Home

Carolina Penafiel de Queiróz “Só quero saber do que

Contents

1. 65 4 2 A chegada ao campo as redes de informa o 67 4 3 Os professores e escolas do SOCED ennnen 70 4 3 1 A exce o das exce es a escola da Urca e o professor WIE ILOa LETRA RR a PR RR RR EE A E 70 4 3 2 A nostalgia de outros tempos os professores T nia V nia e Paulo e a escola de Del Castilho isisssis iss iss 73 4 3 3 O o sis no meio do deserto a escola de Bonsucesso e as professoras Gilda e Bruna s 220izsiisisisisasiaidia tais boiss als onsiaisindeia di ira saida 78 4 4 Os professores e escolas contatados atrav s das redes de IO MA O sois sap Ega o RES aaa a a a a od apro aE EEE reaa Ean ENS 81 4 4 1 O segundo o sis a escola do Caju e o professor Roberto 82 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 4 4 2 Os desafios do profissional principiante a professora Clara e a escola de Padre Miguel a reeaaaeraaaana 85 4 4 3 Os contrastes do Rio de Janeiro num nico bairro Camila e a escola da Taquara Jacarepagu a 87 4 4 4 O bairro cidade a escola de Campo Grande e o professor 4 4 5 A heterogeneidade da princesinha do mar a escola de Copacabana e o professor Rafael aerea 92 4 4 6 A Miami carioca a escola da Barra da Tijuca e o professor 1570 q pps RR PRN SEPN Ren ESSE RR CU SA RR RS SEN a Ee i 95 4 4 7 O retrato do esquecimento a escola nunca inaugu
2. Em algumas escolas por m o processo levado mais a s rio geralmente tendo a frente a dire o ou a coordena o da escola que propiciam um momento de escolha coletiva entre os professores Vejamos Aqui na escola ela a diretora faz uma mesa de hist ria com toda a cole o de todas as editoras que trazem pra gente ver n Geralmente a gente escolhe aqueles que trazem pra gente ver Porque aqueles que n o trazem porque na verdade n o est o interessados em mostrar pra gente verdade seja dita Porque eu acho se todas as editoras estivessem interessadas que voc escolha o livro v o trazer pra escola pelo menos uma cole o daquele livro pra que o professor n Gilda entrevista concedida dia 29 06 2011 A fala dessa professora deixa muito claro o que j sabemos os professores t m entre as suas op es apenas aqueles livros enviados s escolas ou seja dificilmente algu m escolhe um livro atrav s da an lise do guia do PNLD A grande maioria dos professores nem sequer viu o guia e apenas tr s disseram que iam ao guia ver o que falava do livro escolhido Alguns nem sabiam ao certo o que realmente era este material Eu entendo esses professores Como professora e conhecendo o guia eu acharia muito dif cil escolher um livro apenas a partir de uma resenha O professor sente necessidade de ver a diagrama o as imagens os exerc cios o tipo de texto a import ncia que o livro oferece a cada assunto Isso s
3. uma linguagem que n o adequada a eles N o quero dizer que o livro tenha que ser feito de forma coloquial mas tem que ser uma linguagem que seja mais compreens vel para eles A impress o que eu tenho que eles leem leem leem e n o chegam a lugar nenhum Est o ali no autom tico lendo letrinhas que formam palavras mas n o est o interpretando nada est muito fora da realidade deles Silvia entrevista concedida dia 09 11 2011 Al m dessa professora o professor Rafael escola de Copacabana tamb m vai pelo mesmo caminho destacando o ponto da falta de autonomia dos alunos frente ao livro did tico determinado assunto que eu comentei em sala de aula ou que tenha uma liga o no que eu vou comentar Sabe d uma lida no capitulo em tais p ginas Em geral eu sinto que h uma dificuldade do aluno sabe Em casa por si s pegar e tirar o entendimento daquilo Eu acho at por conta tamb m do uso da linguagem do livro did tico de hist ria porque pressup e algumas coisas assim que n Fala de algum acontecimento ent o pressup e determinadas bases Rafael entrevista concedida dia 04 10 2011 Essa percep o do professor sobre o aluno ser mal alfabetizado determinar suas atividades de leitura que ser o mais ou menos aut nomas interferindo na media o com o livro Rocha 2009a Sobre essa quest o do aluno n o pegar o livro em casa muitos professores tamb m citaram a falt
4. Podemos perceber que a grande maioria dos respons veis pelos domic lios no ano 2000 possu a gradua o e p s gradua o caracter stica totalmente diferente dos outros que mostramos Mas n o devemos nos iludir poucos filhos destes respons veis estudam nas escolas p blicas do bairro pois recentemente algumas escolas de prest gio localizadas na zona sul abriram filiais na Barra justamente para atender demanda por educa o de qualidade que estas fam lias tinham At pouco tempo atr s o bairro n o tinha favelas e na verdade n o conta com nenhuma muito grande O que vem surgindo s o pequenas ocupa es desordenadas ao longo da Avenida das Am ricas mais para o Recreio dos Bandeirantes como a favela Terreir o A escola de Gilson est localizada dentro de um condom nio de classe m dia fen meno muito comum no bairro j que as construtoras eram obrigadas por lei a oferecer algum retorno sociedade o que faziam construindo escolas e hospitais O fato de a escola estar a localizada aumenta a sua visibilidade e talvez por isso ela seja uma escola muito bem estruturada Al m de ser muito grande e ter mais de mil alunos pela manh s o as turmas de 6 e 7 ano e pela tarde de 8 e 9 28 turmas conta com um amplo audit rio sala de inform tica sala de leitura que um p lo de leitura e ele afirma que muito boa salas todas equipadas com computador internet sem fio e data show Al m disso havia
5. 170 RONGEL Egon de Oliveira Avaliar para melhor usar avalia o e sele o de materiais e livros did ticos In MINIST RIO DA EDUCA O Materiais did ticos escolha e uso Boletim 14 ago 2005 SPOSITO Maria Encarna o Beltr o org Livros did ticos de geografia e hist ria avalia o e pesquisa S o Paulo Cultura Acad mica 2006 TARDIF Maurice amp LESSARD Claude orgs O of cio de professor hist ria perspectivas e desafios internacionais Petr polis Vozes 2008 TARDIF Maurice amp LESSARD Claude O trabalho docente elementos para uma teoria da doc ncia como profiss o de intera es humanas 5 Ed Petr polis RJ Vozes 2009 TARDIF Maurice Saberes docentes e forma o profissional Petr polis Vozes 2010 TIMB Isa de Bandeira O livro did tico de Hist ria e a forma o docente uma reflex o necess ria In OLIVEIRA Margarida Maria Dias de STAMATTO Maria In s Sucupira Orgs O livro did tico de hist ria pol ticas educacionais pesquisas e ensino Natal EDUFRN 2007 TIMB Isa de Bandeira O livro did tico de Hist ria um caleidosc pio de escolhas e usos no cotidiano escolar Cear 2007 2009 Tese de doutorado apresentada ao Programa de P s Gradua o em Educa o da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal 2009 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 171 8 Anexos Anexo 1 Roteiro de entrevista Vida
6. Bezerra e Luca afirmam que o resultado da avalia o deixou muitos autores conhecidos e prestigiados furiosos que reagiram na m dia e na justi a onde pediram a suspens o dos efeitos da avalia o Todas as senten as judiciais foram favor veis ao MEC No ano 2000 ap s tr s edi es do PNLD surgiu a necessidade de uma auto avalia o do programa Por isso foi organizado um Encontro e a consequ ncia do mesmo foi a publica o em 2001 do documento Recomenda es para uma Pol tica P blica de Livros Did ticos Este se tornou refer ncia para os PNLDs posteriores Como as recomenda es s o muitas n o me debru arei sobre as mesmas Bezerra e Luca 2006 afirmam que a maior parte das recomenda es foram transformadas em a es concretas J sob o efeito do documento citado o PNLD 2002 destinado s s ries finais do Ensino Fundamental foi remodelado e a avalia o passou a ficar a cargo das universidades sob orienta o e acompanhamento do MEC Tamb m ficou determinado que fossem inscritas apenas cole es e n o mais livros individuais para cada s rie O resultado foi o seguinte Tabela 4 Resultado do PNLD 2002 anos finais do EF Avalia o Quantidade de cole es Recomendadas com distin o 1 Recomendadas 1 Recomendadas com ressalvas 15 Exclu das 3 Total 20 Fonte BEZERRA e LUCA 2006 P 42 As autoras destacam que o pequeno n mero de cole es exclu das tem rela o com um dos pontos das rec
7. IN ROCHA Helenice Bastos RESNIK Lu s MAGALH ES Marcelo de Souza orgs A hist ria na escola autores livros e leituras Rio de Janeiro Editora FGV 2009 LUCA T nia Regina de SPOSITO Maria Encarna o Beltr o CHRISTOV Luiza Helena da Silva O livro did tico em estudos sociais sua escolha e seu significado para professores de primeira e quarta s ries do ensino fundamental In SPOSITO Maria Encarna o Beltr o org Livros did ticos de geografia e hist ria avalia o e pesquisa S o Paulo Cultura Acad mica 2006 MAHEYU Cristina Maria d vila Teixeira Decifra me ou te devoro o que pode o professor frente ao manual escolar In Anais 28 Reuni o Anual da Anped GT Did tica n 04 Caxambu 2005 MARINHO Marildes Livro did tico uma possibilidade de forma o do professor In MARFAN Marilda Almeida Org Anais do Congresso Brasileiro de Qualidade na Educa o forma o de professores Bras lia MEC SEF 2002 MIRANDA Sonia Regina amp LUCA Tania Regina de O livro did tico de hist ria hoje um panorama a partir do PNLD Revista Brasileira de Hist ria vol 24 n 48 2004 MIRANDA Sonia Regina amp LUCA T nia Regina O livro did tico de historia hoje um panorama a partir do PNLD In Revista Brasileira de Hist ria S o Paulo v 24 n 48 p 123 144 2004 MONTEIRO Ana Maria Ferreira Da Costa Professores entre saberes e pr tic
8. es das escolas nas avalia es de 1999 e 2002 mostra que os professores possuem expectativas e interesses bastante diversos no que diz respeito ao livro did tico aos conte dos que seleciona aos procedimentos de transposi o did tica que p e em pratica Batista 2001 p 18 O autor elenca os seguintes pontos que foram identificados uma escolha sistem tica de obras com as men es mais baixas uma diminui o da escolha a partir de 2001 de t tulos que obtiveram a men o RD recomendado com distin o assim como um aumento das obras REC recomendado uma concentra o das solicita es em torno de um conjunto reduzido de t tulos em 1999 25 das solicita es correspondiam a apenas 3 45 de todos os livros existentes uma forte renova o dos t tulos mais solicitados uma forte concentra o das solicita es em torno de um conjunto reduzido de editoras FTD Scipione tica e Brasil respondem por cerca de metade dos pedidos 5 7 A E T Veremos no cap tulo 3 que esse dado permanece muito parecido no PNLD 2011 no munic pio do Rio de Janeiro Um nico livro era usado por um ter o das escolas num universo de 16 livros dispon veis PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 32 O autor segue explicando que os t tulos mais solicitados tinham as classifica es NR n o recomendado ou RR recomendado com ressalvas Enquanto a categoria NR foi utilizada a solicita o de livros nesta predominou
9. eu acho que nesse sentido um ganho sim porque a nossa realidade por mais que s vezes alguns alunos meus achem besta algumas quest es a apostila e tal eu sei que eu tenho uma realidade privilegiada em rela o a outras escolas do munic pio n mas O professor Paulo escola de Del Castilho tece alguns coment rios que abordam quest es j faladas e desenla am outras para discutirmos Bom como quase tudo sempre tem um lado bom e tem um lado ruim Eu vou destacar o lado bom logo eu acho que o bom foi que ajudou muito nesse problema de quem tinha e quem n o tinha Pelo menos na pior das hip teses a gente tem um material que vem num n mero correto ent o eles recebem passou a servir como pelo menos eu e acho que muitos aqui fazem tamb m como mais um elemento que a gente usa pra fazer conjunto da avalia o entendido aqui PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 148 claro pela frase que voc t entendo que eu n o to vinculando a medida de prova Eu vejo a avalia o como um conjunto de a es que me levam a poder gerar uma nota pra ele que t o no procedimento dele em ter o material que ele aproveita tamb m de uma prova da participa o dele tudo isso pra mim entra no processo de avalia o Ent o ajudou bastante por isso n s temos em m os um material em que n o tem nenhum aluno que n o tenha esse material at quando acontece de perder a gente d uma bronca e tal mas sobra material a ge
10. poss vel manuseando o Essa constata o nos cria um problema como oferecer esse tipo de contato a todos os professores em todas as escolas do pa s Al m de ser imposs vel PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 132 financeira e logisticamente esse modelo favorece ainda mais as grandes editoras pois elas s o as nicas que podem enviar gratuitamente uma grande quantidade de livros Relembrando a nossa discuss o do cap tulo dois a constata o que os professores s escolhem os livros que t m em m os nos leva a mais uma muito dif cil uma editora pequena conseguir entrar no PNLD pois mesmo com o livro aprovado ela n o teria condi es financeiras de distribuir o livro Outra quest o que surgiu ao longo da pesquisa foi a seguinte alguns livros aprovados pertencem mesma editora e obviamente uns s o mais escolhidos do que outros No entanto n o apenas por uma quest o de prefer ncia dos professores mas por prefer ncia da pr pria editora O professor Roberto me relatou que estava conversando com um divulgador da editora tica que tinha levado um determinado livro bastante escolhido para a escola Pediu que algum dia o divulgador levasse o livro Hist ria em Projetos pois ele estava muito interessado em v lo Nisso o divulgador disse que tinha no carro e pegou uma cole o para ele O que leva o divulgador a selecionar alguns livros em detrimento de outros Sua capacidade de venda O sucesso qu
11. 1011708 CA 149 do que os livros O professor Rafael escola de Copacabana por exemplo seguiu na mesma dire o assim pensando assim talvez um material que consiga adaptar mais a linguagem dos nossos alunos atrav s desse di logo acho que um pouco mais isso por que sen o fica uma coisa muito como se diz muito material da mesma coisa por mais que seja o foco um pouco diferente n Ent o voc pega tamb m o livro did tico e no final dele voc tem ali sei l dez quinze exerc cios sobre um determinado assunto n Ent o se a apostila conseguir trazer um di logo sei l uma coisa mais relacionada com a l gica do nosso aluno se conseguir trazer propostas que fujam assim do que geralmente a ela vai ter uma certa validade vai fazer sentido us la agora os exerc cios que sabe repetem Entrevista concedida dia 04 10 2011 Sua fala demonstra a preocupa o em ser um material que se aproxime mais do aluno tanto na quest o dos exerc cios quanto do texto Mas n o adianta fazer um material que seja a mesma coisa que tenha o mesmo tipo de proposta porque ser apenas uma repeti o n o oferecendo uma nova ferramenta para o professor As professoras Bruna e Gilda da escola de Bonsucesso gostaram da parte de exerc cios que consideraram mais l dicos A professora Clara tocou num ponto interessante e que pode come ar a abrir hip teses sobre os alunos levarem mais os cadernos pedag gicos do q
12. excelente para um livro did tico deve ser sempre relativizado j que como nos lembra o senhor Ministro da Educa o de forma muito oportuna na portaria Normativa n 7 de 5 de abril de 2007 em fun o das diversidades sociais e culturais que caracterizam a sociedade brasileira bem como do pluralismo de id ias e de concep es pedag gicas a escolha dos livros deve ter como base o conhecimento da realidade do aluno e da proposta pedag gica que norteia o trabalho da escola p 5 O outro documento publicado em julho de 2011 intitula se Propostas para um novo modelo de avalia o dos livros do PNLD cuja autoria de Jos de Nicola Neto presidente da associa o Nele o autor afirma que o PNLD depois de quinze anos de avalia es chegou ao que ele chama de esgotamento paradigm tico listando os itens que o levaram a sua conclus o 9 A r Exclui todos os nomes citados no documento PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 35 a obras aprovadas e elogiadas em um programa que s o exclu das no programa seguinte embora os crit rios continuem praticamente iguais o que gera a desconfort vel situa o de haver no ltimo ano do programa milh es de alunos estudando com livros absolutamente desqualificados pelos relat rios de exclus o mais recentes b relat rios de exclus o marcados pelo autoritarismo e ou erros c pareceristas que lan am m o de argumentos que n o encontram respald
13. proposta pedag gica apresentada Assim s o avaliadas a coer ncia e adequa o te rico metodol gicas orienta es ao professor quanto ao uso do livro do aluno contribui o forma o continuada O bloco 2 j trata da corre o e atualiza o de conceitos informa es e procedimentos pertinentes ao campo da hist ria Em seu sub bloco coer ncia e atualiza o dos conceitos e procedimentos h uma passagem que considero importante PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 51 Transcende a dimens o de Hist ria como simples narrativa dos fatos ocorridos no passado permitindo ao professor educar para a compreens o do procedimento hist rico de modo a n o condicionar a hist ria narrada nem a uma verdade absoluta nem tampouco a um relativismo extremo Guia PNLD p 116 Vemos nessa passagem a valoriza o do que falamos acima trabalhado com o objetivo de n o lev lo a pensar a hist ria como uma verdade absoluta Creio que esse seja realmente o maior desafio do professor j que seus alunos vivem num mundo em que s o mostradas verdades o tempo todo Assim o aspecto formador do livro e da disciplina ultrapassa e muito os seus limites visando a contribuir para a forma o de cidad os conscientes Os outros sub blocos do bloco 2 s o corre o dos conceitos e informa es b sicas est isento de pr ticas prejudiciais constru o da historicidade no aluno constru o significativa dos concei
14. tnicos culturais econ micos sendo que a luta pelo controle curricular uma das principais dimens es O autor afirma que o livro did tico para al m das prescri es estreitas de um programa o ve culo de um sistema de valores de uma ideologia de uma cultura Batista 1999 p 563 Essa disputa tamb m se d em torno do pr prio conceito de livro did tico ou seja das formas leg timas de produzir comercializar e utilizar o manual Segundo o autor Essas rela es de concorr ncia e disputa resultam dos conflitos estabelecidos pela l gica do funcionamento dos diferentes campos sociais envolvidos com o livro escolar e diretamente interessados em fazer prevalecer o modelo de livro mais conforme seus interesses No caso brasileiro essas rela es de conflito e concorr ncia parecem se estabelecer predominantemente e em linhas gerais entre o campo do poder organizado em torno do Estado de sua pol tica educacional e das concep es que possui do papel que as empresas privadas devem desempenhar na elabora o na fabrica o e na difus o dos livros did ticos o campo econ mico organizado em torno da ind stria e do com rcio livreiro e o campo escolar organizado em torno das institui es escolares em seus diferentes n veis de ensino O estado das rela es entre esses campos e suas din micas internas tendem a construir um espa o de poss veis Bourdieu 1994 no interior do qual se exerc
15. Apesar de o livro did tico ser um fator de homogeneiza o ele oferece mais liberdade ao professor quanto ao tema a frisar por onde come ar e o que aprofundar para a sua prova J as apostilas n o Primeiro porque vinculam o conte do a uma prova e segundo porque vem por bimestres Assim o professor n o pode escolher um tema que a apostila aborda depois porque ele viu que seria melhor ensinar antes A n o ser se deixar este material de lado Clara fala sobre o aprisionamento j que os professores e os alunos recebem o material por bimestre Porque eu n o posso ali mexer com ele o livro o ano todo e como voc tem o documento completo ali voc fala gente agora a gente vai pra ltima p gina do livro ou ent o a gente vai ficar no meio ent o a gente vai trocando n o precisa seguir uma sequencia r gida acho que uma apostila enfim n o tem muita liberdade Professora Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 Relacionada com a liberdade a abordagem dos conte dos ao longo dos bimestres causou algumas saias justas aos professores Algumas vezes os conte dos abordados nas apostilas n o eram os mesmos do planejamento dos professores e eles tiveram que criar subterf gios Bruna explicita A do segundo bimestre foi boa por exemplo a do 8 veio Iluminismo que s o as revolu es burguesas veio direitinho a do 9 ano tamb m veio falando da 2 Guerra veio falando direitinho J a dessas agora do 6 an
16. Certifica o Digital N 1011708 CA 74 e possui em torno de 1100 alunos As notas da Prova Brasil para o 9 ano foram 4 82 em 2005 e 5 07 em 2007 Liguei antes para a diretora que foi sempre muito gentil Marcamos uma ida escola numa quarta feira dia em que os tr s professores de Hist ria se encontram Cheguei entre o hor rio da manh e o da tarde porque assim conseguiria falar com o professor Paulo que est l sempre tarde com a professora V nia que est pela manh e com a professora T nia que trabalha nos dois turnos Fui muito bem recebida pela diretora e lhe falei sobre a pesquisa Essa diretora assumiu o cargo h pouco mais de um ano mas j era diretora adjunta antes A antiga ocupou o cargo por bastante tempo Ela me levou sala de professores onde estava V nia que foi muito simp tica e ficamos conversando durante algum tempo V nia me apresentou T nia Apesar de um pouco mais desconfiada ela tamb m foi simp tica e disse que me concederia a entrevista tranquilamente Peguei os telefones das duas para marcarmos um dia que eu fosse escola e conseguisse realizar as duas entrevistas Era hora do almo o e V nia me convidou para almo ar no refeit rio da escola o que aceitei prontamente O refeit rio limpo organizado e a comida muito saborosa Ap s o almo o esperei o professor Paulo chegar sala de professores Quem me apresentou a ele foi T nia e ele tamb m aceitou me conceder a ent
17. Critica os exerc cios de pesquisa dizendo que muitas vezes eles s o usados para dar conta de conte dos que n o foram contemplados na cole o Outra cr tica que faz a pouca complexifica o e variabilidade entre os volumes e uma sequ ncia de atividades muito parecida em cada cap tulo PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 63 Valoriza o tratamento de tem ticas sobre o meio ambiente a situa o feminina e como j falado a constru o da cidadania a explora o das imagens e a tem tica africana Na se o Em sala de aula h tr s coment rios O primeiro a reafirma o da explora o das imagens de afrodescendentes como um aspecto importante contra a discrimina o O segundo um alerta ao professor sobre a se o A imagem como fonte pois afirma que o aluno ter dificuldade em trabalhar sem o aux lio do professor devido falta de orienta es o que pode acarretar um olhar acr tico por parte daquele Acerca disso o guia afirma tamb m que as atividades propostas no manual do professor s o mais criativas do que as presentes no livro do aluno Por ltimo enfatiza que os j ris propostos apesar de motivar os alunos devem ser trabalhados com muito cuidado pelo professor para que n o se avalie as atitudes de personagens hist ricos com base nos valores do presente Limitar me ei a resumir a avalia o desses dois livros apenas j que s o os mais escolhidos pelos professores da cidade do Ri
18. Por m tamb m h in meros contrastes sociais e o bairro conta com as comunidades de Nova Aurora Jardim Boi na Meringuava Santa M nica Alto da Bela Vista Andr Rocha Vila Santa Clara Vila Clarim S o Sebasti o Curuma Nossa Senhora de F tima e Tancredo PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 88 37 Aah o no Neves A renda m dia mensal era de cinco a dez sal rios m nimos segundo o censo 2000 Na tabela abaixo vemos a escolaridade dos moradores da regi o Tabela 13 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Taquara Sem instru o At 4 anos Entre 5 e 8 anos Entre 12 e 15 anos Entre 16 e 17 anos Total Entre 9 e 11 anos Fonte http portalgeo rio rj gov br bairroscariocas index bairro htm Acesso em 12 2 2012 Podemos perceber as diferen as educacionais do bairro claramente nesta tabela Apesar de haver um grande n mero de pessoas sem instru o ou com poucos anos de escolariza o tamb m h muitos que conclu ram o Ensino M dio a gradua o e alguns at uma p s gradua o Camila diz que a maioria dos pais dos alunos de sua escola s o pouco escolarizados sendo que muitos n o conclu ram o Ensino Fundamental Muitas fam lias t m v rios filhos h alunos que t m 12 15 irm os E Camila fala do caso de uma aluna que cuida dos seus onze irm os mais o filho de uma irm Essa aluna estava numa turma de re alfabetiza o e co
19. a gente faz outras t cnicas tipo assim vai ganhar mais pontos vai ganhar um ponto dois pontos A eles conseguem devolver Gilda entrevista concedida dia 29 06 2011 Vemos as estrat gias exercidas pelos professores para a devolu o inclusive o mecanismo de ganhar pontos caso o livro seja entregue Outro momento em que alguns se valem dessa estrat gia no in cio do ano caso o aluno encape o livro O professor Jorge j trabalhou numa escola onde segundo ele caso o aluno n o entregasse o livro era considerado um documento que faltou e por isso a escola n o liberava transfer ncia ou outras coisas at a devolu o Essa pr tica realmente muito dif cil de ocorrer e me espanta o fato de uma dire o ter poder para isso J na escola em que ele trabalha agora em Campo Grande diz que a devolu o um problema Tamb m afirma que n o teve nenhuma orienta o aos pais na entrega dos livros no in cio de 2011 e foram os professores que entregaram e os alunos assinaram apenas para constar o recebimento Podemos concluir ent o que a devolu o esbarra nos obst culos falta de pol tica do munic pio e das escolas quanto import ncia deste ato impossibilidade de tomar uma medida mais extrema como a n o renova o da matr cula alto grau de transfer ncia dos alunos entre as regi es da cidade e escolas Enquanto esses problemas n o s o sanados as escolas esperam a reposi o do livro pelo Siscort 5 3
20. de ser utilizados na rede p blica de ensino 2006 p 39 Podemos perceber que a grande maioria dos livros did ticos que iam para as escolas ainda eram de qualidade duvidosa segundo os crit rios do PNLD ensino edi o O PNLD 99 foi o primeiro a avaliar os livros destinados s series finais do fundamental 5 a 8 s ries Outras modifica es foram feitas nessa Eliminou se a categoria dos n o recomendados e de modo articulado acrescentaram se aos crit rios de exclus o a incorre o e incoer ncia metodol gicas possibilitando desse modo a sele o de livros cuja abordagem metodol gica favorecesse apropriadamente o desenvolvimento das compet ncias cognitivas b sicas como a compreens o a memoriza o a an lise a s ntese a formula o de hip teses e o planejamento Batista 2001 p 16 Os crit rios eliminat rios foram os seguintes conceitos e informa es b sicas incorretos incorre o e inadequa o metodol gicas preju zo constru o da cidadania preconceitos Bezerra e Luca 2006 p 34 O resultado da avalia o de 1999 tamb m n o foi muito animador como demonstra a tabela a seguir Tabela 3 Resultado do PNLD 1999 anos finais do EF Avalia o Quantidade de livros Recomendados com distin o 0 Recomendados 9 Recomendados com ressalvas 42 Exclu dos 61 Total 112 Fonte BEZERRA e LUCA 2006 P 40 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 28
21. em todas as car ncias que existem fundamental termos um programa como esse que garante um material did tico de qualidade tanto a alunos quanto a professores principalmente levando em considera o que muitos professores afirmam que preparam suas aulas lendo livros did ticos O problema que n o d para propiciar a forma o falada acima no mesmo material que do aluno j que est o em n veis diferentes de conhecimento e inser o no mundo A forma que o professor tem que saber sobre conceitos saberes pr ticas e valores totalmente diferente da forma que o seu aluno precisa aprender assim como o modo de fazer ci ncia tamb m O guia do professor que o MEC vem se esfor ando para ser melhorado nos ltimos anos pode ser um bom lugar para fazer essa diferencia o E isso j est bastante claro no edital como podemos ver no trecho a seguir Falta s editoras come arem a se preocupar mais com isso mudando o manual o que algumas tem feito mas tamb m mudando os livros O Manual do Professor deve visar antes de mais nada a orientar os docentes para um uso adequado da cole o constituindo se ainda num instrumento de complementa o did tico pedag gica e atualiza o para o docente Nesse sentido o Manual deve organizar se de modo a propiciar ao docente uma efetiva reflex o sobre sua pr tica Deve ainda colaborar para que o processo de ensino aprendizagem acompanhe avan os recentes tanto no campo de con
22. governo j que o setor de did ticos representa mais da metade do seu faturamento segundo a C mara Brasileira do Livro Diante de cifras estratosf ricas fundamental sabermos se o investimento est valendo a pena se os livros est o sendo utilizados e o que os professores pensam sobre eles Apesar de o Estado brasileiro ter uma pol tica em rela o ao livro did tico no Brasil desde os tempos do Imp rio foi apenas a partir do governo Vargas que a pol tica se tornou mais efetiva Luca 2009 Mesmo assim a pol tica de avalia o e distribui o universal dos livros s foi efetivada a partir da d cada de 1990 em http www fnde gov br index php programas livro didatico Acesso em 04 09 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 17 meio a um amplo debate nacional e internacional sobre a qualidade dos livros Orienta es inclusive do Banco Mundial aconselhavam a melhorar os textos escolares pois neles que se encontram os conte dos e se orientam as atividades que guiam alunos e professores Monteiro 2009 Segundo esta autora Nessa perspectiva um bom livro did tico nas m os dos professores al m de evitar erros no ensino possibilitaria a introdu o de metodologias inovadoras a atualiza o de conte dos e a implementa o de processos de ensino aprendizagem criativos e afinados com o que h de mais novo em termos de pesquisa educacional Monteiro 2009 p 1779 Assim a partir de
23. mero cai novamente para 20 editoras Das 64 editoras do in cio do programa apenas 12 restaram havendo casos de incorpora o de editoras menores por maiores e entradas de outras como o Grupo Positivo Para o PNLD 2011 no caso espec fico de Hist ria a distribui o das cole es pelas editoras fica da seguinte forma PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 38 Tabela 8 N mero de cole es aprovadas por editora no PNLD 2011 Hist ria Doo mo po So E Doom po So e e ir e Fonte Guia de Livros Did ticos PNLD 2011 Hist ria Bras lia Minist rio da Educa o SEB 2010 Podemos perceber que um conjunto reduzid ssimo de editoras sem nos esquecer que a tica e a Scipione fazem parte do mesmo grupo editorial Logo na verdade s o apenas cinco editoras que tiveram seus livros aprovados no PNLD 2011 N o consegui saber de quais editoras eram os outros nove livros que foram exclu dos Cassiano 2007 afirma que as editoras se valiam de in meras estrat gias de marketing para atrair a aten o dos professores enviavam cole es para os professores com a presen a de representantes enviavam cat logos de divulga o para as escolas muito semelhantes ao guia do PNLD com a clara inten o de confundir o leitor desavisado e ofereciam palestras com os autores dos livros did ticos ou com assessores pedag gicos Diante disso e de certas pr ticas abusivas o MEC publicou uma portaria prevendo multa
24. o a todos os alunos e s ries do Ensino Fundamental Em 1984 o MEC parou de co editar as obras deixando a iniciativa a cargo das editoras e passando a ser apenas o comprador Hofling 2000 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 24 2 2 O PNLD origem e desenvolvimento O ano de 1985 crucial em nossa an lise pois foi quando o PLIDEF deu lugar ao Programa Nacional do Livro Did tico PNLD atrav s do Decreto n 91 542 Com isso muitas modifica es foram feitas sendo as principais e que mais nos interessam gt Indica o do livro did tico pelos professores gt Objetivo de extens o gradativa do programa a todos os alunos do ensino fundamental Reutiliza o do livro nos anos subsequentes Aboli o do livro descart vel Melhoria t cnica dos livros com o objetivo de dar maior durabilidade Y YV YV NY Fim da participa o financeira dos estados Logo apesar do poder p blico ser um elo muito importante entre os professores e as editoras n o havia ainda um controle da qualidade do que estava sendo editado O fato de passar a ter um car ter universalizante fez com que o programa deixasse de ter uma roupagem assistencialista Cassiano 2007 afirma que o programa nasceu com este car ter pois os livros eram destinados apenas aos alunos carentes Ou seja ele n o nasce com um objetivo de melhoria do ensino mas sim com fins assistencialistas Apesar de ter pontos promissores muitos deles n o aco
25. ou seja sua bagagem PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 114 Para a autora as formas de ensinar n o contribuem apenas ao aprendizado do conte do mas tamb m ao sentido atribu do pelos alunos ao estudo de historia para al m do dever escolar 2009b p 88 Portanto percebemos que as representa es dos professores sobre a bagagem do aluno determinam escolhas de organiza o da aula a carga de leitura em sala a carga de intera o oral e a carga de tarefas escolares Na an lise das entrevistas voltaremos a este assunto pois essas quest es levantadas pela autora apareceram bastante na fala dos professores al m dessas representa es tamb m determinarem a escolha dos livros did ticos e o uso ou n o em sala de aula 5 2 Os professores e os livros Apesar de todos os assuntos estarem entrecruzados dividi as an lises de uma forma em que primeiro abordo a rela o dos professores com os livros depois dos alunos com os livros para em seguida falar dos cadernos pedag gicos e das estrat gias de ensino aprendizagem descritas pelos docentes 5 2 1 Os crit rios de sele o dos livros pelos professores Desde o princ pio tinha como hip tese que a grande maioria dos professores escolhe os livros pensando nos seus alunos e que por isso encontraria uma diversidade grande de escolhas dada a diversidade dos alunos da maior rede p blica de ensino municipal da Am rica do Sul Mas como assinalei no cap
26. por que tal livro quais os crit rios que a gente vai usar pra escolher Carolina E a escola tamb m n o propiciou isso Rafael A escola chegou assim a gente t m que escolher o livro pra tal data Bastante em cima os livros tamb m chegaram muito em cima pra tal data ent o voc s veem a entre voc s A eu acabei assim risos aconteceu uma coisa um pouco complicada eu nunca tive contato muito com livro did tico Ent o a maioria dos livros que eu tenho contato foram muito assim tudo muito novo n O projeto Ararib que foi escolhido j era o livro da outra escola que eu fazia dupla no munic pio isso foi ano passado era o livro era o livro que eu conhecia eu at gostava dele sabe At achava assim um livro naquela escola a maneira que eu trabalhava era um livro que que assim eu usava O Hist ria e documento que era o livro usado nesta escola um livro que eu diante dos alunos que eu tinha era um livro praticamente imposs vel de usar eu n o usava um livro que n o atra a os alunos eu n o conseguia fazer um di logo necess rio pra leitura daquelas fontes com as turmas que eu tinha ent o n o funcionava Ent o o per odo que eu dei aula com o Hist ria e documento foi um per odo que eu usei muito pouco o livro did tico ent o o Hist ria e documento eu coloquei j como um livro que eu n o Carolina T fora da
27. possui uma especializa o em doc ncia superior Ele tem vinte e dois anos de sala de aula Destes dezenove na prefeitura sendo que s o quatorze nesta escola Paulo um bom exemplo da realidade da PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 78 profiss o de professor no pa s tem uma matr cula no estado 12 tempos uma no munic pio 12 tempos em sala e 4 de planejamento uma dupla reg ncia 12 tempos e trabalha numa escola particular onde acumula mais horas Podemos ver que s o mais de quarenta horas dentro de sala Se imaginarmos o tempo de estudo prepara o corre o etc temos ideia da sobrecarga de trabalho Poder amos pensar que ele ligou o piloto autom tico e n o faz mais esse tipo de coisa Podemos Por m pela nossa conversa n o me pareceu ser isso 4 3 3 O o sis no meio do deserto a escola de Bonsucesso e as professoras Gilda e Bruna A terceira escola visitada est localizada no bairro de Bonsucesso 4 CRE zona da Leopoldina Est perto do com rcio e da rea empresarial do bairro contornada pelas favelas do Complexo do Alem o Mar Adeus Vila do Jo o Pinheiro Tem como vizinhos de bairro institui es como o Hospital Geral de Bonsucesso a UNISUAM Universidade Augusto Motta e o Microcine Bonsucesso O bairro tem taxas econ micas e sociais pouco mais altas que os demais bairros da regi o mas apresenta muitos problemas de viol ncia al m de ter uma oferta prec ri
28. saber fazer e saber ser 2010 p 39 Outra hip tese que me guiava era que nem sempre o curr culo prescrito nos documentos oficiais e nos livros did ticos fosse levado t o a s rio pelos professores no sentido de que eles t m que dar o livro todo Acredito que os x Apesar deste artigo estar no livro Saberes docentes amp forma o profissional ele foi escrito a tr s m os Tardif Lessard Lahaye em 1991 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 106 docentes comp em com o programa oficial para construir um curr culo ajustado s possibilidades dos alunos Dutercg 2008 p 170 Apesar de este autor afirmar que os docentes n o reduzem os objetivos do programa oficial e sim a forma pedag gica que os sustenta acredito que em nossa realidade de escola p blica municipal muitas vezes s o os pr prios objetivos do programa que s o diminu dos Ele tamb m fala que essas mudan as s o cuidadosamente trabalhadas pelas equipes docentes o que tamb m discordo tratando se da nossa realidade onde os professores trabalham em v rias escolas n o tem hor rios de reuni o fixos trocas entre as equipes etc Isso ficou claro para mim nas entrevistas j que em muitas escolas os professores escolhiam o livro solitariamente e escreviam num papel sua escolha O livro que tivesse mais votos era o escolhido sem ter havido nem um nico encontro Portanto refletindo sobre as condi es de vida dos alunos e consequentemente
29. vel referenciada sua condi o de fonte para a produ o do conhecimento hist rico Podemos perceber atrav s da leitura dos dois documentos que o PNLD valoriza um livro que apresente a constru o do pensamento hist rico ou nas palavras de Michel de Certeau 1982 p 56 a opera o historiogr fica que se refere combina o de um lugar social de pr ticas cient ficas e de uma escrita Ou seja mais importante do que ficar citando fatos nomes e datas o livro levar o aluno a atuar como um mini historiador Inspirando me em Certeau afirmo que o livro deve levar o aluno a saber que a hist ria tem um objeto que se passa num lugar e per odo determinados As vari veis tempo e lugar s o importantes n o apenas para explicar o fato mas tamb m a forma como se interpreta o fato Logo a hist ria interpreta o e toda interpreta o hist rica depende de um sistema de refer ncia 1982 p 57 O livro que deixa PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 50 isso claro atrav s do seu texto base dos textos complementares e dos exerc cios o mais valorizado pelos avaliadores como podemos ver no trecho a seguir Portanto ensina se Hist ria como se produz o conhecimento hist rico O desafio de uma boa cole o did tica n o explorar a maior quantidade de conte dos mas ser um instrumento para que o professor trabalhe com os alunos a metodologia da produ o do conhecimento hist rico sempre ad
30. ximas alunos e professores vivenciam pr ticas culturais parecidas Assim nas escolas p blicas os professores n o identificam a sua bagagem cultural dos alunos Ou seja do lugar cultural em que est o n o conseguem oferecer liga es para coisas desconexas pass veis de compartilhamento com os alunos O problema assim criado que para aprender a lembrar a hist ria os alunos precisam possuir bagagem suficiente o que inclui determinada inser o na cultura da escrita repert rio cultural e disponibilidade para o of cio do aluno Como sair desse c rculo vicioso Rocha 2009b p 102 Nessa mesma pesquisa a autora afirma que ao perguntar aos alunos da p blica porque aprendem historia boa parte deles n o consegue explicar a n o ser por mera repeti o do que lhes falado pelos professores Logo porque se estuda o passado n o uma quest o para eles Ela tamb m diz que os alunos da escola particular conseguem lembrar se do tema que est o estudando mais do que os alunos da escola publica Ela atribui isso a bagagem cultural dos alunos mas tamb m a forma como o conte do foi ensinado Referindo se a aula na escola p blica ela afirma que a leitura como principal estrat gia did tica acarreta consequ ncias relativas compreens o entrando como nova condi o para a n o compreens o pois essa estrat gia exclui a possibilidade de aproximar o conte do da historia aos conhecimentos j adquiridos pelos alunos
31. 06 2011 Ela d pistas para come armos a discutir outro ponto a inadequa o da linguagem dos livros O tema da inadequa o do vocabul rio do livro surgiu muito nas entrevistas Como na fala da professora V nia escola de Del Castilho ao falar sobre o livro Ararib Eu acho o texto bom que eu acho o texto bom mas como os nossos alunos leem mal e escrevem mal eles tem dificuldade de compreens o n o s no Ararib mas em qualquer livro Porque por mais que o literato seja uma pessoa que compreenda essa situa o ele n o consegue escrever mais simples do que ele escreve entendeu Ent o fica distante Ent o leia Leram A eu falo e explico com as minhas palavras Ent o todo livro e toda apostila tem a minha contribui o Se for sozinho n o d certo Eles n o conseguem tirar do texto o que voc deseja V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 Vemos nesse trecho que a professora reestrutura o texto na pr tica Rocha 2009 A professora T nia da mesma escola de V nia tamb m explica essa dificuldade dos alunos pela falta de conhecimento de mundo Assim para lerem sozinhos necessitam de uma base uma viv ncia que eles n o t m tornando o texto muito fora da sua realidade Ent o algumas coisas no livro eu percebo que eles precisam ter uma vis o de mundo maior ter uma viv ncia uma experi ncia que eles n o t m Quando o livro cita alguns exemplos de museu tem gente que nunca foi a um mus
32. 1011708 CA 64 avaliados no Guia do PNLD Essa e outras perguntas que tentaremos responder no quinto cap tulo PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 65 4 A escolha dos sujeitos da pesquisa os professores Ap s a decis o de estudar os livros did ticos parti para novas perguntas qual ser o foco Estudarei como os livros abordam os conte dos Os alunos Os professores Eram muitas quest es e todas elas me interessavam Por m com o tempo meu interesse foi se direcionando para os professores ou melhor para a forma como eles escolhem e utilizam os livros que chegam s escolas Esse era o meu interesse desde a entrada no mestrado e as primeiras conversar com a professora Zaia Brand o Nesse cap tulo pretendo fazer uma descri o do meu caminho pelo campo de pesquisa detalhando os movimentos desta pesquisa A cada novo professor apresento o entrevistado falando um pouco da sua trajet ria profissional Tamb m detalho um pouco seu ambiente de trabalho com base em seu depoimento e em estat sticas colhidas sobre a regi o na qual se situa a escola 4 1 A entrada no Soced e a pesquisa em andamento Quando entrei para o SOCED Grupo de Pesquisa em Sociologia da Educa o a pesquisa em desenvolvimento era O efeito escola na produ o dos habitus dos estudantes Ou seja quais s o as A es institucionais a que os alunos s o expostos rotineiramente no ambiente escolar e que se estendem ao ambiente
33. 2 Frequ ncia com que levam os livros e a des valoriza o Inevitavelmente o t pico anterior e este se comunicam em v rios momentos e ao longo das entrevistas muitas vezes foram abordados em conjunto Tentei dividir aqui para as coisas ficarem mais claras Os professores sentem muita dificuldade das suas turmas levarem o livro em todas as aulas N o estou falando de casos isolados pois estes sempre acontecem mas de uma coisa generalizada como metade de uma turma ou 30 dela por exemplo Essa a opini o geral salvo raras exce es PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 141 Uma exce o como sempre a escola de Bonsucesso onde Gilda e Bruna trabalham Gilda afirma que h alguns que n o levam nada que est o s de corpo presente como tem em qualquer escola Mas que a grande maioria leva e os que n o levam s vezes por um esquecimento espor dico A fala de Bruna muito esclarecedora quanto aos motivos dos alunos n o esquecerem Bruna aqui eles levam pra casa e eles t m que trazer no dia da aula de hist ria sen o eles descem Carolina ah isso que eu ia te perguntar e muitos trazem ent o Bruna trazem aqui a nossa escola assim muito rigorosa nessa quest o e a diretora d autoridade pra gente d liberdade pra que se o aluno n o trouxer o material ele desce ele n o fica na sala se o professor quiser fazer isso e ele pode ir pra casa e s voltar se ele trouxer o material porque
34. 23 n 1 2 2004 CASSIANO C lia Cristina de Figueiredo O mercado do livro did tico no Brasil da cria o do Programa Nacional do Livro Did tico PNLD entrada do capital espanhol 1985 2007 Tese de Doutorado PUC SP 2007 CERRI Luis Fernando amp FERREIRA Angela Ribeiro Notas sobre as demandas sociais de representa o e os livros did ticos de Hist ria In OLIVEIRA PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 165 Margarida Maria Dias de STAMATTO Maria In s Sucupira Orgs O livro did tico de hist ria pol ticas educacionais pesquisas e ensino Natal EDUFRN 2007 CERTEAU Michel de A escrita da Hist ria Rio de Janeiro Forense Universit ria 1982 CHARTIER Roger Pr ticas de Leitura S o Paulo Esta o Liberdade 1996 CHARTIER Roger Textos impressos leituras In A hist ria cultural Entre pr ticas e representa es Lisboa Difel 1990 CHEVALLARD Yves La transposici n did ctica Del saber sabio al saber ense ado Buenos Aires Aique 1998 CHOPPIN Alain Hist ria dos livros e das edi es did ticas sobre o estado da arte Educa o e Pesquisa S o Paulo v 30 n 3 set dez 2004 DANTE Luiz Roberto Concep o dos livros did ticos modelo atual e novas perspectivas In MARFAN Marilda Almeida Org Anais do Congresso Brasileiro de Qualidade na Educa o forma o de professores Bras lia MEC SEF 2002 DUARTE Ros lia P
35. 9 11 2011 na parte da tarde Por falta de espa o na escola realizamos nossa entrevista num restaurante em frente Depois fizemos um percurso na escola e ela foi me apresentando os espa os Silvia tem vinte e sete anos se formou pela UFF em 2007 emendando no mestrado em Hist ria na UERJ Come ou a trabalhar em 2009 S trabalhou na prefeitura e em 2011 era professora do projeto Autonomia Carioca Agora tamb m est trabalhando numa escola particular da Tijuca Diz que sempre quis ser professora e tamb m foi influenciada por timos professores que teve Afirma que os alunos da escola n o s o bagunceiros mas tem um desempenho muito ruim sendo quase imposs vel cumprir o conte do A nota da escola na Prova Brasil foi 4 50 em 2005 e 4 44 em 2007 5 O Autonomia Carioca uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educa o do Rio de Janeiro e a Funda o Roberto Marinho O programa teve in cio em fevereiro de 2010 e foi desenvolvido para promover a acelera o de estudos e corrigir a defasagem idade s rie de alunos entre 14 e 18 anos dos 7 e 8 anos do ensino fundamental Fonte http www frm org br main Acesso em 03 05 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 102 5 Os sujeitos em cena os que dizem os professores Neste cap tulo analisarei as informa es obtidas nas quatorze entrevistas feitas totalizando uma m dia de 25 horas de grava o O cap tulo est dividido em blocos tem ticos
36. Avenida Brasil ap s sua inaugura o O nome do bairro em homenagem ao padre e monsenhor Miguel de Santa Maria Mochon criador da primeira escola regular da regi o no in cio do s culo XX A renda m dia mensal no ano 2000 era de at cinco sal rios m nimos Nele est o situadas as comunidades de Vila do Vint m Vila Jurema e 77 sete sete As notas da escola na Prova Brasil foram 4 52 e 2005 e 4 17 em 2007 Clara gosta muito de sua escola Ela n o trabalha em nenhum outro lugar mas faz dupla reg ncia na mesma escola No ano de 2010 chegou a fazer tripla reg ncia Diz que a escola organizada mas sente que o n vel cultural dos alunos baixo com a exce o de uma turma de 6 ano que os pais parecem ser mais escolarizados pela bagagem que os alunos trazem de casa Diz que eles saem pouco dali n o conhecem muito a cidade Um aspecto interessante dessa escola que ela trabalha com sala ambiente ou seja existe a sala da professora daquela disciplina Logo Clara leva livros e jogos que ficam na sala prepara murais com os alunos enfeita a sala em determinados momentos do ano como com bandeirinhas na poca das festas juninas que tinham imagens eg pcias tema que ela estava trabalhando no 6 ano Ela tem pouco tempo de formada Durante o Ensino M dio apesar de saber que queria algo de Humanas n o tinha certeza do qu Como amava Hist ria desde a 5 s rie pois teve uma professora que a conquistou e tamb m
37. CA Todos os direitos reservados proibida a reprodu o total ou parcial do trabalho sem autoriza o da universidade da autora e do orientador Carolina Penafiel de Queir z Bacharel e Licenciada em Hist ria pela UNIRIO em 2005 P s graduada em Educa o e Hist ria pela Universidade de Valladolid na Espanha Ficha Catalogr gica Queir z Carolina Penafiel de S quero saber do que pode dar certo n o tenho tempo a perder escolhas e usos dos livros did ticos de Hist ria em escolas municipais Carolina Penafiel de Queir z orientadora Zaia Brand o 2012 171 f 30 cm Disserta o mestrado Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Departamento de Educa o 2012 Inclui bibliografia 1 Educa o Teses 2 Livro did tico 3 Escolhas 4 Usos 5 Professores Brand o Zaia Il Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Departamento de Educa o III T tulo CDD 370 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Agradecimentos A primeira pessoa que quero agradecer ao meu marido Quincas que viveu intensamente essa disserta o Obrigada por todas as vezes que me ouviu por todas as leituras que fez por todas as coisas que fez em casa para que eu pudesse estudar por me ajudar a sair do foco com seus filmes e m sicas enfim por ter sido meu companheiro em todos os momentos Agrade o tamb m minha orientadora Zaia Brand o pel
38. Ent o na verdade eu cresci muito sendo professora prim ria Entrevista concedida dia 8 6 2011 V nia justifica sua troca do ensino prim rio para o secund rio por quest es financeiras e porque sempre adorou Hist ria Diz que no curso normal tamb m teve uma professora que a influenciou muito E sendo professora de Hist ria ela poderia trabalhar em mais de uma escola o que lhe proporcionaria um sal rio melhor Ent o quando acabou a faculdade prestou um concurso interno dentro da rede esse tipo de concurso n o existe mais e trocou a sua matr cula Trabalhou durante dezessete anos numa escola em Rocha Miranda Afirma que ficou l tanto tempo porque era uma escola muito boa com uma tima diretora ainda concursada um corpo docente muito coeso que topava o trabalho que se fazia mantendo um bom n vel de ensino mesmo ap s a Lei 5692 de 1971 que segundo ela chegou j estra alhando com o ensino Por m com o tempo ela afirma que o n vel da escola foi caindo porque foram entrando professores dentro da nova lei entre outros problemas Da prestou um concurso de Hist ria e foi para uma escola em Deodoro onde n o gostou de trabalhar Quando p de pedir remo o fez logo das duas matr culas e foi para uma escola em Pilares onde se aposentou em uma matr cula e foi fazer hora extra nessa escola de Del Castilho A lei 5692 de 1971 conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional regulamentou todos
39. Ent o eu tenho que utilizar a apostila e acredito eu que as provas ser o em cima da apostila Bruna entrevista concedida dia 10 08 2011 Essa professora achou as apostilas fracas apesar dos exerc cios serem bons Deixou claro que est usando as porque se sente obrigada e completa o que eu escuto isso que as provas s o baseadas nas apostilas mas eu acho que o aluno perde se o professor s ficar com a apostila na minha opini o eu acho que o aluno tem uma aula superficial O professor Jorge escola de Campo Grande compartilha dessa vis o do cerceamento da liberdade do professor Porque e a Vou ser uma m quina pra passar aquele tipo de conte do n o vou ter mais aquela situa o de ser o professor que vai te ajudar n o s em hist ria mas no sentido de educa o eles est o fechando mais esse esse leque esse funil na verdade est o fechando pra que a gente trabalhe o que eles acham que importante Jorge entrevista concedida dia 27 09 2011 A professora T nia escola de Del Castilho gostou das apostilas porque achou os textos mais simples mais resumidos mais pr ximos do vocabul rio dos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 147 alunos Essa simplifica o motivo de controv rsia O professor Jorge critica o material justamente por isso Apesar de ter achado os exerc cios legais achou a apostila simples de forma geral Eu recebi no primeiro bimestre de hist ria eu achei
40. INPH Instituto Nacional de Pesquisas Hidrovi rias diversas instala es portu rias o Arsenal de Guerra do Rio uma guarni o da For a A rea Brasileira e os cemit rios Memorial do Carmo Ordem Terceira da Penit ncia S o Francisco Xavier e o Cemit rio Comunal Israelita A parte que pude conhecer do bairro que n o a rea residencial muito feia e empoeirada pois tem caminh es passando o tempo todo dado o intenso movimento do porto Apesar de ser colado ao centro o bairro n o tem f cil acesso H in meros nibus que passam pela Avenida Brasil mas que n o entram no bairro Logo dependendo do lugar que a pessoa v ela deve pegar uma das poucas condu es que entram no bairro sendo que elas demoram muito Tanto para ir quanto para voltar fiquei mais de quarenta minutos esperando por condu o e s consegui pegar van nunca um nibus O bairro 3 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas index2 bairro htm Acesso m 8 2 2012 Informa es retiradas da Wikip dia no endere o i Caju bairro do Rio de Janeiro Acesso em 8 2 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 83 conta com algumas favelas Parque S o Sebasti o Ladeira dos Funcion rios Quinta do Caju Parque Nossa Senhora da Penha Parque Boa Esperan a e Parque da Alegria Segundo dados da Prefeitura a renda m dia mensal dos moradores no ano 2000 era de at cinco sal rios m nimos Pelos dado
41. M dio e em Senador Vasconcelos quase 5 mil n meros expressivos se considerarmos o total de respons veis por domic lios em cada bairro A escola de Jorge um CIEP e suas notas na Prova Brasil s o 4 08 e 3 93 para 2005 e 2007 respectivamente Embora as notas sejam baixas Jorge afirma que seus alunos do 8 ano s o melhores pedagogicamente do que outros que tem numa escola particular mas reconhece que a escola sofreu muito com a aprova o autom tica Diz que eles s o tranquilos n o h viol ncia nem desrespeito Jorge caracteriza sua escola como um bom lugar para trabalhar Por ser um CIEP a estrutura muito ampla H um imenso jardim as salas s o espa osas a sala de leitura bastante organizada e ampla e as salas j contam com computador data show e internet sem fio embora Jorge diga que as salas longe do roteador t m a internet muito lenta Entrei em contato com ele via e mail e marcamos dia 27 09 2011 na escola em seus hor rios de janela Fui de trem e a viagem dura cinquenta minutos Quando cheguei esta o tive a sensa o de que estava fora do Rio N o havia o barulho de cidade grande pr dios altos muito tr fico de carros A escola a dez minutos caminhando da esta o Cheguei e Jorge ainda n o havia chegado Fiquei PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 92 esperando o em frente sala da dire o Quando chegou nos encaminhamos para a sala de leitura que um ambiente mu
42. Ou pedem para ler um par grafo e escreverem no caderno o que entenderam Creio que uma estrat gia a ser adotada por todos os professores literalmente explorar o livro com os alunos na primeira semana de aula destrinch lo passar exerc cios de busca de informa es que poderiam ser at no formato de jogos por exemplo O professor Rafael ao dar aula a um 6 ano em que poucos alunos sabiam ler e interpretar um texto optou por ensinar Egito atrav s de um livro paradid tico Como tinha uns cinco exemplares e essa turma era pequena ele a dividia em grupos liam em conjunto Antes deu algumas aulas introdut rias localizando o Egito antigo no tempo e no espa o para passar leitura O livro tinha uma hist ria que se passava no Egito Antigo Assim ele ia abordando v rios temas ao longo da leitura Disse tamb m que sempre quando aparecia um novo personagem ele escrevia no quadro afim dos alunos n o perderem o fio da meada Depois cobrou na prova bimestral elementos daquela hist ria Essa informa o corrobora a afirma o de Rocha 2009 quando afirma que a representa o do aluno como algu m mal alfabetizado nas escolas p blicas faz os professores elaborarem estrat gias did ticas diferenciadas Outra quest o que apareceu foi como o livro abarcar uma diversidade cultural t o imensa como no Brasil Ao n o conseguir dar conta disso os alunos acabam n o se identificando e se afastando daquilo O professor Marcos escola
43. a apostila razo vel eu n o achei boa n o achei razo vel tem uns exerc cios legais Agora muito simpl rio muito simpl rio A do segundo bimestre eu n o usei eu distribui para os alunos porque eles tem esse direito de receber e tal agora eu n o utilizei em sala de aula utilizei muito pouco porque eu achei ruim achei simpl rio demais T bom que s n vel fundamental mas eles precisam ter a base daquilo n Tem um capitulo sobre Revolu o Inglesa que eu achei fraco ent o eu frisei bem pouco bem pouco Jorge entrevista concedida dia 27 09 2011 Opini o compartilhada pelo professor Gilson escola da Barra da Tijuca E a apostila o que que acontece Eu acho que ela tem quer ser muito melhorada assim ainda mas ela tem uma linguagem mais acess vel n s vezes ela rasa demais pro meu gosto sabe ainda mais pro aluno de 9 ano Apesar disso ele diz mas eu acho que um esfor o interessante n De mostrar uma coisa mais acess vel pros alunos n mais f cil de cobrar porque mais leve tamb m Entrevista concedida dia 01 11 2011 Como ele frisou a quest o dela ser mais simplificada eu perguntei se ele atribui isso ao fato dos autores serem professores da rede E ele confirmou dizendo Eu acho com certeza est o l vivenciando o dia a dia da escola n Como eu falei tem muito muito que melhorar tem vez que me chega a apostila que voc n o N o d vontade de usar n mas
44. a gente colocou pra ela que sem material uma ferramenta que a escola d a vem as apostilas tem o caderno Ent o ele tem que trazer pelo menos o livro e outra o hor rio ele flutuante mais os dias n o mudam Por exemplo eu falei hoje pra 83 que um aluno n o trouxe um trabalho um livro pra fazer o trabalho que a gente fez um comparativo entre a conjura o baiana e inconfid ncia mineira Ela n o trouxe ah eu n o sabia que tinha aula de hist ria porque ontem eu n o vim n o essa desculpa n o existe porque aula de hist ria ter a e quarta ter a e quarta e eu at falei pra ela desde fevereiro voc n o sabe que ter a e quarta ent o isso n o existe E pode ficar suspenso por causa do material teve uma m e que bimestre passado eu chamei porque essa turma 1704 uma das piores assim com dificuldade as outras n o Eu mandei a M rcia falou quem n o tem material desce e vai ficar suspenso at a m e vir porque ela tem que entender que o filho tem que trazer o material e a uma m e falou pra mim ah me chamar porque ela esqueceu um dia o livro Ela n o pode esquecer dia nenhum o livro ela tem um hor rio e a senhora vai ser chamada quantas vezes forem necess rias Ent o a gente aqui assim Bruna entrevista concedida dia 10 08 2011 Podemos entender o porqu deste sucesso as professoras podem tirar o aluno de sala e a escola chama as fam lias cujos filhos n o levam o material Assim dividindo a respon
45. ainda receberam livro esse ano todo mundo tem n e a trabalhar praticamente dois livros juntos um fica de lado Essa que na verdade a minha dificuldade com as apostilas Eu acho que elas s o muito boas mas n o precisa de dois conte dos Eles nem leem um v o ler dois Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 O tamanho das apostilas ou a grande quantidade de textos tamb m foi comentado por outros professores Eles afirmam que o saldo das apostilas positivo mas que elas devem ser um material a mais ou seja n o adianta repetir o que o livro j aborda Assim frisam essa quest o delas serem mais cadernos de exerc cios diminuindo o trabalho do professor com trabalhos e c pias extras J Rafael fala sobre a vincula o das apostilas a provas padronizadas o que n o deixa de ter a ver com a autonomia sendo muito cr tico a isso PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 152 T m pessoas complemente bem intencionadas sabe s o pessoas competentes Quer dizer voc tem pessoas bem intencionadas pessoas que est o estudando est o preparando aquilo s o muito boas E voc n o tendo a obrigatoriedade de usar aquilo acho que se come ar a se tornar uma coisa de obriga o eu falo a quest o da obriga o porque as mat rias que tem ci ncia portugu s matem tica a prova eu vejo professores desesperados em pedir aquilo Acho que aquilo pra quest o da educa o um desastre tira uma autonomia d
46. centro Ent o despejaram umas caixas de livros aqui na escola Tamb m chegou o guia A a gente primeiramente v o material Come a a selecionar pelo livro Depois de algumas cole es selecionadas o que at na quarta feira era o dia que era centro de estudos Algumas vezes pr ximo entrega as turmas eram dispensadas mais cedo pra n s sentarmos e fecharmos esse relat rio Ent o a gente analisava a quest o da imagem do texto e exerc cios da parte gr fica dele A depois n s amos para o guia Das cole es escolhidas tr s ou quatro a gente come ava a ver o guia Cr ticas a ele ou n o A n s faz amos uma reuni o para fechar Roberto entrevista concedida dia 03 05 2011 Na escola da professora Claudia onde a dire o e a equipe s o bem coesas o processo tamb m foi feito de forma bastante consciente Eu achei at bastante interessante o processo de escolha A coordenadora na poca pediu que n s fiz ssemos uma lida apresentou outros tantos e a gente fez PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 134 uma lida r pida pra observar como que os conte dos estavam organizados no livro a forma de abordar esse conte do a gente fez assim algumas anota es e depois conversamos rapidamente n o foi nada t o assim aprofundado e definimos que o Ararib era assim mais interessante Claudia entrevista concedida dia 31 10 2011 A nica professora que destacou a import ncia da abordagem da his
47. chama se sistema de rede Estou entendendo por rede a concep o de Bott Duarte 2002 p 141 segundo o qual A rede definida como todas ou algumas unidades sociais indiv duos ou grupos com as quais um indiv duo particular ou um grupo est em contato Trata se aqui de uma rede pessoal na qual existe um ego focal que est em contato direto ou indireto atrav s de seus inter relacionamentos com qualquer outra pessoa situada dentro da rede Como sou professora de Hist ria conhe o e tenho amizade com v rios professores da rede municipal No entanto desde o in cio decidi n o entrevist los pois eu j conhecia de certa forma suas opini es a respeito do tema al m de crer que sendo meus amigos os resultados poderiam acabar um pouco enviesados O que me permiti fazer foi contar com estes conhecidos para buscar professores que trabalham em suas escolas com os quais eu n o tinha nenhum 1 Mais adiante faremos uma explica o mais detalhada sobre a Rede Municipal de Educa o do Rio de Janeiro na Segundo Duarte ego focal seria algu m que disp e de informa es privilegiadas a respeito do segmento social que se estuda podendo mapear o campo de investiga o e indicar pessoas conseguindo se assim novos informantes PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 68 tipo de contato anterior O mapa a seguir representa o munic pio do Rio de Janeiro e a sua divis o em Coordenarias Regionais de Edu
48. cil o aluno entender a verdade hist rica como algo relativo Encontram se nesse quesito 75 das cole es aprovadas O perfil procedimental problematiza as fontes priorizando o procedimento hist rico no processo de constru o do conhecimento Encontram se nesse bloco 19 das cole es O perfil complexifica o do pensamento promove o di logo harm nico entre o texto e sess es complementares al m de mostrar preocupa o com a complexifica o da linguagem e alternativas did ticas ao longo das s ries PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 56 promovendo o amadurecimento intelectual dos estudantes Essas cole es representam 6 2 do total Com rela o aos exerc cios a cole o com perfil informativo a que prioriza a informa o presente no texto sendo mais descritiva e enfatizando a fixa o das informa es o famoso e execrado question rio Encontram se 38 das cole es nesse bloco As de perfil procedimental prop em exerc cios que promovem o di logo com a leitura em suas m ltiplas dimens es e tipologias promovendo a problematiza o pr pria ao conhecimento hist rico Nesse bloco encontram se 44 das cole es O bloco complexifica o de pensamento parte do perfil procedimental mas enriquece e varia as quest es desenvolvendo diversas habilidades cognitivas Neste encontra se 18 das cole es Quanto forma de trabalhar a tem tica ind gena e africana as cole es se divide
49. contr ria quanto ao Ararib n o me lembro o porque e o Hist ria em documento ela achava tamb m que n o era um livro que dava certo naquela escola com o perfil dos alunos etc Ent o n s dois de certa maneira fechamos com esse Eu lembro que era uma folhinha em branco e a gente assinava o nome e colocava as op es Uma professora da manh tamb m uma professora j at aposentada que continua ela se colocou assim bastante PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 130 descrente com a escolha ela ah a gente escolhe e nunca vem o que a gente escolheu Ela ent o p e o meu nome em qual voc s quiserem a Ent o n ela nem se preocupou com isso tipo o que for n bastante distante do processo de opinar etc ent o essa professora ficou um pouco risos em cima do muro assim Carolina ela falou o que vier veio n Rafael A um outro professor esse novo na escola tamb m me parece que optou pelo Ararib e um ltimo professor tamb m pelo Ararib Carolina Virou um empate Rafael virou um empate mas criou uma situa o interessante N o sei se num centro de estudos parcial Foi quando tavam falando dessa quest o da escolha Ent o virou um pouco empate mas no centro de estudo isso eu n o tava presente eu fiquei sabendo pelos outros professores Um dos professores que escolheu o Ararib colocou diretamente pra coordenadora que o livro
50. da Taquara Jacarepagu A pr xima entrevistada tamb m do mesmo curso que Clara e rec m formada Ela mora e trabalha na Taquara 7 CRE sub bairro de Jacarepagu zona oeste da cidade Jacarepagu um enorme bairro com caracter sticas muito heterog neas Al m da Taquara os bairros Tanque Pechincha Freguesia Anil Gard nia Azul Cidade de Deus e Curicica fazem parte da regi o de Jacarepagu que conta tamb m com a enorme comunidade de Rio das Pedras entre outras Apesar da Taquara ser menor do que o bairro como um todo tamb m dif cil caracteriz la mas tentarei passar um pouco das suas principais caracter sticas Toda a regi o foi repleta de engenhos at o s culo XVIII e depois ocupada por fazendas de caf O largo da Taquara passou a ser um importante entroncamento da regi o com estradas que ligavam a diversas localidades Em torno do largo surgiu um n cleo urbano ligado s fazendas Posteriormente o Bar o da Taquara foi uma figura importante construindo igrejas escolas e outras obras sendo considerado o patriarca de Jacarepagu Em 1875 o bairro recebeu bondes que o ligavam a diversos lugares Ap s 1970 houve v rios loteamentos que continuam at hoje surgindo condom nios e conjuntos habitacionais al m de uma importante zona industrial com destaque para as empresas Merck e Schering Hoje a Taquara o maior p lo econ mico da regi o que conta tamb m com um centro comercial importante
51. da Tijuca Tabela 17 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Pedra de Guaratiba PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Lista de gr ficos Gr fico 1 Participa o dos subsetores 2009 Gr fico 2 Livros did ticos adotados no PNLD 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Lista de mapas Mapa 1 Distribui o da rede municipal em CREs e o n mero de professores entrevistados PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 13 1 Introdu o Olhando para o passado percebo que essa disserta o come ou a ser pensada h algum tempo mais precisamente em 2007 quando comecei a dar aula na rede p blica de ensino Na escola estadual em que trabalhava foi onde tive o primeiro contato com o Programa Nacional do Livro Did tico PNLD Entrei no meio do ano assumindo turmas de outros professores Apesar de haver o programa eram utilizados outros materiais Um professor inclusive me passou um material do qual havia tirado c pia para os alunos justificando que n o usava os livros porque os alunos n o levavam Aquele era o ltimo ano de uso do livro do PNLD anterior 2005 Logo ano de escolha N o me lembro de ter havido um processo de an lise dos livros Talvez tenha ocorrido antes da minha entrada ou como eu era novata nem tenha ficado sabendo O ano de 2008 come ou com novos livros e eu contente porque teria um mat
52. de n o estudar Eu nunca vi isso na minha vida Eu fiquei at bastante assustada quando eu vi que eles chegam na sala e falam hoje prova A eu falo meu Deus Eles n o d o a m nima pra prova entendeu Ent o assim t sendo bem sincera eles ali eles tem grande dificuldade com rela o ao estudo principalmente porque eles n o t m h bito de estudar eles n o estudam e eles n o ligam a maior parte n o liga Se eu vou dar uma prova ent o eu sei que no m ximo dez estudaram de verdade numa turma de trinta a trinta e cinco alunos que mais ou menos a m dia que eu tenho Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 Percebemos que h um grande problema a ser sanado o sistema educacional carioca de forma geral n o consegue desenvolver o h bito de estudo em crian as que v m de fam lias cujos pais estudaram poucos anos e n o tem inser o na cultura letrada cultura culta ou como quisermos cham la Isso nos remete afirma o feita pelo professor Rafael quanto a esta escola p blica n o ser estruturada para receber alunos de diversas origens Em todas as outras escolas os alunos levam os livros pra casa e s devolvem no fim do ano embora alguns professores n o concordem A professora Claudia escola de Guaratiba apesar dos seus alunos levarem o livro sempre que ela pede considera muito complicado esse m todo e diz A meu ver na realidade desse aluno tamb m um fator meio problem tico isso de le
53. depois a gente juntou e o meu primeiro era o segundo dele Ent o acabou que foi escolhido o Vicentino Carolina ah ent o voc s n o tiveram tempo de os dois sentarem antes Jorge n o n o teve foi no dia Jorge Entrevista concedida dia 27 09 2011 Na fala do professor Gilson fica claro que ele teve realmente apenas um dia de prazo para a escolha Seu m todo para barrar a falta de tempo foi bom PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 131 analisar alguns temas em cada livro a fim de ver qual trabalhava melhor as quest es A gente recebeu uma quantidade muita grande de livros eu arrisco dizer que foram oito ou nove op es Ent o foi muita coisa n Mas O tempo n o foi legal pra gente discutir E em rela o do grupo de hist ria a gente n o p de se reunir Foi assim eu tinha o centro de estudos junto com o outro professor a gente ah esse aqui t bom esse aqui t bom o outro escolheu sozinho n N o aconteceu por exemplo como Geografia que por um acaso do destino todo professor de Geografia tinha centro no mesmo hor rio E eu trabalhava na quarta e eu cheguei na quarta e tava l em cima S deu pra eu dar uma folheada r pida e nosso m todo foi o seguinte escolhemos um alguns cap tulos por exemplo imperialismo revolu o russa entendeu A fizemos a compara o pra ver mais ou menos o que que agradava mais Gilson entrevista concedida dia 01 11 2011
54. diz que foi influenciado por um bom professor j no cursinho pr vestibular professor h nove anos e est h tr s na prefeitura do Rio de Janeiro na mesma escola Em 2010 come ou a cursar uma especializa o em Ensino de Hist ria na UFRJ Hoje em dia possui uma matr cula no munic pio contratado do Col gio Pedro II e trabalha numa escola particular Contatei o atrav s do meu marido e marcamos nossa entrevista para o dia 04 10 2011 na Faculdade de Educa o da UFRJ PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 95 4 4 6 A Miami carioca a escola da Barra da Tijuca e o professor Gilson O pr ximo professor que foi entrevistado Gilson foi indicado pela professora Camila Os dois estudaram juntos e entraram praticamente juntos para a 7 CRE Gilson por m n o trabalha em Jacarepagu mas na Barra da Tijuca bairro com caracter sticas muito distintas do outro O bairro um dos mais novos do Rio de Janeiro Apesar dos primeiros loteamentos datarem de 1939 a ocupa o efetiva do mesmo come a da d cada de 1960 com o Plano L cio Costa e investimentos p blicos de melhoria da acessibilidade ao bairro Diferentemente de bairros mais antigos que tiveram sua ocupa o impulsionada por estradas de ferro este foi com estradas de alta rodagem A partir da d cada de 1980 a ocupa o se intensifica com a cria o da Auto Estrada Lagoa Barra e at hoje uma das maiores frentes de expans o da cidade O bair
55. do Ararib era muito melhor e que a dire o deveria intervir em favor do Ararib ele colocou isso diretamente n Acho que ficou uma atitude meio complicada n voc nem dialoga com seus pares voc vai direto E eu sei que apareceu o Ararib na escola e n o tinha uma tend ncia do Ararib O Ararib foi o livro adotado Rafael entrevista concedida dia 04 10 2011 Nesse trecho de sua entrevista vemos como a aus ncia de crit rios claros de espa os de reuni o de toda a equipe podem favorecer algum tipo de processo escuso no qual algum professor com maior aproxima o com a dire o pode conseguir detonar com as escolhas Isso faz com que os professores que ainda acreditam nesse programa passem a desqualific lo como o caso da professora aposentada Al m disso mostra o que j afirmei acima processos corridos sem tempo de uma an lise s ria sem espa o de troca entre os professores sem tempo para ao menos dar uma olhada no guia Outro exemplo de escolha corrida foi na escola do professor Jorge Campo Grande onde s trabalha ele e mais um professor Mesmo assim a escolha deles teve que ser separada Jorge Aqui eu n o gostei porque aqui chegou no dia de escolher e ESCOLHE Eu n o cheguei a analisar claramente eu que propus o Vicentino por qu Porque eu conhe o outro livro do Vicentino de geral e eu acho um bom livro entendeu Ent o eu escolhi dois o Francisco o outro professor escolheu dois e
56. do ano muitos alunos mudam de bairro e consequentemente de escola dif cil controlar a devolu o Muitas vezes nessas PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 138 mudan as o livro perdido E principalmente a amea a nunca cumprida de n o poder se rematricular faz com que as fam lias n o levem a s rio Quanto ao Rio de Janeiro os problemas se repetem Em algumas escolas os livros ficam guardados em arm rios nas salas de aula justamente para esse tipo de problema n o ocorrer Como numa escola em que o professor Marcos trabalhou antes de ir para a da Urca Diz ele as turmas da tarde que eu trabalhava a gente tinha sala ambiente ent o era sala de hist ria ent o os livros ficavam na escola A diretora acho que n o sei tamb m a dire o ficava receosa dos alunos levarem e eles n o entregarem Marcos entrevista concedida dia 19 09 2011 A escola do professor Roberto no Caju tamb m adota essa pol tica Ele explica Roberto bom aqui o livro fica na escola O livro n o vai a n o ser que ele v por um momento e retorne Porque na sala tem arm rios A os livros ficam no arm rio Todas as mat rias A precisando a gente pega Mas eu fa o o seguinte eu numerei cada livro para um aluno Ent o ele vai sempre usar o dele Porque a gente observou que muitos que v o n o trazem E uma reclama o dos pais que se por acaso levar todos os livros ele vai carregar s
57. e Como chegou a ser professor e Escolas em que trabalha hoje Escolha do livro e Escolha do livro na escola em que ele trabalha Guia PNLD e Qualo livro did tico adotado atualmente e por qu e Que outros livros adotaria Uso do livro e Tempo para escolha chegada do livro e Manual do professor e O livro did tico e o universo escolar e Utiliza o do livro e Problemas enfrentados na utiliza o nessa escola e em outras e Estrat gias para superar dificuldades e Rela o estabelecida entre aluno e o livro e Apostilas da Prefeitura Caracter sticas do livro e Oque ele acha do texto do livro e Oque ele acha dos exerc cios e Rela o texto exerc cio PNLD e Antes do PNLD e Evolu o do PNLD e Sugest es para aperfei oar o PNLD Aulas de hist ria e Conte dos e Recursos
58. em que a popula o escolar crescia popula o esta que nunca havia tido acesso escola as condi es de forma o e trabalho dos professores come aram a precarizar se Com a chegada desse novo p blico eram necess rias altera es na composi o pedag gica e no conte do dos livros Somada precariza o docente os livros logo deixaram de ser obras de refer ncia como haviam sido at ent o e passaram a orientar e conduzir a a o docente Lembrando nos que o livro did tico uma mercadoria e por isso sua produ o circula o e utiliza o s o regidas pelas possibilidades materiais t cnicas institucionais e comerciais de uma sociedade num determinado momento de sua hist ria Batista 1999 nos fornece outros instrumentos de an lise Nas d cadas de 1960 70 o governo militar estimulou essa produ o diminuindo os impostos aumentando a produ o de papel criando rg os para PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 22 desenvolvimento do setor gr fico e editorial como o COLTED Tamb m houve o fortalecimento das institui es ligadas a sua produ o profissionaliza o dos agentes envolvidos e concentra o da produ o na m o dos editores aumentando a subordina o do autor Por m segundo Batista 1999 esse investimento n o foi acompanhado da moderniza o do mercado que consumia o livro Apesar de aumentar numericamente devido ao crescimento da popula o brasileira ele cai pr
59. entrevista concedida dia 04 10 2011 A professora Clara escola de Padre Miguel aprofunda mais o tema afirmando que os alunos n o entendem o livro como um todo e isso acaba contribuindo para a desvaloriza o do material assunto que abordaremos adiante Uma outra dificuldade que eu vejo quando eles est o comigo essa quest o o livro pra eles n o algo que eles podem que eles t m pra pesquisar eles querem que voc diga aonde est Ent o um exemplo n na hora de fazer o PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 125 exerc cio a eu falo assim ta l na p gina tal Ah professora mas onde est a resposta Eles n o conseguem entender o livro com um todo eles n o conseguem tamb m entender que o livro ele tem mat rias encadeadas n que se tem um exerc cio aqui porque esse exerc cio referente mat ria que t aqui atr s N o A eu falo n o voc tem que olhar l tr s Mas o livro todo Eles n o t m essa no o do livro entendeu Eu acho que pra eles ainda falta essa no o e eu ainda n o sei dizer muito o que mas pra eles falta completamente esse entendimento eu acho que eles n o entendem o que um livro eu acho At por isso eu acho que eles n o valorizam tanto Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 Para superar esse tipo de problema alguns professores afirmaram que explicam algo e depois pedem para os alunos escreverem com as suas pr prias palavras
60. es e eu otimista e sinceramente acredito que essas pessoas s o minoria 5 1 1 O saber docente Quero deixar claro que n o considero o professor um mero executor de um programa ou um transmissor de saberes produzidos por outros Ainda que n o seja ele o produtor do saber erudito nem o respons vel pela defini o dos saberes que a escola deve transmitir ele um elemento fundamental em tornar algum conte do ensin vel Apesar das cr ticas sofridas por Chevallard 1998 quanto import ncia que confere ao saber erudito considero sua explica o sobre a transposi o did tica muito importante Para o autor a transposi o did tica a passagem do saber cient fico ou de refer ncia ao saber ensinado O saber a ser ensinado diferente do saber de refer ncia mas n o menor Apesar do professor n o ser o nico a fazer a transposi o did tica j que ela come a no E Imagino que a pr pria entrevista seja um bom momento de reflex o para o professor Assim mesmo que eu tenha me deparado com algum que fosse pouco reflexivo ele foi levado a isso no momento da entrevista PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 105 mbito dos governos quando selecionam os conte dos passa pelos editores e autores de livros did ticos quando produzem os manuais que ir o para as salas de aula o professor que vai conjugar sua experi ncia de vida seus saberes e a realidade de suas turmas com os conte dos dos li
61. familiar na perspectiva de identificar quelas que seriam tribut rias da cria o de determinadas disposi es habitus para o estudo e refor o das habilidades necess rias ao bom desempenho escolar Fonte www soced pro br Acesso em 25 01 2012 Havia pouco mais de um ano que o grupo tinha decidido incluir em suas pesquisas escolas municipais de qualidade medida atrav s de avalia es comuns a todos os estudantes de um determinado n vel apesar de ter clareza que estas provas mensuram apenas um dos aspectos que fazem parte da qualidade nas escolas a aprendizagem de algumas disciplinas Havia naquele momento tr s teses de doutorado e quatro disserta es de mestrado em andamento Todas elas PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 66 partiam dos resultados de um survey aplicado no ano de 2009 em quatro escolas municipais e seis privadas destinado aos pais alunos e professores Os question rios foram respondidos por pais e alunos do 9 ano e por quase todos os professores do segundo segmento pois caso s os do 9 ano respondessem ficaria um n mero muito pequeno de respondentes Al m disso os professores s o remanejados por s ries a cada ano possuindo a mesma forma o superior A partir deles os temas das pesquisas foram se delineando e cada pesquisadora foi desenvolvendo estrat gias adequadas ao objeto de estudo como entrevistas observa o etc na perspectiva do Soced de promover a rela o macro
62. gostava de ensinar formar pessoas juntou as duas coisas Entrou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJ em 2004 terminou em 2008 fez o concurso da prefeitura antes mesmo de se formar e no in cio de 2009 foi chamada Logo Clara s d aula h dois anos e foi direto para essa escola Hoje em dia j se escolhe a CRE na hora da inscri o A 8 era a que tinha mais vagas por isso ela se inscreveu para l Por m n o esperava ficar t o longe Apesar disso n o pensa 3 Informa o obtida em http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas main bairro asp area 140 Acesso dia 8 2 2012 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web imagens Renda 20M C3 AIdia 20dos 20 Chefes 20de 20Fam C3 ADlia pdf Acesso dia 8 2 1012 t wikipedia org wiki Padre Miguel Acesso dia 8 2 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 87 em sair da escola por enquanto onde acumula uma dupla reg ncia totalizando trinta e duas horas semanais de trabalho vinte e quatro em sala de aula Cheguei igreja combinada antes dela que vinha de trem da escola Quando chegou buscamos uma sala vazia Como iniciante ainda uma professora aflita com v rias quest es novas que surgem no dia a dia como com os livros did ticos que teve que escolher sozinha pois no momento da escolha era a nica professora de Hist ria da escola 4 4 3 Os contrastes do Rio de Janeiro num nico bairro Camila e a escola
63. lia est perdendo esses deveres mesmo Porque agora tamb m eles n o todo uniforme todos os livros todos os l pis todas as canetas os cadernos a merenda Ainda paga o pai para vir a reuni o n V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 V nia critica o excesso de paternalismo do Estado E claro a propaganda que o governo faz ao dar at as mochilas com o seu logotipo Sobre essa reuni o PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 144 paga no s bado anterior a nossa entrevista houve reuni o de pais marcada pela secretaria de educa o Para favorecer a presen a a prefeitura pagou trinta reais por cada filho e ao professor que estava em hora extra pagou trinta reais V nia se recusou a ir Seu argumento apesar de ter fundamento esbarra na pobreza de algumas fam lias que n o teriam como pagar Por ltimo a professora Silvia tamb m levantou quest es interessantes Segundo ela as fam lias valorizam o ter o livro principalmente quando o ano de chegada dos livros novos No entanto ap s algum tempo e sem se identificar com aquele objeto passam a desvaloriza lo j que n o encontram sentido Z Silvia Coisas que eu pude perceber quando o livro novo eles acham o m ximo porque est o acostumados a pegar livros reutilizados ent o eles t m um carinho maior pelo livro mas eu n o vejo como que vou te explicar eles n o acham que aquilo n o instrumento para nada Eles n o d o valo
64. livro Podemos dizer que o livro como complemento exatamente como o professor Rafael diz que faz Mas o livro muito como complemento de algo que eu j falei de uma mat ria que eu trabalhei com eles tentei explicar determinados conceitos determinadas ideias ent o at pra assim Ah uma atividade pra casa h faz tal tal exerc cio a do livro e tal Que s vezes n Voc n o conseguiu fazer um exerc cio pr prio sobre e s vezes o do livro bom h faz esse pra casa e a gente corrige e tal Ent o corrige em sala de aula o que eles fizeram n Se precisou de ler alguma fonte pe o pra algu m ler ou eu leio e a gente vai n Ent o basicamente isso Rafael entrevista concedida dia 04 10 2011 J a professora Gilda l partes do texto do livro ap s explicar o conte do Ent o o que eu fa o Eu trabalho a apostila e quando assim eu terminei aquele conte do aquele item da apostila daquele caderno a eu vou pro livro o livro est mais completo e a gente l juntos e eu costumo ler com eles e a eu passo exerc cios pra casa passo pra aula e eu passo sempre alguma coisa eu nunca deixo de passar exerciciozinho pra casa pra que eles exercitem a mente quando est o em casa n Gilda entrevista concedida dia 29 06 2011 Apesar de n o falar que n o l o texto todo ela diz isso em outra parte da entrevista dizendo que seleciona o que considera mais importante sublinh
65. meados da d cada de 1990 os livros passaram a ser avaliados ampliando gradualmente as disciplinas e o n vel de ensino Se por um lado ineg vel que a qualidade dos mesmos tenha melhorado muito e a avalia o tenha servido como um alerta para editores e autores por outro n o podemos esperar que apenas um bom livro nas m os de um professor baste para melhorar a qualidade do ensino em nosso pa s Al m da t o falada qualifica o dos professores temos que melhorar as estruturas educacionais como um todo Fora que ao meu ver comparando o edital do PNLD e os livros aprovados estes poderiam ser bem melhores do que s o Para isso h que se ter vontade de mudan a e n o me parece que as editoras estejam empenhadas nisso H que se investigar o que os professores pensam sobre os livros se eles utilizam os livros o que imaginam que poderia ser melhorado para que o uso fosse mais efetivo Uma pol tica do livro did tico que n o escute amplamente os principais agentes respons veis pela utiliza o deste material pode ao longo do tempo perder credibilidade Eu partia da ideia inicial de que os professores n o utilizavam os livros recebidos No entanto em minhas conversas na sala de professores isso nem sempre era verificado Outro ponto que eu percebia a variedade de opini es sobre um mesmo livro Essas constata es me remeteram Chartier 1990 quando fala sobre a apropria o dos livros que cada leitor se apropria dos
66. mesmo quando eu pe o gente tr s o livro ent o uma boa parte n o tr s Camila entrevista concedida dia 17 08 2011 Podemos ver que ela brinca com o fato dizendo que ficam na estante pra sempre Um dado importante que ela diz dos alunos levarem mais as apostilas o que se bom pelo lado das mesmas ruim pelo do livro que ficou mais esquecido sendo que conta com recursos visuais bem melhores E reflete Eu acho que tamb m eu n o sei eles t m uma cultura de n o valoriza o do livro Na escola de Gilson se passa o mesmo dif cil voc adotar um livro necess rio mas dif cil porque por exemplo se voc pega a 91 eles leem aquilo tranquilamente uma 96 realmente tem muita dificuldade com algumas coisas n Ent o nesse sentido que eu acho que a gente apresenta uma dificuldade A pior delas na minha opini o hoje essa quest o de eles n o levarem pra escola e voc fala com o pai na reuni o a o pai fala ah o livro pesado n o sei o que e d a raz o parao filho a gente n o tem esse suporte n de de a gente n o tem como cobrar mais do que cobra e eles n o levam Gilson entrevista concedida dia 01 11 2011 Percebemos que quanto mais o livro distante do aluno menor a valoriza o Assim se na 91 lembremos que em muitas escolas da prefeitura as turmas s o divididas por crit rios de idade e pontua o mais f cil na 96 bem mais dif cil Ser que o trabalho n
67. mesmos de maneira diferente de acordo com as suas compet ncias expectativas e disposi es Refletindo sobre essa apropria o pelos professores ap s as entrevistas penso que escolhem os livros com a sua bagagem sua experi ncia e refletindo sobre as caracter sticas dos seus alunos Como n o s o os leitores finais ou seja como os did ticos s o feitos pensando nos alunos considero que os PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 18 professores s o leitores diferenciados dos livros usando os de acordo com o que consideram necess rio ou poss vel Rocha 2009 No entanto essa variedade de interpreta es n o parece resultar em escolhas muito diversificadas Tentei desenvolver um recorte com base na constata o feita em outros trabalhos sobre as escolhas dos professores reca rem sobre um n mero reduzido de t tulos Assim realizei uma pesquisa sobre as escolhas de todas as escolas do munic pio com o segundo segmento do ensino fundamental e os resultados s o impressionantes Das 393 escolas com o segundo segmento do ensino fundamental mais de 100 utilizam apenas um livro dos 16 dispon veis e outras 70 utilizam outro Procurar investigar as raz es dessa escolha t o uniforme se tornou um objetivo Sendo a introdu o o primeiro cap tulo no cap tulo dois tra o um hist rico da rela o do Estado com o livro did tico atrav s da descri o e an lise das pol ticas voltadas para o setor dedicando aten
68. montante de recursos destinado ao PNLD Em 2010 o governo federal investiu 1 http educacao uol com br ultnot 2010 08 26 rede estadual do rj perde quatro professores por dia baixo salario seria motivo da desistencia jhtm Acesso em 16 01 2012 mas a reportagem datada de 26 08 2010 2 http puc riodigital com puc rio br cgi cgilua exe sys start htm infoid 8101 amp sid 41 Acesso em 16 01 2011 mas a reportagem datada de 21 10 2010 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 16 R 1 077 805 377 28 na compra avalia o e distribui o dos livros did ticos do PNLD 2011 que foram direcionados a toda a educa o b sica S no ensino fundamental o investimento foi de R 893 003 499 76 Ao todo foram adquiridos 137 556 962 livros para atender a 29 445 304 alunos Podemos ver esses n meros na tabela abaixo Tabela 1 Investimento Federal no PNLD 2011 Brasil e Rio de Janeiro PNLD 2011 Brasil Rio de Janeiro Ensino Fundamental Investimento R 893 milh es R 52 milh es Alunos atendidos 29 445 304 1 876 739 Escolas Beneficiadas 129 763 4 901 Livros distribu dos 118 891 723 7 573 467 Fonte http www fnde gov br index php pnid dados estatisticos Acesso em 04 09 2011 Como o Estado brasileiro n o produz livros did ticos todo esse dinheiro investido na compra dos livros foi injetado em editoras privadas multinacionais em sua maioria que hoje estabeleceram uma forte rela o de depend ncia com o
69. o come a se deixar s pra escola fazer j se perde um per odo da vida significativo embora a gente v pela linha da neuroci ncia que n o interessa muito botar muito antes dos seis anos na escola Mas se tamb m a partir dos seis voc botou mas n o foi feito esse trabalho n o se cultivou esse h bito quando chegou nos 8 10 anos t perdido e essa lacuna n o se preenche mais pelo menos no meu entendimento pelo que eu tenho visto aqui Porque quando eles chegam com 10 11 anos pra frente voc percebe que n o houve essa preocupa o inadequada compreens o mais densa da obra de Bourdieu e seus desdobramentos atuais Brand o 20104 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 111 Ent o voc pedir pra fazer leitura de cinco linhas voc conta nos dedos aqueles que conseguem ler com pontua o compreendendo perfeitamente aquilo que t sendo lido porque quase via de regra voc vai fazer a leitura e n o tem ponto nem v rgula blaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Paulo entrevista concedida dia 17 08 2011 Percebemos na fala do professor o que chamar amos de habitus prim rio Este professor frisava muito o que a fam lia deve fazer com os filhos pequenos deixando clara a sua percep o de que a introdu o na cultura letrada come a desde muito pequeno ainda em casa e que em geral as fam lias do munic pio n o oferecem esta inicia o cultura letrada antes da entrada na escola Segundo Bourd
70. obras presentes no Guia assunto que discutiremos mais adiante PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 31 Bezerra e Luca 2006 destacam alguns aspectos gerais positivos e negativos Os positivos seriam demarcada refer ncia de qualidade melhoria de v rias cole es presentes no mercado a retirada do mercado de obras com problemas de conte do e metodologia incentivo realiza o de debates sobre o tema crescimento das pesquisas sobre livros did ticos enfim o livro did tico deixou de ser um tema menor O ponto negativo o distanciamento entre os tr s momentos fundamentais da pol tica avalia o escolha e uso O momento da escolha que feita pelos professores dificilmente leva em considera o o longo processo de avalia o que o precedeu e que resultou em um Guia do Livro Did tico espelho do trabalho de avalia o O Guia em geral desconhecido dos professores ou quando dele t m not cia n o debatido para que se possam checar as opini es dos avaliadores e dos usu rios Bezerra e Luca 2006 p 46 Vamos aprofundar esta discuss o sobre o processo de escolha em cada escola com os dados coletados nas entrevistas feitas para essa pesquisa no quinto cap tulo desta disserta o Por agora importante mencionar alguns pontos destacados em pesquisas anteriores Um dos aspectos importantes que os professores em geral escolhiam os livros com as piores avalia es Um estudo das solicita
71. onde a dificuldade de leitura muito grande muitos recorrem leitura de partes do livro Aqui temos que lembrar o texto de Rocha quando afirma que a percep o que os professores t m dos seus alunos define escolhas did ticas e por isso a representa o do aluno como algu m mal alfabetizado nas escolas p blicas faz os professores elaborarem estrat gias did ticas diferenciadas Enfim creio que podemos afirmar que o PNLD j uma pol tica madura e respeitada por muitos Agora que chegou a esse est gio est na hora de se lan ar a voos mais altos sempre com o objetivo da melhoria da qualidade do ensino As queixas aos livros foram muitas apesar do uso constante por grande parte dos deles Al m disso as condi es de trabalho encontradas na rede p blica s o muito aqu m do que se espera de um bom ensino dificultando o seu uso Se ao menos as turmas tivessem no m ximo 25 alunos talvez o trabalho pudesse ser diferente mais focado em cada um inclusive dada a heterogeneidade de turmas que temos no munic pio PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 163 7 Refer ncias ALBERTI Verena Manual de Hist ria Oral 3 Ed Rio de Janeiro Editora FGV 2005 ALVIM Yara Cristina O livro did tico na batalha das ideias vozes e saber hist rico no processo de avalia o do PNLD Disserta o de Mestrado Universidade Federal de Juiz de Fora 2010 ANDRADE D bora El Jaick O l dico e o s rio ex
72. os professores e os livros de hist ria Assim chegamos ao seguinte tema o processo de sele o dos livros did ticos de Hist ria nas escolas municipais do Rio de Janeiro e o discurso dos professores sobre a forma de utiliza o dos mesmos pois n o tinha condi es de observar as aulas Esta investiga o desenvolveu se a partir de 14 entrevistas feitas com professores de diferentes escolas do munic pio Tenho clareza que a observa o das aulas me proporcionaria um material mais rico mas eu n o teria tempo suficiente para realizar tal empreitada Assim minha pesquisa busca aprofundar o conhecimento sobre as escolhas e os usos do livro did tico pelos professores de Hist ria tentando responder as seguintes perguntas e Qualo grau de conhecimento dos docentes sobre o programa e Como o processo de escolha dos livros did ticos nas escolas e Quais s o os crit rios dos professores em suas escolhas e Como s o os livros atualmente e caso eles tenham vivido o per odo pr avalia o que diferen as poderiam apontar e Como o uso do livro na aula e Quais problemas os professores enfrentam na utiliza o do livro e Quais estrat gias os professores constroem para a utiliza o do livro e Que aspectos poderiam melhorar nos livros e no PNLD na opini o dos professores entrevistados Considero fundamental aprofundar os estudos sobre as escolhas e utiliza es dos livros did ticos por v rios motivos inclusive pelo
73. para fazer a entrevista com a professora Gilda j que depois ela faria uma opera o e entraria de licen a Sa da escola satisfeita em ter sido muito bem recebida A entrevista com Gilda foi realizada no dia 29 06 2011 uma quarta feira A professora tinha duas janelas mas separadas Cheguei escola e ela j estava l Fomos para a sala de leitura e fizemos a primeira parte da entrevista Depois ela teve um tempo de aula e o recreio Enquanto eu a esperava fiquei na sala de professores e fui apresentada a v rios outros professores da escola Ap s isso voltamos para a sala de leitura e fizemos a segunda parte da entrevista Gilda come ou a trabalhar como professora prim ria na d cada de 1980 pois fez o antigo curso normal Ela n o lembra exatamente o ano mas foi em meados da d cada Ap s passar no concurso da Prefeitura pensou em fazer faculdade de Hist ria pois era uma mat ria que ela gostava muito apesar de afirmar que gostava de v rias outras tamb m Por m uma professora desta disciplina a influenciou muito Assim cursou a Faculdade de Humanidades Pedro II FAHUP No final da faculdade passou para mais uma matr cula como professora prim ria No in cio da d cada de 1990 fez o concurso para professora de Hist ria e passou Assim largou uma matr cula anterior e ficou com duas uma de prim ria e uma de Hist ria Antes de entrar para essa escola passou sete anos trabalhando perto dali entre o morro do Cruz
74. que bom melhoram o que acham que d pra melhorar e n o usam o que n o concordam Alguns utilizam apenas os mapas e imagens Outros preferem os textos e outros os exerc cios Embora alguns professores utilizem a leitura como estrat gia de ensino ela nunca nica ou seja ela apenas uma estrat gia a mais diferentemente do que Rocha encontrou A professora V nia abordou v rios temas em sua fala que podem ser suscitadoras de pontos de discuss o Eu acho livro did tico important ssimo Mas eu n o sou ligada ao livro did tico e nem a apostila que est vindo tamb m Que tem coisas timas e tem coisas horr veis Como tudo na vida Ent o as minhas aulas s o sempre assim eu vejo o livro e vejo a apostila O que est bom eu enrique o o que ruim eu n o toco o que eu n o concordo n o toco n o quero passar adiante porque ruim Ent o sempre caminho dessa forma E eu sempre coloco coisas minhas porque tamb m tenho muito tempo de estrada n Pelo amor de deus Se n o tivesse muita coisa minha n o Ent o durante o per odo eu vou sempre achando uma coisa nova e vou fazendo vou guardando aquilo ali Quando eu for dar este assunto eu j tenho isso Ent o eu tenho muito material assim em cima de textos bons V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 Nessa primeira parte vemos as estrat gias sendo montadas pela professora e esse saber que foi constru do durante os anos de profiss o dando lhe muit
75. que uma quest o social cultural de uma cultura digamos oficial culta com uma cultura popular uma cultura j n o tem esse di logo Marcos entrevista concedida dia 19 09 2011 A professora Claudia escola de Guaratiba adotou o livro Ararib pois acha que ainda consegue desenvolver um determinado tipo de trabalho com eles Por m considera algumas propostas de trabalho muito dif ceis n o apenas no Ararib mas nos livros did ticos como um todo e diz Agora eu acho que isso n o s um problema acho que isso um problema do livro did tico como um todo porque eu fico imaginando obvio que a gente n o vai poder fazer isso um livro did tico que seja para um grupo de alunos Agora ao mesmo tempo voc repara que a maior parte dos livros did ticos s o feitos para um tipo de aluno ideal que infelizmente tanto no estado ou no munic pio eles ficam muito aqu m o aluno tem dificuldades bastante grandes de acompanhar aquilo bem diferente do aluno de algumas n o s o todas as escolas da rede particular eu sempre costumo dizer que as escolas da Zona Oeste por exemplo as escolas que eu conhe o que eu trabalho eu costumo defender que a escola do munic pio ali naquela regi o a melhor escola porque mal ou bem o professor que consegue passar naquele concurso Claudia entrevista concedida dia 31 10 2011 Dito de outra forma podemos perceber que a mesma quest o levantada pela professora C
76. rgio Buarque para o fundamental O aluno n o sabe nem ler direito no munic pio ele vai ficar lendo a fonte D para fazer um trabalho de fonte D mas n o com essa profundidade n o essa a proposta Ele tem que saber o que a fonte Tem Ele tem que ler uma fonte Tem Mas qual o objetivo ao fazer isso N o d para ser isso n o d para pedir esse tipo de an lise esse tipo de complexidade Talvez um aluno nem um aluno de escola particular m dia n o o aluno de uma escola particular de elite esses col gios de santo da vida ele pode fazer atender um aluno do Cap Agora mesmo uma escola particular os alunos n o conseguem nenhum desses livros est apropriado Ent o eu me preocupo muito em ver o que est sendo abordado o tipo de atividade proposta se tem mapa se tem ilustra o por que o que eu uso mais no livro isso eu pego assim abre na p gina tal tem o mapa tal Uso como ferramenta nesse sentido Mas como eu uso s dessa forma n o me preocupei muito com a escolha do livro n o eu tinha escolhido esse da SM e a segunda op o nem lembro qual foi mas o outro professor escolheu o do Cotrim por que ele falou que tinha muito texto muito texto Camila entrevista concedida dia 30 08 2011 Essa professora tem uma hip tese no m nimo interessante para explicar a raz o dos livros serem t o distantes da realidade dos alunos Realmente apesar de muitos professores afirmarem que trabalham com o
77. rio rj gov br bairroscariocas index bairro htm Acesso em 02 05 2012 Podemos perceber que apesar de ser heterog nea ela bem alta Mais da metade dos respons veis possui o terceiro grau e um bom n mero de pessoas o ensino m dio No entanto existe uma porcentagem dos moradores que tem baixa escolaridade Quem s o os alunos de Rafael De quais fam lias e lugares eles v m Contamos com informa es dele mesmo para responder a nossa quest o Primeiramente essa heterogeneidade dos moradores do bairro se reflete nos seus alunos Ele afirma que h alunos com uma boa bagagem cultural que d para http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas index2 bairro htm Acesso em 02 05 2012 Acesso em 02 05 2012 42 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web imagens Renda 20M C3 A9dia 20dos 20C hefes 20de 20Fam C3 ADlia pdf Acesso em 02 05 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 94 voc ir longe e alunos que praticamente n o sabem ler e escrever s vezes na mesma turma Eles s o oriundos das favelas da regi o e de fam lias do bairro de classe m dia classe baixa Eventualmente aparecem alunos de bairros mais distantes que provavelmente tem familiares que trabalham no bairro A escola se encontra numa rua muito barulhenta e sofre muito com isso Segundo ele apesar das salas contarem com TV e DVD n o d para passar filmes porque simplesmente n o se ouve nada A escola tem quatro
78. se diversos tipos de fontes Personagem onde s o propostas atividades sobre sujeitos hist ricos Ontem e hoje onde s o estabelecidas conex es entre o passado e o presente perman ncias e transforma es Logo ap s a resenha valoriza a forma como a cole o trabalha a constru o da cidadania apresenta a forma como a Hist ria da frica e a Hist ria Ind gena Brasileira s o trabalhadas volta a falar que na metodologia de ensino aprendizagem a cole o valoriza o desenvolvimento da compet ncia leitora e tece boas considera es sobre o Manual do Professor nica categoria onde a cole o avaliada como reflexiva Tamb m ressaltado que a temporalidade quase sempre trabalhada apenas de forma cronol gica o que pode comprometer a constru o da no o de temporalidade Al m disso afirma que n o h a necess ria articula o entre o estudo dos temas e as atividades sendo estas muito melhor desenvolvidas que os primeiros A organiza o cronol gica em cap tulos divididos entre Hist ria Geral e Hist ria do Brasil tende a valorizar os conte dos de Hist ria Geral Em rela o ao projeto editorial tece algumas cr ticas quanto a imagens que se encontram em p ginas espelhadas e mapas muito pequenos Na se o Em sala de aula a resenha reafirma a necessidade de o professor trabalhar em conjunto os diversos textos e atividades Caso contr rio cair num ensino pouco instigante e problematizador baseado princip
79. sobre as necessidades impostas organiza o escolar os professores desenvolvem estrat gias de ensino e de intera o que levam em considera o a nova clientela que chegou escola no Brasil nas ltimas d cadas Lelis 2008 Tendo lido ou n o essa bibliografia sobre o saber docente os professores sempre querem deixar claro que seu planejamento e suas aulas n o s o moldadas pelo livro did tico elas s o uma composi o de v rios materiais Assim a maioria dos professores reconhece a import ncia do uso do livro em sala de aula e admitem que o usa com frequ ncia Por m fazem quest o de ressaltar que n o o livro que orienta o seu trabalho e ele n o o nico material que utiliza n o determinando o ritmo das aulas Luca Sposito Christov 2006 Ainda seguindo essa mesma linha outro autor que foi uma refer ncia importante para esta pesquisa Perrenoud principalmente quando afirma que a forma de dar aula virando as p ginas do livro e fazendo os exerc cios pode provocar o fracasso em muitas classes Pois o n vel dos alunos e sua rela o com o saber n o correspondem quilo que foi imaginado pelos autores de manuais que trabalham a partir de programas e de uma transposi o did tica satisfat ria para o esp rito por m mais relacionada a um sujeito epist mico abstrato que s press es do terreno diversidade dos aprendizes s condi es de trabalho e aos ambientes institucionais e sociais 2001 p
80. suas poss veis interpreta es Mas em todo o caso ele constitui o suporte privilegiado dos conte dos educativos o deposit rio dos conhecimentos t cnicas ou habilidades que um grupo social acredita que seja necess rio transmitir s novas gera es 2 Fun o instrumental o livro did tico p e em pr tica m todos de aprendizagem prop e exerc cios ou atividades que segundo o contexto visam a facilitar a memoriza o dos conhecimentos favorecer a aquisi o de compet ncias disciplinares ou transversais a apropria o de habilidades de m todos de an lise ou de resolu o de problemas etc 3 Fun o ideol gica e cultural a fun o mais antiga A partir do s culo XIX com a constitui o dos estados nacionais e com o desenvolvimento nesse contexto dos principais sistemas educativos o livro did tico se afirmou como um dos vetores essenciais da l ngua da cultura e dos valores das classes dirigentes Instrumento privilegiado de constru o de identidade geralmente ele reconhecido assim como a moeda e a bandeira como um s mbolo da soberania nacional e nesse sentido assume um importante papel pol tico Essa fun o que tende a aculturar e em certos casos a doutrinar as jovens gera es pode se exercer de maneira expl cita at mesmo sistem tica e ostensiva ou ainda de maneira dissimulada sub rept cia impl cita mas n o menos eficaz 4 Fun o documental acredita se que o livro
81. tamb m foram utilizados quando poss vel levando se em considera o para isso o n vel socioecon mico m dio NSE dos alunos al m do Ideb 18 Conforme estabelecido pela Constitui o de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB de 1996 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 67 Ap s este processo chegou se a um n mero de 31 escolas com m dias superiores m dia da rede distribu das entre 8 das 10 Coordenadorias Regionais de Educa o CREs Como era necess rio diminuir ainda mais o campo de estudo novos crit rios foram estabelecidos como n mero total de matr culas e NSE dos alunos da 8 s rie sendo que se priorizou selecionar escolas de diferentes CRESs levando em considera o a heterogeneidade da distribui o espacial dos recursos econ micos sociais e culturais na cidade Carvalho Felipe e Mandelert 2011 p 143 Assim as quatro escolas selecionadas fazem parte das 2 3 4 e 5 CRESs 4 2 A chegada ao campo as redes de informa o Desde o in cio conclu mos que n o seria recomend vel eu me limitar a essas escolas pois quanto mais heterog neo fosse o grupo pesquisado melhor seria para mim Ent o eu come aria por estas escolas e a partir dos primeiros entrevistados pediria indica es de outros professores que eles conhecessem al m de recorrer a outros meios de busca de professores Este m todo muito utilizado nas pesquisas qualitativas e
82. tulo tr s n o foi isso que encontrei A grande maioria dos professores das 393 escolas que oferecem os anos finais do ensino fundamental optou por apenas um livro Neste cap tulo ainda abordaremos as raz es disso Por m antes quero discutir os seus crit rios de sele o Os professores sempre falam que escolhem os livros pensando nos seus alunos na realidade em que se encontram e muitos se referiam clientela que o munic pio recebe generalizando a de alguma forma No entanto apesar de haver certa homogeneidade em rela o ao tipo de clientela fam lias que n o conseguem pagar uma escola particular dentro desta h uma heterogeneidade muito grande que n o est presente na fala dos entrevistados Por m a heterogeneidade fica PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 115 clara nas entrevistas quando os professores abordaram o tipo de exerc cios que fazem o tipo de leituras e o que podem e o que n o podem cobrar dos seus alunos Sobre a ideia geral entre eles de que os alunos do munic pio s o carentes em termos de leitura podemos lembrar do capital cultural de Bourdieu ou seja os professores escolhem os livros levando em considera o a pouca inser o dos seus alunos na cultura escrita Por que afirmo isso Porque todos afirmaram que levam em considera o a quantidade de texto que o livro tem Como o professor Marcos escola da Urca que diz Mas enfim os professores em geral acabam optando no caso p
83. uma io Segundo ele a id ia do p lo que todos os livros que tenham na CRE t m que ter pelo menos uma c pia no p lo e este tem que ficar aberto em hor rio integral PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 97 escola para alunos com necessidades especiais vizinha a ela Quando fechou sua escola recebeu estes alunos e ela conta com uma estrutura um pouco melhor para receb los que outras escolas da prefeitura contando com uma sala e um profissional dedicado aos mesmos Gilson afirma que o perfil dos alunos muito heterog neo Ele recebe alunos de v rias comunidades como Terreir o Cidade de Deus Rio das Pedras e outros de condom nios da Barra que os pais diminu ram seu poder aquisitivo e n o puderam mais pagar uma escola particular al m de outros que repetiram numa escola e o pai resolveu parar de gastar tanto dinheiro com a educa o do filho Ele diz que existe uma clara divis o entre esses alunos e os das comunidades As primeiras turmas geralmente s o ocupadas pelos que vivem nos condom nios e as ltimas pelos que vivem nas favelas A nota da escola na Prova Brasil foi realmente acima das outras com 5 24 em 2005 e 5 21 em 2007 Seguindo o caminho cl ssico Gilson quis ser professor a partir da experi ncia que teve com timos professores na escola Formou se pela UERJ em 2008 e emendou mestrado e doutorado este ltimo na UFF onde estuda atualmente Entrou na prefeitura em 2009 trabalhando nessa esc
84. vocabul rio mais ou menos rico uma sintaxe isto um sistema de categorias mais ou menos complexas de maneira que a aptid o para o deciframento e a manipula o das estruturas complexas quer l gicas quer est ticas parece fun o direta da complexidade da estrutura da l ngua inicialmente falada no meio familiar Bourdieu 1966 p 46 A refer ncia na bibliografia est com o ano 1997 pois o texto encontra se no livro NOGUEIRA Maria Alice amp CATANI Afr nio orgs Escritos de Educa o Petr polis Vozes 2007 Por m preferi manter a data original de sua publica o PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 112 Logo o professor de Hist ria espera um determinado tipo de aluno quando este chega ao 6 ano tendo como expectativa que ele seja um leitor fluente e n o isso o que ocorre em nossas escolas municipais Pelas entrevistas vi os professores se desdobrando para obter sucesso mas ao mesmo tempo n o sabendo como proceder como no exemplo a seguir a passei recupera o mandei fazer a p gina quarenta e oito do livro A Carolina ele ficou um m s pra entender o que era pra fazer na recupera o era isso a p gina quarenta e oito do livro A ele abria o livro isso aqui professor isso E a professor Procura a resposta no texto Quer dizer essas dificuldades que ele tem tem com qualquer coisa com a apostila ele tem ele n o conseguia entender que as respostas
85. 698 108 111 02 207 427 143 84 327 117 123 100 026 Fonte C mara Brasileira do Livro http www cbl org br telas cbl downloads aspx Acesso em 10 01 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 40 Podemos perceber que o faturamento das editoras no subsetor de did ticos maior pelas compras do mercado do que do governo Isto se deve ao fato de que este negocia valores menores dado o grande n mero de exemplares comprados importante frisar que o subsetor de did ticos sempre o que tem o maior n mero de t tulos e tamb m o maior n mero de exemplares produzidos Para se ter uma ideia o 2 lugar da lista em exemplares produzidos o setor de obras gerais com 100 708 844 ou seja metade dos exemplares did ticos Al m disso na s rie hist rica de 2004 a 2009 as estimativas s o sempre parecidas com as mostradas acima A forte presen a de setores privados na arena de decis o e defini o da pol tica p blica para o livro did tico pode comprometer uma pol tica social com objetivos democratizantes Segundo Hofling No processo decis rio relativo a essa pol tica p blica o Estado tem como parceiros representantes do setor privado inserindo nessas esferas de decis o mecanismos de mercado no m nimo discut veis quando da defini o de gastos de recursos p blicos 2000 p 64 Outra quest o importante sobre a forte presen a de grupos privados numa pol tica p blica foi lembrada por Cerri e F
86. 83 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 107 Esse livro me marcou muito desde o t tulo Ensinar agir na urg ncia decidir na incerteza Segundo ele Agir na urg ncia agir sem tempo de pensar e ainda menos de pesar longamente os pr s e os contras de consultar obras de refer ncia de buscar conselhos de adiar a a o para identificar melhor os par metros da situa o e considerar melhor as diversas possibilidades Decidir na incerteza significa decidir quando a raz o ordenaria n o decidir significa decidir como se estiv ssemos jogando p quer apenas com o feeling pois n o h dados nem modelos de realidade dispon veis para permitir calcular com uma certa certeza o que aconteceria se 2001 p 16 Sua an lise de que o ensino lida em seu cotidiano com situa es pouco definidas para as quais n o foram previstos procedimentos me ajudou muito a pensar que por mais que o professor tenha um planejamento tenha refletido e ido para a aula com tudo esquematizado sua aula pode ser completamente diferente do que ele tinha planejado pois quem no final das contas molda esse momento a turma Assim seu n vel de compreens o sua origem seus questionamentos sua divis o sexual seu tamanho seu n vel de conversa tudo influi na din mica da aula Quando Perrenoud fala que o professor deve mobilizar o savoir que faire que o permitir definir o que deve ser feito me recordo do saber experiencial de
87. Assim o que realmente os professores quiseram dizer com as suas escolhas ao nosso ver n o chegou a ter um tratamento adequado pelo governo p 74 A autora demonstra tamb m que ao inv s de ter havido uma interlocu o com os docentes as categorias classificat rias dos livros foram sendo eliminadas Logo no PNLD 1999 a categoria dos livros n o recomendados foi eliminada J no PNLD 2005 este processo culminou nas classifica es existentes at hoje Exclu dos ou Aprovados Portanto as escolhas dos professores foram se deslocando dos livros aprovados mas mal classificados para os livros simplesmente aprovados O principal meio para os professores avaliarem e escolherem os livros o Guia do Livro Did tico editado pelo MEC e composto pelas resenhas de cada PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 36 cole o Vamos nos aprofundar mais nos problemas de recep o e an lise pelos professores no cap tulo em que analisarmos os dados das entrevistas Por m nos interessa discutir aqui o forte poder que exercem as editoras sobre as escolhas dos professores In meros trabalhos j afirmaram que os professores quase n o leem o guia meus dados das entrevistas v o na mesma dire o e que praticamente o desconhecem Bezerra e Luca 2006 Essa n o utiliza o do guia faz com que o livro escolhido seja um dos que as editoras enviaram para a escola Por m seria imposs vel todas as editoras enviarem os livros a to
88. C Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 53 Na terceira p gina consta toda a equipe respons vel pela avalia o al m da universidade respons vel que no ano de 2011 foi a Universidade Federal de Juiz de Fora Por m isto n o quer dizer que os avaliadores sejam professores somente desta Segue se o sum rio que tamb m est reproduzido abaixo para o melhor entendimento da estrutura do guia SUM RIO APRESENT 1 RETRATO DE UMA CAMINHADA COMO E POR QUE SE AVALIA UM LIVRO DID TICO DE HIST RIA 2 AS COLE ES DID TICAS APROVADAS PARA O PNLD 2011 UM OLHAR SOBRE O CONJUNTO RESENHAS DAS COLE ES HIST RIA HIST RIA DAS CAVERNAS AO TERCEIRO MIL NIO HIST RIA E VIDA INTEGRADA HIST RIA EM DOCUMENTO IMAGEM E TEXTO HIST RIA EM PROJETOS HIST RIA SOCIEDADE amp CIDADANIA NOVA EDI O HIST RIA TEM TICA NAVEGANDO PELA HIST RIA NOVA EDI O NOVO HIST RIA CONCEITOS E PROCEDIMENTOS PARA ENTENDER A HIST RIA PARA VIVER JUNTOS HIST RIA PROJETO ARARIB HIST RIA PROJETO RADIX HIST RIA SABER E FAZER HIST RIA HIST RIA GERAL E DO BRASIL TUDO HIST RIA VONTADE DE SABER HIST RIA FICHA DE AVALIA O 109 Fonte Guia de Livros Did ticos PNLD 2011 Hist ria Bras lia Minist rio da Educa o SEB 2010 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 54 O guia claramente destinado aos professores tanto que a Apresenta o come a com Prezado professor prezada profe
89. Estes s o moradores da Zona Sul principalmente de Botafogo 26 e Copacabana 13 mas tamb m da Urca 8 Catete 7 Santa Teresa que um bairro da regi o do centro Flamengo Laranjeiras 6 os tr s ltimos Gl ria e Leme 5 ambos Infelizmente n o sabemos o percentual de alunos que vivem nas favelas da regi o Assim que fui apresentada diretora e disse que o meu interesse era entrevistar os professores de Hist ria ela disse Hist ria Como voc s s o complicados S o os professores mais rebeldes que tenho A partir dali ficou uns vinte minutos falando sobre viagens hist ria e como que os professores n o conseguem tornar aquele conte do t o interessante A doutoranda foi embora e eu fiquei esperando o professor Marcos que estava na rua fazendo um lanche Assim que ele voltou me apresentei falei sobre a minha pesquisa e ele disse que me concederia a entrevista mas tudo um pouco confuso pois a diretora o havia No final do cap tulo incluirei uma tabela com as notas da Prova Brasil de 2005 2007 e 2009 de todas as escolas dos professores entrevistados 25 x ER TT a Todos os nomes dos professores s o fict cios para preservar a sua identidade PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 72 chamado para assumir a dire o adjunta e ele n o sabia se ia assumir se ia ficar naquela escola e quais eram os hor rios dele Peguei seu telefone e e mail e disse que entraria em contato para marc
90. Guaratiba Acesso em 15 02 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 99 mensal cairia bastante na poca H seis anos atr s quando trabalhava numa escola particular que n o lhe dava retorno financeiro e pessoal resolveu entrar para a prefeitura Come ou a fazer dupla reg ncia desde o in cio e largou a escola particular ficando apenas no setor p blico Ela sempre trabalhou na 10 CRE mas nem sempre na mesma escola Nessa em que est agora trabalha h cinco anos e meio Diz que a escola tem uma diversidade grande de alunos por estar pr xima a uma vila de pescadores mas tamb m a duas comunidades Vila Mar e Piraqu Afirma que os pescadores hoje em dia s o minoria pois s os donos de barcos grandes conseguiram sobreviver concorr ncia do mercado Assim ela diz que houve uma desagrega o grande das fam lias nos ltimos anos pois muitas pessoas ficaram sem emprego Esses pescadores restantes mant m uma identidade com o lugar um compromisso como ela mesma diz As pessoas das duas comunidades s o imigrantes basicamente nordestinos e n o t m identifica o com o lugar onde moram Al m disso uma popula o vari vel pois muitos v o e v m n o criando ra zes Claudia diz que a realidade s cio cultural muito adversa pois em Guaratiba h pouqu ssimas op es culturais e os alunos saem muito pouco de l J fez uma pesquisa com seus alunos e em torno de 50 nunca tinham ido ao teat
91. N 1011708 CA 52 finalizar a ficha de avalia o cont m mais tr s blocos com seus respectivos sub blocos Bloco 3 Coer ncia e adequa o da abordagem te rico metodol gica assumida pela cole o no que diz respeito proposta did tico pedag gica explicitada e aos objetivos visados Coer ncia e adequa o te rico metodol gicas As estrat gias te rico metodol gicas Atividades e exerc cios Bloco 4 Observ ncia de princ pios ticos necess rios constru o da cidadania e ao conv vio social republicano Princ pios ticos e de cidadania Desenvolvimento de a es positivas cidadania Bloco 5 Adequa o da estrutura editorial e do projeto gr fico aos objetivos did tico pedag gicos da cole o Aspectos gr fico editoriais Bloco 6 Respeito legisla o s diretrizes e s normas oficiais relativas ao ensino fundamental Observ ncia aos preceitos legais e jur dicos Em todos eles principalmente no bloco tr s a valoriza o do metier do historiador aparece em detrimento dos conte dos O guia enviado s escolas mas tamb m pode ser acessado via Internet apresentando a seguinte forma Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educa o Guia de Livros Did ticos PNLD 2011 7 Anos Finais do Ensino Fundamental ES Fonte Guia de Livros Did ticos PNLD 201 Hist ria Bras lia Minist rio da Educa o SEB PU
92. NDE foi a primeira pol tica de legisla o e controle da produ o e circula o de livros did ticos As autoras acima citadas afirmam que no contexto da ditadura do Estado Novo a comiss o visava zelar pelo conte do dos materiais De acordo com Luca 2009 a comiss o devia analisar materiais did ticos submetidos pelos autores e editores elaborar uma rela o para servir de orienta o escolha dos professores estimular e orientar a produ o de livros did ticos sugerir a abertura de concursos de obras inexistentes organizar exposi es nacionais dos livros did ticos autorizados A autora tamb m afirma que a comiss o Estipulava diretrizes para a elabora o e utiliza o de livros did ticos institu a a comiss o nacional respons vel por sua avalia o detalhava o processo de autoriza o e os motivos que justificavam o seu veto Estipulava que a partir de 1 de janeiro de 1940 livros sem a autoriza o do minist rio n o poderiam ser utilizados nas escolas pr prim rias prim rias normais profissionais e secund rias de toda a Rep blica 2009 167 Boa parte das datas contidas neste cap tulo foram tiradas da pr pria p gina do FNDE http www fnde gov br index php pnlid historico Acesso em 05 01 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 21 O car ter avaliador do Estado naquele momento era principalmente de cunho ideol gico j que se vivia a ditadura do Estado Novo na
93. PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA E PRP GRE DO RIO DE JANEIRO Carolina Penafiel de Queir z S quero saber do que pode dar certo n o tenho tempo a perder escolhas e usos dos livros did ticos de Hist ria em escolas municipais Disserta o de Mestrado Disserta o apresentada como requisito parcial para obten o do grau de Mestre pelo Programa de P s gradua o em Educa o do Departamento de Educa o da PUC Rio Orientador a Prof Zaia Brand o Rio de Janeiro Julho de 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA j EE E INVERCIDADE TA DO RIO DE JANEIRO Carolina Penafiel de Queir z S quero saber do que pode dar certo n o tenho tempo a perder escolhas e usos dos livros did ticos de Hist ria em escolas municipais Disserta o apresentada como requisito parcial para obten o do grau de Mestre pelo Programa de P s gradua o em Educa o do Departamento de Educa o do Centro de Teologia e Ci ncias Humanas da PUC Rio Aprovada pela Comiss o abaixo assinada Prof Zaia Brand o Orientadora Departamento de Educa o PUC Rio Prof Marcelo Gustavo Andrade de Souza Departamento de Educa o PUC Rio Prof Marcelo de Souza Magalh es UNIRIO Prof DENISE BERRUEZO PORTINARI Coordenadora Setorial do Centro de Teologia e Ci ncias Humanas PUC Rio Rio de Janeiro 09 de julho de 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708
94. Tardif O que leva o professor a agir s o as suas compet ncias que seriam os recursos mobilizados Apesar dos saberes pr ticos e eruditos fazerem parte desses recursos eles n o o esgotam Assim um professor pode ter um enorme saber te rico mas n o ter determinadas compet ncias para ensinar ou para atrair a classe ou ainda para manter a ordem na classe Sua an lise sobre as situa es n o previstas em classe leva me a fazer outra liga o com Tardif 2009 e de novo o pr prio t tulo do livro j emblem tico O trabalho docente elementos para uma teoria da doc ncia como profiss o de intera es humanas As situa es n o podem ser completamente planejadas como se fosse uma m quina porque esta uma profiss o que lida fundamentalmente com seres humanos muitos diga se de passagem Como o professor se dirige a grupos surge o problema da equidade do tratamento algo muito presente em nossas salas de aula t o heterog neas onde temos o absurdo de alunos analfabetos com alunos que leem perfeitamente Como ensinar aos dois a mesma coisa Dar conta de suas expectativas Se a princ pio todos os alunos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 108 t m a mesma import ncia e o professor deveria ocupar se igualmente de todos cada um tem suas pr prias necessidades Assim ele tem que 1 Adaptar seus m todos s compet ncias e atitudes dos alunos 2 Agjustar se aos valores cren as e interesses dos alu
95. a Tabela 2 Resultado do PNLD 1997 e 1998 anos iniciais do EF Tabela 3 Resultado do PNLD 1999 anos finais do EF Tabela 4 Resultado do PNLD 2002 anos finais do EF Tabela 5 Evolu o das avalia es do PNLD ano finais do EF Tabela 6 Escolhas dos professores no PNLD 1997 e 1998 fanoS Iniciais do EF sata GD RR QUO Ralis Tabela 7 Faturamento das editoras em 2009 a Tabela 8 N mero de cole es aprovadas por editora no PNLD 2011 A to g aena RR RR RR O E RO Tabela 9 Subsetor de did ticos em 2009 mercado e governo Tabela 10 AVALIA O DAS COLE ES DE HIST RIA ENLD 2011 haniai tiii i E Ae Eid E a Tabela 11 Respons veis pelos Domic lios Particulares Permanentes por a os de estudo Cal eessen EAE EEE EE E E Tabela 12 Respons veis pelos Domic lios Particulares Permanentes por anos de estudo Padre Miguel ssssssssnnsssssssssnrrnnnnssesernrnnnnnnsserrrnne Tabela 13 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Taquara area Tabela 14 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Campo Grande Tabela 15 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Copacabana Tabela 16 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Barra
96. a seguran a sobre a montagem de suas aulas Sobre a leitura ela diz Eu mando ler sozinho e depois eu leio Uma coisa que evoluiu para ruim que h alguns anos atr s os alunos liam alto Hoje eles est o lendo t o mal que eu n o consigo mais que eles leiam Porque eles n o t m pontos n o tem v rgulas n o tem acentos Ent o o texto fica incompreens vel e os colegas que tamb m n o leem muito bem perdem o racioc nio Ent o eu pe o que eles leiam para ter h bito de leitura sozinhos em sil ncio A depois eu leio com eles Alguns leem outros n o leem Mas a j n o me pertence Da fa o sublinho coloco adendos Coloca a l pis porque depois quando n s formos fazer um texto isso importante Ent o n s fechamos o assunto N o como eu gostaria mas fecha E o que falta eu completo Fa o o meu fechamento Copia a Sobre a quest o da leitura Clara falou PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 154 Ent o eu fa o assim as turmas do 6 e 7 6 ano eles disputam pra ler ent o eu tento ler em sala de aula porque eu sei que tem algumas coisas que n o fazem parte do vocabul rio pra ensin los a tamb m pra que eles valorizem o que est escrito porque eu sei que em casa eles n o v o ler Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 Clara disse que com os mais velhos n o dava para lerem juntos pois ningu m mais quer faz lo A professora Claudia disse que sempre procura fazer u
97. a 96 deve ser com o livro did tico Ser que n o deveria ter outro tipo de trabalho com alunos que repetem o ano continuamente E vemos que nem sempre adianta chamar os pais como acontece na escola de Bonsucesso Depende muito de v rios outros fatores Gilson tamb m tece outras hip teses sobre essa desvaloriza o fazendo uma compara o com os cadernos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 143 pedag gicos da prefeitura os professores chamam de apostilas pois segundo ele este material tamb m est sendo levado pelos alunos com mais frequ ncia que os livros assim como acontece na escola de Camila Eu acho que tem uma quest o que talvez seja muito subjetivo mas assim O livro ele sabe que vai ter que devolver ent o ele tem aquela sensa o de que n o dele a quando voc entrega a apostila na m o dele a apostila dele vai ser pra sempre se ele quiser ou n o n Essa no o de propriedade maior na apostila n N o t falando que ele cuida melhor n o rabisca a apostila faz desenho queima molha Mas dele o livro ele tem que devolver A fica aquela coisa n o vou usar e tal Eu fa o uma campanha muito forte pra eles encaparem o livro por exemplo eu dou ponto na m dia pra quem encapar eu fico l enchendo o saco e tal e eles nem isso eles fazem eles n o Realmente eles t m uma avers o muito grande ao livro que enfim diferente da nossa poca Camila entrevista c
98. a acima prop e a realiza o de concursos nacionais que tenham como objetivo a elabora o de materiais did ticos inovadores Enfim sem esperar que o PNLD d conta de todos os problemas educacionais que o cerca explicitei aqui alguns problemas e sugest es para que ele possa melhorar o que est ao seu alcance PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 3 44 Os Livros did ticos de Hist ria e o PNLD 2011 Ap s o panorama hist rico do cap tulo anterior necess rio falar sobre o PNLD 2011 Antes por m abordarei as diversas defini es de livro did tico Depois parto para a an lise do Guia do PNLD para em seguida me deter na avalia o que o mesmo faz acerca dos livros mais pedidos usados pelos professores da rede municipal do Rio de Janeiro 3 1 O que livro did tico A pergunta acima pode parecer trivial at mesmo desnecess ria No entanto sua resposta n o parece ser t o f cil j que podem existir e j existiram diversos tipos de livros did ticos ou manuais escolares como queiramos nome lo A diversidade de formas pelas quais ele chamado j demonstra sua complexidade como nos lembra Choppin 2004 Segundo o mesmo autor citado e traduzido por Batista 1999 p 545 os livros did ticos S o por assim dizer os utilit rios da sala de aula eles s o concebidos na inten o mais ou menos expl cita ou manifesta segundo as pocas de servir de suporte escri
99. a as palavras desconhecidas anota o seu significado etc A professora Bruna da mesma escola tem uma pr tica muito semelhante porque o livro ele vai finalizar aquilo que foi falado por mim eu falo pra eles eu n o deixo eles lerem ou abrirem o livro na hora da explica o Eu gasto geralmente um tempo na explica o e vou e n o deixo de explicar vou falando depois ele vai utilizar o livro pra mastigar aquilo que foi dito Bruna entrevista concedida dia 10 08 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 156 O professor Roberto que tem muitos anos de experi ncia at hoje est elaborando novas tentativas o que tamb m quebra com aquela imagem do professor sempre repetindo as mesmas estrat gias de aula Nesse ano ele estava com um novo m todo que favorecia tamb m segundo ele a autoestima dos alunos Cada ano eu experimento uma forma Eu tenho feito agora atualmente o seguinte eu seleciono aquilo que eu quero e jogo umas quest es no quadro para que eles retirem do texto aquelas informa es e na hora da corre o eu tenho a minha explica o Ent o eu n o trabalho uma mera corre o A corre o seria a explica o o conte do Porque eles j leram o texto j tem uma base j se apropriaram e tem aquela quest o do acertar Entendeu Porque se eu come ar a explicar somente pela leitura a minha leitura ou pela leitura deles eu acho que a coisa acaba se dispersando Ent o eu procuro fa
100. a atrav s dos livros did ticos e a partir da repens los p 15 e Quais problemas os professores enfrentam na utiliza o do livro PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 162 Os dois maiores problemas enfrentados s o a desvaloriza o do livro demonstrada atrav s da pouca frequ ncia com que os alunos levam os livros e do grau de devolu o E o pouco entendimento que eles t m deste material As escolas onde o professor tem o poder de tirar de sala mandar bilhete e chamar os pais parecem que n o sofrem tanto deste primeiro problema J a inadequa o da linguagem do livro foi uma queixa geral Al m da linguagem em si queixaram se de exemplos muito distantes da realidade do seu alunado Ali s foi recorrente a fala de que eles n o saem de seus bairros n o vivenciam outras realidades No entanto os professores n o acreditam que a sa da para essa inadequa o esteja no livro did tico mas na melhora da estrutura educacional como um todo Outros problemas citados foram falta de livros para todos os alunos e falta de um canal r pido de comunica o que reponha os livros com facilidade e Quais estrat gias os professores constroem para a utiliza o do livro S o criadas v rias estrat gias Para estimular os alunos a levarem e conservarem os livros d o ponto por encapamento e devolu o Tamb m pontuam os alunos que sempre levam o material numa perspectiva de avalia o formativa Nas turmas
101. a busca li muitos outros livros did ticos e conversei com muitos colegas de trabalho No final al m de abandonar os livros tinha a impress o de que algo n o se encaixava que as expectativas do MEC dos professores e dos alunos eram distintas A partir dessa quest o inicial veio o interesse pelo mestrado e por este tema mais precisamente sobre o processo de escolha dos livros did ticos pelos professores e o seu uso em sala de aula Desde a faculdade eu havia me interessado pelo ensino de Hist ria tema pouco valorizado entre os historiadores Por sorte tive uma professora que me mostrou que podia ser diferente que esse preconceito dos historiadores com o ensino tinha que acabar s pensar que boa parte dos graduados ser o professores da educa o b sica J trabalhando eu come ava a querer focar minha trajet ria nos livros e professores dessa disciplina PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 15 Em 2009 entrei para o mestrado na PUC e larguei a escola do Estado ato que feito segundo reportagem veiculada pelo UOL por 11 professores a cada dia E segundo o Portal PUC Rio Digital por 23 professores a cada dia til J no mestrado tive contato com o grupo de pesquisa em Sociologia da Educa o SOCED coordenado pela professora Zaia Brand o Desde nossas primeiras conversas disse a ela que minha disserta o tinha que ter tr s elementos fundamentais para mim eu queria estudar a escola p blica
102. a clientela digamos mais de classe m dia digamos uma escola mais branca os alunos da prefeitura em geral s o mulatos e negros e os professores brancos na sua maioria de classe m dia dando aula para esses meninos e meninas de classe mais exploradas e de origem mais pobre e tendo que ter esse conhecimento chamado culto de uma cultura que eles acham que n o pertencem Marcos entrevista concedida dia 19 09 2011 Isso me faz recordar do habitus prim rio tratado por Bourdieu Por habitus Bourdieu define como um sistema de disposi es dur veis e transpon veis que exprime sob a forma de prefer ncias sistem ticas as necessidades objetivas das quais ele produto 1994 p 82 Para a reflex o que quero fazer aqui interessa me particularmente o que o autor chama de habitus prim rio que s o disposi es gostos e linguagem adquiridos atrav s da educa o familiar a qual a crian a est submetida desde o nascimento Assim elas sentem pensam e agem de acordo com os padr es culturais de sua classe que lhes foram transmitidos que estariam mais ou menos pr ximos do habitus da cultura dominante que a ensinada nas escolas Cunha 1979 Vejamos o depoimento de um professor voltando mesma ideia que a gente comentou aqui o gosto pela leitura se adquire quando um h bito de se ver sendo feito em algum lugar n A gente come a fazendo isso de casa com a crian a contando historinha pra ela Ent o se isso j n
103. a como um concurso p blico de projetos de livros a serem financiados pelo governo Caso fossem aprovados os projetos ganhariam um financiamento para atender s encomendas do FNDE E dizem Por que n o um concurso livre para os melhores projetos educativo hist rico metodol gico gr fico a ser produzido pelo Estado independentemente das editoras ou pelo menos tirando as da condi o de principais agentes privados n o nos esque amos de uma pol tica p blica t o importante p 85 Al m de diminuir o problema assinalado acima um concurso tamb m poderia melhorar outro ponto que considero fundamental a cristaliza o de um modelo de livro did tico Embora muitos autores afirmem que os livros PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 42 atualmente s o muito diferentes entre si discordo dessa opini o O pr prio Guia do PNLD 2011 expressa algo parecido quando afirma que Acima de qualquer coisa poss vel dizer que as obras n o s o todas iguais nem se situam todas no mesmo plano ainda que sobretudo do ponto de vista editorial algumas sejam muito parecidas Guia PNLD 2011 p 14 Podemos encontrar propostas te rico metodol gicas um pouco diferentes sim mas n o h quase nenhum livro que busque um caminho alternativo para a constru o do conhecimento hist rico Para mim o ponto mais cr tico a nfase nos conte dos pois os livros em sua grande maioria s o extremamente cont
104. a de espa o na casa deles para isso muito dif cil um aluno PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 119 ter um quarto sozinho ou uma escrivaninha ou um lugar mais silencioso para poder estudar Ou n o tem quem fique atr s dele mandando o fazer os exerc cios de casa A professora T nia escola de Del Castilho chegou at a propor uma solu o radical que seria o munic pio ter material pr prio o que tiraria um dos principais pontos do PNLD a escolha dos livros pelos professores E agora com essas apostilas eu acho at que o munic pio deveria ter o material pr prio porque o livro did tico que a gente tem n o condiz com os alunos que a gente tem T nia entrevista concedida dia 08 06 2011 Por m a maioria dos professores n o v solu o no mbito do PNLD pois dizem que n o s o os livros que est o errados mas o sistema educacional como um todo A fala do professor Gilson escola da Barra demonstra bem isso de alguma maneira eu n o vejo sa da como voc falou o livro feito a pessoa que est escrevendo pensa no mbito nacional nos par metros curriculares nesses PCNs n Ent o nesse sentido fica uma coisa muito muito abstrata pra eles entendeu Mas por outro lado como que a gente vai fazer Vai fazer um livro pra minha comunidade escolar um livro pra comunidade escolar que dentro do Rio das Pedras que outra realidade muito dif cil n Eu acho que o problema n o o livr
105. a de servi os p blicos e atividades culturais Os alunos s o oriundos de in meros bairros Bonsucesso 76 Ramos 4 6 Nova Holanda 3 8 Complexo da Mar Manguinhos Benfica os tr s com 2 3 Higien polis Ilha do Fund o os dois com 1 5 Morro do Adeus Parque Uni o e Amorim os tr s com 0 8 As notas da escola na Prova Brasil para o 9 ano em 2005 e 2007 foram respectivamente 5 53 e 5 62 A despeito da escola ter obtido um resultado considerado bom na Prova Brasil ela j tem uma certa fama de que boa h bastante tempo como podemos ver no depoimento da professora Bruna a seguir Fiquei l oito anos a quando foi pra eu engravidar eu vim trabalhar perto de casa a eu consegui ficar na escola que eu queria que eu sempre quis da aula aqui Eu moro aqui perto quando eu era pequena passava aqui na rua e falava pra minha m e eu vou dar aula nessa escola porque essa escola uma escola muito boa desde a poca que eu estudava Entrevista concedida dia 10 08 2011 ci Informa es obtidas no dossi da escola feito por Andr ia Martins de Oliveira Santo PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 19 Nesta escola 67 dos pais possuem o Ensino Fundamental 26 o Ensino M dio e apenas 5 o superior A escola tem em torno de 1300 alunos divididos nos dois segmentos do Ensino Fundamental e da Educa o Infantil apesar desta ltima ter apenas 90 alunos em 2009 Levando em considera o o
106. a do livro did tico assim como alguns dados relativos ao seu uso em sala de aula apontam claramente para a forma o docente como um dos fatores relevantes para a compreens o do referido descompasso Batista 2001 p 33 Sem deixar de considerar e concordar em parte com a afirma o do autor gostaria de levantar alguns pontos discutidos por outros autores Sobre a conclus o do MEC acerca dos professores escolherem os piores livros ser a sua m forma o Cassiano 2007 acredita que o minist rio toma os avaliadores como infal veis desconsiderando a autonomia do professor em sua pr pria pr tica Cassiano cita um trabalho de Munakata onde o autor desmistifica o avaliador afirmando que ele contratado sazonalmente recebe um curso r pido de forma o e trabalha sob press o j que recebe por produ o Tamb m podemos ter acesso a cr ticas e sugest es ao processo de avalia o na p gina da Associa o Brasileira de Autores de Livros Educativos ABRALE Embora tenhamos que ler as sugest es com um olhar cr tico j que se trata de uma institui o altamente interessada n o podemos deixar de levar em considera o seu parecer e principalmente os relatos de casos concretos que se passaram apesar de n o ser citado nenhum caso da disciplina de Hist ria Em dois documentos a associa o relata alguns erros nas avalia es e fornece poss veis sugest es para a melhoria da mesma O documento Sobre os programas go
107. a liberdade que me deu ao me deixar pesquisar um tema novo para ela Sem d vida se eu escrevi tanto porque me apaixonei pelo assunto Tamb m agrade o a orienta o pois sei do momento dif cil que passou e da for a que deve ter feito para continuar Ao professor Marcelo Magalh es por toda a ajuda dada ao longo deste trabalho e por ter aceitado fazer parte da banca Ao professor Marcelo Andrade pela leitura atenta do projeto e coment rios valiosos al m de tamb m ter aceitado fazer parte da banca A todos os professores que aceitaram me ceder o tempo valioso de suas vidas Sem eles esse trabalho n o existiria Aos meus pais por terem me proporcionado a forma o que eu tive e me ensinado a batalhar pelo que quero A minha av Lili sempre presente e curiosa com a minha vida e o meu trabalho As pessoas que transcrevem as entrevistas Erika e Railane e em especial minha sogra Bete que conseguiu apesar das adversidades que encontramos A equipe do Soced pelas observa es valiosas feitas nas vezes em que apresentei meu trabalho e por terem me ajudado nos caminhos da pesquisa Aos meus amigos do mestrado por todas as boas conversas sobre pesquisa ou qualquer tema que desanuviasse a cabe a Aos meus eternos amigos da Hist ria com quem a paix o pela pesquisa come ou A professora Keila Grinberg por ter acendido a chama do ensino de Hist ria em mim PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Aos profe
108. aba ficando cada um no seu muro e esse muro vai se fechando por que as pessoas n o dialogam n o h janelas e portas que conectem esses muros que possam estar abrindo portas para dialogar com os outros muros das outras disciplinas um muro que voc cria quando entra na sala e fica ali cinquenta minutos ou mais uma hora e pouco A n o ser assim um ou outro professor que tem mais se d o melhor tem uma afinidade e acaba conversando com a outra com o outro ah estou fazendo isso porque j tem uma proximidade pessoal e isso acaba levando para fazerem algum tipo de trabalho juntos mas at mais por uma quest o de rela es pessoais do que uma quest o maior que fosse pensada pela dire o ou pelos professores como uma forma de quebrar esses muros e haver Janelas e portas que pudessem se abrir entre cada micro cosmos desse em cada minif ndio desse com o outro pudessem estar se abrindo e dialogando e tamb m n o fosse esse processo como acaba ocorrendo vou abrir a janela PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 109 para aquele aquele simp tico mesmo e amigo e meu colega de trabalho ent o vou dialogar com ele Marcos entrevista concedida dia 19 09 2011 Talvez seja por isso que t o dif cil conseguir entrevistas e principalmente pedir para assistir s classes Voc olhado com certa desconfian a pois est invadindo o seu espa o e por consequ n
109. abar eu disse que era a ltima pergunta e ela me respondeu que bom porque eu j estou cansada Bruna afirma que sempre teve certeza que queria ser professora de Hist ria e diz que teve duas professoras desta disciplina na escola que a influenciaram bastante em sua decis o pois eram muito boas contavam a Hist ria de um jeito que ela viajava e a estimulavam muito a escrever Pr xima de terminar a faculdade em 1994 Bruna fez o concurso e passou Diz que pegou o diploma dia 30 de janeiro e tomou posse dia 9 de fevereiro Como na poca se prestava o concurso para toda a cidade sem distin o entre as coordenadorias foi trabalhar em Bangu ficando oito anos na escola Afirma que poderia ter ficado cinco anos e tentado ir para perto de casa mas ela se afei oou escola tanto aos professores quanto aos alunos afirmando que estes eram muito carentes Assim s tentou ir para perto de casa quando ia engravidar Bruna est nesta escola h aproximadamente 10 anos 4 4 Os professores e escolas contatados atrav s das redes de informa o Passo agora a apresentar os professores que trabalham em escolas que n o eram pesquisadas pelo SOCED Teremos menos informa es de suas escolas principalmente sobre os alunos das mesmas j que n o foram aplicados question rios Fora a nota da Prova Brasil dispon vel online contei com a descri o que cada um fez do seu ambiente de trabalho e dos alunos principalmente nos casos onde n o f
110. agmentos desconexos de fatos datas nomes muitas vezes sobrepostos aleatoriamente formando um samba do crioulo doido tal como denuncia S rgio Porto na sua m sica hom nima Pode se pensar ent o que se os conte dos escolares subsistem t o superficialmente sua quantidade e extens o importam menos que a qualidade do trabalho desenvolvido ou ainda que n o vale a pena priorizar a mem ria de fatos eventuais em detrimento do racioc nio da constru o e da descoberta do conhecimento hist rico sob pena de se perder um tempo realmente valioso para aprendizagens mais significativas 2006 p 20 E prossegue Diante da imensid o de conte dos a ensinar querendo abarcar toda a hist ria comum que n s professores de Hist ria abdiquemos de metodologias participativas dialogadas de trabalho em grupo em favor de um melhor aproveitamento do tempo escolar Entendemos equivocadamente que otimizar o tempo significa priorizar a leitura e a explica o do professor sobre o cap tulo do livro did tico seguindo se a realiza o de exerc cios pelos alunos individualmente para que a classe se mantenha mais silenciosa e assim mais produtiva p 25 Realmente os adultos buscados pela autora viveram um outro momento do ensino de Hist ria em nosso pa s j ultrapassado em parte No entanto a nfase no conte do continua ainda que hoje se busque formas mais reflexivas de ensinar Z e avaliar E raro encontrar
111. al N 1011708 CA 69 Eu come ava as entrevistas perguntando ao professor sobre a sua trajet ria e pedindo lhe que caracterizasse um pouco sua escola Al m de ser importante para situar o professor na pesquisa eu tinha mais informa es dispon veis sobre as escolas pesquisadas pelo Soced Ent o eu perguntava mais detalhadamente sobre as que n o faziam parte desse grupo Isso ser percept vel no texto pois oferecerei mais dados daquelas escolas Tentei equilibrar as informa es com dados do Instituto Pereira Passos As entrevistas geralmente foram feitas nas escolas em hor rios livres conhecidos entre os professores como janelas Procur vamos a sala de leitura de v deo de inform tica ou qualquer outra vazia para a realiza o da entrevista Nenhuma foi feita na sala de professores Tamb m n o defini antecipadamente quantos entrevistados seriam pois na perspectiva adotada o n mero de entrevistados dificilmente pode ser determinado no princ pio pois este n mero depende da qualidade das informa es que se obt m em cada entrevista sua profundidade e o grau de recorr ncia e diverg ncia das informa es Duarte 2002 Assim enquanto estiverem aparecendo dados originais ou pistas que possam indicar novas perspectivas investiga o em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas Duarte 2002 p 143 Alberti 2005 tamb m afirma que o n mero de entrevistados necess rios come a a aparecer co
112. almente na sucess o cronol gica dos acontecimentos pol ticos 3 3 2 A cole o Hist ria Sociedade amp Cidadania segundo o Guia do PNLD Na Vis o Geral da cole o a resenha afirma que a cole o busca gerar atitudes de conviv ncia democr tica e valoriza o dos direitos humanos p 54 Destaca a presen a de imagens com boa resolu o e a presen a de afrodescendentes em situa es positivas Apesar disso afirmam que as ilustra es n o s o acompanhadas de boas legendas al m de muitas vezes n o serem trabalhadas de forma eficaz Tamb m busca a intera o passado presente e a inten o do aluno ser um ativo construtor da sua pr pria hist ria O guia valoriza tamb m a forma como s o iniciados os cap tulos sempre com problemas que PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 62 permitem aos estudantes iniciarem o estudo do tema e aos professores perceber os conhecimentos pr vios de seus alunos A se o Organiza o da cole o explicita de forma r pida algumas subdivis es dos cap tulos como o t pico Dialogando que aparece logo no in cio de cada cap tulo o Para saber mais de aprofundamento as sess es de exerc cios que se dividem em Atividades Atividades de aprofundamento A imagem como fonte O texto como fonte al m de outras sess es como Livros sites e filmes Bibliografia Mapas de Apoio e Gloss rio Al m disso tamb m explicita o n mero de p ginas e os conte dos de cada liv
113. ama o a vincula o passado presente e a tentativa do aluno ser um ativo construtor da sua pr pria hist ria Apesar disso o guia critica outros aspectos que n o foram criticados pelo professor PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 116 Carolina Me conta uma coisa Quando voc estava escolhendo os livros o que voc privilegiava Quais as coisas que te chamam a aten o Voc j me falou um pouco da fonte do di logo mas assim o que voc valoriza no livro Rafael T Bom O livro de hist ria eu penso muito eu gosto muito de livros que conseguem atrav s de linguagem simples sabe simples no sentido de acess vel n o o simples numa linguagem menos Carol Rebuscado Rafael uma linguagem que fa a sentido pensando na quest o do aluno Eu penso no livro que consiga trabalhar Hist ria como algo que tem muito a ver com as rela es presentes n o como hist ria como coisa do passado como museu como Ent o um livro que consegue fazer esse movimento eu valorizo muito s vezes o livro vai discutir a quest o do negro no Brasil s que ele pode come ar falando dos negros hoje no Brasil e a voc puxa esse di logo s vezes n o s vezes o di logo parece que engessado no passado n o tem nada a ver com o presente Alguns livros conseguem fazer isso melhor do que outros A quest o do tipo de exerc cio uma outra ferramenta por mais que poucas vezes eu fique muito n
114. amila os livros como um todo n o s o feitos pensando naquela realidade mas numa realidade ideal de alunos de poucas escolas de elite do Rio de Janeiro e do Brasil como um todo Referindo se aos livros de l ngua portuguesa essa desconex o com a realidade dos alunos tamb m foi percebida por Maheu que atribui isso ao fato da produ o estar concentrada no eixo Sul Sudeste do pa s Atualmente os manuais s o produzidos em s rie no eixo Sul Sudeste e distribu dos por todo o pa s sem que se considerem as diferen as regionais PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 127 culturais pol ticas e econ micas Disso decorre um imenso desprazer e desinteresse em ensinar e aprender como os livros est o distantes desse real que se considerem os manuais de l ngua portuguesa cuja linguagem literatura imagens etc n o correspondem ao real vivenciado pelas crian as professores e alunos n o se envolvem nesse processo 2005 p 6 Por isso me pergunto se o PNLD est conseguindo criar a seguinte situa o descrita por Knauss 2009 p 306 O programa pretende criar uma situa o em que o professor e o livro did tico sejam aliados na defesa da diversidade curricular e dos projetos pedag gicos abertos a possibilidades criativas Uma das hip teses que podemos ter para esse problema das desigualdades culturais pode ser a pouca circula o que os alunos t m na sua pr pria cidade e at mesmo no seu bairro Vej
115. amos o que foi falado Porque eu vejo assim que t m muitos que nem saem dali n n o saem muito daquela regi o por falta de condi es financeiras at mesmo falta de interesse dos pais em lev los para conhecerem outros lugares Geralmente eles ficam por ali eles n o conhecem muita coisa n o conhecem muito o Rio de Janeiro tamb m a mais complicado Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 De uma maneira geral a clientela que o munic pio atinge tem um perfil semelhante E aqui particularmente no Caju existe uma peculiaridade Porque eles s o muito centrados no Caju Apesar de estarmos a dez minutos do centro do Rio eles pouco saem daqui A vida deles muito em torno daqui Raramente eles saem s quando v o fazer 2 grau no m ximo S o Cristov o Ent o eles n o vivem n o tem uma vida fora disso aqui muito fechado N o somente durante o per odo letivo mas tamb m nas f rias Eles n o saem daqui quase Roberto entrevista concedida dia 03 05 2011 Eu acho engra ado porque o sexto ano Hist ria a gente tem que se localizar no tempo e no espa o a comecei a falar Tempo demora mais porque uma categoria muito subjetiva Ent o vou come ar a falar do espa o No espa o eles v o conseguir se localizar com mais facilidade pensei eu n Ledo engano Eu comecei vamos fazer um mapa Um mapa da escola at a sua casa Eu n o vou saber se est certo ou errado porque eu n o conhe o a casa del
116. andares e poucos inspetores para controlar os corredores No quarto andar h um n cleo de artes que n o faz parte da escola motivo de muita discuss o entre as duas partes pois n o h como controlar a circula o de pessoas l dentro Al m disso ele diz que apesar de ter em m dia setecentos alunos n o conta com um bom p tio nem uma boa quadra de esportes e a falta de material para a pr tica de educa o f sica constante H sala de inform tica mas os computadores n o estavam conectados rede na poca da nossa entrevista al m de n o ter nenhum t cnico para ajudar o professor com os alunos caso ele queria us la Por isso pouqu ssimo usada A estrutura dos data shows estava sendo montada Apesar desses problemas ele sente um bom clima de trabalho e a dire o muito pr xima dos professores Segundo ele voc tem uma escola estruturada para voc dar aula No entanto a equipe de Hist ria bastante desunida como veremos no cap tulo cinco Diferentemente de outras escolas da rede as turmas t m no m ximo trinta trinta e poucos alunos Ele mesmo disse que fazia dupla reg ncia numa escola onde as turmas tinham mais de cinquenta Devido s turmas pequenas a escola j sofreu v rias amea as da SME de fechar turmas fundindo duas em uma o que n o foi concretizado Rafael tem trinta anos e se formou na Universidade Federal de Uberl ndia emendando o mestrado na mesma institui o Como muitos outros
117. apresentadora e dos Trapalh es 5 2 3 s escolhas dos livros nas escolas Ap s as entrevistas que realizei estou segura em afirmar que n o criado um ambiente que favore a uma escolha consciente e de qualidade nas escolas salvo raras exce es Essa informa o corrobora outros trabalhos j realizados como a afirma o de Knauss 2009 302 sobre os livros de ensino m dio Poucas s o as escolas que animam o processo de sele o Na maioria das vezes os professores s o levados a escolher de forma muito apressada sem terem tido tempo de se reunir e inclusive de analisar os livros Geralmente as editoras enviam ou os divulgadores levam os livros pr tica proibida pela MEC tr s quatro cinco livros s escolas e eles ficam na sala de professores A dire o marca um dia em que a escolha ter de ser feita Como muitas vezes n o marcada uma reuni o da equipe o professor anota numa folha a primeira e a segunda op o O livro mais votado ser o escolhido na escola No entanto alguns casos problem ticos saltam aos olhos e merecem ser analisados mais atentamente O primeiro do professor Rafael que trabalha na escola de Copacabana e tem poucos anos de magist rio sendo tr s no munic pio Carolina E me conta como foi esse processo de escolha assim por exemplo se chegaram livros na escola se voc s tiveram tempo de analisar os livros se chegaram a ver o guia do PNLD que o governo manda com as resenhas s
118. ar Est claro que existem escolas mais organizadas que outras e professores mais motivados que outros mas a uma outra hist ria imposs vel de ser abarcada neste trabalho PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 104 5 1 Os meus olhares sobre as entrevistas Como demonstrado ao longo deste trabalho a minha experi ncia como professora influenciou muito este trabalho desde a escolha do tema Na an lise das entrevistas n o foi diferente N o estou querendo dizer com isso que imaginei encontrar professores que trabalhassem ou pensassem como eu ou meus colegas de trabalho Mas eu sempre parti da hip tese que iria encontrar profissionais reflexivos ou seja que pensam e repensam cotidianamente a sua pr pria pr tica tanto no ato reflex o na a o quanto a posteriori reflex o sobre a a o Schon apud Monteiro 2001 apesar do cansa o estresse e desest mulo que pudesse haver Mesmo que n o escrevam conte dos procedimentos e atitudes que querem desenvolver nos alunos todas as aulas refletem sobre isso sendo que suas estrat gias mudam de acordo com a s rie turma contexto social etc Boas ou m s experi ncias anteriores tamb m s o muito importantes Estou ciente caso contr rio estaria sendo ing nua que existem professores acomodados que passam anos repetindo as mesmas estrat gias que n o refletem mais sobre sua pr tica e ligam o piloto autom tico mas isso acontece em todas as profiss
119. ar que ele valorize algo sem ser muito bem explicado a ele o porque disso al m do envolvimento das fam lias De antem o digo que n o h nas escolas salvo raras exce es uma pol tica de valoriza o e responsabiliza o dos livros pelas fam lias H inclusive escolas onde a pr tica em rela o distribui o do livro t o bagun ada que ela pr pria contribui para a desvaloriza o A professora Silvia PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 136 chegou sua escola em 2009 e o ltimo ano de distribui o tinha sido 2008 Vejamos o que aconteceu Quando cheguei j era o Ararib e foi uma coisa muito louca porque eu cheguei escola em abril quando j tinha come ado o ano e eu cheguei para a dire o e falei que queria utilizar os livros did ticos Qual que voc s usam O Ararib vai naquela salinha l nos fundos e v Porque no munic pio ainda tem isso al m de todas as quest es que eu tenho com os livros did ticos ainda tem outras quest es al m disso Ela me deu a chave e falou se n o tiver livro para todo mundo n o pode dar livro para ningu m Voc tem que contar quantos alunos voc tem tem que perguntar para os professores que dividem a s rie com voc se eles n o querem utilizar o livro porque se n o tiver livro para ningu m o livro tem que ficar na escola Ent o eu contei minhas turmas todas entrei na sala que era um dep sito empoeirado com tudo misturad
120. ara a consecu o dos objetivos da Hist ria acad mica da disciplina escolar Hist ria para os anos finais do Ensino Fundamental 1 Edital de convoca o para inscri o no processo de avalia o e sele o de cole es did ticas para o programa nacional do livro did tico PNLD 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 49 e Desperta os alunos para a historicidade das experi ncias sociais trabalhando conceitos habilidades e atitudes na constru o da cidadania e Estimula o conv vio social e o reconhecimento da diferen a abordando a diversidade da experi ncia humana e a pluralidade social com respeito e interesse Na rea de Hist ria esses preceitos ticos contudo s t m sentido se tratados historicamente visto que desistoricizados podem se revestir apenas de ensinamentos morais e c vicos que n o condizem com os objetivos do ensino nem com a produ o do conhecimento hist rico e Contribui para o desenvolvimento da autonomia de pensamento o racioc nio cr tico e a capacidade de argumentar e Apresenta ilustra es variadas quanto s possibilidades de significa o como os desenhos fotografias e reprodu es de pinturas e Apresenta ilustra es que exploram as m ltiplas fun es das imagens de forma a auxiliar o aprendizado do alfabetismo visual e do ensino de Hist ria e Apresenta imagens acompanhadas de atividades de leitura e interpreta o e de intera o sempre que poss
121. armos uma entrevista O mesmo professor me apresentou a outro professor da escola Expliquei sobre a minha pesquisa e ele aceitando conceder a entrevista lhe pedi telefone e e mail Ele logo disse acho melhor voc pegar apenas o telefone pois eu n o vejo e mail Todas as vezes que tentei ligar para ele n o consegui Nesse dia s estavam esses professores presentes Por isso pedi diretora que me passasse os hor rios dos outros Sempre era complicado nunca era um hor rio fechado Mesmo assim anotei No dia em que iria escola ligava antes e me diziam ah hoje n o tem nenhum professor de Hist ria aqui n o Esta foi a escola em que tive mais dificuldade de obter informa es A diretora sempre se esquecia quem eu era tudo era sempre muito corrido informa es desencontradas N o sentia uma vontade de colabora o Logo passados alguns meses decidi entrevistar apenas o professor Marcos que me passou seu email e telefone Marcamos dia 19 de setembro de 2011 pela manh Cheguei escola e ele estava na sala de leitura corrigindo provas Havia tamb m uma estagi ria tentando fazer um menininho bastante rebelde estudar Tivemos uma entrevista de uma hora Marcos tem 45 anos e se formou em Ci ncias Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ no in cio da d cada de 1990 cursando bacharelado e licenciatura N o come ou a lecionar logo ao se formar trabalhando inicialmente em outras reas como v deo fotograf
122. articipei E no ano anterior o dia em que foi feito isso tamb m n o era o meu dia Como a escola tem professores bastante competentes no dia seguinte eles me mostraram se eu concordava Eu li todo o relat rio e concordei com eles N o foi o livro escolhido Foi o livro escolhido mas n o foi o livro do munic pio Carolina como assim V nia Cada escola que escolhe nem sempre o livro que vem Carolina ah sim porque tem 1 2 e 3 op o E vem uma delas V nia isso Eu acho que mais ou menos assim cada escola envia uma op o Eles fazem um apanhado das op es e a vencedora vai ser o livro do munic pio n V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 Vemos que essa professora n o sabe de uma das diretrizes mais importantes do PNLD a liberdade de escolha dos professores As prefeituras deveriam criar p los de an lise dos livros em seus munic pios e no caso de uma cidade como o Rio de Janeiro poderiam ser as diferentes CREs Os professores teriam um dia marcado para poderem folhear todos os livros que constam no guia do PNLD e a poder fazer uma escolha mais consciente com base na an lise de todas as op es presentes A fala a seguir do professor Roberto e mostra como o processo foi feito em sua escola lembrando que uma institui o considerada exemplar por este professor Aqui na escola chegaram muitos materiais muitos livros chegaram E vieram muitos representantes N s estamos pr ximos do
123. as In Educa o amp Sociedade ano XXII n 74 Abril 2001 MONTEIRO Ana Maria Did tica da hist ria e teoria da hist ria produ o de conhecimento na forma o de professores In SANTOS Luc ola Lic nio de Castro Paix o Santos org Converg ncias e tens es no campo da forma o e do trabalho docente Belo Horizonte Aut ntica 2010 MONTEIRO Ana Maria Professores e livros did ticos narrativas e leituras no ensino de Hist ria IN ROCHA Helenice RESNIK Luis MAGALH ES PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 168 Marcelo de S A Hist ria na Escola autores livros e leituras Rio de Janeiro Editora FGV 2009 MONTEIRO Ana Maria Professores de Hist ria entre saberes e pr ticas Rio de Janeiro Mauad X 2007 MONTEIRO Ana Maria GASPARELLO Arlette Medeiros MAGALH ES Marcelo de Souza Orgs Ensino de Hist ria sujeitos saberes e pr ticas Rio de Janeiro Mauad Fapery 2007 MUNAKATA Kazumi Livro did tico e forma o do professor s o incompat veis In MARFAN Marilda Almeida Org Anais do Congresso Brasileiro de Qualidade na Educa o forma o de professores Bras lia MEC SEF 2002 MUNAKATA Kazumi Livro did tico produ o e leituras In ABREU Marcia org Leitura hist ria e hist ria da leitura Campinas Mercado das Letras Associa o de Leitura do Brasil Fapesp 1999 MUNAKATA Kazumi Devem os livros de hist ria
124. as surgiram em Rio das Pedras e aumentaram devido neglig ncia do poder p blico por consider las um mal menor Quando Silvia chegou em sua escola em 2009 ela estava uma zona como ela afirma N o tinha dire o coordena o nada E logo a escola desabou Depois de umas tr s semanas sem aula foram alocados nessa escola na Barra que i http emriodaspedras blogspot com Acesso dia 12 2 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 101 dentro de um condom nio No in cio era um verdadeiro caos pois eles n o compartilhavam com a escola todos os espa os Assim n o tinham p tio e os alunos tinham recreio no corredor Enquanto uma turma tinha a outra estava em aula tornando o barulho insuport vel Ficam at hoje em salas apertadas com muitos alunos 40 45 em m dia Ela me mostrou a escola e eu fiquei muito impressionada como 700 alunos cabem num nico corredor que o que se resume a escola hoje Agora conseguiram um p tio pequeno A quadra como dividem com a outra escola muitas vezes n o podem usar V rias aulas de educa o f sica t m que ser realizadas dentro da sala de aula Apesar de ter sala de leitura ela n o usada por estar lotada de livros principalmente did ticos Sala de computador n o tem E os computadores e projetores n o podem ser instalados porque o teto de pl stico Assim as caixas est o l fechadas Ap s meu amigo me passar seu telefone marcamos dia
125. asos avaliar o aprendizado desse modo tendem a ser n o um apoio ao ensino e ao aprendizado mas um material que condiciona orienta e organiza a a o docente determinando uma sele o de conte dos um modo de abordagem desses conte dos uma forma de progress o em suma uma metodologia de ensino no sentido amplo da palavra Batista 2001 p 28 Agora que o programa j est consolidado ser que n o a hora dessa concep o ser alargada para que novos tipos de materiais sejam inclu dos adaptando se mais realidade de cada lugar 3 2 O edital de convoca o o guia do PNLD e os livros avaliados pelo MEC Como j falamos no cap tulo anterior o produto final da avalia o dos livros um guia destinado aos professores com as resenhas dos aprovados ou seja os que poder o ser comprados pelo governo Antes de destrinchar o Guia propriamente dito tentarei compreender o que os avaliadores do PNLD reconhecem como um bom livro did tico atrav s da leitura do Edital de convoca o dos livros e do Guia do Livro Did tico tanto no corpo do texto quanto nas fichas de avalia o usadas pelos avaliadores que se encontram ao final Depois resumirei a estrutura desse guia PNLD 2011 para em seguida me deter na avalia o de dois livros de Hist ria mais pedidos pelos professores das escolas municipais do munic pio do Rio de Janeiro PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 3 2 1 48 O guia do PNLD A
126. avalia o dos livros pautada por crit rios comuns a todas as disciplinas e crit rios espec ficos de cada campo do conhecimento Os comuns s o A condi o de o livro did tico auxiliar a forma o de cidad os conscientes O respeito legisla o que rege o Ensino p blico nacional A qualidade pedag gica e did tica das cole es A qualidade do Manual do Professor A corre o das informa es apresentadas aos estudantes A qualidade e adequa o do projeto gr fico e estrutura editorial da cole o No Guia h a explica o de cada um desses crit rios ao professor Aqui PO PER E 14 Z quero me debru ar sobre os crit rios espec ficos No edital de convoca o h o detalhamento deles para os livros de Hist ria que s o Utiliza a intensa produ o de conhecimento nas reas da Hist ria e da Pedagogia realizada nos ltimos anos considerando a como ponto de reflex o e de discuss o Compreende a escrita da Hist ria como um processo social e cientificamente produzido e que desempenha fun es na sociedade Explicita as op es te rico metodol gicas hist rica e pedag gica Apresenta coer ncia entre as op es te rico metodol gicas explicitadas e o desenvolvimento dos textos principais textos complementares ilustra es e com os objetivos gerais do ensino de Hist ria para os anos finais do ensino fundamental Adota op es te rico metodol gicas que contribuem efetivamente p
127. ca o CRESs A 1 CRE corresponde zona central da cidade a 2 CRE zona sul a 3 e a 4 CREs zona norte a 7 8 e 9 CREs zona oeste Os professores entrevistados fazem parte da 1 2 3 4 7 8 e 9 CRESs nos bairros da Urca Del Castilho Bonsucesso Caju Padre Miguel Jacarepagu Campo Grande Copacabana Barra da Tijuca Pedra de Guaratiba e Rio das Pedras O fato de trabalharem em diferentes regi es da cidade me proporcionou uma vis o bem ampla nas entrevistas pois cada entrevistado atua em realidades distintas Apesar da grande maioria dos bairros do Rio de Janeiro terem favelas nenhuma dessas escolas est situada dentro de uma como acontece com muitas escolas da prefeitura O fato de n o estar localizada em favela n o quer dizer que n o receba alunos das mesmas Todas as escolas pesquisadas recebem alunos oriundos do asfalto e da favela Mapa 1 Distribui o da rede municipal em CREs e o n mero de professores entrevistados Fonte http nww cnotinfor pt inclusiva pdf Mobiliario escolar pt pdf 2 Rio das Pedras uma favela localizada no bairro de Jacarepagu No entanto a escola neste momento est situada na Barra da Tijuca pois o pr dio desabou em 2009 Para uma maior caracteriza o de cada CRE e seus respectivos bairros acessar http webapp sme rio rj gov br jcartela publico pesquisa do cmd listCres Acesso em 12 02 2012 PUC Rio Certifica o Digit
128. cia diminuindo a sua autonomia Essa inseguran a gerada pela solid o ficou muito clara nas entrevistas feitas com alguns dos professores mais novos rec m formados e que entraram na prefeitura pelo concurso de 2008 O depoimento a seguir exemplifica tanto essa valoriza o da sala de aula como o seu espa o quanto a ideia clara da escola como produtora de saber A inseguran a n o est presente talvez pelo fato dessa professora ter mais de trinta anos de profiss o Adoro adoro o que eu fa o at assim estranho n Porque realmente n s somos massacrados pelos nossos governantes n s somos massacrados por leis educacionais que n o tem nada a ver com educa o Mas ao mesmo tempo o que eu fa o dentro da sala de aula problema meu E essa autonomia o que me leva a gostar Porque l fechei a minha porta da sala eu vou dar a minha aula N o interessa E pronto vamos n s E eu acho que aqui o lugar do saber sim A gente mistura coisas a gente traz o dia a dia etc Mas o saber est aqui a escola tem que ser reconhecida como um local de saber ela tem que ser separada O aluno tem que vir pra c pensando nisso l o saber Essa coisa de misturar n o mistura isso com aquilo com comunidade Os alunos v m da comunidade mas eles sentem necessidade de encontrar aqui uma outra coisa Aqui diferente Professora V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 5 1 2 Habitus e capital cultural Outro autor importan
129. cola da Urca um projeto governamental de n o sei se pedag gico ou por um lado assim tem cr ticas com rela o a esses projetos que vem do alto digamos esfera central governamental que n o seja s pedag gico possa ser tamb m por interesses pol ticos ou de beneficiar ou interessar determinadas institui es ou rg os Parece que os pr prios professores da prefeitura que participaram na feitura dessa apostila foram os professores at porque de hist ria foram a apostila foi chegando digamos de forma homeop tica era usada primeiro a de portugu s matem tica depois foram estendendo o uso normalmente os professores de hist ria s o mais cr ticos ou mais contestadores mais E acho que elas foram para poder um professor acabar de hist ria talvez ficou nessa quest o de ser mais cr tico acabar ficando para depois e acabar tendo que se inserir porque os outros professores anteriores j tinha sido inseridos e ele ficar calado Marcos entrevista concedida dia 19 09 2011 Independente de qual seja a mais certa o fato que os cadernos foram enviados com o objetivo de homogeneizar o conte do na rede e melhorar os baixos n veis de ensino cerceando a liberdade do professor j que ele sabe que seus alunos far o uma prova que foi feita tendo por base os cadernos A fala da professora Bruna escola de Bonsucesso evidencia essa preocupa o Eu j estou me preparando porque ano que vem vai ter prova de hist ria
130. cole es ficaram expostas nas resenhas do Guia do Livro Did tico Das 29 obras inscritas 22 foram aprovadas e 7 exclu das Podemos ter uma no o da evolu o das avalia es do PNLD destinado aos anos finais do Ensino Fundamental ao longo dos anos na tabela abaixo Tabela 5 Evolu o das avalia es do PNLD ano finais do EF Avalia o PNLD 1999 PNLD 2002 PNLD 2005 leo o Recomendada 0 0 5 0 aprovadas 75 9 com distin o o ES Recomendada 37 5 75 0 com ressalvas ad da Fonte Fonte BEZERRA e LUCA 2006 P 49 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 30 2 3 O PNLD um balan o Ap s algumas avalia es tanto de livros destinados aos anos iniciais quanto aos destinados aos anos finais do Ensino Fundamental alguns autores destacam as contribui es do PNLD produ o did tica brasileira Batista 2001 afirma que o PNLD demarcou padr es de melhor qualidade para os livros did ticos brasileiros A avalia o acabou com a pr tica de que bastava inscrever os livros para estes serem automaticamente oferecidos s escolas p blicas para escolha O percentual de livros recomendados tem aumentado e as editoras que est o participando do processo de avalia o desde o in cio t m cada vez mais livros recomendados e menos exclu dos Al m disso e mais importante a avalia o pedag gica dos livros ensejou uma ampla renova o da produ o did tica brasileira evidenciada tanto pela pa
131. da Urca afirmou Acho que a nossa realidade t o brasileira t o complexa com tantas regi es com tantos saberes com tantas culturas com tantos que esses livros s o muito gen ricos para uma realidade brasileira t o complexa Acho que talvez pudesse ter particularidades para cada e a eu n o sei eu n o sei se interesse deles PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 126 fazerem um livro que tivesse que dar conta dessas particularidades dessas culturas dessa complexidade toda de fazer um livro E tamb m particularidades sociais econ micas de voc ver um que fale da situa o da explora o da mis ria da fome Ent o essas realidades culturais e socioecon micas acaba ele o livroJfalando assim de uma forma mais geral para uma realidade que n o se voc for pensar num Brasil sei l l no interior n o precisa ir muito longe n o no interior do estado do Rio um aluno de uma rea rural com determinados questionamentos ou textos que tenha ali sabe n o diz muito nem aos alunos de reas urbanas da capital do Rio de Janeiro centro urbano que os alunos vivem alguns at aqui na escola vivem em comunidades em reas com uma outra cultura uma cultura de comunidade ou chamada de uma cultura de gueto da periferia ou da favela essa realidade j n o condiz que s vezes levam os alunos a fugirem dessa realidade desse contexto porque n o se identificam l por
132. das as escolas do pa s Logo no processo de escolha sai na frente a editora com mais recursos para enviar seus livros ao maior n mero de escolas Aqui tocamos num ponto fundamental o poder das editoras frente escolha dos professores J citamos acima que 25 dos livros escolhidos at 2005 pertenciam a apenas 4 editoras n o por acaso grandes grupos editoriais Podemos levantar a hip tese que s o estas as que mais t m recursos financeiros para distribuir seus livros e dar lhes visibilidade publicidade o que pode ser verificado na tabela a seguir Tabela 7 Faturamento das editoras em 2009 tica Scipione Moderna DO Saraiva OE IBEP Nacional _ Revista dos Tribunais 60 O Fonte Saraiva http www b2i cc Document 1628 121627 pdf Acesso em 10 01 2012 Podemos perceber que as editoras com faturamento muito superior s o especializadas no subsetor de did ticos Provavelmente os dados de 2009 s o 1 Procurei dados mais confi veis em outras p ginas sem sucesso Havia um documento da editora Saraiva sobre o seu faturamento que vinha com os dados de faturamento de outras editoras O faturamento estava dividido entre Did ticos e Paradid ticos Livros Cient ficos t cnicos e profissionais Fic o e N o fic o Eu mesma somei os n meros apresentados PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 37 diferentes dos de 2005 levantados por Batista devido s compras e fus es ocorridas no setor Apesar d
133. de acordo com os temas que abordei e outros que eu n o tinha previsto mas apareceram de forma recorrente nos depoimentos do entrevistados O principal tema que foi adicionado a percep o dos professores sobre os Cadernos Pedag gicos enviados pela prefeitura O ano de 2011 foi o primeiro em que a prefeitura enviou os cadernos de Hist ria e Geografia Portanto eu estava entrevistando os professores no ano em que eles recebiam esse novo material que se tornou um material adicional ao livro did tico Quando eu perguntava sobre a din mica das aulas inevitavelmente eles apareciam Passei a incluir perguntas sobre a quest o e voltei a entrevistar os primeiros professores j que o tema n o havia sido abordado Outros temas menos recorrentes tamb m aparecer o mas n o com uma divis o para eles Um que n o tem como deixar de ser abordado em qualquer pesquisa que se fa a nas escolas municipais do Rio de Janeiro a falta de recursos humanos nas escolas como inspetores coordenadores pedag gicos psic logos t cnicos em inform tica mediadores para alunos com necessidades especiais etc Um dos professores tinha um aluno cego em sala e n o lhe foi passada nenhuma instru o quanto a procedimentos a serem adotados Isso faz com que o professor tenha que desempenhar in meras fun es para as quais n o foi preparado comprometendo o seu trabalho principalmente em turmas superlotadas como vimos no cap tulo anterior Tamb m o direto
134. did tico pode fornecer sem que sua leitura seja dirigida um conjunto de documentos textuais ou ic nicos cuja observa o ou confronta o podem vir a desenvolver o esp rito cr tico do aluno Essa fun o surgiu muito recentemente na literatura escolar e n o universal s encontrada afirma o que pode ser feita com muitas reservas em ambientes pedag gicos que privilegiam a iniciativa pessoal da crian a e visam a favorecer sua autonomia sup e tamb m um n vel de forma o elevado dos professores Como podemos perceber as quatro fun es n o s o encontradas isoladamente Em seu surgimento o livro did tico era uma obra de refer ncia que oferecia ampla autonomia ao professor caracterizando se mais na fun o referencial ou curricular No Brasil at a d cada de 1970 os livros tinham um resumo da mat ria ou uma colet nea de textos n o contendo atividades e em sua linguagem dificilmente se dirigiam aos alunos Apesar de apresentarem um conte do a ser ensinado eram considerados apenas um complemento a o do professor Batista 1999 J nos dias de hoje eles exercem todas essas fun es prop em um curr culo a partir dos par metros curriculares nacionais prop em exerc cios e atividades de diversos tipos e formas individuais ou coletivas valendo nota ou 11 LI 4 Os it licos nesta cita o s o todos meus PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 46 n o dirigind
135. do al m de ser considerado uma produ o marginal Por ltimo Munakata 1999 nos recorda que um tipo de livro transportado constantemente raramente se l de ponta a ponta mas suas p ginas s o revisitadas in meras vezes como envolve pr ticas diversificadas muitas vezes quando nos referimos a rela o com esses livros n o usamos a palavra leitura mas a palavra uso seu uso ocorre numa situa o peculiar chamada de ensino aprendizagem esse uso implica dois leitores o aluno e o professor Essa dupla estrutural o uso do livro n o existe sem um dos dois A concep o de livro did tico do MEC segundo Batista restrita pois s s o aceitos na licita o os impressos em forma de livros que n o pressuponham a 2 Dispon vel em http tvbrasil org br fotos salto series 161240LivroDidatico pdf Acesso em 07 09 2011 O texto de 1984 n o foi encontrado Grifo meu PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 47 compra de outros produtos como mapas cadernos de atividades fitas v deos etc Al m disso o livro tido como objeto central do ensino aprendizagem pois Buscando assumir essa fun o estruturadora do trabalho pedag gico os livros did ticos tendem a apresentar n o uma s ntese dos conte dos curriculares mas um desenvolvimento desses conte dos a se caracterizar n o como um material de refer ncia mas como um caderno de atividades para expor desenvolver fixar e em alguns c
136. e essa concep o de livro did tico que o PNLD pressup e pressupondo a tende a contribuir para sua perman ncia inibindo o surgimento de outros padr es de manuais escolares e limitando assim sua participa o na promo o da melhoria da qualidade do ensino PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 43 O autor continua dizendo que essa concep o de livro se tornou pouco adequada para dar conta das exig ncias do contexto educacional contempor neo marcado pela afirma o da diversidade e flexibilidade das formas de organiza o escolar j que na escola s o depositadas diferentes expectativas de acordo com a ordem cultural social e regional Para dar conta dessa diversidade necess rio um livro did tico diversificado e flex vel sens vel varia o das formas de organiza o escolar e dos projetos pedag gicos assim como diversifica o das expectativas e interesses sociais e regionais Batista 2001 p 30 Batista ent o afirma que o PNLD deve contribuir para o desenvolvimento de novas concep es de livros did ticos acolha propostas que os relacionem de forma diferente com o trabalho docente e possibilite uma renova o dos padr es editoriais cristalizados Assim ele tece algumas recomenda es N o relatarei todas aqui mas apenas digo que giram em torno da ideia de uma flexibiliza o do modelo de livro did tico Entre estas lan a uma proposta muito parecida com a de Cerri e Ferreira citad
137. e quando houve a sua extin o as solicita es dos livros RR foram majorit rias Podemos aferir as escolhas dos professores na seguinte tabela retirada da tese de doutorado de Cassiano 2007 Tabela 6 Escolhas dos professores no PNLD 1997 e 1998 anos iniciais do EF Livros escolhidos PNLD Livros escolhidos PNLD Recomendados com 8 46 22 15 ressalvas Recomendados com 21 RR distin o Fonte Cassiano 2007 p 72 Esses dados e outros expostos por Batista no texto mencionado levam no a afirmar que Esses padr es de prefer ncia revelam assim a exist ncia de um desacordo no que diz respeito defini o de um livro e de um curr culo de qualidade entre as escolhas dos docentes e a classifica o das obras pela avalia o ministerial Batista 2005 p 22 O autor afirma que n o h dados suficientes para tirarmos conclus es sobre as escolhas dos professores No entanto no documento Recomenda es para uma pol tica p blica de livros did ticos publicado em 2001 ele oferece uma longa descri o sobre as atuais condi es dos cursos de forma o de professores tanto os de n vel m dio quanto os de n vel superior concluindo que uma das Esta categoria foi criada para o PNLD 1998 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 33 raz es para esse descompasso a m forma o dos professores no nosso pa s Como na seguinte passagem Assim uma vis o de conjunto da escolh
138. e Ent o vamos fazer da escola at o McDonalds McDonalds no centro da Taquara Andando demora 20 minutos E assim toda crian a gosta de McDonalds 6 ano eles v o saber onde o Mc Ai eu vamos fazer o mapa at l Professora onde o McDonalds no centro da Taquara Onde que isso Ali Onde tem Comecei a falar descendo a Rodrigues Caldas acabou a IRodrigues Caldas N o sei o que isso nunca fui A eu gente quem j foi at o McDonalds da Taquara J passou em frente n o precisa nem ter entrado Eles s conhecem aquela pra a que tem do lado da escola a escola e a casa deles que ali em volta O mundo deles aquela pra a ali Por isso que eles vivem ali o dia inteiro A hora que voc passar eles est o naquela pra a todo o referencial deles Ai assim uma coisa que me angustia bastante 6 ano Hist ria Antiga vou falar de PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 128 civiliza es que e eles s conhecem a pra a n o conhecem nem o bairro deles Um espectro menor ainda que o esperado Camila entrevista concedida dia 30 08 2011 Podemos nos recordar tamb m da professora Claudia que no cap tulo quatro disse que os alunos de Pedra de Guaratiba tamb m n o saem dali al m da pesquisa feita onde foi mostrado que quase 50 dos alunos nunca tinham ido ao cinema e os que tinham muitos foram apenas no cinema da Funda o Xuxa Meneguel que passa apenas filmes da
139. e alguma cole o j faz aos professores desde outra escolha Alguma cota que ele tenha que bater N o sabemos A nica coisa que temos certeza que o livro Hist ria em Projetos foi escolhido por apenas tr s escolas municipais num universo de 393 E que os professores nunca se referiam a ele quando falavam do processo de escolha ou seja O livro n o apareceu nas escolas Alguns professores tem muito claro em sua mente que as editoras mandam os livros que querem Como muitos tem duas matr culas ou fazem dupla reg ncia em outra escola recebem livros diferentes em cada uma delas O professor Paulo fez quest o de dizer S devo lembrar uma coisa n o sei tamb m se teria necessidade disso mas acho importante destacar que o que vem como proposta pra gente n o o que vai para as outras escolas Por exemplo a escola que eu estou sequer recebeu a proposta do Ararib Eles receberam um outro leque de propostas e l fizeram uma op o uma outra op o Paulo entrevista concedida dia 17 08 2011 Logo a maioria dos professores sabe como funciona o PNLD Por m me espantou o depoimento da professora V nia transcrito abaixo Esta professora se mostrou muito distante do processo de escolha a ltima porque estava de licen a PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 133 e a anterior porque n o era o seu dia Por isso tem uma ideia bastante equivocada sobre o processo de escolha V nia Ano passado eu n o p
140. e caos A dire o pede para desencalhar todo livro do professor que n o foi do livro que n o foi o escolhido eles pedem para levar Aqui em casa tem um monte Mesmo assim ainda tem muito livro encalhado l Porque chegam aos montes as editoras mandam muitos A gente tinha tr s professores de Hist ria na escola e chegava muito mais do que o necess rio Camila entrevista concedida dia 30 08 2011 No caso da escola da professora Silvia os livros ocupavam estantes na sala dos professores e o ch o de outras salas 5 3 Os alunos e os livros Ao longo das entrevistas fiz o esfor o de entender o que os professores achavam dos livros dos seus alunos e qual a rela o que se estabelecia entre o aluno e o livro Concordo com Rocha 2009 quando afirma que a percep o que os professores t m dos seus alunos define escolhas did ticas por isso a import ncia de abordar esse assunto Minhas pistas sobre essa rela o viriam da frequ ncia com que os alunos levam os livros da conserva o do mesmo e da taxa de devolu o a cada ano al m do uso propriamente dito Essa parte do cap tulo se dedicar a discutir esses pontos conserva o e devolu o do material e frequ ncia As formas de uso ser o abordas mais adiante 5 3 1 Conserva o e devolu o claro que a conserva o e entrega est o entrecruzadas com o tipo de pol tica que feita nas escolas pois n o podemos esperar de um adolescente de qualquer lug
141. e cinco pessoas em m dia que conjugavam experi ncia acad mica com familiaridade com quest es do Ensino Fundamental Cada uma teve que criar crit rios de avalia o e discuti los com autores e editores e somente os livros aprovados poderiam ser comprados pelo governo A primeira avalia o foi em 1996 e foram avaliados os livros destinados aos alunos de 1 a 4 s rie o que passou a ser o PNLD 1997 A p gina do FNDE afirma que a partir de 1995 come a a universaliza o da distribui o dos livros feita de forma gradativa Nesse ano foram contempladas as disciplinas de matem tica e l ngua portuguesa Em 1996 a de ci ncias e em 1997 as de geografia e hist ria Nas duas primeiras avalia es voltadas s reas de Hist ria e Geografia que focalizaram os livros oferecidos ao primeiro segmento do Ensino Fundamental foram eliminadas as obras que contivessem preconceitos de origem ra a sexo cor idade ou qualquer forma de discrimina o al m das obras que tivessem erros graves referentes ao conte do ou que induzissem a erros Havia grandes diferen as entre os livros aprovados e por isso foi necess rio criar crit rios classificat rios para diferenciar cada livro Bezerra e Luca 2006 Os crit rios para o PNLD 1997 eram Exclu dos categoria composta de livros que apresentassem erros conceituais indu o a erros desatualiza o preconceitos ou discrimina es de qualquer tipo N o recomendados categ
142. e suas fam lias cobravam os livros no in cio do ano mas quando chegava a hora da devolu o muitos estavam mal conservados ou perdidos Uma das hip teses para isso pode ser a inadequa o deste material quela realidade a falta de sentido encontrado pelos alunos Nas entrevistas os professores falavam que essa quest o piorou com a chegada dos cadernos pedag gicos da prefeitura Como o tema dos cadernos apareceu constantemente j que era mais um material que os professores tinham em m os PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 145 e que os alunos levavam com mais frequ ncia acho importante reservar um espa o para eles Assim te o como mais uma hip tese que os cadernos acabaram contribuindo para essa desvaloriza o Mas n o apenas isso que quero dizer 5 4 Os cadernos pedag gicos opini es e utiliza es Procurei na p gina da Secretaria Municipal de Educa o alguma explica o sobre os cadernos mas n o encontrei Apenas links para os mesmos e para as provas da rede Diante da inexist ncia de uma explica o online te o meus coment rios que s o baseados nas percep es dos professores da rede Antes de come ar quero dizer que por total coincid ncia tr s dos meus entrevistados eram autores dos cadernos pois os autores s o os pr prios professores da rede indicados por suas CRESs Nas entrevistas perguntei a eles sobre a sua realiza o mas n o pude incluir neste trabalho porque
143. e teve reuni o de professores se voc s tiveram tempo Rafael T Os livros chegaram na escola sem muito organiza o n Um monte de livro jogado pra v rios lugares Carolina Na sala dos professores Rafael Na sala dos professores Sala dos professores ent o n o chegou nenhum livro assim espec fico pra voc Ent o me lembro que eram umas quatro ou cinco op es de livros Ah o guia do Plano Nacional do Livro Did tico eu s fui v lo na escola depois da escolha ele tava assim junto PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 129 com uma pilha de livros A equipe de hist ria na minha escola n o uma equipe assim que tem a pr tica de se reunir pra discutir quest es pedag gicas ent o n o tem Voc dialoga paralelo com alguns professores s vezes voc encontra com professores mais ligados Assim isso funciona melhor at porque no munic pio voc n o tem uma pol tica tamb m de incentivar essa quest o das disciplinas voc n o tem um coordenador de disciplina voc n o tem esse di logo n A gente tem um centro de estudo mas ele geral ele n o pensa esse espa o espec fico E ela a equipe tem por esse princ pio ser bastante desunida a quest o da hist ria ali n Alguns professores s o mais acess veis pro di logo outro menos tem alguns conflitos s vezes pessoais tamb m Ent o a gente n o teve um encontro de todos ali cara a cara discutindo
144. e voc pensar a realidade da turma e em nome de notas e pr mios e a cobran a enfim Ent o se for um material pra voc usar e analisar e achar que serve e tudo mais beleza tranquilo Agora eu at fui numa reuni o na segunda feira da discuss o dos par metros curriculares de hist ria estava discutindo isso na reuni o da 2 CRE e tamb m fui representar a escola l n A nessa reuni o um professor falou elogiou assim as apostilas e um outro criticou Esse que elogiou falou que eram bem melhor as apostilas do que o pr prio livro e que preferia que houvesse a troca Ali eu j achei uma vis o muito problem tica dentre outro fatores pela quest o que o livro al m da gente poder escolher o livro na escola o livro did tico at ele chegar gente ele passa por uma s rie de an lises avalia es e por pessoas que t m o m nimo de compet ncia pra ver dentro do plaus vel ali E as apostilas elas s o mais soltas n Ent o voc n o consegue n Quais s o as concep es te ricas metodol gicas e ideol gicas que est o orientando aquilo s vezes voc pega um grupo bem intencionado que faz um trabalho bacana s vezes n o e ent o tem que ter tamb m uns certos cuidados assim n Entrevista concedida dia 04 10 2011 Ele toca num ponto fundamental do PNLD em sua fala a liberdade de escolha dos professores Realmente muito perigosa a afirma o desse professor de achar interessante trocar os livros p
145. eiro e do Alem o Mas est nesta escola h dezoito anos e t m as duas matr culas nela De manh professora prim ria vinte e quatro horas semanais e tarde de Hist ria dezesseis horas semanais Pelo tempo em que trabalha ali e pelo conv vio di rio com esta escola Gilda a conhece profundamente Gilda se mostrou muito comprometida com o seu trabalho tentando sempre estar antenada com o que os alunos est o assistindo lendo e se interessando de forma geral Por isso l s os livros infanto juvenis que eles leem e afirma a gente tem que ler o que eles est o lendo porque a gente s 29 Z Z H mais um professor que n o do quadro efetivo fazendo dupla nesta escola Por coincid ncia ele fazia p s gradua o comigo n o na mesma turma Peguei seu telefone para entrevist lo mas nunca consegui falar com ele PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 81 vai entender o que passa na cabe a deles a partir do momento que a gente l Entrevista concedida dia 29 06 2011 Logo depois das f rias de julho voltei escola para entrevistar Bruna dia 10 08 2011 Ela j estava na escola quando cheguei e nos dirigimos para a sala de leitura Tinha um aluno estudando ent o tivemos que falar um pouco mais baixo Bruna uma pessoa mais t mida que a outra muito doce mas muito sincera em suas coloca es dizendo pra falar n o Ent o eu vou falar E quando a entrevista estava para ac
146. elas apostilas retirando toda a autonomia do professor Seu coment rio sobre a avalia o tamb m muito pertinente j que o PNLD realmente conferiu maior qualidade aos livros Al m disso n o podemos nos esquecer de not cias muitas vezes veiculadas nos jornais de informa es equivocadas s o transmitidas em apostilas desses sistemas de ensino vendidas em estados que n o adotam o PNLD como S o Paulo Por mais que o munic pio do Rio de Janeiro tenha o m rito de n o ter contratado esses sistemas retirando dinheiro do Fundeb para tal enquanto tem livros oferecidos pelo governo federal e ter contratado professores da pr pria rede o que tamb m louv vel j que s o eles os mais capacitados para saber o que d para ser trabalhado n o podemos consider los infal veis Portanto podemos concluir que o saldo positivo na avalia o dos professores apesar delas terem muito a melhorar o que supernormal sendo que foi a primeira tentativa Tamb m afirmaram que era uma iniciativa v lida desde que n o vinculasse seu uso a provas padronizadas J em 2012 sabemos que n o foi isso que aconteceu PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 153 5 5 Os usos dos livros Com graus de varia o todos os professores utilizam o livro mas de formas muito distintas O que eu n o vi foram professores o utilizando como muleta ou como definidor de suas pr ticas Pelas suas falas fica claro que eles usam o que acham
147. elos livros que eu tenho percebido que sejam mais digamos simp ticos ao aluno mais interessantes com mais textos resumidos ou com imagens com fotos Entrevista concedida dia 19 09 2011 Outro exemplo o professor Rafael escola de Copacabana quando explicava porque n o adotaria um livro Hist ria em Projetos que estava no guia para a sua escola Com as turmas que eu tenho com o perfil de alunos medianos que eu tenho no munic pio seria um livro muito complicado Agora se eu pego um aluno que j tem uma base de forma o com capacidade de leitura de compreens o de abstra o voc vai longe com ele Ent o tudo muito baseado em quem esse aluno que eu to dialogando Quais s o as necessidades nesse momento daquele aluno n N o adianta o ideal n o o ideal em todas as situa es o ideal pra uma determinada situa o pra outra eu preciso trabalhar outros livros sabe Entrevista concedida dia 04 10 2011 Em outro momento esse mesmo professor discorre sobre seus crit rios de sele o e de novo d nfase na quest o do aluno Al m disso ele toca em alguns pontos que v o de encontro avalia o do PNLD sobre os livros No caso ele estava se referindo ao livro Hist ria Sociedade e Cidadania que abordamos no cap tulo tr s Apesar do livro n o ter sido bem avaliado no quadro s ntese tudo que o professor destacou como positivo no livro est presente no guia como a diagr
148. em de fora n o Tanto que s tem a 61 e a 62 tarde e acho que 63 mas eles t m mais dificuldade A a gente tem um trabalho maior com esses Voc percebe assim que eles sabem responder por exemplo o que foi o Tratado de Versalhes A eles respondem Mas se voc perguntar qual a rela o do tratado com isso com aquilo eles n o conseguem fazer essa rela o Bruna entrevista concedida dia 10 08 2011 Minha primeira visita foi previamente agendada com a diretora que est h mais de vinte anos no cargo Cheguei escola no in cio da tarde e havia uma grande quantidade de m es com os seus filhos pequenos indo deix los A diretora estava na porta mas eu ainda n o sabia quem ela era Apresentei me e ela me pediu para sentar um pouco no p tio e esperar indo em dire o ao interior da escola Achei que aquela funcion ria iria chamar a diretora quando uns 20 minutos depois ela me chama novamente entramos na dire o e ela pede para que eu explique minha pesquisa Expliquei lhe e ela ouviu muito atentamente Depois disso me levou sala de professores para me apresentar s duas PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 80 professoras de Hist ria do col gio A professora Bruna estava l mas Gilda estava em aula Apresentei me falei da pesquisa e ela aceitou me conceder a entrevista Um tempo depois chegou Gilda e o procedimento foi o mesmo Combinamos que eu retornaria escola na semana seguinte
149. em diferentes tomadas de posi o no que diz respeito produ o circula o e utiliza o do livro did tico Batista 1999 p 564 Neste cap tulo abordaremos principalmente a rela o do Estado campo do poder com o setor privado campo econ mico citando os professores parte integrante do campo escolar em alguns momentos oportunos Por m a an lise da PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 20 rela o dos professores com os outros dois campos ser realizada em outro cap tulo 2 1 Pol ticas anteriores ao PNLD Segundo Bittencourt 2004 durante o s culo XIX os livros necessitavam de uma aprova o institucional para circular Mas essa rela o ainda era muito t nue Foi nas primeiras d cadas do s culo XX que isso come ou a mudar com a cria o em 1929 do Instituto Nacional do Livro IND Este deveria legislar sobre as pol ticas para o livro valorizando o e fomentando a sua produ o Mas na d cada de 1930 que come amos a ver uma maior presen a do Estado n o apenas em rela o aos livros did ticos mas ao campo educacional como um todo Um marco institucional importante foi a cria o do Minist rio da Educa o e Sa de MES Os materiais escolares propriamente ditos come aram a receber maior aten o em 1938 com a cria o da Comiss o Nacional do Livro Did tico CNLD por meio do Decreto Lei n 1 006 de 30 12 38 Bezerra e Luca 2006 De acordo com a p gina do F
150. empre muito peso Ent o voc tem tr s mat rias ci ncias hist ria e portugu s Trazer os tr s livros mais o caderno Fica muito pesado E sem falar que muitos v o como eu falei ah esqueci o livro hoje e tal Sumiu o livro rasgou Ent o mas no final depois de tr s anos do livro na escola que o prazo eles levam todos Carolina e na hora dele estudar para a prova pelo caderno Roberto pelo caderno ou ent o a sim pode se abrir uma concess o de levar o livro para casa dependendo da turma dependendo do momento Mas o caderno acaba sendo a base deles Vou estudar aqui ou se for uma coisa muito importante tem a Xerox para tirar um texto Roberto entrevista concedida dia 03 05 2012 Apesar de ser uma boa sa da para os livros n o serem perdidos creio que torna o aluno mais alheio ao material principalmente devido impossibilidade do estudo em casa Ou podemos supor que estas escolas chegaram conclus o que os livros n o eram consultados e por essas e outras adotaram essa medida O problema lembrando o texto de Rocha que se torna mais um fator da n o compreens o A professora Clara fala sobre isso afirmando que seus alunos v o para as provas sem saber qual a prova do dia confirmando que n o estudaram nada PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 139 Com rela o assim a estudo n que eu acho que seria algo que poderia aumentar o conhecimento deles e tudo mais eles t m o h bito
151. equado ao n vel de escolaridade a que a cole o se destina Edital de convoca o do PNLD 2011 p 46 Assim o livro deixa de ser visto como deposit rio de uma verdade absoluta levando os alunos a pensarem sobre a relatividade hist rica estimulando os a pensar criticamente aprendendo a conferir informa es com mais acuidade Outra preocupa o com os conceitos Tamb m est no edital que Neste segmento de ensino fundamental o livro did tico deve contribuir para o desenvolvimento dos conceitos de Hist ria fonte historiografia mem ria acontecimento sequencia encadeamento per odos fato tempo simultaneidade ritmos de tempo medidas de tempo sujeito hist rico espa o historicidade identidade semelhan a diferen a contradi o continuidade perman ncia mudan a evid ncia causa fic o narrativa verdade ruptura explica o e interpreta o Edital de convoca o do PNLD 2011 p 46 Portanto vemos que nem o Guia nem o Edital listam conte dos estando muito mais preocupados com o metier e com a constru o de conceitos do que a memoriza o de conte dos desconectados da realidade Na ficha de avalia o do Guia presente no final do mesmo tamb m h isso expl cito por m dito de outra forma Esta ficha composta de v rios blocos de avalia o divididos em sub blocos O primeiro bloco desta come a com a an lise do manual do professor e a observ ncia no livro do aluno quanto
152. erais no s culo XVIII Hoje em dia uma vila de pescadores emoldurada pela Ba a de Sepetiba Al m dos restaurantes de frutos do mar procurados pelos cariocas h no bairro a Igreja Nossa Senhora do Desterro de 1626 terceira igreja mais antiga da cidade e a Funda o Xuxa Meneguel A renda m dia dos respons veis por domic lios no bairro entre cinco e dez sal rios m nimos e a escolaridade dos respons veis pelos domic lios a seguinte Tabela 17 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Pedra de Guaratiba EE E Fonte http portalgeo rio rj gov br bairroscariocas index bairro ntm Acesso em 15 2 2012 Vemos que a maior parte das pessoas concluiu apenas o ensino fundamental uma boa parte o ensino m dio e uma parcela muito pequena o ensino superior Achei a nota da escola na Prova Brasil apenas para o ano de 2009 que foi 4 87 A professora Claudia se formou em Hist ria na d cada de 1980 Antes ela era professora de ingl s mas come ou a se interessar pela lingu stica pela forma o da l ngua e viu que isso casava com Hist ria Assim foi fazer este curso e acabou em 1989 Depois de se formar deu aulas em escolas particulares durante muito tempo Diz que n o se sentia atra da pelo emprego p blico pois sua renda Y http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas index2 bairro htm Acesso em 15 02 2012 e http pt wikipedia org wiki Pedra de
153. erial did tico pronto J havia tido a experi ncia de n o adotar um livro did tico elaborando meus pr prios materiais numa escola particular onde trabalhava Apesar de ser muito gratificante eu j sabia que era tamb m muito trabalhoso No caso da escola estadual onde eu dava aula para umas tr s s ries diferentes seria praticamente uma miss o imposs vel Comecei o ano tentando usar o livro que havia chegado e simplesmente n o conseguia Ele tinha uma linguagem extremamente complexa para os meus alunos Ler com eles Nunca fez parte dos meus planos pois era o tipo de aula que eu abominava Diante das adversidades pensei em come ar a fazer isso j que eles n o liam sozinhos ou n o entendiam Por m era praticamente imposs vel pois eles tinham vergonha de ler em voz alta n o liam com pontua o liam muito baixo e a aula seria enfadonha pois o livro era extremamente conteudista e tinha muitas p ginas de texto O que fazer Continuar tentando j que era o material dispon vel Al m disso muitos alunos n o levavam o livro para a escola o que tamb m dificultava o meu trabalho Concomitante a isso ao mesmo tempo em que considerava fant stico todos os alunos terem acesso aos livros me impressionava a enorme quantidade PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 14 deles guardados na escola sem ser usados N o podemos nos esquecer que at bem pouco tempo atr s os alunos recebiam parcos materiais nas escola
154. erreira 2007 se o PNLD melhorou a qualidade dos livros nacionais nos ltimos dez anos o mesmo n o ocorreu com os livros regionais Isso porque n o representam um retorno econ mico t o satisfat rio para as editoras quanto os primeiros Hofling n o defende a aus ncia dos grupos editoriais j que o MEC n o produz materiais did ticos O que ela questiona a compra de milh es de livros pelo Estado de um n mero reduzido de editores E nos fornece alguns dados do total de R 118 704 786 54 gastos com a compra dos livros entre 1985 e 1991 quadro que provavelmente n o mudou muito R 109 361 922 85 foram destinados a seis editoras entre as 35 concorrentes no total o que significa que cerca de 90 dos recursos p blicos para compra e distribui o de livros did ticos foi alocado para um grupo que n o atinge 20 do total de editoras inscritas no programa Sua conclus o que essa monopoliza o de um pequeno grupo de editoras no PNLD coloca em quest o alguns aspectos importantes do programa Na medida em que por sua posi o no mercado disp em de mecanismos mais eficientes de divulga o de marketing voltados aos setores compradores e PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 41 consumidores de seus produtos esses grupos editoriais alcan am grande poder de penetra o e circula o entre seus clientes Essa situa o associada a outros fatores condiciona em grande medida a escolha feita pelo pro
155. es o acham bom devido aos textos curtos e f ceis outros j acham os textos dif ceis outros o consideram conteudista e superficial outros escolheram pelo tipo de exerc cios e assim por diante A professora Camila escola de Jacarepagu se mostra muito descrente em rela o aos livros como um todo Pelo seu depoimento imagino que ela trabalhe numa das escolas mais dif ceis e com os alunos com menos bagagem cultural Se o professor Paulo disse que escolheu o Ararib pelos exerc cios e pelo tipo de trabalho com fontes hist ricas ela j tem uma interpreta o bem diferente N o necessariamente em rela o ao Ararib mas aos livros como um todo Ele trabalha muito a quest o dos Direitos Humanos o livro Viver Juntos da SM e um livro que tem pouco texto que eu acho que para eles n o pode ser muito texto ah um livro que um calhama o e que esgota o assunto N o tem que esgotar o assunto essa uma cr tica que eu fa o ao livro did tico porque o livro did tico n o para o aluno livro did tico parece que uma pol tica do MEC para a forma o dos professores Parece n o O livro para o professor o professor PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 121 mal formado ent o ele vai se formar na pr tica ele vai ler o livro O que ele n o sabe ele aprende no livro ent o voc pega os livros e s o extremamente acad micos voc vai olhar caiu Prado Junior eu n o sei S
156. esquisa qualitativa reflex es sobre o trabalho de campo In Cadernos de Pesquisa n 115 p 139 154 mar o 2002 DUTERCQ Yves Pluralidade dos mundos e cultura comum professores e alunos procura de normas consensuais In TARDIF Maurice amp LESSARD Claude O of cio de professor hist ria perspectivas e desafios internacionais Petr polis RJ Vozes 2008 FRANCO Al xia P dua O saber hist rico escolar constru do em sala de aula a partir da apropria o docente do livro did tico In Anais 33 Reuni o Anual da Anped Caxambu Out 2010 GATTI JUNIOR D cio Estado e editoras privadas no Brasil o papel e o perfil dos editores de livros did ticos 1970 1990 Cadernos CEDES vol 25 n 67 set dez 2005 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 166 GATTI JUNIOR D cio Estado curr culo e livro did tico de hist ria no Brasil 1988 2007 In OLIVEIRA Margarida Maria Dias de amp STAMATTO Maria In s Sucupira Orgs O livro did tico de hist ria pol ticas educacionais pesquisas e ensino Natal EDUFRN 2007 GON ALVES Ana Teresa Marques Aprendendo com os livros did ticos um breve depoimento In SPOSITO Maria Encarna o Beltr o org Livros did ticos de geografia e hist ria avalia o e pesquisa S o Paulo Cultura Acad mica 2006 HOFLING Eloisa de Mattos Notas para discuss o quanto implementa o de programas de governo em f
157. essor condi es de exercitar o procedimento de investiga o hist rica com os alunos aprendendo se Hist ria da mesma forma que se constr i o conhecimento hist rico me pergunto o porqu do livro receber uma m avalia o nesse quesito Tamb m cita o bom tratamento da constru o da cidadania a proposta de desenvolvimento da compet ncia leitora as propostas de trabalho em equipe e as indica es de textos livros e filmes No entanto o texto base da cole o criticado por ser descritivo e apresentando a Hist ria sem contradi es e de forma fragmentada al m de ter pouca integra o entre Hist ria Geral e Hist ria do Brasil Logo a resenha afirma que a potencialidade da cole o est justamente nas se es complementares e somente a partir delas que se pode trabalhar as inova es no ensino de Hist ria Logo ap s no t pico Organiza o da cole o a resenha descreve como est o divididos os livros com as sess es fixas e as que aparecem de vez em quando descrevendo algumas atividades mas sem citar exemplos concretos Logo depois ainda neste t pico s o listados os conte dos de cada volume e o n mero de p ginas Em An lise da cole o o texto volta a afirmar que s o as se es complementares as que transcendem a an lise pol tica dos acontecimentos E PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 61 nomeia algumas delas como Em foco onde s o trabalhados temas variados com a an lise
158. estas terem ocorrido antes de 2005 os n meros relativos ao faturamento parecem s ter mudado depois Por exemplo a tica Scipione pertence hoje ao grupo Abril Educa o que conta com estas duas editoras quatro sistemas de ensino e quatro escolas espalhadas pelo pa s Isso apenas o seu bra o educacional pois o grupo Abril conta com muitos outros tent culos espalhados pelo ramo da comunica o como a Revista Veja e TV a cabo por exemplo O fato da Moderna estar ocupando um invej vel 2 lugar pode ser resultado da sua compra pela espanhola Santillana bra o editorial do Grupo Prisa que conta com outras duas editoras Objetiva e Salamandra e com o importante jornal espanhol El Pais segundo conta Cassiano 2007 Esta autora afirma que em 2007 todas as editoras nacionais de did ticos com a nica exce o para a Editora do Brasil haviam deixado de ter uma gest o familiar para tornarem se grupos empresariais midi ticos Al m disso demonstra atrav s de tabelas que sempre houve a concentra o de poucas editoras com o maior n mero de fornecimento ao governo e o n mero de editoras participantes do programa foi diminuindo ao longo do tempo configurando um oligop lio no setor Assim de 1985 a 1991 houve a participa o de 64 editoras mas a concentra o de 84 dos livros por apenas sete sobrando os 16 para as 57 editoras restantes J em 1997 e 1998 o n mero de editoras participantes cai para 25 J de 2002 a 2005 o n
159. estavam nas p ginas do livro e no final ele n o me entregou o trabalho que eu pedi Ele me entregou uma cartolina com neg cio de revolu o industrial assim nada a ver ent o a dificuldade n o do livro a dificuldade anterior ao livro S o esses alunos que a gente recebe nessa realidade totalmente disforme vamos dizer assim essa press o que voc tem que passar de ano tem que passar de ano voc recebe carta Professor Gilson entrevista concedida dia 01 11 2011 A quest o da linguagem e da escrita falada acima outro aspecto muito importante Andrade 2007 num artigo sobre o uso de jogos em aulas de Hist ria narra sua experi ncia em duas escolas p blicas nas quais era professora uma p blica federal onde n o havia nenhum tipo de impedimento com rela o cultura e linguagem dos alunos E outra municipal localizada dentro da Cidade de Deus no Rio de Janeiro Sobre esta ltima a autora descreve o cotidiano das aulas dizendo que os alunos tinham dificuldades de leitura liam devagar decodificando as s labas lentamente sem compreender o sentido das frases Isso causava falta de compreens o e desinteresse em rela o ao conte do das aulas E afirma os saberes formais cient ficos e a linguagem acad mica pertencentes aos livros did ticos seguem a norma culta da linguagem e distanciam se da realidade concreta e do universo da maioria dos alunos na rede p blica municipal Andrade 2007 p 96 Todos e
160. eu falar em museu pra eles sabe Ent o a gravura de n o sei quem a pintura como se todos j tivessem visto aquilo A ele se tornou elitista nesse ponto n Ou ent o tem crian a que n o conhece determinadas frutas Eu to botando um exemplo bem grotesco mas isso Ent o como que o livro pode dar uns exemplos que n o fazem parte da viv ncia deles e n o fazem por qu N o s por falta de dinheiro n o por falta de vontade de sair daquela comunidade V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 118 Percebemos que a professora radicaliza um pouco quando afirma que n o existe vontade das fam lias em sair da comunidade simplificando um pouco uma situa o que me remete ao habitus de Bourdieu ao ter que se tornou ser N o que as fam lias n o queriam que nunca lhes foi ofertado nunca foi criado um ambiente para isso N o da noite para o dia que as pessoas passam a se interessar por ir a museus cinemas teatros exposi es etc preciso que essas disposi es culturais sejam desenvolvidas ao longo de suas vidas Uma das institui es que deveria ao menos tentar diminuir essa dist ncia entre as fam lias com alto e baixo capital cultural seria a escola Por m as escolas p blicas saem muito pouco com os alunos A professora Silvia destacou a falta de compreens o dos textos pelos alunos e o livro estar fora da realidade dos alunos
161. eu necessitaria de uma autoriza o da SME e n o havia tempo para isso Assim al m de n o incluir suas falas sobre o processo de realiza o tamb m n o incluirei suas opini es sobre os cadernos pois creio que seriam enviesadas No ano de 2010 chegaram os cadernos pedag gicos de portugu s matem tica e ci ncias que foram acompanhados por provas bimestrais enviadas pela SME Segundo os professores as provas eram baseadas nos cadernos Embora os de hist ria e geografia tenham chegado um ano depois as provas destas disciplinas n o foram aplicadas no mesmo ano e s ser o agora em 2012 Podemos tecer duas hip teses para estas disciplinas n o serem inclu das no primeiro momento levantadas pelos entrevistados 1 Al m de portugu s e matem tica serem sempre as avaliadas por terem um status de mais importantes a justificativa para a inclus o de ci ncias porque essas tr s disciplinas s o aplicadas em avalia es externas que sempre p em o Brasil nos piores patamares internacionais de ensino 2 Como os professores se hist ria e geografia s o considerados os mais contestadores essas disciplinas foram deixadas para o ano seguinte afim de amansar os professores das mesmas j que as provas e os cadernos estariam institu dos nas escolas Assim eles seriam vozes dissonantes PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 146 Podemos ver um exemplo da hip tese acima na fala do professor Marcos es
162. eudistas Embora o edital deixe claro que O desafio de uma boa cole o did tica n o explorar a maior quantidade de conte dos mas ser um instrumento para que o professor trabalhe com os alunos a metodologia da produ o do conhecimento hist rico sempre adequado ao n vel de escolaridade a que a cole o se destina Edital do PNLD 2011 p 46 Os quadros de manual do professor metodologia da hist ria e metodologia do ensino no edital abrem espa o para diversas vertentes te ricas e metodol gicas Mas sua estrutura e exig ncias induzem a linhas hegem nicas da hist ria e da educa o o que acaba impossibilitando o surgimento de uma obra com propostas muito inovadoras de ensino Cerri e Ferreira 2007 H dez anos no documento Recomenda es para uma pol tica p blica de livros did ticos Batista 2001 p 30 j dava sinais do esgotamento desse modelo de manual escolar Ap s afirmar como j falamos acima que o modelo de livro did tico como estruturador do trabalho docente se concretizou nos anos 1960 1970 ele diz que este modelo tende a contribuir para a manuten o das precariedades existentes no sistema educacional brasileiro j que se apresenta como um instrumento paliativo para a sua resolu o Afirma que embora os editais do PNLD n o explicitem sua concep o de livro did tico os Seus crit rios de avalia o mostram que o Programa tribut rio deste modelo cristalizado de manual escolar j qu
163. fessor Hofling 2000 p 168 Portanto m forma o docente conjugada a n o utiliza o do guia do livro did tico rapidez com que todo o processo de escolha feito e forte poder de press o das editoras s o algumas das caracter sticas que resultam em escolhas sobre um pequeno n mero de livros e editoras geralmente as com maior estrutura financeira para distribuir seus livros Al m da diferen a de poder econ mico das editoras A pr pria forma como o PNLD est estruturado acarreta o mesmo O processo atual que consiste na editora produzir a cole o inscrev la no PNLD e esperar a decis o final tamb m afasta editoras menores e autores independentes Cerri e Ferreira 2007 Caso o livro n o seja aprovado o dinheiro investido perdido ou n o encontra o retorno adequado o que pode representar sua pr pria fal ncia J houve casos em que a exclus o de uma obra do Guia culminou no desaparecimento de editoras e ou em fus es de grupos editoriais Miranda 2004 Mesmo o livro sendo aprovado as pequenas editoras n o teriam meios de distribu los pelas escolas para a avalia o dos professores Al m disso elas n o t m condi es de entregar as quantidades pedidas pelo programa Cerri e Ferreira 2007 Nesse processo os autores s o os mais prejudicados pois as editoras como inscrevem v rias obras sofrem muito menos preju zo Cassiano 2007 Por estas raz es Cerri e Ferreira 2007 defendem que o PNLD sej
164. fessor s veria sa da se a pr pria escola p blica brasileira fosse completamente reestruturada o que ao meu ver muito correto O problema que n o temos esse plano em vista Enquanto isso os professores t m que se equilibrar na corda bamba com o que tem em m os mesmo sentindo que algo est inadequado Outros professores n o deixaram de falar que valorizam um texto cr tico que leve o aluno a pensar E alguns at falaram que escolheram o Ararib pelos exerc cios pois consideraram os textos dif ceis para seus alunos como o professor Paulo N s come amos a considerar por uma coisa n o exatamente pela linguagem do Ararib porque eu acho que ela at um pouco dif cil pra leitura da nossa garotada mas mais pela quest o dos exerc cios pra eles mexerem pela quest o das fontes que eles apresentam ent o a gente t m muita imagem e muitos fragmentos de texto A gente tenta trabalhar os textos com eles essa ideia da gente aproximar com um texto do passado uma coisa mais presente eles procuram de alguma forma integrar essa vis o pra n o deixar aquela imagem congelada de que a hist ria uma coisa que aconteceu l e que n o tem v nculo com o presente Ent o do que veio pra gente como oferta nos pareceu ser o melhor livro Paulo entrevista concedida dia 17 08 2011 Percebemos que apesar do Ararib ser o livro mais escolhido cada leitor se apropria de maneira diferente do livro Alguns professor
165. fico abaixo Gr fico 2 Livros did ticos adotados no PNLD 2011 120 100 80 60 40 o o O a a Koy N o xS O q D O E US A PS lt S E Livros did ticos adotados http www fnde gov br distribuicaosimadnet pesquisar O m todo de pesquisa foi PNLD 2001 esfera municipal escolas urbanas rio de janeiro estado e munic pio escolas de 1 ao 9 ano S foram classificadas as escolas a partir do 6 ano 16 Informa o obtida na p gina http www rio rj gov br web sme exibeconteudo article id 96310 e Informa o obtida com um funcion rio da SME PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 59 Como podemos perceber o livro mais usado por quase um ter o das escolas o Projeto Ararib da Editora Moderna O livro Hist ria Sociedade e Cidadania da Editora FTD apesar de ser tamb m bastante pedido usado por pouco mais da metade do n mero de escolas que utilizam o outro Ap s este os n meros s o pouco expressivos Lembrando a constata o de Batista feita em 2005 sobre as escolhas dos professores reca rem sobre um pequeno n mero de t tulos e editoras vemos que sete anos depois o quadro permanece o mesmo Minha inten o agora tentar compreender essas escolhas e compar las avalia o do PNLD atrav s de conceito de apropria o de Roger Chartier 1990 ou seja h uma diversidade muito grande nas formas de leitura de acordo co
166. go right I have no time to lose choices and the use of history textbooks in public schools Rio de Janeiro 2012 171p MSc Dissertation Departamento de Educa o Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro This thesis focused at analyzing the process of choosing the history books and the use made of them up from the teachers speech of some municipal schools of the city of Rio de Janeiro Using the methodology of interviews and drawing on the literature on teacher knowledge cultural capital and ways of reading there were fourteen teachers interviewed from different regions of the city In addition a survey was made about the the books chosen by all history teachers in the municipal schools and the result is surprising despite all the PNLD books being used the vast majority of teachers chose only one which is not very highly rated by the program which demonstrates a disagreement between the evaluators expectations of MEC and the teachers Trying to understand why this happened we assume that each reader appropriates the text differently Therefore we seek to understand how the selection process of textbooks at each school what are the criteria of the teachers in their choices which is the place occupied by the book in class what problems the teacher faces in using the book and what strategies the teacher builds on the use of this material The results show that teachers consider PNLD a very important public policy howeve
167. grande n mero de alunos o espa o da escola pode ser considerado pequeno pois os alunos ficam muito apertados principalmente nas salas de aula j que muitas vezes h na chamada quase 50 alunos como relataram as professoras entrevistadas Tamb m h grandes problemas de conserva o com paredes e mesas com pinturas descascadas e pichadas As salas de aula s o bem iluminadas contam com ventiladores de teto TV e DVD e os murais s o arrumados Apesar desses problemas as professoras identificam sua escola e seus alunos como sendo diferenciados em rela o aos outros alunos da prefeitura Como no momento em que ela estava falando do n vel cultural dos alunos Os alunos que s o nossos a Gilda sempre fala isso a Gilda deve ter falado tamb m Os alunos que s o nossos da nossa escola eles t m esse exerc cio de leitura porque as professoras do prim rio aqui fazem esse exerc cio Ent o os alunos que s o nossos a gente observa que s o diferentes eles s o diferentes porque eles est o acostumados a usar isso aqui a biblioteca pra caramba fica fila aqui pra pegar livro pra ler E tudo porque incentivado e as professores de portugu s levam essas caixas pra sala eles t m muitos livros pra ler E desde o in cio o aluno vem comigo desde o 6 ano A eu j pego esse aluno que vem do 5 ano que a Andr a que a ngela que s o excelentes professoras e que j fazem esse tipo de trabalho mais f cil mas o que v
168. gunta estava no final do cap tulo e ele tinha que achar a resposta no texto era quase imposs vel Mesmo numa p gina tamb m E muitos vezes os alunos perguntam algo como daqui at aqui Ou seja eles querem encontrar a pergunta no texto e copi la estritamente Como podemos ver no relato de Rafael escola de Copacabana Ent o o que d certo um pouco do que eu falei no in cio do Ararib que eu gosto de fazer determinados fragmentos de textos que vem colado com um conjunto de exerc cios por exemplo que aquele exerc cio com aquela leitura ele d conta de fazer ele n o remete muito Claro remete a uma no o de contexto e mas n o remete a um conhecimento muito espec fico Agora se tem algum exerc cio que ele precisa buscar a leitura no texto para O aluno tem muita dificuldade tem dificuldade at s vezes por entendimento da leitura mas tamb m por um h bito que de procurar uma resposta no texto assim n Onde t a resposta Ent o quer dizer bvio que tem um exerc cio que n o serve pra nada n Se voc for olhar do ponto de vista de ensino aprendizagem n o tem sentido pedir pra ele ir l e copiar Ent o quer dizer n o t exercitando o racioc nio uma capacidade de rela o de compreens o n o Ent o s o as quest es assim eu n o vejo um aluno tendo uma rela o de autonomia com o livro did tico depende muito muito mesmo da maneira de como a gente vai lidar Rafael
169. hecimento do componente curricular da cole o quanto no da pedagogia e da did tica em geral Edital do PNLD p 38 Concluindo o que temos que ter em mente ao tornar o livro acess vel ao professor como uma ferramenta de atualiza o torna o inacess vel aos alunos 5 2 2 N vel cultural dos alunos e a dificuldade de uso dos livros Esse tema que vem aparecendo recorrentemente merece mais aten o da nossa parte pois apareceu recorrentemente na fala dos entrevistados E isso apesar de algumas diferen as entre as escolas do SOCED e as outras geral Os professores dessas escolas tamb m faziam o mesmo tipo de coment rio Os professores de Hist ria se sentem bastante desnorteados quanto ao que fazer PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 123 quando encontram turmas onde grande parte dos alunos s o semianalfabetos Como a professora Clara que disse Problemas que eles t m que s o de interpreta o eu acho que um problema bastante s rio e vem de forma o deles j desde o prim rio e isso acaba fazendo muita falta n que ler um texto e N O entender em absoluto o que ele quer dizer Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 O n o est em caixa alta porque a professora frisou bastante isso E a pergunta que n o quer calar como ensinar hist ria a alunos que mal sabem ler Que n o entendem um texto A professora Claudia fala sobre esse problema O primeiro problema que eu e
170. ho a camiseta reserva custa 358 reais hein T bom hein A ele aaaa como se o aluno estivesse com vergonha A o pessoal fica zoando brinca assim Mas trazendo pra coisas palp veis traduzindo as palavras agora tiveram a preocupa o de colocar no linguajar bem acess vel pra eles tamb m um ponto positivo eu acho que muita gente pode detonar n o sei quais foram as opini es mas eu t vendo como coisa mais coisa positiva do que negativa essa apostila a Paulo entrevista concedida dia 17 08 2011 O primeiro ponto destacado e considerado super positivo o fato de todos terem o material Se lembrarmos das queixas anteriores que os alunos n o devolvem os livros e por isso passam a faltar livros ao longo do tempo os cadernos pedag gicos realmente sanam em parte o problema Digo em parte porque o problema do livro n o resolvido e sim de ter algum material para o aluno mas que perde em qualidade principalmente por ser preto e branco Outro ponto positivo levantado pelo professor o linguajar ser mais acess vel aos alunos Vemos de novo as informa es sendo complementadas eles reclamam da linguagem dos livros ser muito distante da realidade das escolas municipais e em contrapartida viram nessa quest o um ponto positivo dos cadernos Embora alguns professores tenham achado simplista demais como Jorge e Gilson a opini o dominante foi que era mais f cil trabalhar os cadernos PUC Rio Certifica o Digital N
171. ho de interlocu o N o adianta ter um livro considerado muito bom se n o usado e Como s o os livros atualmente e caso eles tenham vivido o per odo pr avalia o que diferen as poderiam apontar Muitos professores entrevistados n o viveram o momento pr avalia o Por isso essa quest o n o teve tanta nfase e nem foi abordada no cap tulo 5 Mas os professores mais antigos s o un nimes em afirmar que o programa melhorou a qualidade dos livros al m da chegada peri dica ter estimulado o uso j que antes dependiam de repasses de livros sem uma periodicidade al m de chegar qualquer PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 161 livro e n o o que eles queriam Ou tamb m dependiam de doa es e que os alunos comprassem No entanto reclamam muito do fato do livro n o ser do aluno dizendo que este um fator de desvaloriza o do material Alguns tamb m ressaltaram o fato de ser gr tis e defenderam que custasse muito barato mas que eles se sentissem comprando o material e n o recebendo de gra a apesar de vir dos nossos impostos e Que aspectos poderiam melhorar nos livros e no PNLD na opini o dos professores entrevistados De acordo com o que foi falada acima os professores acham que os livros deviam ser dos alunos e n o emprestados Muitos acham que a linguagem tinha que estar mais pr xima do universo dos alunos Eles tamb m falaram sobre a dificuldade na reposi o dos livros e C
172. ia no caso aqui apesar de n o ser uma escola dessa poca acho que dos anos sessenta oitenta que eram chamados caixotes que s o muito fechadas ou n o tem espa o o aluno acaba ficando dentro daquela rea reduzida e aqui a escola antiga n o dessa poca mais mais antiga e n o tem uma rea que o aluno possa ter para Z brincar para correr n o tem uma quadra Ent o o ambiente escolar muito barulhento digamos assim E s vezes quando o tempo de aula que eu dava era na hora do recreio dos menores o barulho todo voc tem dificuldade de falar por causa do barulho Marcos entrevista concedida dia 19 09 2011 Apesar disso ela uma das escolas com melhores resultados da rede suas notas na Prova Brasil para o 9 ano foram 6 10 em 2005 e 5 96 em 2007 e sua diretora ocupa o cargo h mais de vinte anos Pelo question rio do SOCED aplicado a todos os professores pais e alunos do 9 ano podemos aferir um pouco sobre o p blico que a frequenta que parece bastante diferente de outras escolas da rede No question rio dos pais por exemplo 37 afirmam que tem curso superior completo e outros 37 o ensino m dio Apenas 20 s completaram o ensino fundamental e 6 possuem p s gradua o Podemos perceber que a grande maioria dos pais possui um bom n vel de escolaridade com impactos na educa o dos filhos A escola tem cerca de 800 alunos distribu dos nos dois segmentos do Ensino Fundamental
173. ia propaganda vendas e pesquisa eleitoral H quinze anos come ou a dar aula num projeto do Telecurso 2000 Fez concurso para professor de Sociologia para o estado e de Hist ria para a prefeitura onde assumiu em 2002 Hoje trabalha nas duas redes al m de uma escola particular o professor que mais trabalha de todos os entrevistados tendo quatro empregos que totalizam cinquenta e quatro horas semanais Nesses dez anos de prefeitura j passou por algumas coordenadorias como a 6 a 3 e a 2 Nesta ltima trabalhou primeiro no Alto da Boa Vista Mas fecharam algumas turmas em sua escola e como ele era o professor mais novo da casa teve que procurar outra para completar seu hor rio Assim foi parar na escola da Urca no in cio de 2011 onde hoje cumpre os doze tempos Ap s entrar nessa escola houve uma situa o que ele pr prio definiu como sui generis PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 73 tinha acabado de chegar e a diretora o convidou para ser coordenador pedag gico porque o cargo estava vago Passado alguns meses o cargo de diretor adjunto ficou vago e a diretora o convidou para assumir mesmo sem ele ter nem um ano de escola Por m devido a uma incompatibilidade de hor rio ele teve que largar o cargo logo depois de ter assumido na informalidade Me pareceu bastante curioso a diretora convid lo j que esta escola t m professores muito antigos e estes cargos geralmente s o ocupados por pess
174. ieu o capital cultural um ter que se tornou ser uma propriedade que se fez corpo e tornou se parte integrante da pessoa um habitus 1979 p 74 A ideia de capital cultural vem primeiro como uma hip tese explicativa da desigualdade de desempenho escolar de crian as provenientes de diferentes classes sociais relacionando o sucesso escolar distribui o do capital cultural entre as classes e fra es de classe Para ele as fam lias transmitem a seus filhos um sistema de valores impl citos e profundamente interiorizados que ajudam a definir as atitudes face escola Logo a apropria o do capital cultural est articulada aos h bitos prim rios adquiridos na fam lia Um aspecto importante do capital cultural para Bourdieu a linguagem A linguagem escolar s uma l ngua familiar para as crian as oriundas das classes cultas De todos os obst culos culturais aqueles que se ligam l ngua falada na fam lia s o os mais dif ceis sobretudo nos primeiros anos de escolaridade Mas essa influ ncia de origem n o cessa por duas raz es a forma de falar estar sempre atuante impl cita ou explicitamente consciente ou inconscientemente em todos os n veis da vida escolar inclusive e talvez principalmente pelos professores que s o os encarregados da avalia o E tamb m Porque a l ngua n o um simples instrumento mais ou menos eficaz mais ou menos adequado do pensamento mas fornece al m de um
175. irro da Urca pertencendo 2 CRE Este bairro um lugar privilegiado no Rio de J aneiro Al m de ter um nico acesso e um grupamento militar fazendo com que ele tenha ndices de criminalidade praticamente nulos ele abriga o P o de A car um dos mais importantes cart es postais da cidade Nele vive uma popula o de classe m dia alta em pr dios antigos ou casar es com uma arquitetura muito caracter stica que lhe d um ar buc lico A escola est situada numa dessas casas antigas Como o edif cio inicialmente tinha outros fins a estrutura f sica n o boa Logo ela apertada cada sala tem um tamanho diferente uma sala inclusive tem entrada por outra ou seja qualquer aluno que queira ir ao banheiro tem que passar por outra sala onde ocorre a aula de outro professor o tratamento ac stico muito ruim enquanto h recreio no p tio as salas do t rreo sofrem muito com o barulho sendo praticamente imposs vel ouvir a voz de algu m a n o ser que fale muito alto e a escola depende de outros espa os do bairro para as aulas de educa o f sica serem realizadas Sobre essa quest o do barulho o professor Marcos disse 23 As informa es foram obtidas no dossi da escola feito por Maria Luiza Canedo que faz parte da equipe Soced PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 71 Pois essa dificuldade acho que no geral as escolas t m As da prefeitura acho que talvez mais porque a maior
176. ito agrad vel Jorge tamb m diz que sempre gostou de Hist ria mas que no meio da faculdade entrou em crise e n o sabia mais se era aquilo que queria fazer Come ou o curso na UERJ em 2001 e a partir de 2005 come ou a dar aula em escola particular Entrou para a prefeitura em 2008 mas como foi chamado no meio do ano ficou o resto do ano em outra escola e s no in cio de 2009 que foi para essa J fez dupla em outro CIEP em Cosmos mas agora tem uma no seu pr prio CIEP tarde dando aulas de teatro para alunos do primeiro segmento do ensino fundamental Tamb m trabalha numa escola particular e num cursinho pr vestibular 4 4 5 A heterogeneidade da princesinha do mar a escola de Copacabana e o professor Rafael O pr ximo professor entrevistado foi Rafael que trabalha numa escola em Copacabana bairro carioca mais conhecido mundialmente Reza a lenda que o bairro leva esse nome devido c pia de uma imagem da Nossa Senhora de Copacabana que mercadores de prata peruanos teriam levado nica constru o do imenso areal uma capelinha onde hoje est situado o Forte de Copacabana O primeiro acesso terrestre ao bairro foi feito no s culo XIX A urbaniza o da regi o come ou com a constru o do T nel Velho e a chegada em 1892 dos bondes da Companhia Ferro Carril Jardim Bot nico A Avenida Atl ntica foi inaugurada em 1906 pelo prefeito Pereira Passos e duplicada em 1919 pelo prefeito Paulo de Frontin Em 1917 o bai
177. ito dif cil valorar um livro em sua totalidade Como ele feito a muitas m os tem partes muito diferentes entre si e isso fica muito marcado Por isso para cada aspecto a ser avaliado existem alguns crit rios avaliativos Assim o Manual do Professor pode ser encaixado nos quesitos Formal Contextualizado e Reflexivo O primeiro o que praticamente se limita a p r apenas as respostas dos exerc cios propostos n o fornecendo mais informa es e orienta es ao professor e explicando o essencial sobre os princ pios norteadores da cole o O contextualizado explica melhor quais s o esses princ pios fornece orienta es claras para o uso do livro mas ainda limitado na proposi o de orienta es adicionais tanto de leituras extras quanto atividades a serem realizadas J o reflexivo explica densamente os princ pios conceituais te ricos e curriculares da cole o fazendo uma reflex o sobre o campo da Hist ria e da PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 55 Educa o hoje al m de propor trabalhos e textos complementares Podemos dizer que um manual do tipo reflexivo fornece elementos para uma forma o continuada segundo o pr prio Guia do PNLD Das cole es aprovadas 44 t m o manual do professor classificado como formal 37 como contextualizado e apenas 19 como reflexivo Logo apesar do guia afirmar que n o trabalha com categoriza es que diferenciem as obras a partir de uma escala progres
178. iz a entrevista na escola Tamb m busquei informa es sobre o bairro na p gina do Instituto Pereira Passos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 82 4 4 1 O segundo o sis a escola do Caju e o professor Roberto O primeiro professor a ser apresentado foi tamb m meu primeiro entrevistado Como cheguei a ele A UFRJ oferece um curso latu sensu de Ensino de Hist ria prioritariamente para professores de escolas p blicas Meu marido foi um dos alunos no ano de 2010 e enviou um e mail ao grupo de professores falando da minha pesquisa e perguntando quem poderia me conceder uma entrevista De todos apenas dois responderam muitos eram professores de escolas estaduais que estavam fora no meu mbito de estudo Assim entrei em contato com Roberto em abril de 2011 e realizamos nossa entrevista dia 3 de maio em sua escola A escola est localizada no bairro do Caju 1 CRE regi o portu ria e muito degradada da cidade vizinha ao centro Este bairro tem uma longa hist ria e conta com muitas institui es Foi o primeiro local de banho de mar da cidade frequentado pela fam lia real onde se localiza a casa de banhos de Dom Jo o VI Antes pertencia ao bairro de S o Cristov o mas com a cria o da Avenida Brasil que o dividiu surgiu o bairro do Caju Ele j sofreu muitos aterros para a amplia o do porto Tem muitas ind strias e estaleiros que juntos desfiguraram o perfil original do bairro Ele ainda conta com o
179. ler o livro e ele abre o jornal Eu falei quer saber eu n o vou ficar discutindo por causa disso Camila entrevista concedida dia 30 08 2011 Um problema destacado por ela e pela professora Silvia a superlota o das salas com livros n o utilizados No caso da escola da Silvia eu mesma vi pois ela me levou para dar uma olhada e eram estantes lotadas com pacotes fechados Muitas escolas guardam os livros para o caso de faltar nos anos seguintes Por m mesmo assim o quantitativo de livros abandonados enorme Chegavam caixas e mais caixas de livro para o professor Inclusive fica encalhado na escola e a dire o pede para a gente levar embora esses livros Tem professor que leva pro filho Mas realmente chegou e n o tem o que fazer a escola n o tem espa o f sico No meu caso a escola teria um laborat rio de ci ncias que est tomado de livros Ele n o funciona como laborat rio de ci ncias porque para os livros que chegam do governo federal Chegam a mais ou de edi es que j sa ram mas que a gente n o se desfaz Porque quando aumenta o quantitativo de uma s rie vai precisar pegar aquele ali tamb m ent o tem que ficar guardado PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 135 Voc v o espa o do laborat rio que poderia estar sendo usado d um aperto no cora o Sendo usado como dep sito Os livros ficam jogados tra a barata e o ensino de ci ncias que poderia ter melhorado naquel
180. livro vimos que eles geralmente afirmam que os mesmos s o dif ceis e desconectados da realidade dos educandos Pensando ser o PNLD uma pol tica em mbito nacional e levando em considera o o jarg o repetido o tempo todo que os professores no Brasil s o mal formados realmente o MEC poderia ver no livro did tico um instrumento de forma o continuada para o professor N o estou querendo desqualificar a informa o da m forma o dos professores Realmente a carreira de professor passa por in meros problemas O primeiro deles a pouca atra o que exerce sobre os jovens mais qualificados devido s m s condi es de emprego e sal rio Mas n o podemos generalizar essa informa o Embora em nenhum momento essa hip tese da professora seja confirmada no guia ou no edital do programa este ltimo nos fornece algumas pistas Vejamos o que fala num dado momento Espera se sobretudo que o livro did tico contribua para o acesso de professores alunos e fam lias a fatos conceitos saberes pr ticas valores e possibilidades de compreender transformar e ampliar o modo de ver e fazer a ci ncia a sociedade e a educa o Edital PNLD 2001 p 35 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 122 Atrav s dessa passagem fica claro que o MEC espera que o livro did tico forne a aos professores uma esp cie de forma o continuada N o questiono isso a priori Realmente se pensarmos no tamanho do nosso pa s
181. lvia Silvia a ltima professora entrevistada trabalhava com um amigo meu numa escola em Rio das Pedras 7 CRE enorme comunidade composta primordialmente de nordestinos localizada em Jacarepagu Por m agora a escola est alocada numa escola da Barra da Tijuca porque no in cio de 2010 ela desabou Infelizmente n o terei como disponibilizar os dados de Rio das Pedras que ofereci dos demais pois como n o reconhecida como bairro n o h dados na p gina do IPP Fora isso encontrei informa es b sicas na internet sobre o lugar Descobri que oficialmente dividido entre Itanhang e Anil come ou a crescer nas d cadas de 1970 80 t m em torno de 250 mil moradores creio que a maior favela horizontal da cidade uma forte economia local com um farto com rcio bares e uma casa de show que tinha o baile funk mais famoso da cidade atraindo jovens inclusive da zona sul Rio das Pedras era conhecida no final da d cada de 1990 e in cio de 2000 como a favela sem tr fico que a mil cia pouco conhecida da regi o tinha expulsado os bandidos e era ela que tomava conta sendo literalmente o poder local Se no in cio aquilo era glorificado depois de alguns anos as pessoas come aram a entender realmente que tipo de poder era aquele Hoje as conhecidas mil cias que podem ser caracterizadas como m fias controlam in meras favelas da zona oeste e contam com vereadores e deputados ligados a elas Podemos dizer que el
182. m as compet ncias expectativas e disposi es dos leitores Al m disso Por um lado a leitura pr tica criadora atividade produtora de sentidos singulares de significa es de modo nenhum redut veis s inten es dos autores de textos ou dos fazedores de livros Por outro lado o leitor sempre pensado pelo autor pelo comentador e pelo editor como devendo ficar sujeito a um sentido nico a uma compreens o correta a uma leitura autorizada Abordar a leitura portanto considerar conjuntamente a irredut vel liberdade dos leitores e os condicionamentos que pretendem refre la Chartier 1990 p 123 No caso dos livros did ticos a complexidade fica ainda maior j que s o destinados a dois tipos de leitores os professores e os alunos Esses dois grupos s o completamente diferentes entre si com rela o s expectativas compet ncias e disposi es o professor que escolhe o livro de acordo com o seu alunado e sua realidade s cio cultural tentando organizar um protocolo de leitura ainda que o aluno possa subvert lo de diversas formas Da mesma forma no caso do PNLD a leitura autorizada se d em dois n veis o dos autores editores e o do governo que avalia e seleciona os livros que poder o ser utilizados nas escolas p blicas de todo o pa s organizando um protocolo oficial de leitura materializado no Guia de Livros Did ticos elaborado pelo Minist rio da Educa o MEC Primeiramente descre
183. m em informativas ou cr tico reflexivas tendo duas subdivis es forma de abordagem do conte do e orienta es ao professor As informativas se limitam a incluir os temas vinculados cronologia europeia sem problematizar o aspecto temporal al m de fornecer apenas mais informa es Quanto abordagem dos conte dos 62 das cole es s o avaliadas dessa forma e quanto orienta o dada ao professor 75 As cr tico reflexivas abordam os temas para al m da fixa o de conte dos problematizando passado e presente mudan as e continuidades e a o dos sujeitos constituindo atitudes a partir de uma consci ncia hist rica Nesse bloco se encontram 38 das cole es no quesito tratamento do conte do e 25 no quesito orienta o dada ao professor Depois de explicitar cada um desses crit rios o guia apresenta um quadro s ntese com a forma como cada cole o foi avaliada Para facilitar a an lise da avalia o das cole es exponho na tabela abaixo a quantidade de cole es que est em cada categoria A nica categoria n o inserida o tratamento temporal hist ria integrada ou tem tica pois como falamos apenas uma cole o se encaixa nesse quesito PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 57 Tabela 10 AVALIA O DAS COLE ES DE HIST RIA PNLD 2011 Avalia o Quantidade de cole es 7 Formal Manual do professor Contextualizado Reflexivo Metodologia Linearidade da Hist ria tra
184. m exerc cio de leitura no in cio do ano para saber o quanto seus alunos t m flu ncia E tamb m disse que mais f cil fazer esse trabalho com os menores O professor Gilson enfrenta o mesmo problema pois seus alunos s o mais velhos muito dif cil trabalhar com livro muito dif cil n ent o eu n o tenho esse costume de ler em sala de aula com eles n sabe de ler alto porque enfim eu ainda to me iniciando no munic pio n e uma coisa muito complicada pra essas turmas mais velhas pelo menos na minha realidade de voc fazer o garoto ler porque ele se sente muito constrangido n o sabe ler na maioria das vezes tem alunos que n o sabem ler Gilson entrevista concedida dia 01 11 2011 Para completar a professora V nia estimula muito seus alunos a produzirem seus pr prios textos apesar desse exerc cio estar cada vez mais dif cil Diz que come a com uma frase depois um par grafo at formar um texto Essa valoriza o do texto escrito ela atribui a sua forma o como professora prim ria Primeiro eles leem e depois eu leio com eles A fa o sublinho coisas importantes fa o alguns sin nimos transformo em coisas mais simples leio por por es Para poder tirar cada uma E normalmente quando o texto est assim est muito dividido em coisas que eu acho importante depois que eu sublinho falo passa esse texto agora para o caderno arrumado agora s com as coisas sublinhadas A o texto fica como e
185. m mais clareza durante a realiza o das entrevistas Ainda segundo Duarte 2002 p 144 medida que se colhem os depoimentos v o sendo levantadas e organizadas as informa es relativas ao objeto da investiga o e dependendo do volume e da qualidade delas o material de an lise torna se cada vez mais consistente e denso Quando j poss vel identificar padr es simb licos pr ticas sistemas classificat rios categorias de an lise da realidade e vis es de mundo do universo em quest o e as recorr ncias atingem o que se convencionou chamar de ponto de satura o d se por finalizado o trabalho de campo sabendo que se pode e deve voltar para esclarecimentos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 70 4 3 Os professores e escolas do SOCED Iniciei os primeiros contatos com as escolas pesquisadas pelo SOCED Ligava para as diretoras e marcava de ir num dia e hor rio que houvesse professores de Hist ria geralmente s quartas feiras dia do centro de estudos quando os professores t m hor rios livres para planejamento reuni o corre o de provas etc 4 3 1 A exce o das exce es a escola da Urca e o professor Marcos A primeira escola que consegui estabelecer contato foi um pouco diferente Uma doutoranda do SOCED ia fazer uma entrevista com uma m e de aluno na escola e eu marquei com ela no final da entrevista para que ela me apresentasse diretora Esta escola localizada no ba
186. me ou a faculdade em 1984 Ent o ele tinha ideias de mudan as para o pa s Afirma que na poca principalmente na UERJ onde se formou era muito dif cil fazer bacharelado e que a maior parte das pessoas fazia licenciatura Ao longo do curso trabalhou num banco mas assim que terminou j come ou a trabalhar em escola particular Nesse momento da entrevista disse rindo que ele ganhava quatro vezes mais como professor dando sete tempos de aula do que no banco Em 1992 Paulo passou para o estado e continua at hoje pois diz que n o se sentia muito atra do em dar aula para crian as pois sua praia mesmo hoje em dia trabalhar com o vestibular Mas em 1993 passou no concurso da prefeitura e foi trabalhar em Bangu Assim que p de mudar achou que ia para mais perto mas foi para Santa Cruz e ficou l por cinco anos Gostava da escola diz que era uma zona rural e a din mica era muito diferente os alunos eram diferentes o que lhe possibilitava fazer um determinado tipo de trabalho que hoje n o consegue mais Em 1999 conseguiu mudar para a escola de Del Castilho onde permanece Apesar de afirmar que l as coisas tamb m eram diferentes n o trocaria esta escola por outra dizendo que as coisas funcionam dentro do que poss vel funcionar bem ent o aqui a escola atende no momento Paulo faz dupla reg ncia em outra escola no Engenho Novo al m de trabalhar numa escola particular na Zona Sul da cidade Al m da gradua o
187. micro ou quanti quali t o valorizada pelo grupo e pelos programas de p s gradua o atualmente Apesar de n o ter participado do momento da escolha das escolas penso ser importante relatar como foi este processo j que foram as escolas municipais estudadas pelo SOCED o meu ponto de partida para a pesquisa As escolas da rede municipal pesquisadas foram selecionadas com base nos resultados obtidos na Prova Brasil em 2005 e 2007 tanto na 4 como na 8 s rie do ensino fundamental atual 5 e 9 ano Carvalho Felipe e Mandelert 2011 Assim buscaram se escolas que obtiveram m dia superior m dia do munic pio nos dois anos da avalia o Al m disso dado que as escolas privadas j estudadas eram estabelecimentos de m dio e grande porte e atendiam a todos os segmentos escolares na sele o das escolas municipais estes crit rios tamb m foram importantes Logo buscaram se escolas com mais de 800 alunos matriculados e com um m nimo de tr s turmas no 9 ano al m de atender aos dois segmentos do ensino fundamental N o havia como buscar escolas que atendessem a todos os segmentos j que os munic pios s o respons veis prioritariamente pelo atendimento do Ensino Fundamental e Educa o Infantil e os estados pelo Ensino M dio Na cidade do Rio de Janeiro podem se encontrar escolas estaduais que atendem ao Ensino Fundamental mas n o se encontram escolas municipais que atendem ao Ensino M dio Crit rios extra escolares
188. n NOGUEIRA Maria Alice amp CATANI Afr nio orgs Escritos de Educa o Petr polis Vozes 2007 BOURDIEU Pierre Os tr s estados do capital cultural In NOGUEIRA Maria Alice amp CATANL Afr nio orgs Escritos de Educa o Petr polis Vozes 2007 BRAND O Zaia Operando com conceitos com e para al m de Bourdieu In Educa o e Pesquisa S o Paulo v 36 n 1 p 227 241 jan abr 2010a BRAND O Zaia Conversas com p s graduandos 2 Ed Rio de Janeiro Forma amp A o 2010b BRITO Luiz Percival Leme Livro did tico e autonomia docente In MARFAN Marilda Almeida Org Anais do Congresso Brasileiro de Qualidade na Educa o forma o de professores Bras lia MEC SEF 2002 CAIMI Fl via Eloisa Por que os alunos n o aprendem Hist ria Reflex es sobre ensino aprendizagem e forma o de professores de Hist ria In Revista Tempo UFF Niter i vol 11 n 21 Jul 2006 CARVALHO Cynthia Paes de FELIPE Luiza Helena Lamego MANDELERT Diana Uso de dados de avalia o para escolha de escolas para um Survey desafios para a imagina o e o rigor metodol gico In Ensaio avalia o de pol ticas p blicas educacionais Rio de Janeiro v 19 n 70 p 127 148 jan mar 2011 CASSIANO C lia Cristina de Figueiredo Aspectos pol ticos e econ micos da circula o do livro did tico de Hist ria e suas implica es curriculares Hist ria vol
189. nal principiante a professora Clara e a escola de Padre Miguel Dia 17 08 entrevistei a professora Clara no in cio da noite mesmo dia que entrevistei o professor Paulo da escola de Del Castilho Clara trabalhou com uma amiga de faculdade numa escola de Padre Miguel bairro vizinho aos mais conhecidos Bangu e Realengo Essa amiga falou sobre mim e perguntou se poderia me passar seu e mail e telefone o que ela aceitou Assim entramos em contato e marcamos nosso encontro Infelizmente a entrevista n o foi realizada na escola pois bem longe da casa da entrevistada e ela n o tem hor rios livres na mesma Assim como Clara pertence a uma igreja fizemos a entrevista dentro desta no M ier O bairro de Padre Miguel faz parte da 8 CRE zona oeste da cidade bem distante do centro A escolaridade em Padre Miguel heterog nea com n meros similares de escolariza o em cada faixa menos a partir de doze anos de estudos quando o quantitativo cai muito como vemos na tabela Tabela 12 Respons veis pelos Domic lios Particulares Permanentes por anos de estudo Padre Miguel At 4 anos de estudo 5 729 Entre 5 e 8 anos de estudo 5 123 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 86 Fonte http portalgeo rio rj gov br bairroscariocas index bairro htm Acesso em 8 2 2012 Como muitos bairros da Zona Norte ele nasceu do desmembramento de terras na regi o a partir de v rios loteamentos que foram atravessados pela
190. ncontro exatamente esse quando o aluno ou analfabeto ou analfabeto funcional Ele l e aquilo pra ele n o faz sentido algum Ent o essa a maior dificuldade porque hoje voc a maioria dos alunos independente do ano 6 7 ou 8 e de forma muito triste observar que alguns do 9 ano chegam analfabetos funcionais o aluno l e ele n o consegue interpretar que em hist ria eu vou trabalhar com o qu Com interpreta o n risos O aluno l aquilo e ele tem uma dificuldade profunda de compreender o significado daquilo Ent o quando o livro prop e essa coisa que eu falei no caso o livro que foi escolhido do projeto Ararib trabalha com imagem se ele n o teve se ele n o criou nele mesmo essa coisa do enxergar do ver al m ent o ele vai ter uma dificuldade profunda e esse livro prop e diversas formas de leitura n o s leitura do texto leitura da imagem leitura de um quadro art stico Claudia entrevista concedida dia 31 10 2011 Podemos ver que essa professora tenta fazer com que seus alunos aprendam a enxergar o mundo n o apenas um texto mas fazendo outras formas de leitura Disse que em sua escola eles criaram uma turma de realfabetiza o e os professores dentro dos limites de suas mat rias tentavam ensinar os alunos a ler Creio que quando todos n o sabem ler a turma fica mais heterog nea e de certa forma fica mais f cil trabalhar pois voc pode tentar desenvolver ou
191. nos 3 Ajustar se a cada indiv duo Outro problema as mudan as pelas quais passam as sociedades tamb m tornaram os alunos de hoje mais dif ceis de motivar mais inquietos mais indisciplinados com menos concentra o e menos est mulo do ambiente familiar Tudo isso leva os professores ao esgotamento profissional nervosismo d vidas quanto seu papel Al m disso as condi es de trabalho pioraram e ficaram mais complexas Portanto as rela es com os alunos s o fonte de uma tens o ao mesmo tempo em que s o a principal fonte de satisfa o s o tamb m de insatisfa o desafios e dificuldades Por ltimo quero abordar o car ter celular do trabalho docente Ao mesmo tempo em que este car ter cria certa autonomia ao professor pois no fim das contas ele quem decide o que vai fazer em classe traz uma imensa solid o pois a colabora o termina na porta da sala Logo a solid o sin nimo de autonomia mas tamb m de vulnerabilidade pois nas situa es que exigem atua o imediata ele s pode contar consigo mesmo Essa solid o fez com que o professor considerasse a porta como a sua melhor amiga A fala do professor Marcos demonstra bem o que estou querendo dizer como isso sentido e se verifica nas escolas Essa situa o profissional pessoal das pessoas acaba criando digamos uns muros porque o trabalho de um professor muito individualizado Ele tem seu minif ndio ali Ent o a gente ac
192. nseguiu aprender a ler e escrever por m muito precariamente Quase todos moram no entorno da escola que fica um pouco afastada do centro da Taquara uns vinte minutos a p e menos de nibus mas o transporte na regi o muito prec rio Logo ela relata que a vida dos alunos gira em torno da pra a em frente escola e que muitos deles n o conhecem nem o centro do bairro direito Diz que foi uma zona muito esquecida pelo poder p blico e at pouco 77 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas index2 bairro htm Acesso em 11 02 2012 38 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web imagens Renda 20MY C3 AIdia 20dos 20C hefes 20de 20Fam C3 ADlia pdf Acesso em 11 02 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 89 Z tempo atr s tinha ruas mal asfaltadas muita lama e poeira E situada perto da Col nia Juliano Moreira conhecido sanat rio do bairro Camila diz que a escola pequena e muito barulhenta n o s pelo barulho dos alunos como pelo que vem de fora Afirma que tem uma sala de leitura tima com timos livros mas que s est aberta tr s vezes por semana j que quem toma conta s o professores PI que s est o tr s dias na escola Todas as salas passaram a ter TV e DVD nesse ano mas ela relata que os aparelhos de DVD n o leem muitos filmes que o cabo some que os aparelhos quebram e n o s o consertados que o som do entorno atrapalha No momento em que fizem
193. nte tem como reproduzir ent o t ali Fica dispon vel pela internet a gente pode baixar quando falta mas tem o negativo por qu Porque a meu ver aquela ideia da autonomia acabou porque voc fica meio que amarrado voc t preso a datas de provas estabelecidas pela SME hist ria ainda n o tem hist ria e geografia n o tem provas ainda n o provavelmente vir o a partir do ano que vem mas como feita por uma equipe que considerou l o crit rio dela que ela considera mais importante ela acabou s vezes gastando p ginas demais pra uma coisa talvez que eu e voc como professores na sala de aula n o gast ssemos e deixa um furo em outras que talvez n s gostar amos de dar uma nfase maior Ent o o problema que eu vejo esse Agora nesse volume por exemplo na minha vis o veio com muito pouco da parte de exerc cios ent o aqui eles abusaram na quest o de texto texto texto s t com texto Ent o o que a gente faz Pra mim acaba n o sendo problema porque eu transformo muita coisa que eu vejo ali em tarefas em pesquisas pra que eles fa am sempre trazendo o que t na Gr cia e Roma da hist ria para o presente a gente tava fazendo uma compara o da quest o de classes sociais trazendo pra que eles est o vivendo hoje a gente fala de camiseta e at s vezes coisas que a gente acha que muito fora deles a eu falei pra eles camiseta Reserva A a menina ah eu tenho o da reserva Eu falei pra ele p meu fil
194. nteceram nos anos posteriores A extens o a todos os alunos do ensino fundamental s viria a ser contemplada na d cada seguinte com a vincula o regular de verbas ao programa Alguns problemas do PNLD em seus anos iniciais s o distribui o irregular de recursos nunca ter conseguido distribuir universalmente os livros prometidos ou s fazer com que os livros chegassem s escolas muito depois do in cio do ano letivo Cassiano 2007 A discuss o sobre a qualidade dos livros viria na d cada de 1990 Bezerra e Luca 2006 O ano de 1993 pode ser considerado um marco em rela o a essa pol tica No Plano Decenal de Educa o para Todos surgido a partir da Confer ncia Mundial de Educa o para Todos promovida pela UNESCO enfatizava se a necessidade da melhoria qualitativa dos livros a capacita o dos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 25 professores para avaliarem e selecionarem os livros e a implementa o de uma nova pol tica para o livro did tico Assim em 1995 o MEC nomeou uma comiss o de avalia o dos livros did ticos mais pedidos pelos professores por reas de conhecimento referente s s ries iniciais do Ensino Fundamental Os avaliadores apontaram falhas editoriais conceituais e metodol gicas graves A conclus o foi que era necess ria a cria o de mecanismos de controle de qualidade aos materiais adquiridos pelo governo As comiss es por reas de conhecimento eram compostas por vinte
195. o matem tica geografia etc tive que separar por s rie todos os livros de hist ria para ver se tinha quantidade suficiente para os alunos para a partir dali come ar a montar as minhas aulas porque na poca em que eu entrei em 2009 n o tinha componente curricular ou n o tinha conhecimento deste material eu resolvi montar as aulas porque eu nunca tinha dado aula baseado no livro do Ararib Conforme o ano foi seguindo eu fui vendo que era imposs vel N o tinha como dar certo Ent o eu comecei a usar o livro de outras formas Silvia entrevista concedida dia 09 11 2011 Podemos ver que a desvaloriza o passa pela dire o professores e por consequ ncia alunos A quest o a desvaloriza o come ou por qu Os professores abandonaram o livro porque n o viam sentido em seu uso como a professora Silvia Ou a escola nunca teve uma pol tica eficaz em rela o a ele Outro problema foi relatado pelo professor Gilson tamb m novo no munic pio A rede p blica tem a pr tica perversa de colocar os professores novatos para ensinar nas turmas consideradas piores as dos repetentes Como se n o bastasse os livros come am a ser entregues pelas melhores e quando chega a hora das piores receberem acabam Podemos discutir se vi vel ou n o utilizarmos os livros com esses alunos mas caso cheguemos conclus o que n o algum material tem que ser disponibilizado Embora a maioria dos professores diga q
196. o o problema a estrutura que a gente tem de ensino porque quando o aluno chega no 8 ano chega pra mim sem saber ler como que N o tem livro que d jeito Gilson entrevista concedida dia 01 11 2011 Realmente a solu o escapa ao PNLD Mas n o podemos deixar de nos perguntar se o governo n o deveria estar atuando em outras frentes j que gasta milh es de reais com o programa e muitos est o insatisfeitos considerando que os livros feitos n o se adaptam a sua realidade e mesmo deixando de us los por isso O professor Rafael escola de Copacabana exp e sua vis o sobre a inadequa o do livro a esta realidade afirmando que viu uma entrevista com o Darcy Ribeiro e A ele o professor citou o Darcy Ribeiro disse uma coisa que quando ele falou eu falei isso que o modelo de escola que a gente tem uma escola que ela d certo com as classes m dias porque ela vai ter um complemento o aluno vai estudar de manh ali mas tarde tem quem t olhando e fazendo a tarefa com ele ele tem aula de ingl s enfim ele tem um complemento N o s ali n o s naquelas quatro horas e meia cinco horas que ele aprende E a voc joga esse modelo para as classes populares que v o ter muitas vezes o pai analfabeto Como vai querer acompanhar Ou o pai que n o t em casa Rafael entrevista concedida dia 04 10 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 120 Assim esse pro
197. o de Janeiro O que quero relatar que as resenhas s o muito diferentes entre si ficando muito claro que elas s o escritas a muitas m os assim como os livros did ticos Tamb m fica a sensa o de que os livros s o mais positivados nas resenhas do que no quadro s ntese Outra constata o que fa o como professora de Hist ria do Ensino Fundamental que n o d para escolher um livro com base apenas no Guia Entendo a necessidade dos professores em manejar o livro ler o texto base analisar as atividades para concluir qual o melhor livro para os seus alunos Logo confirmando a afirma o feita no cap tulo anterior sai na frente a editora com mais recursos para distribuir seus livros pelo pa s pois os professores n o selecionam os livros apenas pelo guia Essa pode ser uma das raz es das escolhas dos professores reca rem sobre um n mero reduzido de livros Por ltimo e ainda que saibamos que n o existe um livro did tico ideal podemos perceber que quase nenhum livro muito bem avaliado pelos avaliadores o que nos leva a crer que para eles ainda estamos longe de ter um leque de op es satisfat rio Vale uma pesquisa com os mesmos para conhecer melhor suas vis es do que um bom livro did tico Os livros mais bem avaliados s o pouco usados tanto no Rio de Janeiro quanto em outros lugares O que leva os professores da rede municipal do Rio de Janeiro a optar por livros mal PUC Rio Certifica o Digital N
198. o especial ao PNLD No cap tulo tr s discuto o objeto livro did tico para me dedicar ao PNLD 2011 suas diretrizes e seu guia Ap s isso analiso a avalia o que os dois livros mais utilizados na rede municipal do Rio de Janeiro receberam do programa No cap tulo quatro detalho a metodologia da pesquisa a chegada ao campo e apresento os professores entrevistados assim como suas escolas e o local onde est o situadas No cap tulo cinco analiso o material emp rico obtido nas entrevistas tentando responder s minhas quest es iniciais Tamb m explicito o meu olhar sobre as entrevistas assumindo a posi o da teoria como hip tese defendida por Brand o 2010 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 19 2 O livro did tico e o Estado uma rela o conflituosa e necess ria O objetivo deste cap tulo tra ar um hist rico da rela o do Estado com o livro did tico atrav s na descri o e an lise das pol ticas voltadas para o setor Poderemos perceber que essa rela o muito mais antiga do que o PNLD sendo este um herdeiro de programas anteriores Um aspecto importante a ser mencionado que n o por acaso que essa rela o antiga j que atrav s dos livros o Estado prop e mesmo que indiretamente um curr culo comum Segundo Batista 1999 o Estado quase sempre atua na produ o did tica e o controle desse campo motivo de disputa de diferentes grupos de interesses sociais pol ticos
199. o exerc cio do livro Eu crio os pr prios exerc cios tanto pra prova quanto pra exerc cios em sala de aula Mas eu tamb m olho isso exerc cios que consigam trabalhar mais com a sei l capacidade do aluno de comparar um per odo e outro de pensar a quest o do tempo hist rico pensar a quest o de transforma o e menos exerc cios que busquem assim fixar O conte do Carolina Question rio n Rafael Forma de decorar s n Esses exerc cios j n o me agradam Agora o exerc cio que o aluno consiga analisar uma fonte consiga perceber tirar informa es sobre um texto de poca sobre uma pintura sobre enfim Quando o livro consegue trazer esse tipo de exerc cio uma outra coisa que me agrada muito Nesse caso espec fico a quest o at da diagrama o contou porque eu sei qual o meu aluno eu sei que isso vai fazer diferen a isso vai atrair ou n o no momento de abrir o livro pra ler alguma coisa Sabe assim tem livro que ele assusta s no primeiro olhar Carolina E as imagens mapas essas coisas voc d uma olhada nisso Rafael Imagens no sentido at de fontes mesmo a possibilidade de leitura de tirar interpreta es daquilo quando o livro consegue amarrar essa imagem com uma reflex o n o s meramente ilustrativa bem melhor claro N o a imagem pela imagem que t ali voc consegue um di logo melhor Mas tudo isso muito baseado em quem meu o aluno Entrevis
200. o nos editais sendo que em alguns casos os argumentos contrariam os editais d busca pelos avaliadores de algumas disciplinas de um modelo ideal de livro totalmente distanciado da realidade do professorado da escola p blica para isso colabora o excesso de crit rios de exclus o por exemplo para l ngua estrangeira moderna temos 27 crit rios apenas na avalia o pedag gica sendo 5 comuns 16 espec ficos 6 relativos ao Manual do Professor e discrep ncia entre relat rios o mesmo t pico elogiado em uma obra criticado em outra f discrep ncia entre disciplinas algumas aprovam 80 das obras inscritas outras reprovam 80 p 2 O autor segue com as propostas para a melhoria do programa Mas o que nos interessa aqui realmente constatar que os avaliadores n o podem ser considerados infal veis e que as escolhas dos professores deveriam ter recebido um olhar mais atento por parte do MEC Uma das propostas do documento inclusive que se abra um canal de di logo maior com o professorado das escolas p blicas ouvindo os sobre o uso de obras adotadas a fim de melhorar o Guia de Livros Did ticos e aproximar os pareceristas da realidade dos professores Portanto concordo com Cassiano 2007 quando afirma que n o houve nenhum esfor o para compreender quais outras raz es poderiam estar por tr s das escolhas dos professores al m de n o haver nenhum di logo com os docentes havendo um apagamento da voz do professor
201. o programa est estruturado impede a entrada de editoras menores ou projetos alternativos Se por um lado o PNLD ajudou a demarcar padr es de qualidade por outro ajudou a PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 158 cristalizar um modelo de livro did tico que n o necessariamente atende grande heterogeneidade de situa es de ensino no Brasil Como afirmei no cap tulo meu principal questionamento com rela o quantidade de conte dos que torna o ensino de Hist ria memorizador e n o problematizador Claro que completamente diferente de anos atr s mas a quantidade de conte dos que os professores tem que dar conta leva a uma aula mais expositiva N o sou contra a aula expositiva e certamente h professores que sabem faz la muito bem A quest o o que se privilegia do conhecimento hist rico e consequentemente o que o aluno leva disso para a sua vida O pr prio edital deixa claro que o grande desafio de uma boa cole o de hist ria a nfase na constru o do conhecimento hist rico e n o na quantidade de conte dos Isso me leva a lembrar de um texto de Caimi quando afirma Em se tratando do predom nio de um ensino mec nico pautado na memoriza o basta conversar com adultos egressos de uma escolariza o b sica completa isto com pessoas que conclu ram os estudos secund rios para perceber qu o pouco resta dos conhecimentos estudados nas aulas de Hist ria Nada mais do que fr
202. o se diretamente ao aluno como se n o houvesse a intermedia o do professor continuam sendo considerados um importante formador de identidades n o mais um doutrinador mas um formador de cidad os apresentam cada vez mais diversos tipos de documentos a fim de desenvolver habilidades de an lise cr tica Portanto estou entendendo como livro did tico um material impresso estruturado destinado ou adequado a ser utilizado num processo de aprendizagem ou forma o Oliveira s d apud Oliveira 1984 Batista tamb m nos recorda outras caracter sticas importantes o livro did tico ef mero se desatualiza rapidamente Por isso quase n o mantido em bibliotecas p blicas ou particulares Raramente relido ao menos pela mesma pessoa e dificilmente se retorna a ele para consultas posteriores Tem pequena autonomia em rela o ao contexto da sala de aula e sua utiliza o est intimamente ligada aos intervalos de tempo escolar e ocupa o dos pap is de professor e aluno desprestigiado em rela o a outros livros e esse desprest gio parece que afeta tamb m os que o usam inclu dos os pr prios pesquisadores Eu tamb m incluiria os professores Bittencourt 1996 tamb m tece algumas considera es complementares O livro did tico um produto para ser consumido em um per odo breve de tempo feito de acordo com o ritmo das reformas curriculares Apesar de possuir uma grande tiragem de exemplares pouco preserva
203. o um levantamento dos livros escolhidos por todos os professores de Hist ria da rede municipal e o resultado surpreendente apesar de todos os livros do PNLD serem utilizados a grande maioria dos professores escolheu apenas um que n o muito bem avaliado pelo PNLD o que demonstra um desacordo entre as expectativas dos avaliadores do MEC e as dos professores Tentando entender por que isso ocorria partimos do princ pio que cada leitor se apropria de forma diferente do texto Por isso buscamos entender como o processo de escolha dos livros did ticos em cada escola quais s o os crit rios dos professores em suas escolhas qual o lugar ocupado pelo livro na aula quais problemas o professor enfrenta na utiliza o do livro e quais estrat gias o professor constr i para a utiliza o deste material Os resultados apontam que os professores consideram o PNLD uma pol tica p blica muito importante por m sentem muita dificuldade no uso dos livros por considerarem seu vocabul rio muito distante do universo cultural dos seus alunos Al m disso n o existe um clima favor vel escolha do livro nas escolas sendo sempre um processo muito corrido al m do guia do PNLD quase n o ser uma ferramenta para as suas escolhas Palavras chave livro did tico escolhas usos professores PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Abstract Queir z Carolina Penafiel de Brand o Zaia Advisor I just want to know what can
204. o veio falando Gr cia e Roma A gente n o d Roma no terceiro bimestre eu pedi pra eles guardarem a apostila quando chegar na metade a gente s usa os exerc cios mesmo porque eu sigo muito mais o livro que isso fique bem claro eu n o sigo aquela apostila eu s utilizo os exerc cios da apostila Bruna entrevista concedida dia 10 08 2011 Paulo tamb m sentiu o mesmo Al m disso lembrou que o conte do prov vel do 4 Bimestre Idade M dia n o trabalhado na maioria dos livros no 6 ano apenas no in cio do 7 E faz uma cr tica muito interessante Essa problem tica viria por isso que uma coisa que feita assim sem o perfeito entrosamento nessa hora que a gente fala assim a gente t falando de banana e o outro t falando de Rolls Royce Porque voc t procurando fazer a coisa andar de um jeito que voc t vivendo s que s vezes as inst ncias superiores parecem que beberam e fogem completamente do que voc t fazendo ent o j vai ter uma desconex o O que a gente vai tentar fazer no ano que vem Das duas uma ou o PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 151 caminho natural vai ser voc vai fingir que n o tem aquela parte no livro chutar o pau da barraca ou ent o considerar agora o ltimo Paulo entrevista concedida dia 17 08 2011 O ltimo ponto abordado por Paulo em seu coment rio geral sobre as apostilas a pouca quantidade de exerc cios e grande quantidade de texto
205. oas de confian a ou que tenham alguma intimidade com a organiza o e o pessoal da institui o 4 3 2 A nostalgia de outros tempos os professores T nia V nia e Paulo e a escola de Del Castilho A segunda escola visitada est localizada no bairro de Del Castilho pertencente 3 CRE uma zona residencial e tranquila Perto dali h a zona comercial sendo que dois grandes shoppings da zona norte s o pr ximos A regi o conta com farta rede de transportes com linhas de nibus metr e trem A escola atende a alunos dos bairros de Del Castilho 63 Inha ma 7 2 Maria da Gra a 5 4 Benfica Cachambi 4 5 ambos Jacar Madureira Olaria Tom s Coelho 1 8 todos Higien polis M ier Comunidade Bandeira 2 Jacarezinho Penha Piedade Pilares Ramos e Turia u 0 99 A escolaridade dos pais diferente da escola da Urca que na verdade uma exce o na pr pria sociedade brasileira como um todo Nesta 64 afirmam ter o ensino fundamental 21 o ensino m dio 12 o ensino superior e 2 p s gradua o A escola est constru da em centro de terreno e possui uma boa estrutura f sica As salas de aula s o iluminadas bem conservadas todas possuem TV e DVD e os murais t m trabalhos e atividades fixados O laborat rio de inform tica possui apenas seis computadores o que me pareceu bem pouco caso o professor queira us lo com suas turmas Atende aos dois segmentos do ensino fundamental PUC Rio
206. oco o Programa Nacional do Livro Did tico Educa o amp Sociedade vol 21 n 70 2000 JULIA Dominique A cultura escolar como objeto hist rico In Revista Brasileira de Hist ria da Educa o Campinas SP n 1 jan jun 2001 KANASHIRO Cintia Shukusawa Livro did tico de geografia PNLD materialidade e uso na sala de aula Disserta o de mestrado Universidade de S o Paulo 2008 KNAUSS Paulo Por onde anda a hist ria na atualidade da escola ensino m dio livros did ticos e ensino de hist ria In ROCHA Helenice MAGALH ES Marcelo GONTIJO Rebeca A escrita da hist ria escolar mem ria e historiografia Rio de Janeiro Editora FGV 2009 LAJOLO Marisa org Livro did tico um quase manual de usu rio In Em aberto INEP v 16 n 69 1996 Est aqui http www rbep inep gov br index php emaberto issue view 76 LELIS Isabel Alice A constru o social da profiss o docente no Brasil uma rede de hist rias In TARDIF Maurice amp LESSARD Claude O of cio de professor hist ria perspectivas e desafios internacionais Petr polis RJ Vozes 2008 LELIS Isabel Alice Do ensino de conte dos aos saberes do professor mudan a de idioma pedag gico In Educa o amp Sociedade ano XXII n 74 Abril 2001 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 167 LUCA Tania Regina de Livro did tico e Estado explorando possibilidades interpretativas
207. ogramas anteriores sendo melhorado em meados da d cada de 1990 com a avalia o e distribui o universal dos livros Analisamos a evolu o das avalia es e percebemos que a grande quantidade de livros exclu dos e mal avaliados persiste ao longo do tempo Estes livros foram justamente os mais escolhidos pelos professores A resposta para este descompasso ainda n o foi realmente respondida Se existe a problem tica da m forma o do professor creio que n o devemos reduzir a explica o a apenas este fator Por isso considero que a interlocu o com professores de diversos lugares do Brasil deva ser aperfei oada para que o programa ganhe ainda mais credibilidade entre os docentes com a principal consequ ncia sendo a maior utiliza o dos livros Por isso concordo com Rongel quando afirma que Por melhor e mais especializado que seja um material parte significativa de seu car ter did tico decorre dos usos que professor e aluno envolvidos numa situa o de ensino aprendizagem particular fazem dele Podemos dizer ent o que a efic cia desses recursos resulta da correta formula o de uma equa o entre o seu grau de especializa o o perfil dos sujeitos envolvidos e as caracter sticas da situa o 2005 p 26 Ainda neste cap tulo discutimos o poder das grandes editoras sobre as escolhas dos professores e o grau de depend ncia das mesmas em rela o compra do governo Al m disso mostramos que a forma como
208. ola desde ent o Tem uma dupla reg ncia e tutor dist ncia do curso de gradua o em Hist ria da Unirio Marcamos nossa entrevista para o dia 1 11 2011 no IFCS UFRJ depois de sua aula 4 4 7 O retrato do esquecimento a escola nunca inaugurada de Pedra de Guaratiba e a professora Claudia A pen ltima professora entrevistada Claudia foi indicada pelo professor Roberto primeiro entrevistado da escola do Caju Ela trabalha numa escola em Pedra de Guaratiba 10 CRE zona oeste da cidade A regi o fazia parte da Freguesia de Guaratiba Com a divis o das terras entre os herdeiros de seu primeiro dono um dos filhos ficou com as terras Como n o tinham herdeiros teve que do las a uma ordem religiosa que construiu benfeitorias incluindo um engenho com um grande canavial Na rea surgiu a fazenda da Pedra onde foi 46 Grande parte das escolas da prefeitura ainda divide os alunos por idade e rendimento Logo as turmas que come am com 01 02 s o sempre as consideradas melhores e as 05 06 07 j s o as que nenhum professor quer dar aula O pior que geralmente quem pega essas turmas s o professores que entraram na escola sem experi ncia PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 98 constru da a Capela de Sant ana que seria a origem do n cleo urbano de Pedra de Guaratiba com liga o por bonde com Campo Grande H fontes que indicam que a regi o foi um importante porto de exporta o de ouro das Minas G
209. omenda es do documento produzido em 2001 Uma delas era n o aceitar a inscri o de t tulos que tivessem recebido a classifica o n o recomendados ou exclu dos mais de uma vez Al m disso os que tivessem recebido tais classifica es apenas uma vez eram obrigados a apresentar um documento anexo com as modifica es feitas Alguns pontos positivos destacados pelas autoras no que se refere classifica o quatro cole es PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 29 que antes haviam tido um ou todos os livros exclu dos foram totalmente remodeladas e receberam avalia es positivas Tamb m foram apresentadas dez novas cole es No entanto ainda havia ressalvas maioria das cole es mas o n mero e a gravidade das ressalvas variavam muito Logo a qualidade ainda deixava a desejar Segundo a p gina do FNDE o ano de 2004 foi importante devido cria o de uma ferramenta importante para a execu o do PNLD o Siscort Este um sistema direcionado a registrar e controlar o remanejamento de livros e a distribui o da reserva t cnica Ele necess rio para suprir eventuais car ncias de livros nos anos em que n o s o de distribui o integral No cap tulo em que analisaremos as entrevistas veremos que a falta de livros uma reclama o constante dos professores O PNLD 2005 eliminou as classifica es das avalia es substitu das por cole es aprovadas e exclu das As diferen as entre as
210. omo o uso do livro na aula O uso em aula pareceu bastante heterog neo H professores que quase n o utilizam devido a diversos motivos Outros fazem quest o que os alunos levem em todas as aulas H alguns que s analisam imagens e mapas Outros leem trechos pr selecionados sublinham partes importantes escrevem sin nimos outros fazem apenas os exerc cios Todos esses usos demonstram os docentes acionando os seus saberes n o utilizando este material como uma muleta Assim n o foram as propostas do livro que guiaram o trabalho docente mas seus saberes e experi ncias acumulados ao longo de sua vida profissional e pessoal que guiaram a apropria o do livro Franco 2010 p 12 Concordo plenamente com esta autora quando afirma Em s ntese concluiu se que investir na mudan a dos livros did ticos n o suficiente para mudar o cen rio do ensino de Hist ria pois as professoras interferem tanto nas decis es da editora na escolha do que publicar quanto no uso do livro em sala de aula ao se apropriarem dele conforme os saberes pr ticas e valores acumulados ao longo de sua forma o pessoal e profissional necess rio investir diretamente na melhoria das condi es de trabalho e forma o das professoras sem desconsiderar o que elas fazem e sabem mas sim trazendo tona a historicidade de seus saberes experienciais que interferem na maneira como elas traduzem as prescri es curriculares que chegam escol
211. oncedida dia 01 11 2011 Gilson levanta uma quest o muito criticada no PNLD pelos pesquisadores o fato do aluno n o ter a posse do livro No mundo em que vivemos o ter valorizado Por mais que sejamos cr ticos a isso dif cil esperarmos outra postura de adolescentes imersos nessa cultura O professor Marcos levanta a mesma quest o acho que at por que de todo mundo ent o n o de ningu m por que se tivesse essa coisa de nico seu n o sei teria um cuidado maior entrevista concedida dia 19 09 2011 A professora V nia j levanta a quest o do livro ser de gra a e afirma N o acho que ele valoriza o livro n o O aluno de hoje n o valoriza o livro At porque de gra a Eu tenho esse tipo eu tenho essa opini o Eu acho que as coisas podem ser muito baratas mas elas n o t m que ser de gra a Se voc vender um livro a 1 real ele comprado N o importa que ele seja 1 real Mas ele vai dar um valor ao livro porque ele comprou Como quando voc compra uma roupa num brech Voc comprou Agora se ela dada voc n o valoriza porque dado Acho que nada pode ser N s temos que pagar decentemente aos chefes de fam lia homens e mulheres para que eles possam gerir a sua vida familiar E n o tapar buraco Temos um sal rio absurdamente pequeno e a vamos bolsa fam lia bolsa g s livro did tico caderno l pis mochila cal a E a voc tira da fam lia os deveres dela E essa fam
212. oporcionalmente Entre 1870 e 1981 decresce a participa o na popula o brasileira dos grupos particularmente das classes m dias cuja renda e cujas disposi es culturais poderiam favorecer a aquisi o e o consumo do livro Batista 1999 p 557 Essa moderniza o pela metade junto com a cria o da COLTED aumentou a depend ncia do setor editorial em rela o escola e ao setor de livros did ticos na ditadura As altera es na produ o did tica decorreram de uma moderniza o da produ o sem ser acompanhada de uma amplia o do mercado consumidor Como n o podiam destinar sua produ o para um amplo mercado as editoras voltaram se para o setor dos did ticos subordinando princ pios pedag gicos aos seus interesses Assim a ind stria passou a adotar novas formas de venda surgindo a figura do representante da editora e seus contatos com as escolas e professores al m da distribui o gratuita de livros a professores e coordenadores Al m disso o tempo de vida do livro did tico diminuiu tornando se um livro consum vel que n o podia ser reaproveitado Fora isso as cole es passaram a ser submetidas a modifica es mais constantes o que dificultava o uso de edi es anteriores Portanto Buscando assumir essa fun o estruturadora do trabalho pedag gico os livros did ticos tendem a apresentar n o uma s ntese dos conte dos curriculares mas um desenvolvimento desses conte dos a se caracte
213. oria constitu da pelos manuais nos quais a dimens o conceitual se apresentasse com insufici ncia sendo encontradas impropriedades que comprometessem significativamente sua efic cia did tico pedag gica Recomendados com ressalvas categoria composta por aqueles livros que possu ssem qualidades m nimas que justificassem sua recomenda o embora apresentassem tamb m problemas que entretanto se levados em conta pelo professor poderiam n o comprometer sua efic cia Recomendados categoria constitu da por livros que cumprissem corretamente sua fun o atendendo satisfatoriamente n o s a todos os princ pios comuns e PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 26 espec ficos como tamb m aos crit rios mais relevantes da rea Batista 2001 p 13 No PNLD 1998 tamb m destinado s primeiras s ries do Ensino Fundamental houve modifica es nos crit rios classificat rios Adicionaram uma quinta categoria para classifica o dos livros a dos recomendados com distin o que seriam aqueles que se destacaram por suas propostas pedag gicas segundo os crit rios adotados pelos avaliadores Batista 2001 Foi publicado o guia dos livros publicado a cada avalia o com resenhas dos recomendados com distin o recomendados ou recomendados com ressalvas Os livros n o recomendados foram apenas relacionados ao final do guia Para facilitar a visualiza o da classifica o de cada livro recorreram
214. os a entrevista a escola ainda n o contava com os computadores data shows e rede sem fio em sala de aula As notas da escola na Prova Brasil no 9 ano foram 4 86 em 2005 e 4 78 em 2007 Camila foi uma professora que passou seu contato atrav s do meu marido Nos falamos por e mail e marcamos a entrevista em sua casa pois ela estava gr vida e tinha acabado de entrar de licen a Marcamos dia 30 08 2011 na parte da tarde Ela fez Hist ria na UERJ e entrou em 2004 Diz que sempre quis ser professora mas n o sabia de qual rea de humanas Entrou para a prefeitura ap s se formar e est nessa escola desde ent o onde tem dupla reg ncia desde o princ pio pois h muita car ncia de professores Ela diz que em sua escola s n o tem dupla reg ncia quem n o quer Tamb m teve uma matr cula no estado mas largou por considerar que n o tinha retorno financeiro nem dos alunos Al m disso tinha que trabalhar tr s noites numa escola um pouco longe de sua casa 4 4 4 O bairro cidade a escola de Campo Grande e o professor Jorge O pr ximo professor entrevistado Jorge foi contatado atrav s de um amigo meu que trabalha com ele em sua escola no bairro de Campo Grande mais precisamente o lugar que chamamos de Senador Vasconcelos 9 CRE O bairro localizado na zona oeste da cidade muito longe do centro Al m disso ele t o grande que os moradores dizem que v o ao centro querendo dizer o centro de Campo Grande e n o o cent
215. os assuntos referentes ao acesso escola e organiza o do ensino de 1 e 2 graus A ressalva da professora se deve ao fato dessa lei ser considerada muito ruim em alguns pontos principalmente no tocante ao ensino de hist ria e geografia Como estrat gia de despolitiza o pela ditadura militar essas disciplinas foram substitu das por Estudos Sociais Organiza o Social e Pol tica do Brasil OSPB e Educa o Moral e C vica Al m disso foram institu das as licenciaturas curtas em Estudos Sociais diminuindo o grau de forma o do professor PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 77 Como gostou muito dela no final do ano pediu remo o Isso foi h uns vinte anos Assim que as f rias acabaram entrei em contato com o professor Paulo para marcarmos a entrevista Fui dia 17 08 2011 no hor rio da sua janela Cheguei escola fui primeiro falar com a diretora e depois me dirigi sala de professores Pedi a Paulo que fossemos a um lugar mais tranquilo e realizamos a entrevista na sala de v deo Paulo tem quarenta e seis anos e come ou a ter a ideia de ser professor durante o Ensino M dio Mas s decidiu pela Hist ria mais para frente pois tamb m gostava muito de biologia Como a maioria dos entrevistados foi muito marcado por um professor Diz que tomou a sua decis o muito influenciado pelo contexto da poca pois era a transi o da ditadura para a democracia ele terminou a escola em 1983 e co
216. para escola Os problemas mais citados s o falta de quadra para a pr tica de esportes falta de espa o comum e nas salas de aula superlotadas muito barulho nas escolas vindos inclusive do exterior escolas que se situam em ruas movimentadas e n o tem tratamento ac stico adequado impossibilidade de tirar c pias de materiais extras e at a obriga o de fazer uma prova que tenha apenas uma folha e falta inclusive da escola como no caso da escola de Rio das Pedras Os recursos tecnol gicos est o presentes em muitas e no ano de 2011 a prefeitura estava enviando computadores e aparelhos de data show para todas as salas de aula O problema relatado pelos professores que as escolas eram as encarregadas da instala o com o dinheiro que recebem mensalmente mas muitas vezes o custo era alto pelo pr dio ser muito antigo ou algumas escolas terem outras prioridades votadas em reuni o e terem que deixar de lado devido imposi o da prefeitura como tamb m aconteceu na escola do professor Rafael L eles necessitavam de bola para educa o f sica tonner para c pias entre outras mas a SME estava for ando a a usar o dinheiro para as instala es que apesar de serem importantes n o era prioridade do ponto de vista da escola Por essas e outras vemos que as escolas funcionam gra as ao trabalho rduo das equipes sejam diretores coordenadores ou professores que apesar de todos os obst culos que encontram fazem a escola funcion
217. particulares sendo que hoje trabalha em um em Rio Bonito cidade onde mora Nessa escola do Caju trabalha h seis anos Ao todo trabalha vinte e duas horas semanais nessa escola e na particular de Rio Bonito Quando cheguei ao col gio falei com uma funcion ria que me encaminhou sala de leitura onde ele estava Antes da entrevista me apresentou a outros professores me levou sala do 5 ano onde os alunos estavam tendo aula e me mostrou toda a escola Foi sempre muito sol cito em todas as minhas solicita es Por coincid ncia autor de livro did tico de 1 a 4 s rie A cole o ficou mais de quinze anos sendo editada e na verdade era a melhor cole o para essa faixa et ria em minha opini o Posteriormente ele me passou o contato de 33 MT P A 4 Este projeto elabora aulas de todas as disciplinas com recursos online Assim a prefeitura est instalando projetores computadores e internet sem fio em todas as salas de todas as escolas do munic pio PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 85 uma professora do munic pio que gentilmente me concedeu a entrevista em sua casa Ap s esta primeira entrevista parti para os professores do SOCED j falados As entrevistas foram realizadas entre junho e agosto com a exce o de Marcos da escola da Urca cuja entrevista foi realizada mais no fim do ano A partir de agosto comecei a entrevistar os outros professores 4 4 2 Os desafios do profissio
218. peri ncias com jogos no ensino de Hist ria In Hist ria amp Ensino Londrina v 13 p 91 106 set 2007 BATISTA Ant nio Antonio Gomes Recomenda es para uma pol tica p blica de livros did ticos Bras lia DF MEC SEF 2001 BATISTA Antonio Augusto Gomes Pol tica de materiais did ticos do livro e da leitura no Brasil In MINIST RIO DA EDUCA O Materiais did ticos escolha e uso Boletim 14 ago 2005 BATISTA Antonio Augusto Gomes Um objeto vari vel e inst vel textos impressos e livros did ticos In ABREU Marcia org Leitura hist ria e hist ria da leitura Campinas Mercado das Letras Associa o de Leitura do Brasil Fapesp 1999 BEZERRA Holien Gon alves amp LUCA T nia Regina de Em busca da qualidade PNLD Hist ria 1994 2004 In SPOSITO Maria Encarna o Beltr o org Livros did ticos de geografia e hist ria avalia o e pesquisa S o Paulo Cultura Acad mica 2006 BITTENCOURT Circe Autores e editores de comp ndios e livros de leitura In Educa o e Pesquisa S o Paulo v 30 n 3 set dez 2004 BOURDIEU Pierre A escola conservadora as desigualdades frente escola e cultura In NOGUEIRA Maria Alice amp CATANI Afr nio orgs Escritos de Educa o Petr polis Vozes 2007 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 164 BOURDIEU Pierre Classifica o desclassifica o reclassifica o I
219. plinas F sica Qu mica Biologia Astronomia Geologia talvez mas n o por professores que conhecem o Ensino Fundamental em particular o ensino de Ci ncias p 2 z O outro caso sobre o grau de isen o que teriam os pareceristas A associa o pede para que nenhum deles tenha qualquer rela o com editores ou autores de livros e que tamb m pouco tico um parecerista emitir opini es sobre livros e autores em outros canais que n o sejam o do pr prio PNLD Segue a cita o Apenas para n o ficar no campo das abstra es a Abrale tem recebido v rias manifesta es de desconforto por parte dos autores de L ngua Portuguesa ante certos posicionamentos do Professor membro da coordena o adjunta de LP que manifesta sua opini o sobre determinadas obras do PNLD PNLEM Tal situa o pode ser constatada por exemplo no livro de sua autoria em que explicita sua condi o de avaliador do PNLD p 18 declara seus la os de amizade com p 23 para finalmente comentar tr s obras com afirma es tais como sua cole o representa o que h de melhor hoje em dia no mercado editorial em termos de livro did tico esse excelente livro did tico esse livro did tico uma excelente op o p 236 e 238 Ora destacar apenas tr s obras em detrimento de todas as demais obras aprovadas coloca em suspei o o pr prio processo de avalia o No mais lembramos que o conceito de
220. qual o Departamento de Imprensa e Propaganda DIP exercia um car ter fundamental Portanto embora o Estado n o produzisse os materiais nem impusesse um livro limitava as op es atrav s de uma lista do governo feita por especialistas nomeados pelo presidente da rep blica Em 1945 atrav s do Decreto Lei n 8460 as fun es da CNLD foram redimensionadas O Estado assumiu o controle sobre o processo de ado o de livros em todos os estabelecimentos de ensino do pa s Com o tempo essas fun es foram sendo descentralizadas com a cria o em alguns estados de Comiss es Estaduais do Livro Did tico Hofling 2000 O livro did tico passou a ser preocupa o do Estado novamente em 1966 de novo no per odo de uma ditadura e talvez n o por acaso Nesse ano foi criada a Comiss o do Livro T cnico e Livro Did tico COLTED Sua fun o era coordenar a produ o edi o e distribui o do livro did tico Os recursos vieram do acordo MEC USAID United States Agency for Internacional Development Bezerra e Luca 2006 De acordo com a p gina do FNDE o acordo assegurou ao MEC recursos suficientes para a distribui o gratuita de 51 milh es de livros durante tr s anos Monteiro 2009 lembra que o mesmo acordo tamb m garantiu incentivos ao parque gr fico muito incipiente at ent o para dar conta da demanda de livros com o aumento significativo da popula o escolar no per odo Bezerra e Luca destacam que ao mesmo tempo
221. r find much difficulty in the use of the books for considering their vocabulary far from the cultural background of their students Moreover there isn t a favorable environment to choose the book in schools it is always a very busy process besides the PNLD guide hardly being a tool for their choices Keywords Textbook choices habits teachers PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Sum rio TV introd ad ari aa e dada dE dad dad 13 2 O livro did tico e o Estado uma rela o conflituosa e necess ria 19 2 1 Pol ticas anteriores ao PNLD a 20 2 2 O PNLD origem e desenvolvimento 24 29 0O PNED m balan o ssa iii arara a iai ini 30 3 Os Livros did ticos de Hist ria e o PNLD 2011 44 3 1 O que livro did tico amenos paai ros asbiado paso ao id safa assa Aga 44 3 2 O edital de convoca o o guia do PNLD e os livros avaliados pelo MEC proa ai BLo ENO a er 47 3 2 1 O g la do PRED Sa again atos raid A aiii 48 3 3 As escolhas dos professores do munic pio do Rio de Janeiro 58 3 3 1 A cole o Projeto Ararib segundo o Guia do PNUD 60 3 3 2 A cole o Hist ria Sociedade amp Cidadania segundo o Guia do PN D cesneiisiso Perda o Pres hdi ano AA ia A Da 61 4 A escolha dos sujeitos da pesquisa os professores 65 4 1 A entrada no Soced e a pesquisa em andamento
222. r ao livro A tem professor que entra no m rito rid culo de dizer sabe aquele livro que voc s jogaram fora este livro que voc s picham Este livro custa 90 reais N o por a que a gente tem que trabalhar N o acho que seja tamb m a quest o de que n o d o valor ao livro que custa 90 reais S o 10 disciplinas Cada livro custa 90 reais Olha o dinheiro que se est gastando nisso Eu acho na verdade que s existe aprendizagem quando existe sentido Quando eles conseguem entender que aquilo ali faz um sentido E muitas vezes eu acho que o livro did tico n o faz sentido At por causa disso porque s vezes inadequado s vezes porque o professor escolhe outros meios ent o n o se constr i com o livro identidade nenhuma Eles n o t m identidade nenhuma Carolina Ent o eles t m uma valoriza o inicial da posse daquele objeto novo Mas depois aquilo Silvia J quando usado eles se decepcionam est com nome de outra pessoa a voc v livro jogado livro abandonado v livro rasgado O jeito que eles manuseiam os livros s vezes eu pe o pra distribuir Eles tacam o livro N o vejo que ali existe nenhum sentido para eles Para que eles est o utilizando o livro Silvia entrevista concedida dia 09 11 2011 Podemos perceber ent o que existe uma valoriza o difusa que passa pelo ter o material mas se esgota a Timb 2009 em pesquisa j citada acima tamb m percebeu o mesmo pois os alunos
223. r fica sobrecarregado e induzido a deixar de fazer tarefas espec ficas para resolver outros problemas A organiza o dos hor rios anuais geralmente feita em cima da hora o professor chega no primeiro dia letivo sem saber para quais turmas dar aula atrapalhando ou inviabilizando um planejamento anterior por menor que seja Essa falta de recursos faz com que existam salas de inform tica que n o s o usadas como acontece na escola do professor Rafael escola de Copacabana PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 103 A quest o a do material de inform tica ela a escola tem uma sala de inform tica que praticamente n o usada n Voc tem a estrutura mas os computadores n o estavam em rede n o estavam conectados em redes tinham um ou dois que voc conseguia acessar a internet E o grande problema a meu ver que n o vou na sala de inform tica de maneira nenhuma eu n o tenho um t cnico que vai me dar uma assist ncia ali ent o Eu sou professor de hist ria eu n o sou n o d pra eu resolver Ent o alguns professores usam assim muito pouco muito pouco E agora a quest o dessa estrutura de inform tica aqui na escola acabou de instalar alguns Data Shows pra usar principalmente que da pol tica do munic pio coisa da Educop dia Rafael entrevista concedida dia 04 10 2011 A falta de infraestrutura f sica tamb m grande mas vari vel de escola
224. r mais mas os da tarde s o muito fracos A seguir fiz a entrevista com V nia que professora h nada mais nada menos que quarenta anos Ela aposentada de uma matr cula e a que est hoje apesar de ter tempo para se aposentar ela n o quer por enquanto demonstrando grande paix o pelo seu of cio como podemos ler em sua fala Estou aqui j tenho tempo para me aposentar mas eu me sinto muito ativa gosto muito de fazer isso sinto uma receptividade enorme dos alunos Ent o to caminhando Vamos ver o que vai dar no futuro risos Entrevista concedida dia 8 6 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 76 Confirmando a trajet ria de muitas professoras de sua poca ela fez o curso normal e come ou como professora prim ria experi ncia que valoriza muito como podemos ver no trecho a seguir Eu fiz Escola Normal dos velhos tempos onde a escola normal significava um acesso social muito grande o professor era altamente reconhecido a escola p blica era reconhecidamente a melhor escola Ent o eu fa o parte desse sistema Sempre quis ser professora e nesta poca ser professora principalmente para a mulher era importante t E fui professora prim ria 17 anos adorei e adoro at hoje tudo o que eu aprendi de muito bom de como dar aula de did tica de manejo de classe disciplina tudo eu aprendi na escola prim ria Planejamento buscar nas pessoas nos alunos nas fam lias o que era importante
225. rabalhar em sua rea imediatamente Trabalhou durante dez anos num banco e disse que n o pensava em exercer a profiss o Decidiu prestar o concurso da prefeitura quando engravidou porque em sua vida de banc ria n o tinha hor rios fixos e ela trabalhava muito mais do que trabalharia sendo professora Entrou para a prefeitura h vinte e dois anos e passou dez deles numa escola em Santa Cruz Apesar de ter trabalhado numa regi o muito carente diz que foram os melhores anos de magist rio que j teve pois os alunos e os pais ainda respeitavam os professores e o corpo docente da escola era muito bom Como gostava muito do seu trabalho fez outro concurso e passou a ter duas matr culas na mesma escola Por m o 2 segmento acabou e ela teve que transferir suas matr culas para uma escola onde oferecesse esse segmento Por isso decidiu trabalhar perto de casa Assim h doze anos trabalha nessa escola em Del Castilho onde acumula as duas matr culas totalizando trinta e duas horas semanais sendo que s o vinte e quatro em sala de aula T nia fala com muita nostalgia do passado e se mostrou muito descontente e descrente com os rumos atuais da educa o p blica Diz que as coisas mudaram muito desde quando o question rio do SOCED foi aplicado talvez devido aos efeitos da aprova o autom tica Tamb m afirma que os alunos do turno da manh e da tarde s o t o diferentes que parecem duas escolas Com os da manh ainda consegue trabalha
226. rada de Pedra de Guaratiba e a professora Claudia eres 97 4 4 8 Um pr dio que n o existe a escola de Rio das Pedras e a professora Silvia ien cede dra edi edad ad De inn 100 5 Os sujeitos em cena os que dizem os professores 102 5 1 Os meus olhares sobre as entrevistas 104 5 11 00 saber docente su een in rn RnDe anuais Gus Riad 104 5 1 2 Habitus e capital cultural ia 109 5 2 Os professores e os livros e eerreeerrearana 114 5 2 1 Os crit rios de sele o dos livros pelos professores 114 5 2 2 N vel cultural dos alunos e a dificuldade de uso dos livros 122 5 2 3 As escolhas dos livros nas escolas 128 SS Us aluNos COS IIVTOS en mese e adia DR da 135 5 3 1 Conserva o e devolu o sisraisinialaolisisiaadisdalals Sistina dias ialadaledainadadas 135 5 3 2 Frequ ncia com que levam os livros e a des valoriza o 140 5 4 Os cadernos pedag gicos opini es e utiliza es 145 SOS USOS COS IVIOS safras A rrl ra SR a CR 153 6 Considera es finais nn rennasaraaana 157 TReTerOTICIAS s imone temendo ines do is ned e E AEE D adia Rabi E esa 163 8 ANEXOS RR 171 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Lista de tabelas Tabela 1 Investimento Federal no PNLD 2011 Brasil e Rio de Janeiro renata aerea arara nan
227. revista sendo que seu tempo livre o ltimo Logo n o daria para entrevist lo no mesmo dia delas Peguei seu telefone e ficamos de nos falar mais para frente Como eu teria que faltar ao trabalho para ir escola entrevistar as duas professoras pela manh tratei de resolver isso primeiro Assim as entrevistas aconteceriam um m s depois Cheguei escola dia 8 de junho de 2011 pontualmente s 07h30min como havia combinado com T nia j que ela tinha seu primeiro hor rio livre Ela j estava l me olhou e disse chegou cedo hein Como se parecesse surpresa de chegar no hor rio Disse lhe que precis vamos de uma sala vazia que n o houvesse o entra e sai de gente como a sala de professores Fomos para a sala de v deo que para os nossos prop sitos estava tima Mas para levar os alunos p ssimo Voc fica ouvindo todo o barulho do p tio al m da TV n o estar no alto As informa es foram tiradas do relat rio sobre a escola feito por Maria de F tima Magalh es de Lima e das minhas pr prias observa es PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 15 e a sala ser muito profunda Como as turmas s o muito grandes quem fica atr s com certeza n o ouve e n o v a TV T nia tem cinquenta e um anos se formou em Hist ria na Universidade Gama Filho Fez parte do mestrado mas parou por motivos de sa de T m uma p s gradua o latu sensu em Doc ncia Superior Ap s se formar n o come ou a t
228. rizar n o como um material de refer ncia mas como um caderno de atividades para expor desenvolver fixar e em alguns casos avaliar o aprendizado desse modo tendem a ser n o um apoio ao ensino e ao aprendizado mas um material que condiciona orienta e organiza a a o docente determinando uma sele o de conte dos um modo de abordagem desses conte dos uma forma de progress o em suma uma metodologia de ensino no sentido amplo da palavra Batista 2001 p 28 Concordo com a afirma o de Kanashiro 2008 quando diz que em condi es de trabalho nas quais o professor tem que se submeter a v rias jornadas e turnos o livro did tico pode acabar servindo como muleta determinando o que PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 23 ensinar e como ensinar N o podemos nos esquecer que todo este processo estava permeado tamb m pela falta de liberdades democr ticas O pr ximo passo nessa pol tica se deu ainda em 1970 quando o Minist rio da Educa o come ou um sistema de co edi o de livros com as editoras nacionais com recursos do Instituto Nacional do Livro INL O INL assumiu diversas atribui es que estavam a cargo do COLTED at ent o Al m disso com o fim do conv nio MEC Usaid a contribui o dos estados tornou se necess ria passando a ser feita pelo Fundo do Livro Did tico Hofling 2000 destaca que o INL passou a ter como objetivo promover e agilizar o programa de co edi o de obras did
229. ro da cole o Em An lise da cole o a resenha detalha o manual do professor classificado como Contextualizado Nele a Hist ria da frica e afrodescendentes valorizada Este o nico ponto onde a cole o teve a melhor avalia o cr tico reflexivo tanto em rela o a como trabalhado com o aluno quanto nas orienta es ao professor Apesar de alguns debates historiogr ficos serem trabalhados tanto nas atividades quanto no texto base a resenha afirma que a cole o n o desenvolve determinados aspectos da pesquisa hist rica Afirma que o texto base de f cil compreens o mas constru do com uma estrutura informativa de datas fatos e nomes O guia valoriza o projeto gr fico da cole o afirmando que ele favorece o aprendizado do conte do com o aux lio de gr ficos mapas quadros e tabelas al m do uso de fontes diversificadas Critica as linhas do tempo que aparecem no meio do texto base dizendo que elas nem sempre favorecem o desenvolvimento da ideia de simultaneidade apresentando problemas de escala gr fica Ainda nessa se o o guia explicita suas ideias acerca da metodologia de ensino aprendizagem afirmando que h um esfor o da cole o em vincular o conhecimento hist rico com o presente propondo a discuss o da realidade social e fazendo um di logo com o conhecimento pr vio dos alunos Por m as atividades muitas vezes n o est o vinculadas ao texto base ficando como duas unidades estanques
230. ro do Rio de Janeiro Como Jacarepagu ele tem 39 Z Presta se concurso para PII professor de 1 ao 5 ano ou PI professor de 6 ao 90 Assim muito comum os professores se identificarem como PI ou PII PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 90 v rios sub bairros Apesar de por seu tamanho ter um perfil muito heterog neo podemos dizer que de classe baixa com algumas reas de classe m dia Essa parte da zona oeste da cidade a mais desprovida de servi os p blicos tendo muitos problemas de asfaltamento escoa o do esgoto falta de op es de lazer escolas e hospitais a regi o com mais car ncia de professores Por isso que nos concursos antigos quando n o se escolhia a CRE onde se queria trabalhar os professores eram obrigados a passar alguns anos trabalhando na regi o Apesar de ter o maior contingente populacional da cidade tem baixa densidade demogr fica dado o seu tamanho Sua hist ria come a no per odo colonial com fazendas de a car cria o de gado depois caf e ap s o decl nio da cultura cafeeira passou a ser um importante p lo de citricultura produzindo laranjas isso j no s culo XX A Estrada Real de Santa Cruz cruzava o bairro e o pr prio imperador pernoitava numa estalagem quando estava a caminho da Fazenda Real de Santa Cruz A chegada do trem no final do s culo XIX impulsionou o povoamento da regi o A partir da esta o bondes a tra o animal e depois ele
231. ro e 40 ao cinema Fora que muitos dos que declararam ter ido foram na Funda o Xuxa Meneguel vendo filmes da Xuxa dos Trapalh es ou pe as de uma companhia que pertence apresentadora Al m disso muitos pais n o t m o ensino fundamental completo Apesar de a escola ser da d cada de 1990 ela critica sua estrutura Diz que fica numa regi o distante de Pedra de Guaratiba e por isso nunca houve uma inaugura o oficial Assim tudo que quebra na escola n o pode ser reparado pois ao que parece uma escola que n o foi inaugurada tem algum tipo de entrave burocr tico Logo a estrutura inicial era boa contando inclusive com um teatro maravilhoso mas sem repara o est muito abandonada At ano passado a sala de leitura a sala de inform tica e o audit rio estavam sendo usados como sala de aula porque a escola teve que receber os alunos de uma escola pr xima que estava caindo Agora a sala de leitura est em reestrutura o e a de inform tica parece que estar liberada no ano que vem Os recursos da Educop dia ainda est o em fase de instala o PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 100 Entrei em contato com Claudia por e mail ap s Roberto me passar seu contato Ela me recebeu em sua casa no dia 31 10 2011 Quando cheguei ela me esperava com um lanche Ent o conversamos um pouco antes de iniciar nossa entrevista 4 4 8 Um pr dio que n o existe a escola de Rio das Pedras e a professora Si
232. ro tem caracter sticas muito diferentes do resto da cidade com grandes condom nios fechados e complexos comerciais Deve haver mais de cinco shoppings nele sendo que o maior da Am rica Latina l se encontra As caracter sticas s cio econ micas tamb m s o peculiares Conhecido entre os cariocas como um bairro de emergentes ele tem fam lias com muito dinheiro que vivem em mans es ou pr dios de luxo e fam lias que sa ram do sub rbio ou da Baixada Fluminense ap s ganharem um dinheiro a mais e comprarem um apartamento ainda na planta O rendimento mensal m dio das fam lias muito superior aos outros bairros que citamos exceto da Urca com o respons vel ganhando mais de vinte sal rios m nimos no ano 2000 A escolaridade tamb m se destaca como podemos ver na tabela a seguir 43 A a E http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas index2 bairro htm Acesso em 12 2 2012 44 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web imagens Renda 20M C3 A9dia 20dos 20C hefes 20de 20Fam C3 ADlia pdf Acesso em 12 2 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 96 Tabela 16 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Barra da Tijuca Sem instru o At 4 anos Entre 5 e 8 anos Entre 9 e 11 anos Entre 12 e 15 anos Entre 16 e 17 anos Total Fonte http portalgeo rio rj gov br bairroscariocas index bairro ntm Acesso em 12 2 2012
233. rro contava com quarenta e cinco ruas pouco povoadas at ent o A inaugura o do Copacabana Palace em 1923 um marco na hist ria do bairro nos anos quarenta que o bairro inicia um processo acelerado de verticaliza o ganhando agitada vida noturna boites bares e restaurantes A d cada de cinquenta foi o auge da princesinha do mar e no in cio dos anos 1960 o bairro foi ber o da bossa nova um dos movimentos musicais mais importantes da hist ria da cidade A atual Avenida Atl ntica foi reformada em 1971 ganhando cal ad o pista dupla canteiro central e larga faixa de areia na PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 93 praia A partir da grandes torres de hot is cinco estrelas surgem na orla quando o gabarito do bairro p de ir al m de doze pavimentos Atualmente o bairro pode ser considerado o mais heterog neo da cidade al m de ter a maior concentra o populacional Conta desde apartamentos que s o verdadeiras mans es at quitinetes em pr dios com mais de trinta apartamentos por andar al m das favelas do Pav o pav ozinho e Ladeira dos Tabajaras A renda mensal m dia dos respons veis por domic lio no bairro de quinze a vinte sal rios m nimos A tabela abaixo demonstra a escolaridade dos respons veis pelos domic lios do bairro Tabela 15 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Copacabana Entre 5 e 8 anos 8 220 Fonte http portalgeo
234. rticipa o de novas editoras a cada PNLD com a inscri o de novos t tulos quanto pelo surgimento de uma nova gera o de autores o que revela em princ pio a preocupa o crescente das editoras com a adequa o dos livros did ticos Batista 2001 p 19 Miranda 2004 p 127 aponta que Ainda que o processo de aperfei oamento dos crit rios e procedimentos de avalia o seja bastante recente a rela o de continuidade dessa pol tica por quase uma d cada teve efeitos incontest veis na forma e no conte do do livro did tico brasileiro Na rea de Hist ria patente a transforma o de um cen rio marcado pelo predom nio de obras que veiculavam de modo expl cito ou impl cito todo tipo de estere tipo e ou preconceitos para um quadro em que predominam cuidados evidentes por parte de autores e editores em rela o aos crit rios de exclus o de uma obra did tica Esta autora tamb m lembra que a exclus o de alguma obra j foi fundamental para a reformula o da mesma o que p de ser verificado entre uma avalia o e outra quando uma cole o foi exclu da e passou a ser recomendada com distin o na edi o seguinte o que indica o quanto o processo de avalia o foi tomado a s rio por certos autores e editores Miranda 2004 p 128 Apesar de considerar este movimento de reformula o muito importante n o podemos nos esquecer do alto grau de interesse das editoras perante o fato de ter uma ou mais
235. s s editoras As palestras em locais p blicos e a ida de divulgadores nas escolas p blicas ficaram proibidas mas o envio dos livros para an lise dos professores liberado D para perceber que o montante de recursos destinados divulga o alto o que impossibilita as pequenas editoras de competir no mercado brasileiro de did ticos Sabemos do grau de depend ncia do setor editorial em rela o compra de livros did ticos j que estes respondem pela maior parcela do faturamento das editoras como podemos ver no gr fico a seguir PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 39 Gr fico 1 Participa o dos subsetores E Did ticos51 E Obras gerais 24 E Cient ficos t cnicos e profissionais 15 E Religiosos 10 Fonte C mara Brasileira do Livro hitp Avww cbl org br telas cbl downloads aspx Acesso em 10 01 2012 Podemos perceber que o subsetor de did ticos responde por mais da metade do faturamento das editoras Outro dado importante para demonstrar a parcela que o governo entra no faturamento das mesmas pode ser visto na seguinte tabela Tabela 9 Subsetor de did ticos em 2009 mercado e governo Subsetor Did ticos T tulos Exemplares produzidos Total Mercado Governo Faturamento R Total Mercado Governo Exemplares vendidos Total Mercado Governo 2009 19 721 204 261 296 81 161 270 123 100 026 1 728 900 231 40 1 030 792 120 38
236. s apesar destes se transformarem em tarefas pelas m os do professor A professora Clara compartilha da mesma opini o Lembremos que os professores de hist ria tem tr s tempos semanais e uma grande quantidade de conte dos para abordar Dar conta do livro e da apostila se torna algo um pouco complicado Eu acho assim que de vez em quando ela acaba me prendendo muito n ent o e a ao inv s de usar o livro como eu gostaria tenho que ficar fazendo a apostila porque a prioridade at porque dentro da apostila eles falam ah seu livro did tico muito importante nesse momento Eu entendo que quem fez a apostila tamb m tenha essa preocupa o mas ao mesmo tempo eu tenho algumas apostilas que s o muito densas elas s o enormes E complementa gt Se eu n o me engano do 2 bimestre do 8 ano ela muito grande n e tem algumas que elas v m com bastante conte do N o tem necessidade Se quisesse fazer uma apostila pra refor ar exerc cio essas coisas tudo bem Ou se tivesse que colocar uma curiosidade ou outra ou fazer resumo tudo bem Mas t m algumas coisas aqui que elas acabam atrapalhando o uso do livro did tico Texto tem nos dois n o precisa texto a gente j tem ali n E eu acho que muito mais completo aqui um resumo n Podia ser um resumo um pouquinho menor e de repente com mais exerc cios e tem alguns que nem tem tanto exerc cio assim mais conte do A tem o livro entendeu e
237. s do Instituto Pereira Passos IPP muitos moradores s o pouco escolarizados como podemos ver na tabela a seguir Tabela 11 Respons veis pelos Domic lios Particulares Permanentes por anos de estudo Caju At 4 anos de estudo 1 977 Entre 5 e 8 anos de estudo 1 249 Fonte http portalgeo rio rj gov br bairroscariocas index bairro htm Acesso em 8 2 2012 Temos que ficar atentos ao fato de que a constam apenas os domic lios particulares permanentes Apesar de ser maioria na p gina do IPP tamb m h as classifica es particular improvisado coletivo e particular Assim podemos perceber que h grande quantidade de pessoas sem instru o a maioria tem at oito anos de estudos A partir desses dados creio que podemos supor aspectos das caracter sticas socioculturais do aluno Apesar disso a nota da escola na Prova Brasil n o t o baixa considerando as outras escolas j faladas N o dispus de dados sobre 2005 e 2007 logo para 2009 a nota foi 4 72 A escola bem pequena localizada no terreno de uma ONG Apesar de alguns problemas como a falta de p tio por exemplo me senti num para so quando entrei O pr dio novo limp ssimo com salas amplas que contam com ar 32 http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web imagens Renda 20M C3 AIdia 20dos 20C hefes 20de 20Fam C3 ADlia pdf Acesso em 8 2 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 84 condicionado TV computador proje
238. s p blicas Recordo me de uma reuni o de pais que acompanhei por conta da pesquisa de outra pesquisadora do SOCED quando o professor que estava expondo o problema dos alunos n o levarem o livro disse algo assim voc s lembram como era na poca de voc s quando recebiam apenas um l pis e papel que parecia de jornal Esse coment rio dele me remete a um texto de Bittencourt 1996 quando a autora afirma que como as fam lias eram as respons veis por fornecer os materiais escolares dos filhos muitos ficavam fora da escola por n o terem condi es de compr los Ou no m ximo se contentariam com um parco dom nio da leitura e da escrita devido precariedade dos materiais dispon veis Logo foi um ganho para a popula o principalmente para as classes menos favorecidas o fornecimento do material escolar pelo governo Principalmente se levarmos em considera o Batista 1999 p 531 quando afirma que quanto menor o acesso a bens culturais e econ micos pelos alunos e no caso do Brasil tamb m professores mais o livro did tico fundamental Assim ele afirma Os livros did ticos parecem ser assim para parte significativa da popula o brasileira o principal impresso em torno do qual sua escolariza o e letramento s o organizados e constitu dos Com o tempo fui tentando resolver os problemas encontrados usando o livro caderno e c pias de outros materiais que eu podia tirar na escola Mas n o fiquei satisfeita Ness
239. sabilidade da educa o entre fam lia e escola Uma estrat gia usada por Jorge atribuir uma determinada pontua o para material dever etc Assim ele diz que quando solicita os alunos levam Apesar disso ele n o sente que os alunos valorizem seu material e estabelece uma hip tese para isso que se repetir em outros depoimentos Ele diz N o cuidam eu acho que n o cuidam talvez por n o ser deles sil ncio Nunca parei pra pensar desse jeito mas assim um fato interessante n porque eu vou cuidar de algo que n o meu e eu n o sei se tem pertencimento a ele entrevista concedida dia 21 09 2011 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 142 No outro extremo a professora Camila uma das que sente mais dificuldade Carolina e como que a escola faz eles levam todos os dias o livro pra casa ou o livro fica na escola Camila eles levam e ficam em casa pra sempre na estante cheia de poeira risos Carolina e me conta a como que voc faz n voc t falando dessa dessa dificuldade deles n o levarem Camila isso eu tenho bastante dificuldade que eu vejo assim tamb m por causa da apostila da prefeitura eles acabam trazendo mais a apostila do que o livro n e tamb m tem uma certa dificuldade de trabalhar porque alguns professores falaram pra deixar em casa porque pesado ent o fazer exerc cio s em casa usar s em casa ent o eles acham eles acham que todo mundo Ent o s vezes
240. seguinte visualiza o gr fica Recomendados com distin o 3 estrelas Recomendados 2 estrelas Recomendados com ressalvas 1 estrela Podemos ver o resultado da avalia o do PNLD 1997 e PNLD 1998 destinados s primeiras s ries do Ensino Fundamental na tabela abaixo Tabela 2 Resultado do PNLD 1997 e 1998 anos iniciais do EF Avalia o Quantidade de livros Quantidade de livros PNLD 1997 PNLD 1998 Recomendados com 2 distin o Recomendados 12 8 Recomendados com 13 19 ressalvas N o recomendados 75 63 Exclu dos 12 17 Total 112 109 Fonte BEZERRA e LUCA 2006 P 39 A tabela demonstra que a grande maioria dos livros que circulavam nas escolas tinha problemas tanto que apenas 12 foram recomendados em 1997 e 10 em 1998 contando os nicos dois exemplares que foram recomendados com distin o Segundo Bezerra e Luca PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 27 Na categoria N o recomendados foram alocados livros que apresentavam insufici ncia e impropriedades que comprometiam significativamente sua efic cia did tico pedag gica No entanto n o foram encontradas raz es contundentes segundo os crit rios estabelecidos em Edital que permitissem sua exclus o Dessa forma na primeira avalia o muitos livros inadequados puderam ser escolhidos pelos professores e comprados distribu dos pelo MEC de se notar que na verdade apenas 25 livros entre os 112 inscritos teriam plenas condi es
241. ser condenados In ROCHA Helenice MAGALH ES Marcelo GONTIJO Rebeca A escrita da hist ria escolar mem ria e historiografia Rio de Janeiro Editora FGV 2009 MUNAKATA Kazumi O livro did tico e o professor entre a ortodoxia e a apropria o In MONTEIRO Ana Maria GASPARELLO Arlette Medeiros MAGALH ES Marcelo de Souza Orgs Ensino de Hist ria sujeitos saberes e pr ticas Rio de Janeiro Mauad 2007 OLIVEIRA Et al A a o do PNLD em Sergipe e a escolha do livro did tico de Hist ria 2005 2007 exame preliminar In OLIVEIRA Margarida Maria Dias de amp STAMATTO Maria In s Sucupira Orgs O livro did tico de hist ria pol ticas educacionais pesquisas e ensino Natal EDUFRN 2007 OLIVEIRA Margarida Maria Dias de amp OLIVEIRA Almir F lix Batista de Orgs Livros did ticos de Hist ria escolhas e utiliza es Natal RN EDFURN 2009 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 169 OLIVEIRA Margarida Maria Dias de amp STAMATTO Maria In s Sucupira Orgs O livro did tico de hist ria pol ticas educacionais pesquisas e ensino Natal EDUFRN 2007 OLIVEIRA Margarida Maria Dias de Par metros curriculares nacionais suas ideias sobre Hist ria In OLIVEIRA Margarida Maria Dias de amp STAMATTO Maria In s Sucupira Orgs O livro did tico de hist ria pol ticas educacionais pesquisas e ensino Natal EDUFRN 2007 PERRENOUD Philippe A pr tica refle
242. siva de valores p 14 atrav s da leitura do guia fica claro que os crit rios avaliativos n o deixam de ser aspectos valorativos sendo o quesito formal o mais simplificado e o reflexivo o mais complexo Veremos que isso se repete em todos os outros quesitos Assim uma leitura atenta do guia deixa muito claro quais cole es s o melhor ou pior avaliadas No quesito Metodologia da Hist ria h a preocupa o com duas quest es com o tratamento temporal que se divide entre linearidade e complexifica o e se a cole o segue a Hist ria Integrada ou a Hist ria Tem tica apenas uma cole o tem tica As cole es enquadradas como lineares representam 75 do total e se caracterizam por uma ordena o cronol gica mais simples sem serem trabalhadas as no es de temporalidades simultaneidade e dura o por exemplo J as cole es enquadradas no quesito complexifica o trabalham as diversas temporalidades dentro de um recorte cronol gico contribuindo dessa forma para a constru o de um olhar mais cr tico e apurado por parte do aluno A avalia o da proposta pedag gica se divide em duas partes o texto base e os exerc cios Nos dois casos o guia trabalha com as seguintes classifica es informativo procedimental e complexifica o de pensamento Um texto base informativo aquele que trabalha com o conhecimento hist rico como algo do passado que n o tem rela o com o presente fazendo com que seja muito dif
243. sse professor autor de livro did tico de primeiro segmento e por isso um grande conhecedor do programa o que talvez explique sua atitude isolada Os professores afirmaram que s est o entre as suas escolhas os livros que chegam s escolas diminuindo a possibilidade de editoras menores terem livros aprovados e escolhidos j que n o t m capital suficiente para tal distribui o H que se pensar em p los de escolhas de livros em cada munic pio onde os professores tenham acesso a todos os aprovados e Quais s o os crit rios dos professores em suas escolhas Os professores escolhem os livros pensando nos seus alunos Ofereci muitos trechos de entrevistas que nos indicam isso Al m disso percebi que escolhem livros com uma carga de texto n o muito grande e buscam exerc cios que atraiam seus alunos Apesar de n o serem todos os entrevistados alguns citaram trabalhar com documentos e preferirem livros que utilizem imagens mapas e fontes escritas como objetos de an lise e n o como ilustra o Tamb m disseram que levam o tamanho da fonte em considera o pois algumas assustam os adolescentes Vimos que h pouca semelhan a entre os crit rios de avalia o do MEC e dos professores com a exce o de Rafael escola de Copacabana que havia acabado de terminar uma p s em Ensino de Hist ria onde discutiu essas quest es Por mais que os crit rios do MEC sejam muito pertinentes creio que deve ser buscado um camin
244. sses problemas v o interferir na percep o que os professores t m dos seus alunos Rocha 2009b afirma que os professores de Hist ria consideram importante para o ensino de sua disciplina o que eles chamam de bagagem do aluno que poder amos traduzir em capital cultural como definiu Bourdieu Essa bagagem apontada pelos professores como um dos problemas para a PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 113 compreens o na aula de hist ria principalmente nas escolas p blicas o que corrobora a afirma o de Andrade Essa percep o tamb m vai definir suas pr ticas Em pesquisa realizada numa escola p blica e numa particular Rocha observou que na escola p blica a maior parte das aulas consistia na leitura do livro comentada enquanto na particular os professores explicavam a mat ria com diferentes estrat gias discursivas Os professores se explicam dizendo que os alunos das p blicas t m pouca autonomia de leitura para fazerem isso em casa E atribuem essa dificuldade a problemas vindos das series iniciais escolares ou familiares A autora tamb m diz que os professores passam mais tarefas de casa na escola particular que na p blica alegando que eles n o t m autonomia e que n o cumprem as tarefas pedidas exatamente como observei nas minhas entrevistas com raras exce es Tamb m na escola particular professores lidam com os alunos como seus semelhantes em termos culturais e as refer ncias culturais s o pr
245. ssor influenciam nas formas de trabalho desenvolvidas No cap tulo 5 tentamos responder as perguntas iniciais da pesquisa mas ao inv s de seguir a ordem estabelecida na introdu o foram feitas outras divis es que me pareceram mais convenientes Assim aqui cabe tentar respond las e Qualo grau de conhecimento dos docentes sobre o programa Os professores conhecem o programa em linhas gerais ou seja conhecem as partes que lhes tocam como a escolha e envio dos livros Uma professora conhece pouco a ponto de achar que existe um livro adotado pelo munic pio e Como processo de escolha dos livros did ticos nas escolas Geralmente o processo de escolha bem corrido Apesar disso algumas escolas organizam um dia espec fico com os livros dispostos sobre a mesa e propiciam uma reuni o entre os professores como a escola do Caju de Bonsucesso de Pedra de Guaratiba No entanto o mais comum a escolha ser feita individualmente cada professor escrevendo numa folha suas op es Caso PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 160 ele trabalhe no mesmo dia que outro professor da mesma disciplina ele tem com quem trocar opini es Se isso n o acontecer ele descobre a escolha de seus pares depois Corroborando outras pesquisas o guia praticamente ausente do processo Apenas o professor Roberto escola do Caju disse analisar o que o guia fala dos livros que ele selecionou Temos que levar em considera o que e
246. ssora Nela consta a explica o do que o Guia a avalia o um breve resumo do PNLD al m de afirmar a import ncia do professor na escolha do livro mais adequado a sua realidade de acordo com o projeto pol tico pedag gico da escola o seu alunado e a realidade que o cerca No cap tulo Retrato de uma caminhada como e por que se avalia um livro did tico de Hist ria tem se a impress o que os autores tinham como objetivo demonstrar a complexidade da avalia o afim de que os professores e as escolas valorizem o momento de escolha Nele explicado todo o longo processo de avalia o que culmina na escolha dos professores Tamb m s o explicitados os crit rios comuns a todas as disciplinas pelos quais os livros s o avaliados j mostrados acima Ap s explicar cada um dos t picos o Guia afirma que foram apresentadas 25 cole es para avalia o sendo que 16 foram aprovadas e 9 reprovadas No cap tulo As cole es did ticas aprovadas para o PNLD 201 um olhar sobre o conjunto o guia informa que o professor n o encontrar avalia es valorativas das cole es numa escala de melhor para o pior ou vice versa Explica que n o h um livro timo ou p ssimo pois isto depende da realidade em que ele est inserido Tamb m explica que devido complexidade da feitura de um livro hoje em dia em que existe uma equipe respons vel pela realiza o e o processo n o mais centralizado nas m os de um nico autor mu
247. ssores da especializa o que fiz na Espanha principalmente Izidoro Gonzales Mar a Sanchez August y Mercedes de La Calle pelas timas aulas dadas sobre o assunto aumentando a chama j acesa Aos professores da PUC que me formaram nessa rea nova para mim Especial agradecimento Al cia Bonamino Ros lia Duarte e Vera Candau pelas timas aulas e discuss es propiciadas Aos meus amigos de trabalho nas escolas de hoje e de ontem pelas conversas enriquecedoras sobre o universo educacional Aos meus alunos de hoje e de ontem Sem eles essa disserta o n o existiria tamb m pois as quest es surgiram vivenciando as PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA Resumo Queir z Carolina Penafiel de Brand o Zaia S quero saber do que pode dar certo n o tenho tempo a perder escolhas e usos dos livros did ticos de Hist ria em escolas municipais Rio de Janeiro 2012 171 p Disserta o de Mestrado Departamento de Educa o Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Esta disserta o buscou analisar o processo de escolha dos livros did ticos de Hist ria e o uso que se faz deles a partir da fala dos professores de algumas escolas municipais da cidade do Rio de Janeiro Utilizando a metodologia de entrevistas e valendo se da bibliografia sobre saber docente capital cultural e formas de leitura foram entrevistados quatorze professores de diferentes regi es da cidade Al m disso foi feit
248. sua escolha Rafael n o n o d E dentro dos livros que eu li eu gostei muito do Hist ria sociedade e cidadania do Alfredo Boulos Esse livro eu achei que o que tinha mais um di logo com os alunos que n s t nhamos na escola um livro que tem uma preocupa o em discutir hist ria partindo bastante assim de situa es cotidianas Me parecia que era um livro que tinha um di logo At a pr pria fonte do livro pro aluno uma fonte maiorzinha Infelizmente um livro que tem uma fonte muito pequena assusta textos muito grandes n assustam ent o at nisso tamb m Mas at pela quest o do conte do o pr prio t tulo dele j remete pra essa coisa quer dizer uma forma o assim nessa quest o hist ria e cidadania uma coisa mais ligada com o presente com a problematiza o das quest es Isso me agradou esse livro me agradou Ent o eu escolhi esse livro como a primeira op o A gente tinha que colocar duas op es e eu escolhi esse livro como primeira op o A segunda op o nem me lembro qual o foi o livro se foi o pr prio Ararib ou se foi algum outro sinceramente n o me lembro A a gente ouvia as palavras dos professores sobre cada um n o houve reuni o dos cinco juntos mas voc falava com um falava com outro Uma outra professora j com bastante tempo de munic pio mais de vinte anos com certeza ela tamb m escolheu esse ela se colocou bastante
249. t ria ind gena e hist ria africana foi a professora Camila Segundo ela esse interesse come ou a existir quando ela come ou a dar aula e viu um aluno negro chamando o outro de preto E ela lhe disse que ele era negro tamb m no que o menino rejeitava a sua cor e dizia a senhora fala isso porque branca E ela lhe dizia que sim ela mas isso n o a faz melhor do que ele Por isso em seu trabalho final da p s gradua o em Ensino de Hist ria que realizou na UFRJ falou sobre essas quest es e se disse muito preocupada na forma como os livros abordam esses conte dos apenas superficialmente para cumprir a lei Eu discordei completamente do outro professor Alguns professores j tinham sa do no final do ano e fiquei eu e o outro professor s para escolher Eu discordei completamente n o concordei com nada mas no final das contas como eu praticamente n o dou aula com o livro e ele s usa o livro faz o que voc quiser escolhe o que voc quiser e pronto n o estou nem a Eu chegava e estava preocupada em como era trabalhada a imagem no livro quais os conte dos a Hist ria da frica a Hist ria Ind gena como que estava sendo mostrada e ele esse livro n o tem conte do olha esse aqui esse aqui tem muito mais olha aqui o assunto tal Ele pegava um assunto Capitania Heredit rias olha aqui quantas p ginas risos Era assim e ele famoso na escola porque ele manda o aluno abrir o livro
250. ta concedida dia 04 10 2011 Poder amos pensar que o professor leu o guia antes mas ele afirmou que nem viu o guia no momento de escolha s depois numa pilha de livros Veremos mais adiante que a escolha em sua escola foi bastante singular O professor Roberto escola do Caju tamb m utiliza este livro E seu depoimento segue a mesma linha do anterior A gente escolheu esse livro pela parte gr fica dele tem uma riqueza de imagens E os textos s o diminutos Texto imagem letras grandes espa amento bom Roberto entrevista concedida dia 03 05 2011 Por ltimo utilizo a fala da professora Gilda escola de Bonsucesso sobre a escolha ser em fun o do aluno PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 117 A gente escolhe muito em fun o do aluno do que o aluno pode ver naquele livro e tamb m em fun o dos exerc cios porque n o adianta eu escolher um livro CHEIO de conte dos hist ricos trabalhos hist ricos e eles n o v o conseguir chegar nunca a isso n Eu acho que ele tem que ter um texto atrativo figuras atrativas coisas atrativas exerc cios atrativos e acima de tudo uma linguagem adequada pra ele Vocabularmente a maioria dos livros n o s o adequados De hist ria n o s o adequadas ao vocabul rio deles Porque primeiro o vocabul rio deles muito muito pouco fraco p ssimo ent o voc tem que adequar o livro a eles ao vocabul rio deles Professora Gilda entrevista concedida dia 29
251. tamento Complexifica o temporal Informativo Texto base e Procedimental Aprendizagem Informativo Atividades Procedimental Complexifica o de Pensamento Ensino da tem tica Informativo Aplica o da ind gena e africana Cr tico reflexivo lei 11 645 Orienta es ao Informativo professor Cr tico reflexivo Metodologia estrat gias did ticas Complexifica o de 1 de Ensino Pensamento Total de cole es Como podemos perceber s o poucas as cole es avaliadas nas categorias onde teoricamente o conhecimento hist rico seria constru do de forma mais complexa pelos alunos A nica cole o que bem avaliada em todos os quesitos a Hist ria Tem tica da Editora Scipione pouco usada pelos professores como veremos adiante PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 58 3 3 As escolhas dos professores do munic pio do Rio de Janeiro Atrav s de uma pesquisa na p gina do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE P fiz uma lista dos livros utilizados nas escolas de 6 ao 9 ano Nela percebi como alguns livros s o verdadeiros sucessos entre os professores e outros quase n o s o utilizados Nas entrevistas tento compreender as raz es dessas escolhas Segundo a p gina da Secretaria de Educa o do Munic pio do Rio de Janeiro a rede conta com 1 065 escolas Destas 393 atendem ao segundo segmento Os livros utilizados pelos professores podem ser vistos no gr
252. te para esta pesquisa foi Pierre Bourdieu principalmente sua no o de habitus e de capital cultural Ap s dar aula em escola p blica e escola particular e ler seus textos muitas coisas fizeram sentido na minha cabe a Por isso tentei na medida do poss vel utiliz las nesse trabalho pois acredito que quando os professores dizem que levam em considera o seus alunos na hora de escolher os livros e selecionar os conte dos est o pensando no capital cultural dos mesmos al m de outros fatores Al m 53 e a Na realidade a maioria tende a utilizar a no o de capital cultural de uma maneira simplista desconhecendo as mudan as na estrutura de capitais e na pr pria no o de cultura numa erspectiva s cio antropol gica Segue da a perspectiva de car ncia e defici ncia cultural 3 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 110 disso a dificuldade encontrada por muitos em utilizar o livro com os alunos pode vir do pr prio livro pois estes t m uma linguagem que faz parte de um mundo letrado erudito e a grande maioria dos alunos das escolas municipais n o participam desse mundo Vemos um exemplo disso na fala do professor Marcos escola da Urca num momento em que ele falava da pregui a dos alunos para a leitura Talvez essa pregui a para ler uma acomoda o que aqui mesmo nessa escola tendo esse aluno com perfil diferenciado da maioria das escolas da prefeitura com um
253. ticas Para isso foi criado o Programa do Livro Did tico Plid que se ramificava em programas que abarcavam os diferentes n veis de ensino Programa do Livro Did tico para o Ensino Fundamental Plidef Programa do Livro Did tico para o Ensino M dio Plidem Programa do Livro Did tico para o Ensino Superior Plides e Programa do Livro Did tico para o Ensino Supletivo Plidesu Ainda na d cada de 1970 no ano de 1976 atrav s do Decreto n 77 107 o governo assumiu para si a compra de boa parcela dos livros para distribui o nas escolas O INL foi extinto e a Funda o Nacional do Material Escolar Fename fundada em 1967 tornou se respons vel pela execu o do programa do livro did tico Desde essa poca os recursos passaram a vir do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE e das contrapartidas m nimas estabelecidas para participa o dos estados No entanto a insufici ncia de recursos para atender a todos os alunos do ensino fundamental da rede p blica deixou grande parte das escolas municipais fora do programa A Fename foi extinta em 1983 e em seu lugar foi criada a Funda o de Assist ncia ao Estudante FAE que assumiu a responsabilidade sobre os programas dos livros Segundo a p gina do FNDE foi formado um grupo de trabalho que se encarregou de examinar os problemas relativos aos livros did ticos e prop s a participa o dos professores na escolha dos livros e a amplia o do programa com extens
254. to ao ensino de uma disciplina no seio de uma institui o escolar Se at meados do s culo XIX esse papel n o est sempre claramente formulado principalmente no ensino prim rio ele se torna em seguida mais pass vel de ser determinado com a cria o progressiva de estruturas educativas est veis uniformes e cada vez mais diversificadas o manual e as publica es que gravitam em torno dele livros ou guias para o professor antologias de documentos cadernos ou fich rios de exerc cios l xicos antologias de atividades se destinam sempre a uma disciplina a um n vel a uma s rie ou a um grau e se referem a um programa preciso O manual apresenta ent o ao aluno o conte do desse programa segundo uma progress o claramente definida e sob a forma de li es ou unidades Essas obras s o sempre concebidas para uso tanto coletivo em sala de aula sob a dire o do professor quanto individual em casa Ainda segundo Choppin 2004 p 553 os livros did ticos podem assumir quatro fun es essenciais podendo variar de acordo com o ambiente PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 45 sociocultural a poca as disciplinas os n veis de ensino os m todos e as formas de utiliza o S o elas 1 Fun o referencial curricular ou program tica desde que existam programas de ensino o livro did tico ent o apenas a fiel tradu o do programa ou quando se exerce o livre jogo da concorr ncia uma de
255. tor e internet sem fio instalados antes do projeto da Educop dia Al m disso elas contam tamb m com arm rios murais e s o muito limpas Ainda h uma boa sala de leitura e de computadores Ela atendia aos dois segmentos do Ensino Fundamental mas estava a cada ano diminuindo as turmas do primeiro segmento Em 2011 s restava o 5 ano Roberto afirma que nessa escola as coisas realmente funcionam dizendo que ela se distingue das demais escolas da prefeitura por sua estrutura e funcionamento Nela h material e c pias vontade os professores s o muito bons e entrosados e a dire o muito atuante Sua fala est muito marcada pela valoriza o daquele espa o chegando a dizer que uma escola exemplar pra mim Sobre os alunos diz que a clientela normal do munic pio mas existe uma peculiaridade dos seus alunos que apesar de morarem a dez minutos do centro quase n o saem do seu bairro Por isso a escola pra eles uma sa da uma fuga assim de outro mundo entendeu Roberto tem cinquenta e cinco anos Destes trinta e quatro s o dedicados doc ncia Contrariando a tradi o feminina ele come ou como professor prim rio e tinha duas matr culas come ando uma em 1976 e outra um ano depois Ap s cursar Hist ria na Universidade Federal Fluminense UFF fez um concurso interno 1984 e depois um externo 1987 para professor de Hist ria Em 2010 se aposentou de uma das matr culas J trabalhou em alguns col gios
256. tora o termo de compromisso que o pr prio FNDE sugere como proposta mas deixa as escolas livres para elaborarem os seus Atrav s deste termo os pais assinam se comprometendo a conservar e devolver os livros no fim do ano Noutra escola pesquisada existe uma ficha de controle que um documento com o nome do aluno s rie nome completo da m e e carteira de identidade O fornecimento deste uma forma de dar mais seriedade ao ato fazendo com o a fam lia valorize os livros recebidos Outras estrat gias s o realiza o de festas com a presen a dos pais para a entrega dos livros assim o momento da entrega se torna especial marca o de um dia D do encapamento quando as fam lias tamb m s o chamadas compara o com escolas particulares dizendo que os livros s o id nticos E tamb m uma atividade em que os alunos t m que pesquisar em lojas quanto custa cada livro Uma estrat gia de devolu o levantada pela autora que em minha opini o a melhor a seguinte que o aluno devolva o livro ap s cada avalia o bimestral do fim do ano Assim hoje o dia da prova de Hist ria e amanh de Portugu s Ele s far esta ltima se devolver o livro de Hist ria Quem n o devolve mandado dire o para uma conversa e depois faz a prova de qualquer forma pois realmente n o temos como barr lo e nem queremos Apesar de todas estas iniciativas a devolu o ainda um problema no pa s como um todo Como ao longo
257. tos hist ricos b sicos e m todo e uso da Hist ria para a promo o da reflexividade do estudante Em rela o ao pen ltimo h um sub bloco que diz Contribui para o desenvolvimento da temporalidade hist rica no estudante e evoca de modo sist mico e em bases crescentes de complexidade as categorias temporais centrais necess rias ao trabalho educativo sucess o simultaneidade dura o ritmos opera es de data o Guia PNLD p 117 Vemos nessa passagem a valoriza o do conceito de tempo e as diversas temporalidades Para finalizar este bloco quanto ao ltimo sub bloco creio ser importante destacar tr s passagens A an lise hist rica parte de um problema ou conjunto de problemas Apresenta e problematiza diversas fontes hist ricas relacionando as ao processo de constru o do conhecimento hist rico Os textos complementares atendem pluralidade de fontes e de Autoria permitindo ao professor n o s o debate de problemas mas tamb m a aproxima o do aluno ao processo de argumenta o e contraposi o pr prios da constru o do conhecimento hist rico Vemos a preocupa o com o m todo cient fico quando ele afirma se a an lise hist rica parte de um problema assim como percebemos a import ncia de se trabalhar com fontes e textos complementares de diversos tipos e autorias Em outro momento exerc cios o uso das fontes ser novamente destacado Para PUC Rio Certifica o Digital
258. trificados ligavam regi es mais distantes esta o Na d cada de 1930 Campo Grande foi integrado ao tecido urbano da cidade com a incorpora o da Estrada Real de Santa Cruz antiga estrada Rio S o Paulo Com a cria o da Avenida Brasil na d cada de 1960 passou a existir o Distrito Industrial de Campo Grande mudando o perfil da regi o que antes era uma rea agr cola A hist ria do bairro de Senador Vasconcelos confunde se com a de Campo Grande e seus dados educacionais s o proporcionalmente parecidos Por isso vou fornecer estas informa es de Campo Grande j que representa um quantitativo maior de pessoas A renda m dia mensal dos dois bairros de at cinco sal rios m nimos e os ndices educacionais s o os seguintes http portalgeo rio rj gov br armazenzinho web BairrosCariocas index2 bairro htm Acesso dia 13 2 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 91 Tabela 14 Respons veis pelos domic lios particulares permanentes por anos de estudo Campo Grande ERR Campo Grande Senador Vasconcelos Fonte http portalgeo rio rj gov br bairroscariocas index bairro ntm Acesso em 12 2 2012 Podemos ver que apesar dos n meros estarem bastante distribu dos entre as diversas faixas do ensino b sico muito pequeno o n mero de pessoas que continuaram estudando depois de terminar a escolariza o Al m disso em Campo Grande quase 50 mil pessoas n o entraram no Ensino
259. tro tipo de trabalho O problema maior quando voc tem uma turma heterog nea com leitores e n o leitores na mesma sala de aula A professora Clara tamb m disse que os alunos sabem apenas responder coisas simples como o que onde por que Mas se ela pede alguma coisa um pouco mais complexa j fica muito dif cil Como vemos no trecho a seguir eles t m dificuldade com o livro com a apostila qualquer um entendeu Qualquer um qualquer coisa que voc vai ler se n o foi aquele texto muito assim bobinho de prim rio Eles t m um pouco mais de dificuldade eles querem PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 124 perguntas assim N o sei ah Porque a terra redonda Sei l E t escrito l a terra redonda por que Clara entrevista concedida dia 17 08 2011 Esse problema tamb m foi relatado na pesquisa que Luca Sposito e Christov realizaram em v rias cidades brasileiras Embora os professores sejam dos anos iniciais do ensino fundamental as autoras afirmam que Muitos livros foram considerados distantes da viv ncia do aluno por se referirem a realidades de outras regi es do pa s sem contemplar conte dos espec ficos a respeito da hist ria e da geografia da regi o do estado e ou do munic pio no qual se localiza a escola 2006 p 112 Muitos professores tamb m relataram que os alunos n o se entendiam com o livro n o sabiam procurar informa es Ent o se a per
260. u gosto Porque na leitura eu j sublinhei j coloquei sin nimos j coloquei explica es entre par nteses que faltaram no texto E a eles refazem o texto Eu acho que um exerc cio de fixa o um exerc cio de portugu s um exerc cio de tudo quando eles montam o texto V nia entrevista concedida dia 08 06 2011 Gilson diz que usa muito pouco o livro O que faz passar dever de casa apesar de 15 da turma fazer em m dia O professor Jorge usa pouco o livro em sala tamb m dizendo sentir necessidade de ter um texto intermediado por ele Afirmando que gosta de escrever no quadro brinca ao dizer pode ser um ran o conservador n E explica a forma que utiliza o livro PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 155 Eu gosto de utilizar ele como consulta ent o assim s vezes eu fa o provas com o livro at porque pela nossa dificuldade de ter Xerox Ent o normalmente eu boto uma quest o da prova analisando o texto da p gina trinta e tr s responda tal tal tal Ent o n o transcrevo o texto na prova o que eu acho legal Ou ent o como trabalho em sala de aula Eu n o gosto de ler o livro com eles eu gosto de fazer com que eles tenham um texto no caderno um texto no livro e que eles tentem interagir um texto com o outro Jorge entrevista concedida dia 27 09 2011 O professor Marcos tamb m come a a aula com uma explica o e anota o conte do no quadro Depois pede aos alunos para lerem o
261. ue n o se pode fazer nada quando o aluno n o leva o livro diariamente ou n o o devolve no fim do ano o que provavelmente a dire o afirma h munic pios e escolas brasileiras que agem de forma diferente Timb 2009 em pesquisa em dois munic pios cearenses levantou v rias pr ticas adotadas por secretarias de educa o e por escolas que visam a comprometer a fam lia com a manuten o e devolu o dos livros Segundo ela h uma tentativa de envolver as fam lias no processo mostrar aos PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 137 pais que o material n o gratuito n o doa o mas sim muito dinheiro p blico investido oriundo dos nossos impostos Afirma que algumas secretarias orientam as dire es a fazer uma reuni o com os pais para conscientiz los sobre o valor do material recebido e a import ncia da conserva o e devolu o do livro Em uma das escolas pesquisadas pela autora a dire o marcou uma reuni o com os pais dos alunos menores explicou lhes a import ncia dos livros e pediu que assinassem numa lista ao lado do nome do filho indicando tamb m quantos e quais livros estavam recebendo A dire o deixou claro que a rematr cula s seria feita com a devolu o dos livros Na mesma escola n o houve reuni o com os pais dos alunos maiores Os livros foram entregues diretamente aos alunos sem deixar de frisar a import ncia do material que eles recebem Outra estrat gia citada pela au
262. ue os livros Ela afirma que eles sentem muito mais facilidade no uso dos cadernos Se no livro n o conseguem encontrar as informa es nos cap tulos nos cadernos que s o bem menores eles conseguem Realmente os exerc cios est o ao lado da p gina onde tem a resposta diminuindo a dificuldade de busca das informa es Assim esse material acaba fazendo mais sentido a eles Fora a pr pria quest o da linguagem que j falamos Aqui lembramos a fala da professora Silvia transcrita noutra parte do cap tulo s existe aprendizagem quando existe sentido Ser que o fato dos textos serem mais simples mais curtos e as informa es mais f ceis de serem encontradas fazem os alunos atribu rem mais sentido a esse material Ser que esse sentido faz eles o valorizarem de outra forma Outro ponto levantado por Paulo e muito citado pelos professores a sua autonomia Realmente vemos o quanto ela valorizada pelos docentes O professor Marcos chegou a dizer que a invas o do minif ndio a sua sala de aula Se a porta a melhor amiga ela deixa de ser quando uma prova bate nela dizendo o que ele deve e o que n o deve falar Essa valoriza o n o s uma quest o de corporativismo mas tamb m de saber Com sua bagagem suas PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 150 compet ncias e seus saberes os professores ajustam o curr culo oficial s expectativas dos seus alunos e realidade na qual a escola est inserida
263. uma proposta diferente de ensino principalmente PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 159 porque as escolas e governos exigem que o professor ensine todo o conte do como se isto fosse sin nimo de qualidade No cap tulo 3 destrinchamos parte do edital de convoca o das obras e do Guia do Livro Did tico enviado ao professor que corroboram as afirma es faladas acima Ap s constatarmos que mais da metade dos professores do Rio de Janeiro escolhem apenas dois livros entre os 16 dispon veis fomos ao Guia analisar que tipo de avalia o esses livros receberam Apesar de achar que os livros est o mais positivados nas resenhas do que no quadro s ntese percebermos que os pareceristas n o ofereceram boas avalia es aos mesmos De qualquer maneira boas avalia es s o destinadas a poucos livros A meu ver isso mostra que os avaliadores esperam mais dos livros did ticos do que os que t m chegado a eles Essa diversidade de interpreta es nos levou a Chartier para quem h diversas formas de apropria o dos livros Realmente mesmo entre os professores que escolheram o mesmo livro a diversidade de interpreta es sobre ele muito grande como vimos no caso do Ararib No cap tulo 4 apresentamos os professores entrevistados e tentamos descrever ao m ximo seus lugares de trabalho Parti do pressuposto de que a localiza o a estrutura e organiza o da escola os alunos que recebe e a hist ria de cada profe
264. var pra casa Eu concordo que n o h espa o suficiente pra gente guardar todos eles mas complicado como esse aluno ele n o tem essa ideia de organiza o pessoal como a vida dele normalmente toda desorganizada provavelmente termina n o tem esse espa o pra guardar o livro n o tem essa ideia que a gente tem os c digos s o muitos e a realmente no meio do ano n o tem mais livro ent o outra hist ria Claudia entrevista concedida dia 31 10 2011 Uma escola onde tudo d mais certo que nas outras a de Bonsucesso das professoras Gilda e Bruna Com o respaldo que a dire o tem nessa escola eles conseguem ter algumas pr ticas que nenhuma outra escola consegue Apesar disso essa professora tece algumas cr ticas ao modo como os alunos e suas fam lias s o tratados hoje em dia recebendo tudo e tendo poucas exig ncias em troca Gilda Tem a devolu o no final do ano tem um controle voc sabe que em nosso pa s n o existe controle para o aluno se o aluno n o trouxer fica por isso mesmo voc pode chamar a aten o voc pode brigar voc pode Mas n o tem PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 140 especificamente uma lei que diga voc tem que devolver o livro se n o vai acontecer isso n o tem Carolina e a como que voc s fazem Gilda normalmente a gente fica sem livros e espera a reposi o n Carolina mas eles devolvem em massa Gilda em massa em massa a
265. verei de forma geral o que o Guia tece sobre cada um dos livros No quinto cap tulo analisarei as escolhas dos professores Considerando a caracteriza o que fizemos sobre os crit rios avaliativos do Guia do PNLD os dois livros citados n o receberam uma avalia o muito positiva no guia O quesito Manual do Professor o melhor avaliado nos dois livros o Hist ria Sociedade e Cidadania est referido como contextualizado e o Projeto 2 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 60 Ararib como reflexivo No tratamento temporal ambos est o avaliados como lineares Para a proposta pedag gica tanto no quesito texto base e estrat gias como no quesito exerc cios os dois livros est o classificados como informativos Quanto ao tratamento da tem tica ind gena e africana e suas respectivas orienta es o primeiro est enquadrado como cr tico reflexivo e o segundo como informativo Podemos perceber que na maior parte dos quesitos os dois n o receberam uma boa avalia o Apesar disso nas resenhas alguns aspectos positivos dos livros s o ressaltados Em minha opini o os livros est o mais positivados nas resenhas do que no quadro s ntese Por isso falarei um pouco sobre as resenhas 3 3 1 A cole o Projeto Ararib segundo o Guia do PNLD Logo no in cio em Vis o geral a resenha afirma que a cole o tem uma boa quantidade e qualidade dos textos atividades e fontes Por isso oferece ao prof
266. vernamentais do livro did tico considera es da Abrale em 20095 fala sobre os pareceres de exclus o dizendo que muitos continham cr ticas inadequadas crit rios confusos erros evidentes e descuidos inaceit veis p 1 E lista alguns problemas dos quais citarei os dois que mais me chamaram a aten o Um sobre a avalia o dos livros de ci ncias que parece ser a disciplina que tem mais exclus es O autor afirma 7O qual n o consegui ter acesso Encontra se na p gina da Abrale http www abrale com br abrale frameset htm Acesso em 10 01 2012 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 34 Chama a aten o o caso de Ci ncias respons vel pelo mais alto ndice de exclus es entre as disciplinas do Ensino Fundamental Apenas para exemplificar considere se um parecer que critica a afirma o do autor de que seres vivos respiram porque n o se havia levado em conta os diferentes tipos de respira o nem todos os seres vivos precisam de oxig nio ora tal coloca o sugere um rigor que n o condiz com a faixa et ria 7 8 anos de idade qual se destina o texto J em PNLDs passados o ndice de reprova o na disciplina ficou muito acima da m dia de todas as outras aparentemente as cr ticas dos pareceristas defendem um rigor cient fico que nada tem a ver com o processo de aprendizagem Tem se a impress o de que as equipes de avalia o de Ci ncias s o formadas por especialistas nas disci
267. vros e encontrar a melhor forma de ensinar a seus alunos Logo ele produtor de um saber distinto mas n o menor Por tudo isso minhas leituras sobre o saber docente foram as que moldaram o meu olhar sobre as entrevistas Logo parto do princ pio que a experi ncia cotidiana um componente fundamental do saber do professor Por m n o apenas isso que constitui o seu saber assim como n o s o apenas os saberes te ricos aprendidos ao longo da sua forma o Portanto o professor opera com um amplo leque de saberes quando prepara e d a sua aula Baseio me em Tardif 2010 nessa classifica o quando destaca os seguintes saberes como constitutivos do professor e Saberes da forma o profissional das ci ncias da educa o saberes transmitidos pelas institui es de forma o de professores que lhes oferecem algumas formas de saber fazer e algumas t cnicas de ensino e Saberes disciplinares oriundos da sua forma o de origem que s o transmitidos independentemente das faculdades de educa o e Saberes curriculares programas escolares que os professores devem conhecer e aplicar e Saberes experienciais saberes constru dos na pr tica cotidiana e no conhecimento do seu meio Este ltimo muito valorizado pelo autor e h aqui uma passagem importante Esses saberes brotam da experi ncia e s o por ela validados Eles incorporam se experi ncia individual e coletiva sob a forma de habitus e de habilidades de
268. xiva no of cio de professor profissionaliza o e raz o pedag gica Porto Alegre Artmed Editora 2002 PERRENOUD Philippe Ensinar agir na urg ncia decidir na incerteza Porto Alegre Artmed Editora 2001 ROCHA Helenice Aparecida Bastos A economia do trabalho docente no ensino fundamental o que acontece na aula entre o ensinar e o aprender In Anais 30 Reuni o Anual da Anped Caxambu 2007 ROCHA Helenice Aparecida Bastos Linguagem oral e escrita no ensino de hist ria uma rela o nada transparente In Anais XIII Encontro de Hist ria Anpuh Rio 2008 ROCHA Helenice Aparecida Bastos Livros did ticos de Hist ria a diversidade de leitores e usos IN ROCHA Helenice Bastos RESNIK Lu s MAGALH ES Marcelo de Souza orgs A hist ria na escola autores livros e leituras Rio de Janeiro Editora FGV 2009a ROCHA Helenice Aula de Hist ria que bagagem levar In ROCHA Helenice MAGALH ES Marcelo GONTIJO Rebeca A escrita da hist ria escolar mem ria e historiografia Rio de Janeiro Editora FGV 2009b ROCKWELL Elsie La lectura como pr ctica cultural conceptos para el estudio de los libros escolares In Educa o e Pesquisa S o Paulo v 27 n 1 p 11 26 jan jun 2001 ROJO Roxane Materiais did ticos escolha e uso In MINIST RIO DA EDUCA O Materiais did ticos escolha e uso Boletim 14 ago 2005 PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA
269. zer pontes que eles participam na corre o inclusive Roberto entrevista concedida dia 03 05 2011 Apesar de termos apenas pistas de suas aulas podemos perceber que os professores se apropriam e reapropriam o tempo todo do livro did tico e de qualquer material que chega a ele de acordo com as suas experi ncias e os alunos que ele tem ou a ideia que ele tem dos alunos Conclu mos com uma fala da professora V nia De qualquer forma o livro um auxiliar do professor Ele n o pode ser a mola mestra Voc vai v o cortando coisas vai acrescentando aquilo que voc n o acha que est ruim que tem alguma coisa que mais elucidativa voc substitui Mas eu acho que com certeza o livro did tico um grande auxiliar E esse est dando certo PUC Rio Certifica o Digital N 1011708 CA 157 6 Considera es finais Agora que chegamos ao final cabe retomarmos algumas quest es trabalhadas Para chegarmos s escolhas e usos dos professores percorremos um caminho que partiu das pol ticas do livro did tico no Brasil passamos pelas defini es de livro did tico para se pensar no Guia do PNLD e nos livros mais escolhidos pelos professores seguimos apresentando os entrevistados contando um pouco de suas trajet rias e descrevendo seus locais de trabalho para por fim abordarmos o tema principal deste trabalho No cap tulo 2 onde abordamos as pol ticas dos livros did ticos vimos que o PNLD herdeiro de pr

Download Pdf Manuals

Related Search

Related Contents

Broan-NuTone K15 Kitchen Hood  Whirlpool Range GFE461LVQ1 User's Manual  AVERTISSEMENT - GE Appliances  HP CA350 Data Sheet  2. - HCinema  

Copyright © All rights reserved. Failed to retrieve file