Home

T - DEBORA CRISTINA DE ARAUJO - UFPR

Contents

1. 82 O processo de avalia o sele o e aquisi o das obras dar se de forma peri dica visando a garantir ciclos regulares bienais alternados intercalando o atendimento aos seguintes n veis e modalidade da educa o b sica educa o infantil 1 ao 5 ano do ensino fundamental e educa o de jovens e adultos II 6 ao 9 ano do ensino fundamental e ensino m dio BRASIL 2010a A distribui o a seguir resultado de coleta de dados do site do FNDE e pesquisas sobre o PNBE e ser para melhor organiza o da leitura disposta em partes Ressalta se que embora ao t rmino do presente estudo o site do FNDE tenha disponibilizado o hist rico do Programa at o ano de 2013 a op o foi de delimitar os dados at o ano de 2012 restringindo para posterior an lise de 2013 em diante apenas as edi es do PNBE voltadas para a diversidade 5 Sempre que necess rio para a contextualiza o hist rica ser utilizado neste texto a nomenclatura de s ries e n o anos do ensino fundamental como era no per odo da produ o dos documentos aqui analisados 144 ANO QUANTIDADE TIPO DE OBRA S CATEGORIA PNBE 215 t tulos Cl ssicas e modernas da literatura brasileira Bibliotecas de 1998 enciclop dias atlas globos terrestres dicion rios livros escolas de 5 sobre a hist ria do Brasil e sua forma o econ mica e 8 s ries um Atlas Hist rico Brasil 50
2. Como justificativa para as respostas ao como foi t m se que das 24 respostas dadas 8 n o explicitaram o tipo de discrimina o Dos 16 que assim o fizeram 9 56 2 a relacionaram quest o racial relatando se casos de xingamentos de macaco saci perer e outros SOUZA 2008 p 161 Al m disso a interpreta o de David Brookshaw 1983 que o saci mesmo tendo origem m ltipla sendo encontrada tanto em duendes gnomos an es Inclusive o Projeto de Lei PL n 2 479 2003 de autoria do Deputado Chico Alencar prop e a institui o do Dia do Saci a ser comemorado no dia 31 de outubro com o objetivo de valorizar a cultura nacional Dispon vel em http Awww camara gov br sileg integras 235123 pdf Acesso em 03 06 2014 E o pr prio Lobato em uma das dedicat rias da obra Mitologia Bras lica inqu rito sobre o Saci Perer dirigida elite paulistana que absorvia a cultura europeia sem sequer cogitar em levar em considera o e muito menos praticar as variadas formas das riquezas culturais brasileiras BLONSKI 2004 p 166 prop e o combate invas o do francesismo e de tudo o que descaracterizasse o elemento nacional BLONSKI 2004 p 166 98 pertencentes tradi o europeia bem como no curupira dos amer ndios e no Ma T bel da frica BROOKSHAW 1983 p 14 ganha a cor preta no Brasil talvez porque era caracterizado como tal na tradi o por
3. Eu resumi dizendo que era sobre diversidade tnico racial e ele disse Ah mas voc sabe que aqui no MEC tem uma secretaria pr pria pra tratar da diversidade Expliquei lhe que sabia mas como se tratava do PNBE seria importante a participa o de todas as secretarias envolvidas no Programa Ele disse que ent o iria ver com a coordenadora e responderia No mesmo dia o t cnico respondeu meu e mail informando que provavelmente a coordenadora s poderia dar a resposta no dia seguinte Pediu que eu aguardasse Sem respostas no dia 08 07 2014 encaminhei novo e mail solicitando informa es sobre a minha solicita o Passado mais de um m s e sem qualquer retorno reiniciei os contatos via telefone Descobri por meio de outro t cnico que apresentou uma postura r spida e grosseira em todas as comunica es que o t cnico anterior que havia demonstrado disponibilidade e interesse em me ajudar havia entrado de f rias Reiniciei todo o relato a este novo t cnico que de forma bastante agressiva disse que eu deveria enviar novamente o of cio Cogeam Recomecei todo o processo e mais uma vez n o obtive resposta Concomitantemente ia acompanhando o 260 encaminhamento do protocolo registrado no site do MEC Assim constava o perfil da solicita o ENCAMINHAMENTO DE DEMANDA Data da Resposta 26 09 2014 11 33 Solicita o encaminhada FNDE N vel 2 PROTOCOLO DE ATENDIMENTO 2014 0000169851 Era poss
4. Nota se que muito do conte do desses referenciais convergem com o que preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana no tocante ado o de pol ticas educacionais e de estrat gias pedag gicas de valoriza o da diversidade a fim de superar a desigualdade tnico racial presente na educa o escolar brasileira nos diferentes n veis de ensino PNBE TEM TICO 2013 p 12 N o se pode negar portanto a preocupa o do edital em rela o promo o e valoriza o da diversidade tnico racial que entendida inclusive de modo muito mais ampliado que o presente estudo que restringiu lembrando diversidade tnico racial rela o negras os e brancas os Reconhece se tamb m o significativo avan o que tal edital representa para a valoriza o da diversidade tnico racial no Brasil por contemplar pela primeira vez a presen a de obras de refer ncia entendidas como aquelas que tratam dos temas referidos no subitem 1 2 abordados sob seus aspectos conceituais hist ricos pol ticos sociais econ micos culturais lingu sticos afetivos pedag gicos e metodol gicos por meio de narrativas de experi ncias almanaques dicion rios atlas e enciclop dias tem ticas dentre outros PNBE TEM TICO 2013 p 3 destaques do documento Al m disso destacam se na reda o do edital aspecto
5. Mas tendo tal caracteriza o como pressuposto quer dizer necessariamente que os resultados no contexto desta pesquisa e num per odo posterior s an lises de Moehlecke 2009 Filice 2010 e Marques 2010 tenham sido os mesmos Observemos o question rio enviado e em seguida as respostas ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA Informa es pessoais Nome ra a cor rea de forma o Tempo de atua o no MEC Tempo de atua o na Cogeam Informa es sobre a Cogeam e o PNBE 1 Quais s o as frentes de atua o da Cogeam 2 Como o trabalho da Cogeam em rela o ao PNBE 3 Quais s o os alcances e os limites do PNBE atualmente 4 A avalia o dos livros realizada por uma institui o de ensino superior p blica estabelecida por sele o Em que medida a Cogeam participa da escolha dessa institui o E da avalia o dos livros 5 A resolu o n 7 2009 MEC FNDE que disp e sobre o PNBE estabelece que compete SECAD e a SEESP poca de aprova o dessa resolu o mas hoje Secadi elaborar em conjunto com o FNDE e a SEB o edital de convoca o do Programa Como se d esse processo A Secadi participa da elabora o de todos os editais do PNBE 6 Em 2012 foi publicado o primeiro edital do PNBE organizado pela Secadi o PNBE Tem tico e recentemente foi publicado o PNBE Ind gena A Cogeam participou participa desses processos Em que grau se d essa participa o 7 Em que
6. No cap tulo seguinte que tratar dos aspectos hist ricos legais pol ticos e econ micos do PNBE haver uma se o dedicada a apresentar outros estudos grande parte contempor neos sobre a diversidade tnico racial na literatura desse Programa Acrescentam se a esses outros estudos como o de Renata Beatriz Brandespin Rolon 2011 de M rcio Mucedula Aguiar 2011 de Ana Cl udia da Silva 2013 dentre outros 126 CAP TULO 3 O PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECA DA ESCOLA PNBE Quero olhar fundo l no fundo do seu falso pedido de perd o e denunciar o cinismo hist rico Miriam Alves 3 1 Estrutura e aspectos legais Embora no Brasil o Minist rio da Educa o seja reconhecidamente um dos maiores compradores de livros liter rios ou did ticos contudo sua atua o vai apenas at a aquisi o com pouca incid ncia no acompanhamento da utiliza o dos livros Foi o que constatou por exemplo o relat rio de avalia o do programa intitulado Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE leitura e biblioteca nas escolas p blicas brasileiras BRASIL 2008b ao afirmar que o modelo de interven o adotado vem historicamente privilegiando um nico aspecto que comp e uma pol tica de forma o de leitores a compra e a distribui o de livros s escolas e aos alunos BRASIL 2008b p 7 Justifica se portanto estudos que proponham uma avalia o de outras nuan as desse Programa
7. abordado frontalmente o problema do racismo considerado como uma das grandes injusti as humanas e sociais COELHO 2000 p 27 Embora possamos vislumbrar avan os tratar de igualdade no tocante representa o de personagens de v rias ra as seria negar todos os estudos posteriores incluindo o presente que v m demonstrando o quanto o racismo operando de modo estrutural e estruturante GOMES 2011 2012 desde a produ o at a veicula o das obras infanto juvenis tem impedido qualquer rela o de equidade ou igualdade como quer a autora As se es seguintes incidir o sobre tais interpreta es com vistas evidenciar o quanto os limites ainda prejudicam constata es mais otimistas 2 4 A literatura infanto juvenil no s culo 21 Para Turchi 2009 na contemporaneidade come a a despontar uma tend ncia de retomada dos cl ssicos universais e brasileiros bem como as mitologias grega africana ind gena entre outras que revitalizadas em fun o dos recursos dispon veis nas artes gr ficas trazem como marca est tica a presen a de dados da contemporaneidade na caracteriza o do tempo do espa o e dos conflitos TURCHI 2009 p 99 Outra tend ncia identificada pela autora consiste no cruzamento de v rias linguagens v rios c digos v rios g neros textuais TURCHI 2009 p 101 em que se incluem v rias obras que aliam qualidade liter ria e est tica por meio dos recursos gr fic
8. es e pol ticas educacionais de combate s discrimina es mas sem apoio de sua principal parceira teve ao longo dos anos a sua imagem associada impot ncia j que tanto a baixa disposi o de recursos financeiros e de pessoal quanto a baixa efetiva o das parcerias previstas com outras Secretarias do MEC dificultava dificulta a realiza o de a es mais eficazes e contundentes de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais Assim retomo a pergunta anteriormente feita nessa se o quais seriam as resist ncias dificuldades da Secadi em conceder entrevistas ou fornecer informa es escritas sobre uma das suas a es previstas em lei a participa o da avalia o de livros do PNBE e a rela o da avalia o de livros do PNBE Tem tico Diante de todo o contexto at aqui apresentado constata se que tais resist ncias ou dificuldades n o se devem especialmente deliberada nega o ou omiss o de informa es mas sim ao receio de um constrangimento institucional VAN DIJK 2008 pois se temia infere se aqui que algumas das quest es expusessem a rela o conturbada entre a Secadi e a SEB ou evidenciassem marcas dessa baixa autoestima Mas para al m dessa interpreta o cabe tamb m analisar as intencionalidades de desarticula o e fragiliza o de uma Secretaria com tamanha import ncia O argumento aqui defendido que as inten es relacionam se com a 251 a o do racism
9. o afirmativa ao ritual de passagem In AMANCIO Iris Maria da Costa GOMES Nilma Lino JORGE M riam L cia dos Santos Orgs Literaturas africanas e afro brasileira na pr tica pedag gica Belo Horizonte Aut ntica 2008 p 31 46 ANDRADE Ludmila Thom de CORREA Priscila Monteiro Os crit rios dos especialistas para os livros liter rios a serem lidos na escola In Reuni o Anual AnPED 2009 Caxambu Sociedade Cultura e Educa o Novas regula es 2009 ANDRADE Patr cia Ricardo Literatura e demandas tnico raciais o caso de Ca adas de Pedrinho de Monteiro Lobato In ALMEIDA J lia SIEGA Paula Orgs Literatura e voz subalterna anais Vit ria GM 2013 p 386 393 ANTUNES Walda de Andrade et al De leitor para leitores pol ticas p blicas e programas de incentivo leitura In ABREU M rcia Org Leituras no Brasil antologia comemorativa pelo 10 Cole Campinas Mercado das Letras 1995 p 123 160 APPLE Michael W Trabalho docente e textos economia pol tica das rela es de classe e g nero em educa o Trad de Thomaz Tadeu da Silva Tina Amado e Vera Maria Moreira Porto Alegre Artes M dicas 1995 ARAUJO D bora Cristina de Rela es raciais discurso e literatura infanto juvenil Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal do Paran 2010 Dispon vel em http www ppge ufpr br teses M10 araujo pdf Acesso em 12 12 2012 ARAUJO D bora Oyayomi Cr
10. o constante e de reconhecida qualidade est tica LUFT 2010 p 128 evidenciando o amadurecimento da literatura infanto juvenil dado o surgimento de um bom n mero de autores novos e da diversidade de tem ticas trabalhadas LUFT 2010 p 128 poss vel no entanto relativizar tal contexto t o promissor se observarmos a acessibilidade e entrada dessas es novas os autoras es e temas ao grande p blico considerando n o s as compras individuais mas tamb m as compras governamentais como o caso do PNBE Com o objetivo de explorar com mais nfase aspectos da produ o liter ria que Luft 2010 denominou de tend ncia ou linha de revaloriza o da cultura popular a se o seguinte apresentar algumas pesquisas que t m buscado caracterizar a produ o infanto juvenil contempor nea de tem tica afro brasileira e africana 2 4 1 O mercado editorial brasileiro e a Lei 10 639 2003 Inicialmente houve o planejamento de desenvolver uma an lise sobre a produ o acad mica recente voltada para a diversidade tnico racial e literatura infanto juvenil no contexto p s LDB 9 394 1996 Observou se no entanto que se trata de um contexto ainda em constru o em que muitas das pesquisas frutos de estudos iniciais ou parciais apresentam oscila o no tocante qualidade anal tica Mas isso n o impede o reconhecimento em grande parte dos trabalhos de uma preocupa o em captar as transforma es pelas quais vem passand
11. o da sociedade nacional no mbito do PNBE PNBE IND GENA 2015 p 1 Esse edital destinado aquisi o de obras liter rias para estudantes e professoras es da pr escola anos finais do ensino fundamental e magist rio normal do ensino m dio de certa maneira dirime poss veis interpreta es que legitimariam de um lado o PNBE de literatura agora podendo ser aqui chamado de PNBE tradicional como adequado nos moldes atuais por tratar da aquisi o de obras de arte e de outro o PNBE Tem tico 2013 como adequado ao exigir o cumprimento legal de referenciais de educa o para os direitos humanos j que versa sobre obras de refer ncia No Anexo Il intitulado Crit rios de avalia o e sele o do edital do PNBE Ind gena 2015 por exemplo h o item Crit rios eliminat rios que n o consta no PNBE tradicional como j destacando anteriormente Nesse item s o poucas as diferen as em rela o ao edital do PNBE Tem tico 2013 ou s o no sentido apenas de enfatizar os aspectos liter rios em detrimento dos pedag gicos j que o PNBE Tem tico 2013 tem um car ter pedag gico ou de enfatizar a interculturalidade j que o PNBE Ind gena objetiva a aquisi o de obras produzidas em textos bil ngues ou ainda com rela o ao p blico atendido considerando que o PNBE Tem tico 2013 destinou se ao ensino m dio e aos anos finais do ensino fundamental e o 211 PNBE Ind gena 2015 destina
12. o dos alunos passa necessariamente pelas obras que s o lidas e valorizadas nas escolas MARTINS COSSON 2008 p 54 Oliveira M A J 2010a argumentando similarmente proposta de Martins e Cosson defende a ideia de fratura es liter rias proposta inicial de Concei o Evaristo A fratura consiste na inser o de temas ideias e subjetividades preteridas da chamada literatura can nica e ou impressa em seu corpus textual tendenciosamente desqualificada ou omitida de modo a perpetuar e hierarquizar diga se de passagem a tend ncia marcadamente euroc ntrica em detrimento das demais a exemplo da ascend ncia africana OLIVEIRA M A J 2010a 84 Fraturas liter rias ou contrac nones s o frentes necess rias e cada vez mais urgentes de serem consideradas tamb m no campo pol tico por representarem estrat gias de enfrentamento e supera o de pol ticas educacionais unilaterais e que atuam na difus o de uma matriz cultural apenas Nesse sentido a amplia o das pol ticas nacionais de leitura para al m do c none representa a afirma o institucional e pol tica de que o contato com a arte liter ria proporcionada pelos livros adquiridos para as escolas devem ter a capacidade de possibilitar experi ncias e trocas culturais e identit rias A arte liter ria como bem ressalta Vera Teixeira Aguiar 2007 respons vel pela transforma o da vida Por estas raz es a arte liter ria o espa o d
13. o e implementa o de pol ticas p blicas voltadas inclus o escolar que considerem as diversas dimens es do processo de escolariza o as diferentes popula es e o atendimento s necessidades espec ficas dos estudantes e professores contemplando a transversalidade dessas tem ticas em todos os n veis etapas e modalidades de ensino PNBE TEM TICO 2018 p 24 Em princ pio n o se pode afirmar que os demais editais do PNBE n o contemplem tais referenciais j que a literatura adquirida por esse Programa prop e ser emancipat ria como destaca o texto introdut rio aos Crit rios de avalia o e sele o do PNBE 2015 As obras de literatura a serem avaliadas e distribu das pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola 2015 dever o contribuir para que a escola p blica brasileira possa levar os alunos a uma leitura emancipat ria por meio do acesso a textos liter rios de qualidade que proporcionem experi ncias significativas e ofere am est mulos para a reflex o e a participa o criativa na constru o de sentidos para o texto Al m disso os textos liter rios dever o ser portadores de manifesta es art sticas capazes de despertar nos leitores jovens n o apenas a contempla o est tica mas tamb m a capacidade de reflex o diante de si do outro e do mundo que o cerca PNBE 2015 p 29 207 O que se verifica no entanto a nfase dada por um documento na promo o de referenciais de educa
14. onde esta pesquisa se insere Foram v rias as partes do estudo em que o desejo foi de explorar muito mais elementos das teorias liter rias o que me afastaria das pol ticas educacionais desafio imposto desde o in cio desse doutorado Mas como abrir m o da dimens o liter ria caracter stica essencial da minha forma o e que me move no compromisso como pesquisadora de rela es tnico raciais na literatura infanto juvenil A resposta simples n o abrindo N o 302 porque uma pesquisa engaja se na an lise de elementos pol ticos de um programa cuja natureza de propaga o da arte que ela deve abrir m o de seu compromisso com a qualidade dessa arte E foi esse o grande interesse de todo o estudo a qualidade da arte liter ria distribu da anualmente e gratuitamente s escolas p blicas brasileiras E esse aspecto ou interesse apresentou mais uma interse o como desenvolver um estudo que evidencie que duas secretarias do MEC n o convergem na compreens o de arte sem tirar de uma delas o reconhecimento de seu trabalho Em outras palavras ao defender que os editais do PNBE organizados pela SEB possuem um alto investimento em aspectos liter rios e escassos em n veis de reconhecimento e de valoriza o da diversidade tnico racial e que os da Secadi fazem o inverso queria dizer ent o que um deles deveria acabar Se assim fosse logicamente seriam os da Secadi j que as demandas da educa o nos moldes
15. tipos ideias Nogueira formulou duas categorias de preconceito o de marca e o de origem ambas oriundas de uma defini o geral de preconceito racial uma disposi o ou atitude desfavor vel culturalmente condicionada em rela o aos membros de uma popula o aos quais se t m como estigmatizados seja devido apar ncia seja devido a toda ou parte da ascend ncia tnica que se lhes atribui ou reconhece NOGUEIRA 2000 p 292 O preconceito de marca ou como ele mesmo diz e j explorado anteriormente por outras os pesquisadoras es e denominado como preconceito de cor seria prevalecente no contexto brasileiro onde o elemento determinante para uma poss vel exist ncia de preconceito a apar ncia isto quando toma por pretexto para as suas manifesta es os tra os f sicos do indiv duo a fisionomia os gestos o sotaque NOGUEIRA 2000 p 292 Isso se converge em consequ ncias bastante flu das e complexas pois o limiar entre o tipo que se atribui ao grupo discriminador e o que se atribui ao grupo discriminado indefinido variando subjetivamente tanto em fun o dos caracter sticos de quem observa como dos de quem est sendo julgado bem como ainda em fun o da atitude rela es de amizade defer ncia etc de quem observa em rela o a quem est sendo identificado estando por m a amplitude de varia o dos julgamentos em qualquer caso limitada pela impre
16. A defesa de Mariano de que reconhecendo o preconceito na produ o de Lobato a estrat gia pedag gica adequada seria problematizar essa quest o Sendo assim o papel da educa o na luta contra o preconceito contextualizar historicamente as obras do escritor atribuindo lhe o car ter did tico mostrando para as crian as os motivos reais que levaram Lobato a criar tais hist rias desmistificando as fun es pejorativas de alguns de seus personagens utilizando os como exemplo daquilo que NAO se deve fazer Dessa forma ao inv s de refor ar o preconceito suas hist rias criam uma invers o de valores agindo de forma positiva no processo de valoriza o da cultura afro brasileira e africana MARIANO 2018 p 61 Entendendo tal proposi o como uma alternativa pedag gica surgem novas reflex es propostas agora pelo presente estudo utilizar a produ o de Monteiro Lobato como exemplo negativo seria a melhor alternativa para combater o racismo E mais ser que a reifica o de express es pejorativas identificadas pela autora como exemplo daquilo que N O se deve fazer geraria automaticamente uma invers o de valores positivos do p blico leitor com a media o adequada 185 Alternativas como essa se revelam limitadas e arriscadas j que nada acrescentariam nem leitura cr tica de uma obra liter ria e nem ao combate ao racismo considerando que a partir do momento que uma obra esteja send
17. AGENDAMENTO DE ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA SECADI E EEE E CS A E 241 QUADRO 20 RACISMO E CONTROLE 251 FIGURA 3 QUESTION RIO ENVIADO SECADI 256 FIGURA 4 QUESTION RIO ENVIADO COGEAM 264 FIGURA 5 ORGANOGRAMA DA SEB GEST O 2012 266 ABL ABNT Abrelivros AEILIJ ANL BN Cadara CBL Ceale Cecip CNE CGPLI Cogeam Cole Comdipe Consed DOU Ebal ECD ECT Eja Fae Fae UFMG Fipe FNDE FNLIJ LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Associa o de Leitura do Brasil Associa o Brasileira de Normas T cnicas Associa o Brasileira de Editores de Livros Escolares Associa o de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil Associa o Nacional de Livrarias Biblioteca Nacional Comiss o T cnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados Educa o dos Afro brasileiros Cadara C mara Brasileira do Livro Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita Centro de Educa o e Comunica o para o Desenvolvimento Humano Conselho Nacional de Educa o Coordena o Geral de Programas do Livro Coordena o Geral de Materiais Did ticos Congresso de Leitura do Brasil Coordena o Geral do Ensino Fundamental Conselho Nacional de Secret rios da Educa o Di rio Oficial da Uni o Editora Brasil Am rica Estudos Cr ticos do Discurso Empresa Brasileira de Correios e Tel grafos Educa o de Jovens e Adultos Funda o de
18. Esse fator sugere um dentre outros questionamentos por exemplo quais crit rios foram adotados pelo MEC para essa indica o Um educador pouco cr tico poder utilizar esta obra liter ria em sala de aula sem se dar conta dos in meros aspectos que ela apresenta os quais precisam ser devidamente explorados para que a crian a alcance os objetivos n o apenas de forma o leitora mas tamb m de conhecer a cultura nela abordada BARREIROS VIEIRA 2011 p 347 3 As autoras n o indicaram o ano em que esse livro foi escolhido para o PNBE Em pesquisa para identificar o ano foi verificado que esse livro comp s acervo n o do PNBE e sim do PNLD na a o chamada de Acervos complementares definida como As obras complementares para os anos iniciais do ensino fundamental t m como objetivo ampliar o universo de refer ncias culturais dos alunos nas diferentes reas do conhecimento e ao mesmo tempo contribuir para ampliar e aprofundar as pr ticas de letramento no mbito da escola Essas obras configuram se como instrumento eficaz de apoio ao processo de alfabetiza o e forma o do leitor ao ensino aprendizagem de conte dos curriculares e ao acesso do aluno ao mundo da escrita e cultura letrada Dispon vel em http portal mec gov br index php option com content amp view article amp id 151668 amp ltemid 1130 Acesso em 12 02 2014 Al m disso a listagem onde consta o nome desse livro n o indica o ano de sua
19. LAESER Tempo em curso O IDH 2013 desagregado pelos grupos de cor ou ra a Ano V v 5 n 11 nov 2013 Dispon vel em http www laeser ie ufrj br P T tempo 20em 20curso TEC 202013 2011 pdf Acesso em 10 09 2014 Tempo em curso Conjuntura econ mica do primeiro trimestre de 2014 Ano VI v 6 n 6 jun 2014 Dispon vel em http www laeser ie ufrj br P T tempo 20em 20curso TEC 202014 06 pdf Acesso em 10 09 2014 LAJOLO Marisa A figura do negro em Monteiro Lobato Monteiro Lobato e outros modernismos brasileiros site 1998 Dispon vel em http www unicamp br iel monteirolobato outros lobatonegros pdf Acesso em 02 06 2014 LAJOLO Marisa ZILBERMAN Regina Literatura infantil brasileira hist rias amp hist rias S o Paulo tica 1984 L ZARO Andr Luiz de Figueiredo A diversidade a diferen a e a experi ncia da Secad Revista Retratos da Escola Bras lia v 7 n 13 p 265 276 jul dez 2013 Dispon vel em www esforce org br index php semestral article download 304 474 Acesso em 27 03 2014 LEMOS Helen Denise Daneres As intera es visuais e verbais no livro produzido para crian as um olhar sobre o PNBE 2005 Tese Doutorado em Educa o Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Educa o 2010 323 LIMA Heloisa Pires de Personagens negros um breve perfil na literatura infanto juvenil In MUNANGA Kabengele Org Superando o racismo na escola 2a ed
20. exemplares desse material que foi produzido pela Organiza o N o Governamental Centro de Educa o e Comunica o para o Desenvolvimento Humano CECIP Mesmo assim os acervos continuaram sendo pouco utilizados ou seja 23 mil guias impressos por uma institui o externa ao MEC e ao FNDE tiveram pouca efic cia na sua fun o que era de corrigir os problemas dos acervos Al m disso na an lise de Oliveira L L 2008 que considerou as seis primeiras edi es do Programa a de 1998 teve o maior valor m dio por exemplar o segundo menor n mero de escolas beneficiadas e a menor quantidade de livros comprados OLIVEIRA L L 2008 p 115 E o autor aponta ainda que houve falhas graves no Relat rio de Atividades de 1998 com n meros apresentados no demonstrativo que n o conferiam bem como a omiss o de gastos os maiores inclusive No ano de 1999 considerado uma complementa o do PNBE 1998 36 mil escolas de 1 a 4 s ries com no m nimo 150 estudantes de acordo com o Censo Escolar 1998 receberam os livros E segundo Fernandes 2007 por mais que as propagandas e documentos oficiais anunciassem que nenhum munic pio brasileiro havia sido exclu do j que o munic pio cujas escolas n o atendessem aos crit rios receberia a escola com maior n mero de estudantes a verdade que os estabelecimentos de ensino que j tinham sido contemplados com acervos do ano anterior e munic pios com escolas pequenas n
21. nico autor como Monteiro Lobato justifica se devido incid ncia de estudos catalogados sobre o PNBE CAP TULO 4 sendo que tais pesquisas enfocaram uma pol mica envolvendo a pol tica desse Programa Mesmo promovendo uma ruptura na apresenta o cronol gica de caracter sticas tend ncias e autoras es da 88 literatura ser importante contextualizar brevemente a seguir a referida pol mica para ent o retomar a cronologia Como informam Jo o Feres J nior Leonardo Fernandes Nascimento e Zena Winona Eisenberg 2013 em 30 de junho de 2010 a C mara de Educa o B sica do Conselho Nacional de Educa o CNE CEB acatou a solicita o que havia sido encaminhada pela Ouvidoria da Secretaria de Pol ticas de Promo o da Igualdade Racial SEPPIR sobre uma den ncia feita por Ant nio Gomes da Costa Neto De acordo com o Parecer 15 2010 a den ncia apresentava o seguinte argumento O solicitante encaminha den ncia no sentido de se abster a Secretaria de Estado da Educa o do Distrito Federal de utilizar livros material did tico ou qualquer outra forma de express o que em tese contenham express es de pr tica de racismo cultural institucional ou individual na Educa o B sica e na Educa o Superior do Distrito Federal Por se tratar de quest o envolvendo interesse p blico a Ouvidoria da SEPPIR solicita que sejam procedidas consultas de estilo bem assim enviadas as provid ncias adequadas por parte do Conselho Nacio
22. o de editais de sele o 6 Voc poderia explicar sucintamente como se d o processo de sele o das obras 7 Quais s o os principais motivos que levam um livro candidato ao PNBE ser exclu do Algum desses motivos relaciona se com a discrimina o racial Cite exemplos 8 Dentre os crit rios dos editais em dois trechos verificam se passagens que aludem ao tema da discrimina o Observando o PNLD h uma abordagem mais detalhada sobre o tema da discrimina o citando o combate discrimina o pela orienta o sexual pelo g nero pela ra a cor Quais s o os motivos na sua opini o para essa diferencia o 9 Algumas pesquisas atuais t m apontado que nos ltimos anos tem havido um aumento na quantidade de livros que apresentam personagens negras tanto em posi o de protagonistas quanto em coadjuvantes ambos em condi o de valoriza o Voc percebe esse movimento nos livros candidatados sele o do PNBE A que voc atribui essa postura 10 Existem informa es instru es oficiais sobre proporcionalidade de livros com tem tica ind gena ou afro brasileira e africana 11 No processo de sele o analisa se a posi o que tais personagens ocupam na trama por exemplo i se exercem atividades estereotipadas ou se rompem com estere tipos ii se reiteram ou refutam conceitos como o mito da democracia racial iii se autovalorizam seu pertencimento tnico racial incluindo cabelo cor de pele tr
23. o B sica SEB 2 a secretaria que colabora com a elabora o de algumas edi es da pol tica que interessam ao presente estudo a Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o Secadi e 3 a equipe pedag gica respons vel pela escolha dos livros Por meio do cruzamento dos discursos de tais agentes aliados com a an lise da literatura dispon vel em especial de outras pesquisas que trazem resultados sobre rela es tnico raciais em acervos do PNBE e em an lise documental sobre o referido Programa seria poss vel interpretar se h e em que medida uma interdi o de base racializante no processo de escolha dos livros inscritos no PNBE Inicialmente e at o per odo da qualifica o estava estabelecido que outros sujeitos participantes da pesquisa seriam representantes de editoras que t m em sua linha editorial declarados compromissos com a valoriza o da diversidade tnico racial com o intuito de cruzar seus discursos e suas impress es e concep es sobre o Programa do ponto de vista de quem inscreve as obras Foram selecionadas em princ pio duas editoras nacionalmente conhecidas com a inten o de realizar outras ap s o exame de qualifica o Contudo novos percal os surgiram durante a realiza o das entrevistas a constata o de que apenas uma 34 das duas editoras com as caracter sticas requisitadas no estudo j havia inscrito livros para a sele o do PNBE e dura
24. o continuada de professoras es junto Secretaria de Estado da Educa o do Paran Seed PR o que evidenciou por exemplo o estudo de Marcolino Gomes Oliveira Neto 2012 Na parte dedicada ao levantamento de a es para a implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais o autor constatou que Os dados revelam ainda que parcialmente o trabalho desenvolvido pela SEED ao longo de tr s anos para implementar a Lei 10 639 2008 parte dele com a colabora o de lideran as e dos as militantes dos Movimentos Sociais de Negros e Negras E o que observamos na organiza o e realiza o tanto do Encontro de Educadores as negros as quanto do Encontro do F rum Permanente de Educa o e Diversidade Etnico Racial do Paran em que conferencistas e palestrantes foram indicados as pelos movimentos sociais e alguns dos minicursos e oficinas dirigidos aos 68 professores e professoras foram ministrados por lideran as e militantes desses movimentos Essa situa o s foi poss vel por conta de uma caracter stica bastante pontual dos Movimentos Sociais de Negros e Negras que em v rias partes do pa s para tornarem leg timas suas reivindica es buscaram forma o acad mica tanto em n vel de gradua o quanto de p s gradua o especializa o mestrado e doutorado OLIVEIRA NETO 2012 p 54 destaques do autor E de certa forma o veto ao Art 79 A foi um pouco mais dilu do na reda o do Plano Na
25. o de obras elaboradas com base no reconhecimento e na valoriza o da diversidade humana considerando diferentes tem ticas e as especificidades de popula es que comp em a sociedade brasileira PNBE TEM TICO 2013 p 1 O p blico almejado pelo edital s o professores e estudantes do ensino m dio e dos anos finais do ensino fundamental com o intuito de lhes ampliar a compreens o sobre as tem ticas da diversidade inclus o e cidadania e atender ao desafio de promover o 205 desenvolvimento de valores pr ticas e intera es sociais PNBE TEM TICO 2013 p 24 Sua estrutura diferencia se dos editais anteriores do PNBE por ter como foco de atendimento segmentos da diversidade categorizados em nove eixos Ind gena Quilombola Campo Educa o de Jovens e Adultos Direitos Humanos Sustentabilidade Socioambiental Educa o Especial Rela es tnico raciais Juventude O interesse do presente estudo recai em primeiro plano ao eixo Rela es tnico Raciais cuja descri o assim apresentada pelo edital Referenciais sobre a educa o para as rela es tnico raciais contemplando a hist ria e diversidade cultural afro brasileira e africana trajet rias do povo negro no espa o geogr fico identidade racial rela es sociais e diversidade autoestima e identidade tnico racial hist ria e cultura dos povos ciganos no Brasil e a supera o do racismo na escola PNBE TEM TICO 2013 p 2
26. o de docentes eu n o falo nem de mediadores de leitura porque isso j uma coisa bem espec fica mas do profissional da educa o e da aproxima o dele com a literatura porque se ele um bom leitor de literatura e se ele entende o texto liter rio se ele contextualiza o texto liter rio n o ser uma macaca na rvore algo que o Monteiro Lobato falou l atr s sabe uma nega bei uda ent o n o pode nada N s vamos ter que pegar todo o Aloisio de Azevedo com o Corti o entre outros A entrevistada encadeia o discurso buscando amenizar passagens racistas que s o abundantes na obra do consagrado autor A agress o racial discursivamente destitu da de import ncia e legitimidade O ponto de vista daqueles que s o ofendidos e discriminados n o assumido como forma de identifica o com o oprimido ao contr rio negado Mesmo num contexto atual no qual as formas de racismo expl cito amplamente divulgadas pela m dia em que pessoas negras em 107 A instrumentaliza o ou a simples passagem pela m dia ficam entretanto sempre ambivalentes pois n o se trata mais de um prisma neutro nem de uma caixa de resson ncia nem de um precursor nem de um espa o c nico A m dia contribui para expandir e complexificar os processos de constru o social da realidade e torna isso mesmo ainda mais aleat ria toda constitui o eventual de uma matriz paradigm tica Poder se igualmente observa
27. o entre mulheres brancas autoras e mulheres negras personagens as guas tomadas metaforicamente em sua interpreta o revelaram se sujas e contaminadas de hierarquias 111 Assim o que desejei que a gua cristalina da purifica o fosse um s mbolo que enla asse brancas e negras vi transformar se na gua lodosa e lenta na qual uma mulher branca mergulha para se apossar de alguns poderes e com eles continuar a manter a figura estereotipada da personagem feminina negra PIZA 1998 p 193 Assim a poss vel emancipa o prevista por autoras brancas para suas personagens e que seria um reflexo de suas vidas pessoais geraram novas armadilhas que prenderam mais uma vez a mulher negra na imagem de um ser sexualmente exacerbado Nas palavras de Silva 2008 p 105 as escritoras brancas da pesquisa de Pizal na complexa intera o entre as m ltiplas subordina es atuantes na sociedade avan aram contra a subordina o de g nero se apoiando na subordina o de ra a Outros aspectos sobre a condi o de personagens negras infanto juvenis do per odo foram captados por Rosemberg 1985 e sua equipe Foram tomadas para an lise 168 obras infanto juvenis editadas ou reeditadas entre 1955 e 1975 com a proposta estudar a rela o adulto crian a implicada e veiculada pela literatura infanto juvenil indagando se ela reflete a mesma bipolariza o dominador dominado observado no tratamento impos
28. o no Grupo l G Educa o dos africanos na Di spora 26 Que os governos dos pa ses onde exista significativa popula o de descend ncia africana incluam nos curr culos educativos de todos os n veis elementar secund rio e superior cursos compuls rios que incluam Hist ria Africana Swahili e Hist rico dos Povos Africanos na Di spora NASCIMENTO 2002 p 69 64 Mesmo assim n o foi poss vel a aprova o de tal proposta para que os pa ses participantes fossem signat rios de uma mudan a t o significativa para o ensino de hist ria africana em seus sistemas de ensino Da mesma forma tamb m n o se operou a proposta desenvolvida pelo Quilombismo um projeto de organiza o social e pol tica uma alternativa nacional que se oferece em substitui o ao sistema desumano do capitalismo NASCIMENTO 1980 p 275 Dentre os princ pios e prop sitos do Quilombismo destaca se o seguinte item 7 A educa o e o ensino em todos os graus elementar m dio e superior ser o completamente gratuitos e abertos sem distin o a todos os membros da sociedade quilombista A hist ria da Africa das culturas das civiliza es e das artes africanas ter o um lugar eminente nos curr culos escolares Criar uma Universidade Afro Brasileira uma necessidade dentro do programa quilombista NASCIMENTO 1980 276 Gomes 2011 analisa que foram v rias as estrat gias adotadas pelo Movimento Negro ao longo
29. politicamente correto como foi e tem sido encarada pela grande m dia brasileira 91 e parte das os intelectuais reitera uma tend ncia de desqualific la como um importante conceito anal tico j que a exist ncia do politicamente correto um dado da vida comunal de qualquer sociedade principalmente nas sociedades democr ticas contempor neas Sua positividade moral se afirma tanto no mbito da cultura naquilo que Habermas chamou mundo da vida quanto nas institui es sociais nas p blicas e mesmo nas privadas E claro que a express o politicamente correto usada muitas vezes com car ter derrogat rio ou seja ela se tornou um termo de guerra da batalha ideol gica Mas isso n o diminui sua propriedade como conceito anal tico sociol gico e pol tico ela descreve um fato social concreto FERES J NIOR NASCIMENTO e EISENBERG 2013 p 97 De modo mais contundente no entanto posiciona se Henry A Giroux 1999 sobre o conceito de politicamente correto n o acredito que o elegante por m depreciativo r tulo de politicamente correto usado pelos liberais e neoconservadores capte o complexo conjunto de motivos ideologias e pedagogias de diversos intelectuais progressistas e radicais que est o tentando tratar do relacionamento entre o conhecimento e o poder como ele expressado atrav s da hist ria e do processo de forma o do c none disciplinar Na verdade a acusa o de que os i
30. 2009 p 477 A an lise dos programas projetos e a es de diversidade desenvolvidos no mbito do MEC nos permite observar que se h uma caracter stica comum a todos esta justamente sua pluralidade o que nos obriga a falar nesse momento de diversidades N o h portanto uma nica concep o de diversidade a orientar as pol ticas educacionais do governo federal o termo ainda poliss mico MOEHLECKE 2009 p 477 Diante dos resultados aqui apontados bem como as modifica es sugeridas para a pol tica do PNBE necess ria a supera o de uma arrog ncia bem intencionada ADICHIE 2009 que tem inserido em pol ticas educacionais produ es art sticas com tem ticas voltadas para a diversidade tnico racial de modo estereotipado e ou subalternizado Tal arrog ncia bem intencionada revelou se na pol tica sobretudo na an lise da entrevista e dos editais do PNBE E da mesma forma que Adichie 2009 e Silva P V B 2010a reivindicam que a maneira de lidar com essa postura por meio de mil e uma hist rias a defesa deste estudo que a inclus o de muitas vozes em uma pol tica educacional ou seja de muitas hist rias podem modificar representa es limitadas da condi o de ser negra o no mundo 311 REFER NCIAS ADICHIE Chimamanda Ngozi O perigo de uma hist ria nica Tradu o de RODRIGUES Erika In Technology Entertainment Design TED out 2009 Dispon vel em
31. A RAA pA e cumpriu todos os requisitos para obten o do titulo de DOUTORA em Educa o rea de Concentra o Educa o devendo encaminhar Coordena o em at 60 dias a contar desta data a vers o final da Tese vers o esta devidamente aprovada pelo professor orientador Encerrada a sess o lavrou se a presente ata que vai assinada pela Banca Examinadora e pela candidata Curitiba treze de mar o de dois mil e quinze A Bana Examinadora tejsalfr a geheie de Trabaho etegere LUA publ capka Prof Dr P lo Vin cius Baptista da Silva r f Dr Teun Adrianus van Dijk BA ES Nero veira G n alves Prof Dr 2 Gl dis Elise Pereira da Silva Kaercher Prof Dr a A zii Neis Rara Profa Dr a Andr a Bassa Gouveia A Geralda Martins dos Santos in memoriam por se fazer presente em meus sonhos e por ser meu referencial de for a e de matriarcado A todas as mulheres e homens militantes que antes de mim lutaram para que eu pudesse chegar aqui AGRADECIMENTOS Oy pois s por ela e com ela este trabalho chegou ao fim Brisando ventando relampejando coriscando varrendo e reconstruindo com muito mais solidez ela me conduziu conclus o desta importante fase em minha vida A minha m e Erli Domingues da Silva por ter me ensinado a ser disciplinada e ao meu pai Jos Herlique de Araujo por ter me ensinado a lutar Agrade o a ambos por terem nos incentivado sempre nos estudos e tamb m por
32. A pr pria pol tica do PNBE incluiu em diversas das suas edi es a adapta o de obras desde que mantidas as qualidades liter rias da obra original PNBE 2014 p 20 2012 p 24 N o me parece vi vel e relevante no entanto a modifica o ou supress o de trechos de obras liter rias como forma de lidar com o racismo ou qualquer outra forma de discrimina o Ignorar ou omitir o car ter racista de um texto o mesmo que silenciar se diante do discurso racista Portanto essa proposta tamb m se caracteriza como ing nua e ideol gica Para al m do reconhecimento de que Monteiro Lobato era racista e ele era racista posi o aqui defendida diante dos conceitos de racismo e discrimina o utilizados neste estudo qualquer debate mais aprofundado necessitar conhecer e reconhecer as controv rsias em toda a produ o do autor incluindo seus textos publicados e suas correspond ncias pessoais documentos imprescind veis s an lises por retratarem a sua vis o de mundo e seus planos para o futuro do Brasil Essa seria a terceira proposta e a que o presente estudo mais se aproxima embora para Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 p 98 n o seja a mais eficaz j que p or mais bem treinados que sejam os professores sozinhos n o podem resolver o problema No entanto no Brasil s tivemos a experi ncia da n o forma o escolar sobre rela es tnico raciais e nunca vivenciamos o contr rio de o tema
33. DF 20 jul de 2009 Se o 1 Dispon vel em https Awww fnde gov br fndelegis action UrlPublicasAction php acao abrirAtoP ublic o amp sgl tipo RES amp num ato 00000039 amp sea ato 000 amp vlr ano 2009 amp sgl orgao CD FNDE MEC Acesso em 18 08 2014 Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade Minist rio da Educa o Portaria n 99 de 29 de julho de 2009 d Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 31 jul de 2009 n 145 p 16 Dispon vel em http sites unasp edu br portal secretariageral Documentos DOU 2009 2 07 DO1 2009 07 31 pdf Decreto n 7 084 de 27 de janeiro de 2010 a Disp e sobre os programas de material did tico e d outras provid ncias Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 27 jan de 2010 p 3 Edi o Extra Dispon vel em http Awww planalto gov br ccivil 03 Ato2007 2010 2010 Decreto D7084 htm Acesso em 10 11 2018 316 Minist rio da Educa o Conselho Nacional de Educa o Parecer CNE CEB n 15 2010 b Orienta es para que a Secretaria de Educa o do Distrito Federal se abstenha de utilizar material que n o se coadune com as pol ticas p blicas para uma educa o antirracista Lei n 12 527 de 18 de novembro de 2011 a Regula o acesso a informa es previsto no inciso XXXIII do art 50 no inciso Il do 4 30 do art 37 e no 20 do art 216 da Constitui o Federal altera a Lei no 8 112 de 11 de dezembro de 1990 revoga a Lei no
34. apresentam se a seguir elementos para estudos posteriores Incluir editoras na investiga o para verificar se h pr ticas deliberadas de sub representa o de tem ticas relacionadas valoriza o da diversidade tnico racial Investigar o ingresso da literatura infanto juvenil africana e poss veis novos processos de racializa o com a prefer ncia de escritoras es brancas os Aprofundar a investiga o sobre a qualidade da literatura com tem ticas relacionadas valoriza o da diversidade tnico racial seria tamanha a baixa qualidade a ponto de n o serem escolhidas pelo PNBE ou h por parte das editoras que mais publicam tais tem ticas dificuldades para a elabora o de cat logos e atendimento aos preceitos burocr ticos dos editais 310 Ampliar o investimento em pesquisas com crian as com diferentes pertencimentos tnico raciais sobre a maneira como leem obras com contexto de des valoriza o da diversidade Investigar o impacto das comiss es criadas para selecionar a institui o respons vel pela avalia o do PNBE 2015 e se essa a o se manter nos anos posteriores bem como da comiss o que coordenar a avalia o do PNBE 2015 e dos anos seguintes Aprofundar a investiga o sobre os conceitos de diversidade tnico racial em sentido restrito e amplo por parte das secretarias do MEC em especial da SEB e da Secadi j que como constatou n o s este estudo mas tamb m Moehlecke
35. cio 2013 Bras lia mar o 2014b Dispon vel em ortal mec gov br index php option com docman amp task doc Acesso em 03 04 2015 MILES Robert Rela es raciais perspectiva 1 In CASHMORE Ellis Dicion rio de rela es tnicas e raciais Tradu o de KLEVE Dinah S o Paulo Summus 2000 p 485 488 MINAYO Maria Cec lia de Souza O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sa de 8 ed S o Paulo Hucitec 2004 MIGNOLO Walter Desobedi ncia epist mica a op o descolonial e o significado de identidade em pol tica Tradu o de NORTE Angela Lopes Cadernos de Letras da UFF Dossi Literatura l ngua e identidade n 34 p 287 324 2008 Dispon vel em http Avww uff br cadernosdeletrasuff 34 traducao pdf Acesso em 10 12 2014 MOEHLECKE Sabrina A o afirmativa hist ria e debates no Brasil Cadernos de Pesquisa n 117 p 197 217 novembro 2002 Dispon vel em http Awww scielo br pdf cp n117 15559 pdf Acesso em 07 04 2014 325 As pol ticas de diversidade na educa o no governo Lula Cadernos de Pesquisa v 39 n 137 p 461 487 mai ago 2009 Dispon vel em http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S0100 15742009000200008 Acesso em 27 03 2014 MONSMA Karl Racializa o racismo e mudan a um ensaio te rico com exemplos do p s aboli o paulista Anais XXVII Simp sio Nacional de Hist ria conhecimento hist rico e di logo social N
36. das s escolas bibliotecas da educa o b sica para apoio ao processo de ensino e aprendizagem desenvolvidos pelos docentes em sala de aula Atendimento universal e gratuito com base nos dados do Censo Escolar do INEP PNBE Peri dicos Avalia o de peri dicos distribu dos s escolas bibliotecas para subsidiar o trabalho dos professores e apoiar a forma o e atualiza o do corpo docente da equipe pedag gica e da 266 gest o da escola Atendimento universal e gratuito com base nos dados do Censo Escolar do INEP COGEAM QUESTAO 1 Nesse panorama ausentam se as edi es do PNBE organizadas pela Secadi embora lembrando a Portaria SECAD MEC n 99 2009 estabelece em sua comiss o um representante da Secretaria de Educa o B sica Sup e se no entanto diante da resposta quest o 1 que tal representante n o da Cogeam Mas de qual coordena o ou diretoria ent o tal membro originar se ia Observando o organograma da SEB torna se dif cil identificar sua origem j que pela l gica e pela rela o de natureza j que o PNBE tradicional est inserido no mbito dos materiais did ticos tal membro deveria ser da Coordena o Geral de Materiais Did ticos Cogeam SECRETARIA DA EDUCA O B SICA Chefia de Assessoria Gabinete T cnica Diretoria de Diretoria de Diretoria de apoio Curr culos e formula o de gest o Educa o Integral conte dos educacional educacionais Co
37. de g nero entre outras Exemplo crescente ado o de metodologia gerencial por produ o ou outras segundo a l gica do capitalismo central WERNECK s d p 32 33 O contexto analisado sobre a atua o e o sil ncio da Secadi aproxima se de pelo menos tr s caracter sticas apontadas pela autora A primeira delas relaciona se atua o do Estado que a reduz a capacidade de controle e gerenciamento dos recursos e pol ticas p blicas sociais WERNECK s d p 32 A baixa acessibilidade a informa es das a es e sobretudo como tais a es s o elaboradas e executadas pela Secadi MARQUES 2010 e a presente pesquisa geram como consequ ncia a baixa capacidade de avalia o das pol ticas desenvolvidas por essa Secretaria No entanto em rela o s outras duas caracter sticas considero uma diferen a em rela o organiza o de Werneck Ao passo que para a autora os quatro eixos estrutura estado pol ticas p blicas e programas projetos e a es s o dispostos linearmente considero que o organograma que melhor disporia tais elementos seria hierarquicamente j que a atua o do Estado gera consequ ncias 253 sobre as pol ticas p blicas que por sua vez incidem sobre os programas projetos e a es Assim como efeito das escolhas do Estado fundamentados em uma estrutura racista o impacto negativo sobre as a es bem como projetos e programas gestados s o que c abandona m a perspectiva de
38. discriminado de modo a conter a discriminado Assim o tema cor n o faz agressividade em rela o grupo parte de uma conversa amig vel proposta discriminador constante rela o por uma pessoa branca a uma negra Em assim trica no modo de um indiv duo contraposi o em qualquer contenda com negro em se dirigir a um branco uma pessoa de cor a primeira ofensa que se lhe assaca a refer ncia a sua origem tnica NOGUEIRA 2000 p 299 Quanto ao Consci ncia intermitente a cor motivo de Consci ncia cont nua que se d em efeito sobre o tomada de consci ncia em momentos em fun o de tr s caracter sticas 1 uma grupo que o preconceito apresenta se latente o que preocupa o permanente de discriminado sugere para muitos as negros as a ideia de autoafirma o 2 uma constante terem vivenciado poucas circunst ncias de atitude defensiva e 3 uma aguda e racismo peculiar sensibilidade a toda a refer ncia expl cita ou impl cita quest o racial NOGUEIRA 2000 p 300 Quanto Tend ncia de atitude individual e de Tend ncia de atitude coletiva As rea o do compensa o de suas caracter sticas por pr prias conquistas individuais s o grupo outras mais aceit veis pelo grupo vistas como verdadeiras tomadas de discriminado discriminador e quando em ascens o novas posi es em nome do grupo desinteresse pela sorte dos demais todo NOGUEIRA 2000
39. embora Paiva 2008a p 10 ressalve que as institui es se candidatavam em anos anteriores As demais informa es da resposta sobre os procedimentos de acompanhamento do processo avaliativo bem como da publica o de materiais e da realiza o de semin rios s o relevantes para um panorama geral da execu o da pol tica do PNBE tradicional As lacunas persistem no entanto em rela o aos editais da Secadi Embora a responsabilidade por essa lacuna isso fica evidente na resposta quest o 1 sobre as frentes de atua o da Coordena o n o seja da Cogeam interessante observar como a resposta sucinta quando se trata de aspectos relacionados Secadi A quest o 5 sobre a participa o da Secadi no editais do PNBE teve a seguinte resposta Todos os editais tanto do PNLD como do PNBE s o analisados pela SECADI tanto no que diz respeito s quest es relativas acessibilidade quanto aquelas referentes legisla o s diretrizes e s normas oficiais COGEAM QUESTAO 5 269 O que isso quer dizer na pr tica Como se d essa participa o Ela ocorre conforme preconiza a Resolu o MEC FNDE n 7 2009 Ou seja no in cio do processo apenas quando elaborado o edital e estabelecidos os crit rios em rela o sele o como aquele que informa que nj o ser o selecionadas obras que apresentem moralismos preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem H um debate sobre tal red
40. equidade igualdade racial e redistribui o de renda e riqueza como balizadores das a es do Estado e das politicas p blicas redu o da efic cia constitucional 2 Estado a reduz a capacidade de controle e gerenciamento dos recursos e pol ticas p blicas sociais b mant m ou amplia o controle do grupo racialmente hegem nico sobre pol ticas econ micas 3 Pol ticas p blicas a mant m identidade de objetivos e resultados de apropria o de riquezas materiais e simb licas com interesses do grupo racialmente dominante b amplia a participa o privada na gest o das pol ticas sociais Exemplo participa o crescente de empresas OS OSCIP filantr picas nas pol ticas de seguridade social habita o transporte saneamento cultura ao lado da insufici ncia e incompet ncia dos mecanismos de promo o da equidade Controle e administra o das pol ticas ocupa o de cargos na hierarquia superior nas m os de representantes dos grupos racialmente hegem nicos 4 Programas projetos a es a amplia e dissemina pr ticas de a o focalizadas nos tidos como incapazes de gerar riqueza pr pria re filantropiza o das pol ticas sociais b reduz os objetivos das pol ticas p blicas remedia o dos efeitos colaterais da competi o capitalista c abandona a perspectiva de redistribui o e transforma o social d reduz a capacidade de redu o ou elimina o das disparidades raciais e
41. es raciais seria melhor j que se relacionava apenas a marcas e n o ao racismo propriamente dito Paix o recupera a an lise do autor cruzando a com intepreta es sobre ra a e racismo desenvolvida por estudiosos como Guimar es E assim conclui o autor Portanto todo e qualquer processo mental coletivo que leve hierarquiza o das pessoas portadoras das distintas marcas raciais seja derivado por um equ voco moral produto da ignor ncia e da supersti o ou por raz es puramente instrumentais somente poder ser plenamente compreendido a partir do arsenal te rico e pr tico do racismo Concordamos que levando em conta diversos aspectos da vida social como por exemplo o modo de intera o social e padr es de segrega o o preconceito racial de marca e o de origem fa am grande diferen a Por m se na din mica da estratifica o social de uma dada sociedade a ra a compreendida ou em sua dimens o estritamente biol gica ou se compreendida por conta de identidades visuais essa quest o tangencia o sentido puramente formal Seguindo essa compreens o n o h como deixar de classificar a modalidade de preconceito praticada contra os negros brasileiros como sendo igualmente racial conquanto apresentando se diferenciado do modo pelo qual ocorre em pa ses como EUA ou Africa do Sul PAIXAO 2014 p 230 231 destaques do autor Debates em torno das an lises de Nogueira n o tiram de s
42. es relacionadas diversidade tnico racial em um dos programas executados pela Secadi como parceira da SEB pelo menos teoricamente o sil ncio efetiva se n o apenas como mera omiss o frente a esquecimentos ou a uma desorganiza o ele se revela como uma aus ncia ou falta no discurso que atua ativamente para construir sentidos SILVA P V B 2012 p 113 Mas que perguntas foram estas para terem mobilizado segundo a interpreta o aqui desenvolvida tamanho sil ncio como resultado de um racismo institucional A figura a seguir apresenta o documento enviado Secadi 256 ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA Informa es pessoais Nome opcional ra a cor rea de forma o Tempo de atua o na Secadi Tempo de atua o com a tem tica da Educa o das Rela es tnico Racial Informa es sobre a Secadi e o PNBE 1 A Secadi passou desde 2012 a publicar editais de sele o de obras para o PNBE PNBE Tem tico PNBE Ind gena Por que isso aconteceu 2 Quais s o as frentes de atua o da Secadi E da coordena o respons vel pelas edi es do PNBE organizadas pela Secadi 3 A resolu o n 07 2009 MEC FNDE que disp e sobre o PNBE estabelece que compete SECAD e a SEESP poca de aprova o dessa resolu o mas hoje Secadi elaborar em conjunto com o FNDE e a SEB o edital de convoca o do Programa 3 1 Como se d esse processo 3 2 A Secadi participa da
43. guardi es querendo ou n o pode servir para exclui r marginaliza r Perdendo com isso uma pluralidade de perspectivas que a enriqueceria DALCASTAGNE 2012 p 21 Outro aspecto de destaque nesse ltimo excerto apresentado da entrevista a aus ncia de correla o por parte da entrevistada da amplia o do n mero de livros com tem ticas africanas e afro brasileiras com as altera es no artigo 26A da LDB sugerindo com base em meras infer ncias minhas o raso conhecimento sobre o tema Al m disso ressalta se o pouco trato com as tem ticas da diversidade tnico racial termo agora mais ampliado para al m do conceito restrito de diversidade tnico racial desta pesquisa por meio dos usos de modo n o convencional dos voc bulos tem tica ind gena x tem tica racial p ex tanto na ind gena quanto no racia como se o primeiro correspondesse a temas relacionados cultura ind gena e o segundo relacionados cultura africana afro brasileira sugerindo tamb m com base em infer ncias minhas um terceiro grupo que n o seria racial o branco Outra parte da entrevista aqui analisada foi em rela o como j anunciado pol mica sobre Monteiro Lobato no PNBE RAP PNBE Eu sou contra qualquer tipo de censura e muito menos a censura a autor fundador infanto juvenil brasileira Ou n s aprendemos a contextualizar as obras e a formar mediadores de leitura capazes de propor a le
44. indicando os limites do PNBE como uma pol tica educacional que deve em conson ncia com a legisla o brasileira primar pela valoriza o da diversidade tnico racial produzida artisticamente e apontando com base em todos os resultados desenvolvidos ao longo do estudo caminhos para as modifica es do Programa cuja preciosidade o incentivo leitura de crian as jovens e adultas os das escolas p blicas brasileiras 38 CAP TULO 1 AS CONTRIBUI ES DOS ESTUDOS CR TICOS SOBRE RELA ES TNICO RACIAIS com a tica que eles defendem que eu de esp rito aberto te convido a esse di logo confiante que poss vel conquistar cora es e mentes mesmo entre os que como tu rejeitam o som de vozes subalternas para construir outros cen rios e roteiros que representem a emancipa o para todos Sueli Carneiro A proposta deste cap tulo de apresentar o suporte te rico que subsidiou as an lises sobre a racializa o operando no PNBE No entanto torna se relevante antes de qualquer discuss o sobre os conceitos da an lise empreender uma breve reflex o sobre o atual contexto brasileiro dos estudos de rela es tnico raciais no campo da educa o Inicialmente apresentada como uma reflex o individual tal pondera o passou a ganhar maior dimens o nas conversas acad micas informais e formais com pesquisadoras es da rea bem como a partir das leituras de estudos do campo not vel o reconhecimento do a
45. ntica do s culo 19 e de valores novos gerados em rea o aos antigos mas que ainda n o foram equacionados em sistema COELHO 2000 p 19 a condi o da tem tica racial ocuparia dois lados De um lado representando os valores tradicionais estaria o racismo apresentado pela literatura desse contexto da seguinte maneira A literatura tradicional procurou denunciar essa aviltante injusti a contra as ra as consideradas inferiores pela ra a vencedora mas se limitou aos aspectos sentimentais e puramente humanos deixando de lado suas fundas ra zes pol tico econ micas Na Literatura Infantil a separa o entre 38 Trata se do estudo publicado em um guia para professores as De olho no preconceito um guia para professores sobre racismo em livros para crian a S o Paulo Funda o Carlos Chagas 1990 114 brancos e negros not ria reflete uma situa o social concreta COELHO 2000 p 23 E de outro lado estaria o antirracismo que consiste na luta para combater os dios raciais t o fundamentalmente enraizados em nosso mundo COELHO 2000 p 19 Essa dicotomia poderia ser considerada como leg tima e adequada se n o fosse a conclus o da autora diante do contexto de produ o do final do s culo 20 em que para ela a igualdade se faz presente Na literatura essa luta j est bem evidente Na infantil mesclam se em p de igualdade personagens das v rias ra as e tamb m
46. o desejo de criar uma ci ncia liter ria aut noma a partir das qualidades intr nsecas da mat ria liter ria Para Magnani 1989 esses estudos se baseiam numa no o atemporal e a hist rica dessa qualidade intr nseca do liter rio MAGNANI 1989 p 6 E de outro lado est o os estudos que consideram o fen meno liter rio como historicamente analis vel ou seja tomado como um fato social situado na superestrutura que mant m rela es com outros elementos da superestrutura e com a infraestrutura MAGNANI 1989 p 6 na segunda perspectiva que esta pesquisa engaja se pois compreende a literatura como uma produ o art stica inserida em um tempo hist rico determinado e que toma para si quase que 3t JAKOBSON Roman Novi ichaia r skaia po sia nabrossok pi rvi A nov ssima poesia russa esbo o primeiro Tipografia A Pol tica Praga 1921 obra escrita em 1919 78 invariavelmente as condi es externas inclusive e sobretudo o processo que transforma essa produ o art stica em objeto de massifica o Regina Zilberman 1991 defende que a massifica o inerente produ o liter ria j que tem se caracterizado cada vez mais por uma produ o em s rie desde a autoria at a coloca o no mercado v o desaparecendo as marcas que identificam o artista ou a proveni ncia dos exemplares A massifica o que se refere em princ pio ao consumo pela sociedade do
47. o tornou se necess rio a meu ver um detalhamento dos passos dados como forma de transpar ncia e respeito tico com a pesquisa acad mica A se o seguinte ser dedicada a isso 27 Os percursos percal os da pesquisa muito dif cil para uma pesquisadora ou pesquisador que se considera engajada o e comprometida o com sua pesquisa e sobretudo com os resultados dela para a sociedade ver seu projeto sofrendo tantas transforma es a ponto de em certos momentos tornar se t o abstrato e distante que seus olhos n o o reconhecem mais Diante disso optei por escrever uma se o inicial onde compartilho os percursos e percal os enfrentados para a produ o de um trabalho complexo como o caso de uma tese de doutorado situa es essas que de certa maneira influenciaram na pr pria execu o do projeto Folheando materiais antigos da poca do mestrado encontrei uma obra cl ssica para a academia e que me dizia como escrever um trabalho acad mico trata se de Como se faz uma tese de Umberto Eco 1999 Lembrei me dos momentos de leitura desse livro e do quanto as discuss es no semin rio obrigat rio estimulavam me a construir uma pesquisa de mestrado adequada aos moldes da academia E recentemente relendo o in cio dessa obra deparei me com aspectos que me deixaram mais confusa ainda sobre os motivos que fizeram com que tudo tenha acontecido de modo t o diferente no doutorado j que a fluidez e cad
48. o apenas da massa trabalhadora oriunda dos processos migrat rios europeus e da popula o branca em imerg ncia em fun o de rescaldos de uma classe dominante fragmentada pelos sucessivos rearranjos da posse de terras LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 25 Na pr pria caracteriza o dos grandes centros no in cio da Rep blica a popula o negra omitida Esses segmentos variados e flutuantes come aram a compor a popula o das cidades at aquele momento habitadas apenas pela rala administra o e pelo com rcio e esporadicamente por fazendeiros a passeio cujos filhos frequentavam as raras escolas superiores em S o Paulo Rio de Janeiro e Recife LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 25 z Por m numa an lise de p ginas seguintes esse p blico contabilizado sendo inclu do na categoria de escravo mesmo depois do t rmino da escraviza o oficial no Brasil em 1888 Em primeiro lugar entre 1890 e 1920 com o desenvolvimento das cidades o aumento da popula o urbana o fortalecimento das classes sociais intermedi rias entre aristocracia rural e alta burguesia de um lado escravos e trabalhadores rurais de outro entra em cena um p blico virtual Este favor vel em princ pio ao contato com livros e literatura na medida em que o consumo desses bens espelha o padr o de escolariza o e cultura com que esses novos segmentos sociais desejam apresentar se frente a outros grupos com os quais buscam ou a i
49. o can nica mas tamb m sub representa o dessas tem ticas no mercado editorial brasileiro Talvez por isso as tradu es de obras liter rias de tem ticas africanas premiadas ou altamente reconhecidas em outros pa ses estejam ganhando nfase no Brasil como forma de suprir essa escassez ARAUJO SILVA 2012 Com isso no entanto n o se pode considerar que esse seja o principal fator que dificulte o acesso de estudantes das escolas p blicas brasileiras a livros com tem ticas contracan nicas por meio do PNBE j que a produ o liter ria originada de grupos sociais organizados como o caso do Movimento Negro consolidada e tem historicamente reivindicado seu espa o Talvez a resposta esteja nas formas de preserva o do preconceito na sociedade brasileira e um dos mecanismos dessa preserva o justamente a legitima o do racismo no interior dos discursos art sticos Assim o preconceito pode continuar sendo veiculado porque a sociedade se mant m preconceituosa e ela se mant m preconceituosa porque v seus preconceitos se confirmarem todos os dias nas diferentes representa es sociais DALCASTAGNE 2008 p 209 A partir das reflex es empreendidas sobre os dois editais da Secadi e da SEB sobre o PNBE foi poss vel tamb m identificar outras diferen as no tocante forma como a literatura interpretada pelas duas secretarias Em fun o dos limites do objeto desta pesquisa n o ser
50. o em franc s A Judit Gomes pelo apoio e atendimento das minhas solicita es em rela o estrutura do Neab Capes por ter garantido o insumo financeiro para a realiza o desta pesquisa Sempre que um rel mpago se apaga Ouve se o rugido do trov o Flash que incendeia a queda d gua Ol ol ol ol oi Astro que atravessa a atmosfera Luz estrobosc pica clar o Guizo de granizo sobre a terra Oi Estilha a os vidros varre o ar pra dentro de casa Espelho de prata espada de lat o Vira o tempo anoitece o dia joga o c u no ch o Vento vendaval redemoinho tuf o Ela rasga a nuvem abre a fenda Dan a na f ria do furac o Tira o v u do vento o c u desvenda Oi Pra nascer depois tudo de novo Agua apaziguada sob o ch o F nix das cinzas faz seu ovo Oi Junta fogo e gua sacudindo o teto de casa Cauda de cavalo e adorno de lat o O amor de todas as mulheres no seu cora o Chuva temporal borrasca inunda o Sempre que um rel mpago se apaga Ouve se o rugido do trov o Flash que incendeia a queda d gua Ol ol ol ol ol Arnaldo Antunes e Sandra Peres RESUMO O presente estudo investigou a maior pol tica educacional de distribui o de livros a bibliotecas das escolas p blicas brasileiras o Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE com o objetivo de interpretar como as rela es internas dentro das institui es que gestam e executam o Programa po
51. o para os direitos humanos que n o se faz presente nos demais No edital do PNBE Tem tico 2013 por exemplo diferentemente dos editais publicados pela SEB h uma se o intitulada Crit rios de avalia o que destaca os crit rios eliminat rios 1 respeito legisla o e s diretrizes relativas s diferentes tem ticas 2 observ ncia de princ pios ticos constru o da cidadania e ao conv vio social 3 coer ncia e adequa o da abordagem te rica e metodol gica assumida pela obra 4 corre o e atualiza o de conceitos informa es e procedimentos 5 adequa o da estrutura editorial e do projeto gr fico aos objetivos pedag gicos da obra A n o observ ncia de qualquer um desses crit rios detalhados a seguir resultar em proposta incompat vel com os objetivos estabelecidos para o ensino fundamental finais e ensino m dio o que justificar ipso facto sua exclus o do PNBE Tem tico 2013 PNBE TEM TICO 2013 p 26 destaques do documento Tal se o apresenta ainda um subitem intitulado 4 1 1 Respeito legisla o diretrizes e normas relativas s categorias que comp em o PNBE Tem tico 2013 com a informa o de que ser o exclu das as obras que estiverem em desacordo com uma s rie de marcos legais pol ticos e pedag gicos oriundos dos movimentos sociais procedimento que atua de modo similar ao desenvolvido nos editais do Programa Nacional do Livro Did tico PNLD D
52. o resistindo muitos anos essa Companhia representou de acordo com An bal Bragan a 2009 p 223 uma forte marca na nossa hist ria editorial pois deu base para a cria o da Companhia Nacional do Livro de Octalles Marcondes Ferreira ex auxiliar e s cio de Lobato Este ltimo citado tamb m por suas reivindica es para mudan as na pol tica tribut ria para valoriza o e estimula o das ind strias de celulose do Brasil j que os lucros destinados s 33 N o objetivo do presente estudo discorrer sobre tal contexto que envolveu a artista pl stica Anita Malfati Para mais informa es ler a obra de Marta Rossetti Batista 2006 95 editoras eram baixos A c lebre frase de Lobato um pa s se faz com homens e livros foi o mote utilizado na primeira metade do s culo 20 por organiza es de profissionais da ind stria livresca no Brasil com o intuito de implementarem um efetivo plano de erradica o do analfabetismo No entanto a mesma inova o n o se fez presente na elabora o das personagens negras Saci Tio Barnab e Tia Nast cia O Saci que inclusive tem uma obra com seu nome introduzido no imagin rio do S tio por Tio Barnab Segundo ele um saci um diabinho de uma perna s que anda solto pelo mundo armando reina es de toda sorte e atropelando quanta criatura existe Traz sempre na boca um pitinho aceso e na cabe a uma carapu a vermelha A for a dele est n
53. o seja em fun o de uma sensa o do aumento gradativo dos acervos das bibliotecas escolares que possuem mais de uma etapa do ensino fundamental ou possuem ensino fundamental e m dio O estudo de Fl via Brocchetto Ramos Nathalie Vieira Neves e Aline Crisleine Orso 2011 incidiu sobre obras com narrativas ou personagens africanas e afro brasileiras presentes no acervo do PNBE 2008 e teve como objetivo contribuir para ver em http www fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola apresentacao Acesso em 07 06 2014 178 divulgar tais obras a fim de promover pr ticas de leitura mais efetivas na forma o do leitor liter rio e maiores reflex es sobre os estere tipos culturais relacionados s culturas africanas e afro brasileiras RAMOS NEVES ORSO 2011 p 191 Embora numa perspectiva quantitativa fique evidente uma desproporcionalidade em rela o a personagens brancas j que dos cem t tulos escolhidos naquele ano apenas onze apresentaram personagens negras como protagonistas a inten o da an lise apresentada no artigo foi de explorar especialmente os aspectos de valoriza o das personagens negras nessas obras a presen a nas bibliotecas escolares e nas salas de aula desses contos reveladores de s nteses e contradi es contribui para o respeito e a valoriza o da cultura afro brasileira e da sabedoria que ela carrega consigo Acreditamos que o estudante brasileiro
54. panflet rio ou religioso PNBE 2015 p 30 com a reda o de que as ilustra es devem reproduzir adequadamente a diversidade tnica da popula o brasileira a pluralidade social e cultural do pa s n o expressando ou refor ando preconceitos e estere tipos PNBE TEM TICO 2013 p 29 constata se a diferen a entre uma constru o sem ntica neutra e uma constru o sem ntica ativa Assim concordando com Paix o 2008 p 63 mesmo a aus ncia de textos e imagens racialmente estereotipadas e preconceituosas n o significa necessariamente o seu contr rio ou seja a valoriza o da diversidade f sica e cultural 209 Poder o muitas o0s argumentarem que tal estrutura desenvolvida no PNBE Tem tico 2013 n o seria vi vel para os demais editais do PNBE voltados para a literatura considerando que por se tratar de uma manifesta o art stica n o se pode exigir da literatura compromissos com marcos legais mesmo que fundamentados nos direitos humanos A contra argumenta o proposta pelo presente estudo ser em duas frentes a primeira do ponto de vista da execu o do PNBE como uma pol tica educacional e a segunda do ponto de vista liter rio que tamb m ter uma t nica pol tica Ao se compreender o PNBE como uma pol tica de fomento leitura para estudantes da educa o b sica h que se ter a compreens o de que tal Programa est subordinado a um sistema de leis nacionais que a priori repres
55. pesquisa houve uma dificuldade relacionada a dois desses livros componentes do PNBE 2010 pois representavam o negro com personagens socialmente desvalorizados LOPES 2012 p 27 28 No livro A caixa de l pis de cor o personagem principal um menino negro era um engraxate um menino pobre como muitas vezes o negro representado na sociedade brasileira associado unicamente pobreza e a dor No livro Azur amp Asmar embora a hist ria se passe no Oriente M dio o menino de pele mais escura chamado de moreno e n o de negro e tamb m o personagem pobre da hist ria que cresce ao lado do menino branco e rico LOPES 2012 28 destaques da autora Al m de identificarem uma desproporcionalidade entre protagonistas brancas o0s e negras os Lopes 2013 tamb m constatou que as crian as leitoras reconhecem essa disparidade conforme alguns trechos a seguir Pesquisadora Qual a hist ria do livro trata se do livro A caixa de l pis de cor Kau O menino ganha uma caixa de l pis de cor e desenha e entra no desenho Pesquisadora O que ele era antes Manoela Man Engraxava os sapatos Pesquisadora Por que ele ganhou esta caixa de l pis de cor Jo Porque o homem n o tinha dinheiro para pagar ele Pesquisadora Ele engraxava sapatos e ganhou a caixa de l pis de cor em forma de pagamento ent o como era este menino do livro Kau e Jo Ele negro Pesquisadora E uma hist ria feliz ou uma hist r
56. rea de leitura literatura e educa o FERNANDES 59 Dispon vel em http Awww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 11 01 2015 150 2007 OLIVEIRA L L 2008 O trabalho dessa comiss o foi presidido pela secret ria de educa o fundamental e coordenado pela Coordena o Geral do Ensino Fundamental Comdipe As editoras interessadas em participar deveriam apresentar obras que privilegiassem todas as categorias 1 volume com uma obra de poesia de autoria brasileira 2 volume com uma obra de contos de autoria brasileira ou uma antologia de contistas 3 volume com uma novela de autoria brasileira 4 volume com uma obra cl ssica da literatura universal traduzida ou adaptada 5 volume com uma pe a teatral ou obra ou antologia de textos de tradi o popular OLIVEIRA L L 2008 FNDE O autor questiona o curto prazo para as editoras preparem as cole es j que o edital de convoca o foi publicado em 29 08 2001 e o prazo de entrega era 29 10 2001 Portanto fica evidente que conceber um projeto editorial desse porte em prazo t o curto n o tarefa simples Apenas as grandes editoras t m condi es f sicas e financeiras para a empreitada OLIVEIRA L L 2008 p 122 Assim concordando com o autor a sele o do PNBE 2001 privilegiou determinados tipos de empresa da ind stria editorial que no Brasil s o pouqu ssimas OLIVEIRA L L
57. ressalta que h variadas mesmo que correlatas defini es de racismo comumente propagadas 15 Na obra Classes ra as e democracia Guimar es 2002 apresenta um dos principais cr ticos do uso do conceito de ra a Paul Gilroy 41 pela literatura especializada uma delas por exemplo defende que o racismo baseado em uma cren a cient fica ou n o da exist ncia de ra as superiores e inferiores outra defende o racismo como sendo um corpo de atitudes prefer ncias e gostos instru dos pela ideia de ra a e de superioridade racial seja no plano moral est tico f sico ou intelectual GUIMAR ES 2004 p 17 e essa postura independe de uma elabora o intelectual complexa mas sim pode ser formada de um simples sistema difuso de predisposi es de cren as e de expectativas de a o que n o est o formalizadas ou expressas logicamente GUIMAR ES 2004 p 17 Essa segunda defini o a defendida na presente pesquisa porque converge com a perspectiva de que os discursos produzidos podem atuar para estabelecer e sustentar rela es de domina o ou rela es de poder H portanto correla o entre a segunda concep o de racismo manifestando se em atitudes mesmo sem necessariamente uma formula o complexa mas n o deixando de desenvolver consequ ncias negativas para um grupo indiv duo e positivas para outro e os discursos e n o discursos que muitas vezes apresentam se como pouco reveladore
58. ria APPLE 1995 p 83 Considerando tais contextos de produ o aliada argumenta o de Joyce Elaine King 1996 p 94 de que o papel dos as intelectuais consiste em revelar as formas pelas quais a ideologia oculta a domina o e sustenta a aliena o nos processos educacionais a relev ncia social pol tica e acad mica deste trabalho incidem portanto nos seguintes aspectos No desvelamento de elementos impl citos na avalia o e sele o das obras que comp em o PNBE entendendo esse Programa como uma pol tica de promo o da leitura que deve estar integrada s demais pol ticas educacionais vigentes dentre elas o reconhecimento valoriza o e promo o da diversidade tnico racial Na contribui o aos estudos cr ticos de rela es tnico raciais no Brasil por ser uma pesquisa marcadamente comprometida com o combate ao racismo 21 Na problematiza o sobre a necessidade do aumento de estudos que incluem as rela es tnico raciais como elemento de an lise das pol ticas educacionais brasileiras Diante dos eixos balizadores desta pesquisa PNBE discursos e racializa o a an lise desenvolvida ancorou se nas seguintes interpreta es do conhecimento dispon veis na rea a Devido hist rica atua o de entidades do Movimento Negro e pesquisadoras es vinculadas 0s bem como os estudos que v m contribuindo para a consolida o de uma rea de pesquisa no Brasil sobre o tema rg
59. s de entre si deixando mostra a cis o e a fragmenta o das pol ticas Isso levou a autora seguinte reflex o H de indagar os impactos desta fragmenta o percebida no mbito federal nos munic pios e no projeto governamental que tem uma proposta de educa o sist mica que envolva todos os n veis e modalidades de ensino e se transforme numa pol tica de Estado Ent o h de se considerar os impactos dessa falta de comunica o entre a SEB e a Secad para o sucesso da articula o entre os diferentes sistemas de ensino e a implanta o do artigo 26 A FILICE 2010 p 121 A autora caracteriza uma rela o bastante perversa no tocante implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais por parte da Secadi e da SEB Do mesmo modo que Moehlecke 2009 sua interpreta o de que a cria o da Secad ao mesmo tempo em que fortaleceu simbolicamente a luta institucional de combate s discrimina es e de valoriza o da diversidade acabou por concentrar essa luta em um espa o guetizando a e isentando a SEB da execu o de qualquer a o mais consistente evidenciando um trato desinteressado com as pol ticas afirmativas raciais e uma gest o compartimentalizada e segmentada do MEC FILICE 2010 p 110 O diagn stico preliminar sobre as a es da SEB de 2003 a 2008 mostrou que a quest o racial deixou de ser uma preocupa o dessa Secretaria ap s a cria o da Secad em 2004 A l
60. vatap mungunz sarapatel e a fauna e flora como calango marimbondo e catenga por exemplo Barros observou que o lugar ocupado por essas palavras na estrutura da l ngua portuguesa n o aquele da erudi o nem do jur dico tampouco do cient fico BARROS 2006 p 12 A an lise de Gouv a 2005 retratou um per odo bastante f rtil da literatura infanto juvenil sobretudo em fun o do marco autoral desse g nero Monteiro Lobato Grande parte do que a autora constatou relaciona se produ o lobatiana sobretudo porque a expans o da literatura para crian as ficou por um per odo hegemonizada a prolifera o de textos n o acontece imediatamente Na d cada de 20 destacam se dentre as cria es de autores nacionais quase que solit rias as obras de Lobato LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 46 Torna se necess rio nesse sentido discutir com mais detalhamento a produ o desse autor n o apenas por seu impacto na literatura infanto juvenil modificando o curso desse g nero liter rio mas tamb m em fun o da import ncia e contemporaneidade do tema e sua aproxima o com a pol tica do PNBE 2 2 A produ o lobatiana imers o nas personagens negras Para este cap tulo que tem como objetivo discutir o percurso da literatura infanto juvenil brasileira tendo como eixo anal tico estudos sobre rela es tnico raciais dedicar uma se o para abordar a produ o liter ria infanto juvenil de um
61. vel em http www letras ufmg br literafro Acesso em 20 03 2014 PIZA Edith O caminho das guas estere tipos de personagens negras por escritoras brancas S o Paulo Editora da Universidade de S o Paulo Com Arte 1998 PNBE 2005 BRASIL Minist rio da Educa o FNDE Edital de convoca o para inscri o de obras de literatura no processo de avalia o e sele o para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2005 Dispon vel em http www fnde gov br arquivos category 109 editais download 346 edital pnbe 2005 Acesso em 16 06 2014 PNBE 2013 BRASIL Minist rio da Educa o FNDE SECADI SEB Edital de Convoca o 08 2011 CGPLI Edital de convoca o para inscri o e sele o de obras de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2013 Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 29 dez 2011 Se o 3 p 57 Dispon vel em http Awww fnde gov br arquivos category 109 editais download edital pnbe Acesso em 10 09 2014 PNBE 2014 BRASIL Minist rio da Educa o FNDE SECADI SEB Edital de Convoca o 04 2012 CGPLI Edital de convoca o para inscri o e sele o de obras de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2014 Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 12 dez 2012 Se o 3 p 64 Dispon vel em http www fnde gov br arquivos category 109 editais download edital pnbe Acesso em 10 09 2014 PNBE 20
62. 2 152 QUADRO 7 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 3 eees 155 QUADRO 8 RESULTADOS DA AVALIA O DIAGN STICA DO PNBE NAS ZIEN AEE PR AE AEE Ro Da ad ae a a 162 QUADRO 9 RESULTADOS DA AVALIA O DIAGN STICA DAS A ES DO RNDE ara aa ai a CR O ad RS 163 QUADRO 10 RESULTADOS DA AVALIA O DIAGN STICA DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES rsss seseseresererrenerenesesaseserarean a 163 QUADRO 11 PROPOSI ES DE ALTERA ES DO PNBE sassis 164 QUADRO 12 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 4 ee 165 TABELA 1 RESUMO F SICO FINANCEIRO DO PNBE 2010 167 QUADRO 13 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 5 oces 168 QUADRO 14 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 6 siseses 170 TABELA 2 RESUMO F SICO FINANCEIRO DO PNBE 2012 seee 172 QUADRO 15 PESQUISAS SOBRE A DIVERSIDADE TNICO RACIAL NO PNBE isa ria nas Tras aE pa Goa Se GD A Ea E 200 QUADRO 16 PESQUISAS SOBRE A DIVERSIDADE TNICO RACIAL NO PNBE 2 nr a rec RE UR ERR a EN da 201 FIGURA 1 ORGANIZA O DA AN LISE DOS EDITAIS DO PNBE 220 QUADRO 17 COMPARA O ENTRE OS EDITAIS DE LITERATURA DO PNBE TRADICIONAL E DO PNBE IND GENA QUALIDADE DO TEXTO 222 QUADRO 18 COMPARA O ENTRE OS EDITAIS DE LITERATURA DO PNBE TRADICIONAL E DO PNBE IND GENA ADEQUA O TEM TICA 223 QUADRO 19 CRIT RIOS AVALIATIVOS ELIMINAT RIOS DA SELE O DE IES PARA AVALIAR O PNBE 2015 227 FIGURA 2
63. 2008 p 123 j que na poca apenas 10 das editoras eram avaliadas como grande tica Scipione FTD Saraiva Moderna Record Companhia das Letras Siciliano Rocco Nova Fronteira e Ediouro sendo que dessas seis tiveram suas cole es selecionadas al m da editora Objetiva que desde 2005 tamb m s cia da Nova Fronteira OLIVEIRA L L 2008 Dessa maneira houve expl cita falta de diversidade regional liter ria OLIVEIRA L L 2008 p 42 Al m disso Fernandes 2007 ressalta que essas editoras priorizaram nomes j consagrados na literatura adulta e ou infantil Ou seja os autores de prest gio reinam absolutos inclusive sobre o crit rio de diversidade FERNANDES 2007 p 71 Para Fernandes 2007 e Oliveira L L 2008 todos os passos do processo desde o edital at a entrega das cole es s escolas apresentaram graves problemas a saber as fases do ponto de vista de especifica es do edital forma o das cole es das especifica es t cnicas m nimas do formato ao acabamento a tipologia e o acabamento das cole es dos crit rios de avalia o e sele o das cole es da triagem das cole es titularidade e multas bem como da forma o dos pre os 151 Al m disso a investiga o de Regina Janiaki Copes 2007 identificou problemas relacionados ao baixo impacto da a o Literatura em minha casa Sua pesquisa foi realizada em escolas estaduais e municipais de Ponta
64. 2008b p 45 Esse contexto segundo a autora impulsiona o mercado editorial no mesmo caminho e contribui para aumentar a dist ncia que a separa da literatura enquanto processo est tico que tem como caracter stica fundamental o investimento na perplexidade do ser humano frente vida PAIVA 2008b p 45 Aproveitando essa an lise de Paiva pode se refletir e inferir sobre os temas da diversidade n o seriam eles tamb m enquadr veis nesse grupo Uma obra liter ria por exemplo que trate do drama humano vivenciado em fun o do racismo n o teria tais caracter sticas O que se poderia questionar portanto a maneira como esse drama apresentado se sobressaem caracter sticas moralizantes doutrin rias didatizantes ou se prevalecem caracter sticas liter rias relacionadas experi ncia est tica transformando se em possibilidade de constru o de respostas exist ncias necess rias aos projetos pessoais e coletivos PAIVA 2008b p 46 Nesse sentido Duarte 2008 considera que embora a tenta o do texto panflet rio fa a se sempre presente sobretudo em momentos de conflagra o social ou perante injusti as como a do cativeiro com certeza n o ser a ret rica imediatista que far perdurar a obra para al m do seu tempo DUARTE 2008 p 18 pois o que prevalecer o fator de arte a fim de estabelecer a comunica o despertar e cativar a aten o do leitor esp cie d
65. 394 de 20 de dezembro de 1996 modificada pela Lei no 10 639 de 9 de janeiro de 2003 que estabelece as diretrizes e bases da educa o nacional para incluir no curr culo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da tem tica Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Ind gena Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 11 mar de 2008 p 1 Dispon vel em http www planalto gov br ccivil 03 ato2007 2010 2008 ei l11645 htm Acesso em 04 11 2013 Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE leitura e biblioteca nas escolas p blicas brasileiras Bras lia Minist rio da Educa o 2008 b Minist rio da Educa o FNDE Resolu o n 7 de 20 de mar o de 2009 a Disp e sobre o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 23 set de 2009 Se o 1 Dispon vel em http www fnde gov br arquivos category 22 2009 download 156 res07 20032009 Acesso em 08 02 2018 Plano Nacional para a implementa o das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana 2009 b Dispon vel em http Awww portaldaigualdade gov br arquivos leiafrica pdf Acesso em 10 09 2014 Resolu o n 39 de 17 de julho de 2009 c Altera a Resolu o N 7 de 20 de mar o de 2009 que disp e sobre o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Di rio Oficial da Uni o Bras lia
66. Aparecida SOARES Magda Orgs Literatura infantil pol ticas e concep es Belo Horizonte Aut ntica 2008b p 35 52 Reflex es sobre pol ticas p blicas brasileiras de leitura In FRADE Isabel Cristina Alves da Silva et al Orgs Converg ncias e tens es no campo da forma o e do trabalho docente Belo Horizonte Aut ntica 2010 p 503 533 Did tica e pr tica de ensino Pol ticas p blicas de leitura pesquisas em rede In Org Literatura fora da caixa o PNBE na escola distribui o circula o e leitura S o Paulo Editora UNESP 2012a p 13 33 Selecionar preciso avaliar fundamental acervos de literatura para jovens leitores Educa o Porto Alegre v 35 n 3 p 301 307 set dez 2012b PAIVA Fabr cia Vellasquez A literatura infanto juvenil na forma o social do leitor a voz do especialista e a vez do professor nos discursos do PNBE 2005 Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o da Universidade Federal do Rio de Janeiro 2008 PAIVA Jane BERENBLUM Andr a Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE uma avalia o diagn stica Pro Posi es Campinas v 20 n 1 58 p 173 188 jan abr 2009 PAIX O Marcelo A dial tica do bom aluno rela es raciais e o sistema educacional brasileiro Rio de Janeiro Editora FGV 2008 lenda da modernidade encantada por uma cr tica ao pensamento social brasileiro sobre rela es raciais
67. BRASIL TCU 2006 p 29 Com resultados fornecidos principalmente por Oliveira L L 2008 e Fernandes 2007 foi poss vel verificar nas primeiras edi es do PNBE a complexidade do processo que vai desde a elabora o passando pela execu o e sobretudo pela recep o e efetiva aplicabilidade dos objetivos do Programa Tais resultados fortalecem o argumento aqui defendido sobre a baixa transpar ncia nos crit rios de sele o das obras e al m disso forneceu maiores subs dios para a interpreta o desse Programa do ponto de vista da import ncia de uma pol tica educacional de baixo impacto ANO QUANTIDADE TIPO DE OBRA S CATEGORIA PNBE Foi dada continuidade s a es do PNBE 2003 FNDE 2012 2004 1 acervo As cole es foram compostas por obras de Escolas com at 150 3 acervos diferentes g neros e tipos de texto poesias estudantes receberam um 5 acervos quadras parlendas e cantigas contos cr nicas acervo composto por 20 respectiva teatro textos de tradi o popular mitologia t tulos escolas com 151 a PNBE mente de lendas f bulas ap logos contos de fadas e 700 estudantes tr s 2005 acordo com adivinhas novelas cl ssicos terror aventura acervos compostos por o porte das suspense amor humor livros de imagens 20 t tulos cada um e escolas escolas com mais de 700 estudantes cinco acervos tamb m compostos por 20 t tulos cada um N o se
68. Chirley Bazilli 1999 captou elementos semelhantes Seu estudo analisou 41 livros infanto juvenis publicados entre 1975 e 1994 e os principais resultados tamb m retomaram os de Rosemberg por m com tons mais sutis Poucas transforma es que ocorreram nos vinte anos que separam ambas as pesquisas altera o no g nero liter rio temas mais relacionados vida cotidiana e universo realista laiciza o da produ o redu o de livros hist ricos e a maior presen a ficcional de indiv duos humanos A grande tend ncia observada pela Pesquisa de 1975 de representar personagens brancos adultos e de sexo masculino como representantes da esp cie continua vigorando assim como o de representar personagens negros tipificados tra os f sicos vestimenta nomea o da cor etnia negra logo de in cio por m mais sutil BAZILLI 1999 p v destaques da autora Outro estudo que mapeou o per odo que compreendeu algumas das ltimas d cadas do s culo 20 foi desenvolvido por Maria An ria de Jesus Oliveira 2003 cujo prop sito foi de estudar os personagens negros na Literatura infanto juvenil brasileira em narrativas publicadas entre 1979 e 1989 OLIVEIRA 2008 p 17 Em an lise de 12 obras desse per odo a s ntese dos resultados de Oliveira 20083 indicaram Na an lise das produ es liter rias publicadas entre 1979 e 1989 visou se a inova o no momento em que se atribui o papel principal aos personagens negr
69. Educa o Universidade Federal de Uberl ndia 2013 MARTINS Aracy COSSON Rildo Representa o e identidade pol tica e est tica tnico racial na literatura infantil e juvenil In PAIVA Aparecida SOARES Magda Orgs Literatura infantil pol ticas e concep es Belo Horizonte Aut ntica Editora 2008 p 53 78 MARTINS Aracy Alves GOMES Nilma Lino Literatura infantil juvenil e diversidade a produ o liter ria atual In PAIVA Aparecida MACIEL Francisca COSSON Rildo Coord Literatura ensino fundamental Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica 2010 p 143 170 MATA Inoc ncia Estudos p s coloniais desconstruindo genealogias euroc ntricas Civitas Porto Alegre v 14 n 1 p 27 42 jan abr 2014 Dispon vel em revistaseletronicas pucrs br ojs index php civitas article 10957 Acesso em 20 12 2014 MEC Secretaria de Educa o B sica Nota p blica de esclarecimento Bras lia 2014a Dispon vel em http portal mec gov br index php option com docman amp task doc download amp gid 1 6571 amp ltemid Acesso em 28 12 2014 Relat rio de Gest o do Exerc cio 2012 Bras lia mar o 2013 Dispon vel em http portal mec gov br index php option com docman amp task doc download amp gid 1 5144 amp ltemid Acesso em 03 04 2015 MEC Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o Relat rio de Gest o Exerc
70. Federal do Rio de Janeiro e excepcionalmente nessa edi o constou de duas etapas A primeira etapa consistia na avalia o por parte de uma equipe de especialistas em literatura infantil dos quais segundo Andrade e Corr a 2009 s p encontravam se ainda longe da escola mas ocupavam naquele momento o lugar de representantes leg timos com compet ncia para poder julgar o que se quer para a escola vindo diretamente da universidade A segunda etapa foi realizada por professoras es das escolas conforme preceituava o edital do PNBE 2005 Dispon vel em http Awww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola dados estatisticos item 3016 dados estatywC3 ADsticos de anos anteriores Acesso em 25 06 2014 Embora no site do FNDE conste o edital de convoca o do PNBE 2005 o mesmo n o se encontra dispon vel no Di rio Oficial da Uni o Inclusive uma curiosidade apresenta se no edital publicado no site do FNDE n o h data de publica o nem o n mero do edital Posteriormente em nova busca no site do Di rio Oficial da Uni o foi poss vel encontrar no DOU do dia 11 02 2005 Se o 3 p 21 apenas uma publica o intitulada Aviso de Altera o que informava O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE MEC faz saber aos titulares de direito autoral e a quem mais possa interessar que o Edital de Convoca o para Inscri o de Obras de Literatura no Processo de Avalia o e Sele
71. PNBE desde 2006 Como apresentado anteriormente os nomes das pessoas participantes da pesquisa n o ser o 218 divulgados mas o sexo feminino e o pertencimento tnico racial branco cabem e necessitam ser informados A entrevista ocorreu no dia 10 07 2013 em Belo Horizonte no Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita Ceale localizado na Faculdade de Educa o Fae da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Diferentemente das expectativas de que a entrevista teria alto grau de formalidade e com respostas breves em fun o do tema conforme hip tese apresentada na 104 a maneira descontra da e a forma de recep o por parte introdu o deste estudo da pessoa entrevistada levou a um processo que durou mais de duas horas e possibilitou no dia seguinte o meu acesso aos acervos dos livros inscritos e os livros selecionados pelo PNBE No entanto nas fases posteriores entrevista devolutiva da transcri o pessoa entrevistada e sua aprova o ou n o do texto foram se estabelecendo algumas dificuldades a entrevistada solicitou altera es de ordem de linguagem de n vel informal para mais formal pois segundo ela sua postura foi excessivamente solta e sem censuras E mesmo concordando com van Dijk 2008 sobre a ideia de que especialmente os autores profissionais e as organiza es devem ter um entendimento acerca de quais s o as poss veis ou prov veis consequ ncias de seus discursos sobre as repr
72. Perspectiva S A 1999 ERENBLUM Andrea PAIVA Jane Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE leitura e biblioteca nas escolas p blicas brasileiras v 1 Bras lia Minist rio da Educa o 2008 ESP RITO SANTO Conselho Estadual de Educa o Resolu o CEE n 1 967 2009 Di rio Oficial dos Poderes do Estado p 20 Vit ria ES 18 mar 2010 Dispon vel em https dio es gov br portal visualizacoes pdf p 28 e 783 find resolu o cee Acesso em 23 10 2014 EVARISTO Concei o Da grafia desenho de minha m e um dos lugares de nascimento de minha escrita In ALEXANDRE Marcos Antonio Org Representa es perform ticas brasileiras teorias pr ticas e suas interfaces Belo Horizonte Mazza 2007 p 16 21 Literatura negra uma po tica de nossa afro brasilidade Scripta Belo Horizonte v 13 n 25 p 17 31 2 sem 2009 Dispon vel em http periodicos pucminas br index php scripta article viewFile 4365 4510 Acesso em 27 03 2014 FERES J NIOR Jo o NASCIMENTO Leonardo Fernandes EISENBERG Zena Winona Monteiro Lobato e o politicamente correto DADOS Revista de Ci ncias Sociais Rio de Janeiro v 56 n 1 p 69 108 Dispon vel em http Avww scielo br pdf dados v56n1 a04v56n1 pdf Acesso em 08 01 2015 FERLETE F tima de Oliveira FERNANDES C lia Regina Del cio A escola na literatura infanto juvenil PNBE 1999 In GREGORIN FILHO Jos Nicolau PINA Patricia K tia da Cos
73. RS analisando informa es referentes s pr ticas mediadoras empreendidas pelos docentes atuantes nas bibliotecas das escolas KICH 2011 p 17 De modo geral os resultados de Kich reiteraram resultados de pesquisas sobre edi es anteriores do PNBE e em outra medida evidenciaram a qualidade do Programa no tocante escolha das obras Conforme dados coletados as obras que est o chegando s escolas p blicas por meio do Programa do Governo s o pouco usadas e n o h um trabalho efetivo de media o com os acervos No entanto os livros s o esteticamente elaborados veiculando a imagem visual em jun o com a verbal permitindo o desenvolvimento da experi ncia est tica por parte do sujeito leitor H boa qualidade textual demonstrando coer ncia e consist ncia na linguagem adequa o tem tica e projeto gr fico exemplar possuindo capa atraente papel adequado leitura aus ncia de erros de revis o e distribui o espacial adequados aos pequenos leitores KICH 2011 p 155 O resumo f sico financeiro dessa edi o disponibilizado pelo FNDE indica que ao todo 161 274 escolas foram beneficiadas com 8 601 932 livros distribu dos em 167 282 965 acervos O investimento total foi de R 65 283 759 50 e atendeu a 29 253 824 estudantes FNDE Sobre o PNBE 2009 n o foi encontrado nenhum estudo Destaca se apenas que escolas que ofertam o ensino m dio foram contempladas dois anos consecutivamen
74. a imagem mais positiva poss vel a respeito delas ou pelo menos tentam evitar uma imagem negativa VAN DIJK 2008 p 158 De acordo com o autor tais caracter sticas n o se limitam a indiv duos mas tamb m caracterizam e talvez ainda mais fortemente o discurso mais p blico das institui es e organiza es VAN DIJK 2008 p 166 Al m disso um processo de revers o p de ser identificado nesses resultados j que quem questiona a legitimidade e a idoneidade do PNBE que estaria criando desigualdades Assim n s n o somos culpados de nenhum ato negativo eles que s o VAN DIJK 2008 p 165 Nesse sentido predominou se nesta pesquisa a dissimula o em que rela es de domina o s o apresentadas de uma maneira que desvia nossa aten o THOMPSON 2002 p 83 do real problema que o racismo institucional Por exemplo j que a discrimina o e o racismo est o legal e moralmente proibidos a maioria dos pa ses ocidentais partilha a cren a oficial de que consequentemente essas atitudes n o existem mais como caracter stica estrutural da sociedade ou do Estado E se ainda existem a discrimina o e o preconceito s o tratados como incidentes ou desvios algo que poderia ser atribu do a indiv duos e punido no n vel individual Em outras palavras o racismo institucional ou sist mico negado VAN DIJK 2008 p 166 E acima de tudo esses resultados apontaram que se o racismo in
75. a verdadeira face do homem do campo indolente e doente Em Cidades mortas Lobato nos oferece a triste realidade do Vale do Para ba outrora uma regi o rica devido ao cultivo do caf e transformada num terreno de mis ria e fantasmas O livro O problema vital alerta quanto ao problema do saneamento do pa s e inteiramente dedicado campanha da vacina o A lista poderia continuar e seria extensa O que preciso frisar o engajamento do escritor em praticamente todas as quest es sociais do pa s queimadas saneamento petr leo elei es etc problemas que faziam parte do cotidiano do povo brasileiro sempre quest es da ordem do dia E foi este o material sobre o qual Monteiro Lobato se debru ou para elaborar o enredo de seus livros PASSIANI 2002 p 250 destaques do autor Importante sublinhar que a personagem Jeca Tatu incorporava o pessimismo do autor com a miscigena o da popula o brasileira orientado por uma perspectiva eugenista e que a personagem sofreu algumas altera es posteriores passando de fadado ao desastre para pass vel de ser educado Com uma lista extensa como afirma Passiani importante destacar ainda o engajamento em obras como O presidente negro no plano da eugenia e Em lia no pa s da gram tica no universo da L ngua Portuguesa ambos de Lobato E ainda o car cter didatizante que perpassa a extensa produ o dirigida s crian as Sendo assim a mera cr tica milit n
76. a forma o das crian as come a a ganhar vida na primeira metade do s culo 18 Nesse sentido verifica se por que a literatura infanto juvenil ou infantil nas palavras de Lajolo e Zilberman foi historicamente marginalizada As rela es da literatura infantil com a n o infantil s o t o marcadas quanto sutis Se se pensar na legitima o de ambas atrav s dos canais convencionais da cr tica da universidade e da academia salta aos olhos a marginalidade da infantil Como se a menoridade de seu p blico a contagiasse a literatura infantil costuma ser encarada como produ o cultural inferior LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 11 A fun o dessa literatura era de auxiliar a escola no processo de forma o das crian as para a vida adulta j que seu surgimento est atrelado a grandes mudan as sociais proporcionadas pela revolu o industrial Sendo a crian a a continuidade do processo e da l gica de mercado era necess rio fornecer lhe c digos para seu ingresso na nova fase de forma adequada Mudam se os valores e a organiza o familiar A manuten o de um estere tipo familiar que se estabiliza atrav s da divis o do trabalho entre seus membros ao pai cabendo a sustenta o econ mica e m e a ger ncia da vida dom stica privada converte se na 32 Alguns dos t tulos s o F bulas de La Fontaine As aventuras de Tel maco de F nelon e os Contos da Mam e Gansa de Charles Perrault LAJOLO ZILBERM
77. adicionar uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e cr ticos que discutam a presen a de estere tipos raciais na literatura Para os autores e autora a segunda e a terceira recomenda o do Parecer CNE CEB 15 2010 sugerem a ideia de que ao inv s de enfatizar o cumprimento por parte da Cogeam dos crit rios estabelecidos pela pr pria Coordena o no tocante a n o aquisi o de obras com preconceitos e estere tipos o parecer concede que algumas obras com preconceitos e estere tipos sejam selecionadas para o PNBE desde que contenham nota explicativa discutindo o estado da arte da cr tica acerca da presen a de estere tipos raciais na literatura FERES J NIOR NASCIMENTO e EISENBERG 2013 p 73 A repercuss o desse parecer nos meios de comunica o no Brasil foi imenso sobretudo com a nfase de que o documento originou se em fun o de uma obra de Monteiro Lobato e que recomendava n o s para a obra citada mas qualquer outra obra com marcas de preconceito ou estere tipos a adi o de uma nota explicativa A proposta de uma nota baseava se no argumento de que a publica o da obra do ano de 2009 apresentava alguns cuidados com rela o adapta o da linguagem nova ortografia da L ngua Portuguesa e preserva o do meio ambiente j que o tema da obra tratava de ca adas de animais De outro lado a base argumentativa da maioria das mat rias jornal sticas sobre o
78. apenas aquelas es que n o vivenciam ou n o representam o que se convencionou chamar de sujeitos da diversidade j que suas leituras estariam contaminadas de milit ncia E qual seria o limite ou quais os tipos de milit ncia poss veis milit ncia liter ria poderia mas milit ncia de g nero ou de rela es raciais n o Tais perguntas retomam reflex es apresentadas na parte inicial desse cap tulo quando foi apresentado o perfil dos componentes da Comiss o de Avalia o de Material Did tico e Instrucional para a Educa o das Rela es tnico Raciais para a implementa o da Lei 10 639 03 por meio da Portaria SECAD MEC n 99 2009 Embora a atua o dessa Comiss o n o se relacione an lise e avalia o de obras liter rias e sim de materiais did ticos e instrucionais reitera se a import ncia da representatividade de segmentos da sociedade civil especializados na tem tica da Educa o das Rela es tnico Raciais como a Cadara por exemplo N o seria poss vel e sobretudo legal a inclus o de membros de N cleos de Estudos Afro Brasileiros grupos de pesquisa de universidades p blicas e ou privadas ou organiza es n o governamentais com reconhecido trabalho de pesquisa sobre a diversidade tnico racial na produ o liter ria brasileira Seriam membros legitimados tanto quanto os demais e que forneceriam maiores subs dios 231 te ricos sobre aspectos est tico liter rios n o abordados com profundida
79. autor n o uma ideia completamente infundada j que n o h uma rela o causal entre o discurso e sua intepreta o VAN DIJK 2008 p 33 No entanto o autor contrap e apontando a capacidade de influ ncia dos discursos com contextos de poder Mesmo assim apesar de tal varia o individual e contextual isso n o significa que os discursos em si s o irrelevantes nos processos de influ ncia social H uma compreens o geral das maneiras como o conhecimento o preconceito e as ideologias s o adquiridos tamb m atrav s do discurso VAN DIJK 2008 p 33 negligenciando todo questionamento verdadeiro sobre as condi es e as modalidades de recep o e de uso dessas informa es MULLER SUREL 2002 p 87 108 No estudo Tarcyanie Cajueiro Santos 2014 intitulado A Campanha gsomostodosmacacos de Neymar uma reflex o sobre o racismo no futebol h detalhamentos sobre alguns dos recentes contextos de racismo no futebol Ler tamb m a publica o do peri dico Comci ncia intitulado Negar exist ncia colabora com a perpetua o do racismo ao longo dos s culos de Tatiana Venancio Roberto Takata 2014 Al m desses eventos o mais recente o ataque a uma revista francesa que tinha sua linha editorial pautada em cr ticas cidas fundamentadas no humor a grupos sociais e religi es negros as e mu ulmanos por exemplo O assassinato de doze pessoas incluindo quatro dos principais cha
80. bora Cristina de Pol tica educacional e a Lei 10 639 08 In COSTA Hilton SILVA Paulo Vinicius Baptista da Orgs Africa da e pela di spora pontos para a Educa o das Rela es Etnico Raciais Curitiba NEAB UFPR 2013 p 19 30 Cole o Cadernos NEAB UFPR RODRIGUES Poliana Rezende Soares Inf ncia negra uma an lise da afirma o da identidade afrodescendente a partir das imagens de livros infantis Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal da Para ba 2012 RODRIGUES Tatiane Consentino A ascens o da diversidade nas pol ticas educacionais contempor neas Tese Doutorado em Educa o Universidade Federal de S o Carlos 2011 330 ROLON Renata Beatriz Brandespin O ensino das Literaturas Africanas de L ngua Portuguesa no curriculum escolar brasileiro algumas considera es Revista Ecos C ceres v 11 p 131 139 2011 Dispon vel em http www unemat br revistas ecos docs v 11 131 Pag Revista Ecos V 11 N 02 A 2011 pdf Acesso em 03 09 2014 ROSEMBERG F lvia Literatura infantil e ideologia S o Paulo Global 1985 Teses 11 RUVIARO Eduardo Missau RUVIARO Henrique Missau Ruviaro Os reflexos da rede na democracia representativa uma an lise da elei o presidencial brasileira de 2014 sob a tica de aplicativos sociais Democracia Digital e Governo Eletr nico Florian polis n 11 p 163 186 2014 Dispon vel em http www buscalegis ccj ufsc br revistas index p
81. como bastante subjetivas as informa es acerca dos crit rios utilizados j que por parte da institui o que seleciona os livros n o h a publiciza o das editoras e livros descartados na sele o e sobretudo dos motivos 132 Para Fernandes e Cordeiro 2012 por exemplo ao analisarem o PNBE dividido em duas partes de 1998 a 2004 e de 2005 a 2012 no que se refere primeira parte as autoras constataram que Apesar do grande volume adquirido e do alto investimento de R 24 435 179 00 milh es os crit rios utilizados para sele o das obras n o foram apresentados e observa se que alguns livros selecionados eram de pessoas ligadas ou pertencentes comiss o de escolha formada por um grupo de intelectuais not veis al m de outros livros que demandam um leitor mais experiente em fun o da complexidade FERNANDES CORDEIRO 2012 p 320 De maneira semelhante Oliveira L L 2008 p 104 105 observou que os pr prios criadores e executores do programa MEC SEB e FNDE revelam despreparo e superficialidade em rela o aos crit rios adotados para avalia o e sele o dos t tulos A partir de 2005 ano que a avalia o dos livros passou a ser feita por institui es p blicas de ensino superior alguns estudos passaram a verificar maior explicita o de informa es sobre a sele o do PNBE embora com alguns problemas persistam na pr pria organiza o da pol tica como por exemplo o
82. constru o de suas personagens negras Ao atribuir Tia Nast cia sobretudo a ela por ela ser frequente nas tramas desenvolvidas no S tio caracter sticas de conhecedora das crendices populares e das narrativas tradicionais o autor imerge no universo afro brasileiro sincretizado com as culturas ind genas e europeias revelando se um ex mio folclorista No entanto como argumenta lone Jovino 2006 p 188 as narrativas de tradi o oral de Tia Nast cia n o t m aliados n o h outros personagens que partilhem ou que vejam de modo positivo as express es culturais Al m disso como destaca Rafael F culo Porci ncula 2014 quando Tia Nast cia arrisca narrar um conto originado do folclore do Congo sua proposta desestimulada ao final da enuncia o Pedrinho conclui que aquela hist ria se parece com as brasileiras as quais seriam bem bobinhas Para Dona Benta n o se podia esperar nada diferente dos pobres negros do Congo e al m disso aquela teria sido uma regi o de intenso fornecimento de escravos para a Am rica p 125 O esclarecimento da senhora demonstra que os indiv duos daquele pa s demarcados por sua composi o racial negra n o eram capazes de elaborar uma narrativa de qualidade elevada e a similitude com os brasileiros evidencia uma heran a transplantada na poca do tr fico de escravos africanos Assim as cr ticas negativas s hist rias populares como a nula ou baix
83. construiu um amplo quadro te rico com diversos outros conceitos balizadores como picturebook narra o verbo visual livro ecol gico oriundos de estudos estrangeiros Ver mais em LEMOS 2010 p 92 105 180 pluralidade tnica haja vista o contexto de valoriza o em que elas est o inseridas no in cio da obra uma m e e um filho est o lendo o livro Menino maluquinho de Ziraldo e a m e compara seu filho ao protagonista do livro Para Fernandes e Cordeiro 2011 contextos como esse s o de valoriza o por romperem com uma tend ncia frequente de representa o negativa de personagens negras na produ o liter ria infanto juvenil brasileira extremamente importante aos pequenos leitores para se conscientizarem em rela o pluralidade tnica De acordo com Fanny Abramovich 1989 p 36 frequente entre os livros destinados aos pequenos leitores a representa o do negro e da mulher negra apenas por meio de imagens em que ocupa um local social inferior ao do branco O preto Ora somente ocupa fun es de servi al Normalmente desempregado subalterno tornando claro que coadjuvante na a o e por consequ ncia coadjuvante na vida Se mulher cozinheira ou lavadeira gordona e bunduda Dessa forma Ziraldo 2006 quebra com essa representa o hegem nica FERNANDES CORDEIRO 2011 p 23 J em outro estudo em que Fernandes foi coautora de Fl via Ferrei
84. contrapor ao racismo faz se necess ria a constru o de estrat gias pr ticas movimentos e pol ticas antirracistas concretas E importante tamb m uma releitura hist rica sociol gica antropol gica e pedag gica que compreenda valorize e reconhe a a humanidade o potencial emancipat rio e contestador do povo negro no Brasil e a nossa ascend ncia africana GOMES 2012 p 8 Tomando como postulado a ideia de que as identidades perpassam pela luta pol tica e de que a atua o do Movimento Negro tem tensionado as bases fundantes do mito da democracia racial torna se preponderante na constru o do quadro sobre os estudos cr ticos que subsidiaram este trabalho um olhar mais aprofundado acerca do racismo na educa o brasileira o objetivo da se o seguinte 1 3 A Educa o das Rela es Etnico Raciais O que ser definido neste estudo como Educa o das Rela es tnico Raciais o conjunto de documentos produzidos em mbito legal relacionados ao ensino de hist ria e cultura afro brasileira africana e ind gena Trata se n o apenas das altera es realizadas pelas Leis 10 639 20083 que tornou obrigat rio o ensino de hist ria e cultura afro brasileira na educa o e da Lei 11 645 2008 que prop s altera es na primeira Lei incluindo o ensino de hist ria e cultura ind gena na LDB Refere se tamb m s altera es que ocorreram em outras esferas da educa o nacional como por exemplo no Conse
85. contudo que mais esse sil ncio pode ser ind cio do sil ncio como categoria anal tica j demonstrada nas se es anteriores As demais informa es sobre essa entrevista se unir o a esse ind cio Considerando que muitas das informa es da entrevista foram apresentadas ao longo deste estudo em rela o s fases de inscri o e avalia o dos livros composi o dos acervos e ao sigilo envolvido no processo avaliativo por tamb m serem informa es publicadas em estudos de diversas os autoras es nem todas as quest es ser o analisadas aqui Antes no entanto informa es t cnicas ser o apresentadas Os registros foram realizados com dois gravadores sendo um MP3 Player LSC_91N171V_A1 9 1 52 e um aparelho de celular Samsung Duos GT S5303B Para fins de facilita o da leitura os registros de fala da pessoa entrevistada utilizar o o c digo REPRESENTANTE DA AVALIA O PEDAG GICA DO PNBE por meio da sigla RAP PNBE E da pesquisadora ser utilizado o c digo PQ As perguntas propostas para a entrevista analisada foram organizadas em um formato de question rio semiestruturado ANEXO 1 Considerando que a principal caracter stica do question rio semiestruturado segundo Maria Cec lia de Souza Minayo 2004 de que ele combina perguntas fechadas ou estruturadas e abertas onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer o tema proposto sem respostas ou condi es prefixadas pelo pesquisador MINAYO 2
86. da Educa o Brasileira e em especial por institui es que desenvolvem programas de forma o inicial e continuada de professores 1 As Institui es de Ensino Superior incluir o nos conte dos de disciplinas e atividades curriculares dos cursos que ministram a Educa o das Rela es Etnico Raciais bem como o tratamento de quest es e tem ticas que dizem respeito aos afrodescendentes BRASIL 2004b p 31 Tais Diretrizes fomentaram o processo de implementa o do artigo 26A da LDB por aprofundar elementos te ricos e pr ticos relacionados ao que se prop s a Lei Inclusive a pesquisa citada anteriormente GOMES 2012 utilizou tais Diretrizes como referencial anal tico das pr ticas pedag gicas nas escolas no tocante Lei 10 639 2008 Dentre suas propostas destaca se a import ncia do combate ao racismo para negras os e brancas 0s Pedagogias de combate ao racismo e a discrimina es elaboradas com o objetivo de educa o das rela es tnico raciais positivas t m como objetivo fortalecer entre os negros e despertar entre os brancos a consci ncia negra Entre os negros poder o oferecer conhecimentos e seguran a para orgulharem se da sua origem africana para os brancos poder o permitir que identifiquem as influ ncias a contribui o a 73 participa o e a import ncia da hist ria e da cultura dos negros no seu jeito de ser viver de se relacionar com as outras pessoas notadamente as negr
87. de nome para implantar a palavra biblioteca no imagin rio da crian ada JUNQUEIRA E a depois teve a cole ozinha de livros que podia ser levada para casa LS A primeira cole o fomos n s que selecionamos Era muito boa Depois veio uma cole ozinha horrenda capa colorida mas sem nenhuma ilustra o Inventei que eles criaram uma categoria o livro para pobre O PT acabou com isso JUNQUEIRA 2008 p xiv xv Tanto os programas e projetos da d cada de 1980 quanto o PNBE at 1999 utilizavam como crit rio de distribui o de livros s bibliotecas o n mero de matr culas No ano seguinte passou se a especificar por categorias como por 3 Dispon vel em http www fnlij org br site o que e a fnlij ntml Acesso em 11 01 2015 De acordo com Fernandes e Cordeiro 2012 p 321 por meio do Literatura em minha casa foram distribu das cole es com cinco t tulos de tem tica diversificada para que fossem entregues aos alunos O objetivo principal era que o aluno pudesse compartilhar as obras com a fam lia 143 exemplo livros destinados forma o da o professora or de 13 a 42 s ries do ensino fundamental ano 2000 s ries determinadas como 4 e 8 ano 2001 e 2002 Educa o de Jovens e Adultas os ano 2003 etc BERENBLUM PAIVA 2006 FNDE 2012 A partir de 2010 ficaram estabelecidos por meio do Decreto n 7 084 2010 os n veis e modalidades a serem atendidos ano a ano Art 8
88. de um f rum permanente de educa o e diversidade tnico racial No entanto em fun o da alta propor o de entidades de movimentos sociais como membros desses f runs incluindo especialmente o Movimento Negro verifica se que em outras palavras a atua o dos f runs municipais e estaduais junto s a es governamentais de forma o continuada para a implementa o da Educa o das Rela es tnico Destaca se como negativo o fato de este documento n o ter tanto na publica o impressa quanto na publica o on line informa es m nimas como o ano de publica o editora institui o realizadora e pagina o Foi poss vel identificar e inserir o ano de publica o somente porque pude acompanhar parte do processo de elabora o das metas registradas no Plano por meio de eventos regionais realizados no Paran 69 Raciais representa por sua natureza a presen a de entidades do Movimento Negro ministrando forma o para professoras es Essa interpreta o ratifica se ao observamos aspectos da Comiss o T cnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados Educa o dos Afro brasileiros Cadara que tem os seguintes objetivos elaborar acompanhar analisar e avaliar pol ticas p blicas educacionais voltadas para o fiel cumprimento do disposto na Lei 10 639 2008 visando a valoriza o e o respeito diversidade tnico racial bem como a promo o de igualdade tnico racial no m
89. de vista as dimens es da qualidade liter ria 301 CONSIDERA ES FINAIS Meu irm o ax Olhe o sol de frente Levante a cabe a meu irm o Ax Negro acorda E hora de acordar N o negue a ra a Torne toda manh dia de gra a Negro n o se humilhe nem humilhe a ningu m Todas as ra as j foram escravas tamb m Candeia Reiterando uma informa o apresentada nesse texto essa tese firmou se sobre interse es A primeira delas n o relatada antes a minha experi ncia profissional que me coloca no limbo entre forma o inicial e atua o docente na rea de Letras de um lado e de outro com forma o posterior stricto sensu em Educa o Assim transito entre dois mundos que historicamente apesar de parceiros n o se entendem muito bem em diversos aspectos sobretudo quando o tema literatura Durante as aulas de especializa o em L ngua Portuguesa e Literaturas lembro me bem de uma professora de literatura dizendo me Deixe a literatura para quem estuda literatura A lingu stica outra rea de Letras s faz destruir o texto liter rio O que diria ela ent o de uma pesquisa como essa que usa elementos da rea de pol ticas educacionais para analisar um programa basicamente de literatura Estar nessa interse o arriscado pois havia o risco de pender o lado dos estudos liter rios e nesse caso o lado que deveria pender por natureza a Educa o pois
90. diretrizes estabelecidas pelo Minist rio da Educa o e as especifica es e crit rios fixados nos itens 1 e 3 e no Anexo IV BRASIL 2014a p 57 do edital do PNBE 2015 crit rios esses j apresentados e analisados no in cio desse cap tulo Assim o Dispon vel em http portal mec gov br index php option com docman amp task doc download amp gid 16571 amp ltemid Acesso em 28 12 2014 221 MEC flexibiliza em certa medida a ado o de crit rios pr prios por parte da institui o selecionada j que n o estabelece um sistema fixo de avalia o das obras Infere se disso que desde que os itens Qualidade do texto Adequa o tem tica e Projeto gr fico PNBE 2015 estejam presentes a institui o selecionada possui uma mobilidade na ado o de medidas e pesos que avaliem com maior ou menor nfase determinados aspectos como a presen a de estere tipos por exemplo E como se daria a sele o dessa institui o Os crit rios estabelecidos pelo Edital de Chamada P blica MEC SEB n 2 2014 analisariam 1 a ader ncia proposta de avalia o do Edital do PNBE 2015 o que de acordo com o que se defende neste estudo n o inviabiliza uma maior mobilidade por parte da institui o na ado o de crit rios pr prios 2 a consist ncia e adequa o da proposta em formato digital e impresso 3 trajet ria e perfil da equipe Assim o quadro a seguir apresenta o detalhamento dos el
91. distribui o Ver em http portal mec gov br dmdocuments acervos obras complementares1 pof Acesso em 12 02 2014 194 Outra pesquisa cujo foco n o foi diretamente a diversidade tnico racial no PNBE e sim a presen a de pr ticas chamadas comumente de politicamente corretas nesse Programa foi desenvolvida por Halina Paganelli Silva 2012 e teve como objetivo investigar em livros infantis selecionados pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola PNBE 2008 a presen a do politicamente correto e como ele comunicado SILVA H P 2012 p vi Foram tr s os livros utilizados como corpus de an lise oriundos do acervo do PNBE 2008 sendo o primeiro de um autor sul africano O que tem na panela Jamela de Niki Daly e o segundo Dad e Dazinha de Luiz Antonio Aguiar e o terceiro Voc viu meu pai por a de Charles Kiefer de autores brasileiros Em fun o de ser dentre as pesquisas catalogadas nesse levantamento a que mais diverge da perspectiva te rica defendida no presente estudo torna se importante n o apenas apresent la mas mesmo que brevemente desenvolver uma an lise A interpreta o da autora sobre as tr s obras indicou de modo geral que ao passo que o primeiro livro ambientado num contexto familiar sul africano e o terceiro ambientado em uma cidade fict cia pr xima a uma reserva ind gena seriam consequ ncias do politicamente correto atuando na pol tica do PNBE apenas o seg
92. distribui os peri dicos selecionados por pertin ncia a escolas da Educa o B sica do pa s com destina o para Bibliotecas e com edi es trienais c Quanto ao PNBE Dicion rios o fluxo obedece aos mesmos par metros dos anteriores somada peculiaridade de ser o PNBE Dicion rios destinados aquisi o e distribui o de obras de refer ncia mais especialmente em observ ncia ao Acordo Ortogr fico da L ngua Portuguesa d A Secretaria de Educa o B sica representada tamb m pela COGEAM integra do Plano Nacional do Livro e da Leitura por meio do qual tamb m h a es pertinentes ao PNBE em parceria com o Minist rio da Cultura com metas e a es previstas para os pr ximos 03 anos O PNLL possui 04 eixos a saber EIXO 1 Democratiza o do acesso EIXO 2 Fomento leitura e forma o de mediadores EIXO 3 Valoriza o institucional da leitura e incremento de seu valor simb lico EIXO 4 Desenvolvimento da economia do livro Os trabalhos desenvolvidos no mbito do PNLL podem ser acompanhados no site do Minist rio da Cultura COGEAM QUESTAO 2 Como j ressaltado em cap tulos anteriores a respondente informa que a partir de 2015 apenas que houve a sele o da institui o p blica de educa o superior para sediar o processo de avalia o passou a ser feita por Chamada P blica sugerindo a ideia de que antes o processo n o era por candidatura e sim por indica o do MEC
93. do PNBE tradicional cuidado esse que n o se faz t o expl cito no PNBE Ind gena De um lado o edital do PNBE tradicional apresenta um amplo detalhamento das caracter sticas necess rias aos livros em prosa poema tradu es e hist rias em quadrinho com nfase para a amplia o do repert rio lingu stico e frui o 222 est tica De outro lado o edital do PNBE Ind gena n o explora com tantos detalhes tais caracter sticas mas ao mesmo tempo enfatiza a necessidade da adequa o do texto aos princ pios ticos n o se admitindo manifesta es que expressem preconceito discrimina o moralismo e estere tipos PNBE IND GENA 2015 p 18 caracter stica pouco evidenciada pelo primeiro edital que apenas menciona que Inj o ser o selecionadas obras que apresentem clich s ou estere tipos saturados PNBE 2015 29 sugerindo a interpreta o de que estere tipos n o saturados s o pass veis de aceita o Al m disso n o se explicitam informa es conceituando o que o edital considera como clich s ou estere tipos saturados PNBE TRADICIONAL PNBE 2015 PNBE IND GENA 2015 1 1 Qualidade do texto Os textos liter rios devem contribuir para ampliar o repert rio lingu stico dos leitores e ao mesmo tempo propiciar a frui o est tica Para tanto ser o avaliadas as qualidades textuais b sicas e o trabalho est tico com a linguagem Ser o objeto de avalia o a explora o de recu
94. dos coment rios sobre as obras FERNANDES 2007 p 67 A autora questiona ainda uma poss vel extrapola o dos crit rios no caso de obras que contemplaram os temas transversais dos Par metros Curriculares Nacionais PCN deixando na sua opini o transparecer que mesmo ancorado em crit rios indicadores da preocupa o est tica com a qualidade do livro a escolha dos livros no final do mil nio ainda continua subordinada s diretrizes curriculares do Minist rio da Educa o FERNANDES 2007 p 67 Esta ltima observa o da autora ser retomada no CAP TULO 4 F tima de Oliveira Ferlete e Fernandes 2011 em an lise do tema escola no acervo do PNBE 1999 apresentam uma particularidade o fato de n o haver uma padroniza o no projeto gr fico dos livros a serem adquiridos pelo Programa Assim este acervo foi adquirido pelo governo da maneira como as editoras lan aram esses livros no mercado por isso as datas de publica o n o s o necessariamente de 1999 FERLETE FERNANDES 2011 p 338 Outro elemento refere se log stica adotada a fim de garantir a conserva o e durabilidade das obras no envio delas s escolas a alternativa foi desenvolver uma caixa estante em papel o de alta resist ncia no formato de escola Oliveira L L 2008 defende que essa foi uma solu o paliativa j que por mais resistente que fosse a caixa a durabilidade do seu material era limitada al m do peso j
95. e Cultura africana e afro brasileira e africana BRASIL 2009b a autora verificou o quanto esse isolamento da Secadi refletiu se na execu o das metas Dentre as metas norteadoras para a Educa o B sica constantes no Plano Nacional SEPPIR 2009 notam se em meio a v rias a es e parcerias propostas para serem executadas de 2009 a 2015 e o esfor o da Secad para atuar junto s diferentes secretarias do MEC Sesu Seed Setec especialmente com as SEE e SME Undime Consed e Unesco Conselhos de Educa o e F runs de Educa o e Diversidade Etnico racial Entretanto o di logo com a SEB n o foi contemplado Constam apenas duas a es que agregam SEB e Secad uma no eixo ii e uma no eixo iii ambas para serem executadas em curto prazo 2009 2010 FILICE 2010 p 119 A autora ressalta no rol de metas do Plano o quanto a Secadi investiu esfor os na forma o continuada para profissionais da educa o mas poucas das metas apenas duas das quarenta e nove contemplavam parceria com a SEB 247 corroborando segundo Filice 2010 p 120 a invisibilidade da quest o racial constatada nas a es da SEB de 2004 a 2008 e com a dificuldade de inserir a tem tica nas a es da SEB denunciada pela Secad no Relat rio de Gest o 2005 E mais tal contexto desvelou o fortalecimento de rela es paralelas com estados e munic pios j que ambas as Secretarias privilegiavam o di logo com tais entes federados ao inv
96. e EISENBERG 2018 p 73 Esse novo contexto retomou a suposta ideia de censura sobre a vida e obra de Lobato por parte de v rios editoriais de jornais que tamb m desenvolveram uma discuss o relacionada ao politicamente correto como express o dessa censura que se impunha literatura De outro lado em propor o menor foram publicados artigos jornal sticos favor veis aos pareceres O levantamento estat stico de Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 indicou que a proporcionalidade foi de 92 de textos contr rios para 6 a favor sendo que do primeiro grupo 42 utilizaram o argumento do politicamente correto para analisar a situa o A representa o minorit ria de argumentos a favor do parecer pode ser interpretada a partir do racismo na imprensa Escritores pesquisadores e grupos de a o antirracista na pr pria sociedade ou no pr prio grupo tendem a ser mais ou menos cruelmente desprezadas se n o ridicularizadas Al m do mais para a imprensa sobretudo de direita eles s o a verdadeira causa dos problemas atribu dos a uma sociedade multicultural pois n o s atacam institui es respeit veis como a pol tica o governo ou o empresariado ou nesse caso um cone da literatural mas tamb m apresentam uma defini o alternativa da situa o tnica completamente incompat vel VAN DIJK 2008 p 175 176 Al m disso para Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 a classifica o do
97. e atua o do poder p blico ao mesmo tempo em que propiciou contato e conhecimento mais amplos com experi ncias que estavam sendo desenvolvidas em outros pa ses L PES 2012 p 128 Em decorr ncia desse momento hist rico que incluiu a Marcha em 2005 foi implementado pelo governo brasileiro o Programa de Combate ao Racismo Institucional PCRI com foco no combate ao racismo na rea da sa de A defini o de racismo institucional do referido Programa baseou se no relat rio publicado sobre o inqu rito do assassinato de Stephen Lawrence Como afirma L pez 2012 tal defini o tem sido amplamente difundida por intelectuais negras os Racismo institucional assim apresentado O racismo institucional o fracasso das institui es e organiza es em prover um servi o profissional e adequado s pessoas em virtude de sua cor cultura origem racial ou tnica Ele se manifesta em normas pr ticas e comportamentos discriminat rios adotados no cotidiano do trabalho os quais s o resultantes do preconceito racial uma atitude que combina estere tipos racistas falta de aten o e ignor ncia Em qualquer caso o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou tnicos discriminados em situa o de desvantagem no acesso a benef cios gerados pelo Estado e por demais institui es e organiza es CRI 2006 p 22 apud L PEZ 2012 p 128 No entanto em fun o da ampla utiliza o do termo na
98. e ela a Verdade inating vel para n s dois Aspiro ao ensino que decorrer do encontro dos nossos aprendizados No que me diz respeito s o aqueles que aprendi desde o primeiro instante em que te encontrei Talvez do nosso di logo possa emergir um Ensino capaz de nos reconciliar a ambos no interior daquela indivisibilidade humana onde nada que seja humano nos estranho Embora desterrada para o dom nio das particularidades das conting ncias ou exterioridades do ser no qual me confinastes pulsa em mim em repulsa a esse ntico ao qual me reduzistes um resto ontol gico que busca um di logo restaurador dessa dupla mutila o que empreendestes em rela o a ambos Tu te encontras encastelado na contempla o da Ideia que tens do mundo e eu anjo ca do residente nesse mundo te convido a olh lo com olhos que te permitam ver nele a tua face refletida S eu posso te ofertar esse olhar no qual a plenitude do teu ser se manifesta CARNEIRO 2005 p 20 21 destaques da autora Esse resto ontol gico que busca um di logo restaurador o que mobilizou a finaliza o dessa tese de propor um di logo franco e aberto com a produ o acad mica convencional e com as pol ticas educacionais brasileiras convidando as a olharem o mundo com olhos que lhes permitam ver neles suas faces refletidas e quais as consequ ncias de apenas as suas faces se fazerem presentes A presente pesquisa iniciou na fase final do mestrad
99. e foram inclusive estudos que inspiraram as primeiras pesquisas educacionais e continuam exercendo grande influ ncia Assim estamos vivenciando um per odo de transi o em que conceitos muitos deles forjados por outras disciplinas v m sendo utilizados pela Educa o que por sua vez vem tentando adapt los ou cunhar outros correlatos e mais pr ximos da discuss o epistemol gica da rea Isso de certa forma gera nas pesquisas localizadas nas primeiras d cadas do s culo 21 uma instabilidade te rica pois muitos conceitos e termos est o sendo revisados questionados adaptados ou ainda refutados em fun o da supera o de teorias inaplic veis na Educa o Essa instabilidade pode ser encarada como uma tend ncia das pesquisas deste in cio do s culo e s ser superada com o passar do tempo e o amadurecimento de novas experi ncias te ricas Nesse sentido a presente pesquisa assumindo sua condi o inst vel no tocante aos conceitos pretende aproveitar ao m ximo as contribui es j desenvolvidas at agora mas com a no o de que s o contribui es localizadas num tempo pr prio e algumas delas inclusive transit rias Talvez no futuro pesquisadoras es da rea possamos categorizar este momento e os posteriores e quem sabe os anteriores tamb m como fases dos estudos sobre rela es tnico raciais na educa o a modelo do que foi desenvolvido nas Ci ncias Sociais conforme aponta Jos Antonio Mar al 201
100. e maraj s por cima E n o h revolta N o h quest o social O esterco reconhece o seu lugar e toma a ben o das flores At eu virei flor l LOBATO 1970 apud PORCI NCULA 2014 p 179 Em outro trecho no entanto o esterco valorizado pelo autor quando ele visita terreiros de Candombl Vi dois candombl s Maravilha O que salva a Bahia o negro que formou uma civiliza o muito mais s ria e rica que a do branco Uma civiliza o com religi o pr pria e medicina pr pria etc etc E sem catinga Estive at duas horas da madrugada nesses candombl s onde dan avam e suavam tantas filhas de santo negras e n o percebi nem um cent simo da catinga da nossa criada aqui a Benedita LOBATO 1970 p 348 apud PORCI NCULA 2014 p 180 Embora controverso n o resta d vidas da tend ncia eugenista do autor seja em an lises mais ou menos racializadas acerca da popula o negra brasileira Em outra carta enviada no mesmo ano a Vladimir Guimar es Lobato ressalta seu interesse no Candombl e o reconhecimento de tra os de altivez na representa o de rainhas e reis africanos o que sugere para Porci ncula indicativos de uma poss vel mudan a na concep o do autor a conclus o da carta parece deixar um imenso ponto de interroga o sobre a poss vel mudan a de pensamento a respeito do negro no 3 LOBATO Monteiro Cartas escolhidas S o Paulo Brasiliense 1970 S rie Obr
101. educa o de O Programa adquiriu e distribuiu obras de orienta o pedag gica aos ANO QUANTIDADE TIPO DE OBRA S CATEGORIA Educa o infantil quatro acervos diferentes escolas com 1 a 50 estudantes De 100 a 300 f receberam um acervo e escolas com mais de t tulos de Compostos por t tulos de 51 estudantes dois acervos PNBE acordo com o Poemas contos cr nicas Ensino fundamental 1 ao 5 ano recebeu 2010 porte das teatro textos de tradi o quatro acervos diferentes escolas com 1 a 50 sscolas popular romances alunos receberam um acervo escolas com 51 sendo cada mem rias biografias a 150 estudantes dois acervos escolas com acervo fol ensaios hist rias em 151a 300 estudantes tr s acervos e escolas composto de quadrinhos e obras com mais 300 estudantes quatro acervos 25 t tulos cl ssicas Educa o de jovens e adultos foram dois acervos escolas com 1 a 50 estudantes receberam um acervo escolas com mais de 50 estudantes dois Livros de orienta o do Acervos 1 2 e 3 escolas com 1 a 30 ensino em cada disciplina da estudantes receberam um acervo escolas educa o b sica para com 31 a 100 estudantes dois acervos e distribui o aos professores escolas com mais de 100 estudantes quatro da rede p blica As obras acervos 5 acervos foram divididas em cinco Acervo 4 EJA escolas com 1 a 30 PNBE variando de categorias 1 anos iniciais estudantes e escolas com 31 a 100 Professor acordo co
102. elabora o de todas as edi es do PNBE organizados pela SEB ou apenas atua na organiza o dos editais do PNBE Tem tico e Ind gena E se a Secadi participa da elabora o de todas as edi es do Programa qual o grau de participa o elabora o dos editais avalia o dos livros etc 4 Como se d a composi o dos membros que avaliam os livros inscritos nas edi es do PNBE organizados pela Secadi Qual o perfil desses membros s o por exemplo da pr prial Secretaria de institui es de ensino superior representantes de movimentos sociais ou outros 5 Em que medida as pol micas relacionadas aos pareceres do CNE sobre uma obra liter ri de acervo do PNBE conter passagens racistas influenciou no trabalho da Secadi e na elabora o de edi es espec ficas do PNBE FIGURA 3 QUESTION RIO ENVIADO SECADI Fonte Elabora o da autora Como ressaltado anteriormente n o houve tempo h bil de pesquisa sobre conceitos te ricos relacionados elabora o de question rios Assim as perguntas que inicialmente foram pensadas para serem feitas face a face e por isso o ac mulo de quest es no mesmo item acabaram sendo apresentadas por escrito gerando uma poss vel impress o de serem muitas e de complexa elabora o de respostas Mas para al m da quantidade infere se que os temas de algumas delas tenha 257 dificultado ainda mais o retorno Destaca se como exemplo a quest o 3 e seus subitens Con
103. em casa As escolas tamb m receberam quatro acervos para sua biblioteca Para Paiva e Berenblum 2006 a mudan a no formato de distribui o de livros que passou a especificar determinadas os estudantes prejudicou o acervo coletivo j que a cada ano um seguimento s rie ano n vel ou modalidade foi atendido e outros foram desassistidos As autoras v o mais al m pois defendem que essa mudan a debilitou a biblioteca lugar em que se promove a sociabilidade mas principalmente a democratiza o do conhecimento PAIVA BERENBLUM 2006 p 12 destaques das autoras Foram destinados R 55 71 milh es para essa edi o Um elemento de destaque nesse ano foi o fato de esse montante ter ultrapassado a duplica o de 1998 1999 e a triplica o de 2000 dos numer rios or ament rios E interessante observar que se por um lado aumenta o n mero de escolas beneficiadas por outro j que o novo crit rio de atendimento contempla somente alunos de 4 e 5 s ries o n mero de alunos atendidos diminuiu aumentando se significativamente os recursos empregados FERNANDES 2007 p 68 69 Uma comiss o t cnica foi institu da com uma representante do Conselho Nacional de Secret rios da Educa o Consed um representante da Uni o Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa o Undime uma representante da FNLIJ um representante da Associa o de Leitura do Brasil ABL e quatro t cnicas os especialistas na
104. escolariza o da literatura que se traduz em sua deturpa o falsifica o distor o como resultado de uma pedagogiza o ou uma didatiza o mal compreendidas que ao transformar o liter rio em escolar desfigura o desvirtua o falseia o SOARES 2006 p 21 22 destaques da autora 81 E Coelho 2000 acrescenta a essa discuss o que n o se encerrar nem t o cedo o que ela chama de dois ambientes b sicos onde as atividades com literatura e a express o verbal devem ser desenvolvidas no espa o escola no local de estudos programados sala de aula bibliotecas para pesquisa etc e no local de atividades livres sala de leitura recanto de inven es oficina da palavra laborat rio de criatividade espa o de experimenta o etc COELHO 2000 p 17 Considerando tais intepreta es um procedimento te rico foi adotado na presente pesquisa a restri o das an lises literatura infanto juvenil por entender e observar que a maior parte dos estudos tamb m assim entendeu que esse g nero em particular o que predomina no PNBE embora o Programa contemple a aquisi o de obras para o p blico adulto seja para professoras es como para estudantes da Educa o de Jovens e Adultas os Em s ntese o que foi explanado at aqui evidencia o car ter t nue e ao mesmo tempo complexo da presente pesquisa pois explicita que ela se estabelece em interse es te ricas na inte
105. estudo o sobrenome de refer ncia desse autor Cosson 106 quando a seta de Odisseus entra pela garganta de Antinos pretendente de Pen lope atravessando lhe o pesco o e fazendo o verter sangue abundantemente pelas narinas enquanto cai morto por sobre a mesa de repasto por que n o permitir tamb m que simplifiquem Monteiro Lobato excluindo trechos que est o al m de uma compreens o contextualizada para aquele determinado p blico alvo H um sem n mero de livros e cole es infantis e infanto juvenis em que textos de autores cl ssicos como Alexandre Dumas Herman Melville Charles Dickens Mark Twain e o pr prio Homero s o adaptados para a idade desse p blico ent o por que Monteiro Lobato seria intoc vel Que preciosidade h nos seus escritos que n o podem ser alterados em nenhuma v rgula para contribuir para o processo pedag gico e ao mesmo tempo evitar que esse mesmo processo sirva demeio para dissemina o de preconceitos que hoje repudiamos veementemente como esse que Lobato coloca na voz da boneca Em lia FERES J NIOR NASCIMENTO E EISENBERG 2013 P 99 Para analisar tal proposta n o ser lan ado ju zo de valor sobre a proposta de adapta es de obras cl ssicas O que se questiona sobre esse aspecto n o se refere adapta o pr tica que tem sido cada vez mais frequente para atender s caracter sticas do modelo capitalista do mercado editorial mundial e ao perfil das os jovens leitoras es
106. ficha que d o origem vers o final dos pareceres podem inviabilizar an lises mais aprofundadas sobre a presen a ou aus ncia de livros com determinadas tem ticas Pois como j identificado anteriormente nessa se o h uma relativa mobilidade por parte da institui o avaliadora na composi o de seus membros e na t nica dos crit rios a serem utilizados E se porventura como j enfatizado prevale a a t nica de que a qualidade liter ria perpassa por obras can nicas com o argumento de garantir a manuten o da liberdade est tico liter ria as chances da inser o de obras com tem ticas origin rias de outras perspectivas de mundo s o reduzidas Outro aspecto de destaque e que necessita ser reiterado v rias vezes assumindo a redund ncia o quanto ficou evidente no discurso da entrevistada o 111 Apesar de v rias solicita es posteriores a entrevistada n o enviou tais orienta es 298 compromisso e o engajamento com o sucesso do PNBE como um Programa de forma o de leitoras es RAP PNBE n s quer amos que tivesse aluno selecionando Mas para isso acontecer o processo n o poderia durar cento e vinte dias N s j fizemos proposta assim n o realizar PNBE todo ano PQ Sim E da o MEC n o cede nesse prazo RAP PNBE N o n s j fizemos uma proposta assim PNBE de tr s em tr s anos Pod amos fazer um grupo focal com alunos daquele segmento poder amos fazer uma ve
107. foi flexibilizado para apenas uma recomenda o no texto das novas edi es e que de acordo com o novo Parecer CNE CEB n 6 2011 agora deve ser obriga o dos sistemas educacionais avaliar o cumprimento das legisla es atuais antirracistas retirando dessa forma algumas obriga es do MEC ANDRADE 2018 p 391 392 Andrade encerra sua an lise como uma cr tica ao CNE em especial relatora dos dois Pareceres argumentando que sua posi o foi desfavor vel luta dos movimentos sociais Infelizmente a relatora opta pelo argumento populista nesse acontecimento favorecendo desse modo a polariza o entre os diversos rg os da imprensa e o governo contra os movimentos negros ANDRADE 2013 p 392 Diante da repercuss o fomentada pela m dia nacional em rela o aos Pareceres 15 2010 e 06 2011 da C mara de Educa o B sica do Conselho Nacional de Educa o grande parte dos estudos desenvolvidos a partir da tem demarcado de modo impl cito ou expl cito sua posi o acerca da quest o Monteiro Lobato era racista Nesse sentido o presente estudo tamb m delimitar sua posi o e conforme a faz propor uma breve an lise sobre a representa o de personagens negras na produ o liter ria infanto juvenil desse autor Como informam Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 a rela o de Lobato com a eugenia foi bastante explorada e difundida pelo pr prio autor sobretudo por sua filia
108. gina do FNDE a planilha com os valores e os t tulos das obras n o cont m gastos com obras no formato MecDaisy para a educa o infantil Tal contexto denota mais uma inconsist ncia no tocante transpar ncia dos gastos p blicos sendo poss vel inclusive questionar se os dados apresentados na tabela a seguir s o v lidos e confi veis 71 Dispon vel em http Avww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola dados estatisticos item 301 6 dados estatyYC3 ADsticos de anos anteriores Acesso em 25 06 2014 172 TABELA 2 RESUMO F SICO FINANCEIRO DO PNBE 2012 Investimento Estudantes Escolas Quantidade Acervos R atendidas os beneficiadas distribu da distribu dos Educa o infantil 24 625 902 91 3 581 787 86 088 3 485 200 101 220 Ens fundamental 45 955 469 82 14 565 893 115 344 5 574 400 222 976 1 ao 5 ano EJA 11 216 573 38 4 157 721 38 769 1 425 753 58 194 Peri dicos 2010 53 295 402 47 156 445 15 149 880 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola dados estatisticos Acesso em 25 06 2014 NOTA Os valores contratados de cada obra e tiragem est o no link http www fnde gov br arquivos category 108 dados estatisticos download 7842 pnbe periodicos 2012 valores de aquisicao Acesso em 25 06 2014 Sobre outra perspectiva Fernandes e Cordeiro 2012
109. http www ted com talks chimamanda adichie the danger of a single story transc ript language pt br Acesso em 14 01 2015 AGUIAR M rcio Mucedula O uso da literatura infanto juvenil de Pepetela para consci ncia e supera o do colonialismo e racismo Revista Espa o Acad mico Dossi ra a e racismo na Literatura e no Direito n 126 ano XI p 13 20 novembro 2011 Dispon vel em http eduem uem br ojs index php EspacoAcademico article view 15172 8139 Acesso em 03 09 2014 AGUIAR Vera Teixeira Literatura e educa o di logos In PAIVA Aparecida et al Orgs Literatura saberes em movimento Belo Horizonte Ceale Aut ntica 2007 p 17 27 ALAGOAS Lei n 6 814 de 2 de julho de 2007 Autoriza o poder executivo atrav s da Secretaria de Estado da Educa o e do Esporte e do Conselho Estadual de Educa o do Estado de Alagoas a elaborar projeto para definir a inclus o nos curr culos do ensino fundamental e m dio das escolas da rede p blica estadual considerando a obrigatoriedade da tem tica hist ria e cultura afro brasileira determinada pela Lei 10 639 03 e d outras provid ncias Di rio Oficial do Estado de Alagoas DOEAL Macei AL 03 jul de 2007 p 11 12 Ano XCIX n 93 Dispon vel em www gabinetecivil al gov br legislacao leis leis ordinarias 2007 ei file Acesso em 10 02 2015 Conselho Estadual de Educa o Resolu o CEB CEE AL n 82 2010 Estabelece Normas complementa
110. inevit vel lan ar uma breve reflex o sobre representatividade todas mulheres brancas com curr culos altamente qualificados vinculadas a grupos de pesquisas relacionados literatura e com distintas produ es sobre o tema sendo que duas delas citadas nesta pesquisa realizaram investiga es sobre a diversidade tnico racial com destaque para Regina Dalcastagne Verifica se o quanto avan os ser o conquistados na gest o e execu o da pol tica do PNBE com primeiro a publiciza o de comiss es pr tica n o t o frequente segundo as potencialidades dessa comiss o que al m de participarem ativamente do processo de avalia o das obras do PNBE 2015 atuar o na elabora o de propostas e sugest es que subsidem a SEB na formula o de pol ticas no mbito do PNBE em conson ncia com as tend ncias educacionais atuais e as reflex es e proposi es no campo do curr culo e da forma o docente Sobretudo a parte final tend ncias educacionais atuais e proposi es no campo do curr culo e da forma o docente indica efetivamente que janelas pol ticas podem estar sendo abertas rumo aproxima o entre os interesses e demandas da Secadi e da SEB De outro lado v lido refletir sobre a hegemonia no perfil tnico racial dos membros WERNECK s d p 33 O comprometimento e o engajamento com as demandas do combate ao racismo n o t m cor mas diante da desproporcionalidade em rela o ocup
111. informa es hist ricas estat sticas e sociol gicas que evidenciavam as pol ticas negativas do Estado brasileiro para com a popula o negra no Brasil Participando do Grupo IV do Col quio do evento Abdias e os demais membros propuseram a seguinte reda o 5 O col quio recomenda Que o Governo Brasileiro no esp rito de preservar e ampliar a consci ncia hist rica dos descendentes africanos da popula o do Brasil tome as seguintes medidas a permita e promova livre pesquisa e aberta discuss o das rela es raciais entre negros e brancos em todos os n veis econ mico social religioso pol tico cultural e art stico i b promova o ensino compuls rio da Hist ria e da Cultura da Africa e dos africanos na di spora em todos os n veis culturais da educa o elementar secund ria e superior c inclua informa es v lidas com refer ncias aos brasileiros de origem africana em todos os censos demogr ficos assim como em outros indicadores tais como natalidade e morte casamento crime educa o participa o na renda emprego mobilidade social desemprego sa de emigra o e imigra o d demonstre seu muito autoproclamado interesse e amizade Africa independente concedendo ativo apoio material pol tico e diplom tico aos leg timos movimentos de liberta o de Zimbawe Nam bia e Africa do Sul NASCIMENTO 2002 p 68 69 N o sendo aprovadas tais indica es Nascimento tentou outra proposi
112. inviabilizar a realiza o de uma entrevista Diante dessa nova dificuldade j traduzida e interpretada por mim como resist ncia optei por tonificar a comunica o acionando outros argumentos em especial o do direito informa o preconizado pela Lei de Acesso Informa o Assim no mesmo dia encaminhei outro e mail Confirmo o recebimento do e mail e fa o outras duas perguntas 1 Considerando a indisponibilidade da realiza o da entrevista no presente momento haveria outro momento dispon vel durante o ano de 2014 Caso haja essa possibilidade eu poderei aguardar pois a minha defesa de doutorado em mar o de 2015 2 E somente se n o for poss vel a realiza o da entrevista gostaria de saber para quem devo endere ar as perguntas Reitero a seriedade e responsabilidade da minha pesquisa que tem como principal compromisso contribuir para o aprimoramento da pol tica do Programa Nacional de Biblioteca da Escola no tocante valoriza o e representa o da diversidade tnico racial Tamb m reitero que esse estudo considera os preceitos legais de acesso informa o preconizado 240 pela Lei 12 527 2011 que regulamenta o acesso a informa es E MAIL SECADI 1 13 08 2014 Ao mesmo tempo abria nesse e mail a possibilidade da realiza o da entrevista por escrito embora essa op o n o houvesse sido cogitada por acreditar baseada em outros estudos FILICE 2010 MARQUES 2010 que as
113. legisla o e dos editais do PNBE tornava se cada vez mais latente a an lise das rela es internas na elabora o e execu o dessa pol tica do que as rela es externas j que v rios estudos denunciavam a aus ncia de obras qualificadas e a presen a de obras desqualificadas do ponto de vista da valoriza o da diversidade tnico racial no Programa Assim embora bastante enriquecedora para a pesquisa a proposta de envolver as editoras foi abandonada para seguir o percurso Mas sem d vida o maior percal o foi a comunica o com as institui es envolvidas na execu o do PNBE predominando o sil ncio e a dissimula o Tal quadro n o era novidade j que outras pesquisas alertavam para dificuldades semelhantes Rosana Evangelista da Cruz 2009 por exemplo em an lise das rela es existentes entre o pacto federativo e o financiamento da educa o b sica CRUZ 2009 p 26 constatou em sua investiga o a dificuldade de comunica o com rg os governamentais em especial da educa o 35 O fato que invi vel que cada pessoa interessada seja pesquisador representante da sociedade civil parlamentares ou um cidad o mais cr tico e consciente de seus direitos v dialogar pessoalmente com cada setor do MEC do FNDE ou de qualquer outro rg o para saber a forma de execu o dos recursos como foi necess rio nesta pesquisa CRUZ 2009 p 368 Por mais munida e consciente dessa c
114. leitor e mais aos processos de cria o e difus o denotando uma percep o sobre dom nio da produ o dos livros por pessoas brancas outra representada por Gab remete a uma avalia o positiva do conte do dos livros com personagens negras Ambas as argumenta es dicot micas permitem captar diferentes faces do fen meno cuja riqueza est nos sujeitos que as produzem as crian as Tal contexto retoma a argumenta o sobre o car ter adultoc ntrico da literatura infanto juvenil ROSEMBERG 1985 e os impactos que as escolhas feitas por adultas os exercem na percep o e forma o liter ria das crian as leitoras Outras crian as participantes da conversa refor am o tom de protagonismo possibilitado pelo debate como o caso de Ped Eu acho que eles ainda n o sabem muito sobre as tradi es da frica e Eve Nos Livros do Monteiro Lobato a Em lia tem preconceito contra a Tia Nast cia e percep o das nuances do racismo e sua forma de opera o no contexto brasileiro Al m disso o formato da pesquisa entrevista e debate reitera elementos das reflex es propostas por Silva L C 2012 e Mariano 2013 sobre o encaminhamento pedag gico de obras do PNBE no caso de ambas trata se de uma obra em espec fico com conota es racistas O outro estudo catalogado que envolveu pesquisa com crian as e uma obra do PNBE com personagens negras foi realizado por S nia M M F Travassos 2013 cujo objetivo gera
115. leitores que v al m das a es de aquisi o e distribui o de livros e acervos s escolas p blicas de educa o b sica BRASIL 2008b p 9 al m de uma pesquisa sobre o impacto da distribui o dos acervos do PNBE nas pr ticas de incentivo leitura desenvolvidas nas escolas brasileiras BRASIL 2008b p 9 ocorrida entre 2005 e 2006 Tais semin rios foram realizados de acordo com Paiva 2010 em decorr ncia de questionamentos do relat rio do Informa es sobre esta pesquisa tamb m foram publicadas por Paiva e Berenblum 2009 161 Tribunal de Contas da Uni o em que se constatou que os acervos distribu dos n o estavam sendo usados e que mediadores de leitura precisavam ser formados PAIVA 2010 p 514 A referida pesquisa representa um material significativo por ter desenvolvido interpreta es cr ticas sobre os resultados das pol ticas de leitura realizadas al m de indicar diretrizes para a continuidade do Programa A ideia central da pesquisa era avaliar se a pol tica de distribui o de livros afetava as pr ticas pedag gicas dos professores e como isso acontecia para s ent o orientar a continuidade ou revis o do Programa BRASIL 2008b p 10 Ao mesmo tempo em que se trata de um diagn stico institucional os resultados da pesquisa chamam a aten o por apontarem cr ticas contundentes ao PNBE no que se refere ao cumprimento de seus objetivos Assim desta
116. leitura sobretudo liter ria 174 Houve sem d vida um significativo avan o com a implanta o dessas pol ticas p blicas mas seria um grave erro exagerar o alcance pr tico da mera distribui o dos acervos pois at agora as a es desencadeadas s corresponderam praticamente garantia de acesso PAIVA 2012a p 23 Concluindo essa se o poss vel perceber varia es nos elementos considerados na an lise do PNBE como uma pol tica educacional Alguns estudos caracterizaram se por uma profundidade em investiga es do ponto de vista dos gastos p blicos outros priorizaram analisar a estrutura dos editais e outros ainda ambos os elementos incluindo o uso das obras nas escolas Tal processo evidencia que o campo de investiga o do PNBE vem aos poucos consolidando se rumo produ o de uma rea de estudos madura e que pode contribuir significativamente com a constante melhoria e aprimoramento do Programa No entanto nota se nas pesquisas aqui elencadas a aus ncia do tratamento e considera o de eixos que n o s o de classe Mesmo concordando com a ideia de que estudos diversos sobre um fen meno implica m uma competi o sobre a qualifica o do problema sob um ngulo particular e a formula o de uma explica o conforme as vis es de mundo dos atores envolvidos e enfim a elabora o de propostas de resolu o do problema MULLER SUREL 2002 p 59 no contexto aqui tr
117. levou a construir representa es estereotipadas para suas personagens negras Ele odiava o negro no que dizia respeito ao contato com o branco mas admirava suas qualidades quando isolado Em ambos os casos pode se afirmar ele era um racista Simpatizava com o negro contanto que fosse selvagem pois somente deste modo era aut ntico o negro selvagem transforma se em estere tipo positivo Torna se um s mbolo para expressar dio aos valores materialistas burgueses dio a uma cultura imposta permanecendo por m subserviente a seus superiores brancos BROOKSHAW 1983 p 70 71 Por outro lado estudos recentes como os de Porci ncula 2014 t m investido na pesquisa de outras facetas da imagem controv rsia que Lobato representa Uma delas a aproxima o do autor com o comunismo Essa caracter stica evidencia se sobretudo na obra Z Brasil em que o homem rural aparece como a fonte de riqueza dos grandes fazendeiros PORCI NCULA 2014 p 177 embora para Porci ncula prevale a na produ o lobatiana ideais opostas a tal concep o Entretanto muitas das informa es destacadas neste trabalho demonstram que por diversas vezes as avalia es do escritor afirmavam o contr rio Dentre elas algumas podem ser resgatadas a fim de comprovar essa contradi o Primeiramente a sua an lise sobre o Rio de Janeiro em compara o com a Gr cia onde demonstra um menosprezo pela classe baixa carioca e ao destacar
118. m muito pouca influ ncia no discurso corporativo dominante VAN DIJK 2008 p 102 E poss vel ainda interpretar tal contexto na perspectiva do sil ncio S o v rios os estudos voltados para a interpreta o do sil ncio como uma categoria de racismo Aqui ser o destacados brevemente dois estudos O primeiro de Eliane Cavalleiro 2006 interpretou como o sil ncio atua no processo de socializa o da crian a desde seu ambiente familiar at o escolar A autora desenvolveu em uma escola municipal de educa o infantil de S o Paulo o acompanhamento do indiv duo no conv vio social em suas rela es multi tnicas como as pensa e as elabora CAVALLEIRO 2006 p 12 atrav s da observa o da rela o professor aluno aluno professor e aluno aluno CAVALLEIRO 2006 p 13 Dentre 254 os resultados um deles relaciona se ao sil ncio as fam lias sobretudo as negras ao protelarem a apresenta o do tema s crian as como forma de protelarem o sofrimento e a escola ao pressupor que ao se silenciar apagaria magicamente as diferen as CAVALLEIRO 2006 p 101 colaboram para a perpetua o do pr prio racismo que omitem O sil ncio que atravessa os conflitos tnicos na sociedade o mesmo que sustenta o preconceito e a discrimina o no interior da escola CAVALLEIRO 2006 p 98 Esse estudo impactou fortemente as interpreta es do campo das rela es tnico raciais por evidenciar que o
119. mesmo modo aspectos da an lise dos indicadores poder o apontar tamb m os caminhos para o enfrentamento dos diferentes eixos de subordina o que atravessam indiv duos e grupos garantindo se sua adequa o e tempestividade nos processos de planejamento monitoramento e avalia o ampliando e aprofundando a a o e a vis o sobre os caminhos da mudan a WERNECK s d 39 A se o seguinte embora menos amarga tamb m contribuir para o quadro interpretativo que se constr i pouco a pouco neste estudo 5 1 2 Janelas pol ticas e dissimula o nos discursos da SEB Situa o similar com relativo melhor desfecho ocorreu nos contatos com a SEB que n o havia at o dia 02 07 2014 encaminhado nenhuma resposta tanto via e mail quanto via Equipe Fale Conosco do site do MEC por meio de protocolo No site apenas constavam periodicamente informa es bastantes vagas sobre a solicita o N mero do Chamado 112619 Tipo do Chamado Programa Nacional Biblioteca da Escola Data de Abertura 30 06 2014 10 30 Prazo 29 Unidade de Tempo HORA PROTOCOLO DE ATENDIMENTO 2014 0000169851 Mas mesmo passadas 29 horas ou 29 dias do prazo estabelecido contatei por telefone o gabinete da SEB Na primeira tentativa a liga o n o foi atendida Na segunda tentativa nos primeiros segundos em que relatava a situa o t cnica ela desligou o telefone Tentei em um terceiro n mero que tamb m n o atendeu Resol
120. n o estaria necessariamente se referindo segundo minha interpreta o a documentos como os pareceres aqui citados Essa interpreta o fundamenta se sobre dois argumentos o primeiro de que as caracter sticas necess rias que classificariam um documento oficial como sigiloso n o se aplicaria aos pareceres Art 23 S o consideradas imprescind veis seguran a da sociedade ou do Estado e portanto pass veis de classifica o as informa es cuja divulga o ou acesso irrestrito possam p r em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do territ rio nacional Il prejudicar ou p r em risco a condu o de negocia es ou as rela es internacionais do Pa s ou as que tenham sido fornecidas em car ter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais III p r em risco a vida a seguran a ou a sa de da popula o IV oferecer elevado risco estabilidade financeira econ mica ou monet ria do Pa s V prejudicar ou causar risco a planos ou opera es estrat gicos das For as Armadas VI prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento cient fico ou tecnol gico assim como a sistemas bens instala es ou reas de interesse estrat gico nacional VII p r em risco a seguran a de institui es ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares ou VIII comprometer atividades de intelig ncia bem como de investiga o ou fiscaliza
121. ncia com que os passos foram dados na realiza o da pesquisa de mestrado n o se repetiram no doutorado Chamou me aten o novamente as quatro regras bvias da escolha de um tema de pesquisa assim definidas pelo autor 1 Que o tema responda aos interesses do candidato ligado tanto ao tipo de exame quanto s suas leituras sua atitude pol tica cultural ou religiosa 2 Que as fontes de consulta sejam acess veis isto estejam ao alcance material do candidato 3 Que as fontes de consulta sejam manej veis ou seja estejam ao alcance cultural do candidato 4 Que o quadro metodol gico da pesquisa esteja ao alcance da experi ncia do candidato ECO 1977 p 6 destaques do autor Tentei refletir sobre essas quatro regras e conversar com Eco tentando metaforicamente v lo como a pr pria academia que cobra resultados com 8 preciso levar em considera o que o que o autor considera como tese em sua an lise relaciona se licenciatura e n o ao doutorado como o caso deste trabalho De qualquer maneira suas reflex es apresentam importantes elementos tamb m para este estudo O autor ainda apresenta tamb m em nota de rodap uma quinta regra que o professor seja adequado 28 consist ncia argumentativa adequada e nos seus moldes para considerar meu trabalho uma tese de doutorado e comigo mesma que tenho como companhia em minha vida o compromisso com a minha hist ria de mulher
122. negra e de pesquisadora E sim Eco e eu mesma o tema responde aos meus interesses j que para uma pesquisadora de rela es tnico raciais no Brasil engajada com a luta de combate ao racismo e outras formas de discrimina o investigar se grosso modo h racismo em um dos maiores programas do mundo em distribui o de livros a bibliotecas de escolas p blicas representa uma realiza o acad mica e pessoal sim as fontes de pesquisa s o acess veis embora no decorrer do estudo o acesso a dados internos revelou se menos acess vel que se previa pois embora n o haja uma quantidade de pesquisas a contento as que foram realizadas indicam novas trilhas a serem abertas e sim as fontes s o manej veis faltando apenas por parte da pesquisadora escolh las j que elas v m de duas grandes reas do conhecimento e posicionam se de formas diferentes sobre o mesmo objeto ou s o origin rias dos estudos liter rios ou da educa o e finalmente sim a pesquisadora est familiarizada com a perspectiva metodol gica que pretendia utilizar em sua pesquisa Se todas as quest es foram afirmativas por que foi t o mais dif cil desenvolver tal pesquisa Sem respostas concretas para esta nova quest o mas ao mesmo tempo sendo uma quest o latente durante os quatro anos de curso e sobretudo durante a realiza o da pesquisa de campo e escrita do texto surgiu me uma sa da registr la como experi ncia conferindo lhe um status de pro
123. o s personagens negras femininas valoriza o da personagem negra feminina contadora de est rias que n o estereotipada como a tia Nast cia mas mantenedora da ancestralidade africana refor o ao direito exist ncia e individualidade das personagens negras femininas Os livros n o se remetem somente s crian as brancas de classe m dia como outrora mas tamb m s crian as negras de diferentes classes e contextos sociais as personagens femininas negras na maioria das vezes deixaram de ser utilizadas apenas como suporte demonstrativo nas hist rias que se destinavam a propagar um padr o de vida t pico de crian as brancas e de classe m dia SOUSA 2005 p 199 200 Assim o s culo 20 encerra se tal como come ou para as personagens negras na literatura infanto juvenil relegando as a condi es bastante demarcadas negativamente Mas essa interpreta o n o consenso entre todas os as os estudiosas os da literatura infanto juvenil j que para muitas os poss vel verificar uma gradativa melhoria na representa o de negras os na literatura para crian as e jovens do s culo 20 Coelho 2000 por exemplo desenvolveu uma interpreta o bastante otimista e por que n o ilus ria da realidade da produ o liter ria dos ltimos anos do s culo 20 Ao construir um quadro comparativo entre o que ela chamou de valores tradicionais correspondendo aos valores consolidados pela sociedade rom
124. o escolar de produ es liter rias que apresentam protagonistas negros as ou que delineiam as religiosidades de matrizes africanas a cultura afro brasileira o continente africano e tem ticas afins Diante da propaga o da inferioriza o do segmento tnico racial negro nos materiais did ticos e na literatura mais ainda se faz necess rio na atualidade redobrarmos a aten o em rela o s produ es nesse enfoque pois em virtude da lei 10 639 03 a tend ncia que haja investimento no mercado editorial culminando com publica es e reedi es nem sempre elaboradas com a devida qualidade est tica e tem tica no tocante hist ria e cultura africana e afro brasileira conforme exig ncia das Diretrizes Curriculares Nacionais 2005 que regulamentam a aludida lei OLIVEIRA M A J 2008 s p A autora empreendeu uma reflex o sobre a produ o infanto juvenil das ltimas d cadas extrapolando inclusive para obras do s culo passado Segundo Oliveira M A J 2008 o atual contexto de produ o liter ria infanto juvenil nacional que inclui as reedi es de obras estrangeiras de coexist ncia entre dois grupos de um lado estariam aquelas obras com inova es tem ticas relacionadas ao universo familiar e portanto humanizador ou rememora o de lideran as negras da frica e di sporas OLIVEIRA M A J 2008 s p ou ainda abordando a cosmovis o das religiosidades de matrizes africanas de
125. o das obras no que se refere especificamente valoriza o da popula o afro brasileira ARAUJO SILVA 2012 p 211 a autora e o autor elaboraram crit rios que foram considerados para a medi o dessa escala presen a e import ncia de personagens negras se personagens principais grau de a o na trama uso de linguagem se narradoras es ilustra es com valoriza o de aspectos fenot picos ou com uso de s mbolos relacionados com africanidades temas relativos hist ria ou cultura africana ou africana da di spora qualidades est tica e liter ria temas relativos a viv ncias de personagens africanas ou africanas da di spora aus ncia de estere tipos nos textos e nas ilustra es aus ncia de hierarquias entre personagens brancas e negras n o presen a da o branca o como representante exclusivo de humanidade branquidade normativa ARAUJO SILVA 2012 p 211 Dos 37 livros analisados 6 foram considerados ruins 3 razo veis 5 bons 6 muito bons e 16 foram considerados timos o que em princ pio pode ser reconhecido como um grande avan o embora as reflex es de Araujo e Silva 2012 indiquem outras interpreta es De acordo com ambos ainda que a maioria dos livros avaliados como bons e muito bons seja brasileira grande parte dos t tulos avaliados como timos estrangeira o que sugeriu novas hip teses 121 poss vel propor uma analogia entre esse fen meno e
126. o de bibliotecas p blicas em mais de 308 munic pios INL e outras de 1980 parcerias D cada Programa Cheque Livro cheque remetido a munic pios para INL de 1980 que adquiram seus livros Programa Nacional de Incentivo Leitura PROLER cujo Atualmente 1992 at objetivo possibilitar comunidade em geral em diversos vinculado os dias segmentos da sociedade civil o acesso a livros e a outros Funda o Biblioteca de hoje materiais de leitura PAIVA 20084 p 9 Nacional e ao Minist rio da Cultura MINC Pr leitura na Forma o do Professor com o objetivo de atuar Parceria do MEC 1992 na forma o de professoras es leitoras es O programa com o governo 1996 aspirava estimular a pr tica leitora na escola pela cria o franc s organiza o e movimenta o das salas de leitura cantinhos de leitura e bibliotecas escolares PAIVA 2008a p 9 Programa Nacional de Biblioteca do Professor cujo objeto era MEC FNDE dar suporte s aos professoras es das s ries iniciais do ensino 1994 fundamental buscava desenvolver duas linhas de a o a 1997 aquisi o e distribui o de acervos bibliogr ficos e a produ o e difus o de materiais destinados capacita o do trabalho PAIVA 2008a p 9 QUADRO 4 PRINCIPAIS PROGRAMAS PROJETOS DE INCENTIVO LEITURA DAS LTIMAS D CADAS DO S CULO 20 FONTE Adaptado de Araujo 2010 p 78 Compila o dos da
127. o de sugest es de mudan as para a melhoria desta pol tica educacional t o importante para a forma o de leitoras es e fomento leitura nas escolas p blicas brasileiras Palavras chave Programa Nacional de Biblioteca da Escola Literatura infanto juvenil Racializa o Discurso Pol tica educacional ABSTRACT This study investigated the largest educational policy for the distribution of books to libraries of Brazilian public schools the National Program for the School Library PNBE in order to interpret as the internal relations within institutions that prepare and execute the program may influence the composition of her collections with regard to the ethnic and racial diversity and literary quality The children s and young adult literature was the main literary genre considered in the analysis of PNBE to represent most of the works of the collections In this sense was defined the original question that guided the research in PNBE can be identified strategies of the racialization operating to establish hierarchical relationships from the point of view of ethnic and racial diversity Using a restricted concept of ethnic and racial diversity black white relations this study was established on three roots analysis PNBE speeches and racialization The institutions of the Ministry of Education MEC involved in the analysis were the Department of Basic Education through the General Coordination of Teaching Materials and the Depar
128. o em andamento relacionadas com a preven o ou repress o de infra es BRASIL 20113 Considerando esses itens como os restringentes divulga o de informa es n o se verificam portanto motivos impeditivos da publiciza o dos pareceres do PNBE Se ao menos houvesse algum item que se referisse ao comprometimento da livre concorr ncia que no caso do PNBE seria a livre 138 concorr ncia de editoras poder amos considerar como v lida a n o divulga o dos pareceres Por outro lado o artigo anterior da mesma Lei menciona segredo industrial o que de certa maneira poderia relacionar se com a ideia de comprometimento da livre concorr ncia Art 22 O disposto nesta Lei n o exclui as demais hip teses legais de sigilo e de segredo de justi a nem as hip teses de segredo industrial decorrentes da explora o direta de atividade econ mica pelo Estado ou por pessoa f sica ou entidade privada que tenha qualquer v nculo com o poder p blico BRASIL 2011 No entanto essa poss vel interpreta o n o faz sentido se observarmos que os pareceres s o publicizados para as editoras que os solicitam Esse portanto o segundo argumento aqui defendido se os pareceres referentes s obras n o selecionadas poder o ser disponibilizados ao editor ap s a divulga o do resultado mediante requisi o formal SEB MEC PNBE 2015 p 8 quais s o os motivos que inviabilizam a publiciza o para
129. o para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2005 foi alterado e a Errata estar disposi o no site www fnde gov br Processo n 23034 039576 2004 15 Novamente em busca no site do FNDE foi poss vel encontrar duas erratas sem data mas nenhuma mencionando os dados do edital de convoca o no DOU 158 Ser o disponibilizadas s escolas Informa es sobre os acervos selecionados Os professores em consenso e com base na an lise das informa es sobre as obras escolher o o acervo mais adequado proposta de forma o de leitores desenvolvida pela escola Ap s a escolha ficar a cargo do diretor da escola o preenchimento e encaminhamento do formul rio espec fico ao FNDE via Internet ou correio PNBE 2005 p 6 No entanto para Andrade e Corr a 2009 essa estrat gia n o obteve os resultados esperados em fun o de problemas de ordem operacional como j informado anteriormente J para Fabr cia Vellasquez Paiva 2008 cuja pesquisa desenvolvida teve como objetivo descrever e analisar os textos orais e escritos produzidos por professores e por especialistas focando como objeto a forma o do leitor pela literatura e mais especificamente pela poesia PAIVA F B 2008 os resultados foram positivos Seu estudo um recorte de uma pesquisa maior desenvolvida pela UFRJ sobre o PNBE constatou dentre outros resultados Especialistas e professores em nossa concep o tiveram voz
130. o processo de sele o e avalia o dos t tulos para composi o de cada acervo Definir os crit rios e os instrumentos que nortear o o processo de avalia o das obras e dos demais materiais inscritos no Programa Acompanhar e avaliar os resultados do Programa XX x x Propor implantar e implementar a es que possam contribuir para a melhoria da execu o do Programa Definir o atendimento s aos estudantes com necessidades X educacionais especiais a serem atendidos pelo Programa X X x x Definir o atendimento s aos estudantes da educa o de jovens e X adultos a serem atendidos pelo Programa QUADRO 3 ATRIBUI ES DAS INSTITUI ES RESPONS VEIS PELO PNBE FONTE S ntese da autora sobre o Art 6 BRASIL 2009a Na reda o original desse documento consta ao inv s de Secadi Secad a Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade e Seesp Secretaria de Educa o Especial nomes de duas secretarias fundidas a partir de 2011 em Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o 130 Esse quadro favorece a an lise dos pap is desempenhados por cada um dos segmentos envolvidos evidenciando o protagonismo da SEB em rela o Secadi em que a ltima ao atuar como cooperadora exerce pouca ou nenhuma influ ncia no processo de sele o das obras que comp em os acervos do PNBE Sua fun o restringe se a ind
131. o reversa indicando um manique smo t pico presente segundo a autora no politicamente correto A principal cr tica em rela o interpreta o do politicamente correto como valoriza o da diversidade a de que ao se determinar a es que favorecem um determinado grupo social em detrimento a outro gera se uma discrimina o reversa que acaba acentuando ainda mais as diferen as SILVA H P 2012 p 44 Tal interpreta o al m de apresentar se como uma estrat gia confort vel para a manuten o de hierarquias constr i se sobre uma perspectiva de igualdade semelhante ao mito da democracia racial j que para esse mito questionar as desigualdades seria acentuar as diferen as Ao analisar a terceira obra com tem tica ind gena a autora retoma seu argumento Al m disso como a narrativa reduz as rela es de poder entre brancos e ndios a uma vers o manique sta de bem e mal a leitura da obra pode 196 acabar sendo feita como uma forma de discrimina o reversa acentuando ainda mais as diferen as entre os povos SILVA H P 2012 p 95 Em uma pequena se o do estudo a autora empreendeu an lise sobre o politicamente correto e a literatura apresentando breves informa es sobre a pol mica relacionada aos pareceres emitidos pelo Conselho Nacional de Educa o acerca de uma obra de Monteiro Lobato Ao final sua interpreta o de que a quest o em torno da obra de Mont
132. objeto DALCASTAGNE 2008 p 204 Coube a esse cap tulo apresentar os principais referenciais que localizam a vincula o desta pesquisa com os estudos cr ticos sobre rela es tnico raciais e tamb m de anunciar as perspectivas te ricas que balizar o as interpreta es sobre uma poss vel racializa o do Programa Nacional de Biblioteca da Escola O cap tulo seguinte propor uma an lise particular sobre a representa o de personagens negras na literatura infanto juvenil g nero predominante no PNBE 76 CAP TULO 2 LITERATURA INFANTO JUVENIL E RELA ES TNICO RACIAIS Ent o assim que se cria uma nica hist ria mostre um povo como uma coisa como somente uma coisa repetidamente e ser o que eles se tornar o A nica hist ria cria estere tipos E o problema como estere tipos n o que eles sejam mentira mas que eles sejam incompletos Eles fazem uma hist ria tornar se a nica hist ria Chimamanda Adichie Embora ineg vel a influ ncia africana que se faz presente na constitui o da hist ria do Brasil por meio da cultura e das marcas fenot picas da popula o tem repercutido na literatura por meio de facetas muito particulares resumindo se em um conjunto de categorias j elencadas por estudos anteriores Em linhas gerais as pesquisas j realizadas no pa s desde a pioneira desenvolvida em livros did ticos por Dante Moreira Leite em 1950 apontam basicamente os seguintes e
133. objeto art stico coincide com coletiviza o ao levar em conta a manufatura daquele abolindo as impress es digitais que registrariam a presen a de um nico autor ZILBERMAN 1991 p 11 Em outra produ o em parceria com Marisa Lajolo ambas afirmam que numa sociedade que cresce por meio da industrializa o e se moderniza em decorr ncia dos novos recursos tecnol gicos dispon veis a literatura infantil assume desde o come o a condi o de mercadoria LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 18 Portanto esta pesquisa imerge em uma seara bastante complexa do ponto de vista liter rio j que entende que a literatura enquanto objeto de massifica o e portanto uma produ o midi tica n o pode ser analisada isoladamente Por outro lado tamb m concordando com Zilberman considera se um grande risco compreender a literatura a partir apenas da perspectiva de objeto massificado pois assim a an lise constituir se ia de modo incompleto Poder se ia opor de maneira simplista e imediata a originalidade da aut ntica arte ao car ter repetitivo e sempre id ntico da ind stria cultural rejeitando assim aquele entrecruzamento De um lado a ndole coletiva da produ o liter ria qualquer que seja a tend ncia dessa de outro a necessidade de obedecer a normas socialmente aceitas que facultem a decifra o e o consumo de cada texto qualquer que seja o grau de criatividade ambicionado estas duas facetas denunciam
134. outro lado estaria a manuten o de obras eivadas de estereotipias em face aos personagens negros por meio da ilustra o e ou do texto verbal OLIVEIRA M A J 2008 s p Embora com tais ressalvas tanto em rela o referida coexist ncia quanto necessidade de olhares mais atentos sobre a produ o liter ria com personagens negras Oliveira M A J 2008 tamb m reconhece que as ltimas d cadas incluindo a ltima d cada do s culo passado t m indicado inova es em face dos personagens os quais rompem com ide rios racistas e inferiorizantes conforme prevaleceu at os anos 80 OLIVEIRA M A J 2008 s p Algumas inova es identificadas pela autora s o destacadas a seguir As narrativas relacionadas tecem v rias faces dos protagonistas negros os quais vivenciam crises existenciais Hist rias da preta A cor da ternura os situando em diversos espa os sociais Africa Brasil Estados Unidos e em espa o n o poss vel de se identificar Fica comigo deixando a cargo do leitor interpretar e redimensionar tais espa os Os protagonistas n o s o delineados em pap is de subservi ncia e passividade conforme prevaleceu at os anos 80 e correspondem portanto a seres ficcionais que podem ser associados ao universo do leitor em suas quest es diversas preterindo se assim a marca da inferioriza o Nesse sentido se aproximam dos prop sitos do movimento da negritude no que
135. p 125 Assist ncia ao de 1970 Estudante FAE ex 80 FENAME Funda o Nacional de Material Escolar Programas Ciranda de Livros e Viagem Leitura compra de Iniciativa privada obras destinadas inf ncia e juventude j existentes no Funda o Nacional mercado e posterior doa o delas a escolas pobres do Livro Infantil e 1980 ZILBERMAN 1995 p 125 Juvenil FNLIJ e Ciranda de Livros distribuiu 30 mil cole es e 60 t tulos de Instituto Nacional do literatura infantil entre 1980 e 1984 YUNES 1995 Livro INL da Funda o Nacional Pr Leitura D cada Forma o de professoras es que atuem no incentivo leitura C mara Brasileira do de 1980 ZILBERMAN 1995 Livro CBL Programa Salas de Leitura respons vel pela sele o compra e distribui o entre alunos frequentadores do ensino p blico de textos destinados a crian as e jovens ZILBERMAN 1995 1984 p 125 Inicialmente tamb m promoveu em parceria com 1988 Secretarias de Educa o cursos de forma o a professoras es FAE para o incentivo leitura ocasionou a distribui o de 73 591 acervos onde 3 017 000 livros foram enviados a 4 074 000 crian as alunos prioritariamente de zonas rurais e periferias urbanas ANTUNES 1995 p 144 Projeto Livro mindinho seu vizinho distribui o de cerca de 30 FNLIJ e Associa o mil livros em cole es de 100 t tulos atingindo em dois anos de Mo
136. passagens racistas influenciou no trabalho da COGEAM evidentemente n o foi respondida Para al m disso verifica se uma tentativa sem ntica de relativizar o tema da pesquisa e reverter a situa o A relativiza o opera na medida em que a resposta informa que h mais demandas para al m do tema do racismo gerando tens o constante nas pol ticas do PNBE e PNLD sugerindo assim a interpreta o de que da mesma maneira como imperativo o combate ao racismo outros temas tamb m s o o que gera por consequ ncia uma tend ncia revers o VAN DIJK 2008 j 277 que este estudo estaria focado somente em um aspecto restringindo a pol tica quest o de ra a Analisando todo o contexto de comunica o com a SEB com destaque para a Cogeam verifica se a predomin ncia da dissimula o como fator operante de uma das facetas do racismo institucional sobretudo a partir do pressuposto e da informa o de um t cnico de que dependendo do tema o acesso s informa es seria mais f cil Por ser de dif cil identifica o a dissimula o enquanto estrat gia ideol gica e discursiva atuou sutilmente durante todo o processo gerando interpreta es e resultados baseados muitos deles em suposi es e infer ncias Mas suposi es e infer ncias fundamentadas em outros estudos que j indicavam essa tend ncia resvaladi a dos setores do MEC al m de evidenciar mais ainda a fragmenta o com que as demand
137. pelas redes p blicas de ensino e as pr ticas pedag gicas realizadas por escolas pertencentes a essas redes na perspectiva da Lei n 10 639 03 que torna obrigat rio o ensino de hist ria e cultura africana e afro brasileira nas escolas p blicas e privadas do ensino fundamental e m dio do pa s GOMES 2012 p 7 O suporte de apoio e financiamento da pesquisa foi fornecido pelo MEC Secadi e pela representa o da Unesco no Brasil e o seu desenvolvimento ocorreu no mbito do Programa de Ensino Pesquisa e Extens o A es Afirmativas na UFMG e do N cleo de Estudos e Pesquisas sobre Rela es tnico Raciais e A es Afirmativas NERA CNPq e envolveu pesquisadoras es de cinco n cleos de estudos afro brasileiros de universidades de todas as regi es do Brasil Em investiga o num conjunto de 36 escolas p blicas estaduais e municipais do Brasil a pesquisa identificou em v rias delas que a implementa o de pr ticas pedag gicas condizentes com o que apregoa o artigo 26A da LDB por meio da Lei 10 639 2003 ocorria pelo protagonismo de professoras es das reas citadas na reda o da Lei Embora entre os limites da pesquisa esteja principalmente e evidentemente o n o abarcamento de todas as escolas que trabalham na perspectiva da Lei no territ rio nacional GOMES 2012 p 11 os alcances garantiram se sobretudo pela sele o pela investiga o em escolas das cinco S o eles N cleo de Estudos e Pesquisas
138. possuir certifica o do Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia Inmetro exig ncia relevante tendo em vista que as crian as dessa faixa et ria ainda est o aprendendo o manuseio de livros FERNANDES CORDEIRO 2012 p 326 No entanto na an lise de Ramos 2013 repetiram se problemas j identificados por ela no PNBE 2008 j que um determinado livro possui uma edi o de luxo capa dura em sua vers o comercializ vel diferente da mesma obra presente no PNBE 2010 que embora tenha a mesma ilustra o e projeto gr fico distinguiu se quanto aos aspectos de gramatura e tipo de papel A seguir ser o apresentadas informa es sobre os ltimos anos do PNBE compilados pelo presente estudo 170 ANO QUANTIDADE TIPO DE OBRA S CATEGORIA 6 acervos 3 deles Diversos g neros Ensino Fundamental 6 ao 9 ano com livros liter rios como escolas com 1 a 250 estudantes receberam adequados a contos cr nicas 1 acervo escolas com 251 a 500 estudantes dos romances poemas e estudantes receberam 2 acervos e escolas PNBE anos finais do hist rias em com mais de 500 estudantes 3 acervos 2011 ensino quadrinhos Ensino M dio escolas com 1 a 250 fundamental e 3 estudantes receberam 1 acervo escolas acervos com 251 a 500 estudantes receberam 2 adequados a estudantes e escolas com mais de 500 estudantes do estudantes 3 acervos ensino m dio 11 5 milh es de O contrato de
139. pouco interesse por parte de professoras es no manuseio e utiliza o dos acervos e da pr pria biblioteca e profissionais da escola cobraram a necessidade de forma o espec fica para a adequada utiliza o dos acervos do PNBE e professoras es n o utilizam a biblioteca n o a frequentam e n o conhecem o acervo tamb m apresentam pouco h bito de leitura ou n o gostam e ou n o t m tempo e em grande parte das escolas a biblioteca n o existe como tal sendo substitu da por salas de leitura cantinhos etc e outras s o adaptadas como salas de aula e apenas em um Estado Goi s teve se a informa o de escola que redinamizou o espa o f sico da biblioteca para reorganizar a disposi o tradicional dos livros e a maioria das bibliotecas apresenta condi es inadequadas de disposi o dos livros o que dificulta o acesso das os usu rias 0s e em diversas bibliotecas verificou se um ac mulo de livros did ticos livros doados e obras sem atrativo para o p blico espec fico da escola e em muitas n o h a cataloga o dos livros implicando no desconhecimento dos acervos por parte da comunidade escolar e crit rios inadequados de armazenamento dos livros arm rios trancados livros embalados ou depositados de forma aleat ria e quase total inexist ncia de bibliotec rias os com forma o e quase absoluta aus ncia de concursos espec ficos para o cargo relegando a fun o na maioria das vezes a professoras es rea
140. processo de avalia o e sele o do PNBE estabelecido at o ano de 2014 No entanto poss vel interpretar tamb m que os membros dessa comiss o s o oriundos de secretaria s do pr prio MEC j que caberia a tal comiss o o acompanhamento e supervis o da sele o do Programa atribui es precedentes fase de avalia o pedag gica De uma forma ou de outra a n o divulga o dos nomes dos componentes dessa comiss o prejudica a transpar ncia do processo conforme ser discutido mais a diante J para a edi o do PNBE 2015 houve a divulga o de uma comiss o como tamb m ser mais bem detalhado no CAP TULO 4 Ainda sobre a Resolu o MEC FNDE n 7 2009 foi poss vel reunir em um quadro as atribui es das institui es respons veis pelo PNBE Como respons vel pela gest o or ament ria e execu o do Programa compete ao FNDE atribui es que nem sempre convergem com as da Secretaria de Educa o B sica SEB e da Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o Secadi ATRIBUI ES FNDE SEB Secadi Elaborar o edital de convoca o do Programa Coordenar a pr inscri o e a triagem das obras inscritas Definir os crit rios de atendimento e distribui o dos acervos Adquirir as obras e distribuir os acervos Assegurar a qualidade das obras distribu das zZ x x x x x x 6 x Supervisionar e monitorar a execu o do Programa Coordenar
141. publicacoes racismo institucional Acesso em 08 01 2015 YUNES Eliana et al De leitor para leitores pol ticas p blicas e programas de incentivo leitura In ABREU M rcia Org Leituras no Brasil antologia comemorativa pelo 10 Cole Campinas Mercado das Letras 1995 p 123 160 334 ZILBERMAN Regina A leitura e o ensino de literatura 2 ed S o Paulo Contexto 1991 Cole o Contexto Jovem ZILBERMAN Regina et al De leitor para leitores pol ticas p blicas e programas de incentivo leitura In ABREU M rcia Org Leituras no Brasil antologia comemorativa pelo 10 Cole Campinas Mercado das Letras 1995 p 123 160 335 ANEXO ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM REPRESENTANTE DA AVALIA AO PEDAGOGICA DO PNBE Informa es pessoais Nome ra a cor Tempo de atua o na rea da literatura Tempo de atua o na institui o Informa es sobre a institui o e o PNBE 1 Quantos membros da institui o participam da sele o do PNBE 2 Quais s o os nomes poss vel a divulga o 3 H algum membro do grupo que pesquise rela es tnico raciais 4 No que se refere recep o das obras no p blico alvo os as estudantes como voc avalia o PNBE E um Programa de alto m dio ou baixo impacto 5 Qual tem sido o papel da institui o em rela o ao PNBE Relaciona se apenas com o car ter avaliativo das obras inscritas no Programa ou tamb m participa da elabora
142. qualidade ordena potencializar avan os e tamb m enfrentar as desigualdades regionais raciais geracional pela condi o social caso das crian as com defici ncia e econ mica FILICE 2010 p 111 33 E superada tal situa o a luta seguinte passou a ser aquela que deveria ter sido desde o in cio identificar o que este estudo tem de diferencial e no que ele pode contribuir para a rea tal pergunta tamb m foi levantada na qualifica o de doutorado E para identificar o s diferencial is foi necess rio observar melhor o campo onde esta pesquisa se insere e reanalisar os estudos j desenvolvidos sobre o tema De certa maneira esse passo adiantou a supera o de outro percal o que j crescia dentro da pesquisa por meio de questionamentos como analisar um acervo do PNBE apenas ou todos os acervos de um mesmo ano forneceria elementos suficientes para a interpreta o de uma poss vel racializa o do Programa Ou melhor j que v rias outras pesquisas fizeram isso realizar mais uma an lise de acervos possibilitaria a interpreta o de uma poss vel racializa o operando em todo o PNBE Assim ap s as contribui es da banca de qualifica o aliadas s reflex es posteriores a conclus o foi de que o diferencial desta pesquisa era a interpreta o dos discursos produzidos pelos agentes envolvidos com o Programa sendo eles de um lado 1 o elaborador da pol tica o MEC por meio da Secretaria de Educa
143. quase que oficial resist ncia literatura n o can nica A literatura negra amp por exemplo tem sofrido as consequ ncias de um estigma que a associa a uma literatura guetizada conforme caracterizou Miriam Alves 2002 p 234 Ao darem visibilidade viv ncia negra tornada assunto os criadores de literatura negra s o acusados de estarem tratando somente de assuntos de negros e por isso demonstrando uma forma de pensar desfocada Cuti 1987 acrescenta um relato bastante pr ximo desse contexto de estigma Um escritor negro certa vez contou me que a recusa de uma editora aos seus originais prendia se ao argumento de n o terem par metros para julgar seu trabalho por ele ser negro Em carta resposta apresenta o dos originais do meu livro Batuque de Tocaia o editor Enio Silveira assim se expressou V Sa Se prop e a ser um poeta da negritude mas s consegue exprimir sua revolta que o leva embora o negue a uma outra forma de racismo contra o branco CUTI 1987 p 139 Mas para Roland Walter 2011 a t nica da produ o liter ria classificada como guetizada ou militante necessita ser reconhecida sob a perspectiva de um quilombismo cultural j que reflete as experi ncias enquanto resultado de um conjunto de viol ncias corporais mentais e epist micas WALTER 2011 p 159 Dessa forma o resgate de eventos e pessoas do passado da literatura afrodescendent
144. racismo ocupar o curr culo escolar de modo efetivo e envolvendo todos os n veis e modalidades de ensino N o nos poss vel concordar que a forma o 107 qualificada sobre rela es tnico raciais produzir sujeitos menos cr ticos diante do racismo Acreditar nisso negar todo o investimento hist rico na luta contra as discrimina es Concluindo ainda s o poucos os estudos posteriores pol mica que t m investido com maior propriedade e distanciamento dessa l gica maniquei sta mas todos esses t m enfatizado a inevitabilidade em reconhecer o racismo do homem Monteiro Lobato atuando na produ o do escritor N o sendo do dom nio do presente estudo o aprofundamento do tema coube lhe a fun o de contextualizar a pol mica mas sem incorrer em um tom de neutralidade A defesa do presente estudo resume se na seguinte proposta vamos estudar rela es tnico raciais e ler Lobato S assim teremos melhores condi es de compreender a ambiguidade que torna o racismo brasileira capaz de produzir eugenistas admiradores do Candombl 2 3 A produ o liter ria infanto juvenil do s culo 20 para al m de Lobato Outros autores e autoras contempor neos ao per odo da fase infantil de Lobato concentraram caracter sticas bastante aproximadas uns dos outros Basicamente segundo Lajolo e Zilberman 1984 foram tr s as caracter sticas um grupo voltado para a adapta o de cl ssicos preferencialmente
145. realiza o das entrevistas no MEC na primeira data prevista contatei novamente a representante da CGPLI FNDE com o intuito de reagendar a entrevista para per odo pr ximo s datas j previstas para entrevista com a Secadi e SEB Sua resposta mais uma vez prontamente informou da impossibilidade de realiza o de entrevista nos per odos propostos em novembro Mas como destacado anteriormente considerando que a atua o do FNDE para os interesses da presente pesquisa n o significariam tanto quanto as informa es fornecidas pela SEB e Secadi optei por cancelar tal entrevista pois 261 demandaria uma viagem Bras lia que me possibilitaria menos dados do que os necess rios Depois de passado todo o processo avalio o quanto tal viagem poderia ter sido til conforme ser descrito posteriormente No dia 04 09 2014 sem obter nenhum posicionamento encaminhei novo e mail ratificando a minha disponibilidade em duas datas em novembro E mais uma vez sem respostas encaminhei novo e mail no dia 21 09 2014 No dia 08 10 2014 encaminhei novo e mail com destaque para o seguinte trecho Gostaria de saber se est havendo algum impeditivo em rela o solicita o que fiz de entrevistar um a representante da Cogeam Necessito de uma resposta formal para anexar na tese j que a minha pesquisa tem como foco principal as entrevistas com representantes do MEC E MAIL A COGEAM 1 08 10 2014 A resposta chegou no mesmo di
146. redistribui o e transforma o social e d reduz em a capacidade de redu o ou elimina o das disparidades raciais e de g nero entre outras WERNECK s d p 33 Reitera se que tais interpreta es relacionam se n o s com os relatos apresentados nesta pesquisa mas tamb m somados s pesquisas anteriores que identificaram quadros similares MOEHLECKE 2009 FILICE 2010 MARQUES 2010 Diante disso considera se que o racismo institucional renova se e revela se multifacetado sendo respons vel pela corros o de pol ticas p blicas e pela desmotiva o de transforma es na sociedade por constituir se de supostos equ vocos desorganiza es no repasse de informa es ou apenas sil ncio Assim concordando com Maria Bet nia Silva e Maria Bernadete Martins de Azevedo Figueiroa 2013 p 141 pJensar o racismo institucional como um obst culo uma atua o eficiente tem sido essencial para se discutir uma pseudoneutralidade extremamente danosa que mant m e perpetua as desigualdades raciais E nesse sentido importante refletir sobre a atua o de lideran as negras em espa os institucionais como o caso aqui analisado Poucos membros de grupos minorit rios t m cargos gerenciais de lideran a e quando os t m tomam precau es para n o falarem de forma demasiadamente radical sobre as exig ncias e reclama es do seu pr prio grupo a menos que queiram perder seus empregos Assim as minorias t
147. respostas seriam as mais vagas poss veis No mesmo dia minutos depois recebi novo e mail da Secad Em aten o aos seus questionamentos esclarecemos que 1 H sim de disponibilidade para realiza o de entrevista em outro momento ap s o t rmino do processo do PNBE com previs o para 2 quinzena de outubro 2 E poss vel a realiza o da entrevista mas se houver interesse poder encaminhar as perguntas para o e mail secadi omec gov br Parabenizamos a iniciativa na abordagem da tem tica acerca da pol tica do Programa Nacional de Biblioteca da Escola no tocante valoriza o e representa o da diversidade tnico racial Continuamos disposi o E MAIL DO GABINETE DA SECADI 2 13 08 2014 Diante da reabertura das negocia es e da anterior resist ncia na concess o da entrevista decidi manter e fortalecer a proposta da realiza o da entrevista pessoalmente ou caso surgissem novas estrat gias de resist ncia com rela o s datas ou outra qualquer apresentei a possibilidade da realiza o da entrevista via on line Embora tenham sido levados em conta poss veis preju zos na realiza o desse tipo de comunica o como a interrup o ou falha da rede essa sa da cercearia a institui o de criar novos empecilhos concess o da entrevista Assim em resposta imediata encaminhei ao gabinete da Secadi um e mail com a seguinte reda o Agrade o pelo breve re
148. rev Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade 2005 p 101 115 LOBATO Monteiro O saci S o Paulo Editora Globo 2007 1921 Obra editada com base na publica o das Obras completas de Monteiro Lobato da Editora Brasiliense de 1947 Ca adas de Pedrinho 50 ed S o Paulo Editora Brasiliense 1990 Reina es de Narizinho S o Paulo Editora Globo 2009 1931 Obra editada com base na publica o das Obras completas de Monteiro Lobato da Editora Brasiliense de 1947 LOPES Naiane Rufino Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2010 personagens negros como protagonistas e a constru o da identidade tnico racial Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Estadual Paulista J lio de Mesquita Filho UNESP Campus Mar lia 2012 L PEZ Laura Cecilia O conceito de racismo institucional aplica es no campo da sa de Interface Comunica o Sa de Educa o v 16 n 40 p 121 34 jan mar 2012 Dispon vel em http www scielo br pdf icse v16n40 a0p0412 pdf Acesso em 27 03 2014 LUFT Gabriela A literatura juvenil brasileira no in cio do s culo XXI autores obras e tend ncias Estudos de Literatura Brasileira Contempor nea v 1 p 111 130 2010 Dispon vel em http www gelbc com br pdf revista 3607 pdf Acesso em 01 09 2014 MAGNANI Maria do Ros rio M Leitura literatura e escola sobre a forma
149. rie de importantes argumentos sobre a manuten o do sigilo tanto dos nomes das os pareceristas quanto dos documentos de orienta o para a produ o dos pareceres Como foram v rios os momentos da entrevista em que esse assunto foi abordado os trechos principais foram compilados para serem apresentados aqui Inicialmente perguntada sobre a poss vel publiciza o das os avaliadoras es a entrevistada respondeu RAP PNBE N o Eu posso te dizer as institui es a titula o porque se voc coloca isso na sua tese essas pessoas nunca mais ter o sossego Suposi o Um editor oferece ao avaliador uma remunera o para fazer uma consultoria ou escrever uma orelha num livro ou fazer um estudo cr tico tal Este trabalho pontual altamente remunerado impede o de trabalhar no PNBE por dois anos Ent o n s sempre avisamos aos avaliadores se voc quer continuar no processo n o fa a nenhum trabalho que tenha v nculo com editora que publique literatura infantil o avaliador recebe dois instrumentos em sua casa Ent o ele recebe o livro que ele tem que ler ele recebe uma ficha com quarenta e dois itens que tem que marcar aplica n o se aplica e fazer resumo dos quesitos PQ Essa ficha eu teria acesso n o RAP PNBE Acenou com a cabe a que n o o editor j fica de olho por exemplo Olha eles est o escolhendo livro sobre tem tica racial P
150. rquicas do ponto de vista da diversidade tnico racial a defini o de racializa o aproxima se da ideia de hierarquiza o racial Racializa o ser portanto tomada nesta pesquisa como o conjunto de pensamentos atitudes ou pr ticas exercidas para classificar e inferiorizar determinado grupo social baseado em caracter sticas que podem ser de apar ncia ou n o culturais ou de origem reais ou imputadas SILVA P V B 2010a s p Na concep o do autor racializa o compreendida como um processo que estabelece hierarquias entre grupos sociais que recebem sistematicamente tratamento diferenciado baseado em suposto pertencimento a ra as Considera que tal processo de longo prazo e que a racializa o ocorre relacionada com as disputas pelo acesso a bens materiais e simb licos ou seja tem uma importante rela o com a competi o social por poder As hierarquias estabelecidas pelo processo de racializa o definem diferentes formas de acesso aos bens sociais ofertando vantagem aos grupos hegem nicos e restri es aos grupos racializados no Brasil negras os ind genas e ciganas 0s Assim uma an lise da racializa o implica em uma imers o em pesquisas realizadas e teorias de rela es raciais que auxiliam na interpreta o do racismo 1 2 As pesquisas e perspectivas subsidiais O campo te rico que subsidia esta pesquisa corresponde a um conjunto de perspectivas te ricas que possuem em c
151. seer ufrgs br index php educacaoerealidade article view 38160 27752 Acesso em 29 08 2014 DEBUS Eliane BAL A ngela Literatura infantil portuguesa e brasileira contributos para um di logo multicultural Via Atl ntica n 14 p 63 74 dez 2008 Dispon vel em http Avww revistas usp br viaatlantica article view 50380 Acesso em 31 08 2014 DEBUS Eliane Santana Dias Debus VASQUES Margarida Cristina A linguagem liter ria e a pluralidade cultural contribui es para uma reflex o tnico racial na escola Conjectura Caxias do Sul v 14 n 2 p 133 144 maio ago 2009 Dispon vel em http Awww ucs br etc revistas index php conjectura article viewFile 19 18 Acesso em 03 09 2014 319 DIAS Lucimar Rosa Quantos passos j foram dados A quest o de ra a nas leis educacionais da LDB de 1961 Lei 10 639 Revista Espa o Acad mico n 38 jul 2004 Dispon vel em http Ayvww espacoacademico com br 038 38cdias htm Acesso em 12 04 2014 DUARTE Eduardo de Assis Literatura afro brasileira um conceito em constru o Estudos de Literatura Brasileira Contempor nea n 31 Bras lia janeiro junho de 2008 p 11 28 Literatura e Afrodescend ncia Literafro Portal da Literatura Afro brasileira 2013 Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais Dispon vel em http www letras ufmg br literafro Acesso em 20 03 2014 ECO Humberto Como se faz uma tese 15 ed S o Paulo Editora
152. seu advers rio do que propriamente a assun o de novas medidas mais efetivas Com isso no entanto n o h qualquer inten o impl cita ou expl cita de negar ou de ignorar as conquistas relacionadas ao ingresso e perman ncia de negras os no ensino superior e em concursos p blicos bem como a melhoria da qualidade de vida da popula o negra dos ltimos anos mas apenas argumentar que as medidas adotadas posteriormente s elei es n o indicam at o presente momento outras inova es embora o lema da campanha de Dilma tenha sido Governo novo ideias novas E inserido nesse processo estava uma pesquisa que embora demarcadamente em sua apresenta o enviada s secretarias do MEC assumia uma postura de engajamento e compromisso com a valoriza o da diversidade tnico racial gerava inc modos por tocar em momento inoportuno em feridas ainda abertas e que evidenciariam mais ainda as cis es entre a Secretaria de Educa o B sica SEB e a Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o Secadi Assim a interpreta o ao final do processo que de aparente parceira a pesquisa assumia principalmente para a Secadi a fun o de inimiga por poder expor plaus veis fragilidades ainda em processo de supera o E embora em car ter transit rio cabe registrar que at o momento do t rmino deste trabalho posterior defesa p blica a Secadi esteja sem representa o O
153. sil ncio ou a omiss o s o t o nocivos quanto a explicita o do racismo Nessa perspectiva outro estudo de destaque foi desenvolvido por Silva P V B 2012 que focalizou formas simb licas observadas no discurso midi tico brasileiro na an lise da literatura especializada e em corpus de diferentes meios discursivos SILVA P V B 2012 p 110 Sua perspectiva teve como proposi o acrescentar o sil ncio como uma estrat gia t pica de opera o da ideologia desenvolvido inicialmente por Thompson 2002 autor que prop e um conceito particular de ideologia que na sua vis o sempre um conceito cr tico e negativo Para o autor ideologia a maneira como o sentido mobilizado pelas formas simb licas serve para estabelecer e sustentar rela es de domina o THOMPSON 2002 p 78 destaques do autor Ao tomar o conceito de ideologia como negativo Thompson desenvolveu um arcabou o anal tico pelo qual uma pesquisadora ou um pesquisador pode verificar de uma maneira apropriada somente prestando aten o cuidadosamente intera o entre sentido e poder nas circunst ncias concretas da vida social THOMPSON 2002 p 80 E para tanto o autor elencou alguns dos modos e estrat gias gerais em que a ideologia pode estar operando Considerando isso no contexto brasileiro a proposta de Silva P V B 2012 foi o acr scimo de mais uma estrat gia associada dissimula o o sil ncio que
154. sistematicamente opera para ocultar processo social de desigualdade racial SILVA P V B 2012 p 114 O autor identificou o sil ncio atuando em quatro dimens es No entanto o autor ressalva que tais modos e estrat gias por ele apresentados n o s o as nicas maneiras de opera o da ideologia e que nenhuma dessas estrat gias inerentemente ideol gica depende do fato de a forma simb lica manter ou subverter para estabelecer ou minar rela es de domina o THOMPSON 2002 p 82 100 Que ser mais bem abordada na se o seguinte 255 O sil ncio sobre a branquidade que atua para estabelecer o branco como norma de humanidade a nega o da exist ncia plena ao negro invisibilidade e sub representa o o sil ncio sobre particularidades culturais do negro brasileiro o sil ncio como estrat gia para ocultar desigualdades SILVA P V B 2012 p 114 A interpreta o sobre a atua o da Secadi no epis dio relatado nessa se o evidencia o exerc cio do sil ncio como estrat gia para ocultar desigualdades O autor ressalta a intr nseca rela o entre o silenciamento frente ao racismo e a manuten o do mito da democracia racial j que ao se tratar do tema ele se ausenta do debate p blico como uma cortina de fuma a para esconder grandes desigualdades raciais nos planos material e simb lico SILVA P V B 2012 p 124 Da mesma maneira ao n o se manifestar sobre quest
155. tange ressignifica o e valoriza o da hist ria e cultura africana e afro brasileira OLIVEIRA M A J 2008 s p 120 Em certa medida as interpreta es de Oliveira M A J 2008 aproximam se das an lises desenvolvidas por Araujo e Silva 2012 A pesquisa amostral realizada sobre 37 obras de literatura infantil teve como objetivo tra ar um panorama da produ o liter ria brasileira para crian as pequenas que apresentam em alguma medida personagens negras ou tem ticas relacionadas cultura e hist ria africana e afro brasileira ARAUJO SILVA 2012 p 194 N o foi intento de a pesquisa incidir somente sobre obras recentes mas em fun o da escassez de obras infantis do s culo 20 com personagens negras quando existentes essas obras em sua maioria apresentavam algum tipo de estere tipo o que culminou no seguinte resultado quanto mais antiga a obra que apresenta personagens negras mais chances ela tem de trazer estere tipos negativos e racismo impl cito ou expl cito ARAUJO SILVA 2012 p 194 A hip tese desenvolvida sobre esse contexto o que retoma a argumenta o de Debus e Bal a 2008 de que a modifica o do art 26A da LDB pela Lei 10 639 20083 motivou essa produ o liter ria ainda sendo diminuta em rela o produ o em geral ARAUJO SILVA 2012 p 204 Utilizando uma escala com cinco pontos timo muito bom bom razo vel e ruim para classifica
156. teorias est ticas que consideram a literatura e a arte em geral como algo que tem fim em si mesmo que n o se prende ao tempo hist rico que a ele transcende para atingir a atemporalidade Contando com uma parte da cr tica est tica institu da na sociedade manifesta es desse tipo s o pin adas para servir de exemplo de boa realiza o est tica sendo legitimadas pelo sil ncio ideol gico Cuti Tomando como princ pio a no o de que til distinguir para a an lise o sentido expl cito de uma pol tica o qual definido atrav s dos objetivos proclamados pelos tomadores de decis o do sentido latente que se revela progressivamente ao longo de sua implementa o MULLER SUREL 2002 p 22 a proposta deste cap tulo analisar sentidos latentes presentes na execu o do PNBE por parte da Secadi e por parte da SEB Foi um grande desafio a esta pesquisa compreender a dicotomia impl cita existente entre os editais do PNBE lan ados pelo MEC mas intermediados pela SEB dos intermediados pela Secadi A olhos nus a impress o que se tem que qualquer edital do PNBE desenvolvido e executado pelo MEC e intermediado pelas duas secretarias conforme determina a Resolu o FNDE MEC n 7 2009 mas o que se identificou nesta pesquisa que al m de serem origin rios de secretarias diferentes n o h a participa o concomitante de ambas na elabora o dos editais nem no tocante a o de seu cor
157. ticas de identidade s o fortalecidas ao inv s de se desenvolver processos de resist ncia e nega o de tais conforma es que continuam sendo hier rquicas ou seja por meio de identidades disciplinares que jogam de acordo com as regras que ele estava me pedindo para jogar MIGNOLO 2008 p 300 304 aqui tem conceito definido significa alargar os alcances dessa pol tica educacional para o abarcamento de outras concep es de literatura que n o s aquela respons vel por uma dicotomia ora de modo relativamente leg timo e ora de modo abusivo entre arte e milit ncia ou qualidade e inabilidade com as palavras em sua dimens o art stica Acrescenta se que essa defini o n o prop e incorrer na interpreta o da mudan a de um foco etnoc ntrico marcadamente de raiz europeia por um africano BRASIL 2004a p 17 ind gena ou outro mas sim na amplia o desse campo Tal perspectiva converge com o que prop em Mata 2014 Por isso como professora de literatura estou convencida de que o ensino de outras literaturas e a sua inscri o no mapa das literaturas consumidas uma das estrat gias para reverter a dimens o euroc ntrica da institui o can nica enfim pode constituir um ant doto eurocentricidade e miopia cultural das Humanidades Ahmad 2002 p 84 tal como hoje se vive nos estudos liter rios quer no Ocidente quer mais grave ainda nos pr prios espa os assumidamente perif ric
158. um apelo rom ntico do final do s culo XX e in cio do s culo XXI GOMES 2006 p 22 Ao contr rio diversidade ainda que com limita es conforme alguns estudos apresentados no decorrer desta pesquisa demonstrar o tem representado o vi s pelo qual as demandas de sujeitos historicamente discriminados e subalternizados v m sendo pautadas nas agendas das pol ticas educacionais Assim concordando com Andr Luiz F L zaro 2018 p 271 A import ncia de um conceito ativo de diversidade para os debates das pol ticas em educa o que ele favorece o reconhecimento de aus ncias potencialidades for as de resist ncia e a o transformadora O que os nomeou diversos por meio de complexos processos hist ricos e pol ticos tanto Ihes negou direitos quanto reconheceu identidades s quais buscou imputar diferen as de ordem natural Por meio do conceito de diversidade o reconhecimento do direito educa o ganha tamb m a forma de questionar a naturaliza o dos processos de exclus o Novos sujeitos novas vozes interpretam e prop em caminhos para a hist ria Portanto assumindo a posi o te rica e a justificativa do uso da express o diversidade tnico racial ser suprimida a partir de agora o complemento 20 rela es negras os brancas 0s E somente nos casos em que outras os autoras es arrolados neste estudo utilizarem diversidade tnico racial em perspectiva diferente da aqui a
159. vel verificar que a solicita o andava de setor em setor do MEC ao FNDE No dia 20 08 2014 contatei novamente por telefone a Cogeam e mais uma vez quem me atendeu foi o t cnico que se mostrou inadequadamente na fun o j que agiu de modo grosseiro a ponto de eu perguntar qual era a sua fun o naquela coordena o Ele me disse que era t cnico e perguntou o motivo de meu questionamento Eu disse que era para registrar na minha tese a sua postura Encerrei a liga o e minutos depois tentei outras vezes para falar com outra pessoa mais adequada N o sendo poss vel encaminhei novo e mail e recebi finalmente a resposta no dia 21 08 2018 assinado por uma t cnica Informamos que a profa Coordenadora Geral de Materiais Did ticos e respons vel pela coordena o dos processos de avalia o do PNBE tem compromissos inadi veis nos dias 28 e 29 08 raz o pela qual gostar amos que verificasse uma outra data em setembro E poss vel Aguardamos sua resposta E MAIL DA COGEAM 1 21 08 2014 Prontamente respondi e apresentei ao inv s de uma data em outubro duas datas em novembro j que iria Bras lia realizar a entrevista com representante da Secadi E tamb m acrescentei a possibilidade da realiza o da entrevista via on line caso fosse mais interessante Coordena o No dia seguinte recebi a resposta de que as minhas propostas seriam analisadas pela coordenadora Nesse nterim diante da inviabilidade da
160. voltado valoriza o das diferen as e da diversidade promo o da educa o inclusiva dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental visando efetiva o de pol ticas p blicas transversais e intersetoriais 4 Dispon vel em http educacao gov br index php option com content amp view article amp id 290 amp Itemid 816 Acesso em 11 01 2015 A Secadi foi criada pelo Decreto n 5 159 2004 documento que aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comiss o e das Fun es Gratificadas do Minist rio da Educa o Esse decreto foi revogado por outros posteriores e atualmente a Secadi regida pelo Decreto n 7 690 2012 131 Mas justamente observando os objetivos da Secadi que se reconhece a necessidade de uma atua o mais efetiva na sele o dos acervos do PNBE para as escolas pois ao caber dentre suas contribui es a valoriza o das diferen as e da diversidade sua pr pria natureza disp e de legitimidade e condi o adequada para participar da avalia o dos livros j que conforme preconiza o inciso Il do artigo 3 do Decreto n 7 084 2010 uma das diretrizes dos programas de materiais did ticos dentre eles o PNBE o respeito s diversidades sociais culturais e regionais BRASIL 2010a No entanto como ser demonstrada no decorrer deste estudo sobretudo nos ltimos dois cap tulos tal atua o bastante limitada e restrita s demanda
161. 0 Anos PNBE 109 t tulos Literatura infantil e juvenil sendo quatro obras voltadas Bibliotecas de 1999 s crian as portadoras de necessidades especiais escolas de 1 indicadas pela Secretaria de Educa o Especial do 4 s ries MEC acondicionadas em uma caixa estante em formato de escola PNBE 1 acervo Acervo composto de materiais did tico pedag gicos Docentes do 2000 Par metros Curriculares Nacionais PCN de 1 a 8 ensino s ries Par metros em A o Curso de Forma o fundamental das Continuada a Etica e Cidadania no Conv vio Escolar escolas p blicas Uma Proposta de Trabalho Referencial Curricular participantes do Nacional para a Educa o Infantil RCNEI Referencial Programa de Nacional para a Educa o Ind gena e a Proposta Desenvolvimento Curricular para a Educa o de Jovens e Adultos EJA Profissional edi es das revistas Nova escola e Ci ncia hoje das Continuado crian as al m do manual de utiliza o do acervo do Programa PNBE 1999 intitulado Hist rias e hist rias Par metros em A o PNBE 1 acervo O acervo foi composto por seis cole es diferentes Estudantes de 4 2001 cada uma com cinco t tulos poesia de autor brasileiro e 5 s ries conto novela cl ssico da literatura universal e pe a A o Literatura teatral em minha Casa PNBE 1 acervo O acervo foi composto de oito cole es de diferentes Estudantes de 4 2002 A
162. 004 p 108 durante a entrevista a flexibilidade fez com que novas perguntas fossem propostas e outras pr estabelecidas fossem suprimidas importante ressaltar que as declara es da pessoa entrevistada referem se apenas ao PNBE chamado neste estudo de tradicional Sobre os editais e a sele o do PNBE organizados pela Secadi a respondente disse n o ter informa es inclusive indicando outro nome No entanto em contato com a pessoa indicada em per odo muito posterior entrevista j que essa segunda entrevista n o estava prevista por considerar que a Secadi seria a melhor institui o para tratar sobre o PNBE Tem tico esta aconselhou a procurar a representante da Cogeam j que ela havia coordenado tamb m o PNBE Tem tico Como esse contato ocorreu em momentos pr ximos devolutiva do question rio por parte da representante da 280 Cogeam n o foi poss vel como j apresentado na se o anterior desenvolver quest es sobre o processo de coordena o do PNBE Tem tico Alguns elementos subjetivos foram de grande relev ncia para o clima da entrevista A conversa preparat ria em que a entrevistada solicitou que eu falasse da minha trajet ria acad mica e as inten es da pesquisa e em seguida fez uma narrativa de sua experi ncia acad mica com entrevistas garantiu me uma seguran a e tranquilidade para abordar as quest es Al m disso registro a aten o da entrevistada na indica o de bibliografias
163. 014 JESUS Rodrigo Ednilson de REIS Eliane Batista dos Juventude e diversidade tnico racial In CIRREA Lic nia Maria ALVES Maria Zenaide MAIA Carla 322 Linhares Orgs Cadernos tem ticos juventude brasileira e Ensino M dio Belo Horizonte Editora UFMG 2014 JOVINO lone da Silva Literatura infanto juvenil com personagens negros no Brasil In SOUZA Florentina LIMA Maria Nazar Orgs Literatura afro brasileira Salvador Centro de Estudos Afro Orientais Bras lia Funda o Cultural Palmares 2006 p 179 217 JUNQUEIRA C lia Costa Entrevista com Laura Sandroni e Elizabeth Serra In SERRA Elizabeth D Angelo Serra ZINCONE Gisela Um imagin rio de livros e leituras 40 anos da FNLIJ Rio de Janeiro FNLIJ 2008 p vii xviii KAERCHER Gl dis Elise Pereira da Silva O mundo na caixa g nero e ra a no Programa Nacional de Biblioteca da Escola 1999 Tese Doutorado em Educa o Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2006 KICH Morgana Media o de leitura liter ria o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2008 Disserta o Mestrado em Educa o Universidade de Caxias do Sul 2011 KING Joyce Elaine A Passagem M dia revisitada a educa o para a liberdade humana e a cr tica epistemol gica feita pelos estudos negros In SILVA Luiz Eron da Org Reestrutura o curricular novos mapas culturais novas perspectivas educacionais Porto Alegre Sulina 1996 p 75 101
164. 02 p 18 destaque dos autores No entanto houve uma adapta o do que Muller e Surel denominam como sentido para ambos sentido n o de forma alguma uni voco porque a realidade do mundo ela mesma contradit ria MULLER SUREL 2002 p 18 afirma o v lida para a perspectiva aqui adotada Mas a diferen a proposta por este estudo est em como os autores veem tais contradi es os tomadores de decis o s o condenados a perseguir objetivos em si mesmos contradit rios promover a rentabilidade de certa empresa p blica e manter a paz social frear a infla o e reativar o consumo MULLER SUREL 2002 p 18 A adapta o foi no sentido de acrescentar o racismo institucional como variante da conjun o e proposta pelos autores Assim por exemplo pode se interpretar as contradi es da execu o da pol tica do PNBE com objetivos contradit rios fomentar os h bitos de leitura em estudantes das escolas p blicas e n o abrir m o da literatura can nica e branca por natureza desenvolver editais espec ficos para aquisi o de livros com temas da diversidade e manter editais tradicionais para a literatura can nica e branca afirmar em seus editais tradicionais que n o ser o selecionados livros com estere tipos e discrimina o e adquirir livros com estere tipos e discrimina o de autores cl ssicos Em fun o de este estudo ter sofrido diversas altera es ao longo de seus quatro anos de realiza
165. 1 Ao longo do s culo XX os estudos sobre rela es raciais evolu ram em termos de metodologia e perspectiva de an lise De acordo com a formula o de alguns pesquisadores podemos encontrar tr s fases no que diz respeito aos estudos sobre rela es raciais no Brasil 1 a an lise culturalista de Gilberto Freyre 22 a an lise classista de Florestan Fernandes e outros pesquisadores 32 a an lise socioestrutural de Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle Silva at a an lise hist rico cultural de Michael G Hanchard e Edward Telles MAR AL 2011 p 22 15 Sendo feitas as devidas ressalvas seguiremos portanto para a apresenta o dos conceitos 40 1 1 Os conceitos subsidiais O conceito de ra a aqui adotado oriunda das Ci ncias Sociais em especial de estudiosas os como Antonio S rgio Alfredo Guimar es 1999 que defende a necessidade de se demonstrar o car ter espec fico de um subconjunto de pr ticas e cren as discriminat rias sobretudo porque para aqueles que sofrem ou sofreram os efeitos do racismo n o h outra alternativa sen o reconstruir de modo cr tico as no es dessa mesma ideologia GUIMAR ES 1999 p 20 Tal perspectiva confronta se com outra defendida tamb m nas Ci ncias Sociais e que argumenta que j que biologicamente n o h variadas ra as a manuten o da express o ra a para se referir a grupos humanos n o poderia ter outra s
166. 1 Tais diferen as referem se aus ncia de dados no site do FNDE sobre o tipo de composi o das obras e quantidade adquirida j que o edital prescreve a possibilidade de pr inscri o em composi es que favore am estudantes com defici ncia auditiva ou visual como por exemplo obra em tinta com caractere ampliado ou acompanhada de CD em udio ou de DVD em libras N o foi poss vel constatar se essa falta de informa es decorre do fato de as editoras n o terem inscrito obras com tais formatos ou se houve uma omiss o de dados por parte do FNDE Em an lise apenas do edital de 2011 o destaque de Fernandes e Cordeiro 2012 justamente o atendimento a estudantes com necessidades educacionais especiais o que pode n o ter ocorrido na forma planejada O FNDE informa que o investimento no ensino fundamental 6 ao 9 ano foi de R 44 906 480 00 por meio da distribui o de 3 861 782 livros em 77 754 acervos O n mero de escolas atendidas foi de 50 502 sendo que 12 780 396 estudantes foram beneficiadas os O ensino m dio recebeu 1 723 632 livros em 34 704 acervos num total de investimentos de R 25 905 608 00 o que beneficiou 7 312 562 estudantes e 18 501 escolas Por fim foram ao todo 11 530 430 distribu dos para 143 773 escolas num montante de R 31 150 900 98 Sobre o PNBE 2012 verifica se a gravidade de uma constata o apresentada em uma das notas do QUADRO 14 que informa que ao contr rio do que explicita a p
167. 11 111 de 5 de maio de 2005 e dispositivos da Lei no 8 159 de 8 de janeiro de 1991 e d outras provid ncias Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 18 nov de 2011 p 1 Edi o extra Dispon vel em http Awww planalto gov br ccivil 03 ato2011 2014 2011 ei112527 htm Acesso em 18 08 2014 Minist rio da Educa o Conselho Nacional de Educa o Parecer CNE CEB n 6 2011 b Reexame do Parecer CNE CEB n 15 2010 com orienta es para que material utilizado na Educa o B sica se coadune com as pol ticas p blicas para uma educa o antirracista Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 29 ago de 2011 Se o 1 p 28 Dispon vel em http mecsrv125 mec gov br index php option com docman amp task doc download amp gid 8180 amp ltemid Acesso em 10 09 2014 Resolu o CD FNDE n 26 de 24 de maio de 2011 c Disp e sobre a destina o de recursos financeiros nos moldes e sob a gide da Resolu o n 17 de 19 de abril de 2011 para garantir o abastecimento de gua em condi es apropriadas para consumo em escolas p blicas Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 25 mai de 2011 Se o 1 Dispon vel em http www fnde gov br fnde legislacao resolucoes item 3449 resolu C3 A7 C3 A30 cd fnde n C2 BA 26 de 24 de maio de 2011 Acesso em 18 08 2014 Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica Edital de Chamada P blica n 2 2014 de 16 de outubro de 2014 a Di rio Oficial d
168. 15 BRASIL Minist rio da Educa o FNDE SECADI SEB Edital de Convoca o 03 2014 CGPLI Edital de convoca o para inscri o e sele o de obras de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2015 Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 02 jun 2014 Se o 3 p 61 Dispon vel em http www fnde gov br arquivos category 109 editais download edital pnbe Acesso em 10 09 2014 PNBE Ind gena 2015 Minist rio da Educa o FNDE SECADI Edital de Convoca o 01 2014 CGPLI Edital de convoca o para inscri o e sele o de 329 obras de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Ind gena 2015 Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 27 jan 2014 Se o 3 p 52 Dispon vel em http Awww fnde gov br arquivos category 165 editais download 8697 edital pnbe indigena 2015 Acesso em 10 09 2014 PNBE Tem tico 2013 BRASIL Minist rio da Educa o FNDE SEB SECADI Edital de Convoca o 01 2012 CGPLI Edital de convoca o para inscri o e sele o de obras de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Tem tico 2013 Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 25 mai 2012 Se o 3 p 37 Dispon vel em http www fnde gov br arquivos category 109 editais download edital pnbe Acesso em 10 09 2014 PROEN A FILHO Dom cio A trajet ria do negro na literatura brasileira Estudos Avan ados 18 50 p 161 1
169. 24 225 destaques do autor e a sa da para isso era a ado o de uma perspectiva avaliada por Paix o como otimista j que se pautava no trabalho de conscientiza o e no desenvolvimento de t cnicas de esclarecimento sobre as diferen as vivenciadas pelos grupos brancos e negros No entanto Paix o questiona tanto a ideia de que o preconceito de marca resultante de um equ voco moral quanto a alternativa de resolu o por meio do esclarecimento do agente discriminador PAIX O 2014 p 225 Sabemos que o more social constru do no Brasil que repudia as pr ticas ostensivamente segregadoras e racistas o mesmo que naturaliza pap is sociais desiguais exercidos por brancos e negros em nossa sociedade Assim esse mesmo padr o considera normal que existam disparidades sociais entre brancos e negros tendo em vista corresponder a uma esp cie de ordem natural das coisas Desse modo se por um lado verdade que os negros brasileiros balizados na signific ncia moral do pr prio mito da democracia racial teriam instrumentos para se defender de a es francamente discriminat rias por outro lado eles n o poderiam mobilizar o arsenal moral deste mesmo mito para defender a es coletivas que gerassem a supera o das desigualdades raciais entre os dois grupos tendo em vista que tal sorte de disparidades seria considerada como eticamente v lida posto ser normal sen o desej vel que brancos mesti os e ne
170. 59 019 172 00 140 131 6 983 131 565 831 PNBE Especial 9 869 621 25 Educa o infantil 4 913 102 283 7 194 Ens fundamental 46 671 881 145 58 374 Ensino m dio 11 875 258 030 16 782 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola dados estatisticos item 3016 dados estaty C3 ADsticos de anos anteriores Acesso em 25 06 2014 NOTA E poss vel acessar os valores contratados de cada obra e tiragem no link http Anww fnde gov br arquivos category 108 dados estatisticos download 5368 pnbe professor 2011 titulos valores e tiragem Acesso em 25 06 2014 Mais informa es inclusive com o detalhamento dos dados por estado e n vel de ensino atendido est o dispon veis em http Avww fnde gov br arquivos category 108 dados estatisticos download 4308 pnbe 2008 resumo fisico financeiro Acesso em 11 01 2015 Uma observa o sobre os n meros apresentados pelo FNDE s o os arredondamentos feitos no link intitulado Hist rico que n o convergem com o detalhamento num rico apresentado no link Dados estat sticos conforme se pode observar nas TABELAS 1 e 2 Questiona se aqui se haveria tal necessidade j que o objetivo da publiciza o dos dados favorecer a transpar ncia 168 escolas fundamental 3 ensino m dio regular 4 ensino fundamental da educa o de jovens e adultos e 5 ensino m dio da
171. 93 2004 Dispon vel em http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S0103 Acesso em 27 03 2014 PORCI NCULA Rafael F culo As ideias raciais na obra de Monteiro Lobato fic o e n o fic o Disserta o Mestrado em Letras Universidade Federal de Pelotas 2014 Dispon vel em http guaiaca ufpel edu br bitstream ri 2668 5 Disserta C3 A7H CIH AI3O Rafael F C3 BAculo PorciYC3 BAncula pdf Acesso em 04 10 2014 QUEIROZ Renato da Silva O her i trapaceiro notas sobre a figura do trickster Tempo Social v 3 n 1 2 p 93 107 1991 Dispon vel em http www fflch usp br sociologia temposocial site images stories edicoes v0312 0 H EROI pdaf Acesso em 19 12 2014 RAMOS Fl via Brocchetto Literatura na escola recurso eletr nico da concep o a media o do PNBE Dados eletr nicos Caxias do Sul RS Educs 2018 RAMOS Fl via Broccheito NEVES Nathalie Vieira ORSO Aline Crisleine Vozes d Africa no PNBE 2008 Antares v 3 n 6 p 187 207 jul dez 2011 ROCHA Luiz Carlos Paix o da Pol tica educacional e a Lei 10 639 03 uma reflex o sobre a necessidade de supera o de mecanismos ideol gicos legitimadores do quadro de desigualdades raciais e sociais na sociedade brasileira In COSTA Hilton SILVA Paulo Vinicius Baptista da Orgs Notas de hist ria e cultura afro brasileiras Ponta Grossa Editora UEPG UFPR 2007 p 25 37 ROCHA Luiz Carlos Paix o da ARAUJO D
172. AN 1984 84 finalidade existencial do indiv duo Contudo para legitim la ainda foi necess rio promover em primeiro lugar o benefici rio maior desse esfor o conjunto a crian a A preserva o da inf ncia imp e se enquanto valor e meta de vida LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 17 Com isso ambas escola e literatura ajudaram se mutuamente pois esse processo coloca a literatura de um lado como intermedi ria entre a crian a e a sociedade de consumo que se imp e aos poucos e de outro como caudat ria da a o da escola como condi o de viabilizar sua pr pria circula o LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 18 Nessa perspectiva reitera se a ideia de uma literatura produzida para crian as nos moldes didatizantes com objetivos bastante demarcados iniciar a inf ncia nos valores e vis es de mundo de uma elite dominante Nesse sentido a constru o de um imagin rio em que personagens negras n o representem destaque reproduz o desejo e a execu o de um plano da elite Tal ideia ratifica se ao considerarmos a an lise de Gouv a 2005 p 84 O apagamento do negro nos textos da poca reflete uma mentalidade dominante voltada para os ideais de progresso e civiliza o Procuravam se eliminar os antigos h bitos urbanos assim como afastar dos grandes centros os grupos populares concebidos como focos de agita o e resist ncia nova ordem social Nesse quadro o negro era percebido como herdeiro de um
173. Angolana para Inf ncia 125 dentre outras Essa nova perspectiva tem possibilitado outras reflex es que ampliam mais ainda as an lises sobre a contemporaneidade e o futuro da literatura infanto juvenil no Brasil incluindo o fato de que a entrada dessas literaturas no Brasil tem sido em grande maioria por obras de escritoras es africanas os brancas os o que por si s j levanta uma s rie de questionamentos Caber a outros estudos aprofundarem elementos como esses Sem a pretens o como destacado no in cio dessa se o de elaborar um complexo estado da arte sobre o atual contexto de produ o liter ria infanto juvenil com tem ticas voltadas para a diversidade tnico racial o objetivo foi de destacar algumas das caracter sticas recorrentes em alguns estudos acad micos Uma das caracter sticas evidenciadas um otimismo parcimonioso ou em outras palavras o reconhecimento de que avan os foram conquistados em rela o representa o e valoriza o de personagens negras em obras infanto juvenis e qualidade est tico liter ria mas sem deixar de lan ar um olhar cr tico e realista sobre a baixa incid ncia de obras com tais caracter sticas quando tomadas proporcionalmente s publica es anuais do mercado editorial brasileiro Da mesma maneira o olhar cr tico e realista lan a se sobre manuten es de estere tipos que insistem em reificar a representa o do ser negro a caracter sticas inferiorizantes
174. Assist ncia ao Estudante Faculdade de Educa o da UFMG Funda o Instituto de Pesquisas Econ micas Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o Funda o Nacional do Livro Infantil e Juvenil HP IBC IBGE IDH IES Inmetro IPT Laeser LDB MEC PCN PCRI PNBE PNLD PNLL Proler RCNEI SEB Secadi Seed PR SNEL Seppir Seesp TCU UFMG UFPR Undime Volp Hermen utica de Profundidade Instituto Benjamin Constant Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica ndice de Desenvolvimento Humano Institui o de Ensino Superior Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia Instituto de Pesquisas Tecnol gicas Laborat rio de An lises Econ micas Hist ricas Sociais e Estat sticas das Rela es Raciais Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional Minist rio da Educa o Par metros Curriculares Nacionais Programa de Combate ao Racismo Institucional Programa Nacional de Biblioteca da Escola Programa Nacional do Livro Did tico Programa Nacional do Livro e Literatura Programa Nacional de Incentivo Leitura Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Secretaria de Educa o B sica Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o Secretaria de Estado da Educa o do Paran Sindicato Nacional das Empresas Editoras de Livros Secretaria de Pol ticas de Promo o da Igualdade Racial Secretaria de Educa o Especial Tribunal de C
175. CIAL NO PNBE PROCEDIMENTOS DE PESQUISA E AN LISE DAS PESQUISAS BRASILEIRAS asa aii Sa Said ai Gi e Rd a oa eae a da aa 175 CAP TULO 4 OS EDITAIS DA SECADI VERSUS MAS ISSO LITERATURA 203 CAP TULO 5 OS DISCURSOS E OS SIL NCIOS PRODUZIDOS SOBRE O PNBE 232 5 1 A PRODU O DOS DISCURSOS NA GEST O DO MEC iiiiiiieeas 235 5 1 1 O SIL NCIO DA SECADI Cs siri rede cio indo bi o a da 237 5 1 2 JANELAS POL TICAS E DISSIMULA O NOS DISCURSOS DA SEB oiccen 258 5 2 PODER E LEGITIMA O NOS DISCURSOS DA AVALIA O PEDAG GICA 271 CONSIDERA ES FINAIS esssies essere sceseereeecanereeeeancereeeeanereereanareeecan a rerteaaaaro 301 REFERENCIAS ss anistia a a E OS a O a 311 17 INTRODU O A nossa escreviv ncia n o pode ser lida como hist ria para ninar os da casa grande e sim para incomod los em seus sonos injustos Concei o Evaristo Ao propor que a nossa escreviv ncia deve incomodar os da casa grande em seus sonos injustos Concei o Evaristo referencia a inten o pol tica da presente pesquisa de apresentar se como uma contribui o aos estudos cr ticos sobre rela es tnico raciais Tal proposta suleia este estudo no sentido de fomentar a tens o cada vez mais presente na academia e que tende a questionar saberes colonizados e coloniz veis impostos simbolicamente ao longo do tempo como leg timos Considerando que o r
176. Cole o Cl ssicos da Literatura em Libras a Esta informa o foi especificou a L ngua Brasileira de Sinais Dispon vel em CD fornecida pela pesquisa quantidade ROM de Fernanda Cristina de Souza 2009 p 690 escolas de 1 a 4 s rie que cadastraram no Censo Escolar o atendimento de alunos surdos PNBE 1 acervo Poesia conto cr nica romance Escolas com at 150 2006 variando a estudantes receberam um quantidade acervo com 75 t tulos de livros de escolas com 151 a 300 acordo com estudantes receberam um o porte das acervo com 150 t tulos e escolas escolas acima de 300 estudantes receberam 225 t tulos PNBE N o existiu uma vers o do programa PNBE 2007 FNDE 2012 2007 QUADRO 7 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 3 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 11 01 2015 156 A partir de 2004 este estudo apresentar os resultados de an lises sobre o PNBE presentes em pesquisas institucionais teses e disserta es Ressalta se que n o ser poss vel a apresenta o de resultados nos mesmos moldes que as pesquisas de Oliveira L L 2008 e Fernandes 2007 e nem sobre todas as edi es seguintes do PNBE j que grande parte dos estudos encontrados a partir de 2004 priorizou investiga es sobre acervos de determinados anos S o poucas as informa es obtidas sobr
177. Consentimento Livre e Esclarecido Ressalto que no corpo do documento h a op o da n o divulga o do nome da pessoa embora seja invi vel omitir a institui o Ressalto tamb m que no corpo da tese e no pr prio roteiro da entrevista tratarei do PNBE sobre duas frentes 1 edi es organizadas pela SEB e 2 edi es organizadas pela SECADI PNBE Tem tico e PNBE Ind gena por exemplo Considero que talvez essa informa o seja importante pois pode haver d vidas na leitura e interpreta o das quest es do roteiro De qualquer maneira coloco me disposi o para esclarecimento em rela o a qualquer uma das quest es 243 Encaminho ent o em anexo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com destaque para algumas informa es em vermelho e o roteiro da entrevista Fico no aguardo e ansiando para que a decis o final seja mais breve poss vel E MAIL A SECADI 3 24 10 2014 A compreens o sobre o uso de question rios no entanto era de que o registro escrito pudesse gerar contextos diferenciados de produ o discursiva j que os encontros face a face s o menos monitorados VAN DIJK 2008 p 73 possibilitando a produ o de discursos mais enf ticos ou mais informativos ou ainda menos evasivos sobre o tema abordado No entanto van Dijk 2008 p 73 argumenta que a maior parte das atividades formais mesmo quando realizadas oralmente requer textos escritos como sua base ou sua consequ n
178. E a reda o do Edital de Chamada P blica MEC SEB n 2 2014 teve como objetivo a Chamada de candidaturas de Institui es P blicas de Educa o Superior brasileiras interessadas em coordenar a avalia o pedag gica de obras de literatura para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino m dio das escolas p blicas que integram os sistemas de educa o federal estadual municipal e do Distrito Federal no mbito do Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2015 Edital de Convoca o 03 2014 CGPLI BRASIL 2014a p 57 Tal edital previa que as institui es interessadas apresentassem at o dia 20 11 2014 documento de candidatura com manifesta o de interesse na coordena o do processo de avalia o pedag gica das obras inscritas no PNBE 2015 com declara o de que possui infraestrutura e condi es legais para efetiva o dos tr mites institucionais e de que teria condi es de acompanhamento de todas as etapas do processo e tamb m a indica o da coordena o pedag gica Al m de tais documentos as Institui es de Ensino Superior IES p blicas deveriam apresentar 2 2 Projeto de avalia o pedag gica referenciado no Edital do PNBE 2015 e no Decreto n 7 084 2010 em que constem a Apresenta o da trajet ria do s grupo s de ensino pesquisa e extens o sob lideran a do Coordenador Pedag gico contendo detalhamento de seu trajet ria na rea de Literatura e Educa o B sic
179. Escolas da educa o b sica 1 a 250 peri dicos para aquisi o das revistas estudantes 1 exemplar de cada peri dico 143 773 escolas junto s editoras para Escolas da educa o b sica 251 a 500 2010 foi renovado estudantes 2 exemplares de cada para atendimento peri dico tamb m em 2011 Escolas da educa o b sica 501 a 750 estudantes 3 exemplares de cada PNBE peri dico Peri dicos Escolas da educa o b sica 751 a 1000 2011 estudantes 4 exemplares de cada peri dico Escolas da educa o b sica 1001 a 1250 estudantes 5 exemplares de cada peri dico Escolas da educa o b sica mais de 1250 estudantes 6 exemplares de cada peri dico 743 066 Obras liter rias Esta Ensino fundamental 1 ao 5 ano exemplares vers o do programa EJA etapas de ensino fundamental e PNBE teve como novidade a m dio 2012 aquisi o das obras Educa o Infantil creches e pr escolas tamb m em formato MecDaisy 15 1 milh es de Revistas pedag gicas PNBE exemplares de 11 para auxiliar o trabalho Peri dicos revistas do professor da rede 2012 p blica e do gestor escolar QUADRO 14 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 6 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 11 01 2015 NOTA Embora haja essa informa o no site do FNDE a planilha intitulad
180. Grossa PR sobre as rela es entre o proposto pelo projeto Literatura em minha casa e o que foi efetivado na pr tica COPES 2007 p vi Utilizando como metodologia an lise documental e entrevistas com gestoras es pedagogas os professoras es e respons veis pelas bibliotecas escolares da cidade os resultados apurados evidenciaram que a a maioria dos gestores escolares desconhecia os programas os projetos e as campanhas de incentivo leitura emanados do Governo Federal b os livros n o chegaram s escolas da forma como estava proposto nos documentos oficiais oriundos dos rg os governamentais c os alunos n o receberam os kits conforme o prescrito no projeto d em algumas escolas tanto nas estaduais quanto nas municipais h um res duo de volumes nas estantes das bibliotecas e nas salas de leitura e e as escolas receberam uma quantidade de kits muito aqu m da demanda de matr culas Pelas informa es dos sujeitos constatou se um certo distanciamento entre as inten es manifestadas nos documentos e os resultados da proposta implementada nas escolas O projeto n o ganhou visibilidade nem dentro das escolas nem na comunidade COPES 2007 p vi Com os mesmos problemas e falhas apontados na edi o de 2001 sobre a edi o do PNBE 2002 mais uma vez poss vel notar a rela o dos curtos prazos novamente dois meses entre a publica o do edital e a avalia o das cole es com o favorecimento de pa
181. Grupo Focal com o Grupo Ill do quinto ano 18 09 2011 LOPES 2012 p 96 109 104 E essa discuss o sobre a desproporcionalidade entre personagens negras e brancas como protagonistas reiterou se nos trechos destacados a seguir j que as crian as articularam a aus ncia de negras os com a produ o editorial brasileira e alertaram para o racismo presente em obras de Monteiro Lobato Pesquisadora Qual a hist ria do livro And A hist ria que o av de um menino chamado Chaka respondia tudo sobre a inf ncia Por exemplo dos amigos do pai e da m e e tamb m de muitos primos Pesquisadora O Av contava coisas sobre os ancestrais dele And Isso sobre a Africa a cultura e os artesanatos Pesquisadora A hist ria acontece na Africa And Sim Pesquisadora E como s o os personagens deste livro Pat Eles s o negros Pesquisadora Voc s gostaram do livro Todos Sim Pesquisadora O que voc s mais gostaram no livro And N o sei Pesquisadora Voc s acham que se tivessem mais personagens negros nos livros eles seriam vendidos An Lau Eu acho que n o porque as pessoas brancas n o gostam de fazer livros de gente negra Gab Eu acho que venderia porque muitas hist rias de negros ensinam muitas coisas e s o bem legais And Eu tamb m acho que n o porque lembrando da semana passado eu acho que a gente tem racismo ainda as f bricas que fazem os livros iam ter este racismo e n o iam publicar os livro
182. In Org Pr ticas pedag gicas de trabalho com rela es tnico raciais na escola na perspectiva da Lei n 10 639 20083 1 ed Bras lia MEC Unesco 2012 p 19 33 Educa o para todos 36 Dispon vel em http etnicoracial mec gov br images pdf publicacoes Etnico 20Racial educaca para todos 36 miolo pdf Acesso em 19 12 2014 GOUV A Maria Cristina Soares Imagens do negro na literatura infantil brasileira an lise historiogr fica Educa o e Pesquisa S o Paulo v 31 n 1 p 77 89 jan abr 2005 GUIMAR ES Antonio S rgio Alfredo Racismo e antirracismo no Brasil S o Paulo Funda o de Apoio Universidade de S o Paulo Ed 34 1999 Classes ra as e democracia S o Paulo Ed 34 2002 Preconceito e discrimina o queixas de ofensas e tratamento desigual dos negros no Brasil S o Paulo Funda o de Apoio Universidade de S o Paulo Ed 34 2004 HENRIQUES Ricardo CAVALLEIRO Eliane Educa o e pol ticas p blicas afirmativas elementos da agenda do Minist rio da Educa o In SANTOS Sales Augusto dos Org A es afirmativas e combate ao racismo nas Am ricas Bras lia Minist rio da Educa o UNESCO 2005 p 209 224 IANNI Ot vio A racializa o do mundo Tempo Social Rev Sociol USP S Paulo 8 1 p 1 23 maio de 1996 Dispon vel em http www fflch usp br sociologia temposocial site images stories edicoes v081 a rac ializacao pdf Acesso em 08 01 2
183. NTO 20024 p 30 E da mesma maneira que brancas os e negras os s o impactadas os pelo racismo mesmo que formas diferentes a ideologia do branqueamento opera entre a popula o negra j que apesar de o processo de branqueamento f sico da sociedade ter fracassado seu ideal inculcado atrav s de mecanismos psicol gicos ficou intacto no inconsciente coletivo brasileiro MUNANGA 2008 p 15 Diante 2 apesar do impacto do racismo sobre os brancos ser claramente diferente do impacto do racismo para os negros o racismo tem consequ ncias negativas para todos Ou seja o racismo um problema para negros e brancos BENTO 2002b p 156 59 disso a proposi o de Bento 2002a para transforma es na sociedade e nas produ es cient ficas analisar as maneiras de opera o do racismo tendo como foco brancas os e negras os e n o mais se restringindo ao problema do negro compreender o branqueamento versus perda de identidade fundamental para o avan o na luta por uma sociedade mais igualit ria Por m esse estudo tem mais possibilidade de ser bem sucedido se abarcar a rela o negro e branco herdeiros benefici rios ou herdeiros expropriados de um mesmo processo hist rico part cipes de um mesmo cotidiano onde os direitos de uns s o violados permanentemente pelo outro BENTO 2002a p 54 55 destaques da autora Essa perspectiva traz para o cen rio dos estudos cr ticos uma disc
184. Q Ah essa a tend ncia RAP PNBE Essa a tend ncia Olha na EJA eles escolheram muito livro de cordel Ent o vamos publicar muito livro de cordel Claro o mercado precisa sobreviver Essa ficha o que eu posso dizer que ela contempla aqueles aspectos que est o previstos no edital que a qualidade tem tica a adequa o tem tica a qualidade est tica e o projeto gr fico Especificamente com rela o linguagem visual h toda uma discuss o verbo visual ali e os itens do di logo entre as duas concep es Acho que uns nove ou dez itens s o s sobre a quest o do di logo entre a imagem e 297 o texto o que n s chamamos de verbo visual E o que n s fazemos tamb m oferecer textos de discuss o para os avaliadores Agora em alguns momentos n s selecionamos livros que n o s o t o exemplares do ponto da vista da ilustra o mas se n o o fizermos perdemos uma tem tica porque n o tem nada melhor para colocar no lugar Porque os livros n o s o perfeitos e nem n s como avaliadores somos perfeitos n Imagine por exemplo de dois mil e oitocentos livros ter que selecionar duzentos e cinquenta E n s n o divulgamos porque os quesitos podem ser apropriados por grandes grupos editoriais e eles poder o seguir o que est escrito ali Agora o parecer n s n o temos controle O parecer vai para o FNDE e se o editor solicit lo ele recebe Mas eu te digo que o avaliador quando termin
185. SIL 2011a Assim em sendo esse o argumento estamos diante do descumprimento legal da Secadi Em sendo uma das demais perguntas a resposta torna se relevante lan ar um olhar mais aprofundado sobre caracter sticas sintom ticas da atua o pol tica dessa Secretaria que representa para a sociedade brasileira um dos poucos mecanismos institucionais que pode desenvolver e articular pol ticas efetivas de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais mas que se n o reavaliada urgentemente pode transformar se na interpreta o de Moehlecke 2009 num gueto cada vez mais end geno Encontrar a melhor forma de equacionar politicamente as v rias demandas de grupos identificados por sua situa o de discrimina o e exclus o social e cultural foi uma dificuldade enfrentada tamb m por governos municipais e estaduais que se dispuseram a trabalhar com pol ticas antidiscriminat rias e ou de valoriza o da diversidade cultural Moehlecke 2000 A solu o mais frequente adotada para responder a essas reivindica es tem sido a cria o de secretarias ou conselhos espec ficos para lidar com a situa o da mulher do negro do ind gena do deficiente ou mesmo dos direitos humanos Se por um lado essa medida garante o desenvolvimento de 246 a es que em outras inst ncias n o seriam levadas em considera o por outro h o risco de fragmentar esse trabalho criar guetos e dificultar a dissemina o dessas nov
186. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN DEBORA CRISTINA DE ARAUJO LITERATURA INFANTO JUVENIL E POL TICA EDUCACIONAL ESTRAT GIAS DE RACIALIZA O NO PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECA DA ESCOLA PNBE CURITIBA 2015 D BORA CRISTINA DE ARAUJO LITERATURA INFANTO JUVENIL E POL TICA EDUCACIONAL ESTRAT GIAS DE RACIALIZA O NO PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECA DA ESCOLA PNBE Tese apresentada ao Curso de P s Gradua o em Educa o Setor de Educa o da Universidade Federal do Paran como requisito parcial obten o do t tulo de Doutora em Educa o Orientador Prof Dr Paulo Vinicius Baptista da Silva CURITIBA 2015 Cataloga o na publica o Mariluci Zanela CRB 9 1233 Biblioteca de Ci ncias Humanas e Educa o UFPR Araujo D bora Cristina de Literatura infanto juvenil e pol tica educacional estrat gias de racializa o no Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE D bora Cristina de Ara jo Curitiba 2015 335 f Orientador Prof Dr Paulo Vinicius Baptista da Silva Tese Doutorado em Educa o Setor de Ci ncias Humanas da Universidade Federal do Paran 1 Pol tica e educa o 2 Literatura infanto juvenil 3 Leitura 4 Programa Nacional de Biblioteca da Escola Ra a Negra Brasil I T tulo CDD 371 829 MINIST RIO DA EDUCA O UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN Setor de Educa o Programa de P s gradua o em Educa o PARECER Def
187. a PNBE 2012 T tulos valores e triagem evidenciam que as obras em formato MecDaisy n o foram adquiridas para a Educa o Infantil mas somente para a EJA e anos iniciais do Ensino Fundamental Ver em http Anww fnde gov br arquivos category 108 dados estatisticos download 7006 pnbe 2012 titulos valores e tiragem Acesso em 11 01 2015 Mesmo que com uma pequena diferen a ressalta se que o valor calculado n o confere com esse j que a multiplica o da quantidade de obras vezes o seu valor daria um montante de 743 061 livros 1o Segundo a Nota T cnica n 58 2013 MEC SECADI DPEE o Mecdaisy possibilita a gera o de livros digitais falados e sua reprodu o em udio gravado ou sintetizado Este padr o apresenta facilidade de navega o pelo texto permitindo a reprodu o sincronizada de trechos selecionados o recuo e o avan o de par grafos e a busca de se es ou cap tulos Possibilita tamb m anexar anota es aos arquivos do livro bem como leitura em caracteres ampliados Todo texto indexado facilitando assim a navega o por meio de ndices ou buscas r pidas Dispon vel em http portal mec gov br index ph option com docman amp task doc download amp gid 13294 amp ltemid Acesso em 20 06 2014 171 Com rela o edi o do PNBE 2011 foi poss vel verificar diferen as nas informa es contidas no site do FNDE em compara o com o edital de convoca o do PNBE 201
188. a b Curr culo Lattes do Coordenador Pedag gico Coordenador Institucional Coordenador es Adjunto s e da equipe de avaliadores 8 No cap tulo 3 essa resolu o foi apresentada com mais detalhamento 226 c Declara o de isen o dos profissionais referidos na al nea b no que tange a relacionamento institucional tempor rio ou permanente com autores ou empresas editoriais no pa s nos ltimos 02 anos em conformidade com o perfil expresso no item 4 dessa chamada p blica d Proposta de avalia o pedag gica em conformidade com o Edital PNBE 2015 concep o e instrumentos de avalia o considerando dois avaliadores por obra duplo cego detalhamento da sistem tica de avalia o e plano de execu o da avalia o pedag gica com cronograma detalhado compat vel com a finaliza o do processo avaliativo em 19 de junho de 2015 devendo estar previstos semin rio encontro de forma o de avaliadores at janeiro de 2015 visando capacita o da equipe de avaliadores e unifica o do processo semin rio encontros durante o processo avaliativo para acompanhamento dos trabalhos e ajustes necess rios at mar o de 2015 semin rio final at maio de 2015 para forma o definitiva dos acervos entrega dos pareceres e do resultado da avalia o Proposta de publica o que dever acompanhar os acervos cujo conte do dever conter informa es sobre o processo de avalia o e composi o dos acer
189. a o de espa os de poder ou de decis o por parte de brancas os e negras os a aus ncia desses ltimos na composi o de uma comiss o com tal envergadura contribui apenas para a manuten o de tal quadro de desigualdades 273 Ainda sobre a quest o 3 sobre limites e alcances do PNBE a outra parte da resposta apresentou um significativo grau de dissimula o discursiva Agora na ntegra apresenta se a resposta O PNBE tem por objetivos i ampliar os acervos de obras de literatura das bibliotecas escolares ii promover o debate sobre as pesquisas e a es educativas que se desenvolvem nas diferentes reas do conhecimento iii proporcionar aos professores o acesso a obras de natureza te rico metodol gicas e peri dicos de divulga o pedag gica capazes de incentivar novas pr ticas educativas Dessa forma os alcances do PNBE s o aqueles relacionados a seus objetivos ou seja proporcionar a professores e alunos o acesso a diferentes fontes de informa o e forma o Nesse sentido o Programa procura adequar se permanentemente s necessidades das escolas relativas ao processo de ensino e aprendizagem por meio do aumento da oferta de materiais diversificados de leitura e com nfases trazidas pela experi ncia escolar A Secretaria de Educa o B sica instituir ainda em 2014 a Comiss o T cnica do PNBE uma Comiss o de especialistas de alta compet ncia acad mica que far o o assessoramento SEB no acompa
190. a o e sobre a inclus o demais crit rios Ou ainda a participa o ocorre tamb m em outros momentos do processo E em que condi es de poder atuam os representantes da Secadi nas reuni es de organiza o dos editais do PNBE tradicional Se observarmos a rela o entre discurso e poder entendendo que o poder exercido atrav s do discurso como forma de intera o social VAN DIJK 2008 p 52 poss vel refletir a partir das lacunas e dos sil ncios nas respostas de ambas as secretarias sobre essa rela o E mais Os grupos mais poderosos e seus membros controlam ou t m acesso a uma gama cada vez mais ampla e variada de pap is g neros oportunidades e estilos de discurso Eles controlam os di logos formais com subordinados presidem reuni es promulgam ordens ou leis escrevem ou mandam escrever v rios tipos de relat rio livros instru es hist rias e v rios outros discursos dos meios de comunica o de massa N o s o apenas falantes ativos na maior parte das situa es mas tomam a iniciativa em encontros verbais ou nos discursos p blicos determinam o tom ou o estilo da escrita ou da fala determinam seus assuntos e decidem quem ser participante e quem ser receptor de seus discursos VAN DIJK 2008 p 44 Por mais que a cena possivelmente imaginada pela o leitora or em rela o cita o anterior possa n o ter ocorrido em contextos de intera o discursiva entre ambas as secret
191. a o por meio de uma ideia unificadora em torno de um referencial de autor Contextos semelhantes foram captados por Telles 2003 em sua investiga o do racismo brasileira Ao afirmar seu antirracismo a democracia racial serviu a um importante prop sito do nacionalismo brasileiro mas de maneira geral falhou quanto a qualquer objetivo instrumental de atenuar eficazmente ou extinguir o racismo e a discrimina o racial TELLES 2008 p 325 295 Sobre a outra parte do ltimo excerto aqui apresentado em que a entrevistada reconhece a gravidade do racismo operando na sociedade brasileira poss vel interpret lo sobre duas perspectivas A primeira relaciona se ao fato de que por mais que sejam v lidas as reivindica es h por parte da entrevistada impossibilidade de ades o a uma perspectiva mais engajada de literatura ou de concordar com censuras sob pena de contrariar seus princ pios de comprometimento com a arte liter ria A segunda pode ser interpretada a partir do que Bento 2002a identificou como dificuldade de ades o em fun o da baixa liga o emocional BENTO 2002a p 29 com o grupo reivindicador Nesse aspecto Bento identifica que os agentes da exclus o moral compartilham de caracter sticas fundamentais como a aus ncia de compromisso moral e distanciamento psicol gico em rela o aos exclu dos BENTO 2002a p 29 Em outra dimens o de an lise das pol ticas p blicas Muller e Sur
192. a o positiva da representa o de personagens negras em fun o da perspectiva te rica utilizada os resultados incidiram sobre a baixa representatividade em rela o a personagens brancas 199 Se o objetivo desta pesquisa se limitasse a analisar o artefato em si poder amos responder a nossa quest o de pesquisa de forma positiva Mas levando em considera o o lugar de onde falamos os Estudos Culturais podemos concluir que as imagens de pessoas negras nos livros infantis s o esmagadas pela repeti o das imagens que reafirmam o padr o de beleza e de civilidade hegem nico A quantidade de representa es tem relev ncia tal qual a qualidade Contudo diante da menor presen a da representa o da popula o negra evidenciada nesta pesquisa as possibilidades de afirma o da identidade afrodescendente no espa o escolar s o insuficientes uma vez que por meio dos significados produzidos pelas representa es que damos sentido quilo que somos SILVA 2000 p 17 RODRIGUES 2012 p 91 Assim os resultados desta pesquisa unem se aos de Ven ncio 2009 e Oliveira V C S 2010 no que se refere proporcionalidade de personagens negras nos acervos do PNBE E esses estudos unem se por sua vez maior parte dos estudos voltados para a an lise da diversidade tnico racial no PNBE que t m verificado disparidades entre negras os e brancas os em que os ltimos s o quantitativamente mais apresen
193. a Lucilene Costa e literatura infantojuvenil Disserta o ideologia racista operando na caracteriza o Silva escritoras negras contam 2012 de uma personagem negra presente em outra hist ria acervos do PNBE Ao identificar marcas do racismo presentes Lara Cardoso O discurso ideol gico na Artigo em uma de suas Obras do PNBE a Mariano literatura de Monteiro Peri dico pesquisadora prop e uma estrat gia Lobato 2013 pedag gica de trabalho com esse livro e seu autor Programa Nacional Os debates com as crian as evidenciaram a Biblioteca da Escola percep o delas sobre a aus ncia de PNBE 2010 personagens negras na literatura infanto dps paang personagens negros como Eo juvenil al m de evidenciar a fragilidade da protagonistas e a constru o da identidade negra no ambiente constru o da identidade escolar tnico racial Verificou a manuten o de hierarquias num acervo do PNBE 2008 no tocante ra a Ana Carolina Literatura infanto juvenile Disserta o g nero idade e defici ncia embora tenha Lopes Ven ncio diversidade 2009 identificado incid ncias de mudan as positivas apontando para o prevalecimento de um padr o de humanidade E a Identificou que embora personagens negras pa Es tenham aumentado no PNBE 2008 ainda Veridiane Cintia s Disserta o s o menos elaboradas em rela o s de Souza Oliveira ideologicas mora came do 2010 personagens brancas dos mesmos livros PNBE 2008 para
194. a argumentos fundamentalistas e essencialistas MIGNOLO 2008 p 322 J a segunda identidade em pol tica n o aceita identidades que foram alocadas por discursos imperiais fundamentados em uma identidade superior respons vel por elaborar construtos inferiores raciais nacionais religiosos sexuais de g nero e de expeli los para fora da esfera normativa do real MIGNOLO 2008 p 291 Assim de acordo com o autor somente por meio da identidade em pol tica seria poss vel construir uma desobedi ncia epist mica que n o cederia na decis o de que o caminho para o futuro a oferta do pensamento descolonial como a op o dada pelas comunidades que foram privadas de suas almas e que revelam ao seu modo de pensar e de saber MIGNOLO 2008 p 37 Como ressaltado argumentos como esse s o leg timos em sua perspectiva e levantam quest es extremamente relevantes para a an lise de uma pol tica nos moldes de uma pesquisa como essa No entanto para al m dessa intepreta o o argumento aqui defendido ainda outro o quanto mesmo correndo o risco se se concordar com Mignolo de estar refor ando a obedi ncia epist mica a uni o das contribui es te ricas das duas secretarias pode ser til para superar esse drama vivenciado pelo PNBE rumo a sua efetiva potencializa o E potencializa o 114 O autor considera que a obedi ncia epist mica opera na medida em que pol
195. a as autoras analisaram trinta e nove obras de diversas edi es do PNBE distribu das em quatro eixos problemas f sicos e intelectuais rela es de g nero rela es tnico raciais africanos e afro brasileiros rela es tnico raciais ind genas Suas interpreta es evidenciaram oscila es na qualidade liter ria de algumas obras Torna se necess rio ressaltar que nem sempre os livros produzidos para as tem ticas ligadas diversidade assim como a outras tem ticas portam em si caracter sticas de obras efetivamente liter rias conforme constatam Iris Am ncio Nilma Gomes e Miriam Jorge 2008 A complexidade do tema a demarca o pol tica dos autores a tens o entre reprodu o e supera o de estere tipos s o alguns elementos que tornam essa tarefa mais complexa Alguns livros mesmo que dotados de uma intencionalidade positiva e afirmativa do autor diante da diversidade acabam apresentando limites quanto dimens o est tica a qual considerada um aspecto imprescind vel da obra liter ria MARTINS GOMES 2010 p 167 A pesquisa de Gl dis Elise Pereira da Silva Kaercher 2006 teve como objetivo analisar as representa es de g nero ra a presentes no acervo de 110 obras que integram o Programa Nacional de Biblioteca da Escola do ano de 1999 Seu estudo possibilitou a constru o de conceitos nomeados por ela como 183 reifica o da branquidade radializa o
196. a enfim integridade como pessoa e n o apenas bobice como configura o LIMA 2005 p 109 Nessa perspectiva ao reconhecermos na distribui o tnico racial brasileira que a popula o negra embora majorit ria tem sido constantemente representada em posi es de subalternidade e ou estereotipias na literatura torna se preponderante an lises sobre esse contexto de produ o art stica Portanto ao se propor neste trabalho um estudo que incide sobre a literatura adquirida por um programa p blico de incentivo leitura pretende se apresentar considera es sobre uma das diversas manifesta es art sticas produzidas pela humanidade a literatura mas em uma perspectiva pol tica Esse deslocamento da literatura evidencia a complexidade que envolve a presente pesquisa de elaborar um estudo da literatura na escola como uma pol tica educacional que deve ria estar em conson ncia com a promo o e valoriza o da diversidade tnico racial poss vel destacar pelo menos dois aspectos que caracterizam essa complexidade De um lado est o os estudos que consideram invi vel a possibilidade de encarar o problema dessa forma pois a literatura s poderia ser investigada a partir de sua natureza e especificidade Maria do Ros rio M MAGNANI 1989 p 6 Dessa maneira caberia apenas analis la a partir da literariedade que tem como defini o de Roman Jakobson 1919 p 11 apud Boris SCHNAIDERMAN 1976 p x
197. a grande maioria est concentrada em duas secretarias a de Educa o Superior e a Secad respons veis respectivamente por nove e onze programas projetos MOEHLECKE 2009 p 476 477 Discutindo particularmente sobre o processo de implementa o do artigo 26A da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o LDB na perspectiva de gest es p blicas municipais estaduais e federal o estudo de Ren sia Cristina Garcia Filice 2010 evidenciou elementos similares aos de Moehlecke como uma fragmenta o e ainda Hoje Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o SECADI 5 No CAP TULO 1 no subt tulo 1 3 ser o aprofundadas informa es acerca das Leis 10 639 2003 e 11 645 2008 que alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB tornando obrigat rio o ensino de hist ria e cultura afro brasileira e ind gena artigo 26A da LDB e incluindo o dia 20 de novembro no calend rio escolar como o Dia Nacional da Consci ncia Negra artigo 79B da LDB Mas neste estudo ao inv s de nominar as duas leis que alteraram a LDB sempre que poss vel ser utilizada a express o artigo 26A da LDB por dois motivos O primeiro relaciona se inten o de ressaltar aos leitores e leitoras que ambas as leis nada mais s o do que altera es da lei m xima da educa o brasileira e n o leis abjetas ao curr culo como por muito tempo foram consideradas O segundo motivo converge com o que e
198. a negra ao inv s de seu nome Pelo menos 13 vezes tal chamamento acompanhado de alus es pejorativas aos seus bei os ou s vezes bei aria ao tamanho avantajado de sua boca a maior boca do mundo de caber dentro uma laranja ou ainda a sua ignor ncia tudo que ela n o entendia era para ela ingl s FERES J NIOR NASCIMENTO EISENBERG 2013 p 85 Tais exemplos embora contundentes t m sido considerados por estudiosas os da obra lobatiana como insuficientes para evidenciar racismo em sua forma de retrata o de personagens negras Para Lajolo 1998 por exemplo seria invi vel a apresenta o de personagens negras em contextos de valoriza o no 100 per odo em que se passam as hist rias d cada de 1930 o apagamento da tens o entre o mundo da cultura de uma negra analfabeta e o da cultura das crian as brancas que escutam suas hist rias pode ter um sentido alienante LAJOLO 1998 s p Lajolo defende que Ao explicitar no cap tulo de abertura das Hist rias de tia Nast cia a racionalidade program tica que patrocinou atrav s do velho recurso ao ser o o contato entre duas formas de cultura o livro de Lobato deixa caminho aberto para o afloramento de contradi es inevit veis num projeto o da moderniza o brasileira que p e face a face diferentes segmentos sociais Como resultado do enfrentamento inevit vel a transforma o de ambas as culturas mas s l
199. a os f sicos etc 12 No que voc considera que essa institui o que participa da avalia o e escolha de livros liter rios para as escolas p blicas brasileiras precisam aprimorar para que essa sele o atinja os patamares de democratiza o justi a social e equidade de ra a cor e g nero incluindo diversidade sexual 13 Como a institui o avaliou a pol mica sobre a produ o liter ria de Monteiro Lobato quando da emiss o de um parecer do CNE sobre marcas de racismo em uma de suas obras
200. a LDB Segundo a deputada a reda o da Lei 10 639 2003 apresentava uma lacuna ao n o contemplar a presen a dos povos ind genas ROCHA ARAUJO 2013 p 27 Apesar de tal contexto considera se pertinente visualizar essas altera es na LDB como avan os sobretudo para a agenda das pol ticas educacionais que passam cada vez mais a enfrentar a demanda apresentada pelos temas tradicionalmente secundarizados nessas agendas Contudo todos os indicadores dos ltimos anos apontam como o campo educacional tem produzido e reproduzido no seu interior um quadro de desigualdades raciais Dessa forma dos dados analisados podemos chegar conclus o de que a recente expans o do sistema educacional brasileiro n o se traduziu na supera o das iniquidades raciais Sinteticamente portanto podemos salientar que o conjunto de indicadores educacionais estudados reflete um ingresso mais tardio na rede de ensino por parte dos negros comparativamente aos estudantes brancos uma sa da mais precoce dos afrodescendentes do sistema de ensino um n vel de aproveitamento da rede de ensino inferior entre os negros do que entre os brancos o que se refletiu nas taxas de escolaridade l quida efic cia do sistema de ensino e de adequa o dos jovens s s ries esperadas um n vel de reingresso no sistema escolar por parte das pessoas de faixas et rias mais adiantadas menos intensivo entre os afrodescendentes do que de seus compa
201. a Uni o Bras lia DF 20 out de 2014 Se o 3 p 57 58 Dispon vel em http pesquisa in gov br imprensa jsp visualiza index jsp data 20 10 201 4 amp jornal 3 amp pagina 5 7 amp totalArquivos 244 Acesso em 28 12 2014 Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica Portaria n 55 de 27 de novembro de 2014 b Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 02 dez de 2014 Se o 2 p 19 Dispon vel em http www jusbrasil com br diarios 81384321 dou secao 2 02 12 2014 pg 19 Acesso em 28 12 2014 Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica Portaria n 56 de 28 de novembro de 2014 c Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 02 dez de 2014 Se o 2 p 19 Dispon vel em http www jusbrasil com br diarios 81384321 dou secao 2 02 12 2014 pg 19 Acesso em 28 12 2014 Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica Portaria n 62 de 10 de dezembro de 2014 d Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 11 dez de 2014 Se o 1 p 9 Dispon vel em http pesquisa in gov br imprensa jsp visualiza index jsp jornal 1 amp pagina 9 amp data 1 1 12 2014 Acesso em 11 02 2015 317 BROOKSHAM David Ra a amp cor na literatura brasileira Porto Alegre Mercado Aberto 19883 CAMPOS Nathalia de Aguiar Ferreira Literatura e milit ncia o escritor brasileiro e seu of cio em sociedade nas d cadas de 1930 1950 ReVeLe n 5 maio 2013 Belo Horiz
202. a a es afirmativas no sentido de inserir membros de outros grupos que n o aqueles j conhecidos ou estabelecidos utilizando como justificativa o cumprimento dos preceitos do edital o que converge com a argumenta o de van Dijk 2008 p 45 Por meio de investimentos seletivos contrata o e demiss o de pessoal e algumas vezes por meio da influ ncia editorial direta ou diretrizes eles podem controlar parcialmente o conte do ou ao menos a dimens o do consenso e dissenso da maior parte das formas de discurso p blico Do ponto de vista discursivo essa estrat gia de persuas o atua no sentido de aumentar a probabilidade de os receptores formarem as representa es mentais desejadas Uma estrat gia crucial quando se trata de disfar ar o poder convencer as pessoas sem poder de que elas praticaram as a es desejadas em nome de seus interesses VAN DIJK 2008 p 84 Al m disso a pol tica assume um car ter altamente personalista pois estabelece a escolha dos membros sob crit rios bastante subjetivos E de forma inversa n o atende v rios dos princ pios legais da LDB como o artigo 26A e outros 10 Lembrando no entanto que a portaria que estabelece essa comiss o trata de avalia o de materiais did ticos e obras instrucionais e n o livros liter rios BRASIL 2009d 283 documentos oficiais dentre eles as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Racia
203. a apoiar projetos de capacita o e atualiza o do professor que atua no ensino fundamental c apoio e difus o de programas destinados a incentivar o h bito de leitura d produ o e difus o de materiais audiovisuais e de car ter educacional e cient fico BRASIL 1997b p 31 O Decreto Presidencial n 7 084 2010 que disp e sobre programas de materiais did ticos incluindo o PNBE informa que o objetivo desse Programa prover as escolas p blicas de acervos formados por obras de refer ncia de literatura e de pesquisa bem como de outros materiais de apoio pr tica educativa BRASIL 20104 De acordo com Oliveira L L 2008 p 17 h uma rela o de proximidade entre o PNBE e o PNLD no que se refere rela o entre editoras e Minist rio para negocia o e compra dos livros did ticos e paradid ticos e a distribui o de ambos 128 realizada a partir dos dados fornecidos pelo Censo Escolar sobre o n mero de escolas e estudantes matriculadas os No Decreto n 7 084 2010 est o dispostas as diretrizes dos programas de materiais did ticos executados pelo MEC dentre eles o PNBE respeito ao pluralismo de ideias e concep es pedag gicas II respeito s diversidades sociais culturais e regionais III respeito autonomia pedag gica dos estabelecimentos de ensino IV respeito liberdade e o apre o toler ncia e V garantia de isonomia transpar ncia e publ
204. a apresentem pequenas varia es na interpreta o dos dados n o ser o apresentados nessa tese Ver em Silva L C 2010 182 Assim se as obras liter rias n o contemplam a busca pela pluralidade ou o fazem de forma deficiente pode se buscar pela concre o de metas frente valoriza o da pluralidade cultural expressas nos PCN s por meio da atua o do professor no papel do condutor da problematiza o dessa realidade FERREIRA 2008 p 104 Outra pesquisa desenvolvida por Aracy Alves Martins e Nilma Lino Gomes 2010 acerca do PNBE problematizou na literatura as possibilidades de introdu o de discursos afirmativos humanizadores sobre diferen as tratadas de forma desigual no contexto social no qual alunos e docentes vivem e se realizam como sujeitos no mundo MARTINS GOMES 2010 p 144 As autoras ressaltaram no entanto sobre a dificuldade de inser o desses discursos humanizadores de modo equilibrado em diferentes regi es do Brasil em fun o da perman ncia do mito da democracia racial Para Martins e Gomes 2010 poss vel que a ideia de uma sociedade harmoniosa esteja inviabilizando a circula o de tais produ es e impedindo que elas exer am repercuss es positivas entre as regi es do Pa s e entre os especialistas que analisam essas obras a pedido do pr prio Minist rio MARTINS GOMES 2010 p 144 Discutindo sobre os conceitos de diferen a e diversidade na literatur
205. a aproxima o entre os polos opositivos ainda que n o se confundam ZILBERMAN 1991 p 12 Assim a constru o anal tica deste estudo situa se entre dois campos que embora n o antag nicos n o podem ser hierarquizados em n veis de import ncia ou analisados considerando apenas um deles Ressalte se tamb m que se o campo da literatura n o d margem afirma o antecipada e segura da natureza irrepris vel e nica do objeto de arte ele n o se dilui nas c pias inumer veis de uma matriz desconhecida Todos esses fatores confirmam a peculiaridade e ambival ncia do fen meno liter rio cuja compreens o decorre do exame dos seguintes 79 aspectos a participa o da literatura no dom nio da cultura de massa a conviv ncia e as rela es m tuas que adv m da dupla possibilidade de execu o a mais art stica e a mais comercial de uma modalidade comum de express o por interm dio da linguagem verbal ZILBERMAN 1991 p 12 13 Outro elemento bastante complexo tem a ver com a presen a da literatura infanto juvenil na escola Historicamente esse g nero mais que a literatura adulta ingressou na escola com fins espec ficos auxiliar na forma o da crian a grande parte das vezes numa perspectiva adultoc ntrica que considera a forma o necess ria por ser a crian a um adulto em potencial LAJOLO ZILBERMAN 1984 ou nas palavras de Nely Novaes Coelho 1995 p 22 a literatura destinada s c
206. a carapu a como a for a de Sans o estava nos cabelos Quem consegue tomar e esconder a carapu a de um saci fica por toda a vida senhor de um pequeno escravo LOBATO 2005 p 18 A escraviza o ou uma aboli o mal acabada uma marca constante na experi ncia narrativa das personagens negras de Lobato E mesmo em se tratando de um ser imagin rio como o Saci o controle de seus poderes se d pelo processo de expropria o de sua liberdade A presen a do Saci Perer na trajet ria liter ria de Lobato iniciou se na produ o adulta intitulada Mitologia Bras lica inqu rito sobre o Saci Perer Segundo M riam Stella Blonski 2004 o livro com mais de 300 p ginas reunia depoimentos coletados pelo escritor por meio de cartas recebidas de todo o pa s principalmente de S o Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais Os missivistas eram pessoas que residiam tanto na zona rural quanto na zona urbana alguns demonstrando cultura e erudi o outros se expressando de maneira simples s vezes com o linguajar pr prio do caboclo eivado de express es peculiares fornecendo dados e descri es do Saci Tamb m houve a participa o de negros ex escravos e mesmo de seus descendentes At depoimentos de colonos italianos foram recebidos o que comprova em primeira an lise o conhecimento do assunto e a penetra o do tema em v rias camadas sociais permanecendo vivo na lembran a das pessoas Com os depoimentos ficou provado que as fi
207. a cultura a incapacidade art stica a incivilidade etc s o ligadas a um atavismo fundamentado na ancestralidade africana do povo Por fim os interlocutores afirmam estarem fartos daquele tipo de narrativas e Narizinho destaca que hist rias do povo n o quer mais De hoje em diante s as assinadas pelos grandes escritores Essas que s o 102 as art sticas p 133 A infer ncia de L cia comprova o rep dio ao folclore e prontamente anula a possibilidade de retomar se aquela tem tica em novas reuni es PORCIUNCULA 2014 p 154 Chama a aten o portanto a op o do autor em retratar essa personagem e seus conhecimentos pelo vi s da inferioridade e do exotismo diante da outra possibilidade que era de apresent los em l gicas mais altivas e alteras No entanto essa reflex o retornaria ao c rculo vicioso de que as coisas s o como s o pois se devem ao contexto s cio hist rico vivenciado pela popula o negra do per odo em que Lobato produzira suas obras Reitera se no entanto que a fragilidade dessa argumenta o incide justamente na nega o ou omiss o c nica ou mera ignor ncia de que Lobato construiu suas personagens baseado em planos bastantes objetivos para o desenvolvimento do pa s tendo a eugenia como base fundante Para Brookshaw 1983 predominava em Lobato um nacionalismo e um desejo de ser aut ntico e n o confiar em valores impostos de fora BROOKSHAW 1983 p 70 o que o
208. a de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o Secadli d Ainda que n o a contento em rela o proporcionalidade entre brancas os e negras os representada pelas estat sticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE a diversidade tnico racial tem aumentado na literatura infanto juvenil brasileira Seja sob o conceito e nomenclatura de literatura infanto juvenil afro brasileira 7 literatura infanto juvenil africana da di spora ou ainda de diversidade tnico racial na literatura infanto juvenil pesquisas desenvolvidas nos ltimos dez anos t m apontando um relativo aumento de obras com tais caracter sticas no mercado editorial brasileiro A hip tese para esse aumento tem sido a altera o no artigo 26A da LDB que instituiu a obrigatoriedade do ensino da hist ria e cultura afro brasileira na educa o b sica brasileira Em uma pesquisa sobre a produ o liter ria infantil com destaque para personagens negras D bora Oyayomi Cristina de Araujo e Paulo Vinicius Baptista da Silva 2012 constataram que Entre as pol ticas p blicas gestadas a institui o de obrigatoriedade do ensino de hist ria e cultura africana e afro brasileira definida por mudan a Os dados mais recentes apontam que a popula o brasileira que se autodeclara preta ou parda supera 50 da popula o total conforme indica a Tabela 1 3 2 Popula o residente por cor ou ra a segu
209. a de grupos discriminados ou com tem tica que aborde grupos discriminados Mas para concordar totalmente com todas essas cr ticas necess rio ponderar sobre o car ter militante das obras que tamb m se faz presente em autoras es can nicas o0s Lima Barreto por exemplo como aponta Manoel Freire 2008 p 4 feria encontrado o termo literatura militante em E a de Queiroz Nathalia de Aguiar Ferreira Campos 2013 destacou em sua pesquisa como escritores das d cadas de 1930 a 1950 em especial Carlos Drummond de Andrade e Mario de Andrade apresentavam um alto n vel de engajamento em suas produ es Enio Passiani 2002 enfatiza o quanto a milit ncia fez parte da obra e vida de Lobato e na defesa de seu plano de na o A literatura militante de Lobato procurava conquistar um p blico cada vez mais amplo apontar para seus leitores os problemas do pa s e convid los para a a o Monteiro Lobato acima de tudo arguto cr tico social um homem preocupado com os destinos do seu pa s Azevedo 1997 p 58 E f cil notarmos tal caracter stica ao longo de toda sua obra J no seu primeiro livro de contos Urup s Lobato incorpora dois artigos que publicara n O Estado de S Paulo Velha Praga e Urup s Neles o escritor paulista 287 denuncia as queimadas comuns nas regi es interioranas do Estado e cria um dos seus principais personagens o Jeca Tatu avesso da imagem rom ntica do caboclo para revelar segundo ele
210. a do Ensino Fundamental BARREIROS VIEIRA 2011 p 330 Um desses livros A frica meu pequeno Chaka de autoria de Marie Sellier segundo as autoras comp s um dos acervos do PNBE e dentre os resultados um deles indicou uma tend ncia pedag gica sobressaindo se sobre a liter ria embora as pesquisadoras alertem sobre as poss veis inten es da autora do livro p de se perceber que das obras lidas e analisadas especialmente a primeira delas A frica meu pequeno Chaka se sobressai quanto ao aspecto pedag gico em detrimento do l dico desejado e esperado na obra voltada para as crian as Contudo preciso considerar que estivesse na inten o da autora de A frica meu pequeno Chaka oportunizar aos leitores o m ximo de conhecimento acerca da cultura africana Em fun o disso ela optou por construir a narrativa de forma mais did tica em que as v rias informa es sobre a cultura s o inseridas como resposta s perguntas que estruturam a narrativa al m de ressaltar a oralidade como forma de legar cultura no continente africano BARREIROS VIEIRA 2011 p 346 347 Mesmo fazendo ressalva sobre as poss veis inten es da escritora da obra Barreiros e Vieira questionaram em sua an lise os crit rios de escolha desse livro por parte do MEC e alertaram para a necessidade de forma o de professoras es que atendam s demandas de um encaminhamento pedag gico adequado
211. a e n o mais encaminhado pela t cnica e sim pela pr pria coordenadora com a seguinte reda o Recebemos pela Cogeam a sua solicita o de agendamento relacionada pesquisa de doutoramento que est em curso na Universidade Federal do Paran acerca do PNBE Agendaremos em breve uma reuni o com voc t o logo seja poss vel compatibilzarmos as agendas na SEB para que voc seja recebida devidamente Penso que em novembro ser poss vel recebe la Quando agendarmos se preferires poderemos realizar a reuni o por Skype Pedimos mais uma vez que aguarde o nosso contato E MAIL DA COGEAM 2 08 10 2014 Agradecendo pela prontid o na resposta reiterei as datas dispon veis e ratifiquei a outra alternativa de realiza o de entrevista via Skype Mas como at o dia 29 10 2014 nenhuma indica o de data e hor rio havia sido enviada pela coordenadora e diante das dificuldades impostas para a realiza o da entrevista com a Secadi em data marcada encaminhei novo e mail Cogeam Em fun o de adequa es na pesquisa em rela o realiza o de entrevistas com outros setores do MEC dificuldades de agenda ampliei a possibilidade de coleta das informa es necess rias tese para respostas enviadas por escrito embora os interesses iniciais da pesquisa n o estivessem prevendo esse formato Assim na impossibilidade da realiza o de entrevista com a senhora ou outro representante da Cogeam pessoalment
212. a em termos sociais aus ncia de temas relacionados ao sexo s diferen as raciais ou conflitos de classe ou existenciais faltando a apresenta o de determinados problemas familiares como a falta de dinheiro dos pais a morte os t xicos ZILBERMAN 1987 p 80 A literatura passou a incluir novos contextos agora tamb m comp em os enredos a favela o sub rbio al m de rela es humanas conflitantes em ambientes familiares ou entre grupos antag nicos ZILBERMAN 1987 p 80 Mas como afirmado j em estudo anterior o fato de tratar de assuntos pol micos n o fez desta vertente uma inova o no que se refere ao combate de estere tipos refor ando os muitas vezes ARAUJO 2010 p 60 61 A investiga o de Edith Piza 1998 por exemplo constatou o quanto o per odo de transi o entre a d cada de 1970 e 1980 foi marcado por estere tipos relacionados especialmente s mulheres negras como personagens infanto juvenis Analisando textos liter rios realistas escritos para jovens por mulheres brancas entre 1975 e 1985 contendo personagens negras e os depoimentos das autoras sobre seu processo de produ o liter ria e sua trajet ria profissional PIZA 1998 p 28 a autora identificou que a personagem feminina negra passou a aparecer nas obras para jovens com uma carga de sexualidade que at ent o n o se encontrava nesta literatura PIZA 1998 p 35 Para a pesquisadora que analisou essa rela
213. a escola adquiriu a proposta da pol tica inclusiva ou pol tica para todos sem reflex o cr tica em torno da quest o espec fica sobre dimens o tnico racial MALACHIAS et al 2010 p 171 72 Mas al m da aprova o da Lei 10 639 2003 outros documentos posteriores buscaram ratificar e ou retificar seu conte do No ano seguinte aprova o dessa Lei o Conselho Nacional de Educa o aprovou a Resolu o CNE CP n 01 2004 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana documento constitu do Art 2 de orienta es princ pios e fundamentos para o planejamento execu o e avalia o da Educa o e t m por meta promover a educa o de cidad os atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluri tnica do Brasil buscando rela es tnico sociais positivas rumo constru o de na o democr tica BRASIL 2004b p 31 Foi por meio desse documento que o ensino superior passou a ser inclu do como cumpridor da legisla o voltada para a Educa o das Rela es tnico Raciais Art 1 A presente Resolu o institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana a serem observadas pelas Institui es de ensino que atuam nos n veis e modalidades
214. a fim de contribuir para a constante melhoria de uma das maiores a es em mbito nacional de distribui o gratuita de livros no mundo Por meio da Portaria do Minist rio da Educa o n 584 de 28 de abril de 1997 foi criado o Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE com o objetivo de substituir conforme informam Jane Paiva e Andr a Berenblum 2006 p 11 programas anteriores de incentivo leitura e de distribui o de acervos s bibliotecas escolares implementados pelo MEC desde 1983 Esse livro publicado pelo MEC apresenta uma pesquisa nacional sobre o PNBE entendendo que uma pol tica de forma o de leitores deve ser encaminhada para al m de a es de aquisi o e distribui o de acervos o MEC realizou por interm dio da Secretaria de Educa o B sica SEB uma pesquisa avaliativa do PNBE intitulada Avalia o diagn stica do Programa Nacional Biblioteca da Escola com o objetivo de obter subs dios sobre o uso que vem sendo feito dos livros encaminhados s escolas e sobre o impacto desse Programa na forma o de leitores Essa pesquisa foi desenvolvida pela Associa o Latino americana de Pesquisa e A o Cultural ALPAC e forneceu dados importantes sobre quest es centrais relacionadas s bibliotecas escolares e s pr ticas de leitura e de escrita realizadas nas salas de aula e pelas escolas BRASIL 2008b p 7 127 No Brasil o Minist rio da Educa o reconheci
215. a imagina o do l dico da liberdade Aceitando o pacto ficcional proposto pelo autor invento novos mundos experimento emo es jamais sentidas e descubro me capaz de correr riscos alargar limites enriquecer meu cotidiano e projetar caminhos Ao t rmino da leitura n o sou mais a mesma de antes porque tenho 214 comigo os resultados da experi ncia vivida equilibrada na linha que une fantasia e realidade No entanto aquilo que vivo na fantasia adquire para mim uma concretude existencial isto as experi ncias imaginadas acionam sentimentos reais que por sua vez v o mobilizar novos comportamentos Assim se descubro a coragem o amor a liberdade a capacidade de enfrentar a dor por exemplo vou poder transferir para o meu cotidiano tais achados e ir transformando minha vida AGUIAR 2007 p 18 19 Tanto nos editais do PNBE oriundos da SEB quanto da Secadi torna se imprescind vel portanto a supera o de uma compreens o reducionista n o explicitada mas evidenciada pelas pesquisas como j apresentado no CAP TULO 3 de que a literatura produzida por ou sobre a diversidade tem menos qualidade art stica do que a literatura can nica Assim ser poss vel o avan o dessa pol tica para leitoras es que possam se ver e ver o mundo a sua volta das mais variadas maneiras E pensando no quanto a leitura propiciada pela literatura pode ser libertadora sobretudo para estudantes de escolas p blicas cuja realidade circu
216. a n o o de uma imita o imperfeita do mundo mas a invisibiliza o de grupos sociais inteiros e o silenciamento de in meras perspectivas sociais como a dos negros Contudo a entrevistada rebate essa ideia ao informar que RAP PNBE N o tem ningu m interditando livro de literatura desta ou daquela conota o Tal resposta foi decorrente de uma ampla considera o da entrevistada sobre a pol mica envolvendo uma obra de Monteiro Lobato Mas antes para facilitar a an lise outras informa es sobre as cr ticas a uma poss vel interdi o de alguns temas ser o apresentadas primeiramente 285 PQ Tem uma pesquisa que analisou 2008 ela verificou uma quest o de proporcionalidade Ela diz na pesquisa que num acervo de vinte livros a orienta o ela diz que estava no edital que um livro seria ou de tem tica afro brasileira ou africana ou de tem tica ind gena Isso procede RAP PNBE De jeito nenhum N o Nunca PQ Talvez ent o o que ela quer dizer in loco que ela percebeu isso RAP PNBE Como assim PQ Olhou para os vinte livros um livro era de tem tica ind gena olhou para outro acervo um livro era de hist ria e cultura africana Mas isso n o oficial RAP PNBE N o N s tentamos desesperadamente colocar Desesperadamente Mas por exemplo se temos quatro acervos de anos iniciais para montar n o podemos posso for ar se n o tiver quatro livros de tem tica racial bacana pa
217. a o preenchimento da ficha porque s o v rios quesitos divididos em blocos Ent o aplica n o se aplica aplica n o se aplica e coment rios depois tem um resumo daquele box Quando ele vai escrever o parecer ele vai observando na ficha o parecer uma pe a t cnica ele n o uma resenha liter ria As orienta es para montar um parecer eu posso te mandar porque ser at bom que saibam o rigor que exigido Agora a ficha um instrumento Inclusive pelo seguinte se numa disputa jur dica n o for suficiente o parecer e o argumento dado quando as editoras impetram o recurso a ficha pe a de processo Ent o por exemplo voc de uma editora que o livro n o foi selecionado voc entrou com um recurso para ver se pode reverter n o conseguiu Foi para a justi a o juiz pediu vistas do processo N s temos que apresentar essa ficha do livro Toda essa argumenta o demonstra o cuidado do ponto de vista da isonomia e lisura do processo S o justificativas bastantes consistentes que v o de encontro com o argumento defendido neste estudo sobre a necessidade de uma maior transpar ncia em rela o s orienta es para a elabora o dos pareceres Reitera se no entanto que se por um lado tal n vel de transpar ncia pode ser prejudicial ao processo de isonomia e lisura com que o PNBE deve ser conduzido por outro a n o publiciza o dos elementos que comp em a
218. a ordem social arcaica e ultrapassada ligada ao tradicionalismo ignor ncia ordem a ser substitu da por um modelo europeizante calcado na ideia de progresso A escravid o era representada como marca vexat ria do passado de um pa s atrasado Assim a figura do negro com seu corpo suas pr ticas e sua hist ria constituiria a presen a inc moda da antiga ordem escravocrata incompat vel com o projeto de um pa s civilizado Seus apontamentos indicam que tal contexto em que a presen a de personagens negras at 1920 era rarefeita compondo na maioria das vezes uma posi o de mera figura o ou ligada vida dom stica demonstrou o destino da popula o negra no p s aboli o a marginaliza o Da mesma forma operou se o que a autora chamou de embranquecimento do leitor infantil j que a est tica branca predominava nas narrativas ao impor um modelo hier rquico de representa o de personagens negras em posi es ou contextos inferiores que brancas Tal invisibilidade refletiu se tamb m nos estudos investigativos sobre a literatura desse per odo Na obra de Lajolo e Zilberman 1984 por exemplo 85 documento que baliza grande parte dessa se o por ser um dos mais completos estudos sobre a literatura infanto juvenil brasileira h uma naturaliza o da invisibilidade da popula o negra como consumidora dessa literatura entendendo se que a diversidade de p blicos leitores era assim em fun
219. a presen a dos livros protagonistas a analisados nas bibliotecas escolares por se e literatura infantil como tratarem de t tulos que abordam a valoriza o da Preig do rhonide um dos instrumentos pedi hist ria e cultura cana e africana da epa P 011 2 de efetiva o da Lei mas alertou para a necessidade de forma o sobre 10 639 pr ticas de leitura adequada das obras Fl via Brocchetto Reconheceu a import ncia das obras analisadas no Ramos Nathalie she PNBE 2008 para a forma o de leitoras es com Vieira Neves e Erea r ng a olhares ampliados sobre as diversas culturas em Aline Crisleine especial uma das culturas t o influentes no Brasil Orso como a africana As intera es visuais e Dentro de seu escopo de an lise em que a verbais no livro diversidade tnico racial n o o foco e sim a Sid aos s produzido para o intera o entre as linguagens verbal e visual uma crian as um olhar das obras analisadas cujo enredo se passa no sobre o PNBE 2005 continente africano reconhecida como positiva C lia Regina N o sendo o foco a an lise da diversidade tnico Del cio Ra da Artigo racial mesmo assim as autoras apontaram para a Fernandes Maisa leitura em 25 Anos d 2011 necessidade das os leitoras es em forma o terem Barbosa da Silva Menino Maluquinho acesso leituras que evidenciem a pluralidade Cordeiro tnica do DR Reconheceu que a presen a de uma literatura E a e cl ssica representada na figura de Mont
220. a qualidade est tica e em outro a valoriza o da diversidade cultural N o seria necess rio a ambos os editais possu rem tais caracter sticas Evidencia se com isso que falta a ambos os editais e por consequ ncia a ambas as secretarias uma aproxima o do conceito de qualidade liter ria j que essa situa o transparece uma grave distor o que pode ser um ind cio da falta de comunica o e coopera o entre os objetivos de ambas 225 Mais do que isso tal situa o contribui para o enfraquecimento do projeto pol tico de uma secretaria frente outra j que SEB caberia o direito legitimado pela pr pria Resolu o FNDE MEC n 7 2009 do compromisso com a aquisi o de obras liter rias de qualidade e Secadi caberia apenas a aquisi o de obras com destaque para os sujeitos da diversidade mas sem necessariamente com qualidade liter ria necess ria inclusive para serem consideradas obras de arte Tal contexto turbulento ganhou mais nfase em 2014 quando no dia 16 10 2014 foi publicado no Di rio Oficial da Uni o dois editais de Chamada P blica referentes ao PNBE e ao PNLD Produzidos pelo MEC por interm dio da SEB os Editais de Chamada P blica MEC SEB n 1 e 2 2014 tiveram como objetivo tornar p blica a chamada de candidaturas de Institui es P blicas de Educa o Superior brasileiras para avaliarem as obras inscritas nas edi es de 2015 do PNBE e do PNLD Focando especialmente no edital do PNB
221. a situa o do norte americano defende a exist ncia de verdades biol gicas que est o acima das verdades 103 filos ficas criadas artificialmente Essa biparti o antecipa a segunda afirma o de Lobato onde em Problema vital reassume a ideia de que o processo de sele o natural entre os homens teria sido anulado pela defesa e conserva o artificial dos fracos por leis criadas pelos homens e que contradizem as leis biol gicas O insucesso da sele o natural foi o que alavancou o surgimento e a dissemina o das teorias eug nicas as quais o escritor paulista esteve afiliado e com base nelas declarou a Renato Kehl que a sociedade brasileira necessitava ser podada Todas essas alega es que mant m como eixo a ideia de domina o ou a dicotomia entre superioridade e inferioridade na esfera humana evidenciam que pelo contr rio a postura de Lobato no passado se direcionou para caminhos contr rios aos que proclama na mensagem em defesa do Partido Comunista PORCIUNCULA 2014 p 178 Mas essa caracter stica de controverso reitera se muito mais nas cartas de Lobato Uma delas de dezembro de 1947 destinada ao amigo Arthur Coelho relata sua viagem Bahia para assistir uma opereta infantil baseada em uma obra de Lobato Em um trecho da carta o autor caracteriza a organiza o socioecon mica de Salvador A Bahia ndia pura A imensa camada negra do esterco por baixo e raj s
222. a sobre poss veis mudan as positivas assim apresentada na resposta A Secretaria de Educa o B sica instituir ainda em 2014 a Comiss o T cnica do PNBE uma Comiss o de especialistas de alta compet ncia acad mica que far o o assessoramento SEB no acompanhamento do programa Trata se de aperfei oamento do Programa em similaridade ao que j ocorre no PNLD com Comiss es T cnicas espec ficas por edi o COGEAM QUESTAO 3 E realmente foi institu da tal comiss o por meio da Portaria SEB MEC n 57 de 28 de novembro 2014 publicada no Di rio Oficial da Uni o no mesmo dia que em a Portaria SEB MEC n 56 2014 que nomeou os membros para avaliarem as candidaturas das IES interessadas no PNBE Assim apresentam se os objetivos da comiss o seus membros e forma de atua o A SECRET RIA DE EDUCA O B SICA no uso de suas atribui es legais resolve Art 1 Instituir a Comiss o T cnica para o Programa Nacional Biblioteca na Escola PNBE 2015 com a atribui o de subsidiar e assessorar a Secretaria de Educa o B sica SEB nos processos atinentes avalia o pedag gica do PNBE 2015 Art 2 Designar para compor a Comiss o de que trata o artigo anterior os seguintes especialistas Fl via Brocchetto Ramos Universidade de Caxias do Sul UCS RS Regina Dalcastagn Universidade de Bras lia UNB DF Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Ana Lucia Espindola UFMS MS 103 Di
223. acismo em fun o da ideia de ra a configura se como estrutural e estruturante em sociedades como a brasileira Nilma Lino GOMES 2011 2012 este estudo fundamenta se na compreens o da constante necessidade desvelar e expor essa constru o organicamente engendrada a fim de com as feridas abertas poderem ser tratadas A tem tica central deste trabalho est erigida sobre tr s eixos Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE discursos e racializa o A pol tica educacional de distribui o de livros s bibliotecas das escolas p blicas brasileiras tem fomentado nos ltimos anos o desenvolvimento de diversas pesquisas acad micas sobre os mais variados prismas n veis de investimento p blico uso e n o uso dos livros nas escolas presen a aus ncia de determinados g neros liter rios qualidade est tica dos livros e tamb m dentre outros a composi o dos 1 Em exerc cio de uma educa o linguagem e produ o intelectual antissexista neste texto al m de utilizar o g nero feminino e masculino em refer ncia s pessoas em geral ser o destacadas os as os autoras res citadas os Sendo assim na primeira vez que h a cita o de uma um autora or seu nome completo ser apresentado para a identifica o do sexo e consequentemente para proporcionar maior visibilidade s pesquisadoras e estudiosas Assim tamb m por todo o texto e n o somente na introdu o a linguagem de g nero se far prese
224. ados pelo PNBE para compor as bibliotecas das escolas p blicas brasileiras apresentam estere tipos ou preconceitos raciais 23 mesmo que sob a alega o de serem obras cl ssicas como o caso das produzidas por Monteiro Lobato c Alguns estudos vinculados rea de avalia o de pol ticas p blicas preocuparam se em analisar como demandas ligadas diversidade ora num sentido amplo ora restrito diversidade tnico racial estiveram est o presentes nas gest es p blicas municipais estaduais e federal Um deles por exemplo desenvolvido por Sabrina Moehlecke 2009 identificou pr ticas e estrat gias fragmentadas e desarticuladas entre secretarias do Minist rio da Educa o em especial a Secretaria da Educa o B sica SEB e ent o Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade SECAD dificultando o encaminhamento pr tico da perspectiva adotada de visibilidade e reconhecimento da diversidade como um conceito pol tico de reinvindica o de direitos Se por um lado existe uma parceria entre secretarias espec ficas como Secad e Seesp com a Sesu por outro lado a SEB secretaria respons vel por toda a educa o b sica tem apenas uma a o voltada diversidade cultural Essa secretaria diferentemente das outras v as pol ticas de diversidade como antag nicas ou concorrentes s pol ticas educacionais de inclus o social Do total de programas a es de diversidade identificados
225. agem de conte dos relativos a essas duas dimens es BRASIL 1998 p 26 A pluralidade cultural interessante particularmente ao presente estudo responderia por elementos relacionados diversidade j que tem como proposi o uma concep o da sociedade brasileira que busca explicitar a diversidade tnica e cultural que a comp e compreender suas rela es marcadas por desigualdades socioecon micas e apontar transforma es necess rias BRASIL 1997a p 19 Seria esse o elemento os temas transversais que marcaria as diferen as entre os editais do PNBE oriundos da SEB dos editais da Secadi Ser que a maneira como ambas as secretarias consideram os temas da diversidade relaciona se com essa an lise proposta por Paiva 2008b E mais seria transversalmente que os temas relacionados diversidade deveriam inserir se nas pol ticas educacionais como o caso do PNBE No tocante ado o do conceito de diversidade pelos PCN H dio Silva Jr 2002 lan a uma importante reflex o cr tica que agrava ainda mais a problem tica em torno de tais par metros para a educa o brasileira Cabe questionar ainda por que os aspectos de natureza tica nos quais se incluem o respeito diversidade e a supera o da exclus o e da discrimina o s o considerados como temas transversais e n o como eixos condutores de todas as atividades educacionais Ao instituir par metros curriculares que se pautem por princ pios
226. al Por outro lado tamb m importante ponderar o quanto o desenvolvimento de pol ticas voltadas para a diversidade pode estar condicionado a um maior ou menor comprometimento de gestoras es considerando reflex es como as de Moehlecke 2009 p 484 A fragilidade e a ambiguidade caracter sticas da a o p blica tamb m s o observadas nas tentativas de institucionaliza o dos programas e projetos do MEC articulados em torno das diversidades O car ter err tico da maioria dos programas que em sua maioria n o passam pelo Legislativo faz com que eles dependam em grande parte das pessoas frente de sua 271 gest o o que cria incertezas quanto sua continuidade especialmente por parte das institui es respons veis pela sua execu o Outro aspecto a ser analisado o tempo presente na locu o verbal vem desenvolvendo que informa a realiza o presentifica o do ato no caso em quest o das a es e procedimentos em parceria com a SECADI N o foi poss vel verificar na ponta da an lise da pol tica do PNBE onde me localizo os impactos dessas a es ainda mais diante dos sil ncios proferidos pela Secadi Mas com os dados fornecidos por parte da resposta quest o 3 que tratava dos limites e alcances do PNBE poss vel pressupor que algumas a es possam estar efetivamente sendo constru das Separarei em duas partes a resposta para facilitar a apresenta o da an lise A parte aqui referid
227. alquer forma de preconceito ou discrimina o art 3 IV e no art 16 do Estatuto da Igualdade Racial dentre outros marcos legais BRASIL 2011b p 4 Para Andrade a nfase na express o para o bem de todos sem qualquer forma de preconceito ou de discrimina o desloca a discuss o sobre a posi o desigual ocupada pela personagem Tia Nast cia na obra de Lobato j que o objetivo do pleito foi contraposto e ampliado para qualquer forma de discrimina o como tamb m retirando o cr dito de todo o movimento social da causa negra como se o tratamento desigual n o existisse reverberando ainda a presen a do mito da igualdade racial no Brasil ANDRADE 20183 p 389 E a autora exemplifica algumas das cr ticas que levaram a essa homologa o al m de analisar a posi o do PNBE e do MEC durante o processo indicando uma mudan a favor vel manuten o Programa nos seus moldes atuais No segundo documento a posi o do Programa Nacional Biblioteca na Escola PNBE no pleito tamb m altera se visto que de vil o tornou se mocinho ao inv s de atender as normas que foram prescritas por ele 93 mesmo em seus editais internos para sele o de obras o edital do PNBE passou a ser o crit rio que deveria ser seguido pelos sistemas educacionais sem reobserv ncia No primeiro Parecer a norma do acr scimo de uma nota explicativa que era exigida de modo prescritivo por parte do CNE para o MEC
228. am as dificuldades e ou criam estrat gias para contornar as artimanhas do sistema capitalista e exigem uma sociedade democr tica de fato Esses gestores envidam muitos esfor os para viabilizar o que compreendem como direito cidadania acesso aos benef cios socioecon micos com base nas suas vis es de mundo cientes da centralidade da educa o para a promo o de uma sociedade mais igualit ria e justa FILICE 2010 p 138 destaques da autora Outro estudo de destaque que analisou a rela o entre a SEB e a Secadi foi desenvolvido por Marques 2010 Sua pesquisa teve como objetivo Compreender as percep es de gestores do Minist rio da Educa o MEC sobre a implementa o do artigo 26 A da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana MARQUES 2010 p 15 A pesquisa da autora incidiu sobre a an lise de entrevistas realizadas em 2009 com diretoras es coordenadoras es e t cnicas os educacionais das duas secretarias em quest o Secad e SEB Alguns aspectos analisados pela autora sobre os discursos proferidos por representantes da Secadi aumentam a pol mica sobre uma poss vel fragilidade Dentre as interpreta es de Marques 2010 destacam se as seguintes a baixa representatividade de gestoras es negras os nessa Secretaria apontou para duas pers
229. analisaram que o atendimento a necessidades educacionais especiais ganhou amplitude quando mencionado que as obras liter rias a serem selecionadas devem apresentar tem ticas referentes diversidade FERNANDES CORDEIRO 2012 p 324 Essa interpreta o das autoras leva infer ncia de que as autoras fizeram uma direta associa o entre necessidades educacionais especiais diversidade em fun o do seguinte trecho do edital do PNBE 2012 Os princ pios de valoriza o da identidade nacional em suas mais diversas vertentes bem como a inclus o de jovens adultos e crian as com necessidades educacionais especiais ao sistema de ensino nos termos da Legisla o vigente t m orientado todas as a es do Minist rio da Educa o Assim importante que as obras liter rias que vierem a integrar o acervo das escolas p blicas da educa o infantil anos iniciais o ensino fundamental e EJA ensino fundamental e m dio compreendam temas referentes diversidade em sentido amplo PNBE 2012 p 23 Questiona se aqui no entanto se essa direta correla o feita por Fernandes e Cordeiro 2012 e n o pelo edital n o restringiria o sentido de diversidade pois dessa maneira diversidade seria considerada apenas na dimens o de atendimento de necessidades educacionais especiais e n o tamb m em dimens es relacionadas s diferentes culturas por exemplo E essa correla o amplia se na continuidade do argumento das au
230. antes pois atua na configura o do imagin rio de milh es de pessoas Textos liter rios chegam a ser impostos como leitura obrigat ria em v rios momentos de 296 nossas vidas Em outros s o colocados nossa disposi o para que possamos escolher nas vitrines e prateleiras das livrarias em bancas de jornais ou nas bibliotecas Essa disponibilidade de um livro tamb m resultado de um ou de v rios outros filtros Filtrar significa reter algo e permitir que algo passe Assim como existe a tal linha orientando o crivo a escolha entre os t tulos a serem publicados ou n o tamb m posteriormente haver a sele o do que estando dispon vel no mercado deve receber o aval da publicidade ou da cumplicidade dos meios de comunica o e do Estado para redundar em leitura CUTI 2010 p 47 Diante disso reflete se que se porventura n o h como afirmou a entrevistada nenhuma interdi o de livro liter rio de uma ou outra conota o h pelo menos a manuten o de c nones baseados n o s no carisma conceito weberiano e na qualidade liter ria mas tamb m no estabelecimento de barreiras frente a supostas tentativas de destrui o da tradi o pois como lembra Cuti 2010 p 47 flalar e ser ouvido um ato de poder Escrever e ser lido tamb m Mas como uma pol tica n o se constr i sob l gicas manique stas as an lises dela tamb m n o devem A entrevistada apresenta uma s
231. antes com livros que de certa forma j est o circulando na comunidade Biblioteca escolar e Biblioteca do professor um elemento de destaque nessa a o diz respeito ao fato de que parte do acervo das duas a es foi o mesmo distribu do em 1998 E mais uma vez os valores apresentados pelo site do FNDE e o Relat rio daquele ano n o coincidiram dessa vez sendo que Relat rio indicou valor menor que o site Em fun o do n mero de p blico atendido o PNBE 2003 foi o mais caro at ent o mas da mesma forma que os anos anteriores os problemas relacionados aos vagos crit rios de sele o e de avalia o continuaram Eles permitem que os acervos sejam compostos de obras que n o atendem ou n o s o adequadas ao p blico pretendido OLIVEIRA L L 2008 p 163 Outro fator tamb m apontado por esse autor e confirmado em pesquisa no Relat rio de Monitoramento Programa Nacional Biblioteca da Escola do Tribunal de Contas da Uni o BRASIL TCU 2006 retoma edi es anteriores e tamb m trata dessa edi o dados do Censo 2003 demonstram haver ainda grandes desigualdades regionais quanto ao percentual de escolas p blicas tanto rurais quanto urbanas que possuem biblioteca BRASIL TCU 2006 p 29 al m do que a situa o constatada pela auditoria em 2001 foi de que o PNBE vinha 155 privilegiando escolas maiores e excluindo grande parte das escolas rurais do acesso aos acervos distribu dos
232. ar a estrat gia de conforma o do racismo vivenciado por Tia Nast cia a autora nega totalmente a forma desrespeitosa vivenciada pela personagem sobretudo pelas agress es verbais das crian as e da boneca Em lia Santos 2007 p 264 por outro lado ao afirmar que sob a influ ncia do positivismo Lobato acreditava que era poss vel harmonizar as diferentes posi es sociais dentro da ordem capitalista sem rupturas alerta para essa suposta 101 harmonia A partir de um olhar cr tico por m se v que esta harmonia dependia da aceita o de uma submiss o na dimens o do trabalho pois o bra al e desqualificado tecnicamente estava reservado principalmente aos negros SANTOS 2007 p 265 Tal harmonia revela se nas posi es que o casal negro ocupa no S tio Aliado a isso a autora evidencia o quanto essa proposta de harmonia presente em uma parte do segmento intelectual brasileiro convergiu com o projeto de na o desenvolvido por Gilberto Freyre em Casa grande amp senzala Assim no pa s metaf rico realizado no S tio reproduzia se tamb m uma utopia de uma certa elite brasileira a harmoniza o da rela o entre capital e trabalho entre brancos e negros cada um cumprindo seu papel e funcionando em seu devido lugar SANTOS 2007 p 265 Outros aspectos sobre esse contexto ainda podem ser considerados Um deles por exemplo refere se investida de Lobato na cultura afro brasileira para a
233. aracter stica o processo de coleta de dados deste estudo superou qualquer expectativa negativa E tal percal o foi se consolidando a partir de v rios prismas O primeiro deles refere se ao tema da tese No intuito de garantir a tica da pesquisa as institui es participantes receberam juntamente com o of cio de solicita o de entrevista um documento onde se explicitavam os interesses e objetivos da pesquisa a pergunta que mobilizou o estudo e a refer ncia a pesquisas da rea que j indicavam a t nica pretendida Tal estrat gia embora inegoci vel para mim gerou resultados positivos e negativos os positivos referem se ao fato de que as institui es e seus representantes estavam conscientes e assumiam a responsabilidade por suas declara es j os negativos s o os mesmos pois ao saberem do que se tratava passaram a escamotear as declara es a ponto de uma das institui es investigada nem se declarar formalmente Por mais que tal contexto tamb m tenha proporcionado o desenvolvimento de interpreta es que se somaram a outros resultados sobre a racializa o do Programa foi um percal o que gerou bastante frustra o e indigna o frente s estrat gias adotadas por setores p blicos que deveriam convergir com os interesses p blicos de isonomia e transpar ncia E talvez esse contexto fortaleceu se devido ao momento de coleta de dados o segundo semestre de 2014 per odo das elei es presidenciais Como ser mais be
234. aria uma conota o negativa pr xima da defini o n o explicitada bem verdade de racializa o como sin nimo de hierarquiza o Alguns outros estudos que discutem a racializa o foram referenciados em Miles 2000 que faz um breve apanhado hist rico da etimologia do termo Segundo ele racializa o trata se de um conceito cunhado na d cada de 1970 para se referir ao processo pol tico e ideol gico por meio do qual determinadas popula es s o identificadas por refer ncia direta ou indireta s suas caracter sticas fenot picas reais ou imagin rias MILES 2000 p 456 Tal defini o aproxima se da inferida na an lise de lanni 1996 racializa o seria portanto uma maneira de hierarquiza o de grupos raciais No entanto Miles aponta que no curso da hist ria esse conceito sofreu varia es entre um sentido mais estreito e um mais ampliado No sentido mais estreito h uma direta correla o entre racializa o e racismo cient fico e no sentido ampliado o conte do ideol gico do processo de racializa o identificado n o necessariamente racista MILES 2000 p 457 Isso seria poss vel pois racializa o seria correlacionada a diferencia es n o hierarquizadas No entanto seria necess rio antes comprovar qual tipo de racializa o estaria sendo desenvolvida se no sentido estreito ou no sentido amplo Antes dessa determina o necess rio analisar o conte do do significad
235. arias e por mais que talvez se isso j tenha acontecido eu n o teria tal confirma o nas perguntas que faria numa entrevista face a face em fun o de tudo o que j foi apresentado at aqui poss vel inferir sobre contextos dessa natureza Por outro lado em outra pergunta quest o 6 que tratava da participa o da Cogeam na realiza o das edi es do PNBE Tem tico e Ind gena a resposta apresentou muito mais conte do certamente em fun o do direto envolvimento da coordenadora no processo A COGEAM participou de reuni es preliminares para defini o dos termos do edital mas n o participou diretamente do processo de avalia o e sele o das obras Necess rio esclarecer contudo que a atual 270 coordenadora da Cogeam foi a Coordenadora Pedag gica Geral do processo avaliativo do PNBE Tem tico quando ainda estava em exerc cio na universidade como docente quando tamb m coordenou a rea de Hist ria do PNLD Campo tamb m pela SECADI Com a chegada da atual coordenadora a Cogeam vem desenvolvendo a es e procedimentos em parceria com a SECADI sendo que a atua o desta coordenadora se realiza com vistas aproxima o SEB e SECADI no tocante aos programas do livro e da leitura COGEAM QUEST O 6 E mais uma vez evidencia se o preju zo que foi a n o realiza o da entrevista por meio dessa resposta poderiam ter sido exploradas outras perguntas que contribuiriam para preencher lacunas
236. as BRASIL 2004a p 16 Posteriormente aprova o das Diretrizes alguns estados e munic pios tamb m institu ram normas complementares fortalecendo o seu objetivo de orientadora das a es tomadas no mbito educacional Em 2008 a LDB sofreu nova altera o desta vez por meio da Lei 11 645 2008 que incluiu a obrigatoriedade do ensino de hist ria e cultura ind gena Tal altera o tamb m representou a luta por reconhecimento da popula o ind gena na hist ria e sobretudo na educa o brasileira No entanto observando a reda o dessa nova Lei poss vel verificar limita es conceituais que de certa maneira reificam estere tipos sobre a popula o negra e ind gena brasileira 10 O conte do program tico a que se refere este artigo incluir diversos aspectos da hist ria e da cultura que caracterizam a forma o da popula o brasileira a partir desses dois grupos tnicos tais como o estudo da hist ria da Africa e dos africanos a luta dos negros e dos povos ind genas no Brasil a cultura negra e ind gena brasileira e o negro e o ndio na forma o da sociedade nacional resgatando as suas contribui es nas reas social econ mica e pol tica pertinentes hist ria do Brasil BRASIL 2008a destaques meus A reifica o localiza se na denomina o de povos ind genas e popula o afro brasileira como dois grupos tnicos desconsiderando as centenas de etnias ind genas e os gru
237. as o potencial para propiciar uma experi ncia significativa de leitura aut noma ou mediada pelo professor e para ampliar as refer ncias est ticas culturais e ticas do leitor contribuindo para a reflex o sobre a realidade sobre si mesmo e sobre o outro No caso das obras em verso essas dever o propiciar a intera o l dica na linguagem po tica Os textos liter rios dever o evitar conduzir explicitamente opini o comportamento do leitor mas ao contr rio dever o proporcionar um grau de abertura que convide participa o criativa na leitura instigando o leitor a estabelecer rela es com suas experi ncias anteriores e outros textos N o ser o selecionadas obras que apresentem moralismos preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem Da mesma forma n o ser o selecionadas obras que apresentem didatismos que contenham teor doutrin rio panflet rio ou religioso 3 2 Adequa o tem tica As obras dever o estar adequadas s faixas et rias e aos interesses do p blico alvo da educa o infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental ao qual se destinam Entre suas caracter sticas dever ser observada a capacidade de motivar a leitura de possibilitar a amplia o das refer ncias conceituais de desenvolver o senso cr tico e de promover a forma o para uma cultura da diversidade cultural Na composi o do acervo ser contemplada a abordagem da tem tica i
238. as Completas de Monteiro Lobato v 16 104 pensamento lobatiano sendo que o escritor faleceria por volta de sete meses ap s o envio daquela correspond ncia Como se notou a valoriza o do candombl aparece com certa estranheza em meio s infinitas cr ticas de Lobato a uma cultura popular atrasada e antimoderna al m da defesa de uma superioridade branca mas a infer ncia decorrente dessa simpatia impede qualquer tentativa de explica o Na carta a Guimar es antes do adeus Jos Bento Monteiro Lobato afirma que com o candombl da Bahia d vontade da gente ser negro bem preto LOBATO 1970 p 338 apud PORCIUNCULA 2014 p 180 Ao final dessa se o sem a menor inten o de encerrar o debate evidencia se a meu ver que as posi es manique stas de vil o ou mocinho foram impeditivas no atual contexto do desenvolvimento de debates mais cr ticos sobre a vida e a obra de Lobato Ao passo que de um lado grande parte das os intelectuais brasileiras os posicionaram posicionam se em defesa do autor ignorando qualquer cr tica que sa sse saia da confort vel argumenta o de que ele era um homem de seu tempo e que a censura imposta pelo politicamente correto pretende destruir a arte brasileira de outro lado a estrat gia adotada pelo Conselho Nacional de Educa o em promover uma reflex o mais aprofundada sobre o racismo estrutural na produ o liter ria que distribu da s e
239. as ao longo do tempo se mantiveram similares oscilando entre sub representa o e subalternidade nas tramas Apenas nas ltimas d cadas sobretudo a partir dos anos 2000 que caracter sticas mais positivas passaram a ser identificadas nas 305 obras embora tenha predominado ainda a sub representa o Essa ltima constata o sugere que al m da racializa o operando no interior do PNBE por meio de estrat gias impl citas de conten o de obras com tem ticas relacionadas valoriza o da diversidade tnico racial o mercado editorial brasileiro pode estar pouco aberto produ o de tais tem ticas Mesmo que a quantidade e relativa qualidade tenham aumentado sob a hip tese de atendimento s demandas da educa o principalmente escolas e professoras es em fun o das modifica es na LDB ainda predomina a baixa proporcionalidade entre personagens brancas e negras sobretudo em obras para leitoras es menores Por isso este estudo categorizou o contexto atual como um momento de otimismo parcimonioso e ressaltou elementos relacionados representa o concordando com a perspectiva de Dalcastagne 2012 p 17 O termo chave nesse conjunto de discuss es representa o que sempre foi um conceito crucial dos estudos liter rios mas que agora lido com maior consci ncia de suas resson ncias pol ticas e sociais O que se coloca n o mais simplesmente o fato de que a literatura fornece determi
240. as com 1 a 250 estudantes 1 Ortogr fico exemplares L ngua Portuguesa VOLP exemplar total de 93 204 escolas da L ngua desenvolvido pela escolas com 251 a 750 estudantes 2 Portuguesa Academia Brasileira de exemplares total de 30 935 escolas VOLP Letras escolas com mais de 750 estudantes 3 exemplares total de 13 829 escolas QUADRO 12 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 4 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http www fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico e http www fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola dados estatisticos item 3016 dados estatY wC3 ADsticos de anos anteriores Acesso em 11 01 2015 Nota H uma grave inconsist ncia entre as informa es apresentadas por um link do FNDE e outro no tocante distribui o dos dicion rios VOLP ao passo que no link Dados estat sticos de anos anteriores o VOLP esteja computado no PNBE 2009 no link Hist rico ele consta no PNBE 2010 Uma nova mudan a aconteceu em 2008 quando o PNBE passou a incluir a distribui o de livros para a educa o infantil e o ensino m dio Em an lise de obras do PNBE 2008 Fl via Brocchetto Ramos 2013 identificou diferen as entre livros disponibilizados no mercado e os mesmos livros adquiridos pelo Programa Considerando que o edital de 2008 preconizava que todas as caracter sticas do projeto gr fico e edit
241. as da diversidade s o encaradas apresentando resultados similares aos de Moehlecke 2009 p 483 a an lise das pol ticas do governo federal e do Minist rio da Educa o a partir de uma vis o coesa e homog nea das orienta es que lhe s o dadas configura se como uma perspectiva metodol gica limitada diante das disputas internas e externas pela defini o do significado atribu do s pol ticas de diversidade Especialmente no caso dessas pol ticas cuja marca tem sido seu car ter controverso n o h uma orienta o nica e coerente a seu respeito mas m ltiplas formas de compreend las em constante tens o e negocia o Por mais que alguns elementos indiquem janelas que se abrem para mudan as na forma como as duas secretarias Secadi e SEB articulam suas demandas do PNBE o trabalho de combate ao racismo institucional ainda um grande desafio ainda mais tendo como adicional o fato de que o PNBE uma pol tica educacional que busca promover o acesso a um bem art stico a literatura Esse tema j abordado anteriormente neste estudo o grande calcanhar de Aquiles de toda a discuss o pois subentendida na defini o de arte est tamb m uma discuss o pol tica que ser abordada sob outros prismas na se o seguinte 5 2 Poder e legitima o nos discursos da avalia o pedag gica A nica entrevista analisada neste estudo foi realizada com representante da avalia o pedag gica dos livros do
242. as de intensa e generalizada racialza o das rela es entre coletividades tribos povos na es ou nacionalidades Na medida em que as guerras mesclam se e desdobram se em revolu es nacionais ou revolu es sociais tornam se ainda mais acentuadas as desigualdades diverg ncias e tens es que alimentam os preconceitos as intoler ncias as xenofobias os etnicismos ou os racismos Ao lado dos preconceitos de classe casta e g nero emergem ou reaparecem os preconceitos raciais IANNI 1996 p 6 J a an lise empreendida por Karl Monsma 2013 apresenta uma defini o de racializa o e articula o desse conceito com racismo e racialismo A racializa o o processo de essencializar um grupo tnico pode ser positiva ou negativa ou talvez uma mistura dos dois Geralmente grupos que racializam outros de maneira negativa tamb m racializam a si mesmos de forma positiva A distin o entre racialismo e racismo til precisamente porque a racialza o nem sempre serve como justificativa para a domina o racial O racialismo a tend ncia de perceber qualidades intr nsecas e duradouras de um grupo de suposta origem comum ao passo que as ideologias racistas s o formas de racialsmo que afirmam a superioridade de um grupo tnico sobre outro e justificam a domina o racial A defini o do racismo usado aqui portanto inclui dois elementos a domina o tnica e uma ideologia que essencialza e categoriza nega
243. as em todas as suas potencialidades de an lise No entanto coloca se outra reflex o a inser o de Monteiro Lobato como resposta aos movimentos pode ser considerada uma das outras alternativas adequadas Nesse caso poss vel verificar o poder sendo exercido a interesse de um grupo Ou ainda na perspectiva de van Dijk 2008 p 15 trata se de abuso de poder social por um outro grupo social por estabelecer um discurso e posteriormente uma pr tica que poder exercer influ ncia nos segmentos atendidos pelo PNBE Obt m se um controle direto sobre a a o por meio de discursos que possuem fun es pragm ticas diretivas for a ilocut ria tais como comandos amea as leis regulamentos instru es e mais indiretamente por meio de recomenda es e conselhos Os falantes costumam ter um papel institucional e seus discursos apoiam se com frequ ncia no poder institucional Nesse caso consegue se a aquiesc ncia muitas vezes atrav s de san es legais ou de outros tipos de san o institucional VAN DIJK 2008 p 52 292 Tal contexto observado pelo vi s dos modos de opera o da ideologia tamb m indica a a o da legitima o sobretudo aquela desenvolvida por Weber como de fundamento carism tico por se tratar de um consagrado escritor da literatura infanto juvenil Al m da legitima o como categoria uma estrat gia classificada por Thompson com as mesmas caracter sticas tamb m se enquad
244. as nessas quatro dimens es s o apresentados o quanto o processo avaliativo busca se construir em bases ticas Mas a pouca disposi o de abertura para demandas de outros grupos aliada ao argumento de que necess ria avalia o pedag gica evitar anacronismos que h em muitos julgamentos apressados sobre o car ter preconceituoso de obras do passado MOTA 2012 p 316 reduz muito as possibilidades de ingresso de atores dissidentes e suas demandas no sistema de representa o institucionalizado MULLER SUREL 2002 p 80 Al m disso o motivo que justifica a manuten o de obras liter rias can nicas baseado na ideia de responder a 294 movimentos tamb m se revela bastante cerceador e por que n o dizer censurador O medo interpretado na perspectiva da psicologia social do racismo atua em contextos como esse em que n o h mais a garantia do estabelecimento do justo do correto do v lido do Nosso de tudo o que possa representar uma amea a a autopreserva o eg ica BENTO 2002a p 38 E ent o a defesa de seus interesses se fortalece Acrescenta se no quadro interpretativo outros argumentos apresentados por Mota sobre a avalia o dos livros do PNBE Finalmente outro aspecto da dimens o pol tica estatal a valoriza o da identidade nacional requerida basicamente pela diversidade das obras e recoberta parcialmente pelo objetivo pedag gico de atender aos interesses de diferentes le
245. as orienta es para as demais secretarias MOEHLECKE 2009 p 468 destaques meus o que estudos anteriores FILICE 2010 MARQUES 2010 tamb m identificaram nos quais prevaleceram resultados que apontavam fragmenta o e desarticula o O primeiro estudo apresentado foi desenvolvido por Filice 2010 com o objetivo de Avaliar o processo de implementa o do artigo 26 A da LDBEN n 9394 96 que instituiu a obrigatoriedade do estudo de Hist ria da Africa da Cultura africana e afro brasileira e da educa o das rela es tnico raciais na educa o b sica com vistas a demonstrar a relev ncia da cultura negra em suas diferentes faces na implanta o de pol ticas afirmativas no Brasil a partir das categorias de ra a e classe FILICE 2010 p 4 A pesquisa da autora empreendeu an lise de documentos oficiais e de question rios aplicados al m de entrevistas com aproximadamente duzentos gestores entre coordenadores t cnicos em educa o militantes e representantes da sociedade civil organizada direta e indiretamente envolvidos com a implementa o do artigo 26 A FILICE 2010 p vi Observando a atua o da Secadi poca Secad Filice constatou um esfor o quase que solit rio dessa Secretaria no trabalho de implementa o do artigo 26A da LDB Em aten o especial ao Plano Nacional de Implementa o das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es e para o ensino de Hist ria
246. as pela institui o interagindo com a equipe coordenadora do processo at o fechamento da avalia o e publica o do resultado por meio de portaria Ap s divulga o dos resultados a COGEAM publica em parceria com a Institui o P blica de Educa o Superior que coordenou o processo de Avalia o Pedag gica obras voltadas aos docentes das redes p blicas com vistas apresenta o dos Acervos contendo an lises e reflex es acerca do PNBE Os Guias 1 2 e 3 do PNBE Literatura fora da Caixa publicados em 2014 est o dispon veis no site do Minist rio da Educa o Na sequ ncia a COGEAM realiza Semin rio de Forma o de Mediadores de Leitura em parceria com Estados e Munic pios abordando os mais variados temas e assuntos com vistas ao fomento leitura liter ria na Escola valoriza o da Biblioteca na Escola e forma o de mediadores de leitura b Quanto ao PNBE Peri dicos a COGEAM elabora o Edital em parceria com Institui es P blicas de Educa o Superior para inscri o de peri dicos de interesse pedag gico Ap s inscri o a SEB realiza sele o 101 Dispon vel em http portal mec gov br index php option com content amp view article amp id 20407 amp ltemid 1134 Acesso em 28 12 2014 102 Dispon vel em http Avww cultura gov br pnll Acesso em 28 12 2014 268 de Institui o para coordena o da Avalia o Pedag gica com base no referido Edital Ap s a sele o o FNDE
247. atado a dificuldade resist ncia dos estudos citados tem contribu do para a interpreta o de uma divis o hier rquica entre pesquisas com tais caracter sticas de t nica universalista FILICE 2010 p 109 que atuam como protagonistas pois tratam dos aspectos duros do PNBE e outras que abordam temas da diversidade ra a g nero diversidade sexual idade defici ncia entre outros representando nesse caso os estudos coadjuvantes ou menores Tal situa o pode ser considerada alarmante por configurar quadros de interpreta es reducionistas do Programa desconsiderando sua import ncia do ponto de vista da qualidade liter ria em atendimento diversidade tnico racial cultural e de classes Essa conjuntura t o latente que n o deixou ao presente estudo escolha a n o ser de tamb m apresent las separadamente j que ambos os grupos diferenciam se tanto no tocante estrutura anal tica que seria invi vel e inadequada a tentativa de jun o Por outro lado poss vel interpretar tal contexto de modo menos pessimista considerando essas pesquisas como emergentes de um campo em transforma o 175 Oriundas de outras perspectivas te ricas e pol ticas estes estudos emergem do campo de investiga o do PNBE assumindo posturas e interpreta es decorrentes de lacunas expressas por pesquisas anteriores e que podem estar atuando no sentido de ampliar tal campo E nesse sentido poderiam ser a
248. atal RN 22 a 26 de julho de 2013 Dispon vel em http Awww snh201 3 anpuh org resources anais 27 1364748564 ARQUIVO Monsma trabalho pdf Acesso em 02 04 2014 MONTUANI Daniela Freitas Brito O PNBE 2005 na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte uma discuss o sobre os poss veis impactos da pol tica de distribui o de livros de literatura na forma o de leitores Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o UFMG 2009 Dispon vel em http Awww bibliotecadigital ufmg br dspace bitstream handle 1843 FAEC 83VSE4 disserta o daniela montuani vers o final 09 pdf sequence 1 Acesso em 12 07 2014 Acervos de literatura chegam na escola In PAIVA Aparecida Literatura fora da caixa o PNBE na escola distribui o circula o e leitura S o Paulo Editora UNESP 2012 p 77 110 MOTA Rildo Jos Cosson Avalia o pedag gica de obras liter rias Educa o Porto Alegre v 35 n 3 p 308 318 set dez 2012 Dispon vel em http www redalyc org pdf 848 84824567004 pdf Acesso em 23 12 2014 MULLER Pierre SUREL Yves A an lise das pol ticas p blicas Tradu o de BAVARESCO Agemir FERRARO Alceu R Pelotas EDUCAT 2002 Cole o Desenvolvimento Social 3 MUNANGA Kabengele Algumas considera es sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil In RAMOS Marise Nogueira AD O Jorge Manoel BARROS Graciete Maria Nascimento Diversidade na educa o reflex es e experi nc
249. atos e os maus atos dos Outros por exemplo acusa o defesa e Macroestruturas sem nticas sele o de t picos des enfatizar pontos negativos ou positivos sobre N s Eles e Significados locais de a es positivas negativas Nossas Deles fornecer muitos poucos detalhes generalizar ser espec fico ser vago preciso ser expl cito impl cito etc e L xico selecionar palavras positivas para N s palavras negativas para Eles e Sintaxe local ora es ativas versus passivas nominaliza es des enfatizar a ag ncia a responsabilidade positiva negativa Nossa Deles e Figuras ret ricas hip rboles versus eufemismos para significados positivos negativos VAN DIJK 2008 p 252 253 Verifica se o quanto a resposta quest o 5 possui rela o com as aplica es descritas por van Dijk 2008 sobretudo pela t tica de fornecer poucos detalhes generalizar e ser vaga nas informa es que disseram em muitas palavras nada O que significa na pr tica estar atualizada e acompanhar uma pol mica Quais as implica es envolvidas nesse acompanhamento E no que consiste a ideia de que sua atua o requer o conhecimento aprofundado dos debates que envolvem as rela es entre o conhecimento a fun o social da escola e a difus o de materiais educativos Em outras palavras a pergunta em que medida as pol micas relacionadas aos pareceres do CNE sobre uma obra liter ria conter
250. autores pelo menos tanto na ind gena quanto no racial perceber que precisa ser literatura Porque sen o fica meio sic vira tema transversal vira paradid tico e a o edital claro isso aqui para escolher livro de literatura N o paradid tico entendeu A tem aqueles que se inscrevem como literatura mas voc v que a estrutura narrativa que aquele enredo ali um mero pretexto para divulgar uma causa para discutir panfletariamente uma tem tica e a n s que somos da literatura n o aceitamos N o aceitamos porque voc n o pode passar para a crian a para o 106 A referida pesquisa de Ven ncio 2009 Ao informar tal contexto a autora utiliza a sigla PNLD mas por sua pesquisa referir se a acervos do PNBE infere se que houve problemas de grafia O correto seria PNBE Assim informa A partir de 2004 a SECAD passou a atuar junto a gestores do PNLD para incluir crit rios na sele o dos acervos que contemplassem as pol ticas de diversidade que estavam sendo gestadas e operadas por tal Secretaria Dessa forma no PNLD 2007 2008 ficou estabelecido que cada um dos acervos deveria conter ao menos uma obra de valoriza o de ind genas e de valoriza o de negros as que cumprisse o estabelecido pela Lei 10 639 03 onde se determina a obrigatoriedade de ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileiras VEN NCIO 2009 p 286 adolescente n s temos o compromisso de n o fazer isso de que aquilo literatu
251. bito do Minist rio da Educa o MEC BRASIL 2005 Como informa o site vinculado Secadi http etnicoracial mec gov br cadara a Cadara um rg o t cnico vinculado ao MEC de natureza consultiva e propositiva institu da pela Portaria n 4 542 de 28 de dezembro de 2005 Sua composi o inclui representantes da Secadi e de outros rg os da administra o p blica federal estadual ou municipal e movimentos sociais Embora a referida Portaria n o especifique as caracter sticas dos movimentos sociais na p gina virtual da Comiss o est destacada a participa o de entidades do Movimento Negro Conforme disposto no artigo 2 da Portaria n 4 542 a CADARA composta por representantes da SECADI MEC e a crit rio desta por representantes de outros rg os da administra o federal estadual ou municipal bem como por representantes da sociedade civil de entidades e organiza es do movimento negro As interpreta es relacionadas a essa dicotomia entre o que preconiza a Lei 10 639 2003 e a pr tica demonstrada nas v rias a es posteriores como o fortalecimento dos f runs permanentes de educa o e diversidade tnico racial e a cria o da Cadara por exemplo n o tem como objetivo descaracterizar a import ncia de a es realizadas a partir sobretudo de 2003 mas sim de analisar 2 Acesso em 04 01 2014 8 Dispon vel em http etnicoracial mec gov br cadara Acesso em 10 09 2014 Acres
252. ca por exemplo o documento Nascido com a finalidade de dotar os estabelecimentos p blicos de ensino com acervos para as bibliotecas das escolas em meio do percurso o Programa destinou os investimentos para cole es pessoais recebidas por poucos estudantes no universo de matr culas de defini o pr via do Minist rio e praticamente manteve se como tal um grande programa de distribui o de livros sem apoio de projetos de forma o continuada de professores que tivesse o objetivo de repensar a forma o de leitores pelas escolas p blicas brasileiras BRASIL 2008b p 14 Essa avalia o apresentada como uma importante autocr tica realizada em 2005 2006 merece por estudos mais recentes uma revis o para verificar em que medida houve altera es considerando que houve por parte do MEC a constata o se n o completa ao menos significativa dos problemas de insucesso do PNBE pois como bem se afirmou na pesquisa a democratiza o do acesso leitura esperada pela distribui o de livros do PNBE com alcance amplo no que diz respeito a usu rios de diversos segmentos estudantes professores e pessoas das comunidades e em variados desenhos escolas e comunidade acervos coletivos e individuais obras e cole es parece n o ter acontecido como previsto BRASIL 2008b p 20 A sequ ncia da pesquisa sobre o PNBE apresenta outros importantes elementos que indicam o qu o fr gil esse Pro
253. caracteriza o de manifesta es de racismo nas institui es p blicas nas empresas partidos pol ticos e escolas CASHMORE 2000 seu status gen rico deu margens a v rias cr ticas a respeito da sua falta de especificidade e portanto de sua utilidade limitada como ferramenta de an lise CASHMORE 2000 p 470 Uma das limita es 18 Para mais informa es ver os artigos de Sabrina Moehlecke 2002 A o afirmativa hist ria e debates no Brasil e de Viritiana Aparecida de Almeida e Nelson Ros rio de Souza 2013 Trajet ria dos argumentos sobre as a es afirmativas da marcha Zumbi dos Palmares confer ncia de Durban 19 Articula o para o Combate ao Racismo Institucional Identifica o e abordagem do racismo institucional Bras lia CRI 2006 44 apontadas por cr ticas os do conceito relaciona se relativiza o da responsabilidade da institui o j que ela n o passaria de uma representa o abstrata e seus agentes que seriam os respons veis O racismo institucional serviria assim para encobrir a pr pria atua o do racismo sua for a contudo tamb m sua fraqueza uma acusa o de racismo institucional permite que todos saiam ilesos somente a institui o abstrata pass vel de culpa Os cr ticos insistem que as institui es s o no final das contas o produto de tentativas humanas e que absolutamente um erro supor que o racismo instituci
254. caso foi de censura Antes de ser sancionado pelo Ministro da Educa o o primeiro parecer foi por conta do forte clamor na m dia devolvido para o CNE CEB para uma nova avalia o FERES J NIOR NASCIMENTO e EISENBERG 2013 p 73 No ano seguinte em junho de 2011 um segundo parecer foi elaborado Parecer CNE CEB n 06 2011 o que para Feres J nior Nascimento e Eisenberg 90 representou ajntes que um recuo por parte do MEC de sua posi o primeira parece ter sido uma tentativa de esclarecer ao p blico o conte do do parecer anterior FERES J NIOR NASCIMENTO e EISENBERG 2013 p 73 Ainda de acordo com os autores e a autora as mudan as foram quase impercept veis houve o aumento no n mero de especialistas citadas e a retirada da express o nota explicativa demonstrando para Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 p 74 um esfor o reiterado de esclarecer que n o se tratava de veto obra de Monteiro Lobato Ademais as recomenda es permaneceram praticamente as mesmas a treinamento de professores para lidar com o assunto b reitera o dos crit rios para sele o de livros do PNBE e c inser o no texto de apresenta o das novas edi es de contextualiza o cr tica do autor e da obra a fim de informar o leitor sobre os estudos atuais e cr ticos que discutem a presen a de estere tipos na literatura entre eles os raciais FERES JUNIOR NASCIMENTO
255. cedimento metodol gico para s assim conseguir super la talvez a melhor express o fosse expurg la Embora n o tendo a m nima pretens o e condi o de me expressar com a mesma intensidade po tica de Aparecida Sueli Carneiro 2005 em sua tese de doutorado apoio me em suas palavras pois ao propor um di logo franco com o ee Eu hegem nico e ela ocupando a posi o de paradigma do Outro CARNEIRO 2005 p 20 destaques da autora a autora desenvolveu uma De certa forma a ideia de academia nesta se o tem um tom ir nico pois academia trata se de um espa o que tradicionalmente relegou pesquisadores as e pesquisas engajadas com o combate ao racismo a posi es menores generalizando as como militantes e pouco compromissados as com a qualidade te rica O meu objetivo de provocar essa ideia de academia fazendo uso de suas armas para defender a minha tese 1 Agrade o ao Lu s Thiago Freire Dantas por me apresentar esse texto quando eu finalizava a escrita dessa se o 29 reflex o que me toca profundamente por seu eu tamb m um paradigma do Outro na produ o acad mica convencional Subjugada que sou pela s ndrome DPE Discrimina o Preconceito Estigma te busco Eu hegem nico n o para receber de ti o ensino verdadeiro que assim como a verdade conforme falou um fil sofo africano desculpa a heresia resume se a tr s a minha a sua
256. centa se a t tulo de informa o que foi publicado por meio do Edital de Chamada P blica MEC SECADI n 1 2014 a Sele o para representantes para compor a Comiss o T cnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados Educa o dos Afro brasileiros Cadara O processo que se iniciou em 22 12 2014 tem t rmino previsto para 25 05 2015 quando os membros selecionados tomar o posse Mais informa es em http etnicoracial mec gov br images pdf edital cnamada publica ni 19 dezembro 2014 pdf Acesso em 04 01 2014 70 como tem se constru do a pol tica e como aspectos divergentes entrela am se na execu o de a es voltadas para a Educa o das Rela es tnico Raciais A segunda limita o relacionada muito mais interpreta o dos sistemas de ensino do que propriamente da reda o da Lei refere se nfase dada no documento s disciplinas de Arte Literatura e Hist ria Em fun o disso por muito tempo e em muitos estabelecimentos de ensino a elabora o de a es voltadas para a Educa o das Rela es tnico Raciais ficou e ainda permanece restrita a docentes dessa rea Uma pesquisa pioneira realizada em n vel nacional no ano de 2009 evidenciou muito dessa caracter stica presente nos contextos de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais Tal pesquisa coordenada por Nilma Lino Gomes teve por objetivo identificar mapear e analisar as iniciativas desenvolvidas
257. cia Sua perspectiva considera que em espa os institucionais os discursos orais parecem ter consequ ncias formais apenas quando s o de algum modo cristalizados em textos ou em impressos Consequentemente os muitos tipos de di logo formal tais como encontros entrevistas ou debates contam com uma contrapartida na forma de minutas protocolos ou outras transcri es oficiais que se definem como registro do encontro e oferecem geralmente a base institucional ou jur dica para quaisquer a es ou tomadas de decis o subsequentes VAN DIJK 2008 p 72 Contudo no contexto da produ o discursiva da entrevista analisada neste estudo e que ser apresentado posteriormente tal procedimento n o ocorreu Pelo contr rio a pessoa entrevistada produziu discursos que n o corresponderam aos protocolos oficiais o que acarretou inclusive problemas de outra ordem como ser informado na se o 5 2 desse cap tulo Assim munida dessa experi ncia diferenciada e que n o convergia com resultados de estudos anteriores VAN DIJK 2008 evitei ao m ximo a ado o de um outro tipo de coleta de dados discursivos o question rio Mas n o sendo poss vel a realiza o da entrevista optei em fun o da urg ncia em apenas adaptar o formato do roteiro de entrevista semiestruturada sem a ado o de fundamentos te ricos relacionados elabora o de question rios Sem novas respostas no dia 29 10 2014 enviei novo e mail
258. cia ou engajamento n o poderia proceder a n o ser que como afirma a entrevistada a obra n o possibilite uma experi ncia est tica Por isso a import ncia de um olhar menos taxativo que previamente pode estar categorizando obras com tem ticas para al m das convencionais como inferiores Tratando da literatura negra e seu suposto car ter de milit ncia como caracter stica inata Florentina Souza 2010 lan a um alerta sobre o tema N o podemos deixar de falar de literatura negra como essencializa o nem podemos atribuir a uma produ o que resulta de experi ncias vivenciadas diferenciadas nenhum tra o de homogeneidade Se existem aqueles que veem a literatura como um espa o para a den ncia das desigualdades sociais e suas vincula es tnicas ou como uma arma de combate contra o racismo e a exclus o existem outros que com lirismo e sensibilidade combatem de outra forma e a resgatam uma mem ria quase esquecida dos cantos religiosos dos c nticos m ticos das festas e outras tradi es que se reconfiguraram na di spora e que hoje resistem nos textos inscritos nas mem rias dos velhos nas recorda es s vezes imprecisas dos mais jovens nos antigos casarios e nas ruinas das pequenas cidades e vilas que guardam segredos imemoriais SOUZA 2010 p 125 Dalcastagne 2012 argumenta sobre uma perspectiva que sintetiza essa an lise Assim a literatura amparada em seus c digos sua tradi o e seus 288
259. cias atuais da literatura infantil brasileira In VASCONCELOS Maria Lu za Batista Bretas Org Biblioteca escolar uma ponte para o conhecimento Secretaria de Estado da Educa o de Goi s Goi nia SEDUC 2009 p 97 103 TRAVASSOS S nia M M F A obra infantil de Monteiro Lobato em di logo com crian as na escola da atualidade Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal do Rio de Janeiro 2018 333 TROYNA Barry Educa o e diversidade cultural In CASHMORE Ellis Dicion rio de rela es tnicas e raciais Tradu o de KLEVE Dinah S o Paulo Summus 2000 p 180 183 TROYNA Barry CASHMORE Ellis Rela es raciais perspectiva 2 In CASHMORE Ellis Dicion rio de rela es tnicas e raciais Tradu o de KLEVE Dinah S o Paulo Summus 2000 p 488 492 VACARIA Conselho Municipal de Educa o Resolu o CME n 08 de 16 de dezembro de 2010 Institui normas complementares s Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico raciais e para o ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana e trata obrigatoriedade da inclus o do estudo da hist ria e cultura ind gena nos curr culos escolares das institui es de ensino integrantes do Sistema Municipal de Ensino Dispon vel em http vacaria rs gov br docs res08 pdf Acesso em 23 10 2014 VAN DIJK Teun A Discurso de las lites y racismo institucional In BASTISTA Manuel Lario Coord Medio
260. cidas pelos temas voltados para a valoriza o da cosmovis o africana Sobretudo o ltimo grupo de livros possibilitam leitora ou ao leitor segundo Debus e Vasques 2009 p 142 visualizar esses novos horizontes sobre o que representam as religi es afro brasileira e africana significa quebrar paradigmas idealizadores que demonizam essas hist rias mitol gicas africanas 124 Somente a obra de Georgina Martins n o converge com a tend ncia dos demais t tulos de valoriza o e emancipa o das personagens negras para al m dos estere tipos e reifica es estigmatizantes pois embora a narrativa aborde o complexo universo da pluralidade tnico racial presente nas fam lias brasileiras DEBUS VASQUES 2009 p 139 ou em outras palavras o processo de miscigena o na composi o da sociedade brasileira faz uso de uma estrat gia de desenvolvimento de enredo bastante reificante No in cio do texto o menino ngelo pergunta m e se era negro mas embora a ilustradora Maria Eug nia o tenha desenhado com tra os africanos a m e faz uso da express o bem moreno no contexto da resposta O uso de tal termo caracter stica de um voc bulo permeado pelo preconceito traz mesmo que de forma ing nua marcas de discrimina o pois ao denominar o personagem dessa forma compactua se com o imagin rio coletivo de que essa palavra seria socialmente mais aceit vel caracterizando o que Sousa 2005 p 109 den
261. cional para a implementa o das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana BRASIL 2009b documento produzido pela ent o Secad em colabora o da Unesco Secretaria de Pol ticas de Promo o da Igualdade Racial Seppir Consed Undime e entidades do Movimento Negro Tal Plano que ressalta no t pico de apresenta o que se trata de um documento pedag gico e que n o acrescenta nada legisla o vigente por entend la clara e n tida em suas orienta es BRASIL 2009b s p teve como objetivo orientar e balizar os sistemas de ensino e as institui es correlatas na implementa o das Leis 10639 2003 e 11645 2008 BRASIL 2009b s p Al m da fluidez de conte do e posterior baixa divulga o aspectos desse documento evidenciam as distor es entre o que preconiza a legisla o via veto do art 79 A da Lei 10 639 20083 e a pr tica j que uma das demandas apresentadas como meta do Eixo Gest o democr tica e mecanismos de participa o social BRASIL 2009b s p o incentivo participa o efetiva das secretarias de educa o nos F runs de Educa o e Diversidade para atua o de forma colaborativa BRASIL 2009b s p N o foi poss vel encontrar em nenhum estudo acad mico ou documento oficial de inst ncia federal ou mesmo estadual informa es conceituais sobre a natureza
262. cipat ria por meio do acesso a textos liter rios de qualidade que proporcionem experi ncias significativas e ofere am est mulos para a reflex o e a participa o criativa na constru o de sentidos para o texto PNBE 2015 p 29 o PNBE Ind gena apresenta ao inv s de uma introdu o uma justificativa Talvez isso se deva pr pria natureza de ambos os editais Mas chama a aten o no PNBE Ind gena a men o restritiva hist ria e cultura dos povos 221 ind genas por meio da Lei 11 645 2008 ignorando a outra parte da reda o da Lei que trata da hist ria e cultura afro brasileira A este dispositivo constitucional vem se somar a Lei 11 645 2008 que alterando a LDBEN 1996 inclui com o Artigo 26 A a obrigatoriedade do estudo das hist rias e culturas dos povos ind genas nos curr culos dos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino m dio p blicos e privados com conte dos ministrados especialmente nas reas de educa o art stica e de literatura e hist ria brasileiras PNBE INDIGENA 2015 p 17 Esse contexto pode ser ind cio de outros problemas relacionados a interpreta es reducionistas por parte de gestoras es do MEC que seccionaram a legisla o Cabe para estudos futuros um maior aprofundamento Al m dessa justificativa no Edital do PNBE Ind gena consta um item intitulado Princ pios gerais respons vel por enfatizar a import ncia do acesso leitura de obras liter rias q
263. citos e expl citos dos crit rios para a sele o das obras postos em edital do PNBE O aspecto definidor da dimens o estatal a elimina o do processo seletivo daquelas obras que apresentam discrimina o na forma de preconceitos e estere tipos O argumento que sustenta a decis o que o Estado n o pode subscrever ao selecionar obras para as escolas p blicas aquilo que a Constitui o veta expressamente Al m disso compreende se que a forma o do leitor e do leitor de literatura passa tamb m pela forma o tica logo os livros selecionados n o devem refor ar os preconceitos existentes e fomentar discrimina es MOTA 2012 p 316 No entanto para o autor necess rio ponderar tais exig ncias no sentido de garantir o respeito obra que poder de acordo com Mota reproduzir preconceitos j que cada obra ainda resultado das rela es e intera es sociais e expressa a sociedade na qual gestada MOTA 2012 p 316 Questiona se e questionou se durante todo este estudo no entanto que para al m das possibilidades de clientelismo pode estar havendo outros tipos de concess es relacionadas a temas e autoras es can nicas os no Programa Nesse sentido a perspectiva deste estudo converge com a de Dalcastagne 2008 p 205 A pesquisa n o comunga de nenhuma no o ing nua da mimese liter ria que a literatura deva ser o retrato fiel do mundo circundante ou algo semelhante O problema que se apont
264. com t nicas mais otimistas ou mais pessimistas depara se em algum momento com essa pergunta ou sin nima Indagada sobre os limites do Programa a entrevistada ressaltou os passos seguintes chegada do livro na escola e que se aproxima do tema da pergunta feita aqui RAP PNBE eu considero que o grande gargalo a forma o de mediadores de leitura porque os livros est o na escola h umas d cadas atr s havia a cr tica Os meninos n o t m livros na escola p blica N o se pode falar mais isso hoje RAP PNBE Ent o falta divulga o da pol tica porque por exemplo do livro did tico tem at divulga o na m dia Mas cad do PNBE Cad a m dia falando dos livros de literatura que est o chegando s escolas Segue apenas uma carta dentro da caixa para o gestor Somados a outros limites apresentados neste estudo evidencia se que esses dois falta de forma o de mediadoras es de leitura e baixa divulga o da pol tica s contribuem para o quadro alarmante que ainda configura o PNBE como uma pol tica educacional com alt ssimo potencial mas bastante restrita em fun o dos encaminhamentos pol ticos por interesses maiores Diante disso e concordando com Mota 2012 p 318 cumpre a vigil ncia da escola da academia e da sociedade para manter o PNBE como um programa de forma o de leitores e de leitores de literatura A manuten o do PNBE uma demanda de qualquer grupo social inclu
265. como meios de atenuar as tens es e as constantes e crescentes press es que eventualmente recaem sobre o governo MOEHLECKE 2009 p 470 Sem intentar uma an lise de conjuntura sobre as gest es pelas quais vem passando a Secadi cabe no entanto refletir sobre aquele quadro evidenciado por Moehlecke 2009 e o atual Se para a autora a pol tica de concerta o poderia ter 250 objetivos escusos a atual postura da Secretaria revela que nem tal pol tica desenvolvida Al m disso aspectos observados naquele contexto reiteraram se na atualidade Nas demais secretarias do MEC n o se observou uma mudan a em suas estruturas de modo a incorporar a perspectiva da diversidade cultural MOEHLECKE 2009 p 471 Inclusive verifica se que tal quadro agravou se pois poca a autora identificava que a educa o especial era tratada de modo diferenciado no Minist rio MOEHLECKE 2009 p 471 mas com a mudan a na gest o federal houve a fus o da Secretaria de Educa o Especial Seesp na Secadi Interpreta se diante dos resultados das tr s pesquisas e do meu relato de contato com essa Secretaria o quanto a guetiza o fortaleceu a fragilidade da Secadi caracter stica visivelmente presente nas rela es com as outras Secretarias em especial com a SEB mas tamb m o quanto essa fragilidade prejudicou a autoestima da Secadi que isolada mas ao mesmo tempo com a responsabilidade de ser a indutora de a
266. como quando seu estudo foi produzido d cada de 1950 per odo de segrega o nos EUA ou ainda tenham se modificado em alguns aspectos o interesse nesse quadro de ter um referencial sobre o racismo no Brasil j que grande parte dos estudos subsequentes aos de Nogueira continuaram indicando resultados aproximados P GINA 1 2 Circunst ncias Preconceito de marca Preconceito de origem Quanto ao modo de atuar Determina uma preteri o ora em fun o do maior ou menor grau de miscigena o quanto mais branca o ou quanto mais negra o for ora em fun o do contrabalanceamento de outros fatores como por exemplo uma superioridade ineg vel em intelig ncia ou instru o em educa o profiss o e condi o econ mica ou se for h bil ambicioso e perseverante NOGUEIRA 2000 p 293 Irrestrita possibilidade de circula o em meios segregados independentemente do n vel social grau de miscigena o ou de contatos com o grupo branco com a ressalva de que isso varia de regi o para regi o Quanto defini o de membro do grupo Crit rio fenot pico ou de apar ncia sendo no entanto avaliado caso a caso e portanto atuando de modo subjetivo Crit rio de hereditariedade tendo ou n o caracter sticas fenot picas associadas ao grupo negro Ressalva poss vel apenas aos negros brancos que sua filia o racial apenas pode ser conhecida atrav s de document
267. comporiam os acervos De modo geral os resultados de Silva 2009 indicaram que os livros chegavam s escolas o que viabilizou o contato dos alunos com os diversos textos que o PNBE procura privilegia SILVA 2009 p 7 e inclusive apontaram para o que a autora definiu como o maior achado da pesquisa descobrir que apesar de tamb m n o estarem informados sobre o Programa os alunos estavam lendo os livros e de acordo com nossas an lises e a fala de cada um as obras que comp em os acervos se adequam ao gosto e pr tica de leitura dos jovens SILVA 2009 p 7 Diante de resultados t o positivos no entanto a autora ressalvou um aspecto negativo a divulga o do Programa falha pois a maioria dos auxiliares n o tinha conhecimento sobre suas propostas e objetivos SILVA 2009 p 7 dificuldade que tamb m se estendeu ao corpo docente das escolas acarretando no n o exerc cio de pr ticas com os acervos em sala de aula Outra pesquisa publicada pelo pr prio Minist rio da Educa o intitulada Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE leitura e bibliotecas nas escolas p blicas brasileiras BRASIL 2008b forneceu importantes informa es sobre as edi es do PNBE at ent o Em 2005 a Secretaria da Educa o B sica SEB do MEC realizou semin rios regionais com representantes dos sistemas p blicos de ensino no intuito de subsidiar a elabora o de uma pol tica de forma o de
268. consci ncia acerca da pluralidade cultural est tamb m na apropria o da leitura liter ria produtora de identidade e inclus o social DEBUS VASQUES 2009 p 143 A pesquisa empreendeu an lise de cinco obras infanto juvenis publicadas pela Editora SM em fun o de um fato ter chamado a aten o em seu cat logo 2008 2009 dos 173 t tulos publicados 20 t tulos trazem a presen a da cultura africana e afro brasileira DEBUS VASQUES 2009 p 135 Os t tulos s o Caminhos de Exu Yemanj e Elegu todos de Carolina Cunha com ilustra es da autora Minha fam lia colorida de Georgina Martins com ilustra es de Maria Eug nia ABC do continente africano de Rog rio Andrade Barbosa ilustrado por Luciana Justiniani Hees Em quatro das cinco obras as autoras identificaram elementos de valoriza o da cultura africana seja por meio da explora o est tica de aspectos culturais do continente como a diversidade da flora e da fauna os instrumentos musicais e a tradi o das hist rias contadas ao redor da fogueira pelo Gri o mestre errante da palavra DEBUS VASQUES 2009 p 138 na obra de Rog rio Andrade Barbosa seja pela recontagem de mitos africanos narrados de forma a revelar importantes princ pios da tradi o oral africana DEBUS VASQUES 2009 p 139 nos outros tr s livros de autoria de Carolina Cunha Em ambos os casos predominam qualidades est tico liter rias que s o enrique
269. constitu do a partir de diversas etnias tenha o direito de conhecer tais narrativas para ver se representado nos conflitos assim como para ter contato com hist rias diversas daquelas que conhece ampliando seus conhecimentos acerca da Africa e de seus povos e consequentemente alargando as suas possibilidades de perceber se como cidad o brasileiro RAMOS NEVES ORSO 2011 p 191 A constru o argumentativa das autoras optou por enfatizar positivamente a propor o de personagens negras no PNBE 2008 alertando inclusive para a quase total aus ncia de outros grupos tnico raciais Outras etnias aparecem discretamente ou nem s o citadas nas obras selecionadas pelo Edital RAMOS NEVES ORSO 2011 p 189 A defesa no presente estudo no entanto questiona tal proporcionalidade considerando os dados populacionais de distribui o tnico racial brasileira o que levaria necessidade de mais livros com personagens negras J a pesquisa de Helen Denise Daneres Lemos 2010 n o teve como objetivo principal a diversidade tnico racial no PNBE mas sim a import ncia das linguagens visual e verbal para a crian a leitora dos livros desse Programa Assim o objetivo geral de seu estudo foi de investigar as poss veis intera es entre a linguagem visual e a linguagem verbal nas produ es do acervo do PNBE 2005 problematizando suas contribui es para o desenvolvimento da forma o leitora de crian as LEMOS 2010 p 79
270. cou analisar o panorama da produ o liter ria infanto juvenil dos primeiros anos do s culo 21 e com um maior detalhamento foi desenvolvido por Gabriela Luft 2010 Seu referencial anal tico elaborou categorias a partir do que Teresa Colomer havia caracterizado nas narrativas juvenis atuais no contexto espanhol E para tanto Luft 2010 tomou como base as obras premiadas pela FNLIJ e pela CBL que outorga o pr mio Jabuti Assim a autora estabeleceu uma tipologia da literatura juvenil brasileira na primeira d cada do s culo XXI entre os anos de 2001 e 2009 LUFT 2010 p 121 122 Diante de seu quadro interpretativo a autora identificou nove categorias correspondendo a linhas ou tend ncias A primeira delas foi denominada como Linha de introspec o psicol gica em que predomina a tem tica do espa o interior das personagens geralmente adolescentes LUFT 2010 p 122 Nesse caso predominam enredos sobre autoconhecimento e reflex es sobre a sociedade Quest es comportamentais e familiares s o tamb m abordadas com frequ ncia por meio de enredos que cedem espa o para assuntos pol micos como o preconceito a ado o e a morte LUFT 2010 p 124 116 A segunda tend ncia seria a Linha de den ncia social marcada pela cr tica social a partir da representa o dos conflitos que assolam o pa s em particular os grandes centros urbanos LUFT 2010 p 124 Temas como narcotr fico m
271. cumprirem os preceitos legais de uma efetiva Educa o das Rela es Etnico Raciais No tocante trajet ria de personagens negras na literatura infanto juvenil apenas nas ltimas d cadas sobretudo a partir dos anos 2000 que caracter sticas mais positivas passaram a ser identificadas nas obras embora tenha predominado ainda a sub representa o levando categoriza o de um otimismo parcimonioso No tocante aos estudos sobre o PNBE a maior parte das pesquisas analisadas n o conseguiu inserir o eixo ra a como categoria anal tica revelando facetas das dificuldades resist ncias da inclus o de outros eixos de desigualdade para al m do econ mico como fator negativo em uma pol tica educacional A produ o dos editais do PNBE em v rias de suas vers es demonstrou o quanto as concep es de literatura e diversidade s o d bias contradit rias e fragmentadas Tal contexto requereu da pesquisa um aprofundamento sobre caracter sticas que concorrem no que seria a melhor defini o de qualidade liter ria evidenciando o car ter pol tico presente na disputa entre um e outro modelo de literatura A racializa o atuou por meio de v rias estrat gias em especial a dissimula o o sil ncio e a legitima o manifestados em a es e em discursos das pessoas representantes das institui es bem como em documentos oficiais do MEC As interpreta es do estudo fomentaram ao seu t rmino a possibilidade de indica
272. da Secretaria de Educa o B sica atua na coordena o dos processos de avalia o de obras inscritas no mbito do Programa Nacional do Livro Did tico PNLD e do Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Em cada um desses Programas s o desenvolvidas avalia es de obras de natureza diversificada destinadas a diferentes p blicos a saber Programa Nacional do Livro Did tico PNLD Avalia o de obras did ticas destinadas a alunos e professores do ensino fundamental e do ensino m dio de todas as disciplinas do curr culo Atendimento por ades o PNLD Obras Complementares Avalia o de obras pedag gicas complementares destinadas s salas de aula das turmas do ciclo de alfabetiza o Atendimento por ades o PNLD Dicion rio Avalia o de dicion rios de L ngua Portuguesa destinados s salas de aula das turmas de ensino fundamental e ensino m dio Atendimento por ades o PNLD PNAIC Alfabetiza o na Idade Certa Avalia o de obras de literatura destinadas s salas de aula das turmas do ciclo de alfabetiza o Atendimento por ades o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Avalia o de obras de literatura destinadas s escolas bibliotecas da educa o b sica educa o infantil ensino fundamental e ensino m dio Atendimento universal e gratuito com base nos dados do Censo Escolar do INEP PNBE do Professor Avalia o de obras de natureza te rico metodol gicas distribu
273. da negritude masculonormatiza o e periferiza o da feminilidade KAERCHER 2006 p 13 destaques da autora Dentre a densidade dos resultados da autora no tocante representa o de personagens brancas e negras sua an lise indicou que A identidade racial branca apresentada como estando parte como n o alvo do processo de racializa o atrav s de mecanismos discursivos como a sedu o a hiper exposi o a apresenta o como sendo indistinta homog nea e atemporal ahist rica a branquidade termina por construir ao redor de si um escudo As representa es de negritude operam de modo a promover um clareamento de negros e negras H a promo o emprego de estrat gias como a extin o do fen tipo que acabam por conferir ao acervo uma est tica branca os penteados o posicionamento corporal os costumes culturais aliment cios de vestu rio religiosos etc dos negros e negras n o s o valorizados KAERCHER 2006 p 192 193 Lucilene Costa e Silva 2012 p xi em um estudo voltado para representa o em tr s obras infanto juvenis de tem tica africana e afro brasileira em busca de novos referenciais est ticos e culturais para a constru o da identidade da menina negra dedicou parte de sua disserta o an lise de uma quarta obra que comp s o acervo do PNBE por duas vezes o livro Ca adas de Pedrinho de Monteiro Lobato Segundo a autora A obra Ca adas de P
274. dade constante de democratiza o da leitura que deve ser democr tica tamb m em sua diversidade humana No sentido de contextualizar o que vem sendo produzido acerca da diversidade tnico racial no PNBE nesta pesquisa foi desenvolvido um levantamento em n vel nacional de livros teses disserta es e artigos A proposta inicial era de utilizar como principal fonte de investiga o o banco de dados oficial da Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Capes chamado 176 de Banco de Teses Capes No entanto durante o primeiro semestre de 2013 at novembro do mesmo ano o site esteve fora do ar e ao retornar passou a apresentar apenas trabalhos recentes Diante de tal problem tica e com o intuito de tamb m contemplar no levantamento livros e artigos que n o constariam no Banco de Teses Capes foi utilizada outra plataforma de dados que tem reunido a grande maioria de trabalhos acad micos publicizados virtualmente o Google Acad mico No entanto essa plataforma apresenta uma caracter stica que se imp s como dificuldade ao presente estudo em sua base de dados constam v rios tipos de textos documentos que contemplem as palavras chave indicadas na busca Assim ao inserir a palavra chave PNBE por exemplo foram apresentados textos como projetos pol tico pedag gicos de escolas e universidades trabalhos de conclus o de cursos dentre outros que tivessem tal termo Um levantamento de mod
275. damente um dos maiores compradores de livros liter rios e did ticos e segundo L vio Lima Oliveira 2008 isso gera uma consequ ncia bastante interessante para editoras estrangeiras e nacionais o Brasil ocupava a poca de sua pesquisa a oitava posi o como maior produtor de livros no planeta A aquisi o de editoras nacionais por complexos editoriais estrangeiros j que os editais do PNBE e PNLD exigem que as editoras candidatas sejam nacionais uma mostra disso conforme apontou o estudo de C lia Cristina Figueiredo Cassiano 2007 Analisando o PNLD a autora identificou uma forte inser o de empresas espanholas no mercado editorial brasileiro oferecendo tamb m a presta o de servi os educacionais por meio da forma o de professoras es O campo de disputas intensifica se na medida em que de um lado o governo federal tensiona a competi o e a diminui o dos pre os dos t tulos e de outro a ind stria editorial embora satisfeitos com os neg cios tendem a pintar como conflituosa sua rela o com o governo OLIVEIRA L L 2008 p 18 De acordo com a referida portaria o PNBE constitui se das seguintes caracter sticas Art 1 a aquisi o de obras de literatura brasileira textos sobre a forma o hist rica econ mica e cultural do Brasil e de dicion rios atlas enciclop dias e outros materiais de apoio e obras de refer ncia b produ o e difus o de materiais destinados
276. daptadas os e houve recomenda o da cria o de bibliotecas que atendam a comunidade principalmente ex estudantes e familiares de estudantes QUADRO 10 RESULTADOS DA AVALIA O DIAGNOSTICA DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES FONTE Adaptado de Araujo 2010 p 81 82 164 Al m de desenvolver uma avalia o diagn stica a referida pesquisa tamb m indicou poss veis alternativas para a supera o dos principais problemas apontados No que se refere s proposi es para mudan as e professoras es reivindicaram qualifica o forma o e remunera o adequadas a sua fun o e houve cr ticas em rela o s sistem ticas de remessas dos acervos e aus ncia de participa o das os profissionais da educa o b sica no processo de sele o dos livros e evidenciou se a necessidade de instrumentos de controle operacional por parte do MEC para produzir um sistema contingente de bibliotecas escolares em rede p 126 e profissionais da educa o apontaram a necessidade de pol ticas p blicas de incentivo leitura por meio da escola e da comunidade em geral QUADRO 11 PROPOSI ES DE ALTERA ES DO PNBE FONTE Adaptado de Araujo 2010 p 81 82 E dentre todos os resultados o mais latente o fato de que n o apenas a distribui o de livros que muda as pr ticas pedag gicas de professoras es quanto ao uso da literatura na escola Al m disso tais resultados convergem com o quadro interpre
277. de at ent o nos processos avaliativos do PNBE por mais esfor os que tenham sido destacados em diversos estudos MOTA 2012 PAIVA 2012a 2012b entre outros Evidencia se diante das interpreta es apresentadas nesse cap tulo o quanto a dist ncia te rica entre duas secretarias de um mesmo minist rio tem sido respons vel por fragmentar e cindir uma pol tica cujo principal objetivo o de est mulo leitura De um lado uma secretaria acredita estar fornecendo o que h de melhor na produ o art stica brasileira e mundial por meio das tradu es de outro lado uma secretaria considera estar ampliando o repert rio de leitura das os estudantes das escolas p blicas brasileiras por meio de obras liter rias e de refer ncias para al m do c none De um lado uma produziria arte convertida em pol tica De outro uma produziria pol tica convertida quase que for adamente em arte N o seria poss vel a ambas produzirem arte que efetivamente contemple as vertentes can nicas e cl ssicas e as produ es comprometidas com a valoriza o de outras perspectivas est ticas num processo de reconhecimento pol tico das m ltiplas vozes que povoam o mundo De acordo com o que ser apresentado no cap tulo seguinte essa possibilidade est longe de ser cogitada pela pol tica do PNBE 232 CAP TULO 5 OS DISCURSOS E OS SIL NCIOS PRODUZIDOS SOBRE O PNBE Eu n o compactuo com esse jogo sujo Grito mais alto ainda e denuncio esse mun
278. de sensualidade priorizando a afirma o da identidade negra a partir da valoriza o e positiva o da imagem f sica beleza e intelectual intelig ncia protagonismo MARTINS COSSON 2008 p 66 ao mesmo tempo em que procuram afirmar um futuro mais harmonioso em termos de conviv ncia entre os diferentes em uma poss vel releitura do mito da democracia racial MARTINS COSSON 2008 p 66 Dedicando outra se o an lise da obra citada nesse ltimo grupo O cabelo de Lel de Val ria Bel m e ilustrado por Adriana Mendon a Martins e Cosson destacam a sua qualidade est tica e liter ria e as contribui es do enredo para a afirma o da identidade negra e para a amplia o do repert rio cultural das crian as leitoras de modo geral no sentido de refletirem sobre suas origens Embora a autora e o autor em uma an lise particular sobre uma das obras do PNBE tenham evidenciado na parte final do seu estudo aspectos positivos no tocante identidade negra e a sua qualidade liter ria de modo geral pode se classificar a elabora o dos quatro grupos de obras como neutra na medida em que Martins e Cosson n o objetivam analisar como j dito dados quantitativos e a elabora o est tica das obras MARTINS COSSON 2008 p 65 198 Ruth Ceccon Barreiros e Nancy Rita Ferreira Vieira 2011 desenvolveram uma an lise sobre dois livros de tem tica afro brasileira e suas implica es na forma o leitor
279. dem estar influenciando a composi o dos seus acervos no que se refere diversidade tnico racial e qualidade liter ria A literatura infanto juvenil foi o principal g nero liter rio considerado na an lise do PNBE por representar a maioria das obras dos acervos Neste sentido a pergunta de partida que mobilizou a pesquisa foi assim definida poss vel identificar no PNBE estrat gias de racializa o operando para estabelecer rela es hier rquicas do ponto de vista da diversidade tnico racial Utilizando um conceito restrito de diversidade tnico racial rela es negras os brancas 0s o presente estudo estabeleceu se sobre tr s eixos PNBE discursos e racializa o As institui es do Minist rio da Educa o MEC envolvidas na an lise foram a Secretaria de Educa o B sica por meio da Coordena o Geral de Materiais Did ticos e a Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o bem como a Institui o de Ensino Superior respons vel pela avalia o pedag gica do PNBE Foram utilizados como instrumentos de an lise documentos oficiais estudos acad micos question rio entrevista e comunica es virtuais Fundamentada em teorias e perspectivas dos estudos cr ticos sobre o racismo esta pesquisa uniu se a te ricas os que v m evidenciando o quanto e como o racismo institucional tem operado em pol ticas educacionais cerceando a potencializa o de tais pol ticas no sentido de
280. dentifica o no caso da alta burguesia ou a diferen a os n cleos humildes de onde provieram LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 27 S mais tarde a partir sobretudo de 1920 Gouv a 2005 informa sobre as altera es para as personagens negras seus resultados indicaram que posteriormente ao primeiro mpeto de negar a composi o racial do pa s que se fortalecia cada vez mais o objetivo era de assumir uma brasilidade em que era invi vel a nega o desse grupo Por m as formas como essas personagens foram constru das marcam um in cio nocivo e estereotipado As primeiras pol ticas educacionais do programa republicano brasileiro eram de favorecer o aparecimento de um contingente urbano virtualmente consumidor de bens culturais LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 28 E nesse sentido a literatura 86 infanto juvenil ganhou amplitude sobretudo como auxiliar das campanhas de alfabetiza o Dentre o emaranhado de publica es traduzidas ou adaptadas os t tulos brasileiros buscavam enfatizar al m do nacionalismo tal qual seu modelo o europeu tamb m a natureza e sobretudo a l ngua culta Nesse sentido ao passo que escritoras e escritores como J lia Lopes de Almeida evitavam simplificar a forma de falar de suas personagens sob pena de favorecer uma linguagem popular aquelas es que superavam tal censura e insistiam em representar suas personagens com suas falas os faziam principalmente por meio das personagens negras
281. destaques da autora Sendo cinco as obras Es analisadas com caracter sticas de livros interacionais uma delas de interesse Ou seja constru do de tal forma que o leitor v se desafiado a produzir significados atrav s das inumer veis e simult neas intera es entre as narrativas visual e verbal As linguagens complementam se ora em harmonia ora em processo de conflito simulado n o havendo 179 desta pesquisa por se tratar de uma narrativa com contexto cultural africano Aguemon de Carolina Cunha O estudo de Lemos que incidiu em uma an lise do encontro entre as linguagens visual e verbal de modo geral n o identificou cr ticas em rela o a poss veis estereotipias do ponto de vista social Portanto as interpreta es sobre os elementos centrais da intera o dessas duas linguagens nos livros pesquisados foram positivas A an lise de obras produzidas para compor um acervo de alcance nacional nas bibliotecas de escolas publicas brasileiras tentou oportunizar aos leitores deste estudo o vislumbre de um novo tipo de aproxima o de alunos e educadores com os livros interacionais devendo se lembrar a import ncia da intera o com outros instrumentos de leitura mediados ativamente pelo cinema a fotografia o teatro o grafite a dan a entre outras express es art sticas que fundamentam sua exist ncia tamb m na visualidade LEMOS 2010 p 301 302 Mesmo que as conclus es da auto
282. di o racializada da popula o negra no Brasil em rela o popula o branca Embora elementos sobre outros grupos humanos sejam apresentados neste estudo como a produ o liter ria ind gena esta abordagem n o foi em profundidade Assim um conceito amplo de diversidade tnico racial n o corresponderia s caracter sticas das an lises e intepreta es produzidas nesta pesquisa Este trabalho vincula se s proposi es desenvolvidas pelo conjunto de documentos legais convencionalmente chamado de Educa o das Rela es tnico Raciais e que re ne as demandas do Movimento Negro por uma educa o antirracista e de valoriza o e reconhecimento da cultura e hist ria africana e afro brasileira As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana BRASIL 2004a referenciam esse conjunto por apresentarem as proposi es pedag gicas e pol ticas almejadas para a efetiva o de uma Educa o das Rela es tnico Raciais Assim o uso do termo diversidade tnico racial ser fundamentado nas defini es propostas pelas Diretrizes No presente estudo ser generalizado o voc bulo personagem no feminino como era a origem etimol gica dessa palavra Nas cita es ser mantido conforme a grafia adotada pelo a autor a 19 o emprego do termo tnico na express o tnico racial serve para marcar qu
283. diferente e mais ampliada Voltando pol mica sobre haver ou n o racismo na obra lobatiana e se textos com algum tipo de conte do e ou termos preconceituosos devem ou n o fazer parte dos acervos escolares devem ou n o vir acompanhados de notas explicativas penso que o evento aqui analisado aponta caminhos para lidar com tais quest es ao acolher as vozes das crian as a mediadora no caso a pesquisadora trouxe informa es sobre uma outra poca procurando ampliar a discuss o e a compreens o dos ouvintes a esse respeito apesar de mostrar um nico ponto de vista ao afirmar que naquela poca n o era racismo mas n o deixa de abrir espa os no debate para as crian as expressarem com liberdade seus pontos de vista N o seria esse o ideal de leitor que muitos educadores expressam desejar formar leitores capazes de pensar sobre o que leem relacionando o que interpretam na leitura com o contexto s cio hist rico onde est o inseridos ampliando sua compreens o a respeito de si mesmo e sobre o mundo os trechos lidos da obra aliados a uma media o que abriu espa o para que rela es dial gicas acontecessem provocaram os leitores a construir sentidos conversar com o mundo se confrontar com o outro viver a alteridade e se posicionar na busca pela compreens o ativa criadora e que possibilita mudan as TRAVASSOS 2013 p 163 De modo geral essa a conclus o da autora sobre obras que apresentam si
284. dir a Comiss o Il 01 um representante de Secretaria de Educa o B sica SEB HI 01 um representante da Secretaria de Educa o Superior SESU IV 01 um representante da Secretaria de Educa o Profissional e Tecnol gica SETEC V 01 um representante da Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES VI 01 um representante da Comiss o T cnica Nacional de Diversidade para Assuntos relacionados Educa o dos Afro brasileiros CADARA VII 03 tr s especialistas de renomado reconhecimento na produ o de material did tico e instrucional em Educa o para as Rela es Etnico Raciais indicados pelo Secret rio da SECAD BRASIL 2009d p 16 No que se refere ao PNBE o primeiro edital que corresponde s instru es dessa portaria foi publicado em 2012 pelo MEC com intermedia o da Secadi e do FNDE Trata se do Edital de Convoca o 01 2012 CGPLI Coordena o Geral de Programas do Livro intitulado Edital de convoca o para inscri o e sele o de obras de refer ncia para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE Tem tico 2013 resumidamente conhecido como PNBE Tem tico 2013 Embora tal edital n o objetive a aquisi o de livros liter rios e sim obras de refer ncia sua an lise importante ao presente estudo devido s suas caracter sticas Em suma esse foi o primeiro edital em toda a hist ria do PNBE a destinar uma edi o aquisi
285. do em considerar as v rias dimens es que configuram uma pol tica dessa natureza s o evidenciadas por Mota 2012 p 317 Funcionando como o v rtice de uma ampulheta entre a abund ncia da oferta do mercado e a escassez dos acervos das bibliotecas escolares a avalia o pedag gica de obras liter rias para o PNBE enfrenta desafios de ordem material liter ria pedag gica e estatal Todavia se os desafios s o quase t o amplos e diversos quanto os textos postos em sele o os riscos que esse processo enfrenta mesmo cuidadoso como tem sido feito n o s o menores O autor elenca quatro dimens es que demonstrariam a complexidade e o cuidado necess rio na avalia o pedag gica das obras inscritas no Programa a dimens o material que diz respeito ao projeto gr fico editorial naquilo que se refere ao car ter f sico de um livro ou mais propriamente s condi es f sicas de legibilidade MOTA 2012 p 310 a liter ria que trata da concep o de literatura que sustenta a avalia o pedag gica a pedag gica que se refere aos aspectos referentes intera o da obra com o leitor em termos espec ficos e em termos amplos de oportunizar o letramento liter rio MOTA 2012 p 314 e a estatal que considera que a avalia o pedag gica de obras liter rias tem o objetivo de fomentar ou contribuir para a constru o escolar da cidadania em seu sentido amplo MOTA 2012 p 316 E inserid
286. do imundo A minha voz transcende a minha envergadura Conhece a carne fraca eu sou do tipo carne dura Ellen Ol ria Esse cap tulo tem como objetivo analisar como a diversidade tnico racial foi abordada nos discursos e nos sil ncios produzidos por segmentos envolvidos direta e indiretamente no processo de sele o e aquisi o dos acervos do PNBE A an lise da produ o discursiva desses segmentos representa a parte principal da pesquisa por possibilitar a interpreta o de poss veis express es impl citas ou expl citas de racializa o atuando no processo de execu o da maior pol tica educacional de distribui o de livros liter rios da hist ria do Pa s a escolas p blicas Tomando os discursos em determinados contextos como manifesta es do poder analis los requer uma observa o cuidadosa de suas estrat gias de produ o No entanto a pesquisa realizada neste estudo contou mais com manifesta es de sil ncios e lacunas do que propriamente express es discursivas O que requereu a ado o de an lises mais aprofundadas sobre conceitos como dissimula o sil ncio preserva o de faces e legitima o Como j apresentado na introdu o deste trabalho um dos percal os enfrentados foi o fato de a coleta das entrevistas e declara es formais por parte de secretarias do MEC sobre o PNBE ter ocorrido em um ano eleitoral no auge de um processo agressivo sem marcas similares na hist ria do Brasil j que env
287. do recursos sem nticos espec ficos para disfar ar a impossibilidade de resposta concreta Nesse caso destaca se a t nica no tema da preocupa o da Cogeam no acompanhamento do caso com nfase para o tempo presente no trecho s o acompanhados pela equipe da COGEAM que se mant m atualizada com rela o aos diferentes argumentos expostos dando a impress o de um comprometimento cont nuo e ininterrupto com a tem tica cuja pol mica foi iniciada em 2010 Ao mesmo tempo em que se destaca por meio de eufemiza o o quanto o compromisso com outros temas e pol micas sempre preocupa o da Coordena o numa constru o extremamente positiva desse setor do MEC e por extens o do pr prio Minist rio Essa excessiva tentativa de uma autoapresenta o positiva VAN DIJK 2008 pode ser tamb m interpretada na perspectiva de deslocamento j que se trata de uma estrat gia bastante t pica em relatos dos fatos em favor dos interesses dos pr prios falantes e dos escritores VAN DIJK 2008 p 252 No 276 detalhamento do conceito de autoapresenta o positiva e outraapresenta o negativa VAN DIJK 2008 p 252 o autor apresenta diversas possibilidades em que essas estrat gias podem ser aplicadas com destaque para algumas a seguir e Estrat gias de intera o gerais autoapresenta o positiva outroapresenta o negativa e Macroato de fala indicando Nossos bons
288. do s culo 20 para a inser o da quest o racial na agenda das pol ticas educacionais At a d cada de 1990 a demanda era pela inser o nas pol ticas p blicas universais Contudo medida que esse movimento social foi constatando que as pol ticas p blicas de educa o p s ditadura militar de car ter universal ao ser implementadas n o atendiam grande massa da popula o negra e n o se comprometiam com a supera o do racismo seu discurso e suas reivindica es come aram a mudar GOMES 2011 p 113 Diversas a es em n vel nacional e internacional como a Marcha Zumbi dos Palmares em Bras lia em 1995 e a 3 Confer ncia Mundial contra o Racismo a Discrimina o Racial a Xenofobia e Formas Correlatas de Intoler ncia promovida pela Organiza o das Na es Unidas em Durban frica do Sul em 2001 passaram a fortalecer no seio das entidades do Movimento Negro um consenso sobre a necessidade da ado o de pol ticas afirmativas como nica maneira de lidar com as desigualdades raciais que se mantinham nas pol ticas universalistas Nesse contexto o debate sobre o direito educa o como um componente da constru o da igualdade social passa a ser interrogado pelo Movimento Negro brasileiro e recolocado em outros moldes Esse movimento traz cena p blica e exige da pol tica educacional a urg ncia da constru o da equidade como uma das maneiras de se garantir aos coletivos diversos
289. dos de Paiva 2008a NOTA Embora Zilberman informe que o t rmino do Programa Salas de Leitura foi em 1988 Paiva 2008a informa que foi em 1987 Tais informa es s o importantes n o s do ponto de vista da composi o do contexto hist rico das pol ticas p blicas de incentivo leitura desenvolvidas nos ltimos vinte anos do s culo passado mas tamb m como uma avalia o dos impactos sobre a democratiza o do livro e da literatura Um elemento de destaque nesse sentido o fato de a maioria dos programas citados no QUADRO 4 terem sua subsist ncia financiada apoiada por institui es privadas como o caso da Funda o Nacional do Livro Infantil e Juvenil FNLIJ que assim apresentada em seu site oficial 5 Segundo Paiva 2008a p 9 o MEC participava desse programa de forma indireta com repasse de recursos por meio do FNDE 142 Criada em 23 de Maio de 1968 a se o brasileira do International Board on Books for Young People IBBY e constitui se como uma institui o de direito privado de utilidade p blica federal e estadual de car ter t cnico educacional e cultural sem fins lucrativos estabelecida na cidade do Rio de Janeiro A hist ria do Programa Ciranda dos Livros por exemplo nasceu de uma parceira entre a FNLIJ e outras empresas privadas como relatam em entrevista concedida C lia Costa Junqueira 2008 duas ex diretoras da funda o Laura Sandroni e Elizabeth S
290. dotada que ser explicitada sua conceitua o Em an lise da pol tica do livro did tico nos Estados Unidos Michael Apple 1995 prop e uma reflex o que converge com as caracter sticas de pesquisas como essa De que forma as din micas de classe g nero e ra a determinam a produ o cultural APPLE 1995 p 83 Entendendo o livro liter rio como uma produ o cultural e no caso do PNBE uma produ o cultural distribu da para as bibliotecas das escolas p blicas brasileiras desenvolver uma an lise nestes moldes apresenta se relevante ao considerarmos por exemplo uma semelhan a entre os Estados Unidos l cus de an lise de Apple e o Brasil no tocante inser o da tem tica racial nas pesquisas acad micas uma quantidade menor de investiga es emp ricas detalhadas e em ampla escala dessas rela es do que aquela que necess ria APPLE 1995 p 83 E a maior consequ ncia disso incapacidade de se obter uma vis o global do problema que ainda mais problem tica no campo da educa o APPLE 1995 p 83 porque de acordo com o autor e concordando com sua afirma o Ainda que o objetivo declarado de nossas institui es escolares tenha muito a ver com os produtos e processos culturais com a transmiss o cultural foi somente a partir da ltima d cada que a pol tica e a economia da cultura realmente transmitida nas escolas v m sendo examinada como um campo de pesquisa s
291. doutorado sobre a diversidade tnico racial no Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE Data e Hora 05 de novembro Hora 14h30 s 16h Gabinete da SECADI Minist rio da Educa o Esplanada dos Taca Minist rios Bloco L 2 andar sala 200 Bras lia DF Participantes Solicitado por D bora Cristina de Araujo Agendado por LJ FIGURA 2 AGENDAMENTO DE ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA SECADI FONTE E MAIL NOTA Os colchetes e tr s pontos dessa figura foram inseridos para omitir os nomes das pessoas Mas no dia 22 10 2014 recebi novo e mail da assessora de gabinete da Secadi informando a impossibilidade da realiza o da entrevista na data marcada tendo em vista que a equipe que a receberia em audi ncia foi designada para cumprir agenda fora de Bras lia no per odo de 04 a 07 11 242 Sugerimos a remarca o da entrevista para o per odo entre 11 e 14 11 Solicitamos o envio do roteiro da entrevista a fim de preparar os subs dios necess rios sua realiza o E MAIL DO GABINETE DA SECADI 4 22 10 2014 Para al m da decep o despertou em mim a indigna o Como poss vel a uma pesquisadora independente bolsista mas sem qualquer outro tipo de financiamento dispor de recursos para comprar e cancelar passagens a reas reservar e cancelar hot is para uma das cidades mais caras do pa s em fun o da mudan a de agendas d
292. duca o Infantil da rede Municipal de Ensino do Munic pio de Cruzeiro do Sul Acre e Escolas Particulares Di rio Oficial do Estado do Acre DOEAC 25 jul de 2013 p 44 Caderno nico Dispon vel em http Avww jusbrasil com br diarios 56998879 doeac caderno unico 25 07 2013 pa 44 Acesso em 23 10 2014 CUTI Fundo de quintal nas umbigadas In Comiss o Nacional do Encontro de poetas e ficcionistas negros brasileiros Org Cria o crioula nu elefante branco S o Paulo Imesp 1987 p 151 160 Literatura negro brasileira S o Paulo Selo Negro 2010 Cole o Consci ncia em Debate DALCASTAGNE Regina Literatura brasileira contempor nea um territ rio contestado 1 ed Rio de Janeiro Vinhedo Editora da UERJ Horizonte 2012 Quando o preconceito se faz sil ncio rela es raciais na literatura brasileira contempor nea Gragoat Niter i n 24 p 203 219 1 sem 2008 Dispon vel em http Awww uff br revistagragoata ojs index php gragoata article view 257 259 Acesso em 28 12 2014 DEBUS Eliane A escraviza o africana na literatura infanto juvenil lendo dois t tulos Curr culo sem Fronteiras v 12 n 1 p 141 156 Jan Abr 2012 Dispon vel em http Awww curriculosemfronteiras org vol12iss1articles debus pdf Acesso em 29 08 2014 A literatura angolana para inf ncia Educa o amp Realidade Porto Alegre v 38 n 4 p 1129 1145 out dez 2013 Dispon vel em http
293. e sugest es de medidas a serem tomadas a curto e m dio prazo no interior do MEC para o fortalecimento da implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais destaca se nesse aspecto a baixa quantidade de recursos financeiros e de pessoal para a realiza o de a es mais incisivas tanto no trabalho de convencimento de pares no interior do MEC quanto na indu o das pol ticas educacionais antirracistas Se no primeiro mandato havia por volta de trinta t cnicos atuando na coordena o da Diversidade no segundo o n mero diminuiu consideravelmente para apenas oito MARQUES 2010 p 149 Acrescentam se ainda os resultados da pesquisa de Moehlecke 2009 sobre a ado o de pol ticas da diversidade na primeira gest o do governo Lula quando foi criada a Secad Em sua an lise a autora identificou que a Secad adotou em seus primeiros anos de exist ncia uma pol tica de concerta o f runs e semin rios estaduais realizados para mobilizar atores relevantes para o desenvolvimento de pol ticas para inclus o e diversidade reunindo gestores dos sistemas de ensino autoridades locais representantes de movimentos e organiza es sociais e dos segmentos diretamente interessados no avan o dessa agenda MOEHLECKE 2009 p 470 Mas outras fun es podem ser acionadas por tal pol tica segundo a autora preciso atentar para a possibilidade de esses mecanismos de participa o servirem tamb m
294. e a publiciza o de tais valores que n o constava nos editais de chamada p blica de que n o houve n mero significativo de institui es candidatas e tal informa o poderia incentivar outras IES p blicas a se participarem do processo Da mesma forma que outras perguntas acrescentadas nessa nota p blica de esclarecimento indicam um esfor o por parte do MEC em angariar mais institui es interessadas 19 Existe algum impedimento para receber pagamento pela Institui o por exemplo bolsista Capes PQ Forprof EaD N o h impedimento nesses casos por parte do Minist rio da Educa o sendo que a Institui o dever obedecer regulamenta o em vigor quando da implementa o dos recursos 20 Os coordenadores adjuntos devem ser da mesma institui o proponente N o necessariamente 21 Os avaliadores podem ser autores de obras pedag gicas j publicadas Sim os avaliadores podem j ter obras publicadas desde que n o se enquadrem nas caracter sticas dos livros que s o o foco dos editais de convoca o do PNLD e do PNBE e que se observe o estabelecido nos Editais 1 2014 e 2 2014 com rela o ao item 4 PERFIL DOS AVALIADORES E COORDENADORES MEC 2014a s p destaques do documento Mas isso n o passa de especula o No dia 02 12 2014 foi publicado no Di rio Oficial da Uni o a Portaria SEB MEC n 56 de 28 de novembro de 2014 com a nomea o dos membros de uma comiss o de an lise e as
295. e capacita o para professores dever o contar com a participa o de entidades do movimento afro brasileiro das universidades e de outras institui es de pesquisa pertinentes mat ria BRASIL 2003a Na Mensagem de Veto n 7 2008 o argumento utilizado para tal suspens o foi de que o referido artigo estaria contrariando norma de interesse p blico da Lei Complementar n 95 de 26 de fevereiro de 1998 segundo a qual a lei n o conter mat ria estranha a seu objeto art 70 inciso II BRASIL 2003a No entanto verifica se o quanto a atua o de entidades do Movimento Negro tem sido preponderante para o trabalho de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais por meio de cursos de forma o continuada muitos deles em parceria com institui es municipais e estaduais e em grande parte das vezes sem remunera o Assim ao passo que a legisla o nega a possibilidade de institui es n o governamentais com experi ncia na rea de atuarem na forma o continuada de professoras es ela promove um deslocamento da a o para o campo da informalidade j que em muitas redes p blicas de ensino entidades do Movimento Negro atuam e contribuem para o fomento de informa es e conhecimentos sobre a hist ria e cultura afro brasileira e africana por m sem garantias remunerat rias No estado do Paran por exemplo hist rica a atua o do Movimento Negro em cursos palestras e eventos voltados para a forma
296. e das Am ricas deve ser visto enquanto quilombismo cultural que tenta estabelecer uma conson ncia cognitiva e identit ria mediante a transforma o da n o hist ria esquizofr nica em mem ria coletiva sedimentada que explica as trilhas do passado que levam ao presente WALTER 2011 p 160 Acrescenta se a isso a compreens o do contexto sobre as recentes conquistas mesmo que ainda aqu m do esperado por parte dos movimentos 8 Como j argumentado no in cio deste estudo n o h a pretens o de explorar conceitualmente literatura negra Acrescenta se aos artigos j indicados anteriormente o livro Literatura afrodescendente mem ria e constru o de identidades organizado por Elio Ferreira e Algemira de Macedo Mendes 2011 213 sociais considerados historicamente como minorit rios que passaram a reivindicar sua participa o e representa o na produ o cultural nacional Martins e Cosson 2008 apresentam esse contexto como um movimento de contrac none que buscou recuperar obras marginais ou silenciadas para dar voz a minorias abrindo caminho para que diferentes imagin rios sociais fossem afirmados MARTINS COSSON 2008 p 53 Para a autora e o autor essa busca por ocupa o cultural tem cada vez mais se transformado em uma luta pol tica por representa o e identidade inclusive no campo da educa o que n o ficou imune s disputas em torno do c none liter rio uma vez que a forma
297. e desenvolvimento apoiados em modelos exteriores de civiliza o e habituados ao transplante cultural Essa tradi o conservadora da escola em rela o literatura ser uma das caracter sticas a ser investigada no PNBE j que os resultados apontados por pesquisas anteriores como os que ser o apresentados no CAP TULO 3 demonstram que esse Programa enquanto pol tica p blica de fomento leitura nas escolas tem se constitu do de acervos pouco diversificados no que diz respeito a autoras es bem como a g nero e ra a cor Sintetizando e em alguns momentos refutando cr ticas como as de Rosemberg 1985 e Magnani 1989 Magda Soares 2006 defende que a escolariza o da literatura inevit vel mas que deve ser problematizada pelo menos em um aspecto n o h como evitar que a literatura qualquer literatura n o s a literatura infantil e juvenil ao se tornar saber escolar se escolarize e n o se pode atribuir em tese conota o pejorativa a essa escolariza o inevit vel e necess ria n o se pode critic la ou neg la porque isso significaria negar a pr pria escola Disse em tese porque na pr tica na realidade escolar essa escolariza o acaba por adquirir sim sentido negativo pela maneira como ela tem se realizado no quotidiano da escola Ou seja o que se pode criticar o que se deve negar n o uma escolariza o da literatura mas a inadequada a err nea a impr pria
298. e diminuir o sil ncio em rela o atua o da Secadi no PNBE De qualquer maneira poss vel destacar aspectos relevantes nessa resposta um deles positivo refere se representa o simb lica da express o Com a chegada da atual coordenadora sugerindo a ideia de que mudan as significativas ocorreriam na rela o entre a SEB e a Secadi j que munida da experi ncia de coordenar o processo avaliativo do PNBE Tem tico e atuando no mbito da Secretaria de Educa o B sica seria poss vel estimular o di logo entre ambas E ao mesmo tempo em que poss vel refletir sobre as rela es de poder dentro de uma institui o poss vel tamb m pensar e almejar a constru o de janelas pol ticas que se caracterizam pela abertura de um per odo de maior receptividade da parte dos atores pol ticos MULLER SUREL 2002 p 73 As possibilidades de janelas pol ticas podem representar oportunidades para os atores mobilizados de promover suas solu es preferidas Elas encurtalm ou ultrapassa m as din micas ligadas aos diferentes prismas tradicionais pelos quais um problema suposto passar antes de ser inscrito na agenda MULLER SUREL 2002 p 73 Resta saber em que medida foi poss vel ao longo do per odo de atua o dessa coordenadora no ano de 2014 seis meses desenvolver a aproxima o entre as demandas das duas secretarias e se haver continuidade na nova gest o governament
299. e essas rela es tensas devidas a diferen as na cor da pele e tra os fision micos o s o tamb m devido raiz cultural plantada na ancestralidade africana que difere em vis o de mundo valores e princ pios das de origem ind gena europeia e asi tica BRASIL 2004a p 13 E dito anteriormente no mesmo par grafo mas aqui apresentado posteriormente para tornar a argumenta o mais did tica o documento assim defende o uso do termo ra a importante destacar que se entende por ra a a constru o social forjada nas tensas rela es entre brancos e negros muitas vezes simuladas como harmoniosas nada tendo a ver com o conceito biol gico de ra a cunhado no s culo XVIII e hoje sobejamente superado Cabe esclarecer que o termo ra a utilizado com frequ ncia nas rela es sociais brasileiras para informar como determinadas caracter sticas f sicas como cor de pele tipo de cabelo entre outras influenciam interferem e at mesmo determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira Contudo o termo foi ressignificado pelo Movimento Negro que em v rias situa es o utiliza com um sentido pol tico e de valoriza o do legado deixado pelos africanos BRASIL 2004a p 13 No que se refere ao termo diversidade dada multiplicidade de conceitos que a definem optou se neste estudo por associ la a um sentido pol tico e cr tico superando a intepreta o que a associa a
300. e limites literatura infanto juvenil no que diz respeito supera o de valores euroc ntricos foram analisados aspectos entre a rela o do PNBE com o cumprimento dos preceitos legais da LDB no que diz respeito valoriza o da diversidade tnico racial Diante desse quadro uma maneira de iniciar uma an lise com vistas a lidar com tais complexidades retomar mesmo que brevemente momentos marcantes do percurso hist rico da literatura infanto juvenil observando em particular como a diversidade tnico racial tem sido concebida em sua produ o o que far o as se es seguintes 2 1 O in cio da literatura infanto juvenil qual papel ocupado pelas personagens negras Como aponta Munanga 2003 a identidade negra n o se constitui constituiu a esmo nesse pa s O in cio da hist ria da popula o negra marca essencialmente sua trajet ria j que esse in cio difere totalmente da hist ria dos emigrados europeus rabes judeus e orientais que voluntariamente decidiram sair de seus respectivos pa ses de acordo com a conjuntura econ mica interna e internacional MUNANGA 2003 p 37 Tal contexto incide na maneira como a identidade desse grupo foi forjada sobre uma gide de contradi es e rupturas Munanga 2003 defende que ainda que outros grupos tamb m tenham sofrido rupturas que teriam provocado alguns traumas o que explicaria os processos de constru o das identidades particulares co
301. e literatura para crian as e jovens algumas leituras Campinas SP Mercado de Letras Associa o de Leitura do Brasil 1998 Cole o Leituras no Brasil p 47 58 BRAGAN A An bal As pol ticas p blicas para o livro e a leitura no Brasil O Instituto Nacional do Livro 1937 1967 Matrizes Ano 2 n 2 p 221 246 1 sem 2009 BRASIL Secretaria de Educa o Fundamental Par metros curriculares nacionais pluralidade cultural orienta o sexual Secretaria de Educa o Fundamental Bras lia MEC SEF 1997 a Dispon vel em http portal mec gov br seb arquivos pdf livro1 01 pdf Acesso em 10 06 2014 Minist rio da Educa o Portaria n 584 de 28 de abril de 1997 Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 29 abr 1997 b Se o 1 p 8519 Dispon vel em http www jusbrasil com br diarios 1 182366 pg 31 secao 1 diario oficial da uniao dou de 29 04 1997 pdfView Acesso em 18 08 2014 Secretaria de Educa o Fundamental Par metros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos apresenta o dos temas transversais Bras lia 314 MEC SEF 1998 Dispon vel em http portal mec gov br seb arquivos pdf ttransversais pdf Acesso em 10 06 2014 Secretaria de Ensino Fundamental Programa de desenvolvimento profissional continuado alfabetiza o Bras lia Secretaria de Ensino Fundamental 1999 Dispon vel em http portal mec gov br seb arquivos pdf pcn acao pcnacao alf pdf Aces
302. e o PNBE 2004 Inclusive os dados estat sticos relacionados a esse ano n o est o dispon veis no site do FNDE Constam apenas no Relat rio de Monitoramento do Tribunal de Contas da Uni o a principal que o TCU identificou problemas relacionados acessibilidade dos acervos do PNBE Conforme indica o QUADRO 7 a edi o desse ano reproduziu o modelo de distribui o de 2003 e assim apenas estudantes de 4 e 8 s ries e EJA receberam os acervos Isso desencadeou estrat gias por parte das os gestoras es de algumas escolas Em algumas escolas visitadas os diretores e professores decidiram por conta pr pria quebrar os kits que deveriam ser entregues apenas aos alunos da 4 s rie repassando exemplares tamb m para alunos da 5 s rie Em outras escolas onde faltaram kits para os alunos da 4 s rie estes tamb m foram abertos e cada aluno recebeu quatro livros BRASIL TCU 2006 p 66 Sobre o PNBE 2005 no site do FNDE consta a informa o de que todas as escolas p blicas do Brasil com oferta de anos iniciais do ensino fundamental foram beneficiadas com o Programa A partir de 2005 a Secretaria de Educa o B sica SEB MEC retomou o foco de atendimento aos alunos nas escolas por meio da amplia o de acervos das bibliotecas Nesse mesmo ano atingiu se a universaliza o para cada etapa de atendimento sendo beneficiadas todas as 136 389 escolas p blicas brasileiras com as s ries iniciais do ensin
303. e ou via Skype como eu havia proposto inicialmente proponho enviar as quest es para serem respondidas por escrito De qualquer maneira ser necess rio para garantias ticas da pesquisa o preenchimento de autoriza o formal Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte do respons vel Ressalto que nesse Termo haver a 262 op o da n o divulga o do nome da pessoa embora seja invi vel omitir a institui o Ressalvo no entanto que O interesse em realizar entrevistas continua e caso algu m da equipe possa me atender estarei estaria em Bras lia de 06 a 08 11 A minha ida fica condicionada agora possibilidade de sua Coordena o me atender Aguardarei sua decis o para que possa encaminhar os documentos question rio e termo por e mail caso opte pelo envio das respostas por escrito E MAIL A COGEAM 2 29 10 2014 destaques do documento A nica alternativa para o acesso a informa es m nimas declaradas por representantes do MEC sobre a diversidade tnico racial no PNBE foi a ado o de question rios como j ressaltado submetendo se ao risco de acessar poucas informa es No dia seguinte a coordenadora respondeu solicitando que eu enviasse o question rio por escrito pois se n o fosse poss vel me atender pessoalmente ela responderia via e mail Encaminhei no mesmo dia o question rio e ratifiquei a solicita o de confirma o sobre a entrevista pessoalmente j que estava com passag
304. e ponto de partida e de chegada do circuito que vai da frui o empatia e que termina por distinguir a literatura do panfleto DUARTE 2008 p 18 Diante dessas considera es e tomando os resultados de Paiva 2008b poss vel tecer outras intepreta es Por mais que a t nica de sua an lise incida 219 sobre a cr tica ideia romantizada de que a crian a n o teria condi es psicol gicas de se deparar com temas tristes como a morte por exemplo a reflex o aqui empreendida aproveita se dessa argumenta o da autora para tamb m questionar se o tema da dor da discrimina o por exemplo n o faria parte desse agrupamento muitas vezes ignorado pelo mercado editorial e tamb m pela escola alvo desse mercado o que por consequ ncia reflete se no PNBE Por ser uma an lise oriunda dos processos avaliativos dos livros do PNBE as informa es e interpreta es de Paiva 2008b sobre as tem ticas predominantes no mercado editorial que concorrem nesse Programa s o interessantes ao presente estudo por apresentarem ind cios das dificuldades enfrentadas pela produ o liter ria ind gena afro brasileira negra bem como a literatura voltada para as rela es de g nero diversidade sexual inclus o dentre outras tem ticas da diversidade Diante desse quadro fica evidente que tais dificuldades n o se restringem somente a uma poss vel sub representa o no PNBE em fun o da hegemonia da produ
305. e projeto de Estado Na o 1 ed Curitiba CRV 2014 PARAN Conselho Estadual de Educa o Delibera o n 04 de 02 de agosto de 2006 Normas Complementares s Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana Di rio Oficial Executivo do Paran 22 ago de 2006 n 7295 p 9 Dispon vel em https Avww documentos dioe pr gov br dioe localizar do Acesso em 23 10 2014 328 PASSIANI Enio Na trilha do Jeca Monteiro Lobato o p blico leitor e a forma o do campo liter rio no Brasil Sociologias Porto Alegre ano 4 n 7 jan jun 2002 p 254 270 Dispon vel em http www scielo br pdf soc n7 a1 1n7 pdf Acesso em 15 10 2018 PAULA Fl via Ferreira de FERNANDES C lia Regina Del cio Pol ticas P blicas de Leitura um estudo do projeto Literatura em Minha Casa Anais do Seta Unicamp v 5 XVI Semin rio de Teses em Andamento 2011 p 383 399 PENTEADO Claudio O debate pol tico no twitter nas elei es presidenciais de 2014 no Brasil Em Debate Belo Horizonte v 6 n 6 p 47 54 out 2014 Dispon vel em http opiniaopublica ufmg br site files artigo 6 Outubro 14 DOSSIE Claudio Penteado paf Acesso em 02 01 2015 PEREIRA Edimilson de Almeida Panorama da Literatura Afro Brasileira Literafro Portal da Literatura Afro brasileira 2013 Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais Dispon
306. e quantitativa e qualitativa na representa o de Pee oficio proa Lrendodo Aa ATAS personagens negras nos acervos da A o Eemandes Minha Casa Literatura em minha casa do PNBE nos anos de 2001 a 2003 A personagem do conto Com resultados semelhantes a estudos Sai infanto juvenil brasileiro anteriores a autora constatou uma car ncia pa ao aa contempor neo uma o na produ o liter ria ficcional brasileira e an lise a partir de obras apontou que a forma o docente pode ser o do PNBE 2005 recurso vi vel para lidar com tal car ncia Destacaram que nas obras analisadas Aracy Alves Literatura infantil juvenil e Cap tulo de oriundas de diversas edi es do PNBE Martins Nilma diversidade a produ o livro algumas apresentam limites em rela o Lino Gomes liter ria atual 2010 dimens o est tica mesmo que dotados de intencionalidades positivas Pragm tica da Identificou marcas do politicamente correto Halina Paganelli comunica o uma an lise Disserta o atuando na literatura infanto juvenil e Silva do politicamente correto na 2012 tamb m na execu o do PNBE literatura infantil Gl dis Elise O mundo na caixa g nero Identificou que o padr o de humanidade nos Pereira da Silva e ra a no Programa Tese livros analisados do PNBE 1998 branco e Ka rcher Nacional de Biblioteca da 2006 masculino Escola 1999 Meninas negras na Dentre outros resultados identificou
307. e uma institui o p blica que assumiu um compromisso previamente N o sendo poss vel tal alternativa ratifiquei a possibilidade de realiza o da entrevista via Skype como j proposto anteriormente A resposta confusa foi a seguinte Diante da possibilidade de realizar a entrevista via Skype solicitamos o roteiro da entrevista para envio das informa es necess rias elabora o de sua pesquisa E MAIL DO GABINETE DA SECADI 5 24 10 2014 Percebi ent o uma insist ncia da equipe em acessar previamente as quest es da entrevista para somente ent o posicionar se sobre a sua realiza o ou n o j que esse era o segundo e mail em que se solicitava o envio Diante disso al m de encaminhar o roteiro e o termo de consentimento livre e esclarecido para ser assinado pela s pessoa s respons vel is ressalvei por e mail alguns aspectos com a inten o de transmitir mais confian a ao grupo que estava agindo de modo inseguro Agrade o a coopera o e encaminho em anexo o roteiro da entrevista Caso haja algum tipo de impedimento na realiza o via Skype embora os interesses da pesquisa n o estivessem prevendo a resposta de question rio por escrito estou propondo a altera o para esse formato para que possamos acelerar o processo Assim a pessoa ou equipe respons vel pela elabora o das respostas poderia envi las por escrito De qualquer maneira ser necess riaa autoriza o formal Termo de
308. e vez nos processos de escolha de forma a serem n o apenas atendidos quanto s suas prefer ncias mas sobretudo a serem ouvidos em rela o composi o final do acervo PAIVA F B 2008 p 194 Por outro lado a pesquisa de Daniela Freitas Brito Montuani 2012 amp complementou o resultado de Andrade e Corr a 2009 Em sua investiga o sobre o PNBE 2005 na rede municipal de ensino de Belo Horizonte a autora constatou que das 148 escolas do corpus da pesquisa 35 dos entrevistados n o souberam responder sobre a participa o de sua escola no processo de escolhas dos acervos Dentre os motivos destacam se os que tiveram algum tipo de dificuldade em rela o tecnologia utilizada para fazer a escolha acesso ao site problemas na internet da escola n o souberam fazer a escolha Houve tamb m um n mero consider vel de auxiliares 11 que declaram a falta de conhecimento desse processo al m daqueles que optaram por n o escolher 15 Entre as quatro escolas que se inserem nessa ltima categoria uma ressaltou que n o o fez por n o ter experi ncias positivas em anos anteriores com a escolha do PNLD citando que o governo n o enviou os livros que foram escolhidos pela escola nesse Programa MONTUANI 2012 p 88 89 Os resultados de Montuani 2012 originam se de sua pesquisa de mestrado Montuani 2009 159 Outro diferencial dessa edi o do PNBE e interpretado como positivo pelos estudo
309. edrinho 2009 de Monteiro Lobato est dentro do objetivo principal deste trabalho embora apresente em seu enredo elementos que desvalorizam a mulher negra Sua utiliza o como parte da pesquisa prov m da atualidade da pol mica instaurada pelo Parecer n 15 2010 o qual levantou quest es relacionadas s representa es sociais da mulher negra al m de trazer tona a discuss o sobre como estere tipos negativos podem fazer parte do curr culo da educa o b sica por meio da pol tica de leitura implementada pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE SILVA L C 2012 p 26 Analisando a representa o de Tia Nast cia em rela o s outras personagens na trama a autora destacou elementos de uma ideologia racista operando para estigmatizar e hierarquizar a nica mulher negra do texto no tocante A autora define Negritude radializada como o resultado da fus o dos conceitos de ra a e cor no Brasil que termina por criar um leque de matizes crom ticos como um radial que pode chegar ao infinito e que apesar disto exclui as cores localizadas nas extremidades o branco e o preto Ou seja ao articular o processo de reifica o da branquidade com o processo de radializa o da negritude terminamos por criar representa es crom ticas da negritude que excluem o preto e os demais matizes escuros como cores poss veis de serem utilizadas em suas ilustra es Deste modo ao promover o desaparecim
310. educa o infantil apontando para o prevalecimento da branquidade normativa Inf ncia negra uma Embora seu objetivo tenha incidido sobre a an lise da afirma o da afirma o da identidade afrodescendente Poliana Rezende identidade Disserta o em livros do PNBE 2010 os resultados Soares Rodrigues afrodescendente a partir 2012 indicaram baixa representatividade de das imagens de livros infantis personagens negras no acervo QUADRO 16 PESQUISAS SOBRE A DIVERSIDADE TNICO RACIAL NO PNBE 2 FONTE Organiza o da autora 202 De modo geral a proporcionalidade de trabalhos que identificaram condi es de sub representa o e estereotipia de personagens negras em obras de acervos do PNBE reiteram a interpreta o aqui defendida de que estrat gias de racializa o t m atuado no Programa de modo a inviabilizar o cumprimento legal de a es e pol ticas educacionais de promo o e valoriza o da diversidade tnico racial Com as an lises e interpreta es desenvolvidas nesse cap tulo foi poss vel construir um amplo panorama sobre o Programa Nacional de Biblioteca da Escola sob diversas dimens es O cap tulo seguinte continuar analisando o PNBE mas a partir de seus editais e das secretarias do MEC respons veis pela gest o e execu o dessa pol tica 203 CAP TULO 4 OS EDITAIS DA SECADI VERSUS MAS ISSO LITERATURA Atr s dessas manifesta es como seu sustent culo est o as
311. eiro S nia M M F de Monteiro tobato em Disserta o Lobato tende a contribuir inclusive aquelas que Travassos 2013 apresentem ambiguidades do ponto de vista racial di logo com crian as na escola da atualidade pois podem fomentar um debate cr tico sobre o tema NEUTRO DO PONTO DE VISTA QUALITATIVO E OU QUANTITATIVO DA DIVERSIDADE ETNICO RACIAL Ruth Ceccon Literatura infantil para Sobre um dos livros analisados e que est no PNBE identificaram uma tend ncia pedag gica pe Ty uma forma o leitora o sobrepondo se liter ria al m disso apontam Vieira multicultural para a necessidade de forma o docente para o trabalho adequado com o livro Representa o e Classificaram obras de acervos do PNBE que Ea identidade pol tica e Cap tulo de tratam da cultura afro brasileiras em quatro Aracy Martins Sa ial li fati lidad t ti Rildo Cosson est tica tnico racial na ivro grupos mas sem enfatizar a qualidade est tico literatura infantil e 2008 liter ria e nem a proporcionalidade em rela o ao juvenil total geral dos acervos QUADRO 15 PESQUISAS SOBRE A DIVERSIDADE TNICO RACIAL NO PNBE 1 FONTE Organiza o da autora 201 NEGATIVO DO PONTO DE VISTA QUALITATIVO E OU QUANTITATIVO DA DIVERSIDADE TNICO RACIAL AUTORA S T TULO MEIO DE PUBLICA O PRINCIPAIS RESULTADOS Fl via Ferreira de Pol ticas P blicas de Identificaram desigualdad
312. eiro Lobato um fato pontual Entretanto vide a pol mica que o assunto causou demonstra qu o controverso o fen meno do politicamente correto e como reflete na produ o e consumo de literatura infantil SILVA H P 2012 p 52 53 Tal interpreta o embora destaque a controv rsia posiciona se de modo a minimizar ou neutralizar a pol mica sobre Lobato j que para a autora trata se de um fato pontual Por fim outro aspecto de destaque no estudo de Silva H P 2012 refere se a interpreta o do edital de convoca o do PNBE 2008 ao selecionar as obras aqui analisadas para compor os acervos do PNBE 2008 a comiss o avaliadora do Programa considerou que elas respondiam s exig ncias do edital O que de certa forma j aponta para a presen a do politicamente correto nos livros Afinal o crit rio aus ncia de preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem conforme estabelecido pelo edital poderia ser enquadrado na interpreta o do politicamente correto como uma coibi o de comportamentos socialmente e ambientalmente reprov veis par metro 4 e como uma pr tica que busca atenuar conflitos e eliminar pol micas incentivando bons comportamentos e condutas ticas em geral par metro 3 SILVA H P 2012 p 67 68 No entanto mesmo constando o que a autora aparentemente caracteriza no edital como um filtro de discrimina es por estar registrado que nas obras candidatas deva
313. el 2002 avaliam contextos como esse categorizado como problemas de inteligibilidade Um ator p blico pode assim perfeitamente admitir a legitimidade dos valores que est o em princ pio da identifica o do problema sem por isso admitir ou poder aceitar outros aspectos Esse problema de inteligibilidade explica igualmente que seja s vezes imposs vel ao campo pol tico considerar num momento dado um problema como dependente de sua a o MULLER SUREL 2002 p 71 Igualmente problem ticas essas perspectivas de intepreta o apontam o quanto as tens es explicitadas por conta de uma pol mica mas j existentes anteriormente como demonstraram v rios estudos apresentados nesta pesquisa parecem estar com solu o distante Nesse aspecto para interromper e n o encerrar essa an lise que poderia ser desenvolvida sob outras tantas perspectivas Cuti 2010 apresenta uma importante reflex o que embora extensa deve ser dita com suas palavras Ainda que nem sempre se tenha unanimidade em uma dada sele o envolvendo v rios selecionadores seja para qual finalidade for com a sua forma o sua subjetividade conflitos pessoais desejos preconceitos valores etc que algu m escolhe determinado tipo de obra para os outros Essa s pessoa s faz em o exerc cio de poder A literatura em suas in meras tentativas de defini o e conceitua o constitui uma das inst ncias discursivas mais import
314. em literatura em leitura promo o da leitura e forma o do leitor n o prestar e n o ter prestado servi os a editoras ou empresas ligadas ao setor de materiais did ticos e pedag gicos nos ltimos dois anos n o possuir c njuge ou parente at o terceiro grau entre os titulares de direito autoral ou de edi o inscritos no processo ou qualquer outra situa o que configure impedimento ou conflito de interesse n o possuir rela o de parentesco em at 3 grau com outros avaliadores e coordenadores participantes do processo de avalia o do PNBE 2015 ser professor do quadro funcional da universidade respons vel pela avalia o ou de outra Institui o de Ensino Superior ou professor da rede p blica de ensino No caso do s especialista s que ir o avaliar a acessibilidade das obras exige se experi ncia comprovada em processos de avalia o de obras em formato acess veis no que se refere qualidade e adequa o dessas obras ao estabelecido em Edital BRASIL 2014a p 57 Embora verifique a isonomia e valoriza o de ampla competitividade estabelecida por crit rios altamente t cnicos como a exig ncia justa e legal de mestrado e ou doutorado nas reas de Letras Literatura e ou Educa o e a experi ncia em pesquisa em aspectos da literatura e leitura ausenta se de tais A t tulo de informa o as institui es selecionadas que avaliar o os livros inscritos no PNLD 2016 s o Univer
315. em marcada para datas pr estabelecidas Ainda no dia 03 11 sem ter recebido resposta encaminhei novo e mail Coordenadora reiterando que a minha viagem estava condicionada sua decis o de me atender Minutos depois a resposta chegou Prezada D bora enviaremos por email Atenciosamente E assim ciente e perversamente aliviada de que alguma informa o seria coletada resolvi aguardar No dia 12 11 2014 mais de 5 meses depois do contato inicial recebi o question rio respondido cujo e mail com reda o de uma linha desejava me todo sucesso na consecu o da pesquisa E como previsto com parte das respostas bastantes t cnicas e evasivas Diante de todo o processo que envolveu quase um semestre v rias lacunas podem ser analisadas Se no dia 02 07 2014 a informa o recebida era de que dependendo do tema seria f cil de responder pois n o necessariamente a coordenadora precisaria conceder a entrevista e ao saber do tema quatro meses se passaram at o recebimento de respostas pouco assertivas estamos diante de evid ncias de uma grande dificuldade por parte de setores do MEC de tratarem de temas relacionados diversidade tnico racial Para melhor interpretar esse contexto importante recorrer novamente aos resultados de Moehlecke 2009 sobre as concep es de diversidade presentes na 263 gest o federal de 2003 a 2006 O panorama da SEB em rela o s demandas da diversidade e sua rela o co
316. em rela o ao centro do poder a casa de Dona Benta No entanto devido a essa dist ncia f sica entre Tio Barnab e a casa grande o S tio apresenta se lhe uma vantagem ele n o vivencia experi ncias de viol ncia simb lica da qual seu par constantemente v tima por meio de xingamentos Tia Nast cia a cozinheira do S tio e descrita em Reina es de Narizinho como a negra de estima o que carregou L cia em pequena LOBATO 2009 1931 s p ocupa a posi o de detentora dos saberes folcl ricos representando a voz do povo Vive sem contato com familiares ou relacionamentos amorosos Sua descri o f sica nas ilustra es das dezenas de reedi es das obras reiteram a imagem de uma mulher alheia a vaidades e amor pr prio assumindo efetivamente o estere tipo da negra bei uda e de estima o SANTOS 2007 p 263 gorda e com um len o amarrado na cabe a Ressalta se que tais caracter sticas n o seriam 99 evid ncias de estere tipos se revelassem outros modelos de mulher negra com adornos na cabe a como turbantes ou len os sendo magra ou gorda por exemplo O confinamento no modelo de subservi ncia aliada baixa autoestima e falta de vaidade que lhe conferem tais caracter sticas Via narrativa sua descri o corrobora tais caracter sticas j que ela retratada enfaticamente por termos animalizadores ou desqualificadores Em an lise da obra Ca adas de Pedrinho por exemplo L
317. ementos e pontua o considerados no processo de sele o Crit rios Elementos considerados no processo de julgamento Fontud o m xima Concep o de avalia o Instrumentos avaliativos propostos fichas pareceres ou Consist ncia da proposta cong neres de KY pedag gica Sistem tica e metodologia da avalia o 40 pontos em observ ncia ao E z E EDITAL DO PNBE 2015 Fundamenta o e justificativa da op o metodol gica Crit rios propostos para composi o dos acervos Refer ncias Bibliogr ficas Consist ncia e adequa o Consist ncia e adequa o da proposta em formato digital da proposta de publica o de que trata a al nea e do Ru E 10 pontos subitem 2 2 desta Consist ncia e adequa o da proposta em formato impresso Chamada P blica An lise de Curr culo Lattes dos coordenadores e avaliadores Trajet ria e perfil da considerando a sua ader ncia atua o pretendida p E An lise de pleno atendimento ao disposto no item 4 desta equipe de coordena o e h da p bli 50 pontos de avalia o cnamaga pubica E An lise de Curr culo Lattes de avaliador es que atuar o especialmente na avalia o de obras acess veis QUADRO 19 CRIT RIOS AVALIATIVOS ELIMINAT RIOS DA SELE O DE IES PARA AVALIAR O PNBE 2015 FONTE Brasil 2014a Embora tal documento referencie por duas vezes a al nea e esta n o consta nem no subitem 2 2 e nem em parte algu
318. en o de nimos do Movimento Negro ROCHA 2007 que havia atuado intensamente na campanha eleitoral e agora pleiteava um reconhecimento de sua luta hist rica por meio de medidas institucionais do Estado brasileiro Tal contexto foi analisado por Rocha 2007 e tamb m por Lucimar Rosa Dias 2004 s p A lei n 10 639 apresentada de imediato teve como fun o prec pua responder a antigas reivindica es do Movimento Negro ou distra lo com novas preocupa es principalmente com a implanta o da mesma Com isso O governo consegue o intento de n o ser pressionado de imediato por este seguimento da sociedade Parece que a estrat gia foi acertada mas n o impediu que as press es internas e externas impedissem a cria o do prometido rg o respons vel por promo o de igualdade racial no pa s Cria se na estrutura de governo a SEPPIR Secretaria Especial de Pol ticas de Promo o da Igualdade Racial no dia 21 de mar o de 2008 data em que se comemora o dia internacional contra a discrimina o racial Novas cr ticas passam a compor o contexto de aprova o e implementa o dessa Lei Embora para o presente estudo as altera es na LDB relacionadas Educa o das Rela es tnico Raciais representem um significativo avan o na educa o brasileira no tocante luta antirracista talvez em fun o do contexto hist rico atual de mais de 12 anos ap s a aprova o da Lei 10 639 2003 e o seu ritmo de implemen
319. ens negras como protagonistas na biblioteca da escola pesquisada Durante a busca pelos livros do PNBE 2010 em uma biblioteca desorganizada utilizei a an lise documental para analisar os livros que possu am personagens negros e estavam dispon veis na biblioteca mesmo que n o tivessem sido recomendados pelo PNBE 2010 Em meio a in meros livros por volta de novecentos apenas dezesseis possu am personagens negros como protagonistas sendo que a maioria deles nunca tinha sido lida por nenhum aluno muitas fichas de empr stimo encontradas no verso dos livros estavam em branco LOPES 2012 p 22 Outro elemento de destaque na pesquisa foram as entrevistas realizadas com estudantes do primeiro e quinto ano do ensino fundamental a respeito da representa o de negras os na literatura infantil Ao todo foram entrevistados quatro grupos com seis estudantes cada sendo que a forma o dos grupos levou em conta que todos os grupos deveriam ter pessoas de pertencimento tnico racial diferentes quanto a g nero alguns grupos ficaram apenas com meninas por elas serem a maioria LOPES 2012 p 24 embora no decorrer do estudo a autora tenha apontado que houve dificuldade por parte das crian as em identificarem se como negras Como o interesse principal para essa tese a voz das crian as sobre as leituras algumas limita es metodol gicas talvez relacionados mais descri o e n o execu o da pesquisa n o ser o discutido
320. enta de aux lio aprendizagem uma presen a que traz s rias complica es para a fun o inerente da literatura como agente de transforma o n o s se encontra a cren a de que a escola forma para a vida e que a leitura especialmente a da literatura tem grande parcela de responsabilidade nessa forma o como tamb m se evidencia a vincula o hist rica entre literatura e escola o que se torna mais problem tico quando se pensa na institui o escolar como um espa o de conserva o e na 80 literatura como a possiblidade de contradi o e de do movimento e portanto como agente de transforma o MAGNANI 1989 p 9 10 E complementando essa ideia a autora considera que essa rela o em que muitas vezes a literatura tende a se submeter s regras moralizantes que lhes s o impostas acaba por revelar uma faceta que importante para o presente estudo a carga de conservadorismo que a literatura infanto juvenil assume ao chegar escola Assim argumenta Magnani 1989 p 10 As caracter sticas da literatura trivial infanto juvenil veiculada hoje nas escolas pela busca da persuas o atrav s do efeito de demonstra o trazem tona a fun o conservadora da escola em rela o literatura e tradi o ret rica que acompanhou seu ensino em nosso pa s talvez como resultado do temor pela a o desintegradora e subversiva do efeito est tico aliado s condi es de nossa coloniza o
321. entam anseios sociais dentre eles o de igualdade de direitos e oportunidades Assim numa esp cie de ideia redundante a garantia legal do respeito aos direitos humanos deve ser premissa do PNBE ou de qualquer outra pol tica p blica E quando se destaca como no caso dos editais da Secadi essas premissas evidencia se o compromisso institucional e p blico com o cumprimento legal de respeito aos direitos humanos Em outras palavras agora de Marcos Ferraz 2013 p 39 N o por estar escrito na Lei que um direito se efetiva Mas por estar na Lei um direito abre o universo da reivindica o pol tica Iris Am ncio 2008 analisando o contexto de implementa o da Lei 10 639 2008 e as literaturas de matrizes africanas no cotidiano escolar aponta para a necessidade de que inscri es legais se efetivem na pr tica fomentadas sobretudo pela ideia de repara o hist rica n o basta constar na Lei que rege a educa o nacional a import ncia dos povos que contribu ram para a forma o da sociedade brasileira Ao contr rio diante dos processos seculares de exclus o sociorracial no Brasil principalmente a da personagem negra urge que a escola assuma o papel de revisora n o mais de mantenedora da s rie hist rica que explica o fato de o segundo maior pa s negro do mundo ainda preservar pr ticas racistas no cotidiano de suas rela es sociais AM NCIO 2008 p 34 35 Para Dalcastagne 2008 a li
322. ento do escuro implementa se um embranquecimento KAERCHER 2006 p 137 138 184 aos nomes depreciativos destinados a ela bem como em contextos que demonstram sentimento julgamento e avalia o do autor negativos sobre a personagem Tia Nast cia SILVA L C 2012 p 115 E ao encerrar a se o dedicada an lise dessa obra a autora prop s um questionamento relevante Diante da compreens o das ideologias sobre ra as impressas no trabalho de Monteiro Lobato o grande desafio deste momento saber qual seria o melhor encaminhamento para a quest o uma vez que a compreens o dos contextos hist ricos em que as obras s o produzidas n o o suficiente para resguardar o direito das pessoas nesse caso das crian as negras de terem suas identidades poupadas de estere tipos racistas SILVA L C 2012 p 125 Esse questionamento da autora pode ser encarado como o cerne da discuss o recente sobre a produ o de Monteiro Lobato e tamb m um questionamento que levou outros estudos como o citado a seguir a proporem alternativas de resolu o Tamb m abordando a produ o lobatiana em especial a que comp s o PNBE o estudo de Lara Cardoso Mariano 2013 p 52 teve como objetivo analisar o discurso ideol gico das obras de Monteiro Lobato propondo uma nova metodologia de trabalho que permita minimizar preconceitos por meio da contextualiza o hist ria e da an lise cr tica desde os primeiros anos
323. entos educacionais o documento aponta entre outros itens o seguinte Edi o de livros e de materiais did ticos para diferentes n veis e modalidades de ensino que atendam ao disposto neste parecer em cumprimento ao disposto no Art 26A da LDB e para tanto abordem a pluralidade cultural e a diversidade tnico racial da na o brasileira corrijam distor es e equ vocos em obras j publicadas sobre a hist ria a cultura a identidade dos afrodescendentes sob o incentivo e supervis o dos programas de difus o de livros educacionais do MEC Programa Nacional do Livro Did tico e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares PNBE BRASIL 20044 p 23 Assim ratificou se mais uma vez o compromisso que as pol ticas nacionais do livro em especial o PNLD e o PNBE devem ter com a promo o da diversidade tnico racial e das diferentes culturas que comp em o Pa s Assumir tal postura n o representa negar a exig ncia da qualidade est tica e art stica necess ria obra liter ria mas de ampliar o acesso de obras que possuem outras ticas e outras est ticas constru das sob perspectivas antes ignoradas pelo c none como forma concordando com Regina Dalcastagne 2008 de enfrentar opress es E uma vez que a opress o tanto material quanto simb lica podemos perceb la tamb m na pr pria literatura uma forma socialmente valorizada de discurso que elege quais grupos s o dignos de pratic la ou de se tornar seu
324. erra Al m de falarem sobre os apoios recebidos ambas apresentam detalhes sobre a cria o do PNBE e as suas conclus es acerca de uma das a es desenvolvidas por esse Programa o Literatura em Minha Casa Laura Sandroni LS A Ciranda era uma sapateira pl stica com livros Nela cabiam 15 t tulos selecionados por Luiz Raul e eu T nhamos que resolver um verdadeiro quebra cabe as porque n o quer amos repetir editora e autor E ia da primeira a quarta s rie Beneficiava 35 mil escolas selecionadas por car ncia Era uma parceria da Funda o do Livro Infantil e Juvenil da Funda o Roberto Marinho e da Hoechst Escolh amos os livros A Funda o Roberto Marinho contratou a Ebal Editora Brasil Am rica que ocupava uma rea imensa em S o Crist v o e s fazia livros para crian a Eles tinham uma linha de montagem enorme onde produziram as caixas Fui ver essa linha de montagem Havia cartazes da Hoechst e um guia para o professor Elizabeth Serra ES A Ciranda importante porque depois dela que o governo criou o Programa Nacional Sala de Leitura LS Quando a Ciranda ia acabar tentamos convencer o governo de que deveria mant la N o aceitaram a ideia Deixaram passar uns dois anos e fizeram a Sala de Leitura Era a mesma coisa s que com muitos mais livros ES Depois de Sala de Leitura o programa passou a ser chamado de Biblioteca na Escola Quando eu estava no Proler sugerimos a mudan a
325. ersidade apresentadas na an lise dos editais do PNBE elaborados pela SEB e nos elaborados pela Secadi explicitaram marcas particulares do racismo institucional operando para manter subalternizadas as demandas de literaturas para al m do estabelecido e reduzindo a capacidade de elimina o das disparidades raciais na representa o WERNECK s d p 33 e na qualidade liter ria do Programa Tal contexto requereu da pesquisa um aprofundamento sobre caracter sticas que concorrem no que seria a melhor defini o de qualidade liter ria Essa discuss o em particular ressaltou o car ter pol tico presente na disputa entre um e outro modelo de literatura que inclusive extrapola as cercas tradicionalmente t o preservadas por um grupo de estudiosas os dos estudos liter rios pois aponta para conceitos relacionados equidade representatividade e democratiza o quest o mais dif cil o que fazer diante disso Fica claro que n o h uma solu o que se esgote dentro do campo liter rio trata se de um problema mais amplo pr prio de uma sociedade marcadamente por desigualdades No entanto da mesma forma que poss vel pensar na democratiza o da sociedade incluindo novas vozes na pol tica e na m dia podemos imaginar a democratiza o da literatura A inclus o no campo liter rio talvez ainda mais do que nos outros uma quest o de legitimidade Ler Carolina Maria de Jesus como literatura col
326. erventia sen o perpetuar e reificar as justificativas naturalistas para as desigualdades GUIMAR ES 1999 p 20 Concordando com Gomes 2005 e com Guimar es 1999 a utiliza o do termo ra a no entanto ainda o termo que consegue dar a dimens o mais pr xima da verdadeira discrimina o contra os negros ou melhor do que o racismo que afeta as pessoas negras da nossa sociedade GOMES 2005 p 45 e representa a nica maneira capaz de evitar o paradoxo de empregar se de modo cr tico ou cient fico uma no o cuja principal raz o de ser justificar uma ordem acr tica ideol gica GUIMAR ES 1999 p 20 Kabengele Munanga 2006 acrescenta que mesmo que saibamos que o conte do de ra a social e pol tico e se para o bi logo molecular ou o geneticista humano a ra a n o existe ela existe na cabe a dos racistas e de suas v timas MUNANGA 2006 p 52 Al m disso Silva 2008 p 66 salienta a import ncia da utiliza o do conceito sociol gico de ra a como instrumento anal tico pois as pr ticas discursivas mant m arraigado o conceito de ra a que exerce influ ncia significativa sobre as pr ticas e organiza es sociais Assim nas palavras do mesmo autor rla a uma constru o social destitu da de fundamentos biol gicos SILVA 2008 p 65 Essa a defini o de ra a utilizada no presente estudo No que se refere ao termo racismo Guimar es 2004
327. es THOMPSON 2002 p 83 274 De forma similar ao estabelecer que o PNBE tem apenas alcances e ao utilizar informa es t cnicas mas bvias sobre os objetivos do Programa quando a quest o n o se referia a isso fortalecendo uma ret rica e uma imagem puramente positiva da pol tica a dissimula o ocorre no sentido de ocultar ou enublar outros aspectos Al m disso a eufemiza o uma estrat gia particular de dissimula o de acordo com a perspectiva de Thompson tamb m se fez presente na resposta ao enfatizar apenas caracter sticas positivas do Programa Thompson 2002 categoriza a eufemiza o como a es institui es ou rela es sociais s o descritas ou redescritas de modo a despertar uma valora o positiva THOMPSON 2002 p 84 Essa estrat gia encobriu aspectos negativos mesmo que a quest o solicitava a indica o deles os limites e apresentou somente aqueles que produziam uma representa o afirmativa Nesse sentido a t nica dos discursos e dos documentos atuam no sentido de escamotear os fatos negando a fragmenta o da pol tica que n o est posta nos documentos oficiais Esses omitem a contradi o e elegem uma vis o harm nica e positiva do processo que existe mas ainda na sua fase embrion ria mais como proje o do que realidade FILICE 2010 p 227 J em rela o quest o 4 sobre a escolha da institui o e participa o da Cogeam na avalia o do PNBE duas a
328. esa de Tese de D bora Cristina de Araujo para obten o do T tulo de DOUTORA EM EDUCA O Os abaixo assinados Prof Dr Paulo Vin cius Baptista da Silva Prof Dr Teun Adrianus van Dijk Prof Dr Luiz Alberto Oliveira Gon alves Prof Dr Gl dis Elise Pereira da Silva Kaercher Prof Dr Andr a Barbosa Gouveia arguiram nesta data a candidata acima citada a qual apresentou a seguinte Tese LITERATURA INFANTO JUVENIL E POL TICA EDUCACIONAL ESTRAT GIAS DE RACIALIZA O NO PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECA DA ESCOLA PNBE Procedida a argui o segundo o Protocolo aprovado pelo Colegiado a Banca de Parecer que a candidata est Apta ao T tulo de DOUTORA EM EDUCA O tendo merecido as aprecia es abaixo ASSINATURA APRECIA O Prof Dr Paulo Vin cius Baptista da Silva Prof Dr Teun Adrianus van Dijk Prof Dr Luiz Alberto Oliveira Gon alves nor morada Prof 3 Dr 3 Gl dis Elise Pereira da Silva Kaercher Czn A Prof 2 Dr Andr a Barbosa Gouveia Ro Pra A rA Curitiba 13 de mar o de 2015 Profa Dr Monica Ribeiro da Silva Coordenadora do PPGE Profa Dra Monica Ribeiro da Silva Coordenadora do Programa de P s Gradua o em Educa o Matricula 125750 R Gal Carneiro 460 1 Andar Centro CEP 80 060 150 Curitiba PR site www ppge ufpr br e mail ppge ufprQgmail com Fone 41 3360 5117 MINIST RIO DA EDUCA O UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN Set
329. escrita da classe dominante LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 42 43 parte isso cabe uma ressalva cr tica sobre a nega o da cultura africana no Brasil tal cr tica no sentido de apontar que a referida influ ncia ainda que solidificada em diversos segmentos da cultura aconteceu de forma hierarquizante Por exemplo no que se refere linguagem de acordo com Rachel Rocha de Almeida Barros 2006 a posi o social que os verbetes de origem africana ocupam de desvaloriza o Destitu das das formalidades prescritas pela l ngua escrita as palavras de origem africana que identificamos no nosso vocabul rio ocupam outros universos ordin rios aqueles que se referem comunica o mais direta e aos n veis menos especializados do exerc cio lingu stico Assim nomeiam 87 as express es mais informais para a denomina o de excrementos catinga catota xixi meleca depreciativos e alcunhas difamat rias babaca brucutu coroca mondrongo sacana fuleiro ranzinza tribufu cot a genit lia e a sexualidade nas suas formas mais chulas bimba bunda caba o cacete xereca xibiu xota xoxota fiof siririca estando presentes tamb m naquilo que o senso comum entende como g ria titica bab u bambamb belel u biboca galalau lel lengalenga fuzu e mesmo na denomina o de algumas doen as caxumba BARROS 2006 p 12 Ao ocuparem tamb m outras reas como a gastronomia por exemplo
330. escritores e particularizando o Brasil a matriz europeia predominante Nossa produ o nesse campo nasceu desenvolveu se e continua seu curso tendo como paradigma a produ o europeia Dizer branca nesse caso redund ncia Verniz ou conte do absorvido o fato que o chamado c none liter rio predominante no Brasil de estofo europeu CUTI 2010 p 50 303 cindidas que al m disso mant m se com defini es e epistemologias opostas refor ando nas palavras de Inoc ncia Mata 2014 p 33 os lugares de hegemonia j cativos destaque da autora Essa perspectiva e constata o parece arriscada por passar muito pr ximo a argumentos que negam as a es afirmativas como medidas de repara o necess rias a fim de superar a desigualdade de tnico racial presente na educa o escolar brasileira nos diferentes n veis de ensino BRASIL 2004a p 12 Bastante fundamentados e leg timos tamb m muitos desses argumentos apontam o quanto pr ticas como essa de editais do PNBE separados por exemplo fortalecem o que Walter Mignolo 2008 chama de pol tica de identidade que se op e necess ria identidade em pol tica Para o autor a primeira gera as a es afirmativas que possuiria lados positivos e negativos O lado bom que ela s contribu em para tornar vis vel a identidade pol tica escondida sob os privil gios do homem branco e o lado ruim que ela s pode m levar
331. esenta es sociais de seus receptores VAN DIJK 2008 p 33 estabeleci um maior cuidado com a an lise de sua entrevista considerando que muitas das suas declara es foram realizadas em alto n vel de informalidade reiterando estabelecido pela pr pria entrevistada e n o por mim Depois de algumas insist ncias com respostas afirmativas de que a entrevistada leria a nova vers o da transcri o e acenaria sobre o seu conte do mas isso n o aconteceu elaborei em um formato reduzido as partes que poderiam ser utilizadas na pesquisa o que diminuiu consideravelmente a quantidade de p ginas de 59 para 20 p ginas A hip tese era de que talvez a devolutiva por parte da entrevistada n o estava acontecendo em fun o do excesso de p ginas para ler e analisar Refletindo sobre os cuidados ticos que estavam sendo adotados e sobre o fato de a pessoa entrevistada ter assinado um documento inclusive autorizando a divulga o de seu nome ficou estabelecido a partir das reuni es de orienta o que essa entrevista seria mantida e seria utilizada apenas a vers o reduzida sobretudo 1 Acrescenta se a isso a ressalva de van Dijk 2008 p 22 Na pr tica do trabalho de campo a regra geral que quanto mais altos e influentes os discursos menos eles se mostram p blicos e acess veis para um exame cr tico 279 por fornecer importantes informa es sobre os processos avaliativos das obras do PNBE Ratifica se
332. esmo que relativa as tentativas de dar um car ter mais pedag gico ao PNBE tenha surtido efeito j que alguns estudos p ex FERNANDES CORDEIRO 2012 evidenciaram mudan as nos editais no tocante aos aspectos pedag gicos e nfase no car ter liter rio das obras nos ltimos anos Nesse sentido verifica se mais uma vez que as possibilidades que uma institui o selecionada para avaliar os livros do PNBE tem s o maiores do que aparentam Segue uma exemplifica o disso RAP PNBE N s pedimos duas produ es quer amos uma produ o acad mica para dialogar com os nossos pares porque em um contexto como esse h uma tens o muito grande os pares da academia acham que quem est trabalhando com isso est vendido para o governo porque est trabalhando com uma pol tica p blica e os editores acham que quem est trabalhando com isso est fazendo clientelismo com alguns grupos editoriais Ningu m est satisfeito porque o processo seletivo envolve milhares de reais para cada editora 284 Soma se a essa insatisfa o estudos como o caso desse que evidenciam dificuldades do Programa em incluir demandas educacionais para al m das cl ssicas e que usam o argumento de que qualquer pol tica p blica deve estar submetida a priori aos princ pios de respeito humano Esse aspecto tamb m foi abordado por Mota 2012 p 308 em an lise dos desafios que o processo lan a aos avaliadores ao analisar os aspectos impl
333. espec fica para o exerc cio na rea de atua o MEC 2013 p 105 MEC 2014b p 95 Assim sem querer justificar nem muito menos amenizar o quadro dram tico que se imp s a esta pesquisa em rela o aos contatos com secretarias do MEC importante salientar que muitos dos desencontros de informa es devem se em grande parte a tais caracter sticas e que necessitam urgentemente serem expostas e equacionadas Tal constata o tamb m n o enfraquece o argumento que ser apresentado no decorrer deste cap tulo de que o racismo institucional ao atuar de modo org nico contribuiu grandemente para os resultados negativos na produ o dos discursos do MEC No dia 23 06 2014 contatei de modo informal uma gestora da Secadi que havia conhecido tempos antes em um evento Solicitava dela a indica o de representantes daquela secretaria ou ela mesma que pudessem conceder a entrevista sobre o PNBE Ela me indicou um nome mas sem dados de contato como e mail institucional ou telefone Assim optei por iniciar o contato diretamente com os gabinetes da Secadi e tamb m SEB bem como do FNDE No dia 30 06 2014 contatei tais setores incluindo a Coordena o Geral dos Programas do Livro do FNDE para solicitar a realiza o de entrevista Encaminhei um of cio em que propunha as datas de 28 e 29 08 2014 para as entrevistas e anexei uma lauda contendo um release da pesquisa com os objetivos e uma breve justificativa do estudo E para garantir a ag
334. estacam se nesta lista os seguintes 3 Lei n 9 795 1999 estabelece a Pol tica Nacional de Educa o Ambiental 6 Lei n 10 639 2003 estabelece a obrigatoriedade do ensino de Hist ria e Cultura Afro brasileira e Africana 7 Lei 11 645 2008 torna obrigat rio o ensino da Hist ria e Cultura Ind gena 8 Decreto n 4 887 2004 trata das Comunidades Remanescentes de Quilombos 9 Decreto n 5 296 2004 regulamenta as Leis de promo o da Acessibilidade al 22 Resolu o CNE CEB n 3 2010 estabelece Diretrizes Operacionais para a Educa o de Jovens e Adultos PNBE TEM TICO 2018 p 26 27 H tamb m nesse t pico quatro outros subitens relativos ao que est sendo argumentado aqui como constru o sem ntica ativa 4 1 2 Observ ncia de princ pios ticos e democr ticos necess rios constru o da cidadania e ao conv vio social da dignidade humana da valoriza o da diversidade da promo o 208 da igualdade da participa o social da acessibilidade do car ter laico do ensino p blico da sustentabilidade socioambiental e da n o veicula o de publicidade PNBE TEM TICO 2013 p 27 28 4 1 3 Coer ncia e adequa o da abordagem te rica assumida pela obra no que diz respeito proposta pedag gica e aos objetivos visados ressaltando que as obras devem assegurar o respeito s diferentes abordagens te ricas que correspondem educa o para a diversidade elaborada a
335. eto postura adotada por quem questionasse tais nomes Mesmo que representando uma hip tese ir nica reflex es mais aprofundadas sobre o tema necessitar o ser feitas no futuro para verificar em que medida os editorais da imprensa brasileira t m se posicionado frente s den ncias de racismo na literatura Analisando as dimens es envolvidas no processo de avalia o de obras do PNBE Rildo Jos Cosson Mota 2012 apresenta a dimens o estatal O aspecto definidor da dimens o estatal a elimina o do processo seletivo daquelas obras que apresentam discrimina o na forma de preconceitos e estere tipos MOTA 2012 p 316 Nessa perspectiva o autor argumenta de modo que muitas das respostas s quest es anteriores mesmo que ret ricas foram respondidas H que se observar nesse aspecto tr s quest es no momento da avalia o pedag gica das obras A primeira que um texto liter rio como todos os produtos culturais tamb m resultado das intera es sociais e por isso representa de alguma forma a sociedade que o gerou De tal forma que os preconceitos existentes em uma determinada sociedade certamente se far o presentes em boa parte das obras liter rias daquela sociedade A segunda que esses preconceitos podem estar na obra de maneira subliminar ou explicitamente a obra pode estar refor ando atitudes e comportamentos preconceituosos ou discutindo denunciando e recusando os Pode tamb m se referir ao
336. europeus fossem eles na origem destinados ou n o ao p blico infantil LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 82 outro grupo apropriou se da mat ria folcl rica sem discriminar com maior precis o e capricho o que era propriamente nacional LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 82 e outro ainda que se voltou igualmente s ra zes locais por interm dio do aproveitamento da hist ria brasileira apresentando seus principais feitos e figuras LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 82 Outro per odo marcante analisado por Lajolo e Zilberman 1984 corresponde as d cadas de 1950 e 1960 O processo de moderniza o da sociedade impactou tamb m as artes e a literatura infantil se solidificou e a escola cujo resultado mais imediato o acesso leitura se expandiu LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 119 Os efeitos colaterais disso no entanto foram o condicionamento da literatura l gica fabril a ponto de confundir se com a meta proposta textos foram escritos segundo o modelo da produ o em s rie e o escritor foi reduzido situa o de 108 oper rio fabricando disciplinadamente o objeto segundo as exig ncias do mercado LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 119 As caracter sticas que mais marcam esse per odo foram a idealiza o da vida no campo embora arcaica e decadente A alus o atividade urbana acentua a idealiza o do campo al ado condi o de para so perdido mas reencontrado numa situa o id lica f
337. eva a melhor a que disp e da infraestrutura material e simb lica essencial produ o circula o e consumo de cultura no mundo moderno que passa a devorar a outra LAJOLO 1998 s p destaque da autora Sua an lise configura se em uma convencional estrat gia de interpreta o do racismo no Brasil que opta por naturaliz lo e cristaliz lo de tal modo que s resta a qualquer analista ou no caso de Lobato intelectual da eugenia reproduzi lo como forma de respeito verossimilhan a De maneira semelhante argumenta Coelho 2000 que assim sintetiza essa personagem Tia Nast cia o s mbolo idealizado da ra a negra afetuosa e humilde que est em nossa g nese de povo e foi a melhor fonte das hist rias que alimentaram a imagina o e a fantasia de gera es de brasileiros Aos que chamam Lobato de racista por criar essa personagem preta e ignorante n o perceberam que dentro de seu universo liter rio n o h preconceito racial nenhum pois Tia Nast cia respeitada e querida por todos E que tirando a do universo real onde a conheceu ele estava apenas sendo realista Mesmo as personagens no mundo maravilhoso que vivem no S tio elas s o limitadas em seus pap is o leit o Marqu s de Rabic o Visconde de Sabugosa o pr ncipe Escamado o rinoceronte Quindim etc simplesmente fazem parte das reina es rocambolescas que ali acontecem COELHO 2000 p 144 destaques da autora Nesse caso al m de adot
338. expressando se por meio de valores ideias e sentimentos Luciana JACCOUD M rio THEODORO 2005 p 113 No texto de Nogueira em certas passagens os dois termos s o tomados como sin nimos 52 P GINA 2 2 Quanto Assimilacionista desejo de nega o de Segregacionista e racista manuten o ideologia h bitos culturais africanos e ind genas em nucleada para m xima preserva o favor dos h bitos do grupo branco ou de uma das origens na o brasileira Miscigenacionista embora implique uma condena o ostensiva do preconceito o indiv duo branco espera que o branqueamento resulte do concurso dos demais brancos e n o do seu principalmente quando se trata de uni o leg tima ao passo que o negro revela em geral insatisfa o com os tra os negroides e prefer ncia pelo tipo europeu desejando que a este perten am os seus descendentes NOGUEIRA 2000 p 297 298 Quanto Desvaloriza o de grupos minorit rios ou de Valoriza o de caracter sticas distin o entre imigrantes que mant m seus la os endog micas e nucleadas por parte de diferentes nucleados e endog micos Ex a cr tica a imigrantes e minorias minorias imigrantes de japoneses que mant m seus relacionamentos matrimonias restritos ao grupo Quanto Controle do comportamento do grupo Controle do comportamento do grupo etiqueta discriminador de modo a n o expor o grupo
339. fato de editoras maiores concentrarem a maior parte das obras adquiridas pelo Programa em fun o da quantidade de selos que possuem ainda recorrente que editoras de renome e estrutura no mercado por concentrarem um grande n mero de selos editoriais classifiguem mais t tulos Assim grupos editorais s o beneficiados de forma diferenciada H tamb m a preocupa o em contemplar obras de diversas editoras que participam do processo de sele o de forma a tomar o processo mais democr tico lembrando entretanto que estamos designando como editoras todos os selos que inscrevem t tulos independentemente dos grupos editoriais dos quais algumas delas fazem parte j que o edital do FNDE n o restringe a participa o de grupos editoriais com seus diferentes selos concorrendo de forma aut noma PAIVA 2012a p 16 27 Outros problemas relacionam se s op es metodol gicas de realiza o da avalia o das obras Sobre ano de 2005 por exemplo Ludmila Thom de Andrade e Priscila Monteiro Corr a 2009 informam no artigo Os crit rios dos especialistas para os livros liter rios a serem lidos na escola que a escolha dos livros obedeceu a crit rios diferenciados de todos os anos anteriores e subsequentes pois foi o nico ano em que professoras es das escolas atendidas pelo PNBE participaram da sele o Para as autoras essa estrat gia n o teve os resultados esperados 133 Esta por m n o se revelo
340. ferentemente da posi o adotada nesta pesquisa da n o publiciza o de nenhum dos nomes envolvidos na pesquisa a apresenta o de tais nomes nessa cita o e an lise ocorrem devido ao fato de ser um documento p blico 272 Art 3 Designar para presidir a Comiss o T cnica o titular da Diretoria de Formula o de Conte dos Educacionais DCE que na sua aus ncia ser representado pelo titular da Coordena o Geral de Materiais Did ticos COGEAM Art 4 Informar que os trabalhos a serem desenvolvidos pela Comiss o T cnica observar o as normas e orienta es emanadas pela SEB com vistas realiza o de avalia o de obras inscritas no PNBE 2015 e elabora o de propostas e sugest es que subsidiem a SEB na formula o de pol ticas no mbito do PNBE em conson ncia com as tend ncias educacionais atuais e as reflex es e proposi es no campo do curr culo e da forma o docente Art 5 Estabelecer que a Comiss o T cnica atuar em observ ncia s diretrizes estabelecidas pelo Conselho Consultivo da Secretaria de Educa o B sica institu do por meio da Portaria n 978 2013 Art 6 Definir o mandato desta Comiss o T cnica correspondente dura o prevista para o PNBE 2015 BRASIL 2014c p 19 Analisando os membros da comiss o cuja atribui o ser de subsidiar e assessorar a Secretaria de Educa o B sica SEB nos processos atinentes avalia o pedag gica do PNBE 2015
341. g rio Andrade Barbosa o que para Araujo e Silva pode ser ind cios de um monop lio na representa o de contextos de africanidades 4 Concep es equivocadas de igualdade estiveram presentes em pelo menos um dos livros da amostra Ignorando a ideia de que para al m das diferen as na igualdade est o as hierarquiza es um dos livros pesquisados minimiza o racismo o sexismo a homofobia a obesidade e algumas defici ncias f sicas e mentais utilizando argumentos do tipo ele tem esse defeito mas tem essa qualidade Al m disso explora pouco a palp vel diversidade tnico racial do pa s j que o n mero de crian as negras ilustradas diminuto ARAUJO SILVA 2012 p 213 5 Algumas obras com expl cito engajamento no combate do racismo perderam sua qualidade liter ria ou ainda atuaram para refor ar estere tipos seja por meio de representa es tipificadas personagem negra do sexo masculino como menino de rua mulher negra como empregada dom stica entre outras ou quando se pretende problematizar o tema do racismo mas se acaba engessando o enredo Em outras palavras algumas obras preocupadas em propor a supera o do racismo trazendo tramas com tal tema nem sempre obt m xito em seu objetivo al m de deixar de lado o car ter liter rio que toda obra infantil e infanto juvenil sobretudo precisam ter sob pena de vivenciarem seus estigmas historicamente imputados e que as relegaram a p
342. ganhou e ganha com os processos identit rios que sugerem a ideia de que a miscigena o gerou rela es de igualdade plena entre as pessoas restando apenas a quest o de classes como impeditivo para uma efetiva democracia social Por outro lado verifica se tamb m o quanto a es fomentadas por organiza es civis como o Movimento Negro amea am esse mito O movimento negro foi sempre considerado antibrasileiro conforme afirmado uma vez por Gilberto Freyre maestro da ideologia nacional Enquanto a ideia de Na o foi constru da a partir do conceito de um povo unificado e racionalmente tolerante forjado pela miscigena o o movimento negro apresenta uma vis o contr ria baseada em identidades raciais fortes para fazer oposi o ao racismo e desigualdade racial TELLES 2008 p 323 Nesse sentido apesar de organiza es ainda restritas em n meros mas crescente de v timas do racismo t m conseguido afirmalr sua negritude e liderado reivindica es de repara o TELLES 2008 p 324 Dessa maneira mesmo que pequenas e esparsas tais a es t m demandando gradativamente reivindica es de identidade e repara o em pol ticas p blicas O racismo imprime marcas negativas em todas as pessoas de qualquer pertencimento tnico racial e muito mais duro com aqueles que s o v timas diretas Abala os processos identit rios Por isso a rea o 61 antirracista precisa ser incisiva Para se
343. geirada trazer para a discuss o conte dos que perpassam v rios campos do conhecimento promovendo assim a abordagem mais ampla do tema tratado PAIVA 2008b p 43 S o destacados dois aspectos sobre os temas transversais de um lado sua an lise critica a natureza desses livros enquanto candidatos a obras liter rias pois para a autora nos temas transversais n o se busca desenvolver pr ticas de leitura liter ria n o se pretende o desenvolvimento de um trabalho de sensibiliza o est tica PAIVA 2008b p 43 e sim inseri los nos processos de escolariza o na cren a de que esse tipo de texto garante uma aprendizagem mais prazerosa PAIVA 2008b p 43 De outro lado a autora reconhece um gradativo aumento de textos de prefer ncia l dicos e interessantes que tratam de conte dos que n o s o familiares ao ambiente escolar PAIVA 2008b p 43 o que de certa maneira denotaria aspectos liter rios prevalecendo sobre aspectos pedag gicos No entanto ela questiona se essa n o uma estrat gia do mercado editorial de assegurar o consumo e principalmente a aquisi o pelo governo em grande escala PAIVA 2008b p 43 garantindo subs dios para o trabalho dos docentes para lidarem com as transforma es sociais aceleradas do nosso tempo PAIVA 2008b p 44 A preocupa o destacada pela autora que Esse movimento neutraliza de certo modo o investimento que tem sido feito no sen
344. grama apresentava se at o ano de 2006 Alguns desses elementos foram compilados por Araujo 2010 e apresentados a seguir 162 No que se refere presen a do PNBE nas escolas Aspectos positivos e de modo geral os acervos provocaram mudan as positivas maior envolvimento de estudantes com a leitura por meio do aumento nas demandas feitas por professoras es ou por rec m desenvolvimento de pr ticas de leitura e algumas escolas localizadas em bairros e com estruturas prec rias tinham profissionais engajadas os com um efetivo trabalho com o PNBE e estudantes demonstram concep es bem delineadas sobre a import ncia da leitura e da escrita para suas vidas diferentemente das os professoras es e as os estudantes reagiram satisfatoriamente doa o de livros e passaram a frequentar mais as bibliotecas e a pesquisa despertou o interesse por mais detalhes do programa e alguns munic pios v m complementando o acervo ainda que com poucas informa es sobre os objetivos de faz lo e as as participantes avaliaram os acervos do PNBE como sendo de boa qualidade Aspectos negativos e o PNBE uma a o cultural de baixo impacto em pol ticas de forma o de leitor e produtor de textos p 123 e dificuldades de coleta de informa es sobre o acervo devido ao pouco conhecimento por parte das os participantes da pesquisa sobre as poss veis fontes de financiamento do PNBE e a nomenclatura do acervo era ig
345. grande receio que os contextos de tens o pol tica agravados no in cio da segunda gest o da presidenta Dilma Rousseff aliados tend ncia de crescimento do conservadorismo pol tico que historicamente tem questionado a legitimidade de a es e pol ticas afirmativas como o caso da pr pria exist ncia da Secadi 4 Por meio das redes sociais foram veiculadas diversas manifesta es de dio racial relacionadas principalmente a nordestinos as e negros as proporcionando perversamente um campo de atua o favor vel ao marketing da candidata Dilma Rouseff que passou a adotar no segundo turno uma t nica mais racializada aumentando o n mero de pessoas negras na sua propaganda pol tica e apresentando uma letra de m sica que demarcava explicitamente elementos relacionados s lutas do Movimento Negro contra a viol ncia em rela o a jovens negros as al m de enfatizar as conquistas das gest es do Partido dos Trabalhadores em rela o ao combate fome e mis ria e alertando sobre uma poss vel perda de tais conquistas para um grupo com pouca idoneidade Destacam se na m sica alguns trechos E o pobre no lugar amigo onde nunca se viu E Dilma guerreira aperta o play do Brasil Cultura presente Dilma presidente O povo presente com o cora o valente Um novo Brasil um novo amanhecer O que a gente quer Dilma presidente Cora es valentes Somos milh es sic novas ideias novas
346. gro tem atuado A inabilidade do movimento negro de produzir um movimento de massa basicamente fruto da falta de capacidade de transformar indiv duos que s o menosprezados por causa da cor de sua pele em negros que afirmar o sua negritude e enfrentar o as for as a que est o subordinados Mas por que faz lo se o ideal de branqueamento e a habilidade de participar por completo da cultura brasileira e do n vel de sociabilidade horizontal 60 possibilitam que muitos sejam inclu dos ou mesmo escapem da negritude TELLES 2008 p 323 E nessa perspectiva o autor acrescenta outra pergunta para o que ele chama de paradoxo para a democratiza o brasileira como assegurar os direitos de cidadania a milh es de indiv duos que s o v timas do racismo mas que por v rias vezes n o se mobilizam contra o problema TELLES 2003 p 323 Munanga 2008 adiciona mais complexidade discuss o ao refletir o quanto a mesti agem como etapa transit ria no processo de branqueamento constitui pe a central da ideologia racial brasileira MUNANGA 2008 p 103 Se do ponto de vista biol gico e sociol gico a mesti agem e a transcultura o entre povos que aqui se encontraram um fato consumado a identidade um processo sempre negociado e renegociado de acordo com os crit rios ideol gico pol ticos e as rela es de poder MUNANGA 2008 p 102 Assim verifica se o quanto o mito da democracia racial
347. gros ocupem lugares diferentes na pir mide social PAIXAO 2014 p 225 226 destaques do autor Diante disso Paix o 2014 prop e uma reflex o que evidencia aspectos de perversidade n o evidenciados ou percebidos por Nogueira como por exemplo as potencialidades que essa estrutura bem caracterizada como preconceito de marca proporciona aos grupos favorecidos fenotipicamente E ent o Paix o lan a uma nova pergunta por que a maioria dos indiv duos que se beneficiaria desse tipo de situa o abriria m o de t o precioso ativo ainda mais no contexto de uma sociedade competitiva PAIX O 2014 p 226 Afinal como argumenta Bento 2002a p 27 H benef cios concretos e simb licos em se evitar caracterizar o lugar ocupado pelo branco na hist ria do Brasil De certa maneira o autor evidencia tamb m um car ter ing nuo nas proposi es de solu o do problema defendidas por Nogueira o que poder amos esperar do maior rendimento na t cnica de esclarecimento PAIX O 2014 p 224 destaques do autor 57 Outra indaga o reflex o proposta por Paix o refere se ao grau de precis o do conceito de preconceito racial de marca e as possibilidades alternativas de leitura a este respeito PAIX O 2014 p 220 Buscando filtrar as posteriores intepreta es sobre a teoria de Nogueira que de alguma maneira tentaram diluir a quest o do racismo no Brasil ao avaliar que o nosso modelo de rela
348. guras m ticas impregnam o imagin rio do povo especialmente dos habitantes de cidades do interior e da zona rural mas tamb m vivem entre os habitantes urbanos fazendo parte de sua hist ria de vida BLONSKI 2004 p 166 Em 1921 o Saci ressurge agora em uma publica o direcionada ao p blico infantil BLONSKI 2004 Al m de ser retratado verbalmente com uma estatura de 96 crian a suas caracter sticas descritas na narrativa n o indicam em princ pio seu pertencimento tnico racial que passa a ser informado somente pelas ilustra es e pela sua direta associa o ao comportamento de um trickster conceituado por Renato da Silva Queiroz 1991 com base em Antonio Candido como um her i trapaceiro O autor informa que originalmente o termo trickster foi adotado no repert rio m tico de grupos ind genas do norte das Am ricas e complementa argumentando que Em geral o trickster o her i embusteiro ardiloso c mico pregador de pe as protagonista de fa anhas que se situam dependendo da narrativa num passado m tico ou no tempo presente A trajet ria deste personagem pautada pela sucess o de boas e m s a es ora atuando em benef cio dos homens ora prejudicando os despertando lhes por consequ ncia sentimentos de admira o e respeito por um lado e de indigna o e temor por outro QUEIROZ 1991 s p Mesmo assim tais informa es n o contribuem para a associa o entre Saci negro
349. ha da institui o respons vel por tal avalia o para os anos seguintes De acordo com a autora PAIVA 2008a 2012a a partir do momento em que as institui es de ensino superior assumiram a sele o do PNBE sendo a UFRJ em 2005 e a UFMG Ceale a partir de 2006 os crit rios ficaram menos ocultos Julgamos ser um direito seu conhecer um pouco sobre o processo de sele o desses t tulos as inst ncias envolvidas a quantidade de livros inscritos algumas de suas caracter sticas para que assim voc possa avaliar o esfor o que foi feito para oferecer a sua escola a voc e aos seus alunos o que havia de mais adequado e mais atraente para a crian a dentre os inscritos para realizarmos essas escolhas obedecemos a crit rios estabelecidos em um edital e selecionamos professores e pesquisadores de diferentes pontos do Pa s para ajudarem na dif cil tarefa de fazer escolhas PAIVA 2008 p 7 O Ceale contava segundo a autora com a colabora o de pareceristas vinculados a institui es p blicas de ensino superior e de escola b sica provenientes de 16 estados brasileiros PAIVA 2012a p 24 Antes da atua o de pareceristas h uma primeira triagem feita pelo Instituto de Pesquisas Tecnol gicas 134 IPT certamente em cumprimento ao que preconiza o artigo 13 do Decreto n 7 084 2010 A triagem das obras ser realizada em car ter eliminat rio com o objetivo de examinar os aspectos f sico
350. hando melhor esse quadro de um lado Paix o destaca como em publica es posteriores Nogueira avaliou como injusta a associa o do conceito de 55 preconceito de marca a uma proposta de interpreta o de um racismo sutil em rela o ao preconceito de origem Assim recupera Paix o se o texto tende a produzir esse efeito sou o primeiro a lament lo reafirmando que a meu ver o preconceito racial qualquer que seja sua forma sempre abomin vel sendo a ideia de um preconceito racial benigno t o esdr xulo quanto a de uma escravid o benigna em contraste com outra maligna NOGUEIRA 1985 p 22 apud PAIX O 2014 p 218 E essa ressalva tamb m destacada pelo pr prio Paix o 2014 p 218 O mais importante dessa passagem que ela revela uma preocupa o do autor em impedir que sua tese pudesse servir como mote justificativo do preconceito racial de marca Assim procurando ser fiel compreens o do autor os preconceitos raciais de marca e de origem n o se estruturam em torno de quantidades de preconceito impedindo assim que estes pudessem vir a ser comparados dentro desta escala Antes os padr es de relacionamentos raciais vigentes no Brasil e nos Estados Unidos deveriam ser entendidos como sendo de natureza qualitativamente diferenciada destaques do autor Mas de outro lado esse autor pondera o quanto as intepreta es feitas pelo pr prio Nogueira sobre os caminhos de supera o do raci
351. hp observatoriodoegov article view 34373 33217 Acesso em 02 01 2015 SAMPAIO Roberto Brayner Criminalizar o racismo In MORAES Fabiana Grupo de Trabalho sobre Discrimina o Racial do MPPE GT Racismo Coord No pa s do racismo institucional dez anos de a es do GT Racismo no MPPE Recife Procuradoria Geral de Justi a 2013 SANTOS Elis ngela da Silva O S tio do Picapau amarelo e a sua divis o social do trabalho Media es Londrina v 12 n 1 p 249 266 jan jun 2007 Dispon vel em http www uel br revistas uel index php mediacoes article viewFile 3405 2769 Acesso em 01 10 2014 SANTOS Tarcyanie Cajueiro A Campanha fsomostodosmacacos de Neymar uma reflex o sobre o racismo no futebol Anais 4 Congresso Internacional Comunica o e Consumo Comunicon 2014 PPGCOM ESPM S o Paulo 08 a 10 de outubro de 2014 Dispon vel em http Awww espm br download Anais Comunicon 2014 gts gt nove GTO9 TARCYA NIE SANTOS pdf Acesso em 05 01 2014 SANTOS Wellington Oliveira dos Rela es raciais Programa Nacional do Livro Did tico PNLD e livros did ticos de Geografia Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal do Paran 2012 Dispon vel em http dspace c3sl ufpr br dspace bitstream handle 1 884 27543 R 20 20D 20 Y 2OSANTOS 20WELLINGTON 200LIVEIRAW 20DOS pdf sequence 1 Acesso em 13 09 2012 SARZEDAS Let cia Passos de Melo Crian a negra e educa o um estudo etnog
352. ia o do professor no contexto escolar Para tanto ser o avaliadas as qualidades textuais b sicas o trabalho est tico com a linguagem e com a imagem sua adequa o ao p blico a que se destina Ser observada ainda a coer ncia e a consist ncia das refer ncias conceituais e a adequa o do texto aos princ pios ticos n o se admitindo manifesta es que expressem preconceito discrimina o moralismo e estere tipos Nas obras de imagens e quadrinhos tamb m ser considerada como crit rio a rela o entre texto e imagem e as possibilidades de sua interpreta o QUADRO 17 COMPARA O ENTRE OS EDITAIS DE LITERATURA DO PNBE TRADICIONAL E DO PNBE IND GENA QUALIDADE DO TEXTO FONTE Organiza o da autora com base em PNBE 2015 e PNBE IND GENA 2015 223 No entanto em outro item dos crit rios de avalia o e sele o o PNBE tradicional retoma a decis o de n o aprovar obras com marcas de discrimina o conforme indica o pr ximo quadro PNBE TRADICIONAL PNBE 2015 PNBE IND GENA 2015 1 2 Adequa o tem tica Ser o selecionadas obras com tem ticas diversificadas de diferentes contextos sociais culturais e hist ricos Essas obras dever o estar adequadas faixa et ria e aos interesses dos alunos do ensino fundamental anos finais e do ensino m dio Entre outras caracter sticas ser o observadas a capacidade de motivar a leitura a explora o art stica dos tem
353. ia triste Lay Feliz Pesquisadora E uma hist ria feliz Kau Ele rf o Pesquisadora Por que voc acha que ele rf o Kau Ele n o tem m e e nem pai e engraxa sapato Pesquisadora Falou no livro que ele n o tem pais ou voc chegou a esta conclus o Kau Porque ele engraxa sapato e n o mora em uma casa Pesquisadora Ele n o mora em uma casa ele mora onde Man Na rua Pesquisadora Voc s acharam a hist ria bonita legal morar na rua Todos N o Kau Eu n o queria ser rf o Pesquisadora Voc s j tinham visto algum menino negro assim nos livros Kau Eu j o Saci Perer Pesquisadora Tirando o Saci Perer que uma lenda voc s j viram outro Ped S um este livro foi o primeiro Di logos no Grupo Focal com o Grupo do segundo ano 30 08 2011 Pesquisadora Como eram os personagens deste livro trata se do livro Azur amp Asmar Tai Tinha muitas pessoas morenas Jaq Isso bem raro Di logos no Grupo Focal com o Grupo IV do quinto ano 29 09 2011 188 Pesquisadora Voc s j tinham visto alguma princesa negra nos livros trata se do livro O casamento da princesa Isa Nunca Van N o Pesquisadora Por que ser que n o tem princesas negras o que voc s acham sobre isso An Bea Porque sempre que tem um livro com princesas s tem princesas brancas Pesquisadora Por que ser Isa Por causa do racismo Di logos no
354. ias Bras lia Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica 2008 p 35 50 Algumas considera es sobre ra a a o afirmativa e identidade negra no Brasil fundamentos antropol gicos Revista USP S o Paulo n 68 p 46 57 dezembro fevereiro 2005 2006 Dispon vel em http Avww usp br revistausp 68 05 kabengele munanga pdf Acesso em 25 12 2014 Rediscutindo a mesti agem no Brasil identidade nacional versus identidade negra 3 ed Belo Horizonte Aut ntica 2008 NASCIMENTO Abdias do O quilombismo Petr polis Vozes 1980 O Brasil na mira do pan africanismo Segunda edi o das obras O genoc dio do negro brasileiro e Sitiado em Lagos Salvador EDUFBA CEAO 2002 NEGR O Esmeralda Vailati PINTO Regina Pahim De olho no preconceito um guia para professores sobre racismo em livros para crian a S o Paulo Funda o 326 Carlos Chagas 1990 Dispon vel em http Awww fcc org br biblioteca publicacoes textos fcec arquivos 1316 arquivoAnexad o pdf Acesso em 26 12 2014 NOGUEIRA Oracy Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem sugest o de um quadro de refer ncia para a interpreta o do material sobre rela es raciais no Brasil Tempo Social revista de sociologia da USP p 287 308 v 19 n 1 2006 1955 Dispon vel em http www scielo br pdf ts v19n1 a15v19n1 pdf Acesso em 02 04 2014 OL RIA Ellen Testando In Ellen Ol ria Rio de Janeiro U
355. ias ideol gicas no acervo do PNBE 2008 para educa o infantil Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal do Paran 2010 Dispon vel em http www ppge ufpr br teses M11 Verediane 20Cintiay 20de 20Souza 200liveir a pdf Acesso em 13 09 2012 OLIVEIRA NETO Marcolino Gomes de Arte e sil ncio a arte africana e afro brasileira nas Diretrizes Curriculares Estaduais e no Livro Did tico P blico de Arte do Paran Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal do Paran 2012 Dispon vel em http www ppge ufpr br teses M12 Marcolino 20Gomes 20de 200OliveiraY 20Net o pdf Acesso em 13 09 2012 327 PAGANOTTI Ivan A discuss o da visibilidade e a revis o da censura na esfera p blica Anais Il Semin rio Discente da P s Gradua o em Ci ncia Pol tica da Universidade de S o Paulo 23 a 27 de abril de 2012 S o Paulo FFLCH USP 2012 p 1 22 Dispon vel em http www fflch usp br dcp assets docs SemDisc2012 11 4 Ivan Paganotti paf Acesso em 05 01 2015 PAIVA Aparecida et al Literatura na inf ncia imagens e palavras Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica Belo Horizonte UFMG Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita 2008a Dispon vel em http portal mec gov br seb arquivos pdf Avalmat literatura na infancia pdf 13 02 2013 PAIVA Aparecida A produ o liter ria para crian as onipresen a e aus ncia das tem ticas In PAIVA
356. icar os sujeitos da diversidade a serem atendidos pelas edi es do PNBE Sobre essa informa o em espec fico embora a Resolu o MEC FNDE n 7 2009 refira se atua o da Secadi na defini o do atendimento a estudantes com necessidades educacionais especiais e jovens e adultos apenas editais de convoca o mais recentes demonstram que as defini es sofreram amplia o como exemplo cita se o Edital de Convoca o 01 2014 CGPLI conhecido como PNBE Ind gena 2015 e Edital de Convoca o 01 2012 CGPLI conhecido como PNBE Tem tico 2013 Tal contexto pode ser decorrente da aprova o da Resolu o MEC FNDE n 39 2009 que acrescentou lei anterior o seguinte par grafo Art 2 Par grafo nico Poder o ser criadas a es espec ficas no mbito do PNBE de acordo com a pol tica educacional do Minist rio da Educa o em car ter extraordin rio e complementar ao cronograma de execu o regular definido no Anexo desta Resolu o BRASIL 2009c Legalmente n o se observam irregularidades na pouca participa o da Secadi na execu o do PNBE j que logicamente a SEB respons vel pela educa o b sica possui a priori caracter sticas para exercer o protagonismo de um programa que objetiva a educa o b sica de modo indistinto Acrescenta se a essa justificativa o objetivo da Secadi expressos em seu site contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino
357. icidade nos processos de avalia o sele o e aquisi o das obras BRASIL 2010a Em 2009 o MEC e o FNDE j haviam aprovado a Resolu o conhecida como Lei do PNBE Resolu o MEC FNDE n 7 2009 que disp e sobre a organiza o e execu o do Programa Nacional de Biblioteca da Escola Nesse documento h um maior detalhamento dos procedimentos que envolvem a avalia o sele o e aquisi o das obras embora n o haja informa es mais espec ficas sobre a constitui o da comiss o t cnica respons vel pelo acompanhamento e supervis o do processo de avalia o e escolha das obras que segundo o referido documento institu da pelo pr prio MEC por meio de portaria pr pria Em pesquisa no campo Legisla o e atos normativos do site do MEC foi poss vel verificar que dentre as portarias disponibilizadas somente dos anos de 2012 a 2014 n o consta nenhuma relacionada comiss o t cnica A mesma situa o apresenta se no campo Legisla o no site do FNDE A interpreta o do estudo de Maria Jos Diogenes Vieira Marques 2013 que tal comiss o estaria a cargo do Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita Ceale rg o complementar da Faculdade de Educa o da UFMG e respons vel desde 2006 pela avalia o pedag gica do PNBE No ano de 2014 o MEC modificou o modo de escolha da institui o que 42 O Censo Escolar um levantamento de dados estat stico educacionais de mbi
358. iciza o da avalia o realizada por meio de pareceres Essa Resolu o que respons vel pela regulamenta o do pagamento a servidores as p blicos as ou a colaboradoras es que participam eventualmente de processos de avalia o como do PNBE prev que a o avaliadora or assine um 49 Livros de imagens e livros de hist rias em quadrinhos dentre os quais se incluem obras cl ssicas da literatura universal artisticamente adaptadas ao p blico da educa o infantil e das s ries anos iniciais do ensino fundamental PAIVA 2008a p 12 137 Termo de compromisso e conduta tica BRASIL 2011c cujas obriga es s o relacionadas ao preenchimento e envio de documenta o comprobat ria sobre veracidade e execu o do trabalho e tamb m manuten o do sigilo dentre outras O sigilo representa um aspecto importante a presente pesquisa por ser esse um dos fatores mais questionados pelos estudos que analisaram os acervos do PNBE O debate em torno dos limites sobre transpar ncia e sigilo dos dados governamentais complexo conforme analisam Jos Carlos Vaz Manuella Maia Ribeiro e Ricardo Matheus 2010 De qualquer maneira a Lei n 12 527 2011 que regulamenta o acesso a informa es ao caracterizar informa o sigilosa como aquela submetida temporariamente restri o de acesso p blico em raz o de sua imprescindibilidade para a seguran a da sociedade e do Estado BRASIL 2011a inciso Ill Art 4
359. idade cultural e regional Em nossa pesquisa objetivamos buscar as representa es5 de diferentes grupos brasileiros nas obras do projeto Literatura em Minha Casa em especial aquelas destinadas s 4 s e 5 s s ries do Ensino Fundamental com base nos editais de convoca o para inscri o das obras do projeto que diziam que as cole es deveriam apresentar se como um pequeno retrato da cultura brasileira BRASIL 2001 2002 2003 sendo que esta marcada pela diversidade FERNANDES CORDEIRO 2011 p 394 181 Ao mesmo tempo em que identificaram o problema no tocante quantidade tamb m apontaram para uma poss vel desigualdade qualitativa na representa o de personagens brancas negras ind genas e asi ticas Nesse sentido as autoras defendem que o aspecto da diversidade tnica importante n o s para que leitores de diferentes etnias se vejam representados nos livros e nas hist rias que leem mas tamb m para que passem a respeitar e conviver com as diferen as PAULA FERNANDES 2011 p 395 A pesquisa de Leda Cl udia da Silva Ferreira 2008 p 2 analisou do ponto de vista da pluralidade cultural conforme os PCN o perfil das personagens que povoam os contos brasileiros contempor neos selecionados e distribu dos pelo PNBE de 2005 Seu corpus de an lise comp s se de cinquenta e tr s livros dos acervos do PNBE 2005 contendo colet neas de contos e a investiga o da auto
360. idas pelos estudos cr ticos de rela es tnico raciais que buscam destruir ou ao menos desestabilizar tais bases a intepreta o da entrevistada caminha para a ideia de naturaliza o Thompson 2002 categorizou a naturaliza o como uma estrat gia de opera o da ideologia Um estado de coisas que uma cria o social e hist rica pode ser tratado como um acontecimento natural ou como resultado inevit vel de caracter sticas naturais do mesmo modo como por exemplo a divis o socialmente institu da do trabalho entre homens e mulheres THOMPSON 2002 p 88 A naturaliza o tamb m se opera na continuidade da an lise RAP PNBE Tem lugar que Monteiro Lobato est banido est proscrito n o entra mais As pessoas se arrepiam pecado mortal trabalhar com Monteiro Lobato mas eu sou uma pessoa da literatura E eu estou convencida de que n o esse o caminho N o assim que se ganha uma causa sabe Eu sei que tem muitos anos de opress o eu n o sou capaz de dimensionar a gravidade disso historicamente Mas eu tenho a convic o de gente da literatura que acredita que n o pela censura sabe S o tempos marcados e vividos demarcados por uma hist ria que pode criar um vi s que n o conseguiremos sair dele depois Daqui a cinquenta anos as pessoas olhar o para esse momento e eu n o sei o que ir acontecer Eu n o fa o ideia Eu acho que tudo poderia ser amenizado se tiv ssemos uma forma
361. il teoria an lise did tica S o Paulo Moderna 2000 COPES Regina Janiaki Pol ticas p blicas de incentivo leitura um estudo do projeto Literatura em minha casa Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Estadual de Ponta Grossa 2007 CORDEIRO Maisa Barbosa da Silva O processo de sele o dos acervos do PNBE 2008 uma abordagem reflexiva In Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Liter ria MOEBIUS 2010 Dourados Anais 2010 Dispon vel em http Awww ufvim edu br site moebius files 2011 04 Maisa Barbosa pdf Acesso em 18 08 2014 CRUZ Rosana Evangelista da Pacto federativo e financiamento da educa o a fun o supletiva e redistributiva da Uni o FNDE em destaque Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o da Universidade de S o Paulo 2009 318 CRUZ T nia Mara Espa o escolar e discrimina o significados de g nero e ra a entre crian as Educa o em Revista Belo Horizonte v 30 n 1 p 157 188 mar 2014 Dispon vel em http www scielo br pdf edur v30n1 a07v30n1 pdf Acesso em 03 06 2014 CRUZEIRO DO SUL Conselho Municipal de Educa o Resolu o CME CZS n 01 2013 Estabelece normas complementares s Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro brasileira e Africana das Escolas de Ensino Fundamental s ries regulares e EJA E
362. ileiro Multidisciplinar de Educa o Especial 3 a 6 de novembro de 2009 Londrina PR p 687 694 SOUZA Florentina Cadernos Negros literatura afro brasileira In Edimilson de Almeida Pereira Org Um tigre na floresta de signos estudos sobre poesia e demandas sociais v 1 Belo Horizonte Mazza Edi es 2010 p 212 227 SOUZA Maria Elena Viana Culturas realidades e preconceito racial no cotidiano escolar Tese Doutorado em Educa o Universidade Estadual de Campinas 2008 TELLES Edward Eric Racismo brasileira uma nova perspectiva sociol gica Rio de Janeiro Relume Dumar Funda o Ford 2008 THEODORO M rio JACCOUD Luciana Ra a e Educa o os limites das pol ticas universalistas In SANTOS Sales Augusto dos Org A es afirmativas e combate ao racismo nas Am ricas Bras lia Minist rio da Educa o UNESCO 2005 p 105 120 THOMPSON John B Ideologia e cultura moderna teoria social cr tica na era dos meios de comunica o de massa 6 ed Rio de Janeiro Vozes 2002 TOLEDO Conselho Municipal de Educa o Delibera o n 001 CME TOLEDO Normas Complementares Municipais s Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira Africana e Ind gena Dispon vel em http www toledo pr gov br sites default files DELIBERACAO 001 08 CME pdf Acesso em 23 10 2014 TURCHI Maria Zaira Tend n
363. ilidade na tramita o do processo no MEC optei por tamb m registrar protocolos de solicita o no Fale conosco do site do MEC No dia seguinte 01 07 2014 recebi e mail da Coordena o Geral dos Programas do Livro CGPLI do FNDE dispondo se a me atender em uma das datas previstas em princ pio com a ressalva de que eu entrasse em contato dias antes pois poderia haver a necessidade de adiamento em fun o de outros compromissos com viagens Embora a representante da CGPLI FNDE tenha manifestado disponibilidade evidenciava se no decorrer das leituras e an lise dos resultados envolvendo os editais do PNBE que sua entrevista n o seria priorit ria ao presente estudo j que a atua o do FNDE em rela o aos interesses desta pesquisa acontecia em menor escala que a SEB e a Secadi Inclusive a pr pria representante da CGPLI FNDE destacou isso em sua resposta via e mail 237 Todavia tendo em vista o objetivo da sua pesquisa sugiro uma entrevista no MEC na Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o SECADI e a na Secretaria de Educa o B sica SEB a pois cabe a essas secretarias responsabilidade pela sele o das obras que comp e os acervos do PNBE Ao FNDE cabe a operacionaliza o da aquisi o e distribui o dos referidos acervos E MAIL DA CGPLI FNDE Mesmo assim mantive a proposta de realiza o da entrevista pois como respondido gestora o objetivo era
364. indo aqueles que questionam e apontam os problemas relacionados sub representa o ou aos altos investimentos e baixo retorno E este estudo que reconhece v rios dos problemas que se mant m no Programa concorda com Mota sobre os temores de uma poss vel perda de um espa o conquistado espa o esse que deve estar a servi o de uma educa o democr tica 112 N o o temor como sin nimo de medo categoria apresentada anteriormente que se traduz numa paranoia que caracteriza frequentemente quem est no poder e tem medo de perder seus privil gios BENTO 2002a p 38 300 H ainda na esfera estatal o risco da descontinuidade ou do desvirtuamento do PNBE Sendo os recursos empregados no programa t o vultoso sempre h a possibilidade de se considerar que seriam mais teis em outros programas educacionais ou mesmo em outro campo de atua o governamental Tamb m como o ensino b sico fun o dos estados e munic pios pode n o tardar o entendimento de que este custo deveria ser por eles assumido ou que n o cabe ao governo federal esse tipo de interven o De outra sorte pode se acreditar que o texto liter rio apenas um entre tantos outros que precisam circular na escola diminuindo assim a sua presen a nos acervos pela inclus o de outros tipos de texto ou at mesmo eliminando o sob o argumento de que j h muitas obras liter rias nas bibliotecas escolares A todos n s cabe defender o lugar da literatu
365. inina na narrativa infantojuvenil brasileira contempor nea Estudos de literatura brasileira contempor nea n 36 Bras lia julho dezembro de 2010 Dispon vel em http Awww gelbc com br pdf revista 3605 pdf Acesso em 30 10 2013 SILVA Lucilene Costa e Meninas negras na literatura infantojuvenil escritoras negras contam outra hist ria Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal de Bras lia 2012 SILVA Maria Bet nia FIGUEIROA Maria Bernadete Martins de Azevedo Uma educa o para al m do conto de fadas In In MORAES Fabiana Grupo de Trabalho sobre Discrimina o Racial do MPPE GT Racismo Coord No pa s do racismo institucional dez anos de a es do GT Racismo no MPPE Recife Procuradoria Geral de Justi a 2013 Dispon vel em http www mppe mp br mppe images Livro1 Oweb pdf Acesso em 27 12 2014 SILVA Paulo Vinicius Baptista da Rela es raciais em livros did ticos estudo sobre negros e brancos em livros de L ngua Portuguesa Belo Horizonte Aut ntica 2008 Cole o Cultura Negra e Identidade Ra a cor In OLIVEIRA Dalila Andrade DUARTE Adriana Cancella VIEIRA L via Fraga Dicion rio trabalho profiss o e condi o docente Belo Horizonte UFMG Faculdade de Educa o 2010a CDROM Dispon vel em http www gestrado org pdf 153 pdf Acesso em 21 11 2014 Por sempre mais uma hist ria In SOARES Le ncio et al Org Converg ncias e tens es no cam
366. institucional na Inglaterra para a proposi o de pol ticas p blicas contra o racismo E na d cada de 1990 desenvolveu se um amplo debate na sociedade inglesa em decorr ncia da constata o de incapacidade da pol cia em tratar de um caso de assassinato de um jovem negro Stephen Lawrence por um grupo racista branco Nesse mesmo per odo iniciavam se no Brasil debates sobre o racismo institucional por meio de eventos como a Marcha Zumbi Contra o Racismo pela Cidadania e a Vida organizado por entidades do Movimento Negro e que levou a Bras lia milhares de pessoas de todo pa s e entregou em 20 de novembro de 1995 um documento ao ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso indicando as reivindica es na luta de combate ao racismo e supera o das 16 Livre tradu o GLASGOW Jossey The Black Underclass Poverty Unemployment and Entrapment of Ghetto Youth San Francisco Jossey Bass 1981 43 desigualdades raciais Mas foi nos anos 2000 que se consolidou a discuss o entre entidades do Movimento Negro e o Governo brasileiro sobretudo a partir da 3 Confer ncia Mundial das Na es Unidas contra o Racismo a Discrimina o Racial a Xenofobia e as Formas Conexas de Intoler ncia realizada em Durban frica do Sul no ano 2001 Intensificaram se as reivindica es de efetiva o dos compromissos firmados pelo Brasil nessa Confer ncia pois mobilizou um debate p blico sobre a quest o racial
367. instrucionais deixando valores e princ pios humanos para serem repensados enquanto temas que atravessariam as disciplinas os PCNs possibilitam que as escolas vejam estes temas como alternativos e n o fundamentais ou ainda que escolham dentre as diversidades aquelas menos conflitivas para incluir em suas propostas pedag gicas SILVA JR 2002 p 33 34 Diante disso retomando a reflex o apresentada anteriormente ser necess ria uma ampliada e ampla reflex o por parte da pol tica do PNBE sobre qual literatura deve lhe interessar 218 A terceira tem tica n o denominada apresentada no subt tulo a realidade como proposta Trata se do que a autora considera como temas delicados morte medo abandono separa o PAIVA 2008b p 39 Na amostragem de 2008 Paiva indicou que apenas 3 dos livros inscritos no PNBE voltado para a educa o infantil s o desse agrupamento o que para a autora evidencia a resist ncia dificuldade de se tratar de temas da realidade com essa faixa et ria Em outras palavras a escola opta pela literatura de entretenimento que melhor se adapta a fun o de coadjuvante pedag gico censura os temas que considera delicados pol micos perigosos ousados promove uma assepsia tem tica em seu di logo com a literatura co be a discuss o dos enigmas da exist ncia humana e da complexidade das rela es sociais que poderiam ser problematizadas por meio da fic o PAIVA
368. is ria viol ncia dentre outros s o os preferenciais dessa tend ncia A terceira tend ncia intitulada de Linha da fantasia embora em menor incid ncia segundo a autora ocorre sintonizando dois polos o maravilhoso e o fant stico com a realidade De maneira tamb m pouco incidente n o em rela o quantitativa mas em termos de import ncia nas tramas estaria a quarta tend ncia a Linha das rela es amorosas que inclusive Luft dedica poucas linhas A quinta tend ncia categorizada pela autora seria a Linha das narrativas policiais investigativas De frequ ncia reduzida essa tend ncia retoma f rmulas j desenvolvidas no final do s culo passado conforme identificaram Lajolo e Zilberman 1984 geralmente envolvem a elucida o de crimes desaparecimentos e ou sequestros em que jovens protagonistas costumam ser os principais investigadores LUFT 2010 p 125 Em menor quantidade ainda sendo apenas uma obra estaria outra tend ncia chamada de Linha de terror e de suspense Tem como caracter stica predominante o uso de elementos fantasmag ricos e g ticos dedica ndo se assombra o ao suspense e ao terror LUFT 2010 p 126 A s tima tend ncia que ser mais bem explorada posteriormente foi chamada por Luft de Linha de revaloriza o da cultura popular Relaciona se produ o liter ria com tem ticas africanas ou ind genas ou revaloriza o da cultura p
369. is e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana que apregoam a necessidade de a es de repara o voltadas para a valoriza o do patrim nio hist rico cultural afro brasileiro BRASIL 2004a p 11 Essa perspectiva reitera as considera es de Silva Jr 2002 sobre o car ter legal de uma pol tica educacional O debate sobre estas quest es n o se situa apenas na vontade pol tica ou na conduta tica de alguns Situa se primeiramente no espa o da universalidade de direitos no reconhecimento destes direitos e principalmente no respeito s leis que promovam a igualdade A partir de uma perspectiva que abrace pressupostos legais constitucionais e do exerc cio da cidadania baseada no direito as demandas por transforma es necess rias se tornar o menos vagas menos rarefeitas e voluntaristas Talvez a resida uma valiosa oportunidade para que a lei se torne um instrumento eficaz de liberta o para todos negros e brancos das pr ticas cotidianas de exclus o e descumprimento do direito plena igualdade de tratamento e de oportunidades SILVA JR 2002 p 83 Por outro lado a entrevistada informa que a elabora o do edital n o compete institui o avaliadora embora haja tentativas RAP PNBE N o Nada Esse edital sai l do FNDE PQ Os crit rios tudo vem de l RAP PNBE A gente palpita n s tentamos dar uma dimens o um car ter mais pedag gico poss vel que m
370. isso talvez n o tenham autorizado entrevista Mas tamb m li para ela trecho de um dos editais do PNBE tradicional que cita a Secadi como cooperadora do PNBE e ela demonstrando surpresa sugeriu ent o que eu questionasse isso junto Equipe Fale Conosco do MEC e tamb m entrasse em contato com o respons vel que ela havia indicado anteriormente Depois de algumas tentativas de contato com o referido respons vel apenas ao final do expediente consegui falar com ele que apenas ouviu a minha argumenta o acerca da import ncia da participa o da Secadi como entrevistada na pesquisa Embora por telefone foi poss vel perceber o constrangimento inc modo do respons vel ao demonstrar pouco entender das informa es que eu apresentava Ao final ele disse que n o poderia dar qualquer resposta e sim seu coordenador Transferiu a liga o para o seu referido coordenador que tamb m n o estava A t cnica que atendeu no entanto ao ouvir todo o meu relato questionou a resposta do site do MEC j que ningu m da Secadi havia respondido ainda a minha solicita o Negou ser algu m daquela Secretaria e disse que o meu of cio estava sendo encaminhado para despacho com a o coordenadora or Solicitou que eu aguardasse mais alguns dias 239 No dia 07 08 2014 na aus ncia de respostas por parte da Secadi liguei novamente para o gabinete Outro t cnico me atendeu e relatei novamente toda a situa o Ele se comprometeu a me responder at
371. istina de SILVA Paulo Vinicius Baptista da Diversidade tnico racial e a produ o liter ria infantil an lise de resultados In BENTO Maria Aparecida Silva Org Educa o infantil igualdade racial e diversidade aspectos pol ticos jur dicos conceituais S o Paulo Centro de Estudos das Rela es de Trabalho e Desigualdades CEERT 2012 p 194 220 Dispon vel em http Awww educadores diaadia pr gov br arquivos File cadernos pedagogicos edinf i gualdade pdaf Acesso em 10 01 2015 BARREIROS Ruth Ceccon VIEIRA Nancy Rita Ferreira Literatura infantil para uma forma o leitora multicultural L nguas e Letras v 12 n 23 p 329 350 2 sem 2011 BARROS Rachel Rocha de Almeida O lugar social das palavras africanas no portugu s do Brasil In BARROS Rachel Rocha de Almeida CAVALCANTI Bruno C sar FERNANDES Clara Suassuna Org Kul Kul Visibilidades negras 1 ed Macei EDUFAL 2006 p 9 13 BATISTA Marta Rossetti Anita Malfati no tempo e no espa o biografia e estudo da obra S o Paulo Ed 34 Edusp 2006 313 BAZILLI Chirley Discrimina o contra personagens negros na literatura infanto juvenil brasileira contempor nea Disserta o Mestrado em Psicologia Social Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo 1999 BENTO Maria Aparecida Silva Branqueamento e branquitude no Brasil In CARONE Iray BENTO Maria Aparecida Silva Orgs Psicologia social do racismo estud
372. itical nature of the dispute between the two literature models The racialization has acted through various strategies especially the dissimulation silence and the legitimation that has manifested in actions and speeches of those representatives of the institutions as well in the official documents of the MEC At the end the interpretations of the study has promoted the possibility of indicating suggestions for changes for continuous improvement of this educational policy as important to the formation of readers and promotion of reading in Brazilian public schools Keywords National Program for the School Library Children s and young adult literature Racialization Discourse Educational policies LISTA DE ILUSTRA ES QUADRO 1 CARACTERIZA ES DO PRECONCEITO DE MARCA E DE ORIGEM POR ORACY NOGUEIRA ci teemeeeeeeeeereeeeeeeereeereeerrererenes 52 QUADRO 2 FRASES QUE DEMONSTRAM SENTIMENTO JULGAMENTO E AVALIA O DO AUTOR SOBRE A PERSONAGEM TIA NAST CIA 99 QUADRO 3 ATRIBUI ES DAS INSTITUI ES RESPONS VEIS PELO ENDE o paia nda O ao e RA a Ra a a ea a 129 GR FICO 1 RELA O DE LIVROS INSCRITOS SELECIONADOS PNBE 2006 2012 usa sadias reitera fes a SR aus aaa Da AE AR O Ra 136 QUADRO 4 PRINCIPAIS PROGRAMAS PROJETOS DE INCENTIVO LEITURA DAS LTIMAS D CADAS DO S CULO 20 sessies 141 QUADRO 5 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 1 144 QUADRO 6 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO
373. itores em seus v rios contextos socioculturais Ainda que j esteja assim contemplado nas outras dimens es a inclus o deste aspecto na dimens o pol tica se faz em virtude do destaque que merece a aus ncia de qualquer tra o de xenofobia ou nacionalismo na sele o das obras do PNBE Talvez por se confiar na pujan a da produ o liter ria nacional talvez por se acreditar que a tradu o insere a obra no sistema que a recebe talvez por ser desnecess rio para os fins educacionais ao qual a sele o se destina o crit rio de pertencimento nacional simplesmente n o faz parte da avalia o pedag gica de obras liter rias do PNBE MOTA 2012 p 317 Ao passo em que se ressalta que a identidade nacional n o faz parte dos princ pios que regem a escolha dos livros do PNBE sob o risco de incorrer em pr ticas xen fobas ou nacionalistas a ado o de autoras es e obras com a inten o de legitimar certas posi es aproxima se dos interesses do mito da democracia racial que visa estabelecer conforma es ou unifica es sendo esta ltima caracter stica interpretada por Thompson como rela es de domina o que podem ser estabelecidas e sustentadas atrav s da constru o no n vel simb lico de uma forma de unidade que interliga os indiv duos numa identidade coletiva independentemente das diferen as e divis es que possam separ los THOMPSON 2012 p 86 Portanto ao se negar o nacionalismo verifica se a sua oper
374. itou a necessidade de uma investiga o sobre os fatores que podem estar contribuindo para esse descompasso tendo como foco de an lise duas poss veis interpreta es esta literatura em lento mas gradativo aumento fruto de uma autoria um sujeito homem ou mulher que com uma subjetividade pr pria vai construindo a sua escrita vai inventando criando o ponto de vista do texto EVARISTO 2009 p 18 nota de rodap 2 seria de qualidade inferior literatura que constantemente escolhida para compor os acervos Ou existiria uma expl cita interdi o de base racializante para a entrada de livros com nfase na diversidade tnico racial no PNBE Subsidiado pelos estudos aqui arrolados bem como outros que ser o apresentados no decorrer a presente pesquisa imergiu nesses quatro campos do conhecimento para interpretar se h estrat gias racializantes operando no PNBE Para tal intento esta pesquisa fez uso de entrevista e an lise de question rio documentos oficiais do MEC e FNDE e pesquisas da rea Como ser mais bem detalhado no CAP TULO 5 foram analisadas as vozes e os sil ncios manifestados pela equipe de avalia o dos livros para o PNBE e por institui es do MEC respons veis pela organiza o e execu o do Programa para verificar se a execu o dessa pol tica tem sido gerida em benef cio de uma sociedade multirracial e que atenda portanto aos preceitos legais da Constitui o Federal de 1988 O ob
375. itura da obra naquele contexto tendo sido ela produzida l atr s ou ent o ser o fim A literatura vai passar por uma censura xiita militante da pior qualidade Ser um desservi o literatura Fazer bula nota explicativa em texto liter rio para mim inconceb vel n o se ter o compromisso com a literatura produzida no tempo que ela foi produzida e saber fazer as leituras posteriores dessa obra Se n s reverenciamos cl ssicos por que far amos isso com uma figura da literatura infantil juvenil como Monteiro Lobato a rea o foi agora a gente escolhe Monteiro Lobato Porque a resposta tem que ser Aqui n o existe n o cabe esse tipo de censura feita literatura por movimentos compreens vel extremamente compreens vel mas n s temos que lutar pela media o adequada disso PQ A nota explicativa n o ajudaria nisso nessa media o RAP PNBE quem faria essas notas explicativas Gente da literatura que n o concorda com isso Quem produziria uma nota explicativa que n o desvirtuasse que n o que n o pusesse uma venda no texto A preocupa o da entrevistada refere se ao car ter de censura que amea a a manuten o da arte liter ria produzida em contextos onde marcas das intera es sociais como o racismo fazem parte Retoma se nesse reflex o a compreens o 289 de que o racismo estrutural e estruturante No entanto diferentemente das propostas desenvolv
376. iversidade n o cabe e onde a diferen a motivo de conflito 38 Analisando por exemplo um dos livros de sua amostra Lampi o e Maria Bonita O rei e a rainha do canga o a autora questiona a falta de variedades em que negros as s o apresentados j que embora o conte do desse livro possa vir a despertar discuss es e auxiliar no movimento de debate sobre a riqueza de outras culturas que n o a do homem branco com origem europeia elntretanto novamente reitera se que as obras nas quais se retratam personagens de outras etnias foram em quantidade insuficientes para caracterizar a diversidade tnico racial e a miscigena o do povo brasileiro VEN NCIO 2009 p 132 198 estranhamento e consequentemente os discursos atuam muito mais para estabelecer e perpetuar desigualdades VEN NCIO 2009 p 157 Na pesquisa de Oliveira V C S 2010 operaram se interpreta es semelhantes Sua investiga o teve como objetivo analisar como est o configuradas as rela es entre brancos e negros na literatura infanto juvenil distribu da pelo PNBE em 2008 para Educa o Infantil OLIVEIRA V C S 2010 p 11 Tomando como referencial a Lei 10 639 2003 e do Parecer 03 2004 do CNE a autora interpretou como os resultados se aproximavam ou se afastavam das proposi es de tais referenciais legais Assim sua constata o foi Os livros que trazem personagens negros em alguns os representam positi
377. ixos personagens negras em posi es de subalternidade personagens negras invisibilizadas nas tramas personagens negras estereotipadas e em n mero ainda muito reduzido personagens negras em posi o de valoriza o SILVA P V B 2012 Considerando que a todos os grupos humanos h a possibilidade de suas representa es art sticas serem de diversas maneiras e perspectivas justific vel ent o em tais representa es encontrarmos caracter sticas m ltiplas Contudo quando a recorr ncia somente ou em grande parte referente a espa os sociais determinados sobretudo se comparados a outros grupos humanos em um mesmo pa s estamos diante de contextos que operam para a desigual distribui o de poder Analisando a representa o estereotipada de personagens negras na literatura infanto juvenil Heloisa Pires de Lima 2005 adverte que a quest o refere se justamente a essa recorr ncia Eu responderia que o problema n o est em representarmos a imagem negra nesta ou naquela express o A diferen a para uma crian a n o negra est no n mero de op es em que ela se v para elaborar sua identidade 77 Em todo o leque dessa oferta podemos encontr las nas mais diferentes formas pap is e jeitos o que compensa uma ou outra desqualifica o O mesmo n o acontece para a crian a negra que encontra imagens pouco dignas para se reconhecer o que n o est na profiss o mas na altivez simpatia intelig nci
378. jetivou a an lise da diversidade de idade g nero ra a e defici ncia em um acervo do PNBE 2008 Buscando responder pergunta Em que medida os personagens apresentados pelas obras que comp em o acervo do PNBE 2008 apresentam caracter sticas que valorizam a diversidade VEN NCIO 2009 p vi os resultados da autora indicaram quantitativamente que houve uma diminui o na dicotomia de rela es de subordina o entre personagens negras e brancas nas ilustra es mas prevalecendo de forma expl cita ou velada rela es de subordina o nas tramas Al m disso a ideia de diversidade proposta pelos livros do acervo acentuaram hierarquias O branco ainda se faz norma assim como se mant m o homem como representante da esp cie Observou se no processo de an lise predom nio de personagens humanos do sexo masculino e brancos com altera o somente no que se refere idade com maior n mero de crian as personagens que figuram no universo ficcional destinado inf ncia e adolesc ncia De forma geral apesar de algumas obras buscarem contemplar a ideia da diversidade verificou se manuten o de rela es hierarquizadas A representa o de sociedade explicitada na amostra analisada com enfoque significativo do personagem branco homem sem defici ncias permite inferir que se busca estabelecer vincula o com o real naturalizando se conceitos e a es concordes com uma percep o de sociedade na qual a d
379. jeto deste estudo foi portanto os discursos e os sil ncios produzidos nas entrevistas question rio documentos oficiais e pesquisas da rea Pierre Muller e Yves Surel 2002 prop em duas ressalvas que foram incorporadas ao presente estudo como forma de evitar armadilhas t picas quando se empreendem an lises de pol ticas p blicas A primeira delas a compreens o de que analisar a a o do Estado n o consiste simplesmente em se estud lo como 26 aparelho pol tico administrativo MULLER SUREL 2002 p 17 Assim a interpreta o de documentos e discursos produzidos ou n o produzidos acerca da diversidade tnico racial no PNBE possibilitou a supera o de uma poss vel interpreta o reducionista da pol tica em seus aspectos meramente t cnicos ou expl citos A segunda ressalva a consci ncia do car ter intrinsicamente contradit rio de toda pol tica MULLER SUREL 2002 p 17 o que possibilitou o sobrepujamento de falsas ou incompletas hip teses sobre expl citos manique smos mas ao mesmo tempo fortaleceu e comprovou hip teses que apontavam a atua o do racismo institucional como elemento fundante da pol tica do PNBE E isso foi poss vel gra as compreens o de que n o menos verdade que toda pol tica p blica se caracteriza por contradi es at incoer ncias que devem ser levadas em conta mas sem impedir que se defina o sentido das condutas governamentais MULLER SUREL 20
380. l foi analisar a obra infantil de Monteiro Lobato e suas rela es com a inf ncia e com a leitura tanto no mbito dela pr pria como no di logo com leitores crian as do mundo contempor neo TRAVASSOS 20183 p 17 A esse objetivo a autora acrescentou as seguintes quest es 190 Considerando a escola como espa o de forma o de leitores e o contexto escolar como grande colaborador para o acesso das crian as leitura e literatura pergunto como a obra infantil de Monteiro Lobato escrita entre os anos 1920 e 1940 e refer ncia de inova o e qualidade na literatura infantil brasileira lida e ressignificada por crian as de hoje no contexto escolar Como a obra aborda quest es da inf ncia e da leitura E poss vel ler Lobato com as crian as da atualidade Qual o lugar da tradi o liter ria na heterogeneidade da produ o liter ria do s culo XXI Que formas al m da leitura liter ria propiciam s crian as de hoje acesso obra de Lobato O que aproxima e ou afasta as crian as dos textos deste autor A leitura de obras de Lobato na escola contribui para a forma o de novos leitores Como TRAVASSOS 2013 p 18 Por meio de observa o participante interven es orais tendo livros de Lobato como suporte e conversas entrevistas com professoras e crian as de 1 ao 3 ano do ensino fundamental de duas escolas do Rio Janeiro uma municipal e outra federal dentre as impress es sobre as leituras
381. lho Nacional de Educa o CNE que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana por meio do Parecer CNE CP 03 2004 e da Resolu o CNE CP 01 2004 bem como o Plano Nacional para a implementa o das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana BRASIL 2004b e diretrizes decretos e outras leis em n vel estadual e municipal Neste trabalho adota se preferencialmente o termo implementa o em detrimento de implanta o por concordar com a an lise de Gomes 2012 que avalia que o segundo termo diz respeito s fases iniciais da constru o de uma pol tica ao passo que o primeiro relaciona se ao processo de internaliza o da pol tica 62 Em geral nessa fase de implanta o a regulamenta o do que est proposto pela pol tica ou pela legisla o dela decorrente ainda se encontra em debate e dependente da an lise das condi es que dificultam ou facilitam essa funda o identifica o dos recursos necess rios parcerias na sociedade civil posicionamentos pol ticos sobre o tema identifica o de tens es Decorrente dessa etapa inaugural a capacidade de implementa o da pol tica da execu o de um plano programa ou projeto que leve sua pr tica por meio de provid ncias concre
382. lica o o autor destaca a rela o intr nseca entre o racismo produzido no campo individualizado e no ambiente corporativo Aunque se pueda obtener una explicaci n sociol gica de las pr cticas sociales individuales y hablar de las acciones o pol ticas de las organizaciones e instituciones hay que tener en cuenta que los discursos de estas instituciones son productos individuales o colectivos de sus miembros y est n legitimados por su liderazgo de lite Una instituci n es tan racista como lo son sus miembros y especialmente sus l deres VAN DIJK 2006 p 17 45 Nesta perspectiva a responsabiliza o da institui o s se faz poss vel porque ela formada de indiv duos institucionalizados e legitimados pela posi o que ocupam Pensar o racismo no ambiente institucional requer inevitavelmente a inclus o da institui o e de seus membros Unida a essa argumenta o Ricardo Henriques e Eliane Cavalleiro 2007 prop em uma defini o de racismo institucional que sintetiza o conceito que ser utilizado nesta pesquisa O racismo institucional engendra um conjunto de arranjos institucionais que restringem a participa o de um determinado grupo racial forjando uma conduta r gida frente s popula es discriminadas HENRIQUES CAVALLEIRO 2007 p 211 Outro elemento desta discuss o tem a ver com o exerc cio do racismo institucional j que sua caracteriza o identifica o assim como do racismo no
383. livro PAIVA 2012a p 25 destaques da autora O momento seguinte era o de envio ao MEC por parte da coordena o da listagem com os t tulos aprovados O FNDE por sua vez assumia a tarefa de negocia o com as editoras Em seguida o mesmo rg o elaborava os contratos a serem assinados com as editoras e o estabelecimento do n mero de livros a serem produzidos para a aquisi o Esse processo era segundo Paiva 2012 supervisionado por t cnicas os do FNDE Nessa fase tamb m havia uma avalia o de controle de qualidade de acordo com normas da Associa o Brasileira de Normas T cnicas ABNT A pr xima etapa era o firmamento de acordo via contrato com a Empresa Brasileira de Correios e Tel grafos ECT para a distribui o dos acervos do Programa s escolas e s sedes das prefeituras ou das secretarias municipais de educa o em caso escolas do campo Acompanhavam esse processo t cnicas os do FNDE e de secretarias estaduais de educa o Paiva 2012a destaca que cabia equipe de avaliadoras es e coordena o selecionar para cada acervo as melhores obras de cada categoria procurando atender a todos os g neros inscritos PAIVA 2012a p 25 Assim de acordo com os n meros apresentados no gr fico a seguir s o poucos os livros que possuem tais caracter sticas o que denota entre outras coisas o n vel de competitividade entre as obras e o quanto significa para cada editora ter um ou mais de seus t tul
384. lternativas podem ser identificadas ou foi uma quest o redundante mais prov vel j que a quest o 2 j pressuporia resposta ou havia uma reda o previamente pronta utilizada em outras situa es para a quest o 2 j que a resposta quest o 4 n o acrescentou novas informa es A escolha da Institui o que executar o processo de avalia o das obras inscritas no PNBE feita pela Secretaria de Educa o B sica que conta com o apoio de Comiss o T cnica formada por especialistas da s rea s de que trata cada edital Quanto avalia o a COGEAM acompanha todas as etapas dirimindo d vidas e orientando o processo avaliativo quando pertinente j que a Avalia o Pedag gica ocorre no mbito deste programa em regime de corresponsabilidade COGEAM QUESTAO 4 A ltima quest o foi disposta nessa posi o no question rio por considerar que sendo a pergunta mais complexa seria mais adequada ser apresentada ao final da entrevista por j ter at aquele momento estabelecido uma rela o de confian a entre entrevistada e entrevistadora Relembrando a quest o Em que medida as pol micas relacionadas aos pareceres do CNE sobre uma obra liter ria 275 conter passagens racistas influenciou no trabalho da Cogeam A resposta foi a seguinte Os pareceres do CNE bem como toda a arena discursiva acad mica e social atinente ao tema incluindo pareceres jur dicos notas t cnicas manifesta es artig
385. m 23 10 2014 GOMES Nilma Lino Educa o e diversidade tnico cultural In In RAMOS Marise Nogueira ADAO Jorge Manoel BARROS Graciete Maria Nascimento Diversidade 321 na educa o reflex es e experi ncias Bras lia Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica 20083 p 66 76 Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre rela es raciais no Brasil uma breve discuss o In EDUCA O Minist rio da DIVERSIDADE Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Educa o antirracista caminhos abertos pela Lei Federal n 10 639 03 Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade 2005 p 37 62 Cole o Educa o para todos Diversidade tnico racial inclus o e equidade na educa o brasileira desafios pol ticas e pr ticas RBPAE v 27 n 1 p 109 121 jan abr 2011 Dispon vel em http seer ufrgs br rbpae article view 19971 Acesso em 11 10 2014 Apresenta o In Org Pr ticas pedag gicas de trabalho com rela es tnico raciais na escola na perspectiva da Lei n 10 639 2003 1 ed Bras lia MEC Unesco 2012 p 7 17 Educa o para todos 36 Dispon vel em http etnicoracial mec gov br images pdf publicacoes Etnico 20Racial educaca para todos 36 miolo pdf Acesso em 19 12 2014 As pr ticas pedag gicas com as rela es tnico raciais nas escolas p blicas desafios e perspectivas
386. m Letras ou em Educa o Por exemplo temos avaliador que de Letras e fez mestrado em Educa o Avaliador que Pedagogia e tem mestrado em Estudos Liter rios ou Literatura Infanto Juvenil essas coisas Isso n o significa que fechou n s temos gente da Biblioteconomia que fez doutorado em Educa o gente do jornalismo que fez mestrado em Educa o e ficou na rea da literatura gente das Artes Pl sticas das Belas Artes que fez mestrado em Educa o ou doutorado em Educa o mas a s o muito pontuais Hoje depois que esse processo est consolidado recebemos alguns e mails do tipo Como eu fa o para ser avaliador do PNBE Ent o hoje a demanda j surge assim E a n s j perguntamos pessoa sobre suas qualifica es e teve gente que j entrou assim Agora tem uma restri o que impede muitas pessoas de trabalharem e s vezes impediu pessoas maravilhosas de trabalharem que o seguinte voc tem que assinar um termo que voc n o tem v nculo com editora de esp cie alguma que publica livro de literatura Tem que fazer um termo e assinar e registrar em cart rio e mandar isso Ent o se a pessoa fizer uma orelha de um livro de literatura ela n o poder participar Nesse sentido outra pergunta buscou relacionar as variadas formas de ingresso de avaliadoras es com as demandas da diversidade PQ Nesse aspecto sobre o PNBE poss vel um dia existe alguma tend ncia pro PNBE come ar a conte
387. m a do ensino fundamental 2 estudantes receberam um acervo e escolas 2010 categoria das anos finais do ensino com mais de 100 estudantes dois acervos jovens e adultos Educa o infantil escolas com 201 a 400 estudantes receberam 1 acervo escolas com 401 a 600 estudantes receberam 2 acervos e escolas com 601 ou mais estudantes 3 acervos Ensino fundamental escolas com 201 a 700 estudantes receberam 1 acervo escolas com 701 a 1200 estudantes receberam 2 demais profissionais da educa o 1 2 milh es docentes do ensino regular e acervos e escolas com 1201 ou mais PNBE de obr s de atendimento educacional estudantes 3 acervos Especial 82 350 especializado e ainda obras 2010 acervos de literatura infantil e juvenil Ensino m dio escolas com 201 a 700 em formato acess vel aos estudantes receberam 1 acervo escolas com alunos com necessidades 701 a 1200 estudantes receberam 2 acervos educacionais especiais e escolas com 1201 ou mais estudantes 3 sensoriais acervos Ensino M dio escolas com 1 a 250 estudantes receberam 1 acervo escolas com 251 a 500 estudantes receberam 2 estudantes e escolas com mais de 500 estudantes 3 acervos Escolas da Educa o B sica De 1 a 250 l estudantes 1 exemplar de cada peri dico de Pae Aa N 251 a 500 estudantes 2 exemplares de cada PNBE complemento forma o e peri dico de 501 a 750 estudantes 3 Peri dicos Ca aaa exemplares de cada pe
388. m as demais secretarias foi caracterizado pela autora poca como uma rela o d spar no tocante ao desenvolvimento de pol ticas educacionais para atendimento de demandas da diversidade j que a maior parte das a es era executada pela Secad em car ter de quase exclusividade Al m disso a autora identificou varia es nos conceitos de diversidade adotados pelas secretarias do MEC sendo que apesar de poliss micos e refletirem as demandas sociais podem esvaziar a for a das reivindica es trazidas pelos movimentos sociais e alterar o sentido que atribuem s suas propostas descaracterizando as MOEHLECKE 2009 p 484 A Secad diante dos objetivos que lhe foram atribu dos e das pessoas escolhidas para dirigir cada uma de suas coordena es com fortes v nculos com os movimentos sociais das reas com as quais trabalham foi a secretaria que trouxe de modo mais expl cito o entendimento da diversidade a partir de uma vis o cr tica das pol ticas de diferen a A Sesu por trabalhar especificamente com o ensino superior refor ou em seus programas a ideia de diversidade como pol tica de inclus o e ou a o afirmativa J a SEB que tem como atribui o formular pol ticas para toda a educa o b sica trabalha em seus documentos e programas principalmente com a ideia de inclus o social e de diferen a como valoriza o e toler ncia diversidade cultural MOEHLECKE 2009 p 482 Da mesma maneira Tatiane Consen
389. m detalhada no ltimo cap tulo dessa tese a conjuntura de tens o gerada pelas disputas eleitorais pode ter influenciado as atitudes das institui es envolvidas na pesquisa Outro prisma observado nesse percal o diz respeito aos limites ticos do desenvolvimento de uma pesquisa que envolve pessoas Concordando com Teun van Dijk 2008 e tomando sua perspectiva como princ pio a ado o de m todos que n o infringem os direitos das pessoas estudadas VAN DIJK 2008 p 13 muitas situa es dos bastidores da pesquisa foram suprimidas considerando que pouco ou nada contribuiriam para a an lise da pol tica do PNBE e razoavelmente ou 36 muito exporiam indiv duos mesmo levando em conta que a exist ncia e manuten o do racismo institucional categoria presente nos resultados desta pesquisa s poss vel por meio dos indiv duos da institui o No entanto tamb m atendendo os meus princ pios e limites ticos flexibilizei nesse aspecto a exposi o de fatos at por entender que os epis dios narrados e an lise dos resultados no decorrer deste texto j s o suficientes para sustentar a tese aqui defendida Nesse sentido outra resolu o foi tomada da n o divulga o dos nomes das pessoas participantes da pesquisa mesmo considerando que seus cargos podem indicar sua identidade Mas apesar dos muitos momentos de descontinuidade gerados por tais percal os foi poss vel construir um estudo que ainda q
390. m estar ausentes preconceitos estere tipos e discrimina o de qualquer ordem outros estudos t m apontado que tal defini o tem sido insuficiente como ser demonstrado a seguir Antes no entanto importante delimitar que o argumento da presente pesquisa que embora a reda o dos editais do PNBE possa com essa proposta de aus ncia de apresentar marcas de politicamente correto a realidade dos acervos n o tem se mostrado assim Assim na interpreta o defendida nessa tese tal exig ncia do edital al m de ser neutra tem se revelado ex gua por n o ser suficiente para superar a branquidade como condi o normal de humanidade ROSEMBERG 1985 197 Os estudos elencados a seguir confirmam esse argumento Tamb m pesquisando o PNBE 2008 Ven ncio 2009 por exemplo mesmo reconhecendo a qualidade liter ria e est tica das obras com personagens negras como protagonistas da amostra que analisou identificou estere tipos relacionados a essas personagens j que elas compunham enredos de contextos bastante t picos A an lise qualitativa de determinadas obras ajuda assim a compreender os resultados quantitativos pois por detr s de indicadores por vezes menos acentuados relativos a outras pesquisas capta se como o acervo em espec fico que tratado como amostra dos acervos do PNBE estabelece lugares definidos para os personagens negros e ind genas VEN NCIO 2009 p 133 Sua pesquisa ob
391. ma dos Edital de Chamada P blica MEC SEB n 2 2014 Infere se no entanto que tal al nea diz respeito ao par grafo escrito subsequente al nea d Proposta de publica o que dever acompanhar os acervos cujo conte do dever conter informa es sobre o processo de avalia o e composi o dos acervos textos voltados para a forma o dos professores como mediadores de leitura e sinopses das obras selecionadas BRASIL 2014a p 57 228 No entanto tal chamada foi prorrogada at o dia 24 11 2014 informa o fornecida por uma das notas p blicas de esclarecimento mas sem um motivo divulgado Nesta nota em particular n o datada h maiores informa es sobre os recursos financeiros disponibilizados aos membros das equipes de avalia o Quais os valores geralmente praticados para pagamento dos avaliadores De acordo com o Decreto n 7 114 de 19 de fevereiro de 2010 o valor pago aos avaliadores de at R 2 000 00 por obra no caso do PNLD e de at R 400 00 por obra para o PNBE Cabe registrar que a defini o dos valores a serem pagos pela Institui o aos avaliadores deve levar em considera o o valor m dio estimado definido nas Chamadas P blicas Nesse valor est o considerados todos os custos previstos no item 5 das Chamadas P blicas A Secretaria de Educa o B sica informa que ser o propostos ajustes posteriores ao PTA MEC 2014a s p destaques do documento A hip tese defendida sobr
392. medida as pol micas relacionadas aos pareceres do CNE sobre uma obra liter ri conter passagens racistas influenciou no trabalho da Cogeam FIGURA 4 QUESTION RIO ENVIADO COGEAM FONTE Elabora o da autora NOTA Houve um erro de reda o na vers o enviada Cogeam Ao inv s de estar escrito A rela o entre a Cogeam e o PNBE estava A rela o entre a Secadi e o PNBE N o se considera no entanto que essa falha tenha comprometido em qualquer medida as respostas 265 Para favorecer a organiza o anal tica a apresenta o das respostas s quest es do question rio n o obedecer o necessariamente a ordem do question rio Com rela o s informa es pessoais a respondente ao question rio informou seu nome e vincula o institucional Informou ainda possuir seis meses de atua o na Cogeam dado que converge com a reflex o de uma t cnica da Coordena o Geral de Ensino Fundamental de que fazia tempo que estavam sem um nome Anteriormente Cogeam a vincula o da respondente era e uma universidade federal A pergunta sobre ra a cor n o foi respondida e n o houve nenhuma justificativa para tal aus ncia No entanto como n o houve a realiza o da entrevista inviabiliza se qualquer an lise mais aprofundada sobre condicionantes de ra a cor neste caso A primeira quest o t cnica foi respondida com relativo detalhamento A Coordena o Geral de Materiais Did ticos COGEAM
393. mento de representa es positivas de negras os ainda que em baixa frequ ncia personagens brancas s o mais bem elaboradas e aparecem mais vezes nas narrativas gerando o estabelecimento da manuten o do seu grupo como norma social e pressupondo 3 Para facilitar a localiza o temporal dos v rios editais do PNBE mencionados neste estudo optou se por referenci los pelo seu ano apresentado no t tulo e n o pelo ano de publica o como deveria ser de acordo com as normas para elabora o de documentos cient ficos da UFPR Assim por exemplo o Edital PNBE 2013 ser referenciado por este ano e n o por 2011 ano de sua publica o 22 inclusive que os leitores presumidos sejam tamb m brancos OLIVEIRA V C S 2010 p viii Nesse sentido h um forte ind cio de um padr o euroc ntrico componente desses acervos do PNBE Corroboram tal interpreta o os resultados da pesquisa de Ana Carolina Lopes Ven ncio 2009 analisando um dos acervos com vinte obras do PNBE 2008 a autora constatou que apenas duas contemplavam a diversidade tnico racial Assim um dos elementos de an lise relacionou se a esta tend ncia verificada no PNBE de uma presen a reduzida de obras que retratam a diversidade tnico racial correspondente popula o brasileira b Mesmo levando em considera o a preocupa o dos editais do PNBE no que se refere a n o aquisi o de obras com estere tipos e preconceitos poss vel enco
394. midade tem tica e ou metodol gica A primeira pesquisa a ser apresentada foi realizada por Patr cia de Freitas 2011 Com o objetivo de destacar em acervos do PNBE algumas obras referenciais no trabalho com hist ria e cultura afro brasileira a autora identificou seis t tulos e avaliou positivamente tal presen a mas alertou para a necessidade de forma o continuada sobre pr ticas de leitura Estes livros podem ser encontrados nas bibliotecas das escolas p blicas de todo o pa s e s o um importante instrumento para trabalhar temas referentes hist ria africana e a cultura afro brasileira Cabe ao Estado estabelecer pol ticas de forma o continuada que subsidiem e orientem o trabalho do professor a Desta forma ser poss vel criar estrat gias para utilizar a bibliografia referente diversidade que se encontra dispon vel nas escolas E assim modificar se a pr tica cotidiana reivindicando o direito a uma educa o de qualidade que se prop e a reconhecer e valorizar a cultura africana e de todos aqueles que por muito tempo foram exclu dos do cotidiano escolar FREITAS 2011 p 261 Al m disso Freitas destacou que a cada semestre h uma atualiza o dos acervos pois as escolas recebem novas publica es Tal afirma o n o converge com as informa es oficiais sobre o PNBE pois a distribui o de livros anual e em cada um dos anos destinada a segmentos diferentes da educa o b sica Talvez essa declara
395. miss es caminhamos por mapas que n o pisaremos mais erradicamos a fome a mis ria ficou pra tr s Aeroportos clandestinos pres dios vamos pensar Redu o da maioridade para nos exterminar Perdeu n o adianta chorar o amor venceu o dio e o povo quem vai criar mulher a mulher que vai cuidar da gente alma guerreira cora o valente Dispon vel em https Awww youtube com watch v rAycUvcW8lo Acesso em 20 12 2014 235 culminem num maior enfraquecimento desta pasta ou ainda na sua extin o Esses contextos transit rios podem indicar que estejam por vir mudan as significativas e nem sempre positivas no modelo de gest o da educa o brasileira e no encaminhamento das a es em rela o s pol ticas de valoriza o da diversidade tnico racial importante ressaltar que as reflex es desenvolvidas nas pr ximas se es n o pretendem expor indiv duos sobretudo em situa es que indiquem a a o de estrat gias racializantes mas sim interpretar como se opera a cultura do racismo no interior de institui es do MEC concordando com a posi o de Filice 2010 p 160 N o se trata de penalizar o gestor como se suas a es n o fossem tamb m determinadas pelas condi es infraestruturais e a aus ncia de apoio do Governo Federal O objetivo especificamente registrar e interpretar as vis es de mundo e as convic es tem um peso consider vel na implanta o do a
396. mo a italianidade brasileira a identidade ga cha etc MUNANGA 2008 p 37 foi apenas a popula o negra que teve a cor de sua pele associada a representa es negativas e de constru o de uma identidade negativa que embora inicialmente atribu da acabou sendo introjetada interiorizada e naturalizada inclusive pelas pr prias v timas da discrimina o racial MUNANGA 2008 p 37 83 Assim entendendo a literatura como uma manifesta o art stica da sociedade ela tamb m acabou por introjetar tais representa es sobretudo a literatura infanto juvenil essencialmente didatizante em seu surgimento Da mesma forma que j dito em estudo anterior ARAUJO 2010 ser poss vel apenas discutir sobre a literatura infanto juvenil entendendo a como uma produ o situada geograficamente no mundo ocidental Seria muito enriquecedor analis la a partir de outras perspectivas mas al m de ser invi vel seria pouco eficaz no sentido ao qual o presente estudo prop e Assim recorrendo brevemente a um hist rico a literatura para crian as e jovens nasce no contexto europeu com objetivos bastante demarcados conforme apontaram Lajolo e Zilberman 1984 ensinar valores morais No s culo 17 alguns t tulos 2 que foram posteriormente classificados como literatura para crian as indicam o seu surgimento ainda sem essa caracter stica didatizante t o fortemente marcada Mas efetivamente um tipo de literatura pensada para
397. mo e ingenuidade relegavam nas vida distante dos grandes centros Esses ind cios ganham for a ao analisarmos a condi o das personagens ind genas em fun o da nfase no que Lajolo e Zilberman denominaram de o segundo eldorado a exalta o aos bandeirantes e natureza amaz nica Embora se ressalte que a maneira como ambos os grupos foram retratados na literatura brasileira nunca correspondeu aos mesmos estere tipos considera se que talvez a nfase no car ter hist rico dos bandeirantes nesse per odo possa ter aproximado a representa o dos dois grupos ainda que Lajolo e Zilberman que mais forneceram informa es sobre esse per odo n o tenham apresentado tal proximidade Nesse sentido lara Tatiana Bonin e Edgar 109 Roberto Kirchof 2012 ao recuperarem os pap is das personagens ind genas infanto juvenis das d cadas de 1945 60 constataram que a literatura infantil produzida entre 1945 e 1960 n o se alinhou com o projeto tico est tico do Modernismo brasileiro antes procurou as principais refer ncias para a constru o do personagem ind gena justamente em uma antiga dicotomia existente j desde o in cio do c none liter rio brasileiro a saber a ideia do ndio enquanto simultaneamente bom selvagem e canibal Institu da j nos textos dos primeiros exploradores das Am ricas essa representa o dicot mica foi sendo reproduzida exaust o ao longo da hist ria da literatura brasilei
398. mplar a presen a na sele o que n o obede a esses crit rios mas presen a de grupos sociais como por exemplo o Movimento LGBT Movimento Negro Movimento de Mulheres RAP PNBE N o nunca me ocorreu isso n o O que tentamos absorver individualmente as pessoas Por exemplo tem um grupo forte aqui de a es afirmativas Tem pessoas que s o 282 PQ Mas com o foco especificamente por exemplo uma sele o espec fica para a composi o de membros que tenham essa vincula o essa trajet ria RAP PNBE N o eu acho que nem o edital permite Assim tal contexto retoma elementos j discutidos no cap tulo anterior durante a an lise do perfil da equipe respons vel pela avalia o dos livros do Programa e sobre as diferen as nos editais produzidos pela SEB e pela Secadi Ao passo que a Secadi estabeleceu a cria o de uma comiss o muito mais representativa pois re ne representantes de diversos segmentos governamentais e civis os editais da SEB n o pressup em a participa o a n o ser nos crit rios apresentados pela entrevistada de membros representantes de movimentos sociais com experi ncia na rea de estudos liter rios e que constantemente v m questionando a sub representa o de seus grupos nos acervos do Programa Ao n o permitir esse ingresso mas havendo certa flexibilidade na sele o das os avaliadoras es a equipe respons vel pela avalia o pedag gica dos livros tamb m inviabiliz
399. na lei RAP PNBE sic muda de rubrica O que n o para comprar para formar professor a o dinheiro viria de outro lugar enfim Agora quando voc ler esse livro indicou um livro voc ver o quanto dif cil ter a clareza de que foi uma grande conquista distribuir os livros mas o quanto melanc lico ainda descobrirmos que esses livros est o guardados Sem lan ar aqui uma aprecia o anal tica mais aprofundada sobre as proposi es apresentadas pela entrevistada e tomando as como v lidas poss vel identificar o quanto o olhar da pol tica a partir de quem olha de dentro possibilita mensurar v rios dos limites e v rios dos alcances sendo poss vel propor sugest es de mudan as qualificadas para o seu aperfei oamento Somados aos olhares de quem olha de fora as mudan as poderiam potencializar muito mais os alcances do Programa No entanto mesmo com a mobilidade e a capacidade de influ ncia da equipe de avalia o pedag gica j destacado aqui anteriormente fica evidente nesse trecho que ela limitada quando se trata de aspectos mais aprofundados da 299 pol tica como a forma o de mediadoras es de leitura Diante disso uma pergunta apresenta se de modo inevit vel nos moldes como est organizado esse Programa realmente interesse do Estado fomentar nos estudantes da educa o b sica os h bitos de leitura e ou formar leitoras es No fim qualquer pesquisa que analise o PNBE seja
400. nadas representa es da realidade mas sim que essas representa es n o s o representativas do conjunto das perspectivas sociais DALCASTAGNE 2012 p 17 2 No tocante aos estudos sobre o PNBE a maior parte das pesquisas n o conseguiu inserir o eixo ra a como categoria anal tica das desigualdades que operam por exemplo na composi o dos acervos ou ainda n o conseguiu correlacionar esse eixo na identifica o dos limites do Programa de um modo geral BRASIL 2008b Tais aus ncias evidenciam facetas das dificuldades resist ncias da inclus o de outros eixos de desigualdade para al m do econ mico como fator negativo em uma pol tica educacional De outro lado um pequeno mas j consider vel n mero de estudos sobre a diversidade tnico racial no PNBE apresenta ainda dificuldades de mobiliza o para tensionar de modo significativo a pol tica do Programa a fim de gerar mudan as Esse contexto desvela a fragilidade do grupo em se constituir como ator coletivo e mobilizar recursos pertinentes MULLHER SUREL 2002 p 21 3 A produ o dos editais do PNBE em v rias de suas vers es demonstrou o quanto as concep es de literatura e diversidade e as a es de combate s discrimina es de modo geral s o d bias contradit rias e fragmentadas Por mais 306 que a contradi o seja um car ter intr nseco de toda pol tica MULLHER SUREL 2002 as diverg ncias relacionadas aos conceitos de literatura e div
401. nal de Educa o O Sr Ant nio Gomes Costa Neto apresenta no processo an lise da situa o do livro Ca adas de Pedrinho de Monteiro Lobato destacando que a edi o referida 3 edi o 1 reimpress o ano de 2009 cont m 71 setenta e uma p ginas com ilustra es de Pedro Borges e inclusive informa o em sua capa de que a mesma j se mostra adaptada nova ortografia da L ngua Portuguesa Decreto n 6 583 2008 A cr tica realizada pelo requerente foca de maneira mais espec fica a personagem feminina e negra Tia Anast cia e as refer ncias aos personagens animais tais como urubu macaco e feras africanas Estes fazem men o revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano que se repete em v rios trechos do livro analisado A cr tica feita pelo denunciante baseia se na legisla o antirracista brasileira a partir da promulga o da Constitui o de 1988 na legisla o educacional em vigor e em estudos te ricos que discutem a necessidade e a import ncia do trabalho com uma literatura antirracista na escola superando a ado o de obras que fazem refer ncia ao negro com estere tipos fortemente carregados de elementos racistas BRASIL 2010b p 1 2 Para Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 essa den ncia ganhou maior visibilidade devido ao fato da obra que moveu toda a a o ter sido inclu da em edi es do PNBE Foram elaborados dois pareceres O primeiro Parecer CNE CEB 15 2010 teve c
402. nd gena considerando os diferentes contextos hist ricos sociais econ micos pol ticos culturais e ambientais dos povos ind genas QUADRO 18 COMPARA O ENTRE OS EDITAIS DE LITERATURA DO PNBE TRADICIONAL E DO PNBE IND GENA ADEQUA O TEM TICA FONTE Organiza o da autora com base em PNBE 2015 e PNBE IND GENA 2015 Mas novamente predomina no edital do PNBE tradicional um melhor trato com aspectos liter rios do que no edital do PNBE Ind gena no qual predomina a necessidade da obra selecionada promover amplia o das refer ncias conceituais de desenvolver o senso cr tico e de promover a forma o para uma cultura da diversidade cultural PNBE IND GENA 2015 p 18 224 Observando a argumenta o de Mota 2012 sobre o processo de avalia o pedag gica do PNBE poss vel refletir sobre outros aspectos acerca do PNBE Ind gena Para a sele o do PNBE importa saber se a obra tem elementos que garantam a sua artisticidade n o se esses valores s o os maiores os melhores ou os mais adequados em determinada hierarquia ou seja o que se busca verificar se o texto tem significado liter rio se a obra conta como liter ria se sustenta como literatura MOTA 2012 p 313 Nesse sentido comparando os dois editais pergunta se se o que predomina na sele o do PNBE tradicional a artisticidade da obra da maneira como se constitui do edital do PNBE Ind gena no tocante li
403. ndada de estigmas e precariedade no acesso aos bens culturais a interven o que se espera por meio do PNBE ser potencializada se considerar as diversas possibilidades de representa o art stica o que defende por exemplo Eduardo de Assis Duarte 2008 A tarefa a que se prop em ambiciosa e nada desprez vel Trata se de intervir num processo complexo e num campo adverso dada a dificuldade de se implantar o gosto e o h bito de leitura sobretudo entre crian as e jovens em sua maioria pobres num cen rio marcado pela hegemonia dos meios eletr nicos de comunica o DUARTE 2008 p 20 21 destaque do autor Nesse argumento acrescenta se a interpreta o de Martins e Cosson 2008 da necessidade de amplia o das formas de interpreta o da realidade Com efeito j n o se trata apenas de representar o mundo segundo uma experi ncia comum ou balizada por conven es dos discursos de realidade mas sim que a representa o seja feita de acordo com essa localiza o social funcionando como sua voz ou seu representante no campo liter rio MARTINS COSSON 2008 p 56 57 Assim caber pol tica do PNBE refletir qual literatura deve lhe interessar Uma an lise desenvolvida por Paiva 2008b acerca dos livros inscritos para a literatura infantil no PNBE 2008 indica algumas tend ncias do Programa em fun o do que o mercado editorial brasileiro tem produzido Por meio de tem ticas 215 recorrentes nos li
404. ndimento A parte inicial do of cio encaminhado Secadi assim tratava 3 Preferi aguardar tamb m uma resposta formalizada por parte da Secadi via e mail 238 Venho por meio do presente solicitar entrevista com representante da SECAD sobre a participa o dessa Secretaria junto ao Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE bem como pesquisa em documentos da institui o relacionados ao Programa E MAIL OFICIO S N Solicita o de entrevista Secadi 30 06 2014 Embora em princ pio n o soe t o estranho a solicita o de informa es sobre o PNBE para a Secadi certamente teria soado para as as t cnicas os respons veis pela triagem das demandas j que ao ligar para o setor ficou evidente que se eu tivesse solicitado informa es sobre o PNBE Tem tico teria conseguido muito mais r pido a resposta Como j havia contatado uma gestora da Secadi via e mail tentei novo contato agora por telefone para explicar lhe a situa o em fun o da resposta encaminhada pela Equipe Fale conosco do site do MEC Ela se impressionou com a demora na devolutiva e me informou que tal resposta dada pelo site do MEC era pass vel de questionamento Acrescentou que o procedimento relacionado ao encaminhamento das solicita es era de recebimento e encaminhamento da decis o pelo gabinete da Secadi Li para ela a resposta e ela ratificou j havia feito isso por e mail que a Secadi cuida apenas do PNBE Tem tico e que por
405. ndo a situa o do domic lio e os grupos de idade dispon vel em ftp ftp ibge gov br Censos Censo Demografico 2010 Resultados do Universo ods Brasiltab1l 3 1 Acesso em 17 11 2014 7 Esta tese n o tem a pretens o de explorar com a propriedade exigida pela rea as diversas nomenclaturas e conceitos em torno da produ o liter ria brasileira seja infanto juvenil seja adulta de autores as negros as ou de autores as de outros grupos tnico raciais que escrevem sobre negros as Para entender melhor esse debate ler por exemplo Concei o Evaristo 2009 Cuti 2010 Dom cio Proen a Filho 2004 Eduardo de Assis Duarte 2013 Edimilson de Almeida Pereira 2013 Maria An ria de Jesus Oliveira 2010b 25 no artigo 26A da LDB pelas leis 10 639 2003 e 11 645 2008 parece ter tido impacto na produ o De sil ncio e invisibilidade passamos a contar com relativo aumento da presen a de personagens negras frente a uma branquidade imperante e a normas est ticas arianas Um olhar no entanto s livrarias e bibliotecas revela enfim nossa presen a ainda minorit ria mas constante ARAUJO SILVA 2012 p 195 Complementa se a isso no entanto o fato de haver um descompasso entre a produ o liter ria com nfase na diversidade tnico racial e a quantidade dessa produ o adquirida pelas institui es p blicas de fomento leitura na escola em especial o PNBE OLIVEIRA V C S 2010 Assim tal quadro susc
406. nha proposta ainda era a mesma e o primeiro passo foi de conhecer as possibilidades de pesquisa na Biblioteca Nacional BN e ent o me deparei com outro percal o diferentemente dos dados informais fornecidos por outras os pesquisadoras es dentro da BN pouca a mobilidade de se realizar pesquisa de livros nos moldes propostos pelo projeto que inclu a registros fotogr ficos e anota es de campo Mas esse pequeno percal o foi complementado pela pr pria reflex o e conclus o de que o per odo de investiga o de 1970 aos dias atuais era muito extenso e logicamente invi vel 31 Abandonando em partes a proposta inicial o pr ximo passo foi delimitar um novo per odo de an lise Ficou estabelecido ent o que a investiga o incidiria apenas sobre o Programa Nacional de Biblioteca da Escola de 1997 at 2013 por ser um programa em vig ncia e cada ano mais fortalecido pelos recursos financeiros disponibilizados o que de certa maneira gerou outro percal o como seria a an lise dos livros em per odo t o amplo Obviamente a delibera o seguinte foi de delimitar um per odo menor apenas uma edi o do PNBE para realizar a an lise dos livros mas mantendo a pol tica do PNBE desde seu in cio como foco de investiga o E isso s foi poss vel posteriormente quando em pesquisa de campo no Ceale Fae UFMG tive acesso a grande parte dos acervos do PNBE e fiz a escolha pela edi o de 2012 em fun o de ser um
407. nhamento do programa Trata se de aperfei oamento do Programa em similaridade ao que j ocorre no PNLD com Comiss es T cnicas espec ficas por edi o COGEAM QUESTAO 3 A op o ret rica de destacar inicialmente os objetivos do PNBE sem citar a fonte original e a representa o nica de alcances do Programa sobressaindo apenas que as adequa es s o no sentido de atender s demandas de oferta evidenciam fortes tra os de dissimula o e omiss o Esta ltima caracter stica a omiss o atua na medida em que a resposta ignora os diversos estudos institucionais BRASIL TCU 2006 BRASIL 2008b 2010b 2011b EREMBLUM PAIVA 2008 e acad micos COPES 2007 FERNANDES 2007 VEN NCIO 2009 CORDEIRO 2010 entre outros que v m indicando os limites de alcance do Programa tanto no tocante distribui o quanto ao uso dos acervos e na representa o humana nas obras escolhidas E a dissimula o incide de modo semelhante j que h um deslocamento da situa o que comp e a pol tica Thompson 2002 ao propor modos e estrat gias de opera o da ideologia para interpretar se rela es de poder ocorrem assimetricamente categorizou a dissimula o como um desses modos Rela es de domina o podem ser estabelecidas e sustentadas pelo fato de serem ocultadas negadas ou obscurecidas ou pelo fato de serem representadas de uma maneira que desvia nossa aten o ou passa por cima de rela es e processos existent
408. nhecimento que o racismo institucional opera nas gest es p blicas revelia de gestoras es mais ou menos engajadas os no combate ao racismo E a partir desse reconhecimento necess rio concordando com Roberto Brayner Sampaio 2013 a ado o de medidas jur dico penais para garantir que o racismo n o continue 309 obstruindo as potencialidades de uma pol tica educacional Ora n o havendo justificativa para a falta de iniciativas no cumprimento da referida pol tica p blica imposta pela lei e diante da import ncia do bem jur dico a ser protegido a omiss o do respons vel n o poderia ser um indiferente penal SAMPAIO 2013 p 138 Na dimens o pol tica Estabelecimento de di logo franco e aberto entre as secretarias do MEC em especial a SEB e a Secadi para o desenvolvimento de a es programas e projetos que convirjam e n o concorram em interesses sobretudo em interesses que digam respeito a toda a sociedade brasileira como o acesso leitura e forma o de leitoras es Revis o dos crit rios de avalia o das obras e isso implicaria tamb m reformula o das leis que regem o PNBE em especial o Decreto n 7 084 e a Resolu o MEC FNDE n 7 2009 e reavalia o da participa o de outros sujeitos envolvidos com a recep o do PNBE ou interessados nos avan os e melhorias da pol tica movimentos sociais professoras es bibliotec rias os e sobretudo estudantes Al m dessas sugest es
409. niversal Music 2013 1 CD digital est reo OLIVEIRA L vio Lima de Ind stria editorial e o Governo Federal o caso do Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE e suas seis primeiras edi es Tese Doutorado em Comunica o Universidade de S o Paulo 2008 OLIVEIRA Maria An ria de Jesus Negros personagens nas narrativas infanto juvenis brasileiras 1979 1989 Disserta o Mestrado em Educa o Salvador Universidade do Estado da Bahia 2008 Literatura afro brasileira infanto juvenil enredando inova o em face tessitura dos personagens negros In Anais XI Congresso Internacional da ABRALIC Tessituras Intera es Converg ncias 13 a 17 de julho de 2008 USP S o Paulo Brasil Dispon vel em http www abralic org br anais cong2008 AnaisOnline simposios pdf 024 MARIA OLI VEIRA pdaf Acesso em 31 08 2014 Literatura infanto juvenil contempor nea no Brasil e em Mo ambique tecendo negritudes Itabaiana GEPIADDE Ano 4 v 7 p 75 92 jan jun de 2010a Dispon vel em http 200 17 141 110 periodicos revista forum identidades revistas ARQ FORUM ND 7 FORUM V7 05 pdf Acesso em 02 09 2014 Personagens negros na literatura infanto juvenil no Brasil e em Mo ambique 2000 2007 entrela adas vozes tecendo Negritudes Tese Doutorado em Letras Universidade Federal da Para ba 2010b OLIVEIRA Veridiane Cintia de Souza Educa o das rela es tnico raciais e estrat g
410. norada para a maioria das os usu rias 0s e a pesquisa denunciou a car ncia do acervo e a falta de forma o adequada para sua efetiva utiliza o e os acervos n o eram considerados pela comunidade escolar como patrim nio da escola e a maior preocupa o relacionava se aos cuidados com os livros para a devolu o no fim do ano letivo e diretoras es informaram que n o h muitos est mulos leitura em casa pois as fam lias de baixa renda s o analfabetas embora o que a pesquisa verificou que o maior fator que dificulta a promo o da leitura a pouca intera o entre escola e fam lia e falta de informa es mais detalhadas sobre os objetivos do PNBE geraram ambiguidade j que para muitas pessoas n o havia diferen as entre livros did ticos paradid ticos e obras de refer ncia e livros de literatura e h uma homogeneidade na representa o dos diversos grupos de leitores escolares crian as adolescentes e jovens s o vistas os como a categoria aluno o que evidenciou a prefer ncia de professoras es em desenvolver trabalhos com o acervo do Literatura em Minha Casa por possibilitar que todas os lessem livros iguais n o fugindo portanto do controle do professor que n o l os livros p 127 e descontinuidade das gest es municipais e estaduais interrup o de informa es de um mandato para outro e a transfer ncia de responsabilidade de um poder a outro bem como aus ncia de documentos e registro
411. nos programas de financiamento no sal rio educa o na inclus o dos jovens no mercado de trabalho no processo de monitoramento da qualidade feito a partir dos dados do Sistema de Avalia o da Educa o B sica Saeb e Exame Nacional do Ensino M dio Enem na melhoria dos ndices do Ideb e outros encaminhamentos desencadeados pela pol tica educacional do MEC Nesse universo foca se no c lculo do custo aluno dos insumos indispens veis na remunera o condigna dos professores como forma de enfrentar os desafios da equidade na educa o ou seja no enfrentamento da desigualdade socioecon mica sem nenhuma refer ncia desigualdade racial FILICE 2010 p 111 110 A compreens o a partir de ent o ampliou se de modo a perceber o bvio n o h negocia es te ricas acerca da emerg ncia e contextualiza o do eixo ra a como categoria de an lise das pol ticas educacionais Seria o mesmo que concordar que n o h racismo no sistema educacional brasileiro premissa no m nimo ing nua e inclusive descompromissada com uma educa o efetivamente democr tica A relev ncia da cultura no mbito das pol ticas educacionais atende essa urg ncia real concreta O combate cultura do racismo e a invisibilidade secular da participa o da popula o branca na exclus o da popula o negra com pol ticas universalistas atemporais e por vezes a hist ricas imputa estudos O direito inalien vel educa o de
412. nte em alguns momentos por meio de barras e em outros pelo registro total dos voc bulos Ressalva se que tal processo considerado por muitos as como subvers o das normas s ocorre em fun o de as normas serem restritivas na representa o de g nero 18 acervos no tocante representa o de grupos humanos Estes dois ltimos interessam diretamente a presente pesquisa pois de maneira geral t m incidido na an lise dos acervos que comp em o Programa observando por exemplo as propor es e formas de apresenta o entre personagens brancas negras e ind genas Diante disso o que esta tese prop e aprofundar tal perspectiva de investiga o analisando elementos contextuais da elabora o da pol tica do PNBE no sentido de interpretar como rela es internas dentro das institui es que gestam e executam o Programa podem estar influenciando a composi o dos seus acervos no que se refere diversidade tnico racial e qualidade liter ria Neste sentido a pergunta de partida que mobilizou essa tese foi portanto assim definida poss vel identificar no PNBE estrat gias de racializa o operando para estabelecer rela es hier rquicas do ponto de vista da diversidade tnico racial rela es negras os brancas 0s A restri o do conceito de diversidade tnico racial tal como proposto aqui se deve compreens o de que a investiga o desenvolvida neste estudo abrangeu em profundidade a con
413. nte a realiza o da entrevista a pessoa representante n o autorizou a divulga o do nome da institui o bem como outras informa es como o processo envolvendo os livros aprovados e os rejeitados pelo PNBE De certa maneira a n o publiciza o de dados t o relevantes teria prejudicado a an lise se ela tivesse sido desenvolvida para a vers o final da pesquisa pois um argumento que balizou a constru o da pergunta de partida da tese de que a produ o liter ria com tem tica afro brasileira e africana tem crescido no mercado editorial brasileiro argumento baseado em resultados de pesquisas E portanto se mesmo quantitativamente tal produ o est em crescente os motivos que levariam baixa incid ncia dela no PNBE referir se ia ou baixa qualidade do ponto de vista liter rio ou a uma interdi o com base em argumentos racializantes Inicialmente sem ter informa es de que apenas uma editora com as caracter sticas aqui mencionadas j havia se inscrito no PNBE foi definido que outra editora tamb m participaria da pesquisa Somente no in cio da entrevista com a segunda editora que soube das suas caracter sticas era uma editora que estava iniciando o levantamento da documenta o necess ria para no ano seguinte candidatar se sele o do PNBE Mas para al m de tal percal o no exame de qualifica o uma reflex o foi levantada e que s se fortaleceu na continuidade da pesquisa sobretudo da an lise da
414. ntelectuais radicais devem ser condenados por exercerem uma forma de terrorismo te rico parece n o ser nada mais do que um estratagema ret rico que mal consegue esconder a agenda ideol gica extremamente carregada dos intelectuais neoconservadores que se recusam a lidar de qualquer maneira substantiva com as considera es pol ticas e te ricas atualmente levantadas dentro da institui o acad mica por feministas pessoas de cor e outros grupos minorit rios GIROUX 1999 p 107 Conclui se ent o que a deturpa o e o desgaste da express o politicamente correto prejudica drasticamente todo o debate acerca da legitimidade das lutas dos movimentos sociais em torno e por meio da linguagem lutas essas que causam n o somente sua transforma o mas tamb m a transforma o da cultura e das institui es de uma sociedade FERES J NIOR NASCIMENTO EISENBERG 2013 p 97 Assim sendo e concordando sobretudo com Giroux 1999 diante da inviabilidade e da perda de validade do conceito tal como sua origem no presente estudo politicamente correto ser registrado entre aspas A pesquisa de Patr cia Ricardo Andrade 2013 aprofundou se na an lise dos pareceres do CNE em quest o Seu estudo teve como objetivo analisar os documentos e argumentos relacionados s a es propostas e s alega es feitas sobre a obra Ca adas de Pedrinho de Monteiro Lobato com rela o acusa o de 92 haver conte do
415. nteresses estabelecidos quando da sua cria o conforme constatou Moehlecke 2009 p 469 Al m da preocupa o com a articula o entre reas antes dispersas pelo Minist rio outra marca que se quer associar s pol ticas do MEC e particularmente Secad a sua proximidade com a sociedade civil organizada seja por meio de comiss es de assessoramento ou de parceiras na execu o de programas e projetos Valoriza se nos documentos de apresenta o dessa secretaria a participa o de uma pluralidade de atores governamentais e sociais na elabora o e desenvolvimento de pol ticas p blicas voltadas para a inclus o e diversidade Teria a Secadi nas diversas modifica es sofridas em sua estrutura ao longo desses 10 anos modificado tamb m seus objetivos e interesses Ou esse epis dio seria apenas efeito de uma desorganiza o frente a um contexto pol tico extraordin rio rotina de uma institui o p blica Ou ainda a pesquisa proposta foi ignorada pela Secadi frente a interesses de temas maiores ou mais importantes Sendo essa ltima quest o a resposta ressalta se que nenhuma institui o p blica pode se negar sem motivos justificados a fornecer informa es sejam elas as mais complexas mais absurdas ou mais insignificantes aos olhos das os gestoras es poss veis j que Art 14 direito do requerente obter o inteiro teor de decis o de negativa de acesso por certid o ou c pia BRA
416. ntraliza o dos polos de decis o e a diversifica o da oferta de livros ou seja a amplia o do n mero de escritores FERNANDES 2007 p 74 Ao todo foram 18 milh es de estudantes atendidas os contra 3 8 milh es do ano anterior Cinco a es compuseram o PNBE desse ano Literatura em minha casa obedecendo aos mesmos crit rios dos anos anteriores com incluindo o prazo de dois meses para a apresenta o das cole es Palavra da gente a nica diferen a em rela o ao Literatura em minha casa desse ano foi o n mero de p ginas de cada um dos livros das quatro cole es entre 336 a 352 p ginas ao inv s de 304 a 320 indicadas para a 4 e 8 s ries O fato de cada volume dever conter individualmente no m nimo 48 p ginas tanto para as cole es de EJA quanto para as de 4 s rie para a 8 s rie foi exigido um m nimo de 64 tornou se segundo Oliveira L L 2008 mais dif cil ainda para uma pequena empresa participar da licita o Para participar do PNBE 2003 era de fato preciso ter um cat logo bastante completo que permitisse ter autores e obras para compor cole es com todas as categorias exigidas no edital OLIVEIRA L L 2008 p 50 embora esse tenha sido o primeiro ano que foi permitido a participa o de cons rcios o que de certa forma favoreceu mais ainda as grandes editoras que puderam participar duplamente do processo de sele o Desse conjunto de empresas edit
417. ntrar t tulos que apresentam expl cita ou impl cita discrimina o racial Um debate ocorrido em 2010 que envolveu o Conselho Nacional de Educa o CNE evidenciou o qu o t nue a linha entre a literatura considerada pelo PNBE como ausente de preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem e a que manifesta tais marcas Embora a motiva o do debate seja de outra ordem os Pareceres 15 2010 e 06 2011 da C mara de Educa o B sica do CNE ao abordarem a quest o do racismo na obra Ca adas de Pedrinho de Monteiro Lobato que faz alus o da personagem Tia Nast cia como urubu macaco e feras africanas BRASIL 2010b p 2 tamb m chama a aten o do PNBE ao ressaltar que a Coordena o Geral de Avalia o de Materiais Did ticos do Minist rio da Educa o Cogeam selecionou tal t tulo De acordo com a Coordena o Geral a avalia o das obras feita por especialistas de maneira cuidadosa Ainda afirma que a obra Ca adas de Pedrinho da Global Editora faz parte da cole o selecionada para o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 2008 Literatura em minha casa Tamb m foi selecionada para compor o acervo do PNBE 98 editada pela Editora Pallotti Ambas as edi es foram distribu das s escolas p blicas de ensino fundamental BRASIL 2010b p 3 Desta forma outro aspecto considerado na an lise foi de verificar em que medida t tulos que estejam sendo aprov
418. o Sociedade Eug nica da S o Paulo e sua comunica o com dois dos representantes do movimento eug nico no pa s Renato Kehl e Arthur Neiva A aproxima o da eugenia com o modelo de racismo brasileira deu se principalmente na constru o das personagens negras das obras infanto juvenis Tia Nast cia Tio Barnab e Saci Perer como ser mais bem evidenciado a seguir Para uma categoriza o de tais personagens torna se importante antes destacar o m rito do autor para a produ o liter ria infanto juvenil brasileira O justo e merecido reconhecimento de Lobato como pai da literatura infanto juvenil deu se em grande medida s mudan as no modo de representa o das personagens infantis por exemplo Discutindo sobre a representa o familiar em obras infanto juvenis Zilberman 1987 identificou em Lobato marcas de um modelo classificado como emancipat rio por promover a emancipa o da crian a perante os 94 condicionamentos que os adultos imp em a ela ZILBERMAN 1987 p 106 Sua an lise considerou que as crian as do S tio do pica pau amarelo destitu das de um poder paterno e materno e vivendo com uma am vel av em um s tio cuja rela o com o mundo externo apenas por meio de seres fant sticos e dos livros e n o da escola s o apresentadas em posi o de autonomia A autora ressalvou contudo que o escritor aboliu o modelo familiar gerando se uma lacuna Foi assim que
419. o correspondente s d cadas de 1960 e 1970 e que influenciou a produ o do final do s culo O per odo de 1960 70 foi de acordo com Lajolo e Zilberman 1984 marcado pelas seguintes caracter sticas uma produ o em s rie o que exige do escritor uma periodicidade de lan amentos que talvez seja incompat vel com a cria o art stica LAJOJO ZILBERMAN 1984 p 160 manuten o de velhas tend ncias como a tradi o fant stica o folclore e as novelas de aventuras a produ o de obras de car ter urbano hist ria policial e fic o cient fica um grande 110 fortalecimento e renova o da poesia infantil rompendo com a tradi o escolar e tornando se predominantemente l dica e especulativa LAJOJO ZILBERMAN 1984 p 161 hist rias fundadas no imagin rio mesmo que seja uma pedagogia ao contr rio LAJOJO ZILBERMAN 1984 p 161 a ado o de temas engajados fazendo com que a literatura atuasse como porta voz de den ncias da crise social brasileira LAJOJO ZILBERMAN 1984 p 160 Sobre essa ltima caracter stica cabe um maior detalhamento pois por ela que as personagens negras fizeram se mais presentes As situa es de discrimina o vivenciadas pelas personagens ganham o tom protagonista nas produ es liter rias infanto juvenis superando o que Zilberman 1987 considerou como lacuna a literatura produzida para crian as evitava o lado podre da sociedade sej
420. o Kessi Cavalcanti Itamarati Lima S rgio Miguel e tantas os mais que torceram pelo meu sucesso e compreenderam a minha aus ncia durante este per odo Em especial C ssia Furlan amiga mestra que me ensinou a acreditar que o mundo era maior do que eu pensava Suas palavras de incentivo ecoam at hoje em mim e me fortalecem para continuar acreditando Ao meu orientador professor Paulo Vinicius Baptista da Silva por ter me ensinado que a autonomia um princ pio necess rio vida acad mica Constru mos ao longo destes quatro anos uma rela o baseada nos princ pios da pol tica por meio dos consensos e dos dissensos e que foram essenciais para a minha maturidade acad mica e intelectual E ao final conseguimos desenvolver um trabalho que converge com os nossos interesses em comum o combate s injusti as Leticia Pereira amiga coorientadora por seu apoio coorienta o virtual incluindo envio de textos que foram primordiais para a fundamenta o da tese e sobretudo amizade Suas boas vibra es e seu ombro amigo foram protagonistas nestes quatro anos a ponto de s vezes me esquecer dos milhares de quil metros que nos separam professora Andrea Gouveia meu referencial na linha de Pol ticas Educacionais pelo respeito e tica no trato com a minha pesquisa e pessoa E pelas contribui es metodol gicas e te ricas incluindo o livro que me deu que foram fundamentais para a organiza o da tese Ao profe
421. o Non descobre o espelho de Jos Roberto Torero Il Ai um di rio imagin rio de Francisco Marques Jogo duro de Lia Zatz 4 grupo O cabelo de Lel de Val ria Barros Bel m 192 O primeiro grupo denominado por Martins e Cosson como de base cultural porque busca resgatar e registrar a literatura oral notadamente lendas mitos f bulas e outras narrativas tradicionais MARTINS COSSON 2008 p 65 destaques meus Nele destacam se obras com caracter sticas informativas sobre a cultura africana ou afro brasileira ou que lan am um olhar sobre as ra zes africanas em uma perspectiva da tradi o MARTINS COSSON 2008 p 65 e aproximando os do contexto brasileiro O segundo grupo refere se s biografias de personagens hist ricas MARTINS COSSON 2008 p 66 sendo que h um nico exemplo apresentado a biografia de Chico Rei O terceiro grupo ainda um olhar sobre o passado e encena o per odo da escravid o MARTINS COSSON 2008 p 66 em que predomina a den ncia do racismo originado do per odo da escraviza o e que se perpetua ao longo do tempo sobre a popula o afro brasileira O quarto grupo percorre caminhos de afirma o da identidade que n o passam pela den ncia do racismo MARTINS COSSON 2008 p 66 Tomando como exemplo uma obra Martins e Cosson ressaltam que suas caracter sticas e de outras do mesmo grupo promovem a ruptura com estere tipos de passividade ou mesmo
422. o acesso leitura pudesse contar com uma biblioteca itinerante Beneficiou principalmente a popula o pobre das pequenas cidades e bairros de periferia de grandes e m dias cidades Dispon vel em http www fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 11 01 2015 O Instituto Benjamin Constant IBC encaminhou a todos os CAPs em meio tico a transcri o dos livros para impress o em Braille Dispon vel em http Awww fnde gov br index php be historico Acesso em 21 08 2012 153 No ano de 2003 ocorreu uma importante mudan a na gest o governamental j que assumia outro Presidente da Rep blica Lu s In cio Lula da Silva Contudo as mudan as no perfil do PNBE desse ano n o t m rela o com as altera es de gest o j que os recursos destinados ao Programa haviam sido aprovados na gest o anterior Um momento importante informado por Fernandes 2007 foi a realiza o por parte da FNLIJ do Semin rio do 4 Sal o do Livro para Crian as e Jovens intitulado PNBE direito de ler literatura com o objetivo de estimular discuss es sobre a manuten o do Programa e encaminhar os seus resultados Presid ncia da Rep blica Durante o evento a Associa o de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil AEILIJ divulgou uma carta endere ada ao Presidente Lula com a vis o da associa o sobre o PNBE reivindicando principalmente a desce
423. o atribu do e a fun o das popula es nessa atribui o objeto e sujeito Desse modo podemos levar em conta o fato de que aqueles que foram Inclusive h informa es divergentes em Miles sobre o surgimento do termo racializa o No in cio de seu texto apontada a d cada de 1970 como a primeira vez que o termo foi identificado Na sequ ncia no entanto ele informa que racializa o foi um conceito desenvolvido em per odos anteriores mais especificamente no s culo 18 e in cio do s culo 19 quando se discutia a migra o do conceito de ra a como um fato biol gico para uma constru o social N o foi poss vel acessar a obra no idioma original para verificar se esse problema relaciona se tradu o ou realmente organiza o escrita das informa es 48 historicamente v timas da racializa o podem por sua vez empregar a ideia de ra a naqueles que assim os rotularam sem necessariamente concluir que essa resposta de conte do racista Isto requer portanto que os conceitos de racismo e racializa o sejam mantidos analiticamente distintos MILES 2000 p 457 Tal proposi o de Miles que se aproxima da argumenta o de Monsma 2013 de uma neutraliza o do conceito de racializa o como sendo uma pr tica de diferencia o entre grupos n o a adequada para o presente estudo pois ao perguntar se no PNBE h estrat gias racializantes operando para estabelecer rela es hier
424. o com base em outros estudos que o que faz com que pessoas que cultuam valores democr ticos e igualit rios aceitem a injusti a que incide sobre aqueles que n o s o seus pares ou n o s o como eles BENTO 2002a p 29 relaciona se diretamente forte liga o emocional com o grupo ao qual se pertence A imagem que temos de n s pr prios encontra se vinculada imagem que temos de nosso grupo o que nos induz a defendermos os seus valores Assim protegemos o nosso grupo e exclu mos aqueles que n o pertencem a ele BENTO 2002a p 29 Esse processo excludente opera dentre outras maneiras pela exclus o moral que pode assumir formas severas como o genoc dio ou mais brandas como a discrimina o BENTO 2002a p 30 Nesse sentido a autora prop e uma aproxima o entre fatores excludentes e as estrat gias de manuten o da identidade branca interpretadas nesse caso como autopreserva o O sil ncio a omiss o a distor o do lugar do branco na situa o de desigualdades raciais no Brasil t m um forte componente narc sico de autopreserva o porque vem acompanhado de um pesado investimento na coloca o desse grupo como grupo de refer ncia da condi o humana como se o diferente o estranho pusesse em quest o o normal o universal exigindo que se modifique quando autopreservar se remete exatamente imutabilidade Assim a avers o e a antipatia surgem BE
425. o editoras cada uma com cinco t tulos poesia de autor s rie Literatura brasileiro conto novela cl ssico da literatura universal Bibliotecas de em minha e pe a teatral escolas de 4 Casa s rie QUADRO 5 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 1 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http www fnde gov br index php be historico Acesso em 21 08 2012 NOTA Estas ltimas informa es n o foram fornecidas pelo site e sim por Oliveira L L 2008 p 35 Considerando que esse demonstrativo bem como os que vir o a seguir indicam apenas os dados oficiais disponibilizados no site do FNDE para acessar informa es mais detalhadas no que se refere a elementos relacionados ao p blico beneficiado transpar ncia dos gastos e estrutura dos editais foi necess rio recorrer a outros estudos sobretudo pesquisa de Oliveira L L 2008 que analisou as seis primeiras edi es do PNBE e identificou resultados bastante graves do ponto de vista do gasto p blico em rela o aos benef cios do Programa A op o a seguir de apresentar alguns desses resultados no sentido de demonstrar o qu o 8 Assim informa o site do FNDE Pela primeira vez as cole es foram entregues aos alunos para levarem para casa A ideia do programa foi incentivar a leitura e a troca dos livros entre os alunos al m de permitir fam lia do estudante op o de leitura em casa As escolas tamb m receberam qua
426. o S tio se converteu numa escola de modo que a escolha feita mostrou se ainda marcada pelos condicionamentos pedag gicos de seu tempo ZILBERMAN 1987 p 105 Mesmo reconhecendo tal limite destaca se o car ter precursor de Lobato sobre tal modelo de narrativa melhor desenvolvido posteriormente por Ligia Bojunga Nunes e outras os ZILBERMAN 1987 Outros aspectos que contribuem para o reconhecimento de Lobato referem se como destacaram Lajolo e Zilberman 1984 p 58 rejei o de c nones gramaticais e a interpola o de elementos que caracterizem a cultura internacional sejam os cl ssicos sejam os que prov m do cinema e das hist rias em quadrinhos Tudo isso atua como marcas da aproxima o de Lobato com uma moderniza o da literatura brasileira a despeito das cr ticas acerca de sua posi o em rela o ao movimento modernista brasileiro Para Coelho 2000 uma das marcas de Lobato foi mostrar o maravilhoso como poss vel de ser vivido por qualquer um Misturando o imagin rio com o cotidiano real mostra como poss veis aventuras que normalmente s podiam existir no mundo da fantasia COELHO 2000 p 138 destaques da autora Al m de sua postura como marco da literatura infanto juvenil a atua o pol tica de Lobato foi not vel Destaca se no contexto da expans o do mercado editorial brasileiro a sua atua o ao criar em 1924 a Companhia Gr fico Editora Monteiro Lobato Mesmo n
427. o a literatura infanto juvenil com tem ticas voltadas para a diversidade tnico racial Os estudos referenciados a seguir d o mostras disso Para muitas os estudiosas os a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educa o em conson ncia com a atua o do governo federal como o maior comprador da 118 produ o liter ria brasileira exerceram forte impacto sobre a produ o e recep o de literaturas com tem ticas voltadas para a diversidade tnico racial Eliane Debus 2012 por exemplo localiza a aprova o da atual LDB como um novo marco hist rico para as mudan as na produ o do mercado editorial brasileiro voltado para crian as e jovens A partir de 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases de Educa o em particular com os Par metros Curriculares Nacionais PCNs apontando os Temas Transversais o mercado editorial buscando cumprir a demanda se reorganiza de modo que os cat logos das editoras come am a apresentar seus t tulos e cole es contemplando os Etica Meio Ambiente Sa de Orienta o Sexual e Pluralidade Cultural e assim juntamente com as informa es b sicas sobre o livro aparece o tema transversal com o qual ele dialoga O tema Pluralidade Cultural especificamente traz como norte o respeito aos diferentes grupos e culturas que convivem na sociedade brasileira DEBUS 2012 p 144 145 Para Gomes 2011 no entanto a inser o da pluralidade cultural nos PCN n o representou significativas al
428. o da Universidade de Bras lia 2010 Dispon vel em repositorio unb br bitstreamv 1 2010 RenisiaCristinaGarciaFilice pdf Acesso em 27 03 2014 FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br index php be historico Acesso em 21 08 2012 FREIRE Manoel A ret rica do oprimido sobre a ideia de literatura militante em Lima Barreto Travessias UNIOESTE Online v 1 p 1 16 2008 FREITAS Patr cia de De figurantes a protagonistas a literatura infantil como um dos instrumentos de efetiva o da Lei 10 639 Historien Revista de Hist ria 4 Petrolina p 256 264 out abr 2011 GATES Henry Louis The signifying monkey a theory of African American literary criticism New York Oxford University Press 1989 Dispon vel em http books google com br books id yCk5oNtPhwAC amp printsec frontcover amp hl pt BR amp source gbs ge summary r amp cad 0 v onepage amp g amp f false Acesso em 19 12 2014 GIROUX Henry Cruzando as fronteiras do discurso educacional novas pol ticas em educa o Tradu o de LOPES Magda Fran a Porto Alegre Artes M dicas Sul 1999 GOI S Conselho Estadual de Educa o Resolu o CEE CP n 03 de 06 de fevereiro de 2009 Estabelece normas complementares para a inclus o no Sistema Educativo do Estado de Goi s das disposi es das Leis N 10 639 03 e 11 645 08 Dispon vel em http Anww cee go gov br wp content uploads RESOLU C3 87 C3 830 CEE CP N 03 de 2009 pdf Acesso e
429. o dia seguinte via liga o telef nica e o fez conforme combinado Contudo informou que ainda n o havia obtido resposta em fun o de o respons vel estar em viagem a trabalho e ressaltou que at o dia 12 08 2014 eu receberia a confirma o da realiza o da entrevista Sem receber resposta na data marcada no dia 13 08 2014 recebi e mail assinado por uma assessora do gabinete da Secadi com a seguinte resposta Em aten o sua solicita o informamos que este momento n o seria adequado para a realiza o de uma entrevista tendo em vista que o processo do Programa Nacional de Biblioteca da Escola PNBE ainda est em andamento Esclarecemos que devemos considerar os aspectos sigilosos acerca do processo que est em fase de finaliza o Caso haja interesse sugerimos o envio de suas d vidas e perguntas por e mail para an lise e avalia o da rea t cnica do que pode ou n o ser respondido neste momento Colocamo nos disposi o para informa es complementares que se fizerem necess rias E MAIL DO GABINETE DA SECADI 1 13 08 2014 A resposta da Secadi trouxe de volta diversas d vidas sobre a rela o entre as duas secretarias Secadi e SEB no processo de avalia o do PNBE Ora se cabia Secadi de acordo com suas seus t cnicas os e gestoras es a execu o apenas do PNBE Tem tico por que a sele o do PNBE tradicional exercia tanta influ ncia assim na rotina dessa Secretaria a ponto de
430. o do gosto S o Paulo Martins Fontes 1989 Cole o texto e linguagem MAIO Marcos Chor MONTEIRO Simone Tempos de racializa o o caso da sa de da popula o negra no Brasil Hist ria Ci ncias Sa de Manguinhos v 12 n 2 p 419 46 maio ago 2005 Dispon vel em http Awww scielo br pdf ncsm v12n2 09 pdf Acesso em 02 04 2013 MALACHIAS Antonio Carlos et al Experi ncia na rea de pol ticas educacionais In In SILVA JR H dio BENTO Maria Aparecida Silva Orgs Pol ticas p blicas de promo o da igualdade racial S o Paulo CEERT 2010 p 135 186 MAR AL Jos Antonio Pol tica de a o afirmativa na Universidade Federal do Paran e a forma o de intelectuais negros as Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal do Paran 2011 MARIANO Lara Cardoso O discurso ideol gico na literatura de Monteiro Lobato Ofai ed 1 v 1 2013 01 p 52 62 MARQUES Ana Jos Pol ticas p blicas e gest o da educa o para o ensino de hist ria e cultura afro brasileira e africana percep es de gestores e gestoras do Minist rio da Educa o MEC Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de 324 Educa o da Universidade de Bras lia 2010 Dispon vel em repositorio unb br handle 10482 8679 mode full Acesso em 27 03 2014 MARQUES Maria Jos Di genes Vieira Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE do correio sala de aula Disserta o Mestrado em
431. o do Programa rumo a um modelo de pol tica educacional condizente com os preceitos do artigo 26A da LDB E se sim os elementos obstaculizadores s o explicitamente identific veis assumidos e apresentados ou estariam ocultados em argumentos de outras ordens E quais seriam estes argumentos Tais quest es ser o discutidas no decorrer deste estudo sobretudo no ltimo cap tulo destinado an lise das entrevistas e question rios quando ser poss vel articular os discursos produzidos pelas 46 institui es aos estudos cr ticos sobre rela es tnico raciais apresentados nesse cap tulo Mas ainda faz se necess ria a apresenta o do que se entende nessa tese por racializa o para em seguida analisarmos as maneiras pelas quais ela atua O conceito de racializa o foi sem d vida alguma o mais dif cil de ser captado em estudos nacionais e internacionais dada a sua fluidez e dificuldade de defini o Tanto que a maioria dos estudos n o apresenta uma defini o concreta de racializa o subentendendo a como um conceito de desnecess ria apresenta o Otavio lanni 1996 em seu artigo A racializa o do mundo n o apresenta uma defini o do seu entendimento de racializa o mas deixa pistas do seu significado associando a a hierarquiza o racial No s culo XX t m ocorrido v rias ondas de racializa o do mundo Tanto a primeira e a segunda grandes guerras mundiais como a guerra fria s o poc
432. o fundamental 1 e 2 a 42 s rie com pelo menos um acervo composto de 20 t tulos diferentes Dispon vel em http Awww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 20 06 2014 157 Com um investimento de R 47 268 337 00 foram beneficiadas os 16 990 819 estudantes por meio da distribui o de 5 918 966 livros inseridos em 306 078 acervos FNDE Al m disso informa o FNDE Incluem se nos dados os valores referentes ao atendimento em todo o pa s com a cole o Cl ssicos da Literatura em Libras em CD ROM s No mbito desta a o foram beneficiados 36 616 alunos em 8 315 escolas O financiamento em aquisi o e distribui o totalizou R 686 000 00 Marques 2013 identificou uma refina o nos crit rios de sele o ao exigir que os acervos sejam compostos de obras de circula o no mercado o que favoreceu o aumento da qualidade do material gr fico Essa altera o aconteceu segundo a autora visando qualidade e diversidade das obras e n o homogeneidade e padroniza o dos aspectos materiais dos acervos como manter o mesmo tipo de papel gramatura e esquemas similares de cores e imagens MARQUES 2013 p 31 Tamb m nesse ano a avalia o das obras que comp em os acervos passou a ser realizada por universidades p blicas num processo analisado por Paiva 2010 como descentralizador Em 2005 tal avalia o foi realizada pela Universidade
433. o geral apresentou a quantidade de 75 textos ao se inserir as seguintes palavras chave PNBE e diversidade tnico racial PNBE e racismo sendo que a plataforma considerou tamb m o verbete racista Dessa forma foi necess rio verificar em cada arquivo a sua natureza Inicialmente foram exclu dos os textos que n o se adequavam ao perfil procurado livros teses disserta es e artigos Depois foram exclu dos textos com o perfil mas desnecess rios pelas seguintes naturezas textos que abordam outras pol ticas educacionais e apresentam o PNBE apenas como um exemplo textos que tratam da diversidade tnico racial na literatura mas apenas comentam sobre a exist ncia do PNBE textos que citam resultados de pesquisas que tamb m ser o apresentados no presente trabalho sem nenhuma an lise nova Nessa nova filtragem restaram 7 Atualmente momento de finaliza o deste texto h uma informa o no site sobre a divulga o de teses e disserta es Como forma de oferecer acesso a informa es consolidadas e que reflitam as atividades do sistema nacional de p s gradua o brasileiro a Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Capes coloca a disposi o da comunidade acad mica o Banco de Teses na qual ser poss vel consultar todos os trabalhos defendidos na p s gradua o brasileira ano a ano Entretanto como forma de garantir a consist ncia das informa es a equipe
434. o institucional que atua em diversas frentes dentre elas a de desestabiliza o de pol ticas de inclus o racial ou nas palavras de Jurema Werneck s d p 31 capaz de gerar e retroalimentar a exclus o racial muito mais do que um suposto efeito colateral ou inercial da ideologia Werneck assina a autoria de um documento referencial para a interpreta o do racismo institucional na sociedade brasileira intitulado Racismo institucional uma abordagem conceitual Tal documento produzido para contribuir com um projeto de pol ticas para mulheres negras apresenta importantes conceitos e reflex es sobre as articula es entre rela es capitalistas e o racismo Embora tais articula es n o sejam abordadas pelo presente estudo muitos dos aspectos explorados pela autora convergem com a caracteriza o do racismo institucional atuando nas inst ncias do MEC Uma delas que o racismo institucional traduz escolhas institucionais atuais ou passadas reeditadas por decis o ou in rcia WERNECK s d p 39 A autora prop e um quadro anal tico para a identifica o do racismo atuando nas institui es tendo como a prote o social como direito 7 A OES PROGRAMAS ESTRUTURA ESTADO POLITICAS PUBLICAS PROJETOS Crit rios de Controle dos poderes cs to Controle ideol gico e constitutivos forma o o a dan o a operacional do Estada g o ao dominante sob a perspectiva do grupo dominante Mecanismos de contr
435. o letivo de 2004 1 cole o Cole o composta por quatro volumes Cada estudante matriculada o na 8 A o Literatura de obras de literatura e de informa o s rie do ensino fundamental das em minha Casa escolas p blicas 10 cole es Cole es compostas por quatro volumes Cada uma das escolas p blicas A o Literatura de obras de literatura e de informa o com mais de dez estudantes que em minha Casa ofereceu a 8 s rie no ano letivo de PNBE 2004 2003 1 cole o Cole o espec fica para jovens e adultos Cada estudante da ltima s rie ou A o Palavras da composta por seis volumes de obras de equivalente do curso presencial de Gente literatura e de informa o educa o de jovens e adultos do ensino fundamental 4 cole es Cole es espec ficas para jovens e Cada uma das escolas p blicas A o Palavras da adultos compostas por seis volumes de com mais de quatro estudantes na Gente obras de literatura e de informa o ltima s rie ou equivalente do curso presencial de educa o de jovens e adultos do ensino fundamental 154 livros de 114 Distribui o de bibliotecas itinerantes Bibliotecas p blicas ou outros t tulos diferentes para uso comunit rio no munic pio lugares apropriados para leitura das 24 cole es do acervo das a es Literatura em minha Casa e Palavra da Gente A o Casa da Leitura 2 livros Os livros foram escolhidos via internet Cada profe
436. o na escola para depois distribuir s aos estudantes diante de experi ncias negativas com os acervos dos anos anteriores e o kit circulou para al m das fam lias das os estudantes atingindo tamb m amigas os vizinhas os e outras pessoas inclusive colegas de turma por meio de interc mbio de t tulos e a a o Biblioteca do Professor era quase que totalmente desconhecida pelas os professoras es e a a o Palavra da Gente teve avalia o parcial pois poucas foram as escolas pesquisadas que ofertavam EJA e nem todas receberam o acervo por problemas de ordem or ament ria do FUNDEF nas escolas contempladas a procura por parte de estudantes foi grande QUADRO 9 RESULTADOS DA AVALIA O DIAGN STICA DAS A ES DO PNBE FONTE Adaptado de Araujo 2010 p 81 82 No entanto os resultados mais preocupantes foram identificados na rela o entre os acervos e as bibliotecas No que se refere s bibliotecas das escolas e h em geral uma nfase na concep o de biblioteca como sendo apenas a estrutura f sica e uma separa o entre essa e projetos de incentivo leitura e n o s o vistas como promotoras de a es voltadas para o incentivo leitura e escrita mas como um espa o f sico respons vel por aglomerar os materiais destinados a estas a es que inclusive devem acontecer sob orienta o unicamente de professoras es e coordena o e n o tamb m de profissionais da biblioteca e inseguran a e
437. o p blico geral em especial pesquisadoras es das reas de literatura e educa o Assim algumas lacunas apresentam se na an lise da pol tica do PNBE demonstrando que embora os dados disponibilizados nas publica es acad micas e oficiais indiquem algumas informa es sobre o processo de elabora o dos editais sele o e aquisi o das obras do PNBE com destaque atua o das institui es oficiais e da institui o contratada para a avalia o dos livros no entanto ainda ausentam se nessas publica es informa es mais detalhadas sobre os pareceres produzidos a respeito das obras selecionadas e das n o selecionadas bem como a publiciza o das fichas de avalia o protegidas pelas regras do sigilo legal Al m disso poss vel verificar a aus ncia de um processo avaliativo mais democr tico no sentido de considerar as escolhas feitas por profissionais da educa o diretamente envolvidas os com os acervos nas bibliotecas escolares Por mais que os resultados da nica edi o do PNBE de 2005 que fez uso desse modelo tenham sido negativos segundo apontam alguns estudos p ex ANDRADE CORR A 2009 torna se importante ao planejamento e organiza o do Programa re pensar maneiras de uma maior democratiza o da escolha dos acervos De acordo com os v rios editais do PNBE pesquisados h a seguinte informa o Os pareceres referentes an lise das obras n o selecionadas poder o ser disponibili
438. o per odo de institui o da literatura infantil e infanto juvenil no Brasil no in cio do s culo XX quando na aus ncia de produ o brasileira v rias adapta es e tradu es de pa ses europeus representaram a maior parte das obras comercializadas nas primeiras d cadas desse s culo ARAUJO SILVA 2012 p 217 Tal situa o evidencia o ainda pouco trato com a diversidade por parte da ind stria editorial brasileira pois ao passo que ela se faz presente pouco a pouco e captada inclusive na pesquisa por meio das obras avaliadas como positivas h um baixo investimento na produ o nacional Al m disso quanto menor a idade da crian a menos oportunidades ela ter de acessar livros com personagens negras em situa es de valoriza o Al m da pequena incid ncia de obras destinadas a beb s no nico livro da amostra que continha personagens negras estas estavam desempenhando atividades subalternas ARAUJO SILVA 2012 p 211 E mesmo que de modo geral os resultados obtidos nesta pesquisa apont em que houve significativa altera o na produ o liter ria infantil brasileira no se refere a presen a da diversidade tnico racial sobretudo em rela o a personagens negras ARAUJO SILVA 2012 p 217 mantiveram se problemas relacionados hierarquiza o entre brancas 0s e negras os e reificaram se estere tipos De modo sint tico a seguir alguns dos resultados evidenciam tal contexto 1 M
439. o quando a banca de qualifica o indicou a possibilidade de realiza o do processo de mudan a de n vel de mestrado para o doutorado o chamado upgrade Naquele per odo ficou estabelecido que at o momento da sess o de defesa eu deveria elaborar e submeter banca um projeto de pesquisa para o doutorado que s se aprovado possibilitaria a minha mudan a para outro n vel Por motivos burocr ticos n o foi 12 A resolu o 01 2010 do Programa de P s Gradua o em Educa o da UFPR embora n o defina conceitualmente upgrade estabelece regras para tal passagem que consiste basicamente na aprova o autom tica de um a mestrando a para cursar o doutorado Art 2 O PPGE considera que tal mudan a de n vel n o se constitui em procedimento comum pois que se trata de possibilidade aqueles alunos as que se destaquem exemplarmente tanto em rela o ao conjunto de alunos do PPGE UFPR quanto e especialmente quilo que esperado a um aluno de mestrado em educa o no Brasil PPGE UFPR 2010 p 1 30 poss vel a execu o do upgrade mas o projeto j havia sido elaborado e enviado banca com o t tulo A presen a da diversidade tnico racial nas pol ticas de incentivo leitura literatura infanto juvenil e ideologia Nesse projeto o principal objetivo era analisar a presen a aus ncia da literatura com tem tica afro brasileira e africana na produ o liter ria infanto juvenil distribu da s bibli
440. o receberam os acervos do PNBE 1999 Foram portanto 35 menos de estudantes beneficiadas os em rela o ao ano anterior Foram 3 934 mil exemplares sob um custo de R 24 727 214 00 OLIVEIRA L L 2008 p 29 Dessa vez a sele o ficou a cargo da FNLIJ e da Secretaria de Educa o Especial Seesp sendo que esta ltima foi respons vel pela escolha de quatro obras do acervo que eram voltadas a crian as com necessidades especiais A FNLIJ desenvolveu a sele o apenas sobre obras j avaliadas pela pr pria institui o por meio do selo Altamente Recomendadas e Premiadas Essa sele o deveria tamb m corresponder a uma das variedades de g neros temas escritores e ilustradores OLIVIERA 2008 p 30 Embora haja uma aparente transpar ncia j que os pareceres de avalia o das obras estivessem dispon veis no site da Funda o no per odo da pesquisa de Fernandes 2007 a autora questiona a localiza o geogr fica das os pareceristas que s o em maioria absoluta do Rio de 147 Janeiro 10 ao todo MG 2 SP DF RS GO e ES 1 al m de n o haver explicita o dos crit rios da FNLIJ para avalia o de obras de qualidade apenas a indica o que a qualidade das obras foi avaliada em seu conjunto texto imagem e projeto gr fico Isso suscita outra pergunta de Fernandes o que seria considerado qualidade de texto imagem e projeto gr fico pela FNLIJ O leitor paciente pode encontrar a resposta na leitura
441. o utilizada como mero pretexto para ensinar ela perde seu car ter liter rio Dentre os estudos encontrados no levantamento aqui exposto duas das pr ximas pesquisas apresentadas a seguir possuem um diferencial uma investiga o sobre a participa o de crian as leitoras de obras de edi es do PNBE Em fun o dessa especificidade ser op o apresentar alguns de seus resultados com um maior detalhamento A pesquisa Naiane Rufino Lopes 2012 teve como objetivo analisar no PNBE 2010 a presen a de personagens negras para compreender como as crian as do 1 e do 5 ano do ensino fundamental veem a presen a do personagem negro na literatura infantil LOPES 2012 p v O interesse em desenvolver investiga o nessas fases escolares deveu se segundo a autora proposta de investigar se as percep es acerca dos personagens negros s o diferentes ao decorrer do processo escolar ou seja analisar se as crian as pequenas possuem representa es diferentes das desenvolvidas pelas crian as maiores al m de observar a constru o da identidade tnico racial no interior da escola LOPES 2012 p v Para tanto os procedimentos metodol gicos inclu ram entre outros an lise de livros de acervos do PNBE 2010 observa o participante e entrevistas semiestruturadas como crian as No tocante an lise dos livros em busca de personagens negras como protagonistas Lopes 2012 informou que em fun o de nem tod
442. oc la ao lado de nomes consagrados como Guimar es Rosa e Clarice Lispector em vez de releg la ao limbo do testemunho e do documento significa aceitar como leg tima sua dic o que capaz de criar envolvimento e beleza por mais que se afaste do padr o estabelecido pelos escritores da elite DALCASTAGNE 2012 p 21 4 Essas considera es tamb m sintetizam a conclus o sobre a an lise da entrevista com representante da avalia o pedag gica do PNBE Enquanto discursos e pr ticas legitimadoras em nome de uma essencializa o e cristaliza o da arte liter ria restrita a determinados grupos de autoras es ou concep es continuarem sobrepondo se democratiza o das vozes na literatura posicionadas n o mais como ex ticas apartadas ou menos qualificadas estaremos diante da manuten o do PNBE fundamentado em bases racializantes Al m disso esses resultados sugerem duas grandes impress es a primeira de que haveria de um lado uma literatura livre e de outro uma literatura engajada ou militante a segunda de que existiria por parte de grupos discriminados uma persegui o produ o liter ria infanto juvenil can nica Mesmo falsas essas 307 impress es subsidiaram o que van Dijk 2008 chama de autoapresenta o positiva e preserva o de faces Na intera o as pessoas tentam agir e consequentemente falar de tal modo que seus interlocutores construam
443. oi ratificado por uma das gestoras da Secadi em conversa informal durante a realiza o do VIII Congresso Brasileiro de Pesquisadores as Negros as ocorrido em Bel m no per odo de 29 07 a 02 08 2014 Sua informa o foi de que eu poderia ter problemas em rela o coleta de entrevistas devido ao processo eleitoral A recomenda o interna era de que os representantes das secretarias do MEC n o concedessem entrevistas Mesmo n o tendo sido poss vel confirmar tal informa o a pr tica operou se dessa maneira j que o processo de coleta de dados durou uma m dia de seis meses justamente os seis meses relacionados ao primeiro e o segundo turno das elei es presidenciais de 2014 E a inseguran a em rela o ao futuro pode ter atuado sobretudo nos momentos mais pr ximos elei o do segundo turno e em per odos posteriores quando mesmo com o resultado favor vel situa o fortaleceram se d vidas sobre os novos caminhos a serem trilhados pelas equipes gestoras de secretarias com vincula es sociais mais demarcadas como o caso da Secadi Embora no per odo eleitoral tenha sido enfatizado principalmente no hor rio pol tico do segundo turno a necessidade de amplia o das pol ticas de a es afirmativas para negras os e mulheres verifica se grosso modo que tal contexto relacionou se mais a uma estrat gia de marketing baseada na proposta de diferencia o da candidatura da 234 Presidenta Dilma em rela o ao
444. ole acess veis especialmente aos Administra o a cargo Propriedade e controle grupos dominantes de representantes do Objetivos e metas dos meios de produ o crit rios mecanismos grupo dominante dirigidas aos interesses de hegemonia cultural partidos pol ticos controle dos crit rios de de manuten o do pol tica e econ mica universidades acesso a cargos status quo escolaridade processos superiores seletivos concursos curr culos QUADRO 20 RACISMO E CONTROLE FONTE Werneck s d p 31 No detalhamento do quadro a autora destaca como cada um dos eixos articula se em beneficiamento do grupo hegem nico e enfraquecendo as a es de combate s desigualdades 8 Existem diferentes defini es para o termo prote o social Em todas o que se assinala s o mecanismos e pol ticas p blicas capazes de garantir patamares adequados de estabilidade f sica mental laboral econ mica a todos Os sujeitos e grupos nas sociedades democr ticas WERNECK s d p 23 252 1 Estrutural a produz e legitima a apropria o dos mecanismos e resultados das pol ticas p blicas pelo grupo racialmente hegem nico b deslegitima perspectivas redistributivas Exemplo a crescente perspectiva contributiva de consumo no desenvolvimento de pol ticas sociais ado o de crit rios mercadol gicos de gest o e de avalia o de resultados invisibiliza o ou abandono dos princ pios de isonomia
445. olveu de uma forma in dita a produ o de discursos nas redes sociais Se naquele per odo sobretudo no p s primeiro turno era poss vel perceber na sociedade de um modo 33 Alguns estudos que analisaram tal contexto j est o sendo publicados como por exemplo O debate pol tico no twitter nas elei es presidenciais de 2014 no Brasil de Claudio Penteado 2014 Os reflexos da rede na democracia representativa uma an lise da elei o presidencial brasileira de 2014 sob a tica de aplicativos sociais de Eduardo Missau Ruviaro e Henrique Missau Ruviaro 2014 233 geral uma expl cita fragilidade nas rela es interpessoais informais em que pessoas declaravam manifesta es de dio e rompimento com amigas os e familiares em rela o as suas op es pol ticas considera se que as rela es formais sobretudo para os membros ligados aos espa os de poder do setor p blico federal parecem ter sido fortemente influenciadas por um misto de censura e inseguran a em rela o ao futuro A censura pode ter sido uma marca atuante no ltimo ano da primeira gest o da Presidenta da Rep blica Dilma Rousseff por representar a garantia de menos desgaste de sua imagem perante a grande m dia brasileira que apoiava explicitamente a elei o de seu principal advers rio A cio Neves Qualquer declara o que gerasse resqu cios para o fomento de novas pol micas deveria ser evitado Tal contexto embora n o formalizado f
446. om mais de 301 compostos por textos em estudantes tr s acervos verso poemas quadras Ensino fundamental escolas com at parlendas cantigas 250 estudantes receberam um acervo De 1a5 traval nguas adivinhas com 20 t tulos de 251 a 500 estudantes acerosde em prosa pequenas dois acervos de 501 a 750 estudantes PNBE Acordo tom hist rias novelas contos tr s acervos e de 751 a 1 000 2008 o porte das cr nicas textos de estudantes quatro acervos Institui es ascol s dramaturgia mem rias com mais de 1 001 estudantes receberam biografias livros de cinco acervos imagens e de hist rias em Ensino m dio 139 t tulos compuseram quadrinhos e ainda obras o acervo direcionado ao ensino m dio cl ssicas da literatura Escolas com at 500 estudantes universal receberam um acervo de 501 a 1000 estudantes dois acervos e escolas com 1001 estudantes ou mais receberam tr s acervos PNBE N o se Os acervos foram Ensino m dio e s ries finais do ensino 2009 especificou a compostos por t tulos de fundamental 6 ao 9 ano de todo o quantidade poemas contos cr nicas pa s escolas com at 250 alunos de acervos teatro textos de tradi o receberam 100 t tulos com 251 a 500 popular romances estudantes 200 obras acima de 501 mem rias di rios estudantes 300 t tulos biografias ensaios hist rias em quadrinhos e obras cl ssicas Vocabul rio 204 220 Vocabul rio Ortogr fico da Escol
447. om o dinheiro p blico teve a ver com a rela o entre os t tulos selecionados e as pessoas indicadas para a sele o conforme constatou Fernandes 2007 p 64 65 participam 26 editoras n mero que pode ser considerado reduzido em rela o quantidade de t tulos figuram somente autores brasileiros assegurando e aquecendo o mercado nacional incluem se obras de pessoas ligadas ou pertencentes comiss o como o caso de Mem ria e Sociedade de Ecl a Bosi esposa de Alfredo Bosi As Raz es do Iluminismo de S rgio Paulo Rounet no caso dessa obra o estranhamento ainda maior dada a especificidade do assunto e o fato de que n o h a disciplina de ensino fundamental nota de rodap 41 e Ciranda de Pedra de Lygia Fagundes Telles ambos membros da comiss o e v rias obras acad micas que exigem um elevado grau de entendimento destaques meus Outros elementos s o graves ind cios da falta de administra o planejamento e avalia o pr via do impacto de uma pol tica educacional dessa dimens o somente depois da distribui o dos livros por meio de pesquisas e informa es de que v rias escolas n o estavam utilizando os acervos em 2001 tr s anos depois da distribui o dos acervos foi elaborado o Guia do livronauta BRASIL 2001a com sugest es para uso dos livros e do melhor aproveitamento dos espa os das bibliotecas Foram ao todo de acordo com Oliveira L L 2008 p 28 23 mil 146
448. omina pacto de conviv ncia DEBUS VASQUES 2009 p 138 Ao n o tratar de forma mais bem acabada ou cr tica o processo de miscigena o tnica racial e cultural brasileira sobretudo levando em considera o que a ideia de na o mesti a no Brasil resultado de um processo colonizador violento e n o apenas da rela o amistosa entre as ra as DEBUS VASQUES 2009 p 137 as autoras interpretaram tal estrat gia como uma alternativa ing nua e rom ntica pois pode remeter o leitor mesmo o pequeno leitor a um falso conhecimento acerca da historicidade sobre o processo de mesti agem no nosso pa s DEBUS VASQUES 2009 p 137 Mas de modo geral as autoras avaliaram por meio desse quadro amostral que a literatura que tem abordado tem ticas afro brasileiras e africanas tem possibilitado a compreens o de que um dos caminhos para o entendimento e a consci ncia acerca da pluralidade cultural est tamb m na apropria o da leitura liter ria produtora de identidade e inclus o social DEBUS VASQUES 2009 p 143 Outros estudos t m se empenhado em analisar a entrada ainda t mida e recente de literaturas produzidas em pa ses africanos de l ngua portuguesa como o caso das pesquisas de Oliveira M A J 2010b intitulada Personagens negros na literatura Infanto juvenil no Brasil e em Mo ambique entrela adas vozes tecendo negritudes e de Debus 2013 intitulada A Literatura
449. omo fonte argumentativa notas t cnicas da Secadi da Cogeam opini es de especialistas na literatura bem como a legisla o federal que regula tanto as pr ticas de racismo quanto a educa o FERES JUNIOR NASCIMENTO EISENBERG 2013 p 72 incluindo diretrizes internas do MEC sobre a Educa o das Rela es tnico Raciais Por fim o parecer recomendava algumas medidas assim sintetizados por Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 p 72 73 89 Primeiramente a o desenvolvimento de um programa de capacita o de professores para lidar pedagogicamente e criticamente como tipo de situa o narrada a saber obras consideradas cl ssicas presentes na biblioteca das escolas que cont m estere tipos raciais b o cumprimento por parte da Coordena o Geral de Material Did tico do MEC dos crit rios por ela mesma estabelecidos na avalia o dos livros indicados para o PNBE ou seja que neles haja aus ncia de preconceitos estere tipos n o selecionando obras cl ssicas ou contempor neas com tal teor cr tico com a quest o do racismo dentro das salas de aula e logo em seguida como ressalva recomenda o anterior c que caso algumas das obras selecionadas pelos especialistas e que componham o acervo do PNBE ainda apresentem preconceitos e estere tipos a editora respons vel pela publica o deve ser instada pela Coordena o Geral de Material Did tico e a Secretaria de Educa o B sica do MEC a
450. ompara o com as impress es da popula o negra brasileira que facilmente nas intera es cotidianas identificavam o racismo Essa perspectiva mudou segundo o autor com as pesquisas encomendadas pela Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura Unesco pois pela primeira vez os resultados dos estudos convergiram e refor aram os argumentos sobre o racismo no Brasil constantemente denunciado por pela popula o negra e grupos organizados Uma das pesquisas que contribuiu para essa mudan a foi desenvolvida pelo pr prio Oracy Nogueira Sua proposta de an lise tomou como ponto de partida uma compara o entre pa ses onde houve segrega o racial oficial e institucionalizada em especial nos Estados Unidos de onde partiram v rias pesquisas realizadas pelos chamados brasilianistas como Donald Pierson e Charles Wagley e o Brasil onde grosso modo era poss vel verificar a atua o de segrega o racial A compara o justificava se segundo o autor porque mesmo quando se estuda uma situa o racial em que se sup e inexistente ou quase inexistente o preconceito est pelo menos impl cito o interesse em compar la com situa es em que sua ocorr ncia insofism vel NOGUEIRA 2006 p 290 Assim sendo inevit veis as compara es o autor partiu para uma interpreta o das diferen as de atua o do preconceito no Brasil e nos EUA 50 Tomando a defini o de Max Weber de
451. omum a concep o de sociedade orientada pela produ o de conhecimentos que contribuem para combate ao racismo e formas de discrimina o correlatas Assim tais pesquisas ser o neste estudo consideradas como referenciais dos estudos cr ticos sobre rela es tnico raciais Sem uma organiza o cronol gica ou que obede a a qualquer ordem a 49 apresenta o de seus estudos ser feita mediante o grau de rela o com estudos cl ssicos da rea iniciando por Oracy Nogueira 2006 1955 Ao propor um quadro de refer ncia para a interpreta o do material sobre rela es raciais no Brasil Nogueira 2006 1955 p 287 estudou os caminhos pelos quais parte das os intelectuais brasileiras os e estrangeiras os em especial dos Estados Unidos caracterizavam a situa o racial no Brasil Sua an lise categorizou dois grupos de pesquisas aquelas realizadas por pesquisadoras es brasileiras 0s que tendiam a subestimar ou mesmo a negar o preconceito racial e aquelas desenvolvidas por estadunidenses que ao proporem interpreta es nos moldes de seus pa ses n o reconheciam o racismo da mesma forma no Brasil o que levou Nogueira a interpretar sobre esses resultados que o preconceito tal como existe no Brasil cai abaixo do limiar de percep o de quem formou sua personalidade na atmosfera cultural dos Estados Unidos NOGUEIRA 2006 p 291 Isso de acordo com Nogueira apresentava se como uma contradi o em c
452. onal uma causa por exemplo termos de categorias que n o se combinam quando colocados juntos CASHMORE 2000 p 471 destaques do autor Limita es como essa podem ser parcialmente consideradas n o podendo ser em sua totalidade se levarmos em conta a necessidade de uma categoria de an lise pr pria para a interpreta o do racismo organizado no espa o institucional j que embora constru do com a mesma estrutura j definida aqui por Guimar es 2004 p 17 sendo atitudes prefer ncias e gostos instru dos pela ideia de ra a e de superioridade racial um espa o que se configura em pr ticas institucionalizadas de poder Sendo assim o racismo exercitado por institui es pode ter consequ ncias mais amplas para um contingente maior de pessoas do que o racismo exercido no plano individual Van Dijk 2008 ao discutir sobre o racismo contempor neo incluindo o discurso racista ressalta a import ncia de considerarmos a influ ncia das elites neste contexto j que elites pol ticas burocr ticas corporativas jornal sticas educacionais e acad micas controlam as mais cruciais dimens es e decis es da vida cotidiana de imigrantes e minorias entrada resid ncia trabalho conhecimento informa o e cultura VAN DIJK 2008 p 133 A produ o dos discursos por parte desses grupos pode representar uma importante forma de racismo da elite VAN DIJK 2008 p 134 E complementando em outra pub
453. ontas da Uni o Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal do Paran Uni o Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa o Vocabul rio Ortogr fico da L ngua Portuguesa SUM RIO INTRODUCA O assi Sae O E Daia DES DISR A E LED E 17 CAP TULO 1 AS CONTRIBUI ES DOS ESTUDOS CR TICOS SOBRE RELA ES TNICO RACIAIS SDRR ND ADRIENNE CRE SEE MNA ERR SOR DEE SA ENE 38 1 1 OS CONCEITOS SUBSIDIAIS rara arara 40 1 2 AS PESQUISAS E PERSPECTIVAS SUBSIDIAIS iiieienereaea rare rr aa nraanaa 48 1 3 A EDUCA O DAS RELA ES TNICO RACIAIS iitiiaieeaeais 61 CAP TULO 2 LITERATURA INFANTO JUVENIL E RELA ES TNICO RACIAIS iicteeeesos 76 2 1 O IN CIO DA LITERATURA INFANTO JUVENIL QUAL PAPEL OCUPADO PELAS PERSONAGENS NEGRAS mo pita tis agat Eras aba sita gala ata SOR o Esta nico aaa Pta SOL dire ta as DA ia E 82 2 2 A PRODU O LOBATIANA IMERS O NAS PERSONAGENS NEGRAS iieas 87 2 3 A PRODU O LITER RIA INFANTO JUVENIL DO S CULO 20 PARA AL M DE LOBATO 107 2 4 A LITERATURA INFANTO JUVENIL NO S CULO 21 114 2 4 1 O MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO E A LEI 10 639 2003 117 CAP TULO 3 O PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECA DA ESCOLA PNBE 126 3 1 ESTRUTURA E ASPECTOS LEGAIS enterrar errar a aaa a arara 126 3 2 HIST RICO DO PNBE ussesesis damuiises noi ioadanadipadanas de dado daN La pan a a dna 139 3 3 DIVERSIDADE TNICO RA
454. onte Dispon vel em http Awww periodicos letras ufmg br index php revele article view 4342 Acesso em 15 10 2013 CANDEIA Dia de gra a Candeia In Candeia Rio de Janeiro Gravadora Equipe 1970 1 LP CARMICHAEL Stokely HAMILTON Charles V Black Power the politics of liberation in America 20 ed New York Random House 1992 1967 CARNEIRO Aparecida Sueli A constru o do outro como n o ser como fundamento do ser Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o da Universidade de S o Paulo 2005 CASSIANO C lia Cristina Figueiredo O mercado do livro did tico no Brasil a cria o do Programa Nacional do Livro Did tico PNLD entrada do capital internacional espanhol 1985 2007 Tese Doutorado em Educa o Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo 2007 Dispon vel em http www sapientia pucsp br tde_busca arquivo php codArquivo 5304 Acesso em 14 02 2013 CASHMORE Ellis Racismo institucional In Dicion rio de rela es tnicas e raciais Tradu o de KLEVE Dinah S o Paulo Summus 2000 p 473 469 CAVALLEIRO Eliane Do sil ncio do lar ao sil ncio escolar racismo preconceito e discrimina o na educa o infantil 5 ed S o Paulo Contexto 2006 COELHO Nely Novaes Dicion rio cr tico de Literatura Infantil e Juvenil Brasileira s culos XIX e XX 4 ed rev e ampl S o Paulo Editora da Universidade de S o Paulo 1995 Literatura infant
455. opular por interm dio da recupera o bem humorada de contos lendas e mitos aliada redescoberta do ndio n o mais idealizado como no per odo rom ntico LUFT 2010 p 126 A oitava tend ncia foi denominada de Linha do romance hist rico em que predominam fatos ou momentos hist ricos nacionais ou internacionais marcantes No levantamento da autora as obras dessa categoria exploraram temas como a Guerra do Paraguai o processo de coloniza o do Brasil o nazismo dentre outros De tend ncia aproximada com a anterior mas n o an loga estaria a Linha da intertextualidade refer ncia a manifesta es art sticas pr prias da tradi o culta sobretudo a liter ria que se sup em reconhec veis para os leitores e que se entendem como adequadas para sua forma o liter ria b sica LUFT 2010 p 127 Nesse caso estariam obras de cunho biogr fico sobre artistas como M rio de 117 Andrade Jo o Guimar es Rosa ou obras que dialogam com textos de Clarice Lispector ou de Miguel de Cervantes por exemplo Diante da variedade de tend ncias Luft considera que tem se configurado na contemporaneidade a produ o de novos modelos na representa o liter ria do mundo LUFT 2010 p 128 A autora tamb m interpreta como otimista esse per odo pois ulm n mero significativo de autores experientes e premiados com reconhecimento de p blico e de cr tica garante ao lado de novos autores uma produ
456. or de Educa o Programa de P s gradua o em Educa o Ata 197 cento e noventa e sete referente a sess o p blica de Defesa de Tese de Doutorado em Educa o Aos treze dias do m s de mar o do ano de dois mil e quinze s treze horas e trinta minutos nas depend ncias do Programa de P s gradua o em Educa o instalou se a sess o p blica da Defesa de Tese intitulada LITERATURA INFANTO JUVENIL E POL TICA EDUCACIONAL ESTRAT GIAS DE RACIALIZA O NO PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECA DA ESCOLA PNBE desenvolvida pela doutoranda D bora Cristina de Araujo aluna regularmente matriculada no Programa de P s gradua o em Educa o sob a orienta o do Prof Dr Paulo Vin cius Baptista da Silva que presidiu a Banca A Banca Examinadora foi composta tamb m pelos Professores Doutores Teun Adrianus van Dijk Luiz Alberto Oliveira Gon alves Gl dis Elise Pereira da Silva Kaercher e Andr a Barbosa Gouveia O Presidente da Banca Examinadora declarou aberta a sess o e passou a palavra doutoranda que desenvolveu uma exposi o oral de seu trabalho de Tese Ap s a exposi o teve lugar o procedimento de argui o de cada membro da Banca bem como a defesa pela doutoranda das quest es arguidas Conclu da a argui o a Banca Examinadora reuniu se sigilosamente e exarou Parecer Final de que a doutoranda est Apta a receber o t tulo de DOUTORA em E ed O Presidente da Banca Examinadora declarou que a candidata foi
457. or pode n o corresponder s de outrem mas isso n o impede que ambas sejam v lidas se fundamentadas em bases anal ticas s lidas o caso deste estudo que se realizado sob outro olhar poderia ter resultados diferentes 281 Sob outro prisma tal percep o da entrevistada reitera fortemente a import ncia da transpar ncia do processo de avalia o do Programa j que considerando as an lises apresentadas no cap tulo anterior sobre o Edital de Chamada P blica MEC SEB n 02 2014 e uma das notas p blicas de esclarecimentos MEC 2014a evidencia se cada vez mais uma relativa autonomia da institui o que avalia os livros na elabora o dos crit rios Perguntada sobre o perfil das os avaliadoras es ficou evidente a exig ncia de rela o profissional e ou acad mica com a rea de Letras ou Educa o Al m disso a forma de ingresso tamb m foi informada RAP PNBE porque fazemos a converg ncia da discuss o da dimens o est tica da qualidade est tico liter ria do livro e do endere amento pedag gico ent o n s n o estamos escolhendo livros para circular em qualquer lugar n s estamos escolhendo selecionando livros para circular na biblioteca escolar com o pressuposto de que a media o principal ali do docente PQ O estudo da disserta o tem que ser sobre literatura ou n o necessariamente RAP PNBE N o PQ Desde que seja graduado em Pedagogia ou Letras RAP PNBE E com mestrado ou e
458. orais vale lembrar que tica Scipione faz parte do mesmo grupo a Newtec nos parece uma associa o da L amp PM com a tica a Salamandra pertence ao grupo Santillana dono da editora 154 Moderna a Nova Fronteira do mesmo grupo da editora Objetiva a Quinteto faz parte do grupo marista que administra a FTD a Record a Bertrand e a Jos Olympio fazem parte do mesmo grupo ou seja o n mero reduzido para menos de dez editoras sendo que grande parte delas a que sempre vence as licita es e fornece ao governo federal OLIVEIRA L L 2008 p 161 162 Casa da leitura a o institu da seis meses ap s a sele o das demais a es Foram atendidos 3 659 munic pios com ndice de Desenvolvimento Humano IDH menor ou igual a 0 751 que receberam para a forma o de minibibliotecas itinerantes 41 608 mil acervos das cole es Literatura em minha casa e Palavra da gente Oliveira L L 2008 verifica que os n meros apresentados pelo site do FNDE no momento de sua pesquisa n o conferem com os apresentados pelo Relat rio de atividades de 2003 que arredondou para mais tanto a quantidade de livros distribu dos quanto o valor total da aquisi o A principal cr tica a respeito dessa a o que ela foi uma a o isolada sem continuidade por parte do MEC nem mesmo pela amplia o dos acervos Al m do que para Oliveira L L 2008 p 160 parece inv lida a proposta de montar bibliotecas itiner
459. ordena o Geral de Coordena o Caordinagan Coordena o Coordena o Coordena o Ensino Fundamental Geral de ia d Geral de Materiais Geral de Gest o Geral de Redes Educa o Infantil Educa o Did ticos Escolar P blicas Coordena o Geral Coordena o P Coordena o Geral de aaa Geral de Coordena o de Ensino M dio Geral de M dia e Infraestrutura Escolar e Educa o Integral Conte dos Digitais Tecnologias da Informa o FIGURA 5 ORGANOGRAMA DA SEB GEST O 2012 FONTE Elabora o da autora com base em http portal mec gov br index php option com content amp view article amp id 1968 amp ltemid 1159 Acesso em 28 12 2014 Se ao menos a Secadi tivesse respondido a quest o relacionada ao processo de avalia o das obras de seus editais do PNBE haveria ind cios sobre como se configura a participa o da SEB nesse processo A lacuna deixada na resposta de 267 uma secretaria e no sil ncio da outra sugere que talvez a SEB em nenhuma de suas coordena es atue no processo avaliativo desenvolvido pela Secadi o que revelaria uma via de m o dupla j que como ser analisada na se o seguinte a Secadi tamb m parece n o participar das avalia es dos editais do PNBE organizados pela SEB A A resposta quest o 2 sobre o trabalho da Cogeam junto ao PNBE forneceu mais elementos para al m do mbito meramente t cnico indicando links no original para acesso de determinadas info
460. orial devem ser mantidas caso a obra seja selecionada PNBE 2008 p 4 analisando a edi o de luxo de uma obra em compara o com a adquirida pelo PNBE a autora constatou que 166 a edi o mais comercializ vel embora com a mesma hist ria verbal e praticamente as mesmas ilustra es apresenta se em outro formato As dimens es s o menores a encaderna o brochura as p ginas com tamanho duplo s o eliminadas a gramatura do papel mais leve aspectos que visam ao barateamento da edi o RAMOS 2013 p 51 Em investiga o das obras selecionadas em compara o com o edital Cordeiro 2010 constatou que os crit rios seguem uma rigorosa sequ ncia de etapas que n o deixam d vida sobre a seriedade do Programa e dos profissionais nele envolvidos CORDEIRO 2010 s p embora a autora questione a necessidade de ser mencionada no edital a import ncia de se variar os autores as editoras e as regi es de publica o CORDEIRO 2010 s p Al m disso a autora alertou para a pouca explicita o ou em suas palavras a aus ncia de melhores esclarecimentos em rela o aos tr s crit rios avaliativos qualidade do texto adequa o tem tica e projeto gr fico Outro estudo que trata dessa edi o do PNBE foi desenvolvido por Morgana Kich 2011 cujo objetivo foi identificar os processos de media o dos acervos do PNBE 2008 realizadas em duas escolas municipais de Caixas do Sul
461. orque pelo pr prio hist rico do PNBE informado tanto em suas publica es institucionais quanto em pesquisas acad micas j estava estabelecido 13 Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita da Faculdade de Educa o da Universidade Federal de Minas Gerais Posteriormente ser o apresentadas mais informa es sobre essa institui o 14 Dispon vel em http Awww ppge ufpr br pge htm Acesso em 12 01 2014 32 como premissa para este estudo o fato de ele ser um Programa que movimenta altos investimentos p blicos Assim o desafio passou a ser a de evidenciar o quanto uma pesquisa voltada para a interpreta o dos elementos que levam escolha de determinadas obras com nfase num grupo humano para compor acervos de um Programa de distribui o nacional de livros a bibliotecas das escolas p blicas do pa s tamb m an lise de uma pol tica educacional Esse percal o foi bastante desgastante a ponto de sugerir em v rios momentos que esta pesquisa teria menos qualidade se n o abordasse elementos relacionados ao financiamento No entanto argumenta es como as de Filice 2010 sobre a relev ncia e contribui o que os estudos sobre rela es tnico raciais fornecem rea de pol ticas educacionais foram relevantes para a supera o de mais esse percal o Segundo ela um entendimento reducionista sobre pol ticas educacionais considera que pensar a desigualdade social e a qualidade da educa o seria focar
462. os selecionados Ressalta se que a autora n o informa se o n mero de livros inscritos refere se queles j selecionados pela triagem do IPT ou n o 136 2 514 2 303 1 718 1 735 2 085 1 612 E E E i E f 2008 2009 2006 2010 2011 2012 Total geral E Total de livros inscritos no PNBE GR FICO 1 RELA O DE LIVROS INSCRITOS SELECIONADOS PNBE 2006 2012 FONTE Adaptado de Paiva 2012 p 26 Tais n meros ainda possibilitam desdobramentos como o caso dos acervos do PNBE 2008 destinados educa o infantil cujos dados foram disponibilizados em uma publica o do MEC e SEB e organizada por Paiva 2008a e outras os autoras es Os n meros apresentados foram os seguintes dos 567 t tulos inscritos para a educa o infantil 364 64 foram de prosa 144 25 foram verso e 59 10 foram do terceiro agrupamento chamado por Paiva de I Q Em fun o do desequil brio de obras inscritas e selecionadas correspondendo aos agrupamentos foi necess rio de acordo com a autora montar acervos com mais t tulos de prosa mas em todos os acervos constaram tamb m t tulos dos outros dois agrupamentos Ao todo foram aprovados 60 t tulos que foram distribu dos em 3 acervos de 20 livros cada Do ponto de vista t cnico a Resolu o CD FNDE n 24 de 24 de maio de 2011 fornece algumas informa es sobre o perfil das os avaliadoras es e os impedimentos legais sobre a publ
463. os Por outro lado a autora questiona outro aspecto dessa tend ncia 115 Essa multiplicidade de dimens es art sticas presentes na obra liter ria para crian as se por um lado representa a sua especificidade est tica e a qualifica por outro muitas vezes tem resultado em produtos com alta qualidade editorial e gr fica nos quais o texto verbal negligenciado TURCHI 2009 p 103 Para Turchi essa caracter stica se faz bastante recorrentemente em obras voltadas para a frica os mitos e as culturas africanas tema que parece possuir um forte apelo de mercado TURCHI 2009 p 103 Ao analisar obras dos acervos do Programa de Incentivo Leitura da Secretaria de Educa o do Estado Goi s a autora identificou nessas obras que segundo ela t m forte apelo de mercado aspecto que ser discutido na se o seguinte um projeto gr fico de qualidade mas com uma narrativa ruim E nesse sentido ao concluir seu texto a autora assevera A perda da cena perform tica que traz a inscri o da voz no texto escrito torna as narrativas enfadonhas artificiais distantes de sua marca primordial da oralidade Na era do virtual e da imagem no apelo visual que o mercado editorial aposta Nem por isso contudo a literatura infantil pode esquecer a sua natureza liter ria As v rias linguagens na obra infantil devem promover um di logo em plena igualdade de qualidade est tica TURCHI 2009 p 103 Outro estudo que bus
464. os com o prop sito de denunciar a pobreza o preconceito racial e em enaltecer os seus tra os f sicos em duas narrativas principalmente Mas por outro lado a maioria das produ es acabou corroborando para refor ar exatamente o que se tentou denunciar o preconceito racial uma vez que alguns protagonistas negros s o 1 em grande maioria associados pobreza quando n o miserabilidade humana 2 desamparados sem fam lia haja vista a car ncia do pai e ou da m e 3 tecidos de maneira inferiorizada e sujeitos viol ncia verbal e ou f sica 4 enaltecidos pelos atributos f sicos e ou intelectuais com vista democracia racial OLIVEIRA 2008 p 10 Das obras analisadas a autora destacou que apenas uma destoaria dessas caracter sticas por romper com os estere tipos atribu dos aos personagens negros OLIVEIRA 2008 p 10 J na an lise de Andr ia Lisboa de Sousa 2005 a condi o das personagens negras sobretudo femininas sofreu modifica es no per odo de transi o entre o fim do s culo 20 e in cio do s culo 21 o que permitiu segundo a 113 autora gradativamente vislumbrar novas propostas algumas ainda t midas de representa o positiva da mulher negra em seus variados aspectos SOUSA 2005 p 200 Para Sousa 2005 em compara o com a pesquisa de Esmeralda V Negr o e Regina Pahim Pinto 1990 tais mudan as motivaram a compreens o de uma nova tend ncia em rela
465. os acad micos e jornal sticos s o acompanhados pela equipe da COGEAM que se mant m atualizada com rela o aos diferentes argumentos expostos por diferentes sujeitos e grupos sociais nos ltimos anos acerca do tema Trata se de assunto de interesse da Coordenadoria j que diz respeito sua atua o A COGEAM acompanha da mesma forma outros temas e pol micas afeitos ao livro did tico e s obras liter rias e de refer ncia ressonantes na m dia nas escolas e em inst ncias jur dicas j que a sua atua o requer o conhecimento aprofundado dos debates que envolvem as rela es entre o conhecimento a fun o social da escola e a difus o de materiais educativos COGEAM QUESTAO 7 Observando a constru o do ponto de vista ret rico da resposta verifica se novamente a dissimula o operando de modo a disfar ar e escamotear o tema em quest o numa estrat gia pr pria de deslocamento categoria tamb m proposta por Thompson 2002 Mas h uma diferen a na conceitua o de deslocamento proposto aqui Ao passo que para Thompson deslocamento ocorre quando um termo costumeiramente usado para se referir a um determinado objeto ou pessoa usado para se referir a um outro e com isso as conota es positivas ou negativas do termo s o transferidas para o outro objeto ou pessoa THOMPSON 2002 p 83 no contexto de an lise dessa quest o o deslocamento diz respeito a uma tentativa de desviar a aten o do assunto utilizan
466. os as pela equipe da pesquisa a se autodefinirem como realizadores de pr ticas pedag gicas na perspectiva da Lei mas que no cotidiano da institui o escolar agem em desacordo com princ pios e orienta es firmados nos dispositivos legais Isso sem contar as iniciativas descont nuas fundadas em concep es estereotipadas e racistas sobre a Africa e os afro brasileiros envoltas do discurso da democracia racial e da boa vontade GOMES 2012 p 15 Outra pesquisa de dimens o local na rede municipal de educa o de S o Paulo identificou um processo de dilui o de a es pedag gicas de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais por meio de uma interpreta o pasteurizada de diversidade Em uma das partes da pesquisa em que analisou uma consulta s escolas de S o Paulo Antonio Carlos Malachias et al 2010 informam que al m de um n mero reduzido que respondeu ao question rio 1 4 apenas 6 afirmaram desenvolver atividades relacionadas diversidade No entanto na interpreta o das os autoras es em rela o s respostas tal afirma o n o correspondia necessariamente diversidade tnico racial abordagem mais ampliada do que no presente estudo A quest o da diversidade que surge mais frequentemente nos discursos escolares principalmente a partir da publica o dos Par metros Curriculares Nacionais foi traduzida no sentido mais amplo do termo diversidade Dessa forma o trabalho n
467. os de identidade e provas circunstanciais NOGUEIRA 2000 p 294 embora normalmente esse disfarce seja descoberto de alguma maneira Quanto carga afetiva Mais intelectivo e est tico relaciona se proximidade ou distanciamento de fen tipos negros Assim quanto mais tra os negros uma pessoa tenha mais chance de ser discriminada embora haja uma fluidez no tocante a la os de amizade ou de solidariedade Mais emocional e irracional relacionando se a dio grupal Por isso mesmo suas manifesta es s o mais conscientes tomando a forma de exclus o ou segrega o intencional da popula o negra em rela o aos mais diversos aspectos da vida social NOGUEIRA 2000 p 296 Quanto ao efeito sobre as rela es interpessoais Os la os de amizade e admira o atuam para manter relacionamentos entre brancas os e negras os mas n o impossibilitando no entanto a manuten o do racismo contra outras os negras os A manuten o de la os de amizade de indiv duos brancos para com negros recha ada pelo grupo branco por meio de express es pejorativas como negro lover ou negro volunt rio como a o de exclus o restri o ou prefer ncia que impede o tratamento ou acesso igualit rio a direitos e oportunidades em fun o da cor ao passo que preconceito em particular o racial tem sido classificado como um fen meno de ordem subjetiva
468. os oficiais como o Minist rio da Educa o MEC subsidiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE passaram a estabelecer crit rios para a escolha de obras liter rias e did ticas nos quais se incluem express es como aus ncia de preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem PNBE 2013 p 22 Contudo mesmo observando esta preocupa o outros elementos t m sido menos considerados nos crit rios de sele o dentre eles a supera o de uma literatura e curr culo euroc ntricos Partindo primeiramente dos livros did ticos resultados recentes apontam que pouco se avan ou na produ o de materiais que contemplam a diversidade tnico racial brasileira Na pesquisa de Wellington Oliveira dos Santos 2012 por exemplo ao analisar nove livros did ticos de Geografia para o 2 ano do ensino fundamental o autor constatou que apesar das den ncias de pesquisas anteriores com livros did ticos da mobiliza o do movimento negro da cria o de pol ticas educacionais com foco na valoriza o da popula o negra e das exig ncias dos editais do PNLD 2010 permanece nos livros did ticos o discurso racista que hierarquiza brancos e negros SANTOS 2012 p x No caso dos livros de literatura a pesquisa de Veridiane Cintia de Souza Oliveira 2010 sobre o acervo de 2008 para o PNBE de educa o infantil informou por exemplo que embora tenha sido poss vel identificar au
469. os os livros da listagem oficial do MEC estarem na escola pesquisada sua busca iniciou se pelos sites das editoras onde est o disponibilizadas as sinopses e algumas imagens dos personagens principais LOPES 2012 p 21 Ao todo seu levantamento encontrou oito livros com personagens negras como protagonistas sendo que na escola 2 Resultados da mesma pesquisa foram tamb m condensados em um artigo ARENA Dagoberto Buim LOPES Naiane Rufino PNBE 2010 personagens negros como protagonistas Educa o amp Realidade Porto Alegre v 38 n 4 p 1147 1173 out dez 2013 Dispon vel em http www ufrgs br edu realidade Acesso em 24 02 2014 81 Os livros identificados na pesquisa foram Contos ao redor da fogueira de Rog rio Andrade Barbosa Azur amp Asmar de Michel Ocelot Hist rias de Ananse de Baba Wague Diakite e Adwoa Badoe Nina Africa contos de uma Africa menina para ninar gente de todas as idades de Arlene de Holanda Nunes Maia Maria Lenice Gomes D Silva e Clayson Gomes de Almeida Valentina de M rcio Vassallo de Freitas e Vivian Mara Suppa Betina de Nilma Lino Gomes e Denise Cristina do Nascimento O casamento da princesa de Celso Sisto Silva A caixa de l pis de cor de Maur cio Vereza da Silva Como no trabalho de Lopes 2012 n o foram informados as os as autores dos 186 pesquisada estavam apenas quatro deles Cabe aqui destacar um dado complementar da pesquisadora sobre a quantidade de personag
470. os que naturalizaram a hegemonia ao considerarem que a autoria estrangeira da palavra concede ao enunciado uma legitimidade cr tica e te rica exemplar Mais grave porque se trata de uma inexor vel situa o de hierarquiza o consentida que adv m da interioriza o da subalternidade MATA 2014 p 34 destaques da autora De modo geral com isso dois objetivos impl citos e intrinsecamente relacionados foram perseguidos neste estudo a den ncia do sil ncio e da naturaliza o como estrat gias de um processo de racializa o operando no PNBE O sil ncio do MEC manifestando se em pr ticas sutis de discrimina o entre demandas da t nica universalista FILICE 2010 p 109 e da diversidade tnico racial de um lado e de outro ao silenciamento de outras vozes na literatura do PNBE em especial a literatura infanto juvenil evidenciando que a fei o do racismo brasileira se pauta por silenciar os discriminados e elssa ideologia vai se imiscuir tamb m na avalia o da arte CUTI 2010 p 58 E naturaliza o operando no processo de cristaliza o de um nico modelo de arte como leg timo A partir desses objetivos impl citos e do expl cito verificar se estrat gias de racializa o est o operando no PNBE os resultados da pesquisa indicaram que 1 Por meio da an lise da trajet ria das personagens negras na literatura infanto juvenil brasileira este estudo evidenciou que as principais caracter stic
471. os sobre branquitude e branqueamento no Brasil Petr polis Vozes 2002 p 25 58 Branquitude o lado oculto do discurso sobre o negro In CARONE Iray BENTO Maria Aparecida Silva Orgs Psicologia social do racismo estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil Petr polis Vozes 2002b p 147 162 BERGHE Pierre L van den Brasil In CASHMORE Ellis Dicion rio de rela es tnicas e raciais Tradu o de KLEVE Dinah S o Paulo Summus 2000 p 104 105 BERNARDINO Joaze A o Afirmativa e a Rediscuss o do Mito da Democracia Racial no Brasil Estudos afro asi ticos online v 24 n 2 p 247 273 Rio de Janeiro 2002 Dispon vel em http www scielo br pdf eaa v24n2 a02v24n2 paf Acesso em 02 04 2013 BLONSKI M riam Stella Saci de Monteiro Lobato um mito nacionalista Belo Horizonte v 8 p 163 171 dez 2004 Dispon vel em http www letras ufmg br poslit 08 publicacoes pgs Em tese 2003 pdfs 19 Miriam Stella Blonski pdf Acesso em 02 08 2018 BONIN lara Tatiana KIRCHOF Edgar Roberto Entre o bom selvagem e o canibal representa es de ndio na literatura infantil brasileira em meados do s culo XX Pr xis Educativa Ponta Grossa v 7 N mero Especial p 221 238 dez 2012 Dispon vel em http Avnww redalyc org pdf 894 89425835011 pdf Acesso em 31 08 2014 BORDINI Maria da Gl ria A Literatura Infantil nos anos 80 In SERRA Elizabeth D Angelo Org 30 anos d
472. otecas das escolas p blicas brasileiras utilizando como ferramenta interpretativa a Hermen utica de Profundidade HP e os Modos de opera o da ideologia ambos desenvolvidos por John Brookshire Thompson 2002 A principal hip tese era de que a ideologia conceito negativo para esse autor operava nos programas de distribui o de livros s bibliotecas das escolas de modo a estabelecer rela es raciais assim tricas dada a desproporcionalidade entre personagens negras e brancas com base em resultados de pesquisas anteriores Uma das diferen as entre tal projeto e o atual o executado o per odo de investiga o no projeto inicial a proposta era de analisar programas nacionais ou de ampla extens o de distribui o de livros liter rios a partir da d cada de 1970 quando foi diagnosticado o que Regina Zilberman 1991 definiu como crise da leitura caracterizada pela constata o de que jovens sobretudo os estudantes n o frequentavam com a desejada assiduidade os livros postos sua disposi o ZILBERMAN 1991 p 15 Considerando as dificuldades de acesso a grande parte das obras j que um dos procedimentos metodol gicos inclu a a an lise amostral de obras de diversos per odos foi estabelecida no projeto uma investiga o na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro onde estariam concentrados todos os livros publicados no pa s E quando aprovada para cursar o doutorado com o mesmo projeto mi
473. p 302 membros do seu grupo Efeito da Atenua se onde o contingente de popula o Agrava se onde o contingente de varia o negra maioria popula o negra maioria proporcional do contingente minorit rio Estrutura O preconceito de cor disfar a se sob o de Separa o r gida entre os grupos social classe negro e branco tendo o fator classe interferindo separadamente Tipo de Tende a se confundir com a luta de classes Unifica se numa luta racial movimento pol tico a que inspira QUADRO 1 CARACTERIZA ES DO PRECONCEITO DE MARCA E DE ORIGEM POR ORACY NOGUEIRA FONTE Compila o da autora sobre Nogueira 2000 53 Como dito anteriormente tomar a perspectiva de Nogueira como um dos referenciais para a an lise neste estudo relaciona se import ncia de seu estudo para os desenvolvidos subsequentes Embora o trabalho de Nogueira tenha adquirido esse status de diferencial nem todos os estudos desenvolvidos posteriormente convergem com ele o caso por exemplo de pelo menos uma publica o estrangeira de refer ncia o Dicion rio de rela es tnicas e raciais organizado por Cashmore 2000 que dedicou um de seus verbetes a analisar as rela es raciais no Brasil interpretando o como um pa s onde o racismo brando No verbete Brasil o seu autor Pierre L van den Berghe 2000 embora reconhe a que a ideia de uma escraviza o branda t o propagada por muito tempo no Bra
474. partir da perspectiva dos direitos humanos e da inclus o PNBE TEM TICO 2013 p 28 4 1 4 Corre o e atualiza o de conceitos informa es e procedimentos alertando para o cuidado na sele o das fontes de dados e informa es o zelo na sua apresenta o e o uso adequado de conceitos espec ficos s reas de conhecimento PNBE TEM TICO 2013 p 28 4 1 5 Adequa o da estrutura editorial e projeto gr fico aos objetivos pedag gicos da obra que destaca os itens necess rios para a n o exclus o de uma obra como por exemplo legibilidade gr fica adequada do desenho e tamanho das letras do espa amento entre letras palavras e linhas do formato dimens es e disposi o dos textos na p gina PNBE TEM TICO 2013 p 28 Estas ltimas caracter sticas tamb m se apresentam em reda o similar nos editais de literatura do PNBE No entanto um item em especial e que n o se fez presente em editais anteriores chama a aten o No que diz respeito s ilustra es elas devem ed adequadamente a diversidade tnica da popula o brasileira a pluralidade social e cultural do pa s n o expressando ou refor ando preconceitos e estere tipos PNBE TEM TICO 2013 p 29 Comparando a reda o de que N o ser o selecionadas obras que apresentem moralismos preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem e obras que apresentem didatismos que contenham teor doutrin rio
475. pectivas a primeira de que o racismo assim como outras formas de discrimina o deve ser combatido n o apenas pelos sujeitos e sim por toda a sociedade por outro lado evidenciou o quanto o racismo institucional inviabiliza o ingresso de negras os em espa os de gest o e poder como o caso do MEC e suas secretarias as declara es do diretor da Diversidade da Secadi enfatizavam a alegria e a forma positiva de conduzir a vida MARQUES 2010 p 109 da popula o negra desprezando caracter sticas relacionadas resist ncia e luta hist rica o que A autora informa em seu estudo sobre a aus ncia de diretores as negros as na Secadi SEB e no MEC em geral MARQUES 2010 p 108 249 culminou para a autora no fortalecimento de uma vis o rom ntica do senso comum propagada pela ideologia racista dominante que sugere a ideia de conviv ncia e de aceita o pacifica da explora o domina o e discrimina o dos negros MARQUES 2010 p 109 por outro lado evidenciou se um discurso de uma falsa unifica o e articula o dessa Secretaria com a SEB caracter stica n o verificada nos discursos de representantes da SEB e nem na pr tica por outro lado mulheres negras ocupantes de fun es t cnicas na Secadi demonstraram mais compreens o e entendimento da luta antirracista e dos mecanismos pelos quais o racismo e outras formas de discrimina o operam apresentando inclusiv
476. per odo relativamente recente Mas ent o outros percal os foram se estabelecendo desde o meu ingresso no doutorado havia um questionamento da academia se a minha pesquisa enquadrava se efetivamente na linha de Pol ticas Educacionais do Programa de P s Gradua o em Educa o da UFPR j que o objeto da pesquisa estaria distante dos estudos dessa linha que tem suas pesquisas incidentes na interpreta o das formas pelas quais se definem as pol ticas p blicas no mbito da educa o considerando as rela es estabelecidas entre Estado e sociedade civil no contexto socioecon mico contempor neo PPGE UFPR A minha primeira expectativa de aproxima o com a linha era de que aspectos do financiamento contribuiriam para a an lise da pesquisa Com o decorrer do tempo sobretudo de leituras desenvolvidas ap s a qualifica o foi poss vel perceber que n o era enfatizando elementos de ordem econ mica como a elabora o dos editais do ponto de vista do financiamento os n veis de investimentos na execu o do PNBE e sua articula o financeira com as demais pol ticas do MEC que seria poss vel desenvolver as an lises almejadas pela pesquisa que se relacionavam a interpreta es de elementos subjetivos como as disputas internas dentro das institui es que elaboram e executam o Programa e os embates te ricos e pol ticos entre seus membros influenciados muitas vezes por mudan as na gest o das institui es Ainda mais p
477. plano individualizado bastante difusa Rodrigo Ednilson de Jesus e Juliana Batista dos Reis 2014 chamam a aten o para o fato de que Afirmar que o racismo no Brasil se expressa por meio de um racismo institucionalizado n o significa dizer que o processo discriminat rio tenha sido adotado de forma legal ou oficial pelo Estado Brasileiro Significa sim dizer que as pr ticas de hierarquiza o a partir da cren a na exist ncia de ra as superiores e inferiores intelectual cultural e socialmente foram institu das enquanto pr tica social e s o cotidianamente atualizadas E exatamente a perpetua o desses imagin rios sobre a suposta inferioridade da ra a negra que tem contribu do para a produ o e reprodu o das desigualdades e discrimina es seja por meio da inferioriza o da popula o negra seja por meio da invisibiliza o dos fatos hist ricos econ micos culturais e pol ticos da sociedade brasileira JESUS REIS 2014 p 8 9 Tal argumento aproxima se da investiga o aqui desenvolvida sobre a desproporcionalidade de livros com nfase na diversidade tnico racial no PNBE Seria o racismo institucionalizado e n o institucional reificado nas pr ticas sociais das os profissionais envolvidas os na execu o da pol tica do PNBE em fun o da perpetua o do imagin rio de inferioridade da popula o negra e portanto de uma hierarquiza o que estaria obstaculizando a amplia
478. po da forma o e do trabalho docente 1ed Belo Horizonte Aut ntica 2010b p 680 692 O sil ncio como estrat gia ideol gica no discurso racista brasileiro Curr culo sem Fronteiras v 12 n 1 p 110 129 Jan Abr 2012 Dispon vel em http Awww curriculosemfronteiras org voli 2issiarticles silva pdf Acesso em 13 09 2012 SILVA JR H dio Discrimina o racial nas escolas entre a lei e as pr ticas sociais Bras lia UNESCO 2002 332 SOARES Magda A escolariza o da literatura infantil e juvenil In EVANGELISTA Aracy Alves Martins BRANDAO Heliana Maria Brina MACHADO Maria Z lia Versiani Orgs Escolariza o da leitura liter ria o jogo do livro infantil e juvenil 2 ed 2a reimp Belo Horizonte Aut ntica 2006 p 17 48 Linguagem e educa o SOUSA Andr ia Lisboa de A Representa o da Personagem Feminina Negra na Literatura Infanto Juvenil Brasileira In EDUCA O Minist rio da DIVERSIDADE Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Educa o antirracista caminhos abertos pela Lei Federal n 10 639 083 Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade 2005 p 185 204 Cole o Educa o para todos SOUZA Fernanda Cristina As representa es da diferen a em livros infantis uma an lise do Programa Nacional Biblioteca da Escola Educa o Especial 2008 PNBE Esp 2008 Anais V Congresso Bras
479. po t cnico nem aos princ pios te ricos que orientam ambas as secretarias Um documento elaborado pela Secad a Portaria SECAD MEC n 99 2009 embora tenha respaldado essa dicotomia n o evidencia por que na pr tica a atua o da Secadi n o se faz presente na elabora o dos editais do PNBE sob responsabilidade da SEB Na referida portaria estabeleceu se no mbito daquela Secretaria a composi o de uma comiss o Nomenclatura utilizada poca da aprova o de tal documento 204 Art 1 Instituir no mbito da Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade a Comiss o de Avalia o de Material Did tico e Instrucional para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e a para a implementa o da Lei 10 639 08 Art 2 Esta Comiss o tem como objetivo analisar avaliar e emitir parecer sobre a produ o a edi o e a publica o de material did tico e instrucional impressos e audiovisuais para a educa o das rela es tnico raciais e para a implementa o da Lei 10 639 03 BRASIL 20094 p 16 Chama a aten o o grau de representatividade dos membros dessa comiss o caracter stica que n o se faz presente nos processos avaliativos dos editais do PNBE sob responsabilidade da SEB Art 4 A Comiss o mediante indica o ter a seguinte composi o 01 um representante da Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade SECAD que presi
480. ponderante para o sucesso insucesso escolar profissional e de outras reas embora v rios indicadores sociais apontem que os eixos classe e 2 As pesquisas realizadas pelo Laborat rio de An lises Econ micas Hist ricas Sociais e Estat sticas das Rela es Raciais Laeser apresentam indicadores relacionados aos processos de sobreposi o dos eixos de classe e ra a Ver por exemplo Laeser 2013 2014 54 ra a atuam sobrepostos sendo ainda a ra a o elemento latente o que argumenta por exemplo Maria Aparecida Silva Bento 20024 p 27 tentar diluir o debate sobre ra a analisando apenas a classe social uma sa da de emerg ncia permanentemente utilizada embora todos os mapas que comparem a situa o de trabalhadores negros e brancos nos ltimos vinte anos explicitem que entre os explorados entre os pobres os negros encontram um d ficit muito maior em todas as dimens es da vida na sa de na educa o no trabalho A pobreza tem cor qualquer brasileiro minimamente informado foi exposto a essa afirma o mas n o conveniente consider la Assim o jarg o repetitivo que o problema limitasse classe social Com certeza este dado importante mas n o s isso bem verdade que em v rios trechos das tr s p ginas destinadas descri o sobre as rela es tnicas e raciais no Brasil o autor tenha apontado interpreta es mais pr ximas dos estudos cr ticos defendido
481. pos na es etnias africanas que compuseram a popula o negra no Brasil De certa maneira esse grave problema conceitual na Lei 11 645 2008 demonstra que sua elabora o e aprova o n o estiveram circundadas das mesmas caracter sticas hist rias que a Lei 10 639 2003 em que os movimentos sociais envolvidos participaram ativamente de sua constru o Rocha e Araujo 2013 apresentam algumas informa es sobre a aprova o dessa nova Lei De acordo com nossas pesquisas caracter sticas que destacam a atua o do movimento negro em prol da aprova o da Lei 10 639 2003 n o se fizeram presentes no contexto de aprova o da Lei 11 645 2008 Foi por 3 Como por exemplo a Resolu o do Conselho Estadual de Educa o de Alagoas de n 82 2010 bem como a Lei do mesmo estado de n 6 814 2007 a Delibera o 04 2006 do Conselho Estadual de Educa o do Paran a Resolu o do Conselho Municipal de Educa o de Cruzeiro do Sul AC de n 01 2013 a Resolu o do Conselho Estadual de Educa o do Esp rito Santo de n 1 967 2009 a Resolu o do Conselho Estadual de Educa o de Goi s de n 03 2009 a Resolu o do Conselho Municipal de Educa o de Vacaria RS de n 8 2010 a Delibera o do Conselho Municipal de Educa o de Toledo de n 01 2008 entre outras 74 meio do PL Projeto de Lei 433 2003 que cinco anos ap s 2008 a deputada Mari ngela Duarte SP conseguiu aprovar a sua proposta de al tera o d
482. pr prios do PNBE por meio da Portaria SECAD MEC n 99 2009 mas poss vel interpretar que a efetiva o de tal a o foi motivada pela necessidade de posicionamento da Secadi frente pol mica Embora estes dois ltimos par grafos sejam frutos de infer ncias s o s o diante do sil ncio estabelecido Assim de infer ncias passam a resultados se analisados no conjunto do que prop s essa se o Mesmo sendo um resultado que se unir a outros no sentido de interpretar racializa o operando no PNBE o que seria um elemento positivo a qualquer pesquisadora or j que h resultados que comprovam a sua tese essa se o encerra se com um gosto amargo que se traduz na identifica o de marcas do racismo institucional operando na produ o de discursos silenciosos e alertando numa crescente no decorrer desta pesquisa que o racismo est encrustado de modo estrutural e estruturante GOMES 2011 2012 restando para o Estado brasileiro e 258 suas pol ticas educacionais sejam elas as explicitamente engajadas como s o as desenvolvidas pela Secadi ou as menos comprometidas a ado o de medidas avaliativas como os indicadores para identificar como operam as faces do racismo e como combat las O que os indicadores poder o assinalar refere se ao engajamento da institui o espec fica de governos e no limite de setores do Estado para o enfrentamento do racismo enquanto dimens o ideol gica e pragm tica Do
483. presentadas todas as pesquisas encontradas que trataram de analisar a diversidade no PNBE mas em cumprimento ao foco do presente estudo ser restrito apenas a estudos que trataram da diversidade tnico racial 3 3 Diversidade tnico racial no PNBE procedimentos de pesquisa e an lise das pesquisas brasileiras Analisar a diversidade tnico racial no PNBE nos moldes propostos pela presente pesquisa implica em considerar que tal diversidade se faz necess ria por ser interpretada em seu sentido pol tico e por convergir com os preceitos legais de uma educa o efetivamente democr tica Concordando com Paiva 2010 p 513 sobre o fato de que grande parte da popula o brasileira tem no ambiente escolar a nica possibilidade de acesso a livros did ticos e liter rios e ainda a no o de que a maioria perde frequentemente o contato com obras quando encerra o processo de escolariza o PAIVA 2010 p 513 a import ncia de acervos com valoriza o da diversidade tnico racial faz se mais que imprescind vel Os livros podem n o ser os nicos respons veis pela supera o ou perpetua o de pr ticas discriminat rias mas podem contribuir por referenciarem contextos de hierarquias ou igualdades E j que eles possuem tal capacidade torna se preponderante a ado o de pol ticas educacionais de distribui o de livros que primem pela supera o ao inv s de perpetua o Essa defesa converge portanto com a necessi
484. qualquer maneira essas duas formas de racismo s o estritamente relacionadas pois s o os pr prios indiv duos que produzem as pol ticas institucionais Carmichael e Hamilton 1992 argumentam sobre a naturaliza o com que o racismo institucional opera nas sociedades j que n o se revela expl cito e assim Pessoas respeit veis que podem se isentar da culpa individual pois nunca iriam plantar uma bomba em uma igreja ou apedrejar uma fam lia negra continuam a apoiar as autoridades pol ticas e institui es que perpetuam pol ticas institucionalmente racistas Assim o racismo individual n o pode tipificar a sociedade mas o racismo institucional o faz com o apoio de atitudes individuais de racismo CARMICHAEL HAMILTON 1992 p 5 Cashmore 2000 informa que posteriormente outros autores como Douglas Glasgow 1980 apud CASHMORE 2000 atribu ram outro significado ao termo O racismo institucional que envolve moradores de guetos institui es educacionais do interior da cidade aprisionamentos policiais modelos de sucesso limitados aspira es diminu das e oportunidades limitadas n o apenas produz menores investimentos e maiores manobras de autoprote o ele destr i a motiva o produzindo efetivamente jovens ocupacionalmente obsoletos fadados condi o de subclasse GLASGOW 1980 apud CASHMORE 2000 p 470 L pez 2012 identificou na mesma d cada a ado o do conceito de racismo
485. que todos os livros foram acondicionados nesta caixa Ainda com rela o ao PNBE 1999 o FNDE encomendou Funda o Prefeito Faria Lima o desenvolvimento de um software e dois manuais um b sico e um pedag gico para orientar quanto utiliza o dos acervos pelas escolas OLIVEIRA L L 2008 p 33 34 O autor avalia que o PNBE 1999 apresentou melhoras em rela o ao anterior no que se refere s obras adequadas ao p blico pretendido mas 57 Assim informa o site da Funda o Prefeito Faria Lima Cepam O Centro de Estudos e Pesquisas de Administra o Municipal Cepam uma funda o do governo do estado de S o Paulo vinculada Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional que apoia os munic pios no aprimoramento da gest o e no desenvolvimento de pol ticas p blicas Dispon vel em http www cepam org institucional quem somos aspx Acesso em 11 01 2015 148 que persistiram problemas de ordem estrutural considerando o escasso n mero de escolas que disp e de bibliotecas e at de computadores para a utiliza o do material preparado para o gerenciamento da biblioteca OLIVEIRA L L 2008 p 34 Como indicado no QUADRO 5 no ano de 2000 n o houve distribui o de acervos para as bibliotecas escolares pois o MEC promoveu a distribui o de publica es voltadas a forma o de professoras es Al m de materiais de forma o continuada duas revistas com os seguintes n me
486. que a assessora com quem eu mantinha contato havia entrado de f rias Perguntada sobre o tema a ser tratado com ela expliquei mais uma vez e a resposta dessa nova assessora foi de que eu ligasse para o gabinete de uma das coordena es a mesma coordena o que fiz contato no in cio do processo e que afirmou que n o respondia pelo PNBE Tem tico mas com a ressalva de que talvez eu n o encontrasse nenhum respons vel pois a maioria das pessoas estava entrando em f rias e algumas talvez nem voltassem no dia 05 01 2014 pois iniciaria uma nova gest o e a a gente n o sabe o que vai acontecer Assim encerrou se a tentativa de acesso a informa es mais substanciais sobre a atua o da Secadi na elabora o e execu o do PNBE Se no dia 29 10 2014 a informa o era de que as repostas ao question rio estavam sendo analisadas e seriam respondidas quais os motivos inviabilizaram tal procedimento Seria o ac mulo de trabalho sobretudo em fun o de ser um per odo de final de gest o Mas por que isso n o foi informado por e mail Diante dessa postura da Secadi ficou evidente que n o existe do ponto de vista pr tico qualquer recurso ou argumento que promova o acesso a determinados tipos de informa es Mesmo o argumento legal utilizado baseado na Lei 12 527 2011 que regulamenta o acesso a informa es n o foi respeitado evidenciando aspectos sintom ticos da atua o 245 dessa Secretaria frente aos seus objetivos e i
487. que foram essenciais para a pesquisa Uma ressalva feita pela entrevistada relevante ser destacada RAP PNBE Eu s acho que se voc conseguir produzir um trabalho falando mais do esfor o das tem ticas se fazerem presentes no acervo nos acervos do PNBE com uma literatura de qualidade isso melhor do que epis dios que provocaram tens es Tal ressalva foi constantemente considerada antes e durante a produ o das an lises a seguir No entanto para os interesses desta pesquisa omitir ou ignorar importantes declara es sobre a rela o literatura infanto juvenil diversidade tnico racial racismo e movimentos sociais seria um preju zo al m de n o convergir com a posi o demarcada neste estudo de reconhecer e refletir sobre seus pr prios compromissos com a pesquisa e sobre sua posi o na sociedade al m de assumir a perspectiva dos grupos dominados na tentativa de tentar influenciar e cooperar com agentes de mudan a ou dissidentes cruciais dos grupos dominantes VAN DIJK 2008 p 16 Outra importante ressalva relaciona se a uma constata o da entrevistada sobre a perspectiva adotada por uma ou outra institui o RAP PNBE Eu acho que se tivesse um outro grupo selecionando a sele o seria completamente outra N o tem um crit rio fechado PQ Sim RAP PNBE E isso o legal da literatura Essa reflex o lembra o quanto a perspectiva de uma pesquisadora ou um pesquisad
488. que se tem da crian a negra no espa o escolar SARZEDAS 2007 p v Dentre os di logos captados pela pesquisadora um deles destaca se por abordar a tem tica aqui discutida Voc viu agora n s somos obrigadas a ensinar a Hist ria da frica Como se a gente j n o tivesse muita coisa pra ensinar Se eu termino o ano com eles conseguindo escrever um pouquinho j estou satisfeita N o sei por que isso agora Acho que porque o Lula quer se mostrar Ele que venha dar aula aqui ent o A sim eu acho que eles crian as v o come ar a ser racistas pois a gente vai ficar falando assim Olha n o pode ser racista todo mundo igual a cor n o faz diferen a Paula Professora SARZEDAS 2007 p 103 destaques da autora A cren a de que as altera es na LDB eram fruto de uma estrat gia pol tica do ent o presidente Luiz In cio Lula da Silva repercutiu na educa o brasileira e ficou associada ideia de uma lei verticalizada que n o convergia com os ideais da educa o brasileira e nem respondia s demandas principais que se relacionavam as condi es de trabalho docente dificuldades de aprendizagem por parte do corpo discente e baixo investimento financeiro na educa o por exemplo Outras an lises 66 acrescentaram mais pol micas aprova o da altera o do artigo 26A da LDB n o seria coincid ncia o fato de ser uma das primeiras leis aprovadas na gest o Lula e sim uma estrat gia de cont
489. quele efeito de estranhamento diante de tamanha recorr ncia desencadeia uma oscila o entre os momentos em que procuramos voltar realidade e aqueles outros momentos em que n o temos como negar o poder vital do sonho PAIVA 2008b p 41 Mais frente a autora problematiza sobre uma onipresen a dos contos de fada o conjunto dos t tulos inscritos pelas editoras como a melhor literatura dispon vel para a crian a PAIVA 2008b p 50 A for a simb lica dessa tem tica no entanto pode atuar nas escolhas docentes sobre o que ser lido com ou para as crian as de tal modo que n o nos permitido rejeitar o legitimado PAIVA 2008b p 42 j que para muitas os professoras es prevalecer o que lhe incutido como bem universal e de qualidade inquestion vel PAIVA 2008b p 42 A autora ressalta contudo que n o se pode deixar de reconhecer a qualidade liter ria de muitos dos livros 216 ainda que seja extremamente dif cil por exemplo para uma professora da Educa o Infantil na institui o p blica em fun o de sua ainda prec ria escolaridade realizar uma escolha bem sucedida em meio avalancha de t tulos de baixa qualidade textual tem tica e gr fica PAIVA 2008b p 42 A segunda tem tica ou agrupamento seriam os temas transversais correspondendo a 11 dos livros inscritos Nesse agrupamento a autora analisa a finalidade dos temas transversais explica o bastante ali
490. r fico na escola Disserta o Mestrado em Psicologia Faculdade de Ci ncias e Letras Universidade Estadual Paulista Assis 2007 SCHNAIDERMAN Boris Pref cio In EIXHENBAUM Boris et al Teoria da literatura formalistas russos Tradu o de FILIPOUSKI Ana Mariza Ribeiro et al 2 ed Porto Alegre Editora Globo 1976 SCHWARCZ Lilia Moritz A persist ncia da ra a ensaios antropol gicos sobre o Brasil e a Africa austral Horiz antropol Porto Alegre v 12 n 25 p 287 292 jan jun 2006 Dispon vel em http www scielo br pdf na v12n25 a15v1225 paf Acesso em 02 04 2013 331 SILVA Ana Cl udia da A resist ncia da poesia angolana na literatura infanto juvenil de Ondjaki Anais do CENA v 1 n 1 p 19 25 Uberl ndia EDUFU 2018 Dispon vel em http Avww ileel2 ufu br anaisdocena wp content uploads 2014 02 cena3 artigo 6 pdf Acesso em 03 09 2014 SILVA Bruna Lidiane Marques da Programa Nacional Biblioteca da Escola Edi o 2006 a chegada dos acervos na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte e a leitura de obras por jovens leitores Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o da Universidade Federal de Minas Gerais 2009 SILVA Halina Paganelli Pragm tica da comunica o uma an lise do politicamente correto na literatura infantil Disserta o Mestrado em Comunica o Universidade Federal do Paran 2012 SILVA Leda Cl udia da Representa o fem
491. r ticas didatizantes e desvinculadas de qualidade est tica ARAUJO SILVA 2012 p 216 Ressalta se no entanto que um grande aspecto avaliado como positivo por Araujo e Silva 2012 relaciona se amplia o das situa es contextos vivenciados por personagens negras assim como captou Oliveira M A J 2008 em sua pesquisa n o necessariamente apresentando contextos de valoriza o da cultura afro brasileira e africana apenas que se produzem obras liter rias positivas Em alguns dos livros analisados o enredo n o tem como foco tem ticas como o racismo a religiosidade de matriz africana ou qualquer 123 marca t pica de africanidade mas nem por isso deixam de representar obras de refer ncia na valoriza o da diversidade tnico racial Em suma a diversidade de temas nos quais personagens negras est o inseridas em obras infantis avaliadas nesse estudo como positivas para a promo o da igualdade tnico racial indica um gradativo aumento na preocupa o da qualidade est tica aliada ruptura com representa es fixas sobre os papeis que essas personagens devem ocupar na trama Evidencia se portanto uma amplia o das possibilidades de ser afro brasileira o ou africana o nas tramas ARAUJO SILVA 2012 p 212 E essa amplia o de possibilidades foi captada tamb m na pesquisa de Debus e Margarida Cristina Vasques 2009 Para as autoras um dos caminhos para o entendimento e a
492. r que no estado atual da pesquisa sobre o papel da m dia a aten o dirige se mais para os modos de produ o da informa o 290 posi o de destaque sobretudo jogadores de futebol t m sido v timas de racismo por meio do xingamento de macaco Considerando que n o temos ainda como a pr pria entrevistada constata uma forma o de docentes adequada para trabalhar de modo cr tico e coerente temas relacionados ao racismo ser que algo que Monteiro Lobato falou l atr s n o exerce impacto hoje em seus leitores e leitoras sendo grande parte delas es em processo de forma o tanto de leitura quanto identit ria Lembremos que as obras do PNBE possuem tamb m um endere amento escolar ou seja particularidades do uso das obras no ambiente escolar MOTA 2012 p 315 De outro lado essa reflex o tamb m aciona outros eventos recentes relacionados censura de obras liter rias ou biografias demonstrando a complexidade em que se insere a arte Essa ltima discuss o rapidamente estimula a pergunta deve haver limites para a produ o art stica que tamb m rapidamente desloca a reflex o inicial de que na ponta de um dos lados algu m est sendo agredido Van Dijk 2008 mostra que comum para produtores de discursos em espa os de poder argumentarem que n o t m controle sobre o modo como as pessoas leem compreendem ou interpretam seus discursos VAN DIJK 2008 p 33 o que para o
493. ra Essa perspectiva aproxima se da argumenta o de Mota sobre a n o recusa por parte do processo de avalia o pedag gica do PNBE de obras expl cita ou implicitamente engajadas mas sim aquelas obras em que o car ter engajado se sobrep e ao liter rio transformando o texto em propaganda MOTA 2012 p 316 As considera es de ambos os argumentos assemelham se a resultados encontrados na pesquisa de Araujo e Silva 2012 p 216 Outro elemento a discutir que n o o fato de uma pessoa ser negra e ter vivenciado o racismo que necessariamente sua obra ser de qualidade ou com potencial para promo o de igualdade racial Foram identificados ao inv s de promo o de igualdade t tulos que refor aram estere tipos de diversas maneiras seja por meio de representa es tipificadas personagem negra do sexo masculino como menino de rua ou quando se pretende problematizar o tema do racismo mas se acaba engessando o enredo Em outras palavras algumas obras preocupadas em propor a supera o do racismo trazendo tramas com tal tema nem sempre obt m xito em seu objetivo al m de deixar de lado o car ter liter rio que toda obra infantil e infanto juvenil sobretudo precisam ter sob pena de vivenciarem seus estigmas historicamente imputados e que as relegaram a pr ticas didatizantes e desvinculadas de qualidade est tica Fica evidente portanto a complexidade que envolve a produ o liter ria oriund
494. ra cnegando a se transformar em um verdadeiro estere tipo o qual foi amplamente incorporado pelas narrativas infantis produzidas no Brasil entre as d cadas de 1945 e 1960 BONIN KIRCHOF 2012 p 237 238 Os ind cios de aproxima o entre a representa o de personagens ind genas e negras se consolidam a partir das constata es de Brookshaw 1983 sobre o per odo O mito do bicho homem por exemplo poderia ganhar credibilidade pela associa o da criatura com a figura do escravo fugitivo que escapara para a floresta de onde surgiria de tempos em tempos a fim de assaltar os viajantes e roubas das planta es A fus o final do mito com a realidade ocorria se o fugitivo conseguia escapar do capit o do mato ou ca a pr mios porque ent o se supunha que o fugitivo estava de pacto com o dem nio A partir desse ponto n o se distinguia mais o fugitivo do dem nio do ser imagin rio ou do esp rito da floresta BROOKSHAW 1983 p 14 Em rela o an lise de Lajolo e Zilberman 1984 Maria Zaira Turchi 2009 vai al m afirmando que at a d cada de 1970 fora a obra original consistente e ainda atual de Monteiro Lobato n o se pode falar de literatura infantil e juvenil brasileira como sistema de obras e conjunto de autores com uma produ o est tica regular destinada a crian as e jovens TURCHI 2009 p 98 Para Gabriela Luft 2010 Lajolo e Zilberman categorizaram um quarto cicl
495. ra nesse contexto a universaliza o que se apresenta como acordos institucionais que servem aos interesses de alguns indiv duos e que s o apresentados como servindo aos interesses de todos THOMPSON 2002 p 83 ineg vel e incontest vel a import ncia e qualidade est tico liter ria da produ o lobatiana tanto para o p blico infanto juvenil quanto para o p blico adulto Mas a decis o de adquirir sua produ o sob um suposto risco de perder espa o para a censura reitera a gravidade com o que os discursos de poder fortalecidos pela tradi o do c none podem atuar de modo ideol gico na execu o do PNBE E isso ratifica como consequ ncia o quanto essa pol tica ainda se constr i em campos de tens o mas n o num sentido de tens o convencional natureza pol tica e sim numa l gica de fragilidade por se revelar um Programa altamente vulner vel e submetido aos interesses de grupos Por outro lado observa se que as intencionalidades dos grupos legitimados s o a priori bastante coerentes e consistentes no sentido de garantir a qualidade liter ria das obras distribu das pelo Programa Tendo a forma o do leitor e do leitor do texto liter rio como norte a sua primeira preocupa o a diversidade est tica das obras que devem constituir o acervo Essa diversidade das obras um valor tanto liter rio quanto pedag gico tem como fundamento a constru o ou amplia o do repert rio cultural dos al
496. ra de Paula 2011 ao analisarem os acervos do projeto do PNBE Literatura em minha casa nos anos 2001 a 2003 as autoras verificaram uma desigualdade quantitativa no tocante pluralidade tnica Nosso estudo a respeito da pluralidade tnica dos personagens das obras dos acervos mostrou que a quantidade de obras que apresentam tal pluralidade dezessete no total parece pequena em rela o ao n mero de obras distribu das nos tr s anos centro e vinte obras Ainda segundo os resultados o espa o para personagens brancos negros ndios e japoneses parece garantido na literatura infantojuvenil apesar de estes nem sempre representarem os mesmos pap is e nem aparecerem na mesma propor o PAULA FERNANDES 2011 p 394 395 Embora as autoras n o tenham explicitado a defini o te rica de pluralidade tnica poss vel verificar sua estreita rela o com a ideia de pluralidade cultural preconizada pelos Par metros Curriculares Nacionais PCN por meio dos chamados temas transversais A pluralidade cultural um dos temas transversais dos Par metros Curriculares Nacionais PCNs BRASIL 1998 Esta se refere ao desafio de respeitar os diferentes grupos tnicos e culturas que comp em a popula o brasileira e mundial para que se tenha o conv vio dos diversos grupos e para que essa caracter stica se transforme em um fator de enriquecimento cultural e valoriza o da pr pria ident
497. ra inserir Como n o podemos for ar quadrinho livro de imagem RAP PNBE mas temos que cuidar de diversidade de g nero de diversidade de autores diversidade de tem tica diversidade de editoras PQ Mas de qualquer maneira voc s conseguem perceber um aumento na quantidade de produ o de livros que tratam da diversidade africana RAP PNBE Racial PQ Ind gena RAP PNBE Bastante Bastante PQ E voc tem um motivo para isso Imagina alguma coisa que fez com que RAP PNBE Olha eu acho que o contexto a valoriza o a consci ncia de que isso precisa estar presente Muitas vezes o livro bacana mas tem ainda aquele resqu cio da milit ncia aquele resqu cio da prele o aquele ressentimento e a isso n o cabe em literatura E ent o n o podemos selecionar o livro Mas tem crescido muito Agora como bons guardi es da literatura n s n o colocamos qualquer coisa s para contemplar a tem tica n o Ele tem que ser bom literariamente Ele tem que possibilitar uma experi ncia est tica Por isso que dif cil voc combinar literatura livro did tico eu acho que tem mais que fazer isso obriga o tem que escancarar tem que abrir o jogo porque est num processo de educa o regular fazendo com que esse pa s encare as coisas do jeito que elas precisam ser encaradas Agora na literatura n s temos que achar um caminho Mas eu acho que a tend ncia do grupo dos
498. ra na escola se a entendemos n o apenas como um repert rio cultural necess rio para a educa o est tica tica e cidad mas tamb m como uma experi ncia nica de linguagem o acesso privilegiado s palavras que nos ajudam a construir este e outros mundos al m de n s mesmos MOTA 2012 p 318 E une se a esse temor a preocupa o de que o racismo institucional continue produzindo discursos e a es fundamentadas em abusos de poder por parte de grupos que controlam a sele o das obras e cujas vozes direta ou indiretamente influenciam outros discursos que sejam compat veis com o interesse daqueles que det m o poder VAN DIJK 2008 p 18 E esse poder ainda que n o total simb lico isto em termos do acesso preferencial a ou controle sobre o discurso p blico VAN DIJK 2008 p 18 Crucial no exerc cio do poder ent o o controle da forma o das cogni es sociais por meio da manipula o sutil do conhecimento e das cren as a pr formula o das cren as ou a censura a contraideologias VAN DIJK 2008 p 84 Outro temor que a cis o entre a es do PNBE elaboradas pela SEB ou pela Secadi continuem gerando dicotomias nas edi es do Programa entre editais altamente empenhados com a qualidade liter ria mas desprovidos de comprometimento com a Educa o das Rela es tnico Raciais e editais que ao cumprirem os preceitos legais de valoriza o da diversidade perdem
499. ra pautou se no perfil sociocultural das personagens g nero sexual idade estrato social e cor ra a e em dados t cnicos das obras bem como quest es relacionadas autoria e ilustra o No tocante cor ra a das personagens os resultados da autora indicaram uma hegemonia racial branca Em rela o quest o racial a porcentagem de personagens brancas alcan a quase a metade do corpus 45 e quando somada a quantidade de personagens em que n o h ind cios de cor considerando que a categoria sem ind cios equivale op o velada de se representar a elite dominante que de t o normal dispensa verbaliza o registra se o total de 89 3 dos casos Coube aos pretos e pardos serem representados por apenas 10 7 das personagens FERREIRA 2008 p 103 Para a autora comparando seus resultados com estudos anteriores notou se que o quadro da representa o da personagem na literatura para crian as e jovens no Pa s nos ltimos cinquenta anos permanece quase inalterado FERREIRA 2008 p 104 O argumento de Ferreira para este quadro estaria possivelmente na car ncia de produ o de obras que valorizam a pluralidade cultural e nesse contexto caberia investimentos na forma o docente para que essa e profissional possa interferir no processo de reprodu o ideol gica por meio da literatura FERREIRA 2008 p 105 78 Resultados da mesma pesquisa foram tamb m condensados em um artigo e embor
500. ra sejam apresentadas de forma generalizante a todas as obras analisadas algumas considera es feitas sobre o livro Aguemon s o relevantes a presente pesquisa por destacarem aspectos internos do enredo e os poss veis impactos positivos de sua recep o aos leitores e leitoras De uma forma simb lica e po tica o mito apresentado por Carolina Cunha p e em destaque a import ncia da oralidade na vida dos povos africanos Os segredos transmitidos de Pai para filho llustra o 84 a vida frutificada Ilustra o 85 os sonhos e a imagina o incentivados Ilustra o 86 tudo acontece pela interven o do s bio personagem Aguemon As imagens do animal recebendo tantos dons e guardando os na boca para mais tarde transmitilos magicamente a Oniomon carregam metaforicamente o valor dado a palavra pelas tradi es africanas LEMOS 2010 p 223 Outro estudo desenvolvido por Fernandes e Cordeiro 2011 teve como objetivo analisar aspectos imag ticos da obra 25 anos do Menino Maluquinho de Ziraldo A escolha dessa obra se deu de acordo com as autoras em fun o de ela compor o acervo do PNBE 2008 Dentre os elementos observados no livro um deles refere se representa o de personagens negras as autoras destacaram a import ncia da atua o dessas personagens como forma de valoriza o da preponder ncia absoluta de uma ou de outra LEMOS 2010 p 101 Para chegar ao conceito de livro interacional a autora
501. racista ANDRADE 2013 p 385 incluindo o fato de essa ser uma obra componente do PNBE A autora considerou no seu corpus de an lise a obra em quest o o Mandado de Seguran a impetrado no Supremo Tribunal Federal contra a distribui o da obra e os pareceres do Conselho Nacional de Educa o Utilizando como suporte te rico a An lise Cr tica de Discurso Andrade 2013 construiu sua argumenta o em duas frentes relacionando trechos do Mandado de Seguran a com excertos do livro de Monteiro Lobato analisando as duas vers es do Parecer emitido pelo CNE e a posi o do PNBE e do MEC durante o processo No tocante a primeira frente a autora interpretou no Parecer 06 2011 vers o homologada pequenas diferen as em rela o ao primeiro parecer mas tais diferen as revelaram uma substancial dist ncia de posicionamento ANDRADE 2013 p 389 por ter segundo a autora relativizado as reivindica es hist ricas do Movimento Negro A autora refere se ao seguinte trecho do Parecer CNE CEB 06 2011 Diante do exposto conclui se que as discuss es pedag gicas e pol ticas e as indaga es apresentadas pelo requerente ao analisar o livro Ca adas de Pedrinho est o de acordo com o contexto atual do Estado brasileiro o qual assume a pol tica educacional igualit ria como um compromisso estabelecido na Constitui o Federal segundo a qual um dos objetivos fundamentais da Rep blica a promo o do bem de todos sem qu
502. radores do Rio 1986 120 mil crian as e cerca de 10 mil professores recreadores e de Janeiro e outros adultos por meio de cursos de leitura de anima o de estados leitura de programa o e aproveitamento da biblioteca YUNES 1995 p 130 Projeto Meu livro meu companheiro voltado para enfermarias FNLIJ 1986 de longa interna o de crian as no Rio de Janeiro e S o Paulo YUNES 1995 Projeto Leia crian a leia atuando em 18 estados brasileiros FNLIJ 1987 atendia preferencialmente as Associa es de Moradores de Favela YUNES 1995 p 131 atingindo mais de 100 mil crian as 51 Al m de Walda de Andrade Antunes participaram Regina Zilberman Eliana Yunes Edson Gabriel Garcia e Ary Kuflik Benclowicz 141 P GINA 2 2 Programa Re crian a visava o desenvolvimento do trabalho Minist rio da da sa de principalmente tamb m aceitou introduzir a quest o Previd ncia Social e da leitura YUNES 1995 p 131 Foram criadas 250 participa o da bibliotecas por estados brasileiros atendendo 200 mil crian as FNLIJ fossem em clubes de futebol pequenos grupos assistenciais ou sociedades que se ocupavam desse amparo aos menores adolescentes YUNES 1995 p 131 1989 Projetos locais Crian a lendo Arax vivendo e Leitura com FNLIJ e outras a car e com afeto Campos RJ parcerias D cada Cria
503. rcela da ind stria editorial brasileira OLIVEIRA L L 2008 p 141 Dentre as editoras contempladas quatro delas tiveram suas cole es tamb m selecionadas no PNBE 2001 tica Companhia das Letras Nova Fronteira Objetiva e Record As demais foram Bertrand Brasil Global e Martins Fontes Foram ao todo 4 216 576 cole es 21 082 880 exemplares de livros a um custo de R 19 633 632 00 sendo que em cada uma das oito cole es constavam cinco volumes os mesmos da edi o anterior Para compor a comiss o de avalia o e sele o das cole es das institui es escolhidas no ano anterior houve apenas o acr scimo de oito representantes do Programa Nacional de Incentivo Leitura Proler Embora o edital tenha destacado pela primeira vez desde 1998 a import ncia da leitura n o h especifica es sobre a responsabilidade da efetiva distribui o dos livros s crian as j que o texto do documento deixa vaga a ideia OLIVEIRA L L 2008 152 ANO QUANTIDADE TIPO DE OBRA S CATEGORIA 1 cole o Uma cole o composta por cinco Cada estudante matriculada o na 42 A o Literatura volumes de obras de literatura e de s rie em minha Casa informa o 10 cole es Cole es compostas por cinco volumes Cada uma das escolas p blicas A o Literatura de obras de literatura e de informa o com mais de dez estudantes que em minha Casa ofereceu a 4 s rie no an
504. realizadas uma delas envolveu o tema do racismo na obra Ca adas de Pedrinho componente de acervos do PNBE Ap s a pesquisadora ler um trecho que descrevia personagens envolvidas na cena sendo um menino duas meninas um leit o uma boneca uma velha branca e uma velha preta TRAVASSOS 2013 p 161 destaques da autora duas alunas cochicharam o que promoveu o seguinte di logo J lia Falar preto racismo Pesquisadora Por qu ningu m responde Pesquisadora ent o pergunta E como que se fala Negro J lia Uma senhora Pesquisadora E que na poca de Monteiro Lobato n o era racismo falar assim Hoje tem gente que acha que Marcos Podia falar a negra Pesquisadora Naquela poca eles n o achavam que era racismo mas hoje voc s acham que racismo Crian as E Eu acho Eu acho Pesquisadora Ent o podia falar como Vamos trocar ent o Como eu posso falar as duas senhoras Maria Negra Pesquisadora Ent o vou trocar Uma senhora branca e uma senhora negra Ficou melhor assim Crian as Ficou Ficou TRAVASSOS 2018 p 161 A an lise de Travassos 2013 sobre esse epis dio novamente abordou a necessidade de media o adequada embora no epis dio em quest o a autora reconhe a as limita es de sua media o aliada postura das pr prias crian as 191 leitoras que contextualizadas em um tempo diferente do da produ o da obra conseguem fazer uma leitura
505. relegadas a posi es m ticas at vicas ou folcl ricas As maneiras mais comuns eram de acordo com Gouv a 2005 por meio da elabora o de personagens como as os contadoras es de hist rias ou os pretos e as pretas velhas Personagem sempre presente mesmo que como coadjuvante nas narrativas destinadas crian a do per odo o negro surgia revestido de uma estereotipia que se repete basicamente em todos os textos analisados Na verdade a quest o da ra a emerge de forma amb gua ao longo de tais narrativas Por um lado o negro vinha reafirmar a identidade nacional associado ao folclore brasileiro e marcando com suas hist rias pr ticas religiosas e valores a inf ncia dos personagens Por outro esses mesmos valores n o encontravam lugar no seio de uma sociedade que se pretendia moderna fazendo o ocupar um espa o social parte Enquanto a modernidade associada urbanidade ao progresso t cnica e ruptura era representada pelos personagens brancos adultos os negros era relacionados a significantes opostos como tradi o e ignor ncia universo rural e passado GOUVEA 2005 p 84 A nega o da produ o l xica da entona o e da cultura de influ ncia africana e popular como um todo se fazia presente e de modo deliberado como forma de inculcar pela exposi o a um modelo de perfei o adequados h bitos lingu sticos isto h bitos lingu sticos semelhantes aos adotados na modalidade
506. res para a Educa o das Rela es Etnico raciais e a obrigatoriedade do ensino de Hist ria e Cultura Afro brasileira Afro Alagoana Africana e Ind gena nos curr culos escolares das institui es p blicas e privadas integrantes do Sistema Estadual de Ensino do que disp e as Leis Nacionais n 10 639 03 n 11 645 08 e a Lei Estadual n 6 814 2007 Di rio Oficial do Estado de Alagoas DOEAL Macei AL 17 mai de 2011 p 17 Dispon vel em http Awww educacao al gov br legislacao 1 leis 2007 ei 206814 2007 pdf Acesso em 19 12 2014 ALMEIDA Viritiana Aparecida de SOUZA Nelson Ros rio de Trajet ria dos argumentos sobre as a es afirmativas da marcha Zumbi dos Palmares confer ncia de Durban Sociologias Plurais Revista Discente do Programa de P s gradua o em Sociologia da UFPR Curitiba v 1 n 2 p 271 290 ago 2013 Dispon vel em http Anww sociologiasplurais ufpr br revista v n2 pdf Acesso em 07 04 2014 ALVES Miriam Cadernos negros n mero 1 estado de alerta no fogo cruzado In FONSECA Maria Nazareth Soares FIGUEREDO Maria do Carmo Orgs Po ticas afro brasileiras Belo Horizonte Mazza PUC Minas 2002 p 221 240 312 N o vede In RIBEIRO Esmeralda BARBOSA M rcio Cadernos negros volume 33 poemas afro brasileiros S o Paulo Quilombhoje 2010 p 124 125 AM NCIO Iris Maria da Costa Lei 10 639 03 cotidiano escolar e literaturas de matrizes africanas da a
507. respons vel est realizando uma an lise dos dados informados e identificando registros que por algum motivo n o foram informados de forma completa poca de coleta dos dados Assim em um primeiro momento apenas os trabalhos defendidos em 2012 e 2011 est o dispon veis Os trabalhos defendidos em anos anteriores ser o inclu dos aos poucos Dispon vel em http bancodeteses capes gov br noticia view id 1 Acesso em 08 06 2014 2 Tal plataforma localiza se no link hitp scholar google com br Acesso em 15 01 2015 Al m da busca livre o portal oferece uma forma de notifica o cada vez que um novo trabalho for publicado virtualmente 74 Houve a tentativa de utilizar tamb m o nome deste Programa por extenso no entanto a busca ampliou se para qualquer pesquisa que contivesse a palavra programa Assim essa estrat gia foi descartada 177 dezoito trabalhos sendo que apenas um n o ser apresentado nessa se o dado a sua proximidade com a an lise realizada no CAP TULO 2 Al m da busca na plataforma um cap tulo de livro forneceu dados sobre outra pesquisa que tamb m ser apresentada a seguir Portanto o encaminhamento nessa se o ser de apresentar os resultados das pesquisas publicadas em livros teses disserta es e artigos que abordaram a tem tica sobre diversidade tnico racial no PNBE A ordem de apresenta o dos referidos estudos n o obedecer a uma organiza o cronol gica e sim de proxi
508. reviamente a cada ano de atendimento BERENBLUM PAIVA 2006 p 11 Walda de Andrade Antunes 1995 informa que em 1988 a implanta o de 47 820 Salas de Leitura ocasionou a distribui o de 73 591 acervos onde 3 017 000 livros foram enviados a 4 074 000 crian as alunos prioritariamente de zonas rurais e periferias urbanas ANTUNES 1995 p 144 Segundo a autora em fun o do sucesso e xito desse Programa ele foi expandido em n vel nacional e em 19 de setembro de 1988 por meio da Portaria Ministerial n 490 foi redimensionado o programa pela cria o do Programa Nacional Salas de Leitura Bibliotecas Escolares FAE ANTUNES 1995 p 144 145 Como resultado de uma mesa redonda realizada em 1989 no 7 Congresso de Leitura do Brasil Cole e publicada na antologia comemorativa dos 10 anos do 140 Congresso essa autora bem como as outras pessoas participantes da mesa destacaram as a es desenvolvidas na d cada de 1980 e que ajudam a contextualizar os prim rdios do PNBE Um quadro desenvolvido por Araujo 2010 e aqui adaptado com dados de Paiva 2008a re ne as principais informa es dessa mesa no que se refere aos n meros de distribui o de livros e rg os respons veis P GINA 1 2 Ea Descri o do Programa Projeto Respons vel Programa de aquisi o de livros did ticos dirigidos a escolas Funda o de D cada p blicas carentes ZILBERMAN 1995
509. rgistas retomou a quest o sobre censura liberdade de express o e pr ticas politicamente corretas 109 Ver por exemplo A discuss o da visibilidade e a revis o da censura na esfera p blica de Ivan Paganotti 2012 291 Portanto na medida em que uma obra discursiva liter ria ou n o reitera agress es destinadas a um grupo humano estamos diante de um impasse entre os limites da censura e da coer ncia que se adere a pr ticas de respeito aos direitos humanos Mas para al m disso retoma se a discuss o sobre os investimentos p blicos envolvidos e a for a discursiva presente em agora a gente escolhe Monteiro Lobato com a justificativa de que a resposta tem que ser Aqui n o existe n o cabe esse tipo de censura feita literatura por movimentos Como j ressaltado a cr tica pol mica incidiu na possibilidade de uma censura a esse autor considerado maior representante da literatura infanto juvenil brasileira e na inadequada alternativa que essa censura sugeria o recolhimento das obras ou a ado o de notas explicativas Diante disso uma das sa das adequadas seria de acordo com a entrevistada o investimento maci o na forma o para bibliotec rias os e docentes sobre um trabalho apropriado com obras com tais caracter sticas Tal perspectiva tamb m defendida por este estudo muito mais vantajoso para uma sociedade democr tica a ampla discuss o das obras can nicas e n o can nic
510. ri dico de 751 a 1000 2010 Alalizagao dog doceniese estudantes 4 exemplares de cada peri dico de 1001 a 1250 estudantes 5 exemplares de cada peri dico mais de 1250 estudantes 6 exemplares de cada peri dico QUADRO 13 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 5 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br index php be historico Acesso em 21 08 2012 169 Com muitas especificidades no tocante ao p blico atendido pelo PNBE 2010 j que foram distribu dos al m de livros liter rios a estudantes da educa o infantil ensino fundamental EJA incluindo se exemplares para estudantes com necessidades educacionais especiais sensoriais para Fernandes e Cordeiro 2012 o edital de convoca o dessa edi o do Programa o que apresenta significativas e positivas mudan as em rela o aos anteriores que s o relativamente similares por mencionar leis que legitimam a import ncia da distribui o de livros liter rios para estudantes das escolas p blicas e por destacar a leitura como uma pr tica social Al m disso as autoras evidenciaram ganhos no tocante ao projeto gr fico j que nos editais de 2005 a 2009 as ilustra es deveriam somente dialogar como o texto verbal FERNANDES CORDEIRO 2012 p 326 e a partir de 2010 elas deveriam atuar no sentido de ampliar as possibilidades significativas do texto Destacaram ainda que as obras destinadas a crian as de O a 5 anos deveriam
511. rian as e jovens surgiu e se desenvolveu sob a tutela da escola destaques da autora Al m disso para Rosemberg 1985 a literatura infanto juvenil constr i se sobre uma base hier rquica em que a crian a leitora apresentada como receptor cativo j que essa hierarquia n o se estabelece apenas sobre a rela o autora or leitora or mas tamb m em toda a produ o liter ria e veicula o dessa produ o at a crian a O car ter unilateral da rela o estabelecida pelo livro infanto juvenil n o decorre apenas do dom nio exercido pelo adulto sobre a cria o de um texto ou de uma imagem mas tamb m de seu poder sobre a produ o difus o cr tica e consumo de um livro S o adultos os escritores ilustradores diagramadores programadores capistas editores chefes de cole o s o tamb m adultos os agentes intermedi rios cr ticos bibliotec rios professores livreiros respons veis pela difus o do livro junto ao comprador que tamb m adulto bibliotec rios pais e parentes Aqui a dist ncia entre cria o e consumo m xima pois o p blico infantil enquanto categoria social n o participa diretamente da compra do produto que consome e quase n o disp e de canais formalizados para opinar livremente sobre o livro que l Fala se nesse caso em receptor cativo ROSEMBERG 1985 p 30 E ainda para al m disso Magnani 1989 considera que a pr pria presen a do livro na escola como ferram
512. rias ou expedi es aventureiras LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 120 e a nfase nas personalidades heroicas que mesmo infantis que possuem a liga o hier rquica superior e moralmente com os mais velhos a quem os mais fr geis devem se submeter para seu pr prio bem LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 120 De modo geral as autoras avaliam esse per odo como prejudicial consolida o da literatura infanto juvenil como um g nero art stico devido ao retrocesso frente a conquistas anteriores como a valoriza o da cultura popular e por retomar o seu car ter moralizador e didatizantes A op o por um padr o culto no que se refere ao emprego da l ngua portuguesa na narra o e nos di logos e a atitude discriminat ria perante a fala regional dos grupos mais humildes endossam a postura normativa e autorit ria adotada pela literatura infantil igualmente no plano tem tico A recusa experimenta o e o recuo perante a oralidade conquista de escritores como Graciliano e Lobato nas d cadas anteriores comprometem a literatura com uma perspectiva conservadora que se est afinada t nica liter ria em evid ncia representa um retrocesso em rela o ao patamar atingido antes pelo g nero LAJOLO ZILBERMAN 1984 p 121 Com escassos estudos sobre a condi o das personagens negras nesse per odo infere se que sua situa o aproximou se da retratada nas d cadas anteriores cujas caracter sticas de primitivis
513. rma es o Edital de Chamada P blica j analisado neste estudo os Guias Literatura Fora da Caixa e informa es sobre o Programa Nacional do Livro e Literatura PNLL Em atendimento ao disposto no Decreto n 7 084 2010 o processo de avalia o pedag gica das obras inscritas no PNBE realizado com base em crit rios definidos em edital espec fico As obras selecionadas nesse processo comp em os acervos que ser o distribu dos s escolas a Quanto ao PNBE literatura conforme o Decreto acima a COGEAM elabora edital com assessoramento de especialistas da s rea s A partir do PNBE 2015 anos finais do ensino fundamental e do ensino m dio a sele o da institui o p blica de educa o superior para sediar o processo de avalia o passou a ser feita por Chamada P blica por meio da qual as institui es interessadas apresentam sua proposta para executar a avalia o O projeto deve seguir as orienta es explicitadas na Chamada P blica elaborada pela COGEAM no que diz respeito composi o da equipe ao perfil dos avaliadores e ao or amento dispon vel no Site do Minist rio da Educa o Selecionada a institui o os recursos para execu o dos trabalhos s o transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE por meio de instrumento adequado conforme Plano de Trabalho previamente aprovado pela COGEAM e pela SEB A Coordena o acompanha as reuni es de avalia o realizad
514. ros Nova escola da funda o Victor Civita 1 532 180 exemplares em dez edi es totalizando R 1 976 512 00 OLIVEIRA L L 2008 p 35 e Ci ncia hoje para crian as da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci ncia SBPC 2 034 571 exemplares em onze edi es totalizando R 2 136 300 00 OLIVEIRA L L 2008 p 36 Al m disso Oliveira L L 2008 analisa que a produ o do Hist rias e hist ria guia do usu rio do Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 99 literatura infanto juvenil BRASIL 2001b um manual composto de 111 livros para auxiliar na utiliza o do acervo do PNBE 1999 chegou s escolas um ano ap s o acervo Marisa Lajolo foi a autora convidada e ficou respons vel pela coordena o de uma equipe com 10 pesquisadoras es de diversas regi es do Brasil e uma das cr ticas apontadas por Oliveira L L 2008 diz respeito fragmenta o da produ o do material j que foram poucas as reuni es presenciais para discuss o dos textos al m de serem muitas os autoras es envolvidas os Da mesma forma em 2003 o Tribunal de Contas da Uni o avaliou que essa publica o bem como de outros manuais de apoio aos acervos foram inadequadas por ter ficado pendente sua implementa o Em an lise do material disponibilizado na internet tamb m pude verificar mais um aspecto negativo a edi o n o foi revisada o que gerou grande perda da qualidade do texto N o foi poss vel
515. rse o entre a an lise do livro liter rio como obra de arte e objeto de massifica o e portanto como produ o midi tica THOMPSON 2002 na interse o entre a compreens o da literatura infanto juvenil como produ o para crian as e adolescentes e como express o dos valores adultoc ntricos ROSEMBERG 1985 na interse o entre a literatura enquanto ferramenta de reprodu o de valores conservadores e can nicos e as suas potencialidades enquanto agente de transforma o e de supera o de valores centrados como o eurocentrismo MAGNANI 1989 No que se refere a essas interse es o presente estudo incidiu an lise sobre as seguintes rela es a ao compreender por exemplo o livro liter rio como obra de arte mas tamb m como meio midi tico foi poss vel analisar se essa caracter stica vem favorecendo determinadas os autoras es com maior inser o na literatura can nica na aprova o de obras para o PNBE b sobre a express o de valores adultoc ntricos a an lise possibilitou identificar se essa rela o pautada por natureza em hierarquia tamb m se estabelece a partir de um olhar adultoc ntrico can nico em que os valores al m de serem respons veis por doutrinar os meninos 82 e ent o seduzilos para a imagem que a sociedade quer que assumam ZILBERMAN 1987 p 21 tamb m refor am ideias estereotipadas sobre a popula o negra ou invisibilizem esse grupo c sobre as potencialidades
516. rsos expressivos e ou outros ligados enuncia o liter ria a consist ncia das possibilidades estruturais do g nero liter rio proposto a adequa o da linguagem ao p blico pretendido a coer ncia e a consist ncia da narrativa a ambienta o a caracteriza o das personagens e o cuidado com a corre o e a adequa o do discurso das personagens a vari veis de natureza situacional e dialetal o desenvolvimento do tema em harmonia com os recursos narrativos No caso dos textos em verso ser observada a adequa o da linguagem ao p blico a que se destina tendo em vista os diferentes princ pios que historicamente v m orientando a produ o e a recep o liter ria em especial os que se referem explora o dos aspectos mel dicos imag ticos e ou visuais na produ o po tica No caso das tradu es importante que sejam mantidas as qualidades liter rias da obra original No caso das hist rias em quadrinhos ser considerada como crit rio preponderante a rela o entre texto e imagem e as possibilidades de leitura das narrativas visuais N o ser o selecionadas obras que apresentem clich s ou estere tipos saturados 3 1 Qualidade do texto e ou imagens Os textos liter rios al m de contribu rem para ampliar o repert rio lingu stico dos leitores e propiciarem a frui o est tica ser o selecionados de modo a estimular a leitura aut noma pelos estudantes e a sua apropria o pela med
517. rticaliza o uma discuss o maior das obras e o governo compraria escalonado Far amos a sele o e o governo e a nossa ideia se fosse a cada dois anos que o ano que n o tivesse sele o do PNBE n s utilizar amos o recurso para trabalhar forma o de mediadores de leitura Porque a grande quest o esta pol tica p blica conseguiu distribuir os livros Distribuir Com muita efici ncia Agora os livros ficam nas caixas os livros v o para as estantes e n o s o trabalhados Os professores n o t m condi o de fazer a media o porque n o t m a forma o os auxiliares os profissionais que est o nas bibliotecas tamb m n o Ent o por que n o usar esse recurso para trabalhar com a forma o de mediadores de leitura Porque do que adianta ter um acervo se n o h um mediador RAP PNBE N o sei se voc se lembra do PCN PQ Uhum RAP PNBE E depois dos PCN em A o PQ Nossa foi imenso aquilo RAP PNBE O PCN em A o era isso Utilizavam se os PCN para forma o Ent o por exemplo um PNBE em A o formar mediadores de leitura mas tendo como base os acervos Fazer uma rede de forma o de mediadores de leitura A poder amos escutar alunos PQ E o que o MEC diz dessa proposta RAP PNBE O argumento que h risco de perder o recurso PQ Mas o recurso continuaria sendo utilizado n a nica coisa que talvez fosse uma mudan a
518. rtigo 26 A e quer queiram quer n o ajudam a delinear os formatos materializados nas a es ou falta delas da cultura do racismo 5 1 A produ o dos discursos na gest o do MEC A realiza o de entrevistas com representantes do MEC acerca da diversidade tnico racial no PNBE representou metaforicamente um cap tulo parte neste estudo dadas as dificuldades de contato e comunica o com setores da Secadi e SEB Pelos poucos mas significativos estudos que buscaram analisar as nuances da rela o visivelmente conflituosa entre as duas Secretarias j era poss vel deduzir as dificuldades que se imporiam na realiza o das entrevistas De qualquer forma foram surpreendentes as estrat gias adotadas por ambos os setores do MEC para burlar ignorar as solicita es de entrevistas Antes de qualquer an lise torna se necess rio relativizar o contexto de produ o da maior parte das pol ticas educacionais brasileiras o MEC Mesmo que em breves investiga es de relat rios de gest o de rg os internos de tal Minist rio facilmente poss vel identificar a precariza o das condi es de trabalho de profissionais que atuam em suas secretarias Muitas os servidoras es ocupam tipologias de cargos tempor rios sem v nculo com a administra o p blica com contrato tempor rio ou cargos de natureza especial como os comissionados 236 MEC 2013 2014b al m de n o terem em muitos casos forma o
519. rvos feita pelo Ceale respons vel at hoje e o ltimo ano em que a sele o e distribui o dos acervos aconteciam no mesmo exerc cio letivo O estudo de Bruna Lidiane Marques da Silva 2009 reuniu informa es sobre o processo de escolha dos livros dos acervos do PNBE 2006 Sua pesquisa teve tr s objetivos principais analisar a chegada dos acervos selecionados pelo Programa nas escolas da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte verificar o conhecimento que os professores tinham sobre ele e identificar os seus poss veis usos dentro de sala de aula SILVA 2009 p 7 Al m de fazer uso de entrevistas com estudantes e formul rio aplicado s aos profissionais que trabalhavam nas bibliotecas de praticamente todas as escolas da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte SILVA 2009 p 14 a autora forneceu em sua pesquisa informa es sobre os n meros envolvidos no processo de avalia o dos livros do PNBE 2006 Segundo a autora 160 Foram ao todo 60 pareceristas sendo 30 de Belo Horizonte e 30 distribu dos por quatro estados S o Paulo Rio de Janeiro Rio Grande do Sul e Bahia al m do Distrito Federal Em rela o s obras o Ceale recebeu 1718 livros dos quais somente 225 t tulos poderiam ser escolhidos Ainda conforme o edital seriam compostos tr s acervos com 75 setenta e cinco t tulos cada SILVA 2009 p 52 Posteriormente a todo o processo de sele o foram definidas as 225 obras que
520. s j que seriam apenas palavras ou sil ncios mas n o menos nocivos do que as manifesta es expl citas de rela es de domina o Em fun o de esta pesquisa imergir em um campo de an lise institucional tornou se necess rio paralelamente ao conceito ampliado de racismo j apresentado a ado o de um conceito relacionado aos espa os institucionalizados Trata se da defini o de racismo institucional Para Guimar es 1999 p 156 racismo institucional a constata o de que h mecanismos de discrimina o inscritos na opera o do sistema social e que funcionam at certo ponto revelia dos indiv duos De acordo com Laura Cecilia L pez 2012 o termo racismo institucional apareceu pela primeira vez na d cada de 1960 no livro Black Power the politics of liberation in America de dois intelectuais e lideran as do movimento Panteras Negras Stokely Carmichael e Charles V Hamilton 1992 1967 Segundo a autora Carmichael e Hamilton classificaram o racismo como individual e institucional sendo O primeiro manifestado em atos de viol ncia de indiv duos brancos que causam mortes danos feridas destrui o de propriedade insultos contra indiv duos negros L PEZ 2012 p 125 e o segundo de forma mais velada por meio da reprodu o de pol ticas institucionalmente racistas sendo muito dif cil de se culpar certos 42 indiv duos como respons veis L PEZ 2012 p 125 De
521. s mesmo que eles sejam legais ainda tem racismo ent o eu acho que n o Di logos no Grupo Focal com o Grupo II do quinto ano 29 09 2011 Pesquisadora Voc s acham que tem muitos livros falando sobre a frica Todos N o Pesquisadora E com personagens negros Jos Uns quatros se tiverem Lor Tem muito pouco Pesquisadora E por que ser que isso acontece Eve Porque a gente nunca tinha visto eles publicam muito livro com pessoas brancas e poucos da Africa Ped Eu acho que eles ainda n o sabem muito sobre as tradi es da frica 189 Eve Eu acho que mais pelo preconceito contras as pessoas negras Pesquisadora Ser que pode ter rela o com o preconceito ent o Lor Tem e muito Pesquisadora Voc s j viram alguma discrimina o nos livros Eve Nos Livros do Monteiro Lobato a Em lia tem preconceito contra a Tia Nast cia Di logos no Grupo Focal com o Grupo do quinto ano 29 08 2011 LOPES 2012 p 111 Os coment rios das crian as revelam avalia es cr ticas e argutas como a de a de An Lau Eu acho que n o porque as pessoas brancas n o gostam de fazer livros de gente negra que contraposta pela de Gab Eu acho que venderia porque muitas hist rias de negros ensinam muitas coisas e s o bem legais poss vel a partir desse excerto interpretar no contexto duas perspectivas uma delas representada por An Lau remete a problem tica do debate menos ao p blico
522. s Etnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana Di rio da Oficial da Uni o Bras lia DF 19 mai 2004 Dispon vel em http portal mec gov br cne arquivos pdf 003 pdf Acesso em 10 09 2014 Resolu o CNE CP n 1 de 17 de junho de 2004 b Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es Etnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 22 jun de 2004 Se o 1 p 11 Dispon vel em http mecsrv125 mec gov br cne arquivos pdf res012004 pdf Acesso em 10 09 2014 Portaria n 4 542 de 28 de dezembro de 2005 Institui a Comiss o T cnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados Educa o dos Afro brasileiros CADARA Di rio Oficial da Uni o n 250 Bras lia DF 29 de dez de 2005 Se o 1 p 18 Dispon vel em 315 http etnicoracial mec gov br images pdf portaria 4542 281205 pdf Acesso em 10 10 2014 Tribunal de Contas da Uni o TCU Relat rio de monitoramento Programa Nacional Biblioteca da Escola Tribunal de Contas da Uni o Relator Ministro Guilherme Palmeira Bras lia TCU Secretaria de Fiscaliza o e Avalia o de Programas de Governo 2006 Dispon vel em http portal2 tcu gov br portal pIs portal docs 2058966 PDF Acesso em 18 02 2018 Presid ncia da Rep blica Lei 11 645 de 10 de mar o de 2008 a Altera a Lei no 9
523. s atualmente como o de Bento 2002a e outras os Por exemplo ao descrever a atua o do Estado brasileiro frente popula o ind gena o autor fale em etnoc dio gradual e n o em genoc dio ou ao discutir o n vel de consci ncia racial o autor caracteriza a t nue linha entre o cont nuo de cores em que as descri es sociais de indiv duos variam entre outros fatores como regi o situa o e classe tamb m em rela o ao fen tipo mas que isso n o impede de termos uma consci ncia racial acionada para descrevermos todas as combina es e permuta es de cor pele textura de cabelo e tra os faciais BERGHE 2000 p 105 O estudo desenvolvido por Marcelo Paix o 2014 empreendeu an lises aprofundadas sobre as rela es raciais no Brasil e os principais pensadores dentre eles Oracy Nogueira Para Paix o 2014 as contribui es de Nogueira para a interpreta o de como o racismo opera no Brasil s o balizadoras embora n o totalmente adequadas A principal cr tica do autor sobre a teoria do preconceito de marca versus preconceito de origem de Nogueira o car ter otimista Paix o 2014 evidencia o quanto Nogueira n o considerava justa a aproxima o feita por diversas pesquisas posteriores a sua teoria a uma vertente minimizadora do racismo mas destaca que o tom otimista da sua interpreta o do racismo de marca como mais facilmente super vel pode ter sido o motivador dessa aproxima o Redesen
524. s da pr pria Secadi A partir dessa etapa cabe SEB a sele o da institui o de ensino superior respons vel pela avalia o dos livros que de acordo com Aparecida Paiva 2008a participa de uma sele o institu da pelo FNDE As institui es interessadas de posse de edital p blico publicado na p gina do FNDE que estabelece as normas e procedimentos a serem seguidos candidatam se a institui o parceira na execu o desse Programa por meio do encaminhamento de suas propostas nas quais exp em de modo minucioso o processo de avalia o a ser utilizado PAIVA 2008a p 10 Essa informa o levanta d vidas sobre o processo que se realizava at o ano de 2014 de escolha da institui o respons vel pela avalia o dos livros do PNBE j que conforme ser apresentado no ltimo cap tulo deste estudo as declara es de representante da Coordena o Geral de Materiais Did ticos Cogeam indicam que apenas em 2014 que foi publicado um edital p blico para a candidatura de institui es interessadas E antes como era o processo Em busca realizada no Di rio Oficial da Uni o e na internet de modo geral n o foi poss vel encontrar nenhum outro documento com tal natureza anterior ao ano de 2014 Esse mais um exemplo de que informa es desencontradas s o caracter sticas presentes no processo de execu o do PNBE No que se refere ao processo de avalia o dos livros do Programa alguns estudos t m apontado
525. s de comunicaci n e inmigraci n Murcia Convivir sin Racismo CAM Obra Social 2006 p 15 34 Discurso e poder HOFFNAGEL Judith FALCONE Karina Org S o Paulo Contexto 2008 VAZ Jos Carlos RIBEIRO Manuella Maia MATHEUS Ricardo Dados governamentais abertos e seus impactos sobre os conceitos e pr ticas de transpar ncia no Brasil Cadernos PPG AU FAUFBA v 9 p 45 62 2010 VEN NCIO Ana Carolina Lopes Literatura infanto juvenil e diversidade Disserta o Mestrado em Educa o Curitiba Universidade Federal do Paran 2009 Dispon vel em http www ppge ufpr br teses MO9 venancio2 pdf Acesso em 13 09 2012 VENANCIO Tatiana TAKATA Roberto Negar exist ncia colabora com a perpetua o do racismo ao longo dos s culos ComcCi ncia n 159 Campinas jun 2014 Dispon vel em http comciencia scielo br scielo php script sci arttext amp pid S1519 765420140005000068Ing en amp nrm iso Acesso em 05 01 2015 WALTER Roland Tecendo identidade tecendo cultura os fios da mem ria na literatura afrodescendente das Am ricas In FERREIRA Elio MENDES Algemira de Macedo Orgs Literatura afrodescendente mem ria e constru o de identidades S o Paulo Quilombhoje 2011 p 153 158 WERNECK Jurema Racismo institucional uma abordagem conceitual Geled s Instituto da Mulher Negra Cfemea Centro Feminista de Estudos e Assessoria s d Dispon vel em www seppir gov br publicacoes
526. s e atributos editoriais das obras inscritas em conformidade com os requisitos estipulados no edital BRASIL 2010a Posterior a esse momento as obras aprovadas na primeira sele o eram encaminhadas a uma equipe de coordena o do Ceale que inicialmente analisa todas as obras inscritas PAIVA 2012a p 24 25 A autora continua informando que as obras que n o atendiam s exig ncias do edital quanto estrutura editorial formato capa miolo acabamento ou com car ter explicitamente moralizantes e didatizantes eram automaticamente exclu das PAIVA 2012a p 25 Em seguida os t tulos eram organizados em crit rios estabelecidos pela coordena o que segundo a autora procedia da seguinte forma re ne se um conjunto de t tulos 15 a 20 obras em m dia com g neros autores diversos e diferentes editoras para cada parecerista A esse conjunto denomina se lote para efeito de organiza o PAIVA 2012a p 25 De acordo com a autora a atua o das os pareceristas devia levar em conta crit rios considerados como fundamentais e presentes nos editais do PNBE qualidade do texto adequa o tem tica e projeto gr fico Observando editais de algumas edi es do PNBE verificam se poucas diferen as no tocante aos dois primeiros itens Nos editais do PNBE 2013 PNBE 2014 e PNBE 2015 por exemplo notam se elementos similares no tocante qualidade do texto em que ser o avaliadas qualidades te
527. s em detalhe Para os debates com os grupos focais foram utilizados os quatro livros inicialmente catalogados juntamente com outros quatro que n o faziam parte do PNBE 2010 mas continham personagens negras como protagonistas A autora destacou que embora tenha sido uma premissa a preocupa o com a representa o positiva das personagens negras dos livros de leitura das crian as durante a respectivos livros foi feita complementa o com base no documento do FNDE intitulado Obras Selecionadas PNBE 2010 Dispon vel em http www fnde gov br arquivos category 174 biblioteca da escola download 3879 pnbe 2010 obras selecionadas Acesso em 17 02 2014 Um aspecto na disserta o de mestrado de Lopes dificultou o entendimento das fases da pesquisa inicialmente sua informa o de que foram realizadas entrevistas semiestruturadas e posteriormente as crian as entrevistadas participaram de grupos focais com debates sobre a leitura de livros selecionados para a pesquisa Tanto o roteiro das entrevistas semiestruturadas quanto do debate do grupo focal n o foram apresentados no estudo sugerindo em certos momentos que ambos os procedimentos metodol gicos aconteceram concomitantemente e em outros que foram separadamente 83 S o eles Bruna e a galinha d Angola de Gercilga de Almeida Os g meos do tambor de Rog rio Andrade Barbosa Africa meu pequeno Chaka de Marie Sellier Os sete novelos de Angela Shelf Medearis 187
528. s estere tipos sociais para propor novas formas de ver e viver aquela sociedade Em qualquer dessas situa es os textos apresentam preconceitos mas diferem enormemente nessa apresenta o A terceira que n o se deve obliterar a import ncia da mem ria hist rica e cultural constru da pela literatura Logo a avalia o pedag gica precisa evitar o anacronismo que h em muitos julgamentos apressados sobre o car ter preconceituoso de obras do passado Seria um grave equ voco de anacronismo se obras de ontem fossem recusadas por possu rem caracter sticas sociais que hoje j n o s o aceitas como leg timas N o sensato censurar o passado ao contr rio tem se que dele se apropriar para refletir sobre o presente Por isso conv m ter sempre em mente que os escritores escrevem a partir de um lugar determinado no tempo e no espa o n o existindo tal coisa como antecipa o do futuro nem obra liter ria com sentido nico MOTA 2012 p 316 A segunda sa da foi proposta por Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 Diz respeito a processos de adapta o de obras com conte dos racistas A solu o na verdade simples e j largamente praticada com a obra de outros autores cl ssicos Se a escritora infantil Ruth Rocha simplifica a Odisseia para permitir que crian as possam se deleitar com suas hist rias fant sticas sem terem que se deter na cena do Livro XXII por exemplo 37 Outro texto citado neste
529. s que o analisaram foi o fato de o MEC n o exigir das editoras a elabora o e a edi o de cole es espec ficas o que limitava o n mero de editoras participantes do processo Acrescenta se no entanto a necessidade de uma melhor explicita o dos crit rios dos editais a partir de 2005 j que eles passaram a apresentar tr s subitens avaliativos a saber qualidade do texto adequa o tem tica e projeto gr fico FERNANDES CORDEIRO 2012 p 322 Fernandes e Cordeiro 2012 analisaram as diferen as de conte do em rela o forma de apresenta o dos crit rios de sele o dos editais a partir de 2005 no tocante a um texto introdut rio antes da apresenta o dos crit rios de sele o que versasse sobre a import ncia do acesso literatura desde os primeiros anos de escolaridade Para as autoras um texto introdut rio com tais caracter sticas necess rio por ser o momento em que o edital aborda qual a necessidade de oferecer literatura aos alunos de escolas p blicas FERNANDES CORDEIRO 2012 p 322 Elas observaram que apenas nos anos de 2008 e 2011 houve textos introdut rios aos crit rios Conforme indica o FNDE o PNBE 2006 distribuiu 7 233 075 livros em 96 440 acervos tr s acervos diferentes com 75 t tulos cada para um p blico estudantil de 13 504 906 oriundos de 46 700 escolas O total do investimento foi de R 45 509 183 56 Esse foi o primeiro ano de avalia o e sele o das obras dos ace
530. s sem nticos que fortalecem tal valoriza o Mesmo de naturezas diferentes para conseguir 206 evidenciar essas qualidades sem nticas necess rio comparar esse edital a outros do PNBE relacionados literatura O PNBE 2015 de literatura por exemplo prop e que as obras selecionadas ter o tem ticas diversificadas de diferentes contextos sociais culturais e hist ricos PNBE 2015 p 30 De outro lado o documento enfatiza a n o aquisi o de obras com manifesta es de preconceitos N o ser o selecionadas obras que apresentem moralismos preconceitos estere tipos ou discrimina o de qualquer ordem Da mesma forma n o ser o selecionadas obras que apresentem didatismos que contenham teor doutrin rio panflet rio ou religioso PNBE 2015 p 30 J o PNBE Tem tico 2013 ao apresentar no Anexo Ill Crit rios de avalia o e sele o um subitem intitulado Justificativa desenvolve uma argumenta o baseada no exerc cio dos direitos sociais e individuais de liberdade igualdade e justi a PNBE TEM TICO 2013 p 24 mencionados pela Constitui o Federal Nesse sentido a t nica do texto assume uma constru o sem ntica ativa por enfatizar a necessidade de referenciais de educa o para os direitos humanos a cidadania a diversidade e a inclus o propiciando a forma o de indiv duos cr ticos com autonomia e independ ncia Esses referenciais fundamentam a defini
531. s sobre a hist ria das escolas dificultam o xito do PNBE e as escolas sentem se an nimas j que representam apenas dados expressos no Censo Escolar do INEP e que nem sempre correspondem aos n meros oficiais de matr culas do ano seguinte fazendo com que na maioria das vezes menor quantidade de acervos sejam disponibilizados e ainda se faz vigente entre gestoras es e professoras es pensamentos como os de que as os alunas os estragam os livros que fazem com que o acesso de estudantes aos acervos seja dificultado e h uma apologia ao livro did tico fazendo o ocupar um lugar central nos processos de aprendizagem em detrimentos de outros recursos como a literatura e obras de refer ncia QUADRO 8 RESULTADOS DA AVALIA O DIAGNOSTICA DO PNBE NAS ESCOLAS FONTE Adaptado de Araujo 2010 p 81 82 Ainda foi poss vel categorizar resultados referentes s a es do PNBE evidenciando impactos melhores em rela o s demais edi es do Programa 163 No que se refere s a es do PNBE e as cole es do Literatura em Minha Casa s o as mais utilizadas e todas as escolas pesquisadas as receberam e os crit rios de utiliza o da a o Literatura em Minha Casa foram variados algumas escolas n o distribu ram os livros por suporem que as fam lias n o davam valor a eles p 125 embora isso n o tenha se confirmado nas entrevistas com m es pais e estudantes outras desenvolveram explora o do acerv
532. scolas p blicas pelo PNBE sem antes estimular um debate p blico e profundo tamb m n o obteve sucesso melhor Por fim destacam se nesse embate tr s principais sa das pautadas pelos dois grupos e a primeira delas seria o recolhimento e poss vel destrui o de obras racistas Apesar de obviamente ing nuo esse temor de grande das os intelectuais defensoras es de Lobato revelou se tamb m desonesto por ter sido um argumento falacioso produzido para escamotear a verdadeira discuss o fomentada pelos pareceres do CNE em torno de obras liter rias com cunho racista sua produ o e veicula o devem ser financiadas por investimentos p blicos Esse aspecto aponta para outra reflex o existem obras e autoras es que ocupariam um n vel de qualidade que independentemente do grau ou forma de discrimina o deveriam ser financiados pelas pol ticas p blicas e distribu dos s escolas Se a resposta for sim podemos inferir sobre uma blindagem em torno de determinados nomes da literatura brasileira que seriam respons veis pela manuten o de determinados modelos de representa o como os modelos tradicionalmente destinados popula o negra Ampliando um pouco mais essa l gica num tom um pouco mais ir nico poder amos ou podemos considerar que a cristaliza o em torno de tais nomes 105 ser a respons vel pela invers o da l gica do politicamente correto pois daria origem ao politicamente incorr
533. scrimina o racial saci transformou se em um adjetivo depreciativo atribu do a crian as negras conforme indicaram pesquisas como a de Tania Mara da Cruz 2014 Investigando as express es da discrimina o racial as concep es de masculinidade e feminilidade e o pertencimento de sexo entre crian as CRUZ 2014 p 157 a autora analisou nos discursos produzidos por crian as a atua o dos xingamentos racializados como segue o exemplo a seguir P Voc s j viram j presenciaram quest o de racismo Ambos Sim com a cabe a P J voc se acha negro Igor IG Sim P E com voc j aconteceu aqui na escola IG Sim P D um exemplo IG Os meninos j me chamaram de Neguinho do Pastoreio e de Saci Perer CRUZ 2014 p 174 A an lise de Maria Elena Viana Souza 2003 cujo objetivo foi caracterizar as concep es de estudantes e professoras es de ensino fundamental sobre o preconceito racial captou uma recorr ncia do termo saci utilizado em xingamentos a estudantes negras os Havia tamb m uma pergunta espec fica sobre a discrimina o na escola Dos 71 alunos negros e afrodescendentes 17 responderam j terem visto ou sofrido alguma discrimina o na escola Isso representa 23 9 do total J dos 58 alunos brancos 7 responderam da mesma forma representando 12 do total Portanto os alunos que mais perceberam ou sofreram discrimina o na escola foram os negros e afrodescendentes
534. se educa o infantil aos anos iniciais do ensino fundamental e ao magist rio em n vel m dio Os trechos destacados a seguir indicam tais diferen as Os crit rios eliminat rios a serem observados nas obras inscritas no PNBE Ind gena 2015 submetidas avalia o s o os seguintes 4 1 1 respeito legisla o e s diretrizes relativas tem tica 4 1 2 observ ncia de princ pios ticos constru o da cidadania intercultural de conviv ncia com a alteridade 4 1 3 coer ncia e adequa o da abordagem est tica assumida pela obra no PNBE Tem tico 2013 menciona abordagem te rica e metodol gica assumida pela obra 4 1 4 corre o e atualiza o de conceitos informa es e procedimentos subjacentes s obras 4 1 5 adequa o da estrutura editorial e do projeto gr fico aos objetivos da obra A n o observ ncia de qualquer um desses crit rios detalhados a seguir resultar em proposta incompat vel com os objetivos estabelecidos para a educa o infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental o que justificar ipso facto sua exclus o do PNBE Ind gena 2015 PNBE INDIGENA 2015 p 19 destaques meus E nos Crit rios de sele o reiteram se poucas diferen as todas elas relacionadas ao car ter liter rio e intercultural das obras adquiridas pelo PNBE Ind gena 2015 em detrimento do car ter te rico e pedag gico do PNBE Tem tico 2013 Destacam se tais diferen as nos
535. seguintes trechos 3 2 Adequa o tem tica Na composi o do acervo ser contemplada a abordagem da tem tica ind gena considerando os diferentes contextos hist ricos sociais econ micos pol ticos culturais e ambientais dos povos ind genas PNBE INDIGENA 2015 p 18 Outras diferen as em rela o ao PNBE Tem tico 2013 tamb m pequenas localizam se por exemplo na justificativa dos crit rios de avalia o e sele o Ao passo que o PNBE Tem tico 2013 fundamenta se nos artigos 205 e 206 da Constitui o Federal que enfatiza a educa o como direito constitucional bem como igualdade de condi es para o acesso e perman ncia na escola o PNBE Ind gena 2015 destaca o Artigo 215 que estabelece como dever do Estado a garantia de acesso s fontes da cultura nacional apoio e incentivo valoriza o e a difus o das manifesta es culturais e prote o s manifesta es das culturas populares ind genas e afro brasileiras PNBE IND GENA 2015 p 17 212 Do ponto de vista liter rio a reflex o aqui proposta destaca dois aspectos O primeiro a necessidade de que o PNBE cumpra os preceitos legais de oferecer a mais variada gama de autoras es e tem ticas com vistas a assegurar a democratiza o do acesso s fontes de informa o BRASIL 2009a 2010a O segundo aponta para o sentido de que tais demarca es legais nos editais de sele o de livros s o necess rias frente hist rica e
536. sendo Edson Barbieiri Marcilene Garcia de Souza T nia Lopes e meus familiares tias tios primas e primos Rita de Cassia Alcaraz pelas trocas acad micas e sobretudo pelo carinho e aten o com que me recebeu em sua vida Modup Ao Ceale Fae UFMG por ter possibilitado acesso a importantes dados para este estudo s trocas acad micas com pesquisadoras e pesquisadores que admiro Rosa Espejo Gisele Moura Schnorr Alex Ratts Rodrigo Ednilson Hilton Costa Josaf Cunha T nia Braga Adriana Lucinda e Karina Falavinha A Silvia Mara Lima pelo carinho durante a defesa professora Eliane Debus que na condi o de suplente enviou sua leitura criteriosa do texto colaborando para a vers o final que aqui se apresenta A professora Lucimar Rosa Dias pela presen a na defesa e pelo exemplo de que me inspira a acreditar em um futuro melhor para a educa o Ao Programa de P s Gradua o em Educa o e sua equipe em especial Cinthia Marloch pela maneira carinhosa e atenciosa com que nos trata e por ter atuado de modo fundamental em um momento conturbado do doutorado profa Elmita Simonetti Pires por ter me estimulado e inspirado a estudar literatura infanto juvenil Ao prof Renilson Menegassi por ter me incentivado na vida acad mica Ao N cleo de Estudos Afro Brasileiros da UFPR por ter cedido um espa o para a pesquisa durante os dois primeiros anos do doutorado e por ter financiado parte da minha forma
537. sessoramento no processo de julgamento das candidaturas de Institui es P blicas de Educa o Superior em estrita observ ncia aos crit rios eliminat rios classificat rios e de 229 desempate previstos BRASIL 2014b p 19 No nico artigo da Portaria al m da especifica o dessa comiss o h a indica o dos tr s nomeados Tania R sing da Universidade de Passo Fundo UPF RS Antonio Carlos Caruso Ronca da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo PUC SP e Marcelo Soares Pereira da Silva da Universidade Federal de Uberl ndia UFU MG No dia 11 12 2014 foi publicado no DOU a Portaria SEB MEC n 62 2014 com o resultado das institui es respons veis pela avalia o pedag gica das obras inscritas no PNBE 2015 e PNLD 20162 No caso do PNBE a UFMG foi a selecionada ou seja o processo manteve se na mesma institui o Outros aspectos significativos do processo de escolha da IES respons vel pela avalia o pedag gica das obras do PNBE 2015 relacionam se ao perfil dos membros das equipes de avalia o e coordena o Os avaliadores e coordenadores a serem selecionados pela Institui o para compor a equipe de avalia o das obras de literatura dever o apresentar o seguinte perfil ter mestrado e ou doutorado nas reas de Letras Literatura e ou Educa o ter experi ncia comprovada em avalia o de obras liter rias ter experi ncia comprovada em um ou mais dos seguintes campos pesquisa
538. sfor os despendidos em estudos como esse reverberar o de alguma forma na gest o e execu o do PNBE Acredito que a qualquer pesquisadora ou pesquisador comprometida o essa deve ser sua maior preocupa o se o seu trabalho impactar de alguma maneira no seu objeto Esta pesquisa no desejo de que isso aconte a encerra retomando alguns aspectos aqui apontados Para que um programa da dimens o do PNBE atinja eficazmente seus objetivos necess rio que mudan as urgentes aconte am Destacam se dentre elas algumas a seguir Na dimens o tica Ampla divulga o dos acervos que chegam anualmente s escolas com efetiva forma o de mediadoras es para seu uso e est mulo leitura nas os estudantes E nesse processo incluem se bibliotecas com estruturas adequadas e profissionais capacitados para o trabalho de organiza o e promo o de tais espa os Mais do que isso necess rio ao corpo docente a compreens o para al m da utopia de que a biblioteca e seus livros representam armas poderosas de emancipa o se compostas de acervos que propiciam tal condi o Para tanto os acervos devem contemplar as diversidades que comp em as sociedades e seus povos privilegiando o rejconhecimento e a riqueza das diversas culturas e modos de se produzir arte liter ria superando com isso reifica es de modos nicos de se manifestar literariamente Inclus o do eixo ra a na avalia o de pol ticas educacionais e reco
539. sidade Federal de Pernambuco Universidade Federal de Sergipe Universidade Federal de S o Carlos Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal de Uberl ndia BRASIL 2014d 230 crit rios o est mulo participa o de segmentos da sociedade civil organizada e que atuam no campo da educa o possuindo tamb m legitimidade acad mica em fun o das pesquisas desenvolvidas para avaliar obras liter rias componentes dos acervos do PNBE Em outras palavras n o h nos dom nios desses crit rios a ado o de medidas que garantam a participa o de institui es representantes de segmentos do Movimento de Mulheres de Deficientes LGBT ou Movimento Negro por exemplo dentre tantos outros que t m produzido reflex es cr ticas sobre a baixa representatividade de determinados grupos humanos nas obras do PNBE num processo de fomento a pol ticas de a es afirmativas isto de pol ticas de repara es e de reconhecimento e valoriza o da hist ria cultura identidade BRASIL 2004a p 10 de grupos historicamente hierarquizados E um turbilh o de perguntas sem resposta aparente surgem Quais seriam os impedimentos legais Seria poss vel argumentar que tais entidades n o atenderiam ao perfil de avaliadoras es comprometidas as com a verdadeira literatura de qualidade E qual seria a verdadeira literatura de qualidade A legitimidade necess ria para realizar tal avalia o caberia
540. siderando o relato aqui exposto sobre a falta de informa es por parte de membros da Secadi da participa o dessa Secretaria em parceria com a SEB na elabora o dos editais de convoca o do PNBE poss vel que ao se depararem com tais questionamentos a resposta exporia as dificuldades de realiza o de a es coletivas com a SEB E mesmo que passados cinco anos da pol mica sobre a presen a de obras racistas no PNBE esse tema pode ainda estar impactando as rela es j bastante estremecidas entre ambas as secretarias Assim a quest o 5 pode ter dificultado ainda mais a elabora o de respostas que ao mesmo tempo em que deveriam ter no m nimo um relativo conte do informativo tamb m indicariam em maior ou menor escala a ado o de medidas da pr pria Secadi relacionadas ao combate ao racismo no interior do PNBE Nesse sentido infere se mais uma vez que a resposta quest o 1 estaria diretamente atrelada quest o 5 j que o PNBE Tem tico e o PNBE Ind gena em especial este ltimo s o propostas que se relacionam ao cumprimento legal da garantia por parte do Estado de acesso s fontes da cultura nacional apoio e incentivo valoriza o e a difus o das manifesta es culturais e prote o s manifesta es das culturas populares ind genas e afro brasileiras PNBE Ind gena 2015 p 17 certo lembrar que antes da pol mica j estava garantido Secadi a possibilidade da elabora o de editais
541. sil sem divis es de castas t o definidas quanto as impostas pelos brit nicos e norte americanos BERGHE 2000 p 104 n o foi menos nociva popula o negra brasileira j que o tratamento f sico dispensado aos escravos brasileiros foi indubitavelmente inferior ao dispensado aos escravos dos Estados Unidos BERGHE 2000 p 104 cai em armadilhas te ricas oriundas de formula es unilaterais sobre o racismo brasileiro como por exemplo Podemos concluir ent o que o Brasil certamente n o livre de preconceitos raciais embora seja relativamente livre de uma discrimina o categ rica BERGHE 2000 p 105 E o autor caracteriza discrimina o categ rica como aquela baseada nos la os sangu neos com determinado grupo racial BERGHE 2000 p 105 Portanto a conclus o sugere a ideia de que devido ao fato de no Brasil o racismo operar de modo diferente por meio do preconceito de marca ou de apar ncia e n o o de origem sua atua o fosse menos prejudicial Outra armadilha em que Berghe se prende a cren a de que n o h barreiras institucionais que impe am a ascend ncia dos negros j que em muitas situa es pesa mais a classe social e a segrega o residencial e escolar baseia se quase que inteiramente na classe social e n o na ra a BERGHE 2000 p 105 Sua an lise recai numa interpreta o cl ssica no Brasil de que o fator classe social o pre
542. smo contribu ram para tal associa o indevida Sobre a forma de seis indaga es ou reflex es Paix o retoma a teoria de Nogueira buscando elucidar alguns pontos vagos e aporias PAIX O 2014 p 219 Destaca se aqui uma das indaga es interessantes a esta pesquisa que assim questiona iv Qual seria o motor din mico do comportamento discriminat rio por parte do agente discriminador e suas consequ ncias em termos das lutas contra o racismo PAIX O 2014 p 220 Para Nogueira as caracter sticas do preconceito de marca apontavam para uma falsa consci ncia da realidade social j que o agente discriminador vivenciaria uma contradi o moral em termos de sua postura discriminat ria PAIX O 2014 p 224 De fato se fosse poss vel ao discriminador a tomada de consci ncia de que a base de seu racismo n o tem fundamento por ser ele tamb m membro do grupo em fun o de sua ascend ncia ele poderia desenvolver uma reflex o sobre o seu pr prio ato discriminat rio Era assim que Nogueira de acordo com Paix o desenvolveu sua teoria parece que na obra desse autor a tend ncia geral apontava para a 2 NOGUEIRA Oracy Tanto branco quanto preto estudos de rela es raciais em Itapetininga S o Paulo T A Queiroz Ed 1985 56 conclus o de que o modelo de rela es raciais fundado no preconceito racial de marca teria a vantagem de residir em uma contradi o moral PAIX O 2014 p 2
543. so em 12 11 2013 Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Fundamental Guia do livronauta sobrevoando o tesouro da biblioteca e aterrissando na pr tica Secretaria de Educa o Fundamental Bras lia MEC 2001a Dispon vel em http www dominiopublico gov br download texto me001878 pdf Acesso em 26 12 2014 Secretaria de Educa o Fundamental Hist rias e hist rias guia do usu rio do Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE 99 literatura infanto juvenil Bras lia MEC SEF 2001b Dispon vel em http www dominiopublico gov br download texto me0025983 pdf Acesso em 26 12 2014 Presid ncia da Rep blica Mensagem de veto n 7 de 9 de janeiro de 2003 a Dispon vel em http Awww planalto gov br ccivil 03 leis Mensagem Veto 2003 Mv0O7 03 htm Acesso em 10 09 2014 Presid ncia da Rep blica Lei 10 639 de 9 de janeiro de 2003 b Altera a Lei n 9 394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educa o nacional para incluir no curr culo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da tem tica Hist ria e Cultura Afro Brasileira e d outras provid ncias Di rio Oficial da Uni o Bras lia DF 10 jan 2008 p 1 Dispon vel em http Avww planalto gov br ccivil 03 leis 2003 10 639 htm Acesso em 04 11 2018 Parecer CNE CP n 3 de 10 de mar o de 2004 a Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela e
544. sobre Rela es Raciais e Educa o NEPRE UFMT N cleo de Estudos Afro Brasileiros da UFRPE Centro de Estudos Afro Orientais UFBA N cleo de Estudos Afro Brasileiros UFPR e N cleo de Estudo e Pesquisa sobre Forma o de Professores e Rela es Etnico Raciais N cleo GERA UFPA 11 regi es do Pa s juntamente com o relato dos dilemas e desafios por elas encontrados na realiza o de uma educa o das rela es tnico raciais GOMES 2012 p 15 E de modo geral a pesquisa constatou a inconst ncia na qualidade do trabalho de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais nos ambientes educacionais brasileiros Em algumas dessas pr ticas conta se com educadores as comprometidos as com uma escola mais democr tica demonstrando a compreens o de que o direito diversidade tnico racial faz parte do direito educa o Para tanto veem a necessidade de desenvolvimento de pr ticas interdisciplinares articuladas com a gest o da escola e do sistema com a comunidade e com os movimentos sociais capazes de produzir avan os na aprendizagem dos as estudantes sob o ponto de vista conceitual al m de uma postura tica diante do diverso e a constru o de uma educa o antirracista Outras pr ticas revelam um campo movedi o contradit rio e complexo em que as rela es raciais desenvolvidas na sociedade e na escola brasileira levam alguns algumas educadores as e escolas quando consultad
545. solicitando informa es sobre a decis o da Secadi a entrevista seria via Skype ou via question rio respondido No mesmo dia recebi o seguinte e mail Informo que as respostas ser o enviadas por escrito e que j est o em an lise pela rea respons vel E MAIL DO GABINETE DA SECADI 6 29 10 2014 244 No dia 21 11 2014 enviei novo e mail solicitando informa es sobre o question rio Sem sucesso novamente no dia 17 12 2014 seis meses ap s o primeiro contato encaminhei outro e mail Escrevo novamente para solicitar informa es sobre um question rio que enviei no dia 24 10 2014 e que ficou estabelecido que seria respondido e reenviado a mim Como estamos encerrando o ano necessito de um posicionamento por escrito da SECADI para que eu possa registrar na an lise da tese cuja defesa ser em mar o de 2015 Mais uma vez ratifico a import ncia dessa pesquisa que est analisando como a diversidade tnico racial tem sido inserida na maior pol tica de distribui o de livros s escolas p blicas brasileiras por meio das v rias edi es e formatos do PNBE Declara es da SECADI sobre essa pol tica contribuir o para a an lise e interpreta o da pol tica E MAIL A SECADI 4 17 12 2014 A partir da estabeleceu se um sil ncio definitivo e ainda em nova tentativa com baixas expectativas de xito no dia 22 12 2014 liguei para o gabinete da Secadi e a resposta de outra assessora de gabinete
546. ss o de rid culo ou de absurdo que implicar uma insofism vel discrep ncia entre a apar ncia de um indiv duo e a identifica o que ele pr prio faz de si ou que outros lhe atribuem NOGUEIRA 2000 p 293 destaque do autor J o preconceito de origem atuaria com base na descend ncia de um grupo racializado n o sendo necess rio ao indiv duo portar caracter sticas fenot picas relacionadas ao grupo discriminado Esse modelo de preconceito se fez presente de modo latente no contexto estadunidense onde independentemente de se filiar fisicamente ao seu grupo negro definido oficialmente como todo o indiv duo que na sua comunidade conhecido como tal sem qualquer refer ncia a tra os f sicos NOGUEIRA 2000 p 292 Explorando mais a fundo as diferen as entre um e outro tipo de preconceito foi poss vel construir um quadro tomando as principais caracteriza es preciso ressaltar que o uso do termo preconceito em alguns trechos do texto de Nogueira pode atualmente ser associado ideia de discrimina o racial j que esta ltima tem sido entendida 51 desenvolvidas pelo autor A inten o desse aprofundamento na proposta de Nogueira est em tom la como ele mesmo desenvolveu numa perspectiva weberiana de tipos ideais Assim embora v rias das interpreta es presentes no quadro que sintetiza a an lise do autor n o se mostrem t o latentes atualmente
547. ssor Teun A van Dijk pelo exemplo de simplicidade e tica que devem ter intelectuais engajadas os no combate s injusti as E sobretudo por ter me possibilitado no exame de qualifica o compreender elementos em rela o pesquisa acad mica que ampliaram a minha percep o de mundo professora F lvia Rosemberg in memoriam por ter contribu do grandemente no exame de qualifica o atrav s de sua an lise cr tica primando sempre pela excel ncia acad mica e social do trabalho Como av que voc se apresentou a mim ressalto que sentirei sua falta na defesa pois t nhamos acabado de nos conhecer e n o eu n o tive tempo de curtir a av diferente e exigente que surgira em minha vida professora Gladis Elise Pereira da Silva Kaercher e ao professor Luiz Alberto Oliveira Gon alves pelas contribui es no processo da defesa e que enriqueceram grandemente este estudo em sua vers o final s pessoas participantes da pesquisa que em maior ou menor medida contribu ram para o desenvolvimento deste estudo s contribui es te ricas e trocas de experi ncias do universo do racismo na p s gradua o com as pesquisadoras e pesquisadores Cassius Cruz Jos Antonio Mar al Marco Oliveira Kelvy Nogueira Sergio Luis do Nascimento Roberto Jardim T nia Mara Pacifico Thais Carvalho e Wellington Oliveira dos Santos s pessoas que de maneiras diferentes contribu ram para o meu fortalecimento identit rio Andrea Ro
548. ssora or da rede p blica A o Biblioteca pelas os professoras es a partir de uma das classes de alfabetiza o e de do Professor lista de 144 t tulos da Biblioteca Escolar 1 a 4 s rie do ensino contendo livros de fic o e de n o fundamental fic o com nfase na forma o hist rica econ mica e pol tica do Brasil Acervos contendo De fic o e n o fic o com nfase na Para as 20 mil escolas com maior 144 t tulos forma o hist rica econ mica e pol tica n mero de estudantes de 5 a 8 A o Biblioteca do Brasil Os t tulos foram os mesmos s rie PNBE do Professor distribu dos no PNBE 1998 exce o 2003 dos t tulos de dom nio p blico Em 2008 foram inclu dos no PNBE livros paradid ticos da cole o Literatura em Minha Casa PNBE 2001 e 2002 composta por 70 t tulos QUADRO 6 DISTRIBUI O DO PNBE POR ANO 2 FONTE Compila o de site de FNDE Dispon vel em http Avww fnde gov br index php be historico Acesso em 21 08 2012 Segundo o informa o site do FNDE Os livros foram entregues nas prefeituras municipais a quem coube dinamizar os acervos seja em bibliotecas p blicas ou outro lugar apropriado sua utiliza o estabelecendo inclusive parcerias com as escolas do munic pio para a realiza o de atividades voltadas ao incentivo e pr tica da leitura Essa iniciativa permitiu que parte da popula o brasileira exclu da d
549. stitucional n o for urgentemente combatido por meio de a es contundentes processos de racializa o fundamentados em argumentos de ordens diversas como preserva o da arte por exemplo fortalecer o cada vez mais essa l gica contradit ria e cindida das a es do PNBE Portanto Coloca nos tamb m diante do desafio de implementar pol ticas p blicas em que a hist ria e a diferen a de cada grupo social e cultural sejam respeitadas dentro de suas especificidades sem perder o rumo do di logo da troca de experi ncias e da garantia dos direitos sociais A luta pelo direito e pelo reconhecimento das diferen as n o pode se dar de forma separada e isolada e nem resultar em pr ticas culturais pol ticas e pedag gicas solit rias e excludentes GOMES 2008 p 71 Este trabalho de quatro anos encerra um ciclo iniciado anteriormente ao doutorado e que reuniu pesquisas sobre literatura infanto juvenil diversidade tnico racial e Programa Nacional de Biblioteca da Escola Encerra tamb m um ciclo 308 acad mico de amadurecimento que me impulsiona a trilhar por outros caminhos e iniciar novos percursos Mas diferentemente do mestrado que ao terminar o desejo era de recome ar nesse caso a vontade de encerrar esse processo fechar o livro e s abri lo daqui a alguns anos para ver se houve mudan as nessa pol tica t o cara sociedade brasileira de forma o de leitoras es e fomento leitura Ser que os e
550. sto pela leitura liter ria mas possa construir uma vis o cr tica do seu lugar social a partir de suas leituras FERNANDES CORDEIRO 2012 p 325 j que a variedade desses meios livros contribui para a conscientiza o acerca de uma sociedade plural da necessidade de n o se ter preconceito com os meios diferentes ou menos favorecidos FERNANDES CORDEIRO 2012 p 326 Observando o investimento financeiro no PNBE desde sua cria o verifica se o quanto esse Programa tem se consolidado para o mercado editorial brasileiro como a melhor possibilidade de negocia o de sua produ o Por outro lado as incongru ncias nos dados apresentados em rela o aos gastos p blicos e distribui o ainda demonstram aspectos da fragilidade da pol tica ao mesmo tempo em que as escolas e as os estudantes e isso inquestion vel foram beneficiados em certa medida j que de modo geral excluindo exce es relacionadas m administra o p blica local os acervos chegam Mas com isso n o se pode garantir que o simples aumento no investimento embora muito aqu m do investimento em rela o ao PNLD e a distribui o nas escolas tenham encerrado a fun o pol tica do Programa Pelo contr rio assim como j demonstrado at aqui e somadas s considera es posteriores verifica se um longo caminho a ser trilhado para que uma pol tica educacional com a envergadura do PNBE atinja seus objetivos de democratiza o e do est mulo
551. sua fundamenta o legal e seu hist rico com destaque para os gastos p blicos envolvidos Tamb m apresentar uma breve an lise de pesquisas que empreenderam investiga o sobre os avan os e limites do Programa com nfase na presen a ou aus ncia de valoriza o da diversidade tnico racial 37 O CAP TULO 4 promover uma reflex o pol tica sobre a rela o entre qualidade est tico liter ria e valoriza o da diversidade tnico racial explorando perspectivas da teoria liter ria em interface com aspectos dos editais do PNBE sobretudo aqueles voltados para a literatura infanto juvenil convencional neste estudo chamado de PNBE tradicional e aqueles voltados para a literatura com nfase na valoriza o da diversidade brasileira Concomitantemente esse processo anunciar elementos identificados na dif cil rela o estabelecida entre projetos e programas nem sempre convergentes e muitas vezes divergentes de duas secretarias do MEC a SEB e a Secadi indicando elementos subsidiais para a interpreta o de estrat gias racializantes operando o PNBE O CAP TULO 5 continuar investigando tais estrat gias por meio da an lise dos discursos e sil ncios produzidos por parte de institui es respons veis pela gest o do PNBE com destaque para a SEB Secadi e equipe de avalia o pedag gica dos livros Munidas de todas as interpreta es desenvolvidas as CONSIDERA ES FINAIS propor o a an lise de tais resultados
552. ta o ainda aqu m do almejado inevit vel e ao mesmo tempo necess rio produzir algumas reflex es que se unem a esse grupo de cr ticas Observando a reda o da Lei 10 639 2003 poss vel desenvolver algumas interpreta es Art 1 A Lei no 9 394 de 20 de dezembro de 1996 passa a vigorar acrescida dos seguintes arts 26 A 79 A e 79 B Nos estabelecimentos de ensino fundamental e m dio oficiais e particulares torna se obrigat rio o ensino sobre Hist ria e Cultura Afro Brasileira 1 O conte do program tico a que se refere o caput deste artigo incluir o estudo da Hist ria da Africa e dos Africanos a luta dos negros no Brasil a cultura negra brasileira e o negro na forma o da sociedade nacional resgatando a contribui o do povo negro nas reas social econ mica e pol tica pertinentes Hist ria do Brasil 2 Os conte dos referentes Hist ria e Cultura Afro Brasileira ser o ministrados no mbito de todo o curr culo escolar em especial nas reas de Educa o Art stica e de Literatura e Hist ria Brasileiras 8 3 VETADO Art 79 A VETADO 67 Art 79 B O calend rio escolar incluir o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consci ncia Negra BRASIL 2003b Pelo menos duas grandes limita es s o evidenciadas na reda o dessa Lei A primeira dela diz respeito ao veto presidencial do Art 79 A que possu a a seguinte reda o Art 79 A Os cursos d
553. ta MICHELLI Regina Silva Orgs A Literatura infantil e juvenil hoje m ltiplos olhares diversas leituras Rio de Janeiro Dialogarts 2011 v 01 p 335 359 FERNANDES C lia Regina Del cio Leitura literatura infanto juvenil e educa o Londrina EDUEL 2007 FERNANDES C lia Regina Del cio CORDEIRO Maisa Barbosa da Silva Perspectivas para a forma o do leitor a leitura em 25 anos do Menino Maluquinho Signo Santa Cruz do Sul v 36 n 60 p 17 34 jan jun 2011 320 Os crit rios de avalia o e sele o do PNBE um estudo diacr nico Educa o Porto Alegre v 35 n 3 p 319 328 set dez 2012 Dispon vel em http Avww redalyc org pdf 848 84824567005 pdf Acesso em 20 06 2014 FERRAZ Marcos Estado sociabilidade e educa o In GOUVEIA Andr SOUZA Angelo TAVARES Ta s Orgs Pol ticas educacionais conceitos e debates Curitiba Appris 2013 p 23 49 FERREIRA Elio MENDES Algemira de Macedo Orgs Literatura afrodescendente mem ria e constru o de identidades S o Paulo Quilombhoje 2011 FERREIRA Leda Cl udia da Silva A personagem do conto infanto juvenil brasileiro contempor neo uma an lise a partir de obras do PNBE 2005 Disserta o Mestrado em Literatura Brasileira Universidade de Bras lia UnB 2008 FILICE Ren sia Cristina Garcia Ra a e classe na gest o da educa o b sica brasileira Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa
554. tados Com o prop sito de elencar as pesquisas identificadas no levantamento sobre o tema da diversidade tnico racial no PNBE foram apresentados trabalhos que contribu ram para evidenciar a emerg ncia dessa tem tica Sintetizando tais estudos poss vel classificar seus resultados em positivos negativos e neutros do ponto de vista qualitativo e ou quantitativo da representa o da diversidade tnico racial Tal classifica o importante pois contribuir na argumenta o de que estrat gias racializantes podem estar atuando para estabelecer rela es hier rquicas no tocante diversidade tnico racial j que a maioria das pesquisas indicou essa situa o Ressalta se no entanto que a pesquisa de Silva H P 2012 a nica classificada como negativa do ponto de vista da qualidade da diversidade tnico racial com caracter sticas diferentes dos demais estudos Ao passo que todas as outras pesquisas analisaram como negativa a baixa qualidade e ou a quantidade de obras com personagens negras para o estudo de Silva H P 2012 negativa a exist ncia de obras sobre a cultura africana e ind gena por serem frutos da atua o do politicamente correto no PNBE O quadro a seguir apresenta tal organiza o 200 POSITIVO DO PONTO DE VISTA QUALITATIVO E OU QUANTITATIVO DA DIVERSIDADE ETNICO RACIAL AUTORA S MEIO DE TITULO PUBLICA O PRINCIPAIS RESULTADOS De figurantes a Avaliou como positiva
555. tas GOMES 2012 p 26 No entanto tamb m concordando com Gomes n o se pretende desenvolver reflex es que sugiram uma passagem estanque e linear entre a implanta o e a implementa o GOMES 2012 p 26 at porque medida que se apresentam as tens es da implanta o se estabelece um conjunto de a es articuladas para a implementa o em resposta aos problemas identificados GOMES 2012 p 27 Processos de resist ncia institucionaliza o de pol ticas podem gerar a descontinuidade na linearidade do processo que iniciaria em implanta o e depois culminaria na implementa o Por isso em muitos contextos no caso das leis aqui citadas os contextos escolares sobretudo verificam se processos de implanta o e implementa o ocorrendo concomitantemente Mesmo assim a ado o do conceito de implanta o representa para o presente estudo o melhor termo a ser utilizado j que passados mais de 12 anos da aprova o da primeira Lei que alterou a LDB restringir o processo da pol tica como fase de implanta o significaria negar todos os avan os com ressalvas j conquistados e assumir que sua total institucionaliza o e internaliza o por parte do Estado brasileiro nunca ocorrer efetivamente N o ser inten o dessa se o discutir em min cias todos os aspectos relacionados Educa o das Rela es tnico Raciais e sim tomar desse tema elementos que interessam ao presente estudo a in
556. tativo de Muller e Surel 2002 acerca dos impactos de uma pol tica p blica Por mais que a rela o possa ser interpretada em duas vias inversas sendo que uma considera que n o porque uma pol tica custa pouco que seu impacto fraco MULLER SUREL 2002 p 25 a verdade que o PNBE revelou se como uma pol tica que corresponde a outra via j que seus gastos n o corresponderam ao seu impacto baixo O impacto de uma pol tica n o necessariamente proporcional s despesas que ela ocasiona MULLER SUREL 2002 p 25 A partir de 2007 ano em que n o houve vers o do Programa a sele o passou a ser realizada em um ano e a distribui o dos livros no ano posterior Assim informa o FNDE A partir deste ano 2007 foi mudada a nomenclatura do PNBE At 2006 o nome do programa se referia ao ano de aquisi o Em 2007 passou a referir se ao ano de atendimento Assim os livros do PNBE 2008 foram adquiridos em 2007 Os livros do PNBE 2009 foram adquiridos em 2008 e assim por diante Desta forma n o existiu uma vers o do programa PNBE 2007 67 Dispon vel em http Avww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 11 01 2015 165 ANO QUANTIDADE TIPO DE OBRA S CATEGORIA Educa o infantil escolas com at 150 estudantes receberam um acervo com 20 t tulos de 151 a 300 estudantes dois Os acervos foram acervos e aquelas c
557. te 2008 e 2009 sendo que no segundo ano a distribui o de acervos foi mais ampla pois incluiu escolas com menor porte come ando a partir de 250 estudantes matriculadas 0s Como o FNDE informa separadamente o resumo f sico financeiro de 2009 em ensino fundamental e m dio n o poss vel identificar se s o dados acumulativos j que grande parte das escolas que oferta ensino m dio tamb m possui ensino fundamental ou separados Assim o investimento no ensino fundamental foi de R 47 347 807 62 por meio da distribui o de 7 360 973 livros em 77 214 acervos Ao todo foram segundo o FNDE 49 516 escolas e 12 949 350 estudantes beneficiadas os E o ensino m dio foi beneficiado com um investimento de R 27 099 776 68 por meio da aquisi o de 3 028 298 livros distribu dos em 33 279 acervos O atendimento foi para 17 419 escolas e 7 240 200 estudantes No tocante ao resumo f sico financeiro do PNBE 2010 a tabela a seguir possibilita uma melhor visualiza o TABELA 1 RESUMO F SICO FINANCEIRO DO PNBE 2010 Investimento Estudantes Escolas Quantidade Acervos R atendidas os beneficiadas distribu da distribu dos Educa o infantil 12 161 043 13 4 993 259 86 379 3 390 050 135 602 Ens fundamental 29 563 069 56 15 577 108 122 742 5 798 801 234 295 1 ao 5 ano EJA 7 042 583 76 4 153 097 39 696 1 471 850 58 874 Peri dicos 2010 29 060 529 34 143 773 11 530 430 PNBE Professor
558. ter o m ximo de informa es do processo envolvendo a escolha e aquisi o dos livros do PNBE No entanto no MEC o tr mite foi bem mais complexo e envolveu uma s rie de negocia es realizadas tamb m via telefonemas conforme demonstrar o as se es a seguir 5 1 1 O sil ncio da Secadi No mesmo dia 01 07 2014 a resposta ao protocolo de solicita o encaminhado Secadi via site do FNDE constava a seguinte decis o FINALIZADO Data da Resposta 01 07 2014 9 40 Em aten o mensagem enviada Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o Diversidade e Inclus o SECADI MEC informamos que a referida secretaria n o possui v nculo com o Programa Nacional Biblioteca da Escola PNBE solicitamos por gentileza o contato com o FNDE respons vel pelo programa Atenciosamente Equipe Fale conosco SECADI MEC PROTOCOLO DE ATENDIMENTO 2014 0000239231 Diante desse empecilho que demonstrava uma poss vel falta de conex o entre o que constava no of cio e o que foi compreendido pela equipe da Secadi no dia 02 07 2014 mais de um m s ap s solicita o via site e e mail optei por ligar para o gabinete da referida Secretaria para explicar melhor os objetivos da pesquisa Como ressaltado no cap tulo anterior foi um grande desafio compreender a dicotomia existente na produ o dos editais do PNBE intermediados pela SEB e pela Secadi e talvez a reda o do of cio estivesse dificultando esse ente
559. tera es no tocante a uma educa o voltada para a luta antirracista j que a quest o racial dilu a se no discurso da pluralidade cultural o qual n o apresenta um posicionamento expl cito de supera o do racismo e da desigualdade racial na educa o nas suas propostas GOMES 2011 p 113 114 Sem d vida o ano de 2003 marcante devido aprova o da Lei 10 639 20083 que alterou os artigos 26A e 79B da LDB Debus 2012 analisa o aumento na quantidade de estudos sobre a tem tica tnico racial e isso decorre do reflexo ainda que t mido da dissemina o de t tulos liter rios no mercado editorial DEBUS 2012 p 146 Em outro estudo em parceria com ngela Bal a 2008 as autoras ressaltam que tal contexto n o pode ser reduzido mera interpreta o de que o vi s mercadol gico aproveitou se de um nicho DEBUS BAL A 2008 p 66 67 sob pena de incorrermos em armadilhas conceituais oriundas das duas grandes contranarrativas que se op em numa eterna divis o vit ria total ou de total coopta o quando se pensa nos discursos sobre as etnicidades marginalizadas DEBUS BAL A 2008 p 66 67 Para Oliveira M A J 2008 n o necessariamente a mudan a na LDB por meio da aprova o da Lei 10 639 2003 suficiente para garantir o aumento na qualidade de obras com tem ticas afro brasileiras e africanas 119 N o basta portanto a mera inclus o no mercado editorial e no espa
560. teratura o que est predominando E em seguida outra afirma o de Mota 2012 sobre o PNBE estimula mais quest es por se entender a literatura dessa maneira que a constitui o dos acervos do PNBE n o se restringe aos cl ssicos ou s obras can nicas antes traz obras dos mais diversos sistemas que comp em o polissistema liter rio brasileiro seguindo o crit rio de representa o de suas v rias manifesta es art sticas Essa concep o de literatura tamb m ajuda a circunscrever o universo da sele o s manifesta es art stico liter rias deixando de lado aquelas obras que apenas marginalmente participam do polissistema como o caso dos textos paradid ticos isto aqueles que se utilizam de estruturas ou recursos ficcionais para transmitir explicitamente um conte do disciplinar MOTA 2012 p 312 Se assim por que houve a necessidade da cria o de edital espec fico para a distribui o de livros de literatura com tem tica ind gena Estaria esse edital localizado no limbo entre manifesta es art stico liter rias e obras que apenas marginalmente participam do polissistema Diante dessa breve compara o que inclusive necessitaria de mais aprofundamento do ponto de vista liter rio o que n o cabe a esta pesquisa em fun o de sua vincula o com a rea da Educa o e n o dos estudos liter rios mais perguntas e mais diretas surgem por que em um edital predomina a nfase n
561. teratura pode atuar como ferramenta pol tica de modifica o de estruturas racistas na medida em que ela representa vozes de grupos hierarquizados como o caso da popula o negra brasileira 210 Gra as a seu poder expressivo a literatura pode permitir um acesso a diferentes perspectivas sociais mais rico do que aquele que oferecido por exemplo pelo discurso pol tico em sentido estrito cf GOODIN 2000 Personagens negras assim talvez ajudem leitores brancos a entender melhor o que ser negro no Brasil e o que significa ser branco em uma sociedade racista A literatura um espa o privilegiado para tal manifesta o pela legitimidade social que ela ainda ret m Ao ingressarem nela os grupos subalternos tamb m est o exigindo o reconhecimento do valor de sua experi ncia na sociedade DALCASTAGNE 2008 p 216 217 Inclusive talvez ciente dessas novas demandas sociais em 2014 o MEC por interm dio da Secadi e do FNDE publicou um novo edital agora voltado para a literatura sobre a tem tica ind gena nos moldes similares aos do edital do PNBE Tem tico 2013 Tal sele o tem como objetivo a convoca o de editores para o processo de inscri o e sele o de obras de literatura sobre a tem tica ind gena que por meio das artes verbais divulguem e valorizem a diversidade sociocultural dos povos ind genas brasileiros bem como suas diversas e amplas contribui es no processo hist rico de forma
562. terem cedido os sof s e as paredes de casa para que pud ssemos exercer desde muito cedo o h bito da escrita Aqui est um dos resultados Aos meus irm os F bio Herlique e Eduardo Ara jo por terem sido os meus primeiros interlocutores de debates cr ticos e terem instigado em mim esta criticidade Iyagun que cuidou do meu ori e da minha vida durante estes quatro anos e mostrou com seu exemplo di rio a for a que temos se confiamos na prote o dos orix s Sua trajet ria acad mica inspirou me e estimulou me a n o desistir e superar todos os obst culos que enfrentava E seu carinho de iy acalentou meu cora o nas dificuldades e nas alegrias Modup Ao meu amor coorientador Lu s Thiago Freire Dantas que com sua leitura altamente cr tica e exigente com suas indica es bibliogr ficas sempre coerentes e que me ajudaram em momentos cruciais da escrita da tese cunhou e conquistou o t tulo de coorientador E por seu amor cumplicidade e compreens o das fases mais dif ceis deste estudo ganhou o t tulo de amor Ao Il As Ojubo g n espa o territ rio casa por ser o meu referencial de busca e de encontro com a minha hist ria e ancestralidade O ax desta casa respons vel por me fortalecer diariamente s aos amigas as de perto e de longe Lucilene Soares K tia Costa Solange Rosa Patricia Oliveira Katia Rocha Jorge Santana Daniela Fogassa Gleisse Braz Alexandra Regina Michele Trig
563. terfer ncia ou n o dessas pol ticas no desenho do PNBE Antecedentes s altera es na LDB iniciadas em 2003 alguns momentos marcam o protagonismo do Movimento Negro na constru o de propostas para a educa o brasileira de uma agenda antirracista e comprometida com a valoriza o da hist ria e cultura africana e afro brasileira j que conforme aponta Gomes 2011 p 112 a compreens o de que a educa o representa uma possibilidade de supera o do racismo foi internalizada pelas a es do Movimento Negro Os ativistas do Movimento Negro reconhecem que a educa o n o a solu o de todos os males por m ocupa lugar importante nos processos de 63 produ o de conhecimento sobre si e sobre os outros contribui na forma o de quadros intelectuais e pol ticos e constantemente usada pelo mercado de trabalho como crit rio de sele o de uns e exclus o de outros GOMES 2011 p 112 Diversos documentos elaborados sobretudo ao longo do s culo 20 por intelectuais e entidades organizadas evidenciam tal protagonismo Um desses documentos foi proposto por Abdias do Nascimento no 2 Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas realizado em Lagos Nig ria em 1977 N o sendo autorizada pelo governo a sua participa o na delega o brasileira Abdias promoveu uma mobiliza o no evento com a distribui o de um texto intitulado Genoc dio do negro brasileiro NASCIMENTO 2002 Nele continham
564. tido de garantir a literariedade na produ o liter ria para a crian a reconhecida e aceita nas ltimas d cadas como literatura infantil Visto de outro ngulo os textos que comp em esse crescente e progressivo agrupamento que privilegia o conte do a transmiss o de informa es e valores n o acrescenta n o realiza contraponto como alternativa aos textos da tradi o Insistimos no entanto que nesse segundo agrupamento h textos rar ssimos infelizmente de boa qualidade textual e tem tica com projetos gr ficos bem cuidados e estimulantes PAIVA 2008b p 44 De acordo com o Minist rio da Educa o em suas v rias publica es da cole o Par metros Curriculares Nacionais os temas transversais s o tica 217 Meio Ambiente Pluralidade Cultural Sa de Orienta o Sexual Trabalho e Consumo BRASIL 1998 p 25 Tratam de processos que est o sendo intensamente vividos pela sociedade pelas comunidades pelas fam lias pelos alunos e educadores em seu cotidiano S o debatidos em diferentes espa os sociais em busca de solu es e de alternativas confrontando posicionamentos diversos tanto em rela o interven o no mbito social mais amplo quanto atua o pessoal S o quest es urgentes que interrogam sobre a vida humana sobre a realidade que est sendo constru da e que demandam transforma es macrossociais e tamb m de atitudes pessoais exigindo portanto ensino e aprendiz
565. tima refer ncia expl cita nos seus registros aos temas pertinentes diversidade foi em 2008 De 2004 em diante a an lise indica a t nica universalista nas pol ticas propostas para a Educa o B sica e nesse caso fez se necess rio acompanhar em que momento a discuss o racial se fez presente e quais foram os sujeitos coletivos respons veis por provocar a inser o da tem tica no universo das pol ticas educacionais nacionais deduz se que a tem tica racial s teve espa o no mbito da SEIF atual SEB no ano de 2003 logo ap s a promulga o da Lei 10 639 correspondendo poca em que o movimento negro esteve mais presente pressionando e ocupando os espa os p blicos de cidadania na gest o da educa o federal FILICE 2010 p 109 127 De modo geral a autora constatou categorias diferentes de gestoras es no tocante ao trabalho de implementa o da Educa o das Rela es tnico Raciais 248 Na an lise esses gestores da educa o foram identificados pela similaridade de posturas relacionadas desigualdade racial no conjunto das pol ticas pensadas para a melhoria da qualidade da educa o brasileira Quando negam e ou recuam foram tipificados como gestores ausentes alheios se oscilam entre a nega o e o reconhecimento da import ncia do art 26 A posicionam se como gestores sens veis causa racial J os gestores proativos convictos da necessidade do combate cultura do racismo enfrent
566. tino Rodrigues 2011 identificou a multiplicidade de concep es de diversidade adotadas pelas secretarias do MEC Tais resultados foram tomados como pressupostos para a an lise da SEB em especial da Coordena o Geral de Materiais Did ticos Cogeam em rela o diversidade tnico racial no PNBE ainda mais se somado constata o das entrevistas de Marques 2010 p 122 Ao entrevistar outros gestores da SEB foi praticamente uma unanimidade a afirma o de que n o h articula o entre os diversos setores do MEC e isso se torna um impeditivo no avan o da implementa o da legisla o em voga Lei 10 639 2003 Al m disso como j apresentado Filice 2010 identificou que a partir da cria o da Secadi temas relacionados diversidade tnico racial enfraqueceram se na SEB A Undime outra institui o analisada pela autora manifestou postura semelhante Em ambos os casos Undime e SEB os dados revelam um campo tenso e conflituoso em que se identificam as faces da cultura do racismo nos sil ncios e omiss es que perpassam as pol ticas educacionais propostas Tanto na Undime quanto na Dcoceb Diretoria de Concep es e 264 Orienta es Curriculares para a Educa o B sica SEB a abordagem sobre a quest o racial posta a parte Para as gestoras dessas institui es outras quest es eram mais urgentes para delinear uma educa o de qualidade e da minimizar a desigualdade social FILICE 2010 p 110
567. tivamente o grupo subordinado justificando sua subordina o 2 Em alguns estudos encontrados racializa o n o um conceito definido mas ao tratarem de racializa o positiva como sin nimo de a es afirmativas infere se que portanto que racializa o significaria a es negativas ou a es discriminat rias Outros estudos ampliam a discuss o para a ideia de racializa o como conceito de oposi o racializa o positiva racializa o defensiva ou ainda desracializa o Ver por exemplo Lilia Moritz Schwarcz 2006 Joaze Bernardino 2002 Marcos Chor Maiol e Simone Monteiro 2005 Karl Monsma 2013 47 O simples preconceito contra outro grupo o etnocentrismo ou a xenofobia n o constituem necessariamente o racialismo nem o racismo Como Max Weber 1978 nota os grupos de origem comum que ele identifica como grupos tnicos quase sempre acreditam que seu modo de vida mais honrado que o de outros grupos e sentem que algumas pr ticas de outros grupos s o repugnantes Essas posturas viram racialistas quando tais pr ticas s o vistas como inerentes ao grupo e heredit rias As nacionalidades europeias por exemplo exibem tend ncias de se racializar mutuamente MONSMA 2013 p 6 poss vel perceber que Monsma relativiza o conceito de racializa o atribuindo lhe uma carga neutra que s se unido domina o tnica ou ideologias racistas que ganh
568. tment of Continuing Education Literacy Diversity and Inclusion and the higher education institution responsible for pedagogical evaluation of the PNBE We use tools to analysis official documents academic studies questionnaire interview and virtual communications Based on theories and perspectives of critical studies on racism this research has joined theorists who come determining how much and how institutional racism has operated in educational policies limiting the enhancement of such policies in order to meet the legal requirements of a policies effective of Education of Racial Ethnic Relations Regarding the trajectory of black characters in children s and young adult literature only in recent decades especially since the 2000s is that more positive features are now identified in the books while remaining still predominantly under representation leading to categorization a wary optimism With regard to studies on the PNBE much of the research was not able to insert the race as an analytical category revealing facets of the difficulties resistance to the inclusion of other axes of inequality beyond the economic as a negative factor in an educational policy The various versions of PNBE notices shown that the conceptions of literature and diversity are dubious contradictory and fragmented Such a context has required a deepening of the characteristics that compete in the best definition of literary quality highlighting the pol
569. to a outras categorias sociais ROSEMBERG 1985 p 20 Dentre os resultados a autora evidenciou como predominante a branquidade atuando como norma na produ o do per odo Dentre as formas latentes de discrimina o contra o n o branco talvez seja a nega o de seu direito exist ncia humana ao ser a mais constante o branco o representante da esp cie Por esta sua condi o seus atributos s o tidos como universais A branquidade a condi o normal e neutra da humanidade os n o brancos constituem exce o ROSEMBERG 1985 p 81 Al m disso a pesquisa identificou elementos que se aproximaram dos constados por Zilberman no que se refere ao tom realista dos enredos do per odo e evidenciaram o impacto que esse realismo exerceu na composi o das personagens negras j que a cor negra aparece com muita frequ ncia associada a personagens maus O negro associado sujeira trag dia maldade como cor simb lica impregna o texto com bastante frequ ncia ROSEMBERG 1985 p 84 Em suma a condi o de representa o das personagens negras nas ltimas d cadas do s culo 20 reiteraram o n o lugar ocupado por elas na escala de humanidade 112 evidenciando que a associa o entre branco e humanidade ent o refor ada pela associa o entre n o branco e n o humanidade ROSEMBERG 1985 p 85 E mesmo em pesquisa posterior cuja proposta de atualizar a pesquisa de Rosemberg
570. to nacional realizado todos os anos e coordenado pelo Inep Ver em hitp portal inep gov br basica censo Acesso em 11 01 2015 a Dispon vel em http portal mec gov br index php option com _content amp view article amp id 18629 amp ltemid 1217 Acesso em 11 01 2015 fi Dispon vel em http Awww fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola legislacao limitstart 0 Acesso em 11 01 2015 4 Assim informa o site do Ceale O Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita Ceale um rg o complementar da Faculdade de Educa o da UFMG criado em 1990 com o objetivo de integrar grupos interinstitucionais voltados para a rea da alfabetiza o e do ensino de Portugu s Dois princ pios orientam a integra o de suas atividades compreender o multifacetado fen meno do ensino e da apropria o da l ngua escrita como parte integrante de um processo hist rico pol tico e social e intervir nesse processo por meio da qualifica o de professores das escolas p blicas e da divulga o da produ o cient fica sobre o letramento Dispon vel em http www ceale fae ufmg br o que e o ceale html Acesso em 11 01 2015 129 avaliar os livros inscritos no PNBE 2015 No entanto conforme ser apresentado no CAP TULO 4 a institui o escolhida manteve se a mesma Mas em fun o do per odo em que a presente pesquisa foi realizada todas as informa es aqui apresentadas e analisadas referem se ao
571. toras que questionam Essa orienta o de inserir tem ticas referentes inclus o de pessoas com necessidades educacionais especiais precisa ser vista com um cuidado particular Aparecida Paiva por exemplo discute ser necess rio olhar criticamente para quest es como a inten o editorial ao inserir temas transversais e a inten o da escola quando utiliza essa literatura Muitas vezes ao inv s da qualidade liter ria pode prevalecer a inten o 173 pedag gica e educativa no trabalho com a literatura PAIVA 2008 p 43 FERNANDES CORDEIRO 2012 p 324 No entanto compreende se e defende se neste estudo que a edi o de obras que atendam a crian as com defici ncias sensoriais n o se correlaciona direta e exclusivamente com a produ o liter ria que contempla temas transversais ou temas da diversidade como querem as autoras Isso nos leva a uma nova infer ncia a dificuldade de estudos acad micos na interpreta o da diversidade como um sentido pol tico E na sequ ncia verifica se outra argumenta o das autoras denotando certa titubea o sobre a import ncia de livros com temas relacionados diversidade pois por outro lado elas discutem sobre a necessidade de tem ticas que tragam tona o discurso das minorias exclu das FERNANDES CORDEIRO 2012 p 325 Acrescentam defendendo ser imperativo a presen a dessas tem ticas na escola para que o leitor n o forme apenas o go
572. torno e apoio pesquisa e diante das possibilidades optarei por aguardar para realizar a entrevista Seria poss vel j pr agendarmos uma data para novembro Inclusive caso seja melhor ou mais adequado em fun o das agendas da s pessoa s que conceder o a entrevista podemos realiz la via Skype E MAIL A SECADI 2 13 08 2014 8 A op o de entrevista on line oferecida foi por meio do software Skype uma das ferramentas dos mais comuns em comunica o dist ncia no Brasil 241 No entanto n o obtendo a resposta no dia 20 08 2014 realizei nova liga o para o gabinete da Secadi A assessora respons vel disse que havia se esquecido de me encaminhar a resposta Assim finalmente a aguardada resposta chegou Em aten o a sua solicita o de entrevista confirmamos o agendamento para o dia 5 de novembro de 2014 podendo essa data ser alterada considerando os prazos de finaliza o do processo do PNBE Informamos que voc ser recebida pela Assessora de Gabinete Aguardamos a sugest o de hor rio para bloqueio de agenda E MAIL DO GABINETE DA SECADI 3 13 08 2014 Prontamente respondi agendando o hor rio mas recebi a ressalva tanto por telefone quanto por escrito de que a data poderia ser alterada Mas o fato de receber as informa es a seguir convenceu me de que n o haveria mais nenhum empecilho Agenda confirmada conforme segue abaixo Entrevista para pesquisa de
573. trabalhos da Daly representam temas da frica negra SILVA H P 2012 p 70 e a autora justifica a inten o de Daly autor do primeiro livro analisado com o argumento de que h uma clara inten o de valorizar as diferentes culturas africanas e de atenuar conflitos e aproximar povos aspectos relacionados aos par metros de interpreta o do politicamente correto SILVA H P 2012 p 70 Em outro trecho a autora justifica como politicamente correta a constru o de enredos com valoriza o da cultura e tradi o africana H um cuidado especial em apresentar e valorizar a cultura e a tradi o da frica negra atrav s das roupas dos penteados e dos cen rios par metro 1 do PC Politicamente Correto SILVA H P 2012 p 75 Outra perspectiva que prejudica a qualidade acad mica do trabalho e o pr prio argumento da autora refere se a interpreta es simplistas como em Al m da bvia valoriza o da cultura africana fica subentendido que o autor tamb m procura valorizar as mulheres em seu livro j que praticamente todas as personagens s o femininas Outra interpreta o a que se pode chegar que o fato de n o haver um pai na hist ria mas isso n o ser mencionado em nenhum momento da narrativa mais uma forma de tornar a obra livre de conflitos t picos da vida real SILVA H P 2012 p 76 77 Al m disso em diversas passagens predominou a ideia de uma discrimina
574. tratados historicamente como desiguais a concretiza o da igualdade 65 Uma igualdade para todos na sua diversidade baseada no reconhecimento e no respeito s diferen as GOMES 2011 p 114 Com a aprova o da Lei 10 639 2003 esse debate passou a ocupar nova posi o na agenda educacional brasileira se n o a posi o ainda almejada pelo menos come ava a reverberar no interior dos sistemas de ensino E rapidamente consolidavam se posi es antag nicas de um lado o reconhecimento da urg ncia por tal demanda e de outro a resist ncia em mudan as Inicialmente de modo expl cito intelectuais e pesquisadoras es da educa o questionavam a legitimidade de uma lei que propunha o ensino de um grupo o que aponta Luiz Carlos Paix o da Rocha 2007 p 26 Os cr ticos nova lei argumentavam que esta era ao mesmo tempo desnecess ria e autorit ria Desnecess ria pelo fato de os conte dos j estarem previstos na LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional e autorit ria por ferir a autonomia curricular dos estados brasileiros E essa argumenta o ganhou corporifica o nos espa os escolares V rias pesquisas realizadas desde ent o apreenderam algumas dessas cr ticas como o caso por exemplo do estudo realizado por Leticia Passos de Melo Sarzedas 2007 Sua investiga o de cunho etnogr fico e que foi desenvolvida em uma escola p blica paranaense teve como objetivo conhecer a vis o
575. trickster No entanto estudos como o desenvolvido por Henry Louis Gates 1989 mostraram a proximidade simb lica e liter ria entre a representa o de her is embusteiros como s o os tricksters a Exu deus da mitologia africana Assim a imagem do Saci atua na rememora o de marcas da tradi o africana j que Exu comp e o pante o de deuses e deusas trazidos na mem ria da popula o africana sequestrada para servir de m o de obra escravizada no Brasil e que em contato com o ocidente foi diretamente associado ao diabo dada a uma das suas principais caracter sticas o antagonismo Da mesma maneira que em princ pio n o se revelam elementos nocivos na constru o de personagens com tais caracter sticas j que o Saci re ne antagonismos interessantes e atraentes leitura liter ria mesmo considerando que n o nada f cil para um ocidental admitir a combina o de tra os absolutamente antag nicos na feitura de um nico personagem QUEIROZ 1991 s p pois em fun o de nossa mentalidade manique sta bondade e maldade n o devem conviver na composi o do mesmo ente QUEIROZ 1991 s p O antagonismo de Saci no entanto ironicamente extrapola os limites da narrativa j que de um lado sua representa o tem atuado 34 A vers o disponibilizada on line n o apresenta pagina o 97 para o fortalecimento e valoriza o do folclore brasileiro e de outro tem sido captado em estudos sobre a di
576. triotas do outro grupo racial PAIX O 2008 p 84 Tais constata es reificam o quadro onde se encontram as leis que fundamentam os conceitos de Educa o das Rela es tnico Raciais Com isso evidencia se o longo caminho a ser trilhado Reitera se no entanto que n o mais poss vel admitir por parte do Estado brasileiro a manuten o de pol ticas que ignoram o eixo ra a como gerador das disparidades escolares j que tal eixo componente da sociedade brasileira e continuar sendo caso pol ticas mais enf ticas de combate ao racismo n o se solidifiquem Qualquer an lise das pol ticas educacionais no pa s n o pode negligenciar os marcos hist ricos pol ticos econ micos e a rela o com o Estado e a sociedade civil nos quais essas se inserem No caso da diversidade tnico racial importante entender que os avan os que essa tem vivenciado no campo da pol tica educacional e na constru o da igualdade e da equidade mant m rela o direta com as lutas pol ticas da popula o negra em prol da educa o ao longo dos s culos GOMES 2011 p 119 120 75 No mbito dos interesses desta pesquisa ou seja em rela o ao PNBE o Parecer n 03 2004 CNE CP documento que ratifica as Diretrizes evidencia a aproxima o entre as pol ticas educacionais de incentivo leitura e forma o escolar e a Educa o das Rela es tnico Raciais Ao apresentar o que compete aos sistemas de ensino e estabelecim
577. tro acervos para sua biblioteca Dispon vel em http www fnde gov br programas biblioteca da escola biblioteca da escola historico Acesso em 11 01 2015 145 complexa tem sido a execu o de um programa em n vel nacional como o caso do PNBE e que movimenta anualmente milh es de reais Em 1998 primeiro ano de execu o do PNBE as escolas que receberam os livros foram aquelas indicadas pelo Censo Escolar de 1996 com mais de 500 estudantes e que tivessem o ensino fundamental completo OLIVEIRA L L 2008 p 25 Fernandes 2007 complementa que nos munic pios em que n o havia nenhuma escola que atendesse esse crit rio foi considerada a de maior n mero de alunos FERNANDES 2007 p 63 De acordo com Oliveira L L 2008 as obras do primeiro acervo n o foram inscritas pelas editoras como j acontecia no PNLD Fernandes 2007 e Oliveira L L 2008 afirmam que essa sele o causou bastante estranhamento em fun o da composi o desse acervo de 215 t tulos a ser destinado para bibliotecas de escolas p blicas do ensino fundamental pois apenas dois autores eram can nicos da literatura infanto juvenil Vinicius de Moraes e Monteiro Lobato Os demais al m de n o terem obras relacionadas literatura infanto juvenil tampouco s o de f cil leitura para o p blico em quest o ensino fundamental OLIVEIRA L L 2008 p 27 Contudo o mais grave do ponto de vista da transpar ncia no trato c
578. tua es de discrimina o racial TRAVASSOS 2013 p 85 Acrescentou ainda que apesar das ambiguidades da produ o lobatiana sua leitura na escola atual ao contr rio de trazer preju zos aos leitores pode justamente lev los a conversar com a realidade problematizando a TRAVASSOS 2013 p 85 O artigo de Aracy Martins e Rildo Cosson 2008 intitulado Representa o e identidade pol tica e est tica tnico racial na literatura infantil e juvenil dedicou uma parte an lise de obras que tratam da cultura afro brasileira no PNBE Para Martins e Cosson tais obras dez ao todo foram as mencionadas podem ser analisadas distribu das em quatro grandes grupos A autora e o autor ressalvam que o intento n o de focalizar a elabora o est tica das obras nem a sua proporcionalidade e sim de destacar que esses grupos revelam a abertura de espa o para a quest o tnico racial na circula o liter ria contempor nea e a diversidade de perspectivas com que ela tratada MARTINS COSSON 2008 p 65 S o elas 1 grupo Os chifres da hiena e outras hist rias da frica Ocidental de Mamadou Diallo e Yili Roras Diaz Granados O pr ncipe corajoso e outras hist rias da Eti pia de Sophie Dutertre e Praline Gay Para O Congo vem a de S rgio Capparelli Um passeio pela Africa de Alberto da Costa e Silva 2 grupo O rei preto de Ouro Preto de Sylvia Orthof Chico Rei de M nica Bergna 3 grup
579. tuguesa O saci era por assim dizer a contraparte folcl rica do garotinho preto ou moleque cuja disposi o para a travessura poderia ser correspondentemente explicada pelo saci que havia nele BROOKSHAW 1983 p 14 15 Diante desse quadro verifica se a carga pejorativa nas associa es entre sacis e crian as negras sobretudo meninos Outra personagem negra e antecessora do Saci o Tio Barnab descrito em 1921 na obra O saci como um negro de mais de oitenta anos que morava no rancho coberto de sap l junto da ponte LOBATO 2007 1921 s p Para Lajolo 1998 Tio Barnab representa a vers o masculina de Tia Nast cia Vive nos dom nios do S tio que na an lise Elis ngela da Silva Santos 2007 representa a casa grande j que ambos Tio Barnab e Tia Nast cia n o recebem pagamento pelos seus servi os Ambos assemelham se nas caracter sticas psicol gicas s bios conhecedores do mundo folcl rico mas ing nuos e incapazes de se emanciparem intelectualmente A principal diferen a estaria na localiza o geogr fica de ambos no S tio ao passo que Tia Nast cia ocuparia a posi o de escrava dom stica Tio Barnab n o gozava dos mesmos privil gios cabendo lhe os servi os pesados de lida no campo H uma baixa incid ncia de estudos que analisam Tio Barnab talvez por causa da sua apari o em apenas uma das obras sobre o S tio e em fun o da sua dist ncia
580. u relevante na efetiva implementa o da pol tica tendo em vista quest es pr ticas de tempo tecnologia e acesso a meios inform ticos por parte dos professores A ideia original de colocar disposi o a descri o da composi o dos diferentes lotes por meios inform ticos para que professores de salas de leitura professores coordenadores ou diretores pudessem escolher o que mais conviesse sua escola n o foi bem sucedida e a maioria dos lotes foi distribu da pelo Brasil sem que esta escolha se desse ANDRADE CORREA 2009 s p Em 2006 o Ceale assumiu o processo de avalia o dos livros inscritos para o PNBE Em fun o da experi ncia acumulada do Ceale destacada por Paiva 2008a tanto no campo da avalia o de livros did ticos para aquisi o governamental quanto na produ o de conhecimento na rea da leitura PAIVA 2008a p 11 ao se candidatar em 2006 para avaliar os acervos do PNBE de 2007 distribu dos em 2008 conforme ser observado mais adiante e obtendo xito no ano seguinte 2007 o MEC renovou a parceria quando o Ceale prop s desta vez a n o s realizar a an lise das obras como tamb m dentro da sua tradi o de aliar assessoria t cnica com pesquisa a acompanhar a recep o dessas obras nas escolas PAIVA 2008a p 11 Como destacado anteriormente as informa es sobre a avalia o dos livros do PNBE utilizar dados at o ano de 2014 em fun o de modifica es na escol
581. ua perspectiva a posi o de estudo referencial para a interpreta o do racismo no Brasil Sobretudo tal perspectiva reitera o car ter de ambiguidade do racismo de marca ou racismo moda brasileira perspectiva tamb m considerada por outros autores como Munanga 2008 p 119 Como escreveu Jo o Batista Borges Pereira entre as caracter sticas do racismo brasileiro a ambiguidade uma delas Talvez digo eu a mais importante Ela permeia tanto a reflex o do estudioso do tema como pr prio viver das pessoas que cotidiana ou institucionalmente enfrentam a pluralidade tnica brasileira E na outra ponta desse car ter de ambiguidade que constitui o racismo no Brasil est a lbranquidade destacada por Bento 2002a como um processo silenciador 58 o primeiro e mais importante aspecto que chama a aten o nos debates nas pesquisas na implementa o de programas institucionais de combate s desigualdades o sil ncio a omiss o ou a distor o que h em torno do lugar que o branco ocupou e ocupa de fato nas rela es raciais brasileiras A falta de reflex o sobre o papel do branco nas desigualdades raciais no Brasil constituem um problema exclusivamente do negro pois s ele estudado dissecado problematizado BENTO 2002a p 26 A partir de tal constata o a autora analisa condicionantes presentes na falta de reflex o sobre o papel da o branca o nos processos de opera o do racismo alertand
582. ucilene Costa e Silva 2012 catalogou alguns dos termos utilizados para referirem se Tia Nast cia Trechos guerra das boas N o vai escapar ningu m nem Tia Nast cia que tem carne preta p 21 pobre negra p 33 Resmungou a preta pendurando o bei o p 35 Tia Nast cia esquecida de seus in meros reumatismos trepou que nem uma macaca de carv o pelo mastro de S o Pedro acima com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida sen o trepar em mastros p 39 Se as granadas de Em lia n o tivessem produzido aquele maravilhoso resultado a boa negra n o escaparia de virar furrundu de on a p 39 E voc pretura pergunta feita pela boneca Em lia p 41 Desmaio de negra velha dos mais rijos p 55 respondeu a negra p 55 A pobre preta mal teve tempo de trancar se na dispensa p 64 Tenha paci ncia dizia a boa criatura Agora chegou minha vez Negro tamb m gente Sinh p 71 QUADRO 2 FRASES QUE DEMONSTRAM SENTIMENTO JULGAMENTO E AVALIA O DO AUTOR SOBRE A PERSONAGEM TIA NAST CIA FONTE Silva L C 2012 p 115 Nota Destaques em negrito de Silva L C 2012 A respeito da obra Reina es de Narizinho Feres J nior Nascimento e Eisenberg 2013 tamb m identificaram express es e termos depreciativos Nesse livro Lobato refere se personagem 56 vezes usando o termo
583. ue apresentem elementos do patrim nio cultural brasileiro dentre eles dos povos ind genas e outros grupos No entanto o reconhecimento do expressivo patrim nio da sociedade brasileira representado pela sociodiversidade produzida e reproduzida pelos povos ind genas comunidades remanescentes de quilombolas e comunidades tradicionais passa pela conviv ncia de outros valores concep es filos ficas cosmol gicas e epistemol gicas pr prias da experi ncia de conhecimento da alteridade mediada pela frui o de obras liter rias sobre a tem tica da sociodiversidade ind gena Desse modo estaremos ampliando o valor da interculturalidade como uma atitude inovadora de uma sociedade nacional que supera a concep o de na o formada por uma nica matriz cultural Os princ pios que regem a iniciativa de um PNBE Ind gena 2015 portanto remetem ao fomento de atitudes positivas com rela o sociodiversidade ind gena s alteridades valoriza o das diferen as culturais por meio da divulga o das artes verbais afetas s realidades dos povos ind genas dando origem a uma tica cidad baseada na conviv ncia e no respeito s diferen as culturais PNBE INDIGENA 2015 p 17 18 Mas o que se destaca como mais latente nas diferen as entre os editais de uma secretaria em rela o ao da outra a concep o de literatura evidente o cuidado na elabora o dos aspectos liter rios a serem avaliados na escolha dos livros
584. ue inicialmente e durante um grande per odo aparentasse abstrato e distante das minhas perspectivas ao seu fim retomou sua identidade e seu compromisso com a qualidade acad mica e a den ncia do racismo buscando cumprir o seu interesse de estabelecer um di logo com o Eu hegem nico de modo a mostr lo o mundo com outra tica Assim essa se o de expurga o finaliza se cumprindo tamb m sua fun o de expor os momentos mais cruciais do estudo para ent o seguir o percurso de exposi o do estudo que est estruturado da seguinte forma No CAP TULO 1 ser o apresentadas as perspectivas te ricas que fundamentaram as interpreta es desenvolvidas na pesquisa com nfase nos conceitos de racializa o e racismo institucional Al m disso ser o apresentados estudos que abordaram a tem tica do racismo na sociedade e em especial na educa o brasileira al m de uma an lise sobre a legisla o que subsidia a Educa o das Rela es tnico Raciais No CAP TULO 2 a preocupa o de articular an lises convencionais sobre a literatura infanto juvenil brasileira principal foco de aquisi o do PNBE e pesquisas desenvolvidas sobre o racismo presente nesse g nero numa perspectiva cronol gica refletindo sobre a trajet ria das personagens negras Tamb m haver um destaque para a pol mica que envolveu uma obra de Monteiro Lobato no PNBE O CAP TULO 3 analisar o PNBE em suas diversas facetas seus antecedentes
585. uitas editoras brasileiras maiores e mais tradicionais n o possuem ou possuem poucos t tulos em seus cat logos que contenham personagens negras sendo uma lacuna preenchida pelas mais novas editoras nacionais ou de origem estrangeira ARAUJO SILVA 2012 Para a autora e o autor isso se deve ao fato de que editoras tradicionais t m nutrido pouca preocupa o com tais temas talvez por j terem seu espa o no mercado editorial garantido e ou n o terem incorporado essas novas discuss es em suas pautas de produ o o que pode representar a manifesta o de resist ncia ao cumprimento do artigo 26A da LDB ARAUJO SILVA 2012 p 209 3 Sobre livros para beb s denominados na pesquisa como livros de banhos acrescenta se esta informa o Outro livro de banho que possu a personagens negras relegavam nas presen a como figurantes compondo um cen rio de diversidade motivo pelo qual n o foi selecionado para an lise em fun o dessa invisibilidade quase que total de personagens negras ARAUJO SILVA 2012 p 213 122 2 Em um dos poucos livros de imagens da amostra a personagem negra estigmatizada como um menino engraxate que inicia e termina a hist ria como personagem ignorada e invisibilizada pela sociedade ARAUJO SILVA 2012 p 213 3 No levantamento inicial que considerou tamb m obras infanto juvenis das mais de 200 obras listadas 30 eram de um nico autor Ro
586. umento de produ es acad micas brasileiras na rea da educa o sobre rela es tnico raciais sobretudo a partir da aprova o da Lei 10 639 2003 que alterou o artigo 26A da LDB tornando obrigat rio o ensino de hist ria e cultura afro brasileira na educa o e posteriormente da Resolu o CNE CP n 01 2004 do Conselho Nacional de Educa o que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa o das Rela es tnico Raciais e para o Ensino de Hist ria e Cultura Afro Brasileira e Africana e da nova altera o no artigo 26A da LDB por meio da Lei 11 645 2008 que incluiu a obrigatoriedade do ensino de hist ria e cultura ind gena Tais documentos como j afirmado anteriormente correspondem legisla o para a Educa o das Rela es tnico Raciais e foram respons veis por difundir a cria o ou amplia o de grupos e n cleos de pesquisas nas universidades p blicas e privadas brasileiras bem como fortalecer a produ o acad mica de modo geral Portanto este sem d vida um momento marcante O que se verifica contudo em fun o de ser um campo ainda em constru o e buscando consolidar se na rea da Educa o s o algumas fragilidades na defini o de conceitos caros 39 tem tica das rela es tnico raciais mais do que justificado tal contexto j que grande parte dos estudos anal ticos deste campo localizava se sobretudo nas disciplinas de Ci ncias Sociais e Hist ria
587. undo livro ambientado na casa da vov seria legitimamente representante da literatura infanto juvenil dadas as suas qualidades est tico liter rias interessante observar que nos livros 1 e 3 provavelmente selecionados pelo PNBE 2008 por valorizarem as culturas africana e ind gena respectivamente o politicamente correto se faz muito mais presente do que no livro 2 que aparentemente foi selecionado para o programa por n o estar relacionado ao politicamente correto mas devido sua qualidade textual Isso pode evidenciar aquilo que Borges 1996 aponta a respeito da subvers o na avalia o de bens culturais em que quest es raciais tnicas sexuais f sicas e sociais que prevalecem SILVA H P 2012 p 99 Embora a autora reconhe a que seu trabalho origina se de interpreta es pessoais e est o sujeitas aos limites impostos pela parcialidade da an lise SILVA H P 2012 p 99 a maneira como sua an lise conduzida indica uma resist ncia e dificuldade em tratar de temas que se distanciam do c none liter rio e reduz a presen a de obras com tem ticas da diversidade constata o de n o terem a priori qualidade liter ria Al m disso sua perspectiva eurocentrada inviabiliza interpreta es que superam os estere tipos raciais Destacam se algumas passagens que evidenciam as marcas de um racismo discursivo nas an lises da 195 autora Apesar de ser um autor branco a maioria dos
588. universais s o de responsabilidade da Secretaria de Educa o B sica Mas teria sido realmente esse um dos interesses desta pesquisa Ao contr rio ou diferente o objetivo foi outro de mostrar que a es divergentes dentro de uma mesma pol tica como o caso do PNBE podem estar servindo muito mais para atenuar tens es MOEHLECKE 2009 p 470 e fortalecer o racismo institucional do que para potencializar o Programa no cumprimento dos diferentes preceitos legais aos que ele est submetido incluindo a promo o e difus o da arte liter ria e o reconhecimento e a valoriza o da diversidade tnico racial E isso foi evidenciado de modo latente na an lise da entrevista com a representante da avalia o pedag gica do PNBE e de modo impl cito nos discursos e sil ncios das duas secretarias envolvidas SEB e Secadi Em outras palavras e com mais elementos a base do problema n o est na exist ncia de editais oriundos de uma secretaria e de outra secretaria pois os editais da Secadi j seriam uma rea o ao racismo institucionalizado via literatura w3 can nica tradicional e por consequ ncia branca mas sim no fato de pr ticas como essa terem se naturalizado num processo de conforma o de pol ticas 113 No campo espec fico da literatura escrita j que ela um determinado tipo de discurso tipificado principalmente pelos cr ticos e te ricos das v rias pocas e lugares e fundamentalmente por
589. unos De um lado compreende se que as leituras de um leitor em forma o n o devem ficar restritas a um s tipo de texto De outro n o qualquer tipo de texto que permite a forma o desejada da que esses textos tenham que ser em primeiro lugar liter rios isto esteticamente v lidos a fim que a diversidade n o resulte em perda de qualidade no processo formativo do leitor MOTA 2012 p 315 Mas por outro lado a constante tentativa de fabrica o do consenso VAN DIJK 2008 p 101 como sendo a alternativa correta e adequada para todos que d o car ter de abuso de poder fundamentado numa base de poder que permita um acesso privilegiado a recursos sociais escassos tais como a for a o dinheiro o 110 Rela es de domina o podem ser estabelecidas e sustentadas como observou Max Weber pelo fato de serem representadas como leg tima isto como justas e dignas de apoio THOMPSON 2002 p 82 293 status a fama o conhecimento a informa o a cultura ou na verdade as v rias formas p blicas de comunica o e discurso VAN DIJK 2008 p 117 Em outra perspectiva no entanto importante lembrar que tal acesso privilegiado normalmente n o se constr i a esmo fruto n o s da institucionaliza o em fun o da tradi o mas tamb m de experi ncias comprovadas e de sucesso A qualidade do trabalho de avalia o de obras do PNBE o comprometimento e o cuida
590. uss o que aparentemente seria do plano cultural considerado por muitas os como sin nimo de menor a identidade Nesse sentido discutir identidades negras e brancas perpassar no Brasil por discuss es relacionadas ao mito da democracia racial e miscigena o que atuam para al m de meros processos de inter rela es sociais pessoais exercendo forte influ ncia na organiza o social pol tica e econ mica brasileira Para Edward Telles 2003 p 320 a promo o da miscigena o foi a for a motriz eficaz da integra o brasileira que praticamente dissipou as diferen as culturais por ra a ao mesmo tempo em que promoveu certos aspectos da cultura africana como parte de seu projeto diferentemente de nos Estados Unidos onde a segrega o gerou um forte sentimento de grupo TELLES 2003 p 322 Apesar de que para muitas o0s essa seja a principal caracter stica que evidenciaria a democracia racial bem mais fortemente instalada no Brasil do que nos EUA a verdade que nas intera es sociais a brancura continuaria a ser valorizada e a negritude desvalorizada embora a cultura afro brasileira e a ideologia da democracia racial tenham se tornado s mbolos do nacionalismo brasileiro TELLES 2003 p 324 Esse contexto de ambiguidade gerou no Brasil movimentos de resist ncia enfraquecidos pela dificuldade de conquistar novos membros Nesse aspecto o autor analisa como o Movimento Ne
591. vamente No entanto est o presentes apenas nas imagens s o personagens que n o t m voz Al m do silenciamento destinado s a es desses personagens o fato de n o lhes ser concedido voz gera a hip tese de passifiza o desses personagens OLIVEIRA V C S 2010 p 138 destaques da autora Analisando a distribui o de livros tamb m para a educa o infantil desta vez na edi o do PNBE 2010 Poliana Rezende Soares Rodrigues 2012 investigou como as imagens ilustrativas dos livros infantis desse acervo podem corroborar a constru o da identidade afrodescendente RODRIGUES 2012 p 20 Demarcando a baixa representatividade de personagens negras na edi o do PNBE Rodrigues 2012 ressaltou no entanto o interesse em evidenciar os livros considerados exce es por lutar contra a invisibilidade da popula o negra optamos estrategicamente por evidenciar aqueles livros que como fazem parte das exce es oferecem possibilidades de afirma o da identidade afrodescendente O fato de serem exce es j se configura em nossa den ncia RODRIGUES 2012 p 21 E essas exce es representaram ao todo sete livros que continham as caracter sticas investigadas pela autora cor de pele e cabelo atributos a serem considerados como crit rios para que consider ssemos a afirma o da identidade afrodescendente RODRIGUES 2012 p 24 E embora seu objeto de an lise primasse por uma interpret
592. verificar se a edi o impressa possui revis o Se esse documento foi produzido com tal baixa qualidade estaremos diante mais uma vez da inadequa o do gasto p blico envolvendo a publica o de um material do PNBE Um trecho que apresenta o objetivo do guia exemplifica alguns dos problemas 8 Dispon vel em http Awww dominiopublico gov br download texto me002593 pdf Acesso em 26 12 2014 149 E foi por acreditar nisso que instituimos o Programs Nacional Biblioteca Ja Escola PNBE que levou bel ssimo acervo da literatura infantil e juvenil s escolas p blicas brasileiras e que agora entrega aos professores este Guia que antes de ser modelo a reproduzir material a ser construido por toda a comunidade escolar E em conson ncia com os Par metros e Referenciais Curriculares Nacionais o Programa Nacional Biblioteca Ja Escola reafirma nossa convic o de que a escola tem a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes necess rios para o exercicio da cidadania direito inalien vel de todos BRASIL 2001b s p destaques do documento Diferentemente dos anos anteriores em 2001 a distribui o obedeceu outro crit rio atender diretamente as os estudantes de 4 e 5 s ries por meio da distribui o de acervos pessoais Segundo o FNDE a ideia do programa foi incentivar a leitura e a troca dos livros entre os alunos al m de permitir fam lia do estudante op o de leitura
593. vi vel desenvolver um aprofundamento nesse 220 aspecto j que o estudo n o se focaliza sobre a diversidade ind gena mas mesmo que brevemente alguns elementos ser o destacados N o sendo poss vel comparar um edital de literatura tradicional da SEB com um edital da Secadi de literatura voltado para a diversidade tnico racial lembrando que diversidade tnico racial um conceito restrito no presente estudo a compara o aqui desenvolvida utilizar o edital do PNBE Ind gena da Secadi j que at o momento da elabora o deste estudo a Secadi n o publicou nenhum edital de literatura voltado para a diversidade tnico racial O organograma a seguir busca demonstrar como se organizou a an lise Editais organizados pela Secadi PNBE Tem tico 2013 Editais organizados pela SEB iil PNBE tradicional 1998 at EDITAIS hoje COMPARADOS Obras de literatura e obras de refer ncia PNBE Ind gena 2015 Obras de refer ncia Obras de literatura FIGURA 1 ORGANIZA O DA AN LISE DOS EDITAIS DO PNBE FONTE Elabora o da autora Como j destacado anteriormente os editais do PNBE Ind gena e do PNBE Tem tico contam com mais itens nos crit rios de avalia o e sele o do que os editais tradicionais do PNBE Diferentemente do PNBE tradicional que apresenta apenas uma introdu o que reitera as inten es do Programa de que possa levar os alunos a uma leitura eman
594. vi tentar contato ent o com a Coordena o de Ensino Fundamental Ao iniciar o relato t cnica que me atendeu ela me solicitou que explicasse o 259 significado da sigla PNBE e informou que provavelmente a solicita o poderia ter sido encaminhada para a Cogeam Coordena o Geral de Materiais Did ticos ou ainda estaria no gabinete aos cuidados de algum assessor Perguntei sobre o nome da o coordenadora or da Cogeam e ela disse suspeitar que ainda n o tivesse nome e que fazia tempo que estavam sem um nome Ao final desejou me boa sorte Com um novo n mero do gabinete em m os tentei contato com a t cnica indicada na liga o anterior Ela me informou que quem cuidava dos e mails era outra pessoa Insisti em novas liga es e consultas com outras pessoas que relatavam que n o sabiam de nada Ao final uma das t cnicas constatou que a minha solicita o havia sido encaminhada Cogeam Na Cogeam o t cnico que me atendeu informou que em fun o da demanda de trabalho j que estavam encerrando um processo avaliativo de material talvez a resposta ao meu e mail pudesse demorar mas solicitou que eu retornasse em 10 minutos Retornei e ele disse que n o havia recebido ainda o meu of cio e mail Pediu que eu mandasse para o e mail dele que ele encaminharia coordenadora Ele acrescentou que dependendo do tema seria f cil de responder pois n o necessariamente a coordenadora precisaria conceder a entrevista
595. vos textos voltados para a forma o dos professores como mediadores de leitura e sinopses das obras selecionadas Or amento estabelecendo se o valor m ximo de at R 1 700 00 hum mil e setecentos reais por obra avaliada considerados e inclu dos os custos envolvidos na execu o or ament ria prevista para a avalia o pedag gica conforme estabelecido no item 5 da presente Chamada P blica prevista a avalia o de 2055 obras BRASIL 2014a p 57 Por meio da al nea d verifica se que os crit rios utilizados na sele o das obras inscritas no PNBE 2015 seriam propostos pela institui o vencedora Inclusive posteriormente publica o do Edital de Chamada P blica a Diretoria de Formula o de Conte dos Educacionais e a Coordena o Geral de Materiais Did ticos publicaram algumas notas p blicas de esclarecimento Em uma delas n o datada constam mais informa es sobre o n o estabelecimento pr vio por parte do MEC dos crit rios de avalia o das obras 17 Existe orienta o para elabora o do instrumento de avalia o N o a proposta de avalia o deve partir da institui o proponente considerando se o Edital de Convoca o do PNLD 2016 ou do PNBE 2015 e os termos da Chamada P blica MEC 2014a s p destaques do documento Acrescenta se apenas o fato de que o Edital de Chamada P blica MEC SEB n 2 2014 menciona que os crit rios de avalia o obedecer o s orienta es e
596. vros inscritos a autora construiu um panorama que pode colaborar com a presente pesquisa no tocante an lise sobre as dicotomias entre os editais do PNBE oriundos da SEB dos oriundos da Secadi Acrescenta se o fato de que as tem ticas s o de certa maneira a forma como a diversidade encarada no mercado editorial brasileiro j que existiriam as tem ticas da diversidade as tem ticas cl ssicas as tem ticas religiosas etc Ressalta se que embora o estudo de Paiva esteja restrito a livros para crian as pequenas e n o a todos os segmentos atendidos pelo Programa tal como investigado neste estudo suas contribui es ser o teis reflex o aqui empreendida por incidirem sobre caracter sticas do PNBE De acordo com a autora dos livros inscritos para a PNBE 2008 destinado ao p blico infantil a grande maioria 86 enquadrou se no que Paiva denominou de agrupamento tem tica a fantasia como tradi o ainda que provisoriamente PAIVA 2008b p 40 destaques da autora Nele se encontram os contos de fadas e f bulas adaptados traduzidos etc e as hist rias de bichos ou narrativas sobre os espa os preferidos pelas crian as a fazenda o parque o jardim zool gico e o circo PAIVA 2008b p 40 Para a autora a abund ncia de obras desse agrupamento n o necessariamente representa qualidade est tico liter ria Seguramente essa abund ncia esse excesso talvez nos faz duvidar do potencial da fantasia pois a
597. xplicita Antonio Carlos Malachias et al 2010 sobre a express o legal adequada a disciplina jur dica determina que uma norma alteradora como a pr pria adjetiva o indica n o possui exist ncia aut noma independente destacada de norma alterada Isso significa que do ponto de vista da t cnica legislativa a Lei n 10 639 03 deve ser enfocada no contexto normativo em que est inserida ou seja conjugada Lei de Diretrizes e Bases da Educa o MALACHIAS et al 2010 p 147 24 uma desarticula o aparente entre pol ticas econ micas e pol ticas sociais Como regra as pol ticas econ micas assumem a primazia em todo o planejamento governamental cabendo s pol ticas sociais um papel secund rio Tamb m deixou emergir nas vis es de mundo e convic es dos gestores pr ticas racistas imbricadas no imagin rio coletivo e nas pol ticas da educa o b sica pondo nos frente a frente com o lado atroz da cultura nacional a cultura do racismo que atravessa a sociabilidade brasileira FILICE 2010 p vi Tais considera es aliadas a outros estudos como os de Ana Jos Marques 2010 fundamentaram a interpreta o sobre os discursos produzidos pelos agentes p blicos envolvidos na gest o do PNBE considerando essa tend ncia de desarticula o e fragmenta o das pol ticas educacionais desenvolvidas pelas secretarias do MEC em especial a Secretaria de Educa o B sica SEB e a Secretari
598. xtuais b sicas e o trabalho est tico com a linguagem PNBE 2013 p 21 PNBE 2014 p 20 PNBE 2015 p 29 adequa o tem tica em que as obras dever o estar adequadas s faixas et rias e aos interesses PNBE 2013 p 22 PNBE 2014 p 20 PNBE 2015 p 30 do p blico atendido Em rela o ao projeto gr fico que se verificam algumas diferen as como ser o apresentadas em se es posteriores De qualquer maneira a equipe de coordena o de avalia o dos livros do PNBE elaborou de acordo com Paiva 2012a uma ficha que possu a entre outros os seguintes itens as condi es de leitura em que s o avaliadas quest es como a qualidade da impress o a adequa o do espa amento entre linhas do tipo e do tratamento da fonte a qualidade da intera o com o leitor levando em conta a diversidade os diferentes contextos sociais culturais e hist ricos assim como a amplia o de expectativas e perspectivas juvenis por via da explora o art stica dos temas e da possibilidade de incitar novas 135 leituras a qualidade textual considerando as quest es de coer ncia coes o e consist ncia a explora o de recursos lingu sticos e expressivos o trabalho est tico na obra detalhes quanto ao projeto gr fico sendo o objeto livro avaliado em quest o ao seu formato tamanho capa contracapa incluindo tamb m neste quesito a rela o texto imagem e a qualidade das intera es quando presentes no
599. zados ao editor ap s a divulga o do resultado mediante requisi o formal SEB MEC PNBE 2015 p 8 139 E ainda no tocante aos interesses da presente pesquisa a informa o de que na sele o dos livros tem sido levado em conta a diversidade os diferentes contextos sociais culturais e hist ricos PAIVA 2012a p 25 questiona se como essa diversidade tem sido encarada j que o n mero de livros com valoriza o da diversidade tnico racial pequeno e por outro lado h obras que desqualificam ou estereotipam personagens negras Nesse sentido as se es seguintes ter o como objetivo observarem com mais nfase as edi es do PNBE com vistas a identificar no seu hist rico como tem sido a constru o dos acervos e a rela o desse Programa com os gastos p blicos com um efetivo incentivo leitura e com a diversidade tnico racial 3 2 Hist rico do PNBE Considerando que o PNBE um programa que substitui outro s justifica se a necessidade de apresentar mesmo que brevemente informa es sobre os principais programas anteriores Como informam Berenblum e Paiva 2006 os primeiros programas e projetos de distribui o de livros s bibliotecas escolares com dimens o nacional datam da d cada de 1980 O pioneiro deles em n vel nacional seria o Programa Salas de Leitura cuja caracter stica era de atendimento assistem tico e restrito a escolas com determinadas faixas de matr cula definidas p

Download Pdf Manuals

Related Search

Related Contents

蒸気排出ユニット  Avision AV176U  USER`S MANUAL - Mitsubishi Heavy Industries  Samsung RL38ECSW Lietotāja rokasgrāmata  Rage - Prochem  DAVIE XDc II User Manual  Mode d`emploi V2 (fr)  CDX-GT307X  GBC A4, 2 x 125 micron, gloss, 25 pack  

Copyright © All rights reserved. Failed to retrieve file