o n o do conhecimento dos ouvintes justamente porque pretende expor determinada imagem do presidente Lula e seu governo Por expressar a opini o de um presidente em exerc cio e toda sua equipe de governo a entrevista dirige sua argumenta o a um enunciat rio espec fico e pr definido embora tente parecer uma entrevista que dialoga com o brasileiro em geral As respostas do presidente Lula podem se
11. s pois dotado da compet ncia j fez uma vez e tem experi ncia Logicamente que n s estamos fazendo uma composi o pol tica no Congresso Nacional com as mesmas for as das quais recebemos apoio no mandato passado A grande novidade o PDT fazendo parte da base do governo e no momento certo n s vamos escolher alguns ministros No programa transmitido no dia 05 de mar o de 2007 Lula falou sobre os temas que trataria no seu encontro com o presidente Bush subs dio agr cola e biocombust veis A partir da an lise das respostas do presidente poss vel afirmar que esse assunto o interessa de maneira singular pois ele demonstra uma postura de muita proximidade e interesse pelos temas o que pode ser comprovado pelos exemplos de debreagem enunciativa introduzidos sempre pelas express es eu penso eu acho eu 87 acredito Al m disso as express es instauram no discurso um sujeito cognitivo um ator aspectualizado pela compet ncia pelo saber e pelo poder fazer Eu acredito Luiz que n s temos muitas coisas para conversar Eu penso que n s estamos pr ximos de um acordo na Rodada de Doha ou seja um acordo que possa favorecer os pa ses produtores de agricultura e sobretudo aqueles que t m menos chances de disputar o mercado internacional sobretudo o mercado fechado como o mercado europeu o mercado americano com subs dio muito forte Novamente o presidente faz uso da express o a ge
12. sabe dos problemas do povo mas agora 124 est em outro papel tem tico presidente e possui as compet ncias necess rias para mudar a condi o de vida do povo Seu thos de sujeito competente e experiente Ele possui o saber e o poder fazer ou seja pode resolver os problemas do povo brasileiro porque possui o poder necess rio para isso O thos constru do de todo poderoso de salvador do povo brasileiro e do Brasil No entanto o simulacro do eleitor brasileiro se identifica com um presidente que se mostra sempre preocupado e conhecedor dos problemas realmente enfrentados pelos mais pobres ou seja reativar no imagin rio da popula o as figuras populares que antes revestiam seu papel tem tico nas propagandas eleitorais faz parte do contrato de veridic o e da constru o de seu thos atual A classe social desprivilegiada do Brasil est preocupada com a aquisi o de produtos b sicos com o acesso a melhores hospitais p blicos com rem dios baratos com a diminui o dos pre os da cesta b sica com o acesso gratuito a universidades com o aumento do sal rio m nimo O simulacro constru do pelo ator Lula demonstra oferecer tudo isso e se mostra preocupado com esse tipo de problema assume o papel tem tico de presidente ou melhor de her i de salvador que pode mudar a condi o de vida do povo e resolver os problemas do pa s 125 6 O PROGRAMA DE ENTREVISTAS CAF COM O PRESIDENTE UMA QUESTAO
13. Ao tratar da educa o o presidente explica sobre a inten o do governo de levar a universidade p blica tamb m para o interior para facilitar o acesso de regi es menos favorecidas Luiz primeiro quero cumprimentar os nossos ouvintes e dizer ao povo brasileiro que est nos ouvindo que n s estamos fazendo as extens es universit rias tirando 128 bra os da universidade das capitais e levando na verdade para o interior Programa de r dio Caf com o Presidente 20 de fevereiro de 2006 Para tratar de assuntos referentes sa de do brasileiro o presidente argumenta que o seu governo est investindo muito nessa rea para facilitar a vida do brasileiro Antes de falar da Farm cia Popular importante dizer ao povo brasileiro o seguinte o nosso governo tem feito um forte investimento para facilitar a vida das pessoas que precisam de um tratamento de sa de Programa de r dio Caf com o Presidente 27 de mar o de 2006 O desenvolvimento do pa s tamb m um assunto bastante discutido nas entrevistas e o presidente utiliza seus projetos em desenvolvimento para mostrar a evolu o do pa s O PAC Luiz tem tr s coisas importantes Uma s o as mudan as em algumas coisas na rea econ mica que v o permitir maior flexibilidade para investimentos que passam pela desonera o Uma outra coisa importante s o as mudan as legislativas que para tentar destravar o Pa s de coisas que s veze
14. DE GENERO N o pode haver um sentido nico um Por isso n o pode haver o primeiro nem o ltimo sentido ele est sempre situado entre os sentidos um elo na cadeia dos sentidos a nica que pode existir realmente em sua totalidade Na vida hist rica essa cadeia cresce infinitamente e por isso cada elo seu isolado se renova mais e mais como que torna a nascer M Bakhtin O conceito de entrevista no dicion rio Houaiss bastante simples coleta de declara es de algu m tomadas por jornalista para divulga o atrav s dos meios de comunica o mas o g nero entrevista bastante complexo e ainda mais quando associado ao discurso pol tico por isso as vozes que permeiam os di logos s o muitas e se entrela am em um emaranhado de perguntas e respostas expl citas e impl citas Sabe se que h diversas formas de entrevista dentre elas a de emprego a m dica a jornal stica e tantas outras Esse g nero possui uma finalidade primeira a informa o e uma unidade constitutiva b sica de intera o entre interlocutores mais especificamente entre um entrevistado e um entrevistador A finalidade primeira das entrevistas dar a conhecer o posicionamento do entrevistado a respeito de determinados temas mas sabe se que os enunciados s o carregados de ju zos de valor ou seja nenhuma informa o consegue ser totalmente objetiva e fiel aos fatos No aspecto composicional ou seja o modo de organizar o texto de estrutu
15. NCIAS ABREU Ant nio Suarez A arte de argumentar gerenciando raz o e emo o 4 ed S o Paulo Ateli Editorial 2001 Alfa Revista de Ling stica Enuncia o e figuratividade S o Paulo v 48 n 2 ARIST TELES Arte ret rica e arte po tica Rio de Janeiro Tecnoprint 1964 Ret rica das paix es S o Paulo Martins Fontes 2000 BAKHTIN M VOLOSHINOV V N Le discours dans la vie et le discours dans la po sie Contribution une po tique sociologique In TODOROV T 1981 Mikhail Bakhtine le principe dialogique Paris Seuil p 181 216 Trad port n o publicada Carlos Alberto Faraco e Cristov o Tezza BAKHTIN Mikhail Est tica da cria o verbal Introdu o e tradu o do russo Paulo Bezerra 4 ed S o Paulo Martins Fontes 2003 BARROS D L P de Teoria do discurso fundamentos semi ticos 3 ed S o Paulo Humanitas FFLCH USP 2002 D L P de Teoria Semi tica do texto S o Paulo tica 2005 D L P de A publicidade na cidade constru o e transforma o de sentidos In MATTE Ana Cristina Fricke org L ngua gem texto e discurso entre a reflex o e a pr tica v 2 Rio de Janeiro Lucerna 2007 BERTRAND Denis Caminhos da semi tica liter ria S o Paulo EDUSC 2003 CHARAUDEAU Patrick Discurso pol tico S o Paulo Contexto 2006 CHEVALIER Jean Dicion rio de s mbolos mitos sonhos costumes gestos formas figuras n meros Trad Ve
16. Na organiza o semi tica dos 23 discursos os verbos modais querer dever poder e saber s o capazes de modalizar tanto o ser quanto o fazer Quando as estruturas narrativas s o assumidas pelo sujeito da enuncia o elas s o convertidas em estruturas discursivas a terceira etapa do percurso gerativo de sentido O g discurso nada mais portanto que a narrativa enriquecida pelas op es do sujeito da enuncia o Segundo Barros 2005 p 53 O n vel discursivo o patamar mais superficial do percurso o mais pr ximo da manifesta o textual Pela pr pria defini o do percurso gerativo as estruturas discursivas s o mais espec ficas mas tamb m mais complexas e enriquecidas semanticamente que as estruturas narrativas e as fundamentais A especificidade e a complexidade das organiza es discursivas s o explicadas pelo exame da sintaxe e da sem ntica do discurso Segundo Greimas e Court s 2008 p 473 a sintaxe discursiva explicada em linhas gerais como a forma de procedimentos que entram em jogo no n vel da inst ncia da enuncia o no momento de produ o do discurso esses procedimentos a que demos o nome de discursiviza o conduzem gra as aos mecanismos de debreagem e embreagem constitui o de unidades discursivas cujas tipologias e rela es m tuas dever o constituir objeto de pesquisas aprofundadas Distinguimos tr s subcomponentes na di
17. Nacional de Pol tica Energ tica foi extremamente importante para o futuro energ tico do Brasil Eu tenho dito e repetido v rias vezes que o Brasil no s culo XXI ser a maior pot ncia energ tica do Planeta E digo isso n o apenas porque a Petrobras atingiu a auto sufici ncia porque o Brasil o pa s que det m maior tecnologia na produ o de lcool mas tamb m porque o Brasil saiu na frente na produ o de biodiesel No decorrer da entrevista o presidente revestido do papel tem tico de sujeito cognitivo continua elencando o progresso do pa s e evidencia sua esperan a no fato de que o Brasil tem condi es de crescer ainda mais do que segundo ele j cresceu no seu governo Dessa forma conseguiu operar um fazer cognitivo e alterar a rela o de seu enunciat rio com o objeto de valor progresso Ent o eu estou com muita muita esperan a de que n s demos um passo gigantesco para uma revolu o na agricultura brasileira e um passo gigantesco para uma revolu o na rea de combust vel do nosso pa s e na produ o de energia el trica Lula encerrou a entrevista com as seguintes palavras Eu quero terminar dizendo o seguinte vai demorar um pouco para que tenhamos a dimens o do que foi anunciado neste pa s o que demonstra a sua confian a em seu governo e no progresso ocorrido durante o seu mandato A tem tica do otimismo do ator Lula reiterada no programa do dia 29 de maio Neste pelo mecanism
18. alguma coisa A manipula o joga com a persuas o articulando assim o fazer persuasivo do destinador e o fazer interpretativo do destinat rio Greimas e Court s 2008 p 270 Ainda de acordo com Greimas e Court s 2008 p 270 A manipula o sustentada por uma estrutura contratual e ao mesmo tempo por uma estrutura modal Trata se com efeito de uma comunica o destinada a saber fazer na qual o destinador manipulador impele o destinat rio manipulado a uma posi o de falta de liberdade n o poder n o fazer a ponto de ser este obrigado a aceitar o contrato proposto Assim o que est em jogo primeira vista a transforma o da compet ncia modal do destinat rio sujeito O fazer persuasivo do manipulador pode se apoiar em duas dimens es na dimens o pragm tica o manipulador prop e ao manipulado objetos positivos ou negativos 46 na dimens o cognitiva o manipulador faz com que o manipulado saiba o que ele pensa da sua compet ncia modal por meio de ju zos positivos ou negativos Na defini o de Greimas e Court s 1979 p 270 Quando se trata de uma manipula o segundo o saber o manipulado levado a exercer correlativamente um fazer interpretativo e a escolher necessariamente entre duas imagens de sua compet ncia positiva no caso da sedu o negativa na provoca o Quando se trata da manipula o segundo o poder o manipulado levado a optar entre dois objetos valor positi
19. as an lises do programa radiof nico Caf com o Presidente do ano de 2006 em que Lula era candidato reelei o e de 2007 quando ele j estava no exerc cio do segundo mandato presidencial com vistas a verificar poss veis diferen as entre os discursos nas duas diferentes situa es do ator Lula 4 1 AN LISE DOS PROGRAMAS CAF COM O PRESIDENTE DO ANO DE 2006 Esta se o visa a analisar as entrevistas do ano de 2006 mais especificamente de janeiro a junho para depois verificar se o ent o presidente Lula muda o tom dos seus discursos devido s elei es ocorridas no mesmo ano Por se tratar de ano de elei es para presidente o programa Caf com o Presidente teve sua exibi o suspensa no segundo semestre em atendimento legisla o brasileira A decis o de suspender o programa partiu do Governo Federal embora o Tribunal Superior Eleitoral j tivesse recebido pedido dos partidos advers rios para o seu cancelamento durante o per odo eleitoral Mas poss vel perceber desde o in cio das an lises do corpus janeiro de 2006 que o presidente aproveita cada espa o do programa para fazer campanha mesmo que de forma indireta No primeiro programa do ano no dia 02 de janeiro o presidente inicia suas respostas entrevista com um tom otimista e esperan oso e trata de temas que o auxiliam nessa postura Por meio do mecanismo da debreagem enunciativa constata se aqui a instaura o de um tempo refer
20. b sicos Enfim o governo de Lula beneficiou os mais humildes e as propostas tamb m mostram que essas pessoas continuar o a ser beneficiadas 122 Z No programa analisado o thos do presidente marcadamente otimista e crente nas possibilidades de crescimento e progresso do pa s mas um crescimento de certa forma geral n o necessariamente ben fico apenas para a parcela mais desprivilegiada da popula o Nas respostas s entrevistas conforme an lises anteriores Lula sempre tem uma explica o uma justificativa uma ideia inovadora que buscam levar o seu enunciat rio a crer que todos os problemas t m solu o que todas as dificuldades est o sendo sanadas e que ele trabalha incansavelmente em prol do pa s ou seja ele na dimens o pragm tica o sujeito do fazer Caracter stica presente tamb m nas propagandas pois elas conduzem a um efeito de sentido de que Lula o nico candidato preparado para governar o pa s de que adquiriu muita experi ncia com seu primeiro mandato de que est realmente preocupado com os problemas enfrentados pelos brasileiros de que um candidato honesto porque teve um passado sofrido porque passou pelos mesmos problemas que agora tenta resolver para o povo pois foi oper rio ganhou pouco ficou desempregado n o teve condi es de estudar enfim foi povo foi pobre e por isso entende e resolve os problemas dos mais pobres Essa imagem ativada e constru da no imagin rio popular
21. candidato em quest o fala como se conhecesse os problemas da classe mais baixa mostrando se solid rio e 67 complacente com esses problemas manifestando se novamente aqui a caracter stica do discurso pol tico que utiliza o conhecimento pr vio daqueles que se pretende atingir Sua proximidade pessoal ressaltada com o uso da debreagem enunciativa no singular que manifesta a dimens o cognitiva do discurso pois instaura um saber sabe dos problemas enfrentados pelo povo como no exemplo a seguir em que fala sobre a reforma agr ria que est sendo feita no pa s durante seu governo um projeto extraordin rio porque um ciclo completo ou seja as pessoas produzem as pessoas industrializam e as pessoas comercializam os seus produtos tudo o que as pessoas desejam na vida A alegria das pessoas estampada no rosto das crian as das m es dos pais era uma coisa fant stica e portanto eu voltei do Acre muito feliz muito feliz porque esse projeto a confirma o a certeza de que a reforma agr ria pode ser feita de forma muito mais civilizada muito mais moderna do que historicamente o Brasil conhece E as boas not cias continuam no programa do dia 30 de janeiro quando o presidente anuncia um aumento do sal rio m nimo para o ano corrente exaltando a not cia e sua import ncia para o povo brasileiro Vale ressaltar que nesse programa ocorre uma debreagem enunciativa por meio da qual o presidente dialoga com o ent
22. como pol tico mas deixa claro que enviou a carta como torcedor de futebol ou seja como pessoa f sica cidad o brasileiro Mesmo com car ter bem subjetivo o discurso do presidente 173 deixa transparecer uma cr tica e um combate ao racismo E eu ent o mandei essa carta Mandei essa carta como torcedor de futebol n o mandei como presidente da Rep blica n o Eu n o posso me separar mas eu mandei como torcedor de futebol como amante do futebol desde menino que inadmiss vel a gente ligar a televis o para ver um jogo e ver uma cena dessas Percebe se neste trecho que o ator Lula se sobressai no papel tem tico de torcedor apaixonado revelando se como sujeito passional amante do futebol e contr rio a posturas preconceituosas v lido ressaltar que ao longo dos programas observa se a sua constante preocupa o de mostrar se como sujeito cognitivo interroga situa es avalia discute valores e de sujeito pragm tico constr i realiza faz Mas simultaneamente ele apresenta tamb m um percurso pat mico centrado no ser sente entusiasmo amor revolta ansiedade e outros sentimentos que se manifestam em v rias entrevistas E assim o ator Lula vai se construindo nestas tr s dimens es o que provoca um efeito de sentido positivo de governante consciente dos problemas do pa s realizador sens vel s necessidades do povo O programa do dia 20 de mar o tem novamente o tema da educa o e do esporte e o p
23. de que ele sujeito pragm tico revestido do papel tem tico povo faz press o reivindica mas na verdade por tr s dessa pretensa valoriza o da a o popular est seu verdadeiro prop sito que reiterar o seu papel como presidente de sujeito realizador capaz de atender as necessidades do povo As figuras andando bem nosso papel governo atender comp em um percurso figurativo da constru o de um ator engajado com as necessidades do povo e envolvido no compromisso de atend las No programa do dia 06 de fevereiro de 2006 o tema a produ o do biodiesel e suas consequ ncias para o Brasil principalmente para o pequeno produtor brasileiro que mais uma vez tido como a preocupa o do governo Lula Essa caracter stica comprova que o ator Lula assume a postura de presidente quer parecer presidente mas age como candidato A vantagem do biodiesel al m de ser uma coisa produzida pelo trabalhador brasileiro plantada pelo trabalhador brasileiro colhida pelo trabalhador mo da pelo trabalhador e transformada em combust vel pelo trabalhador brasileiro a ajuda substancial que ele vai dar ao pequeno trabalhador brasileiro ao assentado dos trabalhadores sem terra aos trabalhadores assalariados do campo 69 O presidente al m de exaltar o povo brasileiro tamb m engrandece o pa s destacando suas riquezas naturais e como essas riquezas podem ser aproveitadas em prol dos brasileiros
24. dos trabalhadores brasileiros serem reconhecidos como os trabalhadores do mundo inteiro Ele n o diz claramente que isso um m rito conquistado em seu governo mas estabelece um contrato de veridic o que d a entender que credita a si e ao seu governo a autoria utilizando a debreagem enunciativa no plural em discurso muito importante voc poder se igualar a todo e qualquer pa s do mundo voc ver seus trabalhadores se igualarem a qualquer trabalhador do mundo Ent o isso motivo de orgulho para n s E afirma que n o mais se desperdi ar o chances conforme ocorreu no passado em governos anteriores ao seu ao contr rio ser o aproveitadas para ajudar o Brasil a crescer e a se desenvolver Nesse momento utiliza a debreagem enunciativa no singular e a debreagem enunciva e assume se como sujeito cognitivo que sabe que acredita que acha e instala em seu discurso esse saber 77 Eu acredito que o Brasil que jogou fora a chance do s culo XIX o Brasil que n o aproveitou a chance do s culo XX o Brasil n o desperdi ar o s culo XXI N s vamos nos transformar numa grande pot ncia econ mica Essa grande pot ncia econ mica passa por sermos uma pot ncia no campo da energia O programa seguinte foi no dia 1 de maio e comemorava o dia do trabalhador Ao ser perguntado sobre o que iria fazer no dia referido o presidente respondeu informando o que fazia tradicionalmente e na refer ncia a si mesmo de forma indiv
25. e com o Chile N s estamos presentes em todos esses pa ses Estamos construindo parcerias tamb m na quest o da energia el trica na quest o do g s na quest o do biodiesel na quest o do etanol ou seja n s queremos fazer uma integra o para que nenhum pa s da Am rica do Sul sofra qualquer crise por falta de abastecimento de energia seja el trica ou seja combust vel No decorrer da entrevista o presidente continua mesclando momentos de debreagem enunciativa no singular e no plural para indicar as opini es pessoais e assumir seu papel de Presidente da Rep blica No papel tem tico de presidente mostra se como um sujeito cognitivo dotado de um saber saber governar saber resolver e de uma compet ncia para resolver os problemas respectivamente Eu n o sei qual a base t cnica ou cient fica das cr ticas ainda Eu espero que tenhamos oportunidade de discutir um pouco esse assunto O que n s precisamos ser racionais trabalhar com muito cuidado nisso obviamente que n s temos que ter uma pol tica de Estado orientando onde vai ser produzido que tipo de coisa vai ser utilizada E isso n s estamos tratando com o maior carinho pelo menos no caso do Brasil n s n o temos essa preocupa o 91 O programa do dia 16 de abril de 2007 traz como tema A energia como um dos principais itens para a integra o efetiva do Brasil na Am rica do Sul Logo no in cio das respostas ao entrevistador insta
26. e discurso FLOCH 2001 p 9 O plano de express o refere se manifesta o do conte do em um sistema de significa o verbal n o verbal ou sincr tico Nas palavras de Floch 2001 p 9 o plano onde as qualidades sens veis que possui uma linguagem para se manifestar s o selecionadas e articuladas entre elas por varia es diferenciais De acordo com Floch necess rio certamente estudar os signos pois nos signos que se efetua a reuni o dos dois planos da linguagem mas para chegar compreens o da linguagem como sistema preciso ir al m ou aqu m dos signos separar as suas duas faces para ver em que cada uma uma realiza o a partir das possibilidades oferecidas pelo jogo das varia es diferenciais que constitui cada plano 2001 p 10 Para reconstruir o sentido do texto a semi tica concebe seu plano de conte do sob a forma de um percurso gerativo de sentido em tr s etapas a parte mais simples e 20 abstrata chamada de n vel fundamental ou das estruturas fundamentais em que se d a significa o como uma oposi o sem ntica m nima a segunda etapa chamada de n vel narrativo ou das estruturas narrativas em que a narrativa organizada do ponto de vista de um sujeito e o terceiro n vel o discursivo ou das estruturas discursivas em que a narrativa assumida pelo sujeito da enuncia o O percurso gerativo da significa o pode ser explicado como uma representa o
27. e justo fazendo todos acreditarem por meio de um contrato de veridic o que n o se deve julgar sem provas suficientes para condenar Olha voc disse bem a reportagem o colocou sob suspeita Isso n o quer dizer que o senador Renan seja culpado ou tenha qualquer culpa At prova em contr rio ele inocente E mais uma vez o ator presidente aspectualiza seu discurso gerando o efeito de sentido de pol tico s rio e comprometido ao dizer que n o pretende deixar que nada atrapalhe suas a es de governo pois quando questionado a respeito das investiga es no senado e os poss veis problemas que esses procedimentos poderiam causar no PAC taxativo ao afirmar que nada pode atrapalhar os programas de desenvolvimento do pa s Veja o PAC independe de qualquer investiga o Eu estou convencido que as den ncias s o ind cios importantes de que n s precisamos melhorar o processo de licita o nesse pa s e o processo de concorr ncia de obras p blicas porque muitas delas s o obras delegadas do governo federal para estados e para munic pios O programa do dia 04 de junho de 2007 teve v rios assuntos em pauta e foi gravado em Nova Delhi visto que o presidente estava em uma viagem pela ndia A primeira 97 pergunta do entrevistador foi sobre a viagem e o que era representado pelo Brasil no exterior ao que o presidente responde pelo processo de debreagem enunciativa em 1 pessoa e cumprimenta o povo brasileiro
28. e um determinado tipo de rem dio para diabetes ou seja esse rem dio vai custar menos para o povo O povo vai economizar 90 do valor do rem dio De maneira bem did tica o presidente explica em que consiste o programa Farm cia Popular como ele vai atender o povo brasileiro e os benef cios que trouxe Percebe se em suas explica es o mecanismo da debreagem enunciva e da debreagem enunciativa no plural O governo Vou dar um exemplo Se o rem dio custar 10 reais o cidad o que for comprar vai pagar um real e a diferen a o governo vai pagar E por que estamos fazendo isso Porque n s n o queremos que o Brasil continue sendo um pa s em que as pessoas v o ao m dico saem com a receita n o t m dinheiro para comprar guardam a receita e muitas vezes at morrem sem poder comprar o rem dio E esse Programa nosso agora vale para qualquer pessoa qualquer cidad o brasileiro Qualquer homem ou mulher que entrar em uma farm cia e tiver Farm cia Popular ningu m vai perguntar quanto ele ganha de sal rio ningu m vai perguntar a origem social dele Se tiver o selo Farm cia Popular ele vai comprar o rem dio para hipertens o e para diabetes O programa favorece na realidade todos os brasileiros independente de poder aquisitivo mas o presidente faz quest o de deixar claro que o objetivo principal ajudar o mais necessitado a comprar o medicamento assim evidencia se como sujeito cognitivo que conhece os probl
29. entrevistador n o uma constante no g nero entrevista pois na maioria das vezes o jornalista tem autonomia para conduzir a conversa da forma mais conveniente e tamb m pretende extrair da entrevista todo o conte do que lhe interessa assim como ao seu receptor Essa caracter stica corrobora a ideia de que o g nero em quest o n o pode ser analisado como uma simples entrevista que tem apenas o objetivo de informar O g nero em quest o n o apenas para informar mais para mostrar o posicionamento do entrevistado e formar opini o Essa postura do entrevistador leva a uma an lise de que ele se comporta como um ouvinte do programa e eleitor do presidente ou seja o enunciat rio do presidente Lula pois muitas vezes ele apenas reafirma o que o presidente j disse e faz uma pergunta para dar continuidade resposta de Lula O pr prio presidente s vezes age como se o entrevistador fosse seu enunciat rio e se dirige diretamente a ele mas referindo se ao brasileiro em geral 133 Como no trecho a seguir Luiz na verdade n s vamos fazer duas coisas importantes no Rio de Janeiro na ter a feira Eu vou visitar o Centro de Opera es Tecnol gicas que um centro que vai praticamente cuidar do Pan no que diz respeito informa o no que diz respeito ao controle do Pan Programa de r dio Caf com o Presidente 02 de janeiro de 2006 N o se trata principalmente de um programa de entrevistas para informar o
30. f cil fica muito mais leve a gente governar o pa s Por que Porque eu n o tenho mais o que disputar em 2010 Eu tenho apenas que deixar o Brasil em 2010 infinitamente melhor do que o Brasil que eu recebi Isso que me d liberdade de procurar todos os setores da sociedade para conversar E vou conversar muito mais daqui para a frente E mesmo quando tenta se mostrar neutro na quest o assume o papel tem tico de candidato pois seu sil ncio em torno de alguns assuntos relacionados s suas a es acaba gerando um efeito de sentido muito forte e muito claro provando suas reais inten es ou seja que continua preocupado com a vis o de seus virtuais eleitores Por isso para agradar seu eleitorado futuro ou passado e conseguir sua ades o ele se coloca em uma posi o que causa o efeito de sentido de tica absoluta 93 Todo mundo sabe o que eu pensava em 2006 Eu sempre fui contra a reelei o Acontece que tem o instituto da reelei o e eu sou um presidente reeleito portanto eu n o possa agora dar palpite na reforma pol tica no que diz respeito reelei o N o me pe am opini o que eu n o vou dar Esse um problema dos partidos pol ticos um problema do Congresso Nacional Ent o eu quero que os partidos resolvam isso que aqueles que s o candidatos em 2010 resolvam isso E eu estarei torcendo para que o Brasil aprove o que for melhor para o povo brasileiro Mais uma vez o entrevistador se mostra mais c
31. facilidade para a constru o da casa pr pria com taxas reduzidas de juros financiamento de materiais de constru o e muitos benef cios que antes eram imposs veis para os mais pobres Em seu governo de acordo com as propagandas Lula afirma que destinou mais recursos para a educa o construiu novas escolas t cnicas e criou o Pro Uni que beneficiou milh es de jovens que nunca pensaram em ter acesso universidade 108 O consumo tamb m aumentou muito em seu primeiro mandato os trabalhadores passaram a poder comprar TVs celulares computadores entre outros o que nunca aconteceu antes para os mais carentes Enfim a campanha publicit ria de Lula foi constru da para o povo humilde e sacrificado que acreditava em um novo Brasil que esperava um pa s sem desigualdade social com mais empregos e mais educa o E o presidente que pode fazer tudo isso de acordo com a campanha Lula pois S quem j fez tanto pode fazer muito mais E principalmente se contar com o apoio popular Lula de novo com a for a do povo Percebe se que passo a passo o ator Lula vai se construindo como sujeito cognitivo sabe realmente das reais necessidades do povo e do pa s como um todo e sujeito pragm tico t m compet ncia para fazer e faz A ltima propaganda de cada turno tem as mesmas caracter sticas todas s o revestidas de figuras o sol raiando m os dadas crian as jovens e idosos sorridentes bra os abertos e erg
32. instalado nas duas extremidades do canal da comunica o e esse equil brio mais ou menos est vel esse entendimento t cito entre dois c mplices mais ou menos conscientes que n s denominamos contrato de veridic o grifo do autor Pode se dizer ent o que o contrato de veridic o estabelecido entre enunciador e enunciat rio e h consequentemente um entendimento entre eles conforme se verifica em Greimas 1979 p 486 26 V se entretanto que o bom funcionamento desse contrato depende em definitivo da inst ncia do enunciat rio para quem toda mensagem recebida seja qual for seu modo veridict rio apresenta se como uma manifesta o a partir da qual ele chamado a atribuir este ou aquele estatuto ao n vel da iman ncia a decidir sobre o seu ser ou o seu n o ser Assim necess rio que o discurso produza um efeito de sentido de verdade para o enunciat rio e que esse efeito de sentido seja o mesmo para enunciador e enunciat rio para haver o contrato de veridic o e um exerc cio persuasivo conforme pode se verificar em Greimas e Court s 1979 p 487 A verdade para ser dita e assumida tem de deslocar se em dire o s inst ncias do enunciador e do enunciat rio N o mais se imagina que o enunciador produza discursos verdadeiros mas discursos que produzem um efeito de sentido de verdade desse ponto de vista a produ o da verdade corresponde ao exerc cio de um fa
33. na dimens o cognitiva mostra se como um ser humano solid rio que conhece e se identifica com os problemas alheios o que se pode constatar no programa de 08 de mar o Nesse dia a entrevista come a com o fato de o presidente ter mandado uma carta de est mulo e conselhos para o jogador de futebol Ronaldo No decorrer do esclarecimento que ele faz acerca do ocorrido o procedimento da debreagem enunciativa no singular se reitera conforme se verifica no trecho seguinte Eu independentemente de ser Presidente eu sou um ser humano que tem sentimento e eu sei o que passar por momentos adversos Portanto eu mandei essa carta exatamente nesse momento Quando a pessoa est bem quando a pessoa est no auge ningu m precisa de apoio o apoio vem de gra a Quando as pessoas est o vivendo momentos adversos que a gente tem que mostrar que companheiro E eu gosto do Ronaldinho acho que ele um menino extraordin rio representa muito e eu resolvi mandar essa carta quase como se fosse um pai dando conselho a um filho Nesse mesmo programa o presidente explica tamb m o conte do da carta enviada ao presidente da FIFA pedindo que provid ncias sejam tomadas contra a pr tica do racismo no futebol n o apenas com os jogadores brasileiros mas de todo o mundo Como a carta tem um teor bem pessoal o discurso de Lula constru do por uma debreagem enunciativa em primeira pessoa ele mesmo afirma que n o pode se separar como torcedor e
34. no n vel profundo as rela es a se tornam faltas ou perdas aquisi es ou ganhos as transforma es tornam se performances e os operadores dessas performances tornam se sujeitos 22 l4 Segundo Fiorin 1992 p 21 a narratividade uma transforma o situada entre dois estados sucessivos e diferentes ou seja ocorre uma narrativa m nima quando se tem um estado inicial uma transforma o e um estado final A narratividade corresponde organiza o do enunciado antes que ele seja assumido pela enuncia o Os estados s o definidos como a rela o de um sujeito com um objeto Para a semi tica a narrativa pode ser concebida como uma circula o de objetos que designada como programa narrativo ou seja a unidade elementar o m nimo para que exista uma narrativa apenas o fazer ser pode constituir uma narrativa A partir da come am as transforma es aquisi es ou priva es com os objetos ou com os sujeitos A forma como uma narrativa se organiza independentemente de suas variantes e adapta es representada por um esquema narrativo e um modelo actancial O esquema narrativo pode ser considerado como um modelo de refer ncia que representa a organiza o que subjaz narrativa articulada em torno da performance do sujeito e da compet ncia desse sujeito Segundo Floch o sujeito n o cumpre sua performance e n o adquire sua compet ncia sen o em fun o de um contrato pr vio o
35. o das dificuldades financeiras que enfrentou A partir da exposi o desses dados no discurso pode se constatar que o principal alvo do seu discurso preferencialmente o povo humilde com problemas financeiros com dificuldades para 123 entender as not cias que s o veiculadas pela m dia nos telejornais e os pronunciamentos dos ministros em hor rio nobre Por isso conforme as an lises apresentadas anteriormente o Presidente usa um tom informal e quase did tico para explicar de outra forma o que j foi ou est sendo incansavelmente veiculado pela m dia Assim a partir do tom simplista e acess vel das falas do presidente poss vel verificar e identificar n o apenas o thos do presidente mas tamb m o pathos de seu enunciat rio N o se pode esquecer de que o g nero entrevista analisado expressa o discurso e n o qualquer discurso pois um g nero que permite por sua pr pria estrutura gravado e depois transmitido que o entrevistado prepare suas respostas selecione seus argumentos e direcione o assunto da maneira que achar mais conveniente Al m disso o programa em an lise elaborado e divulgado por um rg o vinculado ao Governo Federal representado pela figura do presidente Lula o que significa que o presidente e seus governantes t m total autonomia para escolher os assuntos a serem tratados e principalmente dar lhes o direcionamento de uma maneira que seja til que traga um resultado positivo e asse
36. o ator Lula continua preocupado com sua imagem pol tica e parece continuar fazendo campanha no per odo imediatamente ap s as elei es ora reveste se do papel tem tico de presidente ora do papel tem tico de candidato Em seu discurso h 101 nfase e entusiasmo sempre que fala sobre os planos de governo e o desenvolvimento do Brasil durante seu primeiro mandato e tamb m sobre seus projetos para continuar fazendo o pa s crescer e progredir 4 3 O PRESIDENTE NAS ENTREVISTAS ANTES E DEPOIS DAS ELEI ES DE 2006 Pode se perceber nas entrevistas analisadas que Lula tem uma prefer ncia por temas cotidianos e comuns a qualquer discurso pol tico assim como nas propagandas eleitorais analisadas na nossa Disserta o de Mestrado LUDOVICE 2008 O pr prio nome do programa assim como o tom das conversas corroboram essa caracter stica Al m disso a Radiobr s descreve o programa no site como uma conversa com o presidente sobre projetos do governo e temas de interesse nacional Assim sendo pode se pensar que o programa se constitui numa forma de o ator Lula revestido ora do papel tem tico de presidente ora do papel tem tico de candidato continuar fazendo campanha aproveitando os assuntos que est o sendo mais discutidos no momento ou que geram mais pol mica Como o programa gravado e somente depois transmitido pelo r dio poss vel que o entrevistado possa utilizar relat rios dados e textos sem que o ouvinte perceb
37. o de produzir o discurso em terceira pessoa no tempo de ent o e no espa o do l Esse procedimento denomina se desembreagem enunciva e op e se desembreagem enunciativa em primeira pessoa grifo do autor A debreagem enunciva em terceira pessoa frequentemente utilizada para tornar o discurso objetivo assim como a desembreagem enunciativa muito utilizada para produzir o efeito contr rio A transmiss o das mensagens sempre foi uma preocupa o das teorias da comunica o e se tornou tamb m uma preocupa o da semi tica Segundo Greimas e Court s 1979 p 485 a teoria saussuriana for ou a semi tica a inscrever entre suas preocupa es n o o problema da verdade mas o do dizer verdadeiro da veridic o O dizer verdadeiro interpretado no interior do discurso primeiramente como uma leitura das marcas de veridic o e s o essas marcas que classificam o discurso enunciado Mas para existir essa veridic o presente no discurso necess ria uma coordena o entre as inst ncias do enunciador e do enunciat rio pois de acordo com Greimas e Court s 1979 p 486 O crer verdadeiro do enunciador n o basta supomos transmiss o da verdade o enunciador pode dizer quanto quiser a respeito do objeto de saber que est comunicando que sabe que est seguro que evidente nem por isso pode ele assegurar se de ser acreditado pelo enunciat rio um crer verdadeiro deve ser
38. o do sujeito da percep o ao parecer sens vel BERTRAND 2003 p 252 Esse tipo de variedade fiduci ria ocupa o lugar das val ncias perceptivas Dessa forma o crer d xico que sobredetermina crer doxol gico A semi tica integrou h um bom tempo as categorias provenientes da psicologia da percep o de exteroceptividade o mundo exterior interoceptividade o mundo interior e proprioceptividade a interface entre ambas a resson ncia do sens vel BERTRAND 2003 p 259 Assim o conceito de figuratividade foi introduzido e aos poucos foi substituindo as propriedades exteroceptivas causando a mudan a de figuras de express o do mundo natural em figuras de conte do de l nguas naturais para outras categorias que n o permitem essa mudan a ocorreu a substitui o do conceito de abstra o para o de interoceptividade Segundo Bertrand 2003 p 259 o conceito de timia rea o sens vel do sujeito corporal em seu meio com sua dupla polaridade euforia disforia veio dar conta na qualidade de classema da incorpora o do sens vel substituindo ent o a proprioceptividade A semi tica figurativa ao tentar explicar a representa o e as impress es referenciais era exteroceptiva ao discutir os v nculos entre figurativo e abstrato estava associando o figurativo dimens o interoceptiva J os desenvolvimentos mais atuais da investiga o sobre a figuratividade s o voltados para a dimens o pr
39. o enunciador tomado como ator da enuncia o se define 47 pelo todo de sua obra Quando analisamos uma obra singular podemos definir os tra os do narrador quando estudamos a obra inteira de um autor que podemos apreender o thos do enunciador Pode se ent o encontrar uma identidade ou diferen a entre o car ter do enunciador e do narrador em uma obra Em termos semi ticos por meio do discurso do enunciador e da ades o do enunciat rio que se constr i o sentido e sua aceita o ou n o aceita o pelo discurso que se encontra a possibilidade de persuadir de demonstrar a verdade ou o parecer da verdade de acordo com o assunto e o enunciat rio E para conseguir a persuas o o car ter moral do enunciador importa muito poss vel dizer que o thos est diretamente ligado quest o da ades o do enunciat rio ao discurso O enunciat rio n o adere ao discurso apenas porque ele apresentado como um conjunto de ideias que expressam seus poss veis interesses mas sim porque se identifica com o sujeito da enuncia o De acordo com Fiorin 2008 p 143 as marcas do thos do enunciador podem ser encontradas na materialidade discursiva da totalidade ou seja em qualquer elemento composicional do discurso ou do texto na escolha do assunto na constru o das personagens nos g neros escolhidos no n vel de linguagem usado no ritmo na figurativiza o na escolha dos temas nas isotopias etc O di
40. para entender um estilo mas as ast cias de uma enuncia o que 59 monta um simulacro e por meio da express o escolhida constr i uma voz pr pria com um tom definido que por sua vez implica um modo de habitar o espa o social DISCINI 2004 p 27 O estilo pode ser considerado como um efeito individual mas apreendido por meio de uma totalidade de discursos pois estilo recorr ncia de tra os de conte do e de express o que produz um efeito de sentido de individualidade DISCINI 2004 p 31 O conceito de Bakhtin confirma a afirma o ao dizer que em diferentes g neros podem revelar se diferentes camadas e aspectos de uma personalidade individual o estilo individual pode encontrar se em diversas rela es de reciprocidade com a l ngua nacional 2003 p 266 Discini 2004 p 67 afirma que o estilo homog neo e heterog neo em sua totalidade homog neo pois pressup e uma semelhan a de procedimentos na constru o de sentido e assim constr i o ator da enuncia o E heterog neo porque pressup e uma rela o dial gica entre a totalidade como um desdobramento do di logo do discurso com as forma es ideol gicas de uma cultura Segundo Bakhtin 2003 p 267 a separa o da rela o entre estilos e g neros nociva para a an lise pois as mudan as hist ricas dos estilos de linguagem est o indissoluvelmente ligadas s mudan as dos g neros do discurso Os enunc
41. parecer ele seja tamb m entendido como sendo verdadeiro pelo enunciat rio do programa Na an lise do thos do presidente Lula em seu programa de r dio Caf com o Presidente percebe se o ator da enuncia o sempre preocupado em esclarecer suas a es de 121 governo explicar os projetos que est o em andamento e semanalmente colocar o enunciat rio simulacro de seu ouvinte a par de tudo que ele como presidente est fazendo pelo Brasil Sua linguagem sempre clara e muito acess vel Muitas vezes retoma a pergunta do jornalista para explic la melhor aos ouvintes ou ent o antes de responder ao que foi perguntado explica outros fatos envolvidos para que o assunto central seja totalmente esclarecido Nota se que o jornalista segue um roteiro j preparado para que a fala do presidente aconte a Essa didatiza o do discurso aproxima o ator Lula do povo e constr i seu enunciat rio O presidente no programa Caf com o Presidente utiliza muitas express es como eu acho eu penso eu acredito que levam a crer na sua conduta como governante e o colocam como sujeito cognitivo que sabe o que precisa e deve ser feito agora diferentemente do momento eleitoral ele tem voz n o mais povo Mas dessa forma tamb m causa o efeito de sentido de aproxima o com o povo nivela se aos seus ouvintes e coloca se como algu m que compartilha problemas Quando trata de assuntos que interessam particular
42. partir do fazer c gnito do ator Lula o povo brasileiro se encontra em conjun o com objetos de valor anteriormente almejados Coisa rara no mundo do trabalho no Brasil porque durante muito tempo eu fui dirigente sindical e quando n s consegu amos chegar perto da infla o j era uma grande conquista E hoje os trabalhadores est o tendo um ganho melhor Por que Porque a economia est crescendo o n mero de empregos est crescendo os empres rios est o ganhando mais dinheiro e est o dividindo um pouco desse dinheiro nos acordos salariais 94 No final da entrevista por meio da debreagem enunciativa em 1 pessoa do singular o ator Lula parabeniza os trabalhadores brasileiros e deixa uma mensagem de esperan a o que evidencia o car ter pol tico de seu discurso pois reconhece os anseios do enunciat rio que pretende atingir Eu quero primeiro cumprimentar os trabalhadores e dizer que eu estou desejando um feliz 1 de maio com a certeza de que o 1 de maio de 2008 ser melhor do que o 1 de maio de 2007 No dia 07 de maio de 2007 o assunto tratado no programa A discuss o das pol ticas sociais com o Papa e logo no in cio da entrevista o jornalista pergunta o que o presidente pretende conversar com o Papa Mais uma vez antes de responder pergunta Lula fala um pouco de sua hist ria passada de militante nos movimentos sociais na igreja para estabelecer um contrato de fid cia com o ouvinte Ao ref
43. povo possui o saber e o fazer necess rios para resolver os problemas da popula o brasileira Consegue assim 141 entrar em conjun o com seu objeto de valor e causar o efeito de sentido de que o povo tamb m est em conjun o com seus objetos de valor almejados A teoria Semi tica conduziu a an lise e nos proporcionou desvendar como o ator Lula constr i seu discurso e consequentemente sua imagem revestindo a de figuras temas embreagens e debreagens pap is tem ticos e actanciais que o constituem como ator do discurso e a partir disso verificamos os modos de constru o do thos de Lula como pol tico comprometido com as causas populares Esperamos com esta pesquisa ter dado alguma contribui o aos modos de uso do aparato te rico da Semi tica na an lise do discurso pol tico e da constru o do thos de um homem p blico e especialmente no caso desta tese da figura de Lula no exerc cio da presid ncia da Rep blica Federativa do Brasil Para encerrar este trabalho valemo nos de Guimar es Rosa o m gico criador do Grande sert o veredas que em uma de suas ltimas entrevistas assim se expressou Talvez eu seja um pol tico mas desses que s jogam xadrez quando podem faz lo a favor do homem Ao contr rio dos leg timos pol ticos acredito no homem e lhe desejo um futuro Sou escritor e penso em eternidades O pol tico pensa apenas em minutos Eu penso na ressurrei o do homem 142 REFER
44. presidente Lula ao programa de r dio Caf com o Presidente e verificar como o thos do ator Lula foi constru do nas suas respostas e que diferen as podem ser verificadas na constru o de sua imagem com rela o ao per odo eleitoral de propagandas do ano de 2006 analisadas em nossa disserta o de mestrado O trabalho fundamenta se na teoria semi tica de origem francesa desenvolvida por Algirdas Julien Greimas que tem como objeto de estudo o sentido mais especificamente o parecer do sentido O corpus da an lise foi selecionado levando em considera o o per odo anterior e posterior s elei es de 2006 O procedimento metodol gico adotado consistiu em separar o corpus delimitando as entrevistas do programa Caf com o Presidente do primeiro semestre do ano de 2006 e do primeiro semestre de 2007 O thos do ator Lula foi analisado juntamente com a figuratividade e a tematiza o de seu discurso j que as figuras que recobrem seu discurso auxiliam na constitui o de sua imagem O g nero entrevista foi analisado separadamente segundo os postulados te ricos do C rculo de Bakhtin Com base nas an lises foi poss vel comprovar que o ator Lula se constr i nos dois momentos analisados com um sincretismo de pap is tem ticos de presidente e candidato e por meio da altern ncia desses dois pap is tem ticos mostra se como sujeito competente para realizar a performance esperada e desejada pelo enunciat rio A
45. pureza da espontaneidade As figuras geralmente criam um efeito de sentido que reativa o simulacro da realidade e constroem no imagin rio um cen rio O ator Lula em suas falas sempre se orgulha das obras em andamento no seu governo da constru o de pontes e estradas para facilitar o acesso da popula o para ajudar no crescimento do pa s gerando o efeito de sentido de progresso e sucesso e pr pria figura 120 estrada carrega consigo um sentido pois a estrada significa a via direta a via reta Est em oposi o aos caminhos tortuosos CIRLOT 2005 p 403 A ponte tamb m agrega em seu sentido uma simbologia de acordo com Chevalier 1993 p 729 o simbolismo da ponte como aquilo que permite passar de uma margem outra um dos mais difundidos universalmente O pr prio nome do programa Caf com o Presidente pode ser analisado como uma figura que ativa no imagin rio cultural a imagem de tomar caf ou seja conversar informalmente trocar id ias e opini es enfim dialogar de maneira informal O ato de convidar algu m para um caf de servir para algu m um caf remete ideia de companheirismo de cumplicidade de proximidade Nas an lises sobre a figuratividade observa se que os conceitos abstratos ativados for am uma passagem do particular ao geral e apresentam se como cr nicos e obrigat rios no discurso do presidente Lula pois ele retoma em v rias entrevistas as mesmas figu
46. qual ele poder preencher ou romper Simetricamente o sujeito uma vez realizada a performance pode ser o objeto de uma san o positiva ou negativa em fun o da conformidade ou da n o conformidade entre sua performance e o contrato 2001 p 23 O modelo actancial constitui uma organiza o relacional das personagens definidas por sua pr pria participa o no esquema narrativo Para Floch 2001 p 25 A semi tica atingiu uma etapa decisiva de seu desenvolvimento ao aplicar an lise da compet ncia dos actantes a no o de modalidade A performance considerada como um fazer a compet ncia concebida como a combina o de um querer fazer de um dever fazer de um saber fazer e de um poder fazer pr vios De acordo com Greimas e Court s 2008 p 314 a partir da defini o tradicional de modalidade entendida como o que modifica o predicado de um enunciado pode se conceber a modalidade como a produ o de um enunciado dito modal que sobredetermina um enunciado descritivo ou seja concebe se o fazer modalizando o ser performance ato o ser modalizando o fazer compet ncia o ser modalizando o ser modalidades veridict rias e o fazer modalizando o fazer modalidades factitivas Nessa perspectiva o predicado modal pode ser definido primeiro somente por sua fun o t xica por seu alcance transitivo suscet vel de atingir um outro enunciado como objeto GREIMAS e COURT S 2008 p 314
47. que est consumindo Quando h consumo as lojas encomendam mais na f brica as f bricas produzem mais geram mais empregos Eu acho que todo mundo ganha com isso Assim como as figuras renda vida pessoas e pobres porque significa distribuir renda significa melhorar a vida das pessoas mais pobres deste Pa s Pelas palavras de Lula tra a se um percurso figurativo em que se percebe o prop sito de conduzir o enunciat rio constata o de que sua poss vel melhoria de vida est fortemente vinculada aos atos do ent o presidente da Rep blica Importante salientar o forte v nculo que ainda o une s quest es sindicalistas das quais participou ativamente em pocas anteriores fato percept vel na refer ncia aos benef cios salariais advindos das negocia es com os sindicatos O tema introduzido pelo entrevistador no dia 21 de maio de 2007 o otimismo em rela o economia brasileira o que pode ser comprovado no trecho a seguir Presidente 118 h um clima crescente de otimismo em rela o economia brasileira dentro e fora do Pa s O presidente aproveita o otimismo introduzido pela pergunta e reveste seu discurso com figuras como luz do dia trabalhadores empregos que geram o efeito de sentido de crescimento e desenvolvimento do pa s em seu governo Estamos garantindo que haja uma regula o permitindo um jogo muito luz do dia para os investidores
48. r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 10 de abril de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 17 de abril de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 24 de abril de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 148 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 1 de maio de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 8 de maio de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 15 de maio de 2006 Entrevi
49. representado pelos ouvintes do programa Luiz eu queria primeiro cumprimentar o povo brasileiro e dizer que uma alegria estar aqui representando o Brasil sobretudo quando estamos conversando com um pa s da import ncia da ndia um pa s que tem um potencial extraordin rio de aumentar o com rcio com o Brasil Mas logo em seguida assume o discurso em 1 pessoa do plural representando o Brasil e colocando se no papel tem tico de presidente do pa s N s estamos assumindo um compromisso ndia e Brasil de chegar at 2010 com uma balan a comercial de 10 bilh es de d lares A entrevista continua e na sequ ncia o assunto passa a ser a visita a Londres que o presidente fez antes de chegar ndia e onde assistiu a um jogo da sele o brasileira contra a Inglaterra Para responder a pergunta primeiro Lula utiliza uma debreagem enunciativa em 1 pesssoa do singular em que se assume como pessoa individualizada e logo a seguir utiliza uma debreagem enunciativa em 1 pessoa do plural colocando se como povo brasileiro torcedor de futebol ou seja uma imagem positiva de pol tico mas tamb m a de homem brasileiro que torce pelo seu time pelo seu pa s Primeiro eu tinha que vir para a ndia mesmo Passei em Londres para ver o jogo da Sele o Brasileira a convite da CBF e penso que o jogo foi bom N s todos brasileiros estamos quites porque o Brasil n o perdeu empatou o jogo O assunto futebol foi ape
50. s n o tivemos dinheiro no ano de 2003 muito pouco n s tivemos apenas 2 bilh es e 500 em 2004 e somente em 2005 que n s tivemos 6 bilh es de reais empenhados E continua a tentativa de defesa alegando que as obras deveriam ter sido feitas quinze anos atr s mas que independentemente de qualquer coisa obriga o do governo fazer em qualquer poca que seja Na resposta o presidente alterna o uso da debreagem enunciativa no plural e no singular Portanto somente agora que n s temos os recursos para fazer aquilo que deveria ter sido feito dez 15 anos atr s ou no meu primeiro ano de governo Como a gente n o teve o dinheiro e era preciso juntar dinheiro para fazer isso bem Agora n s estamos fazendo aquilo que obriga o do governo fazer No decorrer da entrevista o ator Lula continua se defendendo sobre a quest o das obras eleitoreiras e diz sempre estar do lado do povo e apoiar suas causas Nessa tentativa utiliza muitas vezes exemplos simples buscando tornar acess vel seu discurso fazendo para isso uso da debreagem enunciativa no plural assumindo sua postura de presidente que n o trabalha sozinho que tem uma equipe de governo e da debreagem enunciativa no singular quando se assume de maneira mais pessoal e subjetiva Essa altern ncia eu representando a pessoa f sica o cidad o e o n s representando o presidente o PT pode remeter ao sujeito cognitivo e ao sujeito pragm tico ou se
51. sim uma imagem deles constru da no e pelo texto Fiorin 2005 p 54 afirma que todos esses mecanismos produzem efeitos de sentido no discurso N o indiferente o narrador projetar se no enunciado ou alhear se dele simular uma concomit ncia dos fatos narrados com o momento da enuncia o ou apresent los como anteriores ou posteriores a ele presentificar o pret rito enunciar um eu sob a forma de ele etc Por isso pessoa espa o e tempo s o respons veis por transformar a l ngua em discurso Oeueo tu podem ser considerados actantes da enuncia o pois ocupam posi es na cena enunciativa Nos textos essas posi es s o concretizadas e os actantes tornam se atores da enuncia o O ator uma concretiza o tem tico figurativa do actante FIORIN 2004 p 119 E para verificar o ator da enuncia o preciso ver como a sua imagem se constr i De certa forma essa imagem produzida pelo ator da enuncia o independente de ser verdadeira ou n o o seu thos 1 4 ACTANTES E ATORES Greimas 1977 p 179 em seu artigo intitulado Os atuantes os atores e as figuras procura estabelecer primeiramente uma diferen a entre os atuantes que decorrem de uma sintaxe narrativa e os atores reconhec veis nos discursos particulares em que se encontram manifestados Esta distin o continua sendo considerada pertinente pois permite separar os dois n veis aut nomos em que poss vel si
52. social e se determinam a partir de caracter sticas tem ticas composicionais e estil sticas De acordo com Bakhtin 2003 p 261 os enunciados refletem as condi es espec ficas e as finalidades de cada referido campo n o s por seu conte do tem tico e pelo estilo da 58 linguagem ou seja pela sele o dos recursos lexicais fraseol gicos e gramaticais da l ngua mas acima de tudo por sua constru o composicional Todos esses tr s elementos o conte do tem tico o estilo a constru o composicional est o indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e s o igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunica o A riqueza e a diversidade dos g neros discursivos s o incalcul veis pois a possibilidade de comunica o humana que diversifica as possibilidades de repert rio dos g neros Pode parecer que a heterogeneidade dos g neros discursivos t o grande que n o h nem pode haver um plano nico para o seu estudo BAKHTIN 2003 p 262 O g nero n o deve ser desassociado do estilo pois serve para a identifica o deste De acordo com Bakhtin 2003 p 265 Todo estilo est indissoluvelmente ligado ao enunciado e s formas t picas de enunciados ou seja aos g neros do discurso A heterogeneidade dos g neros grande e associada ao estilo se torna maior ainda pois a escolha do vocabul rio das constru es e adequa es lingu sticas juntam
53. um clima favor vel decorrem do fato de n s estarmos com a economia muito equilibrada muita estabilidade Estamos garantindo que haja uma regula o permitindo um jogo muito luz do dia para os investidores e isso tem resultado em um grande super vit da balan a comercial tem como resultado a redu o da taxa de juros tem como resultado o crescimento do cr dito o crescimento do emprego E o tom otimista est sempre presente O ator Lula no papel tem tico de presidente constr i em seu discurso o efeito de sentido de que o Brasil est progredindo e que nada pode atrapalhar esse desempenho e logicamente essa progress o depende tamb m de seus planos e a es de governo ou seja reafirma a pertin ncia de seu projeto pol tico de sua compet ncia para saber fazer e poder fazer e tenta conseguir a ades o de seus ouvintes n o tem nada que possa atrapalhar o desenvolvimento e o crescimento do Brasil e muito mais se n s tivermos compet ncia para fazer do crescimento uma forte pol tica de distribui o de renda para melhorar a vida do povo brasileiro O programa do dia 28 de maio de 2007 traz como tema as a es da Pol cia Federal e seu sucesso no combate corrup o com mais independ ncia O desenrolar dessa entrevista bem pesado e rduo principalmente quando o entrevistador toca no assunto de suspeita de corrup o por parte de um senador O ator Lula no papel tem tico de presidente tenta se mostrar imparcial
54. um novo espa o de investiga o que parece essencial pois seu conhecimento estaria ligado ao cognitivo e a uma antropologia do sens vel Para Bertrand 2003 p 239 j que o crer se encontra no centro de tal reflex o sobre o figurativo 40 precisamos tomar mais um desvio e mostrar como a semi tica trata a quest o da verdade e da cren a partilhada a problem tica da veridic o que comanda os jogos do parecer do sentido A quest o da veridic o est totalmente presente na semi tica e faz parte dos postulados fundamentais sobre sentido E dentro desse conceito considera se que o sentido se apresenta sempre tanto na percep o quanto na leitura sob o ponto de vista do parecer Quer o parecer seja apreendido como uma promessa de ser quer como mera estrat gia de persuas o a veridic o vem tomar o lugar de uma problem tica da verdade estabelecida como valor ontol gico ou o que no caso d no mesmo como valor referencial BERTRAND 2003 p 240 A veridic o consegue instalar uma separa o entre a produ o e a interpreta o dos valores de verdade uma separa o entre o que parece e o que sup e ser na cena discursiva faz dos valores de verdade o objeto de um jogo de linguagem BERTRAND 2003 p 240 A veridic o pode ser considerada como uma oposi o entre o ser e o parecer O quadrado da veridic o se apresenta como uma combina o dos valores de ser e parecer
55. uma via estreita entre duas compet ncias indiscut veis a filos fica e a l gico matem tica que o estudioso de semi tica obrigado a conduzir sua pesquisa sobre o sentido Isso n o quer dizer que ser necess rio fundar uma nova ci ncia para estudar o sentido e menos ainda desenvolver um meta discurso sobre ele necess rio apenas dispor de conceitos epistemol gicos suficientes que permitam ao pesquisador fazer as adequa es necess rias e controlar o seu m todo Segundo Greimas 1975 p 12 O homem vive num mundo significante Para ele o problema do sentido n o se coloca o sentido colocado imp e se como uma evid ncia como um sentimento de compreens o absolutamente natural mas o pr prio Greimas n o concorda com isso e chega a afirmar que o falar metalingu stico do homem apenas uma s rie de mentiras e a comunica o apenas uma sequ ncia de mal entendidos 1975 p 13 A interroga o sobre o sentido sempre metalinguagem e n o seria poss vel em um universo em que a linguagem fosse pura denota o A significa o portanto apenas esta transposi o de um n vel de linguagem a outro de uma linguagem a uma linguagem diferente e o sentido apenas esta possibilidade de transcodifica o GREIMAS 1975 p 13 O sentido pode ser explicado por uma transforma o desse sentido e uma consequente produ o de sentido gerada por meio dele ou seja A produ o de sentid
56. 64 a diferen a entre os g neros prim rio e secund rio ideol gicos extremamente grande e essencial e por isso mesmo que a natureza do enunciado deve ser descoberta e definida por meio da an lise de ambas as modalidades apenas sob essa condi o a defini o pode vir a ser adequada natureza complexa e profunda do enunciado a orienta o unilateral centrada nos g neros prim rios redunda fatalmente de vulgariza o de todo o problema 57 Bakhtin estabelece um v nculo muito estreito entre discurso e enunciado e mostra a necessidade de analisar o discurso no contexto enunciativo da comunica o e n o apenas como estrutura lingu stica Para o fil sofo enunciado e discurso pressup em uma din mica dial gica de troca entre sujeitos discursivos no processo da comunica o tanto num di logo cotidiano como num g nero secund rio e mesmo que o discurso tenha um car ter inconcluso e inacabado o enunciado definido como uma manifesta o com acabamento do contr rio n o pode receber suas r plicas De acordo com Bakhtin o contexto comunicativo de suma import ncia para a assimila o do repert rio que se pretende utilizar em uma determinada mensagem pois os g neros discursivos s o formas comunicativas e como tais n o sao adquiridos em manuais mas em processos interativos a l ngua passa a integrar a vida atrav s de enunciados concretos que a realizam igualmente atrav s de enunciados concre
57. Caf com o Presidente 21 de maio de 2007 Os adjetivos e adv rbios avaliadores tamb m s o frequentemente utilizados pelo presidente em suas repostas principalmente para elogiar o povo brasileiro o pa s e sua equipe de governo O povo brasileiro um povo de muita f um povo que tem uma participa o muito forte na religi o Programa de r dio Caf com o Presidente 07 de maio de 2007 Eu espero que n o apare a ningu m para disputar com o Brasil porque eu acho que o Brasil como o pa s que tem o futebol mais importante do Planeta como o pa s que fez a ltima Copa em 1950 tem o direito de sediar uma Copa do Mundo Programa de r dio Caf com o Presidente 04 de junho de 2007 Luiz na ltima quinta feira n s fechamos com chave de ouro todo o programa de educa o que nos propusemos a fazer no nosso mandato Programa de r dio Caf com o Presidente 12 de junho de 2006 O jornalista entrevistador assume uma postura de apenas concordar e compartilhar ideias com o presidente N o faz uma interroga o apurada e exaustiva sobre os temas n o suscita a palavra do outro n o incita a transmiss o de informa es e s vezes nem introduz um novo assunto pois o pr prio entrevistado o faz e com essa postura n o esconde que sua atua o partid ria do presidente s vezes ele se anula e sua fala se confunde e se incorpora do Presidente Essa caracter stica complacente do
58. Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 30 de janeiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 6 de fevereiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 13 de fevereiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 20 de fevereiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 147 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 27 de fevereiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 6 de mar o
59. ES UNIV ERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO unesp Faculdade de Ci ncias e Letras Campus de Araraquara SP CAMILA DE ARA JO BERALDO LUDOVICE O PROGRAMA CAF COM O PRESIDENTE LUZ DA SEMIOTICA a ARARAQUARA 2011 q CAMILA DE ARA JO BERALDO LUDOVICE O PROGRAMA CAF COM O PRESIDENTE LUZ DA SEMI TICA Tese apresentada Universidade Estadual Paulista J lio de Mesquita Filho Campus de Araraquara como requisito parcial para a obten o do t tulo de Doutora em Lingu stica e L ngua Portuguesa Linha de pesquisa Estrutura organiza o e funcionamento discursivos e textuais Orientadora Profa Dra Renata Coelho Marchezan ARARAQUARA 2011 CAMILA DE ARA JO BERALDO LUDOVICE O PROGRAMA CAF COM O PRESIDENTE LUZ DA SEMI TICA MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA Presidente e Orientadora Nome Profa Dra Renata Coelho Marchezan Institui o Faculdade de Ci ncias e Letras Campus de Araraquara UNESP Membro Titular Nome Profa Dra Edna Fernandes Nascimento Institui o Faculdade de Ci ncias e Letras Campus de Araraquara UNESP Membro Titular Nome Prof Dr Arnaldo Cortina Institui o Faculdade de Ci ncias e Letras Campus de Araraquara UNESP Membro Titular Nome Prof Dr Juscelino Pernambuco Institui o Universidade de Franca UNIFRAN Membro Titular Nome Prof Dr Luiz Ant nio Ferreira Institui
60. Pelo mecanismo da debreagem enunciva o ator Lula coloca o pa s com uma autonomia muito grande como se fosse autossuficiente e aspectualiza se como um sujeito que sabe fazer e faz o que precisa ser feito O Brasil pode o Brasil tem condi es tem terra o Brasil tem trabalhadores o Brasil tem sol o Brasil tem gua ou seja o Brasil tem tudo que preciso para a agricultura produzir O programa do dia 13 de fevereiro foi transmitido diretamente da frica e teve como tema a viagem pelo continente africano O presidente conta um pouco sobre sua visita a lugares hist ricos relacionados com o Brasil com um tom bem pessoal e subjetivo fazendo uso da debreagem enunciativa no singular apresentando se como pessoa f sica cidad o Mas sobretudo tive a oportunidade de conhecer os descendentes da fam lia Silva pessoas que retornaram do Brasil com o sobrenome Silva Tem um grupo que cuida da rela o com o Brasil que cuida de guardar as mem rias do Brasil visitei um museu foi uma coisa extremamente importante Al m dessas abordagens fala sobre os acordos pol ticos que fez com o pa s visitado e n o perde a oportunidade de esclarecer que o Brasil est mais avan ado no quesito sa de do que o pa s africano e que pretende ajudar no que for poss vel o combate AIDS sempre exaltando as condi es que o pa s tem Nesses momentos utiliza a debreagem enunciativa no plural referindo se tamb m a sua equipe de governo e a debre
61. Rela es Contrariedade Opera es Nega o GCLEPSPE OS Implica o gt gt gt Asser o Contradi o x Para Floch 2001 p 21 o quadrado responde exig ncia estrutural saussuriana de que na l ngua ou no sistema de significa o por minimal que seja s existem diferen as os quatro termos s o intersec es resultados das rela es E ainda de acordo com Floch 2001 p 19 O quadrado semi tico uma representa o visual das rela es que entret m os tra os distintivos constitutivos de uma dada categoria sem ntica de uma determinada estrutura Para constru lo a semi tica explora uma aquisi o essencial da lingi stica estrutural o reconhecimento da exist ncia de dois tipos de rela es de oposi o em jogo das linguagens a rela o privativa e a rela o qualitativa ou dito de outro modo a contradi o e a contrariedade Sob a superf cie onde se situam as estruturas textuais est o duas camadas uma mais profunda as estruturas semio narrativas e outra mais pr xima as estruturas discursivas A narratividade a segunda etapa do percurso gerativo de sentido e conforme Floch 2001 p 22 pode ser explicada como o encadeamento ordenado das situa es e das a es dos estados e das transforma es que atravessa tanto as frases quanto os par grafos tanto os planos quanto as sequ ncias a vers o dinamizada e humanizada daquilo que se passa
62. TORES a o 28 1 5 FIGURATIVIDADE E TEMATIZA O ementas 33 2 O DISCURSO POL TICO een 43 21 OL TOS POLICO se 46 3 G NEROS DISCURSIVOS eretas 54 4 AN LISE DO PROGRAMA CAF COM O PRESIDENTE 61 4 1 AN LISE DOS PROGRAMAS CAF COM O PRESIDENTE DO ANO DE AOA A N E AE EA E E E ES 60 4 2 AN LISE DOS PROGRAMAS CAF COM O PRESIDENTE DO ANO DE DO e e 83 4 3 O PRESIDENTE NAS ENTREVISTAS ANTES E DEPOIS DAS ELEI ES DE 00G a e R E E E 101 5 O THOS DO PRESIDENTE LULA NAS ENTREVISTAS E A CONSTRU O DO ATOR LULA NAS PROPAGANDAS ELEITORAIS 106 6 O PROGRAMA DE ENTREVISTAS CAF COM O PRESIDENTE UMA QUEST O DE G NERO temem eee 125 CONSIDERA ES FINAIS eee mae eetieeeetieas 136 REFERENCIAS EEEE Grando rio AE E 142 10 INTRODU O As reflex es desta tese originaram se nas quest es evidenciadas na nossa Disserta o de Mestrado em Lingu stica A constru o do ator Lula na campanha eleitoral de 2006 uma an lise semi tica LUDOVICE 2008 que teve como objetivo analisar a campanha eleitoral do ent o presidente Lu s In cio Lula da Silva do ano de 2006 quando ele concorria reelei o para a presid ncia do Brasil Para a composi o do corpus de nossa disserta o foi feita uma grava o televisiva de toda campanha eleitoral tanto do primeiro quanto do segundo turno Por se tratar de muito m
63. Uma coisa p r ideias arranjadas outra lidar com pa s de pessoas de carne e sangue de mil e tantas mis rias Tanta gente d susto de se saber e nenhum sossega todos nascendo crescendo se casando querendo coloca o de emprego comida sa de riqueza ser importante querendo chuva e neg cios bons Guimar es Rosa Com base nas entrevistas do programa radiof nico Caf com o presidente do ano de 2006 e 2007 poss vel desvendar o thos do presidente Lula expresso por meio de seu discurso e compar lo com a sua imagem constru da nas propagandas eleitorais do ano de 2006 objeto de estudo da nossa disserta o de mestrado LUDOVICE 2008 Essa compara o poss vel pois o thos a imagem constru da pelo ator da enuncia o no discurso Nas propagandas analisadas na disserta o de mestrado dos dias 09 09 06 21 09 06 28 09 06 14 10 06 20 10 06 e 27 10 06 observa se uma semelhan a em sua constru o Mesmo afirmando que n o pretende falar do que j foi feito mas sim das propostas que tem para o futuro o ator Lula sempre torna evidentes todos os projetos que conseguiu desenvolver durante seu primeiro mandato Em seu governo segundo o conte do das propagandas houve a gera o de empregos a cria o do Bolsa Fam lia o Pro Uni projetos estes voltados para os mais pobres que ainda segundo a divulga o antes n o tinham acesso s universidades n o conseguiam emprego Esses pro
64. a O programa conforme j foi explicitado na introdu o e descrito pelo pr prio site do Governo Federal apresenta se no formato de uma conversa com o presidente uma conversa informal como aquelas que acontecem quando se toma caf com algu m e essa conversa mediada por um jornalista que tem a fun o de perguntar e conduzir essa intera o ou melhor dar a entender que conduz a entrevista pois no decorrer das an lises apresentadas verifica se que o entrevistador parece mais uma figura ilustrativa algu m a quem o presidente recorre para dar continuidade aos assuntos tratados e levantar outras quest es interligadas ao tema mas sempre de forma muito tranquila e sem nenhuma cobran a como poderia acontecer por exemplo em qualquer outra entrevista ou em uma conversa real com o presidente O jornalista no papel tem tico de entrevistador assume uma postura de apenas concordar com as respostas e compartilhar as ideias do presidente n o faz uma interroga o apurada e exaustiva sobre os temas e com essa postura d a impress o de falar como um partid rio do presidente Suas perguntas conduzem a resposta do presidente a uma solu o ou explica o positiva do assunto tratado como por exemplo no trecho a seguir 102 Voc est ouvindo o Caf com o Presidente o programa de r dio do presidente Lula A ministra Marina do Meio Ambiente fala muito em desenvolvimento sustent vel poss vel isso mesmo Pre
65. a com o ouvinte do r dio As respostas do presidente Lula durante todo per odo de entrevistas analisadas podem ser vistas como respostas a perguntas impl citas na m dia e respostas opini o p blica a quest es colocadas por seus advers rios sobre suas estrat gias de governo e d vidas dos eleitores em geral O ator Lula aspectualizado de maneira muito otimista e esperan osa n o abre m o de tecer bons coment rios e elogios sobre seus planos de governo em desenvolvimento como se esse otimismo respondesse n o apenas aos ouvintes do programa de r dio mas tamb m aos seus advers rios como poss vel verificar no trecho a seguir em que responde sobre a quest o de manter praticamente id ntica a base ministerial em seu novo mandato assunto criticado pelos advers rios na m dia eu tenho dito desde que ganhei as elei es quando as pessoas come aram a especular sobre a reforma no minist rio eu disse que o time tinha ganho o 103 jogo e n o havia necessidade de mudar Logicamente que n s estamos fazendo uma composi o pol tica no Congresso Nacional com as mesmas for as das quais recebemos apoio no mandato passado A grande novidade o PDT fazendo parte da base do governo e no momento certo n s vamos escolher alguns ministros O objetivo do programa na apar ncia trabalhar a favor dos brasileiros mant los informados e atualizados Mas uma caracter stica essencial n o pode ser esquecida o pro
66. a o da inst ncia do enunciado FIORIN 2005 p 48 A embreagem concerne s tr s categorias de enuncia o ent o tem se a embreagem actancial a embreagem espacial e a embreagem temporal A embreagem actancial de maior relev ncia para este trabalho neutraliza a categoria de pessoa mas importante ressaltar que toda embreagem pressup e uma debreagem anterior Para Greimas e Court s 2008 p 162 Ao contr rio do que se passa no momento da debreagem a embreagem produz uma desreferencializa o do enunciado que ela afeta De acordo com Greimas e Court s 2008 p 166 a enuncia o a inst ncia lingu stica logicamente pressuposta pela pr pria exist ncia do enunciado que dela cont m tra os e marcas Essa afirma o pode parecer um tru smo pois se existe um dito h um dizer que o produziu e isso implica a necessidade de construir duas inst ncias o eu pressuposto e o eu projetado no interior do enunciado Na teoria essas duas inst ncias n o s o confundidas pois a do eu pressuposto a do enunciador e a do eu projetado no interior do 28 Z enunciado a do narrador Como a cada eu corresponde um tu h um pressuposto o enunciat rio e um tu projetado no interior do enunciado o narrat rio O enunciador e o enunciat rio s o o autor e o leitor FIORIN 2004 p 119 sendo na verdade conforme preceitos semi ticos simulacros isto n o representam o autor e o leitor reais mas
67. a A linguagem do discurso pol tico mesmo que seja simples e did tica n o atinge seu objetivo de maneira imediata ela ardil utiliza v rias artimanhas para atingir seu enunciat rio como se o discurso pol tico falasse pelo avesso por meio de m scaras que escondem seu prop sito maior de convencimento e persuas o 54 3 G NEROS DISCURSIVOS A linguagem participa na vida atrav s dos enunciados concretos que a realizam assim como a vida participa da vida atrav s dos enunciados M Bakhtin O fil sofo da linguagem M Bakhtin centrou seus estudos nos aspectos pol ticos da linguagem Tamb m se dedicou ao estudo da literatura sobretudo ao romance O seu nome aparece sempre associado ao chamado C rculo de Bakhtin do qual fazem parte P Medvedev e V N Voloshinov e tamb m a outros integrantes do C rculo De Bakhtin e o do C rculo interessam nos nestetrabalho os estudos sobre os g neros discursivos tendo em vista que focalizamos o g nero discursivo entrevista no campo pol tico Bakhtin afirma o car ter dial gico da linguagem por isso em seus textos te ricos destaca se o di logo Segundo o fil sofo a l ngua em seu uso concreto e real tem a propriedade de ser dial gica Bakhtin Voloshinov 1981 p 3 afirma que a enuncia o est na fronteira entre a vida e o aspecto verbal do enunciado ela por assim dizer bombeia energia de uma situa o da vida para o discurso verbal ela d a qualquer coisa l
68. a forma d a entender que compartilha desse sonho O ator Lula por meio do fazer persuasivo tenta conseguir a ades o de seu enunciat rio fazendo o crer no efeito de verdade de seu discurso Seu tom informativo e at did tico e o uso da debreagem enunciativa no singular deixa seu discurso mais pessoal e pr ximo de seu enunciat rio 12 Luiz antes de falar do Fundo Social eu acho importante falarmos um pouco sobre o sonho do brasileiro Todo brasileiro sonha em ter uma casa pr pria porque a casa pr pria mais ou menos como se fosse um passarinho quando constr i o seu ninho Ele quer tranq ilidade para criar os seus filhos at eles aprenderem a voar Esse sonho parece ser compartilhado porque Lula conta trechos de sua vida e se identifica com o pobre mostra se como sujeito cognitivo que sabe dos problemas e compartilha as afli es conforme a pr pria constru o da resposta e dos exemplos por ele citados ocorrendo aqui a debreagem enunciativa no singular que o individualiza Eu digo isso sabe por que Luiz Porque eu tiro por minha pr pria experi ncia Em 1969 eu comprei a minha primeira casinha no Parque Bristol em S o Paulo Depois fui comprando material presta o e constru um quarto e cozinha Aluguei para o meu cunhado aquele quarto e cozinha e ainda levei o meu irm o para morar dentro da minha casa num quarto porque pobre solid rio por natureza a gente se ajuda Mais uma vez o presidente
69. a import ncia de suas a es governamentais Tal fato retrata bem o discurso pol tico j que neste a imagem e o discurso influenciam o enunciat rio Nota se tamb m a apar ncia de presidente com ess ncia de candidato sempre preocupado com a imagem que est construindo e divulgando s vezes tem se a impress o de que o presidente coloca o Brasil como algo aut nomo que progride e se governa sozinho ele se distancia de sua postura de governante e concede ao pa s uma autonomia quase suprema ou seja faz ajustes em seu discurso e em sua imagem para conseguir ades o de seu enunciat rio e para gerar o efeito de sentido de verdade nas suas respostas O tema do programa do dia 02 de abril de 2007 versou sobre o acordo na Organiza o Mundial do Com rcio OMC que poderia ser fechado em alguns dias e a visita ao presidente Bush nos Estados Unidos J na primeira resposta que o presidente d ao apresentador nota se a presen a da embreagem como se o Brasil estivesse distante como z se o presidente Lula n o fizesse parte do pa s mas logo em seguida instaurada em seu discurso a debreagem enunciativa com o uso do n s que causa a impress o de proximidade E nesse assunto o Brasil tem tecnologia tem sabedoria tem conhecimento n o s porque j temos 30 anos de experi ncia na produ o do lcool como n s temos agora sabe uma boa experi ncia na produ o de biodiesel E o discurso do presidente con
70. a quarta feira o senhor vai ao Rio de Janeiro participar da assinatura de contratos para a constru o de mais nove navios da Transpetro H 20 anos n o havia encomenda de navios no Brasil e agora as encomendas come am a acontecer J d para falar em renascimento da ind stria naval brasileira Programa de r dio Caf com o Presidente 09 de abril de 2007 Iniciado o processo de entrevista o presidente tem o espa o maior para direcionar suas respostas e incluir explica es que achar pertinentes Na estrutura da entrevista percebe se que as perguntas s o muito curtas e objetivas e as respostas s o longas Ao final de mais ou menos seis minutos o jornalista encerra a entrevista e agradece ao presidente Ok Presidente Obrigado e at a semana que vem O presidente tamb m tem um espa o consider vel para a despedida e o agradecimento Luiz eu quero dizer para voc antes de me despedir que finalmente os nossos aeroportos est o tranquilos numa demonstra o de que uma rela o 131 honesta e sincera entre o governo a sociedade brasileira e os controladores permitiu que o bom senso reinasse no nosso meio Estou feliz com isso Eu acho que todo mundo que viajou na P scoa deve ter visto nos aeroportos que as coisas est o tranquilas e assim que precisa ser Eu quero agradecer portanto a todos que contribu ram para que a gente tivesse uma P scoa de tranquilidade e dizer ao povo brasileiro que na segunda
71. abalhador por fazer uma hora extra a mais no final do m s tenha que pagar Imposto de Renda daquele trabalho que ele suou para ganhar No programa do dia 10 de abril ao tratar sobre quest es da agricultura o entrevistador pergunta ao presidente sobre a quest o da gripe avi ria ao que o entrevistado assumindo o papel tem tico de presidente responde instantaneamente e demonstrando muita seguran a sobre o preparo do Brasil para resolver esse problema caso ele aconte a no pa s Ao utilizar a debreagem enunciativa no plural o presidente sujeito cognitivo destaca que o pa s em seu mandato est preparado para enfrentar esse tipo de problema E se chegar n s estamos preparados para enfrentar a situa o E acrescenta Temos capacidade de produzir vacina estamos com um processo muito forte de fiscaliza o em portos e aeroportos Ou seja o governo n o est esperando a doen a chegar para cuidar n s estamos preparados No dia 17 de abril o programa versa sobre a vota o or ament ria e as respostas do presidente em debreagem enunciativa no plural tentam sempre demonstrar a preocupa o do seu governo em resolver os problemas do brasileiro ou seja na dimens o pragm tica o presidente se mostra preparado para resolver os problemas e mostra que est fazendo que est realizando a es em seu governo Quando n s aumentamos o sal rio do aposentado 1 8 acima da infla o porque n s achamos que durante
72. agem enunciva para tratar o pa s de maneira mais distanciada Tamb m fizemos acordos na rea do esporte e na rea da sa de sobretudo na rea da sa de para cuidar da Aids O Brasil tem um dos melhores programas de combate Aids e naquilo que o Brasil puder ajudar n o apenas com rem dio mas organizar com transfer ncia de conhecimento n s vamos fazer porque n s achamos que obriga o de um pa s que pode ajudar os pa ses que podem menos que n s Percebe se aqui que a preocupa o do governo a de parecer preocupado n o apenas com o pobre brasileiro mas com outros pa ses tamb m pobres e para reafirmar isso o presidente faz uso da debreagem enunciativa no singular causando a impress o de proximidade e demonstrando o sujeito cognitivo que sabe como resolver os problemas Eu fiz quest o de dizer tamb m que o Programa do Biodiesel um programa para ajudar os pa ses pobres 70 Como sempre o presidente destaca que uma das suas prioridades a quest o da educa o e que acompanha de perto as obras para que elas saiam como ele quer O uso da debreagem enunciativa em primeira pessoa confirma essa postura como se pode verificar no trecho de uma das respostas do programa do dia 20 de fevereiro E por que vamos fazer essa visita Na verdade eu vou fiscalizar para saber se as obras est o andando como eu quero que andem O trecho a seguir comprova o fato de que o presidente continua fazendo campanha el
73. al a anular a possibilidade da cr tica e um ato de engajar o ouvinte numa mesma posi o ou mesma tarefa pol tica Por economia verbal ele denomina os atos como promo o envolvimento e engajamento e acredita que esse conjunto se justifica na rela o com um fim determinado que o locutor visa obter no ouvinte 44 No contexto da semi tica Landowski 1992 p 206 tamb m analisa o discurso pol tico Para ele dif cil determinar o que faz um discurso ser considerado pol tico mas afirma que dois crit rios podem ser considerados A especificidade do discurso pol tico pode primeiro ser buscada em sua sem ntica Ser ent o considerado pol tico o discurso que fala de pol tica a supor evidentemente que consigamos nos entender sobre as palavras Esse crit rio complexo pois como ele mesmo afirma tem se que entender o que significa a palavra pol tico Outra forma podem ser os crit rios sint xicos explicados como um processo de argumenta o que leva persuas o ou seja todo fazer discursivo cuja efetua o vise ou simplesmente acarrete algum efeito de poder entendendo com isso a transforma o das compet ncias modais das partes integrantes da comunica o e por conseguinte a transforma o das condi es de realiza o de seus respectivos programas de a o LANDOWSKI 1992 p 206 grifo do autor Para que haja argumenta o preciso existir tamb m a ades
74. ante as aulas especialmente e com muito carinho minha orientadora Profa Dra Renata Marchezan que me conduziu durante esta jornada sempre dedicada atenciosa carinhosa e competente Meus sinceros agradecimentos por acreditar em mim e me guiar sempre com paci ncia e comprometimento Enfim a todos que diretamente ou indiretamente contribu ram para a realiza o desta pesquisa meu respeito e agradecimento O di logo fora dif cil com al ap es e portas falsas surgindo a cada passo o mais pequeno deslize poderia t lo arrastado a uma confiss o completa se n o fosse estar o seu esp rito atento aos m ltiplos sentidos das palavras que cautelosamente ia pronunciando sobretudo aquelas que parecem ter um sentido s com elas que preciso mais cuidado Ao contr rio do que em geral se cr sentido e significado nunca foram a mesma coisa o significado fica se logo por a directo literal expl cito fechado em si mesmo un voco por assim dizer ao passo que o sentido n o capaz de permanecer quieto fervilha de sentidos segundos terceiros e quartos de direc es irradiantes que se v o dividindo e subdividindo em ramos e ramilhos at se perderem de vista o sentido de cada palavra parece se com uma estrela quando se p e a projectar mar s vivas pelo espa o fora ventos c smicos perturba es magn ticas afli es Jos Saramago RESUMO Esta pesquisa prop s analisar as entrevistas dadas pelo ex
75. ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 4 de junho de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 11 de junho de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 18 de junho de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 25 de junho de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009
76. ara comprovar tudo que fez pelo pa s e convencer de que vai continuar fazendo O enunciat rio ao reconhecer as figuras do discurso em seu mundo natural cr na verdade do presidente e acredita na possibilidade de obter os valores a que essas figuras remetem casa pr pria emprego curso superior e outros benef cios Pelo percurso anal tico foi poss vel perceber que o ator Lula vai se construindo como presidente e como candidato objetivando mostrar como seu governo bom e como ele um presidente capacitado O percurso do ator Lula constitu do pelos programas de compet ncia e de performance ou seja constr i se como sujeito competente do fazer e com habilidade para executar o fazer mostrando se como sujeito realizador Ao construir se como sujeito competente que quer pode e sabe fazer consegue a performance de continuar sendo o Presidente da Rep blica Dessa forma seu ETHOS de sujeito competente que sabe e pode fazer ou seja ele pode resolver os problemas do pa s e pode ajudar o povo brasileiro Tamb m por meio das an lises foi poss vel verificar que o corpus do trabalho n o propriamente um programa de entrevistas cujo objetivo principal seria informar o cidad o mais do que isso um momento de aproxima o entre enunciador e enunciat rio Embora a tem tica e a constru o composicional do programa leve a uma classifica o inicial de programa de entrevistas o seu contexto comunicativo faz pensar em um
77. as de biodiesel que n s estamos introduzindo no Brasil at porque todo mundo est acompanhando com muita preocupa o o aquecimento do Planeta Programa de r dio Caf com o Presidente 05 de mar o de 2007 129 Para diversificar o tratamento e enfoque dados aos temas o programa recorre tamb m a alguns convidados do minist rio que demonstram a mesma finalidade discursiva ao tratar os assuntos mais pol micos e preocupantes do pa s ou seja tentam demonstrar que o governo consegue diagnosticar os problemas e solucion los de forma eficiente como nesta entrevista em que o ministro da educa o Fernando Haddad falou sobre problemas enfrentados pela escola p blica brasileira N s em 2005 realizamos uma prova chamada Prova Brasil que foi aplicada a 3 milh es e 300 mil estudantes da 4 e da 8 s ries do ensino fundamental Com base nisso n s temos hoje uma grande radiografia das escolas que v o bem das escolas que n o v o t o bem dos sistemas municipais que est o em patamares de desenvolvimento equivalentes aos de pa ses desenvolvidos sistemas municipais que est o muito aqu m do desejado Agora trata se do Minist rio da Educa o apoiar aqueles sistemas que est o com os piores indicadores e promover a qualidade em todo o Pa s Ministro Fernando Haddad Programa de r dio Caf com o Presidente 19 de mar o de 2007 O sal rio m nimo tamb m aparece como assunto central nas entrevistas a
78. as de v rias ra as e de diversas regi es Esse processo explicado por Greimas e Court s 1979 p 187 como iconiza o que visa a revestir exaustivamente as figuras de forma a produzir a ilus o referencial que as transformaria em imagens do mundo 109 Percebe se ent o que a publicidade constru da estabelecendo uma rela o de semelhan a com o mundo natural que o sujeito da enuncia o quer transmitir aos eleitores As imagens s o como s mbolos de representa o da realidade do mundo exterior realidade esta que o publicit rio quer consolidar no imagin rio das pessoas e tornar sempre presente transmitindo a id ia de que essa felicidade estampada pode ser real e eterna ou pelo menos durar enquanto Lula continuar sendo presidente Nas propagandas analisadas o ator Lula constru do a fim de gerar o efeito de sentido de presidente atuante e comprometido e de candidato preparado e atualizado em rela o aos problemas do pa s O ator Lula se mostra em conjun o com objetos valor como compet ncia seriedade comprometimento e responsabilidade Esses objetos s o respons veis por estabelecer um contrato de veridic o e convencer o enunciat rio que se sente beneficiado pelos projetos do candidato a votar nele garantindo assim a possibilidade de continuar sendo beneficiado pelo governo Como na exposi o das propostas h uma insist ncia em deixar claro que elas beneficiaram e v o continuar ben
79. aterial foram selecionadas algumas propagandas As propagandas eleitorais aconteceram no per odo de agosto a outubro mas o corpus espec fico do trabalho constituiu se de seis propagandas tr s do primeiro turno e tr s do segundo turno eleitoral sendo que mais especificamente foram analisadas as propagandas dos dias nove vinte e um e vinte e oito de setembro do primeiro turno e as dos dias catorze vinte e vinte e sete de outubro do segundo turno dentre as quais est a ltima de cada turno O foco do trabalho foi a constitui o do ator Lula na campanha eleitoral e como sua propaganda foi constru da para gerar os efeitos de sentido produzidos e apreendidos pelos eleitores para tentar desvendar as estrat gias utilizadas pelo produtor dessa campanha para construir um Lula que transmitiu popula o confian a simpatia compet ncia seriedade comprometimento e humildade O objetivo do trabalho foi encontrar o parecer do sentido apreendido por meio das formas da linguagem utilizadas na campanha eleitoral e pelos discursos que a manifestaram Esta pesquisa que ora apresentamos prop e analisar o discurso do ex presidente Lula no programa de r dio Caf com o Presidente e verificar como o thos do ator Lula foi constru do nessas entrevistas e que diferen as demonstra na constru o de sua imagem com rela o ao per odo eleitoral de propagandas do ano de 2006 analisadas em nossa disserta o de mestrado Luiz In c
80. cedimentos e mecanismos que o estruturam que o tecem como um todo de sentido A esse tipo de descri o tem se atribu do o nome de an lise interna ou estrutural do texto Outras teorias t m procurado examinar o texto como objeto de comunica o entre dois sujeitos ou seja uma an lise externa do texto em que este Encontra seu lugar entre os objetos culturais inserido numa sociedade e determinado por forma es ideol gicas espec ficas Nesse caso o texto precisa ser examinado em rela o ao contexto s cio hist rico que o envolve e que em ltima inst ncia lhe atribui sentido Barros 2005 p 7 8 Ao deixar de privilegiar o signo a semi tica se desvincula da semiologia que considera a linguagem como um sistema de signos Para a semi tica a produ o de sentido deve ser o objeto de uma an lise estrutural que tem por horizonte a organiza o que o homem social faz de sua experi ncia A semi tica est mais pr xima da antropologia do que da teoria da informa o FLOCH 2001 p 11 Para a semi tica o texto definido como uma rela o entre o plano de express o e o plano de conte do O plano de conte do est relacionado ao significado do texto ou seja o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz O plano de conte do pode ser definido como o plano onde a significa o nasce das varia es diferenciais gra as as quais cada cultura para pensar o mundo ordena e encadeia id ias
81. chamar sem nenhuma nuance pejorativa de fazer persuasivo grifo do autor O fazer persuasivo do enunciador tem o objetivo de conseguir convencer o enunciat rio de que seu discurso verdadeiro ou pelo menos que simula a verdade Isso pode ser confirmado nas palavras de Greimas e Court s 2008 p 487 Exercido pelo enunciador o fazer persuasivo s tem uma finalidade conseguir a ades o do enunciat rio o que est condicionado pelo fazer interpretativo que este exerce por sua vez pelo mesmo motivo a constru o do simulacro de verdade tarefa essencial do enunciador est igualmente ligada tanto a seu pr prio universo axiol gico quanto ao do enunciat rio e sobretudo representa o que o enunciador se faz deste ltimo universo 53 Percebe se portanto que para a verdade do enunciador ser aceita como verdade necess rio que o enunciat rio receba o discurso como verdadeiro e isso s acontece quando h um contrato de veridic o pr estabelecido entre os dois Esse contrato permite que o fazer parecer verdadeiro do enunciador seja aceito pelo enunciat rio como um crer verdadeiro Assim constr i se um simulacro da verdade Na realidade essas estrat gias que o pol tico utiliza s o para fortalecer o seu discurso e seu v nculo com o enunciat rio seu poss vel eleitor O discurso pol tico caracteriza se pela forma de dizer o que pretende o que objetiva mas sem deixar transparecer o que realmente almej
82. cidad o brasileiro e mant lo a par da agenda do presidente N o uma entrevista feita nos mesmo moldes de uma entrevista de um jornal ou televis o sem liga o com o governo O jornalista que entrevista o Presidente j sabe com anteced ncia que n o est ali para criar situa es embara osas um momento de aproxima o com um poss vel eleitor para mostrar que as reivindica es de uma coletividade est o sendo atendidas que o governo est trabalhando incansavelmente em prol do pa s que o presidente se preocupa com a popula o que o elegeu A impress o que se tem do programa semanal que ele procura esclarecer fatos cotidianos e se aproximar de seu ouvinte al m de orient lo a um entendimento das a es pol ticas do governo sempre de forma positiva enaltecendo o presidente o partido e seus partid rios Um dos v rios exemplos quando o presidente tenta tranquilizar as m es que t m filhos com idade para ingressar na Universidade Eu estou dizendo tudo isso para tranquilizar sobretudo as m es que s vezes ficam angustiadas que veem que o seu filho n o conseguiu passar para fazer um curso na universidade federal e n o p de pagar uma universidade particular Agora n s estamos resolvendo esse problema porque n s queremos mais jovens na universidade brasileira Programa de r dio Caf com o Presidente 02 de janeiro de 2006 Sendo ent o um g nero argumentativo que faz parte do dom nio discursivo
83. ciente das prioridades do pa s e de que os valores que o movem s o de um sujeito que se identifica com as necessidades do povo brasileiro principalmente daqueles menos favorecidos economicamente ou seja instala em seu discurso o sujeito cognitivo modalizado pelo saber Percebe se tamb m por meio da debreagem enunciativa no singular que ao colocar se como pessoa individualizada ser humano que entende e compartilha as afli es do povo que governa busca refor ar a constru o de uma imagem muito positiva para o seu papel tem tico de candidato reelei o Eu olho nos olhos das m es eu olho nos olhos dos pais e quando eu conto como a minha vida mudou quando eu aprendi uma profiss o eu sei como aquela m e se sente como aquele pai se sente porque o maior legado que um pai pode deixar para um filho n o uma casa um carro ou um pouco de dinheiro o maior legado que um pai ou uma m e pode deixar para o filho a garantia da forma o profissional a forma o desses jovens Se todos pudessem chegar universidade certamente n s que somos pais poder amos descansar trangiiilamente porque isso que nos d certeza de futuro garantido para os nossos filhos O presidente termina a entrevista deixando transparecer em seu discurso caracter sticas do discurso pol tico exaltando a import ncia da educa o para um pa s e se comprometendo a continuar cuidando dessa quest o Nesse momento evidencia seu papel tem tico d
84. cobran a para que os pa ses ricos diminuam a emiss o de g s carb nico Programa de r dio Caf com o Presidente 12 de fevereiro de 2006 O programa do dia 26 de fevereiro de 2007 traz como tema a concretiza o de alguns projetos de desenvolvimento para o pa s e o presidente figurativiza seu discurso com express es como habita o favelas energia estrada ferrovia gua para solidificar seu discurso e comprovar sua resposta Jna rea de saneamento b sico de habita o e na rea de urbaniza o de favelas N s j fizemos praticamente tudo a respeito dos projetos de energia dos projetos de estrada de ferrovia a revitaliza o do rio S o Francisco para levar gua a alguns estados brasileiros Na ltima resposta desta entrevista utiliza a express o m quina para figurativizar o discurso ao se referir ao seu governo Essa figura gera o efeito de sentido de que mesmo que o primeiro mandato n o tenha sido t o eficiente no segundo os erros est o sendo corrigidos e h uma tentativa de acertar O que importante para n s nesse momento o povo brasileiro ter a certeza de que n s estamos preparando a m quina para funcionar melhor do que funcionou no primeiro mandato para as coisas serem mais geis e para a gente poder ter maior rendimento O tema abordado no dia 09 de abril de 2007 o renascimento da ind stria naval brasileira da qual o presidente s
85. conclus o O uso da debreagem enunciativa no plural explicita que o governo de Lula est trabalhando em prol do pa s gerando crescimento e melhorias Mais uma vez o ator presidente candidato demonstra preocupa o com o povo brasileiro seu poss vel eleitor ressaltando por meio do n s que seus planos de governo contemplam os problemas mais s rios do pa s e que sua equipe est empenhada em resolv los Veja porque n o quer amos ficar esperando a briga entre as empresas A obra toda tem 336 quil metros de extens o n s estamos dando para o Ex rcito fazer 142 quil metros Essa obra vai custar R 1 5 bilh o e a parte do Ex rcito vai ficar em R 520 milh es Ele vai fazer um trecho importante da obra na Para ba um trecho importante da obra em Pernambuco um trecho importante da obra no Rio Grande do Norte enquanto n s vamos resolvendo o problema dos outros trechos das empresas que est o em disputa judicial Se n o resolver n s vamos dar tudo para o Ex rcito porque o que n s queremos garantir que as pessoas tenham facilidade para transitar no nosso pa s O assunto continua sendo a inaugura o de novas pontes e estradas pelo pa s O enunciador estabelece um contrato de veridic o com seu enunciat rio e afirma sempre a necessidade dessas obras e ressalta suas a es pol ticas por meio da debreagem enunciativa no plural Isso vai gerar um desenvolvimento extraordin rio em toda a regi o e n s estam
86. conduz a uma identifica o do ator Lula com seu interlocutor Quando o ator Lula assume o papel tem tico de candidato ele se reveste de figuras que o aproximam do povo j quando assume o papel tem tico de presidente reveste se de figuras que podem ajudar o povo que podem fazer algo pela popula o O discurso do presidente no programa de r dio deixa marcas pessoais sempre que utiliza a debreagem enunciativa no singular e faz quest o de demarcar suas opini es pois quem o elegeu acredita e confia nelas Em alguns momentos h tamb m uma tentativa impl cita de atingir outro tipo de enunciat rio que pode ser seu poss vel eleitor ou apoiar um partid rio nas elei es seguintes A debreagem enunciativa no plural marca a sua equipe de governo as a es que est o sendo desenvolvidas e que n o dependem apenas do presidente mas do grupo que ele escolheu para auxili lo e no qual ele demonstra confiar plenamente como na entrevista que teve o ministro da educa o como convidado mas o n s identifica tamb m o Partido dos Trabalhadores e toda ideologia que ele carrega juntamente com a constru o do sujeito Lula O eu aproxima se da emo o e da persuas o j o n s aproxima se da raz o e do convencimento Pelo hist rico de vida do presidente Lula todos sabem atrav s da m dia de seus relatos de sua hist ria contada e recontada nos meios de divulga o de sua origem humilde da falta de acesso educa
87. convenientemente o nico meio seria construir se uma linguagem que n o significasse nada estabelecer se ia assim uma dist ncia objetivante que permitiria construir discursos desprovidos de sentido sobre discursos significativos A dificuldade se encontra exatamente na tarefa de trabalhar com a express o desprovido de sentido pois nem a express o desprovido de sentido n o desprovida de sentido ela est inclusive na origem das filosofias do absurdo Greimas 1975 p 7 grifo do autor 17 O procedimento mais sensato seria estabelecer uma forma de retomar o sentido das palavras e os efeitos que as combina es delas produzem nas pessoas uma vez que o sentido dado pelas pessoas que analisam seja um quadro um poema ou um texto Segundo Greimas tem sempre um n s por tr s do sentido Eis aqui o n s erigido em inst ncia suprema do sentido ele que comanda o filtro cultural de nossa percep o do mundo ele tamb m que seleciona e ordena as epistemes que se implicitam nos objetos particulares 1975 p 8 grifo do autor N o se deve falar de um sentido ou do sentido presente mas de possibilidades de sentido ou seja daqueles que s o poss veis Essa dificuldade n o pode ser enfrentada afirmando se simplesmente que as palavras n o t m sentido O trabalho de busca pela explica o do sentido rdua complicada e de acordo com Greimas 1975 p 12 atrav s de
88. da debreagem enunciva Quando se apresenta como eu ele a pessoa f sica o cidad o o sujeito cognitivo que possui na dimens o cognitiva o saber sabe dos problemas enfrentados pelo povo conhece as ang stias e afli es da popula o e sabe o que o povo espera de um governante Quando utiliza o n s ele o presidente representa a ideologia do seu partido e assume se como sujeito pragm tico que nessa dimens o possui a compet ncia para realizar a performance esperada pelo enunciat rio Lula enquanto sujeito pragm tico o presidente que pode resolver os problemas enfrentados pela popula o ele possui n o apenas o saber mas tamb m o poder fazer Antes de se assumir como sujeito cognitivo e pragm tico nas propagandas analisadas na Disserta o de Mestrado LUDOVICE 2008 seu discurso instaurava um querer fazer e um dever fazer para ativar o contrato de veridic o e estabelecer uma cumplicidade com o povo Modalizado pelo querer e pelo dever no papel tem tico de candidato Lula construiu uma imagem de pol tico preocupado com as injusti as que se importa com a popula o se interessa pelos seus problemas e se sente na obriga o de resolv los No n vel narrativo o sujeito Lula est em busca de objetos de valor como eleitores ades o popular presid ncia da rep blica objetos que representam o poder que o sujeito busca No n vel discursivo o ator Lula alterna seus pap is tem ticos ora ele assu
89. das suas fraturas com o prop sito de neles entreabrir novas possibilidades de significa o Quem de n s n o almeja o advir de um outro sentido 1 1 A BUSCA DO SENTIDO O centro das preocupa es da semi tica os modos de significar principalmente a comunica o entre sujeitos e objetos de valor como se fossem um encontro de onde aparecem m ltiplas significa es O encontro entre sujeito e objeto sua conjun o sua disjun o e todas as fus es e separa es entre ambos produzem efeitos de sentidos distintos e variados que v o se mostrando por meio das an lises sentidos que surgem pela iman ncia dos textos e se colocam mostra Greimas em sua obra Da imperfei o 2002 chama a aten o para a relev ncia do cotidiano humano e para a constru o de seus sentidos e valores Nessa constru o do parecer a figuratividade tem um papel importante ela que comp e a concretiza o final do parecer Moldurado pelas concep es de Greimas o parecer vai se mostrar sempre imperfeito pela pr pria condi o de imperfei o do ser humano Todo parecer imperfeito oculta o ser a partir dele que se constroem um querer ser e um dever ser o que j um desvio do sentido Somente o parecer enquanto o que pode ser a possibilidade viv vel GREIMAS 2002 p 19 Para Greimas 1975 p 7 muito dif cil falar do sentido e dizer algo significativo sobre ele pois para faz lo
90. de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 8 de mar o de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 13 de mar o de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 20 de mar o de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 27 de mar o de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 3 de abril de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de
91. de ter uma casa de farinha pode ter uma melhoria substancial na qualidade de vida dela Atrav s de trechos contados de sua vida antes de ser presidente e quando tinha os mesmos problemas enfrentados pela maioria dos brasileiros instaura em seu discurso o sujeito cognitivo que possui o saber e o sujeito pragm tico que pode mudar a condi o de vida do povo pois al m do papel tem tico de candidato assume tamb m o papel tem tico de presidente Utilizando a debreagem enunciativa no singular o presidente provoca uma aproxima o com seu enunciat rio Eu me lembro que eu voltei minha terra natal 27 anos depois em 1979 e eu me lembro que quando a minha tia recebeu luz na casa dela ela at saiu correndo da cozinha porque era tanta claridade Ela dizia que tinha ficado cega de tanta claridade nos olhos dela poss vel perceber pelas an lises das entrevistas do programa exibidas no primeiro semestre de 2006 que em seus discursos o ator Lula vai se construindo como presidente candidato ressaltando constantemente a import ncia dos programas de governo institu dos em seu primeiro mandato e evidenciando como suas a es governamentais est o sendo ben ficas para o povo brasileiro ou seja seu objetivo sempre mostrar como seu governo bom e como ele est se saindo bem como presidente da rep blica Sabe se da import ncia de em uma an lise de base semi tica levar se em considera o que o percurso do sujeito cons
92. deslocamento de g nero O objetivo impl cito do programa fazer propaganda positiva do presidente A constru o composicional do g nero entrevista relativamente fixa mas o conte do tem tico e o estilo podem ser adaptados s reais inten es do interlocutor como 140 acontece no programa Caf com o Presidente O programa parece uma entrevista mas tem o estilo de propaganda da imagem do presidente Lula A constitui o dial gica da linguagem permite esse hibridismo dos g neros tanto que na concep o bakhtiniana eles n o podem ser estudados de maneira t o sistematizada pois os g neros do discurso t m a propriedade de unir e dinamizar as rela es entre pessoas A semi tica uma teoria que prop e o seu percurso em busca da explica o do sentido ou melhor da possibilidade de descri o do sentido do parecer do sentido Ela serviu nos de arcabou o te rico para analisar o discurso pol tico de Lula uma vez que orienta a leitura do discurso a partir tamb m das camadas mais profundas do texto Um discurso pol tico tem que ser lido pelo que explicita mas principalmente pelo que n o aparenta O parecer de sentido ou efeito de sentido manifestado e apreendido pelos discursos das mais variadas formas atrav s dos sujeitos dos objetos de valor das figuras dos temas da busca incessante da semi tica e dos semioticistas para dar sentido O ator Lula constr i uma imagem s lida e de cumplicidade com o p
93. dia 05 de junho de 2006 faz abordagem sobre a revitaliza o das ferrovias brasileiras e as respostas do presidente trazem as express es ferrovias obras cargas trens para figurativizar o seu discurso N s estamos pensando em resolver definitivamente a quest o do Ferroanel em S o Paulo porque queremos que os trens que venham da regi o central do Brasil com cargas n o ocupem os trilhos dos trens que transportam passageiros De acordo com Chevalier a simbologia tamb m est presente nessas figuras e remetem a um efeito de sentido 1993 p 896 estrada de ferro evoca espontaneamente a imagem de um intenso tr fego de trens r pidos expressos ou nibus de filas de carros de passageiros ou vag es de carga A rede ferrovi ria garante o transporte de viajantes e mercadoria estabelece a liga o entre todas as regi es de uma na o at de muitos continentes e permite todas as comunica es e interc mbios O programa do dia 19 de junho trata de outro assunto que retoma o tema do progresso brasileiro e das a es concretizadas no governo de Lula em prol desse progresso a chegada da luz el trica a regi es desprivilegiadas do pa s As figuras que recobrem esse tema 29 6c 39 cc s o luz trevas r dio televis o como exemplifica o trecho a seguir Eu acho que o Programa mais humano que n s temos porque um programa que consegue tirar uma pessoa que vive nas tr
94. do o eu aqui agora da enuncia o isto marca no interior do enunciado os actantes enunciativos eu tu os espa os enunciativos aqui a e os tempos da enuncia o presente pret rito perfeito futuro do presente J a debreagem enunciva constru da com o ele alhures e ent o em que os actantes os espa os e os tempos da enuncia o s o ocultados nesse caso o enunciado constru do com os actantes do enunciado 3 pessoa os espa os do enunciado os n o relacionados ao aqui e os tempos do enunciado pret rito perfeito pret rito imperfeito pret rito mais que perfeito futuro do pret rito Dessa forma como afirma Fiorin 2004 p 118 a enuncia o deixa marcas no enunciado e com elas pode se reconstruir o ato enunciativo Este n o da ordem do inef vel mas t o material quanto o enunciado na medida em que ele se enuncia Assim poss vel distinguir nos textos a enuncia o enunciada e o enunciado enunciado A enuncia o enunciada pode ser definida como o conjunto dos elementos lingu sticos que indica pessoas espa os e tempos e tamb m todos os pontos de vista sob responsabilidade do eu revelados de alguma forma no texto O enunciado enunciado o produto da enuncia o despido das marcas enunciativas FIORIN 2004 p 118 J a embreagem o efeito de retorno enuncia o produzido pela neutraliza o das categorias de pessoa e ou espa o e ou tempo assim como pela deneg
95. do povo brasileiro Eu acredito Luiz que a import ncia do projeto de transposi o revitaliza o ou integra o do rio S o Francisco uma obra que vai levar benef cios para 12 5 milh es de nordestinos que moram no semi rido brasileiro Em seguida anuncia a presen a do ministro Geddel Vieira respons vel pelas obras e pede ao entrevistador que fa a as perguntas diretamente a ele Eu convidei o Ministro para vir aqui Luiz e acho extremamente importante voc come ar a fazer perguntas para o ministro Geddel Vieira que come a uma viagem pelo rio S o Francisco para visitar as cidades que ser o beneficiadas e os lugares que v o receber gua O simulacro do ministro diferentemente do presidente utiliza sempre a debreagem enunciativa em 1 pessoa do plural com o n s que pode ser entendido como o governo brasileiro incluindo o pr prio presidente a quem se dirige Pois Presidente hoje n s come amos uma viagem ao longo de todo o S o Francisco da sua nascente at a foz Na continuidade de sua fala percebe se conforme j foi esclarecido a manuten o da primeira pessoa do plural No munic pio de Barra na Bahia Presidente n s vamos lan ar um projeto de desassoreamento de aprofundamento do calado da profundidade do rio para facilitar a navega o atrav s da hidrovia j nessa viagem E o cunho did tico dos discursos de Lula aparentemente no papel tem tico de presidente mas c
96. do um princ pio de alteridade Nessa rela o o sujeito n o cessa de trazer o outro para si segundo um princ pio de influ ncia para que esse outro pense diga ou aja segundo a inten o daquele poss vel afirmar que o ato de linguagem est ligado a uma a o entre as rela es de for a que os sujeitos mant m entre si rela es essas que constroem o v nculo social Ressalte se que essa quest o j fora tratada por Bakhtin ao afirmar que o enunciado definido a partir de uma comunica o discursiva e consequentemente pela altern ncia dos sujeitos do discurso Segundo Bakhtin 2003 p 275 o enunciado n o uma unidade convencional mas uma unidade real precisamente delimitada da altern ncia dos sujeitos do discurso a qual termina com a transmiss o da palavra ao outro E essa altern ncia de sujeitos n o somente mas tamb m a altern ncia simples que presenciamos no di logo real do cotidiano com as v rias r plicas que criam limites precisos nos enunciados em diversos campos da atividade de comunica o Para Bakhtin 2003 p 276 essas rela es s s o poss veis entre enuncia es de diferentes sujeitos do discurso pressup em outros em rela o ao falante membros da comunica o discursiva Essas rela es entre enuncia es plenas n o se prestam gramaticaliza o uma vez que reiteramos n o s o poss veis entre unidades da l ngua e isso tanto no sistema da l ngua q
97. e Lula e logo na primeira pergunta o entrevistador introduz a figura saudade para que o presidente d continuidade ao assunto na sua resposta Presidente ficamos com o Programa interrompido desde junho O senhor estava com saudade de conversar com a popula o pelo r dio O presidente aproveita para na resposta reiterar a import ncia do programa voltar ao ar e continuar informando grande parcela da popula o brasileira Eu acho importante esse Programa voltar ao ar toda segunda feira para que a gente possa voltar a contar as novidades para o povo brasileiro Afinal de contas eu penso que uma grande parcela da popula o brasileira ainda tem as suas informa es via r dio Na continuidade o tema passa a ser o progresso e desenvolvimento do pa s introduzido pelo jornalista com a apresenta o do Programa de Acelera o do Crescimento PAC que afirma ser uma promessa do presidente desde o final do ano anterior Lula em sua fala recobre esse tema com as figuras obras habita o saneamento b sico e ressalta o valor financeiro investido neste programa que ele considera de grande import ncia para o pa s No PAC o que importante que n s definimos investir quase 504 bilh es de reais n s decidimos investir em habita o e saneamento b sico o que nunca foi investido neste Pa s E ao mesmo tempo n s queremos mostrar seriedade porque n s criamos um conselho gestor que vai dirigir
98. e gases que tanto poluem o planeta Terra e tanto preocupam os pa ses do mundo e preocupam os ambientalistas E quando trata do desenvolvimento do Brasil faz uso da embreagem gerando o efeito de sentido de distanciamento e ao mesmo tempo de autonomia do pa s Mas o Brasil saiu mais um passo na frente que foi o come o da produ o do biodiesel No ltimo programa de fevereiro de 2007 que foi ao ar no dia 26 o presidente tratou sobre as mudan as no minist rio que seriam poucas E novamente percebe se a instaura o da debreagem enunciativa no singular e no plural na mesma resposta e com a sutil diferen a de mostrar uma opini o mais pessoal e subjetiva ao fazer uso do eu Luiz eu tenho dito desde que ganhei as elei es quando as pessoas come aram a especular sobre a reforma no minist rio eu disse que o time tinha ganho o jogo e n o havia necessidade de mudar Por outro lado o emprego do n s remete ideia de que o sujeito da enuncia o pretende imprimir um car ter mais formal e s rio ao seu discurso Contata se que o uso da primeira pessoa do plural identifica n o apenas sua equipe de governo mas implica tamb m a ideologia do PT partido ao qual sempre pertenceu Esse fato sugere o objetivo do ator Lula de mostrar ao enunciat rio que seu fazer est vinculado aos valores do partido e que revestido do papel tem tico de presidente reeleito tem autonomia para saber e fazer o que melhor para o pa
99. e isso tem como resultado um grande super vit da balan a comercial tem como resultado a redu o da taxa de juros tem como resultado o crescimento do cr dito o crescimento do emprego Na sequ ncia do programa o assunto continua e o presidente passa a utilizar figuras como sal rio m nimo Bolsa fam lia Luz para Todos ProUni e juventude para comprovar as suas a es O crescimento do sal rio m nimo nesses ltimos tr s anos foi uma coisa muito significativa quase 33 de aumento real no sal rio m nimo O programa Bolsa Fam lia apenas para dar um exemplo o programa Luz para Todos o ProUni os programas para a juventude brasileira s o programas que demonstram que s podem ser feitos na medida em que a economia brasileira est crescendo No dia 11 de junho o assunto do programa sobre as obras de interliga o do Rio S o Francisco que remete ao tema de desenvolvimento do Brasil no governo de Lula tratado pelo presidente com muito orgulho e muita import ncia e seu discurso revestido por 29 66 29 66 393 c 29 c6 figuras como esgoto desmatamento carv o cerrado matas obras referentes ao projeto desenvolvido na regi o cidades que at ent o n o tinham tratamento de esgoto cidades nas quais o desmatamento quase secular para fazer carv o com o cerrado tinha desmatado todas as matas ciliares est o sendo recuperadas neste moment
100. e o uso da debreagem enunciva vai favorecer as pessoas dos estados mais pobres da Federa o Vai ter que contratar e melhorar a vida dos professores brasileiros e isso vai ser um passo 63 gigantesco para o futuro do nosso pa s A continua o da entrevista aborda outro tema as pequenas e microempresas e novamente Lula evidencia o seu foco nas minorias ou melhor nas maiorias desfavorecidas e mostra se como um ator candidato na dimens o do fazer e como ator presidente na dimens o do saber ou seja como presidente ele sabe o que precisa ser feito e como candidato garante que o far ap s as elei es porque as micro e pequenas empresas s o respons veis por mais de 60 dos empregos gerados no Brasil e n s queremos fazer com que a Lei possa facilitar a cria o de uma empresa o funcionamento de uma empresa porque fazendo assim n s estaremos garantindo que haja mais oferta de empregos mais sal rios mais consumo e mais crescimento da economia brasileira E o tom de campanha continua em debreagem enunciativa no plural pois o presidente faz quest o de mostrar os projetos que est o em andamento como est o dando certo e sempre evidencia que seu governo sabe como resolver os problemas sendo que na maioria das vezes deixa tamb m sua opini o pessoal e otimista O Congresso saber fazer os ajustes que tem que fazer e aprovar uma bela lei para que as micro e pequenas empresas saiam do sufoco e possam se dese
101. e orgulha e equipara com uma das melhores do mundo O seu discurso nessa abordagem traz muitas figuras como navio plataforma emprego brasileiro conforme se constata no trecho a seguir N s tomamos a decis o de que n o era justo e n o era poss vel que um pa s da dimens o do Brasil com a engenharia naval que tinha o Brasil com a estrutura de constru o de navios e plataformas que tinha o Brasil ficar importando essas plataformas esses navios de pa ses estrangeiros Nada contra pa ses estrangeiros mas bem melhor a gente investir o dinheiro dentro do Brasil gerar emprego para os brasileiros O presidente faz quest o de evidenciar seu orgulho pelo Brasil e ressalta figuras como emprego renda brasileiro E isso que d grandeza a um pa s isso que gera emprego isso que distribui renda isso que melhora a nossa economia e no fundo 117 isso que d orgulho de a gente ser brasileiro O teor da entrevista de 23 de abril de 2007 a composi o do governo tamb m por membros da oposi o partid ria Como o assunto delicado o presidente responde s perguntas com muita cautela e sempre demonstrando preocupa o com o pa s que governa tanto que em uma de suas respostas utiliza a figura filho para se referir ao Brasil procurando evidenciar dessa forma um aspecto tamb m sentimental e afetivo no seu modo de governar Eu tenho que pensar em cu
102. e presidente e exalta seus m ritos ao longo de seu mandato e os projetos desenvolvidos durante seu governo utilizando a debreagem enunciativa no plural Ent o o que n s estamos criando s o condi es para que esse jovem possa virar cidad o ou cidad pleno ou seja ter o direito de estudar em uma universidade e daqui a algum tempo receber o seu diploma de doutor e daqui a algum tempo o Brasil ganhar muito com a forma o dessa gente isso que estamos fazendo e por isso a quinta feira foi um dia hist rico O programa do dia 19 de junho teve como tema a implanta o do Programa Luz para todos na regi o da Bahia e o presidente aproveita o momento para se solidarizar com as pessoas que viviam sem luz e agora recebem o benef cio da eletricidade Em sua explana o intercala trechos com debreagem enunciativa no singular e no plural para alternar a manifesta o de pessoa individualizada e coletiva Eu s queria dizer Luiz que essa visita nossa Bahia no dia de hoje para comemorar o fato de estarmos atingindo tr s milh es e trezentas mil pessoas que j s o beneficiadas com o programa Luz para Todos Eu acho 82 que o Programa mais humano que n s temos porque um programa que consegue tirar uma pessoa que vive nas trevas e colocar luz na casa da pessoa Uma pessoa que vive com um candeeiro de repente recebe luz el trica e ali ela pode ter uma geladeira pode ter um r dio pode ter uma televis o po
103. e tra os visuais de densidade vari vel aos quais constituem em formantes figurativos dota os de significados transformando assim as figuras visuais em signos objeto Por fim a ltima defini o de Greimas 1985 a figuratividade n o mera ornamenta o das coisas essa tela do parecer cuja virtude consiste em entreabrir em deixar entrever em raz o de sua imperfei o ou por culpa dela como que uma possibilidade de al m sentido Os humores do sujeito reencontram ent o a iman ncia do sens vel 35 De modo geral a figuratividade mostra de alguma forma a aproxima o a semelhan a e representa o do mundo em uma superf cie textual Como explicitado anteriormente pode ser aplicada a textos verbais n o verbais ou sincr ticos e consegue produzir e reavivar significa es an logas s nossas experi ncias perceptivas mais concretas A figuratividade mostra a apar ncia do mundo sens vel Para Bertrand 2003 p 159 o mundo natural do senso comum na medida em que logo de sa da instru do pela percep o constitui em si mesmo um universo significante ou seja uma semi tica Ver n o apenas identificar objetos no mundo simultaneamente apreender rela es entre tais objetos para construir significa es Esse mundo vis vel ou mundo natural comporta um plano de express o e um plano de conte do A rela o entre esses dois planos que se pressup em reciprocamente
104. ebreagem enunciativa no plural o presidente deixa transparecer suas ideias pessoais e atribui sentimentos s suas respostas E isso n s estamos tratando com o maior carinho pelo menos no caso do Brasil n s n o temos essa preocupa o Percebe se assim seu prop sito de mostrar se como sujeito sens vel o que pode provocar no enunciat rio um efeito de sentido de ser humano ou seja de que ele no papel tem tico de presidente n o se assume apenas cognitiva e pragmaticamente sabendo o que deve ser feito mas que o faz com sentimento No dia 23 de abril de 2007 o programa se desenvolve a partir do coment rio que o presidente fez sobre o encontro com a oposi o Lula diz que encontros com a oposi o s o exemplos de uma p tria civilizada Esse programa trata de um assunto muito delicado que envolve muitas quest es pol ticas por isso o presidente procura antes de responder s perguntas do entrevistador explicar alguns itens considerados de suma import ncia para seus ouvintes e momento em que mais uma vez percebe se a postura did tica do presidente e para isso utiliza a debreagem enunciativa no singular quando se 92 refere sua pessoa e a debreagem enunciativa no plural quando se refere sua equipe de governo Essa postura fica bem clara no trecho a seguir assim como uma tentativa de conseguir ades o de seu enunciat rio para o programa desenvolvido em seu governo ou seja estabelece um contrato de v
105. eficiando a popula o mais necessitada do pa s encontra se a o primeiro ind cio de que a propaganda eleitoral de Lula tem como foco os mais humildes O ator Lula candidato figurativizado por esse homem em busca de um futuro incerto mas preenchido na sua totalidade por um desejo enorme e de uma for a incans vel pelo poder poder para governar a na o brasileira poder para governar o pa s que enfrenta dificuldades poder para mostrar aos advers rios que capaz de convencer e persuadir os eleitores e de mostrar sua for a poder para vencer as elei es e continuar por mais quatro anos como presidente do Brasil E por sua vez o povo objeto valor necess rio para que Lula detenha o poder tamb m precisa manter uma rela o favor vel e amig vel com o candidato j que ele depende do voto da maioria da popula o para conseguir seu objeto valor que a reelei o Ele sabe que n o consegue exercer o poder sozinho depende do apoio popular para que isto aconte a Ent o ele se reveste de figuras que o aproximam da popula o Em certos momentos at se mistura com seus eleitores coloca se no mesmo patamar que eles torna se um ator coletivo Essa estrat gia faz com que ele consiga exercer um poder de fasc nio sobre o povo mesmo enquanto candidato e esse poder pr vio que o dota das compet ncias necess rias para tentar conquistar seu objeto valor que o poder O ator Lula candidato se vale de estrat gias publicit r
106. eitoral mesmo em suas atribui es governamentais Isso fica evidente quando ele comenta sobre como devem ser as a es de um governante em exerc cio fazendo quest o de mais uma vez evidenciar o compromisso e a seriedade que tem para com o povo brasileiro seus poss veis eleitores Para gerar o efeito de sentido pretendido e conseguir a ades o de seus ouvintes e eleitores alterna em seu discurso o uso da debreagem enunciva e da debreagem enunciativa no singular e no plural e tamb m da embreagem que desreferencializa e generaliza a express o um governante Ent o um governante tem que visitar para ver se est acontecendo aquilo que ele decidiu fazer porque muitas vezes a gente decide e as coisas demoram mais que o previsto Eu quero acompanhar de perto eu quero fiscalizar de perto porque educa o de qualidade um compromisso do meu governo um compromisso do Brasil para com o seu povo e sobretudo a certeza absoluta que n s temos que somente atrav s da educa o de qualidade o Brasil vai se transformar em um pa s de padr o de primeiro mundo O presidente destaca constantemente a sua preocupa o com a educa o o que se verifica em seu discurso marcadamente pol tico baseado na verdade tentando influenciar o outro levando o a pensar de acordo com seus preceitos h um querer dever fazer conforme a afirma o a seguir Educa o a gente n o fala a gente faz e n s estamos fazendo aquilo que entendemo
107. elo sinal de sat lite no mesmo canal da Voz do Brasil tamb m com a possibilidade de ser acessado na Internet no endere o www radiobras gov br A transmiss o nas palavras divulgadas pelo programa no site do Governo Federal consiste em uma grava o de seis minutos na qual o jornalista conversa com o presidente Luiz In cio Lula da Silva sobre a es projetos do governo e outros temas 12 que ele julga de interesse nacional sempre com o objetivo de contribuir para o esclarecimento do cidad o brasileiro De certa forma o presidente Lula apenas reproduz com um novo r tulo o que os seus antecessores j haviam feito Nos anos 80 o ex presidente Jos Sarney criou o programa Conversas ao p do r dio que se apresentava como um programa para prestar contas responder perguntas dar recados e pedir sugest es popula o O programa era divulgado em dois hor rios todas as sextas feiras O ex presidente Fernando Henrique Cardoso 1995 2002 tamb m adotou um programa de r dio intitulado Palavra do Presidente com estrutura semelhante segundo sua pr pria formula o e abordava os mais diferentes assuntos de interesse dos seus eleitores e ouvintes em geral O programa era transmitido todas as ter as feiras com dura o de tr s minutos tr s vezes ao dia O Caf com o Presidente segue o mesmo esquema dos programas anteriores apenas tenta parecer um pouco mais informal pr ximo do di logo e n o um p
108. emas a serem resolvido e sujeito pragm tico que resolve esses problemas Mas o objetivo principal colocar o rem dio mais barato a servi o de quem precisa do rem dio Lula aproveita o programa tamb m para responder sutilmente as cr ticas da oposi o e de certa forma fazer campanha a favor de seu governo pois geralmente as respostas contrariam a oposi o mas como estrat gia do discurso pol tico expressa convic o e um ponto de vista como no exemplo a seguir em que o presidente responde uma quest o sobre o aumento do sal rio m nimo no programa do dia 03 de abril alternando o uso da debreagem enunciativa no singular e no plural Portanto eu acho que contrariando aqueles que diziam e que dizem ainda que preciso crescer para distribuir n s estamos provando que poss vel distribuir para crescer N s invertemos ao inv s de ficar esperando crescer para distribuir n s estamos distribuindo para crescer E continua demonstrando sua preocupa o e solidariedade com o povo brasileiro Esse um ganho extraordin rio porque significa que a pessoa est levando para casa mais comida portanto seus filhos v o ter mais 75 sustan a para sobreviver dignamente neste pa s O presidente candidato tamb m se mostra preocupado em fazer justi a ao trabalhador diz se importar com essas quest es cobrar mais de quem ganha mais e favorecer aquelas pessoas que ganham menos porque n o justo que um tr
109. ementar e se modificar de acordo com as necessidades e condi es enunciativas Como para Bakhtin 2003 existe um v nculo muito estreito entre discurso e enunciado necess rio analisar o discurso no contexto enunciativo da comunica o Ou seja preciso que se analise o programa em quest o na sua esfera real de comunica o O programa de entrevistas Caf com o Presidente assume a finalidade de forma comunicativa tem a fun o de estabelecer di logo com os poss veis eleitores que s o seus ouvintes Ao tomar como base as tr s caracter sticas b sicas que Bakhtin 2003 prop e na composi o de um g nero discursivo conte do tem tico constru o composicional e estilo percebe se que o g nero analisado se constitui mesmo como um programa de entrevistas como o pr prio nome designa Entretanto as tr s caracter sticas acima podem ser mais especificamente analisadas e de maneira dial gica como a pr pria constitui o da linguagem permite O conte do tem tico n o se refere necessariamente ao assunto espec fico do texto mas sua finalidade discursiva Assim as entrevistas t m assuntos variados sobre as quest es pol ticas econ micas sociais que o governo tenta solucionar mas ao mesmo tempo trata essas quest es com objetivos definidos Os assuntos tratados n o s o escolhidos aleatoriamente fazem parte de um contexto em repercuss o na m dia e que trazem sempre solu es j institu das ou em d
110. emi tica S o Paulo EDUC 1997 E Presen as do outro S o Paulo Perspectiva 2002 LOPES Edward Met fora da ret rica semi tica S o Paulo Atual 1986 LOPES I C HERNANDES N orgs Semi tica objetos e pr ticas S o Paulo Contexto 2005 LUDOVICE Camila de Ara jo Beraldo A constru o do ator Lula na campanha eleitoral de 2006 uma an lise semi tica Orientador Edna Maria Fernandes dos Santos Nascimento 145 2008 121f 30c Disserta o de Mestrado Universidade de Franca Curso de P s Gradua o Stricto Sensu MACHADO Irene G neros discursivos In BRAIT Beth Bakhtin conceitos chave 4 ed S o Paulo Contexto 2007 MARCHEZAN Renata C Di logo In BRAIT Beth Bakhtin outros conceitos chave S o Paulo Contexto 2006 O ESTADO DE S O PAULO Manual de reda o e estilo S o Paulo O Estado de S o Paulo 1990 OLIVEIRA Ana Cl udia LANDOWSKI Eric Do intelig vel ao sens vel em torno da obra de Algirdas Julien Greimas S o Paulo EDUC 1995 OLIVEIRA Ana Cl udia org Semi tica Pl stica S o Paulo Hacker Editores 2004 OSAKABE Haquira Argumenta o e discurso pol tico 2 ed S o Paulo Martins Fontes 1999 PERELMAN Chaim Tratado da argumenta o a nova ret rica 2 ed S o Paulo Martins Fontes 2005 PIETROFORTE A V Semi tica visual os percursos do olhar S o Paulo Contexto 2004 SHERWOOD Hugh C A entrevista jo
111. enciado figurativizado pela data 02 de janeiro e de um ator revestido do papel tem tico de presidente candidato que se expressa ora na primeira pessoa do singular momento em que dirige seus votos de felicidades pelo in cio do novo ano ao povo brasileiro ora na primeira pessoa do plural quando possivelmente est incluindo em 61 sua fala o jornalista seu partido sua equipe de governo O ator Lula aspectualizado pelo otimismo e une dois pap is tem ticos de presidente e de candidato para felicitar seus ouvintes Eu queria aproveitar este primeiro programa do ano de 2006 para desejar ao povo brasileiro um feliz um extraordin rio 2006 Por isso Spensy vamos fazer um programa com a esperan a renovada e com muita coisa afirmativa para o povo brasileiro O tema principal do programa nesse dia conforme apresenta o do entrevistador a educa o e os v rios conv nios assinados na semana anterior para levar centros universit rios ao interior do pa s Tal tema tratado com bastante import ncia pelo presidente candidato pois uma quest o que faz parte dos assuntos discutidos em um discurso pol tico Na resposta Lula utiliza um racioc nio coerente convincente e baseado na verdade dos fatos de seu programa de governo Novamente empregada a debreagem enunciativa no plural assumindo sua postura de presidente e colocando se junto com a equipe de governo O que n s estamos fazendo s o tr s coisas e
112. ente com a forma do conte do define um modo de ver E neste modo de ver encontra se presente um simulacro de uma enuncia o ou seja um parecer verdadeiro suposto pelo pr prio estilo E sendo a enuncia o uma inst ncia lingu stica sempre pressuposta pelo enunciado Discini 2004 p 12 afirma que na nfase ao modo de dizer est um ponto de apoio para um conceito de estilo que vise rela o entre enunciado o texto e enuncia o o eu constru do pelo pr prio texto inteiro Na maioria das vezes o estilo depende do prop sito do autor que elege determinada forma de express o e essa escolha direciona o estilo a posi o do analista que busca encontrar nas express es da expressividade as marcas de um estilo colhidas em pontos de determinado enunciado Mant m se a dicotomia conte do lingu stico vs conte do estil stico para a qual o uso da l ngua que ultrapassa um plano considerado intelectivo ou se desvia desse plano que constitui o estilo DISCINI 2004 p 16 Assim o estilo deve ser tratado como um fen meno do conte do mais express o e n o se restringe aos fen menos da textualiza o N o mais dever interessar a manifesta o textual em si mesma nem tampouco amostras de sintagmas expressivos colhidos aqui l e acol num e noutro texto como particularidades idiossincr ticas tomos considerados determinantes de um estilo N o mais dever interessar a psicologia de um escritor
113. ente o sal rio m nimo passou de 300 reais para 350 00 desde s bado Lula retoma em seu discurso figuras como cimento cesta b sica saco de feij o arroz para evidenciar o tema exposto e gerar o efeito de sentido que o pa s est progredindo que o brasileiro est conseguindo viver melhor comprar mais se alimentar bem e construir ou reformar sua casa Vamos pegar o exemplo do saco de feij o Em 2003 com o m nimo se comprava 63 quilos de feij o e hoje daria para comprar 133 quilos Se a gente pegar o arroz em 2003 dava para comprar 131 quilos de arroz e hoje poderia se comprar 257 quilos Se a gente pegar o cimento por exemplo com o m nimo de 2003 daria para comprar 11 sacos de cimento e hoje daria para comprar 21 sacos de cimento O g s e o petr leo s o figuras muito presentes na entrevista do dia 08 de maio que trata das rela es econ micas entre Brasil e Bol via envolvendo a quest o do g s boliviano Como que fica o Brasil com a decis o da Bol via de nacionalizar as reservas de 114 g s e petr leo Vai faltar g s no Brasil por exemplo Para esclarecer a quest o para seus ouvintes o presidente exemplifica seu discurso figurativizando a quest o Qualquer brasileiro entende isso ou seja quando voc vai vender um carro voc pede um pre o e o comprador lhe oferece outro Voc come a a barganhar e a voc encontra um n mero O programa do
114. entrevista o seu contexto comunicativo permite pensar em um deslocamento do g nero Ou seja o programa parece uma entrevista mas tem o teor o estilo de propaganda da imagem positiva do presidente Lula constru da por meio do discurso explorado no programa As diversas formas discursivas permitem e at direcionam certa liberdade de uso dos g neros e como os g neros n o podem ser pensados fora de uma dimens o de espa o e tempo pode se concluir que o presidente Lula aproveita o espa o do programa 135 caracterizado como de entrevistas cujo objetivo principal parece ser a informa o para referendar e reafirmar a sua compet ncia pol tica e de governante A pr pria constitui o dial gica permite o hibridismo dos g neros por isso Bakhtin 2003 afirma que eles n o podem ser estudados de maneira t o sistematizada e al m disso os g neros discursivos t m a propriedade de unir e dinamizar as rela es entre pessoas Analisando o programa de entrevistas a partir desses conceitos poss vel afirmar que sua finalidade impl cita mostrar o lado positivo do mandato presidencial pois se o programa produzido e exibido pelo Governo Federal existe de certa forma total autonomia para a sele o do que se deve mostrar aos ouvintes ou seja do que favor vel ao governo A constru o composicional do g nero entrevista relativamente fixa mas a sele o do conte do tem tico e o estilo podem ser adaptados s reais in
115. enunciativa no singular e no plural Eu acho que foi insensatez em algum momento da hist ria o Brasil parar de construir ferrovia Portanto n s agora vamos retomar as ferrovias e n o vamos parar mais porque n s queremos interligar o Brasil de Norte a Sul de Leste a Oeste com ferrovias para que a gente possa baratear o escoamento da nossa rica produ o O tema da educa o foi abordado novamente no programa de 12 de junho e a primeira pergunta do entrevistador foi o porqu desse assunto ser tratado com tanta import ncia no governo de Lula A resposta assemelha se a de um candidato a cargo p blico ou seja o presidente parece estar fazendo campanha eleitoral e evidencia em seu discurso as caracter sticas do discurso pol tico convincente baseado em verdades e muito claro Por duas raz es Primeiro porque educa o o mais importante investimento que um governo pode fazer no seu pa s A educa o vai garantir que o Brasil possa se colocar em igualdade de condi es com os pa ses mais desenvolvidos do mundo Afinal de contas a educa o que d conhecimento d a forma o profissional e permite que as pessoas fiquem mais qualificadas Ficando mais qualificadas n s vamos ter mais acesso tecnologia vamos produzir produtos cada vez melhores e mais competitivos e vamos poder melhorar a vida do povo e melhorar a vida do pa s 81 Observa se nessa resposta que Lula quer intensificar a imagem de pol tico
116. eridic o para construir o efeito de sentido de verdade de compromisso e de realiza es Luiz primeiro importante que os nossos ouvintes compreendam que o Brasil vive uma nova fase Eu penso que as coisas est o muito bem na rea econ mica Acho que o Brasil vai crescer de forma robusta em 2007 2008 2009 e 2010 A infla o est controlada N s lan amos o Programa de Acelera o do Crescimento PAC que para poder fazer o Brasil dar sustentabilidade ao seu crescimento E o ator Lula no papel tem tico de presidente mostra se de maneira humilde e resignada simplesmente como um presidente e um sujeito cognitivo que coloca acima de tudo as quest es importantes do pa s Essa maneira de agir pode ser analisada como uma tentativa de publicidade pessoal na ess ncia assume o papel tem tico de candidato de construir uma imagem pol tica que possa ser reaproveitada em outros momentos de futura possibilidade de reelei o por exemplo Essas marcas de postura de candidato est o sempre presentes em seu discurso j que constantemente busca provar que suas a es visam ao bem do Brasil e de seu povo embora tente mascarar que esteja fazendo campanha pol tica o que pr prio do discurso pol tico Destaca se tal fato o trecho em que ele explica por que procurou a oposi o para conversar Eu estou convencido de que quando o presidente da Rep blica n o tem mais no seu horizonte a disputa presidencial fica muito mais
117. erir se a seu bom relacionamento pessoal com a igreja deixa transparecer seus valores suas id ias e assim constr i o seu discurso com caracter sticas marcadas de discurso pol tico que tenta ser convincente por meio de uma debreagem enunciativa em 1 pessoa do singular Eu durante grande parte da minha vida militei direta e indiretamente com os movimentos de igreja para que pud ssemos construir um Brasil mais justo Depois que assumi a Presid ncia da Rep blica n s temos feito v rias pol ticas p blicas que s o resultado do aprendizado que eu tive quando militava nos movimentos sociais ligados Igreja Cat lica E s depois por meio de uma debreagem enunciativa em 1 pessoa responde ao que foi perguntado assumindo o papel tem tico de presidente do Brasil N s temos uma rela o muito boa respeitando a autonomia da Igreja e a Igreja respeitando a autonomia do Estado Temos uma rela o de solidariedade um compromisso com o povo brasileiro Mas utiliza tamb m a 1 pessoa do singular para deixar expl cita a sua posi o de sujeito cognitivo respons vel por operar uma transforma o em seu enunciat rio por meio do fazer persuasivo Eu penso que um dos assuntos que eu tenho interesse de discutir com o papa o papel da Igreja nas pol ticas p blicas que a Igreja j tem ou seja a Igreja participa de quase todas as pol ticas p blicas para o povo mais pobre para o oprimido Uma caracter stica impo
118. esenvolvimento pelo governo federal A finalidade discursiva parece ser de mostrar aos ouvintes que o presidente se mant m incans vel no objetivo de resolver os problemas enfrentados pela popula o brasileira importante ressaltar em rela o ao conte do tem tico que embora seja um programa de entrevistas n o um programa apenas informativo mas sim argumentativo pois o g nero em quest o tem o objetivo de persuadir e convencer seu p blico Caracteriza se como um instrumento capaz de formar e conduzir uma opini o 127 A constru o composicional diz respeito ao modo de organizar o texto e de estrutur lo mas tamb m respons vel pelo acabamento da unidade de comunica o verbal o que possibilita ao interlocutor deduzir uma totalidade da estrutura do g nero ou seja o tipo de rela o dos participantes da comunica o verbal o presidente sua equipe de governo o ouvinte do programa seus poss veis eleitores O estilo comp e se por uma sele o dos recursos lexicais fraseol gicos e gramaticais da l ngua ou seja faz uma sele o de meios lingu sticos em fun o da imagem que o interlocutor pretende passar e de como presume a compreens o responsiva ativa de seu enunciado O programa Caf com o Presidente assume a estrutura b sica de entrevista entrevistador entrevistado sele o do assunto com um estilo que constr i um eu presidente Lula no pr prio texto inteiro Com rela o ao conte d
119. esse programa de investimento para que n o se perca na demanda di ria da pol tica brasileira No programa do dia 12 de fevereiro de 2007 o assunto volta a ser a quest o do biocombust vel e retoma o tema da import ncia dessa iniciativa para o desenvolvimento e crescimento do pa s As figuras que recobrem esse tema s o biodiesel lcool petr leo O biodiesel assim como o lcool s o substitutos vi veis do petr leo e isso interessa a todos os pa ses O presidente utiliza as figuras gases e planeta Terra para mostrar a import ncia desse projeto e como ele tem condi es de ajudar a despoluir o planeta como n s estamos numa frente de trabalho muito forte do governo e dos empres rios na tentativa de convencer o mundo desenvolvido a colocar lcool na gasolina para diminuir a emiss o de gases que tanto poluem o planeta Terra e tanto preocupam os pa ses do mundo e os ambientalistas 116 Na continuidade do tema e tentativa de convencer que seu plano de governo est interessado em preservar as reservas naturais do pa s emprega figuras como matas 39 66 vida povo floresta para consolidar seu discurso O que n s queremos al m de preservar as nossas matas que obriga o nossa para melhorar a garantia de vida do nosso povo explorar a floresta da forma mais civilizada poss vel com o manejo correto da floresta e ao mesmo tempo fazer uma forte
120. evas e colocar luz na casa da pessoa Uma pessoa que vive com um candeeiro de repente recebe luz el trica e ali ela pode ter uma geladeira pode ter um r dio pode ter uma televis o pode ter uma casa de farinha pode ter uma melhoria substancial na qualidade de vida dela Essas figuras geram o efeito de sentido de que antes de Lula assumir a presid ncia o pa s vivia na escurid o sem esperan as sem acesso a um conforto trivial e b sico ou seja foi ele quem trouxe a claridade a esperan a a qualidade de vida E o presidente aproveita o tema para contar um trecho de sua vida na inf ncia sofrida e sem recursos identificando se com o povo brasileiro que passa pelas mesmas dificuldades A figura candeeiro recobre o seu discurso e ajuda nessa constru o de sentido Eu at os sete anos de idade vivia base do candeeiro Portanto eu tenho no o do que significa uma pessoa viver base do candeeiro O uso dessas figuras reaviva a simbologia e acentua a 115 produ o de sentido no discurso pois nas palavras de Chevalier 1993 p 567 a luz relacionada com a obscuridade para simbolizar os valores complementares ou alternantes de uma evolu o A luz sucede s trevas A luz simboliza a vida a salva o a felicidade As trevas s o s mbolo do mal da infelicidade do castigo da perdi o e da morte O programa do dia 29 de janeiro de 2007 o primeiro depois da reelei o do president
121. evista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 19 de mar o de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 26 de mar o de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 2 de abril de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 9 de abril de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 16 de abril de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf
122. evistas com a apresenta o da imagem do presidente Lula e do pa s durante seu mandato presidencial H tamb m uma preocupa o evidenciada com o bem estar do cidad o brasileiro verificada atrav s da repeti o de temas como sa de educa o transporte emprego habita o esporte que recobrem todo o percurso das entrevistas analisadas A nfase em mostrar as obras desenvolvidas durante seu mandato bem como os planos de governo est sempre presente em seu discurso O presidente deixa transparecer seu objetivo de construir uma imagem de pol tico s rio comprometido e competente sempre que reafirma as quest es relativas ao crescimento do pa s e os benef cios dos projetos desenvolvidos por ele e sua equipe Percebe se tamb m em seu discurso uma constante 105 reafirma o de seu compromisso com o cidad o brasileiro inclusive no tom did tico e na maneira simples e esclarecedora de tratar os temas e responder as perguntas durante as entrevistas Ap s as an lises das entrevistas e da verifica o de semelhan as presentes no discurso e na imagem constru da do ator Lula nos dois per odos em foco poss vel averiguar o thos do presidente no programa Caf com o Presidente e compar lo com a constru o do ator Lula nas propagandas eleitorais do ano de 2006 assunto tratado na se o seguinte 106 5 O THOS DO PRESIDENTE LULA NAS ENTREVISTAS E A CONSTRU O DO ATOR LULA NAS PROPAGANDAS ELEITORAIS
123. explicado nas palavras de Bertrand 2003 p 288 Um actante Destinador actante soberano fonte e garantia de valores transmite os por interm dio de um actante Objeto a um actante Destinat rio a categoria da comunica o O Sujeito tem por miss o conquistar esse Objeto entrar em conjun o com ele a categoria da busca Nesse fazer o Sujeito contrariado pelo Oponente e apoiado pelo actante Adjuvante a categoria pol mico contratual Para Bertrand 2003 p 288 os diferentes tipos de actantes s o produtos da pr xis cultural dos discursos narrativos Com o passar do tempo a semi tica foi adotando uma segunda f rmula de dispositivo actancial Nesta nova f rmula ela se apresenta como um sistema mais depurado mais abstrato e geral e se reduz a tr s posi es relacionais a do sujeito em rela o com seus objetos valorizados a do destinador em rela o com o sujeito destinat rio que ele manipula e sanciona levando em conta os valores investidos nos objetos a do objeto media o entre o destinador e o sujeito BERTRAND 2003 p 289 Encontra se um segundo dispositivo paralelo sim trico e inverso ao modelo centrado no sujeito o do anti sujeito que estabelece uma rela o de oposi o com o sujeito e se pauta por valores inscritos na esfera de antidestinador 30 Essa rela o entre o sujeito e o objeto constitui uma estrutura elementar denominada programa narrativo que cons
124. explorada por meio do conceito de cron topo Bakhtin em suas reflex es entende que os di logos sociais n o s o repetidos de maneira absoluta e tamb m n o s o completamente novos pois retomam s marcas hist ricas e sociais de determinada cultura e sociedade Nesse contexto te rico a palavra di logo pode causar confus o pois n o o di logo do senso comum entendido nos tipos de estrutura gramatical ou com o sentido de acordo de consenso Marchezan 2006 p 123 explica A palavra di logo ao contr rio bem entendida no contexto bakhtiniano como rea o da palavra a palavra de outrem como ponto de tens o entre o eu e o outro entre c rculos de valores entre for as sociais A essa perspectiva n o interessa a palavra passiva e solit ria mas a palavra na atua o complexa e heterog nea dos sujeitos sociais vinculada a situa es a falas passadas e antecipadas O di logo fundamenta a linguagem em ato e funciona como uma r plica social O estudo dial gico do texto requer um esfor o para compreend lo como um organismo vivo e atuante e tamb m vivenci lo Depois examinar o texto de fora com a vis o do cron topo e sem confundir os seus posicionamentos A rela o dial gica n o coincide com a rela o existente entre as r plicas de um di logo real por ser mais extensa mais variada e mais complexa Dois enunciados separados um do outro podem revelar uma rela o dial gica mediante uma conf
125. express o do mundo natural e figuras do plano de conte do de uma linguagem que afetam as categorias espaciais temporais e actoriais De acordo com Bertrand 2003 p 234 essa correspond ncia se realizava no mbito de um contrato fiduci rio de veridic o o crer compartilhado Tal contrato enunciativo fixava a habilita o dos valores figurativos e enunciava lhes o regime de circula o 39 Dessa forma havia uma distin o entre as opera es de iconiza o que enquadram um efeito de real e das tematiza es que faziam uma reformula o do conceito abstrato das isotopias figurativas Segundo Bertrand esse patamar modal subjacente do crer verdadeiro que sustenta por meio do contrato enunciativo o reconhecimento comum de um mundo na leitura situava se no plano de fundo da an lise como um impercept vel horizonte Ele passa a ocupar agora na segunda abordagem da figuratividade a frente do palco 2003 p 235 Essa modalidade acrescenta o espa o fiduci rio que assegura a varia o e a jun o entre os diferentes n veis de interpreta o permitidos pelas isotopias figurativas Quando se reconhece a modalidade central e fundadora do crer explicitam se de forma mais ampla as fontes da significa o figurativa A apreens o da figuratividade dos textos j n o se volta para posteridade dos efeitos de sentido produzidos e sua estrutura o agora ela est dirigida para o nascedouro da figurat
126. feira estaremos outra vez no Caf com o Presidente Programa de r dio Caf com o Presidente 09 de abril de 2007 O encerramento do programa segue sempre o mesmo formato o agradecimento do entrevistador ao entrevistado uma despedida cordial aos ouvintes e um lembrete do pr ximo programa na semana seguinte Obrigado Presidente A voc em todo o Brasil o nosso abra o e at segunda feira que vem com mais um Programa Programa de r dio Caf com o Presidente 09 de abril de 2007 As caracter sticas estruturais do g nero entrevista est o claras no programa conforme an lise anterior por m algumas caracter sticas bem peculiares do g nero argumentativo est o presentes no que tange ao estilo do programa Algumas marcas lingu sticas caracterizam esse g nero em particular e ficam evidentes no discurso do presidente As respostas s o transmitidas por frases curtas e n o muito complexa A tentativa de explicar muito os assuntos fica clara quando o presidente os divide para explic los melhor Luiz primeiro importante que os nossos ouvintes compreendam que o Brasil vive uma nova fase Eu penso que as coisas est o muito bem na rea econ mica Primeiro porque eu acho que n s precisamos dar o exemplo de uma p tria civilizada Programa de r dio Caf com o Presidente 23 de abril de 2007 As marcas lingu sticas tamb m acentuam o car ter did tico que o presidente ass
127. figuratividade e suas evolu es de acordo com os diferentes autores A primeira defini o de Greimas e Court s 1979 do Dicion rio de Semi tica O qualificativo figurativo empregado somente com rela o a um conte do dado quando este tem um correspondente no n vel da express o da semi tica natural Nesse sentido no quadro do percurso gerativo do discurso a sem ntica discursiva inclui como componente tem tico ou abstrato um componente figurativo A segunda defini o apenas de Court s 1979 qualificaremos de figurativo todo significado todo conte do de uma l ngua natural e de maneira mais abrangente de qualquer sistema de representa o que tenha um correspondente no plano do significante do mundo natural da realidade Logo ser considerado figurativo tudo que se liga percep o do mundo exterior A terceira defini o do pr prio Bertrand 2003 a figuratividade se define como todo conte do de um sistema de representa o verbal visual auditivo ou misto que entra em correla o com uma figura significante do mundo percebidol As formas de adequa o do mundo natural e das manifesta es discursivas das linguagens naturais constituem o objeto da semi tica figurativa A quarta defini o tamb m de Greimas 1975 em Semi tica figurativa e semi tica pl stica o crivo de leitura de natureza sem ntica solicita o significante planar e assumindo feixes d
128. gasto N s estaremos fazendo investimento Gasto quando a gente gasta em cadeia Na minha cabe a quanto mais dinheiro para a educa o quanto mais jovem na escola quanto mais crian a na creche quanto mais jovem na universidade mais o Brasil ter a possibilidade de vencer todos os seus 62 obst culos com essa expectativa que eu entro o ano de 2006 A expectativa a que se refere interpretada como campanha eleitoral uma vez que desde o in cio do ano os eleitores ou melhor os brasileiros em geral j est o em clima de elei o sendo este portanto o momento perfeito para expor suas ideias e projetos para um poss vel segundo mandato Tem se aqui pelas palavras do enunciador a n tida percep o de que Lula investe se como sujeito competente quer sabe e pode fazer qualificado para a performance de continuar presidente por mais um per odo Ao assumir o papel tem tico de candidato buscando atingir o enunciat rio seu virtual eleitor reveste seu discurso de figuras como escola universidade jovem Neste ponto constr i se tem tica e figurativamente como ator aspectualizado pelo progresso educacional Diante de tal fato verifica se que todo seu discurso tem como objetivo construir uma imagem pol tica visando ades o de seu enunciat rio Importante ressaltar que essa uma caracter stica essencial do discurso pol tico que argumenta objetivando convencer o seu poss vel eleitor N
129. gem enunciativa na primeira pessoa do plural o n s evidencia o car ter de convencimento em seu discurso Em seus discursos o ator Lula alterna o uso da emo o e da raz o porque seu objetivo n o apenas convencer seu enunciat rio de que seus planos e a es governamentais s o bons mas tamb m persuadi los e faz los agir conforme essa cren a ou seja votar em Lula nas elei es de 2006 e acreditar em toda sua ideologia e a do partido ao qual pertence Por isso mant m se nos discursos analisados de 2006 e 2007 a mesma modaliza o ou seja seu objetivo pode ser em 2006 claramente ganhar as elei es mas mesmo depois de reeleito n o quer e n o pode perder o apoio popular j que esse apoio popular sempre o objeto de valor buscado no meio pol tico n o apenas em per odos eleitorais E para garantir o alcance da persuas o e do convencimento o presidente se vale de informa es s lidas de n meros concretos de projetos de governo em andamento tudo expresso com uma linguagem clara e acess vel a fim de conseguir uma melhor compreens o da informa o conforme as an lises apresentadas nas se es anteriores As an lises demonstram que tanto no per odo que antecede as elei es de 2006 como no per odo posterior a elas o ator Lula se reveste tanto do papel tem tico de presidente quanto do papel tem tico de candidato H sempre uma preocupa o observada por meio do discurso expresso nas respostas das entr
130. grama foi criado e mantido pelo Governo Federal pelo presidente Lula ou seja n o um programa livre que atende a todos os temas de maneira indiscriminada sugerido pelos opositores por exemplo Pelo contr rio tem um objetivo impl cito na sua ess ncia de fazer propaganda positiva do presidente e para isso o ator Lula reveste se alternadamente do papel tem tico de presidente e de candidato e tem o caminho livre para direcionar as conversas mediar os assuntos abordar os aspectos mais positivos para seu governo e tamb m para indiretamente responder s cr ticas e coment rios negativos sobre sua forma de governo e de certa forma dialogar com seus advers rios e partid rios O trecho a seguir demonstra essa autonomia e liberdade do enunciador simulacro do presidente Antes de falar da commodity deixa eu dizer uma coisa ainda da quest o comercial para que o nosso ouvinte entenda perfeitamente bem O que que os pa ses em via de desenvolvimento est o desejando neste momento O presidente utiliza muitas express es modalizadas como eu acho eu penso eu acredito que levam a crer na sua conduta como governante e que o constr i na dimens o cognitiva como sujeito do saber e na dimens o pragm tica como sujeito do fazer Dessa forma ele aproxima se do povo nivela se aos seus ouvintes e coloca se como algu m que compartilha problemas mas o sujeito dotado de um saber e de um poder como por exemp
131. gure sua boa imagem de presidente e d boa repercuss o das suas a es de governo A autonomia do programa para escolher e conduzir os assuntos leva a crer que o maior objetivo dele convencer o ouvinte fazendo o crer que Lula um bom presidente est bem inserido em suas a es de governo tem plena certeza do que o pa s precisa como tem que ser feito o que precisa ser feito e al m disso mostra que est fazendo e comprova essas a es com dados n meros e estat sticas ou seja um sujeito que possui a compet ncia necess ria para resolver os problemas e ajudar os brasileiros O ator Lula estabelece um contrato fiduci rio com seus ouvintes e ativa na mem ria deles alguns fatos de seu passado que s o de conhecimento de todos e est o sempre em repercuss o na m dia mas tamb m afirma e reafirma os pontos positivos do programa de governo em geral poss vel afirmar que o ator Lula tem o objetivo de parecer o que ele precisa parecer para os outros ou melhor ele quer parecer o que os ouvintes querem que ele seja pois como afirma Landowski 2002 p 33 eu sou o que pare o para os outros O ator Lula parece povo mostra se como povo e mistura se ao povo para gerar o efeito de sentido de que realmente veio do povo mas o presidente o homem p blico respons vel pelo Brasil e n o mais possui as caracter sticas do homem pobre e oper rio humilde do passado Ele n o mais povo foi povo
132. honeiros e motoristas seus poss veis eleitores alternando o uso da debreagem enunciativa no singular mostrando se como sujeito cognitivo para se assumir de maneira individualizada e subjetiva e da debreagem enunciva assumindo se como sujeito pragm tico o presidente que resolve os problemas que faz ressaltando tamb m a coletividade de seu governo portanto quero dizer aos caminhoneiros do Brasil quero dizer aos motoristas que percorrem as estradas brasileiras estejam certos de que se n s n o fizemos antes foi porque n o pudemos fazer antes E estamos fazendo agora porque agora temos dinheiro para fazer O compromisso que ele diz ter para com o povo brasileiro sempre reafirmado basta ter uma oportunidade como comprova o coment rio a seguir feito no intervalo de uma de suas respostas no programa do dia 23 de janeiro de 2006 momento em que para dar um car ter mais pessoal o presidente faz uso da debreagem enunciativa no singular exaltando a figura do eu e mostrando que n o apenas parece um candidato comprometido com o pa s mas que um presidente respons vel e empenhado em fazer mesmo chegando aqui no domingo noite e cansado eu n o poderia faltar com o compromisso que o nosso programa tem com o povo brasileiro que escuta o programa pelo r dio Nesse mesmo programa poss vel perceber tamb m a preocupa o que o presidente demonstra com os mais pobres as necessidades e esperan as dessas pessoas O
133. ia Brasil Estados Unidos e a mudan a na pol tica energ tica no s culo XXI Ao fazer uso da debreagem enunciativa na primeira pessoa do singular o presidente deixa claro que assume o papel de homem brasileiro e deixa transparecer sua preocupa o em transmitir as informa es de maneira simples e clara para que todos os ouvintes indiscriminadamente possam esclarecer as d vidas sobre o assunto abordado ou seja posiciona se no discurso como sujeito cognitivo dotado de um saber Antes de falar da commodity deixa eu dizer 88 uma coisa ainda da quest o comercial para que o nosso ouvinte entenda perfeitamente bem poss vel notar tamb m que s vezes a opini o de Lula se mostra claramente a favor do plano de governo de sua equipe o que tamb m propicia uma ades o por parte de seus ouvintes e uma reafirma o da pertin ncia de suas a es pol ticas al m de estabelecer um contrato fiduci rio Ent o eu estou convencido Luiz de que n s estamos perto de um grande acordo Na entrevista do dia 19 de mar o de 2007 o presidente tratou do assunto referente ao plano de governo para melhorar a qualidade da educa o e j come ou a primeira resposta fazendo uso da debreagem enunciativa tanto no singular quanto no plural instaurando no discurso um sujeito cognitivo Acho que foi um acerto extraordin rio convocar educadores de todo o Brasil para que o ministro Fernando Haddad apresentasse o programa O mesmo n
134. iados e seus tipos isto seus g neros discursivos s o correias de transmiss o entre a hist ria da sociedade e a hist ria da linguagem BAKHTIN 2003 p 268 O enunciado definido a partir de uma comunica o discursiva e consequentemente pela altern ncia dos sujeitos do discurso De acordo com Bakhtin 2003 p 275 o enunciado n o uma unidade convencional mas uma unidade real precisamente delimitada da altern ncia dos sujeitos do discurso a qual termina com a transmiss o da palavra ao outro Essa altern ncia de sujeitos n o somente mas tamb m a altern ncia simples que presenciamos no di logo real do cotidiano com as v rias r plicas que criam limites precisos nos enunciados em diversos campos da atividade de comunica o Para Bakhtin 2003 p 276 essas rela es s s o poss veis entre enuncia es de diferentes sujeitos do discurso pressup em outros em rela o ao falante membros da comunica o discursiva Essas rela es entre enuncia es plenas n o se prestam gramaticaliza o uma vez que reiteramos n o s o poss veis entre unidades da l ngua e isso tanto no sistema da l ngua quanto no interior do enunciado 60 4 AN LISE DO PROGRAMA CAF COM O PRESIDENTE A es O que eu vi sempre que toda a o principia mesmo por uma palavra pensada Palavra pegante dada ou guardada que vai rompendo rumo Guimar es Rosa Nesta se o apresentam se
135. ias para manipular seus eleitores pois esses eleitores de que os enunciat rios de sua campanha s o simulacros s o os 110 respons veis por ajud lo a entrar em conjun o com seu objeto valor o poder Esse objeto valor se manifesta para Lula no cargo de presidente da Rep blica do Brasil Ainda por tr s dessa busca pelo poder h um desejo incessante de posse e de domina o O ator Lula mesmo que tente mostrar o contr rio possui tens es da ordem do querer Ele deseja possuir o cargo de presidente todas as atribui es que esse cargo lhe possibilita e todas as possibilidades que dele pode usufruir Como presidente do Brasil ele se torna um homem p blico respeitado por todos ou melhor que deve ser respeitado por todos Com o cargo a que aspira passa a ser reconhecido n o por ele mesmo mas pela sua fun o pelo lugar que ocupa na sociedade E como presidente seu lugar na sociedade privilegiado detentor de poder e respeito pr adquiridos pois pelo simples fato de ser presidente da rep blica um homem j respeitado porque representa um pa s e porque passou pelo crivo da popula o O discurso do presidente Lula expresso por meio das respostas nas entrevistas do programa Caf com o Presidente permeado por figuras que remetem a temas retomando assim um efeito de sentido que torna sens vel o mundo natural e que auxiliam na constru o do thos do ator Lula no programa em tese A figurativ
136. iciente Isso n o implica que a gente n o continue importando g s da Bol via desde que o g s da Bol via seja conveniente do ponto de vista de pre o para o povo brasileiro 19 Em seguida a entrevista muda o tema para a pol tica interna e trata de assuntos referentes agricultura Novamente o presidente se solidariza e se identifica com o povo brasileiro instalando se no discurso como sujeito cognitivo que pode transformar a rela o de um sujeito seu enunciat rio com o objeto benef cios para a comunidade o que fica evidente em seu discurso ao utilizar a debreagem enunciativa no singular e a debreagem enunciativa no plural quando est se referindo ao seu governo de forma mais generalizada E eu quero trabalhar de forma que a gente possa garantir tranquilidade a todos aqueles que no campo produzem sejam empres rios seja a agricultura familiar Essa libera o de recursos que n s fazemos para garantir o pre o m nimo da soja e vamos continuar discutindo a agricultura porque para n s a agricultura a v lvula principal do cora o deste pa s O programa do dia 22 de maio abordou quest es relacionadas ao setor energ tico Lula mostrou se muito empolgado e otimista com os avan os do pa s na rea e deixou isso claro em seu discurso ao utilizar a debreagem enunciativa no singular expressando tamb m seu ponto de vista positivo e sua convic o no progresso do pa s Eu acredito que o an ncio do Conselho
137. iculados transformar um percurso narrativo abstrato em um percurso tem tico e em um percurso figurativo A partir das an lises dos percursos figurativos e tem ticos poss vel extra rem se os pap is tem ticos Na defini o do Dicion rio de Semi tica de Greimas e Court s 2008 p 496 entende se por papel tem tico a representa o sob forma actancial de um tema ou de um percurso tem tico o percurso pescar por exemplo pode ser condensado ou resumido pelo papel pescador No n vel discursivo as estruturas narrativas transformam se em estruturas discursivas e s o assumidas pelo sujeito da enuncia o O sujeito da enuncia o transforma a narrativa em discurso atribuindo defini es de pessoa tempo espa o e figuras A an lise discursiva det m se mais ou menos sobre os mesmos elementos que a an lise narrativa mas retoma alguns aspectos tais como as proje es de enuncia o os recursos de persuas o e a cobertura figurativa dos conte dos narrativos A enuncia o caracteriza se em primeira defini o como a inst ncia de media o entre as estruturas narrativas e discursivas Pode nas diversas concep es lingu sticas e semi ticas ser reconstru da a partir sobretudo das marcas que espalha no discurso nas estruturas discursivas que a enuncia o mais se revela e onde mais facilmente se apreendem os valores sobre os quais ou para os quais o texto foi constru do Analisar o d
138. idade evidencia de alguma forma a representa o e a semelhan a com o mundo natural na superf cie textual e mostra se com muitos tra os de semelhan a em rela o s figuras exploradas na publicidade citada anteriormente Essas figuras para terem valor e sentido s o assumidas por um tema e como elas permitem uma interpreta o mais abstrata necess rio fazer um percurso figurativo para chegar se ent o constru o tem tica No programa analisado conforme j foi observado poss vel perceber que Lula reveste seu discurso de figuras que s o sempre retomadas repetidas e que levam a temas determinados Essas figuras n o constituem ornamentos do discurso mas s o o pr prio discurso Assim chega se constru o da isotopia figurativa pois h uma sustenta o do discurso por meio das categorias s micas e uma isotopia tem tica que fica em um n vel mais profundo uniformizando a leitura e a constru o de sentido do texto e da imagem constru da do ator Lula no programa Percebe se atrav s da an lise das entrevistas que o presidente utiliza figuras como universidade faculdade conv nio para tratar do tema educa o e gerar o efeito de sentido de esperan a de progresso vamos fazer um programa com a esperan a renovada e com muita coisa afirmativa para o povo brasileiro Caf com o Presidente 02 de janeiro de 2006 No decorrer da resposta introduz as figuras citadas acima para t
139. idar deste Pa s como se estivesse cuidando do meu filho ou seja eu tenho que cuidar porque o Brasil precisa ser cuidado com muito carinho Esse tom cuidadoso utilizado tamb m pelo entrevistador com o uso de figuras como di logo e luta ao tratar do tema Mas mesmo com o di logo n o significa que a luta pol tica tenha acabado Na resposta o presidente faz quest o de novamente registrar sua preocupa o com o pa s e retoma a figura luta para compor o seu discurso N o a luta pol tica n o vai acabar nunca O que importante que a gente consiga fazer uma separa o o que a luta pol tica e o que a necessidade do Pa s O programa do dia 30 de abril de 2007 antecede o feriado do Dia do Trabalhador que logicamente vem a ser o foco das discuss es Para tratar desse assunto o discurso do presidente figurativizado por express es como sal rio e trabalhadores que remetem ao avan o e progresso do pa s em seu mandato de governo como se percebe no trecho a seguir Um balan o altamente positivo Luiz importante lembrar que nos acordos salariais feitos pelos sindicatos neste ano e no ano de 2006 86 dos trabalhadores ganharam aumento real de sal rio As figuras dinheiro gente lojas f bricas e empregos tamb m est o presentes no discurso do presidente para comprovar as a es de seu governo dinheiro que est circulando gente
140. idualizada faz uso da debreagem enunciativa no singular mas quando se iguala aos brasileiros em geral ocorre a debreagem enunciativa no plural Olhe faz 23 anos que eu participo do 1 de maio aqui na Igreja Matriz de S o Bernardo do Campo Eu acho que n s temos muito para comemorar nesse dia 1 de maio L gico que n o tudo que a gente gostaria mas nesses ltimos 30 anos eu acho que em poucos momentos os trabalhadores tiveram tanto o que comemorar E continuou listando os itens que o seu governo proporcionou para o trabalhador brasileiro comemorar neste dia ou seja evidenciou seu fazer cognitivo pois operou uma transforma o na vida do brasileiro e estabeleceu uma rela o de conjun o com objetos de valor que antes o povo n o possu a Como est se referindo ao governo como um todo faz uso da debreagem enunciativa no plural N s tivemos um aumento no sal rio m nimo n s tivemos um aumento para os aposentados n s tivemos um reajuste na tabela do Imposto de Renda n s temos acordos salariais acima da infla o n s temos um crescimento de emprego constante h 39 meses a massa salarial est crescendo a economia est indo bem as exporta es continuam crescendo Relembrou tamb m o que fazia antes de ser presidente quando ia para as ruas reclamar e reivindicar e afirmou que neste ano seria diferente o motivo era de comemora o e principalmente seu papel tem tico tamb m outro ora de presidente
141. inguisticamente est vel o seu momento hist rico vivo o seu car ter nico O enunciado extremamente importante quando se trata de manifesta o da linguagem pois por meio dele que a l ngua se concretiza e conforme Bakhtin 2003 p 265 a l ngua passa a integrar a vida atrav s de enunciados concretos que a realizam igualmente atrav s de enunciados concretos que a vida entra na l ngua O enunciado um n cleo problem tico de import ncia excepcional Nas reflex es bakhtinianas a comunica o a ess ncia da linguagem que tem um car ter dial gico A teoria de Bakhtin traz um termo bem simples e do cotidiano para reviver o reconhecimento da reciprocidade eu e o outro presente nos enunciados em geral e essa reciprocidade compreende o di logo Ao se considerar o di logo dessa forma poss vel reconhecer e estender o conceito para a linguagem em geral e reconhecer que qualquer manifesta o da linguagem constitu da de maneira dial gica numa altern ncia de vozes Segundo Marchezan 2006 p 117 claro e produtivo conforme se quer enfatizar aqui o convite aplica o do di logo para a compreens o da linguagem verbal como um todo de modo a consider la sempre como um acontecimento entre sujeitos O di logo de Bakhtin 55 re ne em seu conceito a reflex o sobre sujeito tempo e espa o e ao mesmo tempo conserva e releva a constitui o hist rica social e cultural que
142. inutos produzidas pela empresa Toda Onda Comunica o Ltda Em janeiro de 2005 a produ o do programa passou a ser feita pela Radiobr s que j era respons vel por sua veicula o e distribui o Em dezembro de 2007 a produ o do programa foi assumida nas mesmas condi es pela Diretoria de Servi os da Empresa Brasil de Comunica o EBC criada pela Medida Provis ria 398 De acordo com informa es obtidas no site do Governo Federal a ideia era fazer um programa mais dialogado e que n o remetesse aos pronunciamentos dos gravados por outros presidentes Na descri o do programa no site da radiobr s o Caf com o Presidente surgiu como o desafio de criar um canal de comunica o mais din mico e menos formal entre o Presidente da Rep blica e a sociedade e ficou no ar durante o primeiro e o segundo mandatos presidencial de Lula Ap s a posse da presidente Dilma Rousseff o programa foi suspenso mas retomado um m s depois no mesmo formato e nos mesmos hor rios apenas com a adequa o do nome Caf com a Presidenta A partir do momento que passou a ser produzido pela EBC Empresa Brasileira de Comunica o com supervis o editorial da Secretaria de Comunica o Social Secom rg o vinculado Presid ncia da Rep blica o programa de r dio do presidente Lula Caf com o Presidente come ou a ir ao ar sempre s segundas feiras em quatro hor rios diferentes e ser transmitido de forma gratuita p
143. io Lula da Silva foi o trig simo quinto Presidente da Rep blica Federativa do Brasil e exerceu o cargo de 1 de janeiro de 2003 a 1 de janeiro de 2011 Lula seu apelido desde os tempos em que era representante sindical e posteriormente foi legalmente incorporado ao seu nome para represent lo eleitoralmente co fundador e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores PT 11 O corpus da an lise foi selecionado levando se em considera o o per odo anterior e o posterior s elei es de 2006 esse crit rio de sele o foi utilizado para verificar se houve mudan a na constru o do ator Lula no momento em que ele estava nos pap is tem ticos de presidente e candidato antes do per odo eleitoral e no momento em que ele assumia o papel tem tico apenas de presidente ap s as elei es e j no segundo mandato Mais especificamente s o analisadas as entrevistas exibidas no per odo de dois de janeiro at dezenove de junho de 2006 per odo que antecede s propagandas eleitorais descontado o per odo de proibi o pois no momento em que se iniciam as campanhas eleitorais a legisla o solicita a suspens o do programa por isso ele foi interrompido por seis meses e as entrevistas que foram ao ar logo ap s a posse do segundo mandato do dia vinte e nove de Janeiro ao dia vinte e cinco de junho de 2007 O programa de entrevistas do presidente entrou no ar em 177 de novembro de 2003 com edi es quinzenais de seis m
144. ir seu papel comunicativo estabelece tamb m a posi o do sujeito da enuncia o E constr i uma imagem que estabelece rela o de proximidade e comunh o de ideias posturas pensamentos e projetos com o enunciat rio que precisa aceitar como verdadeira a imagem constru da pelo enunciador para estabelecer o contrato de veridic o O discurso pol tico est intrinsecamente atrelado a elementos argumentativos e persuasivos que levam afirma o de que o discurso proferido no campo pol tico apresenta se como um jogo de m scaras pois nem sempre as afirma es podem ser entendidas como verdadeiras Existe um jogo de ser e parecer ativado pelo discurso pol tico que pr estabelece o que pode e deve ser dito para alcan ar a ades o do enunciat rio alvo Assim para que um pol tico obtenha sucesso em seu discurso faz se necess rio que ele conhe a as necessidades os anseios e os desejos do povo que tenha 137 conhecimento dos problemas do povo para suas propostas de governo serem reconhecidas pelo enunciat rio como importantes Nesse aspecto o discurso e a postura do ator Lula analisados nesta tese convergem para o campo pol tico pois na rela o semi tica do ser e parecer o ator Lula se configura como presidente na apar ncia mas na ess ncia candidato Altera seu papel tem tico apenas na apar ncia Nas entrevistas dos diversos programas analisados Lula alterna frequentemente o uso da debreagem enunciativa e
145. iscurso portanto determinar ao menos em parte as condi es de produ o do texto BARROS 2005 p 53 Ainda segundo Barros 2005 p 55 A semi tica examina as rela es entre enuncia o e discurso sob a forma das diferentes proje es da enuncia o com as quais o discurso se fabrica A enuncia o projeta para fora de si os actantes e as coordenadas esp cio temporais do discurso que n o se confundem com o sujeito o espa o e o tempo da enuncia o Essa opera o denomina se desembreagem e nela s o utilizadas as categorias de pessoa do espa o e do tempo Outros termos s o utilizados para o mesmo fen meno debreagem enunciva e debreagem enunciativa na obra de Fiorin 1992 e desembreagem enunciva e desembreagem enunciativa na obra de Barros 2005 25 Pode se dizer dessa forma que o sujeito da enuncia o escolhe como fazer proje es do discurso e leva em conta os efeitos de sentido que pretende produzir Os mecanismos discursivos t m a finalidade de criar ilus o de verdade pois todo discurso procura persuadir seu destinat rio de que verdadeiro Alguns textos tentam fingir objetividade e de acordo com Barros 2005 p 55 existem como bem se sabe recursos que permitem fingir essa objetividade que permitem fabricar a ilus o de distanciamento pois a enuncia o de todo modo est l filtrando por seus valores e fins tudo o que dito no discurso O principal procedimento
146. iviza o BERTRAND 2003 p 235 Essa fun o se compara com as opera es de reconhecimento e de identifica o dos objetos na percep o Com esse parecer define se um espa o semi tico pr prio e por isso mesmo problem tico em que se realiza a articula o entre o ato sens vel e a discursiviza o de figuras que comprovam sua presen a na linguagem Sujeito e objeto por esse ato solidarizam se e soldam se confiantes na realidade e verdade do mundo sens vel ou ent o pelo contr rio desprendem se e dessolidarizam se como demonstram as ilus es da sensibilidade ou as alucina es BERTRAND 2003 p 236 Assim percebe se que o lugar de articula o da figuratividade fica um pouco deslocado Doravante esse conceito foi desprendido da representa o e se juntou mais ao ato sensorial integrando assim uma abertura para outras virtualidades do que as aceitas pelo vis vel e intelig vel Ela leva o olhar para os modos de contato pelos quais o sujeito vem aderir subst ncia do conte do para o pr prio lugar das percep es ao mesmo tempo legadas pelo uso depositadas na linguagem e simuladas nos discursos BERTRAND 2003 p 238 N o se pode considerar que houve por isso uma ruptura entre as duas concep es Mas poss vel considerar que houve um deslocamento que proporcionou a retirada das consequ ncias do modelo fundador da semiose Essa nova abordagem de figuratividade apenas concebe
147. ivo do Arco Rodovi rio do Rio de Janeiro que uma obra muito dif cil uma obra que numa rea virgem ainda Nesse caso fica dif cil separar o papel tem tico de presidente Lula do simulacro de sua pr pria pessoa Luiz In cio Lula da Silva j que tanto a visita quanto a assinatura do conv nio s o a es governamentais J neste exemplo Eu penso que o projeto poder ficar pronto at o m s de junho Com a express o Eu penso poss vel verificar uma opini o mais pessoal de Lula e na dimens o cognitiva pode se dizer que ele um sujeito dotado de um saber Nessa entrevista tamb m h ocorr ncias de debreagem enunciativa na primeira pessoa do plural com o uso da express o a gente A informalidade dessa express o d a impress o de que ela se refere ao presidente juntamente com o povo brasileiro o Brasil como um todo diferentemente de quando h a debreagem enunciativa com o uso do n s que subentende o presidente e seu governo para que a gente fizesse parcerias concretas e objetivas para que a gente pudesse dar exemplo ao mundo de que se n s fizermos um Pan que seja uma marca registrada de boa qualidade a gente pode se cacifar para amanh querer quem sabe sediar umas Olimp adas Verifica se mais uma vez a preocupa o com sua imagem e com a imagem do pa s constru da em seu governo O presidente busca objetos de valor como reconhecimento p blico tanto nacional quanto internaciona
148. ja ao sujeito que conhece os problemas sabe do que a 66 popula o precisa e ao sujeito que sabe e pode fazer pois o presidente da rep blica E o que n s estamos fazendo Estamos tentando pegar aquelas coisas emergenciais e estamos fazendo um tapa buraco N s sabemos que uma quest o emergencial como se um cidad o tomasse um tiro fosse ferido Qual a primeira atitude que o m dico toma quando o cidad o est perdendo muito sangue estancar o sangue depois leva para a cirurgia para fazer o tratamento adequado N s estamos fazendo esse estancamento inicial para depois fazer a cirurgia definitiva que a restaura o Por isso eu estou convencido de que alguns que est o fazendo cr ticas eu tenho acompanhado pela imprensa tenho visto na televis o no r dio e o povo compreende ou seja se n s n o fiz ssemos eles estariam criticando que n s n o t nhamos feito N s estamos fazendo e eles est o criticando que n s estamos fazendo Entre n o fazer e ser criticado e fazer e ser criticado eu prefiro fazer E reafirma que sempre est ao lado do povo diretamente por meio de uma debreagem enunciativa no singular assumindo se como povo ou melhor como candidato que se preocupa com o povo que sabe dos problemas do povo ou seja sujeito cognitvo Ora entre a briga partid ria e o povo eu vou ficar com o povo E o tom de campanha eleitoral continua quando ele se justifica com os camin
149. jetos desenvolvidos por Lula durante seu primeiro mandato indiscutivelmente foram feitos para os pobres para a classe que no patamar da hierarquia social ocupa a posi o inferior pois as classes m dia e alta t m outras necessidades e os projetos de Lula raramente citam muito comum nas propagandas ocorrer uma debreagem enunciativa da enuncia o por meio da qual Lula inicia seu discurso dirigindo se ao enunciat rio minhas amigas e meus amigos introduzindo dessa forma um tu no enunciado com o qual estabelece um contrato fiduci rio Ao falar de seus planos futuros e do que j fez para seus amigos cria um efeito de sentido de verdade ou seja de que realmente conhece essas 107 pessoas pois tudo que at ent o realizou foi para elas e o que pretende fazer tamb m est focado nelas Al m disso sempre lembra que veio do povo que povo O candidato tenta estabelecer uma rela o de confian a e proximidade com o enunciat rio de sua campanha tenta provar que pode fazer muito mais por meio da exposi o de benfeitorias que j promoveu e que representam muito para a popula o mais carente do Brasil Lembrando o que j fez Lula consegue tamb m confirmar e refor ar seu contrato fiduci rio com os eleitores pois assim comprova que est consciente das necessidades reais da popula o carente Dessa forma tenta convencer o eleitor de que n o apenas sabe quais s o as necessidades da popula o mas sabe
150. l e estabelece um contrato de veridic o com o enunciat rio ao estabelecer em seu discurso o fazer persuasivo bom para constru o da imagem de um pol tico que seus eleitores e que outros governantes acreditem em sua capacidade de governar e de fazer o pa s progredir O entrevistador mais uma vez contribui com o tom otimista e esperan oso do presidente e o auxilia nessa quest o indagando sobre a possibilidade de outros setores serem beneficiados com os jogos do Pan Ent o n o s o esporte que vai se beneficiar com o Pan no Rio Na entrevista transmitida no dia 12 de fevereiro de 2007 o presidente Lula destacou o esfor o brasileiro de promover o lcool e produzir biodiesel Nos momentos em que se refere sua equipe de governo faz uso da debreagem enunciativa instaurando o n s o que tamb m produz o efeito de sentido de sucesso coletivo para si e para sua equipe de governo que indiretamente ajuda na constru o de sua imagem de pol tico Revestido pelo papel tem tico de presidente mostra se como um sujeito cognitivo que sabe fazer e um sujeito pragm tico que executa as a es que faz 86 N s estamos hoje n o apenas produzindo 16 5 bilh es de litros de lcool no Brasil e utilizando 23 de lcool na gasolina como n s estamos numa frente de trabalho muito forte do governo e dos empres rios na tentativa de convencer o mundo desenvolvido a colocar lcool na gasolina para diminuir a emiss o d
151. l enquanto um pa s de economia s lida est vel e forte Muito obrigado a voc Luiz e obrigado aos nossos ouvintes 64 O programa do dia 16 de janeiro de 2006 foi formatado como uma edi o especial pois teve uma dura o maior que a de outros dias devido ao tema tratado as obras nas rodovias do pa s tema sempre presente nas campanhas eleitorais e de extrema import ncia para o cidad o brasileiro conforme coment rio do pr prio jornalista Em geral a nossa conversa com o presidente Lula tem seis minutos de dura o Mas hoje como falamos sobre as obras que o governo est fazendo em estradas de v rios pontos do pa s abrimos um espa o maior para o Programa Em sua fala o presidente evidencia o in cio de obras que est o sendo esperadas h anos e que agora est o sendo realizadas Utiliza a primeira pessoa do plural juntando se a sua equipe de governo e ao pr prio partido que prometeu anteriormente mas s agora p de cumprir Z Essa obra uma promessa feita para o Nordeste h muitos e muitos anos E uma obra extremamente importante porque um corredor tur stico para o turista que queira percorrer o Nordeste Ele vai ter uma rodovia duplicada moderna em que ele vai poder viajar com muita tranquilidade N s na verdade quer amos dar in cio a essa obra em mar o de 2005 O momento para iniciar as obras providencial tanto que muitas delas ser o realizadas pelo ex rcito para garantia de realiza o e
152. lhadas que traduzem valores sociais pol ticos religiosos e outros Na maioria das vezes apresenta se como uma fala coletiva que procura sobrepor se em nome de interesses da comunidade Argumentar expressar uma convic o um ponto de vista que desenvolvido e explicado de forma a persuadir o enunciat rio Por isso o discurso pol tico tenta construir um racioc nio coerente e convincente para influenciar o outro levando o a pensar agir e concordar com os objetivos do enunciador Na concep o de Osakabe 1999 p 93 o ato de argumentar constitui uma esp cie de opera o que visa fazer com que o ouvinte n o apenas se inteire da imagem que o locutor faz do referente mas principalmente que o ouvinte aceite essa imagem O enunciador n o necessariamente conhece inteiramente a imagem de seu enunciat rio ou concorda com ela mas aceita o discurso produzido ou melhor a imagem que esse discurso produz Se o ato de discursar constitui um ato de argumentar ele deve revelar em sua totalidade as marcas desse ato OSAKABE 1999 p 109 ou seja o discurso que tem o objetivo de argumentar depende das imagens m tuas que se pressup em a do enunciador e a do enunciat rio Osakabe 1999 p 110 divide o ato de argumentar em tr s atos distintos que guardam entre si uma rela o pr xima do tipo implicativo um ato de promover o ouvinte para um lugar de decis o na estrutura pol tica um ato de envolv lo de forma t
153. linguagem e mais especificamente pelos discursos que a manifestam A semi tica francesa desenvolvida por Algirdas Julien Greimas e seus disc pulos tem ra zes na teoria da linguagem com uma filia o aos postulados estruturais e concep o de l ngua como institui o social de Saussure Recorre se tamb m teoria dos g neros discursivos idealizada por Bakthin visto que o presente trabalho analisa o programa que se mostra na apar ncia como um programa de entrevistas e na ess ncia como uma propaganda da imagem constru da do ator Lula Como se sabe os g neros discursivos n o s o fixos podem se modificar se sobrepor e se complementar de acordo com a situa o comunicativa Lula um pol tico que conseguiu conquistar a massa popular certamente n o s mas tamb m com estrat gias ret ricas apropriadas que causam estranheza a parte do meio intelectual que se mostra avesso sua figura dada sua pouca escolariza o O trabalho pretende mostrar com o amparo da teoria Semi tica como acontece esse fen meno ou seja como Lula consegue manter o povo ao seu lado estabelecendo uma rela o de confian a e de cumplicidade pois ele eleito reeleito e faz seu sucessor A escolha das figuras a altern ncia de pap is tem ticos o contrato de veridic o as modaliza es do discurso entre outros s o aspectos analisados com aux lio te rico Eles mostram a forma o da imagem do ent o presidente apresentada ao
154. lo Eu penso que o projeto poder ficar pronto at o m s de junho para depois ent o a gente fazer licita o e come ar essa obra que extremamente importante para desafogar o tr nsito do Rio e para facilitar o acesso da produ o de S o Paulo Minas Gerais Esp rito Santo ao Porto de Itagua Isso uma coisa muito importante Quando trata de assuntos que interessam particularmente a popula o de classe popular Lula relembra fatos de sua inf ncia e de sua vida antes de ser presidente para mostrar que tamb m passou por v rios problemas e enfrentou muitas dificuldades que geralmente n o atingem pessoas que chegam ao poder p blico Com esses exemplos relembra seu passado pobre e humilde e se iguala sociedade em geral construindo assim a imagem do 104 enunciat rio do programa Mas agora ele diferente n o faz parte da popula o que sofre e precisa de ajuda ele o sujeito dotado do saber e da compet ncia necess rios para modificar a condi o de vida do povo Como em todo ato de comunica o no programa Caf com o Presidente especialmente por se tratar de um discurso pol tico busca se persuadir e convencer os eleitores e a popula o em geral de que o trabalho do Presidente no Governo Federal est no caminho certo Quando o ator Lula utiliza a debreagem enunciativa na primeira pessoa do singular o uso do eu evidencia a persuas o que se d por meio da emo o e quando utiliza a debrea
155. me o papel tem tico de presidente modalizado pelo fazer realiza projetos ajuda no desenvolvimento do pa s resolve os problemas do povo ora assume o papel tem tico de candidato modalizado pelo saber ele sabe o que o povo precisa relembra seu passado humilde e pr ximo do povo entende e compartilha os problemas e as necessidades do povo e assim chega afinal ao papel tem tico de salvador modalizado pelo sentir compartilha e entende tanto os problemas da popula o que gera o efeito de sentido de que povo Mas apenas uma constru o de sentido pois ele n o mais povo foi povo sabe dos problemas do povo mas agora presidente e pode resolver os problemas da popula o e as injusti as sociais 138 O ator Lula no papel tem tico de candidato reveste seu discurso de figuras que o aproximam do povo algumas muito pr ximas das figuras utilizadas em sua propaganda eleitoral O pr prio nome do programa Caf com o Presidente remete ideia de proximidade com o povo reativa no imagin rio popular a cumplicidade e o companheirismo que o discurso de Lula sempre faz quest o de reavivar como os fatos de sua vida no passado pobre e humilde as dificuldades e priva es enfrentadas Enquanto o ator Lula no papel tem tico de presidente utiliza em seu discurso figuras que enfatizam seu apoio ao povo ao desenvolvimento do pa s O tom did tico e informal utilizado para explicar os fatos e retomar os assuntos tratad
156. mente a popula o de classe mais baixa Lula relembra fatos de sua inf ncia e de sua vida antes de ser presidente para mostrar que tamb m passou por v rios problemas e enfrentou muitas dificuldades que geralmente n o atingem pessoas que chegam ao poder p blico Com esses exemplos relembra seu passado pobre e humilde e se iguala sociedade em geral construindo tamb m o enunciat rio do programa Com essa postura o presidente parece continuar com o foco em seu eleitor na popula o que o apoia e que o elegeu popula o esta representada pela classe baixa do pa s pela classe que sempre se beneficia diretamente dos seus programas de governo mas ao mesmo tempo os assuntos tratados no programa s o de interesse geral independentemente de grau de instru o ou classe social Isso se deve ao fato de que por ser um programa de r dio o alcance nacional o pr prio discurso de Lula que constr i seu enunciat rio que parece se mostrar sutilmente mais abrangente no programa de r dio do que nas propagandas eleitorais Tal fato pode ser comprovado pela an lise da publicidade eleitoral que demonstrou que as propostas de governo de Lula beneficiam claramente a parcela mais carente da popula o visto que giram em torno do aumento do sal rio m nimo do Bolsa Fam lia que beneficia fam lias de baixa renda do ProUni que d acesso Universidade aos jovens carentes de medidas que reduzem os juros e diminuem os pre os de produtos
157. muitos anos os aposentados foram marginalizados Quando n s aumentamos o sal rio m nimo um pouco mais porque n s entendemos que preciso melhorar o n vel do sal rio m nimo Ora tem gente que acha que isso gastan a Veja na verdade isso n o gasto isso investimento no ser humano investimento nos brasileiros t o importante quanto qualquer outro investimento E ao falar sobre a disputa eleitoral assume o papel tem tico de presidente na apar ncia mas na ess ncia o candidato Ele se mostra otimista e despreocupado afirmando que o Brasil ter tranquilidade nas elei es e que os anos seguintes ser o promissores Em seu discurso alterna a debreagem enunciativa no singular e no plural Ent o eu estou tranquilo de que as coisas v o ser muito boas para o Brasil nos pr ximos anos ser o muito boas este ano apesar da disputa eleitoral que vai ter A disputa eleitoral sempre mais tensa sempre cria um clima mais nervoso na sociedade mas como n s temos no Brasil elei o a cada dois anos todo mundo j est acostumado com isso ningu m perde uma 76 noite de sono por causa de uma disputa eleitoral v lido salientar que a mudan a do singular para o plural marca um prop sito Por tr s dessa altera o do eu para o n s est o sujeito da enuncia o buscando aproximar se mais do enunciat rio seu virtual eleitor colocando em evid ncia que ele presidente pensa e sente como
158. nalisadas Hoje os trabalhadores est o tendo um ganho melhor por qu Porque a economia est crescendo o n mero de empregos est crescendo os empres rios est o ganhando mais dinheiro e est o dividindo um pouco desse dinheiro nos acordos salariais Programa de r dio Caf com o Presidente 30 de abril de 2007 Cada um dos programas aborda assuntos diferentes que se repetem periodicamente mas sempre com o foco no eleitor que enfrenta problemas cotidianos b sicos como falta de moradia dificuldade de acesso educa o sa de transporte desemprego baixos sal rios ou seja o conte do tem tico se volta para uma finalidade discursiva espec fica convencer o ouvinte de que o presidente executa a es governamentais que ajudam o povo brasileiro que resolvem os problemas da classe mais baixa e que auxiliam no crescimento e desenvolvimento do pa s E a entrevista orienta o discurso quanto posi o adotada pelo presidente e seu governo a respeito desses temas Os argumentos do presidente em favor de suas a es para resolver os problemas citados acima sempre aparecem nas respostas e mesmo nas retomadas do entrevistador Nas entrevistas analisadas os convidados mais frequentes do programa s o o Ministro da Educa o e o Ministro da Sa de 130 Como o programa de entrevistas tem o objetivo de mostrar que sua fun o primeira informar o cidad o brasileiro sua estrutura composicional bem como seus elemen
159. nas uma breve pausa para descontrair a entrevista que logo retomada com assuntos pol ticos e o presidente continua alternando em suas respostas a debreagem enunciativa em 1 pessoa do plural e do singular para assumir seu papel tem tico de presidente e de maneira individualizada respectivamente e em muitos momentos coloca o Brasil de maneira aut noma por meio de uma embreagem como no trecho a seguir Al m disso n s estamos discutindo tamb m a quest o da recomposi o e da democratiza o do Conselho de Seguran a da ONU porque ela foi criada quando tinha 45 membros foi criada 60 anos atr s O mundo mudou e preciso que tenha uma maior representatividade para as decis es da ONU serem acatadas O Brasil junto com esses pa ses que comp em o G 5 tem for a tanto na Organiza o Mundial do Com rcio como nas Na es Unidas E posso dizer ao povo brasileiro que n o tem nenhum momento da 98 hist ria do Brasil em que o Brasil teve tanta for a nos f runs multilaterais como ele tem agora O programa do dia 11 de junho traz como tema A obras de interliga o do rio S o Francisco e a primeira pergunta feita ao presidente respondida com uma debreagem enunciativa em primeira pessoa com Lula assumindo seu papel tem tico de presidente da rep blica mas iniciada com a express o eu acredito que d cunho pessoal ao discurso do presidente e instala no discurso um sujeito cognitivo que sabe dos problemas
160. ncia o as categorias de pessoa espa o e tempo S o Paulo tica 2005 J L Em busca do sentido estudos discursivos S o Paulo Contexto 2008 FLOCH Jean Marie Alguns conceitos fundamentais em semi tica geral S o Paulo Centro de pesquisas sociossemi ticas 2001 FONTANILLE Jacques amp ZILBERBERG Claude Tens o e significa o Tradu o de 144 Iv Lopes Luis Tatit e Waldir Beividas S o Paulo Humanitas 2001 J Dictionnaire des passions litt raires Paris Belin 2005 J Semi tica do discurso Trad de Jean Cristus Portela S o Paulo Contexto 2007 GREIMAS A J Os atuantes ao atores e as figuras In CHABROL Claude Semi tica narrativa e textual Tradu o de Leila Perrone Mois s Jesus Ant nio Durigan e Edward Lopes S o Paulo Cultrix 1977 GREIMAS A J Da imperfei o Trad Ana Cl udia de Oliveira S o Paulo Hacker Editores 2002 GREIMAS A J FONTANILLE J Semi tica das paix es dos estados de coisas aos estados de alma Tradu o de Maria Jos Rodrigues Coracini S o Paulo tica 1993 GREIMAS A J COURT S J Dicion rio de semi tica V rios tradutores S o Paulo Contexto 2008 GREIMAS A J Sobre o sentido ensaios semi ticos Trad Ana Cristina Cruz Cezar et al Petr polis Vozes 1975 LANDOWSKI E A sociedade refletida ensaios de sociossemi tica S o Paulo EDUC Pontes 1992 E O gosto da gente o gosto das coisas abordagem s
161. neiro de 2006 112 Quanto ao tema reforma agr ria o presidente se mostra tamb m otimista e assume um tom bastante positivo e as figuras crian as m es pais se manifestam em seu discurso conforme se verifica a seguir A alegria das pessoas estampada no rosto das crian as das m es dos pais era uma coisa fant stica e portanto eu voltei do Acre muito feliz muito feliz porque esse projeto a confirma o a certeza de que a reforma agr ria pode ser feita de forma muito mais civilizada muito mais moderna do que historicamente o Brasil conhece Caf com o Presidente 23 de Janeiro de 2006 O programa do dia 30 de janeiro de 2006 exp e temas relacionados economia brasileira e seu progresso abordando assuntos como o aumento do sal rio m nimo controle da infla o Nessas abordagens as figuras que revestem o discurso do presidente remetem simultaneamente a um enunciat rio espec fico aquele menos favorecido economicamente e possibilidade de melhoria de vida desse seu virtual eleitor No primeiro as figuras se encadeiam num percurso figurativo de trabalhador brasileiro dona de casa e no segundo num percurso figurativo de aumento de sal rio mais dinheiro no bolso mais poder de compra conforme comprova o trecho Quando a gente d um pouco de aumento no sal rio e mant m a infla o controlada isso significa mais dinheiro para a dona de casa mai
162. nha em ter uma casa pr pria porque a casa pr pria mais ou menos como se fosse um passarinho quando constr i o seu ninho Ele quer tranquilidade para criar os seus filhos at eles aprenderem a voar As figuras que o ator Lula utiliza em seus discursos t m uma simbologia impl cita que tamb m auxiliam na constru o de sentidos e na imagem que pretende construir para Chevalier 1993 p 687 o p ssaro se op e serpente como s mbolo do mundo celeste ao do mundo terrestre Quanto ao ninho dos p ssaros esse ref gio quase inacess vel escondido na parte mais elevada das rvores considerado como uma representa o do para so morada suprema aonde a alma s chegar se livrando se dos pesos humanos conseguir voar at l Povo cidad o amigo tamb m s o figuras que permeiam o discurso do presidente para tratar do tema acima referido S o constru das pelo povo s o constru das pelo cidad o comum que junta a sua fam lia que junta os seus parentes os seus amigos no final de semana levanta um alicerce faz um quarto faz uma sala faz um banheiro depois faz uma cozinha entra dentro da casa e vai acabando a casa Caf com o Presidente 06 de mar o de 2006 A economia brasileira o tema do programa de 03 de abril de 2006 e o entrevistador inicia sua pergunta com a figura sal rio m nimo que reaviva no imagin rio popular os problemas econ micos do pa s Presid
163. niversal das sociedades No entanto a pluralidade humana o fundamento da pol tica visto que os indiv duos que vivem em um mesmo territ rio s o diferentes e nem sempre possuem objetivos em comum Consoante Charaudeau 2006 p 190 o discurso pol tico pretende ser em seu prop sito um discurso de verdade que diz qual o sistema de valores em nome do qual se deve estabelecer o elo social que une essa diversidade Por outro lado a verdade relaciona se com o discurso mas n o pode ser vista apenas como discurso visto que sempre representada por meio da linguagem ent o a linguagem que funda e configura os sistemas de valor ao mesmo tempo Para Charaudeau 2006 p 91 o discurso pol tico mas ele n o o nico realiza a encena o seguindo o cen rio cl ssico dos contos populares e das narrativas de aventura uma situa o inicial que descreve o mal a determina o de sua causa a repara o desse mal pela inven o do her i natural ou sobrenatural Geralmente o discurso pol tico que pretende obter a ades o do eleitor insiste nos fatos dos quais o cidad o v tima em uma desordem social no mal do advers rio e prop e uma solu o salvadora que deve sustent lo Isso mostra a que ponto a constru o da imagem de si o thos importante no discurso pol tico CHARAUDEAU 2006 p 91 51 Dessa forma o discurso pol tico incita mais do que argumenta Trata se mais de procura
164. nstigam nem incitam respostas completas e satisfat rias apenas d o condi es para que o presidente discorra livremente Agora Presidente faz uma semana que o senhor lan ou o PAC que o Programa de Acelera o do Crescimento uma promessa sua da virada do ano de que o Brasil iria crescer com maior velocidade a partir de agora Resume para a gente o que tem de importante nesse Programa e como que vai funcionar Na segunda entrevista do ano de 2007 que aconteceu no dia 05 de fevereiro o tema central foi o investimento em seguran a nos jogos do PAN Logo na primeira resposta do presidente a debreagem enunciativa acontece indiscriminadamente no singular e no plural e percebe se tamb m o tom explicativo com intuito de esclarecer e informar claramente O ator Lula utiliza a terceira pessoa do plural para produzir o efeito de sentido de cumplicidade e comprometimento que ajudam a construir uma imagem de pol tico s rio e comprometido dotado da compet ncia necess ria para governar o pa s e dar conta de todas as suas necessidades Luiz na verdade n s vamos fazer duas coisas importantes no Rio de Janeiro na ter a feira Eu vou visitar o Centro de Opera es Tecnol gicas que um centro que vai praticamente cuidar do Pan no que diz respeito informa o no que diz respeito ao controle do Pan 85 E ao mesmo tempo n s vamos assinar um conv nio com o governador S rgio Cabral para a constru o do projeto execut
165. nstrada pela It lia em fazer uma parceria com o Brasil nas reas de produ o de rem dios etanol e biodiesel Em v rios momentos dessa entrevista Lula fez uso da debreagem enunciva e distanciou se um pouco do Brasil tratando o pa s como ele o que gera o efeito de sentido de reafirma o da for a e do poder que o pa s povo brasileiro tem de 89 mudar de vencer desafios e superar obst culos muito importante para o Brasil essa visita do primeiro ministro Prodi porque existe uma rela o cultural muito forte entre Brasil e It lia Percebe se no entanto que embora ocorra esse distanciamento n o deixa de explicitar suas opini es pessoais com a express o eu penso e de usar o recurso da persuas o pois quando utiliza a primeira pessoa do singular explora a emo o Eu penso que o fato de a It lia querer estabelecer com o Brasil uma parceria estrat gica extraordinariamente importante para o Brasil que est dando It lia nesse momento mais import ncia do que j deu em qualquer outro momento Eu penso que n s vamos ganhar muito nessa rela o com a It lia porque ela vai ser refor ada Eu penso que vai melhorar o com rcio vai melhorar a rela o cultural vai melhorar a rela o pol tica vai melhorar tamb m o crescimento econ mico dos dois pa ses Mais uma vez por meio da imagem que o pa s est construindo no exterior o presidente tenta reafirmar sua pr pria imagem e destacar
166. nte o que parece demonstrar que ele se junta aparentemente ao povo brasileiro e com essa express o se nivela a todos que s o brasileiros independente da posi o ou status mas apenas um efeito de sentido um simulacro da realidade que n o existe mais pois seu papel tem tico de presidente de sujeito competente e respons vel pela gest o de um pa s n o mais povo Portanto n o apenas para favorecer que os pa ses tenham outra alternativa de combust vel em vez da gasolina e do leo diesel que a gente tenha o lcool que a gente tenha o biodiesel mas tamb m para que a gente polua menos o planeta sobretudo nas grandes cidades Essa identifica o de Lula com temas que envolvem o crescimento do pa s e o seu avan o em quest es sociais e econ micas ajudam a construir para o seu enunciat rio uma imagem positiva e empreendedora de pol tico capaz de cumprir suas promessas e ajudar no progresso da popula o sendo que seu discurso marcadamente pol tico expressa convic o e um ponto de vista Em alguns momentos Lula utiliza o eu e a gente na mesma frase mas com a distin o clara de que eu o simulacro da pessoa de Lula e a gente o povo brasileiro Ent o o que eu quero o seguinte se para ter livre com rcio vamos ter livre com rcio para que a gente tenha oportunidade de vender e de comprar No dia 12 de mar o de 2007 o programa transmitido teve como tema a parcer
167. ntidade social da maneira como ele percebe a opini o p blica e do caminho que ele faz para chegar at ela da posi o dos outros atores pol ticos quer sejam parceiros ou advers rios enfim do que ele julgar necess rio defender ou atacar as pessoas as id ias ou as a es 50 O pol tico pode perceber a opini o p blica como sendo favor vel desfavor vel ou incerta e os seus discursos ajustar se o a esses tipos de p blico com a ci ncia de que eles poder o ainda se sobrepor uns aos outros e gerar efeitos contr rios E deve tamb m fazer uso de todas as estrat gias dispon veis para fazer com que o maior n mero de cidad os poss veis eleitores apoiem suas ideias seu programa a sua pol tica e a sua pessoa Em todo ato de discurso o prop sito aquilo que se fala o projeto que se tem em mente ao tomar a palavra o que afinal proposto CHARAUDEAU 2006 p 187 Mas o sujeito pol tico que fala n o totalmente livre para tematizar seu discurso ele depende de certa forma da situa o de comunica o na qual se fala O objeto de busca da a o pol tica um bem soberano que une essas duas inst ncias em um pacto de reconhecimento de um ideal social que preciso querer atingir e para cuja obten o preciso darem se os meios CHARAUDEAU 2006 p 189 Portanto a tarefa do discurso pol tico pode se dizer determinar de acordo com seu prop sito o ideal dos fins como busca u
168. ntinua as respostas fazendo uso da debreagem em 1 pessoa do plural Olha n s detectamos que preciso ter mais controladores portanto n s temos que formar quantos controladores forem necess rios alternando com a debreagem enunciativa em primeira pessoa do singular que d um car ter mais pessoal citando inclusive exemplos pessoais Eu quero que a CPI fa a as investiga es que tiver que fazer que adentre profundamente no sistema para ver o que est falhando porque eu vou dizer uma coisa para voc Luiz Eu fiz muitas greves na minha vida e eu consigo perceber quando tem m f quando tem m vontade e quando tem disposi o As vezes a postura pessoal de Lula nas suas respostas fica bem evidente n o apenas pelas express es em primeira pessoa como eu acho eu penso mas tamb m na repeti o e de certa forma nfase que o sujeito cognitivo tenta dar ao seu fazer persuasivo Olha primeiro eu acho que fazer justi a porque acho que o Cristo Redentor significa uma imagem bel ssima uma das maravilhas do mundo Eu espero que o povo brasileiro vote Espero que vote e vote com muito fervor com muita vontade porque n s temos condi es de ganhar essa disputa Porque realmente o Cristo Redentor uma coisa extraordin ria para o povo brasileiro e para todo turista que vem ao Brasil E poss vel perceber pelas an lises das entrevistas do primeiro semestre de 2007 que mesmo depois de reeleito
169. nto e dizer todas as coisas exatamente como ele as pensa ou as percebe pois n o preciso que suas palavras entravem sua a o CHARAUDEAU 2006 p 105 A a o pol tica desenvolvida no tempo e no momento em que o pol tico pronuncia suas promessas e ele n o sabe se ter condi es de executar as propostas ou se ter obst culos Por isso preciso que ele jogue com estrat gias discursivas que pare am vagas e n o muito expl citas mas que n o atrapalhem ao mesmo tempo sua credibilidade Pode se dizer de acordo com Charaudeau 2006 que o pol tico tem que parecer dizer a verdade Segundo a teoria semi tica a verdade interpretada no interior do discurso primeiramente como uma leitura das marcas de veridic o e s o essas marcas que classificam o discurso enunciado como verdadeiro ou n o Mas para existir essa veridic o presente no discurso necess ria uma coordena o entre as inst ncias do enunciador e do enunciat rio conforme postulam Greimas e Court s 2008 p 530 52 O crer verdadeiro do enunciador n o basta supomos transmiss o da verdade o enunciador pode dizer quanto quiser a respeito do objeto de saber que est comunicando que sabe que est seguro que evidente nem por isso pode ele assegurar se de ser acreditado pelo enunciat rio um crer verdadeiro deve ser instalado nas duas extremidades do canal da comunica o e esse equil brio mais ou menos est vel
170. nvolver e possam at crescer porque esse o objetivo de todos n s crescer na vida fazer com que as coisas melhorem O ator Lula investido nos dois pap is tem ticos de presidente e de candidato mesmo implicitamente deixa seu recado de campanha eleitoral sempre afirmando e reafirmando que o Brasil construiu no seu mandato bases s lidas a es s rias e ben ficas para a sociedade e como sempre seu tom otimista e esperan oso Para isso faz uso da debreagem enunciativa no singular assumindo seus dois pap is tem ticos e unindo a dimens o pragm tica de candidato que pode fazer e a dimens o cognitiva de presidente que sabe fazer Quando utiliza a primeira pessoa do singular evidencia se a persuas o pois mostra um eu regido pela emo o e n o pela raz o Os dois pap is tem ticos tamb m auxiliam na constru o do discurso veridict rio j que o fazer persuasivo do ator Lula faz parecer verdadeiro o seu discurso Eu tenho dito todo dia neste come o de ano Luiz que 2006 ser o ano do Brasil porque todas as coisas que tinham que ser feitas para preparar um crescimento duradouro um novo ciclo de crescimento da ind stria nacional da agricultura nacional das exporta es brasileiras do crescimento da economia j foram feitas Agora a gente colher aquilo que foi plantado e eu estou convencido de que o governo os trabalhadores e os empres rios juntos n s iremos definitivamente consolidar o Brasi
171. o pelo governo J h um grande investimento do governo e finalmente o ministro Geddel Vieira deu a ordem de servi o para as obras Neste assunto o presidente tamb m consegue enfatizar a preocupa o do je E fo 66 22 k re 29 eez 2 governo com o meio ambiente e utiliza figuras como esperan a vida gua para dar continuidade a essa tem tica Eu estou falando a palavra dinamizar porque n o existe nada mais importante na vida de um ser humano do que ele ter esperan a de que vai viver melhor porque a gua um bem sem o qual o homem n o consegue sobreviver 119 No dia 25 de junho de 2007 o assunto gira em torno dos problemas nos aeroportos brasileiros O presidente utiliza em seu discurso figuras como chover e nevoeiro para tentar justificar com acontecimentos da natureza os problemas enfrentados nesse setor Olha n s nunca vamos acabar com atraso de avi o porque no mundo inteiro tem pode chover muito pode ter muito nevoeiro pode ter atraso nas conex es Greve tamb m foi uma figura muito utilizada pelo presidente ao tratar desse assunto Uma coisa voc fazer uma greve para prejudicar o sistema de produ o de uma empresa porque voc quer ganhar mais aumento de sal rio isso universal outra coisa voc fazer greve mesmo sendo um direito n o tendo em conta que a v tima um ser humano Nas entrevistas analisadas h uma lista uma sele
172. o que inicia a segunda parte do trabalho s o expostas as an lises das entrevistas selecionadas no corpus com a abordagem da teoria semi tica e do discurso pol tico As an lises s o divididas por ano 2006 e 2007 e na sequ ncia feita uma an lise comparativa a fim de verificar as diverg ncias e semelhan as no discurso expresso nas entrevistas no per odo anterior e no per odo posterior s elei es de 2006 A quinta se o inicia se com a apresenta o dos resultados obtidos na nossa Disserta o de Mestrado LUDOVICE 2008 que servem de embasamento para comprovar a constru o da imagem do ator Lula S o analisadas tamb m as figuras encontradas nas entrevistas veiculadas pelo programa Caf com o Presidente e a retomada de temas por meio dessas figuras Essas quest es sobre figurativiza o e tematiza o contribuem para demonstrar como o presidente se mostra para o enunciat rio e como constru do o thos do ator Lula no programa em tese A sexta se o apresenta as an lises do g nero discursivo entrevista considerando a mobilidade dos g neros que s o caracterizados pelo conte do tem tico pela estrutura composicional e pelo estilo Na concep o de Bakhtin existe um v nculo muito estreito entre discurso e enunciado ent o os programas em quest o s o analisados levando se em conta sua esfera de comunica o 16 1 A PROPOSTA GERAL DA TEORIA SEMI TICA Greimas prop e uma leitura do cotidiano e
173. o que se apresenta como poss vel eleitor Assim assume as caracter stica do discurso pol tico e se mostra no papel tem tico de presidente que faz e no papel tem tico de candidato que sabe o que precisa ser feito como no trecho a seguir em que explica como ser a negocia o com o g s boliviano Qualquer brasileiro entende isso ou seja quando voc vai vender um carro voc pede um pre o e o comprador lhe oferece outro Voc come a a barganhar e a voc encontra um n mero Quem vendeu sai feliz porque acha que vendeu pelo melhor pre o do mundo quem comprou sai feliz porque acha que comprou pelo melhor pre o do mundo Quando n s formos negociar o pre o do g s com a Bol via n s tamb m vamos querer o melhor pre o para o nosso consumidor e eles v o querer o melhor pre o para a Bol via e voc vai encontrar um denominador comum N o tem nenhum problema mais grave do ponto de vista do abastecimento para o Brasil No programa seguinte 15 de maio o assunto inicial ainda foi a quest o do g s boliviano verificando se a tentativa do presidente que instala por meio de seu discurso um sujeito cognitivo de acalmar os ouvintes e exaltar a autossufici ncia do Brasil o que comprova o trecho a seguir sendo mais uma vez utilizada a debreagem enunciativa no plural e a debreagem enunciva N s temos que ser donos do nosso nariz O Brasil tem condi es e portanto n s vamos trabalhar para que o Brasil seja auto suf
174. o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 29 de janeiro de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 5 de fevereiro de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 149 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 12 de fevereiro de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 26 de fevereiro de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 5 de mar o de 2007 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 17 fev 2009 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 12 de mar o de 2007 Entr
175. o da debreagem enunciativa instala se em seu discurso um eu 80 no papel tem tico de presidente cr dulo nas possibilidades de acordos que favore am o pa s Vamos ver como eu sou muito otimista eu acredito que seja poss vel fazer um acordo Verifica se aqui que o otimismo atua como uma esp cie de compet ncia modal que lhe d a cren a de que ele pode tornar se sujeito competente para um determinado fazer Logo ap s a entrevista continuou mais descontra da com o tema da copa e o entrevistado mais uma vez exaltou o Brasil e o futebol brasileiro com a seguinte afirma o N s temos que fazer o que n s sabemos fazer jogar futebol dar um show e a a gente pode voltar com a ta a No programa do dia 05 de junho o tema tratado focou as novas obras ferrovi rias do pa s e fez quest o de evidenciar sua import ncia para o povo brasileiro De forma Luiz que o povo brasileiro pode ficar tranquilo Os nossos companheiros ferrovi rios que imaginavam que tinham acabado as ferrovias no Brasil podem ficar felizes Os nossos produtores podem ficar felizes porque a ferrovia voltou a ser uma realidade no Brasil O presidente termina a entrevista expressando sua discord ncia com o fato de o pa s ter parado de construir ferrovias e afirmando que seu governo j retomou as obras Neste momento assume o papel tem tico de presidente que possui o saber necess rio para fazer Para isso alterna em sua resposta a debreagem
176. o de figuras para cada tema ou seja nota se uma tem tica pol tica com uma cobertura figurativa diferente espec fica que identifica o presidente como um pol tico que constr i o thos do ator Lula Nota se tamb m uma proximidade das figuras presentes na propaganda eleitoral e na entrevista O discurso do presidente conforme an lise anterior permeado por figuras que remetem a temas mas que tamb m podem ser interpretadas conforme uma simbologia que faz parte do imagin rio cultural da sociedade e que s o pr prias do discurso pol tico do ator Lula e da ideologia que seu partido pretende transparecer e constroem um efeito de sentido que acentua o contrato de veridic o com o enunciat rio A express o povo por exemplo t o repetida em suas falas tem um car ter lunar quer dizer passivo receptivo frente fun o do her i o chefe o guia CIRLOT 2005 p 473 Essa defini o do Dicion rio de S mbolos 2005 se encaixa perfeitamente na constru o de sentidos do discurso do presidente pois Lula sempre se coloca como um chefe respons vel por guiar seu povo e cuidar do interesse desse povo que a partir do momento que elege um representante fica passivo Crian a e jovem tamb m s o duas figuras muito recorrentes no discurso do presidente e podem remeter simbologia de que precisam ser conduzidos cuidados Ainda segundo Cirlot 2005 p 302 crian a o s mbolo da inoc ncia da simplicidade natural da
177. o povo O programa de 24 de abril tratou da visita do presidente plataforma P 50 no dia em que a Petrobr s anunciou a autossufici ncia na produ o de petr leo O ator Lula se mostrou bastante animado e orgulhoso com a not cia e com a visita e se igualou aos brasileiros fazendo uso da debreagem enunciativa no singular assumindo se de forma mais pessoal e individualizada mas alternando momentos de debreagem enunciativa no plural colocando se como o brasileiro em geral e afirmando seu orgulho sua satisfa o Alternou em sua resposta o uso do eu e do n s do papel tem tico de candidato e de presidente e estabeleceu com seu enunciat rio o contrato de veridic o por meio do discurso que transparecia um crer verdadeiro um fazer persuasivo Eu acredito que a Petrobr s seja motivo de orgulho porque ao longo desses 50 anos ela vem se aperfei oando ela vem formando profissionais A Petrobr s uma empresa de forma o e produ o de conhecimento porque poucas empresas no mundo t m o grau de compet ncia do seu pessoal como tem a Petrobras E agora muito mais orgulho porque a autosufici ncia significa que n s agora somos donos do nosso nariz Lula tamb m aproveita o tema para mostrar sutilmente que em seu governo o pa s progrediu e se igualou aos pa ses desenvolvidos Tal fato pode ser observado na continuidade da resposta em que ele exalta a import ncia do Brasil ter se igualado a pa ses de primeiro mundo
178. o s tem sentido se for a transforma o do sentido dado a produ o de sentido por conseguinte em si mesma uma forma o significativa indiferente aos conte dos que transforma O sentido enquanto forma do sentido pode ser definido ent o como a possibilidade de transforma o do sentido GREIMAS 1975 p 15 18 Nessa tarefa de encontrar e de definir o sentido pode se deparar com ambiguidades e dificuldades que permeiam o processo pois n o poss vel encontrar apenas uma ou a defini o para o sentido e de acordo com Greimas 1975 p 15 O sentido portanto n o significa apenas o que as palavras querem nos dizer ele tamb m uma dire o ou seja na linguagem dos fil sofos uma intencionalidade e uma finalidade Traduzido para a linguagem lingu stica o sentido se identifica com o processo de atualiza o orientado que como todo processo semi tico pressuposto por e pressup e um sistema ou um programa virtual ou realizado dif cil conhecer a natureza do sentido mas poss vel saber onde ele mais se manifesta e como se transforma Dessa forma deixa se cada vez mais de consider lo de maneira linear e plana nas significa es nos textos e discursos pois percebe se que h uma possibilidade n o ut pica de encontrar suas manifesta es suas transforma es e segundo Greimas 1975 p 17 apenas uma semi tica de formas como a linguagem permitir falar do sentido porque a forma
179. o segundo programa do ano de 2006 dia 09 de janeiro o tema continua sendo educa o mas agora voltado um pouco mais para a educa o infantil o presidente faz quest o de salientar sua preocupa o com as crian as sobretudo com as mais pobres do pa s Nesse momento ocorre a debreagem enunciva e o tratamento dado ao Brasil de autonomia ou seja de um pa s que caminha por si mesmo mas por tr s do pa s est logicamente a figura do presidente em exerc cio Percebe se portanto que o ator vai se construindo revelando um tra o constante de presidente preocupado com o futuro das crian as e de candidato que quer continuar desenvolvendo projetos em prol desses benef cios o que fica evidente no trecho a seguir Olha a prioridade para o Brasil sobretudo para as crian as brasileiras a aprova o do Fundeb o Fundo de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica que vai cuidar das crian as desde a creche at o ensino m dio garantindo que as crian as mais pobres que hoje entram na escola com 7 anos possam entrar na creche possam ter pr escola e escola Ou seja quando come ar o ensino fundamental que esta crian a j tenha forma o para poder evoluir na escola No decorrer da entrevista a preocupa o do enunciador projetado no texto simulacro do presidente continua sendo com os mais pobres e a classe dos professores segundo ele mesmo um pouco desprivilegiada nos ltimos tempos Constata se novament
180. o tem tico das entrevistas observa se que o programa concentra se em quest es que s o de preocupa o da classe mais baixa do pa s e tomam como refer ncia assuntos que resolvem essas quest es ou pelo menos que demonstram preocupa o do governo Olha a prioridade para o Brasil sobretudo para as crian as brasileiras a aprova o do Fundeb o Fundo de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica que vai cuidar das crian as desde a creche at o ensino m dio garantindo que as crian as mais pobres que hoje entram na escola com 7 anos possam entrar na creche possam ter pr escola e escola Ou seja quando come ar o ensino fundamental que esta crian a j tenha forma o para poder evoluir na escola Programa de r dio Caf com o Presidente 09 de janeiro de 2006 Para falar da gera o de empregos o presidente esclarece as a es em prol do biodiesel um programa que eu tenho como o programa dos meus sonhos porque um programa que vai permitir que algumas regi es mais empobrecidas do pa s por exemplo no Nordeste brasileiro a regi o do semi rido em Minas Gerais por exemplo o Vale do Jequitinhonha no Norte do pa s no estado do Amazonas do Acre do Amap no Par a gente vai poder produzir biodiesel de dend Ent o vai ser uma revolu o na gera o de empregos sobretudo para a agricultura familiar Programa de r dio Caf com o Presidente 06 de fevereiro de 2006
181. odo a um actante podem corresponder v rios atores A no o de actante bastante abstrata e para ser bem entendida deve ser distinguida de no es tradicionais de personagem protagonista her i ator ou papel 33 Todas essas no es partem da id ia de que algumas entidades textuais representam seres humanos ou seres animados e que elas t m uma fun o na intriga narrativa ou ocupam um lugar em uma cena A partir desse pano de fundo comum as diferentes no es variam de acordo com a import ncia do lugar ou da fun o que designam e de acordo com a import ncia que se atribui seja para a sua fun o de representa o de um ser humano seja para sua participa o na intriga FONTANILLE 2007 p 148 Portanto as semelhan as entre essas no es pressup em uma exist ncia textual indiscut vel de representa es Em contrapartida o actante deve ser concebido segundo uma perspectiva de que nada no texto est antecipadamente estabelecido tudo est por ser constru do especialmente a identidade das figuras antropomorfas que nele parecem se manifestar FONTANILLE 2007 p 149 Por isso para saber a fun o de uma personagem preciso definir o esquema da intriga como ela vai se desenrolar e quais fun es ter 1 5 FIGURATIVIDADE E TEMATIZA O De acordo com Bertrand O conceito semi tico de figuratividade foi estendido a todas as linguagens tanto verbais quanto n o verbais para designar esta prop
182. om a melhoria da educa o no pa s Vai ter que contratar e melhorar a vida dos professores brasileiros e isso vai ser um passo gigantesco para o futuro do nosso pa s Caf com o Presidente 09 de janeiro de 2006 As figuras trabalhadores e empres rios tamb m est o presentes ao tratar dos temas que remetem ao crescimento e progresso empresarial e industrial Agora a gente colher aquilo que foi plantado e eu estou convencido de que o governo os trabalhadores e os empres rios juntos n s iremos definitivamente consolidar o Brasil enquanto um pa s de economia s lida est vel e forte Caf com o Presidente 16 de janeiro de 2006 Assim como as figuras obras ponte e estradas s o recorrentes no discurso do presidente para tratar dos temas referidos E uma obra que vai ser importante na medida em que est sendo constru da a Interoce nica uma estrada que vai ligar o Norte do Brasil ao Oceano Pac fico Portanto eu vou inaugurar essa ponte como um passo muito importante na integra o da Am rica do Sul Caf com o Presidente 16 de janeiro de 2006 As figuras povo e governantes s rios podem ser encontradas sempre que o tema o progresso do pa s o comprometimento do governo e o avan o dos pa ses subdesenvolvidos Para isso preciso ter governantes s rios comprometidos com a maioria do povo Caf com o Presidente 23 de ja
183. om caracter sticas do papel tem tico de candidato est presente tamb m nesta entrevista pois logo ap s resposta do ministro o presidente assume o discurso em 1 pessoa do plural para explicar alguns fatos para os ouvintes ou seja para dizer em outras palavras o que o ministro j disse e preencher algumas lacunas para facilitar o entendimento acentuando seu tom explicativo Luiz uma coisa importante para os nossos ouvintes entenderem o seguinte n s vamos ter dois eixos o eixo Leste e o eixo Norte O eixo Leste vai integrar a barragem de Itaparica no rio S o Francisco com os rios Para ba no estado da Para ba e o rio Ipojuca no estado de Pernambuco a 99 E importante salientar que nesta entrevista o ministro relembra o passado do presidente e ativa no imagin rio do enunciat rio a hist ria de Lula afirmando que sua trajet ria de vida facilita o entendimento por parte dos moradores das obras que est o sendo feitas Eu tenho certeza de que vou ser muito bem recebido em todas essas cidades sobretudo porque vou levando a sua palavra E quem conhece a sua hist ria de vida os nordestinos que a conhecem sabem que o senhor n o defenderia um projeto que n o fosse muito bom para todo o Nordeste para todo o Brasil Muito obrigado Presidente E neste coment rio o ministro assume o discurso em 1 pessoa do singular de maneira mais pessoal e individualizada O programa do dia 18 de junho tem como assun
184. omo um colaborador e n o questionador quando auxilia na resposta do presidente dando continuidade Mas mesmo com o di logo n o significa que a luta pol tica tenha acabado Na entrevista do dia 30 de abril data que antecede o Dia do trabalhador o presidente trata de um assunto muito pol mico mas ao mesmo tempo de muito interesse o aumento real do sal rio E como n o poderia deixar de ser mostra se muito positivo com rela o a esse assunto pois ele foi o sujeito operador respons vel por essa tranfoma o o que pode ser constatado pela sua resposta pergunta sobre o balan o geral do tema em quest o Um balan o altamente positivo Luiz importante lembrar que nos acordos salariais que os sindicatos t m feito neste ano e no ano de 2006 86 dos trabalhadores ganharam aumento real de sal rio ou seja significa que al m da infla o eles tiveram um ganho no seu poder aquisitivo E novamente recorre lembran a da poca em que era l der sindical buscando fixar no imagin rio dos ouvintes a sua trajet ria como sujeito investido na tentativa constante de levar o pa s ao progresso Esse objetivo refor ado na sequ ncia de sua fala quando afirma o quanto o Brasil j melhorou e continua melhorando reafirmando assim sua imagem de pol tico competente e comprometido de sujeito cognitivo com compet ncia para transformar a rela o do sujeito brasileiro com os objetos de valor desejados ou seja a
185. oprioceptiva e tamb m para quest es relacionadas fenomenologia Bertrand explica esse processo expondo que O texto uma verdadeira f bula da proprioceptividade sugerindo nos seu esquema Ao desnudar o processo de incorpora o do sens vel como se o soletrasse ele ilustra a necessidade por um lado de conferir tens o de um estatuto sem ntico papel desempenhado pelo conceito de val ncia e pelas 42 correla es que o definem e por outro lado de melhor definir as liga es entre a emerg ncia do sentido na sensorialidade sua estabiliza o no figurativo e a estereotipiza o deste ltimo no axiol gico Ao longo dessa trama o sujeito que v e sente descobre seu espa o e se descobre por meio dele 2003 p 260 Por meio dos atuais desenvolvimentos da reflex o sobre a figuratividade poss vel analisar as estreitas rela es entre a dimens o figurativa do discurso e a atividade de percep o A ades o na linguagem se apoia sobre os valores figurativos da percep o que o discurso social transforma em valores axiol gicos BERTRAND 2003 p 260 43 2 O DISCURSO POL TICO Todo parecer imperfeito e a imperfei o nossa condi o humana Greimas O discurso pol tico argumentativo e tem o objetivo de persuadir toma como ponto de partida os ideais do bem comum alicer ado por pontos de vista do enunciador ou enunciadores que representa e por informa es comparti
186. orciona manifesta es graduais dependendo do uso que o discurso faz dela Os elementos figurativos embora presentes est o de alguma forma suspensos BERTRAND 2003 p 209 Para ser compreendido o figurativo precisa ser assumido por um tema que d sentido e valor s figuras ou seja a isotopia tem tica d sustenta o isotopia figurativa De acordo com Greimas e Court s 1979 p 187 Sendo a figurativiza o caracterizada pela especifica o e a particulariza o do discurso abstrato enquanto apreendido em suas estruturas profundas a introdu o de antrop nimos top nimos e de cron nimos que correspondem respectivamente no plano da sintaxe discursiva aos tr s procedimentos constitutivos da discursiviza o actorializa o espacializa o e temporaliza o que se podem inventariar como indo dos gen ricos aos espec ficos tal introdu o confere ao texto segundo se sup e o grau desej vel de reprodu o do real na elasticidade sem ntica da figuratividade que se baseia a distin o entre figurativo e tem tico Na defini o de Bertrand 2003 p 213 a tematiza o consiste em dotar uma sequ ncia figurativa de significa es mais abstratas que t m por fun o alicer ar os seus elementos e uni los indicar sua orienta o e finalidade ou inseri los num campo de valores cognitivos ou passionais Para que o figurativo possa ser compreendido necess rio que seja assumido por
187. orpus foi dividido em dois per odos anterior e posterior s elei es de 2006 para justamente checar e ao final como foi o caso comprovar que n o houve altera o da imagem constru da pelo presidente no momento em que era presidente e candidato reelei o e no momento em que J era presidente reeleito Com base nas an lises foi poss vel comprovar que o ator Lula se constr i nos dois momentos analisados com um sincretismo de pap is tem ticos presidente e candidato e 139 por meio da altern ncia desses dois pap is tem ticos mostra se como sujeito competente para realizar a performance esperada e desejada pelo enunciat rio As an lises demonstraram que nos dois per odos analisados o ator Lula aspectualizado como presidente ou como candidato evidencia a preocupa o em construir e apresentar uma imagem de pol tico compromissado e preocupado com seus eleitores e com o bem estar da popula o brasileira As figuras utilizadas em seu discurso retomam os temas da sa de da educa o do esporte do emprego da habita o e recobrem o seu discurso de tal forma ele seja entendido como um parecer verdadeiro pelo seu enunciador Na tentativa de persuadir e convencer seu eleitorado o ator Lula utiliza os projetos e as obras desenvolvidas no seu primeiro mandato e apresenta seu plano de governo como continuidade dessas obras Em seu discurso destaca se tamb m a presen a de informa es concretas n meros pesquisas p
188. os 65 fazendo essa ponte porque uma necessidade Com tantas obras emergenciais em andamento justamente nessa poca surgem a cr tica da oposi o e as suspeitas das obras serem eleitoreiras A pergunta do entrevistador sobre essa quest o faz parte da entrevista e a trata como acusa o incluem no programa a voz da oposi o para ent o respond la combat la Percebe se tamb m mais uma vez a postura que o jornalista assume de auxiliar o presidente durante o programa pois mesmo questionando o a respeito de algumas acusa es o entrevistador n o incisivo e quando obt m uma resposta vaga n o insiste no questionamento n o incita Eu queria saber como est o andamento do projeto e como que o senhor v algumas acusa es dizendo que essa obra eleitoreira A resposta de Lula evasiva e apenas evidencia a necessidade das obras e a possibilidade moment nea de execut las evidenciando uma caracter stica pr pria do discurso pol tico que tenta aproveitar o conhecimento pr vio daqueles que se pretende atingir O discurso do presidente tamb m demonstra a modaliza o dos dois pap is tem ticos do candidato que pode fazer e do presidente que sabe fazer O n s muitas vezes repetido e n o se refere apenas a sua equipe de governo mas ao partido como um todo e ideologia que o PT representa Quando n s tomamos posse n s pegamos praticamente 37 mil quil metros totalmente deteriorados n
189. os pela m dia gera o efeito de sentido de aproxima o com o povo e constr i assim seu enunciat rio povo humilde pobre que enfrenta dificuldades e priva es No papel tem tico de presidente o ator Lula constr i o thos de sujeito competente e experiente pois possui o saber e o poder fazer ele pode salvar o povo ser o her i de uma popula o que sonha com a aquisi o de produtos b sicos e que encontra nele um salvador Esta pesquisa foi motivada pelo objetivo geral de analisar a constru o do ator Lula no programa de entrevistas Caf com o Presidente e a hip tese principal levantada foi a de que o ator Lula continuava mesmo depois de eleito e reeleito tentando manter uma imagem positiva e de cumplicidade com os eleitores ou seja continuava fazendo campanha mesmo depois de eleito presidente e sabedor de que constitucionalmente estaria impedido de se candidatar a um terceiro mandato Se como candidato o ator Lula constru ra a imagem de pol tico capaz de dar voz ao povo agora j como presidente reeleito a imagem que ele quer construir a de homem de a o capaz de agir e transformar o pa s para o povo Nas suas entrevistas a nota dominante o seu fazer administrativo a presta o de contas do que vem fazendo e do que far em benef cio do seu povo O aparato te rico e metodol gico desta pesquisa foi desenvolvido pensando nas an lises a que dariam suporte e tentando tamb m debater essa tese inicial O c
190. ou de imagin rios que encontram eco em suas cren as imagens fortes suscet veis de provocar uma ades o pulsional CHARAUDEAU 2006 p 78 Por isso o pol tico tenta construir para si a imagem de um benfeitor com capacidade para unir a condi o humana da realidade social a um invis vel ideal social Para Charaudeau 2006 p 79 o pol tico encontra se em uma dupla posi o pois por um lado deve convencer todos da pertin ncia de seu projeto pol tico e por outro deve fazer o maior n mero de cidad os aderirem a esses valores Ent o o pol tico constr i para si uma dupla identidade discursiva uma que corresponde ao conceito pol tico outra que corresponde pr tica pol tica O pol tico em sua singularidade fala para todos como portador de valores transcendentais ele a voz de todos na sua voz ao mesmo tempo em que se dirige a todos como se fosse apenas o porta voz de um Terceiro enunciador de um ideal social CHARAUDEAU 2006 p 80 Dessa forma ele estabelece uma esp cie de pacto de alian a expresso por um N s Mas para essa alian a funcionar preciso que o pol tico inspire confian a admira o e saiba aderir a uma imagem de representante que se encontra no imagin rio coletivo dos poss veis eleitores De acordo com Charaudeau 2006 p 82 as estrat gias discursivas empregadas pelo pol tico para atrair a simpatia do p blico dependem de v rios fatores de sua pr pria ide
191. ovo Em seu percurso hist rico desde o tempo em que era sindicalista notam se claramente mudan as em sua apar ncia e em seu discurso mas essas mudan as n o abalam a imagem constru da perante o povo Ao contr rio o ator Lula aproveita toda a sua hist ria de vida e a apresenta sempre de maneira favor vel constru o de sua imagem O ator Lula constr i perante a popula o a imagem que mais agrada que mais emociona e que mais causa o efeito de sentido de cumplicidade e proximidade com o p blico Essa imagem n o constru da apenas pelos programas radiof nicos ou pela publicidade eleitoral essa imagem constru da cont nua e cotidianamente pela figura pol tica de Lula os discursos que produz e que se produz sobre ele Embora essa imagem possa desagradar uma parcela da popula o ainda assim Lula se apoia na imagem que o povo quer e precisa Talvez porque o povo represente a maioria talvez porque Lula se identifique mesmo com o povo talvez porque ele quer revidar as cr ticas e coment rios da oposi o Mas a realidade mostra que ele foi presidente por duas vezes e tem a popularidade em ascens o Ent o embora n o seja mais parte do povo foi povo e conseguiu manter essa imagem popular atrelada a si mesmo depois de ser presidente da Rep blica por duas vezes E mesmo n o sendo mais povo consegue a ades o popular pois possui a compet ncia para realizar a performance de mudar a condi o de vida do
192. p blico e comp em o seu thos 14 Pretendemos aplicar a proposta te rica da Semi tica para explicar os poss veis efeitos do uso dos programas intitulados Caf com o Presidente na manuten o dos altos ndices de popularidade obtidos pelo ex presidente Lula O procedimento metodol gico adotado consistiu em separar o corpus delimitando as entrevistas do programa Caf com o Presidente do primeiro semestre do ano de 2006 e do primeiro semestre de 2007 analis las com o suporte da teoria semi tica francesa destacando o percurso gerativo dos sentidos e principalmente as quest es de debreagem e embreagem discursiva a constru o dos atores bem como as quest es relativas ao discurso pol tico visto que como dissemos o corpus em an lise faz parte desse campo espec fico O thos do ator Lula analisado juntamente com a figurativiza o e a tematiza o de seu discurso j que as figuras que recobrem seu discurso auxiliam na constitui o de sua imagem O g nero entrevista com teor de propaganda foi analisado separadamente segundo os postulados te ricos do C rculo de Bakhtin Para alcan ar os objetivos anteriormente expostos o trabalho dividido em duas partes na primeira parte apresenta se o suporte te rico da tese em uma se o composta pela apresenta o da teoria semi tica padr o e quest es metodol gicas pertinentes para a tese uma se o sobre o discurso pol tico e outra sobre o g nero discu
193. pa ao Brasil O ator Lula continua com uma postura bem subjetiva ao tratar das quest es referentes a essa visita e se coloca no lugar dos brasileiros ao dar suas opini es pessoais sendo que para extern las utiliza a debreagem enunciativa em 1 pessoa do singular e instala novamente o sujeito cognitivo Eu acredito que a mensagem do papa foi um pouco aquilo que n s esper vamos quando gravamos o programa na semana passada falar da juventude e falar da fam lia S o dois temas que eu acredito sejam temas de extrema import ncia para que o Brasil continue discutindo depois da sa da do papa E utiliza a debreagem enunciativa em 1 pessoa do plural para falar em nome do Brasil como presidente N s temos um tempo imenso agora para aprofundar a discuss o sobre a fam lia e sobre a juventude No dia 21 de maio de 2007 o programa tem como foco o crescimento do Brasil e o otimismo do presidente com rela o a esse assunto sempre muito grande Ao ser questionado sobre o clima de otimismo que envolve o Brasil o entrevistado alterna sua resposta com debreagens enunciativas em 1 pessoa do singular para se colocar como pessoa individualizada integrante do povo e o plural para falar como presidente do Brasil Estabelece assim um contrato de veridic o sendo que seu discurso constr i um simulacro da verdade gerando o efeito de sentido de progresso crescimento 96 Eu acredito Luiz que os fatores que est o criando
194. predicados de saber e de poder mas igualmente por atores ou objetos figurativos que v o dotar o sujeito da compet ncia correspondente A modalidade pode ser explicada na cita o de Bertrand 2003 p 311 denominado modal um predicado que modifica outro predicado O predicado modal op e se portanto em bloco ao predicado descritivo Assim eu canto um predicado descritivo e em eu quero eu sei eu posso cantar os tr s predicados que determinam cantar s o predicados modais 32 Os verbos modais podem ser seguidos de um verbo no infinitivo esse crit rio simples seria na ling stica uma forma de identific los Considera se modalidade tudo o que marca a rela o que o sujeito da enuncia o mant m com seu enunciado BERTRAND 2003 p 311 Na semi tica as rela es modais foram definidas de forma um pouco diferente a semi tica encara a modalidade n o mais apenas na superf cie dos enunciados produzidos mas em um n vel mais abstrato o da gram tica actancial BERTRAND 2003 p 312 Dessa forma os sujeitos e os predicados que interessam n o s o apenas os sujeitos da fala mas os pr prios actantes E as modalidades n o se restringem mais s manifesta es dos verbos modais querer poder mas aos valores modais inseridos por qualquer tipo de enunciado Silva 1995 p 70 afirma que poss vel distinguir dois tipos de rela es actanciais as in
195. quando se trata de discurso pol tico 136 CONSIDERA ES FINAIS O discurso mais do que uma representa o verbal oral ou escrita n o verbal sincr tica do mundo um elemento constitutivo do pr prio homem e da hist ria capaz de realizar a forma o e a transforma o humana e da realidade por meio dele que o sujeito se constr i e consequentemente constr i a sua verdade A l ngua natural n o nunca denotativa ao contr rio possui v rios planos Conviver com essa constante amea a da met fora normal faz parte da condi o do ser A produ o do sentido n o una e s se constitui se apresentar a pr pria transforma o do sentido ou seja a significa o o simulacro da verdade constru da no discurso e pelo discurso O cerne das preocupa es da semi tica sempre foi os modos de significar os sentidos advindos de encontros e desencontros entre sujeitos e objetos de valor Nesse campo confuso e difuso encontra se tamb m uma vertente espec fica do discurso o discurso pol tico O campo pol tico palco de grandes confrontos e da busca incessante de sujeitos em busca de objeto valor de atores que manipulam e s o manipulados que constroem e desconstroem contratos de veridic o para convencer seu enunciat rio atores que se revestem das mais diferentes figuras e retomam os mais variados temas para chegar conjun o com seu objeto de valor A linguagem do discurso pol tico ao cumpr
196. que leva a o Quando o objetivo atingir o car ter racional da ades o convencer mais do que persuadir Perelman 2005 p 30 esclarece resumidamente da seguinte forma Propomo nos chamar persuasiva a uma argumenta o que pretende valer s para um audit rio particular e chamar convincente quela que deveria obter a ades o de todo ser racional Para Abreu 2001 p 25 convencer saber gerenciar informa o falar raz o do outro demonstrando provando O ato de convencer construir algo no campo das ideias e fazer o outro pensar como n s J persuadir de acordo com esse mesmo autor 2001 p 25 saber gerenciar rela o falar emo o do outro Quando persuadimos algu m esse algu m realiza algo que desejamos que ele realize Na teoria semi tica a quest o da argumenta o pode ser associada quest o da manipula o que de acordo com Greimas e Court s 2008 p 269 Caracteriza se como uma a o do homem sobre outros homens visando a faz los executar um programa dado no primeiro caso trata se de um fazer ser no segundo de um fazer fazer essas duas formas de atividade das quais uma se inscreve em grande parte na dimens o pragm tica e a outra na dimens o cognitiva correspondem assim a estruturas modais de tipo factitivo Pode se entender a manipula o quando um sujeito age sobre o outro para tentar convenc lo a querer e ou dever fazer
197. r lo o componente respons vel pelo acabamento da unidade de comunica o verbal do g nero entrevista destaca se o questionamento elaborado pelo entrevistador e a resposta direta ou n o do entrevistado Essa resposta pode ser linear ou circular mais especificamente o entrevistador pode perguntar e deixar a resposta acontecer livremente ou pode instigar incitar refutar orientar introduzir novos assuntos Outro elemento presente na caracteriza o do g nero o estilo no caso do g nero entrevista o que provoca a mobilidade do g nero j que evidenciado pelo lugar pelo tempo pelo entrevistador pelo entrevistado marcado pela intencionalidade 126 argumentativa e pela sele o dos meios lingu sticos tanto do entrevistador quanto do entrevistado e tamb m marcado ou determinado pela forma como apresentado entrevista oral escrita televisiva telef nica O estilo faz o g nero se deslocar em fun o de uma imagem do interlocutor e de como se presume sua compreens o responsiva do enunciado Esses tr s elementos acima citados caracterizam o g nero e definem a sua forma assim os enunciados orais ou escritos possuem prop sitos comunicativos determinados e atuam com uma fun o sociocomunicativa em esferas da sociedade Desse modo os g neros representam e estruturam a forma como os sujeitos atuam e se comunicam na sociedade Cabe lembrar tamb m que os g neros discursivos n o s o fixos e podem se compl
198. r m mais profundamente por meio das figuras anal gicas que buscam tornar sens vel aquilo que por natureza exterior e inacess vel percep o A significa o figurativa como foi visto ultrapassa os significados e compreende significa es mais abstratas Por isso que s vezes utiliza se o termo racioc nio figurativo Pode se defini la como uma argumenta o que funciona por analogia direta Segundo Bertrand 2003 a par bola pode ser considerada um exemplo de racionalidade figurativa pois a argumenta o presente nesse tipo de texto concreta e sens vel ocorre com uma ades o dos ouvintes sem necessariamente passar pelo racioc nio l gico A verdade presente no discurso da par bola n o pode ser entendida no seu sentido racional deve ser incorporada pelos ouvintes que a assumem e a assimilam A extens o figurativa da linguagem consegue denunciar ilus es de verdade e de desejos De acordo com Bertrand 2003 p 217 enraizada na experi ncia corporal a figuratividade espacial rege assim de forma extraordinariamente extensa as representa es axiol gicas sejam elas valores ticos morais racionais socioculturais f sicos ou outros Isso acontece muito com conceitos abstratos e a verdade fica condicionada a uma legisla o da linguagem que for a a passagem do particular ao geral e transforma a irredutibilidade das impress es em generaliza es como se fosse um comp sito de correla es h
199. r transformar e refor ar opini es impregnadas de emo o diante de uma constru o identit ria de atores pol ticos do que estabelecer uma verdade racional O pol tico coloca sua pr pria pessoa para alimentar o desejo de identifica o do cidad o que assim participa por procura o da realiza o de um projeto pol tico CHARAUDEAU 2006 p 94 A organiza o do discurso pol tico depende de considera es feitas anteriormente sobre as condi es do enunciat rio segundo Osakabe 1999 p 109 depende das imagens m tuas que se pressup em fazer locutor e ouvinte depende das imagens que se pressup em fazer locutor e ouvinte sobre o referente depende em ltimo lugar dos atos de linguagem que o locutor realiza no momento de discurso Ao dirigir se s massas o pol tico deve colocar em evid ncia os valores que podem ser partilhados e principalmente compreendidos por todos visto que o conjunto de pessoas heterog neo e d spar Mas de acordo com Charaudeau 2006 p 98 simplificar n o f cil e comporta um risco O mundo complexo o universo do pensamento complexo o processo de constru o das opini es complexo simplificar portanto tentar reduzir essa complexidade sua express o mais simples E o risco grande pois a simplifica o pode levar a uma verdade falsa uma verdade improv vel ou a uma contraverdade Todo pol tico sabe que lhe imposs vel dizer tudo a todo mome
200. r um contrato de veridic o com seu enunciat rio ao dizer que esse feriado merecido pelo brasileiro que trabalha tanto e exp e sua opini o pessoal utilizando a debreagem enunciativa em primeira pessoa do singular recurso que o aproxima mais de seu enunciat rio Ent o eu acho que as pessoas t m que saber s o quatro dias de festa de brincadeira de muita folia outros preferem descansar outros preferem outro tipo de lazer Mas de toda forma acho que o brasileiro merece o Carnaval que tem Acho que o povo brasileiro tem o direito de se divertir E utilizando o slogan da campanha contra a AIDS aconselha o enunciat rio aproximando se ainda mais dele alternando seu discurso com a debreagem enunciativa no singular e no plural e mostrando se ora como pessoa individualizada ora como povo brasileiro Por isso eu quero dizer ao povo brasileiro que Deus nos aben oe e que o Carnaval seja um Carnaval tranq ilo cheio de alegria cheio de disposi o para dan ar mas ao mesmo tempo cheio de responsabilidade n o podemos perder a responsabilidade Por isso eu queria dizer cuidem se cuidem se porque ser melhor para todos n s J o quadro apresentado no dia 06 de mar o tem o tema da casa pr pria e os planos de governo que est o facilitando a aquisi o do im vel Antes mesmo de responder a pergunta do entrevistador o presidente fala um pouco desse tema afirmando que a casa pr pria um sonho do brasileiro e de cert
201. r vistas como respostas a perguntas impl citas na m dia e quest es colocadas por seus advers rios sobre suas estrat gias de governo O presidente faz quest o de sempre ter um estilo muito otimista e esperan oso n o abre m o de tecer bons coment rios e elogios sobre seus planos de governo em desenvolvimento de mostrar como o pa s est progredindo em seu governo como se esse otimismo respondesse n o apenas aos ouvintes do programa de r dio mas tamb m aos seus advers rios O programa tem um objetivo impl cito fazer propaganda positiva do presidente Lula e para isso ele tem o caminho livre para direcionar as conversas mediar os assuntos abordar os aspectos mais positivos para seu governo e tamb m para indiretamente responder s cr ticas e coment rios negativos sobre sua forma de governo e de certa forma dialogar com seus advers rios e partid rios Embora o g nero entrevista busque manter certo teor de neutralidade para estabelecer uma rela o de transpar ncia e verdade com seu ouvinte ela n o existe pois a linguagem e o discurso sempre cont m intencionalidade As pr prias escolhas tem ticas e o modo de desenvolv las nas repostas das entrevistas revelam de acordo com as an lises anteriores mesmo que sutilmente uma dire o um caminho escolhido para argumentar e persuadir poss vel refletir tamb m que embora a tem tica e a constru o composicional nos fa am classificar o programa em quest o como
202. ra da Costa e Silva et al Rio de Janeiro Jos Olympio 1993 7 ed 143 CIRLOT Juan Eduardo Dicion rio de s mbolos Trad Rubens Eduardo Ferreira Frias S o Paulo Centauro 2005 CORTINA A MARCHEZAN R C Teoria semi tica a quest o do sentido In MUSSALIM Fernanda BENTES Anna Cristina orgs Introdu o ling stica fundamentos epistemol gicos v 3 S o Paulo Cortez 2004 CORTINA A MARCHEZAN R orgs Raz es e sensibilidades a semi tica em foco S o Paulo Cultura Acad mica Editora 2004 COURT S Joseph Introdu o semi tica narrativa e discursiva Coimbra Livraria Almedina 1979 COURTINE Jean Jacques Metamorfoses do discurso pol tico S o Paulo Ed Clara luz 2006 DISCINI Norma O estilo nos textos hist ria em quadrinhos m dia literatura 2 ed S o Paulo Contexto 2004 EVERAERT DESMEDT N Semi tica da narrativa m todo e aplica o Coimbra Almedina 1984 FIORIN J L Elementos de an lise do discurso 3 ed S o Paulo Contexto 1992 J L O pathos do enunciat rio In Alfa Revista de Lingu stica V 48 n 2 S o Paulo Funda o Editora da UNESP 2004 p 69 78 Jos Luiz O THOS do enuncidador In CORTINA Arnaldo amp MARCHEZAN Renata Coelho Org Raz es e sensibilidades A semi tica em foco S o Paulo Laborat rio Editorial Cultura Acad mica 2004 S rie Trilhas Ling sticas v 6 p 117 138 J L As ast cias da enu
203. ras que na maioria das vezes recobrem os mesmos temas como o caso das quest es da educa o do biodiesel do sal rio m nimo Esse recurso tamb m ajuda na constru o da imagem do presidente ou seja do thos do presidente Lula que se forma a partir dos seus discursos e no seu pr prio discurso e que embora seja t pico de qualquer discurso pol tico reveste de forma particular o discurso pol tico do ator Lula As figuras analisadas nas entrevistas t m uma correspond ncia com o mundo natural e levam a um contrato fiduci rio de veridic o visto que o enunciat rio do programa que se identifica com o discurso do presidente reconhece em seu pr prio mundo essas figuras recorrentes e acredita na possibilidade de obter os valores a que elas remetem atrav s dos projetos de governo de Lula A veridic o ent o comanda os jogos do parecer do sentido na figuratividade pois as figuras causam a impress o de que s o ou podem ser objetos de valor realmente oferecidos pelo presidente e que atendem aos desejos e anseios de um poss vel eleitor Como na linguagem a ades o se apoia sobre os valores figurativos da percep o pode se afirmar que o jogo do ser e parecer ativado por meio desse discurso pol tico constitui uma estrat gia de persuas o pois existe por parte do presidente uma promessa de ser ou seja a veridic o no seu discurso esbarra em uma oposi o entre o ser e o parecer mas o objetivo sempre que al m de
204. ratar do tema proposto A segunda que n s estamos transformando cinco faculdades existentes em 111 universidades federais e estamos criando quatro universidades novas Caf com o Presidente 02 de janeiro de 2006 O pr prio apresentador ajuda o presidente na introdu o do assunto a ser tratado utilizando tamb m as figuras conv nios e centros universit rios para introduzir os temas educa o e esperan a Falando em esperan a Presidente n s temos a a quest o da educa o Na semana passada o senhor assinou v rios conv nios para levar centros universit rios para o interior do pa s Como o governo est tratando esta quest o do ensino superior do ensino universit rio Caf com o Presidente 02 de janeiro de 2006 Outra figura que tamb m remete ao tema da educa o e gera o efeito de sentido de progresso e esperan a o jovem Agora n s estamos resolvendo esse problema porque n s queremos mais jovens na universidade brasileira Caf com o Presidente 02 de janeiro de 2006 As figuras crian as e creches tamb m est o presentes no discurso e remetem ao tema da educa o construindo um sentido de que o governo se preocupa com o futuro do pa s e para isso cuida da educa o de crian as e jovens O tema da educa o tamb m retoma as figuras crian as e professores remetendo ao efeito de sentido de que o governo est preocupado c
205. re em uma linguagem bem simples e com um tom bem explicativo e did tico conforme mostram as an lises no decorrer da se o Na maior parte da entrevista utilizada a primeira pessoa do plural em uma debreagem enunciativa em que o n s corresponde ao presidente e sua equipe de governo o que pode ser comprovado no trecho a seguir N s decidimos investir em habita o saneamento b sico que nunca foram investidos neste pa s Ao mesmo tempo n s queremos mostrar seriedade porque criamos o conselho gestor que vai dirigir esse programa de investimento para que n o se perca na demanda di ria da pol tica brasileira O presidente tenta a partir da descri o e da apresenta o de seus projetos pol ticos afirmar seus valores e conseguir a ades o de seu enunciat rio caracter stica essa que evidencia o teor pol tico de seu discurso Nesse momento Lula n o mais candidato j foi reeleito mas ainda se reveste na ess ncia do papel tem tico de candidato quando descreve o andamento de seus planos de governo e na apar ncia seu papel tem tico o de Presidente da Rep blica conforme excerto anterior Na debreagem enunciativa instaurada no discurso pelo uso do pronome pessoal singular eu o presidente se refere a ele mesmo como pessoa individualizado e nesse caso nota se claramente a refer ncia opini o da pessoa de Lula O ator Lula revestido pelo papel tem tico de presidente possui na dimens o cogni
206. residente leva um convidado para tratar do assunto o ent o ministro do esporte Agnelo Queiroz Novamente a preocupa o do governo parece ser a crian a e seu desenvolvimento assuntos tipicamente discutidos em discursos pol ticos pois atingem o enunciat rio foco e ativa neles o conhecimento pr vio sobre o assunto Nesse momento o ator Lula assume o papel tem tico de presidente que realiza a es em prol do brasileiro Luiz o programa de hoje vai ser um pouco diferente Hoje n s temos um convidado especial o nosso ministro do Esporte Agnelo Queiroz que o respons vel pela cria o do programa Segundo Tempo um programa que atende hoje mais de um milh o de crian as que fazem atividades esportivas de manh ou de tarde se estiver na escola de manh faz tarde e se estiver de tarde na escola faz de manh No dia 27 de mar o o programa tratou do tema da sa de e os benef cios que o governo criou para facilitar a compra de alguns medicamentos Utilizando a debreagem enunciativa no plural Lula esclarece quais s o os objetivos e em que consiste esse plano governamental novamente evidenciando seu papel tem tico de presidente e na dimens o pragm tica de sujeito competente que faz O que n s fizemos agora Al m das 121 farm cias que temos agora 74 fizemos um conv nio um acordo com as redes de farm cias que existem no Brasil hoje e elas v o passar a vender um determinado tipo de rem dio para hipertens o
207. revistador simulacro do jornalista Luiz Far Monteiro que retornava das f rias Luiz primeiro quero cumprimentar os nossos ouvintes e dizer ao povo brasileiro que a semana passada foi uma semana promissora para o povo brasileiro e para o Brasil O sal rio m nimo foi anunciado para 350 reais antecipando do dia 1 de maio para o dia 1 de abril A preocupa o com o povo bem como um discurso que tenta transparecer que o presidente entende as necessidades e as dificuldades do povo brasileiro ficam evidentes na resposta que d ao ser questionado sobre a quantia do sal rio m nimo e se esta suficiente para o trabalhador brasileiro O ator Lula estabelece um contrato de veridic o com seu enunciat rio e o faz crer que verdadeiro o seu discurso na tentativa de pelo fazer persuasivo conseguir a ades o do enunciat rio Para isso utiliza a debreagem enunciativa no plural assumindo se como presidente e referindo se a si mesmo juntamente com a equipe que o acompanha Obviamente que o sal rio m nimo nunca ser o ideal porque ele o m nimo Todos n s trabalhamos para que o trabalhador possa ganhar o sal rio m ximo e n o o sal rio m nimo Entretanto n s estabelecemos um sal rio m nimo que permita ao trabalhador brasileiro aumentar um pouco o seu poder de compra E combinamos isso com o controle r gido da infla o 68 a E comum nos seus discursos o presidente aumentar a import ncia de suas a es go
208. riedade que elas t m em comum de produzir e restituir parcialmente significa es an logas s de nossas experi ncias perceptivas mais concretas A figuratividade permite assim localizar no discurso esse efeito de sentido particular que consiste em tornar sens vel a realidade sens vel uma de suas formas a m mesis O conceito de figuratividade est enraizado mais profundamente na teoria do sentido e permite por isso mesmo considerar de maneira mais ampla os fen menos sem nticos e as realiza es culturais que se ligam aos processos de figurativiza o 2003 p 154 Para Bertrand 2003 p 154 tal categoria descritiva oriunda da teoria est tica que op e como todos sabem a arte figurativa e a arte n o figurativa ou abstrata Sugere espontaneamente a semelhan a a representa o a imita o do mundo pela disposi o das formas numa superf cie Na semi tica o conceito de figuratividade se estende a todas as linguagens verbais ou n o verbais e consegue designar a propriedade que elas t m em comum para produzir significa es semelhantes s experi ncias mais concretas Por meio da 34 figuratividade poss vel localizar no discurso o efeito de sentido particular que consiste em tornar sens vel a realidade sens vel A figuratividade na semi tica extremamente rica e recebeu diversos significados que n o podem ser descartados Bertrand 2003 p 156 cita cinco defini es de
209. rnal stica S o Paulo Mosaico 1981 SILVA Ign cio Assis Figurativiza o e metamorfose o mito de Narciso S o Paulo Editora da Universidade Estadual Paulista 1995 TATIT Luiz Musicando a semi tica ensaios S o Paulo Annablume 1997 Luiz An lise semi tica atrav s das letras S o Paulo Ateli Editorial 2001 146 ENTREVISTAS SILVA Luiz In cio Lula da Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 2 de janeiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Spensy Pimentel Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 9 de janeiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 16 de janeiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 23 de janeiro de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio
210. ronta o do sentido desde que haja alguma converg ncia do sentido ou seja uma r plica social Os di logos s o assim sociais e n o se repetem de maneira absoluta nem s o completamente novos reiteram marcas hist ricas e sociais que caracterizam uma dada cultura numa dada sociedade O di logo pode ser considerado como o conceito fomentador e organizador da reflex o como a unidade de base necess ria e primordial requerida por Bakhtin para a classifica o dos g neros A teoria cl ssica dos g neros definia as formas po ticas em termos de classifica o Arist teles na Po tica classificava os g neros de acordo com a voz assim poesia de primeira voz era a representa o da l rica poesia de segunda voz era a representa o da pica e poesia de terceira voz a do drama Antes de Arist teles Plat o fazia 56 tamb m um tipo de classifica o de acordo com os ju zos de valor Para ele ao g nero s rio pertenciam a epop ia e a trag dia e ao burlesco a com dia e a s tira Mas a emerg ncia da prosa pediu outras formas de an lise e os estudos que Bakhtin desenvolveu sobre os g neros discursivos consideram n o a classifica o bin ria das esp cies mas o dialogismo do processo comunicativo que est inserido no campo dessa emerg ncia Bakhtin prop s uma abertura conceitual que permitisse a an lise das v rias formas de manifesta o da linguagem e n o apenas da ret rica Com essa abertura poss
211. ronunciamento pol tico Conforme informa es obtidas no site da radiobr s os assuntos s o escolhidos a partir de uma an lise dos acontecimentos da semana e discutidos entre a equipe de produ o juntamente com o presidente apresentam uma tem tica bem variada que envolve quest es sobre agricultura economia educa o energia infraestrutura pol tica sa de sociedade transportes enfim temas relacionados aos problemas enfrentados no dia a dia pelo povo brasileiro poss vel observar que Lula e sua equipe t m uma prefer ncia por temas cotidianos e o pr prio nome do programa assim como o tom das conversas demonstram isso Como em todo discurso pol tico no programa Caf com o Presidente h a tentativa de persuadir e convencer os seus eleitores e a popula o em geral de que o trabalho do Presidente no Governo Federal est no caminho certo E para garantir o alcance dessa persuas o e convencimento o Presidente se vale de informa es concretas de n meros obtidos em pesquisas e de projetos de governo em andamento e com uma linguagem clara simples f cil de entender e bastante acess vel a fim de conseguir uma melhor compreens o da informa o repassa esses dados aos ouvintes conforme as an lises que ser o apresentadas no trabalho A linguagem do discurso pol tico como qualquer outro discurso n o entendida pela semi tica como transparente mas como o resultado de estrat gias em que o enunciador tem o
212. rsivo Na segunda parte s o apresentadas tr s se es de an lise uma delas subdividida e composta com as an lises dos programas de 2006 de 2007 e uma subse o que exp e as diferen as e ou semelhan as dos dois per odos analisados Outra se o apresenta a an lise do thos do presidente partindo das quest es analisadas na se o anterior juntamente com o estudo das figuras e dos temas presentes no discurso do ator Lula e a ltima se o exp e as an lises sobre o g nero em quest o e suas implica es Na primeira se o a apresenta o geral das propostas da semi tica explana os princ pios da teoria semi tica seus fundadores e seu m todo de estudo apresentado e discutido o percurso gerativo dos sentidos as quest es te ricas sobre a debreagem enunciva a debreagem enunciativa e a embreagem fundamento essencial para constru o do thos do sujeito enunciador o conceito de ator e o de figuratividade e tematiza o Na segunda se o o discurso pol tico conceituado na perspectiva de alguns autores atuais que analisam o tema bem como na perspectiva semi tica que entende o texto argumentativo caracter stica chave do discurso pol tico como um programa de manipula o A terceira se o destinar se apresenta o te rica dos g neros discursivos na perspectiva de Bakhtin e seu C rculo de estudos e toda a problem tica envolvida na an lise e na classifica o dos g neros 15 Na quarta se
213. rtante e que deve ser ressaltada nessa entrevista que a ltima pergunta do entrevistador tem um car ter bem pessoal ou pelo menos tenta parecer pessoal o que n o aconteceu em nenhuma entrevista analisada anteriormente O jornalista pergunta ao presidente 95 Agora presidente nessa visita do papa um dos momentos mais aguardados a canoniza o de Frei Galv o o primeiro santo brasileiro Para muitos vai ser um momento de renova o da f e tamb m de fortalecimento da auto estima dos cat licos brasileiros Isso faz diferen a na vida das pessoas A resposta do presidente tamb m aparentemente de cunho pessoal mas na ess ncia constr i uma imagem de ator aspectualizada de maneira positiva ressaltando a f do povo brasileiro como um elogio Esta tamb m uma maneira do ator no papel tem tico de candidato construir uma imagem pol tica e positiva para seu enunciat rio instaurando no discurso um sujeito cognitivo Eu acho que faz sobretudo porque o povo brasileiro um povo de muita f Eu acho que quando n s temos o reconhecimento da Igreja Cat lica do primeiro santo brasileiro eu acho que para o povo cat lico extremamente importante uma coisa muito forte que certamente vai revigorar a f do z povo O povo brasileiro um povo de muita f um povo que tem uma participa o muito forte na religi o No programa do dia 14 de maio de 2007 o assunto ainda continua em torno da visita do Pa
214. s demoram meses para acontecer E a outra a decis o do investimento em infra estrutura ou seja o que que n s temos de prioridade na parte de gasodutos na parte de energia el trica na parte de rodovias na parte de portos aeroportos na parte de hidrovias Programa de r dio Caf com o Presidente 29 de janeiro de 2007 Quando o assunto desenvolvimento o presidente Lula discorre sobre o avan o do Brasil no setor de biodiesel e o coloca de maneira incompar vel diante de outros pa ses O Brasil vive um momento muito interessante eu diria um momento auspicioso porque det m a tecnologia da produ o de lcool como nenhum outro pa s do mundo det m Programa de r dio Caf com o Presidente 12 de fevereiro de 2007 Outro assunto muito recorrente no programa de entrevistas o da moradia tratado a partir do saneamento b sico aten o s favelas O governo est funcionando n s estamos agora numa fase de concretiza o de projetos do PAC na rea de saneamento b sico de habita o e na rea de urbaniza o de favelas Programa de r dio Caf com o Presidente 26 de fevereiro de 2007 O presidente mostra se tamb m preocupado com as rela es internacionais e a possibilidade de o Brasil fazer acordos com pa ses estrangeiros Eu penso que os Estados Unidos precisam conhecer a fundo a tecnologia brasileira na produ o de etanol Acho que eles t m de conhecer a fundo os program
215. s dinheiro no bolso do trabalhador mais poder de compra e portanto melhora de vida para todo o povo brasileiro Importante ressaltar que embora sua aten o seja normalmente dirigida classe popular aqui ele se refere ao povo brasileiro gerando um efeito de sentido de que seu olhar se volta para o Brasil inteiro Tal fato percept vel nas figuras por ele utilizadas que d o concretude tem tica do comprometimento pol tico amplo e irrestrito com o pa s No dia 20 de fevereiro de 2006 o programa retoma os assuntos referentes educa o e para isso o entrevistador utiliza novamente as figuras obras e universidades referindo se ao tema educa o superior Presidente esta semana o senhor viaja a seis diferentes estados para visitar obras de novas universidades federais e locais tamb m onde est o sendo abertos cursos as chamadas extens es universit rias No dia 06 de mar o de 2006 o entrevistador inicia o programa introduzindo o assunto do Fundo Nacional de Habita o Social figurativizando o tema da habita o com a express o casa pr pria Presidente o grande sonho dos brasileiros continua sendo a casa pr pria O senhor anunciou para este ano uma s rie de medidas na rea habitacional Na sua fala o presidente utiliza figuras como passarinho ninho para tratar do tema com certa 113 subjetividade e solidariedade para com o sonho do brasileiro Todo brasileiro so
216. s an lises demonstraram ainda que nos dois per odos analisados o ator Lula aspectualizado como presidente ou como candidato evidencia a preocupa o em construir e apresentar uma imagem de pol tico compromissado e preocupado com seus eleitores e com o bem estar da popula o brasileira As figuras utilizadas em seu discurso retomam os temas da sa de da educa o do esporte do emprego da habita o e recobrem o seu discurso de tal forma que ele seja entendido como um parecer verdadeiro pelo seu enunciador Palavras chave semi tica francesa discurso pol tico thos sentido Lula ABSTRACT This research aimed at analysing the interviews given by the ex president Lula to the radio programme called Caf com o Presidente Coffee with the President and verifying how the ethos of the actor Lula was built through his answers and which differences could be checked in the construction of his image in relation to the electoral advertising period form 2006 analysed in our masters degree dissertation Based on the French semiotics theory developed by Algirdas Julien Greimas which aims at studying the sense mainly what the sense appears to be the analysed corpus was selected taking into account the period before and the period after the 2006 elections The adopted methodological procedure consisted in separating the corpus and delimitating the interviews of the programme Caf com o Presidente Coffee with the Pre
217. s que o Brasil precisa Novamente reafirmada sua preocupa o com os mais pobres principalmente com as crian as de fam lias de baixa renda que antes n o tinham condi es de cursar a pr escola e a partir daquele momento teriam j que mudan as na educa o infantil p blica iriam acontecer Evidencia se dessa forma o sujeito cognitivo que sabe fazer e o sujeito pragm tico que est fazendo o que precisar ser feito para melhorar a condi o de vida do povo brasileiro Sempre de maneira otimista o presidente explica didaticamente como essas mudan as beneficiar o as crian as brasileiras Significa que a partir de agora de forma paulatina as crian as v o entrar na escola a partir dos seis anos de idade porque antes funcionava assim quem 71 tem um pouco mais de recurso coloca o seu filho em uma pr escola e quando ele vai entrar no ensino fundamental a crian a j est preparada Uma crian a pobre de fam lia pobre que n o tem condi es de colocar a crian a na pr escola essa crian a entra com um ano defasado em rela o quela que fez a pr escola Ent o o Fundeb vai permitir que a gente cuide da crian a do dia que nasce at o ensino m dio dando ao povo brasileiro um padr o de educa o que todo mundo d que o mundo desenvolvido deu e por isso se transformou em mundo desenvolvido No programa do dia 27 de fevereiro que antecede o carnaval o presidente aproveita o momento para estabelece
218. s vamos fazer com o Conselho Pol tico chamar todos os l deres e fazer uma apresenta o porque n s n o queremos que o programa seja do Minist rio da Educa o seja do governo Em seguida passou a palavra para o ministro da educa o Fernando Haddad que especialmente neste dia participou do programa Pelas respostas do ministro poss vel perceber que ele faz uso da debreagem enunciativa sempre no plural com o n s fazendo refer ncia ao Governo Federal como um todo N s em 2005 realizamos uma prova chamada Prova Brasil Com base nisso n s temos hoje uma grande radiografia das escolas que v o bem das escolas que n o v o t o bem diferente do presidente Lula que marca sua opini o pessoal com as express es eu penso eu tenho para demonstrar que a es devem ser feitas pelo Governo bem demarcado pelo n s Luiz eu tenho demonstrado ao ministro Fernando Haddad uma preocupa o n s temos que ajudar os professores brasileiros a se reciclarem Com essa postura poss vel perceber que o presidente tenta reafirmar a dupla postura de um pol tico pois tenta convencer da pertin ncia de seu projeto pol tico e ao mesmo tempo conseguir o maior n mero de adeptos assim al m do papel tem tico de presidente reveste se tamb m do papel tem tico de candidato que continua angariando ades o do enunciat rio O programa transmitido no dia 26 de mar o de 2007 tratou da disposi o demo
219. scursiviza o a actorializa o a temporaliza o e a espacializa o os quais enquanto procedimentos permitem inscrever as estruturas narrativas em coordenadas espa o temporais e investir os actantes em atores discursivos J a sem ntica discursiva aproveita essas quest es da actorializa o temporaliza o e espacializa o e paralelamente aplica novos investimentos que causam uma reorganiza o sintagm tica investindo figuras e temas dir se ent o que um percurso narrativo dado pode ser convertido no momento da discursiviza o quer em um percurso tem tico quer numa etapa ulterior num percurso figurativo e distinguir se o assim levados em conta os dois procedimentos que s o o da tematiza o e o da figurativiza o duas grandes classes de discurso discursos n o figurativos ou abstratos e discursos figurativos GREIMAS e COURT S 2008 p 435 24 Conforme Floch 2001 p 26 colocar em discurso pois criar a partir dessa inst ncia e por uma opera o de debreagem um universo fict cio ut pico para em seguida reat lo por embreagem mesma inst ncia com a inten o entre outras de fazer crer em sua realidade A debreagem e a embreagem produzem o dispositivo de atores e fornecem o enquadramento espacial e temporal em que s o investidos os actantes e os percursos narrativos Colocar em discurso tamb m por investimentos sem nticos mais complexos e art
220. scurso n o apenas um conte do mas tamb m um modo de dizer que constr i os sujeitos da enuncia o e ao construir um enunciador constr i tamb m o enunciat rio Fiorin 2004 p 137 138 afirma Os atores da enuncia o imagens do enunciador e do enunciat rio constituem simulacros do autor e do leitor criados pelo texto S o esses simulacros que determinam todas as escolhas enunciativas conscientes ou inconscientes que produzem os discursos Para entender as op es enunciativas de um discurso e compreender a sua efic cia preciso apreender tamb m as imagens do enunciador e do enunciat rio criados no discurso ou seja preciso apreender o seu the Arist teles em seus estudos sobre a Ret rica afirma que para o discurso ser tomado como verdadeiro preciso que ele deixe suas marcas suas provas de verdade Para ele 48 Entre as provas fornecidas pelo discurso distinguem se tr s esp cies umas residem no car ter moral do orador outras nas disposi es que se criaram no ouvinte outras no pr prio discurso pelo que ele demonstra ou parece demonstrar Obt m se a persuas o por efeito do car ter moral quando o discurso procede de maneira que deixa a impress o de o orador ser digno de confian a ARIST TELES 1964 p 34 Charaudeau 2006 p 16 nos estudos sobre o discurso pol tico relata que Todo ato de linguagem emana de um sujeito que apenas pode definir se em rela o ao outro segun
221. se de suas nega es a combina o define os termos de segunda gera o Assim quando h coincid ncia do parecer e do ser num universo de discurso h verdade a coincid ncia do parecer e do n o ser define a mentira a do n o parecer e do ser define o segredo enfim a coincid ncia do n o parecer e do n o ser define a falsidade BERTRAND 2003 p 241 Eis o quadrado que Greimas 2008 p 367 utiliza no Dicion rio de Semi tica para exemplificar Verdade ser parecer Segredo Mentira n o parecer n o ser Falsidade 41 Esse modelo embora coloque v rias quest es em d vida funda o contrato de veridic o as condi es de confian a que determinam o compartilhamento de cren as entre os sujeitos no interior do discurso A cren a ou fid cia que s o partilhadas est o no fundamento da concep o da enuncia o e da intera o na semi tica Na linguagem essa cren a se apoia primeiramente nos valores figurativos vindos da percep o De acordo com Bertrand 2003 p 252 a primeira ordem fiduci ria de cunho intersubjetivo Enuncia as condi es para um assentimento compartilhado sobre os modos de realiza o discursiva da figuratividade Ela tem como objetivo os valores realizados que o tecido figurativo carrega pode ser considerada do crer doxol gico A segunda ordem fiduci ria de cunho intra subjetivo e enuncia as condi es para a ades
222. semi tica exatamente o sentido do sentido 1 2 O PERCURSO GERATIVO DE SENTIDO Este trabalho fundamenta suas an lises na teoria semi tica greimasiana cujo objeto de estudo o sentido mais especificamente o parecer do sentido Esse parecer do sentido ou efeito de sentido pode ser apreendido por meio das formas da linguagem e mais especificamente pelos discursos que a manifestam De acordo com Bertrand 2003 p 14 a semi tica greimasiana tem suas ra zes na teoria da linguagem mostrando assim sua filia o a Saussure seus postulados estruturais e sua concep o da l ngua como institui o social Nessa concep o de semi tica o conceito de signo desaparece N o se trata mais de descrever o signo e sim a significa o e seu objeto a compreens o das estruturas significantes que modelam o discurso social e o discurso individual A semi tica deixa de priorizar o elemento o signo e passa a se interessar pelo processo n o de constitui o da unidade mas da significa o como um todo que se manifesta por meio de textos A semi tica procura conciliar as an lises ditas interna e externa do texto para explicar o que o texto diz e como o diz O texto de acordo com Barros 2005 p 6 pode ser explicado como duas formas que se complementam 19 A primeira concep o de texto entendido como objeto de significa o faz com que seu estudo se confunda com o exame dos pro
223. sident of the first term of 2006 and the first term of 2007 The ethos of the actor Lula was in a analysed together with the figurativization and thematization of his discourse since the figures which recover his discourse help in his image constitution The interview genre was analysed in a separate session according to the theoretical assumptions of the Bakhtin Circle Based on the analysis it was possible to confirm that the actor Lula is built in both moments with a syncretism of thematic roles of president and candidate and through the alternation of such roles is seen as a competent subject to achieve the waited and wanted performance by the enunciator The analysis also demonstrated that in both periods the actor Lula aspectualised as president or candidate evidentiates the worries in constructing and presenting the image of a politician committed and worried about his voters and the well being of the Brazilian population The figures used in his discourse take up again the themes of health education sports work and housing and recover his discourse in a way to be understood as a true resemblance by his enunciator Key words French semiotics political discourse ethos sense Lula SUM RIO INTRODU O siisaaasaastindpnbnaao cedidas a bica 10 1 A PROPOSTA GERAL DA TEORIA SEMI TICA 16 1 1 A BUSCA DO SENTIDO spas 16 1 2 O PERCURSO GERATIVO DE SENTIDO 18 1 3 DEBREAGEM E EMBREAGEM NO DISCURSO 27 1 4 ACTANTES E A
224. sidente desenvolver um pa s principalmente pa ses mais pobres mantendo o meio ambiente em ordem Ou ent o Pois o senhor vem defendendo uma campanha para sensibilizar esses pa ses mais ricos a entrarem nesse jogo de preservar o meio ambiente O senhor j conseguiu sensibilizar alguns l deres mundiais Presidente Essa postura do entrevistador embora pare a passiva ativa no sentido de auxiliar o presidente na constru o de seu discurso e ajudar na constru o do efeito de sentido pretendido pelo programa al m de conduzir a uma an lise de que ele se comporta como um ouvinte do programa ou seja o enunciat rio do presidente Lula pois muitas vezes apenas reafirma o que o presidente j disse e faz uma pergunta para dar continuidade resposta de Lula O pr prio presidente s vezes age como se o entrevistador fosse seu enunciat rio e se dirige diretamente a ele mas referindo se ao brasileiro em geral conforme se verifica no trecho a seguir Luiz na verdade n s vamos fazer duas coisas importantes no Rio de Janeiro na ter a feira Eu vou visitar o Centro de Opera es Tecnol gicas que um centro que vai praticamente cuidar do Pan no que diz respeito informa o no que diz respeito ao controle do Pan Dessa forma as a es do entrevistador contribuem para que o contrato de veride o entre o presidente e seu enunciat rio cause um efeito de sentido de verdade no seu discurso e na sua convers
225. sotopia designou inicialmente a iteratividade no decorrer de uma cadeia sintagm tica de classemas que garantem ao discurso enunciado a homogeneidade Nessa concep o considera se que o sintagma que re ne pelo menos duas figuras s micas pode ser considerado como contexto para permitir uma isotopia poss vel distinguir uma isotopia gramatical com recorr ncias de categorias sint xicas e uma isotopia sem ntica que possibilita uma leitura uniforme do discurso Em um segundo momento a concep o de isotopia foi ampliada e segundo Greimas e Court s 2008 p 246 em lugar de designar unicamente a iteratividade de classemas ele se define como a recorr ncia de categorias s micas quer sejam estas tem ticas ou figurativas Dessa forma poss vel separar a isotopia figurativa que sustenta a configura o discursiva e a isotopia tem tica que se situa em um n vel mais profundo De acordo com Greimas e Court s 2008 p 247 enquanto um enunciado que rege um outro enunciado de fazer ou de estado a modalidade define um plano isot pico que enquadra unidades de ordem hierarquicamente inferior sobre as quais ela incide Dessa forma o jogo do ser e do parecer das modalidades veridict rias especificam um plano isot pico interno ao discurso At agora se tratou da abordagem estrutural da figuratividade cuja defini o sem ntica baseada na correspond ncia desdobrada em isotopias discursivas e figuras do plano de
226. sta concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 22 de maio de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 29 de maio de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 5 de junho de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 12 de junho de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com o Presidente com o presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva R dio Nacional 19 de junho de 2006 Entrevista concedida ao jornalista Luiz Fara Monteiro Dispon vel em www radiobras gov br Acesso em 10 out 2008 Programa de r dio Caf com
227. tado podem ser manifestados por dois atores distintos ou por um s e mesmo ator BERTRAND 2003 p 292 As primeiras defini es de actantes eram limitadas e conseguiam apenas identificar e definir uma posi o actancial pela rela o que ela mantinha com uma outra posi o Visto dessa forma o papel actancial se confundia com uma personagem e era simples e r gido demais pois um mesmo ator pode no decorrer de uma narrativa inscrever se em diferentes percursos destinador sujeito anti sujeito e assim por diante De acordo com Greimas e Court s 2008 p 44 o ator uma unidade lexical de tipo nominal que inscrita no discurso pode receber no momento de sua manifesta o investimentos de sintaxe narrativa de superf cie e de sem ntica discursiva A partir do conte do sem ntico pr prio aparece como uma figura aut noma do universo semi tico e pode tanto ser individual como coletivo figurativo como n o figurativo e pode tamb m receber um ou v rios pap is tem ticos diferentes 31 Ainda de acordo com Greimas e Court s 2008 p 45 para definir mais precisamente o termo pode se dizer que ator o lugar de converg ncia e de investimento dos dois componentes sint tico e sem ntico Para ser chamado de ator um lexema deve ser portador de pelo menos um papel actancial e de no m nimo um papel tem tico Acrescentemos que o ator n o somente lugar de investimento desses pap is mas tamb m de s
228. tamb m resolver esses problemas e j resolveu muitos deles Esse contrato de confian a que impl cito feito com o enunciat rio tamb m impl cito manifestado pelas figuras meus amigos e minhas amigas mas muito bem constru do no discurso de Lula O presidente se refere certamente aos eleitores que foram beneficiados pelo seu primeiro governo que tiveram acesso ao Pro Uni ou que esperam t lo s pessoas que estavam desempregadas h anos e conseguiram um emprego aos que abriram uma pequena empresa enfim aos brasileiros que nunca tiveram muitas oportunidades de estudar de comprar de frequentar certos lugares que estavam margem da sociedade e foi ele quem criou a possibilidade de dar esperan a e principalmente um futuro melhor para essa parte da popula o A campanha de Lula mostra muitos dados concretos citados por meio de pesquisas conhecidas e comprova com n meros as melhorias que fez Primeiro cita dados anteriores ao seu governo e depois cita os n meros que subiram ap s e durante seu mandato para provar que conseguiu melhorar a situa o do povo Sobre o emprego os dados mostram que o desemprego diminuiu e a oferta aumentou houve uma diminui o nos impostos uma redu o na taxa de juros e um grande apoio para as pequenas empresas Com rela o infraestrutura em seu governo foram constru das novas usinas e hidrel tricas aumentaram os recursos para a agricultura e os pequenos produtores surgiu a
229. ten es do interlocutor Os temas tratados nas entrevistas analisadas corroboram a id ia de que foram cuidadosamente escolhidos para mostrar informar corrigir agradar esclarecer e em nenhuma entrevista analisada nota se a presen a de assuntos que n o favore am a imagem positiva do presidente Esse fato n o comum a qualquer tipo de entrevista pois dependendo do programa ou do entrevistador as quest es levantadas nas perguntas podem ser pol micas e at mesmo negativas para imagem do entrevistado O estilo do programa Caf com o Presidente tamb m colabora para a hibridiza o e deslocamento do g nero em quest o Nota se nas an lises que o presidente escolhe muito bem o vocabul rio que utiliza e a forma como se expressa para seus ouvintes caracter stica que auxilia no fato de que o objetivo do programa fazer propaganda positiva do presidente por isso elege uma forma de express o determinada poss vel perceber que o discurso do presidente Lula entremeado por outras vozes vozes de seu passado de trabalhador humilde e oper rio vozes de um sindicalista que lutou e esperou anos at conseguir chegar ao poder vozes de partid rios e colegas de governo que cobram postura de governante vozes de um pol tico que comanda um pa s e imensamente vigiado cobrado e analisado enfim vozes de um passado de um presente e de uma expectativa de futuro vozes que sempre est o por tr s de um discurso principalmente
230. tencionais que sustentam as transforma es narrativas e as existenciais que sustentam as rela es juntivas entre sujeito e objeto no enunciado de estado Para Fontanille 2007 p 147 Os actantes s o for as e pap is necess rios realiza o de um processo As personagens de uma intriga os sintagmas nominais de uma frase os atores e pap is de uma pe a de teatro s o suas realiza es concretas A ambi o de uma teoria actancial fornecer uma representa o geral dos actantes necess rios instaura o de um processo independentemente de sua realiza o particular Assim os actantes representam pap is de uma forma geral sendo que para realizar um processo eles podem desempenhar diversos pap is dependendo principalmente da a o das modalidades que lhe possam ser atribu das Ainda de acordo com Fontanille 2007 p 147 atores e actantes podem ser distinguidos de duas maneiras Em primeiro lugar pelo princ pio que orienta seu reconhecimento reconhece se um ator pela presen a de um certo n mero de propriedades figurativas cuja associa o permanece mais ou menos est vel enquanto seus pap is se modificam Em contrapartida reconhece se um actante pela estabilidade do papel que lhe atribu do em rela o a um tipo de predicado independentemente das modifica es de sua descri o figurativa Em segundo lugar e consegiientemente a um ator podem corresponder v rios actantes e do mesmo m
231. tinua no decorrer da entrevista mesclando a debreagem enunciativa no singular e no plural 90 Se fizermos o acordo na Rodada de Doha eu penso que n s estaremos dando um avan o extraordin rio para que o mundo mais pobre possa ter uma oportunidade no s culo 21 Eu acho que todo trabalhador tem direito a aumento de sal rio todo trabalhador tem direito de reivindicar mas importante lembrar que quando eu era dirigente sindical algumas empresas que entravam em greve o setor considerado essencial na empresa a gente acordava com o dono da empresa que aquele setor n o iria parar por uma quest o de responsabilidade N s n o estamos lidando com m quina apenas estamos lidando com seres humanos No programa do dia 09 de abril de 2007 Lula fala em renascimento da ind stria naval e comenta sobre a tranquilidade nos aeroportos Nessa entrevista constata se a instaura o da debreagem enunciva e da enunciativa no plural Na primeira Lula fala sobre o Brasil enquanto reserva natural e espa o geogr fico na segunda refere se ao governo brasileiro e evidencia em seu discurso o sujeito pragm tico que age em prol do pa s Seu discurso tamb m constr i e reconstr i valores positivos do Brasil que operam transforma es e aproveitam as caracter sticas naturais para resolver e evitar problemas Brasil um pa s que tem o privil gio de ter fronteira com dez pa ses da Am rica do Sul s n o temos fronteiras com o Equador
232. titu do pelos programas de compet ncia e performance Na primeira tem se um sujeito competente para um fazer J o programa de performance lhe d habilidade para executar esse fazer tornando o sujeito realizador Nas entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2006 percebe se que Lula o tempo todo mostra se como um sujeito competente quer sabe e pode fazer investido assim para a performance de continuar sendo o presidente da Rep blica 83 4 2 AN LISE DOS PROGRAMAS CAF COM O PRESIDENTE DO ANO DE 2007 Nesta se o analisamos os programas de 2007 quando Lula j havia assumido o segundo mandato presidencial para verificar poss veis mudan as de seu discurso v lido esclarecer que o programa como um todo evidencia a constru o de Lula como ator simulacro de candidato reelei o na refer ncia ao primeiro semestre de 2006 e simulacro de presidente reeleito no primeiro semestre de 2007 Importante ressaltar tamb m que no decorrer das entrevistas visualiza se o percurso do sujeito da enuncia o revestindo se de diversos pap is actanciais e tem ticos inclusive manifestando se v rias vezes ainda como presidente candidato mesmo j estando reeleito No programa do dia 29 de janeiro de 2007 o primeiro ap s a reelei o do Presidente Lula o tema central foi o lan amento do Programa de Acelera o do Crescimento PAC Durante a entrevista o presidente explicou em que consiste esse Programa semp
233. titui uma cadeia de transforma o dos enunciados b sicos os enunciados de estado e os enunciados de fazer Os enunciados de fazer t m a fun o de transformar os estados e os enunciados de estado se fundamentam nos predicados de ser e ter De acordo com Bertrand 2003 p 291 a narrativa m nima se baseia assim na transforma o de um estado de coisas pela priva o ou pela aquisi o que resultam de um predicado de a o Esse mecanismo de transforma o pode ser compreendido da seguinte forma dois tipos opostos de enunciados de estado definidores da rela o que o sujeito mant m com os objetos visados ou ele est na posse das qualidades e dos valores inscritos nesses objetos ou n o BERTRAND 2003 p 291 Essa dupla rela o elementar pode ser definida atrav s do conceito semi tico de jun o Conjun o quando o sujeito est conjunto com o objeto valor possui o objeto valor e disjun o quando o sujeito est disjunto ou seja n o possui o objeto valor O programa narrativo permite a opera o sint xica que promove a transforma o de um enunciado de estado em outro enunciado de estado por meio da media o de um enunciado de fazer Resumindo o programa narrativo uma fun o um fazer pela qual um sujeito de fazer S1 faz com que um sujeito de estado S2 se torne disjunto de um objeto ao qual estava conjunto ou vice versa Os dois actantes sujeitos de fazer e de es
234. tiva o saber e na dimens o pragm tica o fazer ou seja um sujeito que sabe e pode fazer Primeiro estou mais otimista com a 84 Rodada de Doha estou mais otimista porque h uma vontade pol tica de que essas coisas aconte am Eu participei de uma reuni o e l fiz quest o de dizer que a decis o agora eminentemente pol tica n o mais econ mica Dessa forma Lula tenta construir uma imagem de pol tico empreendedor e preocupado com o andamento de seus projetos de governo e utiliza uma caracter stica marcante do discurso pol tico faz uso do racioc nio coerente e baseado na verdade para influenciar o enunciat rio a concordar com suas ideias Em alguns momentos ele utiliza tamb m a embreagem e instaura no discurso a terceira pessoa referindo se ao Brasil e consequentemente ao governo brasileiro com um certo distanciamento como se ele pr prio n o fizesse parte do governo O Brasil al m de apresentar essas propostas tem no biodiesel e no lcool grandes programas que podem ajudar os pa ses pobres a se desenvolver Em uma mesma resposta do Presidente poss vel verificar o uso da debreagem enunciva da debreagem enunciativa e da embreagem O entrevistador assume uma postura de auxiliar e direciona o entrevistado nas explica es e informa es dos dados a serem passados para o ouvinte e suas perguntas contribuem para que o presidente utilize um tom did tico e explicativo As suas quest es n o i
235. to o crescimento do PIB no pa s e sua consequ ncias Logo no in cio instaura se um eu no discurso pelo processo de debreagem enunciativa em 1 pessoa do singular Neste momento delega se voz ao ator Lula que inicia a resposta com um tom individualizado expondo suas ideias de forma particularizada assumindo se como sujeito cognitivo e em seguida assume o discurso em 1 pessoa do plural como governante do pa s Luiz eu acredito que o povo brasileiro est acompanhando tanto quanto eu seja pela imprensa seja pelos debates que t m acontecido que n s estamos vivendo um momento bom da economia brasileira O presidente continua no decorrer da entrevista em v rios momentos com um tom bem simples e pessoal colocando suas ideias de forma um pouco individualizada mas com caracter sticas de discurso pol tico que tenta ser convincente e baseado em verdades Olha eu acho que h v rios n meros que me impressionam Em alguns momentos volta a tratar o pa s de maneira aut noma isentando se como presidente e instaurando no discurso a embreagem para gerar o efeito de sentido de distanciamento Luiz o Brasil est vivendo um momento que nem o pior dos pessimistas brasileiros poderia estar pessimista A entrevista continua com respostas um pouco mais informais e com o uso da express o a gente em que o presidente se refere n o s a si pr prio como chefe do governo brasileiro mas tamb m ao povo em geral
236. tos organizacionais n o variam muito Conforme j informado o programa tem dura o de mais ou menos seis minutos e segue sempre o mesmo padr o inicia se com a sauda o do entrevistador aos ouvintes e ao entrevistado o presidente apresenta brevemente o assunto a ser tratado no dia e come a os questionamentos que geralmente s o resumidos e sem muitos coment rios que aprofundem ou questionem mais apuradamente as respostas Durante o programa o entrevistador usa o slogan para situar o ouvinte que pode ter acabado de ligar o r dio Esse o Caf com o Presidente o programa de r dio do presidente Lula E logo em seguida retoma o assunto com uma nova pergunta No programa de entrevistas Caf com o Presidente a constru o composicional da pr tica discursiva n o apresenta muitas varia es Os elementos organizacionais desse g nero s o de certa forma fixos No in cio da entrevista o jornalista cumprimenta o presidente e os ouvintes conforme o exemplo a seguir Ol voc em todo o Brasil Eu sou Luiz Fara Monteiro e come a o Caf com o Presidente o programa de r dio do presidente Lula Tudo bem Presidente Programa de r dio Caf com o Presidente 09 de abril de 2007 Em seguida o presidente responde ao cumprimento Tudo bem Luiz Ap s os cumprimentos o entrevistador faz uma breve apresenta o da agenda do presidente para a semana e j introduz uma pergunta Presidente nest
237. tos que a vida entra na l ngua Dependendo do conhecimento dessas formas discursivas que poder ser verificada a liberdade de uso dos g neros e isso depende de uma postura do usu rio da l ngua nos processos comunicativos Os g neros fazem parte de uma cadeia que une e dinamiza as rela es entre pessoas sistemas de linguagem e tamb m entre interlocutor e receptor O g nero n o deve ser pensado fora da dimens o de espa o e tempo pois as suas formas de representa o s o justamente orientadas pelo espa o e pelo tempo Essa outra coordenada importante da teoria dial gica dos g neros apresentada por Bakhtin em sua revis o da teoria dos g neros da Po tica de Arist teles em nome das rela es esp cio temporais das representa es e da interatividade discursiva animadas em seu interior MACHADO 2007 p 158 Dessa forma Bakhtin tenta mostrar que os g neros adquirem uma exist ncia cultural a partir de seus estudos sobre cron topo E na teoria do dialogismo o g nero se insere numa cultura em que tanto a experi ncia como a representa o s o manifesta es marcadas pela temporalidade Bakhtin define g nero de uma forma bem simples e esclarecedora cada enunciado particular individual mas cada campo de utiliza o da l ngua elabora seus tipos relativamente est veis de enunciados os quais denominamos g neros do discurso 2003 p 262 Os g neros discursivos s o constru dos de forma hist rica e
238. tuar a reflex o sobre a narratividade Mas essa defini o n o deixou de apresentar muitas dificuldades pois a rela o de ator e atuante n o t o simples porque se um atuante podia ser manifestado no discurso por v rios atores o inverso era igualmente poss vel um s ator podia ser o sincretismo de v rios atuantes GREIMAS 1977 p 179 2 Atuantes e actantes t m o mesmo significado e passaram posteriormente a serem traduzidos como actantes 29 A estrutura atuacional mais comumente traduzida em obras posteriores como actancial aparece como uma possibilidade de explicar a organiza o do imagin rio humano Outras categorias entram em jogo para diversificar a estrutura atuacional ao lado das disjun es estruturais que descrevem a dramatiza o da narra o e das disjun es sint ticas que enquanto proje es do fazer humano virtual permitem dar a representa o de seu desenvolvimento GREIMAS 1977 p 182 A defini o de actante na semi tica foi v rias vezes estabelecida e redefinida por se tratar de um conceito central e ao mesmo tempo pol mico Greimas 1977 reconhece tr s pares de categorias actanciais em que cada termo definido por sua rela o opositiva com outro termo do mesmo n vel Esse conjunto de modelo bem conhecido e encontrado em S mantique Structurale 1 Sujeito Objeto 2 Destinador Destinat rio 3 Adjuvante Oponente Esse modelo actancial pode ser
239. uanto no interior do enunciado Nesse aspecto dial gico do discurso as ideias de Charaudeau 2006 p 19 convergem com a cita o anterior ao afirma que todos os grandes pol ticos disseram ou deram a entender que a arte pol tica reside em uma boa gest o das paix es coletivas isto em um sentir com os outros que preciso acrescentar os torna cegos quanto s suas pr prias opini es e motiva es pessoais 49 Da mesma forma que um enunciado qualquer por mais inocente que pare a pode ter um sentido pol tico assim que a situa o o autorizar tamb m um enunciado aparentemente pol tico pode de acordo com a situa o servir apenas de pretexto para dizer outra coisa que n o pol tica Ent o como afirma Charaudeau 2006 p 40 n o portanto o discurso que pol tico mas a situa o de comunica o que assim o torna N o o conte do do discurso que assim o faz mas a situa o que o politiza O discurso pol tico concerne mais diretamente aos atores que participam da cena de comunica o pol tica e que t m o desafio de influenciar as opini es para obter ades es rejei es ou consensos O povo vota em um pol tico em raz o de sua imagem e de algumas frases de efeito e n o necessariamente em raz o de seu programa pol tico entretanto o comportamento das massas depende daquilo que as re ne sob grandes denominadores comuns discursos simples portadores de mitos de s mbolos
240. uas transforma es consistindo o discurso essencialmente em um jogo de aquisi es e de perdas sucessivas de valores De acordo com Bertrand 2003 p 307 A distin o entre actante e ator pode agora ser precisada o actante uma pura figura sint xica existe apenas nos programas que o colocam em jogo o ator que outros denominam personagem uma figura mais complexa porque constitu da ao mesmo tempo de componentes sem nticos e de componentes sint xicos um ou v rios pap is actanciais De fato uma personagem numa narrativa que ser apenas nomeada mas n o entrar em nenhum programa de a o ser um puro elemento descritivo Privada do papel actancial ela n o constituir um ator da narrativa Para Floch 2001 p 25 a semi tica atingiu uma etapa decisiva de seu desenvolvimento ao aplicar an lise da compet ncia dos actantes a no o de modalidade Conforme j apresentamos a performance considerada como um fazer a compet ncia concebida como a combina o de um querer fazer de um dever fazer de um saber fazer e de um poder fazer pr vios FLOCH 2001 p 25 De acordo com a explica o de Bertrand 2003 p 308 A semi tica dedicando se apenas aos predicados modais que se manifestam na superf cie do texto situa a modalidade em um n vel mais geral e abstrato ela fala em valores modais Assim o saber ou o poder fazer de um sujeito podem ser expressos por
241. uidos a natureza planta es enfim figuras que remetem aos temas gratid o confian a respeito uni o realiza es futuro pr spero justi a igualdade e esperan a A representa o desses temas se d a partir das figuras de atores de v rias regi es ra as cores e idades se dando as m os com sorriso no rosto e ao fundo aparecem imagens representando os mais diversos pontos do Brasil Essas pessoas de m os dadas parecem se dar as m os em torno do Brasil cercando o para mostrar que todo o pa s est unido para no dia marcado comparecer aos locais de vota o e juntos com um mesmo ideal reeleger o presidente pois ele representa todos os temas depreendidos dos textos analisados No in cio de cada propaganda eleitoral Lula aparece representando v rias camadas da popula o e tamb m v rias profiss es O presidente aparece inclusive vestido de oper rio fazendo avivar na mem ria do eleitor a hist ria do seu passado que se mistura ao presente e d a impress o de que ele mesmo um homem do povo e est na presid ncia com a for a do povo Lula aparecia rapidamente com crian as homens mulheres idosos trabalhadores abra ando o povo sendo abra ado e carregado pelo povo enfim fazendo parte do povo A publicidade do candidato trouxe tamb m v rios atores que apoiam publicamente a sua reelei o os quais s o figurativizados por oper rios professores m dicos empres rios trabalhadores rurais pesso
242. um tema que d valor e sentido s figuras A descri o de uma isotopia figurativa visa na maioria das vezes ao estabelecimento da isotopia tem tica que a fundamente se esta n o estiver textualizada BERTRAND 2003 p 213 Essa significa o de segundo n vel pode se apresentar por exemplo por meio de um termo abstrato ou pode ser desenvolvida por meio de uma unidade discursiva agregada significa o figurativa da narrativa A significa o tem tica pode tamb m ser indicada por express es com fun o de conectar duas isotopias de leitura Esses conectores s o fixos e funcionam quando a significa o abstrata ilustrada por uma figura Essa significa o pode tamb m permanecer impl cita para ser interpretada livremente ou porque muito evidente Para Bertrand 2003 p 215 37 Certos discursos parecem se instituir sobre isotopias exclusivamente figurativas como o manual do propriet rio ou a receita culin ria Mas tamb m nesses casos uma tematiza o poderia facilmente ser reconhecida sem excluir outros desenvolvimentos tem ticos na ordem dos valores est ticos gustativos etc pass veis de serem introduzidos nesse tipo de discurso Inversamente os discursos cient fico filos fico te rico etc parecem arrolar exclusivamente isotopias tem ticas A an lise poderia ent o examinar os modos de inser o da figuratividade no discurso argumentativo n o somente por meio de ilustra es concretas po
243. umanas po tica e retoricamente amplificadas transpostas ornamentadas e que ao cabo de muito uso apresentam se aos olhos de um povo como can nicas e obrigat rias BERTRAND 2003 p 218 Assim ao contr rio do que se pensa o n vel figurativo n o fica na superficialidade e sim se veste de uma abstra o fict cia A figuratividade n o pode ser assimilada representa o mim tica que somente uma de suas realiza es poss veis A figurativiza o do discurso mais exatamente um processo gradual sustentado de um lado pela iconiza o que garante a semelhan a com as figuras do mundo sens vel e de outro pela abstra o que delas se afasta BERTRAND 2003 p 231 grifo do autor 38 A partir da figuratividade instalada no discurso pode se encontrar um conceito fundamental em semi tica o de isotopia A isotopia de acordo com Floch 2001 p 28 um conceito fundamental na medida em que ele permite entender como o prolongamento de uma mesma base conceitual garante a homogeneidade de uma narrativa apesar da diversidade figurativa dos atores e das a es Na defini o de Greimas e Court s do Dicion rio de Semi tica 2008 p 275 A J Greimas tomou ao dom nio da f sico qu mica o termo isotopia e o transferiu para a an lise sem ntica conferindo lhe uma significa o espec fica levando em considera o seu novo campo de aplica o De car ter operat rio o conceito de i
244. ume ao direcionar o ouvinte para fatos que considera relevantes no desenvolvimento da entrevista Luiz importante ver o seguinte o Brasil o maior pa s cat lico do mundo Programa de r dio Caf com o Presidente 07 de maio de 2007 O que n s estamos fazendo o seguinte o come o de uma obra que vai mudar a cara do Nordeste al m da sider rgica em Fortaleza al m da refinaria em Pernambuco Programa de r dio Caf com o Presidente 05 de junho de 2006 Express es com teor explicativo tamb m est o presentes nas respostas Veja muita gente fala escreve e d palpite antes dizendo que o Papa era extremamente conservador e queria tocar apenas em temas conservadores quando na verdade o que aconteceu foi que o Papa teve um comportamento de muito compromisso com as quest es sociais Programa de r dio Caf com o Presidente 14 de maio de 2007 132 Os indicadores pessoais tamb m s o recorrentes nas respostas do presidente em todas as entrevistas e acompanham express es que emitem a opini o no enunciado como eu acho eu penso eu acredito Eu acho que faz sobretudo porque o povo brasileiro um povo de muita f Programa de r dio Caf com o Presidente 07 de maio de 2007 Eu acredito Luiz que os fatores que est o criando um clima favor vel decorrem do fato de n s estarmos com a economia muito equilibrada com muita estabilidade Programa de r dio
245. ura se no discurso do presidente uma debreagem enunciva em 3 pessoa uma vez que ao se referir ao pa s coloca se sempre em segundo plano como se o Brasil fosse aut nomo como se n o fosse diretamente respons vel pelo direcionamento de governo do pa s mas mesmo quando se exclui do discurso pode se perceber que sua imagem de bom governante de respons vel pelas a es est o impl citas em sua fala em sua postura ou seja a pr pria exclus o auxilia na constru o de sua imagem pol tica fato percept vel no trecho seguinte O Brasil tem mostrado uma preocupa o com a integra o da Am rica do Sul e o item energia um dos principais para que haja uma integra o efetiva na Am rica do Sul O Brasil um pa s que tem o privil gio de ter fronteira com dez pa ses da Am rica do Sul Mas em seguida para falar dos seus acr scimos e contribui es como presidente e bom governante instaura uma debreagem enunciativa no plural mostrando a sua participa o efetiva nas a es de governo e explicitando sua responsabilidade no progresso do pa s colocando se na dimens o pragm tica como sujeito do fazer Com esse diagn stico correto na m o n s ent o apresentaremos uma proposta do que fazer conjuntamente onde arrumar dinheiro qual projeto n s vamos ter para que a gente tenha uma integra o Por exemplo n s j temos uma parte de energia el trica da Venezuela conectada ao Brasil s vezes por meio da d
246. vel considerar as v rias forma es discursivas no campo da comunica o Assim ele possibilitou situar o universo das intera es dial gicas constitu do por diferentes realiza es discursivas E quando passa a valorizar o estudo dos g neros o dialogismo descobre uma forma para analisar e estudar o hibridismo a heteroglossia e a pluralidade dos sistemas de signos na cultura Bakhtin 2003 p 262 afirma A riqueza e diversidade dos g neros discursivos s o infinitas porque s o inesgot veis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade integral o repert rio de g neros do discurso que cresce e se diferencia medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo E justamente por surgirem na manifesta o da prosa os g neros discursivos podem incluir todo tipo de di logos cotidianos como enuncia es da vida p blica institucional art stica cient fica e filos fica E por isso mesmo os g neros n o t m como ser estudados de maneira t o sistematizada Bakhtin distingue os g neros discursivos prim rios simples da comunica o cotidiana dos g neros discursivos secund rios complexos da comunica o produzida a partir de c digos culturais elaborados Essa distin o dimensiona as esferas de uso da linguagem como um processo dial gico interativo por isso os g neros n o s o fixos mas podem se complementar e se modificar Segundo Bakhtin 2003 p 2
247. vernamentais e enaltecer suas obras como na resposta que d sobre a negocia o para o aumento do sal rio m nimo feita com os sindicalistas Nesse momento individualiza sua resposta assumindo o discurso em uma debreagem enunciativa no singular com o uso do eu deixando transparecer suas ideias pessoais o que ajuda tamb m na constru o de sua imagem como pol tico e que de certa forma o aproxima de seu enunciat rio que reconhece seu passado e sua hist ria de vida Esse um fato novo importante eu diria hist rico para o Brasil O movimento sindical brasileiro nunca foi convidado para discutir o sal rio m nimo com quem quer que seja em qualquer momento da hist ria do Brasil Como nos discursos pol ticos em geral as a es governamentais durante seu mandato s o sempre consideradas boas e produtivas como se tudo corresse muito bem e sem problema nenhum pois esse o objetivo do discurso pol tico argumentar expressar uma convic o um ponto de vista e conseguir a ades o do enunciat rio Nesses momentos tamb m faz uso da debreagem enunciativa no singular Ent o eu acho que as coisas est o andando Est o andando e est o andando bem e eu acho que tudo isso s acontece porque o povo brasileiro soube nos momentos certos fazer press o soube exigir soube reivindicar e o nosso papel no governo atender Percebe se nesta fala que o enunciador chama a aten o do enunciat rio para a conscientiza o
248. vo na tenta o negativo na intimida o Portanto na persuas o pelo poder encontra se a tenta o valor positivo e a intimida o valor negativo na persuas o pelo saber tem se a provoca o com valor negativo e a sedu o com valor positivo 2 1 O THOS POL TICO Para Fiorin 2004 a imagem produzida pelo ator da enuncia o independentemente da veracidade ou n o constitui seu thos Conforme o autor 2004 p 120 o thos n o se explicita no enunciado mas na enuncia o O thos explicita se na enuncia o enunciada ou seja nas marcas da enuncia o deixadas no enunciado Portanto a an lise do thos do enunciador nada tem de psicologismo que muitas vezes pretende infiltrar se nos estudos discursivos Trata se de apreender um sujeito constru do pelo discurso e n o uma subjetividade que seria a fonte de onde emanaria o enunciado de um psiquismo respons vel pelo discurso 2004 p 120 Quando se fala em thos do enunciador fala se em ator e n o em actante da enuncia o De acordo com Fiorin 2004a p 122 n o h qualquer dificuldade para determinar o que se poderia chamar o thos do interlocutor j que este uma personagem constru da na obra com todas suas caracter sticas f sicas e ps quicas O problema distinguir o car ter do enunciador e o do narrador Fiorin 2004a p 123 seguindo as pistas deixadas por Greimas faz uma distin o
249. xtremamente importantes Primeiro o projeto de reforma universit ria que est em fase de elabora o pelo Minist rio da Educa o e vai ser enviado ao Congresso Nacional como proposta da sociedade civil brasileira que elaborou o projeto A segunda que n s estamos transformando cinco faculdades existentes em universidades federais e estamos criando quatro universidades novas Depois estamos fazendo 32 extens es ou seja estamos levando cursos para o interior do Brasil inteiro para que os adolescentes das cidades menores tenham a oportunidade de fazer um curso universit rio mais pr ximo da sua cidade da sua casa O presidente faz quest o de sempre reafirmar que a educa o prioridade em seu governo e de salientar que os investimentos nessa rea n o podem ser chamados de gastos h uma preocupa o com a a o e a transforma o do pa s Constata se que o ator Lula se comporta como presidente mas demonstra sua postura de candidato Para demonstrar seu apre o pelo tema faz uso da debreagem enunciativa na primeira pessoa do singular deixando transparecer um tom bem pessoal e subjetivo e quando se refere equipe de governo como um todo alterna para debreagem enunciativa no plural O emprego tamb m de figura de linguagem hip rbole em uma grada o ascendente percept vel A palavra de ordem que eu dei ao governo que proibido daqui para a frente qualquer centavo que n s colocarmos na educa o falar em
250. zer parecer verdadeiro que se pode chamar sem nenhuma nuance pejorativa de fazer persuasivo grifo do autor O fazer persuasivo do enunciador tem o objetivo de conseguir convencer o enunciat rio de que seu discurso verdadeiro ou pelo menos que simula a verdade Isso pode ser confirmado nas palavras de Greimas e Court s 1979 p 487 Exercido pelo enunciador o fazer persuasivo s tem uma finalidade conseguir a ades o do enunciat rio o que est condicionado pelo fazer interpretativo que este exerce por sua vez pelo mesmo motivo a constru o do simulacro de verdade tarefa essencial do enunciador est igualmente ligada tanto a seu pr prio universo axiol gico quanto ao do enunciat rio e sobretudo representa o que o enunciador se faz deste ltimo universo 2 Percebe se ent o que para a verdade do enunciador ser aceita como verdade necess rio que o enunciat rio aceite o discurso como verdadeiro sendo que essa aceita o s acontece quando h um contrato de veridic o pr estabelecido entre os dois Esse contrato constru do pelo pr prio texto permite que o fazer parecer verdadeiro do enunciador seja aceito pelo enunciat rio como um crer verdadeiro Assim constr i se um simulacro da verdade 27 1 3 DEBREAGEM E EMBREAGEM NO DISCURSO Para se instaurar nos textos pessoas tempos e espa os tem se a debreagem e embreagem como mecanismo b sico A debreagem enunciativa projeta no enuncia

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