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universidade federal da paraíba centro de educação

1. SUM RIO P g INTRODU O pol aan a a q O a 12 1 O PERCURSO DA PESQUISADORA E DA PESQUISA 22 LEO Velo da pesquisa nesnosne A E E A E 23 K2 Odialoso gerador de eso RS A A 35 1 2 1 O reconhecimento na alian a nova e na reconcilia o com a natureza Propostas por PISOS sersan a E Cad O RS a 36 1 2 2 O reconhecimento da identidade tica do buen vivir 39 1 2 3 Reconhecimento da leitura na Educa o de Jovens e Adultos como potencializadora no e para um bem viver buen vivir 47 2 L NGUA GEM E LEITURA ALGUMAS REFLEX ES EM BASES S CIO HIST RICAS ssa ag UR 62 2 1 L ngua gem forma ou processo de intera o iss ease 70 2 1 1 A dimens o sociocultural da l ngua gem steam tiremeeasartrrmans 70 2 1 2 O sujeito do discurso nem livre nem assujeitado essere 86 2 2 Por uma transgress o consciente desvelando superando o c rculo vicioso da viol ncia SIMBQUCA natas A DS DD Aa 98 2 2 1 A prop sito do poder subalternizador e excludente do letramento escolarizado 100 2 2 2 A prop sito da varia o l ngu stica e de sua desconsidera o estigmatizadora 104 2 2 3 A prop sito da viv ncia da l ngua gem em sua concretude uma proposta para al m do institucionalizado eimemr meme retrata riertereate reatar rare rte rear re rear earteee retirar rear enratan da 117 3 LEITURA NA EDUCA O DE JOVENS E ADULTOS EM BU
2. Coorientadora Prof Dr Jane Paiva UERJ Examinadora Prof Dr Luiz Gonzaga Gon alves UFPB Examinador Prof Dr Mirian de Albuquerque Aquino UFPB Examinadora Prof Dr Z lia Granja Porto UFPE Examinadora DEDICAT RIA A Natilde Teixeira de Freitas minha mainha e a Milton Manoel da Silva meu painho que no seio popular embelezaram minha vida numa pr xis fundada na resist ncia na generosidade no amor e na esperan a por dias justos e bem mais felizes Dedico pois mem ria dele e dela que foram meus maiores e melhores exemplos no mundo da vida este trabalho AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Timothy Ireland por toda dedica o acolhimento amizade e aprendizagem que a mim possibilitou Sua presen a na minha vida tem sido decisiva para continuar seguindo em utopias Voc pr xis educativa em sua autenticidade libert ria Tim minha coorientadora Ros ngela Ten rio de Carvalho com quem tenho dialogado sobre a vida e sobre as coisas seja no mbito acad mico seja fora dele As lutas de resist ncia popular que travamos juntas e com o saudoso Prof Jo o Francisco de Souza Maria das Gra as Vidal de Melo Beatriz Karla Tereza A Fornari de Souza Fernanda Alencar Rigoberto Arantes Mariluce Ara jo Norma Pinheiro de Vasconcelos Eva Ara jo Simone Melo Janayna Cavalcante Sandra Santos e tantos outros as importantes companheiros as do NUPEP CE UFPE Todo
3. compreender l ngua gem como pr tica social reconhecer que nossas a es discursivas s o sempre situadas por determinados contextos g neros e esferas sociais que n o apenas regularizam legitimam e negociam nossas interlocu es como tamb m as estabilizam relativamente por meio da tipifica o dos enunciados nelas re constru dos A cita o que segue cremos ratifica a nossa assertiva Para falar utilizamo nos sempre dos g neros do discurso em outras palavras todos os nossos enunciados disp em de uma forma padr o e relativamente est vel de estrutura o de um todo Possu mos um rico repert rio dos g neros do discurso orais e escritos Na pr tica usamo los com seguran a e destreza mas podemos ignorar totalmente a sua exist ncia te rica As formas da l ngua e as formas t picas de enunciados isto os g neros do discurso introduzem se em nossa experi ncia e em nossa consci ncia conjuntamente e sem que sua estreita correla o seja rompida Aprender a falar aprender a estruturar enunciados porque falamos por enunciados e n o por ora es isoladas e menos ainda bvio por palavras isoladas Os g neros do discurso organizam nossa fala da mesma maneira que a organizam as formas gramaticais sint ticas Aprendemos a moldar nossa fala s formas do g nero e ao ouvir a fala do outro sabemos de imediato bem nas primeiras palavras pressentir lhe o g nero adivinhar lhe o volume a exte
4. de globaliza o fazem lembrar pelo menos tr s importantes assertivas principalmente a quem se pretende educador a popular a Quando come amos a usar uma palavra nos tornamos c mplices dos sentidos que emergir o deste uso Somos todos enfim respons veis por seu vir a ser SOUZA 2001 p 191 b Todas as palavras da moda tendem a um mesmo destino quanto mais experi ncias pretendem explicar mais opacas se tornam Quanto mais numerosas as verdades ortodoxas que desalojam e superam mais r pido se tornam c nones inguestion veis As pr ticas humanas que o conceito tentou originalmente captar saem do alcance da vista e s o agora os fatos materiais a qualidade do mundo l fora que o termo parece esclarecer e que ele invoca pra reinvindicar sua pr pria imunidade ao questionamento BAUMAN 1999 p 07 c Hoje j sabemos que a l ngua entendida como uma atividade social n o apenas uma ferramenta que devemos usar para obter resultados ela ferramenta e ao mesmo tempo o resultado ela o processo e o produto E n o uma ferramenta pronta uma ferramenta que n s criamos exatamente enquanto vamos usando ela A l ngua uso e tamb m resultado do uso BAGNO 2002 p 26 grifo do autor Como afirma Bakhtin 1995 o signo n o apenas reflete mas refrata a realidade Tornando se uma arena na luta de classes sinaliza todas as mudan as e altera es sociais num processo ininterrupt
5. equivocadamente implicando o ato de ler e produzir 26 texto escrever servia de base pretensa avalia o E mais fez se quest o de ressaltar que o sentido das palavras outra coisa Isso s mais tarde referindo se aos n veis mais elevados de escolaridade Ou seja desconsidera se a natureza hist rica da l ngua concomitantemente restri o do desenvolvimento da compet ncia discursiva no espa o escolar b Comprova o da not cia de que redes de ensino est o recorrendo a m todos f nicos de alfabetiza o pensados para crian a transplantar parece ser a m xima ainda que consideremos imposs vel de se dar c Inquieta o e den ncia por parte de educadoras es de que a EJA vem sendo utilizada como v lvula de escape de um sistema excludente minimiza o do estrangulamento da distor o idade s rie e adiantamento simplista de estudos d A implanta o de projetos e programas em geral de vida curta e cunho paliativo nas redes p blicas de ensino tem comprometido a EJA como direito e como pol tica p blica efetiva pois segundo o depoimento de muitos educadores as de EJA com quem temos tido contato direto atrav s de f runs reuni es de estudo forma o continuada etc tem havido e fechamento de turmas EJA efetivas na da rede e ou n o cria o de outras e desaten o s turmas EJA efetivas na da rede que resistem em manter se funcionando e intens
6. A aluna intimidada responde baixinho Cam s pra ler n professora A professora chama a aten o dos alunos Mo ada ajuda aqui a Cam Pedi a ela que lesse aqui aponta para o jornal afixado no quadro negro e ela disse s pra ler n professora Eu disse na minha concep o de leitura Como que eu concebo a leitura O que ler pra mim Nesses meses que voc s est o comigo O que ler Cam Vai gente me ajuda aqui 224 Al 1 entender Al 2 entender o que t escrito AL3 compreender do meu jeito os alunos d o essas respostas quase simultaneamente P Escrito vozes se misturam Als N o Al 3 N o n o s isso Dan entender o que t e o que n o t escrito tamb m compreender BARROS 2009 p 183 grifo nosso Nosso desafio maior mergulhar na dinamicidade do cotidiano colhendo pistas que propiciem interven es potencializadoras aos educandos e educandas homens e mulheres jovens adultos as e idosos as das camadas populares valorizando seus saberes buscando dialogar com eles e elas na produ o do conhecimento que fa a sentido em suas vidas em busca de um bem viver buen vivir Oxal consigamos E ainda que construamos mais e mais espa os educativos que se realizem como asas Rubem Alves isso como direito humano ao longo da vida na escola
7. Imersos em uma historicidade nem livres nem assujeitados os as educandos as jovens adultos as e idosos as carregam consigo diferentes vis es de mundo sonhos projetos emo es saberes etc frutos de suas experi ncias vividas nos diversos espa os sociais as quais contribuem na elabora o de uma cultura pr pria do seu pr prio discurso E na e pela linguagem que esses as educandos as n o s atribuem sentido e significado ao mundo como se constituem sujeitos Nesse passo parece nos importante estarmos alertas para uma realidade que vem se configurando a EJA um espa o de m ltiplos atores e atrizes sociais e se abra ada como sendo um processo de aprendizagem ao longo da vida precisar garantir espa o de qualidade tamb m aos s educandos as idosos as ante a longevidade que se desenha Dito isso reafirmamos que nesta Tese defendemos a leitura gerada geradora na da pr xis interlocutiva porque acreditamos traduzir n o somente o reconhecimento mas de igual modo o zelo pela transitividade entre a compet ncia leitora e as possibilidades de amplia o de participa o cr tica social dos sujeitos populares para na e pela experi ncia de um bem viver buen vivir 231 A interlocu o na e pela pr xis n o se resume simplesmente em uma troca toma l da c bem moda capitalista At sabemos que se interage para construir cultura de paz bem verdade Mas tamb m sabemos
8. e e denotam arriscadas redund ncias da alternativa 66 099 g j que sinalizam poss veis meios ou suportes de leitura Ainda que o respondente pudesse assinalar mais de uma alternativa desde que expressasse sua real forma de conhecimento percebemos fortes ind cios de concep es recorrentes sobre a leitura as quais poder o certamente acarretar preju zos forma o leitora dos estudantes da referida disciplina ou de outros sujeitos que venham a ter acesso ao question rio em an lise E sabemos todas as disciplinas ou a es de um curr culo educativo devem possibilitar o desenvolvimento da compet ncia discursiva que envolve n o s a produ o de texto mas igualmente a atividade de leitura FREITAS DE SOUZA 2004 Nessa linha de entendimento a atividade de leitura sobretudo de textos verbais em l ngua portuguesa aparece em cena n o como extra o de informa es objetivas mas sim como um processo prazeroso significador e libert rio de constru o de sentidos que extrapola os muros da escola Seu papel no desenvolvimento da compet ncia discursiva dos as jovens e adultos as e idosos as fundamental e indispens vel E justamente nele e atrav s dele que o sujeito recolhe criticamente elementos para o seu dizer e como dizer o que pretende Na medida em que o sujeito constr i seu pr prio discurso constitui se como tal e age sobre o mundo FREITAS DE SOUZA 2004 p 327 gri
9. o continuada ao me liberar para o curso CAPES por ter me incentivado e apoiado como estudante bolsista O reconhecimento da necessidade de investimento na Educa o B sica e p blica o que inclui o a professor a foi uma importante conquista porque expressa disposi o para o enfrentamento das debilidades e constru o de possibilidades em di logo A todas as os companheiras os de trabalho no mbito escolar sobretudo a Doris Kay Patr cia Freire Inalda Moura Anderson Gomes Maria Jos Fernandes Veral cia Jaciara Travassos Jacira Maria Ant nio de Lima Valpassos Consuelo Bandeira Nelton da Silva Giovanna Almeida Marilene Rosas Malba Mangabeira Nalta Oliveira Rejane Luise Sonia Coimbra Regis Estelita Lins Givailda Oliveira F tima Melo Cl udia Abreu Sin sio Monteiro que sempre torceram por mim e pelos meus projetos de vida Escola Sindical da CUT no Nordeste Marise Paiva de Morais que me oportunizou discuss es que contribu ram sobremaneira para uma vis o mais ampla de EJA na perspectiva de educa o popular a partir de uma rica viv ncia num di logo intra intermovimentos sociais que parece ser um princ pio educativo o qual envolve as diversas e importantes dimens es humanizadoras Especialmente a Fl vio Marinho T mara Santa Rosa Virg nia Lins Fred N brega Luzia Silva Sayonara Falc o Messias Melo Antonio Danilson Rodrigues Pinto Admirson Medeiros Ferro Junior Ever
10. N o postulamos contudo que n o tenhamos que possibilitar aos jovens adultos as e idosos as o avan o de sua compreens o leitora mas o respeito s constru es feitas objetivando conhec las em seu percurso leitor avali las quanto ao grau de pertin ncia question las em suas bases em busca de sua solidez ainda que provis ria Vale assim reiterar o que j assinalamos a partir das contribui es de autores como Possenti 2001 Geraldi 1995 Franchi 1977 dentre outros te ricos a significa o ventilada pelas pistas que a enuncia o fornece num exerc cio dial gico entre significa es anteriores e poss veis significa es no momento da interlocu o Certamente a linguagem se utiliza como instrumento de comunica o certamente comunicamos por ela aos outros nossas experi ncias estabelecemos por ela com os outros la os contratuais porque interagimos e nos compreendemos influenciamos os outros com nossas op es relativas ao modo peculiar de ver e sentir o mundo com decis es consequentes sobre o modo de atuar nele Mas se queremos imaginar esse comportamento como uma a o livre e ativa e criadora suscet vel de pelo menos renovar se ultrapassando as conven es e as heran as processos em crise de quem agente e n o mero recept culo da cultura temos ent o que apreend la nessa rela o inst vel de interioridade e exterioriedade de di logo e solil guio antes de ser para com
11. adequadas de express o conforme o conceito adotado pela autora Helo sa Ramos note se professora A op o pelo correto passa a ser considerada explicita o de preconceito lingu stico Tal deforma o tem origem na plena aceita o do uso impr prio do idioma por parte do ex presidente Lula cujos erros de portugu s se tornaram inimput veis por supostamente simbolizarem a mobilidade social brasileira Corrigi los ou cobrar o uso correto da l ngua pelo primeiro mandat rio da na o viraram ato de preconceito Eis o resultado da celebra o da ignor ncia que junto com a banaliza o do malfeito vai se confirmando como uma das piores heran as do modo PT de governar Dora Kramer O Estado de S Paulo 17 maio 2011 Por outro lado Paula Tatianne Carr ra Szundy Presidente da Associa o de Lingu stica Aplicada do Brasil reage a essa situa o enfatizando a necessidade de revis o da concep o segundo ela deturpada e ainda corrente de erro no que concerne l ngua materna O fragmento a seguir pode nos dar uma ideia do teor de sua fala Observemos 109 Pol mica em rela o a erros gramaticais em livro did tico de L ngua Portuguesa revela incompreens o da imprensa e popula o sobre a atua o do estudioso da linguagem Dez anos depois vemos em livros did ticos a possibilidade de formar poliglotas na l ngua materna Isso sem d vida um progresso Resta
12. capitalista SOARES 1989 p 31 Dessa forma acreditando que o sujeito n o pode ser visto fora da sua realidade hist rica e a l ngua gem forma ou processo de intera o fora da exist ncia hist rica e social dos sujeitos afirmamos que na din mica social da palavra n o poss vel conceb la sem ra zes ou avalia es ideol gicas Segundo Bakhtin 1995 1997 na pr tica viva da l ngua os interlocutores n o se relacionam com a l ngua como um sistema de formas normativas conjunto de sinais imut veis e sempre id nticos mas como um signo vari vel e flex vel que ganha significa o adequada s condi es de uma situa o concreta dada vale dizer no contexto de enuncia o preciso que implica sempre um contexto ideol gico preciso A Teoria do D ficit Lingu stico baseia sua argumenta o nos trabalhos publicados por Bernstein 1971 na d cada de 1960 e na sua Teoria dos C digos O autor estabelecendo rela o causal entre classe social linguagem e rendimento escolar classifica a crian a se proveniente das classes mais ou menos favorecidas como um falante de um c digo elaborado ou restrito respectivamente Par superar o d ficit lingu stico gerador de forma o cognitiva deficiente e fruto do ambiente familiar pobre Bernstein prop e um programa educacional compensat rio que restitua ao aluno intelectualmente deficit rio o suporte de conhecimentos lingu sticos que o habili
13. congestionamento de dois quil metros em Itatiaia e outros dois quil metros em Nova Igua u na Baixada Fluminense na pista sentido Rio O motivo seria o excesso de ve culos Uma pessoa morreu no acidente Uma pessoa morreu no acidente envolvendo um caminh o que transportava cido n trico e um carro de passeio no fim da tarde de segunda feira 26 na Rodovia Presidente Dutra altura de Pira no Sul Fluminense As informa es s o do Corpo de Bombeiros que n o confirmou outras v timas De acordo com os bombeiros o caminh o que transportava cerca de 25 mil litros de cido n trico tombou em cima do carro da v tima que pegou fogo Ainda segundo os bombeiros as chamas foram controladas rapidamente Uma equipe do Instituto Estadual do Ambiente Inea e da Light companhia respons vel pelo fornecimento de energia el trica no Rio estiveram no local do acidente A assessoria da Cedae informou que o cido n o atingiu a barragem que fica na regi o Fonte http g1 globo com Noticias Rio 0 MUL1355774 5606 00 html Acessado em 10 12 10 Observemos ent o o relato dessa oficina desenvolvida por Gir o 2011 O primeiro dia de oficina foi marcado ap s a reparti o do texto pela leitura silenciosa A professora pesquisadora a pr pria Gir o deixou os alunos vontade pois a inten o era observar como eles se comportavam sem a interfer ncia da mesma Durante a leitura as duas turmas mantiv
14. do sexo masculino livres n o escravos membros da elite cultural letrados cidad os eleitores e eleg veis membros da aristocracia pol tica detentores da riqueza econ mica BAGNO 2012a p 2 Podemos afirmar ent o que as gram ticas e os dicion rios como mecanismos de controle da produ o social do discurso FOUCAULT 2000 tanto deliberam como e E near P x prescrevem as possibilidades lingu sticas do falante culto ao mesmo tempo em que atuam como mecanismo de condena o exclus o de outros falares O que foge ao certo estabelecido da l ngua oficial padr o passa a n o ser considerado ato lingu stico leg timo A variante oficial padr o sobrepondo se s variantes regionais e aos registros sociais diferentes passa a ser considerada como a L ngua e n o como uma variedade desta O que diferente transforma se naturalmente em deficiente err neo deselegante n o leg timo 115 O diferente transformado estrategicamente em DESIGUAL Com efeito as classes sociais privilegiadas tornam se detentoras n o s dos bens materiais como tamb m da linguagem socialmente reconhecida e por conseguinte dos saberes a que essa linguagem d acesso Desse modo n o por um simples acaso que as pessoas que dizem Cr udia praca pranta pertencem a uma classe social desprestigiada marginalizada que n o tem acesso educa o formal
15. ensino e a aprendizagem dela envolvem simultaneamente diferentes dimens es desse objeto a dimens o psicol gica implicada no ato de ler a dimens o lingu stica determinada pelo fato de que se l e se aprende a ler sob certas condi es enunciativas a dimens o social hist rica e pol tica resultante das tens es que animam o ato de ler e de aprender a ler BATISTA 1991 p 21 Ao definirmos o objeto de pesquisa pensamos ter clareza de que n o poder amos abarcar todo o referencial te rico das reas selecionadas para estudo Pretendemos ent o extrair dos seus postulados respostas para sete eixos tem ticos considerados b sicos para responder a nossa quest o de pesquisa Assim fruto de um campo problem tico Quem fala O que diz De onde Quando Para qu A quem Com quais efeitos elaborado por n s a partir de leituras e infer ncias decorrentes de diversos estudos teorias propostas educativas etc no que diz respeito aos seus conte dos latentes subjacentes e manifestos expl cito os sete eixos tem ticos que serviram como norte para responder ao problema desta pesquisa foram os seguintes 60 1 conceito s de EJA 2 conceito s de leitura e seu processo de desenvolvimento 3 conceito s de leitor a e sua caracteriza o 4 conceito s de texto 5 ensino da leitura na EJA ligada ou n o escolariza o 6 rela o entre l ngua gem leitura e amplia o das condi es de p
16. o e implicitude existem nas duas modalidades Em certo sentido todos os enunciados s o imprecisos e s se determinam pela interpreta o de quem l ou ouve MARCUSCHI amp DION SIO 2007 p 28 grifo nosso Para n s que abra amos uma perspectiva sociointeracionista da linguagem ambas as modalidades fala e escrita apresentam dialogicidade usos estrat gicos fun es interacionais envolvimento negocia o situacionalidade coer ncia e dinamicidade Dessa forma nem a fala apresenta propriedades intr nsecas negativas nem a escrita tem propriedades intr nsecas privilegiadas Fala e escrita s o modos de intera o resultantes de um processo cognitivo sociocultural que se revelam em pr ticas espec ficas Isso significa que postular algum tipo de supremacia ou superioridade de alguma das duas modalidades seria 113 uma vis o equivocada pois n o se pode afirmar que a fala superior escrita ou vice versa MARCUSCHI 2001 b p 35 Tendo se em vista que se deve considerar n o somente o aspecto que se est comparando mas tamb m o fato de tratar se de uma rela o n o homog nea e n o constante as diferen as existentes entre fala e escrita se d o dentro do continuum tipol gico das pr ticas sociais de produ o textual e n o na rela o dicot mica de dois polos opostos Em consequ ncia temos a ver com rela es em v rios planos surgindo da um conjunto de varia es e n o uma simples va
17. o imperativo de que tudo o que tecnologicamente poss vel deve ser realizado vai se impondo cada vez mais com vigor NEUTZLING 1998 p 13 Andando a passos largos o conhecimento se converte num fator de produ o decisivo tornando se a fonte ltima do valor do bem medida que a import ncia da mat ria prima e do trabalho f sico convencionais diminu da Consoante observou Neutzling 1998 p 13 tudo indica que a informa o seja cada vez mais o combust vel que alimentar os motores econ micos do s culo XXT cf FREITAS DE SOUZA 2004 Paradoxalmente essa nova era tem se apresentado como uma via de m o dupla se por um lado vem permitindo ao mundo realizar descobertas cient ficas e tecnol gicas que acenam para a possibilidade de prolongamento e melhoria da qualidade de vida por outro tem possibilitado o fortalecimento de uma proposta de desenvolvimento fundado num paradigma mercantilista neoliberal que n o tem representado um viver bem em n vel planet rio Freitas Souza 2004 em seu trabalho escreve a seguinte nota o aparato cient fico tecnol gico da modernidade tem por exemplo possibilitado o avan o da medicina com repercuss es em outras reas da vida humana Dentre essas conquistas poder se iam citar a os exames diagn sticos que conforme o radiologista Aron Belfer passaram tendem a ser mais precisos e detalhados apud GALHARDO 2001 p 73 b a descoberta da p lula para homens com
18. tipicamente formatados quais seus valores e limita es E conclui uma quest o se apresenta como fundamental estar o professor consciente de que uma aula ministrada com o aux lio de slides power point v deo ou um simples gr fico na velha conhecida transpar ncia requer do aluno uma atividade bastante complexa uma vez que al m de coordenar diversas pr ticas de letramentos como pr ticas sociais de copiar g neros espec ficos processados por modos de representa o diferentes vis o e audi o por exemplo o aluno est diante de um complexo sistema de atividades no qual dever integrar buscando construir sentidos para o texto verbal oral fala do professor narra o do v deo para o texto verbal escrito textos na transpar ncia na tela do computador ou da TV para o texto visual esquemas gr ficos f rmulas matem ticas qu micas bem como para o seu pr prio texto anota es verbais e ou visuais DION SIO 2007 p 196 grifos nossos Nessa linha de entendimento acreditamos com Marcuschi 1996 que o desenvolvimento da compreens o na leitura n o precisa passar necessariamente pela t cnica pergunta resposta H outros caminhos poss veis As perguntas e afirma es inferenciais juntamente com a re cria o de textos parecem nos ser procedimentos pedag gicos coerentes e adequados ao desenvolvimento da compreens o na leitura Aqui subjaz a ideia de que a compreens o de texto se acha ligada ao
19. Parab la Editorial 2002 Nota P blica 2011 Dispon vel em http marcosbagno com br Acesso em 09 09 2012 236 Nada na l ngua por acaso ci ncia e senso comum na educa o em l ngua materna 2012a Dispon vel em http marcosbagno com br site page id 37 Acesso em 09 09 2012 Presidenta sim 2012b Dispon vel em http marcosbagno com br site page id 2069 Acesso em 09 09 2012 A l ngua a m dia e a ordem do discurso 2012c Dispon vel em http br librosintinta in marcos bagno pdf html Acesso em 09 09 2012 BAGNO Marcos GAGN Gilles STUBBS Michael L ngua materna letramento varia o e ensino S o Paulo Par bola Editorial 2002 BAJARD Elie Ler e dizer compreens o e comunica o do texto escrito 2 ed S o Paulo Cortez 1999 Quest es da nossa poca v 28 BAKHTIN Mikhail Est tica da cria o verbal S o Paulo Martins Fontes 1997 Cole o Ensino Superior BAKHTIN M VOLOCHINOV V N Marxismo de filosofia da linguagem 7 ed S o Paulo Hucitec 1995 BARROS Cl udia Graziano Paes de Capacidades de leitura de textos multimodais In Polifonia Cuiab EDUFMT n 19 2009 p 161 186 Dispon vel em http cpdl ufmt br me el arquivos artigos 341 pdf Acesso em 25 10 2012 BATISTA Ant nio Augusto G Sobre a leitura notas para a constru o de uma concep o de leitura de interesse pedag gico Em Aberto Bras lia DF a
20. Recife 2001 p 56 CAPANEMA Rafael Escritores consagrados repudiam falsos textos que circulam na rede Folha de S o Paulo s d Dispon vel em http www folha uol com br folha informatica ult124 u50 9013 shtml Acesso em 01 01 2013 CAPRA Fritjof A teia da vida uma compreens o cient fica dos sistemas vivos S o Paulo Cultrix 2006 tradu o Newton Roberval Eichemberg 238 CARLOS Erenildo Jo o Desvelando o discurso metanarrativo no curr culo escolar um estudo mediado pelo livro did tico Jo o Pessoa UFPB CE 1998 Disserta o Mestrado em Educa o CARVALHO Jos Anchieta O processo de avalia o em L ngua portuguesa In SEMIN RIO DE L NGUA PORTUGUESA 2 2001 Recife Academia Pernambucana de Letras 2001 Mimeografado CARVALHO Nelly L xico Neologismos e Empr stimos Lingu sticos In SEMIN RIO DE L NGUA PORTUGUESA 2 2001 Recife Academia Pernambucana de Letras 2001 mimeografado CAVALCANTE Maria Auxiliadora da S Procedimentos metodol gicos para abordar quest es de varia o lingu stica em uma turma da Educa o de Jovens e adultos Trabalho apresentado na 29 reuni o da ANPEDE 2012 Dispon vel em http www anped org br reuni es 29ra trabalho GT 18251 1 Int pdf Acesso em 27 09 2012 CEAAL La Carta n 480 Panam Secretaria Geral 14 08 2012 Dispon vel em www ceaal org Consulta em 15 08 2012 CEREJA William Leitura uma arquicompet ncia In
21. Trata se de um discurso explicitamente respondente a outro n o t o expl cito afora obviamente o nosso posicionamento discursivo expl cito organizado desse jeito e n o de outro Ao que nos parece expl cito d conta no m nimo de alertar a popula o brasileira ACORDA BRASIL das estrat gias midi ticas n o t o expl citas utilizadas para desviar a nossa aten o de relevantes acontecimentos na hist ria pol tica do nosso pa s No caso a capa da Revista Veja traz como destaque n o o julgamento daquilo que ficou conhecido como Mensal o realidade mas um acontecimento fic o que ocorre simultaneamente e n o por acaso ou seja a VINGAN A de Nina sobre Carminha personagens de Avenida Brasil novela exibida pela Rede Globo de Televis o em hor rio nobre adjetivado de fen meno sintonizado por oito em cada dez televisores no Brasil Observemos 142 TEXTO 12 NO M S EM QUE PA S ASSA PELO MAIOR JULGAMENTO rt DA SUA HIST RIA RE cespe do segassucesso fere o copst tado 7 Cinquenta s de Cinza w da justi a o primeira semana aloe VE a VEJA ri no STF aos Nina e Carminha da mais primordial das emo es faz de um fen meno sintonizado por oito em cada dez televisores no Brasil ESSA A CAPA DA REVISTA VEJA ACORDA BRASIL Dispon vel em http www facebook com IdeiasNaoMorrem Acesso em 30 08 2012 http a7 sphotos ak fbcdn net h
22. ao contr rio do que muitos pensam acreditamos ser o processo de autoria que depende em grande medida das atividades de leitura E para n s n o poderia ser diferente Afinal repetimos o processo leitor que possibilita a amplia o do repert rio do que se tem a dizer e as estrat gias do dizer Esse nosso posicionamento talvez isso fique mais claro se analisarmos as aprendizagens requeridas ao s educandaos as para a produ o de textos conforme pontua por Soares 2000 De acordo com essa autora ao mesmo tempo que o aluno deve se apropriar da escrita como forma de interlocu o como atividade discursiva o que ocorre basicamente pela cria o de situa es tanto quanto poss vel naturais e reais de produ o de texto deve tamb m ser conduzido a v rias aprendizagens ele precisa aprender a distinguir o texto oral do escrito percebendo as especificidades e peculiaridades deste precisa aprender a estruturar adequadamente seu texto escrito atendendo ainda s caracter sticas de cada g nero de cada portador de texto precisa aprender a controlar as possibilidades de apreens o do sentido do texto pelo pretendido leitor o que depender entre outros fatores de sua capacidade de prever o n vel de conhecimento que esse leitor tem do assunto previs o que determinar o grau de informatividade que deve dar ao texto de sua capacidade de prever o conhecimento que tem o leitor do l xico e dos recursos lingii sticos o que
23. comunica o Simultaneamente o avan o tecnol gico os modismos as inven es exigem fazem criar novas palavras s vezes palavras antigas podem ganhar uma nova significa o um novo sentido Trata se de l xicos que surgem para suprir uma necessidade vocabular moment nea transit ria ou permanente dos falantes Um bom exemplo disso s o os neologismos formais conceituais e ado o por empr stimo Geralmente os neologismos s o criados a partir de processos que j existem na l ngua justaposi o prefixa o aglutina o e sufixa o Para Nelly Carvalho 2001 o surgimento de novas palavras na l ngua portuguesa representa ndices de transforma o social isto tem como causas as mudan as socioculturais Na verdade v rios s o os termos que quando criados adotados valer o na realidade da l ngua por sua aceitabilidade Podemos observar neologismos nos seguintes exemplos Neologismo m mensal o presidenci vel carreata prefeitar internet s s SUS Beijo pouco falo menos ainda 66 e 2 periguete empreguete Mas invento palavras c6 2 deputete etc Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana Inventei por exemplo o verbo teadorar Intransitivo Afesta vai agradar s v rias tribos Teadoro Teodora Desovado um cad ver numa rua em Brasilit Governo faz ind stria abortar CARVALHO 2001 p 6 7 BANDEIRA Ma
24. conseguinte em se tratando de l ngua gem n o h neutralidade poss vel ou um santu rio privilegiado separado da cultura e da pol tica onde podemos ser livres para distinguir a verdade da opini o o fato do valor ou a imagem da interpreta o N o existe ambiente objetivo que n o seja estampado pela presen a social BOURDIEU 1992 p 211 reafirmamos Em outra passagem Gir o 2011 descreve uma das oficinas vivenciada com duas turmas a partir do g nero not cia descri o a qual fazemos quest o de transcrever na ntegra Vejamos o texto utilizado 218 ANEXO 03 CAMINH O CARREGANDO CIDO N TRICO TOMBOU SOBRE CARRO E EXPLODIU 27 10 09 07h46 Atualizado em 27 10 09 07h46 Caminh o carregando cido n trico tombou sobre carro e explodiu Tr nsito estava sendo feito em m o dupla pela pista sentido S o Paulo Mais de 12 horas ap s o acidente com um caminh o que transportava cido n trico a pista sentido Rio da Via Dutra na altura de Pira no Sul Fluminense foi reaberta ao tr fego na manh desta ter a feira 27 A pista teve de ser totalmente interditada para a retirada do material qu mico Durante o per odo em que a pista sentido Rio ficou interditada o tr fego foi feito em m o dupla na pista sentido S o Paulo O fluxo de ve culos ficou intenso durante toda a madrugada mas j foi normalizado Segundo a concession ria Nova Dutra os motoristas enfrentam nesta manh
25. e um leitor que domine um universo de conhecimentos espec ficos e realize uma leitura que atualize a significa o virtual ou potencial que o autor confiou ao texto Trata se portanto de um a leitor a determinado que coopere com ol a autor a e que realize portanto um trabalho cooperativo BATISTA 1991 p 31 Isso implica dizer que na leitura de um texto n o est o arrolados apenas aspectos relacionados ao leitor como os conhecimentos anteriores os objetivos de leitura seus interesses e necessidades e as predisposi es impostas por esses mas tamb m o modo de recep o que o texto imp e Em outros termos sup e se que o a leitor a realize sua leitura n o somente atrav s de um processo de car ter descendente que envolve seus conhecimentos pr vios mas tamb m atrav s de um processo de natureza ascendente isto atrav s de processo fortemente determinado pela organiza o do texto LOPES 1996 BATISTA 1991 BEZERRA 2001 KLEIMAN 1996 2000a 2000b Possenti 1994 chama a nossa aten o para o fato de que se a resposta certa a leitura nica baseada na autoridade e n o no trabalho interpretativo uma praga contra a leitura o seu avesso tamb m o qualquer leitura serve Tirar coisas do texto uma quest o de conseguir explor lo complementa o referido autor Pensando desse modo faz quest o de frisar a cren a de que ao ler n o lemos um texto com sentidos mas lhe atribu
26. ed S o Paulo Scipione 1995 Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem In RIBEIRO Vera Masag o Org Educa o de Jovens e Adultos novos leitores novas leituras Campinas Mercado de Letras 2000 p 15 43 Cole o Leituras no Brasil ORLANDI Eni Puccinelli Discurso e leitura S o Paulo Cortez 1988 Cole o passando a limpo 248 O intelig vel o interpret vel e o compreens vel In ZILBERMAN Regina e SILVA Theodoro da Orgs Leitura perspectivas interdisciplinares 3 ed S o Paulo tica 1995 p 58 77 S rie Fundamentos n 42 linguagem e seu funcionamento as formas do discurso 4 ed Campinas Pontes 1996 Linguagem cr tica An lise de discurso princ pios e procedimentos Campinas S o Paulo Pontes 2000 OSAKABE Haquira Linguagem e educa o In MARTINS Maria Helena Org Quest es de linguagem 3 ed S o Paulo Contexto 1993 p 7 10 Cole o Repensando o ensino Argumenta o e discurso pol tico 2 ed S o Paulo Martins Fontes 1999 Texto e Linguagem OSWALD Maria Luiza A rela o do jovem com a imagem um desafio ao campo de investiga o sobre a leitura In TIMBAU Anderson et al DAUSTER T nia FERREIRA Lucelena Orgs Por que ler perspectivas culturais do ensino da leitura Rio d Janeiro Lamparina 2010 p 193 216 PAIVA Jane V VIO Cl udia Lemos FERNANDES Cida Bibliotecas para programas de Edu
27. es para silenciar uma maioria N s ent o numa perspectiva freireana na tentativa de supera o de ingenuidades inculcadas inculcando se consideramos imprescind vel a apreens o da variante oficial do portugu s por parte dos sujeitos populares Trata se a um s tempo de um direito humano de ter acesso aos bens s mb licos re construidos pela humanidade e da necess ria organiza o atua o pol tica dessa camada social historicamente subalternizada Entretanto isso n o significa a imposi o ou o adestramento dos educandos as e dos as educadores as de EJA norma tida como culta Tampouco o desprest gio por parte das camadas populares de sua pr pria fala A proposta a amplia o do repert rio lingu stico dos sujeitos populares na perspectiva de fortalecimento autonomiza o e amplia o da participa o social deles Isso implica pedagogicamente romper com a vis o de erro como desvio da boa l ngua e aproveitar a rela o de ensino para re aprender avaliar e fazer uso da diversidade quando necess rio e pretendido Assim a consci nca gera responsabilidade E ao usu rio da l ngua ao falante escrevente bom conhecedor das op es oferecidas pelo idioma que caber fazer a escolha dele eleger as op es dele mesmo que elas sejam menos aceit veis por parte de membros de outras camadas sociais diferentes da dele O que n o podemos negar a ele o conhecimento de todas as op es po
28. inclusive no que diz respeito educa o lingu stica feita ao acaso informalmente fora da escola longe de ensino expl cito a exemplo de ver reconhecer novela ou uma not cia na TV ouvir a fala do outro etc Quando aqui lutamos 176 pelo acesso das camadas populares ao conhecimento acumulado intencionamos faz lo sens veis s pistas que brotam na intera o valorizando seus saberes e possibilidades instigando nossos as educandos as a tamb m buscar e ler pistas que possibilitem a descoberta e a cria o que os potencializa De onde falamos n o podemos nem intencionamos transformar achados cient ficos em pensamentos e ou a es que possam vir a desrespeitar os saberes populares N o louvamos nem de longe qualquer tipo de desrespeito ou reducionismo sobretudo no trabalho de leitura inclusive a partir dos g neros textuais a exemplo do ensino tipo o g nero receita culin ria tem duas partes ingredientes e modo de fazer Para saber disso n o seria necess rio ir escola ou talvez esse conhecimento n o tenha import ncia para os as nosso as educandos as jovens adultos as ou idosos as Por analogia seria a mesma coisa que saber o que adjunto adnominal s que agora com outra roupagem Por isso faz se necess rio cuidarmos para n o contrariamente ao que desejamos estancarmos horizontes de possibilidades cr ticas e inter intra multiculturais com vista a um bem viver buen vi
29. m o Celeste prefere escrever em caderno pautado escrita no papel manuscrito etc 31 e As preocupa es apresentadas pelas autoras e autor a partir da an lise dos dados Ao se refletirem sobre pr ticas de leitura e escrita do grupo estudado inquieta es v o surgindo qual a natureza das pr ticas de escrita predominantes nesse curso de Pedagogia Ser que a representa o de algumas alunas deriva apenas de dificuldades com a norma culta p 236 e Na parte conclusiva do trabalho em linhas ltimas as autoras e autor afirmam ter encontrado no depoimento de uma entrevistada a express o descoberta de si que traduziria as emo es de leitoras no que tocam ao car ter tanto encorajador quanto ilus rio da leitura p 244 245 grifos nosso Ent o anotam Nas palavras de Celeste ler uma coisa que gosto muito e que me ajudou muito pra pr pria pessoa que sou D certa autonomia de voc compreender aquilo que quer dizer Ela articula tal autonomia possibilidade de produ o de conhecimento Seu discurso entremeia leitura com escrita a import ncia da leitura com a quest o de lutar com as palavras o que remete escrita p 243 grifo das autoras e autor E acrescentam O encontro com a poesia de Drummond operou mudan as em suas pr ticas de escritas antes escrevia um pouco sim mas parece que deu uma luz Escrevo cada vez mais A universidade me ajudo
30. mos o nosso sentido deve ser combatida Nessa perspectiva adverte A ideia de que qualquer leitura serve gabarita o ignorante num pa s de analfabetos a defender o que diz escorado em afirma es modernosas do tipo mas esta a minha leitura Com isso sente se isento do esfor o de aprender e comparar e completar sua enciclop dia seus crit rios de leitura Se verdade que um texto tem muitas leituras ou pelo menos mais de uma tamb m verdade que numerosos equ vocos se cometem atrav s de associa es livres que se s o l citas para interpretar sonhos quando o int rprete FREUD n o necessariamente o s o para a an lise de textos datados e com autores com endere o conhecido e por leitores de pouco estofo POSSENTI 1994 p 32 O autor em enfoque ressalta ainda que Isso n o significa defender a exist ncia de leitores bons ou maus e condenar a estes Mas defender que a leitura um trabalho para toda a vida POSSENTI 1994 p 32 grifo nosso O que de imediato leva nos a dizer novamente claro concebendo a EJA como express o de educa o popular e processo de aprendizagem ao longo da vida que 147 a partir dessa advert ncia feita por Possenti 1994 sentimo nos obrigadas a esclarecer certamente a ilus o de se pensar numa poss vel completude no que se refere ao saber tolhe qualquer vest gio de se continuar aprendendo Todavia importante frisar que se isso se contrap e nat
31. ncias exitosas e de sua sistematiza o bem verdade que ainda temos tens es a serem transformadas em f r estas que se pretende l cus de educa o popular e processo de aprendizagem ao longo da vida a saber gt A falta de condi es objetivas materiais e pedag gicas adequadas para um trabalho significativo de leitura na EJA gt A inquieta o por parte de educadores as de que a EJA vem sendo utilizada como v lvula de escape de um sistema excludente como minimiza o do estrangulamento da distor o idade s rie e como adiantamento simplista de estudos gt Indicadores que denunciam que atender mulheres pardos ou negros popula es do campo e ou o Nordeste do Brasil continua a ser um enorme desafio da EJA s o aqui tomados como evid ncia de que precisamos implementar pol ticas p blicas da EJA que pactuadas por todos os sujeitos envolvidos consolidando se pela igualdade de modo efetivo e est vel sejam voltadas para democratiza o de bens inclusive os simb licos e para a viabiliza o da melhoria da qualidade de vida de todas as pessoas em especial dos sujeitos populares jovens adultos e idosos que tem suas hist rias marcadas por injusti a Enfim para a felicidade pessoal e coletiva dos sujeitos que a integram e que convivem num ambiente democr tico e ecologicamente sustent vel exercitando pois um bem viver buen viver Numa vis o c clica o universo amplo e diversificado da EJA p
32. nero can o ficando tal letra restrita a um trabalho textual avulso Parece haver nesse ponto arrevezamento te rico A pr tica docente explicita um conhecimento ainda inicial acerca das novas teorias que preconizam o trabalho escolar em uma perspectiva dos usos sociais da l ngua sugerindo n o ter ainda havido apropria o te rica efetiva p 139 d o trabalho com textos caracter sticos de atividades com crian as Tais pr ticas se evidenciam no trabalho com cantigas quadrinhas etc que s o significativas na alfabetiza o de crian as mas que tendem a n o encontrar contraparte no universo adulto p 140 Conforme afirma Paiva In PAIVA V VIO amp FERNANDES 2001 p 68 a boa literatura pode ser apreciada dos 8 aos 80 anos como se diz popularmente e at mesmo muito antes dos 8 e muito depois dos 80 Por m lembra essa autora geralmente quando se pensa em livros de leitura para jovens adultos e idosos as acredita se que n o h o que indicar para esses as educandos as No entanto a literatura infantil e juvenil vasta e farta em obras de qualidade que por isso mesmo n o se restringem a um grupo et rio De acordo com essa autora obras como essas podem ser encontradas nas bibliotecas de nossas escolas p blicas restando pois conhec las avali las selecion las e oferec las aos s nossos as educandos as Inclusive arrisca se a apontar algumas dessas obras que se considera de boa
33. neymarzetes Seguidoras do jogador no Twitter santistas por causa do craque as neymarzetes mais sonoro do que neymaretes v o a est dios levam cartazes gritam e fazem de tudo para ter uma foto do ou com o dolo Fazem coro com as luanetes dessa vez as seguidoras do cantor Luan Santana outro fen meno n o do futebol mas do meio musical sertanejo Essas torcedoras especiais essas jovens enlouquecidamente apaixonadas s o as respons veis por essa outra conota o do sufixo O ete passa a designar tamb m a f de algu m A termina o com e aberto sonora e seu valor sem ntico nas forma es novas e n o dicionarizadas revela expressividade porque vai do pejorativo ao afetivo Formar palavras com ete pois uma tend ncia modismo que faz com que o sufixo ganhe seu minuto de fama Elis de Almeida Cardoso professora de l ngua portuguesa na Universidade de S o Paulo 81 TEXTO 2 Sindicato das empregadas dom sticas processa Rede Globo por causa de novela Fabio Flores 30 de maio de 2012 O Sindicato das Empregadas Dom sticas do Rio de Janeiro entrou na Justi a com a o civil p blica por danos morais contra a Rede Globo em fun o dos versos da m sica Vida de Empreguete Segundo Anast cia Oleari presidente do SED RJ o neologismo empreguete aniquila a import ncia social de nosso trabalho ainda nos exp em a trocadilhos infames que arranham a imagem da mulher
34. no seio da qual se desenvolve PRIGOGINE amp STENGERS 1997 p 11 Aqui parece estar impl cito o car ter pol tico da ci ncia Afinal os valores em jogo da metamorfose da ci ncia n o s o todas de ordem cient fica Em cada momento hist rico os homens e as mulheres buscam uma forma de encontrar uma coer ncia para os seus discursos e para o seu modo de fazer ci ncia Assim n o se pode amputar da ci ncia o seu contexto de produ o Tampouco atrel la perspectiva de neutralidade muito menos de certezas Por fim reafirmamos nenhuma organiza o nenhuma estabilidade como tal garantida ou leg tima nenhuma se imp e por direito todas s o produtos das circunst ncias e est o merc delas PRIGOGINE amp STENGERS 1997 p 226 Na perspectiva de ir al m da arrebenta o ou seja da dimens o cient fica poss vel apostarmos no quanto pode ser fecunda a constru o de uma pr xis interlocutiva da leitura nas experi ncias de EJA enquanto express o de Educa o Popular Isso ressaltamos necessitaria se concretizar num ambiente potencializador do di logo entre as diversas ci ncias PRIGOGINE amp STENGERS 1997 Ali s entre as diversas culturas ou saberes uma vez que estes segundo Sales 1999 envolvem dimens es humanas intelectual afetiva volitiva pr tica que mutuamente se influenciam e se potencializam compreendendo pois a realidade objetiva e subjetiva das pes
35. o da exclus o social O preconceito lingu stico vivo e atuante uma realidade ineg vel no Brasil Explicitar explicar e combater esse preconceio uma das tarefas incontorn veis da educa o lingu stica dir amos da educa o popular BAGNO 2002 p 70 grifos do autor Acreditamos que nossos as educandos as jovens adultos as e idosos as eivando se mais e mais de criticidade problematizando a realidade e no curso daquela a sintaxe de classe na rela o l gua gem saber poder verdade possam agir at se contraporem em Para Freire 1959 a consci ncia transitivo cr tica em posi o contr ria ing nua caracteriza se pela profundidade na interpreta o dos problemas Pela substitui o de explica es m gicas por princ pios causais Por procurar testar os achados e se dispor sempre a revis es Por despir se ao m ximo de preconceitos na an lise dos problemas Na sua apreens o esfor ar se por evitar deforma es Por negar a transfer ncia da responsabilidade Pela recusa a posi es quietistas Pela aceita o da massifica o como fato esfor ando se por m pela humaniza o do homem Por seguran a na argumenta o Pelo gosto do debate Por maior dose de racionalidade Pela apreens o e receptividade a tudo o que novo Por se inclinar sempre a argui o FREIRE 1959 p 30 grifos do autor Segundo Bagno 2002 p 18 a educa o lingu stica tem como princip
36. o o apodrecimento de uma l ngua Cozinheiras bab s engraxates trombadinhas vagabundos criminosos que devem figurar segundo esses derrotistas como verdadeiros mestres de nossa sintaxe e leg timos defensores do nosso vocabul rio ALMEIDA 1939 p 589 H sim quest es hist ricas que deflagram e determinam a assun o a favor ou contra a humaniza o das pessoas Ali s como Bertolt Brecht insiste em nos alertar diante dos acontecimentos de cada dia numa poca em que corre o sangue em que o arbitr rio tem for a de lei em que a humanidade se desumaniza n o digam nunca Isso natural BERTOLT BRECHT Num modelo societ rio capitalista como o nosso s o in meros os exemplos muitas vezes sutis da engrenagem que faz funcionar o c rculo vicioso de viol ncia sobretudo da viol ncia simb lica BOURDIEU 1998 tolhendo a autonomia e a capacidade de re cria o da maioria dos sujeitos populares que teimosamente desejam querem necessitam dias justos e melhores Nesse cen rio tanto a escolariza o do letramento como o preconceito lingu stico t m se revelado como nuances do poder disciplinador e excludente Corroborando uma estrutura estratificada e homogenizante imp em a cultura dominante como par metro do ideal a ser copiado e alcan ado tratando assim de disseminar valores que nos levam a desrespeitar outras pessoas e a n s mesmos viola o dos direitos humanos rebaixamento de aut
37. o FIB considera nove dimens es Bem Estar Psicol gico Cultura Meio Ambiente Vitalidade Comunit ria Boa Educa o Uso de Tempo Boa Governan a Bom Padr o de Vida e Sa de O FIB foi desenvolvido no But o pequeno pa s do Himalaia a partir de um conceito elaborado em 1972 pelo rei Jigme Singya Wangchuck Instituto Vis o Futuro Felicidade Interna Bruta Dispon vel em http felicidadeinternabruta blogspot com br Acesso em 20 02 2013 46 plataforma de encuentro que por un lado se expressa em el plano de las culturas y adem s de ellas en las ontolog as que las sustentan Por esta raz n en la pluralidad del Buen Vivir est n presentes m ltiples ontolog as Consecuentemente no se puede generar una propuesta esencialista que sea id ntica para todas las culturas y todos los sitios En tanto concepto plural podr a decirse que en sentido riguroso nos estamos refiriendo a buenos vivires que adoptan distintas formulaciones en cada circunstancia social y ambiental E continua dizendo Es necesario promover el debate sobre el Buen Vivir en otras circunstancias y con otros actores Por ejemplo cu l ser a el Buen Vivir al que aspiran los vecinos de una favela en Brasil Eduardo Gudynas 2011 p 462 grifos nossos Para n s mesmo sendo o buen vivir um conceito em aberto encarado sob diferentes acep es traz um forte princ pio com a vida em harmonia e equil brio entre homens e mulheres entre a
38. o amplia as desigualdades e a aceita o passiva dos processos decis rios pelos grupos submetidos e de pouca escolaridade PRESTES 2012 p 4 grifo nosso Tert lia Liter ria denomina o dada aos encontros e conversa es de intelectuais espanh is geralmente celebrados em caf s tradicionais Surgida no ano de 1978 na Escola de Educa o de Pessoas Adultas de La Verneda de Sant Mart em Barcelona Espanha a Tert lia Liter ria concebida como uma atividade cultural e educativa desenvolvida atrav s da leitura dos cl ssicos da literatura universal Tal atividade buscada ao longo de sua implanta o como supera o da exclus o social tem uma din mica baseada no di logo porque gerador de aprendizagem PRESTES 2012 citando Flecha Ram n 18 Por outra banda a din mica do atual contexto hist rico tem feito exig ncias sociais ao trabalhador a Isso tem ampliado a discuss o e ou a es ainda que modestas com vistas ao desenvolvimento da leitura junto s pessoas jovens e adultas Nesse ponto n o nos contemos em perguntar e as pessoas idosas Numa sociedade capitalista onde impera o lucro a mais valia as os idosas os n o parecem ser ainda um investimento rent vel Todavia a nosso ver refletir sobre as intencionalidades dessa mobiliza o em torno da leitura acena como uma necessidade se tiver como alvo a forma o humana sociopol tica democr tica com amplia o das possibili
39. o de sentidos Utilizando as palavras de Rocco 1994 dir amos A leitura n o se constitui em ato solit rio nem em atividade monologicada por um indiv duo pois este indiv duo ao ler um texto um livro interage n o propriamente com o texto com o livro mas com os leitores virtuais criados pelo autor e tamb m com esse pr prio autor O texto passa assim a exercer uma media o entre sujeitos tendo pois a incumb ncia de estabelecer rela es plurais entre leitores reais ou virtuais que s o plurais tamb m j que o ato de ler s se d verdadeiramente entre um leitor virtual que constitu do no pr prio ato da escrita dir amos no pr prio ato de sua produ o e um leitor real na medida em que esse leitor imagin rio criado pelo autor dialoga com esse leitor real com esse leitor que l o texto e dele se apropria ROCCO 1994 p 39 grifo nosso Reafirmamos ent o que o texto n o preexiste sua leitura tampouco o processo leitor aceita o passiva Mais do que ativa a leitura interativa justamente nesse processo que texto e leitor a se constituem como tais Como t o bem defende Bella Jozef apud SOARES 1995 p 26 cada leitura nova escrita de um texto O ato da cria o n o estaria assim na escrita mas na leitura o verdadeiro produtor n o seria o autor mas o leitor que re constr i sentidos ao ler E nesse processo a quest o da compreens o n o s do
40. o para o fato de que a Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multim dia TCAM pode ser inserida na elabora o e an lise de materiais did ticos como suporte para o tratamento da multimodalidade dos g neros textuais no contexto de ensino aprendizagem p 173 185 Nesse sentido concordando com Barros 2009 acreditamos que os resultados de pesquisa do grupo de Richard E Mayer da Universidade da Calif rnia podem contribuir para a nossa discuss o sobre leitura na Educa o de Jovens e Adultos j que seus estudos sobre a psicologia cognitiva e educacional t m focalizado a aprendizagem dos multim dia Conforme Mayer 2001 multim dias s o materiais que associam palavras aos materiais pictogr ficos considerando palavras o que designa os textos verbais tanto em impressos como em textos orais e material pictogr fico o que inclui gr ficos ilustra es fotografias mapas Para esse autor o termo multim dia abrange n o somente os textos digitais como tamb m os textos impressos Esse autor ent o esbo a uma estrutura te rica para uma teoria cognitiva da aprendizagem dos multim dia segundo a qual o sistema humano de processamento de informa es possui dois canais um para o material verbal verbal auditivo e outro para o material visual visual pictoral Nessa compreens o ambos os canais t m capacidade limitada A aprendizagem dos multim dia superaria essa limita o pois possibilitaria estabelecer conex es me
41. partes para o todo sem conex o entre as partes j que o texto se configura como um todo dialeticamente tecido a ser analisado e criticado pelo a leitor a O essencial ou seja a an lise cr tica n o pode ser negligenciada em nome da garimpagem de informa o como suscita o fragmento extra do de Gir o 2011 j apresentado e grifado por n s anteriormente na aula seguinte foi dada continuidade oficina Inicialmente foi solicitado aos alunos que falassem sobre as ideias centrais do texto lido na aula anterior a quantidade de v timas e as consequ ncias desse acidente para o indiv duo e meio ambiente e o porqu do congestionamento Desse modo perguntamos ser que uma roda de conversa mediada pelo texto coordenada pelo a educador a n o ampliaria as possibilidades de reflex es mais conscientes e aprofundadas do t pico suscitado pelo pr prio texto a partir da sua quase estrutura ou sistematiza o aberta mas n o escancarada e por conseguinte uma compreens o melhor do conceito de cido t o desejada por Gir o 2011 Para n s uma perspectiva dial gica implicaria um movimento inverso ao que se deu em Gir o 2011 n o a Qu mica que deve buscar o texto para ser compreendida Ao contr rio o texto que como fen meno hist rico social ideol gico vai requerer ou talvez buscar a Qu mica dentre outros saberes claro para ser lido compreendido Enfim co
42. rias experi ncias latino americanas A t tulo de exemplo poder amos citar a Funda o Pedag gica Nuestram rica de Costa Rica Dedicando se forma o de docentes para a Educaci n Intercultural Biling e EBI a referida Funda o toma como base os seguintes enfoques a o ensino das l nguas ind genas maternas b o ensino da cultura ind gena local c Educa o Ambiental a partir da vis o ind gena atual CEAAL 2012 Mirando se opor s propostas educativas globalizantes a EBI faz um comparativo entre Epistemolog a Monocultural Globalizada e Epistemolog a Multicultural EBI conforme apresentado no quadro que segue 1 A Bol via pa s que junto com o Equador apresenta maiores avan os na Am rica Latina em rela o redefini o do Estado sobre bases plurinacionais aprovou sua nova Constitui o em 2009 reconhecendo o Estado como pluricultural e comunit rio Essas conquistas significaram a possibilidade de essas popula es viverem de acordo com sua cosmovis o baseada em princ pios comunit rios na ideia de complementaridade e de rela o equilibrada com a natureza SILVEIRA 2011 FUNDACI N PEDAG GICA NUESTRAM RICA DE COSTA RICA En la Epistemolog a Monocultural Globalizada En la Epistemolog a Multicultural EBD La realidad existe independientemente de las representaciones humanas La realidad existe independientemente del lenguaje La verdad es un asunto de precisi
43. rio entender o papel mediador da imagem nas novas formas de ler e produzir conhecimento e cultura p 202 Nesse sentido a partir dos dados coletados nesse estudo alerta nos que n o da leitura que os jovens reclamam Caroline Juliana Jos e jovens da entrevista coletiva d o pistas mais concretas para interpretar que o que lhes causa mal estar o ritmo lento que a leitura assume na escola p 210 grifo nosso E respaldando se na fala de Santanella amp Machado Oswald 2010 segue dizendo com a multim dia e a hiperm dia nunca se leu e escreveu tanto como hoje principalmente os jovens No entanto esses sistemas sem deixar de incorporar a conquista que a escrita representa criam modos de ler e escrever mais relacionados com o sistema perceptivo das gera es que nasceram e cresceram na civiliza o da imagem OSWALD 2010 p 211 grifo nosso 51 Para Mart n Barbero e Rey 2004 a escola ainda presa a modelos lineares e unidirecionais de leitura n o se d conta da pluralidade de textos relatos e escrituras orais visuais musicais audiovisuais e telem ticos que hoje circulam p 58 Esse autor ent o apontando o vi o a que a escola ainda continua filiada parece refor ar tal hegemonia ao se colocar na defensiva ao mesmo tempo em que ignora se poupa de os m ltiplos dispositivos de armazenamento classifica o difus o e circula o muito mais vers teis dispon veis e i
44. sem negligenciar a forma o democr tica que se desdobra em co rela es transformadoras e planet rias O incentivo s pr ticas produtivas solid rias ganha ent o destaque por serem construtoras de autonomia e condi es coletivas de trabalho coerentes com enfoque intercultural fundamentadas em uma vis o ampla do mundo do trabalho com vistas elimina o de todas as formas de exclus o e discrimina o Declara o de Hamburgo 1997 e aos princ pios ticos de um bem viver buen vivir reconhecidos e assinalados no cap tulo 1 229 b O car ter dial gico da leitura na constru o de saberes e aprofundamento do sentir pensar agir transformador Enxergando o conhecimento como um tecido ou rede constru do social e historicamente isto em suas rela es com outros objetos ou acontecimentos que propicia a constru o de conceitos o desenvolvimento de capacidades e a promo o de aprendizagens significativas evidenciamos a leitura na EJA como atividade ncora entre saberes e interlocutiva de constru o de efeito de sentidos com vistas a um bem viver buen vivir Para n s a leitura como um espa o sociocultural dial gico poder propiciar a interlocu o cr tica de forma a ampliar a compreens o interven o transformadora da na realidade considerando a sua dinamicidade hist rica e entre seus elementos simb licos portanto discursivos prenhes de ideologia e os fen men
45. tanto na concep o que v a linguagem como representa o espelho do mundo e do pensamento quanto na que v a linguagem Detendo se nos progressos dos estudos lingu sticos Suassuna 1995 p 69 aponta o saldo positivo da Escola Estruturalista do qual destacamos a o reconhecimento da exist ncia de variantes lingu sticas b a concep o de l ngua como sistema cujas partes se op em c o car ter formal da an lise lingu stica d a primazia de estudos sincr nicos e a vis o da l ngua como uma institui o social f a descri o da l ngua efetivamente usada por uma comunidade Suassuna 1995 mesmo percebendo limita es na linha gerativa consegue depreender contribui es significativas destacando alguns pressupostos que considera not veis Nas palavras da autora De in cio essa tend ncia revelou preocupa es com os diversos sentidos de um mesmo enunciado o que foi de grande validade para o progresso dos estudos sem nticos Fora isso o ponto de partida para a constru o da teoria foi o aspecto criativo que permeia a linguagem ou seja a capacidade que o falante ouvinte tem de produzir e entender um n mero infinito de enunciados Tamb m considero importante a tentativa de descri o sistem tica das intui es e dos julgamentos do falante a respeito dos enunciados como parte constitutiva da compet ncia lingu stica Por fim foi poss vel tratar diferentemente o erro lingu stico
46. visto a partir de ent o como resultado de introje o de regras do sistema e sua posterior generaliza o SUASSUNA 1995 p 75 68 como instrumento de comunica o encontramos a ideia de discurso esvaziada em sua singularidade hist rica e interativa Em ambas as concep es a enuncia o explicada pelas condi es psicofisiol gicas dos sujeitos falantes um ato individual Contudo na concep o de linguagem como express o do pensamento somente este aspecto levado em conta e na concep o de linguagem como instrumento de comunica o rejeita se essa ideia dizendo se social BAKHTIN VOLOCHINOY 1995 Desse modo a linguagem e consequentemente o discurso perde seu car ter de evento constituindo se sem o envolvimento substantivo de seus interlocutores sujeitos sociais hist ricos interativos quem fala a situa o em que se fala quando onde como de onde posi o social para que se fala para quem se fala A l ngua tratada de forma dicot mica em rela o ao discurso ent o abstrata e fechada com fun o instrumental cujas arbitr rias formas e normas devem ser utilizadas pelo falante para que a sua empreitada como tal tenha sucesso isto expresse seu pensamento ou transmita informa es fruto de um processo monol gico de estar no mundo FREITAS DE SOUZA 2004 Portanto as concep es at agora apresentadas n o d o conta da realidade concreta da l ngua ge
47. BAGNO 2002 p 34 como podemos observar no TEXTO 07 apresentado no cap tulo 02 p 114 115 O aumento da presen a da multimodalidade de linguagem nas nossas vidas pode ser aqui expressa atrav s de uma publicidade que circula va sobretudo na Internet e redes de televis o no m s de outubro de 2012 ao menos Tal exemplo extra do de um v deo 32 segundos dispon vel na internet foi reorganizado por n s como cenas a partir de algumas imagens congeladas e transcri es do udio ambos do original Vejamos a mescla entre elementos lingu sticos verbais oralidade e escrita n o verbais gestos imagens etc e n o lingu sticos na constitui o do discurso em foco Cena 01 Barulho caracter stico de motor do carro em movimento numa rua com transeuntes 179 Cena 02 Filho Falta muito pra chegar m e 66 199 Cena 03 M e S um pouquinho alonga um pouco o som o na palavra pouquinho pronunciada acompanhada de express es faciais Cena 04 Filha E agora m e falta muito 180 181 Cena 05 M e Um pouquinho menos declina cada vez a cabe a medida que pronuncia a express o pouquinho menos pron ncia menos alongada que na cena 03 Cena 06 Filho Falta um pouquinho gestos com m os e bra os ao mesmo tempo em que pronuncia de maneira sucinta a palavra pouquinho 182 Cena 07 Filho Ou um pouquinho f
48. Cavaca Alves do A leitura liter ria de mulheres na EJA Belo Horizonte UFMGy FE 2010 Disserta o Mestrado em Educa o V ZQUEZ Adolfo S nchez Filosofia da pr xis 1 ed Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales CLACSO S o Paulo Express o Popular Brasil 2007 Tradu o de Luiz Maria Encarnaci n Moya VIANA Marigia Concep es de Linguagem e formas de trabalhar o texto discursivo In SEMIN RIO DE LINGUA PORTUGUESA 2 2001 Recife Academia Pernambucana de Letras 2001 Mimeografado V VIO Cl udia Lemos Pr ticas de leitura na EJA do que estamos falando e o que estamos aprendendo Dispon vel em http www reveja com br sites default files REVEJ CO Claudia Vovio pdf Acesso em 20 04 2010 254 Entre Discursos sentidos pr ticas e identidades leitoras de alfabetizadores de jovens e adultos Dispon vel em http www crefal edu mx crefal2012 images stories investigacion premios tesis 2007 claudia lemos vovio pdf Acesso em 19 06 2012 VYGOTSKY L S A forma o social da mente o desenvolvimento dos processos psicol gicos superiores S o Paulo Martins Fontes 1984 S rie Psicologia e Pedagogia Pensamento e Linguagem 3 ed S o Paulo Martins Fontes 1991 WACHOWICZ Lilian A A avalia o da aprendizagem In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 43 47 ZILBERMAN Regina Org Leitura em crise na escola as alternativas do professor 11 ed Port
49. EJA ainda pouco expressiva Os quadros a seguir ilustram um pouco a nossa preocupa o haja vista que apresentam o quantitativo de Teses de Doutorado e Disserta es de Mestrado defendidas no PPGE UFPB no per odo de 2004 a 2009 Observemo los UFPB CE PPGE 2006 2007 2008 2009 TESES DEFENDIDAS 04 16 14 03 UFPB CE PPGE 2004 2005 2006 2007 2008 2009 DISSERTA ES DEFENDIDAS 23 26 49 37 12 09 Das 37 trinta e sete Teses de Doutorado defendidas no per odo de 2006 2009 no PPGE UFPB apenas 01 uma se ocupa da quest o da leitura Leitura e Cibercultura navegando em oceanos pedag gicos ou por uma Educa o Popular nunca de antes navegada Dimas Lucena de Oliveira Ano de Defesa 2006 4 Dispon vel em http www ce ufpb br ppge index php option com content amp task section amp id 9 amp Itemid 57 Acesso em 12 07 2012 33 Das 156 cento e cinquenta e seis Disserta es de Mestrado defendidas no per odo de 2004 2009 no PPGE UFPB apenas 01 uma ao que parece discorre sobre a leitura na EJA a partir de uma experi ncia de alfabetiza o A alfabetiza o de adultos e idosos novos horizontes Carmen Ver nica de Almeida Ribeiro N brega Ano de Defesa 2006 Assim a partir dessa terceira verifica o ratificando a nossa preocupa o inclusive antiga cf Freitas Souza 2004 delineamos pelo menos uma impress o t
50. FONTANA 1994 Nos postulados vigotskianos portanto a linguagem tem duas fun es b sicas o interc mbio social e o pensamento generalizante O interc mbio social considerado a principal fun o da linguagem refere se comunica o entre os homens justificando a cria o e utiliza o dos sistemas de linguagem por estes O pensamento generalizante torna a linguagem como um instrumento do pensamento permitindo a verdadeira comunica o humana que somente poss vel porque o pensamento do homem reflete uma realidade conceitualizada visto que uma palavra sem significado um som vazio que n o mais faz parte da fala humana VYGOTSKY 1991 p 45 Essa perspectiva te rica sobretudo as contrubui es de Vygotsky 1984 1991 sobre a constru o da consci ncia e a constitui o do sujeito ajudam nos a perceber mais e melhor que a l ngua gem longe de ser express o do pensamento ou instrumento de comunica o uma atividade constitutiva dos sujeitos e de si pr pria funcionando somente na intera o entre os humanos e destes com o mundo Integrando concomitantemente os processos mentais como organizadora e planejadora do pensamento a linguagem a o significativa entre locutores ato enunciativo isto tem a um s tempo uma realidade cognitiva e uma realidade discursiva respectivamente Desdobrada em fun es a linguagem possibilita o salto qualitativo para as formas humana
51. Neles concebe se erroneamente a l ngua como sendo transparente apenas transmissora literal de informa es c digo os textos como produtos acabados que cont m em si objetivamente todas as informa es poss veis e a compreens o como sendo a mesma coisa que repeti o memoriza o isto identifica o de informa es objetivas cf MARCUSCHI 1996 Certamente numa forma o com pressupostos limitados como esses dificilmente os sujeitos populares com os quais trabalhamos compreenderiam que o discurso em si mesmo uma pr tica de luta e n o simplesmente uma quest o de seguir conven es como nos alertam Clark et al 1996 p 46 Isso n o significa dizer que esses tipos de atividades muito comuns nos livros did ticos MARCUSCHI 1996 BEZERRA 2001 n o devam ser feitos talvez at sejam necess rios como diz Marcuschi 1996 Mas importante ter claro que n o se trata de exerc cios de compreens o visto que a preocupa o recai apenas sobre os aspectos formais ou reduzem se simplesmente identifica o de informa es objetivas e superficiais ou ainda a opini es baseadas possivelmente no senso comum No entanto a preocupa o em conhecer o dizer alheio na re constru o do dizer pr prio fundamental ao senso cr tico e a viv ncia da leitura como pr xis interlocutiva com vistas a um bem viver buen vivir Assim apesar de reconhecermos que os livros did ticos destinados EJA v m
52. Prigogine Isso porque ser e estabilidade s o conceitos fundamentais na l gica da ci ncia cl ssica enquanto que a escolha a possibilidade o provis rio e a incerteza s o consideradas propriedades comuns ao universo e exist ncia humana Trata se portanto de uma nova racionalidade na qual o incerto e o indeterminado p em em xeque a ideia de um suposto desconhecimento Nessa linha de entendimento o tempo hoje reencontrado tamb m o tempo que n o fala mais de solid o mas sim da alian a do homem acrescentar amos e da mulher com a natureza que ele e ela descreve m PRIGOGINE amp STENGERS 1997 p 15 Mesmo fazendo cr ticas ci ncia Cl ssica Prigogine n o deixa de perceber sua import ncia na evolu o da ci ncia Na metamorfose da ci ncia n o cabe no o de rupturas Na ci ncia cl ssica por exemplo afirma se que toda a natureza uma harmonia Na contemporaneidade a natureza uma harmonia no caos Caos n o sin nimo de desordem um tipo de ordem uma ordem inst vel Na l gica cl ssica as mol culas colidem ao acaso como part culas de poeira No entanto o n o equil brio pode produzir coer ncias estruturais padr es muito complexos As sequ ncias temporais s o muito complexas O caos se organiza a partir de flutua es e bifurca es e assim permite o surgimento de novas organiza es complexas A realidade constitu da grande parte d
53. Resp Sindicato dos Trabalhadores P blicos Federais em Sa de e Previd ncia Social no Estado de Pernambuco Sindsprev PE Rua Marques do Amorim 174 E mail Site Acesso em 1 semestre 2012 Mobiliza o do Sindicato dos Trabalhadores P blicos Federais da Sa de e Previd ncia Social em Pernambuco SINDSPREV PE 171 TEXTO 19 LUTOL Medicamento certo para enfrentar desafios e conquistar vit rias COMPOSI O Mobiliza o Companheirismo Consci ncia pol tica Coragem Disposi o para a luta INFORMA ES AO TRABALHADOR A associa o dos componentes do LUTOL confere ao produto uma a o eficaz no fortalecimento da organiza o sindical e das lutas dos trabalhadores contra medidas decis es resolu es portarias e projetos de lei que causem danos sua sa de E importante informar que este medicamento n o necessita de prescri o m dica INDICA ES LUTOL indicado no combate aos seguintes males arrocho salarial p ssimas condi es de trabalho gratifica es produtivistas retirada de direitos quebra de paridade entre ativos e aposentados MODO DE USAR POSOLOGIA N o existem restri es quanto ao n mero de vezes e quantidade que pode ser utilizada Use vontade No caso de superdosagem LUTOL produz melhores efeitos intensidade da luta Indicado para todas as idades CONTRA INDICA ES LUTOL n o apresenta nenhuma contra indica o Os trabalhadores de
54. Suassuna 2006 consideramos que o reconhecimento do fen meno da varia o lingu stica um importante princ pio na avalia o elabora o de materiais de ensino da l ngua gem por extens o de atividades de leitura Nesse sentido em bases s cio hist ricas al m de asseverarmos que discurso se constitui numa arena de disputa ideol gica debates confrontos e de qu o fundamental parece ser aos s leitores as jovens e adultos as e idosos as construir eles elas mesmos as esse entendimento pensamos ser importante anotar dois aspectos que sobressaem aos nossos olhos Primeiro acreditamos que toda manifesta o lingu stica uma produ o rela o cultural que envolve valores sentimentos e normas significativas para a comunidade de uso n o podendo ser tomada como melhor ou pior que outra s mais ou menos culta culta ou n o N o h rela o de inferioridade ou superioridade entre culturas fruto do trabalho humano A rela o de inferioridade superioridade sempre desrespeitosa discriminat ria excludente desumanizante portanto longe de n s cunharmos Al m disso as normas lingu sticas constru das num momento hist rico s o flex veis e mut veis para garantir sua significa o e funcionalidade pragm tica FREITAS DE SOUZA 2004 SUASSUNA 1995 Portanto n o h como n o concordar com Bagno 2012a p 5 quando esse autor afirma que vivemos numa sociedade profundamente hierarquizada e consequent
55. a do contexto ou atribui um sentido aproximado pois o que lhes foi atribu do o suficiente para a compreens o H tamb m situa es em que determinados itens lexicais s o desconhecidos para o a leitor a no in cio do texto por m continuando a leitura percebe o seu significado e d coer ncia ao texto por isso n o se justificam as paradas durante a leitura para assinalar o vocabul rio desconhecido sem antes ler o texto na sua relativa sufici ncia para construir sentidos Dessa forma a infer ncia lexical um tipo de infer ncia entre outras requer estrat gias que s o desenvolvidas em situa es de leitura com diferentes tipos de exig ncias cf Kleiman 2000b Se verdade que temos que permitir ao educando a perceber a import ncia do vocabul rio amplo e diversificado para a leitura tamb m verdade que temos que despertar no a leitor a a necessidade de saber conviver com significados vagos inexatos parciais e ou s explicados pelo contexto sendo capaz de avaliar o grau de conhecimento exigido para entender o texto que se prop e a ler Afinal a natureza poliss mica e polif nica da l ngua BAKHTIN VOLOCHINOV 1992 1995 descarta qualquer possibilidade de conceb la No que diz respeito aos fatores relacionados com escolha do vocabul rio ou seja fatores lexicais na legibilidade de um texto Fulg ncio e Liberato 1996 por exemplo levantam as seguintes hip teses a um texto com alt
56. a participa o dos profissionais de biblioteca que juntamente com os as 196 educadores as nos diversos espa os educativos fundamental para o sucesso do trabalho de leitura na EJA Por outro lado Possenti 1994 discorda da ideia de que h livros adequados idade e ao sexo Segundo ele n o se pode negar a exist ncia de textos que claramente n o servem para determinada idade Todavia disso n o decorre que h os que servem e que se pode saber antecipadamente quais As listas de textos considerados adequados s o em geral ruins e n o d o certo Em face disso para esse autor o bom livro dir amos texto o que al m de supor algo que ola leitor a n o tem seja uma informa o nova e interessante seja um modo novo de tratar uma informa o nova e interessante seja um modo novo de transformar uma informa o 2 velha principalmente isso isto linguagem mundo novo criado na linguagem POSSENTI 1994 p 30 Pensando dessa maneira Possenti 1994 faz cr ticas aos livros did ticos por consider los em geral respons veis pela perda da curiosidade E sabemos quem n o tem curiosidade n o l POSSENTI 1994 p 30 Esse diagn stico nos alerta sobre a necessidade de se investigarem os materiais de leitura destinados aos s jovens adultos as e idosos as Temos conhecimento por exemplo de livros did ticos pensados para a EJA cujos autores dizem abra ar uma concep o de l ngua c
57. ainda melhorar as leituras da popula o sobre os estudos situados da linguagem Neste sentido a Associa o de Lingu stica Aplicada do Brasil expressa seu rep dio atitude autorit ria e un ssona de v rios ve culos da imprensa em rela o concep o deturpada de erro e convida seus membros a se posicionarem nestes ve culos de forma mais efetiva e veemente sobre quest es relacionadas a ensino de l nguas e pol ticas lingu sticas construindo leituras mais situadas persuasivas e pluril ngues Paula Tatianne Carr ra Szundy Presidente da ALAB bi nio UFRJ 2009 2011 Dispon vel em http www alab org br index php Acesso em 09 09 2012 Bagno 2012c por sua vez numa concep o muito pr xima de Paula Tatianne 542 Carr ra Szundy denuncia a falsa pol mica p 03 e afirma que todas as entidades representativas dos linguistas e educadores brasileiros se manifestaram favor veis cole o e protestaram contra a deturpa o que a m dia promoveu do conte do da obra p 7 Nessa linha de entendimento Bagno 2011 em Nota P blica faz alguns esclarecimentos que auxiliam na nossa compreens o sobre o j referido material pedag gico destinado EJA a saber Bagno 2012c em nota de rodap n 1 escreve A ONG A o Educativa que assessorou a produ o desses livros did ticos preparou um dossi em que apresenta a falsa pol mica e reproduz textos produzidos por
58. al m da comunica o um elevado grau de expressividade um eu que se exp e e se dirige a um outro buscando uma resposta assim sendo a literatura cria a partir da realidade da experi ncia de um eu um objeto verbal visando dialogar com o esp rito e a emo o de um outro BRAND O amp MICHELETTI 1997 p 22 23 194 No entanto junto com Pedralli 2012 dir amos que apesar de o texto liter rio estar presente na Educa o de Jovens e Adultos necess rio revermos suas abordagens e usos nos espa os educativos Isso porque a nossa preocupa o vai em dire o compet ncia leitora fruto da aprendizagem a ser rejconstru da ao longo da vida Vejamos algumas quest es nas palavras da referida autora Eventos de letramento prevalecentes nas proposi es did ticas E Poema m Conta o sem apoio textual compartilhado O C rdeis E Conto popular E Letra de m sica sem apoio auditivo E Cantiga de ninar E Quadrinha Gr fico 2 Eventos de letramento prevalecentes nas proposi es did ticas Fonte Constru o da autora a o trabalho com poema bastante recorrente em sala de aula Mas as abordagens n o parecem ter a esperada rela o com os usos e as fun es da modalidade escrita da l ngua a partir do desenvolvimento de atividades significativas de leitura e escrita na escola e talvez demandem uma preocupa o maior com as essencialidades humanas dom nios da esc
59. apenas de diferen as mas de desigualdades haja vista que a prevalece o perfil hist rico de maior escolaridade para os homens b o ndice de analfabetismo entre pardos as e negros as continua sendo em m dia 16 duas vezes maior que entre os brancos c a varia o entre as Grandes Regi es do Brasil persiste e nesse cen rio o Nordeste aparece como a de pior situa o apresentando ao longo dos anos ainda que de forma decrescente o maior ndice de analfabetismo do pa s d a hist rica disparidade educacional existente entre campo cidade se mant m a taxa de analfabetismo no campo cerca de tr s vezes aquela registrada para a cidade Tais indicadores enfim denunciam que atender mulheres pardos ou negros popula es do campo e ou o Nordeste do Brasil continua a ser um enorme desafio de pol ticas p blicas voltadas para democratiza o de bens inclusive os simb licos e a viabiliza o da melhoria da qualidade de vida de todas as pessoas em especial dos sujeitos populares jovens adultos e idosos realidade essa que permanece representando a interdi o do direito humano de aprender por toda a vida Afinal a nosso ver o que se pretende a efetiva o da EJA como atividade cultural para O desenvolvimento da cultura tendo em vista a constru o da humanidade do ser humano em suas diferentes fei es masculinas femininas adultas infantis juvenis idosas adolescentes rurais e urbanas negras mest
60. como criticar o que n o se compreende p 101 Nessa discuss o concordamos em parte com Kleiman 1996 2000a 2000b e com Fulg ncio amp Liberato 1996 2001 medida que fazemos nossa pr pria leitura de suas propostas e extra mos delas as informa es orienta es que podem nos ajudar a identificar 204 fatores relacionados legibilidade de textos no trabalho com leitores as jovens adultos as e idosos as que nosso objetivo maior mesmo n o sendo este o foco de discuss o das referidas autoras nos trabalhos citados Para n s a excessiva didatiza o dos textos pode acentuar a artificialidade que caracteriza a sala de aula n o permitindo ao educando a o desenvolvimento de estrat gias de leitura requeridas pelos textos encontrados na vida social com complicadores e facilitadores pr prios do momento de sua leitura Por exemplo no caso do uso do vocabul rio n o vemos muito sentido em sua rigidez Na leitura de determinados textos sabemos que alguns l xicos s o chaves para a apreens o do t pico e o seu desconhecimento pode comprometer de fato a compreens o e o estabelecimento da coer ncia do discurso E se isso acontece em grande propor o sem d vida a compreens o dificilmente se realizar No entanto h situa es em que o desconhecimento de itens lexicais n o impede o entendimento do texto pois o a leitor a valendo se de seus conhecimentos pr vios infere o sentido pela for
61. constru o do texto d a necessidade da presen a m nima ou suficiente de contextos situacionais de espa o e de tempo BRAND O amp MICHELETTI 1997 p 20 Para essas autoras o espa o em que o leitor se situa amb guo Entre a dissemina o de sentidos poss veis e as restri es inscritas nos artefatos que organizam o texto o leitor participa de um processo que abarca dois movimentos a o de expans o em que poss vel a prolifera o de sentidos a partir das lacunas constitutivas do texto b o de filtragem que restringe a prolifera o de sentidos desaguando na sele o da interpreta o pertinente Com essa compreens o Brand o e Micheletti 1997 p 20 compartilhando a ideia de Eco 1993 afirmam que todo trabalho de leitura pressup e estar atento dial tica entre forma e abertura entre obra e int rprete Para n s aprendendo com Freire 1999 p 11 a leitura do mundo precede a leitura da palavra da que a posterior leitura desta n o possa prescindir da continuidade da leitura daquele O sentido do texto pois constru do pelo a leitor a em fun o de suas 148 experi ncias individuais e de seus sistemas pr prios de refer ncia Cada leitura portanto nica e indica uma constru o singular Isso nos leva a concordar com Tanus 2000 p 26 para quem toda interpreta o ser sempre v lida ainda que em conformidade com diferentes graus de pertin ncia
62. culos para a compreens o Da que o professor deva conhecer quais as dificuldades reais naturais no momento de aprendizagem em que se encontraa crian a e quais s o as dificuldades artificiais consequ ncia da p ssima reda o dos livros did ticos Mediante esse 203 conhecimento o professor poder ajudar o aluno facilitando o processamento e selecionando textos bem redigidos KLEIMAN 2000b p 46 grifo nosso Essa autora n o nega que o texto leg vel na medida em que ele estrutur vel Mas adverte o texto estrutur vel n o aquele que preenche todas as poss veis rela es pois na intera o autor texto leitor que se reestabelece a coer ncia KLEIMAN 1996 p 175 Para ela as expectativas r gidas criadas pelo texto did tico levam ao desenvolvimento de mecanismos que funcionam em n vel de recupera o de informa es Somando isso a mecanismos que refor am sua estrutura a explicita o no t tulo ou par grafo introdut rio de todas as rela es a serem expandidas no texto por exemplo o que teremos o precondicionamento do a leitor a por esquemas r gidos e invari veis Em outras palavras se o aluno espera que o t pico seja sempre explicitado em uma estrutura alta na hierarquia de informa es e que todas as rela es de depend ncia com o t pico sejam marcadas o aluno n o perceber a exist ncia de elementos cuja rela o com o t pico precisa ser inferida nem perceber a
63. da leitura Em outras palavras atividades que oportunizem a an lise n o s do que o a autor a diz como diz e o porqu dessa forma e n o outra mas o posicionamento do a leitor a jovem adulto a e idoso a diante de tal dizer querer fazer e das rela es que consegue estabelecer podendo ir al m dele S o o lingu stico e o n o lingu stico a materialidade do texto e os conhecimentos pr vios do a leitor a sendo re ativados e articulados na busca da cria o na significa o processo social hist rico ideol gico tendo como foco a interlocu o porque dialogal cf FREITAS DE SOUZA 2004 Provavelmente rupturas na tradicional pr tica de leitura podem n o ser de imediato aceitas ou entendidas pelos educandos as e ou por outros sujeitos direta ou indiretamente envolvidos na organiza o do ensino e da aprendizagem como nos relatam Durante 1998 e Armellini 1991 e tamb m sinaliza a nossa pr pria experi ncia enquanto educadora e pesquisadora da EJA Infelizmente entre a maioria dos sujeitos educativos da EJA educandos as educadores as coordenadores as gestores etc ainda parece ser comum conceberem a escola diga se de passagem um dentre outros espa os e organiza o poss veis de EJA como o nico lugar de aprendizagem que acontece na depend ncia exclusiva das atividades que o professor apresenta Quando esta expectativa n o atendida de in cio o adulto alfabetizando acre
64. da leitura etc a exemplo de Silva 1986 Silva E T 1995 2000 e Zilberman 1991 Timbau Dauster e Ferreira 2010 em pesquisa interessada em desvelar as representa es de leitura e escrita de alunas de Pedagogia no contexto da sociedade da informa o buscaram compreender o processo de descoberta de si que vivenciam a partir de suas pr ticas n o somente de escrita como tamb m de leitura No entanto a nosso ver a discuss o e tratamento dados aos elementos obtidos durante o referido estudo parecem sobremaneira enfatizar a escrita em detrimento da leitura mesmo tais autoras afirmando que num contexto de teclas e teclado ou seja tecnologicamente informatizado a leitura e a escrita interagem cada vez mais Vejamos alguns dos nossos argumentos constru dos a partir do texto TIMBAU DAUSTER FERREIRA 2010 e S o poucas as express es que revelam preocupa o com a representa o de leitura das entrevistadas Na verdade encontramos na maioria das vezes enunciados que rememoram a escrita sinalizando a como m xima do estudo mesmo sendo a leitura uma dimens o tamb m pretendida a ser desvelada pr ticas de escrita m o tipo de escrita l gica dessa escrita de tudo que escreve escrita pessoal escrita acad mica utiliza a escrita por meio da escrita escritos pessoais verificamos que a escrita pessoal feita preferencialmente
65. de letramento Belo Horizonte Aut ntica 2004 ALBUQUERQUE Targ lia S Recriando a avalia o um processo interativo com jovens e adultos In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 180 197 ALMEIDA Maria da Concei o E A ci ncia como bifurca o uma homenagem a Ilya Prigogine Revista FAMECOS Porto Alegre n 23 abril 2004 p 77 84 quadrimestra ALMEIDA Napole o Mendes de Quest es Vern culas S o Paulo Escolas Profissionais Salesianas 1939 ALENCAR Maria Fernanda dos Santos Educa o do campo e forma o de professores rela o necess ria para a transforma o do campo Universidad Del Mar 2012 Tese Doutorado em Educa o ALVAREZ SERNA Jos Luis Interculturalidad um di logo educaci n popular e interculturalidad Experiencias desafios y prospectiva In La piragua Revista Latinoamericana de Educaci n y Pol tica Educaci n Popular y Paradigmas Emancipat rios n 28 2009 p 91 102 ANDR Marli E D A A avalia o da escola e a avalia o na escola In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 40 42 ARMELLINI Neusa Junqueira et al Alfabetiza o de adultos em busca de uma proposta pol tico pedag gica Revista Brasileira de Estudos Pedag gicos Bras lia DF v 72 n 170 p 85 88 jan abr 1991 BAGNO Marcos Preconceito lingu stico o que como se faz 3 ed S o Paulo Loyola 2000 L ngua materna letramento varia o e ensino S o Paulo
66. de ter um inconsciente 1983 53 Certamente esses aristocratas nunca viram oper rios trabalhando e muito menos ouviram suas conversas muitas delas sofisticadamente maliciosas Ora os fatos aqui analisados mostram muito bem o quanto a An lise do Discuso perdeu de tempo pelo menos ao n o considerar os discursos populares Se quisesse encontrar as eternas par frases do mesmo certamente as teria encontrado nas feiras e nos bares sem contar os programas de r dio e TV populares al m de toda uma literatura sempre desconhecida E se quisesse dedicar se ao equ voco e as suas rela es com o inconsciente e a ideologia nada melhor do que considerar os fesceninos jogos de linguagem que em nada ficam devendo aos excelentes chistes coletados e analisados por Freud Sem contar que talvez se devam menos ao inconsciente do que ao seu talento j que nesses espa os a repress o certamente menos intensa POSSENTI 2010 p 153 grifos nossos A partir dessas reflex es postulamos que a sele o de material de leitura para a Educa o de Jovens e Adultos requer fundamentalmente pelo menos tr s tipos de entendimento Um texto independente de sua extens o uma unidade de produ o lingu stica em um ato real de enuncia o de fala ou de escrita e ou de outros signos ou de sua combina o entre eles A menor unidade do texto o pr prio texto na ntegra uma vez que o texto como um tecido tem uma estrutur
67. deixam de orientar a interpreta o de modo muito preciso para uma certa regionalidade FRANCHI 1986 apud GERALDI 1995 p 40 Orientadas os pelo vi s geraldiano no que se refere l ngua gem cremos que admitir a historicidade da l ngua nos obriga a romper a um s tempo dois mitos o da univocidade absoluta e o da indetermina o absoluta da l ngua gem O primeiro carrega a ilus o de transpar ncia j que a l ngua gem seria tomada como c digo um sistema fechado o segundo suscita a necessidade de uma nova significa o a cada contexto de uso visto que as significa es j estabilizadas seriam desconsideradas Na feitura da l ngua gem est o implicados n o s os elementos do contexto de uso mas o pr prio pensar sentir dos sujeitos que operam ressignificando o que j conhecem do que existe como linguagem A proposta ent o um movimento de equil brio entre duas tend ncias opostas que revestem a l ngua de uma semanticidade relativamente indeterminada ou seja entre a diferencia o a cada uso da express o lingu stica e a repeti o pelo retorno das mesmas express es lingu sticas com os mesmos significados atribu dos em situa es anteriores Acreditamos que a significa o ser ventilada pelas pistas que a enuncia o fornece num exerc cio dial gico entre significa es anteriores e poss veis significa es no momento da interlocu o GERALDI 1995 Inferimos ent o que a l ngu
68. discursos com objetivos estabelecidos pelos pr prios sujeitos que falam isto ligada a uma compreens o e posicionamento cr tico frente ao mundo Se isso n o acontece o discurso produzido pelos as jovens adultos as e idosos as oferece na melhor das hip teses a alguns desses sujeitos populares uma chance individual para melhorar a sua vida dentro de uma estrutura de domina o que legitimada pelo pr prio fato de n o ser discutida na pior das hip teses esse discurso gera uma ilus o coletiva de liberdade que ajuda a disfar ar a realidade de domina o CLARK et al 1996 p 50 Mas como organizar atividades para o desenvolvimento desse trabalho Comecemos pelo reconhecimento de que as especificidades dos g neros textuais trazem repercuss es did ticas no processo de forma o leitora exigindo n o procedermos de forma nica e global no trabalho de ensino e aprendizagem da leitura As aprendizagens requeridas para um tipo de texto n o s o necessariamente v lidas para qualquer outro Conforme Reinaldo 2001 estudos aplicados mostram que muitas das dificuldades dos as educandos as s o espec ficas de um determinado g nero A interven o pedag gica portanto dever ser relativizada pelas necessidades reais de aprendizagem dos as nossos as educandos as jovens adultos as e idosos as ante a tarefa de leitura de um determinado texto Isso faz cair por terra o ritual da aula de leitura em que uma lista de pr
69. do pensamento KOCH 2000 p 9 a enuncia o um ato puramente individual monol gico que independe das circunst ncias de produ o e do outro a quem se fala Nessa abordagem enunciar expressar a consci ncia individual de quem diz seus desejos interesses gostos impulsos criadores etc sendo negada qualquer possibilidade de participa o do externo o social nesse processo O psiquismo individual ent o considerado a fonte da l ngua gem tomada como processo criativo estil stico ininterrupto 2 Essa concep o vem dando aporte a estudos lingu sticos voltados gram tica normativa cuja preocupa o nuclear estabelecer as normas gramaticais do falar e do escrever bem Nessa tica a nosso ver distorcida a organiza o l gica do pensamento e consequentemente da l ngua gem requer o cumprimento das regras eleitas abstratamente constru das como necess rias TRAVAGLIA 2000 Mas ora se concebemos a linguagem como tal somos levados a afirma es correntes e equivocadas de que pessoas que n o conseguem se expressar n o pensam Geraldi 2001 p 41 65 de constru o que se materializa no ato individual de fala BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 Ou seja as leis da cria o lingu stica s o essencialmente as leis da psicologia individual e da capacidade de o homem organizar de maneira l gica seu pensamento depender a exterioriza o desse pensamen
70. e aos bens culturais de elite e por isso a l ngua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas ou seja sua l ngua considerada feia pobre carente quando na verdade apenas diferente da l ngua ensinada na escola BAGNO 2000 p 42 grifo nosso Bagno 2000 considera que muitas s o as vias e os mecanismos que alimentam e sustentam em menor ou maior grau o preconceito lingu stico Diz no entanto que esse c rculo vicioso se forma principalmente pela articula o de quatro elementos a gram tica tradicional os m todos tradicionais de ensino os livros did ticos os comandos paragramaticais livros manuais de reda o de empresas jornal sticas programas de r dio e de televis o colunas de jornal e de revista CD ROMS consult rios gramaticais por telefone etc Nessa mesma dire o v o as cr ticas contundentes de Possenti 2009a p 13 aos intelectuais brasileiros pelo preconceito legitima o ignor ncia presuns o e desrespeito varia o lingu stica e poss vel aproveitamento da cultura popular quando lhes conv m acrescentariamos Mas numa vis o foucaulteana sabemos que as armadilhas para conserva o das desigualdades sociais s o asseguradas pelos mais diferentes meios j que o poder n o est localizado em nenhum ponto espec fico da estrutura social Ao contr rio funciona como uma rede de dispositivos ou mecanismos a que n
71. e poder crescer passo a passo Nesse sentido Fulg ncio amp Liberato 1996 2001 fazem quest o de frisar em sua proposta que e a leitura cr tica est gio ideal a ser buscado depende da compreens o do material lingu stico do texto E justamente no est gio em que o a leitor a tenta construir um sentido para o texto a partir das rela es que consegue estabelecer entre os itens formais desse mesmo texto que a proposta de grada o de dificuldade se enquadra e a legibilidade de textos resultado da intera o de v rios fatores Isso implica que a interfer ncia de cada fator de dificuldade n o pode ser medida isoladamente mas em rela o a outros Essa interdepend ncia deve ser sempre levada em considera o ao se avaliar a legibilidade de um texto FULG NCIO amp LIBERATO 1996 p 21 e a maior garantia de legibilidade de um texto a avalia o adequada do conhecimento pr vio do a leitor a e muito mais importante do que a forma de um texto pode ser a utiliza o que dele faz o a professor a FULG NCIO amp LIBERATO 1996 p 103 Em face disso essas autoras levantam algumas hip teses sobre os fatores discursivos relacionados estrutura do texto como um todo sint ticos relacionados s estruturas internas da senten a lexicais relacionados escolha do vocabul rio e cognitivos relacionados ao uso do conhecimento pr vio do a leitor a que podem constituir dif
72. e um modo de atuar que tem como exig ncia e coer ncia a forma o de pessoas mais sabidas e mais fortes para conseguirem melhor retribui o sua contribui o econ mica pol tica e cultural mais sabidas e mais fortes para serem reconhecidas como pessoas e trabalhadoras mais sabidas e mais fortes para serem tranquilas e felizes e para terem uma conviv ncia construtiva e preservadora com o meio ambiente f sico e humano SALES 1999 p 115 Se para n s a l ngua gem n o o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder como afirma Gnerre 1991 p 22 certamente um dos mais eficazes para esse fim Todavia o movimento constitutivo da l ngua gem se d na hist ria pelo trabalho dos sujeitos A l ngua gem n o nasce ao acaso Na realidade os as interlocutores trabalham continuamente a rela o entre a l ngua e os mais diversos sistemas de refer ncia existentes aumentando a potencialidade significativa dos recursos expressivos ao mesmo tempo que se necess rio estes tamb m s o ampliados ou modificados POSSENTI 2001 p 93 o 2 p e Sri ie Tes DAS A contextualiza o da l ngua gem o seu sentido hist rico simb lico ideol gico elemento basilar no movimento dial gico dial tico e ininterrupto de aprender ensinar no contexto da Educa o Popular Essa dinamicidade legitimada pela vis o de que a leitura da E palavra n o apenas precedida pela leitura d
73. enquanto ser pensante no contexto de uma sociedade p s estruturalista Diversas dom sticas acionaram o sindicato reclamando da rotina vazia que a m sica resume a vida das auxiliares de servi os dom sticos A dom stica Karla Teresinha Nogueira 19 anos e moradora de Vig rio Geral se revoltou com o verso quando volto do servi o quero meu sof Karla afirma que a rima ficou pobre e distante da realidade das dom sticas cariocas Segundo ela ficaria mais apropriado quando volto do servi o leio Neruda para relaxar A dom stica Fernanda Falc o tem 23 anos e moradora da comunidade de Engenho de Dentro Trabalha com afazeres dom sticos desde os 12 anos e hoje m e de duas filhas g meas de 10 anos O foco de suas cr ticas est o mais focalizadas Segundo Fernanda o campo fon tico do verbete empreguete abre caminho para rimas pobres como periguete e a designa o vulgar do sexo oral Que prefiro nem citar o nome As dom sticas pedem uma indeniza o de R 35 milh es ou a cria o de uma nova letra para a m sica desta vez composta por um pool de compositores indicados pela diretoria de cultura do sindicato Os compositores relacionados pelo SED RJ s o Lenine Marcelo Jeneci Leandro Lehart Vander Lee Alexandre Pires Michael Sullivan e Paulo Massadas Para Carmem Lucia Filgueiras diretora cultural do sindicato este pool de artistas representa o mosaico das identidades culturais brasileiras e p
74. es de humaniza o SOUZA 2001 p 233 grifo nosso Partindo ent o da singularidade cultural ou dos tra os culturais a Educa o de Jovens e Adultos poderia buscar a viv ncia e a an lise da l ngua em sua diversidade a fim de contribuir na garantia necess ria das condi es de constru o da humanidade do ser humano como indiv duo pessoa e coletividade em toda e qualquer cultura cf SOUZA 2001 O processo dial gico consciente de culturas e nas culturas poder se caracterizar como Palavras proferidas por Paulo Freire na ocasi o do Pr mio UNESCO da Educa o para a Paz em Paris em setembro de 1986 FREIRE Paulo apud FREIRE Ana Maria Ara jo Educa o para a paz segundo Paulo Freire Educa o vol XXIX n 59 maio agosto 2006 p 387 393 Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Dispon vel em http www redalyc org pdf 848 84805907 pdf Consulta em 10 01 2013 130 inven o cultural da unidade na diversidade no nosso caso espec fico a l ngua em sua diversidade Por isso que o fato mesmo da busca da unidade na diferen a a luta por ela como processo significa j o come o da cria o da multiculturalidade FREIRE 1994a p 157 Acreditamos que o recorte da l ngua portuguesa em sua multiplicidade de escritas e leituras existentes bem como os tra os culturais que constituem tais processos de significa o e sentidos possibilitar aos jovens e adul
75. especialistas em defesa da obra refere se obra Por uma vida melhor destinada EJA Ver em www acaoeducativa org grifo nosso O autor faz refer ncia a Associa o Brasileira de Lingu stica Abralin Associa o de Lingu stica Aplicada do Brasil Alab Uni o Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa o Undime Associa o Nacional de P s Gradua o e Pesquisa em Educa o ANPEd Associa o Nacional de Pol tica e Administra o da Educa o ANPAE Associa o Nacional pela Forma o dos Profissionais da Educa o ANFOPE Centro de Estudos Educa o e Sociedade CEDES e Confedera o Nacional dos Trabalhadores em Educa o CNTE al m de a muitos intelectuais que emprestaram sua voz ao protesto contra a distor o dos atos E ressalta que claro que a Academia Brasileira de Letras para surpresa de ningu m se manifestou contra o livro did tico BAGNO 2012c p 7 grifo do autor 110 Esclarecimentos sobre o livro Por uma vida melhor para Educa o de Jovens e Adultos Uma frase retirada de seu contexto na obra Por uma vida melhor cuja responsabilidade pedag gica da A o Educativa vem gerando intensa repercuss o na m dia Diante da enorme quantidade de informa es incorretas ou imprecisas que foram divulgadas a A o Educativa se coloca disposi o dos rg os de imprensa para promover um debate mais qualificado e esclarece 1 Escrever diferen
76. fazendo o imposs vel Dito de outra forma a Passagem inspirada em Luiz In cio Lula da Silva PT em sua fala durante o debate dos candidatos ao cargo de Presidente da Rep blica Federativa do Brasil elei es 2002 exibido pela Rede Globo de Televis o em 04 10 2002 131 TEXTO 08 Dispon vel em http www facebook com images spacer gif Em 14 09 2012 http a3 sphotos ak fbedn net hphotos ak ash3 523080 360922800660318 148218587 n jpg Apostamos ent o no desenvolvimento da compet ncia discursiva ainda que relativizada a cada acontecimento enunciativo porque encorajar a constru o de estrat gias para a interven o criativa entendendo o funcionamento discursivo vivendo a pluralidade de discurso enquanto trabalho intersubjetivo mulheres e homens jovens adultos as e idosos as compreender o o mundo de forma cr tica e atuante ou seja de forma mais competente com xito n o s acad mico como tamb m social SOUZA 2001 FREITAS DE SOUZA 2004 E nesse processo acreditamos que a leitura como pr xis interlocutiva eleva se como necess ria como uma aprendizagem ao longo da vida em busca de um bem viver buen viver Tendo refletido sobre as concep es de l ngua gem e suas implica es no ensino de leitura recusando a concep o de l ngua como c digo concebendo a leitura na Educa o de Jovens e Adultos como um caminhar dial gico atrelado ao contexto imediato e social 132 hist
77. homens e mulheres crian as jovens adultos e idosos re significam a realidade assumem a condi o de sujeitos interlocutores podem sabem e aprendem a denunciar anunciar o no mundo agem enquanto dizem Afinal se linguagem e realidade se prendem dinamicamente FREIRE 1999 p 11 a leitura principalmente para os subalternizados por uma l gica excludente n o pode prescindir de ser atividade constitutiva de sujeitos capazes de inteligir o mundo e nele atuar como cidad os BRAND O MICHELETTI 1997 p 22 De fato como afirma Bakhtin 1995 a palavra refrata de maneira fiel todas as mudan as e altera es sociais num processo ininterrupto Tecidas a partir de uma multid o de fios ideol gicos as palavras servem de trama a todas as rela es sociais em todos os dom nios p 41 E isso a potencializa continuamente como indicadora de todas as transforma es sociais O destino da palavra o da sociedade que fala A palavra impregnada de vis es de mundo tem na ideologia o seu nascedouro e a mais fecunda incubadora que a rejalimenta intencional e dinamicamente Na realidade n o s o palavras o que pronunciamos ou escutamos mas verdades e mentiras coisas boas ou m s importantes ou triviais agrad veis ou desagrad veis etc A palavra est sempre carregada de um conte do ou um sentido ideol gico ou vivencial BAKHTIN VOLOSHINOV 1995 p 95 Nessa dire o parece nos i
78. internaliza o de processos interpsicol gicos Nesses processos os indiv duos tomam posse das formas de funcionamento psicol gico dadas culturalmente tornando as suas utilizando as como instrumentos pessoais de pensamento e a o no mundo Numa din mica interativa e dial tica entre sujeitos e o mundo ao mesmo tempo que os sujeitos transformam o seu meio em busca da satisfa o das necessidades b sicas transformam se a si mesmos Os sistemas de representa o da realidade socialmente fornecidos s o os principais mediadores na rela o do homem com o mundo O uso de signos conduz os seres humanos a uma estrutura espec fica de comportamento que se destaca do desenvolvimento biol gico e cria novas formas de processos psicol gicos enraizados na cultura VYGOTSKY 1984 p 45 Desse modo os processos de funcionamento mental s o fornecidos pela cultura atrav s da media o simb lica Os signos s o instrumentos psicol gicos que funcionam como auxiliares das atividades ps quicas humanas A inven o e o uso de signos auxiliares para solucionar um dado problema psicol gico lembrar comparar coisas relatar escolher etc s o an logos inven o e ao uso de instrumentos s que agora no campo psicol gico O signo age como um instrumento da atividade psicol gica de maneira an loga ao papel de um instrumento no trabalho VYGOTSKY 1984 p 59 60 Na teoria vygotskyana a palavra o signo considerado
79. isso s acentua o papel fundamental do a educador a a para o restabelecimento das condi es objetivas de intera o leitor a autor a via texto Mas n o ser qualquer pr tica que atingir tais objetivos Ao contr rio a a o inadequada do a educador a ou sua ina o muitas vezes agravam a dificuldade e a passividade do a educando a ante o texto ou discurso cf KLEIMAN 1996 p 39 40 Ainda assim encontramos intera es limitadas nas quais o a educador a fala sozinho a faz perguntas e ele a mesmo a fornece a resposta ou explica o significado de trechos lidos pelos as educandos as jovens adultos as e idosos as E mais n o aceita a forma de pensar compreender do a leitor a em forma o sem oportunizar aqueles momentos de reflex o sobre a posi o tomada com a necess ria identifica o de argumentos que justifiquem tal interpreta o na materialidade do texto OLIVEIRA 1994 Interven es pedag gicas manipuladoras ainda que maquiadas e posturas que revelam o a educador a como interlocutor a nico a int rprete do a autor a que imp e uma leitura nica a do a autor a ou a do a pr prio a educador a s cristalizam a concep o limitada do ato de ler como an logo recep o passiva de informa o em que o uso do texto n o passa de pretexto para abordagem de aspectos formais e outras focaliza es Tais atitudes desconstroem a leitura diga se de passagem que deveria
80. l ngua vale o que valem infelizmente acrescentar amos na sociedade os seus falantes isto vale como reflexo do poder e da autoridade que eles t m nas rela es econ micas e sociais Em s ntese essas cenas podem revelar o grau de import ncia que damos a um ou outro aspecto do trabalho com a linguagem na EJA sobretudo na atividade de leitura Ao mesmo tempo descortina a nossa a o educadora como sendo mediada pelas condi es contextuais limites possibilidades e pela hist ria dos sujeitos envolvidos nesse ato ou processo 107 A Sociolingu stica vem contribuindo com a nossa compreens o de que onde h varia o lingu stica bem como em tantas outras express es da diversidade humana h tamb m avalia o social ju zo de valor quer seja positiva quer negativa O erro lingu stico do ponto de vista sociol gico e antropol gico se baseia portanto numa avalia o negativa que nada tem de lingu stica uma avalia o estritamente baseada no valor social atribu do ao falante em seu poder aquisitivo em seu grau de escolariza o em sua renda mensal em sua origem geogr fica nos postos de comando que lhe s o permitidos ou proibidos na cor da pele em seu sexo e outros crit rios e preconceitos estritamente socioecon micos e culturais BAGNO 2002 p 73 74 grifo nosso Portanto ajuda nos a entender que o discurso com suas flutua es est intrinsicamente ligado ao lugar social
81. ligado beleza a assunto feminino cosm ticos foi inserido no mbito das pesquisas cient ficas uma vez que as autoridades sociais respons veis por tais pesquisas ou seja os cientistas ao estudarem o tema atribuem lhe novo enfoque e consequentemente um novo valor social A imagem se comp e de uma fotografia um close de uma mulher qual se sobrep em imagens cient ficas ilustra es cient ficas que expressam por meio de desenhos das c lulas simbolizando uma vis o microsc pica da a o na pele dos novos cosm ticos O vocabul rio visual no interior do gr fico indica as partes do corpo humano c lulas e pele e a a o das c psulas e dos filtros solares como agentes de rejuvenescimento e de prote o da pele O novo nessa mat ria de capa isto a abordagem cient fica do tema fica evidente verbal e visualmente DION SIO 2007 p 194 195 grifo nosso Na esteira de Foucault Geraldi 1995 ressalta a possibilidade de a rede que controla o discurso estar presente nas diferentes respostas que d o aos interlocutores as quest es que a 7 TSE 7 g E q ds ge gt sustentam as forma es imagin rias no jogo discursivo Essa vis o geraldiniana extra da das ideias de P cheux 1969 e Osakabe 1999 quando esses autores apontam elementos que participam das condi es gerais da produ o do discurso 3e A partir do conceito lacaniano de imagin rio P cheux define que as forma es imag
82. m o dos TEXTOS 13 14 e 15 A proposta a constru o de sentido s levantando hip tese sobre um a poss vel leitor a virtual para cada um dos textos selecionados TEXTO 13 Em Loja de artesanatos e bebidas t picas de Pernambuco Praia de Calhetas PE Domingo 16 09 2012 144 TEXTO 14 RELIGI O NAO DEFINE CAR TER Charles Chaplin Diga n o ao preconceito contra ateus N O ACREDITA EM DEUS Associa o Brasileira de Ateus e Agn sticos www atea org br Dispon vel em www atea org br Acesso em 30 01 2013 TEXTO 15 Eye Sa e Ala QO Q20 0 Uo uuiblopoeiisied blo espada Dispon vel em http rodrigodeassisborges blogspot com br Acesso em 12 06 2012 As situa es de leitura s o historicamente vari veis Isso significa que Texto utilizado pela Associa o Brasileira de Ateus e Agn sticos ATEA em campanha de m dia sobre o ate smo tendo se como suportes site e redes sociais na internet outdoor e transportes coletivos em pelo menos duas capitais brasileiras Salvador e Porto Alegre Dispon vel em www atea org br Acesso em 30 01 2013 145 e o a leitor a idealizado a pelo a autor a pode n o se identificar com qualquer leitor a real e distintos as leitores as reais podem construir sentidos distintos a partir de um mesmo texto 2 Todavia para n s ficou uma certeza o ato de ler um trabalho interlocutivo de constru
83. maior pa s da Europa consegue ilustrar bem a disparidade situacional do Brasil no que se refere qualidade de vida educa o e forma o leitora Essa autora 2012 p 4 referindo se s suas experi ncias como pesquisadora descreve o p blico das Tert lias Liter rias vivenciadas em Barcelona Espanha como sendo de pessoas alfabetizadas que assumiam sua palavra sua opini o o olhar do outro at a disc rdia No entanto nas experi ncias educativas com adultos no Nordeste do Brasil o que encontrou foi a pr tica do sil ncio vozes emudecidas basicamente analfabetos legitimando a l gica hierarquizada mantedora das rela es socioecon micas excludentes Nesse sentido faz a seguinte anota o no contexto brasileiro marcado por enormes diferen as sociais e econ micas o uso da voz nos espa os coletivos de p blico heterog neo um s mbolo de status e de diferencia o E ressalta O nordeste brasileiro mesmo sendo o ambiente s cio hist rico da produ o pedag gica de Paulo Freire ainda mant m cerca de dois ter os de sua popula o sem saber ler nem escrever As li es em vida e o acervo pedag gico legado por Freire n o foram ainda capazes de derrubarem um muro erguido secularmente de vozes silenciadas dos grupos de adultos analfabetos E segue dizendo A manuten o do medo do falar diferente no novo modelo de sociedade baseada na comunica o e informa
84. n vel da informa o mas tamb m de como o leitor v o mundo ou seja das ideologias subjacentes s leituras no dizer de Soares 1995 ou do contexto cognitivo isto do horizonte sociopsiquicocultural do indiv duo a partir do qual se d a organiza o das percep es e sua elabora o para o processamento cognitivo das informa es e compreens o textual nas palavras de Marcushi 1985 Entretanto como adverte Batista 1991 o fato de diferentes conhecimentos de mundo gerarem distintas infer ncias de um mesmo texto n o implica dizer que toda infer ncia pode ser considerada pertinente Considerar o ato de ler como um processo criativo por parte do leitor n o quer dizer que ele possa produzir e criar qualquer coisa p 31 As possibilidades de cria o e produ o dos a leitores as acham sempre no texto enquanto resultado de um processo de produ o um poderoso obst culo ou sen o pelo menos o material 5 As cita es feitas pela autora foram extra das de ORLANDI Eni P A Discurso e leitura SP Campinas Cortez Edunicamp 1988 1989 p 9 146 certamente limitado sobre o qual poder o ser exercidas essas possibilidades de produ o e cria o p 31 Isso porque todo texto produzido supondo um leitor preciso que produza sua significa o e n o qualquer leitor nem consequentemente qualquer trabalho de leitura que produza qualquer significa o Ao contr rio ele sup
85. nea ao respeito com a natureza por exemplo explicitada por Ram rez 2010 quando esse autor introduz o conceito de bioigualitarismo ou de biosocialismo republicano ao debate sobre o buen vivir Da a defesa simult nea pelo restabelecimento da harmonia com a natureza a constru o de outra economia e a edifica o da interculturalidade orientada pelo di logo e outras formas de intera o tica na diversidade Afinal il Vivir Bien implica el acceso y disfrute de los bienes materiales en armon a con la naturaleza y las personas Es la dimensi n humana de la realizaci n afectiva y espiritual Las personas no viven aisladas sino en familia y en un entorno social y de la naturaleza No se puede Vivir Bien si se da a la naturaleza ALBO X 2010 p 57 Nesse sentido a ado o dos conceitos de Sumak Kawsay e de Suma Qamaria nas novas Constitui es do Equador aprovada em 2008 e da Bolivia aprovada em 2009 s o ind cios do bem vivir como praxis pol tica na atualidade A Constitui o do Equador de 2008 foi a primeira na Am rica Latina a reconhecer tr s princ pios reivindicados pelo movimento ind gena como condi es b sicas para a refunda o do Estado em termos etnicamente mais justos Ap s uma longa e intensa luta reivindicat ria por parte do movimento ind gena do pa s o Equador foi reconhecido como um Estado Plurinacional em que as nacionalidades e povos ind genas passam a ter direito
86. o a de apenas descrever as situa es mas tamb m interpretar o sentido do que foi dito GUERRA 2006 p 69 procurando desse modo compreender o fen meno educativo a partir da indu o dos significados dos pr prios contextos na sua singularidade e complexidade Estamos pois situando nosso entendimento da an lise do conte do no mbito compreensivo dedutivo visto que conforme afirma Guerra 2006 p 61 h lugar para uma grande capacidade de interpreta o ou infer ncia por parte do investigador ao contr rio das propostas tradicionais de an lise de conte do que se estruturam a partir de l gicas dedutivas decorrentes dos quadros conceptuais isto de car ter hipot tico dedutivo GUERRA 2006 p 61 Para tanto esse processo de an lise se valeu tanto de teorias de propostas educativas e de pr ticas j existentes sistematizadas e com registro como tamb m de dados resultantes de experi ncias desta pesquisadora na condi o de educadora de EJA Almejamos assim estabelecer novas hip teses de trabalho sendo os resultados obtidos novamente refletidos na e para a EJA aqui considerada como processo de aprendizagem ao longo da vida direito humano e um cus poss vel e necess rio de educa o popular A op o da perspectiva interdisciplinar dos fundamentos da leitura a serem abra ados nesta pesquisa deve se ao entendimento de que se trata de um objeto multifacetado e de que o
87. o certo e o errado No primeiro caso a nfase recai sobre a habilidade de tradu o de signos escritos em signos sonoros ou seja a rela o som grafia de um suposto c digo No segundo na garimpagem de informa es de um texto un voco Em ambos os casos o conhecimento do processo da leitura enquanto constru o de sentidos desconsiderado em nome do produto FREITAS DE SOUZA 2004 p 316 Dessa maneira embora saibamos que podemos ter objetivos diferentes de leitura acreditamos que poder amos lan ar m o de algumas categorias de an lise que podem servir de norteadores avalia o da compreens o leitora dos as nossos as educandos as jovens adultos as e idosos as visto que essa a nfase a ser dada numa proposta que acredita na capacidade de transforma o dos sujeitos e v na leitura cr tica uma a o que pode contribuir enormemente na subvers o da ordem estabelecida que diga se de passagem mostra se neste in cio de s culo XXI cada vez mais excludente Considerando a exist ncia de n veis de compreens o que se complementam e se verticalizam entendemos junto com Freitas de Souza 2004 que essas categorias abarcariam grosso modo a capacidade de o a leitor a 159 a perceber o que o texto diz o que onde quando como etc constituindo se numa compreens o literal horizonte m nimo b perceber al m de o que o texto diz o para que diz o que diz identificando
88. o das energias causada pela falta e precariedade nos servi os de sa de saneamento transporte habita o lazer seguran a e escolas IRELAND 1995 p 213 grifo nosso Nosso questionamento ao que parece reveste se de pertin ncia se levamos em conta que o Programa de P s Gradua o em Educa o da Universidade Federal da Para ba PPGE UFPB ressaltamos no pret rito voltado especificamente para a Educa o Popular EP 16 fez se faz se expoente na hist ria de luta em prol da EP contribuindo sobremaneira 5 Dispon vel em http www ce ufpb br ppge index php option com content amp task section amp id 6 amp Itemid 52 Acesso em 12 07 2012 6 A t tulo de esclarecimento anotamos aqui as raz es que segundo o PPGE UFPB motivaram tornar a Educa o Popular uma Linha de Pesquisa ao inv s de rea de Concentra o do Programa A saber Em 2005 ap s a publica o pela CAPES da FICHA DE AVALIA O DO PROGRAMA Per odo de Avalia o 2004 2006 acompanhamento 2005 34 e por que n o acrescentar militantemente para a re fundamenta o te rica e pr xis pol tica e pedag gica da Educa o de Jovens Adultos O Programa de P s Gradua o em Educa o PPGE da UFPB foi organizado no ano de 1977 como um curso de mestrado com o apoio de diferentes institui es inclusive o da UNESCO Em suas origens teve como rea de concentra o o tema da educa o permanente e posteriorme
89. o de Adultos 2009 respectivamente Nesses documentos n o s a escrita mas tamb m a leitura considerada instrumento essencial na satisfa o das necessidades b sicas de aprendizagem Ademais a compet ncia leitora certamente contribuir para a forma o pol tica democr tica dos sujeitos jovens adultos e idosos Isto Ter a consci ncia da necessidade de se ter consci ncia para buscar conhecer os direitos e de exigir o direito de ter direito e entender que essa consci ncia n o se compra n o se vende n o se barganhan em se acha na rua ao contr rio se constr i esse o ponto mais alto da cidadania Os sujeitos s o constru dos no mesmo ambiente em que vivem convivem e produzem SOUZA 2004 p 50 Al m disso as diretrizes culturais b sicas para intervir na vida p blica e na produ o segundo o Documento da CEPAL UNESCO Educa o e conhecimento eixo da transforma o produtiva com equidade incluem n o s a escrita de textos mas tamb m a A 8 2 A leitura cr tica de diversas linguagens inclusive a escrita al m de outras compet ncias O manejo das opera es aritm ticas b sicas a leitura e compreens o de um texto escrito a comunica o escrita a observa o descri o e an lise cr tica do entorno a recep o e interpreta o dos meios de comunica o modernos e a participa o no desenho e a execu o de trabalhos de grupo grifo nosso Isso nos o
90. o formados pela uni o de um sentido significado e de uma imagem ac stica significante intimamente ligados de forma que um reclama o outro SAUSSURE 1970 p 80 Na verdade a teoria saussuriana inspirou todo o Estruturalismo nas Ci ncias Humanas e de certa forma ainda inspira muitos trabalhos em que a l ngua estudada em si mesma como um sistema abstrato Fatores extralingu sticos participantes da pr tica discursiva s o secundarizados em nome do reconhecimento da l ngua como sistema de regras Essa limita o da Lingu stica foi justificada por Saussure 1970 p 14 haja vista que para ele l ngua forma e n o subst ncia O trabalho de Saussure foi criticado por alguns de seus sucessores dentre eles Jakobson 1995 pelo fato de ter priorizado a l ngua por ser social e prescindir da fala considerada individual Segundo Jakobson 1995 entre a l ngua e a fala existe uma interdepend ncia m tua n o dicot mica como acreditava Saussure A l ngua existe para a constru o de inst ncias da fala o funcionamento da fala depende da l ngua Mas apesar das cr ticas poss vel identificarem se no trabalho de Jakobson 1995 as bases te ricas do pensamento saussureano 30 O Transformacionalismo surge no cen rio dos estudos lingu sticos como um avan o em rela o ao Estruturalismo Essa nova corrente lingu stica que tinha como preocupa o o estudo do enunciado e seus elementos consti
91. o geram mas por certo possibilitou o repensar de certas pr ticas e posturas e o porqu da necessidade de sua nega o FREITAS DE SOUZA 2004 Afinal n o gostar amos mais de ter not cias de ou sermos enquadrados nem de longe no perfil de professores denunciado por Kuenzer 2000 p 156 ou seja um profissional que iluminado pela posse do conhecimento que j encontra elaborado e dificilmente analisa e cr tica estuda prepara e se exaure em prele es que o aluno deve ouvir absorver e repetir mais como um ato de f do que como resultado de sua pr pria elabora o Nesse cen rio o conhecimento repassado fruto do trabalho do professor que n o permite que o aluno com a sua orienta o fa a o seu percurso KUENZER 2000 p 156 E obviamente em circunstancias nefastas como essas com o intuito de simular 299 situa es pr ticas o aluno faz exerc cios resumos ou outras atividades sempre repetindo uma l gica e uma trajet ria que n o sua mas a express o da rela o que o professor em seu modo singular de conhecer estabeleceu com o objeto a ser conhecido KUENZER 2000 p 156 O que queremos e desejamos teimosamente na e para a EJA termos not cias e ou sermos testemunhas de depoimentos que se assemelhem ou transcendam o que se segue Epis dio 12 28 11 2003 Os alunos observam v rios jornais a professora pede Cam que leia um deles
92. o qualificadas de atraso pol tico populismo fundamentalismo ind gena etc Para al m das intencionalidades de domina o por tr s destes meios estas incompreens es permitem evidenciar at que ponto ainda a humanidade est insuficientemente capacitada conceitualmente para se entender e relacionar se em sua diversidade No entanto precisamente seu car ter radicalmente diferente e ainda oposto cultura hegem nica por parte da cultura andina em geral e o Bom viver em particular que permite e explica sua possibilidade de contribuir literalmente de outro lugar de outra l gica e paradigma supera o da atual crise do paradigma civilizat rio hegem nico grifos nossos Documento de trabalho para o Ateli Internacional Biociviliza o para a Sustentabilidade da Vida e do Planeta Rio de Janeiro 9 a 12 de agosto de 2011 tendo em vista a Confer ncia Rio 20 Que fundamentos filos ficos ticos e pol ticos 47 Essa nossa compreens o coloca nos tamb m como defensoras do buen vivir pela sua iman ncia ut pica e suas convergencias com a Educa o Popular e a Educa o de Jovens e Adultos Estamos convencidos de que a educa o como direito humano ao longo da vida na escola ou fora dela tanto consequ ncia do exerc cio da cidadania como condi o para uma plena participa o na sociedade Al m do mais um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecol gico susten
93. ocupado pelos sujeitos que o produzem e nele fazem se interlocutores SUASSUNA 2006 Apesar dos avan os nos estudos lingu sticos ainda identificamos express es como norma culta e v cio de linguagem em manuais livros did ticos e outros textos que apregoam ainda que disfar ada e n o confessadamente a abordagem normativa da l ngua em nome de um bom desempenho lingu stico como o caso da m dia brasileira por exemplo Nada incomum inclusive sen o ainda mais preocupante encontrarmos termos como esses ou similares nos depoimentos de educadores as envolvidos as na luta por uma educa o popular quando tentam esbo ar um perfil do educando a jovem adulto a e idoso a Mas ora se admitirmos tais express es estaremos erroneamente restringindo cultura cultura letrada Estamos certos de que a denomina o norma culta n o se sustenta num corpo te rico que n o v a possibilidade da exist ncia de normas incultas muito menos linguagens incultas porque revestidas de v cios No verbete v cio FERREIRA 2001 p 750 encontramos a ideia da exist ncia de defeito grave que torna uma pessoa ou coisa inadequada para certos fins ou fun es ou inclina o para o mal ou ainda conduta ou costume nocivo ou conden vel ant n virtude Apesar da literalidade n o dar conta do entendimento do mundo discursivo ela existe no c
94. ora como e 29 13 2 Ae A bd bo fd cem ora como sem Certamente ser o as nossas experi ncias com tais significa es e ou outras que ajudar o na constru o de poss veis sentidos a 100 no co texto contexto de sua produ o TEXTO 11 Dispon vel em www google com br Acesso em 19 07 2012 Como nos ensina Geraldi 1995 nas nossas produ es discursivas realizamos opera es com recursos da l ngua constru dos por trabalhos anteriores e recursos da situa o Por isso fazemos nossas as palavras desse autor compreender a fala do outro e fazer se compreender pelo outro tem a forma de di logo GERALDI 1995 p 19 Dialogia est sobretudo intimamente ligada multiplicidade de vozes polifonia e sentidos polissemia Isso implica que o enunciado como uma unidade de interlocu o verbal discursiva que pertence a um universo de rela es dial gicas n o poderia nem de longe estabelecer uma mera rela o entre signos lingu sticos Na verdade o enunciado relaciona se sempre com uma realidade reportando se a outros enunciados reais previamente produzidos um elo na cadeia muito complexa de outros enunciados Refere se pelo menos a 141 duas enuncia es realizadas pelo menos por dois sujeitos locutor a ouvinte ou autor a leitor a socialmente organizados sempre no e pelo contexto social Tais compreens es s o leg timas para todo e qualquer tipo de enunciado incl
95. os mecanismos de manuten o da exclus o pois como nos alerta Santos 2008 o capitalismo precisa de outras formas de domina o para adiantar se E o TEXTO 07 ilustra s um pouquinho esse funcionamento cada vez mais instrumentalizado pela tecnologia inform tica O que nos reporta de imediato Enzensberger 2003 p 55 quando esse autor afirma que quem espera obter emancipa o de um aparelho tecnol gico ou de um sistema de aparelhos seja l qual for a sua estrutura recair na mais obscura cren a progressista Aquele que tiver a ilus o de que a liberdade das m dias ocorrer automaticamente se cada um apenas emitir e receber com afinco cai na fal cia de um liberalismo que sob a dissimula o contempor nea vende suas ideias de porta em porta com concep o murcha de uma harmonia preestabelecida dos interesses sociais ENZENSBERGER 2003 p 55 Gomes 2007 defendendo a dignidade humana e a democraticidade alerta nos para o fato de que a comunica o como direito humano ainda precisa ser conquistado Para esse autor n o adiantaria aumentar o n mero de ve culos de comunica o se esses n o perdem seu car ter concentrador O problema seria ent o a verticaliza o na circula o das informa es Por essa raz o anota se a comunica o premente para o desenvolvimento econ mico e social dos povos se desempenha um papel de protagonista nas rela es de poder e se funda como alicerce para a
96. os que tudo podem produtores nicos dos sentidos nem tampouco meros porta vozes da hegemonia discursiva de seu tempo os que nada podem assujeitados completamente por uma estrutura sem brechas envolvidos numa situa o de comunica o situada historicamente isto situada num contexto imediato indissoci vel do contexto sociopol tico econ mico cultural e ideol gico mais amplo sempre Compreender e produzir discurso competente ante os nossos desejos inten es necessidades e exig ncias sociais implica sem d vida apreender o funcionamento discursivo E sabemos numa sociedade de classes a desigualdade de rela es leva formula o de universos discursivos diferenciados antes de mais nada pela segrega o que uma classe imp e atrav s dos mais diversos mecanismos restringindo dessa forma a produ o de sentidos GERALDI 1995 p 56 57 Por outro lado a partir das observa es feitas por Geraldi 1995 na esteira de Bakhtin no que diz respeito s intera es nos contextos sociais mais amplos e suas restri es nas produ es de sentidos podemos depreender que a estabiliza o e a eterniza o seriam uma maneira antinatural de conceber o sujeito que vive em constante movimento de confronto mudan a e articula o com o universo social e discursivo existentes Isso significa dizer que as contradi es resultantes da necess ria articula o entre o universo discursivo dos dominantes e o
97. ou n o determina a consci ncia TEXTO 03 http www facebook com IdeiasNaoMorrem 30 08 2012 Responder amos n o somos rob s n o somos aut matos H sempre possibilidade de resist ncia e reinven o Apesar da exist ncia de mecanismos de controle da produ o social do discurso FOUCAULT 2000 h cria o resultante do trabalho do s sujeito s a partir do dado BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 86 2 1 2 O sujeito do discurso nem livre nem assujeitado Acreditamos com Bakhtin 1995 1997 que toda palavra uma esp cie de ponte entre um sujeito e outro s ligando em suas extremidades o locutor e o s seu s interlocutor es Toda palavra tem duas faces visto que procede de algu m e tem pelo menos um destinat rio constituindo se na intera o do locutor e do ouvinte leitor As palavras no fluxo da comunica o verbal n o s o elaboradas por acaso ou sem nenhuma pretens o muito pelo contr rio Elas respondem re construindo seduzindo conservando modificando conceitos influenciando e determinando comportamentos materializando se numa tomada de posi o diante do mundo pois toda palavra serve de express o a um em rela o ao outro Atrav s da palavra defino me em rela o ao outro isto em ltima an lise em rela o coletividade BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 p 113 grifo do autor Isso nos leva a concordar com Fiorin 1990 p 29 quando ele afirma que h vis es de mun
98. pela ideologia do saber letrado isto s como sujeitos escolarizados deixar o de ser vistos e considerados como menores Nessa mesma dire o Descardeci 2000 investigando o letramento em atividades laborais discute algumas concep es que levam o concurso p blico a se constituir em um evento de letramento e conclui que a concep o de sujeito letrado que a sociedade de uma maneira geral e por consequ ncia as pessoas envolvidas na realiza o do concurso privilegiam apoia se basicamente em tr s mitos a valoriza o do saber escolarizado em 3 Para Bourdieu 1983 1992 1998 todo indiv duo por um processo de inculca o ou interioriza o da exterioriza o traz em si um habitus um sistema de disposi o dur vel Trata se de uma complexa rede de fun es estruturais bem definidas que os indiv duos ao nascerem j encontram e no conv vio social passam a interiorizar O habitus fazendo parte das estruturas mentais dos indiv duos funciona como uma matriz de percep es e de a es em cada situa o concreta Uma esp cie de b ssola que determina as condutas razo veis ou absurdas para qualquer agente inserido numa estrutura Nesse sentido o processo sociocultural de cria o de um tipo de sujeito assujeitado portador da cultura dos grupos e classes econ micas e politicamente dominantes do capitalismo realiza se concretamente na consolida o pelo sujeito de esquemas de pen
99. portanto o estabelecimento do di logo como a o educadora como interlocu o produtora de saberes em que o a educando a jovem adulto a e idoso a dialogue com o texto com o seu sua autor autora e que o a educador a dialogue com o a educando a a respeito de seu entendimento sobre o texto Referir se a di logo obviamente pressup e discord ncia afastamento congru ncias mas nunca um posicionamento fechado a respeito do sentido nico do texto Mais importante do que a resposta certa possibilitar o momento de di logo incentivar a argumenta o sobre por que se fez determinada interpreta o e n o outra do texto lido conhecer as estrat gias utilizadas pelo a leitor a bem como as poss veis raz es e ou emo es que o a levaram a construir uma determinada leitura Nesse processo a clareza sobre o que se pretende avaliar parece ser fundamental para uma pr xis interlocutiva da leitura e quem sabe assim possamos desnaturalizar depoimentos como o que se segue Sob os moldes de um ensino tradicional ainda preso a uma concep o restrita de l ngua como c digo o desempenho leitor dos jovens e adultos tem sido ainda avaliado n o s pelos professores de Portugu s mas pelos das diversas disciplinas ou pela performace dos alunos na oraliza o do escrito ou pelo grau de proximidade ou de dist ncia entre a sua leitura e a interpreta o autorizada pelo professor ou de cr ticos
100. possui Isso inclui todo tipo de conhecimento pr vio lingu stico e n o lingu stico Essas autoras partem do pressuposto de que n o Intercala es e encaixes incluem segundo Kleiman 2000b p 39 estrutura es que interrompem o processamento de uma determinada unidade como ora es com aposto ora es adjetivas isto casos em que o fechamento de uma unidade ou fatia impedido devido a algum material intercalado A continua o pelo processador n o se concretiza devido presen a desse material que interrompe a sequ ncia Para Kleiman 2000b p 39 an foras s o mecanismos para ligar e retomar palavras que se referem a uma mesma coisa no texto 201 poss vel ler um texto valendo se apenas de informa es visuais j que acreditam ser a leitura resultado da intera o entre a informa o visual fornecida pelo texto e a informa o n o visual isto o conhecimento pr vio armazenado na mem ria do a leitor a Desse modo prop em que a complexidade ou dificuldade seja graduada e que os textos n o apresentem num mesmo trecho diversos pontos de dificuldade o que poderia tornar a leitura um desafio rduo por vezes insuper vel Alegam que se as complexidades que um texto apresenta forem dosadas e apresentadas ao leitor a iniciante gradativamente esse sujeito ser capaz de vencer as tarefas de aprendizagem com mais tranquilidade pois capaz de compreender o que l
101. pragm ticos O que facilitou necess rio retomarmos o texto lido em aulas anteriores Diante dos interesses e das necessidades humanas das dificuldades ou capacidades de aprendizagem j constru das ou em via de pelos as jovens adultos as e idosos as que tipo s de texto s ser o oportuno s trabalhar para o avan o da compet ncia leitora desses as educandos as E para sua interven o sociocultural mais consciente criativa e humanizadora 207 3 2 3 A organiza o de situa es produtivas de leitura Acreditamos com Possenti 1994 p 30 que leitores as n o se fazem ao acaso Mas como lembra o pr prio autor preciso dar chance ao acaso Nesse sentido conhecer os poss veis fatores que dificultam ou facilitam a legibilidade de um texto pode contribuir em grande medida para uma pr tica eficaz de leitura na EJA Isso obviamente se os pilares em que a legibilidade ganha sustenta o n o forem abalados Ou seja n o se pode nunca desconsiderar que o que define a legibilidade de um texto s o o conhecimento de mundo lingu stico textual pragm tico do a leitor a antes mesmo de ler tal texto e as condi es de intera o que se estabelecem entre leitor a texto autor a no momento da leitura condi es essas que podem se tornar bem mais produtivas com a interven o acertada do a educador a E sabemos todo a educador a participa da forma o de leitores as direta ou indiretamente cons
102. pressup e a preval ncia do equil brio em tudo e passa necessariamente pela n oexclus o pela n odesigualdade Implica um exerc cio permanente de saber se comunicar na perspectiva do di logo de saber escutar os anci os nossos av s s o bibliotecas ambulantes de saber dan ar comer rezar trabalhar etc como algo comunit rio e festivo e n o como produ o de mais valia Enfim o buen vivir pressup e o equil brio em tudo prevalecendo os aprendizados ancestrais Isso imp e que o ser individualizado da modernidade tem que reconhecer a exist ncia ontol gica de outros seres que t m direito a existir e viver com sua alteridade Trata se de outra tica para reconhecer e apreender valores deixando para tr s a raz o instrumental e manipuladora que tem colonizado vidas saberes afetos economias espiritualidades etc CHOQUEHUANCA 2010 HOUTART 2011 D valos 2008 ressalta a for a enunciativa e de resist ncia do Sumak Kawsay quando o enxerga como um reclamo dos povos kechwas para a efetiva o do buen vivir Para esse autor a cultura que ainda predomina sobre esses povos e outras minorias a da vida alijada aos par metros mais caros da modernidade e do crescimento econ mico isto o individualismo a busca por lucro a rela o custo benef cio como axioma social a utiliza o da natureza a rela o estrat gica entre seres humanos a mercantiliza o total de todas as esferas da vida huma
103. pria e esse posicionamento ante o mundo poder gerar aos olhos do ouvinte leitor novos efeitos de sentidos Sabemos que a luta que se trava entre as classe sociais refratada na e pela palavra e como esta o signo privilegiado na organiza o da consci ncia podem se ter graus diferentes de compreens o da linguagem que mediadora das rela es entre os homens e possibilitadora de seu agir no mundo conserva o ou transforma o do existente A vis o dial tica do discurso e do pr prio homem sua natureza hist rica portanto din mica e contradit ria n o permitiria pensar meramente em sentidos somente previstos e autorizados ainda que por forma es discursivas Isso implicaria erroneamente apagar a possibilidade de autoria do sujeito de seu pr prio discurso posto que o seu dizer agir seria determinado pelo lugar historicamente ocupado pelo sujeito e pela hegemonia discursiva de seu tempo fruto de uma estrutura sem brechas cf GERALDI 1996 longe de n s querermos argument lo Ademais como t o bem declara Possenti 2009b p 64 a posi o que se assume em rela o ao sujeito em grande parte ideol gica porque aceitar que o sujeito n o tem espa o de atua o implica conformar se com o status quo enquanto a posi o contr ria justifica que se formulem teoricamente e implementem praticamente alternativas ao sistema ao inv s de sentir se congelado por ele Contestar a heteroge
104. respeito vida tem um grande significado PRIGOGINE 2006 p 33 Quem sabe assim estaremos potencializadas os a tecermos a t o anelada educa o como pr tica da liberdade para e com sujeitos jovens adultos e idosos incessante e amorosamente defendida nos postulados freireanos Ser livre em Freire conquistar e exercitar a faculdade de dizer a sua palavra de pronunciar o mundo a condi o do ser humano com solicitude sua voca o de protagonista de seu destino Instiga o a posicionar se diante de sua ontol gica voca o de ser sujeito Educa o como Pr tica da liberdade 1989 p 36 o que implica coragem den ncia rebeldia valentia do amor pelo que tem a oferecer m os de trabalho n o de mendic ncia CALADO 2001 p 44 grifos do autor Nesse caminhar concebendo a pesquisa para al m dos seus resultados para o cotidiano da EJA como uma solicitude tica c smica como uma procura permanentemente reiniciada compreendemos que o direito vontade da produ o de verdades ainda uma batalha desigual tensa e conflituosa entretanto simultanemente gr vida de contradi es que podem at ser transformadas em f r estas em novo s pocisionamento s frente ao mundo em nova s conquista s humanizadora s possibilatora s de um bem viver buen vivir inclusive pelos as jovens adultos as e idosos as que enquanto sujeitos hist ricos at podem ser condicionados mas n o determi
105. ricas da leitura e da escrita se d o em contextos informais e para usos pragm ticos KLEIMAN 1995 TFOUNI 1997 MARCUSCHI 2001 b e A alfabetiza o um processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita constru do n o s na escola mas tamb m fora dela MARCUSCHI 2001 b p 21 2 2 2 A prop sito da varia o l ngu stica e de sua desconsidera o estigmatizadora Gomes 1998 em seu trabalho investigativo sobre concep es de l ngua pelos professores e estudantes de Letras denuncia a exist ncia de outro mito t o disciplinador quanto excludente gerado r de preconceitos e estigmatiza o dos falantes na escola ou fora dela o da l ngua certa Segundo essa autora na maioria das vezes as varia es que diferem do portugu s na Gm E padr o n o s o respeitadas nem pelos professores nem pelos estudantes de Letras e muito menos pelos usu rios cultos da l ngua de modo geral Ao contr rio em algumas situa es tais varia es s o motivos para a ridiculariza o e discrimina o dos falantes GOMES 1998 p 102 grifo nosso Especificamente no campo da EJA Aguilera 1997 Cavalcante 2012 e Moura 2010 em trabalhos investigativos abordam a quest o da varia o lingu stica Tais autores convergem na constata o de que o processo de ensino e aprendizagem da l ngua materna vem se pautando na experi ncia do a educador a e ou Gram tica Normativa na l gica do c
106. rico ideol gico mais amplo que se flagra na constru o de sentidos importa nos agora saber prioritariamente que elementos epistemol gicos poderiam ser basilares no trabalho com a leitura como pr xis interlocutiva na EJA com vistas um bem viver buen vivir E ao que nos propomos discutir no pr ximo cap tulo 133 CAP TULO 3 LEITURA NA EDUCA O DE JOVENS E ADULTOS EM BUSCA DE PR XIS INTERLOCUTIVA Meu ponto de vista o seguinte s os seres que historicamente se tornaram capazes de saber se tornaram ao mesmo tempo capazes de intervir na realidade condicionada S os seres que se percebem condicionados podem deixar de ser determinados Porque assim n s transformamos a determina o em condicionamento Paulo Freire 134 3 1 Materialidade discursiva e condi es de leitura na Educa o de Jovens e Adultos 3 1 1 A constru o de efeito de sentidos O trabalho com a l ngua gem na Educa o de Jovens e Adultos em especial a atividade de leitura objeto que nos propusemos a investigar deve trilhar caminhos que a considerem como fruto do trabalho de sujeitos hist ricos e que encorajem oportunizem o uso efetivo e a compreens o do funcionamento discursivo Isso implica o rompimento com pr ticas reducionistas desprovidas de sentido mec nicas e descontextualizadas respaldadas por aportes te ricos que n o s concebem erroneamente a l ngua gem como c digo retirando dela seu car
107. todas elas nuclearizadas pelas investiga es de pr ticas educativas que t m como protagonistas os sujeitos individuais e coletivos das camadas populares conclu mos que a identidade do programa materializada em sua rea de concentra o Educa o Popular Comunica o e Cultura estava comprometida em fun o da nova configura o dos interesses de pesquisa e da produ o dos docentes Tal constata o nos colocou diante do seguinte problema como conciliar a nossa tradi o hist rica no campo da educa o popular com as novas configura es de tem ticas de pesquisa e de produ o intelectual dos docentes face diversidade de novos interesses Tendo este problema como norte para as nossas discuss es conclu mos que n o poder amos mais continuar com a nossa atual rea de concentra o que passou a ser denominada EDUCA O e que a nossa tradi o no campo da educa o popular poderia ser fortalecida se concentr ssemos essa produ o em uma das linhas de pesquisa EDUCA O POPULAR que passaria de forma org nica e sistem tica a agregar toda a produ o antes dilu da em tr s linhas de pesquisa a saber Fundamentos e Processos da Educa o Popular Educa o e Movimentos Sociais e Educa o de Jovens e Adultos Assim sem engessar os interesses renovados de pesquisa numa rea de concentra o mantemos nossa tradi o em pesquisa no campo da educa o popular e redefinimos e redistribu mos os novos interes
108. transforma es s cio hist ricas realiz veis pessoal e coletivamente procura de um bem viver buen vivir Nesse sentido na arena de disputa de hegemonia no dar cabo de um contexto hist rico cada vez mais sutil e estrategicamente etnoc ntrico homogeneizante e excludente parece nos premente anotarmos aqui as seguintes reflex es de Freire 1994 b bem como a de Huanacuni 2010 sobre a viabilidade de uma pr xis humana por um bem viver buen vivir O gosto da liberdade o amor vida que me faz temer perd la o amor vida que me situa num permanente movimento de busca de incessante procura do ser mais como possibilidade jamais como sina ou fado constituem ou vieram constituindo social e historicamente a natureza humana Uma das coisas se n o a que mais me agrada por ser gente saber que a hist ria que me faz e de cuja leitura participo um tempo de possibilidade e n o de determinismo por isso que respons vel em face da possibilidade de ser e do risco de n o ser minha luta ganha sentido Na medida em que o futuro problem tico e n o inexor vel a pr xis humana a o e reflex o implica decis o ruptura escolha FREIRE 1994 b p 213 grifo nosso Para solucionar los problemas globales se necesitan soluciones globales estructurales Es necesario un amplio cambio en la visi n de la vida La humanidad busca una respuesta y todos los pueblos ind genas originarios plantean para
109. uma rede flex vel e sempre flutuante A flexibilidade de um ecossistema resulta dos seus m ltiplos la os de realimenta o que tendem a levar o sistema de volta ao equil brio sempre que houver um desvio com rela o norma devido a condi es ambientais mut veis Nesse processo quanto mais vari veis 45 forem mantidas flutuando mais din mico ser o sistema maior ser a flexibilidade e maior ser sua capacidade para se adaptar a condi es mut veis A falta de flexibilidade se manifesta como tens o A tens o tempor ria um aspecto essencial da vida mas a tens o prolongada nociva e destrutiva para o sistema Assim todas as flutua es ecol gicas ocorrem entre linhas de toler ncia p 234 e A diversidade um ecossistema diversificado tamb m ser flex vel pois cont m muitas esp cies com fun es ecol gicas sobrepostas que podem parcialmente substituir umas s outras Nos ecossistemas a complexidade da rede uma consequ ncia da biodiversidade Assim uma comunidade ecol gica diversificada uma comunidade el stica Nesse sentido nas comunidades humanas por exemplo a diversidade tnica e cultural pode desempenhar o mesmo papel j que muitas rela es e abordagens diferentes do mesmo problema ampliam as chances de adapta o s situa es mut veis p 235 Guiados pelo o que diz Eduardo podemos depreender que o buen vivir um movimiento que vem adqui
110. viver buen vivir podemos aqui elencar a O car ter humanizador da EJA Ao mesmo tempo integrante e poss vel opositora de uma realidade capitalista neoliberal globalizada e informatizada marcada por uma conjuntura desumanizante a Educa o de Jovens e Adultos por n s concebida como express o de educa o popular ao longo da vida podendo se dar em diferentes espa os sociais ligadas ou n o escolariza o Constitu da constituindo se de voca o hist rica de refutar inexorabilidades e vicissitudes a EJA pode contribuir para o processo de humaniza o das pessoas para o ser mais na perspectiva de um bem viver buen vivir Ao lado disso como vimos deparamo nos n o raro com concep es restritas de EJA atreladas ideia de compensa o acelera o e prepara o simplista para o mundo do trabalho ou mesmo de mera adapta o da educa o voltada crian a 228 Nesse sentido de se evidenciar que nesses novos tempos em que o provis rio anda a passos largos n o queremos correr o risco de a EJA ser ou estar sendo cobi ada utilizada como instrumento para uma educa o proped utica de mera prepara o para o trabalho em satisfa o s necessidades demandantes do mercado Assim defendemos que caracterizar se como a chave para o 3 mil nio n o seria encontrar sentido na l gica economicista condicionando destinos e subalternizando homens e mulheres trabalhad
111. 0 2001 a 2002 a tipo textual s o designa es te ricas Trata se de um construto te rico de agrupamento pela natureza lingu stica e abarca em geral de cinco a dez categorias a exemplo da narra o argumenta o injun o exposi o descri o Portanto os crit rios que distinguem os tipos textuais s o lingu sticos e estruturais G nero textual por sua vez s o designa es de uso s o formas textuais concretamente realizadas e encontradas como textos emp ricos Sua defini o de natureza sociocomunicativa e n o de natureza lingu stica Expressando se em designa es diversas a exemplo do romance serm o aula bilhete reportagem jornal stica not cia jornal stica publicidade instru o de uso bula de rem dio hor scopo receita culin ria telefonema telemensagem carta pessoal carta comercial endere o postal endere o eletr nico etc g nero textual constitui uma lista aberta sens vel s mudan as tecnol gicas sempre hist rico social portanto mut vel As distin es entre um g nero e outro n o s o predominantemente lingu sticas mas funcionais e pragm ticas Pelo seu aspecto central sociocomunicativo mais acertado seria falarmos de g neros comunicativos no lugar de g neros textuais como prop e o pr prio Marcuschi 2000 p 7 Isso traz tona a necessidade de distin o entre a quest o da heterogeneidade tipol gica do g nero e a intertext
112. 009 Dispon vel em http base socioeco org docs cambiarlaeconomiapar acambiarlavida pdf Acesso em 04 02 2013 MARCUSCHI Luiz Ant nio Leitura como processo inferencial num universo cultural cognitivo Leitura Teoria amp Pr tica Ano 4 jun 1985 Leitura e compreens o de texto falado e escrito como ato individual de uma pr tica social In ZILBERMAN Regina SILVA Theodoro da Orgs Leitura perspectivas interdisciplinares 3 ed S o Paulo tica 1995 p 38 57 S rie Fundamentos n 42 Exerc cios de compreens o ou copia o nos manuais de ensino de l ngua Em Aberto Bras lia DF ano 16 n 69 jan mar 1996 G neros textuais o que s o e como se classificam Recife UFPE 2000 Mimeografado G neros discursivos e ensino de l ngua In SEMIN RIO DE L NGUA PORTUGUESA 2 2001 Recife Academia Pernambucana de Letras 2001 a mimeografado Da fala para a escrita atividades de retextualiza o 2 ed S o Paulo Cortez 2001 b G neros textuais defini o e funcionalidade In DIONISIO Angela MACHADO Anna Rachel BEZERRA Maria Auxiliadora Orgs G neros textuais e ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002 a p 19 36 246 oralidade no contexto dos usos lingu sticos caracterizando a fala In DIONISIO Angela MACHADO Anna Rachel BEZERRA Maria Auxiliadora Orgs G neros textuais e ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002 b p 57 84 Produ o textual an lise de
113. 2000 preocupado com a rela o leitura alteridade tamb m traz contribui es s discuss es aqui travadas Na perspectiva de desenvolver e aprimorar o potencial de leitura do mundo e da palavra dentre outros signos dir amos que nossos as educandos as trazem para a sala de aula esse autor afirma que o estatuto da criticidade da leitura pode ser conseguido atrav s da organiza o de din micas pedag gicas que deveriam permitir aos s leitores as trabalhar com tr s movimentos da consci ncia e o constatar o a leitor a verifica o sentido primeiro do texto ou seja compreende o desvela o significado pretendido pelo a autor a 209 e o cotejar refletir o a leitor a conclui que h sentidos no texto e posiciona se diante deles ou seja reage questiona problematiza aprecia com criticidade os significados pretendidos pelo a autor a e eo transformar o a leitor a gera mais sentidos para o texto ou seja experencia outras alternativas atrav s da a o sobre o conte do do conhecimento neste caso o texto proposto para a leitura Essas diretrizes de a o apresentadas por Silva 1994 2000 parecem nos coerentes com uma proposta que concebe a leitura na EJA como um processo de interlocu o de pr xis portanto de supera o e prenhe de mudan a e nunca de est ril constata o discursiva Acreditamos que a atitude cr tica em rela o linguagem est inseparavelmente ligada a uma constru o de
114. 31 e decodifica es de mensagens apesar de que numa vis o sociointeracionista de codificar uma l ngua uma tarefa ilus ria e n o poss vel cf FREITAS DE SOUZA 2004 Dessa maneira sob marcos reducionistas em vez de ensinar estudar um universo enorme e rico que a l ngua portuguesa a escola se dedica quase exclusivamente a ensinar um pedacinho nfimo e miser vel desse universo ou seja ensinar uma nomeclatura tradicional ao mero ensinar gram tica BAGNO 2002 p 50 Necess rio se faz portanto refletirmos sobre o que Bagno 2002 nos diz tentar preservar impor e cobrar um padr o de compotamento lingu stico nico aristocr tico e obsoleto um projeto que se contrap e de maneira gritante a toda essa din mica da sociedade da cultura e da l ngua Uma sociedade e uma cultura multifacetadas e plurais s podem abrigar uma l ngua multifacetada e plural Nossa luta tem de ser pelo reconhecimento admiss o e valoriza o da diversidade da variedade e da pluralidade em todas as esferas da vida social o que nos obriga a uma cr tica do atual processo de renova o do imperialismo e de sua nsia de hegemonia que se esconde sob o r tulo novidadeiro de globaliza o BAGNO 2002 p 39 grifo do autor Dessa maneira inspirando nos em Bagno 2002 p 47 e Geraldi 2010b p 118 perguntamos e Se a fun o da escola n o ensinar a todo custo um padr o lingu stico idea
115. 94 p 80 que num texto h palavras e por mais que se queira fugir da objetalidade do texto n o h como negar que no texto enunciado que se marcam os processos de enuncia es e nele portanto que o leitor encontra chaves orienta es para ressituar o texto na hist ria de sua produ o Evidenciamos portanto que o texto revela as escolhas do autor Com efeito n o h como fugir do fato de que o l xico n o neutro e seu agenciamento para o interior de um texto responde a estrat gias da enuncia o conseguindo n o raro pelo uso de certos termos dar ao texto uma certa configura o e um certo tipo de ancoragem institucional GERALDI 1994 p 80 Da a pertin ncia de afirmarmos com Koch 1987 p 23 que a argumenta o constitui atividade estruturante de todo e qualquer discurso Acreditamos portanto que na feitura de um texto seu autor tendo em vista o alcance dos objetivos a que se prop e faz uso de marcadores formais deixando pistas suficientes no seu texto a fim de possibilitar ao leitor a reconstru o do caminho que ele percorreu onde n o se tem necessariamente a explicita o mas o impl cito podendo ser inferido ou convocado pelo texto ou convocado por outras fontes de conhecimento KLEIMAN 2000 a Podemos ent o afirmar que atrav s do enunciado que o enunciador oferece ao outro as coordenadas com as quais este buscar estabelecer uma rela o entre o objeto f s
116. 996 Cole o Leituras do Brasil Da sala de aula constru o externa da aula In ZACCUR Edwiges Org A magia da linguagem Rio de Janeiro DP amp A SEPE 2000 p 123 140 Org O texto na sala de aula 3 ed S o Paulo tica 2001 Ancoragens estudos baktinianos S o Carlos Pedro amp Jo o Editores 2010 a A aula como acontecimento S o Carlos Pedro amp Jo o Editores 2010 b GERALDI Jo o Wanderley BENITES Maria FICHTNER Bernd Transgress es convergentes Vigotski Bakhtin Bateson Campinas SP Mercado de Letras 2006 GIR O Luciene Nobre A Pr tica de Leitura no Ensino de Qu mica uma Proposta Pedag gica de Ensino Contextualizado UFCE CC 2011 Disserta o Mestrado GNERRE Maurizzio Linguagem escrita e poder S o Paulo Martins Fontes 1991 GOMES Raimunda Aline Lucena A comunica o como direito humano um conceito em constru o Recife Universidade Federal de Pernambuco CAC Comunica o 2007 Disserta o Mestrado GOMES Val ria Severina Concep es de l ngua e implica es para o ensino an lise da palavra de professores de Portugu s e de alunos de Letras Recife UFPE CAC PPLL 1998 Disserta o Mestrado em Lingu stica GUERRA Isabel Carvalho Pesquisa qualitativa e an lise de conte do sentidos e formas de uso S o Jo o do Estoril Portugal Princ pia Editota 2006 GRAMSCI Ant nio Concep o Dial tica da Hist ria Rio de Janeiro Civ
117. Acredita se que um texto que contenha rela es de contrastes marcadas ou que apresente interrup es de regularidade estrutural seja um texto mais leg vel porque facilita a depreens o do tema KLEIMAN 1996 p 112 e H evid ncias de que categorias abstratas que s o materializadas no texto s o percebidas mais facilmente pelo a leitor a KLEIMAN 20004 p 61 o caso 39 66 39 66 393 66 de textos com marcadores expl citos mas tamb m entretanto atualmente por exemplo e Par grafos que n o come am com o tema ou o t pico central s o mais dif ceis de ser compreendidos por leitores as menos eficientes j que baseando se num tipo de regra de anteced ncia a preced ncia do t pico n o conseguem reformular uma hip tese inicial adequada KLEIMAN 20004 200 e Textos cujos t tulos n o correspondem ao tema dificultam ou distorcem a compreens o quando se trata de leitor a menos proficiente KLEIMAN 1996 2000a Norteado inclusive pela regra de anteced ncia preced ncia do t pico esse a leitor a considerar como tem ticas ou subtem ticas apenas aquelas informa es relativas a sua primeira hip tese com base no t tulo e tender a ignorar aquilo que para ele ou ela mero detalhe KLEIMAN 20004 p 59 e a capacidade de perceber o todo com base nas partes de construir rela es globais a partir de pistas locais exige grande capacida
118. D 2008 faremos uso da express o Educa o de Jovens e Adultos quando nos referimos modalidade Porquanto a refer ncia aos sujeitos desse processo feita utilizando se da express o jovens adultos as e idosos as por exemplo Vale ressaltar que n o compartilhamos da concep o da escrita como c digo Na nossa vis o a l ngua n o pode ser concebida simplesmente como um sistema de sinais aut nomo transparente n o hist rico fora da realidade social dos falantes Ao contr rio vari vel heterog nea e sempre situada no contexto de uso A escrita enquanto modalidade da l ngua uma forma de intera o que estruturada simultaneamente em v rios planos seja no fonol gico sint tico sem ntico ou cognitivo tem seu sentido constru do no acontecimento de sua produ o isto no processo de enuncia o Assim n o sendo estrutura implica a conjuga o de fatores n o apenas lingu sticos mas tamb m n o lingu sticos MARCUSCHI 1996 17 letramento em graus elevados uma das condi es basilares ao exerc cio da cidadania Nesse sentido afirma que Sendo leitura e escrita bens relevantes de valor pr tico e simb lico o n o acesso a graus elevados de letramento particularmente danoso para a conquista de uma cidadania plena CURY 2000 p 6 grifo nosso Prestes 2012 por sua vez analisando uma experi ncia de leitura realizada em Barcelona na Espanha ou seja no segundo
119. Desarrollo Espacio de Intercambio para ir m s all del desarrollo Biblioteca de documentos CLAES www outrodesarrollo com DAVIS Cl udia ESP SITO Yara L Papel e fun o do erro na avalia o escolar In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 34 39 DECLARA O de Hamburgo sobre Educa o de Adultos V Confer ncia Internacional sobre Educa o de Adultos VCONFINTEA Julho 1997 DEHEINZELIN Monique A fome com a vontade de comer Petr polis Rio de Janeiro Vozes 1994 DESCARDECI Maria Alice A S O incentivo Municipal alfabetiza o um evento de letramento na comunidade In KLEIMAN Angela B et al Alfabetiza o e forma o do professor alfabetiza o de jovens e adultos Porto Alegre Artes M dicas Sul 2000 p 54 71 DION SIO A P G neros multimodais e multiletramento In KARWOSKI A M GAYDECZKA B BRITO K S org G neros textuais Reflex es e Ensino Palmas e Uni o da Vit ria Kaygangue 2005 Multimodalidade discursiva na atividade oral e escrita In MARCUSCHI Luiz Antonio DION SIO Angela Paiva Orgs Fala e escrita 1 ed 1 reimp Belo Horizonte Aut ntica 2007 p 177 204 DOCUMENTO de trabalho para o Ateli Internacional Biociviliza o para a Sustentabilidade da Vida e do Planeta Rio de Janeiro 9 a 12 de agosto de 2011 tendo em vista a Confer ncia Rio 20 Que fundamentos filos ficos ticos e pol ticos proposto pelo F rum por uma Nova Governan a M
120. EIRA 2012 p 6 Albuquerque 2004 por sua vez observa em seus resultados de pesquisa na EJA que mesmo trazendo para a sala de aula textos de circula o social not cias letras de m sica textos liter rios etc muitos professores da EJA continuam praticando um ensino do sistema de escrita baseado no tradicional m todo sil bico de alfabetiza o Muitas vezes cria se uma evidente contradi o leem se e escrevem se textos interessantes mas o ensino da escrita alfab tica n o muda Os professores desejam que o aluno seja sujeito de sua aprendizagem que ele aprenda refletindo e construindo sua compreens o mas prop e no dia a dia tarefas essencialmente mec nicas como a c pia e jun o de s labas ALBUQUERQUE 2004 p 67 68 Na mesma dire o parece estar Costa 2010 p 02 quando retrata uma realidade de EJA por ela investigada ainda que n o tenha para n s ficado claro o que tal autora considera como contextualiza o adequada na emerg ncia de seu nosso querer dizer fazer ante as condi es hist ricas dadas Aproveitando o panorama pol tico eleitoral que o Brasil estava vivenciando a professora levou o texto Meu voto muito apropriado e interessante para o momento no entanto constatou se que apesar da contextualiza o adequada 7 n o houve uma maior discuss o que o assunto poderia gerar pois o texto foi escrito na lousa lido pela docente sem levar os alunos a um
121. EJA pois n o suficiente declararmos que auxiliar na forma o de leitores um objetivo desejado temos que mostrar atrav s das atividades que promovemos que vale a pena aprender e praticar a leitura KLEIMAN amp MORAES 1999 p 23 Afinal 2 a leitura uma atividade ncora interdisciplinar indispens vel para a concretiza o da educa o e da aprendizagem como direitos humanos a serem garantidos ao longo da vida na escola ou fora dela como processo formal ou n o para uma sociedade educativa de sujeitos felizes porque igualit ria CONFINTEA VI A compet ncia leitora n o uma simples compet ncia CEREJA 2009 p 67 Utilizando nos das palavras de Cereja 2009 67 dir amos que a leitura uma arquicompet ncia j que perpassa o conjunto das opera es cognitivas em todas as reas Como tal n o cabe exclusivamente aos professores de l ngua portuguesa a tarefa de ensinar leitura Em cada disciplina ou rea todos os professores com os seus objetos de ensino espec ficos devem ensinar a ler textos dir amos contribuir para a leitura cr tica de textos tabelas gr ficos mapas estat sticas pinturas etc e assim desenvolver habilidades de leitura em sua rea Contudo ao professor de l ngua portuguesa como especialista em linguagem melhor seria l ngua materna cabe liderar o processo subsidiando e orientando os colegas quanto ao modo mais eficaz de desenvolver a compet ncia l
122. GON ALVES 2002 p 23 grifo nosso A concep o ocidental moderna de natureza inserida em um sistema de pensamento mais amplo traz em si uma racionalidade que se pretende superior a todas as outras e funda institucional simb lica e subjetivamente o mundo em sua atualidade Clivada pela oposi o homem natureza e pela ideia de Estado de ra a e de propriedade privada essa racionalidade se imp s hegemonicamente sobre todas as outras desqualificando as como atrasadas e principalmente desestruturando suas territorialidades concretas e simb licas SILVEIRA 2011 p 11 Mas valendo se de contradi es inerentes aos processos de opress o novos atores sociais surgem na cena pol tica apontando entre outras coisas para formas distintas de rela o com a natureza O conceito hegem nico de natureza passa a ser questionado e como ele perpassa o sentir o pensar e o agir de nossa sociedade colocando se em xeque tamb m o modo de ser de produzir e de viver nessa sociedade Porto Gon alves 2002 p 28 Nesse cen rio o movimento ind gena latino americano consagrou se como importante for a pol tica em escala nacional e regional atrav s de reivindica es por autonomia de seus territ rios ancestrais por autodetermina o SILVEIRA 2011 p 2 3 e por ado o de uma nova racionalidade tica e mais emocionada o buen vivir Desse modo entendemos que o buen vivir partindo de uma vis o
123. IA Afonso C MELO NETO Jos F Orgs Educa o popular outros caminhos Jo o Pessoa Universit ria UFPB 1999 p 31 74 Educa o Popular sistema de teorias intercomunicantes In ROSAS Agostinho da Silva amp MELO NETO Jos Francisco de Orgs Educa o Popular enunciados te ricos v 2 Jo o Pessoa Editora Universit ria da UFPB 2008 p 15 33 Di logo em Educa o O di logo como atitude pr pria humana express o da capacidade de perguntar e responder ao outro como igual componente fundante da educa o s d mimeografado MERC S Leidinalva Amorim Santana das Hist rias de Leitura de Mulheres Negras da EJA UNEB 2003 247 MIEL Alice Criatividade no ensino Coordena o de Alice Miel tradu o de Aydano Arruda S o Paulo IBRASA 1972 MIRANDA Theresinha Guimar es A linguagem e o pensamento na elabora o conceitual AGERE Revista de Educa o e Cultura Salvador v 1 p 147 166 1999 MOITA Filomena Maria G da S Cordeiro Oficina escola educa o alternativa para jovens e adultos Leitura de Realidade Cadernos de Metodologia do Ensino Superior Jo o Pessoa UFPB CCSA PPGA v 1 n 1 p 71 82 mar jun 1997 MORATO Edwiges Maria COUDRY Maria Irma Hadler Processos enunciativos discursivos e patologia da linguagem algumas quest es lingu stico cognitivas Cadernos Cede Pensamento e Linguagem Estudos na perspectiva da psicologia sovi tica S o Paulo Pap
124. IVAMENTE captar as representa es mentais juntamente com as inten es psicol gicas do produtor Decretar se ia pois a morte em vida do a leitor a atores atrizes sociais os as quais se re fazem no texto que os as constitui e por eles constitu do O foco de aten o logo o a autor a Por outro lado a concep o de linguagem como instrumento de comunica o est atrelada Teoria da Comunica o Essa teoria v a l ngua como sistema abstrato ou c digo estruturado conjunto de signos que se combinam segundo regras possibilitador de comunica o Nessa abordagem a comunica o se d grosso modo a partir do seguinte esquema um emissor competente transmite certa mensagem informa o codificada atrav s de um canal ondas sonoras e luminosas por exemplo a um receptor tamb m competente que recebe os sinais codificados recuperando a mensagem original tida como un voca realizando 66 assim a decodifica o A l ngua com efeito vista como um sistema est vel e imut vel de formas lingu sticas Disso decorre que para a comunica o se efetivar a l ngua enquanto c digo deveria ser dominada e utilizada de forma semelhante pelos falantes em escala social e a residiria o papel da Lingu stica seus estudos deveriam se limitar ao funcionamento interno da l ngua Numa vis o monol gica e imanente a l ngua deve ser estudada em seus aspectos formais separada d
125. ND O Helena H Negamine Introdu o an lise do discurso 7 ed Campinas UNICAMP 19 Cole o Pesquisas Analisando o discurso s d Dispon vel em www estac odaluz org br Acesso em 04 02 2013 BRAND O Helena H Negamine MICHELETTI Guaraciaba Teoria e pr tica da leitura In CHIAPPINI L gia Coord Aprender e ensinar com textos did ticos e paradid ticos S o Paulo Cortez 1997 p 17 30 BRASIL Secretaria de Educa o Fundamental Par metros curriculares nacionais l ngua portuguesa Bras lia MEC SEF 1997 Par metros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental L ngua Portuguesa Bras lia MEC SEF 1998 BRUM Eliane Doutor advogado e Doutor m dico at quando Dispon vel em http revistaepoca globo com Sociedade eliane brum noticia 2012 09 doutor advogado e dou t or medico ate quando html Acesso em 10 09 2012 BUARQUE Lair L Din mica da sala de aula o ensino tradicional x ensino moderno In PERNAMBUCO SECE Portugu s Recife 1993a p 7 14 Alfabetiza o uma quest o em discuss o In PERNAMBUCO SECE Portugu s Recife 1993b p 35 42 CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetiza o e lingu stica 7 ed S o Paulo Scipione 1994 CALADO Alder J lio Ferreira Paulo Freire sua vis o de mundo de homem e de sociedade In LIMA Maria Neyde dos Santos Rosas Argentina organizadoras Paulo Freire quando as ideias e os afetos se cruzam
126. O GON ALVES Carlos Walter Os des caminhos do meio ambiente S o Paulo Contexto 2002 249 POSSENTI S rio Pragas da leitura In SILVA C lia Maria de Arnaldo et al Leitura escola e sociedade 2 ed S o Paulo FDE Diretoria de Projetos Especiais 1994 p 27 33 S rie Ideias n 13 Por que n o ensinar gram tica na escola Campinas Mercado de Letras 1996 Cole o Leituras no Brasil Discurso estilo e subjetividade 2 ed S o Paulo Martins Fontes 2001 Texto e Linguagem L ngua na m dia S o Paulo Par bola Editorial 2009a Linguagem 35 Os limites do discurso ensaios sobre discurso e sujeito S o Paulo Par bola Editorial 2009b L ngua gem 31 Duplo sentido em dois g neros populares eles s pensam naquilo In MILANEZ Nilton GASPAR N dea Regina orgs A des ordem do discurso S o Paulo Contexto 2010 p 145 153 PRESTES Em lia Maria da Trindade Em torno da Mesa como iguais e diferentes aprendem juntos atrav s do di logo 2012 Dispon vel em http www anped org br reunioes 27 gt 18 41 84 pdf Acesso em 22 05 2012 Atualizando as Ideias de Paulo Freire e de Jo o Francisco de Souza atrav s das Tert lias Liter rias 2010 Dispon vel em www paulofreire org pub Texto coloquio Paulo Freire 2008 doc Acesso em 05 07 2010 PRIGOGINE Ilya El Nacimiento del Tiempo Tusquets Editores Buenos Aires 2006 PRIGOGINE Ilya STENGERS Is
127. Revista Nova Escola ler em todas as disciplinas edi o especial S o Paulo Editora Abril nov 2009 p 67 CHARTIER Roger A leitura e seus suportes Entrevista com Roger Chartier concedida a F bio C sar Montanheiro tradutor In MILANEZ Nilton GASPAR N dea Regina orgs A des ordem do discurso S o Paulo Contexto 2010 p 31 35 CHAU Marilena Convite filosofia 6 ed S o Paulo tica 1995 CHOQUEHUANCA David C 2010 Hacia la reconstrucci n del Vivir Bien Am rica Latina en Movimiento ALAI No 452 6 13 CHIZZOTTI Antonio Pesquisa qualitativa em ci ncias humanas e sociais Petr polis Vozes 2006 CLARK R et al Conscientiza o cr tica da linguagem Trabalho de Lingu stica Aplicado Campinas n 28 p 37 57 jul dez 1996 COSTA Marcinha Alves et al Pr ticas de leitura na 1 Etapa da Educa o de Jovens e Adultos 2010 Dispon vel em http www alb com br anais16 sem0 Il pdf smOl ss 04 01 pdf Acesso em 27 04 2010 CUNHA Cybelle Regina Carvalho da Cibercultura e inclus o digital perspectivas e Concep es Recife UFPE CE 2010 Disserta o Mestrado em Educa o Matem tica e Tecnol gica CURY Carlos Roberto Jamil Parecer CEB n 11 2000 Diretrizes curriculares para Educa o de Jovens e Adultos Bras lia DF MEC 2000 239 D VALOS Pablo Reflexiones sobre el Sumak Kawsay el Buen Vivir y las teorias del desarrollo Martes 09 de septiembre de 2008 Outro
128. S o Paulo tica 1990 FLEURI Reinaldo M Nota para que In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 20 26 FONSECA Aytel Marcelo Teixeira da amp CUNHA Ant nio S rgio Cavalcante da Uma Experi ncia de promo o da leitura escrita na Educa o de Jovens e Adultos EJA Departamentos de Letras Soletras Ano VIII N 15 S o Gon alo UERJ jan jun 2008 p 212 FONTANA Roseli A Ca o A elabora o conceitual a din mica das interlocu es na sala de aula In SMOLKA Ana Luiza B G ES Maria Cec lia Rafael de Orgs A linguagem e o outro no espa o escolar Vygotsky e a constru o do conhecimento 3 ed Campinas Papirus 1994 p 121 151 Cole o Magist rio forma o e trabalho pedag gico FOUCAULT Michel Vigiar e punir nascimento da pris o Petr polis Vozes 1987 Microf sica do poder Rio de Janeiro Ed Graal 1993 A ordem do discurso 6 ed S o Paulo Loyola 2000 Leituras Filos ficas FRANCHI Carlos Linguagem Atividade Constitutiva In Almanaque 5 Cadernos de Literatura e Ensaio Editora Brasiliense 1977 p 9 27 FREIRE Ana Maria Ara jo Educa o para a paz segundo Paulo Freire Educa o vol XXIX n 59 maio agosto 2006 p 387 393 Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Dispon vel em http www redalyc org pdf 848 84805907 pdf Consulta em 10 01 2013 FREIRE Paulo Regulus Neves Educa o e atualidade brasileira Tese de
129. SCA DA PR XIS INTERLOCUTIVA 133 3 1 Materialidade discursiva e condi es de leitura na Educa o de Jovens e Adultos 134 3 1 1 A constru o de efeitos de sentidos cueca beijada e 134 3 1 2 A recria o das condi es objetivas de interlocu o esmas 153 3 2 O trato com o texto na Educa o de Jovens e Adultos implica es pedag gicas 162 3 2 1 A leitura de textos diversos caminhos e linguagens essas 162 3 2 2 A escolha do texto decis o hist rica arise np ae pal aa a 186 3 2 3 A organiza o de situa es produtivas de leitura esses 207 CONSIDERA ES FINAIS eee 226 REFERENCIAS ag rato rf a A A sa 235 12 INTRODU O S o os homens que desenvolvem a sua produ o material e o seu interc mbio material que ao mudarem esta sua realidade mudam tamb m o seu pensamento e os produtos do seu pensamento As circunst ncias fazem os homens tanto como os homens fazem as circunst ncias MARX e ENGELS 1981 p 30 13 A Educa o de Jovens e Adultos EJA vem sendo concretizada num contexto hist rico e social marcado por profundos processos de moderniza o por uma revolu o tecnol gica sobremodo assentada na inform tica a qual viabiliza a transmiss o da informa o e do conhecimento velocidade da luz para todos os recantos do mundo o que alguns estudiosos denominam de a era das m quinas inteligentes Nessa realidade
130. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA BA CENTRO DE EDUCA O PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O ALMERI FREITAS DE SOUZA LEITURA NA EDUCA O DE JOVENS E ADULTOS F R ESTAS PR XIS INTERLOCUTIVA PARA UM BEM VIVER Orientador Prof Dr Timothy Denis Ireland Coorientadora Prof Dr Ros ngela Ten rio de Carvalho Jo o Pessoa mar o de 2013 ALMERI FREITAS DE SOUZA LEITURA NA EDUCA O DE JOVENS E ADULTOS F R ESTAS PR XIS INTERLOCUTIVA PARA UM BEM VIVER Tese apresentada ao Programa de P s Gradua o em Educa o da Universidade Federal da Para ba em cumprimento s exig ncias acad micas para a obten o do grau de Doutora em Educa o Linha de Pesquisa Educa o Popular sob a orienta o do Prof Dr Timothy Denis Ireland e coorienta o da Prof Dr Ros ngela Ten rio de Carvalho Jo o Pessoa PB Mar o de 2013 S729 Souza Almeri Freitas de Leitura na educa o de jovens e adultos f r estas pr xis interlocutiva para um bem viver Almeri Freitas de Souza Jo o Pessoa 2018 254f il Orientador Timothy Denis Ireland Coorientadora Ros ngela Ten rio de Carvalho ALMERI FREITAS DE SOUZA LEITURA NA EDUCA O DE JOVENS E ADULTOS F RJESTAS PR XIS INTERLOCUTIVA PARA UM BEM VIVER Tese defendida em 15 de mar o de 2013 BANCA EXAMINADORA Prof Dr Timothy Denis Ireland UFPB Orientador Prof Dr Ros ngela Ten rio de Carvalho UFPE
131. a o acima esbo ada revela tamb m e especificamente o quanto as pr ticas de leitura na EJA est o imbricadas em teias discursivas e n o raro subjugam se a uma racionalidade monol gica e marcada pela cultura da exclus o em que at se admite a presen a de outro s e seus discursos sen o desestabilizadores do que se tem como a verdade inabal vel acabada n o discut vel Isso nos reporta de imediato a dois autores que trazem contribui es significativas ao nosso trabalho a Rosas 2008 adverte na esteira de Paulo Freire que a criatividade pedag gica pode servir tanto para a supera o de experi ncias antidemocr ticas como para sua legitima o ainda que no limite de nossas possibilidades estejamos bem intencionadas em rela o ao s nossos as educandos as sujeitos populares que trazem consigo profundas marcas de exclus o b Geraldi 2010b p 112 afirma que numa sociedade onde a leitura n o uma pr tica social ler na sala de aula para contruir possibilidades construir sentidos torna se perigosa subvers o 167 Ao que parece a EJA ainda carece de constituir se como espa o de contrapalavra do a leitor a Essa debilidade talvez passe pelo crivo do medo do habitus BOURDIEU 1983 pela transitividade ing nua FREIRE 1983 j que ela a contrapalavra pode trazer para a sala de aula a presen a do acaso da inexatid o do fugaz e do poss
132. a o da Educa o de Jovens e Adultos EJA enquanto express o de Educa o Popular EP uma necessidade suscitada pelos contextos p s modernos e movimento de luta j alavancados por muitos atores e atrizes sociais Aqui intencionamos transitar em torno da quest o do trabalho com a linguagem na EJA enfocando sobretudo a atividade de leitura As verifica es obtidas na revis o de literatura foram determinantes formula o do problema de pesquisa e metodologia a ser desenvolvida a qual esperamos nunca se imponha ou contraponha se aos fundamentos te ricos abra ados nesta tese em especial os princ pios da Educa o Popular A primeira verifica o possibilitada pela revis o de literatura sobre o fen meno leitura na Educa o de Jovens e Adultos EJA aponta para a exist ncia de uma correla o simplista entre EJA leitura escrita e alfabetiza o Foi evidenciado que h restri es conceptuais no que se refere leitura escrita alfabetiza o l ngua e pr pria EJA Desde j anotamos que esta constata o converge reitera e reJatualiza a posi o de Freitas Souza 2004 p 28 Infelizmente ante o universo amplo e diversificado da EJA ainda s o poucas as pesquisas que se ocupam com a quest o da leitura e da escrita E quando isso ocorre n o raro os processos de ler e escrever apresentam se atrelados alfabetiza o isto a uma concep o restrita de alfabetiza o sin nimo
133. a raz o indolente que por dois vieses aparentemente contradit rios se prostra inerme diante das necessidades reais por um lado e displicente por se ver incondicionalmente livre por outro somente admitimos o desenvolvimento da compet ncia discursiva na EJA se consubstanciada por compet ncias humanas portanto fundados em saberes emancipat rios SANTOS 2008 2011 Para n s a busca de conhecimentos de valores atitudes e habilidades numa palavra de compet ncias que possam ser identificadas como humanas a raz o de ser de todos e quaisquer processos educativos Conte dos b sicos de aprendizagem conte dos substantivos dos processos educativos SOUZA 2001 p 170 grifo nosso x N o esque amos jamais do racismo ao sexismo e guerra todas as formas de domina o devem ser combatidas Temos o direito a ser iguais sempre que a diferen a nos inferioriza temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza SANTOS 2008 p 316 Em virtude disso preciso termos cuidado na gest o contempor nea e capitalista da desigualdade e da exclus o pois se trata como nos alerta Santos 2008 de um processo pol tico multidimensional que tem como dispositivo ideol gico de gest o o universalismo que paradoxalmente pode assumir duas formas na apar ncia contradit rias o universalismo antidiferencialista que opera pela nega o das diferen as e o universalismo diferencialist
134. a articulado silenciosamente no texto primeiro O novo n o est no que dito mas no acontecimento de sua volta FOUCAULT 2000 p 25 26 J a Autoria se preocupa em controlar como um acaso a coer ncia interna entre o discurso do presente e o do passado o jogo de uma identidade que tem a forma da individualidade e do eu FOUCAULT 2000 daquele a que fala A Disciplina por sua vez fixa os limites do discurso a partir de regras estabelecidas valendo se de um conjunto de procedimentos de m todos de assuntos e proposi es que se encontram nos sistemas de verdade constru dos a partir de uma l gica discursiva na qual sempre poss vel dizer o verdadeiro no espa o de uma exterioridade selvagem mas n o nos encontramos no verdadeiro sen o obedecendo s regras de uma pol cia discursiva que devemos reativar em cada um de nossos discursos FOUCAULT 2000 p 35 Trata se pois da disciplina requerida para a constru o de novos enunciados Conforme Foucault 2000 tamb m existem mecanismos que controlam os pr prios sujeitos Trata se de procedimentos que controlam a entrada dos sujeitos na ordem do discurso ningu m entrar na ordem do discurso se n o satisfizer a certas exig ncias ou se n o for de in cio qualificado para faz lo FOUCAULT 2000 p 37 isto se n o possuir compet ncias esperadas e autorizadas para tanto Na vis o foucaulteana o ritual a forma mais superficial
135. a condi o formal de n o alfabetizado a Entretanto num cen rio em que as estrat gias de persuas o cada vez mais sutis e desumanizantes se fazem de acordo com o que delas espera o modelo capitalista neoliberal 177 globalizado em que a multimodalidade discursiva se multiplica atrav s de diferentes textos e suportes em que de acordo com a sofistica o e a especializa o dos g neros de cada rea de conhecimento diferentes especifica es de multimodalidade textual poder o ser apresentadas certamente diferentes compet ncias leitoras poder o ser exigidas Desse modo acreditamos numa proposta de leitura como pr xis interlocutiva que visa potencializa o dos sujeitos populares na mira de um bem viver buen vivir em contraposi o a uma realidade perversa N o podemos pois deixar de agarrar criticamente a possibilidade de amplia o de saberes saberes outros talvez por partes dos as nossos as educandos as a partir das mais diversas experi ncias discursivas contando inclusive com aqueles cuja materialidade vai al m da palavra em que a constru o de sentidos resulta da combina o de recursos visuais e verbais cf DION SIO 2007 Afinal mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das a es humanas em qualquer contexto discursivo os g neros n o s o instrumentos estanques e enrijecedores da a o criativa Caracterizam se como eventos textuais altamente male v
136. a caminhada para que este a leitor a educando a perceba onde os encadeamentos feitos poder o estar sendo respons veis pelo sentido final inadequadamente produzido GERALDI 1996 p 125 126 E por considerar a leitura um processo dial gico seguimos dizendo com Geraldi 1996 que ao ler um texto o a leitor a n o pode despojar se de seus saberes para preencher o espa o vazio assim conseguido com os saberes do a autor a Isto seria negar se ante o texto Mas tamb m n o pode escudar se em seus saberes como verdades absolutas e imut veis Isto seria negar o texto Mesmo quando n o concordamos com os pontos de vista defendidos pelo texto que lemos para podermos critic los precisamos estar abertos para compreend los e por isso mesmo n o aceit los GERALDI 1996 p 126 Salientamos ainda com Geraldi 1996 que cabe ao professor a um papel ativo nesse processo perguntando fazendo refletir fazendo argumentar escutando as leituras de seus alunos para com elas e com eles reaprender o seu eterno processo de ler GERALDI 1996 p 126 grifo nosso Dessa forma enquanto educadoras es da Educa o de Jovens e Adultos sujeitos educativos que sempre estamos sendo poder amos refletir sobre a quest o que se segue mesmo mantendo um alto grau de cumplicidade dial tica na aspirada constru o de sentidos preciso perceber a distin o entre reconstruir o poss vel querer dizer i
137. a din mica de intera o entre educandos as variedade oficial variedade n o oficial Observemos Cena 1 Uma professora ao trabalhar com os alunos palavras com as s laba ca que qui co cu solicitou turma que desenhasse animais cujo nome iniciasse com o padr o sil bico ca um deles trouxe o desenho de um rato Furiosa a professora horrorizou se com a resposta dada pelo aluno E perguntou lhe como era poss vel que ele trouxesse um rato Trabalhara tanto aquela fam lia Quando todos tinham desenhado cavalos cachorros cobras por que ele estava dando uma resposta t o absurda Como se explica essa resposta Que encaminhamentos poderiam deveriam ser dados Segundo o depoimento da pr pria professora o aluno respondeu lhe morrendo de vergonha e de medo Mas fessora uma catita A professora se declarou envergonhada com o que fez mas apenas deu o assunto por encerrado porque embora tivesse constatado a diferen a achava que era coisa de matuto Extra do de MOURA 2010 p 187 188 grifo nosso Cena 2 Num trecho de uma interlocu o em sala de aula de jovens e adultos numa atividade definida como estudo de texto em que P l se professora 1 T1 P A segunda Ana Paula vai responder 18 S o Pedro tomou a decis o de n o permitir a entrada do homem no c u Por qu Ana Paula T2 AP 1 porque teve pena dele e deixou o hesita deixa de ler e deixou e d
138. a gem n o um sistema fechado do qual seja poss vel algu m se apropriar bastando seguir normas fixadas em que se antev a significa o tampouco um vazio sem hist ria em que os sentidos de suas express es s o apagados a cada utiliza o no discurso isto n o tem sentido algum j que a cada discurso a express o adquire sentidos diferentes A evid ncia de que a palavra como elemento s gnico poliss mica e de que sua significa o determinada pela situa o de uso n o quer dizer que a historicidade significativa de uma palavra seja desprezada Ora sabemos que o di logo s poss vel quando nele se estabelece uma significa o entre pessoas Com efeito preciso haver conhecimento pr vio dos recursos lingu sticos dispon veis at certo grau comuns aos interlocutores As significa es constru das ao longo do desenvolvimento da l ngua gem de certa forma estabilizam se guiadas pelo uso e pela forma de empregos frequentes de certa palavra ou signo com determinado sentido por certa comunidade lingu stica ou s gnica Por conseguinte as significa es j constru das em rela o a uma palavra servem de pistas formula o de seu sentido num enunciado concreto ou ainda da escolha de uma palavra ou 140 outra melhor dizendo de um signo ou outro quando se quer conseguir um determinado efeito de sentido e n o outro No TEXTO 11 por exemplo encontramos a express o 100 funcionando
139. a num texto piada como o que se segue Extra do de BRAND O Helena Hathsue Nagamine Analisando o discurso USP Dispon vel em www estac odaluz org br Acesso em 02 02 2013 174 Dessa maneira se evitada uma postura simplista consideramos com Swales 1990 p 58 que o uso dos prop sitos comunicativos tem um papel fundamental a desempenhar na an lise de g neros Isso se n o for utilizado como crit rio imediato para a identifica o do g nero mas em fun o de uma an lise fundamentada no entorno social como descoberta resultante do pr prio processo de an lise Um g nero compreende uma classe de eventos comunicativos cujos membros compartilham um certo conjunto de prop sitos comunicativos Esses prop sitos s o reconhecidos pelos membros especializados da comunidade discursiva original e desse modo passam a constituir a raz o subjacente ao g nero A raz o subjacente delineia a estrutura esquem tica do discurso e influencia e restringe as escolhas de conte do e estilo O prop sito comunicativo um crit rio privilegiado que opera no sentido de manter o escopo do g nero conforme concebido agui estreitamente ligado a uma a o ret rica compar vel SWALES 1990 p 58 grifos nossos Da n o equ voco dizer que ao se assumir uma concep o de l ngua gem como forma ou processo de intera o a identifica o dos g neros um instrumento auxiliar da leitura e produ o de texto isto
140. a qualidade do tratamento assim t o similar Isso posto voltamos a perguntar se a quest o de profundidade se ficarmos no raso como ver o fundo POSSENTI 1994 p 32 Ou ainda se mantivermos o ensino na esfera dos conceitos espont neos como promover o desenvolvimento de conceitos cient ficos cf VYGOTSKY 1984 1991 TUNES 1995 Se n o questionarmos o senso comum como oportunizar a reflex o cr tica FREITAS SOUZA 2004 p 227 corrente principalmente entre aqueles as que n o convivem com sujeitos populares a ideia de que educandos as jovens adultos as e idosos as n o t m compet ncia ou gosto para ler determinados textos ou livros obras teatrais e ou determinados g neros musicais Sabemos contudo que compet ncia e gosto s o sensibilidades desenvolvidas des prestigiadas e des legitimadas hist rica social e culturalmente Isso nos obriga a admitir a exist ncia de um jogo de poder que se pretende perp tuo visando ao engessamento de for as transformadoras por um lado a elitiza o de determinado tipo de saber e a fabrica o de uma certa ignor ncia por outro lado um processo de subestima o das manifesta es culturais de resist ncia que nascem no seio popular FREITAS DE SOUZA 2004 p 227 Tendo em vista esse cen rio somos levados s seguintes quest es Mas como gostar de algo que n o se conhece ou nunca se teve oportunidade de apreciar Como apr
141. a quantidade de v timas e as consequ ncias desse acidente para o indiv duo e meio ambiente e o porqu do congestionamento Todos responderam demonstrando entendimento do texto Por m na turma C dois alunos ficaram com d vidas questionando qual ve culo havia explodido Na concep o deles foi o caminh o Diante disso a professora convidou os alunos para uma nova leitura em voz alta do texto Entretanto eles sugeriram que a professora fizesse a leitura Em seguida foi aprofundado o debate acerca do cido presente no acidente sua f rmula usos e impactos ambientais causados pelo derramamento desta subst ncia na via A professora pesquisadora destacou ainda a presen a de palavras desconhecidas pelos alunos como CEDAE e Light explicando que essas palavras referem se s companhias de gua e luz daquela cidade Salientou que a palavra light de origem inglesa e tamb m tem outros sentidos como luz e leve pois relaciona alimentos com baixo teor de algum ingrediente como sal a car ou gordura GIR O 2011 p 89 90 A partir desse relato arriscamo nos a dizer que grosso modo a oficina de leitura descrita parece n o ter oportunizado reflex es mais aprofundadas por parte dos estudantes ante a materialidade discursiva o texto utilizada como um poss vel apoio Salvo engano o uso do g nero not cia est mais pr ximo de uma pretens o artificializada de estudo do conte do cido Qu mica que na dir
142. a que a constru o de sentidos e a compreens o do funcionamento discursivo na recep o de diferentes formas textuais ampliam o repert rio do sujeito como diz Freitas de Souza 2004 p 221 no que se refere e ao que se tem a dizer lendo a palavra do outro posso descobrir nela outras formas de pensar que contrapostas s minhas poder o me levar constru o de novas formas e assim sucessivamente GERALDI 1995 p 171 Na verdade em larga medida dizemos por que lemos antes da leitura que tiramos constantemente elementos que ressignificados constituem o nosso dizer e a estrat gias do dizer a forma como outros disseram amplia nossas possibilidades de dizer Pode inclusive funcionar como potencializadora tanto da capacidade de compreens o das diferentes estruturas textuais e suas condi es de produ o quanto da capacidade de avalia o dos riscos envolvidos na ruptura de normas ling sticas e conven es do g nero bem como dos poss veis benef cios dessa decis o cf GERALDI 1995 cf CLARK et al 1996 Portanto a leitura leva compreens o das diversas fun es da linguagem a um melhor dom nio de formas mais expl citas de intera o verbal REGO 1986 ao mesmo tempo em que amplia os sistemas de refer ncias que possibilitam a formula o da contrapalavra pelos sujeitos conforme j discutimos no cap tulo 2 a partir das ideias de Bakhtin 1995 Isso evidencia a import ncia da leit
143. a que n o pode ser reduzida a frases ou palavras ou a peda os outros descontextualizados Um texto entrela amento de palavras d entre outros signos sempre uma rede de significa es que sendo recortada rompida em peda os em trechos menores deixa de fazer sentido Isto frases ou palavras ou quaisquer outras express es s gnicas descontextualizadas n o produzem significado e portanto n o podem ser consideradas como textos DEHEINZELIN 1994 p 59 O texto t o somente um instrumento intermedi rio Ele serve de intermedi rio elucidativo entre o leitor e a realidade Se o texto n o nos auxiliar a entender melhor o mundo ele nada fez n o cumpriu o seu papel LUCKESI 1985 p 136 Afinal o que importa n o a leitura pela leitura mas sim a leitura como mecanismo auxiliar de nosso trabalho de entendimento do mundo LUCKESI 1985 p 144 Limitar a nossa leitura acrescentar amos ou a de nossos as educandos as jovens adultos as e idosos as queles textos coincidentes com nossas cren as ideias e opini es limitar desnecessariamente dir amos violentamente uma atividade cujo grande m rito o fato de nos permitir o acesso a outros mundos al m daqueles acess veis atrav s da experi ncia direta KLEIMAN 20004 p 76 grifo nosso 191 Isso implica dizer que n o ser com peda os descontextualizados da l ngua ou com textos que n o contribuem para o entendimento cr t
144. a que opera pela absolutiza o das diferen as SANTOS 2008 p 283 Nesse contexto ent o perguntar amos o que seria ler com compet ncia Isabel Sol estudiosa da leitura indagada com hoje em dia o que significa ler com compet ncia pela equipe da Revista Nova Escola respondeu da seguinte forma quando o objetivo aprender isso significa em primeiro lugar ler para poder se guiar num mundo em que h tanta informa o que s vezes n o sabemos nem por onde come ar Em segundo lugar significa n o ficar apenas no que dizem os textos mas incorporar o que eles trazem para transformar nosso pr prio conhecimento Pode se ler de forma superficial mas tamb m pode se interrogar o texto deixar que ele proponha novas d vidas questione ideias pr vias e nos leve a pensar de outro modo SOLE 2009 p 16 grifo nosso 129 Do nosso lugar no entanto far amos o seguinte acr scimo resposta fornecida por Sol quando o objetivo aprender pode se interrogar o texto deixar que ele proponha novas d vidas questione ideias pr vias e nos leve a pensar de outro modo SOL 2009 p 16 mas nunca infringindo direitos humanos burlando a tica democr tica enfim atentando contra a paz De an nimas gentes sofridas gentes exploradas gentes aprendi sobretudo que a Paz fundamental indispens vel mas que a Paz implica lutar por ela A Paz se cria se constr i na e pela supera o de realidad
145. a reflex o cr tica sobre as tem ticas que o pr prio texto trazia Com essa metodologia a alfabetizadora demonstrou uma pr tica de mecaniza o da leitura pois o contexto s cio pol tico enfocado no texto Meu voto foi desprezado 7 e assim os alunos perderam a oportunidade de estar dizendo a sua palavra sobre o que estavam estudando COSTA 2010 p 02 grifos nossos Por outro lado sabemos que mesmo em experi ncias mais inovadoras de EJA encontramos fortes ind cios de concep es que n o conseguem ancorar uma pr xis interlocutiva inclusive por parte de seus suas educadores as E isso refletido em suas posturas e pr ticas pedag gicas FREITAS DE SOUZA 2004 Ali s 154 frequente a exist ncia de uma lacuna entre as concep es bastante elaboradas da coordena o de experi ncias mais inovadoras e a pr tica dos educadores em sala de aula Essa falta de articula o aponta para limita es no processo de forma o Na verdade a dificuldade que n s educadores sentimos em transformar o nosso discurso em a es torna se ainda mais acentuada quando n o se tem muito claro o que e para que se ensinam escrita leitura e oralidade isto as concep es e os objetivos que se entrela am e norteiam o trabalho de forma o de produtores de textos e leitores jovens e adultos FREITAS DE SOUZA 2004 p 30 Acreditamos que para a leitura na EJA se efetivar como pr xis interlocutiva s o necess
146. a rotatividade dos profissionais de EJA haja vista que nos projetos e programas muitas os educadoras es se n o todos submetem se a contratos tempor rios de trabalho e o fato de educadoras s de EJA mesmo as os mais experientes e com forma o espec fica est o estiveram sem lota o ou foram est o sendo desviadas os para trabalhos em que o foco a crian a e n o o a adulto a A quest o da concep o restrita de l ngua e por extens o a de leitura n o um problema espec fico da EJA Essa constata o s amplia a nossa preocupa o Observemos ent o os exemplos a seguir 27 Durante um Semin rio promovido pelo N cleo de Investiga es sobre G neros Textuais NIG PPGL UFPE a palestrante instigou um estudante do curso de P s Gradua o em Letras acreditamos a se posicionar em rela o possibilidade de leitura de imagens utilizadas projetadas durante aquele encontro Refor ando aqui a nossa preocupa o a resposta do referido estudante aos est mulos da palestrante grosso modo afirmava que por n o se tratar de um texto porque s se legitimaria na linguagem escrita ler s poderia ser tomado como uma met fora Isso revelou palestrante e neste espa o apontamos n s a necessidade premente de n s educadoras es re discutirmos as concep es de linguagem de texto de discurso e de leitura no m nimo inclusive desde a nossa forma o inicial acrescenta
147. abelle Introdu o metamorfose da ci ncia e conclus o In A nova alian a Bras lia editora da UNB 1997 RAM REZ R G 2010 Socialismo del sumak kawsay o biosocialismo republicano pp 55 74 In Los nuevos retos de Am rica Latina Socialismo y sumak kawsay SENPLADES Quito RATTO Ivani A o pol tica fator de constitui o do letramento do analfabeto adulto In KLEIMAN Angela B Org Os significados do letramento uma nova perspectiva sobre a pr tica social da escrita Campinas Mercado de Letras 1995 p 267 290 REGO L cia L B O desenvolvimento da l ngua escrita pela crian a uma perspectiva s cio funcional Recife UFPE Mestrado em Psicologia 1986 Mimeografado REGO Teresa Cristina R Vygotsky Uma perspectiva hist rico cultural da Educa o 9 ed Petr polis Vozes 1995 Educa o e conhecimento REINALDO Maria Augusta G de M Da aquisi o ao desenvolvimento da escrita concep es e implica es para a a o pedag gica In DIAS Luiz Francisco Org Texto escrita interpreta o ensino e pesquisa Jo o Pessoa Ideia 2001 p 81 96 250 RESENDE Patr cia Cappucio de Modos de participa o de empregadas dom sticas nas culturas do escrito Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Educa o Centro de alfabetiza o leitura e escrita 2008 Disserta o Mestrado RIBEIRO Vera Maria Masag o Alfabetismo e atitudes pesquisas com jovens e adultos Campina
148. ada ou ningu m escapa para a qual n o h exterior poss vel limites ou fronteiras FOUCAULT 1987 1993 Isso nos faz lembrar uma situa o bem contempor nea a insist ncia no sentido mais restrito e pejorativo do termo por parte da m dia em utilizar a express o presidente ao inv s de presidenta em rela o Dilma Rousseff primeira mulher a assumir a presid ncia do Brasil diga se de passagem eleita por voto direto Uma simples express o n o t o simples assim tudo indica uma vez que longe de uma natureza simplista todo signo prenhe de sentido ideol gico carrega consigo os embates da luta por hegemonia ao mesmo tempo sinaliza a dire o do poder peso na no balan a o de uma sociedade injusta e estratificada como a nossa brasileira De fato as ideias dominantes de cada poca sempre foram as ideias da classe dominante MARX amp ENGELS 1999 p 40 116 Agora que temos uma mulher na presid ncia da Rep blica e n o aquele que se tornou o ap stolo da direita mais conservadora vemos que o Brasil ainda est longe da feminiza o da l ngua ocorrida em outros lugares Dilma Rousseff adotou a forma presidenta e deixou claro que assim que deseja ser chamada Mas o que faz a nossa grande imprensa tamb m chamada de PiG Partido da Imprensa Golpista Por decis o pr pria com rar ssimas exce es decide usar nica e exclusivamente presidente E chovem as
149. adas pelo Estruturalismo de Saussure e pelo Transformacionalismo de Chomsky Lingu stica encontramos ainda presente nessas correntes uma concep o limitada de l ngua concebida como sistema abstrato ou c digo estruturado cujo uso bem sucedido dependeria basicamente da compet ncia do indiv duo em reproduzir a mec nica estabelecida do que se diz ser a l ngua como no Estruturalismo ou da sua realiza o e cria o individual regulada por uma gram tica universal como na corrente gerativo transformacional Em ambas as correntes o tratamento dos fen menos lingu sticos norteado pela m xima da absolutiza o pela dicotomia externo versus interno isto ora socialmente limitado ora individualmente limitado poss vel ent o identificar um ponto convergente entre elas um sujeito se que se pode falar em sujeito melhor seria falar se em objeto que n o pode nada j que mant m uma rela o passiva com uma l ngua que nem interfere nem recebe interfer ncias dos que dela fazem uso Seu poder se resume em moldar se s normas oriundas ou n o da criatividade de alguns falantes Por isso mesmo acreditamos n o foi interesse nem de Saussure nem de Chomsky trabalhar com dados emp ricos isto com o material lingu stico que as pessoas produzem Na realidade o sujeito em ambas as correntes uma abstra o FREITAS DE SOUZA 2004 Diante dessas reflex es poss vel afirmar que
150. ais elementos constitutivos o desenvolvimento ininterrupto das habilidades de ler escrever falar e escutar o conhecimento e reconhecimento da realidade intrisecamente m ltipla vari vel e heterog nea da l ngua realidade sujeita aos influxos das ideologias e dos ju zos de valor a constitui o de um conhecimento sistem tico sobre a l ngua tomada como objeto de an lise reflex o e investiga o 123 rela o s inexperi ncias democr ticas ROSAS 2008 ou desumanizantes de que ainda s o alvo Afinal em todos os pa ses ou em todas as comunidades de falantes existem variedades de l ngua E n o apenas no Brasil porque ser amos um povo descuidado relapso que n o respeita nem mesmo sua rica l ngua As diferen as que existem numa l ngua n o s o casuais Ao contr rio os fatores que permitem ou influenciam na varia o podem ser detectados atrav s de uma an lise mais cuidadosa e menos aned tica POSSENTI 1996 p 34 grifo nosso 2 Entretanto sabemos que essa n o tarefa f cil Demanda por exemplo a n s educadoras es de EJA algumas exig ncias no m nimo relacionadas ao saber s cio lingu stico Da a pertin ncia da seguinte afirma o O profissional da educa o tem que saber reconhecer os fen menos lingu sticos que ocorrem em sala de aula reconhecer o perfil sociolingu stico de seus alunos para junto com eles empreender uma educa o em l ngua ma
151. altamos transcende a t nica de inclus o real adora e reJalimentadora de um modelo de sociedade injusto gerado r pelas de desigualdades e desrespeitos pelas pessoas e pelo cosmo do qual a humanidade faz parte e nele com ele estabelece uma rela o de interdepend ncia simbi tica proposto pelo F rum por uma Nova Governan a Mundial p 4 5 Este documento foi redigido por Ricardo Jim nez coordenador da C tedra de Integra o Sul americana redator do Caderno de Propostas do FNGM Nossa P tria deve ser o Universo migra o e governan a mundial co organizador da Assembl ia Cidad do Cone Sul 48 Nesse prisma o car ter absoluto dos enunciados inclusive os cient ficos t o defendidos pela ci ncia cl ssica deixa de ser considerado sinal de racionalidade universal na medida em que a universalidade assume um car ter de nega o e supera o de todas as particularidades culturais Essa perspectiva sinalizaria uma extremada diverg ncia em rela o aos princ pios de uma educa o popular a qual busca na dial tica s cio hist rica o respeito aos saberes e s singularidades no coletivo Evolu o e mudan a conceitos chave no conjunto de aspira es de Prigogine nos ajudam a entender melhor a import ncia de concebermos a leitura na EJA como pr xis interlocutiva em busca de um bem viver buen vivir e como express o de Educa o Popular EP ou seja como uma perspectiva
152. an as determinismo ou inexorabilidades Pensamos saber da import ncia da ci ncia na evolu o mudan a transforma o Pensamos igualmente saber que a ci ncia sozinha n o conseguir resolver todos os nossos 53 desejos querer necessidade sejam esses pessoais e ou coletivos Pensamos saber ainda que precisamos e podemos transgredir o historicamente determinado a desigualdade imposta permitindo que a utopia nos mova desde j de outro jeito talvez de um novo jeito Assim em tempo de crises e desassossegos frisamos o momento parece prop cio para a busca de outros novos pensares sentires e agires sobretudo na EJA no esteio necess rio da Educa o Popular Afinal como t o bem coloca Melo Neto o espa o pedag gico das pr ticas de educa o popular que permite vislumbrar possibilidades de uma outra ordem social aponta para uma tomada de posi o pol tica de resist ncia expressa pela sic confronto com a situa o vigente Resist ncia s formula es de uma tica e de uma moral utilit ria que fomentam e enfatizam a individualidade em nome de um benef cio pessoal primeiro A ela contrap e se a tica da comunica o do di logo da responsabilidade social da democratiza o da justi a social da igualdade de direitos do respeito s diferen as pelas escolhas individuais grupais elementos que potenciam a dimens o comunit ria e a solidariedade entre as pessoas MELO NETO 1999 p 67
153. anhamento ou culpabilidade em busca do ideal vi vel de um vir a ser pensamos ser importante refletirmos sobre pelo menos duas anota es que consideramos pertinentes numa proposta de leitura que se pretende popular porque indici ria e re vigorante da tica democr tica e da criticidade 1 O texto na sala de aula introduz a possibilidade das emerg ncias dos imprevistos dos acontecimentos e dos acasos Mas Para escapar desta teratologia afastando se da tica popular o ensino h que cercar a introdu o do texto por cuidados de m ltiplas ordens para estabiliz los fix lo e impedir sua adultera o significativa O ideal do ponto de vista da estabilidade paradoxal que a escola assume ela ao mesmo tempo se diz formando para o futuro mas faz isso for ando para que o futuro seja a repeti o do passado seria afastar de vez o texto da sala de aula Mas isto imposs vel por uma raz o mais ou menos bvia o processo de fixa o de valores demanda o conv vio com discursos cujas materializa es se d o nos textos os valores e as concep es circulam atrav s dos textos e sem eles a escola n o cumpriria uma de suas fun es mais sofisticadas a reprodu o de valores com que compreender o mundo os homens e suas a es GERALDI 2010b p 119 120 grifos nossos 168 2 Os m todos de ensino n o devem ir contra este reconhecimento do outro Os professores que por dogmatismo matam a cu
154. ao seu territ rio ancestral e autonomia A Constitui o de Monticristi reconheceu al m disso dois princ pios inovadores originados na cosmovis o ind gena o Buen Vivir como paradigma de desenvolvimento do Estado e a natureza como sujeito de direito SILVEIRA 2011 42 De los conceptos alternativos que han sido propuestos aquel que m s opciones presenta dentro de sus marcos te ricos y epistemol gicos para reemplazar a las viejas nociones de desarrollo y crecimiento econ mico es el sumak kawsay el buen vivir Es un concepto que est empezando a ser utilizado em Bolivia y Ecuador a prop sito de los c mbios constitucionales de ambos pa ses el sumak kawsay buen vivir como um nuevo referente al desarrollo y al crecimiento econ mico es una de las propuestas alternativas m s importantes y novedosas ante la globalizaci n neoliberal D VALOS 2008 p 5 Alberto Acosta 2009 referindo se ado o do conceito de Sumak Kawsay no projeto pol tico do Equador diz se tratar de uma demonstra o de que poss vel abrir portas constru o de uma sociedade democr tica Para esse autor tal acontecimento resultante de lutas hist ricas ao mesmo tempo que acolhe as propostas dos povos e nacionalidades ind genas amplia os segmentos da popula o e se lan a como for a dos debates de transforma o que se desenvolvem no mundo Nesse movimento a educa o no e para o buen vivir tem sido buscada em v
155. ar VTs com salas de crian as Nessa modalidade necess rio levar em considera o a bagagem cultural do adulto constru da por suas viv ncias e biografias educativas 5 O livro Por uma vida melhor faz parte do Programa Nacional do Livro Did tico Por meio dele o MEC promove a avalia o de dezenas de obras apresentadas por editoras submete as avalia o de especialistas e depois oferece as aprovadas para que secretarias de educa o e professores fa am suas escolhas O livro produzido pela A o Educativa foi submetido a todas essas regras e escolhido pois se adequa aos par metros curriculares do Minist rio e aos mais avan ados par metros da educa o lingu stica 6 A A o Educativa tem larga experi ncia no tema e a cole o Viver Aprender um dos destaques da rea Seus livros j foram utilizados como apoio escolariza o de milh es de jovens e adultos antes de ser adotado pelo MEC em v rios estados BAGNO 2011 p 2 3 Para n s os acontecimentos em torno da obra Por uma vida melhor destinada EJA ganha reconhecimento como parte de um movimento inter intra multicultural por reatualizar 111 uma discuss o tica necess ria n o apenas popula o em geral mas sobretudo aos sujeitos educativos da EJA educadores as educandos as gestores as pesquisadores as dentre outros que primam por uma pr xis interlocutiva da l ngua gem em especial da leitura Solid rias a
156. ara n o tem esse intelectuo todo para denunciar o vagabundo agora ficampagando de espertas conhecedoras da lei e do bom costume se sentindo ofendidas por causa de uma musiquinha bando de lixo Dispon vel em http www enfu com br sindicato das empregadas domesticas processa rede globo por causa de novela O TEXTO 01 e o TEXTO 02 prenhes de sentido ideol gico claro ou de acentos apreciativos no dizer de Geraldi 2010b p 48 sinalizam n o apenas um embate entre um termo ou outro empreguete por exemplo mas sobretudo a disputa de hegemonia entre setores sociais Ali s fazendo nossas aqui e agora as palavras de Possenti 2009b p 38 dizemos que nada melhor para verificar a ideia do discurso como uma pr tica social e hist rica do que ver e viver disputas de sentidos materializadas na luta pelo emprego de outras O que ainda mais relevante nesses dados que n o s eles 83 aparecem nos discursos mas s o abertamente discutidos e avaliados s vezes de forma bastante interessante embora s vezes de tamb m de forma grosseira s o ainda mais relevantes pelo fato de que revelam as for as sociais que lutam pela legitimidade de alguns discursos e pela ilegitimidade de outros E um tipo de dado relativamente raro que o pesquisador n o pode desprezar POSSENTI 2009b p 38 grifo nosso Esses exemplos bem contempor neos isto em tempo de m dia
157. arapetruso PRA QUE SER BONZINHO VAMOS SER TERRORISTAS E SEM GRAU DE ESCOLARIDADE S O OS REQUISITOS NECESSARIOS PRA SER PRESIDENTE DESSA MERDA DE BRASIL D D rodjbass Lula disse O governo vai ter a cara dela Dilma FUDEU mayarapetruso Polvilhoreal a Dilma foi eleita agora o Hallowenn s termina em 2014 Bicham mayarapetruso BRASILEIROS AGORA FODAM SE ISSO QUE DA DAR DIREITO DE VOTO PRA NORDESTINO A E sd Fonte http 180graus com balanco da rede preconceito contra nordestinos no twitter vaipara primeiro nos tts br 374018 html 53 Qualquer ato Preconceituoso na Internet denunciem neste caso caracteriza Xenofobia http www safernet org br site denunciar Procuradoria Geral da Rep blica http www pgr mpf gov br L 126 Continua o Ap s 3 meses Mayara Petruso ainda lembrada na internet Tr s meses se passaram e o nome Mayara Petruso ainda insistentemente citado em redes sociais e blogs por toda a web Mayara foi protagonista de um ato de preconceito contra os nordestinos AFUNDA BRASIL D em direito de voto pros nordestinos e afundem o pa s de quem trabalhava para sustentar os vagabundos que fazem filho para ganhar bolsa 171 disse a jovem estudante de direito em seu Twitter Nordestino n o gente fa a um favor SP mate um nordestino afogado essa a que mais causou revolta em toda popula o brasileira Hoje no Twitter o nome Mayara P
158. arella concedeu uma entrevista a uma r dio da Espanha O locutor o apresentou recitando a seguinte frase atribu da ao m dico No mundo atual est se investindo cinco vezes mais em rem dios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do mal de Alzheimer Daqui a alguns anos teremos velhas de seios grandes e velhos de pinto duro mas que n o se lembrar o para que servem Varella teve que esclarecer no ar que n o o autor N o tenho a menor ideia de quanto se investe na cura do Alzheimer E jamais falaria uma grosseria dessas Nem no botequim http www folha uol com br folha informatica ultl24u509013 shtml Por outra parte A la Sampaio 2010 chama a aten o para o fato de que a internet tem sido uma ferramenta eficaz ao democratizar a publica o de textos liter rios mas tem por outro lado dado espa o a imbr glios relativos autoria ressaltando que o espa o virtual terra de todos e de ningu m Essa autora ent o adverte Ver ssimo Quintana Drummond e Shakespeare entre outros continuar o a povoar o imagin rio dos que n o conseguem criar textos pr prios e se ocupam em transmutar os que j est o prontos O imbr glio acredito tende a ser amenizado pelo acesso de professores e camadas letradas aos sites de relacionamento o que possibilita n o a patrulha que n o a inten o mas a advert ncia de que a ferramenta da internet est criando
159. ariantes sustentando assim ideais n o os nossos de iniquidade e transformando a linguagem numa poderosa aliada discrimina o juntamente com outros mecanismos inclusive ou sobretudo os midi ticos Na busca de coer ncia com os princ pios da Educa o Popular postulamos pois que o preconceito lingu stico precisa ser reconhecido denunciado e combatido porque uma das formas mais sutis e perversas de exclus o social principalmente se se enfocarmos a Educa o de Jovens e Adultos luz da linguagem processo ou forma de intera o e por extens o a atividade de leitura como espa o de interlocu o e de poss vel pr xis interlocutiva como intencionamos e defendemos nesta tese Mitos como os identificados acima norteiam e decidem o destino de muitos sujeitos nas suas atividades e rela es sociais na escola no trabalho etc E a educa o formal 114 erroneamente tem respondido a essas expectativas Como vimos em exemplos anteriores mesmo as atividades de leitura s o transformadas em momentos de corre o baseados em regras gramaticais De forma deliberada ou n o o espa o pedag gico tem sido protagonista de um projeto que privilegia o ensino do portugu s oficial em detrimento de outras variantes sustentando com efeito ideias e ideais n o as os nossas os de iniquidade e transformando a linguagem numa poderosa aliada da discrimina o do desrespeito humano Numa perpect
160. articipa o social e pol tica dos sujeitos jovens adultos e idosos 7 papel das os educadoras es de jovens adultas os e ou idosas os frente forma o leitora Nessa esteira encampamos as inter rela es entre pr xis linguagem leitura compet ncia discursiva pensamento sentimento a o transformadora e processo de forma o de sujeitos jovens adultos e idosos a propostas educativas sistematizadas ou sem registro na escola nos movimentos sociais ou em outros espa os educativos podendo tais viv ncias estar ou n o ligadas escolariza o em seus diferentes n veis Percebendo que as diferentes teorias ou reas de conhecimento n o poderiam ser simplesmente justapostas haja vista que existe a possibilidade de apresentar contradi es ou incoer ncias entre si decidimos respeitar suas matrizes epistemol gicas pol ticas e ideol gicas de onde extra mos os seus conceitos anal ticos Isso para n s n o implica o n o uso em outro quadro face a um dado objeto de estudo Dessa forma buscamos suas contribui es te ricas para a compreens o da atividade de leitura como importante componente da na consolida o de uma pr xis interlocutiva na EJA mediante os pressupostos que embasam esta pesquisa Fizemos isso mesmo pensando saber que os mitos que pairam sobre o ecletismo te rico s o ainda uma preocupa o pr via s pesquisas qualitativas que demandam sem
161. as um conjunto de solu es ortogr ficas que n o pode a rigor ser chamada de linguagem S o no caso simplesmente aspectos da escrita empregada em e mails em chats em blogs Talvez principalmente em chats conversas escritas que grupos mant m entre si Ainda mais especificamente diz esse autor trata se da grafia utilizada por certos usu rios dos computadores em geral jovens adolescentes que passam horas teclando isto trocando mensagens por escrito Em resumo trata se apenas de grafia nada mais que grafia POSSENTI 2009 p 60 Enfim como nos ensina Bagno 2002 p 31 os processos de varia o das l nguas vivas s o incessantes e ininterruptos Academia Os di logos em internet s Vida de deputete par dia de Tese de doutorado defendida EMMISSMENE Critica a corrup o na USP analisa a linguagem de no Brasil processos interacionais na inte met Dispon vel em http www gleoz com 2012 06 vida de deputete parodia de empreguete html Marcelo M dolo e Henrique Braga ACen Sto ZOYA V deo As Piriguetes par dia de Estudetes Vida de Empreguetes http www castrodigital com br 2012 06video piriguetes parodia empreguetes html m 0 Acesso em 29 08 2012 Todavia a l ngua gem enquanto pr tica social configura se como re cria o de significa o e sentidos num jogo discursivo que n o s expressa mas demarca e sustenta vis es de mundo e for as socia
162. as de Olinda 1996 142 f Monografia Especializa o em Educa o de Jovens e Adultos Trabalhadores A constru o da compet ncia discursiva o papel da leitura de textos verbais em l ngua portuguesa Recife Baga o 2004 FULG NCIO L cia LIBERATO Yara A leitura na escola S o Paulo Contexto 1996 Repensando o ensino Como facilitar a leitura 4 ed S o Paulo Contexto 2001 Repensando a L ngua Portuguesa GALHARDO Ricardo 14 especialistas contam como ser o Brasil daqui a 14 anos Super Interessante S o Paulo Editora Abril p 68 75 set 2001 Edi o 168 GARCEZ Luc lia A leitura na vida contempor nea Revista Brasileira de Estudos Pedag gicos Bras lia v 81 n 199 p 581 587 set dez 2000 GATTI B A Os professores e suas identidades o desvelamento da heterogeneidade Cadernos de Pesquisa S o Paulo n 98 p 85 90 1996 242 GERALDI Jo o Wanderley Educa o e Linguagem Leitura Teoria amp Pr tica S 1 ano 8 n 14 p 37 39 dez 1989 A leitura na sala de aula as muitas facetas de um leitor In MARINHO Jorge Miguel et al Leitura caminhos da aprendizagem 2 ed S o Paulo FDE Diretoria de Projetos Especiais 1994 p 13 17 S rie Ideias n 5 Portos de passagem 3 ed S o Paulo Martins Fontes 1995 Texto e Linguagem Linguagem e ensino exerc cios de milit ncia e divulga o Campinas Mercado de Letras Associa o de Leitura do Brasil 1
163. as interven es pedag gicas que tarefas propor e com que objetivos que texto utilizar para isso etc ou seja sinalizadoras do planejamento educacional enquanto constru o mesmo que pensada de um processo vivo que envolve pessoas jovens adultas e idosas sujeitos reais portanto situados historicamente Al m claro de constituir se num rico aliado para que os as educandoas as re conhe am suas condi es de leitores e tendo o a educador a como companheiro a busquem avan ar no seu processo de constru o da compet ncia leitora Nessa perspectiva sem perder de vista seu car ter aberto uma vez que n o recobre a totalidade das capacidades poss veis na atividade de compreens o do texto tampouco consegue prever todos os problemas de aprendizagem suscitados nas situa es concretas de 161 ensino acreditamos que as categorias de an lise j apresentadas poderiam contribuir para o estabelecimento de crit rios de avalia o da leitura na Educa o de Jovens e Adultos Isso porque apostamos que entender a l ngua gem enfim compreender sua constitui o e seu funcionamento enquanto a o no mundo e sobre o mundo O que exige evidentemente n o retir la de sua realidade social complexa e din mica para transform la num objeto externo aos falantes numa entidade com vida pr pria supostamente independente dos seres humanos que a falam escrevem leem e interagem por meio dela e nela acre
164. as no Brasil TFOUNI Leda Verdiani Letramento e Alfabetiza o 2 ed S o Paulo Cortez 1997 Quest es da nossa poca v 47 TIMBAU Anderson DAUSTER T nia amp FERREIRA Lucelena A descoberta de si representa es e pr ticas de leitura e escrita de universit rias In TIMBAU Anderson et al DAUSTER T nia e FERREIRA Lucelena Orgs Por que ler perspectivas culturais do ensino da leitura Rio d Janeiro Lamparina 2010 p 217 246 TRAVAGLIA Luiz Carlos Gram tica e intera o uma proposta para o ensino de gram tica no 1 e 2 graus 5 ed S o Paulo Cortez 2000 TUNES Elizabeth Os conceitos cient ficos e o desenvolvimento do pensamento verbal Cadernos Cedes Implica es pedag gicas do modelo hist rico cultural S o Paulo Papirus n 35 p 29 39 1995 UNESCO CEAAL CREFAL INEA Prioridades de Acci n en el Siglo 21 La Educaci n de Personas J venes y Adutas en Am rica Latina y el Caribe Santiago de Chile 2000 UNESCO MEC Educa o um tesouro a descobrir S o Paulo Cortez 1998 Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre educa o para o s culo XXI UNESCO MEC SECAD Sexta Confer ncia Internacional de Educa o de Adultos CONFINTEA VI Marco de A o de Bel m Bras lia 2010 VALE Maria Jos Educa o de Jovens e Adultos a constru o da leitura e da escrita S o Paulo Instituto Paulo Freire 1999 S rie Cadernos de EJA n 4 VALLE Mariana
165. as raz es que os levam a re iniciar seus estudos atrav s de express es do 102 tipo para n o ficar burro para conseguir uma coloca o na vida para arrumar um servi o ou conseguir coisa melhor bvio est para n s ent o que um trabalho com a l ngua gem se preconceituoso e corretivo s acentua desenvolve sentimentos como o de inferiorioridade e atitudes de submiss o Longe portanto de uma perspectiva libertatora a pr tica educativa banc ria oprime e favorece a de forma o de um tipo de humano o subalternizado que introjeta a cultura dominante atrav s do habitus BOURDIEU 1998 e consequentemente tem reprimido o seu direito de produzir vontades de verdades Isso nos reporta Ratto 1995 quando em trabalho intitulado A o pol tica como fator de constitui o do letramento do analfabeto adulto denuncia que as pr prias propagandas de campanhas de chamamentos a programas institucionais de educa o usam o estigma de sujeito menor como argumento para a constru o do significado do papel e do lugar do n o escolarizado na nossa sociedade p 269 Trata se de discursos que estabelecem rela es entre educa o letramento ainda presas ideia de fonte geradora de mudan as cognitivas Em geral s o discursos que imp em com bastante sutileza uma vis o limitada daqueles e daquelas que ainda n o possuem saberes autorizados pelos c nones educacionais norteados
166. ata Nada nadador Sen o que restar de ti nadador Nada nadador Jorge de Lima 226 221 Iniciamos nossas discuss es transitando pelo percurso da pesquisadora e da pesquisa na tentativa de situarmos tanto a mulher educadora popular quanto o objeto de suas reflex es na hist ria na cultura e na l ngua gem j que nenhum humano se constitui fora delas Pensando sentindo assim caminhamos nesta tese com um desafio reflexivo que tomou como base os seguintes questionamentos Que elementos epistemol gicos seriam basilares no trabalho com a leitura na Educa o de Jovens e Adultos EJA O que se est reJaprendendo na e com a pr tica de leitura na EJA com vistas a um bem viver buen vivir Acreditamos que essas reflex es poderiam fornecer elementos importantes para uma pr xis de leitura na Educa o de Jovens e Adultos que garanta a amplia o das possibilidades de participa o social dos sujeitos educativos de forma a tornar menos opaco o processo da aprendizagem da leitura com indica o de poss veis e adequados caminhos recria o dessa atividade na EJA Dentre os aspectos ou dimens es que julgamos fundamentais para a concretiza o de um trabalho significativo de leitura na EJA ou seja sobre pontos que contribuam pedagogicamente para amplia o da participa o interlocutiva cr tica e social dos sujeitos populares jovens adultos e idosos para na e pela experi ncia de um bem
167. ata se de enunciados proferidos e ou escritos por estudantes de EJA que evidenciam a autocondena o pela exclus o sofrida e pelo medo das consequ ncias de ser descoberto burro Vejamos Aluna Eu deixei de i pr igreja professora J faz mais de 2 meses Prof O que fez voc se afastar da igreja Aluna n o professora que na ltima vez que tive na igreja um irm o me deu a B blia pra eu l durante o culto e eu devolvi porque eu n o sabia l O irm o n o disse nada e passou a B blia pr outro irm o a fiquei morrendo de vergonha A eu n o fui mais Meu esposo que l pr mim em casa E tamb m porque s vezes a gente tem que i l pr frente orar Extra do de FRETAS DE SOUZA 1996 n 127 Eu me sinto uma cega porque n o sei ler Depoimento de uma mulher que se dizia analfabeta Extra do do Jornal da Tarde SP 08 jan 1990 O CARA VAI COSERTA A SUA LETRA POR quE MEM A PROFE ORA INTENdE DISCUNPA PORquE EU SOU bURRO ASSIMAdo JIL cara vai consertar a sua letra porque nem a professora entende Desculpe porque eu sou burro Assinado Jil Bilhete em forma de di logo produzido por um aluno da EJA Extra do de SIGNORINI amp DIAS 2000 p 82 Ademais Signorini amp Dias 2000 p 82 parecem reafirmar nosso posicionamento quando anotam que os jovens e adultos participantes de seu estudo investigativo repetidas vezes apontam
168. avan ando em termos de ocorr ncia da diversidade de g neros textuais e modalidades de linguagens o 211 mesmo ainda n o podemos dizer sobre a necess ria abordagem tem tica sob diferentes e antag nicos pontos de vistas oferecidas atrav s de seus textos Al m disso como alerta Dion sio 2007 deparamo nos com uma quest o te rico metodol gica que tamb m precisa fazer parte das atividades de desenvolvimento no trabalho de compreens o textual dos g neros portanto da atividade de leitura como est o relacionadas as informa es veiculadas atrav s da palavra e da imagem nos livros did ticos Quais as orienta es apresentadas por esses livros para a leitura dessas duas formas de representa o de conhecimentos Nesse sentido Dion sio 2007 chama a nossa aten o para as condi es em que est o postas a multimodalidade discursiva na sala de aula Segundo essa autora todo professor tem convic o de que imagens ajudam a aprendizagem quer seja como recurso para prender a aten o dos alunos quer seja como portador de informa o complementar ao texto verbal Ent o respaldando se em Lemke 2000 p 269 ressalta que os multiletramentos e g neros multimodais podem ser ensinados mas necess rio que professores e alunos estejam plenamente conscientes da exist ncia de tais aspectos o que eles s o para que eles s o usados que recursos empregam como eles podem ser mutuamente integrados como eles s o
169. az gestos e alonga o som do o 0 na palavra pouquinhooo000000 Cena 08 183 Com Dion sio 2005 p 160 afirmamos que na sociedade contempor nea a pr tica de letramento da escrita do signo verbal deve ser incorporada pr tica de letramento da imagem do signo visual e isso inclui a aprendizagem da leitura logicamente A multimodalidade hoje talvez mais que nunca um tra o constitutivo n o somente do discurso oral mas tamb m do escrito Conforme Dion sio 2005 a escrita vem apresentando cada vez mais arranjos n o padr es por conta do desenvolvimento tecnol gico O que exige dos as leitores as adequa es talvez novas e ou n o habituais nos seus modos de ler Por outro lado Dion sio 2007 chama a nossa aten o para o fato de que todos os g neros textuais escritos s o multimodais mas nem todos os g neros visuais s o multimodais p 186 Assim abra ando essa posi o te rica apoiada em Van Leeuwen essa autora exemplifica 184 JON VOUA COUNTRY S ARW Gom SAVE THE KING Recruitment poster Alired Leete 1914 Imperial War Museum 11 P ster de Recrutamento Kitchener lla E 12 Retrato do Lorde Kitchene Van Leeuwen 2004 p 7 8 retomando texto j mencionado em Kress e Van Leeuwen 1996 utiliza um p ster de recrutamento Kitchener para mostrar como tr s modos de representa o se integram estilisticamente desenho palavra e
170. betismo no pa s COSTA 2010 p 01 grifo nosso Indubitavelmente a alfabetiza o uma das dimens es da EJA constitu da de car ter pol tico e natureza pedag gica cujo processo de ensino e de aprendizagem tem como um dos principais objetivos a apreens o da linguagem escrita cf MOURA 1998 um dos modos de 30 intera o social Todavia embora a alfabetiza o j represente um grande desafio a ser enfrentado pol tica e pedagogicamente pela Educa o de Jovens e Adultos faz se necess rio re construir uma vis o mais ampla de EJA refletindo sobre os princ pios e fundamentos ticos epistemol gicos que lhe d o sustenta o concebedo a como um l cus de educa o popular que vai al m da alfabetiza o pois sabemos a aprendizagem constitui uma necessidade b sica um direito humano permanente A segunda verifica o oportunizada pela revis o da literatura sobre leitura na EJA a perman ncia da exist ncia de uma supremacia da escrita em detrimento da leitura no trabalho com a linguagem o que atualiza a posi o de Freitas de Souza 2004 p 37 38 A aten o concentrada quase que exclusivamente no ensino e aprendizagem da escrita tem levado alguns estudiosos a denunciarem a condi o secund ria em que a leitura tem sido colocada em todas as inst ncias educativas em especial na escola Desde as ltimas d cadas do s culo XX j se fala em crise da leitura em desleituriza o em escolariza o
171. briga a concordar com Garcez 2000 p 584 quando esse autor faz a seguinte assertiva contribuir para a constru o de leitores seguros confiantes competentes e aut nomos contribuir para a democratiza o do acesso a um dos instrumentos essenciais para o exerc cio da cidadania Por m o autor adverte 5 Declara o Mundial sobre Educa o para todos satisfa o das necessidades b sicas de aprendizagem e DECLARA O de Hamburgo sobre Educa o de Adultos V Confer ncia Internacional sobre Educa o de Adultos V CONFINTEA Julho 1997 UNESCO MEC SECAD Sexta Confer ncia Internacional de Educa o de Adultos CONFINTEA VI Marco de A o de Bel m Bras lia 2010 8 Declara o Mundial sobre Educa o para todos satisfa o das necessidades b sicas de aprendizagem E manejo de las operaciones aritm ticas b sicas la lectura y comprensi n de un texto escrito la comunicaci n escrita la observaci n descripci n y el analisis cr tico del entorno la recepci n e interpretaci n de los medios de comunicaci n modernos y la participaci n en el dise o y la ejecuci n de trabajo de grupo UNESCO CEAAL CREFAL INEA 2000 p 27 28 Tradu o nossa 20 Se quisermos socializar o direito leitura como forma de conhecimento interpreta o e compreens o do mundo e do ser humano imprescind vel uma articula o cont nua intensa e harmoniosa entre diversos agentes e os diferentes segmentos
172. c cio de assembleia negocia o E indaga de quanto deveria ser o aumento do a professor a obt m resposta r pida do grupo no m nimo 5 x R 100 00 Tendo anotado coletivamente os principais pontos do debate at ali ocorridos o grupo apresenta o TEXTO 17 integralmente Inicia se ent o a partir do referido texto um fervoroso debate sobre a categoria profissional prostituta e suas lutas pol ticas culminando com a seguinte indaga o pensando agora num aumento salarial para a categoria prostituta qual dessas c dulas voc s sugerem obt m do grupo resposta r pida quase a um s grito no m ximo R 1 00 j que n o d para deixar de pagar acrescenta uma das professoras Terminada a apresenta o o grande grupo se dispersou em discuss es paralelas diga se de passagem bastante agitado Nesse meio tempo o referido educador procurou a ministradora da oficina essa que vos fala para pronunciar algumas de suas pertinentes reflex es a qual aqui transcrevo de maneira aproximada A saber ainda temos muito o que discutir Al m dos dogmas que dificultam discuss es mais aprofundadas a cultura machista contribui para a prostituta ser vista pelas mulheres como rivais nunca como profissionais Mas elas devem estar assustadas S n o podem esquecer que entre n s e entre os nossos alunos n o s h profissionais do sexo como tamb m outras pessoas que merecem respeito gays negros gordos baixin
173. ca o de Jovens e Adultos tr s olhares Alfabetiza o e Cidadania Leituras Revista de Educa o de Jovens e Adultos S 1 RAAAB n 12 p 67 78 jul 2001 P CHEUX M A an lise autom tica do discurso 1969 In GADET F amp HAK T orgs Por uma an lise autom tica do discurso uma introdu o obra de Michel P cheux Campinas Editora da UNICAMP 1993 p 61 161 PEDRALLI Ros ngela Usos sociais da escrita em espa o escolar as rela es estabelecidas por mulheres inseridas em turma de primeiro segmento da EJA In F rum Lingu stico Florian polis v 9 n 2 p 128 144 abr jun 2012 p 128 144 Dispon vel em http www periodicos ufsc br index php forum article view 1984 8412 2012v9n2p128 230 78 Acesso em 20 10 2012 PEREIRA Rodrigo Acosta Ensino aprendizagem de leitura e a quest o dos g neros do discurso aspectos te ricos aplicados 2012 Dispon vel em http jararaca ufsm br website s l amp c download Artigos 07 L amp C 1S L amp CIs07Rodrigo pdf Acesso 27 10 2012 PEREIRA Let cia Queiroz G neros textuais e letramento na Educa o de Jovens e Adultos Orientadora B rbara Ol mpia Ramos de Melo PIBIC UESPT 2012 Dispon vel em http www uespi br prop XSIMPOSIO TRAB ALHOS INICIACAO Ciencias 20Humanas 20e 20Letras GENEROS 20TEXTUAIS 20E 20LETRA MENTO 20NA 20EDUCA CAO 20DE 20JOVENS 20E 20ADULTOS 20AUTOR A 20LETICIA W20QUEIROZ 20PEREIRA pdf Acesso 27 10 2012 PORT
174. ca 1991 LIMA Lic nio C Jornal A P gina da Educa o ano 11 n 115 set 2002 p 21 LOPES Luiz Paulo da Moita Um modelo interacional de leitura Oficina de lingu stica Aplicada Campinas Mercado de Letras 1996 p 137 146 245 LUCKESI Cipriano C Avalia o educacional escolar para al m do autoritarismo Revista de Educa o da AEC Bras lia DF Ano 15 n 60 p 23 37 abr jul 1986 Avalia o educacional escolar procura de uma sa da In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 46 47 LUCKESI Cipriano C Avalia o educacional escolar para al m do autoritarismo Revista de Educa o da AEC Bras lia DF Ano 15 n 60 p 23 37 abr jul 1986 Avalia o educacional escolar procura de uma sa da In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 46 47 LUCKESI Cipriano C et al Fazer universidade uma proposta metodol gica S o Paulo Cortez 1985 LYONS John As ideias de Chomsky 4 ed S o Paulo Cultrix 19 MAGALH ES Izabel Pr ticas discursivas de letramento a constru o da Identidade em relatos de mulheres In KLEIMAN Angela B Org Os significados do letramento uma nova perspectiva sobre a pr tica social da escrita Campinas Mercado de Letras 1995 p 201 235 MAGDALENA LE N T Cambiar la Economia para Cambiar la Vida Desafios de una economia para la vida In El buen vivir Alberto Acosta y Esperanza Mart nez comp Ed Abya Yala Quito 2
175. cados pelo ato de ler n o por acaso que a pr pria avalia o tida como um processo altamente subjetivo Ali s qualquer interpreta o o Mas como a diretividade pedag gica exige interven o consciente temos que construir par metros para o processo avaliativo Ent o que esses sejam uma aproxima o o melhor poss vel do para que se ensina leitura na EJA Da porque na busca de uma avalia o de qualidade n o poderemos desconsiderar o fato de que a perspectiva da leitura depende da situa o de produ o em que ela se d 2 e o tipo de texto isto os n veis de dificuldade no que diz respeito ao tipo complexidade lexical natureza dos assuntos abordados profundidade com que trata os temas etc e o grau de maturidade e o n vel de conhecimentos pr vios do a leitor a ou seja o que conhece do assunto tratado pelo texto interesse pelo tema proposto contato e compreens o de diferentes g neros discursivos etc A compreens o de avalia o que defendemos vai em dire o da inclus o e perman ncia do a educando a jovem adulto a e idoso a no c rculo da aprendizagem aprofundamento ou avan os N o tem portanto simplesmente sentido classificat rio Em face disso analisar situar o a educando a num n vel ou outro de compreens o da leitura constitui se numa esp cie de mapeamento das necessidades de aprendizagens satisfeitas ou em via de e n o satisfeitas sinalizadoras de futur
176. cia na utliza o de textos xerografados de livros did ticos Isso indica que h um afastamento dos usos da escrita tal qual eles t m lugar no cotidiano como podemos observar no gr fico a seguir extra do de Pedralli 2012 p 137 Artefatos prevalecentes nas proposi es did ticas E V deo E Livo o Textos xerografados de livos did ticos o Livro Did tico Mas numa proposta de leitura como pr xis interlocutiva o que seria texto de qualidade na e para a Educa o de Jovens e Adultos Quais as implica es pedag gicas suscitadas nessa escolha Apoiados em Silva 1994 p 65 pensamos que a sele o e indica o de textos exigem cuidados especiais por parte de educadores as Isso assumiria evidentemente um car ter diretivo Entretanto essa tarefa n o tem sido muito f cil para alguns algumas educadores as 188 da EJA o que parece indicar o depoimento de uma educadora quando da escolha de material de leitura para seus educandos as jovens adultos as e idosos as mas muito dif cil achar texto para analfabeto viu Extra do de KLEIMAN et al 2000 p 258 Voltamos pois a perguntar que crit rios utilizar na sele o de material para o ensino de leitura na Educa o de Jovens e Adultos Seria o texto um dificultador ou facilitador na leitura O que seria um texto leg vel nesse contexto Que tipo de rela o deve existir entre quantidade e qualidade na pers
177. cial Afinal os g neros textuais n o s o fruto de inven es individuais mas formas socialmente maturadas em pr ticas comunicativas MARCUSCHI 2001a p 3 que por n o serem facilmente manipul veis operam como geradores de expectativas de compreens o m tua Aqui parece nos importante ressaltar que nem de longe intencionamos duvidar da capacidade dos sujeitos populares aprenderem eles mesmos no mundo da vida Acreditamos saber que todos n s aprendemos coisas sem que algu m nos tenha sistematicamente ensinado Talvez n o seja preciso necessariamente conhecer um g nero em suas especificidades para construir uma compreens o de texto Lendo textos pela vida afora construindo compreens es sobre o que dizem vamos aprendendo expl cita ou implicitamente os g neros por convivermos com os diferentes g neros no mundo da vida que os identificamos Como nos ensina Bakhtin apre e ndemos os g neros circulando nas esferas de seus usos Pensando assim o reconhecimento da import ncia dos g neros no trabalho de leitura na Educa o de Jovens e Adultos deve se ao fato de considerarmos o conhecimento expl cito a um s tempo direito humano ao conhecimento acumulado e necessidade estrat gica potencializa o dos sujeitos populares Isso n o nos obriga a desconsiderar que o conv vio com textos vida afora ensina Ao contr rio muitos s o os exemplos que revelam a riqueza educadora das experi ncias cotidianas
178. ciente ou n o disso De uma maneira ou de outra esses atores atrizes sociais modelam um relacionamento com o signo Por isso sem perder de vista as especificidades de cada rea de conhecimento todos as n s educadores as trabalharemos para n o permitir que na EJA o trato com o texto seja apenas um momento de debate que se Inicia e termina com as opini es preexistentes cf KLEIMAN 2000b Defendemos que nossos as educandos as jovens adultos as e idosos as t m o direito de descobrir no texto os prop sitos comunicativos marcados por recursos s gnicos e a partir da re construir as suas pr prias ideias e opini es logicamente intencionadas Isso porque sabemos que o a autor a pode ter uma inten o ao produzir um texto mas permitir pelo que fala e como fala uma outra interpreta o da sua obra N o se trata portanto unicamente da identifica o das inten es do a autor a mas da an lise dos recursos de linguagem e contextuais da obra do posicionamento cr tico diante dela e do estabelecimento de poss veis rela es entre o que ela diz e o mundo que se tem e ou se quer Esse deve ser ent o um trabalho oportunizado por toda aula de leitura independentemente da disciplina em que ela esteja ancorada sobretudo nas aulas de l ngua portuguesa nas quais se teria que garantir espa o para o detalhamento do texto o debru ar sobre as especificidades lingu sticas para a sua an lise a reflex o de com
179. concurso para a cadeira de Hist ria e Filosofia da Educa o Escola de Belas Artes de Pernambuco Recife PE 1959 FREIRE Paulo Extens o ou comunica o 4 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1979 O mundo hoje v 24 A o cultural para a liberdade e outros escritos 6 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1982 Educa o como pr tica da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 14 ed 1983 241 Pedagogia do Oprimido 17 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 O mundo hoje v 2 Pedagogia da Esperan a um reencontro com a Pedagogia do Oprimido 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1994 a Cartas a Cristina reflex es sobre minha vida e minha pr xis S o Paulo Paz e Terra 1994 b Pedagogia da autonomia saberes necess rios pr tica educativa 25ed S o Paulo Paz e Terra 1996 Cole o Leitura A import ncia do ato de ler em tr s artigos que se completam 37 ed S o Paulo Cortez 1999 sombra desta mangueira S o Paulo Olho d gua 2001 FREITAS L A professora nem vil nem v tima In PERNAMBUCO SECE Rela o professor aluno Planejamento avalia o Recife 1993 p 7 14 FREITAS Maria Teresa de Assun o Vygotsky e Bakhtin Psicologia e Educa o um intertexto 2 ed SP tica 1995 S rie Fundamentos n 107 FREITAS DE SOUZA Almeri Abordagem comparativa entre as diversas variantes lingu sticas em textos Faculdade de Ci ncias Human
180. considerar a interpreta o das significa es como decorrente das rela es entre pap is uma perspectiva um tanto simplista Nessa linha de entendimento Osakabe ent o amplia o esquema fornecido pelo pr prio P cheux por consider lo carente de outro elemento n o menos importante a rela o atuacional e pragm tica entre A e B Ent o faz as seguintes indaga es localiz veis sobre AeB e Oque A pretende falando dessa forma Essa pergunta pode ser desdobrada em duas outras O que A pretende de B falando dessa forma O que A pretende de A falando dessa forma OSAKABE 1999 p 55 Segundo Osakabe 1999 essas perguntas instauram um novo elemento nas condi es gerais de produ o pois colocam em jogo n o apenas a imagem que A e B fazem de si entre si ou sobre o referente como apresentado no esquema de P cheux mas tamb m a pr pria natureza do ato que praticam ao falarem de determinada forma e da natureza do ato a que A visa em B Podemos ent o afirmar que a produ o discursiva n o tem nada a ver com o reducionismo ou extremismo do tipo preto ou branco c u ou inferno interior ou exterior sim ou n o pois nem capacidade inata de cada indiv duo dom tampouco liberdade sem interfer ncia externa A produ o do discurso isto sim perpassada e dirigida sob uma teia de controle muitas vezes invis vel que se desdobra em mecanismos e procedimentos interno
181. construtor de um novo pensar Em que medida a EJA pode r contribuir com a humaniza o das pessoas Quem s o como est o e o que desejam querem necessitam os sujeitos educativos jovens adultos e idosos Que valores e princ pios poder o orientar a leitura na EJA comprometidos com a humaniza o desses sujeitos Para n s a re fundamenta o da Educa o de Jovens e Adultos EJA passa necessariamente pela concep o de qualidade que elegemos mediante uma dada forma o humana um em um modelo civilizat rio que concebemos como ideal porque desej vel Com efeito responder qual a natureza da qualidade apropriada aos para qu s mirados pela EJA parece se colocar como premente na re inven o do trabalho de leitura na EJA Transforma o Conserva o O tempo presente marcado por uma conjuntura desumanizante faz paradoxalmente avivar nossas utopias ao passo que mobiliza cada vez mais e necessariamente a luta por uma Educa o de Jovens e Adultos EJA como express o de educa o popular ou seja constitu da constituindo se de voca o hist rica de refutar inexorabilidades e vicissitudes As mem rias nos autorizam a afirmar que as crises revigoram a EJA ao inevit vel como in dito vi vel O compromisso tico democr tico com a amplia o das possibilidades de constru o da autonomia da criticidade da emancipa o humana e felicidade pessoal e coletiva dos sujeitos que a integram con
182. crescentar amos Conforme essas autoras quanto mais elementos reconhecemos mais f cil ser a leitura e mais enriquecida ser nossa interpreta o Com efeito quanto mais se l mais se detectam vest gios de outros textos naquele que se est lendo e mais f cil se torna perceber as suas rela es com outros objetos culturais e portanto mais f cil sua compreens o KLEIMAN amp MORAES 1999 p 62 Seguindo esse racioc nio podemos afirmar que a intertextualidade um fen meno cumulativo e basilar da leitura 189 Possenti 1994 p 32 por sua vez abran ando o vi s discursivo da l ngua gem considera que o descobrir que em um texto ecoa outro intertextualidade um dos prazeres fundamentais da leitura Pensando assim esse autor questiona como descobrir esse prazer lendo pouco se para ter acesso a ele preciso ter lido muito E ele mesmo responde necess ria pois uma certa quantidade de qualidade para que este tipo de prazer comece a funcionar grifo nosso Dessa maneira abra ando essas perspectivas te ricas apostamos na rela o rec proca entre quantidade e qualidade no trabalho de leitura na EJA Por m isso nos obriga a perguntar o que seria uma certa quantidade de qualidade POSSENTI 1994 p 32 em rela o ao que se l na Educa o de Jovens e Adultos Sabemos que os mesmos temas s o abordados em diferentes textos com diferentes suportes mas nem sempre
183. cter of each and every enunciation made use of educational theories and proposals and extant practices already systematized and registered as well as data resulting from experiences in which the researcher in her condition as educator in YAE was involved We sought in this way to establish new working hypotheses with the results obtained being reflected again in and for YAE considered as a process of lifelong learning human right and a possible and necessary locus for popular education In accordance with the results of this research reading in YAE as interlocutive praxis constitutes a pedagogical process which makes possible the enlargement of the construction of knowledge and transformative practices in the search for good living which corroborates the initial thesis of this research The right to the will to produce truth is still an unequal tense and conflictive battle although simultaneously pregnant with contradictions which can even be transformed into gaps housing new positions with regard to the world in new humanizing potentializing conquests of good living for young people adults and the elderly who as historical subjects can be conditioned but not determined and therefore can be re dignified as subjects of rights as constructors of new rights personally and collectively in and through interlocutive praxis Key words Youth and Adult Education Teaching Learning Language Reading Good Living
184. cursos gr ficos e estil sticos de valor argumentativo etc Na tentativa de aprender com Koch 1987 p 161 as marcas que funcionam como pistas no texto observemos o apresentado abaixo TEXTO 15 A Fazer o Ronaldo que ja milion rio emagrecer por 6 Milh es facil A z Vejoporai blogspot com bry 3 t Quero ver investir esse dinheiro pra matar a fome de quem precisa engordar Dir amos que o TEXTO 15 banhando se na multimodalidade e valendo se do uso espec fico de recursos lingu sticos discursivos e de outras semiologias d nos pistas na 5 Dispon vel em http sphotos h ak fbcdn net hphotos ak sh3 s480x480 577122 271534556300024 1688778923 n jpg Acesso em 25 10 2012 151 pr pria materialidade discursiva de que se trata de um discurso que se contrap e a outro lan ado pela m dia ver logomarca da Rede Globo de televis o utilizando se da popularidade de um jogador considerado fen meno Ronaldo que j milion rio express o colocada entre par nteses sin nimo por exemplo da express o diga se de passagem e portanto n o precisa de 6 Milh es em um contexto social que abra a e muito a cultura do futebol Em outros termos uma persuas o nova em cima de outra persuas o j existente a qual enreda por veias futebol sticas direto o cora o cultural dos as brasileiros as Denuncia se portanto o deixar de lado pois f c
185. cutiva na EJA com vistas a um bem viver buen vivir Consideramos que os resultados da investiga o poderiam fornecer elementos importantes para uma pr xis de leitura na EJA que garanta a amplia o das possibilidades de participa o social dos sujeitos educativos de forma a tornar menos opaco o processo da aprendizagem da leitura com indica o de poss veis e adequados caminhos recria o dessa atividade na EJA Caminhos fundados na perspectiva de educa o popular que respeitem pois os diferentes sujeitos sociais no cultivo da aprendizagem ao longo da vida e nas mais diversas comunidades de aprendizagem sem perder de vista um bem viver buen vivir Isso implica um conviver bem isto a constru o de inter rela es ticas democr ticas simbi ticas equilibradas e harmoniosas entre as pessoas e entre estas e a natureza todos sem rela o de inferioridade superioridade concebidos como elementos interligados e interdependentes que integram o cosmo Cuida se assim de uma pesquisa te rica sobre o fen meno leitura na Educa o de Jovens e Adultos EJA que busca refletir sobre as concep es pol ticas e pedag gicas explicitadas implicitadas em propostas educativas e pr ticas de leitura de EJA identificando seus elementos epistemol gicos relacionando os constru o de saberes e a es transformadoras na perspectiva do bem viver buen vivir Acreditamos que a sistematiza o do conhec
186. da multiculturalidade e do desenvolvimento da criticidade tamb m pelos as educandos as 164 jovens adultos as e idosos as Isso porque para n s um bem viver buen vivir pressup e a constru o de una sociedad basada en la equidad y la justicia una sociedad de iguales donde los unos y los otros podamos complementarnos O que exige continuarmos reivindicando que se respeten nuestros derechos colectivos a la tierra a la educaci n salud acceso a la justicia participaci n a la no discriminaci n y a que se cumpla con el derecho a ser consultados cuando se tomen decisiones que nos afectan CEAAL 2012 p 03 Para nossa surpresa o t pico do TEXTO 17 parece ter sido o maior impeditivo para o exerc cio do planejamento da aula como acontecimento GERALDI 2010b por parte de muitas educadoras ressaltamos o nico educador part cipe da oficina pedag gica mostrou se aberto s novas discuss es Uma educadora por exemplo dizia respeitar todas os e quaisquer profissionais ali s esse foi o discurso pronunciado por todos os part cipes ao longo do encontro mas recusava se a tratar quest es suscitadas no texto por contrariar seus princ pios religiosos isso mesmo o fim do mundo Poderia at lev lo referindo se posibilidade de levar o TEXTO 17 para sala de aula mas diria logo de cara que isso n o certo fazer Meu Deus Dentre as muitas quest es que esse e
187. da leitura um patamar remoto haja vista que sabemos ser a leitura uma 5 Aqui estamos considerando com Marcuschi 1996 p 76 que o sentido literal existe apesar de compreender que de uma maneira geral as palavras n o funcionam literalmente N s dificilmente vivemos em estado de dicion rio Para o aprofundamento do sentido da express o sentido literal ver Possenti 2009b p 185 192 5 Defendemos a compreens o cr tica como perspectiva m xima de leitura e n o a compreens o inferencial por acreditarmos que sendo as infer ncias do tipo l gicas anal gico sem nticas e pragm tico culturais processos cognitivos que envolvem diferentes rela es Marcuschi 1985 podem funcionar n o s como grandes aliadas ao entendimento cr tico mas algumas vezes como inibidoras desse processo por envolverem conhecimentos pessoais cren as e valores em propor es que podem comprometer a an lise cr tica Al m disso compreender o que o texto diz e para que diz nem sempre indica um posicionamento diante dele 160 atividade silenciosa e invis vel que n o pode portanto ser avaliada de modo direto mas somente por seus efeitos BAJARD 1999 p 76 O que poss vel ent o uma tentativa de aproxima o de como o outro pensa e constr i sentidos a partir da materializa o desse seu pensar e das estrat gias utilizadas Corremos inclusive riscos de equ vocos na avalia o dos efeitos provo
188. da ou inadequada dizer que o modo como os sujeitos que a falam se constitu ram errado e inadequado interditar formas lingu sticas interditar sujeitos Corrigir formas lingu sticas trabalhar pela uniformidade em benef cio do mito da unidade com preju zos incalcul veis para a multiplicidade das formas de compreens o da vida GERALDI 2010a p 61 e uma comunidade lingu stica deve ser vista n o como um grupo de pessoas que falam do mesmo modo mas que compartilham de um conjunto de normas comuns com respeito linguagem LABOV 1972 p 120 121 face a face ou n o on line ou off line Como adverte Soares 1989 p 119 43 diferen a n o defici ncia Portanto uma proposta de educa o substantivamente popular n o admite qualquer a o que venha re afirmar a viol ncia simb lica intr nseca ao conceito de defici ncia pois como adverte Lemle 1991 p 20 em dire o similar de Geraldi 2010a considerar o falar diferente dos padr es como defici ncia um equ voco lingu stico um desrespeito humano e um erro pol tico Considera se isso a um equ voco lingu stico pelo fato de as variedades lingu sticas serem portadoras de valores e significados diferentes no tempo e no espa o constru dos pelos seus produtores Todas s o igualmente adequadas aos seus falantes e devem ser consideradas como express es culturais como atos lingu sticos diferentes se
189. dades de participa o social dos sujeitos populares alvejando o seu fortalecimento coadunar se com nossa proposta pol tica e pedag gica mas se o alvo estiver na qualifica o simplista e at disfar ada de m o de obra subalternizada para atender as demandas mercadol gicas nosso rep dio se faz uma evid ncia A implanta o da EJA no Brasil se efetivou a partir de uma metodologia mecanicista com o objetivo fornecer rudimentos de leitura e escrita Entretanto nos ltimos anos com a revolu o tecnol gica torna se indispens vel uma nova roupagem educacional visto que a sociedade inserida sob a tica da inform tica requer um indiv duo mais envolvido neste novo mundo globalizado Dentro desta conjuntura observa se que atualmente a leitura enquanto pr tica pedag gica n o pode estar voltada somente para a instrumentaliza o rudimentar e limitada de codifica o gr fica Aos educandos da EJA n o deve ser ensinado apenas a decodifica o dos signos gr ficos preciso ir al m pois a leitura exige algo mais que isso Entendemos que ler interpretar relacionar textos e produzir sentidos um ato de co produ o textual atrav s do processo de intera o sujeito linguagem gerado pela leitura Assim leitura e escrita devem ser estabelecidas como pr tica do mundo real uma vez que ambas precisam ser vividas conjuntamente pois a alfabetiza o corresponde ao processo pelo qual se adquire uma tecnolo
190. de conscientiza o pol tica e codifica o decodifica o do sistema alfab tico do portugu s oficial Trata se de trabalhos que ainda aprisionados a uma concep o de l ngua como c digo portanto a l ngua devendo ser codificada escrita e decifrada leitura restringem o pedag gico aos m todos e s t cnicas de ensino Tal concep o tamb m se verifica em nossas experi ncias profissionais visto que no meu percurso como educadora e pesquisadora da EJA foi poss vel desenvolver diferentes atividades em contextos diversos a partir de 1992 a exemplo de reg ncia de aulas Alfabetiza o Ensino fundamental e P s Gradua o coordena o pedag gica gest o escolar forma o de formadores as assessoria t cnico pedag gica em projetos programas pesquisas produ o de material pedag gico e participa o em eventos socioeducativos F runs de EJA PE Encontros Preparat rios CONFINTEA VI estadual regional e 1 Disserta o de Mestrado UFPB publicada pela Editora Baga o em parceria com o N cleo de Ensino Pesquisa e Extens o em Educa o de Jovens e Adultos e Educa o Popular NUPEP UFPE CE em 2004 24 nacional etc o que nos coloca mais e mais curiosas e a um s tempo aprendentes da necess ria consci ncia da incompletude humana Sabemos que o baixo n vel de apreens o da l ngua escrita por parte das os estudantes brasileiras os uma preocupan
191. de de aprendizagem da leitura na Educa o de Jovens e Adultos como locus de educa o popular na busca de bem viver buen vier faz se indispens vel oportunizar aos s educandos as a compreens o de que a linguagem orienta o discurso no sentido de determinadas conclus es com exclus o de outras sendo portanto uma forma de a o sobre o mundo dotada de intencionalidade e veiculadora de ideologia Se a nossa preocupa o garantir que homens e mulheres jovens adultos as e idosos as n o continuem alijados do direito de ler criticamente teremos que viabilizar uma pr xis pedag gica e interlocutiva que des gue no entendimento de que o querer dizer representa sempre um querer fazer como bem acentua Koch 1987 152 Pensando com Geraldi 1996 chamamos a aten o para o fato de que entre leitor a e autor a h um compromisso Ambos os sujeitos sabem que as estrat gias do dizer implicam sentidos e certos efeitos de sentidos O A leitor a n o pode atribuir qualquer sentido s express es utilizadas pelo a autor a ao atribuir um sentido o a leitor a parte das pistas fornecidas pelo a autor a e associa as a seus pr prios fios para produzir o sentido em sua leitura Mas nesse processo interpretativo o a leitor a pode produzir leituras inadequadas Por isso mesmo fazemos quest o de anotar caber ao educador a n o a corre o de tal leitura mas descobrir com o a leitor a os passos dest
192. de de abstra o do leitor a KLEIMAN 2000b p 87 Podemos ent o criar condi es para o desenvolvimento dessa capacidade oportunizando a leitura de textos mais simples Acredita se que a leitura desse tipo de texto n o exige demais quando do processamento de aspectos lingu sticos locais relacionados sintaxe da frase rela es coesivas l xico permitindo ao leitor a voltar sua aten o tarefa de depreens o de aspectos estruturais globais Dentre os textos simples poder se ia citar a textos mais curtos por requererem menos mem ria de trabalho b tabelas e gr ficos que al m de curtos apresentam visualmente rela es entre as diversas informa es c textos que explicitam as rela es entre as informa es mediante t tulos subt tulos par grafos anunciat rios e elementos de coes o na retomada e na antecipa o da informa o KLEIMAN 2000b e Estruturas sint ticas complexas como por exemplo com intercala es ou 7 t a e E O Es encaixes js invers es de ordem can nica e an fora s o um dificultador na leitura E se h ambiguidade e ou m forma o na constru o fato comum no livro did tico a dificuldade potencial aumentada KLEIMAN 2000b Por outro lado Fulg ncio amp Liberato 2001 p 32 acreditam que uma maneira de facilitar o aprendizado da leitura seria fornecer ao aluno textos cuja leitura n o dependesse de InV informa es n o visuais que ele n o
193. depararem com textos n o did ticos pela vida afora n o sejam capazes de compreend los criticamente j que tiveram como modelo de aprendizagem leitora textos idealmente elaborados para a escola Isso sem falar que pensar na EJA enquanto processo de educa o popular e aprendizagem ao longo da vida n o compreende a escola como o nico lugar de aprendizagem muito menos a leitora Al m disso a confus o te rica entre capacidade de ler sozinho e escrever de pr prio punho tem acarretado graves preju zos ao leitor a iniciante Em nome de uma pretensa adequa o s o oferecidos a esses as educandos as textos curtos de poucas frases simplificadas s vezes at o limite da indig ncia Portanto defendemos que n o se formam leitores as oferecendo materiais de leitura empobrecidos As pessoas aprendem a gostar de ler quando de alguma forma a qualidade de suas vidas melhora com a leitura BRASIL 1997 p 36 E esse entendimento chave numa proposta de educa o popular que v na leitura um espa o de interlocu o e de mudan a ou seja de pr xis interlocutiva porque transformadora e que vislumbra um bem viver buen vivir desde j Nessa linha de entendimento acreditamos que estar a favor da grada o de dificuldades no que se refere quest o lingu stica e de conte do dos textos n o quer dizer deixar de oferecer textos complexos significativos ou desafiadores aos
194. determinar que palavras e recursos utilizar e que palavras e recursos evitar precisa apropriar se dos recursos de coes o pr prios do texto escrito precisa aprender as conven es de organiza o do texto na p gina etc SOARES 2000 p 64 65 Podemos ent o concluir que o fazer pedag gico na EJA pode e deve ser mais criativo na busca da quebra de habitus BOURDIEU 1983 para a emerg ncia de um processo de leitura como pr xis interlocutiva portanto como pr tica social de constru o de efeitos de sentidos atrav s da inser o do homem da mulher nos problemas da sociedade em que se encontram engajados as ampliando assim as possibilidades de promo o da transitividade ing nua cr tica FREIRE 1983 p 107 Dessa forma ser o evitadas poss veis tentativas de aliena o e subalterniza o dos sujeitos populares que mais e mais se potencializando poder o construir um bem viver buen vivir pessoal e coletivamente 216 Al m disso sem esquecermos que os canais de aprendizagem s o t o m ltiplos quanto as intelig ncias podemos trabalhar a leitura seguindo rotas alternativas que envolvam outras compet ncias como a musical a pict rica a corporal a intra interpessoal a l gico matem tica por exemplo Mas para isso a clareza conceptual sobre o ato de ler al m de certos cuidados na sele o e condu o das tarefas a serem propostas s o exig ncias feitas ao educador a de
195. disfun o er til com comprovada efic cia o Viagra aprovado para uso comercial em 1998 GRECO 2001 p 57 c o primeiro mapeamento do Genoma Humano publicado em 12 02 2001 que poder contribuir no desenvolvimento de novos rem dios espec ficos para cada indiv duo no entendimento de quais s o os genes respons veis pelo mal e desvendar segredos da vida No caso espec fico da cura do c ncer Andrew Simpson Coordenador do Projeto Genoma do C ncer afirma que at agora nenhuma terapia g nica funcionou e existem evid ncias de que esse n o o caminho certo Por m segundo esse pesquisador gra as ao Genoma os m dicos poder o detectar de forma cada vez mais r pida simples e barata o surgimento da doen a apud GRECO 2001 p 57 d a utiliza o de chip no tratamento do mal de Parkinson h experi ncias em andamento que buscam a partir do implante de um miniprocessador no c rebro corrigir alguns sintomas da disfun o RODRIGUES 2001 p 62 e o exame de DNA a partir de fragmentos de material gen tico lasca de unha pelos etc vem contribuindo para a Justi a n o s condenar criminosos como tamb m livrar inocentes mais de 11 pessoas condenadas pena de morte j foram inocentadas nos Estados Unidos com base em testes de DNA KENSKI 2002 p 63 As contribui es dessas descobertas para a humanidade s o ineg veis Entretanto poucos humanos podem de fato usufruir essas inova es para melh
196. diversos signos com certa finalidade cf POSSENTI 2001 p 64 numa inst ncia concreta e entre um locutor e um alocut rio sempre N o se trata 3 Texto aqui tomado como unidade de an lise por pressupor que nele e por meio dele que se podem evidenciar e analisar os elementos enunciativos de l ngua gem e os extralingu sticos que comp em as suas condi es de produ o e recep o Em suma te rica e metodologicamente falando no texto e por meio dele que se pode entender como se d o funcionamento do discurso 26 Neste trabalho inspirando nos em Possenti 2009b 13 22 apreendemos discurso como um tipo de sentido um efeito de sentido uma posi o uma ideologia que se materializa atrav s de recursos s gnicos constituindo se pelo trabalho com e sobre os recursos de express o que produzem determinados efeitos de sentido em correla o com condi es de produ o espec ficas Embora n o mantenha uma rela o biun voca com os recursos de linguagem que dele participa condicionado s circunst ncias hist ricas de sua produ o quem anuncia de onde quando como para quem por que para que a favor de que quem contra que quem etc Dessa maneira processo discursivo produ o de efeito s sentido s sendo pois o discurso o locus no do qual emergem as significa es 2 Para efeito de esclarecimento nesta pesquisa adotamos para ensino o entendimento de Miel 1972 p 22 para quem uma pe
197. dizagem ao longo da vida nos mais diversos espa os e comunidades de aprendizagem b Proposta de Tese A leitura na Educa o de Jovens e Adultos como pr xis interlocutiva se constitui num processo pedag gico que possibilita a amplia o da constru o de saberes e pr ticas transformadoras c Problematiza o Numa perspectiva substantivamente popular 1 Que concep o de educa o poderia fundar o pensar sentir agir na Educa o de Jovens e Adultos EJA 2 Que elementos epistemol gicos poderiam dar sustenta o ao trabalho com a leitura na EJA d Problema de pesquisa 1 Que elementos epistemol gicos poderiam ser basilares no trabalho com a leitura como pr xis interlocutiva na EJA com vistas a um bem viver buen vivir 58 2 O que estamos re aprendendo na e com a pr tica de leitura na EJA com vistas a um bem viver buen vivir e Objetivos Espec ficos e Identificar elementos epistemol gicos que sirvam de base para um trabalho com a leitura como pr xis interlocutiva na EJA em vistas um bem viver buen vivir e Analisar as concep es pol ticas e pedag gicas explicitadas implicitadas em propostas educativas e pr tica de leitura de EJA relacionando as constru o de saberes e a es transformadoras na perspectiva do bem viver buen vivir f Perspectiva Metodol gica Na esteira de Freire 1987 concebemos a pesquisa cient fica como uma a o cul
198. do presas s formas fenom nicas da realidade e outras que a ultrapassam indo at a ess ncia Nem toda ideologia portanto falsa consci ncia Numa perspectiva hist rica h aquelas que s o consci ncia invertida da realidade e aquelas que n o o s o O que se pode afirmar que n o h texto neutro isento de qualquer vi s ideol gico FIORIN 1990 p 29 Por outro lado Possenti 2001 postula que o locutor pode fazer ressaltar ou apagar a subjetividade segundo se submeta mais ou menos fortemente s expectativas institucionais POSSENTI 2001 p 73 Isso significa a nosso ver que o sujeito mesmo sendo capaz de exercer alguma liberdade n o totalmente livre muito menos o seu discurso A individua o a singularidade discursiva depender muito do grau da capacidade de filtragem dos indiv duos de sua criticidade ante as estrat gias de controle dos discursos pois em toda sociedade a produ o do discurso ao mesmo tempo controlada selecionada organizada e redistribu da por certo n mero de procedimentos que t m por fun o conjurar seus poderes e perigos dominar seus acontecimentos aleat rios esquivar sua pesada e tem vel materialidade FOUCAULT 2000 p 8 9 Esses procedimentos que controlam a produ o social do discurso segundo Foucault 2000 funcionam como mecanismos externos e internos Para Foucault 2000 a interdi o raz o loucura verdadeiro falso s o proced
199. dos dominados na busca de maior efic cia hegem nica podem ser transformadas em espa os hegem nicos em prol dos sujeitos trabalhadores e por conseguinte em novas constru es agora emancipadoras ou seja em pr xis interlocutiva com vistas a um bem viver buen vivir Nesse processo apostamos a atividade de leitura poder contribuir e muito 2 2 Por uma transgress o consciente desvelando superando o c rculo vicioso da viol ncia simb lica Depoimentos como os assinalados abaixo podem at ser correntes mas n o s o apreendidos por n s como naturais Vixe a gente n o pode viver sem a escrita Se voc vai arrumar um servi o vou arrumar um servi o de qu Trabalhar pros outros faxina N o posso trabalhar assim que tem que marcar o carimbo l n tem que assinar o nome A fica dif cil assinar o nome toda tremendo Eu t perto de muita gente pra mim assinar o meu 99 nome fico tremendo parece que t o matando alguma coisa fico tremendo Por qu Por que a gente treme quando a gente n o sabe ler Eu n o tive chance quando era pequena Depoimento de aluna de EJA Extra do de MAGALH ES 1995 p 219 Os delinquentes da l ngua portuguesa fazem do princ pio hist rico quem faz a l ngua o povo verdadeiro moto para justificar o desprezo de seu estudo de sua gram tica de seu vocabul rio esquecidos de que a falta de escola que ocasiona a transforma o a deterioriza
200. e o de leitura como pr xis interlocutiva caracterizada pela din mica de compreens o responsiva que amplia as possibilidades de entendimento e interven o na realidade a partir tamb m de conhecimentos cient ficos no caso da Qu mica Nessa toada reescrevemos linguagem e realidade se prendem dinamicamente FREIRE 1999 p 11 Por conseguinte a nosso ver as quest es formuladas e entregues aos s educandos as em forma de lista de perguntas sobre a interpreta o do texto que deveria ser entregue no final da aula Assunto Onde Quando Quem Qual subst ncia qu mica que est presente no texto Classifique essa subst ncia Qual a sua f rmula Impacto Light INEA Transportava quanto remetem mais extra o de informa es da superf cie do texto que a perguntas de compreens o cr tica em que expl cito e impl cito devem ser igualmente considerados A proposta portanto conceber leitura para al m da literalidade Ademais problematizar um texto mobilizar ganchos ao entendimento do seu funcionamento discursivo lembra nos Marcuschi 1996 2008 n o se d necessariamente 220 pela t cnica pergunta resposta A l gica retratada na descri o da atividade desenvolvida em Gir o 2011 perguntariamos compreens o ou copia o valendo nos da linguagem de Marcuschi nos alerta sobre os perigos ou equ vocos da tradicional tentativa de interpreta o simplista das
201. e para ser Periguete O funk Piriguete de MC Papo tem como refr o Quando ela me v ela mexe Piri Pipiri Pipiri Piri Piriguete Rebola devagar depois desce Piri Pipiri Pipiri Piri Piriguete As periguetes que v o a bailes funk s o conhecidas como funketes Quando na balada podem ser chamadas de reboletes e acabam sempre arrumando um peguete O substantivo rebolete retoma a ideia da dan arina e peguete comum de dois g neros a pessoa que se est pegando ficando com quem se mant m rela o sexual ou afetiva ocasional sem compromissos Nas novelas que retratam o universo carioca circulam agora as empreguetes Cheias de Charme Globo no ar mostra dom sticas que querem ser al adas ao sucesso Cida Isabelle Drummond Penha Ta s Ara jo e Ros rio Leandra Leal se dizem empreguetes e produzem um videoclipe cujo t tulo Vida de Empreguete Empreguete a empregada jovem que quer ser reconhecida pelo seu sucesso e chegar condi o de patroa O sufixo ete tem no caso valor carinhoso Amigas tratam se sobretudo na adolesc ncia por amiguetes O ete pode ter valor de feminino quando as calouras que acabam de ingressar no ensino universit rio s o chamadas de bixetes pois calouro bixo Formando o feminino o sufixo continua afetivo Fanzetes Desde que o jogador Neymar atingiu fama e popularidade uma legi o de f s o segue Dentre seus admiradores h um grupo especial as
202. e a constru o do conhecimento 3 ed Campinas Papirus 1994 Cole o Magist rio forma o e trabalho pedag gico SOARES Magda Becker Linguagem e escola uma perspectiva social 7 ed S o Paulo tica 1989 252 As condi es sociais da leitura uma reflex o em contraponto In ZILBERMAN Regina e SILVA Theodoro da Orgs Leitura perspectivas interdisciplinares 3 ed S o Paulo tica 1995 p 18 29 S rie Fundamentos n 42 Letramento um tema em tr s g neros Belo Horizonte CEALE Aut ntica 1998 Aprender a escrever ensinar a escrever In Edwiges Org A magia da linguagem Rio de Janeiro DP amp A SEPE 2000 p 49 73 Alfabetiza o e letramento Caminhos e Descaminhos In Revista P tio n 29 fev 2004 Dispon vel em http pt scribd com doc 18892732 Artigo Alfabetizacao e Letram ento Magda Soaresl Acesso 14 02 2013 SOL Isabel In Revista Nova Escola ler em todas as disciplinas edi o especial S o Paulo Editora Abril nov 2009 p 14 16 SOUZA Dulio Duka Combate ao racismo compromissos e a es propositivas In PINSKY Jaime Org Pr ticas de cidadania S o Paulo Contexto 2004 p 39 54 SOUZA Jo o Francisco de Perspectivas da Educa o Popular na d cada de 90 Em Aberto Bras lia DF ano 11 n 56 p 31 42 out dez 1992 Educa o de Jovens e Adultos Proposta curricular Ensino Fundamental Recife Baga o NUPEP UFPE 1998 A Ed
203. e aprecia o cr tica em bases libert rias portanto n o excludentes faz conhecer outros saberes e formas de significar de sentir de querer de viver de dizer de desvelar de re agir ante o n o ancorado institucionalmente ou do n o intitucionalizado e de ser capaz de avaliar o grau de conhecimento exigido para entender o querer dizer dos textos em sua opacidade e modula es discursivas a que se prop e a ler vida afora e sem perder de vista os princ pios ticos democr ticos a um bem viver buen vivir de forma consciente at transgredir normas quando considerar oportuno e necess rio Tendo seu universo de linguagem ampliado e estrat gias discursivas e compet ncia leitora mais desenvolvidas e assim ainda mais potencializadas os mulheres e homens idosas os adultas os e jovens h o de seguir como protagonistas integrantes de uma realidade equilibrada no caos Caos relembramos n o indica falta de ordem mas uma forma desta inscrita na instabilidade podendo resultar em bifurca es incentivadora de uma nova organiza o coletiva que concebe o cosmo e o seu destino n o como propriedade mas integrando se dinamicamente numa esp cie de comunidade com o universo na condi o de pertencentes a ele e possuindo com ele uma interlocu o tica c smica que 232 encerra uma pr xis portanto revolucion ria e talentosa por reafirmar um bem viver vivir no qual o
204. e conhecer apreciar e at produzir materiais pedag gicos voltados para esses as educandos as Embora haja t tulos que apresentem avan os significativos no trabalho com a linguagem primando pela presencialidade dos sujeitos populares nos contextos que os identificam ainda se faz necess rio um debru ar mais espec fico sobre eles enquanto objeto de pesquisa do ensino e da aprendizagem da leitura na EJA Das reflex es feitas at aqui poss vel concluir que sendo a leitura uma experi ncia sociocultural com o signo quanto mais numeroso e de melhor qualidade for o processo leitor maior a probabilidade de se constituir em di logo e enuncia o revestindo se pois de um potencial emancipador Da a import ncia de se adotarem na escolha do material de leitura a ser oferecido aos s nossos as educandos as jovens adultos as e idosos as crit rios que sejam coerentes com uma educa o transformadora Destarte preocupamo nos com o fato de que a incapacidade de ler um texto afeta o desempenho dos as nossos as educandos as em suas investidas na constru o de saberes Isso sem falar que o insucesso nas tentativas de leituras traz quase sempre a desmotiva o e consequentemente a inibi o no desenvolvimento da capacidade leitora 198 Nesse sentido pensamos com Kleiman 1996 que a quest o da legibilidade do texto e a investiga o dos aspectos que tornam um texto mais leg vel que outro s o problemas relevantes no e
205. e existir coautoria na constru o do texto n o significa que o a ouvinte leitor a tenha feito uma leitura cr tica Por isso reafirmamos preciso colocar o a educando o em situa o de leituras diversas oral e escrita incluive a partir de textos encontrados no universo amplo e diversificado e em diferentes suportes Isso inclui o livro did tico mas com algumas ressalvas mesmo quando os livros did ticos apresentam avan os no tratamento com a linguagem sua utiliza o exclusiva configura se como um problema Por n o poderem trazer temas do momento e de relev ncia para o aluno real muitos de seus textos inevitavelmente tornam se obsoletos Al m da possibilidade de n o abarcarem um n mero expressivo e ou adequado de g neros textuais existentes a ocorr ncia de simplifica o da leitura ao garimpo de informa es nos livros did ticos intensifica a nossa preocupa o Isso porque se trata de um tipo de material consagrado por muitos educadores as como sendo de apoio chegando at a ser considerado modelo a que se deve fidelidade mesmo que isso n o seja declarado oficialmente pelo a educador a E no caso espec fico do a educador a da EJA a nossa preocupa o redobrada visto que muitas vezes o modelo que serve de guia foi pensado para a educa o de crian as e adolescentes n o para sujeitos populares jovens adultos e idosos bem verdade que em nossa experi ncia educadora tivemos oportunidade d
206. e lingu sticos de aprendizagem Isso implica que tamb m haja distin o de ensino desses diferentes objetos Nesse caso tamb m conveniente e imperativo que mesmo tomados como distintos os dois processos sejam reconhecidos como indissoci veis e interdependentes SOARES 2004 A proposta parece ser ent o alfabetizar letrando e letrar alfabetizando No entanto na busca de coer ncia de uma educa o popular orientados por uma perspectiva freireana da necess ria rela o linguagem realidade humaniza o e bakhtiniana quanto ao car ter hist rico circunstancial e ideol gico do signo torcemos para que n o haja mais motivo inclusive na EJA ainda que pedag gico de distin o conceitual entre alfabetiza o e letramento fazendo se pr xis interlocutiva 25 e idosas cuja nfase tem estado grosso modo n o na rela o linguagem potencializa o humaniza o das pessoas mas na apreens o de um tipo de linguagem no caso a escrita Acreditamos que alguns exemplos podem ilustrar as preocupa es aqui ventiladas Trata se de not cias e depoimentos de educadoras es que sinalizam uma tend ncia ao nosso ver equivocada no trabalho com a linguagem e com a pr pria EJA Observemos a Algumas situa es ocorridas num encontro de forma o de formadoras es EJA em Pernambuco e O entendimento de uma educadora Tenho que fazer agora aquilo que disseram que n o era mais para ser feito referindo se a
207. e movimentos mec nicos que embora aleat rios geram sistemas abertos complexos organizacionais sem equil brios ou quase sem equil brio Isso nos possibilita tanto enxergar quanto compreender melhor os tipos de estruturas ou quase estruturas existentes no mundo que integramos A partir dessas reflex es trar amos principalmente como contribui o para o nosso estudo a no o de metamorfose enquanto acontecimento na presen a de n o rupturas PRIGOGINE amp STENGERS 1997 No entanto far amos apenas uma amplia o no seu 38 campo processual o da ci ncia para o da cultura desencadeando se at a linguagem forma ou processo de intera o sociocultural Na verdade o que existem s o interlocu es interconex es di logos e cria o do absolutamente novo porque nunca vivido antes novidade dir amos ent o metaforicamente junto com Jo o Cabral de Melo Neto 1995 tratar se do curso de um rio um discurso rio Mas quais as repercuss es dessa nova forma de conceber o processo de vida no universo no que diz respeito Educa o Popular E nas nossas rela es existenciais e cotidianas E em rela o ao trabalho de leitura na EJA Acreditamos que o humano n o pode ser mais um estranho no mundo que ele mesmo descreve A rela o dialogal entre homem mulher e natureza faz cunhar uma ci ncia como pr xis sociocultural urgente que a ci ncia se reconhe a como parte integrante da cultura
208. e vis vel do complexo sistema de restri es que fixa a efic cia suposta ou imposta das palavras seu efeito sobre aqueles aos quais se dirigem os limites de seu valor de coer o FOUCAULT 2000 p 39 definindo por isso 88 e a qualifica o que devem possuir os indiv duos que falam e que no jogo de um di logo da interroga o da recita o devem ocupar determinada posi o e formular determinado tipo de enunciados e os gestos os comportamentos as circunst ncias e todo o conjunto de signos que devem acompanhar o discurso Nessa linha de entendimento Foucault 2000 ent o destaca a b a apropria o dos saberes produzidos e legitimados historicamente controlada por um sistema que define onde e quem est autorizado para faz lo Nas sociedades contempor neas a escola tipicamente a institui o onde ocorre o processo de apropria o de saberes reconhecidos e autorizados Nesse sentido n o qualquer compet ncia que d legitimidade ao sujeito Ele precisa possuir a compet ncia autorizada pelo sistema as doutrinas realiza uma dupla sujei o dos sujeitos que falam aos sujeitos e dos discursos ao grupo ao menos virtual dos indiv duos que falam FOUCAULT 2000 p 43 A doutrina funciona como am lgama entre indiv duos que aceitam e rejeitam determinados enunciados num certo corpo te rico submetendo ao mesmo tempo o sujeito a essas matrizes discursivas e o
209. eis din micos e pl sticos MARCUSCHI 2002 a p 20 Sabemos que a l ngua gem n o dotada de simples transpar ncia contextualizada poliss mica e at mesmo amb gua Isso implica que nem tudo o que dizemos est inscrito objetivamente no texto sendo por isso a garimpagem de informa es insuficiente para a compreens o Nas atividades de compreens o partimos de informa es textuais e n o textuais e nesse processo as infer ncias como atividade cognitiva determinam em boa medida a constru o de sentidos Assim a atividade de compreens o n o uma atividade de regras precisas e exatas tampouco imprecisa e de adivinha o ela uma atividade de sele o reordena o e reconstru o em que certa margem de criatividade permitida A compreens o al m de tudo uma atividade dial gica que se d na rela o com o a outro a uma via de m o dupla MARCUSCHI 1996 p 74 e isso claro n o deixa de fora os textos multimodais Nessa perspectiva as observa es feitas por Barros 2009 p 162 v m contribuir com a nossa discuss o por defender que as atuais demandas de leitura e escrita t m exigido dos leitores capacidades cada vez mais avan adas de letramento por exemplo atribuir sentidos a textos multimodais quer sejam impressos ou digitais grifo nosso Sem d vida nesses novos tempos comumente encontramos discursos materializados em textos constru dos sob uma or
210. eitora acrescentar amos sobretudo a partir de textos que se banham no verbo Gir o 2011 demonstra perceber a import ncia da leitura como atividade ncora interdisciplinar quando a partir dos resultados de pesquisa por ela desenvolvida faz a seguinte e apropriada assertiva Diante dos resultados positivos apresentados nesta pesquisa sugerimos a utiliza o de textos contextualizados nas aulas de Qu mica e uma modifica o no curr culo da forma o de professores de Qu mica de modo que contenham disciplinas que contemplem mais atividades com leitura Como forma de viabilizar essa proposta essa autora argumenta que os professores precisam ter em sua forma o disciplinas pedag gicas que fomentem a leitura de modo que a pr tica recebida durante a forma o acad mica possa refletir na pr tica pedag gica de cada professor A professora pesquisadora a pr pria ou seja Gir o destaca que durante sua forma o acad mica n o teve nenhuma disciplina na matriz curricular do curso que contemplasse atividades com leitura e assim como ela muitos outros docentes em plena atividade n o possu ram essa forma o que fornece subs dio te rico pr tico para a realiza o desta atividade 217 Ainda defendendo essa tese a autora em enfoque alerta nos para o fato de que embora pesquisas mostrem que a utiliza o de textos por professores durante as aulas s o eficazes essa pr tica jamais passar de uma utopia se
211. eixou ele volt pra terra T3 P corrigindo a resposta da aluna n o quem teve pena do homem e deixou que ele voltasse terra foi Deus O Cristiano Aos deixa eu deixa eu T4 C 18 porque ele n o ajudava os outros T5 P repete a resposta do aluno porque ele n o ajudava os outros v rios alunos falam ao mesmo tempo a professora eleva o tom de voz E quem n o ajuda os outros o que Moacir aguarda sem perceber que trocara o nome do aluno e que este j estava respondendo M ruim P percebe seu engano e se corrige Adriano num o que voc p s T6A 18 por causa dos atos ruins que ele havia feito na terra T7P repete a resposta do aluno por causa dos atos enfatiza a acentua o padr o da palavra RUINS que ele havia tido na terra v rios alunos pedem para mostrar suas respostas P ra eu vou olhar esse neg cio aqui vai at a carteira e l a resposta que o aluno havia lido Pode falar Daniel T8D 1 porque o homem era muito ruim 106 TOP repetindo a resposta dada pelo aluno porque o homem era muito ruim Qual a express o certa T10 L porque ningu m nunca porque ningu m nunca tinha lhe dizido um Deus lhe pague T11P corrigindo a resposta do aluno que a interrompera lhe dizido ou lhe dito T12 Aos lhe dito T13P mas ainda corrigindo a resposta dada pelo aluno que a interrompera esse neg cio de Deus lhe
212. elo dela e eu respondo lindo Se disser a palavra lindo com um sorriso no canto da boca ou balan ando negativamente a cabe a certamente a minha opini o n o ser um elogio e sim uma cr tica uma vez que palavra e gestos funcionam juntos na constru o de sentido do meu enunciado DION SIO 2007 p 178 Possenti 2001 p 71 adverte ainda que os enunciados podem n o s se adaptar ao contexto mas tamb m criar contexto Um dizer n o esperado por exemplo que contraria regras eleitas como ideais pode at ser um ato pensado de criar um contexto novo diferente do socialmente autorizado Para Possenti 2001 o fato de a l ngua ser sint tica e semanticamente indeterminada de sua interpreta o efetiva depender do contexto de sua produ o necessitando em decorr ncia disso considerar outros elementos que n o os tipicamente lingu sticos n o significa que de qualquer enunciado se possa extrair qualquer significa o Reconhecer a indetermina o sint tica e sem ntica n o implica a impossibilidade de dizer com precis o o que se pretende Esse autor ressalta ent o que uma teoria da linguagem deve colocar em p de igualdade o papel do sistema de refer ncia dos interlocutores e do contexto p 96 Numa linha de entendimento muito pr xima de Possenti 2001 Geraldi 1995 p 10 acredita que a semanticidade algo aberto indeterminado mas aceitar a vagueza dos recursos expressivos usados
213. em a cada dia O valor de diminutivo desaparece e outros sentidos passam a ser vistos em palavras com ete Desde a era das chacretes n o se via uso t o exagerado do sufixo Programas de TV seguiram a mesma linha de Chacrinha Boletes eram as mo as do Clube do Bolinha Bandeirantes anos 80 Hoje as paniquetes ou panicats s o as que recebem closes das c meras no P nico na Band E as caldeiretes povoam o Caldeir o do Huck Globo O ete continua usado em refer ncia s mulheres Antes eram chamadas de vedetes e coquetes palavras vindas do franc s Hoje ouvem se as forma es reboletes funketes periguetes E a termina o ete em novas palavras Periguete Quem s o afinal as periguetes ou piriguetes Representadas nas novelas da Globo Insensato Cora o 2011 por Deborah Secco Natalie Fina Estampa 2011 2012 por Carolina Dieckman Teodora e Avenida Brasil no ar por 80 Isis Valverde Suellen s o mulheres que usam roupas just ssimas e chamativas sempre em cima de um salto muito maquiadas com bijuterias enormes e o nico objetivo de chamar a aten o conquistar S o mais do que um perigo sempre prontas para seduzir Nas baladas escolhem com quem querem ficar e ficam Formada por perigo ete a palavra usada com conota o diferente do adjetivo perigosa e circula h anos J foi usada pela cantora Ivete Sangalo que em show deixou de ser Ivet
214. em vez de um espa o para a partilha de conhecimentos no campo da literatura uma deturpa o uma falsa ideia de que as pessoas est o adquirindo mais cultura e lendo mais SAMPAIO 2010 grifo nosso De acordo com Marcelo Ferraz 2009 alguns escritores s o mais constantemente contemplados com essa pr tica de atribui o e adultera o de textos na internet Para esse autor os casos de atribui o falsa de autoria s o sintom ticos para medirmos a penetra o simb lica de certos autores da tradi o liter ria can nica na sua realidade de circula o digital 91 Nossa experi ncia cotidiana parece confirmar a exist ncia de procedimentos de controle da produ o social do discurso atrav s de mecanismos internos e externos como afirma Foucault 2000 Realmente o poder se faz presente em toda e qualquer rela o social O direito z vontade da produ o de verdades ainda uma batalha desigual tensa e conflituosa entretanto simultaneamente gr vida de contradi es que podem at ser transformadas em f r estas em novo s posicionamento s frente ao mundo em nova s conquista s humanizadora s possibilatora s de um bem viver buen vivir Isso inclui obviamente os as jovens adultos as e idosos as que enquanto sujeitos hist ricos at podem ser condicionados mas n o determinados portanto podem sim se redignificarem como sujeitos de direito como construtores de novos direitos pessoal e c
215. emancipa o humana e felicidade pessoal e coletiva dos sujeitos que a integram convoca nos disputa de hegemonia Lutemos pois Esperan osas conclu mos nossa tentativa de contribui o ao debate ressaltando que as ideias aqui defendidas s o apenas uma das formas poss veis de interpreta o A pretens o nem de longe foi o de dar conta de uma tessitura te rica N o se trata portanto da proposta mas de uma proposi o reflexiva de leitura na Educa o de Jovens e Adultos fundada na pr xis e na interlocu o em busca de um bem viver buen vivir que na hist ria presente para n s tem efeito de verdade ainda que provis ria N o sendo fechado definitivo estamos em constante reflex o reelabora o e constru o do saber Inacabadas aprendendo ensinando ao longo da vida seguimos sendo 235 REFER NCIAS ACOSTA A amp MARTINEZ E El Buen Vivir una v a para el desarrollo Quito Abya Yala 2009 ARGUILERA V A Aspectos fon ticos fonol gicos e sistema ortogr fico da l ngua portuguesa interfer ncias no bin mio ensino aprendizagem da escrita In Diversidade fon tica no Brasil pesquisas regionais e estudos aplicados ao ensino Londrina Editora UEL 1997 p 128 142 ALBO X Suma Qama a Convivir Bien C mo medirlo Di logos A o 1 No 0 Agosto 2010 54 64 ALBUQUERQUE Eliana Borges correia LEAL Telma Veraz Alfabetiza o de jovens e adultos e uma perspectiva
216. emente todos os valores culturais e simb licos que nela circulam tamb m est o dispostos em categorias hier rquicas Sendo a l ngua um bem simb lico existe uma demanda social por uma l ngua certa identificada como um instrumento que permite acesso ao c rculo dos poderosos dos que gozam de prestigio na sociedade Mas sabemos que onde h prest gio tem se a aus ncia da igualdade O segundo por m n o menos importante sobre o fato de que escrever diferente de falar Disso pensamos saber No entanto comumente h uma ideia equivocada e dicot mica entre fala e escrita em que essa ltima modalidade mant m uma rela o de supremacia e superioridade em rela o primeira Conforme Marcuschi 2001 b a escrita n o uma representa o da fala tampouco a fala o lugar do caos ou seja todo o funcionamento lingu stico por mais espont neo e informal que seja segue algum tipo de planejamento pois quando falamos seguimos regras e n o podemos fazer qualquer coisa p 62 Por conseguinte 112 n o h raz o alguma para desprestigiar a oralidade e supervalorizar a escrita Tamb m n o h raz o alguma para continuar defendendo uma divis o dicot mica entre fala e escrita nem se justifica o privil gio da escrita sobre a oralidade Ambas t m um papel importante a cumprir e n o competem Cada uma tem sua arena preferencial nem sempre f cil de distinguir pois s o atividades d
217. emos ainda uma acanhada sistematiza o reflex o cient fica das experi ncias de Educa o de Jovens e Adultos no Brasil sobretudo na perspectiva de Educa o Popular isso ante o universo amplo e diversificado que a caracteriza Na Carta de Jo o Pessoa resultante do IV Semin rio Internacional Universidade e Educa o Popular realizado no per odo de 26 a 30 de julho de 1994 em Jo o Pessoa PB encontramos importantes conclus es de educadores educandos de dezesseis pa ses da Am rica Latina frica Europa e Am rica do Norte Tais conclus es j apontam uma concep o e processo de educa o popular capaz de contribuir com o resgate da fun o cient fica cultural e pol tica da universidade e institui es de ensino e pesquisa tomando em considera o o aprofundamento da realidade objetiva e subjetiva da popula o e contexto em que est o inseridas IRELAND 1995 p 213 Vimos e vivenciamos a educa o popular como uma concep o e um processo que consubstancia um modo de pensar sentir e agir apto a enfrentar com maior clareza e efic cia o aprofundamento dos saberes nas institui es de ensino e pesquisa nas organiza es de base e nas organiza es de apoio te rico pedag gico e financeiro aos movimentos populares a degrada o dos agentes humanos e materiais da sociedade o racismo e todos os preconceitos as guerras entre religi es e pa ses a situa o de desemprego e a n o reposi
218. ender a ler determinados tipos de textos se n o se tem acesso a eles ou n o se sente desafiado a l los Como conhecer e posicionar se sobre discursos existentes se se tem acesso apenas a seus fragmentos Como perceber que a leitura pode ampliar o que se tem a dizer tendo contato apenas com textos empobrecidos Como a leitura pode oferecer estrat gias de como dizer se os peda os de textos a que se tem acesso n o permitem o entendimento de sua totalidade FREITAS DE SOUZA 2004 p 228 190 Tomemos ent o emprestadas as palavras de Possenti 2010 agora como um alerta de que sujeitos populares s o sim criativos e seu talento pode surpreender e muito o que est posto como poss vel ou seja para al m do talento de recria o de textos cuja principal caracter stica o duplo sentido Dir amos ent o certamente eles N O s pensam naquilo POSSENTI 2010 p 145 P cheux duramente ir nico com o que qualifica de concep o aristocr tica que consideraria que as classes dominadas n o inventam nada porque estariam muito absorvidas pelas l gicas do cotidiano seu duro dia a dia as afastaria dos jogos de ordem simb lica Neste ponto preciso a posi o te rico po tica do movimento estruturalista insurpot vel ele acrescenta 1983 53 E avan a dizendo que ela partilhava de alguma forma o pressupsto de que os prolet rios n o t m o tempo de se pagar um luxo
219. entes e extra dos dos mais diferentes supotes mais oportunidades ter de desenvolver sua compet ncia leitora vivendo o ato ler como pr xis interlocutiva porque transformador Isso bvio se forem garantidas a qualidade do processo interlocutivo e a amplia o das possibilidades de an lise da rela o sociedade l ngua gem tecnologia pois a pr pria produ o discursiva em g neros reflete refrata como a sociedade se organiza quer e ou pode vir a se organizar Da a pertin ncia da preocupa o de Kenski 2000 em investir na forma o de leitores as por diversos caminhos e linguagens incorporando inclusive as media es textuais com uso das tecnologias digitais Afinal tudo leva a crer que o texto eletr nico constitui se como um produto verbal diferente um produto de um novo tempo veiculado por um novo suporte que atua tamb m tanto sobre a natureza e fei o dos textos quanto sobre os processos de apropria o e significados por parte dos leitores Trata se de texto h brido que por escrito lan a m o de recursos da oralidade e de cones para se tornar mais pr ximo da conversa o natural ROCCO 2005 p 82 83 grifo da autora N o podemos contudo esquecer conforme postula Roger Chartier 2010 p 34 que a leitura do texto digital sobre a tela uma leitura descont nua segmentada que se apropria de todos os textos eletr nicos sites jornais revistas livros impondo lhes a l gica de cons
220. er Se joga na primeira ousadia que t pra nascer o dia do futuro que te adora E bota o microfone na lapela olha pra vida e diz pra ela Eu quero ser feliz agora Oswaldo Montenegro RESUMO A presente Tese se constitui em uma pesquisa te rica sobre o fen meno leitura na Educa o de Jovens e Adultos EJA em que se buscaram respostas para duas perguntas que elementos epistemol gicos seriam basilares no trabalho com a leitura na EJA O que se est reJaprendendo na e com a pr tica de leitura na EJA com vistas a um bem viver buen vivir Acreditou se que essas respostas poderiam fornecer elementos importantes para uma pr xis de leitura na EJA que garanta a amplia o das possibilidades de participa o social dos sujeitos educativos de forma a tornar menos opaco o processo da aprendizagem da leitura com indica o de poss veis e adequados caminhos recria o dessa atividade na EJA Caminhos fundados na perspectiva de educa o popular portanto que respeitam os diferentes sujeitos sociais no cultivo da aprendizagem ao longo da vida e nas mais diversas comunidades de aprendizagem sem perder de vista um bem viver buen vivir que implica um conviver bem isto a constru o de inter rela es ticas democr ticas simbi ticas equilibradas e harmoniosas entre as pessoas e entre estas e a natureza todos sem rela o de inferioridade superioridade concebidos como elementos interligado
221. eram se concentradas A turma C levou um tempo maior que a turma B para conclus o da leitura do texto mas tudo dentro do tempo destinado que foi de cinco minutos Em seguida com a inten o de proporcionar uma melhor compreens o do texto foi entregue a cada aluno uma lista de perguntas sobre a interpreta o do texto que deveria ser entregue no final da aula As perguntas foram Assunto Onde Quando Quem Qual subst ncia qu mica que est presente no texto Classifique essa subst ncia Qual a sua f rmula Impacto Light INEA Transportava quanto Os alunos das duas turmas ficaram centralizados na atividade Alguns alunos tinham d vidas e os demais colegas ajudavam apontando no texto ou dizendo a resposta O tempo para a realiza o desse momento foi em torno 20 minutos Ao final da aula 219 a aluna C1 questionou a falta de conte do expositivo A professora pesquisadora explicou que o uso de leitura iria proporcionar uma compreens o melhor do conceito de cido Duas alunas da turma B que faltaram ao primeiro dia de oficina fizeram a solicita o do texto trabalhado anteriormente Uma delas a aluna B14 lamentou o fato de ter faltado aula justificando que estava doente N o houve tempo para a leitura em voz alta sendo essa transferida para a pr xima aula Na aula seguinte foi dada continuidade oficina Inicialmente foi solicitado aos alunos que falassem sobre as ideias centrais do texto lido na aula anterior
222. erroga es das sociedades no seio das quais se desenvolve e finalmente no di logo com a natureza da qual saber apreciar os m ltiplos encantos e com os homens acrescentar amos e as mulheres de todas as culturas cujas quest es ela saber no futuro respeitar Para autores significativo que nossas teorias cient ficas sejam capazes de se desprender de limites e pressupostos que pareciam dever eternizar as escolhas de uma cultura 2 passada que significativo que elas possam abrir se a outras abordagens PRIGOGINE amp STENGERS 1997 p 14 37 Essa parece ser a primeira aproxima o entre a tese de pesquisa aqui apresentada e o ide rio prigogineano ou seja a riqueza gerada nas das constru es feitas nos m ltiplos movimentos interativos ou interlocutivos Para n s justamente na e pela linguagem que interagimos com o mundo e com outros sujeitos numa din mica interlocutiva Todavia perguntamos quais seriam as perspectivas dessas intera es Seriam as da perman ncia As da transforma o A alian a nova e a reconcilia o com a natureza propostas por Prigogine acenam como alertas importantes o modo de pensar sentir agir nas pesquisas cient ficas sobretudo no mbito da Educa o Popular que tem no di logo no coletivismo e no respeito vida seus principais axiomas epistemol gicos portanto pol ticos Evolu o e Mudan a s o m ximas da metamorfose defendida por
223. erto e errado sem considerar os fatores s cio hist ricos que subjazem s diversidades existentes Ressaltam ent o a falta de forma o sociolingu stica por ter se mostrado um forte impeditivo ao desenvolvimento de um trabalho que tenha como cerne a varia o lingu stica Em face disso fa amos nossas as palavras de Moura 2010 justamente essa aus ncia de forma o sociolingu stica que inviabiliza a interven o dos professores e os deixa cheios de d vidas principalmente em se tratando de indiv duos jovens e adultos que ao chegar escola trazem consigo uma gama ainda maior de conhecimentos e experi ncias de vida do que as crian as A incid ncia de tais d vidas tem sido constatada ao longo do nosso trabalho com forma o inicial e continuada de professores alfabetizadores de jovens e adultos bem como de professores que trabalham com ensino de l ngua materna voltado para esse grupo em outros n veis que n o a alfabetiza o MOURA 2010 p 178 grifos nossos 105 Batista 1997 e Moura 2010 trazem algumas cenas ou epis dios cruciais na din mica de sala de aula Bortoni Ricardo 2005 que acreditamos podem nos ajudar na importante e inevit vel travessia no dizer de Bagno 2002 p 13 ou conscientiza o do car ter urgente e imprescind vel do respeito aos saberes e s linguagens dos sujeitos populares Trata se de cenas que focalizam a interven o do a educador a n
224. es sociais perversas A Paz se cria se constr i na constru o incessante da justi a social Por isso n o creio em nenhum esfor o chamado de educa o para a Paz que em lugar de desvelar o mundo das injusti as o torna opaco e tenta miopizar as suas v timas FREIRE Paulo apud FREIRE A M A 2006 p 388 Que a escrita se popularize e a leitura do produzido n o mais se fa a em fun o da repeti o mas em fun o da constru o de compreens es distintas engrandecendo os horizontes de possibilidades humanas GERALDI 2010b p 147 Conforme Souza 2001 p 233 as propostas pedag gicas que se posicionam a favor da inter intra jmulticulturalidade devem tematizar problematizar perspectivar a quest o da constru o da humanidade do ser humano pois dessa maneira ser poss vel a transforma o da escola dir amos ou de qualquer espa o que se pretende de educa o popular para que adquira as condi es de garantir s camadas populares a apropria o dom nio e desenvolvimento da cultura escrita alfabeticamente em intera o com sua singularidade cultural e contribuindo com seu enriquecimento Souza 2001 ent o respaldando se em Bosi ressalta nenhuma pr tica pedag gica poder ignorar a cultura pr pria dos diferentes segmentos sociais tendo que a partir dela question la desocultando suas negatividades e potencialidades nessa dire o pelo confronto das diferentes vis
225. ess o a hist ria de sua constru o e de seus usos GERALDI 20104 p 108 Isso nos obriga a nos contrapormos a qualquer tipo de desigualdade e ou discrimina o A Educa o de Jovens e Adultos como express o de educa o popular em que se aprende ao longo da vida logo comprometida com a transforma o social n o poder aportar se na domina o cultural com pr ticas que n o se sustentam do ponto de vista tico muito menos cient fico e isso inclui claro o trabalho com a l ngua gem em especial a atividade de leitura como espa o de interlocu o e re cria o entre sujeitos transformadores interactantes Como observa Geraldi 2010a p 114 Depreda o e recusa na rela o com a alteridade produziram desigualdades e muitas do que denominamos de diferen as sociais s o produ es destas desigualdades j que diferen a s pode emergir entre semelhantes ou entre iguais Diferen as s s o percebidas nas familiaridades compartilhadas desigualdades s o recusas de partilha GERALDI 20104 p 114 grifo nosso Ao contr rio de uma l ngua abstrata e homog nea o que de fato existe vivamente uma heterogeneidade a ser respeitada no m nimo pelos seguintes argumentos e a lingugagem mais um modo de constitui o de subjetividades do que uma forma de express o de representa o do mundo GERALDI 2010a p 61 Dessa forma dizer que uma variedade lingu stica erra
226. esse movimento foi decisivo para que eu continuasse tentando buscar coer ncia com na para a efetiva o de uma conviv ncia humanizada e humanizadora Voc li o de vida R Ao Prof Dr Antonio Wanderley Geraldi UNICAMP Prof Dr Maria Ang lica UFPB e Prof Dr Adelaide Alves Dias UFPB pelas contribui es dadas no Exame de Qualifica o a esta Tese Aos meus filhos Marcos Antonio Luiz Rodolfo e Rafael Felipe que estiveram est o e certamente sempre estar o comigo vivendo n o amor brindando nascimentos e vit rias trocando saberes e superando desafios os mais diversos fa a chuva ou fa a sol ainda que o hoje n o seja do jeito que a gente achou que seria Ao meu companheiro Marcos Antonio de Souza que ao longo da minha hist ria tem incentivado e apoiado os meus sonhos e o dos aos nossos belos e amados filhos Rosilene Mariano Farias Secret ria Executiva do PPGE UFPB que sempre de forma comprometida e carinhosa ajudou me a superar os obst culos surgidos no decorrer do curso De um abra o forte e amigo s orienta es e encaminhamentos burocr ticos necess rios por parte de Rosilene nunca a mim faltaram minha amiga irm Adna Chagas que com sua generosidade amorosa e saberes m ltiplos cuidou e cuida de mim sobretudo nos momentos de ang stia minha fam lia com que sempre posso contar Lembro me muito bem de algumas das muitas entoadas di
227. esso de aprendizagem exige a apropria o do apreendido transformando o em apreendido com o que pode por isso mesmo reinvent lo aquele que capaz de aplicar o aprendido apreendido a situa es existenciais concretas Pelo contr rio aquele que enchido por outros conte dos cuja intelig ncia n o percebe de conte dos que contradizem a pr pria forma de estar em seu mundo sem que seja desafiado n o aprende FREIRE 1979 p 27 28 Com efeito medida que os sujeitos populares conhecerem diversas formas e caminhos de dizer e pensar medida que confrontam saberes impregnados de conte dos educativos atrav s das mais diferentes linguagens eles elas compreender o que tamb m s o produtores de discursos que n o s usam mas se fazem n a l ngua gem Cremos quanto maior o grau de confronto entre conven es cren as e valores na intera o mais acidentado o percurso e consequentemente mais significativas as mudan as que venham a ocorrer SIGNORINI 1995 p 196 O que existe e precisa ser combatido s o o preconceito a discrimina o e o uso indevido n o autorizado de express es da rica e diversa cultura popular e isso inclui 122 certamente as express es verbais em l ngua portuguesa Assim os as jovens adultos as e idosos as compreender o tamb m que nem de longe s o sujeitos menores por falarem de outro modo ou possu rem saberes outros diferentes dos legitimad
228. essos educativos como nos sugere Souza 2001 orientado pelos postulados freireanos 230 A cren a ainda marcante na neutralidade dos conte dos ventilados pelos textos e na transpar ncia da l ngua gem desconsiderando assim sua discursividade intr nseca conduz nos busca dos princ pios ticos para lidar com a diversidade cultural presente nos espa os educativos de sorte que a diferen a qualquer que seja ela nem de longe seja sin nimo de desigualdade Ao contr rio a diversidade nos coloca de volta ao seio do princ pio fundante da teia da vida compreendida como importante elemento de intera o enriquecedor na supera o de tens es e na re cria o do novo Acreditamos que se cuidaria ent o da viabiliza o de di logos de saberes formal informal a partir de diferentes vis es registros formas estilos g neros e linguagens favorecendo a criticidade o engajamento pol tico pedag gico e est tico e a afirma o das identidades dos sujeitos populares em sua dinamicidade hist rica considerando o contexto das diversidades existentes afeto cren as religiosidades g nero gera o etnia ra a territorialidade regionaliza o acessibilidade etc em busca de s nteses ainda que provis rias para uma interven o cr tica transformadora na realidade Seria ent o a diversidade cultural possibilitando um di logo inter e intracultural t o necess rio a um bem viver buen vivir
229. esta crisis de la vida el paradigma de la cultura de la vida que es naturalmente comunitario El paradigma de la cultura de la vida emerge de la visi n de que todo est unido e integrado y que existe una interdependencia entre todo y entre todos HUANACUNI 2010 parte 1 3 Nesse cen rio de t o pertinente urgente discuss o Silva 2008 p 164 agu a nossas utopias medida que enxerga os movimentos sociais como espa os singulares de constru o de conhecimentos e reinven o de saberes Nesse itiner rio essa autora ressalta a import ncia do desenvolvimento da capacidade discursiva para o agir transformador individual e coletivo 56 A inser o de um sujeito nas lutas e conquistas de direitos civis e pol ticos individuais e coletivos pr xis pol tica contribui para o desenvolvimento de compet ncias discursivas reflexivas morais e pol ticas para a amplia o de compet ncias e habilidades nos dom nios cognitivo e afetivo para a compreens o cr tica do mundo e consequente expans o da consci ncia para o empreendimento de a es transformadoras individuais e coletivas SILVA 2008 p 164 grifo nosso Trata se ent o de dizeres a es afirmativas que nos mobilizam ainda mais na busca de respostas s nossas inquieta es no mbito do trabalho com a leitura na Educa o de Jovens e Adultos A saber que elementos epistemol gicos poderiam ser basilares no trabalho com a leitura como pr xis interlo
230. estes profissionais n o tiverem recebido capacita o para tal GIR O 2011 p 117 Gir o 2011 demonstrando um esfor o te rico e comprometimento com o ato de ler vivencia com duas de suas turmas B e C de n vel m dio um conjunto de atividades de leitura nas aulas de Qu mica as quais contribuem para o que denomina oficina No entanto nos limites do nosso lugar atrevemo nos a dizer que percebemos certa fragilidade te rica pr tica no que diz respeito concep o de l ngua gem e consequentemente de leitura nas atividade desenvolvidas a partir de suas descri es Transcreveremos nesse passo algumas situa es que consideramos importantes no mbito da nossa discuss o Gir o 2011 p 40 concebendo o g nero textual not cia como pertencente ordem do narrar diz tratar se de um g nero imparcial em que o emissor no caso o profissional da rea jornalista n o pode emitir opini o pr pria grifo nosso Esse posicionamento mobiliza nos a registrar antem o que independente do g nero textual se not cia ou n o o texto sempre materializa discursos atrav s de diferentes sistemas de refer ncia que se cruzam e se digladiam GERALDI 1995 revelando sempre acentos apreciativos ju zos de valor ideologias em seu querer dizer Como alerta Possenti 2001 tudo que sai da boca do homem tem a sua marca A l ngua processo e produto pois toda subjetividade Por
231. etruso virou sin nimo de preconceito muitas pessoas usam o nome da jovem para associar o preconceito Isso da processo Mayara Petruso 2 Essa coloca o de voc s digna de uma Mayara Petruso mas poderiam interpretar errado e eu me transformar numa Mayara Petruso 2011 medo de ser livre com suas express es ou pagar uma de Mayara Petruso X A jovem estudante de direito trancou sua faculdade e o que se sabe que ela voltou a sua cidade natal para morar com seus pais n o usa mais internet e dificilmente sai de sua resid ncia Fonte http www correiodopovo al com br v3 entretenimento artigos 12023 Aps meses Mayara Petruso ainda lembrada internet html Percebemos que o TEXTO 07 materializa discursos a es ou preocupa es ticas quando denuncia a es preconceituosas o que muito nos alegra Qualquer ato Preconceituoso na Internet denunciem neste caso caracteriza Xenofobia http Anww safernet org br site denunciar Procuradoria Geral da Rep blica http Avww pgr mpf gov br No entanto neste momento espec fico os discursos discriminat rios por conseguinte desumanizantes assentados no texto em quest o roubam a cena de nossa fala i 9 127 1 Concordamos com Freire 1987 s h oprimido na rela o de opress o e justamente no interior dessas rela es que esses sujeitos se exteriorizam 2 Sem abrir m o da necess ria utopia reiteramos muitos s o
232. evivam ao futuro A tarefa encontrar a estreita via entre a globaliza o e a preserva o do pluralismo cultural entre a viol ncia e a pol tica e entre a cultura da guerra e a da raz o acrescentar amos e da emo o ALMEIDA 2004 p 79 grifo nosso Para n s nenhuma rela o educativa que se diga popular foi ou ser uma constru o espont nea inintencionada ao acaso Ao contr rio a Educa o Popular diretiva intencionada e conquistada por uma pr xis coerente com a con viv ncia democr tica e emancipadora implica decis o vontade pol tica mobiliza o organiza o de cada grupo cultural sem apartheid diferen as sim desigualdades nunca Tudo isso certamente demanda uma pr xis educativa coerente com tais objetivos como nos ensina Freire 1987 A EJA ent o enquanto processo de aprendizagem ao longo da vida busca garantir o desenvolvimento das potencialidades dos sujeitos populares na luta por um viver com dignidade um bem viver buen vivir Defendemos pois a forma o de pessoas e comunidades capazes de constru rem seus pr prios destinos e os da sociedade para enfrentar os desafios do futuro Para tal faz se necess rio desenvolver a autonomia o sentido de responsabilidade das pessoas e das comunidades com o ambiente e consigo mesmas a capacidade de enfrentar as transforma es da economia da cultura e da sociedade o respeito a toler ncia e a participa o consciente e cr
233. existe estrutura profunda l gica totalizante ou grande teoria pura em forma e inoc ncia sem efeitos que sejam completamente desprovidos de interesse valor ou julgamento em resumo de ideologia N o h um santu rio privilegiado separado da cultura e da pol tica onde podemos ser livres para distinguir a verdade da opini o o fato do valor ou a imagem da interpreta o N o existe ambiente objetivo que n o seja estampado pela presen a social grifo do autor Por conseguinte no fluxo da comunica o verbal a l ngua n o de forma alguma um produto acabado que pode ser transmitido de gera o a gera o como se fosse um objeto Os indiv duos n o recebem a l ngua pronta para ser usada Ao contr rio a l ngua dura e perdura sob a forma de um processo evolutivo cont nuo num contexto hist rico social ideol gico Nesse processo os sujeitos n o agem apenas com e sobre a l ngua isto sobre os mecanismos sint ticos e sem nticos da l ngua mas tamb m se constituem como tais nela e por meio dela BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 GERALDI 1995 20104 2010b POSSENTI 2001 KOCH 2000 2011 KOCH e ELIAS 2009a 2009b Na verdade os falantes produzem discursos e dessa forma vivem por re criar a l ngua ainda que considerando a relativa estabilidade do s gnico l ngu stico e os limites para sua recria o na dial tica mudan a perman ncia Isso implica dizer que a l ngua n o uma estrutura fechada um c d
234. ezes mais em rem dios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer Daqui a alguns anos eremos velhas de seios grandes e velhos de pinto mas que n o se prar o para que ervem Dr uzio Varella Agora reflitamos de que t pico o texto trata A quem foi atribu da a autoria Reformulando poss veis hip teses estabilizadas pensemos juntas os e E se o discurso n o tivesse sido efetivamente proferido por uma autoridade da rea de sa de ou seja pelo declarado enunciador em quest o Dr Dr uzio Varella e Caso na materialidade do texto a imagem fotografia do declarado enunciador n o fosse um elemento qual o poder de efic cia suposta ou 90 imposta das palavras seu efeito sobre aqueles aos quais se dirigem os limites de seu valor de coer o FOUCAULT 2000 p 39 Apesar de grande circula o na internet o TEXTO 04 parece ser um dos muitos exemplos de falsa autoria bastante disseminada isto texto que circula na rede da web como sendo de um determinado autor mas n o o Tamb m conhecido como autoria errada autoria trocada atribui o trocada ou texto ap crifo esse fen meno facilmente percebido no mundo virtual tanto em sites quanto em redes sociais Rafael Capanema s d em seu texto intutulado Escritores consagrados repudiam falsos textos que circulam na rede faz a seguinte anota o H cerca de tr s meses V
235. favore a a interlocu o tica c smica Pedagogicamente na instabilidade inerente ao processo cont nuo do ato de ler e de viver que a pr xis interlocutiva se torna uma utopia a ser materializada sem deixar de considerar o contexto hist rico social ideol gico com vistas a um bem viver buen vivir Para isso a avalia o pr pedag gica do material que se destine s aulas de leitura na EJA poderia ser considerada t o relevante quanto a avalia o da aprendizagem leitora Mesmo sem garantia do que de fato precisam e desejam apre e nder importante que se levantem quest es como o que esse texto exige que o a educando a saiba para poder l lo criticamente E conhecendo o grau de maturidade leitora dos as nossos as educandos as a leitura desse texto adequada para o a nosso a educando a oportuna Interessante Por qu Possibilita ganchos conceituais lingu sticos ou s gnicos e hist ricos Que situa es did ticas poderiam ser planejadas para a leitura produtiva desse texto O que nossos as educandos as pensam sobre a leitura feita em fazimento Como melhor re aprendem O que realmente mais lhes interessam saber O trabalho de leitura tem sido de fato desenvolvido em base democr ticas Em base tica c smica Etc A avalia o tamb m poderia acontecer ap s a viv ncia pedag gica Isso suscita quest es como o que dificultou a leitura desse texto Fatores cognitivos lingu sticos
236. fos nossos Ademais o cen rio brasileiro no que tange ao trip repet ncia evas o altos ndices de analfabetismo autoriza nos a afirmar que a educa o n o tem contribu do para a eleva o do n vel de multi letramento s das camadas populares de nossa popula o e certamente esse quadro n o sofrer mudan as significativas seja na alfabetiza o ou em outro mbito de forma o humana com pr ticas pedag gicas majoritariamente baseadas em propostas de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita restritas e restritivas encaradas como apropria o de um c digo o que implicaria dizer que seu aprendizado poderia ser esgotado e o car ter hist rico da l ngua e do pr prio homem mulher negado FREITAS DE SOUZA 2004 p 29 Esse nosso posicionameto parece ser respaldado pelos depoimentos apresentados a seguir Mesmo trazendo para a sala de aula textos de circula o social not cias letras de m sica textos liter rios etc muitos professores da EJA continuam praticando um ensino do sistema de escrita baseado no tradicional m todo sil bico de alfabetiza o Muitas vezes cria se uma evidente contradi o leem se e escrevem se textos interessantes mas o ensino da escrita alfab tica n o muda ALBUQUERQUE 2004 p 67 68 Os professores de EJA desejam que o aluno seja sujeito de sua aprendizagem que ele aprenda refletindo e construindo sua compreens o mas prop e no dia a dia tarefas essencial
237. g neros e compreens o S o Paulo Par bola Editorial 2008 Educa o lingu stica 2 MARCUSCHI Luiz Ant nio DION SIO Angela Paiva Princ pios gerais para o tratamento das rela es entre a fala e a escrita In MARCUSCHI Luiz Antonio DION SIO Angela Paiva Orgs Fala e escrita 1 ed 1 reimp Belo Horizonte Aut ntica 2007 p 13 30 MARTINS Jos de Souza O Senso Comum e a Vida Cotidiana Revista Tempo Social USP 1998 Dispon vel em http www scielo br pdf ts v10nl a01v10nl pdf Acesso em 21 02 2013 MART R BARBERO Jesus REY Germ n Os exerc cios do ver hegemonia audiovisuais e fic o televisiva 2 ed S o Paulo Senac 2004 MARX K ENGELS F O Manifesto Comunista 5 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1999 Cole o Leitura A Ideologia Alem Lisboa Avante 1981 MAYER Richard E Multimedia learning Cambridge Cambridge University Press 2001 MEC SECAD Documento Base Nacional de Prepara o VI Confer ncia Internacional de Educa o de Adultos Bras lia 2008 MELO Denise Gomes Pereira de 4 leitura e o uso da Biblioteca Juarez da Gama Batista BJGB por professores e alunos de 7as e Sas s ries de seis escolas de Jo o Pessoa Jo o Pessoa UFPB CCSA 1994 Disserta o Mestrado em Biblioteconomia MELO NETO Jo o Cabral de Obra completa Rio de Janeiro Nova Aguillar 1995 MELO NETO Jos Francisco de Educa o Popular uma ontologia In SCOCUGL
238. gia a escrita alfab tica e as habilidades de utiliz las para ler e escrever COSTA 2010 p 01 grifos nosso Cunha 2010 por exemplo pode constatar que num contexto social marcado pela cibercultura e pelas tecnologias digitais os jovens veem nos projetos de Inclus o Digital mais uma perspectiva t cnica e instrumental na qual procuram melhorar a sua qualifica o e consequentemente ampliar suas possibilidades de empregabilidade Mas n o apenas isso Esses jovens tamb m demonstram outros interesses como a apropria o de conhecimentos e aprendizagem Contudo afirma a referida autora mesmo os projetos indo al m do aspecto t cnico ainda n o superam uma vis o cr tica de inclus o digital numa forma o emancipat ria Embora aspectos de empregabilidade estejam aliados a perspectivas de futuro ainda s o ing nuos Ent o ressalta Esses projetos reproduzem uma inclus o subalterna no sentido de que apenas buscam inserir os sujeitos na sociedade e no mercado de trabalho de forma acr tica CUNHA 2010 p 158 19 Acreditamos que a leitura deve ser uma preocupa o de cidadania nas sociedades contempor neas Nosso posicionamento se respalda na Declara o de Jomtien na Declara o de Hamburgo e no Marco de A o de Bel m resultantes da Confer ncia Mundial sobre Educa o para Todos 1990 da V Confer ncia Internacional de Educa o de Adultos 1997 e da VI Confer ncia Internacional de Educa
239. gnando ekafi a m Quest o impl cita cuja resposta Pe Papa Significa o da express o E Rae Forma es imagin rias sustenta a forma o imagin ria correspondente IA A Imagem do lugar de A A pelo sujeito situado em A Quem sou eu para lhe falar assim IA B Imagem do lugar de B pelo sujeito situado em A Quem ele para eu lhe falar assim B IB B Imagem do lugar de B Quem sou eu para que ele me fale pelo sujeito situado em B assim IB A Imagem do lugar de A i 5 im pelo sujeito situado em B Quem ele para que ele me fale assim P CHEUX apud OSAKABE 1999 p 54 A esse esquema acrescenta se outro constitu do dos pontos de vista de A e de B sobre o referente Vejamo lo Express o designando ur a z Quest o impl cita cuja resposta Di e EPRE Significa o da express o go rag Forma es imagin rias sustenta a forma o imagin ria correspondente A IA R Ponto de vista sobre A e R De que lhe falo eu B IB R Ponto de vista sobre B e R De que ele me fala P CHEUX 1969 apud OSAKABE 1999 p 55 94 Todavia a defini o de destinador e de destinat rio como representantes de um lugar em determinada forma o social apresentadas por P cheux 1969 s o questionadas por Osakabe 1999 para quem P cheux assume uma postura sociol gica e se compromete de certa forma com um interesse determinado Ressalta ent o que
240. gnifica es n o detectadas nas leituras anteriores Esse fato poder inclusive servir lhe de motiva o despertando lhe maior gosto pela leitura ao perceber que pela reconstru o que ele pr prio faz do texto acaba por recri lo tornando se por assim dizer o seu coautor KOCH 1987 p 162 No momento em que o educando se torna capaz de descobrir tudo aquilo que se encontra de algum modo implicitado no texto em seus diversos n veis de significa o ser lhe mais f cil fugir manipula o ou seja reconhecer as manobras discursivas realizadas pelo emissor com o intuito de conduzi lo a uma determinada interpreta o ou obter dele determinados tipos de comportamento KOCH 1987 p 162 Afinal a leitura como exerc cio de cidadania exige um leitor privilegiado de agu ada criticidade que num movimento cooperativo mobilizando seus conhecimentos pr vios lingu sticos textuais e de mundo seja capaz de preencher os vazios do texto que n o se limite busca das inten es do autor mas construa a significa o global do texto percorrendo as pistas as indica es nele colocadas E mais ainda que seja capaz de ultrapassar os limites pontuais de um texto e incorpor lo reflexivamente no seu universo de conhecimento de forma a lev lo a melhor compreender seu mundo e seu semelhante ampliando assim as possibilidades de a es mais conscientes BRAND O amp MICHELETTI 1997 p 22 Silva 1994
241. grifo do autor Tudo indica ser poss vel reconstruir uma alian a simbioticamente solid ria entre o humano sua cultura sua sociedade e seus saberes e suas investidas curiosas pela natureza o saber cient fico natureza esta da qual o humano apenas um de seus elementos Como integrantes de uma realidade equilibrada no caos homens e mulheres crian as jovens adultas os e idosas os h o de conceber o cosmo n o como propriedade mas integrando se dinamicamente sentir se o emergINDO dele numa esp cie de comunidade com o universo na condi o de pertencentes a ele e possuindo com ele uma intera o ou interlocu o tica que encerra uma pr xis portanto revolucion ria Sem d vida inerentemente provis ria o grande aprendizado est na alian a din mica solid ria entre homem mulher e natureza na qual o respeito vida tem um grande significado PRIGOGINE 2006 p 33 o que s reafirma a nossa posi o de defensoras es de um bem viver buen vivir V zquez 2007 p 171 172 por sua vez reconhecendo qu o necess ria a pr xis nessa luta por dias mais felizes faz a seguinte advert ncia a teoria mais revolucion ria nunca deixa de ser mera teoria enquanto n o se realiza ou n o se materializa em atos Esse autor ent o problematiza mas como se torna pr tica como se materializa Como se converte em atos que se integram numa pr xis total Aqui parece nos oportuno reabrirm
242. hol stica da realidade e intencionando ultrapassar a cr tica prop e novas perspectivas de pensamento afetividades e pr ticas alicer adas pelos princ pios filos ficos e por projeto s pol tico s de 40 respeito vida no planeta expressos nos conceitos de Sumak Kawsay em qu chua vida em plenitude e Suma Qamaria em aymar principalmente A pretens o da constru o de um novo jeito de con viver bem viver parece estar fundado na integra o entre os v rios elementos da natureza numa simbiose entre os seres humanos e a M e Terra uma rela o sagrada melhor dizendo 5 Conforme David Choquehuanca 2010 o buen vivir objetiva reestabelecer uma harmonia com a natureza priorizando a vida e os direitos c smicos antes que os Direitos Humanos Nessa nova tica a natureza apreendida como sujeito de direito O direito do humano um dentre outros integrante dos direitos da M e Terra e n o o contr rio Nessa cosmovis o o respeito s diversidades passa a ser uma exig ncia tica que se estende a todos os seres que habitam o planeta numa rela o de complementaridade entre mulher homem crian a idoso a terra gua vegetais animais o reconhecimento e o resgate da identidade sociocultural dos diferentes povos buscada em harmonia com a natureza e o cosmo Nessa perspectiva o buen vivir ao contr rio do projeto civilizat rio ainda hegem nico
243. hos gagos etc N o d para discutir realidade fazendo de conta que as coisas n o existem escondendo o que realmente ocorre e por qu Sem d vida foi um remexer de ideias 165 Apresentando se como um sujeito crente em 0 Deus Meu Deus a educadora de EJA parece exercitar a palavra fundada numa l gica do que seria ou n o o sagrado Expressando decep o ajuda a fazer uma cr tica ao discurso Somos o que somos Mulheres s o iguais em qualquer profiss o apoiado no TEXTO 17 por recursos verbais e n o co verbais acalenta se sobretudo no subtendido salve salve o dia Dia Internacional da explicitamente defendido no TEXTO 17 como um acontecimento hist rico e de mobiliza o pol tica feita fazendo se por uma categoria de trabalhadoras que luta por reconhecimento social A cr tica feita pela educadora parece negar a prostitui o como atividade profissional Sua rea o parece pr xima a um purgar de mal retomando pois discursos existentes que dizem sobre um poss vel car ter pecaminoso da prostitui o sob um ponto de vista religioso ao qual subjaz uma vis o sociocultural de mulher seus limites e possibilidades E em bases ideol gicas muito pr ximas a essas talvez interpreta o papel de uma mulher educadora isto o que seria certo ou errado no realizar no curso de sua atua o enquanto profissional da educa o Com efeito provavel
244. i es ao consumo de a cares desprezasse a natureza contextual do discurso ao construir sentido na express o cortar os doces proferida por seu m dico TEXTO 09 MEU M DICO ME MANDOU CORTAR OS DOCES AGORA EU ESTOU COMENDO a Nessa mesma dire o parece o querer dizer no TEXTO 10 36 jeitos de ver um mosquito esmagado considerada uma das obras primas de Caco Galhardo 136 TEXTO 10 ARTISTA P ISO ME DEU UMA IDEL NIAL PARA UM FILM USAR ELEMENTO PR xiMO LAy ovT DESIGNER Gr fico E Ec o Lo GISTA ESTILi STA DE MoA DE v cgio ss Tra ars ai CRE 137 Continua o ar TA CRIAN A Zo AdoLescenteE 27 Dispon vel em http screamyell com br blog 2011 08 18 36 jeitos de ver um mosquito esmagado na parede Acesso em 28 08 2012 138 Portanto o sentido de um texto n o dado a priori Muito pelo contr rio constru do e determinado na pela situa o e hist ria de uso que envolve n o s os recursos lingu sticos como os n o lingu sticos isto os interlocutores o lugar de onde se fala a imagem que fazem de si e do outro e do referente os valores apreciativos o querer dizer Por exemplo quando falamos usamos n o s a voz mas tamb m o corpo pois fazemos gestos maneios de cabe a entoa es que podem sinalizar uma pergunta uma cr tica um elogio Se uma amiga me pergunta se eu gostei do novo corte de cab
245. i mentos dos mecanismos externos de controle do discurso A Interdi o incide nas intera es comunicativas definindo o que pode ser dito em que circunst ncias e quem pode dizer A 2 2 Raz o Loucura que faz uma distin o entre o que racional e o que n o o rejeita 87 sutilmente o discurso daqueles loucos que fogem ao padr o de racionalidade eleito tornando o inexistente O Verdadeiro Falso uma no o a partir da qual os discursos s o avaliados como falsos ou n o conforme os crit rios de verdade de uma determinada poca sendo refor ados e reconduzidos pelo modo como o saber aplicado em uma sociedade como valorizado distribu do repartido e de certo modo atribu do FOUCAULT 2000 p 17 Assim como diz Geraldi 1995 p 63 n o h verdade mas se est numa verdade as exclus es dos discursos falsos s o definidas historicamente J os mecanismos internos de controle do discurso por sua vez funcionam segundo Foucault 2000 atrav s de procedimentos de controle no interior do pr prio discurso orientados pelos princ pios de classifica o ordena o e distribui o S o eles o coment rio a autoria e a disciplina O Coment rio o mais evidente dos procedimentos de controle interno funciona como uma esp cie de conserva o de um j dito haja vista que n o tem outro papel sejam quais forem as t cnicas empregadas sen o o de dizer enfim o que estav
246. i as brancas entre tantas outras poss veis identidades ou seja cidad os multiculturais Sem deixar de percebermos que Essa concep o de educa o sustenta uma hip tese de trabalho no sentido de que a diversidade cultural na sociedade brasileira pode possibilitar um di logo inter e intracultural na constru o de processos educativos com as camadas populares ou setores subalternizados das sociedades nacionais e da sociedade mundial que respondam aos desafios da p s modernidade mundo SOUZA 2010 p 13 Para Cury 2000 p 6 n o estar em p de igualdade no interior de uma sociedade A 24 TAR a sm ETa F predominantemente grafoc ntrica onde o c digo escrito ocupa posi o privilegiada revela se como problem tica a ser enfrentada O referido autor reconhece a rica e variada cultura re constru da por mulheres e homens que n o tiveram acesso escola No entanto v no 2 Essa quest o considerando se as caracter sticas dos tempos de hoje reporta nos de imediato a duas situa es espec ficas da EJA enquanto express o de Educa o Popular e processo aprendizagem ao longo da vida e que aqui a t tulo de esclarecimento interessa nos mais de perto a sua juveniza o e a perspectiva crescente da inser o do a idoso a Nesta tese assumindo que a educa o um direito de todo e qualquer humano e abra ando a l gica de que pensar sujeitos da EJA trabalhar com e na diversidade MEC SECA
247. iativa das cidad s e cidad os em sua comunidade e com seu entorno DECLARA O DE HAMBURGO 1997 Dessa maneira a nossa proposi o de pesquisa analisar o fen meno da leitura na EJA a din mica contradi es frechas de domina o liberta o de teorias propostas e pr ticas educativas buscando identificar contribui es para uma pr xis pedag gica tico transformadora num contexto socioecon mico adverso cuja for a motriz a domina o a desigualdade e a exclus o 55 Para n s a pr xis fonte de conhecimento e cria o um elemento emancipador por ser transformador E justamente na e pela pr xis que nos alimentamos de utopia curiosidade e desejo de sermos mais pessoal e coletivamente Na esteira de Freire 1987 acreditamos que somente os homens e as mulheres s o pr xis pois as atividades exclusivamente humanas de reflex o e a o que transformam verdadeiramente a realidade E justamente nesse di logo cr tico e libertador que se encontra impl cito o in dito vi vel a ser concretizado na pela pr xis Nesse exerc cio de constru o de possibilidades nas entre as diferentes dimens es e a es da na vida re significamos nossa capacidade de vivenciar relacionar processos de decis o ruptura escolha em bases democr ticas sustent veis solid rias e emancipadoras coerentes com a proposta de uma educa o popular Exemplo disso a leitura do mundo e o protagonismo na dire o das
248. iciente para realizar atividades com leitura e com escrita em v rios n veis de complexidade Freitas de Souza 2004 tratando especificamente do trabalho de leitura na Educa o de Jovens e Adultos afirma que mesmo em experi ncias mais inovadoras h fortes ind cios de concep es nebulosas e truncadas no que diz respeito ao ensino e aprendizagem da leitura e da escrita por parte de seus educadores e que isso certamente se reflete em suas posturas e pr ticas pedag gicas frequente a exist ncia de uma lacuna entre as concep es bastante elaboradas da coordena o de experi ncias mais inovadoras e a pr tica dos educadores em sala de aula Essa falta de articula o aponta para limita es no processo de forma o Na verdade a dificuldade que n s educadores sentimos em transformar o nosso discurso em a es torna se ainda mais acentuada quando n o se tem muito claro o que e para que se ensinam escrita leitura e oralidade isto as concep es e os objetivos que se entrela am e norteiam o trabalho de forma o de produtores de textos e leitores jovens e adultos FREITAS DE SOUZA 2004 p 30 Nesse sentido Moita 1997 lembra nos que a possibilidade de se construir a identidade do educador de jovens e adultos reside na postura cient fica de compreender as situa es colocadas pelo dia a dia O desafio que se coloca para os as educadores as segundo essa autora de car ter pedag gico pol
249. ico que o enunciado e o acontecimento representado por ele visto que o pr prio ato de enunciar j um acontecimento Essas marcas que devem ser retomadas pelo coenunciador o a leitor a funcionam como sinaliza es que n o s o por si suficientes mas necess rias para a produ o da significa o GERALDI 1994 p 80 Por essa raz o abra amos a ideia de que a intelec o de um texto consiste na apreens o de suas significa es poss veis as quais se representam nele em grande parte por meio de marcas lingu sticas KOCH 1987 p 161 grifo nosso Dessa maneira na busca da forma o de leitores de fato cr ticos julgamos de grandiosa relev ncia a anota o de Koch 1987 p 161 Segundo essa autora para que o a leitor a em forma o possa chegar a uma intelec o mais aprofundada precisa ser preparado a para reconhecer as marcas que funcionam como pistas no texto Por isso como exemplo cita algumas dessas marcas Observemo las pois KOCH 1987 p 161 e os tempos verbais o posto o pressuposto e o subtendido 150 e a topicaliza o e na linguagem falada a entona o representada em parte pela pontua o na escrita e os itens lexicais que funcionam como operadores argumentativos ou operadores de discurso e a maneira como o locutor inter relaciona no texto diversos campos lexicais de maneira a produzir novas significa es e certas redund ncias intencionais e re
250. ico da realidade e do mundo discursivo inclusive extra dos de livros destinados crian a que vamos possibilitar aos s jovens adultos as e idosos as a conscientiza o cr tica da linguagem t o neces ria compet ncia em leitura inclusive Da a import ncia de refletirmos sobre pr ticas ainda encontradas na EJA como mostra o exemplo a seguir extra do de Pedralli 2012 8 A professora fixa cartolina com a cantiga de ninar Boi da cara preta na lousa ver a seguir l a letra com os alunos e pergunta Quem lembra dessa musiquinha Os alunos come am a relatar passagens em que j ouviram essa m sica Os alunos mais jovens d o ind cios claros de que esses relatos n o interessam a eles Um deles se levanta e vai olhar o mapa que est preso parede enquanto outro mexe no celular A professora os chama dizendo que eles devem participar da discuss o Os demais alunos continuam a relatar epis dios em que cantaram a cantiga aos filhos ou que ouviram na Os alunos mais velhos come am a relatar situa es vivenciadas por eles quando crian as as diferen as em rela o a hoje em dia O texto secundarizado Ao final da aula a professora afirma que retomar o texto na pr xima aula Di rio de Campo 13 de maio de 2011 Nota n 08 Imagem 1 Texto em cartolina trabalhado em sala de aula professora I Fonte Gera o de dados da autora 192 Importa mencionar que a professora me
251. iculdade para a leitura de um texto sobretudo aqueles de car ter did tico 202 Aqui n o pretendemos apresentar todas as hip teses levantadas por essas autoras em rela o aos quatro fatores anteriormente mencionados j que n o desejamos correr o risco de simplific las Com isso queremos observar que para um aprofundamento da quest o remetemos nossos as leitores as ao trabalho das referidas autoras pois nele encontramos exemplos justificativas e orienta es bastante esclarecedores de suas proposi es Nosso objetivo principal ressaltar que a legibilidade de um texto o resultado da intera o de diversos fatores Isso implica dizer de antem o que n o comungamos com a cren a muitas vezes n o declarada explicitamente de que a arruma o normativa da l ngua garante a compreens o por parte do a leitor a real logo situado historicamente Na verdade as hip teses apontadas por Fulg ncio amp Liberato 1996 2001 no que diz respeito aos fatores dificultadores facilitadores envolvidos na legibilidade de um texto mostram se em muitos casos comuns e ou complementares s observa es feitas por Kleiman 1996 2000a 2000b citadas por n s anteriormente como sinalizadoras de cuidados na sele o de textos e ou na busca de interven es mais eficientes por parte do a educador a junto aos s leitores as jovens adultos as e idosos as em forma o Todavia percebemos diverg ncias no pe
252. ienta o multissist mica em que linguagens se mesclam e suportes se diversificam J poss vel encontrar sinais dos avan os tecnol gicos na pluralidade de experi ncias humanas seja nas igrejas nos sindicatos nos estabelecimentos 178 comerciais e de servi os nos est dios de futebol na educa o formal seja em algumas das muitas realidades sociais existentes Na educa o por exemplo distante de atingir a totalidade de espa os e part cipes do processo educativo poder amos citar alguns materiais de apoio did tico cd roms websites e aulas virtuais Essa constata o sem d vida remete nos a ideia de que nunca tivemos tanta necessidade de ler e escrever quanto em nossos dias N o podemos utilizar um computador se n o soubermos escrever e ler E inclusive de uma maneira mais complexa do que antigamente pois integramos novos signos novas chaves Nosso alfabeto expandiu se cada vez mais dif cil aprender a ler ECO amp CARRI RE 2010 p 19 Bagno 2002 parece confirmar tal tend ncia ao sublinhar que a comunica o eletr nica via Internet vem tornando cada vez mais dif cil a delimita o entre o que tradicionalmente s era admitido na l ngua falada e o que era cobrado na l ngua escrita O que vem ocorrendo uma mescla cada vez maior entre os g neros textuais al m da prolifera o de novos g neros correio eletr nico f rum de discuss o eletr nica bate papo virtual etc
253. igo do qual os sujeitos podem se apropriar mas antes uma sistematiza o aberta no dizer de Geraldi 1995 p 12 ou uma quase estrutura como afirma Possenti 2001 p 17 Afinal se foi o trabalho de todos os que falaram uma l ngua que a levou a um determinado est gio seria incongruente imaginar que neste est gio os falantes j n o trabalham apenas se apropriam do produto Por outro lado como nem todos os que trabalham por uma l ngua s o iguais de se esperar que o produto apresente irregularidades desigualdades tra os enfim da trajet ria de cada um dos elementos constituidores de uma l ngua Produzir discurso continuar agindo com essa l ngua n o s em rela o a um interlocutor mas tamb m sobre a pr pria l ngua POSSENTI 2001 p 75 76 No processo discursivo al m da multiplicidade de sentidos que uma mesma express o pode adquirir mediante o contexto que a precede e a sucede h por parte dos sujeitos cria o de novos termos que chegam muitas vezes a adquirir certa estabilidade tornando se 2 dicionarizados A l ngua heterog nea vari vel poliss mica e polif nica arena de 76 mudan as perman ncias que tratam de mant la viva enquanto produto da a o de sujeitos historicamente situados Nesse processo palavras novas das mais diversas origens s o incorporadas ao idioma e logo absorvidas pelos falantes que passam a utiliz las no seu processo di rio de
254. il ou seja o inverso de dif cil necess rio e querido impl cito pela express o quero ver problemas sociais graves existentes no nosso pa s quatro imagens retratam algumas indignidades humanas a partir sobretudo de crian as o que aponta implicitamente um futuro certamente desumano se nada for feito para matar a fome de quem precisa engordar Isso em nome de um evento mundial Copa do Mundo impl cita pelo fato de Ronaldo fazer parte do Comit da Copa do qual o Brasil ser sede A imagem localizada no centro do texto apresenta o jogador Ronaldo considerado o fen meno do futebol membro da Comiss o organizadora da Copa em tratamento e sob cuidados de profissionais gabaritados tendo a tecnologia tamb m a seu favor O sorriso marca que se estampa no rosto dos tr s sujeitos retratados Essa imagem aponta o desinteresse tem tico e persuasivo em detrimento das imagens apresentadas em tamanhos quase quatro vezes menores de localiza o marginal no texto que retratam situa es existenciais subumanas do colorido ao preto e branco envolvendo predominantemente a inf ncia sem motivo para sorrir Sem d vida ler dialogar E cada produ o textual resultante de pelo menos uma leitura feita seguindo ou n o adequadamente pistas discursivas no continuum da constru o hist rica de efeitos de sentidos Em face disso no prop sito de ampliar a possibilida
255. iliza o Brasileira 1978 Maquiavel a pol tica e o Estado moderno 5 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1984 Cartas do c rcere 3 Ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1987 Sele o e tradu o de No nio Sp nola 243 Os intelectuais e a organiza o da cultura 9 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1995 GRECO Alessandro 14 descobertas que mudaram os ltimos 14 anos Super Interessante S o Paulo Editora Abril p 52 57 set 2001 Edi o 168 GREGORY Michael CARROL Susanne Language and situation language varieties and their social context London J Spencer Routledge and Kegan 1978 Language and Society Series GUDYNAS Eduardo Buen Vivir germinando alternativas al desarrollo Art culo publicado en Am rica Latina en Movimiento ALAI No 462 febrero 2011 Dispon vel em http alainet org active 48052 Acesso em 20 01 2012 HOFFMAN Jussara Avalia o e constru o do conhecimento In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 55 59 Avaliar para promover as setas do caminho Porto Alegre Media o 2001 HOUTART Fran ois El concepto de sumak Kawsay buen vivir y su correspondencia con el bien com n de la humanidad Lunes 13 de junio de 2011 por CEPRID Dispon vel em http www nodo50 org ceprid spip php articlel183 Acesso em 20 01 2012 HUANACUNI Fernando 2010 Vivir Bien Buen Vivir Convenio Andr s Bello Instituto Inte
256. imento existente e da teoria j produzida poder apontar elementos fundamentais de uma nova teoria mais bem ancorada na realidade do trabalho com a linguagem na EJA em especial com o da leitura Dentre as reas selecionadas para este estudo podem ser aqui elencadas as contribui es da Teoria Hist rico Cultural do Psiquismo Humano Vygotsky da Pedagogia em especial os postulados freireanos da Filosofia Materialismo Hist rico e Dial tico da Semi tica Social e de algumas das vertentes da Lingu stica contempor nea como a Sociolingu stica a Lingu stica de Texto a An lise do Discurso a Pragm tica e os estudos bakhtinianos interacionismo 57 Dessa forma fazendo se uma varredura nas reas selecionadas em busca de respostas o material coletado ser analisado articulado e integrado visando se a um posicionamento enfocado nos pressupostos que sustentam esta pesquisa Pesquisa esta que ganha corpo e alma ao deflagrar se a partir das seguintes delimita es a Objetivo Geral Analisar o fen meno leitura em diferentes propostas educativas formal n o formal em processos sociais pol ticos socioprofissionais em inst ncias governamentais ou n o com para sujeitos jovens adultos e idosos identificando poss veis elementos e saberes que contribuam para um trabalho significativo de leitura na EJA constituindo se ent o como espa o p blico de linguagem locus de educa o popular e processo de apren
257. in rias sempre resultam de processos discursivos anteriores As forma es imagin rias se manifestam no processo discursivo atrav s da antecipa o das rela es de for a e de sentido Na antecipa o o emissor projeta uma representa o imagin ria do receptor e a partir dela estabelece suas estrat gias discursivas O lugar de onde fala o sujeito determina as rela es de for a no discurso enquanto as rela es de sentido pressup em que n o h discurso que n o se relacione com outros O que ocorre um jogo de imagens dos sujeitos entre si dos sujeitos com os lugares que ocupam na forma o social e dos discursos j ditos com os poss veis e imaginados As forma es imagin rias enquanto mecanismos de funcionamento discursivo n o dizem respeito a sujeitos f sicos ou a lugares emp ricos mas s imagens resultantes de suas proje es Dispon vel em http www discurso ufrgs br glossario html Em 10 04 2011 93 Para P cheux 1969 a rela o que se processa pela sequ ncia verbal emitida por um destinador em rela o a um destinat rio n o puramente informativa pois al m do efeito de sentido constitui uma rela o de intersubjetividade O discurso caracteriza se tamb m como resultado das rela es de pap is sociais determinados Salientando a import ncia da imagem que se fazem mutuamente destinador e destinat rio esse autor prop e o seguinte esquema Express o desi
258. informa es expl citas e impl citas e extraindo conclus es O que iria caracterizar uma compreens o inferencial horizonte intermedi rio c reconhecer o prop sito comunicativo posicionar se diante do discurso confrontar suas ideias com as que o texto apresenta al m de argumentar com o texto em rela o ao conte do forma e organiza o Estaria assim avan ando de uma ar EEN ye De r Jak 55 compreens o inferencial compreens o cr tica horizonte m ximo Diante das dificuldades apresentadas por muitos de nossos alunos no que diz respeito compreens o de textos provavelmente pelas condi es em que a leitura lhes foi apresentada ou pelos fatores sociais que os impediram ou tentam impedir de ler h casos que talvez n o se enquadrem em nenhum dos n veis de compreens o acima apresentados Inspirando nos em algumas das perspectivas de leitura definidas por Marcuschi 1996 re formulamo las junto ainda com Freitas de Souza 2004 as seguintes e A falta de horizonte n o demonstra nenhum tipo de compreens o Ausenta se do processo pretendido de interlocu o e O horizonte problem tico leituras de car ter extremamente pessoal que impedem uma postura de compreens o do texto e O horizonte indevido leitura inadequada pois o texto n o fornece pistas que permitam tal interpreta o L gico que certeza quanto ao que o a outro a conseguiu construir em termos de c compreens o
259. informa antes do in cio da aula que trabalhar um texto usado tarde com a turma de alfabetiza o de crian as Ela conta que a aula foi muito bem sucedida e que os pequenos adoraram Parece haver nessa situa o espec fica uma a o pedag gica infantilizada e sob v rios aspectos incompat vel com a clientela adulta Afora essa quest o a abordagem da professora secundariza o conte do do texto em favor de discuss es de senso comum perdendo de vista a nosso ver o foco da a o pedag gica em quest o a apropria o potencializa o das pr ticas de leitura e escrita por parte dos alunos Assim o fazer docente assume contornos t o alargados que prescinde da exist ncia do pr prio material escrito em sala PEDRALLI 2012 p 134 A reflex o de Pedralli parece merecer pelo menos uma observa o Talvez o texto n o seja infantil Infantilizado infantilizante talvez seja o uso que se fez faz fa a dele o para qu de lev lo a um espa o de EJA j que a abordagem ser definida com vistas aos objetivos de trabalho propostos Isso claro quando o texto expressa experimenta o de eventos de letramento socialmente efetivo entre os as educandos as Se por exemplo a can o de ninar um fato significativo na vida dos sujeitos com quem trabalhamos poder amos tomar um texto ainda que considerado infantil como um material de entrada para discuss es cr ticas mais aprofundadas recheadas de co
260. inido que o dado precede o novo que o t pico precede informa o sobre o t pico Quanto mais o texto se conforma a essas expectativas mais autom ticas ser o as infer ncias que permitem as liga es de elementos KLEIMAN 20004 p 52 53 Desse modo Kleiman 1996 2000a 2000b defende que a depreens o da linha tem tica e a constru o de la os coesivos entre elementos descont nuos no texto s o um processo essencialmente cognitivo o qual funciona sem controle consciente por parte do leitor quando o texto atende s suas expectativas Entretanto ressalta quando o texto n o corresponde s expectativas e cren as do a leitor a quando ele inesperado ou quando as liga es de n vel tem tico ou as articula es n o s o explicitadas o texto pode parecer mais dif cil ao leitor a exigindo s vezes a monitoriza o consciente atrav s da reformula o de objetivos e desautomatiza o de estrat gias cognitivas para poder compreend lo Essa autora faz ent o algumas observa es que s o tomadas por n s como sinalizadoras de cuidados na sele o de textos e ou na busca de interven es mais eficientes por parte do a educador a junto aos s leitores as jovens adultos as e idosos as em forma o e O conhecimento sobre o assunto torna o mais simples e o conhecimento sobre um evento torna o mais familiar Isto pode ser estendido ao g nero do texto KLEIMAN 2000b p 87 e
261. irus n 24 p 66 78 199 MOURA Dayse Cabral de Leitura e Identidades tnico raciais reflex es sobre pr ticas discursivas na Educa o de Jovens e Adutos Recife UFPE CE 2010 Tese Doutorado em Educa o MOURA Edite Marques de Des encontros de Leitura Recife Aurora 2010 MOURA T nia Maria de Melo Alfabetiza o de adultos Freire Ferreiro Vygotsky contribui es te rico metodol gica formula o de propostas pedag gicas Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo 1998 Tese Doutorado em Educa o Supervis o e Curr culo NEUTZLING In cio A grande transforma o socioecon mica do Capitalismo no final do s culo XX CUT Forma o Integral Trabalho e Educa o num mundo em mudan as S 1 1998 p 13 16 Caderno I OLIVEIRA Cibele O alfabetizador e a leitura an lise de uma experi ncia de forma o em servi o Universidade Estadual de Campinas Instituto de Estudos da Linguagem 1994 Disserta o Mestrado em Lingu stica Aplicada OLIVEIRA D P T A pr tica do professor em avalia o conservadorismo ou transforma o In PERNAMBUCO SECE Avalia o Recife 1993 p 5 9 OLIVEIRA Marta Kohl de Analfabetos na sociedade letrada diferen as culturais e modos de pensamento Travessia revista do migrante S o Paulo Centro de Estudos Migrat rio Ano 5 n 12 p 17 20 jan abr 1992 Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo s cio hist rico 3
262. is E isso n o se d de forma aleat ria ao acaso Observemos pois os textos a seguir TEXTO 1 Sufixo O ete da empreguete Telenovela da Globo testa vitalidade de termina o da palavra Eils de Almeida Cardoso Isabelle Drummond Leandra Leal e Ta s Ara jo em Cheias de Charme farra sufixial Em portugu s h muitos sufixos formadores de diminutivos que expressam diferentes valores afetivos Nomes formados com diminutivos relacionam se ideia de carinho delicadeza ternura humildade mas tamb m podem ser pejorativos exprimindo deprecia o irrita o ironia Principalmente na linguagem coloquial adv rbios e pronomes com sufixos diminutivos podem ganhar valor enf tico agorinha nadinha Unido a bases que t m tra os sem nticos de delicadeza ou pequenez o sufixo atua como intensificador lindinho pequenininho J unido a bases cuja conota o depreciativa indica toler ncia e compreens o feinho bobinho Pode at perder seus tra os sem nticos em forma es com outros sentidos camisinha Dos sufixos diminutivos mais comuns al m de inho zinho h eta caderneta lingueta ito livrito ola sacola ete disquete O mais produtivo mesmo a dupla inho zinho mas o sufixo ete vem ganhando na l ngua falada na internet e nos programas de TV uma frequ ncia bem alta por seu valor expressivo Mesmo usado em palavras dicionarizadas novas palavras com essa termina o surg
263. iscursivas complementares Em suma oralidade e escrita n o est o em competi o Cada uma tem sua hist ria e seu papel na sociedade MARCUSCHI amp DION SIO 2007 p 15 No entanto em geral os manuais did ticos n o costumam dar muito espa o a essas quest es e n o as tratam com a devida aten o Pior quando as tratam fazem no de forma equivocada A distin o entre fala e escrita vem sendo feita na maioria das vezes de maneira ing nua e numa contraposi o simplista MARCUSCHI amp DION SIO 2007 p 07 Sentimo nos pois convidados a concordar com Marcuschi amp Dion sio para quem ser necess ria muita cautela no tratamento de distin es que envolvem conceitos tais como os indicados no QUADRO 1 a seguir QUADRO 1 Dicotomias perigosas Fala Escrita contextualizada descontextualizada impl cita expl cita concreta abstrata redundante condensada n o planejada planejada imprecisa precisa fragment ria integrada De modo geral essas dicotomias n o s o fundadas na natureza das condi es emp ricas de uso da l ngua envolvendo planejamento e verbaliza o mas em posi es ideol gicas e formais Disso surgem vis es distorcidas do pr prio fen meno textual na oralidade e na escrita pois sabemos que a realidade n o se d desse modo A l ngua sempre se d contextualmente assim como os textos orais e escritos s o ambos planejados mas de maneira diferenciada Abstra
264. itivo de acertos de conta ou endossam a atitude espontaneista de n o avaliar para n o inibir a criatividade do aluno Esse autor opondo se a essas duas tend ncias categ rico ao afirmar que a avalia o ter que acontecer por m dentro de crit rios adequados sobre o que e para que avaliar Para ele se a l ngua vista erroneamente como um sistema em si os pressupostos b sicos norteadores da avalia o estar o voltados para a corre o de forma deixando deriva o sentido Mas se a l ngua encarada como um sistema em fun o como de fato deveria ser outros aspectos interessados no contexto em que a intera o se d ser o devidamente considerados Em conson ncia com uma vis o textual interativa da l ngua gem e com os princ pios de educa o at aqui por n s defendidos acreditamos que o processo avaliativo da leitura dever se concentrar sobretudo no processo da compreens o de textos pelo a jovem adulto a e idoso a Conceber a l ngua gem como intera o e por extens o a leitura implica ver o a educador a como um a interlocutor a Este como interlocutor a privilegiado a que deve assumir um papel de problematizador a propondo o di logo como instrumento mediador produ o de saberes e ao mesmo tempo consciente da incompletude humana percebe que ensinar e aprender s o a es que n o se separam FREIRE 1987 19944 158 Nossa proposta
265. iva discursiva a l ngua gem uma a o cultural historicamente constru da que por seu car ter s gnico social ideol gico atua sobre o outro sobre o mundo e sobre o pr prio eu fruto das ressignifica es das intera es vividas gerando n o apenas atividades ou produtos mas a es culturais que poder o rejeitar conformar se ou transformar realidades dadas No caso espec fico da nossa l ngua materna decretada oficial padr o intrinsecamente ligada s rela es sociais associada escrita gram tica e tradi o cultural isso se traduz em forma elaborada como regra pelas classes sociais detentoras do poder econ mico e pol tico para conservar sua hegemonia Bagno 2002 2012a com muita propriedade parece respaldar esse nosso posicionamento quando registra importantes elementos compreens o da trajet ria hist rica da Gram tica Tradicional al m de ser anacr nica como teoria lingu stica a Gram tica Tradicional tamb m se constituiu com base em preconceitos sociais que revelam o tipo de sociedade em que ela surgiu preconceitos que v m sendo sistematicamente denunciados e combatidos desde o in cio da era moderna e mais enfaticamente nos ltimos cem anos Como produto intelectual de uma sociedade aristocr tica escravagista olig rquica fortemente hierarquizada a Gram tica Tradicional adotou como modelo de l ngua exemplar o uso caracter stico de um grupo restrito de falantes
266. jeitos diferentes isto marcados pela historicidade falam de lugares n o apenas diferentes mas com vis es de mundo antag nicas pol ticas sociais ideol gicas um enquanto participante do F rum Social Mundial realizado em Porto Alegre RS que contr rio globaliza o da forma como acontece atualmente pol tica do neoliberalismo aos pa ses ricos o outro enquanto participante do F rum Econ mico Mundial realizado na Europa ou USA que re ne representantes dos pa ses mais ricos do mundo liderados pelos USA Dessa forma os enunciados apesar de gramaticalmente id nticos t m sentidos diferentes Portanto podemos depreender que apesar de todo discurso estar atrelado a um suporte s gnico nem sempre o mesmo recurso s gnico expressa o mesmo discurso isto aceita a mesma interpreta o O efeito de sentido o discurso se produz em consequ ncia de certos fatos de sintaxe relacionados com determinadas condi es de produ o POSSENTI 2009b 213 TEXTO 22 Extra do de Brand o s d E por estarmos convencidos de que o discurso muito mais que a materialidade lingu stica ressaltamos a import ncia da promo o de diferentes atividades no trabalho de leitura na EJA A proposta n o somente discutir ou explorar o texto em partes mas preocupar se com o trabalho posterior de entendimento discursivo global primando pela preserva o do v nculo entre texto discurso l ngua
267. l qual ser o objetivo do ensino de l ngua portuguesa na EJA e Que repercuss es essa decis o pedag gica pol tica e epistemol gica pode trazer para o trabalho de leitura com jovens adultos as e idosos as 2 2 3 A prop sito da viv ncia da l ngua gem em sua concretude uma proposta para al m do institucionalizado Reafirmando com Prigogine amp Stengers 1997 acreditamos na l gica das instabilidades do provis rio das bifurca es do acaso do caos do irrepet vel re construindo a exist ncia Com efeito nas rela es humanas a totalidade concebida sem perder de vista as singularidades culturais inter intra e as identidades m ltiplas diferenciadas interacional e sempre em constru o pr dada e por vir Nessa abordagem a 118 alteridade se eleva j que nossa individualidade n o teria exist ncia se o outro n o a criasse BAKHTIN 1997 p 55 pois assim como o corpo se forma originalmente dentro do seio do corpo materno a consci ncia do homem desperta envolta na conciencia do outro BAKHTIN 1997 p 378 e traz consigo as diferen as constitutivas do s sujeito s eu e tu se constituem nos tensionados e imprevis veis encontos desencontros E justamente nesse movimento atividade ou trabalho que a linguagem se constr i enquanto media o s gnica necess ria Por isso a linguagem trabalho e produto do trabalho Enquanto tal carrega em cada expr
268. leitura e vida cotidiana Nessa linha de entendimento Possenti 2009b p 22 nos auxilia quando anuncia resumidamente ainda que de forma provis ria duas regras de interpreta o a nunca se sabe a priori a servi o de que est uma estrutura sint tica b certas estruturas s o no entanto ind cios poderosos de que a que o discurso se aloja tentando talvez esconder se Isso porque acreditamos que a constru o da compet ncia leitora ainda que relativizada pela sua natureza hist rica passa pelo entendimento de que o texto numa perspectiva discursiva determinado culturalmente pelas suas condi es de produ o o que se tem a 214 dizer para que se dizer a quem se pretende dizer em que situa o se diz que conduzem ao como dizer ou seja o uso de que variedade de l ngua registro e estrat gias do dizer FREITAS DE SOUZA 2004 A leitura como pr xis interlocutiva na EJA emerge n o s como possibilidade de contato compreens o e posicionamento cr tico do que se diz vis es de mundo mas tamb m como conhecimento de como se diz o que se diz referenciais de como dizer isto g neros comunicativos refletindo o porqu de ser daquela forma e n o de outra procedimento de organiza o interna no texto intencionalidade Essas talvez sejam as mais importantes contribui es das atividades de leitura constru o da compet ncia discursiva dos as jovens adultos as e idosos as haja vist
269. ler o mundo implica ter capacidade de nomear refletir inteligir o e no mundo E isso contempla a apreens o ressignifica o de letras s labas palavras textos n meros imagens situa es saberes ideologias a es etc intr nsecos l ngua aqui tomada como uma sistematiza o aberta GERALDI 1995 p 12 ou uma quase estrutura POSSENTI 2001 p 17 No entanto a contextualiza o da linguagem l ngua ou o seu sentido hist rico valor simb lico n o pode ser esquecido por se tratar de elemento fundante no movimento dial gico dial tico e ininterrupto de aprender ensinar por vi s popular Afinal assim criticamente discutida a leitura da palavra poder ser entendida n o apenas como precedida pela leitura do mundo mas por uma certa forma de escrev lo ou reescrev lo quer dizer de transform lo atrav s de nossa pr tica consciente da nossa pr xis FREIRE 1999 p 20 Dessa maneira al m da busca por uma pr xis pedag gica na Educa o de Jovens e Adultos que considere a dimens o sociocultural do letramento faz se necess rio transcender a concep o escoloc ntrica de EJA sobretudo como sin nimo de alfabetiza o ou de modalidade gerada para amenizar o analfabetismo no pa s Ao se falar no sistema educacional brasileiro n o se pode deixar de mencionar a Educa o de Jovens e Adultos EJA modalidade surgida com a finalidade oficial de amenizar o analfa
270. letramentos e g neros multimodais podem ser ensinados mas necess rio que professores e alunos estejam plenamente conscientes da exist ncia de tais aspectos o que eles s o para que eles s o usados que recursos empregam como eles podem ser mutuamente integrados como eles s o tipicamente formatados quais seus valores e limita es Nessa mesma dire o Barros 2009 chama a nossa aten o para o fato de que as atuais demandas de leitura e escrita t m exigido dos leitores capacidades cada vez mais avan adas de letramento a exemplo do atribuir sentidos a textos multimodais quer sejam impressos ou digitais BARROS 2009 p 01 Por outro lado Oswald 2010 p 193 216 afirma que a rela o do jovem com o texto imag tico um desafio ao campo de investiga o sobre a leitura Essa autora em sua pesquisa sem se dar conta da especificidade das pr ticas de recep o que envolvem a imagem terminou por perceber que a delimita o do problema n o contemplava o que a empiria apontava Na tentativa de romper com a vis o que canoniza as obras da alta cultura e desprestigia a cultura de massa por seu car ter alienador tomou como objeto em sua investiga o o mang Hist rias em Quadrinhos japonesas um artefato cultural Isso levou a referida autora a ressaltar a inadequa o de investigar essa produ o de sentidos apenas pelo eixo da leitura do texto impresso p 201 Para essa autora faz se necess
271. m A l ngua por exemplo vive e evolui historicamente na comunica o verbal concreta n o no sistema lingu stico abstrato das formas de l ngua nem no psiquismo individual dos falantes BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 p 124 A linguagem vista apenas como express o de pensamento ou instrumento de comunica o exclui da sua natureza mesma a vida dessa a hist ria da hist ria o discurso e deste ltimo limitando se formaliza o abstrata os pr prios sujeitos Em outros termos esvazia se a l ngua gem quando se exclui dela sua natureza hist rica desdobrada em suas dimens es pedag gica intera o pelo outro e discursiva intera o s gnica FREITAS DE SOUZA 2004 Quais seriam ent o as implica es da concep o de l ngua gem como instrumento de comunica o no trabalho com a leitura Certamente se a l ngua vista como estrutura como c digo o texto visto como produto da codifica o de um emissor a ser decodificado Ao a leitor a restaria simplesmente o conhecimento do c digo utilizado para se apropriar da mensagem j que de forma linear tudo est dito no dito KOCH amp ELIAS 2009a p 10 Se na concep o de l ngua como representa o do pensamento a atividade de leitura tinha como o foco o a autor a cabendo ao leitor a o reconhecimento das inten es de quem produziu o texto na concep o de l ngua como instrumento de comunica
272. m rela o de superioridade ou inferioridade entre elas b um desrespeito humano pois humilha e desvaloriza a pessoa que recebe a qualifica o de que fala errado c um erro pol tico pois ao se rebaixar a auto estima lingu stica de uma pessoa ou de uma comunidade contribui se para achat la amedront la e torn la passiva inerme e incapaz de manifestar seus anseios LEMLE 1991 p 20 21 preciso ent o subverter a ordem estabelecida segundo a qual se deve ver a l ngua limitada variante oficial portugu s padr o e procurar viv la na sua concretude isto para al m do institucionalizado Trata se por via de consequ ncia de uma transgress o consciente em que se desvela supera o c rculo vicioso da viol ncia simb lica por reconhecermos que a manuten o da ordem em nome da globaliza o e da hegemonia de um pensamento nico e a manuten o do sil ncio em nome da corre o s o dois lados de uma mesma moeda Geraldi 2010b E sabemos que infelizmente em nossa pr tica hist rica a maioria apenas importou quando se tornou necess ria para reabrir os caminhos do exerc cio do poder de forma compartilhada pelos membros da cidade letrada aqueles que falam bem escrevem bem dominam mais do que a l ngua Quando estes s o alijados do poder em tempos sombrios de ditaduras eles se voltam para os modos populares de falar falam como e com o povo para c
273. ma o leitora independente da disciplina que ancora nossas aulas o de ampliar as possibilidades de inser o dos sujeitos na constru o de sentidos Por isso insistimos n o podemos perder de vista que a leitura como exerc cio de cidadania exige um a leitor a privilegiado a de agu ada criticidade que num movimento cooperativo mobilizando seus conhecimentos pr vios lingu sticos textuais e de mundo seja capaz de preencher os vazios do texto que n o se limite busca das inten es do autor mas construa a significa o global do texto percorrendo as pistas as indica es nele colocadas E mais ainda que seja capaz de ultrapassar os limites pontuais de um texto e incorpor lo reflexivamente no seu universo de conhecimento de forma a lev lo a melhor compreender seu mundo e seu semelhante ampliando assim as possibilidades de a es mais conscientes e transformadoras j no pr prio ato de ler BRAND O amp MICHELETTI 1997 p 22 grifo nosso Em face disso considerando que a forma o de leitores as inter ativos as requer combinar e desenvolver procedimentos comuns em todas as reas do saber BAZZONI 2009 p 66 poder amos apontar aqui como fundamentais para a garantia de um ambiente promotor da aprendizagem da leitura na EJA como pr xis interlocutiva pelo menos quatro procedimentos a b deixar clara aos as educandos as a natureza da tarefa j que ele
274. ma Garoto de programa Meretriz Messalina Mich Mulher da vida Prostituta Trabalhador do sexo Descri o Sum ria buscam programas sexuais atendem e acompanham clientes participam em a es educativas no campo da sexualidade As atividades s o exercidas seguindo normas e procedimentos que minimizam a vulnerabilidade da profiss o Dispon vel em http www mtecbo gov br cbosite pages pesquisas BuscaPor TituloResultado jsf Acesso em 03 02 2013 166 Percebemos que tanto o depoimento da educadora de EJA como o TEXTO 17 consideradas as condi es de produ o revelam a natureza hist rica cultural e ideol gica do discurso Tais reflex es nos possibilitam reafirmar que o sujeito do discurso a essencialmente marcado pela historicidade ou seja um sujeito situado na hist ria da sua comunidade num tempo e num espa o concreto PA b ideol gico isto o seu dizer revela os valores as cren as de um momento hist rico e de um grupo social c compartilha o espa o do seu discurso com o outro n o somente quando orienta planeja ajusta seu dizer tendo em vista seu interlocutor mas tamb m quando dialoga com o dizer de outros sujeitos sem deixar de nesse processo reconhecer se numa e n o noutra determinada orienta o identit ria na rela o com outros discursos medida que disputa compara comunga pontos de vista sempre ideol gicos cf BRAND O s d Por outro lado a situ
275. mediador por excel ncia j que funcionando como um poderoso am lgama parte signo parte instrumento o evento humanizador mais significativo EMERSON 1983 apud SMOLKA 19 p 54 Disso adv m a capacidade de designar coisas de distinguir a es e qualidade de estabelecer significados compartilhados por determinado grupo cultural a mem ria e a comunica o entre os indiv duos Caracterizando se fundamentalmente pela reflex o generalizada da realidade a palavra desempenha um papel central tanto no desenvolvimento do pensamento quanto na evolu o da consci ncia como um todo n s pensamos com a palavra e o seu significado a unidade para compreender o pensamento verbal pois sendo o aspecto interno 33 a E e Dadia in Na vis o de Vygotsky a cultura n o algo pronto um sistema est tico ao qual o indiv duo se submete mas uma esp cie de palco de negocia es em que seus membros est o num constante movimento de recria o e reinterpreta o de informa es conceitos e significados OLIVEIRA 1995 p 38 71 da palavra ao mesmo tempo pensamento e palavra Conforme afirma Vygotsky a palavra n o produz nem expressa o pensamento ela o mediatiza Longe de ser algo linear e dado a priori no organismo ou fora dele a rela o entre pensamento e palavra um processo portanto din mico vivo VYGOTSKY 1991 Para Vygotsky 1991 o significado traz em si dois compo
276. mente de textos que se banham no verbo Desse modo inspirados em Batista 1997 enfocando a atividade de leitura na EJA perguntamos Quando se trabalha a leitura na EJA o que se ensina direta ou indiretamente Que concep es e pr ticas lhes d o sustenta o Nessa linha de entendimento portanto buscaremos fazer uma incurs o nas concep es de linguagem l ngua texto e discurso dentro do limite da nossa investiga o no intuito de desvelar rela es estabelecedoras primando pela concep o de l ngua que nos parece coerente com os princ pios pol ticos e pedag gicos da Educa o Popular e consequentemente com as poss veis implica es para o trabalho de leitura na EJA notadamente com textos verbais Sob esse enfoque o desejo de reflex o sobre quais elementos epistemol gicos poderiam ser basilares no trabalho com a leitura na EJA com vistas a um bem viver buen vivir constitui se a preocupa o central deste cap tulo A nosso ver a l ngua gem vem sendo concebida historicamente de diferentes maneiras Por m fundamentalmente podemos apontar tr s formas distintas de conceb la isto como representa o espelho do mundo e do pensamento como instrumento ferramenta de comunica o e como forma ou processo de intera o GERALDI 1996 2001 TRAVAGLIA 2000 KOCH 2011 2000 KOCH amp ELIAS 2009a 2009b Na concep o de linguagem como representa o espelho do mundo e
277. mente algumas delas ser o manuseadas no processo de leitura O texto na sala de aula introduz a possibilidade das emerg ncias dos imprevistos dos acontecimentos e dos acasos acrescentar amos portanto de transgress es conscientes de poss veis transforma es do j dado GERALDI 2010b p 119 grifo nosso Por conseguinte apreendendo a abordagem textual interacional parece nos importante discutirmos quais elementos pedag gicos e epistemol gicos poder o contribuir para a efetiva o da leitura na EJA como pr xis interlocutiva com para pelo as jovens adulto as e idosos as na perspectiva do bem viver buen vivir a isso que estamos nos propondo no item que se segue 3 2 O trato com o texto na Educa o de Jovens e Adultos implica es pedag gicas 3 2 1 A leitura de textos diversos caminhos e linguagens Let cia Queiroz Pereira 2012 p 18 a partir de dados advindos de pesquisa afirma que o ensino dos g neros textuais nas aulas de L ngua Portuguesa na EJA tem sido complexo Segundo essa autora h falta de correspond ncia entre os g neros desejados pelos alunos e os g neros ensinados na escola pr ticas restritas de letramento e metodologias docentes uso acr tico do Livro Did tico aus ncia de atividades extra livro did tico e sobretudo a aus ncia de sequ ncias did ticas bem elaboradas e cumpridas Por outro lado nossa viv ncia como formadora de f
278. mente mec nicas como a c pia e jun o de s labas ALBUQUERQUE 2004 p 68 29 Em todos os n veis de ensino sempre cobrada a leitura como resultado do n vel anterior muito embora este n vel anterior tamb m n o tenha desenvolvido um trabalho em busca de perceber nem a complexidade nem a viabilidade das pr ticas de leitura na sala de aula Entretanto se observarmos bem este processo funciona como um eixo sem fim afinal a escola formadora de professores professores de leitura a mesma escola que n o tem projeto pedag gico para a leitura e quando muito apresenta se carregada de milagrosas metodologias Ainda assim a escola continua a sua leitura sim Bem ou mal pode se dizer mas afirmar se que uma institui o que vive de leitura e escrita n o realiza uma leitura m nima de seus textos negar uma realidade que ainda um dos privil gios daqueles que conseguem frequentar esta institui o ainda que seja apenas para decifrar estritamente aquilo que o texto diz ou o professor pensa que o texto diz sem procurar chegar s entrelinhas ou tentar procurar algo significativo mais adiante SILVA 2007 p 6 grifo nosso Para n s um trabalho de leitura na perspectiva da interlocu o n o dispensa o entendimento e a apreens o da sistematiza o alfab tica do signo lingu stico n o se resumindo a isso logicamente por parte dos as jovens adultos as e idosos as Entendemos com Freire 1999 que
279. mente se sentindo interpelada pela figura da ministradora da oficina que prop e de sua posi o social um exerc cio de planejamento de aula como acontecimento trata de lutar sutilmente Poderia at levar mas contra a sugest o dada pela minsitradora da oficina j que aos olhos dela o que se desenhava era uma defesa de algo prostitui o como uma profiss o que julgava indiscutivelmente absurdo Isso mesmo o fim do mundo ante a sua verdade n o uma verdade dentre outras Da buscar por seu sagrado absoluto Meu Deus no mbito de uma dada ideologia ou comunidade ideol gica Isso mesmo o fim do mundo Poderia at lev lo mas diria logo de cara p que isso prostitui o n o certo fazer Meu Deus grifos nossos De fato como diz Bakhtin 1995 em cada palavra mostrando se como uma arena em miniatura entrecruzam se e lutam valores sociais contradit rios A palavra revela se no momento de sua enuncia o como o produto da intera o viva das for as sociais 58 A prostitui o no Brasil uma atividade profissional reconhecida pelo Minist rio do Trabalho que n o possui restri es legais enquanto praticada por adultos Dispon vel em http pt wikipedia org wiki Prostitui C3 A7 C3 A30_no Brasilfcite note l Acesso em 03 02 2013 Classifica o Brasileira de Ocupa es 5198 05 Profissionais do sexo Garota de progra
280. mento o insucesso dos as educandos as trabalhadores as atribu do a uma incapacidade natural falta de aptid es e de ajustamento ao que lhes oferecido pela escola Trata se pois da ideologia do dom que inocenta a sociedade desigual e a escola mantenedora de uma sociedade desigual se o a jovem o a adulto a e o a idoso a n o aprendem porque n o nasceram com capacidades para tanto Numa segunda linha de pensamento o fracasso escolar dos as jovens e adultos as das camadas populares explicado pela defici ncia cultural falta ou aus ncia de cultura desse tipo de educando Nesse caso quando esse tipo de aluno n o aprende a ler e a escrever 74 o portugu s oficial por exemplo atribui se isso ao seu d ficit lingu stico sua defici ncia gt PEN Da ideas BA lingu stica cabendo escola compensar suas defici ncias Al m disso a cultura e consequentemente a l ngua vista como algo que o sujeito absorve sem ressignific la j que o sujeito visto como apenas produto do meio Conforme essas concep es as falhas seriam ent o dos sujeitos da sua fam lia de seu contexto cultural a inadequa o est nos sujeitos jovens adultos e idosos n o na sociedade nem na escola Ocultam se portanto as desigualdades de oportunidades e a verdadeira causa das 2 discrimina es isto esconde se a desigual distribui o da riqueza numa sociedade
281. mo J afirmamos neste trabalho a vida n o somente qu mica a vida expressa melhor do que qualquer outro fen meno f sico algumas leis essenciais da natureza A vida o reino do n o linear da autonomia do tempo o reino da multiplicidade das estruturas E isso n o se pode ver facilmente no universo n o vivente PRIGOGINE 2006 p 33 35 grifo nosso Acreditamos que devido emerg ncia hist rico cultural da l ngua gem o texto n o deve ir para qualquer que seja o espa o educativo como pretexto para se estudar disciplinas ou cientificidades Deve ir sim porque refrata realidade s BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 Nesse processo a ci ncia como saber historicamente constru do poder ser convocada para contribuir no entendimento da s realidade s dos fen menos sociais suscitados pelo pr prio texto Da o car ter humano social e pol tico da ci ncia dos saberes outros da linguagem da leitura Ademais parece nos pertinente observar com Geraldi 2010b p 111 112 os enganos metodol gicos ou atividades que se revelam como expectativa de um resultado desejado 221 como imediato ap s a leitura a exemplo da exig ncia de resultados imediatos do tipo leu o texto responda s perguntas leu o texto escreva um texto no mesmo g nero leu pesquise sobre o tema etc At porque se o ato de ler n o admite sujeito passivo o nosso papel como encorajadores as da for
282. mos ora como n veis de apreens o social da escrita ora como fen menos diferentes e at politicamente distintos t m norteado experi ncias educativas com pessoas jovens adultas A compet ncia discursiva aqui defendida como a capacidade de o falante produtor leitor de textos ou discursos que usa a l ngua modifica a e nela e por ela tamb m se constitui contextualizar sua intera o pela linguagem verbal adequando o seu produto textual e a sua compreens o ao contexto da situa o entendido em seu sentido restrito situa o imediata em que a formula o lingu stica se d ou em sentido amplo contexto s cio hist rico e ideol gico TRAVAGLIA 2000 ou seja compreender construir sentidos ler textos orais e escritos e empregar a l ngua produzir textos orais e escritos adequando a s condi es enunciativas 12 Para n s a rela o entre alfabetiza o e letramento ainda uma distin o de conveni ncia pedag gica SOARES 2004 mas n o necessariamente conceitual pois concordando com Ferreiro 2003 acreditamos que bastaria que se ressignificasse o conceito de alfabetiza o De fato a alfabetiza o entendida como a aquisi o do sistema convencional de escrita e o letramento como sendo o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e da escrita em pr ticas sociais distinguem se tanto em rela o aos objetos de conhecimento quanto em rela o aos processos cognitivos
283. mprescind vel alargarmos nossas discuss es sobre o ato de ler deslocando o da linguagem verbal sobretudo da escrita qual a leitura tem sido tradicionalmente atrelada culturalmente naturalizada socialmente escolarizada e politicamente institucionalizada Richard E Mayer 2001 estudioso da psicologia cognitiva e educacional tem centrado seus estudos na aprendizagem dos multim dia Para esse autor o termo multim dia designa o material que vincula palavras textos verbais tanto em impressos como em textos orais e material pictogr ficos gr ficos ilustra es fotografias mapas etc abrangendo tanto os textos digitais como os textos impressos Dion sio 2005 por sua vez afirma que o processamento textual falado ou escrito exige atividades que v o al m da palavra pois a constru o de sentidos resulta da combina o de recursos visuais e verbais p 196 Por outro lado observa que todos os 50 g neros textuais escritos s o multimodais mas nem todos os g neros visuais s o multimodais p 185 a exemplo da fotografia Essa autora ent o alerta nos para o fato de que na sociedade contempor nea a pr tica de letramento da escrita do signo verbal deve ser incorporada pr tica de letramento da imagem do signo visual p 160 ressaltando aspectos pedag gicos portanto pol ticos n o apenas do letramento mas dos MUL TIletramentoS e processamento dos g neros multimodais Miulti
284. n lise fonema grafema no processo de alfabetiza o enfatizada exaustiva e dicotomicamente pela coordenadora do encontro E conclui S agora consegui entender o que realmente alfabetiza o Sempre me perguntei sem encontrar resposta satisfat ria ler o mundo ler o mundo ler o mundo o que ler mundo Paulo Freire que me perdoe mas e Not cias fornecidas pela formadora do encontro e apreendidas sem questionamentos aparentes e ou curiosidades outras por parte das educadoras Estudos em andamento j apontam o caderno de caligrafia como instrumento til e necess rio no processo de alfabetiza o de jovens e adultos e A avalia o do desempenho lingu stico discursivo de um educando transformada em momento de culpabiliza o de pr ticas pedag gicas anteriormente desenvolvidas com os educandos para n s autores que tinham suas produ es escritas em an lise A tentativa era diagnosticar o que o educando sabia a respeito do c digo sistema alfab tico e normas ortogr ficas A vontade de verdade pairava sobre quem tem e quem n o tem condi es de seguir para o n vel de escolaridade seguinte ou seja o 5 ano do Ensino Fundamental E mesmo se tratando de um processo interativo alfabetizador tinha se como respostas o sim ou o n o O talvez elemento m nimo do in dito vi vel n o poderia existir Nesse contexto o codificar decodificar
285. n o quer dizer que n o exista sentido nenhum A significa o nova s se faz como tal porque altera uma significa o anterior Para esse autor se a cada fala constru ssemos um sistema de express es n o haveria hist ria nem l ngua que se faz aberta por sua caracter stica hist rica resultante de um trabalho que n o nem um eterno recome ar nem um eterno repetir Logo ele adverte n o se creia que uma proposta que toma o ato significador como seu objeto expresse que esse ato seja totalmente n o regulado n o ordenado como se qualquer express o pudesse significar qualquer coisa Fora assim sequer os processos de negocia o de sentidos seriam poss veis Admitir uma indetermina o absoluta seria trocar uma ilus o por outra a ilus o da uniformidade pela ilus o da multiplicidade indeterminada Numa posi o estar amos negando o presente na outra estar amos negando o passado Uma e outra negam os fatos Uma e outra s o negadas pelos fatos GERALDI 1995 p 9 10 139 E em outra passagem citando Franchi Geraldi 1995 arremata essa ideia afirmando que se j n o verdade que a interpreta o decorra exclusivamente da decodifica o das express es pelo seu l xico e pela sua sintaxe tamb m n o verdade que as palavras flutuam por a a procurar o seu contexto E se as express es s o por for a de sua forma de constru o indeterminadas em muitos sentidos nem por isso
286. n de la representaci n El conocimiento es objetivo La realidad es una construcci n Las interpretaciones son subjetivas Los valores son relativos El conocimiento es un hecho pol tico Existen otras dimensiones Una teor a del sujeto el poder de los factores socioculturales el acento sobre la dimensi n 43 Hay una reducci n del sujeto a sus simb lica de la acci n la valorizaci n de la funciones intelectuales y cognitivas diferencia la importancia de la interioridad Hay una desvalorizaci n de los factores La creencia en los resultados del culturales y simb licos de la vida pensamiento occidental colectiva Se da la creencia sobre una base biol gica del comportamiento Extra do de CEAAL 2012 adapta o nossa Por outra parte Capra 2006 contribui com o debate sobre buen vivir melhor dizendo corrobora quando traz a teia da vida como uma nova compreens o cient fica dos sistemas vivos Impelindo nos a novos n veis de consci ncia esse autor afirma que reconectar se com a teia da vida significa construir nutrir e educar comunidades sustent veis nas quais podemos satisfacer nossas aspira es e nossas necesidades sem diminuir as chances das gera es futuras CAPRA 2006 p 231 Para tanto diz esse autor precisamos aprender os princ pios b sicos da ecologia p 231 Na tentativa de superar nossa ansiedade cartesiana precisamos pe
287. na a viol ncia inerente ao ego smo do consumidor dentre outros O 41 buen vivir ao contr rio incorpora as dimens es humana tica e hol stica ao relacionamento entre os seres humanos tanto com a sua hist ria quanto com sua natureza expressando se portanto como uma possibilidade de rela o diferente por n o apregoar o antagonismo entre os seres humanos e com o seu entorno social e natural Magdalena Le n 2009 por sua vez abordando a quest o de uma perspectiva feminista lan a o conceito de econom a del cuidado humano como express o do Sumak Kawsay acreditando que nessa nova forma de ver e de se relacionar no com o mundo recupera a ideia da vida como eixo e categoria central da economia Desse modo parece ser consenso tanto entre os estudiosos como entre os sujeitos sociais que se molham e se embriagam na luta direta pela efetiva o de um buen vivir a exemplo dos povos ind genas que um dos axiomas do buen vivir a rela o tica com a natureza contrapondo se assim aos ethos capitalistas e a qualquer outro modelo civilizat rio subalternizante Evidentemente nessa linha de pensamento sentimento a o a tica democracia emerge como estrat gia pol tica de conviv ncia para que n o haja qualquer tipo de exclus o preconceito ou discrimina o uma vez que contrariam a ideia do buen vivir A preocupa o com a justi a social e a organiza o pol tica como simult
288. nados Portanto podem sim redignificarem se como sujeitos de direito como construtores de novos direitos pessoal e coletivamente na e pela pr xis inclusive interlocutiva Por outra parte na busca do como materializar tal utopia esta pesquisa suscitou novas perguntas que se configuram como desafios do campo de investiga o sobre a leitura na Educa o de Jovens e Adultos Quem s o os as sujeitos leitores Como se sentem em rela o leitura Por qu O que leem Para qu Como leem Onde Y Y vV Y Como a leitura se expressa na vida dos sujeitos jovens adultos e idosos Por qu Como Em que medida Conhecer as hist rias de vida e de leitura dos as jovens adultos as e idosos as enfim escut los poder vir a ser uma grande contribui o no redimensionamento do olhar acerca do car ter transformador da linguagem na vida daquele sujeitos fornecendo elementos de an lise para o entendimento pedag gico logo pol tico do ato de ler 233 Vislumbrar uma EJA que busca uma mudan a profunda na forma de pensar e de se relacionar exige uma articula o significativa entre a Educa o Popular a aprendizagem ao longo da vida e um bem viver que se situe dentro do compromisso com a transforma o Muito embora a Educa o de Jovens e Adultos tenha alcan ado xito em muitas de suas dimens es a exemplo do seu reconhecimento legal enquanto processo de escolariza o da amplia o de experi
289. nal process in a way which makes the process of learning to read less opaque with the indication of possible and adequate paths for the recreation of this activity in YAE Such paths based on the perspective of Popular Education and as such with respect for the different social subjects in the cultivation of lifelong learning and in the most diverse learning communities without losing good living from sight which implies a good living together that is the construction of ethical democratic symbiotic balanced and harmonious inter relations between persons and between them and nature all without a sense of inferiority or superiority and conceived as interrelated and interdependent elements which make up the cosmos Amongst the areas selected for this study we can list the contributions of the Historical cultural Theory of Human Psyche Vygotsky of Pedagogy in particular the Freirean postulates of Philosophy Dialectics and Historical Materialism of Social Semiotics and some of the strands of contemporary Linguistics such as Socio linguistics and Textual Linguistics Discourse Analysis Pragmatics and bakhtinian studies interactionism In our search for coherence with the principles of Popular Education a qualitative research methodology was chosen and on the basis of that we opted for a diversification of ideas and contexts In this way the process of content analysis in which is implicit the discursive chara
290. nalfabeto e a supremacia da modalidade escrita sobre outras formas de linguagem Num epis dio extra do de Signorini amp Dias 2000 parece ficar evidente a presen a do mito do letramento sob a m xima escolarizada no comportamento de uma professora de Educa o de Jovens e Adultos durante uma atividade de leitura Observemos Situa o A Um aluno reclama que um amigo disse que BR n o significava Brasil falava se de estradas cujas siglas se iniciavam por BR P a professora respondeu que ent o o autor do texto era um burro porque a informa o estava no texto Extra do de SIGNORINI amp DIAS 2000 p 100 Situa o B P a professora pergunta a S uma aluna algo sobre um texto acompanhando a aula com dificuldade n o soube responder V D outro aluno se oferece para emprestar seu texto colega P diz N o necess rio pois para ela n o faz diferen a Extra do de SIGNORINI amp DIAS 2000 p 100 grifo do autor A concep o de que o que est certo o que est no texto ou melhor o que diz o a autor a do texto sujeito escolarizado um especialista por conseguinte visto como autoridade incontest vel miopiza a possibilidade de considerar os as educandos as jovens adultos as e idosos as como tamb m produtores as de saberes saberes outros talvez constru dos desconstru dos reconstru dos e vivificados por eles elas mediante sua significa o nas experi ncia
291. nalizadores da import ncia sociocultural epistemol gica e pedag gica e portanto pol tica desta investiga o O Documento Base Nacional de Prepara o VI Confer ncia Internacional de Educa o de Adultos MEC SECAD 2008 por exemplo analisando os dados referentes PNAD realizada em 2006 traz a seguinte afirmativa apesar do ndice de analfabetismo ter baixado 3 8 pontos percentuais em rela o a 1996 o IBGE registrou a cifra de 14 4 milh es de analfabetos com 15 anos ou mais no pa s o que para n s continuava a representar uma d vida social gigantesca De outro giro se considerarmos pelo ponto de vista da localiza o houve uma diminui o nas varia es de taxas de analfabetismo entre campo e cidade Entretanto a desigualdade se mant m Em 2006 a taxa de analfabetismo da popula o com 15 anos ou mais da zona rural era de 24 em 1996 era de 31 e de 8 na zona urbana em 1996 era de 10 8 Entretanto em n meros absolutos a zona urbana superava em muito a zona rural havia 9 2 milh es de analfabetos na primeira e 5 2 milh es na segunda em 2006 MEC SECAD 2008 p 4 5 Al m disso indicadores resultantes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic lio 1995 2001 2006 2007 2008 e 2009 IBGE no que diz respeito ao analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade considerada as variantes sexo cor situa o de domicilio e grandes Regi es do Brasil s o reveladores n o
292. ndividualizados do que a escola Mart r Barbero 2004 p 58 59 questiona est a educa o se encarregando dessas indaga es E se n o o est fazendo como pode pretender ser hoje um verdadeiro espa o social e cultural de produ o e apropria o de conhecimentos Aqui defendemos o texto como o material privilegiado para um trabalho com a leitura na EJA atrelado ao discurso e constru o de efeitos de sentidos n o a uma suposta porque imposs vel decifra o Quando observamos aqui a necess ria presen a do texto nas rela es de ensino n o estamos elegendo simplesmente um material de apoio pedag gico s aulas de leitura Vamos al m disso o que pretendemos imitar a vida j que o texto por n s concebido como a manifesta o real e concreta do discurso num processo intersubjetivo e dial gico que tem car ter de acontecimento enunciativo isto como inst ncia discursiva tecida na e pela pluralidade de linguagens A partir desse ponto de vista dir amos com Landowski 2012 p 3 4 o universo inteiro uma esp cie de texto que lemos continuamente n o claro somente com nossos olhos de leitores mas fazendo uso dos nossos cinco sentidos situados historicamente A EJA ent o dever eleger o texto como objeto discursivo numa nova abordagem dos fen menos de l ngua gens entendendo o agora como coloca o em funcionamento de recursos expressivos de entre
293. necessidade de inferir um t pico mediante a integra o das informa es nos casos em que a rela o entre t tulo e t pico n o for consistente Ainda se o aluno perceber as inconsist ncias ele n o ter meios de reestabelecer a coer ncia mediante a avalia o de outras fontes de informa o KLEIMAN 1996 p 175 Fulg ncio amp Liberato 1996 por sua vez afirmam que o est gio cr tico da leitura importante ser alcan ado mas acreditam que negar a utilidade de se alterar a forma dos textos visando a facilitar sua leitura como querem alguns autores negar a pr pria import ncia do conhecimento pr vio da leitura p 103 Para elas a pr tica pedag gica dever interferir no processo do aprendizado de forma a permitir ao aluno a aquisi o gradativa das habilidades necess rias leitura n o atrav s de exerc cios artificiais 2 mas atrav s do confronto n o natural com textos leg veis isto atrav s da apresenta o ao aluno de textos com n vel de dificuldade que aumenta medida que ele se torna h bil Isso diz respeito n o s forma lingu stica mas tamb m organiza o de unidades de conte do FULGENCIO amp LIBERATO 1996 p 102 grifo nosso Logo com a compreens o garantida apoiada no conhecimento pr vio do a educando a o processo pedag gico se ocuparia de garantir tamb m a constru o de uma postura cr tica Afinal ressaltam as referidas autoras
294. neidade dos sujeitos e sua capacidade de voca o para o novo a precariedade do singular do irrepet vel seria negar o princ pio dial tico da hist ria homens e mulheres crian as jovens e adultos as na sua incompletude mobilizam o desejo de fazer se e refazer se continuamente pela intera o com outros tamb m incompletos E essa intera o sem d vida realiza se pela l ngua gem cujo processo instaura sempre a condi o de fazendo se inacabada os mutuamente l ngua gem e sujeitos no processo interlocutivo O discurso ent o como pr tica social e arena de produ o de sentidos n o Referimo nos ao conceito de forma o discursiva no marco te rico da An lise de Discurso de linha francesa Nesta abordagem as forma es discursivas s o consideradas condicionantes do que pode e deve ser dito pelo sujeito a partir de um lugar historicamente determinado Para maior aprofundamento dessa quest o ver Brand o 19 e Orlandi 1995 1996 2000 97 necessariamente c pia ou novidade isto sim trabalho realizado por sujeitos que como tais s o capazes de criticamente romper at o estabelecido institucionalizado Afinal refletindo com Geraldi 2010a p 112 113 percebemos que se a linguagem concebida como atividade isso implica que at mesmo as l nguas no sentido sociolingu stico do termo n o est o de antem o prontas dadas como um sistema de que o sujeito se apropria para us las seg
295. nentes o significado propriamente dito e o sentido O significado propriamente dito refere se ao n cleo de compreens o sistema de rela es objetivas relativamente est vel constru do em torno da palavra durante o seu desenvolvimento e compartilhado por todos que dela fazem uso Seria por isso uma esp cie de significa o da palavra dicionarizada O sentido por sua vez refere se ao significado dado palavra por cada indiv duo fruto das rela es contextuais e viv ncias afetivas desse sujeito Portanto depende tanto da situa o de uso como das experi ncias socioculturais do sujeito Segundo esse autor o humano deve ser concebido em sua totalidade Partindo dessa premissa ele aborda a quest o do funcionamento psicol gico humano da consci ncia de forma unificadora entre os aspectos cognitivos e afetivos visto que s o os desejos necessidades emo es motiva es interesses impulsos e inclina es do indiv duo que d o origem ao pensamento e este por sua vez exerce influ ncia sobre o aspecto afetivo volitivo REGO 1995 p 122 Em face disso o autor em enfoque considera que o significado fen meno da fala e do pensamento constitu do num processo evolutivo em que ocorrem mudan as na estrutura de sua significa o e natureza psicol gica O pensamento verbal parte de generaliza es primitivas chegando ao n vel de conceitos mais abstratos Nesse processo n o o conte do de uma
296. no 10 n 52 p 21 38 out dez 1991 Aula de portugu s discurso e saberes escolares S o Paulo Martins Fontes 1997 Texto e Linguagem BAUMAN Zygmunt Globaliza o as consequ ncias humanas Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 1999 BAZZONI Claudio Trabalho integado para ensinar a ler In In Revista Nova Escola ler em todas as disciplinas Edi o especial S o Paulo Editora Abril nov 2009 p 66 BENTO Berenice Alves de Melo O caso Julien Sorel uma abordagem praxiol gica Revista M ltipla ano I n 2 1997 Dispon vel em http www upis br revista multipla nr 002 berenice htm Acesso em 02 06 2002 BERNSTEIN B Classe codes andcontrol theoretical studies toward sasociology of language London Routhledge amp Kegan Paul 1971 BEZERRA Maria Auxiliadora Livros did ticos de portugu s e suas concep es de ensino e de leitura uma retrospectiva In DIAS Luiz Francisco Org Texto escrita interpreta o ensino e pesquisa Jo o Pessoa Ideia 2001 p 27 48 237 BORTONIRICARDO Stella Maris N s cheguemu na escola e agora Sociolingu stica amp Educa o S o Paulo Par bola 2005 BOURDIEU Pierre Uma ci ncia que perturba Quest es de Sociologia Rio de Janeiro Marco Zero 1983 A economia das trocas simb licas 3 ed S o Paulo Perspectiva 1992 A economia das trocas lingu sticas o que falar quer dizer 2 ed S o Paulo EDUSP 1998 Cl ssicos 4 BRA
297. ns es de aprofundamento de estudo e poss veis contribui es para re fundamenta o da EJA como express o de Educa o Popular este trabalho prop e investigar o fen meno leitura na EJA Parto do ponto de vista de que a leitura na Educa o de Jovens e Adultos se constitui num processo pedag gico que possibilita a constru o de efeitos de sentidos saberes e pr ticas transformadoras na perspectiva tica democr tica e simbi tica de humaniza o das pessoas e de respeito vida no planeta 1 2 1 O reconhecimento na alian a nova e na reconcilia o com a natureza propostas por Prigogine Interpretando a Educa o Popular numa concep o pr xima defendida por Melo Neto 2008 p 31 como um sistema aberto de teorias intercomunicantes conseguimos arrolar algumas converg ncias epistemol gicas com as ideias defendidas por Ilya Prigogine Esse autor considerado precursor de um novo entendimento sobre ci ncia constru da e tematizada na din mica de m ltiplas intera es Demonstra de forma coerente interesse pelas mais diversas manifesta es culturais e pela pluralidade de saberes abrindo assim janelas de comunica o na sua forma o de cientista tecida num rico di logo cultural Segundo Prigogine amp Stengers 1997 p 14 a metamorfose da ci ncia e da inclus o ocorrer atrav s de uma alian a nova do abrir se ao universal sem nega o ou estranhamento s preocupa es e int
298. ns o aproximada do todo discursivo a dada estrutura composicional prever lhe o fim ou seja desde o in cio somos sens veis ao todo discursivo que em seguida no processo da fala evidenciar suas diferencia es Se n o existissem os g neros do discurso e se n o os domin ssemos se tiv ssemos de cri los pela primeira vez no processo da fala se tiv ssemos de construir cada um de nossos enunciados a comunica o verbal seria quase imposs vel BAKHTIN 1997 p 301 302 grifo nosso Ademais conforme adverte Dion sio 2007 p 177 175 Como g neros n o s o apenas formas mas quadros de a es sociais investigar g neros associados s formas visuais dessas a es sociais resultantes das infinitas possibilidades de orquestra o entre imagem e palavra significa tamb m recorrer apresenta o visual do g nero como recurso de identifica o ou seja de reconhecimento psicossocial Por conseguinte o trabalho com a leitura na EJA dever possibilitar o contato com a maior diversidade de g neros poss vel sobretudo o entendimento do que neles acontece Isto e a frequente intertextualidade e heterogeneidade tipol gica de g neros existentes e as condi es de adequa o tipol gicas natureza da informa o n vel de linguagem tipo de situa o rela o entre os participantes natureza dos objetivos que geralmente obedecem a par metros de relativa rigidez definidos pela rotina so
299. nsamento dessas autoras quando tratam da quest o da necessidade ou n o da reformula o do texto did tico a fim de facilitar a leitura Para Kleiman 1996 p 175 a solu o n o reformular o texto did tico mas ensinar o aluno a ler E para isso precisamos ter textos leg veis isto textos que permitam o envolvimento do aluno como sujeito que infere reflete avalia Nesse sentido sugere a mudan a de postura do a educador a em rela o ao texto did tico tornando se junto com o a educanda questionador a desse e dos demais tipos de textos bem como a reformula o pelos as pr prios as educandos as de textos did ticos inconsistentes e a leitura de textos que n o sejam apenas pretextos para veicula o de informa o Por outro lado Kleiman 2000b p 46 observa que os conceitos te ricos sobre o processamento do texto escrito isto o uso de nosso conhecimento lingu stico tanto lexical reconhecimento instant neo de palavras quanto sint tico fatiamento e sint tico sem ntico constru o de elos coesivos para compreender o texto s o necess rios para tomar decis es informadas em rela o metodologia de ensino de leitura e sele o e an lise de textos Segundo essa autora no in cio do aprendizado da leitura o processamento necess rio para juntar as palavras em grupos que representam estruturas significativas da linguagem pode sobrecarregar a capacidade da crian a e criar obst
300. nsar sistemicamente mudando o nosso foco conceitual de objetos para rela es Somente ent o podemos compreender que a identidade a individualidade e a autonomia n o implicam separatividade e independ ncia Como nos lembra Lynn Margulis Independ ncia um termo pol tico e n o cient fico CAPRA 2006 p 230 Capra 2006 ent o baseando se no entendimento dos ecossistemas como redes 215 autopoi ticas e como estruturas dissipativas p 231 formula um conjunto de princ pios 20 A autopoiese ou autocria o um padr o de rede no qual a fun o de cada componente consiste em participar da produ o ou da transforma o dos outros componentes da rede Dessa maneira a rede continuamente cria a si mesma Ela produzida pelos seus componentes e por sua vez produz esses componentes CAPRA 2006 p 136 2 Trata se da teoria desenvolvida por Ilya Prigogine a qual vista por Capra 2006 p 152 como parte da mudan a de paradigma da f sica para as ci ncias da vida 44 de organiza o identificados como princ pios b sicos da ecologia como diretrizes para construir comunidades humanas sustent veis e que aqui nos arriscamos a sintetizar da seguinte forma a b d A interdepend ncia todos os membros de uma comunidade ecol gica est o interligados numa vasta e intricada rede de rela es a teia da vida em que h depend ncia m tua de todos os proces
301. nsino da leitura e de maneira geral ao ensino de qualquer rea de conhecimento desdobradas em atividades cuja aprendizagem se d atrav s do texto escrito Para Kleiman 2000b p 26 tese com a qual concordamos plenamente os crit rios para a escolha do texto s o a legibilidade ou grau de dificuldade a relev ncia e o interesse tanto do ponto de vista de apelo ao aluno quanto do ponto de vista dos objetivos acad micos da escola que deveria alargar o universo tem tico do aluno Kleiman 1996 mesmo admitindo que dentre os crit rios de sele o do material de leitura est o os de ordem cognitiva e afetiva como a motiva o o conhecimento do assunto a experi ncia de mundo etc procura chamar a nossa aten o para o fato de que apenas esses fatores n o t m sido suficientes para um trabalho de leitura com sucesso Ressalta ent o a necessidade de se levarem em conta os elementos formais na sele o de textos pois resultados de pesquisas indicam que tais elementos funcionam como veiculadores do tema facilitando a depreens o da linha tem tica Conforme Kleiman 2000a a depreens o da linha tem tica e a constru o de la os coesivos entre elementos descont nuos no texto tornam se poss veis gra as ao conjunto de regras orientadas pelos princ pios de coer ncia tem tica de parcim nia de relev ncia e de canonicidade que modulam e guiam o processo inferencial autom tico p 59 Os princ pios de coer ncia tem
302. ntalmente entre as representa es verbais e visuais ou seja se dirigiria a ambos os canais visual pictoral e o verbal auditivo simultaneamente Pedagogicamente isso implica dizer que os as educandos as constroem um entendimento mais aprofundado quando colocados em situa es de leitura do texto multim dia do que em situa es de palavras ou imagens isoladas conclus es estas que respeitamos mas que aqui s o tomadas como pistas nunca como generaliza es Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimodal Apresenta o Mem ria Mem ria de Mem ria de Multimodal Sensorial Trabalho Longo Prazo Extra do de Dion sio Material de apoio ao Semin rio Multimodalidade multim dia quem se preocupa com elas Recife UFPE 25 05 2012 promo o NIG UFPE 186 Entendemos que a capacidade de um indiv duo para usar e compreender diferentes formas textuais pode indicar o acesso que ele teve aos diferentes usos da l ngua dentro da comunidade em que vive conforme afirmam Gregory e Carrol 1978 Por conseguinte considerando que os g neros n o s o apenas fen menos lingu sticos e sim fen menos linguisticamente situados ou seja eventos discursivos SWALES 1990 2004 acreditamos que quanto mais o a educanda jovem adulto a e idoso a tiver acesso a diferentes g neros textuais que materializam diferentes discursos em diversas linguagens prenhes de vis es de mundo similares e ou difer
303. nte de educa o de adultos e educa o popular condi es que o destacaram por quase trinta anos como a nica p s gradua o com uma rea de concentra o em educa o de jovens e adultos no pa s e a primeira na Am rica Latina PRESTES 2010 p 38 grifo nosso Diante das conquistas de conhecimento do passado seria interessante refletirmos sobre a import ncia de rejinvestirmos nesse trabalho na tentativa de desvelarmos a atualidade da Educa o Popular e da EJA quanto ao seu car ter transformador ante o pessimismo e ou a Ano Base 2004 que apontou entre outros problemas em rela o organicidade da proposta do programa a dificuldade de adequa o dos v nculos entre rea de concentra o linhas de pesquisa projetos e produtos Preocupados com a avalia o que hav amos recebido iniciamos um intenso e sistem tico processo de discuss o interna visando reestruturar a pr pria rea de concentra o bem como as respectivas linhas de pesquisa diante do significativo aumento de docentes doutores e pesquisadores Os procedimentos de discuss o avalia o efetivados levaram em considera o a profunda mudan a de perfil acad mico dos docentes que atualmente integram o programa em rela o ao perfil existente na poca de sua funda o e consolida o Hoje o quadro de professores permanentes do Programa apresenta nova configura o e outras preocupa es acad micas est o em pauta sem esquecer que a pr pria ampli
304. nte dos relevantes para um bem viver buen viver Para tanto investiga o acerca de como o discurso se materializa no texto as condi es de sua apari o ou n o nas nossas vidas quando como por qu por quem para qu a reflex o sobre o valor social da escrita da m sica da can o letra m sica pesquisas de outros textos sobre o t pico e ou g neros similares ou n o dentre outros procedimentos que situem a l ngua gem hist rica social e ideologicamente e que sinalizem a busca de ressignifica o das pr ticas de letramento dos as educandos as jovens adultos as e idosos as por certo trariam a leitura a produ o de textos e a an lise lingu stica como atividades inerentes portanto de forma significativa porque reais em tais processos Os escritos de Geraldi 2000 trazem luzes nossa discuss o quando ele chama aten o para os g neros textuais que est o sendo postos para a leitura e para o exerc cio de produ o de textos na sala de aula Segundo esse autor a tentativa de aproximar a sala de aula do mundo cotidiano foi respons vel pela diversifica o dos g neros de textos com que se trabalha na escola Entretanto a defesa do emprego de textos n o liter rios acabou por produzir um afastamento da literatura em benef cio da presen a de in meros outros g neros textuais de modo geral textos pragm ticos ou referenciais Na verdade conforme esse autor essa expuls o da literatura da
305. ntes a este ou quele g nero Desse modo a no o de g nero constitutiva do texto precisa ser tomada como objeto de ensino BRASIL 1998 p 23 4 Na LA Lingu stica Aplicada contempor nea em estudos sobre letramento e pr ticas socioculturais de linguagem tem se a conjuga o de a es de leitura com a determina o e funcionalidade dos g neros do discurso Passa se a discutir leitura a partir da compreens o das diversas inst ncias sociais da qual esta se constitui e se processa Os g neros do discurso tornam se subs dios de compreens o de como interagimos pela linguagem construindo rela es sociais de como re constru mos nossa identidade e de como buscamos alcan ar nossos objetivos sociais A leitura passa de modelo apenas interacional a uma pr tica fundamentalmente social na qual n o apenas interagem elementos lingu sticos discursivos mas tamb m componentes extratextuais PEREIRA 2012 p 3 5 Privilegiar o estudo do texto na sala de aula aceitar o desafio do conv vio com a instabilidade com o horizonte de possibilidades de dizer que em cada texto se concretiza em uma forma a partir de um trabalho de estilo E ainda mais saber que a escolha feita entre recursos expressivos n o afasta as outraspossibilidade e que 56 Comunica o verbal feita no II Semin rio de L ngua Portuguesa promovido pela Academia Pernambucana de Letras realizado em Recife nos dias 05 e 06 de outubro de 2001 162 segura
306. nuel Estrela da vida inteira Rio de Janeiro Jos Olympio 1970 grifos nossos Para Nely Carvalho a ado o de estrangerismos motivada pela necessidade de express o de novas realidades sobretudo t cnicas Sobre esse ltimo ponto essa autora destaca que os empr stimos s o um dos poderosos tent culos da globaliza o pois 77 introduzindo se uma palavra fixa se um h bito Produtivos e frequentes s o na maioria oriundos do ingl s Exemplos dos empr stimos j adaptados e presentes no nosso cotidiano 39 66 39 66 33 66 39 66 22 66 point escanear mouse site 33 66 drincar mixagem deletar printar stop etc Point DO SORRISO Seu sorriso nossa satista o Dispon vel em http rayserpa blogspot com br Acesso em 25 10 2012 ENRIQUE ROJAS O HOMEM LIGHE RS H ainda quem considere que o neologismo est presente na representa o de sons e na linguagem do msn e nos bate papos pela internet internet s ou at mesmo nos pr prios s mbolos a exemplo de puf Vrum miar piar tibum chu cataplaft etc blz flw t qq vc ker abc xau bju etc feliz triste ete http www brasilescola com portugues neologismo htm Acesso em 28 08 2012 78 No entanto Possenti 2009a apesar de reconhecer a legibilidade da internet s em favor dos seus usu rios considera ser apen
307. o o foco est no pr prio texto Tem se pois em ambas as concep es a anula o do a leitor a Nesta 69 ltima o sujeito assujeitado e pre determinado pelo sistema realizaria uma atividade de reprodu o a partir t o somente do reconhecimento das palavras e estrutura do texto Dessa maneira a EJA como express o de educa o popular como um processo de aprendizagem ao longo da vida de forma o humana de sujeitos hist ricos que se fazem como tais na intera o com o outro atrav s da linguagem n o poder se fundar em teorias que negam a l ngua como fruto de um trabalho dial gico dos sujeitos em que exterior contexto hist rico social ideol gico e interior condi es psicofisiol gicas dos sujeitos se relacionam dialeticamente Toda constru o humana inclusive a l ngua n o poder ser concebida fora da din mica hist rica em que homens mulheres se fazem sujeitos FREITAS DE SOUZA 2004 Pedagogicamente isso requer considerar a l ngua gem como objeto de estudo e de trabalho vinculado vida concretizada em textos reais e significativos para os a educandos as jovens adultos as e idosos as As enuncia es longe de representarem um c digo abstrato em exerc cio que por sua transpar ncia e univocidade pode ter seu aprendizado esgotado a partir do treinamento de suas normas significam um elo din mico criativo e contextual hist rico social ideol gico entre os sujeit
308. o ndice de termos desconhecidos impossibilita a obten o do significado p 57 b O uso de palavras desconhecidas para o leitor ainda que em pequeno n mero dificulta a compreens o do texto p 59 c palavras conhecidas mas usadas metaforicamente ou com sentido mais abstrato do que o corrente podem constituir um problema para a leitura p 63 d o uso de vocabul rio vago e rebuscado na constru o de um discurso obscuro prejudica a compreens o dos textos p 68 e o uso de vocabul rio incorreto quando se quer dizer algo por exemplo e se diz outra coisa devido escolha inadequada da palavra prejudica a leitura e a obten o da informa o adequada p 70 205 2 como um c digo isto invari vel transparente un voca a hist rica que se arrumado normativamente garante a compreens o por parte do a leitor a Portanto preciso ter certo cuidado com a quest o da legibilidade pois a pr pria classifica o do que seria leg vel ou menos leg vel j pressup e um ponto de vista de um a leitor a sobre as possibilidades de um evento de leitura abstrato o caso de textos oferecidos em livros did ticos pensados por s rie e conte dos determinados para leitores as ideais ou idealizados e n o reais Nossa maior preocupa o que mediante in meras formas de dizer encontradas no universo amplo e diversificado de textos existentes os sujeitos jovens adultos e idosos ao se
309. o Tecidos a partir de uma multid o de fios ideol gicos os signos sobretudo as palavras servem de trama a todas as rela es sociais em todos os dom nios p 41 E isso os potencializa sensibilidade natural de indicador de todas as transforma es sociais continuamente Dessa maneira o destino da palavra elemento s gnico o da sociedade que fala Por outro lado Eliane Brum 2012 jornalista escritora e documentarista em seu artigo intitulado Doutor Advogado e Doutor M dico at quando Por que o uso da palavra doutor antes do nome de advogados e m dicos ainda persiste entre n s E o que ela revela do Brasil faz a seguinte afirmativa com a qual concordamos plenamente e aqui fazemos quest o de destacar sei muito bem que a l ngua como coisa viva que s muda quando mudam as pessoas as rela es entre elas e a forma como lidam com o mundo Poucas express es humanas s o t o avessas a imposi es por decreto como a l ngua 84 E especificamente sobre o l xico doutor essa autora BRUM 2012 a partir de elementos hist ricos posiciona se explicitamente na luta de for as sociais e a nosso ver o mais relevante contra desigualdades existentes num pa s no qual o acesso Justi a e o acesso Sa de s o deficientes como o Brasil previs vel que tanto o t tulo de doutor permane a atual e vigoroso quanto o que ele representa tamb m como vi
310. o Alegre Mercado Aberto 1991 S rie Novas Perspectivas 1 Fim do livro fim dos leitores S o Paulo Editora Senac 2001 Ponto futuro 3
311. o homem no seu contexto social e do seu uso efetivo Como principais representantes desta concep o est o o Estruturalismo a partir de Saussure e o Transformacionalismo a partir de Chomsky TRAVAGLIA 2000 Nessa vis o a l ngua langue considerada um fato social porque produto de v rias gera es mesmo n o trazendo marcas contextuais ou de subjetividade O discurso confinado fala parole longe de ser re cria o de sujeitos num ato enunciativo a aplica o individualizada de uma l ngua por vezes distorcida que a sociedade ministrou imp s Os atos individuais de fala constituem do ponto de vista da l ngua refra es varia es fortuitas ou deforma es das formas normativas n o servindo ent o de objeto de estudo da lingu stica dada a sua variabilidade Percebendo a l ngua como est vel a fala parole que a nosso ver explica a mudan a hist rica das formas da l ngua considerada desprovida de sentido do ponto de vista de um sistema o qual n o admite mudan as como resultado da rejcria o da l ngua pelos sujeitos que t m sua singularidade constru da social e historicamente cf BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 Saussure tem sido considerado o pai da Lingu stica Moderna consenso entre os estudiosos atribuir lhe a responsabilidade pela fixa o e sistematiza o da Lingu stica Estrutural GOMES 1998 Para ele a l ngua um conjunto sistem tico de signos os quais s
312. o mundo mas por uma certa forma de escrev lo ou reescrev lo quer dizer de transform lo atrav s de nossa pr tica consciente da nossa pr xis FREIRE 1999 p 20 2 Na esteira de Gramsci 1978 1984 1987 1995 entendemos ideologia como uma vis o de mundo que expressa todos os espa os da vida e tem sua exist ncia materializada nas pr ticas manifestando se implicitamente na arte no direito na atividade econ mica em todas as manifesta es de vida individuais e coletivas GRAMSCI 1978 p 16 Assim n o consistindo em mero conjunto de ideias abstratas ou normas l gicas a ideologia aproxima se da sociedade e torna se real enquanto fator que direciona e organiza os indiv duos uma vez que se trata de terreno sobre o qual os homens se movimentam adquirem consci ncia de sua posi o lutam etc GRAMSCI 1978 p 377 N o se trata portanto de mero epifen meno do econ mico nem falsa consci ncia nem sistema de ideias A ideologia concep o de mundo que se manifesta na a o e a organiza 49 Nesse contexto a leitura emerge como uma pr xis hist rico social um processo instaurado numa rela o interlocutiva Compreend la portanto demanda a apreens o disso na teia de rela es que a constituem e a engendram FREITAS DE SOUZA 2004 Isso porque na rela o sujeito mundo historicidade o trabalho com a l ngua gem forma ou processo de intera o justamente na e pela linguagem que
313. o o texto funciona em termos de discurso a partir da an lise das pistas formais deixadas pelo autor O objetivo n o debater temas mas tamb m n o deixa de s lo o que certamente exclui interlocu es assim tricas autoriza o ou n o de interpreta es sobre o texto lido Portanto a convic o de que no trabalho de leitura na EJA as pistas textuais devem ser atendidas ao inv s de ignoradas favorecer a atitude leitora Isso porque o a jovem 208 adulto a e idoso a enquanto leitor a na ocorr ncia de obscuridade e inconsist ncia na leitura de um texto poder se valer da consci ncia de que como participante de um processo interativo pode tentar resolv las revendo o texto observando detalhes apelando para os seus conhecimentos pr vios de mundo lingu sticos textuais pragm ticos KLEIMAN 2000a Ademais n o podemos esquecer que A percep o das marcas de autoria no texto essencial para a leitura cr tica O senso cr tico definido como uma atitude de descren a de ceticismo que faz com que exijamos evid ncias para as opini es e ideias que s o apresentadas e que podem servir de base para a forma o de opini es e ideias pr prias Essa atitude implica necessariamente uma an lise do texto pr via a qualquer discuss o pressup e uma intera o um escutar o outro KLEIMAN 20004 p 76 Importante o aprendiz notar que cada nova leitura de um texto lhe permitir desvelar novas si
314. o papel de produtor de textos Assim se o objetivo de nossas aulas a viv ncia da leitura como pr xis interlocutiva pelos as jovens adultos as e idosos as sem perder de vista a forma o democr tica e integral do ser o que exige uma rela o dial tica entre raz o emo o objetividade subjetividade evidente que a literatura n o poder deixar de ter seu lugar garantido no conjunto dos textos a serem trabalhados na EJA Afinal se um manual de instala o de um aparelho ou um livro de receita podem permitir ao leitor a produzir e alterar significados produzir sentidos ativar a capacidade responsiva podendo portanto ser trabalhados em nossas aulas um texto liter rio a poesia por exemplo pode al m disso patrocinar envolvimento afetivo e experi ncia est tica cf LAJOLO 1996 o que o torna indispens vel no trabalho de leitura na EJA pois a literatura um discurso carregado de viv ncia ntima e profunda que suscita no leitor o desejo de prolongar ou renovar as experi ncias que veicula Constitui um elo privilegiado entre o homem e o mundo pois sugere as fantasias desencadeia nossas emo es ativa o nosso intelecto trazendo e produzindo conhecimento Ela cria o uma esp cie de irrealidade que adensa a realidade tornando nos observadores de n s mesmos Ler um texto liter rio significa entrar em novas rela es sofrer um processo de transforma o O discurso art stico implica
315. o processo de ensinar aprender Na condi o de pedagoga que atua junto s aos educandas os jovens adultas os e idosas os portanto tamb m formadora de leitoras es parece me claro que o a educador a deve possuir conhecimento do objeto que ensina N o um conhecimento parcial fragmentado e sim um conhecimento integrado r entre as das diferentes dimens es humanas Busco ent o no Curso de Doutorado PPGE UFPB a oportunidade de aprofundamento te rico que possa alicer ar uma pr xis de leitura mais coerente com os princ pios da Educa o Popular junto aos sujeitos jovens adultos e idosos por acreditar que a teoria e a pr tica num di logo constante iluminam se mutuamente como t o bem preconizam os postulados freireanos Freire Paulo Educa o como pr tica da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1983 p 45 36 Assumimos pois o di logo como componente fundante do aprender ensinar enquanto atitude pr pria humana que expressa a capacidade de perguntar e responder ao outro como igual seja em discurso e ou a o cf MELO NETO s d p 112 Como nos ensina Freire 1987 p 44 existir humanamente pronunciar o mundo modific lo justamente na criticidade constru da na horizontalidade das rela es dial gicas que h de se romper o sil ncio ou a interdi o na busca do ser mais Afinal a dialogicidade a ess ncia da educa o como pr tica da liberdade Dessa maneira com prete
316. o sujeito constituindo se ideologicamente significa admiti lo como participante efetivo de uma rela o possivelmente inquieta tensa e contradit ria com a ideologia posicionando se no mundo agindo atrav s de seu dizer GERALDI 1996 SUASSUNA 1995 Contrapomo nos tanto vis o aprior stica de sujeito ideal cristalino e livre quanto de sujeito constitu do deterministicamente subordinado ao social assujeitado ideologia e que n o imprimiria portanto sua autoria no dizer apenas teria a ilus o de ter feito Acreditar que a l ngua emerge de um processo hist rico cultural n o podendo pois ser compreendida fora da rela o de poder que permeia todo o corpo social logo banhada de ideologia n o significa submeter apesar de muitos as tentarem os falantes a um assujeitamento N o somos apenas pap is sociais Somos sujeito de reja o e n o mera refra o do papel social ao falar Acreditamos e defendemos a ideia de que n o h a possibilidade de pensamento sem linguagem Se realizamos trabalho com a linguagem sobre a linguagem tamb m a linguagem ela mesma influi em nossos pensamentos e a es resultando em intera es semi ticas que poder o ou n o delimitar vis es sociais de mundo e nessas sem d vida est contida a ideologia A ideia de ilus o ou assujeitamento nega a possibilidade de di logo e nesse processo h possibilidade de o falante opor fala j existente uma contrafala pr pria o
317. ocedimentos estava posta antes mesmo de se analisarem o texto a ser trabalhado e as condi es de leitura dos sujeitos envolvidos cf REINALDO 2001 cf KLEIMAN 2000b Como nos ensina Kleiman 2000b p 29 evitando abordagens r gidas fixas previs veis estaremos demonstrando na pr tica que a leitura uma atividade individual singular at na maneira de ler pois o que queremos de uma leitura determina como faremos essa leitura Isso demanda que procuremos re criar atividades que desenvolvam a 210 compreens o ou seja estimulem de fato a reflex o cr tica isso se n o quisermos correr o risco de apenas propor aos educandos meros exerc cios de copia o como alerta Marcushi 1996 Poder amos ent o come ar por repensar certos procedimentos did ticos que geralmente se apoiam em a perguntas padronizadas e repetitivas de exerc cio para exerc cio independen temente do texto em quest o que se restringem a quest es objetivas do tipo o qu quem quando onde qual como para qu b ordens do tipo copie ligue retire complete cite transcreva 29 GG 393 66 39 66 escreva identifique reescreva assinale partes do texto cf MARCUSCHI 1996 2008 Trata se de procedimentos did ticos que parecem n o apresentar desafios que estimulem a reflex o a interlocu o
318. odemos negligenciar o desenvolvimento de conceitos novos cient ficos ancorados nos conceitos formulados na vida cotidiana e que desloquem os sujeitos dos lugares constantes de suas compreens es Isso o que segundo apostamos ampliar as possibilidades de participa o social dos sujeitos populares na luta por uma vida onde impere de fato a dignidade humana Al m disso o ide rio vygotskiano tamb m nos ajuda a perceber que a forma o do sujeito gerada num movimento incessante e dial tico que se realiza a partir de fatores biol gicos e das experi ncias culturais mediadas pela linguagem num desenvolvimento que envolve processos constitu dos mutuamente de imers o na cultura e emerg ncia na individualidade SMOLKA amp G ES 1994 p 10 Trata se de um processo de desenvolvimento que tem car ter mais de revolu o que de evolu o em que o sujeito se faz como ser diferenciado do outro mas formado na rela o com o outro singular mas constitu do socialmente e por isso mesmo numa composi o individual mas n o homog nea SMOLKA amp G ES 1994 p 10 O fato de o desenvolvimento humano ser resultado de uma opera o simult nea complementar e interativa entre os fatores biol gicos e culturais alerta nos sobre a necess ria supera o do reducionismo biol gico ou cultural que ainda afasta a EJA de uma compreens o como efetiva express o de educa o popular Numa primeira linha de pensa
319. oestima perda ou conflito de identidade submiss o culpa medo aniquilamento pessoal compara es etc Ou dito de outra forma bem aproximada Ei Dispon vel em http pensador uol com br autor bertolt brecht 2 Consulta em 14 06 2011 100 TEXTO 06 Dipon vel em http www facebook com ideiasnaomorrem Acesso em 30 08 2012 Mas sabemos t o dif cil quanto poss vel o ato de desvelar a realidade indiscutivelmente importante n o significa o engajamento autom tico na a o transformadora da mesma o problema que se nos apresenta o de encontrar em cada realidade hist rica os caminhos de ida e volta entre o desvelamento da realidade e a pr tica dirigida no sentido de sua transforma o FREIRE 1982 p 60 2 2 1 A prop sito do poder subalternizador e excludente do letramento escolarizado A nossa experi ncia como educadoras de jovens adultos as e idosos as permite nos afirmar que os as educandos as mesmo os que frequentam a escola pela primeira vez percebem a exclus o que sofrem E mais est o atentos as ao risco da certeira 101 estigmatiza o ao expor seus saberes e linguagens uma vez que n o dominam o conhecimento considerado leg timo No entanto consideram se os as nicos as respons veis culpados as por sua condi o Essa nossa afirmativa parece convergir com discursos encontrados na literatura cient fica e ou em textos outros como podemos ver logo abaixo Tr
320. oletivamente na e pela pr xis tamb m interlocutiva Dito isso voltemos agora a nossa aten o ao TEXTO 05 apresentado a seguir 1996 O show das grandes descobertas INTERESSANTE Agora a beleza virou assunto de cientistas Por confiarmos na sua propriedade para discorrer a respeito deixamos os coment rios sobre o TEXTO 05 para Dion sio 2007 Apenas colocamos nossa voz diretamente ao 92 criarmos chamadas e grifarmos a cita o no que consideramos muito pr ximo ao pensamento foucaulteano anteriormente discutido e abra ado por n s como conhecimento leg timo n o s legitimado Vejamos Contextualiza o A edi o de janeiro de 1997 da SuperInteressante exemplo 25 traz o tema cosm ticos como assunto de capa Estrat gias discursivas procedimentos de controle Por n o ser um t pico tradicionalmente considerado cient fico para manter o perfil da revista de abordar cientificamente as mat rias apresentadas e para cumprir com a fun o jornal stica de divulga o imediata dos fatos o tom de cientificidade dado na montagem da capa tanto no plano verbal manchete lide como no pictorial fotografia e gr fico Na manchete nominal Cosm ticos Cient ficos e no lide Agora a beleza virou assunto de cientistas o qualificador cient fico e o verbo indicador de estado permanente virar atestam o novo status do tema de t pico inerentemente
321. omo intera o Alguns desses manuais j est o circulando no mercado e sendo utilizados nos processos de ensino e aprendizagem numa escala relativamente grande Analisar os textos e as atividades propostas por esses manuais did ticos avaliar o comportamento dos as educandos as enquanto leitores as desses textos percebendo os elementos facilitadores e dificutadores implicados nesse processo parecem nos quest es importantes a serem investigadas Em Marcuschi 2001 b encontramos indica es de como se d a distribui o dos textos de uso falados e escritos no cont nuo tipol gico e isso nos sinaliza uma ideia mais concreta da necessidade de se trabalhar com g neros nas modalidades falada e escrita numa rela o n odicot mica Para esse autor preciso tratar as diferen as entre fala e escrita como graduais e de uso como suscita uma concep o que v a l ngua como realiza o essencialmente heterog nea e vari vel e n o numa vis o restrita escalar e de sistema nico e abstrato em que a escrita assumiria a supremacia Ademais ensina nos Marcuschi 1995 2002 b mesmo que a leitura de textos escritos e textos falados envolva estrat gias com caracter sticas bastante diversas pelas diferentes formas de manifesta o das sali ncias textuais e organiza o discursiva das duas modalidades n o h diferen a radical no 197 processamento cognitivo de compreens o da fala ou da escrita Por m o fato de na oralidad
322. onstru o de saberes e pr ticas transformadoras em busca de um bem viver um buen vivir o que corrobora a tese inicial de pesquisa O direito vontade da produ o de verdades ainda uma batalha desigual tensa e conflituosa entretanto simultaneamente gr vida de contradi es que podem at ser transformadas em f r estas em novo s posicionamento s frente ao mundo em nova s conquista s humanizadora s possibilatora s de um bem viver buen vivir inclusive pelos as jovens adultos as e idosos as que enquanto sujeitos hist ricos at podem ser condicionados mas n o determinados portanto podem sim redignificar se como sujeitos de direito como construtores de novos direitos pessoal e coletivamente na e pela pr xis inclusive interlocutiva Palavras chaves Educa o de Jovens e Adultos Ensino Aprendizagem L ngua gem Leitura Bem Viver ABSTRACT This thesis is based on theoretical research into the phenomenon of reading in Youth and Adult Education YAE in which we seek to answer two questions what epistemological elements should be fundamental for the teaching of reading in YAE What are we re learning through and about the practice of reading in YAE with a view to good living We believe that these answers could provide important elements for a praxis of reading in YAE which guarantees a widening of the possibilities for social participation by the subjects of the educatio
323. onstruir um movimento de derrubada da ditadura Conquistado este 120 objetivo n o interessa mais ouvir as vozes que falam errado de forma grosseira a casa grande dos letrados volta a ter ouvidos sens veis a corte n o resiste ao ass dio do populacho preciso que ele aprenda a falar para depois falar Nada mais pertinente nestes momentos hist ricos do que o recrudescimento das exig ncias gramaticais Silencia e faz retornar ordem Nada mais pertinente do que exigir que a escola exer a sua fun o de refrear a l ngua que ensine o bem falar e que fa a isso atrav s do ensino da gram tica misturando nesta ao gosto da tradi o prescri es e descri es A l ngua a aprender se torna estrangeira ou estrangeira de sua pr pria l ngua se torna a grande maioria dos falantes GERALDI 2010b p 114 grifos nossos Destarte Geraldi 2010b nos alerta h ind cios de que um movimento de recrudescimento da corre o gramatical est em gest o Sob a m xima de que a l ngua h de ser uma e apenas uma de suas in meras variedades tal movimento pode tamb m ser traduzido como uma maior exig ncia de sil ncios da popula o que n o sabe falar 299 corretamente Nessa l gica desumanizante faz se necess rio afastar os perigos para que tudo mudando permane a como sempre foi ou seja que a norma definida pelos modos de falar de uma minoria se imponha como raz
324. ontexto normativo em que geralmente a palavra v cio tem aparecido onde certamente n o intenciona outra sen o a conveniente e tradicional significa o dicionarizada FREITAS DE SOUZA 2004 Para sermos mais objetivos poder amos citar a rea o da m dia a um livro did tico destinado EJA em 2011 Vejamos somente um exemplo extra do de Bagno 2012b p 9 o qual nos mostra que algumas cr ticas est o muito mais para oportunismo pol tico de luta 108 partid ria do que para uma an lise pedag gica e s cio lingu stica e ou preocupa o com a qualidade de ensino e aprendizagem da l ngua materna na EJA O Minist rio da Educa o decidiu n o tomar conhecimento da ado o em escolas p blicas do livro Por uma Vida Melhor que ensina a l ngua portuguesa com erros de portugu s Avalizou quando autorizou a compra e a distribui o e depois corroborou seu apoio quela ode ao desacerto ao resolver que a quest o n o lhe diz respeito Fica portanto estabelecido que o minist rio encarregado dos assuntos educacionais no Brasil al m de desmoralizar os mecanismos de avalia o de desempenho escolar n o v problemas em transmitir aos alunos o conceito de que as regras gramaticais s o irrelevantes Pelo racioc nio concord ncia uma quest o de escolha Dizer n s pega o peixe ou n s pegamos o peixe d no mesmo Os menino ou o menino na avalia o do MEC s o duas formas
325. or isso teriam autoridade art stica e moral para destilar poeticamente nossa rotina FONTE Jornal O Dia 30 05 12 p 43 CONFIRA O VIDEOCLIPE DA M SICA VIDA DE EMPREGUETE 82 N Fabio Flores 4 Dadial ee sta Lundas Pal Mia Tf Dolmaira Professor Radialista Humorista Fundador do Com dia a la Carte Primeiro mais premiado arupo de humor do ES DDD aFabioFlorez RE Por Fabio Flores Veja todos os posts de Fabio Flores Professor Radialista e Humorista Twitter Facebook 95 COMENT RIOS Fernanda A 30 de maio de acho muito digno elas ganharem a indeniza o Letrinha sem gra a sem estilo s menospreza as empregadas dom sticas Diego Ribeiro 31 de maio de 2012 at14 46 Eu acho que essas empreguetes tem que ser colocadas no seu devido lugar Acho um abuso essa palha a dessa Fernanda Falc o exigir uma quantia dessas E muito folgada mesmo Vai varrer o quintal dar banho no cachorro e depois ouvir funk no ltimo volume doida Milena de junho de 2012 at 10 21 Concordo Eu acho que o intuito da m sica nunca foi humilhar a classe de empregadas dom sticas s uma simples m sica inocente e com cunho humor stico O objetivo entreter N o tem nada de errado com isso Digo de junho de 2012 at 1 31 Como Me Divirto Vendo Voc s Humanos amp Verdadeiro de junho de 2012 at 22 26 Bando de empregada oportunista quando o namorado mete a m o na c
326. orar a qualidade de suas vidas principalmente os sujeitos populares que dependem geralmente do sucateado servi o p blico de sa de Ali s o coment rio de Rorty 1999 p 5 ilustra bem a previs o dos alcances tecnol gicos dessa nova era a maioria das pessoas que vai nascer no pr ximo s culo refere se ao s culo XXI nunca vai chegar a usar um computador receber tratamento m dico num hospital ou viajar de avi o Essas pessoas ter o sorte se aprenderem a usar um l pis e papel e mais sorte ainda se forem tratadas com algum medicamento mais caro do que uma aspirina Essa a principal quest o qualidade de vida para alguns poucos n o desenvolvimento privil gio portanto contrap e se aos valores democr ticos de conviv ncia humana ao que reinteramos no tempo presente 14 Nesse cen rio capitalista neoliberal globalizado e informatizado em que se corre o risco de amplia o e const ncia de um mal estar que atinge a todos os sentimentos de competi o incerteza e provisoriedade pairam sobre n s e trazem consigo um poder desestruturante das utopias de um pensar propositivo e enunciativo O futuro deixa de ser um horizonte pelo menos para a maior parte da popula o humaniza o ao ser mais Assim instigados por Souza 1999 p 42 parece nos pertinente refletir sobre Que mundo podemos queremos ter Que esp cie de membro da humanidade estamos sendo ou querendo ser Estamos sendo ou n o
327. oras es que buscam a melhoria da qualidade de vida sem se aperceberem muitas vezes do processo de coisifica o para e na desigualdade intencional e estruturalmente instalada por uma ordem que tem a mais valia como m xima embora muitas vezes sutilmente proposta Isso porque sabemos as estrat gias e os recursos simb licos coercitivos materiais e tecnol gicos podem e s o utilizados para controlar interditar discursos e vidas conforme discutimos nos cap tulos 2 e 3 Parece nos imprescind vel e urgente a desconstru o do paradigma instabilizado hist rico cultural social e injustamente na EJA como sendo uma educa o supletiva compensat ria e empreendedorista de prepara o para o mundo do trabalho Concebemos o trabalho como pr xis humana porque reflex o a o que transforma o mundo ao mesmo tempo que os sujeitos se transformam entre si como t o bem preconizam os postulados freireanos Trata se de re cria o de cultura em processo de produ o humana do mundo n o podendo ter considerada apenas a dimens o t cnica e operacional do conhecimento mas tamb m simult nea e dialeticamente a sua dimens o tica e pol tica A forma o democr tica portanto tem espa o garantido nessa proposi o de trabalho educativo Intencionamos com isso romper com concep es fincadas em ra zes re produtivistas de uma pedagogia economicista neoliberalizante LIMA 2002 promovendo a qualifica o profissional
328. ormadoras es de jovens adultos e idosos permitem nos afirmar que n o raro encontramos o texto como instrumento de trabalho com a linguagem na EJA mas ainda sem a adequada compreens o da proposta interlocutiva da leitura Para ilustrar nossa assertiva relataremos um pouco de situa o em que fizemos uso do TEXTO 17 apresentado a seguir 163 TEXTO 17 ESPORTE M SICA LITERATURA CINEMA TEATRO PINTURA DAN A CIMEMA GRAFITE OFICINAS DE ARTE EDUCA O TELA MUNTU PINTO tit GALA 27 CENTRO TEL 9 13414085 CEP tatto t60 APRONPISYANDO COM 00 bio agm SESC BRA mem sra 7 ag ncia ensaio acervo lt i da imagina Esse texto serviu de base para um trabalho na 6 e ltima oficina pedag gica numa forma o continuada de educadoras e educador de EJA apenas um homem integrava a turma em um munic pio localizado no Agreste de Pernambuco no ano 2011 O foco tem tico da forma o em quest o era a multiculturalidade abordada na multiplicidade de textos discursos linguagens vis o de mundo e suportes que inclusive possibilitou uma rica e parecia s lida discuss o te rica Parecia ter sido consenso que a EJA como express o de Educa o Popular luta pelo direito de homens e mulheres em especial das camadas populares viver com dignidade e com pleno exerc cio de autodetermina o Assim naquela forma o alguns textos foram tomados como uma possibilidade indici ria a favor
329. ortez 1987 A inter a o pela linguagem 5 ed S o Paulo Contexto 2000 Repensando a L ngua Portuguesa Desvendando os segredos do texto 7 ed S o Paulo Cortez 2011 KOCH Ingedore G Villa a ELIAS Vanda Maria Ler compreender os sentidos do texto 3 ed S o Paulo Contexto 2009 a Ler e escrever estrat gias de produ o textual S o Paulo Contexto 2009b KRISTEVA Julia Hist ria da linguagem Trad Maria Margarida Barahona Lisboa Edi es 70 1969 KUENZER Ac cia Zeneida Educa o linguagens e tecnologias as mudan as no mundo do trabalho e as rela es entre conhecimento e m todo In CANDAU Vera Maria Org Cultura linguagem e subjetividade no ensinar e aprender Rio de janeiro DP amp A 2000 p 135 160 LABOV William Sociolinguistic patterns 3 ed Philadelphia University of Pennsylvania Press 1972 LAJOLO Marisa Livro did tico um quase manual de usu rio Em Aberto Bras lia DF Ano 16 n 69 p 3 9 jan mar 1996 LANDOWSKI Eric Entrevista Eric Landowski entrevista concedida a Laimonas Tapinas para a Revista Santara Vilnius 1993 Traduzido do franc s por Ana Claudia de Oliveira 2012 Dispon vel em http www pucsp br cps pt br teoricos tres html Acesso em 23 07 2012 LEMKE Jay Multimedia Literacy Demands of the Scientific Curriculum Linguistics and Education 10 3 247 271 2000 LEMLE Miriam Guia te rico do alfabetizador S o Paulo ti
330. os como os opressores querem fazer crer Re Potencializados fortes e competentes em termos de discurso nossos as educandos as poder o lutar pelo resgate de sua dignidade roubada e a concretiza o de um bem viver buen vivir Portanto um dos objetivos do ensino de l ngua portuguesa na EJA seria o de discutir os valores sociais atribu dos a cada variante lingu stica enfatizando a carga de discrimina o que pesa sobre determinados usos da l ngua de modo a conscientizar os educandos as de que sua produ o lingu stica oral ou escrita estar sempre sujeita a uma avalia o social positiva ou negativa BAGNO 2002 p 75 Nesse processo de reflex o em busca da consci ncia cr tica ou transitivo cr tica numa acep o freireana os as jovens adultos as e idosos as ter o alargada a possibilidade de perceberem que se existe uma grande resist ncia contra o redimensionamento do lugar do ensino da gram tica na escola isso n o se d por acaso mas porque historicamente o conhecimento mec nico da doutrina gramatical se transformou num instrumento de discrimina o e de exclus o social o que cristalizou a ideia de que saber portugu s saber gram tica pouco importando o querer dizer os efeitos de sentido que poderiam provocar a l ngua gem enquanto discurso BAGNO 2002 p 70 Dessa maneira a l ngua frequentemente usada na pr tica da discrimina
331. os e destes com o mundo num processo ininterrupto Nesse processo a consci ncia despertada os sentidos s o constru dos e a es humanas s o efetivadas porque ao mesmo tempo em que se diz age se n o s sobre a l ngua gem mas sobre o outro Decerto numa perspectiva de educa o popular n o ser a concep o de linguagem como representa o espelho do mundo e do pensamento ou como instrumento de comunica o que dever nortear um trabalho de leitura que se pretende pr xis interlocutiva com vistas a um bem viver buen vivir como uma proposta educativa que v na compet ncia discursiva de homens e mulheres jovens adultos as e idosos as uma forma e um processo de se constitu rem como sujeitos cr ticos e como tais protagonistas de um mundo bem mais justo e feliz em que a experi ncia democr tica se faz permanentemente uma exig ncia tica Dessa maneira passemos ent o a tratar da terceira concep o a que concebe a linguagem como forma ou processo de intera o essa concep o que interessa mais de perto aos nossos prop sitos e por isso mesmo fazemos quest o de destac la neste cap tulo como subitem 70 2 1 L ngua gem forma ou processo de intera o 2 1 1 A dimens o sociocultural da l ngua gem luz do pensamento de Vygotsky 1984 1991 o percurso do desenvolvimento humano realiza se do exterior para o interior atrav s da linguagem numa din mica de
332. os naturais e sociais A tomada dos conte dos e temas culturais como objetos de saber ante o para qu e consequentemente o o qu das pr ticas de leitura na EJA interessa nos bem de perto uma vez que toda rela o educativa permeada por um conte do A quest o qual a qualidade a ser buscada o que pressup e a escolha de textos como uma decis o hist rica sobretudo pol tca Reside aqui um dos bra os pedag gicos importantes na feitura da leitura como pr xis interlocutiva Entendemos que todas as finalidades atribu das educa o terminam sendo expressas em nossas escolhas haja vista que sendo culturais e pol ticas consubstanciam se de conflitos de interesses de um dado grupo bem como dos valores que regem os processos educativos a serem vividos Essas escolhas poder o vir a ser ou n o uma refer ncia central na melhoria da qualidade de vida e do ensino e da aprendizagem sobretudo da leitura A rela o entre texto cultura leitor pressup e que diferentes formas de di logo sejam estabelecidas e que os diversos grupos sociais geracionais e tnicos sejam considerados inclusive na EJA A din mica de re des constru o de saberes requer que diante dos temas assuntos problemas em estudo realize se o confronto entre os conhecimentos cient ficos e os saberes populares ou do senso comum a fim de se construir um novo saber a esse respeito Tal saber constituir o conte do dos proc
333. os que os dirigem S o mitos que para Freire 2 voltam se contra ele o destroem e aniquilam E o homem dir amos sujeito tragicamente assustado temendo a conviv ncia aut ntica e at duvidando de sua possibilidade MELO NETO s d p 94 grifos nosso Por outro lado n o podemos deixar de reconhecer a exist ncia de outras importantes institui es organiza es movimentos atores e atrizes sociais que t m tratado de pesquisar e dar visibilidade a discuss es sobre a EJA a exemplo da ANPED NUPEP CE UFPE C tedra da UNESCO de EJA F runs de EJA CUT MST etc Inclusive ressaltamos tivemos acesso a alguns trabalhos sobre o fen meno leitura dos quais foi poss vel extrair contribui es significativas para a constru o defini o do nosso problema de pesquisa e pressupostos te ricos e metodol gicos a serem abra ados a exemplo de V VIO 2010 2012 FREITAS DE SOUZA 2004 VALLE 2010 RESENDE 2008 MOURA D C 2010 MERC S 2003 FONSECA amp CUNHA 2008 dentre outros Desse modo o desafio est colocado Temos uma EJA necessitando de fundamentos pr prios com car ncia de literatura espec fica problemas a serem solucionados e quest es a serem respondidas Ent o o que fazer para contribuir para o seu avan o 1 2 O di logo gerador de tese Aqui coloco me pessoal singular e particularmente como educadora popular penso ter consci ncia da necess ria compet ncia exigida pel
334. os um di logo com Prigogine e Stengers 1997 vir da a necessidade de garantir o car ter humano de todas as ci ncias ou seja sua dimens o tica solid ria e revolucion ria e por isso mesmo pol tica Recorrendo s t o bem elaboradas formula es de Almeida 2004 traremos mais uma vez algumas ideias prigogineanas que se coadunam com nosso estar sendo na luta pela t o 54 anelada liberdade na pela com sustentabilidade planetariamente melhor dizendo por um bem viver buen vivir Longe da causalidade linear e em oposi o ao determinismo de Newton as ideias de Prigogine discutem as condi es de possibilidades apostam na interven o criativa do sujeito no mundo incitam a decis o e a vontade dos humanos J que nos distinguimos das estrelas por essas propriedades tornadas conscientes sobre n s recai o peso de assumir a escolha a liberdade e a responsabilidade diante da trajet ria incerta das sociedades humanas A condi o humana reside em abrir se s possibilidades da escolha Pensar o incerto pensar a liberdade diz Prigogine ALMEIDA 2004 p 79 grifo nosso Contrariando as teorias que apregoam o fim da hist ria ele Prigogine a concebe como uma sucess o de bifurca es Ele se diz otimista e aposta no projeto humano Cabe ao homem e mulher acrescentar amos tal qual tais quais s o hoje com seus problemas dores e alegrias garantir que sobreviva sobr
335. ossibilidades de amplia o de participa o cr tica social dos sujeitos populares jovens adultos e idosos para na e pela experi ncia de um bem viver buen vivir Como palavras ltimas no espa o desta tese ser o apresentadas as considera es finais concebendo a pesquisa para al m dos seus resultados para o cotidiano da Educa o de Jovens e Adultos EJA como uma solicitude tica como uma procura permanentemente reiniciada Nesse sentido discorreremos sobre aspectos que julgamos imprescind veis para a 21 concretiza o de um trabalho significativo de leitura na EJA ou seja sobre pontos que contribuam para amplia o da participa o cr tica e social dos sujeitos populares jovens adultos e idosos para na e pela experi ncia de um bem viver buen vivir 22 Cap tulo 1 PERCURSO DA PESQUISADORA E DA PESQUISA S pode desejar o imposs vel aquele para quem a vida cotidiana se tornou insuport vel justamente porque essa vida j n o pode ser manipulada no instante dessas rupturas do cotidiano nos instantes de inviabilidade da reprodu o que se instaura o momento da inven o da ousadia do atrevimento da transgress o E a a desordem outra como outra a cria o J n o se trata de remendar as fraturas do mundo da vida para recri lo Mas de dar voz ao sil ncio de dar vida hist ria MARTINS 1998 p 06 23 1 1 O veio da pesquisa A refundament
336. ou fora dela vinculado ou n o escolariza o frente de a o essa justificada no m nimo pelo respeito aten o que as pessoas jovens adultas e idosas t m nos concedido enquanto seus suas educadores as e at mesmo c mplices ou aliados as H ESCOLAS QUE S O GAIOLAS E H ESCOLAS QUE S O ASAS Escolas que s o gaiolas existem para que os p ssaros desaprendam a arte do voo P ssaros engaiolados s o p ssaros sob controle Engaiolados o seu dono pode lev los para onde quiser P ssaros engaiolados sempre t m um dono Deixaram de ser p ssaros Porque a ess ncia dos p ssaros o voo Escolas que s o asas n o amam p ssaros engaiolados O que elas amam s o p ssaros em voo Existem para dar aos p ssaros coragem para voar Ensinar o voo isso elas n o podem fazer porque o voo j nasce dentro dos p ssaros O voo n o pode ser ensinado S pode ser encorajado Rubem Alves grifos nossos Dispon vel em http sphotos c ak fbcdn net hphotos ak ash4 c0 0 403 403 p403x403 378356 218980418229680 1134218460 n jpg Acesso em 18 09 2012 225 CONSIDERA ES FINAIS POEMA DO NADADOR A gua falsa a gua boa Nada nadador A gua mansa a gua doida aqui fria ali morna a gua f mea Nada nadador A gua sobe a gua desce a gua mansa a gua doida Nada nadador A gua te lambe a gua te abra a a gua te leva a gua te m
337. p 11 122 SAMPAIO A la A literatura no mundo virtual textos ap crifos e falsas autorias na internet Parte I 2010 Dispon vel em http litebrasil blogspot com br 2010 02 literatura no mundo virtual textos html Acesso 19 02 2013 SANTOS Boaventura de Sousa A gram tica do tempo para uma nova cultura pol tica 2 ed S o Paulo Cortez 2008 Cole o para um novo senso comum v 4 Para um novo senso comum a ci ncia o direito e a pol tica na transi o paradigm tica 8 ed S o Paulo Cortez 2011 SAUSSURE Ferdinand de Curso de lingu stica geral 2 ed S o Paulo Cultrix 1970 251 SIGNORINI In s Letramento e In Flexibilidade Comunicativa In KLEIMAN Angela B Org Os significados do letramento uma nova perspectiva sobre a pr tica social da escrita Campinas Mercado de Letras 1995 p 161 199 SIGNORINI In s DIAS Rachel Maria At agora s ferrada cara o cognitivo o afetivo e o motivacional na alfabetiza o de jovens In KLEIMAN Angela B et al Alfabetiza o e forma o do professor alfabetiza o de jovens e adultos Porto Alegre Artes M dicas Sul 2000 p 75 102 SILVA Ezequiel Theodoro da A leitura no contexto escolar In MARINHO Jorge Miguel et al Leitura caminhos da aprendizagem 2 ed S o Paulo FDE Diretoria de Projetos Especiais 1994 p 13 17 S rie Ideias n 5 A produ o da leitura na escola pesquisas x propostas S o Paulo
338. p ESP SITO 1993 FLEURI 1993 FREITAS L 1993 HOFFMAN 1993 2001 LUCKESI 1986 1993 OLIVERA D P T 1993 SPINILLO 1993 WACHOWICZ 1993 157 para o a educando a jovem adulto a e idoso a que geralmente sabe bem por que procurou a educa o formal inclusive pela sua import ncia ante as exig ncias sociais feitas hoje ao trabalhador a mostra se um meio eficaz de sinaliza o das suas conquistas e dificuldades de aprendizagem e consequentemente uma possibilidade de amplia o da automonitora o de conhecimentos e saberes o que pressup e a necessidade de um processo avaliativo transparente No entanto como obviamente a avalia o do ensino e da aprendizagem envolve entre outros aspectos a concep o de educa o a de ensino a do pr prio objeto de ensino das rela es sociais e das hist rias dos sujeitos com suas sigularidades que evidentemente tornam se presentes nas atitudes do a educador a no cotidiano do processo de forma o na escola ou fora dela h ainda muitos entraves para que ela se torne de fato um instrumento contribuidor de uma pr xis transformadora como o nosso desejo Jos Anchieta Carvalho 2001 refletindo sobre o processo de avalia o do trabalho com a l ngua portuguesa leitura produ o de textos e an lise da l ngua destaca como entrave ainda existente o procedimento de alguns algumas educadores as que atribuem avalia o um sentido pun
339. pague foi Deus que falou num foi S o Pedro Ent o a recusa de S o Pedro por ele ser um homem Aos ruim P agora n o correta a express o enfatiza a acentua o n o padr o RUIM continuando a utilizar a acentua o n o padr o Homem RUIM muito RUIM mesmo tudo errado E homem Aos ruim P t A pr xima Extra do de BATISTA 1997 p 35 36 grifo nosso A Cena 1 consegue ilustrar um t pico choque cultural entre educadora educando no qual a variedade lingu stica no n vel lexical interfere no fonol gico na n o compreens o da educadora no trato com a variedade n o oficial regado provavelmente por preconceitos outros expressos em coisa de matuto por exemplo e dificulta a constru o de conhecimento sobre a sistematiza o alfab tica A Cena 2 evidencia a nosso ver que uma professora ainda que interessada nos resultados da leitura dos estudantes ou nos seus processos e estrat gias de constru o de sentidos corrige a pron ncia da palavra ruim e o partic pio do verbo dizer deixando clara sua acentuada preocupa o ou melhor rejei o pelo uso da l ngua divergente do padr o bem como a disposi o para concretizar o que acredita ser a finalidade do trabalho com a l ngua portuguesa isto a legitima o da variante lingu stica oficial e de prest gio Aqui n o podemos deixar de advertir com Gnerre 1991 p 6 7 uma l ngua ou variedade de
340. palavra que se altera mas o modo pelo qual a realidade generalizada e refletida em uma palavra MIRANDA 1999 p 153 Defende pois que a elabora o conceitual um processo psicol gico historicamente determinado e culturalmente organizado que n o se desenvolve naturalmente Ela apreendida e objetivada nas condi es reais de intera o nas diferentes institui es humanas Vygotsky ent o justamente por considerar o aprendizado como um aspecto necess rio e fundamental no processo de desenvolvimento das fun es psicol gicas superiores enfatiza n o s a import ncia do outro mais experiente como tamb m a import ncia da media o pedag gica dial gica no processo de desenvolvimento de conceitos cient ficos Dessa maneira a escola melhor dizer escola j que entendida por n s como educa o sistem tica e poss vel em diferentes locus e ao longo da vida apontada como o lugar privilegiado para o desenvolvimento desse tipo de elabora o conceitual Nela as intera es T2 promovidas envolvem atividades de apreens o de conceitos sistematizados e organizados de maneira discursiva e l gico verbal possibilitando a rela o dos sujeitos com o conceito sempre mediada por algum outro conceito Ou seja os sujeitos s o colocados diante da tarefa particular de entender as bases dos sistemas de concep es cient ficas que se diferenciam por sua vez das elabora es conceituais espont neas
341. pectiva de concretiza o da leitura como pr xis interlocutiva na EJA Bakhtin 1995 ensina nos que o sujeito tem mais condi es de compreender e opor uma contrapalavra pr pria quanto mais numerosa e substantiva for a sua experi ncia social com a palavra isto com palavras alheias em suas diferentes formas e sentidos Muito pr xima a essa compreens o Kleiman 1996 p 8 afirma que o bom leitor aquele que l muito e que gosta de ler Com efeito o caminho para se chegar a ser um bom leitor consiste em ler muito Smith 1989 p 103 por sua vez nos alerta que como muitos outros aspectos da leitura fluente a seletividade para a coleta e an lise de amostragem da informa o visual dispon vel no texto vem com a experi ncia da leitura Nessa mesma dire o apoiando se nos postulados freireanos Vale 1999 faz quest o de frisar que o confronto a interlocu o impedem a estabiliza o de uma mesma vis o de mundo a perman ncia das opini es e dos sentimentos estagnados e coloca tudo em movimento impulsionando assim a reconstru o criativa do conhecimento e do modo de agir sobre a realidade VALE 1999 p 55 Por outro lado Kleiman amp Moraes 1999 defendem que a compreens ode um texto se faz poss vel porque somos capazes de reconhecer nele tra os e vest gios de outros textos intertextualidade principalmente daqueles com os quais convivemos no mundo da vida na esfera real de uso a
342. perguntas das pessoas que t m pregui a de abrir um dicion rio ou uma gram tica certo ou errado Os dicion rios e as gram ticas trazem preto no branco a forma presidenta Mas ainda que n o trouxessem ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de forma o de palavras da l ngua Os que alegam que a partir de agora teremos de dizer doenta contenta incompetenta revelam uma ignor ncia t o grande que nem d para comentar a exaspera o da m dia umbilicalmente ligada s camadas dominantes que tenta nem que seja por um simples e no lugar de um a continuar sua torpe miss o de desinforma o e distor o da opini o p blica BAGNO 2012b p 01 Embora pensemos que muito mais do que uma inst ncia negativa repressora o poder permeia produz coisas induz ao prazer forma saber produz discurso isto h um lado de positividade poss vel de produ o e de transforma o ao um bem viver buen vivir Pensar ent o a pr tica pedag gica imune aos valores hegem nicos hoje dos afortunados seria no limite ing nuo Afinal a escola ainda uma das mais importantes ag ncias de socializa o Ainda em muitos casos censora e muito aqu m de um locus que se deveria produtor de saber a escola n o tem conseguido superar os desafios demandantes do necess rio di logo humanizador na t o sonhada revers o de um quadro hist rico tem se mostrado um lugar de sil ncio submis
343. photos ak ash4 417432 212728025521586 1922406510 n jpg O dizer portanto um posicionamento apreciativo correlacionado com outros posicionamentos apreciativos entre sujeitos de discurso fala uma rea o resposta a outros enunciados uma rela o dial gica entre pessoas podendo se dar desde a comunica o de viva voz at as intera es mais amplas entre enunciados FREITAS 1995 p 135 no e por um dado contexto socio hist rico ideol gico E n o se pense que um dizer a o responsiva produzido de modo casual ou para qualquer interlocutor leitor Ao contr rio um texto postula o pr prio destinat rio como 143 condi o indispens vel n o s da sua pr pria capacidade comunicativa concreta como tamb m da pr pria potencialidade significativa ECO 1993 p 56 Assim podemos afirmar que o a leitor a j se faz presente no pr prio processo de gera o do texto que ser lido GERALDI 1994 BRAND O amp MICHELETTI 1997 ORLANDI 1988 1996 Concomitantemente o a leitor a co enunciador e enunciador do texto Ou seja enquanto leitor a virtual aquele a para quem o texto foi pensado o destinat rio idealizado imagin rio participa da produ o textual como co enunciador a enquanto leitor a real enunciador a da significa o que construiu em sua leitura em que o a autor a nesse momento passa a co enunciador a GERALDI 1994 Como exerc cio reflexivo poderiamos lan ar
344. pis dio pedag gico pode ria suscitar entendemos ao menos que naquele momento o depoimento daquela educadora da Educa o de Jovens e Adultos revelava se contr rio tanto ao discurso oriundo da Associa o das Profissionais do Sexo da Para ba quanto ao da educadora esta que vos fala que ministrava na ocasi o a oficina pedag gica O educador em quest o juntamente com tr s educadoras elegeu o TEXTO 17 para o trabalho proposto O grupo alegava que o texto em foco suscitava quest es importantes e coerentes com o princ pio tico e libert rio da EJA A socializa o da produ o do referido grupo se iniciou n o com o todo TEXTO 17 mas com um de seus fragmentos Somos o que somos Mulheres s o iguais em qualquer profiss o A partir desse mote instalou se um debate sobre o valor social do trabalho Foi grande a participa o da turma Sem exce o todas defenderam a ideia de que todo trabalho deve ser reconhecido e bem remunerado seja ele desenvolvido por homem ou mulher Dando continuidade ao debate o grupo traz quest es espec ficas sobre a categoria professor a Relembrando suas pr prias lutas pol ticas em busca de melhores condi es de trabalho e reconhecimento profissional dizem ter sa do h pouco de uma campanha salarial na qual reinvindicaram sal rios dignos Ent o o grupo apresentando c dulas fict cias de valor simb lico R 1 00 R 10 00 e R 100 00 prop e ao grande grupo um exer
345. ponibilidade mesmo que tempor ria de acesso s obras cient ficas e liter rias postadas na internet No lugar de obras cient ficas e liter rias por exemplo encontramos o seguinte enunciado Ol O site est fora do ar porque recebemos notifica o judicial da ABDR Associa o Brasileira dos Direitos Reprogr ficos Por ora o que podemos informar http opiniaoenoticia com br opiniao suspensao de site gera indignacao no meio academico H T7j vHnjtL5 twitter Acesso 26 05 2012 32 a quest o do ensino e da aprendizagem dessas importantes atividades a partir de diferentes enfoques e abordagens a incid ncia maior recai sobre a educa o de crian as e n o de jovens adultos as e idosos as Dentre as 189 cento e oitenta e nove produ es acad micas sobre a leitura Teses e Disserta es anunciadas por FERREIRA 1999 por exemplo levantadas no per odo de 1980 1995 conseguimos ter acesso ao resumo de pelo menos 73 Nesse universo apenas 04 quatro tratavam de investiga es realizadas com sujeitos adultos as Em tais resumos as express es mais encontradas s o h bito e habilidade vinculadas a abordagens que parecem n o considerar o car ter discursivo da l ngua gem nem a leitura como constru o de sentido atrelada pr xis portanto como processo transformador Mesmo se avan armos cronologicamente ainda assim perceberemos que a produ o acad mica sobre o fen meno leitura na
346. pre face complexidade do real o passeio por diferentes teorias cada uma delas focalizando um aspecto sem atingir jamais a totalidade delas Tendo isso em vista chegamos nesse percurso a entender que 1 a hist ria um processo n o linear e inacabado 2 a realidade dial tica e portanto s poder ser apreendida na rela o entre os elementos que a constituem 3 o ser humano um sujeito hist rico e social imerso num processo de constantes transforma es um dentre outros elementos do cosmo interligados e interdependentes 61 4 a linguagem uma forma de intera o social constitutiva do sujeito Admitimos pois a es da linguagem porque nascemos nela mergulhados e somos nela constitu dos sujeitos 5 a l ngua enquanto discurso um produto hist rico social constitu do no pr prio processo de uso o qual n o se d fora das rela es sociais e por isso mesmo vem marcada pelas rela es de poder 6 a leitura uma pr tica hist rico social um processo instaurado numa rela o interlocutiva Compreend la ent o demanda sua apreens o na teia de rela es que a constituem e a engendram Posto isso tendo transitado pelo percurso da pesquisadora e da pesquisa nossa inten o prosseguirmos refletindo sobre l ngua gem e leitura na busca de desvelarmos rela es estabelecedo u ras primando pela concep o de l ngua que nos parece coerente com os princ pios pol tico
347. processo de produ o Afinal quem compreende um texto sempre produz mesmo que mentalmente um outro texto paralelamente MARCUSCHI 1996 p 78 212 Sabemos que o texto como locus de produ o de efeitos sentidos traz marcas que permitem apreender o seu funcionamento discursivo Funcionamento aqui entendido n o como organiza o de um produto acabado mas como processo que envolve interlocutores numa situa o hist rica determinada visto que a linguagem fulcra se como evento faz se na linha do tempo e s tem consist ncia digo se justifica enquanto real na singularidade do momento em que se anuncia OSAKABE 1993 p 7 possibilitando n o s a apreens o de sentidos como a sua constru o E n o poderia ser de outro jeito j que n o se trata da linguagem vista como simples repert rio muito menos como conjunto de figuras de enfeite ret rico muito menos ainda como uma imaterialidade ideol gica Ao contr rio trata se de uma linguagem entendida como interlocu o e como tal de um lado como processo e de outro como constitutiva de e constitu da por sujeitos OSAKABE 1993 p 7 grifo do autor De fato n o se pode determinar o sentido de um enunciado se n o se leva em conta a situa o de enuncia o o que parece nos revelar a an lise feita em di logo com Brand o s d do TEXTO 22 charge no qual temos um mesmo enunciado Vamos invadir o McDonald s pronunciado por su
348. qualidade para um trabalho de leitura tamb m na EJA Aqui vale uma observa o em se tratando da Educa o de Jovens e Adultos as coisas n o s o t o simples assim Sabemos que mesmo as escolas que disp em de bibliotecas apresentam se geralmente com um acervo de qualidade duvidosa ou ainda n o t m seu hor rio de funcionamento compat vel com o das aulas de EJA Isso sem falar no antigo e persistente quadro de isolamento em que vivem muitas de nossas bibliotecas p blicas de modo especial com rela o s escolas cf MELO 1994 Somado a tudo isso temos conhecimento de comunidades como as do campo por exemplo que nem sempre t m acesso a material escrito comum ao dia a dia dos grandes centros urbanos revistas jornais placas letreiros panfletos propagandas formul rios etc ou s novas tecnologias Tanto nossa experi ncia junto a educadores de jovens e adultos como as anota es de Terzi 2001 permitem nos inclusive afirmar que ensinar a ler e escrever em comunidades como essas exige n o s o acesso mas a pr pria sensibiliza o para o uso e as vantagens da linguagem escrita e ou uso das novas tecnologias na busca da melhoria da qualidade de vida Contudo mesmo com tais dificuldades acreditamos que a sele o de material adequado o empr stimo a troca e sobretudo a reivindica o de acesso a materiais diversificados de leitura acenam como poss veis sa das Nesse processo n o podemos esquecer
349. qualquer categoria profissional devem us lo sempre no combate s arbitrariedades e injusti as que lhes s o impostas PRECAU ES Mantenha LUTOL sempre ao seu alcance Deve sem usado de forma coletiva para atingir melhorias desejadas Farmac utico Respons vel Sindsprev PE Sindicato dos Trabalhadores P blicos Federais da Sa de e Previd ncia Social em Pernambuco Rua Marques do Amorim 174 Ilha do Leite CEP 50070 330 Recife PE Fone 81 3423 8333 E mail siprevpe Duol com b Site www sindsprev org br Acesso em 1 semestre 2012 Mobiliza o do Sindicato dos Trabalhadores P blicos Federais da Sa de e Previd ncia Social em Pernambuco SINDSPREV PE Como unidade fundamental da l ngua gem os textos dialogam entre si Trata se da intertextualidade que se encontra na base de constitui o de qualquer texto ou seja enunciados se relacionando com uma realidade reportando se a outros enunciados reais previamente produzidos que em certa medida explicitamente trazem vozes banham se em outro s discurso s Em sentido restrito todo texto faz remiss o a outro s efetivamente j produzidos e que faz em parte da mem ria social dos leitores KOCH amp ELIAS 2009b 172 p 101 o caso da personagem Mafalda que com sua postura predominantemente cr tica transita em nosso cotidiano em diferentes g neros para al m dos quadrinhos na tentativa de consolida o de muitos quere
350. que h intera es a fim do seu n o estabelecimento A a o de quem deseja transformar a realidade se dar na intera o mas n o de qualquer modo em qualquer condi o a partir de qualquer cultura ou lugar Certamente os as insatisfeitos as do mundo precisar o se potencializar e encher se de atrevimento e de ousadas estrat gias propositivas E justamente por sua natureza subversiva que a leitura como pr xis interlocutiva poder vir a ampliar as possibilidades de inser o social e a cria o de novas alternativas ticas de conviv ncia planet ria Enquanto constru o de efeitos de sentidos o ato de ler oportuniza o di logo gerado r de criticidade curiosidade e recria o Nesse processo de ideias ideais e decis es reconhecendo se sujeito de direito construtor tamb m de discursos encorajado oportunizado ao uso efetivo e a compreens o do funcionamento discursivo a partir dos mais diversos textos linguagens registros e vis es de mundo as chances de xito dos que buscam um conviver bem tendem a aumentar enquanto faz diminuir as injusti as sociais e ecol gicas Quando se ler em condi es como essas aprende se ensina se enxergando na palavra no gesto no outro e no acontecimento um ind cio de fala em que se reconhece ou n o parcial ou totalmente N o s conhece se o que se diz mas tamb m como se diz nas circunst ncias dadas Esse exerc cio de interlocu o de contrapalavra de alteridade e d
351. r amos Outro exemplo que aponta para a mesma problem tica se materializa em um question rio de pesquisa Tal instrumento utilizado na disciplina Sociologia Jur dica no Curso de Direito UNICAP durante a viv ncia de um projeto de pesquisa denominado Direito e Justi a na Sociedade Atual teve como objetivo auxiliar na verifica o da situa o real das injusti as sociais a partir de fotos do cotidiano registradas pelos estudantes Vejamos Conhecimento do mundo e da Sociedade a N o se interessa b Pela TV c Principalmente r dio d Jornais revistas e Fam lia f Na rua g Lendo Fragmento extra do do question rio de pesquisa utilizado no Projeto Direito e Justi a na Sociedade Atual vinculado disciplina Sociologia Jur dica Curso de Direito UNICAP 2012 Sem deixar de considerar a preocupa o social e pol tica no encaminhamento de tal trabalho arriscamo nos a afirmar o car ter excludente da quest o em foco no que se refere ao trato com a l ngua gem O nosso posicionamento se deve principalmnte perspectiva de que e a alternativa g traz intr nseca uma concep o equivocada de que parece n o ser oss vel ler a partir da TV r dio e jornais revistas alternativas b c e d ou 3 de fatos ocorridos na fam lia e ou na rua alternativas e e f 28 e as alternativas b c d
352. r dizer de diversos falantes locutores sujeitos que falam Vejamos alguns exemplos TENHO QUE FAZER MINHA LIC O DE CASA TENHO QUE FAZER UMA ENTREGA E EU TENHO QUE VER MEU ENT O ACHO QUE S D TEMPO DE BRIN CAR DE GUERRA NUCLEAR N O MODERNA EXIGE BRINCADEIRAS CADA VEZ MAIS CURTAS a o Para Marcuschi 2000 2001a 2002 a mesmo n o tendo estruturas fixas r gidas os g neros textuais t m alguns elementos que permitem a sua identifica o Como modelos comunicativos servem muitas vezes para criar uma expectativa no a interlocutor a e 173 prepar lo a para uma determinada rea o ou resposta rea o numa linguagem bakhtiniana Sabemos que a leitura de um an ncio f nebre por exemplo cria expectativas diferentes da leitura de uma piada Nesse sentido esse autor ressalta que encontramos muitas vezes formas textuais com marcas lingu sticas mais ou menos estereotipadas surgidas ao longo do tempo fruto de pr ticas sociais Essas formas t m suas caracter sticas espec ficas tanto na fala como na escrita e podem ser identificadas j logo no in cio de alguns textos como no caso de e A fam lia Andrade convida para a missa de 7 dia an ncio f nebre e Al quem telefonema e Fra uma vez abertura de narrativa e Eu condeno a cinco anos julgamento em tribunal e Prezado amigo abertura de uma carta etc Ou aind
353. rado r de inter a o responsiva fruto de um posicionamento cr tico frente ao mundo Isso significa dizer que o discurso singular se banha em palavras alheias no entanto n o simplesmente a repeti o dessas palavras ou uma outra roupagem delas Trata se isto sim de uma ressignifica o por parte dos sujeitos que pode inclusive apresentar rupturas com os discursos sociais mobilizados A comunica o verbal insepar vel de outros tipos de comunica o implica conflitos rela es de domina o e de resist ncia adapta o ou resist ncia hierarquia transforma o ou conserva o Freire 1987 por sua vez numa perspectiva de educa o libertadora n o nos deixa esquecer que di logo exprime rela es horizontais Despojando se de um eu fechado em si mesmo recusando comunicado e doa o do pronunciar de uns a outros o processo dial gico inter comunica o pron ncia de palavras verdadeiras ato de cria o fundado no encontro de um eu com um tu no e com o mundo que resulta em um n s E assim pronunciando o mundo os homens o transformam transformando se em comunh o 98 O di logo se imp e como caminho pelo qual os homens ganham significa o enquanto homens FREIRE 1987 p 79 Assim o discurso como locus de efeitos de sentido um dizer a ser compreendido numa a o dial gica interlocutiva que mobiliza os sujeitos que n o s o nem a fonte dos sentidos
354. recisa ser levado discuss o inter intrasetorialmente sob pena de comprometer a garantia do direito humano de aprender por toda a vida em processos formais ou n o formais na escola ou fora dela ligada ou n o escolariza o e isso inclui a toda evid ncia a leitura como pr xis interlocutiva visto que busca contribuir para a constru o da humanidade do ser humano e para a democracia social e ecol gica expansiva Incentivar o di logo na entre sociedade civil e escola fundamental nesse processo A participa o dos movimentos populares por exemplo faz se important ssimo pela sua 234 legitimidade e experi ncia no exerc cio democr tico Afinal as experi ncias educativas populares mais exitosas s o foram desenvolvidas nesse mbito A EJA precisa abrir suas portas para o mundo real dialogar desescolarizar se superar sua vis o institucionalizada intervir transformar j transformando se Vislumbrar uma EJA que busca uma mudan a profunda na forma de pensar e de se relacionar exige uma articula o significativa entre a Educa o Popular a aprendizagem ao longo da vida e um bem viver que se situe dentro do compromisso com a transforma o em bases tica c smica As mem rias nos autorizam a afirmar que as crises revigoram a EJA ao inevit vel como in dito vi vel O compromisso tico democr tico com a amplia o das possibilidades de constru o da autonomia da criticidade da
355. res duo e com o descaso devido pelo sistema de ensino brasileiro FERNANDES CERIOLI amp CALDART 2004 h defici ncia e necessidades em quase todas as esferas pedag gica administrativa e de infraestrutura conforme visto atrav s dos dados do CDES 2010 o qual apresenta as escolas do campo como as que est o em piores condi es de infraestrutura para receber estudantes O Censo Escolar de 2009 apontou que quase 20 das escolas rurais n o possuem ainda energia el trica Est na faixa de 90 a quantidade de escolas sem biblioteca e laborat rio de inform tica Menos de 1 dos estabelecimentos de ensino no campo est o equipados com laborat rios de ci ncias ALENCAR 2012 p 273 grifos nossos Da Segundo o Instituto Pr Livro o ndice de leitura no Brasil 2011 confirma como nas edi es anteriores que escolaridade classe social e ambiente escolar s o as principais correla es com a leitura isto quanto mais escolarizado ou mais rico o entrevistado maior a penetra o da leitura e a m dia de livros lidos nos ltimos 3 meses p 144 Quanto penetra o do uso de biblioteca usa frequentemente usa de vez em quando os resultados revelam que 24 44 1 milh es do universo pesquisado frequentam desses 70 30 9 milh es encontravam se estudando 76 n o frequentam bibliotecas p 122 FONTE Retratos da Leitura no Brasil 3 edi o da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil Instituto Pr Livro ww
356. ria o linear MARCUSCHI 2001 b p 37 Nota se que a cren a de que ensinar portugu s ensinar antes de tudo gram tica tem levado muitos a pensarem que quando se avalia o desempenho em portugu s na escola ou fora dela deve se ter como crit rio priorit rio a gram tica normativa do portugu s oficial padr o mesmo que de forma disfar ada exigindo se pelo menos o dom nio de seus rudimentos Isso nos parece ainda mais grave sem a menor aproxima o de uso real da l ngua Marcuschi 2007 parece respaldar nosso posicionamento quando nos alerta que n o se pode confundir a no o de padr o com outros termos mais do que tudo avaliativos ou seja no es tais como corretude beleza gramaticalidade etc Em certo sentido poder amos dar uma defini o ostensiva de padr o indicando alguns dos usos padr o da l ngua tais como cf STUBBS 1986 p 86 a l ngua recomendada pelas gram ticas a l ngua mais comumente usada na TV no r dio e no teatro aquela mais comumente usada nos grandes jornais e revistas aquela mais usada pelas pessoas cultas ao escreverem MARCUSCHI 2007 p 66 Nesse cen rio mesmo as atividades de leitura s o transformadas em momentos de corre o baseados em regras gramaticais A verdade que de forma deliberada ou n o o espa o pedag gico tem sido protagonista de um projeto que privilegia o ensino do portugu s oficial padr o em detrimento de outras v
357. rias algumas condi es fundamentais micro e macro inter relacionadas Por isso defendendo pol ticas p blicas mais incisivas para EJA defendemos junto com Soares um dos aspectos que julgamos imprescind veis para esse fim a disponibilidade de material de leitura se alfabetizam crian as e adultos mas n o lhes s o dadas as condi es para ler e escrever n o h material impresso posto disposi o n o h livrarias o pre o dos livros e at dos jornais e revistas inacess vel h um n mero muito pequeno de bibliotecas Como poss vel tornar se letrado em tais condi es SOARES 1998 p 58 Infelizmente os dados ainda expressam uma realidade que est longe de uma sociedade de informa o e de conhecimento principalmente no que diz respeito EJA do campo j que segundo Alencar 2012 p 273 h defici ncia e necessidades em todas as esferas Nas palavras da autora em se tratando da educa o na rea rural cujos problemas s o mais acentuados para atingir a qualidade do ensino necessita bem mais esfor os reduzir o analfabetismo reduzir a evas o em todos os n veis de ensino de forma a garantir o acesso e a perman ncia no processo de escolariza o garantir o ensino m dio que ainda uma utopia pois faltam escolas e professores suficientes para o atendimento neste n vel de ensino al m da educa o profissional e o ensino superior Como a escola foi tratada como
358. rindo for as Isso porque a consci ncia do car ter profundamente destrutivo do capitalismo como fundamento econ mico de uma cultura destrutiva de progresso sem limites que ignora as quest es sociais e ecol gicas est crescendo n o s entre entre os povos ind genas mas entre muitos outros ambientes sociais sobretudo do continente latino americano Entretanto sabemos que a compreens o do que vem a ser boa vida poder variar de acordo com cada cultura Nesse sentido Eduardo Gudynas 2011 ao mesmo tempo que nos p e cientes de que boa parte das reflex es atuais sobre o buen vivir giram em torno do Suma Qama a Aymar chama a nossa aten o para o fato de que essa ideia n o pode ser transplantada E justifica 2 Novas alternativas de conviv ncia e novos paradigmas de consumo est o sendo constru dos em v rias partes do mundo simultaneamente O conceito de Felicidade Interna Bruta FIB considerado um deles Trata se de um ndice sist mico para medir o grau de desenvolvimento de uma comunidade ou na o que diferente do mundialmente aplicado PIB Produto Interno Bruto n o considera apenas os aspectos econ mico financeiros O FIB avalia quest es como educa o de qualidade bem estar psicol gico grau de felicidade prote o ambiental acesso cultura al m dos ndices de Desenvolvimento Humano IDH conforme preconizado pela Organiza o das Na es Unidas Para mensurar o desenvolvimento
359. riosidade ou o esp rito cr tico dos seus alunos em vez de os desenvolver est o a ser mais prejudiciais do que teis Esquecendo que funcionam como modelos com esta sua atitude arriscam se a enfraquecer nos alunos a capacidade de abertura realidade e de enfrentar as inevit veis tens es entre as pessoas grupos e na es O confronto atrav s do di logo e da troca de raz es um dos instrumentos indispens veis educa o do s culo XXI UNESCO 1998 p 98 Articular a Educa o Popular a aprendizagem ao longo da vida e o buen vivir requer repensarmos o como trazer um bem viver dentro do compromisso com a transforma o A Educa o de Jovens e Adultos sobretudo no diz respeito atividade de leitura vislumbra mudan as na forma de pensar e de se relacionar Os sujeitos populares ainda n o t m visibilidade social e precisam conquist la Nesse sentido o caos PRIGOGINE 2006 rejaparece como perspectiva te rica e pedag gica Isso porque o elemento ca tico se contrap e fazendo crescer as ant teses e as contradi es reafirmando a necessidade de construirmos uma vis o c clica dos atos de ensinar e de aprender fundada numa tica c smica e interlocutiva que encerra pr xis porque revolucion ria para um bem viver Para n s a atividade de leitura principalmente para os as educandos as jovens adultos as e idosos as n o pode deixar de ser apreendida como atividade constitutiva de s
360. rita vinculados n o s ao pragmatismo cotidiano mas a quest es ontol gicas mais amplas mas com a compreens o da necessidade de progress o de dificuldade nos processos de alfabetiza o ou seja a compreens o de que pelo fato de o poema caracterizar se por per odos curtos sua leitura e escrita seriam facilitadas nesse processo p 139 b pr ticas oralizadas como a conta o de hist rias sem compartilhamento do texto s o bastante comuns em sala de aula Em se tratando de um processo de alfabetiza o e em consequ ncia de apropria o e implementa o das pr ticas de leitura e escrita h necessidade de que o material escrito esteja presente tanto quanto poss vel ou seja que mesmo ao se trabalhar com oraliza o de contos o texto em quest o seja compartilhado com os alunos quer seja pelo acesso a outros textos do mesmo g nero ou pela produ o de contos a partir dessas leituras e escuta mas que as abordagens pedag gicas em sala de aula n o percam o foco central de um processo de alfabetiza o que a apropria o potencializa o das pr ticas de leitura e escrita p 138 139 c embora houvesse possibilidade de um trabalho com a can o a op o pelo g nero letra de m sica que de todo modo trazida em forma de c pia n o derivada Z do suporte em que o texto foi originalmente materializado A letra objeto de 195 reflex o dissociada da m sica que com ela comporia o g
361. rnacional de Investigaci n y CAOL La Paz 2010 IRELAND Timothy Denis Org Mem rias do IV Semin rio Internacional Universidade e Educa o Popular Jo o Pessoa 26 a 30 de julho de 1994 Jo o Pessoa Editora Universit ria UFPB 1995 JAKOBSON Roman Lingu stica e Comunica o Trad Izidro Blikstein S o Paulo Cultrix 1995 KENSKI Rafael Detetives de laborat rio Super Interessante S o Paulo Abril p 62 67 mar 2002 Edi o 174 KENSKI Vani Moreira M ltiplas linguagens na escola In ENCONTRO NACIONAL DE DIDATICA E PR TICA DE ENSINO ENDIPE Linguagens espa os e tempos no ensinar e aprender Rio de Janeiro DP amp A 2000 p 123 140 KLEIMAN Angela B Org Os significados do letramento uma nova perspectiva sobre a pr tica social da escrita Campinas Mercado de Letras 1995 Leitura ensino e pesquisa 2 ed Campinas Pontes 1996 Texto e leitor aspectos cognitivos da leitura 7 ed Campinas Pontes 2000 a Oficina de leitura teoria amp pr tica 7 ed Campinas Pontes 2000 b 244 KLEIMAN Angela B MORAES Silvia E Leitura e Interdisciplinaridade tecendo redes nos projetos da escola Campinas Mercado de Letras 1999 Cole o Ideias sobre Linguagem KLEIMAN Angela B et al Alfabetiza o e forma o do professor alfabetiza o de jovens e adultos Porto Alegre Artes M dicas Sul 2000 KOCH Ingedore G Villa a Argumenta o e linguagem 2 ed S o Paulo C
362. rodutivo que mais do que ativo interativo aqui encampam se os postulados vigotskyanos o momento cr tico da constitui o do texto em que os interlocutores autor e leitor identificando se como tais desencadeiam o processo de significa o cf ORLANDI 1996 pois um texto marcado por sua incompletude e s se completa no ato da leitura e Justamente o leitor aquele que vai fazer funcionar o texto na medida em que opera atrav s da leitura portanto o ato de ler n o pode se caracterizar jamais como uma atividade passiva BRAND O amp MICHELETTI 1997 p 18 Como lembra Geraldi 1994 p 80 135 ao ler o leitor trabalha produzindo significa es e nesse trabalho que ele se constr i como leitor Suas leituras pr vias sua hist ria de leitor est o presentes como condi o de seu trabalho de leitura e esse trabalho o constitui leitor e assim sucessivamente A leitura uma atividade interativa um processo em que se dizem coisas age se sobre o outro mas sempre numa situa o enunciativa determinada em que se estabelece uma rela o discursiva na qual a l ngua gem n o sendo c digo n o pode pois ser admitida como transparente e un voca ganha significa o no contexto de sua enuncia o social cultural hist rico pol tico ideol gico A t tulo de exemplo imaginemos a gravidade os riscos sa de se uma pessoa com diabetes portanto que tem restr
363. s Papirus A o Educativa 1999 ROCCO Maria Thereza Fraga A import ncia da leitura na sociedade contempor nea e o papel da escola nesse contexto In SILVA C lia Maria de Arnaldo et al Leitura escola e sociedade 2 ed S o Paulo FDE Diretoria de Projetos Especiais 1994 p 37 42 S ries ideias n 13 Leitura e escrita na escola algumas propostas Em Aberto Bras lia DF ano 16 n 69 p 116 123 jan mar 1996 Entre a oralidade e a escrita reflex es esparsas In DIETZSCH Julia Martins Org Espa os da Linguagem na Educa o 2 ed S o Paulo Editorial Humanitas 2005 p 63 84 RODRIGUES Ot vio 14 tecnologias que v o fazer parte da sua vida daqui a 14 anos Super interessante S o Paulo Abril p 60 65 set 2001 Edi o 168 RORTY Richard O futuro da utopia In Folha de S o Paulo Caderno Mais Domingo 04 de abril de 1999 p 5 ROSAS Agostinho da Silva Criatividade em educa o popular um di logo com Paulo Freire Jo o Pessoa UFPB CE 2008 Tese Doutorado em Educa o ROSAS Agostinho da Silva amp MELO NETO Jos Francisco de Orgs Educa o Popular enunciados te ricos v 2 Jo o Pessoa Editora Universit ria da UFPB 2008 p 15 33 SALES Ivandro da Costa Educa o Popular uma perspectiva um modo de atuar alimentando um debate In SCOCUGLIA Afonso C MELO NETO Jos F Orgs Educa o popular outros caminhos Jo o Pessoa Universit ria UFPB 1999
364. s discursos desses sujeitos ao modo de ver as coisas e o mundo suscitado na pr pria doutrina a que pertence Dessa forma a doutrina liga os indiv duos a certos tipos de enuncia o e lhes pro be consequentemente todos os outros mas ela serve em contrapartida de certos tipos de enuncia o para ligar indiv duos entre si e diferenci los por isso mesmo de todos os outros FOUCAULT 2000 p 43 c a sociedade de discursos tem a fun o de conservar ou produzir discursos tendo o devido cuidado para faz los circular em um espa o fechado distribu los somente segundo regras estritas sem que seus detentores sejam despossu dos por essa distribui o FOUCAULT 2000 p 39 Trata se na verdade de sujeitos autorizados que constituindo sociedades de discurso constroem e interferem nos pr prios processos de apropria o do saber De fato existem sociedades que s o mais fechadas outras mais abertas mas s o sempre sociedades que em 89 nome da defesa de interesses de todos limitam o n mero daqueles que podem proferir o discurso de suas especialidades GERALDI 1995 p 64 Do nosso lugar atrevemo nos a relacionar a l gica foucaulteana s situa es que seguem Trata se de abordagens anal ticas de discursos tomando como base o TEXTO 04 e o TEXTO 05 Para come ar observemos o seguinte enunciado TEXTO 04 No mundo atual est se investindo cinco v
365. s leitores as jovens adultos as e idosos as Muito menos reduzir a leitura experi ncia com textos simplesmente como veiculadores de informa o Significa isto sim ensinar a ler considerando as reais necessidades de aprendizagem dos as educandos as isto o que de fato precisam aprender para desenvolverem se como leitores as cr ticos as dos mais variados tipos e g neros textuais que materializam discursos em diferentes vis es de mundo em linguagens diversas e ou combinadas Sabemos que em geral ningu m gosta de continuar fazendo aquilo que dif cil demais que est al m de sua capacidade Evitamos e desistimos daquilo que marca uma 206 hist ria de fracassos KLEIMAN 1996 p 8 Ao mesmo tempo tamb m sabemos lemos nas entrelinhas porque somos capazes de perceber o que est na linha KLEIMAN 1996 p 91 Por conseguinte compreender o expl cito pode ser considerado uma exig ncia b sica para uma leitura cr tica em que os impl citos s o desvelados Por essa raz o defendemos a verticaliza o da complexidade das tarefas propor o que o a educando a avan a no seu processo de aprendizagem leitora Na esteira de Prigogine amp Stengers 1997 vale ressaltar que a nossa inten o de forma nenhuma dominar o caos Ao contr rio a de recriar na Educa o de Jovens e Adultos condi es mobilizadoras de poss veis bifurca es de uma desordem nova ordem inst vel que
366. s o repress o mecanicismo introspec o de discursos de verdade sem an lise cr tica destes ou das teias que os engendram institucinalizando se enfim como um espa o predominantemente reprodutor de saberes legitimados legitimadores e excludentes Mesmo que consideremos poss veis mudan as intr secas ao processo de leitura tais verdades dificilmente foram alteradas em suas ra zes contrariando a ideia defendida por Souza 1998 p 45 para quem a escola sobretudo para o adolescente o jovem e o adulto um espa o privilegiado para refletir sobre suas experi ncias compreend las e transform las No caso espec fico do trabalho com a l ngua gem o que se verifica em geral a padroniza o e consequentemente a estereotipa o como fim ltimo Mas sabemos que se surgiu a necessidade de ensinar uma l ngua para aqueles que a falam como sua l ngua materna certamente porque como falam n o se coaduna com a imagem de como esta mesma l ngua ou deveria ser E eis que de fato aparece a diversidade e reaparece o mito da unidade agora de uma mesma l ngua Unidade que for a caberia escolariza o produzir GERALDI 2010b p 118 grifo nosso 117 Nas situa es de ensino e de aprendizagem fala se sobre uma l ngua morta que n o de ningu m resumindo a a exerc cios estruturais mec nicos e descontextualizados reda es no dizer de Geraldi 2001 p 127 1
367. s as dever o estar plenamente convencidos de sua import ncia desenvolver nos as educandos as a capacidade de estabelecer objetivos na leitura Aqui considerando as orienta es de Kleiman 2000b vale uma observa o embora a leitura que n o surge de uma necessidade para chegar a um prop sito n o possa ser considerada propriamente leitura a predetermina o de objetivos por outrem pode n o ser necessariamente um mal Modelos fornecidos por leitores as mais experientes podem ajudar leitores as menos experientes e desacostumados a pensar e decidir sozinhos as a estabelecer seus pr prios objetivos de leitura Assim acreditamos o a educador a poder propor provisoriamente objetivos artificialmente criados por ele ela quando perceber que isso beneficiar a formula o pessoal de objetivos da leitura por parte dos as educandos as jovens adultos as e idosos as c d 222 ativar o conhecimento pr vio do a educando a conhecimento de mundo lingu stico textual e pragm tico a respeito dos conceitos pressupostos para compreens o do texto j que sem o engajamento daquilo que o a leitor a sabe antes mesmo da leitura do texto n o haver compreens o propor atividades interessantes significativas e desafiadoras que ao mesmo tempo criem e intervenham na zona de conhecimento proximal Vygotsky 1984 1991 dos as educandos as Portanto que estimulem a reflex o cr tica e a aprendizagem
368. s comunidades e sobretudo entre os seres humanos e a natureza A pr tica desse conceito implica saber viver em comunidade alcan ar condi es m nimas de igualdade eliminar o preconceito e a explora o e respeitar a natureza conservando seu equil brio Ali s pr tica esta que parece j estar sendo desenhada por muitos as termosos as filhos as da M e Terra Por todas essas raz es dir amos com Eduardo Gudynas 2011 p 11 el Buen Vivir es actualmente un concepto vivo donde como es com n escucharen muchos valles andinos est n germinando nuevas alternativas de vida sem esquecer de observar sobre a grande guinada que tudo isso pode representar na disputa de hegemonia ante os instrumentos de controle do discurso o bom viver N o um fen meno contingente mas recorrente c clico permanente ao longo de toda a hist ria dos pa ses andinos Esta persist ncia da cultura ancestral andina vem apresentando um paradoxo o supostamente caduco arcaico primitivo atrasado e retr grado de fato gerador do novo de renova o e inclusive do revolucion rio Em contraposi o no entanto a esta pr tica realmente existente das sociedades e dos povos as cadeias globais de meios de comunica o em massa digitadas pelos poderes mundiais hegem nicos violentos e dominantes transmitem an lises destas realidades marcadas por um profundo colonialismo e racismo em que estas s
369. s culturas n o pode ser exercida de um modo desigual no mundo GOMES 2007 p 110 E ressalta o direito humano comunica o est para o paradigma epistemol gico emergente baseados no dialogismo na horizontalidade e na dial tica por princ pio t m a dignidade humana e a democraticidade Com ambos ser poss vel revalorizar os conhecimentos e as pr ticas n o hegem nicas dos subalternos dos subordinados dos marginalizados dos perif ricos dos que foram for ados ao sil ncio por serem amea a ao antigo paradigma GOMES 2007 p 148 Geraldi 2010b p 146 147 por sua vez faz cr ticas aos ditames de uma sociedade cada vez mais concentradora em que a rea de comunica o social ao que parece n o pode ser submetida ao dom nio p blico porque isto representaria um atentado liberdade de express o e implicaria uma reviravolta nos sistemas de produ o de informa es e sua circula o na sociedade No entanto esse autor observa que o pr prio desenvolvimento 128 tecnol gico da sociedade est abrindo o direito de express o a todos Mas acertadamente alerta nos mostrar se apresentar se representar se parece ser ainda a t nica da comunica o intern tica Imbu das os ent o pelos princ pios da educa o popular na contram o de monoculturas como as do saber e do rigor e das classifica es sociais naturaliza o da hierarquia gerada geradora d
370. s de classe Apesar dos avan os e da pr pria Constitui o tanto o acesso Justi a quanto o acesso Sa de permanecem na pr tica como privil gios dos mais ricos BRUM 2012 p 04 grifo nosso Tais afirmativas ratificam a necess ria reflex o cr tica em torno da l ngua gem no que diz respeito a tr ade saber poder verdade sobretudo o trabalho com a leitura na EJA fundada em pilares da Educa o Popular isto como pr xis interlocutiva porque transformadora Notamos pois que o movimento constitutivo da linguagem se d na hist ria pelo trabalho dos sujeitos Na realidade de forma cont nua os falantes trabalham a rela o entre a l ngua e os mais diversos sistemas de refer ncia existentes aumentando a potencialidade significativa dos recursos expressivos ao mesmo tempo que se necess rio estes tamb m s o ampliados ou modificados POSSENTI 2001 p 93 Certamente nesse movimento ininterrupto produzido pelo trabalho interativo de diferentes sujeitos em diferentes forma es sociais dentro das quais diferentes sistemas de refer ncia se cruzam e se digladiam GERALDI 1995 p 14 que se mant m a l ngua viva processo e produto Em face disso express es do tipo s uma simples m sica inocente e com cunho humor stico encontradas no TEXTO 02 por exemplo precisam ser desnudadas revestidas pois n o se justificam num corpo te rico que v os processos de significa o
371. s de funcionamento mental no qual o sujeito passa a operar n o s no mundo imediato e concreto mas com os sentidos que vai sendo capaz de construir deste mundo Sendo assim acreditamos com Vygotsky que atrav s da linguagem que o homem e a mulher se constituem humano capaz de ver o mundo e operar sobre ele pois pela linguagem que o mundo faz sentido para n s sem ela o que entendemos por realidade deixa praticamente de existir MORATO amp COUDRY 199 p 68 Tunes 1995 p 38 reconhecendo o estatuto das formula es te ricas de Vygotsky acerca do desenvolvimento dos conceitos cient ficos alerta nos sobre a necess ria constru o de alternativas metodol gicas de ensino que tenham como base a an lise da estrutura do conhecimento que ser mediado e a compreens o das rela es de tal estrutura com os n veis de organiza o da consci ncia an lise psicol gica do conhecimento Para essa autora tanto o n o reconhecimento quanto a desconsidera o dos n veis de media o semi tica dos 73 conceitos no estabelecimento e na defini o de orienta es pedag gicas levam nos ao risco de manter o ensino predominantemente na esfera dos conceitos cotidianos Aqui esse alerta se reveste de ainda maior import ncia sendo o objetivo maior da EJA a humaniza o de homens e mulheres jovens adultos as e idosos as no trabalho com a l ngua gem sobretudo na atividade de leitura n o p
372. s e interdependentes que integram o cosmo Dentre as reas selecionadas para este estudo podem ser aqui elencadas as contribui es da Teoria Hist rico Cultural do Psiquismo Humano Vygotsky da Pedagogia em especial os postulados freireanos da Filosofia Materialismo Hist rico e Dial tico da Semi tica Social e de algumas das vertentes da Lingu stica contempor nea como a Sociolingu stica a Lingu stica de Texto a An lise do Discurso a Pragm tica e os estudos bakhtinianos interacionismo Na busca de coer ncia aos princ pios da Educa o Popular EP priorizou se uma metodologia qualitativa de pesquisa e por isso optou se pela diversifica o de ideias e contextos Dessa maneira o processo de an lise dos conte dos em que est implicado o car ter discursivo de todo e qualquer enunciado valeu se tanto de teorias e propostas educativas e pr ticas j existentes sistematizadas e com registro como tamb m de dados resultantes de experi ncias da pesquisadora na condi o de educadora de EJA Buscou se ent o estabelecer novas hip teses de trabalho sendo os resultados obtidos refletidos novamente na e para a EJA considerada como processo de aprendizagem ao longo da vida direito humano e um locus poss vel e necess rio de educa o popular De acordo com os resultados dessa pesquisa a leitura na EJA como pr xis interlocutiva constitui se num processo pedag gico que possibilita a amplia o da c
373. s e externos cuja fun o excluir delimitar e galgar a manuten o de desejos e poderes e se colocam como trincheiras que podem a nosso ver at serem removidas modificadas por novas conquistas novos desejos e novos poderes porque pass veis de questionamentos Indubitavelmente em termos simples o discurso ordena Primeiramente e acima de tudo ele estabelece as formas que devemos dar realidade para que ela seja reconhecida como real Em segundo lugar ele estabelece uma multiplicidade de regras que permitem que a realidade seja investigada que padr es de verdadeiro falso sejam determinados que o conhecimento seja internamente classificado disciplina e externamente diferenciado ideologia mito absurdo Atrav s dessas regras determina se quem pode expressar o conhecimento da realidade quando posi es particulares de sujeitos podem falar e como sua fala deve se apresentar Kisiltan et al 1993 apud CARLOS 1998 p 83 grifo nosso 95 Ora se n o verdade que o sujeito livre tamb m n o verdade que um ser assujeitado ideologia Na primeira situa o ao sujeito bastaria se apropriar de uma l ngua est vel e inocente para a produ o de seu liberto discurso Na segunda teriamos um sujeito que nada pode al m de ser porta voz de um sistema de discurso sem brechas que define o que pode e deve ser dito anulando desse modo a possibilidade de autoria de seu pr prio dizer Para n s admitir
374. s e pedag gicos da Educa o Popular e consequentemente com as poss veis implica es para o trabalho de leitura na EJA Passemos ent o para o cap tulo seguinte Cap tulo 2 L NGUA GEM E LEITURA ALGUMAS REFLEX ES EM BASES S CIO HIST RICAS H muito mais coisas entre o c u e a terra do que imagina nossa v filosofia Digo eu abaixo muito mais excitante O submundo O descobrimento a experi ncia do escuro A revela o do ocultado Desprezar a vis o o exposto Aprimorar o tato a audi o o olfato Sentir o gozo dos sentidos incomuns Cegar se preciso na possibilidade de uma vis o mais pura Abandonar o s t o sair da zona de conforto Empoeirar se curtir um pouco do por o l que talvez defrontemo nos com as melhores exist ncias Nelton Manoel da Silva texto de circula o restrita 63 Pesquisas discuss es e reflex es sobre o ensino da linguagem t m alcan ado diferentes espa os nas diversas reas de conhecimento Nesse cen rio o ensino de leitura tem representado um importante papel nas pr ticas interdisciplinares de pesquisas em que se investiga o seu estatuto social cultural hist rico e pol tico Rocco 1996 p 116 enfocando a institui o escolar analisada sobre o trip professor aluno natureza do trabalho argumenta que a escola e seus professores desde as s ries iniciais devem apoiar se em s lidas bases te ricas e desenvolver uma pr tica ef
375. s enquanto indiv duos de uma sociedade grafoc ntrica No entanto contrapondo nos institucionaliza o do letramento e s suas nuances estigmatizadoras Valendo nos de resultados de estudos e pesquisas cient ficas podemos re anunciar aqui pelo menos quatro importantes assertivas e O sujeito n o alfabetizado dotado de capacidade intelectual e O alfabetismo se expressa em diferentes graus RIBEIRO 1999 TFOUNI 1997 e Numa perspectiva sociocognitva todo desempenho humano digno de igual valor Os conte dos culturais podem ser diferentes por m n o h modos de funcionamento mais ou menos sofisticados mais ou menos complexo Os Signorini amp Dias 2000 p 100 analisando a situa o interlocutiva B citada anteriormente chamam a aten o para a convic o escolar generalizada de que o adulto analfabeto disp e de pouqu ssimos conhecimentos sobre a escrita o que acarreta a cren a da impossibilidade de se trabalhar com fragmentos maiores que a palavra Isso provavelmente impede ou reduz j que mesmo uma nica palavra se contextualizada poder tornar se potencialmente discursiva a possibilidade de viv ncia da l ngua nas situa es de ensino e aprendizagem em sua unidade fundante o texto 104 indiv duos e grupos humanos funcionam psicologicamente em resposta s demandas do contexto em que vivem OLIVEIRA 1992 2000 e O s letramento s entendido s como pr ticas sociais e hist
376. s sociais tiverem acesso cultura considerada leg tima Em igualdade de condi es de uso do portugu s padr o as classes populares poder o al m de ver o mundo operar nele de forma cr tica e mais efetiva retirando assim das classes favorecidas o controle exclusivo de uma das principais armas do seu arsenal de domina o e discrimina o social E no atual contexto hist rico principalmente diante das exig ncias feitas ao trabalhador pela economia globalizada saber tamb m o portugu s padr o sem d vida alguma uma quest o de sobreviv ncia cf Souza 2001 Nesse sentido o portugu s padr o uma inst ncia fundamental que dever ter presen a garantida no trabalho com a l ngua materna na EJA por ser um instrumento necess rio luta que possibilitar s camadas populares atuarem efetivamente na vida social em busca de sua liberta o enquanto classe oprimida explorada e discriminada ou seja na busca da garantia de uma vida de fato humanizada FREITAS DE SOUZA 2004 p 195 196 99 66 Aqui ressaltamos conhecer n o o ato atrav s do qual um sujeito transformado em objeto recebe d cil e passivamente os conte dos que outro lhe d ou lhe imp e Pelo contr rio exige uma presen a curiosa do sujeito face ao mundo Requer sua a o transformadora sobre a realidade Demanda uma busca constante Implica inven o e reinven o FREIRE 1979 p 27 Nessa linha de pensamento o proc
377. sala de aula promovida pela prefer ncia de se colocar nas m os dos estudantes tanto para a leitura quanto como modelos a serem produzidos textos mais 193 objetivos e pr ticos contribui para a legitimidade do projeto mais amplo de cientificidade das ci ncias humanas No entanto conforme defende Zilberman 2001 p 118 119 a literatura acolhendo a mat ria da imagina o estruturada em termos de narra o da a o pr pria e alheia ou desnudamento da interioridade do eu suscita a participa o bem como a identifica o com seres fict cios Nela a linearidade com que as palavras se apresentam enganadora porque entre umas e outras escondem se lacunas como se os espa os vazios n o fossem vis veis a olho 2 nu O tecido liter rio fino e delicado mas n o maci o cont m orif cios mimetizando a porosidade constitutiva do papel e por essa superf cie propensa absor o do a outro a penetra o a leitor a LILBERMAN 2001 p 118 119 O texto liter rio portanto permite grande margem de autoria por parte do a leitor a no processo de produ o de sentidos Por ser um texto mais aberto imprevis vel ou menos previs vel pode atender a uma infinidade de objetivos inclusive permitindo que o prazer de ler seja o pr prio objetivo a ser atingido Consequentemente o contato com esse g nero textual tende a contribuir significativamente no processo de autoria quando o seu leitor assume
378. samento que organizam o real orientando e organizando o pensamento do real fazendo com que aquilo que pensa seja pens vel para ele como tal e na forma particular pela qual pensado BOURDIEU 1992 p 212 Isto quando a cultura dominante se arraiga na personalidade humana atrav s do habitus como t o bem define Carlos 1998 p 77 Entretanto se entre o habitus e a situa o concreta h um n vel de previsibilidade das a es tamb m h o da imprevisibilidade A no o de desvio formulada por Bourdieu autoriza nos afirmar que se verdade que o habitus social a matriz geradora de sentidos tamb m verdade a exist ncia de sistemas de disposi es individuais desvios adquiridos por constantes reestruturas ou ajustamentos os quais variam de acordo com as situa es Por conseguinte mesmo sendo vari vel o grau de desvio que o indiv duo porta em rela o matriz geradora admitir a exist ncia de estruturas sociais n o significa relegar o indiv duo fun o de mero executor das normas e regras impostas cf BENTO 1997 4 Descardeci 2000 p 64 considera o concurso p blico como um evento de letramento Essa autora acredita que qualquer evento social mediado predominantemente pela escrita pode ser assim considerado uma vez que existe uma multimodalidade de formas de comunica o sendo a escrita apenas um modo de intera o social dentre outros 103 rela o a outros saberes a infantiliza o do a
379. scentamos e ou j alfabetizado reage com desconfian a achando que o processo de aprendizagem n o vai ocorrer O esfor o pessoal muito valorizado pelo aluno resume se em estar disposi o do professor para realizar tarefas mec nicas ARMELLINI 1991 p 87 Entretanto nada melhor para um a educador a popular que atua na EJA e portanto formador a de leitores as saber saber fazer compreender enquanto processo dialeticamente articulado que des gua na necess ria clareza do porqu fazer de um jeito e n o de outro Se conseguirmos que a nossa pr tica pedag gica eleita desenvolva de fato a compet ncia leitora 223 dos as educandos as a partir da aprendizagem de novos conceitos e procedimentos os quais envolvam a compreens o a an lise e o s sentido s do texto alargando as possibilidades de melhoria da qualidade de suas vidas e a de outras pessoas provavelmente os as pr prios as jovens adulto as e idosos as se tornar o nossos as aliados as nessa luta por um bem viver buen viver E nesse caso estaremos mais fortalecidos as para conseguirmos a ades o de terceiros ainda que de forma indireta Toda essa discuss o talvez n o tenha garantido com objetividade o que fazer para contribuirmos com a forma o leitora de jovens adultos as e idosos as na perspectiva popular e ao longo da vida nem tivemos essa pretens o j que a qualidade do que fazer relativizada pelas circunst ncias que
380. scentar amos BAGNO 2012a p 3 Nessa abordagem o texto enquanto inst ncia discursiva aparece em cena como unidade b sica do trabalho com a l ngua gem consequentemente da atividade de leitura na Educa o de Jovens e Adultos Isso porque comugamos com a s seguinte s ideia s 2 1 O texto o lugar ideal para a reflex o sobre o uso da linguagem Quando solicitamos ao aluno identificar elementos em que se baseou para fazer uma infer ncia sobre uma informa o reconstruir uma rela o entre duas informa es inferir uma atitude do autor estamos favorecendo um enfoque anal tico que desenvolve a sensibilidade do escolar para perceber a rela o entre elementos formais e outros aspectos sejam estes sem nticos pragm ticos ou estruturais do discurso KLEIMAN 1996 p 114 2 nunca ningu m absolutamente em momento algum se expressa a n o ser em algum g nero textual sempre MARCUSCHI 3 Toda educa o comprometida com o exerc cio da cidadania precisa criar condi es para que o aluno possa desenvolver sua compet ncia discursiva Um dos aspectos da compet ncia discursiva o sujeito ser capaz de utilizar a l ngua de modo variado para produzir diferentes efeitos de sentido e adequar o texto a diferentes situa es de interlocu o oral e escrita Os textos organizam se sempre dentro de certas restri es de natureza tem tica composicional e estil stica que os caracterizam como pertence
381. ser processo transformador em aceita o mec nica sem questionamentos como se n o fossem poss veis leituras m ltiplas de um mesmo texto ou discurso cf KLEIMAN 1996 Nesse contexto a avalia o do desempenho do a leitor a vem n o raro restringindo se a respostas autorizadas pelos c nones educacionais na desenvoltura em reproduzir o que est posto e na capacidade de oraliza o da escrita leitura em voz alta Portanto a clarifica o do para que avaliar em termos de leitura re surge como not ria necessidade E em se tratando da EJA toma dimens es ainda maiores se para n s educadoras es a avalia o uma forma de rever pelos resultados at ent o obtidos o planejamento de nossas a es 53 Em conformidade com os princ pios da educa o popular concebemos a avalia o como um instrumento de compreens o do est gio de aprendizagem em que se encontra o a educando a tendo em vista a tomada de decis es suficientes e satisfat rias para que ele ela possa avan ar no seu processo de aprendizagem Nesse sentido a reflex o sobre as atividades planejadas e executadas imprescind vel para verificar se a pr tica pedag gica est coerente com os pressupostos te ricos que presumivelmente as nortearam e adequadas aos objetivos que se pretende atingir possibilitando assim os ajustes necess rios para se avan ar at o seu cumprimento ALBUQUERQUE 1993 ANDR 1993 BUARQUE 1993a 1993b DAVIS am
382. ses em quatro outras linhas de pesquisa quais sejam Hist ria da Educa o Pol tica Educacional Processo de Ensino aprendizagem e Estudos Culturais da Educa o Fundamental destacar que essas novas tem ticas de pesquisa dialogam com nossos pares acad micos regionais nacionais e internacionais e as nossas participa es trabalhos e publica es em encontros f runs congressos e reuni es cient ficas a exemplo do EPENN de v rios GTs da ANPEd bem como em inser es em Portugal na Espanha na Inglaterra nos Estados Unidos e no Canad para citar os mais frequentes demonstram nossa prof cua participa o nos estudos e nas pesquisas que fortalecem o entrela amento da educa o popular com a hist ria da educa o as pr ticas educativas as pol ticas p blicas e os estudos culturais etc O resultado deste debate levou nos a elaborar uma nova estrutura para o nosso PPGE que foi implementada no ano de 2007 Resolu o 52 2007 CONSEPE Dispon vel em http www ce ufpb br ppge index php option com ntent amp tas k view amp zid 5 amp Itemid 6 amp limit 1 amp limitstart 1 2 Acesso em 14 02 2013 grifos nossos 35 inexorabilidade intencionalmente inculcada s por mitos nesses novos tempos em que a exclus o se eleva Todo dia se constata a exist ncia de um homem dir amos sujeito simples esmagado diminu do reduzido coisa submetido por for as sociais poderosas e estabelecidas que criam mit
383. soas Esclarecendo cultura aqui entendida como express o da cria o humana fruto das complexas opera es que o humano vem apresentando historicamente no trato com a natureza material e suas lutas para sobreviv ncia pr pria Nessas opera es descobriu a sua capacidade de aprender estabelecendo esse momento como o fato pedag gico isto a condi o de aprendizagem que traz consigo e que continua em desenvolvimento com maior velocidade que qualquer outra esp cie animal MELO NETO s d p 8 grifo do autor 39 1 2 2 O reconhecimento da identidade tica do buen vivir Conforme Porto Gon alves 2002 a maneira de concebermos a natureza se gerada ora na de dicotomia ou na de integra o est fortemente atrelada ao pensamento filos fico profundo de cada sociedade orientador base para o seu modo de produzir e de con viver haja vista que cada cultura constr i o conceito de natureza ao mesmo tempo em que institui as suas rela es sociais Da esse autor afirma que toda sociedade toda cultura cria inventa institui uma determinada ideia do que seja a natureza Nesse sentido o conceito de natureza n o natural sendo na verdade criado e institu do pelos homens acrescentar amos da a import ncia de uma educa o tica e democr tica Constitui um dos pilares atrav s do qual os homens erguem as suas rela es sociais sua produ o material e espiritual enfim a sua cultura PORTO
384. sociais fam lias escolas professores bibliotec rios especialistas pesquisadores editores autores meios de comunica o institui es governamentais e n o governamentais GARCEZ 2000 p 583 Desse modo na tentativa de contribuir com a discuss o sobre a atividade de leitura na Educa o de Jovens e Adultos salvaguardada a sua import ncia para um conviver com dignidade o trabalho que ora se apresenta vai tomando corpo e alma pretendo prosseguir com a seguinte organiza o No primeiro cap tulo transitando pelo percurso da pesquisadora e da pesquisa buscaremos historicizar esta tese a partir de elementos fundamentos argumentos e din mica que a caracterizam No segundo cap tulo procuraremos fazer uma investida nas concep es de linguagem l ngua e discurso no intuito de desvelar rela es estabelecedo u ras primando pela concep o de l ngua que nos parece coerente com os princ pios pol ticos e pedag gicos da Educa o Popular e consequentemente pelas poss veis implica es para o trabalho de leitura na Educ o de Jovens e Adultos EJA No terceiro cap tulo intencionamos discutir sobre a import ncia da leitura gerada geradora na da pr xis interlocutiva refletindo sobre quest es pedag gicas consideradas por n s fundamentais numa proposta educativa que se deseja transformadora Ou seja n o somente reconhecemos como zelamos pela transitividade entre a compet ncia leitora e as p
385. son Botelho de Almeida Eliane do Rego Lima Poliana Andrade o meu muito obrigada Penso sinto que estar com voc s possibilita me vi o para continuar caminhando companheiras os Ao Centro de Estudos Pesquisa e Extens o Paulo Freire pelas oportunidades de estudo interven es pedag gicas e la os de amizade constru dos A todas os os as companheiras os que fazem a Turma 29 Doutorado em especial a Lucicl a Lins Beth nia Maria Vilas Boas Barreto e ao nosso pequenino Miguel claro Marilene Salgueiro John Alex Bernardina Ara jo Maria Azer do Ver nica Pessoa Luciana Cavalcanti e Jussara Bel m pela amizade apoio confian a e entusiasmo E por fim mas n o menos importante na dimens o da espiritualidade ao meu Deus aos meus Orix s e minha M e F tima Se algu m disser pra voc n o cantar Deixar seu sonho ali pra uma outra hora Que a seguran a exige medo Que quem tem medo Deus adora Se algu m disser pra voc n o dan ar Que nessa festa voc t de fora Que voc volte pro rebanho N o acredite grite sem demora Eu quero ser feliz agora Se algu m vier com papo perigoso de dizer que preciso paci ncia pra viver Que andando ali quieto Comportado limitado S coitado voc n o vai se perder Que manso imitando uma boiada voc vai boca fechada pro curral sem merecer Que Deus s manda ajuda a quem se ferre e quando o guarda chuva emperra certamente vai chov
386. sos vitais do organismo em rela es n olineares envolvendo m ltiplos la os de retroalimenta o p 231 O fluxo c clico de recursos os la os de realimenta o dos ecossistemas s o as vias ao longo das quais os nutrientes s o continuamente reciclados Por se tratar de sistemas abertos todos os organismos de um ecossistema produzem res duos por m o que res duo para uma esp cie alimento para outra de maneira que o ecossistema como um todo permanece livre de res duos da a necessidade de replanejar padr es sustent veis de produ o e consumo que imitem os processos c clicos da natureza visto que os principais desacordos entre a economia e a compreens o ecol gica a de que a natureza c clica e n o linear como adotada pelos sistemas industriais p 232 233 A coopera o e a parceria a tend ncia para formar associa es para estabelecer liga es para viver dentro de outro organismo e para cooperar um dos certificados de qualidade da vida Desde as primeiras c lulas nucleadas h mais de dois milh es de anos a vida na Terra tem prosseguido por interm dio de arranjos cada vez mais intrincados de coopera o e de coevolu o As comunidades humanas de seu turno teriam como sin nimo de parceria a democracia e o poder pessoal j que cada membro da comunidade desempenha um importante papel p 233 234 A flexibilidade trata se da consequ ncia teia da vida
387. sparadas como se fossem m gicas Tia nunca mais voc ir se sentir s Luciana Dinda Abra os N Feche os olhos e receba os com toda a energia boa que cuida visse Qualquer coisa t aqui mano Ademir Amo te tia Adelle Luciene Matheus Adrielle Angelle Tem algo em que posso ajudar Te adoro sogra Ahlana Pronto voc vai ficar na minha casa Aqui voc ter tudo do que precisa mano Hamilton Enfim foram tantos os acontecimentos que me embriagaram de alegria de emo o de espiritualidade Dif cil enumer los Todas os voc s cada um a do seu melhor jeito contribui u para que um destino se fa a feliz Estamos planejando um churrasquinho assim que a senhora terminar o dever de casa Seja breve Estou morrendo de vontade de lhe dar um abra o bem forte Fica com DEUS Te amamos muito Pois como diz o poeta E assim que o abra o cora o com cora o tudo isso cercado de bra o E que tudo termine comece e se realize em e com risadas fant sticas Terei sim muitas hist rias para contar gente minha a quem perten o e que nos fazemos la o n o prendem n o escravizam n o apertam n o sufocam E que possamos juntas os re viver coisas simples na amorosidade que nos une e fortalece sempre Secretaria de Educa o de Pernambuco e Secretaria de Educa o de Olinda por ter respeitado e estimulado o direito de forma
388. ss veis BAGNO 2002 p 76 grifo do autor Ind cios que segundo Geraldi 2010b p 113 114 pipocam de v rios lugares a exemplo de a o sucesso de Pasquale Neto com suas dicas do bem dizer b o retorno das cr nicas jornalistas a prop sito da forma correta de se dizer o que se quer dizer c a reclama o dos estudantes de letras a prop sito dos cursos que baseiam suas reflex es sobre a l ngua em estudos lingu sticos s o jovens e por isso t m maior sensibilidade ao que lhes exigido pelo mercado d a prolifera o das franquias dos m todos inclu dos os instrumentos e conte dos de cursinhos antes apenas pr vestibulares e agora orientadores efetivos dos processos de ensino peloa brasis afora uniformizando e ignorando as diferen as regionais e locais 121 Essa decis o traz repercuss es diretas para o ensino aprendizagem da leitura na EJA pois possibilitar ao leitor a transitar com mais autonomia e criticidade pela e com a linguagem nas suas diversas e cotidianas empreitadas no conhecer na constru o de sentidos e na luta pelo ser mais Em outras palavras as classes populares t m no portugu s padr o um instrumento t o necess rio quanto a consci ncia de classe para a transforma o social A leitura do mundo poder ser de fato cr tica lendo tamb m o impl cito o n o dito e as ideologias subjacentes se essas classe
389. ssoa est ensinando quando est mediando entre outra pessoa e seu mundo Mediar servir de instrumento na experimenta o que outra pessoa faz de seu mundo e em busca de significa o Assim ensinar participar do ponto efetivo da experi ncia de outra pessoa 52 portanto apenas de estabelecer rela es entre formas mas de entender e explicar atrav s de quais procedimentos se d a atividade discursiva A quest o fundamental passa a ser como com recursos s gnicos indeterminados ou conjunto s desses pode se em circunst ncias dadas produzir um discurso com exatamente tal forma e tal interpreta o E dado que h em geral possibilidade de mais de uma interpreta o por quais mecanismos se chega eventualmente a determinar a interpreta o desejada ou as interpreta es poss veis POSSENTI 2001 p 64 Ressaltamos a linguagem escrita dessa maneira resguardada a sua merecida import ncia como evento comunicativo t o somente uma das modalidades de representa o j que se constitui como um elemento representacional que coexiste com a presen a de imagens e de diferentes tipos de informa o BARROS 2009 grifo da autora Isso certamente faz cair por terra a supremacia da escrita ante outras linguagens com a devida observ ncia de que teremos que continuar fazendo frente aos apelos imediatos de um mundo cada vez mais seduzido pela imagem pela comunica o r pida pela velocidade e ao mesmo
390. sto os prop sitos comunicativos a partir das marcas formais deixadas pelo autor a expl cita ou implicitamente e as possibilidades de cria o e estabelecimento de opini es rela es tomando como base esse poss vel querer dizer concordando ampliando refutando atrav s de infer ncias Afinal de contas a leitura para se constituir em liberdade deve oportunizar a consci ncia simult nea das circunst ncias existentes e das a es que suscitadas por tais circunst ncias nos permitem ultrapass las CHAU 1995 p 362 Isso nos coloca perante pelo menos duas quest es fundamentais para o xito de uma proposta de leitura como pr xis interlocutiva por um bem viver buen vivir o papel do a 153 educador a na forma o de leitores as competentes e o para que o que avaliar no processo educativo 3 1 2 A recria o das condi es objetivas de interlocu o Pereira 2012 refletindo sobre o t pico Leitura cr tica na escola g neros o que fa o com eles na sala de aula afirma ser indiscut vel a dificuldade de transposi o did tica de teorias lingu sticas na sala de aula Para esse autor diversas s o as pesquisas te ricas por m m nimas s o as que t m como objetivo apresentar sugest es ou orienta es sobre a pr tica did tica com base nas diferentes teorias lingu sticas desenvolvidas e pesquisadas atualmente em LA Lingu stica Aplicada PER
391. t vel da democracia da justi a da igualdade entre os sexos do desenvolvimento socioecon mico e cient fico al m de um requisito fundamental para a constru o de um mundo onde a viol ncia cede lugar ao di logo e cultura de paz baseada na justi a Declara o de Hamburgo 1997 Com efeito a leitura na EJA como praxis interlocutiva no para um bem viver buen vivir emerge como uma possibilidade bastante f rtil Aqui parece nos importante anotar que objetivando respeitar a pluralidade de culturas multiculturalidade e as nuances e di logos existentes em entre cada uma delas intra intermulticulturalidade decidimos adotar nesta tese a express o um bem viver para um modo de vida em que viver bem buen vivir fruto das reflex es necessidades sentimentos e utopias de uma comunidade em conviv ncia tica com outras comunidades com a natureza e com o universo de quem somos um dentre outros elementos de uma cadeia interdependente simbi tica 1 2 3 Reconhecimento da leitura na Educa o de Jovens e Adultos como potencializadora no e para um bem viver buen vivir Todos os saberes sem exce o s o humanos porque produzidos por homens mulheres e crian as e por isso mesmo devem colocar a vida como elemento central como mosaico de uma tica democr tica de um no bem viver buen vivir e da na humaniza o das pessoas reconhecendo as como sujeitos sociais de direito Isso ress
392. te de falar Como o pr prio nome do cap tulo indica os autores se prop em em um trecho espec fico do livro a apresentar ao estudante da modalidade de Educa o de Jovens e Adultos EJA as diferen as entre a norma culta e as variantes que ele aprendeu at chegar escola ou seja variantes populares do idioma 2 Os autores n o se furtam com isso a ensinar a norma culta Pelo contr rio a linguagem formal ensinada em todo o livro inclusive no trecho em quest o No cap tulo mencionado os autores apresentam trechos inadequados norma culta para que o estudante os reescreva e os adeque ao padr o formal de posse das regras aprendidas Por isso leviana a afirma o de que o livro despreza a norma culta Ainda mais incorreta a afirma o de que o livro cont m erros gramaticais 3 Para que possa aprender a utilizar a norma culta nas mais diversas situa es o estudante precisa ter consci ncia da maneira como fala A partir de ent o poder escolher a melhor forma de se expressar Saber assim que no di logo com uma autoridade ou em um concurso p blico por exemplo deve usar a variante culta da l ngua Mas n o quer dizer que deva abandon la ao falar com os amigos ou outras situa es informais 4 importante frisar que o livro destinado EJA Educa o de Jovens e Adultos Ao falar sobre o tema muitos ve culos omitiram este detalhe e a m dia televisiva chegou a ilustr
393. te dessas dificuldades interessa nos refletir sobre como a o educador a um dos fatores da a o do contexto imediato no leitor poder contribuir como fornecedor a das condi es de interlocu o cr tica j que cabe a essa e profissional determinar em grande medida os objetivos de leitura na EJA pois sabemos a rela o que se estabelece entre leitor a e autor a atrav s do texto num contexto determinado pode ou n o se caracterizar por um processo cr tico Parece nos importante ressaltar a princ pio que o papel da o educador a n o o de mediador a entre autor a e leitor a mas sim o de fornecedor a de condi es objetivas para que a interlocu o se efetive Acreditamos que durante a intera o que o leitor a mais inexperiente compreende o texto n o durante a leitura silenciosa nem durante a leitura em voz alta mas durante a conversa com o professor a sobre aspectos relevantes do texto Muitos aspectos que o a aluno a sequer percebeu ficam salientados nessa conversa muitos pontos que ficaram obscuros s o iluminados na constru o conjunta da compreens o KLEIMAN 2000b p 24 grifo nosso 156 Como formadores as de leitores as jovens adultos as e idosos as que somos podemos afirmar que n o raro depreender o significado do texto uma dificuldade t o aguda para esses as educandos as que n o conseguem recuperar nem mesmo o quadro referencial proposto pelo a autor a Logicamente
394. te realidade principalmente quando se constata o n o desenvolvimento da leitura e produ o de textos em n veis de escolaridade nos quais essas aprendizagens s o tomadas como expectativas processuais Essa situa o tem gerado uma dada din mica na busca pela supera o do problema em diferentes inst ncias e situa es de estudo No entanto por se tratar de um campo f rtil de natureza hist rica pol tica e conjuntural discutir sobre essa quest o acreditamos exige certo cuidado Na tentativa de revers o do dif cil quadro no qual fica evidenciada a incapacidade da educa o escolar na eleva o da compet ncia discursiva das camadas populares corre se o risco de colocar em xeque o para qu do trabalho com a linguagem na EJA O itiner rio de tais discuss es tem sinalizado paradoxalmente uma enorme possibilidade de se patentearem atividades essenciais contudo n o nicas nem dissoci veis de outras de igual import ncia caminhando na dire o contr ria fun o sociocomunicativa da linguagem e da pr pria EJA como express o de Educa o Popular em que se aprende ao longo da vida na escola ou fora dela Na atualidade s culo XXI tem sido atribu da uma grande import ncia forma o de leitores Entretanto s o ainda encontradas inconsist ncias te ricas e pr ticas na em rela o entre Alfabetiza o e ao Letramento Esses conceitos ora abordados como quase sin ni
395. tem a emparelhar com os colegas das classes mais favorecidas William Labov 1972 por sua vez contrapondo se radilcamente vis o de Bernstein afirma que as raz es do fracasso escolar dos alunos deveriam ser atribu das a outras quest es sociais culturais individuais e n o puramente lingu sticas Constata em seus trabalhos a exist ncia da varia o lingu stica gerando implica es para as pesquisas educacionais e mais especificamente para o tratamento homogeneizante da l ngua nas escolas Para o autor LABOV 1972 n o existiria erro ou desvio da l ngua padr o e sim variedades de uma mesma l ngua pois h uma l gica estrutural tanto na l ngua padr o quanto na l ngua n o padr o Entretanto apesar dos avan os dos estudos sociolingu sticos o poss vel desconhecimento e ou at mesmo a n o aceita o dessa diversidade lingu stica pela sociedade brasileira tem acarretado estigmatiza o de variedades diferentes da considerada padr o fazendo com que seus falantes crian as jovens adultos e idosos sejam v timas de preconceito lingu stico BAGNO 2000 FREITAS DE SOUZA 2004 1996 75 Em conformidade com o real a palavra est sempre articulada a um modo particular de poder dominador ou libertador j que como escreve Bourdieu 1992 p 211 todas as ideias e sistemas de pensamento organizam uma rendi o da realidade de acordo com suas pr prias met foras narrativas e ret rica N o
396. tema atrelados ao signo ideol gico ao contexto de sua hist ria Nunca se pense portanto que h neutralidade nas teias que engendram os discursos Na verdade se considerarmos que uma l ngua um conjunto inst vel de recursos lingu sticos com que constru mos representa es com acentos apreciativos portanto nunca neutros cada um destes recursos traz em si os murm rios de sua pr pria hist ria condensados como suas significa es que se apresentam em cada uma de suas reitera es E nestas reitera es estes mesmos recursos se desvestem de suas significa es para se revestirem com as vestes que lhe traz o tema espec fico do discurso GERALDI 2010a p 47 48 Destarte segundo Geraldi 1995 as atividades que ocorrem na feitura do trabalho lingu stico envolvem n o s a es realizadas pelos sujeitos com a linguagem mas tamb m a es da linguagem concomitantemente E isso poss vel devido reflexividade da linguagem isto o poder de remeter a si mesma uma das suas caracter sticas essenciais 85 Para esse autor o fato de a consci ncia dos sujeitos se constituir e operar atrav s do material s gnico apreendido nos espa os das intera es que a pr pria forma o social lhes permite talvez a mais vis vel forma da a o da linguagem sobre os sujeitos Nesse sentido revestindo de interroga es o texto que segue TEXTO 03 perguntar amos at que ponto a linguagem midi tica
397. tempo ampliar quantitativamente os esfor os para incluir parcelas cada vez maiores da popula o GARCEZ 2000 p 583 grifo da autora Nosso entendimento que al m da discursiva a linguagem tem as dimens es pedag gica e pol tica Mira se em o que se quer e organiza se o discurso como a o conservadora ou a o transformadora uma ou outra posi o pol tica n o h meio termo tampouco neutralidade Por isso afirmamos com Freire 1987 p 90 91 se dizer a palavra verdadeira que trabalho que pr xis transformar o mundo dizer a palavra n o privil gio de alguns homens dir amos e ou de algumas mulheres mas direito de todos os homens e de todas as mulheres Precisamente por isto ningu m pode dizer a palavra verdadeira sozinho ou diz la para os outros num ato de prescri o com o qual rouba a palavra aos demais Discursividade pois um direito humano a ser re conquistado se gerado r na da consci ncia a o transformadora ou seja da pr xis interlocutiva Dessa forma a leitura como pr xis interlocutiva nossa tese de pesquisa parece reconhecer se na desordem na instabilidade emergindo como necess ria na busca do equil brio no caos Reafirmamos com Prigogine amp Stengers 1997 caos n o sin nimo de desordem um tipo de ordem uma ordem inst vel Este arcabou o te rico ent o impulsiona nos a refutar qualquer possibilidade de engessamento desesper
398. ter possibilitador da constru o simb lica e da constitui o da consci ncia do sujeito pelo signo vivo como tamb m entendem equivocadamente o educando como objeto porque interditado de sua natureza criadora e interlocutiva Em face disso abra ando a concep o de l ngua gem como intera o a l ngua portuguesa n o como um c digo e sim como uma sistematiza o aberta GERALDI 1995 p 12 ou uma quase estrutura POSSENTI 2001 p 17 defendemos que o ato de ler constitui se num processo que envolve n o apenas as informa es do material impresso oralizadas e ou gestualizadas oriundas do texto e fornecidas pelo a autor a mas tamb m um processo cognitivo que associa estrat gias e conhecimentos pr vios do sujeito leitor cf LOPES 1996 KOCH amp ELIAS 2009a Para n s a leitura um processo dial gico entre leitor autor mediado por signos vale dizer uma rela o rec proca entre falante e ouvinte ou autor a leitor a ou uma rela o entre os ditos e presumidos FREITAS 1995 p 136 confundindo se com uma tomada de posi o ativa do que dito e compreendido cf BAKHTIN 1997 portanto bem distante de um processo solit rio monol gico e passivo de suposta porque imposs vel decodifica o No trabalho de leitura est o em jogo n o apenas a historicidade do texto mas tamb m a pr pria a o da leitura a sua produ o cf ORLANDI 1988 Nesses moldes trata se de um processo p
399. terna que leve em conta o grande saber lingu stico pr vio dos aprendizes e que possibilite a amplia o incessante do seu repert rio verbal e de sua compet ncia comunicativa na constru o de rela es sociais permeadas pela linguagem cada vez mais democr ticas e n o discriminadoras BAGNO 2012a p 05 Ademais se enxergamos a leitura como pr xis interlocutiva a um bem viver buen vivir n o poderemos deixar de promover a an lise dos pr prios valores imbu dos na l ngua gem isto o seu sentido hist rico e o seu car ter de constru o social Tal an lise certamente oportunizar n o apenas a confirma o das rela es que naquela se d o mas a compreens o de como s o constru das essas rela es Portanto enquanto educadores as populares poder amos estar mais atentos ao nosso compromisso tico pois um educador progressista n o pode viver de maneira mec nica a tarefa docente N o pode fazer a mera transfer ncia do perfil do conceito do objeto aos educandos Se ensino l ngua portuguesa por exemplo devo ensinar o uso de crase a concord ncia verbal e nominal a sintaxe do verbo haver do verbo ter do verbo fazer a quest o do dativo lhe do acusativo o o uso do infinitivo pessoal Mas ensinando l ngua portuguesa n o posso adiar a quest o da linguagem e de suas rela es com as classes sociais A quest o da sintaxe da gram tica da sem ntica da ortografia de classe Esperar q
400. tica 1995 O ato de ler fundamentos psicol gicos para uma nova pedagogia da leitura 8 ed S o Paulo Cortez 2000 A escolariza o do leitor a did tica da destrui o da leitura Porto Alegre Mercado Aberto 1986 Novas Perspectivas 19 SILVA Rita de C ssia Curvelo da Educa o Popular e Pr xis a a o pol tica e educativa dos trabalhadores e das trabalhadoras do MST In MELO Neto Jos Francisco de Educa o popular enunciados te ricos II Org Vol II Jo o Pessoa Editora UFPB 2008 p 157 173 SILVA Suely Barros Bernardino da Uma Reflex o sobre o Papel da Escola no Ensino da Leitura In Revista Eletr nica Abor Publica o da Escola Superior de Artes e Turismo Manaus ed 03 nov 2007 SILVEIRA Manuela Monarcha Murad da Desenvolvimento versus Buen Vivir concep es de natureza e tens es territoriais no Equador Plurinacional N mero Especial EGAL 2011 Costa Rica II Semestre 2011 p 1 17 SMITH Frank Compreendendo a leitura uma an lise psicolingu stica da leitura e do aprender a ler Porto Alegre Artes M dicas 1989 SMOLKA Ana Luiza B A pr tica discursiva na sala de aula uma perspectiva te rica e um esbo o de an lise Cadernos Cedes Pensamento e Linguagem Estudos na perspectiva da psicologia sovi tica S o Paulo Papirus n 24 p 51 65 19 SMOLKA Ana Luiza B G ES Maria Cec lia Rafael de Orgs A linguagem e o outro no espa o escolar Vygotsky
401. tica de relev ncia e de parcim nia segundo essa autora s o princ pios de ordem mais geral O princ pio de coer ncia possibilita nos escolher numa interpreta o conflitante aquela que torna o texto coerente e envolve por exemplo as regras de n o contradi o e de manuten o do t pico J o princ pio de relev ncia determina que em casos de informa es conflitantes devemos escolher aquela mais relevante ao desenvolvimento do tema KLEIMAN 2000a p 54 Envolve tamb m a regra de manuten o do t pico O princ pio de parcim nia princ pio de economia por sua vez um princ pio geral que determina v rias regras a de recorr ncia por exemplo e estabelece que o a leitor a tende a reduzir ao m nimo o n mero de personagens objetos processos eventos desse quadro mental que ele ou ela vai construindo medida que vai lendo KLEIMAN 2000a p 49 Quanto ao princ pio de canonicidade Kleiman 2000a postula que ele agrupa v rios princ pios sobre as nossas expectativas em rela o ordem natural no mundo e sobre como essa ordem se reflete na linguagem por exemplo que a causa antecede o efeito que a a o antecede o resultado Conjuga se este princ pio a uma regra de linearidade que pressup e que a materializa o linear no papel dos 199 elementos formais reflete essa ordem natural Pressupomos ent o que o antecedente precede o pronome que o indefinido passa a ser depois def
402. tico e tamb m epistemol gico Para n s as condi es e as constri es que constituem e determinam as pr ticas de ensino devem ser consideradas j que o a educador a n o um rob que se programa ou se adestra de acordo com as necessidades do momento Falamos em dificuldades de mudan as do professor de resist ncia etc com uma conota o ideologizada traduzida com julgamentos de louvor Eles resistem bravamente s interveni ncias externas S o her is ou com julgamentos que traduzem condena o N o mudam nunca n o se atualizam rejeitam inova es cientificamente estudadas s o rotineiros tradicionalistas incapazes de aperfei oar se etc Por m n o se analisam as implica es de sua identidade profissional constru da nas intersec es dos fatores apontados de modo concreto em sua hist ria de vida e forma o GATTI 1996 p 89 Isso nos reporta a uma importante quest o colocada por Geraldi 2001 aqui traduzida para a Educa o de Jovens e Adultos EJA o objetivo o para qu que se tem em mira 64 que desvelar a concep o mais adequada de l ngua gem e do trabalho a ser desenvolvido nela com ela e por meio dela a partir da qual ser o re constru das as possibilidades para a educa o desejada querer necessidade Ou seja para n s a quest o b sica que se coloca responder ao para que do trabalho de leitura na EJA na escola ou fora dela principal
403. tipografia Em 11 a imagem do dedo indicador apontando para o leitor do cartaz o olhar s rio dirigido ao leitor o uniforme e o bigode militares simbolizam autoridade o uso da segunda you e a terceira your country pessoas do discurso a lexicaliza o do requerimento need e do sujeito requeredor country e a impress o tipogr fica da palavra YOU mais forte e mais densa em rela o s demais palavras realizam um ato comunicativo multimodal DION SIO 2007 p 185 grifo nosso Continuando a an lise essa autora observa que o p ster de Recrutamento Kitchener multimodal mas o retrato do Lorde Kitchener 12 n o multimodal j que se constitui apenas de uma forma de representa o que a fotografia do militar A for a do olhar de Kitchener dirigido ao interlocutor no retrato se mant m na representa o da imagem no cartaz recebendo refor o gestual dedo apontado para o leitor e verbal o termo YOU em destaque tipogr fico DION SIO 2007 p 185 186 Dion sio 2007 p 195 conclui que por desempenharem um trabalho persuasivo todos os elementos visuais e suas disposi es nos textos podem ser analisados Isso porque continua a autora em enfoque a composi o de um texto visual envolve a escolha de estrat gias dando formas ao que se apresenta numa p gina dirigindo a aten o dos leitores numa rela o intertextual p 195 Essa autora DION SIO 2005 tamb m chama a nossa aten
404. to por meio de uma linguagem articulada e organizada TRAVAGLIA 2000 p 21 Bakhtin 1995 nos ensina que todas as teorias da express o somente puderam se desenvolver num terreno idealista e espiritualista Nelas tudo o que essencial interior o que exterior s se torna essencial a t tulo de recept culo do conte do interior de meio de express o do esp rito Isso implica dizer que na concep o de linguagem como representa o espelho do mundo e do pensamento temos a morte do sujeito hist rico social decretada numa redu o simplista da l ngua gem Nas palavras de Kristewa 1969 p 151 2 um sistema formal distinto de um exterior significado por ela o real e constituindo em si mesma Um sistema pr prio um objeto de conhecimento particular sem se confundir com o seu exterior material Vemos realizar se aqui plenamente o processo de separa o da linguagem e do real KRISTEWA 1969 p 151 2 Nesse contexto quais seriam as implica es dessa concep o de linguagem no trabalho com a leitura Apoiadas em Koch amp Elias 2009a p 09 10 dir amos se na concep o de linguagem como representa o espelho do mundo e do pensamento o sujeito visto como senhor absoluto de suas a es e de seu dizer o texto certamente seria um produto l gico do pensamento representa o mental do autor Ora nesse caso n o restaria ao leitor nada al m de PASS
405. tos tanto a consci ncia dessa diversidade quanto a garantia da apreens o e do desenvolvimento da escrita fala do portugu s oficial padr o e de sua leitura articulados s caracter sticas culturais das comunidades inclusive para uma amplia o potencializa o de sua cultura em di logo com outras culturas SOUZA 2001 p 237 A luta de conscientes ainda que de poucos as silenciosos as n o mais silenciados as poder nos ajudar num outro desenho de realidade n o cruel inclusive na EJA espa o f rtil para uma educa o autenticamente popular Similitudes e diferen as nunca desigualdades O importante tentar construir mesmo que aos poucos uma pr xis transformadora visto que como t o bem anota Souza 1992 p 37 a nova sociedade j n o se cria num salto hist rico prefigura se nas pequenas mudan as da vida cotidiana nas rela es nos valores As pessoas mudam quando aprendem a transformar quando experimentam do micro ao macro a viv ncia de novos valores e este um processo intencional que se garante pela dimens o pedag gica da a o coletiva A configura o desse novo exige novas representa es saberes conhecimentos ci ncias produtos da a o pedag gica e investigativa Nunca demais re lembrar o come o da busca de um novo caminhar libertador pode representar fazer primeiro o necess rio depois o poss vel e quando menos esperarmos POE RO estaremos
406. tude do campo da educa o popular cresceu consideravelmente com a ado o de novas tem ticas Considerou se tamb m o aumento do n mero de doutores credenciados no nosso Programa cujas tem ticas mais diversas e plurais extrapolam os limites te rico metodol gicos da investiga o centrada nos processos de educa o popular Somos hoje um programa que se enquadra entre um dos maiores do Brasil com 45 doutores cujas origens de forma o em n vel de gradua o e de doutorado confirmam essa nova caracter stica Outro aspecto significativamente observado foi o fato de que nos ltimos anos a demanda que se apresentou da sociedade isto os projetos que nos chegaram atrav s dos processos seletivos s o minoritariamente sobre educa o popular A discuss o sobre a necessidade de reestruturar o Programa foi decorrente tamb m de rigoroso processo de credenciamento e recredenciamento instalado em 2006 e conclu do em 2007 Portanto mesmo avaliando que 1 a evolu o e as tend ncias do programa poderiam ser favorecidas pela pr pria conceitua o ampliada que a educa o popular adquiriu na ltima d cada e que foi inerente s decorr ncias e aos avan os da crise de paradigmas que atingiu todo o campo das pesquisas educacionais e 2 os limites te rico metodol gicos da defini o do campo da educa o popular pudessem ser ultrapassados na dire o de uma amplitude que permitisse as pesquisas de novas tem ticas e de novas reflex es
407. tural forma e a o deliberada e sistem tica e como tal ou est a servi o da domina o consciente ou inconscientemente por parte de seus agentes ou est a servi o da libera o dos homens acrescentar amos e mulheres Isso porque toda a o cultural vem alicer ada numa teoria que determinando seus fins delimita seus m todos Assim decidimos eleger a an lise de conte do como metodologia por esse tipo de an lise acenar como importante meio para a verifica o da verdade constru o da realidade no processo desta pesquisa procurando manter evidentemente a coer ncia aos princ pios pol ticos e pedag gicos da Educa o Popular Ressaltamos contudo que estamos considerando n o ser poss vel realizar an lise de conte do deixando de lado o car ter discursivo de todo e qualquer enunciado Pressupomos que um texto carrega significados e sentidos gerado r de efeitos patentes ou ocultos os quais podem ser apreendidos por um a leitor a que o interpreta por meio de t cnicas sistem ticas apropriadas decompondo o conte do do documento em fragmentos palavras termos frases significativas mais simples que revelam sutilezas contidas em um texto cf CHIZOTTI 2006 p 115 Isso sem nos descuidarmos do que Freire 1999 p 11 nos defende a compreens o a ser alcan ada por sua leitura cr tica implica a percep o das rela es entre o texto e o contexto 59 Nossa pretens o portanto n
408. tutivos sintagmas aspectos morf micos e fon micos na concep o redutora da lingu stica frasal procura explicar o funcionamento do sistema apesar de tamb m deixar de lado a l ngua em uso o papel do sujeito e do contexto nos fatos lingu sticos Aqui nos parece importante observar que a teoria desenvolvida por Avram Noam Chomsky aparece assinalada de diferentes maneiras entre os estudiosos Encontramos denomina es como Transformacionalismo GERALDI 2001 p 41 TRAVAGLIA 2000 p 22 Gerativismo ou Modelo Gerativo Transformacional SUASSUNA 1995 linha Gerativa VIANA 2001 linha Transformativa ou Gram tica Transformativa ou simplesmente linha chomskyana LYONS 19 Assim vale salientar que no nosso trabalho algumas dessas formas s o encampadas e tratadas como sin nimas 67 Por conseguinte na vis o estruturalista a l ngua tomada como um c digo virtual ou seja desligada da situa o de uso e da cria o reflex o dos sujeitos Assim torna se um sistema fechado um fato objetivo externo consci ncia individual da qual independe Nessa perspectiva como salienta Bakhtin 1995 p 78 a l ngua op e se ao indiv duo enquanto norma indestrut vel perempt ria que o indiv duo s pode aceitar como tal Sem d vida norteia essa vis o uma concep o de linguagem como instrumento de transmiss o de informa es a qual a limita 31 Apesar das contribui es d
409. u muito na quest o da escrita E at da leitura tamb m hoje posso dizer que escrevo bem melhor Estou aprendendo a escrever bem Mas mais a partir de uma leitura liter ria Acho que me ajuda muito a escrever pois mais criativa mais interessante mais acessivel p 244 grifo nosso Aqui nem de longe queremos negar as contribui es trazidas pelas discuss es de Timbau Dauster e Ferreira 2010 mas n o podemos deixar de registrar a t tulo de exemplo como o foco maior de aten o tem reca do ainda sobre a escrita em preju zo da leitura O que tem predominado a vis o de leitura apenas como um meio para o bem escrever A terceira e ltima verifica o oportunizada pela revis o de literatura aponta para um quadro preocupante em que o n mero de trabalhos voltados para o fen meno leitura na EJA ainda pouco expressivo e com necessidade de incremento ao seu acesso Mesmo que as exig ncias sociais tenham ampliado o interesse da comunidade cient fica em pesquisar sobre a leitura e a escrita j que numerosos s o os trabalhos que se ocupam com 13 Indiscutivelmente o advento da inform tica e a amplia o do acesso internet ampliaram a possibilidade de acesso aos trabalhos voltados EJA No entanto ainda nos deparamos com sites desatualizados e inexpressiva publica o impressa sob a gide de um mercado majoritariamente voltado para crian a ou a temas mais rent veis E para piorar enfrentamos a indis
410. u pr xis interlocutiva porque social e transformadora Aqui podemos lan ar m o de um exemplo bem caracter stico da sociedade contempor nea Trata se da transcri o de uma p gina da web fruto de uma conversa escrita em um bate papo virtual via internet entre internautas aparentemente oriundos da regi o Sudeste do Pa s logo ap s os resultados das elei es 2012 em que Dilma Rousseff candidata pelo Partido dos Trabalhadores foi eleita pelo voto direto Presidenta da Rep blica Federativa do Brasil com um apoio expressivo de eleitores nordestinos Vejamos 125 TEXTO 07 Um post infeliz da usu ria Omayarapetruso quando comentava sobre a vit ria da presidenta eleita Dilma Roussef sobre o ex governador Jos Serra desencadeou uma onda de protestos que prossegue no microblog Twitter A jovem que estudante de direito postou na noite de ontem 31 Nordestisto n o gente fa a um favor a Sp mate um nordestino afogado Ela apagou os posts pouco depois e extinguiu o perfil durante a madrugada mas os usu rios foram mais r pidos e fizeram prints que foram repassados e est o circulando com pedidos de den ncias de preconceito As den ncias s o feitas aqui e as provas est o aqui Lament vel sobre todos os aspectos que ainda aconte a esse tipo de coisa Somos todos irm os Veja a hashtaggnordestisto mayarapetruso Nordestisto n o gente fa a um favor a Sp mate um nordestino afogado may
411. u seja de negar a re cria o do dizer e consequentemente fazer se um novo sujeito e construir um novo mundo Nunca demais lembrar com Bakhtin 1995 que o criado sempre se cria do dado seja no que se refere l ngua a um fen meno observado a um sentimento vivido a um sujeito falante ou ao conclu do por sua vis o de mundo Nunca se pense que um enunciado apenas reflete ou expressa o j existente dado e findado Um enunciado sempre cria algo que nunca havia existido um absolutamente novo e irrepet vel sempre recheado por valores como verdade bem beleza etc Com efeito reafirmamos criado destino de todo dado BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 Acompanhando Bakhtin 1995 1997 podemos afirmar que em todo dizer o que pressup e sujeitos e contextos determinados h um criado algo j existente Todo dizer 96 embora implique um ainda n o criado solicitado e previsto posto que todo discurso fala responde a uma pergunta j feita significa uma r plica uma contrapalavra uma palavra alheia ressignificada tomada como pr pria uma tomada de posi o trata se n o mais de um dizer antes existente e sim de outro dizer carregado de matizes dial gicas ideol gicas e portanto prenhe de contradi es que s o geradas geradoras de brechas s poss veis mudan as que tem sentido de novidade O novo poder at n o estar no conte do do que dito mas sim na a o de tomar a palavra como pr
412. ualidade tipol gica dos g neros A heterogeneidade tipol gica segundo Marcuschi 2000 2001 a 2002 a diz respeito ao fato de um g nero realizar v rios tipos textuais Por exemplo uma not cia jornal stica pode conter uma narrativa uma argumenta o e uma descri o entre outras Resumidamente trata se da presen a de v rios tipos textuais em um determinado g nero A intertextualidade tipol gica dos g neros segundo Marcuschi 2001 a p 2 uma mescla de fun es e formas de g neros diversos Grosso modo trata se de um g nero com a fun o de outro Em princ pio isso parece n o trazer dificuldades para interpreta o pois o que define o g nero o predom nio da fun o e n o da forma Essa afirmativa pode ser argumentada atrav s dos TEXTOS 18 e 19 Neles perceberemos que a fun o sociocomunicativa isto a persuas o g nero publicidade predominate n o autorizando portanto que os apreendamos como uma embalagem caixa de rem dio ou bula formatos de outros g neros LUTOL n o apresenta nenhuma contra indica o Qualquer categoria deve utiliz lo no combate s arbitrariedades que lhe s o impostas Mantenha LUTOL sempre ao seu alcance TEXTO 18 LUTOL Medica o certa para enfrentar desafios e conquistar vit rias DISTRIBUI O GRATUITA SEM PRESCRI O MEDICA USE VONTADE Laborat rio de Lutas 170 entemente Farm
413. uca o Escolar nosso Fazer Maior des Alfia o nosso Saber Educa o de Jovens e Adultos Recife Baga o UFPE CE NUPEP 1999 Atualidade de Paulo Freire contribui es ao debate sobre a educa o na diversidade cultural Recife Baga o NUPEP UFPE 2001 SPINILLO Alina Galv o Bases construtivistas da avalia o Contribui es da Psicologia Cognitiva In PERNAMBUCO SECE Rela o professor aluno Planejamento Avalia o Recife 1993 p 45 49 SUASSUNA L via Ensino de l ngua portuguesa uma abordagem pragm tica Campinas Papirus 1995 Cole o Magist rio forma o e trabalho pedag gico Ensaios de pedagogia da l ngua portuguesa Recife Editora Universit ria da UFPE 2006 SWALES J M Genre analysis English in academic and researching settings Cambridge Cambridge University Press 1990 Research genres explorations and applications New York Cambridge University Press 2004 253 TANUS T nia Izabel Vendas Reflex es sobre o significado social da leitura o que aprender a ler Cadernos de Cultura O guardador de inutens lios n 3 p 26 32 maio 2000 TERZI Sylvia Bueno Para que ensinar a ler o jornal se n o h jornal na comunidade o letramento simult neo de jovens e adultos escolarizados e n o escolarizados In RIBEIRO Vera Masag o Org Educa o de Jovens e Adultos novos leitores novas leituras Campinas Mercado de Letras 2001 p 153 175 Cole o Leitur
414. ue o ensino dos conte dos em si mesmo provoque amanh a intelig ncia radical da realidade assumir uma posi o espontane sta e n o cr tica cair na compreens o m gica do que lhe atribui uma for a criticizante por si mesmo FREIRE 2001 p 59 grifo nosso Para n s justamente admirando a realidade isto objetivando a apreendendo a como campo de sua a o e reflex o que os sujeitos populares jovens adultos as e idosos as poder o penetrar nela cada vez mais lucidamente para descobrir as inter rela es verdadeiras dos fatos FREIRE 1979 p 31 e por conseguinte analisar criticamente as realidades discursivas que os nomeiam e significam 124 Para n s ser competente em termos de discurso implica n o apenas fazer uso adequado ler escrever falar do portugu s oficial padr o mediante a situa o comunicativa O que defendemos como compet ncia discursiva vai al m do padr o refere se aos saberes que os falantes int rpretes possuem sobre a l ngua de sua comunidade e utilizam adequadamente nas situa es enunciativas diversas express es orais ou escritas formais ou informais que envolvam a variante oficial ou qualquer outra variante da l ngua materna FREITAS DE SOUZA 2004 Mas o que se faz faremos com o que se sabe r em termos de conhecimento e de l ngua gem Interlocu o para qu 2 contra o qu quem a favor de qu quem conserva o o
415. ujeitos capazes de inteligir o mundo e nele atuar como cidad os BRAND O amp MICHELETTI 1997 p 22 Logo acreditando que a linguagem e realidade se prendem dinamicamente FREIRE 1999 p 11 apostamos na presen a da multiplicidade de textos e discursos no processo de ensino e aprendizagem da leitura na EJA como uma estrat gia pedag gica e substantivamente pol tica de di logo dizeres saberes de pr xis interlocutiva porque transformadora Afinal os as educandos as jovens adultos e idosos tamb m t m direito de saber que diferentes g neros circulam no contexto cultural em suportes espec ficos marcados por normas que configuram a textualidade a estrutura composicional os recursos de coes o e coer ncia os n veis de informatividade a pr pria disposi o do texto na p gina e determinam modos diferentes de usar a l ngua l ngua gem discursivamente REINALDO 2001 p 86 87 grifo nosso Nesse sentido parece nos f rtil discutir sobre g neros textuais e a sua import ncia no ensino da leitura na EJA j que s o os g neros propriedades inalien veis dos textos emp ricos e servem de guia para o produtor e o receptor dir amos interlocutores MARCUSCHI 2001 a p 01 Comecemos pois pela distin o entre as no es de tipo textual e g nero textual feitas por Marcuschi 2000 2001 a 2002 a j que comumente s o apreendidos como sin nimos 169 Conforme Marcuschi 200
416. ulta e de utiliza o dos bancos de dados Isso resulta em maior risco de uma fragmenta o que n o percebe mais o texto como unidades discursivas constru das com uma coer ncia pr pria a da fic o ou a da demonstra o 3 2 2 A escolha do texto decis o hist rica Para Chartier 2010 existe uma grande diferen a entre as formas de descontinuidade do c dice e a do computador Na primeira a forma material do livro ou do objeto impresso imp e a percep o da totalidade do discurso na segunda o fragmento n o est de forma 187 alguma associado totalidade textual da qual ele extra do Pertinente ent o parece nos a seguinte anota o de Chartier 2010 acerca da digitaliza o de livros impressos cujos textos s o dados a ler sobre a tela toda transfer ncia de um texto a outro deve ser imperativamente acompanhada pela conserva o e a possibilidade de consulta das formas anteriores desse mesmo texto Essa observa o talvez seja til numa poca em que se desenvolvem projetos ambiciosos concorrentes e certamente necess rios para a constitui o de bibliotecas elet nicas p 32 N o retirarmos o texto ou discurso de seu suporte de circula o primando pelo eixo interacional que o justificou uma preocupa o suscitada por Chartier 2010 que parece adequar se ao mbito da EJA A partir de um estudo desenvolvido em EJA Pedralli 2012 chega conclus o de que h uma preval n
417. undial documento redigido por Ricardo Jim nez coordenador da C tedra de Integra o Sul americana redator do Caderno de Propostas do FNGM Nossa P tria deve ser o Universo migra o e governan a mundial coorganizador da Assembleia Cidad do Cone Sul DURANTE Marta Alfabetiza o de adultos leitura e produ o de textos Porto Alegre Artmed 1998 ECO Humberto Leitura do texto liter rio Editorial Presen a Lisboa 1993 amp CARRI RE J C N o contem com o fim do livro Rio de Janeiro Record 2010 ENZENSBERGER Hans Magnus Elementos para uma Teoria dos Meios de Comunica o S o Paulo Conrad Editora do Brasil 2003 FERRAZ Marcelo Entre a fal ncia e a reden o a pol mica circula o de textos liter rios na internet Revista Icarahy Universidade Federal Fluminense N 01 Agosto 2009 Dispon vel em http www revistaicarahy uff br revista html numeros 1 dliteratura Acesso em 28 08 2012 240 FERREIRA Aur lio Buarque de Holanda Miniaur lio S culo XXT o minidicion rio da l ngua portuguesa 4 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2001 FERREIRA Norma Sandra de Almeida Pesquisa em Leitura um estudo dos resumos de disserta es de mestrado e teses de doutorado defendidas no Brasil de 1980 a 1995 Universidade Estadual de Campinas 1999 Tese Doutorado FERREIRO Em lia Entrevista concedida Revista Nova Escola n 162 mai 2003 FIORIN Jos Luiz Linguagem e ideologia 2 ed
418. undo suas necessidades sua indetermina o n o resulta apenas de sua depend ncia dos diferentes contextos de produ o ou recep o Enquanto instrumentos pr prios constru dos neste processo cont nuo de interlocu o com o outro carregam consigo as precariedades do singular do irrepet vel do insol vel mostrando sua voca o para a mudan a E se os instrumentos de constitui o da consci ncia t m tais caracter sticas n o se pode imaginar que o processo de internaliza o dos signos que nos constitui como sujeitos seja um processo de cristaliza o dos sentidos e da fixa o do id ntico Est claro para n s que Ao contr rio as identidades socialmente constitu das nestas rela es com o outro os outros e atrav s destes signos encarnam as mesmas caracter sticas e fazem m ltiplas as identidades de cada um GERALDI 2010a p 112 113 grifo nosso Longe de ser um fen meno que se reduz ao inato ou cultural ideol gico a origem da consci ncia humana o processo discursivo resultado de uma rela o dial gica Di logo seguindo as orienta es de Bakhtin 1995 1997 n o significa simplesmente altern ncia de vozes nas trocas verbais mas o encontro e a incorpora o de vozes em um espa o e em um tempo socio hist ricos Nesse processo de troca e ou de luta na constru o de sentidos s o deixadas brechas para contradi es que possibilitam a emerg ncia de um discurso singular ge
419. unica o a linguagem para a elabora o e antes de ser mensagem a linguagem constru o do pensamento e antes de ser ve culo de sentimentos id ias emo es aspira es a linguagem um processo criador em que organizamos e informamos as nossas experi ncias FRANCHI 1977 p 19 grifo nosso Portanto uma adequada teoria de linguagem deve considerar de igual modo o papel do sistema de refer ncia dos interlocutores e do contexto o que se contrap e n o somente ao mito da univocidade absoluta da l ngua que gera a ilus o de sua transpar ncia c digo um sistema fechado como tamb m ao da indetermina o absoluta da l ngua em que ter amos necessariamente uma nova significa o a cada contexto desconsiderando se pois as significa es j estabilizadas Por essas raz es concordando com autores como Bagno 2002 Bakhtin 1995 1997 Geraldi 1994 1995 1996 2000 2001 2010a 2010b Geraldi Benites Fichtner 2006 Koch 1987 2011 Koch amp Elias 2009a 2009b Possenti 2001 2009a 2009b dentre outros j citados sustentamos que toda atividade de interpreta o cotidiana da linguagem est fundada na l gica de que quem fala tem certas inten es ao comunicar se Com efeito compreender uma enuncia o ent o apreender essas inten es que s o linguisticamente 149 constitu das em busca da constru o da significa o global do texto j que sabemos com Geraldi 19
420. ura no processo de constru o da compet ncia discursiva dos as jovens adultos as e idosos as Secundarizar a leitura torn la um exerc cio mec nico de identifica o de informa es objetivas como se a l ngua gem fosse transparente ou transform la simplesmente em treinamento de oraliza o do escrito mesmo na alfabetiza o em que a rela o som grafia j deve ser apreendida por exemplo n o se justificam numa proposta de educa o que se pretende popular cujos pressupostos admite a linguagem como intera o a l ngua como uma sistematiza o aberta e que busca coer ncia com os princ pios ticos e democr ticos apostando portanto na capacidade criativa de 215 transforma o dos sujeitos sobretudo populares Por essa raz o tomamos as palavras de Cagliari 1994 p 173 como um alerta extremamente oportuno A leitura n o pode ser uma atividade secund ria na sala de aula ou na vida uma atividade para a qual a professora ou professor e a escola ou qualquer espa o educativo n o dedicam mais que uns m seros minutos na nsia de retornar aos problemas de escrita julgados mais importantes H um descaso enorme pela leitura pelos textos pela programa o dessa atividade na escola no entanto a leitura deveria ser a maior heran a legada pela escola aos alunos pois ela e n o a escrita ser a fonte perene de educa o com ou sem a escola CAGLIARI 1994 p 173 grifo nosso Al m disso
421. ureza humana porque continuamente incompleta ser dificilmente o estar nessa condi o fruto de um processo de decis o consciente pois sabemos que a maioria dos leitores de pouco estofo s o os mesmos que vivem um processo de explora o e exclus o o qual se encarrega de lhes inculcar valores desumanizantes Desse modo numa proposta pol tico pedag gica que visa humaniza o de homens e mulheres o desejo querer necessidade de continuar lendo para aprender e aprender para ler n o pode ser corrompido por posturas que deixem brechas para a estabiliza o do leitor isto para sua morte em vida FREITAS DE SOUZA 2004 p 259 260 Brand o amp Micheletti 1997 p 19 20 por sua vez postulam que a opera o do leitor para p r em funcionamento o texto uma atividade cooperativa de recria o do que omitido de preenchimento de lacunas de desvelamento do que se oculta nos interst cios do tecido textual E observam que o trabalho de recria o feito pelo a leitor a se faz dentro de determinados limites sendo balizado por uma s rie de elementos Dentre esses elementos destacamos os seguintes a a exist ncia de uma base textual que sup e o conhecimento pr vio de recursos lingu sticos dispon veis comuns aos interlocutores b a necessidade de conhecimentos relevantes partilhados com os que o texto trabalha c a pressuposi o de que uma coer ncia tem tica preside a
422. usive o lido ou escrito BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 1997 O di logo enunciativo ent o n o precisa ocorrer necessariamente face a face com a presen a atual do a interlocutor a mas sempre pressup e a sua exist ncia O A ouvinte ou o a leitor a assim um a outro a presen a individual ou imagem ideal de uma audi ncia imagin ria FREITAS 1995 p 135 do processo discursivo dial gico Nesse processo o a locutor a concomitantemente a organiza seu enunciado no aguardo de uma atitude responsiva ativa ou interlocutiva mesmo que numa a o retardada do a ouvinte leitor a concordando ou n o total ou parcialmente com as regras estabelecidas no jogo enunciativo b responde uma vez que seu pr prio enunciado est vinculado a outros enunciados que tamb m perguntaram BAKHTIN 1997 Ou por outra nas palavras de Bakhtin 1995 Toda enuncia o mesmo na forma imobilizada da escrita uma resposta a alguma coisa e constru da como tal N o passa de um elo dos atos de fala Toda inscri o prolonga aqueles que a precederam trava uma pol mica com elas conta com rea es ativas da compreens o antecipa as BAKHTIN 1995 p 98 Pode se dizer que toda enuncia o efetiva seja qual for a sua forma cont m sempre com maior ou menor nitidez a indica o de um acordo ou de um desacordo com alguma coisa BAKHTIN VOLOCHINOV 1995 p 107 Nesse sentido serve nos de exemplo o TEXTO 09
423. vel GERALDI 2010b p 123 do n o ancorado institucionalmente ou do n o intitucionalizado esquecendo se no m nimo que em veias democr ticas o ter constru do ou conhecer direitos n o deve fazer sucumbir o direito de construir novos direitos Isso se o que desejamos querer necessidade construir a linguagem da cidadania n o pelo esquecimento da cultura elaborada mas pela reelabora o de uma cultura inclusive a lingu stica resultante do confronto dial gico entre diferentes posi es N o pelo sil ncio e pela interdi o que o novo se produz pelas enuncia es e pelo embate dos enunciados que se poder contribuir para a constru o de uma sociedade de sujeitos GERALDI 1989 p 39 Com efeito n s mesmo desconfiando de que a forma como os problemas sociais est o sendo tratados na EJA refor a injusti as e tende a formar injustos mesmo defendendo que n o podemos nos assumir como sujeitos da procura da decis o da ruptura da op o como sujeitos hist ricos transformadores a n o ser assumindo nos como sujeitos ticos FREIRE 1996 p 10 n o temos pretens es de esmiu ar as similitudes e diferen as ante o que exige uma postura tico democr tica Importa nos principalmente sublinhar que ainda s o muitos os obst culos e de diferentes ordens que inviabilizam a garantia do texto na sala de aula ou de outros espa os educativos Por isso fugindo ao vi s de estr
424. vir em benef cio de um conhecimento formal e abstrato substituindo erroneamente o processo interativo com textos pelo estudo do g nero dos textos em si mesmo N o podemos correr o risco de em bases s cio hist ricas e populares engrossar a fileira de experi ncias que se pretendem populares mas que n o concorrem de fato para a supera o das desigualdades sociais e econ micas como t o bem nos alerta Alvarez Serna 2009 p 94 En el actual contexto global hegem nico los conceptos de tolerancia negociaci n equidad pluralidad que pertenecen al mbito de la Interculturalidad y a los procesos de Educaci n Popular son continuamente utilizados sin que necesariamente su contenido implique praxis que se proponga democratizar o combatir las desigualdades sociales y econ micas ALV AREZ SERNA 2009 p 94 No trabalho de leitura como pr xis interlocutiva na EJA os g neros n o s o tomados como objeto de ensino gramaticalizando os Nossa proposta n o ensinar o g nero para depois conviver com ele Seria contrair o que acontece no mundo da vida Ademais essa disson ncia poderia criar a ilus o de que o fato de n o conhecer formalmente as regras de funcionamento de um texto constituiria num IMPEDIMENTO leitura cr tica pelo sujeito leitor jovem adulto e idoso Nossa experi ncia permite afirmar que muitos s o os casos de homens e mulheres que leem o mundo e seus textos cr tica e teimosamente ainda que n
425. voca nos disputa de hegemonia A EJA ent o ensopada de luta continua a buscar coer ncia aos princ pios que lhes d o sustenta o apostando no devir aspira s transforma es sociais ao florescimento do ser mais embebe se da e pela potencializa o dos sujeitos protagonistas populares jovens adultos e idosos mulheres e homens trabalhadores as estejam esses na condi o de empregado a ou desempregado a Referendadas os por documentos e literaturas que discutem a EJA em sua contemporaneidade bem como por s nteses de reflex es coletivas a exemplo de Encontros Confer ncias di logo com universidades F runs de EJA PE dentre outros atores e atrizes sociais concebemos a Educa o de Jovens e Adultos como express o de Educa o Popular firmada na garantia da aprendizagem ao longo da vida como um direito humano e como re constru o permanente de saberes diversificados com sujeitos hist ricos e protagonistas dos seus destinos e da s sociedade s Nessa linha de entendimento esta pesquisa intenciona transitar em torno da quest o do trabalho com a l ngua gem na EJA enfocando a atividade de leitura como pr xis interlocutiva no e para o bem viver buen vivir O panorama hist rico da situa o educacional brasileira acreditamos corrobora e amplia nossa preocupa o de pesquisa Assim discorreremos sobre essa realidade a fim de anotarmos alguns argumentos por n s considerados si
426. w prolivro org br Acesso 29 01 2013 155 Nessas circunst ncias a forma o dos as educadores as nem sempre parece se situar na coer ncia entre import ncia da diversidade de atividades e estrat gias sugeridas e trabalhadas nos processos de forma o e a realidade das condi es de infraestrutura dos espa os aula ALENCAR 2012 p 277 por exemplo A esse respeito Alencar 2012 faz a seguinte anota o h uma cr tica no uso excessivo de atividades com recursos audiovisuais o que denota o desconhecimento segundo os professores em rela o realidade do campo mas principalmente dos locais onde ocorre o processo de escolariza o muitos sem qualquer infraestrutura que possibilite atividades com uso de tecnologias ALENCAR 2012 p 277 Por conta disso atrevemo nos a anotar aqui o depoimento de um professor entrevistado sobre a forma o continuada no PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA extra do de Alencar 2012 p 267 A professora l o texto faz perguntas Respondemos GF3 Mesmo considerando a autoridade e propriedade de Alencar 2012 quando aponta o depoimento do referido professor como rela o dial gica geradora da reflex o ficamos preocupadas s de imaginar a possibilidade ainda que remota de uma suposta linearidade no trato com a leitura na forma o continuada das os formadoras es de leitores as jovens adultos e idosos Qui Alencar 2012 tenha raz o Dian

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