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1. fe mie x Bobo Jo Wie Aaa NU ya ec fi Brun BLY lew A Lo C pr CELL LE quo HAL Figura 8 Caderno de Luiz Carlos do segundo ano 1952 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha A partir do m s de outubro do segundo ano do curso prim rio os ditados passam a ser escritos com caneta tinteiro mas ainda em cadernos de caligrafia or Yde degumbbe de nst Figura 9 Caderno de Gladis do 2 ano prim rio 1954 Fonte Acervo particular de Gladis Renate Wiener Blumenthal 152 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Desde a segunda s rie os ditados trazem t tulos ou temas os quais mostram correspond ncia com conte dos tratados nas demais dis ciplinas do programa do ensino prim rio Hist ria Geografia Ci ncias vinculam se a datas c vicas nacionais Tiradentes Dia do ndio Desco brimento do Brasil a datas religiosas P scoa Natal S o Jo o e a datas comerciais Dia das M es Dia das Crian as conforme o Quadro 2 12 classe 22 classe 32 classe 42 classe 54 classe Escola Pontos cardeais Passeio Historia Um nome s Tiradentes Pedro Alvares O trabalho Cabral Relevo Dia das Maes Funda o de Porto Os ndios Alegre Geografia S o Jo o Semana da P tria Governo da cidade Brasil P tria Habitantes Primiti Independ ncia do vos de Porto Alegre O avozinho Brasil O Rio Grande do P scoa Lendas Natureza Revolu o Farrou Sul dentro do Brasil T
2. indica es que concorram para a melhoria dos comp ndios por parte dos editores e autores LOURENCO FILHO 194 p 1 Para isso Louren o Filho encaminhou sugest o de ficha e solicitou a colabora o dos interessados na avalia o de sua sugest o mediante resposta s seguintes quest es 1 Julga completas para a aprecia o dos livros did ticos os itens que constam na ficha 2 No caso negativo que acr scimos ou modifica es sugere 3 Julga poss vel reduzir os itens a avalia es num ricas e em caso afir mativo que percentagem atribue a cada um dos itens LOUREN O FILHO 194 p 1 De acordo com a sugest o de Louren o Filho os livros did ticos deveriam ser avaliados em sua fei o material e em seu conte do As sim elencou os itens que considerava necess rios em cada aspecto e apre sentou uma s ntese explicativa de cada item Em rela o fei o mate rial levou em conta 1 formato dimens es a altura b largura c propor o 2 encaderna o a aspecto b durabilidade c colorido da capa 3 papel a estrutura b espessura c c r 4 impress o a corpo b tipo c entrelinha d comprimento da linha e separa o das palavras f tinta g gosto 5 gravuras a impress o b propriedade no assunto c propriedade na execu o d variedade de assunto e gosto na esc lha LOUREN O FILHO 194 p 2 cc rs Quanto ao conte do considerou
3. CHARTIER 2001 p 21 Sabemos que muitos livros utilizados e produzidos ao longo do tempo est o ainda perdidos muito recente a hist ria dos livros did ticos e seus autores das edi es e das editoras que os publicaram Sabemos tamb m que muitos livros que comp em os acervos constitu dos pelos pesquisadores nacionais foram encontrados dentro de caixas de bibliotecas escolares em condi es prec rias de conserva o perdidos entre pratelei ras de bibliotecas p blicas guardados em dep sitos das editoras Ach los s vezes fruto de um verdadeiro acaso Pelas m os de uma pessoa que sabe o quanto gostamos de livros velhos ou quando visi tamos uma biblioteca fora do Brasil ou ainda quando consultamos sebos felizmente hoje dispon veis tamb m on line E a cada achado um sentimento de conquista por possuir algo in dito que precisa ser explorado porque acreditamos que a cada livro im presso descoberto e estudado parte da hist ria dos pr prios livros e dos homens que re criam e se apropriam desse objeto reescrita reavaliada tornando se poss vel de ser interrogada em outros aspectos Quando tratado n o apenas como suporte e instrumento de con te do educativo e disciplinar mas tamb m como objeto cultural e ideol gico produzido manufaturado e difundido segundo uma l gica comercial e industrial CHOPIN 2008 o livro did tico ganha novas dimens es porque implica possibilid
4. 17 S o as seguintes as autoras Norma Menezes de Oliveira Alsina Alves de Lima Eny Emilia Dias da Silveira Liliana Tavares Rosa Maria Flora de Menezes Ribeiro Maria Heoniza Nascimento da Silva Norma Nunes de Menezes Marilena Tavares Rocha Rachel Kier Supervis o Martha Silva de Carvalho Possivelmente essa car tilha decorreu de algum projeto espec fico o qual ainda n o foi identificado na pesquisa 108 HIsTORIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Via de regra os personagens s o os seguintes um menino uma menina pai m e algum irm o irm ou amigos e os animais de estima o Todas as primeiras palavras s o portanto nomes pr prios e substantivos comuns A essas palavras seguem os verbos os personagens fazem algo divertido como pular correr brincar fugir andar saltar jogar etc pronomes e artigos formando assim as primeiras frases e permitindo a repeti o em novos contextos das palavras usadas aprendidas isoladamente Vejam se dois exemplos um de um livro americano Figura 1 e outro de um ga cho Figura 2 ambos das p ginas das primeiras li es Figura 1 P ginas 2 e 3 de Skip Along de Mabel O Donnel 1947 Fonte The Curriculum Collection UIUC Figura 2 P ginas da Cartilha do Guri de Elbio N Gonzales Rosa M Ruschel Flavia E Braun 8 ed 1969 Fonte Acervo HISALES FaE UFPel 109 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs G
5. compra de livros por parte dos estudantes que preferem fotoc pias ou consultas wikipedia SUPIOT 2001 O segundo paradoxo pr prio da edi o de livros para crian as e adolescentes consiste no contraste entre o retrocesso das pr ticas de leitura dos jovens e o crescimento espetacular do volume de neg cios desse se tor editorial Na Fran a seu balan o econ mico global ou chiffre d affaires passou de 202 milh es de euros em 2001 a 362 milh es em 2011 SYN DICAT NATIONAL DE LEDITION 2012 Hoje os livros para jovens constituem o quarto setor da atividade editorial depois da literatura dos livros pr ticos e da edi o escolar e mais de 20 da compra de livros No mesmo periodo as livrarias especializadas nesse setor sofreram diminui es em seu faturamento mesmo que inferiores ao de outras livrarias mas em torno de 10 a 20 Esse ultimo fen meno pode ser explicado pelos novos h bitos de compras de livros pela internet nos supermercados e nos megastores multim dias Mais dif cil de compreender o desn vel entre o crescimento da produ o editorial para jovens e a dr stica redu o das pr ticas de leitura desses mesmos jovens Devemos pensar ent o que as respostas das pesquisas ocultam as pr ticas efetivas em uma poca na qual apresentar se como leitor n o valorizado particularmente no caso do sexo masculino Ou ainda que os livros comprados n o s o lidos Ou que seus leitores s o os adulto
6. importante ressaltar que mais que uma quest o o livro did ti co constitu a um problema apontado por Louren o Filho mas aparente em toda legisla o sobre esse assunto e nos debates e ideias de institui es voltadas para ele Sintonizado com as urg ncias e necessidades de sua poca por tanto quando o livro did tico era considerado problema a ser resolvido seja pela legisla o e controle seja pelo debate e reflex es Louren o Filho participou ativamente dessas discuss es prescri es e elabora es em tex tos te ricos regulamenta es e livros did ticos Certamente a busca do Minist rio da Educa o e Cultura por sua resposta era o reconhecimento de toda essa produ o De fato Louren o Filho falava de um lugar no qual leitura literatura e livros inclu dos os did ticos eram meios para se alcan arem os fins da educa o e esta o meio de garantia da reforma da sociedade Sua resposta s ntese de sua poca quer por sua preocupa o com as reformas nos programas e ortogr ficas que afetavam diretamente o setor livreiro no pa s quer na produ o de uma ficha de avalia o seja na preocupa o com a centraliza o ou descentraliza o da pol tica do livro did tico seja na concorr ncia entre editores e n o ado o do livro nico nem de edi es exclusivamente oficiais Como se pode perceber pela atua o de Louren o Filho desta cando se sua resposta s perguntas
7. o disciplinas escolares e curr culo pesquisadores come am a se voltar para a escrita escolar e seus suportes compreendendo como Jos Maria Hernandez Diaz 2002 p 225 que tanto ontem quanto hoje as paredes o mobili rio e os utens lios da escola guardam uma ordem convencional imposta casual vis vel ou um sistema de rela es invis vel ordenado permitido negociado ou desestruturado em outras ocasi es Para ele a hist ria dos objetos escolares portanto em boa medida a hist ria do modo de atuar na escola dos projetos educativos reivindicados pelo professor individualmente ou em grupo Dentre os estudos sobre cadernos escolares destacarei os seguintes 1 NA FRAN A Jean H brard 2001 debru ou se sobre cadernos escolares con siderando que a partir do momento em que a escola francesa n o mais se limitou a ensinar a ler escrever e contar eles passaram a ser o espa o da escrita no qual o aluno aprendeu a ordenar o espa o gr fico e o tempo des tinado s atividades escolares Para o autor a generaliza o dos cadernos na escola prim ria possivelmente est situada no primeiro ter o do s culo XIX mas n o existem fontes documentais suficientemente seguras que permitam estabelecer uma hist ria do caderno escolar com informa es precisas Do minique Julia 1993 por sua vez considera que os cadernos se constituem em importantes observat rios do conte do ensinado propiciando examinar
8. o de programas de pes quisa coletiva inter universit rias nacionais ou internacionais e enfim a acumula o e formas de compartilhar experi ncias e habilidades em congressos internacionais ou mais diretamente pelas trocas de corres pond ncia entre pesquisadores CHOPPIN 2004 p 562 Os contatos internacionais realizados por Choppin possibilitaram a realiza o de estudos comparativos assim como interc mbios culturais com vistas ao entendimento do poder de um objeto comum e constante que circula na vida de professores e alunos de autores e editores de t c nicos e gr ficos de funcion rios e intelectuais respons veis pelas pol ticas p blicas dos diferentes pa ses do mundo ocidental e oriental Dentro de tais expectativas tornou se membro fundador da As socia o Internacional de Pesquisa sobre Manuais Escolares e M dias Edu cativas participando de congressos internacionais em diferentes pa ses No Simp sio Internacional Livro Did tico Educa o e Hist ria realizado em 57 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs 2007 na Faculdade de Educa o da USP Alain Choppin na confer ncia de abertura apresentou uma importante reflex o sobre o crescimento das di versas investiga es sobre o tema em diferentes partes do mundo situando aquele momento meados da primeira d cada do s culo XXI como o da maturidade das pesquisas Nessa confer ncia por ele denominad
9. 36 Conforme Carpenter 1963 p 92 Depois daqueles tempos de George Frederick Holmes Sarah L Arnold Charles B Gilbert William T Harris Marcius Wilson e outros compiladores da ltima parte do sec XIX a elabora o de livros de leitura se tornou uma tarefa de expert em educa o infantil psicologistas que estudavam as t cnicas envolvidas na leitura Mark Baldwin passou a ser publicado nesse momento eram um psicologista famoso que ensinava leitura nas escolas em termos psicol gicos e seus textos eram muito aceitos em todas as partes Durante as 3 ou 4 d cadas seguintes os compiladores de livros de leitura eram na maioria dos casos seguidores de Baldwin Sobre ele Carpenter abre uma nota Baldwin lecionou Psicologia nas universidades Princeton e Johns Hopkins 83 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Com essa onda reformadora as mulheres perderiam a predomi n ncia na autoria dos livros de leitura que h pouco tinham conquistado Mas preciso ainda sublinhar mais tr s fatores que deslocaram as mulheres da autoria para a coautoria secund ria crescimento r pido do ensino se cund rio que foi profundamente reformado com a extens o da escolari dade elementar e a cria o do high school com grada es e diversifica es curriculares Se estiver certa essa hip tese a professora do ensino elementar n o conquistou o mercado das s ries finais do ensino b sico estendido
10. LE se encontram reunidas nos cap tulos que integram este livro Situando a discuss o no mbito da produ o historiogr fica internacional Roger Chartier formula as quest es centrais sobre a historiografia da leitura em texto que reproduz sua confer ncia de abertura do evento e Circe Fernan des Bittencourt sintetiza a trajet ria do professor e pesquisador franc s Alain Choppin em texto de homenagem p stuma Enfocando o tema re lacionadamente de forma direta ou indireta ao contexto brasileiro se guem os textos de palestrantes e debatedores nas mesas redondas Mirian Jorge Warde Eliane Peres Norma Sandra de Almeida Ferreira Maria He lena C mara Bastos Ana Chrystina Mignot Maria Teresa Santos Cunha Maria do Ros rio Longo Mortatti Cancionila Janzkovski Cardoso Estela Natalina Mantovani Bertoletti Isabel Cristina Alves da Silva Frade M rcia de Paula Greg rio Razzini e Kazumi Munakata Nesses textos podem se ouvir vozes de diferentes sujeitos que de diferentes pontos de vista com diferentes formas e marcas de interlocu o com o contexto motivador inicial apresentam possibilidades de perguntas ou de respostas a problemas espec ficos das pesquisas sobre hist ria do ensi no de leitura e escrita evidenciando a complexidade da tem tica por meio da an lise de diferentes aspectos de m todos e material did tico luz do contexto hist rico e suas rela es com processos pol ticos Em meio a esses discursos plura
11. mente com a nfase nas bases psicol gicas cient ficas do conhecimento sobre a inf ncia e seu desenvolvimento e com a necessidade de forma o pr tica do professor Bases e orienta es gerais semelhantes estavam igualmente pre sentes na Lei Org nica do Ensino Prim rio Decreto lei n 8 529 de 2 de janeiro de 1946 o qual determinava como princ pios do ensino prim rio fundamental a Desenvolver se de modo sistem tico e graduado segun do os interesses naturais da inf ncia b ter como fundamento did tico as atividades dos pr prios disc pulos c apoiar se nas realidades do ambiente em que se exer a Capitulo IV Artigo 10 BRASIL 1946b E a mat ria Leitura e linguagem oral e escrita constava dos programas de todas as s ries do Curso Prim rio elementar de quatro anos e do Curso prim rio complementar de um ano Al m desses aspectos e embora n o seja poss vel discutir na ex tens o deste texto deve se ressaltar como importante para a compreens o do sentido desses manuais no contexto hist rico de sua produ o e cir cula o o papel desempenhado pelas casas publicadoras dos manuais em quest o e a cria o de cole es did ticas como estrat gia editorial escola novista CARVALHO 2006b CARVALHO TOLEDO 2004 nalizante imposto ao 2 Grau se estendeu Habilita o Espec fica de 2 grau para o exerc cio do magist rio de 1 grau HEM tendo resultado na extin
12. o X Ci ncia pedante ou livresca XII A autodidaxia Quadro 1 T tulos dos cap tulos do livro A arte da Leitura de M rio G Viana 1949 Fonte Acervo pessoal da autora O car ter prescritivo para a leitura no livro de M rio Gon alves Viana n o se limita apenas ao Cap tulo VII da Primeira Parte como o t tulo anuncia mas est presente em todo o volume e se pauta significa tivamente em aspectos sobre os h bitos de boa leitura da leitura escolar e sobre a import ncia da leitura para estudo e divertimento lazer Essas prescri es est o expressas como 187 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs O professor ter sempre o cuidado de fazer indica es de livros a ler de maneira met dica e evolutiva escolhendo de prefer ncia livros que satisfa am a curiosidade da inf ncia e proporcionando lhes conheci mentos e divers o sadia VIANA 1949 p 14 A indica o de obras de ler pelos alunos ser nos primeiros tempos tanto quanto poss vel e variada para que fique com uma apreci vel cultura geral VIANA 1949 p 15 Ler bem n o consiste em soletrar palavras abstraindo das id ias que representam O h bito de ler deve originar o h bito do estudo e tem grande valor educativo porque ensina a procurar e a sentir a beleza verdadeira VIANA 1949 p 183 Outro aspecto a considerar s o as recomenda es para a leitura inicialmente si
13. poca informa nos Choppin estava sendo elabo rado um outro banco de dados complementar o EMMANUELLE 5 que consiste na produ o historiogr fica francesa sobre hist ria dos livros escolares contando na ocasi o com cerca de 1 000 t tulos publicados em livros e revistas E estavam previstos dois outros instrumentos importantes para os pesquisa dores o corpus legislativo leis e regulamentos incluindo o elenco de livros censurados a partir da Revolu o de 1789 a 1996 e o repert rio hist rico das editoras de livros did ticos CHOPPIN AUBIN 2007 p 55 Ao aliar a constru o do EMMANUELLE s pesquisas sobre a hist ria dos livros e das edi es escolares Alain Choppin tornou se arti culador de uma rede de pesquisadores em escala internacional Participou de v rios interc mbios com a finalidade de estabelecer conv nios entre institui es universit rias e o INR para a constitui o de outros bancos de dados Em uma publica o com o pesquisador canadense Paul Aubin Le fonti storiche in rete i manuali scolastici de 2007 os autores abordam a s rie de bancos de dados criados em diferentes pa ses com base em pro jetos espec ficos sob o referencial do EMMANUELLE Foi o caso dos projetos canadenses MOSCOVO da Universidade de Otawa e o MANS CA da Universidade Laval de Quebec trabalhando com obras did ticas francof nicas a partir de 1765 ano em que foi introduzida a tipografia na regi o Tamb m no Cana
14. 1 Exatid o das no es expostas 2 Linguagem a propriedade em rela o ao grau de ensino b propriedade em rela o idade c propriedade em rela o ao assunto LOUREN O FILHO 194 p 3 256 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Seguindo essas preocupa es no documento O problema do livro did tico notas para o Sr Ministro Louren o Filho 1953 destacou a im port ncia do tema e a necessidade de que fosse visto de maneira objetiva preliminarmente recolhendo dados sobre a produ o circula o e venda de livros reconhecidos por ele como problemas Para analisar o primeiro problema baseou se nos dados do me morial enviado pela C mara Brasileira do Livro ao Presidente da Rep blica e ao Ministro da Educa o e Sa de em 1951 sublinhando o aumento do pre o dos livros como menor que o de outros produtos industriais e que mudan as nos programas e ortogr ficas vinham acarretando dificul dades ao setor Em rela o ao segundo problema referiu se s dificuldades de frete e transporte assim como de depend ncia exist ncia de agentes para circula o de livros did ticos No que concerne ao terceiro problema contabilizou o custo da impress o da distribui o do pre o do papel e da produ o em massa como determinantes do pre o de venda e dos lucros do setor Em vista disso Louren o Filho 1953 prop s ao Minist rio da Educa o e Cultura que criasse cooperativas escolares para redu
15. 17 n 40 p 7 10 maio ago 2013 BRAGA R M S Caligrafia em pauta a legitima o de Orminda Marques no campo educacional 2008 181 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculda de de Educa o Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2008 CARUSO A S Tra o de Uni o como vitrine educa o feminina ide rio cat lico e pr ticas escolanovistas no peri dico do Col gio Jacobina 2006 231 f Disser ta o Mestrado em Educa o Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 CASTILLO G MES A Presentaci n la infancia y la escritura History of Edu cation amp Childrens Literature Macerata p 15 20 2012 CASTILLO GOMES A SIERRA BLAS V Org Mis primeros pasos alfa betizaci n escuela y usos cotidianos de la escritura siglos XIX y XX Gij n Ediciones Trea 2008 175 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs CHARTIER A M Travaux d l ves et cahiers scolaires l histoire de Peducation du c t des pratiques Confer ncia Inaugural In COLOQUIO NACIONAL DE HISTORIA DE LA EDUCACION etnohistoria de la escuela 12 2003 Burgos Anais Burgos Universidad de Burgos SEDHE 2003 p 23 40 FERREIRA L C Cadernos de perguntas recursos para a discuss o de identidade afro descendentes com alunos do Ensino Fundamental 2004 142 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade do Estado do Rio de
16. 1986 1987 1990 3 Est o sendo preparados dois textos especificamente sobre os livros escolares de Sarah L Arnold que circularam dentro e fora dos Estados Unidos a serem publicados como artigos 79 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Destacam se quatro s ries graduadas bastante conhecidas e todas ela boradas em coautoria com exce o da ltima 1 Stepping Stones to Literature composta de oito volumes publicados em dois anos 1897 e 1898 tendo como autor secund rio Charles Benajah Gilbert 1855 1913 Superinten dente das Escolas de Newark em New Jersey 2 Mother Tongue composta de tr s volumes destinados ao aluno publicados entre 1900 e 1902 e um volume Outline ofa Course of Study in Language and Grammar prepared to accom pany The Mother Tongue books I and II publicado em 1901 supostamente destinado ao professor nessa s rie Arnold come a como autora principal para terminar a terceira autora depois de John Hays Gardiner 1863 1913 e George Lyman Kittredge 1860 1941 respectivamente Professor Assistente e Professor de Ingl s na Harvard University 3 The See and Say Series composta de quatro livros para o aluno e tr s livros para o professor todos publicados entre 1913 e 1916 em que Arnold a autora principal seguida de Elizabeth Catherine Bonney e Edward Franklin Southworth 4 o ltimo volume dessa s rie apresentado como Book Four of The See and Say Se
17. 2001 Inscrever amp apagar cultura escrita e literatura Tradu o Luzmara Curci no Ferreira S o Paulo Ed UNESP 2007 CHOPPIN A Las pol ticas de libros escolares en el mundo perspectiva com parativa e hist rica In SILLER J P GARCIA V R Identidad en el imaginario nacional reescritura y ensenanza de la historia Puebla Universidad Aut noma de Puebla 1997 p 169 180 Le manuel scolaire une fausse vidence historique Histoire de l ducation Paris n 117 p 7 56 janv mars 2008 138 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA COSTA E M Bibliotecas particulares uma leitora comum do s culo XX 2012 89 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campinas Campinas 2012 DARNTON R Edi o e sedi o o universo da literatura clandestina no s culo XVIII Tradu o Miriam Campello S o Paulo Companhia das Letras 1992 quest o dos livros passado presente e futuro Tradu o Daniel Pellizza ri S o Paulo Companhia das Letras 2010 FISCHER L A Artinha de leitura Bras lia DF Minist rio da Cultura 2013 GOULART I C V O livro objeto de estudo e de mem ria de leitura 2009 191 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campinas Campinas 2009 K PKE J O Livro de Hilda ensino da leitura processo analytico 1902 Manus crito acervo fam lia K
18. Das m os do autor aos olhos do leitor um estudo sobre livros escolares a s rie de leitura graduada Pedrinho de Louren o Filho 1950 1970 Hist ria Franca v 30 n 2 p 81 99 ago dez 2011 Dispon vel em lt http www scielo br pdf his v30n2 a05v30n2 pdf gt Acesso em 19 out 2013 DARNTON R O beijo de Lamourette S o Paulo Companhia das Letras 1990 Hist ria da leitura In BURKE P A escrita da hist ria S o Paulo Ed UNESP 1992 p 199 236 DONATO H 100 anos de Melhoramentos 1890 1990 S o Paulo Melhoramen tos 1990 EDITORA TICA Momentos do livro no Brasil S o Paulo 1998 EDITORA FTD FTD 100 anos fazendo o amanh S o Paulo 2003 EDITORA NACIONAL Homens e livros S o Paulo 2005 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ESCOLANO BENTTO A Dir Leer y escribir em Espa a doscientos a os de alfabetizaci n Madrid Salamanca Fundaci n Germ n S nchez Ruip rez Pir mide 1992 Dir Historia ilustrada del libro escolar em Espana del antiguo R gimen a la Segunda Rep blica Madrid Fundaci n Germ n S nchez Ruip rez 1997 v 1 Dir Historia ilustrada del libro escolar em Espana de la postguerra a la reforma educativa Madrid Fundaci nGerm n S nchez Ruip rez 1998 v 2 ESCOLAR SOBRINHO H Historia ilustrada del libro espa ol Madrid Funda ci n Germ n S nchez Ruip rez 1993 1996 3 v FARIA FILHO L M Instru o elementar no s culo XIX In LOPES E M
19. Em cada um desses livros as palavras dos n veis anteriores s o novamente agrupadas pelo dom nio e usadas pelo menos dez vezes ROBINSON MONROE ARTLEY 1962 p 7 A repeti o o controle o uso e a memoriza o garantiriam as sim a aprendizagem das palavras que reapareceriam nos outros livros Pri mers First Book e em outros contextos senten as e historietas comple tando dessa maneira o programa de leitura que na verdade durava toda a Elementary School at o 5 ano Em decorr ncia o modelo de livro baseado na word recognition previa de modo geral a introdu o entre 18 e 30 palavras no primeiro Pre primer formando um vocabul rio b sico que se repetiria nos livros seguintes com a introdu o controlada de novas palavras em m dia mais 20 palavras nas quais se observariam p ginas sem palavras novas p ginas com apenas uma palavra nova e p ginas com duas palavras novas todas as palavras se repetiam igualmente nos outros materiais cartazes cart es cartas livro de atividades Em suas ltimas p ginas os livros traziam o vocabul rio b sico com as devidas explica es indicando ao professor as li es em que havia novas palavras ou quando era o caso as li es nas quais apareciam uma ou 105 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs duas novas palavras Nos Primers as listas envolviam maior n mero de palavras tornando o processo mais complexo
20. Esta o Liberdade 1996 FRADE I C A S Livros para ensinar a ler e escrever uma pequena an lise da visualidade de livros produzidos no Brasil em Portugal e na Fran a entre os s culos XIX e XX In BRAGAN A A ABREU M Impresso no Brasil Dois s culos de livros brasileiros S o Paulo Ed UNESP 2010 p 171 190 FRADE I C A S LANA P M Imagens em livros escolares chamados carti lhas In CONGRESSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O 3 2004 Curitiba Anais eletr nicos Vit ria SBHE 2004 Dispon vel em lt http www sbhe org br novo congressos cbhe3 Documentos Individ Eixo4 329 pdf gt Acesso em 5 ago 2013 GATES A I New methods in primary reading New York Teacher College Co lumbia University 1928 GRAY W S The teaching of reading and writing an internacional survey UNES CO Chicago Scott Foresman and Company 1956 La ense anza de la lectura y e da escritura Paris UNESCO 1957 GRAY W S HORTON D On their own in reading how to give children in dependence in attacking new words Chicago Scott Foresman and Company 1948 GRAY W et al Guidebook to accompany the three pre primers Chicago Scott Foresman and Company 195 1a Guidebbok to accompany the new fun with Dick and Jane Chicago Scott Foresman and Company 1951b 116 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Developing childrens word perception power grades 1 3 Chicago Scott Foresman and Company 195
21. Helena Jorge Maria Serafina de Freitas Elisa Barbosa e ecl tico Ieda Dias da Silva Maria Yvonne Atal cio parecem alcan ar condi es de edi o por editoras locais que trabalharam de forma competente com a divulga o de seus li vros Dentre todos os autores ineg vel o sucesso de L cia Casasanta De acordo com os relat rios emitidos pela Funda o de Apoio ao Estudante FAE Minist rio da Educa o MEC na d cada de 1980 entre as dez cartilhas mais distribu das no Brasil pelo Programa Nacional do Livro Di d tico PNLD o pr livro da Cole o As mais belas hist rias de L cia Ca sasanta era um dos mais requisitados pelas escolas brasileiras MACIEL 2010 Segundo a autora seu pr livro foi editado ininterruptamente at o ano de 1994 pela Editora do Brasil Supomos que poucos se tornaram autores profissionais vivendo da pena e que mesmo sendo autores os quais sustentaram uma nica pro du o de uma editora n o ganharam nada com o livro No caso da Editora A Grafiquinha Rodrigues e Vaz sublinham que o seu trabalho mais im portante foi justamente a produ o da publica o de um conjunto para a alfabetiza o a s rie O Circo do Carequinha cujos milhares de exemplares foram vendidos para serem distribu dos pela COLTED em v rios estados brasileiros Assim podemos perceber que n o foi apenas em Minas Gerais que esse livro circulou No entanto embora certos livros tenham obtido sucesso nem
22. O PAULO Faculdade de Educa o Guia de preenchi mento da ficha do banco de dados Livres S o Paulo 2005 VALDEZ D Livros para o expediente das aulas prim rias na prov ncia de Goi s 1850 1890 In BARRA V M L Org Estudos de Hist ria da Educa o de Goi s 1830 1930 Goi nia Ed da PUC Goi s 2011 p 115 129 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA VESENTINI C A teia do fato uma proposta de estudo sobre a mem ria hist rica S o Paulo Hucitec 1997 VESENTINI C A DE DECCA E S A revolu o do vencedor Contraponto Niter i v 1 n 1 p 60 71 nov 1976 WARDE M J Anota es para uma historiografia da educa o brasileira Em Aberto Brasilia DE v 3 n 23 p 1 6 1984 FONTES BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1808 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1891 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1809 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1891 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1810 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1891 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1811 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1890 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1812 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1890 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1815 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1890 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1816 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1890 BRASIL C
23. ZU drown my book Tr s s culos mais tarde Borges nos ensina que em outras profundidades aquelas das prateleiras da Biblioteca Na cional na Rua M xico em Buenos Aires onde deveria ser sepultado um livro que por ser de areia n o era menos inquietante Se evidentemente deve se ler para aprender necess rio tamb m aprender o que se deve ler e como se deve l lo Assim expressam se de maneira contundente dois temores contradit rios que habitaram a Europa moderna e que todavia nos atormentam nos dias de hoje por um lado o medo ante a prolifera o indom vel dos escritos a multiplica o de livros in teis ou corruptores a desordem do discurso e por outro o medo da perda da falta do esque cimento uma tens o compar vel que caracteriza os nossos tempos em confronto com os desafios de uma nova forma de inscri o comunica o e leitura dos textos LER FRENTE TELA A revolu o digital modifica tudo de uma vez os suportes da escrita as t cnicas de sua reprodu o e dissemina o e as maneiras de ler Tal simultaneidade in dita na hist ria da humanidade A inven o da imprensa n o modificou as estruturas fundamentais do livro composto tanto antes como depois de Gutenberg por folhas e p ginas reunidas em um mesmo objeto Nos primeiros momentos da era crist essa nova forma do livro a do codex se imp s e se substituiu no rolo ou volumen no entan to n o foi acompanhada de uma trans
24. cadas de 1890 e 1910 especialmente no estado de S o Paulo Prescri es e instru es para o exerc cio do of cio do professor se tornaram necess rias especialmente com as reformas educacionais efetuadas ap s a proclama o da Rep blica no estado de S o Paulo como decorr ncia da necessidade de organiza o sistem tica da instru o p blica de uniformiza o de m todos e procedimentos did ticos assim como de profissionaliza o da atividade docente Nesse momento tamb m se intensificou processo mais sistem tico de avalia o e ado o oficiais de livros did ticos para o ensino da leitura e escrita A respeito desse processo ver especialmente Mortatti 2000a e Oliveira e Trevisan 2013 Sobre esse assunto ver o cap tulo de M rcia Razzini que integra este livro A prop sito da quest o do livro did tico no s culo XIX no Brasil ver o cap tulo de Kazumi Munakata o qual tamb m integra este livro N O 203 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs ou cap tulos contendo exposi o sint tica de cada assunto e exerc cios para estudo sugest es de trabalhos notas pr ticas e indica es de leitura Pr ticas escolares de Ant nio d vila 1903 1989 teve a primeira edi o publicada em 1940 pela Editora Saraiva SP na Cole o de Ensino Normal dirigida pelo professor Adolfo Packer Em 1944 foi acrescentado o volume 2 e a partir de 1954 o volume 3 ambos com car t
25. capacidade de pensar com clareza demonstrar dom nio da me c nica da leitura maior efici ncia do ponto de vista da compreens o e manuseio correto dos livros PENNELL CUSACK 1942 p 94 Em contrapartida as desvantagens da leitura oral s o frisadas como propul soras de dificuldades para entender os enunciados de qualquer pro blema incapacidade de selecionar e organizar o material para sua solu o 192 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA principalmente em hist ria e geografia que os leva a decorar os textos PENNELL CUSACK 1942 p 93 Esse manual fornece ao futuro professor muitas atividades que podem ser realizadas em classe para o desenvolvimento de h bitos habilidades e atitudes que se devem desenvolver atrav s da leitura silencio sa PENNELL CUSACK 1942 p 95 e que se fazem presentes como oferta de li es edificantes PENNELL CUSACK 1942 p 104 e a procura de uma eleg ncia gr fica que ofere a leveza e equil brio PENNELL CUSACK 1942 p 106 a possibilidade de aprendiza dos ligados a experi ncias e motiva es da inf ncia PENNELL CUSA CK 1942 p 117 e insist ncia de trabalho independente associado 4 leitura silenciosa PENNELL CUSACK 1942 p 112 121 O oLHO DO PRESENTE EM MANUAIS DO PASSADO O que o historiador pode propor A retomada n o faz parte evidente mente de seus atributos Todavia e
26. e foi professora catedr tica no Instituto de Educa o do Distrito Federal Al m de Metodologia da linguagem coautora com Silvio Elia de Comp ndio de Lingua e Literatura gram tica literatura antologia 1951 e Comp ndio de l ngua e literatura para uso das Escolas Normais Institutos de Educa o Faculdades de Filosofia e alunos do Colegial 1953 composto por tr s volumes todos publicados pela Companhia Editora Nacional SP Essas informa es foram extra das de Sales 2009 onde se encontra estudo sobre Budin e o manual Metodologia da linguagem 205 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs Figura 2 Capa de Metodologia da Linguagem de J Budin 1949 Fonte Acervo do GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do ensino de l ngua e literatura no Brasil Trata se do primeiro manual espec fico para o ensino da lingua gem composto por 168 p ginas com sete unidades antecedidas pela apresenta o do Programa de Ensino do Curso Normal do Instituto de Educa o do Distrito Federal Seis unidades se destinam aos alunos da 2a s rie do Curso Normal e contemplam os seguintes assuntos linguagem rela es entre crian a e linguagem e fundamentos metodol gicos de seu ensino ensino da leitura e da escrita ensino da composi o da ortografia e da gram tica A unidade 7 dirigida aos alunos do 3 s rie do Curso Normal e aborda o ensino da literatura infantil Ao f
27. e representa es Lisboa Difel 1990b p 141 163 DE DECCA E S 1930 o sil ncio dos vencidos S o Paulo Brasiliense 1981 FREITAG B COSTA W E MOTA V R O livro did tico em quest o 2 ed S o Paulo Cortez 1993 GASPARELLO A M Construtores de identidades a pedagogia da na o nos li vros did ticos da escola secund ria brasileira S o Paulo Iglu 2004 MARX K Para a cr tica da economia pol tica In Manuscritos econ mi co filos ficos e outros textos escolhidos S o Paulo Abril Cultural 1974 p 107 263 Os Pensadores v 35 MIGUEL M E B Colet nea da documenta o educacional paranaense no per odo de 1854 a 1889 Campinas Autores Associados Sociedade Brasileira de Hist ria da Educa o 2000 MORAES R B A Impress o R gia do Rio de Janeiro origens e produ o In CAMARGO A M A MORAES R B Bibliografia da Impress o R gia do Rio de Janeiro S o Paulo Edusp Kosmos 1993 p xvii xxxvii MUNAKATA K O compromisso do Estado Revista Brasileira de Hist ria S o Paulo v 4 n 7 p 58 71 1984 Como o ar que se respira uma resenha de algumas id ias que se dissemi navam pelo Brasil nos anos 30 Horizontes Bragan a Paulista n 14 p 187 213 1996 SA N P SIQUIERA E M Org Leis e regulamentos da Instru o P blica do Imp rio em Mato Grosso Campinas Autores Associados Sociedade Brasileira de Hist ria da Educa o 2000 UNIVERSIDADE DE S
28. ed Rio de Janeiro Aurora 1955 1961 FORQUIN J C Escola e cultura as bases sociais e epistemol gicas do conhe cimento escolar Tradu o Guacira Lopes Louro Porto Alegre Artes M dicas 1993 FRANCISCO D A Um estudo sobre Metodologia do ensino prim rio 1961 de Afro do Amaral Fontoura 2006 92 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradu a o em Pedagogia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2006 GALLUZZI M Um estudo sobre Metodologia da linguagem 1955 de Orlando Leal Carneiro 2006 73 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2006 HALLEWELL L O livro no Brasil sua hist ria Tradu o M P Villalobos e L L Oliveira S o Paulo T A Queir s EDUSP 1985 LAJOLO M Livro did tico um quase manual de usuario Em Aberto Brasilia DE v 16 n 69 p 3 9 jan mar 1996 LOUREN O FILHO M B Testes ABC para verifica o da maturidade necess ria ao aprendizado da leitura e da escrita S o Paulo Melhoramentos 1934 MAGNANI M R M Em sobressaltos forma o de professora Campinas Ed UNICAMP 1993 Testes ABC e a funda o de uma tradi o alfabetiza o sob medida Ca dernos de Estudos Lingu sticos UNICAMP Campinas v 31 p 145 168 1996 MELLO M C O Emilia Ferreiro e a alfabetiza o no Brasil um estudo sobre Psicog nese da l
29. entre 1877 e 1884 ou os 136 volumes da Biblioteca universal ilustrada Cole o de obras hist ricas e liter rias editada em Barcelona a partir de 1887 28 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Os PERIGOS DO LER No s culo XIX o crescimento da produ o impressa dirigida aos leitores populares tinha seu duplo perigo a invas o das leituras por maus livros ou pior ainda os livros de entretenimento que n o s o livros mas folhetos de cordel publica es por entregas revistas ilustradas Da as condena es e as censuras desses textos que afastam o conhecimento transmitem maus exemplos e corrompem os leitores Com uma insist ncia ainda mais forte repetem se den ncias t o comuns no s culo XVIII das m s leituras e dos maus leitores ou leitoras Os diagn sticos dos tempos das Luzes designavam os efeitos fisicamente desastrosos da captura do lei tor pela fic o Enunciavam de maneira nova apoiando se nas categorias da psicologia sensualista as den ncias mais antigas dos perigos que pesa vam sobre o leitor das obras de imagina o Por exemplo em Castela do S culo de Ouro um forte la o unia tr s elementos a refer ncia repetida do motivo plat nico da expuls o dos poetas da Rep blica o uso de um l xico de aliena o embelezar maravilhar encantar para caracterizar o esquecimento do mundo real pelo leitor de f bulas e a consci ncia de que os progressos da leitura em sil ncio e em solid o
30. es tradi es e escritas da hist ria da educa o no Brasil 6 2011 Vit ria Anais Vit ria UFES 2011 p 1 15 FRADE I C A S PEREIRA A P P O Barquinho Amarelo produ o e pro posta pedag gica de I da Dias da Silva nas d cadas de 60 e 70 do s culo XX em Minas Gerais In CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O rituais espa os e patrim nios escolares 9 2012 Lisboa Anais Lisboa Instituto de Educa o da Universidade de Lisboa 2012 p 1 13 HILSDORE M L S Hist ria da educa o brasileira leituras S o Paulo Cengage Learning 2011 KLINKE K Escolariza o da leitura no ensino prim rio de Minas Gerais 1906 1930 Belo Horizonte FAE UFMG 2001 Texto de qualifica o para o doutorado apresentado FAE UFMG MACIEL E I P Lucia Casasanta e o m todo global de contos uma contribui o historia da alfabetiza o em Minas Gerais 2001 157 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2001 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs As mais belas hist rias de Lili em Minas Gerais In BRAGAN A A ABREU M Org Impresso no Brasil dois s culos de livros brasileiros S o Pau lo Ed UNESP 2010 p 553 566 MCKENZIE D E La bibliographie et la sociologie des textes Paris Editions du Cercle de Librarie 1991 MUNAKATA K Produzindo livros did ticos e paradid
31. inclusive a atua o central de Jo o K pkeno acirrado debate ocorrido no final do s culo XIX at as tr s primeiras d cadas do s culo XX em torno dos m todos de leitura anal tico pela sentencia o anal tico pela palavra o sint tico pela silaba o e sint tico pela soletra o Contudo desconhecemos pesquisas sobre O Livro de Hilda al m do estudo de Santos 2013 que tenha tomado como objeto ou fonte de estudo o material manuscrito do referido acervo da fam lia K pke N o foi encontrada qualquer refer ncia nem sobre o conte do parcial ou integral ou ind cios de sua impress o e circula o tal como a vers o que tivemos diante de n s At o quanto sabemos trata se de objeto produzido de forma manuscrita documento pessoal apresenta algumas anota es ou pequenas corre es feitas a l pis pelo autor de pr prio punho e partes em branco nas p ginas previstas para receber estampas ilustra es o que nos leva a pensar que esse material ficou inacabado O que sabemos pela produ o de pesquisadores MORTATTI 2000 PANIZZOLO 2006 SANTOS 2013 que K pke foi autor de uma cartilha que propunha o ensino da leitura pelo m todo anal tico Carti lha 1 e Cartilha 2 divulgada por ele em confer ncias realizadas na cidade de S o Paulo confer ncia de 1896 e de 1916 e citada por colegas seus como por exemplo Rangel Pestana em mat rias publicadas em O Estado de S 133 Maria
32. indispens veis sociedade para perpetuar se 183 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Os manuais escolares na dimens o da hist ria da leitura ain da que se constituam em g neros menores e de pouco reconhecimento social e simb lico foram investigados por Anne Marie Chartier 2004 que reconhece um campo de leitura na educa o escolar mostrando que os manuais de ensino estavam destinados a instruir os professores e que os livros de leitura eram destinados aos alunos para educar com relatos co moventes descri es admir veis e edificantes Os manuais de ensino con forme a autora colocavam em evid ncia todo um discurso persuasivo para recordar o trabalho o esfor o e a import ncia de ser bom professor CHARTIER A M 2004 p 50 A pr tica de adotar manuais de ensino objetivava instrumentalizar o professor para o ensino da habilidade ali proposta e nos casos em estudo inclu a propor a escolariza o da l ngua como mat ria meio e suporte curricu lar quer como uma mat ria que transversalizava todo o curr culo escolar quer como uma pr tica simb lica envolvendo concentra o e paci ncia e exigindo um investimento para transformar o habilitado a ler em um leitor efetivo con forme prop e na Introdu o a obra de Viana 1949 p 6 N o se trata de utilizar manuais pesados e maci os nem de obras superficiais ou vazias de sentido ideol gico mas
33. m significativas a es visando ao incremento da produ o did tica no Brasil especialmente com a pol tica da Comiss o do Livro T cnico e Did tico COLTED decorrente do acor do entre o Minist rio da Educa o e Cultura e a United States Agency for International Development acordo MEC USAID A COLTED resultou do conv nio entre o Sindicato Nacional de Editores de Livros SNEL e a USAID e foi criada pelo Decreto Presidencial N 58 653 de 16 de junho de 1966 com a finalidade de incentivar orientar e coordenar as atividades do Minist rio da Educa o e Cultura relacionadas ao aperfei oamento do livro did tico Para alguns autores como por exemplo Arapiraca 1982 a COLTED n o era apenas um acordo de coopera o t cnica mas um planejamento ideol gico que objetivava atrelar o sistema educacional bra sileiro ao modelo de desenvolvimento dependente De fato as pol ticas de interven o norte americanas sobretudo nos anos de 1960 na Am rica Latina em geral e no Brasil em especial s o bastante conhecidas Para o caso brasileiro nesse mesmo per odo mais precisamente em 1961 com a ren ncia de J nio Quadros o governo ame ricano ficou desapontado com os acontecimentos no cen rio pol tico bra sileiro e em seguida adotou uma posi o cautelosa em rela o ao governo Jango SKIDMORE 2010 A Alian a para o Progresso em 1961 repre sentou uma interfer ncia mais sistem tica do governo americano na
34. na clareza das ideias na coer ncia da escrita na presen a de imagens discursivas e visuais que se teciam em suas p ginas em narrativas simples quase coloquiais Eles continham em sua configura o f sica e textual mapas para um percurso ao leitor materializados em ndices por assuntos p ginas numeradas al guns at com desenhos ilustrativos e exemplos edificantes que pretendiam enraizar se numa cultura do gesto e do agir para facilitar a pr tica docente Sua textualidade em especial dialogava no terreno psicol gico e expressava teorias pedag gicas valores conte dos e m todos prescritos que ao serem adotados eram reconhecidos como preciosos elementos de aux lio para o entendimento de pr ticas culturais que contribu ram para a consti tui o do indiv duo moderno GOMES 2004 p 11 Nessa perspectiva este texto analisa dois manuais para o ensino da leitura na escola que foram produzidos na d cada de 1930 com circu la o e tradu o no Brasil na d cada de 1940 momento em que houve significativa amplia o do parque gr fico nacional HALLEWELL 1981 p 235 e produ o e divulga o de literatura pedag gica revistas livros decretos congressos confer ncias visando a consolidar um sistema nacio nal de ensino sobre princ pios cient ficos Entendida aqui como espa o de movimentos no interior da escola sele o e organiza o de informa es VAL DEMARIN 2000 como complex
35. ncia e a originalidade n o s o atestadas pelo seu consumidor mais imediato o leitor aluno O livro did tico cotado por aqueles que os indicam os mestres adotam validam como eficientes para continuar no mercado ainda recomendado legitimado pelos parece ristas do Programa Nacional do Livro Did tico PNLD que o apreciam segundo crit rios cient ficos diferentes daqueles do p blico e decisivos para o autor Conforme Certeau 2002 p 2 grifo do autor e xistem as leis do meio Elas organizam uma pol cia do trabalho que orientam essa produ o e seu consumo Assim no polo da produ o de sua fabrica o o livro did tico intrinsecamente descart vel porque sua destina o uso e aceita o pos suem um tempo limitado regulado pelo modelo da escola atual organiza da em s ries anos de escolaridade fragmentada em diferentes saberes dis ciplinares legitimados pelas pol ticas p blicas entre outras caracter sticas Salienta Bittencourt 2008 p 18 Outro aspecto do livro did tico a sua caracter stica de produto a ser consumido em tempo breve de acor do com os ritmos das reformas curriculares 3 Segundo Choppin 1997 o Brasil um pa s em que a regulamenta o muito liberal a produ o dos livros escolares totalmente privada a sele o e a ado o do material s o incumb ncias dos mestres nem sempre com forma o acad mica satisfat
36. o dos ndices de distor o idade s rie escolar atrav s da implementa o de projetos que propiciam a acelera o da escolaridade Para tanto prop e inicialmente um estudo para obter melhor rendimento do processo de alfabetiza o da clientela de reas mais carentes BRASIL 1980 p 113 Tamb m inicialmente se prop s atender 13 120 alunos analfabe tos de 12 s rie matriculados em escolas situadas em zonas carentes de 10 Regi es Administrativas do munic pio do Rio de Janeiro 500 turmas 105 escolas No entanto almejava expandir tal atendimento a todas as classes de alfabetiza o do munic pio 236 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Nesse mesmo ano foi desenvolvido um projeto de experimenta o voltado para a melhoria da produtividade das escolas rurais partindo da seguinte hip tese Alunos de escolas rurais isoladas que trabalham com projetos de ATIVIDADES INTEGRADAS apresentam atitude mais po sitiva em rela o escola do que alunos que trabalham pelo M TODO TRADICIONAL BRASIL 1980 p 114 Para testar a hip tese foi selecionada uma amostra estratificada por regi o a grupo experimental 6 escolas 6 turmas 198 alunos b grupo controle 6 escolas 6 turmas 190 alunos A experi ncia utilizou um material elaborado Projeto Atividades Integradas para a 1 fase set 75 com a sa de como fio condutor e para a 2 fase nov 75 com o trabalho como fio condutor
37. o de soci logos historiadores da Literatura ou especialistas na conserva o documental Uma brev ssima incurs o na historiografia da educa o traz al guns exemplos dessa valoriza o da escrita infantil particularmente estu dos sobre o g nero autobiogr fico mostrando que elas n o se restringem s escritas escolares e se constituem em importantes chaves de compreens o do mundo n o adulto na medida em que guardam modos particulares de ver a sociedade a fam lia e a escola Outro conjunto de estudos que tem conquistado um significativo n mero de pesquisadores trata das escritas produzidas no contexto escolar Gerais Universidade de S o Paulo Universidade da Cidade de S o Paulo Universidade Metodista de S o Paulo Universidade do Estado de Santa Catarina Universidade Federal do Rio Grande do Sul Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Pelotas Tal interesse tem gerado a cria o de um n mero expressivo de museus escolares Comentando esse aspecto Antonio Vi ao 2005 observa que estudo do Museu Pedag gico da Gal cia identificou a exist ncia de 683 museus escolares em todo o mundo com p gi nas na internet criados nos ltimos trinta anos sendo que 492 est o localizados na Europa 192 na Am rica 40 na Oceania 8 na sia e 1 na frica 165 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs e em especial os cadernos Sobre esses dois tipos de
38. o de di logo de par dia e de oposi o o autor deve ceder sua superioridade ao leitor entendido como aquele que re ne em um mesmo campo todas as marcas que constituem o escrito BARTHES 1968 p 69 O lugar da leitura era pois visto 21 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs como aquele no qual se reordena o sentido plural m vel e inst vel do texto como o lugar onde o escrito seja qual for adquire sua significa o No entanto pouco tempo depois do reconhecimento do nascimento do leitor se multiplicaram os diagn sticos que anunciaram a sua morte Esses diagn sticos se apresentam hoje de tr s formas PR TICAS DE LEITURA A primeira morte remete s transforma es das pr ticas da leitu ra Na Fran a a compara o das pesquisas estat sticas referentes s pr ticas culturais ainda que n o mostrem uma diminui o da porcentagem global de leitores j que tanto em 2008 quanto em 1973 70 dos pesquisados dizem ter lido pelo menos um livro no ano anterior ao menos indicam a diminui o da propor o dos forts lecteurs ou seja dos leitores que leem mais de vinte livros por ano Essa diminui o particularmente impor tante entre os leitores de nove a cinco anos do sexo masculino o que tem como consequ ncia uma feminiza o da leitura DONNAT 2012 Por outro lado as pesquisas sociol gicas voltadas para os jovens entre treze e dezessete an
39. o de livros did ticos na Comiss o Nacional do Livro Did tico In ENCONTRO REGIONAL DE HIST RIA poder viol ncia e exclus o 19 2008 S o Paulo Anais S o Paulo ANPUH SP USP 2008 Dispon vel em lt http www anpuhsp org br sp downloads CD 20 XIX PDF Autores 20e 20Artigos Juliana 20Miranda 20Filgueiras pdf gt Acesso em 15 set 2013 FRANCO M L A politica do livro didatico a nivel de legisla o Plural Sao Paulo v 3 n 6 p 25 41 1980 LOURENCO FILHO M B O problema do livro nacional Debate na Confe r ncia de Levi Carneiro Estudos Brasileiros Rio de Janeiro v 1 n 1 p 83 93 jul ago 1938 Sugest o de ficha de avalia o de livros did ticos Rio de Janeiro 194 O problema do livro did tico notas para o Sr Ministro Rio de Janeiro 1953 Livros did ticos Rio de Janeiro 1961 Resposta de Louren o Filho a duas quest es sobre o livro did tico LOUREN O FILHO R Louren o Filho escritor In MONARCHA C Org Centen rio de Louren o Filho 1897 1970 Londrina Universidade Esta dual de Londrina Mar lia Universidade Estadual Paulista Rio de Janeiro Asso cia o Brasileira de Educa o 1997 p 17 45 MAGNANI M R M Os sentidos da alfabetiza o a quest o dos m todos e a constitui o de um objeto de estudo S o Paulo 1876 1994 1997 389 f Tese Livre Doc ncia em Metodologia do Ensino de 1 Grau Alfabetiza o Faculdade de Ci ncias e Tecn
40. o dos cursos e escolas normais assim como dos institutos de educa o 214 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA A conson ncia com pol ticas e teorias educacionais hegem nicas no momento hist rico de sua publica o articuladamente expans o do mercado editorial de livros did ticos constituem os principais aspectos a que se podem atribuir o prest gio conquistado pelos autores professo res desses manuais que ficaram conhecidos por sua obra como escritores did ticos e a ampla circula o desses manuais que tiveram consider vel n mero de edi es e tiragens tendo sido utilizados em v rios estados brasileiros at pelo menos a d cada de 1970 Tendo em vista a rela o direta com seus contextos de publica o e de circula o pode se considerar que o ciclo de vida dos manuais ana lisados acompanha o ciclo de vida do curso normal e o correspondente modelo de forma o de professores assim como o ciclo de vida expl cito da did tica da escola nova e das bases psicol gicas lourencianas as quais caracterizam o terceiro momento crucial na hist ria da alfabetiza o no Brasil Com a extin o do curso normal de acordo com as bases t cnicas e pol ticas da educa o nacional estabelecidas pela Lei 5692 de 1971 os manuais de ensino produzidos nas d cadas anteriores foram se tornando ce 2 a 4 p4 soe dispens veis at desaparecerem das orienta
41. o e de divulga o e sobretudo pode apresentar um mundo que vai al m da conjuntura econ mica por revelar a dimens o das sensibilida des e afetividades constru das pelos homens de cada tempo e lugar em sua rela o com esse objeto cultural o livro did tico REFER NCIAS APOLIN RIO M A Estudos preliminares sobre cartilhas produzidas na d cada de 30 e seus m todos de alfabetiza o 2012 81 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campinas Campinas 2012 BATISTA A A G Avalia o dos livros did ticos para entender o programa nacional do livro did tico PNLD In ROJO R H R BATISTA A A G Org Livro did tico de lingua portuguesa letramento e cultura escrita Campinas Mercado de Letras 2003 p 25 67 BITTENCOURT C Livro did tico e saber escolar 1850 1910 Belo Horizonte Aut ntica 2008 CARVALHO S A S O ensino da leitura e escrita o imagin rio republicano 1890 1920 1998 151 f Disserta o Mestrado em Educa o Pontif cia Uni versidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 1998 CERTEAU M 4 escrita da hist ria Tradu o Maria de Lourdes Menezes Rio de Janeiro Forense Universit ria 2002 CHARTIER R A hist ria cultural entre pr ticas e representa es Tradu o Ma ria Manuela Galhardo Lisboa Difel 1990 Cultura escrita literatura e hist ria Tradu o Ernani Rosa Porto Alegre Artmed
42. o no INRP Franga 2001 e na Universidade de Santiago de Compostela 2007 vice diretora da FEUSP 2014 2018 e coordenadora do Comit de Assessoramento da Educa o no CNPq CA Ed 2012 2015 Foi presidente da Sociedade Brasileira de Hist ria da Educa o 2003 2007 e vice coordenadora do GT 02 Hist ria da Educa o da ANPEd 2001 2003 Atuou como professora convidada da FLACSO Argentina entre 2006 e 2009 Foi consultora internacional do projeto Teacher Education Schools in Portugal History Archive Memory liderado por Joaquim Pintassilgo 2010 2012 ROGER CHARTIER Professor do Coll ge de France desde 2006 Diretor de estudos e investiga es hist ricas da cole des Hautes tudes en Sciences Sociales Paris Tamb m leciona na Universidade da Pensilv nia nos Estados Unidos Foi professor convidado de numerosas universidades estrangeiras Princeton Montreal Yale Cornell John Hopkins Chicago Berkeley Buenos Aires Santiago de Chile UFRJ e UERJ entre outras CIRCE FERNANDES BITTENCOURT Professora aposentada da FEUSP Professora do Programa de P s Gradua o em Educa o Hist ria Pol tica Sociedade da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo PUC SP Graduada em Hist ria pela Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas USP 1967 Mestre em Hist ria Social pela mesma insti tui o 1988 e Doutora em Hist ria Social pela USP 1993 333 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISAB
43. o se constitui em convite para analisar os pr prios limites que enfrentamos por n o termos pol ticas p blicas de preserva o de tais documentos em nosso pa s REFER NCIAS AGUIAR J V Mulheres educadas para governar o cotidiano das li es nas cartas das princesas Isabel e Leopoldina 2012 286 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Cat lica de Petr polis Petr polis 2012 ALEIXO M I P ALVES M C Ep stolas infantis fragmentos emergentes do quo tidiano rural no tempo escolar 1955 1958 In CASTILLO GOMEZ A SIERRA BLAS V Org Mis primeros pasos alfabetizaci n escuela y usos cotidianos de la escritura siglos XIX y XX Gijon Ediciones Trea 2008 p 455 476 ANTONELLI Q BECCHI E a cura di Scritture bambine testi infantili tra passato e presente Roma Bar Laterza 1993 ARIAS CARRASCOSA M A GARNACHO GOMEZ I Los cuadernos esco lares In SIERRA BLAS V MARTINEZ L MONTEAGUDO J I Org Esos papeles tan llenos de vida materiales para el estudio y edici n de documen tos personales Girona CCG Ediciones 2009 p 51 60 BASTOS M H C Reliquias escolares uma vida em cadernos um campo de pesquisa da cultura escolar In PASSEGGI M C Org Tend ncias da pesquisa auto biografica Natal RN EDUFRN S o Paulo Paulus 2008 p 179 208 Escritas estudantis em peri dicos escolares Revista Hist ria da Educa o Pelotas v
44. p 23 s o poucas palavras e repeti es variadas constituindo o que elas denominam processo das palavras progressivas Para as professoras autoras 1967 p 24 a cartilha inclui a apresenta o inicial de palavras que posteriormente surgem em unida des de leitura mais complexas exatamente como sugeriam os te ricos norte americanos da word perception embora obviamente em um nico livro n o era poss vel incluir todas as vari veis pensadas pelos te ricos como por exemplo aquelas recomendadas por Gates 1928 as quais inclu am a configura o diferenciada das palavras a combina o de letras nas palavras as s ries mistas as que possibilitavam os exerc cios de fon tica as revers es Em outra cartilha produzida no Rio Grande do Sul Ded Jos e Ti o de Maria de Lourdes Gastal 3 ed 1968 p 3 a autora ressalta n o estamos apresentando m todo novo apenas levamos ao profes sor mais recursos para aquisi o reconhecimento e fixa o de vocabul rio por parte dos alunos A autora justifica a escolha das palavras usando os mesmos argumentos que os autores americanos utilizavam Escolhemos para essa cartilha palavras comuns ao vocabul rio infan til e as est rias de cada li o reproduzem fatos correntes na vida da crian a As palavras apresentadas s o repetidas v rias v zes para possibilitar a sua visualiza o seu significado est ao
45. pke LUCENA R Manuscritos perdidos ganham 12 edi o Folha de S Paulo S o Paulo p E9 24 abr 2013 MORTATTL M R L Os sentidos da alfabetiza o S o Paulo 1876 1994 Bra s lia DF MEC INEP COMPED S o Paulo Ed UNESP 2000 PANIZZOLO C Jo o K pke e a escola republicana criador de leituras escritor da modernidade 2006 358 f Tese Doutorado em Educa o Pontif cia Univer sidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2006 PETRUCCI A La escritura manuscrita y la imprenta ruptura o continuidade In Alfabetismo escritura sociedade Barcelona Gedisa 1999 p 117 128 RIBEIRO N R Um estudo sobre a Leitura Analytica 1896 de Jo o K pke 2001 66 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2001 SANTOS M L K Lendo com Hilda Jo o K pke 1852 1926 2013 229 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campinas Campinas 2013 139 CADERNOS DE DITADO VITRINE DO ENSINO DE ORTOGRAFIA NA ESCOLA PRIMARIA COLEGIO FARROUPILHA RS 1948 1989 Maria Helena Camara Bastos Quem ousaria imaginar um segundo sequer que o corretor ortogr fico de nossas belas m quinas nos dispensassem de saber escrever as pala vras de uma maneira correta e harm nica captando os seus mist rios para que nos servissem para escrever lindas hist rias o ditado
46. profici ncia no assunto e experi ncia de vida Essas inter rela es n o emergem como obst culos s an lises empreendidas sobre a leitura mas como alerta partilhado pelos que se dedicam s pesquisas acad micas e ou sala de aula Objetivam contribuir com o aprimoramento de nossa compre HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ens o sobre o complexo processo da leitura e com a reflex o sobre os meca nismos de aquisi o e apropria o do c digo lingu stico E podem auxiliar a atividade cotidiana de professoras alfabetizadoras De que forma Se mudamos o suporte alteramos a leitura Por conseguinte n o a mesma coisa ler um livro uma c pia reprogr fica um texto mimeo grafado ou a tela do computador Ainda que o texto seja rigorosamente o mesmo ao modificar a materialidade da escrita interferimos nos sentidos a ela atribu dos Letras mi das e com pouco espa amento cansam mais o leitor que uma mancha bem distribu da na p gina Podem at causar avers o leitura de um impresso fazendo a vista saltar ou levando recusa expl cita de ler Ilustra es interferem na interpreta o do texto inserindo uma sem ntica diversa da pretendida pelo autor Assim s vezes a difi culdade de decifra o ou entendimento com que nos deparamos em uma classe pode estar mais ligada s caracter sticas do objeto a ser lido do que ao conte do do texto Da mesma maneira modalidades diferentes de leitura levam a interpr
47. programa es com vistas ao aperfei oamento do processo de planejamento BRASIL 1980 p 47 228 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA realidade das crian as mato grossenses as cartilhas pouco consideravam as especificidades da l ngua portuguesa Havia por conseguinte grande lacuna nos materiais dispon veis para a alfabetiza o A equipe assim se posiciona Partindo da dedu o de que a aprendizagem seria mais eficaz se o pro fessor empregasse uma cartilha que atendesse a esses aspectos e que fosse adequada nossa realidade esta coordenadoria juntamente com o Departamento de Educa o ap s consulta feita ao DEF MEC decidiu elaborar e aplicar para o ano de 1977 uma cartilha pr pria MATO GROSSO 1976 p 36 Tais a es foram fortemente influenciadas pela linguista N via Gor do assessora do projeto Em depoimento escrito em 2008 ela rememora as professoras demonstraram muito interesse e disposi o para o trabalho e acataram minha ideia de inverter a pesquisa sobre m todos de alfabetiza o para uma proposta de alfabetiza o praticamente cen trada no que hoje chamam de linha tradicional mas fundamentada na lingu stica estrutural que tem como base o conceito de signo verbal de Saussure com estudo ampliado por Martinet GORDO 12 jun 2008 A nfase na perspectiva lingu stica pode ser deduzida de alguns discursos como N o estamos oferecendo nenhum m todo in
48. rio de S o Paulo RAZZINI 2005 Dos 264 t tulos did ticos lan ados nesse per odo 72 obras eram de autores atuantes no ensino paulista Entre estas destacam se 44 livros de leitura os quais viriam a refor ar bastante o cat logo da Livraria Francisco Alves n o somente pela aprova o oficial em S o Paulo mas tamb m por que eram t tulos gerados dentro de um sistema de ensino que come ara a servir de modelo para as reformas de outros estados fornecendo inclusive m o de obra especializada para a instala o de sistemas similares nos esta dos de Esp rito Santo Goi s Mato Grosso Paran Pernambuco Piau e Santa Catarina RAZZINI 2005 2007a Tais cartilhas e livros de leitura tinham portanto grande potencial de ado o em outros estados como se Thomaz Galhardo assinou contrato com a Alves amp Comp em 3 de abril de 1894 para a publica o da Cartilha da inf ncia e em 6 de setembro de 1894 para a publica o do Segundo livro de leitura BRAGAN A 2000 302 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA constatou no caso das cartilhas adotadas em Minas Gerais Rio Grande do Sul e Mato Grosso FRADE MACIEL 2006 Os 11 autores e respectivas obras publicadas pela Livraria Fran cisco Alves s o Tancredo do Amaral Hist ria do Estado de S Paulo 1894 Geografia Elementar 1895 Analectos Paulistas 1896 O Estado de S Paulo 1896 Livro das Escolas 1913 Thomaz Galhardo Cartilha da Inf ncia 18
49. sticas o que e estruturais formais como projetadas por um determinado sujeito quem que se apresenta como autor de um discurso produzido de determinado ponto de vista e lugar social de onde e momento hist rico quando movido por certas necessidades por que e prop sitos para qu visando a determinado efeito em determinado tipo de leitor para quem A an lise integrada desses aspectos que propicia ao investigador reconhecer e interrogar de terminado texto como configura o saturada de agoras e objeto singular e vigoroso e dele pode produzir uma leitura poss vel e autorizada partir de seus pr prios objetivos necessidades e interesses O primeiro manual em an lise est intitulado arte da leitura de autoria do portugu s M rio Gon alves Viana publicado pela Editora Edu ca o Nacional na cidade do Porto em 1949 dentro da Cole o Did cti ca produzido em Portugal e com circula o no Brasil entre professores do Curso Normal O segundo manual intitula se Como se ensina a leitura Suas autoras s o as professoras norte americanas Mary Elizabeth Pennell e 181 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs Alice Mattie Cusack tendo sido publicado pela Editora Livraria Globo de Porto Alegre em 1942 22 edi o Conservados em bibliotecas ptiblicas e em acervos privados cabe ao historiador do presente o desafio de problematizar o papel e o lu
50. tanto em rela o confec o do livro quanto aos procedimentos metodol gicos de ensino Tendo indicado alguns aspectos do m todo da word perception principal procedimento de ensino da leitura e da escrita encontrado nos materiais para alunos e professores nos EUA para o per odo em an lise procuro na sequ ncia mostrar como isso se apresenta em cartilhas produ zidas no Rio Grande do Sul UM MODELO DE LIVRO PARA ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA Em algumas cartilhas ga chas as ideias de autores americanos s o explicitamente tratadas Em Marcelo Vera e Fa sca OLIVEIRA et al 1961 1967 por exemplo s o citados autores como William Gray e Da vid Russel dois importantes nomes ligados nos Estados Unidos ao m to do da word perception No Manual do Professor 1967 que acompanha a referida cartilha a bibliografia apresentada majoritariamente de autores americanos BERNARD 1954 BETTS 1950 BUTTERFIELD 1953 CARTER MCGINNIS 1953 GRAY et al 1951a 1951b 1954 OR TON 1937 RUSSEL 1949 SMITH 1955 TIDYMAN YOAKAM 1955 5 Al m disso no corpo do manual mencionado o livro de Russel Children learn to read 1949 sendo focalizada a perspectiva de linguagem desse autor como tendo as seguintes caracter sticas 1 Ser uma ativida de humana 2 Ser uma das atividades humanas mais importantes 3 Ser uma forma de comportamento 4 Ser um caminho para a organiza o de formas de comportamento 5 Se
51. ticos sobre o futuro das redes de bancos de dados ap s o desaparecimento de seu criador e sobre as formas de interc mbios das pesquisas em escala na cional e internacional CONSIDERA ES FINAIS O trabalho de Alain Choppin permanecer ainda presente nos des dobramentos das pesquisas em v rios lugares mas quero destacar a mais forte impress o que me marcou em todos os anos em que tive o privil gio de compartilhar do seu trabalho e de suas pesquisas Seu mais significativo legado foi o de demonstrar o compromisso que os pesquisadores em parti 58 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA cular os que se dedicam educa o devem ter em rela o ao objeto de suas investiga es e sobretudo a coragem de ultrapassar as discrimina es e os preconceitos impostos externamente sobre a escola sobre os professores e alunos e suas pr ticas cotidianas Os estudos realizados por Alain Choppin s o o resultado dessa postura intelectual comprometida com o futuro da educa o ao transformar um livro desprezado e discriminado em um objeto fundamental para a hist ria da escola dos professores e dos alunos REFER NCIAS CHOPPIN A Lhistoire des manuels scolaires une approche globale Histoire de l ducation Paris n 9 p 1 25 1980 Le livre scolaire In CHARTIER R MARTIN H J Dir Histoire de l dition fran aise tome IV le livre concurrenc 1900 1950 Paris Promodis 1986a p 303 332 Le cadre legisl
52. tiragem de exemplares desde seu in cio mas estes s o pouco preservados sendo raramente encontrados em locais adequados e na maior parte das vezes est o em p ssimo estado de conserva o Pela pouca valoriza o quanto a sua utilidade e pela sua perenida de no tempo livros s o abandonados em lugares inimagin veis e s sabe mos da exist ncia de muitos deles quando encontramos uma refer ncia em uma mat ria de jornal em uma lista de livros indicados pelos rg os p blicos em um depoimento de leitor Um problema que se agrava quando a data de sua publica o e circula o se distancia no tempo quando o livro n o alcan a muitas edi es ou n o incentivado e legitimado oficialmente quando a editora que o publica tem menor proje o nacional mostrando se pouco ousada nas estrat gias de divulga o e de venda Ficamos dessa maneira circunscritos a uma hist ria do ensino da leitura e da escrita que se reporta aos mesmos livros escolares aqueles escritos por um autor educador reconhecido na hist ria da educa o aqueles que fazem parte das mem rias coletivas de diferentes gera es de leitores Mas se o livro did tico n o serve mais n o mais til ao seu usu rio se desatualizado se n o ensina mais nada de novo e nem de forma correta que sentido pode ter o fato de seus usu rios decidirem guard los E se h perdas dispers o nesse guardar e prec rias condi es de conser
53. variedade entrelinhas comprimento corre o Pagina o facilidade de leitura distribui o das gravuras Impress o da capa do texto e das legendas das gravuras Valor did tico No es cient ficas exatid o ajustamento ao progra ma de ensino m todo de exposi o propriedade dos exemplos em prego de cita es uso de termos t cnicos Linguagem corre o geral clareza concis o propriedade em rela o mat ria propriedade em rela o ao grau de ensino propriedade em rela o ao n vel intelectual correspondente s rie ou classe Gravura variedade propriedade exatid o ajustamento ao texto pre cis o das legendas Conforme essa autora as notas eram atribu das de zero a dez a cada elemento da ficha e em seguida somadas para formar uma nica nota Acrescenta ela N o poderiam ser autorizados os livros que obtivessem nota O em qual quer elemento da divis o Valor Did tico No es cient ficas Lingua gem Gravura ou menos de 50 do total de pontos atribu dos em conjunto s divis es Formato Material e Fei o Gr fica FILGUEI RAS 2008 p 6 grifos do autor 8 Ao que tudo indica essa ficha foi gerada por influ ncia de Louren o Filho como procuro mostrar no pr ximo t pico deste artigo 250 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Em 1951 no estado de S o Paulo por meio da Lei n 1536 foi criada a Comiss o Estadual do Livro Did tico e embora
54. 1902 H desencontro de informa es sobre o raio de abrang ncia da supervis o exercida por Sarah L Arnold Algumas fontes informam que se trata de supervis o das escolas prim rias de Boston como antes em Minnea polis Outras fontes mais seguras informam que era maior a cobertura do trabalho de Arnold e dos seus pares supervisores em Boston ou seja inclu a outras modalidades e graus 63 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs 1902 1919 Decana Dean do Simmons College da qual se tornou depois Dean Emerita Foram as duas primeiras fun es que lhe deram lastro para ganhar consider vel espa o no j muito disputado mercado norte americano de li vros de destina o escolar e al m disso atravessar as fronteiras geogr ficas dos Estados Unidos contribuindo de modo bastante efetivo para a circula o e a consagra o de novos padr es de ensino especialmente do ensino da leitura Ao longo de sua carreira educacional Arnold exerceu outras fun es e atuou em outras frentes essas atividades se prolongaram por toda a sua vida com destaque para seus empreendimentos no mbito da educa o da mulher in cluindo o campo da Economia Dom stica para cuja constitui o contribuiu grandemente e tamb m o movimento do escotismo feminino Essas duas ltimas atividades conduziram Arnold s lida amizade com o casal Herbert Hoover e fun o de coordenadora da ala feminina da ca
55. 1952 sinali za para a presenca de um dos mais importantes autores vinculados aos principios da chamada escola ativa cujos pressupostos em didlogo es pecialmente com a psicologia ressoaram no Brasil no campo pedag gico e nas mudangas no ensino a partir da d cada de 1920 dando o tom para a pr pria Cole o Essa vincula o aparece detalhadamente explicada no pref cio do livro que conforme tudo indica foi escrito pelo organizador da Cole o nos seguintes termos Os psicologistas estudaram cientificamente o processo da leitura che gando a determinar atrav s de numerosas experi ncias os fatores que a condicionaram fundamental que nossos professores saibam apreciar o valor da contribui o dos psic logos e utilizar se dos prin c pios por eles estabelecidos quando tiverem de auxiliar a crian a na forma o de desenvolvimento de bons h bitos de leitura Como se ensina a leitura procura expor e estudar os princ pios psicol gicos que envolvem a leitura de maneira que qualquer pessoa ainda que n o familiarizada com a terminologia psicol gica possa entend los e aprecia los PENNEL CUSACK 1942 p 5 6 191 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs O Sum rio ou Indice est organizado em quatro grandes partes a saber I PARTE A leitura eficiente na vida II PARTE M todo e processos que podem auxiliar a crian a a ter efici ncia NI PARTE Leitura or
56. 1991 evidencia a perman ncia dessa ati vidade com um ditado de palavras e de verifica o da aprendizagem com a respectiva corre o da professora 13 Por exemplo o site Espa o Educar que traz 120 atividades selecionadas com atividades de ditado de palavras ditado recortado ditado colorido ditado ilustrado etc e ou trabalho da ortografia ou a escrita correta das palavras Dispon vel em lt http espacoeducar liza blogspot com br 2012 06 120 atividades com ditado e ortografia html gt Acesso em 10 ago 2013 159 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Y 3 omismOiw CONS 9 eee COR RES VEN ee e Mg sit h tadir Figura 14 Caderno Clarissa 32 s rie novembro de 1991 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha As possibilidades de escritas e de suas hist rias coexistem simples mente plurais como as verdades com as pr ticas e os momentos hist ricos que as engendraram WINTERMEYER 2008 p 31 Nessa perspectiva o ditado como dispositivo para a aprendizagem da ortografia e para a avalia o da escrita dos alunos um observat rio privilegiado da liturgia escolar e os cadernos dos alunos s o documentos preciosos para olhar a escola e os processos educativos REFER NCIAS ALMEIDA D B BASTOS M H C JACQUES A R Do Deutscher Hil fsverein ao Col gio Farroupi
57. 2006b 2012 13 Levi Fernandes Carneiro nasceu em Niter i RJ no dia 8 de agosto de 1882 e faleceu no Rio de Janeiro RJ no dia 5 de setembro de 1971 Foi jurista e ensa sta tendo sido eleito membro da Academia Brasileira de Letras para a Cadeira n 27 no dia 23 de julho de 1936 e recebido no dia 7 de agosto de 1937 ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS 2013 14 O documento n o est datado mas por indica o de seu conte do foi poss vel identificar a data de produ o 1953 253 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Na produ o como escritor de livros did ticos Louren o Filho garantiu prest gio e reconhecimento a seu nome em n vel nacional gra as exitosa trajet ria editorial de sua produ o did tica e ao car ter inova dor e sintonizado com as necessidades e urg ncias de sua poca presente nessa produ o sendo essa a faceta mais destacada em sua obra de acordo com Ruy Louren o Filho 1997 Resultante da confer ncia realizada por Levi Carneiro no Insti tuto de Estudos Brasileiros o debate entre ele e Louren o Filho consistiu em acalorada discuss o sobre a quest o do livro no Brasil O primeiro ressaltando a import ncia e necessidade dos livros como instrumento precioso de cultura acusou a escola ativa por sua rea o anti livres ca como respons vel pela decad ncia do livro no Brasil Baseando se no escritor franc s Jorge Duham
58. 2007b obra ilustrada por Frans Richter 305 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs e adaptada por Arnaldo de Oliveira Barreto organizador deste e dos volu mes seguintes da Biblioteca Infantil cole o que foi indicada para leitura supplementar nas escolas prim rias paulistas S O PAULO 1918 A op o dos irm os Weiszflog pelo segmento did tico fica pa tente ainda no cat logo da editora de 1917 quando foram apresentados 49 t tulos entre livros e outros materiais de ensino inclusive nove t tulos da Biblioteca Infantil todos reunidos em duas p ginas enfeixados pelo t tulo na capa Weiszflog Irm os Lista de Pre os de Livros Escolares Edi es da Casa 1 7 17 At o final de 1920 antes portanto da fus o com a Companhia Melhoramentos de S o Paulo os irm os Weiszflog j haviam publicado 27 livros did ticos sendo 15 para o ensino secund rio e 12 para o ensino prim rio RAZZINI 2007b Entre estes ltimos seis eram livros de leitura sendo tr s de Mariano de Oliveira Nova Cartilha Analitico sintetica 1916 Paginas infantis 1916 e Nova Cartilha Ensino Rapido da Leitura 1917 e tr s de Erasmo Braga Leitura I 1919 Leitura IT 1919 e Leitura III 1921 De uma perspectiva mais ampla da produ o da quantidade de lan amentos at 1940 e sem considerar as reedi es que no caso das cartilhas e livros de leitura graduada foram in meras veri
59. 3 A m dia tem divulgado mat rias denunciando escolas e secretarias municipais que descartam lotes de liv ros enviados pelo PNLD muitas vezes ainda fechados em pacotes Em uma busca r pida on line poss vel localizar por exemplo as reportagens digitais Livros did ticos s o descartados no lixo do Centro de Educa o Casif Dispon vel em lt http oguiadacidade com br portal oguia acre item 172832 livros didWC3 Alticos s C3 A3o descartados no lixo do centro educativo casef gt Acesso em 27 jul 2013 eLivros empilhados pro vocam pol mica Material did tico est acumulado em escola que serve de abrigo em gua Preta Dispon vel em lt http jconline ne10 uol com br canal cidades educacao noticia 2011 08 02 livros empilhados provocam polemica 11838 php gt Acesso em 28 ago 2013 126 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA va o como n s pesquisadores poderemos encontr los Que hist ria pode ser constru da sobre o ensino da leitura e da escrita se esse material permanece desaparecido por exemplo Quem os guarda e por quais mo tivos os guardou para que n s os encontremos em sebos bibliotecas e acervos particulares OS GUARDADORES DE LIVROS OS COLABORADORES DE NOSSOS ACERVOS DE PESQUISA Entre esse gesto dos pesquisadores da hist ria do ensino da leitura e da escrita de localizar para reunir de conservar para conhecer essa produ o e o gesto da perda de dispers o e descarte pr prio dos leitores e
60. Am rica Latina incluindo obviamente o Brasil Em 1964 a participa o dos EUA no golpe militar desvelou a intensidade da inger ncia social e pol tica desse pa s na vida brasileira Esse contexto e essas rela es explicam igualmente a produ o significativa de livros para o ensino da leitura e da escrita no Rio Grande do Sul no per odo em quest o Na referida produ o para o caso das carti lhas a base te rico metodol gica era o chamado m todo anal tico ou glo bal cuja m xima era o sentido fixa a forma PENNEL CUSACK 1935 ou seja o entendimento era que a aprendizagem da leitura seria 4 Ver tamb m a an lise de Krafzik 2006 95 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs mais eficaz se partisse de elementos da lingua cujo sentido fosse completo palavra frase ou conto historieta Em que medida esses principios tiveram matriz no pensamento norte americano sobre o ensino da leitura e da escrita foi o foco da pes quisa que desenvolvi em 2012 e da qual neste capitulo apresento alguns dados coletados e analisados Na primeira se o exponho alguns aspectos de como a investiga o foi realizada para em seguida apresentar e discutir os dados em duas outras se es denominadas Word perception a palavra como primeira unidade de percep o e Um modelo de livro para ensino da leitura e da escrita Por fim nas considera es finais retomo os principais arg
61. Cintra Fonte Arquivo P blico Mineiro Secretaria do Interior 4132 papeis findos 1925 274 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA mundo editorial CHARTIER 1994 A impress o pela Imprensa Off cial do Estado de Minas Gerais e a consequente aquisi o dos direitos das obras de Arthur Joviano e Anna Cintra pela Livraria Francisco Alves editora com grande capacidade profissional para divulga o e venda mos tram que suas obras podem ter ganhado circula o nacional REDE INTELECTUAL E CRUZAMENTOS COM A PRODU O DE OUTROS LIVROS PARA A ALFABETIZA O 1940 a 1984 A produ o de livros para a alfabetiza o em Minas Gerais se intensifica e ganha destaque nacional a partir do final da d cada de 1920 quando professores do estado de Minas Gerais v o para a Universidade de Columbia EUA estudar os princ pios dos m todos globais Lucia Ca sasanta que viajou entre 1927 e 1929 para Columbia acompanhando classes de demonstra o de escolas anexas ao Teachers College daquela uni versidade foi fundadora da Escola de Aperfei oamento de Minas Gerais em 1929 para divulga o do movimento escolanovista MACIEL 2001 Uma das principais divulgadoras do m todo global no Brasil Lucia Ca sasanta manteve em sua biblioteca obras europeias e americanas como de Buisson Javal Piaget Clapar de Decroly que conviviam com as de William Gray Buswell Gates Pennel e Kusak Kilpatrick Comentando sob
62. DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs Paulo entre outros O trabalho de Santos 2013 aponta para o fato de que mais do que questionar a produ o j divulgada e constru da sobre o m to do anal tico as Cartilhas 1 e 2 de K pke complementam e matizam um pouco essa discuss o ao apresentar o modo como esse educador pensou um livro destinado ao ensino da leitura pelo m todo anal tico materializado nas propostas de textos nas atividades did ticas nas orienta es para seu uso minuciosamente colocadas nas 247 p ginas que comp em esse material O segundo manuscrito de uma obra que j havia sido considera da perdida esquecida em caixas empoeiradas rolando por sebos e guar dada em biblioteca particular segundo mat ria assinada por Lucena na Folha de S Paulo 29 04 2013 p E 9 o de Jo o Sim es Lopes Neto A cartilha denominada pelo seu autor como Artinha da Leitura tamb m manuscrita e parcialmente ilustrada com colagens de recortes tem a data re gistrada como 1907 e dedicada as escolas urbanas e ruraes Atual mente ela se encontra dispon vel para pesquisas no N cleo de Documen ta o Hist rica da Universidade Federal de Pelotas UFPel depositada aos cuidados do Instituto Jo o Sim es Lopes Neto IJSLN Tal qual o Livro de Hilda ela tamb m permaneceu esquecida por cerca de cem anos Como as Cartilhas 1 e 2 de Jo o K pke a Artinha da Leitur
63. De Decca 1981 e Vesentini 1997 Do escrevinhador que mal tra a estas linhas podem se consultar Munakata 1984 1996 316 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA 1993 p 12 Esse descompasso cronol gico n o importa Ambas as datas fazem parte do conjunto de fatos inaugurados em 1930 Em terceiro lugar na medida em que se sabe de antem o que o Brasil s come ou em 1930 o que houve antes simplesmente n o pode ter existido N o realizar a pesquisa torna se ent o a condi o essencial para sustentar o pressuposto de que a sequ ncia de decretos leis etc iniciou se em 1930 Por m bastaria uma r pida consulta na legisla o dos per o dos anteriores at mesmo do Imp rio para verificar que o livro did tico constitu a j mat ria de lei E n o para imprimir lhe a historicidade mas simplesmente porque o livro did tico existia na sociedade no mercado e na escola de modo que a sua produ o a sua circula o e o seu consumo deveriam ser regulados juridicamente Este texto pretende t o somente apresentar algumas dessas leis do per odo imperial e indicar a sua fertilidade para investiga es em Hist ria da Educa o A pesquisa b sica foi realizada por Luna Abrano Bocchi 2005 em 2004 2005 quando desenvolveu seu est gio de Inicia o Cient fica com financiamento da Funda o de Amparo Pesquisa do Estado de S o Paulo FAPESP Mesmo reclamando muito do enfado que a leitura de leis lhe ca
64. Em meio a esses exerc cios encontraram in meros exemplos os quais demonstram que cabia mulher obedecer ao marido e segui lo sacrificando se pelo bem estar de todos os membros da fam lia Aos homens era reservado o dever de proteger defender e representar a esposa e a fam lia Os modelos de m es e donas de casa eram re for ados em temas trabalhados em disciplinas como Higiene e Economia Dom stica nas quais eram ressaltadas li es sobre a ventila o da casa os cuidados com a limpeza a organiza o do lar Nos temas relativos escola e perspectivas de futuro da mulher conclu ram que mesmo tendo os mesmos conte dos ensinados para meninos e meninas havia um curr culo oculto que legitimava a diferencia o de g nero Nos cadernos escolares das meninas foi encontrado um n mero maior de valores religiosos e preceitos morais e nos dos meninos valores referentes ao mundo do trabalho Procurando cruzar com as categorias de classe e a proced ncia geogr fica dos cadernos as autoras encontraram nas atividades cotidianas das meninas especialmente nas refer ncias ao lazer brincadeiras e espa os de recrea o no ambiente da casa e os meninos no espa o da rua sem participa o efetiva nas obriga es dom sticas No segundo elas se voltam para as possibilidades historiogr ficas do documento Investigando ainda a mesma cole o estabelecem uma tipologia dos cadernos a partir de sua materialidade e examinam a hierarquiza o do
65. Governo Federal adotam livros h ampla divulga o ao mesmo tempo em que autor e editoras perdem o controle da negocia o quando se trata de anexar ou n o materiais complementares como manuais e livros de exerc cios e quando se trata de piorar a qualidade do impresso visando ao barateamento de custos Muitos n o participam de acordos das editoras com os programas de compra do governo n o sabendo explicar os fatores que levaram ado o oficial de seus livros recusa em aceitar novos formatos pode fazer com que determi nadas obras desapare am ou mudem de circuito Nesse caso ainda vale citar o exemplo de I da Dias da Silva a qual se recusou a introduzir no seu livro de leitura os exerc cios para torn lo livro consum vel uma exig ncia do Estado em sua pol tica nacional na poca A autora alegou que isso teria influ ncia na recep o est tica da obra O fato de n o ter aceitado o novo formato pode ter contribu do para que seu livro sa sse da lista oficial de livros a serem comprados mas sua recusa tamb m resguardou um formato que favoreceu a sua utiliza o como livro de literatura na rede privada de ensino e professores que o encontram em bibliotecas escolares p blicas sem os exerc cios fazem uso dele como material de leitura independen temente da alfabetiza o Assim o modo como o Estado se posiciona em rela o s obras e aos seus autores parece contradit rio ao analisarmos os dados das entre
66. II Plano Nacional de Desenvolvimento para o setor da educa o Parte de um diagn stico b sico a seletividade do sistema educacional Apenas 40 dos alunos matriculados eram promovidos da 12 para a 22 s rie do Ensino do 1 Grau Em 1974 s o contabilizados 12 5 milh es de analfabetos com 15 anos estando a maioria concentrada na zona rural Nesse plano a presen a de jovens com idade superior correspondente a cada s rie explicada pelo ingresso tardio na primeira s rie repet ncias e reingresso de alunos evadi dos O texto oficial defende que tJais fen menos sua vez poderiam ser atribu dos a tr s ordens de fato res O primeiro fator diz respeito a restri es na oferta de acesso ou de s ries de continua o que se dariam em zonas de menores recursos ou onde as escolas est o subdimensionadas em face da clientela O segundo fator a ocorr ncia de mobilidade das fam lias rurais que constituem m o de obra flutuante mudando de regi o conforme o favorecimento das safras e retirando seus filhos das escolas em meio do ano O terceiro fator refere se s car ncias da pr pria clientela escolar sejam de natureza nutricional de sa de ou cultural BRASIL 1976 p 16 Nesse contexto a n o aprendizagem da crian a ligada direta mente pobreza e consequentes car ncias nutricionais propondo se iniciar se um trabalho sistem tico por raz es bvias de compensa o das car nc
67. Janeiro Rio de Janeiro 2004 GVIRTZ S Del curriculum prescripto al curriculum ense ado uma mirada a los cuadernos de clase Buenos Aires Aique 1997 H BRARD J Por uma bibliografia material das escritas ordin rias o espa o gr fico do caderno escolar Fran a s culos XIX XX Revista Brasileira de Hist ria da Educa o Campinas n 1 p 115 141 jan jun 2001 HERNANDEZ DIAZ J M Etnografia e historia material de la escuela In ESCOLANO BENITO A HERNANDEZ DIAZ J M Coord La memoria y el deseo cultura de la escuela y educaci n deseada Valencia Tirant lo Blanch 2002 p 225 246 JULIA D Documenti della scrittura infantile in Francia In ANTONELLI Q BECCHI E a cura di Scritture bambine testi infantili tra passato e presente Roma Bar Laterza 1993 p 5 24 MEDA J MONTINO D SANI R Org School exercise books a complex source for a history of the approach to schooling and education in the 19th and 20th Centuries Firenze Edizioni Polistampa 2010 MIGNOT A C Pap is guardados Rio de Janeiro Rede Sirius 2003 Org Cadernos vista escola mem ria e cultura escrita Rio de Janeiro EdUERJ 2008 Org Nao me esqueca num canto qualquer Rio de Janeiro Laborat rio Educa o e Imagem 2008 CD ROM Janelas indiscretas os cadernos escolares na historiografia da educa o In VIDAL D SCHWARTZ C Org Hist ria das culturas escolares no Brasil Vit ria E
68. Jos Leonardo do Nascimento Louren o Chacon Jurado Filho Maria de Lourdes Ortiz Gandini Baldan Paula da Cruz Landim Rog rio Rosenfeld Editores Assistentes Anderson Nobara Jorge Pereira Filho Leandro Rodrigues As opini es hip teses e conclus es ou recomenda es expressas neste material s o de responsabili dade do s autor es e n o necessariamente refletem a vis o da FAPESP Ficha catalogr fica Servi o de Biblioteca e Documenta o Unesp campus de Mar lia 2014 338 p Inclui bibliografia ISBN 978 85 393 0541 4 H673 Hist ria do ensino de leitura e escrita m todos e material did tico Maria do Ros rio Longo Mortatti Isabel Cristina Alves da Silva Frade organizadoras Roger Chartier et al S o Paulo Editora Unesp Mar lia Oficina Universit ria Coeditoras ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o e FAPESP Funda o de Amparo Pesquisa do Estado de S o Paulo 1 Alfabetiza o Estudo e ensino Hist ria 2 Leitura 3 Escrita 4 Ensino Metodologia 5 Material did tico I Mortatti Maria do Ros rio Longo 1954 II Frade Isabel Cristina Alves da Silva III Chartier Roger 1945 CDD 371 41 Editora afiliada U Associa o Brasileira de Editoras Universitarias SUMARIO Pref cio Em que os estudos de natureza hist rica sobre o ensino da leitura e da escrita podem contribuir com as pr ticas de alfabetiza
69. Maria TERESA SANTOS CUNHA Professora Associada V do Departamento de Hist ria da Universidade do Es tado de Santa Catarina Florian polis Atua no Curso de Hist ria Patrim nio Cultural no Programa de P s Gradua o em Hist ria e no Programa de P s Gradua o em Educa o Licenciada em Hist ria pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC 1973 Mestre em Hist ria do Brasil UFSC 1982 e Doutora em Educa o Hist ria e Historiografia pela FEUSP 1995 Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq Nivel 2 Maria DO Ros rio LONGO MORTATTI Professora Titular da Universidade Estadual Paulista Unesp Atua no curso de Pedagogia e no Programa de P s Gradua o em Educa o da Unesp Mar lia Lider do GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do Ensino de L ngua e Li teratura no Brasil Presidente da ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o 2012 2014 Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia Ci ncias e Letras de Araraquara SP 1975 Mestre em Educa o 1989 e Doutora em Educa o 1991 pela FE Unicamp Livre Docente em Metodologia do ensino de 1 Grau alfabetiza o pela Unesp Presidente Prudente 1997 CANCIONILA JANZKOVSKI CARDOSO Professora Associada na Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Atua na gradua o e no Programa de P s Gradua o em Educa o da UFMT campus de Rondon polis Representante Regional Sudeste da ABAIf Associa o Brasileira de Alfa
70. PUBLICADOS NAS D CADAS DE 1940 E 1950 NO BRASIL Os cinco manuais de ensino enfocados neste texto s o os seguin tes conforme ordem cronol gica de publica o Pr ticas escolares de ac rdo com o programa de pr tica de ensino do curso normal e com orienta es do ensino prim rio 1940 de Ant nio d vila Editora Saraiva SP e Metodologia da linguagem para uso das Escolas Normais e Institutos de Educa o 1949 de J Budin Companhia Editora Nacional SP e No es de metodologia do ensino prim rio para uso das Escolas Nor mais Institutos de Educa o e Faculdades de Filosofia 1950 de The obaldo Miranda Santos Companhia Editora Nacional SP e Metodologia da linguagem 1951 de Orlando Leal Carneiro Editora Agir RJ e e Metodologia do ensino prim rio contendo a mat ria dos 2 e 3 anos do curso normal 1955 de Afro do Amaral Fontoura Editora Aurora RJ Tratando especificamente de metodologia da linguagem ou de metodologia geral do ensino prim rio com cap tulos sobre o ensino de leitura escrita linguagem esses manuais est o estruturados em unidades 14 Essas caracter sticas remetem cr tica de Lajolo 1996 ao livro did tico como quase manual de usu rio Em rela o ao ensino de leitura e escrita esses manuais passaram a ocupar o lugar das prescri es e instru es did ticas divulgadas em documentos oficiais e na imprensa pedag gica que circulavam entre as d
71. RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA A proposta do material Alfabetiza o atrav s da Arte para al m da mec nica do aprender a ler e a escrever caracterizando a como processo din mico cont nuo e intemporal ao longo da vida sistem tico complexo aspecto filos fico e social biopsicol gico lingu stico natureza interdis ciplinar e de natureza interdisciplinar poderia ser considerada uma nova concep o de alfabetiza o Para al m dos princ pios da proposta con cretamente h atividades que envolvem g neros textuais e ou suportes textuais como poemas prov rbios palavras cruzadas carta enigm tica mapas hist ria em quadrinhos jornal e dicion rio Para a equipe eram importantes as proposi es da Arte para alfabetizar as nossas crian as a fim de que elas tenham a oportunidade de ler e escrever expressando e comunicando a realidade cultural em que vivem PIAU 19772 p 12 Podemos enxergar algo de novo na proposta de Curr culo por Atividades elaborada pelo Rio de Janeiro Outros estados fizeram pro postas semelhantes a exemplo dos estados do Paran e do Rio Grande do Sul denotando uma preocupa o em dar uma resposta pr tica te rica e metodol gica ao que preconizava a Lei 5692 71 No entanto at hoje discutimos e tentamos superar a tradi o disciplinar no ensino destinado aos pequenos Enfatiza o grupo de autores da proposta do Rio de Janeiro Se o mundo da crian a n o correspon
72. Sao 20Paulo pdf gt Acesso em 18 out 2013 2 Sobre a trajet ria hist rica de um autor ver por exemplo as publica es organizadas por Bastos Cavalcante 2009 sobre Louren o Filho e por Razzini 2010a sobre Antonio Firmino Proen a 13 Sobre as obras de Louren o Filho ver por exemplo as publica es de Monarcha Louren o Filho 2001 Bertoletti 2007 Cunha 2011 1 Sobre a hist ria da leitura na Fran a ver por exemplo o livro de Chartier H brard 1995 2000 sobre a hist ria da alfabetiza o em que o livro escolar a principal fonte ver Escolano 1992 para a Espanha e para o Brasil ver por exemplo Soares 1991 2002 Mortatti 2000 Perez Tambara 2003 Frade Maciel 2006 obre as disciplinas escolares ver por exemplo a obra de ente acerca de matem tica 5 Sob discipl p pl bra de Val 1999 di 16 Sobre o uso dos cadernos e as pr ticas de escrita ver por exemplo o livro de Mignot 2008 294 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA tarefa que demanda muito tempo e esfor o pois al m de reconhecer os livros did ticos entre a produ o geral da editora necess rio relacionar a grande massa de dados com a circula o que tais livros tiveram na escola Escolhendo este ltimo caminho situado entre a macroan lise e a microan lise segundo termos de Robert Darnton 1992 a pesquisa de p s doutorado desenvolvida entre 2003 e 2007 focalizou a produ o e a circula o
73. Segundo a equipe os resultados confirmaram a hip tese inicial revelando a ntima rela o entre a atitude do aluno para com a escola e a metodologia aplicada BRASIL 1980 p 115 No ano de 1976 continuou a experimenta o efetuada no ano anterior propondo se ainda para as escolas rurais um terceiro material com sugest o de atividades integradas tendo como elementos centrais educa o cultura e trabalho O ensino por atividades nas escolas rurais WWM Estado do Rio de Janeiro S crotaria de Estado de Educa o e Cultura Figura 5 O ensino por atividades nas escolas rurais 1977 Fonte MEC INEP SIBE CIBEC SO relat rio informa que esse material foi produzido em 1976 e impresso em 1977 237 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs A autoria do material creditada Secretaria de Estado de Edu ca o e Cultura Coordena o de Ensino de 1 Grau do estado do Rio de Janeiro Come a se com o item Orienta o para o Professor p 2 22 Salienta o texto O que estamos propondo um modo de trabalhar diferente numa esco la diferente que desenvolva o racioc nio em lugar de propor coisas para decorar Uma escola din mica movimentada que crian as achem in teressante e para onde elas queiram ir RIO DE JANEIRO 1977 p 3 A seguir o item Guia de atividades p 23 41 focaliza esque mas de traba
74. The duties and privileges of the supervisor The Independent tendencies history literature and the arts Boston v 50 p 315 318 Aug 4 1898 Training and certification of teachers in household economics Lake Placid Conference on Home Economics proceedings of the Fifth Annual Confer ence Boston MA v 5 p 8 12 1903 The reconciliation of cross purposes in the education of women Journal of Proceedings and Addresses of the Forty Sixth Annual Meeting Cleveland p 112 113 1908 The home maker In GIRL SCOUTS Scouting for girls official hand book of the Girl Scouts New York The Girl Scouts National Headquarters 1920 p 106 132 BOARD OF EDUCATION Report of board of education of Massachusetts on Agricultural Education Boston Wright amp Potter State Printers 1911 BRADY vice Hoover Time Magazine New York v 12 n 1 Jul 02 1928 CAMBRIDGE TRIBUNE Agricultural Book Published v 41 n 24 10 Aug 1918 CARPENTER C History of american schoolbooks Philadelphia Philadelphia University of Pennsylvania Press 1963 FEMALES figure in Day s News Lewiston Saturday Journal Lewiston Jul 18 1908 Nao paginado GRAMSCI A Cadernos do c rcere Tradu o Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 v 4 JOHNSTON B F Creating Stanfords Food Research Institute Herbert Hoover Alonzo Taylor Carl Alsberg J S David and K Bennett Disponivel em lt http www stanford edu
75. Unidos em especial no campo da educa o A press o da urbaniza o e da industria liza o tem sido acertadamente enfatizada como fator fundamental da efer vesc ncia que os norte americanos vivenciaram na passagem de um s culo a outro Com certeza foram grandes centros como Nova York e Chicago que n o apenas sentiram mais de perto as transforma es como tamb m foram seus epicentros Mas quase todo o pa s foi atingido ao menos indiretamente o fluxo migrat rio acrescido ao imigrat rio mudou a composi o da popula o norte americana em curto espa o de tempo Essa transforma o da composi o populacional com a entrada na cena urbana de segmentos populacionais vindos de Estados e regi es da chamada Am rica profunda tantos os ne gros libertos quanto os brancos tradicionalmente ligados ao campo e com a imigra o massiva de imigrantes europeus e asi ticos provocou mudan as tamb m estruturais em reas como a da educa o A press o modernizadora da ind stria das novas tecnologias das paisagens e dos ambientes urbanos se realizou conjuntamente com a press o por inclus o daqueles novos segmentos sociais nas benesses da modernidade Por conseguinte os Estados Unidos se tornaram celeiro n o apenas do mais avan ado arrojado projeto moderniza dor ancorado na ind stria e na cidade mas igualmente das pol ticas e das ide ologias mais eficazes de dissolu o das tens es e conflitos sociais 2 O
76. XX foram estrat gicas para alguns ao oferecerem uma produ o para uma reforma ou por terem alta influ ncia intelectual Entretanto em v rios casos a publica o foi fru to de esfor os dos pr prios autores e resultado de experimenta es bem sucedidas de pr ticas de alfabetiza o desenvolvidas por eles ou sob a sua supervis o Curiosamente v rias publica es decorreram da tarefa escolar de produzir um esbo o de livro no contexto de um curso Motiva es financeiras n o aparecem em v rios dados e sintom tico o depoimento de I da Dias da Silva que diz ter sido respons vel pela re aliza o de um trabalho social a partir do contato que teve com crian as do Brasil todo durante suas viagens como formadora de professores FRADE 284 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA PEREIRA 2012 H autores que n o se aproveitaram do sucesso editorial para dar continuidade a suas produ es mesmo com demandas das editoras o que refor a a ideia da produ o de livro como realiza o pessoal em que objetivos financeiros n o v m em primeiro plano Enquanto uns se aprovei taram de posi es de destaque para divulgar e manter a ado o de suas obras outros se recusaram a continuar produzindo Recuperando as rela es do Estado com a edi o e com os autores vemos que em determinados momentos quando coincide uma reforma com um tipo de material did tico ou quando uma Secretaria de Educa o ou o
77. a biblioteca de Alexandria CANFORA 1986 promete disponibilidade universal de todos os textos que foram escritos de todos os livros que fo ram publicados Como as pr ticas dos humanistas renascentistas SHER MAN 2007 o mundo digital outorga a colabora o do leitor que pode escrever ele mesmo no texto aberto e na biblioteca sem muros dos escritos eletr nicos Como o projeto dos Iluministas define um espa o p blico em que conforme desejou Kant 1784 cada indiv duo pode e deve fazer sem restri es nem exclus es um uso p blico da sua raz o e comunicar por es crito suas opini es Nesse sentido o mundo digital muito mais que uma nova t cnica de composi o transmiss o e apropria o da escrita Certa mente permite a digitaliza o dos textos j escritos a produ o de textos nascidos como digitais ou pr ticas de escrituras in ditas como as dos blogs e redes sociais Entretanto promete tamb m tanto a transforma o das ca tegorias mais fundamentais da experi ncia humana como por exemplo as no es de amizade multiplicada at o infinito ou de identidade oculta ou exibida quanto a inven o de novas formas de cidadania ou de controle e de censura DOUEIHI 2008 2011 Como na poca da inven o da imprensa por m de maneira mais intensa nosso presente digital est atravessado por tens es entre dife rentes futuros poss veis a multiplica o de comunidades separadas cimen tadas pelos
78. a digitaliza o 4 Mus e National de P ducation dispon vel em lt http www cndp fr musee corps php gt Acesso em 18 out 2013 Em 2006 foi inaugurado o Centro Internacional de la Cultura Escolar CEINCE na Espanha que guarda copioso acervo de livros did ticos reunido ao longo de v rios anos pelo Prof Agust n Escolano Benito Dispo n vel em lt http www ceince eu main php id 1 gt Acesso em 18 out 2013 6 Dispon vel em lt http www inrp fr she choppin emma banque htm gt Acesso em 18 out 2013 7 Dispon vel em lt http www uned es manesvirtual ProyectoManes proyecto htm gt Acesso em 18 out 2013 8 Dispon vel em lt http www histelea unlu edu ar index html gt Acesso em 18 out 2013 Dispon vel em lt http www bibl ulaval ca ress manscol gt Acesso em 18 out 2013 1 Dispon vel em lt http www2 fe usp br 8080 livres gt Acesso em 18 out 2013 293 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs de documentos ou de livros inteiros o que tem contribu do para a preser va o dos mais raros ou daqueles que se encontram em p ssimo estado de conserva o Al m do pioneirismo de Alain Choppin 1980 conv m assina lar as publica es que fazem um balan o sobre v rios aspectos da hist ria do livro did tico Les Manuels scolaires histoire et actualit CHOPPIN 1992 Textbooks in the Caleidoscope JOHNSEN 1993 Historia ilustra da del lib
79. alcance da crian a pois j faz parte do seu vocabul rio GASTAL 1971 p 3 Os autores americanos de refer ncia insistiam nos aspectos men cionados palavras do universo vocabular infantil de f cil significado e largamente repetidas em diferentes contextos e em intervalos definidos e controlados como anteriormente destacado 107 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Ao que tudo indica em Marcelo Vera e Fa sca por exemplo a pr pria denomina o do m todo usado na cartilha M todo global de pa lavras progressivas teria sido influenciada pela ideia do controle da repe ti o e da apresenta o progressiva das palavras Essas orienta es quanto ao m todo v o determinar ainda um padr o de refer ncia para a visualidade dos livros Assim um modelo n o apenas pedag gico mas tamb m gr fico editorial vai se constituindo e revelando que pedagogias do ensino da leitura e da escrita e aspectos gr fi cos est o associados na produ o de livros did ticos CHARTIER 1994 1996 FRADE 2010 Esse modelo pedag gico e gr fico sob influ ncia da word perception foi especialmente identificado em cinco cartilhas ga chas Al m das j cita das Marcelo Vera e Fa sca Editora Tabajara 2 ed 1962 de autoria de nove professoras ga chas e Ded Jos e Ti o Editora FTD 3 ed 1968 de autoria de Maria de Lourdes Gastal as outras tr s s o Juca e Zaz de Eloa
80. an lise dos fundamentos do ensino da leitura e da escrita pelo m todo anal tico especialmente presentes nos seguintes materiais 1 livros de cunho te rico como por exemplo os de Gates 1928 Gray 1956 1957 Gray e Horton 1948 Gray et al 1951a 1951b 1954 Russel 1949 entre outros 2 cartilhas de autoras ga chas 3 cartilhas americanas Pre primers e Primers 4 os manuais dos professores que acompanhavam as cartilhas gt Ver lt http www library illinois edu sshel specialcollections curriculum gt Venezky 1990 s p referindo se produ o das s ries de livros americanos enfatizou o papel de Dick and Jane nos seguintes termos Os passos finais para a constitui o da s rie de leitura moderna surgiu nas d cadas de 1920 e 1930 medida que mais livros foram adicionados as s ries comuns e um controle mais estrito sobre o vocabul rio e a sintaxe foram adotados nas sele es de leitura particularmente nos n veis iniciais A s rie Dick and Jane publicada por Scott Foresman amp Co na d cada de 1930 foi respons vel por muitas dessas mudan as e permanece at hoje como o prot tipo norte americano de programa de leitura do s culo 20 98 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA O procedimento de an lise foi basicamente a leitura intensiva e extensiva e a categoriza o dos principais fundamentos do m todo anal ti co no conjunto dos quatro documentos indicados Tendo exposto algu
81. ancorada na Teoria do Capital Humano Especificando essa filosofia para o 1 Grau o II PSEC refor a o sentido democratizante deste ou seja a garantia de igualdade de oportunidade de forma o b sica para toda a popula o na faixa et ria de 7 a 14 anos BRASIL 1980 p 46 Foram determinadas quatro metas para o II PSEC sendo que este texto focar as duas primeiras quais sejam 01 Eleva o dos ndices de promo o da 12 para a 22 s rie atrav s de experimenta o e expans o de metodologias e tecnologias espec ficas para o processo de alfabetiza o 02 Redu o dos ndices de distor o idade s rie atrav s da experi menta o e expans o de metodologias e t cnicas adequadas acelera o da escolaridade BRASIL 1980 p 48 O objetivo geral do 1 Grau foi o de U niversalizar progressi vamente o ensino na faixa dos 7 aos 14 anos atingindo a taxa de 90 no per odo BRASIL 1976 p 35 226 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Na avalia o de Barreto et al 1979 p 23 nesse plano tecnologia educacional cabe o papel central na discrimina o de estrat gias programas e projetos Assim s o propostas in meras mudan as que passam pela reformula o de curr culos elabora o e experimenta o de materiais did ticos proposi o de novas metodologias para se alfabetizar e desenvolvimento de sistemas de informa o Os aspectos a
82. aos estudos do universo escritural autobiogr fico cartas di rios e agendas Nesse cap tulo as autoras trabalharam com a correspond ncia de alunos de escolas rurais de Portugal que foram produzidas no bojo do projeto de Interc mbio Escolar iniciado na d cada de 1930 por iniciativa da So ciedade de Geografia de Lisboa a qual estimulava a troca epistolar entre escolas da metr pole e destas com as col nias e com os n cleos portugueses no estrangeiro p 455 Trata se de um estudo que exempli fica o quanto a aprendizagem da escrita de cartas esteve presente na sala de aula para inculcar c digos de civilidade e disciplinar o esp rito Longe de serem escritas livres ditadas pela necessidade de encurtar dist ncias ao sabor de saudades elas n o apenas foram estimuladas por um programa de interc mbio como tamb m cumpriam o guia escolar que por sua vez reproduzia provavelmente os manuais epistolares ALGUNS ESTUDOS SOBRE AS ESCRITAS ESCOLARES INFANTIS Os cadernos escolares t m sido recentemente cada vez mais ob jeto do desejo de pesquisadores dentre os estudos sobre escritas escolares infantis em diferentes pa ses Interessados em processos de alfabetiza o 7 Ver nota 3 8 Julgo importante fazer uma distin o no mbito das escritas escolares Para al m das escritas dos alunos os professores tamb m lan am m o da escrita para registrar elogiar reivindicar punir sugerir Em texto j pub
83. apresenta Filha de Jonathan e Abigail Arnold Sarah L Arnold era a d cima primeira de 15 crian as Cresceu em Abington Massachusetts e logo demonstrou ser uma crian a excepcional Seu pai a apelidou de o pouco de fermento que fermenta toda a massa Todavia Sarah nunca foi mimada em casa Ela destacou na escola lendo Latim por onze anos de idade e se formar no col gio aos treze anos Ap s o colegial ela passou dois anos estudando em Bridgewater Normal School Ver na p gina lt http www girlscoutsjs org girl scout basics history timeline gt uma til linha do tempo sobre acontecimentos importantes na hist ria do movimento girl scouts nos Estados Unidos 18 Casada com um sin nimo de laboriosidade Sra Herbert Clark Hoover tamb m muito ativa Ela se dedica ao Girl Scouts of America como vice presidente At abril quando renunciou ao cargo ela era tamb m Presi dente do Conselho de Diretores do Girl Scout A Srta Sara Louise Arnold Presidente Nacional do Girl Scout tinha estado doente e a Sra Hoover para quem o trabalho da Presidente Arnold foi delegado sentiu que a presid ncia do conselho da diretoria era um trabalho para muitos Na semana passada os diretores do Girl Scout elegeram uma nova presidente do conselho para suceder Sra Hoover Elegeram a senhora que por oito 71 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Esse era ent o o c rculo mais pr ximo de rela es de Sa
84. autores do material fica expressa na abertura do texto dirigido aos professores quando se refere ao pro p sito da metodologia Oferecer condi es poss veis que permitam ao aluno n o s aprender a ler e a escrever mas sobretudo tornar se capaz de identifi car se como algu m que experimenta descobre inova contesta e cria significa o procurando superar repeti es e imita es PIAU 19772 p 7 N o disponho de dados do final do projeto em 1979 233 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs A autoria do material aparece ao final do texto p 160 creditada a Aida de Almeida Singi Ant nio Murilo de Macedo Eckhardt Elizabe th de Carvalho Barbosa Maria Jos Melo Videlina Maria Silva Pinheiro Sonia Maria Vieira rojeto novas me oS MEC INEP SIBE CIBEC o atrav s da art Estado do Piaui Secretaria de Educa o i Setor T cnico de Educa o 9 Equipe de Curriculo e Figura 4 Alfabetiza o atrav s da arte manual do professor 1976 Fonte MEC INEP SIBE CIBEC A fundamenta o te rica contida na manual do professor in forma inicialmente como percebido o processo de alfabetiza o fun damentado em 5 princ pios gerais 1 Processo din mico 2 Cont nuo e intemporal 3 Sistem tica sic 4 Complexo 5 De natureza interdisci plinar Ao tematizar a dinamicidade do processo frente a um mundo que exige um home
85. capital ou do interior da Prov ncia ap s serem aprovados pelos deputados No final do s culo XIX verifica se contudo que a produ o de livros escolares em S o Paulo ganharia forte impulso com o in cio da expans o da ent o denominada educa o popular voltada para a amplia o do sistema p blico de ensino prim rio A reforma e a expans o da escola p blica elementar no estado de S o Paulo a partir de 1890 promoveram mudan as significativas ao ele ger o modelo de instru o popular que vinha sendo adotado pelos estados nacionais da Europa e Am rica ao longo do s culo XIX ancorado nos princ pios da obrigatoriedade gratuidade e neutralidade religiosa As mudan as foram operadas com a inaugura o dos Grupos Es colares espa os especialmente projetados e constru dos nas zonas urbanas da capital e cidades do interior para o funcionamento de escolas prim rias sujeitos a uma hierarquia administrativa e ao controle do estado Desse modo ao agrupar pequenas escolas pr existentes num s pr dio o mo delo do Grupo Escolar tornava poss vel a forma o de turmas maiores em torno de 40 alunos por sala de aula ent o projetada e mobiliada para 298 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA receber essa quantidade de alunos os quais passaram a ser divididos n o somente pelo sexo mas ainda conforme a idade e os est gios de apren dizagem o que reorganizou o tempo escolar agora fracionado em n veis
86. com seu objeto de estudo Ademais Lawrence Hallewell teve amplo acesso aos arquivos das editoras o que hoje imposs vel para o grande contingen te de pesquisadores das v rias reas que t m o livro e a leitura como objeto de estudo uma vez que por se tratar de empresas privadas quando ainda existem elas n o disp em de condi es nem h interesse para franquear tais arquivos Somado a isso est o fato peculiar da descentraliza o do ensino prim rio em nosso pa s isto a conviv ncia de v rios sistemas de ensino p blico um em cada estado pois ao contr rio do que ocorreu em pa ses europeus e latino americanos que unificaram seus sistemas de ensino elementar no s culo XIX no Brasil ap s a Independ ncia embora hou vesse a preocupa o do governo central de garantir a obrigatoriedade e a gratuidade da instru o p blica conforme determinou a primeira Lei de ensino de 15 de outubro de 1827 logo em seguida o Ato Adicional Constitui o do Imp rio de 12 de agosto de 1834 determinou que a instru o popular deveria ficar a cargo das Prov ncias situa o que seria perpetuada durante o Imp rio e passaria aos Estados ap s a Proclama o da Rep blica constituindo diversos sistemas de ensino num pa s de di mens es continentais Assim paralelamente legisla o nacional o ensino prim rio esteve sempre sujeito s leis vicissitudes pol ticas e recursos locais de cada unidade do Imp rio ou d
87. com um caso ao ser instado a falar de sua escola prim ria um menino de 13 anos preferiu ap s as cinco primei ras linhas copiar do livro Cuore de Eduardo de Amicis o texto sobre o primeiro dia na escola pondo em pauta a liberdade condi o para a escrita de si reveladora da intimidade Por mais que a escrita autobiogr fica sobre a inf ncia traga ele mentos para pensar contextos vividos ela difere da escrita autobiogr fica na inf ncia Se esta produzida ao sabor dos acontecimentos sem o peso O autor cita ainda Giuseppe Lombardo Radice Giuseppe Faccaroli Augusto Monti Giuseppina Pizzigoni e Maria Boschetti Alberti para quem aJo serem deixadas livres as crian as adquirem grande facilidade na linguagem escrita n o encontram mais diferen a entre a fala e a escrita Assim as composi es resultam simples naturais e espont neas manifestam o car ter deles as tend ncias deles ALBERTI 1951 p 85 apud MON TINO 2008 p 126 166 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA da experi ncia que matiza amplia apaga o olhar adulto e o correr dos anos certamente orientam o esfor o retrospectivo que vagueia pelo passa do com as quest es do presente detendo se em pormenores de um tempo fugidio e distante conferindo sentido ao que ficou para tr s e por isso mesmo elegendo enfeitando retocando e deformando a pr pria vida Tr s estudos recentes sobre cartas escritas por crian as ajudam a pens
88. como a mulher de a o que dentre outras iniciativas fundou o Hull House defendeu os direitos das mulheres e dos negros Em contrapartida Arnold situa se no lado conservador das mu lheres educadas N o no polo do conservadorismo extremo mas entre aquelas que atuaram em favor da inser o das mulheres em espec ficos nichos de mercado para lhes facultar a realiza o de uma carreira compa t vel com a vida dom stica Arnold trabalhou n o somente pela inser o da mulher no mercado de trabalho mas tamb m pela afirma o do seu papel de respons vel pela economia vida dom stica como esposa e m e Uma literatura feminista norte americana recente vem produzindo revis es nas hist rias privadas de muitas mulheres como James Addams e Sarah L Arnold Curiosamente essa literatura chama a aten o para o fato de que como muitas outras mulheres da poca ambas teriam tido relacionamentos est veis durante toda a vida adulta Permaneceram solteiras mas ao contr rio do que era usual constitu ram lares com companheiras tamb m solteiras 77 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs SARAH LOUISE ARNOLD NA FUN O AUTORAL Sarah L Arnold nasceu como autora quase no come o da sua vida profissional quando ainda exercia as fun es de professora e diretora de escolas prim ria e normal manteve se produtiva at fins da d cada de 1910 quando estava h muito distanciada das atividades esc
89. como redator de peri di cos cr tico pedag gico e tradutor de livros autor de 23 manuais de ensino 23 livros did ticos 3 cap tulos de livros 78 artigos em peri dicos 102 textos na coluna Escola Pitoresca 65 artigos na coluna Galeria de Patronos de Escolas 29 textos biogr ficos 20 confer ncias e discursos uma tese de concurso uma cotradu o uma entrevista e 7 textos n o publicados Todas essas informa es foram extra das de Trevisan 2003 onde se encontra estudo detalhado sobre d vila e o manual Pr ticas Escolares 204 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA do professor reforma ortogr fica ensino das diferentes mat rias do curso prim rio Na 8 edi o s o acrescentados dois cap tulos sobre caixa esco lar e sobre tarefas para casa Baseando se em estudos de autores como o brasileiro Manoel Bergstr m Louren o Filho o porto riquenho cubano Alfredo M Aguayo e o portugu s Antonio F de Castilho d vila apresenta um breve hist rico do ensino da leitura salienta a import ncia dos m todos de ensino da motiva o do aluno e dos aspectos psicol gicos os quais devem ser considerados no ensino da leitura e da escrita recomendando a aplica o dos testes ABC de Louren o Filho E como conclui Trevisan 2003 as posi es e orienta es expos tas por D vila se encontram estreitamente relacionadas com as sustenta das por Alfredo A Aguayo no livro Did t
90. concep o de educa o ofi cial vigente era a de que a educa o reconhecidamente um dos fatores de transforma o social al m de ser um instrumento b sico para a plena realiza o do ser humano Mais que isso a educa o constitui o instrumento para a forma o do que se convencionou chamar de recursos humanos para o desenvolvimento BRASIL 1976 p 31 32 O Plano Nacional de Desenvolvimento tinha como principal meta educativa a implementa o do processo de alfabetiza o sis tem tica visando a erradicar o analfabetismo no decorrer da d cada BRASIL 1976 p 7 241 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Encontramos nessa politica p blica a antiga e pol mica discuss o sobre os efeitos e consequ ncias da difus o do alfabetismo desenvolvimen to socioecon mico ordem social e progresso individual Para Graff esses efeitos que presumivelmente acompanhariam a difus o do alfabetismo nos ltimos s culos t m sido ligados s teorias sociais e p s ilumi nistas liberais e s expectativas contempor neas com respeito ao papel do alfabetismo e da escolariza o no desenvolvimento s cio econ mico na ordem social e no progresso individual GRAFF 1990 p 31 A esse conjunto de conjecturas o autor denominou mito do alfabetismo no qual se cria ind stria do alfabetismo como uma via para o desenvolvimen
91. culturalmente importante estado como era Massachusetts para o qual n o havia ainda prescri es claras ou regras firmemente estabelecidas Ao ser indicada como primeira mulher a ocupar o posto em Boston capital daquele Estado Arnold se faz express o da mo derniza o em curso da escola p blica norte americana em que se faziam acomoda es entre o laico e o religioso a tradi o e a inova o ora em contendas sangrentas ora em acordos pac ficos Al m disso Arnold parece se movimentar com uma boa margem de liberdade para introduzir novas pr ticas de organiza o do ensino p blico Pode se portanto cogitar a mesma margem de liberdade para ensaiar novos m todos de ensino nas escolas sob sua supervis o e para al m delas A atua o destacada de Arnold no exerc cio da fun o de super visor de ensino em Boston se reafirma nas palavras de David Snedden 66 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA 1868 1951 que serviu como the first State Commissioner of Edu cation in Massachusetts Miss Arnold deu varios espl ndidos anos de servi o ao Conselho de Educa o do estado de Massachusetts Ela representou tanto a me lhor cultura quanto a mais forte lideran a educacional da Na o Seu interesse em sinalizar para a educa o profissional para mulheres foi forte e seu trabalho altamente pr tico SNEDDEN 19 apud AN DREWS 1943 p 339 Essa aprecia o relevante N o somente porque Sned
92. da Bibliotheca Nacional D se a certid o Em 29 de janeiro de 1908 Dr Manoel C cero Arthur Joviano autor da obra intitulada Primeira Leitura a qual j se acha registrada nesta Bibliotheca vem re speitosamente requerer a v exc afim de resguardar seus interesses que se digne mandar certificar como foi feito o referido registro e bem assim como foi requerido pelo autor Nestes termos P deferimento Rio de Janeiro 29 de Janeiro de 1908 P P Claudino de Oliveira Mello 272 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA no ano seguinte Ao anexar os documentos s p ginas do seu livro o autor mostra sua preocupa o em tornar p blicos os registros o que indicia sua familiaridade com aspectos jur dicos da produ o editorial Sem constar na lista de livros de maio de 1907 adotados pelo governo de Minas Gerais o livro de Arthur Joviano aprovado pelo Con selho Superior da Instru o P blica e aparece no Boletim Vida Escolar 15 dias depois com a seguinte informa o O Conselho Superior aprovou o livro 4 Primeira Leitura do Sr Arthur Joviano que ofereceu ao Estado a primeira edi o desse trabalho para ser distribu da gratuitamente pelas escolas p blicas KLINKE 2001 p 88 A carta de Arthur Joviano en dere ada ao ent o Secret rio de Interior Dr Manoel Thomaz de Carvalho Brito anexada s p ginas iniciais de seu livro Primeira Leitura talvez para agregar maior prest gio obra e j re
93. de Minas Gerais seguido por v rios outros da mesma tend ncia metodol gica seu modelo gr fico metodol gico inspi rou a produ o de livros em outros estados como Sarita no Rio Grande do Sul No entanto o pr livro As mais Belas Hist rias de autoria da divul gadora usando a hist ria dos tr s porquinhos seria produzido apenas em 1954 conforme Maciel 2010 L cia Casasanta influenciou in meros autores que vieram de pois seja por ter sido professora de v rios deles Maria Serafina de Freitas Magdala Lisboa Bacha Maria Yvonne Atal cio Therezinha Casasanta seja por ter inspirado um modelo de livro com est tica da literatura para I da Dias da Silva Influenciou significativamente outra autora Elisa Bar bosa Campos e nesse caso trata se de fidelidade metodol gica o que explica a produ o de um livro j na d cada de 1980 quando o m todo global perde terreno para outras tend ncias Dez anos depois de ter feito seu pr livro tarefa de curso reali zada para a professora L cia Casasanta e de t lo abandonado em vers o artesanal essa autora sente se provocada a publicar um pr livro Este saiu primeiramente pela Editora Lemi e depois pela Vig lia ambas editoras regionais Em entrevista concedida em 2011 Elisa Barbosa Campos des taca a sua ades o incondicional ao m todo e menciona o legado deixado a ela por L cia Casasanta de dar continuidade divulga o do m todo global informa
94. de l ngua e literatura no Brasil O manual dedicado a Orlando Leal Carneiro que certamente um dos autores a quem Santos se refere na advert ncia que faz no pref cio Nada tendo de novo e original este comp ndio procura resumir e sistematizar os ensinamentos metodol gicos dos melhores autores nacionais e estrangeiros O manual composto por 251 p ginas e est organizado em duas partes tratando respectivamente de Metodologia Geral onde se abordam evolu o dos processos formas modos e material did ticos com destaque para m todos ativos e escola nova e de Metodologia Especial das diferentes mat rias do curso prim rio dentre as quais metodologia da leitura metodologia da escrita e metodologia da linguagem oral Ao final de cada cap tulo s o apresentados exerc cios sob a forma de question rio a respeito da mat ria estudada notas e bibliografia 1 Theobaldo Miranda Santos nasceu em 1905 e faleceu em 1971 Foi professor catedr tico do Instituto de Edu ca o da Faculdade de Filosofia Santa rsula e da Universidade Cat lica do Rio de Janeiro e ficou conhecido especialmente por ter produzido uma significativa quantidade de manuais de ensino destinados aos cursos de forma o de professores prim rios no Brasil Dentre as tem ticas de seus manuais de ensino destacam se os manuais sobre Metodologia do ensino prim rio Psicologia Filosofia Hist ria da Educa o Did tica Pedago gia e Adminis
95. de livro did tico por n o ter que ficar a servi o da editora explicando sua obra Das obras de literatura diz obter mais prazer pois estas n o precisam de muita explica o De fato ela a autora que mais produziu obras avulsas de literatura tendo circulado por diversas editoras Certamente n o foi a produ o de livros de alfabetiza o a sua principal via de profissionaliza o isso ficou claro quando mencionou que mesmo sendo convidada a continuar a cole o da Editora Bloch pela adapta o das obras de Monteiro Lobato recusou se por entender que a f rmula tinha chegado a seu esgotamento no pr livro No caso de I da sobre a escolha pela Editora Vig lia a autora comenta que j ministrava cursos sobre o livro de Maria Yvonne Atal cio publicado pela mesma editora e que isso foi uma porta de entrada na em presa que pretendia trabalhar com dois tipos de livros para a alfabetiza o I da Dias da Silva relata as viagens para divulga o dos seus livros exigidas pela editora nos fins de semana e os problemas da n o edi o de um ma nual do professor que acompanhava o livro com mais de 200 p ginas pela Editora Vig lia uma vez que esse material n o era comprado pelo governo por encarecer o processo 283 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs Sobre a press o por modelos de manuais dirigidos ao professor que agregassem valor financeiro editora foi bem elucidativo o d
96. de matem tica Aprenda por si S rie A e Aprenda por sil S rie B respectivamente publica o a partir de 1953 da S rie de Lei tura Graduada Pedrinho composta por cinco livros sendo uma cartilha de alfabetiza o intitulada Upa cavalinho produ o de documento en dere ado ao Minist rio da Educa o e Cultura em 1953 intitulado O problema do livro did tico notas para o Sr Ministro elabora o de res posta contida no documento Livro Did tico endere ada ao Minist rio da Educa o e Cultura em 1961 Na atua o junto Companhia Melhoramentos de S o Paulo Louren o Filho emitiu milhares de pareceres a livros para crian as tanto did ticos quanto de literatura infantil Por meio dessa atua o exerceu in flu ncia sobre autores ao corrigir os originais fazer sugest es de mudan as de fundo e forma e aprovar ou reprovar as publica es e sobre todo o mercado editorial brasileiro uma vez que a Melhoramentos estava a sua poca entre as primeiras editoras do pa s DONATO 1990 4 Segundo Dr Ruy Louren o Filho filho de Louren o Filho seu pai acompanhava orientava e sugeria o que deveria ser feito na produ o gr fica de seus livros especialmente os did ticos Informa o obtida em conversa informal com o Dr Ruy Louren o Filho em 1997 Sobre a produ o escrita de Louren o Filho relativa leitura e a temas correlatos ver sobretudo Mortatti 2001 e Bertoletti
97. dessas obras uma amplia o sobre o conhecimento do que era public vel segundo normatiza es e regu lamenta es impostas por aqueles que ocupavam cargos p blicos em suas rela es com o mercado dos livros impressos Conforme Chartier 1990 os textos os discursos s existem quando materializados em um suporte que os carrega nas p ginas de um livro nas folhas de um caderno na voz que os l ou os narra encenadas no palco dispostas na tela Os textos os discursos s existem quando inscri tos como realidades f sicas em uma letra um tra ado uma topografia visual espa o branco e texto em cores e tamanhos dispostos em uma topografia visual espa os e brancos Quanto poder amos conhecer ou nos aproximar dos sentidos j constru dos a respeito dos livros did ticos impressos em suas rela es com a cultura escrita com a cultura escolar com a produ o o consumo a distribui o e a circula o desse material acompanhado tamb m pelo co nhecimento dos livros did ticos manuscritos mais raros mais fugidios mas que em sua materialidade s o objetos que instituem um tipo de raz o e de conhecimento distintos do mundo oral e do impresso e mais recente mente do virtual Um objeto artesanal cuja produ o se inscreve em uma l gica talvez um pouco distante da rede industrial e comercial tal qual a conhecemos hoje Os livros manuscritos talvez possam colaborar para o entendi mento das
98. dito mas acreditamos que este seja um material eficaz por ser de manuseio simples adaptado nossa realidade PERSONA et al 1978 p 3 ou ainda elaborar um material de f cil manuseio pelo professor e que atendesse s caracter sticas da l ngua portuguesa em sua escala gradativa de dificulda des MATO GROSSO 1979 p 2 Desse modo estavam dadas as condi es concretas para a ela bora o do conjunto de alfabetiza o Nossa Terra Nossa Gente posterior mente transformado em Ada e Edu S o autoras do material Rosa Maria Jorge Persona Maria Antonieta Fernandes Regina L cia Borges Ara jo Renete M de Almeida Maciel Francisca Am lia Marques e Ana Maria Dias da Silva Em 1978 a Bloch Educa o Rio de Janeiro publicou esse conjunto com o t tulo de Ada e Edu divulgando nacionalmente o material criado em Mato Grosso A hist ria desse material est registrada no livro de minha autoria Cartilha Ada e Edu produ o difus o circula o 1979 1985 publicado pela EAUFMT em 2011 229 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs NOSSA TERRA NOSSA GENTE cartilha Figura 1 Capa de Nossa terra nossa gente de Rosa Maria Jorge Persona et al 1977a Fonte Acervo do Centro de Documenta o UFMT Figura 2 Capa de Caderno de atividades de Rosa Maria Jorge Persona et al 1977b Fonte Acervo do Centro de Document
99. do Minist rio da Educa o e Cultura em 1961 grande foi a influ ncia desse educador e intelectual sobre os ru mos que a pol tica sobre o livro did tico tomou no Brasil Talvez possa at arriscar me a afirmar que a ideia do livro n o consum vel criada e adotada no Brasil anos depois e da distribui o gratuita de livros tenha sido gesta da na resposta de Louren o Filho analisada neste artigo 261 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Desta feita posso reafirmar que sua resposta representativa das a es do Estado sobre o movimento editorial de livros didaticos no Brasil e que conhecer e analisar a atua o de Louren o Filho relativamente pro du o sobre o livro did tico seja relevante e necess rio REFER NCIAS ABU MEHRY N F Centen rio de Louren o Filho Rio de Janeiro Associa o Brasileira de Educa o 1997 ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Levi Carneiro Rio de Janeiro 2013 Dispon vel em lt http www academia org br abl cgi cgilua exe sys start htm infoid 759 amp sid 27 1 gt Acesso em 25 set 2013 BERTOLLETTI E N M Cartilha do povo e Upa cavalinho o projeto de alfa betiza o de Louren o Filho 1997 129 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 1997 Louren o Filho e a alfabetiza o um estudo de Cartilha do povo e da Cartilha Upa cavalinho S o Paulo Ed
100. e Dib 1974 Hallewell 1985 Arroyo 1968 Bittencourt 1993 2004 e Lajolo 1996 Para a expans o em diversos pa ses de pesquisas sobre hist ria do livro did tico colaboraram decisivamente as realizadas pelo professor e pesquisador franc s Alain Choppin S ntese da atua o e produ o desse pesquisador se encontra no texto de Circe Bittencourt que integra este livro N O No Brasil essa expans o foi acompanhada da cria o de grupos e projetos de pesquisa bancos de dados e acervos especializados com destaque para Projeto LIVRES criado em 1994 sob coordena o de Circe Bittencourt junto Faculdade de Educa o da Universidade de S o Paulo e Hist ria das disciplinas escolares e dos livros did ticos coordenado por Circe Bittencourt e Kazumi Munakata junto Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo Em Munakata 2012 h importante an lise da 199 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs tem propiciado compreender importantes aspectos relativos tanto ao livro did tico quanto educa o e alfabetiza o Com o objetivo de contribuir para a compreens o desses aspec tos relacionadamente hist ria da alfabetiza o no Brasil apresento neste texto reflex es sint ticas sobre principais aspectos da configura o textual de cinco manuais de ensino escritos por brasileiros e destinados na ntegra ou em alguns cap tulos a ensinar a ensinar leitura e escri
101. edi es e tiragens dos livros did ticos para ensino de leitura e escrita e de literatura infantil de Louren o Filho encontram se em Bertoletti 1997 2006a 2006b 2012 16 O debate tamb m contou com o posicionamento de Afr nio Peixoto Jos Leite Paulo Azevedo e Ribas Carneiro 254 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA de publica es e de tradu es mesmo que mal feitas porque os maus livros se combatem com outros livros bons LOUREN O FILHO 1938 p 96 como forma de transformar a l ngua portuguesa em l ngua de cultura Carneiro acusou Louren o Filho de n o ter lido o livro de Duhamel afirmando que este n o focalizara a crise do livro franc s mas a crise mundial do livro Louren o Filho contestou garantindo que lera o livro mencionado e que este estava errado exatamente por ter genera lizado a quest o O jurista Carneiro 1938 insistiu no assunto e acusou Louren o Filho de homem do Distrito Federal V Ex n o est vendo no seu otimismo de chefe de um magn fico servi o do Distrito Federal n o est vendo o Brasil V Ex tem o otimismo do funcion rio bem instalado E essa crise V Ex n o v porque n o quer ver porque tem seus oculos c r de rosa CARNEIRO 1938 p 102 O contendor considerou ainda que o aumento de livros no Brasil n o vinha sendo compat vel com a demanda de leitores e que n o havia decad ncia na l ngua francesa sendo esta
102. educa o e aumentar substancialmente a distribui o de livros para alunos RODRIGUES VAZ 1980 p 32 33 278 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA que havia no corpo editorial de Grafiquinha Ltda Editora Veja de Belo Horizonte professores do Instituto de Educa o ligados ao PABAEE As circunst ncias de sua produ o fazem supor que houve na poca possibi lidades de rela o entre pesquisas desenvolvidas no PABAEE e a produ o de livros did ticos FRADE PEREIRA 2011 Sobre a influ ncia do contexto PABAEE destaca se a produ o de Magdala Lisboa Bacha autora do pr livro O presente Seu depoimento mostra que nem sempre a inten o inicial a autoria de um livro todavia a reuni o de algumas condi es acaba configurando essa decis o informa o verbal Al m da pr tica de experimenta o do livro feita em classes das escolas prim rias chama a aten o em v rios livros ou pr livros publicados desde a d cada de 1920 uma recupera o da ideia de experimenta o como metodologia que se firmou em Minas Gerais e que ajudava a aprimorar os livros Temos assim exemplos de Anna Cintra de Maria Serafina de Frei tas que testou seu livro por 10 anos de I da Dias da Silva que trabalhou com aplica o de seu material em classes de experimenta o E destacam se em v rios dos pr livros os gr ficos com resultados testados numa perspec tiva de apresentar evid ncias quantitati
103. efici ncia e economia para o sistema de ensino Conforme cen tralidade desde ent o atribu da psicologia na dire o do pensamento e da pr tica pedag gicos tornam se hegem nicas as bases psicol gicas da alfabe tiza o propostas por esse educador e psic logo Como decorr ncia diferen temente dos dois momentos anteriores esse terceiro momento se caracteriza sobretudo pela relativiza o da quest o dos m todos de alfabetiza o e pela rotiniza o de m todos mistos ou ecl ticos Esse deslocamento do eixo das discuss es funda uma nova tradi o a alfabetiza o sob medida concebida em novas bases cient ficas e diretamente associada ao movimento renovador do campo educacional desencadeado na d cada de 1920 frente do qual tamb m esteve Louren o Filho As marcas dessa nova tradi o fundada se encontram presentes nos cinco manuais abordados neste texto Fundamentados no novo ide rio pedag gico em especial na did tica da escola nova seus autores con tempor neos entre si e copart cipes de mesma rede de rela es tratam de pontos de vista semelhantes das quest es relativas ao ensino da leitura e da escrita seja como parte da metodologia do ensino prim rio seja no mbito espec fico da metodologia da linguagem Esses pontos de vista por sua vez est o tamb m diretamente vin culados s mudan as impostas nesse momento hist rico pela legisla o sobre o livro did tico e sob
104. em manuais de ensino passaram a ser tidas como tradicionais Foram assim gradativamente abolidas do discurso oficial e do discurso pedag gico N o desapareceram por m os antigos m todos de alfabetiza o cartilhas e instru es de ensino Ainda que impl cita e silenciosamente continuam atuando uma vez que foram incorporados tradi o de que s o constitutivos fundada no terceiro momento da his t ria da alfabetiza o no Brasil A fun o instrucional prescritiva e normativa dos manuais de ensino por sua vez foi transferida para outros dispositivos a servi o da concep o operante de professor como executor de programas governa mentais pol ticas p blicas E eles foram substitu dos por outros tipos de impressos de car ter did tico pedag gico sob a forma quer de documen tos oficiais como por exemplo se verifica em propostas curriculares ou em programas de forma o de professores quer de livros de divulga o em cole es destinadas ao magist rio Talvez ainda tenham simplesmente deixado de circular nos cursos de forma o de professores os impressos sob a forma de livros em favor das c pias xerox de livros de cap tulos e de artigos ou mais recentemente em favor de textos em formato eletr ni co para leitura em tela CONSIDERA ES FINAIS Apesar da forma sint tica conforme cab vel na extens o deste texto os principais aspectos da configura o textual
105. escritas intimas e escolares debru o me agora ALGUNS ESTUDOS SOBRE O UNIVERSO ESCRITURAL AUTOBIOGRAFICO INFANTIL Apesar de as escritas autobiogr ficas como di rios e cartas pro duzidas na inf ncia serem raras e mais dif ceis de serem encontradas o pesquisador italiano Davide Montino 2008 salienta que historicamente os motivos que determinam a pr pria possibilidade de escrever sobre si s o an logos para as crian as e adultos Ressalta por m que embora tenham capacidade de reelaborar as viv ncias e sobre elas escrever as crian as t m um menor grau de subjetividade j que via de regra suas escritas s o dis ciplinadas e controladas pelo adulto e fruto de uma aprendizagem escolar No entanto indica a exist ncia de um n mero significativo de exemplos de escritas autobiogr ficas mais livres as quais derivam de ocasi es especiais a viagem a guerra e a escola O autor lembra que a escola sem sombra de d vidas um espa o de aprendizagem e exerc cio da escrita de si Observa que tais registros de si feitos pelas crian as na escola desde o final do s culo XIX e in cio do XX resultam da discuss o proposta por educadores dentre os quais Maria Montessori que colocaram em discuss o a ret rica da reda o escolar procurando deslocar para o centro dessa escrita a pr pria crian a e seu mundo O autor assinala que h uma diferen a entre escrita livre e escrita autobiogr fica Exemplifica
106. esta exce o cultural que o mundo inteiro nos cobi a tanto mais que nosso cinema talvez pelo conte do tem ainda belas horas diante dele NOVARINO 2006 Mus dido Figura 1 Caderno de Clarissa 22 s rie mar o de 1990 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha Este estudo integra o grupo de pesquisa Do Deustscher Hilfsverein ao Col gio Farroupilha entre mem rias e hist rias 1858 2008 CNPq FAPERGS PUCRS 2011 2015 141 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs INTRODU O A educa o ministrada em uma escola e o processo formativo do aluno em uma determinada poca nos colocam frente a in meros pon tos de observa o da tem tica Escolhemos como Jocus privilegiado para adentramos no cotidiano de uma escola prim ria nas d cadas de 1940 a 1980 a an lise dos cadernos de ditado de alunos do Col gio Farroupilha 1886 tradicional escola particular da cidade de Porto Alegre RS per tencentes ao Memorial Do Deutscher Hilfsverein ao Col gio Farroupilha e um acervo particular O estudo insere se na perspectiva da hist ria da cultura escrita que conforme Castillo G mez e Sierra Blas 2008 p 19 0 es tudo da produ o difus o uso e conserva o dos objetos escritos buscando alian as com quantos saberes como os advindos da Hist ria da Educa o Escolarizada que t m como seu objeto o estudo da escrita em su
107. favoreciam muito mais do que as leituras feitas em voz alta para os outros ou para si mesmo a confus o entre o mundo do texto e o mundo do leitor No s culo XVIII o discurso se medicalizou e construiu uma pato logia do excesso de leitura considerado uma enfermidade individual ou uma epidemia coletiva A leitura sem controle perigosa porque associa a imobi lidade do corpo com a excita o da imagina o Portanto produz os piores males a obstru o do est mago e dos intestinos a desordem dos nervos o esgotamento f sico Os profissionais da leitura os homens de letras s o os mais expostos a esses efeitos fontes da enfermidade que por excel ncia sua a hipocondria O exerc cio solit rio da leitura conduz a um desvio da imagina o rejei o da realidade prefer ncia outorgada quimera Da prov m a proximidade entre os excessos de leitura e os prazeres sexuais solit rios Ambas as pr ticas produzem os mesmos sintomas palidez inquieta o prostra o O perigo maior quando a leitura a leitura de um romance e o leitor uma leitora retirada solid o A rela o com o escrito foi assim pensa da a partir dos seus efeitos corporais Semelhante somatiza o que indica uma forte muta o das representa es da rela o com os livros permanecer 29 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs durante o s culo XIX e fundamentar o enfoque particularmente nas
108. graduados segundo um programa de estudos pr estabelecido e comum a todas as escolas do mesmo tipo em que a dura o de cada n vel passou a corresponder a um ano letivo sendo que salvo oscila es o curso prim rio ficou estabelecido em quatro anos PUJOL 1896 Na rela o professor aluno evitava se o emprego do modo indi vidual e estimulava se o modo simult neo seja subdividindo a classe em tr s turmas A Be C no Primeiro Ano seja adotando o para toda a sala nos demais anos do curso prim rio S O PAULO 1907 1908 forma de ensino tida tamb m como a mais recomend vel para a aplica o do m todo intuitivo CALKINS 1886 processo de aprendizagem que dava import ncia intui o observa o dos objetos e fen menos por meio dos sentidos FARIA FILHO 2000 privilegiando o emprego do desenho e de ilustra es RAZZINI 2005 2007b A instru o popular oficial era controlada por meio de legisla o espec fica de programas curriculares com suas normas de transmiss o da forma o dos professores e do uso de materiais escolares autorizados previa mente os quais por sua vez tiveram que ser reelaborados ou forjados para se adequarem s novas exig ncias dos programas ent o acrescidos de mat rias e conte dos oferecidos intuitivamente de maneira gradual e seriada Al m disso a uniformiza o e a seria o dos conte dos e a ado o paulatina do modo simult neo para toda a turma obrigariam
109. group FRI fri history bruce html gt Acesso em 27 out 2013 DEAN Arnold talks conservation to a group of Miami housewives The Miami News Miami Dec 25 1918 MICROCOSM THE Libreto com registros de fatos passados organizado pela turma de 1933 do Simmons College 1933 Boston MA s n 1933 MONAGHAN E J Gender and textbooks women writers of elementary read ers 1880 1950 Publishing Research Quarterly New York v 10 n 1 p 28 46 Spring 1994 MONAGHAN E J BARRY A L Writing the past teaching reading in Colo nial America and the United States 1640 1940 the catalog 44 Annual Conven tion of the International Reading Association San Diego CA 1999 86 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA MONAGHAN E J SAUL E W The reader the scribe the thinker a critical look at the history of american reading and writing instruction In POPKE WITZ T S Org The formation of school subjects the struggle for creating an american institution New York The Falmer Press 1987 p 85 122 MORTATTI M R L Os sentidos da alfabetiza o S o Paulo 1876 1994 Bras lia DF MEC INEP COMPED S o Paulo Ed UNESP 2000 NATURE study in the public schools by Sarah Louise Arnold Congregationalist Oak Creek Aug 12 1897 NIETZ J A 19th Century schoolbooks S 1 2003 Dispon vel em lt http digi tal library pitt edu nietz gt Acesso em 27 out 2013 The contribution of an analysi
110. hist ria da alfabetiza o e das pr ticas escolares In ENCONTRO NACIONAL DE DID TICA E PR TICAS DE ENSINO 14 2008 Porto Alegre Anais Porto Alegre EDIPUCRS 2008a v 1 p 1 12 Autoras de obras did ticas e livros para o ensino da leitura produzidos no Rio Grande do Sul contribui es hist ria da alfabetiza o 1950 1970 Educa o Unisinos S o Leopoldo v 12 p 111 121 2008b produ o sobre hist ria da alfabetiza o no Rio Grande do Sul In MORTATTI M R L Org Alfabetiza o no Brasil uma hist ria de sua his t ria S o Paulo Cultura Acad mica Mar lia Oficina Universit ria 2011 p 243 263 PERES E C ZAR T M Divulga o e a ado o do m todo global de ensino da leitura no Rio Grande do Sul 1940 1970 In ENCONTRO DA ASSO CIA O SUL RIOGRANDENSE DE PESQUISADORES EM HIST RIA DA EDUCA O hist ria da educa o literatura e mem ria 9 2003 Porto Alegre Anais Porto Alegre Seiva ASPHE 2003 p 173 185 PERES E PORTO G C A produ o e a circula o de cartilhas do m todo global de contos de ensino da leitura no Rio Grande do Sul d cadas de 40 70 In LEAHY DIOS C Org Espa os e tempos de educa o Rio de Janeiro Brasa C L Edi es 2004 p 26 40 PERES E DIETRICH M D A cartilha Ler a Jato e o m todo audiofonogr fico uma proposta de alfabetiza o de uma professora ga cha para o fim do anal fabetismo no pa s d cadas de
111. instrumento insuper vel de cultura assim concluindo afirmar se que eu trouxe para aqui um assunto que Duhamel ima ginou atravez das agruras dos editores franc ses e que transplantei para o Brasil fantasiosamente um esfor o de imagina o n o meu mas do ilustre contraditor Verdadeiramente preciso ter um otimismo invej vel e pairar numa esfera muito acima das dificuldades que estamos a enfrentar para po der contrap r minha afirma o corroborada brilhantemente desde logo por dois grandes editores e por um grande escritor a de que n o h crise do livro no Brasil e que nunca estivemos melhor no Brasil em mat ria de livros e de edi es CARNEIRO 1938 p 103 Talvez pela acusa o de crise no setor livreiro Louren o Filho te nha proposto a ficha de avalia o de livros did ticos como necessidade 7 N o consegui precisar at o momento para quem foi endere ada a proposi o mas posso interpretar que foi aos membros da CNLD devido similitude entre a ficha proposta por Louren o Filho e a utilizada para avalia o dos livros did ticos conforme apresentei no t pico anterior 255 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs de julgamento objetivo dos livros escolares para garantir um julgamento impessoal que permita a apura o ou rejei o dos livros destina dos s crian as impedindo a propaga o dos maus e para
112. l infanzia Universita degli Studi di Macerata Centro internazionale di etnostoria di Palermo Museo dell Educazione Dipartimento di Scienze dell Educazione dell Universita di 172 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA que expressa o movimento de profissionais de diferentes tradi es discipli nares para aprofundar a an lise sobre esse suporte da escrita como se pode observar nas se es do evento dedicadas ao caderno como objeto gr fico ao conte do da escrita infantil propaganda pol tica contida nas capas e nos exerc cios ou ao caderno como fonte de pesquisa sobre a hist ria da edi o escolar da did tica da educa o escolar e da l ngua 5 No Brasi Ana Maria Casasanta Peixoto 2004 estudou cole o de cader nos escolares do Museu da Escola de Minas Gerais trazendo pistas impor tantes sobre a produ o desses suportes da escrita Para ela a partir dos meados da d cada de 1930 a ind stria dos cadernos dava ind cios de de senvolvimento e foram produzidos muitos cadernos com capas de cunho c vico patri tico como o Avante com a finalidade de valorizar a ju ventude e incentiv la a construir e defender o pa s PEIXOTO 2004 p 277 Essas capas expressam no seu entendimento uma vis o dos valores sociais que a escola desejava incutir PEIXOTO 2004 p 275 Considerando os cadernos escolares como ego documentos Maria Helena Camara Bastos 2008 examina c
113. leitura de M rio Gon alves Viana Editora Educa o Nacional Porto 1949 considera a leitura como arte e como pr tica cultural suscept veis de servirem s necessidades da pedagogia e da cultura portuguesa caldeadas pela observa o direta da vida pela ex peri ncia profissional e pela pr tica VIANA 1949 p 5 Figura 1 Capa do Livro A arte da leitura de M rio G Viana 1949 Fonte Acervo pessoal da autora M rio Gon alves Viana nascido em Lisboa em 1900 e falecido em 1977 foi soci logo pedagogo e professor Licenciado em Direito foi autor de numerosos trabalhos acerca dos mais variados assuntos Elemen tos de Arquivologia e Classifica o 1940 Biografias de Figuras Nacionais 1943 O Problema do Saber Humano 1945 T cnica Publicit ria e Arte de Redigir 1946 Arte da leitura 1949 Psicologia do Adolescente s d Arte de organizar bibliotecas p blicas e particulares 1958 etc Diri 185 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs giu ainda a cole o Biblioteca de Cultura Geral da Editora Figueirinhas Portugal iniciada precisamente pelo volume A Arte de Redigir Sua obra circulou no Brasil haja vista sua presen a atual nas es tantes virtuais de compra de livros em cita es em outros manuais de ensino em acervos nacionais como o da Biblioteca Nacional em biblio tecas universit rias como a da Universidade do Estad
114. li o em que s o apresentadas A repeti o e o controle das palavras eram portanto bem menos rigorosos que no caso americano 112 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Isso se explica possivelmente em fun o das diferen as de ordem econ mica cultural editorial e pedag gica de um contexto e de outro Na realidade norte americana a produ o e o uso de v rios livros ao longo de um mesmo ano letivo era pr tica comum e o ensino da leitura estava sempre associado a um programa de uma determinada editora e n o a um nico livro cartilha Nesse sentido autores ilustradores editores es pecialistas etc podiam projetar uma s rie de livros e materiais de apoio ao ensino da leitura e da escrita porque as condi es do mercado a tradi o pedag gica os processos de ensino seguiam outra l gica diferentemente do caso brasileiro ga cho em especial em que essas condi es impunham a necessidade de produzir um livro que seria nico e deveria dar conta de todo o processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita em um ano escolar Consequentemente a perspectiva da word recognition que previa a produ o de livros para o ensino da leitura baseados no controle na repe ti o na progress o das palavras adaptada para se ajustar a uma dada realidade diferente daquele em que foi efetivamente elaborada As diferen as observadas nos cinco livros ga chos n o s em re la o aos americanos mas entr
115. livros de leitura ela foi coautora secund ria com dois acad micos de Harvard quando esse tipo de agrupamento n o era comum o que ocorreria a partir dos anos 1920 ela defendeu a leitura silenciosa ao que parece ao largo das teses defendidas pelos psicologistas da linhagem thorndikiana e usou extensamente o manual destinado orien ta o do professor quando essa modalidade de impresso escolar ainda n o havia se consagrado Sua circula o dentro e fora dos Estados Unidos merece toda a aten o uma vez que foi utilizada larga em protetorados norte americanos como Filipinas e Porto Rico circulou em l nguas como espanhol portugu s e rabe o que permitiu a Sarah L Arnold transitar do Ocidente ao Oriente REFER NCIAS A C E KINDERGARTEN CENTENNIAL COMMITTEE THE The Kin dergarten Centennial 1837 1937 a brief historical outline of early childhood education Washington DC The Association of Childhood Education 1937 ADDAMS J The public school and the immigrant child Journal of Proceedings and Addresses ofthe Forty Sixth Annual Meeting Cleveland OH p 99 102 1908 ANDREWS B R Sarah Louise Arnold 1859 1943 Journal of Home Economics Geneva NY v 35 n 6 p 339 340 June 1943 85 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs ANTLER J BIKLEN S K Changing education women as radicals and conser vators New York State University of New York Press 1990 ARNOLD S L
116. m de Tratado Ele mentar d Arithmetica de Lacroix e Tratado Elementar de Physica de Ha y Ainda quanto Impress o R gia registrem se os dispositivos relati vos a seus trabalhadores o regulamento para os aprendizes da Real Impress o 3 Segundo Moraes 1993 p xx a Impress o R gia teve sempre dificuldades financeira Para aliviar o or a mento e dar lhe a renda garantida o governo anexou lhe em 1811 a F brica de Cartas de Jogar 319 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Decis o n 6 de 30 1 1811 e as instru es para admiss o de aprendizes de compositor na Typographia Nacional Decis o n 114 de 2 5 1835 No que tange ao custo das impress es podem se citar as leis refe rentes s taxas alfandeg rias A lei de 24 9 1828 t axa em quinze por cento para todas as na es os direitos de importa o de quaesquer mercadorias e generos estrangeiros Mais tarde a Decis o n 146 de 24 9 1845 a diciona Tarifa os seguintes g neros papel branco ou de cores em rolos la em p pranchas ou f rmas para estampar papel enquanto a Decis o n 98 mJanda adicionar Tarifa a tinta de imprimir 22 8 1848 O impos to sobre as Typographias foi abolido em 5 1 1846 Decis o n 127 Bem antes a importa o de livros impressos era isenta de taxas Decis o n 3 de 26 1 1819 mas a alf ndega n o podia despachar livros considerados obs cenos Deci
117. mundo editorial que se ampliava em escala internacional Podemos ser tentados a estabelecer uma correla o entre o sistema de controle dos livros de textos e a natureza do regime pol tico O pro blema na realidade n o t o simples Podemos dizer que os regimes totalit rios ou mais genericamente autorit rios exercem sempre um controle muito restritivo sobre a produ o destinada s escolas e que a liberdade de redigir textos e de livre escolha dos professores uma virtude dos regimes democr ticos Mas constatamos tamb m que al guns pa ses considerados democr ticos submetem seus livros de textos aprova o de comiss es administrativas os Estados Unidos em vin te e um de seus estados a Espanha ou Gr cia ou ainda h casos de pa ses com livros did ticos oficiais como o caso do Jap o CHOP PIN 1998b p 175 tradu o livre Pela an lise da situa o do livro did tico em diferentes pa ses independentemente do regime pol tico a op o dos Estados em aquisi o de livros para distribui o gratuita nas escolas tamb m se constitu a de forma variada embora tenha constatado o crescimento de uma pol tica de universaliza o da oferta de materiais escolares desde a d cada de 1990 Essa atua o dos governos se por um lado favorece as editoras por outro lado traz como consequ ncias rela es mais complexas com os editores autores e comiss es avaliadoras As formas de financiamento da
118. n Francisco Largo Caballero Madrid Archivo General de la Administraci n Alcal de Henares Madrid Archivo General de la Naci n de M xico Ciudad de M xico Archivo Hist rico del Partido Comunista de Espa a Madrid Arxiu Nacional de Catalunya Sant Cugat del Vall s Barcelona Asociaci n de Ni os de la Guerra de Lieja y alrededores Micheroux Soumagne B lgica Asociaci n de Ni os de la Guerra de Namur Namur Erpent B lgica Biblioteca Nacional de Espa a Madrid Centre d tudes et de Documentation Guerre et Soci t s Contemporaines Bruselas Centro Documental de la Memoria Hist rica Salamanca Colecci n particular de Isabel Argentina Alvarez Mor n Colecci n particular de Elisabeth Eidenbenz Colecci n particular de Gregorio Nicol s Rodr guez Eibarko Udala Ayuntamiento de Eibar Guip zcoa Fundaci n Pablo Iglesias Alcal de Henares Madrid Fundaci n Sabino Arana Museo del Nacio nalismo Vasco Artea Arratia Bilbao Fundaci n Universitaria Espa ola Madrid Kutxateka San Sebasti n e Museo del Pueblo de Asturias Gij n Cf folder da exposi o 168 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA EpisTOLAS INFANTIS FRAGMENTOS EMERGENTES DO QUOTIDIANO RURAL NO TEMPO ESCOLAR 1955 1958 Trata se de cap tulo de Maria Isabel Pereira Aleixo e Maria do C u Alves no livro Mis primeros pasos de Antonio Castillo e Ver nica Sierra Bl s 2008 Encontra se na terceira parte da obra dedicada
119. natural ahist rico dos livros did ticos aos olhos dos historiadores CHOPPIN 2009 p 4 Desse modo nas abordagens sobre os livros escolares ficou evi dente a complexidade de um material aparentemente simples presente na vida de milhares de pessoas com fronteiras indefinidas e que possui de forma intr nseca rela es com v rios sujeitos autores editores t cnicos funcion rios e representantes do poder pol tico outras institui es ligadas educa o como a Igreja Cat lica Protestante Isl mica al m claro dos professores e alunos LIVROS DID TICOS E HIST RIA DA EDUCA O Diversamente das pesquisas que abordam os livros did ticos da atualidade geralmente realizadas por soci logos e linguistas a dimens o hist rica das obras escolares favorece a amplia o dos estudos hist ricos em geral e em particular a hist ria da educa o Alain Choppin em v rios artigos faz reflex es com base nas pesquisas que come aram a se desenvol ver em especial na d cada de 1990 dando destaque ao livro did tico n o simplesmente como fonte mas tamb m como objeto de estudos nas linhas de investigativas da hist ria da educa o Como fonte hist rica a literatura pedag gica tornou se essencial para estudos referentes constitui o dos Estados Na o no decorrer do s culo XIX notadamente na vertente de uma hist ria cultural e social que se sobressafa em rela o a uma hist ria exclusivamente
120. o na atualidade Diana Gon alves Vidal cceccecccescceseesecseeseeseesseeeeeeeseesesseeseeseesees 7 Apresenta o Maria do Ros rio Longo Mortatti Isabel Cristina Alves da Silva Frade rentes 15 Ler a leitura Roger Chate ennui 21 Alain Choppin e seu legado como historiador e educador Circ Fernandes BINENCOUTE asninn eda e eai 43 No rastro do autor trajet ria de Sarah Louise Arnold autora de livros de destina o escolar Mirian Jorge Warde unas asa intra 61 Influ ncias do pensamento norte americano na produ o de cartilhas para o ensino da leitura e da escrita no Rio Grande do Sul na d cada de 1960 Eliane Petes ies annees 93 Entre livros a hist ria do ensino de leitura e de escrita Norma Sandra de Almeida Ferreira aossen 121 Cadernos de ditado vitrine do ensino de ortografia na escola prim ria Col gio Farroupilha RS 1948 1989 Maria Helena Camara Bats issus Entre zonas de sombra apontamentos sobre as escritas infantis Ana Chrystina Mignot italie Modelos para ensinar a leitura dois manuais de ensino de leitura para professores d cadas de 1940 1960 Maria Teresa Santos Cunhd dune entame Manuais para ensinar a ensinar leitura e escrita 1940 1950 na hist ria da alfabetiza o no Brasil Maria do Ros rio Longo Mortatti sessen Projeto novas metodologias a produ o material da alfabetiza o nos anos 1975 1979 no Brasil Cancionila Janzkovski Cardoso eccccccceccesscevscessecsseessessscesc
121. o brasileira No entanto esse e tantos outros aspectos da obra de Louren o Filho permanecem ainda pouco explorados embora nos ltimos anos no pa s sua atua o e produ o escrita venham sendo estudadas e n o somente nos aspectos ligados educa o e psicologia que prevaleceram na avalia o de sua obra ABU MERHY 1997 A ES DO ESTADO SOBRE O MOVIMENTO EDITORIAL DE LIVROS DID TICOS No Brasil em meio s discuss es para implanta o do Estado Novo durante o governo de Get lio Vargas uma das primeiras entre tantas pr ticas centralizadoras que esteve ligada s a es do Estado sobre o movimento editorial de livros did ticos foi a promulga o do Decreto lei n 1 006 de dezembro de 1938 que estabeleceu as condi es de produ o importa o e utiliza o do livro did tico Em cinco cap tulos esse documento prescreveu as normas de ela bora o e uso de livros did ticos a cria o da Comiss o Nacional do Livro Did tico CNLD o processo de autoriza o de livros did ticos as causas que impediam essa autoriza o e as proibi es e penalidades relativas a seu conte do Sobre esse Decreto lei a C mara Brasileira do Livro CBL assim se manifestou Sobre a influ ncia e a perman ncia do pensamento de Louren o Filho ver sobretudo Magnani 1997 e Mortatti 2000 5A an lise incide sobre aspectos da configura o textual de documentos que apresentam essa face
122. o das mudan as e perman ncias desse tipo de impresso dirigido ao ensino da leitura e escrita ao longo da hist ria da educa o republicana brasileira em especial no pe r odo abordado neste texto As diferentes denomina es s o obviamente indicativas de mudan as de concep o de fun o e de modo de produ o utiliza o e circula o de cada tipo de livro correspondendo mudan a de objetivos e fun es dos n veis modalidades de ensino aos quais se des tinavam em diferentes momentos hist ricos e de acordo com princ pios e finalidades pol tico educacionais a que se vinculavam Com base nessa tipologia para designar os livros did ticos destina dos aos cursos de forma o de professores prim rios especialmente em mea dos do s culo XX empregamos nas pesquisas desenvolvidas no GPHELLB a denomina o manual de ensino Nesse tipo de livro did tico eram compendiados sumariados resumidos sintetizados condensados abrevia dos os conhecimentos no es b sicos que caracterizavam um conjunto de saberes considerados necess rios para o exerc cio do of cio de professor dentre eles os relativos ao ensino das mat rias do curso prim rio visando No mbito do GPHELLB foram ainda desenvolvidas as pesquisas de Trevisan 2011 e Pereira 2013 que focalizam esses livros adotados nos cursos de forma o de professores prim rios no s culo XIX 2 Deve se ressaltar que devido delimita
123. o tem tica deste texto n o ser o aqui enfocados pelo menos dois aspectos importante sobre o assunto livros de outros tipos principalmente te ricos e liter rios apesar de n o terem sido produzidos originalmente para finalidades did ticas tamb m funcionaram como livros did ticos seja nos cursos prim rio e secund rio seja nos cursos de forma o de professores e alguns manuais eram tam b m destinados ou utilizados em cursos de forma o em n vel superior e por professores em exerc cio 15 Essas reflex es dialogam em certa medida com os estudos de Carvalho 2006a 2007 que conforme di ferentes caracteriza es e utiliza es previstas classifica os livros did ticos desse tipo em tratados caixa de utens lios e guias de aconselhamento e Silva 2001 que prefere a denomina o manual pedag gico para se g que p pedag gico p referir ao tipo de livro did tico que denominamos manual de ensino nas pesquisas do GPHELLB 202 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA profissionaliza o do magist rio Al m de textos de estudo para os pro fessorandos funcionavam como manual de ensino pois eram constitu dos predominantemente de prescri es e instru es relativas a normas procedi mentos e atividades a serem executadas pelos professores com o objetivo de concretizar os princ pios e finalidades pol tico educacionais MANUAIS PARA ENSINAR A ENSINAR LEITURA E ESCRITA
124. o verbal O PABAEE EM Minas GERAIS INFLU NCIAS EDITORIAIS E PEDAG GICAS A PARTIR DA D CADA DE 1950 Estudos de Paiva e Paix o 1997 2002 abordam a cria o em 22 06 1956 de um acordo de coopera o entre o Brasil e os Estados Uni dos conhecido como Programa de Assist ncia Brasileiro Americana ao Ensi A Elisa era l do Instituto eu imagino que ela fosse professora formadora mas n o tenho certeza Inclusive ela era o maior expoente da demonstra o do m todo global Minha tia tinha plena confian a nela Entrevista concedida por Therezinha Casasanta 276 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA no Elementar PABAEE firmado entre o Minist rio da Educa o e Cultura e a United States Operation Mission Brasil USOM B O programa visa va a enviar aos Estados Unidos instrutores de professores do Ensino Normal para integrar o quadro de instrutores da Escola Normal de Belo Horizonte Dos centros piloto previstos para o Brasil apenas um se efetivou o do Insti tuto de Educa o de Belo Horizonte Segundo Paiva e Paix o 1997 2002 os cursos eram oferecidos para professoras do Curso Normal supervisores e diretores de escolas prim rias e normais e do final da d cada de 1950 at o in cio da d cada de 1970 o PABAEE trabalhou com cursos produ o e distribui o de material did tico al m de assessoria a secretarias de Educa o As autoras citadas observam que a chegada do PABAEE embora co
125. obras super selecionadas entre os melhores trabalhos nacionais e estrangeiros que se enquadram dentro desse programa PENNEL CUSACK 1942 aba 2 Uma capa simples e convencional abriga um manual com 276 p ginas em cuja ltima p gina h uma listagem bibliogr fica composta de 38 t tulos apenas autor e obra sem data o Os mais citados eram 8 A primeira edi o foi publicada possivelmente em 1940 quando a Cole o Vida amp Educa o ainda n o havia sido criada conforme explica o na segunda aba do manual Everardo Backheuser 1879 1951 foi professor na Escola Polit cnica do Rio de Janeiro e autor do Manual de Pedagogia Moderna Te rica e Pr tica para uso das Escolas Normais e Institutos de Educa o publicado pela Editora Globo nesse per odo ver TORRESINI 1999 190 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA AUTOR T TULO Dewey J How We Think Dewey J Democracy and Education Dewey J Interest and Effect Dewey J Moral Principles in Education Gray W S Remedial Cases in Reading Gray W S Methods of Testing Reading v XVI Bobbit The Curriculum Bolenius Silent and Oral Reading in the Elementary Schools Bolenius First Grade Manual Quadro 2 Principais autores citados no livro Como se ensina a leitura de Mary E Pennell e Alice M Cusack 22 edi o 1942 Fonte PENNEL CUSACK 1942 p 276 A refer ncia a varias obras de John Dewey 1859
126. outros pa ses O que nos interessa dessa proje o feminina para a qual Arnold contribuiu sobremaneira O primeiro fator tem a ver evidentemente com o crescimento vultoso das matr culas na escola elementar Merece aten o o fato de esse crescimento ter se dado de maneira abrupta numa curva verti ginosa e ter decorrido grandemente da migra o e da imigra o estrangeira A migra o que se deu sabidamente do campo para a cidade significou para os Estados Unidos poca o traslado de pessoas de mundos muito distin tos de classes muito distanciadas vivendo em um sistema de apartheid A transfer ncia de levas de crian as do campo para a cidade que muitas vezes quis dizer do Sul para o Norte Nordeste implicou a conviv ncia dentro das escolas p blicas de crian as que mal conseguiam se entender dadas as enor mes dist ncias lingu sticas e portanto culturais entre elas Some se a isso o sabido impacto de crian as estrangeiras para as quais o ingl s precisava ser aprendido em todas as formas na fala na escuta na escrita e na leitura Para os estudiosos esse enorme crescimento e seu ritmo vertigi noso resultaram na busca imediata e acelerada de m o de obra feminina que j vinha ocorrendo e que foi somente precipitada por for a popu lacional Ou seja o percentual de homens que permaneceu no ensino ele mentar se tornou muito pequeno em compara o ao enorme crescimento de mulheres para as quais eram reservados
127. pessoais que fizeram mais do que ampliar a proje o e a audi ncia j conquistadas no que se pode chamar de rela es socioculturais Arnold se projetou na cena pol tica por meio de rela es de s lida amizade constru das na sua atua o junto ao escotismo feminino A amizade primeiro com Mrs Hoover e depois com o casal culminou na sua indica o para o coman do da ala feminina da campanha de Mr Hoover para a Presid ncia da Rep blica Uma vez vitorioso n o dif cil imaginar que Arnold tivesse anos tem sido a tesoureira nacional do Girl Scout Sra Genevieve Garvan Brady O marido da Sra Brady Nicholas Frederic Brady famoso financista de Manhattan A mat ria se encerra com o impressionante informe de que pessoas por odiarem e temerem mortalmente o Papa romano teriam alardeado o fato de os Brady serem cat licos romanos e de o marido da nova presidente do conselho de diretores da Girl Scouts of America ter sido recentemente investido pelo Papa Pio XI com a Gr Cruz da Ordem de S o Greg rio Magno TIME 1928 No site das Girl Scouts de North East Ohio consta a frase imputada a Sarah L Arnold There is something about the outdoors that is good for the inside of a girl H algo fora que bom para o interior de uma me nina curiosamente datada de 1958 Em outros sites ligados ao movimento constam frases e ditados associados a Sarah L Arnold 72 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ES
128. por intermedio de V Ex para que mande imprimir e distribuir gratuitamente pelas escolas Espero que a sua divulga o va combater a rotina dos velhos methodos substituindo os por um processo pr tico intuitivo e natural de ensinar a ler s crean as De V Ex Patricio e Amigo Arthur Joviano Bello Horizonte 2 de mar o de 1907 273 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Sobre o uso e a circula o do seu livro ainda que seja em menor escala se comparado a outros pedidos como aqueles relacionados aos li vros de Arthur Joviano s o encontrados desde 1922 pedidos recibos e invent rios que atestam a sua circula o em Minas Gerais H ainda da dos concretos sobre a sua indica o em programas oficiais Indica es de ado o oficial e de exist ncia de estoque a ser aproveitado no ano de 1927 tamb m s o importantes para confirmar a aprova o e consequentemen te a ado o do livro nas escolas mineiras Uma correspond ncia da Livraria Francisco Alves evidencia igualmente sua rela o com os programas embora SG possa constatar outro dado o livro de Anna Cintra o de menor custo Em 1927 enquanto o livro Primeira Leitura de Arthur Joviano custava 1 400 r is l quidos e o Livro de Zez de Jo o L cio custava o mesmo pre o o dela podia ser com prado pela Secretaria do Interior por 1 200 r is Fonte Arquivo P blico Mineiro Secretaria do Interior 4155 1926 A estr
129. progressos de uma literatura comercial dominada pelo capitalismo editorial e dirigida ao grande p blico Essa polariza o introduziu uma forte diferen a entre os escritores que tentaram viver de sua pena e os quais n o poderiam sobre viver sem se porem a servi o dos editores que publicavam os g neros mais populares e autores cuja exist ncia n o dependia da escrita mas de outro trabalho professor advogado empregado da administra o e que eram assim libertados das exig ncias do mercado editorial Conv m no entanto matizar essas oposi es fortemente perce bidas pelos contempor neos Em primeiro lugar a defini o escolar das obras leg timas multiplicou a leitura por parte de leitores populares de obras transformadas em patrim nio comum Antologias e cole es deram uma forma editorial a uma s rie de obras e autores que identificavam a produ o liter ria nacional Isso foi feito a partir de elei es e exclus es que compuseram um repert rio liter rio can nico Gra as s bibliotecas populares e s cole es baratas de obras cl ssicas ou recentes os leitores artes os ou trabalhadores comuns compartilharam ainda mais nos s culos XVI e XVII os mesmos textos que os membros da elite Contudo como mostram as autobiografias oper rias liam essas obras can nicas de uma forma intensiva baseada na repeti o e na memoriza o Reliam mais que liam compartilhavam ao menos os textos lidos em voz alta e os
130. proposta de forma o est tica tica da crian a para al m do m todo de alfabetiza o conclus o a que chegou ao participar da Comiss o do Livro T cnico e do Livro Did tico COLTED No entanto foi somente oito anos depois que produziu o seu pr prio material o pr livro O Barquinho Amarelo FRADE PEREIRA 2012 Por outro lado Therezinha Casasanta n o parece ter se aprovei tado da sua posi o de destaque no PABAEE para a produ o de seu livro que n o se deu na sequ ncia de sua viagem embora tenha participado do setor editorial no Centro de Artes Gr ficas do PABAEE ap s seu retorno e posteriormente tenha dado apoio cria o de A Grafiquinha Ltda RO DRIGUES VAZ 1980 p 45 Na entrevista realizada com a professora Maria Serafina uma das autoras que adaptou o m todo global de contos no livro O Circo do Ca requinha 1969 reduzindo suas li es a duas hist rias sob a chancela de L cia Casasanta que fez a apresenta o desse livro n o aparece men o ao PABAEE Por m um estudo de Rodrigues e Vaz 1980 revela 10 A COLTED fazia parte de um acordo de coopera o t cnica econ mica e financeira entre o Brasil e o governo americano e o setor editorial de livros did ticos foi marcado por essa influ ncia atrav s de acordos assinados pelo Minist rio da Educa o e pela Ag ncia Internacional de Desenvolvimento AID de 1964 a 1968 Um dos acordos o MEC USAID visava a atender
131. que muitas informa es foram 2 J Nietz um dos autores com mais larga tradi o de estudos de livros escolares norte americanos NIE TZ 1941 1953 1959 1961 1965 O acervo de Nietz est dispon vel em lt http digital library pitt edu nietz gt Acesso em 6 nov 2013 3 Apenas seis dos t tulos de Arnold n o foram encontrados para consulta online ou para download Por falta de espa o n o foi poss vel incluir aqui todos os endere os dos trabalhos localizados na internet At o momento n o foi poss vel ter acesso a fontes sobre Susan Hall pseud nimo que Arnold teria usado em algumas ocasi es tamb m n o foram consultados os arquivos das Girl Scouts of United States que re nem muitos documentos oficiais cartas e imagens de Arnold 62 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA colhidas em sites oficiais de institui es associa es e movimentos porque n o est o dispon veis em meios acad micos A dire o conceitual e de m todo que aqui se imprime reitera a perspectiva que tenho h muito adotado em outros trabalhos ela situa Arnold nas suas circunst ncias ou seja na rede ou nas redes de rela es s quais pertenceu redes que lhe forneceram as ferramentas intelectuais e afetivas com as quais lidou em face dos acontecimentos que a afetaram e das conjunturas que a envolveram conferindo significado aos seus atos Aqui igualmente foi salientado o modo singular com que Arnold se apro priou de e
132. rios pa ses destacou o crescimento de estudos sobre hist ria das edi es did ticas os quais se ampliavam apesar de v rios problemas que os pesquisadores enfrentavam Se a hist ria das edi es did ticas s tem sido abordada recentemen te a despeito do peso econ mico consider vel do setor certamente porque encontramos muitas dificuldades exceto talvez no per odo mais recente em delimitar com exatid o esse setor de atividade A produ o escolar em geral coincide da maneira parcial ou apenas temporariamente com as atividades de uma editora As publica es sobre as editoras mais importantes representam o setor mais abordado sobre este tema mas tamb m o mais parcial e mais heterog neo na medida em que algumas dessas publica es s o provenientes das pr prias empresas e tais publica es t m nesse sentido certa propens o em fazer obra publicit ria ou hagiogr fica CHOPPIN 2004 p 564 Apesar dos problemas Choppin mostrou alguns dos percursos poss veis para o avan o nas pesquisas sobre o tema 3 Esse artigo foi traduzido para o portugu s com o t tulo Hist ria dos livros e das edi es did ticas sobre o estado da arte e publicado na revista Educa o e Pesquisa em 2004 O artigo se originou da comunica o feita no XXII Congresso do ISHEE em Alcal Espanha 53 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs A hist ria particular da empresa
133. s culo XV a inven o da imprensa que continua sendo at agora a t cnica mais utilizada para a produ o de livros Somos herdeiros dessa hist ria tanto para a defini o do livro que n o somente um objeto material como tamb m uma obra intelectual ou est tica identificada pelo nome do seu autor quanto para a percep o da cultura escrita que est baseada em distin es imediatamente entre diferentes objetos cartas documentos di rios livros A originalidade e a import ncia da revolu o digital obrigam o leitor contempor neo a abandonar todas as pr ticas herdadas j que a tex tualidade digital n o emprega mais a impress o pelo menos em sua forma tipogr fica ignora o livro unit rio e est alheia materialidade do codex ao mesmo tempo uma revolu o das t cnicas de reprodu o da escrita uma revolu o na percep o das entidades textuais e uma revolu o das es truturas e formas mais fundamentais dos suportes da cultura escrita Ser ent o o texto eletr nico um novo livro de areia Ou ser que j prop e uma nova forma da presen a de escrita capaz de facilitar e enriquecer o di logo que cada texto estabelece com cada um de seus leitores Eu n o sei Talvez ningu m saiba A nica coisa que um historiador pode fazer lembrar que na longa hist ria da cultura escrita cada mudan a o apare cimento do codex a inven o da imprensa as revolu es da leitura pro duziu uma coe
134. s falsifica es ou erros e em submeter a hierarquia dos conhecimentos 32 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA l gica econ mica das mais poderosas empresas multim dia Esses temores s o justificados e devem inspirar poss veis dispositivos para limitar os efei tos inquietantes da revolu o digital Por m n o devem deixar esquecer outras realidades mais promissoras O sonho da biblioteca universal parece hoje mais pr ximo de tor nar se realidade do que nunca esteve mais ainda do que na Alexandria dos Ptolomeus A convers o digital das cole es existentes promete a constru o de uma biblioteca sem muros onde se poderiam acessar todas as obras que foram escritas ou publicadas em algum momento e todos os escritos que constituem o patrim nio da humanidade A ambi o magn fica e como escreve Borges n o sem ironia quanto a sua Biblioteca de Babel quando se proclamou que a Biblioteca abarcava todos os livros a primeira impress o foi de extravagante felicidade BORGES 1941 1997 p 92 Todavia seguramente a segunda impress o deve ser uma interroga o sobre o que implica essa viol ncia exercida sobre os textos dados a ler sob formas que n o s o mais aquelas em que se apresentavam para seus leitores do pas sado De novo se poderia dizer que semelhante transforma o encontrou precedentes Foi no codex e j n o nos rolos de sua primeira circula o que os leitores medievais e modern
135. sal rios relativamente baixos Em 1888 as mulheres compunham 63 da for a de ensino nos Estados Unidos como um todo Em 1921 22 mulheres preenchiam 86 das po si es de ensino nas escolas elementares p blicas ou particulares e 100 nos kindergartens MONAGHAN 1994 MONAGHAN BARRY 1999 VANDEWALKER 1908 THE A C E KINDERGARTEN CENTEN NIAL COMMITTEE 1937 Quando as editoras se prontificaram a atender ao aumento da de manda decidiram por faz lo usando o que se afigurava como a m o de obra mais habilitada a responder as necessidades mulheres em sala de aula ou em atividade muito pr xima aos professores Assim buscaram as muito expe rientes em sala de aula ou que por ela j haviam passado e se encontravam agora em ascens o na carreira administrativa como supervisores de ensino e pela primeira vez tomando assento nos conselhos escolares 82 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Segundo Monaghan 1994 p 31 32 o que as autoras tinham em comum era a sua experi ncia no mundo real da sala de aula elementar Mulheres como elas que haviam ganhado alguma fama local ao as cenderem ao topo dos ranks administrativos da educa o como fez Arnold no sistema escolar elementar de Boston ou quem ainda estava na sala de aula estava agora publicando em largo n mero Como elas e de fato como a maioria dos autores homens de livros did ticos da poca essas mulheres muito frequentemente tiveram se
136. sim de pequenos tra tados pr ticos cuidadosamente documentados nos autores mais respei t veis e escritos com o bom senso e o esp rito das realidades humanas e portuguesas de que h sempre mister Semelhante proposi o encontra se no Pref cio do manual de Pennell e Cusack 1942 p 5 nos seguintes termos Em todos os setores da atividade humana dia a dia mais e mais se vem sentindo o valor da leitura r pida e inteligente O dom nio da leitura d ao indiv duo a faculdade de enriquecer sua pr pria vida aumentar sua capacidade profissional e tornar se mais til sociedade Para Correia e Peres 2005 p 197 os manuais ou livros de texto cc 4 FA ce participam da gram tica da escola fazem parte do territ rio dos dis cursos pedag gicos e curriculares e nessa clave reafirma se a inten o de rastrear prescri es para atividades de leitura presentes nesse suporte e que circularam na educa o escolarizada como verdadeiros modelos a serem 184 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ensinados pelos professores e propostos aos alunos para ler com arte Nes se sentido fazia se necess rio que os manuais de ensino referendassem a legitimidade dos alicerces de comportamentos preconizados por meio do uso desses materiais os quais contribuiriam para firmar uma liturgia ritual escolar historicamente produzida O MANUAL DE MARIO GON ALVES VIANA ARTE DA LEITURA O livro 4 arte da
137. site lt http www ric edu ric150 memories archv06 html gt comemorativo do sesquicenten rio do Rhode Island College cita Sarah L Arnold como o s timo acad mico a obter o t tulo de doutor na insti tui o Acesso em 6 nov 2013 2 H outras tantas atividades a ela atribu das cujas datas de in cio e t rmino ainda n o foram confirmadas Membro do Lunch Department of the Bureau for Vocational Advice and Appointment Membro do Massa chusetts State Board of Education Membro do Conselho Superior do Nasson Institute hoje Nasson College de Springvale Maine Membro do Mayflower Club Membro do Comit Executivo da Women s Educational Association Membro da American Sociological Association MICROCOSM 1933 74 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Reformas na organiza o nos curr culos nas metodologias das escolas dos seus ciclos graus s ries e modalidade gerando reformas nos requerimentos de progress o nas s ries e nos graus s o as faces mais conhe cidas do ensino norte americano de fins do s culo XIX e come os do s culo XX As mudan as empreendidas no sistema p blico de ensino se fizeram pelas mais diversas vias internacionalmente conhecidas Frequentemente associadas ou identificadas ao movimento pela escola nova europeu e a asse melhados de outras Am ricas o movimento progressivista norte americano e as reformas escolares que lhes s o contempor neas frutos pr ximos ou long nquos das agendas da
138. sobre as pr ticas que os produziram ou de quem os empregou as diferentes formas que assumiram e a pluralida de de seus usos que n o s o as mesmas dos impressos CHATIER 2007 136 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA UMA HIST RIA AINDA BASTANTE LACUNAR Esses dois aspectos que trago aqui quanto aos sentidos dados aos manuais escolares pelos leitores guardadores desse material e aos livros did ticos manuscritos raramente localizados e pouco estudados s o uma tentativa de pensar a hist ria do ensino da leitura e da escrita que tem sido poss vel de ser constru da por n s Procurei enfatizar que os livros did ticos como objetos e fontes de estudo exigem de n s um gesto de garimpo em busca desse material fugidio disperso escondido Deles depende a hist ria do ensino da leitura e da escrita que queremos escrever Conforme Darnton 1992 ao tentar rastrear a partir de outras pesquisas pistas sobre o que liam os franceses no fim do Ancien R gime ao ampliar essa quest o buscando refer ncias leitura dos livros proibidos grifos meus ele conclui que os pesquisa dores consultaram apenas os arquivos governamentais e as fontes adminis trativas e oficiais como os invent rios e cat logos impressos de bibliotecas privadas dos quais s o exclu dos os maus livros que ali s aparecem rara e irregularmente DARNTON 1992 p 8 Da a import ncia de seguir as pistas de outras font
139. sobre pr ticas de longa dura o In Pr ticas de leitura e escrita hist ria e atuali dade Belo Horizonte Aut ntica CEALE 2007a p 21 66 Cole o Linguagem e educa o Cent dict es de notre enfance Textes r unis et pr sent s par Albine NO VARINO Histoire de l ducation Paris n 113 p 182 183 2007b DARCOS X L cole de Jules Ferry 1880 1905 Paris Hachette Litt ratures 2005 FLOT L Dict e In BUISSON E Nouveau dictionnaire de p dagogie et d instruction primaire Lyon INRP 1911 2000 p 476 478 dition Electro nique HOFFMEISTER FILHO C Col gio Farroupilha 100 anos de pioneirismo Por to Alegre Paloti 1986 JACQUES A R As marcas de corre o em cadernos escolares do curso prim rio do Co l gio Farroupilha RS 1948 1958 2011 199 f Disserta o Mestrado em Educa o Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011 NOVARINO A Cent dict es de notre enfance Paris Omnibus 2006 RIO GRANDE DO SUL SESP O Ditado Conclus es do C rculo de Estudos dos professores prim rio de Porto Alegre Revista do Ensino RS Porto Alegre v 1 n 1 p 38 41 set 1939 Provas do exame de admiss o ao curso ginasial 1952 Revista do Ensino RS Porto Alegre n 19 p 11 14 nov 1953 161 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs ROLLA S A Apresente seu problema linguagem Revista do Ensino RS Porto Alegre
140. tico preferencial dos professores Busca ent o explicitar 49 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs as rela es entre material escolar as mudan as dos objetivos educacionais e o papel dos professores na hist ria escolar Embora a dimens o ideol gica continue impondo se claramente per cebe se na luta travada entre a Igreja e o poder p blico entre 1822 e 1914 em torno da quest o da laiciza o da escola p blica no m bito pedag gico que se produzem as transforma es essenciais Uma nova concep o pedag gica centrada em uma orienta o intuitiva que favorece a observa o da realidade na qual a li o de coisas constitui a manifesta o mais evidente substitui o m todo tradicional baseado na memoriza o e na repeti o Esta nova doutrina transfere para o mestre a fun o de difus o do saber desempenhada at ent o quase que exclusivamente pelo livro O que importa escreveu Jules Ferry aos professores e professoras do ensino elementar das escolas p blicas em 1883 n o a a o dos livros mas a sua O livro n o deveria estar criando barreiras entre seus alunos e voc s O livro feito para voc s e n o voc s para o livro CHOPPIN 2000 p 23 tradu o livre importante assinalar na problem tica da rela o entre profes sores e usos dos livros did ticos a preocupa o de Choppin em participar dos cursos de forma o dos docentes france
141. ticos 1997 217 f Tese Doutorado em Hist ria e Filosofia da Educa o Pontifica Universidade Cat li ca de S o Paulo S o Paulo 1997 PAIVA E V PAIX O L O PABAEE a volta dos tempos de Francisco Campos e a oposi o dos educadores cat licos Bras lia DF INEP 1997 PAIVA E V PAIX O L P PABAEE 1956 1964 a americaniza o do ensino elementar no Brasil Niter i Ed UFE 2002 RAZZINI M G S o Paulo cidade dos livros escolares In BRAGAN A A ABREU M Org Impresso no Brasil dois s culos de livros brasileiros S o Pau lo Ed UNESP 2010 p 101 120 RODRIGUES M M VAZ P B Vega essai de bilan de dix ans d experience editorial ao Br sil La place de la petite entreprise dans le march du livre br si lien Paris Universit Paris Nord XIII UER De Sciences del Expression et de la Communication dition Villetaneuse 1980 FONTES CONSULTADAS ANDRADE M G L Primeiro livro de leitura New York American Book Com pany 1894 CASASANTA L As mais belas hist rias 7 ed Belo Horizonte Editora do Brasil em Minas Gerais 19 Sem data da primeira edi o CASASANTA T GONDIM M S tio do Pica Pau Amarelo pr livro ativida des 3 ed Rio de Janeiro Bloch Educa o 1982 Sem data da primeira edi o CINTRA A Li es para o ensino completo da leitura pela professora Anna Cintra 8 ed Belo Horizonte Imprensa Official do Estado de Minas 1922 Sem data da p
142. ticos do acervo do GPHELLB localizei os exemplares dos manuais analisados neste texto em sebos paulistanos entre 1992 e 1993 e os adquiri por pre os irris rios Naquela poca eram livros esquecidos numa esp cie de limbo j n o serviam para sua finalidade original porque no curso normal n o havia mais espa o seja para manuais em si seja para as concep es de educa o forma o de professores e ensino de leitura e escrita que eles veiculavam e esse tipo de impresso ainda n o tinha sido am plamente descoberto em seu valor documental como uma das fontes privilegiadas para pesquisas em hist ria da educa o cuja expans o como campo de pesquisa ent o se sedimentava no Brasil 215 Maria vo Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs segundo apropria es dos resultados das pesquisas sobre a psicog nese da l ngua escrita realizadas por Emilia Ferreiro e colaboradores A hegemonia dessa teoria centrada no processo de aprendizagem do aluno como decisiva para a aquisi o da l ngua escrita resultou em progressivo processo de desmetodiza o da alfabetiza o neste quarto momento crucial na hist ria da alfabetiza o no Brasil Tendo se deslocado o eixo das discuss es para o processo psico gen tico da aprendizagem tanto a secular discuss o sobre m todos de en sino inicial de leitura e escrita a crian as quanto suas concretiza es em car tilhas de alfabetiza o e
143. usu rios desse material podemos perguntar que leitores usu rios desse material s o esses que o mantiveram a ponto de podermos t lo como nosso objeto e fonte de pesqui sa Quem s o esses leitores que subvertendo os usos previstos para esse mate qq 2 A rial o mant m sob sua guarda at que de alguma forma ele chegue s nossas m os de pesquisadores Que sentidos orientam esse gesto de guardar que d o a esse objeto um estatuto de prest gio como documento dos pesquisadores Em sua pesquisa Goulart 2009 toma o livro did tico como um objeto que incita gestos habilidades pr ticas sentimentos e valores bus cando entender porque pessoas conservam por anos a fio os primeiros livros de leitura usados na escola Com o objetivo de encontrar essas pesso as a pesquisadora se orientou inicialmente por dois poss veis indicadores 1 Algu m que n o se desfaz de seus pertences aquele que guarda tudo 2 Algu m estudado que gosta muito de ler talvez um professor GOU LART 2009 p 42 No entanto conforme ela mesma informa esses in dicadores nem sempre se mostraram eficientes para identifica o dos seus poss veis entrevistados muitas das pessoas eleitas por atenderem a tais crit rios serem cuidadosas colecionadoras leitoras professores antigos pessoas instru das n o tinham conservado consigo o livro da poca em que estudaram GOULART 2009 p 42 6 Lida
144. venda Para esse autor os gastos anuais com livros did ticos pelos alunos ou por seus familiares n o ultrapassavam os gastos com entradas de cinema ou com sorvetes Al m disso n o eram garantia de barateamento das edi es nem as edi es oficiais devido s despesas com estocagem embalagem distribui o e contabilidade nem tampouco a ideia de produ o de livros did ticos por encomenda a empresas particulares pois isso representaria um complicador ao regime de livre concorr ncia introduzindo nele fatores de muito dif cil controle quanto ao aspecto da escolha das editoras e mais ainda dos originais a editar LOUREN O FILHO 1961 p 9 Louren o Filho 1961 mencionou nomes de pa ses que adota vam o regime de distribui o gratuita de livros no ensino prim rio seja como doa o ou para propriedade dos alunos seja como empr stimo per manecendo os livros como propriedade da escola considerando essa uma ideia de provid ncia governamental 260 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA CONSIDERA ES FINAIS Como se pode perceber questionado sobre o livro did tico pelo Minist rio da Educa o e Cultura em 1961 Louren o Filho n o se pri vou em sua resposta de analisar e pontuar o problema nem tampouco de emitir sua opini o baseando se na obra de uma vida permeada pelas quest es da educa o na qual aspectos relativos ao livro did tico estiveram bastantes presentes
145. vestimento na trajet ria de Arnold Dentro do Simmons College criou e 13 Com a aposentadoria Arnold deixou o cargo de decana mas permaneceu membro do Conselho Superior do P g Pp Simmons College 68 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA dirigiu o School of Household Economics at 1910 convertido em um dos institutos de maior proje o nos Estados Unidos nessa rea Mas as atividades de Arnold na Economia Dom stica se projeta ram para muito al m do College A literatura especializada cita como pri meiro paper apresentado por Arnold nesse campo o Training and Certifi cation of Teachers in House Economics lido na Fifth Lake Placid Conference on Home Economics realizada no ver o de 1903 em Boston ARNOLD 1903 Realizadas sistematicamente ao longo dos anos e com compareci mento crescente em janeiro de 1909 a Lake Placid Conference on Home Economics se tornaria a American Home Economics Association AHEA com Arnold como membro fundador e membro do Conselho Em dois anos sucessivos 1912 e 1913 seria eleita presidente da AHEA As muitas refer ncias s iniciativas de Sarah L Arnold no campo da Economia Dom stica sugerem n o somente a grande difus o do seu nome por novas esferas da vida norte americana mais do que isso indicam que foi com o envolvimento nesse campo em particular que Arnold obteve sua primeira grande proje o pol tica em mbito nacional Dois fatores ao menos devem ser lembrado
146. 122 123 Na d cada de 1870 requer se a Cartilha de Mesquita Pimentel obra solicitada somente nesse per odo Vale lembrar que na d cada cita da que os pedidos inovam na variedade nos t tulos espec ficos ou na autoria de obras destinadas especificamente ao p blico infantil A no vidade fica por conta dos livros seriados de leitura para uso da inf ncia escritos pelo Dr Ab lio Cesar Borges o bar o de Macahubas pioneiro na publica o de livros seriados nacionais A partir de 1872 a cole o seriada composta pelo Primeiro Segundo e Terceiro Livro de Leitura do Dr Ab lio configura como a s rie mais solicitada em diferentes vilas freguesias ou cidades Pode se ainda perceber que essas solicita es foram se tornando cada vez mais precisas Se as primeiras listas de pedidos dos professores goianos referiam se a um gen rico srammaticas em 1862 nos deparamos com a solicita o da obra intitulada de Gram matica Portugueza pedido que continuou nas listas at o final do s cu lo XIX Em rela o s obras gramaticais predomina ainda o pedido de Grammatica sem maiores especifica es Adota se ainda a obra Resu mos de Grammatica Portuguesa pelo Dr Abilio Grammatica Nacio nal Grammaticas portuguesas do Conego Fernandes Na d cada de Tamb m nessa colet nea a ortografia foi atualizada 326 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA 1880 acrescenta se Syl
147. 1891 apud BITTENCOURT 1993 A prefer ncia maior no entanto reca a sobre os livros de leitura de autores que atuavam ou tinham atuado no ensino e na imprensa paulista como Jo o K pke Maria Guilhermina J lia Lopes de Almeida Thomaz Galhardo Tancredo do Amaral e Arnaldo Barreto aos quais se juntariam depois v rios outros nomes nas sucessi vas listas de livros autorizados PUJOL 1896 REVISTA DE ENSINO 1902 1904 S O PAULO 1907 1908 1918 1935 1936 A reforma do ensino com a constante expans o do sistema oficial de escolas elementares e a prefer ncia pela ado o de autores locais s o apontadas como as principais causas que levaram o editor Francisco Alves a abrir sua primeira filial em S o Paulo inaugurada em abril de 1894 RA ZZINI 2005 2007a 2010b A ent o Livraria Cl ssica de Alves amp Companhia depois Livra ria Francisco Alves foi fundada pelo portugu s Nicolau Alves em 1854 no Rio de Janeiro destacando se desde o in cio no segmento escolar do n vel secund rio e posteriormente do prim rio sobretudo ap s Francisco 24 Para an lise e discuss o do livro italiano Cora o de Amicis publicado pela Livraria Francisco Alves em 1891 ver Bastos 2004 Dispon vel em lt http www livroehistoriaeditorial pro br pdf mariahelenacoracao pdf gt Acesso em 20 out 2013 301 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Alves de Oliveira sobrinho de Nico
148. 1960 70 In BARCELOS V H L ANTUNES H S Org Alfabetiza o letramento e leitura territ rios formativos Santa Cruz do Sul UNISC 2010 v 1 p 50 68 PERES E FACIN H P A produ o did tica da professora Nelly Cunha e suas contribui es para o ensino da leitura no Rio Grande do Sul d cadas de 1960 1980 In SCHWARTZ C PERES E FRADE I C A S Org Estudos de hist ria da alfabetiza o e da leitura na escola Vit ria EDUFES 2010 v 1 p 137 170 ROBINSON H M MONROE M ARTLEY A S Salh Dick and Jane gui debook the new basic readers Chicago Scott Foresman and Company 1962 Linguistic Advisor W Cabell Greet RUSSEL D H Children learn to read Boston Ginn Company 1949 SCOTT FORESMAN AND COMPANY Manual level 1 Glenview IL 1971 118 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA SCOTT K P Whatever happened to jane and dick sexism in texts reexamined Peabody Journal of Education Nashville v 58 n 3 p 135 140 1981 SMITH H P Psychology in teaching New York Prentice Hall 1955 SKIDMORE T E Brasil de Get lio a Castello S o Paulo Companhia das Letras 2010 TIDYMAN W E BUTTERFIELD M A Teaching the languearts New York McGraw Hill 1953 VENEZKY R L AMERICAN PRIMERS Guide to the microfiche collection Introductory essay by Richard L Venezky 1990 Dispon vel em lt http www lexisnexis com documents academic upa cis 3453 American
149. 23 deu de Story of the Sargent Industrial Arnold Sarah Louise School Thejat Beacon New York 1917 ele D e The 1891 1916 ltold by S L A Dane ds Arnold Sarah Louise Grace at Table 1918 s l s e Arnold Sarah Louise Way of understanding The 1934 ne FOSSES Quadro nico Livros escolares em ingl s de Sarah Louise Arnold desti nados a escolas norte americanas Fonte Diversas Sele o organiza o e composi o do quadro Mirian Jorge Warde A maioria dos livros de S L Arnold recebeu mais de uma reedi o ou reimpress o por m em regra manten do os mesmos t tulos e conte dos A s rie Stepping parece ter escapado dessa norma 1 h uma reedi o de 1904 de Stepping Stones to Literature A Fourth Reader cujo sum rio em nada coincide com o da 1 edi o de 1897 e 2 o Estado da Calif rnia republicou em 1910 na California State Series o Stepping Stones to Literature A Fourth Reader e o Stepping Stones to Literature A Reader for Fifih Grades com os t tulos respectivos de Fourth Reader e A Fifih Reader Comparados os sum rios as novas edi es repetem integralmente os originais ainda assim consta nessas reedi es que os livros de Arnold e Gilbert teriam sido revisados pelo State Text Book Com mittee e aprovados pelo State Board of Education Na mesma p gina do registro dos direitos autorais aparece uma curiosa nota de esclarecimento Na compila o deste livro foram utiliza
150. 4 KRAEZIK M L A Acordo MEC USAID a comiss o do livro t cnico e do livro did tico COLTED 1966 1971 2006 151 f Disserta o Mestrado em Edu ca o Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 LUKE A Literacy textbooks and ideology postwar literacy instruction and the mythology of Dick and Jane Philadelphia The Falmer Press 1988 MACIEL E I P L cia Casasanta e o m todo global de contos uma contribui o hist ria da alfabetiza o em Minas Gerais 2001 157 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2001 ORTON S T Reading writing and speech problems in children a presentation of certain types of disorders in the development of the language faculty New York Norton and Company 1937 PAIVA E V PAIX O L P PABAEE 1956 1964 a americaniza o do ensino elementar Niter i Ed UFE 2002 PENNEL M E CUSACK A How to teach reading Boston Houghton Mifflin Company Cambridge The Riberside Press 1923 PENNEL M E CUSACK A M Como se ensina a leitura Tradu o Anadyr Coelho Porto Alegre Globo 1935 PERES E Templo de Luz os cursos noturnos masculinos de instru o prim ria da Biblioteca P blica Pelotense 1875 1915 1995 137 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1995 Aprendendo formas de
151. 5 objetivou promover o crescimento de renda e do emprego o equil brio do balan o de pagamentos o controle da d vida externa o combate infla o e o desenvolvimento de novas fontes de energia O estudo aqui apresentado det m se no II Plano Nacional de De senvolvimento Dos tr s este foi o que deu maior nfase educa o enten dida n o apenas como fator de aumento de produtividade dos recursos humanos mas tamb m como forma de sal rio indireto no quadro mais am plo da distribui o social dos frutos do desenvolvimento BRASIL 1976 p 62 No interior desse plano a pol tica de desenvolvimento de tecnologia ganha nova dimens o vinculando se ao campo da educa o Como conse qu ncia os discursos enfatizam o processo de inova o educacional 224 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Os planos nacionais de desenvolvimento eram subdivididos em subplanos elaborados especialmente para atender aos principais setores sociais Desse modo temos no interior do II Plano Nacional de Desen volvimento o II Plano Setorial de Educa o e Cultura 1975 1979 do ravante II PSEC caracterizado pelo Minist rio da Educa o e Cultura MEC como uma Pol tica Nacional Integrada da Educa o II PLANO SETORIAL DE EDUCA O E CULTURA A DURA REALIDADE EDUCACIONAL O II PSEC apresenta mais detalhadamente a pol tica educacional para o per odo 1975 1979 ou seja ele se constitui na explicita o do
152. 8 Todas as tradu es do ingl s s o nossas Nesses casos n o tivemos pretens o a uma tradu o t cnica embora tenhamos conferido com um tradutor especializado todos os pontos mais intricados 64 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Mesmo que as remiss es b blicas n o fossem muito frequentes ou n o fossem t o diretas nos textos da elite dos intelectuais reformado res progressivistas contempor neos de Sarah L Arnold o certo que a quase totalidade daquela intelectualidade composta dominantemente de homens tinha se formado em ambientes de s lida orienta o crist Um grande n mero inclusive tinha se preparado para o minist rio religioso e mesmo percorrendo uma carreira laica manteve suas cren as religiosas acomodando as aos princ pios do conhecimento cient fico e defesa da autonomia das institui es p blicas do comando religioso Em contrapo si o mulheres intelectuais como Arnold que transitavam de uma posi o intelectual m dia para uma posi o superior a partir de fins do s culo XIX mantinham no vocabul rio nas pr ticas e nas rela es sociais uma ades o religiosa mais expl cita altamente valorizada entre as jardineiras dos kindergartens e as professoras das escolas prim rias duas carreiras que j se tinham tornado femininas ao final do s culo XIX das quais se espe ravam condutas crist s na educa o das crian as e no trato com as fam lias Em
153. 80 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA O Quadro 3 possibilita verificar a rela o dos autores com v rias editoras localizadas na regi o de Minas Gerais Belo Horizonte em outros estados brasileiras assim como fora do Pa s AUTOR EDITORAS LOCAL American Book Company New York Cincinatti Chicago a Ginn amp Company Boston n ee Typ e Lith de Machado Rio de Janeiro Imp Monte Alverno tradu o Rio de Janeiro Editora do Brasil S A S o Paulo E Livraria Francisco Alves Rio de Janeiro S o Paulo e Ind stria Gr fica Cruzeiro do Sul S o Paulo Editora Paulo Azevedo Ltda S o Paulo Imprensa Official Belo Horizonte Livraria Francisco Alves Rio de Janeiro S o Paulo Belo Horizonte Gibraltar Typographia Papelaria Belo Horizonte dados de nota de Arthur Joviano compra Livraria Francisco Alves Rio de Janeiro S o Paulo Belo Horizonte Editora Vig lia Belo Horizonte Typografia Oliveira amp Costa los ex s rie graduada Belo Horizonte ee Empresa Gr fica da Revista dos Tribunais Ltda S o Paulo Jozo ido Livraria Francisco Alves s ries graduadas Companhia Editora Nacional S o Paulo Cedoc FAE Alfabetiza o Maria Guilhermina Ieda Dias da Silva Vig lia Ltda Belo Horizonte Ed do Brasil Belo Horizonte Helena Jorge Estabelecimentos gr ficos Santa Maria S A Belo Horizonte Magdala Lisboa Ba Abril Educa o S
154. 9 BASTOS M H C MOGARRO M J Manuais de Hist ria da Educa o em Portugal e Brasil segunda metade do s culo XIX primeira metade do s culo XX In ARAUJO M M Org Hist ria s comparada s da Educa o Bras lia DF Liber 2009 v 1 p 241 283 CARVALHO M A Escola Nova e o impresso um estudo sobre estrat gias edi toriais de difus o do escolanovismo no Brasil In FARIA FILHO L M Org Modos de ler formas de escrever estudos de hist ria da leitura e da escrita no Brasil Belo Horizonte Aut ntica 1998 p 65 86 Pedagogia Moderna Pedagogia da Escola Nova e Modelo Escolar Paulis ta In CHAGAS M M C PINTASSILGO J Org Modelos culturais saberes pedag gicos institui es educacionais Portugal e Brasil hist rias conectadas S o Paulo EDUSP FAPESP 2011 p 185 214 CARVALHO M TOLEDO M R A Os sentidos da forma an lise das cole es de Louren o Filho e Fernando de Azevedo In OLIVEIRA M A T Org Cinco estudos em hist ria e historiografia da educa o Belo Horizonte Aut ntica 2007 p 89 110 CHARTIER A M Ense ar a leer y escribir una aproximaci n hist rica Tradu o Diana Luz S nchez M xico FCE 2004 CHARTIER R A hist ria ou a leitura do tempo Belo Horizonte Aut ntica 2009 196 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA CHOPIN A O historiador e o livro escolar Hist ria da Educa o Pelotas v 6 n 11 p 5 24 abr 2002 COR
155. 95 Segundo 1895 e Terceiro Livro de Leitura 1906 Arnaldo Barreto Primeiras Leituras 1908 Cartilha Anal tica 1909 Leituras Moraes 1909 Cartilha das M es 1911 Rom o Puiggari Cousas Brasileiras 1895 Al bum de Gravuras 1898 e com Arnaldo Barreto S rie Puiggari Barreto Primeiro 1909 Segundo 1911 Terceiro 1911 e Quarto Livro de Leitu ra 1909 Ramon Roca Pequenas Leituras 1913 Alfredo Bresser Lei tura Manuscripta 1909 com Rom o Puiggari e Ramon Roca sob a sigla BPR das iniciais dos sobrenomes Jo o K pke F bulas 1910 Leituras Praticas 1915 e Primeiro 1908 Segundo 1908 Terceiro 1908 Quarto 1908 e Quinto Livro de Leituras Moraes e Instrutivas 1911 Diogo Esteves da Silva Instru o Moral 1897 Mario Bulc o Vida Infantil Primeiro 1906 Segundo 1906 Terceiro 1906 e Quarto Livro 1906 Francisco Via na Leituras Infantis Cartilha 1912 Hist rias para Pequeninos Leitura Preparat ria 1909 Primeiro 1908 Segundo 1908 e Terceiro Livro 1908 Primeiros Passos na Leitura 1915 Aprendizagem da Leitura 1916 Cader nos de Linguagem 1909 e Rita de Macedo Barreto Cora es de Crian as Leituras Preparat rias 1914 Primeiro 1913 Segundo 1913 Terceiro 1913 e Quarto Livro 1916 importante assinalar o movimento de transfer ncia de obras publicadas por pequenas editoras da capital paulista para a Livraria Fran cisco Alves a qual se tornaria a maior editora brasileir
156. A resposta final a essa indaga o constante em sua trajet ria de pesquisador bastante instigante Primeiramente ela m ltipla ao ser con siderada em uma perspectiva hist rica e depende dos per odos demarcados pela hist ria da cultura ocidental evidenciando se uma ruptura a partir dos s culos XIX e XX pela renova o das t cnicas de impress o e especial mente a forma o dos Estados na es o advento do capitalismo da edi o e a difus o dos novos m todos de ensino CHOPPIN 2009 p 73 Por m enfatiza que as concep es s o divergentes e que variam segundo os lugares as pocas e as especificidades dos suportes e mat rias do ensino Ao finalizar seu texto deixa uma advert ncia fundamental Esse artigo foi traduzido em portugu s e publicado em Hist ria da Educa o revista da Universidade Federal de Pelotas em 2009 47 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Como todo objeto de pesquisa o livro escolar n o um dado mas o resultado de uma constru o intelectual n o pode ent o ter uma de fini o nica ao contrario indispens vel explicitar os crit rios que presidem esta elabora o conceitual porque uma das principais in sufici ncias muitas vezes denunciadas reside sempre como assi nala ainda recentemente Annie Bruter Les abreg s d histoire d Ancien R gime en France XVI e XVIII si cles no car ter de alguma forma
157. AID foi permitida a cria o da Comiss o do Livro T cnico e Livro Did tico COLTED com o objetivo de coordenar as a es referentes produ o edi o e distribui o do livro did tico no Brasil LourEN o FILHO E A QUEST O DO LIVRO DID TICO Louren o Filho nasceu na ent o vila de Porto Ferreira SP no dia 10 de mar o de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro RJ no dia 03 de agosto de 1970 Formou se professor prim rio em 1914 na Escola Normal Prim ria de Pirassununga SP professor secund rio em 1917 na Escola Normal Secund ria de S o Paulo SP e bacharel em Ci ncias Jur dicas e Sociais em 1929 na Faculdade de Direito de S o Paulo SP Ao longo de sua vida e forma o exerceu in meras e diversificadas atividades did ticas adminis trativas e intelectuais sobre variados temas em uma intensa carreira volta da para os problemas da educa o onde eles aconteciam no espa o escolar Demonstrou aten o especial pela leitura e por seu ensino e por temas a ela correlatos como literatura e livros entre eles os livros did ticos Sua atua o foi orientada por ideias as quais instituiu e divulgou juntamente com outros intelectuais da poca ligadas ao movimento da Escola Nova que segundo seus protagonistas propunha um novo tra tamento aos problemas da educa o no sentido de difundir a instru o elementar opondo se s formas tradicionais de ensino tendo como conse qu ncia a reforma da sociedade
158. Arnold como em muitos dos seus pares da Nova Inglaterra e de algumas outras regi es norte americanas em acelerada urbaniza o essa face religiosa se funde com pr ticas reformadoras da instru o p blica dentro de certos limites pr ticas inovadoras e democratizadoras Por isso n o se h de estranhar que Arnold utilizando se de terminologia crist conceba o supervisor de modo realista e renovador diferentemente da livre interpreta o que dele se fazia ou seja um misto de Diretor Inspetor Professor Chefe Supervisor Superintendente Assistente Algumas vezes ele pode ser todos eles e mais sob o nome de Superintendente A livre interpreta o desses altos cargos o apresenta como uma criatura formid vel que deveria ser retratado como extre mamente vigilante Argus eyed e poliglota bem munido al m disso de cetros e cond es ARNOLD 1898 p 315 Vale lembrar alguns dentre os intelectuais aludidos no par grafo William James John Dewey George Herbert Mead William Kilpatrick e G Stanley Hall 10 Arnold emprega o pronome pessoal masculino da terceira pessoa He quando se refere ao supervisor e o pronome pessoal feminino da terceira pessoa She quando se trata dos professores O tema das mulheres con tempor neas de Arnold ser retomado neste cap tulo 65 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Nem todo poderoso nem ditador o supervisor de Arnol
159. Azambuja Rolla 1952 p 8 responde a uma leitora da Revista do EnsinolRS que coloca a seguinte quest o na se o ce cc Apresente seu problema qual a melhor forma de executar a corre o do ditado Inicialmente alerta que todo o ensino da ortografia deve ser fundamentado na observa o visual da palavra em simultanei dade com impress es auditivas motoras e de articula o pron ncia Al m disso salienta que o ditado n o deve ser a nica pr tica de ensino da ortografia Sugere como exerc cios de fixa o de voc bulos treino de palavras isoladas atividades que levem indu o de regras ortogr ficas ditado com frases ou pequenas hist rias come ar com palavras curtas e progressivamente as de maior complexidade de escrita A obra Metodologia do Ensino Prim rio de Amaral Fontoura 1959 p 239 tamb m traz alguns apontamentos sobre o ditado e meca nismos de motiva o para sua realiza o Recomenda que o ditado deve ser usado na escola apenas como um tipo de prova vamos ver se voc s j sabem escrever direitinho essas palavras que vou dizer O trecho esco lhido deve ser a princ pio j conhecido e estudado pelos alunos Sugere que os ditados deveriam versar sobre assunto que estivesse sendo tratado em aula e que interessasse aos alunos 4 Por exemplo na Fran a foi publicado o Cours de dict e de Larive e Fleury 1871 1877 em tr s volumes com quas
160. BAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o 2012 2014 Graduada em Pedagogia pela PUC MG 1981 Mestre em Educa o pela FAE UFMG 1993 e Doutora em Educa o pela UFMG 2000 Realizou est gios de p s doutorado na Faculddae de Educa o da Universidade de S o Paulo FEUSP no Institut National de RechercheP dagogique Fran a 2006 2007 e na Univer sidade do Estado de Santa Catarina 2011 2012 pesquisadora n vel 1 do CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico M rcia DE PAULA GREG RIO RAZZINI Concluiu Doutorado em Letras IEL UNICAMB 2000 P s doutorado em Edu ca o FE USP 2005 EHPS PUC SP 2007 e P s doutorado em Letras IEL Unicamp 2012 Foi membro do grupo de pesquisa do Projeto Tem tico FAPESP Educa o e Mem ria organiza o de acervos de livros did ticos FE USP 2003 2007 Foi professora colaboradora do CEFIEL Centro de Forma o Continua da de Professores IEL UNICAMP Presta assessoria para a Secretaria Estadual de Educa o e para o Minist rio da Educa o na rea de leitura e literatura Kazumi MUNAKATA Professor Assistente Doutor do Programa de Estudos P s Graduados em Educa o Hist ria Pol tica Sociedade da Faculdade de Educa o da PUC SP Bacha rel em Filosofia pela Faculdade de Filosofia Ci ncias Humanas e Letras da USP 1976 Mestre em Hist ria pelo Instituto de Filosofia e Ci ncias Humanas da Unicamp 1982 e
161. Bastos 173 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs APONTAMENTOS FINAIS SOBRE AS ESCRITAS INFANTIS Segundo Ver nica Sierra Bl s 2012 no mbito das escritas in fantis as investiga es sobre as escritas escolares est o mais solidificadas embora n o se possa ignorar que h um interesse crescente por escritas de di rio agendas e cartas o que evidencia um interesse pelos espa os nos quais as crian as escrevem e vivem a fam lia e a escola No seu entendi mento esses estudos t m permitido reconstruir o mundo da inf ncia desde sua dimens o mais ntima e cotidiana mais real e humana SIER RA BL S 2012 p 34 Gostaria por fim de assinalar alguns cuidados com as escritas infantis que exercem tanto fasc nio at mesmo em pesquisadores mais experimentados 1 necess rio considerar que elas est o sempre de um modo mais for te ou mais t nue submetidas s normas ao controle do adulto sejam os pais sejam professores e esse controle pode aparecer sob a forma tanto de incentivo quanto de corre o 2 Tal como em rela o aos documentos produzidos por adultos os produzidos pela pena infantil precisam ser perscrutados levando se em considera o quem escreveu quando escreveu por que escreveu para que escreveu para quem escreveu como escreveu o que escreveu Isto seu exame exige pensar no sujeito que escreve nos contextos nas motiva es nas final
162. Boston Com a Silver Arnold teria publicado 14 t tulos com a Ginn 10 t tulos sendo que a partir de 1900 essa editora se afirmaria pouco a pouco sobre aquela como editora da obra de Arnold acompanhando a at meados da d cada de 1910 pouco depois Arnold fecharia o ciclo de lan amento de novos livros did ticos Em compensa o reimpress es e reedi es n o cessaram at os dias atuais Sobre a prol fera autora e sobre sua consider vel produ o did tica h muito a se dizer considerando se o espa o inda dispon vel neste cap tulo apenas um aspecto ser contemplado as tend ncias pelas quais passava o ensino da leitura quando Sarah L Arnold entrou em cena e as tend ncias de ensino com as quais ela colaborou significativamente tanto para a sua defini o como para sua difus o em mbito nacional e inter nacional Ser nesse contexto que em meio a uma tradi o de autores do sexo masculino de livros escolares sua condi o feminina ganha um especial significado No Quadro em que se registram as primeiras edi es em ingl s de livros destinados primeiramente ao leitor norte americano podem se ver diferentes modalidades de livros escolares primer cartilha reading book ou reader livro de leitura spelling book ou speller livro de soletra o grammar gram tica literature literatura e writing book livro de escrita V se ainda que Arnold e coautores escreveram n o apenas para alunos m
163. CRITA sido convidada para eventos na Casa Branca ou para conversas mais nti mas sobre assuntos socialmente relevantes considerando se que o crash de 1929 da Bolsa de Nova York tenha se dado exatamente no primeiro ano da Presid ncia de Herbert Hoover 1929 1933 Lou Henry Hoover esposa de Herbert Hoover foi a primeira mas n o seria a ltima primeira dama a se perfilar com as girl scouts e a ter o seu nome sempre associado entidade ela se fez fiel express o da mentalidade vigente no movimento do escotismo feminino liderado e sustentado pela elite financeira dos Estados Unidos Apesar do casamento com o republicano Hoover Lou Henry se coadunava com o GSUSA ao assumir posi o aparentemente transreligiosa e transpartid ria H ind cios convincentes de que as dirigentes e l deres da GSU SA n o defendiam uma nica vertente religiosa e um nico partido do que n o decorre a aceita o ampla e restrita de qualquer orienta o religio sa principalmente o ate smo e de qualquer posi o pol tica O fato de ser um movimento de elite aponta na dire o do privilegiamento poca do norte americano branco crist o e ideologicamente conservador inde pendentemente de ser democrata ou republicano A ades o e a proemin ncia de Sarah L Arnold no Girl Scouts se afiguram ainda coerentes com sua trajet ria Branca crist ideologica mente conservadora mas atenta aos novos tempos trabalhou pela
164. DO EDITORIAL PAULISTA E BRASILEIRO Embora haja pesquisas consolidadas sobre a hist ria da imprensa do livro e da leitura no Brasil dados sistematizados sobre a hist ria edito rial e sobre a produ o de livros escolares s o ainda dif ceis de ser obtidos sobretudo no que diz respeito trajet ria de empresas localizadas fora do Rio de Janeiro cidade que foi a sede do governo imperial 1822 1889 e republicano at 1960 como o caso de editoras estabelecidas em S o Paulo voltadas para a produ o did tica O que mais se repete e fica cristalizado nos trabalhos acad micos que focalizam a produ o editorial brasileira e dentro desta a produ o did tica s o informa es colhidas principalmente em duas fontes O livro na educa o 1972 de Pfromm Neto Rosamilha e Dib e O livro no Brasil 1985 de Lawrence Hallewell obra reeditada em 2005 Al m de se limitarem a repetir o portentoso conjunto de dados reunidos por Hallewell dados ali s que sempre precisam ser verificados e confrontados com fontes prim rias pois alguns est o incorretos e outros 2 Dispon vel em lt http www pucsp br pos graduacao mestrado e doutorado educacao historia politica so ciedade gt e lt http plsqll cnpq br buscaoperacional detalhegrupo jsp grupo 00717080407URY gt Acesso em 18 out 2013 2 A t tulo de exemplo podem ser destacadas as seguintes publica es O livro o jornal e a tipografia no Brasil 1946 de Carlos R
165. DUSE 2010 p 423 446 Exerc cio de intimidade uma aproxima o com a aprendizagem da es crita de si Revista da FAEBA Salvador n 40 p 237 246 2013 MONTINO D As crian as e a escrita de si ocasi es limites ambiguidades In PASSEGI M C Org Tend ncias da pesquisa autobiogr fica Natal RN EDU FRN S o Paulo Paulus 2008 p 113 130 176 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA PEIXOTO A M C Museu da escola uma leitura em aberto In MENEZES M C Educa o mem ria hist ria possibilidades leituras Campinas Mercado de Letras 2004 p 265 287 POZO ANDR S M M RAMOS ZAMORA S Los cuadernos de clase como representaciones simb licas de la cultura escrita escolar In COLOQUIO NA CIONAL DE HISTORIA DE LA EDUCACI N etnohistoria de la escuela 12 2003 Burgos Anais Burgos Universidad de Burgos SEDHE 2003 p 653 664 POZO ANDR S M M RAMOS ZAMORA S Ni as hablando a mujeres narraciones femeninas recojidas em los cuadernos escolares 1928 1942 In COLOQUIO INTERNACIONAL DE LA ASOCIACI N ESPANOLA DE HISTORIA DE LAS MUJERES 12 2004 Sevilla Anais Sevilla 2004 Mi meografado SIERRA BL S V Palabras hu rfanas los ni os y la Guerra Civil Madrid Tau rus 2009 En busca del eslab n perdido algunas reflexiones sobre l s escrituras infantiles History of Education amp Children s Literature Macerata p 21 44 2012 VINAO A La memoria esco
166. Doutor em Hist ria e Filosofia da Educa o pelo Programa de Estudos P s Graduados em Educa o Hist ria e Filosofia da Educa o da PUC SP 1997 pesquisador do CNPq SOBRE O LIVRO Formato Tipologia Papel Acabamento Tiragem Cataloga o Normaliza o Revis o de texto Capa Diagrama o Assessoria t cnica Produ o gr fica 16 x 23 cm Adobe Garamond Pro Pol n soft 85g m2 miolo Cart o Supremo 250g m2 capa Grampeado e colado 500 Telma Jaqueline Dias Silveira CRB 8 7867 Lilian Demori Barbosa CRB 8 8052 Janaina Celoto Guerrero CRB 8 6456 Rony Farto Pereira e Arlete Sousa Marcelo Girard Edevaldo D Santos Maria Rosangela de Oliveira CRB 8 4073 Giancarlo Malheiro Silva 2014 Impress o e acabamento Gr fica Campus Unesp Mar lia SP Roger Chartier Circe Fernandes Bittencourt Mirian Jorge Warde Eliane Peres Norma Sandra de Almeida Ferreira Maria Helena Camara Bastos Ana Chrystina Mignot Maria Teresa Santos Cunha Maria do Ros rio Longo Mortatti Cancionila Janzkovski Cardoso Estela Natalina Mantovani Bertoletti Isabel Cristina Alves da Silva Frade Marcia de Paula Gregorio Razzini Kazumi Munakata SULA aA d it 5 N We Associa o eaitora 2 Brasileira de unesp 0 se A FAPESP ISBN 978 85 393 0541 4 AMIN
167. EL CRISTINA A S FRADE Orcs MIRIAN JORGE WARDE Professora visitante do Programa de P s Gradua o em Educa o da Universida de Federal de S o Paulo UNIFESP campus de Guarulhos Professor titular da PUC SP 1973 2006 Graduada em Pedagogia pela PUC SP 1972 Mestre em Educa o Filosofia da Educa o pela PUC SP 1976 e Doutora em Educa o Filosofia da Educa o pela mesma institui o 1984 Realizou est gio p s dou toral na Columbia University 2001 2002 ELIANE PERES Professora da Faculdade de Educa o da Universidade Federal de Pelotas RS Atua no curso de Pedagogia e no Programa de P s gradua o em Educa o Re presentante Regional Sudeste da ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o 2012 2014 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londri na 1989 Mestre em Educa o pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1995 e Doutora em Educa o pela Universidade Federal de Minas Gerais 2000 com Est gio no Fxterior PDEE na Universidade de Lisboa Realizou est gio de p s doutorado com bolsa CAPES na University of Illinois at Urbana Champaign USA em 2011 2012 NORMA SANDRA DE ALMEIDA FERREIRA Professora Associada da Faculdade de Educa o da Universidade Estadual de Campinas FE Unicamp Atua no Curso de Pedagogia e no Programa de P s Gradua o em Educa o Vice Tesoureira da ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o 2012 2014 Licenciada em
168. ESCRITA Norma Sandra de Almeida Ferreira PREAMBULOS Para que tomam os livros did ticos como objetos e fontes de pesquisa s o verdadeiros desbravadores de um terreno n o total mente conhecido e tampouco inteiramente mapeado registrado ou esgo tado em sua complexidade e inteireza Segundo Choppin 2008 p 56 apenas nos anos 80 do s culo XX a comunidade cient fica inicia uma reflex o mais cr tica sobre as problem ticas e os m todos de pesquisa hist rica sobre os manuais esco lares em uma perspectiva distinta em rela o s investiga es realizadas sobre antigos livros escolares a partir da d cada de 1960 Tamb m nesse per odo que segundo Choppin 2008 um novo interesse dos pesquisadores colocado em rela o ao patrim nio cultural que constitui a literatura escolar o de rastrear as cole es dispersas e mal conservadas inventariando as em um processo de cataloga o organiza o e conserva o a fim de disponibiliz las para a comunidade cient fica S o esses os gestos dos pesquisadores nesse campo o de reunir de organizar o disperso e o de acumular como tamb m o de ordenar e classificar em um nico lugar que nos colocam conforme Chartier em uma forte contradi o entre a obsess o da perda que requer a acu 121 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs mula o e a preocupa o pelo excesso que exige selecionar e escolher
169. Educa o foi poss vel somente dar in cio a um esbo o de projeto local e tentar seguir a Sistem tica Operacional 75 2 no que concerne reali za o de uma pesquisa experimental A experi ncia com m todos de alfabe tiza o ocorreu em nove escolas sendo escolhidos o anal tico palavra o o sint tico f nico e o ecl tico Em 1976 a equipe mais bem estruturada e prossegue se com a pesquisa experimental experi ncia com m todos Nesse momento participam 12 escolas 12 professoras e 432 alunos sendo contratada a assessoria de N via Gordo Coordenadora da Escola de Aplica o da Faculdade de Educa o da Universidade de S o Paulo USP Ao final do ano a pesquisa experimental criticada pela equipe e igualmente s o criticadas as cartilhas adotadas que traduziam os m to dos utilizados no experimento Segundo a an lise feita al m de distantes da 2 A Sistem tica Operacional o instrumento que o DEF MEC utiliza para direcionar a elabora o dos projetos cuja execu o delegada s Unidades Federadas atrav s de conv nio pr prio por repasse de recursos financeiros oriundos do sal rio educa o quota federal portanto o instrumento de compatibiliza o do proposto na Pol tica Nacional Integrada de Educa o e na Lei 5692 71 resguardadas as Metas definidas no PSEC 75 78 A Sistem tica Operacional objetiva pois orientar as Unidades Federadas na defini o e detalhamento de suas
170. Estado de Minas 164 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA trap e a uma constata o feita por Quinto Antonelli e Egle Becchi 1993 no in cio da ltima d cada do s culo passado documentos produzidos pela pena infantil eram material pouco digno de estudo revelando assim o pou co interesse pela cultura n o adulta Essa constata o caminha na mesma clave de Dominique Julia 1993 ao observar que trabalhar com a escrita infantil e juvenil numa perspectiva hist rica extremamente dif cil pois a documenta o rara e talvez n o haja outro campo da hist ria com uma taxa de conserva o de documentos t o baixa quanto essa Em sua apresenta o da revista History of Education amp Children s Literature publicada recentemente na It lia no dossi La memoria escri ta de la infancia que publica os anais do Col quio Internacional Escri turas Infantiles anteriormente citado em nota Antonio Castillo G mes 2012 p 20 ressalta No curso destes anos o tema aqui abordado deixou de ser uma ra ridade ofuscado pelas correntes historiogr ficas hegem nicas para converter se em um dos terrenos de investiga o mais pujantes objeto de abordagem interdisciplinar Vinculada estreitamente Hist ria da Educa o a mem ria escrita da inf ncia reclama igualmente a aten o te rica e metodol gica daqueles que centram a atividade na Hist ria Social da Cultura Escrita como tamb m requer a aten
171. Foram os professores do ensino secund rio acrescentados aos professores universit rios que ganharam espa o para as s ries escolares inferiores Isso n o quer dizer que as mulheres foram expulsas Muitas foram chamadas como colaboradoras ou coautoras como j salientamos Al m disso o avan o do movimento de renova o educacional o progressivismo fazia frente ao uso dos livros did ticos para o ensino da leitura em favor da cria o dos textos pelas crian as quando muito com plementados com livros de adultos Mas apesar de ter sido muito intenso e de ter pressionado fortemente as reformas educacionais o movimento foi incapaz de deter a for a quantitativa que somava a favor das editoras e da autoria feminina que curiosamente acabava por ser um dos alvos princi pais da cr tica progressivista Contra as mulheres tamb m pesou grandemente um movimen to que tem uma origem comum ao progressivismo educacional at que se tornaram os dois grandes antagonistas nas primeiras d cadas do s culo XX disputando a lideran a das reformas educacionais Os autores registram esse movimento como movimento cient fico que al m de impactar os rumos do ensino da leitura e em parte da escrita consequen temente dos livros a eles destinados atingiu a organiza o curricular da escola elementar e especialmente do high school Curiosamente tanto esse movimento como o do progressivismo educacional deslocam da primeira cena as p
172. Gs Figura 2 Caderno de Gladis do 5 ano prim rio 1957 Fonte Acervo particular de Gladis Renate Wiener Blumenthal A Portaria Ministerial n 501 de 19 de maio de 1952 estabelece para a prova escrita do exame de admiss o em portugu s um Ditado de cerca de 15 linhas autor brasileiro contempor neo ao qual no julgamen to dever o ser atribu dos no m ximo 3 pontos seis quest es objetivas de gram tica referentes ao ditado e abrangendo o programa da disciplina s quais no julgamento ser o atribu dos at 4 pontos Cartilhas livros de alfabetiza o manuais de orienta o ao professor artigos em peri dicos regulamentos oficiais livros com reper Os manuais de exame de admiss o indicavam trechos seletos para exerc cios de ditado Por exemplo no Pro grama de Admiss o AZEVEDO et al 1959 indicam se Um temporal de Gra a Aranha Os meus colegas de turma e A espada do Rei Artur de Malba Tahan A palavra de Jos de Alencar A perna de pau de Coelho Neto O desempate de Viriato Corr a A bandeira brasileira de Jos Rangel O hino nacional brasileiro de Julio Nogueira Sauda o s crian as de D Jos Gaspar O touro de Leopoldo Br gido Em novembro de 1953 a Revista do EnsinolRS publica as instru es e as provas do exame de admiss o ao curso ginasial de 1952 Para Portugu s as orienta es ao professor pa
173. I E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs O cotidiano da escola e as atividades de sala de aula tamb m est o presentes Sabatina de portugu s Acabaram as f rias Esco la S laba t nica O boletim Aula de desenho Escola Excurs o Higiene como mostram os exemplos abaixo ema t tulo Escola H t los ab O tema t tulo Escol aparece na terceira quarta e quinta s ries Ter a feira 22 de julho de 1952 Ditado n 7 Acabaram se as f rias Todos n s tivemos vinte dias para descansar De hoje em diante teremos muito a estudar A letra sempre bonita e bem escrita Os cadernos limpos e encapados O uniforme passado a ferro e com todos os bot es e o nome marcado Um aluno que estuda e tem o que seu em perfeita ordem orgulha seus pais e honra a p tria E 0 O 8 N 10 Caderno de Luiz Carlos do 2 ano 1952 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha Figura 10 Caderno de Luiz Carlos do 2 ano 1952 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha 154 HIsTORIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Guada puro 8 cle gulha ele 1953 Pecumo quinto Plado Mr ample coute ls acute qu pa re buooa daun e mietat que ne obemoeanmm den spritan Miste mio stamos waludomoo oi Wami Bruirmitinoo oto Mis 0 Bak Cate 2 um amumke mute i ie uatwunho pou a puo mamo Jusarva niuo e cun ebuntowumls oque apolida Fonte Memorial do C
174. II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1846 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1846 Tomo IX Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1847 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1847 Tomo IX Parte I Rio de Janeiro Typographia Nacional 1847 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1848 Tomo X Parte I Rio de Janeiro Typographia Nacional 1849 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1850 Tomo XI Parte I Reim press o Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1909 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1851 Tomo XIV Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1852 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1852 Tomo XV Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1853 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1853 Tomo XVI Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1853 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1854 Tomo XVII Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1854 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1855 Tomo XVIII Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1856 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1856 Tomo XIX Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1857 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1857 Tomo XX Rio de Janei ro Typographia Nacional 1857 BRASIL Colec o das Leis d
175. ITA S o Paulo cidade dos livros escolares In BRAGAN A A ABREU M Org Impresso no Brasil dois s culos de livros brasileiros S o Paulo Ed UNESP 2010b p 101 120 REVISTA DE ENSINO S o Paulo Typographia do Diario Official out 1902 S o Paulo Typographia do Diario Official jun 1904 S O PAULO Estado Actos do poder executivo Decreto 218 de 27 de novembro de 1893 Approva o regulamento da instruc o publica S o Paulo Typographia do Diario Official 1893 Annuario do Ensino do Estado de S o Paulo S o Paulo Typ Augusto Siqueira 1907 1908 Annuario do Ensino do Estado de S o Paulo S o Paulo Augusto Siqueira 1918 Anu rio do Ensino do Estado de S o Paulo S o Paulo Tip Siqueira 1935 1936 Annuario do Ensino do Estado de S o Paulo S o Paulo Typ Siqueira 1936 1937 Anu rio Estat stico do Estado de S o Paulo S o Paulo Imprensa Oficial 1942 SOARES Magda Metamem ria mem rias travessia de uma educadora S o Pau lo Cortez 1991 Letramento um tema em tr s g neros Belo Horizonte Aut ntica 2002 TAMBARA E Bosquejo de um Ostensor do repert rio de textos escolares utilizados no ensino prim rio e secund rio no s culo XIX no Brasil Pelotas Seiva 2003 VALENTE W R Uma hist ria da matem tica escolar no Brasil 1730 1930 S o Paulo Annablume 1999 WARDE M Anota es para uma historiografia da educa o brasileira Em Aber to Bra
176. Institute FRI estabelecido em 1921 o Hoover Institute como resultado do acordo entre a Carnegie Corpo ration of New York e a Stanford University Em 1926 foi a primeira mu lher a fazer parte do conselho superior do Massachusetts Agricultural College CAMBRIDGE TRIBUNE 1918 DEAN 1918 JOHNSTON 2013 UNIVERSITY OF MASSACHUSETTS AMHERST 2013 Com a disciplina Economia Dom stica Arnold contribuiu ain da diretamente proferindo palestras e cursos publicando artigos em diferentes peri dicos mas especialmente no Journal of Home Economics criado pela American Home Economics Association Benjamin Andrews primeiro secret rio e tesoureiro da AHEA foi respons vel pela publica o dos primeiros n meros do Journal of Home Economics e sempre trabalhou muito pr ximo de Arnold tanto compondo as mesmas redes de rela es j mantidas por ela como colaborando com a sua amplia o e cimenta o no campo acad mico As rela es de Andrews na Columbia University onde lecionou por 36 anos no Departamento de Home Economics do Teachers College contribu ram para a aproxima o de Arnold de acad micos e administradores ligados a poderosas funda es como a Carnegie Corporation acima citada Em artigo de 1943 quando do falecimento de Sarah L Arnold Andrews mobiliza uma s rie de nomes importantes para fazer coro com sua elegia Dentre outros cita Snedden j mencionado e Flora Rose ex diretora do New York S
177. LIVRO E HIST RIA EDI TORIAL 1 2004 Rio de Janeiro Anais eletr nicos Rio de Janeiro FCRB UFF 2004 Dispon vel em lt http www livroehistoriaeditorial pro br pdf ma riahelenacoracao pdf gt Acesso em 20 out 2013 BASTOS M H C CAVALCANTE M J M Org O Curso de Louren o Filho na Escola Normal do Cear Campinas Al nea 2009 BERTOLETTI E N M Louren o Filho e a alfabetiza o um estudo de Cartilha do Povo e da Cartilha Upa Cavalinho S o Paulo Ed UNESP 2007 BITTENCOURT C M E Livro did tico e conhecimento hist rico uma hist ria do saber escolar 1993 369 f Tese Doutorado em Hist ria Social Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas Universidade de S o Paulo S o Paulo 1993 Disciplinas escolares hist ria e pesquisa In OLIVEIRA M T RAN ZI S F Org Hist ria das disciplinas escolares no Brasil contribui es para o debate Bragan a Paulista EDUSE 2003 p 9 38 Livro did tico e saber escolar 1810 1910 Belo Horizonte Aut ntica 2008 BRAGAN A A pol tica editorial de Francisco Alves e a profissionaliza o do escritor no Brasil In ABREU M Org Leitura hist ria e hist ria da leitura Campinas Mercado de Letras Associa o de Leitura do Brasil S o Paulo FA PESP 2000 p 451 476 309 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Francisco Alves no contexto da forma o de uma ind stria brasileira do livro In
178. Letras pela Faculdade de Ci ncias e Letras de S o Jos dos Campos 1972 Licenciada em Pedagogia pela Universi dade de Franca 1989 Mestre em Educa o pela FE Unicamp 1994 e Doutora em Educa o pela mesma institui o 1999 Realizou est gio de P s Doutorado no Centro de Artes e Comunica es da Universidade do Algarve Faro Portugal Maria HELENA CAMARA BASTOS Professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS de 1973 a 1997 Professora Titular em Hist ria da Educa o UFRGS 1995 Atualmente professora da Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul atuando no Programa de P s Gradua o em Educa o e no Programa de P s Gradua o em Hist ria Doutora em Hist ria e Filosofia da Educa o USP P s doutora no Ser vice d Histoire de l ducation Fran a 2000 2010 Professora visitante do Institut National de Recherche P dagogique 1996 e 2005 Pesquisadora do CNPq 334 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ANA CHRYSTINAVENANCIO MIGNOT Professora Associada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro com atua o na gradua o e na p s gradua o em Educa o Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Campos RJ Mestre em Educa o pela Pontif cia Uni versidade Cat lica do Rio de Janeiro PUC RJ 1998 Doutora em Ci ncias Humanas Educa o pela PUC RJ 1997 Pesquisadora do CNPq Cientista de Nosso Estado FAPERJ e Procientista UERJ FAPER J
179. Maria do Ros rio Longo Mortatti e Isabel Cristina Alves da Silva Frade Orgs Historia do ensino de M todos e material did tico Associa o Brasileira de i _FAPESP Rss editora unesp HISTORIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA MARIA DO ROSARIO LONGO MORTATTI ISABEL CRISTINA ALVES DA SILVA FRADE ORGS HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA M TODOS E MATERIAL DID TICO Mar lia 2014 SE o E y ss VX rasileira de dit Alfabetiza o editora i unesp A FAPESP H UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS Copyright 2014 FFC Diretor Dr Jos Carlos Miguel Vice Diretor Dr Marcelo Tavella Navega Conselho Editorial Mari ngela Spotti Lopes Fujita Presidente Adri n Oscar Dongo Montoya Ana Maria Portich C lia Maria Giacheti Cl udia Regina Mosca Giroto Giovanni Antonio Pinto Alves Marcelo Fernandes de Oliveira Neusa Maria Dal Ri Rosane Michelli de Castro FUNDA O EDITORA DA UNESP Presidente do Conselho Curador M rio S rgio Vasconcelos Diretor Presidente Jos Castilho Marques Neto Editor Executivo J zio Hernani Bomfim Gutierre Superintendente Administrativo e Financeiro William de Souza Agostinho Assessores Editoriais Jo o Lu s Ceccantini Maria Candida Soares Del Masso Conselho Editorial Acad mico ureo Busetto Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza Elisabete Maniglia Henrique Nunes de Oliveira Jo o Francisco Galera Monico
180. Nesse contexto a leitura era considerada como um dos elementos de educa o popular e o livro como instrumento de transforma o cultural Em vista disso Louren o Filho n o somente debateu e disse minou ideias sobre o assunto em textos te ricos e de divulga o como tamb m exerceu cargos buscando normatizar o ensino e o incremento da produ o de material de leitura Produziu ainda como escritor livros de 19 Detalhados dados biogr ficos e bibliogr ficos de e sobre Louren o Filho podem ser encontrados especial mente em Monarcha e Louren o Filho 2001 252 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA literatura infantil e juvenil e livros did ticos como cartilhas livros de ma tem tica e livros de leitura tendo ele mesmo cuidado da produ o de seus pr prios livros influenciando na produ o de outros autores Diretamente associadas atua o de Louren o Filho sobre a quest o do livro did tico destaco em ordem cronol gica as seguintes fun es que exerceu a partir de 1925 atua o como consultor editorial da Companhia Melhoramentos de S o Paulo em 1928 publica o de Carti lha do Povo para ensinar a ler rapidamente debate em 1938 com Levi Carneiro sobre o problema do livro nacional publicado no texto O problema do livro nacional proposi o de ficha de avalia o de livros did ticos em documento n o datado publica o em 1941 e 1942 dos livros did ticos
181. P Escrita escolar e oficializa o da Escola Portuguesa In CAS TILLO GOMEZ A SIERRA BL S V Org Mis primeros pasos alfabetizaci n escuela y usos cotidianos de la escritura siglos XIX y XX Madrid Ediciones Trea 2008 p 19 40 MANGUEL A Os livros e os dias um ano de leituras prazerosas S o Paulo Companhia das Letras 2005 MORTATTI M R L Os sentidos da alfabetiza o S o Paulo 1876 1994 Brasi lia DF MEC INEP COMPED S o Paulo Ed UNESP 2000 N VOA A Hist ria da Educa o Lisboa Universidade de Lisboa Faculdade de Psicologia e de Ci ncias da Educa o 1994 PENNELL M E CUSACK A M Como se ensina a leitura Tradu o Anadyr Coelho 2 ed Porto Alegre Editora da Livraria Globo 1942 197 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs SILVA V B Uma hist ria das leituras para professores an lise da produ o e circula o de saberes especializados nos manuais pedag gicos 1930 1971 In REUNI O ANUAL DA ANPED 25 2002 Caxambu Anais eletr nicos Rio de Janeiro ANPED 2004 1 CD ROM G T 2 Hist ria da Educa o SILVA V B CORREIA A C L Saberes em viagem nos manuais pedag gicos Portugal Brasil Cadernos de Pesquisa S o Paulo v 34 p 613 632 set dez 2004 TORRESINNI E R Editora Globo uma aventura editorial nos anos 30 e 40 S o Paulo EDUSP Com Arte Porto Alegre Ed UFRGS 1999 TREVISAN T PEREIRA B C Manua
182. Parte Rio de Janeiro Typographia Nacional 1875 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1831 Segunda Parte Rio de Janeiro Typographia Nacional 1875 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1832 Parte Segunda Rio de Janeiro Typographia Nacional 1874 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1833 Parte Segunda Rio de Janeiro Typographia Nacional 1873 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1835 Parte Segunda Rio de Janeiro Typographia Nacional 1864 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1837 Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1861 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1838 Tomo I Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1839 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1839 Tomo II Parte III Rio de Janeiro Typographia Nacional 1839 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1841 Tomo IV Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1842 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1842 Tomo V Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1843 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1843 Tomo V Parte I Reim press o Rio de Janeiro Typographia Nacional 1867 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1844 Tomo VII Parte II Reimpress o Rio de Janeiro Typographia Nacional 1867 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1845 Tomo VIII Parte
183. Primers pdf gt Acesso em 7 fev 2012 YOAKAM G A Basal reading instruction New York McGraw Hill 1955 Dis pon vel em lt http hdl handle net 2027 mdp t39015070531283 gt Acesso em 10 maio 2013 PRE PRIMERS PRIMERS GRAY W S ARBUTHNOT M H Fun with Dick and Jane Basic Readers Curriculum Foundation Series Chicago Scott Foresman and Company 1940 GRAY W S BARUCH D MONTGOMERY E R We look and see Basic Readers Curriculum Foundation Series Chicago Scott Foresman and Com pany 1946 O DONNELL M Happy days The Alice and Jerry Books Illinois Row Peter son and Company 1938 Skip along The Alice and Jerry Books Illinois Row Peterson and Com pany 1947 ROBINSON H M MONROE M ARTLEY A S Sally Dick and Jane gui debook The New Basic Readers Chicago Scott Foresman and Company 1962 CARTILHAS GASTAL M L Ded Jos e Ti o Cartilha 3 ed S o Paulo FTD 1968 GONZALES E N RUSCHEL R BRAUN F E Cartinha do Guri m todo de palavras geradoras Letra tipo Script 8 ed Porto Alegre Tabajara 1969 KUNZ E R Juca e Zaz cartilha 3 ed S o Paulo Editora do Brasil 196 2 OLIVEIRA N M et al Marcelo Vera e Fa sca cartilha m todo global de pala vras progressivas letra tipo Script 2 ed Porto Alegre Tabajara 1967 RUSCHEL R BRAUN F E C u azul Porto Alegre Tabajara 1970 119 ENTRE LIVROS A HISTORIA DO ENSINO DE LEITURA E DE
184. REIA A C L PERES E Aprender a ser professor a trav s de los libros representaci n profesional curr culum escolar y modelos de aprendizaje em los manuales de pedagogia y did tica para la formaci n de professores de ense anza primaria em Portugal 1870 1950 In GUERENA J L OSSEMBACH G DEL POZO M M Org Manuales escolares en Espana Portugal y America Latina siglos XIX e XX Madrid UNED 2005 p 195 213 CUNHA M T S Das m os do autor aos olhos do leitor um estudo sobre livros escolares a s rie de leitura graduada Pedrinho de Louren o Filho 1950 1970 Hist ria S o Paulo Franca v 30 p 12 32 2011 FAGUET E 4 arte de ler Rio de Janeiro Casa da Palavra 2009 FRADE I C S Alfabetiza o escolariza o e cultura escrita em Minas Gerais no s culo XIX In MARINHO M CARVALHO G T Org Cultura escrita e letramento Belo Horizonte Ed UFMG 2010 p 249 278 GOMES A C Org Escrita de si escrita da hist ria Rio de Janeiro FGV 2004 HALLEWELL L O livro no Brasil 2 reimpr 1 impr 1981 S o Paulo EDUSP 1985 HARTOG E Regimes de historicidade presentismo e experi ncias do tempo Belo Horizonte Aut ntica 2013 KNAUSS P Usos do passado e hist ria do tempo presente Arquivos da repres s o e conhecimento hist rico In SIMP SIO NACIONAL DE HIST RIA E HISTORIOGRAFIA 4 2010 Ouro Preto Anais Ouro Preto UFOP MG 2010 Texto digitalizado MAGALH ES J
185. SEMIN RIO BRASILEIRO SOBRE LIVRO E HIST RIA EDITO RIAL 1 2004 Rio de Janeiro Anais eletr nicos Rio de Janeiro FCRB UFF 2004 Dispon vel em lt http livroehistoriaeditorial pro br pdf anibalbraganca pdf gt Acesso em 18 out 2013 CALKINS N A Primeiras li es de coisas Adapta o e tradu o Rui Barbosa Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1886 CHARTIER A M HEBRARD J Discursos sobre a leitura 1880 1980 S o Paulo tica 1995 Discours sur la lecture 1880 2000 2 d revue et augment e Paris Fayard BPI 2000 CHARTIER R A hist ria cultural entre pr ticas e representa es Lisboa Difel 1990 CHERVEL A La culture scolaire Paris Belin 1998 CHOPPIN A L histoire des manuels scolaires une approche globale Histoire de l ducation Paris n 9 p 1 25 d c 1980 Les manuels scolaires histoire et actualit Paris Hachette ducation 1992 COSTA O A O Livro do Povo na expans o do ensino prim rio no Maranh o 1861 1881 2013 210 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade de S o Paulo S o Paulo 2013 Dispon vel em lt http www teses usp br teses disponiveis 48 48134 tde 24042013 134450 pt br php gt Acesso em 19 out 2013 CUCUZZA R Dir PINEAU P Codir Para uma historia de la ense anza de la lectura y escritura em Argentina del catecismo colonial a La Raz n de mi Vida Buenos Aires Ni o y D vila 2002 CUNHA M T S
186. T FARIA FILHO L M VEIGA C G 500 anos de educa o no Brasil 2 ed Belo Horizonte Aut ntica 2000 p 135 150 FRADE I C A S MACIEL F I P Org Hist ria da alfabetiza o produ o difus o e circula o de livros MG RS MT S c XIX e XX Belo Horizonte UFMG FaE 2006 GENOVESI G LImmagine e Videadi Europa nei manuali scolastici 1999 1945 Milano Franco Angeli 2000 HALLEWELL L O livro no Brasil S o Paulo EdUSP T A Queir s 1985 O livro no Brasil 2 ed S o Paulo EdUSP 2005 JOHNSEN E B Textbooks in the caleidoscope a critical survey of literature and research on educational texts sl ScandinavianUniversity Press 1993 JULIA D A cultura escolar como objeto hist rico Revista Brasileira de Hist ria da Educa o Campinas n 1 p 9 43 jan jun 2001 MARTIN H J CHARTIER R VIVET J P Histoire de l dition fran aise Pa ris Promodis 1986 4 v MICHON J MOLLIER J Y Dir Les mutations du livre et de l dition dans le monde du XVIIIe si cle l an 2000 Sainte Foy Les Presses de Universit Laval Paris L Harmattan 2001 MIGNOT A C V Org Cadernos vista escola mem ria e cultura escrita Rio de Janeiro Ed UERJ 2008 MONARCHA C Escola normal da Pra a o lado noturno das luzes Campinas Ed UNICAMP 1999 MONARCHA C LOURENCO FILHO R Por Louren o Filho uma biobi bliografia Bras lia DF INEP 2001 Dispon vel em lt http
187. UNESP 2006a produ o de Louren o Filho sobre e de literatura infantil e juvenil 1942 1968 funda o de uma tradi o 2006 275 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2006b Louren o Filho e literatura infantil e juvenil S o Paulo Ed UNESP 2012 BRASIL Minist rio da Educa o e Sa de Of cio Rio de Janeiro 1947 N o paginado Of cio do Minist rio da Educa o e Sa de ao Senhor Jorge Saraiva Presidente da C mara Brasileira do Livro Minist rio da Educa o e Sa de Quest es Rio de Janeiro 1961 N o paginado Perguntas do Minist rio da Educa o e Sa de a Louren o Filho sobre o livro did tico C MARA BRASILEIRA DO LIVRO C pia do Memorial enviado pela C mara Brasileira do Livro aos Srs Presidente da Rep blica e Ministro da Educa o e Sa de sobre atuais quest es do livro did tico S o Paulo 1951 CARNEIRO L O problema do livro nacional Estudos Brasileiros Rio de Janei ro v 1 n 1 p 83 93 jul ago 1938 DONATO H Cem anos de Melhoramentos 1890 1990 S o Paulo Melhora mentos 1990 FERREIRA R C C 4 Comiss o Nacional do Livro Did tico durante o Estado Novo 1937 1945 2008 139 f Disserta o Mestrado em Hist ria Faculdade de Ci ncias e Letras Universidade Estadual Paulista Assis 2008 262 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA FILGUEIRAS J M Os processos de avalia
188. XIX e o in cio do s culo XX se valeram de quais con textos pedag gicos Haveria liga o entre uma pol tica educacional e a produ o de livros Os autores de cartilhas eram professores pri m rios de cursos de forma o gestores do sistema intelectuais Eles ocuparam lugares privilegiados na hierarquia educacional b Em rela o s motiva es para a produ o A produ o se originou numa pr tica profissional de alfabetizador consolidada ou em movimentos de inova o As cartilhas seriam testadas antes em classes de alfabetiza o O que leva um autor a produzir um livro a distin o em rela o aos outros livros que vieram antes ou o valor simb lico de produzir o Em rela o aos processos editoriais e autorais No caso dos autores de carti lhas do per odo em quest o havia processos de profissionaliza o Como se fazia seu recrutamento para a produ o Quem s o os autores das car tilhas no emaranhado de rela es media es que cercam a produ o dos impressos Qual o n vel de participa o desses profissionais na defini o e na constru o do impresso Seu conhecimento e sua participa o baseavam se num saber pedag gico sobre um m todo ou se ampliavam mediante interlocu es com ilustradores ou projetistas gr ficos At que ponto autores n o profissionais e profissionais de cartilhas e livros did ti hist rias Geralmente as li es individuais do aluno s o a reprodu
189. XVIII para definir as obras escritas a partir da individualiza o de sua escrita a originalidade do texto e a proprieda de intelectual de seu autor CHARTIER R 2012 A aposta n o sem import ncia pois pode levar tanto introdu o na textualidade eletr nica de alguns dispositivos capazes de perpetuar os crit rios cl ssicos de iden tifica o de obras como tais em sua coer ncia e identidade quanto ao abandono desses crit rios para estabelecer uma nova maneira de compor e perceber a escrita como uma continuidade textual sem dono ou copyright na qual o leitor corta e reconstr i fragmentos m veis e male veis Essas quest es t m sido amplamente discutidas atrav s de in meros textos que tentam evitar por sua pr pria abund ncia o desapareci mento anunciado do livro da escrita e da leitura A admira o diante das incr veis promessas de navega o entre as ilhas de textos digitais se op e saudade de um mundo da escrita que ter amos perdido Contudo seria realmente necess rio ter que escolher entre o entusiasmo e o lamento Para melhor situar a import ncia e a mis ria das transforma es atuais pode ser til aos historiadores apelar para a nica compet ncia de que se podem orgulhar T m sido sempre profetas lament veis mas s vezes ao recordar que o presente se constitui de fatos passados sedimentados ou emaranha dos puderam contribuir para a constru o de um diagn stico mais claro quanto s
190. a Con texto cient fico da pesquisa sobre a edi o escolar no plano local nacional e mundial justifica a maturidade e a qualidade cient fica das pesquisas por uma s rie de fatores conjunturais assim elencados o interesse crescente que manifestam amadores da hist ria e his toriadores de profiss o pelas quest es relativas educa o dom nio onde a demanda social se faz cada dia mais forte a inquieta o de numerosos grupos sociais e popula es em fundar ou redescobrir uma identidade cultural que provocam novos acontecimentos hist ricos as consequ ncias do desmoronamento do bloco sovi tico ou ainda o recrudescimento das aspira es regionalistas o desenvolvimento das reivindica es de minorias os avan os da hist ria do livro que desen volveu em numerosos pa ses grandes s nteses sobre a hist ria da edi o notadamente a contempor nea os progressos consider veis de t cnicas de armazenamento do tratamento e difus o de informa o capazes de fornecer respostas adaptadas gest o e organiza o do volume de do cumentos relativos produ o escolar as incertezas sobre o futuro do impresso e mais particularmente sobre o papel que desempenhar o no futuro os livros junto s novas tecnologias educativas CHO PPIN 2007 mimeografado tradu o livre Nessas suas ltimas considera es encontram se respostas certa mente aos atuais questionamentos de pesquisadores dos livros did
191. a o UFMT 230 HisT RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Figura 3 Capa de Livro do professor de Rosa Maria Jorge Persona et al 1977c Fonte Acervo do Centro de Documenta o UFMT Duas cren as importantes da equipe aparecem em um documen to intitulado Exposi o de motivos Por um lado a esperan a em poder materializar uma cartilha ideal do ponto de vista lingu stico usando uma linguagem regional pr xima linguagem dos escolares e apresentando a l ngua de forma graduada contemplando suas dificuldades e sua comple xidade Dessa forma ela seria de f cil manejo pelo professor e de melhor apropria o pelos alunos Por outro lado com base na defini o dos obje tivos e conte dos inerentes 12 s rie a esperan a de poder homogeneizar a aprendizagem das crian as A partir desses pressupostos o plano do livro aquilo que definiu a sua forma foi materializado na ideia de apresentar a linguagem por meio de palavras chave dispostas numa sequ ncia gradativa de dificulda des considerando as vogais orais e nasais os diferentes tipos de s labas os d grafos as ocorr ncias gr ficas e os ditongos Encontramos esse plano claramente explicitado no Relat rio de 1977 no item M todo de Alfabetiza o Levando em considera o as id ias expostas neste relat rio a respeito dos fatores intervenientes na alfabetiza o elaboramos e empregamos a cartilha Nossa Terra Nossa Gente co
192. a distribui o divulga o e uso pelos governos e pelo mercado editorial Trabalhos de Munakata 1997 Razzini 2010 assim como os de Batista e Galv o 2009 revelam uma tend ncia que se vem fortalecendo no Brasil nos estudos da hist ria dos livros did ticos a se ir al m da dis cuss o de m todos pedag gicos para pensar esse objeto Da a necessidade de se buscar uma vis o ecol gica do livro did tico denominado cartilha visto que esta produto de um conjunto de rela es CHOPPIN 2002 Darnton 1995 sugere um modelo geral para a an lise de como os livros surgem e se difundem na sociedade e chama a aten o para a necessidade de se entender cada etapa do circuito que prop e de forma relacionada 265 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs s demais objetivando alcan ar uma perspectiva mais integrada do livro como meio de comunica o Se os estudos relativos hist ria dos livros como o de Chartier 1994 trazem contribui es valiosas para o entendimento das rela es dos autores com o mundo da cultura escrita a Bibliografia Material e a So ciologia de Textos campos consolidados por Mckenzie 1991 conduzem a uma perspectiva te rico metodol gica que ao contemplar uma an lise material dos suportes e dos sentidos tamb m entende os textos como pro du es sociais Ou seja existe uma din mica humana e institucional de sua produ o e de sua co
193. a at os dias atuais na qual Arnold comparece com um cap tulo intitulado Home Marker ARNOLD 1920 As organizadoras e primeiras l deres do movimento bandeirante de Massachusetts ganharam destaque em fun es claramente definidas Sarah L Arnold sempre mencionada dentre elas N o por acaso ela se tornou presidente do GSUSA de 1925 at 1928 substituindo Lou Henry Hoover que teve dois mandatos frente do movimento nacional A atua o de Arnold junto ao escotismo feminino consolidou sua proje o em Massachusetts e reafirmou os la os que a mantinham li gada a uma poderosa rede pol tica e profissional Fez mais contribuiu para projetar o seu nome tanto nacional quanto internacionalmente por uma via mais pessoal e ativa do que a autoria de livros especialmente os esco lares era capaz de faz lo Algumas not cias de jornais da poca ajudam a realizar aquela proje o Em 2 de julho de 1928 o magazine Time publica mat ria com o t tulo Brady vice Hoover Artigo importante considerando se que quela altura do ano Herbert Hoover j havia sido indicado candidato Presid ncia da Rep blica pelo Partido Republicano Mas a mat ria n o era sobre o candidato nem sobre o seu suposto vice tratava dos mandatos de senhoras l deres do movimento das Girl Scouts 17 O site das Girl Scouts ignora a data exata do t rmino do mandato de Arnold no entanto oferece interessantes informa es Assim a
194. a promovido em 2005 na Universidad de Alcal que elegeu Escrituras cotidianas en contextos educativos como tema central e que resultou na publica o de Mis primeros pasos alfabetizacion escuela y usos cotidianos de la escritura organizado por Antonio Castillo e Veronica Sierra Bl s com textos agrupados em torno dos seguintes eixos Inicia o cultura escrita Provas cadernos escolares e grafites e Di rios agendas e cartas H tamb m o Col quio Internacional sobre Escrituras Infantiles celebrado em setembro de 2011 no Centro Internacional de la Cultura Escolar CEINCE em homenagem ao Professor Davide Montino cujos textos integram o dossi tem tico da revista History of Education and Children s Literature HECL de julho de 2012 da Universidad de Macerata na It lia organizado por Veronica Sierra Bl s Juri Meda e Antonio Castillo reunindo al m de Ver nica Sierra Bl s e Juri Meda estudos de Antonio Vi ao Maria del Mar del Pozo Andr s Anton Costa Rico Sjaak Braster Dorena Caroli Anne Wingenter Rudolf Dekker Arianne Baggerman Monica Ferrari Pamela Giorgi Francesca Borruso Ana Badanelli e Antonio Gibelli Especificamente sobre cadernos escolares destacam se as seguintes publica es Convegno Internazionale di Studi Quaderni di Scuola una fonte complessa per la storia delle culture scolastiche e dei costumi educativi tra Ottocento e Novecento na Universidade de Macerata It lia ocasi o n
195. a uma de Inglez e uma de Francez e determina HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA pelo que toca a mat ria de ensino ditar o os lentes as suas li es pela Grammatica que for mais bem conceituada emquanto n o for malisarem alguma de sua composi o Na escolha destes livros se prefirir o os da mais perfeita e exacta moral e para a compara o com a lingua patria se escolher o os autores classicos de quinhentos que melhor reputa o teem entre os nossos literatos H muitos dispositivos semelhantes Uma Carta R gia de 25 6 1812 criou na cidade da Bahia um Curso de Agricultura cujo professor ser obrigado a organizar os compendios das doutrinas que for mam o objecto do seu emprego no ensino de agricultura dentro do espa o de seis annos para serem impressos no caso de merecerem ap prova o de sua Alteza Real e servirem nos futuros cursos de agricul tura que se devem e houverem de estabelecer nas outras Capitanias A Lei de 11 8 1827 que criou dois cursos de Ci ncias Jur dicas e Sociais um na cidade de S o Paulo e outro na de Olinda PE determinou ainda que os lentes far o a escolha dos compendios da sua profiss o ou os arranjar o n o existindo j feitos com tanto que as doutrinas este jam de acc rdo com o systema jurado pela na o Art 7 Outros decretos decis es e regulamentos mencionam livros a serem adotados em institui es como a Academia das Be
196. a 3 Caderno de Renan 1 s rie C novembro de 1985 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha Barum 2012 lista diversas nomenclaturas para a atividade de ditado escolar ditado ditado de palavras soltas ditado exerc cio ditado verifica o ditado treino ditado prova ditado avalia o ditado de palavras e ora es ditado mudo autoditado ditado de ora es simples ditado de um trecho da li o ditado de s labas e palavras ditado cochicho No conjunto de cadernos analisados a maioria dos ditados de ora es simples enfatizando aspectos de pontua o acentua o com uso de uma ou duas letras do alfabeto de pequenos textos ditado sabatina e ou diag n stico especialmente a partir do segundo ano prim rio 148 HIsTORIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Figura 4 Caderno de rico 22 s rie 1949 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha Os cadernos de ditado do primeiro ano do curso prim rio s o os mesmos utilizados para o ensino de caligrafia e est o escritos a l pis O conte do reproduz palavras e ou textos presentes na cartilha Vivi e Vav de C lia Rabelo adotada pela escola Os ditados s o numerados em ordem crescente mas alguns n o trazem data No primeiro e segundo trimestre por exemplo foram realizados 15 ditados respectivamente No terceiro trimestre 20 ditados 149 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Fonte Acervo de Glad
197. a Federa o 2 Donato 1990 Editora tica 1998 Editora FTD 2003 Editora Nacional 2005 297 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Essa descentraliza o do ensino prim rio n o somente torna mais dif cil o trabalho de contextualiza o hist rica dada a variedade de sis temas p blicos de ensino que conviveram no pa s como tamb m exige maior esfor o de coopera o entre os pesquisadores para localizar analisar e comparar dados sobre a circula o dos livros did ticos adotados oficial mente nas escolas de cada regi o Da a import ncia da constitui o de grupos de pesquisa e de associa es como a Associa o Brasileira de Al fabetiza o ABAIf al m da promo o de encontros como o Semin rio Internacional sobre a Hist ria do Ensino de Leitura e Escrita SIHELE com a subsequente circula o de seus resultados Pelo que se apurou nas in meras fontes e documentos reunidos sobre o livro did tico brasileiro na pesquisa de p s doutorado mencio nada a produ o de livros escolares no s culo XIX era bem menor nas Prov ncias quando comparada com a do Rio de Janeiro ent o capital do Imp rio No que diz respeito a essa produ o no estado de S o Paulo nota se inicialmente a publica o de poucas obras ligadas ao curso Ane xo da Academia de Direito Escola Normal ou s escolas de Primeiras Letras sendo que alguns t tulos sa ram dos prelos de jornais da
198. a de livros did ticos especialmente a partir de 1908 com sucessivas aquisi es e associa es com outras editoras porque grande parte dos livros de leitura citados aci ma j tinha sido testada por editoras menores de S o Paulo como a Tei xeira e Irm o da Livraria Paulista e seus sucessores Mellilo e Falcone a Costa amp Santos da Livraria Civiliza o e a Tipografia Siqueira outra empresa que se destacou no mercado de livros escolares HALLEWELL 2005 p 330 331 303 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs As atividades da Tipografia Siqueira tiveram in cio em 1894 com a publica o de relat rios oficiais e de obras destinadas Academia de Direi to mas logo em seguida apareceram v rios t tulos direcionados ao ensino elementar especialmente de educadores vinculados Escola Normal da ca pital e administra o p blica de ensino No total foram localizados 346 t tulos publicados de 1894 a 1962 sendo 55 destinados ao ensino elementar e 43 dirigidos ao ensino secund rio que inclu a o Curso Normal Os neg cios da Tipografia Siqueira com o governo paulista in cluiam al m do fornecimento de livros em branco para escritura o ad ministrativa a publica o de obras oficiais extensas como os Anu rios de Ensino cujo primeiro n mero saiu em 1908 fartamente ilustrado com fotografias de Escolas Normais e de Grupos Escolares do estado e docu mentado com quadros
199. a do Ros rio Longo Mortatti Isabel Cristina Alves da Silva Frade 19 LER A LEITURA Roger Chartier Ea seu pequeno livro 4 import ncia do ato de ler Paulo Freire faz a distin o entre dois sentidos da palavra ler FREIRE 1982 Um sentido literal ler ler letras palavras livros Essa leitura sup e a alfabeti za o a aprendizagem escolar o dom nio da palavra escrita Por m ler tem tamb m um sentido metaf rico Ler antes e depois da leitura do livro ler o mundo a natureza a mem ria os gestos os sentimentos tudo aquilo que Paulo Freire designa com um neologismo palavramundo Ler a leitura como indica o t tulo de meu artigo talvez entender as rela es entre esses dois sentidos do verbo ler considerando por um lado a especificidade da leitura dos livros o que deve evitar o perigo do uso des controlado e excessivo da palavra como se toda leitura fosse governada pelas regras que caracterizam a decifra o de textos e por outro lado os processos que organizam segundo l gicas muito diferentes a compreen s o imediata do mundo ou das experi ncias da exist ncia Em 1968 em um ensaio que chegou a ficar famoso Roland Barthes associava a nova onipot ncia do leitor com a morte do autor BARTHES 1968 Destronado de sua antiga soberania pela linguagem ou pelas m ltiplas escritas que surgem desde diversas culturas e que estabelecem entre si uma rela
200. a ele h uma grande incoer ncia no PNM sendo ela a tentativa de acelerar a aprendizagem do aluno cujo problema mais s cio econ mico e da pr pria escola que s pode alfabetizar mal o caso de acelerar a aprendi zagem ling istica do faminto BRASIL 1980 p 188 Por todas essas raz es conclui pela n o validade externa do Projeto entendendo que a n 4o validade externa verificada do ponto de vista t cnico n o significa n o utilidade de todo o material reconstitu do e das pr prias equipes estaduais para a evolu o educacional de cada regi o BRASIL 1980 p 189 Para tanto sugere estudos e continuidade de atua o Mais especificamente em rela o a um dos materiais analisados neste artigo Marcelino se posiciona quando aborda os Mist rios aconte cidos no projeto O trabalho Alfabetiza o pela arte encetado no Piau Criador Car tilha elaborada pelo grupo local metodologicamente v lida baseada em s lidos princ pios psicol gicos coordena o motora faixas et rias prontid o estruturas mentais dispon veis e em princ pios psico semiol gicos de refor amento simb lico ir nico sic e indicial ao desenvolvimento s gnico foi interrompido ap s apenas dois sic de execu o inicial Por falta de recursos Sem d vida o trabalho que mais prometia BRASIL 1980 p 189 CONSIDERA ES FINAIS No per odo analisado neste artigo a
201. a foi encaminhada aos rg os de Instruc o P blica e tamb m rejeitada para ado o junto s escolas p blicas Ambas s o cartilhas mencionadas recorrentemente em estudos feitos tanto sobre Jo o K pke quanto sobre Jo o Sim es Lopes Neto ainda que nenhum dos pesquisadores tenha tido propriamente acesso s obras que eles citam ou s quais fazem refer ncias Igualmente para ambas as cartilhas n o h confirma o hist rica registrada pelos pesquisadores sobre o destino que foi dado aos originais direcionados aos rg os p blicos para aprova o para publica o O Livro de Hilda e Artinha da Leitura tocam em aspectos liga dos hist ria da cultura escrita mais especificamente da alfabetiza o da escolariza o e da produ o de material impresso No caso dessas obras 10 Santos 2013 p 97 ressalta que no esfor o comparativo entre o que se tem publicado sobre as Cartilhas 1 e 2 e o manuscrito O Livro de Hilda n o poss vel afirmar que essas cartilhas se refiram ao mesmo material prov vel que sejam vers es distintas sobre o m todo anal tico proposto por Jo o K pke 134 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA trata se de um material margem do impresso porque n o publicado No caso dessas obras uma possibilidade de revisitar a hist ria da alfabetiza o j escrita por pesquisadores sobre o ensino da leitura e da escrita nos anos iniciais da escolaridade No caso
202. a lei tura linguagem escrita e oral caligrafia leitura suplementar e declama o tinha preced ncia sobre as demais mat rias sendo a leitura uma pr tica hegem nica nos quatro anos do curso prim rio pois tinha a maior carga hor ria do curr culo Tal fato confere ainda maior destaque aos livros de leitura ent o considerados os mais poderosos auxiliares para o ensino de l ngua materna S O PAULO 1907 1908 o que sem d vida acirrava a con corr ncia entre os editores e aumentava o controle governamental sobre eles pois s poderiam ser adotados nas escolas p blicas de S o Paulo os livros did ticos previamente autorizados pelo Conselho Superior de Ins tru o P blica e depois que este foi extinto em 1897 os livros escolares eram aprovados ou reprovados pelas sucessivas comiss es designadas pelo estado Alguns livros did ticos al m da aprova o obtinham tamb m a ado o oficial o que equivalia ao subs dio garantido do governo o qual se encarregava de custear uma edi o ou de comprar grandes quantidades de exemplares para enviar s escolas p blicas Depois que os livros chegavam s escolas p blicas o governo in cumbia aos professores a tarefa de conservar em boa guarda os mo veis livros e utensis e quaesquer objetos destinados s suas escolas n o os podendo distrahir para outros misteres estabelecendo multa pecuni ria e san es ao professor que usasse d
203. a no ensino superior Academias de Direito em S o Paulo e Olinda Faculdades de Medicina no Rio de Janeiro e em Salvador e Escola Polytechnica no Rio de Janeiro seriam doutores e passariam a ocupar altos cargos na hierarquia administrativa do Imp rio Dada a import ncia que o Collegio assumiu as leis que o regiam chegavam a definir as min cias da vida escolar fixando os programas a serem ministrados e os respectivos livros muitos em franc s Por exemplo a Portaria de 24 1 1856 que mJanda observar provisoriamente o Pro gramma de ensino do Collegio de Pedro II estabeleceu que deveriam ser adotados entre outros os livros Notions l mentaires d histoire naturelle de Antoine Salacroux G ologie et Min ralogie de Fran ois Beudant Nouve aux lements de chimie th orique et pratique de Roch Th og ne Guerin ou Gram tica da L ngua Portuguesa de Cyrillo Dilermando Sin nimos do Frei Francisco de S o Luiz e Cartas Seletas do Padre Antonio Viera Por fim o ensino Prim rio ou as Primeiras Letras que talvez seja o que mais interessa aos leitores deste livro cujo tema central a alfabeti za o e o letramento A esse respeito por m n o h como n o deix los frustrados pois pelos efeitos da Lei n 16 de 12 8 1834 mais conhecida 323 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs como o Ato Adicional de 1834 as Assembleias Legislativas Provinciais criadas por esse dispo
204. a qual foram montadas tr s importantes exposi es sobre esse objeto da cultura escrita e da cultura material da escola I quaderni di scuola nel Novecento la produzione industriale di Cartiere Paolo Pigna Cartiere Paolo Pigna S p A It lia Tra banchi e quaderni com a curadoria de Paolo Ricca da Associazione Il salotto verde It lia e Les cahiers des coliers du monde Un cahier d colier qui apprend crire de chaque pays du monde com a curadoria de Henry Merou Association En marge des cahiers Fran a Do evento resultou uma publica o em dois volumes MEDA Juri MONTINO Davide SANI Roberto Org School Exercise Books A Complex Source for a History of the Approach to Schooling and Education in the 19th and 20th Centuries Firenze Edizioni Polistampa 2010 Na esteira desses estudos cabe mencionar ainda a publica o de Cadernos vista escola mem ria cultura escrita que organizei em 2008 publicado pela EdUER J bem como a exposi o da qual fui curadora em Natal durante o III Congresso Internacional de Pesquisa Auto Biogr fica em 2008 N o me esque a num canto qualquer e que contou com a participa o de pesquisadores de diversas Universidades e Programas de P s Gradua o em Educa o do pais Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ institui o da curadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Tiradentes Universidade do Estado da Bahia Universidade do
205. a sintaxe a caligra fia a corre o da professora a avalia o o controle familiar Os CADERNOS DE DITADO DO COLEGIO FARROUPILHA RS 1948 1989 A pr tica do ditado estava presente do primeiro ao quinto ano do ensino prim rio no Col gio Farroupilha No boletim trimestral o ensino de portugu s Elocu o Leitura Ortografia e Reda o avaliava ditado reda o e gram tica O corpus documental composto de 25 cadernos pertencentes a sete alunos da escola com aproximadamente 410 ditados no per odo de 1948 a 1989 Somente de uma aluna temos a s rie completa de cadernos do curso prim rio os demais s o alguns exemplares em s ries diferentes Os cadernos do primeiro ano s o em maior n mero pertencentes a quatro alunos diminuindo at a quinta s rie de que temos somente um caderno conforme o Quadro 1 146 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA S ries 12 ano 2 ano 3 ano 4a ano 5 ano Total Aluno rico 1 caderno 1 1949 i 20 ditados f f 20 Luiz Carlos l caderno 2 cadernos 3 cadernos 1 caderno 1 caderno 8 1951 1955 32 ditados 23 ditados 30 ditados 14 ditados 14 ditados 113 Gladis 3 cadernos 2 cadernos 2 cadernos 1 caderno 1 caderno 9 1953 1957 50 ditados 27 ditados 31 ditados 13 ditados 13 ditados 134 Eliane 1 caderno 1 1963 22 ditados i 22 Silvana 1 caderno 1 1971 E 19 ditados i 19 Renan 1 caderno 1 1985 29 ditado
206. a societ Alfabetismo e cultura scritta nuova serie n 2 p 47 1989 Historia de la escritura e historia de la sociedad Val ncia Universitat de Val ncia 1998 Arch 1 p 1 142 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA togr fica dos alunos Juntamente com a atividade de reda o e de c pia era e ainda um exerc cio fundamental para o conhecimento da l ngua a forma o do aluno e o controle da aprendizagem em busca da excel ncia ortogr fica e caligrafica que segundo Darcos 2005 p 152 uma ob sess o que marca a escola Anne Marie Chartier 2007a p 35 ao comentar a pr tica do ditado na escola francesa considera que a hist ria do ditado mostra que n o somente o desempenho dos alunos que est em quest o Se esse exerc cio apesar de t o modesto se tornou um ritual t o consagrado porque ele manifesta certa concep o de cultura escrita inicialmente t pica do ensino prim rio popular mas que encontra tal sucesso social que ganha o ensino das elites Como uma atividade tradicional do ensino elementar da l ngua materna o ditado consiste na leitura pausada pelo professor das frases de um texto que os alunos devem reproduzir corretamente por escrito Em geral o texto lido ditado relido e depois realizada a corre o Cabe ao aluno repetir diversas vezes as palavras para fixa o onde os erros foram cometidos Os textos escolhidos pelos professores consistem muita
207. a tradicional que imp e um determinado comportamento ao aluno Segundo o material aqui n o haver preocupa o de recompensas puni es ou obriga es de acertar mas se trata de um planejamento no qual o aluno ter oportu nidade de liberar seu potencial criativo Essa libera o gera um conflito na medida em que ele se desreprime gerando na sequ ncia a neces sidade de organiza o do trabalho por parte do pr prio aluno 22 fase Capta o de informa es crit rios de organiza o partindo da necessidade de organiza o decorrente da 14 fase caracteriza se como momento de procura de um comportamento ordenado Cabe ao pro fessor acompanhar intensivamente este processo n o oferecendo so lu es prontas ao aluno mas subs dios necess rios manipula o dos mais variados meios de organiza o PIAU 19772 p 18 32 fase Matura o e campos de criatividade caracter sticas n o consi derada como o final de um processo mas como um estado de prontid o alerta para o aluno receber est mulos diversos e mover se para diversos campos da cria o e do conhecimento o momento em que o aluno apresenta caracter sticas de ampla receptividade a todo e qualquer est mulo em mat ria de trabalho e viv ncia PIAU 19772 p 18 equipe afirma que essa metodologia n o se vincula a um regime seriado e pois os alunos disp em de quatro per odos letivos
208. ade sen o das diferen as escritura em si e por si no singu lar n o existe pura e simplesmente uma abstra o as t cnicas de escritura comprometem a cada ocasi o de diferentes maneiras as atitudes intelectuais visuais e manuais daqueles que escrevem deter minando a dura o de execu o a posi o f sica e os gestos em suma a rela o com o espa o e o tempo Um manuscrito se tomado como objeto e fonte da hist ria do ensino da leitura e da escrita pode colaborar para que interroguemos sobre sua disposi o visual marcada pela educa o est tica do seu escrevente nos espa os em branco deixados na folha sobre a presen a ou n o de cores estampas s vezes distintas com variedade no tamanho sobre o tra ado das letras nem sempre em sua forma acabada sobre a presen a de g neros diferentes nem sempre reunidos em suportes distintos nem sempre poss veis de serem datados e de terem sua autoria indicadas etc Um desafio porque como sabemos a rela o entre a escrita manuscrita e a escrita impressa uma rela o que em qualquer poca ou em qual quer situa o se desenvolve sempre no sentido da diferen a e da oposi o por m jamais de ruptura PETRUCCI 1999 p 118 tradu o livre Os livros did ticos manuscritos podem nos dizer al m do seu con te do proposta curricular metodologia leitor pressuposto para o material projetos pedag gicos e cient ficos etc
209. ades de compreens o de uma rede Cada livro did tico localizado e investigado faz parte de uma rede constitu da por a es e projetos realizados por sujeitos engajados em rela es de poder e de decis o que ocupam determinadas posi es sociopol ticas estrat gicas em torno da produ o de determinados bens culturais e das pr ticas con cretas dos homens Uma rede que movimenta a circula o das ideias dos produtos dos objetos em diferentes fios e dire es que se cruzam e nos levam a um mundo de a es e decis es em torno desse material e dos usos previstos para ele Qual o volume de livros did ticos que conseguimos inventariar dando lhes assim o estatuto de visibilidade para outros estudos Quantos livros did ticos se encontram ainda perdidos Onde est o e que outros 122 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA sentidos de apego ou de desinteresse impedem seus atuais propriet rios de descart los ou do los Por que isso ocorre UMA PARTICULARIDADE DESSE MATERIAL E A CA A AOS LIVROS Parece que o atributo descarte constitutivo desse objeto j est posto na pr pria concep o que a ele dado pelas editoras assim como nas pr ticas previstas para ele que pressup em um uso mais individualizado e personalizado pelo propriet rio J no polo da produ o que engloba aqui o da cria o e o da edi o os sujeitos nele envolvidos reconhecem especialmente a partir da segunda meta
210. al Carneiro 22 edi o 1955 Fonte Acervo do GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do ensino de l ngua e literatura no Brasil 2 Orlando Leal Carneiro nasceu em 1893 e faleceu em 1977 Atuou como professor catedr tico da disciplina Metodologia da Linguagem na Universidade Cat lica e no Instituto de Educa o do Distrito Federal e foi chefe de Distrito Educacional da prefeitura do Rio de Janeiro At o momento n o foi poss vel localizar outras informa es sobre esse educador e sua produ o bibliogr fica Metodologia da linguagem teve pelo menos tr s edi es sendo a primeira presumivelmente de 1950 e a mais recente que foi poss vel localizar a 32 edi o de 1959 As informa es apresentadas neste t pico foram extra das de Galluzzi 2006 onde se encontra estudo preliminar sobre Carneiro e o manual Metodologia da linguagem 208 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA O manual composto de 321 p ginas e est organizado em cinco partes subdivididas em 11 unidades nas quais s o tratados assuntos tais como fundamentos filos ficos da linguagem e fundamentos psicol gicos da linguagem infantil objetivos e fundamentos hist ricos psicol gicos e metodol gicos do ensino da linguagem ensino da leitura e da escrita en sino da elocu o e da composi o ensino da ortografia e da gram tica t cnicas de medida objetiva da aprendizagem da linguagem e linguagem nos programas das escolas prim ri
211. al do professor Teresina 19772 RIO DE JANEIRO Estado Secretaria de Estado de Educa o e Cultura O ensino por atividades nas escolas rurais Rio de Janeiro Secretaria de Estado de Educa o e Cultura 1977 4 cadernos SOARES M As muitas facetas da alfabetiza o Cadernos de Pesquisa S o Paulo n 52 p 19 24 1985 SOARES M MACIEL E I P Alfabetiza o estado do conhecimento Brasilia DF INEP COMPED 2000 245 SOBRE O LIVRO DIDATICO NO BRASIL A RESPOSTA DE LOUREN O FILHO 1961 Estela Natalina Mantovani Bertoletti INTRODU O Nese artigo analiso a atua o do educador e intelectual bra sileiro Manoel Bergstr m Louren o Filho 1897 1970 relativamente quest o do livro did tico no Brasil com destaque ao documento Livros did ticos no qual respondeu a duas perguntas feitas pelo Minist rio da Educa o e Cultura em 1961 sobre esse assunto a saber 1 Acha que o livro did tico brasileiro est altura de servir adequa damente ao desenvolvimento tecnol gico que dever servir de base ao desenvolvimento econ mico nacional 2 Que diz do livro nico sob o ponto de vista econ mico para os pais e sob o ponto de vista filos fico pedag gico tendo em vista os altos valores perseguidos pela educa o BRASIL 1961 n o paginado Desde 1995 venho realizando pesquisas sobre aspectos pouco explorados da atua o de Manoel Bergstr m Louren o Filho na educa o brasil
212. al e Leitura silenciosa IV PARTE Divis o do trabalho por anos Quadro 3 ndice Geral do livro Como se ensina a leitura de Mary E Pennell e Alice M Cusack 22 edi o 1942 Fonte PENNEL CUSACK 1942 p 267 275 O car ter prescritivo da III Parte Leitura oral e silenciosa mostra as formas como as autoras encaminham para a import ncia de ler bem e silenciosamente an ncio que feito nas partes iniciais do livro do seguinte modo a leitura silenciosa o tipo de leitura mais largamente usado na vida Nem se poder considerar bom leitor quem n o possua a capacidade de apreender exata e rapidamente o pensamento do autor pela leitura silenciosa A boa leitura silenciosa est condicionada a v rios fatores desejo de ler capacidade de evoca o de sentidos dom nios do instru mentos da leitura PENNELL CUSACK 1942 p 17 A parte II desse Manual PENNELL CUSACK 1942 p 91 149 apresenta um grande n mero de instru es que determinam em di logo com a psicologia as vantagens da leitura silenciosa sobre a leitura oral O aprendizado dessa forma de ler aparece relacionado s experi ncias escolares e encaminha para novos enfoques em que se exercita leitura silenciosa r pida seletiva e aut noma PENNELL CUSACK 1942 p 92 seguida de liberdade de escolha PENNELL CUSACK 1942 p 93 e estruturada em torno de objetivos como desejo de ler e amor leitura
213. alavras 4 os exerc cios de fon tica incluindo palavras com a mesma fam lia fon tica por fim as revers es was saw net ten won now GATES 1928 p 178 7 Tamb m denominada word recognition Optei aqui em manter e usar indistintamente as duas express es em ingl s uma vez que a tradu o para percep o de palavras ou reconhecimento de palavras n o parece ad equada 8 Embora n o tenha encontrado nos dados de pesquisa refer ncia Teoria da Gestalt n o poss vel deixar de estabelecer rela o entre a ideia da configura o das palavras fundamental na word recognition e as bases dessa teoria psicol gica visto que foi estruturada a partir dos estudos os quais estabeleciam a rela o entre forma e per cep o Dispon vel em lt http www webartigos com articles 8655 1 Um Estudo Sobre A Teoria Da Gestalt paginal html gt Acesso em 5 set 2013 99 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Para o autor o trabalho deveria come ar com algumas palavras que poderiam posteriormente ser facilmente organizadas em frases senten as par grafos textos proposta efetivada nos chamados Pre primers americanos Portanto n o se trata do m todo global no processamento de historietas como se poderia pensar e como foi utilizado por exemplo na produ o mi neira especialmente em O Livro de Lili de Anita Fonseca MACIEL 2001 Esse pr livro foi um dos pio
214. apren dizagens escolares sobre as leituras corretas tanto pelo conte do dos textos quanto pelas posturas dos leitores 2 E contra essas representa es que se multiplicaram as adver t ncias contra os perigos das m s leituras que se afirmou a defini o da leitura como instrumento privilegiado ou nico de acesso ao conheci mento do mundo do passado da sociedade ou de si mesmo A certeza de que todo o conhecimento se encontra nos livros pelo menos nos bons livros n o foi unicamente uma ideia das autoridades ou dos doutos por m esta mobilizou os esfor os dos novos leitores que conquistaram a leitura e a escrita para entender e possivelmente transformar o mundo injusto no qual viviam Uma tens o que atravessa toda a hist ria da cultura escrita a que enfrenta as autoridades que tentam impor o controle ou o monop lio sobre o escrito contra todos aqueles e mais ainda aquelas para quem o saber ler e escrever foi a promessa de um melhor controle de seu destino Os confrontos entre o poder estabelecido pelos poderosos sobre a escrita e o poder que a sua aquisi o confere aos mais fracos se opuseram viol n cia exercida pelo escrito em sua capacidade de fundamentar como Vico enunciou em 1725 a faculdade dos povos de controlar a interpreta o dada pelos chefes da lei Impresso ou manuscrito o escrito tem sido permanentemente investido com um poder ao mesmo tempo desejado
215. ar esse objeto cultu ral ainda mais ausente das estantes de bibliotecas p blicas e particulares do que outros livros O primeiro diz respeito sua materialidade muitas vezes fragilizada na produ o nem sempre feita com as melhores mat rias primas ou t cnicas de impress o e depois desgastada pelo uso manuseio e trans porte constantes contribuindo para seu desaparecimento apesar das grandes tiragens O segundo motivo refere se sua circula o restrita a um prazo de validade ainda que seja bem extenso no caso de alguns livros de leitura Hallewell d not cia do Livro do povo de Antonio Marques Rodrigues uma antologia de religi o moral muito usada pelas crian as brasileiras publicada no Maranh o em 1861 na casa editorial de Jos Frias com tiragem inicial de 4000 exemplares que se tornou uma raridade ainda que a quinta edi o tenha sido de dez mil exemplares HALLEWELL 1985 Sobre O Livro do Povo ver Bittencourt 1993 2008 e a tese de doutorado de Costa FE USP 2013 291 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs RAZZINI 2000 pois o livro did tico concebido no bojo de uma cultura escolar datada JULIA 2001 destinado a cumprir programas de ensino tornando se portanto um produto mais perec vel e descart vel E o terceiro fator est ligado sua pouca valoriza o social sobretudo quando tomado como mera transposi o did tica ou simpl
216. ar sobre as possibilidades de compreens o das experi ncias infantis MULHERES EDUCADAS PARA GOVERNAR O COTIDIANO DAS LI ES NAS CARTAS DAS PRINCESAS ISABEL E LEOPOLDINA Trata se de Disserta o de Mestrado defendida em 2012 na Uni versidade Cat lica de Petr polis RJ por Jaqueline Vieira de Aguiar A autora discute com rigor e delicadeza o projeto educacional a que estavam submetidas as herdeiras do trono enfocando as preocupa es do Impera dor com a educa o das filhas os mestres escolhidos e as disciplinas en sinadas a vis o das meninas sobre o processo educativo ao qual estavam submetidas e a pr pria escrita de cartas como parte do processo educativo o que se evidencia na obedi ncia aos rituais epistolares na caprichosa ca ligrafia e no cuidado com a escolha dos pap is que traziam monogramas e ilustra es A autora lembra que as cartas escritas pelas princesas em portugu s franc s e italiano eram rascunhadas corrigidas pelos mestres e depois copiadas em pap is geralmente ornamentados Este procedimento era adotado por que as cartas n o s informavam ao pai o andamento do aprendizado das meninas mas tamb m o expressavam concretamente Quando o Imperador recebia as cartas analisava desde a caligrafia at o seu estilo e teor Para passar por este escrut nio elas precisavam estar perfeitas AGUIAR 2012 p 55 PALABRAS HU RFANAS LOS NINOS Y LA GUERRA CIVIL Trata se de livro de Ver
217. ara as editoras E s o descartados logo que n o corres ponderem mais s orienta es oficiais no campo da ci ncia da educa o ou quando n o mais atenderem s expectativas e necessidades daqueles respons veis por adotar essas obras em suas salas de aula Se no polo da produ o o livro did tico significa descarte subs titui o de forma muitas vezes bastante r pida isso n o diferente quando olhamos para o polo da recep o A rela o entre esse material e seu usu rio tamb m constitu da como algo passageiro tempor rio superado O leitor aluno desse material aquele que identificado na cul tura escolar pelo dom nio ou n o de determinadas compet ncias e habili dades cognitivas por estar em determinado n vel escolar ou est gio de co nhecimentos por ter determinado ritmo de aprendizagem etc Constr i se uma ideia de adequa o entre o leitor e o livro conte do regulado em s ries e n veis fragmentado em disciplinas pressupondo pr ticas escalonadas de leitura e de escrita de seu leitor aluno pr ticas estas legitimadas nesse ambiente escolar etc Portanto descartar tal livro tem para o seu usu rio um sentido de supera o de uma fase e promo o para uma outra su perior representando pois uma conquista O livro superado n o mais til ao seu usu rio o qual o substituir por outro mais avan ado mais complexo mais adequado s suas necessidades e expectativas
218. aris Institut M moire Edition Contemporaine ditions de la Maison des Sciences de l Homme 1999 PETRUCCI A Writers and readers in Medieval Italy studies in the history of written culture In From the unitary book to the miscellany New Haven London Yale University Press 1995 p 1 18 ROBERTS C H SKEAT T C The birth of the codex London British Academy by Oxford University Press 1987 SHERMAN W H Used books marking readers in Renaissance England Phila delphia University of Pennsylvania Press 2007 SIMON C Ado z ro de lecture Le Monde Paris 30 nov 2012 40 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA SUPIOT A Ed Pour une politique des sciences de l homme et de la soci t Paris Presses Universitaires de France 2001 SYNDICAT NATIONAL DE LEDITION Le livre en chiffres 2012 donn es 2011 Paris 2012 Disponivel em lt http www sne fr donnees et enjeux econo mie html gt Acesso em 30 ago 2013 41 ALAIN CHOPPIN E SEU LEGADO COMO HISTORIADOR E EDUCADOR Circe Fernandes Bittencourt INTRODU O Presta uma homenagem ao professor e pesquisador franc s Alain Choppin uma honra e representa para mim um momento signi ficativo por permitir que compartilhe algumas reflex es sobre seu legado como educador e historiador Nascido em 1948 Alain Choppin faleceu em 2009 depois de uma luta por v rios anos no combate doen a que o tirou do nosso conv vio estando no vigor d
219. ary umass edu spcoll youmass doku php id a arnold house gt Acesso em 27 out 2013 VANDEWALKER N C The kindergarten in american education New York The Macmillan Company 1908 87 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs VENEZKY R L Steps toward a modern history of american reading instruc tion Review of Research in Education Itasca v 13 p 129 167 1986 history of the american reading book 7he Elementary School Journal Chicago v 87 n 3 p 246 265 Jan 1987 Special Issue The Basal Reader in American Reading Instruction American primers guide to the microfiche collection with a Introductory Essay Bethesda MD University Publications of America 1990 VEYSEY L R The emergence of the American university Chicago University of Chicago Press 1970 WARDE M J A industrializa o das editoras e dos livros did ticos nos Estados Unidos do s culo XIX ao come o do s culo XX Educa o amp Sociedade Campi nas v 32 n 114 p 121 135 jan mar 2011 Dispon vel em lt http www scielo br pdf es v32n114 a08v32n 1 14 pdf gt Acesso em 06 nov 2013 88 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA AP NDICE A Livros ESCOLARES EM INGLES DE SARAH LOUISE ARNOLD DESTINADOS A ESCOLAS NORTE AMERICANAS Arnold Sarah Louise Elementary English Grammar E Data Cidade Autor T tulo 14 ed Editora Oia Sup
220. as v 1 3 FRADE I C A S Livros para ensinar a ler e escrever uma pequena an lise da visualidade de livros produzidos no Brasil em Portugal e na Fran a entre os s cu los XIX e XX In BRAGAN A A ABREU M Org Impresso no Brasil dois s culos de livros brasileiros S o Paulo Ed UNESP 2010a p 171 190 Arthur Joviano um estudo sobre as rela es entre autor Estado edito ras usu rios e sobre o m todo de palavras em Minas Gerais no in cio do s culo XX In SCWARTZ C PERES E FRADE I Org Estudos de hist ria da alfabetiza o e da leitura na escola Vit ria EDUFES 2010b p 209 252 Configura es gr ficas de livros brasileiros e franceses para o ensino da leitura e seus poss veis efeitos no uso dos impressos S culos XIX e XX Revista Brasileira de Hist ria da Educa o Campinas v 12 n 2 29 p 171 208 maio ago 2012 FRADE I C A S MACIEL E I P Li es para o Ensino completo de leitura de Anna Cintra 1919 estudo da produ o de uma professora In CONGRES SO LUSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O rituais espa os e patrim nios escolares 9 2012 Lisboa Anais Lisboa Instituto de Educa o da Universidade de Lisboa 2012 v 1 p 5095 5107 FRADE I C A S PEREIRA A P P Hist ria da alfabetiza o O Circo do Carequinha no impresso e nas mem rias da autora Maria Serafina de Freitas In CONGRESSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O inven
221. as do Distrito Federal Al m da bibliografia ao final de cada parte ao longo das unida des s o citadas quase quatro centenas de nomes de autores de livros sobre assuntos correlatos ao tema de cada t pico dentre os quais est o Antonio d Avila Theobaldo Miranda Santos Louren o Filho An sio Teixeira A M Aguayo douard Clapar de Carneiro destaca que antes de estudar os m todos de ensino preciso estudar a crian a levando em considera o seis fatores relaciona dos aprendizagem da leitura e da escrita fatores higi nicos mat ria de leitura vocaliza o na leitura e forma o de h bitos lingu sticos intelig n cia do aluno diferen as individuais e aprecia o Para isso recomenda a aplica o dos testes ABC Sobre a prepara o para o ensino da leitura e da escrita o profes sor deve contemplar a prepara o inicia o gradua o aplica o e corre o de defeitos Para o ensino espec fico da boa escrita salienta a necessi dade de enfatizar a legibilidade a rapidez e a beleza Metodologia do ensino prim rio de Afro do Amaral Fontou ra 1912 19 foi publicado em 1955 pela Editora Aurora RJ Em 1957 foram publicadas a 22 e a 34 edi es em 1959 presumivelmente a 4a e 54 edi es e em 1961 a 6 e 72 edi es Em 1965 foram publicadas 2 Afro do Amaral Fontoura nasceu em 1912 Diplomou se bacharel pela Faculdade de Filosofia do Brasil e atuou como professor na Fac
222. as e suscitadas pelo codex Este ltimo convida a folhear os textos apoiando se em seus ndices ou mesmo a saltos e ca briolas a sauts et gambades como dizia Montaigne o codex e n o o computador que convidou a comparar diferentes passagens como queria a leitura tipol gica da B blia ou a extrair e copiar cita es e frases assim como exigia a t cnica humanista dos lugares comuns Contudo a similitu de morfol gica n o deve levar ao engano A descontinuidade e a fragmen ta o da leitura n o t m o mesmo sentido quando est o acompanhadas da percep o da totalidade textual contida no objeto escrito tal como prop e o codex e quando a superf cie luminosa da tela onde aparecem os fragmen tos textuais n o deixa ver imediatamente os limites e a coer ncia do corpus livro n mero de revista ou de peri dico de onde foram extra dos A descontextualiza o dos fragmentos e a continuidade textual que n o diferencia mais os diversos discursos a partir de sua materialida de pr pria parecem contradit rias com os procedimentos tradicionais do aprender lendo que sup e tanto a compreens o imediata gra as sua forma de publica o do tipo de conhecimento que se pode esperar de um discurso quanto a percep o das obras como obras ou seja em sua identi dade totalidade e coer ncia A revolu o digital n o est sem riscos como mostra a inquietante capacidade do mundo eletr nico em dar credibilida de
223. as tamb m para professores visando principalmente ao ensino e aprendizagem da leitura Em Boston foram criadas tamb m duas outras editoras que rapidamente se tornaram proeminentes firmas especializadas em livros e outros impressos escolares a Ginn Brothers criada em 1867 pelos irm os Edwin e Frederick Foi a primeira empresa editorial norte americana a lan ar obras cl ssicas para crian as com a s rie Classics for children comercializada a partir de 1883 a editora colocou em circula o t tulos tais como Robinson Crusoe Plutarch lives e outros que se tornaram usuais na escola elementar norte americana Com o sucesso obtido no ramo da literatura infanto juvenil a Ginn amp Co investiu na ideia precursora do livro de leitura suplementar aos manuais destinados ao aprendizado da leitura WARDE 2011 p 125 126 3 Aqui s o usadas como sin nimos as express es livro de destina o escolar e livro escolar algumas vezes livro de destina o pedag gica e livro did tico o uso mais frequente das duas primeiras express es se deve t o somente inten o de abarcar na mesma nomenclatura o livro destinado ao professor e o livro destinado ao aluno No caso de Sarah L Arnold os livros aqui mencionados como escolares foram efetivamente elab orados para uso na escola quer para alunos quer para professores sobre o assunto ver MONAGHAN 1987 MONAGHAN BARRY 1999 SAUL 1987 VENEZKY
224. as v rias modalidades Para Armando Petrucci 1989 p 1 apud CASTILLO G MEZ 2012 p 67 a hist ria da cultura escrita pretende p r em relevo e converter em objeto de estudo as rela es que se estabelecem em diversas situa es hist ricas entre os sistemas de escrita as formas gr ficas e os processos de produ o dos testemu nhos escritos por um lado e as estruturas socioecon micas das socie dades que elaboram utilizam e manipulam estes produtos por outro Desde o s culo XIX o ditado est presente na escola prim ria como exerc cio pedag gico com finalidade de medir a compet ncia or Essa escola tem sua origem na funda o em 1858 da Deutscher Hilfsverein Sociedade Beneficente Alema As socia o Beneficente e Educacional mantenedora da institui o criada em 1886 sob o nome de Knabenschule des Deutschen Hilfsvereins A partir de 1904 passa a receber tamb m meninas Em 1937 decorrente do processo de nacionaliza o das institui es de ensino passa a se denominar Gin sio Teuto Brasileiro Farroupilha em homenagem ao centen rio da Guerra dos Farrapos Sobre o assunto ver Telles 1974 Hofmeister Filho 1986 Almeida Bastos Jacques 2008 3O Memorial foi fundado em 2002 e conta com um acervo de fotografias uniformes livros peri dicos mobil i rio e demais objetos da cultura escolar Sobre ver Almeida Bastos Jacques 2008 PETRUCCI Armando Storia della scrittura e dell
225. at gia de encaminhar atestados de uso mencionada numa carta de colegas professoras anexada s p ginas iniciais do livro de Anna Cintra d conta da for a exercida pelas suas colegas de of cio na legitima o de sua obra Exma Sra D Anna Cintra de Carvalho D D Directora do Grupo lt lt Cesario Alvim gt gt Ufanas de t o proveitoso labor vimos obrigar vos a p r de parte os vossos escrupulos de educadora rogando vos acceiteis os attestados que junto vos remettemos e deis todas as providencias necessarias para que dentro de pouco tempo possamos obter os mesmos resultados sem grande trabalho devido falta de livros para a recapitula o das li es estudadas Estamos certas de que si apresentardes o vosso valioso methodo capeado dos respectivos attestados ao Conselho Superior de Instruc o elle apre ciando a organiza o methodica do processo a facilidade da execu o do mesmo e o bom resultado obtido n o hesitar em approval o carta acima menciona os escr pulos de Anna Cintra o que nos d ind cios de que n o est em quest o um interesse editorial e comercial na produ o do livro ou seja o livro est fora de certo ordenamento do 7 Dirijo me hoje a V Excia com o principal objectivo de obter para o estabelecimento de ensino que dirijo registrado nessa secretaria o material necessario a completa observancia do regulamento e programa de ensino em vigor 1 Livro de Anna
226. ative et r glementaire des manuels scolaires I de la R vo lution 1939 Histoire de l ducation Paris n 29 p 21 58 jan 1986b Le cadre l gislative et r glementaire des manuels scolaires II de 1940 nos jours Histoire de l ducation Paris n 34 p 3 36 mai 1987 La l gislation des manuels scolaires de la R volution nos jours Les Cahiers Aubois d Histoire de l ducation Troyes n 10 p 9 22 1988 Sp cial Le pouvoir el les livres scolaires les comissions d examen des livres l mentaires et classiques 1807 1875 1989 256 f Th se Doctorat en Histoire Universit de Paris I Panth on Sorbonne Paris 1989 Manuels scolaires histoire et actualit Paris Hachette 1992 De l histoire du choix et de Pusage des manuels scolaires In ASSOCIA TION SAVOIR LIVRE Formation au choix et l utilisation des manuels scolaires et des outils p dagogiques Paris Savoir Livre 1993 p 46 66 Choisir un manuel un enjeu p dagogique Paris Minist re de Education Nationale CNDP Association Savoir Livre 1996 Du bon usage des manuels une perspective historique Cahiers P da gogiques pour l Enseignement du Second Degr Paris n 369 p 9 11 d c 1998a Las politicas de libros escolares en el mundo perspectiva comparativa e historica In SILLER J P GARCIA V Coord Identidad en el imaginario na cional reescritura y ensenanza de la historia Puebla Mexico BUAB Bru
227. aulo v 30 n 3 p 475 491 set dez 2004 BITTENCOURT C M F Livro did tico e conhecimento hist rico uma hist ria do saber escolar 1993 384 f Tese Doutorado em Hist ria Social Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas Universidade de S o Paulo S o Paulo 1993 BOTO C Aprender a ler entre cartilhas civilidade civiliza o e civismo pelas lentes do livro did tico Educa o e Pesquisa USP S o Paulo v 30 n 3 p 493 511 2004 BRASIL Decreto Lei n 1 006 de 30 de Dezembro de 1938 Estabelece as condi es de produ o importa o e utiliza o do livro did tico Bras lia DF 1938 Dispon vel em lt http www2 camara leg br legin fed declei 1930 1939 decre to lei 1006 30 dezembro 1938 350741 publicacaooriginal 1 pe html gt Acesso em 15 nov 2013 Lei Org nica do Ensino Normal Decreto lei n 8 530 de 2 de janeiro de 1946 Bras lia DF 1946a Dispon vel em lt http www soleis adv br leiorganica ensinonormal htm gt Acesso em 15 out 2013 217 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Lei Org nica do Ensino Prim rio Decreto lei n 8 529 de 2 de janeiro de 1946 Bras lia DF 1946b Dispon vel em lt http www soleis adv br leiorga nicaensinoprimario htm gt Acesso em 15 out 2013 BUDIN J Metodologia da linguagem para uso das escolas normais e institutos de educa o S o Paulo Ed Nacional 1949 CARNEIRO O L Metod
228. avaliar a sua relev ncia vale mencionar que Snedden considerado pelos estudiosos norte americanos um dos mais expressivos educadores da chamada era progressiva que se manifestou nos Estados Unidos a partir de fins do s culo XIX visando a amplas reformas em diferentes campos da vida social Snedden assumiu uma posi o bastante marcante em favor de reformas destacadamente as educacionais que respondes sem s demandas da sociedade industrial Snedden cunhou o conceito de efici ncia social social efficiency com o qual conduziu suas an lises sobre a escola norte americana como ineficiente e antidemocr tica SNED DEN DUTTON 1908 SNEDDEN 1921 67 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs O Simmons College foi criado em 1899 em Boston como uma institui o feminina de ensino superior A funda o do College teria se dado gra as doa o de John Simmons rico fabricante de roupas de Boston e em preendedor imobili rio que assim procedendo teria repetido a iniciativa de muitos outros norte americanos ricos que financiaram ap s a Guerra Civil 1861 1865 um grande n mero de institui es de ensino superior VEY SEY 1970 John Simmons falecido em 1870 teria fixado em testamento a destina o de fundos para a cria o de uma institui o educacional a ser denominada Simmons Female College com o prop sito de ensinar Medicina M sica Desenho Telegrafia e outros
229. betiza o 2012 2014 Graduada em Pedagogia pela UFMT Campus de Rondon polis 1984 Mestre em Educa o pela Universidade Federal de Mi nas Gerais UFMG 1995 e Doutora em educa o pela UFMG com est gio no Institut National de Recherche P dagogique em Paris 2000 e p s doutora em educa o pela Universidade Federal do Paran 2008 ESTELA NATALINA MANTOVANI BERTOLETTI Professora da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul Unidade Universi t ria de Parana ba Atua no curso de Pedagogia e no Programa de P s Gradua o em Educa o Representante Regional Centro Oeste suplente da ABAIf As 335 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs socia o Brasileira de Alfabetiza o 2012 2014 Licenciada em Letras pela Uni versidade Federal do Mato Grosso do Sul Tr s Lagoas 1990 Mestre em Edu ca o pela Unesp Mar lia 1997 e Doutora em Educa o pela UNESP Mar lia 2006 Realizou est gio de P s Doutorado na Faculdade de Ci ncias e Letras da Unesp Araraquara 2011 e est gio de P s doutorado na Faculdade de Educa o da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ ISABEL CRISTINA ALVES DA SILVA FRADE Professora Associada da Faculdade de Educa o da Universidade Federal de Mi nas Gerais UFMG onde atua na gradua o e p s gradua o Pesquisadora do CEALE Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita da FaE UFMG Membro do Conselho Fiscal da A
230. blem tica do retardo escolar na passagem dos alunos de 12 para 22 s rie com a finalidade de determinar conte dos espec ficos que provocam o retardo escolar dos alunos A investiga o foi elaborada a partir das seguintes hip teses 1 Defici ncia visual auditiva e motora do aluno 2 Despreparo do professor para a alfabetiza o 3 Car n cia de material did tico adequado aos m todos e t cnicas de alfabetiza o 40 Inadequa o dos Programas de alfabetiza o BRASIL 1980 p 98 Ap s a realiza o da pesquisa com testagem das hip teses v rias a es foram desencadeadas entre elas a produ o do material Novas metodologias alfabetiza o atrav s da arte mimeografado com capa Trabalhando com metas 01 Eleva o dos ndices de promo o atrav s da implementa o de projetos que propiciem a melhoria do rendimento escolar na 12 s rie e ou a redu o dos ndices de evas o 12 s rie para a 22 s rie e 01 02 Desenvolvimento dos projetos de experimenta o de metodologias e ou tecnologias de ensino para 12 s rie BRASIL 1980 p 98 o estado do Piau em 1976 prop s se realizar outra pesquisa agora experimental com o objetivo de testar a qualidade do material produzi do comparativamente ao m todo de Sete Semanas criado e em uso no Piau A proposta abrangeu 30 classes de 15 escolas e 1 200 alunos A concep o de alfabetiza o do grupo de
231. cados em livro que se encontra no prelo da editora Porto de Ideias 18 O Projeto Tem tico financiado pela FAPESP Funda o de Amparo Pesquisa do Estado de S o Paulo 2003 2007 compreendeu a organiza o da Biblioteca do Livro Did tico BLD do banco de dados LIVRES dispon vel em lt http www2 fe usp br 8080 livres gt Acesso em 18 out 2013 e das pesquisas individuais e coletivas da equipe A produ o did tica da Livraria Francisco Alves em S o Paulo tamb m foi tema de artigo da revista eletr nica L ngua Escrita RAZZINI 2007a do Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita da UFMG Dispon vel em lt http spress com br nomade midia docs 39 phpaU84Ft pdf gt Acesso em 18 out 2013 295 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Educa o Hist ria Pol tica Sociedade EHPS da Pontif cia Universida de Cat lica de S o Paulo Este texto apresenta parte da pesquisa que relaciona o conside r vel aumento da produ o e circula o dos livros de leitura da Livraria Francisco Alves da Tipografia Siqueira e da Editora Melhoramentos com a expans o da escola p blica prim ria em S o Paulo entre o final do s culo XIX e in cio do XX O trabalho se baseou no levantamento dos livros di d ticos e da produ o geral das tr s editoras sendo usadas v rias fontes de hist ria da educa o al m dos pr prios livros escolares A IMPORT NCIA DOS LIVROS DE LEITURA NO MERCA
232. cas sobre o estado da arte Educa o e Pesquisa S o Paulo v 30 n 3 p 546 566 set dez 2004 Contexte scientifique de la recherche sur l dition scolaire au plan local national et mondial Sao Paulo FEUSP 2007 Mimeografado Confer ncia de Abertura do Simp sio Internacional Livro Did tico e Hist ria Le manuel scolaire une fausse evidence historique Histoire de l ducation Paris n 117 p 7 56 2008 O manual escolar uma falsa evid ncia hist rica Hist ria da Educa o Pelotas v 13 n 27 p 9 75 jan abr 2009 CHOPPIN A AUBIN P Le fonti storiche in rete i manuali scolastici In BANDINI G Bianchini P Fare storia in rete fonti e modeli di scrittura digitale per la storia dell educazione la storia moderna e la storia contemporanea Roma Carocci 2007 p 53 76 60 NO RASTRO DO AUTOR TRAJETORIA DE SARAH LOUISE ARNOLD AUTORA DE LIVROS DE DESTINA O ESCOLAR Mirian Jorge Warde INTRODU O O livros de leitura e as cartilhas adotadas nos Estados Unidos s o de interesse para os estudos da hist ria da educa o brasileira espe cialmente no per odo entre fins do s culo XIX e come os do s culo XX quando modernizadoras e inovadoras reformas da instru o p blica im plementadas em Estados da federa o brasileira incorporaram padr es de ensino direta ou indiretamente colhidos naquele pa s Um dos materiais did ticos norte americanos frequentemente citados pela
233. ceedings and Addresses da National Educatio nal Association de 1908 Pelas exposi es apresentadas no congresso da entidade realizado naquele mesmo ano em Cleveland Ohio Arnold e Addams teriam compartilhado a mesma sess o a mesma tem tica mas n o id nticas posi es Na mesma sess o al m de outras mulheres e homens foram palestrantes Sarah L Arnold Decana do Simmons College de Boston Massachusetts participou com a palestra The Reconcilement of Cross Purposes in the Education of Women e Jane Addams da Hull House de Chicago Illinois com a palestra The Public School and the Immigrant Child Os t tulos das duas palestras s o expressivos quanto s posi es das respectivas autoras o tema de Arnold a reconcilia o dos diferentes fins da educa o das mulheres o de Addams a escola p blica em face da crian a imigrante Em sua fala Arnold minimiza o tempo do trabalho na 3 O Lewiston Saturday Journal de 18 de julho de 1908 na coluna Females Figure in Days News em meio a v rios informes de atividades femininas sociais e tamb m profissionais noticia a confer ncia da National Educational Association realizada em Cleveland Ohio em cujo programa constava Sarah L Arnold na mesma sess o em que estava Jane Addams da Hull House e outras conhecidas mulheres Ao longo da mat ria o jornal n o faz qualquer associa o entre as duas H uma vasta bibliografia sobre esse social settle
234. cima sistematizados configuram o contexto legisla tivo e regulador CHOPPIN 2004 p 561 que condicionou a exist ncia a estrutura e a produ o dos materiais analisados nesta pesquisa PROFUS O DE FONTES Todas as 22 unidades federadas brasileiras de ent o aderiram a essa pol tica nacional integrada de educa o Embora tivessem diretrizes gerais emanadas das Sistem ticas Operacionais 75 76 e 76 os estados re interpretaram objetivos e prioridades e fundaram seus pr prios caminhos Dois pontos cruciais s o apontados como problemas da produtividade do ensino reprova es na 12 s rie e regulariza o do fluxo escolar A solu o desses problemas requeria v rias medidas dentre elas a proposi o e utili za o de novas metodologias Portanto em um contexto de desafios para a qualidade da edu ca o oferecida de grande abertura para proposi o de novas formas para se ensinar e de financiamento p blico uma gama consider vel de material foi produzida pa s afora Na busca dessas fontes deparei com relatos de pesquisa experi mental sobre uso e proposi o de m todos de alfabetiza o produ o de cartilhas propostas de curr culos e ainda a produ o de subs dios cur riculares sugest es de atividades apostilas boletins informativos enfim materiais diversos constituindo uma profus o de fontes Como momento privilegiado dessa busca destaco o encontro de um documento emblem tico Estudo Avalia
235. ciones femeninas recojidas en los cuadernos escola res 1928 1942 de 2004 e Los cuadernos de clase como representacio nes simb licas de la cultura escrita escolar de 2003 publicado em 2008 e 171 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs 2009 no Brasil e na Espanha s o reveladores de um investimento maior no sentido de capturar como os conhecimentos eram transmitidos cotidia namente na sala de aula e como os alunos os interiorizavam 4 NA IT LIA Juri Meda Davide Montino e Robero Sanni organizaram um livro italiano que resulta das discuss es travadas no Convegno internazionale di studi quaderni di scuola una fonte complessa per la storia delle culture sco lastiche e dei costumi educativi tra Ottocento e Novecento realizado em se tembro de 2007 na Universidade de Macerata que reuniu pesquisadores de v rias partes do mundo It lia Su a Fran a Espanha Portugal B lgica Alemanha Inglaterra Su cia S rvia Eslov nia R ssia China Brasil Bol via Argentina e Canad O evento obteve apoio de diversas institui es o No primeiro numa perspectiva de g nero partem da compreens o de que esses documentos possibilitam anal isar nas escritas obrigat rias e livres os modelos femininos que eram transmitidos nas salas de aula a partir de alguns n cleos tem ticos fam lia m e escola e perspectivas de futuro para a mulher e a vida cotidiana infantil
236. co nos anos de 1910 Monaghan como outros autores chama a aten o para fato curioso ao longo do s culo XIX as mulheres foram se afirmando como autoras dos primers a ponto de chegarem ao s culo XX respondendo por quase todos os livros dessa modalidade Por outro lado o per odo 1890 1930 foi o nico no qual as mu lheres prevaleceram como autores dos readers e especialmente como au tores principais uma vez que j eram coautoras e continuariam a s lo por m secund rias Naquele per odo de preval ncia feminina Monaghan 1994 p 31 destaca que a s rie de Arnold com Charles Gilbert Stepping Stones to Litera ture 1897 se tornou muito popular e o seu Reading How to Teach It 1899 era um texto solicitado em muitos cursos de forma o de pro fessores Com um autor j nior como o Professor de Harvard George Lyman Kittredge ela tamb m escreveu a s rie Mother Tongue 1900 Depois de um ano foi publicado o primer com o seu pr prio nome o Arnold Primer 1901 Monaghan 1994 cita em nota outros livros de Arnold contudo aqui nos interessa o destaque conferido a Arnold em meio a outras tantas que diferentemente dela n o sobreviveram concorr ncia no campo dos livros elementares ou sequer foram posteriormente chamadas a escrever ou a colaborar com livros destinados s s ries escolares mais avan adas Sarah L Arnold somente n o foi a mais longeva Acrescente se ainda em rela o a Arnold o fa
237. como os editores lidam com as a es oficiais como os auto res s o inclu dos ou n o nessas estrat gias entre v rias quest es que defi nem o circuito de comunica o de um livro DARNTON 1995 Nesse sentido o caso do pr livro O Barquinho Amarelo na d cada de 1970 bem exemplar REFER NCIAS BATISTA A A G GALV O A M O Livros escolares de leitura no Brasil ele mentos para uma hist ria Campinas Mercado das Letras 2009 BELO A Hist ria livro e leitura Belo Horizonte Aut ntica 2002 CHAMON C S Escolas em reforma saberes em tr nsito a trajet ria de Maria Guilhermina Loureiro de Andrade Belo Horizonte Aut ntica 2008 CHARTIER R 4 ordem dos livros leitores autores e bibliotecas na Europa entre os s culos XIV e XVIII Tradu o Mary del Priore Bras lia DF Universidade de Bras lia 1994 Pr ticas de leitura Tradu o Cristiane Nascimento S o Paulo Esta o Liberdade 1996 Os desafios da escrita Tradu o F lvia M L Moretto S o Paulo Ed UNESP 2002 CHOPPIN A O historiador e o livro escolar Revista Hist ria da Educa o Pe lotas v 6 n 11 p 5 24 2002 DARNTON R O beijo de Lamourette m dia cultura e revolu o Tradu o Denise Bottman S o Paulo Companhia das Letras 1995 286 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA FARIA FILHO L Hist ria da Educa o Belo Horizonte Secretaria Estadual de Educa o 2003 Cole o Vered
238. condi es que a fabrica o de um livro engloba crit rios de aceita o de circula o de ado o as rela es entre mercado editora lei tores a escolariza o etc Por que n o foi publicado Que rela es de poder poderiam ter sido constru das pelo autor e sua obra na rede cultural do tempo e lugar de sua elabora o 4 De acordo com Darnton 2010 a an lise bibliogr fica feita por Donald MacKenzie de todos os livros produzidos pela Cambridge University Press no decorrer de 1696 1712 em suas rela es com as evid ncias f sicas nos manuscritos da editora aponta para os aspectos da produ o e da difus o da palavra impressa in cluindo suas conex es com mudan as sociais e pol ticas e com a descri o rigorosa de todos os textos a bibliografia transcende aos livros p 162 135 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Al m disso talvez cada livro manuscrito possa colaborar na his t ria do ensino da leitura e da escrita como documento testemunho de um gesto escrever m o em uma folha espa o em branco de papel usan do determinado instrumento l pis lapiseira caneta tinteiro esferogr fica pena etc com um tra ado de f rma cursivo que revela entre outras particularidades do sujeito que escreve Segundo Petrucci 1999 p 118 tradu o livre falar de pr ticas da escritura significa sobretudo falar n o da uni formid
239. considera es sobre o livro did tico No ensino das mat rias que fazem o objecto das cadeiras de Geometria Elementar Analyse Mathematica e Geometria Descriptiva o Conse lho de Instruc o far adoptar os Compendios que julgar mais con venientes cujo texto seja fielmente seguido pelos respectivos lentes com os additamentos ou altera es que o mesmo Conselho approvar No ensino das outras mat rias ser livre aos Lentes usar de prelec es suas ou dos Compendios que quizerem adoptar com a approva o do Conselho de Instruc o Art 14 Em suma nesses ordenamentos jur dicos determina se que o li vro did tico escolhido deve ser impresso pelo governo apresentando se in dica es sobre o uso desses materiais Al m desses h v rios outros disposi tivos legais que cont m formula es similares Existem igualmente outros que nomeiam explicitamente os livros a serem adotados o Decreto n 494 de 15 6 1848 por exemplo a pprova o Compendio de Economia Poli tica do Doutor Pedro Autran da Mata e Albuquerque para servir no curso Jur dico de Olinda e a Decis o n 149 de 12 6 1852 a pprova para o uso das Escolas prim rias dos Menores do Arsenal de Guerra e dos Cor pos em que as houver o compendio d Arithmetica do Lente da Academia de Marinha Jos Joaquim d Avila O ensino secund rio mereceria um cap tulo parte O Decreto de 2 12 1837 cJonverte o Semin rio S o Joaquim em collegio de ins
240. contraste entre por um lado a imposi o das normas escolares que tendem a definir um modelo nico codificado e controlado de leitura e por outro lado a extrema diversidade das pr ticas de v rias comunidades de leitores tanto as que estiveram an teriormente familiarizadas com a cultura impressa quanto as formadas por rec m chegados ao mundo da escrita crian as mulheres trabalhadores O acesso de quase todos capacidade de ler tal como estabelecido no final do s culo XIX em v rias partes da Europa instaurou uma forte fragmenta o das pr ticas de leitura Essa fragmenta o levou a refor ar dois elementos encontrados nos primeiros s culos da modernidade De uma parte multiplicaram se pro dutos impressos dirigidos aos leitores populares cole es baratas publica es por entregas folhetins revistas ilustradas etc Desse ponto de vista a produ o e a circula o da cultura impressa mostram as mesmas mudan as fundamentais em todas as partes da Europa a entrada em uma economia de mercado que produz um novo p blico leitor a partir da oferta de novos produtos editoriais e a multiplica o das bibliotecas escolares e p blicas vinculadas ou n o ao fen meno associativo dos gabinetes de leitura Na Espanha novecentista por exemplo a manuten o de altos n veis de analfabetismo tal como se apresentam nas estat sticas baseadas nos percentuais de assinaturas n o deve fazer esquecer a crescente presen a d
241. copiavam e memorizavam Mobilizavam para apropriar a literatura s bia e leg tima as pr ticas de leitura que haviam duradouramente caracterizado sua rela o com os folhetos de cordel Multiplicaram se tamb m livros instrutivos dirigidos a esses mes mos leitores Pura Fern ndez descreve deste modo as caracter sticas for mais dos livros teis capas e papel resistente formato manejavel tend ncia ao agrupamento de t tulos em cole es e bibliotecas de aspecto 21 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs s brio mas cuidado o est mulo das ilustra es que orientam a leitura FERN NDEZ 2003 p 674 Em toda a Europa essas bibliotecas sem muros propuseram aos leitores volumes de divulga o cient fica ou hist rica Na Fran a a Biblioth que Charpentier inaugurou em 1828 esse tipo de cole o com seu pequeno formato in 8 Jesus seu pre o baixo 3 50 francos por livro e suas v rias s ries dedicadas publica o de autores cl s sicos e contempor neos A Biblioteca francesa dividida entre Literatura antiga ou seja medieval Mem rias e Correspond ncias Cl ssicos do XVI XVII e XVIII Escritores contempor neos as Bibliotecas ingle sa alem italiana espanhola as Bibliotecas gregas e latinas na tradu o a Biblioteca filos fica dividida em filosofia m dica Filosofia e Ci ncia Fil
242. d Paul Aubin organizou o Projeto Diaspora por interm dio do qual foram inseridas em rede as publica es escolares das Comunidades dos Irm os das Escolas Crist s Na Espanha foi criado no in cio da d cada de 1990 sob a ini ciativa da Universidad Nacional de Educaci n a Distancia UNED o Projeto MANES desenvolvido por Alejandro Tiana Ferrer e Manuel de Puelles para as obras espanholas e por Gabriela Ossenbach para as obras dos pa ses da Am rica Latina O MANES mais recentemente desdobrou se em um projeto internacional mais amplo o Patres MANES que inclui 55 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs obras escolares de Portugal e da B lgica por acordo iniciado em 2006 com o financiamento da Comunidade Europeia Na It lia sob a iniciativa de Giorgio Chiosso e Paolo Bianchini ambos do Dipartimento di Scienze dell Educazione dell Universit di To rino foi elaborado igualmente conv nio com o Emanuelle criando se o projeto EDISCO cujas caracter sticas t m sido incluir para al m dos livros did ticos outros materiais pedag gicos dedicando se particular mente hist ria dos editores e de obras de forma o docente al m das escolares tamb m apresentado nesse artigo o Projeto brasileiro Livres cria do em 1994 pelo acordo de coopera o entre a Faculdade de Educa o da Universidade de S o Paulo USP e o INRP cujo objetivo inicial era o recen seamento
243. d deveria ser retratado frente de uma tropa de crian as que cr dula e confiante anda com seus professores de m os dadas ARNOLD 1898 p 315 Em termos oficiais constava que o supervisor teria de visitar as escolas t o frequentemente quanto poss vel que teria de dirigir a instru o e que teria de relatar ao superintendente ou comit sua avalia o dos professores ARNOLD 1898 p 316 Para que finalidade pergunta Arnold N o como um espi o para descobrir falhas Que fosse uma tarefa penosa pressagiando recep o n o calorosa e mal paga Seu tempo pode ser mais bem aproveitado ARNOLD 1898 p 316 Em lugar do supervisor que visita o pr dio sem aviso pr vio pegando os pro fessores de surpresa amedrontando os Arnold sugere confian a m tua familiariza o dos professores com o supervisor fim da atmosfera de medo Prop e reuni es frequentes em diferentes n veis para que os professores aprendam a colaborar entre si e a confiar na condu o do supervisor N o somente o fervor religioso conduzia a prega o da ent o su pervisora das escolas p blicas em Boston Arnold encerra a mat ria de 1898 conclamando a comunidade leitora a partilhar tamb m o seu fervor patri tico A exposi o das posi es de Arnold sobre a fun o do supervisor permite pens la como uma mulher que estava galgando um importante posto na instru o p blica de um
244. da CBL sobre esse assunto a partir de estudos feitos pelo Instituto Nacional do Livro INL e pelas Comiss es encarre gadas do anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional o Minist rio da Educa o e Sa de garantiu a manuten o do Pequeno Vo Nessa e em todas as cita es de documentos mantive a ortografia de poca 7 Sobre as controv rsias do Decreto lei n 1006 ver entre outros Franco 1980 Ferreira 2008 e Filgueiras 2008 249 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs cabul rio da Academia Brasileira de 1943 at que novo vocabul rio seja publicado por esse rg o e marcado prazo por ste Minist rio e sua ado o E garantiu tamb m que a renova o de seria o e portan to de programas s vir a ser feita progressivamente ou ano a ano de modo que ainda por esse lado nenhum preju zo haver na produ o e com rcio do livro did tico BRASIL 1947 n o paginado No interior da CNLD a avalia o dos livros did ticos seguia um roteiro com orienta es para an lise dos elementos considerados na ficha de julgamento visando atribui o de notas Segundo Filgueiras 2008 p 5 6 a ficha era composta pelos seguintes itens Formato Dimens es altura largura e grossura Material Capa resist ncia gosto Papel cor qualidade Tinta cor qualidade Fei o gr fica Composi o Tipo e corpo
245. das palavras e frases na p gina era um importante aspecto a ser observado na produ o desses livros ou seja a configura o da p gina revela as caracter sticas do m todo porque na mise em page que a inten o pedag gica se revela de forma especial Se considerarmos a p gina como imagem podemos analisar os recursos visuais referidos a uma posi o pedag gica FRADE LANA 2004 p 4 Exemplos de um Pre primer americano Figura 3 e uma cartilha ga cha Figura 4 s o mostrados a seguir com o intuito de ilustrar a asso cia o do projeto gr fico e do m todo da word perception Veja 110 HisT RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Come Dick Come and see Come come Oh look Come and see Look and see Come and see Spot Oh see Figura 3 P ginas 16 e 17 de We Look and See de William S Gray Doro thy Baruch Elizabeth Rider Montgomery 1946 Fonte The Curriculum Collection UIUC Foge Juca Foge Zaz Juca pega o Pil to O Juca foge Pil to pega o Veludo A Zaza foge O Veludo fugiu Eid E Figura 4 Paginas 10 e 11 de Juca e Zaza de Eloah Ribeiro Kunz s d Fonte Acervo HISALES FaE UFPel E perceptivel que os livros americanos apresentam maior inves timento na impress o com mais quantidade de cores que os ga chos os quais restringem a variedade de cores aplicadas nas ilustra es Apesar de os dois terem ilustra es de est
246. de l gica do adulto n o h por que organiz lo a partir desse ponto de vista Da a proposta de levar a crian a a fazer e descobrir atrav s de condi es e situa es criadas pela escola para que ela possa agir E pelas suas experi ncias aprender RIO DE JANEIRO 1977 p 3 nfase na express o criadora trabalhos com barro express o corporal hist rias pesquisas etc correspondeu uma proposta de traba lho significativo com a l ngua e com as intera es voltadas para o meio rural o ambiente da crian a Aqui tamb m s o propostas atividades para al m do g nero epistolar a maior marca do trabalho com outros g neros textuais e sobretudo integrando as diferentes reas do conhecimento Acredito que para al m das marcas de seu tempo encontramos nesses materiais em alguma medida ind cios do processo de letramento cujo termo fen meno s viria a se popularizar nas discuss es brasileiras sobre alfabetiza o mais de 30 anos depois 243 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Para terminar registro que nos limites deste artigo trouxe muito pouco do que as fontes me proporcionaram O projeto Desenvolvimen to de novas metodologias aplic veis ao processo ensino aprendizagem no 1 Grau 1975 1979 desenvolvido no interior de uma pol tica p blica federal de alfabetiza o ocorrida imediatamente antes do per odo da n o cartilha e do construtiv
247. de acordo com as novas orienta es pedag gicas e cient ficas 2 Livros de cabeceira a nomea o que habita nosso imagin rio cultural a respeito daquela obra sempre pr xi ma da vista e das m os do leitor aquela que instaurou com seu propriet rio uma rela o de apego e de interesse Posta em algum lugar acess vel para ser lida reincidentemente a qualquer momento manuseada e consultada como um guia que pauta condutas que inspira o leitor que o toca pelas ideias estilo do autor pelo enredo etc S o livros prediletos aos quais voltamos por mais de uma vez em nossa vida de leitores por diferentes motivos e dos quais n o conseguimos nos desprender 123 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Para Choppin 1997 p 70 os manuais escolares n o s o como os demais livros porque dependem igualmente de forma mais ou menos expl cita das a es e decis es ligadas s pol ticas p blicas Na maioria dos pa ses do mundo a regulamenta o que se aplica aos livros da escola diverge sensivelmente em rela o quela que se usa para outras publica es A re gulamenta o mais estrita no que concerne tanto forma dessa produ o elabora o concep o fabrica o autoriza o quanto ao seu uso modos de difus o e financiamento procedimentos de sele o e utiliza o Al m disso no caso do livro did tico diferentemente de outros objetos culturais a efici
248. de aprendiz O leitor se v desse modo como algu m melhor porque avan ou cresceu ampliou seus conhecimentos Nesse sentido esse objeto pode ser facilmente desprezado pelos leitores alunos que superaram uma fase escolar ou pelos pr prios edu cadores tendo como destino ser jogado no lixo ficar esquecido em uma estante escolar ou privada ou ir para os reciclados entre outras possibi lidades Como sabemos muitos dos livros recomendados pelo Minist rio da Educa o que s o enviados s escolas ficam encaixotados sendo de pois descartados por diferentes justificativas como por exemplo o atraso na chegada dos exemplares s escolas ou porque os professores que os selecionaram n o pertencem mais ao quadro de docentes daquela unida 125 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs de ou ainda pelo fato de os professores terem dificuldade de abandonar as pr ticas e os materiais did ticos aos quais j est o habituados em seu trabalho cotidiano Quando n o s o mais teis muitas vezes os livros did ticos s o do ados ou depositados nas bibliotecas avaliados como marginais como ma terial menos valorizado recebendo por essa raz o pouco cuidado com sua conserva o Ocupam as prateleiras menos utilizadas e acess veis quando n o s o guardados em caixas em um dep sito sala Conforme Bittencourt 2008 p 18 o livro did tico cria um paradoxo possui uma grande
249. de de formular pol ticas p blicas de preserva o desses documentos ef meros produzidos no mbito familiar e escolar uma condi o indispens vel para retirar a inf ncia e as escritas infantis cada vez mais das zonas de sombra O recente interesse dos historiadores da educa o esbarra invaria velmente na perda de grande parte desses registros situa o resultante de certo desprezo das institui es encarregadas de sua preserva o e guarda Permanecem em sua maioria escondidos em arquivos familiares e pessoais gra as dimens o afetiva que carregam Tal interesse evidenciado atrav s de publica es que resultam de congressos e exposi es de certo modo se con 2 Tratando da perda desses documentos produzidos por crian as Arias Carrascosa e Garnacho G mez 2009 afirmam que os cadernos escolares est o entre os documentos ef meros isto entre aqueles objetos criados para n o serem conservados o que explica que a grande maioria se tenha perdido e suas possibilidades de estudo sejam minimizadas na medida em que poucos s o guardados em fun o do desconhecimento dos autores que ignoravam a import ncia hist rica que esses objetos teriam como tamb m pelo desprezo dos pr prios pesqui sadores e das institui es encarregadas de conservar a mem ria das pessoas comuns 3 Dentre os eventos e publica es sobre a escrita infantil ressalto VIII Congresso Internacional de Historia de la Cultura Escrit
250. de do s culo XX a provisoriedade desse produto que lan am no mercado Para entrar e permanecer no mercado editorial e no meio educa cional o livro did tico deve trazer insistentemente estrat gias de conven cimento de seus leitores no sentido de faz los enxergar a obra como um produto novo atual distinto de tantos outros A novidade e a distin o em rela o aos demais livros se sustentam no convencimento de seus leitores quanto maiores forem a efici ncia a atualiza o e a adequa o em rela o s mais novas e atualizadas normatiza es e teorias vindas do campo da educa o e da ci ncia legitimadas pelos crit rios dados pelas pol ticas edu cacionais p blicas em vigor Diferentemente de alguns outros livros como os de literatura os religiosos os de culin ria por exemplo os did ticos n o s o livros que tra zem conte dos atemporais portanto n o pressup em leituras feitas por um mesmo leitor ao longo de sua vida Com certeza n o s o livros de cabeceira H um investimento contradit rio das editoras entre tradi o e inven o dos produtos que vendem no mer cado Apostam naqueles livros did ticos que j foram aceitos pelo p blico consumidor com muitas edi es e em grandes tiragens como por exemplo cartilhas que mesmo n o sendo recomendadas pelas inst ncias p blicas s o as preferidas pelos professores em sala de aula E apostam em livros que se renovam
251. de erudi o DARNTON 1999 2009 Na Fran a uma prud ncia editorial semelhante que limita as ti ragens responde sobretudo redu o de compras pelos forts lecteurs que n o eram somente professores ou estudantes Para o setor de ci ncias hu manas e sociais os dados estat sticos compilados na Fran a pelo Syndicat Nacional de dition mostram que a partir da d cada de noventa do s culo XX uma diminui o do n mero global de livros vendidos foi acompanha da por um aumento do n mero de t tulos publicados destinado a ampliar a oferta e assim mitigar com alguns poss veis sucessos as dificuldades eco 23 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs n micas das empresas As consequ ncias sobre as politicas editoriais foram a contra o das tiragens m dias uma grande prud ncia diante das obras consideradas muito especializadas e das tradu es e a prefer ncia por pu blicar manuais dicion rios enciclop dias ou biografias No caso da diminui o da leitura por parte dos adolescentes devemos entender um duplo paradoxo Em primeiro lugar a genera liza o do acesso ao ensino secund rio e o prolongamento do tempo de escolariza o foram traduzidos por um retrocesso no crescimento da leitura de livros SIMON 2012 Penso que se poderia dizer o mesmo da defasagem entre a massifica o do acesso aos estudos universit rios e uma menor import ncia outorgada leitura e ainda menos
252. de exerc cios Think and Do Book al m de outros materiais como The Test Basic Reading Teste B sico de Leitura Our Big Book Nosso Grande Livro um conjunto de dezesseis grandes cartazes com a reprodu o da capa da p gina de t tulo e das quatro pri meiras hist rias The Unit Card Set Conjunto de Cart es um conjunto de cart es suficientes para construir as frases sugeridas nos procedimentos de ensino The Big Book and Card Holder O Grande Livro e o Suporte de Cart o ou seja um cavalete de exibi o port til com bordas ajust veis o livro The New Guess Who um Primer Junior concebido para crian as ima turas e de aprendizagem lenta ROBINSON MONROE ARTLEY 1962 p 7 Tratava se como j foi frisado de um conjunto de materiais livros cart es cartazes apenas para a fase inicial do ensino da leitura e da escrita Esse material precedia os Pictures Books ou Readiness Book e antece 103 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs dia os Primers tamb m sempre sendo dois ou tr s Esse material era usado tanto no Kindergarden como no 1 ano da escola elementar Para o que aqui interessa compreender alguns procedimentos do m todo da word recognition extra alguns dados do Guidebook do pri meiro Pre primer Sally Dick and Jane no qual h as seguintes explica es Sally Dick e Jane o primeiro Pre primer gira em torno da divers o das tr s crian a
253. de livros escolares no estado de S o Paulo de 1889 a 1940 a partir do exame da produ o did tica de tr s editoras a Livraria Francisco Alves do Rio de Janeiro instalada em S o Paulo no fim do s culo XIX e que em 2014 completa 160 anos a Tipografia Siqueira de S o Paulo que teve papel relevante no mercado editorial brasileiro entre 1894 e 1962 e depois foi fechada e a Editora Melhoramentos tamb m de S o Paulo que deu in cio publica o de obras did ticas em 1907 e continua ativa at os dias de hoje O trabalho relacionou a expans o editorial e o circuito do livro did tico com a expans o da escola p blica elementar paulista recorrendo a in meras fontes e documentos da hist ria da educa o dando destaque sobretudo para a contextualiza o de aprova es e ado es oficiais visando a contribuir com a hist ria do livro did tico brasileiro e com pesquisas que t m o livro e a leitura escolar como fonte e ou como objeto de an lise Inseridas no Projeto Tem tico Educa o e mem ria organiza o de acervos de livros didaticos em 2005 foi conclu da a pesquisa relativa Livraria Francisco Alves RAZZINI 2005 na Faculdade de Educa o da Universidade de S o Paulo e em 2007 com apoio da FAPESP foi fi nalizada a parte referente Tipografia Siqueira e Editora Melhoramentos RAZZINI 2007b junto ao Programa de Estudos P s Graduados em 17 Os resultados da pesquisa ser o publi
254. de sua produ o de suas estrat gias financeiras ou comerciais de suas filiais ou sucursais de suas rela es com os poderes pol ticos e religiosos com o meio cient fico e profis sional etc se constitui certamente como percurso obrigat rio Mas a hist ria das edi es escolares n o pode ser reduzida a uma adi o de abordagens monogr ficas esse setor est submetido a uma s rie de determina es espec ficas tribut rio de um contexto pol tico de mogr fico regulador cient fico financeiro econ mico tecnol gico pedag gico etc que condiciona sua exist ncia sua estrutura seu de senvolvimento e a pr pria natureza de suas produ es Somente uma abordagem globalizante pode apreender suas evolu es Esta a raz o pela qual as tentativas de s ntese s o ainda muito raras parciais e ainda provis rias Mas se o movimento iniciado por certos editores de co locar seus arquivos disposi o dos pesquisadores se confirmar e se a constitui o de instrumentos fundamentais de pesquisas prosseguir no ritmo atual permitindo efetuar an lises quantitativas e de compara o a hist ria da edi o escolar se mostra como um dos campos mais pro missores para os pr ximos anos CHOPPIN 2004 p 564 LIVROS DID TICOS EM REDE A pesquisa de Alain Choppin importante frisar estiveram sem pre articuladas constitui o de um banco de dados no INRP ao qual ele denominou astuciosamente de EMMANUELLE cuj
255. den assu miu a muita destacada fun o de responder pela educa o escolar p blica do Estado de Massachusetts que se projetou mundialmente a partir da primeira metade do s culo XIX com as interven es de Horace Mann mas tamb m porque Snedden ganhava poca prest gio profissional e intelectual por suas atividades acad micas em Stanford 1901 1905 e no Teachers College da Columbia University 1905 1909 suas publica es e suas posi es nos debates em torno das reformas escolares o colocaram na primeira cena norte americana As rela es de Sarah L Arnold e David Snedden n o se restrin giram escola p blica e n o ficaram adstritas a Massachusetts Na d cada de 1910 poss vel encontr los de novo reunidos em torno de quest es relativas Economia Dom stica No exerc cio da fun o supervisora e certamente pela proje o positiva que nela teria obtido Arnold foi chamada a ocupar o posto de decana do Simmons College na cidade de Boston fun o que exerceu de 1902 a 1919 em concomit ncia dire o do Household Economics Program Programa de Economia Dom stica desse College e a outras fun es de representa o 4 O principal comiss rio estadual da educa o em Massachusetts cargo equivalente ao de superintendente de ensino como era e chamado em alguns Estados norte americanos o respons vel principal pelo sistema de ensino estadual 12 Para que se possa
256. desenvolvimento tecnol gico necess rio n o podia ser atri bu da a autores e editores mas ao pr prio Minist rio da Educa o que na legisla o sobre o livro did tico imputava aos livros a obrigatoriedade de seguir normas oficialmente definidas Essa an lise negativa foi feita pelo autor especialmente em re la o ao ensino secund rio no qual a seu ver planos e programas n o atendiam ao progresso tecnol gico Quanto ao ensino prim rio Louren o Filho 1961 p 2 aludiu necessidade de vasta investiga o fundada em crit rios de avalia o objetiva embora tenha mencionado o estudo realizado em 1956 pela Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO publicado em franc s ingl s e espanhol e em portugu s em seu livro Educa o Comparada publicado em 1961 No ensino superior como n o havia exig ncia legal de registro e autoriza o de uso de livros did ticos Louren o Filho qualificou a situa o de mais positiva pois havia a cria o de um mercado complementar e de profissionais em servi o Desse modo salientou Louren o Filho a quaisquer defici ncias quantitativas e qualitativas existentes na pro du o dos livros did ticos para o ensino prim rio e m dio e elas s o ineg veis quanto ao desenvolvimento tecnol gico s poder o ser atri bu das defici ncia de orienta o dos planos de ensino e programas oficiais a que tais livro
257. difica es por sugest es da professora que estava aplicando e com observa o da pr pria rea o da crian a etc n o que ent o ele realmente se transforma no livro poste riormente foi ent o publicado pela editora Agir e junto ao pr livro isso foi na d cada de 1960 o manual para o professor O pr livro tamb m era acompanhado de um caderno de atividades Magdala Lisboa Bacha depoimento 279 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Tiro DE PRODU O E ALGUMAS QUEST ES EDITORIAIS No perfil da produ o did tica constata se uma diferencia o pois alguns autores publicaram apenas obras de alfabetiza o n o inves tindo em novas demandas e nem se rendendo a apelos editoriais para a continuidade da produ o como Anna Cintra Anita Fonseca Helena Jorge Maria Serafina de Freitas outros investiram em s ries graduadas e obras did ticas como Maria Guilhermina Loureiro L cia Casasanta Jo o Lucio I da Dias da Silva Magdala Lisboa Bacha e outros ainda con centraram sua produ o em obras de literatura infantil Destaca se o caso de Arthur Joviano que produziu livro de alfabetiza o cole o graduada mas tamb m m veis e utens lios escolares Em alguns perfis relacionados ao de tipo de produ o nota se um cruzamento entre o mundo da litera tura e o dos livros did ticos sendo que uma autora Therezinha Casasanta investiu grande parte de sua escr
258. do identificar as m ltiplas facetas do objeto denominado genericamente i vro did tico Assim compreendia que o livro escolar primeiramente um objeto cuja fabrica o evolui de acordo com o progresso das t cnicas do livro das transforma es do mundo da edi o dos contextos econ mico pol tico e legislativo Com base nesse contexto o livro did tico passou a ser entendido como suporte privilegiado do conte do educativo al m de um importante instrumento pedad gico A partir dessa concep o ampla e complexa fez propostas para futuros trabalhos uma vez que faltava 44 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA conhecer o impacto real dos conte dos dos livros escolares sobre o p blico o que se sup e entre outras quest es conhecer a difus o efe tiva das obras necess rio um estudo preliminar que possa agrupar as informa es esparsas sobre as tiragens e ainda conveniente para que se possa perceber a influ ncia dessas obras considerar igualmente os lugares de sua difus o da dura o de sua utiliza o das condi es do seu uso Al m disso torna se importante conhecer a personalidade dos autores de manuais seus centros de interesse mas tamb m suas atividades profissio nais suas tend ncias pol ticas sindical religiosas Perspectiva ainda pouco conhecida o estudo do livro did tico como instrumento pedag gico Os pref cios dos manuais podem ser analisados tendo em vista o
259. dos alguns t picos do Stepping Stones to Literature A Reader for Fifih Grades de Sarah Louise Arnold e Charles B Gilbert Todos esses t picos est o protegidos pelos direitos autorais registrados acima 91 INFLUENCIAS DO PENSAMENTO NORTE AMERICANO NA PRODU O DE CARTILHAS PARA O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA NO RIO GRANDE DO SUL NA D CADA DE 1960 Eliane Peres The nation has succeeded in putting men on the moon It has not yet managed to teach all the children of all people to read SCOTT FORESMAN AND COMPANY 1971 p 6 ORIGENS DO ESTUDO E EVID NCIAS INICIAIS Ao desenvolver pesquisas no campo da hist ria da escolariza o prim ria e da alfabetiza o desde 1995 PERES 1995 2000 com traba lhos espec ficos sobre a produ o ga cha de cartilhas a quest o de possi veis influ ncias norte americanas nessa produ o aparecia de forma recor rente PERES C ZAR 2003 PERES PORTO 2004 PERES 2006a 2006b 2006c PERES 2008a 2008b PERES FACIN 2010 PERES DIETRICH 2010 PERES 2011 Em rela o a essas influ ncias destaco tr s indicadores principais iniciais 1 a tradu o do livro How to teach reading de autoria das pro Este artigo resultado da pesquisa de p s doutorado realizada em 2012 na University of Illinois at Urbana Champaign Department of Curriculum and Instruction College of Education USA 2 na o conseguiu colocar homens na lua Mas ainda n o conseguiu en
260. dos cinco manuais 28 esse respeito ver por exemplo Mortatti 2000a e Mello 2007 A esse respeito ver especialmente Magnani 1993 e Mortatti 2008 216 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA analisados propiciam constatar que eles ocupam lugar destacado na his t ria recente da alfabetiza o no Brasil Juntamente com as cartilhas de alfabetiza o e os livros de leitura esses manuais contribu ram para cons titui o institui o transmiss o e perpetua o de certo modo de pensar sentir querer e agir os quais se tornaram modelares para a conforma o de pr ticas de ensino de leitura e escrita no Brasil Mesmo com o desaparecimento dos manuais em si esses mode los permanecem e s o indicativos de complexo processo de sua transmiss o para as novas gera es de professores alfabetizadores por meio uma cultura escolar que com constantes ajustamentos e atualiza es permanece atuante at hoje nas pr ticas de ensino de leitura e escrita no Brasil REFER NCIAS AGUAYO A M Did tica da Escola Nova Tradu o e notas J B Damasco Penna e Ant nio D vila S o Paulo Ed Nacional 1935 Atualidades Pedag gicas v 15 ARROYO L Literatura infantil brasileira ensaio de preliminares para a sua his t ria e as suas fontes S o Paulo Melhoramentos 1968 BITTENCOURT C M F Autores e editores de comp ndios e livros de leitura 1810 1910 Educa o e Pesquisa USP S o P
261. dos livros did ticos da Biblioteca Escolar do Centro de Mem ria da Educa o FEUSP Em 2003 o projeto LIVRES realizou nova conven o com o INRP com um projeto muito ambicioso segundo Choppin ao se propor a recensear o maior n mero poss vel de livros esco lares publicados no Brasil desde 1810 data da impress o e circula o do primeiro livro did tico pela Impress o R gia aos anos atuais abrangendo todas as disciplinas e n veis de ensino CHOPPIN AU BIN 2007 p 61 tradu o livre Os diversos projetos de recenseamento da produ o did tica de senvolvidos em diferentes pa ses a partir da coopera o do INRP contri bu ram para a sensibiliza o quanto necessidade da preserva o desse material como um patrim nio cultural mpar da educa o escolar Por ser pouco preservado em bibliotecas oficiais por ser um material de dif cil acesso pela sua forma de uso de curta dura o e relacionado s reformas curriculares e pelas formas de distribui o muitas vezes restritas s escolas foram sendo criados acervos especiais de obras did ticas Esse foi o caso da Biblioteca do INRP na Fran a e da Biblioteca do Livro Did tico BLD no Brasil A preocupa o atual tem sido tamb m a de agregar as variadas fontes para estudo da literatura did tica aos bancos de dados confirmando as previs es de Choppin sobre a din mica das pesquisas que ultrapassavam os limites da hist ria da educa o
262. dos por Circe Bittencourt Estela Natalina Mantovani Bertoletti e Kazumi Munakata quando abor dam manuais escolares por Maria Helena C mara Bastos e Ana Chrystina Mignot quando se debru am sobre pr ticas de escrita pret ritas da escola ou por Maria Teresa Santos Cunha e Maria do Ros rio Mortatti quando discorrem sobre as pr ticas de ensino de leitura escolar Mas est o tam b m presentes na discuss o sobre os m todos de alfabetiza o e sobre as condi es pedag gicas e editoriais bem como redes de rela es envolvidas na produ o dos livros como destacam Cancionila Janzkovski Cardoso Eliane Peres Isabel Cristina Alves da Silva Frade e Mirian Jorge Warde Nesse ltimo caso dos m todos de alfabetiza o a perspectiva his t rica e em algumas situa es comparada como nos estudos de Eliane Peres e Mirian Warde nos provoca menos o interesse pela sucess o tempo ral do debate em torno da alfabetiza o e mais a aten o simultaneidade de propostas pedag gicas a diversa perman ncia de cada m todo no cen rio escolar e os modos de circula o internacional dos modelos prescritos Na an lise das cartilhas ou dos primers entram em rela o n o apenas o debate metodol gico mas as dimens es t cnicas da ind stria gr fica as escolhas efetuadas por editores diagramadores e ilustradores na elabora o do produ to as formas de difus o dos impressos e mesmo as distintas apropria es re alizadas p
263. e perman ncias e rupturas no mbito de disputas pela hegemonia de proje tos pol ticos e educacionais e de um sentido moderno para a alfabetiza o Com base em documentos que classifico como tematiza es normati za es e concretiza es proponho a divis o desse complexo movimento em quatro momentos cruciais Cada um deles marcado por um novo sentido atribu do alfabetiza o relacionado com a funda o de uma nova tradi o como resultado de disputas entre antigos e modernos e cuja face mais vis vel se encontra na quest o dos m todos de alfabetiza o 211 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs O terceiro momento crucial meados dos anos de 1920 a final da d cada de 1970 se caracteriza pelas disputas entre defensores dos antigos m todos de alfabetiza o sint ticos e anal ticos e os dos ent o novos testes ABC para verifica o da maturidade necess ria ao aprendizado da leitura e escrita criados por Manoel Bergstr m Louren o Filho Fundamentados em estudos sobre psicologia da aprendizagem os testes tinham car ter diag n stico e progn stico e deviam ser aplicados aos alunos matriculados no 1 ano prim rio Os resultados individuais obtidos deviam servir de base para a organiza o de classes homog neas e ao mesmo tempo para a organiza o do trabalho do professor visando a obter rendimento adequado dos alunos assim como
264. e Campinas Cam pinas 2000 Livro did tico e expans o da escola p blica elementar em S o Paulo 1889 1920 a Livraria Francisco Alves 2005 Relat rio de Conclus o Est gio de P s Doutorado Faculdade de Educa o Universidade de S o Paulo S o Paulo 2005 Livro did tico e expans o escolar em S o Paulo 1889 1930 L ngua Escrita revista eletr nica do CEALE Belo Horizonte 2007a Dispon vel em lt http spress com br nomade midia docs 39 phpaU 84Ft pdf gt Acesso em 18 out 2013 Produ o de livros did ticos e expans o da escola p blica elementar em S o Paulo na Primeira Rep blica a Tipografia Siqueira e a Editora Melhoramentos 2007 Relat rio de Conclus o Est gio de P s Doutorado em Educa o Pontifi cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2007b Acervos e pesquisas em hist ria da educa o das vitrines do progresso aos desafios da conserva o digital Hist ria da Educa o Pelotas v 12 n 25 p 131 151 maio ago 2008a Dispon vel em lt http seer ufrgs br asphe article view 29063 pdf gt Acesso em 18 out 2013 Instrumentos de escrita na escola elementar tecnologias e pr ticas In MIGNOT A C V Org Cadernos vista escola mem ria e cultura escrita Rio de Janeiro Ed UERJ 2008b p 91 113 Org Antonio Firmino de Proen a professor formador autor S o Pau lo Porto de Ideias 2010a 312 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCR
265. e Luiz Carlos do 3 ano 1953 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha A perman ncia do procedimento de corre o dos erros cometidos pelos alunos abaixo do ditado e repetidos no m nimo 5 vezes interessan te de ser analisada visto que essa pr tica n o recomendada desde os anos 1930 Na s ntese dos estudos dos professores prim rios da cidade de Porto Alegre as orienta es sobre a corre o do ditado salientam que mister tamb m que se extinga o h bito de mandar o aluno escre ver v rias e muitas vezes a palavra errada Esse h bito al m de produzir revolta por ter car ter de castigo traz grandes preju zos para o aprendi zado da ortografia porque o aluno repete a palavra t o mecanicamen te que acaba por escrev la completamente errada RIO GRANDE DO SUL 1939 p 38 41 Quanto corre o do professor o documento recomenda que somente o fa a no primeiro e segundo ano individualmente no caderno do aluno No terceiro ano a corre o deve ser realizada pelo pr prio alu 157 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs no por meio da reprodu o no quadro negro de um ditado modelo Nos demais anos do curso prim rio o aluno deve corrigir seus ditados com o uso de sinais para omiss es I para os erros consultando o dicion rio o livro do qual o texto foi retirado colegas ou o professor E interessante observar na Figura 13 o ditado da aluna Eliane
266. e as publicaram 113 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs ideias de base do m todo da word perception se mantiveram na produ o did tica ga cha e as influ ncias da produ o americana puderam ser de tectadas nessas cinco cartilhas dos anos de 1960 Nelas poss vel verificar o uso de palavras isoladas seguidas de textos com a repeti o dessas pala vras constatar uma semelhan a na proposta do uso das imagens que ti nham uma fun o pedag gica ou seja apresentam crian as e animais em movimento que d o significa o s palavras e aos textos possibilitando a interpreta o e por fim perceber um dado projeto social em evid ncia revelado sobretudo nessas mesmas imagens o da fam lia patriarcal branca e de classe m dia vivendo em harmonia CONSIDERA ES FINAIS Das cartilhas produzidas no Rio Grande do Sul identificadas na pesquisa mais ampla que empreendemos desde 2001 n o por acaso cinco delas foram embasadas no m todo da word perception e publicadas nos anos 60 do s culo XX O Estado ga cho j tinha certa tradi o na absor o de ideias da pedagogia norte americana O CPOE desde o final dos anos de 1940 se estabeleceu como o rg o educacional mais importante do Es tado tendo assumido princ pios pedag gicos considerados cientificamente comprovados advindos da produ o norte americana da chamada pedagogia cient fica PERES 2000 Autoras ga cha
267. e eles n o resultam t o somente de uma op o das autoras por m igualmente do contexto de sua editora o preciso considerar as pol ticas editoriais e os profissionais ligados s diferentes editoras que publicaram essas cinco cartilhas que revelam as influ ncias da word perception uma delas foi editada pela Editora do Bra sil Juca e Zaz outra pela FTD Ded Jos e Ti o e tr s pela Edi es Tabajara de Porto Alegre Marcelo Vera e Fa sca Cartilha do Guri C u Azul Provavelmente as tr s editoras respons veis por essas publica es lan aram m o dos recursos dispon veis que tinham e colocaram em a o projetos e pol ticas espec ficas definindo formas de ordenamento do im presso CHARTIER 1994 Com isso se reconhece por conseguinte que as editoras os editores e os profissionais envolvidos na edi o dos livros did ticos que efetivamente fazem os livros os autores fazem os textos conforme indica Chartier 1994 1996 em seus estudos Contudo observadas as diferen as editoriais das cartilhas ga chas com as americanas e das ga chas entre si pode se sublinhar que as 8 Esse um aspecto a ser tratado em outro trabalho porque demanda uma discuss o mais longa as diferen as percebidas entre as cinco cartilhas ga chas que t m a ver com a apropria o que as autoras fizeram da perspec tiva da word recognition mas tamb m em raz o dos projetos gr fico editoriais das editoras qu
268. e impressos ef meros e baratos dentro das classes populares incluindo analfabetos Nas cidades pelo menos a grande circula o dos peri dicos folhetos calend rios almanaques possibilitou uma grande familiaridade com a cultura impressa possivelmente transmitida atrav s da leitura em voz alta Ent o n o devemos limitar a popula o de leitores unicamen te aos alfabetizados N o devemos tampouco isolar os objetos impressos livros ou revistas das outras formas de presen a da escrita os cartazes manuscritos as inscri es gravadas os escritos pintados encontrados nas ruas nos cemit rios nos edif cios p blicos nas casas Na paisagem escrita urbana essa onipresen a dos textos escritos produz uma acultura o na escrita fora das aprendizagens escolares BOTREL 1993 26 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Outra caracter stica comum em toda a Europa a constitui o no s culo XIX de um campo liter rio polarizado entre a literatura in dustrial dirigida ao mercado crescente de leitores e as formas cultas da arte pela arte ou o saber erudito cujas cria es circulam dentro do p blico restrito dos happy few Estabelece se um v nculo forte entre a reivin dica o de uma cultura pura subtra da das leis econ micas de produ o distanciada do entretenimento popular governada pela cumplicidade es t tica e intelectual entre autores e leitores e por outra parte os
269. e livro ou exemplar mandado eliminar do ensino publico S O PAULO 1893 Fora do controle do estado mas igualmente fundamental para o processo de produ o e circula o do livro did tico e de outros materiais escolares de uso individual era a progressiva e massiva mobilidade das matr culas durante o ano letivo sendo muito alto o n mero de desisten 300 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA tes Em 1904 calcula se que 40 das classes dos Grupos Escolares eram destinadas ao Primeiro Ano MONARCHA 1999 sendo que a evas o escolar era proporcionalmente muito maior nas reas rurais do que nas reas urbanas Da mesma forma em 1930 registra se que 52 do total de matr culas do curso prim rio eram para o Primeiro Ano 27 para o Segundo 13 para o Terceiro e s 7 para o Quarto Ano S O PAU LO 1942 Essa condi o tornava muito mais atrativo economicamente o segmento editorial dirigido aos iniciantes do curso elementar fator que se refletia diretamente na tiragem dos livros did ticos e cadernos graduados que ia diminuindo bastante medida que o produto era indicado para os n veis mais adiantados do curso prim rio Quanto aos livros de leitura aprovados ou adotados pelo governo de S o Paulo para uso nas escolas p blicas percebe se inicialmente a influ ncia das valida es oficiais do Rio de Janeiro ent o capital federal como a tradu o do livro Cora o de Amicis REVISTA PEDAG GICA
270. e material desde os anos 30 para o caso dos EUA e desde os anos 60 para o caso ga cho Ambas as sociedades s o o resultado disso Para finalizar o aspecto central deste trabalho pode ser retoma do nos seguintes termos o Pre primer dos moldes norte americanos n o corresponde ao que entendemos no Brasil como pr livro ao contr rio do que a literatura indicava at ent o e apesar da clara influ ncia americana na produ o de cartilhas ga chas as condi es econ micas tecnol gicas e pol ticas n o permitiam apenas uma c pia do modelo logo as professo 115 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs ras se apropriaram do m todo da word perception e adaptaram os materiais conforme os recursos gr ficos editorais pedag gicos e pol ticos poss veis e dispon veis em n vel local REFER NCIAS ARAPIRACA J O A USAID e a educa o brasileira S o Paulo Autores Asso ciados Cortez 1982 BERNARD H W Psychology of learning and teaching New York McGraw Hill 1954 BETTS E A Foundations ofreading instructions with emphasis on differentiated guidance New York American Book 1950 CARTER H L J MCGINNIS D J Learning to read a handbook for tea chers New York McGraw Hill 1953 CHARTIER R A ordem dos livros leitores autores e bibliotecas na Europa entre os s culos XIV e XVIII Bras lia DF Ed UNB 1994 CHARTIER R Org Pr ticas de leitura S o Paulo
271. e mil ditados para diferentes n veis de complexidade editados por Armand Colin em 1924 estava na 211 edi o CHARTIER 2007 p 182 No Brasil temos algumas refer ncias RIBEIRO Jo o Frases Feitas estudo conjectural de locu es ditados e prov rbios Rio de Janeiro Francisco Alves 1908 302p ALVARENGA L cia Terra Querida quarta s rie prim ria Textos para leitura ditados e exerc cios de gram tica S o Paulo Companhia Editora Nacional 1956 189p FTD Dictados Literarios Graduados Rio de Janeiro S o Paulo Belo Horizonte Livraria Paulo de Azevedo amp Cia 1921 Agrade o ao Professor Dr Eduardo Arriada as indica es 145 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Mesmo assim o professor deveria ler o trecho a ditar previamente co mentar o assunto perguntar sin nimos e ant nimos do trecho enfim motivar fortemente o ditado Depois de terminado o professor deveria assinalar os erros com lapis vermelho e mandaria se possivel que cada aluno corrigisse seus pr prios erros verificando a forma certa da pala vra no dicion rio JACQUES 2011 p 65 Com todas essas modifica es o ditado poderia ser dado mas n o constituir atividade di ria com hor rio obrigat rio O presente estudo analisa a pr tica escolar do ditado em cader nos de alunos do ensino prim rio do Col gio Farroupilha RS enfocando os temas abordados as regras ortogr ficas enfatizadas
272. e ser entendido se ligado ao conjunto de pr ticas ped ag gicas que o conformam o livro did tico se torna necess rio quando poss vel separar em n veis e s ries um conjunto de conhecimentos ensin veis sobretudo num contexto de ensino simult neo presente a partir do s culo XIX 4 O termo m todo de palavras utilizado por Arthur Joviano no pref cio de Primeira Leitura em que men ciona a reforma executada pelo Secret rio de Interior Sr Dr Carvalho Britto Para o ensino da leitura prim ria prescreveu o methodo da palavra em substitui o ao do syllabismo por soletra o ou vocaliza o das letras JOVIANO 1910 p IX 271 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs sobre ado o compras remessas e indica es possibilitam verificar a pouca circula o de seu livro nas escolas Se ineg vel a import ncia da autoria feminina de um material did tico naquele per odo nem sempre isso indica dissemina o do livro Chamon 2008 apresenta a hip tese de que era muito alto o custo de um livro impresso nos Estados Unidos pela editora American Book Company No cen rio da Reforma Jo o Pinheiro o mineiro Arthur Jo viano que ocupa um lugar de destaque Fiel defensor de ideias inovado ras e um cooperador do Estado na Reforma Jo o Pinheiro foi professor de Portugu s diretor da Escola Normal de Belo Horizonte membro do Conselho Superior de Instru o P blica e log
273. e seu trabalho e amadurecimento intelectual conforme se constata pelas suas ltimas publica es Formou se em L nguas Cl ssicas mas para al m de profundo conhecedor do Latim e do Grego dedicou se sempre com entusiasmo ao estudo de v rias l nguas modernas sendo vis vel que a lingu stica sempre o fascinou A preocupa o com a literatura escolar teve in cio em suas pr ticas de professor do ensino secund rio em Paris nos anos de 1970 per odo em que os livros did ticos eram analisados quase que exclusivamente como ve culos de inculca o ideol gica da classe social dominante e sob essa vertente eram considerados os vil es por excel ncia da vida dos professores e alunos Os questionamentos sobre essa forma exclu siva de entendimento do livro did tico surgiram imediatamente para Alain Agrade o o convite dos organizadores do II SIHELE na figura de Maria do Ros rio Longo Mortatti presiden te da Associa o Brasileira de Alfabetiza o com quem tenho compartilhado estudos sobre hist rias dos livros escolares tema ao qual Alain Choppin dedicou toda sua vida acad mica 43 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Choppin em suas atividades no magist rio e se estenderam ao desenvolver suas pesquisas no Service d Histoire de l Education SHE setor do Institut National de Recherche P dagogique INRP No SHE iniciou em 1979 sua trajet ria de pesquisador ao se dedicar a
274. e temido necess rio e perigoso poss vel ler o fundamento de tal ambival ncia no texto b blico com a men o do livro comido como aparece no Apocalipse de Jo o X 10 E tomei o pequeno livro da m o do anjo e o devorei e era doce na minha boca como o mel e quando o havia devorado foi amargo na minha barriga O livro dado por Deus amargo como o conhecimento do pe cado e doce como a promessa de reden o A B blia que cont m o livro da Revela o foi ela mesma considerada um livro poderoso que protege e conjura aparta as desgra as afasta as maldi es Em toda a Cristandade o livro sagrado foi objeto de usos propiciat rios e protetores que n o supu nham necessariamente a leitura de seu texto entretanto que exigiam sua presen a material o mais pr ximo poss vel dos corpos 30 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA O livro portanto o deposit rio de conhecimentos poderosos mas tem veis Caliban que o sabe pensa que o poder de Pr spero ser des tru do se forem capturados e queimados seus livros Burn but his books Mas os livros de Pr spero n o s o mais do que um nico livro que lhe permite submeter a sua vontade a natureza e os seres Esse poder demi lirgico representa uma terr vel amea a para quem o exerce e copiar nem sempre consegue afastar o perigo O livro deve desaparecer afundado nas profundezas das guas E a onde jamais caiu a sonda eu vou afundar o meu livro
275. eceberam as seguintes denomina es predominantes conforme ordem cronol gica e em corres pond ncia com os n veis e modalidades de ensino a que se destina va m e cartilha para o ensino da leitura meados do s culo XIX a in cio do s culo XX cartilha de alfabetiza o do in cio ao final do s culo XX e livro de alfabetiza o ou letramento a partir das d cadas fi nais do s culo XX 1 e livro de leitura que com as cartilhas integrava s ries de leitura gra duada meados do s culo XIX a meados do s culo XX e livros de habitualmente o objeto de uma transmiss o deliberada no contexto das escolas FORQUIN 1993 p 167 Relativamente cartilha de alfabetiza o essas reflex es se encontram em Mortatti 2000b A respeito da tipologia classifica o e designa es desse tipo de impresso escolar ver especialmente Choppin 2004 2009 7 Reflex es sobre o assunto est o no cap tulo deste livro em que Circe Bittencourt sintetiza as contribui es de Alain Choppin N O 8 Utilizo aqui a denomina o curso prim rio para me referir ao nivel e modalidade de ensino institu do formalmente no final do s culo XIX e correspondente ao que atualmente se denomina anos iniciais do en sino fundamental S o denomina es atribu das em diferentes momentos hist ricos ao n vel de ensino com finalidades e caracter sticas relativamente semelhantes ofertado
276. eedi es das cartilhas de alfabetiza o e dos livros de leitura nas primeiras d cadas do s culo XX fica patente o fato de que os livros de leitura se constitu ram como principal produto da Livraria Francisco Alves da Tipografia Siqueira e da Editora Melhoramentos CONSIDERA ES FINAIS O controle da institui o patrocinadora da educa o sobre o li vro did tico sempre fez parte da hist ria desse objeto cultural no ensino religioso leigo p blico ou privado Da a necessidade da frequente com posi o entre os que est o na ponta da produ o autores e editores e os agentes encarregados da aprova o oficial dos livros para uso dos seus consumidores finais alunos e professores No Brasil registra se que essa fun o reguladora foi exercida pela Companhia de Jesus pela metr pole portuguesa e depois da Independ ncia pelos governos centrais provin ciais e estaduais 307 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Em S o Paulo desde o inicio da Rep blica o governo controlou a ado o dos livros did ticos nas escolas p blicas prim rias quer sob a alega o da necessidade de uniformiza o do ensino quer porque legislava sobre programas e curr culos quer porque se convertera em principal com prador do produto Assim al m da constru o ou adapta o de pr dios e do fornecimento do mobili rio que obedeciam aos preceitos higienistas a legisla o previa que o governo p
277. eira Rocha amp Comp de 1927 a 1933 Typographia Siqueira de 1912 a 1947 Casa Siqueira Salles Oliveira amp Cia Ltda em 1934 Gr fica Siqueira e Ind stria Gr fica Siqueira S A nos anos de 1950 at 1962 RAZZINI 2007b As datas de publica o se referem aos exemplares localizados em acervos e bibliotecas maneira pela qual foi reconstitu da a hist ria e a produ o did tica da Tipografia Siqueira por se tratar de editora que n o existe mais RAZZINI 2007b 304 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA e Theodoro de Moraes Cartilha do Operario 1918 Meu Livro Primeiras Leituras 1920 A Tipografia Siqueira destacou se ainda por ter sido durante v rias d cadas a casa impressora da Cole o FTD sigla que homenageava o Fr re Th ophane Durand Os livros did ticos dessa cole o elaborados pela Congrega o Marista do Brasil a partir de 1902 foram inicialmente impressos na cidade francesa de Lyon pela tipografia de Emmanuel Vitte Sua boa aceita o em outras escolas confessionais do pa s al m dos col gios Maristas de S o Paulo Rio de Janeiro e Congonhas do Campo MG fez com que os Irm os Maristas firmassem contrato de distribui o com a Livraria Francisco Alves em 1906 e quando aumentaram as dificuldades com a dist ncia do impressor em 1908 as obras passaram a ser impressas tamb m em S o Paulo pela Tipografia Siqueira Em 1963 a Cole o FTD seria transformada em Ed
278. eira no mbito da alfabetiza o BERTOLETTI 1997 2006a e da litera tura infantil e juvenil BERTOLETTI 2006b 2012 Essas pesquisas foram desenvolvidas junto ao Programa de P s Gradua o em Educa o na UNESP Mar lia sob orienta o de Maria do Ros rio Longo Mortatti e vinculadas ao Grupo de Pesquisa Hist ria do Ensino de L ngua e Literatura no Brasil GPHELLB e ao Projeto Integrado de Pesquisa Ensino de l ngua e literatura no Brasil repert rio documental republicano PIPHELLB CNPq e FAPESP Esse assim como outros documentos utilizados como fonte neste artigo est localizado no Arquivo Louren o Filho no Centro de Pesquisa e Documenta o de Hist ria Contempor nea do Brasil CPDOC Funda o Get lio Vargas RJ 3 N o obtive at o momento dados sobre a quem al m de Louren o Filho essas perguntas foram endere adas Posso afirmar no entanto que se originaram no Minist rio da Educa o e Cultura devido ao papel timbrado em que foram datilografadas 247 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs A meu ver a resposta de Louren o Filho a essas perguntas repre sentativa das a es do Estado sobre o movimento editorial de livros did ticos no Brasil n o somente pelos in meros cargos que Louren o Filho exerceu ao longo de sua carreira e de sua liga o com o Estado mas tamb m pela grande influ ncia de suas ideias e a es nos rumos da educa
279. eitura na esco la exemplificados muito pontualmente por interm dio de excertos de trechos que remetam s prescri es sobre o ato de ler Esses excertos s o formas de media o as quais muitas vezes normatizaram e legitimaram um modo de fazer e pensar leitura na escola Al m do mais prov vel que em 3 Reflex es sobre esse manual tamb m se encontram no cap tulo de Eliane Peres que integra este livro N O Os dois exemplares em estudo integram minha cole o pessoal e foram ambos presen tes das professoras Janice Gon alves e Maria Fernanda Batista Faraco Werneck de Paula a quem agrade o muito a delicadeza do ato e o mimo em si As cita es de suas p ginas ao longo deste texto ser o realizadas observando se a atualiza o gr fica das palavras pelas regras atuais vigentes 182 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA algum momento de sua forma o inicial ou continuada os professores e professoras cada qual em sua poca tenham entrado em contato com esses textos o que ajuda a legitimar mais o estudo sem contudo avan ar para al m da enuncia o das prescri es SOBRE A LEITURA NOS MANUAIS A leitura uma conversa Os leitores respondem a um di lo go provocado silenciosamente por palavras escritas uma p gina MANGUEL 2005 p 10 A leitura uma pr tica simb lica e um dos principais cones de orienta o do pensamento Exerc cio vagaroso tarefa algumas vezes exaus
280. el Carneiro 1938 apontou instrumentos modernos tais como o cinema o r dio e o jornal como formas diferen tes e menos exigentes de cultura que vinham contribuindo para a era da confus o Al m disso relacionou o destino da humanidade ao destino do livro e aproveitou para avaliar que no Brasil preciso n o es quecer que em nossos dias se teem destruido sistematicamente milh es de livros com a preocupa o de exterminar certas culturas de combater certas orienta es doutrinarias ou pol ticas CARNEIRO 1938 p 87 Carneiro tamb m enfatizou outros fatores que via como problemas que conspiravam contra o livro a falta de bibliotecas e de livreiros preparados para orientar as leituras os direitos autorais que atrapalhavam a difus o da cultura e as tradu es de originais franceses muitas vezes mal feitas que impediam a leitura do texto na l ngua original Nesse debate Louren o esclareceu que a escola ativa n o con denava o livro mas o livro nico ressaltando que a cria o de bibliotecas escolares nos estados da federa o se devia exatamente a o da escola ativa Contestando as ideias de Carneiro apoiadas em Duhamel Louren o Filho defendeu a n o exist ncia de decad ncia do livro brasileiro mas a do livro franc s como livro universal destacou o cinema e o r dio como for mas diferentes de cultura e mostrou se favor vel ao aumento do n mero 15 As diferentes
281. elos v rios sujeitos envolvidos nesse enorme mercado escolar como os autores de contrafac es ou na tradu o inven o cotidiana dos m todos pelas professoras em sala de aula Diluem se assim as cr ticas hibrida o metodol gica posto que a produ o das cartilhas j cont m a mistura de concep es alfabe tizadoras professadas por autores editores diagramadores e ilustradores O purismo dos m todos portanto s poss vel no universo abstrato No momento em que se concretizam em cartilhas ou primers exibem as mar cas impostas por distintos sujeitos O mesmo ocorre em sala de aula imposs vel uma aplica o purista de um m todo de alfabetiza o As pro 11 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs fessoras alfabetizadoras leem as prescri es a partir da familiaridade com a metodologia proposta mas tamb m de sua experi ncia em alfabetizar Efe tuam a tradu o das normas para o momento e a situa o vivida a partir do pr prio repert rio constitu do pela pr tica alfabetizadora e nesse processo reinventam os m todos Dessa maneira a efic cia de cada m todo ou carti lha repousa no equil brio tenso das v rias escalas de apropria o a que est submetido no jogo constante de atualiza es Somente no reconhecimento desses processos entrela ados que podemos compreender a perman ncia por d cadas de algumas cartilhas e a simultaneidade de propostas metodol g
282. em detrimento de outros embora fossem estes de maior valor t cnico pedag gico ou de pre o mais acess vel o que poucas vezes sucedeu C MARA BRASILEIRA DO LIVRO 1951 p 1 No entanto estudos t m demonstrado que muitas foram as con trov rsias que esse decreto gerou sobretudo relacionadas ao cap tulo se gundo em que se criou a CNLD Tanto que muitos outros decretos lei vieram modificar o de 1938 reestruturado pelo Decreto lei n 8 460 de 26 de dezembro de 1945 com o fim do Estado Novo A CNLD foi insta lada somente em julho de 1940 estruturada de maneira mais efetiva pela Portaria Ministerial n 253 de dezembro de 1940 e extinta pela Portaria Ministerial n 594 de 1969 O n mero dos membros dessa Comiss o foi alterado pelos Decretos lei n 1 177 de mar o de 1939 e n 6 339 de mar o de 1944 a determina o de prazo de uso de livro did tico n o autorizado foi prorrogada entre 1940 e 1943 e o processo de autoriza o dos livros did ticos foi alterado pelo Decreto lei n 8 222 de novembro de 1945 entre outras modifica es Na verdade as avalia es dos livros did ticos pela CNLD tiveram impacto profundo na produ o desse material no Brasil A CBL como rg o representativo dos editores e livreiros nacionais reagiu em muitos momentos principalmente s reformas dos programas e ortogr ficas que repercutiam em todo o movimento editorial de livros did ticos Em 1947 em resposta solicita o
283. encarnados de sua materialidade CHARTIER 1990 buscando unir hist ria do livro os estudos bibliogr ficos e os da teoria do texto rompendo fronteiras disciplinares DARNTON 2010 128 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA s vezes o livro guardado n o foio pr prio material de leitura daquele que o mant m mas algo que lhe foi legado pela m e ou pelo pai A posse do livro associada presen a de algu m querido os pais ou a primeira professora que j n o mais convive com esse leitor O livro recoberto de cuidados sendo preservado como um ob jeto de valor A ele dada uma capa de papel ou de pano ou ent o ele bem guardado dentro de saquinhos amarrava bem amarradinho assim e punha dentro das gavetas dentro do guarda roupa e ali ficava passava tempo grande s vezes Decerto o que o que ser que aconte ceu com os meus livrinhos Ia l e estava tudo do mesmo jeito na gaveta GOULART 2009 p 71 A pesquisa de Goulart 2009 nos aponta portanto para os sen tidos dados ao livro mas que est o fora dele que s o de natureza simb lica por estarem no lugar do pai de um tempo de prest gio de poder Os leitores propriet rios atribuem a esse objeto sentidos nem sempre produ zidos pelo conte do moral ideol gico enredo curricular disciplinar que o livro encerra Nem pelas pr ticas de leitura e usos previstos para esse ma terial ensinar a ler individ
284. ensinar de pensar e de agir a escola como oficina da vida discursos pedag gicos e pr ticas escolares na escola p blica prim ria ga cha 1909 1959 2000 380 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Edu ca o Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2000 Desenvolvimento do projeto de pesquisa Cartilhas Escolares em Pelotas RS organiza o do trabalho fontes e quest es de investiga o In FRADE I C A S MACIEL E I P Org Hist ria da alfabetiza o produ o difus o e circula o de livros MG RS MT S c XIX e XX Belo Horizonte CEALE FAPEMIG CNPq UFMG FaE 2006a p 117 144 produ o e a circula o de cartilhas escolares no Rio Grande do Sul alguns dados de pesquisa In FRADE I C A S MACIEL E I P Org Hlist ria da alfabetiza o produ o difus o e circula o de livros MG RS MT S c XIX e XX Belo Horizonte CEALE FAPEMIG CNPq UFMG FaE 2006b p 145 170 117 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Aspectos da produ o did tica da professora Cecy Cordeiro Thofhern In FRADE I C A S MACIEL E I P Org Hist ria da alfabetiza o pro du o difus o e circula o de livros MG RS MT S c XIX e XX Belo Ho rizonte CEALE FAPEMIG CNPq UFMG FaE 2006c p 171 190 Produ o de cartilhas escolares no Rio Grande do Sul entre as d cadas de 1950 e 1970 contribui es
285. epoimen to de Elisa Barbosa Campos que se recusou a fazer o manual o qual a editora requisitou como fruto de uma ordem do Minist rio da Educa o e Cultura com respostas em vermelho para facilitar o trabalho do professor Al m disso a compra pelos governos de v rios estados brasileiros possivelmente suprimia tanto o manual do professor quanto o caderno de exerc cios No caso de I da que teve ampla ado o de seu livro em v rios estados brasileiros quando se exigiu que ela mudasse o formato do livro tornando o material consumivel no livro texto era preciso constar exerci cios a autora n o aceitou Por isso a obra muda de circuito passando a circular na rede privada de ensino ou a constar nas bibliotecas escolares p blicas como livros gerais de leitura que s o apropriados como literatura e n o como livro de alfabetiza o Assim se a compra pelo Estado aju da em determinado momento uma mudan a pol tica metodol gica ou editorial faz com que determinada obra desapare a do circuito oficial das escolas p blicas Nesse caso o aproveitamento poss vel em outros con textos e I da relata Eu tenho que agradecer ao diretor da Vig lia pois eu estou vivendo com o saldo de livros que ele me deu CONSIDERA ES FINAIS Com base no resultado deste estudo poss vel perceber que as circunst ncias de publica o de primeiros livros de leitura cartilhas pr livros de autores mineiros ao longo do s culo
286. er de complementa o ao de 1940 o qual passou a constituir o 1 volume com 340 p ginas publicado at a 8 edi o de 1958 Figura 1 Capa de Pr ticas escolares de Ant nio d Avila 8 edi o 1958 v 1 Fonte Acervo do GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do ensino de l ngua e literatura no Brasil Dentre os 30 cap tulos da 1 edi o cinco s o destinados ao ensi no da leitura e da escrita e da linguagem oral e escrita Os demais tratam de assuntos gerais tais como organiza o escolar testes para organiza o dos alunos em classes homog neas forma o e aperfei oamento do professor m todos de ensino livro did tico projetos centros de interesse biblioteca 55 Ant nio d vila nasceu na cidade de Ja SP em 1903 e faleceu em 1989 na capital do estado de S o Paulo Realizou seus estudos prim rios em grupos escolares nessa capital ingressou na Escola Normal de S o Paulo em 1917 diplomou se professor em 1920 e passou a se dedicar ao magist rio e aos problemas da educa o Atuou em todos os graus do magist rio e ocupou importantes cargos na administra o escolar lecionou em grupo escolar e em escolas distritais rurais e reunidas foi lente de Did tica na Faculdade de Filosofia Ci ncias e Letras de Campinas diretor do Servi o de Orienta o Pedag gica do Departamento de Educa o de S o Paulo e diretor geral desse Departamento Proferiu diversas confer ncias e atuou tamb m
287. ervando um di logo com a psicologia por exemplo tiveram como uma das suas principais fun es a de subsidiar a atua o de professo res para iniciar principalmente alunos e alunas da Escola Normal nas cha madas ci ncias da educa o S o tamb m considerados como manuais de Reflex es sobre outros manuais de ensino se encontram no cap tulo de Maria do Ros rio Longo Mortatti que integra este livro N O 179 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs profissionaliza o que visavam a fundar pr ticas profissionais para o magis t rio em conformidade com um modelo de ensinar por meio da proposi o de um conjunto das justificativas e prescri es historicamente produzidas Sua produ o circula o e uso condicionaram um modo de organiza o da cultura escolar ao propiciar aos professores formas de pensar e de praticar o ensino objetivando construir um sistema escolar sobre princ pios cient ficos e universais mais como um saber t cnico que como um conhecimento fundamental na medida em que se organizava preferentemente em torno dos princ pios e estrat gias de ensino N VOA 1994 p 2003 Amplamente utilizados no ambiente escolar os manuais eram tidos como auxiliares pr tica de ensino de professores pela precis o su tileza e propostas de agilidade de quem sendo breve poderia ser profundo na transpar ncia de transmiss o de normas e prescri es
288. es deixadas pelos livros como correspond ncia e depoimentos de editores livreiros e de leitores sondando estrat gias comerciais captando a percep o da profiss o de escritor e de editor inseridos em um mercado e perseguindo os usos dos leitores quase sempre ausentes nos documentos respons veis pelos sentidos dados ao livro e a sua perman ncia no tempo Para Darnton 1992 preciso incluir na hist ria que queremos escrever os livros que nem sempre constam em uma listagem oficial porque nem sempre foram consagrados essa aus ncia pode se perguntar por que tal livro n o foi impresso n o teve muitas edi es n o circulou publicamente etc Ir a busca dos guardadores homens comuns de livros manus critos e impressos re ordena a ordem dos livros dando estatuto queles que nem sempre s o conhecidos por n s produzindo outros sentidos nem sempre imaginados que nos remetem s partes da hist ria do ensino da leitura e da escrita sob uma nova perspectiva capaz de gerar novas tem ti cas outros horizontes e outras pr ticas 137 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Ir em busca desse material que teria como destina o inicial ser descartado e superado pelo seu leitor localizando o para dar lhe visibili dade pode colaborar para um entendimento instalado no jogo de oferta e procura o qual envolve as condi es de publica o os circuitos de comer cializa
289. es oficiais dos cat logos das editoras e dos cursos de forma o de professores prim rios Especificamente no que concerne ao ensino inicial de leitura e escrita a dispensabilidade dos manuais de ensino tamb m est vinculada introdu o na d cada de 1980 da teoria construtivista em alfabetiza o O processo de profissonaliza o do escritor did tico que engendrou especialidade editorial correspondente expandiu se e firmou se no Brasil nas d cadas iniciais do s culo XX com a publica o de livros did ticos para o ensino prim rio em particular as s ries de leitura graduada compostas por cartilhas e livros de leitura A esse respeito ver especialmente Mortatti 2010 2 Merece destaque o fato de esses manuais terem circulado nas bibliotecas dos Institutos de Educa o do estado de S o Paulo como leituras destinadas aos alunos do Curso Normal como exemplifica a pesquisa de Val ria Souza dos Santos 2003 sobre a biblioteca do Instituto de Educa o Peixoto Gomide de Itapetininga SP os manuais aqui analisados constavam do acervo dessa biblioteca Amaral Fontoura Ant nio d vila J Budin e Theobaldo Miranda Santos figuravam entre os principais autores que tinham manuais de ensino disponiveis nesse acervo Amaral Fontoura e Santos estavam entre os autores com maior n mero de ocorr ncia de t tulos sobre educa o e ensino na biblioteca desse IE Assim como a maior parte dos livros did
290. escarte atribu do aos livros escolares e aos jornais mas chama a aten o de seus netinhos para a preciosidade desse material Se voc analisar bem ter muita pes quisa s suas m os bastante coisa p ra curtir de voc tirar proveito Chama a aten o ainda para o valor agregado leitura que quanto mais antiga mais proveitosa E por ltimo destaca que sempre haver outros e mais leitores para um material que tem uma qualidade atemporal leitores que poder o dele fazer um uso da leitura como frui o d para as crian as pobres divertirem se Desse bilhete como da pesquisa de Goulart 2009 podemos in ferir que os livros did ticos carregam o prest gio de serem objetos de uma sociedade escritur stica principalmente para muitos daqueles que como No pacote de livros foram encontrados Comp ndio de Hist ria Universal de Rafael M Galanti Contos P trios para crean as de Olavo Bilac Cora es de crian as Leituras preparat rias de Rita de M Toledo a s rie de Livros de leitura de Erasmo Braga v rias cartilhas de alfabetiza o Arnaldo Barreto Benedito To losa Thomaz Galhardo Faria e Souza v rios livros did ticos de hist ria geografia de l ngua portuguesa etc APOLIN RIO 2012 COSTA 2012 130 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA a autora do bilhete n o puderam continuar seus estudos Ao contr rio da quilo previsto para eles os livr
291. essceseseaes Sobre o livro did tico no Brasil a resposta de Louren o Filho 1961 Estela Natalina Mantovani Bertoletti ccccccccccccssecssscsscesscevsceseesees Autores e autoras de livros em Minas Gerais entre Estado edi o e m todos para o ensino inicial da leitura e escrita 1889 1980 sabel Cristina Alves da Silva Frade nossos O poder dos livros de leitura no in cio do s culo XX Marcia de Paula Gregorio Razzini sesser A legisla o como fonte de hist ria do livro did tico numa poca em que supostamente n o havia leis sobre isso e muito menos a hist ria do livro did tico Kazumi Munakata nantes Sobre OS AUTORES ics sesesesscecaessenuscceveaces diese rinni sunesee seventies ends 141 163 179 199 223 247 265 291 315 333 PREFACIO EM QUE OS ESTUDOS DE NATUREZA HISTORICA SOBRE O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA PODEM CONTRIBUIR COM AS PR TICAS DE ALFABETIZA O NA ATUALIDADE Diana Gon alves Vidal A pergunta foi formulada por uma professora alfabetizado ra durante os trabalhos do II SIHELE Semin rio Internacional sobre Hist ria do Ensino de Leitura e Escrita ocorrido em Belo Horizonte MG Brasil nos dias 11 e 12 de julho de 2013 Trazia a marca do duplo agenciamento que propunha o certame Realizado consecutivamente ao I Congresso Brasileiro de Alfabetiza o em iniciativa comum da ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o o II SIHELE n o apenas reunia pe
292. estat sticos sobretudo porque foi concebida como obra a ser apresentada na grande Exposi o Nacional do Rio de Janeiro que comemorou o centen rio da abertura dos portos do Brasil por D Jo o S O PAULO 1907 1908 p VI Com rela o aos livros de leitura da Tipografia Siqueira foram localizados 23 t tulos publicados entre 1900 e 1927 de autores oriundos do sistema de ensino paulista Arnaldo Barreto Leituras Moraes 1900 Carti lha das M es 1901 A Pobre Abelhinha 1926 Rom o Puiggari lbum de Gravuras 1901 Cousas Brasileiras 1901 Alfredo Bresser Leitura Manus cripta 1901 com Rom o Puiggari e Ramon Roca sob a sigla BPR corres pondente s iniciais dos sobrenomes Jo o Pinto e Silva Historietas 1901 Cartilha do Lar 1914 Leituras Nacionaes 1902 Minha P tria Segundo 1914 e Terceiro Livro 1914 Meus Deveres Segundo 1926 Terceiro 1914 e Quarto Livro 1926 Ramon Roca Cartilha Moderna 1902 Mariano de Oliveira Novas Leituras Segundo 1927 e Terceiro Livro 1914 com Ramon Roca Carlos Alberto Gomes Cardim Cartilha Infantil 1919 Tradi es Nacionaes 1914 Comemora es C vicas as Festas Escolares 1916 2 A Tipografia Siqueira teve v rias denomina es Typographia a vapor Espindola Siqueira amp Comp de 1894 a 1905 Typ Augusto Siqueira amp Comp de 1906 a 1922 Siqueira Salles amp Comp em 1910 Siqueira Nagel amp Comp de 1911 a 1915 Siqueira Salles Oliv
293. estava representada 8 apenas uma parcela da popula o americana a classe m dia branca Esses livros foram acusados de contribuir para a dissemina o em grande escala 8 do sexismo e do racismo LUKE 1988 SCOTT 1981 Ao comparar cartilhas americanas e ga chas poss vel afirmar que as autoras ga chas tiveram influ ncias para al m do m todo e do mo delo de livro escolar tendo reproduzido igualmente um projeto social As gravuras com fam lias sempre felizes e divertidas de classe m dia branca revelam esse projeto na sua face mais percept vel Assim importante frisar que se fazer hist ria da alfabetiza o mais especificamente a hist ria dos materiais produzidos para o ensino aprendizagem da leitura e da escrita articular duas dimens es a do m todo proposto com os aspectos da visualidade dos livros isto com a dimens o gr fico editorial um terceiro aspecto n o pode ser esquecido o ideol gico Um livro para o ensino da leitura e da escrita carrega mais do que o m todo de ensino e mais do que uma decis o e um projeto edito rial ele antes de tudo um artefato de controle social de dissemina o de valores impregnado de posi es discursivas s quais crian as muito peque nas t m acesso ao ingressar na escola Comparar as cartilhas americanas e ga chas foi ainda a possibilidade de refletir acerca da forma o de gera es que passaram pela escola e fizeram uso dess
294. eta es d spares Ler em voz alta para os demais colegas em sala de aula e com coment rios constantes da professora tem como efeito um maior controle sobre os sentidos do texto uma vez que esses sentidos v o sendo negociados e atribu dos durante o ato de ler J a leitura silenciosa abre ao leitor a possibilidade de estabelecer rela es n o necessariamente visadas pelo autor ou pretendidas pela docente Os sentidos se constroem na rela o com o texto e contexto da leitura e o universo particular de cada leitor conhecimento do c digo e do assunto e capacidade imagina tiva Essa vertente coloca sob suspeita a avalia o de que o aluno leu mal ou compreendeu mal um determinado texto impondo a indaga o sobre como ele p de construir aquela interpreta o que n o condiz com a espe rada Aqui entram em jogo tanto as dificuldades de decifra o do c digo quanto suas possibilidades poliss micas O que os cap tulos reunidos neste livro permitem perceber que os sentidos da leitura s o m ltiplos e sempre negociados nas rela es de saber e poder constitu das social e historicamente Permitem ainda avaliar que a materializa o de um texto t o importante quanto as ideias que ele veicula ou melhor que a compreens o desse ide rio s se produz no entre la amento entre texto e suporte da leitura Essas proposi es que emergem Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs dos estudos hist ric
295. etorial de Educa o e Cultura e proporcionou estimulou uma importante produ o de materiais relacionados alfabetiza o dos quais se podem depreender representa es concep es e pr ticas vigentes na poca As fontes localizadas permitiram a realiza o de estudos compa rativos de cartilhas e materiais elaborados por alguns estados buscando se estabelecer seus pressupostos te ricos e suas propostas metodol gicas O CONTEXTO LEGISLATIVO E REGULADOR PLANEJAR PRECISO De 1 de abril de 1964 a 15 de mar o de 1985 do ponto de vista pol tico o Brasil viveu o per odo de ditadura militar Esse per odo produ ziu tr s planos nacionais de desenvolvimento O I Plano Nacional de Desenvolvimento referente aos anos de 1972 1974 teve como objetivo preparar a infraestrutura necess ria para o desenvolvimento do Brasil nas d cadas seguintes A nfase desse plano foi dada aos setores de transportes e telecomunica es com investimentos em ci ncia e tecnologia e na expans o das ind strias naval sider rgica e petroqu mica Como frutos desse tempo temos a usina hidrel trica de Itaipu a Ponte Rio Niter i e a rodovia Transamaz nica O II Plano Na cional de Desenvolvimento proposto para os anos de 1975 a 1979 teve como objetivo manter o crescimento econ mico e estimular a produ o de insumos b sicos bens de capital alimentos e energia Finalmente o IN Plano Nacional de Desenvolvimento relativo aos anos de 1979 a 198
296. eu at a aprova o da Lei n 5 692 de 11 de agosto de 1971 Como se sabe essa lei modificou os ensinos prim rio e m dio alterando sua denomina o respectivamente para Ensino de primeiro grau de oito anos e Ensino de segundo grau de tr s ou quatro anos O car ter profissio 213 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs b m que os programas das disciplinas desse curso deviam ser simples cla ros e flex veis e deviam ser compostos e executados em conformidade com processos pedag gicos ativos Apresentavam se ainda orienta es expl citas para as aulas de Metodologia nas quais deveria ser feita a explica o sistem tica dos programas de ensino prim rio seus objetivos articula o da mat ria indica o dos processos e formas de ensino e para a pr tica de ensino a qual deveria se constituir de exerc cios de observa o e de participa o real no trabalho docente de tal modo que nela se integrem os conhecimentos te ricos e t cnicos de todo o curso BRASIL 1946a Tamb m conforme essa lei a disciplina mais diretamente ligada com ensinar a ensinar leitura e escrita no curso prim rio era Metodologia do ensino prim rio a ser ministradas nas duas ltimas s ries do curso normal Devem se ressaltar ainda a presen a das disciplinas Psicologia educacional e Pr tica de ensino diretamente relacionadas respectiva
297. eu conte do para que nada falte em aula Causa impres s o desagrad vel quando por desleixo ou por desaten o nos ocorreu alguma falta ltimamente come amos as recapitula es realizamos a revis o da mat ria e acentua o fizemos muita an lise l xica Por ncrivel que pare a nunca sei se devo escrever a palavra quis com s ou com z necess rio que eu tenha a m xima aten o a fim de fazer um bom exame E 10 10N 9 Corre o Por incr vel que pare a nunca sei se devo escrever a palavra quis com s ou com z Incr vel incr vel incr vel Caderno de Luiz Carlos do quarto ano 1954 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha O Col gio Farroupilha adotava campanhas mensais ou trimes trais como a do mata borr o da tabuada da marca o da capa bonita que vinham referidas no final de cada ditado A assinatura dos pais ou res pons veis em cada ditado evidencia o controle sistem tico do desempenho do aluno e certifica a corre o realizada 156 HisT RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA aba Prabath J mostech fra love Go y ba quamde a push domaine RETAS Take ic de at Somn ovoda Sobado de agede ole 4953 p Lum Mio TULVI p QE aout pita t nica channonnzar puspoduaey Berio mona Ditacle Cipa VOA toire tas Due Pre FREE ft LD otinnan Lio I peda hag ufo Pu 45 ator dut 7 E Hinloria Qritrmilica obtinumn 2 elege rindo hors a Hank midia 3 Figura 12 Caderno d
298. evados a acreditar que o uso inicial de passagens inteiras ou hist rias n o o mais interessante para a crian a GATES 1928 p 196 M todo de hist ria n o s exige o imposs vel das crian as mas tam b m introduz um risco de reduzir o interesse dos alunos em hist rias impressas GATES 1928 p 231 Acerca do m todo de senten as Gates 1928 p 197 argumen tava na mesma dire o Mesmo se fosse verdade e n o que a senten a invariavelmente a unidade de pensamento ou a frase sempre a unidade de pron ncia a verdade que qualquer uma destas unidades na forma impressa muito complexa para o aluno que est come ando a aprender Se a facilidade de percep o a aquela a ser tomada como crit rio devemos considerar as palavras isoladas 2 A defini o de um vocabul rio b sico remonta tradi o da psicologia americana e n o portanto espec fico da word recognition O psic logo americano Edward Lee Thorndike 1874 1949 precursor da Psicologia Comportamentalista publicou obras que se tornaram cl ssicas com as consideradas palavras de maior recor r ncia no ingl s padr o e que deveriam ser dominadas pelas crian as na fala na leitura e na escrita e as quais os professores deveriam pois usar como refer ncia no ensino e nos livros did ticos O pr prio Arthur Gates tomou como refer ncias as listas de Thorndike 102 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Assim
299. evista Histoire de l ducation do Service d Histoire de L ducation CHOPPIN 1986b 1987 A dimens o hist rica das obras escolares se articulava necessidade de compreender o livro didatico em diferentes momentos empenhando se em focalizar as demais fontes que estavam ligadas historicamente cons tru o desse material 45 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Um dos instrumentos mais coerentes que dispomos para apreender em uma longa dura o a realidade complexa do manual escolar o corpus de textos legislativos e de regulamentos a ele consagrados a partir da Revolu o O estudo deste corpus permite discernir o que as auto ridades consideravam em um determinado momento como manual escolar e de entrever assim as fun es que lhe era atribu da como prio ridade CHOPPIN 1988 p 11 tradu o livre Nos anos de 1980 iniciou seus di logos com outros pesquisado res em especial os historiadores da educa o sobre as especificidades in tr nsecas dos livros did ticos focalizando as diferen as em rela o a outros impressos Em seus estudos sobre a legisla o e as formas de controle do poder do Estado estava impl cita a necessidade de analisar as linhas e entrelinhas dessas proposi es oficiais esmiu ando dentre outros aspectos as formas de financiamento p blico e de distribui o gratuita para as escolas de diferentes n veis Cuidou ainda de identificar out
300. eviv ncia ou a morte do codex como realidade material e do livro como discurso REFER NCIAS BARTHES R La mort de Pauteur In Le bruissement de la langue Paris Seuil 1968 1984 p 61 67 BAUDELOT C CARTIER M DETREZ C Et pourtant ils lisent Paris Seuil 1999 BORGES J L La biblioteca de Babel In Ficciones Madrid Alianza 1941 1997 p 86 99 BOTREL J F Libros prensa y lectura en la Espana del siglo XIX Madrid Funda ci n S nchez Ruip rez 1993 CANFORA L La biblioteca scomparsa Palermo Sellerio 1986 Il copista como autore Palermo Sellerio 2002 CAVALLO G CHARTIER R Ed Histoire de la lecture dans le monde occi dental Paris Seuil 1997 CHARTIER A M L cole et la lecture obligatoire histoire et paradoxes des prati ques d enseignement de la lecture Paris Retz 2007 CHARTIER R Languages books and reading from the printed word to the digital text Critical Inquiry Chicago v 31 n 1 p 133 152 2004 Cardenio entre Cervant s et Shakespeare histoire d une pi ce perdue Pa ris Gallimard 2012 p 280 289 CUISSART E Enseignement pratique et simultan de la lecture de l criture et de l orthographe Paris Picard Bernheim 1882 DARNTON R The new age of the book New York Review of Books New York v 46 n 5 1999 39 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs The case for books past present and future New York Publ
301. fabetiza o e ao mesmo tempo problematizar a circula o neste pa s tanto de ideias e experi ncias sobre ensino de leitura e escrita advindas sobretudo de pa ses europeus norte americanos e latino americanos quanto de para digmas historiogr ficos da produ o cient fica internacional sobre o tema e aspectos correlatos O que aqui se apresenta portanto resultado de discuss o sis tem tica dos principais problemas e perspectivas da produ o acad mico cient fica brasileira sobre hist ria do ensino da leitura e escrita em suas rela es com a produ o internacional Por meio dessa discuss o poss vel problematizar a tens o entre perman ncias e rupturas que caracterizam as rela es entre o passado o presente e o futuro articuladamente aos desa fios pol ticos sociais culturais e educacionais deste momento hist rico Assim reitera se a import ncia da pesquisa hist rica como um dos meios de compreender melhor como os indiv duos e sociedades atribuem signifi cados alfabetiza o como se foi definindo esse objeto de conhecimento como se foram elaborando m todos e material did tico para o ensino e o aprendizado da leitura e da escrita visando retomada de respostas e formula o e outras perguntas e propostas para o enfrentamento dos per sistentes problemas da alfabetiza o e da educa o em nosso pa s Esse tamb m um instigante convite que com este livro apresen tamos a pesq
302. fica se que do total de t tulos lan ados os livros de leitura ocupam parcela muito signifi cativa na produ o geral das tr s editoras desde o in cio de suas atividades ainda que correspondam a per odos diferentes de 1854 at 1940 para a Francisco Alves de 1894 at 1962 para a Siqueira e de 1907 a 1940 para a Melhoramentos O quadro a seguir mostra essa representatividade na produ o geral dessas empresas 2 A Cartilha Ensino Rapido da Leitura teve trajet ria excepcional na Melhoramentos com 2 230 edi es at 1996 com mais de 6 milh es de exemplares produzidos marca que seria ultrapassada apenas pela Cartilha do Povo 1928 de Manoel Bergstr m Louren o Filho que teve 2 204 edi es e mais de 11 milh es de exemplares produzidos at 1994 RAZZINI 2007b 306 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Tabela 1 Produ o de livros did ticos e livros de leitura Livros de Livros Di Livros es Outros EDITORA Leitura do d ticosdo Did ticos do E y i Nao Di Total er pee Mes Didaticos Sets Prim rio Prim rio Secund rio Pas d ticos Livraria Francisco Alves 196 318 307 625 434 1059 1854 1940 61 6 100 59 41 100 Tipografia Siqueira 48 62 48 110 241 351 1894 1962 77 4 100 31 3 68 7 100 Editora Melhoramentos 27 151 132 283 569 852 1907 1940 17 8 100 33 2 66 7 100 Fonte RAZZINI 2005 e 2007b Se junto disso forem consideradas as constantes r
303. foi abolida a censura pr via o que possibilitou o funcionamento de tipografias particulares O nome da Impress o R gia passou por v rias altera es Segun do Bragan a 2007 em 1818 mudou para Typographia Real depois para Typo graphia R gia em 1820 e Typographia Nacional em 1821 Ap s a Independ ncia seu nome passou a ser Typographia Nacional e Imperial 1826 e ainda Typographia Nacional de 1830 at 1885 A partir desta data seu nome passou a ser o que mant m at hoje Imprensa Nacional A produ o da Impress o R gia abrangia livros did ticos como descreve Moraes 1993 p xxiii Na Academia Real Militar as mat rias ensinadas eram matem tica fi sica qu mica astronomia tica mineralogia e ci ncias naturais era um curso para formar n o somente oficiais mas homens que posam tambem ter o util emprego de dirigir objetos administrativos de mi nas caminhos portos canaes pontes fortes e cal adas Mas n o bas tava criar a Academia e nomear os lentes era preciso ter livros para os alunos Surgia no Brasil o problema do livro did tico Para resolv lo a Impress o R gia publicou uma s rie de manuais franceses para uso dos alumnos como consta em suas p ginas de rosto O mesmo autor tamb m se refere abertura de chapas para as gravuras MORAES 1993 p xxiii dos Elementos de Geometria e publi ca o de Tratado de Trigonometria ambos de Legendre al
304. forma o da t cnica de reprodu o dos textos sempre assegurada pela c pia manuscrita E por mais que a leitura tenha conhecido v rias revolu es identificadas ou discutidas pelos historiadores todas ocorreram durante a grande dura o do codex s o as conquistas medievais da leitura silenciosa e visual a paix o por ler que 31 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs caracterizou o tempo das Luzes ou a partir do s culo XIX a entrada na leitura dos rec m chegados os meios populares as mulheres e as crian as dentro ou fora da escola CAVALLO CHARTIER R 1997 Ao romper o antigo la o entre os textos e os objetos entre cada discurso e sua materialidade pr pria a revolu o digital obriga a uma ra dical revis o dos gestos e das no es que associamos escrita Apesar da in rcia do vocabul rio que procura domesticar a novidade denominando a com palavras familiares os fragmentos de textos que aparecem nas telas n o s o p ginas mas composi es singulares e ef meras E contrariamente a seus antecessores rolo ou codex o livro eletr nico n o se diferencia das outras produ es da escrita pela evid ncia de sua forma material A descontinuidade existe inclusive nas aparentes continuidades A leitura diante da tela uma leitura descont nua segmentada ligada mais ao fragmento que totalidade N o seria talvez por esse motivo a herdeira direta das pr ticas permitid
305. gar des ses manuais escolares ainda pouco conhecidos do grande publico Trata se sim de um patrim nio cultural que teve papel consider vel na educa o escolarizada das classes m dias e populares pela via da escola p blica e ocupou um espa o importante e frequentemente ignorado na educa o de crian as e leitores O estudo dos dois manuais possibilita compreender e interpretar esses livros em sua materialidade f sica e em seus conte dos como locais onde por escolhas deliberadas de temas se concentram sinais vest gios imagens e discursos que permitem reconhecer prescri es para o ensino da leitura pela via da interpreta o hist rica a qual sinaliza para a tripla tarefa do historiador a fim de produzir credibilidade convocar o passado que j n o est em um discurso no presente mostrar as compet ncias in terpretativas do historiador dono das fontes e convencer o destinat rio leitor dessa historicidade No fazer historiogr fico acham se associados portanto conhecimento e relato prova e ret rica saber cr tico e narra o CHARTIER R 2009 p 15 16 As problematiza es que governaram a pesquisa intentam rastre ar a presen a de proposi es sobre a leitura feitas nos manuais escritos por Viana 1949 22 edi o e Pennell e Cusack 1942 32 edi o centradas em quest es sobre a escolariza o da leitura e sobre os tipos de preceitos propostos pelos autores que se relacionam s pr ticas de l
306. ginemos livros did ticos manuscritos na forma de bonecos ou seja na vers o praticamente acabada do livro pre parada para apresenta o aos editores E se encontrado o quanto um tipo de livro assim contribuiria para uma hist ria do ensino da leitura e da escrita Muito do que conhecemos sobre o ensino da leitura e da escrita foi constru do a partir dos estudos sobre autores de livros did ticos im pressos Essa produ o muito nos ajudou a compor o cen rio do mundo ligado educa o de professores de alunos e das pr ticas pedag gicas no per odo entre os s culos XIX e XX especialmente Todavia o que de toda a produ o n o impressa que autores professores de livros did ticos acu mularam em vida pode ter sido perdida ou estar esquecida nas m os de seus descendentes O que e por que tal material p de permanecer manus crito recusado para publica o acuado pelas censuras recebidas pelas prescri es e orienta es pedag gicas oficiais em voga ou pelas demandas do mercado ou pelo lugar que o autor ocupou na rede detentora do po der de decidir quais livros teriam sua publica o autorizada Que rede de rela es pode ser investigada em torno das obras recusadas e abandonadas pelos seus autores em um tempo perdido Recentemente dois manuscritos descobertos dois bonecos de livros escolares podem exemplificar um pouco do que colocamos aqui S o duas cartilhas escritas n
307. h der for Fifth Grades Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A reader 1897 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah for Sixth Grades Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A reader 1898 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah for Seventh Grades Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A Rea 1898 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah der Higher Grades Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise ns 1898 Malden Ma E A Perry Learning to Read Suggestions to Tea New York Boston Chicago rn Saran Louse chers of Young ue 1893 Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Reading how to teach it 1899 N as Mother Tongue The Book I Les ely Siin laiia sons in oe Reading and Wri 1900 Boston Ginn amp Co Kittredge George Lyman ting English Kittredge George Lyman Mother Tongue The Book I An 1000 Bacon Guns Co 89 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Outline of a course of study in lan guage and Grammar prepared to Arnold Sarah Louise o Ro UE 1901 Boston Ginn amp Co I and IT Ceres an Feys Mother Tongue The Book TIT Ele Boston New York Chicago Kittredge George Lyman 4s of English C e 1902 Giane Arnold Sarah Louise GPS EE SEA se Boston New York Ch
308. h Ribeiro Kunz Editora do Brasil s d 1962 Cartinha do Guri de Elbio N Gonzales Rosa Ruschel e Flavia E Braun Editora Tabajara 8 ed 1969 C u Azul de Elbio N Gonzales Rosa M Ruschel e Flavia E Braun Editora Tabajara 1970 A autoria dessas cartilhas de diferentes professoras ga chas protagonistas da educa o sul rio grandense algumas das quais como o caso de Eloah Ribeiro Kunz tiveram uma importante atua o no CPOE A referida professora foi diretora do Centro entre os anos de 1946 e 1954 Maria de Lourdes Gastal tamb m evidencia esse protagonismo entre outras atividades ela foi diretora de um importante peri dico educacional ga cho a Revista do Ensino no per odo de 1951 a 1964 Nessas cartilhas as primeiras li es visando forma o do vo cabul rio b sico iniciam se normalmente com o nome dos personagens da s rie para o caso americano e da cartilha nica para o caso ga cho 16 Embora na pesquisa denominada Cartilhas escolares ide rios pr ticas pedag gicas e editoriais a hist ria da alfabetiza o e das cartilhas MG RS MT 1870 1980 tenham sido localizadas 24 cartilhas de alfabetiza o produzidas no Rio Grande do Sul publicadas por editora ga cha e ou escritas por autoras ga chas desde as primeiras d cadas do s culo XX at final dos anos de 1970 essas cinco mencionadas s o aquelas que mais fiel mente atendem aos princ pios da word recognition
309. i lh es de exemplares de livros did ticos destinados aos cursos prim rio secund rio normal e profissional Se a esse n mero juntar se o con tingente em poder de revendedores cooperativas escolares e casas de fam lia a soma de livros escolares prontos para uso em todo o pa s n o ser inferior a dez milh es Isto significa patrim nio nunca inferior a 150 milh es de cruzeiros que ser desperdi ado se as medidas de reforma n o forem adotadas de forma cautelosa e progressiva E como acontece que o pre o do papel apresenta hoje o mais alto n vel j atingido em toda a hist ria dessa ind stria n o s em nosso pa s mas no mundo bem certo que novos livros s poder o ser editados por pre os muito superiores aos atuais quer sejam eles impressos por particulares quer pelo Estado C MARA BRASILEIRA DO LIVRO 1951 p 4 Louren o Filho por exemplo por meio do Parecer n 93 de 1952 consultou o Conselho Nacional de Educa o CNE sobre a legitimidade de legisla o estadual para o livro did tico uma vez que havia uma legisla o federal em vigor FRANCO 1980 251 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Em 1956 foi instituida a Campanha Nacional de Material de Ensino por meio do Decreto n 38 556 de janeiro daquele ano Dez anos depois em 1966 com o acordo entre o Minist rio da Educa o MEC e a Ag ncia Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional US
310. ia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2001 CHARTIER A M Ense ar a leer y escribir una aproximaci n hist rica Tradu o Diana L S nchez M xico Fondo de Cultura Econ mica 2004 CHARTIER A M H BRARD J M todo sil bico e m todo global alguns escla recimentos hist ricos Hist ria da Educa o Pelotas v 5 n 10 p 141 154 2001 CHEVALLARD Y La transposition didactique du savoir savant au savoir enseig n Paris La Fense Sauvage 1991 CHOPPIN A Hist ria dos livros e das edi es did ticas sobre o estado da arte Tradu o Maria Adriana C Cappello Revista Educa o e Pesquisa S o Paulo v 30 n 3 p 549 566 set dez 2004 Dispon vel em lt http www scielo br pdf ep v30n3 a12v30n3 pdf gt Acesso em 15 out 2013 218 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA O manual escolar uma falsa evid ncia hist rica Hist ria da Educa o Pelotas v 13 n 27 p 9 75 jan abr 2009 D VILA A Pr ticas escolares de acordo com o programa de ensino do curso normal e com a orienta o do ensino prim rio 2 ed S o Paulo Saraiva 1942 12 edi o em 1940 EDITORA AURORA In FONTOURA A A Metodologia do ensino prim rio contendo a mat ria dos 2 e 3 anos do Curso Normal 18 ed Rio de Janeiro Aurora 1971 p XXII FONTOURA A A Metodologia do ensino prim rio contendo a mat ria dos 2 e 3 anos do Curso Normal 7
311. ias e de suprimento de melhores condi es para os estudos formais BRASIL 1976 p 16 225 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Em que pese esse diagn stico cruel do sistema brasileiro de ensi no o II PSEC ao definir a pol tica educacional considera que os d ficits escolares historicamente acumulados foram praticamente vencidos com a acelera o dos programas de expans o desde os finais dessa d cada BRASIL 1976 p 16 subsistindo residuos que o prazo curto absorver at uma porcentagem toler vel BRASIL 1976 p 31 Para o plano trata se de uma fase de intermedia o a qual marca a passagem de uma situa o em que a primeira dimens o do pro blema educacional no Brasil a dimens o quantitativa precisa ser atacada frontalmente ea prazo curto para uma outra em que a segun da dimens o que incorpora reclamos qualitativos crescentes deve ser enfrentada no seu mago BRASIL 1976 p 31 O plano explicita que os esfor os est o concentrados nas seguintes reas 1 Inova o e renova o do ensino 2 Prepara o de recursos huma nos 3 Expans o e melhoria da rede f sica 4 Planejamento e administra o O II PSEC est portanto integrado filosofia geral do II Plano Nacional de Desenvolvimento como sabemos uma filosofia liberal que v a educa o como investimento e como instrumento de mudan a social
312. ic Affairs 2009 DONNAT O La lecture r guli re des livres un recul ancien et general Le D bat Paris n 170 p 42 51 2012 DOUEIHI M La grande conversion num rique Paris Seuil 2008 Pour un humanisme num rique Paris Seuil 2011 ECO U CARRI RE J C N esp rez pas vous d barrasser des livres Paris Gras set 2009 EVANS C Ed Lectures et lecteurs l heure d Internet livre presse biblioth ques Paris Cercle de la Librairie 2011 FERNANDEZ P Lecturas instructivas y utiles In INFANTES V LOPEZ E BOTREL J E Ed Historia de la edici n y de la lectura en Espa a 1472 1914 Madrid Fundaci n S nchez Rup rez 2003 p 672 681 FOUCAULT M L ordre du discours le on inaugurale au Coll ge de France pro nonc e le 2 d cembre 1970 Paris Gallimard 1970 FREIRE P 4 import ncia do ato de ler S o Paulo Cortez Autores Associados 1982 KANT I Beantwortung der frage was ist aufkl rung Berlinische Monatsschrift Berlin p 481 494 Dezember Heft 1784 MCLUHAN M The Gutenberg galaxy the making of typographic man Toron to University of Toronto Press 1962 MERCKL P et al L enfance des loisirs trajectoires communes et parcours indi viduels de la fin de l enfance la grande adolescence Paris La Documentation Fran aise 2010 OLIVERO I L invention de la collection de la diffusion de la litt rature et des savoirs la formation du citoyen au XIXe si cle P
313. ica da Escola Nova publicado no Brasil em 1959 pela Companhia Editora Nacional com tradu o e notas por J B Damasco Penna e Antonio d vila Metodologia da linguagem de J Budin 1914 1953 foi pu blicado em 1949 pela Companhia Editora Nacional de S o Paulo SP N o foram localizadas informa es sobre outras edi es desse manual mas pos s vel presumir que teve grande circula o entre os normalistas pois consta em um exemplar da 1 edi o a indica o de tiragem de 4 623 exemplares 16 importante lembrar que Ant nio Feliciano de Castilho 1800 1875 al m de escritor e polemista foi o criador do M todo Castilho para o ensino de leitura bastante conhecido e adotado inclusive no Brasil no s culo XIX A respeito desse m todo ver especialmente Boto 2004 17 Trata se dos testes ABC para verifica o da maturidade necess ria ao aprendizado da leitura e da escrita criados por Louren o Filho e apresentados aprofundadamente em Louren o Filho 1934 Estudo detalhado sobre o livro e os testes ABC est em Magnani 1996 e Mortatti 2000 Sobre a atua o de Louren o Filho para a formula o de pol ticas para o livro did tico ver o texto de Estela Bertoletti que integra este livro N O 18 Janetta Budin nasceu em 1914 no estado do Rio Grande do Sul e faleceu em 1953 na cidade do Rio de Janeiro Diplomou se em Letras pela Escola de Filosofia e Letras da Universidade do Distrito Federal UDF
314. icago Arnold Sarah Louise Plans for busy work 1901 Silver Burdett amp Co i Boston New York Chicago Arnold Sarah Louise Arnold primer The 1901 Silver Burdett amp Co Arnold bio With Pencil and Pen Language Les 1906 Boston New York Chicago sons for primary schools London Ginn amp Co Gardiner John Hays Kittredge George Lyman Manual of composition and rhetoric 1907 Poston Day York Chicago London Ginn amp Co Arnold Sarah Louise Ainol saco re See and Say Series The Book One Bonney Elizabeth Cathe i i 3 A picture book teaching the letters Boston New York Chicago rine 1918 i and their sounds with lessons in word London Ginn amp Co Southworth Edward buildi Franklin Los Arnold Sarah Louise ges Blasad Cadie Manual for teachers to accompany 1913 Boston New York Chicago ai award The See and Say Series book one London Ginn amp Co Franklin Arnold Sarah Louise See and Say Series The Book Two Honey Elizabeth Cathe A word book teaching the sounds of Baan Ner oi Ciega rine letters and giving practice in word 1914 E O Southworth Edward getting word building and word D Los CE Franklin writing Arnold Sarah Louise Bonney Ene Manual for teachers to accompany Syracuse New York Iro os ME Pon a re ou es Edward e See and Say Series book two quois Co Inc Franklin Anaki Greh ovie See and Say Series The Book Three A word book teaching the sounds of Bonney Elizabe
315. icas aparentemente eficazes a despeito de sua diversa concep o de sujeito aprendente a o docente e aquisi o de c digo lingu stico Da mesma forma isso que justifica a hibrida o efetuada pelas professoras alfabetizadoras em sala de aula Pre midas pelas urg ncias das classes e dispondo de um arsenal constitu do nas escolas de forma o na troca com colegas no ambiente de trabalho e nas experi ncias de vida pessoal e profissional as professoras efetuam apropria es criativas dos m todos em busca da resolu o dos conflitos enfrentados no processo de ensinar a ler e escrever O que a hist ria da alfabetiza o nos proporciona n o a evid ncia da primazia de um m todo sobre outro de uma cartilha sobre outra Ao con tr rio Demonstra que m todos coexistem sobrep em se e entrela am se que n o h a aplica o literal de uma metodologia nem um m todo puro A temporalidade do passado variada e a produ o e a apropria o dos m todos sempre h brida Cabe ent o indagar em que as v rias hibrida es a que foi submetido um m todo contribu ram para sua maior ou menor efic cia tomada seja do ponto de vista da perman ncia temporal no am biente escolar seja da acredita o social ou cient fica seja do investimento da ind stria editorial perspectivas nunca totalmente isoladas Voltemos agora pergunta que d mote a este Pref cio em que os estudos de natureza hist rica sobre o en
316. icipa da cena p blica com autonomia na mesma propor o que defende uma agenda de conserva o da ordem americana White Anglo Saxon Protestant WASP A supervisora de ensino de Boston que representa a sua fun o semelhan a de Mois s a autora dos livros did ticos a Dean do Simmons 75 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs College a l der da economia dom stica e das escoteiras a mesma Sarah L Arnold no exerc cio de diferentes pap is Certamente ganhou um n mero maior de interlocutores e sua rede se tornou maior e mais complexa mas n o abandonou antigos interlocutores para incluir novos n o aban donou velhas agendas em favor de novas n o desfez la os de sociabilidade para tran ar novos Manteve coerentemente na medida em que as circuns t ncias lhe permitiram uma pauta dirigida moderniza o conservadora No espectro feminino que lhe era contempor neo Sarah L Ar nold esteve muito pr xima de mulheres como Lou Henry Hoover Poderia ter pertencido s mesmas redes de rela es de Jane Addams 1860 1935 cuja idade distava apenas um ano a menos da de Arnold Cruzaram se em diferentes circunst ncias por m salvo desmentido de novas fontes que possam vir a ser descobertas n o mantiveram rela es pr ximas e n o compartilharam as mesmas redes de sociabilidade Uma rara situa o em que ambas aparecem no mesmo local est registrada no Journal of Pro
317. ida e Educa o sob a dire o do Professor lvaro Magalh es em 1942 Segundo os estudos de Torresini 1999 p 69 90 a Editora Glo bo Porto Alegre RS com assessoria do ent o Professor da Universidade de Porto Alegre lvaro Magalh es colocou no mercado editorial nas d cadas de 1930 1940 edi es pedag gicas livros t cnicos dicion rios e enciclop dias de obras voltadas para o ensino superior associadas rec m criada 1934 Universidade Federal do Rio Grande do Sul A Cole o Vida amp Educa o trazia como primeiro volume uma obra do Professor Everardo Backheuser intitulada Ensaio de Biotipologia Educacional e como terceiro volume o Manual de Pedagogia Moderna Te rica e Pr tica para uso das Escolas Normais e Institutos de Educa o do mesmo autor Os objetivos dessa Cole o expressos na contracapa desse manual prometiam Pretendendo secundar o admir vel esfor o e o decidido trabalho dos poderes p blicos na esfera educacional e no intuito de colaborar para o incentivo e a difus o da cultura no Brasil em que os TEMAS PEDA G GICOS e a EDUCA O se acham na ordem do dia a Livraria do Globo de Porto Alegre tem a satisfa o de apresentar aos pais aos mestres aos educadores a biblioteca VIDA amp EDUCA O dirigida pelo experimentado Prof LVARO MAGALH ES A nova cole o de prop e estudar os problemas educacionais e culturais nas suas mais variadas formas e aspectos atrav s de
318. idades nos modos nos suportes e nos conte dos da escrita 3 Como os adultos as crian as tamb m selecionam elegem omitem enfeitam a pr pria vida Suas escritas s o apenas fragmentos de seus modos de ver o mundo N o escrevem sobre tudo o que viveram n o vivem tudo o que escreveram 4 As escritas infantis representam para os pesquisadores armadilhas para o olhar uma vez que como tantos outros documentos trazem apenas vest gios do passado e n o o que verdadeiramente aconteceu S o tamb m resultado de censura e inven o Maria Stephanou e Eliane Peres No Programa de P s Gradua o da Universidade do Estado do Rio de Janeiro ver BRAGA Rosa Maria de Souza Caligrafia em pauta a legitima o de Orminda Marques no campo educa cional Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro Programa de P s Gradua o em Educa o Disserta o de Mestrado 2008 que orientei e FERREIRA Luiz Carlos Cadernos de Perguntas recursos para a discuss o de identidade afro descendentes com alunos do Ensino Fundamental Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro Programa de P s Gradua o em Educa o Disserta o de Mestrado 2004 orientado por Nilda Alves disserta es que tangenciam essas escritas 174 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA 5 As escritas infantis permitem explorar vers es exclu das ou silencia das na historiografia e na historiografia da educa o mas essa com preens
319. ifica o da ci ncia de refer ncia e n o considerado como um produto espec fico gerado pela cultura escolar BITTENCOURT 2003 CHERVEL 1998 o que tamb m o torna me nos digno de ser guardado e conservado Contudo observa se que tais dificuldades n o bloquearam as pesquisas sobre o livro did tico uma vez que como adverte Dominique Julia n o devemos exagerar o sil ncio dos arquivos escolares nem subestimar os pesquisadores porque o historiador sabe fazer flechas com qualquer madeira JULIA 2001 p 17 Nesse sentido muitos trabalhos de p s gradua o centrados na his t ria do livro e da leitura escolar foram produzidos nos ltimos 30 anos be neficiados principalmente por dois movimentos distintos mas convergentes De um lado a hist ria cultural e a hist ria do livro e da leitura CHARTIER 1990 DARNTON 1990 abriram espa o para a hist ria do livro did ti co em publica es coletivas abrangentes ESCOLAR SOBRINHO 1996 MARTIN CHARTIER VIVET 1986 MICHON MOLLIER 2001 De outro lado a aproxima o da hist ria da educa o com a hist ria social com a hist ria cultural e com outras reas do conhecimento significou para a historiografia da educa o o alargamento de abordagens e fontes NUNES CARVALHO 1993 WARDE 1984 1990 logo ap s o final dos anos 1970 per odo em que se deu a reconfigura o e fortalecimento da rea de hist ria da educa o seja nas u
320. ilos diferentes pode se afirmar que quanto aos recursos gr ficos explorados ambos trazem utiliza o de profundidade de planos de movimento e de sombras Para a ocorr ncia do uso e da repeti o das palavras poss vel notar que na li o reproduzida das p ginas 16 e 17 de We Look and See h 111 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs o uso de apenas sete palavras come Dick and see Spot look oh sendo que come se repete seis vezes see cinco vezes and quatro vezes look tr s vezes oh duas vezes Spot uma vez e Dick uma vez igualmente Contudo nas p ginas que precedem a li o da 3 at a p gina 15 com exce o de come que o verbo introduzido nessa li o pela primeira vez por isso ela se repete sete vezes as outras palavras j tinham sido usadas com a seguinte repeti o oh dezessete vezes look quinze vezes see dez vezes Dick tr s vezes a primeira imagem palavra do Pre primer Spot duas vezes and uma vez H ainda mais tr s outras palavras que n o s o empregadas nas p ginas 16 e 17 acima reproduzidas mas at essas p ginas aparecem com a seguinte repeti o Jane seis vezes Baby quatro vezes e funny quatro vezes estas reaparecer o nas p ginas seguintes repetidamente como em todos os exemplos Assim se We Look and See foi produzido com apenas 17 palavras estas aparecem entre 18 a 30 vezes no livro Esse exemplo se aplica aos o
321. inal de cada unidade a autora faz sugest es de propostas de atividades e temas para discuss es e insere uma rela o de livros para leitura complementar A autora define linguagem como conjunto de s mbolos cuja ori gem inata nas pessoas e critica a concep o de inf ncia adotada pela Es cola Tradicional defendendo em especial a necessidade de reconhecer os interesses da crian a e de utilizar o m todo de projetos para motiva o da aprendizagem e do trabalho coletivo Apresenta tamb m as bases te ricas dos m todos de ensino de leitura e escrita citando Jean Piaget e expoentes do ide rio da Escola Nova como douard Clapar de John Dewey An sio Teixeira e Louren o Filho Destaca a import ncia da maturidade para a aprendizagem da leitura e escrita prop e a aplica o dos testes ABC e sugere a leitura de Did tica da Escola Nova de A M Aguayo assim como de Pr ticas escolares de d vila 206 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA No es de metodologia do ensino prim rio de Theobaldo Miranda Santos 1905 1971 foi publicado em 1950 pela Companhia Editora Nacional SP como volume 10 da cole o Curso de Psicologia e Pedagogia A mais recente edi o localizada a 112 de 1967 e e dt Figura 3 Capa de No es de metodologia do ensino prim rio de Theobaldo Miranda Santos 112 edi o 1967 Fonte Acervo do GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do ensino
322. inco exemplares utilizados entre 1953 e 1957 numa escola particular da cidade de Porto Alegre RS para discutir como essas escritas ordin rias ao expressarem uma mem ria da educa o escolarizada possibilitam refletir sobre a cultura escolar os sa beres e pr ticas educativas bem como sobre o modelo de aluno produzido naquele contexto espec fico Al m do livro Cadernos vista escola mem ria cultura escrita o qual organizei em 2008 e em que se priorizou a produ o a circula o e os usos desses suportes de escrita disserta es e teses defendidas no pa s indicam tamb m o crescente interesse pelos cadernos escolares Padova Museo della scuola e del libro per Pinfanzia di Torino Fondazione Tancredi di Barolo Museo storico della didattica di Roma Universita degli Studi di Roma III Dipartimento di Scienze delPeducazione e della formazione di Macerata Institut Teorii i Istorii Pedagogiki Rossijskoj Akademii Obrazovaniya Kazanskij Gosudarstvennyj Universitet Institut f r Historische Bildungsforschung Pestalozzianum e do International Standing Conference for the History of Education ISCHE 4 Sobre as escritas escolares infantis h um n mero significativo de disserta es teses e publica es dos grupos de pesquisa brasileiros especialmente de Programas de P s Gradua o em Educa o da UDESC PUC RGS UFRGS e UFPel coordenados respectivamente por Maria Teresa Santos Cunha Maria Helena Camara
323. io o exemplar preservado ganha um estatuto de algo que merece ser guardado pelo que representa no campo do saber acompanhando cada mudan a geogr fica de seu leitor propriet rio sendo preservado por d cadas como relata um dos depoentes dessa pesquisa GOULART 2009 Muitos que guardaram seus livros o fizeram porque t los mate rialmente significava a possibilidade de deslocar se para o tempo de sua inf ncia em uma escola rural com poucos livros o tempo da descoberta das letras Apalp lo e t lo s m os como possibilidade de acessar outra coisa que n o apenas o seu conte do produz nos leitores um desejo de ir atr s de um exemplar tal qual aquele que ele teve e descartou Assim se manifes ta Goulart 2009 p 181 em sua pesquisa a respeito de um depoimento dado por uma professora Adquiriu os em uma escola que trabalhou e teve grande satisfa o em guard los por serem os mesmo livros da poca em que estudou O apego ao livro ent o expresso pela posse desse objeto em sua materialidade e os leitores saem ca a de um exemplar da obra mas ela deve ser da mesma edi o tentando garantir a mesma capa o mesmo tama nho e volume as mesmas cores assim como aquela que eles usaram um dia 8 muito recente tamb m o interesse dos pesquisadores pela reuni o de um mesmo livro em suas diferentes edi es incorporando os estudos trazidos pela Hist ria Cultural de que os textos n o s o des
324. io de Janeiro Typographia Nacional 1861 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1845 Tomo VIII Rio de Janeiro Typographia Nacional 1846 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1846 Tomo IX Rio de Janeiro Typographia Nacional 1847 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1848 Tomo XI Rio de Janeiro Typographia Nacional 1849 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1850 Reimpres s o Rio de Janeiro Impresna Nacional 1910 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1852 Tomo XV Rio de Janeiro Typographia Nacional 1852 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1855 Tomo XVIII Rio de Janeiro Typographia Nacional 1855 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1856 Tomo XIX Rio de Janeiro Typographia Nacional 1857 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1858 Tomo XXI Rio de Janeiro Typographia Nacional 1858 332 SOBRE OS AUTORES Diana GON ALVES VIDAL Professora Titular em Hist ria da Educa o na Faculdade de Educa o da Uni versidade de S o Paulo FEUSP 2010 Livre Docente na mesma rea em 2005 Graduada em Hist ria pela Universidade do Vale do Para ba 1985 Mestre em Hist ria pela Universidade Estadual de Campinas 1990 Doutora em Educa o pela USP 1995 com p s doutorado em Educa
325. ionadas escolha dos livros por parte dos professores Muitas de suas publica es foram dedicadas a essas quest es Formation au choix et l utilisation des manuels scolaires et des outils p dagogiques 1993 Les choix et l utilisation des manuels scolaires une approche historique 1996 Choisir un manuel un enjeu p dagogique 1996 Du bon usage des manuels une perspective historique 1998a Les manuels scolaires petite histoire des usages 1998c Le pass le pr sent et le futur des manuels scolaires 1999a Les ma nuels l cole primaire um aper u historique 1999b Former les enseignants au choix et l utilisation de leurs manuels 2003 Evidencia se assim a import ncia das an lises do livro did tico considerando o como objeto de estudo da hist ria da educa o escolar em suas diversas vertentes m todos e materiais pedag gicos hist ria das disciplinas hist ria da alfabetiza o tendo se ressaltado sua permanente presen a na hist ria da forma o dos professores LIVROS DID TICOS E HIST RIA DAS EDI ES As an lises do livro did tico como instrumento de poder pol tico estiveram associadas por Choppin aos aspectos econ micos dessa pro du o sobretudo em suas rela es com o crescimento do mercado edito rial e as transforma es das t cnicas de fabrica o A hist ria das edi es escolares aproximou o constantemente de outros historiadores dedicados hist ria dos livro
326. iradentes Selva brasileira pilha Coloniza o do RS Descobrim nto do Capitanias heredit rias Passeio por Porto Minha P tria Brasil Solo brasileiro Alegre Osvaldo Cruz Dia das M es Caboclo M ee Funda o de Porto Duque de Caxias Sos Rio Parna ba quence A Independ ncia S o Jo o Primavera Peixes egre Sp Semana da P tria A Meios de Trans S laba T nica Escola Rel gio Lineu gt O livro porte Bento Gon alves Diadaciian a Bal es Meu nome Santos Dumont Servicos P blicos Semana da AS Riquezas naturais Abore Comunica es A Pol cia Herb rio ndios Tupinamb s A ch va Porto Alegre Semana da Asa Atropelamento ndios do Xingu M s demais Estados Brasileiros Pandorga Casa davov O caboclo Proclama o da Montanhas Halere de Os bandeirantes Rep blica O boletim Carbone A escravid o indigena Natal A banda de m sica ba p deira O rio Parnaiba Corpo Humano As compras Carlos Gomes Excurs o Descobrimento do Higiene O canero Jovem Tupi Brasil A pol cia Aes E Descobrimento do Brasil Acabaram as f rias Coisas teis O circo Animais vertebrados O ratinho e invertebrados Dia do Soldado A violeta Os dentes As andorinhas Sabatina de por Os Jesu tas tugu s Aula de desenho A borboleta Instituto Butant O parreiral Carv o de pedra As mem rias da bruxa Onilda Nosso clima Lenda de Obirici Quadro 2 T tulos ou temas dos ditados Fonte Quadro organizado pela autora 153 Maria DO Ros rio L MORTATT
327. is pode se tamb m identificar o objetivo n o de esgotar a discuss o mas de propor continuidade de mapeamento e discuss o sistem tica de posi es representativas de pontos de vista sobre o tema Dentre os resultados dessas discuss es destaca se a compreens o dos importantes avan os ocorridos especialmente desde a d cada de 2000 com enfoque na hist ria regional e local Esses avan os por sua vez in dicam a necessidade de maior articula o entre pesquisadores a fim tanto de incentivar a produ o de hist rias desse ensino em outras prov ncias estados do pa s ainda n o exploradas na pesquisa acad mico cient fica quanto de produzir uma hist ria da alfabetiza o no Brasil 17 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Esse desafio que se apresenta aos pesquisadores demanda ainda dentre outros aspectos aprofundar a identifica o e a an lise de semelhan as e diferen as entre temas fontes objetos vertentes te ricas e aborda gens metodol gicas das pesquisas sobre hist ria do ensino de leitura e es crita efetivadas nas ltimas d cadas e as rela es que se podem estabelecer entre hist rias regionais locais e a produ o internacional sobre o assunto O objetivo maior avaliar as possibilidades j indicadas no I SIHELE de buscar a compreens o de uma hist ria brasileira da alfabetiza o no Bra sil considerando a especificidade do conceito brasileiro de al
328. is Blumenthal Figura 6 Caderno Luiz Carlos 1 ano 1951 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha 150 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA A maioria dos ditados apresenta frases curtas em n mero de qua tro a seis fixando a ortografia de determinadas consoantes do alfabeto V D P T B L e B F M e N AO J N o segue uma tem tica que articule as frases Localizamos alguns ditados com frases articuladas nos conjuntos cc cc 2 cc A a ca 2 peixes rel gio matem tica Quanto avalia o h somente a nota que decorre do n mero de erros cometidos pelos alunos um erro nota 9 5 dois nota 9 e assim sucessivamente IA VAR f a gg ro AVS vit anope GAL O A sal A s E EAR A di E 1A Pra John ities blo Wien Figura 7 Caderno de Gladis do 1 ano primario Fonte Acervo particular de Gladis Renate Wiener Blumenthal Os cadernos do segundo ano mant m a sistem tica de nume ra o trazem sempre a data completa por extenso no alto da p gina as frases variam em n mero de 4 a 8 alguns trazem t tulo Um nome s Pedro lvares Cabral Dia das M es Os ndios Semana da P tria Brasil P tria Independ ncia Revolu o Farroupilha a avalia o do professor assinala o n mero de palavras com erro a nota para a ordem e a nota final 151 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs
329. is de ensino franceses e brasileiros para o ensino da leitura e escrita no Brasil 1851 1966 2009 Digitado VALDEMARIN V T Li es de coisas concep o cient fica e projeto moder nizador para a sociedade Cadernos Cedes Campinas v 20 n 52 p 74 87 nov 2000 VIANA M G A arte da leitura Porto Educa o Nacional 1949 VIDAL D G Livros por toda parte o ensino ativo e a racionaliza o da leitura nos anos 1920 e 1930 no Brasil In ABREU M Org Leitura hist ria e hist ria da leitura Campinas Mercado de Letras Associa o de Leitura do Brasil S o Paulo FAPESP 1999 p 335 355 WERNECK DE PAULA M E B F Dois manuais escolanovistas para docentes os conceitos de leitura e escrita que ecoam de Aguayo Santa Catarina 1946 1949 In SIHELE SEMIN RIO INTERNACIONAL SOBRE HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA 2 2013 Belo Horizonte Anais Mar lia ABAIf 2013 FONTES CONSULTADAS DEWEY J Experi ncia e natureza S o Paulo Abril Cultural 1974 Os Pensa dores ESCOLANO A B El libro escolar como espacio de mem ria In OSSEMBA CH G SOMOZA M Org Los manuales escolares como fuente para la historia de la educaci n en Am rica Latina Madrid UNED 2001 p 35 46 VALDEMARIN V T Hist ria dos m todos e materiais de ensino a escola e seus modos de uso S o Paulo Cortez 2010 Biblioteca b sica da hist ria da educa o brasileira v 6 VIDAL D G Culturas e
330. ismo representa provavelmente o ltimo suspi ro da discuss o sobre m todos de alfabetiza o no Brasil As fontes loca lizadas testemunham o potencial do per odo estudado e sugerem an lises mais amplas que ser o oportunamente realizadas REFER NCIAS BARRETO E S et al Ensino de 1 e 2 Graus inten o e realidade Cadernos de Pesquisa S o Paulo n 30 p 21 40 1979 Dispon vel em lt http www fcc org br pesquisa publica es cp arquivos 455 pdf gt Acesso em 5 maio 2013 BRASIL Minist rio de Educa o e Cultura 77 Plano Setorial de Educa o e Cul tura 1975 1979 Bras lia DE 1976 Minist rio de Educa o e Cultura Universidade Federal de Goi s Estu do avaliativo do Projeto Desenvolvimento de Novas Metodologias aplic veis ao pro cesso ensino aprendizagem na rea de ensino de 1 grau SE QF 1975 1978 Bras lia DF 1980 CARDOSO C J Cartilha Ada e Edu produ o difus o circula o 1977 1985 Cuiab Ed UFMT 2011 Alfabetiza o no Brasil o projeto Desenvolvimento de novas metodo logias aplic veis ao processo ensino aprendizagem do 1 Grau 1975 1979 Bras lia DF CNPq 2013 Relat rio de pesquisa CHOPPIN A Hist ria dos livros e das edi es did ticas sobre o estado da arte Educa o e Pesquisa S o Paulo v 30 n 3 p 549 566 set dez 2004 FRAGO A V Alfabetiza o na sociedade e na hist ria vozes palavras e textos Tradu o T
331. istema de ensino e suas deman das pelo livro did tico assim como rela es com o Estado Nesse caso a palavra Estado designa tanto a configura o regional por tratar se de autores que trabalharam em Minas Gerais como as a es do Estado no plano estadual e nacional que produzem um ordenamento pol tico da educa o p blica e consequentemente da alfabetiza o interferindo nos modelos de livros na compra e ado o de obras 269 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs REFORMA OU AUTOR RELA O COM O ESTADO PROGRAMA E OUTRAS FUN ES Reforma Caetano Professora de Campos SP 1890 e Reforma Jo o Pi Maria Guilhermina Diretora de escola p blica e particular Membro da Escola Modelo anexa Escola Nor nheiro Carvalho Loureiro de Andrade ee de Brito MG Ro 1906 Livreiro Jornalista Re le Professor de Portugu s Arthur Joviano Diretor da Escola Normal da Capital Pinheiro 1906 Membro do Conselho Superior de Instru o P blica Inspetor Escolar e Superintendente de Instru o Sucede a Reforma Jo o Pinheiro 1906 e antecede a Reforma Fran cisco Campos Anna Cintra Professora Diretora do Grupo Ces rio Alvim Reforma Jo o Pinheiro Jo o L cio Inspetor T cnico do Ensino da Secretaria do In terior Secret rio Geral da Prefeitura Reforma Fran Fundadora da Escola de Aperfei oamen
332. ita em obras de literatura 6 livros did ti cos e 22 livros de literatura e escreveu a cartilha Ora Bolas em coautoria com Bartolomeu Campos de Queir s renomado escritor de literatura Se alguns livros n o foram classificados como livros de literatura entrando inicialmente no campo de livros did ticos foram apropriados como tal a partir de seus usos conforme dados de entrevista de I da Dias da Silva sobre seus livros e sobre sua forma o que atestam inten es ar t sticas e liter rias imbricadas na produ o de seu pr livro O Barquinho Amarelo e nos livros de leitura graduada de sua s rie de publica es Chama a aten o tamb m o processo de adapta o de obras bas tante conhecidas como inspira o para se constru rem pr livros como As mais Belas hist rias pr livro baseado na hist ria dos Tr s Porquinhos de Joseph Jacobs Jo ozinho e Maria de Helena Jorge baseado na obra dos irm os Grimm e S tio do Pica pau Amarelo de Therezinha Casasanta baseado na obra de Monteiro Lobato Do ponto de vista editorial e pe dag gico isso pode ser compreendido como forma de dialogar com um repert rio conhecido das crian as Al m disso h um caso espec fico de propriedade de direitos autorais da editora Bloch que detinha alguns di reitos sobre a obra de Monteiro Lobato o que determinou o convite para a produ o do pr livro inspirado no S tio do Pica pau amarelo feito a Therezinha Casasanta 2
333. itora FTD S A e anos mais tarde ela se tornaria uma das maiores editoras brasileiras especializadas no segmento did tico e paradid tico e em livros de literatura para uso na escola RAZZINI 2007b A Editora Melhoramentos se destacou igualmente no segmento de livros did ticos desde o in cio de suas atividades A sociedade com o con terr neo Biihnaeds natural da cidade alem de Hamburgo introduziu os irm os Weiszflog nas artes gr ficas em 1899 na capital paulista Em 1905 os Weiszflog compraram a parte de B hnaeds e sob a denomina o de Es tabelecimento Graphico Weiszflog Irm os amp Comp DONATO 1990 saiu em 1907 a primeira publica o da casa a Gram tica Expositiva de Edu ardo Carlos Pereira ent o professor do Gin sio do Estado cujo exemplar foi localizado no IEB Instituto de Estudos Brasileiros da USP O direcio namento dos neg cios para o mercado escolar continuou em 1909 quando foram publicados os Mappas Parker para o ensino de Arithmetica e os cadernos de Caligrafia Vertical de Francisco Viana cole o que teria sucesso duradouro atingindo centenas de edi es em 1990 com mais de 51 mi lh es de exemplares produzidos RAZZINI 2007b Somente em 1915 que seria lan ado O Patinho Feio de Hans Christian Andersen livro considerado equivocadamente a primeira publi ca o da Editora Melhoramentos HALLEWELL 1985 p 257 DONA TO 1990 p 44 50 RAZZINI
334. izzini Hist ria da imprensa no Brasil 1966 de Nelson Werneck Sodr Forma o da leitura no Brasil 1996 e O pre o da leitura 2001 de Marisa Lajolo e Regina Zilberman Leitura hist ria e hist ria da leitura 2000 org por M rcia Abreu Cultura letrada no Brasil 2005 org por M rcia Abreu e Nelson Schapochnik Hist ria da imprensa no Brasil 2008 org por Tania Regina de Luca e Ana Luiza Martins Im presso no Brasil dois s culos de livros brasileiros 2010 org por An bal Bragan a e M rcia Abreu 296 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA n o foram desenvolvidos pelo pesquisador ingl s muitos trabalhos ainda supervalorizam como verdades inquestion veis as informa es fornecidas pelas pr prias editoras em obras comemorativas cujos objetivos como se sabe tendem para a apologia das empresas de seus propriet rios ou editores visando a alguma necessidade do momento para o melhor po sicionamento ou consolida o de algum segmento no mercado editorial brasileiro Tal repeti o comum em nossos trabalhos provavelmente por que ao contr rio da Fran a n o tivemos muitas pesquisas de hist ria quantitativa sobre a produ o dos impressos o sistema escolar e os ndices de alfabetiza o que fornecessem lastro de dados e fontes para os estudos sobre o livro e a leitura pautados pela hist ria cultural O resultado que cada pesquisador precisa construir uma base muito ampla de dados junto
335. labario Portuguez de J R Galv o Gramma tica de Saraiva Diccionario de Saraiva e Syntaxe do Padre Ant nio Rodrigues Dantas VALDEZ 2011 p 123 Esse ltimo exemplo mostra que n o se pode fazer a hist ria dos livros did ticos ou mais genericamente a da educa o recorrendo apenas a leis Isso parece obviedade Todavia como constatou Warde 1984 a hist ria da educa o foi durante muito tempo interpretada como hist ria das legisla es educacionais e as pol ticas delas decorrentes ou como hist ria do pensamento educacional Pode se dizer que aquela maldi o apontada no in cio segundo a qual o livro did tico n o teria hist ria pr pria porque se resume a leis que o regulam faz parte dessa vertente juridi cista que erige a legisla o ou o seu autor o Estado em sujeito da Hist ria com H mai sculo A tend ncia atual da historiografia da educa o no entanto ou tra busca restituir s mulheres aos homens s crian as e aos jovens a sua capacidade de agir e de obter experi ncias de estabelecer rela es elaborar conhecimentos produzir artefatos e institui es arquitetar futuros com ou sem sucesso No que interessa aqui esses sujeitos instituem a educa o escolar efetivam pr ticas escolares elaboram m todos de ensino em que o livro did tico assumiu um lugar privilegiado O pr prio livro did tico tamb m resultado de a es que envolvem muita ge
336. lar restos y huellas recuerdos y olvidos Annali di Storia dell Educazione e delle Istituzioni Sclostatique Brescia n 12 p 19 34 2005 Os cadernos escolares como fonte hist rica aspectos metodol gicos e historiogr ficos In MIGNOT A C V Org Cadernos vista escola mem ria e cultura escrita Rio de Janeiro EAUERJ 2008 p 15 34 177 MODELOS PARA ENSINAR A LEITURA DOIS MANUAIS DE ENSINO DE LEITURA PARA PROFESSORES D CADAS DE 1940 1960 Maria Teresa Santos Cunha Para aprender a ler preciso ler bem devagar e em se guida preciso ler bem devagar e sempre at o ltimo livro que ter a honra de ser lido por voc ser preciso ler bem devagar Ler devagar o primeiro prin c pio e se aplica a toda e qualquer leitura como a ess ncia do ato de ler FAGUET 2009 p 10 11 INTRODU O Le de ensino marcos pedag gicos objetos sob con trole do Estado desde os finais do s culo XIX os manuais de ensino sis tematizaram conhecimentos de v rias reas de saber e consolidaram se a partir dos in cios do s culo XX no conjunto de v rias especializa es da chamada Pedagogia cient fica tanto pela constru o de um sistema p blico de instru o obrigat rio e gratuito como aliado a uma pol tica de forma o de professores que defendia a prolifera o das escolas normais como indice de progresso Os manuais de ensino apresentados em forma de tratados com li es e obs
337. las Artes a Aca demia Militar e a de Marinha a Escola Militar a Aula de Com rcio da Cidade do Rio de Janeiro Tr s desses dispositivos merecem destaque O primeiro o Decreto de 9 3 1832 que rleforma a Academia Militar da Corte encorporando nella a dos Guardas Marinhas e d lhe novos estatu tos Ali pode se ler Os professores escolher o os compendios ou os organizar o em rela o s doutrinas que dever o ensinar sendo sujeitos aprova o da Con grega o Os comp ndios assim aprovados ser o impressos custa do Thesouro Nacional pertencendo aos seus autores o privilegio exclusivo por tempo de dez annos Art 9 O segundo o Decreto de 22 10 1833 desfaz o que o anterior havia feito na medida em que s epara a Academia de Marinha e a com 321 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs panhia dos Guardas Marinha da Academia Militar da Corte e d novos estatutos No que se refere a livros did ticos l se que a Congrega o e scolher em parte ou em todo os compendios por que devem estu dar os discipulos excluindo absolutamente o methodo das apos tillas pois que se algum dos lentes escrever com acerto e vantagem so bre as materias do seu anno a mesma Congrega o poder prop r que se imprima tal obra o que sem duvida ser muito mais util Art 26 Por fim o 22 2 1839 Regulamento n 29 estabelece o Program ma do seu ensino e apresenta
338. lau ter assumido a dire o plena da empresa em mar o de 1883 BRAGAN A 2004 Os livros de Thomaz Galhardo e de Tancredo do Amaral que antes eram publicados pela Teixeira amp Irm o a partir de abril de 1894 passaram a fazer parte do cat logo de lan amentos da Livraria Cl ssica de Alves amp Cia Quanto aos livros de leitura de Jo o K pke amplamente adotados no estado de S o Paulo cujas primeiras edi es tamb m sa ram pela Teixeira amp Irm o desde 1896 passaram para a chancela de Miguel Melillo pois este comprara a Livraria Paulista dos irm os Teixeira Em se guida foram reeditados pela firma sucessora a N Falcone amp Cia 1904 at que finalmente quando esta ltima foi adquirida pela Livraria Fran cisco Alves em 1908 os livros de leitura de Jo o K pke continuariam sua longa trajet ria ao menos at o final da d cada de 1940 HALLEWELL 1985 p 211 RAZZINI 2005 20074 A entrada da Alves amp Cia no mercado paulista pode ser conside rada portanto como um empreendimento muito bem sucedido cujo ca pital investido seria multiplicado por Francisco Alves devido ao constante crescimento do sistema p blico de ensino prim rio A grande expans o do cat logo da Livraria Francisco Alves entre 1894 e 1917 per odo que compreende a inaugura o da filial de S o Pau lo e a morte de Francisco Alves contou com a entrada de muitos autores que atuavam no ensino prim rio e secund
339. le pode convidar a um desprendimento do presente gra as pr tica do olhar distanciado Explicar o mundo ao mundo responder as quest es do homem de hoje tal pois a tarefa do historiador que enfrenta o vento HARTOG 2013 p 11 21 Produzidos em um passado esses manuais de ensino fizeram cir cular ideias valores formas de conceber o ensino deslocando se no tempo ainda hoje insistem no presente e pode se considerar que o que caracteriza sua pertin ncia como experi ncia hist rica a sua resson ncia social para al m do tempo em que foram editados lidos e utilizados prolongando sua presen a por meio da mem ria e cuja for a est em servir para problema tizar a pr pria educa o Estud los agora parte de uma ruptura afinal eles est o desaparecendo isso que move o historiador que exercita o olhar distanciado quelas regras para o ato de ler e vai do presente ao passado na tentativa de mapear continuidades e descontinuidades em busca de um sen tido selecionado e constru do pelo presente KNAUSS 2010 Os dois manuais de ensino aqui estudados evidenciam a presen a de prescri es para o ato de ler bem como o investimento do Estado para transformar a leitura em um saber escolarizado Mesmo que houvesse dife 193 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs ren as nas posi es da poca sobre o ensino da leitura e que n o haja garan tias de que as prescri es f
340. lenciosa que se encaminharia para uma leitura em voz alta Essa recomenda o funcionava como um dos objetivos da leitura escolar que outorgava um privil gio mente e depois voz dentro da atividade leitora e fazia desse tipo de leitura uma pr tica usual prescrita em manuais e prevista como item program tico nas Escolas Prim rias Mesmo que a prescri o n o reverbere automaticamente em pr tica efetiva no livro de Viana 1949 o tema merece ainda um cap tulo especial que abre a segun da parte e est expresso nos seguintes termos A leitura em voz alta e o necess rio complemento da leitura mental Quem n o sabe ler em voz alta precedida da leitura silenciosa n o sabe verdadeiramente ler Quem n o pratica com m todo e frequ n cia este g nero de leitura nunca pode falar corretamente com boa pron ncia e entoa o conforme salientam os pedagogos e higienistas VIANA 1949 p 151 O sentido dado j no t tulo ao ato de ler como uma arte obedece a uma for a materializada atrav s de preceitos modeladores propostos como os que se referem aos valores e objetivos da leitura qualificados como ins trutiva p 26 sadia p 44 leitura convenientemente dirigida pelos professores p 31 leitura em voz alta para educar a voz e sensibilidade p 84 leitura silenciosa para compreender o texto mais do que para decifrar palavras p 123 finalizando com um aconselhamento que ob je
341. letti que integra este livro N O 24 Saviani 2005 distingue tr s momentos decisivos na trajet ria hist rica da forma o docentes no Brasil Mais diretamente relacionado com o tema deste texto o segundo momento d cadas de 1920 a 1960 no qual a partir das reformas do ensino no Distrito Federal iniciada em 1932 por An sio Teixeira e no Estado de S o Paulo em 1933 por Fernando de Azevedo define se o modelo de Escola Normal que adotado por v rios Estados brasi leiros se incorporou na Lei Org nica do Ensino Normal decretada em 1946 p 16 Com a finalidade de reorga nizar a educa o e o ensino em bases cient ficas e alinhadas com as pol ticas de nacionaliza o e moderniza o do pa s foram efetuadas reformas no ensino prim rio e no ensino normal Neste visava se profissionaliza o da ati vidade de educadores e professores por meio de um novo modelo que corrigisse as insufici ncias e distor es SAVIANI 2005 p 16 criticadas na escola normal no s culo XIX O paradigma adotado nessas reformas prevaleceu em mbito nacional com a aprova o do decreto lei 8 530 de 2 de janeiro de 1946 conhecido como Lei Org nica do Ensino Normal BRASIL 1946a que estabelece no Artigo 4 tr s tipos de estabelecimentos de ensino normal o curso normal regional a escola normal e o instituto de educa o BRASIL 1946a p 301 O modelo de Escola Normal ent o estabelecido prevalec
342. lha entre mem rias e hist rias 1858 2008 In ENCONTRO DA ASSOCIA O SUL RIO GRANDENSE DE PESQUISA DORES EM HIST RIA DA EDUCA O 14 2008 Pelotas Anais eletr ni cos Pelotas ASPHE 2008 p 1 15 1 CD ROM AZEVEDO A et al Programa de admiss o S o Paulo Nacional 1959 160 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA BARUM S T Uma atividade de fixa o e avalia o orienta es sobre o ditado em cartilhas e livros de alfabetiza o 1900 1990 In SEMIN RIO DE PES QUISA EM EDUCA O DA REGI O SUL 9 2012 Caxias do Sul Anais eletr nicos Caxias do Sul ANPED 2012 p 1 15 Dispon vel em lt http www ucs br etc conferencias index php anpedsul 9anpedsul paper viewFi le 2758 27 gt Acesso em 30 ago 2013 BASTOS M H C ERMEL T E O que preciso fazer para ingressar no gin sio manuais para o exame de admiss o 1930 1961 In DALLABRIDA N CHALOBA R F S Org Entre o gin sio de elite e o col gio popular o ensino secund rio no Brasil 1931 1961 Uberl ndia MG EDUFU 2014 No prelo CASTILLO G MEZ A Educa o e cultura escrita a prop sito dos cadernos e escritos escolares Educa o Porto Alegre v 35 n 1 p 66 72 jan abr 2012 CASTILLO GOMEZ A SIERRA BLAS V Org Mis primeros pasos alfabe tizaci n escuela y usos cotidianos de la escritura siglos XIX y XX Gij n Trea 2008 CHARTIER A M Exerc cios escritos e cadernos de alunos reflex es
343. lho para as quatro s ries ora integrando a 1 com a 22 ora a 22 34 e 42 s ries e na maior parte do tempo aulas conjuntas para a 3 e 4a s ries O material espec fico para cada s rie vem a seguir Pombo Correio destinado 12 s rie possui 12 p ginas Leva e traz 22 s rie 95 p ginas Novidades 32 s rie 94 p ginas Not cias de c e de l 4 s rie 104 p ginas al m de um anexo com 4 p ginas A nfase no curr culo por atividades mencionada pelo material lembrando que a Lei 5 692 71 estabelece essa modalidade de estudo O item O que queremos revela intencionalidades presentes no material Em primeiro lugar estamos tentando integrar as diferentes reas Apre sentar as atividades sem os assuntos Os objetivos que queremos alcan ar s o os mesmos em todas as reas ainda que por modos distintos RIO DE JANEIRO 1977 p 6 A viv ncia da crian a trazida para a escola sugerida como ponto de partida para o trabalho Respeitando o que elas trazem do seu meio a escola dever promover est mulos para que elas possam observar cole tar dados discutir com os colegas e com voc tirar conclus es pois im portante que a crian a consiga se expressar com imagina o e criatividade atrav s das v rias linguagens ao seu alcance linguagem oral escrita pl stica musical corporal matem tica RIO DE JANEIRO 1977 p 7 Para o Estudo Avaliativo o projeto con
344. licado chamei a aten o para o fato de que os variados registros da aprendizagem dos alu nos cadernos de exerc cio de caligrafia de c pia de ditado de deveres de casa de pontos rascunhos provas cumprem a fun o de exercitar a aten o o racioc nio a mem ria e a criatividade atestando a import ncia conferida aprendizagem e ao uso da escrita Presentes em diversas fotografias de estudantes que t m ao fundo bandeiras paisagens mapas datas comemorativas e pal cios evidenciam a centralidade que desempenham no espa o escolar Cf MIGNOT Ana Chrystina Pap is guardados Rio de Janeiro Rede Sirius 2003 p 11 Ver o recente dossi coordenado por BASTOS Maria Helena Camara Escritas estudantis em peri dicos escolares publicado na Revista Hist ria da Educa o Pelotas v 17 n 40 p 7 10 maio ago 2013 Ver tamb m CARUSO Andrea Soares Tra o de Uni o como vitrine educa o feminina ide rio cat lico e pr ticas escolanovistas no peri dico do Col gio Jacobina 2006 231f Disserta o Mes trado em Educa o Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 bem como o VI Encontro Maranhense de Hist ria da Educa o realizado na UFMa em S o Lu s em junho de 2013 que teve por tem tica Livros e imprensa escolar com variados estudos sobre jornais escolares daquele Estado 169 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs e escolariza
345. literatura brasileira relativa ao ensino do ler e escrever a Car tilha de Arnold Sarah Louise Arnold que teria circulado em v rios Estados brasileiros embora n o se tenha informa es precisas da sua ado o para al m de S o Paulo e Esp rito Santo MORTATTI 2000 SCHWARTZ 2008 Segundo Mortatti 2000 autores brasileiros de livros did ticos te riam se baseado na Cartilha de Arnold e por consequ ncia teriam adotado o m todo anal tico para o ensino da leitura e da escrita Os rastreamentos sistem ticos de materiais did ticos que t m sido realizados em diversos Estados brasileiros certamente trar o baila muitos outros livros seja da autora mencionada seja de outros autores O termo norte americano adotado neste texto sempre com refer ncia aos Estados Unidos 61 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs norte americanos que teriam tamb m contribu do para a propaga o do m todo anal tico e dos padr es criados pelas editoras norte americanas na confec o de livros de leitura e de cartilhas Assim n o somente pelo inte resse que o m todo anal tico vem h muito despertando mas pela relev n cia do estudo da hist ria do ensino da leitura e da escrita no Brasil em face das tend ncias internacionais este texto apresenta a trajet ria de Arnold situando a nas redes sociais e profissionais a que teria pertencido O texto tamb m re ne informa es e an lises s
346. m uma ideologia pragm tica fez reviver os tempos de Francisco Campos e o clima de inova o retomando o lugar de vanguarda na educa o de que se orgulhavam os mineiros e garantir para Belo Horizonte o t tulo do Capital Pedag gica do Brasil PAIVA PAIX O 1997 p 12 conquistado na poca das reformas de Francisco Campos O professor M rio Casasanta um dos pioneiros da Escola Nova marido de L cia e tio de Therezinha foi nomeado diretor do centro piloto criado em Minas Gerais como uma forma de dar sequ ncia ao trabalho desenvolvido por ele durante a Reforma Francisco Campos 1931 A implementa o do PABAEE intensificou o interc mbio de pro fessores que ao fazer parte da equipe desse programa marcaram uma dife ren a metodol gica na alfabetiza o Magdala Lisboa Bacha e Therezinha Casasanta foram as primeiras a seguir para universidades americanas na turma de 1956 ano de cria o do conv nio Entre a institui o do progra ma e a viagem transcorreram apenas quatro meses e na volta Therezinha Casasanta foi alocada como professora educadora assistente das classes pri m rias de demonstra o enquanto Magdala Bacha ocupou o Departamen to de Linguagem De 10 estados brasileiros envolvidos S o Paulo ocupa a segunda posi o em n mero de profissionais enviados 20 enquanto Minas Gerais envia 61 professores incluindo quatro autoras de pr livros Therezinha Casasanta 1956 57 Magdala Li
347. m as seguintes caracter sticas 231 Maria vo Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs 1 estrutura vocabular composta de 42 palavras chave dispostas numa seqii ncia gradativa de dificuldade a saber vogais orais vogais nasais consoante vogal vogal consoante consoante vogal consoante consoante consoante vogal oral consoante consoante vogal na sal digrafos ocorr ncias gr ficas e ditongos 2 atendimento s exig ncias fon ticas evitando a apresenta o de pala vras inadequadas para as dificuldades a serem aprendidas 3 emprego de substantivos para as palavras chave segundo a realidade ling stica da regi o 4 apresenta o de textos cujos temas est o adequados realidade s cio econ mica da regi o 5 freqii ncia na apresenta o dos est mulos para fixa o da aprendiza gem MATO GROSSO 1977 p 20 21 A exposi o segue explicitando a metodologia da cartilha O grupo lembra que tendo em vista o car ter fon tico a unidade s laba da l ngua e ainda os casos de n o coincid ncia entre fonemas e grafemas optou por dar nfase inicialmente ao estudo das vogais orais e das s labas simples Progressiva mente o trabalho incide sobre o estudo das ocorr ncias gr ficas dos fonemas insistindo se nas habilidades de distin o dos fonemas do ponto de vista gr fi co e oral por meio de exerc cios de an lise fon tica e fonol gica e de exerc cios de e
348. m reflexivo aberto para si e para o outro cons ciente de suas possibilidades e limita es participante ativo nos aconteci mentos e problemas universais O grupo critica a escola com seu processo de alfabetiza o centralizado simplesmente no aspecto mec nico que tende ao insucesso PIAU 19772 p 10 5 O trabalho cita como colaboradores Nilza Nunes Marreiros Guerra Maria da Concei o Teixeira Castelo Brando Isabel Avelino Duarte Angelita Etelvina de Amorim Reginaldo Carvalho PIAU 19772 p 160 234 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Em contrapartida os autores prop em um m todo de alfabetiza o centrado na arte A arte permite vivenciar integralmente todos os fen menos conti dos no processo de aprendizagem e na nossa metodologia ela ser o elemento integrador de v rias situa es aproveitadas do cotidiano da crian a Atrav s da arte a crian a ter sua sensibilidade e emo o desenvolvidas o que contribuir para que o processo de alfabetiza o n o seja meramente racional mec nico mas sim racional emotivo PIAU 19772 p 14 15 Desse modo n o surpreende que a nova metodologia se desen volvesse na Oficina experimental de atividades criativas PIAU 19772 p 5 e que se organizasse em torno de 3 fases 12 fase Descondicionamento para compreens o da realidade pretende romper com o princ pio de trabalho da escol
349. m segundo lugar essa concep o de hist ria faz parte de certo imagi n rio historiogr fico produzido no Brasil que presumiu que a sociedade nessas paragens era incapaz de se organizar requerendo o Estado e suas leis para se efetivar O que passou a se chamar a peculiaridade brasileira ou dos pa ses em situa o de depend ncia consistia na preced ncia do Estado como o nico sujeito e demiurgo da Hist ria cuja efetividade en gendraria a Sociedade a Na o o Povo e de rold o at mesmo o livro did tico Mas n o qualquer Estado apenas aquele que emerge em 1930 com a chamada Revolu o de 30 Que esse imagin rio coincidisse com o discurso dos que venceram em 1930 era um pormenor de somenos im port ncia Em todo caso j h hoje uma farta bibliografia que faz a cr tica desse imagin rio e de toda a interpreta o que nele se apoia N o toa a maldi o acima referida afirma que essa hist ria da sequ ncia de decretos leis e medidas governamentais concernentes ao livro did tico come a em 1930 Era preciso afirmar a fat dica data mesmo que a primeira lei arrolada sobre o livro did tico tenha a data de 1937 com a cria o do Instituto Nacional do Livro INL e de 1938 quando se instaura a Comiss o Nacional do Livro Did tico a qual iria definir o que deve ser entendido por livro did tico FREITAG COSTA MOTA Ver em especial Vesentini e De Decca 1976
350. ment assentamento social criado por J Addams de f cil acesso 76 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ind stria das crian as e meninas ARNOLD 1908 Addams retoma a ex posi o de Arnold e marca sua diverg ncia ADDAMS 1908 a situa o das crian as e das mulheres na ind stria n o nada boa Tal como o fizeram Antler e Biklen 1990 em colet nea por elas organizada Arnold e Miss Addams podem ser inclu das numa ampla gama de mulheres norte americanas educadas distribu das num espectro desenhado por crit rios de conservadorismo ou radicalismo Seguramente Miss Addams uma das mais veementes express es do liberalismo radi cal que o establishment norte americano suportava naqueles tempos con vulsionados de fins do s culo XIX e in cio do s culo XX Para muitos tratava se de uma socialista devotada causa dos imigrantes dos pobres dos trabalhadores bra ais que povoavam as ruas de Chicago Para outros de uma herdeira mais radical da tradi o filantr pica que vinha criando ra zes profundas nos Estados Unidos Mais ou menos pr xima dos extre mos do espectro ideol gico o certo que Jane Addams sempre lembrada como uma das mais contundentes e radicais express es do pensamento e da a o reformadora na qual tamb m s o inclu dos homens como George Mead e John Dewey dos anos de Chicago com os quais Addams manteve frequentes contatos pessoais ou por missivas Jane Addams consta na me m ria
351. moder niza o da educa o e sa de e necessidade de se conduzir organicamente a educa o feminina considerando as novas configura es sociais produ zidas pela vida urbana e pela hegemonia da f brica Tudo indica que a di re o que imprimiu no Simmons College e a sua lideran a no Girl Scouts of United States tenham criado uma agenda comum e uma s lida amizade com Lou Henry Hoover apesar dos 15 anos que as separavam Para encerrar este t pico seguem algumas informa es adicionais sobre Arnold as quais podem completar a sua trajet ria e Em 1902 aos 43 anos de idade Sarah L Arnold recebeu o grau de Master of Arts A M pela Tufts University e em 1927 o grau de 2 Todas as fontes citam 1903 como o ano de obten o do mestrado o site da Tufts University Office of the Trust ees que informa o ano de 1902 Dispon vel em lt http trustees tufts edu data degrees gt Acesso em 06 nov 2013 73 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Doctor of Education Ed D pela Rhode Island State College aos 68 anos e De 1902 a 1924 foi membro do Board of Governors of the Women s Education and Industrial Union Os REFORMADORES E SARAH LOUISE ARNOLD NO ESPECTRO FEMININO O ciclo de publica es escolares de Sarah L Arnold coincide quase que de forma integral com o movimento progressivista e com o momento reformista em praticamente todas as dimens es culturais dos Estados
352. mos muitas vezes com mat rias jornal sticas que divulgam informa es sobre herdeiros de escritores pin tores etc que guardam objetos e livros por anos espera de um valor financeiro que pode ser agregado a esses pertences posteriormente morte de seus criadores N o esse o caso 7 A pesquisadora entrevistou nove pessoas mulheres e homens em uma faixa de idade que oscilou entre 50 a 80 anos e que moravam por ocasi o da entrevista em Pouso Alegre MG e cidades pr ximas 127 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Os guardadores dos livros did ticos nem sempre s o aqueles que profissionalmente est o mais diretamente ligados cultura escrita apesar de alguns se enquadrarem nessa categoria Revelam que o livro impresso ocupa em seu estatuto de leitores um significativo papel um valor carrega do de sentidos afetivos mais do que econ micos ou pragm ticos s p gi nas impressas dado um valor de prest gio de posse de positividade que se ancoraria principalmente no campo da afetividade e n o no da rela o com a produ o de conhecimento Muitos dos guardadores de livros da pesquisa de Goulart 2009 foram identificados como tendo um n vel de escolaridade que n o ultra passa as s ries iniciais Guardaram os livros porque eles representam o curto tempo de sua perman ncia na escola Contrariando a caracter stica do livro did tico descart vel porque n o mais necess r
353. mpanha de Hoover a Presidente da Rep blica eleito para o per odo de 1929 1933 Da fun o de supervisora das escolas em Boston h registros do alto valor conferido ao cargo e s qualidades especiais de Arnold para pre ench lo o que ressaltado em um artigo publicado em agosto de 1897 Nature Study in the Public Schools O estudo da natureza nas Escolas P blicas s pelo jornal Congregationalist de Boston NATURE 1897 No ano seguinte 1898 Arnold publicou no jornal The Indepen dent a mat ria The Duties and Privileges of The Supervisor CAs obri ga es e os privil gios do supervisor Nesse texto podem ser apreendidos tra os pessoais e profissionais de Arnold bem como algumas tend ncias da instru o p blica norte americana ao menos em uma cidade bastante renovadora nessa mat ria como Boston Adotando um l xico densamente crist o Arnold alude ao super cc a gt cc La visor como um Mois s posto que designado para conduzir o seu povo terra prometida ARNOLD 1898 p 315 7 Tradu o de dean de o dignit rio eclesi stico que preside ao cabido reitor de uma faculdade decano mem bro mais velho de uma classe na universidade Optou se aqui pela tradu o literal uma vez que ela guarda o pleno sentido norte americano do cargo ocupado por Sarah L Arnold no Simmons College como decana ela respondia pela dire o daquele College
354. mperio e a Hist ria do Brazil Art 6 A lei n o definia nenhum livro em particular mas previa a intro du o ao menos da Constitui o do Imp rio e da Hist ria do Brasil nas aulas No caso da instru o p blica nas prov ncias e nos estados o levantamento mais exaustivo de suas leis ainda est para ser feito Uma amostra do que se pode recolher das colet neas de leis fornece contudo exemplos de dispositivos legais que mencionam direta ou indiretamente livros did ticos Esse foi o caso do Decreto n 1331 A de 17 2 1854 que a pprova o Regulamento para a reforma do ensino primario e secundario do Municipio da C rte Rio de Janeiro estabelecendo entre as fun es 324 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA do Inspector Geral a de Rever os compendios adoptados nas escolas pu blicas corrigil os ou fazel os corrigir e substituil os quando for necessa rio Art 3 40 O Art 56 acrescentava Nas escolas publicas s podem ser admittidos os livros autorisados competentemente e definia S o ga rantidos premios aos professores ou a quaesquer pessoas que compuzerem compendios ou obras para uso das escolas e aos que traduzirem melhor os publicados em lingua estrangeira depois de serem adoptados pelo Gover no O mesmo artigo conclu a adop o de livros ou compendios que contenh o materia do ensino religioso preceder sempre a approva o do Bispo Diocesano Na legi
355. mprovar a relev ncia de qualquer an lise consultan do por si mesmo os textos al m das imagens das palavras gravadas ou das composi es musicais que s o o pr prio objeto de estudo naturalmente se estiverem acess veis em uma forma digital Semelhante possibilidade transforma as t cnicas cl ssicas da pro va notas de p de p gina cita es refer ncias bibliogr ficas que supu nham que o leitor tivesse confian a no autor sem ter a possibilidade de colocar se na mesma posi o que ele frente aos documentos analisados ou utilizados Nesse sentido a revolu o digital constitui tamb m uma mu ta o epistemol gica que modifica os modos de constru o e acredita o dos discursos do saber Pode se assim abrir novas perspectivas aquisi o de conhecimentos outorgada pela leitura Mesmo sem nos projetarmos em um futuro ainda incerto e des conhecido e concebendo o livro eletr nico em suas formas e seus suportes atuais continua pendente uma quest o a da capacidade desse novo livro de encontrar ou produzir seus leitores A longa hist ria da leitura mostra que as muta es na ordem das pr ticas frequentemente s o mais lentas que as revo lu es das t cnicas Novas maneiras de ler n o se impuseram imediatamente depois da inven o da imprensa Do mesmo modo as categorias intelectuais que associamos ao mundo dos textos perduraram com as novas formas do livro eletr nico Lembremos que depois da inven o do c
356. n o era o m todo da senten a ou da historieta que esteve em evid ncia nos EUA desde o final dos anos de 1920 mas a ades o e a ampla divulga o do m todo anal tico com base na word recognition e a consequente produ o did tica de livros com suporte nos princ pios desta abordagem Nesse m todo cada palavra deveria ser repetida em intervalos controlados e em uma variedade de contextos As caracter sticas das pa lavras a destacar precisariam ser aquelas que aparecessem no vocabul rio usual do aluno medida que os aprendizes fossem avan ando come ariam a aprender uma s rie de palavras com base em pistas clues mais proeminentes incluindo comprimento e configura o geral da palavra A distin o de novas palavras seria a partir daquelas semelhantes as j usadas inicialmente GATES 1928 Para elucidar melhor a proposta do m todo da word perception tomo o conjunto de materiais de uma s rie The New Basic Readers pro duzido para o primeiro n vel de leitura de autoria de tr s importantes especialistas da leitura nos Estados Unidos Helen M Robinson Marion Monroe e A Sterl Artley que exemplifica a sequ ncia proposta do uso das palavras considerando sua apresenta o e repeti o no livro para o ensino inicial da leitura e da escrita Esse material composto por tr s Pre Primers 1 Salh Dick e Jane 2 Fun with Our Family 3 Fun Wherever We Are dois Guidebooks Teachers Edition um livro
357. n 8 p 8 ago 1952 STEPHANOU M BASTOS M H C Da sensibilidade das m os harmonia da escrita mem rias artefatos e gestos da caligrafia na hist ria da educa o In TRINCH O G Org Do desenho das Belas Letras livre express o no desenho da escrita Salvador EDUFBA EDUEFS 2013 p 109 154 Cole o Estudos Interdisciplinares em Desenho TAILLAC P Ed Manuel de Vinstituter primaires ou principes g neraux de p dagogie de 1831 Pinstituteur du XIX si cle au secours des parents du XXI si cle Paris Bebourin 2008 TELLES L Do Deutscher Hilfsverein ao Col gio Farroupilha 1858 1974 Porto Alegre Globo 1974 TRINDADE I F Identidades alfabetizandas hist rias n o t o pessoais assim Porto Alegre Ed UFRGS 2006 WINTERMEYER R Introduction In WINTERMEYER R BOUILLOT C Org Moi public et moi priv dans les m moires et les crits autobiographiques du XVIIe si cle nous jours Rouen Universit s de Rouen et du Havre 2008 p 11 31 162 ENTRE ZONAS DE SOMBRA APONTAMENTOS SOBRE AS ESCRITAS INFANTIS Ana Chrystina Mignot D escrita em prosa e verso h muito tempo a inf ncia seduziu escritores e poetas At uma breve incurs o na memorial stica brasileira permite tal afirma o O mesmo n o se pode dizer quando voltamos nosso olhar para a historiografia e a historiografia da educa o Juntamente com as mulheres os livros e os negros a inf ncia permanecia margem obscu
358. nas propostas pedag gicas que exaltavam o interesse e a motiva o da crian a como descobertas funda mentais ao processo de aquisi o do c digo alfab tico Folhear hoje esses livros amarelados pela passagem do tempo e manchados pelo manuseio permitiu o confronto com atividades voltadas para o processo de aprendizagem da leitura como aquelas feitas em voz alta ou em sil ncio ou como aquelas feitas para o entretenimento ou para estudo que s o marcas da escola Possibilitou igualmente identificar um per odo em que ainda se perseguia o desejo de uma escola em bases hu manistas para aprimorar o esp rito na qual a leitura era procedimento nobre por excel ncia As recomenda es nesses livros parecem ter enca minhado para certa consolida o program tica que uniformizou estilos e propostas modos de ler na escola Os manuais faziam evoca o de autoridades e se encomendavam pref cios a especialistas de prest gio reconhecido mas o que chancelava a autoridade de seu autor era quase sempre a sua trajet ria acad mica ou pol tica como se pode verificar na escolha dos autores pelas editoras e nas publica o de breves curr culos nas folhas iniciais dos manuais Como protocolo para essa interpreta o parece ser til entender uma poss vel circula o de saberes e ideias sobre a leitura entre os dois autores contem por neos entre si e exercitar a capacidade de estabelecer rela es entre os textos criando p
359. neiros na divulga o do m todo global de con tos no Brasil tendo influenciado a produ o em n vel nacional inclusive ga cha Essa influ ncia percept vel sobretudo na produ o did tica do Rio Grande do Sul em Sarita e seus amiguinhos de Cecy Cordeiro Thofehrn e Jandira Cardias Szechir PERES 2006a 2006b 20060 Esses dois pr livros t m um estilo pequenas historietas desde o come o do livro que se parecem mais com os Primers ou First Books para o caso americano e n o exatamente com os livros que o antecedem os Pre primers n o apenas um livro era produzido e usado em cada ano escolar mas sempre mais do que um para o ensino da leitura e da escri ta havia sempre os Pictures Books ou Readiness Book Pre primers Primers First Books Second Books e assim por diante at o final das s ries da escola elementar formando um programa de leitura Quanto a esse aspecto pode se sublinhar que houve uma apro pria o parcial do modelo de produ o de livros americanos sempre um programa de leitura que supunha v rios livros e outros tantos materiais como livros de atividades cart es de imagens e palavras cartazes repro duzindo li es etc Possivelmente em fun o das condi es econ micas sociais culturais e editoriais produzir mais de um livro para o ensino aprendizagem da leitura para cada ano escolar para o caso brasileiro em geral e ga cho em especial n o era vi vel Nos pr livro
360. ngua escrita S o Paulo Ed UNESP 2007 MORTATTI M R L Os sentidos da alfabetiza o S o Paulo 1876 1994 Brasilia DF MEC INEP COMPED S o Paulo Ed UNESP 20004 Cartilha de alfabetiza o e cultura escolar um pacto secular Cadernos CEDES Campinas v 20 n 52 p 41 54 nov 2000b Dispon vel em lt http www scielo br scielo php pid S0101 32622000000300004 amp script sci_art text gt Acesso em 15 out 2013 219 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Notas para uma hist ria da forma o do alfabetizador no Brasil Revista Brasileira de Estudos Pedag gicos Bras lia DF v 89 p 467 476 2008 Antonio Firmino de Proen a na hist ria da alfabetiza o no Brasil In RAZZINI M P G Org Antonio Firmino de Proen a professor formador autor S o Paulo Porto de Ideias 2010 p 117 139 Org Alfabetiza o no Brasil uma hist ria de sua hist ria S o Paulo Cultura Acad mica Mar lia Oficina Universit ria 2011 MORTATTI M R L et al Manuais para a forma o de professores prim rios 1940 1960 e a conforma o de pr ticas de ensino de leitura e escrita no Brasil In SEMIN RIO BRASILEIRO LIVRO E HIST RIA EDITORIAL 2 2009 Niter i Anais Niter i Universidade Federal Fluminense LIHED N cleo de Pesquisa Livro e Hist ria Editorial no Brasil 2009 p 1 14 MUNAKATA K O livro did tico alguns temas de pesquisa Revista B
361. nica Sierra Bl s 2009 que inserida num movimento mais amplo da escrita da hist ria que n o se contenta em gt H refer ncia inclusive a esses pap is nas missivas das Princesas como por exemplo na escrita por Isabel sua m e em 16 de mar o de 1858 quando lhe pede para fazer o favor de ver na cidade para mim e para a mana papeis da especie d estes em que lhe escrevi hontem e lhe escrevo hoje apud AGUIAR 2012 p 52 167 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs resgatar do passado a vers o das figuras ilustres a povoar os livros did ticos e rebelando se com uma l gica que predomina entre os gestores da me m ria os quais decidem o que deve ou n o ser preservado explora as car tas escritas por crian as espanholas durante o per odo de ex lio na Uni o Sovi tica quando desembarcaram nos portos de Yalta e Leningrado Do pa s que as acolhera escreveram para seus pais familiares amigos e rg os de assist ncia Ao privilegiar a escrita infantil a autora acredita que estaria dando a conhecer uma vers o dessa hist ria diferente daquela que privi legia cr nicas jornal sticas e documentos oficiais da poca deixando de lado preciosos testemunhos daqueles que viveram essa experi ncia a qual modificou seus destinos deixando os rf os ainda que muitos n o o fossem de verdade SIERRA BL S 2009 p 21 As cartas representaram para os
362. niversidades com os programas de p s gradua o seja na cria o de rg os da administra o p blica destinados a guardar documentos e a desenvolver pesquisas seja ainda na constitui o de associa es regionais nacionais e internacionais que passaram a reunir pesquisadores promover dis cuss es e interc mbio de estudos Ao mesmo tempo verifica se o interesse 2 O Institut National de Recherche P dagogique INRP reformulou reparti es p blicas anteriores e foi con cebido em 1976 na Fran a como rg o de pesquisa e como centro de documenta o em educa o Dispon vel em lt http www inrp fr INRP institut resolveUid d14be24c21d0b74afb92d84d7296d9bf gt Acesso em 8 ago 2009 e lt http www inrp fr internet_en institut gt Acesso em 18 out 2013 30 International Standing Conference for the History of Education ISCHE foi fundado em 1978 Dispon vel em lt http www ische org page_id 3 gt Acesso em 18 out 2013 292 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA pela constitui o de museus e acervos com o objetivo de preservar o patri m nio hist rico educacional RAZZINI 2008a como o Mus e National de l ducation da Fran a reestruturado nos anos de 1980 pelo INRP Institut National de Recherche P dagogique interesse que se viu aumentado a partir dos anos 1990 sendo muitas iniciativas tribut rias da a o direta de pesquisa dores de hist ria da educa o Entre os diferentes ti
363. norama anal tico sobre a produ o do livro did tico LD no pa s concentrando se nos 15 20 anos anteriores data da pesquisa que realizou A obra O Estado da Arte do Livro Did tico no Brasil se divide em cinco partes b sicas hist ria pol tica economia conte do usos e contexto do LD A partir de 1989 essa obra foi publicada pela editora Cortez com o t tulo O Livro Did tico em Quest o tendo sido reeditada em 1993 e 1997 315 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs referem Assim fosse isso que o texto nomeia como setores da sociedade partidos sindicatos associa es de pais e mestres associa es de alunos equipes cient ficas etc n o teria igualmente hist ria j que tais setores talvez exce o de equipes cient ficas est o todos constrangidos por lei e n s pessoas f sicas tamb m Parece que Marx j havia denunciado esse equ voco quando comentou no famoso Pref cio de 1859 que rela es jur dicas tais como formas de Estado n o podem ser com preendidas nem a partir de si mesmas nem a partir do assim chamado desenvolvimento geral do esp rito humano mas pelo contr rio elas se enraizam nas rela es materiais de vida cuja totalidade foi resumida por Hegel sob o nome de sociedade civil b rgerliche Geselschaft MARX 1974 p 135 A men o a esse conhecid ssimo trecho de Marx n o por acaso Pois e
364. nos anos iniciais de escolariza o de crian as Essas denomina es foram estabelecidas respectivamente em regulamenta es da instru o p blica paulista elaboradas ap s a proclama o da Rep blica na Lei Federal n 5692 1971 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB n 9394 1996 complementada pela Lei n 11 274 2006 que regulamenta o Ensino Fundamental de 9 Anos A respeito dessa diferen a de destina o ver Chartier 2004 10 Embora n o sejam objetos de an lise neste texto destaco que no mbito do GPHELLB h tamb m signifi cativa produ o de pesquisas sobre cartilhas de alfabetiza o e livros de leitura publicados nos s culos XIX e XX 201 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs l ngua portuguesa livro de comunica o e express o em l ngua por ce A La tuguesa e livro de Portugu s a partir da segunda metade do s culo XX tamb m compondo s ries de livros Dentre os do segundo tipo para uso dos alunos dos cursos de forma o de professores prim rios t m se os que receberam as denomi na es predominantes tratado s culo XIX e comp ndio e manual de ensino at a segunda metade do s culo XX Ainda que provis ria essa tentativa de caracteriza o dos impres sos identificados como livros did ticos visa n o a estabelecer uma tipo logia fixa mas a atender necessidade de compreens
365. nos livros Um m todo de ensinar a leitura e escrita francesa para as escolas prim rias pu blicado por Eug ne Cuissart em 1882 se dirige assim aos alunos que j aprenderam a ler Agora voc pode ler e em breve voc ser capaz de ler sozinho boas hist rias nos livros Todo o saber humano est nos livros Se voc pode ler voc pode tornar se s bio CUISSART 1882 apud CHARTIER A M 2007 p 128 Os inimigos contra os quais se deve fundar a aprendizagem escolar s o pr ticas emp ricas as supersti es ar caicas os falsos conhecimentos repassados pela tradi o oral A leitura a nica maneira de aprender Da a ambi o da escola prim ria segundo o modelo franc s oferecer um livro did tico um livro de leituras que como um livro dos livros constitu do de breves textos e extratos de obras que transmitem m ltiplos saberes hist ria geografia ci ncias morais fi sicas e naturais economia dom stica higiene etc Portanto necess rio procurar nos alunos as compet ncias de ler e escrever que lhes permitam transformar a aprendizagem escolar em uma ferramenta de conhecimento cujo objetivo aprender a ler segundo regras e regulamentos 25 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Com os progressos da alfabetiza o e a diversifica o de produtos impressos o s culo XVIII e ainda mais o XIX conheceram uma grande dispers o dos modelos de leitura Forte o
366. novidades que seduzem ou assustam seus contempor neos N o quero repetir o que j escrevi sobre esse tema entretanto ape nas enfatizar o que me parece a mais importante das mudan as introduzidas pela revolu o do texto digital A mais essencial se refere ordem dos discur sos Na cultura impressa tal como a conhecemos essa ordem se estabelece a partir da rela o entre tipos de objetos o livro o di rio a revista categorias de textos e formas de leitura ou uso Semelhante vincula o est enraizada numa hist ria de longa dura o da cultura escrita e resulta da sedimenta o de tr s inova es fundamentais em primeiro lugar entre os s culos II e IV a difus o de um novo tipo de livro que ainda o nosso ou seja o livro composto de folhas e p ginas reunidas dentro de uma mesma encaderna o que chamamos codex e que substituiu os rolos da antiguidade grega e romana ROBERTS SKEAT 1987 em segundo lugar no final da Idade M dia antes da inven o da imprensa nos s culos XIV e XV o apareci mento do livro unit rio quer dizer a presen a dentro de um mesmo livro 37 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs manuscrito de obras compostas em lingua vulgar por um s autor Petrarca Boccacio Christine de Pisan ainda que essa rela o caracterizasse anterior mente somente as autoridades can nicas antigas e crist s e as obras em latim PETRUCCI 1995 e finalmente no
367. ns aspectos dos procedimentos da pesquisa passo a seguir para a apresenta o e a discuss o de dois temas que consi derei relevantes nos dados coletados o primeiro trata do m todo para o ensino da leitura e da escrita em voga nos EUA desde pelo menos o final dos anos de 1920 e de como isso se revela nas cartilhas ga chas o segundo reflete sobre como as cartilhas que propagaram esse m todo no caso do Rio Grande do Sul reproduziram tamb m um modelo de livro e um pro jeto de sociedade WORD PERCEPTION A PALAVRA COMO PRIMEIRA UNIDADE DE PERCEP O A palavra a primeira unidade de percep o no m todo defen dido por muitos te ricos americanos entre os quais Arthur Gates 1928 um dos mais importantes defensores do m todo anal tico nos EUA des de o final dos anos 20 Tal procedimento metodol gico ficou conhecido como word perception ou word recognition Gates 1928 recomendava observar para o leitor iniciante al guns aspectos que facilitariam o trabalho da percep o das palavras quais sejam 1 a configura o geral das palavras quer dizer apresentar inicial mente palavras que se diferenciassem no comprimento e na forma 2 a combina o de letras na palavra ou seja trabalhar com aquelas que ti vessem uma ou mais letras em comum na mesma parte ou em diferentes partes no in cio da palavra no meio ou no final 3 as s ries mistas para o aprendiz detectar as similaridades e as diferen as entre as p
368. nserva o Os livros para alfabetizar ent o precisam ser estudados na sua especificidade gr fica e de uso para al m da discuss o de sua metodologia e sempre no di logo com outros materiais que os ante cedem historicamente assim como os que os sucedem numa sequ ncia de uso os livros de leitura por exemplo FRADE 2010a 2012 a partir de um olhar comparativo que conseguimos compreender aspectos mate riais e simb licos que constroem a especificidade de livros para iniciantes Al m disso a pragm tica de seu uso tamb m pode explicar a sua perma n ncia ou efemeridade e mesmo o deslocamento de pr ticas de leitura do mesmo suporte que v o al m do que foi projetado pelo autor Assumindo que tudo o que est no livro nos reenvia para fora dele BELO 2002 p 104 DARNTON 1995 e analisando o obje to livro em seu circuito de comunica o os dados eleitos para estudo neste artigo se referem s rela es recuperadas nos livros e fora deles sobretudo quando esses dados se referem aos motivos da produ o de determinado autor aos aspectos espec ficos de sua forma de produ o e mesmo rede de rela es que permitem a divulga o de seu trabalho Um dos problemas para recuperar dados da produ o que se relacionam com alguma rede de influ ncia n o destacada nos manuais como as rela es com o mundo editorial a n o disponibiliza o de contratos de editoras com seus au tores ou at a fal
369. nswick Georg Eckert Institut 1998b p 169 180 59 Maria vo Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Les manuels scolaires petite histoire des usages Enseignants Magazine Paris n 7 p 23 avril 1998c Le pass le pr sent et le futur des manuels scolaires Puzzle bulletin du Centre Interfacultaire de Formation des Enseignants de l Universit de Li ge Li ge n 7 p 11 19 d c 1999a Les manuels l cole primaire un aper u historique changes Paris n 38 p 165 168 mai 1999b Los manuales escolares de ayer a hoy el ejemplo de Francia Historia de la Educaci n Salamanca n 19 p 13 37 2000 Les manuels scolaires In MICHON J MOLLIER J Y Dir Les mu tations du livre et de l dition dans le monde du XVIIIe si cle l an 2000 Qu bec Les Presses de l Universit Laval Paris L Harmattan 2001 p 474 483 Lhistoire du livre et de l dition scolaires vers un tat des lieux Paeda gogica Historica Gent v 38 n 1 p 21 49 2002 O historiador e o livro escolar Hist ria da Educa o Pelotas v 6 n 11 p 5 24 abr 2002b Former les enseignants au choix et l utilisation de leurs manuels his toire et actualit In GERMAIN B LE GUAY I ROBERT N Dir Le ma nuel de lecture au CP r flexions analyses et crit res de choix Paris Sc REn Savoir Livre 2003 p 12 16 Hist ria dos livros e das edi es did ti
370. nte inclusive pro fessores pais e alunos al m de profissionais de edi o e eventualmente avaliadores do governo Para desvendar todas essas pr ticas na medida em que elas n o se apresentam de modo integral e transparente preciso que sejam re constitu das com base nos ind cios esparsos e lacunares que deixaram os pr prios livros did ticos documentos administrativos textos e revistas educacionais of cios memorandos bilhetes cadernos escolares planeja mento de aulas grava es de udio e imagem objetos e mob lia utilizados na escola documenta o das editoras e da equipe avaliadora do governo etc E por que n o as leis sobre livros did ticos tamb m elaboradas por sujeitos pessoas reais 327 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs REFERENCIAS BOCCHI L A A legisla o sobre livro did tico no Brasil 1808 1889 2005 Relat rio Inicia o Cient fica em Hist ria Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2005 BRAGAN A A Imprensa R gia ou Impress o R gia 7 jun 2007 Dispon vel em lt http ler e escrever blogspot com br 2007 06 imprensa rgia ou impresso rgia html gt Acesso em 30 set 2013 CHARTIER R Textos e edi es a literatura de cordel In historia cultural entre pr ticas e representa es Lisboa Difel 1990a p 165 187 Textos impressos leituras In hist ria cultural entre pr ticas
371. o em ponto pequeno de um cartaz de classe As p ginas com os textos completos podem ou n o ser acrescidas de p ginas com texto dividido em senten as p ginas com frases divididas em palavras p ginas com palavras divididas em s labas para serem re cortadas em fun o de uma segmenta o gr fica e colecionadas em envelopes Essa estrat gia possibilita montar e desmontar unidades lingu sticas e o pr prio livro 267 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs cos tinham o poder de determinar movimentos da edi o na rela o de for as que estabeleceram com o mercado editorial com as necessidades de uma pol tica educacional ou com um problema pedag gico ASPECTOS GERAIS LIGADOS AOS AUTORES E PRODU O DE SUAS OBRAS O Quadro 1 abaixo focaliza os autores o m todo de alfabetiza o que defendiam e datas que permitem avaliar o poss vel per odo de edi o dos seus livros embora a maioria das obras consultadas n o apresente data da primeira edi o o que nos levou a apurar algumas informa es editoriais consultando outros estudos sobre o autor ou mediante algumas entrevistas concedidas AUTOR M TODO impress o Maria Guilhermina Loureiro de Palavra o 1894 Andrade E E 1957 Helena Jorge M todo Global de contos j data da impress o Magdala Lisboa Bacha M todo Ecl tico 1962 Maria Yvonne Atal cio M todo Ecl tico Maria Serafina de Freitas M todo Global de Conto
372. o Imperio do Brasil de 1858 Tomo XIX Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1858 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brasil de 1859 Tomo XXII Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1859 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Brazil de 1821 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1889 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil de 1822 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1887 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil de 1823 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1887 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil de 1827 Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil de 1828 Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 331 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil de 1829 Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil de 1830 Rio de Janeiro Typographia Nacional 1876 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brazil 1832 Reimpres s o Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1908 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1835 Reimpres s o Rio de Janeiro Typographia Nacional 1864 BRASIL Collec o das Decis es do Governo do Imperio do Brasil 1837 Reimpres s o R
373. o Paulo c Livraria AGIR Edit ra Rio de Janeiro Bias A Grafiquinha Ltda Vega Belo Horizonte Freitas eee Loe Vigilia Ltda Belo Horizonte cio ET D S A S o Paulo Bloch Educa o Rio de Janeiro Editora L Belo Horizonte Editora do Brasil Editora Express o Belo Horizonte Quadro 3 Autores e suas rela es com editoras Therezinha Casa santa Fonte Elaborado pela autora Tendo em vista os dados salienta se a rela o de v rios autores com gr ficas editoras de pequeno porte e grandes editoras Sair do Pa s para editar no caso de Maria Guilhermina Andrade pode ser um fator 281 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs que dificultou a encomenda do livro tendo em vista o alto pre o da repro du o e ou transporte Se Artur Joviano e Ana Cintra tiveram seus livros comprados pela Livraria Francisco Alves com grande poder de divulga o s o necess rias mais pesquisas para saber se tamb m circularam em outros estados Esse igualmente o caso de Jo o Lucio com sua s rie graduada Os autores que diversificaram sua produ o indo al m dos livros de alfa betiza o ganharam espa o em grandes editoras e no pa s Enquanto O livro de Lili foi editado por v rias editoras alterando se os contratos auto rais o de L cia Casasanta foi reeditado por v rias d cadas pela Editora do Brasil Alguns autores de pr livros do m todo global
374. o chegava o exame a dificuldade era escrever com tinta Era um ditado e quem escrevesse errado rodava MA NOEL 1930 2006 apud TRINDADE 2006 p 104 N s faz amos prova de leitura oral e depois n s faz amos um dita do e respond amos perguntas sobre aquele texto AIDA 1933 apud TRINDADE 2006 p 128 Eu nunca esqueci um ditado realizado quando eu j estava alfabetiza da a professora ditou pomba e eu escrevi bomba Ela viu e falou em voz alta Ah quer dizer que pomba virou bomba Essa interven o deixou me muito envergonhada uma sensa o que eu nunca esqueci pois toda a turma estava presente naquele dia VERA 1940 apud TRINDADE 2006 p 137 Na primeira s rie faz amos ditado de letras e depois de palavras HENRIQUETA 1947 apud TRINDADE 2006 p 197 Ontem como hoje o ditado ainda est presente nas pr ticas es colares recebendo outras denomina es por exemplo autoditado ditado interativo ditado e reescrita de texto Chama a aten o que novas formas de se realizar a mesma atividade foram ganhando espa o O ditado foi per dendo essa caracter stica modesta que ressalva Chartier 2007b apre sentando novas formas de se fazer como mesclar conte dos aprendidos deixar que os alunos procedessem corre o seus erros ortogr ficos usar figuras e outros suportes Por exemplo o caderno de ditado de uma aluna de terceira s rie de novembro de
375. o das crian as Nesse sentido a denominada Vocabulary 1 Apresenta textos curtos com a repeti o de frases mas n o mais palavras isoladas Pode se dizer que o Primer era um livro intermedi rio situado entre os Pr primers com palavras isoladas e algumas poucas e curtas frases e o First Book e os sucessores Second Thrid etc 101 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs List ou Words List era rigorosamente definida e usada nas diferentes li es dos livros Pre primers e Primers especialmente No entanto n o havia para os defensores da word recognition necessidade de um longo per odo dedicado exclusivamente leitura das palavras Depois que o aluno aprendesse algumas palavras ele seria capaz sem muita dificuldade de ler frases e senten as compostas por essas mes mas palavras aprendidas Os aprendizes leriam uma frase ou frases e at mesmo um par grafo inteiro quase de uma s vez porque podiam ler as palavras que os compunham Contudo n o poderiam no in cio sem esse trabalho com as palavras perceber com precis o as unidades maiores como totalidades Segundo os autores seria in til insistir para que os alunos fi zessem isso percep o das unidades mais complexas viria gradualmente e n o era desej vel que o aluno fosse confrontado primeiro com as hist rias ou as senten as Gates 1928 contr rio ao m todo de hist rias ou de senten as assim escreveu Somos l
376. o de Santa Catari na UDESC que cont m duas de suas obras Tais presen as atestam sua circula o em terras brasileiras ainda que n o se tenha not cia de seu uso diretamente escolar no Brasil N o consta ter sido publicado por editoras brasileiras por m suas obras sa ram principalmente por editoras portu guesas como a Editorial Domingos Barreira e a Editora Educa o Nacio nal Propriedade de Adolfo Machado Rua da Almada n 125 na cidade do Porto Portugal O livro integra a Colec o Did ctica a qual tamb m publicou do mesmo autor arte de pensar arte de estudar e educa o integral e como o pr prio t tulo anuncia tem seu p blico alvo entre pro fessores e estudantes Na contracapa desse livro encontram se os objetivos da Cole o assim apresentados Colec o Did ctica Qualquer das obras desta interessant ssima e til cole o fornece a todos os estudantes principalmente aos estudantes e aos autodidatas os co nhecimentos te ricos e pr ticos indispens veis para uma orienta o se gura progressiva e met dica em qualquer sector da cultura Os livros da Colec o Did ctica constituem verdadeiros tratados pr ticos sendo os respectivos temas versados com profici ncia e clareza VIANA 1949 O livro Arte da Leitura tem 232 p ginas uma capa sem ilus tra es mas com arabescos laterais que destacam o t tulo centralizado e a perten a Cole o Didactica N o h em seu interi
377. o depois Inspetor escolar posteriormente mudou se para o Rio de Janeiro onde desenvolveu ativi dades relativas Educa o como Inspetor e Superintendente de Instru o Conforme indicado em estudo anterior FRADE 2010b sua rela o com os livros mais intensa do que aquela que teve como autor uma vez que se dedicou tamb m ao com rcio livreiro Como jornalista foi redator com Mendes Pimentel e Azevedo J nior dos jornais Estado de Minas Jornal do Povo e Folha Pequena Pre f cios e manuais que acompanham seu Primeiro Livro de Leitura indicam conhecimento sobre os te ricos da educa o mais importantes da poca Seu envolvimento com a cultura da escrita e com a cultura escolar pare ce extrapolar a quest o dos impressos visto que consta em sua biografia ainda que patenteou m veis espec ficos para a escola carteiras cadeiras mesas brinquedos pedag gicos assim como tinteiros Um aspecto que chama a aten o na an lise do paratexto do livro Primeira Leitura de Joviano a familiaridade do autor com aspectos legais do mundo do livro pois ele publicou nas p ginas iniciais desse livro uma peti o de direitos autorais que enviou ao diretor da Biblioteca Nacional o Sr Dr Manuel C cero protocolada em 1908 solicitando confirma o do registro de sua obra naquela biblioteca feito em 1907 Nas p ginas seguintes a essa peti o publicado o documento de registro efetuado Exmo Sr Dr Diretor
378. o documentos oficiais 2 NA ARGENTINA Silvina Gvirtz 1997 examinou nesses dispositivos mais utili zados nas salas de aula as pr ticas escolares desde as primeiras d cadas do ltimo s culo A an lise efetuada evidenciou as opera es mais rotineiras no cotidiano escolar que ultrapassavam as reformas educativas as cren as pedag gicas e os momentos pol ticos copiar traduzir selecionar classi ficar ordenar enumerar completar separar compor relacionar definir analisar resumir redigir calcular e resolver 3 NA ESPANHA Antonio Vi ao 2008 sintetiza a importancia dos cadernos esco lares para os historiadores da educa o S o no seu entendimento uma fonte n o menos complexa que outras que durante as duas ltimas d cadas vem figurando no cruzamento de tr s campos historio gr ficos relacionados inclusive complementares mas com diferentes enfoques e interesses a hist ria da inf ncia a da cultura escrita e a da educa o Nada estranho se se tem em conta que os cadernos escolares s o ao mesmo tempo uma produ o infantil um espa o gr fico e um produto da cultura escolar VIN O 2008 p 15 Tamb m da Espanha dois estudos de Maria del Mar del Pozo Andr s e Sara Ramos Zamora que tomam 275 exemplares arquivados em processos que visavam a apurar o envolvimento pol tico das professoras durante o franquismo exemplificam esse crescente interesse Ni as ha blando a mujeres narra
379. o in cio do s culo XX em 1902 e 1907 A primeira Artinha da Leitura de Jo o Sim es Lopes Neto que foi editada em fac s mile por Lu s Augusto Fischer no in cio de 2013 A segunda O livro de Hilda processo analytico da leitura de Jo o K pke re c m divulgada pela tese de doutorado de Maria Lygia K pke Santos 2013 Ambos os escritores s o consagrados pela cr tica estudados por bi grafos cr 132 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ticos e pesquisadores reconhecidos como intelectuais e envolvidos em lutas no campo da educa o e da produ o de livros de leitura O manuscrito intitulado O livro de Hilda processo analytico da leitura datado de 1902 pode ser considerado prova material da exist ncia de uma cartilha produzida por Jo o K pke para o ensino da leitura pelo m todo anal tico v rias vezes citada pelos pesquisadores do campo da hist ria da educa o e da alfabetiza o CARVALHO 1998 MORTATTI 2000 PA NIZZOLO 2006 RIBEIRO 2001 SANTOS 2013 mas que n o tinha sido encontrada em qualquer vers o seja original seja j publicada Nesses estudos muito da trajet ria intelectual e profissional de Jo o K pke 1852 1926 j foi constru do e divulgado Um educador apoiado nos conhecimentos da ci ncia positivista e nos ideais republica nos mestre atuante no ensino da leitura e na defesa do m todo anal tico autor de livros de leituras e de cartilhas Discutiu se bastante
380. o objetivo inicial era o de recensear a produ o dos livros did ticos franceses desde a poca da Revolu o de 1789 Trata se de um complexo banco de dados pioneiro quanto ao seu aspecto de proporcionar informa es sobre a trajet ria de cada livro did tico pesquisado ou seja fornecer um conjunto de dados visando a acompanhar a dura o da vida da obra Os dados fornecidos pelo EMMANUELLE n o s o dentro des sa expectativa uma r plica das informa es catalogr ficas nos formatos das bibliotecas em geral mas por constituirem se em campos peculiares e espec ficos possibilitam fornecer aos pesquisadores a dimens o hist rica do livro did tico Tais caracter sticas desse Banco de Dados se relacionam tamb m com uma coleta de informa es espec ficas sobre cada livro pro veniente de um trabalho cient fico de equipes de especialistas para se obter uma verdadeira biografia do livro da primeira ltima edi o Segun do Choppin em 2006 estavam acess veis pelo EMMANUELLE quase 30 000 t tulos correspondendo a cerca de 75 000 edi es diversas sendo 54 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA inclu dos para consulta os demais campos t tulo da obra participantes compreendendo nesse campo as diversas autorias da obra tais como editores tradutores ilustradores etc lugar da edi o ou impress o n vel de ensino disciplina nome da cole o CHOPPIN AUBIN 2007 p 55 Por essa mesma
381. o para o Plano de Curso Caminhando para a 1 Ano Planejamento 1 fase Alfabetiza o Alfa Documentos analisados Nossa Terra Nossa PNM Alfabetiza o betiza o reformula Gente atrav s da arte o de Curr culos Ada e Edu Quadro 1 An lise lingu stica do material Fonte BRASIL 1980 p 166 adaptado pela autora O Estudo Avaliativo composto por v rios textos cada qual te matizando um aspecto do projeto Deter me ei a seguir no texto de au toria de Paulo Marcelino Alfabetiza o no Projeto Novas Metodologias O autor inicia informando que o Projeto serviu primeiramen te talvez n o unicamente para nos evidenciar o despreparo absoluto para execu o de um projeto de n vel nacional na rea da educa o BRASIL 1980 p 187 Segundo Marcelino h evid ncias de equipes improvisadas indicadas por conveni ncia pol tico partid ria trocadas por inconveni n cias ou escolhidas independentemente de qualquer compet ncia ou espe cializa o O avaliador queixa se da aus ncia de dados nas pesquisas realiza das tais como classe socioecon mica dos alunos grau de nutri o n vel de prontid o para alfabetiza o da n o consulta aos pais da aus ncia do car ter de regionaliza o Aponta ainda a estranha concep o restrita 240 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA de alfabetiza o como letrifica o BRASIL 1980 p 188 Par
382. o simb lico e tecnol gico que articula as dimens es b sicas do dizer do fazer e do agir did tico e as pedag gicas MAGALH ES 2008 e como processos que ocorrem no interior da escola onde se mesclam elementos estruturantes e elementos cambiantes VIDAL 2013 180 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Como artefatos culturais destinados a ensinar a ser professor os dois manuais ser o analisados a partir das prescri es feitas pelos autores para o ensino da leitura na Escola com destaque para as proposi es de conhecimentos que contribu ram para fazer da leitura um saber escolari zado O estudo oferece igualmente ind cios sobre os modelos prescritos relativos ao ato de ler que circularam nas d cadas de 1940 a 1960 at onde se t m not cias de sua circula o pelo n mero de suas edi es O empreendimento envolve estudos em rela o capa t tulo autores data de publica o organiza o dos cap tulos di logos te ricos e recomenda es expostas para o ensino e a pr tica de leitura notadamente a leitura silenciosa inseridos em uma pol tica editorial cujo objetivo a for ma o de uma nova cultura pedag gica representada como necess ria ao desempenho escolar de seu destinat rio o professor CARVALHO TOLEDO 2007 p 107 91 Procurou se encaminhar a an lise com base em alguns pontos j delineados por autores como Mortatti 2000 p 31 s op es tem tico conteud
383. o todas as leis relativas explicitamente ao livro did tico Mas preciso considerar que h muitas outras que mesmo n o fazendo men o direta ao livro did tico determinam lhe a exist ncia como por exemplo e ainda no terreno das obviedades as leis que dizem respeito educa o escolar indicando as disciplinas a ser lecionadas cujos conte dos eventualmente est o contidos nos livros did ticos Outro conjunto relaciona se ao grau de liberdade de express o ou censura que efetivada pelo Estado em seus diversos n veis e n o se pode esquecer que no Imp rio a Igreja fez parte da maquinaria estatal com poderes de autoriza o ou proibi o de livros o famoso imprima tur Ao aludirem ao livro em geral essas leis tamb m visam ao livro did tico Do mesmo modo h que se ter em vista a legisla o sobre a circula o de bens inclusive de livros e em particular de livros did ticos Por fim como recomenda Chartier 1990a 1990b n o se deve abstrair a materialidade do livro e do livro did tico o que significa no caso que preciso levar em conta toda a legisla o referente sua produ o edi o e impress o e portanto sobre todos os insumos e mat rias primas que concorrem para que esses objetos adquiram exist ncia f sica e material constituindo os como mercadoria Nesse caso encontram se as leis dirigidas importa o e taxa o de papel tinta maquin rio gr fico etc Na pr
384. obre o ensino da leitura e da escrita nos Estados Unidos focalizando o momento em que l come am a circu lar os materiais did ticos de Arnold momento de fervor reformista de acelerada industrializa o e urbaniza o e de grande afluxo populacional com vertiginosa mudan a na sua composi o Este texto foi elaborado com base em levantamentos efetuados em muitos bancos de dados dentro e fora dos Estados Unidos dedicados exclu sivamente a livros did ticos ou destinados a uma ampla gama de documen tos hist ricos Embora alguns acervos online h muito re nam informa es preciosas sobre antigos livros did ticos como o de John Nietz a livraria digital Internet Archive que oferece o maior n mero de livros did ticos de Ar nold dispon veis para consulta online ou para download Os arquivos mate riais que forneceram as fontes mais significativas sobre Arnold s o Biblioteca do Congresso Nacional em Washington D C Simmons College Archives Beatley Library Boston Ma as editoras Silver Burdett amp Co e Ginn amp Co Tamb m foi consultada uma ampla bibliografia predominante mente norte americana sobre temas tais como livros did ticos ensino da leitura e da escrita escotismo para meninas girl scouts progressivismo e reformas na educa o norte americana dentre outros Parte dessa biblio grafia est citada ao longo deste cap tulo e portanto consta do rol biblio gr fico final Cabe informar outrossim
385. obre o mundo da leitura e dos livros nosso modo de entendimento desse sistema de publica o e impress o como um campo de poder composto de posi es que competem en tre si dentro das regras de um jogo que por sua vez est subordinado s for as dominantes da sociedade em geral DARNTON 2010 p 23 Os LIVROS DID TICOS MANUSCRITOS Os livros did ticos impressos nem sempre de f cil localiza o ao chegarem s m os dos pesquisadores podem se tornar objeto e fon te de pesquisa ganhando um sentido que justifique sua guarda em um espa o igualmente n o previsto no momento de sua publica o grupo de pesquisa biblioteca acervo de livros Tornam se assim documentos poss veis de investiga o e problematiza o como produ es de sujeitos 131 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs de um tempo e lugar marcados por determinados jogos de for as por que esses e n o outros livros foram escritos e publicados Com quais outras obras dialogam Por que alguns permanecem ao longo do tempo e outros desaparecem em sua primeira e nica edi o Se a cada descoberta de um livro impresso muitas quest es sob diferentes perspectivas te rico metodol gicas podem ser levantadas ima ginemos a descoberta de livros did ticos manuscritos cuja reprodu o fre quentemente restrita a um espa o mais particular sendo sua preserva o aleat ria quase fruto do acaso Ima
386. odex e do desapa recimento do rolo o livro entendido como a divis o textual de uma obra tal como a parte ou o cap tulo correspondeu com frequ ncia quantidade de texto que continha um antigo rolo CANFORA 2002 Por m n o devemos menosprezar a originalidade do nosso pre sente as diferentes revolu es da cultura escrita que no passado estavam separadas se apresentam hoje simultaneamente Na verdade a revolu o do texto eletr nico ao mesmo tempo uma revolu o da t cnica de pro du o e reprodu o dos textos uma revolu o da materialidade e da forma de seu suporte e uma revolu o das pr ticas de leitura Substitui a proxi midade f sica que vincula os v rios textos copiados ou impressos em um mesmo livro ou uma revista ou um peri dico por sua distribui o nas arquiteturas l gicas que governam os bancos de dados as cole es digitais 34 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ou as publica es eletr nicas Por outro lado redefine a materialidade das obras porque desata o la o vis vel entre um texto e o objeto que o trans mite e d ao leitor e n o ao autor ou editor o dom nio sobre a forma e o formato das unidades textuais que queira ler Assim todo o sistema de percep o e de uso dos textos que se encontra transformado PROMESSAS E INCERTEZAS Apoiado nessas mudan as o mundo digital pode dar realidade aos sonhos nunca alcan ados que o procederam Da mesma forma que
387. odo para as partes OS MANUAIS DE ENSINO DE LEITURA E ESCRITA NO TERCEIRO MOMENTO CRUCIAL DA HIST RIA DA ALFABETIZA O NO BRASIL Conforme determina es legais e com mercado editorial de livro did tico em franca expans o consolida o os manuais analisados com p em o processo de publica o sistem tica entre as d cadas de 1940 e 1950 de manuais de ensino escritos por brasileiros com base em suas experi ncias did ticas consideradas bem sucedidas Sintonizados com o contexto educacional do momento hist rico em que foram publicados e em que circularam esses manuais apresentam muitas semelhan as importantes entre si dentre as quais se podem desta car bases te ricas comuns em rela o educa o e ao ensino indica o para uso em cursos normais das escolas normais e dos institutos de edu ca o em conson ncia com a legisla o sobre livro did tico e com finali dades e programas do ensino normal e do ensino prim rio estabelecidos em n vel federal pelas leis org nicas de 1946 e conforma o tradi o fundada no terceiro momento crucial da hist ria da alfabetiza o no Brasil proposto por Mortatti 20004 Estudando a hist ria da alfabetiza o no Brasil com nfase na escolariza o inicial de crian as no per odo compreendido entre final do s culo XIX e dias atuais constatei o complexo movimento marcado pela recorr ncia discursiva da mudan a indicativa da tens o constante entr
388. odu o de livro e do livro did tico h tamb m trabalhadores mais ou menos especializados cujos of cios podem ser ou n o mat ria de lei Legisla o regulamentando os direitos e os deveres do autor e de outros sujeitos envolvidos na edi o e comercializa o de livro deve ser igualmen te contabilizada Levando se em conta todos esses aspectos que leis podem se en contrar no Brasil durante o per odo imperial Ou mesmo antes da institui o do regime imperial em 1808 com a chegada da fam lia real portuguesa fundada a Impress o R gia Decreto de 13 5 1808 Essa medida geral mente enaltecida como marco inaugurador da libera o das atividades gr ficas e de imprensa na col nia at ent o proibidas Na realidade por m o decreto estabelece que a Impress o R gia deve imprimir exclusivamente toda a Legisla o e Papeis Diplom ticos que emanarem de qualquer Repar ti o do Meu Real Servi o e se poss o imprimir todas e quaesquer outras 318 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Obras Bem entendido a Coroa teria o monop lio exclusivo de tudo que fosse impresso na Col nia inclusive Cartas de Jogar e nessa medida as todas e quaesquer outras Obras passavam pelo crivo da censura antes de ser impressas Moraes 1993 p xx lembra ainda a dificuldade t c nica e operacional de a Impress o atender s demandas Somente em 1821 Decis o 51 de 28 8 1821
389. ol gio Farroupilha interessante assinalar que os ditados provavelmente elaborados pelos professores adotam a perspectiva do aluno como autor No exemplo a seguir o ditado expressa o estranhamento de um estudante diante da no menclatura adotada pela l ngua portuguesa para a acentua o das palavras Segunda feira 17 de Agosto de 1953 D cimo S timo Ditado Volta e meia a profess ra nos aparece com um trabalho complicado Desta vez a tal de s laba t nica Francamente nunca vi nomes t o engra ados pois at parece que esta mos falando noutra l ngua Disse nos a professora que as palavras com a ltima s laba mais forte chamam se ox tonas com a pen ltima chamam se parox tonas e com a antepen ltima chamam se proparox tonas Nossas cabe as ficam a zunir com t das estas palavras Por m creio que com o n mero de exerc cios que temos feitos por certo em pouco tempo saberemos reconhecer a s laba t nica a quil metros de dist ncia E 2 O 10 n 8 5 Hilda Petry 155 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs Campanha do Mata Borr o Caderno de Luiz Carlos do terceiro ano 1953 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha Os ditados tamb m salientam a expectativa da escola com um modelo de bom aluno estudioso caprichoso respons vel Sexta feira 5 de novembro de 1954 Ditado n 14 Di riamente vamos ao col gio Pr viamente organizamos as pastas e fis calizamos o s
390. olares Embora n o se deva consider lo definitivo no quadro nico apresentado ao fim deste cap tulo est contida a quase totalidade dos li vros nos quais Sarah L Arnold consta como autora ou coautora nesse quadro est o reunidos exclusivamente os livros publicados em ingl s des tinados primariamente ao p blico norte americano Nele constam 36 livros publicados em 48 anos dos quais apenas tr s sugerem n o ter destina o escolar direta mesmo que possam tratar de educa o Grace at Table de 1918 The Story of the Sargent Industrial School at Beacon de 1917 e The Way of understanding de 1934 Em 17 t tulos Sarah L Arnold comparece como unica autora e em 22 como coautora em 18 desses a autora principal e em quatro autora secundaria Desde seu terceiro livro escolar Waymarks for teachers showing aims principles and plans for everyday teaching 1894 Sarah L Arnold passou a publicar por interm dio de uma das mais importantes casas edito rais norte americanas e uma das maiores editoras de livros escolares do pais a Silver Burdett and Company sediada em grandes cidades como New York Boston e Chicago A partir daquele momento Arnold publicaria quase de forma exclusiva por essa grande casa editorial e pela grande Ginn 2 De Sarah L Arnold tamb m foram encontradas mat rias impressas em jornais magazines e peri dicos es pecializados tratando de t picos relacionados aos seus tr s principai
391. olec o das Leis do Imperio do Brazil de 1817 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1890 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1819 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1889 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1820 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1889 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1821 Parte I Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1889 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1821 Parte II Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1889 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1822 Parte 2a Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1887 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1823 Parte 2a Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1887 329 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1827 Parte Primeira Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1827 Parte Segunda Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1828 Parte Primeira Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1829 Parte II Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1830 Parte Primeira Rio de Janeiro Typographia Nacional 1876 BRASIL Colec o das Leis do Imperio do Brazil de 1831 Primeira
392. ologia Universidade Estadual Paulista Presidente Prudente 1997 MONARCHA C LOUREN O FILHO R Org Por Louren o Filho uma biobibliografia Bras lia DF MEC INEP 2001 Cole o Louren o Filho MORTATTL M R L Os sentidos da alfabetiza o S o Paulo 1876 1994 Bra s lia DF MEC INEP COMPED S o Paulo Ed UNESP 2000 Produ o did tica e de literatura infantil In MONARCHA C LOU REN O FILHO R Org Por Louren o Filho uma biobibliografia Bras lia DF INEB MEC 2001 p 127 134 263 AUTORES E AUTORAS DE LIVROS EM MINAS GERAIS ENTRE ESTADO EDI O E M TODOS PARA O ENSINO INICIAL DA LEITURA E ESCRITA 1889 1980 Isabel Cristina Alves da Silva Frade A compreens o sobre as pr ticas profissionais que v m cercan do a produ o de um texto impresso antes que ele chegue aos seus leitores finais permite evidenciar as condi es s cio hist ricas envolvidas na pro du o na difus o e na circula o da cultura escrita e no caso deste artigo as condi es s cio hist ricas que determinam a alfabetiza o no estado de Minas Gerais Pode se afirmar que o fato de existirem autor e texto n o garante as condi es para produ o circula o e uso dos livros pois a sua produ o deve ser submetida a uma ordem dos livros CHARTIER 1994 1996 2002 Assim a ordem dos livros did ticos al m do di logo com uma cultura pedag gica configurada por quest es de financiamento compr
393. ologia da linguagem 2 ed Rio de Janeiro Agir 1951 1955 CARVALHO M M C A caixa de utensilios e o tratado modelos pedag gicos manuais de pedagogia e pr ticas de leitura de professores In CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE HISTORIA DA EDUCAGAO 4 2006 Goiania Anais Goiania UFGO 2006a p 1 10 Livros e revistas para professores configura o material do impresso e circula o internacional de modelos pedag gicos In PINTASSILGO J et al Org Hist ria da escola em Portugal e no Brasil circula o e apropria o de mo delos culturais Lisboa Edi es Colibri Centro de Investiga o em Educa o da Faculdade de Ci ncias da Universidade Lisboa 2006b p 141 175 Uma biblioteca pedag gica francesa para a Escola Normal de S o Pau lo 1882 livros de forma o profissional e circula o de modelos culturais In BENCOSTTA M L A Org Culturas escolares saberes e pr ticas educativas S o Paulo Cortez 2007 N o paginado CARVALHO M M C TOLEDO M R A A cole o como estrat gia edito rial de difus o de modelos pedag gicos o caso da Biblioteca de Educa o orga nizada por Louren o Filho In CONGRESSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O 3 2004 Curitiba Anais Curitiba SBHE 2004 N o pa ginado CARVALHO R L Um estudo sobre No es de metodologia do ensino prim rio de Theobaldo Miranda Santos 2001 36 f Trabalho de Conclus o de Curso Gra dua o em Pedagog
394. om essas incertezas Como manter o conceito de propriedade liter ria definido desde o s culo XVIII a partir de uma identidade perp tua das obras identific vel qualquer que seja sua forma de publica o em um mundo onde os textos s o m veis male veis abertos Como reconhecer uma ordem do discurso que foi sem pre uma ordem dos livros ou para dizer melhor uma ordem do escrito que associa estreitamente autoridade de saber e forma de publica o quan do as possibilidades t cnicas permitem sem controles nem prazos colocar em circula o universal opini es e conhecimentos mas tamb m erros e falsifica es Como preservar maneiras de ler que construam a significa o a partir da coexist ncia de texto em um mesmo objeto um livro uma re vista um peri dico enquanto o novo modo de conserva o e transmiss o dos escritos imp e leitura uma l gica anal tica e enciclop dica onde cada texto n o tem outro contexto al m do proveniente de seu pertencimento a uma mesma tem tica Essas perguntas t m relev ncia particular para as gera es mais jovens que ao menos nos meios sociais com recursos e nos pa ses mais desenvolvidos se t m iniciado na cultura escrita atrav s da tela do compu tador Nesse caso uma pr tica da leitura muito imediata e naturalmente habituada fragmenta o dos textos de qualquer tipo se op e diretamente 36 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA s categorias forjadas no s culo
395. omaz Tadeu da Silva e outros Porto Alegre Artes M dicas 1993 GORDO N Depoimento concedido a Cancionila J Cardoso S o Paulo 12 jun 2008 GRAFF H O mito do alfabetismo Teoria amp Educa o Porto Alegre p 30 64 1990 MATO GROSSO Secretaria de Educa o e Cultura Projeto Novas metodologias relat rio geral das atividades desenvolvidas Cuiab MT Per odo 1975 1978 244 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Secretaria de Estado de Educa o e Cultura Of SEC DE DEIG PNM 17 1979 Cuiab 1979 MORTATTI M R L A querela dos m todos de alfabetiza o no Brasil con tribui es para metodizar o debate Acolhendo a Alfabetiza o nos Pa ses de L ngua Portuguesa S o Paulo 2009 Dispon vel em lt http www acoalfaplp net 0005a coalfaplp 0005acoalfaplp tx 3fundaeducalfab 302metodomortatti pdf gt Acesso em 5 jun 2013 PERSONA R M J et al Cartilha Nossa Terra Nossa Gente Cuiab Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Educa o e Cultura 1977a Nossa Terra Nossa Gente caderno de atividades Cuiab Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Educa o e Cultura 1977b Nossa Terra Nossa Gente livro do professor Cuiab Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Educa o e Cultura 1977c Ada e Edu livro do professor Rio de Janeiro Bloch 1978 PIAU Secretaria de Educa o Projeto Novas Metodologias alfabetiza o atrav s da arte manu
396. on mico pedag gico e tex tual e cujas p ginas revelam intencionalidades sociais definidas O esfor o deste trabalho vai nesta dire o ampliar a an lise para al m das p ginas dos livros ou melhor partindo delas procurar compreender as comple xas rela es econ micas sociais pol ticas e educacionais que explicam os status estilo estrutura e conte do dos livros quem os produziu como e sob quais pressupostos como alerta Luke 1988 p 16 No caso espec fico deste estudo n o se pretende efetuar uma macroexplica o ou uma abordagem capaz de dar conta de todas as di mens es das complexas rela es sociais pol ticas e econ micas atreladas produ o did tica algo impratic vel em um trabalho desse porte Trata se de um enfoque o qual atento a essa complexidade indica uma rede de rela es que se estabelecia e ajuda a explicar para a situa o do Rio Grande do Sul por que nos anos de 1960 houve uma produ o consider vel de livros para o ensino da leitura e da escrita cujas bases eram um conjunto de ideias de cunho social e pedag gico em evid ncia nos Estados Unidos investiga o que resultou neste trabalho como afirmei est in serida no campo da hist ria da alfabetiza o tendo uma abordagem mais 97 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs espec fica na produ o de livros de inicia o leitura e foi efetivada em 2012 na Univer
397. or lista de refer ncias bibliogr ficas mas traz um ndice Sin ptico dividido em duas partes gt Informa es gerais coligidas no site lt www memoria africa ua pt gt Acesso em 15 jun 2012 complementadas por informa es retiradas da contracapa do livro Arte da Leitura 1949 6 H duas cita es desse manual de M rio Viana em ARCH RO J NIOR Aquiles Li es de Pedagogia Para uso nas escolas Normais Terceiro Ano S o Paulo Edi es e Publica es Brasil 1955 7 N o h refer ncias ao final de cada cap tulo entretanto ao longo das p ginas h cita es de autores em forma de pensamentos e m ximas Os mais citados s o Oct vio Domingues Antero de Quental Carlyle Fern o Mendes Pinto J lia Lopes de Almeida Em lio Faguet Ant nio Feliciano de Castilho Ramalho Ortig o Gustavo Le Bon Marden Pe Ant nio Vieira Guerra Junqueiro D Francisco Manuel de Melo Montaigne Rousseau Santo Tom s de Aquino etc 186 HIsTORIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA sendo 13 subtitulos na primeira parte e sete subtitulos compondo a segun da parte conforme se pode ver no quadro abaixo PRIMEIRA PARTE T tulos II A Sele o dos livros IV Os livros inconvenientes ou perigosos VI Os livros de estudo e os livros de cr tica VIH Ler bem SEGUNDA PARTE T tulos II A pron ncia e a voz IV A leitura dos diversos estilos VI Recita o e declama
398. os de leitura concebidos para os alunos dos anos iniciais do curso prim rio por causa da alta taxa de evas o dos ltimos anos Por conseguinte os livros did ticos para o ensino p blico prim rio que emergem desse controle estatal e dessa realidade de mercado com estrondoso sucesso de vendas s o as cartilhas de alfabetiza o e os primei ros volumes dos livros de leitura graduada complementados por outros 308 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA impressos tais como as cole es de cadernos de caligrafia de cartografia de linguagem e de desenho cujas tiragens eram igualmente mais robustas nos volumes dirigidos aos anos iniciais do curso prim rio Compreende se desse modo o poder econ mico e simb lico que alcan aram os livros de leitura nas primeiras d cadas do s culo XX a pro por o que ocuparam no faturamento das editoras e a import ncia que passaram a significar no segmento de livros did ticos e no mercado editorial brasileiro uma vez que tais obras tinham grande potencial de ado o nos estados que vinham implementando reformas de ensino similares REFER NCIAS BARRA V M Da pedra ao p o itiner rio da lousa na escola paulista do s culo XIX 2001 Disserta o Mestrado em Hist ria e Filosofia da Educa o Pontifi cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2001 BASTOS M H C Leituras de forma o Cora o de Edmundo de Amicis 1886 In SEMIN RIO BRASILEIRO SOBRE
399. os did ticos s o guardados porque neles est agregado um valor simb lico no interior de uma sociedade escritur stica o que por sua vez qualifica seu propriet rio por materializarem os ideais ilu ministas do s culo XVIII fixos na f e no poder do conhecimento e no mundo de id ias em que ele operou DARNTON 2010 p 22 Penso que um estudo dos motivos os quais levam as pessoas a guardarem livros que nasceram para serem descartados talvez revisite te rico metodologicamente a hist ria dos livros did ticos mais comu mente explorada em um conhecimento sobre seu conte do disciplinar ideol gico conceitual tem tico etc e sobre as disputas ideol gicas em torno deles sobre a express o de projetos de identidade nacional que os geraram sobre a quest o da autoria Talvez possa p r em foco a ideia de que os livros did ticos como objetos e fontes da hist ria do ensino da leitura e da escrita podem contribuir para um entendimento das pr ticas dos leitores que d o significados diversos para esse material Eles enquanto objetos livros podem resistir ao tempo mais do que oprevisto em sua edi o al m de poderem ser lidos e usados por mais leitores do que aqueles inicialmente previstos pelo autor editor Subvertendo a l gica do polo da produ o leitores com suas pr ticas diversas de leitura ampliam a nossa concep o sobre os livros did ti cos ampliam nosso conhecimento s
400. os n o nos levam a afirmar rela es causais entre pas sado e presente mas nos sensibilizam para a contempla o da mir ade de possibilidades contidas no nosso presente O racioc nio pode ser transladado escrita e suas pr ticas hist ri cas Escreve se na areia na pedra na lousa no tecido no papiro no papel na tela do computador Escreve se com dedo estilete giz pincel l pis pena de ganso pena met lica esferogr fica hidrogr fica m quina de escrever teclado Uma forte materialidade constitui assim o ato da escrita que s adquire exist ncia quando tornado objeto Cada um dos suportes ou ins trumentos da escrita requer uma gestualidade espec fica e imp e um apren dizado Portanto escrever como todos sabemos n o significa apenas saber utilizar o c digo lingu stico Sup e treino de um conjunto de habilidades que quanto mais incorporadas pelo escritor mais invis veis na escrita Isso nos ajuda a compreender por que at o s culo XVII a escri ta s podia ser ensinada aos alunos maiores Sua concretiza o efetuada com o uso da pena de ganso mobilizava a destreza no aparo e limpeza do instrumento da escrita com um canivete Similarmente ajuda nos a perce ber por que ainda nas d cadas iniciais do s culo XX n o era permitido ao canhoto usar a m o esquerda para escrever tinta da caneta demorava a secar Como escrevemos da esquerda para a direita em uma linha horizon tal era necess rio ser de
401. os registram uma diminui o da leitura e sobre tudo a pouca import ncia que o livro ocupa na representa o que esses jovens fazem de si mesmos BAUDELOT CARTIER DETREZ 1999 Uma investiga o recente baseada em entrevistas e question rios a quatro mil jovens franceses de onze treze quinze e dezessete anos refor a ainda mais esse diagn stico Em 2008 33 das crian as de onze anos diziam ler livros todos os dias e somente 15 declararam n o ler quase nunca Com os adolescentes de dezessete anos as propor es s o muito diferentes somente 9 disseram que liam todos os dias e 47 que nunca ou quase nunca liam conclus o clara a adolesc ncia o momento decisivo em que acontece o distanciamento dos suportes tradicionais da cultura escrita e da leitura MERCKL et al 2010 Desde os anos oitenta do s culo XX cada gera o entra na idade adulta com o n vel de pr ticas de leitura inferior ao n vel da gera o anterior Devemos no entanto matizar relativizar essas observa es Por um lado ler n o apenas ler livros e ler n o s ler objetos impres sos Os digital natives s o leitores de revistas e outros textos eletr nicos e 22 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA n o somente usu rios de jogos eletr nicos ou escritores de emails ou SMS EVANS 2011 Por outro lado ler n o somente ler um texto da primei ra at a ltima linha A hist ria da leitura nos tem ensinado sobre a dive
402. os se apropriaram das obras antigas ou ao menos daquelas que puderam ou quiseram copiar Seguramente En tretanto para compreender os significados que os leitores deram aos textos dos quais se apoderaram necess rio proteger conservar e compreender os objetos escritos que os transmitiram A felicidade extravagante provocada pela biblioteca universal poderia tornar se uma impotente amargura se se traduzisse na relega o ou pior ainda na destrui o dos objetos impressos que alimentaram ao longo do tempo os pensamentos e sonhos daqueles e daquelas que os leram A amea a n o universal e os incun bulos n o t m nada a temer por m n o ocorre o mesmo com as mais humildes e recentes publica es por exemplo os peri dicos Ao mesmo tempo em que modifica as possibilidades do acesso ao conhecimento a revolu o digital transforma profundamente as modalida des das argumenta es e os crit rios ou recursos que podem mobilizar o leitor para aceit las ou rejeit las Por um lado a textualidade eletr nica permite desenvolver as argumenta es ou demonstra es segundo uma l gica que j n o necessariamente linear nem dedutiva tal como implica a inscri o de 33 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs um texto sobre uma p gina mas que pode ser aberta e relacional gra as multiplica o dos v nculos hipertextuais Por outro lado e como consequ ncia o leitor pode co
403. os usos do tempo na escola Al m disso mesmo nos exerc cios de c pia e de c lculo que aparentemente teriam finalidades espec ficas poss vel perceber a import ncia da educa o moral presente nos enunciados Eles exemplifi cam como a crian a foi construindo o espa o gr fico o que pode ser visto nos t tulos e entret tulos e no respeito s margens e pautas fazendo com que os cadernos muito se assemelhem aos livros Nos estudos de Anne Marie Chartier dentre outros a con fer ncia de abertura Travaux d leves et cahiers scolaires l histoire de Peducation du c t des pratiques proferida no XII Col quio Nacional de e de outros das regi es Norte e Nordeste Ainda sobre peri dicos escolares devo destacar que nem sempre eles trazem as escritas infantis Por vezes s o escritas de jovens Muitos deles contam com a participa o de professores os quais corrigem os textos antes da publica o e tamb m neles publicam seus pr prios textos 170 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Hist ria de la Educaci n promovido pela Sociedade Espanhola de Hist ria da Educa o na Universidade de Burgos em 2003 a autora afirma que por meio dos cadernos escolares poss vel vislumbrar a ideologia e o sistema e que eles se constituem em possibilidades para adentrar na caixa preta da hist ria da educa o o dia a dia das aulas na medida em que s o documentos produzidos pelos alunos e n
404. osicionou se contr rio ideia de livro nico baseando se tanto no ponto de vista da filosofia pol tica centrada no di 259 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs reito liberdade quanto no da filosofia pedag gica ou t cnica respaldado por conclus es de estudo realizado pelo Bureau International d Education UNESCO e Office of Education a saber a o livro nico impede a renova o dos conhecimentos b impede por igual o progresso das t cnicas pedag gicas fundado na experimenta o c retira dos mestres a iniciativa de escolher entre textos igualmente bons os que mais convenham sua escola seja pelas condi es do am biente adiantamento dos alunos ou mesmo a prepara o do professor d em pa ses extensos com varia es culturais diversas e n veis vari veis de progresso tecnol gico impede a elabora o e circula o de textos que atendam s necessidades regionais e impede enfim o reajustamento dos programas de ensino pois in verte a rela o programas textos nesta outro texto nico programa LOUREN O FILHO 1961 p 6 Quanto ideia de que o livro nico correspondia economia que poderia baratear o ensino Louren o Filho posicionou se contunden temente contr rio ao fundamento que a sustentava o de que o uso de somente um livro levava ao crescimento do mercado e aumentando se o numero de edi es diminu am se o custo industrial e o pre o de
405. osofia e Religi o A dimens o do conhecimento entrava assim em um projeto que fundamentalmente tratava de construir um re pert rio de obras liter rias can nicas para o leitor sem muitos recursos Mesmo antes da Biblioth que Charpentier em 1825 outra cole o foi dedicada divulga o da ci ncia e das artes a Encyclop die portative ou R sum universel des sciences des lettres et des arts O pr prio t tulo insiste no car ter port til e a dimens o de resumo dos conhecimentos dos livros indica claramente que o projeto se inscreve na heran a do modelo enci clop dico dos dicion rios do Iluminismo Tr s anos depois a Encyclop die populaire ou les sciences les arts et les m tiers mis la port e de toutes les classes prop s uma s rie de tratados sobre os diversos conhecimentos humanos traduzidos do ingl s a partir da Library of Useful Knowledge inspirada na filosofia utilitarista e publicada pela Society for the diffusion of useful know ledge Muitas bibliotecas enciclop dicas seguiram cujos t tulos destacavam a utilidade do conhecimento que propunham ou a universalidade social de seu p blico a Biblioth que populaire em 1832 a Biblioth que des con naissances utiles em 1842 e a Biblioth que pour tout le monde em 1849 OLIVERO 1999 Na Espanha as leituras instrutivas apoderaram se na segunda metade do s culo dos 75 volumes da Biblioteca enciclop dica popular ilus trada publicadas em Madrid
406. ossem efetivamente praticadas pode se levar em conta igualmente uma linha de continuidade que revelava um conjunto de regras um corpo de prescri es de defini es de instrumentos o qual deu uma dimens o metodol gica leitura escolar A efici ncia da leitura a capacidade de ler devagar inteligente e rapidamente a possibilidade de bem ler silenciosamente ou de o fazer oralmente s o saberes que merece ram aten o na chamada cultura escolar De igual maneira pode se considerar que a preocupa o de for ma o t cnica dos professores perseguida pelos autores de manuais de en sino esteja afinada com a emerg ncia a partir da d cada de 1940 de uma sociedade em bases urbano industriais que coloca em cena aparatos tec nol gicos capazes de instigar maior conhecimento das t cnicas e da ci n cia aplicada em detrimento de conhecimentos meramente ilustrativos ou aqueles chamados belas letras vigentes na escola dita tradicional mne m nica por excel ncia Some se a isso o fato de que a d cada abordada en cerra um per odo singular pois representa um momento de reforma para a educa o em que mais um movimento de renova o escolar brasileiro ocorreu com a promulga o Lei Org nica Federal do Ensino Prim rio e Ensino Normal denomina o dada aos decretos n 8 529 e 8 530 ambos de 02 de janeiro de 1946 WERNECK DE PAULA 2013 Conhecer mais sobre os manuais escolares em circula o nas es cola
407. ossibilidades para que o leitor confira algum sentido e intua sobre resson ncias no interior de estudos sobre pr ticas e hist rias de livros e leituras Com o olho do presente dirigido s formas de ler recomendadas pelos manuais de ensino da d cada de 1940 poss vel ao historiador do s culo XXI reconhecer a pr pria historicidade pela diferen a dos tem 195 Maria vo Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs pos e considerar em uma transmuta o de sentido que a leitura oral ou silenciosa aprendida na escola ou fora dela nos faz a oferenda de uma liberdade e de uma s ntese de pensamento ler para estar vivo e narrar para n o morrer continuam a ser quest es do nosso presente Afinal para o exerc cio de explicar o mundo ao mundo a tarefa do historiador enfrentar a hist ria como aquela certeza fabricada no instante em que as imperfei es da mem ria se encontram com as falhas da documen ta o BARNES 2012 p 23 REFER NCIAS ARCH RO J NIOR A Li es de Pedagogia para uso nas escolas normais ter ceiro ano S o Paulo Edi es e Publica es Brasil 1955 BARNES J O sentido de um fim Rio de Janeiro Rocco 2012 BASTOS M H C Uma biografia dos manuais de hist ria da educa o adotados no Brasil 1860 1950 In CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O 6 2006 Uberl ndia Anais Uberl ndia Ed UFU 2006 v 1 p 334 34
408. para ensino experimental coisas instrumentos pequenas oficinas laborat rios e bem providos onde seja necess rio e que associem tamb m seu trabalho aos das iniciativas de produ o econ mica da localidade e da regi o Certo que livros di d ticos apropriados em tudo isso importar o sempre Mas mesmo os melhores textos poder o ser utilizados de forma aberrante ou formas aberrantes podem comunicar se aos pr prios livros LOUREN O FILHO 1961 p 4 Assim Louren o Filho exemplificou a aberra o feita ao ensi no intuitivo propagado no fim do s culo XIX e in cio do XX no Brasil no qual livros de Li es de Coisas eram centrados em perguntas e respostas que os alunos tinham que decorar a fim de repeti las em argui es sabatinas e exames LOUREN O FILHO 1961 p 5 A segunda pergunta sobre seu ponto de vista a respeito do livro nico Louren o Filho buscou analisar de um ponto de vista ao mesmo tempo filos fico e econ mico De acordo com Louren o Filho 1961 livro nico aquele con cebido como um s texto did tico em todas as escolas ou graus ou como v rios livros mas de orienta o uniforme por imposi o governamental geralmente produzidos diretamente pelo governo ou por institui es para esse fim organizadas Esses livros procedem dos governos totalit rios nazistas ou fascistas e tamb m comunistas LOUREN O FILHO 1961 p 5 Assim o autor p
409. para fornecer novos elementos que se 56 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA agregam hist ria do livro Choppin e Aubin mostram essa tend ncia no Projeto LIVRES Est em fase de inser o uma vasta documenta o sobre a produ o did ti ca relativa legisla o e regulamentos Kazumi Munakata aos programas curriculares Cec lia Hanna Mate aos cat logos das editoras e editores Circe Bittencourt coordenadora do Projeto produ es escolares brasilei ras e portuguesas Carlota Boto Enfim est on line uma importante bibliografia das publica es cient ficas dedicadas aos manuais brasileiros CHOPPIN AUBIN 2007 p 62 tradu o livre O acesso aos bancos de dados criados nos diferentes pa ses tem demonstrado sem d vida a import ncia de uma ferramenta inform tica para o desenvolvimento das pesquisas internas mas tamb m tais ferramen tas t m proporcionado um efeito de aproxima o de pesquisadores da rea Alain Choppin buscou nos seus ltimos favorecer o m ximo poss vel trocas entre os pesquisadores dos projetos elencados no sentido de se constitu rem projetos em comum com o desenvolvimento de redes cient ficas Tr s condi es favoreceram a abertura de campos de pesquisa cujos itens se contam aos milhares dezenas de milhares ou at mais em primeiro lugar o recurso as t cnicas informatizadas para a coleta tratamento e difus o de informa es em seguida a constitui
410. pequenos exilados o elo de uni o com tudo aquilo que ha viam deixado para tr s SIERRA BL S 2009 p 21 No entendimento da autora escrever nessas circunst ncias os ajudou a povoar a solid o a manter contato com familiares distantes a nutrir esperan a de reencontro a superar traumas e saudades mesmo que a maior parte n o tenha chega do ao seu destino pois como tantos outros documentos pessoais foram convertidos em provas para culpabilizar seus propriet rios A autora realizou tamb m uma exposi o em outubro de 2012 na cidade de Salamanca com recursos do Minis t rio da Presid ncia da Espanha dentro das subven es destinadas s v timas do franquismo no bojo do projeto de pesquisa Entre Espa a y Rusia Recuperando la historia de los ni os de la Guerra como homenagem s crian as espanholas que sa ram da Espanha em 1937 e 1938 por causa da Guerra Civil Nessa exposi o foram enfocados Guerra e inf ncia De la evacuaci n al ex lio Una patria tres mil destinos De espa oles a rusos vida cotidiana edu caci n y pol tica Entre dos guerras e Retornos y mem rias exposi o reuniu documentos escritos e iconogr ficos dispersos em diferentes institui es de guarda Archivo del AMSAB Instituut voor Sociale Geschiedenis Gante Archivo Fotogr fico de la Agencia Rusa de Informaci n Novosti RIA Novosti Mosc Archivo Fotogr fico Hist rico de la Agencia EFE Madrid Archivo de la Fundaci
411. plementary language lessons for 1886 Bosnom Ma Educational grammar grades Publishing Co Supplementary Language Lessons for Intermediate and Grammar Gra P des Memory Lessons Dictation Boston Ma Educational Asunak LUE Exercises oe for Reproduction SE Publishing Co Exercises in Letter Writing Word Pictures Occupation Lessons Waymarks for teachers showing aims Arnold Sarah Louise pedi ee plans for M te 1894 Dans on a ca a AA Silver Burdett amp Co aching A S Supplementary Notes Waymarks for teacher giving an outline of each New York Boston Chicago Branson Eugene Cunni i 1900 7 i chapter with suggestive questions and Silver Burdett amp Co 8 names of helpful books of reference Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A First 1897 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah Reader Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A Se 1897 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah cond Reader Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A Third 1897 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah Reader Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A Four 1897 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benajah th Reader Silver Burdett amp Co Arnold Sarah Louise Stepping Stones to Literature A Rea 1897 New York Boston Chicago Gilbert Charles Benaja
412. pol tica ou de car ter estruturalista os manuais s o uma fonte privilegiada para os historiadores in teressados em quest es educacionais da cultura das mentalidades da linguagem ou da hist ria das ci ncias CHOPPIN 2000 p 15 tradu o livre 48 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Nesse sentido Alain Choppin sempre teve o cuidado em associar a fundamenta o te rica aos procedimentos metodol gicos e cuidados na an lise dos livros como documentos hist ricos Situou em v rios artigos a import ncia do livro escolar como fonte como no interessante artigo cc O historiador e o livro escolar texto em que dentre outros aspectos de monstra como a leitura de uma p gina de um livro n o um ato simples O manual funciona assim ao mesmo tempo como um filtro e como um prisma revela bem mais a imagem que a sociedade quer dar de si mesma do que sua verdadeira face O manual imp e uma hierarquia no campo dos conhecimentos uma l ngua e um estilo Se um livro de classe necessariamente redutor as escolhas que s o operadas por seus idealizadores tanto nos fatos como na sua apresenta o estrutura pagina o tipografia etc n o s o neutras e os sil ncios s o tamb m bem reveladores existe nos manuais uma leitura em negativo O que os manuais pretendem mostrar tem por isso menos interesse para o historiador do que a maneira como s o feitos Estudar por exemplo a imagem
413. pos de acervos que ganharam maior aten o dos pesquisadores em hist ria da educa o destacam se as cole es de livros de cadernos e de outros materiais escolares quer as mais antigas constitu das em museus bibliotecas ou escolas normais quer as mais recentes formadas em decorr ncia dos estudos de grupos de pesquisa de hist ria da educa o e de outras reas de educa o hist ria letras comunica o Junto ao esfor o de reunir materialmente obras did ticas que passaram a ser cada vez mais usadas como fonte e ou como objeto de pes quisa procurando atender s necessidades t cnicas de conserva o no tam se iniciativas interinstitucionais para concentrar grande quantidade de informa es em bancos de dados espec ficos cuja divulga o aumen tou exponencialmente com a Internet Entre estas destacam se o projeto franc s EMMANUELLE lan ado em 1980 pelo Institut National de Recherche P dagogique INRP o projeto espanhol e latino americano MANES constitu do em 1992 pela Universidad Nacional de Educaci n a Distancia depois reformulado no PATRES MANES o projeto argentino HISTELEA organizado em 1996 na Universidad Nacional de Lujan o projeto canadense MSQ inaugurado em 1997 pela Universit Laval e o projeto brasileiro LIVRES desenvolvido na Universidade de S o Paulo entre 2003 e 2007 do qual fez parte a pesquisa cujos resultados se apre sentam neste texto Alguns desses projetos incluem ainda
414. que apresenta dificuldades e a professora o reproduz corretamente solici tando a c pia Co EE A 5 Po 3 Coa de ditado 22 al AE LT che plantes simen Sine horde Foie ACE Um Ro LAN AM 0 Repoir chescern 2 Chico colas TT ondes chachun Op II ie WAL IE LAS e O Copio de dilad 22 mA ENT IRA V VAN mp p q 4 LCT al f GU Uma Aun Ja pet no 4 TU i fe l NX LUN CALE os oe te Lawl o sum os ht yh EL 1 za e e 3 TT NINE i A AT Bob odru OCR cer ie mac Lun N 1 NE A MOTO Run rgi PROA j doa NOL OU eee RATA Hean duchas Figura 13 Caderno Eliane 1 ano C setembro de 1963 Fonte Memorial do Col gio Farroupilha A GUISA DE CONCLUSAO A pratica do ditado tornou se um ritual consagrado na escola prim ria presente em muitas mem rias escolares O ditado era passado numa folha de papel para que preench ssemos A professora fazia numa folha de papel e deixava uma lacuna para n s completarmos Por exemplo Eu fui a tal hora Cheguei em casa Eu fazia aquilo tudo ali e no outro dia trazia para a professora e mos 2 Revista do EnsinolRS v 1 n 1 19 set 1939 p 42 158 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA trava Se estivesse errado ela colocava uma cruz e caso estivesse certo ela colocava um C da mesma forma que corrigem hoje A folha ficava no col gio e servia para provar nosso desempenho para o diretor quando fosse l Quand
415. que cada aluno passasse a ter seu pr prio material escolar aumentando a demanda por produtos que se tornariam cada vez mais de uso pessoal como penas l pis ard sias folhas de papel cadernos e livros V se dessa forma que uma nova cultura material vai sendo instalada junto a essa cultura escolar moderna Entre os materiais determinados oficialmente para uso individual dos alunos destacam se os livros de leitura isto cartilhas de alfabetiza o livros de leitura corrente ou livros de leitura graduada o que eximia o gover no paulista do fornecimento aos alunos de livros did ticos das demais dis ciplinas cujo principal destinat rio passou a ser o professor PUJOL 1896 2 Sobre os usos dos materiais escolares na escola prim ria paulista ver Barra 2001 e Razzini 2008b 299 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs SAO PAULO 1907 1908 Conv m frisar que a determina o de adotar apenas cartilhas e livros de leitura para uso dos alunos persistiria na legisla o at o final da d cada de 1930 S O PAULO 1936 1937 tend ncia que fi cou igualmente evidenciada tanto na verifica o das ado es oficiais quanto na apura o da produ o did tica das tr s editoras estudadas A an lise dos programas e hor rios das aulas dos Grupos Esco lares de 1894 e de 1907 particularizando o tempo empregado em cada mat ria mostrou que o ensino de l ngua materna o qual compreendi
416. que os manuais americanos apresentam dos Negros apreende se bem mais sobre a sociedade americana contempor nea que sobre os pr prios Negros pois o discurso sobre o Outro remete a uma certa ima gem daquele que a tem H portanto nos manuais tamb m uma leitura em espelho Mas o que marcante n o somente a escolha dos textos e das ilustra es mas os procedimentos ret ricos os questionamentos as defini es a pagina o ou a tipografia CHOPPIN 2002b p 2 Na Confer ncia de abertura do XXII International Standing Con ference for the History of Education ISCHE realizada na Espanha em 2000 apresentou o texto Los manuales escolares de ayer a hoy el ejemplo de Francia no qual destacou a import ncia da hist ria da literatura esco lar como integrante das novas problem ticas dos historiadores da rea edu cacional ao abordar o hist rico das obras enquanto instrumento pedag gi co fundamental na educa o francesa Ao analisar o percurso da produ o did tica a partir do s culo XIX preocupou se em mostrar a transforma o de uma obra criada para o professor e portanto fundamental para sua for ma o at transformar se em livro de texto dos alunos Evidencia ainda pelo percurso educacional franc s dos s culos XIX ao XX as diferen as entre o ensino para as elites e o das classes trabalhadoras na medida em que o manual se transformou em uma ferramenta da instru o popular e em material did
417. quele movimento devem ser pensados por um lado pela singularidade do original ssimo processo de industrializa o que estava se operando naquele pa s que assumiu o lugar hegem nico no mundo capitalista ao qual Gramsci 2001 denominou americanismo e fordismo Por outro lado devem ser pensados com respeito ao singular ssimo processo de m ltipla composi o e de racionaliza o populacional sem precedentes em qualquer outra sociedade e que Gramsci incluiu no que chamou de americanismo e fordismo O que Gramsci e a maioria de seus contempor neos n o exami naram de perto e a literatura de outros pa ses especialmente a brasileira em regra ignora s o as respostas pol ticas e a varia es ideol gicas com que deram o am lgama do americanismo termo que os pr prios norte ame ricanos utilizam e utilizaram para se referir aos mecanismos de constru o do norte americano novo o homem resposta o efeito demonstra o s demandas da ind stria da f brica da cidade Americanismo o nome que os norte americanos deram aos m ltiplos processos de adjustment in dividuais e coletivos aplicados ao imigrante ao migrante e a todos que deviam ser incorporados aos novos tempos Sarah L Arnold n tida part cipe desse processo Opera em favor da moderniza o da escola dos m todos de ensino sugere condutas novas tanto do professor como do aluno soma em favor da autonomia feminina do mesmo modo que part
418. r sidade das pr ticas designadas pela palavra leitura ler em voz alta para os outros ou para si e ler silenciosamente ler intensivamente ou extensi vamente ler para o estudo ou ler para o prazer ou como disse Umberto Eco ler Libri da legere e ler libri da consulta Devemos levar em conta essas variadas formas de ler que se tornaram contempor neas com o passar dos s culos antes de estabelecer um diagn stico generalizado sobre a perda da leitura que n o pode ser imediatamente deduzida da diminui o da leitura de livros CRISE DA EDI O As conclus es que podem ser tiradas das pol ticas editoriais t m refor ado a certeza de que existe uma crise da leitura e uma morte do leitor Essa crise que n o exclui os g neros de fic o mais fortemente senti da na edi o de livros de ci ncias humanas e sociais Em ambos os lados do Atl ntico os efeitos dessa crise s o compar veis ainda que as causas principais n o sejam as mesmas Nos Estados Unidos o dado essencial a redu o dr stica da aquisi o de monographs por parte das bibliotecas universit rias cujos or amentos est o sendo devorados pelas compras de publica es peri dicas em ci ncias exatas que em alguns casos alcan am cifras consider veis de at dez e quinze mil d lares por ano A isso se deve a resist ncia das academic presses em publicar livros considerados como de mais especializados teses de doutorado monografias livros
419. r baseada na aceita o de s mbolos e con ven es 6 Ser essencialmente uma atividade social 7 Ser de significa o pessoal e social OLIVEIRA et al 1967 p 6 A linguagem como uma atividade humana social e pessoal e como uma forma de comportamento fundamentada em s mbolos e con ven es sustenta tamb m o m todo da word recognition Tal m todo e as cartilhas organizadas segundo suas caracter sticas como em Marcelo Vera e 14 Tamb m os Guidebooks Guias para os professores que acompanhavam os livros dos alunos traziam todas as explica es orienta es e discuss es te ricas e pr ticas acerca do trabalho com a progress o das palavras 15 Todos os livros citados em Marcelo Vera e Fa sca foram localizados e consultados na Biblioteca Central da Universidade de Illinois Urbana Champaign 106 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Fa sca permitiriam o pleno desenvolvimento da linguagem na perspectiva acima indicada Al m disso serviriam para atender a maneira como a crian a na fase de desenvolvimento correspondente idade em que entra na escola capta as ideias e aprende a reconhecer as palavras OLIVEIRA et al 1967 p 6 Marcelo Vera e Fa sca uma cartilha organizada em unidades de leitura o que significa que as palavras usadas t m sentido completo n o quebram a percep o sincr tica da crian a OLIVEIRA et al 1967 p 24 Segundo as autoras 1967
420. ra proceder prova de ditado constam dos seguintes passos entregar a prova fazer uma leitura do trecho antes do ditado e outra depois ditar a pontua o O ditado intitulado Trezentas On as um resumo e adapta o do livro de Sim es Lopes Neto Contos Gauchescos e Lendas do Sul A prova tamb m trazia quest es que o aluno deveria responder com apoio no texto do ditado Barum 2012 analisa as orienta es sobre o ditado escolar em cartilhas e livros de alfabetiza o no per odo de 1900 1990 especialmente os manuais do professor que explicitam as diversas nomenclaturas atribu das atividade do ditado e a melhor maneira para realiz la 144 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA t rios de ditados para cada ano do ensino prim rio s o alguns dos dispo sitivos de orienta o para a realiza o do ditado escolar Em 1939 a Revista do EnsinolRS publica o artigo O Ditado que decorre das conclus es do C rculo de Estudos dos professores pri m rios da cidade de Porto Alegre em que destacam a import ncia de seu emprego para o processo de fixa o e de verifica o da ortografia a fim de evitar o erro Recomendam que cada aluno tenha um caderno dicion rio no qual colocar diariamente as palavras novas que aprendeu na pre para o do ditado acompanhadas da respectiva interpreta o de sentido e se for poss vel de uma ilustra o pr pria A professora Sarah
421. rah L Arnold desde que se aposentara do Simmons College Todas as not cias da d cada a associam aos nomes do casal Baden Powell Sra Hoover e outras lideran as do movimento Girl Scouts Nos muitos sites mantidos pelas entidades locais do escotismo feminino norte americano o nome de Arnold presen a obrigat ria n o somente remetida queles anos de presid ncia mas como lideran a viva sugerindo que suas palavras ainda orientam as novas gera es de escoteiras A atividade de Arnold junto ao Girl Scouts of United States desde sua cria o nos anos de 1910 lhe ofereceu novas audi ncias para as quais ela p de apresentar sua palavra para al m do que j vinha fazendo por meio dos livros escolares e de sua atua o acad mica N o h not cias de que sua lideran a no escotismo feminino tenha levado seu nome e sua palavra para pa ses europeus por exemplo mas sabido que essa atividade desenvolvida pode se dizer tardiamente afinal Arnold tinha 53 anos quando o GSUSA foi criado aprofundou e ampliou a circula o do nome de Sarah L Arnold nos meios ligados educa o escolar em geral e forma o feminina em particular de pa ses sob a esfera de influ ncia direta dos Estados Unidos sob sua interven o ou sob sua prote o tais como Porto Rico Ilhas Filipinas M xico para citar apenas alguns de que se tem not cia Nos anos de 1920 Arnold aprofundou suas rela es
422. rais considerando principalmente uma rede de rela es criada em torno de inova es RELA O DE AUTORES COM PROGRAMAS REFORMAS E EDI O FINAL DO S CULO XIX E IN CIO DO S CULO XX Em Minas Gerais no in cio do s culo XX a partir da Reforma Jo o Pinheiro de 1906 que se instaura um processo progressivo de imple menta o da seria o ordenando as classes por idade um modo de orga niza o da escola prim ria que permite tamb m uma nova organiza o do material escolar FARIA FILHO 2003 No mesmo per odo instala se igualmente a obrigatoriedade da utiliza o do m todo de palavras para as classes que ser o alfabetizadas na escola Conforme estudos de Chamon 2008 Maria Guilhermina de Loureiro Andrade se destaca do ponto de vista da sua circula o em mais de uma atividade intelectual em mais de um sistema de ensino e por mais de uma regi o tendo produzido em 1894 o Primeiro Livro de Leitura um livro com o m todo de palavra o Sua atividade editorial extrapola a escola pois al m de escrever livros did ticos ela tamb m tradutora arti culista e reformadora nos estados de S o Paulo e Minas Gerais Se essa au tora avan ou muito em rela o ao perfil masculino dominante no cen rio brasileiro de primeiros livros do per odo por que seu livro n o se tornou um suporte importante para a Reforma Jo o Pinheiro Dados dispon veis 3 Choppin 2002 ressalta que o livro did tico s pod
423. ramas de p s gradua o e grupos de pesquisa professores alfabetizadores e gestores da educa o b sica de dife rentes estados das cinco regi es geogr ficas do pa s e do Distrito Federal todos eles interessados no debate sobre a hist ria de que s o herdeiros e tamb m protagonistas E em continuidade avalia o diagn stica e pros pectiva relativamente produ o acad mico cient fica das ltimas d cadas no campo da hist ria da alfabetiza o no Brasil as consistentes discuss es ocorridas propiciaram refletir sobre as possibilidades de avan os conside rando o contexto dos desafios pol ticos sociais culturais e educacionais deste momento hist rico em rela o ao processo de ensino aprendizagem inicial da leitura e da escrita de crian as jovens e adultos compreender as principais caracter sticas de temas objetos fontes documentais vertentes historiogr ficas e m todos de investiga o no mbito da produ o acad mico cient fica brasileira sobre hist ria do ensino da leitura e da escrita 16 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA com enfoque em m todos e material did tico discutir os principais limites e problemas observ veis na produ o acad mico cient fica sobre o tema e aspectos correlatos e propor encaminhamentos visando ao avan o das pes quisas em sua rela o com o campo da hist ria da alfabetiza o no Brasil S nteses dessas fecundas contribui es apresentadas no II SIHE
424. ramos da arte da ci ncia e da ind stria para permitir s estudantes um modo de vida independente Problemas di versos adiaram a cria o e instala o do College at 1899 Em fins de 1901 Henry Lefavour do corpo docente do Williams College situado igualmente em Massachusetts foi nomeado Presidente do Simmons College e Arnold ent o supervisora das escolas de Boston foi nomeada sua decana A Lefavour coube preparar um plano de organiza o do College e com Arnold a sua implementa o Essa foi a atua o mais destacada de Arnold junto ao Col lege mas n o foi a nica uma vez que fez parte desde o princ pio do seu Conselho Superior Corporation Por certo que n o se tratava de iniciativa isolada de Sarah L Ar nold mas cab vel inferir pelas informa es dispon veis que a sua rede de rela es com fortes ra zes em todo o Estado e especialmente em Bos ton teria contribu do diretamente para o sucesso dos empreendimentos do College e para a sua afirma o na cena acad mica Segundo a avalia o feita por aquela institui o o Presidente Hen ry Lefavour que se aposentou em 1933 e a Decana Sarah L Arnold apo sentada em 1919 juntos constru ram em Boston o fundamento de uma institui o altamente inovadora e forneceram uma base intelectual para a comunidade do Simmons UNIVERSITY OF MASSACHUSETTS AMHERST 2013 A Economia Dom stica representou um novo e significativo in
425. rar como fazer tudo dentro de um esp rito de grande equil brio que fica eq idistante da escola velha e dos exageros da escola nova EDITORA AURORA 1971 p XXII Figura 5 Metodologia do ensino primdrio de Afro do Amaral Fontoura 72 edi o 1961 Fonte Acervo do GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do ensino de l ngua e literatura no Brasil O manual cont m 449 p ginas e est organizado em cinco partes e 10 cap tulos Para esclarecer os objetivos do ensino de leitura e escrita Amaral Fontoura trata de aspectos enfocados nos demais manuais aborda dos neste texto como o problema da motiva o da aprendizagem com base no interesse da crian a e a recomenda o de aplica o dos testes ABC para verifica o da maturidade necess ria ao aprendizado da leitura e escrita Em rela o aos m todos de ensino de leitura ap s apresent los defende a utiliza o de qualquer um deles desde que possa atender s necessidades da aprendizagem E quanto ao ensino da escrita sustenta a ideia de seu car ter pr tico e educativo que tem como objetivo registrar a fala expres sar pensamentos e mutiplicar palavras Conclui que leitura e escrita devem 210 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA ser ensinadas simultaneamente devendo se iniciar o ensino da escrita com letra manuscrita mai scula e o da leitura com a letra de imprensa dando prefer ncia aos processos globais que v o do t
426. rasileira de Hist ria da Educa o Campinas v 12 n 3 30 p 179 197 set dez 2012 OLIVEIRA E R TREVISAN T Livros recomendados para o ensino de leitura e escrita na escola prim ria paulista a Comiss o do Livro Did tico de 1918 In CONGRESSO BRASILEIRO DE ALFABETIZA O 1 SEMIN RIO INTERNACIONAL SOBRE HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ES CRITA 2 2013 Belo Horizonte Anais Belo Horizonte Mar lia Associa o Brasileira de Alfabetiza o 2013 p 1 18 PEREIRA B C Prescri es para ensinar a ensinar leitura e escrita na Escola Nor mal de S o Paulo circula o de saberes pedag gicos Brasil Fran a 1874 1889 2013 258 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2013 PFROMM NETO S ROSAMILHA N DIB C Z Comunica o e expres s o In PFROMM NETO S O livro na educa o Rio de Janeiro Primor INL 1974 p 151 221 SALES G G P Um estudo sobre Metodologia da linguagem 1949 de J Budin 2009 76 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Faculda de de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2009 SANTOS T M No es de metodologia do ensino prim rio para uso das escolas normais Institutos de educa o e Faculdades de Filosofia 11 ed S o Paulo Ed Nacional 1950 1967 SANTOS V S Leituras para professorandos uma descri o do acervo da biblio teca do institu
427. re o curso normal e o curso prim rio Acompanhando o gradativo processo de reorganiza o da edu ca o brasileira durante o Estado Novo 1927 1945 o livro did tico fora objeto de regulamenta o em n vel federal por meio do Decreto lei 212 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA n 1106 de 30 de dezembro de 1938 BRASIL 1938 reestruturado pelo Decreto lei n 8 460 de 26 de dezembro de 1945 Esse decreto traz a defi ni o de livro did tico estabelece a liberdade de produ o ou importa o assim como normas para sua elabora o e utiliza o Determina ainda a obrigatoriedade de autoriza o pr via do Minist rio da Educa o para a ado o de livros did ticos incluindo os editados pelos poderes p blicos em todos os n veis e modalidades de ensino excetuando se o ensino su perior 2 Uma vez que estar de acordo com a legisla o era condi o para autores e editoras obterem autoriza o para publica o os manuais ana lisados explicitavam a obedi ncia s normas legais por meio por exemplo de apresenta o de informa es em elementos paratextuais capa pref cio orelhas e de transcri o de programas de ensino Quanto ao ensino normal respons vel pela forma o de professo res prim rios na Lei Org nica de 1946 fixava se dentre suas finalidades a de dJesenvolver e propagar os conhecimentos e t cnicas relativos educa o da inf ncia BRASIL 1946a p 300 E
428. re outras reformas brasileiras do per odo Hilsdorf 2011 afirma que a reforma Francisco Campos em Minas Gerais a que mais se destaca nos aspectos micropedag gicos o que acontecia na sala de aula na rela o professor crian a em vez da preocupa o com o macropedag gico a expans o do acesso educa o elementar na luta contra o analfabetismo Na reforma mineira a escola encarada como a o social atenta crian a e aos seus interesses enfatizando se a introdu o da Psicologia Educacio nal na Escola Normal que daria as bases cient ficas do desenvolvimento infantil com o uso de testes e programas experimentais A produ o em Minas Gerais de livros para o m todo global com repercuss o nacional teve seu in cio pela reforma de Francisco Cam pos em 1927 Na d cada de 1930 Lucia Casasanta incentiva suas alunas 8 Embora se possa dizer que a obra ganha em rela o a melhores condi es de divulga o e venda no caso dos livros de Anna Cintra chama aten o a pouca altera o no projeto gr fico aferida pela compara o que pudemos fazer entre as edi es das duas editoras 275 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs a criarem e testarem seus livros nas classes de demonstra o da Escola de Aperfei oamento de Minas Gerais Foi o caso de O livro de Lili produzido por Anita Fonseca Publicado em 1940 O Livro de Lili teve seu auge com a ado o oficial no estado
429. recida esquecida Uma inflex o em torno dos objetos quest es e m todos que se deu na ltima d cada dos novecentos n o apenas contribuiu para uma maior aten o ao tema como tamb m trouxe tona a possibilidade de adentrar pelo seu universo elegendo a vers o da pr pria crian a sobre suas descobertas dores sonhos e viv ncias Tal inflex o por sua vez favoreceu a tomada de consci ncia sobre a import ncia de examinar as escritas infantis ntimas escolares livres ou impostas tais como cartas di rios jornais e cadernos escolares Mapear os estudos sobre as escritas infantis em di logo com au tores que se t m voltado para a escrita das pessoas comuns constitui se O presente texto resulta de outros trabalhos j publicados nos quais analiso escritas infantis tais como MI GNOT Ana Chrystina Exerc cio de intimidade uma aproxima o com a aprendizagem da escrita de si Revista da FAEBA n 40 p 237 246 2013 e MIGNOT Ana Chrystina Janelas indiscretas os cadernos escolares na historiografia da educa o In VIDAL Diana SCHWARTZ Cleonara Org Hist ria das culturas escolares no Brasil Vit ria EDUSE 2010 p 423 446 por exemplo 163 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs em horizonte deste texto que pretende colaborar tanto para uma maior valoriza o dessas fontes na historiografia da alfabetiza o no Brasil quan to chamar a aten o para a necessida
430. ria Essa produ o tem uma qualidade discut vel com informa es ou teorias obsoletas erros graves e n o segue os programas oficiais p 174 Ainda conforme Choppin 1997 no ano de 1996 o Minist rio da Educa o estabeleceu uma lista de livros did ticos recomendados e que s o enviados para as escolas brasileiras o que justificado por crit rios pedag gicos e cient ficos 4 O Programa Nacional do Livro Did tico PNLD uma iniciativa do Minist rio da Educa o MEC Seus objetivos b sicos s o a aquisi o e a distribui o universal e gratuita de livros did ticos para os alunos das escolas p blicas do ensino fundamental brasileiro Realiza se por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE A fim de assegurar a qualidade dos livros a serem adquiridos o Programa desenvolve a partir de 1996 um processo de avalia o pedag gica das obras nele inscritas coordenado pela COMdipe Coordena o geral de Avalia o de Materiais Did ticos e Pedag gicos da Secretaria da Educa o Fundamental do Minist rio da Educa o BATISTA 2003 p 25 124 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA De qualquer modo os livros did ticos continuam no mercado pelo tempo determinado por aqueles que os indicam e os adotam em suas salas de aulas por aqueles que na maioria das vezes ocupam lugares estrat gicos de avalia o e valida o desse material e em ltima inst ncia garantem o lucro p
431. riam lendo com facilidade fluentemente e sem problemas Isso se daria portanto com a aprendiza gem de algo em torno de 70 palavras usadas em contextos diferentes Ainda no Guidebook do primeiro Pre primer Sally Dick and Jane os autores enfatizam 13 Parte da Escola Elementar Elementary School equivalente no Brasil a Pr escola 104 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Na fase inicial de leitura a maioria das palavras impressas s o estranhas s crian as crian a aprende uma palavra s por v la muitas vezes Porque isto assim as 18 palavras apresentadas no primeiro Pre primer s o introduzidas de forma gradual e repetidas muitas vezes Nenhuma p gina em Sally Dick and Jane apresenta mais de uma pala vra e nenhuma hist ria apresenta mais de tr s Os cinco primeiros usos de cada palavra s o agrupados para facilitar o dom nio pelos leitores iniciantes Nunca h uma diferen a de mais de cinco p ginas entre quaisquer dois destes cinco primeiros usos Depois em intervalos espa ados cada palavra utilizada pelo menos mais cinco vezes No Think and Do Book cada palavra novamente utilizado pelo menos dez vezes As crian as ter o uma segunda chance de dominar estas palavras no segundo Pre primer Fun with Our Family Elas ter o uma nova chance no terceiro Fun Wherever We Are Crian as que precisam de ainda mais ajuda e pr tica ter o uma quarta chance no Primer Junior The New Guess Who
432. ries mas ganha o ti tulo da que ser a seguinte e ltima s rie escolar a Mastery of Words a ter Sarah L Arnold como autora ali s nica autora ao contr rio das s ries anteriores como j se destacou anteriormente Sobre a incid ncia das modalidades de livros escolares publicadas com autoria de Arnold apenas um livro do tipo primer ou seja daquele tipo que no Brasil comumente chamado de cartilha de alfabetiza o e que representa o primeiro livro de introdu o da crian a na leitura esse o caso do bastante conhecido The Arnold Primer Nas demais modalidades Arnold lan ou muitos outros livros did ticos Nota se no Quadro que s o igualmente raros os livros destinados ao ensino da escrita No caso da publica o da modalidade primer Arnold foi de fato original em rela o s autoras norte americanas uma vez que desde o s culo XIX era nessa modalidade em que elas se faziam predominantes Monaghan 1994 estudou a autoria feminina de livros de leitura elementares entre 1880 1950 enfatizando o per odo entre 1890 e 1930 2 Este um dos seis livros aos quais ainda n o foi poss vel ter acesso 33 Sobre as duas coautoras n o foram encontradas informa es profissionais 34 A fraca presen a de t tulos de Arnold dedicados ao ensino da escrita ser examinada em artigo futuro aqui anunciado em rela o ao ambiente norte americano 80 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA com um pi
433. rimeira edi o FONSECA A O livro de Lili S o Paulo Editora do Brasil 1961 Sem data da primeira edi o FREITAS M S Manual para o pr livro O Circo do Carequinha 2 ed Belo Ho rizonte A Grafiquinha Edit ra 1969 Sem data da primeira edi o JORGE H Jo ozinho e Maria Pr livro 5 ed Belo Horizonte Estabelecimento Gr fico Santa Maria 1957 Sem data da primeira edi o 288 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA JOVIANO A Primeira leitura methodo para ensinar a ler Bello Horizonte Imprensa Official do Estado de Minas Gerais 1910 Sem data da primeira edi o LUCIO J P P e o Pap o S o Paulo Revista do Tribunal 1956 SILVA I D O barquinho amarelo pr livro Belo Horizonte Vig lia 1995 Sem data da primeira edi o 289 O PODER DOS LIVROS DE LEITURA NO INICIO DO SECULO XX Marcia de Paula Gregorio Razzini INTRODU O Una das maiores dificuldades dos pesquisadores da hist ria do livro e da leitura estabelecer a biografia do seu objeto de estudo o livro Encontrar a primeira edi o ou localizar dados de imprenta de uma obra como ano cidade editora edi o as reedi es torna se n o raro traba lho demorado e custoso em busca de pistas e vest gios deixados por livros autores editores e leitores com resultados frustrantes Com o livro escolar o levantamento de dados pode ser ainda mais dif cil devido a tr s fatores interligados que podem torn
434. ro escolar em Espa a ESCOLANO 1997 1998 LImmagine e Videadi Europa nei manuali scolastici 1999 1945 GENOVESI 2000 e Los manuales escolares como fuente para la historia de la educaci n en Am rica Latina OSSENBACH SOMOZA 2001 e na Argentina sobressaem se os trabalhos coordenados por Berta Braslawki e Rub n Cucuzza CUCU ZZA PINEAU 2002 No Brasil as teses de Bittencourt 1993 e Munakata 1997 e o estudo de Tambara 2003 concentram dados abrangentes sobre a pro du o do livro escolar nacional seguidos de v rias pesquisas de mestrado e doutorado que elegeram um tema um autor ou uma disciplina escolar conclu das nas faculdades de educa o hist ria letras e comunica o Ao lado de estudos monogr ficos sobre a trajet ria de um autor e ou de suas obras ou de pesquisas sobre a hist ria de um tema como a ou ainda sobre a hist ria de uma disciplina curricular 6 alfabetiza o ou de pr ticas escolares outra forma de abordar a hist ria do livro e da leitura na escola estabelecer e analisar a produ o did tica de uma casa editorial num determinado segmento de tempo esfor ando se para encontrar as datas da primeira e da ltima edi o das obras recenseadas 4 Consultar extensa bibliografia sobre a hist ria do livro e da leitura escolar no Brasil realizada por Munaka ta Dispon vel em lt http www uned es manesvirtual ProyectoManes Bibliografia Documento 20PUC 20
435. rofessoras e os professores de escola para dar protagonismo aos acad micos com suas pesquisas e suas especializa es Tr s s o os principais nomes envolvidos nesse movimento cien t fico com bastante nfase no primeiro Edward Lee Thorndike Arthur Gates e William S Gray Suas pesquisas e seus testes afetaram profunda mente os estudos antes existentes sobre movimentos dos olhos e discurso 84 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA interior dando lhes nova dire o e relacionando pesquisa de leitura com pedagogia da leitura A esse movimento h de se dedicar aten o especial em outra oportunidade Antes de encerrar as an lises sobre Sarah L Arnold vale ainda destacar o fato de os seus trabalhos em autoria ou coautoria terem obtido grande sucesso editorial dentro e fora dos Estados Unidos Faz se neces s rio um estudo mais minucioso que permita verificar como e por que Arnold parece escapar das classifica es e periodiza es que servem maio ria das s ries did ticas de leitura a incluindo todas as suas modalidades Al m de ter respondido sozinha ou em coautoria por praticamente todos os tipos de impressos para o ensino da leitura e da escrita desde o in cio do s culo XIX at come o do s culo XX primer reader grammar speller etc Arnold percorreu quase todas os tipos de conte dos e m todos cria dos naquele per odo mesmo quando ainda n o estavam em voga Assim por exemplo em uma s rie de
436. ros agentes envolvidos em seu pro cesso de elabora o em especial os membros das comiss es de avalia o das obras localizando informa es sobre como tais avaliadores eram seleciona dos e se situavam nas diferentes esferas de poder No processo de constru o do livro era fundamental identificar a multiplicidade de agentes envolvidos em cada uma de suas etapas de cria o a partir da concep o da obra pelos autores das formas de interfer ncia das fam lias dos professores e seus sin dicatos assim como de autoridades religiosas e principalmente as constantes formas de interven o das casas editoriais Dessa maneira as investiga es em perspectiva hist rica possibi litavam ampliar a compreens o do livro Podia se concluir que se tratava de uma obra complexa que vivia e morria ao ritmo dos programas curriculares criada em um ambiente pedag gico espec fico em um contexto regulador dentro de sistemas nacionais de educa o uma pro du o controlada constantemente pelo poder p blico mas que de forma aparentemente contradit ria delegava sua produ o ind stria subme tendo a aos ditames das leis de mercado A partir dessas pesquisas iniciais vis vel o empenho de Choppin em compreender a complexidade e as especificidades do livro did tico 46 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA para al m de seu car ter pol tico e ideol gico Indagava sobre as trans forma es dessa prod
437. rovidenciaria outros materiais escolares sendo que os livros did ticos depois de passarem pelo crivo do governo seriam destinados aos alunos mais carentes O aumento e a variedade de t tulos aprovados n o deixam claro o principal fator do controle estatal na ado o de livros did ticos que era o estabelecimento de que somente os livros de leitura deveriam ser desti nados ao uso dos alunos As ado es oficiais apontaram ainda que os au tores selecionados eram sem exce o ou professores formados pela Escola Normal da Capital ou educadores ligados ao ensino paulista que seguiam portanto as novas diretrizes da reforma No in cio do s culo XX o ritmo de produ o dos livros de leitura aumentou sensivelmente junto com o oferecimento de vagas nos Grupos Escolares tend ncia que pode ser averiguada nos dados sobre a expans o escolar na constante amplia o das listas de livros aprovados pelo governo e no lan amento cada vez maior pelas editoras analisadas de t tulos de autores que atuavam no ensino p blico paulista Os dados tamb m n o deixam d vidas sobre a preced ncia do ensino de l ngua materna sobre as outras mat rias do curr culo e a maior import ncia da leitura sobre as demais pr ticas escolares caracter sticas que somadas determina o oficial de que somente os livros de leitura podiam ser destinados ao uso dos alunos configuravam o principal fil o do mercado de livros escolares restrito aos livr
438. s 29 Clarissa 1 caderno 1 caderno 1 caderno 2 1989 1991 35 ditados 25 ditados 13 ditados g g 73 7 cadernos 6 cadernos 6 cadernos 2 cadernos 1 caderno 25 TOTAL 168 ditados 95 ditados 74 ditados 46 ditados 27 ditados 410 Quadro 1 N mero de cadernos e ditados Fonte Memorial do Col gio Farroupilha O exame dos cadernos permite tra ar um padr o de procedimen tos adotados pelos professores de longa dura o e os ditados s o datados e numerados e divididos por trimestre e corrigidos pela professora em Erro E n mero de palavras com pro blemas de grafia Ordem O avalia a caligrafia e apresenta o Nota N nota final Nos anos 1980 as professoras adotam conceito ti mo Muito Bom Regular e trazem sempre a assinatura dos pais e s o acompanhados da corre o do aluno que repete v rias vezes a pa lavra escrevendo a corretamente e ao final apresentam ilustra o com decalco carimbo e ou friso 147 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs 3110 12 71 85 Qitade 7 Sueded Timea be a 17 F opaz ala a Ipolh a o ty 8 contas Siege Bepucese adog 9 Liz poleca Joquds 4 dig 10 Nord 5 Doge W aryicon soir __ Napug Raman s he de CA WO LA jy b Puy W A oloriy Ramam 9 da Winsine i 4 SIRI y y VPA Olmek NAN LS N A NA C Paol KNA i SE z A 4 Heu a LPoxobims 4 Abani A Figur
439. s ainda compreender como o Estado fez da leitura um saber escolar e a ressignificou a ponto de a escola assumir a responsabilidade de forma o de leitores e leitoras A escolariza o da leitura como se deveria ler e para que ler s o quest es a que se procurou responder na clave de uma Hist ria da Educa o e da Leitura no momento em que os manuais passaram a ocupar um importante lugar na educa o escolarizada contribuindo tam b m para a normatiza o da vida profissional e cotidiana j que integra vam os curr culos oficiais para a forma o de professores as nas Escolas Normais no Brasil Essas prescri es autorizam a pensar em leituras em p ginas com arranjos visuais as quais conferem um novo car ter palavra afetando sua interpreta o Representa o de uma inten o ela poder suscitar uma ades o uma nega o Em discursos persuasivos a leitura silenciosa re 194 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA comendada com um zelo crescente nos manuais e anuncia como as ideias tiveram circula o por via da produ o pedag gica com a resson ncia de um repert rio de modelos e prescri es que serviram para formar gera es de professores Tais recomenda es desvelam propostas presentes nesses impres sos pedag gicos que indicam atividades para o ensino e aprendizagem da leitura tangenciando o movimento conhecido como escola nova seja nos di logos guiados pela psicologia seja
440. s I da Dias da Silva M todo Ecl tico Elisa Barbosa M todo Global de Contos Quadro 1 Autores m todos e ano ordem cronol gica Fonte Elaborado pela autora 268 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA O quadro mostra a predomin ncia de mulheres como autoras de livros did ticos e a tend ncia ao emprego de m todos anal ticos no estado de Minas Gerais com algumas varia es que podem ser entendidas se vincularmos os autores a uma rede de influ ncias de cunho mais intelec tual e pedag gico ou o seu pertencimento a uma rede institucional ligada ao mundo da escola ou ao mundo do livro Esses dados os quais ser o tratados mais adiante revelam que essas ordens s o produzidas mediante negocia es ou varia es em torno de modelos pedag gicos modelos de livros incluindo suas materialidades pol ticas educacionais do per odo e demandas de editoras Embora a produ o desses autores n o possa ser detalhada no mbito deste artigo alguns exemplos ser o mais bem explo rados para revelar aspectos que se destacam nessa rede que n o homo g nea nem em rela o aos m todos adotados nem com respeito ao modo como os mesmos se relacionam com a rede qual pertencem nem quanto ao que motivou a produ o de seus livros O Quadro 2 mostra a participa o dos autores em esferas educa cionais pol ticas e culturais o que ajuda a caracterizar a sua influ ncia seu conhecimento sobre o funcionamento do s
441. s lia DF v 3 n 23 p 1 6 1984 Contribui es da hist ria da educa o Em Aberto Bras lia DE v 9 n 47 p 3 11 1990 313 A LEGISLA O COMO FONTE DE HIST RIA DO LIVRO DIDATICO NUMA EPOCA EM QUE SUPOSTAMENTE NAO HAVIA LEIS SOBRE ISSO E MUITO MENOS A HISTORIA DO LIVRO DIDATICO Kazumi Munakata Sobre o livro did tico e quem se atreve a estud lo paira uma terr vel maldi o Ele n o tem uma hist ria pr pria no Brasil Sua histria n o passa de uma sequ ncia de decretos leis e medidas governamentais que se sucedem a partir de 1930 de forma aparentemente desordenada e sem a corre o ou a cr tica de outros setores da sociedade partidos sindicatos associa es de pais e mestres associa es de alunos equi pes cient ficas etc Essa hist ria da seria o de leis e decretos somente passa a ter sentido quando interpretada luz das mudan as estruturais como um todo ocorridas na sociedade brasileira desde o Estado Novo at a Nova Rep blica FREITAG COSTA MOTA 1993 p 11 grifos dos autores O que surpreende nessas parcas linhas a quantidade de disparates que encerram Em primeiro lugar a pr pria concep o de hist ria a subja cente de que a exist ncia de leis cancela a historicidade da mat ria a que se Segundo Moreira 2011 Freitag et al apresentaram em 1987 a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INEP um pa
442. s o n 24 de 8 3 1821 Livros e peri dicos para as bibliotecas ficaram tamb m isentos de portes e direitos Decreto de 15 11 1827 A liberdade de imprensa formalizada em 1821 acompanhada de obriga es que definem a responsabilidade dos autores e editores De cis o n 63 de 24 9 1821 No ano seguinte um decreto de 18 6 1822 c r a Ju zes de Facto para julgamento dos crimes de abusos de liberdade de imprensa O reconhecimento dos direitos do autor veio com o C digo Criminal Decreto de 16 12 1830 que definiu como furto todo o ato de i mprimir gravar lithographar ou introduzir quaesquer escriptos ou estampas que tiverem sido feitos compostos ou traduzidos por cidad os brasileiros emquanto estes viverem e dez annos depois da sua morte se deixarem herdeiros Art 261 At aqui apresentou se uma amostra de leis atinentes ao livro em geral A men o aos livros did ticos pode ser encontrada em leis sobre ensino Por exemplo no Decreto de 12 4 1809 que cria no Hospital Real Militar e de Marinha uma cadeira de medicina cl nica theorica e pratica encontra se a determina o de que se deve com a poss vel brevidade de organisar os compendios com que debaixo dos princ pios j indicados habilite os alumnos a receberem as doutrinas que se pretende ensinar lhes A Decis o n 29 de 14 7 1809 c r a nesta cidade Rio de Janeiro uma cadeira de Arithmetica Algebra e Geometri
443. s abordam a hist ria do ensino de leitura e escrita enfocando diferentes espa os e formas de produ o e circula o de m todos de ensino e de material did tico E por meio do di logo entre pr ticas escolares e pr ticas culturais destacam dimens es pedag gicas editoriais e pol ticas assim como diferentes sujeitos envolvi dos nesses processos hist ricos Al m da tem tica abordada os textos aqui reunidos t m em co mum o contexto da motiva o inicial e dos objetivos Resultam mais di retamente das discuss es apresentadas pelos autores em evento cient fico do qual participaram como conferencista ou palestrantes As instigantes discuss es propostas e as quest es suscitadas naquela ocasi o demandaram sistematiza o com o objetivo de ampliar para al m dos limites do evento o alcance das contribui es dos autores o que motivou a organiza o deste livro pronta e entusiasticamente acolhida por todos eles O evento mencionado o II SIHELE Semin rio Internacional sobre Hist ria do Ensino de Leitura e Escrita M todos e material di d tico na hist ria do ensino inicial de leitura e escrita no Brasil ocorrido nos dias 11 e 12 07 2013 Essa segunda edi o foi promovida pela ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o e realizada consecutivamente ao 15 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs I CONBAIf Congresso Brasileiro de Alfabetiza o realizado en
444. s assuntos ensino economia dom stica e escotismo No exerc cio de diferentes fun es Arnold pronunciou discursos que foram reproduzidos integral ou parcialmente em jornais de ampla circula o ou em magazines Algumas dessas publica es foram exploradas neste texto os artigos e mat rias sobre economia dom stica ser o examinados em outros trabalhos Para este cap tulo foram consultadas sempre as primeiras edi es essa regra n o p de ser cumprida em pou cos casos em que n o h primeira edi o dispon vel 28 Em 1885 Edgar O Silver criou a Silver amp Co que logo se projetou pela s rie de impressos dedicados a novos m todos de ensino de M sica assunto de especial interesse de seu propriet rio A partir de 1886 a editora abriu se para outras mat rias come ando com a s rie Normal course in reading Dois anos depois um dos s cios vendeu a sua cota de a es a Frank W Burdett a partir do que a firma passou a se denominar Silver Burdett amp Co Tal como ocorreria com outras essas quatro firmas nascidas em Boston Lee amp Shepard D Lothrop amp Co Ginn Brothers e Silver Burdett amp Co instalaram se tamb m na cidade de Nova York entre o fim do s culo XIX e o come o do XX o que lhes facilitou a proje o no mercado nacional e a sequente conquista do mercado internacional WARDE 2011 p 126 78 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA amp Company criada originalmente em
445. s com historietas notadamente os dois citados O Livro de Lili e Sarita e seus amiguinhos provavelmente as autoras precisaram encontrar uma solu o que atendesse s condi es econ micas editoriais e pedag gicas da realidade brasileira Pr livro como se sabe foi a nomenclatura adotada pela professora L cia Casasanta em oposi o a cartilha pela p posi que tinha um apelo segundo ela aos m todos sint ticos de alfabetiza o MACIEL 2001 Contudo veja se que o Pre primer para o caso dos livros americanos era ainda o livro de palavras sendo os Primers livros para um segundo n vel de leitura leitores por conseguinte com senten as e historietas Houve aqui pois uma adapta o de Casasanta para o caso brasileiro 10 Elementary School corresponde escolariza o do Kindergarden Pr escola at o 5 ano nos EUA 100 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA N o era poss vel produzir v rios livros para o ensino da leitura a fim de serem empregados em um mesmo ano escolar em que as palavras iam apa recendo paulatinamente de um livro para outro graduando as at chegar aos textos como defendiam os te ricos da word recognition Nesse caso no Brasil a solu o foi a produ o de apenas um livro e com historietas apresentadas desde o in cio da cartilha pr livro Dessa forma comparando alguns livros americanos com aqueles produzidos no Rio Grande do Sul que usavam a hi
446. s e das edi es sendo que em 1986 j havia partici pado da publica o da importante obra organizada por Roger Chartier e Henri Jean Martin Histoire de l dition fran aise com um cap tulo Le livre scolaire CHOPPIN 1986a Aproximou se igualmente de outros historiadores das editoras francesas em especial de Jean Yves Mollier Les manuels scolaires foi tamb m um cap tulo de obra geral sobre as edi es em v rias partes do mundo Les mutations du livre et de l dition dans le monde du XVIIe si cle l an 2000 organizada por Jacques Michon e Jean Yves Mollier CHOPPIN 2001 51 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Nos finais dos anos de 1990 muitos dos estudos de Choppin centraram se em an lises comparativas uma vez que a produ o da lite ratura escolar se disseminou a partir do s culo XIX em escala mundial conforme levantamentos de pesquisas de diversos paises Em Las poltticas de libros escolares en el mundo perspectiva comparativa e hist rica 1998b Choppin fornece importantes dados sobre as pol ticas p blicas no que concerne ao mercado editorial dos livros did ticos em diversos pa ses do continente europeu americano e asi tico Esse estudo contribui dentre outros aspectos para evidenciar as diferentes formas de regulamenta o impostas pelos diversos sistemas educacionais assim como situa as especi ficidades dos livros escolares em rela o ao poder do
447. s entre si e com seus animais de estima o Ele apresenta 18 palavras e proporciona uma f cil transi o do livro de imagens para a leitura da linguagem impressa Fun with Our Family o segundo Pre primer expande o tema de diver s o em casa incluindo os pais bem como as crian as e os animais de estima o Ele escrito em um vocabul rio de 40 palavras das quais 22 s o novas O restante as outras 18 palavras que foram introduzi dos no primeiro Pre primer s o reintroduzidas e repetidas em interva los espa ados para promover o dom nio das palavras k Fun Wherever We Are o terceiro Pre primer mostra as crian as os ani mais e os pais para al m do seu pr prio quintal para as lojas e para o parque Fle apresenta 32 novas palavras e reintroduz e mant m as 40 palavras a partir dos primeiros dois Pre primers ROBINSON MONROE ARTLEY 1962 p 6 grifos meus Como se pode notar e essa organiza o comum a todas as s ries programas de leitura consultados para a pesquisa aparecendo inclusive nos livros do aluno as palavras eram altamente controladas repetidas se quenciais e cumulativas O vocabul rio deveria ser repetido dentro do livro e de livro para livro tornando se gradualmente um conjunto de palavras que cresceria em quantidade na medida em que as crian as progredissem nos primeiros livros A expectativa era a de que no momento em que os Pre primers terminassem algumas crian as esta
448. s j tinham viajado aos EUA para aprender teorias e pr ticas de ensino daquele pa s principalmente a fim de construir compet ncias para qualificar a produ o did tica Associado a esses fatores no Brasil de um modo geral havia pol ticas educacionais atreladas ao sistema americano como os casos por exem plo do PABAEE e da COLTED Al m disso preciso relembrar que os anos de 1950 e 1960 no Brasil representaram um esfor o de estabiliza o econ mica de estrat gias de desenvolvimento de estabelecimento de uma avan ada base industrial de reformas sociais e de significativas mudan as pol ticas Nesse per odo em especial os EUA estavam atentos e interessados nos rumos da vida social econ mica e pol tica brasileira impondo pol ticas de interven o bastante incisivas O Brasil por sua vez tamb m se mostrava interessado nos acordos com o governo norte americano 114 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Nesse contexto estavam criadas as condi es necess rias para buscar mais uma inova o no estado americano o m todo da word per ception embora nesse mesmo per odo algumas s ries did ticas como Dick and Jane j fossem alvo de intensas cr ticas nos EUA tanto no que diz res peito quilo que foi considerado inefici ncia do m todo responsabilizado pela n o aprendizagem das crian as como pelo car ter ideol gico desses livros Segundo os cr ticos norte americanos nos livros
449. s obras co locam v rias depend ncias entre editores e Estado ao estabelecer normas bastante r gidas para a produ o e distribui o do material escolar que ultrapassam o controle ideol gico e pedag gico Dentre as consequ ncias dessas pol ticas editoriais e do pr prio crescimento da educa o escolar 52 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA obrigat ria Choppin destacou uma crescente domina o econ mica de grandes grupos de editoras ocidentais Atualmente grandes sociedades de capital internacional difundem no mundo inteiro publica es de uso escolar como a Hachette Ha tier o grupo Nathan para o mundo franc fono Mac Millan ou Longman para o mundo anglof nico Anaya e Santillana para o his panoamericano CHOPPIN 1998b p 175 Cabe assinalar que dentro das preocupa es das rela es entre as pol ticas p blicas e casas editorias dos livros did ticos Choppin sempre teve um particular interesse pelo Brasil dada a import ncia dos livros no mercado editorial nacional Focalizou nesse artigo de 1998b as mudan as ligadas autoriza o pr via dos livros por parte do Estado brasileiro no final dos anos de 1990 acompanhando a partir de ent o a ado o do Programa Nacional do Livro Did tico o PNLD Em 2002 foi publicado o artigo Lhistoire du livre et de P dition scolaires vers un tat des lieux no qual Alain Choppin 20024 ao realizar um balan o das pesquisas realizadas em v
450. s obrigatoriamente devem atender b quanto ao ensino superior onde n o existe exig ncia observa se nos ltimos tempos especialmente por expans o de mercado e dificulda des na importa o de livros estrangeiros melhoria crescente dizemos especialmente porque outra raz o concorre a da incapacidade quase geral dos alunos de lerem textos que n o sejam em portugu s e espa nhol Essa tamb m uma das raz es embora n o nica de manterem os professores de ensino superior o regime de apostilas mimeografadas LOUREN O FILHO 1961 p 3 grifos do autor 258 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Quanto ao lugar do livro did tico no progresso tecnol gico Lou ren o Filho pontuou que malgrado o livro did tico fosse um instrumento importante e original na forma o do esp rito tecnol gico dos estudantes A qq Lan a predomin ncia de um ensino verbal e livresco ocasionado pela falta de preparo de professores e das condi es de organiza o e administra o escolar podia representar uma distor o desse esp rito Para ele fazia se necess rio que as escolas passem a compreender que a sua tarefa n o a de ministrar conhecimentos verbais mas sim de encarar uma problemdti ca a de integrar a vida dos alunos nas realidades da comunidade pr xima local regional nacional LOUREN O FILHO 1961 p 4 grifos do autor E acrescentou que as escolas tenham recursos
451. s of old school textbooks to the history of education in United States The Journal of Educational Research Philadelphia v 35 n 3 p 201 207 Nov 1941 Significance of research in old textbooks History of Education Journal S 1 v 4 n 4 p 146 148 Summer 1953 Some findings from analyses of old textbooks History of Education Jour nal S 1 v 10 n 1 4 p 20 28 1959 Tenth Anniversary Issue Old textbooks spelling grammar reading arithmetic geography American history civil government physiology penmanship art music as taught in the com mon schools from colonial days to 1900 Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1961 Old secondary school grammar textbooks The English Journal S 1 v 54 n 6 p 541 546 Sep 1965 SCHWARTZ C M Ensino da leitura no Espirito Santo 1911 1930 uma an lise das concep es de leitura de texto e de linguagem In CONGRESSO BRASILEIRO DE HIST RIA DA EDUCA O o ensino e a pesquisa em hist ria da educa o 5 2008 Aracaju Anais S o Crist v o Universidade Federal de Sergipe Aracaju Universidade Tiradentes 2008 p 1 15 SNEDDEN D Sociological determination ofobjectives in education Philadelphia Lippincott 1921 SNEDDEN D DUTTON S T The administration of public education in the United States New York Macmillan 1908 UNIVERSITY OF MASSACHASUTTES AMHERST Arnold House Amherst MA 2013 Dispon vel em lt http www libr
452. s para explicar tal proje o em primeiro lugar a j mencionada iniciativa de preparar mulheres a fim de convert las em agentes econ micos dentro ou fora de casa em segundo lugar a necessida de de ado o de novos padr es de estocagem e consumo de bens perec veis em decorr ncia da desorganiza o dos velhos padr es de oferta e demanda dos bens de consumo cotidiano provocada pelas constantes mudan as nas composi es populacionais dos grandes e m dios centros e agravada com o envolvimento dos Estados Unidos na I Guerra Mundial Com o seu trabalho no campo da Economia Dom stica Arnold estreitou rela es com pessoas e institui es ligadas a todo o circuito de alimentos da produ o ao consumo passando pela estocagem armazena mento etc Na d cada de 1910 Arnold comp s o Conselho de Educa o Agr cola do Estado de Massachusetts quando ent o era superintendente do ensino David Snedden Durante a Primeira Guerra Mundial Arnold atuou na Federal Food Administration Posteriormente foi chamada a compor o 14 A pedido de Snedden o Conselho produziu um relat rio com recomenda es Educa o Agr cola e com uma avalia o das possibilidades de instala o de uma escola fazenda o relat rio foi encaminhado Assembleia Legislativa no primeiro semestre de 1910 BOARD OF EDUCATION 1911 69 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Comit Consultivo do Food Research
453. s projetos conscientes ou desejados dos autores e medir as diferen as entre princ pios pedag gicos desej veis e a aplica o realizada na obra O livro did tico pode tamb m ser estudado como objeto fabricado os historiadores do livro podem examinar as caracter sticas espec ficas em duas dire es a fabrica o dificuldades pedag gicas rela es do autor com os artistas t cnicos escolha dos caracteres da organiza o das p ginas do formato das capas a comercializa o cria o produ o circuitos de difus o pre o an lise do mercado investimentos formas de publicidade etc CHOPPIN 1980 p 10 12 tradu o livre Em 1989 defendeu a tese em hist ria Le pouvoir et les livres scolai res les comissions d examen des livres l mentaires et classiques 1807 1875 sob a orienta o de Antoine Prost reconhecido historiador da educa o francesa A pesquisa de doutorado teve como problema central a dimens o pol tica dos livros escolares priorizando as formas legislativas de controle sobre sua produ o e circula o com base no processo de crescimento do sistema escolar sob a gide do Estado no s culo XIX Em publica es anteriores defesa da tese de doutorado essa pre ocupa o fez com que Alain Choppin se dedicasse a exaustivos levantamen tos sobre a s rie de leis e regulamentos relativos aos livros did ticos desde a Revolu o Francesa levantamentos esses publicados na r
454. s que compram os livros e n o os adolescentes para os quais os livros s o escritos e publicados Somente novas investiga es poder o sugerir respostas a essas perguntas 24 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA NORMAS ESCOLARES E PR TICAS DE LEITURA Em uma terceira perspectiva a morte do leitor e o desapareci mento da leitura s o concebidos como consequ ncia inevit vel da civi liza o da tela do triunfo das imagens e da comunica o eletr nica Tal perspectiva desconsidera que as telas do presente n o s o mais somente as de McLuhan McLUHAN 1962 Ao contr rio das telas do cinema ou da televis o as telas do presente prop em textos n o somente textos certamente mas tamb m textos muitos textos antiga oposi o entre de um lado o livro a escrita a leitura e de outro a tela e a imagem tem sido substitu da por uma situa o nova caracterizada pelo aparecimento de um novo suporte para a cultura escrita Da surge um la o paradoxal entre a terceira revolu o do livro que transforma as modalidades de inscri o e transmiss o dos textos como fizeram a inven o do codex e da imprensa e o tema obsessivo da morte da leitura e do leitor Compreender essa con tradi o sup e olhar para o passado e comparar os efeitos das revolu es anteriores com as mudan as do presente No s culo XIX os livros did ticos afirmam enfaticamente que o verdadeiro conhecimento se encontra nos livros e s
455. s saberes escolares e sua representa o nos cadernos de classe Com rela o ao primeiro aspecto detectaram cinco tipos de cadernos considerando desde a capa at o formato interior Essa descri o permitiu concluir que essa representa o externa simboliza a persist ncia de pr ticas da sala de aula arraigadas na cultura escolar O formato interior dos cadernos por sua vez trouxe importantes elementos sobre rituais e pr ticas cotidianas especialmente as margens dos cadernos que deviam ser respeitadas com a finali dade de aproveitar sempre e cada vez mais o papel marcando o tempo e transmitindo ordem e efic cia Com rela o hierarquiza o das disciplinas as autoras mapearam os conte dos trabalhados procurando assinalar a import ncia dada a determinados conhecimentos atentas ao modo como isso se expressava no espa o material do caderno 10 Ministero per i Beni e le Attivit Culturali Archivio ligure della scrittura popolare Universita degli Studi di Genova Dipartimento di storia moderna e contemporanea di Genova DISMEC Universita degli Studi di Genova Facolt di Lettere e Filosofia Fondazione Archivio Diaristico Nazionale onlus di Pieve Santo Stefano Centro di documentazione e ricerca sulla storia delle istituzioni scolastiche del libro scolastico e della letteratura per l infanzia Universita degli Studi del Molise Centro di documentazione e ricerca sulla storia del libro scolastico e della letteratura per
456. s termos ruptura e abertura desagrega o e at mesmo explos o Para esse autor a hist ria da alfabetiza o mant m rela o com interessa se por e abriu se a campos e quest es t o diversos mas todos conectados que finalmente parece ter se dilu do Esse campo de estudo interdisciplinar e confluente se gundo Soares e Maciel 2000 ainda novo no Brasil Em meio diversida de abertura e dilui o do campo temos nos detido em investiga es sobre a hist ria do livro da leitura e da cultura escrita Este texto aborda aspectos dessa hist ria em especial a produ o de materiais de alfabetiza o no contexto de uma pol tica p blica nacional O objetivo explorar fontes relacionadas produ o de materiais did ticos cartilhas subs dios metodol gicos guias curriculares sugest es de ativi dades por diferentes estados brasileiros elaborados no contexto de uma pol tica p blica nacional de alfabetiza o Trata se de explorar alguns resul tados do projeto de pesquisa Alfabetiza o no Brasil o projeto Desenvol vimento de novas metodologias aplic veis ao processo ensino aprendizagem do 1 Grau 1975 1979 CARDOSO 2013 Implementada pelo governo Essa pesquisa contou com financiamento do CNPq 223 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs federal em 1975 essa pol tica p blica de alfabetiza o se inseriu no contex to do II Plano S
457. s vezes em trechos de autores reconhecidos da literatura e nesse caso s o excertos de textos morais e educativos e ou s o compostos de maneira a apresentar em um pequeno n mero de frases regras de orto grafia sintaxe FLOT 1911 p 466 No per odo investigado nesta pesquisa o ditado uma atividade rotineira da 14 52 s rie e exigido em provas como o exame de admiss o ao curso ginasial permitindo a verifica o ou n o da efic cia da escola prim ria 5 No Manuel de linstituter primaires ou Principes G neraux de P dagogie de 1831 Fran a o autor orienta o professor prim rio na atividade do ditado sugerindo que dite palavras dif ceis frases e textos de temas diversos segundo a capacidade do aluno os ditados devem ter rela o com v rios aspectos da educa o e do ensino regras de ortografia e sobretudo de pontua o os ditados devem ser corrigidos pelos alunos a partir da c pia realizada pelo professor no quadro negro TAILLAC 2008 p 80 81 Sobre a caligrafia na escola ver Stephanou Bastos 2013 7 Em 1931 o Exame de Admiss o institu do em car ter nacional permitindo a passagem do curso prim rio para o curso ginasial tendo sido adotado at a lei 5692 1971 que reforma o ensino de 1 e 2 graus quando o prim rio e o gin sio s o integrados como 1 Grau Sobre o assunto ver Bastos e Ermel 2014 143 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OR
458. sboa Bacha 1956 57 Maria Yvonne Atal cio 1958 59 e I da Dias da Silva 1961 62 Essas autoras mant m rela es com o PABBAE mas h muitas di feren as na forma como isso ocorre do ponto de vista da produ o de livros 277 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Magdala e Maria Yvonne t m forte influ ncia da divulga o de seus m todos ecl ticos exercida nas viagens de forma o que empreendem pelo Brasil por esse programa mas publicam em editoras fora do estado Aluna do Curso de Aperfei oamento para Professores do Ensino Normal CAPEN minis trado pelo PABAEE I da Dias da Silva consegue uma bolsa da Secretaria da Educa o de Minas Gerais a qual tem inten o de criar um servi o de supervis o I da vai para um interc mbio nos EUA participa de cursos sobre cultura americana sobre o sistema de educa o americano sobre supervis o e administra o escolar Na volta passa a fazer parte em 1963 do PABA EE numa se o de forma o da Secretaria de Educa o de Minas Gerais com intenso trabalho em v rios estados brasileiros Foi nesse contexto que ministrou cursos por todo o Brasil abordando a express o oral e o m todo ecl tico de Maria Yvonne e Magdala Lisboa Bacha Se essas viagens refor a ram a ado o dos pr livros dessas ltimas autoras tamb m proporcionaram para I da conhecimento daquilo que faltava nos livros do per odo segundo a autora n o havia uma
459. scolares e a pesquisa em Hist ria da Educa o Florian polis 2013 Slides de Power Point Confer ncia no Programa de P s Gradua o em Educa o UDESC 198 MANUAIS PARA ENSINAR A ENSINAR LEITURA E ESCRITA 1940 1950 NA HISTORIA DA ALFABETIZACAO NO BRASIL Maria do Ros rio Longo Mortatti INTRODU O D esde a d cada de 1980 no Brasil v m se expandindo estudos e pesquisas acad mico cient ficos sobre livro did tico em diferentes cam pos de conhecimento e com diferentes abordagens te rico metodol gicas Como se sabe essa expans o est tamb m relacionada com a implementa o de programas governamentais pol ticas p blicas para a educa o com a con solida o do mercado editorial desse tipo de impresso e com a consolida o de programas de p s gradua o em Educa o e em reas afins Nos campos da hist ria da educa o e da hist ria da alfabetiza o igualmente se constata nas tr s ltimas d cadas acentuado crescimento quantitativo e qualitativo das pesquisas sobre livro did tico seja como ob jeto de investiga o seja como fonte para o estudo de temas espec ficos ou das mat rias disciplinas escolares O potencial explicativo dessas pesquisas Reflex es sobre a constitui o do campo da hist ria da alfabetiza o se encontram em Mortatti 2011 Como estudos matriciais para a produ o da hist ria do livro did tico no Brasil devem se destacar os de Pfromm Neto Rosamilha
460. scrita predominantemente c pia e ditado Por fim Visando economia de esfor os de tempo e gasto financeiro o processo empregado consistiu no estudo da palavra chave seguindo se lhe quase que imediatamente o estudo das respectivas s labas chave e atividade de forma o de palavras novas Posteriormente mais ao fim do processo as palavras novas foram empregadas em atividades de estrutura o de frases e at de composi o de textos MATO GROSSO 1977 p 20 21 Nesse sentido as explica es centradas na organiza o dos aspec tos lingu sticos trabalhados pela cartilha evidenciam a influ ncia de N via Gordo com s lida forma o na rea de Letras e o seu processo de forma o das autoras O material foi utilizado a partir do ano de 1977 Como resulta dos apresentam se os seguintes dados em 1975 na experimenta o com tr s diferentes m todos obtiveram se 55 3 de aprova o e 44 6 de 232 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA reprova o em 1978 com a utiliza o da cartilha Nossa Terra Nossa Gente a aprova o foi de 63 34 e a reprova o de 36 25 melhorando em 9 o sucesso escolar PIAU A ARTE COMO ELEMENTO INTEGRADOR DO M TODO O estado do Piau n o acata de pronto a sugest o da Sistem tica 75 qual seja a pesquisa experimental para determinar qual m todo de al fabetiza o seria mais adequado No entanto a equipe decide realizar em 1975 uma pesquisa sobre a pro
461. se proceder avalia o foram reconstru dos os pressupostos do Projeto Novas Metodologias na proposi o feita pelo DEF MEC e na decodifica o feitas pelas Unidades Federadas BRASIL 1980 p 27 Foram consideradas quatro etapas relativas ao processo de ado o e de libera o de recursos pelo MEC elabora o da nova metodologia e prepa ra o para a testagem testagem piloto consolida o da nova metodologia e difus o para o sistema A an lise lingu stica do material produzido pelos estados ado tou seis princ pios como crit rio de qualifica o 1 Sistematicidade da linguagem 2 Natureza social da linguagem 3 Primazia da fala sobre a escrita 4 Criatividade lingu stica 5 Varia o lingu stica 6 Desenvolvi mento cognitivo Cada princ pio foi descrito por quatro diferentes n veis superior m dio m nimo e nenhum O Quadro 1 sintetiza a classifica o dos materiais aqui descritos 239 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs UF MATO GROSSO PIAU RIO DE JANEIRO PRINC PIO Sistematicidade da lin M nima Superior Superior guagem Natureza social M nima M dia Superior Primazia da fala sobre a A M nima M dia Superior escrita Criatividade lingu stica M nima Superior Superior Varia o lingu stica Nenhuma Nenhuma Superior Desenvolvimento cog AX M dio Superior Superior nitivo Alfabetiza o m ni mo estabelecid
462. semestres 235 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs para vivenciarem as tr s fases tornando se aptos para ingressarem na 32 s rie PIAU 19772 p 154 Trata se como vemos de uma proposta de bloco nico que engloba a 14 e 22 s ries com o uso de um material e m todo espec fico para tal O Manual cont m 165 p ginas e se divide em cinco partes 1 Prop sitos da metodologia II Sugest es de aplica o da metodologia III Avalia o IV Aplica o da metodologia experimental V Implementa o da experi ncia A parte II cont m 103 sugest es de atividades relativas 14 fase do m todo 82 relativas 22 fase e 44 relativas 32 fase Assim o desenvol vimento da metodologia totaliza 229 sugest es com nfase em jogos m sicas ritmo artes recorte colagem express o corporal dramatiza o etc Como resultados focalizam se os seguintes dados relativos ao ano de 1977 Classes de controle aprova o 65 reprova o 35 Classes de experimenta o aprova o para 32 S rie 87 reprova o 13 BRASIL 1980 p 99 Rio DE JANEIRO O CURR CULO POR ATIVIDADES O estado do Rio de Janeiro estabelece como metas a serem al can adas pelo PNM em 1975 a Eleva o dos ndices de promo o da la para a 22 s rie atrav s de experimenta o e expans o de metodolo gias e tecnologias espec ficas para o processo de alfabetiza o b Redu
463. sempre isso significa que os autores se renderam a esse xito Maria Serafina de Freitas foi solicitada pela Editora Vega a completar a sua cole o de livros do 1 ao 4 ano do curso prim rio que j era carro chefe da alfa betiza o na editora mas ela argumentou que o seu principal objetivo era 282 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA fazer a crian a ler e que a partir desse ponto qualquer outro material de leitura seria satisfat rio Vemos por conseguinte que Maria Serafina n o se interessava em ser uma autora profissional de livros escolares de maior abrang ncia e mantinha a posi o de contribuir com seu trabalho na sua regi o Do ponto de vista financeiro a pr pria autora declara n o ganhei nada com o Circo do Carequinha n o Se consta na 52 edi o de Jo ozinho e Maria que o livro de He lena Jorge foi Premiado pela Academia Brasileira de Letras permanece a pr tica de impress o por encomenda do pr prio autor pois Helena Jorge parece ter encomendado numa gr fica a impress o do livro Composto e impresso pelos Estabelecimentos Gr ficos Santa Maria S A de Belo Ho rizonte para a professora Helena Jorge novembro de 1957 Ao serem entrevistados v rios autores demonstram n veis dife renciados de rela o com as pr ticas envolvidas em alguns contratos de edi o Esse o caso de Therezinha Casasanta que afirma preferir ser autora de literatura a ser autora
464. ses Indagava constantemente sobre as poss veis contribui es das pesquisas sobre a hist ria dos livros escolares para a forma o dos professores e se efetivamente podiam favo recer suas pr ticas escolares atuais Por se tratar de uma produ o criada e formulada para o trabalho de professores e alunos Choppin questionava as finalidades das pesquisas sobre livros did ticos como mero trabalho aca d mico Em 1992 escreveu Manuels scolaires histoire et actualit um livro especialmente dedicado aos educadores em que pretendeu colocar para os atores educativos editores e professores um outro olhar sobre o livro did tico menos redutor mais informativo mais distanciado e por tanto mais objetivo CHOPPIN 1992 p 217 Nos cursos de forma o de docentes envolveu se nos debates sobre os usos dos livros did ticos face aos novos recursos did ticos e em particular aqueles provenientes da inform tica debates esses que sempre traziam e ainda trazem baila o fim do livro did tico Dentro dessa perspectiva passou a examinar os livros did ticos de diferentes disciplinas e n veis de escolariza o produzidos e utilizados 50 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA em momentos diferentes enfocando formas diversas de usos dos livros assim como as possibilidades de articula o de atividades pedag gicas com outros materiais did ticos e sobretudo envolvendo se nas problem ti cas relac
465. sidade de Illinois University of Illinois at Urbana Cham paign mais especificamente na Biblioteca de Educa o e Ci ncias Sociais Education and Social Science Library ESSL a qual possui um acervo denominado The Curriculum Collection CC O referido acervo CC composto de livros did ticos guias curriculares planos de li es cole o de cat logos de editoras livros de literatura infantil etc abrangendo o pe r odo de 1880 at 1980 Atualmente h 26 000 itens catalogados em The Curriculum Collection e outros 30 000 ainda n o catalogados mas mesmo assim dispon veis para pesquisa No per odo da investiga o consultei mais de uma centena de livros did ticos dando especial aten o a duas s ries programas de ensino de leitura Dick and Jane Basic Readers Curriculum Foundation Series da editora Scott Foresman and Company e The Alice and Jerry Basic Reading Program da editora Row Peterson and Company compondo um arquivo de mais de 300 imagens digitalizadas e 200 p ginas de material digitado O objetivo era ter elementos suficientes para comparar a produ o did tica ga cha com esses livros produzidos nos EUA a fim de desenvolver o argumento da poss vel influ ncia do pensamento norte americano na produ o do Rio Grande do Sul A metodologia do estudo de car ter qualitativo e hist rico com preendeu diferentes fases em que foram feitas a leitura a identifica o a categoriza o e a
466. sinar todas as crian as a ler Tradu o livre Todas as tradu es aqui feitas s o de minha inteira responsabilidade 93 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs fessoras norte americanas Mary E Pennel e Alice M Cusack feita em 1935 pela professora da Escola Normal de Porto Alegre Anadyr Coelho 2 as refer ncias s leituras realizadas por professoras e autoras ga chas de obras did ticas dos trabalhos do americano Willian Scott Gray e do livro The Psychology and Pedagogy of Reading 1 ed 1908 ltima 1968 de Edmund Burke Huey 3 a ida em miss o de estudos aos EUA para aprender a fazer bons livros did ticos de duas das principais autoras de livros escolares do Rio Grande do Sul Cecy Cordeiro Thofehrn e Nelly Cunha respectivamente nos anos 50 e 60 do s culo XX Essas indica es instigaram a pesquisa que resultou no trabalho aqui apresentado Desde os anos de 1930 cartilhas de base anal tica para o ensino da leitura e da escrita foram produzidas no Rio Grande do Sul contudo h o predom nio destas nos anos de 1960 e 1970 Esse fen meno est associado ao trabalho das t cnicas educacionais do Centro de Pesquisas e Orienta o Educacionais CPOE elas mesmas autoras dessas cartilhas Esse Centro foi criado em 1943 ligado SEC RS e teve um papel mar cante nos rumos do ensino prim rio sul rio grandense PERES 2000 A partir dos anos de 1950 o CPOE foi respons
467. sino da leitura e da escrita po dem contribuir com as pr ticas de alfabetiza o na atualidade A resposta mais simples e que os cap tulos que comp em este livro desenvolvem de modo detalhado afinal de contas a que a hist ria de qualquer tema pode dar o passado n o lega ao presente uma f rmula de sucesso a ser recuperada nem necessariamente uma li o 12 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA As v rias abordagens que fazemos do ontem nos alertam para a multiplicidade dos poss veis de cada momento hist rico inscritos nas rela es sociais de poder Oferecem exemplos sobre o que foi feito ampliando nosso repert rio de pr ticas Agu am o interesse e o respeito alteridade Evidenciam o hoje como fruto das a es dos sujeitos nas diversas injun es a que est o submetidos Mas destacam tamb m que h sempre oportuni dade para a criatividade e a inven o humanas Suscitam reconhecer que a nossa rela o com o ontem simultaneamente de continuidade e ruptura atribuindo v rias camadas de temporalidade ao passado Instigam nos por fim a perscrutar os modos como atribu mos sentido ao mundo e signifi camos nossa experi ncia pret rita e atual levando em considera o a ma terialidade da vida 13 APRESENTACAO Nee livro estao reunidos textos de pesquisadores estrangeiro e brasileiros especialistas em hist ria da alfabetiza o hist ria da educa o e hist ria do livro e da leitura Os autore
468. sitivo ficaram respons veis entre outras coisas pela instru o p blica e estabelecimentos pr prios a promov la n o compreendendo as faculdades de Medicina os Cursos Jur dicos Aca demias atualmente existentes e outros quaisquer estabelecimentos de instru o que parra o futuro forem criados por lei geral Art 10 1 Na pr tica o que foi atingido por essa medida de descentraliza o do ensino foi apenas o n vel prim rio j que o ensino superior as faculdades de Medicina os Cursos Jur dicos Academias continuou sob a compet ncia da Corte e o ensino secund rio nas prov ncias dependia da equipara o de seus estabelecimentos com o Collegio de Pedro II para fun cionarem como col gio Em outras palavras praticamente n o h no Im p rio leis gerais regulamentando as Primeiras Letras e os livros did ticos a adotados Em todo caso a Lei de 15 10 1827 que mJanda crear escolas de primeiras letras em todas as cidades villas e logares mais populosos do Imperio havia disposto que os professores deviam ensinar a ler escrever as quatro opera es de arithmetica pratica de que brados decimaes e propor es as no es mais geraes de geometria pra tica a grammatica de lingua nacional e os principios de moral christ e da doutrina da religi o catholica e apostolica romana proporcionados comprehens o dos meninos preferindo para as leituras a Constitui o do I
469. siva import ncia que concedemos ao conte do Os autores nos provocam a considerar que o mesmo texto em suportes diferentes pode receber in terpreta es diversas Contrariando uma concep o meramente intelectual do livro demonstram com exemplos retirados da hist ria que al m do autor editores diagramadores e ilustradores produzem sentidos captados pelo leitor Afirmam ainda mais que no entrela amento desses sentidos que se produz a leitura Portanto n o h texto fora do contexto no qual foi dado a ler Isso n o implica os procedimentos da hist ria intelectual que prima por reconstituir o momento de escrita de uma obra relacionando o fase da vida do autor N o que a preocupa o seja improcedente Ela apenas insuficiente Ao protocolo deve ser associado estudo das t cnicas de produ o do objeto livro imprenta costura ou colagem das folhas just in time etc as escolhas materiais a que ele foi submetido gramatura e di mens o do papel tipo gr fico de letra espa amento das letras mancha na p gina modalidades de ilustra o rela o texto e imagem dentre muitas outras variantes e os modos consagrados de leitura em voz alta coletiva silenciosa individual A quest o se complica se a ela associamos ainda a aten o s dis tintas possibilidades de recep o s maneiras peculiares como cada um dos leitores atribui sentido leitura em raz o de sua maior ou menor habilidade leitora
470. sla o provincial de Mato Grosso h igualmente refer ncia a livros sem mencionar lhes os t tulos Assim o Regulamento Org nico da Instru o P blica da Prov ncia de Mato Grosso Lei Provincial n 15 de 4 7 1873 estipula Aos meninos se dar papel pena e tinta e bem assim livros queles por m que seus pais n o os poderem comprar tudo por conta da prov ncia apud S SIQUEIRA 2000 p 35 O Regimento Interno das Escolas P blicas de Instru o Prim ria da Prov ncia de Mato Grosso de 7 12 1873 por sua vez estabelece que a se o de Leitura ser dividida em oito classes sendo que a quinta classe corresponde leitura corrida de livros a sexta leitura de livros e manuscritos e li es de cor de Gram tica e a oitava leitura de livros em prosa e verso an lise l gica e gramatical de cl ssicos portugueses e li es de Geo grafia e Hist ria apud S SIQUEIRA 2000 p 60 O Regimento tam b m afirma que o s livros de leitura os cl ssicos para an lise bem como os silab rios as cartas ou manuscritos ser o uniformes em cada uma das classes apud S SIQUEIRA 2000 p 60 o que indicativo de que se est introduzindo o m todo simult neo de ensino ou seja o procedimen to pelo qual se ensina um mesmo conte do a muitos alunos ao mesmo tempo Por fim h a indica o de que u ma rela o especial adicionada a este regimento e
471. specificar os comp ndios que forem admitidos para uso das escolas e uma vez adotados n o ser l cito aos Professores admitirem outras apud S SIQUEIRA 2000 p 60 Na prov ncia do Paran podem se encontrar leis sobre instru o que mencionam explicitamente t tulos de livros Por exemplo nas Instru Nessa colet nea a ortografia foi atualizada 325 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs es sobre o Plano e Divis o do Ensino nas Cadeiras de Instru o Prim ria de 22 Ordem para o Sexo Feminino de 11 2 1858 l se Art 3 Ficam adotados para o ensino os seguintes livros 1 Para m sica M todo de piano de Hunten 2 Lingua francesa gram tica de Sevene tradu o de prosa e leitura Morceaux coisies de Fenelon ou Petit Careme de Massilion verso art po etique de Boileau sic 3 Geografia e Hist ria Manual do ensino Prim rio de Semel e par o estudo especial de hist ria e geografia do Brasil a obra de Coruja e a do padre Pompeo na parte que trata desse assunto MIGUEL 2000 p 52 de se supor que muitas refer ncias a livros did ticos a serem ado tados foram abandonando o texto das leis para fazer parte de pap is admi nistrativos correntes das diretorias de Instru o P blica e das escolas Por exemplo na prov ncia de Goi s os professores do ensino prim rio solicita vam ao governo muitas cartilhas como assinala Valdez 2011 p
472. spondendo a demandas da Reforma Jo o Pinheiro de 1906 d a entender que sua contribui o foi solicitada e que est prestando um servi o s escolas Assim ele mesmo oferece sua edi o ao governo Diferentemente da maioria dos livros editados na mesma poca de autoria masculina Hil rio Ribeiro Arnaldo Barreto Jo o Lucio Ab lio Cesar Borges Felisberto de Carvalho Artur Joviano Anna Cintra despon ta como mais uma autora mas sem a participa o em esferas mais amplas al m de ter sido professora e diretora da escola Ces rio Alvim situada em Belo Horizonte MG cidade considerada capital pedag gica do Brasil Seu livro Li es para o ensino completo da leitura pela professora Anna Cintra baseado na sua experi ncia talvez ocupando um lugar de destaque pelo fato de ser professora diretora e atuar na pr tica pedag gica pois n o h dados que permitam constatar que exerceu cargos administrativos ou de maior relev ncia como professora de Escola Normal ou no campo de ins pe o escolar como foi o caso de alguns autores do per odo Artur Joviano em Minas Gerais e Arnaldo Barreto em S o Paulo Sua produ o tamb m n o se estende aos livros de leitura graduada circunscrita ao livro para al fabetizar o que demonstra que Anna Cintra n o se profissionalizou como autora de outras obras did ticas FRADE MACIEL 2012 Offere o a primeira edi o deste meu trabalho ao governo de Minas
473. squisadores nacionais e internacionais ligados hist ria da escrita e da leitura mas acolhia professoras alfabetizadoras promovendo uma interlo cu o prof cua e necess ria A indaga o talvez jamais emergisse se o f rum fosse apenas o dos especialistas nem sempre instados a evidenciar a import ncia dos estudos hist ricos para a atualidade No entanto despontava como pergunta fun damental queles atores educacionais que no cotidiano enfrentam ques t es relacionadas aprendizagem do c digo lingu stico Retom la como tem tica articuladora deste Pref cio constitui se em um desafio instigante na medida em que permite percorrer os textos reunidos neste livro n o no Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs desejo de encontrar no passado resposta direta aos impasses do hoje mas na oportunidade que lan a de visitar o ontem na rela o des cont nua que estabelece com o presente Talvez seja exatamente esta a principal pro blem tica do debate que o livro suscita compreender os intrincados fios que unem tempos remotos e dias atuais Ao se debru arem sobre as v rias modalidades hist ricas de lei tura sobre a forma dos livros ou processos envolvidos na sua produ o Roger Chartier Circe Bittencourt Eliane Peres M rcia de Paula Greg rio Razzini e Norma Sandra de Almeida Ferreira det m se no impacto que a materialidade dos impressos causa sobre os modos de ler aliviando a exces
474. ssa lei federal estabelecia tam 2 No Cap tulo I desse decreto constam os seguintes artigos Art 2 Para os efeitos da presente lei s o considera dos livros did ticos os comp ndios e os livros de leitura de classe 1 Comp ndios s o os livros que exponham total ou parcialmente a mat ria das disciplinas constantes dos programas escolares 2 Livros de leitura de classe s o os livros usados para leitura dos alunos em aula Art 3 A partir de 1 de janeiro de 1940 os livros did ticos que n o tiverem tido autoriza o pr via concedida pelo Minist rio da Educa o nos termos desta lei n o poder o ser adotados no ensino das escolas preprim rias prim rias normais profissionais e secund rias em toda a Rep blica Art 4 Os livros did ticos editados pelos poderes p blicos n o estar o isentos da pr via autoriza o do Minist rio da Educa o para que sejam adotados no ensino preprim rio prim rio normal profissional e secund rio Art 6 livre ao professor a escolha do processo de utiliza o dos livros adotados uma vez que seja observada a orien ta o did tica dos programas escolares Par grafo nico Fica vedado o ditado de li es constantes dos comp ndios ou o ditado de notas relativas a pontos dos programas escolares BRASIL 1938 2 Sobre o impacto da regulamenta o e da avalia o do livro did tico e os debates e problemas gerados poca ver o cap tulo de Estela Berto
475. storieta para alfabetizar poss vel afirmar que algumas autoras ga chas tomaram o modelo do Pri mer para produ o de cartilhas como ocorreu com Sarita e seus amigui nhos produzido ainda na d cada de 1950 Acerca do m todo da word recognition a orienta o dos te ricos americanos era que as unidades maiores frases e historietas deveriam ser introduzidas logo que o aluno fosse capaz de lidar com as palavras sem muita dificuldade e confus o A palavra era dessa forma considerada a porta de entrada para a leitura o m todo por excel ncia para o in cio do processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita Esse m todo considerava de fato a palavra como a primeira unidade de percep o de modo que o aluno deveria primeiro aprender a reconhecer v rias palavras Para Gates 1928 por exemplo era desej vel introduzir palavras que aparecessem com mais frequ ncia em sinais car tazes an ncios e similares aquelas do interesse das crian as utilizadas na literatura apreciada pelos alunos palavras conectadas aos objetos e aconte cimentos dos quais as crian as gostavam de falar de escrever e de ler A escolha das palavras que comporiam o livro de ensino da leitura era cientificamente definida segundo crit rios como entre outros configu ra o da palavra comprimento e forma combina o de letras e combina es fon ticas al m de ser recomendado que as palavras estivessem ligadas ao uso e ao gost
476. strat gias j adotadas por sua s rede s de rela es ou mesmo o modo inventivo com que modificou aquelas estrat gias visando maior efetividade das suas escolhas pr ticas AS MUITAS FUN ES QUE FIZERAM DE SARAH LOUISE ARNOLD UMA AUTORA Apenas nos seus dois primeiros livros de 1886 e 1887 n o cons tam informa es sobre as atividades de Arnold poca das suas primeiras edi es sabido no entanto que antes de responder pela supervis o das escolas prim rias em Minneapolis no Estado de Minnesota entre 1888 a 1894 teria lecionado no seu Estado natal Massachusetts bem como na Pensilv nia em New Hampshire em Vermont e em New York onde tamb m teria sido diretora de escola dito em acr scimo que teria ainda administrado uma escola de forma o de professores em Saratoga Springs no Estado de New York antes de ter se tornado supervisora de ensino ANDREWS 1943 Essas foram as primeiras atividades nas quais Arnold se destacou e s quais dedicou tempo maior da sua carreira ap s o per odo inicial de dedica o exclusiva ao magist rio de 1888 1894 supervisora das escolas prim rias em Minneapolis de 1894 1901 1902 supervisora das escolas em Boston de 5 Como n o foi poss vel solucionar com seguran a o conflito de datas constantes nos arquivos decidi pela sequ ncia 1901 1902 prov vel que as datas se refiram ao in cio e ao t rmino daquele ano letivo iniciado em 1901 e conclu do em
477. stro para n o borrar o papel Mudan as de ordem pedag gica somente puderam ser implementadas no momento em que inova es tecnol gicas surgiram como a lousa individual no Setecentos ou a caneta esferogr fica nos anos 1940 Todavia a escrita tamb m se produz como um g nero liter rio o que distingue contornos prov veis do texto No caso da escrita escolar importante considerar ainda que ela se constr i como um subg nero cujas regras de validade e os limites dos poss veis a escrever se encontram circunscritos pela cultura escolar N o se escreve sobre qualquer tem tica na escola e h constrangimentos expl citos mas tamb m impl citos sobre a maneira correta de produ o textual nas diferentes s ries e disciplinas escolares O modo de redigir uma reda o para a aula de Portugu s por exemplo n o se assemelha forma de responder narrativamente a uma indaga o feita na aula de Hist ria As maneiras de acredita o do con te do variam de disciplina para disciplina No entanto esse aprendizado 10 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA nem sempre conduzido em classe a despeito de geralmente cobrado nos exames Assim se um aluno n o responde corretamente a uma quest o ele pode n o saber o conte do mas pode tamb m n o estar familiarizado com a constru o dos enunciados em cada campo disciplinar e com a f rmula adequada de produ o textual das respostas Alguns desses aspectos s o explora
478. t m m todo de ensino globalizado e din mico em que as situa es de experi ncia a serem desenvolvi 238 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA das pelo aluno individualmente ou em grupo se apresentem integradas e em que a rela o professor aluno se redefine BRASIL 1980 p 113 Conforme os dados dispon veis em 1978 o projeto atendeu a 57 munic pios 1 405 escolas e 57 612 alunos usando esse material e evi denciando uma abrang ncia consider vel de sujeitos participantes da ex peri ncia Em termos de resultados h no documento Estudo Avaliativo ape nas uma men o no ano de 1976 57 dos professores conseguiram resultados satisfat rios seguida de uma observa o Os alunos de professo res que sic demonstraram melhores resultados que os de professores que de alguma forma apresentavam barreira ao projeto BRASIL 1980 p 114 A AVALIA O DO PROJETO Novas METODOLOGIAS A equipe da Universidade Federal de Goi s que realizou a avalia o do Projeto de Desenvolvimento de Novas Metodologias Aplic veis ao Processo Ensino Aprendizagem do 1 grau desenvolvido pelas unidades federadas no per odo de 1976 a 1978 foi contratada pelo ent o depar tamento de Ensino Fundamental do MEC A equipe foi composta pelos pesquisadores Ana Christina de Andrade Kratz Jos Luiz Domingues Lais Terezinha Monteiro e Mind Badauy de Menezes al m de v rios colabo radores Para
479. ta de profissionaliza o do trabalho do autor de livros did ticos em determinados per odos Os dados trabalhados neste artigo s o oriundos de fontes documentais encontradas em livros de leitura car tilhas ou pr livros de correspond ncias do Arquivo P blico Mineiro que O termo pr livro uma designa o dos livros de alfabetiza o que foram produzidos no Brasil com base no m todo global O material impresso apresenta caracter sticas espec ficas como folhas soltas que v o sendo distribu das e compiladas medida que os contos ou hist rias s o apresentados at compor o conjunto de 266 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA mencionam rela es comerciais compras e vendas de livros al m de ou tros estudos bibliogr ficos Para o per odo posterior a 1950 s o utilizadas entrevistas com autoras concedidas a partir de um projeto de hist ria oral Tendo em vista esses pressupostos este artigo visa a tratar de al guns aspectos referentes rela o dos autores com o mundo editorial e problematizar as rela es que autores mineiros desenvolvem no cen rio educacional e o modo como s o recrutados ou mobilizados para a pro du o de suas obras considerando as redes de sociabilidade as reformas educacionais os movimentos pedag gicos e outras motiva es pessoais partindo das seguintes indaga es a Em rela o ao contexto educacional As cartilhas produzidas entre o final do s culo
480. ta do edu cador e intelectual brasileiro Esse m todo de an lise permite abordar a identidade dos documentos em sua natureza e especificidade ou seja os documentos s o textos assumidos como ponto de partida e de chegada do processo interpretativo que materializam um projeto discursivo concebido executado e avaliado por um sujeito que a partir de certas necessidades movido por certos objetivos sobressaltado pelas conting ncias e mediado pela linguagem em determinadas condi es hist ricas e sociais escolhe dentre as poss veis e conhecidas as op es de dizer escrever o que precisa escrever para outro s MORTATTI 2000 p 14 15 Reflex es sobre esse m todo de an lise se encontram tamb m no cap tulo de Maria do Ros rio Longo Mortatti que integra este livro N O 248 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA At fins do ano de 1938 a disparidade de crit rios na aprova o e ado o de livros did ticos pelos Estados Territ rios e Distrito Federal n o permitiu o desenvolvimento regular da ind stria livreira do pa s sabido como que falta de normas gerais disciplinadoras existiam inter sses menos confess veis j porque se estavam introduzindo nas escolas livros de car ter desnacionalizador especialmente nas zonas de imigra o j tamb m porque a pr tica de ado o de livros por agentes de administra o poderia determinar a prefer ncia de certos e determinados t tulos
481. ta no curso prim rio Com primeiras edi es publicadas nas d cadas de 1940 e 1950 com circula o at pelo menos a d cada de 1970 por editoras poca proemi nentes na edi o de livros did ticos em conson ncia com as orienta es oficiais e pol ticas educacionais esses manuais de ensino colaboraram para processos de constitui o institui o transmiss o e perpetua o de um conjunto de saberes considerados necess rios para a forma o e atua o de professores prim rios N o por m como mera transposi o did tica CHEVALLARD 1991 de saberes cient ficos mas como constituintes de saberes criados no mbito de disciplinas curriculares e integrantes de uma cultura escolar at hoje atuante nas pr ticas de ensino de leitura e escrita no Brasil constitui o desse campo de pesquisa Relacionados mais especificamente com o campo da hist ria da alfabetiza o podem se destacar Projeto Mem ria da leitura coordenado por Marisa Lajolo e M rcia Abreu junto ao Ins tituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita CEALE sediado na Universidade Federal de Minas Gerais e dirigido atualmente por Isabel C A S Frade Grupo de Pesquisa Hist ria do ensino de l ngua e literatura no Brasil GPHELLB sediado na Uni versidade Estadual Paulista Unesp campus de Mar lia e coordenado por Maria do Ros rio L Mortat
482. tate College of Home Economics da Cornell Univer sity considerada dos nomes mais relevantes no implemento da Economia Dom stica Para melhor expressar os pontos de vista de Sarah L Arnold sobre o lugar da mulher na nova ordem norte americana e qui mundial Andrews transcreve um trecho significativo do discurso de posse de Ar nold quando assumiu a presid ncia da AHEA express o lapidar do que se pode considerar como moderniza o conservadora 5 Aquele Comit inclu a os presidentes da Carnegie Corporation e da Stanford University como membros ex officio al m de Herbert Hoover ent o Secret rio do Com rcio Julius Barnes ex Presidente da U S Grain Corporation Dr William M Jardine Presidente do Kansas State Agricultural College J P Howard Presidente da American Farm Bureau Federation Sarah L Arnold Dean Emerita do Simmons College e George Roeding ex membro da California Horticultural Commission 16 No Journal of Home Economics foram localizados muitos artigos de Sarah L Arnold de B Andrews e de D Snedden 70 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Nos anos de 1910 Arnold abriu uma nova frente de atua o tra balhando junto ao Girl Scouts of the United States of America GSUSA agremia o criada em 1912 A nova frente com o escotismo feminino em nada exigiu de Arnold afastamento da sua rela o ntima com a Economia Dom stica Em 1920 as Girl Scouts publicam uma colet nea reimpress
483. tenha havido questionamentos sobre a legitimidade dessa lei as comiss es estaduais continuaram a existir durante os anos de 1950 concomitantemente exist ncia da CNLD FILGUEIRAS 2008 Nesse mesmo ano a CBL endere ou ao Presidente da Rep blica Get lio Vargas e ao Ministro da Educa o e Sa de Ernesto Sim es Filho um memorial em que indicava quest es as quais considerava atuais sobre o livro di d tico reivindicando a aten o da presid ncia e do minist rio para o assunto De acordo com a CBL o pre o dos livros did ticos brasileiros n o vinha acom panhando o aumento dos pre os de produtos industriais ou similares ao livro como o jornal Estes segundo a CBL tiveram aumentos entre 380 e 900 enquanto aqueles n o ultrapassavam o aumento de 250 Em vista disso a entidade reivindicou a manuten o do Decreto lei n 1006 em particular no que tange livre e leal concorr ncia entre editores e livreiros na produ o do livro did tico no Brasil condenando a ado o do livro nico pertinente apenas em pa ses de regime totalit rio a fim de sustentar que era esse tipo de concorr ncia que vinha permitindo pre os mais baixos para os livros did ticos Em acr scimo solicitou cautela quanto a reformas nos programas ou ortogr ficas que gerariam perda de estoque Um r pido levantamento feito pela C mara Brasileira do Livro entre as maiores empresas editoras revelou a exist ncia de cerca de 6 m
484. terminado tipo de circula o utiliza o e repercuss o Para expans o do conceito de configura o textual ver Magnani 1993 e Mortatti 20004 Reflex es sobre outros manuais de ensino podem ser vistas no cap tulo de Maria Teresa Santos Cunha que integra este livro N O 5 Emprego aqui o termo cultura escolar entendido como certos conte dos cognitivos e simb licos que selecionados organizados normatizados e rotinizados sob o efeito dos imperativos de didatiza o constituem 200 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA MANUAL DE ENSINO UM TIPO DE LIVRO DID TICO Sob a denomina o gen rica livro did tico podem se distin uir diferentes tipos desse objeto multifacetado que se apresenta como guir diferentes tipos d bjet ltifacetado q t nero textual impresso suporte de conte do educativo e instrumento 8 pedag gico dirigido por indica o expressa do autor ou da editora ou por funcionamento uso como tal utiliza o nos diferentes n veis e modalidades de ensino No que se refere especificamente ao ensino de leitura e escrita no curso prim rio no Brasil podem se distinguir dois tipos b sicos de livros com finalidades did ticas aqueles destinados utiliza o por parte dos alu nos e aqueles destinados utiliza o por professorandos alunos dos cursos de forma o de professores prim rios Dentre os do primeiro tipo t m se os que r
485. th Cathe BS j letters and phonograms and giving 1915 Syracuse New York Iro eke practice in word getting world quois Co Inc Southworth Edward ee a 3 building word writing and clear Franklin i speaking Arnold Sarah Louise poe Ee Cadie Manual for teachers to accompany 1915 Boston New York Chicago Southworth Edward Franklin The See and Say Series book three London Ginn amp Co 90 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Mastery of words Book Four of The See and Say Series A Series of Lessons Based Upon the Ordinary Essential Vocabulary to Secure for the Pupil 1916 Syracuse New York Iro Prompt Recognition of Words Accu quois Co Inc rate spelling and the Power to Help Himself in the Study of Words com plete edition Arnold Sarah Louise Mastery of words Book One a cour se in spelling arranged for grades The a series of lessons based upon the ordinary essential vocabulary to 1916 Syracuse New York Iro secure for the pupil prompt recogni 1918 quois Co Inc tion of words accurate spelling and the power to help himself in the study of words Mastery of Words The Book Two A Arnold Sarah Louise Course in Spelling Arranged for Gra des Six Seven amp Eight Mastery of words for high schools Arnold Sarah Louise 1917 Syracuse New York Iro 1920 quois Co Inc Syracuse New York Iro Arnold Sarah Louise The 19
486. ti Projeto Mem rias da Alfabetiza o vinculado ao Hist ria da Alfabetiza o Leitura Escrita e dos Livros Escolares HI SALES vinculado Universidade Federal de Pelotas RS e coordenado por Eliane Peres ALLE Alfabetiza o Leitura e Escrita sediado na Faculdade de Educa o da UNICAMP e coordenado por Lilian L Martin da Silva 3 As reflex es apresentadas neste texto v m ampliar aspectos indicados em Mortatti 20004 e Mortatti et al 2009 Trata se de reflex es decorrentes de pesquisas desenvolvidas entre 2001 e 2009 no mbito do GPHELLSB criado em 1994 Assim como fa o sinteticamente neste texto nessas pesquisas tamb m se analisou a configura o textual de manuais de ensino que tratam do ensino da linguagem leitura e escrita ou contendo cap tulos dedicados a esse ensino Esse m todo de an lise consiste em abordar o conjunto de aspectos consti tutivos do sentido de um texto considerado como discurso os quais s o designados por meio da express o configura o textual que se refere s op es tem tico conteud sticas o qu e estruturais formais como projetadas por um determinado sujeito quem que se apresenta como autor de um discurso produzido de determinado ponto de vista e lugar social de onde e momento hist rico quando movido por certas neces sidades por qu e prop sitos para qu visando a determinado efeito em determinado tipo de leitor para quem e logrando de
487. tiva outras vezes fascinante atividade prazerosa ou recha ada controlada ou livre realizada de forma solit ria ou em grupos disseminadora de mo delos ela envolve um ritual Torn la obrigat ria como item curricular foi uma das estrat gias que a educa o escolarizada tomou a si desde os finais do s culo XIX com a propaga o dos manuais seja para transmitir ensinamentos seja para exercer controle alimentar o imagin rio e enfim construir leitores Parece ineg vel que a leitura como resposta a um di logo provocado por palavras escritas numa p gina crie possibilidades para que as pessoas se descubram se construam se fa am autoras de sua vida pela apropria o e resson ncia de textos ou de fragmentos deles e mesmo quando realizada fora da escola abram espa o para a imagina o e para descobrimentos singulares A dissemina o da leitura pelos manuais escolares j mereceu v rios estudos BASTOS 2006 BASTOS MOGARRO 2009 CARVA LHO 1998 CHOPIN 2002 CUNHA 2011 FRADE 2010 SILVA CORREA 2004 SILVA 2004 TREVISAN PEREIRA 2009 VIDAL 1999 Segundo Chopin 2002 p 14 eles foram divulgadores de no es cient ficas de m todos pedag gicos e de representa es de um compor tamento social bem como deposit rios de conte dos educativos que ti nham o papel de transmitir s jovens gera es saberes e habilidades o saber ser os quais em uma dada rea e momento foram julgados
488. tiva fixar uma fun o modelar que reafirma a escola como um ocus para aprendizagem de saberes leitores 188 HisT RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Os livros did ticos rel em se para estudar os eruditos rel em se para aprender as obras meramente liter rias que agradaram rel em se para sentir a beleza da Arte da Vida ou do Bem os livros de que n o se gostou rel em se para retificar impress es e para sobre essa nova leitura ajuizar a evolu o do nosso esp rito sempre inquieto e sequioso de perfei o VIANA 1949 p 92 O MANUAL DE MARY E PENNELL E ALICE M CUSACK COMO SE ENSINA A LEITURA Figura 2 Capa do manual Como se ensina a leitura de Mary E Pennell e Alice M Cusack 22 edi o 1942 Fonte Acervo pessoal da autora Mary Elizabeth Pennell e Alice Mattie Cusack foram respectiva mente Supervisora Escolar e Diretora do Jardim de Inf ncia e do Depar tamento Prim rio da cidade de Kansas nos Estados Unidos Esse manual originalmente intitulado How to Teach Reading foi publicado em 1924 pela Editora Houghton Mifflin ligada Universidade de Michigan No Brasil o livro foi traduzido entre 1938 1939 pela professora Anadyr Co elho respons vel pela cadeira de Pedagogia na Escola Normal de Porto Alegre e publicado pela Editora da Livraria do Globo em Porto Alegre 189 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs como segundo volume de uma Cole o intitulada V
489. tivo do Projeto Desenvolvimento de Novas Metodologias aplic veis ao processo ensino aprendizagem na rea de ensino de 1 grau SE QF 1975 a 1978 Trata se de uma vigorosa avalia o realizada por uma equipe interdisciplinar da Universidade Federal de Goi s 227 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs a respeito da implanta o do Projeto Novas Metodologias doravante PNM em todas as unidades federadas O trabalho que foi contratado pelo Depar tamento de Ensino Fundamental do MEC veio a p blico em 1980 cont m 202 p ginas e escrutina as a es de todas as unidades federadas Para efeitos deste artigo realizei um recorte apresentando uma an lise de material produzido por apenas tr s estados brasileiros Mato Gros so Piau e Rio de Janeiro Em uma primeira categoriza o de todo o material recolhido pude constatar a presen a das muitas facetas da alfabetiza o SOARES 1985 p 19 na elabora o de tais materiais Mato Grosso produziu uma cartilha num contexto em que a nfase foi no aspecto lin gu stico Piau igualmente produziu uma cartilha mas a nfase recaiu no m todo Rio de Janeiro produziu um material cuja nfase foi o curr culo Marto GROSSO E A CARTILHA REGIONAL ADAPTADA REALIDADE LINGU STICA DA CRIAN A No estado do Mato Grosso o PNM em seu primeiro ano 1975 atuou de forma t mida Com uma equipe de apenas tr s professoras na Se cretaria de
490. to GRAFE 1990 p 35 Em que pesem perman ncias hist ricas de concep es e represen ta es a hist ria da alfabetiza o tem o m todo em seu centro Percebe se que Em diferentes momentos hist ricos diferentes sujeitos movidos por diferentes urg ncias sociais e pol ticas sempre alegando se basear nas mais modernas verdades cient ficas passaram a apresentar vers es de seu presente e de seu passado recente acusando de antigos e tradicionais os m todos ent o utilizados e propondo em sua substitui o novos e revolucion rios m todos de alfabetiza o MORTATTI 2009 p 94 A partir desta premissa pergunto o que h de novo no movi mento de elabora o de materiais do PNM Seria ind cio de novo na cartilha Ada e Edu a insist ncia do grupo em focar o sistema de escrita de forma sistem tica mesmo que na ocasi o considerado c digo O fato de o material falar em vogais orais e nasais e sugerir mesmo que ao final do livro o trabalho com textos tam b m pode ser avaliado como avan o para um material elaborado na d cada de 1970 Ainda que defenda a ideia de apresenta o gradual da l ngua ressaltando se as diferentes composi es sil bicas Ada e Edu se diferencia das outras cartilhas suas contempor neas medida que sugere o trabalho concomitantemente de duas s labas diferentes e por vezes duas palavras chave Isso seria um avan o 242 HIST
491. to de Mi cisco Campos L cia Casasanta nas Gerais 1927 28 Professora da Cadeira de L ngua Portuguesa Programa de As Magdala Lisboa Bacha Professoras de Ensino Prim rio e Departamento sist ncia Brasilei ro Americano do Ensino Elementar 1956 1964 com influ ncia at a d cada de 70 Maria Yvonne Atal cio de Linguagem do PABAEE I da Dias da Silva Cargos administrativos na Secretaria de Educa o DAP Therezinha Casasanta Professora educadora assistente das classes prim rias de demonstra o e Centro de Artes Gr ficas do PABAEE Maria Serafina de Freitas Professora Inspetora Secret ria de Educa o do munic pio Elisa Barb Professora de curso de Pedagogia do Instituto de pic Educa o de MG e t cnica de SEE Belo Horizonte Helena Jorge Sem dados Quadro 2 Rela es dos autores com o Estado Minas Gerais Fonte Elaborado pela autora 270 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Dados de entrevistas evidenciam uma intensa rela o que v rias autoras passam a estabelecer desde fins da d cada de 1930 com a influ n cia intelectual de Lucia Casasanta No que concerne s posi es ocupadas por cada um dos autores na esfera intelectual e pedag gica h desde pro fessoras e sujeitos sobre os quais n o temos informa es at intelectuais e t cnicos que participaram de movimentos definidores da produ o de livros em Minas Ge
492. to de educa o Peixoto Gomide de Itapetininga 1953 1975 2003 64 f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Facul dade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2003 SAVIANI D Hist ria da forma o docente no Brasil tr s momentos decisivos Educa o UFSM Santa Maria v 30 n 2 p 1 26 jul dez 2005 220 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA SILVA V B Hist ria de leituras para professores um estudo da produ o e cir cula o de saberes especializados nos manuais pedag gicos brasileiros 1930 1971 2001 243 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade de S o Paulo S o Paulo 2001 TREVISAN T A Hist ria da disciplina Pedagogia nas escolas normais do estado de S o Paulo 1874 1959 2011 222 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2011 Um estudo sobre Pr ticas Escolares 1940 de Ant nio D vila 2003 66f Trabalho de Conclus o de Curso Gradua o em Pedagogia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Universidade Estadual Paulista Mar lia 2003 221 PROJETO NOVAS METODOLOGIAS A PRODU O MATERIAL DA ALFABETIZA O NOS ANOS 1975 1979 NO BRASIL Cancionila Janzkovski Cardoso INTRODU O Be estudo est inscrito na hist ria da alfabetiza o campo ca racterizado por Frago 1993 p 81 por meio do
493. to de seus livros te rem sido amplamente adotados em diferentes redes de ensino dos Estados Unidos o que se pode atestar por edi es em que aparecem refer ncias aprova o de conselhos de educa o de Estados muito distantes entre si como Massachusetts e Calif rnia Al m disso ela foi muito especialmente cuidada pelas editoras com destaque Silver Burdett and Co a qual lhe 35 Monaghan 1994 enfatiza ainda do per odo Ellen Cyr e Rebecca Pollard Sobre Ellen Cyr encontramos um artigo interessante de Arlene Barry s d Ellen Cyr Forgotten author of a Best selling reading series A respeito de Cyr ele escreve Ellen Cyr 1860 1920 foi uma professora em Cambridge Ma durante os anos de 1880 Enquanto sua ocupa o n o era incomum Cyr foi nica porque foi a primeira mulher na hist ria ameri cana a ter um amplo n mero de s ries de leitura vendidas com o seu pr prio nome Ela come ou a sua carreira de autora produzindo o Interstate primer and first reader publicado pela Interstate Publishing Company em 1886 que foi revisado pela Ginn em 1891 com o titulo Children primer and first reading e nos anos seguintes como Cyr Readers O artigo merece a leitura completa porque ajuda a situar Cyr naquele ambiente inicial do mercado livreiro industrializado 81 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs deu todas as facilidades para tradu es e adapta es em outras l nguas e para
494. tra o Escolar As informa es contidas neste t pico foram extra das de Carvalho 2001 onde se tem estudo sobre Santos e o manual No es de metodologia do ensino prim rio 207 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs Em rela o s metodologias da leitura e da escrita ap s breve ex posi o sobre a evolu o hist rica dos m todos de ensino Santos defende o m todo anal tico que considerava um aperfei oamento do m todo proposto pelo professor franc s Joseph Jacotot 1770 1840 no livro Ensi no universal da l ngua materna 1818 O autor destaca tamb m a import ncia de despertar na crian a a motiva o o interesse pela leitura assim como a necessidade de o profes sor procurar se ajustar s caracter sticas e capacidades de cada aluno Para a sele o do m todo para o ensino da leitura e da escrita Santos 1967 afirma que tr s argumentos devem ser direcionadores o psicol gico o pe dag gico e o fisiol gico Enfatiza ainda a necessidade de utiliza o dos testes ABC de Louren o Filho Metodologia da linguagem de Orlando Leal Carneiro 1893 1977 foi publicado presumivelmente em 1951 pela Editora Agir RJ como volume 1 da Biblioteca de Cultura Pedag gica A 22 edi o revista e melhorada com pref cio de Theobaldo Miranda Santos foi publicada em 1955 e a 32 edi o em 1959 Figura 4 Capa de Metodologia da linguagem de Orlando Le
495. tre os dias 08 e 10 07 2013 e tamb m promovido por essa Associa o Al m de aux lio financeiro da ABAIf da FAPESP e da FAPEMIG a realiza o de ambos obteve apoio de universidades copromotoras e do CEALE Centro de Alfabetiza o Leitura e Escrita da Faculdade de Educa o da Universi dade Federal de Minas Gerais a qual foi escolhida como sede dos eventos em homenagem Presidente de Honra da ABAIf Magda Becker Soares Professora Em rita da Faculdade de Educa o dessa universidade Com o tema geral A constitui o do campo da hist ria da alfa betiza o no Brasil a primeira edi o do evento ocorreu em setembro de 2010 na Unesp Universidade Estadual Paulista campus de Mar lia SP Brasil Foi promovida pelo GPHELLB Grupo de Pesquisa Hist ria do Ensino de L ngua e Literatura no Brasil e pelo Programa de P s Gradua o em Educa o dessa institui o tendo obtido aux lio financeiro da FAPESP e da Unesp Dentre os principais resultados daquele even to destacam se a aprova o na Plen ria Final da proposta de cria o da ABAIf e a publica o do livro Alfabetiza o no Brasil uma hist ria de sua hist ria Cultura Acad mica Oficina Universit ria 2011 que conquis tou o 1 lugar na categoria Educa o 54 Pr mio Jabuti 2012 da C mara Brasileira do Livro Da segunda edi o do evento participaram al m de pesquisa dores vinculados a diferentes prog
496. truc o secundaria com a denomina o de Collegio de Pedro II e outras disposi es Desde ent o o Col gio Pedro II como hoje denominado passou a ser o nico estabelecimento de ensino secund rio do pa s e mais 322 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA tarde o modelo a ser seguido por demais institui es que pretendessem obter a chancela do col gio equiparado Era lugar de elite por excel ncia porta do estabelecimento formava guarda de honra S bito rodar da carruagem quadrupedar de cavalaria vozes do capit o comandante da guarda apresentar armas som de Hino Nacional Chegava o Imperado recebido porta pelo reitor vice reitor e lentes conduzidos ao Sal o Nobre Sua Majestade cumprimentado e cumpri mentando Tomava assento no trono ao lado da Imperatriz e o ato principiava pelos coros de alunos entoando o Hino da Independ ncia Procedida se chamada dos premiados do primeiro ao s timo ano Iam buscar recompensas nas m os do Imperador e da Imperatriz a am bos apresentados os pr mios em salvas de prata trabalhada Os novos bachar is dirigiam se para casa no famoso coup de cavalos brancos n o sem se demorar alguns na entrada do Col gio para serem melhor contemplados DORIA 1937 apud GASPARELLO 2004 p 31 Os bachar is assim formados segundo a descri o de Escragnolle Doria em Mem ria Hist rica do Col gio de Pedro II edi o original de 1937 tinham vaga assegurad
497. u o ao longo do processo da educa o escolar dos tempos modernos mas tendo como princ pio norteador a necessidade de formular sua distin o quanto aos demais impressos Como pois caracte rizar o livro escolar que tem sob uma apar ncia ilus ria uma parti cular complexidade O entendimento da natureza e das m ltiplas facetas do livro di d tico esteve presente no decorrer de suas pesquisas podendo se constatar por meio de seu ltimo artigo publicado em 2008 Le manuel scolaire une fausse vidence historique a perman ncia da pergunta o que um livro did tico Alain Choppin apresenta ent o aos leitores talvez com a pretens o de finalizar sua grande quest o a natureza singular dessa litera tura educacional O livro escolar pode ser compreendido sob quatro perspectivas inicialmente pelas designa es que s o empregadas para identific lo ma nuais did ticos comp ndios livros de leitura cartilhas catecismos antologias floril gios livro do aluno manual do professor por interm dio das quais se entendem suas fun es pela identifica o das fronteiras entre livros escolares e categorias editorais vizinhas tais como os livros de literatura infantil e juvenil os catecismos religiosos pelo suporte material aspectos de difus o e formas de utiliza o e pelas quest es sobre tipologia e catego riza o em constante muta o que variam entre os diferentes pa ses
498. ualmente a estudar a fazer exerc cios nele Os sentidos aparecem circunscritos ao campo da afetividade sendo marcados pela lembran a de algu m especial um familiar de um tempo inf ncia de um modo de ler Tamb m aparecem circunscritos ao campo da valoriza o desse objeto que nico especial que n o pode ser perdido e nem esquecido por muito tempo Em um gesto individual uma hist ria do ensino da leitura e da escrita desse tipo mostra que preservada ou revisitada mais por a es in tencionais e institucionais de registro de mem ria de uma cultura atrav s da perpetua o dos seus objetos os livros Livros did ticos como esses subsistem no tempo porque n o s o considerados como um livro me nor ef mero em sua utilidade nem s o vistos como algo exclusivamente vinculado ao tempo de escolariza o com prazo de validade determinado ao contr rio de tudo isso s o tidos como algo precioso digno de ser guar dado para os filhos e netos Em seu trabalho Costa 2012 reunindo e catalogando um acer vo de material impresso doado ao nosso grupo de pesquisa Alfabetiza o 129 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs Leitura e Escrita depara se com um bilhete colocado junto a alguns livros escolares presos por uma fita de tecido Figura 1 Bilhete manuscrito Fonte Acervo ALLE FE Unicamp Nesse bilhete a autora reconhece o car ter de d
499. uardadas as diferen as no uso de cores e na t cnica das ilus tra es os projetos gr ficos desses livros incluem sempre a imagem um importante recurso gr fico do m todo uma vez que ela possibilitaria a interpreta o de modo a levar o leitor iniciante a identificar mais facil mente as palavras e frases e desenvolver a leitura corrente na perspectiva da word perception A identifica o do aprendiz com os personagens tamb m era uma ideia que orientava a produ o did tica para o ensino da leitura Por consequ ncia as li es geralmente apresentam as crian as personagens os animais personagens a fam lia os amigos fazendo algo divertido inusitado participando de alguma aventura A vida cotidiana incluindo as tarefas dom sticas tema recorrente nesses livros torna se algo pra zeroso e solid rio embora a m e seja por excel ncia a figura do lar ssim as imagens eram guiadas pela ideia de que no ensino da leitura pelo m todo da word recognition a identifica o do aluno com a ilustra o exibida reverteria em processos mais r pidos eficientes e qualificados de aprendizagem Nas primeiras li es como exemplifiquei anteriormente asso ciam se imagens e palavras isoladas primeiramente os personagens para posteriormente se apresentar imagens seguidas de frases que eram sempre como afirmei compostas das palavras apresentadas primeiramente de for ma isolada organiza o da imagem e
500. ue estudar a hist ria da alfabe tiza o campo no qual o presente trabalho est inserido sup e compre ender a interse o entre os artefatos culturais existentes na escola entre 96 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA eles os livros did ticos e as proposi es planos e iniciativas culturais educacionais e pedag gicas e acima de tudo os projetos sociais que se revelam nos livros escolares Trata se segundo Luke 1988 de fazer uma esp cie de an lise do discurso uma vez que os dados prim rios s o documentais nos estudos desse tipo Desse modo para o autor um dos primeiros passos em pesquisas dessa natureza reunir os artefatos de alfabetiza o descrevendo seus contextos e usos sua distribui o espacial e temporal quem os produziu etc Contudo o estilo interno tamb m pode ser considerado parte do contexto do texto e sua an lise requer uma nfase na estrutura e no estilo dos discursos e nas rela es intertextuais LUKE 1988 p 15 Em resumo na perspectiva desse autor na an lise dos materiais de alfabetiza o devem ser observados status estilo estrutura e conte do dos textos como eles foram produzidos por quem e de acordo com que pressupostos dominantes sobre a alfabetiza o os alfabetiza dos e o ensino e a aprendizagem da leitura LUKE 1988 p 16 fundamental portanto compreender o livro did tico como um artefato que ao mesmo tempo cultural ec
501. uisadores da hist ria da alfabetiza o da hist ria da educa o e reas afins professores e estudantes de gradua o e p s gradua o alfabeti zadores e demais professores e gestores da educa o b sica objetivando avan os no cumprimento do nosso compromisso hist rico a partir da avalia o do j feito compartilhada com diferentes gera es e grupos de protagonistas identificar o que ainda faz falta formular novos problemas e novos objetos 18 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA de investiga o e buscar por meio do debate e de a es rigorosos e conse quentes os caminhos para dar conta do muito que ainda h por compreen der e fazer em rela o aos desafios do ensino da leitura e da escrita a crian as jovens e adultos no Brasil Agradecemos a todos que colaboraram para a realiza o deste livro em especial ABAIf Associa o Brasileira de Alfabetiza o e FAPESP Funda o de Amparo Pesquisa do Estado de S o Paulo pelos aux lios financeiros concedidos Comiss o Permanente de Publica es da Faculdade de Filosofia e Ci ncias da Universidade Estadual Paulista Unesp campus de Mar lia e Editora Unesp pelo aceite da proposta de publica o a Maria Rosangela de Oliveira Assessora T cnica da Comiss o Permanente de Publica es pelo acompanhamento incans vel das diferen tes etapas de produ o editorial Mar lia SP Belo Horizonte MG janeiro de 2014 Mari
502. uldade de Filosofia Santa rsula e na Escola de Comando e Estado Maior do Ex rcito e como professor titular nas seguintes institui es Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Faculdade de Servi o Social do Distrito Federal Foi presidente da Associa o Brasileira das Escolas Normais na d cada de 1960 al m de presidir o 1 Congresso Brasileiro de Ensino Normal realizado no Rio de Janeiro Sua produ o bibliogr fica foi significativa sobretudo a de manuais de ensino Teve publicados uma cartilha quatro compila es de legisla o educacional 19 manuais de ensino e alguns artigos em peri dicos Era o representante da Escola Viva vertente cat lica da Escola Nova As informa es apresentadas neste t pico foram extra das principalmente de Francisco 2006 onde se encontra estudo preliminar sobre Amaral Fontoura e o manual Metodologia da Linguagem 209 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs a 114 122 e 132 edi es em 1966 a 142 152 e 162 edi es e em 1971 a 182 edi o provavelmente a ltima Assim como os manuais de Orlando Leal Carneiro e Theobaldo Miranda Santos Metodologia do ensino prim rio de Afro do Amaral Fontou ra integrava uma cole o a Biblioteca Did tica Brasileira s rie I Escola Viva Dirigida pelo autor do manual a cole o tinha como objetivos ensi nar ao professor o que fazer e tamb m most
503. um recenseamento sobre livros did ticos franceses preservados na Biblioth que Nationale e no acervo do INRP E foi por interm dio desse trabalho que se transformou em historiador dos livros did ticos Suas inda ga es iniciais se tornaram o embri o de uma densa e inovadora pesquisa sobre a hist ria dos livros e das edi es escolares SOBRE O CONCEITO DE LIVRO DID TICO Alain Choppin no decorrer das d cadas de 1980 e 1990 desenvol veu um arcabou o te rico e metodol gico para o entendimento desse objeto aparentemente banal o livro did tico uma obra desprezada at ent o por muitos historiadores assim como por muitos dos estudiosos da educa o Em um artigo de 1980 Lhistoire des manuels scolaires une approche globale com base em levantamento bibliogr fico sobre o tema apresentou as tend ncias das pesquisas constatando que majoritariamen te eram analisados os conte dos das obras das diversas disciplinas cur riculares do ensino prim rio e secund rio Mas al m de observar uma abordagem limitada sobre o tema destacou que tais estudos revelavam aspectos incompletos quanto concep o do livro did tico concebido quase que com exclusividade como ve culo da ideologia das classes domi nantes Contrariando essa concep o reducionista Alain Choppin pro p s ent o uma amplia o na forma de analisar esse material did tico de maneira a consider lo para al m de seu car ter ideol gico buscan
504. umentos do trabalho tentando explicar as influ ncias do pensamento norte americano na produ o ga cha de cartilhas nos anos de 1960 PERSPECTIVAS DE INVESTIGA O DA COLETA AN LISE DOS DADOS Para Luke 1988 as pr ticas hist ricas de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita devem ser analisadas considerando se os contextos socioculturais mais amplos nas quais essas pr ticas est o inseridas Essa ainda a raz o pela qual importante compreender para o caso do Rio Grande do Sul as pol ticas e as rela es entre COLTED MEC USAID editoras autoras CPOE escolas de forma o etc ou seja os sujeitos e as institui es envolvidas na produ o de livros para a alfabetiza o no per odo em quest o Para o autor mencionado definir historicamente a qualidade da alfabetiza o envolve a reconstru o hist rica do que se tornar alfabetiza do com base nos existentes artefatos textuais LUKE 1988 p 15 Nesses artefatos que s o tamb m e fundamentalmente culturais aqui no caso as cartilhas preciso observar os pressupostos conceituais as pol ticas e as defini es editoriais e gr ficas em conjunto com as pol ticas mais amplas os projetos de escolariza o as intencionalidades pedag gicas as concep es did ticas possibilitando assim refletir sobre os sentidos da alfabetiza o e de ser alfabetizado em um dado momento hist rico Nesse sentido parto da ideia de q
505. us nomes incorporados nos t tulos das s ries Para Monaghan 1994 p 32 al m disso est claro que mesmo antes da virada do s culo as mulheres tinham um virtual monop lio sobre a autoria dos primers mesmo quando os readers que seguiam nas s ries eram escritos por homens May Kirk por exemplo escreveu Baldwin Primer 1899 para a School Reading by Grades de James Baldwin 1897 Depois de 1900 a vasta maioria de novos primers foram escritos por mulheres Esse reconhecimento das qualifica es especiais das mulheres para ensinar as crian as menores pode ter se estendido para duas outras reas instru o para alfabetiza o de n o falantes do ingl s e para alfabetiza o do adulto Por conseguinte parece que as mulheres n o sofreram diretamente com as disputas de m todos que afetavam as primers e os livros de leitura destinados s s ries elementares Todavia tendencialmente foram afetadas de forma negativa pelas disputas provocadas pelo movimento de reforma liter ria e lingu stica do in cio do s culo XX porque envolviam conheci mentos superiores em rela o aos que a maioria das mulheres detinha ou seja que ainda n o tinha tido acesso universidade pesquisa e aos t tulos de doutorado Com isso muitos dos livros mais avan ados de literatura que completavam as s ries graduadas eram escritos por homens em muitos casos com assist ncia de mulheres apenas para a escolha dos temas das li es
506. usava ela folheou estoicamente p gina por p gina os volumes da Collec o das Leis do Imp rio do Brazil al m de redigir um competente relat rio que serve de base para este texto cujos devaneios n o lhe podem ser atribu dos Posteriormente o trabalho ser completado com os dados referentes a de mais per odos at os dias recentes para compor um cap tulo do livro que Circe Bittencourt est organizando sobre livro did tico no Brasil Pesquisar a legisla o relativa ao livro did tico requer algumas de fini es pr vias Por livro did tico adota se aqui a defini o utilizada no projeto Educa o e Mem ria organiza o de acervos de livros did ticos coordenado por Circe Bittencourt e financiado pela FAPESP Livros escolares ou livros did ticos s o todas as obras cuja inten o original explicitamente voltada para o uso pedag gico e esta inten o manifestada pelo autor ou editor Nesta concep o se inserem al m dos livros did ticos mais comuns tamb m denominados de comp n dios ou manuais escolares as obras conhecidas como paradid ticas co let neas de literatura produzidas para as escolas e ainda Atlas dicion rios especialmente editados para uso pedag gico UNIVERSIDADE DE S O PAULO 2005 p 7 317 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Outra defini o necess ria o que uma lei sobre o livro did tico Em primeiro lugar obviamente s
507. usos espec ficos das novas t cnicas a apropria o por parte das empresas mais poderosas do controle sobre a constitui o e difus o das bases de dados ou da produ o e circula o da informa o ou mesmo da constitui o de um p blico universal definido pela participa o de cada um de seus membros na constru o coletiva dos conhecimentos ou o in 35 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE OrGs terc mbio de ideias discursos e sentimentos A comunica o dist ncia livre gratuita e imediata que a rede permite pode dar realidade a qualquer dessas virtualidades Assim a grande convers o digital do presente pode levar perda de toda refer ncia comum separa o radical das identidades exacer ba o dos particularismos Ao contr rio pode impor a hegemonia de um modelo cultural nico de uma l ngua dominante e a destrui o mutila dora das diversidades CHARTIER R 2004 Todavia pode igualmente produzir uma nova modalidade de constru o e comunica o do saber fundamentada no interc mbio dos conhecimentos experi ncias e sabe dorias nova navega o enciclop dica se propicia que cada um embar que em suas naves poderia tornar plenamente realidade a esperan a de universalidade que sempre acompanhou os esfor os os quais trataram de envolver a multiplicidade das coisas e as palavras na ordem dos discursos FOUCAULT 1970 As quest es do presente vinculam se c
508. utros Pre primers e Primers pesquisados No caso das cartilhas ga chas a repeti o tamb m uma caracte r stica das cinco obras citadas mas n o de forma t o acentuada como no caso americano Para o exemplo selecionado e reproduzido nas p ginas 10 e 11 de Juca e Zaz s o utilizadas nove palavras foge Juca Zaz pega Pi l to Veludo fugiu e os artigos o e a que se repetem na li o na seguinte re corr ncia como se pode observar foge quatro vezes Juca tr s vezes Zaz duas vezes pega duas vezes Pil to duas vezes Veludo duas vezes fugiu uma vez os artigos o quatro vezes e 4 uma vez Entre as p ginas 5 at a 9 algumas dessas palavras s o usadas com a seguinte frequ ncia Juca quatro vezes Zaz duas vezes pega duas vezes Pil to tr s vezes Veludo duas vezes e o artigo o uma vez O verbo foge no presente e fugiu no passado s o apresentados nesta li o n o tendo sido empregados anteriormente H pois uma diferen a no uso e na repeti o das palavras para am bos os casos no contexto americano elas s o rigorosamente escolhidas e a repeti o observada em todas as li es at o final de cada livro e de um livro para outro nas cartilhas ga chas duas constata es i as palavras repetidas ao longo do livro s o basicamente os nomes dos personagens pessoas e animais ii as outras palavras especialmente verbos s o repetidas quatro ou cinco ve zes mas na pr pria
509. vas de sua testagem mesmo quando o autor n o se prende a descri es cient ficas desse tipo de m todo 4 Consta no manual A organiza o da presente obra teve a orienta o t cnica do Conselho desta Editora constitu do pelas professoras Nazira Abi Saber e Therezinha Casasanta t cnicas de Educa o da Divis o de Aperfei oamento do Professor DAP do Centro Regional de Pesquisas Educacionais Jo o Pinheiro 2 4 fui uma das pioneiras dessa parte e depois de mim a professora Maria Yvonne Atal cio Ara jo Ent o n s duas trabalhamos em uma institui o que se chamava Programa de Assist ncia Brasileira Americana ao Ensino Elementar Na volta dos Estados Unidos fizemos outro curso aqui no Brasil Como escrever para crian as n o me lembro bem o titulo mas o assunto era esse Eu j trabalhava com o PABAEE n s n o fizemos um curso apenas te rico ele tinha tamb m parte pr tica E na parte pr tica n s ramos obrigados a escrever algo a fim de comprovar que realmente a aprendizagem estava sendo eficiente E eu ent o como estava muito interessada em divulgar o M todo Ecl tico e no Brasil n o havia material com o qual a gente pudesse trabalhar ent o eu escrevi um pr livro intitulado O presente ele foi escrito neste curso e depois ele foi mimeografado e experimentado em uma das salas de aula da nossa escola de experimenta o Depois que foi experimentado ele ent o sofreu v rias mo
510. vel pelo fomento da produ o did tica no Rio Grande do Sul Al m da influ ncia das t cnicas educacionais do CPOE que de fendiam a ado o do m todo anal tico ou global nas escolas ga chas e eram autoras de cartilhas com essa orienta o metodol gica preciso con siderar que em mbito brasileiro havia um forte investimento em pol ticas de produ o de livros did ticos Essas pol ticas decorreram especialmente de acordos firmados entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil Ainda no final dos anos de 1950 durante a presid ncia de Jus celino Kubitschek por exemplo foi estabelecido o Programa de Assist n cia Brasileiro Americana ao Ensino Elementar PABAEE Segundo Paiva e Paix o 2002 p 8 o acordo assinado em 1956 tinha como objetivo principal a constitui o de um programa de assist ncia ao ensino prim rio Conforme as autoras tratava se basicamente de um programa que vi sava a qualifica o do professor prim rio e tinha duas frentes principais de atua o o treinamento dos professores de escolas normais e a produ o 3 Reflex es sobre esse manual tamb m se encontram no cap tulo de Maria Teresa Santos Cunha que integra este livro NOTA DAS ORGANIZADORAS 94 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA de materiais did ticos para apoio ao ensino em escolas prim rias e normais de todo o pais PAIVA PAIX O 2002 p 8 Nos anos de 1960 houve tamb
511. vistas Ao comentar sobre uma suposta premia o que seu livro teria recebido do Minist rio da Educa o I da Dias da Silva declara Em 73 eles fizeram no minist rio uma avalia o do todos os livros de di d tica e o Barquinho tirou o primeiro lugar de todos os livros de did ti ca naquela poca Por que eu fiquei sabendo Eu fiquei sabendo porque o professor Tarcisio Ferreira tinha ido a Bras lia e ele trouxe a noticia e me deu a noticia pessoalmente Depois tinha uma mo a chamada Rosi 285 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs mere uma americana que estava como assessora do Minist rio durante dois anos e ela tinha participado da avalia o E ela me contou E isto foi confirmado depois pela professora Ana Bernardes que era diretora do Departamento de Ensino Fundamental Mas isto n o saiu porque as grandes editoras isto que chegou at mim n o posso afirmar se seria verdade n o deixaram isso sair Mas eu acho que n o foram as grandes editoras que foram culpadas Porque o meu editor me disse assim Se ele tirou o primeiro lugar pior pra ele Eu falei Por qu Ele falou Porque a ele ele n o vai ser pedido pelos professores Esse dado nos faz refletir sobre as raz es pelas quais os livros mais bem avaliados no Brasil no presente n o s o os mais pedidos pelos profes sores preciso verificar como os verdadeiros usu rios dos livros explicam suas escolhas
512. www publicacoes inep gov br arquivos biobibliografia_v1_204 pdf gt Acesso em 19 out 2013 MORTATTL M R L Os sentidos da alfabetiza o S o Paulo 1876 1994 Bra s lia DF MEC INEP COMPED S o Paulo Ed UNESP 2000 311 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE Orcs MUNAKATA K Produzindo livros did ticos e paradid ticos 1997 217 f Tese Doutorado em Hist ria e Filosofia da Educa o Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 1997 NUNES C CARVALHO M M C Historiografia da educa o e fontes Ca dernos ANPED Porto Alegre n 5 p 7 64 set 1993 OSSENBACH G SOMOZA M Los manuales escolares como fuente para la historia de la educaci n em Am rica Latina Madrid UNED 2001 PERES E TAMBARA E Org Livros escolares e ensino da leitura e da escrita no Brasil s culos XIX XX Pelotas Seiva 2003 PFROMM NETTO S ROSAMILHA N DIB C Z O livro na educa o Rio de Janeiro Primor INL 1972 PUJOL A Relat rio apresentado ao Exmo Snr Dr Presidente do Estado de S o Paulo em 30 de Mar o de 1896 pelo Secretario de Estado dos Neg cios do Inte rior e Instruc o Publica S o Paulo Typographia do Diario Official 1896 RAZZINI M P G O espelho da na o a Antologia Nacional e o ensino de Por tugu s e de Literatura 1838 1971 2000 442 f Tese Doutorado em Letras Instituto de Estudos da Linguagem Universidade Estadual d
513. xist ncia nica entre os antigos objetos e gestos com novas t cnicas e pr ticas justamente uma reorganiza o semelhante da cultura escrita que a revolu o digital nos obriga a buscar Dentro da nova ordem de discursos que se delineiam gosto de pensar que o livro n o vai morrer em seus dois sentidos como objeto material particular e como obra est tica ou intelectual Parece me que n o morrer como discurso como uma obra cuja exist ncia n o est vinculada a uma forma material espec fica Os di logos de Plat o foram compostos e lidos no mundo dos rolos foram co piados e publicados em codex manuscritos e depois em livros impressos e hoje podem ser lidos numa tela Talvez n o deva morrer tampouco o livro como objeto porque esse cubo de papel com folhas como dizia Borges ainda o objeto mais adequado aos h bitos e expectativas dos leitores que 38 HIST RIA DO ENSINO DE LEITURA E ESCRITA se envolvem em um di logo profundo e intenso com as obras que os fazem pensar rir ou sonhar Podemos pensar e esperar ECO CARRI RE 2009 Mas a ver dadeira resposta n o est nos h bitos e desejos dos leitores que entraram no mundo digital a partir de suas experi ncias como leitores de livros impressos resposta pertence aos digital natives que identificam espontaneamente cul tura escrita e textualidade eletr nica S o suas pr ticas da leitura e da escrita mais do que nossos discursos que v o decidir a sobr
514. zir o pre o dos livros quando houvesse aus ncia de revendedor distribu sse gratuita mente livros did ticos nas escolas prim rias do pa s produzisse ou fabri casse livros para distribui o ou venda a baixo custo Em 1961 Louren o Filho redigiu o mencionado documento Li vros did ticos em resposta s quest es feitas pelo Minist rio da Educa o e Cultura A RESPOSTA DE LOUREN O FILHO A resposta de Louren o Filho sobre a quest o do livro did tico no Brasil no documento mencionado foi datilografada em dezembro de 1961 em dez p ginas numeradas datadas e assinadas por ele Em resposta primeira pergunta para avaliar se o livro did tico brasileiro estava altura de servir ao desenvolvimento tecnol gico para desenvolvimento econ mico Louren o Filho 1961 considerou necess rio esclarecer dois pontos um relativo ao regime de produ o e utiliza o do livro did tico no pa s e outro atinente ao papel do livro did tico no progresso tecnol gico 257 Maria DO Ros rio L MORTATTI E ISABEL CRISTINA A S FRADE ORGs Segundo Louren o Filho 1961 a quest o do livro did tico esta va condicionada quest o dos programas de ensino e normas complemen tares haja vista sua obedi ncia direta s normas oficialmente adotadas para o ensino prim rio e secund rio conforme a legisla o do livro did tico Assim para o autor a responsabilidade pelo fato de os livros did ticos n o atenderem ao

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