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Trabalho Final

1. 11 IILII Froebel e a educa o do homem reereaaresaeeaaeeaaenananaa 19 ILII Freinet e a pedagogia do bom senso e erreaeaeaaeenerreana 50 HI Cap tulo Il P s modernidade e inf ncia e reraraaea 70 ILI P s Modernidade eee aeee aeara eae aanaaanaaeaanenennaranerenreesenaso 70 IILI Algumas considera es sobre inf ncia e produ o cultural contemporanea ss tir said nn Tapa DA de dub E DMD Sado a E des aa a Rd one Raras 89 HH IH Cultura infantil m dia e viol ncia c ser eeeeereeeer erre 106 HI IV Poesia can es e literatura infantil ci ii eeeeeerererereeeeneereeaaaas 125 HI X Sobre brinquedos e brincadeiras ee eeeeeanerana 132 HI VI Inf ncia e computador e eeeeeareaaraaerarenarenereneeereees 142 HI VII A quest o do poder invade o mundo infantil publicidade e novas tecnologia S si iii RO UR DRE RR MODERNO RN RR DR Si 155 HI VIIl Algumas considera es sobre o stress infantil reenen 161 HI IX Finalizando o cap tulo o porqu dessas considera es 166 IV Cap tulo IIl Vendo e ouvindo as crian as is iieseeeeeeeaneeaeenaeeaanaaa 168 MVI Imagens deinf ncia serasa asas seres issra o eai rosa DS DAN arg o Danas NE 168 M l Vozes de INTANCIA en aet ss aids Susa a O SUS
2. Cada poca cria aquilo que a seu tempo pensa ser a mais avan ada das inven es A cria o da imprensa trouxe a exig ncia de uma aprendizagem espec fica para a leitura e a escrita o que auxiliou na diferencia o entre adultos e crian as Reservadas as particularidades das diferentes sociedades e de suas rela es com a globaliza o da economia e da cultura podemos dizer que no contexto contempor neo das sociedades ocidentais a rela o entre adultos e crian as tem sido marcada por um desconforto oriundo da imprecis o dos lugares ocupados por cada um 103 Deparamo nos hoje com uma crescente dificuldade em precisar a linha divis ria que separa a inf ncia da idade adulta por um lado percebemos a inf ncia marcada por um amadurecimento precoce adultizada envolvidas em pr ticas at ent o pr prias ao adulto quer seja a erotiza o o trabalho ou a criminalidade Por outro lado percebemos um adulto que recusa se a amadurecer Como desdobramento disso temos um esvaziamento do lugar do adulto no que se refere s suas responsabilidades frente crian a que por sua vez experimenta a controvertida aventura do virar se sozinho Pereira 2002 158 sensato atuarmos de forma militante a fim de mantermos uma rela o saud vel entre o mundo infantil e o mundo adulto aconselh vel entretanto garantirmos s crian as a propriedade de seu mundo o que n o significa a n o interven o do adulto
3. Revista ABC Educatio Rio de Janeiro Editora Criarp n 21 ano 04 2003 PEREIRA Rita M R Souza Solange J Inf ncia conhecimento e contemporaneidade In KRAMER S nia e LEITE M I org Inf ncia e produ o cultural Campinas Papirus 1998 PEREIRA Rita M R Tudo ao mesmo tempo agora considera es sobre a inf ncia no presente In Hist ria Inf ncia e Escolariza o Rio de Janeiro 7 letras 2002 326 PESTALOZZI J H Como ensefia Gertrudis a sus hijos Tradu o de Lorenzo Luzuriaga Madrid Espasa Calpe S A 1933 POSTMAN Neil O desaparecimento da inf ncia Rio de Janeiro Graphia Editorial 1999 POURTOIS P DESMET H A educa o p s moderna S o Paulo Loyola 1999 ROUSSEAU J J Em lio ou Da Educa o S o Paulo Martins Fontes 1995 Trad Roberto Leal Ferreira SANTOS Boaventura Souza Pela m o de Alice o social e o pol tico na p s modernidade S o Paulo Cortez 1995 SANTOS J F O que p s moderno S o Paulo Brasiliense 1990 SANTOS K J A GUILHERME C C F BARCELLOS A B M ALMEIDA G N DE RANGEL L C G B CAIEIRA G G Desenhos Animados e Educa o das Crian as a Transforma o dos Valores e a Cultura da Viol ncia In JIU Jornada Integrada Uniararas 18 a 22 de outubro de 2004 Anais Araras 2004 SANTOS Santa Maria Pires dos org Brinquedoteca O l dico em diferentes contextos Rio de Janeiro Vozes 1999 327 SARMENTO
4. aspecto moral destacam se por dominar aquilo que talvez fa a falta na pr tica pedag gica caracterizada como p s moderna o equil brio entre o mundo interno e exterior o comprometimento com o n vel de maturidade da crian a e a profundidade anal tica que deve fundamentar toda e qualquer pr tica pedagogia seja ela formalizada ou informal Froebel tinha plena certeza de que o homem se forma n o apenas pelo que recebeu de fora desde a inf ncia mas tamb m pelo que retirou de si mesmo Essa premissa indicada pela uni o das palavras desenvolvimento e educa o e revela se tamb m pela maneira como Froebel explica a insatisfa o dos meninos com a posse de coisas que num primeiro momento os atrai Ele escreve e discorrendo sobre as cores destaca que a satisfa o do menino n o prov m de possuir muitas coisas mas de descobrir a coes o interna das mesmas espiritualizando as O que o menino busca a unidade da vida a express o da vida a rela o vital a vida numa palavra por isso encantam no as cores vendo a unidade de suas variedades por isso gosta das cores agrupadas para chegar a conhecer a unidade interna por meio delas E como nos conduzimos nesse ponto fora a grande import ncia de semelhante impulso na poca da inf ncia Deixando abandonado pr pria sorte esse desenvolvimento que se dirige intelig ncia e ao uso das cores Damos ao menino pinturas e pincel como tantas outras coisas como aos ani
5. o de sua nova pe a Peter Pan revela as atitudes desse dramaturgo no relacionamento com as crian as da fam lia Davies Essa conviv ncia extremamente feliz rica e cheia de imagina o criando hist rias fant sticas e brincando muito Como se trata de um filme baseado em uma hist ria real temos que perfeitamente poss vel haja vista esse exemplo valorizar a inf ncia trabalhando a imagina o saud vel o brincar e atribuindo inf ncia a devida import ncia que ela merece HI VI Inf ncia e computador importante deixar claro que ao fazer a cr tica s novas tecnologias pauto me pela diferencia o estabelecida por Pierre L vy na qual ciberespa o em meu entendimento diferente de realidade midi tica embora ambas se n o trabalhadas adequadamente comprometam o desenvolvimento infantil em v rios aspectos Por isso coloco um dado importante a verdadeira ruptura com a pragm tica da comunica o estabelecida pela escrita n o pode vir luz com o r dio ou a televis o pois esses instrumentos de difus o em massa n o permitem nenhuma verdadeira reciprocidade tampouco intera es transversais entre os participantes Em vez de emergir das intera es vivas de uma ou mais comunidades o contexto global instaurado pela m dia fica fora do alcance dos que consomem apenas sua recep o passiva isolada O universal sem totalidade ess ncia da cybercultura Em seu texto Ima
6. o intelectualismo que por explica es abusivas encadeamento de id ias l gicas formais dissocia a cultura e o pensamento dos dados realistas da vida Essa vis o faz com que os pedagogos confundam os conceitos de educa o e instru o E finalmente o intelectualismo o apan gio da cultura burguesa contra a qual se deve lutar Freinet E 1979 88 Desta maneira consequ ncia quase natural desses pressupostos a afirma o freinetiana de que a educa o encontrar no trabalho seu m vel essencial Uma mensagem de extrema sensibilidade e reveladora de postura muito respons vel de Freinet precisa hoje ser retomada pelos educadores do nosso tempo Freinet ao criticar os m todos equivocados da escola tradicional n o tinha a inten o de inaugurar nenhum modismo ou mesmo de propor a necessidade irremedi vel de ades o novidade As contribui es novas precisam ser mediadas pelo bom senso do educador bem como pela situa o e pessoas envolvidas no processo pedag gico como num exerc cio de cambar sapatos novos Mant m te prudente com a novidade Nunca a procures por ela mesma mas pela melhoria que suscet vel de proporcionar ao teu trabalho e tua vida Essa melhoria depende tanto de ti como da pr pria novidade O fato novo que compraste s te ficar realmente bem quando o tiveres feito teu ajustado ao teu corpo adaptado aos teus gestos e tua maneira de ser Freinet 1973 95 Para o au
7. contexto da foto toda em preto e branco Mas interessa observar que o menino est vestido como um pequeno adulto 215 Temos nesta foto novamente a cena do beijo Numa esta o de trem uma menina e um menino devidamente vestidos como adultos beijam se na boca Tanto a menina quanto o menino est o vestidos como adultos O menino carrega uma maleta para dar a impress o de uma despedida rumo a uma viagem de neg cios As m os do menino no bolso demonstram pressa ou indiferen a diante da despedida caracter sticas normalmente observadas nos adultos Esta foto assim como as demais que retratam beijos na boca e ou outras atitudes adultas pelas crian as s o as mais procuradas e tamb m encontradas tanto em p steres como em materiais como cadernos agendas e outros destinados s crian as e tamb m aos adolescentes embora encantem tamb m os adultos 216 Esta uma das muitas imagens como j comentamos da autoria de Anne Geddes Desta vez temos o beb dentro de um saquinho de compras de supermercado entre dois outros saquinhos de flores N o se trata de montagem mas de foto real Essa representa o nos faz pensar a inf ncia tanto como um presente como uma mercadoria Talvez chame a aten o como todas as demais fotos do g nero por representar a crian a em situa es de traquinagens em contextos engra ados beb s dentro de frutas vasos enfeitados com flores sujos de guloseima
8. diretamente relacionado com a capacidade de pensar Como pensar diante de uma avalanche de est mulos Os autores dizem que um processo semelhante tentativa de tentar ligar diversos eletrodom sticos em uma s tomada E ainda Muitos adultos pensam que algo de maravilhoso aconteceu quando seu filho de tr s ou quatro anos de idade conseguiu fazer umas poucas palavras aparecerem na tela do computador mas algo igualmente maravilhoso acontece quando aquela crian a sente prazer tra ando marcas na areia constr i uma torre de brinquedo e a derruba depois ou conversa com um ursinho de pel cia Os computadores n o s o capazes de proporcionar esses tipos de experi ncias sensoriais nem podem cultivar os la os emocionais e intelectuais que se desenvolvem entre as crian as e aqueles que as ajudam a aprender Os computadores n o podem igualar se capacidade de um bom professor de inspirar interesse e motiva o no aprendizado e n o podem falar com paix o e comprometimento sobre nenhuma id ia Embora um programa de computador possa produzir uma palavra ou duas de elogio quando uma crian a d uma resposta certa o computador n o se importa se a resposta estava ou n o certa Ele sabe quando a crian a comete um erro mas n o est interessado no porqu de o erro haver sido cometido 2001 23 150 A express o corporal e o desenvolvimento sens rio motor da crian a tamb m se comprometem quando atribu mos responsab
9. mpeto de promover uma educa o nova a qualquer pre o Obt m se com a consci ncia da import ncia e da capacidade de tica para se ouvir o outro A crian a o outro e principal personagem desse estudo Penso que os educadores que n o abandonam suas ra zes modernas ficariam felizes se as crian as fossem o outro mais importante da pedagogia e se a esse outro fosse atribu do a devida grandeza capaz de coro lo a viver com esperan a de pertencer a um mundo melhor 317 VII Refer ncias Bibliogr ficas A escola e as pedagogias da ind stria cultural In Revista do Centro de Educa o Edi o 2000 vol 25 n 02 Dispon vel em http www ufsm br ce revista revce 2000 02 a4 htm ABRAHAM BEM Janusz Korczak 1878 1942 Colet nea de pensamentos S o Paulo Associa o Janusz Korczak do Brasil 2000 ALVES Z lia M M B FISCHMAN Roseli org Crian as e adolescentes construindo uma cultura de toler ncia S o Paulo Edusp 2002 ANDERSEN Hans Christian O Patinho feio S o Paulo Rideel 2000 ARCE Alessandra O jogo e o desenvolvimento infantil na teoria da atividade e no pensamento educacional de Friedrich Froebel Cad CEDES Campinas vol 24 no 62 p 9 25 abr 2004 ISSN 0101 3262 ARENDT Hannah Entre o passado e o futuro S o Paulo Perspectiva 1972 ARI S Phillipe Hist ria Social da Crian a e da Fam lia Rio de Janeiro Editora Afiliada 1981 ARMSTRONG Alison CASE
10. quais materiais de leitura fazem parte do universo infantil Essa quest o obteve como respostas das crian as da pr ne escola Azul s cartazes livros eu n o consigo gosto livrinhos de hist ria gibis leio em casa s vezes eu leio uns lbuns do pok mon bem na verdade eu n o leio nada s fico imaginando o meu irm o que l para mim leio algumas palavras e escrevo tamb m minha m e que l hist ria para mim sim leio livros gibis revistas maioria dos jornais revista de novelas Somente uma crian a fez refer ncia ao contato com material adulto no caso jornal e revista de novelas e uma crian a tamb m falou sobre o lbum de figurinhas do desenho Pokem n j comentado Das cinco crian as ouvidas quatro dizem que l em interessante que embora estejam na pr escola e no terceiro bloco de quest es tenham enfatizado ainda n o saber ler por estarem no pr nesse momento as crian as sentiram se mais vontade para afirmar que j l em embora do seu jeito As crian as da primeira s rie da mesma escola responderam sim eu gosto dos livros da Em lia pego na biblioteca gosto de ler em letra de m o mas eu n o leio muito Em casa tem s gibi sim hist rias gibis da M nica revistas de colorir de princesas Sim eu leio gibi Mais ou menos eu gosto de ler gibi Podemos observar que os gibis s o os preferidos das crian as dessa s rie
11. A pr escola Luz obteve a aprova o de todas as crian as sim gosto porque eu fa o I 4 I 4 li o eu gosto porque aprendo a ler e a escrever sim gosto muito aqui a gente brinca e faz li o sim para fazer li o aprender ler e escrever sim porque eu gosto de areia e em casa n o tem mas eu gosto de li o tamb m Interessante que todas as crian as se referiram s atividades pedag gicas como fonte de prazer duas enfatizando tamb m a possibilidade de brincar Na escola C u o gosto pela escola tamb m parece estar em sua maioria mais relacionado s tarefas escolares espec ficas e menos ao brincar Os alunos da primeira s rie responderam gosto porque na escola eu aprendo bastante e em casa eu s fa o servi o gosto porque tem brincadeira gosto de vir para aprender gosto de fazer li o gosto porque a gente aprende mais e mais educativo As respostas das crian as da segunda s rie 3 seguiram a mesma linha da primeira s rie gosto porque brinco com os amigos gosto porque sim gosto de fazer li o gosto porque aprendo mais coisas gosto porque bom aprender ler e escrever As crian as da rede p blica de ensino tanto da pr escola como das s ries iniciais do fundamental foram mais objetivas ao revelar que gostam da escola pela possibilidade de aprender coisas novas mas acima disso ler escrever e contar Isso
12. Cole o Grandes Cientistas sociais S o Paulo tica 1984 MC LAREN Peter P s modernismo p s colonialismo e pedagogia In SILVA T T org Teoria Educacional cr tica em tempos p s modernos Porto Alegre Artes M dicas 1993 MONTAIGNE M Da educa o das crian as In Ensaios Tradu o S rgio Milliet S o Paulo Nova Cultural 1996 Os Pensadores MAGALH ES Cl udio M Crian a e televis o uma rela o superpoderosa In JACOBY Sissa org A crian a e a produ o cultural do brinquedo literatura Porto Alegre Mercado Aberto 2008 MOUR O B Produ o Corporativa da cultura e produ o da inf ncia Revista de Sociologia e Pol tica Curitiba n 22 p 223 226 jun 2004 325 MORUZZI A B A escola Lumiar e a quest o da autonomia educativa Disserta o de mestrado Fundamentos da Educa o Departamento de Educa o UFSCar S o Carlos 2005 NOSELLA Paolo A escola de Gramsci S o Paulo Cortez 2004 NOGUEIRA Let cia Imagens da crian a no computador In KRAMER S nia e LEITE M I org Inf ncia e produ o cultural Campinas Papirus 1998 Notizie Troppa televisione ruba I nfanzia al nostri figli Dispon vel em www italiadona it notizie archivio 20020920d htm Novas vers es para cl ssicos infantis Dispon vel em www globo com fantastico PEREIRA Vilmar Alves O desaparecimento da inf ncia como decorr ncia da ind stria cultural
13. J as VU crian as da segunda s rie responderam Sim eu leio livros revistas n o n o gosto de ler 282 Leio apenas revistas Esta crian a quando diz n o gostar de ler parece estar se referindo leitura de livros talvez escolares porque depois justifica leio apenas revistas N o n o gosto de ler s gibis A mesma interpreta o vale para esta crian a que n o gosta de ler mas gosta dos gibis Eu n o gosto de ler Sim leio curiosidades em sites da internet M dio peguei um livro hoje Na fazenda E vejo tamb m gibi mas em casa n o s na escola Das cinco crian as ouvidas apenas uma disse gostar de ler sem fazer nenhum tipo de ressalva As crian as da pr escola da rede p blica responderam livros de hist ria minha professora e minha irm l em para mim vejo o que tem em casa mas n o sei ler sim leio bilhetes da igreja Em casa s tem revista da minha irm na escola vejo livros de historinha n o me interesso muito mas minha m e insiste muito s vezes olho gibi jornal recorto revistas Gosto de fazer li o mas n o muito de ler sim umas coisas interessantes A tia l para mim Duas crian as contaram n o gostar muito de ler e uma delas afirmou n o saber ler Outras duas disseram que s o os adultos que l em para elas um dado feliz e importante que demonstra intera o entre crian as e adultos mas preocupa pelo fato d
14. Manoel Jacinto BANDEIRA Alexandra DORES Raquel das Trabalho e lazer no cotidiano das crian as exploradas In GARCIA Regina Leite org Crian as essas conhecidas t o desconhecidas Rio de janeiro DP amp A 2002 SILVA T T org Teoria Educacional cr tica em tempos p s modernos Porto Alegre Artes M dicas 19983 SERBINO Raquel Volpato GRANDE Maria Aparecida Rodrigues de Lima org A escola e seus alunos o problema da diversidade cultural S o Paulo Editora da UNESP 1995 SILVA Marilda Alternativas para se pensar o pensar na educa o infantil crian a adulto e literatura oral In CASTRO Eder Alonso e OLIVEIRA Paula Ramos org Educando para o pensar S o Paulo Pioneira Thomson Learning 2002 SEBARROJA Jaume Carbonell et al Pedagogias do s culo XX Trad F tima Murad Porto Alegre Artmed 2003 SCIENZKA Jon amp SMITH Lane O patinho verdadeiramente feio e outras hist rias malucas S o Paulo Cia das Letrinhas 1997 SNYDERS Georges Feliz na Universidade Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 SNYDERS Georges Alunos Felizes Rio de Janeiro Paz e Terra 1993 328 TOURAINE A A cr tica da modernidade Petr polis Vozes 1999 VIT RIA Maria In s C O brinquedo e a brincadeira uma rela o marcada pelas pr ticas sociais In A crian a e a produ o cultural do brinquedo literatura Porto Alegre Mercado Aberto 2003 WOOD E M O que a agenda
15. Wood 1999 que reduzem o valor da linguagem ao mero discurso retirando todo seu car ter emancipador enquanto elo que permite compreens o entre presente passado e futuro Armstrong e Casement 2001 enfatizam que em muitos casos a linguagem num sentido mais amplo se desassocia totalmente da oralidade e em outros devido id ia de que necessariamente precisamos viver um mundo de incertezas a linguagem n o possibilita reflex o e conhecimento interior tornando se desse modo unicamente instrumental No que se refere aos meios de educa o Froebel logo explicita que a escola deve ligar se fam lia representando a uni o da escola com a vida como indispens vel para um perfeito desenvolvimento humano da crian a Nascem dessa uni o algumas exig ncias que se seguem vivificar fortalecer e formar o sentido religioso e aprender m ximas religiosas cuidado conhecimento e forma o do corpo como portador do esp rito com exerc cios adequados aprender pequenas poesias e cantos que abarquem a natureza exercitar se na linguagem para que partindo da natureza a crian a se volte para seu mundo interior exercitar se nas manifesta es externas indo do simples ao composto trabalhos manuais em papel cartolina madeira bem como modelagem de materiais macios e pl sticos exercitar se em fazer representa es por meio de linhas conhecer as cores sua exposi o sob superf cies planas pintar sobre superf cies quadriculadas jogar
16. ainda mais submetidos a estrat gias fordistas e tayloristas de mecaniza o rotiniza o e racionaliza o As desigualdades sociais existentes s o mantidas e ampliadas Abre se um novo hiato de informa o entre os produtores e usu rios das novas tecnologias e os que s o seus clientes passivos compradores e consumidores H abund ncia de informa es mas pouco interesse em corporific la em um arcabou o de conhecimentos quanto mais cultivar a sabedoria em seu uso O conhecimento e a informa o que antes figuravam entre os recursos mais p blicos e mais dispon veis na sociedade tornaram se agora privatizados foram transformados em mercadorias expropriados para venda e lucro Os instrumentos e as t cnicas podem mudar mas os objetivos e finalidades supremos das sociedades industriais capitalistas permanecem os mesmos Kumar 1998 44 De acordo com Lyotard o saber na medida em que se torna a maior for a de produ o provocar um afastamento gigantesco entre os pa ses desenvolvidos e os pa ses em vias de desenvolvimento Hoje n o difundimos mais conhecimentos pela sua import ncia pol tica e formadora mas pela mesma l gica de circula o da moeda Boaventura Souza Santos 1995 acredita que a raz o moderna se encontra desequilibrada para responder aos desafios da ci ncia contempor nea e por conta disso a p s modernidade se caracterizaria como novo paradigma capaz de abranger
17. ao sujeit la ainda supervis o de professores e pais essa mesma tipografia fechou o mundo de assuntos cotidianos com o qual a crian a convivia naturalmente na era medieval O conhecimento dos segredos culturais passou a ser uma das caracter sticas distintivas da idade adulta Neste contexto os livros de boas maneiras tornaram 292 se lugares comuns Quando o livro e a escola criaram a crian a criaram tamb m o moderno conceito de adulto E nisso se firma a tese de Postman que diz que se em nossa poca a inf ncia est desaparecendo inevitavelmente certa forma de idade adulta est desaparecendo tamb m De todo modo como a inf ncia e a idade adulta se tornaram cada vez mais diferenciadas cada esfera aperfei oou seu pr prio mundo simb lico e finalmente passou se a aceitar que a crian a n o podia compartilhar e n o compartilhava a linguagem o aprendizado os gostos os apetites a vida social de um adulto Na verdade a tarefa do adulto era preparar a crian a para a administra o do mundo simb lico do adulto Na d cada de 1850 os s culos da inf ncia tinham feito seu trabalho e em toda a parte no mundo ocidental a inf ncia era tanto um princ pio social quanto um fato social A ironia claro que ningu m notou que quase ao mesmo tempo estavam sendo plantadas as sementes do fim da inf ncia Postman 1999 65 Feitas essas considera es importante esclarecer que para Postman a id ia de inf ncia
18. cinco da primeira s rie e cinco da segunda s rie brincam tr s da primeira s rie responderam brincar com os irm os e duas com os amigos As brincadeiras mencionadas foram pega pega roda cantada esconde esconde pular el stico e boneca Das crian as da 248 segunda s rie duas brincam com amigos uma de power ranger e outra de carrinho uma crian a brinca sozinha de boneca e outras duas brincam com os parentes irm os e primos de carrinho e de qualquer outra brincadeira Nenhuma das crian as mencionou a escola como local onde brinca mesmo os que disseram brincar com os amigos n o brincam na escola Embora essa quest o n o enfatizasse o onde brincar mas com quem brincar a escola pareceu ocupar um lugar m nimo de brincadeira na rede particular e praticamente inexistente na rede p blica A quest o dois Voc gosta de brincar obteve 100 de respostas afirmativas por parte das crian as da escola particular Na pr escola as respostas foram empolgantes Sim muito Sim adoro Uma crian a enfatizou que gosta de brincar tanto em casa como na escola e uma outra pontuou que embora goste muito de brincar prefere desenhar Na primeira s rie tamb m todas disseram gostar muito e uma delas endossou brincar me deixa feliz Na segunda s rie as respostas foram afirmativas entretanto menos enf ticas sim gosto Apenas uma das crian as prolongou o assunto argumentando sim gosto Acho legal cuidar d
19. considera es e inicia esclarecendo s o conhecimento daquilo que exigido para a evolu o do homem pode conduzir nos a uma resposta adequada a essas perguntas Por m saber o que o garoto e o que lhe deve ser exigido h de partir necessariamente da observa o de suas manifesta es Froebel 2001 90 O estudo da religi o algo importante para Froebel e ao qual dedica um cap tulo da sua obra A educa o do homem associada linguagem ao estudo e ci ncia constituem o verdadeiro sentido da vida interna em Deus que realiza suas vidas como unidade individualidade e pluralidade Em decorr ncia desta vis o que o estudo da natureza tamb m se faz indispens vel para Froebel pois para ele aquilo que a religi o diz se manifesta na natureza sendo esta um livro que nos mostra intuitivamente e de uma maneira viva n o os conceitos mas as rela es das coisas Froebel 2001 102 Para Froebel a educa o deveria estar alicer ada na unidade constitu da pelo homem por Deus e pela natureza e os processos de exterioriza o e interioriza o deveriam nortear qualquer pr tica direcionada crian a seja na escola ou fora dela Caberia ao adulto perceber deste modo que toda atividade externa da crian a fruto de uma atividade interna A explora o viva e o contato verdadeiro e concreto da crian a com a natureza parece hoje em grande medida desconsiderado pela educa o As simula es e o virt
20. e que essas mesmas coisas existem descansam e vivem em Deus Por meio do ensino o mundo exterior e o pr prio aluno formam sua consci ncia como algo distinto 4 escola destaca as tend ncias pessoais das coisas particulares e suas conex es e rela es m tuas levando o menino desse modo a uma generaliza o cada vez mais ampla e a uma crescente espiritualidade Froebel 2001 86 esse caminho da vida dom stica social que faz a escola merecer essa denomina o A escola s ser escola se buscar colocar se como intermedi ria entre o aluno e o mundo exterior preservando entretanto aquilo que essencial aos dois Disto decorre a responsabilidade do professor 36 o professor da escola que sabe compreender e fazer compreender aos demais a ntima e espiritual ess ncia de todas as coisas N o h crian a n o h aluno que n o presuma espere crie e exija isso do seu professor E esse pressentimento essa confian a e f tecem o la o invisivel e eficaz que os une Em virtude desse pressentimento e confian a dessa f infantil nossos antigos professores de escola sabiam despertar a vida interna de seus alunos muito melhor que n o poucos professores atuais que ensinam aos alunos uma quantidade enorme de coisas sem saber uni las Froebel 2001 87 Mais uma vez Froebel parece fazer uma leitura para al m de seu tempo Entre as vicissitudes que o ensino de hoje vivencia encontra se a dificuldade
21. facilmente destru dos e consequentemente esquecidos Os brinquedos educam hoje para um sucessivo consumo E esse consumo vem justificado por uma falsa id ia de liberdade a pretensa liberdade apresentada nos meios de comunica o confere crian a a impress o de que ser livre poder consumir 2003 36 Vit ria 2001 nos revela que no ato de representar a vida cotidiana por meio do brinquedo que a crian a expressa seus entendimentos do universo adulto exteriorizando os de forma natural espont nea e inequ voca mas tamb m desvelando a cultura de uma poca os valores que a sustentam os costumes que a caracterizam e as manifesta es art stico religiosas de que se revestem S o os valores ticos e est ticos das classes dominantes que t m sido destacados como elementos definidores dos par metros daquilo que se entende por 135 cultura e a produ o cultural t m tradicionalmente sido pensada a partir destes par metros Assim sendo os crit rios balizadores da ind stria cultural quando do lan amento de novos produtos para o mercado infantil se pautam pelos valores ticos e est ticos das classes dominantes isto explica por exemplo o porqu de a oferta de bonecas negras sere t o pequena O brinquedo constitui boa parte da trama de conhecimentos e proje o de cultura de que nossa hist ria se reveste Portanto o significado do brinquedo para os indiozinhos ter uma representa o diferente daquela
22. ias centrais discutidas nesse trabalho E o cap tulo IV finalmente trabalhar luz das indaga es centrais propostas at o momento com a an lise das pr ticas escolares na atualidade envolvendo tanto as quest es de conte do quanto de disciplina Para elaborar esse percurso ser o fundamentais as id ias de autores como Georges Snyders Hannah Arendt Ant nio Gramsci e Neil Posman Acreditamos que a escola se consciente e comprometida continuar sendo um espa o de preserva o da inf ncia e n o de seu ep logo As Considera es Finais procurar o evidenciar as rela es estabelecidas entre os cap tulos do trabalho e tecer an lise no que se refere ao esperado a ao encontrado no trabalho Este trabalho n o se baseia em pretens es e nem em certezas absolutas pautado por esperan as e acredita nas verdades que conseguiu construir Trata se de mais uma contribui o dentre as muitas que s o constru das todos os dias Mas esta especial para mim pois me acalenta com a sensa o do dever cumprido Tenho esperan a e n o pretens o de que ele chegue a tempo de se constituir mais um dentre os instrumentos que falam em favor da inf ncia Gostaria que isso acontecesse antes que se retirasse a primeira flor Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim E n o dizemos nada Na segunda noite j n o se escondem pisam as flores matam nosso c o e n o dizemos nada At que um dia o mais
23. n o uma prov vel maldade natural do homem Isto porque 35 o homem considerado em seu aspecto material em sua natureza fisica est destinado a uma certa harmonia a um equil brio consciente e racional entre o esp rito e a mat ria entre a alma e o corpo Todos os defeitos a fonte da maldade no homem prov m de uma perturba o nas rela es entre as duas partes do homem entre o que nele muda e o que ele entre sua natureza e sua ess ncia Froebel 2001 82 O equil brio aqui sugerido por Froebel est visivelmente comprometido na atualidade A mudan a veloz de valores ticos em nosso tempo parece revelar ao homem e crian a que o equil brio entre esp rito e mat ria cede espa o aos modismos que caracterizam uma sociedade vol vel O materialismo vulgar e o consumismo invadem todas as esferas sociais atingindo todas as faixas et rias Para ser equilibrado ideal que o jovem possua convic es flexibilidade perceba a necessidade de rever suas id ias e a es e faz las al m de conscientemente apenas quando necess rio M rio S rgio Cortela 2003 Ser flex vel diferente de ser vol vel S muda de convic es e portanto de atitudes quem flex vel isto s pode mudar aquele que possui e por possuir convic es se permite transform las Ao tratar da escola Froebel esclarece que a finalidade do ensino consiste em fazer com que o aluno se d conta da unidade de todas as coisas
24. o seria apenas uma civiliza o entre outras mas o controle declinante do Ocidente sobre o resto do mundo n o o resultado de uma diminui o do impacto das institui es que ali emergiram primeiramente mas pelo contr rio o resultado de sua dissemina o global 1991 57 13 Segundo Touraine 1999 a hist ria da modernidade hist ria do progresso da raz o da liberdade e da felicidade e para este autor os iluministas tomavam a verdade como fonte de valores Mas a ideologia capitalista veiculada pelo liberalismo fez com que a autonomia da raz o humana esclarecida fosse substitu da pela raz o instrumental Touraine esclarece tamb m que o historicismo enquanto instrumento de an lise da realidade e da din mica societ ria perdeu a import ncia devido propaga o dos p s modernos segundo a qual n o podemos mais pensar a realidade em termos de desenvolvimento hist rico Segundo este autor vivemos atualmente uma forma exagerada de degenera o do modelo racionalizador da modernidade mas n o vivemos ainda uma ruptura Touraine discorda veementemente com a id ia p s moderna de destrui o dos sujeitos uma vez que n o podemos pensar em rela es sociais sem sujeitos A sociedade p s moderna que Touraine chama de sociedade programada quer reduzir o sujeito a mero consumidor Mas isso n o poss vel e aqui se encontra a rejei o de Touraine p s modernidade pois essa mesma tentativa leva
25. o t m onde ficar enquanto a fam lia desenvolve seus afazeres Da primeira s rie da mesma escola quatro crian as disseram que quem cuida delas a m e uma enfatizando que a m e s fica em casa e a outra explicando que a m e trabalha s tarde quando ela vai para a escola Apenas uma crian a disse ficar com a bab uma vez que pai e m e trabalham fora Realidade parecida com a da pr escola Na segunda s rie duas crian as disseram ficar com a m e em casa das outras tr s uma disse ficar com a av e a outra respondeu eu me cuido s mas acabou revelando ficar com o irm o mais velho a terceira contou ficar com a bab em circunst ncia especial trabalho fora junto com minha m e e meu pai L no trabalho deles eu tenho uma bab Eles fazem convite de casamento t m uma empresa Na EMEI Luz as crian as entrevistadas estudavam no per odo da manh duas crian as das cinco entrevistadas responderam que ficam apenas com a m e a terceira delas fica com as irm s de quinze e dezoito anos pois a m e trabalha fora o dia todo a quarta crian a respondeu que fica com a m e que n o trabalha fora mas estuda noite noite 258 quando a m e vai para a escola ela fica com o pai a quinta crian a disse ficar com m e e pai quando n o fica na casa da av Na escola C u a maioria das crian as das s ries iniciais do ensino fundamental no caso das entrevistadas 100 estudam meio per odo m
26. reconsiderada como deve ser reconsiderada a falsa ci ncia que por muito tempo escorou um mundo que desmoronava Freinet in E Freinet 1979 129 Por n o se pautar em regras intransigentes da pedagogia e tamb m n o oferecer receitas de quaisquer esp cies aos educadores e ao mesmo tempo denunciar que os educadores s o entre os profissionais os nicos a operar sem m todos comprovados de aprendizagem Freinet recebeu duras cr ticas principalmente no que se refere sua orienta o de valorizar a espontaneidade da crian a por meio do m todo natural Para muitos Freinet subestima a cultura com sua proposta De acordo com E Freinet 1979 141 pelo fato do m todo natural tocar as bases profundas e seguras da vida porque d uma unidade permanente a nossos comportamentos e aquisi es do saber que um meio incompar vel de aprendizagem de t cnica e de cultura Os m todos naturais s o os nicos que corrigem a fragmenta o e a dispers o dos conhecimentos cient ficos Para Freinet a passagem da realidade sens vel l gica racional prescinde do bom senso que tamb m tem suas exig ncias de n veis que devem garantir o m todo cient fico e ter como norma a d vida construtiva O conhecimento cient fico para Freinet obtido por um caminho simples e natural e n o s o meramente conhecimentos instrutivos Entretanto 68 precisa ter um aspecto mais democr tico capaz de unir os homens na sua
27. roupas e varro a casa enxugo lou a para minha m e noite mais ou menos lavo lou a seco dou a roupa para minha m e passar ajudo limpar a casa fa o muitas coisas para minha I A m e E s vezes ela joga v deo game comigo sim eu ajudo fazer limpeza fico perto seco Apesar de desempenharem tarefas aparentemente simples essas crian as fazem mais coisas no que se refere ao servi o dom stico do que as crian as do col gio Azul Interessante a resposta da quarta crian a que parece revelar uma troca saud vel entre m e e filho pois a crian a ajuda a m e mas em contrapartida a m e brinca tamb m com ela As crian as da primeira s rie da escola C u apresentaram algumas semelhan as em rela o s crian as da pr escola Luz mas tamb m se ampliaram Quatro das cinco crian as da primeira s rie contaram que lavam e secam lou as e limpam fog o a quinta crian a al m disso arruma as camas e varre a casa Todas as cinco crian as da segunda s rie da mesma 262 escola responderam que lavam lou a e limpam a casa tarefas mais elaboradas que as realizadas pelas crian as da pr escola mesmo p blica A quest o n mero cinco O que voc mais gosta de fazer na sua casa procurou descobrir se as crian as t m oportunidade de realizar no mbito dom stico atividades que lhes d em prazer e tamb m verificar em que medida brincam e sentem prazer em brincar em casa embora essa qu
28. s fordismo e com a id ia da sociedade de informa o De acordo com este autor na d cada de 1960 e princ pio da de 1970 muitos soci logos elaboraram uma interpreta o da sociedade moderna que chamaram de teoria da sociedade p s industrial dentre eles Daniel Bell 1973 Peter Drucker 1969 e Alvin Toffler 1970 A continuidade desta postura vista no Pr prio Bell que interpreta a sociedade moderna como a sociedade da informa o Para Kumar a sociedade da informa o ajusta se bem tradi o liberal e progressivista do pensamento ocidental al m de manter a f no iluminismo e na racionalidade do progresso Mais inesperada para este autor a vis o da nova sociedade que emergiu entre as correntes de esquerda os marxistas denunciaram a id ia p s industrial que representava a mais clara demonstra o da fase final da ideologia burguesa Alguns destes marxistas formularam sua pr pria id ia da teoria p s industrial veiculada sob a bandeira do chamado p s fordismo A terceira corrente da teoria p s industrial a teoria da sociedade p s moderna O p s modernismo a mais abrangente das teorias recentes Acolhe em seu generoso abra o todas as formas de mudan a cultural pol tica e econ mica Nenhuma delas considerada o vetor privilegiado do movimento em dire o p s modernidade O que outros v em como provas de ip s fordismo ou da sociedade de informa o ela tranquilamente agrupa como comp
29. saiet pE npa a Pai IgM e Tamb m destaque da revista Carinhas temos agora crian as em desfile de modas As crian as da foto acima est o t o superproduzidas que fica dif cil dizer se est falando de crian as ou adolescentes De todo modo vale a pena direcionar a aten o para as poses e express es das meninas bem como para os saltos plataformas mini blusas e cinturas baixas A terceira menina parece estar com roupas um pouco mais condizentes com sua condi o de crian a 229 ed6225 carinhas desfile gh2 1 Na foto acima tamb m temos crian as em desfile de modas Elas representam grife de roupa infantil feminina bastante famosa a Lilica Ripilica Os bonecos nas m os das meninas s o o mascote da grife Assim como os adultos as crian as desde cedo aprendem a comprar etiquetas ao inv s de produtos e a m dia implanta o tempo todo nas crian as a falsa necessidade de estar sempre na moda E estar sempre na moda significa vestir as grifes e marcas que est o em alta Estas s o normalmente as mais caras e seria coincid ncia o fato de que s o mais parecidas com o estilo de roupa dos adultos 230 ed6225 carinhas desfile gv1 1 A crian a da foto s sia de atriz famosa modelo e garota propaganda de diversos produtos que n o s o direcionados ao p blico infantil Com quatro anos de idade a menina desfila grifes famosas e participa de diversos comerci
30. tica que emancipe a inf ncia atual Por isso transcrevo O que se perdeu foi aquela vis o rom ntica e pura de crian a que isolada da sociedade possu a uma bondade natural A inf ncia que n o est perdida essa que se configura cotidianamente numa sociedade plural e pautada pela exist ncia de uma outra escala axiol gica na qual os valores n o s o mais fixos mas abertos busca de novos consensos Em meio a tamanha crise no universo infantil ocorrem manifesta es de alguns pais professores e pessoas vinculadas educa o de um certo retorno a m todos tradicionais com o intuito de livrar as crian as desses perigos A maioria das pessoas n o entende mais e quer o modelo tradicional idealizado da crian a porque o novo modelo n o pode ser respaldado por sua experi ncia e imagina o W Pereira 2003 38 W Pereira n o explicita aquilo que chama de modelo tradicional de inf ncia mas pelo desenrolar de sua an lise not vel que esteja se referindo concep o moderna de inf ncia Pereira se vale quase o tempo todo de Postman 1999 para relatar o poss vel desaparecimento da inf ncia mas as suas solu es para este fato parecem vir de orienta es um tanto quanto p s modernas N o acredito que devamos direcionar a educa o totalmente para as novas demandas mas que devamos pensar se estas demandas s o v lidas de acordo com nossos princ pios e valores de pais e educadores modernos ou ultrapas
31. 2005 05 Berman 1992 dividiu a modernidade em tr s fases a primeira iria do in cio do s culo XVI at o fim do s culo XVIII a segunda fase teria se originado a partir da onda revolucion ria de 1790 sendo a terceira fase representada pelo s culo XX Nesta ltima fase a cultura moderna perderia a capacidade de organizar e dar sentido vida das pessoas Essa terceira fase em minha an lise caracteriza a p s modernidade J para Harvey o projeto iluminista representante da modernidade caiu com o s culo XX nos campos de concentra o e as duas guerras mundiais A partir da desenvolveu se a id ia de que em favor da pr pria emancipa o humana dever amos abolir totalmente o projeto do Iluminismo e este parece ser o objetivo maior dos p s modernos Conforme Wood 1999 h uma enorme contradi o no bojo da p s modernidade uma vez que ela aceita o capitalismo mas ao mesmo tempo rejeita o projeto iluminista atribuindo a eles crimes que deveriam ser creditados ao capitalismo Anthony Giddens 1991 alerta para o fato de que n o suficiente inventar novos termos para a realidade atual mas preciso olhar novamente para a modernidade que at o momento da obra tinha sido abrangida insuficientemente pelas ci ncias sociais Na verdade estar amos alcan ando um per odo em que as consequ ncias da modernidade estariam se tornando mais radicalizadas e universalizadas do que antes Estar amos prestes a perceber os contornos
32. A autoridade se assenta na responsabilidade que o educador assume pelo mundo A crise de autoridade denunciada por Arendt guarda estreita conex o com a crise de tradi o do conservadorismo que procura sempre e ao mesmo tempo proteger a crian a do mundo o mundo da crian a o novo do velho e o velho do novo A conclus o que interessa mais diretamente a esse trabalho aquela segundo a qual a inf ncia n o constitui um estado 301 humano aut nomo capaz de viver suas pr prias leis n o se deve tratar crian as como adultos e vice versa entretanto n o conv m afast los uns dos outros A an lise de Arendt demonstra as consequ ncias que uma ades o precipitada pode acarretar educa o das crian as Permitir que as crian as entrassem precocemente no mundo adulto n o aconselh vel entretanto mant las artificialmente e mais do que o necess rio num mundo infantil pode ser t o prejudicial quanto A escola enquanto institui o respons vel pela inser o da crian a no mundo precisa estar consciente do erro de incorrer numa ou em outra tend ncia importante nesse momento considerar que acredito que o adulto deva sim interferir no mundo infantil desde que sua interven o se fa a comprometida e no momento certo e acima de tudo se fa a intencionalmente As crian as tamb m n o podem ser privadas do direito de participar do mundo adulto o que seria prejudicial tanto aos adultos quanto s crian as A escola
33. A crian a assiste um canal n o t o comum popular mas que oferece programa o de bastante qualidade desenhos que transmitem valores mas n o s o t o apreciados pela maioria das crian as por n o estarem na moda possu rem menos a es e nem sempre um colorido gritante e excesso de est mulos visuais como os desenhos mais citados pela maioria das crian as As respostas das crian as da primeira s rie da mesma escola n o foram muito diferentes Elas responderam Sim assisto bastante TV Assisto Chaves e Rebeldes com minha av Chaves s o epis dios estilos filmes de produ o mexicana cujos personagens principais s o um menino de rua o Chaves um menino 272 mimado pela m e e uma menina peralta que vive arrumando confus o na vila onde o programa se passa o seriado revela traquinagens comuns de crian as n o havendo nada que comprometa seus valores Rebelde uma novela argentina que mostra jovens vestidos de maneira prom scua aprontando na escola que frequentam e na vida tamb m programa de p ssimo enredo nenhum gosto est tico e sensualidade exacerbada Tem sido a febre do momento e existem milh es de produtos como brinquedos roupas materiais escolares produtos de higiene acess rios que t m enlouquecido as crian as de todas as idades e adolescentes e adultos tamb m Embora a crian a assista com a av um programa que nada acrescenta pelo contr rio degenera a
34. A escola segundo Snyders trabalha ainda com a convic o de que o mundo compreens vel e para isso concorrem os conte dos certo que no col gio agora mais maduros os alunos passar o a lidar com as incertezas Snyders 1993 130 mas ma base primeira de seguran a extremamente favor vel a um primeiro enfrentamento dessa ang stia Existiriam ainda para Snyders alguns trabalhos onde a irrealidade escolar se une alegria e uma destas atividades seria o aprendizado e o trabalho com a formalidade da l ngua escolar A alegria matem tica tamb m se destaca uma vez que o tipo de alegria que favorece a escola enquanto mundo diferente a escola seria um espa o que permitiria atrav s do trabalho com a matem tica que se levassem as id ias at suas consequ ncias e at as consequ ncias de suas consequ ncias 1993 132 sem sermos interrompidos por acontecimentos fortuitos ou acasos A reda o tamb m faz parte desse conjunto de trabalhos que promovem a alegria Escrever o que h de mais irreal palavras palavras e n o fatos ou a es Mas o que h de mais real pois nada mais vivo que as cria es liter rias A reda o est entre os exerc cios mais nobres da escola e que podem dar mais alegria sem d vida porque anuncia um artificial que tende apesar de tudo a participar do mundo Snyders 1993 135 Para o autor esses exemplos s o suficientes para podermos afirmar com ele que a escola deve a
35. Floribela e as m sicas de um grupo de rock irland s U2 Houve outra crian a que tamb m citou o U2 e as outras duas uma revelou gostar da trilha sonora do filme Titanic e 286 outra se referiu m sica de um cantor chamado Latino e o refr o da m sica hoje festa l no meu ap pode aparecer vai rolar bunda lel As crian as da segunda s rie do mesmo col gio responderam n o n o gosto de m sica Sim festa no ap toca direto no r dio Sim dos Rebeldes ou o no meu quarto Adoro Felipe Dylon todas dele Jota Quest Babado Novo ou o no computador e no r dio Rouge e Sandy e Junior Ou o em casa As m sicas da escola as religiosas eu tamb m gosto Uma crian a revelou n o gostar de m sica e uma mencionou as m sicas da escola dentre outras da m dia Jota Quest Sandy e Junior Felipe Dylon e Rouge s o artistas e bandas comerciais que cantam para p blico adolescente Babado Novo uma banda de ax tamb m n o se dedica m sica de qualidade muito menos ao p blico infantil Mas s o muito tocadas em r dio e divulgadas na TV assim como a trilha sonora da novela Rebelde j comentada Essas m sicas felizmente n o s o ouvidas na escola Na pr escola p blica obtive as seguintes respostas Sim das m sicas da Rouge Ou o no r dio e em casa Na escola eu n o lembro das m sicas aprendidas Sim ou o muito banda Calipso Tenho o Cd em casa
36. GUGA SS dress aU nana ns as des si iamos 236 V Cap tulo IV Pr ticas escolares entre a Modernidade e a p s modernidade seara e dean nadie EL e DA Uia a a doada RO PLS SETAS A O SEN SAS UTM 289 VI Considera es finais O olhar que percebe a inf ncia 314 VII Refer ncias bibliogr ficas ss ossos ieeesesereennareaeseseataaaranasaaaace came aaaaasaaaaaa 318 Introdu o Um primeiro olhar para a inf ncia O tema central deste trabalho a inf ncia A preocupa o respons vel para com a educa o infantil perpassa necessariamente por um conhecimento aprofundado dos educadores pais e at mesmo das pr prias crian as em rela o concep o de inf ncia preciso compreender como se direciona o nosso olhar para os pequenos e fundamentalmente como estes pequenos se concebem Essa an lise faz se hoje necess ria devido tend ncia inerente nossa poca de transformar as crian as em adultos antes do tempo Portanto mostra se necess rio para estudar a inf ncia caracterizar o ide rio educacional p s moderno Neste conjunto de id ias est contida uma nova concep o de inf ncia que caminha na contram o da id ia Moderna dessa fase da vida O que intriga de fato como a educa o p s moderna transformou e continua transformando com uma for a voraz a id ia cl ssica de inf ncia e ao mesmo tempo transformando a si mesma Se o capitalismo representa
37. Seu universo as vezes violento invade o dia a dia da crian a diz Vannuvhi Lobato e Moraes 2003 A mesma reportagem traz mais efeitos negativos do uso da TV sendo os f sicos obesidade decorrente da in rcia eleva o dos n veis de lip dios no sangue colesterol triglic rides ins nia psicol gicos tend ncia imita o submiss o isolamento ou apatia aumento da agressividade e do consumismo falta de organiza o atividade sexual precoce e diminui o da comunica o familiar efeitos pedag gicos diminui o do exerc cio de pensar e da capacidade cr tica dificuldade para ordenar o pensamento e estabelecer rela es respostas estereotipadas inibi o da curiosidade dispers o e dificuldade de concentra o falta de iniciativa e de interesse por atividades com baixo grau de estimula o externa A viol ncia que a m dia incentiva nas crian as ao lado de outros fatores influencia o desenvolvimento de uma juventude sadia parte fundamental do crescimento humano Levinsky 1998 204 escreve As atua es independentemente da idade prosseguem e constituem se numa modalidade de comunica o Elas atenuam se com o desenvolvimento de uma capacidade maior de transformar a libera o direta da puls o em pensamento E 112 ainda considero que existe sempre uma comunica o Alguma mensagem inconsciente est presente mesmo que a atitude manifesta tenha um car ter volunt rio
38. Sim um pouco m sica de Natal S N o gosto s da m sica do power rangers Mais nenhuma Ah tem uma do Zez de Camargo e do Pedro e Tiago que eu gosto e escuto na TV Gosto de Bruno e Marrone Mas tamb m gosto de m sica de escola Quatro crian as citaram m sicas de grande divulga o na m dia Rouge Banda Calipso ax forr com coreografias que exageram na dose de sensualidade Zez di Camargo e Luciano Bruno e Marrone Pedro e Tiago todas duplas sertanejas A m sica do desenho power rangers tamb m foi citada Uma crian a disse gostar das m sicas aprendidas na escola e outra justificou seu gosto por m sicas da m dia dizendo que n o se lembra das m sicas aprendidas na escola Apenas uma crian a foi bem objetiva afirmando gostar somente de m sicas natalinas As m sicas que as crian as mencionaram n o s o ouvidas na escola 287 Na primeira s rie as respostas foram gosto de m sica da Xuxa Ou o em casa e s vezes na escola n o gosto de m sica Gosto da banda Calipso e escuto em casa Gosto de Calipso e ou o na r dio do meu pai Gosto de Rebeldes mas s escuto quando eles v o para a televis o Das cinco crian as ouvidas uma disse n o gostar de m sica e as outras quatro s o f s de m sicas da m dia ouvidas em casa na TV ou r dio Apenas uma crian a disse gostar das m sicas da apresentadora Xuxa e ouvir algumas vezes essas m sicas na escola As respostas
39. a crian a por meio de uma preocupa o com sua alimenta o adequada que lembra Rousseau no s culo XVIII para ele a alimenta o contribui para fazer a crian a ativa ou indolente animada ou desanimada d bil ou vigorosa r pida ou lenta O primeiro alimento da crian a depois do leite materno deveria desse modo ser moderado e simples sem excitantes ou gorduras excessivas capazes de prejudicar o organismo e sua atividade f sica O alimento precisa ser um meio de vida e n o um fim em si mesmo At mesmo a organiza o do quarto da crian a precisaria ser uma preocupa o e responsabilidade dos pais que devem privilegiar a maneira reflexiva de cuidar de seus filhos encaminhando toda a energia interior da crian a ao seu desenvolvimento e progresso Neste sentido Froebel faz um apelo Quem dera que nossas palavras contribu ssem para o despertar de um amor materno trang ilo e constante sens vel e razo vel e para excitar em toda a reflex o consciente sobre as m ltiplas manifesta es e a interna unidade do processo evolutivo da vida infantil Froebel 2001 51 Durante o per odo em pauta a meninice nada t o insignificante para a crian a que n o constitua para ela um verdadeiro descobrimento Porque sente necessidade de conhecer a ess ncia ntima de todas as coisas que a cerca que a crian a examina os objetos com todos 29 os seus sentidos muitas vezes o destruindo Mas uma maneira de compreende
40. a de 7 anos tem condi es de decidir o que quer ser quando crescer A pr pria pergunta n o seria uma agress o inf ncia Participar das pe as de teatro da escola um indicativo de que a menina ser atriz modelo manequim Ou esta crian a est apenas assimilando resignadamente uma realidade escolhida para ela provavelmente por seus pais S o quest es para as quais nos remetemos quando estamos diante de crian as com carreiras precoces e irreais para a idade que possuem 221 Ed624 carinhas mussunzinho fotao 29 Temos agora a foto de um ator mirim de novela de grande audi ncia de uma das emissoras mais assistidas de nosso pa s Ao lado da foto segue o texto da revista BOA VIDA DE CELEBRIDADE AGRADA TRAPALH OZINHO J famoso mussunzinho anda de quadriciclo e fala da gratid o pela sua amiga Gl ria Perez Gl ria Perez a autora da novela e mussunsinho uma alus o a um personagem humor stico da TV brasileira com o qual o menino guarda semelhan as Mas o que chama a aten o mesmo o texto da revista que se refere boa vida do pequeno astro O que seria uma boa vida para uma crian a Ao mesmo tempo em que assedia sempre a crian a em dire o ao futuro a m dia revela profunda falta de sensibilidade ao valorizar mesmo que de maneira sutil futuros ocos e vazios de significa o cheios de fama sensacionalismo e vida boa 228 ed6225 carinhas desfile fotao 29 k ELAS Dt a s o
41. a diferencia o adulta presente na fala de uma crian a coisa de menina e chama a aten o tamb m a 280 reprova o de outra crian a ao car ter excessivamente infantil do desenho Bob esponja que j a incomoda mesmo tendo ainda oito anos de idade A essa quest o as crian as da pr escola p blica responderam Jornal todos eles ne A na s o muito chatos novela bang bang muito chato desenho do moranguinho muito ruim s mostra comida desenho do moranguinho chato s fica falando p o de mel ma zinha moranguinho Nha r tim bum olhei um mont o de vezes mas n o gostei tem muito bicho de terra Uma crian a se referiu ao notici rio outra novela dizendo serem programas chatos e duas se queixaram do desenho da turma do moranguinho por exagerarem na exibi o de comida O castelo r tim bum cl ssico da TV cultura n o agradou uma das crian as por conta de personagens animais exibidos em alguns cap tulos Na primeira s rie da escola p blica as respostas foram novela For a de um Desejo I A muito chata e s tem viol ncia um bate no outro n o gosto de jornal porque tem muito acidente Jornal porque chato boletim de ocorr ncia porque s tem viol ncia Odeio Xuxa porque n o tem gra a nenhuma Em rela o primeira s rie da rede particular na qual duas crian as disseram se incomodar com a viol ncia
42. a hora por mi senda sin cimentar como lo har a por la calzada romana mejor enlosada 1933 107 Korczak em plena Segunda Guerra Mundial foi capaz de dedicar crian a e sua causa todos os seus conhecimentos de m dico e educador todas as suas for as e toda a sua vida n o apenas denunciando as injusti as de seu tempo mas colaborando para que suas crian as n o perdessem a dignidade e n o morressem nem de fome e nem por maus tratos Ben Abraham 1986 Este autor foi contra o estado de coisas de sua poca e portanto fugiu 18 da chamada determina o econ mica seu pensamento foi aut nomo o suficiente para escapar de determinismos Sua vida suas atividades comunit rias seu trabalho educacional e seu desempenho criativo n o podem ser enquadrados em moldes convencionais nem ser apresentados de maneira completa que Janusz Korczak era o tipo de pessoa que exercia uma forte influ ncia em seu ambiente mudava a pr tica social destru ia os dogmas cient ficos petrificados e estabelecia bases para novas teorias Ao mesmo tempo estava envolvido em atividades pr ticas de longo alcance nos dom nios da medicina da educa o e do jornalismo Condenava todas as manifesta es de maldade e estupidez enquanto com o pr prio exemplo indicava como o mundo pode ser tomado melhor e mais belo especialmente para as crian as Atribu a o mais alto valor de sua vida felicidade das crian as a seu sorriso a seu cre
43. a moral a vida narrada em si mesma em qualquer forma aparecendo como for a ativa produz uma impress o mais profunda por meio de seus motivos e efeitos do que a que pudesse produzir a moral e a utilidade pr tica referidas por palavras nada sabe o que necessita do esp rito aberto e da vida sentindo se a si mesma Narramos muito pouco coisas aos nossos meninos no m ximo hist rias cujos her is s o m quinas ou marionetes Froebel 2001 209 Froebel lembra Rousseau e sua cr tica s f bulas que pareciam menos preocupadas em ter uma linguagem acess vel s crian as e provocar alegria do que transmitir li es de moral incab veis e desnecess rias para determinado momento do desenvolvimento infantil Para Froebel toda vez que contrariamos a evolu o da crian a intervimos destrutivamente em sua natureza As crian as deveriam aprender fazendo mas se deveria respeitar a metodologia natural das mesmas Desnecess rio seria ent o enxertarmos tend ncias exteriores ao 48 menino nosso papel precisaria ser o de desenvolver o menor e o mais imperfeito em s rie continuamente ascendente pois assim procede o criador O divino deve manifestar se no menino de maneira individual e concreta Em suas conclus es Froebel alerta para o fato de que se descuidamos da educa o do menino num primeiro momento precisamos recuperar o tempo perdido para o pr prio bem melhor chegar mais tarde a um fim verdadeiro do que ch
44. a rosa deu um rem dio e o cravo logo sarou o cravo foi levantado a rosa o abra ou Boi da cara preta original Boilboi boi boi da cara preta pega essa crian a que tem medo de careta Vers o politicamente correta Boi boi boi boi do Piau pega essa crian a que n o gosta de dormir http fantastico globo com tvglobo jornalismo telejornais fantastic o cda pops tvg cmp f 127 Toda a viol ncia verbal e ilustrada com imagens da m dia considerada inofensiva e um cl ssico folcl rico subversivo O que houve com nossa capacidade de an lise Seria esse tipo de preocupa o uma estrat gia p s moderna para desviar nossa aten o do problema central que a pobreza te rica e o excesso de viol ncia e banaliza o que permeiam a produ o cultural destinada aos pequenos E a fantasia infantil estimulada por meio dos contos de fadas cl ssicos j se encontram em xeque Ser que uma parcela de nossa sociedade prefere que os adolescentes cometam acting out matando seus pais do que se identifiquem com o lobo mau da Hist ria Chapeuzinho Vermelho por exemplo onde a crian a num processo de identifica o tempor ria constr i sua subjetividade e seu car ter de forma sadia Em rela o literatura infantil percebemos cada vez mais a desvaloriza o atual das hist rias cl ssicas dos contos de fadas e das f bulas na escola e no mbito familiar No livro O patinho feio vers o de Hans Christian Andersen qua
45. adulto deixa se de apresentar se como um poss vel lugar onde a crian a busca suas respostas na medida em que ele pr prio se permite ser uma etema pergunta certo que a pr pria vida uma constante indaga o certo tamb m que muitos caminhos apontados pelas gera es passadas n o encontraram eco nas quest es fundamentais das novas gera es Ainda assim eram incorporados mesmo que em forma de desobedi ncia gerando com isso novas perspectivas uma hist ria onde o novo constru do impelido por um sopro do passado Trata se aqui pois de buscar compreender como ao longo de um s culo constru mos esse deslocamento dos lugares de experi ncia daquilo que trabalhado da hist ria humana acumulada num percurso de vida para o dom nio de aparatos t cnicos pass veis de ser convertidos em manual Quais as consequ ncias ticas que podemos extrair dessa nova condi o Que princ pios filos ficos econ micos e sociais est o lhe servindo de base Como se constituem a alteridade a identidade o afeto Como se p e em quest o a incompletude do nosso olhar a necessidade de um outro que nos confirme e nos desafie Se uma das caracter sticas da cultura humana a transmiss o das descobertas da humanidade para as gera es vindouras para que estas possam coloc las sobre o crivo de sua poca e lan ar se a novos desafios o que podemos esperar de uma gera o condenada a buscar por si pr prias suas respostas Que nov
46. algumas considera es sobre a crian a e o computador Os jogos e brinquedos tradicionais s o aqueles que por sua caracter stica de f cil assimila o desenvolvimento prazeroso e aspecto l dico foram aceitos coletivamente e preservados atrav s dos tempos e transmitidos de uma gera o a outra O brinquedo tradicional de acordo com o texto geralmente confeccionado pela pr pria crian a dentro da concep o infantil de objeto de brincar ou ent o produto da express o artesanal do homem do povo Esse tipo de brinquedo faz parte do acervo de cultura espont nea do povo O brinquedo industrializado projetado pelo adulto para a crian a conforme a concep o que o adulto possui n o cabendo crian a criar ou acrescentar nada al m de seu custo ser muitas vezes elevado e suas recomenda es de uso restringir a atividade l dica sabido que atrav s das brincadeiras l dicas a crian a assimila valores adquire comportamentos desenvolve diversas reas do conhecimento exercita se fisicamente e aprimora habilidades motoras no mundo l dico a crian a encontra equil brio entre o real e o imagin rio E de acordo com Benjamin a ess ncia do brincar n o um fazer como se mas um fazer sempre de novo transforma o dessa experi ncia mais comovente em h bito 2000 102 Para Huizinga 2000 o jogo constitui uma atividade volunt ria as crian as gostam de brincar e neste fato que reside sua
47. animais As outras duas crian as demonstraram interesse e vontade de ajudar a cuidar de algu m no caso de um irm o mais novo Parece ser uma quest o de cria o de foro familiar de valores mais do que de necessidade no caso da realidade das crian as da escola particular As crian as da segunda s rie do col gio Azul revelaram n o pois sou pequeno ainda n o s tem eu n as vezes eu cuido de minha irm mas eu n o gosto porque n o posso sair n o n o cuido de ningu m cuido de minha m e de vez em quando Deste modo das quinze crian as ouvidas apenas tr s delas cuidam de algu m e mesmo assim ajudam a cuidar ou cuidam esporadicamente Na EMEI Luz as respostas foram as seguintes n o cuido s dos meus brinquedos n o minha m e cuida de todos n s cuido s do meu gato da minha irm mais nova minha m e que cuida cuido s de meu amigo bebezinho de dois anos e sempre junto com minha m e n o minha m e n o deixa crian a n o pode cuidar de algu m Das cinco 260 crian as tr s revelam que a m e quem cuida ou dela ou dos irm os ou de algu m uma revela opini o bem clara de que crian a precisa ser cuidada ao inv s de cuidar e uma cuida apenas dos brinquedos parecendo associar a id ia do cuidar a o de organizar manter em ordem Existe assim coer ncia entre essas respostas das crian as da EMEI Luz e as respostas
48. ao modo de vida dos adultos e suas pr prias palavras levam a crer que os mesmos est o nessa situa o de pobreza externa e interna porque foram incapazes em certa medida de estabelecer v nculos significativos entre viv ncia e conceitos A orienta o que Froebel oferece para transformar esse vazio que envolve os pais adultos e consequentemente seus filhos crian as o contato a afetividade e a conviv ncia entre estes dois mundos Assim como Comenius para quem a salva o dos jovens e adultos seria poss vel de ser concebida por meio da tentativa de assemelhar se crian a Froebel parece crer que a retomada de alguns princ pios presentes nas crian as faria os homens mais humanos O tom religioso de Froebel mais modesto que o de Comenius embora seja ainda bastante enf tico o que n o desmerece as suas orienta es que pode ser compreendidas tamb m como um dos caminhos poss veis para uma vida mais humana tica solid ria Cabe ainda esclarecer que de alguma maneira uma conviv ncia harm nica com os pais prepararia a crian a para uma aprendizagem de conte dos e valores mais entusiasmante um per odo de ensino mais feliz Froebel estabelece como per odo de ensino a fase em que chama a crian a de garoto O per odo anterior de desenvolvimento humano o de beb foi principalmente uma poca da vida em si mesma do viver por viver da interioriza o do externo esse outro per odo o do garoto vai ser
49. as consequ ncias desses momentos hist ricos Se a inf ncia hoje est em xeque certamente o conceito de vida adulta tamb m 294 est sendo questionado Se a tipografia cnamou a aten o para o caminho que caberia as crian as percorrerem para chegar idade adulta o tel grafo com a quantidade e o anonimato das informa es pareceu retirar da escola a especificidade de transmitir s crian as a bagagem cultural que as mesmas deveriam possuir para galgar a seu tempo a aceita o na sua nova vida adulta A quest o que se coloca evidente hoje qual a rela o que a escola estabelece com a atual conjuntura social Ela uma institui o aliada na luta pela preserva o da inf ncia ou uma colaboradora que atua como inst ncia competente na fun o de promover o desaparecimento da inf ncia Definido seu papel quais orienta es did tico pedag gicas das institui es escolares precisam do ponto de vista desse trabalho serem mantidas ou banidas Gramsci oferece algumas propostas atrav s do rigor de seu pensamento comprometido que penso s o caminhos indispens veis para serem resgatados ao se pensar quais atitudes s o necess rias s atuais escolas de educa o infantil As orienta es did tico pedag gicas de Gramsci segundo Nosella 2004 expressam sua concep o de vida segundo a qual cabe ao ser humano educar se cient fica e culturalmente galgando n veis mais complexos sem romper sua vital liga o com sua cult
50. atos entre o esp rito e o corpo entre o interior e o exterior Se essa separa o for feita a crian a pode contrair o v cio da hipocrisia ou habituar se a certos movimentos e atitudes muito dif ceis de serem suprimidas voluntariamente que por isso podem sobrepor se ao homem como uma esp cie de m scara para toda a vida Froebel 2001 45 Neil Postman 1999 ao discutir os pontos negativos do despejar contempor neo de material adulto sobre a crian a enfatiza em determinado momento de sua obra O desaparecimento da inf ncia que ao tomar contato com a pol tica precocemente a crian a desenvolve um certo cinismo em rela o aos assuntos ligados mesma De alguma maneira a preocupa o dos autores coincide pois ambos entendem que a hipocrisia e o desinteresse decorrentes do cinismo n o s o naturais idade infantil Remontam ainda ambos implicitamente a pensadores modernos como Montaigne e Rousseau que criticaram as posturas e h bitos irracionais que estimulamos e ou obrigamos a crian a a desenvolver na sua vida social Vivida a primeira inf ncia Froebel nos diz que a crian a entra na segunda fase do seu desenvolvimento Uma vez desenvolvidas as atividades dos membros e dos sentidos o menino come a espontaneamente a exteriorizar seu interior Na primeira fase 26 o interior do homem constitu a uma unidade indiferenciada e sem aspectos m ltiplos Com a linguagem principia a manifesta
51. brincar e envolver crian as como ditas economicamente desfavorecidas mostrando que brincar na inf ncia n o se limita a possuir os brinquedos da moda mas cultivar a imagina o a emo o e promover a socializa o o contato com o outro Imagem que representa de maneira bonita uma das muitas inf ncias n o estabelece rela es com consumo mas procura retratar uma inf ncia real n o produzida para fins comerciais 175 Na foto acima temos uma crian a escondendo o rosto que parece fazer uma alus o s palavras de Neil Postman 1999 sobre a necessidade da recupera o do sentimento de vergonha para que a inf ncia continue a existir As propagandas de hoje exaltam a crian a extrovertida criativa que imita adultos famosos ou que se parece com eles O elemento vergonha n o valorizado visto atualmente como tabu A vergonha como sentimento capaz de preservar a crian a de assuntos do mundo adulto enquanto elemento que deve fazer parte do cotidiano tanto dos pais adultos como das crian as n o encontra hoje espa o para existir e ou se fortalecer A transforma o do privado em p blico aparece como caracter stica em alta da nossa poca 176 Essa foto tamb m pode ser interpretada como uma outra alus o teoria do desaparecimento da inf ncia de Neil Postman 1999 a fuga das crian as do mundo adulto como representativa do descontentamento dessas crian as para com uma realid
52. cadernos p steres etc Muitas outras fotos de mesmo estilo podem ser encontradas tamb m na internet no site www annegeddes com 201 Tamb m da Anne Geddes esta foto uma das muitas montagens encontradas no site Desta vez temos cinco beb s devidamente trajados dan ando can can Certamente a express o de alegria no rostinho das crian as n o seria verdadeira se as mesmas estivessem realmente levantando as perninhas para se equilibrar na dan a em pauta complexa at para os adultos A imagem da crian a mais uma vez utilizada como motivo de cart es cadernos p steres e produtos do g nero 202 Essa foto apesar de n o estar t o n tida vale a pena ser considerada e comentada pois nos remete fala de autores como Armstrong e Casement 2001 mobilizados nesse trabalho ao chamar nossa aten o para a import ncia de se colocar a crian a em contato com aprendizagens elaboradas como a aprendizagem de instrumentos musicais que requer disciplina persist ncia paci ncia uma vez que ela desenvolver na crian a potencialidades fundamentais que hoje infelizmente s o desconsideradas pelo mundo p s moderno 203 Esta imagem bastante divulgada hoje em sites de mensagens virtuais parecem representar a evolu o se que podemos cham la assim que invade tamb m o mundo da crian a de hoje Um dos s mbolos representativos desse avan o o computador que cham
53. casa do meu amigo por causa do v deo game em casa na casa dos meus amigos na cal ada e na escola em casa e na casa de minhas amigas no quintal de casa em casa na rua n o na escola a gente brinca s de joguinho Das crian as de pr as cinco disseram em casa e tr s dessas cinco contaram tamb m brincar na rua Tr s das crian as da primeira s rie da escola C u disseram brincar em casa uma disse brincar na rua de casa e a ltima revelou brincar na rua de casa e na rua da casa da amiga Em rela o s crian as da segunda s rie as respostas variaram em casa na casa do meu amigo em casa no quintal de casa na rua Das quinze crian as da rede p blica entrevistadas seis delas contaram brincar na rua em oposi o ao resultado obtido na escola particular onde apenas uma crian a contou brincar na rua o que ressalta a diferen a cultural de cria o h bitos e costumes resultantes de uma severa diferencia o social Do bloco de quest es referentes ao brincar vale frisar que a grande maioria das crian as gosta de brincar mas poucas independente da condi o s cio econ mica revelam brincar na escola Esse dado demonstra que o conceito de brincar no ponto de vista das crian as ouvidas est sen o todo quase que totalmente associado quest o da espontaneidade da qual as mesmas parecem necessitar Por mais que o ensino se esforce por possuir um car ter l dico q
54. com a id ia do desaparecimento da inf ncia Pereira contribui agora com uma quest o fundamental Quais s o os motivos que dificultam a pr tica educativa nas crian as contempor neas e a conquista de um espa o aut ntico destinado inf ncia A ind stria cultural se imp e e cria al m do sentido uma falsa concep o de inf ncia Cabe neste momento esclarecer que o conceito de ind stria cultural de que Pereira se vale o conceito de Adorno Ap s o caos cultural do per odo p s guerra uma nova racionalidade come a a emergir e se impor de forma sofisticada e alienadora a racionalidade da ind stria cultural Criou se conforme o autor uma nova unidade e uma nova identidade em 122 todas as esferas O problema que essas esferas s o falsas criam conforme Adorno uma falsa identidade do universal e do particular No jogo destes grandes dirigentes as regras s o evidentes mas as massas manipuladas s o incapazes de perceber Essa falta de percep o ocorre por conta da maneira que a ind stria cultural cria e d sentido ao cotidiano das pessoas usando os meios de comunica o que reproduzem e perpetuam o poder e as necessidades em outras palavras impor os padr es com os qual a sociedade se identifica e os aceita como seus sem resist ncia Entretanto isso tudo muito pequeno para dar sentido vida e subestima dimens es essenciais do ser humano pois o concebe como passivo Ale dos problemas j analisados no que s
55. compartilhavam o mesmo ambiente informacional e portanto viviam no mesmo mundo intelectual e social Mas com a prensa tipogr fica e a necessidade de reinven o da idade adulta surge a id ia de conquista dessa condi o de adulto Para serem adultos o jovem e a crian a deveriam saber ler E para isso precisavam da educa o Reinventando ent o as escolas a civiliza o europ ia transformou por fim a inf ncia numa necessidade 290 Depois dos s culos XVI e XVII reconheceu se a exist ncia da inf ncia e pol micas se instalaram entre os pensadores a crian a por ser especial precisava ser protegida e separada do mundo adulto ou era essa separa o que a tornava singular N o estava claro no in cio o que a leitura poderia fazer com as pessoas Cada fac o ou classe social ou grupo de pessoas tinham seus pr prios interesses e interpreta es a respeito da alfabetiza o e dentre essas diverg ncias encontram se interesses cat licos e protestantes Isso faz concluir que a inf ncia evoluiu de maneira desigual uma vez que ap s as filtragens Postman 1999 53 das complexidades hist ricas desponta a id ia de que onde a instru o era muito valorizada existiam escolas e onde estas existissem o conceito se desenvolveria mais rapidamente como ocorreu com a Inglaterra A escola se destinava a formar adultos instru dos os jovens passaram a ser vistos n o mais como miniaturas de adultos mas como adultos ainda n o for
56. compreens o mais objetiva poss vel Uso o termo conhecimento cient fico no sentido mais erudito incluindo nele a ci ncia da hist ria dos homens ou a de seu comportamento e parece que a primeira caracter stica desse conhecimento cient fico bastante elementar Eu diria que se caracteriza pelo fato de que se pode falar dele de maneira objetiva de modo que os homens do mundo inteiro compreendam o que significam essas palavras saibam perfeitamente o que op pesquisador realizou possam fazer o mesmo e saber se isso corresponde ou n o verdade E Freinet 1979 158 Freinet deixa clara a import ncia do conhecimento cient fico e esclarece que o mesmo deve ser intelig vel para os homens do povo como condi o para uma sociedade democr tica N o segue em nenhum momento o caminho de desvaloriza o desse legado como sugerem correntes te ricas de nossa realidade atual 69 Ill Cap tulo Il P s modernidade e Inf ncia II1 P s modernidade A suposta vit ria do capital empreendida pela globaliza o vem desde os anos 70 Santos 1990 desmobilizando a luta socialista e a pr pria esperan a hist rica daqueles que militaram em favor de justi a social Isto posto vemos que os problemas atuais nesse campo econ mico e cultural s o significativamente mais cru is A ci ncia parece estar sendo utilizada menos para alterar a realidade do que para criar palavras novas que justifiquem os efeitos dessa
57. continuidade dentro das sociedades atuais Peter Mc Laren 1993 defende que diante das novas formas de domina o hoje existentes temos tamb m novos espa os para novas liberdades e recria o de poderes O p s modernismo teria a tarefa cient fica de compreender o fracasso dos ideais iluministas Para este autor as teorias cr ticas deveriam continuar existindo mas adequando se s novas exig ncias da realidade p s moderna as pedagogias cr ticas de resist ncia deveriam caminhar na contram o da explica o do mundo baseada nas metanarrativas que impedem que se 81 atribua o devido valor import ncia da pr xis e do conhecimento por parte das minorias oprimidas Tomaz Tadeu da Silva 1993 surpreende pela profunda capacidade de mudan a radical de suas concep es te ricas autor que contestava as possibilidades da p s modernidade hoje torna se o principal representante da tend ncia que o pr prio intitula como p s modernismo e p s estruturalismo correntes capazes de promover integra o entre an lise e interven o pol tica A cr tica s metanarrativas e ao conceito de ideologia s o a t nica dos escritos de Silva a id ia de que n o existe uma realidade para al m e fora da linguagem o pano de fundo de suas an lises Consequentemente temos neste autor a rejei o da perspectiva objetivista do conhecimento do conceito de aliena o e de uma subjetividade humana n o fragmentada Uma vez que os sujeitos
58. contradit rio com os objetivos propostos num trabalho que procura defender e resgatar padr es modernos de an lise estudo e produ o de cultura ressalto que essa contradi o apenas aparente uma vez que esse cap tulo requer fidelidade ao objeto que se prop e estudar Os paradoxos est o na realidade e precisam ser retratados da maneira mais apropriada poss vel Algumas refer ncias e textos utilizados nesse cap tulo tamb m podem despertar estranhamentos como pode um trabalho que se prop e a obedecer aos padr es m nimos de cientificidade valer se de artigos de revistas de grande circula o por exemplo para analisar seus temas Essa a produ o cultural validada pela p s modernidade e embora n o concordemos com ela em milhares de aspectos n o podemos desconsider la At para contest la preciso conhec la O cap tulo Ill trabalhar com duas maneiras de an lise novas para esse trabalho at ent o imagens e entrevistas Uma s rie de imagens de inf ncia ser comentada luz da linha te rica proposta nesse trabalho atentando para a diversidade de inf ncias e representa es das mesmas dispon veis hoje em dia Trata se de uma an lise que por sua vez procurar falar aos olhos As entrevistas servir o para que possamos colocar em pr tica o t o defendido e difundido nesse trabalho que a necessidade de ouvir as nossas crian as Suas falas ser o importantes para confirmar ou refutar algumas das id
59. crian a Se o aluno n o tem sede de conhecimentos nem qualquer desejo pelo trabalho que se lhe apresenta ser igualmente trabalho perdido lt enfiar lhe gt nos 52 ouvidos as demonstra es mais elogiientes como se se falasse a um surdo Pode lisongear se acariciar se prometer ou bater o cavalo n o tem sede E cautela com essa insist ncia ou essa brutal autoridade corre se o risco de suscitar nos alunos uma esp cie de avers o ideol gica pelo alimento intelectual e encerrar talvez para sempre os caminhos principais que levam as profundidades fecundas do ser Freinet 1973 19 A id ia segundo a qual a vida faz se pela vida ou seja se enriquece pelas pr prias experi ncias atribui a Freinet uma sensibilidade invej vel que demonstra aos pais e adultos que poupar e super proteger a crian a no momento em que seu desejo explorar o mundo somente acarretar o dificuldades posteriores mesma no trabalho na conviv ncia nas brincadeiras e nas m nimas tarefas que requerem decis o e originalidade Na medida em que nos escreve que seu laborat rio a crian a Freinet nos revela que sente e compreende como uma crian a que foi as crian as que educa Este um dos segredos do bom senso colocar se no lugar da crian a se n o voltares a ser como as crian as n o entrar s no reino encantado da pedagogia Longe de procurares esquecer a inf ncia habitue se a reviv la revive a com os a
60. crian a pelo computador Porque torna ma ante o que em outros contextos interessante Nogueira 1998 113 Com base na an lise da autora podemos pensar onde estaria o problema se acabei de argumentar que as crian as precisam da orienta o dos pais em suas atividades l dicas Juntos adultos e crian as companheiros de computador trocam experi ncias ensinando se uns aos outros como se tiv ssemos voltado ao s culo XVII quando de acordo com Ari s a aprendizagem para a vida era determinada pela conviv ncia entre jovens e adultos assim como as brincadeiras e os jogos eram realizados por todos quando os la os coletivos eram estreitados pela cumplicidade de conhecimentos O interessante segundo 143 Nogueira que a troca n o acontece somente entre pais e filhos tios e sobrinhos mas tamb m entre as pr prias crian as E mesmo muitas vezes sem saber o que significam certas palavras as crian as as utilizam penetrando na corrente de comunica o verbal A linguagem constru o social coletiva e as crian as falando ressignificam na reconstroem na Nogueira 1998 115 Encaminhando a discuss o para a esfera do jogo Nogueira vale se de Benjamim Assim como a crian a lendo a crian a jogando no computador est misturada entre as personagens muito mais perto que o adulto indizivelmente concernida pelo acontecer e pelas palavras trocadas e quando se levanta est totalmente coberta pela ne
61. crian as t m sobre o saber e o fazer Entretanto o computador altera gigantescamente a percep o da escrita uma vez que esta encoraja a reflex o e a considera o cuidadosa de diferentes pontos de vista e os computadores requerem a o imediata deteriorando reflex o e entendimento s custas de velocidade e controle O grande volume de informa es dispon vel atrav s da inform tica encoraja esse tipo de resposta imediata Existe muito para ser visto ou no m nimo muitas possibilidades a serem exploradas Assim emerge uma situa o em que uma r pida busca por informa es seguida de uma r pida revis o substitui um ac mulo de conhecimento e de produ o de id ias Ser positivo esse tipo de aprendizagem para um desenvolvimento saud vel de mentes jovens 2001 23 149 Para os autores as crian as pequenas precisam ser orientadas sobre o mundo no que se referem aos seus sons cheiros gostos imagens e texturas E o computador um meio de comunica o predominantemente visual al m de contribuir pouco para o desenvolvimento da oralidade da crian a que precisa ouvir tamb m com aten o para ser capaz de internalizar o que est sendo dito para conceber se isso est de acordo com suas inten es A internaliza o da fala que nos permite ouvir o conte do consciente de nossa mente para Armstrong e Casemente o prel dio da arte de pensar racionalmente O desenvolvimento do discurso interior est
62. cuidado das crian as plantinhas O estudo de Froebel se faz necess rio neste momento para tentar demonstrar o car ter sens vel e ao mesmo tempo comprometido de um autor que at meados do s culo XIX criou uma proposta pedag gica filosoficamente fundamentada demonstrando que poss vel pensar numa educa o de qualidade e no bem estar da crian a de maneira respons vel e tica a qual foi posteriormente contraposta pela vis o fragmentada da poca atual que objetiva uma educa o coerente mas que parte em sua maioria de id ias fr geis e teoricamente inconsistentes De acordo com Froebel o objetivo da educa o consiste em suscitar as energias do homem ser progressivamente consciente pensante e inteligente ajud lo a manifestar sua lei interior o divino que h nele com toda pureza e perfei o com espontaneidade e consci ncia Froebel 2001 23 A vida consciente e livre desejada e proposta por esse autor seria poss vel de ser estabelecida por meio da educa o educa o caberia tamb m a condu o do homem a uma vis o clara de si mesmo da natureza e da sua uni o com Deus Para tal deveria fundar se sobre o interior e o ntimo da personalidade Para Froebel todo o interior passa a ser conhecido por meio de exterior entretanto a educa o n o se contenta em deduzir do exterior o interior mas busca a ess ncia das coisas encontrando a na dupla rela o do externo com o interno
63. das crian as da segunda s rie da rede p blica foram bem parecidas entre si Gosto de rap e ou o em casa Gosto de rap Escuto na minha casa N o n o gosto Gosto de hip hop Ou o na minha casa Gosto de rap Ou o na rua Apenas uma crian a afirmou n o gostar de m sica e todas as outras mencionaram o rap ou hip hop g nero musical praticamente inconceb vel nas escolas frequentadas pelos mais favorecidos economicamente Podemos dizer que as crian as de ambas as redes de ensino e de todas as idades consideradas sofrem exageradamente a influ ncia da m dia em seus gostos musicais e que nas escolas n o existe felizmente espa o de contempla o desse tipo de m sica Entretanto chamam a aten o as respostas das crian as da segunda s rie da escola C u quase un nimes em afirmar gostar e preferir o rap g nero musical que envolve de maneira impr pria temas como viol ncia sexo e drogas 288 V Cap tulo IV Pr ticas escolares entre a modernidade e a p s modernidade Penso ser fundamental discutir agora quais as rela es existentes entre o processo de escolariza o e a inf ncia A escolariza o contribui para o desaparecimento da inf ncia ou pode ser uma esfera cujas pr ticas colaboram no sentido de proteger o tempo de ser crian a Em que dire es caminham suas pr ticas De que maneira a escola pode contribuir para que n o aconte a o desaparecimento da inf ncia Para
64. de carne e osso perdendo se em 85 abstra es e metanarrativas ideais de crian a normal e natural Este fato suficiente para que devamos conforme a autora desconfiar do ideal moderno de cren a no potencial libertador da escola contra os obst culos das diferen as sociais A modernidade na an lise p s estruturalista possibilitou ao tornar os corpos e mentes infantis objetos da ci ncia uma regula o de conduta do sujeito crian a A tese de Bujes parte do princ pio de que a educa o infantil o efeito de uma alian a estrat gica entre os aparelhos administrativo m dico jur dico e educacionais devidamente assessorados por um saber cient fico e mesmo que essa alian a n o exista a partir de uma intencionalidade pr via teve sempre como finalidade o governo da inf ncia e a fabrica o do sujeito infantil Como podemos observar essa an lise reduz a autonomia da inf ncia rejeita uma modernidade que sequer conhecida pela pr pria autora que tamb m confessa a aus ncia de processos metodol gicos na orienta o de suas pesquisas e nos diminui enquanto sujeitos modernos capazes de nutrir pela inf ncia um sentimento nobre e livre de segundas inten es Corazza 2000 numa an lise que intitula foucaultiana disserta sobre a influ ncia da roda enquanto instrumento que a hist ria se utilizou para arruinar o corpo infantil E compara o sistema educacional a uma roda educativa que atuar sempre sobre o c
65. definido alvo da 49 cr tica de Dewey conforme demonstra Marcus V Cunha 1994 48 na medida em que para Dewey a concep o metaf sica de Froebel faz com que se d mais aten o ao produto que ao processo al m de impor objetivos exteriores ao desenvolvimento da crian a e tornando se aos olhos de Dewey uma pedagogia autorit ria A vis o religiosa de Froebel n o constitui dem rito para as propostas pedag gicas decorrentes de seu pensamento Menos do que exaltar ou aderir vis o crist deste autor cabe a um trabalho cient fico demonstrar a coer ncia interna a clareza de objetivos a fundamenta o te rica de uma filosofia de vida e educa o preocupada com o desenvolvimento saud vel da inf ncia Tomar Froebel como exemplo de responsabilidade pedag gica n o significa propagar sua religiosidade mas comprovar que poss vel ensinar num sentido mais amplo e comprometido na perspectiva otimista em que toda educa o deve pautar se para poder sobreviver na realidade atual Froebel demonstra o respeito crian a e a clareza de que todo educador deve conhecer as rela es existentes entre a inf ncia e a natureza pois somente desta maneira poder colaborar para o desenvolver do processo de auto conhecimento de si pr prio e de cada crian a em outras palavras seu pr prio processo de educa o IlIll Freinet e a Pedagogia do Bom senso C lestin Freinet 1896 1966 viveu toda sua inf ncia e juven
66. dessa influ ncia se estendem para outros campos o fato das crian as passarem um tempo prolongado diante da TV faz com que as mesmas desenvolvam cansa o visual fadiga e comportamentos que interferem negativamente nos relacionamentos pessoais com a fam lia e tamb m na maneira de analisar a realidade As crian as conhecem cedo sexualidade a e a criminalidade adulta A TV al m de contribuir para os casos extremos de obesidade infantil na medida em que paralisa o f sico da crian a e estimula cada vez mais o consumo de alimentos tamb m produz uma superestimula o que provoca uma altera o hormonal que antecipa a puberdade dos meninos para os 9 anos e das meninas para 7 8 anos como revelam os estudos de um endocrinologista apresentados em um congresso sobre esportes realizado na It lia a TV criaria tamb m de acordo com esse mesmo estudo uma confus o na mente dos pequenos a ponto de eles n o saberem o que realidade e o que fic o comprometendo assim sua sa de mental A esse respeito bambino h difficolt a discriminare il ricordo del passato reale da quello di scene di cui stato solo spettatore Salti endocrinologo in Notizie A TV faz ainda com que as crian as desenvolvam atitudes de cinismo em rela o vida pol tica de sua sociedade devido constante banaliza o de problemas s rios Sem sombra de d vidas isso tudo compromete gravemente o desenvolvimento global e o processo de subjetiva o de
67. divertir com desenhos uma enfatizando que gosta do programa da apresentadora Xuxa porque ela divertida Podemos perceber com base nas respostas das crian as que independentemente da classe social os modismos televisivos refor ados pela comercializa o de produtos tamb m da moda influenciam bastante a inf ncia havendo espa o contudo para que as mesmas assistam desenhos mais cl ssicos e n o t o divulgados bem como outros programas que embora n o pensados para crian as em nada comprometem o seu desenvolvimento no que se refere forma o de valores A quest o n mero tr s teve como objetivo tentar identificar qual programa o midi tica incomodava as crian as e por qual motivo Foi uma tentativa tamb m de verificar se as crian as assistem aos programas que gostam e porque gostam ou se assistem os programas que n o gostam Segue Qual programa de TV voc n o gosta Por qu 279 As crian as da pr escola particular responderam Chamanquir Perguntei o que era a crian a argumentou olha tia eu odeio tanto que nem consigo dizer para voc o que Odeio Jornal Nacional Porque tem muita gente que morre Rocket Power porque s o muito chatos N o gosto de filmes de viol ncia pois fico com medo depois N o gosto de novela alma g mea e nem de Big Brother Brasil porque chato eles n o fazem nada Chama a aten o a resposta dessa ltima crian a em rela o
68. e do interno com o externo Froebel 2001 24 20 Para o progresso do g nero humano que para Froebel estava atrelada manifesta o do divino no homem e na sua atividade espont nea e livre a educa o deve tender a seguir muito mais a espontaneidade e adaptar se natureza do que a prescrever normas e condutas A proposta de aprendizagem por atividade torna se clara quando Froebel escreve a educa o ativa a que ordena e prescreve n o tem em todo caso mais do que um destes dois sentidos ou sugerir pensamentos claros e vivos a id ia verdadeira fundada em si mesma ou bem oferecer algo que sirva de exemplo e modelo Por m o eterno interv m onde existe um pensamento vivo e fundado em si mesmo de onde se prescreve o que em si mesmo verdadeiro Portanto ao contentar se com o aspecto passivo da educa o com a educa o que se limita a adaptar se e a seguir o pensamento vivo eterno divino pressup e e exige por sua pr pria natureza a determina o e espont nea atividade desse ser o homem criado para a liberdade e para a imita o de Deus Froebel 2001 27 Em fun o destas palavras podemos desprender a afirma o de que somente o impulso eterno deve ser imitado havendo de se tomar cuidado com a ado o servil de modelos exteriores Rousseau foi tamb m cuidadoso neste aspecto esclarecendo que a crian a pode facilmente imitar um adulto mas importante que saiba suas necessidades
69. e logo fazem as pazes Snoop e Hannah Barbera seguem a mesma linha enquanto as Superpoderosas e Pokemon surpreendem pela falta de gosto est tico aus ncia de valores e excesso de viol ncia e crueldade Interessante constatar que os desenhos animados da Turma da M nica relativamente recentes que do ponto de vista dos alunos trabalham de maneira saud vel conflitos do cotidiano da vida infantil quase nunca s o solicitados pelas crian as Interessante tamb m perceber como filmes tais como O m gico de Oz Alice no pa s das maravilhas Branca de Neve e os sete an es s o substitu dos por filmes que anunciam promover uma verdadeira revolu o no mundo dos contos de fadas O filme comercial Abracadabra baseado numa 120 mistura de hist rias e personagens cl ssicos que perdem o sentido de suas a es n o promovem uma identifica o pautada por valores desenvolvendo a sensa o de que hoje tudo precisa mudar e o mundo est de cabe a para baixo portanto permitido qualquer tipo de atitude que seja conveniente ao individualismo impl cito nos personagens sabido que os contos de fadas e tamb m os desenhos dentre eles os de Walt Disney s o alvos de s lidas an lises cr ticas como a de Giroux 1993 e Kincheloe 2001 Entretanto transmitiam l gica demonstravam um enredo cuidadosamente elaborado e relacionado que as crian as compreendiam e reelaboravam mostravam finais felizes e eram feitos
70. e ser feliz com coisas simples N o se trata de uma foto comercial mas de um p ster que busca enaltecer a inf ncia foto comum n o tolhe a expressividade e naturalidade da crian a parece ter sido tirada espontaneamente por algu m que a admirava 194 Essa foto do site allposters revela tr s crian as em atitudes tipicamente adultas preocupa es com a vaidade sentimento que n o e nem deve ser natural s crian as A vaidade est ligada ao ato de consumo e a foto em pauta revela um apelo exagerado s apar ncias Fazer as unhas enrolar os cabelos ficar num secador n o combinam com as crian as e sequer s o imagens engra adas Olhar revistas enquanto se cuida da apar ncia tamb m rotina adulta e parece atribuir um tom a mais de futilidade adulta s tr s meninas da foto uma das mais vendidas pelo site 195 Essa pintura embora sem data encanta pela maneira verdadeira atrav s da qual a crian a est sendo representada inclusive pelos mai s pr prios ao conforto dos movimentos das pequenas hoje infelizmente substitu dos pelos biqu nis semelhantes aos das adultas Os chap us tamb m oferecem um toque especial imagem assim como os baldinhos atentam para a import ncia do brincar As dobrinhas nas pernas das meninas beb revelam sensibilidade ao se retratar a inf ncia de maneira ver dica diferente dos tra os adultos em propor o reduzida como j reve
71. educadores telespectadores e Estado de agir nos 107 processos de interven o significativa de algum conte do ou quadro que seja desfavor vel ao pleno desenvolvimento e constru o da cidadania das crian as e jovens Para que exista uma comunica o saud vel ou nas palavras do autor uma intera o comunicativa as mensagens os conte dos devem considerar a rela o entre os sujeitos levar em conta o que eles s o antes do in cio desse processo de contato com a m dia mas tamb m analisar onde estes sujeitos est o inseridos hoje suas potencialidades de futuro e o que esperam um do outro e tamb m de si pr prios Uma mobiliza o pode ser iniciada em casa desenvolvendo a pr tica do assistir TV em fam lia aprender juntos a ler criticamente as mensagens e imagens fornecendo exemplos na pr pria rela o adulto TV e at negociando regras quando for o caso uma vez que a maioria das crian as ainda tem total autonomia com os ve culos de comunica o aprovada pelos pr prios pais Considero sensata e as orienta es de Magalh es assim como a propriedade de sua an lise mas n o posso deixar de refletir sobre estes pressupostos levando em conta as transforma es culturais e estruturais pelas quais estamos passando neste novo momento hist rico Com a desestrutura o familiar ou melhor com a reorganiza o das fam lias e da sua adequa o rotina da atmosfera p s moderna torna se raro o quadro e pri
72. em liberdade v rias classes de jogo narrar hist rias e lendas contos e f bulas fazer viagens curtas e passeios longos Essas recomenda es deveriam realizar se na vida escolar e dom stica familiar e humana Froebel 2001 149 As ocupa es intelectuais deveriam se intercalar com as corporais de modo a renovar a vida do menino Pensando nas necessidades dos meninos que devem ser 41 cumpridas pela uni o da vida escolar com a familiar Froebel ordenou as da seguinte maneira assuntos relativos vida predominantemente interior relativos vida ativa relativos vida exterior Trabalhando sobre estes tr s aspectos cumpririamos a exig ncia de um desenvolvimento sadio da crian a No que se refere aos cuidados com o corpo Froebel diz que as atividades dom sticas ajudam na obten o da agilidade corporal importante enfatizar que o homem deve conhecer n o apenas suas faculdades mas fundamentalmente o modo de us las ordenando exerc cios para o corpo e para o esp rito E ainda aos exerc cios corporais tamb m proposto outro objetivo importante encaminhar os homens e os meninos ao conhecimento vivo da estrutura do corpo sentindo todos os seus membros em rela o ativa se a isso forma agregados desenhos que representem essa estrutura certamente favorecer o conhecimento e o cuidado com o corpo Froebel 2001 159 not vel o equil brio da proposta pedag gica de Froebel Trabalhar o corpo e ao
73. em meados do s culo XV tornaram a prensa tipogr fica necess ria E cinquenta anos depois da inven o do prelo mais de 8 milh es de livros haviam sido impressos A prensa tipogr fica desencadeou uma forte autoconsci ncia nos escritores e nos leitores originando a cultura do leitor isolado e de seu olho social Por isso Postman classifica a leitura como um ato anti social e a partir desse momento hist rico o individualismo tornou se condi o psicol gica aceit vel Entretanto esse senso exacerbado do individualismo foi a semente que levou ao florescer do fim da inf ncia Postman 1999 42 E o livro impresso fez com que a id ia de aprender se tornasse a id ia de aprender com os livros Um dado interessante demonstra que o conceito de inf ncia j havia come ado a se formar menos de um s culo depois da prensa tipogr fica a publica o de livros de pediatria e de boas maneiras aparece como um sintoma desse dado Com a explos o do conhecimento gerada pela prensa tipogr fica para tornar se adulto era preciso penetrar atrav s da leitura em universos desconhecidos e n o ainda contemplados Al m disso a forma do livro impresso criou um novo modo de organizar o conte do e consequentemente o pensamento e isso nos leva a pensar que a tipografia n o era de modo algum um ve culo de informa o neutro Com a cria o do homem letrado as crian as ficaram para tr s Antes n o havia necessidade de uma id ia de inf ncia porque todos
74. encontra tudo pronto n o necess rio criar basta imprimir importante frisar que discutir sobre os limites e possibilidades da internet bem mais complexo do que debater sobre a televis o pois no primeiro caso trata se de uma tecnologia da informa o bastante distinta Discutirei o uso do computador e o desenvolvimento infantil mais adiante Embora o espa o da vida infantil ocupado pela TV e pela internet em alguns casos seja maior do que desejar amos penso que o brincar pelo brincar ainda atrai as nossas crian as Isto posto importante refletir como a escola pode favorecer o equil brio e restaurar a import ncia do brincar As rela es das crian as com suas brincadeiras e jogos do passado assim como a rela o com os adultos eram mais sociais ao mesmo tempo p blicas e 140 privadas nas cidades em suas ruas e pra as Hoje a falta de espa o um dos problemas que mais se tem observado A crian a tem necessidade de um espa o onde possa brincar se divertir e ter liberdade por isso que a brinquedoteca vem ganhando tanta for a nas escolas Embora seja importante lembrar que outro papel importante a ser assumido pela escola a conquista e a forma o de sujeitos leitores A escola n o deve se limitar a ser produtora de cultura mas deve tamb m ser intermediadora de culturas da produzida no ambiente familiar e das produzidas pelos meios como a TV o teatro a internet o cinema o brinquedo e principalmen
75. energia da crian a provoca resist ncia quilo que a incomoda desenvolve se na mesma a sensibilidade do real Neste momento conforme Froebel encontra se o come o da consci ncia do pr prio ser tranquilidade e inquietude prazer e dor riso e choro Essas primeiras manifesta es sua conserva o e cuidado devem constituir o ponto de partida da primeira educa o e a base de todo o posterior desenvolvimento aperfei oamento e atividade na vida Froebel 2001 33 Seria preciso ainda o reconhecimento de uma continuidade entre as fases da vida pois um erro estabelecer limites rigorosos entre os sucessivos momentos do desenvolvimento humano Os pais e educadores necessitariam compreender de acordo com Froebel que a energia e a perfei o do desenvolvimento em cada per odo da vida dependem de todos e de cada um dos per odos precedentes O adolescente n o adolescente nem o jovem jovem porque completaram determinada idade sen o porque em corpo e alma passaram ponto por ponto toda a evolu o da inf ncia ou da adolesc ncia Tampouco o homem chega a ser adulto por contar tantos ou quantos anos o por ter vivido e acumulado s experi ncias da inf ncia e da mocidade Froebel 2001 37 O fato de Froebel esclarecer que n o conveniente uma precipita o ao analisar o desenvolvimento da crian a n o significa em nenhum momento que se prescinda de um conhecimento aprofundado sobre as fases pela qu
76. essa crian a O que est havendo com o adulto Talvez Silva 2002 tenha raz o ao dizer que existe uma luta desigual travada entre crian as e adultos as pessoas grandes os chamados adultos que deveriam ajudar as crian as na dif cil tarefa de crescer o fazem pelo visto sem perceberem que n o sabem ser nem crian a nem adulto 2002 46 Inovar no que se refere literatura infantil deve ser um m rito mas preciso que essas inova es sejam minimamente guiadas por estudos sobre o desenvolvimento infantil pautadas por arcabou os te ricos verdadeiramente interessados no desabrochar da crian a A produ o de est rias parece estar sendo direcionada para o mesmo caminho da produ o cultural midi tica que veiculam programa es sem qualquer intencionalidade ou conte do educativo Os t tulos mais procurados pelas crian as de hoje principalmente nas escolas parece seguir o mesmo estilo do livro em pauta Nove NOVOS contos de fadas e princesas A verdadeira hist ria do Lobo mau e toda uma s rie cujo her i chamado de Capit o Cueca e o primeiro livro da colet nea intitulado Capit o Cueca e o ataque das privadas falantes A literatura infantil come a a ser absorvida em parte pela tend ncia do mundo atual que deixou de zelar pelos valores Modernos do Bom Belo e Verdadeiro e por uma pedagogia da Virtude promovendo o entretenimento fugaz que refor a o presentismo e a conduta 131 des
77. forma o da crian a Assisto bastante desenhos power rangers bob esponja desenhos em v deo assisto tudo com minha m e Bob esponja o desenho de uma esponja do mar que parece uma esponja de banho que tem como melhor amigo um pepino do mar que o est sempre salvando das confus es Felizmente a crian a assiste a TV na companhia da m e Assisto sim TV Xuxa Bom dia e Cia novela Bang bang Desenho eu assisto sozinha novela eu assisto com meus pais TV Xuxa e Bom dia e Cia s o programas de brincadeiras intercalados por desenhos animados A novela a que a crian a se refere uma novela que se passa num velho oeste e al m de milh es de troca de tiros exibe cenas de viol ncia f sica exemplos de mau caratismo e sensualidade exagerada Sim s desenhos Mickey Tom e Jerry assisto sempre sozinho Estes s o desenhos de a o mas saud veis que n o retratam viol ncia ou deturpa o de valores s o essencialmente engra ados e no final os bons exemplos acabam imperando Sim assisto tudo do canal Sky Mas minha m e assiste sempre comigo Este um canal de televis o pago que exibe desenhos animados alguns violentos outros apropriados filmes notici rios o importante que a m e est sempre com a crian a Quatro das cinco crian as da primeira s rie revelaram assistir TV pelo menos na maior parte do tempo na 273 companhia de algu m da fam lia J as crian as da segunda em
78. fr gil deles entra sozinho em nossa casa rouba nos a luz e conhecendo o nosso medo arranca nos a voz da garganta E j n o podemos dizer nada Eduardo Alves da Costa No caminho com Maiakovski Cap tulo Modernidade e inf ncia Para falar com m nima propriedade a respeito da condi o infantil na atualidade preciso que entendamos as diferen as e caracter sticas da modernidade e p s modernidade Apesar de ser um assunto bastante controverso alguns autores fornecem pistas fundamentais para a amplia o do conhecimento destas quest es Ao analisar a id ia de p s modernidade Kumar 1998 por exemplo diz que fundamental uma concep o de modernidade E tamb m esclarece o p s de p s modernidade amb guo Pode significar o que vem depois o movimento para um novo estado de coisas por mais dif cil que seja caracterizar esse estado t o cedo assim Ou pode ser mais parecido com o post de post mortem ex quias realizadas sobre o corpo morto da modernidade a dissec o de um cad ver O fim da modernidade segundo essa opini o a ocasi o de refletir sobre a experi ncia da modernidade a p s modernidade esse estado de reflex o Neste caso n o h uma percep o necess ria de um novo come o mas apenas um senso algo melanc lico de fim Kumar 1998 79 O autor define bem a diferen a que entende como relevante modernidade e modernismo Kumar 1998 79 Entendo por modern
79. gra a e a o Futebol porque VM sou interessado em jogar bola gosto mais do que desenho Power rangers porque eles s o amigos E tamb m assisto Rubert na TV Cultura porque crian a assim mesmo Mais uma crian a que gosta de power ranger por um motivo que n o a viol ncia e quando fala do 278 desenho Hubert refere se s brincadeiras e traquinagens que o personagem apronta Somente uma crian a do pr mostrou prefer ncia pouco comum como vimos na escola particular por programas de esporte e futebol As crian as da primeira s rie da escola C u responderam Rebeldes mais legal que todos os programas Porque eles s o rebeldes Gosto de desenho porque tem muita brincadeira Xuxa porque legal Adoro Chaves porque ele muito brincalh o Assisto a TV Cultura porque mais divertido Tr s crian as citaram programas espec ficos destacando se como a febre do momento a novela Rebelde e outras duas contaram gostar de desenhos Na segunda s rie da mesma escola obtive as seguintes respostas TV Xuxa porque tem I desenhos legais TV Globinho porque tem muito desenho e eu adoro desenho O desenho I3 H Rubert porque ele um sujeito legal Gosto de TV Xuxa porque ela divertida Pica pau porque ele engra ado Duas crian as elencaram desenhos animados espec ficos e tradicionais como Rubert e Pica pau e as outras tr s disseram se
80. grupo de crian as que praticam esportes radicais como surf e skate porque legal Power ranger for a animal porque tem muita a o Mas eles n o batem eles s fingem que batem Essa ltima crian a parece ter clareza de que a viol ncia n o desej vel na medida em que justifica gostar da a o mas n o necessariamente da viol ncia Das cinco entrevistadas da segunda s rie tr s fizeram refer ncia aos programas mais famosos Bob esponja rocket power e power rangers Interessante o fato de duas crian as das quinze entrevistadas na escola particular preferirem programas esportivos aos desenhos ou novelinhas da moda comum na fala de outras crian as As crian as da pr escola p blica revelaram Adoro Raul Gil porque tem crian as que cantam Raul Gil um apresentador de programa de audit rio veiculado por uma emissora de pouca audi ncia que tem um quadro onde crian as cantam dan am e dublam Adoro Power rangers porque cada um tem seu animal Embora essa crian a coloque a s rie power rangers como sua preferida n o parece ser por conta da viol ncia mas pelo envolvimento com animais Gosto de desenhos tem um cachorrinho chamado Coragem que s tem coisas legais ele medroso Gosto tamb m do Frajola ele corre atr s do Piu piu para com lo Ambos os desenhos mencionados por essa crian a demonstram traquinagens saud veis de seus personagens o que chama a aten o das crian as pela
81. homens soubessem raciocinar sobre a forma o de seus filhos como o bom jardineiro sobre a riqueza de seu pomar deixariam de seguir os eruditos que nos seus antros produzem frutos envenenados que simultaneamente matam os que produziram e os que comem Restabeleceria ousadamente o verdadeiro ciclo da educa o escolha da semente cuidado particular do meio em que o indiv duo h de mergulhar se para sempre as suas ra zes poderosas assimila o pelo arbusto da riqueza desse meio Freinet 1973 12 Novamente vale a pena dizer que assim como Froebel Freinet tamb m atribui bastante responsabilidade ao educador embora defenda a autonomia e a espontaneidade da crian a Ao comparar a crian a semente por meio da met fora do jardineiro nas palavras acima Freinet revela a dimens o da import ncia do trabalho humano e pedag gico comprometido com a realidade da crian a etapa fundamental para o conhecimento de mundo da mesma O educador evitaria o pedantismo e consequentemente a aus ncia de interesse de aprendizagem dos jovens e crian as Por meio da hist ria do cavalo que n o tem sede na qual relata a atitude de um jovem que insiste em querer fazer beber seu cavalo quando o mesmo sente vontade resume aquilo que chama o problema essencial de nossa educa o n o de modo algum como hoje no lo pretendem fazer crer o lt conte do gt do ensino mas a preocupa o essencial que devemos ter de dar sede
82. lia nuclear e por vezes pessoas sem la os de parentesco sangu neo Levando se em conta que pelo menos dez chefes do sexo feminino ou masculino de fam lia das quinze crian as de escola p blica entrevistadas passam o dia todo fora trabalhando pois as crian as de primeira e segunda s ries frequentam um projeto social no per odo inverso escolaridade regular question vel a qualidade da aten o que dedicam s suas crian as quando est o com elas Nesse sentido o n vel s cio econ mico 257 pode contribuir sim para um afastamento da crian a e dos pais que interfere no crescimento precoce e ou despreparado das primeiras A quest o de n mero dois Quem cuida de voc na sua casa vem em complementa o quest o anterior As crian as da pr escola particular revelaram minha m e e meu pai meu pai aposentado e minha m e foi despedida eu acho minha m e cuida de mim ela n o trabalha fora fica s lavando lou a em casa minha m e meu pai s vezes meu irm o minha av de manh a empregada tarde vou para escola noite meus pais Essa informa o revela que as crian as da pr escola particular v o mesmo escola com inten es pedag gicas uma vez que h sempre algu m dispon vel para ficar com a crian a caso a mesma resolvesse ficar em casa Realidade diferente do cotidiano de muitas escolas p blicas principalmente creches onde as crian as v o porque n
83. liberdade Al m disso o jogo caracteriza se como uma fun o significativa encerra em si um determinado sentido o que implica em sua ess ncia a 139 presen a de um elemento n o material Suas principais caracter sticas residem na capacidade de excitar e em seu poder de fascina o A inform tica um dos campos que mais tem crescido atualmente Este progresso tem atingido sobretudo as reas de educa o e lazer O computador um novo tipo de produto social com possibilidades de desencadear altera es nas rela es entre as pessoas Quando a crian a se volta para a sociedade atual atrav s da inform tica n o est apenas frente a um novo instrumento de consumo ou brinquedo o computador estrutura um novo recorte da realidade possibilitando recriar uma parte dela Portanto o computador est transformando a sociedade que por sua vez exigir que as pessoas estejam preparadas para viver nesta realidade cada vez mais redefinida e recortada O professor tem papel fundamental nessa transforma o pois quando se pensa nas estruturas de pensamento da crian a as pesquisas se voltam para o desenvolvimento da intelig ncia nas formas mais eficazes de pensar aquelas que possibilitam o desenvolvimento maior do sujeito no entanto tem sido feita uma liga o muito grande entre as possibilidades do mau uso dos computadores e a destrui o do sujeito pois no acesso internet de acordo com o texto em pauta a crian a j
84. mesmo tempo a raz o intelecto valorizar a imagina o e a capacidade de fantasia da crian a estimular o contato com a natureza e promover o desenvolvimento da linguagem seriam tarefas da escola e da fam lia Seus prop sitos est o fundamentados no conhecimento do desenvolvimento e evolu o da crian a e do homem a falte de um alicerce que parece comprometer algumas propostas educacionais p s modernas como a de Pourtois e Desmett 1999 Embora divulgue o desenvolvimento integral do humano a proposta dos autores bem como suas metodologias e estrat gias n o se pautam por crit rios rigorosos de solidez te rica e nem clareza de objetivos a serem atingidos Em sua obra intitulada A educa o p s moderna os autores colocam a incerteza como caracter stica essencial de uma nova pedagogia bem como enfatizam a necessidade de se reduzir o peso das concep es daquilo que intitulam pedagogia de base que corresponde aos elementos modernos presentes na 42 fundamenta o das pr ticas pedag gicas A abdica o de qualquer tentativa de estabelecer crit rios para se construir uma escala de verdades e de resgatar a busca pelo bom e pelo belo s o explicitamente as orienta es de Pourtois e Desmett Ao dissertar sobre a import ncia das poesias e can es Froebel demonstra grande sensibilidade e trilha o caminho oposto ao da pobreza te rica da p s modernidade retomando mais uma vez a necessidade dos exerc ci
85. mundo que a ind stria cultural cria para conquistar a crian a est o divers o e consumo que se retroalimentam A divers o para a ind stria n o possui outra finalidade que n o consumo aliena o massifica o rotula o e incapacidade de elaborar opini es pr prias Temos os exemplos dos filmes onde a crian a busca divers o e ao mesmo tempo viol ncia a vis o de que algu m tem que sofrer para vencer W Pereira 2003 34 Ainda tratando do afastamento das crian as de seus pais temos a an lise interessante de Krutzen 2002 que vincula o sentimento de inf ncia cultura de vida da fam lia da crian a assim como h diferentes inf ncias em fun o de diferentes classes sociais existem diferentes 97 inf ncias em fun o de diferentes tipos de fun o materna e paterna No caso da crian a de rua por exemplo inf ncia abandonada sup e algu m que a abandone no caso o grupo familiar Quando nos conscientizamos do afastamento das crian as de seus pais dos adultos de n s pr prios nos vemos diante de outro sentimento o temor em rela o s nossas pr prias crian as n o somos capazes de resgatar um conv vio que as livre da viol ncia do conv vio familiar ou das ruas das grandes cidades Devido ao distanciamento do adulto como sa da a crian a se insere na cultura mediada por identifica es da ordem do virtual E ainda Se a crian a passa a ser reconhecida como sujeito na poca moderna e
86. nos leva a pensar duas quest es as crian as da rede p blica t m menos espa o e est mulo pedag gicos em casa e por isso valorizam essa dimens o escolar encontrando nela alegria as crian as da rede particular de ensino por chegarem na escola com mais informa es e conhecimentos escolares esperam da escola um espa o tamb m de brincadeiras ou de fato a escola particular privilegia uma pr tica educativa mais formal e tradicional do que l dica o que nem sempre agrada a maioria das crian as A segunda quest o O que voc mais gosta de fazer na escola vem complementar a primeira verificando ainda se n o existem muitas contradi es nas respostas das crian as A essa pergunta as crian as da pr escola particular responderam brincar na grama sint tica 266 tarefa desenhar colar brincar de joguinhos brincar na grama no parquinho e na brinquedoteca brincar no parque e na grama sint tica ir na educa o f sica Interessante o fato de nessas respostas encontrarmos apenas uma refer ncia s atividades escolares formais isso faz pensar que as crian as gostam de vir escola para aprender como disseram na primeira quest o mais gostam mais de brincar As respostas das crian as da primeira s rie foram estudar escrever com letra de m o brincar com os amigos de pega pega coelhinho sai da toca brincar na hora do recreio brincar no recreio O rec
87. o de seus sonhos ou ainda de fazer as coisas por fazer sem envolvimento o que a crian a caracterizou como interesse Outra crian a da mesma classe enfatizou Gostaria de ser crian a para sempre mas a gente cresce lerdinho demais Tamb m quero ser adulto porque quero ser igual a minha m e e meu pai Esta crian a parece dividida entre o desejo de permanecer na inf ncia e atingir o modelo adulto dos pais o que bem interessante ela n o possui nenhuma refer ncia vinda da m dia mas da pr pria casa de sua fam lia As outras cinco crian as que disseram que n o querem ser crian as para sempre demonstraram desejo em crescer para poder trabalhar A quinta quest o Crian as e adultos s o iguais ou diferentes dividiram as crian as Na pr escola da escola particular das cinco crian as entrevistadas duas disseram que s o iguais pois a diferen a estaria apenas no tamanho tr s disseram que s o diferentes como segue S o diferentes crian a brinca de carrinho e adulto escreve Nota se na fala dessa crian a a id ia de que a inicia o escrita parece ser um rito de passagem para a idade adulta Talvez por isso v rias crian as tenham argumentado na quest o que aborda at que idade somos crian as que deixamos de ser crian a quando vamos para a escola ou ent o que somos crian as at os dez anos porque com essa idade j estamos no ensino fundamental Outra resposta S o diferentes porque ad
88. o do interno do homem a diferencia o e a pluralidade de meios e fins Desdobra se subdivide se o exterior e tende a manifestar se a revelar se Nesse per odo do crescimento humano que se constitui na inf ncia propriamente dita o homem aspira com sua pr pria energia a expressar o que leva dentro de si e dar lhe forma definitiva Froebel 2001 46 Froebel enfatiza que indispens vel aten o mais aprimorada com o cuidado f sico e a forma o moral da crian a Torna se interessante enfatizar que Froebel valorizava intensamente a import ncia de cada fase da vida mas acreditava sobretudo na responsabilidade que envolvia a primeira inf ncia Embora em sua obra A educa o do homem Froebel n o revele que idade toma como refer ncia para designar a crian a como menino ou garoto fica evidente semelhan a dos pensadores modernos que os primeiros anos s o decisivos e definitivos para a forma o do homem moral religioso e saud vel em todos os aspectos na realidade entre os diferentes per odos de crescimento e da educa o do homem n o se pode estabelecer nenhuma ordem rigorosa de pr rela o todos s o igualmente importantes em seu lugar e tempo No m ximo admitiremos que os primeiros o primeiro sobretudo t m maior import ncia Froebel 2001 46 Quando menino a crian a percebe que a linguagem se identifica com o homem que fala e tamb m os nomes e as palavras v em a ser uma mesm
89. o existe idade para deixarmos de ser crian a E pelo entusiasmo de sua resposta pareceu ser muito bom para ela que as coisas continuassem e fossem de fato dessa forma A inf ncia como uma fase de incompletude pareceu passar longe do imagin rio da maioria das crian as A terceira quest o Voc gosta de ser crian a Por qu Surpreendeu pelas respostas 100 das crian as da escola particular gostam de ser crian as e associam esse gostar ao brincar e ao poder fazer muitas coisas Uma crian a de primeira s rie se remete possibilidade do descanso revelado pela sua fala aparentemente ausente do mundo adulto Sim gosto de ser crian a porque podemos brincar e descansar durante o tempo livre Quando somos adultos temos que trabalhar at tarde Todas as crian as de segunda s rie fizeram oposi o I k ao mundo adulto Sim gosto de ser crian a podemos levar uma vida mais tranq ila Sim porque pode ir na montanha russa e o adulto n o quer ir mais Sim porque pode brincar de boneca e o adulto brincando feio Sim a gente pode assistir jogo tem adultos que n o assistem poils trabalham Sim a crian a tem uma vida boa H um ditado assim ser crian a tudo de bom Na vis o dessas crian as ou os adultos n o podem ou n o querem fazer coisas de crian a e isso empobrece de alguma maneira o cotidiano da vida adulta que al m de abrir m o do prazer e do brincar parece ter que abri
90. o poderia em ltima inst ncia ajudar na promo o do desaparecimento da inf ncia claro que essa escola n o se desvincularia totalmente da id ia e da pr tica de mesmo indiretamente preparar para o mundo adulto mas o faria de forma t o especial e alegre que acabasse se tornando quase que de maneira m gica espa o diferente de qualquer outro pertencente ao imp rio adulto e especialmente interessante a ponto de n o promover uma ruptura total da crian a com os aspectos da vida adulta que s o importantes a ela N o acredito que a valoriza o da disciplina e dos conte dos escolares fira a autonomia das crian as pelo contr rio acredito que o que de melhor podemos oferecer a ela como demonstra o de nosso afeto e preocupa o Tamb m n o acredito que por alfabetizar e preparar minimamente a crian a para a entrada no mundo adulto a escola se torne espa o incompat vel com a defesa de jogos brincadeiras fantasia espontaneidade e alegria O que parece se apresentar como problema atualmente parece ser uma desconfian a em rela o escola como suposto lugar incapaz de ser interessante e gerador de prazer e alegria a id ia de que o trabalho escolar esteja sempre em oposi o ao prazer do brincar como se todo tipo de trabalho oferecido pela escola fosse necessariamente um fardo a ser suportado Manoel Sarmento Alexandra Bandeira e Raquel Dores 2002 ao estudar trabalho e lazer no dia a dia de crian as exploradas cham
91. o que os adultos e as pr prias crian as t m a seu respeito O que os p s modernistas n o compreendem ou n o admitem que enquanto professores e profissionais preocupados com a educa o somos atores morais e isso quer dizer que precisamos de raz es que sustentem nossas a es Algumas vezes essas raz es podem ser extra das de forma mais eficaz de princ pios e preceitos mais gerais Beyer e Linston 1993 78 Se aderirmos ao p s modernismo estaremos abrindo m o de qualquer compromisso com a a o social O significado uma vez separado das lutas pol ticas encontra se impossibilitado de influenciar os eventos sociais As interpreta es p s modernas apesar de pregarem o di logo impedem no na medida em que negam qualquer conex o entre pr ticas de discurso e as coisas fora dele O pluralismo de linguagens eternamente amb guas a distin o demasiado n tida entre o particular e o geral e a ren ncia ao realismo acompanham o enfraquecimento da esperan a de se descobrir ou criar uma teoria verdadeira ou uma descri o acurada do que seja uma sociedade justa capaz de respeitar seus pequenos e grandes membros Ao rejeitarem os imperativos morais os p s modernos dificultam significativamente as possibilidades de visualiza o de quais mecanismos operam nas determina es das escolhas entre id ias e cursos de a es alternativos Enquanto agentes morais devemos ter algumas concep es de igualdade justi a social e
92. o se estende vida e nem a envolve como princ pio vivificador A natureza humana exige que o homem desde que nasce e se desenvolve comece a trabalhar manifestando sua atividade em obras exteriores A educa o por meio do trabalho a mais pr pria para desenvolver de maneira viva tudo o que o homem e possui A esse respeito A atividade dos membros e dos sentidos da crian a de ber o a primeira manifesta o o bot o a primeira tend ncia ao trabalho Depois deste bot o v em as frescas e delicadas flores do jogo a modelagem e a constru o Esse o momento melhor para educar a crian a no sentido de sua atividade futura Todas as 24 crian as todos os adolescentes e jovens sem nenhuma exce o deveriam empregar pelo menos uma ou duas horas di rias em um trabalho s rio na produ o de objetos determinados Froebel 2001 40 Esse ideal de Froebel pode tamb m ser encontrado resguardadas suas peculiaridades hist ricas em Comenius quando o mesmo diz que as crian as aprendem com alegria e solidez quando podem interagir com sua realidade concreta tendo como refer ncia os modelos da natureza Tamb m Rousseau no s culo XVIII atentou para a necessidade da liberdade do corpo f sico da crian a desde seu nascimento para seu desenvolvimento saud vel n o concebe obviamente o trabalho da mesma maneira que Froebel explicita na cita o acima mas encaminha seu discurso no sentido de valoriza o da r
93. o sentimento de inf ncia e afirma que quando pensamos em escola e inf ncia percebemos o quanto f cil confundir o ser crian a com o ser aluno e levanta uma quest o o que mais importante ver a crian a como aluno ou como crian a que necessita viver sua inf ncia Esta a meu ver uma quest o fundamental existiria uma oposi o necessariamente consolidada entre a crian a e o aluno N o seria poss vel a exist ncia de alunos crian as que podem frequentar a escola sem abdicar de sua condi o infantil Seria a escola insens vel a ponto de desconsiderar por completo a plenitude do ser crian a O que significaria nos tempos atuais dizer que a escola desconsidera a inf ncia Quais de suas pr ticas seriam estrat gias respons veis por esse objetivo A interven o ou a n o interven o adulta Wilke Franco escreve que o n mero de crian as na primeira s rie do ensino fundamental com idade inferior aos seis anos e meio idade considerada adequada para o in cio da primeira s rie muito grande Um dos motivos para o ingresso precoce das crian as a solicita o dos pais e decis es de alguns educadores que acreditam que a educa o infantil tem acelerado o desenvolvimento cognitivo das crian as A autora denuncia que algumas institui es de educa o infantil apostam cada vez mais em resultados que incentivam e priorizam o desenvolvimento cognitivo em detrimento do desenvolvimento ps quico e social acarreta
94. o sujeito a lutar contra a objetividade de suas necessidades e nessa luta ele se assume enquanto sujeito J para Lipov tsky 2004 a p s modernidade correspondia a algo pr ximo do vivido porque se distanciava dos grandes discursos revolucion rios a pol tica se tornava menos importante a id ia de que viver com vista no futuro resultava em benef cios para o tempo presente Mas a conceitualiza o a id ia de p s modernidade isto de algo que vem ap s a modernidade evidentemente n o tem nenhum sentido isso n o foi exatamente um sonho como voc diz mas um conceito falso porque nunca estivemos al m da modernidade Houve isso sim uma outra modernidade O que se coloca em seu lugar a partir dos anos 1950 60 n o foi um ap s a modernidade mas sim uma nova forma de modernidade que j era o in cio da hipermodernidade 74 Interrogado sobre se a p s modernidade fora uma esp cie de transi o Lipovetsky argumenta que foi uma transi o cultural mas que n o chegou a ser fundada conceitualmente pois a id ia que se tinha de que se havia chegado ao fim da modernidade era uma id ia falsa uma vez que os tr s elementos constitutivos da modernidade mercado indiv duo e escalada t cnico cient fica nunca chegaram a ser destru dos mas tiveram suas l gicas radicalizadas Ao lado disso h ainda a consolida o dos princ pios da modernidade os direitos humanos Em rela o ao dom nio do mercad
95. o tanto pelo sistema pedag gico da escola p blica mas sim pela influ ncia dos pais uma vez que se trata de uma clientela que n o concebe totalmente a import ncia da educa o infantil na vida dos seus pequenos mas v as EMEIS e Creches como um lugar alternativo onde pode deixar seus filhos com seguran a enquanto trabalha De todo modo parece haver para as crian as da rede p blica de ensino uma ruptura mais significativa ligada passagem para o ensino fundamental no que se refere possibilidade de continuar sendo crian a como se brincar ou aprender com seriedade fossem atividades incompat veis a esse novo ambiente escolar A segunda quest o Voc crian a At que idade somos crian as procurou evidenciar como o j dito se as crian as quando falam sobre a inf ncia se incluem nessa conceitualiza o e tamb m como olham para si mesmas Perguntar a elas at que idade somos crian as foi uma tentativa de novamente perceber se elas est o falando de si pr prias ou est o se excluindo da concep o que elaboraram Na escola particular quatorze crian as disseram ser crian as as idades variaram muito mas cinco crian as 33 disseram que se crian a at os dez anos de idade Interessantes algumas respostas das crian as da pr escola Sou crian a sim olha o meu tamanho bem acho que at os 14 anos depois sou adulto Sim sou crian a At 11 anos Porque minha irm j tem 8 anos que s o qua
96. pais em rela o aos filhos E ainda tecem s ria cr tica psicologia do desenvolvimento Questiono 90 quais referenciais temos de fato para pensarmos a inf ncia contempor nea A radicalidade da cr tica das autoras me parece neste momento refletir uma das tend ncias p s modernas uma vez que h uma varia o dessa corrente de pensamento que visa desconsiderar todo conhecimento acumulado historicamente interpretado como generalizante Wood 1999 Vejamos Como um desdobramento da m xima de que a ci ncia o crit rio da verdade ao especialista conferida a autoridade da produ o de verdades sobre a educa o da crian a na poca modera Portanto o psic logo o psicopedagogo o fonoaudi logo o psicomotricista o pediatra e at mesmo os profissionais da m dia assumem a fun o de caracterizar a crian a e suas necessidades definindo metas para sua educa o e desenvolvimento fam lia restam a inseguran a e a incerteza cada dia maiores do seu papel de orienta o na educa o dos filhos Pereira e Souza 1998 31 Creio que a inseguran a da fam lia adv m da condi o contempor nea que nos impede a reflex o e provoca constante invers o de pap is e de valores e n o a um exagero cient fico decorrente da modernidade como entendem as autoras A quest o muito mais complexa Leandro de Lajonqui re em sua obra intitulada Inf ncia e ilus o psicopedag gica esclarece q
97. para a vida em uma sociedade da informa o Vale enfatizar que devemos tomar cuidado para n o confundirmos brinquedo com tela de computador como parece entender a autora em alguns momentos Entretanto para muitas de nossas crian as esta tela pode se tornar muito mais atraente que qualquer brinquedo Diante destas informa es precisamos estar atentos aos interesses e compromissos do brinquedo exercitando uma postura cr tica frente ao que faz parte de nossa realidade A tem tica brinquedo brincadeira segundo Vit ria deve representar uma possibilidade anal tica a partir da qual se entenda e compreenda a produ o cultural dos diferentes momentos que comp e nossa trajet ria e consequentemente que tipo de identidade s se trata de construir A m dia n o tem preocupa o pedag gica em sua divulga o Eu diria que n o tem preocupa o alguma al m da promo o do consumo desenfreado Por muitas vezes os pais acabam deixando o senso cr tico de lado e comprando brinquedos que em nada promovem o desenvolvimento infantil servindo apenas como fonte de posse e n o de prazer As crian as 138 que n o possuem o brinquedo da moda s o quase sempre ridicularizadas e questionadas pelas que possuem pois a m dia incentiva esse tipo de comportamento discriminativo em suas propagandas Ainda estudando sobre o brinquedo no texto O l dico em diferentes contextos temos uma an lise dos jogos e brinquedos tradicionais e tamb m
98. por m o argumento de que certas pessoas passam horas frente tela isolando se dos outros N o restam d vidas de que n o podemos encorajar os excessos Mas ser que dizemos de quem l que ele passa horas diante do papel N o Porque a pessoa que l n o est se relacionando com uma folha de celulose mas est em contato com um discurso com vozes com um universo de significados que ela contribui para construir para habitar com sua leitura Que o texto esteja numa tela n o muda em nada o fundo da quest o Trata se ainda de leitura embora as modalidades de leitura tendam a transformar se com os hiper textos e a interconex o geral 2005 Este o momento hist rico de atribuir o merecido valor import ncia do computador no desenvolvimento do poder de cria o dentre outros que desenvolve na crian a Mas tamb m necess rio problematizar estas informa es e ampliar estas quest es uma vez que depende de n s usarmos o computador para favorecer a forma o humana ou para desempenhar o papel de bab eletr nica como a TV entre as crian as e de passatempo entre os adultos que buscam o prazer em travar rela es fr geis e impessoais e navegar descompromissadamente por conte dos qualitativamente indiferenciados Interessante que para isso encontra se tempo e para reflex es n o 147 Alison Armstrong e Charles Casement 2001 ao chamar a aten o a respeito do modo como a inform tica parece
99. potencialidades e desejos e ao realizar uma a o a fa a sem ser obrigada Observai que s se fazem as crian as darem coisas cujo valor elas ignoram moedas de metal que ela carrega nos bolsos e que s servem para isso Uma crian a preferia dar cem lu ses a dar um doce Rousseau 1995 73 Para Froebel o modelo s deve ser imitado durante a inf ncia naturalmente ing nua ou em situa es muito claras e primordiais da vida adulta Nesses casos imp e se o modelo mediante o exemplo e as palavras por m sempre no que 21 concerne ao esp rito e vida nunca no que se refere forma Froebel 2001 28 A orienta o froebeliana diverge um pouco da linha de pensamento de Rousseau e tamb m das id ias de Montaigne 1996 que parece interpretar essa imita o necess ria de Froebel com uma cr tica mais contundente Entretanto a exposi o deste vi s do pensamento de Froebel faz se relevante nesse momento para mostrar a coer ncia te rica de sua proposta Ao dizer manifesta tua ess ncia espiritual Froebel faz refer ncia a uma entrega ao terceiro termo que deve imperar igualmente no professor e no disc pulo bem como manifestar se na atitude de ambos Tem origem nesse preceito que conduz ao conhecimento e verdade o seguinte princ pio O ensino assim como o educador mesmo deve apresentar o individual e o particular como geral e o geral como particular e individual comprovando os
100. psican lise e educa o Rio de Janeiro Vozes 1999 323 LAKATOS Eva Maria e MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de Metodologia Cient fica S o Paulo Atlas 1991 LEIF J e RUSTIN G Pedagogia geral pelo estudo das doutrinas pedag gicas S o Paulo Ed Nacional 1968 LEWOWICKI T SINGER H e MURAHOVSCHI J Janusz Korczak S o Paulo EDUSP 1998 LIPOVETSKY Gilles O Nascimento do Hipermoderno Jornal Folha de S o Paulo S o Paulo 14 de mar o de 2004 LIPP Marilda E N org Crian as estressadas causas sintomas e solu es Campinas Papirus 2000 L VY Pierre Estamos todos conectados Nova escola a revista do professor S o Paulo Funda o Vitor Civita ano XVIII n 164 agosto de 2008 L VY Pierre Educa o e Cybercultura O universal sem totalidade ess ncia da cybercultura Dispon vel em http empresa portoweb com br pierrelevy ouniversalsem html LYOTARD J F O p s moderno Lisboa Gradiva 1989 LOBO Luiz Televis o nem bab eletr nica nem bicho pap o Rio de Janeiro Lidador 1990 324 L VISKY David L o org Adolesc ncia pelos caminhos da viol ncia S o Paulo Casa do Psic logo 1998 MARX K Pref cio para a cr tica da economia pol tica In MARX amp ENGELS Obras escolhidas Trad Jos Barata Moura Lisboa Editora Avante amp Moscou Edi es Progresso 1982 Fetichismo e Reifica o In IANNI O org Karl Marx
101. quest o Quem cuida de voc na sua casa na qual as crian as revelam ser mesmo a m e apesar de algumas trabalharem fora e ou estudar Na escola C u duas crian as da primeira s rie responderam que n o cuidam de ningu m as outras tr s disseram de meu primo dos meus irm os do meu irm o beb Na segunda s rie dessa escola mesmo caso duas crian as responderam taxativamente que n o cuidam de ningu m duas outras crian as responderam que cuidam da av e uma delas contou cuidar de sua priminha Como demonstrado pelas respostas das crian as quest o Quem mora com voc na sua casa as fam lias dessas crian as s o maiores abarcando tios primos av s seria de se esperar que em fun o dessa realidade elas cuidassem mesmo de algu m embora das dez entrevistadas da primeira e segunda s rie quatro revelassem n o cuidar de ningu m em oposi o a onze crian as que cuidam ou ajudam a cuidar de algu m A quarta quest o vem em complementa o anterior Voc ajuda nas tarefas de sua casa Se sim em quais delas As respostas foram bem interessantes Na pr escola Azul das cinco crian as ouvidas duas disseram n o s brinco outras tr s responderam fa o caminhada com meus cachorros levo no veterin rio dou banho atendo telefone escrevo meu nome e arrumo a casa quando minha m e est na internet ela me pede as coisas e eu busco Podemos observar qu
102. rios eletr nicos que deveriam facilitar a vida dos adultos est o sendo utilizados e desejados cada vez mais cedo por nossas crian as como representa o de um desejo precoce de crescer das mesmas 234 Esta foto foi encontrada num site de divulga o de trabalho de um fot grafo especialista em fotos de crian as O beb uma menina est bem vontade com rostinho feliz e o que mais bonito vestida como um beb como uma crian a O cen rio n o nenhuma fruta ou sacola de supermercado como nas fotos comerciais j analisadas nesta sess o mas nem por isso menos belo A imagem retrata com simplicidade e beleza uma crian a e um jeito de tratar a inf ncia que parece esquecido hoje em dia em fun o do consumismo e invers o de valores Guardemos essa imagem de inf ncia feliz em nossas mentes e acreditemos que nem tudo est perdido 235 IV Il Vozes de inf ncia Propus durante grande parte deste trabalho que ouv ssemos as crian as para que pud ssemos com mais propriedade pautarmo nos pela necessidade do resgate de alguns valores e pr ticas que se perderam em fun o das correntes id ias p s modernas Para tanto foram entrevistadas 30 crian as com idade de cinco seis e sete anos quinze de uma escola p blica localizada na periferia e quinze estudantes de uma escola particular de elite O question rio aberto foi dividido em quatro partes concep o de inf ncia fam lia escola e cultu
103. se esforce para coincidir com as experi ncias de seus alunos fazendo em contrapartida com que os alunos se encontrem nas atividades que s o propostas Mas preciso esclarecer a cultura de massa programas de r dio e TV e filmes comuns divers es de massa n o o est gio terminal ao qual espero conduzir os alunos da minha escola esse tamb m n o um prazer in til e menos ainda aviltante assistir a um jogo na televis o pode ser um est mulo ao esfor o ao respeito as regras a fa anha A cultura da minha escola se imp e por meta organizar a viv ncia superar o parcial estabelecer liga es vislumbrar perspectivas conseguindo colocar como conjuntos a situa o a comunidade e at o desenrolar da hist ria Snyders 1993 144 146 Acredito que a escola como proposta por Snyders capaz n o apenas de promover a alegria mas essencialmente de preservar a inf ncia atrav s dessa alegria A escola proposta 305 por Snyders valoriza a disciplina como Gramsci n o impede a interven o respons vel do adulto no processo como sugere Arendt e parece querer ser o ambiente respons vel pelo respeito crian a uma vez que valoriza o seu cotidiano extra escolar mas oferece exatamente por ser diferente da vida elementos que podem tanto faz la atraente quanto tornar se espa o por excel ncia de preserva o da inf ncia revertendo a tend ncia ilustrada por Postman segundo a qual a escolariza
104. se prioritariamente na diferencia o frente ao mundo do adulto e est ligado 102 tomada de consci ncia por parte do adulto dessa diferencia o Conforme Pereira 2002 o conceito de inf ncia tomou forma testemunhando amplas e profundas transforma es com o avan o da ci ncia o homem tornou se objeto espera de uma explica o e a inf ncia passou a ser vista como objeto privilegiado para uma ci ncia comprometida com o desencantamento do mundo e seus projetos educativos para uma nova sociedade De posse destas considera es a autora divide a hist ria da inf ncia em dois contextos o seu surgimento cl ssico sobre o qual fala brilhantemente Ari s em sua obra Hist ria Social da Crian a e da Fam lia 1981 e o seu suposto desaparecimento cujo principal te rico o americano Neil Postman 1999 No primeiro contexto segundo Pereira a crian a vista como dependente do adulto uma vez que n o est inserida no processo de produ o Por isso mesmo tratada como ser incompleto que precisa ser educado sob a l gica do capitalismo Ainda hoje a inf ncia vista de maneira paradoxal por um lado livre das implica es trazidas pelo mundo do trabalho por outro passa ser olhada a partir daquilo que n o mas que se tornar ainda orientada pela mesma l gica do trabalho e da produ o Este pensamento se revela por meio da comum pergunta que fazemos s crian as o que voc vai ser quando crescer
105. ser respons veis pelo desaparecimento da inf ncia na medida em que se preocupam muito pelos regramentos como o que devem ou n o fazer as crian as ao brincar ao sentar ao falar ao correr ao comer ao dormir em suas trocas de conviv ncia Wilke Franco 2002 52 Poder amos neste momento recorrer a Gramsci autor que tamb m afirmou conforme demonstrado nesse trabalho que muitas vezes o mundo da crian a organizado de acordo com a vis o adulta principalmente os brinquedos Mas Gramsci em momento algum estabeleceu rela es entre essa cr tica e as atitudes adultas que visam estabelecer rotinas e disciplina na vida da crian a Mas s o exatamente a rotina e a disciplina que Wilke Franco parece querer abolir A autora chama a perman ncia das crian as na escola de confinamento e conclui que esse confinamento uma solu o desejada pelos adultos que acreditam que as institui es especializadas s o as mais indicadas para a guarda e o cuidado das crian as por um per odo prolongado Essa prote o ainda do ponto de vista da autora fragiliza a inf ncia E isso a faz pensar que as institui es de educa o infantil podem n o estar fazendo sua parte como produtora de um saber cultural colaborando para a cria o de um vazio que n o permite que a 310 crian a se torne agente de sua pr pria hist ria Al m disso a autora taxativa ao dizer que a institui o de educa o infantil n o pode conceber as cria
106. serem aprofundadas e que podem representar importantes indicadores do n vel de afetividade e responsabilidade que permeia as rela es entre pais e filhos A segunda quest o desse bloco teve como objetivo conhecer e entender o gosto das crian as em rela o aos programas de TV e verificar em rela o quest o anterior se as 276 mesmas t m a oportunidade de assistir o que gostam pontuando a dimens o da necessidade da interven o dos pais Segue a quest o Qual programa de TV voc mais gosta e por qu As crian as da pr escola Azul citaram seus programas favoritos Todos os do power rangers principalmente o gera o animal Gosto porque legal Power rangers for a animal o tema mais recente da s rie na qual os her is adquirem cada qual a for a de um animal Pica pau porque colorido e ele faz compras no mercado sozinho Pica pau um desenho pol mico alvo de estudos que concebem o passarinho como s dico e ou maldoso entretanto penso ser inofensivo em rela o programa o que observamos hoje em dia O interessante que o que parece chamar a aten o da crian a a autonomia do personagem em fazer coisas de adultos como por exemplo compras no mercado sozinho Pok mon porque legal Este um desenho cujos personagens principais s o monstrinhos ou extra terrestres enfim criaturas diferentes que est o sempre competindo entre si demonstrando altas doses de v
107. situa o geral de troca de saberes Deste modo para chegar a essa cultura planet ria preciso que a escola crie modelos de aprendizagem em que o professor seja um animador de intelig ncias coletivas e n o mais um fornecedor de conhecimentos L vy diz ainda que a universidade perdeu a excel ncia de seu lugar de produ o de conhecimentos que compete agora a toda a sociedade pois a sociedade exige que todos desenvolvam ao m ximo suas pot ncias criativas criando neg cios teorias inventando ferramentas e produtos de acordo com as habilidades de cada um Em minha an lise encontra se impl cita nesta fala uma preocupa o muito grande com o progresso da ci ncia e com o desenvolvimento econ mico Mas e as intera es sociais E a humaniza o que deveria caracterizar a rela o de ensino aprendizagem Em minha opini o animador bem diferente de formador E nestes tempos p s modernos de forma o em conte dos mas fundamentalmente em princ pios e valores que nossas crian as escolares precisam Em fun o dessas informa es que preciso consci ncia de que o papel da escola formar indiv duos tanto crian as como professores que saibam usar critica e criativamente o computador que uma tecnologia social e hist rica assim como o cinema a fotografia a pena a impress o e a escrita papel da escola democratizar o acesso a mais um instrumento de informa o e cria o Neste sentido embora Nogueira fa
108. sua maioria assistem TV sem companhia Sim Jackie Shan Assisto sozinho Assisto s Bob esponja e assisto sozinho Sim Assisto Rebeldes sozinho n o deixo ningu m entrar no meu quarto pois s ficam falando e eu n o gosto A resposta dessa crian a revela a esp cie de hipnose que essa novela exerce sobre a crian a elas ficam vidradas na TV e levam tudo o que v em para as diversas situa es da vida como fazem os rebeldes Sim assisto Rock Power com meu irm o Assisto muito TV Xuxa filmes novela Alma G mea 18 00 Bang bang 19 00 e Belissima 21 00 Essa ltima minha m e n o deixa eu assistir muito Eu assisto com meus pais Esta crian a apesar de assistir novelas desde a mais at a menos comprometedora para a inf ncia demonstra receber a orienta o dos pais al m de assistir os programas com eles Vejamos agora as respostas das crian as da pr escola da rede p blica Sim Assisto TV Xuxa novela Bang bang e Belissima Assisto desenhos sozinha e novela com meu pai e minha irm porque minha m e trabalha noite Embora sem a m e a crian a assiste a novela das 20 00 horas acompanhada da fam lia Sim TV Xuxa power rangers as espis tamb m novela Alma g mea e Bang bang Assisto com meus tios av s irm os Essa crian a tamb m assiste TV independente do programa sempre acompanhada assim como a crian a seguinte Sim Assisto filmes novelas desenhos novela e
109. tarefa um pouco porque s vezes perco desenhos novos sim porque a gente estuda sim muito brincamos quase toda semana vamos ao parque de grama sint tica estudamos filosofia inform tica ingl s Duas crian as enfatizaram gostar por conta das tarefas uma mencionou as tarefas os estudos mas tamb m o brincar As crian as da primeira s rie argumentaram sim porque a gente estuda brinca I lancha sim porque aprendemos coisas importantes Quando eu crescer vou ser cientista e ciclista gosto porque l eu tenho muitos amigos para brincar sim porque aqui eu aprendo sim porque aqui eu aprendo muitas coisas Tr s crian as disseram que gostam de aprender e uma disse que gosta de aprender e de brincar Ainda uma crian a disse que na escola pode brincar com os amigos As crian as da segunda s rie se mostraram mais cr ticas sim tem muitas coisas diferentes para se fazer divertido sim por causa dos meus amigos n o em casa eu brinco e na escola eu s escrevo adoro porque em casa n o tem nada para fazer gosto m dio porque a tia d muita li o dificil Duas crian as pareceram descontentes em rela o ao cotidiano escolar por conta da quantidade e qualidade das tarefas uma enfatizou o brincar com os amigos e duas disseram ser bom por poder fazer muitas coisas coisas diferentes das que fazem ou podem fazer em casa 265
110. temos a rede p blica com tr s crian as revelando n o gostar de acidentes e viol ncia e mais uma dizendo que os notici rios s o chatos embora n o entre em detalhes sobre o porqu acha isso As crian as da segunda s rie I 4 da mesma escola responderam novela Canavial de Paix es porque chata Jornal porque ruim N o gosto de boletim cultura novela Canavial porque chata N o gosto de Didi muito chato Duas crian as revelaram n o gostar de notici rios sem detalhar o motivo duas referiram se novela de pouca audi ncia justificando ser chata e uma delas cita um programa de humor chamado Turma do Didi que embora exibido no domingo por volta das doze horas n o um programa adequado para as crian as devido entre outros fatores ao apelo que faz sensualidade 281 Das trinta crian as ouvidas sete pelo menos demonstraram n o gostar de programas violentos e sete tamb m disseram n o gostar de novelas As demais citaram desenhos e programas espec ficos Podemos concluir que at as pr prias crian as independente da condi o social consideram inadequados e n o gostam de programas que n o s o pensados para sua idade A quarta quest o Voc costuma ler Gosta de ler O que voc l foi incorporada a este ltimo bloco sobre produ o cultural por n o se tratar de um assunto especificamente escolar E neste momento a quest o teve como objetivo sondar
111. teoricamente para os seus adeptos o avan o e o progresso n o seria contradit rio vincular se a uma concep o t o ultrapassada como a do adulto em miniatura Sim porque isso que a p s modernidade vem fazendo claro que sua maneira mas a id ia fazer das crian as pequenas adultos A id ia chave da tese a compreens o do que gera a adultifica o da inf ncia e como esse fen meno sentido e vivido pelas crian as Como as crian as vivem e v em sua pr pria inf ncia Quais os elementos comuns que permanecem em todos os tipos de inf ncia e como os professores devem trabalhar com seriedade e pautados em valores universais diante dessa diversidade preciso para tanto ouvir as crian as o que tamb m proposto nesse trabalho Sabemos que a inf ncia uma cria o da sociedade sujeita a mudar sempre que surgem transforma es sociais mais amplas Hoje a mudan a da realidade econ mica associada ao acesso de informa es colabora para que a crian a se torne um adulto precoce A pedagogia cultural caminha lado a lado com a pedagogia escolar O grande problema que as organiza es que criam esta esp cie de curr culo cultural das quais as crian as t m acesso cada vez mais cedo n o s o educacionais e sim comerciais n o operando para o bem social mas para o ganho individual S o reflexos p s modernos A p s modernidade lan a suas bases tanto na pedagogia cultural como na pedagogia escolar Faz se
112. ticas singulares realizadas pelas crian as de outras escolas A livre express o facilita a criatividade da crian a no desenho na m sica no teatro extens es naturais da atividade infantil progressivamente respons vel por seus comportamentos afetivos intelectuais e culturais Freinet E 1979 31 Al m disso a unidade do ser n o est tica mas gen tica funcional e din mica E isso em fun o do meio com o qua comp e um todo e reage de modo espont neo N o se poderia justificar melhor as raz es da livre express o Freinet E 1979 83 Freinet prop e o retorno leitura global enquanto maneira desinteressada por m estimulante de se aprender a ler e pesquisar ultrapassando qualquer interesse superficial n o pr prio personalidade infantil Por meio da leitura global e produ o de textos Freinet explora a necessidade de curiosidade e atividade das crian as trabalhando os seguintes passos a express o das mesmas a leitura de suas impress es e a impress o desse valioso material De outra maneira for ar amos nossos alunos a lerem a opini o dos adultos impressas como verdade absoluta O interior da crian a precisa ter vida e se preciso ser quase genial para interessar profundamente do exterior s crian as pequenas por outro lado bem f cil atingir lhes a alma se soubermos inspirar lhes confian a e alimentar sua necessidade de express o Freinet E 1979 43 O papel do educ
113. toda a din mica 80 societ ria n o apenas o dom nio cient fico A grande quest o que Santos prop e a resolu o dessa problem tica reformulando a teoria com que aprendeu a pensar como se antes diante deste mesmo conflito nenhum outro pensador tivesse escolhido este mesmo caminho Henry Giroux 1993 acredita que o p s modernismo n o se caracteriza por uma ruptura dr stica com a modernidade mas trata se de ser uma parte das mudan as estruturais da sociedade As mudan as dentre elas a maneira pela qual a cultura criada transmitida e acumulada precisariam ser interpretadas atrav s de novas lentes E neste sentido as teorias p s modernistas s o bem vindas uma vez que contribuem para questionamentos sobre a import ncia da subjetividade humana e tamb m sobre ideal moderno de uma vida igualit ria e justa O p s modernismo seria a pe a chave para se questionar as teorias totalizantes e as verdades absolutas de cunho moderno Al m disso a teoria p s moderna permitiria um aprofundamento da an lise das rela es existentes entre cultura poder e conhecimento A luta pela democracia deveria se pautar desse modo pelas reivindica es p s modernas de formas m ltiplas espec ficas e heterog neas de vida Ao mesmo tempo em que Giroux defende novas formas de pensar que o aproximam do modismo intelectual p s moderno revela sua cren a segundo a qual o modernismo ainda vive uma vez que ainda existem grandes formas de
114. um sentido reconstru do da vida cotidiana fundamental que tenhamos alguma concep o da fonte dos problemas sociais e das formas de opress o A p s modernidade parece me incapaz de nos fornecer um quadro te rico que nos esclare a em rela o a estas quest es Isto posto esta tese trilhar o seguinte caminho no Cap tulo ser feito um estudo abordando as caracter sticas da inf ncia moderna por meio da an lise do contexto hist rico e dos pensadores modernos atribuindo especial nfase s contribui es de Froebel e Freinet Entretanto para mobilizar conhecimentos sobre a inf ncia na Modernidade preciso pesquisar e eleger algumas concep es que caracterizem a modernidade como momento hist rico de inenarr vel valor Para isso Kumar 1998 foi definido como refer ncia essencial devido aos seus extensos estudos sobre o tema O cap tulo Il seguir a mesma l gica do cap tulo abordar as quest es referentes ao contexto hist rico e inf ncia dentro deste contexto versar sobre a p s modernidade pela tica tanto daqueles que a defendem como dos que a criticam para em seguida situar a inf ncia nessa realidade complexa O cap tulo estudar deste modo a produ o cultural para a inf ncia contempor nea passando pelos temas da literatura infantil programas de televis o m sica brinquedos e brincadeiras consumo Essa heterogeneidade de temas discutidos nesse cap tulo pode parecer num primeiro momento
115. 36 sabido que mesmo as roupas infantis s muito tardiamente se emanciparam das adultas Foi o s culo XIX que levou isso a cabo Pode parecer muitas vezes que nosso s culo tenha dado um passo adiante e longe de querer ver nas crian as pequenos homens ou mulheres reluta inclusive em aceit las como pequenos seres humanos Benjamin 2002 86 Este trecho revela uma concep o de inf ncia atrelada ao brinquedo e ao brincar e ao mesmo tempo reveladora da crian a enquanto portadora do poder de constru o e destrui o assim como o adulto por m de uma maneira especial Nada haveria de mais bonito que pequenos atentados terroristas maravilhosamente executados com pr ncipes que se despeda am mas volta se a recompor e inc ndios que irrompem automaticamente em grandes magazines Pelo menos os meus pequenos n o querem mais prescindir de nada disso 2002 87 Sabemos que cada contexto social cria uma cultura a partir da qual emerge os conceitos sobre a inf ncia sentimento de inf ncia e tamb m sobre o brinquedo e suas manifesta es At a metade do s culo XVII na Europa as atividades l dicas desenvolvidas pelos adultos n o apresentavam distin o em rela o s desenvolvidas pelas crian as pois eram compartilhadas por ambos j no Brasil por exemplo no final do s culo XIX come a a surgir o objeto brinquedo mercadoria Passa se deste modo do brinquedo artesanal ao brinquedo industrial que n o esti
116. 85 CORTELA M rio S rgio Novos paradigmas da educa o S o Paulo setembro de 2003 fita de v deo COMETTI J P Filosofia sem privil gios Porto Edi es Asa 1995 p 07 37 CROCE B O Historicismo e sua Hist ria In A Hist ria Pensamento e A o Rio de Janeiro Zahar Editores 1962 COLAVITTI Fernanda A mem ria e o caos digital In Revista Galileu S o Paulo Editora Globo n 130 p 28 a 35 maio de 2002 CAMPOS Cristiana C G SOUZA Solange J Inf ncia M dia e Cultura de consumo In GONDRA Jos Hist ria Inf ncia e escolariza o Rio de Janeiro 7 letras 2002 CUNHA Marcus Vin cius Jonh Dewey uma filosofia para educadores em sala de aula Petr polis Vozes 1994 EBY Frederick Hist ria da Educa o Moderna Porto Alegre Globo 1970 CORAZZA S M Hist ria da Inf ncia sem fim Rio Grande do Sul Uniju 2000 320 FERREIRA M O L As controv rsias da p s modernidade e os descaminhos da educa o o marxismo e a resist ncia da pedagogia do trabalho 2001 Tese Doutorado em Fundamentos da Educa o Departamento de Educa o UFSCar S o Carlos 2001 FRANCO M rcia Elizabete Wilke Compreendendo a inf ncia como condi o de ser crian a Porto Alegre Media o 2002 FREIRE Paulo Professora sim tia n o cartas a quem ousa ensinar Rio de Janeiro Olho d gua 1999 FRIGOTTO Gaud ncio org Educa o e crise do trabalho perspectiva de
117. MENT A crian a e a m quina como os computadores colocam a educa o dos nossos filhos em risco Porto Alegre Artmed 2001 318 BENJAMIN Walter Reflex es sobre a crian a o brinquedo e a educa o S o Paulo Duas cidades Ed 34 2002 BERMAN M Tudo que s lido desmancha no ar a aventura da modernidade S o Paulo Edit Schwarcz 1992 BOTO Carlota O desencantamento da crian a entre a Renascen a e o s culo das Luzes In FREITAS Marcos C sar de KUHLMANN Jr Moys s Os intelectuais na hist ria da inf ncia S o Paulo Cortez 2002 BETTELHEIM Bruno A psican lise dos contos de fadas Rio de Janeiro Paz e Terra 1980 BEYER L LISTON D P Discurso ou a o moral uma cr tica ao p s modernismo em educa o In SILVA T T org Teoria Educacional cr tica em tempos p s modernos Porto Alegre Artes M dicas 1993 BUJES M E Inf ncia e maquinarias Rio de Janeiro DP amp A 2002 CATANI Denice Barbara BUENO Belmira A O and SOUSA Cynthia P de Love for beginnings towards a history of relationships with the school Cad Pesqui online Dec 2000 no 111 cited 07 July 2006 p 151 171 Available from World Wide Web lt http Anww scielo br scielo php script sci arttext amp pid S0100 157420000003000088 amp Ing en amp nrm iso gt ISSN 0100 1574 319 CHAU Marilena tica e Universidade Revista Universidade e Sociedade Bras lia ano V n 08 fevereiro de 19
118. Nesse sentido a qualidade do v nculo estabelecida com o jovem decisiva em seu processo de forma o e elabora o Baseada em Freud Mal estar na civiliza o e cultura 1930 a autora apresenta nos dois tipos de pais os que evitam frustrar os seus filhos e aqueles que n o d o amor aos seus relegando os a um total desamparo Desse modo 113 No primeiro caso os pais demasiadamente tolerantes poder o contribuir para a forma o de um superego muito rigido na crian a de forma que ela n o encontrar meios para dar vaz o sua agressividade no meio externo familiar onde tudo pode colocando a dessa forma para dentro de si J na situa o de desamparo dos pais em rela o crian a esta poder desenvolver uma falta de tens o eg ica e supereg ica e todo o seu dio ser voltado para o exterior Esse fen meno tamb m observado nas institui es de crian as carentes ou nos jovens que vivem perambulando pelas ruas R B Levisky 1998 180 importante ressaltar que as caracter sticas da sociedade atual sua tend ncia viol ncia e suas mudan as quase que instant neas acabam provocando confus es na vida humana e tudo isso se reflete na rela o entre os pais e os filhos de modo que estes ltimos n o se tornam suficientemente fortes para lidar com perdas e estruturados para seu processo de subjetiva o e elabora o Deparamo nos ent o com a exist ncia das atua es o adolescente repete por
119. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CI NCIAS E LETRAS CAMPUS DE ARARAQUARA PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O ESCOLAR A inf ncia da p s modernidade e o projeto moderno inconcluso Keity Jeruska Alves dos Santos Zadorosny Araraquara Setembro de 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CI NCIAS E LETRAS CAMPUS DE ARARAQUARA PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O ESCOLAR A inf ncia da p s modernidade e o projeto moderno inconcluso Keity Jeruska Alves dos Santos Zadorosny Tese a ser apresentada ao Programa de P s Gradua o em Educa o Escolar como parte dos requisitos para obten o do t tulo de Doutora em Educa o sob a orienta o da Profa Dra Carlota Boto Araraquara Setembro de 2006 Ao meu filho Andr Luiz que trouxe luz minha vida Agradecimentos Ao meu marido amigo e amor Rafael pela compreens o e apoio incondicional a minha m e Te fanes pelo incentivo exemplo e presen a constante ao amigo sens vel e profissional competente Prof Dr Amarilio Ferreira Jr orientadora Prof Dra Carlota Boto por sua constante dedica o e compet ncia Sum rio Introdu o Um primeiro olhar para a inf ncia e eseeeeaeeareeaeeannnaa 01 Cap tulo Modernidade e Inf ncia res teaaeeeaeeaaeeaneenaanaaanana 06 II I A Modernidade em defesa da inf ncia principais contribui es
120. a homem feito E o tempo O tempo passou na janela como diz a can o popular E a gente n o viu Que imagens guardar de tudo isso Que di logo manter com um tempo que evapora aos nossos p s sem deixar rastros ou marcas Pereira e Souza 1998 32 Este tempo revelado pelas autoras parece o tempo atual perpassado por vi ses p s modernos que exaltam o hedonismo e o presentismo desmerecendo a id ia de passado e futuro enquanto etapas e fundindo da mesma maneira o futuro no eterno presente Conven o me que n o s o caracter sticas modernas Temos ainda Nesse ritmo incessante inaugurado pelo modo de produ o capitalista e exacerbado pelas revolu es tecnol gicas contempor neas vamos construindo novos modos de experimentar a vida pautados na dispers o na simultaneidade na superficialidade Condenado a ser um eterno presente o cotidiano parece abdicar de sua historicidade e o tempo vivido vai perdendo seu car ter processual como se acord ssemos todo dia anestesiados num contexto essencialmente novo originariamente novo sem marcas ou apelos do passado e como se os nossos atos n o contivessem uma for a prospectiva Pereira 2002 150 Uma maneira de atuar na contram o da perspectiva presentista da p s modernidade seria o resgate do di logo com o outro e com o tempo hist rico Baseadas nos conceitos de Benjamim e Rouanet Pereira e Souza 1998 nos escrevem que o di logo permanente com a hi
121. a es do meio obrigam o indiv duo a modificar a t cnica instintiva atrav s de novas experi ncias A adapta o que da resulta a ess ncia da educa o O grande drama da educa o prov m do desequil brio permanente entre o meio interno por um lado que deve atingir e precisa conservar para viver um m nimo 66 de equilibrio e harmonia e um meio externo sempre em movimento n o possuindo portanto a estabilidade desejada E esse meio hoje varia de uma gera o a outra a tal ponto que o instinto que era outrora a t cnica de vida soberana quase sempre falha Antigamente as gera es tinham tempo e lazer para se adaptar as modifica es do meio Hoje s o os indiv duos que devem vencer esse dilema reencontrar o equil brio ou morrer Freinet in E Freinet 1979 134 Parece que Freinet de alguma maneira previu os desafios p s modernos o niilismo hedonismo materialismo vulgar revelando a principal dificuldade humana de encontrar ou re encontrar equil brio e alcan ar algum m nimo n vel de estabilidade Atualmente quando a novidade n o mais as mudan as mas a rapidez com que as mesmas se processam debilitando nosso senso de percep o e reflex o coloca se diante de n s como nico caminho restante a adapta o a essa realidade adapta o que prescinde muitas vezes das id ias e dos ideais de transforma o que constituem a t nica freinetiana Hojas 1996 j nos alertara pa
122. a es empresariais resistindo e questionando seus m todos pedag gicos imbricados ao mercado total W Pereira 2003 Vivemos a mobiliza o total das subjetividades a partir da m dia que dissimula as for as vivas em signos de consumo fazendo com que os corpos s se sintam livres amarrados est tica do autom vel como passantes nos shopping centers como complemento da mercadoria presos aos simulacros das m quinas Percebemos uma nica narrativa identificada com a cultura de mercado negando qualquer tipo de contradi o nesse contexto que percebemos a coloniza o do espa o escolar local onde o poder se organiza e se exercita Os saberes centrados no curr culo est o vinculados Ind stria Cultural Portanto pensar e espa o escolar como territ rio contestado exigiria a desconstru o por parte da comunidade escolar da narrativa que reduz o ser a valor de troca e complemento da mercadoria Mas interessa segundo o autor que nossas subjetividades podem resistir e a escola pode produzir cultura significativa a partir de nossas experi ncias cotidianas reinventando o que somos narrando nossas pr ticas culturais nossas lutas erigindo uma historicidade para al m do mercado capitalista 313 VI Considera es finais O olhar que percebe a inf ncia sempre arriscado encerrar mesmo que temporariamente um assunto t o rico e importante quanto a educa o da crian a contempor nea Contudo penso que nem s
123. a o da crian a para eles o meio cr tico n o o eletr nico mas o conte do exibido Segundo pesquisadores da Universidade da Calif rnia poca 2003 a preocupa o excessiva dos pais em rela o ao tempo gasto pelos filhos com a tecnologia n o teria fundamento O bem estar segundo eles depende da intera o com outras pessoas e a tecnologia encoraja as crian as a ficar em contato com colegas do mundo real n o a se isolar em um mundo de faz de conta A este respeito considerando o computador como umas das novas tecnologias t m o alerta de Armstrong e Casement 2001 145 como oposi o opini o dos pais relatada acima A maioria das crian as menores de sete anos n o possuem a capacidade de distinguir entre o que real e imagin rio Muitas crian as pequenas consideram as personagens de livros e hist rias de quadrinhos de programas de televis o e comerciais sendo t o parte de suas paisagens emocionais e sociais quanto seus familiares e amigos Os la os emocionais profundos que as crian as formam com essas personagens imagin rias permanecem com eles de alguma forma at a idade adulta Em gera es anteriores as personagens de inf ncia adquiriam vida nas hist rias contadas por seus pais e outros membros da fam lia Essas narrativas geralmente tinham algum prop sito moral al m de seu valor como entretenimento Elas mostravam o que acontecia com pessoas que eram bondosas e generosas ou ego stas e de
124. a opini o sobre a inf ncia contempor nea Eu acho que a crian a de hoje ela est muito precoce pras coisas Tem muita coisa que eu acho errado por exemplo uma garota de quatro anos botar um shortinho da Carla Perez um topizinho Eu acho isso horr vel Eu acho muito precoce Pois eu acho que influ ncia da televis o achar bonito Ningu m mais acha bonito S tio do Pica pau Amarelo que era uma coisa educativa Hoje todo mundo vamos ver o Programa do Raul Gil do Faust o que vai ter a bunda l da Carla Perez Gente Eu acho que poderia trabalhar essa coisa precoce da crian a de hoje mais voltada pra outro lado entende Tem crian as de cinco anos hoje que est dan ando Beleza Vamos dan ar Ent o vamos botar numa aula legal em vez de estar dan ando a m sica do tchan Campos e Souza 2002 136 Este depoimento da adolescente nos faz refletir a respeito da fun o da escola Esta institui o de acordo com as autoras precisa reaprender a ser atraente e sedutora embora Campos e Souza n o expressem em que momento a escola foi sedutora no sentido aqui expresso para uma inf ncia que est imersa na cultura audiovisual Pais professores e 118 adolescentes coincidem suas opini es a respeito desta mesma quest o a m dia influencia fortemente o sujeito na cria o e internaliza o dos valores Eles tamb m observam que os valores que t m sido veiculados pela m dia muitas vezes n o se coad
125. a a pesquisa cient fica S o as conquistas do homem que o refazem no que se refere sua energia potencial que garante continuidade sua vida Para Freinet alguns homens t m a faculdade de transformar rapidamente uma conquista em automatismo o automatismo condi o para um desenvolvimento posterior do sujeito liberando deste modo uma energia que se direciona para novas pesquisas com novos objetivos O processo de vida se constitui em aquisi es de aprendizagens que inicialmente dependem dos automatismos do instinto o aprendiz deve recorrer aos adultos e aos meios auxiliares para solidificar suas aprendizagens a educa o consiste nesse processo e n o imposi o de um quadro exterior de condicionamentos que n o correspondem s suas naturais necessidades se isso ocorre estamos diante da domestica o O m todo natural de Freinet pautado pela livre express o e na associa o entre uma teoria experimental e pr tica experimental busca favorecer as aprendizagens no sentido de um trabalho gen tico capaz de responder s naturais e portanto reais exig ncias do ser humano Deste modo o instinto seria o motor inicial e natural que todas as aprendizagens se ap iem nele entretanto o homem inteligente perme vel experi ncia Por isso quando se muda o meio ao qual o indiv duo est ligado organicamente o instinto n o capaz de satisfazer as necessidades das novas condi es Sobre isso as vari
126. a porque seu discurso pretende resgatar a unidade do homem rompendo a radicaliza o racionalista do iluminismo reatando sentimento e raz o e porque prop e a dial tica entre pensamento e a o talvez seja mesmo imposs vel apreend lo apenas como um instrumental te rico destitu do de estofo existencial esvaziado de esp rito Incontri 1997 12 A profunda confian a de Pestalozzi na possibilidade de assentar a instru o do povo sob bases psicol gicas que considerassem a intui o e superasse uma ret rica superficial que predominava no ensino 1933 30 dividia espa o com sua cren a no cora o humano o que fez dele autor de grande sensibilidade He adquirido esta experiencia profunda el coraz n humano y aun el coraz n de los gobiemos que es el coraz n m s duro de todos los corazones humanos no resiste la contemplaci n del hundimiento y consunci n desamparados de cualquier aspiraci n grande y pura fruto del sacrif cio humano quando sus capullos se han transformado a sus ojos em flores Amigo mio el hombre es bueno y quiere el bien solo que cuando lo hace quiere ao mismo tiempo encontrarse bien y si es malo es porque seguramente se l h cerrado el camino por el cual queria ser bueno Cerrarte este caminoes uma cosa horrenda y ello es tan com n y el hombre as es tan raramente bueno Sin embargo yo creo eternamente y de um modo general em el coraz n humano y em esta creencia camino
127. a a aten o das crian as que os possuem e que os almejam Faz nos pensar tamb m a respeito do debate atual a respeito das vantagens e desvantagens do uso do computador na educa o da crian a e no discurso pol mico que classifica o computador ora como brinquedo ora como material pedag gico A foto revela o fasc nio que a m quina exerce sobre as crian as exagerando um pouco mais mostra o computador encantando beb s 204 Foto que retrata a brincadeira infantil novamente associada ao animal de estima o num ambiente de brinquedos quase que extinto hoje em dia Podemos observar que a crian a brinca com blocos que parecem conter letras e n meros e tamb m com o carrinho n o industrializado todos elaborados em madeira O menino dormindo representa o descanso ap s o prazer intenso oferecido pela brincadeira e o animal de estima o simboliza os la os de amizade tamb m muito importantes para a crian a nessa fase da vida Trata se de uma foto n o comercial e que chama a aten o pela simplicidade com a qual foi retratada 205 i Semedo nd ASA PER IR Essa foto segue a mesma linha da imagem anterior A crian a est brincando em um ambiente dom stico com os animais de estima o e um pequeno trator H tamb m outros animais circulando livremente pela fazenda A express o feliz da crian a acrescenta beleza ao conjunto da imagem Embora esteja em um tratorzi
128. a adulta Mesmo as escolas que continuam valorizando o l dico como o cora o do processo de ensino aprendizagem de alguma maneira no imagin rio dos pais garantem s crian as responsabilidades anteriormente inexistentes Tr s respostas das crian as de seis anos chamaram a aten o Sim sou crian a mas tomo leite no copo Acho que somos crian as at 1 2 anos depois a gente j cresce Essa crian a associa a inf ncia fase do beb em contrapartida parece um pouco confusa em rela o sua condi o de crian a pois se sente uma mas pela sua l gica inicial n o faz mais coisas de beb s como por exemplo precisar de ajuda para beber leite Outra resposta interessante Para minha m e eu sou um adulto pois eu sempre ajudo ela Mas para mim eu sou crian a Acho que at os 10 anos porque depois de 10 a gente n o liga muito para brincar Essa crian a parece bem certa de sua condi o embora em sua interpreta o a m e pense o contr rio Embora se refira idade de dez anos como limite para a inf ncia o crit rio que de fato parece pesar para ela o desinteresse pelo brincar que ela supostamente cr que deve chegar por volta dessa idade 241 A terceira resposta mencionada encanta pela sabedoria Sim sou crian a Do mesmo tamanho que eu sou At 200 anos porque a gente cresce mas morre crian a Quando questionada a respeito dessa sua fala a crian a completou argumentando que n
129. a coisa com os objetos denominados em ltima inst ncia n o se encontram mais separadas as palavras e as coisas mat ria e esp rito corpo e alma Para Froebel isto perfeitamente observ vel nos jogos das crian as e na rela o familiar e vital que as mesmas estabelecem com a natureza Neste 27 sentido o jogo constitui o mais alto grau de desenvolvimento do menino porque uma manifesta o espont nea do interno O menino que joga tranquilo e espontaneamente resistindo fadiga ser certamente um homem ativo capaz de se sacrificar pelo seu bem e pelo bem dos outros Sendo manifesta o do interior do menino o jogo gera liberdade alegria satisfa o paz e harmonia com o mundo Como j disse n o se devem considerar os jogos infantis como coisas frivolas e sem interesse As m es devem intervir nos jogos assim como o pai deve observ los e vigi los Para um observador verdadeiro conhecedor do cora o humano toda a vida interior do homem futuro est j presente nos jogos espont neos e livres desse momento da inf ncia Os jogos dessa idade s o os germes de toda a vida futura porque ali o menino se desenvolve e se mostra por inteiro em seus variados e delicados aspectos em suas mais ntimas qualidades Toda a vida futura do homem at os seus ltimos passos sobre a Terra tem sua raiz nesse periodo Dele depende que sua vida seja serena ou angustiada doce ou turbulenta ativa ou pesarosa f
130. a constantemente pela atualidade Com bolas de t nis e raquete nas m os a menininha exibe a saia curt ssima confundindo o que pr prio da inf ncia com os padr es adultos Entretanto nesse caso assusta menos a roupa do que a express o da garotinha 212 Estamos diante de uma pintura que se destaca pela maneira com a qual retrata as veste infantis condizentes com a idade da crian a Os vestidos com detalhes de renda la arotes ou singelos babados n o s o quase vistos hoje em dia porque as crian as s o vestidas de acordo com a moda ditada pela m dia A a o de recolher conchinhas na praia embeleza a imagem como um todo transmitindo a serenidade e despertando a sensibilidade dessa representa o de inf ncia 213 A cena do beijo comum hoje em dia tanto em fotos p steres como em comerciais de televis o cnama a aten o de adultos e crian as Estranhamente ela n o desperta uma an lise cr tica num primeiro momento decorrente da incompatibilidade entre cena e personagens mas pela suposta beleza que a imagem traz consigo como se fosse natural uma crian a beijar a outra nos l bios para demonstrar o seu carinho 214 O pequeno garoto vestido formalmente como um gentleman carrega rosas quase do seu tamanho e revela pelo olhar aparentemente t mido interesses do mundo dos adultos ineg vel que se trata de uma foto bel ssima haja vista o detalhe das rosas coloridas no
131. a cultural da modernidade Rousseau frequentemente tido como o primeiro pensador a corporfificar a sensibilidade moderna bem mais lembrado por sua apaixonada revolta contra as tend ncias racionalizantes da modernidade Marx o grande te rico da modernidade capitalista impressionou se com o paradoxo de que em nossos dias tudo parece conter em si o seu oposto progresso material lado a lado com empobrecimento espiritual conhecimento cient fico acompanhado de ignor ncia em massa conquista da natureza seguida de escravid o de seres humanos Kumar 1998 104 II A Modernidade em defesa da inf ncia principais contribui es A Modernidade tal como a entendemos estende se a partir do Renascimento tomando como base o Renascimento italiano do s culo XVI que dentre seus muitos expoentes contempla o franc s Michel de Montaigne autor dos Ensaios cr tico categ rico do pedantismo e da escol stica e defensor da filosofia Em determinado momento de sua obra Montaigne dentre muitos assuntos discorreu sobre a Educa o das crian as o papel da afei o dos pais na forma o do ser humano a consci ncia e a amizade 11 Para Montaigne ilustre pensador do s culo XVI uma educa o virtuosa seria aquela que privilegiasse o bom senso e estabelecesse rela es claras e diretas entre os saberes aprendidos pela crian a e sua significa o Por n o mostrarem de imediato suas tend ncias naturais seria taref
132. a de grande responsabilidade educar as crian as assim como conduzi las independentemente das indica es vaga de seu car ter ao bem comum ao bom belo e verdadeiro da sociedade Encaminhar as crian as para as coisas melhores e mais proveitosas n o significava retirar da crian a o direito de escolha e d vida o respeito autonomia progressiva da crian a era a pedra de toque de suas orienta es educativas A crian a deveria ter o m nimo de civilidade necess ria para bem conviver em sociedade sem se tornar entretanto hip crita Aprender e incorporar os conceitos de verdade e raz o seria fundamental para a crian a e as atitudes do mestre decisivas nesse aprendizado uma vez que a crian a aprende a amar a filosofia por interm dio das atitudes e conversas de seu preceptor Com uma rela o afetiva permeando as intera es entre preceptor e aluno a crian a perceberia aos poucos que tem liberdade para fazer tudo mas apenas algumas coisas conv m ser feitas pois todos os seus atos deviam ser permeados pelo respeito a si pr prio e aos outros guardando as experi ncias boas e eliminando as m s A educa o da crian a deveria contemplar a raz o e a virtude Que lhe incutam no esp rito uma honesta curiosidade por todas as coisas que registre tudo que haja de singular sua volta Nessa pr tica dos homens entendo que se inclua tamb m como extremamente importante a freguentar o daqueles que s vivem nas hist ri
133. a e aus ncia de valores e car ter O terceiro bloco de quest es abordou o mbito da fam lia da crian a A primeira quest o Com quem voc mora na sua casa procurou conhecer a realidade das crian as e tamb m estabelecer rela es com a quest o da cultura trabalhada mais adiante e tamb m com a quest o do brincar analisada anteriormente Pude perceber que as fam lias das crian as da escola particular s o compostas essencialmente pelos pais e irm o ou irm os no m ximo com os av s Apenas uma crian a da pr escola disse morar com a m e e a av uma vez que o pai mora em outro pr dio Transcreverei as respostas apenas para complementar na pr escola Azul moro com minha m e pai e meus cachorros meu irm o morreu ao nascer moro com minha m e meu pai minha irm mais velha e meu cachorro moro com meus pais e meu irm o moro com minha m e meu pai meu cachorro e meu peixe Na primeira s rie do mesmo col gio tr s crian as responderam morar apenas com o pai e a m e uma quarta crian a disse morar com os pais e o irm o beb e a quinta crian as fez quest o de enfatizar moro com meu pai minha m e minha cachorra meu gato meus periquitos peixes e minha tartaruga Na segunda s rie tamb m tr s crian as moram com pai e m e apenas das quais 256 uma enfatiza sou filha nica Duas das crian as moram com os pais e os irm os que s o dois pois eles dizem m
134. a irm Malha o uma novela para adolescentes exibida por volta das dezessete horas que aborda diversas quest es dessa fase da vida Floribela tamb m uma novela exibida por emissora de audi ncia m dia mas que segue o mesmo estilo de malha o As meninas s o as mais interessadas nessa programa o assim como a crian a em tela que assiste com a irm Assisto novelas e desenhos com meu pai Embora assista novelas a crian a assiste na companhia do pai Assisto TV Xuxa Junto com minha irm Assisto sim Jornal da Globo Chaves e Floribela Com minha m e Esta crian a assiste programas veiculados nos mais diversos hor rios inclusive jornal de not cias transmitido ap s as vinte e quatro horas Sim Assisto TV Cultura e Bom dia e Cia Assisto com minha tia A tia a que a crian a se refere a tia que cuida dela quando ela est em casa Todas as crian as revelaram assistir TV acompanhadas por algu m As crian as da segunda s rie da mesma escola foram mais diretas e sint ticas nas respostas sendo que quatro assistem com companhia e apenas uma sozinha Assisto Globo e SBT Sempre tem gente em casa Assisto qualquer programa geralmente globo e SBT 215 Assisto com meus irm os Sim TV Cultura Assisto com algu m junto Assisto qualquer coisa SBT Globo Assisto sozinho Assisto s SBT Com algu m junto Tamb m mencionaram apenas os canais que costumam assist
135. a mudan a ocupacional Kumar diz que Bell n o deduz de seu modelo predominantemente econ mico todas as caracter sticas de vida social e pol tica da sociedade de informa o para ele economia estado e cultura reagem a normas diferentes apresentam ritmos diferentes de mudan a e s o regulados por princ pios 78 diferentes Outros cr ticos acreditam que as profundas mudan as aconte am em toda a sociedade e n o apenas na estrutura t cnico econ mica de Bell Kumar 1998 25 No que se refere ao mundo do trabalho Kumar afirma 1998 35 O conhecimento segundo os te ricos da sociedade da informa o progressivamente influencia o trabalho de duas maneiras A primeira o aumento do conte do de conhecimentos do trabalho existente no sentido de que a nova tecnologia adiciona mais do que retira da qualifica o dos trabalhadores A outra a cria o e expans o de novos tipos de trabalho no setor de conhecimentos de modo que trabalhadores em informa o ser o predominantes na economia Al m disso sup dem se que os trabalhadores de informa o mais qualificados e melhor preparados constituir o os n cleos da economia de informa o Entretanto acrescenta o pr prio Kumar 1998 37 J temos motivos para duvidar genericamente se a for a de trabalho est aumentando em per cia e autonomia Na medida em que o taylorismo continua a ser o princ pio dominante a tecnologia da informa o possui maio
136. a segunda s rie da rede privada que obteve reprova o do gosto pela leitura da maioria das crian as A quest o n mero cinco Voc conhece computador Voc o usa O que voc gosta de fazer nele procurou descobrir de que maneira e com que intensidade essa nova tecnologia permeia o espa o infantil As crian as da pr escola particular responderam claro que sim tem muitos jogos que gosto de brincar o do Mc Donald s por exemplo Sim eu jogo joguinho do Mickey sim sei eu brinco de v rios jogos nele Quando meu pai deixa j era sim eu uso e brinco com ele pois tem bastante jogos uso mais ou menos uso sozinho brinco tenho cd de jogos As cinco crian as possuem computadores e os usam para jogar Na primeira s rie as respostas I foram sim bastante brinco no word art e nos jogos sim gosto de jogar o mundo em suas m os internet s com meus pais e s de s bado ou domingo para procurar joguinhos Sim mas minha impressora est quebrada eu jogo quebra cabe as desenhos jogo da mem ria labirinto tamb m pinto e desenho sim uso bastante jogo v rios jogos sim sim gosto de jogar Fifa e outros jogos de futebol As crian as da primeira s rie parecem us los n o apenas para jogar mas tamb m para atividades escolares atividades pedag gicas Interessante que apenas uma crian a cita a internet e esclarece que navega apenas para buscar joguinh
137. a sua equival ncia no interior do esp rito e nas leis do pensamento E a matem tica apresenta se como um la o de uni o entre o mundo externo e interno entre o percebido e o pensado entre a natureza e o homem Froebel 2001 131 As considera es tecidas a respeito da matem tica demonstram a coer ncia te rica que est por tr s das suas orienta es pr ticas Froebel parece querer demonstrar que tarefa do educador conhecer e vivenciar profundamente o corpo de conhecimentos que transmitir crian a esquivando se assim de uma pr tica pedag gica opaca Nas entrelinhas da cita o acima se encontra comprometimento e profundidade anal tica que revelam ao leitor a verdadeira import ncia da matem tica para a vida e o desenvolvimento da crian a sua 39 express o enquanto conte do escolar visivelmente ligado natureza e ao movimento humano de unidade e pluralidade Ainda ao apresentar a import ncia do estudo das formas de vida e tamb m de se compreender a natureza como um todo Froebel nos revela O conhecimento das leis que regem a ess ncia das formas s lidas e vitais imprescind vel para a educa o do homem Muito ele pode obter do ensino guia orienta o e consolo do estudo da natureza e dos fen menos das formas Por isso O homem na inf ncia e no per odo escolar deve ser iniciado no conhecimento da natureza considerada como unidade em toda sua pluralidade como um conjunto vital e expr
138. a suas necessidades que d voz aos seus 63 Eu como arroz todos os dias Minha m e n o pode comprar came Ela n o tem dinheiro Minha m e diz que se isso durar muito tempo vai acontecer muita coisa ruim preciso que isso se ajeite pois os pais n o querem mais ver os filhos sofrerem N o mo a n o estou com dor de est mago estou com fome Ah Naturalmente isso muda um pouco os textos exageradamente depurados dos manuais escolares nos quais oper rios e camponeses s aparecem embelezados e idealizados Mas demos palavra s crian as O que nos dizem o que escrevem o que sentem n o exprimem em trechos liter rios em que as palavras v em a verdade rude mas atrav s de fatos de gritos de realidades in Freinet E 1979 80 grifo meu O fato de ser taxativo no que se refere sua id ia de por abaixo os manuais escolares e de dizer em alguns momentos que as aulas que apenas servem para o prest gio do pr prio professor n o faz de Freinet uma autor que v contra a escola e suas tradi es como por exemplo a necessidade do cumprimento dos programas escolares Freinet respeita estes programas mas acima de tudo parte da id ia de que os mesmos precisam ser vividos Essas viv ncias das crian as s o registradas e condensadas no que Freinet chamou de Fich rio Escolar Cooperativo controlado por meio dos Planos de Trabalho e dos Certificados e a esc
139. ade que n o permite que elas sejam quem s o Temos nessa imagem duas crian as poder amos argumentar que o compartilhar de id ias ideais e sonhos que une as crian as e alicer a a constru o de uma inf ncia feliz Um adulto estar sempre mais distante do mundo da crian a do que uma outra crian a Desta maneira para que a inf ncia n o desapare a importante que suas peculiaridades sejam respeitadas o que n o significa uma n o interven o do adulto no mundo infantil mas as interven es precisam ser feitas com base na valoriza o das vozes infantis 177 Essa imagem revela um dos sintomas do poss vel desaparecimento da inf ncia a crian a representando profiss es que deveriam ser tipicamente adultas como no caso modelo A imagem ilustra um apelo para que os pais incentivem seus filhos s serem modelos A preocupa o com o corpo com o f sico com a apar ncia expressiva em nossos dias associada necessidade do aparecer social Isso deslumbra muitos pais que muitas vezes apresentam suas crian as para testes e fotos como se as mesmas fossem produtos No que se refere s crian as mais velhas o quadro se agrava pois a necessidade de manter seu corpo nos padr es exigidos pela moda gera transtornos psicol gicos e f sicos 178 Essa foto uma montagem do quadro O Grito do pintor noruegu s Edvard Munch 1863 1944 entretanto a crian a est ocupando o lugar do personagem centr
140. ador exigiria extremo respeito crian a uma vez que caberia a ele transcrever as id ias das crian as sem modificar seus pensamentos O desenho tamb m valorizado por Froebel constitu a instrumento indispens vel do m todo de express o de leitura e escrita freinetiana Os recortes e colagens tamb m eram instrumentos fundamentais enquanto estrat gias utilizadas pelas crian as para representar seu mundo Ao realizar as suas atividades da maneira como Freinet prop e a crian a n o est 61 apenas reunindo letras ou realizando atividades sem significa o est criando vida e tamb m uma parte de sua pr pria vida Ao nos esclarecer as bases do m todo de alfabetiza o de Freinet lise Freinet escreve O indispens vel atingir e compreender o pensamento infantil dar lhe um motivo para desenvolver se e educar se N o partiremos sistematicamente das ci ncias ou das realiza es adultas para descer crian a tomaremos o caminho inverso considerando a crian a tal como seus interesses e necessidades particulares com seu racioc nio e sua l gica especial n s a ajudaremos a desenvolver se organizaremos e prepararemos o meio e os meios que lhe permitir o educar se com nossa ajuda at ci ncia adulta Freinet E 1979 53 Em rela o organiza o do trabalho livre temos al m dos exerc cios a serem executados simultaneamente por todos os alunos a atividade livre de organiza o de
141. ais de televis o Estar amos diante de uma nova representa o da inf ncia ou diante de um desrespeito para com essa fase da vida 231 Ed6225 carinhas desfile gv8 1 O garoto acima praticamente um beb O boneco que carrega quase do seu tamanho e o menino parece feliz e vontade com a passarela Serve se de consolo o menino pelo menos est vestido como uma crian a t nis confort vel camiseta e macac o chamando talvez a aten o dos adultos para a necessidade embora considerada por muitos d mod de vestir a crian a de maneira condizente com sua idade Entretanto seria um desfile de modas o melhor e mais adequado momento e espa o para revelamos e ou relembrarmos essa necessidade 232 Ed6225 carinhas desfile gv13 1 Esta ltima foto do desfile mostra uma crian a com trajes de praia esbanjando sensualidade na passarela Apesar da pouca nitidez da imagem podemos observar que o biqu ni e as saias n o foram pensados e ou desenhados para uma crian a Mais uma vez a inf ncia representada em carne viva pelos padr es adultos 233 A foto acima uma propaganda de celular Temos duas crian as na praia ou piscina conforme demonstra o cen rio conversando num aparelho celular A beleza das crian as encanta mas a cena representada assusta E nos remete indiretamente a muitas quest es que representa o de di logo e afetividade estamos construindo em nossas crian as Acess
142. al a crian a passa durante o desenvolver de 23 suas potencialidades a id ia de que uma fase da vida prepara de alguma maneira a crian a para a fase seguinte n o revela uma concep o evolucionista mas uma profunda sensibilidade que desperta conforme o autor os pais e educadores para a necessidade de a es cuidadosas no trato com os pequenos Este apelo de Froebel une o a autores como Comenius 1966 e Rousseau 1995 que tamb m revelam consoante com seus contextos hist ricos a import ncia dos cuidados para com a crian a plantinha no caso do primeiro autor e do respeito liberdade at mesmo f sica da crian a desde o seu nascimento como revela o segundo autor em seu Livro da obra Em lio ou Da Educa o Temos ainda como mostra de extrema sensibilidade em rela o inf ncia as seguintes orienta es de Froebel dirigida aos pais Disse se antes que os pais deviam ver na crian a o adolescente e o futuro homem por m v los e consider los em princ pio como uma crian a algo totalmente diferente de ver e tratar a crian a como homem exigindo dela que precocemente se conduza Froebel 2001 38 muito prejudicial impor ao garoto precocemente um fim exterior como uma atividade para o desempenho de um determinado emprego Para que cada etapa se desenvolva de maneira sadia preciso que se tenha uma profunda significa o da palavra trabalho n o uma falsa concep o de trabalho que n
143. al que representa o medo uma imagem bastante utilizada em programas de TV e circula na internet acompanhando not cias chocantes Imagens desse tipo s o comuns na internet crian as fazendo caretas ou gracinhas chamam a aten o das pessoas que as utilizam para efeitos engra ados e at mesmo para propagandas de consumo 179 Peith ia CO perinda Essa foto um p ster vendido no site www allposters com representa o patriotismo americano e ilustra a insensibilidade dos adultos em desenvolver for osamente nas crian as atitudes para as quais as mesmas n o est o preparadas Esta tamb m uma maneira de desrespeitar o universo infantil N o se trata de disciplina pois at mesmo para desenvolvermos disciplina na crian a precisamos convenc la da import ncia de sua a o disciplinada A vida da crian a precisa ter e fazer sentido e para isso o adulto precisa ter sensibilidade e ensinar as coisas certas nos momentos adequados caso contr rio a crian a desenvolver avers o por tarefas que n o s o capazes de compreender 180 mams A TIYIN Tamb m um p ster essa figura lembra a import ncia do brincar na vida da crian a sensibilizando inclusive pela presen a de animais de estima o na brincadeira O cen rio parece ideal para essa atividade embora idealizado e quase incompat vel com a realidade urbana dos ambientes nos quais nossas crian as convivem Vestido como crian a que o me
144. am a aten o para o fato de que as crian as desde os seis anos de idade se levantam todos os dias para preencherem uma jornada de trabalho que o m nimo lhes ocupa 5 horas de atividades nem sempre agrad veis e ou 306 totalmente desejadas e que lhes exigem a realiza o de um esfor o orientado e din mico sob a forma de escrita de leitura e registro de c lculos num ricos al m de trazerem com certa frequ ncia para casa uma s rie de atividades prescritas nas escolas e que s o chamadas tarefas de casa Os autores n o parecem criticar o que chamam de trabalho escolar mas deixam claro que esse um tipo de trabalho que nossa sociedade n o reconhece como tal Eu diria mais a escolariza o considerada pelos autores como trabalho parece estabelecer rela es com a interven o para n o dizer imposi o dos adultos que faz com que as crian as frequentem a escola Ora porque o cotidiano escolar precisa ser necessariamente ou trabalho ou lazer Ser que os seres humanos ou crian as ou adultos s o incapazes de encontrar prazer na execu o de um trabalho Ser que n o estamos mais uma vez olhando para a institui o escolar e para suas pr ticas com um olhar pessimista e tentando adivinhar o sentimento das crian as diante desse espa o que parece queremos conceber como enfadonho Macia Wilke Franco 2002 por sua vez alerta para o fato de que hoje encontramos o adulto organizando a forma de ser da crian a conforme a
145. am o conceito de maioridade presente na Dial tica do Esclarecimento para justificar sua coloca o e dizem que a preocupa o iluminista embora pioneira n o tinha por objetivo priorit rio tratar das especificidades da inf ncia E ainda Fo sob o signo da raz o que se estruturou a chamada vida moderna Contradi o e pressa Muita pressa 1998 30 Vejamos a met fora das autoras clik Banca de revistas s bado duas horas da tarde pe o um jornal o de hoje pergunta o jornaleiro o jornal de domingo j estava em circula o o amanh j se encontrava pilhado nas esquinas Pereira e Souza 1998 30 importante fazer aqui um par ntese e enfatizar que as contradi es que movem a din mica societ ria e a raz o moderna n o prescindiu destas contradi es A pressa exagerada a que as autoras se referem uma caracter stica dos tempos atuais cnamado por muitos pensadores de p s modernidade Isto posto preciso pensar qual o lugar da inf ncia nesse tempo t o apressado Ecoa fortemente em nossos ouvidos e mentes a quest o que se refere ao lugar da inf ncia atualmente Para as autoras esse fato reflexo da Modernidade E baseadas nisso Pereira e Souza sugerem que para buscar respostas uma op o v lida recorrer ci ncia Entretanto em determinado momento do mesmo texto as autoras enfatizam que a ci ncia no af de explicar a inf ncia acaba deslegitimando a autoridade dos
146. anh e tarde frequentam um Projetos Social Municipal que abarca atividades de refor o escolar e lazer Portanto estas crian as ao responder quem cuida delas em casa est o necessariamente se remetendo ao per odo noturno Isto posto tr s crian as da primeira s rie responderam ficar com a m e e duas com a irm Das crian as da segunda s rie tr s revelaram ficar com a m e uma delas enfatizando ou ent o com a bab dos meus irm os uma disse ficar noite com a tia e a outra contou ficar com a irm A quest o que salta s vistas o fato das crian as da periferia ficarem pouco ou quase nunca com o pai e a m e estando com um ou outro apenas Levando se em conta que as crian as de primeira e segunda s rie ficam em casa praticamente s noite seria saud vel que a mesma dividisse seu tempo e espa o com o pai e a m e A terceira quest o do bloco fam lia foi uma tentativa de saber que tipos de responsabilidades as crian as assumem no que se refere conviv ncia com os membros da fam lia e se essas responsabilidades s o apropriadas ou n o inf ncia A quest o foi a seguinte Na sua casa voc cuida de algu m Na pr escola particular as crian as responderam com bastante naturalidade cuido de meus cachorros cuido de minha m e e de meu pai quando abordei especialmente essa crian a perguntando de que jeito ela cuidava de seus pais ela explicou olhando deles Percebi ent o que
147. anos Constatamos hoje que vivemos a experi ncia de um mundo dividido adultos ausentes crian as aut nomas e alteridade em ru nas Entretanto poss vel pensar numa nova comunica o na qual a crian a torna se tradutora para o adulto de linguagens que ele mesmo construiu Neste di logo talvez se encontre a possibilidade de um encontro de diferentes temporalidades e linguagens que caracterizam crian as e adultos bem como o resgate de um conhecimento pautado eticamente na alteridade Quando o adulto fala da inf ncia geralmente se reporta experi ncia do outro e dificilmente se reconhece nessa hist ria como se a crian a que habita o adulto j n o encontrasse palavras para dar conta dessa experi ncia esquecida O di logo do adulto com a crian a depende num certo sentido do di logo do adulto com seu passado com sua inf ncia Pereira e Souza 1998 38 Numa outra perspectiva Carlota Boto 2002 nos demonstra a import ncia do saber ouvir as crian as pois muitas vezes falamos da inf ncia ou nos comprometemos a escrever sobre ela tendo como refer ncias discursos das mais diferentes fontes mas n o consideramos as palavras daquelas que elegemos como protagonistas de estudos preciso reconstituir o objeto inf ncia em alguma medida n o apenas pela constitui o de novas respostas mas pela ousadia de novas indaga es A pedagogia compreende a inf ncia mediante eixos anal ticos habitualmente postado
148. anquim tesoura cola aquarela E a tela do computador em papel Cortando colando experimentando brincando com as cores com as letras com as texturas com os efeitos especiais as crian as come am a dominar a t cnica de transforma o da imagem eletr nica Come am a perceber o que h por tr s das imagens que est o a sua volta transformando se em leitores mais cr ticos Talvez essa seja a imagem da mudan a Nogueira 1998 128 Penso que tanto Nogueira quanto L vy valem se do computador enquanto instrumento que capacita o ser humano para um novo mundo que se descortina desde a inf ncia Entretanto essa nova tecnologia deve fazer parte do cotidiano das crian as sem entretanto constituir se na nica realidade interessante Isso sim provocaria uma falte de intera o real a 146 partir da apologia ao hiper real s cr ticas mais radicais sobre um poss vel isolamento humano provocado pelo computador L vy esclarece Devemos lembrar sem cansar a inanidade do esquema da substitui o Da mesma maneira que a comunica o pelo telefone n o tem impedido as pessoas de encontrarem se fisicamente pois usamos o telefone para marcar nossos encontros a comunica o por mensagens eletr nicas muitas vezes prepara viagens fisicas col quios ou reuni es de neg cios Mesmo quando n o acompanha algum encontro material a intera o no ciberespa o n o deixa de ser uma forma de comunica o Ouve se vezes
149. antes como veremos adiante As respostas da pr escola foram n o tem nada que eu n o goste de fazer de comer muito 267 na nu lanche de fazer algumas tarefas de brincar sozinha n o gosto de fazer calend rio Duas crian as n o gostam de algum tipo de li o e outras duas reclamam de pequenas e espor dicas situa es cotidianas J as crian as da primeira s rie responderam gosto de tudo n o gosto muito de obedecer ordens da professora principalmente quando ela me De As 3 manda fazer coisas que eu n o sei n o gosto que me belisquem que briguem comigo sim s vezes a professora n o deixa eu beber gua prova ningu m merece Duas crian as se queixam de tarefas uma se referindo s coisas que n o sabe e outra se remetendo avalia o A resposta de uma das crian as chama a aten o pelo fato de revelar poss vel excesso de autoridade por parte da professora proibindo a de beber gua DM As crian as da segunda s rie disseram n o tem nada n o eu gosto de estudar n o gosto de aula de ingl s n o gosto de ficar na sala de aula n o gosto de repetir de ano escrever muito me irrita eu sou lenta Desconsiderando a crian a que disse n o gostar das aulas de ingl s que uma atividade bastante espec fica uma disse n o gostar de ficar na sala de aula outra crian a demonstrou preocupa o em repet
150. ar no computador s os grandes podem Nessa turma tr s crian as gostariam de brincar mais uma delas revelando sua reprova o ao fato de apenas as s ries superiores realizarem aulas de inform tica As crian as da segunda s rie da mesma escola responderam mexer no computador trazer 269 bringuedo de casa e poder brincar arte comprar na cantina gostaria de fazer mais amigos mas eu tenho uma certa inseguran a A resposta da terceira crian a chama a aten o pelo duplo sentido e o sorriso maroto que acompanhou sua fala ao revelar que gostaria de fazer mais arte Seria educa o art stica ou bagun a A quarta crian a mostra vontade de ter autonomia para comprar e se alimentar na cantina da escola realidade apenas da escola particular e a ltima crian a revela dificuldade de socializa o interpretada por ela como inseguran a o que a deixa triste e a impede de fazer amigos As crian as da Emei Luz responderam brincar no computador brincar de power rangers Provavelmente as professoras n o incentivam esse tipo de brincadeira pois as crian as imitam os supostos her is do desenho animado retratando toda a sua viol ncia brincar de joguinho quando eu quiser Nas pr escolas da rede municipal existem jogos de encaixe com os quais as crian as est o acostumadas a brincar quando terminam suas atividades e eles sempre querem brincar mais tempo com as pe as Jogar b
151. ara e pelas crian as 126 Em rela o s can es infantis poss vel perceber atitudes que aparentemente buscam o bem das crian as mas na verdade se ocupam de quest es totalmente irrelevantes e diria ainda p ndegas diante dos muitos problemas que a mudan a de postura que a p s modernidade vem gerando acarreta Em 13 de outubro de 2003 ouvi num programa de reportagens psic logos dizendo sobre a influ ncia negativa que certas hist rias cl ssicas e algumas can es folcl ricas exerciam sobre a inf ncia na atualidade Acessei a reportagem pela Internet e encontrei Novas vers es para cl ssicos infantis veja as letras originais de algumas can es infantis e suas vers es politicamente corretas Atirei o pau no gato original Atirei o pau no gato mas o gato n o morreu dona chica admirou se com o berro que o gato deu miau Vers o politicamente correta n o atire o pau no gato porque isso n o se faz o gatinho nosso amigo n o devemos maltratar os animais jamais O cravo e a rosa original O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada o cravo saiu ferido e a rosa despeda ada o cravo ficou doente e a rosa foi Visitar o cravo teve um desmaio e a rosa p s se a chorar Vers o politicamente correta O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada o cravo salu ferido e a rosa despeda ada o cravo ficou doente e a rosa foi visitar o cravo teve um desmaio e a rosa p s se a chorar
152. as falas das crian as que tive a oportunidade de ouvir N o se trata de fazer apologia ao passado ou ao contempor neo nem tampouco de subestimar um ou outro mas de manter o que ainda tem um papel a desempenhar de tal maneira que esse resgate ou manuten o n o sufoque o 314 espa o a ser ocupado tamb m pelas descobertas e contribui es que irrompem a cada dia na tentativa de melhorar a vida e as concep es humanas responsabilidade adulta auxiliar os seus pequenos a trilhar seus caminhos orientando os sempre mas tamb m enriquecendo essa tarefa com a humildade de ouvi los e perceb los constatando com Froebel que a energia e a perfei o do desenvolvimento em cada per odo da vida dependem de todos e de cada um dos per odos precedentes e lutando com Freinet para que as contribui es novas sejam mediadas pelo bom senso do educador e das pessoas envolvidas no processo pedag gico O que precisamos resgatar do projeto moderno mais do que orienta es interpretadas por muitos como prescritivas precisamos retomar a sensibilidade que a modernidade dedicou inf ncia no sentido de perceb la e proteg la Para isso fundamental pensar sobre os limites e possibilidades da produ o cultural contempor nea destinada inf ncia E nesse sentido n o devemos poupar cr ticas mas esfor armo nos por fazer media es cujas beneficiadas sejam as crian as A cultura da sociedade de consumo n o pode ocupar na vida
153. as agem e interpreta as mesmas coisas de maneiras diferentes o que revela a riqueza de interpreta o presente nessa fase da vida E claro que as diversas maneiras de agir da crian a estabelece rela es com os ensinamentos adultos 220 As cinco fotos que se seguem fazem parte de uma sequ ncia de muitas outras que circulam na internet sob o t tulo de almas g meas trazem crian as com seus respectivos animais de estima o e arrumadas de tal modo que se parece com eles o cabelo amarrado da menina da primeira foto bem como sua cor lembra o seu animal os olhinhos e os dentes do japonesinho tamb m s o semelhantes ao do c o as rugas do sharpei s o iguais s dobrinhas do beb na pen ltima foto o garoto todo sujo se perece bastante com a sujeira de seu melhor amigo Na ltima foto a crian a negra traz em seus cabelos encaracolados presilhas semelhantes s de seu animal Nada de agressivo ou apelativo nas imagens mas as crian as n o deixam de ser usadas para parecer engra adas no contexto 221 222 223 Temos agora uma sequ ncia de fotos tamb m retiradas da internet de uma mensagem que circula intitulada O que voc quer ser quando crescer A pr pria pergunta j de mau gosto as fotos mostram igual desrespeito n o seriam essas crian as muito novas para estarem caracterizadas como est o para realizar essas fotos N o estamos diante de montagens mas de uma pequena bai
154. as bonecas Na escola Luz todas as crian as da pr escola afirmaram gostar de brincar Uma delas disse gostar muito Sim de assistir TV de pega pega de vez em quando esconde esconde carrinho moto Interessante que essa crian a coloca o assistir TV como uma op o de brincadeira Outra crian a disse gostar bastante mas pontuou Gosto mais de fazer li o Li o mais legal eu at choro quando n o tem li o Embora esteja afirmando que gosta de fazer li o a crian a parece separar bem as duas atividades o brincar e o estudar seja em casa seja na escola Na primeira s rie da escola C u todas as crian as gostam de brincar e argumentam que divertido legal e que brincar deixa as mais alegres Na segunda s rie tamb m todas gostam de brincar afirmam ser divertido e duas delas chamam a aten o 249 para o fato de poder estar com os amigos e conhecerem outras crian as nos momentos de brincadeira fato bastante comum no bairro onde moram A terceira quest o Que brinquedo voc tem e mais gosta procurou conhecer o universo real de brincadeira de cada crian a Na escola particular pr escola as respostas foram cara a cara um jogo de descoberta atrav s da observa o das caracter sticas f sicas dos personagens barbie boneca magra loira rosto fino 4 v deo game com jogo do Stuart Litte um ratinho inteligente personagem de filme v deo game computador com jog
155. as dos livros Que a consci ncia e a virtude brilhem em suas palavras e que s a raz o tenha por guia Montaigne 1996 155 Comenius 1592 1670 pai da Did tica Moderna e educador do s culo XVII ao propor que as escolas deveriam ensinar tudo a todos os fundamentos b sicos de todas as ci ncias 12 para todas as pessoas independente de cor credo classe social com prazer e na certeza de conseguir bons resultados elaborou uma importante an lise sobre a crian a e seu desenvolvimento bem como a import ncia da educa o na inf ncia para a constru o de um mundo melhor pautado na filosofia na ci ncia e na religi o A salva o dos adultos e dos jovens seria poss vel se os mesmos seguissem o exemplo de pureza das crian as Comenius valorizou a natureza como modelo de perfei o e fonte de estudos a crian a aprenderia mais e melhor se seu mestre trabalhasse mais com exemplos que com regras sem significa o para a realidade infantil Defensor extremo da escolariza o Comenius intitulava a verdadeira escola de oficina de homens dando educa o um car ter que sugeria que a crian a utilizasse se de sua pr pria experi ncia para aprender Comenius era dono de uma vis o otimista do desenvolvimento infantil descartando a possibilidade de caracter sticas inatas e valorizando por conta disso a atua o do professor no sentido de desenvolver os germens que toda crian a traz dentro de si Il
156. as escolas de todos os tipos como respons veis pela forma o de intelectuais uma vez que grandes e pequenos intelectuais agem correlatamente essa a concep o de homem de Gramsci sua concep o de inf ncia pode ser abstra da da sua cr tica que denuncia duas maneiras de renunciar forma o da crian a trat la sem seriedade ou trat la como se ela fosse um ser incapaz de integrar se em sua hist ria objetiva Gramsci respeita profunda e historicamente a crian a Nosella 2004 148 Entretanto a seriedade e objetividade n o prejudicariam o potencial de fantasia da crian a o que Gramsci rejeita a fantasia absolutamente bestificante aquela que impede a crian a de crescer por exercit la em hip teses absurdas Neste sentido Gramsci cria o conceito de fantasia concreta que caminha na contram o da estupidez e valoriza a gera o capaz de construir vida e trabalho coletivo n o significa negar a fantasia mas sim n o aceit la como fuga Por ser concreta na vida real a crian a n o pode ser tra da na e pela escola pois perigoso formar uma gera o iludida A fantasia era para Gramsci uma potencialidade humana a ser educada Em suas correspond ncias com os filhos inclusive com o mais novo lulik Gramsci deixa transparecer sua preocupa o pedag gica gostava dos desenhos de seu filho porque eram dele mas Gramsci sentia que n o poderia parar por a e cometer omiss es pois era preciso elogiar mas tamb m cobra
157. asa interferem no cotidiano e na realiza o de tarefas pelas crian as o que interfere penso que mesmo de maneira inconsciente na vis o que as mesmas tra am de si pr prias E nesse sentido n o h como deixar de mencionar que a realidade das crian as das escolas p blicas e particular estudadas s o bastante diferentes acentuando se essas diferen as quanto mais aumenta o n vel de escolaridade das crian as as mais velhas da periferia assumem responsabilidades mais cedo do que as crian as da escola privada A parte V do question rio dedicou se Escola Afirmo baseada em Catani Bueno e Souza 2000 154 que de um ponto de vista hist rico as significa es da educa o escolar deve incluir uma hist ria das rela es que a escola tem propiciado aos indiv duos com ela pr pria e com os objetos que constituem suas finalidades o conhecimento a leitura a escrita 264 a disciplina Acredito que a escola pode se tornar um espa o de resist ncia s tend ncias atuais de adultifica o da inf ncia por isso optei por ouvir as crian as sobre o que pensam e sentem na escola A primeira quest o foi a seguinte Voc gosta de vir escola Por qu Das quinze crian as entrevistas na escola particular duas disseram que gostam mais ou menos de ir para a escola e uma disse que n o gosta As crian as da pr escola MA responderam Gosto porque vejo meus amigos sim gosto porque a escola d muita
158. assim n o Sim bastante Eu gosto de videok e da m sica do jacar que eu canto na escola a m sica do meu desenho favorito que Pokem n e eu ou o no meu carro Tamb m tem outras que eu gosto que toca sd at no cinema mas eu n o lembro agora gosto da Barbie gir da Kelly Key e eu escuto na TV l de casa n o de nenhum tipo Duas crian as contaram se divertir com karaok uma citando tamb m gostar de uma m sica infantil que canta na escola duas crian as demonstraram bastante influ ncia da m dia referindo se ao desenho animado Pokem n e cantora que faz g nero adolescente Kelly Key Uma crian a foi taxativa ao dizer que n o gosta de nenhuma m sica A primeira s rie respondeu Sim Titanic e outras m sicas de filmes Eu tenho guardado Gosto de Rock U2 e tamb m do Cd do Castelo R tim bum que eu ou o em casa no aparelho de som do meu pai Adoro Floribela e eu ou o na novela Mas as I h m sicas da escola tamb m s o legais eu gosto daquela da Nossa Senhora Auxiliadora Sim gosto de U2 e ou o no r dio de meu amigo Sim Festa no ap escuto no meu computador Uma crian a se referiu m sica da escola embora religiosa e uma se referiu a uma cultura pr pria da inf ncia a trilha sonora da s rie Castelo R tim bum Entretanto as mesmas crian as mostraram sofrer influ ncia da m dia em seus gostos pois citaram a trilha sonora da novela
159. ato grande realmente muito feio Fim Scienzka e Smith 1997 Diante do exposto penso que a l gica de est rias contadas ou lidas para e pela crian a formada por in cio surpresas meio e final foi abolida em fun o de um novo estilo que n o coopera para a organiza o l gica do pensamento explora o negativismo n o tem qualquer preocupa o com gosto est tico As gravuras encantadoras cedem espa o a desenhos monstruosos e sem colorido Acreditando apoiada em Froebel e Freinet que a leitura auxilia a crian a na elabora o de seu pensamento e consequentemente amplia suas possibilidades de oralidade e escrita compreendo essa nova maneira de falar com as crian as como uma perda de sentido tal qual a perda de nosso pr prio sentido de exist ncia Os vocabul rios pejorativos 130 tamb m n o s o poupados levando nos a um mundo pautado pela desordem sem rela es de nexo e causa e efeito personagens sem passado e sem m ritos constantemente interpelados pela tal galinha burrinha Como podemos n s adultos empobrecermos tanto a produ o cultural para a crian a abdicando do compromisso de lutar por uma inf ncia saud vel que permita crian a pensar Renegamos a literatura oral como est mulo da crian a a sua entrada no mundo da escrita uma vez que n o contamos hist rias ou dialogamos com ela valorizando a oralidade e agora minimizamos tamb m a import ncia de se construir hist rias ricas e de qualidade para
160. autoras para o n o enclausuramento que vai desde a escolariza o at os modos mais sofisticados e sutis de confinamento espacial Crian a pequena com agenda lotada A televis o que se transforma em bab Os pais ausentes Carinho transformado em objeto Erotiza o da inf ncia Sexualidade Publicidade Cultura do consumo O outdoor anuncia Xtrim Pra quem tem beijinho beijinho Pra quem n o tem thau thau Individualismo desencadeado pela aus ncia do outro Apagamento da rela o de alteridade Crian a sozinha Crian a que manda nos pais Esses s o apenas alguns dos fragmentos que comp e o contexto da inf ncia contempor nea dentre os quais destacamos a ruptura do contato e do di logo entre adultos e crian as como uma quest o que precisa ser analisada com maior profundidade Pereira e Souza 1998 37 Enfatizo novamente que esse enclausuramento em minha an lise consequ ncia do modo de vida contempor neo e n o resultado da modernidade como a leitura do texto das autoras parece sugerir A modernidade representada por autores como Montaigne Comenius Rousseau e seus seguidores firmaram a valoriza o da inf ncia e n o o contr rio As autoras concluem que hoje a quest o da alteridade emerge mas sob a forma da cumplicidade de toda uma gera o que j n o se inquieta em se tornar adulta pois os filhos n o se reconhecem mais como continuidade da hist ria dos pais e vivem o dilema de ser ao
161. brir se mais para a vida aproximar se mais do mundo mas mantendo tamb m a sua alteridade um lugar onde o que se escreve e o que se faz n o t m uma consegli ncia direta em rela o realidade onde se pode proceder em condi es menos duras que as da vida s primeiras abordagens da cultura e da alegria que lhes correspondem Snyders 1993 138 304 Se os fatores elencados acima s o suficientes para despertar a alegria em alguns o que dizer dos demais O que e como fazer para que a alegria escolar se generalize a todos A resposta a esta importante quest o perpassa necessariamente pela valoriza o da continuidade entre as culturas Importa colocar a cultura elaborada e as obras primas em primeiro plano mas importa tamb m tomar como fundamento pedag gico a continuidade das culturas enquanto esperan a de superar a contradi o entre a escola como mundo diferente e o desejo de realidade no escolar Snyders 1993 139 Entretanto essa continuidade bastante dif cil de atingir pois muitas vezes o escolar paira sobre o aluno sem que esse sequer imagine que a meta a ser atingida incorpor lo sua viv ncia Por isso valoriza se fundamentalmente a espontaneidade dos alunos mas faz se essencial que o educador organize certos tipos de tarefas que por si s conduzam as crian as reflex o do porque de suas a es A continuidade entre a cultura escolar e a viv ncia do cotidiano tamb m necessita que o educador
162. cess ria uma santa alian a que opere o advento da terra prometida de uma inf ncia sem fim Corazza 2000 354 Na an lise de Corazza parece impl cita a id ia de que somos ego stas o suficiente para lutarmos pelo fim da inf ncia numa tentativa desesperada de continuarmos sendo aqueles que poder o suprir o que falta aos nossos pequenos e a autora ironiza esta a import ncia da humanidade o que ser dela se n o faltar nada o que suprir 2000 354 Devo esclarecer neste momento que o caminho trilhado por este trabalho n o tem como objetivo representar uma poss vel arrog ncia diante da inf ncia como a autora sugere que n s adultos fazemos mas quer exatamente preservar aquilo que pr prio da inf ncia aquilo que reconhecemos fazer parte do mundo infantil e n o do nosso Tal atitude revelada em autores modernos e em pesquisadores contempor neos parece curvar se diante da riqueza da inf ncia e n o utilizar uma suposta superioridade diante da crian a Isso n o significa que deixaremos a crian a merc de seu mundo como denuncia Hannah Arendt sob o pretexto de respeitar a independ ncia da crian a ela exclu da do mundo dos adultos e mantida artificialmente no seu pr prio mundo essa reten o artificial porque extingue o relacionamento natural entre adultos e crian as relacionamento que envolve o processo de ensino aprendizagem Significa que reconheceremos o papel necess rio da interven o do adulto j
163. coletivos do ponto de vista espacial o espa o coletivo cedeu lugar s resid ncias privadas A casa particular tornou se o ref gio frente a um mundo hostil e an nimo Com isso o campo da viv ncia erlebnis empobreceu se na medida em que se desvinculou da experi ncia coletiva Amaral 2001 38 Walter Benjamim debru a se sobre o entendimento da barb rie dos tempos modernos mostrando se extremamente atual e fornecendo subs dios tamb m para o entendimento da contemporaneidade marcada pela rapidez veloz do aparecer social Esta nossa sociedade tamb m precisa resgatar a figura do homem capaz de narrar A beleza dos escritos de Benjamim nos esclarecedora pois para ele comum todos os narradores a despreocupa o com que sobem e descem os degraus de sua experi ncia como se tratasse de uma escada Uma escada que alcan a o interior da terra e se perde nas nuvens a imagem de uma experi ncia coletiva para a qual mesmo o choque mais profundo de todo o indiv duo a morte n o representa impedimento ou barreira Benjamim 1980 69 Em minha an lise o homem incapaz de narrar nutre estreitas rela es com a crian a que n o foi com as intera es que deixou de viver com o outro que deixou de ouvir Talvez n o sejamos narradores porque somos vazios de experi ncias somos pobres de hist rias na 99 medida em que perdemos o senso de coletividade capaz de fazer de n s verdadeiros seres hum
164. compromissada Confusa em todos os sentidos esse tipo de hist ria compromete a id ia de temporalidade e diminui o poder de concentra o e o desenvolvimento da l gica da crian a II V Sobre brinquedos e brincadeiras Mas quando um poeta moderno diz que para cada um existe uma imagem em cuja contempla o o mundo inteiro submerge para quantas pessoas essa imagem n o se levante de uma velha caixa de brinquedos W Benjamin 2002 102 Falar sobre produ o cultural para a crian a implica verificar o que se entende por cultura e de qual crian a estamos falando bem como o circuito de produ o no qual se inserem os bens culturais focados na crian a Ketzer 2003 vale se de Da Matta 1986 para distinguir cultura e erudi o dizendo que erudi o significa instru o vasta e variada prerrogativa daquele que sabe muito e cultura toda e qualquer forma de constru o de significado Deste modo adquirir cultura uma condi o inerente a todo ser humano que com suas experi ncias produzem significados individual e coletivamente no seu tempo Para a autora infantes n o constituem t bulas rasas ou recipientes vazios que devem ser preenchidos pelo professor H que se considerar suas experi ncias progressas que redundam na constitui o de significados sobre o mundo e sobre a vida Cabe portanto ao professor respeitar a bagagem que a crian a traz para a sala de aula Entretanto interessa analisar a que tipo
165. da manh e cinco no per odo da tarde sendo na manh dois maternais crian as de tr s anos um jardim I crian as de quatro anos um jardim II crian as de cinco anos e um pr crian as de seis anos tarde duas classes de jardim uma classe de jardim Il e duas classes de pr A m dia de crian as por sala de trinta e duas A escola atende deste modo cerca de cento e sessenta crian as do bairro A rede municipal de ensino procura implantar uma proposta educacional baseada no s cio interacionismo e nas palavras da professora coordenadora pedag gica da EMEI em quest o o objetivo da escola n o promover assistencialismo embora se encontre numa regi o economicamente carente 238 tamb m n o alfabetizar precocemente mas formar a partir do aprender brincando e de um forte trabalho de inicia o a valores Na terceira escola escolhida conversei com as crian as de sete e oito anos ou seja das primeira e segunda s ries Trata se de uma escola na mesma periferia da EMEI Luz Denominarei a mesma de C u Essa escola recente na cidade inaugurada em 2002 e trabalha com crian as das s ries iniciais do ensino fundamental no per odo da manh e da tarde Na primeira quest o da parte O que ser crian a para voc procurei conhecer um pouco a maneira atrav s da qual as crian as principais sujeitos desse trabalho representam a fase da inf ncia e nas quest es seguintes descobrir se elas pr prias p
166. das crian as o espa o de afetividade e socializa o que pertence historicamente fam lia e escola A modernidade valorizou a crian a dentre outras coisas pela sua possibilidade de constituir di logo N o podemos abrir m o dessa conquista deixando de ser seus interlocutores essenciais enquanto adultos professores pais Como dialogar com elas se n o nos dispomos a ouvi las Ouvi las requer de n s sentimento de disponibilidade para com o outro valor que o nosso mundo hodierno considera hoje piegas Entretanto se ouvir as crian as torna se condi o fundamental para pensar a inf ncia contempor nea com responsabilidade nosso papel n o pode se limitar a constatar coisas Precisamos tamb m agir Ponderando e selecionando o quanto pudermos daquilo que nossas crian as v em ouvem consideram 315 classificam Em rela o ao mundo dos brinquedos das brincadeiras das hist rias das m sicas dos filmes dos conte dos escolares dos assuntos mundanos Valorizar a imagina o a criatividade a capacidade de sonhar dos pequenos o brincar o jogar o viver O direito de viver como crian a num mundo que assim as considere Essa tarefa adulta implica bastante senso cr tico diante de qualquer ades o ao novo principalmente no que se refere s propostas educativas como j alertaram Gramsci e Arendt Educar requer bastante capacidade de coragem Coragem de resistir quando preciso mesmo correndo riscos de parecer conservado
167. de da educa o Afinal A educa o o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e com tal gesto salv lo da ru na que seria inevit vel se n o fosse a renova o e a vida dos jovens e dos novos A educa o tamb m onde decidimos se amamos nossas crian as o bastante para n o expuls las de nosso mundo e abandon las a seus pr prios recursos e tampouco arrancar de suas m os a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para n s Arendt 1972 247 167 IV Cap tulo IIl Vendo e ouvindo as crian as IV Imagens de inf ncia Como j foi discutido nos cap tulos anteriores temos hoje uma tend ncia muito forte da m dia em utilizar se das crian as para sensibilizar e atrair para o consumo dentre muitos outros objetivos nem sempre id neos e ticos Algumas poucas imagens foram escolhidas para demonstrar a variedade de maneiras pelas quais as crian as s o expostas e muitas vezes ao inv s de despertar nosso senso cr tico nos encanta O que nos encanta certamente a sedu o da beleza da inf ncia mas sem percebemos desviamos o nosso olhar das estrat gias nem sempre corretas da propaganda bem como esquecemo nos de pensar quais valores passam a ser veiculados como naturais atrav s dessas aparentemente inofensivas imagens Seguem as imagens A crian a utilizada hoje em dia para fazer propagandas de produtos
168. de educar para a vida oferecendo aos conte dos uma significa o capaz de conquistar a crian a A doc ncia vem encontrando desafios para uma educa o com objetivos mais amplos podendo enveredar se ou pelo praticismo que visa uma forma o mais instrumental ou para o conteudismo que Montaigne 1996 intitulara pedantismo Estes caminhos s o t o indesej veis quanto a abdica o do trabalho com conte dos face impl cita da apologia ao aprender a aprender e ao desenvolvimento de compet ncias e habilidades Penso que o desafio da escola de hoje tal como escreveu Paulo Freire 1999 partir da realidade do aluno mas n o estagnar se nessa realidade bem como ser capaz de promover a alegria na escola e o acesso a uma cultura elaborada tal como defendeu Snyders 1995 Haja vista as considera es a respeito das dificuldades dos professores Froebel n o acredita que a escola contradiga a atividade espont nea do garoto uma vez que bem dirigida torna se capaz de fortificar as energias ntimas do mesmo 37 O bom escolar n o anda encolhido e com a cabe a baixa deve estar alegre disposto s o de corpo e alma N o h antagonismo entre a escola e a vida O garoto amigo decidido e at um pouco travesso n o deixar de aprender numa boa escola esses sentimentos essa nobre impulsividade do car ter Froebel 2001 88 Em rela o ao que deve ser ensinado na escola Froebel tece interessantes
169. de ler Os escritores de livros infantis criam mundos que s o aut nticos e consistentes em seus pr prios termos locais em que o leitor pode habitar sem ser constantemente lembrado de sua artificialidade Quando por m escolhemos o modo como uma narrativa se desenvolve nosso envolvimento como leitores submetido a uma mudan a fundamental Entramos em um jogo de vamos ver o que acontece se e assim nos tornamos mais interessados no que podemos fazer pela hist ria do que naquilo que ela conta 2001 99 A cr tica dos autores tamb m perpassa o mbito dos efeitos f sicos do uso do computador para eles esses efeitos podem ser s rios e duradouros sen o permanentes Estes efeitos contribuiriam ainda para ampla gama de problemas musculares de juntas uso 152 dos tend es enxaquecas e cansa o dos olhos As emiss es t xicas e campos eletromagn ticos produzidos pelos computadores e terminais de v deo tamb m constituem potenciais riscos sa de O corpo humano foi constru do para o movimento e natural que n o reaja bem ao ato de ficar im vel sentado longas horas por dia Al m disto o uso excessivo do computador tamb m compromete o desenvolvimento infantil em rela o musicaliza o e s artes que oferecem crian a a disciplina interna necess ria administra o posterior de suas vidas As crian as precisam aprender a canalizar suas energias para atividades de valor como as art sticas e
170. de produ o cultural a crian a encontra se exposta Mas afinal de que crian a a autora est falando A condi o vivida socialmente pela crian a no fim do s culo XVI pode ser verificada na contemporaneidade em camadas da popula o socialmente desprivilegiadas em que o infante divide em p de igualdade com o 132 adulto as agruras da vida impostas pela lei da sobreviv ncia Portanto aquela crian a afetada pela produ o cultural ou seja que tem acesso aos meios de produ o cultural como o gibi o livro o cinema teatro programas de TV internet e brinquedos n o s o as mesmas que est o nas ruas Estas de maneira geral pouco conhecemos segundo Ketzer at porque elas se encontram ausentes da maioria dos estudos sistematizados Para Ketzer 2003 a crian a pertencente a camadas socialmente privilegiadas traz consigo a marca do consumo Depois da mulher que provedora protetora das necessidades da casa a crian a passou a ser considerada um dos instrumentos mais importantes na publicidade de maiorias No que se refere aos brinquedos as crian as de gera es passadas esperavam com paci ncia hist rica pelas datas previamente marcadas no calend rio Acrescenta se a este fato a preserva o do que ganhavam um princ pio v lido para a forma o dos indiv duos preserva o e conserva o das rela es humanas Vale a pena reescrever o momento ao qual a autora se vale de Monteiro Lobato para nos convencer de
171. de uma ordem nova e diferente que a p s moderna mas esta ordem seria diferente do que chamar amos de p s modernidade Desponta por sua vez a interpreta o descontinu sta do desenvolvimento social moderno notada pelo autor a hist ria humana seria marcada por descontinuidades e as descontinuidades associadas ao per odo moderno interessaram diretamente o autor Para ele a influ ncia a longo prazo do evolucionismo social teoria evolucion ria e portanto metanarrativa totalit ria na vis o dos p s modernos uma 71 das raz es porque o car ter descontinu sta da modernidade tem com frequ ncia deixado de ser apreciado Giddens alerta para a necessidade de percebermos que tudo um caos pois negar as metanarrativas n o nos faz crer necessariamente no caos Entretanto ineg vel dizer que a modernidade uma faca de dois gumes com o desenvolvimento das institui es sociais modernas criaram se mais oportunidades para os homens mas o desenvolvimento de for as produtivas teve um potencial destrutivo em rela o ao meio ambiente material Al m disso a modernidade seria multidimensional no que se refere ao mbito das institui es houveram descontinuidades que separaram as institui es modernas das ordens sociais tradicionais que s o o ritmo e o escopo da mudan a e a natureza intr nseca das institui es modernas exemplo desta ltima o sistema pol tico do Estado Na o A quest o central de Giddens d
172. do a assegurar esse resultado Dewey 1978 27 Percebemos nas palavras de Dewey uma educa o democr tica consciente que parte de uma proposta pedag gica fundamentada filosoficamente e comprometida com suas responsabilidades diante do professor da escola e das crian as Fornece orienta es seguras ao trabalho pedag gico propugnando uma educa o inovadora e progressista com bases te ricas claras e articuladas conscientes do passado e envolvidas com o futuro da educa o Por estas demonstra es oferecidas pelos autores modernos coloco me novamente como n o partid ria das propostas educacionais p s modernas que trabalham com a desconstru o da responsabilidade das inst ncias educativas e com uma redu o exagerada do papel do professor diante de suas crian as 16 Dewey tamb m nos alerta para dirigir o processo educativo precisamos saber como aprendemos como o que aprendemos refaz e reorganiza a nossa vida em que consiste uma vida melhor mais rica e mais bela 1978 27 Teria a p s modernidade estofo te rico suficiente e densidade para lidar com estas quest es do desenvolvimento humano infantil Al m disso como socializar a crian a uma vez que para Dewey este tamb m seria o papel da escola se para desenvolvermos sua autonomia podemos deixar que a crian a escolha n o participar das atividades comuns com seu grupo social escolar A respeito das propostas pedag gicas que defendem veemente a autono
173. e intencional A esse fen meno presente em todas as an lises em especial na an lise de crian as e adolescentes d se o nome de acting out Assim prefiro compreender o acting out como uma manifesta o do processo prim rio quer ocupando uma fun o defensiva quer como meio de comunica o de estados primitivos da mente cuja compreens o possibilitar alcan ar o insight e a elabora o s o situa es muito dificeis de serem trabalhadas mas ricas em significados nem sempre traduz veis em palavras por expressarem situa es pr simb licas ou em in cio de representa o da vida afetivo emocional em que self e objeto encontra se insuficientemente discriminados 1998 205 De acordo com esse autor baseado na tese de Anna Freud sobre o acting out manifesta o agressiva limite nas crian as durante a adolesc ncia o primitivo emerge imbricando se com os aspectos atuais da personalidade Por isso nesse momento extremamente importante que o jovem tenha uma base familiar estruturada capaz de lhe fornecer os elementos necess rios constru o sadia de seu pr prio eu Quando os pais n o sustentam emocionalmente e at mesmo materialmente o jovem est o interferindo em todo o desenvolvimento ps quico desse jovem Segundo R B Levisky 1998 a partir da fam lia e das experi ncias emocionais vivenciadas nas primeiras rela es com os pais que s o introjetados os modelos de identifica o
174. e no in cio da escola apagamos de maneira cient fica ou n o essa chama das crian as Talvez seja pelo fato de interrogarmos a crian a o tempo todo e nos colocarmos como superiores diante do mundo que ela anseia por conhecer uma vez que isso inibe os seus pr prios questionamentos motor de 55 sua curiosidade Suprime a interroga o e a substitua pelo xito de um belo trabalho Freinet 1973 66 diz Freinet a crian a precisa ser educada e n o domesticada A cr tica tem sequ ncia quando Freinet constata que existem escolas que h s culos se esfor am por fazer com que seus alunos andem sobre as m os revelando a impressionante influ ncia da escol stica numa met fora que revela que os pedagogos dificultam o que simples e dirigem suas cr ticas aqueles que tentam voltar a andar da maneira que indica a natureza humana se eles andam sobre as m os e pensam que sua fun o ensinar aos homens um andamento t o pouco natural n o por verem nisso uma utilidade direta N o ignoram que os homens assim formados por eles n o deixar o de se por em p a fim de cuidar dos animais ou fazer compras para eles no entanto trata se de um rito particular aos do Olimpo como o que imp e aos ju zes se ataviem com a toga desusada para ocupar a presid ncia e deliberar um pouco como essas seitas de crentes percorrendo p s descal os ou mesmo de joelhos os trajetos consagrados Claro avan aram mais depre
175. e p blica foram Conhe o mas nunca tive a oportunidade de mexer conhe o mas n o tenho Gosto de jogar joguinhos nele eu j vi d computador mas nunca mexi conhe o e uso na casa de minha tia gosto de joguinhos e de pintar conhe o mas eu uso muito pouco s tem na casa do meu pai E quando eu uso eu gosto de desenhar Nenhuma das crian as possui computador duas delas t m acesso a ela na casa de parentes e duas sequer exploraram alguma vez na vida a m quina J as crian as da segunda s rie foram mais diretas conhe o at tenho um mas est quebrado n o conhe o n o conhe o mas nunca mexi conhe o mas n o uso porque est sem programa n o conhe o e n o uso Tr s das cinco crian as nunca mexeram com computador e duas dizem possuir o mesmo mas sem condi es de uso 285 Os resultados s o claros 100 dos alunos da escola particular possuem computador e a grande maioria o usa para brincar enquanto na rede p blica quatro crian as disseram possuir computador mas duas enfatizando que o mesmo est sem condi es de uso A ltima quest o que procurou explorar o universo cultural das crian as entrevistadas envolveu a m sica voc gosta de m sica Que m sica voc gosta mais e onde voc a ouve As crian as da pr escola Azul responderam bom meu pai tem uma karaok que a gente canta muito todo tipo de m sica mas de ouvir
176. e pensados para as crian as Hoje o alvo continua sendo as crian as mas ao mesmo tempo a divers o descompromissada do adulto tamb m Da mesma maneira como as crian as s o utilizadas comercialmente para vender produtos que sequer s o infantis as produ es culturais n o s o pensadas nica e exclusivamente para crian as Parece vi vel que um adulto se divirta e se apaixone por um filme ou desenho infantil mas o contr rio aconteceria sem consequ ncias danosas no que se refere forma o dos pequenos Aludindo a Postman 1999 parecemos ter perdido a capacidade para o segredo revelamos tudo para a inf ncia at aquilo que n o queremos que elas assimilem e coloquem em pr tica O desenho animado Shrek Dream Words por exemplo adorado pelas crian as que sonham com os produtos que tenham o logotipo do simp tico Ogro verde Em suas aventuras que contam de dois filmes at o momento n o demonstram nenhuma sugest o de boas maneiras para serem admiradas tamb m n o revelam vocabul rio dos mais polidos Pela liberdade excessiva do Ogro talvez encante o seu p blico Mas a liberdade excessiva que parece natural no desenho em pauta n o desej vel na escola e nem em casa As crian as est o sendo orientadas para esse tipo de reflex o Penso ser importante dedicar um pouco mais de aten o a essa quest o Nesse desenho fazem parte do enredo como coadjuvantes diversos personagens dos contos de 121 fadas cl ssicos o
177. e que se for uma atividade n o intercalada com tentativas da pr pria crian a realizar a leitura sua explora o desse universo pode ficar comprometida As respostas das crian as da primeira s rie foram Sim gosto muito de ler livros infantis costumo ler livrinhos de hist ria na escola sim gosto de ler livrinhos infantis costumo ler Gosto muito de ler placas de rua e livros infantis s vezes n o gosto muito quando leio leio historinhas infantis na escola As cinco crian as da primeira s rie disseram ler os livros infantis sendo que na primeira s rie da escola particular o gibi foi o mais comentado Provavelmente as crian as da rede p blica referem se ao livro de hist rias infantis porque o que ela tem acesso na escola ou ent o tem a oportunidade de levar para a casa J as crian as da escola particular t m acesso n o s na escola mas tamb m em casa a diversos 283 materiais de leitura inclusive os gibis praticamente inexistente na escola p blica como recurso did tico de ensino Na segunda s rie da mesma escola as respostas foram costumo ler sim Gosto bastante de historinhas sim gosto De ler li o sim gosto de ler os livrinhos da Disney que tem na escola as vezes eu gosto mas leio s meu caderno sim gosto de ler livrinhos e livr es Uma crian a disse gostar de ler s vezes e as outras quatro contaram gostar de ler Diferentemente d
178. e refere aos desenhos animados infantis pertinente comentar nova quest o os programas infantis brasileiros insistem em valer se tamb m da libido infantil por meio da exalta o de concursos de beleza infantis A pergunta que constantemente se faz s crian as Voc tem namorado constitui uma agress o inf ncia a ind stria cultural faz desaparecer a inf ncia quando a faz desaparecer da m dia W Pereira 2003 36 Isto porque paradoxalmente na m dia a crian a tamb m retratada como um adulto em miniatura Um dos caminhos a serem seguidos para minimizar a influ ncia dessas produ es culturais inadequadas na vida da crian a orientar a escola para que proponha uma pedagogia diferenciada uma vez que ela um dos nicos espa os p blicos onde poss vel estabelecer uma rela o dial tica entre o universo da crian a e do adulto partindo do pressuposto de que s o etapas diferentes A escola deve ser a principal aliada da fam lia na luta contra a banaliza o a erotiza o precoce o treinamento ao consumo e a vulgariza o do saber Pereira se mostra bem consciente em rela o aos problemas enfrentados pela inf ncia contempor nea mas esclarece que isto n o significa retomar a pedagogia tradicional entendida por mim neste texto como sendo a pedagogia dos modernos Neste ponto me 123 coloco enfatizando que preciso a retomada de certos aspectos dessa pedagogia para a constru o de uma pedagogia cr
179. e s o tarefas simples que provavelmente os pais sugerem e ou permitem na tentativa de despertar aos poucos o senso de responsabilidade nas crian as ou ent o favores corriqueiros como revela a resposta da ltima crian a Tr s crian as da primeira s rie da mesma escola responderam sim arrumo minha cama a quarta crian a entrevistada 261 contou olho do meu irm ozinho e finalmente a ltima respondeu quando minha bab ou minha m e est o cansadas eu seco os pratos arrumo a cama tiro o p arrumo o escrit rio e lavo o banheiro a areia do gato eu troco todo dia Vale para a primeira s rie a mesma an lise feita das respostas da pr escola com exce o da ltima crian a de sete anos que conta lavar o banheiro embora seja s quando a m e ou a empregada est o cansadas As crian as da segunda s rie me contaram varro a casa e arrumo a cama n o minha m e faz tudo arrumo minha cama com muita pregui a s arrumo minha cama quando minha m e tem dor nas costas eu fa o massagem servi os dom sticos eu n o fa o n o As crian as da segunda s rie limitam se a arrumar as camas e outras pequenas tarefas seguindo a mesma linha de resposta das crian as de pr e primeira s rie A realidade das crian as da pr escola Luz mostrou se um pouco diferente da rotina nf das crian as da pr escola Azul eis as respostas eu javo e seco a lou a arrumo cozinha
180. ealiza o de tarefas e atividades gradativas propostas ao seu Em lio como por exemplo o cuidado de sua planta o de favas exemplo presente no Livro Il de seu Em lio ou da Educa o Haja vista estas considera es Froebel esclarece que ambos trabalho e religi o devem caminhar juntos sob pena de o homem se transformar em burro de carga uma vez que trabalho e religi o a exemplo do criador nasceram juntas A express o da religiosidade de Froebel aliada import ncia do trabalho como atividade e responsabilidade novamente encontra eco no pensamento comeniano que propunha em sua Did ctica Magna um modelo de escola Materna ativa envolvente e piedosa Em suas orienta es em rela o primeira inf ncia Froebel escreve que as consequ ncias das atividades das crian as s o nessa fase da vida indiferentes e irreconhec veis para elas pr prias O que a crian a faz come ar a julgar os objetos com seu corpo e sentidos 25 Nesse jogo nesses movimentos do rosto e do corpo todo n o h que buscar em princ pio nenhuma manifesta o exterior da ess ncia interna da personalidade manifesta o que n o aparece at etapa seguinte Conv m vigiar os movimentos para que a crian a n o se acostume a mover demais o corpo e sobretudo o rosto sem nenhum motivo interno n o se desfigure com caretas e contor es de boca e olhos n o estabele a logo uma esp cie de separa o entre seus sentimentos e seus
181. ecunda ou est ril cheia de fatos irrelevantes ou de obras brilhantes educadora ou corruptora que se desenvolve com vis o clara do mundo ou com torpe indiferen a que promova disc rdias e lutas ou convide confian a e paz Froebel 2001 48 Parece que a pobreza da vida adulta demonstrada por Froebel estabelece grandes la os com nossa atualidade No trecho em pauta percebemos que o adulto sens vel poder aprender com a crian a resistindo tenta o de transferir o vazio de seu mundo para o mundo infantil Penso que hoje talvez o valor que deveria permear a idade infantil n o se constitui preocupa o de primeira ordem perdendo muitas vezes espa o para o vazio e o ef mero da sociedade capitalista atual 28 A atualidade de Froebel se revela na medida em que percebemos a atual possibilidade de extin o da inf ncia realidade que requer nossa responsabilidade de pais e ou educadores capazes de mediar o crescimento desenvolvimento e socializa o da crian a no mundo e com o mundo Enquanto uma parcela dos adultos desvaloriza o jogo e o brincar infantil espont neo outra parcela se engana pensando n o ser mais necess rias suas observa es e orienta es dedicadas aos pequenos Isso demonstra em certa medida uma poss vel descren a na constata o de que a inf ncia fase primordial da vida humana e que sua preserva o n o torna dispens vel a orienta o adulta Froebel demonstra sensibilidade para com
182. educa o negativa Rousseau n o defendia a escolariza o mas de modo semelhante a Montaigne propunha que a educa o de seu aluno imagin rio ficasse nica e exclusivamente a cargo de seu preceptor uma vez que a sociedade teria o poder de corromper a natureza boa da crian a tudo est bem quando sai das m os do autor das coisas tudo degenera nas m os dos homens Rousseau 1995 12 Assim como Froebel Rousseau valorizava o desenvolvimento dos sentidos e atribu a grande import ncia ao desenho como maneira de assimilar verdadeiramente o conhecimento externo das coisas Estudioso das caracter sticas f sicas e psicol gicas do desenvolvimento humano em especial o desenvolvimento infantil Rousseau planeja a educa o de seu pupilo com riqueza de detalhes Ao mesmo tempo em que valoriza a espontaneidade e a pureza da crian a Rousseau mostra se o condutor e respons vel pela organiza o das situa es de aprendizagem de conte dos e valores A incerteza da vida futura solidificava em Rousseau a id ias de que n o devemos antecipar os sofrimentos da crian a em fun o de uma vida adulta que poderia n o chegar importante seria educar a inf ncia pela import ncia que essa fase da vida humana traz em si mesma A natureza quer que as crian as sejam crian as antes de serem homens A inf ncia tem maneiras de ver de pensar e de sentir 14 que lhes s o pr prias nada menos sensato do que querer substitui
183. efender o trabalho como princ pio pedag gico n o faz com que Gramsci deixe de temer o perigo da profissionaliza o artificial precoce sua escola unit ria aberta humanista culta jamais profissionalizante e unidirecional A escola nica seria aquela capaz de proporcionar um desenvolvimento harm nico de todas as atividades at que a pr pria personalidade formada evidencie inclina es mais profundas e duradouras Essa escola deveria se opor aos desejos que muitas vezes os pr prios adultos projetam nas crian as Gramsci defendeu intensamente a necessidade de se desenvolver paralelamente escola unit ria uma rede de jardins de inf ncia e outras institui es nas quais mesmo antes da idade escolar os meninos se habituem a certa disciplina coletiva e adquiram no es e aptid es pr escolares Gramsci 1989 70 Assim como cr que bons h bitos e disciplina n o se op em espontaneidade e autonomia da crian a tamb m duvida da falsa oposi o existente entre educar e o instruir demonstrando bastante sensatez n o completamente exato que a instru o n o seja tamb m educa o a insist ncia exagerada nesta distin o foi um grave erro da pedagogia idealista Gramsci 1989 78 298 De acordo com Nosella 2004 140 Gramsci n o acredita na autonomia do educador e do processo educativo uma vez que esses est o educacionalmente articulados com seu macro educador o Estado Por isso valoriza todas
184. egar logo a um fim fict cio Froebel 2001 237 Em suma Encontramos e conhecemos assim o homem e tamb m o menino como capazes do mais elevado para a realiza o de seu destino a manifesta o de sua ess ncia da ess ncia divina Elevar essa capacidade plenitude e seguran a consci ncia e unidade clareza e vida livre o fim a que se consagra desde a inf ncia o homem nas etapas correspondentes de seu desenvolvimento e forma o Mostrar o caminho e os meios para consegui lo na vida e na realidade est consagrado nesse escrito e a ele est dedicada a vida do autor Os meninos que rodeavam o velho autor deste livro s o de esp rito de alma alegre e s o contentes do cora o e da vida feliz Aqueles meninos que enquanto esse livro se escrevia entravam no c rculo educativo que o produziu e que em grande parte rodeavam o velho autor jogando enquanto escrevia jamais cansados pedindo sempre novos horizontes e alimento para sua atividade e para o desenvolvimento livre de sua natureza esses meninos se fosse necess ria uma garantia externa seriam os fiadores do que escrevi e de que escreverei sempre a verdade Froebel 2001 238 Para Froebel a ess ncia do homem contempla a ess ncia de Deus como podemos comprovar nas palavras acima A id ia froebeliana baseada na cren a de que a crian a possue certas capacidades latentes e de que a vida seja uma evolu o naturalmente dirigida a um alvo
185. emocr ticos de governabilidade o aumento acelerado da viol ncia social pol tica e econ mica a corrup o como l gica cultural aus ncia de solidariedade coletiva darwinismo social exclus o desigualdade e discrimina o dualismo que nega at mesmo o mais elementar direito vida Estes elementos parecem suficientes para revelar o car ter cruel e contradit rio da p s modernidade e do neoliberalismo promete mais mercado para a solu o destes problemas sem evidenciar entretanto que na pr pria configura o do mercado que se encontram as ra zes da exclus o e da desigualdade Al m do mais o neoliberalismo n o diz nada acerca de como devemos atuar para acabar com as causas estruturais da pobreza mas atua intensificando essas causas Gentili 2001 29 escreve ainda que hoje em nossas sociedades 84 dualizadas a exclus o invis vel aos nossos olhos e parece ter perdido sua capacidade de produzir espanto deixando de ser um problema para se tornar um dado Podemos ir mais al m afirmando que essa naturaliza o da exclus o ocorre na medida em que a p s modernidade e o neoliberalismo atribuem a cada indiv duo a responsabilidade e a culpa por problemas que s o e devem ser parte da esfera social ou seja responsabilidade do Estado Existem an lises p s estruturalistas como as de Isabel Bujes 2002 e Sandra Mara Corazza 2000 que surpreendem pela cr tica ao legado moderno e pela capacidade de atribuir ao passad
186. empre importante apenas questionar pois precisamos de algumas respostas e diretrizes que orientem nossa forma de pensar e agir em prol de um projeto que perceba e proteja a inf ncia Olhar para a inf ncia o primeiro passo perceb la talvez o mais nobre Este trabalho constituiu apenas um dentre os muitos olhares que se dispuseram a perceber de fato a crian a liberto de pretens es sustentado por um sentimento de dever a ser cumprido dever esse que n o abdicou do sentimento de prazer aparentemente incompat vel com a necessidade de se fazer algo obriga o do adulto olhar para a inf ncia gratificante e m gico para ele perceb la Algumas quest es nortearam esse trabalho desde suas primeiras palavras como as crian as vivem e v em sua pr pria inf ncia Quais os elementos comuns permanecem em diferentes tipos de inf ncia poss vel aos professores trabalhar com seriedade e pautados em valores universais diante dessa diversidade de crian as Diante do poss vel seria mais s bio trilhar qual caminho Aquele que se apega a um saudosismo imobilista ou quem sabe aquele que traz a vantagem ou o benef cio do encantamento trazido pelo novo que sutilmente inspira o esquecimento do passado simplesmente pelo mesmo j ter passado Felizmente a resposta que arrisco me liberta da responsabilidade de optar por um nico p lo ou caminho A resposta que me sustenta atualmente foi encontrada nos autores modernos estudados e n
187. encialmente na realidade material Conforme Marilena Chau 1995 o p s modernismo constitui ideologia do capitalismo neoliberal A an lise mais completa e profunda que temos a an lise de Pablo Gentili 2001 podemos dizer conforme essa an lise que os neoliberais impuseram suas verdades como aquelas que devem ser defendidas por qualquer pessoa sensata desta maneira que a forma neoliberal de pensar se projeta nas pol ticas educacionais argumentando que a educa o funciona mal porque foi estatizada O grande objetivo neoliberal resume se assim no esfor o pra transferir a educa o da esfera da pol tica para a esfera do mercado o que reduz notadamente a educa o sua condi o de propriedade eliminando seu car ter de direito Pablo Gentili identifica os respons veis diretos e indiretos segundo os neoliberais pela crise educacional Estado Assistencialista Sindicatos e os pr prios indiv duos Para os neoliberais a solu o da crise educativa dependeria da satisfa o de duas necessidades necessidade de estabelecer mecanismos de controle e avalia o da qualidade dos servi os educacionais necessidade de articular e subordinar a produ o educacional s necessidades estabelecidas pelo mercado de trabalho evidente que o neoliberalismo formula um conceito espec fico de qualidade decorrente de pr ticas empresariais e o transfere sem media o para o campo educacional assim como propaga a adequa o s demandas de t
188. endo se de Gagnebin a verdade pol tica da presen a constante dos pequenos e dos humilhados simplesmente porque ela mesma sendo pequena tem outro campo de percep o ela v aquilo que o adulto n o v mais os pobres que moram nos por es cujas janelas beiram a cal ada ou as figuras menores na base das est tuas erigidas para os vencedores Gagnebin 1987 182 in Pereira e Souza 1998 36 Isto posto percebemos que a tese de Pereira e Souza 1998 36 defende que o sentido plural da palavra o caminho para o resgate da crian a e do adulto como sujeitos da hist ria Souza 1994 Continuam para explicar essa assertiva escrevendo nos que crian as e adultos j n o se misturam e por isso percebemos a tend ncia acirrada de separa o do mundo de crian as e adultos tamb m gerados na opini o das mesmas pela modernidade na medida em que estabeleceu o ambiente escolar como lugar definitivo da aprendizagem das crian as Podemos perceber que as autoras talvez associem diretamente e sem media es a separa o da afetividade e da troca cultural como necessariamente decorrente da cria o 95 desse novo espa o f sico o que do meu ponto de vista question vel pois o mais importante n o a quantidade do tempo que crian as e adultos passam juntos mas a qualidade desse tempo E neste sentido o ouvir a crian a fundamental para o n o distanciamento entre o mundo infantil e do adulto ou nas palavras das
189. ens carregadas de ilogismo em que os animais s o antropomorfizados Gra as ao desenvolvimento de pesquisas filol gicas como o caso dos Irm os Grimm que paradigm tico registram se f rmulas e can es populares transmitidas de gera o a gera o e repassadas ao meio pedag gico No s culo XX como sabemos a situa o social da fam lia sofre transforma es dentre as quais o acesso da mulher ao mercado de trabalho o que faz surgir a necessidade das creches e de pessoal especializado no que se refere inf ncia As conquistas do conhecimento psicol gico e pedag gico sobre as etapas do desenvolvimento infantil a mudan a de atitude quanto sexualidade decorrente da elucida o psicanal tica da constitui o da identidade do sujeito finalmente colaboram no que faltava para a compreens o da crian a enquanto crian a A literatura infantil tamb m sente a press o da nova organiza o social do capitalismo No Brasil as primeiras d cadas do s culo XX n o testemunham o surgimento de grandes poetas para a inf ncia S ap s a metade do s culo na d cada de 60 ganham espa o os poetas modernistas como Cec lia Meirelles Henriqueta Lisboa e Vin cius de Moraes que representaram na produ o po tica para crian as a virada do conceito de inf ncia de depend ncia para a autonomia Mas atualmente estes artistas est o sendo esquecidos E hoje na p s modernidade cabe perguntar que tipo de poesias s o valorizadas p
190. entre muitas Podemos dizer que este ponto de vista minimiza de alguma maneira o valor que atribu mos aos grandes movimentos de id ias e s metanarrativas No que se refere s metanarrativas Lyotard 1989 diz que estas n o fundamentam mais o discurso atual como fundamentavam os discursos modernos Para este autor vivemos uma mudan a no estatuto epistemol gico da ci ncia moderna mudan a essa provocada pelo desenvolvimento tecnol gico que permite a sa da da sociedade de sua condi o industrial condi o p s industrial corresponderia cultura p s moderna A respeito da condi o p s industrial temos interessantes contribui es de Kumar para quem a teoria da p s modernidade da sociedade da informa o e do p s fordismo retratam a contemporaneidade Ao comentar sobre a sociedade da informa o Kumar nos escreve que o computador por si s transformaria muito das opera es da sociedade industrial Entretanto para Bell autor chave nos estudos dessa teoria o que gerou a sociedade da informa o foi a converg ncia explosiva do computador e telecomunica es Essa uni o segundo Bell acabou com a antiga distin o entre processamento e dissemina o do conhecimento A nova esfera da informa o opera em um contexto global Para Bell o conhecimento n o s determina a inova o t cnica e o crescimento econ mico como est se tornando rapidamente a atividade chave da economia e a principal determinante tamb m d
191. er TV ver Rebeldes na TV eu AMO ver TV e jogar v deo game brincar e ver TV Tr s crian as mencionaram o brincar e duas limitaram se TV uma delas especificando o programa favorito com bastante entusiasmo 263 Os alunos da escola p blica da pr escola Luz e da escola C u pareceram privilegiar o brincar apenas quatro deles se referindo TV como atividade preferida Seguem as respostas das crian as de seis anos ver TV Brincar Brincar com meu gato e brincar de massinha jogar v deo game e ver jogo na TV brincar de carrinho As crian as da primeira s rie impressionaram Ler porque legal Brincar porque gostoso ver TV estudar porque a gente aprende mais e mais assistir TV porque os desenhos s o legais As crian as da segunda s rie responderam o seguinte jogar v deo game brincar andar de bicicleta na rua soltar pipa brincar de tudo Duas crian as da rede p blica mencionaram gostar de realizar as tarefas da escola em casa mesma porcentagem das crian as da escola particular Dessa maneira as respostas no geral contemplaram o brincar em primeiro lugar incluindo aqui o v deo game a TV em segundo e a realiza o de tarefas escolares Esse terceiro bloco de quest es veio revelar que a vida familiar interfere bastante na concep o e na dura o da inf ncia a estrutura familiar e o n mero de pessoas que moram na c
192. er o momento de introduzir novas regras materiais e mesmo para orientar as propostas das crian as Podemos dizer que o fato de Froebel propor uma educa o ativa n o o faz defensor de atividades sem prop sitos ou ativismo A cita o de Arce esclarece o quanto importante que o professor interfira com sabedoria nas atividades e brincadeiras das crian as O respeito espontaneidade da crian a em Froebel n o se assemelha em hip tese alguma qualquer esp cie de n o diretivismo uma vez que o outro pode e deve levar a crian a ao m ximo de sua alegria e realiza o Assim Froebel elegia a brincadeira e os bringuedos como mediadores tanto no processo de apreens o do mundo pela crian a por meio da interioriza o como tamb m no processo de conhecimento de si mesma pela crian a autoconhecimento por meio da exterioriza o Por essa raz o o criador dos Kindergarten entendia que os brinquedos e as brincadeiras n o poderiam mais ser escolhidos ao acaso Eles deveriam ser estudados para que se pudesse oferecer s crian as as atividades mais adequadas ao seu n vel de desenvolvimento Arce 2004 O descomprometimento ou desconhecimento adulto revela se quando os jogos brincadeiras e brinquedos s o interpretados e oferecidos aleatoriamente crian a como passatempo e tamb m quando a recrea o e socializa o das crian as n o s o mediadas e ou orientadas e observadas Muitas vezes enquanto educad
193. ere que permite a continuidade e a exist ncia da inf ncia A l gica contradit ria da p s modernidade encontra se presente conforme pudemos perceber tamb m nos pressupostos que norteiam a organiza o das pr ticas pedag gicas das escolas lembrando tamb m a contradit ria l gica neoliberal j denunciada por Gentili onde deveria atuar com o m ximo de esfor o o Estado mostra se m nimo onde deveria ser m nimo e garantir autonomia aos agentes educacionais esse mesmo Estado mostra se autorit rio e m ximo Em outras palavras a analogia sugerida que o 311 debate p s moderno em torno da inf ncia e da escolariza o demonstrado na fala de Wilke Franco e tamb m de Corazza e presentes no cap tulo Il deste trabalho toma como primordiais quest es secund rias e concebe como acess rias quest es fundamentais que necessitam ser revistas enquanto critica a valoriza o das regras e disciplinas fundamentais para o processo de socializa o infantil desconsidera o debate que deveria girar em torno da inconveni ncia de assuntos qualitativamente indiferenciados e pertencentes ao mundo adulto que invadem as escolas e do laisse faire que se promove com a justificativa de que preciso deixar a crian a vontade todo o tempo poss vel e necess rio porque s dessa maneira se desenvolve a sua autonomia esquecendo que essa atitude corresponde quilo que Arendt e Lajonquiere conceberam como ren ncia ao ato educativo A cr
194. erno a luta contra o vazio S o Paulo Mandarim 1996 HUIZINGA Johan Homo ludens o jogo como elemento da cultura S o Paulo Perspectiva 2000 HOBSBAWM Eric A era dos extremos o breve s culo XX S o Paulo Cia das Letras 1995 322 INCONTRI Dora Pestalozzi educa o e tica S o Paulo Scipione 1997 KUMAR Krishan Da sociedade industrial sociedade p s moderna novas teorias sobre o mundo contempor neo Rio de Janeiro Jorge Zahar 1998 KAPLAN E A org O mal estar no p s modernismo teorias e pr ticas Rio de Janeiro Jorge Zahar 1993 KINCHELOE Joe L Mc Donald s poder e crian as Ronald Mc Donald tamb m conhecido como Ray Kroc faz tudo por voc In STEINBERG Shirley R KINCHELOE Joe L Cultura Infantil a constru o corporativa da inf ncia Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 KELLNER Douglas Beavis e Butt Head sem futuro para a juventude p s moderna In STEINBERG Shirley R KINCHELOE Joe L Cultura Infantil a constru o corporativa da inf ncia Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 KETZER Solange M A crian a a produ o cultural e a escola In A crian a e a produ o cultural do brinquedo literatura Porto Alegre Mercado Aberto 2008 KRUTZEN E C Hist rias da inf ncia Revista Primeira Vers o da UFRO Ano I n 79 Porto Velho fevereiro de 2002 LAJONQUIERE L Inf ncia e ilus o psico pedag gica escritos de
195. ertencem e se incluem as representa es que criaram Na escola particular treze 87 das quinze crian as entrevistadas associaram o ser crian a id ia do brincar As cinco crian as de sete anos que est o cursando a primeira s rie al m de mencionarem o brincar associaram no ao divertimento As respostas das crian as de seis anos foram surpreendentes Ser menor que os adultos e brincar bastante n o ser adulto n o lavar lou a comer sozinho legal poder se divertir mais no meu anivers rio eu convido quem eu quero poder brincar andar de bicicleta legal brincar de muitas coisas poder praticar esportes passear Na escola p blica as cinco crian as da pr escola fizeram refer ncia o brincar uma delas enfatizando que ser crian a al m de brincar n o precisar fazer servi o No total doze crian as 80 disseram que ser crian a poder brincar Interessante comentar que na escola particular 100 das crian as da primeira s rie consideram a inf ncia o poder brincar enquanto na escola p blica apenas tr s crian as 60 mencionaram essa atividade como representativa da inf ncia Poder amos pensar que para as crian as de periferia o acesso primeira s rie do ensino fundamental constituiria de alguma maneira uma barreira 239 possibilidade do brincar Talvez essa id ia esteja presente no imagin rio das crian as mais carentes n
196. escobrir quais s o as fontes de natureza din mica da modernidade Neste sentido a separa o tempo espa o foi crucial para o desenvolvimento da modernidade o tempo ainda estava conectado com o espa o at que a uniformidade da mensura o do tempo pelo rel gio mec nico correspondeu uniformidade na organiza o social do tempo Essa mudan a coincidiu com a expans o da modernidade e n o havia sido completada at o final do s culo passado A coordena o atrav s do tempo a base do controle do espa o O desenvolvimento de espa o vazio pode ser compreendido em termos da separa o entre espa o e lugar Nas sociedades pr modernas espa o e tempo coincidem amplamente O advento da modernidade arrancou crescentemente o espa o do tempo E essa separa o entre tempo e espa o condi o segundo Giddens para o processo de desencaixe e proporciona os mecanismos de engrenagem para o tra o distintivo da vida social moderna a organiza o racionalizada As organiza es modernas s o capazes de conectar o local e o global O desencaixe seria o deslocamento das rela es sociais de contextos locais de intera o e sua reestrutura o atrav s de extens es indefinidas de tempo espa o 12 Para Giddens hist ria e historicidade n o s o as mesmas coisas a historicidade estaria ligada s institui es da modernidade Dizer que s o iguais significa que acreditamos numa falsa unidade do desenvolvimento hist rico A hi
197. ess o magn fica de um s pensamento de Deus Froebel 2001 127 Sobre a linguagem que ao lado da religi o e da natureza constituem a base da forma o humana interessante ressaltar a exposi o e manifesta o espont nea do interior ao exterior por meio do que exterior se chama linguagem a linguagem deve dar a conhecer a lei de tal modo que estejam nela as leis totais do mundo interno e as do externo em conjunto e separadamente Os sinais gr ficos s o t o importantes quanto a oralidade e nesse sentido a escrita d ao homem a possibilidade de chegar a adquirir consci ncia conhecimento de si e de sua ess ncia por t la representada ante seus olhos estabelece um la o de uni o claro e seguro com o passado e o futuro com o pr ximo e o long nquo por ela pode chegar o homem a conseguir sua perfei o absoluta na terra o primeiro e principal ato do conhecimento espont neo de si mesmo Froebel 2001 143 Ao lado da linguagem que permite ao aluno compreender o sentido das coisas enquanto nova maneira de express o do interior e da ess ncia humana temos tamb m a arte representada pelo desenho pela m sica e pela pintura O que interessa mais diretamente 40 estabelecer um paralelo entre o entendimento de Froebel que concebe a linguagem como instrumento de crescimento do homem e a descaracteriza o da linguagem nos dias atuais Existem correntes de pensamento p s modernas
198. est o j tenha sido explorada no segundo bloco Obtive as mais diversas respostas As crian as de seis anos da pr escola azul responderam ajudar minha m e quando a empregada folga pintar desenhos e ver filmes na TV brincar de alk tok jogar v deo game brincar com minha boneca barbie Tr s crian as referiram se ao brincar uma mencionou assistir filmes e dedicar se li o e atividades pedag gicas e uma revelou gostar st de ajudar a m e As crian as da primeira s rie responderam Jogar v deo game jogar video game ver TV e brincar com meu irm o ficar com meus pais vendo filmes e jogando jogos brincar de bola fazendo embaixadinhas gosto de fazer as tarefas de escola Uma das crian as mencionou as tarefas escolares mas o grande campe o foi o v deo game e os joguinhos de modo que apenas uma crian a se referiu ao jogar bola Se enquadrarmos o v deo game como uma brincadeira podemos dizer que quatro das cinco crian as ouvidas gostam de brincar em suas casas Aten o ainda para a op o de assistir filmes com os pais citada por duas vezes entre a pr escola e a primeira s rie Essas fam lias t m o h bito de locar fitas e DVDs ou ent o assistir TVs por assinatura que apresentam programa o mais ampla e diferente da programa o comum Na segunda s rie da mesma escola apenas uma das crian as n o mencionou a TV em suas escolhas Jogar futebol e v deo game v
199. estabelecida pelos pr prios alunos nem por isso uma disciplina menos opressiva em sua ess ncia o que deixa intato o problema t o delicado da a o rec proca de educadores e educandos O problema da disciplina parece nos colocar se do seguinte modo a crian a que participa de uma atividade que a apaixona disciplina se a si mesma a menos que o trabalho n o a discipline automaticamente Nossa verdadeira tarefa consiste em permitir aos nossos alunos todas as atividades educativas que satisfa am sua personalidade em estudar atentamente a t cnica dessas atividades que sup e uma disciplina motivada pelo objetivo a atingir O nico crit rio ent o n o ser saber se essas crian as s o boazinhas obedientes e trang ilas e sim se trabalham com entusiasmo e ardor Freinet in Freinet E 1979 67 Em sua obra O itiner rio de C lestin Freinet lise Freinet categ rica ao afirmar que existe uma pedagogia e uma escola de classe no regime capitalista A prova disso encontrada nas pr prias narrativas e produ es das crian as ou seja em sua livre express o baseada na liberdade e na confian a A escola prolet ria de Freinet se insere no mago da aliena o est na experi ncia sens vel do alienado Por isso dessa experi ncia sens vel deve se fazer brotar o conhecimento racional que em outras palavras teoria intelectual e social As crian as prolet rias precisam de uma educa o prolet ria que leve em cont
200. estudar essas quest es estarei amparada por autores como Neil Postman Antonio Gramsci Hannah Arendt e Georges Snyders estes ser o os pilares a partir dos quais ser o analisadas propostas atuais que dizem respeito ao papel da escola na vida infantil Mais do que fazer uma cole o de fichamentos o objetivo inicial consiste na explicita o das id ias dos referidos autores para que num segundo momento os seus pressupostos possam servir para demonstrar onde se encontram as principais contradi es das pr ticas e id ias atuais que se referem educa o infantil De acordo com Neil Postman 1999 34 para que uma id ia como a de inf ncia se concretize preciso que haja uma mudan a no estatuto do mundo adulto na verdade deve se gerar uma nova defini o de adulto Durante a idade m dia ocorreram muitas mudan as mas nenhuma que exigisse que os adultos alterassem sua concep o da pr pria vida adulta Um acontecimento desse porte ocorreu no s culo XV com a inven o da impress o com caracteres m veis que construiu uma nova vida adulta que acabou por excluir as crian as Nesse sentido foi necess rio encontrar um novo mundo adulto no qual a crian a pudesse habitar A tipografia ligou conforme o autor o presente com o sempre fazendo com que o 289 sujeito e n o apenas um grupo social fosse ouvido Como toda poca tem suas possibilidades e limita es podemos dizer com Postman que as condi es intelectuais da Europa
201. ezes perdem a paci ncia e gritam desmerecendo os pequenos quando est o ocupados deixam as crian as fazerem o que querem outras vezes punem e exigem isto quando n o h desencontros de postura entre a m e e o pai Nesses casos n o existe m nima previsibilidade no mundo da crian a Ela n o sabe as consequ ncias que enfrentar dependendo de seus atos Muitas vezes a supertoler ncia combinada com a cr tica intensa gera forte stress na crian a que insegura e ansiosa n o tem a oportunidade de aprender quais s o seus limites Todas as crian as precisam de limites e cabe aos pais p los de modo calmo e seguro Impor limites n o somente um direito dos pais mas sobretudo um dever para com toda crian a e toda sociedade Outra id ia retratada no enredo de filmes e desenhos a de que no mundo administrado tudo pode ser resolvido utilizando a t cnica E as crian as ainda em forma o absorvem deste modo no es err neas de divers o e arte e a id ia de que a t cnica domina tudo torna a divers o sem gra a O espa o da cria o preenchido por brinquedos t cnicos O problema est no fato de que essa falsa anima o e divers o est o ligadas a uma falsa no o de prazer A viol ncia dirigida o personagem de certa forma capta o espectador e isso acarreta stress na crian a Conforme Pereira at o riso descaracterizado pela ind stria cultural representando uma falsa alegria Ent o vemos e
202. festem espontaneamente para que eles sejam os que d em algum conte do algum valor nossa linguagem alguma vida aos objetos que nos rodeiam Vivamos em intimidade com eles deixemo los viver conosco eles nos dar o o que a todos tantos falta faz Palavras discursos rela es sociais s o para n s coisas mortas cascas sem fruto bonecos sem vida moedas de chumbo sem nenhum valor real falta nos vida interior falta nos subst ncia s o fantasmas porque carecem de carne e de sangue Nosso mundo nosso ambiente nossas rela es tudo o que vimos e contemplamos est morto nos oprime em lugar de elevar nos N o h uma palavra que d sentido e transcend ncia N o temos consci ncia de nosso falar porque os conceitos s o aprendidos sem viv ncia e portanto n o respondem a nenhuma realidade a nenhuma intui o Por isso tudo o discurso resulta vazio e obscuro Por isso s por isso nossa vida interna e externa t o pobre e se reflete com pobreza igual na vida de nossos filhos Froebel 2001 67 31 A cita o em pauta revela ao mesmo tempo otimismo em rela o s qualidades e capacidades da crian a e uma den ncia carregada de pessimismo no que se refere realidade dos adultos As crian as poderiam tornar se adultos diferentes de seus pais uma vez respeitadas a sua espontaneidade e pureza como tamb m seriam capazes de oferecer vida dos adultos um brilho de esperan a Froebel demonstra reprova o
203. fichas em caixas de perguntas e respostas das v rias mat rias estudadas que afastam a dispers o e a pregui a incentivando o trabalho De acordo com lise Freinet esse trabalho nem sempre estimulante mas as crian as reconhecem a necessidade dos exerc cios para aprender corretamente e isso desperta nelas cedo ou tarde a partir de seu envolvimento com o conte do certa dose de prazer Ao lado dessa organiza o das fichas t m se tamb m a experimenta o pessoal que est na base da aquisi o do conhecimento principalmente na rea da matem tica Dessa maneira o conte do sai dos comp ndios e se coloca ao alcance dos alunos Isto posto importante enfatizar mais uma vez que o sucesso desse trabalho escolar depende em grande parte da disciplina A disciplina n o renegada por Freinet mas adquire com ele outra conota o Achamos que primeiro preciso dar palavra disciplina um novo sentido Ou antes essa palavra em sua acep o corrente deveria 62 desaparecer de nosso vocabul rio pedag gico Se n o existe na classe uma atividade livre na pr pria base de toda a organiza o ent o uma disciplina especial necess ria tanto para obrigar as crian as tarefa n o desejada quanto para recalcar seu potencial de atividades n o empregadas que buscam a todo custo realizar se E falso acreditar que essa disciplina possa ser liberal ou consentida Mesmo que por decis o dos adultos seja
204. final de s culo Petr polis Vozes 1998 FROEBEL F W A A educa o do homem Tradu o de Maria Helena C mara Bastos Passo Fundo UPF 2001 FREINET C lestin Pedagogia do Bom senso S o Paulo Martins Fontes 1973 FREINET lise O itiner rio de C lestin Freinet a livre express o na pedagogia Freinet S o Paulo Editora Francisco Alves 1979 GENTILI Pablo ALENCAR Chico Educar para a esperan a em tempos de desencanto com um ep logo do subcomandante Marcos sobre as crian as zapatistas Petr polis Vozes 2001 321 GENTILI Pablo Neoliberalismo manual do usu rio In GENTILI P org P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado democr tico Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 GIROUX Henry O p s modernismo e o discurso da cr tica educacional In SILVA T T org Teoria Educacional cr tica em tempos p s modernos Porto Alegre Artes M dicas 1993 GIDDENS A As consequ ncias da modernidade S o Paulo Editora Unesp 1991 HUBERT R Hist ria da Pedagogia S o Paulo Companhia Editora Nacional 1967 GRAMSCI Antonio Cadernos do C rcere Vol1 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1999 NOSELLA Paolo GRAMSCI Antonio Caderno 12 1932 Os intelectuais e a organiza o da cultura In XII Reuni o Anual da AMPEd S o Carlos UFSCar 1989 HILSDORF M L S Pensando a Educa o nos tempos modernos S o Paulo EDUSP 1998 HOJAS Herrique O homem mod
205. ganha um novo status sendo valorizada na sua capacidade de constituir di logo a aus ncia do interlocutor adulto faz com que ela seja condenada a um mon logo cujo desdobramento a forma o do gueto da inf ncia A reconstitui o desse di logo um desafio posto para os especialistas da inf ncia Pereira e Souza 1998 38 necess ria uma recupera o do di logo entre adulto e crian a do saber ouvir e falar mas n o de um despejar sem crit rios de material adulto sobre as crian as como nos alerta Neil Postman 1999 e muito menos a invers o de pap is a adultifica o da inf ncia e a infantiliza o da idade adulta Podemos neste momento novamente lembrar W Benjamim e sua tese da atual incapacidade do ser humano em criar narrativas Aludindo Benjamim Experi ncia e Pobreza 1980 Amaral 2001 assim como Pereira e Souza chama a aten o para o fato de que estamos vivendo a redu o da experi ncia coletiva e tamb m o empobrecimento da arte de narrar consequ ncias do esvaziamento da dimens o privada da experi ncia 98 Benjamin ao mencionar o decl nio da arte de narrar referencia o ao decl nio da experi ncia no sentido de Erfahrung ou seja como experi ncia coletiva concebida reflexivamente o qual acabou produzindo no in cio da era burguesa um duplo processo de interioriza o do ponto de vista ps quico ass stiu se superposi o dos valores individuais e privados aos
206. gens da crian a no computador Let cia Nogueira 1998 nos conta que no ano de 1995 realizou uma pesquisa que teve como objetivo entender o que o computador significava para as crian as e captar na fala escrita e produ es infantis os 142 aspectos presentes em suas rela es com a tecnologia As crian as pesquisadas segundo a pr pria autora fizeram na perceber que nem sempre o computador fascinante e que talvez essa m quina suscite sentimentos intensos s enquanto novidade embora enfatizo que n o existe nenhum instrumento fascinante sempre Os pais muitas vezes colocam os filhos em escolas de computa o preocupados com a melhora no rendimento escolar ou com uma prepara o para o futuro mercado de trabalho o que n o deveria ser uma preocupa o essencial para as crian as Muitas vezes os pais e professores n o percebem o prazer das crian as em lidar com a m quina Diz a autora Mas o prazer transforma se algumas vezes em desprazer em irrita o com a professora que corrige um erro sem perceber o processo da crian a com o companheiro de grupo que n o ajuda na composi o de um trabalho Transforma se em frustra o e desinteresse quando o uso do computador passa a ser exposto excessivamente dirigido O computador objeto de prazer em casa entra na escola muitas vezes transfigurado em trabalho obriga o perde seu encanto seu mist rio Porque a escola n o aproveita o interesse da
207. gia Freinet n o se limita a uma proposta pr tica mas constitui essencialmente uma filosofia de vida como podemos observar em sua obra Pedagogia do Bom senso A crian a concebida como ser aut nomo e racional tendo direito ao livre arb trio mas n o prescindindo de uma orienta o em sua vida como o adulto a crian a j possui dentro de si uma consci ncia moral mas cabe ao educador aperfei oar essa consci ncia moral primitiva importante resgatar nos tempos atuais a pedagogia do bom senso capaz de ter um aspecto familiar misto de excita es e aud cias de receios e clar es de arco ris de risos e de l grimas tamb m Freinet 1973 08 Nas palavras de sua esposa lise Freinet 1979 uma pedagogia que caminhe no sentido contr rio da abstra o e do imobilismo capaz de promover a livre express o da crian a capaz de gerar um clima privilegiado de liberdade e confian a Para Freinet os caminhos mais simples e seguros da Pedagogia poderiam ser perfeitamente encontrados nas pr ticas milenares do comportamento dos homens na educa o dos animais Isso n o desmerece de maneira alguma a pr tica pedag gica mas 51 revela a necessidade de bom senso afetividade confian a bondade ajuda e decis o O que acontece entretanto na opini o de Freinet que rimos dessa simplicidade dos pastores Para nos mostrar esse erro Freinet continua se apoiando nos exemplos da natureza Se um dia os
208. ia prudente sujeitar as crian as bem cedo s priva es e dieta na previs o dos dias dif ceis que tiverem que afrontar e se temos o direito moral de ensinar a liberdade a quem talvez esteja condenado a obedecer servilmente toda a vida N o avalies assim a tua economia pedag gica por um racioc nio contr rio ao bom senso Segue a natureza O sol brilha mesmo s por um instante Aproveita o A noite vir sempre demasiado cedo O educador n o um forjador de cadeias mas um semeador de alimento e de claridade Freinet 1973 118 Enquanto semeador seguidor da natureza e possuidor de bom senso o educador deve ampliar o horizonte no que se refere s situa es de ensino e aprendizagem das crian as Sa das ao ar livre e elabora o de relatos precediam a elabora o do texto livre que apropriado em seguida pelas crian as e radiantemente operado pelas mesmas atrav s da impressora compunha as p ginas de seu Livro da Vida livro que reunia a trajet ria de aprendizagem e conhecimento de mundo das crian as O texto livre o texto no qual se re nem as falas e impress es das crian as a respeito da atividade do passeio enfim da aula da qual foi participante A impressora permitiu tamb m a cria o da Correspond ncia Escolar capaz de desenvolver a linguagem dos pequenos sua responsabilidade social e coletiva e o 60 sentimento de comunidade pois as crian as entravam em contato com cultura viv ncias e pr
209. ian a precisa de respeito e liberdade para brincar para desenvolver a fantasia para viver sua inf ncia com plenitude Mas precisa tamb m da interven o adulta quando a mesma se faz necess ria Esse equil brio vem sendo sugerido h tempos pelos pensadores modernos e tamb m por alguns pensadores mais contempor neos como Gramsci Arendt Postman e Snyders Mas as discuss es em pauta hoje parecem em muitos casos conforme demonstrado nesse trabalho ocupar se de quest es acess rias e se fechar para um di logo com elementos que ainda hoje requerem aten o especial tamanha a sua complexidade Isso constatado torna se ainda mais triste e severa a percep o de que se atribui modernidade o r tulo de metanarrativa avessa ao di logo com o novo No entanto parece ser a novidade que se recusa sutilmente a dialogar com o j estabelecido Ampliando a discuss o para al m do campo das pr ticas passando agora a envolver os conte dos escolares temos uma an lise pautada pelas categorias da ind stria cultural que tamb m questiona a nova configura o da escola e da atua o dos professores que precisariam se questionar Quando resolvemos trabalhar de forma agrad vel aos nossos 312 alunos a pedagogia presente n o seria a da Ind stria Cultural Seria positivo recorrer s imagens aos discursos midi ticos s ind strias da m sica e do cinema N o seria preciso desconstruir a imagem da inf ncia produzida pelas grandes corpor
210. ica pela crian a mas uma colabora o para essa vida Se bem orientado de acordo com Froebel o garoto nem saltar as dificuldades nem evitar os obst culos Froebel 2001 73 Deste modo o garoto que bem educado em sua primeira inf ncia e que tem sido acostumado a desenvolver lenta e constantemente suas energias n o se atrever a por se prova mais que pouco a pouco salvando se assim dos perigos como se caminhasse sob o amparo de um g nio protetor Ao contr rio o menino cuja atividade tenha sido afogada e n o conhece o esfor o carece de necess rio vigor trope ar a cada passo com perigos que nenhum pai mais cuidadoso pode prever Al m disso esses garotos que n o t m exercitado devidamente suas for as s o sempre os mais ousados os mais imprudentes quando t m oportunidade para dar livre sa da aos seus impulsos Froebel 2001 74 As palavras de Froebel novamente parecem antecipar a realidade de hoje Podemos perceber analisando o comportamento dos jovens o quanto se faz necess rio o conhecimento 34 m nimo do processo de desenvolvimento infantil bem como de refer ncias te ricas capazes de elaborar uma pedagogia consciente de seus limites e possibilidades A falta de compreens o adulta pode muitas vezes ser respons vel pelo comportamento limite do adolescente Hoje corremos mais facilmente o risco de fragmentar o desenvolvimento humano e perdermos a no o do quanto fundamental o equil br
211. icicleta As demais responderam no quarto ou na sala no quarto em casa e s I 4 vezes na casa do meu amigo em casa e no sagu o do meu pr dio As crian as da primeira s rie da mesma escola pontuaram no meu quarto onde fica o computador na sala de casa dentro de casa ou no quintal em casa e na escola s vezes no parque do lago em restaurante e mercado onde eu encontro meus amigos no pr dio em que eu moro Dentre as crian as da segunda s rie da mesma escola apenas uma disse brincar em casa e na escola as demais respostas foram na rua no meu quarto no quarto do meu irm o na ed cula dos fundos de minha casa Para essas crian as parecia t o natural que o espa o de brincar fosse a casa que quando questionadas referiram se em sua grande maioria ao c modo ou espa o f sico da pr pria casa onde costumavam ficar para brincar Apenas uma das quinze crian as ouvidas disse brincar na rua duas citaram outros lugares sendo a casa do amigo e parque restaurante mercado Nas escolas p blicas Luz e C u das quinze crian as ouvidas apenas tr s fizeram refer ncia escola como local onde brincam al m de outros lugares citados E as tr s crian as a que me refiro s o de pr escola a escola n o esteve presente na fala das crian as do ensino fundamental Vejamos as respostas da pr escola na escola em casa na rua ou na 254
212. idade uma designa o abrangente de todas as mudan as intelectuais sociais e pol ticas que criaram o mundo moderno Modernismo um movimento cultural que surgiu no Ocidente em fins do s culo XIX e para complicar ainda mais a quest o constituiu em alguns aspectos uma rea o cr tica modernidade A modernidade uma inven o da Idade M dia crist O mundo antigo era pag o o mundo moderno crist o e o cristianismo deu novo alento id ia de hist ria e tempo o passado presente e futuro foram ligados em uma sequ ncia compreens vel Para o autor muito do que entendemos por modernidade est contido na filosofia crist da hist ria nela o tempo retirado da esfera natural e inteiramente humanizado mesmo que sob a orienta o divina Ele mostrado como linear e irrevers vel ao contr rio dos ciclos e recorr ncias do pensamento antigo O cristianismo conta uma hist ria com um come o a cria o e o pecado original um meio o advento de Cristo e um fim o segundo advento e insiste nessa ordem necess ria de eventos Simultaneamente inverte a cronologia e interpreta a hist ria de frente para tr s a partir de seu ponto final orientada para o futuro satura o presente com um senso de expectativa criando uma tens o permanente entre o presente e o futuro Considera o passado um simples pr logo para o presente a caminho de concretizar a promessa do futuro Estas s o alg
213. idade na vida das crian as Na pr escola particular 100 das crian as disseram que brincam tr s brincam com os amigos uma brinca sozinha e uma disse brincar com o pai a m e e o cachorro No que se refere ao onde brincar todas disseram brincar em casa com exce o de uma que citou a escola esta disse brincar com jogo da mem ria e bingo de letras As outras crian as disseram brincar de bonecos e bonecas carrinhos bolinhas ex rcito Apenas uma crian a citou uma brincadeira tradicional o esconde esconde Pela observa o que realizei na escola Azul as crian as brincam mas t m hor rio como em toda escola para quadra de areia educa o f sica e jogos de encaixe Muitas outras atividades intra classe privilegiam o l dico embora tenham car ter pedag gico mais formal o que a maioria das crian as com exce o da j citada entende como brincadeira Na primeira s rie da mesma escola tamb m 100 das crian as confirmaram que brincam Uma delas respondeu empolgada Brinco muito Com colega de escola e comigo 247 mesma brinco de meninas superpoderosas e na brincadeira os meninos s o os vil es Brinco tamb m de mam e e filhinha Duas crian as disseram que brincam com os amigos vizinhos de futebol com bonecos de luta v deo game e tamb m de brincadeiras inventadas Uma crian a disse que brinca com a av de fog ozinho e de ping pong e outra disse brincar sozinha no computador Na segunda s rie da e
214. ilidade demais ao computador pois a riqueza a ser aprendida num jogo que envolva movimento f sico ou mesmo desenvolva acuidade visual e auditiva incompar vel a uma rela o na qual a crian a n o experimenta por completo seu potencial f sico limitando se a uma rela o fechada nas palavras dos autores quase autista 2001 63 com o que aparece na tela Os autores citam Montessori como exemplo de educadora cl ssica que colaborou para transformar o mon tono ambiente da sala de aula E hoje em muitos aspectos caminhamos na contram o desses ideais pois colocar a crian a em frente ao computador pode retroced la a uma monotonia sensorial J foi esclarecida nesse momento a cr tica dos autores no que se refere rela o sobre a quest o da oralidade e o uso do computador compete agora enfatizar as considera es que dizem respeito ao desenvolvimento da capacidade de leitura E neste caso Armstrong e Casement 2001 94 s o taxativos as limita es da tela como meio de leitura podem levar uma crian a a formar uma id ia limitada do que a leitura significa Vendo um adulto acessando textos em computador a crian a pode ter a impress o de que a escrita algo usado para se procurar com m xima velocidade e efici ncia por informa es espec ficas Esse um uso perfeitamente v lido da escrita um leitor de jornal varre uma mat ria da mesma forma mas apresenta a leitura como se ela tivesse um valor puramen
215. imagem chama a aten o para as tarefas adultas realizadas pela crian a A falta de propor o entre a menina e o chap u nos faz refletir sobre a propriedade de sua tarefa nesse momento de sua vida Entretanto parece uma foto mais alegre que a anterior talvez pela presen a do animal de estima o e pelo semblante da crian a tamb m mais leve e feliz do que o da crian a da foto j comentada Como n o temos certeza se a menina est brincando ou trabalhando acabamos desenvolvendo mais empatia por esta ltima foto que certamente nos incomoda menos enquanto defensores do direito da crian a ao brincar 187 Essa foto revela totalmente a tend ncia atual do consumismo bem como da adultifica o da inf ncia uma crian a feliz cheia de compras vestindo um casaco de peles Atente se para o volume dos pacotes perto do tamanho da menina A express o de felicidade do rosto infantil diante da situa o tamb m assusta um pouco Tamb m um p ster vendido em site espec fico e um dos mais vendidos e mais procurados pelas crian as e adolescentes Essa imagem parece tornar l cita e menos culposa o consumismo na inf ncia 188 Essa foto segue a mesma linha da foto anterior meninas vestidas como mulheres adultas felizes com seus acess rios totalmente impr prios para sua idade Os colares culos de sol e bolsas de todos os tipos e tamanhos hoje fazem parte dos desejos das crian as e adolesce
216. inha irm e meu irm o De todo modo s o aquilo que podemos chamar de fam lia nuclear A realidade das escolas Luz e C u s o um tanto quanto diferentes apenas duas crian as da pr escola Luz moram somente com o pai e a m e e uma delas esclarece com gra a a necessidade de ampliar a fam lia Moro com minha fam lia eu meu pai e minha m e meu pai disse que vai fazer outro nen mas s quando Deus quiser n As outras tr s crian as responderam moro com meu pai m e e irm mais velha moro com minha m e dois irm os e uma irm com meu pai m e duas irm s mais velhas e uma mais nova As respostas das crian as da primeira s rie da escola C u seguiram a mesma linha das respostas das crian as da pr escola Luz Moro com m e duas irm s e o namorado de uma I I delas pai m e um irm o duas irm s e dois primos com minha m e meu irm o minha irm moro com meu pai m e irm o irm e tia com minha m e meu padrasto meus dois irm os e minha tia Na segunda s rie tr s crian as citaram pai m e e irm os pelo menos tr s irm os uma crian a disse morar com pai m e irm os e av s e outra crian a com o pai m e irm os e primos As fam lias das crian as da rede p blica s o maiores do que as reveladas pelas crian as da escola particular os pais possuem mais filhos e agregam em suas casas outros parentes que n o pertencentes fam
217. io e os valores uma escala de verdades Hojas 1986 para a educa o da crian a Caso isso n o aconte a a probabilidade da crian a e do jovem agirem de maneira incorreta e sem pensar ou mesmo n o lidar com as consegu ncias de seus atos torna se rotineira e natural Partindo desse conhecimento a respeito do desenvolvimento humano notadamente o desenvolvimento infantil Froebel esclarece que no garoto existe uma certa tend ncia para a unidade e por isso quer reunir e encaminhar todas as coisas que lhe interessam e est o perto dele formando seu pr prio mundo Seria conveniente ent o que o garoto tenha um lugar eleito e dado onde possa manifestar suas energias Froebel argumenta que h no homem um desejo ou tend ncia de esp rito que n o fica satisfeita somente com ocupa es de atividade exterior ou seja n o lhe basta o presente com toda sua complexidade desej vel que essa necessidade seja suprida por relatos narra es e relatos hist ricos f bulas e contos capazes de alimentar a tend ncia e o gosto pela explora o e conhecimento da antiguidade e da natureza Apesar da clareza destes pressupostos Froebel assinala que muitos ainda fracassam Mas suas palavras nos levam a pensar que esse fracasso n o decorre da ess ncia do homem que boa em si mesma mas o sentimento social e de comunidade quando destru dos acarretam um desenvolvimento comprometido da crian a Precisamos vencer h bitos errados e
218. io mundo Essa reten o classificada como artificial pela autora porque extingue o relacionamento natural existente entre adultos e crian as ocultando o fato de que a inf ncia uma etapa tempor ria Para Arendt a exist ncia de crian as imp e humanidade algumas obriga es que podem muitas vezes entrar em conflito Os adultos essencialmente os pais precisariam ter consci ncia de que ao introduzir a crian a no mundo estariam assumindo uma responsabilidade pela vida e pelo desenvolvimento da crian a bem como pela continuidade do mundo O mundo precisa ser protegido do novo que irrompe a cada gera o Arendt 1971 235 mas a crian a tamb m precisa ser protegida do mundo tendo na fam lia um lugar seguro onde poderiam crescer Ocorre que a educa o moderna quando procura estabelecer um mundo de crian as destr i condi es que s o essenciais ao desenvolvimento e crescimento vitais A escola aparece desse modo como institui o cuja fun o seria introduzir a crian a ao mundo O que preciso considerar que a escola n o o mundo a institui o que se encontra entre o dom nio do lar e o mundo embora para a crian a a escola represente o mundo de fato Como a crian a n o tem familiaridade com o mundo precisa ser aos poucos introduzida nele os jovens s o ent o introduzidos pelos educadores num mundo em cont nuas mudan as Essa responsabilidade do adulto assume conforme a autora a forma de autoridade
219. iol ncia f sica TV Xuxa eu gosto porque tem m sica Ubumatu um desenho que passa na cultura ele um macaquinho que fala Gosto bastante dele Das cinco crian as ouvidas nessa pr escola apenas duas contaram gostar mais de desenhos violentos ou da moda uma preferiu um programa alternativo por gostar de m sica outra citou um desenho bem educativo o Ubumafu e uma delas optou pelo cl ssico pica pau As crian as da primeira s rie da mesma escola particular responderam Rebeldes Porque eles s o demais Bob esponja porque ele engra ado brinca e apronta bastante Assisto desenhos da Warner Bros Looney Tunes Pernalonga Meus pais pagam caro por eles A resposta dessa crian a especificamente chamou a aten o e faz pensar em que medida ela assiste os desenhos porque tem prazer ou por conta de um poss vel discurso dos pais que pagam pela assinatura do canal Esporte TV porque assim vejo as jogadas Padrinhos m gicos Destas crian as de primeira s rie apenas duas colocaram como 277 preferidos os programas da moda no caso Bob esponja e a novela Rebelde As respostas das crian as da segunda s rie foram as seguintes Adoro Bob esponja porque tem muita com dia Um monte da minha TV SKY porque os desenhos s o muito engra ados Mais uma crian a faz refer ncia aos desenhos dos canais por assinatura De futebol Rocket power desenho que mostra um
220. ir sem mencionar nenhuma programa o espec fica o que pode nos levar a pensar que de fato essas crian as assistem tudo que esses canais veiculam independentemente de sua propriedade Em rela o ao estilo de programa o n o houve diferen as significativas entre as crian as da rede p blica e particular de ensino embora atente se para o fato de que as crian as mais favorecidas economicamente t m mais acesso v deos que podem ser escolhidos de maneira s bia pelos pais e tamb m canais por assinatura muitos dos quais possuem programas educativos de excelente qualidade Quanto companhia as crian as de ambas as redes de ensino em sua maioria assistem TV acompanhadas ocorre que as crian as da escola Azul assistem acompanhadas de algu m novelas e ou filmes parecendo ter uma autonomia ou liberdade maior para assistir aos desenhos sozinhas J dentre as crian as da EMEI Luz e escola C u apenas tr s revelaram assistir qualquer programa sozinhas Seria esse fato resultado de uma preocupa o maior de seus pais irm os ou fam lia de um modo geral ou consegi ncia de um n mero maior de pessoas morando na casa e consequentemente tendo que dividir o mesmo espa o de conviv ncia e lazer Podemos pensar ainda na qualidade da companhia das crian as quando dizem assistir com os irm os s o irm os mais velhos mais novos Qual a intensidade da intera o entre pais e filhos quando assistem TV juntos S o quest es a
221. ir de ano consequ ncia de n o aprendizagem e uma terceira crian a disse n o gostar de escrever muito pelo fato de demorar para realizar essa atividade Em contrapartida uma das crian as completamente feliz com tudo que faz na escola I A z As crian as da pr escola Luz responderam gosto de tudo n o gosto de tudo S I A n o gosto um pouco de fazer li o n o gosto de ficar na classe quando faz sol queima a minha pele n o gosto de trabalhar com tintas eu me sujo e minha m e fica brava comigo Apenas uma crian a do pr da rede p blica reclamou um pouquinho de fazer li o uma crian a se referiu a uma atividade bem espec fica de educa o art stica mas pelo fato da reclama o posterior da m e Tr s crian as se revelaram satisfeitas em rela o ao dia a dia sd escolar As crian as da escola C u primeira s rie disseram pintar desenho li o de casa 268 porque a professora passa muito n o gosto de escrever gosto de tudo tudo o que a professora passa legal Tr s crian as se queixaram de realizar atividades essencialmente pedag gicas uma delas porque a professora cobra bastante tarefa e outra crian a porque n o gosta de pintar mesmo J as crian as da segunda s rie esclareceram n o gosto de fazer prova porque eu erro alguma coisa e n o consigo fazer n o poder fazer bagun a eu gosto de tudo pri
222. is nossas crian as n o podem ser v timas de modismos ou presas de teorias sem fundamenta o tica e prud ncia Os recursos utilizados tamb m precisariam ser revistos os manuais escolares e os exerc cios passados aos alunos preparavam apenas para o que Freinet chamava de trabalho em cadeia e pensamento servil E vale se de mais uma analogia para refor ar suas id ias Actualmente a ci ncia produz m quinas cujo olho m gico v tudo simultaneamente e toma em devido tempo as decis es complexas que se imp em N s tamb m cultivaremos o olho m gico que para al m dos trav es e das engrenagens prepara a profunda forma o polit cnica capaz de salvaguardar a dignidade e o destino do homem Freinet 1973 64 Concebemos errado o conhecimento e sua aprendizagem temos a id ia de que o mesmo sempre cumulativo e todas as crian as aprendem da mesma maneira Mas elas compreendem s vezes como num rel mpago um pensamento mais profundo Exalando sensibilidade Freinet revela A inf ncia n o um saco que temos de encher mas uma pilha generosamente carregada cujos fios cuidadosamente montados n o correm o risco de deixar perder a corrente uma rede delicada e potente largamente distribu da e que penetra nos recantos mais secretos do organismo para dar lhe vitalidade e harmonia Freinet 1973 64 Todas as conquistas escolares das crian as s o alimentadas por seu pr prio interior como uma chama Ocorre qu
223. ital exatamente aquela que as pessoas est o no fundo cansadas de saber ler Colavitti 2002 34 Cristiana Campos e Solange Jobim e Souza 2002 ao tratar da m dia e cultura de consumo escrevem que estamos vivendo o surgimento da produ o de uma nova subjetividade em fun o da organiza o do cotidiano pela m dia Isso nos faz pensar novamente quem s o nossas crian as e esses adolescentes contempor neos cada vez mais adultizados As mudan as atuais tiraram da fam lia e da escola o controle das informa es Em fun o desta situa o B Sarbo 1997 citada por Campos e Souza 2002 explica que a crian a se 117 encontra espremida por uma adolesc ncia bastante precoce e uma juventude que se prolonga at os 30 anos Estamos falando da mat ria prima sobre a qual a m dia constr i seu imp rio A publicidade vale se de modo indiscriminado da imagem da crian a do jovem e do adulto para vender estilos de vida e mercadorias criando uma nova f rmula de estratifica o social e cultural Em fun o disso o processo de constru o da identidade na cultura de consumo apresenta se como cambiante fluido fragmentado e parcial No mercado do consumo todos s o iguais A inf ncia muda seu lugar social sai do lugar de inapta incompleta para o de consumidora transformando sobremaneira sua forma de inserir se no mundo 2002 135 disponibilizado o relato de Marcela uma adolescente que expressa su
224. iz que na Europa as modernas teorias ficaram apenas como experimento na Am rica derrubaram todas as tradi es e m todos de ensino aprendizagem por causa delas segundo Arendt parece que todas as regras do ju zo humano foram postas de parte No que se refere educa o das crian as que interessa nos mais de perto Arendt diz que uma das medidas que precipitaram a crise na Am rica foi a id ia de que existiria um mundo da crian a e uma sociedade formada entre crian as e que se deveria na medida do poss vel permitir que elas governassem esse seu mundo de modo que a autoridade repousaria no pr prio grupo de crian as suspendendo assim as rela es reais entre adultos e crian as O que haver amos esquecido segundo Arendt que ao emancipar se da autoridade dos adultos a crian a n o foi libertada mas sujeita tirania da maioria sendo deste modo banida do mundo dos adultos Um outro aspecto interessante revelado pela autora consiste na constata o da substitui o da aprendizagem pelo fazer e do trabalho pelo brincar decorr ncia do pragmatismo que colaborou para que ocorresse uma dilui o da distin o entre o brinquedo e 300 o trabalho em favor da espontaneidade do primeiro Esse processo objetivaria manter a crian a mais velha quanto poss vel no n vel da primeira inf ncia sob o pretexto de respeitar a independ ncia da crian a ela exclu da do mundo dos adultos e mantida artificialmente no seu pr pr
225. la Por qu 2 O que voc mais gosta de fazer na escola 3 H alguma coisa que voc n o goste de fazer na escola 4 O que voc gostaria de fazer na escola mas n o faz VI Cultura 1 Voc assiste TV Quais programas Voc assiste sozinho ou algu m assiste com voc 237 2 Qual programa de TV voc mais gosta Por qu 3 Qual programa de TV voc n o gosta Por qu 4 Voc costuma ler Gosta de ler O que voc l 5 Voc conhece computador Voc o usa O que gosta de fazer nele 6 Voc gosta de m sica Que m sica gosta mais Onde voc a ouve Observa es A primeira escola visitada para entrevista das crian as localiza se no centro de Araras local privilegiado pr dio bem grande escola particular desde sua origem tradicional da cidade A escola tem cinquenta anos trabalha com educa o infantil a partir dos tr s anos de idade ensino fundamental s ries finais e iniciais e ensino m dio no per odo da manh e da tarde A escola n o tem nenhum programa de bolsa de estudos e atende a elite da cidade De orienta o religiosa cat lica s aceita alunos e professores da mesma religi o A segunda escola observada foi uma EMEI Escola Municipal de Educa o Infantil localizada na maior periferia da cidade de Araras A chamarei de LUZ Trata se de uma pr escola relativamente nova possui oito anos foi inaugurada em vinte e cinco de abril de 1998 Possui cinco classes no per odo
226. lado por Phillipe ries 196 MARY CASSATT Seguindo a mesma linha anterior essa pintura de poca embora n o traga a data retrata a simplicidade e a pureza da inf ncia chamando a aten o para a beleza e propriedade das roupas das crian as As duas meninas brincam descompromissadamente fazendo refletir sobre a alegria e espontaneidade pr prias da inf ncia que a idade adulta de hoje insiste em minimizar a import ncia 197 Valem para essa pintura as mesmas considera es das duas imagens anteriores Nessa imagem agora em pauta temos um beb e uma crian a menina um pouquinho maior recolhendo conchinhas na praia Vemos que est o vestidas adequadamente para a brincadeira e vestidas como crian as que s o O cen rio embeleza o conjunto promovendo reflex o admira o da inf ncia sensibilizando indiretamente para o respeito a essa fase da vida Trata se de uma imagem diferente das fotos onde as crian as aparecem de fantasias ou dentro de frutas legumes e saquinhos de supermercados que podem n o ter intuito comercial mas usam de artif cios desnecess rios para ressaltar a beleza da inf ncia 198 Essa foto revela um grupo de crian as com roupas e express es sen o de adultas de adolescentes precoces culos de sol colares penteados batom As poses de adultas pernas cruzadas express o de esc ndalo no rosto da crian a do meio Podem
227. larina de um m dico de um executivo ou advogado de uma roqueira com tatuagem e tudo e de um beb de fraldas e chap u adulto que pergunta insistentemente onde ser a festa Podemos argumentar que muitos pais levam as crian as em est dios para tirar fotos das mesmas com fantasias as crian as gostam e o usa das fantasias desperta a alegria e a criatividade dos pequenos entretanto estamos num contexto diferente as crian as das fotos que se seguem parecem claramente estar sendo usadas com qualquer outro intuito que n o a constru o de um lbum com suas melhores poses 224 OTom Arma OTom Arma 225 e o 3 gt bar 3 i 226 Essa a foto de uma atriz mirim encontrada no site da revista Caras destinado aqueles que os editores cnamam de pequenas celebridades H um espa o apenas para eles no site intitulado espa o Carinhas Juntamente com a foto temos o texto A ESTILOSA CL UDIA DE OLIVEIRA Ela sonha em ser artista ou modelo Decidida Cl udia Santos Vargas de Oliveira 7 anos j sabe o que vai ser quando crescer artista Ela adora interpretar cantar dan ar desfilar e participa sempre das pe as de teatro no col gio Posar para fotos outra paix o Cheia de charme e estilo ela escolhe os figurinos e se arruma toda Quero usar esse chap u com flores Estou parecendo uma personagem de historinhas disse ela com roupa de poca Ser que uma crian
228. las o que faz com que deixemos de lado atividades mais estimulantes como a leitura por exemplo Os mais prejudicados por esse processo t m sido crian as e adolescentes cujo desenvolvimento neuronal acaba sendo moldado pregui osamente Na mesma reportagem o neurocientista portugu s Antonio Dam sio explora a import ncia dos sentimentos para o processo de recorda o Ao ser questionado em rela o ao papel das emo es na constitui o da mem ria responde que elas exercem grande influ ncia na nossa capacidade de memorizar Na maioria dos casos tanto os sentimentos negativos quanto os positivos que acompanham um determinado epis dio fazem com que ele seja gravado e relembrado mais facilmente No entanto emo es extremamente fortes especialmente as negativas como um acidente podem surtir efeito contr rio causando dist rbios de mem ria Um dos problemas s rios que o excesso de informa es qualitativamente indiferenciadas provoca uma esp cie de cansa o da mem ria al m de n o reter fatos importantes a mem ria sobrecarregada elimina arquivos arbitrariamente Paralelamente S Wurman escreve para citar apenas o conhecimento impresso que cerca de mil livros s o publicados no mundo diariamente Diante deste contexto como se nosso c rebro funcionasse como uma jarra cheia cujo conte do come a a transbordar O ant doto para evitarmos essa situa o de acordo com a reportagem a concentra o para que uma infor
229. le a respeito da intera o entre as crian as e o computador e L vy numa an lise mais profunda aborde inclusive a quest o do ensino dist ncia deslocando se pelas esferas do mundo adulto importante considerar o que este ltimo nos revela sobre o novo papel dos docentes diante daquilo que chama de ciberespa o e que maneira alguma se assemelha ao imobilismo da sociedade midi tica O 145 ponto essencial aqui a mudan a qualitativa nos processos de aprendizado Procura se menos transferir cursos cl ssicos em formatos hiperm dia interativos ou abolir a dist ncia do que implementar novos paradigmas de aquisi o dos conhecimentos e de constitui o dos saberes A dire o mais promissora que ali s traduz a perspectiva da intelig ncia coletiva no campo coletivo a do aprendizado cooperativo L vy 2005 Mas o professor da educa o infantil e os pais que disponibilizam essa nova tecnologia para as crian as teriam clareza desses pressupostos Como resultado de sua pesquisa Nogueira descobre que O computador como objeto de gente de todas as idades foi a imagem que apareceu mais n tida As hist rias das crian as que jogavam no computador do pai e aprendiam com ele e com o irm o multiplicaram se Mas dentre todas as imagens da crian a no computador a que mais me encantou e encanta foi e aquela da m quina instrumento de cria o M quina que transforma o mouse em l pis pincel carv o n
230. lobaliza o a m dia foi uma das esferas mais afetadas e os avan os tecnol gicos e desregulamenta o do setor de telecomunica es os fatores que mais contribu ram para a globaliza o da m dia Os conte dos da m dia globalizada est o hoje causando preocupa es entre pais professores e autoridades pois sabemos que a pornografia e a viol ncia exercem grande influ ncia na mente dos jovens e das crian as E a viol ncia mostrada na TV v deo e tamb m nos jogos de videogames e jogos de computadores Exercem uma influ ncia extremamente forte nas crian as os desenhos infantis principalmente os da Disney por serem coloridos e contar com personagens perfeitos e ao mesmo tempo engra ados firmam nas crian as estere tipos uma vez que provocam a forma o de opini es err neas sobre pessoas com as quais elas n o se relacionam e retratam um mundo com o qual elas se identificam de imediato seja pelo desejo de pertencer a ele seja pela semelhan a que suas redes de intrigas e confus es t m em rela o ao seu mundo real Associadas aos desenhos est o s quest es do consumo e de marketing com base nos cl ssicos da Disney lan a se uma s rie de produtos incrivelmente variada que passa das bonecas ao material escolar e atinge at as tend ncias de vestu rio 109 Al m da influ ncia negativa que a TV pode exercer no que se refere ao desenvolvimento da personalidade e elabora o dos valores da crian a os efeitos
231. lunos procurando compreender as poss veis diferen as originadas pela diversidade de meios e pelo tr gico dos acontecimentos que influenciam t o cruelmente a inf ncia contempor nea Compreende que essas crian as s o mais ou menos o que eras h uma gera o n o melhor que elas e que n o s o piores do que tu e que seria um xito pedag gico e uma garantia de progresso Freinet 1973 26 Uma das grandes infelicidades das crian as para esse pedagogo o fato de que na maioria das vezes entregamos o conhecimento pronto a elas sem abrirmos a possibilidade das mesmas busc lo Freinet relata nos esse fato fazendo uma analogia entre a crian a que 53 tem s suas m os o cesto de cerejas mas o abandona porque deseja colh las Com este exemplo Freinet n o retira do adulto a responsabilidade de transmiss o do conhecimento mas faz o mesmo refletir que esse conhecimento tamb m da crian a e que portanto precisa conter elos que os liguem sua vida Mas infelizmente a escola s conhece deveres e li es que s o para n s s o o que a m quina para nossos pais uma sujei o de que nos libertamos logo que tenhamos possibilidade Apenas os jogos nos entusiasmam e nos fazer esquecer as exig ncias desumanas do trabalho em primeiro lugar pelo trabalho que se prepara para o trabalho numa escola e numa sociedade do trabalho Freinet 1973 33 Na cr tica vis o errada que os pais trans
232. m contraste a grande maioria de software dispon vel para crian as supre aquilo que se percebe como a necessidade da crian a de um resultado imediato independentemente da energia gasta Brincar com jogos de computadores ou trabalhar com a maioria dos softwares certamente n o exige muita iniciativa ou auto disciplina comparado com o esfor o necess rio para aprender a tocar flauta doce ou violoncelo ou para aprender a desenhar em perspectiva 2001 181 Isso tudo posto a afirma o muitas vezes corriqueira de que o computador aproxima a crian a do mundo real parece perder seu significado uma vez que os autores nos levam a entender que exatamente o contr rio que acontece as crian as s o afastadas do mundo real Os desafios ambientais de nosso tempo requerem que a crian a desenvolva sensibilidade as for as que moldam a vida do planeta Os projetos escolares devem promover o contato com coisas vivas incentivar as sa das e passeios das crian as mas tudo isso est mudando com a entrada dos computadores na sala de aula as experi ncias das crian as com o mundo cultural est o sendo substitu das e limitadas por imagens de tela de computador websites enciclop dias de multim dia e programas de simula o A experi ncia direta das crian as 153 passa a ser moldada pela tecnologia que revelam um mundo que instantaneamente sujeito as mudan as arbitr rias e consequ ncias capazes de ser revertidas com facilidade As
233. ma o fique gravada por mais tempo ela deve ser processada por uma regi o do c rebro chamada hipocampo l que por meio de rea es qu micas espec ficas ocorrem mudan as nas sinapses que possibilitam a memoriza o E nessas conex es que o c rebro escreve as 116 informa es que ser o armazenadas Muitos est mulos confundem o hipocampo e isso o impede de estabelecer as associa es adequadas Por isso ele n o consegue registrar tudo na mem ria A solu o nesse caso estabelecermos prioridades e nos concentrarmos no que verdadeiramente nos interessa Como se concentrar com tantos est mulos em volta Os especialistas nos aconselham a fazer uma sele o O videogame por exemplo exige concentra o mas s envolve atividades mentais que exigem reflexos r pidos como uma partida de futebol Na pr tica um entretenimento que em excesso tamb m prejudicial mem ria A leitura na internet pode n o ser o melhor caminho para guardar tudo na mem ria pois frequentemente o internauta se perde entre os links desviando a aten o de seus objetivos iniciais O mesmo acontece com a televis o Segundo o neurologista Gilberto Xavier da USP isso ocorre porque o pr prio meio induz passividade e ao relaxamento o que n o bom para as conex es Mas a receita favorita dos especialistas quando o assunto mem ria tem sido ironicamente esquecida nestes tempos de crescimento do mundo dig
234. ma atitude marota t pica da inf ncia Entretanto os corpinhos das crian as parecem retratados de uma forma adultizadas com tra os n o t o delicados e pr prios a meninos da idade Dispon vel para venda no site allposters a pintura utilizada para decorar quartos de crian as do sexo masculino e embora uma pintura est entre as imagens mais procuradas e vendidas do site 209 OSHKOSH MID MRI eur ba in mp ia is ih cas lab poa ALL Nesta foto temos duas crian as aparentemente o menino mais velho e portanto mais respons vel tanto que carrega a mala das crian as e a menina mais nova demonstrando a condi o infantil carregando um ursinho de pel cia Vestidos para a fuga de macac es as crian as de costas nos fazem refletir sobre os rumos da inf ncia na atualidade diante de seu poss vel desaparecimento 210 Novamente a crian a vestindo os sapatos da m e demonstrando a import ncia da identifica o saud vel com o modelo adulto na inf ncia o que n o deve caracterizar abandono dessa fase da vida exatamente a magia da identifica o e n o da imita o constante que acaba por preservar a crian a de um crescimento precoce 211 ds E EO BI TTT BOTTAI z pn E M j E E a a a A i LLTI O olhar sensual e a pose da crian a revelam uma atmosfera artificial n o condizente com a inf ncia atmosfera essa que vem sendo estimulad
235. mados Nos s culos XVI e XVII a inf ncia passou a ser definida pela frequ ncia escolar tornando se uma descri o de um n vel de realiza o simb lica Postman 1999 56 Ligada de maneira rigorosa faixa et ria das crian as acreditava se que a leitura deveria iniciar se aos quatro ou cinco anos seguindo se a escrita e grau de dificuldade e sofistica o dos assuntos Mas importante lembrar que as primeiras tentativas de se formar classes ou s ries se baseavam na capacidade de leitura dos alunos o que come a como uma categoria de pessoas que devem ser ensinadas a ler termina como nica em m ltiplas dimens es Como a pr pria inf ncia se tornou uma categoria social e intelectual os est gios da inf ncia tornaram se vis veis Postman 1999 57 O vestu rio infantil diferenciou se do dos adultos assim como a linguagem infantil acompanhando essas mudan as tivemos tamb m na primeira metade do s culo XVI o desenvolvimento da literatura infantil Demais como escreveu ries 1981 com a cria o e expans o da escolariza o formal teve a cria o da fam lia moderna Postman informa um dado relevante para a hist ria da inf ncia a inf ncia come ou como uma id ia de 291 classe m dia uma vez que a melhora das condi es econ micas promoveu a intensifica o da consci ncia em rela o crian a e a tornou mais vis vel socialmente Essa mudan a teve como mola propulsora a tipografia e a escola que ad
236. mais se lhes d o alimento e o menino joga longe esses objetos como os demais jogos igual ao animal com os alimentos que n o gosta ele n o pode dar lhes vida e unidade e n s n o vamos em sua ajuda para que o consiga YFroebel 2001 201 O desenvolvimento art stico e a intelig ncia dirigida ao uso das cores s o interpretados por n s de maneira equivocada quando acreditamos que basta delegarmos materiais as 44 crian as para que as mesmas se desenvolvam esse gosto ressaltado por Froebel ultrapassa um uso arbitr rio de apetrechos art sticos mas revela a necessidade que os pequenos t m de compreender a grandeza da vida expressa nessas cores e express es Atualmente dedicamos pouco tempo a explorar esses anseios interiores das crian as e trabalhamos muitas vezes desde a pr escola partindo de uma abordagem utilitarista e desprovida de aplica es mais profundas Interessa notadamente esta an lise a vis o Froebeliana dos jogos e da literatura infantil uma vez que a sensibilidade e comprometimento para com essas atividades na idade infantil s o os teores que proponho resgatar na atualidade Para a realiza o do autoconhecimento da crian a Froebel invoca o jogo e o brinquedo como meio para a consecu o desse objetivo Para este autor o jogo seria uma oportunidade que a crian a deveria ter para expressar sua vis o das coisas e pessoas Em outras palavras al m de ajudar a crian a a se auto conhecer o jogo c
237. meio de seus atos e a es aquilo que n o capaz de elaborar de lembrar A repeti o uma tentativa de lembrar algo que n o se elaborou ou seja lembrar um caminho para se elaborar e olhar para o passado inconsciente Lipovetsky apresenta uma vis o diferente de Levisky e otimista em rela o atual invers o de valores gerados pela p s modernidade Os adultescentes tamb m s o um sintoma desse excesso hipermoderno Sim a chamada s ndrome de Peter Pan os adultos que n o querem envelhecer tamb m uma forma de excesso Pode se muito facilmente se divertir com esse comportamento e denunciar uma infantiliza o da popula o mas de forma alguma estou seguro disso n o vejo a quest o dessa 114 forma trata se de considerar que as coisas n o s o completamente negativas As mesmas pessoas que se comportam como crian as adultas ou adultas crian as s o pessoas que tamb m podem ser respons veis Trata se talvez de uma forma de hedonismo mas n o de pessoas que necessariamente n o t m nenhum tipo de responsabilidade um hedonismo que significa que n o se precisa renunciar aos prazeres do tempo da inf ncia um hedonismo que talvez seja a express o de uma sociedade que se torna cada vez mais dificil 2004 07 Parece claro que a quest o do desaparecimento da inf ncia n o se encontra isolada na contemporaneidade mas faz parte de todo um corpo de sintomas de uma sociedade que insis
238. mensamente gigantesca E assim ela vai embora para casa Fim E se voc n o achou que essa hist ria estranha experimente ler O homenzinho do queijo fedorento Na verdade acho melhor voc come ar a ler as hist rias agora mesmo pois o resto dessa introdu o s fala fala e n o diz nada Eu pus tudo isso aqui no 129 fim s para preencher a p gina e para dar a impress o de que eu sou um grande especialista no assunto Portanto pare de ler agora Estou falando s rio Pare Vire a p gina agora Se voc ler essa ltima senten a ela n o vai lhe dizer nada Scienzka e Smith 1997 A cada p gina do livro a crian a encontra um coment rio totalmente descontextualizado da galinha burrinha assim como tamb m encontra p ginas de ponta cabe a ilustra es geometrizadas nada atraentes Mas a hist ria do Patinho realmente feio merece ser transcrita Era uma vez uma mam e pata e um papai pato que tinha sete beb s patinhos Seis eram patinhos normais O s timo por m era um patinho realmente feio Todo mundo dizia mas que bando de patinhos t o bonitinhos todos menos aquele ali Puxa mas como ele feio O patinho realmente feio ouvia o que as pessoas diziam mas nem ligava Sabia que um dia iria crescer e provavelmente virar um cisne muito maior e mais bonito do que qualquer outra ave do lago Bem s que no fim ele era apenas um patinho realmente feio E quando cresceu tornou se apenas um p
239. mesmo tempo consumidor e objeto de consumo Sua face a da crian a passa a ser r tulo at mesmo para produtos que n o se destinam a ela Pereira e Souza 1998 37 Podemos afirmar postas 96 essas informa es que a aus ncia de di logo entre adultos e crian as principalmente pais e filhos estabelece rela es com o espa o ocupado pela ind stria cultural na vida infantil fator que vem desestruturando os adultos contempor neos conforme W Pereira os pais ficam perdidos por n o possu rem controle quanto ao ambiente informacional de seus filhos O autor explica Hodiemo poucos s o os pais pela forma que a sociedade se estrutura que possuem tempo por exemplo para contar hist rias a seus filhos Quando o tempo existe preenchido pela TV Os pr prios pais dizem n o confiar mais nas suas hist rias Sentindo se impotentes frente s quest es levantadas por seus filhos preferem entreg la nas m os de especialistas para resolverem os problemas Est na hora de a fam lia voltar a confiar na grande arma que possui para uma educa o aut ntica da inf ncia o di logo Tanto o di logo como as historinhas contadas cotidianamente estabelecem no lar uma rede de comunica o W Pereira 2003 39 Percebemos que hoje a ind stria cultural invade o universo infantil de tal forma que faz a inf ncia adquirir um novo sentido que as leva a se portar como adultos desaparecendo a sua dimens o aut ctone No
240. mia da crian a ver Moruzzi A B A escola Lumiar e a quest o da autonomia educativa J H Pestalozzi 1746 1827 exerceu grande influ ncia no pensamento educacional e foi um grande adepto da educa o p blica democratizando a educa o e proclamando ser o direito absoluto de toda crian a ter plenamente desenvolvidos os poderes dados por Deus Seu entusiasmo obrigou os governantes a se interessarem pela educa o das crian as das classes desfavorecidas Pestalozzi sensibilizado com a condi o de seu povo que mesmo ap s a revolu o que aboliu os privil gios feudais na Su a n o conseguiu vencer a mis ria devido ignor ncia e incapacidade pensou uma educa o que valorizasse cada indiv duo que o considerasse como ser humano digno de respeito e permitisse o desenvolvimento harmonioso se seus aspectos intelectual tico e construtivo Eby 1970 al m de ter evidenciado o papel da humanidade mais do que da sociedade na natureza do homem Hilsdorf 1998 Possu a clareza de ideais e consci ncia das a es que precisaria cumprir para atingir seus objetivos educacionais Em suma Pestalozzi de fato desperta alta dose de paix o verdade que seu discurso fomece infinitos ingredientes ao debate intelectual mas por ter se alimentado de uma pr tica intensa de um fervoroso idealismo e de uma entrega pessoal pouco observada na hist ria das id ias dirige se tamb m ao cora o 17 dos homens Mais aind
241. mitem a seus filhos em rela o ao trabalho Freinet chama a aten o tamb m dos pedagogos dizendo que o trabalho em s rie foi inventados pelos mesmos na medida em que querem racionalizar a alegria e espontaneidade das crian as homogeneizando as com o trabalho pedag gico Para corrigir esta postura deturpada somente uma atividade viva e construtiva representada pela pedagogia do trabalho Ao professor caberia ent o a responsabilidade de examinar lealmente cada uma das atividades que prev para sua sala entusiasmando seus alunos a irem cada vez mais depressa e mais longe despertando a necessidade de criar e realizar O trabalho para Freinet o cora o social do homem de tal maneira que necess ria verdadeiramente uma acumula o de falsas manobras para fatigar um cora o que trabalha t o docemente que quase nem sentimos bater necess ria tamb m uma perigosa acumula o de erros para suscitar na crian a o receio e depois a avers o por uma fun o t o natural e nobre como o trabalho Freinet 1973 37 54 Ainda no que se refere ao cuidado e responsabilidade que envolve o trabalho do pedagogo Freinet alerta nunca largues as m os antes de apoiares os p s Freinet 1973 59 Isso significa que n o se deve abandonar um m todo de trabalho antes de encontrar um m todo melhor para aplicar Esta mostra se para mim uma das recomenda es essenciais da filosofia Freinet que precisa ser recuperada po
242. momento encontrarmos num trabalho que procura caminhar na dire o oposta da aceita o do fim da inf ncia e da maneira inapropriada com que se elabora grande parte de suas produ es culturais an lises de aspectos t o diversos como m dia Internet literatura e brincadeiras Parto do princ pio de que se queremos colaborar para a transforma o de uma situa o que julgamos poder melhorar precisamos 166 penetrar em seu mago e conhec la Penso que todo problema traz em si o germe de sua solu o lembrando Paulo Freire 1999 posso viver numa sociedade neoliberal sem entretanto me corromper no que se refere aos meus princ pios e valores Essas breves considera es deste cap tulo s o apenas uma parcela t mida de contribui o para repensar a quest o da inf ncia Depende de n s adultos considerarmos a crian a em nossas an lises e aprendermos a ouvi las mas tamb m falar por elas quando as mesmas nos tomam como refer ncia segura de identifica o a crian a tem direito a ter limites N o objetivo cair no equ voco do criticismo mas sonho poder participar ativamente da luta pela preserva o da inf ncia a crian a precisa ser orientada pela media o do adulto que n o pode isol la de seu mundo mas tamb m obrigatoriamente deve zelar por seu espa o e condi es de exist ncia Debater quest es que se referem inf ncia constitui parte inicial e essencial dessa trajet ria abarcada pela responsabilida
243. mula a crian a a criar e inventar em sua plenitude A autora Vit ria se vale de Barthes 1980 42 e ilustra sua id ia por isso trata se de brinquedos descart veis que n o t m hist ria para contar portanto quando velhos ou usados n o t m sequer vida p stuma para garantirem seu lugar na hist ria Mas na verdade s o estes brinquedos descart veis que a ind stria cultural promove e coloca como diferencial de posse entre as crian as 137 Em uma cultura como a brasileira Vit ria afirma que existe a caracter stica herdada do patriarcalismo que se revela na distin o entre brinquedos para meninos e meninas seja nas cores azul e rosa respectivamente como nas formas bonecas e carrinhos O brinquedo por ser constru o cultural dirige atitudes e comportamentos representa pr ticas sociais que definem valores e atitudes que se deseja instituir A autora destaca que na sociedade capitalista contempor nea o brinquedo assume caracter sticas que traduzem as novas din micas s cio culturais A tela de computador e os instrumentos de controle remoto passam a fazer parte do universo e do imagin rio infantil Por conta disso j se prev a necessidade de alfabetizar o sujeito na linguagem do computador al m de alfabetiz lo na escrita O brinquedo encarado como possibilidade de constitui o de identidades de sujeitos eficientes eficazes produtivos vers teis e adaptados ao novo perfil tecno industrial necess rio
244. n a para sempre Crian a n o tem uma vida corrida como a vida dos adultos Mas eu tamb m penso em crescer para trabalhar Novamente a op o das crian as foi feita em fun o da oposi o detectada por elas entre o mundo adulto e infantil o trabalho em contraposi o id ia do brincar Contudo o trabalho adulto ora as assusta ora as seduz de todo modo uma grande porcentagem de crian as prefere continuar vivendo sua inf ncia eternamente Vale a pena ressaltar que quando abordamos as crian as e falamos de extremos como para sempre nunca mais e coisas do tipo as mesmas podem encontrar dificuldades de abstra o e visualiza o desses termos e conceitos o que pode comprometer a racionalidade de suas respostas Na escola p blica a porcentagem das respostas foi id ntica da escola particular 67 das crian as gostariam de ser crian as para sempre Tamb m enfatizam o brincar dentre outras atividades Uma crian a da pr escola respondeu Sim mas a eu seria uma an zinha mas gostaria para poder continuar saindo com minha m e brincando desenhando Para essa crian a o nico inconveniente em ser crian a para sempre seria o tamanho Uma outra 243 resposta chamou a aten o Sim porque adulto voc perde o interesse de fazer as coisas E o meu sonho ser atacante goleiro ou ent o ir para a guerra Para essa outra crian a ser adulto parece implicar na condi o de se abrir m
245. n as assimilam o apelo da propaganda podendo pensar muitas vezes que para exteriorizar seu amor aos pais precisa necessariamente presente los 171 Criando um Novo Mundo A foto ao lado valoriza o brincar atribuindo indiretamente a essa pr tica o significado de constru o Entretanto tamb m se trata de uma propaganda para vender brinquedos Os jogos de encaixe constituem excelente material pedag gico para a fase pr escolar e continuam constituindo mesmo depois dessa fase interessante divertimento Seu custo entretanto elevado e em muitas escolas eles s o utilizados sem intencionalidade pedag gica como mero passatempo Para os pais os jogos de encaixe tamb m podem servir apenas para distrair a crian as enquanto se realiza outras tarefas como qualquer outro brinquedo 172 Nesta foto temos a crian a brincando com o cotidiano adulto provavelmente utilizando se dos jogos de imita o Tamb m propaganda desta vez de lou a a imagem que traz uma crian a vestida com roupas de poca apela para a beleza do brincar e da crian a caracterizada para anunciar os produtos em pauta Utilizar crian as vestidas como adultas para vender produtos tem sido uma estrat gia bastante utilizada pela m dia e que tem chamado bastante aten o seja pela maneira cr tica como interpretada por alguns seja pelo encantamento que sufoca o senso cr tico e concebe a propaganda como uma beleza Muitos pais se empenham pa
246. n as como alunos uma vez que isso pode colaborar para que o desaparecimento da inf ncia se efetive Aparece aos olhos de Wilke Franco novamente uma suposta incompatibilidade entre aluno e crian a como se fosse imposs vel preservar a inf ncia caso a crian a se tornasse aluno Ser que n o estamos atribuindo escola uma responsabilidade que pertence m dia e aos meios de comunica o de massa O que quero dizer que as a es da escola no sentido de desenvolver nas crian as a aceita o de regras a disciplina e uma responsabilidade condizente com sua faixa et ria s o criticadas A meu ver n o s o essas a es escolares que cooperam para o desaparecimento da inf ncia Aludindo Arendt n o conveniente que deixemos a inf ncia merc de si mesma A crian a tem direitos e um desses direitos o de possuir limites Zelar pelo desenvolvimento de uma disciplina no cotidiano escolar n o fere a autonomia da crian a muito pelo contr rio faz com que a mesma se estruture emocional e intelectualmente com o apoio dos adultos tal como sugeriu Gramsci A preocupa o da escola deveria se concentrar n o na necessidade de se abolir rotinas e disciplina elementos b sicos para um desenvolvimento saud vel das crian as mas na necessidade de manter afastada da escola as influ ncias negativas e os assuntos que s o pr prios do mundo dos adultos preservando uma dose necess ria de hipocrisia no sentido a que Postman se ref
247. n as e adultos al m de desenvolver tamb m em ltima inst ncia a capacidade de narrar Falemos um pouco sobre ela III IV Poesia can es literatura infantil Para Bordini apud Jacoby 2003 todos os produtos culturais nascem em determinadas circunst ncias hist ricas e a estrutura do texto po tico incorpora os elementos e valores sociais de cada poca A poesia infantil remonta Idade M dia Durante o s culo XV as crian as da nobreza que ficavam sobre os cuidados das amas de leite eram distra das por meio de rimas como a atual uni duni t salam ming E para dormir eram embaladas em can es de ninar em geral povoada de seres imagin rios boi da cara preta etc que muitas vezes se destinavam a obter a obedi ncia dos pequenos No s culo XVI com a propaga o da imprensa come aram a circular pequenos livros de gravuras em xilografias voltados para o 125 p blico infantil A crian a em geral analfabeta olhava as gravuras e ouvia contos populares sobre nobres cavaleiros Na elite a crian a ouvia dos tutores as narrativas cl ssicas da pica e da mitologia sem adapta es pois era tratada ainda em sua grande maioria como adulto em miniatura No s culo XVIII com o surgimento das escolas p blicas a poesia passa a assumir um papel eminentemente pedag gico A poesia do s culo XIX vai trabalhar com ilustra es em preto e branco com hist rias personagens e cen rios rurais com imag
248. n o s o de viver mas o de aprender o de interiorizar o exterior O terceiro periodo cultiva aspectos particulares da personalidade do garoto dirige o s coisas 32 concretas e fomenta as naturais atitudes para a especializa o mas sempre com o prop sito de por fim fortificar a unidade interior do esp rito humano As considera es e o estudo do particular j em si mesmo j em rela o com as diversas atitudes e disposi es do indiv duo constituem o objeto de ensino da instru o Froebel 2001 69 O compromisso de Froebel para com uma forma o humanista prop e uma valoriza o da escola n o enquanto ambiente nico e exclusivamente pedag gico mas enquanto portador da responsabilidade de uma transmiss o consciente e primorosa de conhecimentos o que em ltima an lise remete nossa responsabilidade como mentores e atores da verdadeira educa o do menino Froebel n o limita a responsabilidade de ensinar aos estabelecimentos escolares mas atribui tamb m aos pais a mesma fun o de compet ncias da escola no que se refere nas palavras do autor conhecimento e estudo reflex o e consci ncia Como ser o desafio de levarmos isso em conta hoje quando constatamos uma tend ncia relativista muito forte imperando no campo do conhecimento e dos valores De quais refer ncias devemos partir Nessa poca a evolu o e cultura do ser humano revestem a forma do ensino respondendo n o s e
249. n o surgiu plenamente desenvolvida da tipografia e das aulas do mestre escola embora esses tenham sido acontecimentos essenciais na forma o da inf ncia no mundo moderno a inf ncia assumiu um aspecto singular conforme o cen rio econ mico pol tico religioso e intelectual em que apareceu No caso da Inglaterra por exemplo a escolariza o e a id ia de inf ncia desenvolveram se rapidamente at o s culo XVII mas com o processo de industrializa o no s culo XVIII a necessidade de trabalhadores fez com que a natureza especial da crian a fosse submetida sua utilidade como m o de obra barata Um pouco antes tamb m tinha sido aprovada uma lei que punia e previa penas para crimes cometidos pela crian a Enquanto essa era a realidade das crian as de classe social baixa a classe m dia e alta manteve viva a id ia de inf ncia o que permitiu que ela n o desaparecesse Mas a 293 inf ncia era o tipo de id ia que n o podia ser mantida permanentemente afastada de todos os segmentos da popula o mesmo que a classe m dia assim tentasse fazer do mesmo modo que a id ia de inf ncia atravessou o Canal da Mancha da Inglaterra para a Europa no s culo XVII ela voltou a atravess lo vinda da Europa nos s culos XVIII e XIX Postman 1999 69 Em meados do s culo XIX a Fran a tinha se igualado Inglaterra nos ndices de alfabetiza o e escolariza o dos jovens e na preocupa o com o significado da inf ncia Com
250. na ou a auto disciplina importante enfatizar que Gramsci quer educar para uma liberdade historicamente definida e por isso articula a disciplina impositiva com a auto disciplina e os exerc cios de autonomia Tanto na escola como na fam lia os dois tipos de disciplina deveriam corresponder ao princ pio psicol gico de amadurecimento Sua briga para que a fam lia n o renuncie educa o das crian as um reflexo de sua briga com o espontane smo O espontane smo hoje valorizado em propostas p s modernas sob o r tulo de desenvolvimento da autonomia infantil mas acredito que essa pr tica acaba por colaborar 297 com aquilo que Lajonquiere chamou de ren ncia ao ato educativo Gramsci acentuou os valores do car ter e da vontade secundarizando os dotes naturais Nosella 2004 128 Mas isso n o significa que ao valorizar a disciplina Gramsci reprima a espontaneidade e ingenuidade das crian as apenas tem uma preocupa o para com o futuro das mesmas defende uma disciplina permeada de afeto e ternura Gramsci acredita que os bons h bitos adquiridos n o se contrap em ao exerc cio da liberdade e autonomia do homem mas ao contr rio ser o a base para que a liberdade e autonomia se concretizem verdadeiramente Nosella chama essa preocupa o gramsciniana de extremo cuidado disciplinar amoroso Nosella 2004 133 capaz de ser a base instrumental de um futuro intelectual rico e livre Interessante enfatizar tamb m que d
251. na vida deve exteriorizar o interior e interiorizar o externo e mostrar a necess ria unidade de ambos deve considerar o finito em seu aspecto infinito e o infinito em seu aspecto finito fazendo ver como um e outro se unem na vida deve contemplar o divino no humano e a ess ncia do homem em Deus tendendo a que na vida se manifestem juntamente Froebel 2001 30 Apreende se destas palavras que o objetivo ltimo de toda educa o consiste no cultivo integral da ess ncia original divina contida no homem Para isso conveniente que o homem desde menino seja tratado como um membro necess rio e essencial da humanidade considerando o mesmo uma unidade uma individualidade uma pluralidade na qual se represente ao mesmo tempo passado presente e futuro Estas palavras de Froebel revelam uma vis o otimista e uma concep o da crian a como s ntese das m ltiplas determina es de seu tempo e de seu espa o encerrando em si passado presente e futuro categorias que demonstram a crian a ou o menino como Froebel prefere chamar como constitu da e 22 constituinte das partes e do todo da sua hist ria individual e do passado social da humanidade Tratar a crian a desde o nascimento de acordo com sua verdadeira ess ncia significa trat la de maneira a poder empregar sua energia com liberdade Froebel 2001 32 pois a energia a primeira manifesta o da crian a Na mesma medida em que num primeiro momento a
252. ncia tomada na perspectiva de outras temporalidades n o se esgota na experi ncia vivida mas ressignificada na vida adulta por meio da rememora o Falar da inf ncia se reportar s lembran as do passado n o como este de fato ocorreu mas a um passado que ent o recontado a partir do crivo do presente e que se projeta prospectivamente Nesse recontar adulto e crian a descobrem juntos signos perdidos caminhos e labirintos que podem ser retomados continua es de hist ria em permanente devir Recuperar para o futuro os desejos que n o se realizaram as pistas abandonadas as trilhas n o percorridas uma forma de interven o ativa no mundo Nesse sentido a experi ncia da inf ncia constitu da na narrativa a mem ria daquilo que poderia ter sido diferente isto a releitura cr tica no 94 presente da vida adulta Gagnebin 1997 in Pereira e Souza 1998 36 Para Pereira e Souza conforme as considera es acima 1997 36 a inf ncia pode ser vista alegoricamente como elemento capaz de desencantar ou reencantar o mundo da raz o instrumental capaz de trazer baila a cr tica do progresso e daquilo que elas chamam de temporalidade linear do s culo das luzes embora seja importante esclarecer que este s culo n o se limitou a essa temporalidade Para as autoras a crian a ainda vai al m mostra aos adultos verdades que ele n o s o mais capazes de ouvir ou enxergar como demonstram val
253. nciam Ronald McDonald s ou Ray Kroc Cheio de cr ticas Ray se obcecou por se tornar um homem de moral e ser dono de uma empresa tamb m de moral capaz de exercer uma saud vel influ ncia sobre as crian as de todo o mundo Como utopia da livre empresa a McDonaldl ndia apaga todas as diferen as e todos os conflitos iniquidades sociais s o superadas por atos de consumo A li o clara para as crian as pol tica n o importa deixem o McDonald s e seus homens de neg cio fazerem seu trabalho da maneira que julgarem corretas e necess rias Isto nos Lembra Postman 1999 quando escreve dizendo que a adultifica o da inf ncia acaba gerando atitudes de cinismo ou indiferen a das crian as em rela o pol tica Temos aqui um claro exemplo disto Kroc e seus l deres corporativos entenderam inequivocamente sua mais importante prioridade de mercado retratar o Mc Donald s como um lugar tipo fam lia Como se concentram em ligar o McDonald s fam lia e Am rica retiraram as cer micas vermelha e branca modificando os restaurantes para parecerem mais com as casas suburbanas que proliferaram em toda a Am rica nos anos 50 e 60 A maior ironia dessas propagandas que mesmo isolando as fam lias de qualquer conex o econ mica elas promovem a mercantiliza o da vida familiar O mundo do lar e da fam lia retratados pelas propagandas de legitima o do McDonald s sempre um terreno sem conflito ou tens o No que se refe
254. ncipalmente de educa o f sica e do recreio ficar sem fazer li o ficar no recreio Uma crian a da segunda s rie assim como uma crian a da primeira s rie da rede particular revelaram medo e reprova o em rela o avalia o escolar A quarta quest o est diretamente ligada quest o anterior desta vez perguntei s crian as se havia alguma coisa que elas gostariam de fazer na escola mas n o faziam Como respostas das crian as da pr escola Azul obtive eu fa o tudo o que eu gosto Jogar bola dentro da classe trazer bringuedos de casa para brincar eu queria poder fazer v rias coisas um dia tinha um caramujo na escola e eu queria ver mas a professora n o deixou queria brincar mais poder jogar v deo game e assistir filmes A segunda resposta revela desejo de traquinagem pr prio da inf ncia a terceira resposta demonstra necessidade de fazer na escola coisas que se faz em casa assim como a resposta da quinta crian a A resposta da quarta crian a faz pensar sobre a quest o do como e quanto a escola por vezes deixa de aproveitar as curiosidades das crian as para enriquecer suas aulas em fun o de um r gido cronograma a ser seguido pr tica comum nas escolas particulares As respostas das crian as de sete anos dessa escola particular foram eu fa o tudo o que eu quero brincar a hora que eu quiser brincar o tempo inteiro nada eu fa o tudo brinc
255. ncipalmente o momento em que a fam lia se re ne para ver TV Pais trabalhando fora na melhor das hip teses crian as sozinha em casa com colegas e irm os menores ou da mesma idade crian as em escolas n o preparadas adequadamente n o t m orienta es ou di logos sobre o conte do assistido Muitas vezes quando h oportunidade de pais e filhos assistirem juntos a algum programa ouvimos interjei es de sil ncio dos primeiros em rela o aos segundos A p s modernidade privatiza tudo inclusive o tempo dispensado queles que amamos Penso que o uso da televis o enquanto instrumento que supre a aus ncia dos pais tem servido como entretenimento indiferenciado fazendo com que a dist ncia entre a afetividade de pais e filhos 108 aumente ainda mais O contato e o di logo saud vel com o adulto preservam a inf ncia e ao mesmo tempo n o ret m a crian a tempo demais nessa fase da vida isolada dos adultos como escreveu Arendt 1978 O di logo entre crian a e adulto um dos mecanismos que permite o contato mediatizado da inf ncia com a vida adulta sem entretanto ferir sua atmosfera pr pria Ulla Carlsson e Cec lia Von Feilitzen 1999 fornecem algumas informa es importantes para adentrarmos ao cerne das preocupa es com a produ o cultural partindo do princ pio de que o mundo passou por diversas transforma es que afetaram as condi es de vida e as perspectivas das crian as na d cada de 90 Com a g
256. ndamenta o te rica e tica de Freinet constitui o carro forte de sua pedagogia e disciplinas democr ticas Uma sociedade mais humana poderia ser conseguida e os conflitos resolvidos a partir da proposta de uma disciplina cooperativa do trabalho capaz de gerar paix o na crian a Para tal necess rio um educador capaz de semear liberdade e fraternidade como exemplos de vida Vale a pena reproduzir um trecho onde Freinet antecipa as poss veis dificuldades a serem enfrentadas na luta pela constru o de uma educa o moderna mas ao mesmo tempo ressalta o pensamento necess rio ao educador que se arriscar a essa aventura 59 Valer a pena fazer brilhar um pouco de sol nas nossas classes dar aos alunos clar es promissores de uma escola moderna se em seguida tiverem de retornar lamentavelmente ao nevoeiro e noite da escol stica N o correremos o risco de lhes fazer perder inutilmente o equilibrio moral talvez no momento em que se expunham a um modus vivendi v lido para o meio escolar que lhe imposto Uma experi ncia da escola moderna ser em todas as circunst ncias uma boa a o como se pus ssemos a quest o de saber se generoso ou desej vel deixar entrar o raio de sol no quarto do doente com o pretexto monstruoso de que s aparece acidentalmente e se n o dever amos habituar as pessoas das regi es brumosas ao claro escuro e penumbra onde ter o de trabalhar em qualquer circunst ncia Se n o ser
257. ndo com isso diversos outros problemas para as crian as Esse um 308 dos fatores que a autora determina como de cumplicidade da escola para com o fim da inf ncia Seria neste contexto de cumplicidade da escola para com o desaparecimento da inf ncia que se encontrariam os principais desafios da educa o infantil do futuro Um desses desafios consiste em refutar a psicologia do desenvolvimento que se habituou a pensar a crian a na perspectiva de um organismo em forma o que se desenvolve por etapas e ainda fragmenta a crian a em reas ou setores de desenvolvimento A cr tica da autora psicologia do desenvolvimento parece ser parte de uma cr tica maior que a atualidade insiste em direcionar a um legado acumulado historicamente legado este incompat vel com os modismos sugeridos como promessas de solu o falta de atra ncia de escolas que insistiriam em manter o p no passado Wilke Franco escreve que preciso ver a crian a como um sujeito social que interage com a hist ria de hoje fazendo sua pr pria hist ria e sendo transformado por ela Partindo deste ponto de vista totalmente l cito para a autora perguntar se a cultura da educa o infantil enquanto passagem para a escola n o estaria servindo como uma forma de domesticar a participa o da crian a na hist ria Uma vez que o lugar da crian a na cultura passa pela defini o do que seja cultura se esta for identificada apenas como acumula o de experi ncia
258. ndo o patinho cujo ovo n o se partia resolveu nascer sua m e ao bicar seu ovo reage ele feinho mas com o tempo vai mudar Essa mudan a demorou um pouco o que fez com que o patinho fugisse de vergonha de sua fei ra o patinho buscou abrigo junto aos marrecos junto a uma senhora velha que vivia com uma galinha e um gato mas rejeitado passa a viver em um lado onde conhece v rios cisnes e logo percebe por seu reflexo na gua que um deles e ainda o mais belo de todos A est ria permite que a crian a elabore externa e internamente a quest o das diferen as da rejei o da beleza interior e do julgamento do diferente pelos iguais o que comumente acontece no ambiente escolar Haja vista as cr ticas que sofre O Patinho Feio de Andersen encanta porque permite crian a alegria diante do feliz final do protagonista Embora Bruno Bettelheim 1980 133 classifique O Patinho Feio como uma hist ria muito mais para adultos insisto na beleza temporalidade significado e sentido da mesma Considerando a an lise do autor em ltima inst ncia 128 Encorajar a crian a a acreditar que pertence a uma outra esp cie por mais que ela aprecie a id ia pode lev la dire o oposta do que sugerem os contos de fadas que ela deve fazer algo para conseguir sua superioridade Em O Patinho Feio n o expressa nenhuma necessidade de fazer alguma coisa As coisas simplesmente s o predestinadas e se desenrolam ne
259. necess rio amplo entendimento da cultura infantil gerada no mago deste momento hist rico para que possamos analisar com seriedade as perdas e os ganhos da proposta educacional p s moderna principalmente no que se refere forma o das crian as Assim como a Modernidade foi construtora de uma concep o de inf ncia que respondia aos nossos anseios no trato com os pequenos a p s modernidade vem colocar em cheque esta quest o distorcendo totalmente aquilo que chamamos de valores modernos Suponho que educa o p s moderna est construindo uma nova cultura infantil da qual a crian a n o consegue abrir m o e que pode trazer uma id ia falsa de felicidade question vel ainda o car ter democr tico dessa cultura infantil criada pela p s modernidade pois nem todas as crian as t m acesso s novas tecnologias desenhos animados hist rias em quadrinhos brinquedos e literatura que esse novo paradigma oferece Esse corpo de novas id ias pode estar sendo imposto s crian as e transformando assim a nossa representa o do que seja a inf ncia e at mesmo a vis o e o entendimento que as crian as t m delas pr prias A mudan a da realidade econ mica associada ao acesso das crian as s informa es do mundo adulto transforma nossa representa o da inf ncia Diante disso faz se necess rio o conhecimento da proposta de educa o p s moderna para que possamos compreender historicamente a transforma o da imagem e da concep
260. nho em momento algum parece que a crian a est trabalhando mas sim se divertindo descompromissadamente O brinquedo est adaptado ao seu tamanho e o cen rio favorece tranquilidade para a brincadeira Foto que tamb m chama a aten o pela simplicidade 206 Kn o re eT Esta foto mostra uma garotinha numa moto adulta O sorriso da menina representa a beleza da inf ncia entretanto a meiguice da crian a parece se confundir com a inadequa o do cen rio As flores coloridas assim como a crian a d o imagem como um todo um destaque especial demonstrando quem sabe duas realidades completamente diferentes a personagem e o cen rio 207 A irm mais velha cuidando e lendo para as irm s mais novas pintura que retrata uma inf ncia de responsabilidades mas que nem por isso deixa de ser prazerosa O olhar das crian as de espanto encanto e interesse A roupa das crian as indica que se trata de uma pintura n o recente e tamb m demonstra retratar crian as camponesas O tamanho do livro tamb m chama a aten o nossa e das crian as em tela pintura sem fins comerciais que retrata mais uma das muitas imagens de inf ncias que existiram e ou existem ainda hoje 208 Bady Droom Tear Desta vez temos uma pintura que retrata cinco pequenos meninos parecem at beb s uniformizados para o que parece ser um jogo de basquete Os meninos espiam alguma coisa por sobre o muro nu
261. nino parece se divertir tamb m com um brinquedo adequado que propicia o desenvolvimento da fantasia e da imagina o O cen rio colabora para que a imagem do menino pare a bastante angelical despertando de alguma maneira a sensibilidade do adulto tanto para a inf ncia quanto para a import ncia do brincar 181 a p ssa A foto acima representa uma manifesta o de afeto entre duas crian as de maneira ing nua pr pria dessa fase da vida A paisagem favorece despertando a sensa o de serenidade e tranquilidade A imagem de inf ncia utilizada nesse caso est associada candura pureza inoc ncia Foto que n o agride de maneira alguma o espec fico mundo da crian a Tamb m n o est sendo utilizada com objetivos comerciais mas como tentativa de retratar os sentimentos nobres que a contempla o da inf ncia desperta em n s adultos 182 CANT QUITE REACH A foto acima retrata a simplicidade de ver a crian a tentando brincar com um brinquedo maior que ela A gra a da inf ncia est tamb m em superar desafios pr prios idade Foto bonita inclusive pelas roupas do pequeno tamb m espec ficas da inf ncia traz uma imagem simples e serena da condi o infantil Valoriza tamb m a necessidade do brincar como elemento promovedor de alegria 183 O garoto acima uma pintura n o uma foto Est no site www allposters com e n o traz a data Repre
262. novela das dezoito horas e ao reality show onde 14 pessoas dividem espa o e tempo na ociosidade expondo ao p blico sua vida privada sem qualquer ocupa o de trabalho o que chama a aten o do senso cr tico dessa crian a na medida em que ela revela eles n o fazem nada Duas das cinco crian as ouvidas contaram sua desaprova o para com a viol ncia e esta ltima para com a ociosidade J as crian as da primeira s rie da mesma escola responderam O jornal porque muito chato Jackie Chan eu n o gosto porque eu fico ansioso Tamb m odeio King Kong eu n o tenho paci ncia tem muita viol ncia Eu gosto de viol ncia mas n o de muita filmes de terror eu tenho pesadelos n o gosto de novelas porque coisa de mulher n o gosto de Bob esponja e nem de TV Xuxa tonto Uma das crian as j parece imbu da dos preconceitos adultos ao dizer que determinado programa n o coisa homem outras duas associam o n o gostar do desenho e do notici rio por serem tonto chato duas crian as referem se viol ncia embora uma delas de maneira impl cita pois cita os filmes de terror como consequ ncia de seus pesadelos As respostas das crian as da segunda s rie foram as seguintes moranguinho muito chato TV Xuxa s menina que assiste gosto de futebol gosto um pouco de tudo n o gosto de Bob esponja infantil demais at a voz dele infantil Novamente
263. nso tem muita coisa nesse pa s que eu n o sei Essa ltima crian a sempre 250 surpreendeu durante a entrevista com suas respostas elaboradas e no m nimo graciosas Nenhuma das crian as da pr escola p blica se referiram a brinquedos eletr nicos mencionando brinquedos mais simples e mais acess veis economicamente Na primeira s rie da escola C u todas as crian as citaram mais que um brinquedo v deo game e hominho boneca ursinho bracelete boneca urso boneca barbie e fog o de brinquedo boneca barbie e bicicleta As crian as da segunda s rie da mesma escola foram mais objetivas hominho caminh o carrinho fog ozinho carrinhos De todo modo das dez crian as entrevistadas na primeira e segunda s ries apenas uma mencionou o v deo game duas tipificaram a boneca Barbie e as demais citaram brinquedos comuns sem especificar a marca ou tipo A quest o quatro de alguma maneira vem complementar a quest o anterior Que brinquedo voc gostaria de ter As crian as da pr escola particular responderam um jogo a partir de 8 anos mas eu j sei jogar pescar cartas de madeira tipo baralho era isso que eu queria Essa crian a demonstra vontade de ganhar um jogo indicado para uma faixa et ria maior que a sua e demonstra desejo de se superar brincar com coisas de crian as maiores Um castelo da barbie dentes de crocodilo play station II
264. nt o a distor o at mesmo dos sentimentos que invadem o universo infantil sem muitas vezes nos darmos conta Desse modo a crian a n o est vivendo a sua realidade mas a 163 realidade criada e fortalecida pela ind stria cultural As no es de prazer de fantasia de brinquedo de valores n o s o aut nticas e s o elas que preenchem grande parte do dia a dia das crian as Pereira 2003 35 interessante comentar um ponto fundamental no qual toca a autora que o stress dos pais e dos professores infelizmente quando uma pessoa est estressada ela fica irrit vel hipersens vel e sem paci ncia al m de n o se sentir bem fisicamente Quando se est nessa condi o muito dif cil levar uma conviv ncia alegre e descontra da com os demais principalmente com as crian as H um perigo eminente nos adultos estressados toda vez que um adulto se apresenta dessa forma com a crian a ela pode se sentir culpada por algo que n o fez o que acaba dificultando um relacionamento de qualidade Deste modo a a autora sugere ao tentarmos identificar o stress numa crian a preciso perguntar ser que eu estou estressado a A respeito da sa de mental dos pais Lipp afirma que depress o psicose e outros dist rbios graves dos pais podem afetar profundamente os filhos embora certo n mero de crian as consiga se tornar mais resistente ao stress do que aquelas que n o vivenciaram esse tipo de dificuldade familia
265. ntemente do n vel s cio econ mico 2003 75 Com base nessas informa es quase que inevit vel concluir que estamos promovendo a rela o direta entre a felicidade de nossas crian as e a posse de produtos e ou brinquedos constantemente apologizados pela m dia Na mesma medida grande parcela dos adultos acredita que est o colaborando para que seus filhos tenham uma parcela a mais de compet ncia no futuro se forem estimulados abusadamente de todas as poss veis maneiras que a sociedade atual sugere Entretanto o que a sociedade atual sugere o fim da inf ncia e as crian as que tentam heroicamente resistir e viver sua condi o de infante por muitas vezes se deparam com a insensibilidade adulta e ou com o stress infantil 161 HI VIII Algumas considera es sobre o stress infantil De acordo com Marilda Novaes Lipp 2000 o stress uma rea o do organismo diante de situa es muito dif ceis que podem ocorrer em qualquer pessoa independente da idade sexo ra a e situa o s cio econ mica O stress n o em si uma doen a mas quando intensa e prolongada a rea o ao stress pode enfraquecer o organismo levando o a uma condi o que propicia uma queda no funcionamento imunol gico de tal porte que v rios sintomas e doen as podem se manifestar Al m disso o stress pode se manifestar tanto no corpo quanto na mente Aparecimento de doen as como depress o ou ansiedade podem estar ligadas ao stress O stre
266. ntes n o apenas de mulheres adultas vaidosas O com rcio se aproveita desse crescente interesse criando e vendendo cada vez mais produtos deste tipo espec ficos para as crian as argumentando n o que esses acess rios s o desnecess rios mas que foram pensados feitos e vendidos especialmente para elas 189 Novamente a hora do banho como momento que deve ser aproveitado pela crian a como momento de prazer e brincadeira A simplicidade e a express o da crian a mostram mais uma vez que a crian a se encanta com as pequenas e simples coisas da vida Imagem de inf ncia que tamb m faz refletir sobre a pureza da crian a uma vez que mostra um momento cotidiano da rotina infantil e n o est sendo utilizada para fins comerciais mas para cativar o adulto em rela o beleza da condi o infantil 190 As tr s crian as representam novamente o adulto em miniatura e o consumo revelados pelas roupas e pela sedu o do olhar presente nas pr prias garotinhas A pose sedutora da crian a do meio chama a aten o por fugir das caracter sticas infantis O imenso chap u tamb m parece revelar o desejo forte de se tornar uma adulta Trata se de um p ster e n o de uma propaganda entretanto cnama a aten o mesmo indiretamente para aspectos j citados do consumismo infantil que faz com que as crian as cres am antes da hora e conhe am cedo demais aspectos que deveriam pertencer apenas ao m
267. nto em que ela se faz mais necess ria As vozes das crian as revelam ora impl cita ora 316 explicitamente a import ncia da concretiza o das orienta es adultas As vozes infantis ouvidas nesse trabalho embora representem apenas uma parcela da inf ncia contam que independente da classe social a que pertencem gostam de ser crian as querem brincar tamb m querem crescer e parecem ter mais consci ncia do que n s adultos de que cada fase da vida tem o seu encanto pr prio Revelam tamb m sua confian a na escola seu gosto pela aprendizagem de conte dos e n o parece incomod las como incomoda a n s adultos o fato de a escola possuir uma especificidade que a torne diferente da m dia ou das ruas A fam lia precisa rever o seu papel a escola refor ar o seu assim como a m dia deveria repensar suas propostas que t m nas crian as suas protagonistas embora a aus ncia de comprometimento a impe a de pensar sobre si pr pria A quest o que a pedagogia hoje ultrapassou os limites dos muros escolares mas isso n o a condecorou com a devida import ncia que merece muito pelo contr rio a banalizou de tal forma que tudo o que feito ou pensado para a crian a sob interesses comerciais torna se permiss vel em fun o do r tulo de pedagogias novas ou pedagogias extra curriculares ou diretrizes pedag gicas complexas ou p s modernas Comprometimento pedag gico n o se obt m apenas com conhecimento da pedagogia ou com
268. nventa Gianni Vattimo 1996 relaciona a p s modernidade s id ias de Nietsche e Heidegger que interpreta como fundamentos filos ficos s lidos da poca atual uma vez que forma estes autores que criticaram pela primeira vez na hist ria a modernidade do s culo XX Entretanto Vattimo considera a necessidade de estabelecer uma posi o na hist ria uma vez que a modernidade que atribui um car ter ontol gico a essa mesma hist ria Neste fato encontra se a maior contradi o da p s modernidade aceitar que estamos num momento hist rico posterior com rela o modernidade pressup e aceitar o que caracteriza essa modernidade que a id ia de hist ria e de progresso Diante desta contradi o Vattimo esclarece que existe sim na p s modernidade a sugest o de fim da hist ria no sentido historicista Essa condi o p s hist rica de Vattimo baseia se na id ia de que o progresso rotineiro o que significa dizer que as capacidades do homem dispor tecnicamente da natureza se intensificaram tanto a ponto de alcan ar sempre novos resultados o que n o os livra da capacidade humana de planejamento torn los cada vez menos novos 11 Vattimo escreve que a imagem de hist ria que temos constitui produto da escolha do g nero liter rio de quem a conta bem como de sua ideologia o que faz com que se atribua hist ria um car ter unit rio Livre destas condi es a hist ria dos eventos seria apenas mais uma hist ria
269. o que a sociedade ocidental tornou se com clareza crescente uma civiliza o industrial Por m a estreita associa o entre modernidade e industrialismo uma raz o porque h hoje pensadores que proclamam o fim da modernidade o industrialismo em sua forma convencionalmente entendida parece ter se esgotado Hist ria e progresso verdade e liberdade raz o e revolu o ci ncia e industrialsmo tais s o os termos principais das narrativas grandiosas da modernidade que os p s modernistas desejam destinar lata de lixo da hist ria Estes termos atingiram o ponto de cristaliza o nas grandes teorias sociais dos s culos XVIII e XIX As revolu es Francesa e Industrial s o seus marcos hist ricos reunindo em apenas dois acontecimentos suas tend ncias e aspira es N o foi no vigor da alta idade m dia nem na explos o criativa da renascen a tampouco na revolu o 10 cient fica do s culo XVII mas sim na Idade da Raz o na Segunda metade do s culo XVII mais de duzentos anos depois de o monge romano e erudito Cassiodorus tra ar a primeira distin o entre os antiqui e os moderi que nasceu a id ia de Modernidade Kumar 1998 96 Kumar 1998 104 dedica tamb m sua an lise quilo que intitulou como Ambival ncia da modernidade Vejamos A moderniza o ou seja os processos sociais e econ micos da Modernidade deram desde o in cio origem ao modernismo ou seja cr tic
270. o aumento do senso de responsabilidade do governo em rela o ao bem estar da crian a iniciou se o movimento que lutava por uma concep o humanit ria da inf ncia em toda a Europa e modificou a autoridade absoluta dos pais Enfim no s culo XVIII o clima intelectual do Iluminismo ajudou a nutrir e divulgar a id ia de inf ncia A partir de 1840 quando a cria o do tel grafo originou a informa o an nima e ampliou o presente instant neo e simult neo Postman 1999 85 criou se tamb m uma nova defini o de intelig ncia e isso trouxe consequ ncias para a inf ncia uma vez que sua sobreviv ncia dependia dos princ pios de informa o controlada e de aprendizagem sequencial O tel grafo iniciou O processo de retirar da escola e do lar o controle da informa o alterando a qualidade e a quantidade das informa es a que as crian as podiam ter acesso Entretanto o tel grafo foi apenas o pren ncio do que o sucederia as revolu es eletr nica e gr fica Surge ent o um mundo simb lico incapaz de sustentar as hierarquias sociais e intelectuais que tornam a inf ncia poss vel a televis o e o meio que escancaram tudo Postman 1999 95 colaboram hoje para que se fa a a inf ncia desaparecer Podemos concluir que Postman n o se posiciona no sentido de criticar a cria o da prensa tipogr fica e do tel grafo fatos que interferiram profundamente no estatuto da inf ncia mas chama a aten o para o impacto bem como para
271. o em n vel mundial ele criticado mas n o tem verdadeiramente nenhum concorrente nenhum modelo alternativo De acordo com o autor tudo se torna hiper e cita o hiperurbanismo da cidade de S o Paulo na qual os limites da tradi o se perderam Mas ao mesmo tempo a sociedade valoriza a sa de o equil brio o retorno da moral ao mesmo tempo que h a pornografia a vida sexual moderada h formas alternativas popula o mas s o muito limitadas Se de uma lado h excesso de outro h uma certa ordem no comportamento Esta a desordem desorganizada Isto ocorreria em fun o da exist ncia de normas contradit rias a hipermodernidade a destrui o de limites mas ao mesmo tempo existem normas que continuam a orientar o comportamento humano O apaixonante da hipermodermidade que se trata dessa combina o um pouco contradit ria entre normas ilimitadas completamente loucas e uma recomposi o de princ pios que v m de muito longe 2004 5 Suponho que o p s modernismo n o apenas uma transforma o cultural como podemos perceber no artigo de Lipovetsky 2004 mas antes e ainda uma mudan a engendrada pelas modifica es daquilo que se entende por infraestrutura no sentido marxista Kumar 1997 em seu estudo intitulado Da sociedade industrial sociedade p s moderna novas teorias sobre o mundo contempor neo nos escreve que a teoria da p s modernidade 15 tem pontos em comum com o p
272. o espa o respons vel por excel ncia pela busca de caminhos que apontem responsabilidade dos adultos diante do desaparecimento da inf ncia Responsabilizar se pela luta contra o fim da inf ncia significa engajar se no processo de constru o de escolas que respeitem de maneira ativa e n o passiva os limites existentes entre imagin rio e vida adulta e infantil Snyders 1993 oferece uma an lise da escola pautada pela aproxima o ou n o da mesma id ia de alegria O autor convida nos a refletir em que medida o fato de a escola ser diferente da vida significa uma perda para a escola ou corresponde ao seu papel ou at mesmo sua defini o certo que para esse autor a escola convive com riscos de gerar n o alegria os exerc cios escolares que muitas vezes parecem n o ter outro fim que sen o eles pr prios 1993 121 e tamb m o passadismo que impede em larga medida o nascimento da originalidade 1993 122 Entretanto se a escola foi inventada porque a vida n o foi suficiente para educar Martinand apud Snyders 1993 122 e ela pode sim n o somente 302 conviver com a alegria como gerar alegria nos alunos sabido que a fic o de um universo virtuoso parece n o ajudar os alunos diante da opress o cotidiana como tamb m j alertara Gramsci mas poderia a escola renunciar afirma o da igualdade e do poss vel progresso Claro que n o O caminho que se apresenta ent o a proposta de uma reno
273. o explicite por completo o trabalho com os dons t o divulgados na rea pedag gica esclarece de maneira invej vel a filosofia que serve de base para sua proposta educativa Percebemos que na obra em tela Froebel fundamenta de maneira bela suas orienta es para a inf ncia meninice puberdade mocidade e maturidade Os dons s o brinquedos criados para auxiliar o desenvolvimento natural das crian as E ainda Froebel assim chamou esses brinquedos ou materiais educativos porque eles seriam uma esp cie de presentes dados s crian as ferramentas para ajud las a descobrir os seus pr prios dons isto descobrir os presentes que Deus teria dado a cada uma delas Com esses brinquedos Froebel cristalizou importantes concep es a respeito do jogo como por exemplo ele observou que o jogo s funciona se as regras s o bem entendidas a continua o do jogo requer sempre a introdu o de novos materiais e id ias Froebel percebeu tamb m por meio desses jogos e brincadeiras a grande for a que os simbolos possuem para a crian a Arce 2004 Ao conceber o brincar como um presente Froebel atribui a esta atividade a capacidade de oferecer alegria crian a bem como despert la para a interpreta o da realidade para o encontro do externo com o interno As palavras acima tamb m revelam a necess ria media o 46 do educador que precisaria ser sens vel para perceb
274. o responsabilidades que pertencem realidade atual Numa perspectiva p s moderna Bujes explicita que a matriz discursiva da educa o infantil ainda hoje encontra se associada racionalidade pol tica do Estado de bem estar social que compartilha a responsabilidade pelas crian as com a fam lia e a sociedade Neste sentido imperativos de ordem moral indicariam as tarefas que cabem a cada um destes setores no governamento da inf ncia o que criticado pela autora Com base em Foucault Byjes esclarece que o afastamento do Estado em determinados campos de atua o n o consiste verdadeiramente numa retirada mas numa reconfigura o de formas de regula o Utiliza ainda como exemplo dessa sua afirma o os Referenciais Curriculares nacionais para a educa o infantil que segundo ela revelam preocupa es em colocar os sujeitos na ordem da moralidade e ordenar os conhecimentos segundo preceitos cient ficos este documento constituiria segundo Bujes um mapa para marcar territ rios mentais e ao mesmo tempo para construir maneiras de entender o mundo e ao mesmo tempo atribuir uma ordem a esse mundo os RCNEI decorreriam assim da necessidade moderna de classificar categorizar enquadrar e excluir At os RCNEI que s o produtos de uma p s moderna e reveladores de pol ticas educacionais neoliberais s o utilizados para se tecer cr ticas modernidade e seus ideais Para Bujes a modernidade foi incapaz de trabalhar com crian as
275. ola atual n o pode se contentar em controlar as aquisi es t cnicas das diversas disciplinas escolares Outros elementos culturais n o estritamente intelectuais interv em de modo decisivo no comportamento social dos indiv duos e em seu modo de vida Freinet in Freinet E 1979 107 A tomada de consci ncia em favor da comunidade caracter stica e a o necess rias s crian as prolet rias eram trabalhadas por meio da Leitura do Jornal Mural O Trabalho Jogo ou Jogo Trabalho eram colocados dessa maneira porque em momento algum se exclu fam mas 64 se completavam enquanto duas grandes fun es na aprendizagem o trabalho como uma prioridade org nica o rec m nascido precisa respirar alimentar se e o jogo como uma aprendizagem de segundo est gio Argumentando a respeito do trabalho e do jogo Freinet nos esclarece sua concep o em rela o a este ltimo N o existe na crian a necessidade natural de jogo Existe apenas a necessidade do trabalho ou seja a necessidade org nica de usar o potencial de vida numa atividade ao mesmo tempo individual e social que tenha uma finalidade perfeitamente compreendida na medida das possibilidades infantis e que apresente uma grande amplitude de rea es cansa o repouso agita o calma emo o tranquilidade medo seguran a risco Vit ria preciso al m disso que esse trabalho salvaguarde uma das tend ncias ps quicas mais importantes princi
276. ola todo dia o pr n o brinca com brinquedo e nem com bola s vai na areia duas vezes por semana Em rela o s crian as de maternal a jardim Il tr s a cinco anos as crian as de seis anos brincam menos e elas se queixam bastante disso Mandar na professora A resposta dessa ltima crian a pode revelar identifica o da mesma para com a professora da o desejo n o necessariamente nocivo de sugerir o comportamento da mesma As crian as da primeira s rie da escola p blica ofereceram as seguintes respostas eu gosto de tudo que eu fa o gosto de tudo que tem gostaria que tivesse mais brincadeira brincar mais brincar mais J na segunda s rie as respostas foram jogar v deo game trazer brinquedo de casa eu n o gosto que n o tenha nada para eu brincar soltar pipa jogar futebol Das dez crian as ouvidas da escola C u oito fazem refer ncias ao brincar 270 mais embora tenham dito em respostas anteriores que brincam bastante e gostam de brincar na escola Expostas e comentadas as informa es obtidas a respeito do como as crian as olham para a escola e tamb m do como essa institui o pode comprometer se com a preserva o da inf ncia faz se necess rio destacar que o papel da escola mesmo da escola de educa o infantil alfabetizar e transmitir conhecimento cooperando necessariamente para a democratiza o cultural e para a con
277. ompensar sua aus ncia oferecendo s crian as presentes quistos por elas ou n o Esse tipo de apelo tamb m pode gerar um sentimento de inferioridade naqueles pais de condi es s cio econ micas menos favorecidas que por n o poderem adquirir o produto acreditam n o estar demonstrando o afeto ao seu filho como a propaganda sugere Al m disso algumas crian as que j compreendem a estrat gia da propaganda podem us la como argumenta o para convencer seus pais da necessidade de possuir o produto como prova de carinho por parte dos mesmos 170 Esta foto aproveita a data comemorativa em pauta o dia dos pais e a ternura da imagem de pai e filho para sugerir o consumo desta vez de produtos destinados ao adulto no caso o pai Nesse caso utilizada pela m dia a mesma estrat gia comentada na imagem anterior neste caso dirigida n o apenas aos pais mas tamb m s crian as que j sentem a necessidade de comemorar a data presenteando o pai her i tal como sugere a propaganda em pauta Nesse caso a propaganda n o est direcionada a um nico produto mas ao ato de comprar n o importa o que desde que seja no shopping em pauta Embora esteja desgastada pelos programas de TV que colocam em xeque as rela es afetivas entre as pessoas a imagem da fam lia ideal parece surtir ainda bastante efeito em propagandas como as da foto em quest o O grande problema est tamb m na maneira como as cria
278. onentes de sua pr pria e ambiciosa conceitua o de fen menos correntes t o ecl tica e escorregadia em sua constitui o ideol gica quanto o ecletismo que considera ser uma caracter stica principal do mundo moderno o p s modernismo a teoria moderna de avalia o mais dificil Seus termos podem levar nos a um c rculo confuso de auto refer ncias 1997 16 Lipovetsky 2004 07 afirma que a p s modernidade n o tem sequer 50 anos Mas reflete 76 por exemplo quando Fukuyama fala do fim da hist ria acho que ele n o est correto porque a democracia n o apenas uma forma pol tica mas tamb m um estado social com classes modo de vida educa o e isso n s simplesmente inventamos Portanto ainda n o poss vel saber o que ser a hipermodemidade em 20 ou 50 anos ser preciso invent la H tend ncias a din mica tecnocient fica ir continuar a democracia provavelmente dever se perpetuar assim como o mercado Mas mesmo que o mercado e democracia venham a ser provavelmente o futuro n s n o sabemos que democracia ser que mercado ser Pois a democracia tem uma hist ria ela n o foi sempre a mesma ela o modo como se educam as crian as que escola se construir como se ir o reduzir as desigualdades e tudo est em aberto N o estamos mais em uma poca em que seja poss vel determinar as leis da hist ria A hist ria n o est escrita nas coisas ela se i
279. ontribuiria para a forma o da personalidade da mesma Os jogos podem ser corporais dos sentidos do esp rito da imita o e do ju zo Em suma os jogos nessa idade ocupa es espont neas da mesma mostram uma tripla diferen a ou s o imita es da vida e de seus fen menos ou s o emprego do ensinado da escola ou s o livres imagens e manifesta es do esp rito de toda a esp cie e em mat ria de toda a classe segundo as leis contidas nos objetos e mat rias do jogo investigando aquelas seguindo as e submetendo as s mesmas segundo as contidas no homem mesmo em seu pensamento e sentimento Em todo o caso os jogos nessa idade s o ou devem ser o descobrimento da faculdade vital do impulso da vida da alegria de viver que existe nos meninos Froebel 2001 206 45 As brincadeiras tamb m assumem papel vital nas orienta es de Froebel pois s o maneiras que as crian as encontram de representar ativamente o seu interior al m de auxiliar os pequenos a encontrar mais tarde seu papel na sociedade Observando as brincadeiras das crian as o educador poderia encontrar ind cios de suas tend ncias Vale ressaltar que num primeiro momento as brincadeiras das crian as est o mais centradas na atividade no pr prio movimento tornando se somente mais tarde uma atividade mais coletiva capaz de preparar para a conviv ncia em sociedade Embora na obra em pauta em nossa an lise A Educa o do Homem Froebel n
280. ores apenas iniciamos o processo mas n o o acompanhamos suficientemente ao fim para encontrar indicadores capazes de auxiliar o desenvolvimento infantil Participar dos jogos e brincadeiras com as crian as pode tamb m estreitar nossas rela es com as mesmas despertando confian a e cumplicidade pelo mundo infantil Ao observar a crian a a sua rea o diante de cada atividade que realiza nos permite aprofundar o estudo a respeito de seus n veis de desenvolvimento e 47 compreens o Neste sentido podemos dizer que Froebel atribui ao professor a responsabilidade para com o conhecimento de cada fase da vida e prepara o do ambiente e planejamento de situa es para que se possa desenvolver na crian a o seu potencial Assim como Rousseau indiretamente preparava ambientes e situa es para que seu Em lio aprendesse as li es que considerava adequadas para ele Em rela o aos contos e hist rias Froebel ainda preocupado com o desenvolvimento amplo da crian a atribui aos mesmos tanta import ncia quanto aos jogos dizendo que os meninos apreciam tanto a narra o porque ela os remete ao distante quanto recorrem imagina o que ilimitada O que encanta o menino n o s o as figuras brilhantes que a hist ria pode conter mas a vida que emerge dela e que serve como par metro para o menino medir a sua pr pria vida Entretanto N o necess rio que v acrescentando ao conto seu sentido til nem que desprenda
281. orpo objetivo da crian a com a inten o de ampar lo leia se mold lo Toda a argumenta o da autora caminha no sentido de provar que a concep o de inf ncia est desde o seu surgimento sempre e necessariamente atrelada quest o do poder Alem disso atribui toda uma influ ncia negativa escola institui o social que organizou o come o hist rico do infantil na modernidade a prolifera o dos discursos sobre o educativo institucionalizado se d de tal maneira que a escola vista como um bem em si mesma 2000 188 E n o seria a escola um bem em si mesma Mas a autora prossegue denunciando que a escola atrav s de seu 86 mecanismo pedag gico transformou a inf ncia em inf ncia escolar segregada de modos diversos Corazza 2000 190 E ainda A inf ncia escolar veio a dar em uma inf ncia minuciosamente pedagogizada em seus cora es e mentes pelas disciplinas educativas de modo que todo o seu comportamento passa por ser codificado em conceitos de normalidade atrav s de m todos de normaliza o cada vez mais exatos e criteriosos Corazza 2000 190 Corazza assinala que a sociedade mostra a crian a de forma ilus ria criando na mesma falsos desejos e no adulto modelos ideol gicos de inf ncia que prejudicam suas rela es com as crian as concretas de carne e osso mesma express o utilizada por Bujes 2002 Em consequ ncia a inf ncia perde sua autonomia por ser interp
282. os apenas aparentemente externos como ve culo capaz de despertar o aluno para a vida Desse modo a rela o de um homem com os outros n o t o externa como se pode crer est cheia de alta significa o e sentimento por m seus doces sentimentos devem ter sido cultivados quando menino n o imediatamente mas mediatamente como em um espelho de outro modo converter se ia o menino em boneco O menino pode mostrar seus sentimentos atrav s de can es sem fins moralizadores o que lhe dar liberdade interna t o necess ria para o seu desenvolvimento e fortalecimento por m indispens vel a correspond ncia entre a vida interna e externa do menino Quanto mais raro seja isso na pr tica tanto mais h de alimentar se sempre que seja poss vel essa rela o deve estar presente no ensino na escola do contr rio ficariam separados sem contato com a vida real Froebel 2001 175 A valoriza o da espontaneidade infantil de acordo com as palavras acima firma se como pe a chave para uma educa o bem sucedida e prazerosa Froebel respeita aquilo que chama de liberdade interna e nesse sentido assemelha se a Rousseau 1995 no momento em que analisa o conte do das f bulas e denuncia uma precoce e inconveniente moraliza o da idade infantil Ambos os autores na medida em que reconhecem a necess ria liberdade de pensamento e express o da crian a sem entretanto abrir m o do trabalho adequado do 43
283. os e na presen a do pai As crian as da segunda s rie revelaram sim uso brinco de jogos fa o pesquisa de escola claro n no meu quarto tem um eu gosto de jogar sim uso para 284 jogar baixar programas sim uso para pesquisa converso no MSN adoro uso word escrevo pinto Podemos observar que as crian as da segunda s rie utilizam o computador para outras atividades mais elaboradas al m dos joguinhos Todas possuem computador Vejamos a diferen a de respostas dos alunos da pr escola p blica Sim eu tenho um computador minha irm liga o computador p e os desenhos na tela e eu pinto conhe o nt mas n o tenho vi no jornal sim uma vez fui trabalhar com minha m e e a filha da patroa dela deixou eu mexer a eu vi a foto da cachorra dela na tela conhe o mas n o tenho tenho vontade de entrar na net para jogar joguinhos de guerra Ele serve s para jogar Ah tamb m tenho vontade de conversar com as professoras Sim eu tenho Mas s tenho joguinho de boliche para jogar nele Apenas duas das cinco crian as possuem computador duas conhecem de ouvir dizer e uma n o tem mas j o explorou Mas todas desejam brincar com o mesmo uma das crian as enfatizando que gostaria de conversar com as professoras provavelmente se referindo aos programas de comunica o em tempo real dispon veis hoje em dia As respostas da primeira s rie da red
284. os pap is se desenham fam lia e escola Que interven es se fazem necess rias Em que lugar encontrar essas respostas Pereira 2002 165 Despontam nas an lises vistas at este momento n o apenas uma tentativa de re conceber a inf ncia mas tamb m um desejo de re conhecer o lugar desta inf ncia e tamb m 105 da vida adulta neste novo contexto do qual somos protagonistas reconhecido o mal estar que o sentimento de n o se encontrar gera nos sujeitos contempor neos seja por meio de uma cr tica avessa Modernidade seja pelo reconhecimento de que aquilo que criticamos na Modernidade na verdade espectros p s modernos Existe uma percep o apurada sobre os principais problemas da atualidade mas em alguns casos uma indefini o quanto aos seus respons veis como p de observar nas id ias de Pereira e Souza que revelam uma crian a que ora moderna ora p s moderna pede socorro num mundo indefinido Penso que nem sempre mais importante questionar do que responder Algumas quest es precisam sim de respostas Precisamos saber quem s o e como se concebem as nossas crian as Precisamos aludindo a Boto 2002 ouvi las Na tentativa de elucidar um pouco esta inc gnita discutirei a partir daqui temas que envolvem o universo infantil iniciando pela trincheira j inicialmente explorada a cultura e o consumo HI II Cultura infantil m dia e viol ncia De acordo com Ketzer ap
285. os antigos inclu das E isso foi o que aconteceu no final do s culo XVII Kumar 1998 87 Ao tratar do nascimento da modernidade Kumar 1998 86 nos escreve que uma opini o bem vis vel era a de que os modernos n o eram simplesmente os equivalentes dos antigos pois em virtude da educa o progressiva da ra a durante o seu desenvolvimento desde os tempos antigos os pensadores modernos eram capazes de ir muito al m de seus predecessores Durante todo o s culo XVII e maior parte do s culo XVIII persistiu a id ia de que a decad ncia e degenera o eram partes t o integrantes da cultura humana como o progresso A cultura ci ncias e artes poderiam progredir mas em geral isso acontecia ao custo do progresso moral e espiritual Dentre os autores que partilhavam dessa opini o temos Rousseau Id ias cl ssicas e crist s de tempo e hist ria continuaram a dominar o ocidente at a segunda metade do s culo XVIII segundo Kumar enquanto persistisse essa situa o n o poderia haver um aut ntico conceito de Modernidade Entretanto gradualmente na Segunda metade do s culo XVIII abre se caminho para um novo conceito de modernidade Pensadores desenvolveram uma id ia secular de progresso O mil nio tornou se cient fico e racional o alvorecer de uma era de progresso humano infind vel na terra 1998 91 O s culo XVIII secularizou o conceito crist o de tempo e o transformou em uma filosofia din mica da hist ria As di
286. os e criadores por meio de nova analogia Freinet revela que os pais tendem a queixar se do quanto gastam para que suas crian as tenham asseguradas condi es de prosperidade revelando a insensibilidade dos mesmos Ledo engano acreditar que estes pais e adultos est o corretos Engano semelhante verificado por meio da pr tica do hospitalismo que fazia os m dicos acreditarem que os beb s e crian as tratados nas cl nicas e hospitais com cuidados met dicos com hor rios estritos alimenta o medida e assepsia minuciosa estavam pertos de chegar perfei o sem perceber por m que lhes faltava a presen a da m e e o contato com a magia dos elementos do ambiente o que fazia com que essas crian as n o se desenvolvessem apesar de tudo aquilo de maneira natural A ci ncia pedag gica pretende regular com a mesma min cia cronometrada o alimento intelectual das crian as que isola num meio especial que a escola sil ncio frieza neutra as li es e dos deveres supress o sistem tica de todos os contatos com o meio de vida natural ou familiar sil ncio asseio ordem mecanismo A car ncia ineg vel alimento mal digerido avers o pela alimenta o intelectual podendo ir at anorexia recalcamento do indiv duo desadapta o em face da vida hostilidade para com a falsa cultura da escola Essa car ncia o escolatismo Freinet 1973 91 57 Ainda a esse respeito lise Freinet 1979 87 refor a
287. os est presente quando Gramsci escreve sobre a escola unit ria O primeiro grau elementar n o deveria ultrapassar tr s ou quatro anos e ao lado do ensino das primeiras no es instrumentais da instru o ler escrever fazer contas geografia hist ria deveria desenvolver notadamente a parte relativa aos direitos e deveres atualmente negligenciada isto as primeiras no es do Estado e da sociedade como elementos primordiais de uma nova concep o de mundo que entra em luta contra as concep es determinadas pelos diversos ambientes sociais tradicionais ou seja contra as concep es que poderiamos chamar de folcl ricas O problema did tico a resolver o de temperar e fecundar a orienta o dogm tica que n o pode deixar de existir nesses primeiros anos Gramsci 1989 69 Em rela o necessidade de um disciplinar efetivo e amoroso Gramsci critica os adultos por serem omissos quanto educa o de seus filhos principalmente na idade pr puberdade uma vez que nessa idade parece que as crian as n o precisam de tanta disciplina pois fica grande parte do tempo perto dos adultos A quest o que na puberdade quando os problemas aparecem a e somente a que os adultos come am a intervir Gramsci apela para que os pais n o abandonem as crian as Abandon las significa deix las agir de 296 qualquer forma fazer as li es de casa de qualquer jeito brincar ler e assistir televi
288. os notar pelas roupas usadas que a primeira menina da esquerda para a direita simula uma gravidez Seria apenas um jogo de imita o ou a realidade das crian as de hoje que s o incentivadas cada vez mais a falar vestir e ser como os adultos Embora tamb m n o seja propaganda de nenhum produto espec fico a foto cnama a aten o e estimula sim um pseudo desenvolvimento e crescimento precoce da crian a 199 Essa foto embora n o t o n tida importante de ser considerada porque demonstra a import ncia dos jogos de imita o durante a inf ncia levando nos a refletir que saud vel para a crian a desejar em alguns momentos ser como o pai a m e ou um outro adulto que tomar como refer ncia isso n o significa entretanto que devemos colaborar para que a crian a se torne como um adulto em miniatura como sugere a an lise da foto anterior Espelhar se e se projetar no adulto em certa medida saud vel para a crian a o que n o deve servir para fazer com que a mesma abra m o das peculiaridades da fase da vida a qual pertence para se comportar de maneira adulta 200 Aqui temos mais uma foto da Anne Geddes por vezes encantamos nos tanto com as imagens que n o pensamos no transtorno que deve ser para nossos beb s posar para esse tipo de foto S o fotos que n o t m o objetivo de vender um produto espec fico mas s o a marca registrada de sua produtora fotos presentes em cart es
289. p s moderna In WOOD E M FOSTER J B org Em defesa da Hist ria marxismo e p s modernismo Rio de Janeiro Zahar 1999 VANNUVHI Camilo LOBATO Eliane MORAES Rita Especial Revista Isto Rio de Janeiro Editora Tr s 23 de abril de 2003 VATTIMO G O fim da modernidade S o Paulo Martins Fontes 1996 FILMES SHREK Universal Pictures Estados Unidos 2001 136 min ABRACADABRA Brasil Warner Bross 2004 88 min EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA Finding neverland Film Colony Estados Unidos 2004 106 min 329
290. palmente nessa idade o sentimento de poder o desejo permanente de superar se de dominar algu m ou alguma coisa Segundo se considere um desses dois elementos trabalho ou jogo haver um comportamento diferente para com os filhos assim como na escolha dos livros de classe do material de ensino dos m todos da educa o Esse jogo que essencial ao animal pequeno como crian a em ltima an lise trabalho mas trabalho de crian a cujo objetivo nem sempre captamos trabalho que de modo algum reconhecemos porque menos terra a terra menos indignamente utilit rio do que comumente o imaginamos Freinet in E Freinet 1979 114 Quanto sua constru o psicopedag gica Freinet esclarece que a mesma se encontrava no pensamento sens vel e no trabalho Sua psicologia materialista que testemunhava um processo nico de totalidade do ser passava do conhecimento sens vel ao conhecimento l gico De acordo com E Freinet 1979 123 Freinet abre novo caminho de uma psicopedagogia materialista o drama de viver se desenrola pelo efeito da sensibilidade 65 propriedade fundamental da vida mobilizada ao m ximo em um trabalho de finalidade Entre os dois um processo universal a pesquisa processo instintivo em busca de um crescimento da pot ncia vital tateia se pesquisa se em dire o a um objetivo que serve a vida A pesquisa experimental seria durante a vida cada vez mais complexa fazendo se por meio dess
291. percebido mercado infantil crian as na faixa et ria dos cinco aos doze anos gastam anualmente segundo o autor 4 2 bilh es de d lares do seu pr prio dinheiro Crian as acima de tr s anos j sabem por exemplo que o McDonald s vende hamb rgueres E como se esse n vel de coloniza o da consci ncia infantil n o fosse suficiente o McDonald s junto com a marca de outras empresas t m visado s escolas p blicas como um novo meio de mercado e consumo infantil As crian as s o vistas como consumidores em treinamento As crian as do final do s culo XX afirma Kincheloe n o s o ing nuas e passivas espectadoras da TV como publicit rios profissionais t m ensinado crian as s o expectadoras ativas e anal ticas que muitas vezes fazem seus pr prios julgamentos tanto dos comerciais quanto dos produtos que eles vendem Essas din micas sociais e psicol gicas entre publicit rios e crian as merecem uma an lise mais aprofundada pois pensam eles se n s nos dirigirmos s crian as como crian as que s o elas adorar o nossos comerciais embora os pais possam odi los No final dos anos 60 a TV comercial infantil e as propagandas foram fundamentadas nessa premissa 156 Para Kincheloe Mc Donaldl ndia um lugar onde o consumo n o apenas a ocupa o exclusiva mas o meio atrav s do qual seus habitantes ganham suas identidades Todos os personagens da McDonaldl ndia segundo os relat rios profissionais revere
292. propriedades do n mero da forma da magnitude do conhecimento do espa o a natureza das energias e os fen menos da mat ria a cor o ritmo o som a estrutura das coisas apresentam se com suas v rias peculiaridades excitando a aten o e o interesse Froebel 2001 63 Ponto marcante da filosofia educacional froebeliana a participa o das crian as no trabalho e atividade de seus pais Os conhecimentos e reflex es originados dessa pr tica 30 nunca poder o ser supridos pela escola desde que conduzidos naturalmente pelo calor da vida em fam lia Os pais respons veis primeiros pela educa o da crian a nessa idade podem de acordo com Froebel encontrar fonte inesgot vel de alegria na educa o de seus filhos Observemos contudo o car ter atual das seguintes considera es de Froebel Duro o que vou dizer por m verdade Contemplemos a vida que nos rodeia e nossa pr pria vida interior com olhar sereno e questionador N o direi mais que a verdade crua estamos mortos o que nos rodeia est morto para n s Com todo nosso saber e nossa auto sufici ncia nos achamos vazios e nossos filhos nos achar o vazios tamb m quase tudo o que dizemos soa sem conte do e vitalidade n o podemos dar aten o s crian as mais do que naqueles poucos e raros casos em que nossa conversa se baseia em intui es diretas da vida e da natureza Portanto tal situa o tem de mudar Deixemos que nossos filhos se mani
293. que sequer s o pensados e ou produzidos para elas A foto acima retrata essa realidade atual mostrando um beb que traz no corpo marcas de t nis merchandising de lanchonetes e refrigerantes embalados por quatro m os que representam o pai e a m e coniventes com o uso do beb propaganda 168 Quero Um Brasil Decente Quero Lula Presidente A crian a utilizada nessa propaganda de partido pol tico como representa o de futuro Interessante que a categoria de futuro incompat vel com o presentismo p s moderno que se vale da crian a para sensibilizar os cidad os A nossa cren a no fato de que as crian as s o o amanh melhor se identifica com a imagem acima Mas n o sobrevive a uma an lise mais apurada pois podemos concluir que ao mesmo tempo em que a crian a retratada como possibilidade de futuro tem a sua inf ncia fase atual desrespeitada em fun o da prepara o para uma fase que ainda est por vir O futuro deve ser consequ ncia natural de uma inf ncia saud vel e respeitada e n o etapa mais importante e desejada para a vida do ser humano 169 A rela o de amor entre pais e filhos principalmente beb s ilustra a propaganda de cal ados infantis sugerindo que comprar o produto significa demonstrar esse afeto Esse tipo de apelo da m dia pode parecer banalidade mas a quest o que ele exerce bastante influ ncia sobre alguns adultos principalmente pais ausentes que procuram c
294. que sim e duas disseram que ambos s o felizes iguais Os dois porque se divertem de jeitos diferentes Os dois porque um ajuda o outro Na segunda s rie 100 das crian as disseram que a crian a mais feliz porque brinca e faz coisas divertidas Al m do prazer de ouvir as crian as sentir suas falas e perceber suas express es O que ficou de mais significativo dessa experi ncia de explorar o imagin rio de uma pequena 246 parcela delas tanto de um universo mais favorecido economicamente quanto de um universo mais comprometido no que se refere ao acesso a condi es mais dignas de vida foi a descoberta ou posso dizer confirma o de que as crian as em sua maioria gostam de ser crian as s o capazes de perceber as alegrias dessa fase da vida independente da realidade em que vivem mas tamb m s o capazes de conviver com a perspectiva de futuro E isso nos enche de esperan a pois numa poca onde o presentismo impera e a cultura do adulto em miniatura domina a vida das crian as mostra se uma forma muito mais rica e eficaz de resist ncia do que nossa teorias adultas que por vezes prescindem da voz infantil O segundo bloco de quest es abordou a import ncia do brincar embora esse aspecto tenha j sido explorado e evidenciado pelas crian as na primeira parte do question rio A primeira quest o Voc brinca Com quem e de qu teve como objetivo dimensionar a import ncia e o espa o dessa ativ
295. que teria para a crian a urbana embora em ambos os casos o brinquedo represente cultura e meio de produ o cultural N o se trata portanto de analisar um tipo espec fico de cultura mas de indicar as diferentes formas em que o brinquedo se traduz como express o de um produto s cio cultural Walter Benjamin 2002 85 oferece informa es sobre uma hist ria do brinquedo partindo da atitude adulta diante do brincar Para este autor brincar significa liberta o e por conta disso o adulto assolado por uma realidade amea adora sem possibilidades de solu o liberta se dos horrores do real mediante sua reprodu o miniaturizada Por isso no momento p s guerra houve surpreendente interesse pelo tema dos brinquedos e livros infantis Entretanto Benjamim alerta para o fato de que mesmo assim jamais s o os adultos que executam a corre o mais eficaz dos brinquedos quebrados pelas crian as mesmo que esses adultos sejam pedagogos fabricantes ou literatos e sim elas pr prias no ato de brincar Ao mencionar uma faceta indesejada por muitos e presente na natureza infantil o poder de destruir que pertencente a todas as pessoas o elemento desp tico e desumano Benjamin revela sua concep o de inf ncia mais realista ou talvez mais pessimista do que aquela presente na maioria dos pensadores modernos demorou muito tempo at que se desse conta de que as crian as n o s o homens ou mulheres em propor o reduzida 1
296. quiriram in dito controle sobre o ambiente simb lico do jovem e condi es de garantir que a crian a se tornasse um adulto E temos mais ao criarem o conceito de uma hierarquia de conhecimentos e habilidades os adultos inventaram a estrutura do desenvolvimento infantil Postman 1999 60 Quietude controle corporal e contempla o qualidades contr rias s energias naturais dos jovens eram requeridas no novo mundo de aprendizagem da escola A partir do s culo XVI ent o as inclina es naturais das crian as passaram a ser concebidas como impedimento aprendizagem livresca Associada a essa id ia apareceu tamb m a necessidade de autocontrole no que se refere aos costumes e pr ticas sexuais isso porque as exig ncias de uma sociedade instru da tornaram necess rio um sentimento de vergonha altamente apurado E ainda a tipografia ao separar a mensagem do mensageiro ao criar um mundo abstrato de pensamento ao exigir que o corpo se subordinasse mente ao enfatizar as virtudes da contempla o intensificou a cren a na dualidade de mente e corpo que por sua vez encorajava um desprezo pelo corpo A tipografia nos deu a mente desencamnada mas no deixou com o problema de como controlar o resto de n s A vergonha foi o mecanismo pelo qual esse controle seria exercido Postman 1999 62 Ao mesmo tempo em que a tipografia quebrou monop lios de conhecimento restringiu a crian a aos conhecimentos livrescos
297. r A situa o mais grave quando tanto o pai quanto a m e possuem um comprometimento ps quico e tamb m quando a doen a da m e ou do pai se prolonga por muito tempo o que faz a crian a a assumir o papel do adoentado Pesquisas sobre o assunto mostram que as crian as que conseguem lidar bem com tais situa es em que os pais n o oferecem apoio apresentam as seguintes caracter sticas parecem ser naturalmente mais resistentes e s o mais criativas e inteligentes O stress infantil pode estar envolvido na origem de v rios dist rbios tanto f sicos quanto psicol gicos tais como comportamentos agressivos que n o s o representativos no comportamento mais geral das crian as como desobedi ncia choro excessivo dificuldades de 164 relacionamento dificuldades escolares pesadelos constantes e birras O stress uma s ndrome que se comp e de v rios sintomas alguns psicol gicos outros f sicos que se confundem dificultando um diagn stico preciso Dentre alguns dist rbios f sicos est o bronquites doen as dermatol gicas obesidade c ries dores abdominais e diarr ias Existem tamb m crian as que passam por v rias dificuldades na vida elas enfrentam fatores causadores de stress de uma magnitude praticamente desumana como abuso sexual fome doen as e guerras Estas crian as se tornam adultos extremamente resistentes aos embates da vida A preven o do stress infantil deve envolver paci ncia Requer pra
298. r as raz es de suas pr prias inclina es Muitas vezes n s adultos investigadores cient ficos n o conseguimos satisfazer esse instinto das crian as que se bem guiado de acordo com Froebel h de lev la a conhecer a Deus em todas as suas obras Diante dessa poss vel dificuldade adulta as crian as podem optar por satisfazer sozinha a sua curiosidade diante das pr prias coisas comum querermos que a crian a aprenda na escola o que deveria aprender por si mesma fazendo a crescer segundo Froebel de um modo antinatural Aos pais se reservaria a responsabilidade de estimular suas crian as explorando o significado daquilo que as mesmas realizam pois nem uma palavra nem um desenho bastam isoladamente para expressar de uma maneira total as rela es do objeto sendo preciso que se definam e completem mutuamente O desenho t o valorizado por Froebel ajuda tamb m na aprecia o e no conhecimento do n mero e quantidade E o esp rito da crian a requer que as pessoas com as quais convive principalmente a m e trabalhem para que a mesma desenvolva sua reflex o intui o e conhecimento Em suma Sem profundas raizes na inf ncia n o poss vel obter logo como adulto uma verdadeira eleva o no pensar e no sentir em saber e em conhecer Todas as aprendizagens e doutrinas futuras t m na inf ncia seus primeiros sinais Na inf ncia s o acess veis os tesouros da natureza e da linguagem come am a revelarem se as
299. r e ou at reacion rio O compromisso precisa ser com as crian as com a inf ncia n o com a novidade A escola necessita re assumir seu papel cr tico para com a forma o da crian a Porque a escola uma das institui es qui a nica que cont m elementos capazes de sustentar uma postura equilibrada diante do novo e do antigo formando ao inv s de apenas informar proporcionando alegria ao inv s de limitar se s queixas de que cada vez se cobra mais e mais dela Mostrar para as crian as coisas que fora da escola elas n o teriam oportunidade de ver e enxergar promover sentimentos e conhecimentos que longe dessa institui o dificilmente as crian as teriam acesso de maneira a associar prazer pela conquista do conhecer e por pensar criticamente A escola colaboraria para o n o desaparecimento da inf ncia na medida em que trabalhasse de maneira saud vel e equilibrada com disciplina e liberdade autoridade e autonomia mundo escolar e cultura extra escolar N o se trata de assumir o papel da fam lia ou tornar se bra o armado da cultura da m dia sob a falsa convic o de que dessa maneira se conquistaria a crian a trata se de posicionar se de acordo com valores ticos e morais que a p s modernidade desconsidera totalmente nos dias de hoje A quem vamos delegar a orienta o que nossas crian as mais do que merecer t m por direito N o seria um retrocesso hist rico abdicarmos dessa responsabilidade adulta no mome
300. r essas maneiras pelas nossas e para mim seria a mesma coisa exigir que uma crian a tivesse cinco p s de altura e que tivesse ju zo aos dez anos Rousseau 1995 83 E ainda cada idade cada estado da vida tem sua perfei o conveniente o tipo de maturidade que lhe pr pria Ouvimos falar muitas vezes de um homem feito mas consideremos uma crian a feita o espet culo ser novo para n s e talvez n o venha a ser menos agrad vel Rousseau 1995 192 Rousseau estabeleceu uma delimita o entre o mundo da inf ncia e o mundo adulto na medida em que considerou com sensibilidade a percep o que a inf ncia tem de si mesma e mostrou que poss vel e desej vel que se reflita sobre as caracter sticas das v rias fases da vida e se atente contudo para a universalidade presente no g nero humano Para Rousseau a inf ncia uma fase singular e a crian a um ser em condi o nica espera de orienta o carinho e forma o A confian a na crian a com base no reconhecimento de sua riqueza interior renova as esperan as da constru o de um mundo mais humano justo e igualit rio Menos do que criar estere tipos generalizantes a respeito da condi o infantil Rousseau concebeu a crian a como ser de potencialidades capaz de boas a es e de sentimentos nobres Enfim Rousseau o representante do conceito moderno de inf ncia conceito este que foi em dire o contr ria id ia da crian a adul
301. r m o tamb m do descanso e do lazer Na escola p blica tanto na EMEI como no Ensino Fundamental quatorze crian as gostam de ser crian as o que corresponde a 93 Treze crian as 87 associam possibilidade do brincar Na pr escola uma das crian as n o gosta de ser crian a por causa da m e e me responde Mais ou menos acho que eu n o gosto de ser crian a porque minha m e me xinga e eu tenho vontade de ser adulto Crian a pode brincar mas o ruim que eu 242 n o tenho irm o Apesar da inseguran a ao responder e da tristeza pelo comportamento da m e a crian a em pauta ainda sente alegria na possibilidade do brincar e isso refor a minha id ia de que o brincar condi o essencial para a exist ncia de uma inf ncia feliz A quest o n mero quatro Voc gostaria de ser crian a para sempre teve 67 dez das quinze crian as entrevistadas de respostas afirmativas das crian as da escola particular da pr escola duas crian as associaram a inf ncia ao brincar e outras duas disseram que querem ser crian as para sempre para n o precisarem trabalhar Uma crian a da primeira s rie respondeu Tem dia que sim tem dia que n o acho que quero crescer para ir trabalhar com meu pai na empresa de computador dele J na segunda s rie duas crian as disseram que querem ser crian as para sempre porque os adultos trabalham Uma crian a da segunda s rie pontuou Sim gostaria de ser cria
302. r mais Diga me voc sabe fazer outros desenhos que n o sejam de brincadeira Isto sabe voc desenhar com seriedade para poder fazer tamb m desenhos de brincadeiras Gramsci sem data apud Nosella 2004 151 impressionante o comprometimento de Gramsci para com uma escola adequada crian a O equil brio e a media o revelada por suas id ias merecem aten o especial principalmente num tempo como o nosso que parece evitar qualquer tipo reflex o ponderada 290 Respeitar a crian a n o significa abandon la ensinar a crian a a ter disciplina tamb m n o significa atuar contra sua espontaneidade natural O grande desafio consiste em saber quando e como interferir na educa o da crian a A escola de hoje se quiser encontrar o caminho do equil brio precisar posicionar se criticamente diante dos modismos pr prios de uma poca que rejeita as contribui es do passado conscientizando se de que a interven o adulta quando necess ria colabora para a preserva o da inf ncia e n o para o seu desaparecimento Respeitar o mundo da crian a n o exige que renunciemos a participar de seu mundo e nem sugere que a crian a precisa estar totalmente ausente do mundo adulto Para elucidar tais conflitos recorramos Hannah Arendt e sua an lise da crise na educa o Arendt 1971 parece se aproximar de Gramsci no que se refere ao reconhecimento da necessidade de se ponderar a ades o a uma educa o nova A autora d
303. r potencial de proletarizar do que profissionalizar o trabalhador Lyotard opta pela apologia p s modernidade que desconsidera totalmente as ressalvas feitas por Kumar Para Lyotard o desenvolvimento tecnol gico promoveu transforma es no estatuto da ci ncia Essas transforma es afetam o saber em suas duas principais fun es que s o as de investiga o e de transmiss o de conhecimentos Os usos cada vez maiores das tecnologias de informa es afetariam a circula o de conhecimentos de modo que apenas o saber e quantidade e em linguagem de m quina seria considerado A hegemonia da inform tica teria como sequela a separa o entre o saber e aquele que sabe Kumar enfatiza que preciso tomar cuidado ao classificar determinada situa o que para muitos uma parte inescap vel da realidade como mera ideologia Al m disso comenta o autor 79 O principal argumento da cr tica sociedade da informa o que o desenvolvimento e difus o da TI tecnologia da informa o n o implantaram nenhum princ pio ou dire o fundamentalmente novos na sociedade reconhecida a not vel velocidade da difus o da TI como tamb m a sua potencialidade de produzir mudan as radicais nos costumes sociais A nova tecnologia por m est sendo aplicada em uma estrutura pol tica e econ mica que confirma e refor a padr es existentes ao inv s de gerar outros O trabalho e o lazer s o ainda mais industrializados
304. ra As quest es abordaram problem ticas discutidas no decorrer desta tese e mais do que fechar conclus es procuraram servir como ind cios de confirma o e ou nega o de minhas constata es te ricas O question rio contemplou as seguintes quest es Question rio de pesquisa Identifica o Data Entrevistado Sexo Idade Escola S rie Localiza o Il Concep o de inf ncia 1 O que ser crian a para voc 2 Voc crian a At que idade somos crian as O question rio foi baseado nas propostas e an lises realizados pelo grupo de estudos de Hist ria da Inf ncia da FCL da UNESP de Araraquara criado e coordenado pela Prof Dra Carlota Boto 236 3 Voc gosta de ser crian a Por qu 4 Voc gostaria de ser crian a para sempre Por qu 5 Crian as e adultos s o iguais ou diferentes Por qu 6 Quem mais feliz o adulto ou a crian a Por qu HI O brincar 1 Voc brinca Com quem e de qu 2 Voc gosta de brincar Por qu 3 Que brinquedos voc tem e mais gosta 4 Que brinquedo voc gostaria de ter Por qu 5 Voc brinca sozinho ou tem companhia 6 Onde voc brinca IV Fam lia 1 Com quem voc mora na sua casa 2 Quem cuida de voc na sua casa 3 Na sua casa voc cuida de algu m 4 Voc ajuda nas tarefas de casa Em quais tarefas 5 O que voc mais gosta de fazer na sua casa V Escola 1 Voc gosta de vir esco
305. ra o fato de que o acaso dos valores supremos um dos dramas do homem atual pois o niilismo que paira sobre o homem contempor neo faz com que os valores dos mesmos se diluam e percam a consist ncia Viver sem valores n o viver plenamente e Freinet por acreditar em seus valores representa refer ncia a ser resgatada nos dias atuais Isto posto no momento em que firma sua psicopedagogia pautada na inter rela o entre teoria e pr tica e na vis o de unidade na contradi o que Freinet lan a claramente a sua concep o de inf ncia o desenvolvimento do indiv duo n o se faz sob a influ ncia de imperativos categ ricos sejam de intelig ncia de afetividade de raz o Podemos afirmar que sempre na base de obst culos mais ou menos dif ceis que se posicionam atrav s da vida da crian a que se colocam para o indiv duo os problemas mais 67 determinantes Observando na crian a as limita es fisiol gicas ou as oposi es mais ou menos super veis do meio f sico familiar ou social teremos o esquema de combates vitoriosos ou n o que o indiv duo ter que travar para realizar seu destino e satisfazer sua necessidade vital de poder Munidos desse perfil vital poderemos ent o ajudar de modo eficaz as crian as a triuntarem sobre os obst culos para viverem uma vida mais harmoniosa e mais til Na verdade realmente a nossa concep o do processo de civiliza o que deve ser
306. ra que suas crian as se tornem garotos propagandas de marcas que fazem sucesso e muitos tamb m utilizam os pr prios filhos como mascotes em propagandas de lojas e ou produtos pr prios sem sequer consultar o desejo da crian a em participar de tais atividades 173 Nesta foto temos a crian a representando o prazer em ler um livro Faz parte de uma campanha de incentivo leitura A foto uma das muitas utilizadas para incentivar a leitura mas n o necessariamente a compra de livros Objetivo louv vel incentivar a leitura parece sempre papel da escola ou do minist rio da cultura dificilmente da fam lia As propagandas que incentivam a leitura s o sempre mais sutis do que aquelas que t m como objetivo a comercializa o de qualquer outro produto Parece sugerir que na d vida compre o produto da propaganda n o o livro ele ser encontrado na escola ou na biblioteca Dificilmente vemos crian as lendo em propagandas de livros mas constantemente vemos crian as brincando em comerciais de brinquedos da moda 174 d y 2 i ad aah a i DE TE m Aqui encontramos crian as aparentemente de classes sociais menos favorecidas reunidas para brincar A brincadeira est presente em todas as classes sociais Essa imagem foi encontrada na internet em um trabalho que enfatizava a import ncia de projetos sociais o tipo de imagem que sensibiliza e comove por simbolizar a uni o representar o
307. rabalho sem esclarecer que n o pretende garantir empregos ou criar fontes de trabalho a educa o deveria apenas oferecer uma ferramenta necess ria para se competir no mercado esgotando se a fun o social da educa o nesse ponto pois o resto dependeria das pessoas Ocultando seu car ter cruel nas 83 sutilezas de seu discurso o neoliberalismo encobre tamb m as contradi es presentes em sua l gica articulada de descentraliza o centralizante e centraliza o descentralizada Em outras palavras o Estado neoliberal m nimo quando deve financiar a escola p blica e m ximo quando define de forma centralizada o conhecimento oficial que deve circular pelos estabelecimentos educacionais quando estabelece mecanismos verticalizados e anti democr ticos de avalia o do sistema e quando retira autonomia pedag gica as institui es e aos atores coletivos da escola entre eles principalmente aos professores Centraliza o e descentraliza o s o as duas faces de uma mesma moeda a din mica autorit ria que caracteriza as reformas educacionais implementadas pelos governos neoliberais Gentili 2001 27 Gentili denomina o processo de transforma o da escola em empresa de mcdonaldiza o do ensino processo que se revela no curr culo na forma o de professores na competi o interna do ambiente escolar Como consequ ncia dessa configura o tem segundo o autor dificuldade de manter e expandir mecanismos d
308. ram maior exposi o cenas de viol ncia tornaram se mais agressivos Na poca diz a reportagem entre os programas violentos estavam Cyborg o homem de seis milh es de d lares e Mulher bi nica O desenho do Papa L guas era cone da garotada e o seriado Dirty Harry e Justi a em dobro despertavam o mesmo interesse das novelas de hoje Segundo o Professor L Rowell Huesmann co autor do estudo tais programas passam a mensagem de que atos violentos s o justific veis e at apropriado em certas situa es isto o que acontece quando um her i recompensado a o vencer o bandido com tiros socos e pontap s E ainda Comparados programa o atual da TV brasileira os filmes e desenhos dos anos 70 parecem t o inocentes quanto os livros de Monteiro Lobato Que efeitos provocar o ent o os trejeitos que acompanham m sicas como a Eguinha Pocot o mau gosto das pegadinhas que povoam as tardes de domingo e a pancadaria 111 dos desenhos de luta japoneses Some se ainda o fato de hoje os her is infantis terem quase sempre suas imagens ligadas a dezenas de produtos Segundo M rcia Giuzi Mareuse psic loga do laborat rio de pesquisas sobre inf ncia imagin rio e comunica o LAPIC da Universidade de S o Paulo isso intensifica a influ ncia sobre a crian a Ela n o est envolvida com a hist ria apenas enquanto assiste ao desenho Os personagens est o nos cadernos e nas mochilas
309. ram tica de comunica o s o muito distintas a come ar pelo fato de que a TV atua para o anonimato da multid o e a doc ncia se faz com um p blico identificado pronto para interagir na 134 simultaneidade dos acontecimentos Ele pode desencantar a crian a despert la de seus sonhos de aliena o e devolv la ao mundo onde vivem homens e mulheres O professor pode tornar se forte defensor da comunica o em sala de aula valorizando a voz dos alunos como sujeitos e n o como objetos do processo e promovendo uma leitura cr tica desses diferentes meios Sabemos que essa tarefa n o simples Exige do professor uma reflex o n o apenas sobre os meios de produ o cultural e seus poss veis efeitos sobre a inf ncia mas tamb m sobre a crian a que tem sua frente que traz consigo as marcas das r pidas transforma es verificadas no mbito social econ mico cient fico e tecnol gico Complementando essa an lise temos a vis o de W Pereira autor para quem o brinquedo fundamental na vida das crian as principalmente quando constru do por elas est atualmente desfalecido tudo o que a crian a tentar sonhar j est pronto para ser dado a ela Na l gica da ind stria cultural n o permanece mais a id ia de constru o pois vivemos na cultura do desmonte e do descart vel Interessante a id ia de que o interesse das crian as hoje desmontar em fun o disso os brinquedos s o pensados para isso por isso s o
310. rande audi ncia inclusive no Brasil nos revela um mau gosto apurado conte dos totalmente desprovidos de julgamento e racionalidade e aus ncia total de valores ticos e pol ticos uma vez que os dois protagonistas degladiam se o tempo todo numa sequ ncia de tentativas de ridicularizar o outro e crescer com sua derrota Magalh es apud Jacoby 2003 em seu artigo intitulado Crian a e televis o uma rela o superpoderosa nos escreve que hoje como h vinte anos atr s a televis o continua sendo a janela para um mundo m gico e divertido capaz de atrair todas as crian as Segue argumentando que atualmente as crian as se adaptam com muito mais rapidez e propriedade do que n s adultos somos capazes de alcan ar e esse desconforto gerado na dificuldade de entender a complexidade da rela o da crian a com a TV acaba por levar pais educadores e pesquisadores a buscar respostas f ceis e at atraentes Por conta disso as discuss es em torno do tema crian a e TV n o passam muitas vezes de caricaturas manique stas de um lado crian as desprotegidas do outro o monstro que a televis o Em suma vivemos com a Tv uma rela o de ambival ncia afetiva segundo o autor ela amada e odiada ao mesmo tempo Isto posto Magalh es nos alerta para o fato de que precisamos fugir do tentador relativismo atual que justifica que tudo social tudo cultural pois isso retira a responsabilidade dos agentes emissoras
311. ras duas crian as uma disse brincar sempre com as amigas e o ltimo explicou Brinco sozinho porque n o tenho irm o Meu nico amigo meu video game Com os amigos mesmo eu brinco na escola Apenas uma crian a revelou brincar com os amigos na escola Na primeira s rie da escola C u uma crian a disse brincar com as amigas as outras quatro crian as citaram os irm os Na segunda s rie apenas uma crian a disse brincar com a prima as outras quatro revelaram brincar com amigos Embora tr s crian as das quinze entrevistadas dentre a EMEI Luz e Escola C u afirmaram brincar sozinhas a grande maioria brinca sempre com companhia e assinalam para o fato de que isso ocorre tamb m 253 fora da escola revelando a rotina das brincadeiras conjuntas mais comuns nas comunidades das regi es perif ricas do que nos espa os seguros dos bairros mais favorecidos A quest o seis procurou desvendar o universo do espa o das brincadeiras das crian as embora os mesmos j tenham se revelado v rias vezes at o presente momento atrav s das quest es j analisadas numa tentativa tamb m de dimensionar de fato se as crian as brincam ou n o na escola e se entendem ou n o a escola como um espa o onde se pode aprender brincando Perguntei ent o s crian as Onde voc brinca Obtive as seguintes respostas na pr escola Azul uma crian a disse brincar em casa e na escola e enfatizou na rua eu s bi n H ando de b
312. re vida di ria o McDonald s n o encoraja longas refei es familiares vagarosas e interativas Os assentos e as mesas s o desenhados para serem desconfort veis obrigando a que clientes comam rapidamente e partam 157 O cinismo presente nos an ncios do McDonald s e a realidade de outras propagandas minam a estrutura social levando de acordo com Kincheloe a cultura de nossos filhos a habitar um lugar frio e mais malicioso Tal cinismo leva as corpora es a subverter a democracia e a justi a na busca por novos mercados Tal cinismo firma Kroc por exemplo como her i enquanto ignora her is aut nticos homens e mulheres que lutam diariamente para orientar boas vidas serem bons pais e propagar a justi a social De acordo com Bernadete Mour o 2003 Kincheloe trabalha fundamentalmente com a id ia de cultura infantil subversiva que se origina no fato de as crian as estarem atualmente expostas m dia de maneira intensa e devido a este fato muitas vezes acaba detendo mais conhecimento embora desorganizado e superficial que os pr prios adultos subvertendo deste modo a l gica do passado que sustentava a autoridade dos mais velhos sobre os mais jovens No passado certos temas eram proibidos s crian as como sexualidade e crime e aqui percebo um comungar de id ias com a necessidade do sentimento de vergonha de Postman 1999 e hoje s o rotineiros na vida infantil Novo aspecto da cultura infantil p s mode
313. realidade Acredito que o conhecimento tem car ter emancipador tal como conferiu Snyders 1995 e Paulo Freire 1999 mas infelizmente ainda encontra se limitado ao poderio da classe dominante Podemos dizer que como j alertara Rousseau Discurso sobre as Ci ncias as Artes e os Of cios se a ci ncia e a tecnologia n o servirem para mudar a vida de todas as pessoas para melhor ent o n o h porque existirem De acordo com o historiador Hobsbawm 1995 as coisas realmente mudaram a partir dos anos 90 J para Wood 1999 se o p s modernismo uma poca certamente come ou nos fins dos anos 60 e in cio da d cada de 70 como resultados da heran a intelectual do surto de grande prosperidade econ mica destes anos 60 De acordo com Lipovetsky 2003 05 a Modernidade jamais existiu Este autor diz que desde 1950 a sociedade vem sofrendo uma intensifica o do trip que sempre caracterizou a modernidade o mercado o indiv duo e a escalada t cnica cient fica J a partir dos anos 80 com o brutal avan o da globaliza o e das novas tecnologias esse fen meno chamado por ele de hipermodernidade adquiriu uma velocidade espantosa interferindo diretamente sobre os comportamentos e formas de vida e gerando paradoxos preciso ser mais moderno que o moderno mais jovem 70 que o jovem estar mais na moda que a moda de outro valorizam se a sa de a preven o o equil brio o retorno da moral ou das religi es orientais
314. reio foi o preferido de apenas uma crian a da segunda s rie as respostas foram escrever jogar futebol educa o fisica estudar brincar no recreio e ir biblioteca Confirmando o verificado na primeira quest o as brincadeiras e atividades como educa o f sica s o preferidas pelas crian as ao inv s do ler escrever estudar embora mencionado por duas crian as da segunda s rie nessa segunda quest o As crian as da escola p blica tanto da Emei Luz como da escola C u foram mais objetivas em suas respostas As crian as de seis anos disseram li o li o brincar de MH joguinho e de massinha li o prefiro do que ir na areia areia As respostas das crian as da primeira s rie foram li o estudar fazer li o pintar e desenhar ler As crian as de segunda s rie responderam ler brincar li o escrever escrever Podemos observar que as crian as da escola C u mant m sua opini o inicial coincidindo suas respostas em rela o ao porque gostam de vir para a escola e o que mais gostam de fazer nela A terceira quest o H algo que voc n o gosta de fazer na escola quando respondida pelos alunos da escola particular obteve tr s respostas que demonstraram total satisfa o das crian as para com tudo que fazem na escola as outras treze crian as comentaram algumas pequenas coisas bastante interess
315. retada e codificada de forma universal definitiva e enganosa Quais as reais inten es da autora com essa cr tica Seu ataque veemente modernidade parece cegar a autora para o fato de que a sociedade de informa o n o explica a crian a por meio de meta narrativas mas cria uma imagem nica espec fica e particular da crian a adulto em miniatura essa representa o da crian a que impede o acesso s crian as de carne e osso como dizem as autoras Corazza e Bujes e n o assombrosas e criticadas ideologias modernas como sugerem as mesmas Revela se deste modo por meio das an lises das autoras que comungam das mesmas id ias e vocabul rios a fragilidade das explica es p s modernas possuem cr ticas que n o sustentam a si pr prias Nesta linha de rejei o de modernidade Corazza critica tamb m a psicologia do desenvolvimento e a classifica como um etapismo tamb m moderno que assim como a escolariza o sufocam a realidade subjetiva das crian as em nome de uma pedagogiza o em nome da racionalidade da moralidade e dos bons costumes Corazza 2000 226 87 Tamb m analisa de maneira negativa a afirma o de Neil Postman como se a escola tivesse se disposto unicamente a implantar o sentimento de culpa e de vergonha nas crian as descobrindo as debilidades destas e as responsabilidades do adulto A autora chama nossa luta contra o fim da inf ncia de escatologia messi nica para a qual ne
316. revelada pelo seu discurso de n o interfer ncia nas possibilidades naturais das crian as A crian a de hoje n o a mesma de ontem a ponto de sua m o bem poder agir em nome de motivos adultos Lajonqui re 1999 54 Assim como a crian a tem direito a limites necess rio que tenha efetivado tamb m o direito singularidade do mundo infantil Existiria rela o entre a despreocupa o de proteger o mundo infantil do mundo adulto e um poss vel medo adulto de reconhecer na inf ncia seus valores perdidos Conforme Gentili e Alencar 2001 121 As crian as podem suscitar guerras e amores encontros e desencontros Magas imprevis veis e involunt rias as crian as buscam e v o criando o espelho que o mundo dos adultos evita e detesta Se acreditamos ser l cita a causa da preserva o da inf ncia que n o se assemelha de maneira alguma com a ren ncia da responsabilidade adulta preciso entendermos criticamente quais s o os fatores atuais que sobrecarregam nossa atmosfera da aus ncia de indigna o A cultura de massa e do consumo por exemplo s o encaradas como consequ ncias naturais de nossa contemporaneidade realidade que preferiu abra ar novas causas e elencar como secund rias as preocupa es que se referem aos cuidados para com 104 as crian as Mas para aqueles que ainda entendem a inf ncia como uma quest o maior Pereira 2002 escreve O que se apresenta como quest o o fato de que o
317. rna tamb m considerada pelo autor e da a proced ncia de sua an lise do McDonald s o fato dessa cultura ser feita por adultos sendo os mesmos empregados das grandes corpora es que visam o lucro No passado conforme Kincheloe a cultura era transmitida de crian a para crian a Para este autor a estreita rela o criada entre Estado e grandes corpora es empresariais foram capazes de produzir um imagin rio cultural p s moderno que veicula o consumismo e compromete a id ia cl ssica de inf ncia que perdurou at meados de 1950 Isto posto n o fundamental que a crian a se isole destes artefatos novos que fazem parte de sua cultura mas que aprenda com o aux lio do adulto a fazer uma releitura cr tica dos mesmos Na busca desenfreada por lucro e poder esqueceu se dos valores que serviam 158 de guia racionalidade do pensamento ocidental Como consequ ncia da cultura consumista implantada em nossas crian as temos Pesquisa exclusiva tra a o perfil das crian as brasileiras de hoje al m de mais inteligentes s o ligadas em novas m dias informadas vaidosas consumistas e folgadas poca 2003 Este o t tulo de uma reportagem da Revista de grande circula o que deixou surpresos formalmente pais e educadores Veiga forneceu nos dados que assustam Nascidas em plena revolu o tecnol gica as crian as de hoje continuam gostando de brincar especialmente com videogame gameboy ou ou
318. s 217 Atitudes cavalheirescas hoje n o encontradas sequer nos adultos ilustram a representa o da inf ncia na foto acima O menino de joelhos oferece uma rosa menina que o aguarda A gravata e o chap u demonstram n o apenas a formalidade da situa o mas o car ter adulto da veste do garoto Trata se de uma foto bem bonita e discreta tamb m n o tem beijo na boca e ou poses e express es menos ing nuas para a inf ncia Mas mesmo assim representa uma circunst ncia pr pria do mundo adulto representada pelas crian as 218 Nesta foto temos a pequena menina sonhando provavelmente de maneira precoce com o pr ncipe encantado O vestido estampado at parece mesmo roupa de crian a mas as mangas bastante dobradas mostram que se trata de um figurino adulto O tamanho do chap u tamb m um indicador de que a crian a est vestida como adulta Entretanto trata se de uma imagem bonita que n o faz nenhum apelo direto ou imediato ao consumo ou ao fim de uma das idades mais gostosas da vida 219 Cena pouco vista hoje em dia essa foto nos remete ao sentimento de vergonha necess rio preserva o de toda inf ncia como alertara Neil Postman 1999 Trata se de uma foto um pouco antiga embora n o esteja datada que mostra uma menininha erguendo a saia e um menino bastante envergonhado cobrindo o rosto Demonstra a ingenuidade do ato da menina e o pudor do menino fazendo refletir como as crian
319. s cada qual como nica representa o v lida da realidade O corre que sob tal pretens o de racionalidade onipotente esquece se por vezes de ouvir a crian a naquilo que ela pensa sobres si pr pria Existe uma cultura pensada para a inf ncia A express o de tal cultura adv m por pr ticas familiares pela escolariza o formal pelos meios de comunica o de massa pelas artes e at pela cultura 100 acad mica Devem existir por m crian as capazes de contar de si de ser protagonistas e narradores de seu pr prio relato Ouvir essa voz parece nos ser condi o inarred vel para levar adiante o discurso moderno este pode se dizer traz consigo a virtude de reconhecer que pouco ainda sabemos sobre a fr gil poderosa e promissora condi o de ser crian a Boto 2002 58 A vis o particular das autoras Rita Pereira e Solange Jobim e Souza revela a tend ncia p s moderna segundo a qual o que somos decorre dos usos que fazemos da linguagem como se f ssemos criatura e n o criador A perspectiva p s moderna valoriza excessivamente a linguagem como se fosse uma realidade nica e nada mais existisse fora dela Concordo que a quest o da narra o da experi ncia do saber ouvir a crian a requer hoje aten o imensur vel Mas preciso uma perspectiva coerente como nos demonstra Boto 2002 Somos n s que constru mos nossa linguagem n o a linguagem que nos constr i como se estiv ssemos condenado
320. s o da maneira que espontaneamente acontecer Gramsci com essa sua den ncia pareceu antecipar uma das principais dificuldades que hoje vivenciamos em larga medida a dist ncia de comprometimento dos pais em rela o aos filhos O autor alerta ainda para o fato de que a omiss o educacional revela se tamb m na excessiva admira o e complac ncia dos adultos por tudo o que as crian as fazem elogiando pequenas atitudes e realiza es objetivamente banais e ou defeituosas As palavras de Gramsci sugerem que os adultos invertem as atitudes que deveriam tomar quando deveriam orientar na fase da inf ncia n o o fazem porque se maravilham com tudo que as crian as dizem ou fazem talvez at por um encantamento que essa fase da vida inevitavelmente desperta nos adultos na adolesc ncia quando deveriam permitir mais liberdade no que se refere s quest es citadas os adultos fazem o contr rio cobrando dos adolescentes aquilo que n o desenvolveram na inf ncia por sua pr pria culpa abandonam se as crian as como pequenos animaizinhos de estima o e quando adolescentes s o violentamente reprimidos e castigados Nosella 2004 123 O que deveria ser feito sugere Gramsci enquanto estrat gia educativo disciplinar seria o seguinte na fase pr puberdade a t tica deve se acentuar a disciplina externa enquanto na fase da adolesc ncia com a forma o impetuosa e arredia interven es externas deve se acentuar a disciplina inter
321. s o descentrados n o h necessidade e nem possibilidade de transforma o social via transforma es de consci ncia Levar as pessoas a pensarem por si pr prias constitui demonstra o de autoritarismo diz Silva 1993 136 Landon Bayer e Daniel Liston 1993 defendem a modernidade se apoiando na necessidade da universalidade da raz o uma vez que estudos localistas n o s o capazes de satisfazer as exig ncias de forma o do educador Al m disso a nfase no ouvir a voz do outro tem feito os p s modernos avessos a qualquer id ia de comunidade e a pr tica do verdadeiro di logo que deve estar sempre associado a um compromisso com a a o social Para estes autores a profiss o de educador exige constantemente a tomada de decis es que precisam estar alicer ada em raz es que as sustentem pois somos atores morais e a p s modernidade com suas caracter sticas n o nos oferecem alicerces que nos permitam lidar de maneira saud vel com elementos deliberativos da vida educacional cotidiana Svi Shapiro 1993 tamb m avesso id ia de p s modernidade afirma que a mesma quer abolir o projeto 82 iluminista sem perceber que ao fazer isso abra a novos mitos e inventa novos contos de fadas ideol gicos 1993 115 A p s modernidade tem como bra o armado a globaliza o e este processo est atrelado ao capitalismo neoliberal Podemos afirmar com certeza que a p s modernidade atua no campo cultural mas tamb m e ess
322. s a uma carreira de sucesso pois ajudam a desenvolver os principais cientistas da inform tica do futuro Ainda assim de um modo importante os computadores e a televis o s o mais parecidos do que freglentemente reconhecido ambos envolvem pessoas sentadas em frente a uma tela que os alimenta com uma r pida sucess o de imagens Tanto o computador como a televis o nos apresenta um mundo artificial que limita a nossa capacidade de experimentar o verdadeiro Devemos ter isso em mente ao 148 contemplar os poss veis efeitos do uso do computador sobre as crian as pequenas 2001 20 W Pereira 2003 reconhece a import ncia do computador como aux lio pedag gico inf ncia contempor nea argumentando que o mesmo requer minimamente uma alfabetiza o e a crian a diante desta m quina tem que pensar diferentemente do que faz para ter acesso TV onde a informa o espont nea e de gra a Embora se ap ie na vertente cr tica da ind stria cultural Pereira parece ser menos radical no que se refere rela o entre a inf ncia e alfabetiza o do que Armstrong e Casement Para estes mesmos autores a inform tica est reencenando a revolu o causada pela tecnologia da imprensa que transformou o modo de pensar das pessoas Quando crian as aprendem a usar o computador est o aprendendo muito mais que uma t cnica pois est o mudando suas rela es com o mundo ao seu redor alterando as percep es que as
323. s a ser o que a nossa linguagem revela que somos Pensar a crian a exige analisar o adulto e as rela es travadas entre eles Precisamos de um estudo comprometido que olhe acima de tudo para as reivindica es das crian as Entretanto a crian a bem mais que linguagem express o de si mesma que transborda em seu olhar em seus atos e em seu sil ncio Por isso opto por ouvi la n o por reduzi la linguagem Entender a p s modernidade significa mergulhar em seu mago todavia n o significa aderir a ela Ouvir a crian a buscar compreend la e n o reduzir sua riqueza interior a pura linguagem A quest o da linguagem me preocupa uma vez que para Wood 1999 cr tico da P s modernidade alguns p s modernistas se interessam por linguagem cultura e discurso mas para eles a sociedade n o semelhante l ngua ela a pr pria l ngua o que os leva a pensar que n o existe nenhum padr o externo de verdade Entretanto nossas crian as s o reais importante que pensemos numa nova maneira de educar condizente com os dias de 101 hoje mas preciso cautela se atualmente a inf ncia est em vias de se extinguir exatamente contra essa tend ncia que temos que lutar e n o a seu favor Por isso se faz t o necess rio o debate sobre a crian a real e o lugar que essa crian a ocupa na realidade Podemos dizer que hoje a realidade traduz se num cen rio banhado pelo novo que j nasce velho e pautado por valore
324. s e da moda que elas certamente n o possuem Das quinze crian as entrevistadas incluindo da 252 rede p blica e particular quatro demonstraram vontade de possuir a boneca Barbie e ou algum de seus acess rios duas gostariam de ter um v deo game e duas um computador sendo estas duas crian as da rede p blica de ensino A quest o de n mero cinco Voc brinca sozinho ou tem companhia de alguma maneira refor a a quest o n mero um e tamb m procura verificar quais s o os h bitos de brincadeira das crian as Na escola Azul das quinze crian as entrevistadas nove disseram brincar sozinhas pelo menos na maior parte do tempo Isso significa que provavelmente brincam mais fora da escola do que enquanto est o na mesma Na pr escola duas disseram brincar tamb m com os pais e os irm os Na primeira s rie apenas uma crian a mencionou brincar com os amigos na escola e outra disse brincar com os amigos no pr dio na segunda s rie duas crian as disseram que al m de brincar sozinhas brincam com os amigos mas tamb m em suas casas Parece que as fam lias das crian as das escolas particulares possuem o costume de limitar mais suas crian as em rela o companhias para as brincadeiras sugerindo um estilo de vida mais fechado nesse sentido apontando para uma privacidade maior no que se refere conviv ncia Na pr escola Luz tr s das cinco crian as entrevistadas disseram brincar quase sempre sozinhas das out
325. s e transmiss o estar amos tentados a aceitar um papel passivo da crian a no processo cultural Se for ineg vel a cumplicidade entre o conceito de inf ncia e aquilo que a pr pria autora chama de conforma o pedag gica essencial que essa cumplicidade se constitua em busca do que fundamental para o ser crian a hoje Isso significa levar em conta as rotinas escolares das crian as Para a autora as rotinas constroem a subjetividade das crian as e tamb m dos adultos das institui es Analisando o cotidiano de um centro de educa o e recrea o infantil a autora conta que o espontane smo enquanto manifesta o da subjetividade das educadoras observadas torna se uma rotina para as crian as que acabam se 309 acostumando e regulando seus comportamentos de acordo com a maneira de ser de cada educadora Wilke Fanco diz que dessa maneira as crian as acabam assumindo o papel de adultas mas ao mesmo tempo a autora chama a aten o para o fato de que uma vida organizada basicamente em fun o das expectativas e pretens es dos adultos tamb m transforma as crian as em adultos em miniatura Aludindo Ghiraldelli Jr 1995 a autora diz que se com a escola que a inf ncia se casa e se funde tamb m gra as a ela que a inf ncia est prestes a desaparecer derradeira a afirma o tecida pela autora a partir de minhas observa es passei a pensar em que medida os adultos nas institui es infantis poderiam
326. s ins litos o que influencia o modo de agir da crian a Segundo Pereira 2002 h no contexto contempor neo uma inf ncia impelida precocemente jovialialidade ao lado de uma velhice tratada como ex lio ou finitude O adulto olha para o mundo e suas experi ncias como forma de problemas pr ticos e filos ficos J para a crian a o desvendamento desse mundo bem como a compreens o das transforma es hist ricas encontra se circunscrito na esfera do l dico e atuando nessa esfera que originariamente a crian a passa a tomar consci ncia das suas interven es e re significar o lugar social que ocupa Pereira 2002 152 As rela es sociais tamb m s o deste modo muito influenciadas por esse novo contexto Adultos e crian as estabelecem entre si uma rela o autorit ria e essa rela o envolve um processo hist rico e social cuja origem est na consci ncia da diferencia o entre a inf ncia e a vida adulta Essa diferencia o gera desdobramentos que se expressam nas transforma es dos modos como os adultos e as crian as se posicionam frente a este contexto Recuperar a processualidade destas transforma es demanda uma recontextualiza o hist rica da inf ncia Estar amos hoje dispostos a realizar tal tarefa que significa comprometimento com as crian as e com o presente e futuro das mesmas Parto do princ pio que a constru o do conceito de inf ncia hist rica e o conceito Moderno pauta
327. s sete an es Pin quio que por sua vez aparece aprisionando Gepeto seu criador que interagem com personagens como os do filme Matrix por exemplo No final de um dos filmes todos os personagens aparecem numa grande festa dan ando Macarena Em sua propaganda fica claro que Shrek um desenho para todas as idades Entretanto possui vocabul rio trocadilhos e insinua es de mau gosto direcionadas aos adultos mas acess vel tamb m s crian as Shrek toma a vez de programas como Castelo R tim bum e Cocoric TV Cultura e S tio do Pica pau amarelo Globo E mesmo assim disputado e imitado pelas crian as Parece revelar o ind cio de um crescimento precoce das crian as que se distancia dos programas pensados para sua faixa et ria preferindo talvez induzidas pelos adultos programas que extrapolem seu universo de ingenuidade e fantasia Ao analisar a influ ncia da TV sobre a crian a necessariamente precisamos da ajuda mais pr xima das contribui es da teoria da ind stria cultural Wilmar Pereira em seu j citado estudo sobre a influ ncia da m dia sobre as crian as parte da seguinte hip tese a forma sofisticada que a ind stria cultural se imp e sobre o universo infantil acaba por restringir gradativamente o seu significado e ao mesmo tempo limita esse per odo a epis dios e h bitos que fazem parte do mundo dos adultos Deste modo o autor tem como pressuposto que a ind stria cultural nutre rela es estreitas
328. sados se assim quiserem Pereira enfatiza que precisamos criar uma nova alfabetiza o para enfrentar o desafio das novas tecnologias e de escritas diversas As novas tecnologias est o alterando todos os aspectos de nossa sociedade e cultura e por isso precisamos de novas alfabetiza es para compreend las O autor assegura 124 Estamos convencidos de que n o possu mos mais as bases seguras da concep o moderna e metaf sica de inf ncia Isso nos remete necessariamente para um trabalho criativo norteado por outros indicativos necess rio um olhar plural da inf ncia falar de uma inf ncia universal como unidade pode ser um equ voco ou at um modo de encobrir uma realidade Todavia uma certa universaliza o necess ria para que se possa enfrentar a quest o de refletir sobre ela sendo importante ter sempre presente que a inf ncia n o singular nem nica A inf ncia plural inf ncias W Pereira 2003 39 Penso ser importante neste momento indagar com mais profundidade que novos indicativos s o estes que dever o nortear um trabalho criativo para com a inf ncia A concep o moderna de inf ncia metaf sica Embora aponte a necessidade de um olhar universal sobre a inf ncia o autor parece n o ter total clareza do que seja essa vis o universal Feitas estas considera es penso que o trabalho com a poesia e literatura infantil seria uma tentativa de constru o de um di logo entre cria
329. samento filos fico e a inf ncia as liga es s o estreitas e t o antigas como a pr pria filosofia Gagnebin 1997 As autoras acreditam que a produ o do conhecimento acerca da inf ncia est ligada ao lugar social que a crian a ocupa na rela o com o outro Assim sendo as autoras esclarecem que foi com o projeto iluminista que se ampliaram as preocupa es com a inf ncia e que ela se tornou objeto da ci ncia entretanto a mesma concep o iluminista gerou um paradoxo a inf ncia tornou se deposit ria de algo que iria se revelar no futuro isto a imagem de homens dotados de raz o Deste ponto de vista caberia ent o educa o transformar aqueles pequenos e imperfeitos seres em homens dotados de linguagem Cabe enfatizar que de meu ponto de vista nem o iluminismo e nem a Modernidade e seus ideais tinham esse objetivo posto pelas autoras De qualquer modo na perspectiva de Pereira e Souza 89 O entendimento moderno do conceito de inf ncia admite a verdade como certeza e assume a responsabilidade de explicar organizar catalogar e racionalizar o tfeal e o ser na sua totalidade nesse contexto que a ci ncia transforma o sentimento dos modernos em rela o inf ncia de modo radical fazendo dela um objeto de investiga o At ent o a inf ncia encontrava se imersa no bojo do desconhecido e do misterioso e cabia ci ncia o papel de desencant la Pereira e Souza 1998 29 Pereira e Souza us
330. sas mudan as mas ainda parece haver dificuldade em conjugar o ritmo do tempo na escola e o ritmo do tempo vivido pelo aluno fora dela Campos e Souza 2002 145 119 Os desenhos animados procurados e assistidos pelas crian as s o aqueles que trazem viol ncia competi o preconceito al m de superexcitar o comportamento das crian as que demonstram agita o excessiva e agressividade ao assisti los Como resultado de um trabalho realizado durante a disciplina gest o educacional com alunos de um curso normal superior foi elaborada uma an lise sobre desenhos animados para as crian as tendo como crit rio de escolha os desenhos mais citados pelas crian as com as quais os alunos trabalhavam e os saudosamente lembrados com base em sua inf ncia passada Vejamos o resultado 2004 Analisamos at o momento os seguintes desenhos os atuais Menininhas Superpoderosas Craig Mccrackene Pokemon Satoshi Tajiri os mais antigos os de Hannah Barbera e Snoop Charles Schulz A turma da M nica Maur cio de Souza tamb m foi analisado entretanto pertence tanto s d cadas de 80 e 90 como permanece nos dias de hoje percebemos que os desenhos da turma da M nica desenvolvem o respeito s diferen as al m de retratar traquinagens naturais das crian as que n o prejudicam os amigos mas apenas oferecem a elas regalias tempor rias como os planos infal veis de Cebolinha e Casc o Al m disso as crian as se respeitam
331. scimento sem empecilhos De fato dedicou toda sua vida adulta tentativa de alcan ar a felicidade para o maior n mero poss vel de crian as Lewowicki Singer Murahovschi 1998 11 II II Froebel e a Educa o do Homem Tentemos ver o homem na crian a consideremos a vida do homem e a humanidade na inf ncia Reconhe amos na crian a o germe de toda a atividade futura do homem Assim deve ser Para que o homem se desenvolva totalmente na sua humanidade preciso que se veja na crian a reduzida unidade totalidade das rela es e dos aspectos da exist ncia Por m a unidade n o pode manifestar se mais que se desdobrando em m ltiplas singularidades e essa pluralidade de manifesta es se expressam por uma sucess o por uma s rie Por isso o mundo e a vida se desenvolvem na crian a e para a crian a s em forma de particularidades s em s rie E necess rio tamb m que as 19 diversas energias as atitudes as v rias atividades dos membros e sentidos sejam desenvolvidos e educados naquela mesma necess ria sucess o naquela mesma ordem em que apare am para a crian a Froebel 2001 41 Friedrich A Froebel 1782 1852 trabalhou com Pestalozzi e na Pr ssia atribuiu vida as sua id ia de atividade associada liberdade Em 1783 Froebel criador dos jardins de inf ncia inaugura sua primeira escola para os pequeninos baseando se na met fora do jardineiro respons vel pelo
332. scola em quest o as cinco crian as afirmaram brincar uma disse brincar sozinha tr s com os amigos e uma com a irm todas disseram brincar em casa de v deo game futebol bicicleta boneca e casinha Nenhuma mencionou a escola como lugar onde brincam De fato nas s ries iniciais do ensino fundamental da escola Azul o espa o de brincadeiras livres das crian as acaba se limitando quase que ao hor rio de recreio que dura cerca de vinte minutos Como j disse as crian as estudam ingl s filosofia assistem v deos educativos trocam de ambientes mas isso n o parece ser suficiente para que elas se sintam participantes de uma situa o de brincadeira sentindo deste modo falta de espa o para sua espontaneidade Na escola de periferia intitulada Luz as cinco crian as entrevistadas brincam Tr s crian as brincam com os amigos em casa a menina brinca de mam e e filhinha escolinha pega pega e esconde esconde um menino listou brinco com meu ramster com o computador com minha ferrari de controle carrinho de pol cia correr e pular a m e n o deixa Outro menino tamb m elencou brinco com um baralho espanhol e brasileiro com bola de cara e coroa de play station pega pega esconde esconde de desenhar Uma crian a disse brincar com a irm de boneca e outra com o seu animal de estima o um gato com o qual brinca de mam e e filhinho e tamb m de ursinho Na escola C u tamb m periferia 100 das crian as
333. se 11 e n o mais crian a Sou crian a at os 14 anos depois disso n o assiste muito desenho p ra de brincar e s vezes tem at que trabalhar Sim sou crian a at 09 anos porque a partir de 10 j jovem Uma crian a da primeira s rie sete anos surpreendeu pela resposta Eu sou crian a mas j tenho carteira cheque cart o de banco e outras coisas mais de adultos Embora pare a um exemplo daquilo que chamei nesse trabalho de adulto p s moderno em miniatura a fala dessa crian a ainda mant m uma distin o entre coisas que s o pr prias da 240 inf ncia e outras espec ficas da idade adulta desse modo a crian a em quest o parece transitar pelo mundo dos adultos sem abrir m o de ser crian a o que em minha an lise j uma vit ria Na escola p blica 100 das crian as disseram que s o crian as seis crian as 40 disseram que abandonamos a inf ncia a partir dos dez anos Importante enfatizar que duas crian as da escola p blica colocaram que deixamos de ser crian as com sete anos de idade porque da entramos para a escola ensino fundamental Como j pontuei na quest o anterior essas falas podem estabelecer rela es com o fato de que na escola de ensino fundamental as brincadeiras sofrem redu o de espa o e tempo em fun o de atividades mais formais ou at mesmo o ler e escrever convencional que para muitos pode significar o passaporte de acesso para a vid
334. se referindo a um canal de TV a cabo cuja programa o composta essencialmente por desenhos animados que s o transmitidos nos mais diversos hor rios da a possibilidade digo realidade apontada pela crian a de assistir os desenhos na companhia do pai Ass sto desenhos do SBT e da Globo A Pequena Sereia Jackie Shan Power Rangers assisto sozinho Tamb m assisto novelas com minha m e e minha irm A crian a revela assistir os canais convencionais A pequena sereia s o epis dios de desenhos baseados no cl ssico da Disney os Power rangers conforme j descrito epis dios de filmes que retratam lutas e viol ncia embora sempre em prol de causas justas e Jackie Shan epis dios de desenhos baseado nos filmes de luta do her i japon s Novelas a crian a assiste acompanhada da fam lia Ass sto desenhos Sozinho ou ent o com meu irm o Essa crian a disse n o lembrar o nome de nenhum desenho pois assiste todos e assiste em casa pois revela v los sozinho ou com o irm o Sim assisto s desenhos O que eu mais gosto da pequena sereia mas eu assisto sozinha mas ningu m gosta na minha casa Esta crian a tamb m assiste canais convencionais no caso a Globo e no hor rio que est em casa Assisto Ubumafu um desenho de macaquinho que passa na TV Cultura tamb m assisto T moti que um guaxinim e o pequeno urso Assisto em casa sozinho S novela que eu assisto com meu pai e minha m e
335. se tratava de um sentimento de maturidade precoce n o de qualquer tipo de necessidade ou descaso dos pais Cuido de meus passarinhos calopsitas n o n o cuido eu sou cuidado sou crian a ainda A resposta dessa crian a surpreendeu pela sensibilidade demonstrando uma clareza provavelmente despertada pela fala dos pais no que se refere necessidade e ao direito que toda crian a tem 259 a todos os tipos de cuidados nessa fase da vida Cuido de meu cachorro Lucky e de meu peixinho o Anaquim Essa crian a assim como as outras duas que responderam cuidar de seus animais parecem possuir um senso de responsabilidade fundamental tamb m para a inf ncia mas numa medida adequada que n o fere o direito da mesma a ser crian a exigindo dela mais do que capaz de oferecer no momento Al m disso essas crian as concebem o cuidar como uma quest o de responsabilidade necessidade e tamb m carinho pois demonstraram bastante satisfa o na resposta a essa quest o J as crian as da primeira s rie da mesma escola responderam n o cuido de ningu m ajudo minha v a cuidar de meu irm o cuido s de meus animais n o mas se eu tivesse um irm ozinho eu cuidaria dele n o n o sou adulto Tr s dessas crian as a dona da primeira da terceira e da quinta resposta pareceram demonstrar de maneira evidente que cuidar de algu m coisa de adulto ou no m ximo a crian a pode cuidar de seus
336. secu o de uma sociedade mais justa Mas importante enfatizar tamb m que a escola precisa mesclar a essa sua responsabilidade a alegria proporcionada pela atividade de brincar Independente da classe social a que pertencem como o resultado dessa entrevista demonstrou de um modo geral as crian as t m necessidade de tempo e espa o para isso Iniciar e aperfei oar as crian as na aquisi o da oralidade leitura e escrita na alfabetiza o n o pressup e que as mesmas necessariamente sejam banidas da atmosfera infantil na medida em que essas pr ticas podem ser trabalhadas com os pequenos de maneira l dica e significativa de modo que cada um viva sua inf ncia no seu ritmo entendendo a escola como institui o mediadora entre eles e o mundo feita de regras mas permeada pela espontaneidade pr pria de um espa o ao qual cabe tamb m a promo o da alegria A parte VI do question rio procurou conhecer e dimensionar a influ ncia da produ o cultural sobre as crian as e refletir que tipo de realidade social sofre mais ou menos a interfer ncia dessa cultura A primeira quest o deste ltimo bloco foi a seguinte Voc assiste TV Quais programas Voc assiste estes programas sozinho ou com algu m As crian as da pr escola da rede particular responderam e elencaram Sim assisto muitos desenhos Meu canal preferido Jet Sky s vezes eu assisto sozinho outras vezes assisto com meu pai 271 A crian a est
337. senta um adulto em propor o reduzida e podemos perceber isso pelos tra os grosseiros dos bra os e pernas bem como pelos tra os e express o do rosto da crian a O menino est vestido como um jogador de basebol com as roupinhas grandes inclusive N o parece representar uma brincadeira mas uma responsabilidade adulta revelada pela express o preocupada do garoto Certamente chama a aten o exatamente por essas caracter sticas 184 A hora do banho enquanto momento de brincadeira assim deveria ser a inf ncia aproveitada e vivida intensamente e de maneira l dica em todos os momentos Foto n o comercial que revela que a crian a encontra alegria e prazer nas coisas mais simples da vida capacidade que perdemos quanto mais nos afastamos da inf ncia 185 A pintura acima demonstra o trabalho da menina pastora e em alguma medida nos faz pensar sobre a rela o existente entre trabalho e brincadeira bem como na maneira como essa rela o encarada pelas diferentes classes sociais Trata se de uma imagem bem feita mas que talvez n o encante exatamente por mostrar a crian a numa situa o de aparente trabalho que aparece num primeiro momento aos nossos olhos incompat vel com uma situa o de brincadeira Encantamo nos quando vemos a imagem de uma crian a brincando mas na realidade permitimos que o momento da brincadeira aconte a 186 No mesmo estilo da foto anterior essa
338. seu modelo cientificista e a hist rico supostamente moderno de pensar a inf ncia com o seguinte di logo clik Andr quatro anos colocado na berlinda O que voc vai ser quando crescer resposta imediata ora um Andr grande Pereira e Souza 1998 32 A fala desta crian a revela em minha an lise particular que a ci ncia nos fundamental para o estudo da inf ncia mas a voz da crian a a mat ria prima capaz de demonstrar na simplicidade de sua mensagem que somente a ci ncia insuficiente se n o nos dispusermos a ouvir a voz das crian as Tomando a fala de Andr e analisando a condi o contempor nea as autoras fazem refer ncia a Benjamim 1987 33 e sua an lise de Angelus Novus quadro do pintor Paul Klee nos esclarecendo por analogia A crian a no mundo moderno tamb m veste as asas do anjo da hist ria O que voc vai ser quando crescer Crescer Futuro As asas abertas talvez n o signifiquem promessas de v o Seriedade Sisudez preciso tornar se sujeito de raz o Prontid o Amadurecimento Pressa Rotina catalogada escola ingl s jud inform tica nata o ufa Crian as vivendo na rua Trabalho Infantil Erotiza o Prostitui o Objeto de consumo Apressamento da inf ncia Empurrada seduzida cada vez mais 92 para o futuro o mundo adulto contempla o passado e acumula ru nas a seus p s brinquedo fantasia peraltice imagina o burburinho J uma mocinh
339. simula es parecem fazer com que as crian as n o desenvolvam a responsabilidade por seus atos a vida n o um programa que quando d algo errado basta abri lo e fech lo novamente Refletindo sobre a necessidade do resgate das atividades cient ficas pr ticas temos que os educadores devem ensinar s crian as a terem confian a nas evid ncias de seus pr prios sentidos pois essa uma das li es mais importantes a transmitir Armstrong e Casement 2001 204 Os programas eletr nicos de computador que substituem o universo real e concreto podem dar crian a como j foi dito acima uma falsa id ia de seu relacionamento com o mundo natural Como acessar uma imagem ou videoclipe de um determinado animal ou habitat t o f cil as crian as desenvolvem a impress o de que a natureza est convenientemente na ponta de seus dedos e de que seus processos podem ser manipulados e acelerados ou servidos para ela em um formato f cil de ler Isso representa uma m prepara o para a aprecia o e o entendimento das realidades da natureza pois o estudo da natureza requer uma grande quantidade de observa o paciente e s vezes possui dificuldades consider veis O mundo natural n o funciona por demanda e grande parte dele encontra se em regi es remotas que s o atingidas com dificuldade e possuem climas in spitos Ironicamente os programas projetados para encorajar um interesse na natureza podem ter um efeito opos
340. sinteressadas corajosas ou covardes espertas ou est pidas perseverantes ou pregui osas Elas lidavam com as motiva es humanas mais b sicas e as mais poderosas a es humanas Com a chegada da televis o e agora mais ainda com a Intemet a vida de fantasia das crian as foi invadida por uma 160 gama de criaturas unidimensionais descart veis cujo nico prop sito o de capitalizar esses la os emocionais com o intuito de transformar as crian as em consumidores para a vida toda 2 Outro dado importante de pesquisa poca 2003 a preocupa o excessiva das crian as com a apar ncia Quase metade 445 delas temem ser gordinha e 145 consumem produtos de baixas calorias As meninas est o na frente nesse quesito Abreu membro da Sociedade Americana de Pediatria diz que j atendeu casos de anorexia Sobre as crian as explica infelizmente elas est o sendo estimuladas a adotar valores que n o condizem com sua idade Crian as inseguras fazem qualquer coisa para ser aceitas at emagrecer 2003 74 Um ter o das crian as brasileiras garante ter o poder de decis o ao comprar roupas assunto de grande interesse para 65 delas Al m disso as meninas preferem batons perfumes e acess rios para os cabelos E mais As crian as s o consumistas sim e n o negam Mais que isto est o estressadas pela press o de ter o que os outros t m Isso cria problemas para o desenvolvimento de sua identidade independe
341. sp ritos cren a tipicamente adulta Al m disso o brinquedo tamb m condicionado pela cultura econ mica e muito em especial pela cultura t cnica das coletividades Tamb m discutindo sobre a hist ria do brinquedo Ketzer comenta que o cen rio que compunha a vida das gera es passadas afunda ou o bodoque o jogo de amarelinha ou sapata as tr s marias a pandorga o papagaio a pipa a boneca de pano o carrinho de m o o bambol o passa anel a corda o pi o o bilboqu a bola de gude o telefone sem fio povoaram os sonhos de meninos e meninas assim como a magia exercida pelo circo palha os malabaristas m gicos Para a autora tudo isso foi esquecido pela for a do impulso industrial vivido pelos pais principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial esclarece que n o se trata de atribuir um papel perverso ind stria cultural mas sim alertar para sua for a de penetra o entre as crian as por meio dos produtos que afetam seu imagin rio e atuam no controle e manipula o de suas opini es O importante seria ent o que s crian as fossem oferecidas com frequ ncia formas de acesso a todos os bens culturais e consequentemente a outras linguagens tamb m Discutindo sobre o papel da escola neste contexto preciso refletir sobre o que faz bem e o que faz mal forma o do infante E o educador tem que estar consciente de que o seu papel n o o mesmo desempenhado pela televis o As linguagens e a g
342. ss ncia do homem mesmo mas principalmente a leis claras constantes marcadas pela pr pria natureza das coisas leis s quais o sujeito e o objeto est o de iguais modos submetidos pois a escola o lugar onde o homem adquire o conhecimento essencial dos objetos exteriores segundo as leis particulares de cada um deles e as leis gerais do mundo Mediante o estudo do externo do particular do variado vai at o interior universal e nico O garoto se converte em aluno Nesse per odo da vida desvela se para o menino a escola seja fora de casa no seio mesmo da fam lia e tendo o pai por mestre Ao falar de escola n o queremos nos referir exclusivamente aos estabelecimentos que levam esse nome mas 33 em geral transmiss o consciente de conhecimentos relacionados e ordenados entre si e dirigidos a um determinado fim Froebel 2001 70 Isto posto Froebel assinala que os pais n o devem se esquecer que o menino com sua inocente atividade tende a se manifestar da mesma maneira que as coisas de fora se apresentam deste modo o menino pequeno trabalhar pela pr pria a o e o garoto pelo resultado obtido transformando se o primitivo instinto de atividade em instinto de produ o que caracteriza a vida deste ltimo O desenvolvimento deste instinto de produ o requer dos adultos e principalmente dos pais mod stia e sacrif cios uma vez que agora n o se trata mais de uma imita o da vida dom st
343. ss procura o rg o mais enfraquecido para se manifestar importante saber todavia que o stress n o o causador dessas doen as ele enfraquece o organismo deixando que problemas latentes apare am O in cio do processo de stress manifesta se por meio de sintomas como m os frias cora o acelerado ins nia tens o muscular e irritabilidade Estes sintomas ocorrem em todas as pessoas Algum tempo depois dois outros sinais ocorrem tamb m em quase todos que est o estressados o acordar cansado e dificuldades de mem ria importante para a crian a vivenciar momentos de stress a fim de que o inocule vacine se emocionalmente contra o stress maior Isto deve ser entendido da seguinte maneira os pais n o devem dar total prote o em todas as situa es que a crian a dever enfrentar uma vez que uma crian a excessivamente poupada n o tem chance de viver de forma saud vel no mundo stressante que temos hoje Avalio essa postura como uma tentativa de promover de alguma maneira uma educa o para a resili ncia conceito bastante trabalhado hoje pela psicologia mas n o abarcado nesta tese que se caracteriza pela capacidade que 162 a crian a desenvolve de se sair cada vez melhor e mais fortalecida diante das adversidades da vida Muitas vezes os pais ficam confusos quanto ao que fazer para melhorar a disciplina dos seus filhos ora elogiam ora usam a s plica como meio de tentar convenc los outras v
344. ssa dire o independente de o her i tomar alguma atitude enquanto na est ria de fadas s o os feitos do her i que modificam a sua vida Betelheim 1980 no m nimo instigante supor uma an lise de Bettelheim diante da obra O patinho realmente feio e outras hist rias malucas a galinha burrinha a menina do shortinho vermelho o problema de Jo o p de feij o a tartaruga e o p lo do coelho cinderumpelstiltskin o homenzinho do queijo fedorento e muito mais 1997 cuja introdu o avisa de imediato H muito muito tempo atr s as pessoas costumavam contar hist rias m gicas cheias de fatos maravilhosos e extraordin rios Essas hist rias se chamavam contos de fadas Mas estas hist rias n o constam desse livro As hist rias deste livro s o quase contos de fadas Mas na verdade n o s o O que este livro cont m s o hist rias malucas Esquisitas Bobas Realmente Bobas O que voc diria de uma hist ria chamada A menina dos cachinhos de ouro e os tr s elefantes Imagine s uma menina est passeando pelo bosque e sente um cheirinho de mingau com amendoim A ela resolve invadir a casa dos elefantes comer o mingau sentar nas cadeiras e dormir nas camas Mas quando entra na casa ela n o consegue subir na cadeira do beb elefante porque muito grande Tamb m n o consegue subir na cadeira da mam e elefante porque enorme e tamb m n o consegue subir na cadeira do papai elefante porque i
345. ssa e com mais seguran a se andassem simplesmente cal ados mas n o se mortificariam Andam sobre as m os exigem que fa amos como eles muito simplesmente para nos submeter a uma prova Outros ganham o c u a arrastar se sobre os joelhos n s arriscamo nos a ganhar um pergaminho ao andar sobre as m os YFreinet 1973 81 Novas t cnicas s o condi es essenciais para a constru o da Escola Moderna Mas coer ncia bom senso e cautela s o na mesma medida necess rios podemos achar desusado o arado ou a carro a e preferir lhes o trator sem que qualquer sentimento de censura ou desaprova o agrave as compara es que se imp em no entanto fazendo rolar lado a lado a carro a e o tractor que se avaliam verdadeiramente os progressos t cnicos e humanos a explorar e a refor ar Freinet 1973 114 Em outras palavras a constru o de novos m todos requer o conhecimento do passado e a compreens o cr tica do presente Essa a 56 condi o de solidez de uma proposta educacional que procura formar homens felizes Nos tempos de hoje onde a incerteza parece operar em todos os mbitos e o conceito cl ssico de tempo formado por presente passado e futuro foi substitu do pelo presentismo Benedeto Croce 1972 o bom senso no sentido freinetiano entendido como uma barreira para a pr tica da novidade e tamb m para a ado o desmedida de modismos pedag gicos Exaltando a import ncia e sabedoria dos jardineir
346. ssas nossas crian as na juventude Acredito que a TV diminua a capacidade de imagina o por parte da crian a em compara o com aquela crian a que foi formada com um s lido h bito de leitura a TV ainda favorece a passividade o sedentarismo e a imita o de modelos que nem sempre s o desej veis Luiz Lobo 1990 escreve que as crian as quando assistem TV s o influenciadas tanto fisicamente como psiquicamente As crian as s o envolvidas pela situa o televisiva e 110 identificam se com personagens o que nem sempre ocorre de imediato mas o c rebro armazena a identifica o e a busca quando estimulado acontece ent o por parte da crian a a imita o do que foi assistido A crian a que convive com a viol ncia por exemplo ao assistir situa es do mesmo tipo na TV passa a encarar a viol ncia como natural J um artigo de Revista de grande circula o no Brasil traz dados interessantes em rela o ao assunto em tela um estudo realizado pela universidade de Michigan comparou a viol ncia vista pelas crian as na TV com a praticada por eles na vida adulta Entre 1977 e 1979 foram feitas 557 entrevistas com crian as entre seis e dez anos O objetivo era saber quais os programas preferidos e com que frequ ncia assistiam Quinze anos depois os pesquisadores voltaram a 329 delas e comparando as informa es pr vias com a an lise de sue comportamento naquele momento conclu ram que meninos e meninas que tive
347. st ria pode e deve ser refeito e recontado a inf ncia a idade adulta e a velhice j n o se apresentam como encadeamento causal inerente a uma processualidade linear mas 93 como categorias sociais hist ricas e culturais que recomp em permanentemente a experi ncia vivida Ao suposto despreparo infantil para compreender a realidade Walter Benjamim justap es a tese de que a crian a reconstr i o mundo baseada em seu olhar infantil em rela o ao idoso afirma ser ele o guardi o da tradi o e da experi ncia Assim a vida humana pode ser pensada luz dos conceitos benjaminianos de origem e ru na em que a crian a n o o ponto zero da exist ncia humana nem a velhice seu ponto final As constru es de um indiv duo ao longo da vida n o desaparecem com sua morte transcendem na ao transformar se em cria o coletiva de uma poca Pereira e Souza 1998 35 O di logo desvalorizado na contemporaneidade assim como cada fase da vida banalizada inclusive a inf ncia e n o mais interpretada como nica e especial O conceito de experi ncia de W Benjamim trabalhado de forma discreta pelas autoras assim como a arte de narrar que al m de aproximar crian as e adultos nos fazem pensar sobre nossa pr pria inf ncia Nesse sentido retomando a id ia do entrecruzamento temporal 1998 36 as autoras esclarecem que a crian a e o idoso t m a peculiaridade de contar hist rias A inf
348. st ria como mecanismo utilizado para fazer a pr pria hist ria n o um princ pio aplic vel em todas as pocas ele deveria ser sim entendido enquanto uso do passado para entendimento do presente o que daria a esse mecanismo certa autonomia em rela o id ia de respeito ao passado Nesta perspectiva poderia se romper com o passado enfatizando dele apenas aquilo que pode ser justificado como testemunho A historicidade seria uma primeira orienta o para o futuro enquanto aberto mesmo que esse traga condicionantes que interferir o como alongamento tempo espa o que proporcionado pelas condi es da modernidade a ruptura com as concep es providenciais da hist ria a dissolu o da aceita o de fundamentos juntos com a emerg ncia do pensamento contratatual orientado para o futuro e o escamoteamento do progresso pela mudan a cont nua s o t o diferentes das perspectivas centrais do iluminismo que chegam a justificar a concep o de que ocorreram transi es de longo alcance Referir se a estas no entanto como p s modernidade um equivoco que impede uma compreens o mais precisa de sua natureza e implica es Giddens 1991 56 Pelas palavras de Giddens podemos compreender que estamos vivendo um momento de radicaliza o da modernidade e n o uma passagem para algo que v al m do moderno a modernidade estaria se colocando em cheque o que justificaria a reflexividade moderna uma vez que a modernidade n
349. steja preparada para isso Insistindo neste caso podemos levar a crian a depress o e ao desalento O ideal para evitarmos estes erros ajudar a crian a a atuar de forma pr pria sobre aquilo que est ao seu alcance J para Lipovetsky 2004 o stress precisa ser encarado de maneira natural o autor escreve que estamos numa sociedade esquizofr nica em que convivem de um lado uma funcionalidade da t cnica da ci ncia que trabalha cada vez mais crit rios mensur veis de efic cia e operacionalidade paralelamente assistimos ascens o de comportamentos disfuncionais encarados como patologias Questionado se essa desfuncionalidade um contrapeso ou uma consequ ncia da tecnoci ncia o autor responde que uma consequ ncia mas n o direta da tecnoci ncia mas sim da hiperindividualiza o O grande problema da hipermodemnidade n o tanto a disfuncionalidade mas a fragilza o dos indiv duos suic dio ansiedade depress o medo dos desastres ecol gicos medo dos pais medo da AIDS medo de envelhecer medo do desemprego a modernidade tinha a confian a no futuro agora temos a d vida Uma sociedade complexa e paradoxal porque se de um lado se estimula o prazer o hedonismo o consumo as f rias a moda de outro uma sociedade que produz muita ansiedade e psicopatologias 2004 06 HI IX Finalizando o cap tulo o porqu dessas considera es Pode parecer contradit rio num primeiro
350. stemunho da for a e habilidade de sua estrat gia de rela es p blicas Poucos americanos pensam segundo Kincheloe em como os interesses do poder na grande sociedade induzem as pessoas a adotar os comportamentos desejados Baseado em Giroux 1998 Kincheloe diz que tais comunica es s o destinadas a conquistar a aprova o ou o consentimento dos cidad os para as atitudes tomadas pelas elites do poder E o papel da empresa nessa din mica de poder ilustra o processo em grande escala Se alguma organiza o tem o poder de moldar as vidas das crian as de Peoria a Moscou essa empresa o McDonald s 155 A constru o de quem somos e do que acreditamos n o pode ser separada dos esfor os do poder Poder como o usado em seu texto nos alerta Kincheloe n o nem macro nem micro n o confia tanto na legalidade nem na coer o o poder como tem evolu do no final do s culo XX mant m sua legitimidade de formas muito mais sutis e eficazes O autor considera o poder gerado pelo uso que as empresas fazem da m dia para se definir n o apenas como uma institui o americana mas como a pr pria Am rica Ray Kroc dono do McDonald s segundo o autor entendeu desde o come o que tinha n o simplesmente que vender hamb rgueres mas vender Am rica uma vis o dela pr pria Ele esfor ou se por associar o que significa ser americano ao McDonald s O McDonald s e outras lanchonetes anunciadas descobriram um enorme e antes n o
351. sua assertiva as crian as desadoram os brinquedos que dizem tudo preferindo os toscos onde a imagina o colabore Entre um polichinelo e um sabugo acabam conservando o sabugo que este ora um homem ora uma mulher ora carro ora boi o polichinelo sempre um raio de polichinelo Lobato apud Ketzer 2003 Benjamim 2002 nesta mesma linha denuncia que o adulto ao tentar escolher o brinquedo para a crian a desconsiderando sua atra o pelos materiais simples est interpretando a seu modo a personalidade infantil Para ele a brincadeira da crian a n o determinada pelo conte do do brinquedo e sim o contr rio Quanto mais atraentes no sentido corrente s o os brinquedos mais se distanciam dos instrumentos de brincar quanto mais ilimitadamente a imita o se manifesta neles tanto mais se distanciam da brincadeira viva Benjamim com essas id ias n o pretende convencer de que o conceito de brinquedo deve ser buscado apenas na an lise do esp rito infantil mas 133 em um di logo de sinais entre a crian a e o povo Deste modo n o s o simplesmente as pr prias crian as movidas por suas pr prias necessidades que determinam todos os seus brinquedos e exemplo disso revela se quando o adulto justifica o chocalho nas m os de uma crian a porque a audi o o primeiro sentido a exigir atividade e na verdade o chocalho era usado desde h muito como instrumento capaz de afastar os maus e
352. sua vis o a sua maneira de ser Aquilo que o que o adulto acredita ser bom para a crian a o que prevalece mas nem sempre o que prevalece o mais indicado para a crian a A autora diz que na verdade pode se dizer que se aliena e se constr i a inf ncia a partir do outro que n o infantil O grande n mero de responsabilidades e tarefas tais como computa o ingl s jud nata o que se atribu ram inf ncia no decorrer dos tempos parece ser uma armadilha cultural para que as crian as n o tenham tempo de serem crian as A quest o das vestimentas e roupas infantis assim como o desaparecimento dos jogos infantis s o armadilhas que possuem como bra o armado a m dia Neste sentido a autora reflete que hoje vivemos entre dois extremos a inf ncia em destaque porque nunca se falou tanto em direitos da crian a mas tamb m vivemos situa es de 307 descaso e viol ncia infantil por demais Ao mesmo tempo vivemos um tempo em que a inf ncia nos surpreende e at nos amedronta filmes e fotos mostram diferentes realidades de vida das crian as e a estaria o perigo imagens de crian as sem direito inf ncia passam a ser t o frequentes que podemos acabar esquecendo o que significa o que deve ser e o que a inf ncia Essa insensibilidade provocada pela m dia pode e est nos tornando insens veis a realidades desumanas Tentando demonstrar sensibilidade a autora passa a analisar a cumplicidade da escola para com
353. te funcional n o contribuindo para transmitir as dimens es intelectuais emocionais e imaginativas da leitura por prazer e por imagina o Existe tamb m a possibilidade de que por estarem condicionadas a esperar por algo mais interessante do que somente textos na tela do computador as crian as venham a desvalorizar o texto em si concentrando se nos aspectos de anima o e ilustra o da tela 151 Al m disto posto mesmo lendo o que v na tela a crian a pode n o conseguir absorver seu conte do uma vez que a escrita eletr nica carece da estrutura e perman ncia da escrita no papel o conte do de um livro permanece fisicamente presente na totalidade permitindo que a mente se mova no seu pr prio ritmo j o texto eletr nico pode vir a ser confuso em sua din mica promovendo que a mente fique parada enquanto o texto passa 2001 96 Tecnologia nem sempre significa melhores resultados A consci ncia dessa assertiva deve colaborar para que valorizemos atividades simples que entretanto desenvolvem imenso potencial em rela o alfabetiza o infantil e desenvolvimento da criatividade como o ler alto hist rias infantis para as crian as pertinente questionar em fun o disso a fic o interativa permitida pelo computador Hist rias em hipertexto sacrificam grandemente a participa o direta do leitor Nossa capacidade de nos identificarmos com mundos fict cios o que torna a fic o t o interessante
354. te em n o conceber a plenitude de cada fase da vida como se a mesma fosse uma incessante busca de uma poca ideal que precisa ser resgatada e ou superada A m dia influencia exacerbando essa insatisfa o humana Lipovetsky acredita ainda que a m dia tem limites Em rela o ao papel exato da m dia hoje diz que ainda consider vel uma vez que a tradi o n o tem mais a for a de antigamente portanto na m dia que as informa es s o veiculadas E ainda pode se analisar a m dia como algo que vem condicionar as pessoas mas pode se tamb m dizer que ela contribui para uma maior reflexividade 2004 07 As m dias ocupam o vazio deixado pela crise da legitimidade da sociedade hipermoderna mas de uma maneira inteiramente diferente porque a tradi o n o se discute ela n o permite o questionamento a tradi o a repeti o enquanto a m dia em tese retransmite uma informa o para fazer mudar 2004 07 Na reportagem de Fernanda Colavitti 2002 publicada tamb m em revista de grande circula o no Brasil temos a constata o de que enquanto aumenta a velocidade da 115 informa o diminui a capacidade de nosso c rebro armazen la Segundo a reportagem cientistas do mundo todo s o un nimes ao associar a rapidez das informa es geradas pelo mundo digital com a restri o de nosso disco r gido natural Enfatizam que o problema n o est nas novas tecnologias mas no uso exagerado de
355. te o livro Mundo de brinquedos a primeira id ia que surge para quem entra na brinquedoteca Brinquedos variados coloridos novos e usados de madeira pl stico metal pano aquele da propaganda um outro com que nossos pais brincavam ou aquele que desejado mas muito caro Brinquedos que v o ser capazes de realizar sonhos desmistificar fantasias ou simplesmente estimular a crian a a brincar livremente Por m a brinquedoteca n o s um monte de brinquedos s o objetos que n o t m vida em uma estante mas que quando chegam s m os das crian as ganham vida Para n s educadores a brinquedoteca tem como principal dentre seus muitos objetivos o de poder analisar observar a prefer ncia da crian a ou seja O interesse que ela demonstra por determinado brinquedo dentro de um espa o bem estruturado Numa brinquedoteca sob orienta o e observa o de algu m comprometido pedagogicamente at mesmo os brinquedos t o cultuados pela m dia podem desempenhar um papel educativo Neste sentido penso que s o importantes as considera es de Ketzer quando ressalta que mais importante que bombardear a influ ncia que a ind stria cultural exerce sobre as crian as aqui me refiro divulga o de brinquedos da moda trabalhar para que seus efeitos perversos deixem de assim ser 141 O filme Em busca da Terra do Nunca Finding Neverland de Marc Forster ao contar a inspira o de Barrie na busca da elabora
356. ter dominado a percep o p blica do significado da educa o de maneira a promover a id ia de que talvez nada de valor pudesse acontecer nas escolas sem envolver computadores tecem considera es sobre aspectos que tamb m merecem ser considerados nesse trabalho Para os autores desde a metade da d cada de 90 tem havido um enfoque na Internet enquanto ferramenta universal de comunica o e pesquisa capaz de conectar os estudantes e crian as com o mundo das telecomunica es globais preciso considerar que este fato tamb m ir expor os jovens e crian as a aspectos menos desej veis do mundo real como a pornografia a pedofilia e a literatura xen foba O dilema est posto de um lado maior liberdade de outro necessidade de um controle maior por parte dos pais e educadores que nem sempre percebido Os autores escrevem ainda que os computadores j come am a rivalizar com a televis o como possibilidade de passatempo e a encontramos tamb m perigo 2001 19 Mas a opini o p blica menos favor vel televis o do que ao computador Isso por que de acordo com a percep o do p blico existem diferen as cr ticas entre os dois A televis o assistida ela evoca uma resposta passiva ao passo que os computadores s o usados exigindo uma interven o ativa Enquanto a televis o vista como um relaxamento descuidado produzindo pessoas sedent rias os computadores s o associados com habilidades necess ria
357. to Ao serem confrontados com a coisa verdadeira as crian as podem ficar aborrecidas ou sentirem se amea adas e podem muito bem preferir a vers o da tela Armstrong e Casement 2001 197 154 Essa concep o de valoriza o da observa o dos sentidos que tem a natureza como grande refer ncia para o aprendizado nos remete tanto concep o te rica de Frobel como pedagogia Freinet Isso comprova que existem autores atuais que tratam quest es relativas inf ncia de maneira comprometida e pautada indiretamente nos cl ssicos caminhando na contram o da proposta educacional p s moderna H1 VII A quest o do poder invade o mundo infantil a publicidade e as novas tecnologias Kincheloe 2001 elabora um belo trabalho utilizando se do exemplo de Ronald McDonald s tamb m conhecido como Ray Kroc para trabalhar a quest o do poder que a propaganda exerce sobre a crian a O autor diz estar decidido a escrever sobre o McDonald s porque sua vida estava interligada com o que ele chamou de arcos dourados alus o ao referido fast food Como parte de uma pe a c mica que fez enquanto estudante universit rio disse aos seus ouvintes que havia consumido seis mil hamb rgueres do Mc Donald s antes de completar o segundo grau Um b nus extra de sua hamburguermania de quinze centavos era sua taxa de colesterol que se arrastava cada vez mais para o alto O fato de o McDonald s continuar a manter uma imagem igualit ria te
358. to em miniatura Jonh Dewey fil sofo protagonista do pragmatismo americano Cunha 1999 32 destacou se pelo entrecruzamento de seu pensamento filos fico pol tico e educativo no qual salta s vistas a democracia como forma de vida e processo de liberta o da intelig ncia Para este autor a democracia s poderia ser obtida pela educa o deste modo fazia se necess rio 15 que os sistemas educacionais fossem democr ticos cuja pr tica educativa deveria estar fundamentada na raz o e nos m todos cient ficos de modo a promover a constante reorganiza o ou reconstru o da experi ncia Seu programa educativo tinha como base dois ideais fundamentais a escola enquanto ambiente particular no qual possa ser realizadas experi ncias exemplares de vida social a forma o democr tica como decorrente do confronto do indiv duo com alguns conte dos espec ficos No que se refere aos objetivos da educa o o autor esclarece O fim da educa o de modo geral levar os educandos a ter as mesmas id ias que prevalecem entre os adultos e assim como membros reais do grupo social dar s coisas e aos atos o mesmo sentido que os outros Esse controle social se opera por um processo de compreens o comum dos objetos acontecimentos e atos de sorte que se habilitem os educandos para uma participa o efetiva nas atividades associadas Pode se agora compreender o cuidado que deve haver para que a escola se organize de mo
359. tor somente seguindo essas orienta es o professor ou pedagogo se depararia com uma profiss o que f rmula de vida impressionante a coer ncia de Freinet ao esclarecer que n o se pode preparar os alunos para um mundo que n o dele 58 enfatizando para a boa sobreviv ncia da democracia a liberdade alicer ada na disciplina Impressiona na mesma medida a sua sensibilidade ao humildemente enfatizar que as crian as precisam de p o e de rosas P o sin nimo de alimento do corpo e tamb m da mente o alimento da instru o da cultura mas afetividade acima de tudo as crian as t m necessidade do p o do p o do corpo e do p o do esp rito mas necessitam ainda mais do teu olhar da tua voz do teu pensamento e da tua promessa Precisam sentir que encontraram em tie na tua escola a resson ncia de falar a algu m que as escute de escrever a algu m que as leia ou as compreenda de produzir alguma coisa de til e de belo que a express o de tudo o que nelas trazem de generoso e acolhedor Freinet 1973 102 Freinet defendia que os estudantes se dedicassem tamb m aos gestos pensamentos e atos que muitas vezes podem n o ser de utilidade imediata mas certamente aspecto relevante da cultura Educa o a servi o do homem A pedagogia que renuncia a formar homens para o autor caracteriza se num retrocesso capaz de permitir a desumana met fora das orelhas de burro Freinet 1973 105 A fu
360. tro artefato tecnol gico Curtem a companhia dos pais sobretudo se for para ir ao shooping fazer umas comprinhas A garotada adora consumir roupas e faz quest o de escolher os modelos Recebe mesada e depois de gastar dinheiro com guloseimas compensa com refrigerantes e sorvetes diet Independentes meninos e meninas tomam atitudes e discutem assuntos com a firmeza dos adultos S o informados consumistas vaidosos e plugados Esse o novo perfil da inf ncia revelado por uma pesquisa da Cartoon Network canal de TV a cabo destinado ao p blico infanto juvenil feita com 1503 meninas e meninos de 6 a 11 anos das classes A B e C de S o Paulo Rio de Janeiro Curitiba e Belo Horizonte 2003 70 Conforme a entrevista antigamente era na entrada da adolesc ncia que os pais se espantavam com o comportamento dos filhos agora o susto vem mais cedo E as afirma es sem media o alguma continuam como a que se segue as crian as de hoje s o inclusive mais inteligentes que as de algumas d cadas atr s Esta afirma o feita pela revista apenas com base na informa o de que os jogos eletr nicos s o decisivos no aumento do QI Cabe aqui questionar Ql significa ainda hoje sin nimo de intelig ncia 159 Al m dessas informa es a reportagem nos revela 81 das crian as entrevistadas passam mais de tr s horas na frente da TV Entretanto pesquisadores ainda n o sabem se as novas m dias estimulam ou limitam a imagin
361. tude no meio rural atuou em 1914 na Primeira Grande Guerra mas a partir de 1920 iniciou sua carreira de professor numa aldeia do sul da Fran a onde sensivelmente come ou a perceber que as escolas de sua poca eram inadequada para os alunos dentre outras coisas porque n o promoviam uma sintonia entre educa o e vida Procurando sempre o melhor para seus alunos criou um material pr prio de trabalho mais adequado a obten o de seus objetivos pedag gicos 50 importante enfatizar que Freinet dominava as concep es te ricas da Escola Nova e com elas dialogava Afastado da escola de Saint Paul por incomodar os conservadores franceses Freinet cria em 1934 a escola de Vence privada e laica auxiliada por doa es mas n o reconhecida oficialmente pelo Minist rio da Educa o Durante a segunda Grande Guerra a escola destru da e nosso autor preso e adoece seriamente por m neste per odo que escreve grande parte de suas obras Com seu falecimento embora j conhecido foi tido formalmente como grande cr tico da escola tradicional e reformulador das id ias da escola nova Distinguiu se dos demais pensadores da escola nova europ ia por criar um movimento em prol da escola popular e defender a livre express o da mesma Sebarroja 2003 Freinet atribuiu vida s suas id ias criando uma s rie de pr ticas pedag gicas dentre as quais algumas ser o aqui estudadas Entretanto mais importante considerar que a pedago
362. u assisto mais com minha m e Mas sempre tem algu m comigo Sim assisto TV Cultura Jackie Shan power rangers Globo novela das seis das sete das oito S lvio Santos Chaves Minha m e assiste novela junto depois vai para a escola e eu assisto o resto sozinho para depois contar para ela Destaque para a resposta desta crian a que al m de assistir diversos tipos de programa o inclusive programas de audit rio n o assiste acompanhada de algu m apenas tendo a companhia da m e durante a novela para que continue assistindo com o intuito de 274 contar para a m e o que ela perdeu por ir escola Al m de n o assistir com a crian a a m e ainda solicita que a crian a assista Sim assisto TV Xuxa power rangers Jackie Shan mas assisto em casa na escola a tia n o deixa Assisto em casa filmes e novelas Quando meu pai n o tem o que fazer ele assiste comigo Pela resposta da crian a ela assiste TV em casa sozinha desfrutando da companhia do pai apenas quando o mesmo n o tem mais nada para fazer Estas duas ltimas respostas chamam a aten o pela falta de sensibilidade dos pais que n o demonstraram conceber a import ncia de orientar suas crian as em rela o ao que devem ou n o assistir bem como de problematizar com elas o conte do assistido Seguem agora as respostas das crian as da primeira s rie da rede p blica da escola C u Assisto Xuxa Malha o Rebeldes e Floribela com minh
363. ual quando n o usados adequadamente no que se refere ao tempo e aos objetivos educativos provocam grande perda da capacidade ativa e criativa da crian a Armstrong e Casement 2001 38 Froebel ao pensar na educa o da crian a relata a import ncia do aprendizado das formas geom tricas Entretanto a matem tica s seria verdadeiramente aprendida se a crian a fosse capaz primeiramente de estruturar seu mundo da temos novamente a valoriza o de cada fase da vida e a comprova o de que o verdadeiro desenvolvimento vai al m das atividades espont neas Podemos associar a esfera conforme Froebel a primeira e ltima entre as formas naturais representa o de sua concep o de desenvolvimento pautada na interioriza o e exterioriza o constantes bem como a uni o entre o homem a natureza e suas coisas e Deus sempre em intera o e liga o constantes expressando sua ess ncia em unidade individualidade e pluralidade A matem tica para Froebel pertence por igual ao mundo interior e ao mundo exterior ao homem e natureza Assim como produto do puro espirito condicionado pelas leis do pensamento das quais express o vis vel tamb m se encontra com independ ncia do espirito humano nas formas objetivas nas figuras reais nas rela es do mundo exterior e nos fen menos da natureza A natureza na pluralidade de suas formas e figuras exterior ao homem independente dele todavia encontr
364. ud Steinberg e Kincheloe 2001 em nossa poca a cultura da m dia acabou por invadir o lugar das institui es tradicionais como instrumentos principais de socializa o Os jovens e tamb m as crian as por sua vez recebem das corpora es de m dia pap is e elementos formadores de identidade categorias que deveriam ser recebidas e trabalhadas adequadamente por seus pais e professores A fam lia muitas vezes e tamb m a escola v em falhando na educa o das crian as e n o est o conseguindo acompanhar o que s mesmas t m acessado a partir dos meios de comunica o de massa A nossa cultura afirma Kincheloe cada vez mais uma cultura de m dia e por conta disso esta esp cie de cultura deve se tornar uma parte importante da educa o de um modo geral Segundo Ketzer citada por Steinber e Kincheloe a cultura de m dia uma forma de pedagogia e para combat 106 la ou lidar positivamente com ela temos que desenvolver contrapedagogogias adequadas N o se trata mais de proibir o acesso dos jovens e crian as cultura de m dia mas sim de desenvolver uma educa o que ofere a lentes te ricas adequadas para ver o que est diante de n s e que por vezes n o enxergamos O exemplo que Kincheloe utiliza para fundamentar suas assertivas est no pr prio t tulo de seu artigo Beavis e Butt Head sem futuro para a juventude p s moderna Beavis e Butt Head personagens de um desenho animado americano de g
365. ue atualmente existe sim uma supervaloriza o da dimens o psicopedag gica que acaba por comprometer a pr pria dimens o educativa se a educa o hoje converte se a priori em um fen meno de dificil acontecimento tal coisas se deve ao imp rio do ide rio Psico pedag gico contempor neo Lajonqui re 1999 25 O exagero cient fico por parte das ci ncias que proliferaram com a p s modernidade fato mas n o responsabilidade da modernidade Tamb m parece ser responsabilidade do tempo atual a capacidade de desviar a aten o de quest es essenciais para debatermos quest es acess rias Como sugere Frigotto 91 a verdade enquanto resultante de um mosaico montado pela jun o de diferentes posturas n o seria um argumento da classe dominante para manter a atual ordem das coisas Frigotto 1998 87 Penso ao examinar os autores citados que a nossa apropria o das id ias modernas apropria o sobre a qual pesam todos os determinantes hist ricos da poca atual que gerou o que Lajonqui re chamou de ilus o psicopedag gica e Pereira e Souza intitularam discurso cientificista e a hist rico Atribuir a responsabilidade desta crise atual Modernidade isto sim constituiria uma ren ncia ao ato educativo Menos que identificar culpados penso ser necess ria nossa atua o educacional comprometida e militante para encontramos o bom senso ausente em algumas propostas pedag gicas atuais Pereira e Souza exemplificam
366. ue ela recuperou o que reverenciou n o foi algo novo nem alguma coisa que ela mesma tivesse inventado Este fato for osamente a levava em um n vel a menosprezar suas pr prias realiza es como n o mais que tentativas de alcan ar as alturas j galgadas pelos antigos An es modernos gigantes antigos Em suma o novo nascimento prometido pela Renascen a foi um retorno a um tempo mais puro mais luminoso Idade de Ouro da Antiguidade 1998 85 N o deste modo segundo o autor que devemos procurar as origens da Modernidade pelo menos n o na Renascen a Isto por que de forma paradoxal foi a pr pria inclina o secular do pensamento hist rico da Renascen a que a impediu de conceber seu pr prio tempo como ligado de uma forma radicalmente nova ao futuro Seu secularismo ligado concep o de ciclos dos admirados modelos cl ssicos virou o rosto para tr s para o passado Mas h um sentido no qual indiretamente pelo menos a renascen a de fato contribuiu para nosso conceito de modernidade O pr prio vigor e vitalidade da vida na Renascen a deram aos europeus uma nova confian a em sua capacidade de pelo menos emular os antigos se n o ultrapass los Mais importante que tudo a Renascen a em seu ataque autoridade dos pensadores medievais e igreja medieval formulou novos padr es cr ticos e racionais que poderiam ser usados contra todas as formas de autoridade intelectual a d
367. ue facilite o processo de ensino aprendizagem das crian as parece n o estar convencendo seus principais interessados N o quero com isso transmitir uma falsa id ia de que a escola principalmente a escola de educa o infantil n o deva possuir regras e rituais que a tornem um lugar por excel ncia de ensino e transmiss o de conhecimento mas sim enfatizar a necessidade de transformar a escola tamb m num local capaz de promover a alegria nas crian as talvez isso signifique ampliar o espa o pedag gico do brincar Em rela o aos brinquedos que as crian as possuem e aos que gostariam de possuir not vel a influ ncia da m dia sob todas as classes sociais a boneca Barbie e o v deo game Play Station 255 ou Play Station Il s o indicadores dessa tend ncia E embora as crian as da rede p blica de ensino possuam brinquedos mais populares e menos industrializados desejam o brinquedo da moda Destaco ainda com pesar as respostas das crian as que disseram com clareza possu rem todos os brinquedos que desejassem Em rela o s brincadeiras tamb m not vel que nem nas escolas nem m casa ou nas ruas bairros as brincadeiras tradicionais assumem espa o Mesmo as crian as essencialmente da periferia que revelaram brincar bastante nas ruas contaram informalmente que brincam de dan ar de representar novelas de Tv de Power rangers e ou Menininhas Superpoderosas desenhos atuais representativos de viol nci
368. ue pode brincar Uma das crian as respondeu que o adulto mais feliz por saber escrever Das cinco crian as entrevistadas da primeira s rie da mesma escola cinco disseram que a crian a mais feliz sendo que duas disseram que porque a crian a n o precisa trabalhar uma disse que pelo fato da crian a ganhar presentes e dois explicam Acho que a crian a pois quem brinca mais feliz A crian a pois ela pode fazer mais coisas curtir mais os amigos pintar filosofar estudar ingl s Na segunda s rie da mesma escola das cinco crian as ouvidas tr s disseram que a crian a mais feliz pois pode brincar e dar risadas Das outras duas uma disse que o adulto mais feliz porque tem mais liberdade e crian a s brinca a outra enfatizou surpreendendo Nem um e nem outro pois adulto quer ser crian a e crian a quer ser adulto vai entender n o Na escola Luz das cinco crian as ouvidas quatro acharam que a crian a mais feliz das quatro citadas duas se referiram ao brincar as outras duas responderam Acho que a crian a com certeza Adulto sai mais de casa em sempre problema tem mais doen a s vezes o adulto s vezes a crian a mas acho que o adulto porque o adulto aprende a falar ingl s por exemplo Na primeira s rie da escola C u apenas duas disseram que a crian a mais feliz e referiram se ao brincar Das outras tr s uma disse que o adulto mais feliz por
369. uinhos Tr s das cinco crian as responderam que o brinquedo que mais gostam eletr nico v deo game e computador no caso da resposta em pauta a crian a cita o computador para jogar joguinhos As respostas das crian as da primeira s rie contemplaram os seguintes brinquedos barbie a princesa e a pleb ia e todos os acess rios um castelo de hominho de montar que eu ganhei de natal um fog ozinho computador bracelete do power rangers Apenas uma delas citou o computador e as outras se referiram a brinquedos industrializados A lista das crian as de segunda s rie foi a seguinte boneca tutti frutti que troca roupas bola e pipa video game bola cadernos para brincar de escolinha quero ser professora Estas crian as referiram se a brinquedos mais simples como bola pipa e at mesmo material escolar que uma delas classifica como brinquedo Apenas uma crian a fez men o ao v deo game Na escola p blica a EMEI Luz obtive as seguintes respostas bonecas eu tenho um I A monte carrinho de boneca boneca roupinha de boneca bola tenho armas tamb m mas eu n o brinco meu gatinho n o brinquedo mas eu gosto bastante dele E de um palhacinho que eu tenho s que o olho dele afundou carrinho trator bola do OMO sab o em p de futebol um tratorzinho de loja de pl stico Tem muitos mas eu n o vou contar tudo sen o eu ca
370. ulto trabalha e crian a n o Outra S o diferentes eles v o em casamento boates a gente n o pode ir e eles tamb m n o brincam Esta crian a parece querer enfatizar as vantagens e desvantagens de cada idade os adultos fazem programas de adultos em contrapartida n o brincam mais Na primeira s rie as cinco crian as acharam que s o diferentes e tr s disseram ser por conta do trabalho uma vez que a crian a s estuda Os adultos s trabalham levam os filhos para a escola buscam os 244 filhos na escola v em s um pouquinho de TV Interessante que aqui o estudar a escola que outrora parecia condi o para a inicia o idade adulta aparece como elemento que fortalece a inf ncia pois crian a estuda e adulto trabalha Talvez essa vis o prevale a no imagin rio das crian as da escola particular que n o est o habituadas a conviver com uma poss vel realidade de trabalho infantil Outras duas crian as argumentam S o diferentes porque adulto pode dirigir carro crian a n o N o adulto se casa e crian a fica solteiro Na segunda s rie 100 das crian as apontam diferen as duas dizem que a diferen a est no fato de que o adulto pode dirigir carro e a crian a n o Os outros tr s esclarecem Adulto sa sozinho e crian a sai com pai e m e Adulto faz comida crian a come S o diferentes mas tamb m t m semelhan as o adulto trabalha a crian a tem o ser
371. umas das caracter sticas da Modernidade Kumar 1998 81 O autor diz ainda que no que interessa atitude sobre a pr pria poca a modernidade da Idade M dia pouco diferia da concep o de tempo dos antigos Durante mais de um mil nio na verdade a modernidade exibiu em rela o ao presente e ao futuro uma indiferen a que chegava ao desprezo o que era um contraste surpreendente com a reorienta o radical em rela o ao tempo impl cita na filosofia crist da hist ria S em fins do s culo XVII que esse conceito de hist ria precipitou a id ia de modernidade como a entendemos hoje e nessa ocasi o apenas alijando o arcabou o religioso que para come ar tornara poss vel a sua concep o Kumar 1998 82 Foi a Renascen a na verdade que pela primeira vez dividiu a hist ria ocidental em tr s pocas a Antiga a Medieval e a Moderna muito interessante a tese de Kumar 1998 85 na qual a Renascen a sobre seu pr prio status o que a fez encarar seu pr prio tempo como imitativo e n o criativo o Renascimento da Renascen a foi precisamente isso a recupera o de formas mais antigas do pensamento e dos costumes do mundo cl ssico A Antiguidade Cl ssica havia estabelecido os padr es eternos A Renascen a na verdade era afortunada em poder recuperar os tesouros daqueles tempos mais antigos o que a diferenciava da ignor ncia e supersti o da Idade das trevas Mas o q
372. unam com os que a fam lia e a escola consideram como leg timos e que devem ser passados s crian as e adolescentes Identificam ainda que a TV seja uma forte presen a na vida de todos muitos admitindo que dormem com a TV ligada a t tulo de v cio Mas as autoras chamam a aten o para o fato de que estes mesmos grupos em alguns casos possuem uma vis o cr tica ora culpabilizante responsabilizando a m dia e os jogos eletr nicos por todo tipo de transgress o ordem social ora ponderada sobre o papel que a m dia tem exercido em nossa sociedade na forma o de valores Com frequ ncia ela apontada como desencadeadora de viol ncia nos grandes centros urbanos Os pais criticam a m dia por m a supervalorizam quando deixam por exemplo a crian a de castigo sem ver TV Por isso importante que atentemos para a diferen a entre o que fazemos e o que orientamos a crian a a fazer A diferen a entre o fazer e o falar caracter stica de uma orienta o segura e comprometida Freire 1999 j dizia que a pr tica o verdadeiro testemunho daquilo que se diz As autoras finalizam A mudan a na sociedade em que vivemos afeta n o somente os valores que assumimos mas tamb m a temporalidade e a concentra o para uma determinada atividade H um bombardeio de informa es que afeta a rotina de crian as e adolescentes e imp e se pela rapidez com que as coisas acontecem Um novo ritmo impera A escola identifica es
373. undo adulto 191 Essa imagem uma das milhares da autoria de Anne Geddes que se utiliza de crian as principalmente beb s vestidas de frutas anjos e muitos outros motivos e em diversas situa es para encantar os apaixonados por crian as Nessa foto em especial temos a crian a representada como um anjo imagem que ainda hoje associada inf ncia sensibiliza bastante os adultos As imagens de Anne Geddes s o divulgadas no mundo todo principalmente em cart es p steres materiais escolares Por serem fotos extremamente bonitas e bem feitas s o apaixonantes apesar de expor as crian as a situa es n o adequadas a elas para se obter o resultado final 192 Essa imagem do site allposters mostra um menininho numa atitude engra ada aparentemente natural mas t pica de um homem adulto cnama a aten o como nas demais fotos semelhantes por mostrar a crian a com pose de adulto Claro que a foto tamb m chama a aten o pela espontaneidade revelada pela crian a o que a torna bem interessante mas ineg vel o estilo adulto do menino 193 Fotos de beb s encantam muitas pessoas em quaisquer circunst ncias como as j citadas fotos de Anne Geddes Mais uma vez a hora do banho proporcionando alegria ao beb emociona por despertar sensibilidade e chamar a aten o para a pureza da inf ncia A carinha de alegria do beb demonstra mais uma vez a capacidade da crian a em se envolver
374. unto ao mundo infantil at mesmo para preservar esse mundo e tamb m reconheceremos a import ncia de uma rela o saud vel entre o mundo infantil e o mundo adulto um dia galgado pela crian a Tento nesse trabalho seguindo as orienta es de Hannah Arendt nas palavras da mesma assumir a responsabilidade pelo mundo ao qual trouxemos as crian as Arendt 1979 240 88 IIILII Algumas considera es sobre inf ncia e produ o cultural contempor nea Pensar o tema da inf ncia t o melindroso quanto apaixonante Apaixonante porque n o deixamos de voltar a n s mesmos e melindrosos porque podemos erroneamente pensar que f cil fazer isso Pensar sobre a inf ncia e sobre a atual produ o cultural destinada a essa fase da vida requer mais rigorosidade do que aceita o fascinada O que produzimos e ou destinamos s nossas crian as reflete o sentimento que nutrimos por elas n o podemos aceitar qualquer coisa Para tanto penso ser fundamental refletir sobre o bin mio inf ncia e cultura a fim de estabelecermos crit rios sobre o que devemos ou n o compreender como saud vel vida f sica emocional e intelectual dos nossos pequenos Iniciemos ent o uma pequena mas comprometida reflex o sobre o tema Rita Pereira e Solange Jobim e Souza 1998 27 partem da afirma o de que a no o de inf ncia n o uma categoria natural mas profundamente hist rica e cultural cabendo assim ressaltar que entre o pen
375. ura popular e senso comum A filosofia da pr xis n o busca manter os simples na sua filosofia primitiva do senso comum mas busca ao contr rio conduzilos a uma concep o de vida superior Gramsci 1999 103 Essa vis o tamb m comungada por Snyders revela se na postura de Gramsci em sua preocupa o com a escolha do presente que desejava enviar a seu filho D lio de 4 anos para ele o brinquedo materializa princ pios e valores educativos correspondentes a momentos hist ricos determinados Gramsci valorizou em sua poca o trabalho como princ pio pedag gico e n o qualquer tipo de profissionaliza o precoce como muitos interpretaram Sobre os brinquedos disse tamb m que se a crian a os destr i para ver o que h dentro porque o objetivo formal para o qual foram produzidos n o interessou s 295 crian as talvez apenas aos adultos Esta uma das grandes contribui es de Gramsci no que se refere educa o infantil e que demonstra que muitas vezes o mundo infantil constru do em sua totalidade pela tica adulta Outro legado que muito nos conv m no momento diz respeito ao disciplinar f sico e intelectualmente crian as na idade de alfabetiza o de 7 a 10 anos principalmente no que se refere aprendizagem da gram tica e da ortografia e tamb m aprendizagem do h bito f sico intelectual de estudar A preocupa o para com certa rigorosidade na disciplina e responsabilidade para com os conte d
376. ustrou essa responsabilidade tamb m atrav s da met fora do jardineiro a crian a plantinha que os adultos precisariam acompanhar de maneira ativa para que se efetivasse um crescimento saud vel e ao mesmo tempo pautar se pelos exemplos destes pequenos Eis que n s adultos que julgamos que s n s somos homens e v s sois macaquinhos s n s s bios e v s do dinhos s n s faladores inteligentes e v s ainda n o aptos para falar eis que enfim somos obrigados a vir vossa escola V s fostes nos dados como mestres e a vossas obras s o dadas nossa como espelho e exemplo Comenius 1966 95 Devido ao seu ideal de democratiza o de ensino e sua simpatia pelo homem comum Comenius foi concebido por razo vel parcela de seus contempor neos como portador de uma 13 utopia desnecess ria e defensora intransigente das vontades e desejos das crian as Ren Hubert 1967 Entretanto deste seu ideal de vida resultou a sua proposta de Escola Materna espa o reservado para a aprendizagem a alegria e a forma o humana das crian as Rousseau autor do maior tratado educacional concebido pela Modernidade Em lio ou da Educa o encontra se entre os principais te ricos da inf ncia do s culo XVIII Destacou se por valorizar a uni o entre raz o e afetividade na educa o e no desenvolvimento da crian a bem como educar por meio da natureza educa o que o pr prio autor chamou de
377. v deo game de ltima gera o Pista para carrinho de corrida Das cinco crian as entrevistadas somente uma demonstrou desejo de ter um v deo game preferindo as outras brinquedos bem espec ficos e comerciais As crian as da primeira s rie da mesma escola responderam play station IP n om nenhum minha m e me d tudo que eu quero cartas de luta com pontos barbie cavalo alado com todas as personagens uma bola da Copa do Mundo Uma das crian as pediu um v deo game uma se referiu boneca Barbie e outras duas quiseram coisas mais simples baralho e bola embora a bola fosse a da Copa do Mundo A resposta da segunda crian a surpreende e nos faz pensar a quest o dos valores e at do consumismo uma vez que a 251 crian a revela que sequer tem a oportunidade de ficar desejando algo pois tem todas as suas vontades no sentido de aquisi o satisfeitas No que se refere s crian as da segunda s rie ne A a lista foi a seguinte eu tenho todos os brinquedos pois minha m e tem uma loja um disco de duelo do Gih her i japon s uma b ia de piscina nenhum eu tenho todos uma penteadeira Aqui novamente duas crian as contam que possuem tudo o que querem remetendo nos mais uma vez quest o do como e em que medida o acesso a todos os bens materiais apreciados pelas crian as substituem a presen a constante de pais de classe m dia alta que di
378. va o que n o deve ser anunciada como fato j realizado mas como tarefas a serem executadas em classe na escola na vida se a escola se abrisse rapidamente reprodu o do cotidiano imediato ela perderia a oportunidade talvez nica de fazer viver o outro lado igualmente existente do mundo a imensa coorte atrav s da hist ria dos esfor os para superar a desigualdade entre o homem livre e o escravo o nobre e o plebeu o homem e a mulher o opressor e o oprimido Snyders 1993 124 Assim sendo existem aqueles que encontram alegria no fato da escola ser diferente da vida entre os exemplos de fatores que promovem alegria encontra se a especificidade do tempo escolar na escola caminha se passo a passo aprende se dentro de uma ordem que oferece seguran a ordem que se pauta na id ia de que existem etapas e n o se devem queimar essas etapas A escola cuida para que a irrealidade que a permeia se transforme em adapta o individual valorizando a singularidade de cada aluno aquilo com que a vida real n o se preocupa A especificidade dos encontros realizados no grupo escolar tamb m diferente das reuni es da vida isso tamb m por que na escola adultos inteiramente dispon veis t m como nica fun o permanecer ao alcance das crian as e colocar o saber suas experi ncias ao alcance delas Na vida os adultos sempre t m oura coisa a fazer enquanto se ocupam de sua prole Snyders 1993 126 303
379. ve do lido Benjamim 1993b p 37 O jogo uma grande fantasia uma grande aventura na qual a crian a penetra sem medo vivendo as personagens Uma fantasia na qual as regras e as estruturas preestabelecidas devem ser descobertas uma grande quantidade de informa o deve ser distinguida e selecionada Por outro lado o jogo eletr nico muitas vezes dispensa parceria torna se individual uma atividade h tempos coletiva 1998 120 Segundo Nogueira essa a grande cr tica que os adultos tecem ao uso do computador a falta de socializa o Por isto os jogos s o vistos como menos importante que a escrita e os desenhos Entretanto as ind strias da moda querendo satisfazer as crian as e contentar os pais come am a produzir jogos educativos em vers es eletr nicas pois jogando a crian a faz o que mais gosta de fazer e tamb m aprende caminhos mais dif ceis e subordina se s regras que s o importantes para ela Dentre as opini es em favor do uso do computador temos a do j citado fil sofo franc s Pierre L vy para quem o surgimento dos computadores e da internet foi uma conquista t o 144 importante para a humanidade como o controle sobre o fogo Para este autor estamos entrando na poca da noosfera relativa ao esp rito na qual surge a possibilidade de construir uma intelig ncia coletiva Conforme este autor L vy 2003 precisamos sair de uma educa o e de uma forma o institucionalizada para uma
380. vicinho dela tarefa de escola essas coisas os adultos t m vida corrida as crian as t m vida mais calma Na pr escola da periferia duas crian as dizem que crian a e adulto s o iguais mas demonstram argumenta o contradit ria s o iguais s o da mesma cor Mas eles fazem coisas diferentes S o iguais porque se quiserem os adultos podem brincar como crian as adultos podem fazer coisas de crian a crian as n o podem fazer coisas de adulto Interessante essa ltima resposta pois foge regra da maioria das respostas das crian as s outras quest es nas quais diziam que adulto brincando feio ou que adulto n o pode fazer coisas de crian a na resposta agora em pauta a inf ncia aparece como uma fase de incompletude Na primeira s rie uma crian a disse que adulto e crian a s o iguais porque nascem do mesmo tamanho e as outras quatro crian as entrevistadas dizem que s o diferentes porque o adulto trabalha e a crian a n o Na segunda s rie da mesma escola as cinco crian as entrevistadas disseram que crian as e adultos s o diferentes porque o adulto trabalha Parece que na escola de periferia tamb m se destaca no imagin rio dos pequenos a id ia de que trabalhar coisa de adulto 245 Na sexta e ltima quest o referente concep o de inf ncia Quem mais feliz o adulto e a crian a e por qu quatro crian as da pr escola Azul responderam que a crian a mais feliz porq
381. videm seu tempo entre trabalho e filhos privilegiando o primeiro muitas vezes em detrimento da qualidade de vida com os segundos As crian as das escolas p blicas tamb m listaram seus desejos as da pr escola da EMEI Luz escolheram moto ou carro de bateria e uma bola ol mpica uma roupa do Brasil e do n u Palmeiras um jipe de controle e um carrinho de f rmula I uma bicicleta bi n u um lep top uma moto da barbie e um cora o com olho bra o boca referia se a uma almofada Uma das crian as assemelha o computador a um brinquedo e tr s delas gostariam de ter brinquedos eletr nicos que possuem um alto custo A bicicleta o sonho de uma delas e novamente entra em cena a boneca Barbie As crian as da primeira s rie da escola p blica pareceram 4 mais decididas em rela o s crian as da pr escola uma boneca grande uma boneca de loja um patins um carrinho de controle remoto um computador Nessa primeira s rie o computador apareceu uma vez bem como o carrinho eletr nico As bonecas de loja ou de marca parecem chamar a aten o das meninas dessa turma e uma das crian as deseja um par de patins Com a mesma objetividade as crian as da segunda s rie da mesma escola responderam uma boneca barbie um carrinho de controle remoto um carrinho de loja um carrinho de controle um carrinho mencionando todas elas brinquedos eletr nico
382. vis es da Hist ria Antiga Medieval Moderna foram elevadas categoria de est gios da hist ria mundial que aplicados a um modelo evolucion rio da humanidade deram especial import ncia ao est gio mais recente ou seja o moderno Agora Modernidade passava a significar rompimento completo com o passado um novo come o baseado em princ pios radicalmente novos o que significava o ingresso num tempo futuro expandido de forma infinita e progressos sem precedentes Deste modo o passado passa a carecer de sentido exceto como prepara o para o presente N o nos ensina mais pelo exemplo Sua nica utilidade ajudar nos a compreender aquilo em que nos tornamos Kumar 1998 91 Kumar escreve tamb m que a revolu o francesa foi a primeira revolu o moderna pois ela transformou o conceito de revolu o que passou a n o mais significar o giro de uma roda ou o ciclo que sempre fazia algo retornar a seu ponto de partida Neste momento passou a significar alguma coisa inteiramente nova E para os fil sofos da modernidade a revolu o francesa foi um dos principais ve culos da nova consci ncia pois anunciou o objetivo do per odo moderno como a obten o da liberdade sob a orienta o da raz o Vale lembrar que se a revolu o francesa deu modernidade sua consci ncia baseada na raz o a revolu o industrial forneceu lhe a subst ncia material Kumar nos diz ainda 1998 94 que somente com a industrializa
383. zer de estar com a crian a alegria por sua exist ncia aceita o e calma no enfrentamento de problemas Um outro aspecto para a preven o o brincar extremamente fundamental para o desenvolvimento da crian a brincando que ela desenvolve coordena o motora esp rito de equipe o aprender a perder tamb m atrav s das brincadeiras que as crian as aprendem a respeitar normas condi o essencial para uma boa viv ncia em sociedade Quando a crian a j apresenta um quadro de stress aconselh vel que se fa a todo o poss vel para diminuir a press o que pesa sobre ela Entretanto importante que n o se poupe a crian a em demasia pois uma crian a muito protegida n o desenvolve a necess ria imunidade ao stress O stress deve ser proporcional idade e ao amadurecimento da crian a N s pais e educadores devemos tomar cuidado para que na tentativa de ajudarmos a crian a a resolver seus problemas n o prejudiquemos o aprendizado de enfrentamento de stress que importante adquirir durante crises e dificuldades Um bom exemplo ensinar a crian a a relaxar enquanto tenta lidar com o que a est estressando bom mas ensin la apenas a relaxar sem ensinar estrat gias de resolu o de problemas n o adequado uma vez que a crian a precisa aprender a lidar com o fator causador do stress T o impr prio quanto 165 levarmos a crian a a assumir responsabilidade por todos os problemas sem que ela e

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