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SP João Osvaldo Schiavon Matta MAL

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1. Esta f da banda NX Zero tamb m divide seu tempo entre trabalho e escola Aproveita os finais de semana para estudar sair com os amigos e usar a internet A adolescente cita na p gina de entrada de seu perfil o lugar onde trabalha o nome de seu namorado a cidade onde reside e a escola onde estuda Al m disso Lu sa tem a seguinte lista de prefer ncias fan pages em seu perfil 110 M sica Banda Cine Simple Plan Tokio Hotel The Beatles Green Day Avril Lavigne David Guetta McFly Gee Rocha Nx Zero Nx Zero M xicO The Rolling Stones replace Fresno Nx Zero Banda Dossie Green Day Cover Banda SAM FIVE MASH Daniel Weksler Pitty Nxzero Nx Zero Rita Lee Pink The Doors Etna Evanescence Pink Floyd Incubus Amy Winehouse Guns N Roses Panic At The Disc U2 Bon Jovi Red Hot Chili Peppers Gloria 30 seconds to Mars VOEW OFICIAL AC DC Linkin Park GRANADA Foo Fighters Oasis Banda VOLK LS Jack LS Jack Engenheiros do Hawaii Blink 182 e Replace Music Livros The Book Thief quem mexeu no meu queijo as valiquirias e De genio e louco todo mundo tem 1 pouco Filmes Toy Story Alice in Wonderland Shrek Up e Finding Nemo Televis o Supernatural Gossip Girl MTV Scrap MTV e YO NO FUIII Jogos PAC MAN Atletas Ricardo Kaka Time Confedera o Brasileira de Futebol Atividades Viajar Cinema Amigos Viver Cada Momento Como Se Fosse O Ultimo Ouvir Muita Musica ler e SC Corinthians Paul
2. de 39 8 Fonte Pyxis IBOPE Acesso em maio de 2012 4 Fonte Pyxis IBOPE Acesso em maio de 2012 4 Dispon vel em lt http www cgi br gt Acesso em junho de 2012 99 Por outro lado devemos tamb m considerar acentuadas diferen as no cotidiano juvenil das cidades do interior e das respectivas capitais de seus estados O filme Antes que o Mundo Acabe da cineasta Ana Luiza Azevedo conta a hist ria de Daniel um menino de quinze anos que se v mergulhado em seu pequeno mundo com problemas que parecem insol veis uma confusa namorada que n o sabe ao certo o que quer um amigo acusado de ladr o pela escola ao mesmo tempo em que amea a roubar a pr pria namorada de Daniel e uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul que vai ser deixada para tr s Esta narrativa traz tona as relevantes diferen as entre adolescentes que vivem em um centro afastado e os que habitam os grandes n cleos urbanos Em um fragmento do filme Daniel seu amigo e a namorada viajam de nibus at Porto Alegre para resolver algumas quest es pessoais A viagem algo importante em suas vidas um acontecimento que requer planejamento pr vio Esta sequ ncia de cenas que citamos mostra a diferen a na velocidade das coisas no som das ruas e no estilo de vida entre S o Pedro do Sul cidade onde vive Daniel e seus amigos e Porto Alegre O filme tamb m ilustra alguns dos h bitos dos adolescentes Usam computadores para jogar comunicar s
3. necessariamente coloc los em uma posi o social supostamente distinta Al m disso na grande maioria dos casos usar a internet significa passar horas produzindo e consumindo posts do Facebook do Twitter e do Tumblr Constate se que os jovens que participaram desta pesquisa assim o fizeram por livre iniciativa Abriram espa o em suas agendas lotadas e deixaram de viver alguns de seus momentos usuais na internet para nos contemplar com suas ideias hist rias opini es e pensamentos A nosso ver o grupo que participou seleto e dotado de variado potencial criativo e reflexivo muitas vezes deixado de lado por conta da proximidade que est o do vestibular e da expectativa sobre eles imposta Esta press o pelo que foi poss vel entender rouba espa o de toda e qualquer possibilidade de atos criativos como os escritos de Steve Jobs as micro poesias de Ana D a pesquisa do mundo da moda de Gisele a lideran a criativa de Jimmy o gosto espont neo de Palmeirense pelo futebol o talento musical de Bruno Levais e Musician e a autenticidade de Alice e Rosa Esta pesquisa nos mostrou que estudos como estes que olham o consumo como linguagem de uma determinada poca e n o apenas como processo econ mico de compra e venda de mercadorias em massa pode nos levar produ o de um pensamento mais cr tico Uma forma de reflex o menos fatalista que n o v apenas o ato de consumo como processo de domina o e portanto que n o nos per
4. amigos no Facebook Ana D Afirmou em meio a uma de nossas conversas Ana D HAHA al m do cappuccino desenhar ler olhar as estrelas etc s o coisas que me ocupam o tempo Ana D se diz apaixonada por Cappuccino e por Machado de Assis Gosta de fic o cient fica e admira a ideia da exist ncia de vida em outros planetas Esperta e admiradora de tudo que diferente Foi uma das pesquisadas mais atuantes durante nossa pesquisa Dispon vel e colaborativa durante todo o processo adorava contar detalhes de seus estudos de seu dia a dia em Bebedouro e de suas leituras das revistas Superinteressante e Mundo Estranho Na p gina de seu perfil no Facebook a adolescente informa apenas a data de seu anivers rio Al m disso Ana D apresenta uma variada lista de prefer ncias fan pages 103 Cita es preferidas Ando inc gnito pelo Mundo nem eu mesmo sei quem sou e All those moments will be lost in time like tears in rain Pessoas que inspiram Ana D Bill Watterson Banksy Matusz Skutinik Marcelo Soriano Hugh Laurie Joaquim Maria Machado de Assis e Paulo Coelho Time favorito Palmeiras M sica MGMT Ray Charles Dalai Pink Gorillaz Massive Attack e The Killers Livros 1984 George Orwell Calvin and Hobbes Comics The Boy in the Striped The Picture of Dorian Gray Dom Casmurro O ano em que as coisas falaram 365 microcontos The Sorrows of Young Werther The Exorcist The Posthumous Filmes Ray
5. apresentada pelo instituto Nielsen Vemos a partir destes n meros que o Orkut possui atualmente vinte e nove milh es de usu rios Caso esta tend ncia continue esta diferen a aumentar ao longo dos pr ximos anos j que o Facebook mostra um crescimento geom trico enquanto o Orkut est estacionado em n meros de associados Al m das estat sticas o interesse pelo Orkut muito pequeno se comparado ao do concorrente Sem d vida muitos 14 Timeline do Facebook o espa o mostrado de forma generalizada logo que entramos em nosso perfil no Facebook onde s o mostrados todos os posts coment rios dos atuais amigos 15 Dispon vel em lt http www facebook com press info php statistics gt Acesso em outubro de 2011 t Dispon vel em lt http www agenciars com br blog facebook ultrapassa numero de usuarios doorkut no brasil gt Acesso em outubro de 2011 47 destes vinte e nove milh es de usu rios s o partes apenas das estat sticas s o perfis praticamente abandonados pelos seus propriet rios que migraram para o Facebook e l gastam seus minutos ou horas di rias de internet Os jovens com idade entre doze a dezessete anos representam trinta por cento dos usu rios do Facebook Este estudo est focado exatamente nos indiv duos desta faixa et ria que utilizam regularmente este site Al m de usu rios do Facebook e consumidores de tecnologia como aparelhos celulares notebooks e tablets os jovens per
6. beira de uma competi o em que nem todos triunfar o j que o nico resultado legitimado dentro da perspectiva neoliberal que vivemos o topo Para vencer o vestibular preciso seguir os padr es pr estabelecidos pela ind stria dos cursinhos preparat rios H pouco espa o para a criatividade fora destes padr es e esta n o avaliada nas provas que d o acesso gradua o A seguir Ana D comenta sobre a semana do casamento de sua irm o que segundo ela conturbou sua vida Neste coment rio tamb m desabafa sobre seu desconforto em rela o ao vestibular Esta prova desde antes do terceiro ano j come a a fazer parte da agenda dos adolescentes 152 Ana D Veremos se semana que vem melhora Ana D Sim Jo o Matta que coisas na cabe a Jo o Matta Casamento da irm Ana D Ana D Ela n o me deixava quieta haha Ana D E ainda tem umas coisas de vestibular Jo o Matta entendi Ana D Inscri o pra vestibular a coisa mias irritant do Mundo Jo o Matta J fez Jo o Matta Mas vc s vai prestar de treineira n Ana D Quando algo d errado voc conserta a brota outro ptoblema Ana D Sim Rolf a exemplo de Ana D tamb m se preocupa com o vestibular Conta como est se preparando para as provas e como se sente angustiada diante da possibilidade de errar em sua escolha Em suas palavras constatamos sua ansiedade em rela o aos resultados esperados e press o pelo
7. disponibilizadas ao outro na forma de imagens e textos Observamos em nossos trabalhos de campo que os espa os compartilhados pelos usu rios do Facebook como locais para importantes acontecimentos cotidianos tamb m permitem que la os entre amigos sejam potencializados e mantidos Entre intersec es e diferen as nas caracter sticas das informa es compartilhadas por diversos facebookianos podem se encontrar raz es para o estar junto Entendemos os marcadores identit rios do Facebook tamb m como potenciais modos para a produ o de subjetividades entre os jovens frequentadores daquele ciberespa o Portanto n o se produz apenas materiais em fun o do outro nesta rede social Esta tamb m pode ser um espa o para novas experi ncias e subjetividades serem produzidas Estamos falando de um modo espec fico de presen a nas redes sociais desenvolvido semioticamente pelo jovem enunciador Gisele posta informa es e participa de fan pages que demonstram suas prefer ncias ligadas ao mundo da moda e de sua op o religiosa entre outras A adolescente exp e al m de fotos de si mesma sua pr pria produ o fotogr fica Contou nos que leva a s rio este hobby e usa os espa os de fotos do Facebook como uma galeria de exposi o de seu trabalho Segundo esta estudante de Cabre va seu desejo trabalhar com moda seja como fot grafa seja como designer de moda Al m disso Gisele tamb m expressa sua prefer ncia rel
8. revis o bibliogr fica e an lise documental que realizamos durante todo o processo de pesquisa Nesta conclus o n o pretendemos encerrar os debates propostos nesta tese mas contribuir na an lise do consumo na configura o aqui defendida 62 1 CONEX ES DE LONDRES AO INTERIOR DE S O PAULO Este cap tulo tem como objetivo descrever discutir e narrar o processo de defini o das escolhas metodol gicas desta pesquisa Narramos aqui o caminho at e durante estas conex es etnogr ficas que apresentamos a seguir Neste percurso de constru o do m todo de pesquisa preocupou nos o uso deliberado da express o etnografia em pesquisas de mercado pois n o raro vermos t cnicas pontuais de pesquisa como entrevistas e r pidas observa es em campo serem assumidas como abordagens etnogr ficas Esta eventual confus o nos levou a justificar a op o metodol gica pela etnografia atrav s da narrativa detalhada do caminho percorrido neste estudo incluindo seus obst culos suas realiza es suas mudan as e principalmente suas escolhas O que descrito na sequ ncia o caminho metodol gico que desenvolvemos durante o conv vio de oito meses com catorze jovens do interior de S o Paulo 1 1 Percurso de pesquisa Por oito meses conduzimos os trabalhos de campo desta pesquisa Escolhemos alunos com idades entre doze e dezessete anos de tr s escolas do ensino m dio do interior de S o Paulo duas particulares e
9. s informa es pessoais e ao anteciparem seus comportamentos consideram padr es estat sticos para 174 influenciar suas pr prias vidas Condicionam nas assim a modos e estilos previamente esperados o que pode vir a priv las do acaso de experi ncias que de outro modo pareciam desconectadas Johnson 2001 insiste que o problema come a quando nossos agentes come am a se intrometer em nossas avalia es subjetivas do mundo quando come am a nos dizer do que gostamos e do que n o gostamos como um astr logo ou um grupo de sondagem de opini o JOHNSON 2001 p 140 Do lado direito de sua p gina principal o Facebook disponibiliza para todos os seus usu rios uma lista de Pessoas que voc talvez conhe a Trata se de uma s rie de perfis com fotos reduzidas de usu rios do site que potencialmente podem ser conhecidos do dono da p gina Logo abaixo da foto do potencial novo contato apresentado o n mero de amigos em comum entre ambos O agente a servi o do Facebook parte de um princ pio que parece ser simples e direto se A amigo em comum de cinco amigos de B por exemplo A e B devem ser amigos Assim para A se tornar amigo de Facebook de B basta um clique de uma das partes seguido do aceite da outra Sempre haver a possibilidade de os adolescentes resistirem a estes condicionamentos propostos pelo Facebook Entretanto n o tarefa f cil Est o em jogo capitais simb licos ext
10. Comprovamos que sua escolha est diretamente condicionada ao tipo de 210 informa o que procura Ana D por sua vez descreve como consome um novo tipo de informa o atrav s do Twitter as micropoesias Ana D Sigo v rios microescritores no twitter Jo o Matta Como isso de microescritores Me conta Ana D S o microcontos ou micropoesias que eles tuitam Jo o Matta Mas como poss vel Ana D S o poemas p lulas Ou anedotas Ana D POr isso que fica genial Jo o Matta eu j vi novelas via celular Ana D Se quiser tenho duas indica es Jo o Matta Vc acha genial Jo o Matta por que diferente Ana D Simm Jo o Matta Me indica Ana D Elaborar um poema j uma dor de cabe a espremer at caber em 140 caracteres mais ainda Ana D Os meus preferidos s o o MArcelo Soriano e o Bobby Bach Ana D O segundo eu conhe o at pessoalmente Jo o Matta Mas o poema inteiro postado em 140 N o em peda os Ana D euhoje e Qboobybag Ana D N o postado inteiro A estudante Bebedourense descreve este novo modo de consumo de poesia que produzida de forma adaptada ao novo meio Informa o e entretenimento misturam se nas redes sociais e ratificam as constata es de Briggs e Burke 2006 quando mencionam a dilui o atual das fronteiras entre a tr ade educa o entretenimento e informa o O acesso informa o torna se assim tamb m algo da ordem da divers
11. Jo o Matta 30 6 Turbul ncia eu te mandei hoje porque fiquei com medo de n o te achar tamb m E tem gente que tem os tr s na pesquisa Acredita haah Jo o Matta Voc acha muito ou pouco Um ter o tem uma das tr s coisas certo Turbul ncia At pelo tanto eu achei pouco Jo o Matta Tem os tr s Jo o Matta Voc contou quantos tem cada um ou fez genericamente mesmo Jo o Matta Como voc fez a pesquisa Turbul ncia Pedi para que colocassem um risquinho em cada coluna Mas eles colocaram os nomes Perguntada a respeito da confiabilidade das informa es coletadas Turbul ncia questiona seu pr prio m todo antes mesmo de apresentar os n meros exatos de possuidores de cada aparelho incluindo um colega que mentiu ser dono de um dos aparelhos Entretanto diz ter sido surpreendida com o n mero real de quantos colegas possu am estes novos aparatos eletr nicos porque estava centrada apenas em seu pequeno grupo de amigos Achava que a maioria era dona de pelo menos um dos tr s acess rios Jo o Matta Voc acha que os resultados podem ser diferentes por ter usado diferentes m todos Digo de confiabildiade dos resultados ou os dois s o super confi veis Turbul ncia N o Nenhum dos dois s o confiaveis Jo o Matta Por que Jo o Matta Quais raz es voc teria para desconfiar dos n meros Turbul ncia Porque o m todo que eu usei na minha sala eu ja sabia quem tinha e quem n o tinha e teve um g
12. Outros Victoria s Secret Northridge California Brazil Eu amo o Brasil YouTube Starbucks RIO DE JANEIRO Coca Cola Nossa Que Fail Burn Energy Drink e Canci n I Will Follow Jesus DS MT Em julho de 2012 Turbul ncia apresentava 633 amigos no Facebook 1 5 T cnicas de pesquisa 119 2 A escolha das t cnicas de pesquisa um recorte interessado do pesquisador Sua escolha focada no quanto cada recurso pode ser complementar aos outros a fim de tornar o mais completo poss vel o levantamento dos dados de pesquisa Assim dispusemos no trabalho de campo desta pesquisa de tr s recursos metodol gicos observa o participante entrevistas individuais e an lise de conte do somados aos registros cont nuos do di rio de campo e algumas enquetes quantitativas como apoio Principalmente o in cio dos trabalhos de campo foi acompanhado de algumas incertezas O come o de um trabalho de campo sempre motivo de ansiedade e de certa ang stia do pesquisador Os in meros detalhes a serem considerados quando se vai a campo e a ainda incerta receptividade por parte dos pesquisados causam uma pequena inseguran a inicial Neste momento as t cnicas nos apoiam na medida em que nos d o alicerce e suporte para iniciarmos os trabalhos Ao longo do caminho vamos nos tornando mais flex veis em rela o a estas t cnicas e assim desenvolvemos nossas pr prias maneiras de conduzir o campo mesclando uma a outra e criando outro
13. The Diving Bell and the Butterfly Gattaca Brilho Eterno de uma Mente sem Lembran as Quebrando o Tabu Capitu Exit Through the Gift Shop Centop ia Humana Os Agentes do Destino Fight Club Mais estranho que a fic o The Butterfly Effect Old Boy Laranja Mec nica V de Vingan a Os Famosos E Os Duendes Da Morte The Curious Case of Benjamin Button Cloverfield Monstro Guerra dos Mundos e o Show de Truman Televis o Metr polis House Syfy Brasil Lost The Walking Dead Capitu The Big Bang Theory e American Horror History Jogos Submachine 8 the Plan e Batlefield 3 Outros interesses Submachine Rika Comic Shop Omelete Jesse A Eisenberg Joaquim Maria Machado de Assis Garotas Nerds Paulo Coelho Banksy Dave Tango Showlivre Revista Mundo Estranho Revista Galileu P Que Mon Banksy Mr Brainwash Mr Brainwash Thierry Guetta Banksy Curso Pr Enem da Abril Educa o Homem Aranha dos anos 60 OtakuGamer World Dentaltown Portugu s otPokemon com Anonymous ART of Revolution Rogeri o Veiculos YATTAR JAPAN Geekiss Trash Store Sheldon Cooper Folha de S Paulo Camisetas Humor Chique Adesivolandia Universal Channel Brasil Pastel Stories Rafinha Bastos Anime amp Mang Dep sito de Tirinhas Programa Login Forever Revista Superinteressante LikeNerd 104 PlayTV OFICIAL Programa Login Guia do Estudante Politica Estad o Estad o edu Metr pole Estad o O Globo Rio Comicon e estadao Por f
14. diferentes tipos de concorr ncia na produ o de informa o Sites de relacionamento como o Facebook trazem um novo jogo para este mercado onde a responsabilidade pela produ o de informa o pode ser dilu da entre seus pr prios consumidores seguindo um fluxo diferente do estabelecido pelo modelo anterior de concentra o do poder de produ o em poucos p los emissores Portanto o que constatamos acontecer com as revistas no Facebook se encontra com as constata es de Saad e Coutinho 2009 quando esta m dia social traz um diferente ambiente para a produ o e o consumo de informa o Este fato leva as revistas a encontrarem um ambiente competitivo diferente do que est o mais habituadas a conduzir suas estrat gias de mercado importante constatarmos que um site de relacionamento como o Facebook um espa o comercial estruturado a partir de uma l gica diferente da utilizada no mercado editorial tanto no que diz respeito s vendas de revistas em bancas e por assinatura como nos pr prios websites onde as editoras s o propriet rias dos espa os e assim controlam totalmente seu conte do 49 reproduzindo suas edi es impressas e trazendo promo es interativas em busca de fidelizar ainda mais seus clientes e tamb m conquistar novos O Facebook pertence popular web 2 0 onde o usu rio produz sob grids pr determinados o conte do a ser veiculado Ao contr rio da web 1 0 onde consumimos o que centra
15. dios esportivos que j se apresentavam de forma diferente ao p blico As mudan as sociais e econ micas ap s a Revolu o Industrial trouxeram fortes impactos para a educa o e para o entretenimento j que a tecnologia come a a ser incorporada em ambos de forma marcante No fluxo da hist ria ou para usar uma met fora alternativa na marcha do tempo a industrializa o que aumentou a riqueza e o lazer deu um novo significado a cada elemento da trindade Enquanto demandava circula o e informa o mais substancial e confi vel tanto por motivos financeiros quanto para o controle dos processos industriais a industrializa o tamb m precisava a longo prazo de um acesso p blico mais amplo educa o come ando com a escola BRIGGS E BURKE 2006 p 189 Os autores nos contam como na Europa do s culo XIX e parte do XX a educa o em massa tornou se uma necessidade assim como aconteceu com a educa o continuada e o aprendizado da computa o nas ltimas d cadas do s culo XX quando as express es sociedade da informa o e tecnologia da informa o foram lan adas ao palco Ao mesmo tempo e ao longo dele o desenvolvimento industrial demandou maiores oportunidades de lazer sob a forma de recrea o Foram criados os feriados que impactaram tanto na educa o como no entretenimento No s culo XX por influ ncia da m dia os feriados come aram a se relacionar diretamente ao
16. disponibilizar artigos f runs fotos e relatos de experi ncias de indiv duos que tenham tido contato com seres de outros planetas Jimmy comentou a respeito do sucesso do website sobre ETs que ele e Ana D colaboram Tamb m discorre sobre seu consumo de m dia revistas e websites e informa o sobre ETs 5 No cap tulo 3 discutimos de forma mais aprofundada a diferen a entre consumo de m dia e de informa o 147 Jo o Matta revistas quais voc l Jimmy Veja Superinteressante algumas sobre ufologia outros gibis ou HQ Jo o Matta Qual sobre ufologia Mundo Estranho Jimmy Sim Jo o Matta Vc curte este mundo Jimmy Leio algumas mat rias da History Channel no site Jo o Matta E assiste na TV Ou n o tem o canal Jimmy Sim pras 2 perguntas rs Acho que a Ana D mostrou um site que a gente est montando n o Jo o Matta Boa Resposta otimizada Ah vc amigo dela E est montando com ela Jimmy Na verdade o site em si um amigo meu eu vou ajudar em algumas reda es e f rum do site Jo o Matta Que legal Quero acompanhar este site Gostei da ideia e gosto do assunto Jimmy hehehe o site est entre os 3 mais visitados se colocar ufo hunters no google Sem mesmo lan armos o site Jo o Matta Caramba cara Que demais Est o criando uma m dia isto interessante porque antes da internet poucos podiam ter uma m dia agora poss vel muitos terem Ji
17. es de visibilidade e de aparente exclusividade as formas de produ o e apropria o de valor transformam se Prado e Cazeloto 2006 discorrem a respeito das atuais transforma es no valor das mercadorias Os autores discutem o papel 214 da comunica o atual como campo de constru o do valor na l gica do capitalismo globalizado A comunica o exerce ent o papel fundamental na exaustiva inje o de sentido nas mercadorias tornando as aur ticas e aparentemente nicas A monopoliza o impossibilidade de compara o leva as mercadorias a serem compradas n o mais apenas como coisas mas como senhas de inser o em um tipo de cultura onde o que aparece bom o que bom aparece como argumentou D bord Produtos e marcas vitaminados pelo marketing e pela publicidade oferecem se como caminhos de acesso para estas senhas que prometem inser o Nesta mesma l gica o valor disputado a partir do monop lio da apar ncia mercantiliza as rela es nas redes sociais a partir de suas media es por imagens Quem aparece tem valor o que tem valor aparece Entretanto para ser vis vel e consequentemente ter valor o jovem precisa desenvolver sua pr pria economia de relacionamentos no Facebook atrav s de leis pr prias de circula o e acumula o de capital simb lico A met fora com a economia proposital e justifica se pela exist ncia nas p ginas desta rede social d
18. este palmeirense de Bebedouro quando perguntado sobre as coisas que mais gosta sem sua vida respondeu Palmeirense acho que da minha m e meus irm os e do Palmeiras hahaha Leitor da revista Epoca e da Galileu Palmeirense conta que em sua casa n o assistem TV por assinatura apenas os canais abertos Quando em frente televis o s v futebol e alguns programas jornal sticos Conta que gosta da 114 cidade de Bebedouro onde vive com sua fam lia Sua principal divers o sair com os amigos e fazer churrasco nos finais de semana h bito comum entre os jovens bebedourenses Em seu perfil no Facebook este jovem de Bebedouro declara a data incompleta de seu anivers rio sem o ano de seu nascimento a cidade onde mora onde nasceu e o nome de seu col gio Palmeirense tamb m apresenta sua lista de fan pages que dizem muito a seu respeito M sica Registros Brasfoot 2012 e Odeio F sica Livros Digita Fortress Filmes Maldito Futebol Clube e Igreja de S o Marcos Televis o Two and a Half Man Esporte Interativo Globo Esporte e How I Met Your Mother Atletas Ayrton Senna J lio Botelho Johan Cruyff Marcos Roberto Silveira Reis e Marcos Roberto S Reis Times Palmeiras Oficial AFC Ajax GALO DOIDO Fan Page Aposto que consigo encontrar um milh o de pessoas que odeiam o Corinthians Frases Palmeiras e Palmeiras Oficial Esportes Chess e Futsal Pessoas que inspiram Palmeirense Goku Carlos Jos Castilh
19. este processo social se dava a partir de uma l gica da acumula o de capital onde o superego apresentava se mais como uma inst ncia repressora de um gozo afrontado por uma tica protestante do trabalho discutida por Weber Este soci logo foi quem apontou haver naquele momento uma ren ncia ao gozo como sa da para o sucesso do capitalismo Freud 2008 problematiza a centralidade do sentimento de culpa origem de v rios tipos de neuroses como estrat gia de sucesso que marcam as sociedades ocidentais naquele momento Em sua forma cl ssica o superego discutido por Freud entendido como um herdeiro do dipo uma interioriza o das exig ncias e das interdi es da figura paterna LAPLANCHE 2001 Para Nasio 2007 o superego uma inst ncia que nasce a partir de um gesto ps quico surpreendente onde a crian a abandona seus la os parentais como objetos sexuais complexo de dipo e os torna objetos de identifica o Busca assim ter seus pais internalizados em seu ego desejando ser como eles em suas ambi es fraquezas e ideais Assim o superego que nos acompanha desde sua forma o uma passagem da sexualidade moral expressa em 28 sentimentos como pudor senso de intimidade vergonha e delicadeza moral NASIO 2007 O superego ent o como uma esp cie de censor do ego exercia majoritariamente um papel de repressor ao gozo no contexto social estudado por Freud Neste momento nossas sociedades demand
20. gica exigida para se viver em nossos tempos Dentro de casa os eletrodom sticos est o cada vez mais complexos e exigindo nos razo vel grau de habilidade t cnica para sua utiliza o Opera es simples como assar um frango pode ser um pesadelo caso utilizemos os ltimos lan amentos em fornos el tricos que trazem uma infinidade de recursos e um manual de utiliza o em quatro ou cinco idiomas diferentes O mesmo acontece com as televis es que trazem periodicamente novas tecnologias que requerem outros conhecimentos e constante atualiza o para n o nos perdermos nas in meras siglas tecnol gicas Nomes como HDMI Full HD 3D e Bluray s o parte de um arsenal de jarg es que s os iniciados em tecnologia dominam e mostram se orgulhosos ao exibirem seu conhecimento O mesmo acontece na internet onde a cada dia novas tecnologias e diferentes formas de se usar o ciberespa o surgem exigindo dos indiv duos novas habilidades t cnicas entrando em cena um novo decoreba de jarg es Todo este ambiente de constante substitui o de aparatos tecnol gicos novos jarg es e usos s o difundidos pelo senso comum como habitat natural e 44 tranquilo para os jovens A hip tese desta pesquisa desafia tal perspectiva na medida em que percebemos desde o in cio de nosso trabalho de campo a exist ncia de diversos n veis de envolvimento entre os jovens do interior de S o Paulo e a tecnologia Al m disso os imperativos do
21. m afetados pela necessidade de se correr sem ao certo saberem o porqu Sem d vida na vida tanto dos jovens pesquisados quanto na dos londrinos situa es que requerem maior velocidade acontecem mas s o exce es entre os motivos da pressa di ria Corre se o tempo todo Foi comum durante o processo de campo ao iniciarmos uma conversa com alguns dos pesquisados ouvirmos a alega o de que este estava com pressa precisando falar r pido porque precisava desligar rapidamente o computador Algumas vezes por ter um compromisso qualquer como um m dico ou uma aula de ingl s mas outras sem saber ao certo por qual motivo o pesquisado estava correndo A nica certeza era de que o tempo era insuficiente e era preciso ter pressa Frases como estou na correria ou estou no sufoco eram comuns entre os jovens de 12 a 17 anos do interior de S o Paulo durante o trabalho de campo Sennett 1999 preocupa se com a troca da no o de longo para a de curto prazo em nossos tempos Para este professor o capitalismo de curto prazo corr i o car ter sobretudo aquelas qualidades de car ter que ligam os seres humanos uns aos outros SENNETT 1999 p 27 Richard Sennett est preocupado com o desaparecimento da no o de longo prazo que respons vel por corroer a confian a a lealdade e o compromisso m tuo caracter sticas importantes do car ter humano Nesta pesquisa n o investigamos nem analisamos e nem tampouco buscam
22. no sentido de Zizek 1997 A ideia que se tem do universo juvenil atual de um mundo repleto de livres escolhas a partir de um vasto mar de op es Entretanto a sensa o de aperto diante de certas imposi es de consumo Use este t nis aquela roupa e acesse a internet atrav s destes aparelhos Quando na rede use estas redes sociais e aja desta forma Produza muito conte do espere pelo reconhecimento de seus pares e seja o mais vis vel poss vel Tudo isto vinte e quatro horas por dia sete dias por semana esteja onde estiver A exist ncia a partir de um perfil nas redes sociais envolve uma teia de significados conferidos pelo consumo nas perspectivas da tecnologia do prosumption e da visibilidade A sensa o dos jovens de uma exist ncia pautada pela posse de um perfil nas redes sociais Tenho um perfil logo existo Sentir se vivo em um local como por exemplo um bar ou um show de m sica 226 s se completa a partir do registro deste fato na timeline das redes sociais Via Instagram por exemplo os jovens tornam vis veis e poss veis suas presen as f sicas em determinados locais e s assim passam a se sentir ali Existir tornou se algo da condi o do registro online de fotos e mensagens nas redes sociais S me vejo quando me mostro ao outro Nesta condi o a convoca o dos jovens como sujeitos da configura o de consumo que trabalhamos neste estudo coloca os ironicamente no lugar de objeto
23. o Esta intr nseca sociedade de consumo na medida em que os produtos e servi os n o se prestam a elimin la sendo programados para entrarem no mercado com tempo de vida breve A estrat gia a da recompra constante de novos modelos de produtos que surgem com o r tulo da inova o reservando aos anteriores um nico destino a lata de lixo Para Bauman 1998 na sociedade de consumidores quanto mais elevada a procura do consumidor isto quanto mais eficaz a sedu o do mercado mais a sociedade de consumidores segura e pr spera Todavia simultaneamente mais amplo e mais profundo o hiato entre os que desejam e os que podem satisfazer os seus desejos ou entre os que foram seduzidos e passam a agir do modo como essa condi o os leva a agir e os que foram seduzidos mas se mostram impossibilitados de agir do modo como se espera agirem os seduzidos A sedu o do mercado simultaneamente a grande igualadora e a grande divisora Os impulsos sedutores para serem eficazes devem ser transmitidos em todas as dire es e dirigidos indiscriminadamente a todos aqueles que os ouvir o BAUMAN 1998 p 55 Bauman problematiza a interpela o do sujeito contempor neo para o papel de consumidor a partir de uma cr tica sedu o do mercado pois este agrava os abismos econ micos entre os indiv duos contempor neos Aos que 32 possuem recursos financeiros destinado o lugar de consumidor insatisfei
24. o em jogo em sites de relacionamentos como estes Diante do exposto compreendemos e discutimos o consumo no Facebook em diferentes modalidades tais como consumo da pr pria tecnologia 71 Tradu o livre do autor 189 que d acesso a esta rede social o consumo da informa o que circula por esta rede social e consumo dos capitais simb licos em jogo nas transa es sociais do Facebook a Tecnologia O acesso s redes sociais como o caso do Facebook requer de in cio um computador equipado com a tecnologia m nima para acessar a internet sistema operacional browser modem e link com o provedor de acesso Entretanto h uma imensid o de outros aparatos tecnol gicos que incrementam o uso da internet C meras tablets celulares notebooks e books s o alguns dos exemplos de equipamentos lan ados e relan ados como o s o os produtos da ind stria da moda os quais ostentam novas cole es nos espetacularizados desfiles pelo mundo Novas esta es do ano trazem novos aparatos eletr nicos e estes entram em cena rapidamente deixando os antigos desatualizados e destinados ao lixo Segundo a Pnuma 2012 72 ag ncia da ONU respons vel por promover a conserva o do meio ambiente e o uso eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustent vel cada brasileiro joga fora em m dia meio quilo de lixo eletr nico por ano Como poss veis desdobramentos da invas o da tecnologia em nosso di
25. o caso do consumo as express es informa o educa o e entretenimento mudam de significado ao longo da hist ria Diferentes contextos podem levar a diferentes compreens es desta tr ade Este percurso de significa o discutido por Briggs e Burke 2006 que nos equipam com Uma Hist ria Social da M dia t tulo de seu livro para problematizarmos a diferen a entre consumo de informa o e de m dia e informa o e conhecimento t o relevantes na atualidade Assim para esta discuss o faz se necess rio refletirmos no que a informa o se tornou no s culo XX e in cio do XXI Briggs e Burke 2006 argumentam que o verbo informar informar derivado do latim originalmente significava em ingl s e franc s n o somente relatar os fatos o que poderia ser incriminador mas formar a mente A import ncia da informa o j era claramente apreciada em alguns c rculos comercial e industrial do s culo XIX quando as no es de velocidade e dist ncia sofreram altera es BRIGGS E BURKE 2006 p 188 Paralelamente s mudan as nas no es de velocidade e dist ncia que impactaram fortemente a import ncia da informa o a educa o e o 201 entretenimento tamb m sofriam modifica es significativas no final do s culo XIX e in cio do XX As escolas e universidades desta poca sofreram grandes altera es assim como as reda es de jornais est dios de r dio e de televis o teatros cinemas e est
26. o da turma j possu a o aparato eletr nico Entre estes apenas 10 eram meninas Turbul ncia n o se conteve com estes n meros e foi perguntar a seus colegas quem entre os que ainda n o possu am o iPad desejava o aparelho Mais uma vez a maioria era masculina mais 80 dos meninos e 50 das meninas O envolvimento dos jovens n o s como figuras pesquisadas mas tamb m como colaboradores do processo enriqueceu as abordagens pois trouxe os jovens mais para dentro da etnografia e os motivou ainda mais a participar Alguns ao longo do processo tomavam a iniciativa de trazer ideias observa es a respeito do mundo do consumo de tecnologia e tamb m de seu comportamento nas p ginas do Facebook e de outras redes sociais Envolver os jovens pesquisados com tarefas de pesquisa d a estes n o s mais motiva o como 124 tamb m os trazem mais para dentro do processo O ganho para a etnografia significativo An lise de discurso Para Laclau 2007 discurso a rela o de um conjunto de sequ ncias significativas onde h a aus ncia de um centro fixo que completa a totaliza o tornando a imposs vel Desta forma em um discurso que ao menos aparentemente parece n o ter fim sempre existir algo fora dos processos de significa o algo a ser ainda significado Nesta linha de pensamento o sujeito n o existe anteriormente ao discurso mas nele constitu do Em um discurso todos objetos s o carregados de
27. o dos fen menos que envolvem o objeto de estudo J a pesquisa documental traz uma varia o em rela o bibliogr fica a natureza de suas fontes Estas podem ser documentos emitidos 2 Esta conduta ser explicada em detalhes mais adiante 59 por rg os p blicos e privados relat rios divulgados publicamente por institutos de pesquisas entre outros Nesta tese utilizamos dados de nosso interesse publicados na internet como por exemplo estat sticas e dados populacionais dos munic pios estudados assim como n meros relacionados s pr prias redes sociais As informa es que trabalhamos foram coletadas em sua maioria nos sites oficiais dos pr prios munic pios das pr prias redes sociais e de not cias e tamb m em base de dados dispon veis ao meio acad mico ESTRUTURA DA TESE Esta tese est dividida em tr s cap tulos al m de introdu o e conclus o No primeiro cap tulo apresentamos o percurso da abordagem etnogr fica deste estudo seguido de dois outros cap tulos onde trazemos os achados de pesquisa acompanhados de nossas an lises e reflex es O cap tulo 1 descreve as escolhas metodol gicas quando discutimos o cen rio da pesquisa relevante tema em um estudo etnogr fico e apresentamos os jovens pesquisados descrevendo os Em seguida narramos todo percurso desde o in cio da pesquisa de campo at o momento de seu fechamento para a escritura desta tese Nesta narrativa trazemos as esc
28. o no capitalismo globalizado In Revista E comp s Vol 6 p 1 17 agosto 2006 RITZER George JURGENSON Nathan Production consumption prosumption the nature of capitalism in the age of the digital prosumer In Journal of Consumer Culture 10 13 Dispon vel em lt http joc sagepub com content 10 1 13 2010 gt Acesso em abril de 2012 ROCHA Paula J MONTARDO Sandra M Netnografia incurs es metodol gicas na cibercultura In Revista E Comp s v 4 Bras lia DF 2005 ROCHA Rose de Melo Comunica o e Consumo por uma leitura pol tica dos modos de consumir In BACCEGA Maria Aparecida ORG Comunica o e culturas do consumo S o Paulo SP Atlas 2008 Juventudes comunica o e consumo visibilidade social e pr ticas narrativas In BARBOSA L via ORG Juventudes e gera es no Brasil contempor neo Porto Alegre RS Sulina 2012 243 ROLNIK Suely Toxic manos de identidade subjetividade em tempo de globaliza o In LINS Daniel org Cultura e subjetividade Saberes N mades Campinas Papirus 1997 SAAD Elizabeth BERTOCCHI Daniela O algoritmo curador o papel do comunicador num cen rio de curadoria algor tmica de informa o In XXI Comp s GT Comunica o e Cibercultura Juiz de Fora MG 2012 SAAD Elizabeth COUTINHO Marcelo Modus Operandi Digital reflex es sobre o impacto das m dias sociais nas empresas informativas In XVIII Comp s GT Economia Po
29. ou mesmo a relev ncia e a confiabilidade das fontes CASTRO 2012 p 71 A express o screenager utilizada pela autora oriunda da fus o entre as express es em ingl s screen tela e teenager adolescente que pode ser traduzida livremente como os adolescentes das telas Comumente confundimos uma eventual capacidade de todos os screenagers em realizar in meras a es online de forma simult nea com o efetivo dom nio dos recursos tecnol gicos da internet apresentado por alguns Para Castro 2012 h diferen as significativas tanto na capacidade individual de processamento de informa es e cria o de conte do online por parte dos screenagers quanto nos usos das ferramentas digitais Ao mesmo tempo um cen rio de sobrecarga informacional nos desafia em nosso cotidiano e coloca em d vida os que afirmam que vivemos em uma dita sociedade do conhecimento No contexto midi tico atual dados digitalizados circulam desordenadamente pelos meios de comunica o antes mesmo de serem transformados em informa o privando nos do acesso ao conhecimento que poderiam gerar A abund ncia informacional e a velocidade de sua circula o e o consumo agravam uma eventual crise no acesso ao conhecimento por parte dos jovens conforme comenta Castro 2012 1 Neste trabalho usaremos a express o simplificada redes sociais quando nos referirmos s redes sociais da internet como por exemplo Facebook Twitter e Tumblr 13 Pa
30. particularmente a juvenil de alguns destes produtos e din micas de consumo cultural ROCHA 2008 p 122 Assim estudos que nos revelariam algumas destas apropria es e din micas citadas pela autora devem ser percorridos por este pensamento do consumo como integrante transformador da cultura e n o como fen meno econ mico isolado que se d em rea o a uma demanda que pode ser manipulada e constru da apenas a partir de interesses privados Estudos de natureza sociol gica que interpretam os jogos de domina o s o sem d vida 16 relevantes e tamb m urgentes Entretanto outras vis es do consumo que n o foquem exclusivamente este seu eventual papel alienador de fornecer prazeres e sonhos inating veis podem nos levar a entender diversos fen menos socioculturais o caso dos relacionamentos estabelecidos nas redes sociais da internet como o Facebook por exemplo Estes nos interessam na medida em que al m de buscar amigos e atingir certo grau de visibilidade e reputa o em meio ao grupo que pertencem os jovens ao utilizarem as redes sociais tamb m consomem aparatos tecnol gicos para o acesso e negociam os sentidos que por l circulam Assim esta sociologia que prega por uma vis o mais distanciada do consumo serviu nos como amparo referencial nesta pesquisa Com efeito a antropologia tamb m reivindica outra forma de ver o consumo diferente da que o sup e apenas como sin nimo do consumo de massa d
31. rios que funcionem como c digos de pertencimento a uma dada tribo Para Maffesoli 2006 as tribos de nossos tempos tendem a privilegiar e acentuar uma dimens o afetiva e sens vel em detrimento de associa es contratuais ou mais racionais como em outros tempos O autor 222 afirma que h momentos em que o indiv duo significa menos do que a comunidade na qual ele se inscreve 2006 p 198 Uma tribo potencializa um interc mbio durante a constru o identit ria de seus membros a partir de m ltiplos elementos do cotidiano pequenas hist rias em torno de um dolo registros fotogr ficos de shows linguagens codificadas que poucos conseguem decifrar experi ncias urbanas entre outros Tenho um perfil logo existo Este slogan representativo das redes sociais resume boa parte das atuais motiva es que levam um internauta a consumir nestes espa os da internet A partir do consumo da tecnologia que viabiliza seu acesso este consome informa o em um novo formato al m de sua pr pria visibilidade na rede Consumir dar significado ao mundo nossa volta classificar e selecionar o que nos faz sentido O prosumption convoca o usu rio posi o de prosumer um sujeito contempor neo que apesar de sempre ter espa o para resist ncia submetido ao imperativo da produ o de conte do na web 2 0 Quem principalmente entre os jovens apenas passivamente participa do jogo de produ o consumo desta chamada por
32. Ana D Ok Ana D J volto tamb m Vou ca ar minha janta Jo o Matta ok Jo o Matta Fique tranquila que tenho algo a fazer aqui Ana D Prontinho Quando estiver dispon vel pode chamar Jo o Matta Oi Voltei Jo o Matta Est ainda a Ana D Oi Jo o Matta jantou Ana D Jantei Jo o Matta O que comeu Ana D Sucrilhos Ana D HAhahaya Jo o Matta Que isso Ana D Jo o Matta Jantou Sucrilhos Ana D bom Jo o Matta Gera o que janta Sucrilhos Ana D Hahahahaha Ana D Gera o S 165 3 O CONSUMO E O FACEBOOK Facebook does not exist in isolation No one lives just on Facebook Daniel Miller Uma vez associado ao Facebook um indiv duo tem sua disposi o v rios recursos para interagir com outros participantes que estejam ou n o on line no momento de seu acesso Trata se de uma intera o mediada por computador que n o s deve ser olhada como dependente da infraestrutura inform tica mas tamb m estudada na sua complexidade al m da m quina que diz respeito sua apropria o social Estudar as negocia es sociais que se d o a partir do Facebook reconhecer seus integrantes como agentes sociais ativos e criativos na rela o de uso desta rede social Preocupamo nos com o que os usu rios realizam a partir deste espa o como consomem a tecnologia para acess la a informa o que por l circula e principalmente o sentido de sua pr pria exist ncia calcada na vis
33. BEER David BURROWS Roger Consumption presumption and participatory web cultures an introduction In Journal of Consumer Culture 10 3 Dispon vel em lt http joc sagepub com content 10 1 3 2010 gt Acesso em maio de 2012 BOSI Ecl a Cultura de massa e cultura popular leituras de oper rias Petr polis RJ Vozes 2007 BOURDIEU Pierre A distin o cr tica social do julgamento Porto Alegre RS Zouk 2008 O poder simb lico Rio de Janeiro RJ Bertrand Brasil 2007 Os usos sociais da ci ncia por uma sociologia cl nica do campo cient fico S o Paulo SP Unesp 2004 BOYD Danah Michele Taken out of context American teen sociality in networked publics 2008 Dissertation Doctor of Philosophy Graduate Division of the University of California Berkeley 2008 BRIGGS Asa BURKE Peter Uma hist ria social da m dia de Gutenberg internet Rio de Janeiro RJ Zahar 2006 BRUNO Fernanda Quem est olhando Varia es do p blico e do privado em weblogs fotologs e reality shows In Revista Contempor nea Vol 3 n 2 p 53 70 Julho Dezembro 2005 Monitoramento classifica o e controle nos dispositivos de vigil ncia digital In ANTOUN Henrique Org Web 2 0 participa o e vigil ncia na era da comunica o distribu da Rio de Janeiro RJ Mauad X 2008 BUDAG Fernanda Elouise Comunica o recep o e consumo suas inter rela es em Rebelde RBD 2008 Dis
34. Facehumor Capricho Amor n o se escolhe Acontece Multishow Depois dos Quinze Sabrina Sato MTV News Jacob Black Bella Swan Edward Cullen The Official Twilight Convention Jackson Rathbone Taylor Lautner Nickelodeon Brasil MARIMOON OFICIAL Wizard Bellatrix Lestrange Mrs 106 Norris Lucius Malfoy Severus Snape James Potter Fred Weasley Cho Chang Rubeus Hagrid Lord Voldemort Neville Longbottom Sirius Black Luna Lovegood Pomona Sprout Minerva McGonagall Hermione Granger Boomerang BR TPM Treinadas para matar Instituto Kreatori Hopi Hari Gibby Luciano Huck e Hor scopo 2011 Em julho de 2012 Duquesa apresentava 619 amigos no Facebook Gisele Apaixonada por moda e pela tecnologia esta moradora de Cabre va tamb m sonha em ser engenheira Seu Facebook e Tumblr s o repletos de fotos com diferentes estilos de roupas e acess rios Gosta de fotografia de combinar diferentes estilos de roupa e planejar o que vai vestir no final de semana caso fa a sol ou chova Ao conversarmos sobre a duvidosa moda em Londres logo comentou Gisele aaah Paris o ceentro da moda n Gisele est entre os pesquisados mais dispon veis e participativos Sua colabora o foi significativa em todo o processo se compararmos com seus colegas de Cabre va Apresentou interessantes descri es e precisos pontos de vista a respeito das redes sociais e de suas diversas aplica es para os jovens uma observad
35. Gorz 2003 trabalha a ideia de um capital imaterial como consequ ncia de uma economia da informa o um tipo de capitalismo que busca redefinir suas dimens es principais de trabalho valor e capital a partir da substitui o do capital fixo material pelo capital humano Prado e Cazeloto 2006 comentam que para Gorz a necessidade de operar sobre uma l gica imaterial leva o capital a converter em valor a subjetividade humana ou no repert rio habermasiano certas formas sem nticas e pragm ticas do mundo da vida como a vivacidade e a capacidade de improvisa o e coopera o as quais n o podem ser medidas na escala comum O enfoque n o mais a extra o de mais valia diretamente relacionada quantidade de trabalho extorquido mas o monop lio sobre o acesso a conhecimentos e ao capital simb lico culturais incorporados mercadoria PRADO E CAZELOTO 2006 p 6 A quest o colocada por Gorz gira em torno da impossibilidade de se mensurar as vari veis envolvidas nesta nova ideia de valor Assim o valor 177 fora da medida se d a partir da crise no conceito de valor em que um modo de operar do capitalismo atual que busca fazer o capital humano funcionar como o capital fixo dos tempos da mais valia seria o motor desta crise conceitual Para Gorz segundo Prado e Cazeloto 2006 p 9 a compara o objetiva de quantidades determinadas de trabalho ou mesmo a ancoragem em um
36. Jo o Matta Como assim Todos seguem o que os mais velhos fazem isto Turbul ncia Sim Jo o Matta Mas s o t o influenci veis assim Turbul ncia Muito Todos com as mesmas marcas mesmos t nis mesmo estilo de se vestir Turbul ncia DE FALAR E DE RIR Jo o Matta Incr vel n Jo o Matta Mas onde voc acha que come a esta onda de consumir tudo a mesma coisa Jo o Matta Na publicidade da TV na internet na loja onde Turbul ncia Acho que na internet e na escola Jo o Matta Ent o mas quem o primeiro a trazer as modas para a escola Jo o Matta Tem sempre um primeiro n o Turbul ncia O que viaja Jo o Matta para fora do pa s Turbul ncia Sim Jo o Matta N o para SP para outro pa s Jo o Matta Tipo EUA Turbul ncia Para SP eles trazem mais t nis Agora quando dos EUA eles trazem a t cnologia e a moda Turbul ncia Sim ai todo mundo quer igual come a a pedir pra quem for viajar trazer ou se n o j compra pela internet Um exemplo destes modismos entre os jovens o iPad Rapidamente tornou se o objeto mais desejado entre todos os outros aparatos do momento Este tablet da Apple superou o celular da marca BlackBerry que ocupava o privilegiado lugar de sonho de consumo dos alunos no interior de S o Paulo 145 As empresas de mercado sabem deste jogo de influ ncias que h entre os jovens e tra am estrat gias que exploram tal realidade Desenham a es promocionai
37. Lee desenvolveu em agosto de 1991 o primeiro navegador de hipertexto da web que permitiu que se navegasse atrav s de uma interface diferente da linha de comando que era comum na poca Antes um cursor esperava na tela do computador por uma ordem que vinha do usu rio atrav s de uma linguagem espec fica que era conhecida apenas pelos j iniciados Os navegadores desenvolvidos a partir de 1991 passaram a oferecer uma interface gr fica mais amig vel e direta Muitos outros navegadores foram desenvolvidos a partir do primeiro de Berners Lee e possibilitaram um r pido desenvolvimento da www o que ajudou a internet a tornar se o fen meno social que hoje Essa interface gr fica permite uma simples navega o por diversos tipos de informa es que s o disponibilizados em tempo real aos seus usu rios A navega o facilitada pela apresenta o dos conte dos de forma gr fica e pelas in meras possibilidades de escolha colocadas disposi o do usu rio A express o tempo real tem sido largamente utilizada quando nos referimos cibercultura Nesse contexto como se as atividades realizadas na internet acontecessem apenas na dimens o do espa o f sico e o tempo n o existisse Sabemos haver um tempo de circula o das informa es nos computadores e nas redes mas este tem se tornado impercept vel devido aos aparatos tecnol gicos desenvolvidos para se buscar maior velocidade de transmiss o Da vem a ideia de haver u
38. London UK Verso Books 1985 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina Fundamentos de metodologia cient fica S o Paulo SP Atlas 1991 LAPLANCHE Jean Vocabul rio da Psican lise S o Paulo SP Martins Fontes 2001 LASSANCE Antonio Brasil jovens de norte a sul In ABRAMO Helena Wendel BRANCO Pedro Paulo Martoni ORGs Retratos da juventude brasileira an lises de uma pesquisa nacional S o Paulo SP Funda o Perseu Abramo 2011 LAZARSFELD Paul F MERTON Robert K Comunica o de massa gosto popular e a o social organizada In COHN Gabriel Comunica o e ind stria cultural S o Paulo SP Universidade de S o Paulo 1971 LIVINGSTONE Sonia Children and the internet Cambridge UK Polity 2009 LIPOVETSKY Gilles O imp rio do ef mero S o Paulo SP Cia das Letras 1989 240 LOPES Maria Immacolata Vassallo de Pesquisa em comunica o S o Paulo SP Loyola 2005 MACKENZIE Donald WAJCMAN Judy The social shaping of technology New York USA Open University Press 1999 MAFFESOLI Michel O tempo das tribos o decl nio do individualismo nas sociedades p s modernas Rio de Janeiro RJ Forense Universit ria 2006 MATTA Jo o Osvaldo Schiavon Estrat gias midi ticas de uma popstar na internet Avril Lavigne no Orkut 2008 Disserta o Mestrado em Comunica o e Pr ticas de Consumo Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM S o Paulo 2008 Notas sobre um c
39. ODOUGHERTY Maureen Consumption intensified the politics of middle class daily life in Brazil Durham USA Duke University Press 2002 PARENTE Andr O virtual e o hipertextual Rio de Janeiro RJ Pazulin 1999 POSTMAN Neil O desaparecimento da inf ncia Rio de Janeiro RJ Graphia 1999 PRADO Jos Luiz Aidar Convoca o nas revistas e constru o do a mais nos dispositivos midi ticos In Matrizes ano 3 n 2 jan jun 2010 SP ECA USP Paulus 2010 Cr ticas das pr ticas midi ticas da sociedade de massa cibercultura S o Paulo SP Hacker 2002 242 O leitor infiel diante dos mapas da m dia semanal performativa In Revista Fronteiras Estudos Midi ticos S o Leopoldo RS v 7 n 1 p 39 46 2005 Pol tica da imagem na era da convoca o In XXI Comp s GT Cultura das M dias Juiz de Fora MG 2012 Programas cognitivos e passionaliza o do consumo nos media e na publicidade In Revista Comunica o m dia e consumo ESPM Vol 5 n 14 p 87 101 novembro 2008 Regimes de visibilidades em revistas DVD S o Paulo PUC SP Um dia sete dias Grupo de Pesquisas em M dia Impressa 2011 Regimes cognitivos e est sicos da era comunicacional da invisibilidade de pr ticas sociologia das aus ncias In Revista Comunica o m dia e consumo ESPM Vol 3 n 8 p 11 32 novembro 2006 PRADO Jos Luiz Aidar CAZELOTO Ed lson Valor e comunica
40. Paulista Pessoas que inspiram Jimmy Niccol Machiavelli Zygmunt Bauman e Jimmy The Rev Sullivan Outros Reference Music Center le ninja blog N o Intendo Revista Mundo Estranho Precinho com SWU Fail Wars Aqui Corinthians HUMOR METAL M Playgag Kadz International Relations Sociologia da Depress o Redil Ofertas Cersibon Marcelo Tas Biblia MMO R dio Tim o OFICIAL Jaroszewski Advogados Revista Arkade Humor Negro Andre Coelho Matos UltraMusicas Verso Simples This girl has a Spider living under her skin e Reference Contest Solo de guitarra de Ricardo Luppi Assali Em julho de 2012 Jimmy apresentava 1 106 amigos no Facebook Lu sa Logo no in cio da primeira conversa esta estudante de Cabre va nos perguntou se poder amos falar na linguagem do face esta se referiu linguagem toda codificada que os jovens utilizam em chats como o do Facebook que us vamos como ferramenta de comunica o Bastante curiosa com o que pesquis vamos foi logo interrompendo a apresenta o da pesquisa para nos ensinar os primeiros passos desta outra linguagem para que pud ssemos ter mais sucesso ao falar com seus colegas Espont nea e bem humorada a jovem ao ser perguntado o que gostava de ler respondeu Lu sa revistas as de adolescentes capricho toda teen livros Harry Potter Quem Mexeu no Meu Queijo Um Motivo para Viver As Valquirias De Genio e de Louco todo mundo tem um pouco
41. Qual o seu sonho de consumo O maior de todos 225 Turbul ncia Aquele super computador da Apple um branco grand o Mas n o uma coisa que eu fico cobrando n o nem ligo muito Mas de consumo esse s Jo o Matta Entendi Jo o Matta Para que queria este super computador Turbul ncia Para as mesmas coisas que eu uso este Voc perguntou meu sonho de consumo se fosse s um sonho eu n o te responderia isso Mas como alguma coisa de consumir lembrei disso Turbul ncia Porque eu acho muito lindo aquele computador Jo o Matta S pela est tica Turbul ncia Sim Jo o Matta entendi Turbul ncia ao comentar sobre diferentes temas e commerce identifica es entre os grupos de jovens jogos de influ ncias no uso de produtos consumismo moda centros mundiais de refer ncia de consumo seu sonho de consumo trata da quest o do modo de consumir da sociedade atual Um capitalismo de terceira etapa onde as compras s o processos naturalizados e dimensionados pelo tempo A pressa para as compras emerge na fala da aluna de Bebedouro A press o que tratamos no segundo cap tulo surge nessa fala ligada ao consumo e simbolizada pelo reloginho na tela do computador que limita as compras nos sites que menciona a apenas vinte e quatro horas A corrida das compras parte do dia a dia destes jovens do interior de S o Paulo O cotidiano de consumo dos adolescentes pesquisados um tanto claustrof bico
42. al m disso encontra se apenas em estabelecimentos comerciais e restaurantes selecionados BOURDIEU 2008 p 261 Os jovens enquanto atores da sociedade de consumo efetivam pr ticas que seguem o corte bourdiano Buscam marcas que os distinguem entre os iguais A busca por uma distin o social a que se refere o autor franc s da mesma ordem da que observamos nos jogos de visibilidade entre os jovens que sonham serem propriet rios do aparelho tecnol gico da ltima moda Dotados de uma esp cie de dialeto tecnol gico buscam diferenciar se a partir da posse n o s do aparato em si mas de um conhecimento espec fico que legitime como merecedor de tal apropria o material e simb lica O sonho moderno pela alta tecnologia da ltima gera o encapsulada pelo design percebido como mais arrojado assemelham estes produtos alta costura o que d a estes jovens a ideia de que est o no caminho certo que s o possuidores das senhas ao sucesso O gosto pelo aparelho tecnol gico mais desejado produto e fruto de um processo educativo ambientado na sociedade de consumo e n o de uma sensibilidade inata destes atores sociais Ana D e Jimmy compartilham da vontade de estudar os ETs que supostamente dividem o universo com os seres humanos Ambos relatam o quanto apreciam o tema e com relativo rigor discutem o assunto Dividem o apoio de um website de um amigo que discute tal tema A ideia principal deste espa o
43. alguns era da informa o arrisca se a ser classificado como outsider e sofrer uma esp cie de bullying social A regra do jogo do prosumption naturalmente assumir a posi o amb gua de produtor e consumidor nos espa os web 2 0 Poucos jovens no Facebook se calam e apenas observam Este n o o desempenho esperado de quem participa desta rede social O objetivo n o ficar calado Deve se comentar sobre qualquer assunto provocar ofensivamente os amigos ap s os jogos de futebol enviar fotos de onde se est naquele momento avisar a todos o hor rio de sa da do pr ximo v o que se ir tomar e tamb m lamentar a morte de alguma figura midi tica Steve Jobs aluno da escola Bebedourense escolheu seu apelido pela sua intensa admira o a este astro do mundo empresarial que por muito tempo liderou a empresa Apple um imp rio do mercado da tecnologia criado a partir de experimentos em uma garagem feitos por um jovem norte americano chamado Steve Jobs Durante sua gest o esta multinacional faturou bilh es de d lares na venda de aparatos tecnol gicos que trazem a ma mordida como s mbolo 223 Jobs visto pela m dia como um g nio do marketing mais especificamente do mercado da microtecnologia Segundo esta vis o que o idolatra este executivo teria revolucionado o mundo a partir dos aparatos vendidos pela Apple Teria mudado nossa forma de ouvir m sica usar o computador e o celular e gerado o desejo quas
44. ao sabor dos objetivos desta rede social em seu papel de enunciadora Todos os adolescentes pesquisados s o leitores de um meio de comunica o que atua de forma performativa as revistas semanais e s o associados de no m nimo uma rede social o Facebook Este site de relacionamento tamb m desempenha o papel de dispositivo convocat rio Os adolescentes pesquisados nos mostraram serem part cipes de um simulacro de liberdade de uma conviv ncia online que os convoca como seres altamente tecnol gicos Vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana estas redes sociais est o dispon veis a eles Este dia a dia os coloca quando online em um papel de enunciat rios de diferentes discursos Vivem a vetoriza o do Facebook na dire o da necessidade por se mostrarem sempre felizes nas redes sociais atrav s de posts eficazes com muitos curtir comentar e compartilhar O sujeito jovem de hoje tende a associar o gozo com o curtir 66 Ser leitor de no m nimo um t tulo e associado de no m nimo uma rede social da internet foi filtro no processo de sele o para esta pesquisa 179 a felicidade com um positivo comentar de um amigo e o sucesso com muitos compartilhar no Facebook 3 3 Marcadores identit rios no Facebook No Facebook os adolescentes produzem sua pr pria apresenta o Desenvolvem seus perfis a partir de textos sobre si mesmos e principalmente fotos e ima
45. argumenta que em geral n o um sistema de doutrina o ideol gica r gida que induz concord ncia com as sociedades capitalistas existentes mas sim os prazeres propiciados pela m dia e pelo consumo O entretenimento oferecido por esses meios frequentemente agradabil ssimo e utiliza instrumentos visuais e auditivos usando o espet culo para seduzir o p blico e lev lo a identificar se com certas opini es atitudes sentimentos e disposi es A cultura de consumo oferece um deslumbramento conjunto de bens e servi os que induzem os indiv duos a participar de um sistema de gratifica o comercial A cultura da m dia e a do consumo atuam de m os dadas no sentido de gerar pensamentos e comportamentos ajustados aos valores s institui es s cren as e s pr ticas vigentes KELLNER 2011 p 11 159 Entretenimento m dia e consumo sobrep em se na venda da rebeldia como valor juvenil Em Matta 2008 trabalhamos com a constru o midi tica da celebridade Avril Lavigne atrav s da mesma l gica presente em Rebelde aquela que cria e mant m a rebeldia como um valor de uma marca de mercado As estrat gias de marketing da estrela buscam associar sua imagem a ideia de rebeldia da mesma forma que o refrigerante da marca Coca cola procura associar a ideia de emo o sua imagem No videoclipe da m sica Complicated Avril Lavigne mostra suas atitudes de l dica rebelde ao ir aprontar com seus amigos esqu
46. blica e s participa es em grupos pol ticos Diferentemente de outros tempos o sujeito contempor neo n o segue mais um nico projeto para si mesmo e passa toda sua exist ncia redefinindo sua identidade ao sabor dos novos estilos e modos de vida que como a moda mudam o tempo todo Em um mundo cada vez mais interdependente uma incoer ncia falar de individualismo Entretanto este um dos paradoxos que configuram a vida p s moderna povos interdependentes entre si s o formados por indiv duos focados em construir sua identidade em mundo marcado pelo transit rio o que torna tal atividade t o imposs vel quanto angustiante Para 7 nconscientemente insatisfeito porque a sensa o moment nea de satisfa o plena 33 Rolnik 1997 na vida globalizada da p s modernidade tornamo nos viciados em identidade Al m de sua busca cont nua de uma identidade o sujeito p s moderno tamb m se caracteriza pela naturalidade com que exp e sua vida privada em lugares p blicos Os reality shows e as redes sociais da internet s o exemplos deste fen meno Temas problemas confiss es e segredos que antes eram reservados a esferas ntimas e privadas amigos muito pr ximos ou familiares hoje s o expostos em blogs e sites de relacionamento da internet assim como em programas de televis o como os talk e os reality shows No programa veiculado no Brasil pela rede Globo de Televis o denominado Big Brother o confessio
47. certa desconfian a em rela o s not cias dos grandes ve culos brasileiros de comunica o Para eles ve culos como Veja e Globo s o capazes de editar suas reportagens em busca de maior circula o e audi ncia ou seja maior lucratividade Os adolescentes mostram compreender o contexto mercadol gico ao qual est o inseridos Percebem que os ve culos de comunica o de massa e seu jornalismo tamb m est o inseridos em uma l gica de mercado onde o lucro alvo principal Outro fator positivo em rela o ao tipo desta conduta etnogr fica o registro de todo o percurso de pesquisa Ao utilizarmos as ferramentas dispon veis da internet como Skype e o pr prio chat do Facebook as conversas e manifesta es puderam ser facilmente gravadas incluindo imagens som e escritos Estes aparatos tecnol gicos fornecem a op o de se salvar em arquivos os conte dos gerados na pesquisa em texto e at mesmo em v deo A conex o que estabelecemos entre Londres e o interior de S o Paulo configura se como uma abordagem etnogr fica por trazer caracter sticas que denotam um estudo deste tipo longo per odo de conv vio no campo engajamento na vida dos pesquisados desenvolvimento de uma conviv ncia pr xima e com relativa intimidade que pudesse ser capaz de diminuir a 31 Turbul ncia o apelido de uma das adolescentes pesquisadas neste estudo A jovem ser apresentada a seguir 76 interfer ncia da presen a do pesqui
48. competi o que se tornaram os vestibulares Entretanto mesmo com o desenvolvimento de escolas particulares mais atrativas e v rias op es de lojas e centros de compras estas cidades do interior paulista vivem sombra dos grandes centros como por exemplo S o Paulo Campinas e Ribeir o Preto No que se refere ao mundo das compras viagens de v rios quil metros de uma cidade do interior at um centro maior comum L os interioranos passam o dia em shopping centers podendo at estender o passeio indo a um teatro ou cinema comendo em restaurantes Mesmo com suas cidades oferecendo tais op es estas excurs es de consumo para centros maiores s o habituais No que diz respeito aos estudos dos jovens das cidades interioranas muitas fam lias principalmente as de maior poder aquisitivo sabem que seus filhos ir o logo depois de cursarem o ensino m dio buscar os grandes centros para frequentar o ensino superior e desenvolver suas carreiras Alguns retornam depois de formados outros n o Mesmo com as cidades do interior oferecendo faculdades privadas hoje este xodo de estudantes depois do ensino m dio permanece e tende a aumentar Neste cen rio os jovens do interior de S o Paulo crescem e vivem tendo como refer ncia para o consumo as grandes cidades do estado Desde cedo Viajam com seus pais para aventuras de consumo e ap s um tempo alguns at se mudam para as cidades maiores para estudar e tamb m trabalhar Entre
49. consumo tecnol gico proporcionam certa press o o que tenciona o cotidiano juvenil daquela regi o do estado Ao inv s de local tranquilo e de descanso a rela o dos jovens com a tecnologia desde o uso di rio das redes sociais at dos aparelhos port teis de telefonia m vel pode expor o jovem a um desconforto Este o posiciona em uma posi o social diferente da que o denomina como nativo digital e habitante naturalmente adaptado ao universo da tecnologia Devemos problematizar a naturalidade com que assumimos a necessidade de aparatos tecnol gicos em nossas vidas Aparelhos como celular netbook e book notebook e tablets e tamb m a pr pria internet s o assumidos por n s como acess rios obrigat rios do cotidiano N o inclu mos aqui tecnologias m dicas e de transporte que salvam vidas e nem tampouco outras que nos impulsionam a entendimentos e estudos espec ficos Alguns jovens desta pesquisa mostraram se incomodados com a afirmativa de que seria imposs vel de se viver sem o aparelho celular e a internet por exemplo Este questionamento parece nos pertinente apesar de dif cil aplica o Vivemos um contexto que nos faz crer que a exist ncia n o poss vel sem um perfil no Facebook no Twitter no Tumblr e sem consultar o Google Esta a sensa o que permeia a vida da maioria dos jovens quando confrontados com o desafio de viver alguns dias sem o acesso internet e ao seu aparelho celular em alguns casos seus ap
50. daria ent o o desenvolvimento pedag gico diante das tecnicidades contempor neas A autoridade pedag gica do professor dist ncia teria que disputar um lugar de aten o com as redes sociais e outras tecnologias que d o a sensa o de poder efetivamente substituir a figura do professor Um dos grandes desafios em rela o ao ensino a dist ncia o de fornecer condi es para que os professores ausentes se tornem presentes N o se pode ser ing nuo a ponto de se acreditar que a presen a f sica do professor garanta por si s o ensino de boa qualidade haja vista o fato de prevalecer em muitas ocasi es presenciais o denominado pacto da mediocridade no qual o professor finge que ensina e os alunos fingem que aprendem Por outro lado este imperativo categ rico do exibir se que se aferra na atual condi o ontol gica de que ser ser percebido deve se tornar necessariamente objeto de cr tica dos professores cujas imagens s o filtradas pelos canais de transmiss o dos aparelhos eletr nicos envolvidos no ensino a dist ncia ZUIN 2006 p 948 Zuin 2006 preocupa se com as tecnicidades como mediadoras dos processos de ensino na medida em que a presen a do professor no ensino dist ncia d se por meio de um processo de representa o digital Para este autor a autoridade do professor pode ser pulverizada pelas TICs antes mesmo da possibilidade de ver sua pr pria imagem autorit ria sendo criticada e tens
51. das classes m dia e alta comentarem que a vida dos jovens moleza comparada com a deles Em tom nost lgico diz se que os jovens ainda n o experimentaram os reais compromissos do dia a dia como pagar suas 132 pr prias contas subordina o a um chefe exigente e a frustra o por ter que ir trabalhar mesmo contra a pr pria vontade Entretanto percebemos que a viv ncia cotidiana dos adolescentes pesquisados de uma agenda lotada de intensos compromissos t o ou mais estressantes que este cotidiano adulto neoliberal repleto de reuni es e atividades complementares Al m da escola os adolescentes tamb m complementam seus compromissos com aulas particulares de idiomas e instrumentos musicais treinos esportivos aulas de dan a e terapias Al m disso s o pressionados pela alta expectativa de pais e respons veis em rela o ao resultado de seus investimentos Estes jovens est o sendo preparados para serem vencedores e bem sucedidos em um contexto cada vez mais competitivo onde o sucesso medido em cifras e demonstrado a partir do que se compra Os adolescentes aprendem a ocupar estas posi es de destaque social ao terem seus esfor os compensados com pr mios como o iPad da moda ou o ltimo lan amento do celular da marca BlackBerry Os significados destes bens tecnol gicos est o al m de suas funcionalidades pois s o senhas de inser o que conferem aos seus possuidores lugar de destaque no cot
52. de Hanging Out Messing Around and Geeking Out limitam se a criar categorias de comportamento atrav s das quais generalizam o comportamento online dos jovens maneira dos institutos de pesquisa de mercado Chin 2001 trabalha com as particularidades do consumo de cada um de seus pesquisados e partir da generaliza suas reflex es em torno desta pr tica Com isto podemos dizer que esta pesquisa parte da premissa que busca priorizar a profundidade de seus achados em detrimento de sua amplitude Assim focamos este estudo em um grupo espec fico de jovens de uma importante regi o do Brasil que o interior de S o Paulo Distantes mas n o tanto dos grandes centros do pa s os jovens desta regi o consomem tecnologia informa o produtos e servi os levados por desejos que se assemelham aos seus pares dos grandes centros Entretanto n o foram as eventuais semelhan as enquanto jovens consumidores que nos conduziram escolha por pesquisar este p blico desta regi o Foram suas potenciais diferen as Distantes dezenas ou centenas de quilometros de dist ncia dos grandes n cleos urbanos do Brasil estes jovens apresentam quando o assunto consumo um imagin rio constru do em torno das refer ncias de cidades do mundo como S o Paulo Rio de Janeiro Londres Paris e Nova Iorque s vezes 28 Termo utilizado para designar o ato de acessar livremente v rios websites da internet sem necessariamente um objetivo definido Esta ex
53. de intercambistas Londres tamb m local obrigat rio na agenda dos brasileiros que viajam apenas com o objetivo de comprar O antrop logo norte americano Maureen ODougherty 2002 estudou a classe m dia brasileira durante o per odo de crises econ micas entre 1981 e 1994 Este estudioso relata como nossa classe m dia desejosa de certa distin o social consumia neste per odo produtos importados como forma de se destacar em uma sociedade em crise Muitos compravam produtos trazidos via contrabando enquanto outros conseguiam viajar ao exterior e voltar com malas cheias de bugigangas estrangeiras pagando at excesso de peso para chegar ao Brasil com produtos comprados nos grandes centros mundiais O Dougherty tamb m narra em seu trabalho como nesta poca o ensino em escolas privadas se tornou objeto de desejo para pais que buscavam propiciar aos seus filhos um ensino de melhor qualidade talvez comparados aos grandes centros internacionais Sem d vida este per odo de crise impactou de forma 90 significativa as pr ticas de consumo do interior de S o Paulo foco deste estudo Passado este per odo de crise o h bito de viajar para o exterior e trazer produtos para a venda informal para amigos e conhecidos persiste nas cidades desta regi o do estado Em Londres basta irmos at as lojas da Oxford Street rua do com rcio da capital inglesa para encontrar alguns brasileiros inclusive do interior de S o Paulo
54. do Espet culo problematizada por Guy D bord 1997 a sensa o de ser visto midiaticamente a mola propulsora de um sintoma social que de certa forma o pr prio D bord 1997 nos deixou saber atrav s de suas reflex es Para Sibilia 2008 h quatro d cadas quando D bord deu a conhecer suas reflex es ainda estava se delineando no horizonte a espetaculariza o do mundo que agora vivenciamos com tanto estr pito Por isso s o t o valiosas suas observa es acerca das rela es que se mercantilizam ao ser mediadas por imagens bem como a passagem do ser para o ter e deste ltimo para o parecer SIBILIA 2008 p 268 Paula Sibilia prop e uma discuss o em torno de como as TICs t m ajudado na transforma o de indiv duos comuns em protagonistas de um show particular de exibi o p blica de sua intimidade A apropria o da 213 internet por indiv duos em busca de visibilidade serve para se criar uma esp cie de festival p blico de vidas privadas Agentes e algoritmos curadores do Facebook trabalham alinhados ao imperativo da visibilidade do contempor neo desafiando assim as fronteiras entre o p blico e o privado Deste modo esta rede social participa do fen meno atual da busca pela cria o de cortinas de apar ncias para os adolescentes se expressarem e tamb m se promoverem no mundo online Tal busca demanda certo monop lio da apar ncia uma disputa por aparecer midiaticamente sem se
55. e sua regi o de com rcio conhecida em algumas cidades como a rua do com rcio Neste setor do munic pio lojas come aram a tomar seus lugares Inicialmente bazares onde se vendia de tudo um pouco quitandas de frutas legumes e verduras e armaz ns de esquina que davam cr dito aos clientes marcados em pequenas cadernetas Ao longo dos anos estes pequenos e tradicionais estabelecimentos foram sendo gradativamente substitu dos por lojas maiores e tamb m por supermercados locais todos de propriedade de empres rios do pr prio munic pio As cidades do interior de S o Paulo tamb m possuem o seu mercado municipal com barracas de alimentos e de outros produtos rurais como botas facas enxadas e apetrechos para pesca O interior de S o Paulo se desenvolveu como uma regi o economicamente forte sendo a segunda em import ncia no Brasil ficando atr s apenas da regi o metropolitana de S o Paulo IBGE 2011 Hoje esta regi o do estado cultiva majoritariamente um produto que marcou a monocultura do in cio da coloniza o do Brasil nos s culos XVI e XVII a cana de a car Diferentemente dos grandes engenhos daquela poca que extra am o a car da cana para envi lo Europa as propriedades atuais est o interessadas no lcool combust vel para suprir a demanda do mercado brasileiro e de alguns pa ses da Am rica do Sul al m de tamb m produzirem a car para o consumo interno Algumas cidades do interior de S o
56. entre os pr prios jovens e seu uso da tecnologia que se d o no universo pesquisado a partir do consumo Conduzir uma etnografia sobre o consumo online entender como se d o as rela es entre os pesquisados 57 a partir de seu papel de consumidor e produtor Em outras palavras esta etnografia estudou as rela es sociais entre os jovens mais especificamente o papel do consumo nestas rela es Para isto foi importante estabelecermos um grupo de jovens que apresentasse um conv vio comum em um universo qualquer Um agrupamento que apresentasse uma sociabilidade previamente estabelecida Precis vamos encontrar um ou dois grupos de jovens que estivessem interligados por alguma raz o escola clube vizinhos comunidade Com isso escolhemos alunos de tr s escolas de ensino m dio de duas cidades do interior paulista duas particulares e uma p blica Estas escolhas nos deram a possibilidade de uma an lise mais ampliada ao incluirmos estudantes de doze a dezessete anos que frequentam estas escolas Uma das particulares apresentava a mensalidade m dia em torno de mil e trezentos reais no per odo dos trabalhos de campo enquanto a outra em torno de quinhentos e cinquenta reais Paralelamente a isto importante registrar que nesta pesquisa priorizamos a profundidade em rela o sua poss vel amplitude O problema de pesquisa nos demandou uma reflex o sobre o consumo que evitasse seu entendimento sob um olhar meramente econ mico
57. estere tipo espec fico do rebelde contempor neo o que chama de rebelde sem causa Este estaria ligado a uma rebeldia mais domiciliar que propriamente a um tipo de revolta que chegue a impactar quest es macroestruturais Identificamos nas falas tamb m o estere tipo do rebelde sem causa o adolescente que se rebela por ser caracter stico da idade mas que no fundo n o tem motivo s rio para tal atitude Chama nos a aten o a presen a deste estere tipo no discurso dos jovens porque bate perfeitamente com a imagem de rebeldia que constatamos que a telenovela tenta passar Igualmente ao estere tipo do rebelde sem causa Rebelde propaga uma rebeldia com prop sitos estreitos no mbito da fam lia ou da escola sem uma percep o de rebeldia que se insira na macroestrutura social BUDAG 2008 p 99 Vemos presente nas atuais pr ticas comunicacionais discursos de uma rebeldia do tipo pr t porter como a que se refere a autora Kellner 2001 nos alerta sobre o poder da m dia como provedora de material a partir do qual se pode forjar identidades Esta ideia de rebeldia de prateleira banalizada pela m dia e pelo marketing Assim deixa de ser apenas associada a um comportamento de confronto e de busca por mudan a do status quo e de comportamentos que desafiam os modos mais tradicionais de ser e pensar Torna se um produto de consumo que pode ser adquirido at mesmo pela internet Kellner 2011
58. interior de S o Paulo A converg ncia que tratamos a do tipo discutida por Henry Jenkins 2008 Este professor norte americano discute a converg ncia de conte dos estabelecida em nosso dia a dia tecnol gico atrav s dos diferentes suportes midi ticos Para Jenkins 2008 a converg ncia n o ocorre nos sofisticados aparelhos tecnol gicos nem nos mais simples esta se d nos pr prios consumidores e na sua intera o com seus pares o que o faz dialogar com nossos argumentos neste trabalho O autor defende que cada consumidor respons vel por montar sua pr pria mitologia pessoal a partir da m dia A forma como hoje disposta e composta a m dia leva nos a consumir uma infinidade de conte dos de onde podemos montar nossa pr pria converg ncia Afinal o que as empresas de mercado t m feito tentar disponibilizar seus conte dos em diferentes formatos que se aproveitam das caracter sticas espec ficas de cada dispositivo tecnol gico para atrair seus consumidores cada vez mais Seriados de TV consumidos pelos jovens tornam se conte do de website de aplicativos para o iPhone tema de games e assim por diante Assim quando em contato com seus conte dos preferidos os jovens procuram usar ao 141 mesmo tempo os mais diversos suportes tecnol gicos para acess los Para os jovens n o h ent o a percep o de estarem fazendo muita coisa ao mesmo tempo como pensam alguns adultos j que os v rios dispo
59. localizados em s culos anteriores Slater argumenta que a cultura do consumo parece a muitos como algo que s se formou inteiramente na era p s moderna no entanto est inextricavelmente ligada modernidade como um todo Em primeiro lugar as institui es infraestruturas e pr ticas essenciais da cultura do consumo originaram se no in cio do per odo moderno e algumas delas estavam bem estabelecidas ao menos para algumas classes e alguns setores econ micos nessa poca A cultura do consumo n o uma consequ ncia tardia da moderniza o industrial e da modernidade cultural algo que se seguiu depois que o trabalho intelectual e industrial da modernidade j tinha sido feito Foi na verdade parte da pr pria constru o do mundo moderno Em segundo lugar a cultura do consumo est ligada ideia de modernidade de experi ncia moderna e de sujeitos sociais modernos SLATER 2003 p 18 Apesar desta cultura do consumo ocidental ter se intensificado e sofrido uma expans o sem precedentes na hist ria no s culo XVIII com a amplia o dos mercados e do consumo da classe burguesa foi a partir da segunda metade do XVI que as ra zes do consumo moderno sofrem cruciais altera es 6 Tradu o livre do autor 21 em suas pr ticas Podemos dizer que os prim rdios da cultura moderna do consumo tiveram em seu percurso hist rico a marca do per odo Elizabetano A Inglaterra da rainha Elizabeth trouxe importantes mu
60. mail convite que foi enviado por tr s vezes para os que n o respondiam Segundo seus pr prios colegas os que n o responderam alegavam n o ter tempo diziam estar com suas agendas lotadas de afazeres da escola e outras atividades extracurriculares Ap s uma pequena demora nas respostas pudemos finalmente iniciar os trabalhos de campo Atrav s de um notebook em nossa resid ncia em Londres mantivemos por oito meses estes contatos com os adolescentes do interior de S o Paulo 1 3 Cen rio da pesquisa conex es etnogr ficas de Londres ao interior de S o Paulo O interior de S o Paulo uma regi o do estado que ao longo de sua hist ria foi marcada pela monocultura de diferentes commodities At a crise de 1929 o caf gerou grandes riquezas aos munic pios daquela regi o assim como marcou uma centraliza o monet ria que resiste at hoje apesar de ter assumido outros formatos ao longo do tempo As amplas e tradicionais fazendas produtoras de caf onde moravam centenas de fam lias para trabalhar na lavoura aos poucos foram substitu das por propriedades produtoras de laranja e de leite dependendo da regi o do estado Muitas destas fam lias que trabalhavam nas importantes regi es cafeeiras migraram para as cidades o que levou suas reas de com rcio a um intenso crescimento 85 Toda cidade do interior ao longo de sua hist ria tomou conta de desenvolver sua pr pria pra a do coreto sua fonte luminosa
61. mais fortemente as chances pessoais ao rumo das decis es pol ticas Contudo nada garante que este fio ser desenrolado LASSANCE 2011 p 85 H nos jovens uma expectativa em rela o promessa de um Brasil promissor repleto de oportunidades futuras Os jovens brasileiros apesar de serem porta vozes de um pa s que ainda sente dificuldades em se auto estimar diante do valor que d aos grandes centros do mundo reagem depositando 55 expectativas de um Brasil que reserve para eles um futuro mais promissor Os jovens do interior de S o Paulo assemelham se ent o em alguns aspectos dos outros grupos do pa s enquanto distanciam se em rela o s vis es e expectativas diante futuro Estes relevantes matizes que diferenciam os jovens brasileiros citados por Lassance 2012 apoiam a justificativa de nossa escolha desta regi o do estado importante polo s cio econ mico do Brasil onde seu jovem apresenta diferentes olhares sobre o mundo e expectativas de futuro Os adolescentes o interior paulista configuram assim o p blico desta pesquisa PROCEDIMENTOS METODOL GICOS Nesta pesquisa investigamos a correspond ncia dos jovens do interior de S o Paulo a certo perfil que difundido pelo senso comum assim como nos interessa saber sobre o cotidiano de consumo destes adolescentes nas redes sociais Estes interesses nos conduziram a escolhas metodol gicas de car ter predominantemente qualitativo As quest es deste est
62. mestra de toda uma din mica de sobre investimento cognitivo produtivo e perceptual Seja recusando o seja dele se apropriando ali encontramos vest gios e pistas que nos revelam uma pulsante radiografia de nossos tempos Neles as cenas juvenis reafirmam a plurivocalidade como perspectiva greg ria e evocam a complexidade como perspectiva de interpreta o ROCHA 2012 p 271 As diferentes narrativas juvenis que envolvem o consumo e sua liga o direta com os processos midi ticos podem levar nos a revelar caras quest es relacionadas terceira etapa do capitalismo que atualmente experimentamos Modos de ser e estar no mundo formas de se construir identidades e produzir sentido para a vida s o exemplos de tais quest es que estudos como este que propomos nos deixam saber Os jovens se apresentam como sens veis atores na sociedade de consumidores BAUMAN 2008 onde o consumo ocupa papel central lugar em outros tempos reservado produ o Como afirma Bauman 2008 p 70 neste tipo de sociedade seus membros s o interpelados basicamente na condi o de consumidores ao modo cunhado por Althusser Neste in cio de novo s culo not rio o florescimento de um imagin rio coletivo em torno da ideia de juventude onde ser jovem se tornou valor prometido por objetos promovidos em prateleiras de supermercado e por revistas vendidas em bancas de jornal A publicidade e o marketing espetacularizam o mundo juvenil prom
63. mestres nos efeitos de difus o e na nova m dia de comunica o O n mero de bens estava em firme ascens o e era poss vel compr los em mais lugares e em mais oportunidades que antes O poder transformador da moda atingia agora mais categorias de produtos e havia crescido a frequ ncia com que a moda mudava o que exigia compras mais constantes e um escopo mais amplo de conhecimento social Mas o mais not vel de tudo certamente foi o fato de que o consumo era agora uma atividade de massa MCCRACKEN 2008 p 51 Deste modo o s culo XVIII balizou a hist ria do consumo ligando o sua expans o no tempo e no espa o e no surgimento de estrat gias de mercado criadas por mercadores para a venda de seus produtos Novos lugares e diferentes ofertas de itens para compras regulares surgiram e a competi o por 24 bens n o mais era restrita aos nobres mas atingia tamb m outras classes sociais revolucionando assim o mundo das compras e suas pr ticas A nobreza se tornou a porta de entrada de produtos de vestu rios da moda que rapidamente eram deslocados em dire o s classes m dias e baixas em uma Inglaterra sempre obcecada pela hierarquia social Havia ent o um duplo mecanismo de imita o dos subordinados e diferencia o dos superiores que moviam o motor da moda Outros produtos que n o os vestu rios tamb m seguiam de certa forma este caminho Percurso tal que deu in cio a um tipo de consumo sem precede
64. n o se prende excessivamente a este j que as repostas do entrevistado s o combust vel 123 importante para que surjam diferentes quest es e desdobramentos O entrevistador caso lhe interesse deve deixar de forma controlada o entrevistado derivar do assunto discutindo outros temas que podem ser relevantes para toda a pesquisa O roteiro ent o serve como ponto de partida e de dire o para a entrevista mas permanecer o tempo todo preso a este pode desperdi ar a oportunidade de que inesperadas e inovadoras coloca es surjam da parte do entrevistado Neste estudo que apresentamos foram utilizadas as entrevistas individuais em dois momentos da pesquisa no primeiro contato com os jovens conforme descrevemos e quando pass vamos algumas tarefas espec ficas a estes Alguns destes adolescentes mostravam se entusiastas do mundo das pesquisas Al m de se interessarem em saber como se dava a pesquisa seu objetivo de que tipo era e assim por diante tamb m aceitaram ajudar com algumas tarefas ao longo do tempo Assim passamos algumas atividades de pesquisa em formato de enquetes quantitativas a alguns adolescentes e os entrevist vamos quando traziam seus resultados Um exemplo destas enquetes foi um levantamento realizado por Turbul ncia com a finalidade de descobrir qual a quantidade de alunos de sua escola que possu am iPad da Apple Bastante empolgada a estudante bebedourense apresentou os resultados de sua pesquisa um ter
65. nestes ambientes em rede A amizade 8 Programas de entrevistas na televis o 34 ent o reconfigurada quando em rede j que h um f cil fluxo de conex es e desconex es entre os indiv duos nestes espa os p blicos Fazer amigos conectar se a outros perfis enquanto perd los tamb m se tornou um processo da ordem do imediato basta desconect los de nossa rede Sem explica es sem desculpas sem traumas sem mentiras para romper um relacionamento basta clicarmos sobre a op o delete O desenvolvimento desta vida em rede se deu a partir do avan o da internet que passou de uma rede dedicada apenas pesquisa acad mica para se tornar a rede das redes aberta a todos Segundo Briggs e Burke 2006 este grande avan o aconteceu entre setembro de 1993 e mar o de 1994 Segundo estes autores a rede era frouxa e n o tinha propriet rio embora dependesse das ag ncias de comunica o No mesmo per odo o acesso p blico a um programa de navega o Mosaico descrito na se o de neg cios do New York Times de dezembro de 1993 como a primeira janela para o ciberespa o tornou poss vel atrair usu rios na poca chamados adaptadores e provedores os pioneiros em programas Contudo suas origens estavam na f sica e nas pol ticas de defesa durante o per odo da Guerra Fria uma gera o antes Ela foi inicialmente estabelecida em 1968 69 com o indispens vel apoio financei
66. no decorrer do estudo ou ent o pela cita o de maneira gen rica exemplo segundo um jovem de 16 anos pesquisado o Facebook a rede social mais legal da internet A participa o nesta pesquisa completamente volunt ria sendo escolha do participante integrar ou n o o grupo pesquisado Portanto n o h qualquer obrigatoriedade em participar da pesquisa Al m disto quem optar por participar voluntariamente deste estudo poder a qualquer momento da pesquisa decidir deixar de fazer parte do estudo bastando apenas avisar o pesquisador sobre sua decis o N o haver nenhum benef cio direto ao participante mas sua participa o no estudo ir colaborar para a gera o de conhecimento no campo das Ci ncias Sociais tanto do Brasil como da Inglaterra assim como apoiar o entendimento do comportamento do jovem e do adulto Bebedourense em rela o tecnologia e m dia de uma forma geral Esta pesquisa que ser realizada por grupos de alunos de escolas de Bebedouro e seus respectivos pais pode despertar curiosidade e talvez outras pessoas fa am perguntas De nossa parte n o ser o compartilhadas informa es sobre os participantes As informa es coletadas nesta pesquisa ser o mantidas em sigilo e utilizadas como j descrito de forma generalizada e um indiv duo n o ser identificado quando mencionado durante a apresenta o dos resultados 252 Em qualquer etapa do estudo os participantes podem ter acesso ao
67. o Facebook o Twitter ou o Tumblr porque estes s o parte de seus afazeres di rios Sempre encontram um tempo para navegarem nos perfis dos amigos jogarem algum game online ou trocarem mensagens com colegas N o h tanta pressa no uso da internet Estar online no Facebook por exemplo n o considerado um entretenimento ou uma divers o pelos jovens parte do seu dia a dia Durante os trabalhos de campo constatamos que um dos jovens o Steve Jobs gt mantinha se online o tempo todo no Facebook mesmo quando estava em aula Atrav s da tecnologia dos aparelhos celulares Steve Jobs mantinha se conectado ao Facebook e ao Twitter o tempo todo Segundo este estudante ele precisava ficar conectado para ter acesso ao que seus amigos e amigas postavam nas redes sociais De maneira muito educada e atenciosa o Steve Jobs do interior paulista tamb m comenta sobre seu cotidiano no col gio e as expectativas depositadas sobre seus ombros corroborando os pontos que discutimos neste trabalho Jo o Matta Ol Tudo bem Est a Podemos falar Steve Jobs Oi claro Jo o Matta Voc o que mais entra no FB dos que adicionei para minha pesquisa Jo o Matta Voc acessa via cel n Steve Jobs Durante a semana sim porque muito corrido ent o eu acesso sempre que nao estou fazendo nada ou quando eu recebo uma notifica o Jo o Matta Entendi A vida desta sua escola n o f cil n Steve Jobs Eu acabei viciando
68. o Matta um estilo Heavy Metal Ana D Mas s vezes eu fujo de r tulos visto o que eu acho bonito N o nem t o assim mais tipo bota blusas pretas saias correntinhas Etc Jo o Matta Entendi Sei qual estilo E quem te influencia Este estilo n o t o comum em Bebedouro certo Ana D N o chega a ser um estilo extremo Tem pe as que lembram bandas roqueiros etc nada t o extravagante sabe Jo o Matta Entendi 150 Entre algumas d vidas e conflitos a melhor carreira a seguir a imposi o pela posse de um aparato tecnol gico que lhes d distin o e a alta expectativa depositada sobre eles os jovens do interior de S o Paulo tentam cumprir suas tarefas de curto prazo em seu cotidiano atribulado e apressado H no caso dos estudantes do interior de S o Paulo certa incoer ncia em rela o press o colocada sobre seus ombros Por um lado correm para atingir objetivos de curto prazo pressionados por um contexto pertencente a um mundo que se preocupa basicamente com imediatismos como argumenta Sennett 1999 Por outro s o pressionados a escolher a melhor op o de carreira De prefer ncia a que trouxer melhor retorno financeiro e proje o social e t m apenas uma ou duas chances para isto Porque quem demora muito ou se arrepende da escolha penalizado pelo tempo N o visto com bons olhos podendo ser taxada de indeciso de inseguro e tamb m de pregui oso que n
69. o e da recrea o Ao mesmo tempo a obten o de conhecimento na maneira mais formal como adquirido nas escolas em seu formato moderno e disciplinar tem sido desafiada pela informalidade de um tipo de disponibiliza o de informa o nas redes sociais e na internet Websites e v deos s o oferecidos pelos pr prios usu rios do Youtubes e prometem ensinamentos sobre os mais variados temas desde gastronomia at engenharia Estes competem diretamente com a escola em sua maneira mais tradicional de ensino V deos com cursos profissionalizantes prometem acesso ao conhecimento de forma mais r pida l dica informal e sem hora marcada Al m disso o ensino dist ncia tem sido utilizado fortemente por universidades em todo o mundo 81 Dispon vel em lt http www youtube com gt Acesso em junho de 2012 211 reconfigurando o acesso informa o e ao conhecimento e dando for a a este formato que promete acesso mesmo se estando distante ao conhecimento atrav s dos meios digitais Zuin 2006 nos alerta a respeito dos desafios das institui es que optam pelo ensino dist ncia Para este pesquisador s o v rias as quest es que podem surgir diante da op o por se utilizar media es tecnol gicas para um processo educacional e de forma o de profissionais Uma das quest es est relacionada figura do professor que em processos tradicionais desenvolve relativa e importante autoridade pedag gica Como se
70. o tema do gosto por uma marca espec fica que confere ao seu possuidor posi o distinta A conjun o da apropria o material e simb lica confere posse dos bens de luxo al m da legitimidade uma raridade de segunda ordem que os transforma no s mbolo por excel ncia da excel ncia Marca Princes de Cognac imposs vel falar a seu respeito sem utilizar as antiqu ssimas palavras da linguagem do conhaque Carnudo Qualidade do corpo de um conhaque os produtos Princes de Cognac possuem essa qualidade mas sem gordura um carnudo esbelto que apenas m sculo semelhan a do que um Botticelli em rela o a um Rubens Flor Odor da flor de vinha da bebida fina o aristocrata do conhaque Uma velha bebida fina da marca Princes de Cognac possui flor uma flor elegante depurada quem enlevo ra a Ton is antigos Ton is 52 Grifos do autor 146 muito velhos bastante civilizados que j perderam o vi o das primeiras utiliza es tendo se livrado do excesso de tanino Os produtos Princes de Cognac envelheceram em ton is antigos Da seu gosto seco l mpido de madeira sob medida Para so Eis a denomina o atribu da adega na qual s o guardadas as mais velhas reservas deste conhaque Os produtos Princes de Cognac foram tratados no para so de Maison Otard sediada no ch teau de Cognac A marca Princes de Cognac produzida em quantidades limitadas somente alguns milhares de garrafas por ano
71. orientando os para a a o e dirigindo suas formas de ler situando os performativamente em certas posi es de sujeito enquanto enunciat rios PRADO 2005 p 4 Estes mapas cognitivos aos quais se refere o autor atingem diretamente os adolescentes desta pesquisa visto que s o leitores das revistas semanais de maior circula o e consequentemente seus enunciat rios Ao responder 178 convoca o destes enunciadores midi ticos colocam se performativamente em um lugar de sujeito contempor neo sob a press o de responder aos atributos de alto valor atual citados por Prado 2006 Sucesso felicidade e gozo s o os resultados prometidos para os adolescentes que desempenhem o esperado papel de sujeito contempor neo Conforme discutimos no cap tulo 2 esta press o por um resultado que parece f cil mas ao mesmo tempo mostra se inating vel traz suas consequ ncias Por m n o s a m dia semanal revistas impressas trabalhada por Prado 2005 que se desloca de sua fun o referencial para estrategicamente oferecer mapas cognitivos aos seus leitores As redes sociais preservadas suas peculiaridades tamb m agem por meio de estrat gias comunicativas para orientar seus participantes para a a o dirigindo os performativamente a posi es de sujeitos enunciat rios Os agentes e algoritmos curadores atuam como representantes do papel do Facebook como enunciador direcionando e modulando comportamentos online
72. os pais dos alunos j que precis vamos de sua autoriza o para entrevistar seus filhos de doze a dezessete anos de idade Para isto desenvolvemos um termo de 3 Ver no Ap ndice B carta enviada para as diretoras das escolas de Bebedouro 81 consentimento com explica es detalhadas sobre a pesquisa entregue aos pais dos eventuais pesquisados Entretanto posteriormente fomos informados via telefone pela diretora da escola p blica de Bebedouro de que esta institui o n o poderia colaborar com o recrutamento de alunos para a pesquisa conforme anteriormente acordado j que ao consultar inst ncias superiores da Secretaria de Educa o do Estado de S o Paulo foram orientados a n o participar da pesquisa porque esta seria desenvolvida via internet A alega o foi de que a internet um ambiente prop cio pedofilia portanto n o iriam expor seus alunos a tal risco O impacto desta not cia negativa foi significativo naquele momento A associa o imediata e direta da internet com a pr tica da pedofilia no m nimo inquietante Aqui nos deparamos com o lado oposto ao apresentado no livro de Ito et al 2007 discutido por n s anteriormente Enquanto no livro Hanging Out Messing Around and Geeking Out nada se releva em rela o a eventuais riscos que assolam a internet a escola p blica de Bebedouro associa linearmente a internet com uma pr tica t o conden vel como a pedofilia A tecnofobia deste ato som
73. para n o ficarem para tr s na vida cotidiana que cada vez mais exige dos atores sociais habilidades t cnicas para realizar as mais simples tarefas Vivemos um tempo em que no es de como utilizar diferentes aparelhos tecnol gicos s o exigidas em nosso dia a dia e n o apenas em ambientes de trabalho repletos de engenheiros e t cnicos como em outros momentos da hist ria Um exemplo para ilustrar este fen meno s o os servi os banc rios que de uma forma ou de outra somos todos obrigados a usar Ningu m escapa do monop lio conquistado pelos bancos quando o assunto recursos financeiros apesar de n o mudarem os tipos que ret m o dom nio do mercado financeiro mudaram se os processos e estes nos exigem cada vez mais habilidades t cnicas Ao longo do tempo temos assumido muitos dos servi os que antes cabiam s institui es banc rias O cafezinho com o gerente e a passadinha nas ag ncias banc rias na hora do almo o para checar o saldo banc rio transformaram se em opera es tecnol gicas relativamente sofisticadas que requerem instala o de softwares de seguran a em nossos computadores cadastramento e memoriza o de uma lista infind vel de senhas navega o em diferentes p ginas na internet para consultas e opera es al m de longos minutos interagindo ao telefone com uma grava o para custosamente sermos atendidos por algum ser humano que nos pergunta qual nossa senha para ter garantia que n s so
74. para ser novidade Alguns bens tornaram se valiosos por serem novos e n o mais por sua p tina acumulada pelo passar do tempo Assim os ltimos anos do s culo XVI trouxeram importantes influ ncias ao modo de consumir do mundo moderno que seria realmente estabelecido com o surgimento de uma classe burguesa em busca do consumo como forma de distin o social Houve a consolida o da impactante mudan a da aquisi o de produtos p tina para os de moda Os bens n o mais precisavam ser capazes de assumir a p tina decorrente da propriedade de longa data para satisfazer as necessidades simb licas de seus donos MCCRACKEN 2003 p 36 Pela primeira vez na hist ria moderna os consumidores foram impulsionados a valorizar o produto novo feito para ser simbolicamente ostentado como novidade e n o mais para durar por gera es e gera es O s culo XVII ent o caracterizado pela intensifica o deste novo tipo de aquisi o de bens Neste s culo a nova escala radical de compras dos nobres e de Elizabeth impactou de forma definitiva n o s a fam lia inglesa mas tamb m a pr tica da hospitalidade local A ntima rela o social entre superiores e subordinados come ou a ser dilu da Diante dos novos gostos e excessos dos superiores os subordinados s vezes desdenhosos deste 23 comportamento espelharam se neste seu grupo de refer ncia para tamb m revolucionar sua forma de comprar O excesso a exemplo do que hou
75. pesquisa utilizamos a observa o participante da forma como a descreve David Silverman 2010 uma t cnica que confundida com o pr prio m todo fato que n o ocorre por acaso Entretanto acreditamos que certo distanciamento do pesquisador em rela o vida cotidiana dos pesquisados mesmo que este se utilize de observa es documentais tais como posts em redes sociais e conte dos de websites da internet pode ser insuficiente para o aprofundamento que requer um estudo etnogr fico A t cnica da observa o participante neste caso condi o importante em uma etnografia Pesquisas documentais de posts e conte dos de sites s o sem d vida t cnicas leg timas em uma pesquisa etnogr fica entretanto isoladamente n o chegam a configurar tal m todo Al m de privar quem pesquisa do conv vio direto com os pesquisados estas t cnicas se utilizadas separadamente n o d o ao pesquisador o tempo de conv vio no campo que imprescind vel em uma etnografia O tempo uma dimens o de grande import ncia quando trabalhamos em um processo etnogr fico Este permite que n s nos transformemos como sujeitos na pesquisa e que nossos pesquisados se acostumem conosco a ponto de nos considerar pr ximos o suficiente para praticamente deixarmos de existir como pesquisadores Permite que os fen menos realmente se deixem flagrar em sua natureza Deixa que os atos falhos as espontaneidades as personalidades se apresentem de forma trans
76. piv que as sustentem Estruturas que apresentam caracter sticas de heterogeneidade multiplicidade e eventuais rupturas em seu corpo rede como pode ser tamb m compreendida esta conex o etnogr fica Heterogeneidade e multiplicidade provindas dos diferentes jovens de seu uso da internet e dos processos sociais em que participam As rupturas relacionam se a alguns jovens que deixaram a pesquisa durante seu desenvolvimento e outros que iniciaram sua participa o em meio ao processo Um rizoma n o se desfaz com a perda de uma de suas partes continua existindo mesmo quando parte de sua estrutura se desprende Ao mesmo tempo um rizoma tamb m consegue acoplar ao seu corpo novos integrantes ao longo de seu processo de germina o Uma orqu dea um rizoma Segundo Deleuze e Guattari 1995 a vespa parte do rizoma da orqu dea ao utiliz la em seu processo de reprodu o e ser respons vel pelo processo de poliniza o da planta N o h uma rela o arb rea hier rquica entre inseto e planta esta o inclui como parte integrante de seu rizoma criando um novo territ rio onde convivem vespa e orqu dea durante o processo de reprodu o de ambas Como definem Deleuze e Guattari 1995 96 um rizoma n o come a nem conclui ele se encontra sempre no meio entre as coisas inter ser intermezzo A rvore filia o mas o rizoma alian a unicamente alian a A rvore imp e o verbo ser mas o rizoma tem como tecido a c
77. que poderia nos levar condu o da pesquisa de forma quantitativa e preocupada apenas com volumes e n meros relacionados aos processos de compras e disp ndios financeiros por parte dos jovens Priorizamos nos aprofundar em um universo espec fico a fim de conviver com este e deixar emergir pontos que uma abordagem predominantemente quantitativa que opta por pesquisar in meros e diferentes grupos n o permitiria Em busca de delimitar nosso universo pesquisado diante das premissas colocadas escolhemos o interior de S o Paulo como parte do locus deste estudo Mais especificamente alunos de duas escolas pertencentes s cidades de Bebedouro com aproximadamente 75 000 habitantes e Cabre va com pouco mais de 42 00019 O trabalho de campo foi conduzido majoritariamente a partir da cidade de Londres na Inglaterra onde por um per odo de um ano realizamos nosso doutorado sandu che na University College London UCL Por este motivo o 1 Fonte Pyxis IBOPE Acesso em maio de 2012 58 percurso etnogr fico foi conduzido predominantemente atrav s de recursos tecnol gicos como webcam chat microfones e outros aparatos Utilizamos o Skype e o pr prio Facebook como plataformas para os contatos regulares Este quadro metodol gico configura as conex es etnogr ficas de Londres ao interior de S o Paulo que estabelecemos com os adolescentes de ambas as cidades interessante notarmos que o Facebook ocupou um duplo papel neste p
78. relacionada ao h bito de uso da tecnologia e n o apenas a algo j definido a partir um veredicto final e de uma verdade social j estabelecida Trata se de uma discuss o relacionada quest o que Briggs e Burke 2006 tratam quando argumentam que os novos meios n o necessariamente destroem os anteriores desafia os O mesmo nos parece acontecer com alguns de seus consumidores Acostumados a um modo de um meio tradicional disponibilizar a informa o resistem mudan a e chegam at a criticar quem opta por consumir atrav s de um novo formato Acatar o novo pode ser em alguns casos tarefa rdua para os atores sociais de uma determinada poca Os jovens entre eles os adolescentes que pesquisamos tendem a se adaptar mais rapidamente s novas m dias Mostram se mais dispostos s experimenta es e mais fascinados diante dos novos produtos tecnol gicos que os mais velhos Entretanto muitos adultos se encantam com as novidades tornando se insaci veis usu rios dos novos aparatos como o caso dos tablets dos e books dos netbooks entre outros Ambos jovens e adultos podem vir a se tornar um early adopter e assumir o papel de disseminador da nova m dia Ana D n o se encaixa neste perfil mas traz uma discuss o importante que est 78 Dispon vel em lt http www tdah org br gt Acesso em junho de 2012 206 presente nos diversos f runs do campo da comunica o atual as narrativas transmidi ticas JENKINS 2
79. ria O que voc acha disto Ana D Meus pais meus av s todos aqueles que n o est o ainda inteiramente acostumados com a tecnologia e tal Eu acho que pela internet voc cria um d ficit de aten o haha Eu pesquiso isso primeiro ou vejo o twitter rapidinho Eu termino isso enquanto vejo aquilo Ana D Mas fora essa perda de aten o n o vejo TAAANTA diferen a Jo o Matta Entendi Ana D Aham POrque na internet tem sempre uma aba te esperando Ana D Com o papel a gente fica mais atento Em sua fala a jovem apresenta algumas quest es que requerem maior aten o Primeiramente conta que passou a ler jornal em papel devido a um problema no seu computador Nesse momento a adolescente narra parte de seu consumo tamb m de m dia internet e jornal impresso e n o s de informa o H uma diferen a entre consumir m dia e informa o que demanda apontamentos a respeito Em segundo lugar Ana D compara o jornal lido na internet com o do papel maneira de McLuhan o meio apresenta se com impacto direto na percep o da mensagem por parte da estudante bebedourense inclusive por esta se remeter a eventuais problemas de aten o 204 not cia quando l na internet Em terceiro as palavras da entrevistada mostram haver relativa assimetria no consumo tanto de m dia como de informa o quando variamos a combina o entre meio e gera o consumidora Ela menciona seus pais e av s que preferem a fo
80. rio de pesquisa formou se de maneira mais ampla Somamos ao Facebook e tamb m ao Skype e ao e mail parte das cidades de Bebedouro Cabre va e Londres e tamb m as novas dimens es trazidas pelas tecnicidades discutidas por Barbero 2006 Estas outras grandezas que adicionamos ao processo de pesquisa n o s o puramente f sicas Somadas resultam em uma constru o singular a esta pesquisa moldada em conjunto com os adolescentes Portanto o cen rio de pesquisa um constructo tempor rio compartilhado por pesquisados e pesquisador durante os oito meses de conviv ncia em campo Definimos ent o o cen rio de pesquisa como um lugar simb lico elaborado de forma conjunta Neste estudo nomeamos seu cen rio como conex o etnogr fica de Londres ao interior de S o Paulo Durante os trabalhos de campo buscamos transformar a conex o entre Londres e o interior de S o Paulo em um corpo rede rizom tico MATTA 2007 Um corpo sem fronteiras claras entre sua parte f sica e sua parte em rede que se utilizou da internet e suas ferramentas para se estabelecer Tal corpo se configurou como um h brido formado por pesquisador pesquisados tecnologia ferramentas e o imagin rio das cidades do interior de S o Paulo e de Londres compartilhado pelos atores desta pesquisa A tend ncia foi deste corpo n o apresentar o tempo todo uma clara hierarquia entre suas partes Assim entendemos que durante o per odo do trabalho de campo constru mos
81. sentido Desta forma analisamos o discurso dos jovens adolescentes como constituidores destes enquanto sujeitos da pesquisa A partir de nosso papel de int rprete ao modo de Habermas 2003 analisamos ditos e n o ditos manifesta es textuais orais e ilustrativas dos pesquisados Assim contemplamos n o s o conte do das falas e dos escritos dos jovens mas tamb m suas manifesta es discursivas que est o al m de seus escritos e de suas vozes Este recurso de pesquisa foi essencial para este estudo A an lise de conte do vai al m de uma simples leitura pois n o s considera o significado dos conte dos analisados como tamb m seu contexto e o lugar de onde falam os interlocutores Partimos do pressuposto de que toda leitura uma interpreta o n o havendo portanto uma leitura neutra Desta forma os m ltiplos significados e muitas possibilidades de an lise de um discurso est o intimamente ligados ao contexto em que se encontra Este inclui n o s o que expresso mas o processo de sua gera o e utiliza o Os posts dos pesquisados no Facebook por exemplo foram analisados tamb m a partir de seu processo de produ o e consumo visto que h in meras possibilidades de compreens o se deslocados deste contexto Estes posts muitas vezes s o mensagens compartilhadas a partir de perfis de outros amigos e isoladamente podem significar pouco para uma pesquisa O 125 2 compartilhamento uma ferramenta
82. ser por pura cultura porque quero muito ser escritor Jo o Matta Que demais E pretende ou j escreve que tipo de literatura Steve Jobs Mas tenho alguns anos ainda para decidir mesmo o que vai ser da minha vida Jo o Matta Verdade Steve Jobs J escrevi alguns contos e estou constantemente tendo id ias que eu geralmente n o consigo colocar em pratica por causa da escola E outra quando eu tenho uma id ia ou eu escrevo no mesmo segundo ou eu esque o Jo o Matta acho que escritor meio isso n Steve Jobs Hahahaha talvez Jo o Matta Escreve sem precisar planejar muito Quando as hist rias v m sai escrevendo Sen o a hist ria vai embora Parece que ela passa pela gente E precisamos aproveitar Meu av era poeta Acho escrever algo libertador Steve Jobs Isso mesmo o que eu penso pelo menos Z E esperado destes jovens que cheguem rapidamente a uma carreira financeiramente compensadora H pressa neste processo que inclui o lema quanto antes chegar l melhor Esta press o pelo sucesso os leva a precisar dominar fluentemente no m nimo dois ou tr s idiomas conhecer a fundo a tecnologia viajar pelo mundo fazer interc mbio estudar m sica praticar os esportes da moda assistir s s ries norte americanas na TV e ainda gostar muito disto tudo Ter que dominar n o quer dizer que consigam Quando ainda sobra algum tempo os jovens v o ao shopping center ou passam h
83. suas lamenta es sobre seu apertado dia a dia N o queremos Palavras da jovem entrevistada 134 aqui dizer que uma pesquisa de cunho etnogr fico assemelha se a um processo terap utico e nem tampouco afirmar que nessa pesquisa desempenhamos um papel diferente do que foi proposto O que constatamos que durante este processo a posi o de pesquisador nos permitiu acessar informa es e observar quest es que outro m todo de pesquisa poderia n o permitir Entre os pontos que tivemos acesso privilegiado na pesquisa est o a pressa dos jovens em realizar suas atividades e a no o que t m a respeito da alta expectativa de sucesso que depositada sobre eles Normalmente associamos a pressa a alguma situa o com uma urg ncia ocasionada por alguma raz o desde uma emerg ncia m dica at um eventual atraso para realizar qualquer atividade Pressa portanto est habitualmente ligada a uma situa o at pica que uma vez resolvida tudo tende a voltar normalidade Entretanto parece nos que vivemos em um tempo em que a pressa mesmo sem uma causa aparente tornou se regra A urg ncia a press o e a popularmente chamada correria do dia a dia n o s o inven es dos tempos atuais Em outras pocas as sociedades tamb m tiveram seus momentos de pressa Entretanto notamos que foi instalado em nosso cotidiano certo senso de urg ncia que nos leva a realizar atividades em velocidade acima do que estamos habi
84. um novo meio os tradicionais s o colocados em risco o que comum ouvirmos quando nasce 200 uma inova o tecnol gica Na verdade a m dia mais tradicional colocada prova e n o necessariamente destru da pela novidade como dizem Briggs e Burke Outra contribui o destes historiadores da m dia a proposi o de pensarmos seu percurso hist rico a partir dos diferentes significados da tr ade informa o educa o e entretenimento nos ltimos s culos a import ncia da informa o naquilo que se tornou no s culo XX quase uma tr ade sagrada informa o educa o e entretenimento foi completamente reconhecida muito antes da populariza o dos termos sociedade da informa o e tecnologia da informa o durante as d cadas de 1979 e 1980 No entanto elementos os elementos da trindade nem sempre foram identificados na mesma linguagem Nos s culos XVII e XVIII a informa o era geralmente descrita como intelig ncia educa o era instru o e entretenimento recrea o passatempo ou divers o Existiam termos semelhantes em outras l nguas europeias No s culo XIX distinto e elevado eram palavras de grande import ncia e estabelecia se uma diferen a entre informa o til e trivial enquanto o termo entretenimento era considerado aviltante BRIGGS E BUKE 2006 p 188 Assim como
85. uma p blica Interessava nos pesquisar jovens que mantivessem alguma rela o entre si Assim optamos por definir o p blico desta pesquisa como sendo formado por alunos de escolas do interior de S o Paulo Por que destas nossas escolhas Por que jovens do interior de S o Paulo Podemos dizer que todo trabalho de pesquisa necessita de um recorte que realizado pelo pesquisador de forma totalmente interessada Conduzidos pelo objetivo principal da pesquisa pesquisador e seus pesquisados constroem ao longo do caminho o campo a ser 63 investigado Esta constru o se inicia com as escolhas do p blico e do local de investiga o O interior de S o Paulo a segunda regi o brasileira em import ncia econ mica fato que mostra a relev ncia de se estudar os jovens da regi o e suas pr ticas de consumo Entretanto n o foi s sua import ncia econ mica que nos conduziu escolha do interior de S o Paulo como local de nossa investiga o etnogr fica Seu distanciamento em rela o aos grandes centros urbanos marcado por in meras caracter sticas peculiares como por exemplo o menor acesso tecnologia que esta regi o apresenta e um diferente comportamento dos jovens em rela o ao uso da internet Devemos considerar tamb m a import ncia de se problematizar as diferen as entre as pr ticas de consumo dos adolescentes contempor neos das diversas regi es do Brasil Como estudamos uma configura o do consumo juvenil li
86. valor de uso tornam se secund rios em rela o percep o de atributos subjetivos como inova o conhecimento beleza e praticidade PRADO E CAZELOTO 2006 p 9 Atributos como estes s o intensamente oferecidos de forma sedutora pelos enunciadores midi ticos para que seus respectivos enunciat rios supostamente atinjam o sucesso a felicidade e o gozo impostos a estes como obriga o Os dispositivos biopol ticos em particular os midi ticos esbanjam poder de captura das formas de vida e de produ o de receitas modalizadoras e mapas cognitivos de sucesso maneira do capitalismo globalizado O que por si s j uma press o e tanto sobre os jovens atuais Prado 2005 tematiza a partir do conceito do ato de fala performativo de Austin o papel performativo da m dia semanal revistas impressas Em seu artigo intitulado O leitor infiel diante dos mapas da m dia semanal performativa o autor discute a apresenta o por ve culos como a revista Veja exemplo analisado no citado artigo de uma esp cie de mapa de sucesso para o contempor neo Para Prado 2005 afirmar o aspecto performativo da m dia semanal significa ir al m da exclusividade da fun o referencial informativa da m dia ressaltando a dimens o relativa pragm tica do fazer jornal stico A m dia n o busca somente informar mas construir por meio de v rias estrat gias comunicativas mapas cognitivos para seus leitores
87. vestibular em grandes centros a qualidade do ensino p blico por diferentes raz es que n o s o foco desta discuss o que aqui propomos caiu e as escolas estaduais e municipais foram lentamente tornando se op o apenas aos que n o podiam pagar por um ensino que os preparasse para desenvolver carreira a partir das faculdades mais renomadas do Brasil Naquele momento os conhecidos cursinhos das grandes cidades ainda eram procurados como um refor o final para o desafio dos vestibulares As escolas privadas davam conta apenas da base de forma o dos estudantes mas ainda n o apresentavam um sistema que os preparasse para enfrentar a maratona dos vestibulares com suas caracter sticas e exig ncias espec ficas Aos poucos estes cursinhos foram comercializando seu sistema de prepara o para o vestibular dando a alguns 88 col gios privados de algumas cidades a possibilidade de tamb m preparar seus alunos para a alta e acirrada competi o por uma vaga nas faculdades mais reconhecidas do pa s Atualmente as escolas particulares do interior contam em sua maioria com sistemas de prepara o para o vestibular Estes s o comprados das empresas de cursinhos mais reconhecidas no mercado como Anglo Objetivo e COC Paralelamente a esta transforma o de sistemas de ensino em produtos as escolas p blicas buscam se recuperar oferecendo na medida do poss vel um ensino que tamb m consiga preparar seus alunos para a dif cil
88. 008 que envolvem as m dias tradicionais e os novos meios digitais Jenkins 2008 argumenta que cada vez mais as narrativas que circulam pelas diversas m dias se tornam a arte da constru o de universos Estas criam ambientes atraentes que n o se restringem em uma nica obra ou meio transbordam para outros Preocupadas com a possibilidade de perda de leitores as revistas impressas tentam habitar o ciberespa o das redes sociais para al m de seus j tradicionais websites Nestes o leitor e tamb m internauta tem acesso a conte dos da revista impressa assim como de outros que s a vers o online apresenta Por outro lado as tentativas das revistas em usar as p ginas do Facebook n o t m levado a expressivos resultados entre os jovens pesquisados Os catorze participantes da pesquisa s o leitores de revista sendo que a maioria l a Superinteressante da editora Abril Perguntados se conheciam qualquer esfor o ou participa o de revistas no Facebook a resposta un nime foi n o A revista Superinteressante possui um perfil no Facebook onde 247 mil usu rios dizem curtir a revista Entretanto nenhum dos pesquisados conhecia o perfil e havia chegado a acess lo apenas uma vez sequer Tal espa o nesta rede social foi apresentado aos jovens durante a pesquisa A impress o inicial foi de indiferen a sendo que alguns chegaram a afirmar que iriam dar uma olhadinha mais tarde A maioria afirmou preferir a vers
89. 3 HINE Christine Virtual ethnography London UK Sage 2003 ed Virtual methods issues in social research on the Internet New York NY Berg 2005 HUMPHERY Kim Excesss anticonsumerism in the west Cambridge UK Polity 2010 HUIZINGA Johan Homo ludens o jogo como element da cultura S o Paulo SP Perspectiva 2007 HULME Mike Why we disagree about climate change understanding controversy inaction and opportunity Cambridge UK Cambridge University 2009 JAMESON Fredric P s modernismo a l gica cultural do capitalismo tardio S o Paulo tica 1997 JENKINS Henry Cultura da converg ncia S o Paulo SP Aleph 2008 JOHNSON Steven Cultura da interface Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2001 KELLNER Douglas A cultura da m dia Bauru SP Edusc 2001 KEHL Maria Rita O tempo e o c o a atualidade da depress o S o Paulo SP Boitempo 2009 239 KUHN Thomas S A estrutura das revolu es cient ficas S o Paulo SP Perspectiva 2006 ITO Mizuko ET AL Hanging out messing around and geeking out kids living and learning with new media London UK MIT Press 2007 LACAN Jacques Semin rio livro 20 mais ainda Rio de Janeiro RJ Zahar 2008 LACLAU Ernesto Emancipation s New York NY Verso Books 2007 Nuevas reflexiones sobre la revoluci n de nuestro tiempo Buenos Aires Nueva Visi n 1990 LACLAU Ernesto MOUFFE Chantal Hegemony and socialist strategy
90. 8 Sobrando para as regi es Norte 23 computador e 14 internet e Nordeste 14 computador e 11 internet as menores cifras Comparativamente com os anos anteriores houve uma ligeira queda no crescimento da posse do computador e do acesso internet em 2010 Entre 2009 e 2010 o crescimento foi menor que entre 2008 e 2009 sendo que na Regi o Nordeste e nos domic lios de baixa renda o crescimento se manteve est vel Entretanto o que aumentou nos ltimos tr s anos foi a velocidade das conex es internet nos domic lios de todo o pa s Ao mesmo tempo houve uma queda significativa no percentual de usu rios de internet que indicaram lanhouse como local mais frequente de acesso Os usu rios buscam aos poucos acessos mais r pidos internet e tamb m acesso mais dom stico que em locais p blicos Em rela o aos computadores port teis nos domic lios houve um crescimento nas classes A 31 de crescimento B 53 e C 67 O percentual de lares com Modem 3G foi de 6 em 2009 e em 2010 atingiu 10 enquanto que 21 da classe A 10 da Be 5 da C possuem celulares com acesso internet Estes n meros sem d vida indicam um crescimento no consumo da tecnologia em nosso pa s apesar de tamb m flagrar a marcante diferen a regional que ainda nos abarca Paralelamente traz uma realidade que nos mostra que o acesso tecnologia ainda uma quest o de classe social e n o apenas geracional como afirmam os estere tipos de cons
91. B Rolf compartilhar com os amigos momentos que foram especiais p mim Rolf como passeios com eles Rolf fotos que revelam tbm o que eu sou Jo o Matta tipo um lbum de fotos compartilhado Rolf isso quando agente sai Rolf no outro dia ja esta todo mundo olhando no face pra ver se algu m posotu as fotos Rolf uma forma de registrar o momento e depois relembrar Jo o Matta O que mais Jo o Matta O que mais acha interessante no Facebook 216 Jo o Matta Bate papo Rolf postamos mtas m sicas v deos Rolf tudo isso revela og a pessoa curti Rolf tbm tem um campo especial s para bate papo Jo o Matta Isso Jo o Matta Mas mesmo assim voc usa o MSN tamb m n Rolf converso todos os dias com amigas que ja n o est o juntas no dia a dia Rolf n o Rolf pq n o tenho net em casa Rolf s no face ta bom Jo o Matta ah t Jo o Matta entendi A economia de relacionamentos de Rolf formada a partir das frases e das fotos que disponibiliza aos seus amigos no Facebook Suas transa es sociais se d o em fun o deste material que segundo conta rapidamente visualizado e em seguida valorizado pelos seus pares A partir destas transa es de seus marcadores identit rios Rolf acumula seu capital social que garante sua participa o neste espa o de trocas que se tornou o Facebook Neste website tamb m encontramos diferentes rituais de consagra o dos acumuladores de capital das rede
92. D Haha Jo o Matta Voc se considera consumista Ana D Ana D Eu era menos 149 Mas sou do tipo de pessoa que s insiste muito em alguma coisa quando eu me apaixono pela mercadoria Jo o Matta Por que o que houve para se tornar mais Ent o voc se apaixona por mercadorias tamb m Ana D Acho que hoje eu sou mais vaidosa e essas coisas de adolecente Raramente Jo o Matta Como assim coisa de adolescente Me conta Ana D Bom tem maquiagem cremes rem dios Coisas que antes eu n o precisava tanto Jo o Matta Entendi roupas bolsas sapatos Ana D Hahaha Jo o Matta bijuterias o que mais Ana D Bolsas sapatos bijuterias nem tanto Jo o Matta O que mais importante para voc neste momento Destas coisas todas qeu falamos Ana D Roupas Jo o Matta Voc curte roupas Ana D Porque eu perdi muitas recentemente Sim Jo o Matta por que Cresceu Ana D Isso Jo o Matta heheh Voc com 16 anos n Ana D Exato Jo o Matta t E me fala sobre suas amigas Tamb m s o como voc Ana D N o Somos bem diferentes Jo o Matta Em que Ana D Estilo de pensar vestir principalmente Jo o Matta O que principalmente estilo de vestir qual seu estilo Ana D Claaro Jo o Matta Por que claro Qual seu estlo de se vestir Ana D Gosto mais do estilo rock Jo o Matta Rock um estilo de roupa Ana D Siim Hahaha Roupas pretas botas Jo
93. Jo o Matta e pensam assim como voc 155 Turbul ncia N o muitos dos meus amigos n o pensam assim e n o gostaram do final do filme pelo final Muitos ainda contribuem para a sociedade sou o que tenho e n o sou porque sou assim tudo depende muito do estatus ainda Turbul ncia Depois a gente termina de conversa to indo para a aula At mais Jo o Matta At Espero voc me chamar hein Bjs Turbul ncia Pode deixar Sem cairmos nas armadilhas da idealiza o dos jovens como seres puros que s o corrompidos pelo contexto que os cercam podemos afirmar que os adolescentes do interior de S o Paulo demonstram n o estar vontade sob esta press o pelo sucesso Em suas falas n o aparece uma no o clara do que os atormenta mas se mostram inquietos diante da press o colocada sobre seus ombros percept vel que a oposi o entre seu dia a dia de curto prazo e a expectativa dos adultos por uma vis o consistente de futuro os incomoda Tal inc modo associado esperada rebeldia juvenil muitas vezes sem uma causa aparente leva os a expressar certa revolta Diferentes pocas podem apresentar diferentes formas de revoltas juvenis ROCHA 2012 Nosso tempo est sendo marcado pelo uso das redes sociais como lugar de express o de algumas revoltas Frases como hoje eu vou xingar muito no Twitter 5 s o emblem ticas desta atitude Os jovens costumam usar o Twitter e tamb m o Facebook para se manifestar As redes sociai
94. N Yvonna S The Sage hangbook of qualitative research Thousand Oaks California Sage Publications 2005 DUR O F bio Da superprodu o semi tica caracteriza o e implica es est ticas In DUR O F bio VAZ Alexandre Fernandes ZUIN Ant nio Orgs A ind stria cultural hoje S o Paulo SP Boitempo 2008 EMERSON Robert FRETZ Rachel SHAW Linda Writing ethographic fieldworks Chicago USA The University of Chicago Press 1995 FAIRCLOUGH Norman Discurso e mudan a social Bras lia DF Unb 2001 FEATHERSTONE Mike Cultura de consumo e p s modernidade S o Paulo SP Studio Nobel 1995 FOUCAULT Michel Vigiar e punir hist ria da viol ncia nas pris es Petr polis RJ Vozes 1983 Sobre a hist ria da sexualidade In Microf sica do poder Rio de Janeiro RJ Graal 1979 FRAGOSO Suely RECUERO Raquel AMARAL Adriana M todos de pesquisa para internet Porto Alegre RS Sulina 2011 FREUD Sigmund O mal estar na civiliza o Santa Maria da Feira PT Rel gio D gua 2008 GORZ Andr O imaterial conhecimento valor e capital S o Paulo SP Annablume 2003 GREIMAS A J COURT S J Dicion rio de semi tica S o Paulo SP Contexto 2008 238 HARVEY David Condi o p s moderna uma pesquisa sobre as origens da mudan a cultural S o Paulo SP Loyola 2004 HABERMAS J rgen Consci ncia moral e agir comunicativo Rio de Janeiro RJ Tempo Brasileiro 200
95. PONTIF CIA UNIVERSIDADE CAT LICA DE S O PAULO PUC SP Jo o Osvaldo Schiavon Matta MAL ESTAR NA ADOLESC NCIA jovens de agendas lotadas nas redes sociais DOUTORADO EM COMUNICA O E SEMI TICA S O PAULO SP 2012 Jo o Osvaldo Schiavon Matta MAL ESTAR NA ADOLESC NCIA jovens de agendas lotadas nas redes sociais DOUTORADO EM COMUNICA O E SEMI TICA Tese apresentada Banca Examinadora da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo como exig ncia parcial para obten o do t tulo de Doutor em Comunica o e Semi tica sob a orienta o do Prof Dr Jos Luiz Aidar Prado S O PAULO SP 2012 Banca Examinadora Aos meus pais minha fonte de inspira o e refer ncia Alessandra minha companheira de vida por estes maravilhosos e intensos anos de constante constru o minha filha ou filho por ser a prova viva de que tudo valeu a pena AGRADECIMENTOS minha m e pelo carinho com que conduziu a revis o do texto desta tese e pelo apoio constante ao longo deste meu percurso Ao meu pai pela for a e suporte sempre minha esposa Alessandra pela companhia escutas revis es discuss es e por estar ao meu lado em todos os momentos Ao meu orientador Prof Jos Luiz Aidar Prado pelo processo de aprendizado destes quatro anos Ao professor Daniel Miller pelas inspiradoras orienta es e pela diferenciada hospitalidade em Londres Aos amigos Nilza Seixas e Paulo Sand
96. Paulo sofreram com algumas crises ao longo dos anos 1990 principalmente as que dependiam da citricultura que sofreu forte concorr ncia dos EUA na exporta o mundial de suco Hoje com a cana de a car a realidade n o a mesma dos tempos da laranja nem tampouco do caf Entretanto algumas fam lias mantiveram suas fortunas da poca do caf enquanto outras enriqueceram ao longo da hist ria a partir de outros tipos de neg cios n o s os ligados agricultura da cana de a car Os reconhecidos como novos ricos e uma t mida classe m dia surgiram nas cidades do interior e ajudam a movimentar seu com rcio principalmente os shoppings 86 centers que se tornaram obrigat rios nos centros urbanos desta regi o do estado assim como eram a pra a do coreto e a rua do com rcio Atualmente as compras no interior de S o Paulo n o s o mais marcadas na caderneta das vendas de esquina e nem tampouco s o feitas nos armaz ns onde se encontrava de tudo um pouco As pra as deixaram de ser pontos de encontro de namorados e o cinema do centro n o mais a nica atra o noturna Hoje os habitantes do interior de S o Paulo consomem produtos e servi os em outros locais Os shoppings centers se tornaram os locais dos encontros apesar de serem tamb m lugares de muitos desencontros Estes templos do consumo s o estrategicamente constru dos para mudar a percep o de tempo e espa o Dentro de um shopping n o h dia n o h no
97. a D nos procurou para contar sobre o que havia estudado e como estava a correria do seu dia a dia Sem hesitar depois de perguntarmos sobre o que esteve estudando deu nos uma longa aula sobre eletrodin mica Em meio aos seus ensinamentos sobre tens o corrente el trica e resist ncia percebemos que Ana D nos usou como uma esp cie de espelho para checar o resultado de seus estudos papel desempenhado muitas vezes pelos pais dos adolescentes que tomam a li o de seus filhos para conferir se realmente estudaram Sem d vida a jovem usou nos neste sentido para confirmar seu aprendizado e tamb m para nos mostrar sua compet ncia como estudante sua profiss o naquele momento O mesmo chegou a acontecer com a jovem Turbul ncia quando nos deu uma aula sobre Trovadorismo s v speras de sua prova de literatura Da mesma forma que acontece com um profissional de qualquer rea de atua o entre os estudantes ter sua compet ncia legitimada de extrema import ncia Estes dois casos demonstram que em um processo etnogr fico o pesquisador pode se tornar algu m muito pr ximo e ligado ao dia a dia dos pesquisados Ali s este um requisito para o sucesso de uma etnografia Durante a pesquisa diversas vezes desempenhamos esse papel de escuta dos jovens Estes em in meras oportunidades relataram gostar dessa pesquisa por ter algu m pr ximo a eles ouvindo sobre seu cotidiano suas prefer ncias e principalmente
98. a a dia podemos destacar a dilui o das fronteiras entre vida privada e p blica e entre vida pessoal e profissional Entretanto os res duos tecnol gicos que s o tamb m amontoados em pa ses ditos emergentes como o caso do Brasil chegaram a n veis alarmantes A obsolesc ncia dos produtos tecnol gicos aumenta par a passo com o avan o da depend ncia da tecnologia em nossas vidas Lipovetsky 1989 discute a perecibilidade dos produtos que s o lan ados sobre moldes j colocados prova anteriormente O autor argumenta que f rmulas j experimentadas repetem conte dos estruturas e estilos em um desfile de novos lan amentos com a cara de novidade Como no vestu rio e 72 Dispon vel em lt http www pnuma org br gt Acesso em junho de 2012 190 tamb m na publicidade onde a novidade lei novos produtos tecnol gicos s o lan ados sem a ambi o de perturbar os h bitos e as expectativas dos clientes A ideia que os produtos sejam imediatamente leg veis e compreens veis para a maioria As raras novidades que trazem propostas realmente diferentes do que se est habituado s o didaticamente apresentadas ao mercado pelos atores do mundo do marketing denominados early adopters Estes sujeitos ditos formadores de opini o s o selecionados pelas empresas de tecnologia e d o o tom de novidade aos seus produtos mostrando o quanto estes fazem sentido dentro de um dado contexto social Funcionamento semelh
99. a al m das universidades e unidades militares dependeu exclusivamente da pertin ncia de seu uso em escala comercial O primeiro provedor de acesso comercial nos EUA foi o Compuserve Este come ou a operar em 1979 e logo foi seguido pelos America On line e Prodigy Em 1993 estes tr s maiores competidores do mercado de acesso aos servi os da internet apresentavam aproximadamente 3 5 milh es de usu rios No Brasil a utiliza o da internet para fins comerciais aconteceu notadamente a partir de 1995 Antes disto apenas alguns links internacionais eram mantidos por aqui Mas seu uso era restrito a envios e troca de mensagens em formatos diferentes dos atuais e mails e tamb m a consultas a bases de dados internacionais A world wide web ou simplesmente www no formato em que a usamos hoje foi introduzida no Brasil tamb m em 1995 A 36 partir desta data a www passou a ser uma op o para intera es sociais que foram sendo incorporadas ao cotidiano de diferentes indiv duos dentre eles os jovens que a t m utilizado intensamente assim como o e mail as redes sociais os blogs e outras formas de intera es dispon veis na rede como parte do modo de ser contempor neo A world wide web um tipo de aplica o da internet com uma interface gr fica que facilita o compartilhamento das informa es A www foi desenvolvida em Genebra no in cio de 1990 pelo programador ingl s Tim Berners Lee Segundo Castells 2003 Berners
100. a de afazeres escolares e outras atividades O agendamento desta primeira entrevista n o foi tarefa f cil Bruno Levais se dizia atarefado e cheio de compromissos entre seus ensaios com sua dupla sertaneja compromissos escolares e atividades esportivas Dizia viver uma correria em seu dia a dia interiorano Gosta de m sica sertaneja pratica diferentes esportes e nos finais de semana viaja para pegar um cinema ou bater loja nos shopping centers em Ribeir o Preto A exemplo do que fizemos com os outros pesquisados o primeiro contato com Bruno Levais foi pautado por um roteiro previamente definido vide ap ndice A O roteiro serviu para dar suporte primeira entrevista onde busc vamos abordar diferentes pontos e conhecer mais profundamente cada pesquisado Precis vamos conhecer bem cada um dos pesquisados conhecer suas prefer ncias ter contato com suas caracter sticas principais O roteiro serviu para nos deixar atentos a fim de cobrir todos os pontos a serem abordados A partir do segundo contato via Skype ou chat do Facebook 3 Express o utilizada segundo o pr prio Bruno por seu pai quando a fam lia dirige se para a cidade vizinha de Ribeir o Preto para fazer compras nos shoppings daquela cidade 78 abrimos m o dos roteiros j que tanto a iniciativa do contato como os temas tratados foram deixados ao sabor do envolvimento que constru mos com cada um dos diferentes jovens Diferentemente de outros m t
101. a priorizar o aprofundamento de suas quest es ao inv s priorizar a amplitude de constata es consequentemente tornando as mais superficiais Interessava a ela entender a din mica do consumo infantil para uma determinada minoria tnica e assim escolheu uma delimitada regi o que permitisse tal profundidade sem deixar seu trabalho sofrer influ ncias de outras vari veis que poderiam privar o trabalho de importante densidade O interior de S o Paulo tamb m foi escolhido por n s como uma rea que nos permitisse aprofundar mais nossas quest es sobre o comportamento de consumo juvenil al m de compar lo com o dos grandes centros Expandir este estudo para a capital S o Paulo ou para outras regi es do Brasil traria outras vari veis e alguns complicadores de ordem log stica que privariam este estudo do engajamento com o campo da forma que aconteceu O interior de S o Paulo j por si s uma vasta regi o com diferen as que nos trazem indaga es em rela o possibilidade de se generalizar as verifica es de pesquisa Al m disso incluindo outras regi es ter amos um n mero maior de pesquisados o que diminuiria o tempo com os jovens do interior de S o Paulo prejudicando assim o envolvimento no cotidiano destes A comunica o com os pesquisados toma horas do dia do pesquisador j que as t cnicas de pesquisa que utilizamos n o foram nem a simples aplica o de um question rio nem uma nica entrevista em profundida
102. abalho No trecho abaixo Alice cita o contato realizado com seus pais 38 Para ver e mail vide Ap ndice D 83 Jo o Matta Queria depois agradecer a eles por voc me ajudar na pesquisa Alice Minha mae foi ao m dico e meu pai est trabalhando Jo o Matta Entendi Eles sabem que voc vai conversar comigo hoje sobre esta pesquisa Alice Sim A professora falou para a minha m e Jo o Matta Que bom Depois por favor diga para eles que agrade o Em linha com o que argumenta Livingstone 1999 sobre a necessidade dos pais se envolverem com o que seus filhos fazem na internet alguns dos pesquisados contaram como seus pais se interessavam pela sua participa o na pesquisa perguntando sobre o que era discutido qual o objetivo A m e de uma das pesquisadas Ana D chegou a conversar conosco via Skype a partir do perfil da pr pria filha Foram duas conversas r pidas e serviram para a m e conhecer brevemente o pesquisador que tanto falava com sua filha via Skype Outro aspecto favor vel relacionado ao arranjo da pesquisa diz respeito s ferramentas de chat utilizadas as quais permitiram a grava o imediata das conversas Tanto no Skype como no Facebook pais poderiam caso quisessem acessar o conte do destas conversas que permaneciam registradas Apesar de nenhum pesquisado comentar que isto acontecia este constituiu um recurso de seguran a dispon vel aos pais Como consequ ncia da recusa da escola p b
103. abarrotando suas malas de produtos para trazer para o Brasil maneira relatada por O Dougherty 2002 Nesta regi o da cidade brit nica pode se encontrar qualquer tipo de mercadoria a qualquer pre o Lojas de todos os tipos e de in meras origens oferecem uma infinidade de marcas e produtos reconhecidos mundialmente A paisagem dominada por indiv duos ostentando seus diversos pacotes de compras suas sacolas estampadas com as mais renomadas etiquetas do mundo da moda Complementando este quadro bares restaurantes e teatros tornam Londres uma das principais cidades do mundo em divers es noturnas Londres a quintess ncia do consumo atual Esta capital exemplo de cidade secular que se estabeleceu a partir do consumo que est enraizado no luxo durante os s culos XVII e XVIII como meio de distin o social Entretanto os embri es do consumo moderno j estavam por l antes disto Os museus os livros a conversa com os locais colaboram com o entendimento do processo hist rico deste processo embrion rio do consumo moderno como protagonista da hist ria da cidade Assim para os jovens do interior de S o Paulo Londres um centro de refer ncia ainda maior que seus grandes centros de compras e estudos como S o Paulo Campinas e Ribeir o Preto Londres foi de onde nos comunicamos diariamente com os jovens durante a maior parte da pesquisa Foi de onde iniciamos os contatos com os adolescentes pesquisados e nossa acultura o no c
104. abordagem etnogr fica uma constru o conjunta entre pesquisador e pesquisados considerando todo o contexto e cen rio de pesquisa Entrevistas individuais As entrevistas individuais exploram a oportunidade do pesquisado em apresentar percep es ideias e discorrer sobre fatos de sua vida que possivelmente n o faria se estivesse em grupo Sem d vida nestas entrevistas tamb m surgem conte dos que poderiam ser discutidos quando em um grupo Entretanto as entrevistas configuram se como uma ocasi o singular para o pesquisador conhecer profundamente o p blico pesquisado A hist ria de vida contada em uma entrevista individual primordial para que o etn grafo inicie seu trabalho de campo O aculturamento do campo de pesquisa passa necessariamente pelo conhecimento de perto dos jovens Nesta pesquisa realizamos inicialmente entrevistas individuais com cada um dos potenciais pesquisados para podermos conhec los de perto e tomar contato com seus perfis Ter uma ideia do perfil de cada jovem foi de extrema import ncia para este estudo visto que a partir da estabelecemos o plano de a o em campo quando entrar em contato com cada um quando com que linguagem etc De maneira bem diversa aos estudos quantitativos uma entrevista em uma pesquisa de cunho qualitativo n o apresenta um question rio com respostas diretas e de m ltipla escolha Uma entrevista em um estudo qualitativo segue um roteiro previamente elaborado mas
105. acontecendo no cotidiano destes jovens mas esta n o a fus o de aparelhos tecnol gicos como afirma o senso comum Converg ncia que nos levaria a um s aparelho multifuncional a partir da simples equa o por exemplo aparelho celular MP3 Player evolu o do walkman iPhone Isto que muitos chamam de converg ncia na verdade uma s rie intermin vel de lan amentos de novos produtos em substitui o queles com obsolesc ncia programada Por m se realmente estivesse acontecendo esta tal converg ncia tecnol gica da forma como idealizada no senso comum estar amos pr ximos de ter no m ximo tr s ou quatro aparelhos capazes de resolver tudo desde fazer teleconfer ncias at acionar port es de garagem passando por informar resultados de jogos e da loteria Todavia o que temos uma s rie sem fim de novas fun es sendo lan adas em novos aparelhos enquanto as antigas s o incorporadas em outros dispositivos na busca de se vender cada vez mais aparatos tecnol gicos Seguindo o exemplo citado alguns consumidores levavam em um bolso um aparelho celular e em outro um MP3 player como o iPod Sabendo disso a empresa norte americana Apple lan ou o iPhone que um s aparelho que executa as duas fun es Mais caro mais gastador de bateria e tamb m mais limitado que outros aparelhos celulares o iPhone chegou ao mercado como uma novidade a ser logo superada por outra Vendido como objeto de desejo e distin o soc
106. ada idealiza o de uma internet livre e que propicia a criatividade sem limites para os jovens conforme discutido no livro citado um indicador de que o conhecimento sobre as diversas pr ticas existentes na internet requer ainda estudos mais aprofundados Entretanto esta simplista associa o da internet com tais pr ticas conden veis pode diante do desconhecimento mais detalhado ser um eficaz dispositivo de prote o aos alunos da escola p blica contra tais pr ticas O desconhecimento de um novo ambiente pode nos levar proibi o do acesso a este como nico m todo de controle Por m o excesso de atitudes moralizadoras pode ser t o ou mais mal fico que sua escassez Vivemos como em outros tempos o dilema entre liberdade e seguran a Em prol da seguran a podemos diminuir nossa liberdade sempre uma quest o de escolha Entender a internet como local proibido para jovens de doze a dezessete anos por conta dos riscos que l 37 Ver termo de consentimento em Ap ndice C 82 podem ser encontrados tir los do conv vio social com pares de sua gera o e indiv duos de outras Portanto priv los de boa parte de sua liberdade Apesar de sua superficialidade j discutida anteriormente o trabalho de Ito et al 2007 traz n meros que nos fazem refletir sobre o uso da internet pelos jovens L estes passam horas de seu dia e em alguns momentos tamb m pesquisam leem e exercitam sua criatividade Al m di
107. agendas di rias Desta forma entendemos que relacionamentos com amigos online visibilidade e a busca por um canal de express o e manifesta o redefinem produ o e consumo dos jovens nesta rede social Os mesmos que consomem as informa es em diversos formatos textos e imagens circulados pelo Facebook s o os que podem ao mesmo tempo produzi las Esta pesquisa ent o objetiva analisar e refletir como se d e o que est envolvido no consumo juvenil do Facebook e suas deriva es O P BLICO E O CAMPO DE PESQUISA Atualmente as redes sociais est o entre os ambientes da internet mais frequentados pelos jovens Sites de relacionamento como o Facebook s o utilizados diariamente por este p blico para se relacionar com amigos colegas e parentes al m de ser um territ rio prop cio para o desenvolvimento de novas amizades mesmo a milhares de quil metros de dist ncia Entretanto esta rede 13 Neste caso utilizo a palavra amigo no sentido cl ssico que se refere amizade Refero me a indiv duos que conhecemos e desenvolvemos uma rela o de longo per odo Entretanto neste trabalho utilizaremos a palavra amigo tamb m no sentido dado pelo Facebook onde amigo o indiv duo relacionado em uma lista de perfis de usu rios com quem nos relacionamos nos moldes deste site 46 social que atualmente a mais popular do planeta n o apenas um ambiente favor vel s amizades e s rela es fa
108. aixa et ria entre doze e dezessete anos possuidores de seus pr prios aparatos tecnol gicos para acessar a web Os referenciais te ricos envolvem a Antropologia do Consumo e estudos sobre a Cultura Material suscet veis de desvendar como as novas tecnologias est o sendo assimiladas pelos seus diferentes usu rios Alguns nomes representativos desses campos s o Daniel Miller Dan Slater Roberta Sassatelll e Grant McCraken Metodologicamente a pesquisa aciona diversas t cnicas tais como entrevistas em profundidade observa es participantes e o a constru o de um di rio de campo Em todas as suas tr s dimens es pesquisadas consumo de tecnologia de informa o e de capitais simb licos foram verificadas intensas pr ticas de consumo relacionadas a um cotidiano de agendas lotadas fonte de intenso estresse e insatisfa o para os adolescentes tal como observado no universo adulto Palavras chave consumo redes sociais adolescentes antropologia do consumo etnografia Abstract In this thesis we researched on the consumption of young people on internet social networks Beyond the simple act of buying products we mean consumption as a code which reflects the relationship of young people linking them to three dimensions consumption of technology information and symbolic capital which is represented here by the media visibility More specifically we answer the following questions are the adolescents really digital na
109. al p 935 954 out 2006 Dispon vel em lt http www cedes unicamp br gt Acesso em maio de 2012 246 REFER NCIAS DA INTERNET CGI Dispon vel em lt http www cgi br gt Acesso em maio de 2012 Depend nciadeinternet Dispon vel em lt http www dependenciadeinternet com br gt Acesso em junho de 2012 IBGE Dispon vel em lt http www ibge gov br gt Acesso em setembro de 2011 Pnuma Dispon vel em lt http www pnuma org br gt Acesso em junho de 2012 PREFEITURA BEBEDOURO Dispon vel em lt http www bebedouro sp gov br gt Acesso em outubro de 2011 PREFEITURA CABRE VA Dispon vel em lt http www cabreuva sp gov br gt Acesso em outubro de 2011 247 AP NDICE A ROTEIRO PARA PRIMEIRA CONVERSA COM PESQUISADOS Parte I Apresenta o quem sou o que estou fazendo aqui professor da ESPM doutorando etc Pesquisa o que o que envolve para que serve objetivos Entrevistas como ser o o que envolve como se dar etc Parte II Apresenta o do entrevistado Nome e idade Onde estuda O que gosta de fazer Lazer esporte clubes viagens TV o que assiste quando porque gosta etc Novas tecnologias celular ipod ipad etc Outros meios de comunica o r dio jornal revistas Revistas quais conhece quais l prefer ncias impress es comportamento de leitura etc Internet Facebook Orkut Twitter Skype Uso frequ ncia raz es escola ou la
110. al ponto que chegam a desconsiderar outra op o de carreira outra forma de se realizar profissionalmente N o cursar a universidade considerado uma op o apenas para quem n o tem recursos e n o para quem opta por outro caminho N o questionamos aqui o benef cio de se cursar uma 142 universidade mas a obrigatoriedade naturalizada de se chegar ao sucesso atrav s de um curso universit rio A escolha da carreira por parte dos jovens condicionada s garantias de sucesso que esta proporciona Os altos ndices da rela o candidato vaga nos vestibulares para os tradicionais cursos de medicina e direito e para publicidade e rela es internacionais por exemplo confirmam esta hip tese As universidades e faculdades mais procuradas s o as que demonstram alta empregabilidade de seus ex alunos Em nossa experi ncia pessoal como palestrante e participante de feiras de profiss es em col gios e cursinhos do estado de S o Paulo respondemos muitas d vidas e quest es de candidatos ao vestibular Entre v rios tipos de perguntas as mais frequentes est o relacionadas ao retorno financeiro que a profiss o proporciona e seu ndice de empregabilidade Os alunos de col gios e cursinhos esbo am uma expectativa de que a universidade lhes outorgue o sucesso que esperado deles Sabendo disso as universidades principalmente as privadas veiculam campanhas publicit rias que trazem em seus textos diretamente a palavra ou ao me
111. am regularmente interrompidas pelas chamadas de clientes que tamb m usam a internet para o contato Rolf conta que em seus finais de semana tenta n o conectar a internet para ter tempo para namorar estudar e se divertir Tenta evitar a invas o das atividades profissionais em sua vida particular caracter stica marcante do in cio deste novo s culo Outra situa o de pesquisa que trazemos a esta discuss o a respeito do consumo de tecnologia a sondagem que Turbul ncia realizou em sua escola Esta jovem empolgada com seu entendimento do que era uma pesquisa aceitou nossa proposta de realizar uma r pida enquete em duas classes de sua escola Esta r pida pesquisa que Turbul ncia realizou tinha como objetivo saber quantos alunos possu am celulares das marcas iPhone e Blackberry o tablet da marca iPad A seguir a pr pria Turbul ncia apresenta os dados coletados em sua primeira atividade de pesquisa sua enquete Turbul ncia Oie Ontem entrei mas voc n o estava E hoje de novo Resolvi deixar aqui ent o O total de alunos das duas salas s o 62 19 pessoas tem o ipad o iphone ou o blackberry Jo o Matta Oie 196 Turbul ncia Voc recebeu Jo o Matta Estava aqui ontem sim Acho que nos desencontramos Jo o Matta N o recebi Turbul ncia porque eu entrei mais a noite Turbul ncia O total de alunos das duas salas s o 62 19 pessoas tem o ipad o iphone ou o blackberry Jo o Matta Vi agora
112. am um direito transformado em imposi o ao gozo Este imperativo do gozo substitui ent o sua repress o da poca anterior Atualmente a produ o e o consumo confundem se na id ia de valor que n o habita mais as horas trabalhadas de uma sociedade obcecada pela produ o em massa Marcas mercadol gicas pesquisam sobre e tentam saber antecipadamente dos comportamentos e dos desejos de seus consumidores A ideia principal s produzir aquilo que realmente ser consumido em alta medida Assim a produ o se apresenta cada vez mais customizada e em alguns casos acontece simultaneamente ao consumo Entretanto falamos de uma combina o produ o consumo que n o se d apenas entre produtos tang veis como um alimento uma pe a de roupa ou um autom vel Os servi os banc rios por exemplo tamb m s o alvos destas pesquisas de mercado e podem custar proporcionalmente bem caro dependendo do quanto atendem os desejos personalizados de cada consumidor Os bancos atualmente n o lucram apenas sobre o cr dito fornecido aos seus clientes Tamb m cobram altas taxas pelo uso de suas ag ncias de seus sistemas computacionais e pelo tempo de seus funcion rios que se apresentam disposi o dos clientes O s culo XX foi um per odo de extremas mudan as estruturais no bin mio produ o consumo e de potencializa o de caracter sticas originadas nos s culos anteriores tais como o consumo em massa a moda a expans o espac
113. amb m como um agente modalizador dos relacionamentos estabelecidos dentro de suas fronteiras Em seu papel de curadora das informa es produzidas pelos seus usu rios esta rede social condiciona a sociabiliza o procurada por estes quando presentes em seus dom nios Saad e Bertocchi 2012 clamam por uma tomada de posi o por parte dos comunicadores digitais na dire o de ocupar este papel de curadoria da informa o dominado por algoritmos que automatizam as escolhas e assim determinam quais informa es ser o consumidas e a partir destas que tipos de relacionamentos se dar o As autoras defendem que 168 falta ao comunicador da era digital se posicionar diante desse novo panorama curatorial explorando compet ncias de remedia o agrega o de audi ncias minera o de dados intelig ncia distribu da agenciamentos e adi o de valor s informa es SAAD E BERTOCCHI 2012 p 3 Saad e Bertocchi 2012 denunciam uma crise do conhecimento a partir da abund ncia informativa e do excesso de narrativas sobre os acontecimentos do mundo O algoritmo curador seria ent o resultante de um processo que tenta ordenar filtrar e organizar este excesso de informa o Entretanto tal processo mediador n o garante a transforma o de dados em conhecimento o que agrava potencialmente ainda mais esta crise A diferen a entre informa o e conhecimento torna se cada vez mais flagrante Nenhum excesso de informa o gara
114. americanos pesquisados por Boyd fazem do Facebook e os adolescentes do interior de S o Paulo p blico desta pesquisa Um dos pontos 67 Tradu o livre do autor 180 de intersec o entre os dois estudos est na principal motiva o para a produ o dos perfis no Facebook sua constru o em fun o de quem ir v lo Em ambos os estudos os pesquisados se mostraram mais preocupados em como ir o se apresentar s potenciais visitas em seus perfis do que propriamente com o fato de quererem ou n o ser parte da rede social Quando perguntados por Boyd 2008 quem formaria sua audi ncia os adolescentes norte americanos responderam meus amigos Em geral os adolescentes enfatizaram que os adultos n o fazem parte de seu p blico alvo revela Boyd 2008 p 144 Entretanto ao contr rio dos jovens pesquisados por Boyd os adolescentes do interior de S o Paulo afirmaram que seus pais familiares e outros adultos s o tamb m parte importante de seu p blico alvo Afirmam que o Facebook hoje tanto visitado por adolescentes de faixa et ria como tamb m pelos adultos Assim os interioranos incluem em sua audi ncia imagin ria que pauta sua exposi o online al m dos amigos da mesma gera o pais familiares e outros adultos quando da constru o de seus perfis Boyd 2008 em rela o ao desenvolvimento do perfil dos adolescentes ainda argumenta que falar para um p blico imagin rio n o novidade E
115. amos a presen a das diferentes interfaces que os computadores nos apresentam Entre estas est o tamb m os agentes pequenas aplica es que auxiliam os usu rios em suas tarefas di rias em seus computadores pessoais Inicialmente estes agentes ditos por seus criadores inteligentes foram disponibilizados aos usu rios em formato de personagens animados e pequenos cones na tela do computador o caso do agente de ajuda do Microsoft Word que aparecia quando solicitado para auxiliar o usu rio deste software em alguma tarefa que estivesse com dificuldade de realizar Entretanto estes agentes podem assumir diferentes formatos e principalmente pap is em nosso dia a dia tecnol gico o caso dos cookies que s o pequenos programas com algoritmos criados para serem implantados nos discos r gidos dos computadores pessoais de visitantes de determinados 173 websites A ideia que este agente informe a um servidor os diferentes passos do usu rio incluindo hor rios de acesso seu tempo online websites visitados links clicados Estas informa es s o posteriormente combinadas estatisticamente com outras formando padr es preditivos de comportamento Estes padr es levam as empresas a apresentarem propostas comerciais sedutoras a potenciais consumidores desde que se comportem de acordo com algum padr o estat stico pr determinado Os agentes podem assumir outras configura es para al m destas que exemplificamos Podem
116. amos o programa Debut Video Capture da NCH um software adquirido especificamente para esta finalidade J os registros dos chats foram realizados a partir das ferramentas dispon veis pelos pr prios softwares Windows Skype e Facebook Podemos dizer que mais uma importante caracter stica espec fica da configura o de nossa etnografia a facilidade de se registrar os contatos com os jovens pesquisados Em uma abordagem etnogr fica os registros dos contatos regulares tamb m s o partes relevantes do di rio de campo do pesquisador que o registro principal do etn grafo quando em campo Em tempo vale ressaltar que iniciamos o processo de pesquisa estabelecendo que os primeiros contatos fossem feitos atrav s da webcam e apenas as conversas posteriores seriam via chat escrito Entretanto constatamos que a flexibilidade em campo importante para o pesquisador e 122 principalmente para o resultado geral da pesquisa Os jovens sentiam se mais vontade atrav s dos chats escritos tanto do pr prio Skype como do Facebook Assim mudamos a estrat gia de abordagem realizando os primeiros contatos via bate papos escritos e depois part amos para algumas conversas via webcam Esta postura flex vel do etn grafo importante em um percurso de pesquisa j que o foco principal n o a rigidez na aplica o de seus recursos mas utilizar estes da forma mais efetiva para atingir seus objetivos Como j mencionamos o m todo de uma
117. ampo Pensar que esta megal pole situada em um pa s como a Inglaterra e em um continente como a Europa n o influenciou esta pesquisa seria uma idealiza o Sabemos que a total transpar ncia da exist ncia do pesquisador mesmo em processos 2 quantitativos uma ilus o metodol gica Sem d vida o pesquisador 91 percebido o tempo todo pelos pesquisados e influencia fortemente os resultados dos estudos O lugar de onde fala a linguagem que usa seu g nero seu estilo de se vestir as ferramentas que utiliza no processo entre muitos outros aspectos mudam a percep o dos pesquisados e assim impactam os resultados finais Durante o percurso da pesquisa percebemos que o local de onde nos comunic vamos gerou inicialmente curiosidade dos alunos das tr s escolas assim como certa timidez em alguns Como as conex es etnogr ficas se deram entre Londres e as cidades do interior de S o Paulo podemos dizer que esta pesquisa tamb m foi influenciada pelo imagin rio dos jovens em rela o cidade de onde fal vamos durante todo processo Londres por ser um dos principais centros urbanos do planeta trouxe incontest veis influ ncias nas percep es e viv ncias dos jovens pesquisados durante os trabalhos de campo Saber que o pesquisador se encontrava nesta cidade desafiou curiosidades idealiza es desejos e afetos dos adolescentes Al m do local de onde falava o pesquisador os aparatos tecnol gicos e suas aplica es ta
118. ante em Bebedouro apontado por Turbul ncia Esta jovem de Bebedouro que diz assertivamente considerar o iPad um enorme iPhone e que tablet coisa de menino conta orgulhosa que em seu anivers rio preferiu uma bolsa a um iPad oferecido por sua m e Esta adolescente narra que alguns colegas mais velhos de sua escola desempenham papel semelhante ao dos early adopters Sem mencionar tal express o mercadol gica a jovem conta que estes meninos viajam regularmente aos EUA e trazem novos vestu rios e equipamentos eletr nicos que rapidamente s o copiados pelos outros alunos da escola Turbul ncia abre m o do iPad mas confessa adorar ir aos shoppings centers de S o Paulo onde passa horas olhando vitrines e gastando sua mesada em roupas e sapatos H uma obsolesc ncia inquietante no fluxo que envolve produ o e consumo dos aparatos tecnol gicos de hoje Esta inquieta o foi expressa por uma das adolescentes pesquisadas Ana D diz que atualmente n o poss vel viver sem internet mas sem um tablet Ana D Pra que serve televis o num celular Celular pra mim serve pra ligar e receber liga es ponto Ana D Concordo Jo o Matta E eu ainda n o curto ligar e receber chamada Ana D Vou te falar uma coisa Jo o Matta Diga Ana D A gente s n o vive sem internet Mas a gente sobrevive sem um tablet Ana D Meu Mundo n o vai cair se eu n o tiver uma porcaria dessas 191 Ana D sem d vida n o conside
119. ar para f sica Tentamos por diversas vezes contato via e mail Facebook e Skype sem qualquer sucesso Inclusive n o foi poss vel decidirmos juntos seu pseud nimo para sua cita o neste trabalho assim a chamamos de Maria Entretanto apesar de sua participa o fugaz decidimos manter esta Bebedourense entre os pesquisados de nosso estudo A r pida conversa que tivemos sobre seu comportamento de consumo nos trouxe conte do para an lise e reflex o Assumidamente Maria se diz consumista e adora conversar sobre compras N o tivemos acesso ao seu perfil no Facebook para aqui citar as informa es de seu perfil Musician Morador de Bebedouro e tamb m preocupado com os acontecimentos sua volta Contou nos o quanto ficou intrigado com os acontecimentos em agosto de 2011 em Londres e em outras grandes cidades quando das invas es e saques em lojas de eletr nicos Musician tava at conversando sobre isso com a minha professora de hist ria A gente tava sem entender o porque de estar acontecendo essas coisas Prefere ler a revista Isto por achar que a Veja exagera com a pol tica Acredita que a revista trata por demais do tema deixando de lado outros temas de seu interesse Musician m sico e mostra sua forte personalidade ao assumir gostar de Chaves mesmo achando estar j um pouco al m da idade de assistir ao programa mexicano Bastante sincero e sens vel ao contexto em que vive este aluno de Bebedou
120. ar qualquer reconhecimento Esta foi uma condi o de pesquisa colocada no termo de consentimento apresentado a todos os pais dos participantes A inten o foi de preservar a identidade particular de cada jovem assim como evitar qualquer personaliza o de resultados A etnografia buscou analisar e refletir sobre o comportamento de consumo dos jovens enquanto grupo e n o individualmente Assim qualquer comportamento individual n o deve ser fonte de julgamentos ou interpreta es isoladas Alguns dos pseud nimos que usamos a seguir foram escolhidos pelos pr prios pesquisados apesar do fato de alguns deles n o acharem necess rio tal anonimato Os que n o escolheram seus apelidos n o o fizeram por op o Jo o Matta Ent o vamos definir o seu pseud nimo na pesquisa Ana D hm Ana D Acho desnecess rio um pseud nimo Jo o Matta Por que Ana D Ah n o tenho do que me esconder Assim como este trecho da fala de Ana D os pseud nimos escolhidos pelos pr prios adolescentes tamb m falam da personalidade de cada um interessante observarmos cada escolha suas raz es dizem bastante sobre o jovem Enquanto uns escolheram serem chamados por adjetivos que os caracterizam outros escolheram nomes de dolos ou varia es criativas de seus pr prios nomes A seguir apresentamos os jovens pesquisados com algumas de suas caracter sticas e as informa es que estes declararam em sua p gina de perfil do Facebook I
121. ara os jovens pesquisados o Facebook superou o Orkut em suas prefer ncias porque este ltimo ficou sem gra a STEVE JOBS e se tornou meio fraquinho meio lento TURBUL NCIA Ao mesmo tempo alguns destes adolescentes afirmam que o Twitter seu novo v cio TURBUL NCIA j que esta rede social mais aberta aos segredos pessoais que apenas alguns podem ler Para Gisele o Facebook mais fam lia pois serve para falar com familiares e amigos do mundo enquanto que o Twitter usado para revelar segredos e postar cr ticas que s os amigos da mesma idade podem ler Conta que postou no Twitter o desabafo de sua indigna o por ter terminado o compromisso com seu ex namorado Disse que nunca faria o mesmo no Facebook porque o que escreveu n o era algo que gostaria que suas tias por exemplo lessem Musician apresentou nos o Tumblr Este adolescente mostrou seu micro blog nesta outra rede social descrevendo a como um espa o mais privilegiado para a express o do seu gosto das suas prefer ncias se comparada com as outras Na compreens o dos adolescentes estas redes sociais guardam diferen as marcantes entre si Por m n o elencamos aqui as potenciais diferen as que cada rede social apresenta aos seus usu rios Sem d vida h in meras distin es que poderiam ser pontuadas em rela o s interfaces e propostas comerciais de cada um dos sites de relacionamento citados an
122. aram de ser produzidos 70 As presen as online em sites de games de not cias de esportes etc tamb m seguem esta mesma mec nica de registro nas redes sociais e servem para incrementar os perfis e as participa es em sites como Facebook Tumblr e Twitter Entretanto a necessidade de representar e registrar online uma presen a offline que nos leva a considerar outra forma de consumo das redes sociais 187 3 4 O que se consome quando no Facebook N o poss vel falarmos apenas de um tipo de consumo quando mencionamos o uso do Facebook Constatamos ao longo dos trabalhos de campo desta pesquisa que est o em jogo diferentes configura es de consumo quando os adolescentes utilizam esta rede social Como discutido na Introdu o deste trabalho o significado de consumir e o que realmente consumimos mudam com as circunst ncias hist ricas em que nos colocamos e tamb m com o lugar de onde falamos Desde os primeiros embri es do consumo moderno at sua configura o denominada por alguns autores de prosumption o sentido dado ao ato de consumir tem mudado completamente Como aponta Costa 2004 p 132 consumir nos s culos XVII XVIII ou XIX tem um sentido totalmente diferente de consumir no final do s culo XX e come o do XXT Al m disso como j assinalamos a influ ncia do pensamento produtivista tende a nos influenciar na redu o do conceito de consumo para um mero efeito da demanda por produtos e serv
123. arelhos Os adolescentes se diluem no pr prio uso que fazem da tecnologia tornando a t o presente em suas vidas que alguns acess rios tecnol gicos parecem ter se acoplado aos seus corpos ao modo dos ciborgues do mundo da fic o cient fica Nas redes sociais como o caso do Facebook os jovens compartilham seus afetos desejos frustra es e at sonhos com seus amigos do ciberespa o Deste modo a reconhecida express o penso logo existo poderia at ser trocada por tenho um perfil online logo existo A exist ncia em alguns locais parece s ser poss vel a partir do registro 45 da presen a a partir de um telefone celular que fotografa o momento e envia a imagem capturada de forma instant nea para ser vista nas redes sociais Este contexto da vida juvenil nos conduziu a elaborar nosso estudo de forma a compreender as motiva es subjacentes ao comportamento de consumo dos jovens em rela o tecnologia e suas aplica es no mundo da vida cotidiana Para este entendimento constru mos esta pesquisa considerando o consumo nas redes sociais na internet por um grupo de jovens brasileiros escolhendo para intermediar esta investiga o a rede social mais utilizada pela popula o juvenil na atualidade o Facebook Cada jovem do grupo pesquisado vai at o Facebook para sociabilizar se ser mais vis vel e tamb m se expressar como parte de um processo que naturalmente assumido como obrigat rio em suas
124. armos com os dolos que admiramos N o s o poucos os exemplos de celebridades que t m enfeiti ado f s em v rias partes do mundo levando os a expressarem sua admira o de diversas formas Criam f clubes v o a shows presenciam competi es e jogos esportivos e consomem produtos que trazem seus dolos estampados em camisetas cadernos bon s entre outros Tamb m consomem os conte dos veiculados por 220 revistas que trazem a imagem destas celebridades ligadas a diferentes temas como por exemplo suas vidas pessoais suas participa es em eventos de todos os tipos e seus feitos midi ticos Atualmente a distin o como celebridade um capital simb lico desejado por diferentes atores sociais n o s por astros e estrelas Consagrados por sua participa o nos mais diversos meios esporte cinema pol tica arte os dolos adquirem sua posi o de destaque pela notoriedade e curiosidade que despertam J os outros indiv duos chegam atualmente a desejar e at ocupar a posi o de celebridade mesmo que por alguns instantes Em um pensar mais tradicional estes s poderiam aspirar por uma condi o de f dos dolos j socialmente legitimados Entretanto a cultura midi tica chega a absorver mesmo de forma ef mera e territorialmente restrita aqueles que procuram os quinze minutos de fama mencionados por Andy Warhol No caso da participa o de Rosa na revista Capricho a entrevista foi realizada
125. aroto que ele colocou que tinha mas na verdade ele n o tem As outras pessoas foram honestas Jo o Matta Entendi Jo o Matta E da outra classe Turbul ncia Da outra sala quem eu sabia que tinha eu j coloquei e teve s uma garota que mentiu o resto tamb m foram honesto Se ver por outro lado a maioria foram honesto n Jo o Matta Sim Interessante Jo o Matta O que voc acha Se assustou em saber que tem gente com os tr s Jo o Matta Achou pouco ou muito 1 3 das turmas terem ao menos um dos tr s Turbul ncia Sim me assustei O que eu mais achei interessante foi o fato de poder conversar com os outros que eu n o conversava porque meu estava mais centrada nos meus amigos e como a maioria tem achei 197 que os outros poderiam ter E com essa pesquisa percebi que a maioria n o tem Jo o Matta 70 n o tem Jo o Matta Ou seja com a pesquisa voc mudou sua percep o do fen meno Turbul ncia Exato Jo o Matta Para isto tamb m servem as pesquisas Jo o Matta s vezes a gente olha uma coisa tem uma opini o formada em cima da pr pria viv ncia mas ela restrita ao universo que vivemos Jo o Matta Quando ampliamos ela muda Turbul ncia gostei bastante de fazer essa pesquisa Muitas vezes ca mos no senso comum com conclus es precipitadas a respeito do mundo do consumo de tecnologia como a descrita por Turbul ncia comum ouvirmos que o mundo hoje totalmente digital e que os j
126. as entrevistas ser o feitas via Skype chat do Facebook e por email O produto final deste trabalho ser uma tese de doutorado a ser apresentada na PUC SP em julho de 2012 al m de artigos cient ficos que ser o publicados em peri dicos do campo da Comunica o Tanto na tese quanto nos artigos n o ser o citados os nomes dos participantes do estudo nem caracter sticas 255 pessoais que permitam sua identifica o Os entrevistados ser o citados de maneira gen rica ou a partir de codinomes a fim de preservar seu anonimato Caso queiram esclarecer outras d vidas estou disposi o por e mail pelo Skype joaomattal ou por telefone 00 21 44 7424 008292 Agrade o antecipadamente sua colabora o e aguardo sua autoriza o para iniciar a pesquisa com seu sua filho a Atenciosamente Jo o Osvaldo S Matta 256
127. as pelo que fala pela atitude n Jimmy Tamb m n o acho muitos pais n o gostam dos filhos jogando online justamente por essas amizades virtuais Os meus j nem se importam porque conhecem eles tanto que agora um advogado e t ajudando a gente numa papelada de operadora e tudo mais rs Jo o Matta quantas vezes por dia semana vc joga Quantas horas por dia ou n o tem uma rotina fixa Jimmy Eu tinha hahaha At ano passado jogava quase todos os dias da semana cheguei at ir mal na escola por isso Fiquei viciado um problema pra galera da minha idade ficar viciado em jogos virtuais Jo o Matta Eu ia te perguntar se nao te atrapalhava na escola Jimmy por a Eu parei de jogar jogo uma vez por semana e olhe l Mas melhorei MUITO meu desempenho na escola tanto que minha nota est entre as 10 mais da classe hahaha O relato deste adolescente que estuda em Bebedouro indica nos como dif cil definir uma fronteira clara entre relacionamentos online e offline e a partir deles determinar uma polaridade positivo e negativo Por outro lado as palavras de Jimmy ratificam a exist ncia de certa depend ncia do mundo da tecnologia e tamb m de amizades constru das apenas no ciberespa o Relata que se sentia viciado nos jogos em rede e que por esfor o pr prio diminuiu sua rotina de jogo para deixar de se prejudicar na escola Tal iniciativa pessoal do jovem infelizmente dif cil de consta
128. ativas s o insignificantes diante do n mero de ativistas que atuam contra o consumo seja em que formato se apresente Por m a partir de uma s rie de estudos MILLER 2007 p 47 53 que tomam uma postura favor vel ao aprofundamento da cultura material contempor nea n o como destruidora da materialidade mas como uma nova forma de entender o indiv duo e suas rela es uma parte da antropologia desenvolve uma vis o do consumo mais distanciada Ao inv s de promover o materialismo estas perspectivas da cultura material enfatizam o quanto o consumo pode ser usado para nosso pr prio entendimento enquanto atores sociais Miller 2007 ainda argumenta que estudos de cultura material trabalham atrav s da especificidade de objetos materiais para em ltima inst ncia criar uma compreens o mais profunda da especificidade de uma humanidade insepar vel de sua materialidade Para destacar a contribui o da cultura material eu quero brevemente mencionar v rios tipos de objetos e olhar para as pesquisas etnogr ficas que t m sido dedicadas a eles mostrando como cada um da sua pr pria maneira tem contribu do para esse referencial te rico mais amplo MILLER 2007 p 47 Miller 2007 ent o explora abordagens mais espec ficas dos estudos contempor neos da cultura material analisando trabalhos que tratam de quatro g neros casa vestu rio m dia e autom vel Tamb m analisa a cadeia de produtos que s o consumidos
129. biliza o de novos produtos diminuiu significativamente ao longo dos anos Mas ainda relevante se considerarmos o tempo que necess rio para a apropria o social dos h bitos tecnol gicos pela maioria dos habitantes de cidades menores Em rela o a este contexto por um lado h uma forte diferen a de acesso tecnologia dos jovens das cidades de Bebedouro e Cabre va e a capital do estado de S o Paulo A curta dist ncia de 57 km entre S o Paulo e Cabre va n o parece dar conta de homogeneizar totalmente o comportamento dos jovens de ambas as cidades Com um PIB per capita de R 25 559 00 contra R 35 272 00 da cidade de S o Paulo Cabre va apresenta menos da metade dos domic lios com computadores e acesso internet Apenas 21 36 das casas de Cabre va t m computador e 17 9 acesso internet enquanto na cidade de S o Paulo 50 84 dos lares acessam esta rede e 60 03 t m computador Bebedouro distante 345 km de S o Paulo apresenta os seguintes n meros PIB per capita de R 32 597 00 37 20 de lares com computador e 26 86 com acesso internet Entretanto o n mero de computadores e acessos em Bebedouro apesar da pequena diferen a entre seu PIB per capita e o da cidade de S o Paulo pouco mais que a metade se comparada capital do estado Segundo a pesquisa TIC Domic lios e Empresas 2010 do CGIS a propor o de domic lios com computador na regi o Sudeste de 47 e de lares com acesso internet
130. cado cerca de 30 anos atr s produtos com o slogan exaustivo e extremamente sedutor N o adie a realiza o do seu desejo Voc deseja alguma coisa mas n o ganha o suficiente para adquiri la Nos velhos tempos felizmente passados e esquecidos era preciso adiar a satisfa o e esse adiamento segundo um dos pais da sociologia moderna Max Weber foi o princ pio que tornou poss vel o advento do capitalismo moderno apertar o cinto privar se de certas alegrias gastar com prud ncia e frugalidade colocar o dinheiro economizado na caderneta de poupan a e ter esperan a com cuidado e paci ncia de conseguir juntar o suficiente para transformar os sonhos em realidade BAUMAN 2010 p 12 A compra a cr dito com efeito revolucionou o consumo e enriquece cada vez mais as institui es credoras Criou se um mercado financeiramente promissor para bancos e empresas de cart o de cr dito os quais n o est o necessariamente interessados em ter o dinheiro emprestado de volta A ideia 26 fornecer cada vez mais cr dito aumentando a d vida de seus clientes e lucrando com o pagamento das altas taxas de juros A segunda metade do s culo XX marcada pelo uso intenso de estrat gias de marketing e de publicidade em busca da venda de produtos e tamb m servi os nova forma de com rcio que cobra altos pre os por bens intang veis Imediatamente ap s a Revolu o Industrial seguiu se um per odo inicial de baixa com
131. campo para um etn grafo Tal import ncia conferida a este por conter a escrita de todo estudo de campo pois nele registramos nossos apontamentos como em uma viagem onde o viajante anota cada paisagem cada momento interessante que vive e mais que isso registra como se sente naquele instante e o que este o levou a pensar Assim percebemos que o di rio de campo j parte da etnografia sendo escrita durante a a o da pesquisa a hist ria da viagem sendo registrada no exato momento em que acontece Cabe posteriormente ao pesquisador organizar seus escritos de campo para transform los em documento etnogr fico e apresent lo em formato de livro tese ou artigo acad mico 1 6 Etnografia atrav s das tecnicidades Fragoso et al 2011 prop em um mapeamento dos M todos de pesquisa para internet t tulo de seu livro Nestes escritos as autoras elencam diversas metodologias e discutem as diferentes terminologias e formas de se pesquisar na internet Entre os caminhos metodol gicos que apontam a abordagem etnogr fica na internet aparece como uma das preferidas op es da atualidade Segundo as autoras esta abordagem tem sido foco de preocupa o nos diferentes campos do conhecimento Apesar de ter surgido como m todo do campo da Antropologia a etnografia tem sido utilizada em pesquisas de outras reas como Sociologia Hist ria e Comunica o O levantamento realizado por Fragoso et al 2011 nos indica haver certa c
132. cebook ao se dar a partir de n meros calcul veis As amizades s o condicionadas e determinadas pela linearidade das linguagens de programa o dos websites da web 2 0 No papel tamb m de produtor os jovens das redes sociais ainda podem muitas vezes se sentem obrigados a assumir a responsabilidade de responder a estes condicionamentos produzindo constantemente os conte dos que ser o consumidos por seus pares o que aumenta ainda mais seus afazeres di rios Isto n o significa que todos executem esta tarefa com compet ncia Com feito 232 h uma eventual crise na gera o do conhecimento na era da web 2 0 A forma desorientada e difusa pela qual armazenada e distribu da a informa o agrava tal crise Fontes cr veis e autorias s o cada vez menos consideradas pelos jovens em suas pesquisas na internet Ao mesmo tempo em busca de visibilidade que os distingam entre seus pares os adolescentes do interior de S o Paulo tamb m almejam se adequar aos padr es de jovem sujeito contempor neo conformando se ao perfil convocado pelo mercado como pregam as cartilhas das pesquisas de mercado das gera es das letras x y z e c Entretanto tal miss o n o se torna f cil diante da impossibilidade de comprar o gozo nas prateleiras do supermercado Em um contexto que cobra desempenho a todo o instante n o sobra espa o nem tempo para explora es das possibilidades aleat rias do universo digital e fora dele O uso da te
133. cnologia fica ent o restrito s poucas redes sociais da moda Facebook Twitter e Tumblr enquanto que as pr ticas de prosumption limitam se s timelines destas redes que se auto referenciam sendo pouca coisa realmente reservada ordem do criativo Agora quando retomamos nossas perguntas de pesquisa reunimos condi es de respond las com mais exatid o Come ando pela segunda que questiona se os jovens vivem um intenso cotidiano de consumo podemos afirmar que realmente transitam por um dia a dia repleto de pr ticas de consumo principalmente as que contemplam as tr s dimens es que estudamos Em rela o primeira quest o podemos dizer que algumas das caracter sticas imaginadas do universo juvenil se mant m caso os observemos de modo mais perif rico Entretanto quando nos aprofundamos em seu cotidiano vemos que os jovens do interior de S o Paulo diferenciam se em grande parte deste estere tipo difundido atrav s do senso comum Fomos a campo imbu dos de uma ideia que circula pelo senso comum que espera dos jovens uma intensa vida no amplo mundo da internet ao lado de um comportamento criativo e livre que seria pautado por indigna es e 82 Caracter sticas comuns agita o ansiedade presen a de conflitos emocionais incoer ncia nas ideias d vidas questionamentos 233 esp ritos revolucion rios O que encontramos foram jovens angustiados e pressionados por uma expectativa de futuro que deve
134. cola e aparelhos celulares Entre os mais velhos alguns j trabalham e somam sua j lotada agenda atividades profissionais que trazem o benef cio da facilidade de acesso s redes sociais a partir do computador das empresas Os jovens que n o est o nos grandes centros urbanos usam do consumo da tecnologia e da sociabiliza o nas redes sociais assim como fazem os habitantes das grandes cidades Entretanto h relevantes diferen as entre o comportamento adolescente dos habitantes das pequenas e das grandes cidades Entre estas diferen as est o as diversas apropria es da tecnologia e suas deriva es que os adolescentes interioranos realizam assim como o menor acesso a computadores e internet que apresentam conforme mostram os n meros a seguir 4 Fonte Pyxis IBOPE Acesso em maio de 2012 42 N o h dados espec ficos sobre a faixa et ria desta pesquisa doze a dezesste anos p blico desta pesquisa 98 Mesmo quando acessam as mesmas redes sociais e os mesmos websites que os adolescentes das grandes cidades os jovens dos centros urbanos menores somam ao seu consumo tecnol gico alguns h bitos culturais espec ficos do interior podendo adaptar ao seu cotidiano os usos dos dispositivos m veis e port teis Outro ponto a ser considerado que as inova es tecnol gicas tendem a chegar um pouco atrasadas ao interior se comparadas sua disponibiliza o nos grandes centros Esta diferen a de tempo na disponi
135. consumo mas n o as deixam de lado Entretanto alguns adolescentes nos trazem interessantes pontos de vista como consumidores de sua cidade o que nos propiciou uma discuss o mais adensada sobre o tema Analisamos assim o comportamento dos jovens pesquisados o que foi manifestado durante os trabalhos de campo Neste cap tulo iniciamos a discuss o em torno do quanto os adolescentes do interior de S o Paulo muitas vezes distanciam se do perfil de jovens espontaneamente engajados com o mundo digital e desfrutadores de um per odo de vida tranquilo e sem responsabilidades Finalizamos esta parte do trabalho com a apresenta o de um conceito que desenvolvemos nesta pesquisa que nomeia a forma contempor nea de se rebelar dos jovens trata se da rebeldia l dica Forma de rebeldia entendida como comportamento genericamente esperado dos jovens que hibridiza suas indigna es com o mundo do entretenimento muitas vezes manifestadas atrav s do universo digital O cap tulo 3 discute a configura o de consumo que assumimos neste trabalho A partir de uma abordagem interpretativa do consumo entendemos este fen meno como um processo de rela es que participa da cultura por construir e fazer circular significados sociamente compartilhados O consumo neste trabalho visto como um c digo uma linguagem que assume diferentes configura es ao longo do percurso hist rico Abordamos neste cap tulo para estudar o consumo nas e das redes soc
136. correr o risco de nos depararmos diante de uma r plica A imagem que se pretende ter no outro disputa com a compreens o que se tem de si mesmo Sendo que esta ltima muitas vezes pode ser colocada em segundo plano O espet culo apresenta se como algo grandioso positivo indiscut vel e inacess vel Sua nica mensagem o que aparece bom o que bom A aparece A atitude que ele exige por princ pio aquela aceita o passiva que na verdade ele j obteve na medida em que aparece sem r plica pelo seu monop lio da apar ncia DEBORD 1997 p 17 Nesta sua tese de n mero 12 Guy D bord 1997 denuncia uma busca desenfreada por uma vida mediada por imagens A no o de valor neste momento desafiada por ser associada apenas ao que vis vel socialmente e supostamente exclusivo O objeto mais valorizado depende unicamente do quanto visto e notado e n o propriamente do que do como ou de quem o concebeu Seu percurso torna se indiferente diante da audi ncia A ideia de valor cara para a compreens o do capitalismo Ponto central de discuss o na teoria marxista o valor est ligado ao quanto um trabalhador produz em compara o ao que recebe em forma de sal rios A mais valia base das sociedades capitalistas o resultado desta compara o no caso do trabalhador produzir mais valor do que recebe Na Era das Convoca es quando o indiv duo convocado todo o tempo para assumir posi
137. da cibercultura nos parece estar busca de um improv vel estado de entropia zero na ordem o qual desafia a n o linearidade do mundo da vida Como defende Sandler 1997 todas as din micas reais s o n o lineares Probabilidade vida qualquer um de n s efeito de probabilidade ali s muito baixa por que dentre bilh es de espermatozoides foi o nosso que fecundou um vulo e n o o de algum de nossos irm os jamais nascidos Uma vez que fomos n s que nascemos e nenhuma outra pessoa a nossa vida n s mesmos a nossa personalidade e nossa realidade ps quica ser aquela e nenhuma outra O indeterminismo inicial cede lugar ao determinismo funcional No mago do mundo do computador isto imposs vel No mundo da l gica dos algoritmos onde qualquer n mero gerado por algoritmos claramente previs vel n o poss vel a verdadeira randomiza o ou causalidade Qualquer n mero produzido por um computador produzido por outros n meros os algoritmos SANDLER 1997 p 278 Efetivamente as transa es sociais que se d o no Facebook por exemplo s o condicionadas pelos algoritmos que assumem o papel de agentes nestas negocia es Assim uma eventual sociabilidade que se daria entre as p ginas de uma rede social pode ser questionada diante de seu car ter nada rand mico O sentido da express o fazer amigos portanto resignificada nas p ginas de um site de relacionamento como o Fa
138. da familiar O pesquisador nos alerta em rela o tend ncia de que perguntas desta natureza podem trazer respostas com elevada incid ncia positiva visto que os jovens se encontram em uma idade de descobertas d vidas e preconceitos Por outro lado poss vel notar atrav s dos dados estat sticos que h uma preponder ncia e uma reprodu o do discurso em rela o gera o sa de que expressa no corpo e no sexo uma identidade juvenil Sem julgarmos tal fato importante constatarmos que os jovens brasileiros revelam sua exposi o midi tica ao trazer este discurso que dominante nos meios atuais de comunica o de massa Estes brasileiros s o tamb m expostos aos discursos da m dia que prometem nas capas das revistas e em programas de televis o uma vida saud vel e sexualmente ativa associando satisfa o e felicidade com sa de e sexualidade Outra constata o importante de Lassance 2011 nesta pesquisa destacada a seguir Um dado importante nacional da vis o de que ser jovem significa conviver com riscos Isto explica porque diametralmente oposta a suposi o de que ser jovem significa menos responsabilidades e preocupa es embora apare a espontaneamente tem pouca homogeneidade a amplitude chega a 17 e o desvio padr o a 7 25 um dos mais altos dentre todos Numa an lise de conjunto o jovem considera justamente o contr rio Sua autoimagem de que tem riscos e portanto p
139. dan as a partir de uma forma de consumir que anterior a este per odo Segundo o estudioso Grant McCracken 2003 o sistema p tina de consumo significava que somente certas casas poderiam ser qualificadas como bens de consumo desej veis Al m disso significava que somente determinada mob lia aquela marcada pela antiguidade era um bem de valor para a fam lia nobre MCCRACKEN 20083 p 33 At o s culo XVI as marcas do tempo na mob lia eram simbolicamente o fator de distin o entre as fam lias nobres Ter a p tina sobre os m veis foi garantia de um status social transferido por gera es Os produtos eram comprados coletivamente e produzidos para durar longos per odos de tempo A gera o anterior era respons vel pela manuten o da honra das pr ximas As compras eram realizadas pelos familiares vivos mas tamb m inclu a os que j haviam morrido e os que ainda nem eram nascidos O status familiar preocupa o inglesa desde a Idade M dia mantinha se como culto na fam lia Elisabetana O item mais consp cuo que havia na casa das fam lias inglesas de ent o era o retrato de fam lia que era medida exata do n mero de gera es que buscava o alto status representado pela mob lia em p tina Entretanto um novo padr o de aquisi o de bens foi estabelecido trazendo mudan as extraordin rias nas pr ticas de consumo da nobreza Os nobres acostumados a compras familiares foram capturados pelo uso es
140. dando a este um novo corpo e outras poss veis interpreta es e destinos Este conjunto de possibilidades configura uma das principais formas que alicer am o relacionamento online oferecido pelo Facebook Al m disso esta rede social permite que se construa e que se armazene uma lista de amigos que exibida juntamente com o perfil do associado atrav s do qual este se apresenta a quem visitar sua p gina Tal perfil pode ser 5 Amigos o termo utilizado pelo Facebook para designar os indiv duos que aparecem na lista de usu rios que facebookiano disp e e exige a quem quer que entre em sua p gina de perfil A ideia mais cl ssica ligada a express o amigo aqui substitu da por esta generaliza o desta rede social que chama de amigo o indiv duo que est ligado em rede com outro Possivelmente nunca se viram e nunca se falaram anteriormente a este contato que pode se restringir apenas a um momento de aceita o em fazer parte da lista m tua de amigos um do outro 170 composto por diversos tipos de fotos v deos dados como prefer ncias pessoais hobbies forma o profissional e acad mica orienta o sexual interesses na rede lugares que j visitados etc Tamb m faz parte do perfil do associado sua lista de amigos de grupos aos quais participa e de eventos que pretende comparecer Tudo editado e empacotado a partir das limita es das op es dispon veis pelo site Por outro lado p
141. datadas e espec ficas de apenas um momento da hist ria Sob este olhar poss vel estudar as pr ticas de consumo de forma mais distanciada sem reduzi las a celebra es populistas dos prazeres de massa e da desordem cultural como argumenta Featherstone 1995 p 32 Por m Miller 2007 nos alerta que a percep o do consumo como uma atividade maligna ou antissocial bem mais profunda e existia muito antes do consumo de massa moderno O pr prio termo consumo sugere que o problema um tanto intr nseco atividade Consumir algo usar algo na realidade destruir a pr pria cultura material MILLER 2007 p 34 3 Tradu o livre do autor 18 O professor argumenta que o consumo tende a ser visto como a destrui o do que produzido do que fruto do sacrif cio do trabalho Diferentes pocas e diferentes sociedades demonstram esta liga o do termo consumo a atividades de destrui o de bens Em uma tribo da ilha de Gawa na Nova Guin por exemplo h uma exorta o a nunca consumir o que voc pr prio produz MILLER 2007 p 34 Os bens produzidos devem primeiramente ser envolvidos em trocas que s o produtoras das rela es sociais Consumir diretamente o que produzido significa destruir o potencial para criar a sociedade Munn 1996 descreve em seu livro The fame of Gawa como estas trocas se d o a partir da cultura material e de que forma constru da a fama entre os in
142. de Desenvolvemos um relacionamento pr ximo com os pesquisados para podermos nos engajar em seu mundo e nos envolver com suas quest es e percep es Em uma pesquisa etnogr fica o pesquisador busca uma imers o para compreender a experi ncia dos pesquisados em rela o ao sentido e import ncia do fen meno em quest o No caso desta pesquisa o processo de conviv ncia com os adolescentes de doze a dezessete anos nos permitiu dividir de alguma forma seu dia a dia de consumo participando de sua agenda di ria 70 Emerson et al 1995 p 3 afirmam que a tarefa de um etn grafo n o determinar a verdade mas revelar as m ltiplas verdades que aparecem na vida de outros indiv duos 26 Assim para estes autores importante que o pesquisador participe do dia a dia dos pesquisados n o tentando ser invis vel a estes o que sabemos ser imposs vel de se conseguir mas aprendendo sobre suas matrizes de sentido assim como suas condutas nas diferentes atividades que participam Este denso envolvimento seria invi vel de ser realizado se inclu ssemos outras regi es do Brasil no recorte de campo j que privilegiamos a profundidade do estudo em detrimento da amplitude Para sermos profundos em outras regi es precisar amos de mais oito ou at mais meses dedicados a cada uma destas novas regi es Ito et al 2007 nos trazem outro exemplo Estes estudiosos realizaram um trabalho de campo focado no uso da internet pelos j
143. de McCracken 2003 25 algumas das mudan as deste per odo s o essenciais para o nosso entendimento do moderno car ter do consumo Tais mudan as incluem a emerg ncia da loja de departamento que contribuiu de modo fundamental para a natureza e para o contexto da atividade de compra bem como para a natureza da informa o e da influ ncia s quais estava submetido o consumidor O s culo XIX viu tamb m o surgimento de novos estilos de vida de consumo e de seus respectivos novos padr es de intera o entre produtos e coisas MCCRACKEN 2008 p 43 O s culo XIX entregou ao consumo certas caracter sticas que se intensificam nas pr ticas de consumo atuais Potentes significados sociais s o cada vez mais embutidos nos bens de consumo atrav s de estrat gias de marketing que empregam novas est ticas e motivos culturais pensados para adicionar valor aos produtos Da mesma forma este per odo caracterizado por um novo tipo de intera o entre comprador e vendedor que permitiu o desenvolvimento de inova es tais como o cr dito A compra a cr dito trouxe altera es significativas ao consumo O comprador das lojas de departamento podia agora administrar sua satisfa o obtendo um produto no momento da emerg ncia de seu desejo e n o apenas quando tivesse dinheiro suficiente para pagar por ele Para Bauman 2010 a introdu o do cart o de cr dito foi um sinal do que viria a seguir Foram lan ados no mer
144. de seu pr prio consumo Nas palavras de Bauman 2008 encontramos o sentido desta nossa constata o no tocante sociedade de consumo Para o pensador polon s a caracter stica mais proeminente da sociedade de consumidores ainda que cuidadosamente disfar ada e encoberta a transforma o dos consumidores em mercadorias ou antes sua dissolu o no mar de mercadorias em que para citar aquela que talvez seja a mais citada entre as muitas sugest es cit veis de Georg Simmel os diferentes significados das coisas e portanto as pr prias coisas s o vivenciados como imateriais aparecendo num tom uniformemente mon tono e cinzento enquanto tudo flutua com igual gravidade espec fica na corrente constante do dinheiro A tarefa dos consumidores e o principal motivo que os estimula a se engajar numa incessante atividade de consumo sair dessa invisibilidade e imaterialidade cinza e mon tona destacando se da massa de objetos indistingu veis que flutuam com igual gravidade espec fica e assim captar o olhar dos consumidores blas BAUMAN 2008 p 20 21 A busca dos adolescentes do interior de S o Paulo pela distin o atrav s do espet culo de suas vidas privadas em espa os p blicos os conduz condi o de objetos de seu pr prio consumo Consumir o Facebook no entanto torna se uma tarefa di ria que coloca estes jovens na condi o de mercadoria clamando por um diferencial maneira do
145. derando sempre a presen a do outro sobre seus ombros olhando e vigiando Os oito meses em nosso trabalho de campo nos fez entender que no Facebook os jovens para se ver precisam antes se mostrar ao outro A necessidade de se estar online todo o tempo envolve sem d vida a presen a do outro mesmo este n o estando sempre por l A produ o de um perfil que se mantenha din mico mudando constantemente o desafio colocado aos usu rios do Facebook por eles mesmos como forma de se autocontrolar e se manter fiel ao modo de vida proposto pelo site Tal processo n o restrito aos jovens mas a centralidade da presen a online em suas vidas assim como a intensidade de uso destas pr ticas os diferencia em rela o aos outros p blicos Como nesta pesquisa focamos no comportamento online dos jovens do interior de S o Paulo n o reunimos elementos para uma compara o mais precisa com outros p blicos Entretanto nosso percurso como pesquisador nos permite afirmar que h tais diferen as Perfil din mico para os usu rios desta rede social aquele com atualiza es e inser es constantes em tempo real Novas fotos v deos e frases s o as formas que os jovens encontraram para tornar seu perfil mais atraente ao outro Por m atraente tamb m para eles mesmos uma vez que sua pr pria exist ncia parece exigir do olhar do outro para ser confirmada As redes ub quas e as tecnologias m veis incluindo seus novos aplicativos i
146. dial As regi es Sul e Sudestes s o as mais otimistas O pesquisador conclui a exposi o de suas an lises afirmando que poss vel falarmos de caracter sticas comuns entre os jovens brasileiros o que n o significa que estes sejam iguais em todo o territ rio nacional H matizes neste perfil argumenta Lassance 2011 por mais que sejam bem pr ximos Apesar das diferen as entre as regi es constatada uma proximidade no perfil demogr fico e em aspectos cruciais de sua condi o O jovem tamb m compartilha de uma autoimagem semelhante em todo Brasil Por m os adolescentes brasileiros divergem em termos de expectativas de vis es de futuro e de estrat gias Lassance 2011 conclui que o jovem em todo pa s lan a sobre si pr prio uma elevada carga de expectativas A compara o por exemplo das respostas dadas pergunta sobre o que voc acha que vai acontecer nos pr ximos cinco anos para saber se as coisas v o melhorar piorar ou ficar como est o bastante elucidativa Em geral os jovens s o pessimistas em rela o ao mundo mais otimistas em rela o ao Brasil e super otimistas em rela o a si pr prios O otimismo diante do Brasil prudente para que as cobran as que far o sobre si pr prios estejam pelo menos em parte ancoradas nas chances que o pa s reservar aos seus jovens Cria se um fio mesmo que t nue para que os jovens relacionem as expectativas diante das perspectivas e associem
147. div duos da tribo desta ilha quanto mais trocas mais c lebre torna se o habitante de Gawa A celebridade nesta ilha o indiv duo que viabiliza o maior n mero de trocas sociais Por outro lado a produ o por sua vez associada com a criatividade como nas artes e artesanato considerada como a manufatura do valor por exemplo no trabalho de Marx o consumo envolve o gasto de recursos e sua elimina o do mundo MILLER 2007 p 35 H uma tend ncia a se ter uma vis o mais critica do consumo do que da produ o O pensamento moderno ocidental criou o h bito de creditar produ o a responsabilidade pelo crescimento e desenvolvimento dos pa ses deste lado do planeta Produzir tornou se sin nimo de progredir Em pa ses mais perif ricos como o Brasil o termo progresso palavra de ordem sendo este inclusive estampado em nossa bandeira Atualmente o consumo tem sido mais uma vez sin nimo de destrui o quando associado pela cr tica ambientalista ao gasto de recursos escassos ou insubstitu veis Raramente vemos ambientalistas dirigirem suas cr ticas destrui o de recursos do mundo associadas produ o ao inv s do consumo como seria por exemplo o caso do impacto da ind stria pesada e da agroind stria H pontuais esfor os de ambientalistas no sentido de militar contra a produ o de grandes 4 Tradu o livre do autor 19 conglomerados industriais Mas tais inici
148. do Facebook em que qualquer usu rio pode compartilhar em sua p gina um post enviado por um de seus amigos Ao analisar estes textos devemos considerar a inten o do compartilhamento a origem da mensagem seu destino enfim todo seu processo pois este muitas vezes diz coisas diferentes que o pr prio texto ou imagem do post n o contempla A an lise de discurso foi aplicada nestes termos n o s para informa es contidas no Facebook posts e dados publicados pelos jovens pesquisados em seus perfis p blicos como tamb m para investiga o dos websites das revistas lidas pelos jovens do interior de S o Paulo que pesquisamos Esta ferramenta metodol gica foi tamb m utilizada na an lise do di rio de campo gerado a partir da pesquisa Este que discutido a seguir foi analisado n o s do ponto de vista de seu texto mas tamb m de seu processo de produ o que se deu durante o trabalho de campo A considera o das condi es de pesquisa foi importante para as an lises n o s por relevar a dist ncia f sica entre pesquisador e pesquisados mas tamb m a media o dos recursos tecnol gicos Ponderar a configura o dos registros no di rio na medida em que foi realizado o campo foi importante no processo de categoriza o porque ajudou a definir as categorias de an lise tamb m em fun o da import ncia em que os temas foram surgindo O exemplo das rebeli es e arrast es de agosto de 2011 em Londres ilustra tamb m o
149. dos das empresas midi ticas tradicionais poss vel at imaginar que as revistas e os jornais ainda n o tenham encontrado a estrat gia mais adequada para usar as redes sociais a fim de aumentar seu p blico leitor e fidelizar ainda mais o atual Por m nossa compreens o de que o espa o da web 2 0 configurado de uma forma que os ve culos tradicionais n o conseguem fazer valer com suas estrat gias de mercado como acontece em outros territ rios como por exemplo nos meios tradicionais como televis o r dio jornal e revista Para seus associados as 80 J que o Facebook tamb m se configura como uma multinacional midi tica que tem seu valor de mercado dependente do n mero de associados e do quanto tempo estes usam esta rede social 209 redes sociais n o s o lugares de consumo de informa o no formato das m dias tradicionais A nica rede social entre as utilizadas pelos jovens pesquisados que se apresenta como uma potencial exce o ao que conclu mos o Twitter A caracter stica principal deste site de relacionamento trazer mensagens de texto limitadas a 140 caracteres Este formato de p lulas de informa o facilita os ve culos tradicionais ao permitir a cria o de vers es de not cias comprimidas a este n mero limitado de letras digitais tamb m muito utilizado por estes ve culos o recurso de divulgar um link com a express o saiba mais ou veja mais para o usu rio que quei
150. e constantes processos de produ o distribui o e consumo de um valorizado capital simb lico a visibilidade midi tica Bourdieu 2004 discute acerca do capital cient fico que est em jogo nos diversos campos do conhecimento Para o autor no campo cient fico estabelecida uma disputa pelo poder que corresponde a dois tipos de capitais um temporal e outro relacionado ao poder sobre os meios de produ o O primeiro caso est ligado ocupa o pol tica dos cargos e fun es institucionais enquanto o segundo quantidade de contratos cr ditos e outras formas de poder sobre os meios de produ o cient fica Para Bourdieu 2004 este capital simb lico deve ser entendido como um poder espec fico prest gio pessoal que mais ou menos independente do precedente segundo os campos e institui es e que repousa quase exclusivamente sobre o reconhecimento pouco ou mal objetivado e institucionalizado do conjunto de pares ou da fra o mais consagrada dentre eles por exemplo com os col gios invis veis de eruditos unidos por rela es de estima m tua BOURDIEU 2004 p 35 215 O autor defende a import ncia do reconhecimento dos pares na constitui o do prest gio edificador do capital em quest o Tanto o primeiro como o segundo tipo de capital citado pelo pensador operam sob uma l gica da acumula o simb lica de um tipo de capital que obtido atrav s de transa es sociais e n
151. e publicada nos moldes de uma celebridade midi tica A leitora ao experimentar este ef mero lugar de celebridade contempor nea adquire um tipo de capital que a distingue dos outros leitores ao expor aspectos de sua vida privada que est o ligados aos temas abordados pela Capricho Hoje indiv duos comuns lutam pelo direito ao sucesso Antes reservada apenas aos dolos a fama por mais instant nea que seja parece estar ao alcance de todos H atualmente uma busca massiva pela sensa o de se tornar estrela de um espet culo independentemente do tamanho de sua audi ncia Vivenciamos um verdadeiro apogeu dos realities shows na televis o como um divertimento de massa Nestes somos induzidos a pensar que assistimos pessoas comuns vivendo em diversas situa es do dia a dia O relacionamento entre estes indiv duos monitorado e pode ser assistido pela televis o e at pela internet dependendo do programa Assim os participantes destes shows de televis o tornam se celebridades que ap s seu t rmino estampam capas de revistas apresentam programas de televis o e tornam se at atores de novelas A sensa o de poder ser visto por muitos mesmo que rapidamente a mola propulsora destes processos de busca pela visibilidade que nos impulsiona na 221 dire o dos espa os midi ticos Agora podemos n o ser apenas expectadores mas tamb m temos a possibilidade de participarmos tanto como produtores de informa o como serm
152. e com amigos e parentes e at gravar CDs com as m sicas de sucesso do momento Pensando em presentear a namorada de Daniel com um CD de m sica para assim conquist la seu amigo empresta da escola onde trabalha o notebook e a partir da passa a ser acusado de roubo Os personagens da trama s o t picos jovens de classe m dia que sonham em ter computadores e outros aparatos tecnol gicos O amigo de Daniel diante do desejo de ter um computador para gravar o CD para ratificar sua conquista e da falta de dinheiro para compr lo leva o computador da escola para casa pensando em devolv lo sem ningu m perceber Entretanto o roubo descoberto e o adolescente se v em uma situa o embara osa Resolve n o devolver o notebook da escola e mesmo assim a namorada de Daniel termina seu relacionamento para ficar com o amigo que se arriscou por ela Entre os diversos conflitos da adolesc ncia a trama mostra claramente as nuances entre uma vida interiorana aparentemente mais tranquila e menos estressante e o 100 mundo da capital mais corrido mais barulhento e com mais recursos inclusive os tecnol gicos Os catorze adolescentes interioranos que participaram desta pesquisa s o alunos de uma escola p blica e de duas escolas privadas das cidades de Bebedouro e Cabre va no interior de S o Paulo A seguir os descrevemos sucintamente Os nomes dos atores desta etnografia e suas respectivas idades foram preservados a fim de evit
153. e doze anos est o pr ximos demais da inf ncia o que tamb m os torna outro grupo Buscamos agrupar os jovens de uma forma abrangente mas que tamb m propiciasse an lises e reflex es mais precisas Outro fator que legitima os adolescentes do interior de S o Paulo como p blico desta pesquisa sua representatividade dentro do grupo denominado de jovens brasileiros Segundo estudo apresentado por Lassance 2011 os jovens brasileiros de Norte a Sul possuem algumas caracter sticas em comum o que isoladamente pode nos levar a afirmar que h um nico tipo de jovem brasileiro e n o diferentes grupos espalhados pelas diversas regi es do pa s Entretanto outras caracter sticas distanciam os grupos de jovens das cinco regi es brasileiras inviabilizando em parte a afirma o de que existiria um nico perfil de jovem no Brasil Lassance 2011 argumenta que segundo os dados da pesquisa do Projeto Juventude do Instituto Cidadania realizada com adolescentes com idade entre quinze e vinte anos os jovens respondem de modo muito semelhante em rela o a algumas quest es chave entre elas est a pergunta sobre o que deixa o jovem mais satisfeito O destaque neste caso para a sexualidade que aparece em propor es bem pr ximas em todo pa s O mesmo 18 Dispon vel em lt http www institutolula org projeto juventude 20032004 z T_r3B9XDYt0 gt Acesso em julho de 2012 53 ocorre com a sa de f sica e com a vi
154. e l quida afeta todos os aspectos da vida humana As molduras identit rias modernas etnia classe linguagem religi o antes s lidas e resistentes s o quebradas e se tornam vol teis flex veis e flu das H uma impactante diminui o dos espa os f sicos e sensoriais na modernidade l quida Os computadores e as tecnologias comunicacionais cada vez mais m veis e port teis modificam a vida cotidiana e os h bitos de consumo Segundo Bauman 2001 na modernidade l quida h transforma es dos espa os de consumo Esses lugares encorajam a a o e n o a intera o j que a tarefa o consumo e o consumo um passatempo absoluta e exclusivamente individual uma s rie de sensa es que s podem ser experimentadas vividas subjetivamente As multid es que enchem os interiores dos templos de consumo s o ajuntamentos n o congrega es conjuntos n o esquadr es agregados n o totalidades Por mais cheios que possam estar os lugares de consumo coletivo n o t m nada de coletivo Para utilizar a memor vel express o de Althusser quem quer que entre em tais espa os interpelado enquanto indiv duo e chamado a suspender ou romper os la os e descartar as lealdades BAUMAN 2001 p 114 30 Bauman 2001 n o se refere a um processo de cria o de seres humanos individualistas ou ego stas quando trabalha a ideia de uma emancipa o destes diante do coletivo Como vimos houve temp
155. e que atualmente obrigat rio pelos tablets como o caso do iPad Steve Jobs o jovem de Bebedouro compartilha desta vis o sobre esta celebridade do mundo dos neg cios Inclusive sentiu se na obriga o de prestar uma homenagem ao seu dolo na timeline do Facebook O adolescente escreveu ao astro Obrigado por revolucionar n o s o jeito como escutamos m sica mas a m sica em si Obrigado por n o s revolucionar o celular mas toda a ind stria telef nica fazendo da fun o ligar uma mera parte de algo t o maior Obrigado acima de tudo por revolucionar o mundo Adeus Steve um g nio que foi se t o cedo O Steve Jobs do interior de S o Paulo nos contou o quanto admirava o Jobs norte americano e o quanto lamentou sua morte Desta forma poss vel compreendermos sua vis o idealizada do astro Ainda segundo o jovem os computadores e aparelhos da Apple s o seu sonho de consumo Diz que se nega a utilizar outra marca tecnol gica o que not rio na lista de suas fans pages de seu perfil no Facebook Acessa a internet o dia todo atrav s de seu iPhone mesmo quando est em aula Seu consumo de Facebook envolve as tr s dimens es que trabalhamos nesta pesquisa tecnologia prosumption e visibilidade Este adolescente nos contou que costuma viajar para os EUA para comprar seus devices tecnol gicos e tamb m outros produtos como roupas e t nis Sua colega de col gio Turbul ncia ao discutir sua vis o do mundo das comp
156. eitistas em um shopping center Reconhecida por seus f s como uma rebelde a cantora exibe sua atitude punk correndo dos seguran as do shopping ao lado de seus amigos que a ajudam a derrubar no ch o um homem que est vestido de cachorro quente para promover a venda deste sandu che em frente a um restaurante do local Esta ideia de rebeldia ligada divers o e a a es que chocam apenas um micro contexto uma constru o midi tica e mercadol gica que segue uma estrat gia discursiva que discutida por Ernesto Laclau 2007 Ernesto Laclau 2007 trabalha com o conceito de significantes vazios que seriam aqueles sem um significado esvaziados a partir de alguma estrat gia discursiva como o caso da utilizada com a ideia de rebeldia que discutimos Um significante vazio surge a partir de uma impossibilidade estrutural e que traz consigo uma interrup o em sua estrutura s gnica Interrup o que pode dar a saber uma subvers o uma distor o uma confus o de sentido Estes significantes vazios confinam um sistema com limites internos pr pria significa o o que os impede de serem fronteiras Portanto um significante vazio quando se apresenta como uma palavra de ordem ou um ponto nodal point de capiton como diz Laclau remetendo se ao conceito de Lacan tem a fun o estrat gica de fechar um sistema de significados discursivos apropriando se de diferentes significantes flutuantes amb guos como se seus limite
157. elato de um caso In Revista Brasileira de Psiquiatria Suplemento I S16 23 S o Paulo SP 2008 TOMAZ Renata Da nega o da inf ncia nega o dos tweens imperativos de autonomia na sociedade contempor nea Disserta o Mestrado em Comunica o e Cultura Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ UFRJ 2011 TRIVINHO Eug nio A dromocracia cibercultural l gica da vida humana na civiliza o medi tica avan ada S o Paulo SP Paulus 2007 WELLMAN Barry Networks in the global village life in contemporary communities Boulder Colorado Westview 1999 WIENER Norbert Cibern tica e Sociedade o uso humano dos seres humanos S o Paulo SP Cultrix 1954 WILLIAMS Raymond Cultura Rio de Janeiro RJ Paz e Terra 1992 WOODWARD Kathryn Identidade e diferen a uma introdu o te rica e conceitual In SILVA Tomaz Tadeu da Identidade e diferen a a perspectiva dos estudos culturais Petr polis RJ Vozes 2000 I EK Slavoj Bem vindo ao deserto do Real cinco ensaios sobre 11 de setembro e datas relacionadas S o Paulo SP Boitempo 2003 245 Enjoy the symptom Jacques Lacan in Hollywood and out New York NY Routledge 2008 The plague of fantasies New York NY Verso 1997 ZUIN Antonio Educa o dist ncia ou educa o distante O programa universidade aberta do Brasil o tutor e o professor virtual Educ Soc Campinas vol 27 n 96 Especi
158. emunho de uma excessiva diversidade interna MILLER 2011 p 163 Ponderando estas quest es desenvolvemos a seguir nossas compreens es do universo do consumo no Facebook por parte dos adolescentes pesquisados Para isto consideramos que o consumo no Facebook se d a partir de configura es de uma sociedade l quido moderna envolta por um contexto de convoca es midi ticas onde a tecnologia reconfigura a comunica o e acelera exageradamente o fluxo da informa o Atualmente tecnologias m veis e port teis conduzem um indiv duo como caso dos jovens a um dia a dia de consumo de tecnologia e informa o sem precedentes na hist ria Ao mesmo tempo as redes sociais prometem uma vida sociabilizada em tempo real O uso do Facebook um fen meno contempor neo que abarca grande parte dos pa ses do mundo incluindo o Brasil No interior de S o Paulo onde pesquisamos o Facebook substitui rapidamente o Orkut na prefer ncia entre os jovens Esta substitui o traz algumas novidades mas tamb m mant m certas pr ticas que j aconteciam quando o Orkut era hegem nico entre os jovens brasileiros Entre estas est o os rituais de consagra o e as disputas pelos diferentes capitais simb licos que est o em jogo em uma rede social maneira proposta por Bourdieu 2007 discutimos em Matta 2008 estas quest es que envolviam poca daquela pesquisa o Orkut principalmente relacionadas s transa es sociais que est
159. epresentativa diante do que estamos habituados a acompanhar das estrat gias mercadol gicas das editoras em busca de novas oportunidades de mercado que s o utilizadas em outros locais Regularmente os gerentes comerciais das editoras n o medem esfor os para investir na capta o de novos consumidores 48 e no aumento de suas vendas para os atuais compradores de seus produtos Por que seria diferente entre as fronteiras do Facebook Saad e Coutinho 2009 discutem o impacto das TICs Tecnologias da Informa o e Comunica o com o aumento da utiliza o das chamadas m dias sociais como por exemplo o Facebook no cotidiano de diversos atores sociais Os autores argumentam que o impacto mais recente no sistema informativo resultante das pr prias Tic s o surgimento e uso crescente das chamadas m dias sociais ampliando o espectro de produ o e consumo de informa es para qualquer cidad o capaz de interagir com as ferramentas dispon veis na Web SAAD E COUTINHO 2009 p 1 Saad e Coutinho 2009 pressup em haver neste crescimento acelerado no uso das redes sociais da internet uma necess ria transforma o dos modelos econ micos estabelecidos pelos grandes conglomerados de m dia e empresas de informa o Acostumados a um modelo de neg cio que trabalhava sob um desequil brio entre produtor emissor e consumidor receptor os produtores formais de informa o s o colocados frente necessidade de competir com
160. er toda uma gera o a partir de tr s ou quatro caracter sticas que resumem e a fechem em estere tipos de mercado Esta confus o de letras Y C Z 02 pouco explica ou auxilia na compreens o de comportamentos espec ficos de jovens e adolescentes diante do mundo do consumo Seriam as gera es Y C Z e formadas por indiv duos iguais e t o previs veis em seu comportamento como d o a entender tais generaliza es Ora s o vistos como sem valores e pregui osos ora como possuidores de fortes valores para mudar o mundo N o faz sentido algum um indiv duo pregui oso mudar o mundo assim como salvar a natureza n o tendo mais valores sobre os quais se embasar Costa 2004 p 131 discorda da ideia de que vivemos em tempos de uma desorienta o pessoal pela perda dos valores tradicionais Para o psicanalista n o existe propriamente perda de valores na sociedade atual existe uma re hierarquiza o dos valores tradicionais sob o dossel da moda e da mitologia cient fica COSTA 2004 p 131 Assim esta reordena o das prioridades em nosso modo de vida atual e que sem d vida podemos constatar nas novas configura es do consumo juvenil precisam ser olhadas no detalhe para al m das generaliza es mercadol gicas das gera es Y C Z O etc Uma quest o que podemos formular neste momento os jovens do interior de S o Paulo com idades entre 2 Dispon vel em lt http exame abril com br marke
161. erca acusada emana anna toada rara veins 166 3 1 O Facebook e os relacionamentos condicionados 167 3 2 O Facebook como dispositivo convocat rio do sujeito contempor neo 176 3 3 Marcadores identil rios no Facebook aagiadataaama asa rniiquiaaaar 180 3 4 O que se consome quando no Facebook 188 ds C ns mir n O Facebok recre rarene Dores finas a aai 222 CONCEUS O AAEE EE EET EEE EEE E S 229 BIBLIOGRAFIA EE AE A E EAE a 235 REFER NCIAS DA INTERNET sessesssssesssoesseossseoseseosscessossseeossseosseesutesseesseeosseesss 247 APPENDICE A Saana A AOE A A an ENAN AE EO OIRR 248 E dE LG E E SO EE RN E PD 249 ADECCO a e o ua 251 APENDICE Dad idea da A PE E E E a SN 255 INTRODU O A partir da primeira d cada do s culo XXI os jovens passaram a ocupar uma posi o de maior relev ncia enquanto objeto de estudo em diferentes disciplinas do conhecimento Estes atores sociais e suas pr ticas assumem ent o lugar privilegiado nos estudos comunicacionais e de consumo A crescente midiatiza o com maior uso da m dia como mediadora dos processos socioculturais marca as sociedades contempor neas ao lado de uma cultura do consumo em constante transforma o Diferentes narrativas sobre os jovens e suas pr prias produ es discursivas participam de forma efetiva dos processos comunicacionais e de consumo Estilos de vida gostos modos de ser valores e h bitos que s o aprend
162. eria saber isto Jo o Matta Esta uma tarefa para a super D Jo o Matta Investigadora antropol gica Bebedourense Ana D JKFLDJSKLFJSKLDJFSD Jo o Matta isto uma risada Ana D eRA PRA SER KLDG KDL GFKL DEGD Ana D curti Jo o Matta Meu Deus Como consegue repetir todas estas letras Ana D Aah Ana D Acheei Ana D D pra escolher Ana D Quando voc vai publica rno mural Ana D Tem tipo uma gotinha embaixo Ana D Voc clica e ele busca sua localiza o Jo o Matta Onde Jo o Matta No Facebook Para mostrar onde est Ana D Sim Jo o Matta Como vc descobriu Ana D Parece uma gota d gua de cabe a pra baixo Ana D POrque ele tem a mesma forma de um neg cio de busca do google 218 Ana D Do Google Mapas Ana D Achou Jo o Matta Vc viu l Jo o Matta N o espere Lembre se que sou de outra gera o e estou teclando com o computador no colo sentado no sof Jo o Matta Easy Jo o Matta Onde vou Jo o Matta O que fa o Ana D HAHAHAHA A partir das afirma es de Ana D constatamos que a busca pelas redes sociais majoritariamente baseada na exposi o p blica da vida privada dos internautas Mesmo atrav s de um dos modismos que inundam a internet o tempo todo como o caso deste servi o de localiza o os usu rios do Facebook se mostram em busca do monop lio da apar ncia j mencionado por D bord A partir de um dispositivo de uso comum almeja se a c
163. es s o sistemas simb licos por meio dos quais significados s o 183 produzidos e com isso posicionam os pr prios internautas como sujeitos neste site de relacionamento Significados d o sentido s experi ncias quilo que somos e tamb m quilo no qual podemos nos tornar Este o caso dos internautas que utilizam os marcadores do Facebook como pr ticas de representa o naquele territ rio Formatados como um agrupamento de imagens palavras escritas e v deos estes marcadores identit rios s o consumidos o tempo todo pelos amigos de seus produtores Na maioria dos casos apresentam se desconectados um do outro mas formando um mosaico identit rio que objetiva a distin o entre os iguais a diferencia o em um espa o constru do para a repeti o Nestes marcadores identit rios est presente um constante fluxo na disponibiliza o de informa es que constr i destr i e reconstr i as informa es compartilhadas no Facebook Trata se de um trabalho cooperativo e negociado entre os usu rios para a constru o do que veiculado nesta rede social Esta constru o ent o consequ ncia de um processo social que se d a partir de fontes tamb m externas ao Facebook o qual n o entendido por n s como um fen meno isolado Esta rede social alimentada e alimenta outros meios participando de forma marcante de um sistema midi tico mais complexo No Facebook o compartilhamento de informa es ta
164. esabafa n Gisele sim Os jovens de hoje n o nos parecem deixar de lado de forma passiva sua disposi o para expressar seu descontentamento e expressar seus conflitos como exaltado pelo senso comum Entretanto cada momento hist rico apresenta suas pr prias ferramentas para a juventude se expressar Nestes tempos as redes sociais s o poderosas formas para este p blico se relacionar e tamb m expressar suas ang stias ideias pensamentos sensa es e contesta es Entretanto h um elemento que representa uma relativa novidade nesta forma do jovem atual se rebelar o aspecto l dico destas representa es que acabar por esvaziar os motivos da pr pria rebeldia Independentemente contra o que se rebela o que vale a divers o de se rebelar Associamos o l dico s atividades s a es e aos movimentos que nos d o prazer algo que 161 nos divirta enquanto praticamos Os jogos e as brincadeiras entre m e e beb por exemplo s o utilizados como instrumentos de educa o Podemos aprender enquanto desenvolvemos pr ticas de forma l dica Atividades esportivas gincanas escolares e treinamentos para profissionais de diferentes reas s o tamb m ministrados atrav s de brincadeiras e jogos O jogo est presente em nossas vidas de diferentes formas Por vezes praticamos atividades l dicas sem mesmo darmos conta disto Huizinga 2007 ressalta as caracter sticas estruturantes do jogo incluindo esta atividade l d
165. essas e um pouco menos nos websites dos ve culos configurando o que chamado de web 1 0 As redes sociais como representantes da web 2 0 s o utilizadas pelos jovens interioranos para consumir outro tipo de informa o a gerada pelos pr prios usu rios caracter stica principal do Prosumption Textos escritos fotos imagens e v deos que circulam pelo Facebook s o gerados majoritariamente pelos prosumers deste site de relacionamento Os pesquisados optam em consumir informa es geradas de forma tradicional nos meios mais cl ssicos para isto e tamb m na web 1 0 Enquanto que as informa es geradas maneira do prosumption s o consumidas obviamente na web 2 0 Gisele de Cabre va conta como produz o conte do que disponibiliza a seus amigos no micro blog Tumblr Pouco tempo depois de ter declarado que adorava esta rede social Tumblr curiosamente afirmou que a mesma perdeu a gra a Este tipo de incoer ncia nas prefer ncias dos jovens pesquisados foi comum durante a pesquisa mostrando se como uma tend ncia Declarar que se adora um objeto e logo em seguida dizer que este nem t o bom assim foi comum entre as fala dos jovens interioranos que pesquisamos Esta varia o entre os extremos no gosto pelas coisas nos parece ser uma das marcas dos adolescentes dos tempos l quido modernos 208 Gisele hahaha o tumblr faz tempo que n o entro l hahah as ultimas vezes que entrei
166. este estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo data y Nome leg vel do participante data Nome leg vel do pai ou respons vel caso se aplique 253 data Assinatura do participante e ou respons vel MA al data 17 05 2011 ssinatura do pesquisador 254 AP NDICE D E MAIL ENVIADO AOS PAIS Prezados pais do a nome do aluno a Escrevo este email para conversarmos a respeito da eventual disponibilidade de seu sua filho a em colaborar com minha pesquisa de doutorado Seu contato foi me dado pela diretora da escola que seu filho a estuda Curso meu doutorado em Comunica o na PUC SP e atualmente fa o um est gio de pesquisa em Londres na University College London onde ficarei at dezembro de 2011 Portanto grande parte da minha pesquisa de doutorado ser conduzida aqui da Inglaterra via internet Nesta pesquisa busco compreender as diferen as e semelhan as entre o uso de redes sociais Facebook Orkut Twitter etc e a leitura de revistas peri dicas Veja Superinteressante Capricho entre outras segundo o ponto de vista do p blico jovem Assim gostaria de pedir sua autoriza o para entrevistar seu sua filho a durante o per odo de minha pesquisa As entrevistas contam com conversas peri dicas sobre o dia a dia dele a no Facebook na internet e seu interesse por revistas peri dicas Como estou em Londres
167. estiv ssemos fisicamente seria imposs vel Precisar amos nos deslocar de uma localidade a outra para viabilizar a pesquisa Entretanto o que teria sido mais impactante seria a impossibilidade de conversar com os pesquisados de ambas as cidades o mesmo tema no mesmo dia e muitas vezes simultaneamente Por exemplo discutimos pesquisador e pesquisados as rebeli es e arrast es que aconteceram em Londres no m s de agosto de 2011 No mesmo instante em que a not cia era veiculada pela Rede Globo de Televis o os jovens assistiam na e discut amos online sua percep o do que acontecia Foi importante entender como os adolescentes do interior receberam aquela not cia visto que a edi o dos fatos pela TV Globo dava a entender que toda Londres estava em chamas Discutir a percep o dos adolescentes a partir destas not cias comparando as diferentes realidades e seus respectivos focos enriqueceu o estudo dando nos ideia de como os jovens do interior paulista constroem os significados do que recebem da m dia e a partir deles repetem ou repelem seus discursos O fragmento abaixo3 mostra uma das in meras conversas que tivemos com os adolescentes enquanto se davam as rebeli es em Londres Turbul ncia Esteve feia a coisa a viu Ainda mais vendo pela televis o que aumenta muito mais as coisas Jo o Matta Voc acha que os jornais da televis o aumentam muito Turbul ncia Jornais de televis o aumentam muito Turbul ncia I
168. fazer com suas vidas em rede A ideia de liberdade de produ o e consumo de informa o que foi conferida inicialmente web 2 0 no senso comum questionada a partir da presen a de curadorias automatizadas de informa o que condicionam os relacionamentos nas redes sociais Desenvolvido com a finalidade de sociabilizar e entreter o ambiente e os servi os do Facebook podem ser vistos como detentores em seu sistema de funcionamento de formas e meios de monitorar classificar e at controlar a es e comunica es de seus usu rios Estamos falando do que Bruno 2008 define como vigil ncia digital Como prop e a autora vigil ncia digital o monitoramento sistem tico automatizado e a dist ncia de a es e informa es de indiv duos no ciberespa o com o fim de conhecer e intervir nas condutas ou escolhas poss veis Tal vigil ncia analisada segundo a no o de dispositivo que conjuga tra os centrais um conjunto de elementos heterog neos uma fun o estrat gica jogos e forma o de poder e saber BRUNO 2008 p 169 Bruno 2008 remete se a Foucault 1979 ao buscar a problematiza o da vigil ncia digital A sociedade disciplinar trabalhada pelo pensador franc s impunha modelos de individualiza o descendente em que sobre quem o poder se exercia eram os mais vigiados examinados e registrados BRUNO 2008 p 177 Dossi s detalhavam a vida de loucos hist ricos perversos e deli
169. foi pra postar fotos de skate e cabelos hahha sabe perdeu um poco a gra a logo menos eu volto haha de pessoas andando de skate e cabelos cortes cores aaah de diferentes pessoas tenho uns amigos q tem cabelos diferentes cores e tal ahahahah q lindo hahha Jo o Matta Aqui em Londres tem muita gente figura a roupa do povo indo pra balada algo in dito As mulheres com saltos absurdamente altos saias min sculas e casaquinhos de pele E cabelos roxos amarelhos verdes etc Gisele hahahahhaha eu acho legal nem sempre bonito depende da pessoa Conclu mos portanto que as buscas transmidi ticas das revistas tradicionais de estender seu contrato de comunica o com seus leitores atrav s da web 2 0 tendem a n o trazer os resultados esperados pelas empresas de m dia Os jovens mostram claramente preferir o consumo das informa es produzidas por revistas e jornais em seus meios tradicionais ou no m ximo na web 1 0 A web 2 0 demonstra se como espa o para o consumo de um tipo de informa o produzida em outros formatos mesmo que tenha como fonte inicial uma not cia de jornal ou revista Quando isto acontece esta acrescida de coment rios combinada com outras e adicionadas do disputado curtir do Facebook Sem desconsiderarmos os algoritmos curadores os agentes e a vigil ncia na internet as redes sociais s o ocupadas pela produ o ao modo de seu usu rio prosumer e n o dos conglomera
170. gada quest o da felicidade a qualquer pre o e do gozo como imperativos de nosso contexto problematizar certas verdades dadas como certas no senso comum papel de um pesquisador das ci ncias humanas Partimos da hip tese de que o comportamento de consumo dos adolescentes de doze a dezessete anos do interior de S o Paulo apesar de se aproximar em v rios aspectos da forma de se comportar de jovens dos grandes centros urbanos brasileiros e mundiais apresenta relevantes diferen as que merecem aten o conforme discutido a partir do trabalho de Lassance 2011 na introdu o deste trabalho Ao mesmo tempo em que h uma generaliza o das etapas da vida dos jovens a qual confunde as diferentes poss veis configura es de juventude ROCHA 2012 TOMAZ 2011 h outra que naturaliza os adolescentes como um grupo de comportamento homog neo e previs vel Alguns estudos de mercado realizados por institutos de pesquisa de marketing que s o publicados em revistas e na internet prop em uma generaliza o superficial do entendimento do jovem consumidor tendendo a banaliz lo Tanto jovens como outros atores sociais s o entendidos a partir destes trabalhos como agentes de um comportamento de consumo homog neo e de f cil previs o A ideia facilitar o trabalho das estrat gias publicit rias que 64 buscam com suas mensagens resumo atingir o maior n mero de potenciais consumidores com o menor esfor o financeiro e n
171. gens combinadas maneira de um mosaico identit rio A preocupa o com quem ir ver seus perfis o direcionador principal da produ o do conte do destes Ser visto da mesma forma que se deseja o objetivo neste momento poss vel ou n o de ser atingido pouco interessa Os jovens no Facebook negociam a constru o de suas identidades online a partir da forma como se apresentam ao outro Segundo Boyd 2008 perfis e outras a es de auto apresenta o n o s o realizadas no vazio Decis es sobre o conte do a ser exibido est o situadas em um contexto que impulsionado pelo espa o situa o social e pessoas Em ambientes mediados a tecnologia ajuda a moldar o contexto mas sozinha n o o define Para os adolescentes pesquisados o outro o fator mais importante em suas decis es de como se apresentar Eles estavam preocupados com quem achavam que deveria teria ou poderia ver seus perfis O contexto no qual eles estavam trabalhando foi desenvolvido principalmente para aqueles que imaginavam ser seu p blico BOYD 2008 p 143 A autora refere se sua pesquisa de doutorado defendida em 2008 na Universidade da Calif rnia em Berkeley Assim como na presente pesquisa Danah Boyd desenvolveu sua pesquisa em torno dos adolescentes nas redes sociais Seu estudo apresenta algumas converg ncias com os achados desta tese ao mesmo tempo em que tamb m traz tona diferen as marcantes entre o uso que os jovens norte
172. gs de rua Muitos destes casos chegam aos consult rios de psic logos psicanalistas e psiquiatras Alguns chegam tarde demais O que se espera dos jovens que acertem o alvo com precis o mesmo quando ainda est o com os olhos um pouco vendados pela precocidade da escolha que os abarca na adolesc ncia Como nesta pesquisa convivemos com adolescentes de doze a dezessete anos foi poss vel perceber diferentes caracter sticas entre as idades em rela o escolha pela profiss o Quanto mais velhos os adolescentes n o s mais pressionados estes se sentem mas tamb m menos espontaneamente e sonhadores se expressam Geralmente associamos aos jovens caracter sticas como espontaneidade sinceridade e certo grau de inoc ncia Costumamos admirar as crian as e os adolescentes por se expressarem de forma sincera espont nea e criativa Ao longo da vida todos acabamos perdendo grande parte destas caracter sticas tornando mais fechados sem muita espontaneidade e receosos demais para explorar toda nossa criatividade A competi o do mundo trabalho as disputas por um lugar de distin o BOURDIEU 2008 na sociedade do consumo e a press o pelo sucesso nos tornam mais duros distantes e quase nada intuitivos A competi o do vestibular que traz tona a no o de haver lugar apenas para alguns e que realmente h uma pir mide econ mica para ser enfrentada rompe a espontaneidade e encurta a criatividade dos adolescentes Est o
173. i os intensificada no per odo posterior Revolu o Industrial Ou at mesmo restringi lo ao simples ato da compra de um objeto O pr prio Facebook tamb m assume algumas configura es locais quando analisado mais a fundo Alguns aspectos desta rede social podem ser ampliados e generalizados para grande parte de seus usu rios enquanto outros dizem respeito a apropria es espec ficas de cada regi o o caso do trabalho de Boyd 2008 com quem dialogamos anteriormente Os adolescentes norte americanos confirmam alguns padr es de comportamento de nossos pesquisados Entretanto apresentam diferen as marcantes que devem ser relevadas em um trabalho como este Miller 2011 desenvolveu um trabalho etnogr fico sobre o Facebook em Trinidad e Tobago Em rela o a esta ilha o antrop logo aponta que o Facebook alcan a configura es que conferem a este uma cara mais local que propriamente global Uma das peculiaridades destacadas por Miller 2011 o 188 uso local que grande parte de seus pesquisados fazem desta rede social Chamando a de Fasbook usam a rede como parte adaptada sua cultura em seu dia a dia local Miller 2011 diz que n o existe algo como o Facebook a partir da perspectiva da relatividade cultural Este meu trabalho agrega esta ideia para esta ilha Assim sublinha a heterogeneidade de sua utiliza o em compara o com o resto do mundo os casos que apresento por sua vez d o test
174. ia nos proporciona redimensionam o m todo etnogr fico desta pesquisa ao proporcionar aos aparatos tecnol gicos que utilizamos outro status que n o o de apenas aparelhos viabilizadores t cnicos do estudo Agora como transformadores de linguagens percep es sensibilidades e formas de escrita os meios tecnol gicos que nos suportaram durante os trabalhos de campo devem ser considerados como transformadores do pr prio cen rio de pesquisa e portanto influenciadores de seus resultados Assim a influ ncia do imagin rio dos pesquisados em rela o cidade de Londres e as tecnicidades presentes na pesquisa nos levaram constru o de um diferente cen rio caso o comparemos ao que ter amos se estiv ssemos conduzindo esta etnografia diretamente em Bebedouro e em Cabre va sem o uso do computador e de suas ferramentas N o o caso de afirmarmos que sem as ferramentas tecnol gicas e sem o fato do pesquisador estar em Londres n o ter amos que considerar outros aspectos de influ ncia no campo Sem d vida outros aspectos na constru o de um setting de pesquisa configuram um diferente cen rio e consequentemente outra pesquisa 94 Falamos de cen rio ao inv s de locus de pesquisa porque este nos restringe ao lugar onde pesquisamos e n o amplitude de diferentes influ ncias que nos permite pensar quando consideramos o cen rio como um todo Entendemos que nosso locus de pesquisa o Facebook entretanto nosso cen
175. iais uma configura o constitu da de tr s 61 dimens es que apresentam suas pr prias perspectivas simb licas consumo de tecnologia de informa o e de capitais simb licos Aparatos digitais de tecnologias m veis e port teis devem necessariamente ser consumidos como forma de acesso s redes sociais Este consumo tem suas consequ ncias ao contexto social entre elas o aumento do lixo em pa ses como o Brasil A produ o da informa o nas redes sociais sofre mudan as significativas com advento do prosumption como nova forma de consumir Discutimos como o percurso transformador do processo de produ o e consumo da informa o impacta nos jovens do interior paulista H tamb m no Facebook por exemplo a constitui o de uma economia de relacionamentos online que faz circular capitais simb licos que s o disputados pelos usu rios das redes sociais Entre eles o mais valorizado a visibilidade midi tica dispon vel atrav s dos diversos recursos do Facebook que utilizamos como exemplo principal neste trabalho Por fim pautados pela problematiza o da divulga o p blica de vidas privadas na internet discutimos o quanto o consumo pode ser um impulsionador das ang stias e press es que os adolescentes do interior de S o Paulo demonstram sofrer conforme discutimos no cap tulo 2 Por fim tecemos nossa conclus o em torno deste estudo onde apresentamos reflex es resultantes das experi ncias dos trabalhos de campo
176. iais como em rela o a revistas como Capricho Claudia Veja Superinteressante Exame entre outras Desta forma n o necessariamente o pesquisado precisar ser membro do Facebook ou leitor ass duo de qualquer uma das revistas mencionadas Basta utilizar a internet e ter certa familiaridade com alguns de seus recursos mais comuns e mail MSN Facebook Orkut Skype Para alcan ar os objetivos da pesquisa ser o realizadas regularmente entrevistas individuais e em grupo via recursos tecnol gicos dispon veis na internet como Skype email MSN e o pr prio Facebook O pesquisador ter um perfil espec fico em cada um dos recursos onde ser totalmente identificado 251 Nestas conversas ser o discutidos diferentes aspectos da vida do internauta nas redes sociais e tamb m fora delas Interessa a esta pesquisa conhecer aspectos da vida cotidiana do entrevistado como consumo de internet e outras m dias televis o celular revistas jornais lugares que frequenta grupos de amigos de que participa etc Esta pesquisa ter dura o de um ano a come ar em Maio de 2011 N o h qualquer risco de exposi o das informa es pessoais e dados individuais coletados nesta pesquisa visto que os resultados ser o tratados em conjunto de forma gen rica e n o individual Al m disto a identidade de cada participante ser preservada pela altera o dos nomes originais a partir de codinomes que ser o escolhidos pelos pr prios jovens
177. ial hoje o iPhone j foi substitu do neste lugar de produto diferenciado que legitima seus usu rios a uma posi o social de destaque A Apple um exemplo de empresa que conhece os atalhos do desejo de consumidores pela novidade tecnol gica seja ela qual for Toda inova o tecnol gica sempre a pen ltima moda em tecnologia 140 Pouco tempo depois do lan amento do iPhone j se encontrava venda o iPad um tablet que se tornou rapidamente objeto de desejo e sonho de compra entre jovens e adultos Quando lan ada a primeira vers o a Apple j tratava de projetar a vers o de n mero 2 capaz de tornar a primeira ultrapassada em poucos meses de mercado O iPad rapidamente se tornou um objeto que legitima seu usu rio como indiv duo de sucesso social distin o diante dos iguais Este tablet traz muitas fun es presentes no iPhone e tamb m outras o que torna este aparelho exclusivo e n o alternativo ao iPhone ao menos este o argumento de vendas da empresa Por m a estrat gia vender ambos e n o apenas a novidade em substitui o ao aparato anterior O primeiro mais caro gera filas de espera O segundo vendido em a es promocionais ou em novas vers es que trazem diferentes designs do produto Este tipo de fus o de aparelhos e fun es que geram novidades tecnol gicas n o o tipo de converg ncia que nos referimos quando buscamos discutir o uso dos aparelhos tecnol gicos pelos jovens do
178. ial dos locais de compra e o advento do cr dito A Revolu o Industrial a grande depress o as duas grandes guerras a guerra fria e a inven o da penicilina s o eventos importantes que ajudaram a modificar ainda mais uma cultura do consumo que desde dois s culos anteriores tem se estabelecido em todo o planeta 29 Para Bauman 2001 o s culo XX tamb m caracterizado como sendo o do in cio da modernidade l quida conceito do pr prio soci logo que descreve o derretimento dos discursos s lidos e r gidos das institui es modernas em detrimento dos objetivos do indiv duo l quido moderno O pensador polon s defende uma nova vis o sobre a modernidade onde a fluidez das rela es sociais a efemeridade e a individualidade s o suas marcas principais Segundo o soci logo ap s a Segunda Grande Guerra tudo empregos relacionamentos know how na sociedade moderna se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma Por esta raz o optou pela met fora da liquidez As institui es t picas e representativas da modernidade universidades hospitais governo cadeias fam lia por exemplo veem sua centralidade como quadros de refer ncia ser dilu da e assim dividida com outras institui es como a m dia e o mercado Estilos de vida cren as e convic es mudam t o rapidamente que n o h tempo de se solidificarem em costumes h bitos e verdade A falta da perspectiva de longo prazo da modernidad
179. ibilidade midi tica que o Facebook pode promover Nesta rede social o consumo enquanto linguagem pode nos fazer saber sobre o modo pelo qual os jovens bebedourenses e cabreuvenses d o sentido ao seu mundo e s suas rela es As redes sociais n o existem exatamente como artefatos absolutos e universais Estas s o apropriadas pelos atores sociais de um dado contexto que as posicionam sob suas pr prias perspectivas simb licas Desta forma podemos afirmar que o Facebook por exemplo n o existe per se apenas em rela o a Este cap tulo discorre sobre as tr s dimens es do consumo das redes sociais que trabalhamos nesta pesquisa aparatos tecnol gicos utilizados para o acesso informa o no formato da web 2 0 prosumption e visibilidade midi tica como capital simb lico em jogo nas redes sociais A partir dos sentidos dados 166 pelos jovens do interior de S o Paulo ao seu cotidiano nas redes sociais interpretamos seu consumo e discorremos sobre seu desconforto diante de uma agenda lotada e uma perman ncia constante online nas redes sociais 3 1 O Facebook e os relacionamentos condicionados As redes sociais da internet como o caso do Facebook s o espa os previamente parametrizados para serem preenchidos por seus usu rios Fazem parte do que atualmente chamado de web 2 0 O conte do que circula por estas redes sociais produzido pelos pr prios internautas a partir de grids pr definidos o que acreditam
180. ica na cultura e no percurso hist rico da modernidade Segundo o autor o jogo um ato volunt rio que se d a partir de uma relativa evas o da vida real uma atividade livre que capaz de absorver intensa e totalmente o jogador Entre limites de tempo e de espa o o jogo cria uma ordem tempor ria e limitada Estabelecem se regras com o papel fundamental de manter a ordem A desobedi ncia a estas implica a derrocada do mundo do jogo Huizinga 2007 destaca tr s caracter sticas fundamentais que o jogo apresenta Chegamos primeira das caracter sticas fundamentais do jogo o fato de ser livre de ser ele pr prio liberdade Uma segunda caracter stica intimamente ligada primeira que o jogo n o vida corrente nem vida real Pelo contr rio trata se de uma evas o da vida real para uma esfera tempor ria de atividade com orienta o pr pria Toda crian a sabe perfeitamente quando est s fazendo de conta ou quanto est s brincando Ele o jogo se insinua como atividade tempor ria que tem uma finalidade aut noma e se realiza tendo em vista uma satisfa o que consiste nessa pr pria realiza o O jogo distingue se da vida comum tanto pelo lugar como pela dura o que ocupa Reina dentro do dom nio do jogo uma ordem espec fica e absoluta E aqui chegamos a sua outra caracter stica mais positiva ainda ele cria ordem e ordem Introduz na confus o da
181. idiano da sociedade de consumo Para o melhor andamento dos trabalhos de campo adaptamos nossos hor rios de conv vio com os jovens pesquisados a este dia a dia agitado Convers vamos nos intervalos de seus estudos noite e tamb m nos finais de semana A sensa o que nos abarcava algumas vezes era a de atrapalhar Tamb m perceb amos uma relativa compet ncia de alguns em administrar seu tempo o caso de Ana D Ana D o neg cio t s rio Ana D Provas provas provas Ana D E pra ajudar tem simulado na quinta e sexta D D D Jo o Matta Caramba Ana D E ainda tem que ler uns milh es de livros Com alguns jovens era preciso agendar os encontros online enquanto que outros nos procuravam nas brechas de sua agitada agenda Ana D foi um 133 dos pesquisados mais participativos como j mencionamos Nossas conversas se davam majoritariamente via Skype e atrav s da iniciativa de ambos Esta jovem mostrava n tida preocupa o com a organiza o de seu tempo Diversas vezes perguntou como faz amos para dar conta desta pesquisa dos estudos e de outras atividades Era curiosa em rela o vida de um doutorando Preocupada com a correria de seu dia a dia a adolescente nos contava sobre suas in meras provas simulados de vestibular e horas de estudo que faziam parte de seu cotidiano Certa vez conversamos alguns minutos ap s ter estudado f sica para suas regulares provas das ter as feiras An
182. idos pelos jovens ao longo de suas vidas vieram a se tornar assuntos recorrentes nos meios de comunica o de massa nas discuss es do dia a dia nas pesquisas mercadol gicas e nos estudos acad micos O interesse crescente por estes temas justifica se pela centralidade que ocupam na vida contempor nea Consideramos que os processos comunicacionais e de consumo estrategicamente imbricados convocam os jovens como sujeitos desta centralidade mas n o descartamos sua capacidade de autonomia e de rebeldia face s imposi es do mundo do consumismo e da comunica o massiva Rocha 2012 discute a partir do percurso hist rico de certas cenas juvenis dos anos 1960 at os dias atuais a juventude contempor nea suas transforma es e apropria es sociais Neste trabalho a autora destaca o impacto nos jovens de seu acesso a produtos e bens simb licos os quais se apresentam ligados s novas tecnologias de comunica o e tamb m s manifesta es culturais de diferentes grupos A pesquisadora produz uma relevante cartografia dos modos de ser e de se comunicar destes agentes sociais e afirma que 11 o consumo percebido na dimens o dos usos e recria es cotidianas assume contemporaneamente o lugar de espelho invertido a partir do qual os jovens aderem criticamente ou rejeitam enfaticamente ao que se pode definir como a base de sustenta o de um sistema capitalista de terceira fase na qual a subjetividade engrenagem
183. ifus o da televis o do cinema da internet nenhum meio eliminou o outro A televis o s vezes chamada de quinto poder n o suplantou o r dio rejeitado na inf ncia da televis o como r dio a vapor mais f cil de operar que a televis o permanece o ve culo predominante nos pa ses do Terceiro Mundo A ferrovia continuou a ser um importante meio de transporte no Primeiro Mundo mesmo quando ou mesmo porque o n mero de autom veis cresceu enormemente As cartas ainda s o enviadas pelo correio No entanto medida que os avan os tecnol gicos se aceleravam cada vez mais com per odos de calmaria as antigas tecnologias eram desafiadas e acima de tudo sua estrutura institucional precisava ser repensada BRIGGS E BURKE 2006 p 263 Ao menos em rela o aos jovens do Brasil h uma imprecis o na afirma o de que o r dio seria o meio predominante Por aqui a penetra o da TV entre jovens de 12 a 24 anos 98 em 2011 maior que a do r dio 81 segundo o Ibope Por m apesar desta generaliza o o trabalho de Briggs e Burke 2006 nos traz preciosas constata es A primeira delas diz respeito nossa viv ncia em um contexto midi tico que agrega os meios mais tradicionais de comunica o ligados muitas vezes comunica o de massa TV r dio jornal e revista e os ditos novos meios agora mais interativos e participativos Desta forma questionam a ideia de que sempre que surge
184. igiosa como uma de suas marcas identit rias Enquanto isto Palmeirense usa os marcadores como forma de deixar bem clara sua identidade palmeirense Por sua vez Musician mostra 185 fotos em seus momentos de lazer que divulgam seu estilo mais sossegado de ser e faz parte do grupo de f s de diversos temas relacionados forma como gostaria de ser visto pelo outro Em seu perfil Duquesa conta onde estuda e d o tom de seu estilo de ser a partir de uma s rie de fotos com amigos e familiares Os jovens do interior de S o Paulo assumem posi es como sujeitos do Facebook e a partir destas relacionam se com seus pares Nesse contexto vemos que os marcadores identit rios na verdade funcionam como posicionamentos para serem assumidos pelos usu rios do Facebook S o posi es que estes podem adotar e com as quais podem se identificar apoiando assim a constitui o de suas pr prias identidades online Com isto os termos identidade e subjetividade mostram se intercambi veis e com uma consider vel sobreposi o entre eles Trabalhamos os conceitos subjetividade e identidade como menciona Woodward Para esta autora n s vivemos nossa subjetividade em um contexto social no qual a linguagem e a cultura d o significado experi ncia que temos de n s mesmos e no qual n s adotamos uma identidade Quaisquer que sejam os conjuntos de significados constru dos pelos discursos eles s podem ser eficazes se eles nos recru
185. im Ana D declara se como solteira Em julho de 2012 Ana D apresentava 145 amigos no Facebook Bruno Levais Este jovem argumenta a respeito da import ncia das revistas em sua vida cotidiana Bruno Levais aah eu acho bem legal ter sempre uma revista nova em casa n pra voc estar sempre sabendo das coisas que est o se passando no resto do mundo Estuda em Bebedouro mas tamb m reside em Monte Azul Paulista L mora com os pais e irm o Bruno esportista e m sico Usa pouco a internet por estar segundo ele mesmo com a agenda cheia de compromissos da escola dos esportes e principalmente de seus ensaios e shows de m sica sertaneja Bruno Levais mostrou se empolgado com a possibilidade de seguir a carreira de m sica mas ao mesmo tempo busca concili la com seus estudos por entender que estes s o fundamentais para seu futuro Na p gina de seu perfil no Facebook o adolescente informa a data completa de seu anivers rio a cidade onde reside e qual escola frequenta Al m disso Bruno Levais exp e a seguinte lista de prefer ncias fan pages M sica Fernando e Sorocaba Michel Tel Condor Music PlayTech Brasil e Mamonas Assassinas Filmes Fast amp Furious Televis o Programa P nico Jogos UFC Undisputed THQ e Pro Evolution Soccer 2011 Atletas Ayrton Senna da Silva Times Atl tico Monte Azul Em julho de 2012 Bruno Levais apresentava 1 106 amigos no Facebook 105 D
186. imb lico que l se encontra em jogo Produzir uma informa o seja em formato texto imagem ou a mistura destes que receba um n mero grande de curtir confere ao seu autor valorosa reputa o entre os facebookianos Tudo que produzido pelos usu rios pode ser postado na timeline do Facebook e assim estar dispon vel para ser consumido pelos amigos do produtor da informa o Fotos textos v deos e links s o os exemplos mais comuns do conte do que circula por esta rede social Sempre que um usu rio envia qualquer informa o para a timeline seus potenciais consumidores podem curtir comentar e ou compartilhar S o tr s as op es de formas diferentes de intera o entre amigos a partir do produto de um associado deste website Para curtir basta clicar sobre esta palavra que se disp e abaixo do que foi produzido Quanto mais curtir tiver um produto maior a reputa o de seu produtor O mesmo racioc nio vale para o compartilhar Esta funcionalidade permite que a informa o produzida por um usu rio seja repostada reaproveitada na timeline de um de seus amigos Quanto mais indiv duos compartilharem a produ o mais intensamente reconhecido como bom produtor ser um usu rio Por fim poss vel acrescentar coment rios ao que foi postado al m de curtir e compartilhar Os coment rios acrescentam nova informa o ao produto inicial
187. ionada Zuin argumenta que o conhecimento para ser produzido precisa antes ser discutido e modificado coletivamente Para que este processo aconte a necess rio que a autoridade do professor seja superada o que diferente de ser eliminada O autor termina seu artigo com caras quest es a 212 respeito do ensino dist ncia Entre elas como equacionar este tipo de ensino mediado pela tecnologia diante do poder da imagem na sociedade do espet culo Novamente entra em cena preocupa es com as hibrida es entre entretenimento educa o e informa o problematizadas por Briges e Burke 2006 Um dos impactos mais relevantes desta hibrida o pode ser atribu do altera o no formato e tamb m na natureza da disponibiliza o do conhecimento nos dias de hoje A abund ncia de informa o e a espetaculariza o nos seus modos de acesso principalmente nos meios digitais n o garantem sua transforma o em conhecimento Ao contr rio somos dominados por avalanches informativas que mais nos sufocam que nos desenvolvem de forma cr tica e criteriosa Temos nos tornado acumuladores de fatos dados e informa es sem ao menos termos tempo para desenvolver um pensamento mais cr tico e profundo sobre estes No ciberespa o a informa o disponibilizada de forma desordenada e com uma multiplicidade exagerada de fontes banalizando a e consequentemente confundindo nos c Visibilidade midi tica Na Sociedade
188. ios e imagin ria a rede social como um espa o p blico onde uma relativa democracia juvenil realizada No imagin rio dos adolescentes as redes sociais podem assumir o papel de uma esp cie de gora p s moderna onde a democracia feita refeita continuada desenvolvida e at protegida A ideia da frase vou xingar muito no Twitter hoje repetida muitas vezes pelos pr prios jovens pode ser associada a um contexto participativo destes semelhante ao que se fazia na antiga gora Entretanto vemos que os jovens nem sempre discutem interesses compartilhados e o bem estar da sociedade como no caso da gora ateniense Os problemas sociais que sofremos na atualidade n o s o propriamente abordados nesta gora online Tratam se na verdade de problemas privados individuais e ntimos maneira de um confession rio p blico As redes sociais como espa os para manifesta o assumem um car ter tempor rio e limitado e n o permanente como no caso da gora A efemeridade a restri o espacial e os temas tratados no jogo de rebeldia l dica distinguem no de um espa o democr tico como era a pra a p blica grega 58 Pra a principal da p lis cidade grega constitu da como um espa o livre de edifica es com mercados e feiras livres Os cidad os costumavam ir a este local para conviver com outros comprar coisas discutir pol tica e participar dos tribunais populares Por esta raz o a gora tornou se s mbolo da de
189. isita para o levantamento das informa es disponibilizadas pela estudante de Cabre va o que se deu depois do processo de campo Steve Jobs Este leitor de Superinteressante convicto no sonho de ser escritor Ali s j Conta que j escreveu alguns contos e n o consegue colocar em pr tica muitas das ideias que tem por falta de tempo por conta da agenda lotada pela escola Steve Jobs penso que se eu for fazer alguma faculdade vai ser por pura cultura porque quero muito ser escritor De forma bem articulada e segura conta sua paix o pela tecnologia e sua intensa admira o por Steve Jobs executivo de marketing da Apple falecido durante o per odo da pesquisa Entre todos os pesquisados Steve Jobs o que mais permanece online Relatou que quando n o est frente de seu Mac computador da Apple utiliza seu celular para estar online no Facebook e tamb m para acessar as mensagens postadas no Twitter Em seu perfil no Facebook este jovem declara a data completa de seu anivers rio a cidade onde mora onde nasceu e o nome de seu col gio Steve Jobs tamb m apresenta sua lista de fan pages que dizem muito a seu respeito 117 M sica Cold Play The Killers 30 Seconds to Mars Adele The Fire Theft OneRepublic Jason Miraz Mumford and Sons 3 Doors Down John Mayer e Mprock Livros Ready Player One Extremely Loud and Incredibly Close The Help The Longest Trip Home John Grogan Harry Potter The I
190. ista Pessoas que inspiram Lu sa Eu mesma Outros Binno OXZ TOCAS A MI AMIGA Y TE CAZO DE LOS PELOS HIJA DE PUTA q I v THE WEEKEND Iv MUSIC I y SUMMER amp I y SLEEP Cristiano Ronaldo Brazil Complejo Educacional Maipu Surfcamp Snowcamp Mayrhofen amp Hintertux Capricho Facebook Brasil SOY ARGENTINO official akinator HP Brasil Rexona Women Badoo FarmVille Monster World Rock in Rio Red Bull A Varinha Facebook for Every Phone Australian Centre TRESemm Brasil Territ rio da Moda Planet Cosmetics Sua Arte Minha Arte Hellmann s Sorriso Topper Skol Goethe Institut Brasil Cervejaria HEINEKEN Brasil Mundo Fini Canal GNT Mundo Rosa Moda e Cosm ticos Levi s N o Intendo Giraffas Pringles Marcos Mion Oficial Boo WILLIAM SHAKESPEARE Infamous Poet and Playwright Melissa Oficial Discovery Brasil Bis Doe Seu Sorriso Natura Starbucks Frappuccino adidas Musica 111 Sonho de Valsa Nike Skateboarding Brasil Google Chrome NXZERO Shop Loja Oficial da Banda NXZERO Subway Brasil Brigadeiro WESTI C amp A Brasil 7a Semana Pirelli de Cinema Italiano Gastrol ndia Warner Channel Brasil Fusion Energy Drink Spoleto Passport Scotch Brasil Maquiagem Natura Hotel Urbano Breja em Casa BLACK CAESAR The BackBlack Video Clipe Km de Vantagens Santo Emporium Inspiratorium Escola de Cinema e Artes VEJA Jack Daniel s Brasil Starbucks Brasil BacardiBrasil Kopenhagen Ita Universit rios Lo
191. ite As ruas n o t m come o e nem fim As entradas se confundem com as sa das e as luzes n o nos permitem perceber se dia ou se noite SARLO 2006 Da mesma forma que em um cassino onde podemos passar madrugadas jogando sem perceber o tempo passar Em um pal cio das compras como um shopping center a ideia permanecermos o maior tempo poss vel por l Tamb m se pode jogar e brincar em um shopping em uma rea pensada especificamente para isto aumentando assim o tempo de estada do consumidor nestes estabelecimentos Al m disso s o oferecidas outras atra es como cinema pra a de alimenta o e at servi os de bab onde se pode deixar os filhos enquanto se faz compras A ideia manter o consumidor por l o maior tempo poss vel comprando Inicialmente apenas as grandes cidades do estado como S o Paulo e Campinas por exemplo contavam com estes shoppings centers Hoje boa parte das cidades do interior apresenta um espa o como este mesmo com alguma restri o de recursos Ao lado de altos edif cios de apartamentos os shoppings se tornaram s mbolo de progresso no interior de S o Paulo Al m destes grandes centros de compras que buscam monopolizar ao m ximo o tempo do consumidor lojas de grandes redes ocuparam a rua do com rcio Magazine Luiza Lojas Cem Casa Bahia e Casas Pernambucanas s o f ceis de serem encontradas em qualquer cidade que visitemos Al m disso algumas lojas 87 locais sobrevi
192. itizados e sua rebeldia apresentava resultados mais efetivos n o h como taxar de forma determinante os jovens de hoje como passivos e sem qualquer a o pol tica A tend ncia entre os adultos de supervalorizar sua adolesc ncia em detrimento do momento que vivem os jovens atuais como fazem pai e av de Ana D 2 3 Rebeldia l dica Atualmente a ideia de rebeldia confundida com atitudes relacionadas divers o Ser rebelde tornou se produto de consumo acess vel a qualquer um nas prateleiras midi ticas e nas vitrinas de lojas do mercado A m dia e o marketing de algumas empresas s o fortes aliados nesta confus o poss vel se comprar camisetas estampadas com ilustra es que tentam expressar esta rebeldia pr t porter como se a rebeldia estivesse venda A publicidade associa o comportamento rebelde a marcas de produtos e servi os com a finalidade de lucrar com tal coopta o Desta forma h uma banaliza o e um esgotamento da ideia de ser rebelde Uma novela mexicana com o nome Rebelde foi lan ada no Brasil Logo seguida maneira de um produto de mercado foi lan ado um grupo musical com o nome RBD cujos integrantes 158 eram os personagens da tal novel Este grupo vendeu milh es de c pias de seu CD aproveitando a vasta audi ncia da telenovela aqui em nosso pa s Budag 2008 desenvolveu uma an lise do discurso da novela Rebelde e do grupo RBD Neste trabalho a pesquisadora identifica um
193. izade mesmo tem gente que critica este tipo de amizade dizendo que amizade mesmo aquela ao vivo pela internet n o amizade e tal o qeu acha disto Jimmy Sei l depende muito de pessoa pra pessoa Muitas acham errado como voc falou que se n o conhece a pessoa ao vivo n o conhece ela e bl bl Eu posso dizer que CONHE O eles pois todos os dias da semana eu entrava no TeamSpeak programa semelhante ao Skype e conversava jogava horas com eles as vezes o dia todo Teve situa es pessoas da minha idade que jogam comigo v m pedir ajuda com namorada ou problema familiar a gente sempre ajuda H uma diferen a de idade aqui que vai dos 16 at os 40 anos ent o muito massa isso Jo o Matta pois amizade mesmo de irm o Jimmy Sim hehe 194 Jo o Matta Vc fica amigo de gente de tudo quanto lugar Jimmy Po isso mesmo a galera do meu cl nem se importa se fulano joga bem e tal mas pelo car ter dele Jo o Matta Entendi Jimmy S que como voc falou muitas pessoas acham que n o seguro a confian a virtual Mas vai da consci ncia de cada um saber com quem fala Jo o Matta Pois tem gente que fala de perfil fake e tal Jimmy Muuuuuuito dif cil No SWAT f cil at porque voc pode mudar seu nome toda hora mas mais cedo ou mais tarde acaba soltando quem voc dif cil ter um fake em jogos Jo o Matta pois porque mesmo trocando o nome a gente conhece as pesso
194. jas Bemol Heineken Para so da Gastronomia Multishow SKYY VODKA Brasil Richards com br Smirnoff Brasil Zoosk Pepsi Brasil The Harry Potter Alliance Egali Interc mbio Loja Kings Sneakers Shop Canal FOX Brasil S o Paulo Mix Festival Senac S o Paulo Movimento De Bem com o planeta Chiclets Tirala como Talla Nomas jaja Me vei Preocupao New York Film Academy O Botic rio Capricho Safemoods Chalezinho O Pr ximo Hit da Internet Kinei Cal ados e Confec es Transam rica POP Mix FM Belo Horizonte Bateria Marcyn Online Teatro Escola Macuna ma L Or al Paris Brasil BIOCULTURA Mariana Rios Gatorade Brasil S o Paulo Eu Amo Chocolate Revista GLOSS Nutella PC Siqueira The Annoying Orange MARIMOON OFICIAL Disney UNO MTV Brasil Music Guitar Hero YouTube Un Mundo Perfecto Facebook SOY ADICTO AL CHOCOLATE Coca Cola Music Brasil Espalhe o Amor Eu amo o Brasil ZonaPunk com br LUNABLU Viagens Brasil Internet Explorer Nike Surfing Brasil Halls Brasil Converse Luciano Huck ME GUSTA COMER RockNRolIMadness com Me Gustan Los Dibujos Animados Me Gusta Beber AMO DORMIR Descubri A Tu Doble Ahora Increible Rock N Metal Videos e AMO MI MASCOTA Em julho de 2012 Lu sa apresentava 1 058 amigos no Facebook Maria Esta estudante de Bebedouro conversou conosco via Facebook rapidamente apenas uma vez Sua ltima mensagem foi 112 Maria olha preciso sair tenho que almo ar e estud
195. ke Me Famous Figueira Rubaiyat Times Square NYC Apple Store Carrousel du Louvre 9GAG The Academy of Motion Picture Arts and Sciences The Oscars IMDb 118 Reino do paolla iPhone Brick Case Extremely Loud And Incredibly Close e PLAYMOBIL TM Apple Store Playset Em julho de 2012 Steve Jobs apresentava 326 amigos no Facebook Turbul ncia Comentando a moral do mais recente filme da saga de Harry Potter Turbul ncia disse que Turbul ncia a gente luta tanto por certas coisas pra querer ser o melhor na sociedade e nem assim que funciona Voc s precisa ser quem realmente voc e n o querer ser o mais forte F de Capricho e iniciante na leitura de Superinteressante pois contou que comprou recentemente a revista porque estava ao lado da Capricho na banca Interessou se pela reportagem de capa que chamava para uma reportagem sobre o uso de drogas A bem humorada Turbul ncia estuda em Bebedouro cidade onde mora com a fam lia Curiosa com a pesquisa desde o in cio e tamb m inteiramente dispon vel para participar e colaborar Na p gina de seu perfil no Facebook a adolescente apresenta apenas a data incompleta de seu anivers rio sem o ano de nascimento o n mero do seu celular e seu status de relacionamento como solteira Al m disso Turbul ncia exp e poucas de suas prefer ncias fan pages em seu perfil no Facebook M sica Red Hot Chili Peppers Televis o Two and a Half Man
196. l tica e Pol ticas de Comunica o Belo Horizonte MG 2009 SANDLER Paulo C sar A apreens o da realidade ps quica volume I e sua diferencia o de pseudo realidades sensorialmente apreens veis Rio de Janeiro RJ Imago 1997 SARLO Beatriz Cenas da vida p s moderna intelectuais arte e videocultura na Argentina Rio de Janeiro RJ Editora UFRJ 2006 SAFATLE Vladimir Depois da culpabilidade figuras do supereu na sociedade de consumo In DUNKER Christian PRADO Jos Luiz Aidar Zizek cr tico pol tica e psican lise na era do multiculturalismo S o Paulo SP Hacker 2005 SANTAELLA L cia Comunica o e pesquisa projetos para mestrado e doutorado S o Paulo SP Hacker 2001 SASSATELLI Roberta Consumer Culture history theory and politics London UK Sage 2010 SENNETT Richard A corros o do car ter as consequ ncias pessoais do trabalho no novo capitalismo Rio de Janeiro RJ Record 1999 SIBILIA Paula O Show do Eu a intimidade como espet culo Rio de Janeiro RJ Nova Fronteira 2008 244 SILVERMAN David Interpreting qualitative data methods for analyzing talk text and interaction London UK Sage 2010 SILVERSTONE Roger Por que estudar a m dia S o Paulo SP Loyola 1999 SLATER Don Cultura do consumo amp modernidade S o Paulo SP Nobel 2002 TAVARES Hermano Lobo Daniela Sabbatini FUENTES Daniel BLACK Donald Compras Compulsivas uma revis o e um r
197. la Fotografia Engenharia Suelyn modas Santa Lolla Ilymirs Sam DeSantis GIRLS TIPS STYLE Jeova Nissi Bola De Neve Jundia Rafael Savonk K fera Buchmann Vivienne Westwood Mistura Fina PreVestD Depr Coisa de Crente Blythe dolls Miseric rdia Irm o Souto SK AbsolutaBrasil Comunica o e Design Arte faz parte Engenharia Depress o Engenharia Depress o Mermaid VI Skatepark of Tampa P4 Church Canal OFF Roxy Brasil Imaginarium PARA ELAS Christian Louboutin DC Shoes Brasil Umadju Noivas de Cristo Sumemo Metan ia Mudan a de Mente Status de relacionamento men Pablo Zanella Ester Tambasco Desafio dos 50 dias Radioactive Unicorns MEUJ Organica Melisseiras TO RINDO MUITO Future Book Ui MAC Cosmetics Vans Globe Brasil Lollapalooza Brasil Soberano S o Paulo N o Morda a Ma Facebook Brasil LOOKBOOK nu Humanitarian Cal ados GHETTO Revista GLOSS Capricho Eu Escolhi Esperar Igreja Batista El Shadai de Jundia BAAPH NICO Le blog de Betty Yogoberry Oficial Barragge Surf Depois dos Quinze Ziih Cinthia Bola de 108 Neve Church Oficial Guia do Estudante VEJA Veja S o Paulo Save The Animals e Include You Em julho de 2012 Gisele apresentava 1 540 amigos no Facebook Jimmy Logo no primeiro contato Jimmy mostrou se politizado e cr tico em rela o ao uso exagerado da internet Contou sua intensa experi ncia pessoal em rela o aos jogos via internet e co
198. leciona e d sentido ao mundo sua 2 volta Enfim o consumo entendido neste trabalho como um c digo uma 41 linguagem que pode traduzir as rela es sociais do grupo pesquisado que se articulam a partir de tr s dimens es consumo de tecnologia de informa o e de capitais simb licos Dizer que o consumo uma linguagem assumir sua extens o relacional que pressup e a exist ncia de indiv duos socialmente organizados a partir de suas pr ticas maneira da linguagem as condi es reais do momento em que o consumo se d determinam a maneira de us lo No cen rio desta configura o de consumo os jovens participam como ativos agentes sociais por estarem fortemente ligados aos dispositivos tecnol gicos e suas aplica es Apropriam se das tecnologias do cotidiano modificando as n o s em sua t cnica mas principalmente nas aplica es s suas pr prias vidas O que n o quer dizer que seja poss vel afirmarmos que todos os jovens sejam naturalmente tecnol gicos assumindo que ser jovem signifique tamb m ter compet ncias tecnol gicas nativas entre suas habilidades Alguns dos participantes de nossa pesquisa s o exemplos destes tipos de agentes que destacamos Estes se mostraram vidos usu rios dos microcomputadores e tecnologias m veis Mesmo assim h uma significativa varia o no n vel das habilidades tecnol gicas apresentadas por estes adolescentes do interior de S o Paulo Alguns s o l dere
199. ler pelas singulares ajudas Capes por viabilizar meu doutorado inclusive o per odo sandu che na University College London ESPM pelo apoio durante meu doutorado sandu che Aos meus alunos minha fonte perene de motiva o o seu sol sempre cor de rosa despontando em montanhas verdes Sorriso feliz olhar travesso ele mira a longa caminhada que apenas inicia Menino querido Bom dia Oswaldo Schiavon Resumo Nesta tese debru amos nos sobre o consumo dos jovens nas redes sociais da internet Entende se aqui consumo para al m do simples ato de compra de produtos como um c digo que traduz as rela es dos jovens articulando as a partir de tr s dimens es consumo de tecnologia de informa o e de capitais simb licos aqui representados pela visibilidade midi tica Mais especificamente buscamos responder s seguintes quest es os adolescentes pesquisados correspondem ao perfil de nativos digitais com ampla viv ncia na internet e alta compet ncia t cnica no uso das redes sociais tal como difundido pelo senso comum Como se revela na pr tica o cotidiano de consumo destes jovens Para tanto ao longo de oito meses utilizamos recursos como Skype e mail e Facebook para nos comunicar com os participantes do estudo de cujas agendas di rias participamos O grupo pesquisado foi composto por alunos de tr s escolas do ensino m dio do interior de S o Paulo sendo duas particulares e uma p blica na f
200. lguns produtos e sua vis o cr tica a respeito de seu consumo Ana D parece em parte resistir aos seus desejos por coisas de adolescentes ao mesmo tempo em que conta gostar das roupas e acess rios que tem comprado Jo o Matta e celular Tem um iphone como muitos de seus colegas Um ipad Ana D n oo Jo o Matta Por que n oo Ana D Meu celular normal nada desses tipos de primeiro mundo n o haha S o caros n Mas nem ligo muito Se mandar mensagem e ligar j t bom mas se algu m me desse de presente eu n ao recusaria e tal haha Jo o Matta Ent o voc gosta Digo do iphone e o ipad Ana D N o uma coisa que eu pense AI MEU DEUSSS ME D M E Vivo sem Jo o Matta mas uma coisa ai se a senhora quiser dar eu aceito Algo assim Ana D eato HAHAHAHAHA Jo o Matta mas viveria sem Capuccino Ana D VISH acho que ai n o d hein Jo o Matta Entendi Ent o voc tem algo que voc n o viveria sem algo como um produto N o um celular mas um caf Ana D Estranho n o Jo o Matta N o uma pessoa nem um lugar nem um alimento essencial N o acho estranho n o Ana D Vamos ver Acho que o que eu n o vivo sem de produto o computador mesmo Jo o Matta Conseguiria viver um dia sem computador Ana D Sim Acho que 1 semana seria meu m ximo que triste Jo o Matta Est bom Se conseguir 1 semana j est timo hehhehhe Ana
201. lia o voc um usu rio m dio da Internet Pode ser que s vezes voc surfe um pouco demais na Web mas voc tem controle sobre seu uso Jimmy 53 pontos Avalia o voc tem passado por problemas ocasionais ou frequentes por causa da Internet Voc deve avaliar seu impacto total em sua vida Jimmy apresenta a seguir seu ponto de vista sobre jogar na internet e desenvolver relacionamentos com indiv duos com quem s se encontra no ciberespa o Comenta como seus pais reagiram a este fen meno e principalmente como deixou de jogar de forma compulsiva quando os games online come aram a atrapalhar sua vida escolar Jimmy apresenta uma interessante autocr tica em rela o ao uso que a seu ver era exagerado de internet Apesar do teste do grupo julgar como negativo seu uso atual de internet Jimmy entende que atualmente tem controle sobre as horas que passa online Jo o Matta Joga na internet Jimmy Bom eu jogo um jogo chamado SWAT4 e tenho um cl que sou l der Convivo com pessoas de TODOS os lugares do pa s de paulista at nordestino Final do ano vai fazer 5 anos que falo e posso dizer que tenho amizade com eles Jo o Matta E j se encontrou com algu m ou s amigo de jogo Jimmy Nunca me encontrei mas j vi por webcam converso pelo microfone por um programa estilo o Skype Um deles at quis vir para Monte Azul s n o veio porque come aram as aulas Jo o Matta Entendi am
202. lica em nos apoiar nesta pesquisa em Bebedouro contamos apenas com a escola particular onde a diretora nos ajudou desde o in cio a fazer contato com os pais dos alunos e foi uma incentivadora ativa deste estudo e do envolvimento dos alunos Lembremos que o papel da escola se resumia apenas a facilitar o processo de recrutamento dos alunos N o estudamos a escola propriamente dita o tema abordado o consumo dos jovens que estudam nesta escola e mant m com seus colegas uma rela o para al m das p ginas das redes sociais da internet Desta forma o fundamental papel desempenhado pela diretora da escola de Bebedouro e pela professora de Cabre va foi limitado a nos colocar em contato com os alunos e com seus respectivos pais al m de incentivar seus alunos a participarem do estudo Recebemos das escolas uma lista de e mails de alunos interessados em participar e iniciamos o recrutamento Cada envio de e mail foi 3 Palavras da pr pria m e de Ana D 84 acompanhado de relevante expectativa sab amos que entre os jovens o interesse fugaz escapa rapidamente Dizer se interessado em participar da pesquisa n o era garantia efetiva de engajamento A efemeridade tratada por Bauman 2001 evidente neste grupo de indiv duos Dos muitos e mails enviados as respostas vieram aos poucos algumas nunca chegaram In meros alunos que se disseram interessados a participar quando contatados pelas professoras n o responderam sequer o e
203. lico pesquisado Tal fato potencializou a utiliza o dos meios tecnol gicos como suportes e ambientes onde a pesquisa se deu Efetivamente a dist ncia f sica n o comprometeu os achados de pesquisa transformou os Um intenso e regular conv vio di rio com os jovens criou um diferente cen rio de pesquisa s poss vel a partir deste tipo de configura o um setting configurado por um relacionamento entre pesquisador e pesquisados estando a uma dist ncia de milhares de quil metros e suportados pela tecnologia port til do dia a dia Ambas as partes dispuseram de seus pr prios dispositivos eletr nicos computadores celulares c meras para manter vivo o relacionamento durante o processo etnogr fico Esta experi ncia metodol gica nos mostrou que o uso da tecnologia enquanto facilitadora da comunica o entre pesquisador e seus pesquisados leva a in meras diferen as e poss veis ganhos se compararmos com um setting de pesquisa onde a conviv ncia se d a partir de um relacionamento fisicamente presencial 74 Como conduzimos um estudo em duas cidades diferentes do interior de S o Paulo Bebedouro e Cabre va o uso da internet e seus dispositivos nos propiciaram al m de agilidade e rapidez para os contatos a viabiliza o de contatos simult neos com os jovens das duas cidades localizadas a quil metros de dist ncia entre si Em uma tarde noite de pesquisa era poss vel contatarmos jovens das duas cidades o que se l
204. ligada aos meios eletr nicos tradicionais como r dio e TV Quando Ana D refere se ao d ficit de aten o na internet fala a respeito do comportamento multitarefa que associa mais diretamente aos jovens atuais e n o necessariamente de mais uma das patologias p s modernas que tem levado in meras crian as e adolescentes ao consult rio 76 Dispon vel em lt http www ivcbrasil org br gt Acesso em junho de 2012 Dispon vel em lt http www ibope com br gt Acesso em junho de 2012 205 m dico a conhecida TDAH Transtorno de D ficit de Aten o e Hiperatividade s Para a estudante o modo como usamos a internet nos conduz a um comportamento que pode nos levar perda do foco em uma atividade simples como por exemplo a leitura de uma not cia em um site Para ela ler em papel apesar de confessar ser mais desafiador em seu caso por ter pregui a torna a leitura mais proveitosa e a informa o melhor absorvida pelo leitor Al m disso a bebedourense em diversas conversas durante os oito meses de pesquisa demonstrou se desconfort vel com as cr ticas que seus pais e av s principalmente pai e av costumam fazer sobre sua gera o e seus respectivos h bitos Neste fragmento que apresentamos Ana D volta a mencionar as falas de seu pai e av que afirmam que a leitura de um jornal em papel claramente melhor que na tela de um computador A estudante se defende dizendo que h uma quest o
205. lizadamente produzido pelo propriet rio do espa o na web 2 0 os pr prios usu rios s o os produtores dos conte dos que consomem H uma relevante descentraliza o da produ o do que veiculado Entretanto isto n o torna o Facebook um espa o puramente democr tico sem os mesmos jogos de poder e for as que imperam em outros meios de comunica o como na televis o e no r dio Nestes meios os mais poderosos t m mais espa o e assim decidem os conte dos que ser o consumidos No Facebook empresas pagam para veicular seus an ncios em espa os publicit rios desenvolvem a es comerciais com usu rios e tamb m contratam especialistas de mercado para melhorar sua visibilidade online Mas os posts produzidos por usu rios comuns ocupam o mesmo espa o que os das revistas na timeline do site Isto as leva a n o ter a visibilidade privilegiada que est o habituadas a experimentar em suas veicula es comerciais e em seus espa os em banca Nas redes sociais h uma l gica de um consumo do que gratuito e abundante N o se paga diretamente nada para se associar ao Facebook assim como n o h limite ao que produzido pelos usu rios A regra a abund ncia de imagens sons e palavras Uma infinidade de posts links fotografias e informa es pessoais s o consumidas diariamente neste site sem se desembolsar nada para isso uma forma diferente de se consumir se compararmos com o consumo em seu formato mais cl ssico
206. loira pode ser da etnia do jeito e do formato que mais lhes convier para a brincadeira do momento Al m disso as habitantes de New Hallville compartilham do mesmo desejo da maioria das outras meninas do pa s em ter a Barbie original para brincar objeto de intensa publicidade ao longo dos anos A pergunta que poderiam fazer seria para que ter uma diferente das outras crian as norte americanas Apesar das palavras da autora poderem ser contestadas por outras 68 vis es que discordem de suas an lises este trabalho etnogr fico inspirador pois exemplo de um estudo mais profundo abrangente e com o envolvimento dos pesquisados na dimens o que se espera de uma pesquisa como esta Chin 2001 encerra seu estudo etnogr fico concluindo que o consumo infantil nesta parte da cidade n o est relacionado quest o tnica como prefere imaginar a empresa Mattel com suas a es de goodwill com o mercado vendendo bonecas etnicamente corretas O consumo naquele local est mais relacionado classe social do que propriamente etnia dos consumidores Negros ou n o o que impera para os habitantes de New Hallville na hora de consumir a desigualdade de poder aquisitivo sua capacidade de compra que menor devido a pouca oportunidade que t m no mercado de trabalho Esta caracter stica mais comum em pa ses como o Brasil onde a diferen a de classe social segue a l gica da diferen a tnica Apesar da Mattel insistir em sua p
207. m rela o tanto coleta e an lise de dados quanto tica de pesquisa Relacionado aos estudos de comunica o com abordagens referentes ao consumo marketing e ao estudo das comunidades de f s Muitas vezes descrita apenas como monitoramento de sites e grupos online principalmente quando associada pesquisa de mercado FRAGOSO ET AL 2011 p 198 199 Tal amplitude no uso da express o netnografia que mais confunde do que esclarece legitima ainda mais nossa decis o pela constru o de um m todo que utiliza como base a abordagem etnogr fica em seu formato mais cl ssico A inova o do caminho metodol gico desta pesquisa n o est em suas ra zes O que propomos como diferencial neste estudo o uso das tecnicidades como parte do cen rio em forma de corpo rede rizom tico que inclui as cidades de Bebedouro e Cabre va o imagin rio dos pesquisados em torno de Londres e estes jovens interioranos assim como o pr prio pesquisador Entretanto preservamos por op o as caracter sticas principais de uma etnografia em seu formato mais cl ssico o que nos outorga poder nomear este estudo como sendo de cunho etnogr fico 130 2 PRESSA ANG STIA E AGENDAS LOTADAS Ol como vai Eu vou indo e voc tudo bem Tudo bem eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro e voc Tudo bem eu vou indo em busca De um sono tranquilo quem sabe Quanto tempo Pois Quanto tempo Me perdoe a pressa a alma do
208. m relevante desconforto diante da press o que seu contexto os coloca O que realmente se modificou nas premissas e suposi es que t nhamos ao iniciar o campo foi a forma de entender o comportamento de consumo dos adolescentes tanto da pr pria tecnologia que se mostraram tamb m estar na posi o de ref ns nos dias de hoje como tamb m da informa o confundida com conhecimento que nem sempre realmente adquirido atrav s das p ginas das redes sociais A 97 constante insatisfa o com os produtos tecnol gicos que se tornam obsoletos segundos depois de comprados e o excesso no consumo de informa o n o transformada em conhecimento s o as regras que imperam no comportamento juvenil que observamos Estas regras conduzidas em um dia a dia de agendas lotadas com diferentes afazeres tencionam os adolescentes em um modo de vida mais os estressa que os entret m como pregado no senso comum que enxerga os adolescentes como seres que apenas se divertem e pouco se envolvem com o que fazem 1 4 Os adolescentes pesquisados O dia a dia dos 11 952 bebedourenses de dez a dezenove anos de idade em muito se assemelha ao cotidiano dos 7 949 jovens de Cabre va da mesma faixa et ria Os que apenas estudam ocupam seu dia com aulas tarefas escolares cursos variados hobbies e alguns momentos de lazer Tudo isso emoldurado por uma constante presen a online nas redes sociais conectadas atrav s de notebooks computadores da es
209. m sites de relacionamento como o Facebook discutimos uma configura o de consumo que envolve tr s diferentes dimens es com suas pr prias perspectivas simb licas Primeiramente consumir nas redes sociais obriga seus usu rios a disporem de equipamentos tecnol gicos notebooks celulares tablets microcomputadores que viabilizam seu acesso Em segundo lugar consumir nestas redes sociais envolve tanto a produ o e a circula o como o consumo de informa o realizado de um modo diferente do tradicional prosumption feito atrav s de jornais revistas televis o e r dio Em terceiro nestes websites h uma eminente economia de relacionamentos a qual envolve trocas sociais que fazem circular capitais simb licos como visibilidade reputa o e reconhecimento entre os pares dos usu rios da rede Com esta vis o do consumo nas redes sociais que aqui propomos registramos nossa preocupa o com os significados do que se consome nestes espa os e n o propriamente com seu aspecto financeiro ou utilit rio Estes significados s o constru dos pelos grupos sociais a partir da cultura e n o s o dados desde a origem dos objetos Consumir n o um ato desvinculado da cultura est intimamente ligado aos processos sociais que a constituem O ato de consumo precedido pela constru o de valores e de significados sociais al m tamb m de impact la O estudo deste processo pode nos fazer saber como um dado grupo social classifica se
210. m tempo real O espa o ainda 10 Utilizaremos hipertexto em um dos sentidos propostos por Parente 1999 p 80 um m todo intuitivo de estrutura o e acesso base de dados multim dia 37 percebido e a informa o parece circular de modo instant neo por grandes dist ncias Desde 1995 a www vem sendo largamente aplicada em sua dimens o social e por isso rapidamente desenvolvida em seus aparatos t cnicos A world wide web funcional para empresas indiv duos rg os de governo escolas e tamb m por grupos de jovens reunidos por uma raz o qualquer Sua utiliza o variada in meros sites demonstram objetivos diferentes como vender produtos e servi os compartilhar ideias divulgar not cias manifestar se a favor ou contra uma determinada causa demonstrar adora o a determinado dolo e tamb m expressar publicamente sua vida privada Houve no final do s culo XX uma apropria o social das microtecnologias que fez nascer a cibercultura O termo ciber proveniente da palavra cibern tica utilizada pela primeira vez por Norbert Wiener 1954 em sua obra Cibern tica e Sociedade de 1954 e est relacionada velocidade Com o uso comercial da internet a partir dos anos 1990 a cibercultura consolidou se como um paralelo modo de vida que marcou o s culo XXI Muitos indiv duos de todo mundo mant m se horas e horas conectados jogando trocando e mails conversando lendo interagindo e conectando e de
211. ma da rotina dos adolescentes observando a enquanto esta se dava Este processo de observa o participante no cotidiano dos adolescentes nos aproximou socialmente dos pesquisados tornando nos parte de suas vidas por um determinado per odo Mais que meros observadores tornamo nos int rpretes dos discursos destes jovens durante o per odo que estivemos em campo Nesta pesquisa renunciamos a superioridade da posi o privilegiada do observador HABERMAS 2003 p 42 porque nos envolvemos nas negocia es sobre o sentido e a validez dos proferimentos Idem O envolvimento que tivemos com os pesquisados nos levou a fazer parte das a es comunicativas no Facebook e no Skype o que nos deu um status de usu rio consumidor pr ximo ao que os jovens pesquisados vivenciavam Assim para compreender os discursos pesquisados foi necess rio que ocup ssemos o lugar de int rpretes participando como sujeitos tamb m constitu dos pelas pr ticas discursivas que pesquis vamos e n o apenas como seu mero observador Para Habermas 2003 p 44 o int rprete assume o papel de participante n o para dar significado ao que observa mas para explicitar o significado dado que s poss vel de ser compreendido e portanto interpretado a partir de processos comunicacionais como o que estabelecemos com os jovens que pesquisamos Um processo etnogr fico como o que desenvolvemos nos conduz a olhar principalmente as rela es
212. mb m devem ser considerados como importantes influenciadores nos trabalhos de campo Skype chat e mensagens privadas via Facebook al m do pr prio e mail foram utilizados de forma modulada para cada um dos entrevistados Escolh amos a melhor ferramenta para cada momento Os aparatos tecnol gicos e suas aplica es nos suportaram durante toda a pesquisa viabilizando a ao relevar a dist ncia f sica entre pesquisador e pesquisados e trazer vantagens ao processo tais como velocidade facilidade de registro simultaneidade s entrevistas entre outras Para a pesquisadora inglesa Christine Hine 2003 este tipo de engajamento pesquisados e pesquisadores com os aparatos tecnol gicos adiciona uma nova dimens o para a explora o do uso do meio em seu contexto O envolvimento do etn grafo com o meio uma valiosa fonte de insights A forma o de intera es com os informantes atrav s da tecnologia parte da etnografia como tamb m o s o as intera es do etn grafo com esta tecnologia HINE 2008 p 6510 40 Tradu o livre do autor 92 Os v rios dispositivos tecnol gicos nesta pesquisa n o tiveram papel somente de facilitadores t cnicos do processo Dialogando com o que defende Hine 2003 o uso de meios tecnol gicos em uma abordagem de pesquisa como esta adiciona possibilidades de insights a partir da observa o da intera o dos pesquisados e pesquisador com o pr prio meio Desta forma o pesqui
213. mb m matizado pela sensa o de ser visto e observado de se ter as pr prias informa es visitadas por outros tornando p blico o que ntimo e privado Entendemos que o fato do material disponibilizado estar sempre ao alcance do outro funciona como um legitimador do pr prio eu o qual pode eventualmente experimentar seus cinco minutos de fama maneira de uma celebridade A partir dos marcadores identit rios dispon veis neste site os associados do Facebook podem produzir o material que estar dispon vel para o consumo dos outros usu rios na forma de informa o circulante pela sua timeline Neste sentido os marcadores identit rios s o representa es a partir das quais os usu rios deste portal comunit rio podem se posicionar e podem tamb m falar Woodward 2000 destaca que 184 a representa o compreendida como processo cultural estabelece processos de identidades individuais e coletivas e os sistemas simb licos nos quais ela se baseia fornecem poss veis respostas s quest es Quem eu sou O que eu poderia ser Quem eu quero ser Os discursos e os sistemas de representa o constroem lugares a partir dos quais os indiv duos podem se posicionar e a partir dos quais podem falar WOODWARD 2000 p 17 Estas quest es mencionadas pela pesquisadora est o relacionadas ao eu presente no Facebook e trazem nos uma pista da busca simb lica que um internauta faz quando se cadastra no site e fornece informa es
214. miliares mas tamb m um local de disputa de poder de revela es de intimidades que antes pertenciam apenas esfera privada de jogos e experimenta es identit rios al m de ser motivo para indiv duos passarem horas conectados lendo o que seus amigos escrevem na timeline deste site Atualmente os jovens s o impulsionados a ter um perfil no Facebook assim como a ter um e mail um telefone celular e at mesmo uma carteira de identidade Em seu s timo ano 2011 esta rede social superou o Google na posi o de site mais visitado da internet Dados estat sticos mostram que s o mais de oitocentos milh es de usu rios ativos no mundo Mensalmente s o mais de tr s bilh es de fotografias vistas pelos usu rios desta rede social Estas estat sticas mostram ainda que em m dia cada usu rio apresenta uma lista de cento e trinta amigos e mais de cinquenta por cento destes usam o site todos os dias Al m disso suas p ginas s o traduzidas para mais de setenta diferentes idiomas fato que demonstra uma busca do Facebook pela expans o de seu mercado consumidor evidenciando uma tend ncia de aumento nestes n meros No Brasil as estat sticas tamb m apontam a relev ncia de se escolher este site de relacionamento como locus desta pesquisa Quase trinta e um milh es de usu rios frequentam esta rede social que ao longo dos ltimos dois anos substituiu o Orkut na prefer ncia dos brasileiros segundo pesquisa de mercado
215. mite ter vis es de mundo diferentes a partir dele A cr tica ao consumo se faz necess ria na busca da quebra de um eventual conformismo em rela o ao capitalismo globalizado 234 BIBLIOGRAFIA ADORNO Theodor W Comunica o e ind stria cultural In COHN Gabriel Comunica o e ind stria cultural S o Paulo SP Universidade de S o Paulo 1971 AGAMBEN Giorgio Inf ncia e hist ria Belo Horizonte MG UFMG 2005a Profana es S o Paulo SP Boitempo 2005b ASKEW Kelly WILK Richard The anthropology of media London UK Blackwell 2007 ATKINSON Paul COFFEY Amanda DELAMONT Sara LOFLAND John LOFLAND Lyn Handbook of ethnography Oxford UK Sage 2007 BACCEGA Maria Aparecida Palavra e discurso hist ria e literatura S o Paulo SP tica 2007 BARBERO Jesus Mart n Tecnicidades identidades alteridades mudan as e opacidades da comunica o no novo s culo In MORAES Denis de Org Sociedade midiatizada Rio de Janeiro RJ Mauad 2006 BAUMAN Zygmunt Amor l quido sobre a fragilidade dos la os humanos Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2004 Capitalismo parasit rio Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2010 O mal estar da p s modernidade Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 1998 Modernidade l quida Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2001 Vida l quida Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2005 235 Vida para consumo Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2008
216. mmy Aham e mesmo que alguns n o tenham computador lan houses est o a Jo o Matta isso a coisa est sendo democratizada mesmo legal Cara Podemos parar aqui Continuamos outro dia daqui Pode ser Entra mais que horas por aqui Jimmy Tranquilo segunda quarta e sexta l pelas 18h30 no hor rio de Bras lia rs Jo o Matta Fechado A falamos mais Ana D e Jimmy ir o cursar em 2012 o terceiro ano do ensino m dio s portas do vestibular misturam em suas falas o desejo de participar de algo pr prio como o website com que colaboram com a preocupa o de que carreira seguir Ana D conta que gosta de sociologia e antropologia mas est pensando em cursar publicidade que lhe parece mais interessante por ser uma carreira com mais futuro maior empregabilidade segundo informa es de sua escola Jimmy ainda n o se decidiu mas acredita que rela es internacionais seja um bom curso j que traz boas perspectivas de carreira Por outro lado ambos se mostram relativamente cr ticos em rela o 148 necessidade de se possuir sempre o ltimo lan amento tecnol gico do momento e ter de comprar o mesmo aparelho que todos est o usando Ao mesmo tempo confessam que dif cil resistir s tenta es da alta tecnologia de moda aparatos tecnol gicos port teis da marca Apple BlackBerry entre outras Nas palavras de Ana D a seguir percebemos um interessante conflito entre seus desejos por a
217. mo criando uma produ o em massa para atender um crescente e diversificado mercado consumidor Outro aspecto importante tratado por Bauman 2010 que marcou o consumo do s culo XX a queda da necessidade do adiamento da satisfa o na compra de um produto para quando o consumidor dispuser de recursos 27 financeiros suficientes para saldar tal empreendimento O soci logo polon s remete se a Max Weber que atribui a este adiamento o princ pio do capitalismo moderno Em linha com estas quest es Safatle 2005 a partir dos questionamentos de Slavoj Zizek prop e uma discuss o em torno do superego do gozo na sociedade atual de consumo Safatle parte do entendimento de Freud sobre a ren ncia pulsional presente no capitalismo p s revolu o industrial para embasar uma discuss o em torno do imperativo do gozo constatado atualmente Esta invers o da repress o ao gozo sua valoriza o quase que obrigat ria trabalhada por Lacan e a partir de seus escritos que Zizek discute o processo de socializa o contempor neo Safatle 2005 aponta para entendermos o superego contempor neo que hoje h algumas modifica es em certos processos de socializa o que implicam em novas configura es sociais que se expressam atrav s do consumo As ideias de Freud 2008 apresentadas em seu livro Mal estar da civiliza o trazem um supereu desenvolvido a partir de um processo de socializa o diferente do atual Naquele momento
218. mo aprendeu ao longo do tempo a usar a rede de forma mais equilibrada Jimmy Bom eu jogo um jogo chamado SWATZ4 e tenho um cl que sou l der Convivo com pessoas de TODOS os lugares do pa s de paulista at nordestino Residente em Monte Azul Paulista este jovem estuda na cidade vizinha Bebedouro Apesar da idade l der de cl de RPG Amante de rock and roll Jimmy tamb m f de assuntos ligados astronomia e desenvolve junto com amigos incluindo Ana D um website que discute os UFOs e suas supostas apari es e contatos com os seres humanos A exemplo desta sua amiga Jimmy leitor das revistas Superinteressante e Mundo Estranho Na p gina de seu perfil no Facebook o adolescente apresenta aos visitantes a data completa de seu anivers rio a cidade onde reside os idiomas que fala ingl s alem o e portugu s e a escola onde estuda Al m disso Jimmy tem a seguinte lista de prefer ncias fan pages em seu perfil que mostram majoritariamente suas prefer ncias musicais M sica Helloween Pantera Lynyrd Skynyrd Iron Maiden Megadeth Dream Theater Avenged Sevenfold Eric Clapton Foo Fighters Maestrick Ozzy Osbourne AC DC House of Bones Black Sabbath Adrenaline Mob Aquiles Priester Black Label Society Metallica Mike Terrana e Pedro III Filmes Star Wars e Star Wars Televis o Friends TV Show Jogos SWAT 4 e Diablo 109 Atleta Ronaldo Time Not cias do Corinthians e SC Corinthians
219. mo pedofilia pornografia e cyberbulling como emergentes riscos para os jovens no ciberespa o Perigos estes que os pr prios pais podem desconhecer agravando ainda mais os riscos Al m disso Ito et al 2007 insistem na afirma o de que o ensino tradicional das escolas norte americanas n o mais capaz de seduzir os jovens e tomar sua aten o como em outros tempos Sem d vida dar aulas para jovens em tempos de internet um rduo e dif cil desafio mas ainda distante de ser uma tarefa que est sendo substitu da pela pr pria internet como afirmam os autores Atualmente as escolas t m enfrentado o dif cil papel de mesclar entre suas t cnicas e did ticas a tecnologia para assim poder aproveitar o que esta pode proporcionar de vantagem para o aprendizado e experi ncia educacional Entretanto os autores ignoram em suas reflex es tais possibilidades e assim assumem que na internet e somente l que os jovens realmente s o criativos e s l exercem livremente seu poder de inovar Os pesquisadores optam por n o discutir a importante necessidade de se desenvolver nos jovens a responsabilidade sobre suas fontes de pesquisa seja na internet ou fora dela Para os mais jovens esta rede seria uma fonte totalmente confi vel de pesquisa at mais confi vel que a pr pria palavra de seus pais e professores Postman 1999 discute a confus o entre informa o e conhecimento que abarca os jovens e crian as de hoje Em tem
220. mocracia direta em Atenas 163 Mais um tra o importante do jogo segundo Huizinga 2007 sua perman ncia como marca nos jogadores mesmo ap s ter terminado Apesar de ser limitada espacial e temporariamente a experi ncia do jogo caso tenha sido agrad vel pode ser reproduzida e repetida tornando se uma esp cie de legado a ser transmitido e experimentado por outros A rebeldia l dica ent o deixa marcas em seus participantes podendo se tornar pr tica recorrente entre os jovens Entretanto o legado que deixado o do jogo referindo se s regras ordem estabelecida por elas A pr tica que fica n o se relaciona diretamente com a revolu o mas sim com o divertimento trazido pelo ato de se rebelar Ana D se mostra desconfort vel diante desta posi o l dica da manifesta o dos jovens de sua gera o Fala sobre o receio dos jovens em se manifestar Quando estes se expressam segundo ela buscam as piadinhas como formato preferido Ana D Acho que tem muito jovem criativo a manifestando de um jeito t mido como os flashmobs Acho que o principal problema o medo que t m para apresentarem suas novas id ias Afinal eles n o n o t m apoio uma parcela m nima que se preocupa uma minoria minoria minoria Ana D A gente virou uma gera o testemunha Ana D Com medo de opinar Ana D S v Aceita Se n o aceita tem medo de opinar contra Jo o Matta Interessante Jo o Matta G
221. modalizar os enunciat rios oferecendo lhes pacotes biopol ticos em dire o ao sucesso Os adolescentes deste estudo s o tamb m convocados para a visibilidade midi tica a partir da promessa de um atalho ao sucesso social S o submetidos assim como seus pais familiares e adultos de seu conv vio a uma sucess o de convoca es como sujeitos l quido modernos pelos enunciadores midi ticos Tais convoca es os remetem busca de gozo de sucesso e felicidade a qualquer pre o todos receitados pelos mapas cognitivos entregues pela m dia Segundo Prado 2012 os enunciadores medi ticos fornecem receitu rios modalizadores para cada qual ter sucesso ser feliz gozar ao m ximo O mais valor hoje n o somente mais valor de trabalho mas de gozo PRADO 2012 p 3 A compreens o das quest es que envolvem o capitalismo atual passa necessariamente pela discuss o em torno da no o de valor Prado e Cazeloto 2006 indicam que 4 Para Prado 2012 p 4 dispositivo a rede de pr ticas saberes institui es regulamentos lingu sticos jur dicos t cnicos e militares que visam realizar uma pura atividade de governo ou seja gerir governar controlar e orientar produzindo o seu sujeito AGAMBEM 2009 p 39 ou como diria Laclau e Mouffe 1985 p 115 posi es de sujeito amp Conceito desenvolvido por Michel Foucault a partir de seus estudos sobre os modos de subjetiva
222. mos n s mesmos Os caixas dos bancos aos poucos s o substitu dos por m quinas e processos que nos demandam conhecimentos espec ficos Por outro lado esta tecnologia banc ria nos permite sacar em moeda local a quantidade de dinheiro que precisarmos em muitos pa ses do mundo e tamb m fazer opera es como pagamentos de contas e transfer ncias 43 em qualquer lugar do planeta que possua acesso internet S o facilidades que as tecnologias do nosso dia a dia nos propiciam Dependendo do ponto de vista e do ator da vis o estes avan os tecnol gicos podem realmente significar um avan o Podemos elencar uma lista infind vel de pr s e contras que confrontam velocidade pressa e urg ncia com relacionamentos mais duradouros menos mediados e mais personalizados Entretanto um fato ineg vel quem n o desenvolve certas habilidades tecnol gicas pode ser colocado em uma condi o de certo ex lio simb lico Esta condi o o destino de quem n o domina o m nimo da tecnologia aplicada ao dia a dia presente nos bancos nos supermercados nas esta es de nibus e trens nos aeroportos nas escolas e em uma s rie de locais que se integram vida cotidiana Ao menos nas cidades os indiv duos precisam cada vez mais de no es b sicas para utilizarem os diversos aparatos tecnol gicos para sobreviverem Este fen meno tamb m pode ser comprovado dentro de casa N o s da porta para fora que a compet ncia tecnol
223. mprou Jo o Matta Entendi Turbul ncia E se voc tentar PENSAR em comprar voc ja perdeu Porque o prazo 24h Jo o Matta O consumo virou uma pr tica do cotidiano meio autom tica nas pessoas Jo o Matta verdade fica com o reloginho na tela n Turbul ncia Fica Automatico Quando eu ainda era crian a as pessoas trabalhavam para comer ter a casa pr pria e um carro Hoje em dia trabalham para ter isso e muito mais Jo o Matta Mas a bolsa que pediu de anivers rio Ela necess ria Turbul ncia N o Jo o Matta Mas voc sentiu se feliz com ela Jo o Matta Talvez seja Turbul ncia No dia eu me sentifiquei super feliz Mas hoje ta l guardada uso raramente Foi como eu disse meu ego de consumista deu uma ca da Jo o Matta Engra ado isto n Turbul ncia Sim Foi igual o final do Harry Potter n Jo o Matta Verdade Jo o Matta Todo mundo est indo e a a gente vai n Jo o Matta E foi e Turbul ncia acaba indo Jo o Matta e se n o gostar entao os amigos ficam bravos ehehhehhe Turbul ncia Acabam ficando n Turbul ncia At hoje eles me julgam por n o gostar do Ipad Jo o Matta eles quem Turbul ncia Os influenciadores que acham que voc deve achar super louco o ipad Jo o Matta Por que acha que t o importante para eles que todos comprem o que eles falam para comprar Turbul ncia Porque ai seremos os c pias dos tops Jo o Matta
224. muito bem assumir a forma de navegador da Web ou de uma caixa de di logo ou de um documento de texto Alguns dos agentes mais promissores labutam quase exclusivamente nos bastidores como no caso dos super her is ou dos executivos de multinacional sua invisibilidade a fonte de seu poder JOHNSON 2001 p 130 Johnson 2001 tamb m discute outros tipos de agentes que atuam por exemplo como viajantes pelo ciberespa o da internet em busca de informa es que interessam ao seu criador Quando alcan ados estes dados s o informados a programas que atuam a servi o do emiss rio Outra categoria de agente aquela que realiza determinadas tarefas autom ticas no lugar do usu rio Limpar a lixeira de arquivos consultar se h novos e mails no servidor mudar o hor rio de ver o atualizar a vers o dos programas instalados s o exemplos de a es e tarefas do agente pessoal O agenciamento realizado pelas m quinas em substitui o a o humana preocupa Johnson 2001 na medida em que os agentes podem vir a ter um impacto profundo no modo como os gostos populares se formam tal como os grandes campe es de bilheteria mudaram nossa rela o com o cinema e o romance seriado mudou nossos h bitos de leitura JOHNSON 2001 p 130 Steven Johnson entende que os agentes tendem enquanto interfaces a influenciar nas decis es e portanto no comportamento dos atores sociais a partir de suas a es online Ao terem acesso
225. mundo das marcas mercadol gicas O espet culo ao qual se refere D bord 1997 se d pela ordem do grandioso do indiscut vel do inacess vel e da passividade dos espectadores A conquista do monop lio da apar ncia se torna assim o triunfo de poucos Aos que n o acessam a posi o privilegiada de protagonista para D bord resta o aplauso admira o e o desejo pelo que se apresenta inacess vel No Facebook o espet culo adere a uma diferente configura o ao se apresentar de forma 227 acess vel a todos associados do clube A partir do cumprimento de certos rituais de pertencimento e consagra o um facebookiano pode ser protagonista de um espet culo com potencial de acesso de muitos mesmo que isto nunca se concretize Em uma l gica diferente onde a maioria produz mais que propriamente consome os protagonistas diluem se entre os espectadores transformando os O espet culo nas redes sociais funciona neste contexto a partir da abund ncia de informa es produzidas a partir da vida privada dos protagonistas em rede O monop lio da apar ncia atingido a partir de uma incans vel sucess o de produ es que se auto referenciam a partir dos rituais curtir compartilhar e comentar e tamb m das fan pages O espet culo das redes sociais apresenta se como algo grandioso rede mundial de computadores positivo supostamente democr tico e interativo indiscut vel parece n o haver op o
226. n rio uma sala fechada com c mera e microfone a partir do qual milh es de expectadores assistem as confiss es dos participantes Suas falas s o mediadas por um apresentador que insiste em dizer que naquele local tudo pode ser dito j que est o em um espa o reservado Neste caso o tal apresentador refere se aos outros competidores do programa que disputam com o participante confessor um pr mio milion rio O vencedor o que sobrevive depois de semanas de elimina es por parte dos votos dos expectadores O curioso que no programa o que chamado de confession rio um lugar que ap s a porta ser fechada milh es de expectadores assistem s ntimas confiss es de certo indiv duo que diz desabafar contar segredos e revelar algumas de suas intimidades Nas redes sociais da internet como o Facebook tamb m se d o jogo de revela es p blicas da vida privada Perfis s o constru dos com fotos e informa es pessoais para serem vistos pelos amigos dos usu rios deste site de relacionamento A pr pria ideia de amigo reformulada nestes websites Amigo nestes locais o indiv duo que de posse tamb m de um perfil mostra se associado ao outro Desta forma o n mero de amigos que um usu rio do Facebook por exemplo possui transforma se em capital simb lico a ser exposto aos outros nesta rede social Visibilidade reputa o e reconhecimento entre os pares s o os valores em disputa
227. ncentivam este processo Festas shows visitas aos shoppings eventos esportivos viagens intervalos de aula s o mostrados praticamente em tempo real Tira se a foto e imediatamente esta enviada para a timeline do Facebook espera do retorno e do sucesso simbolicamente capitalizados e exibidos como curtir comentar e compartilhar As fronteiras entre p blico e privado j desafiadas desde 9 O Instagram um exemplo destes aplicativos Foi desenvolvido para o envio instant neo de fotos tiradas pelo iPhone da Apple para redes sociais como Facebook Twitter e Tumblr Dispon vel em lt http instagram com gt Acesso em junho de 2012 182 outros tempos hoje se sobrep em a tal ponto que em alguns casos o que da vida privada s parece fazer sentido se divulgado publicamente Bruno 2005 tamb m discute acerca dos dispositivos de visibilidade trazidos pelas tecnologias da informa o e da comunica o TICs que segundo a autora t m colaborado significativamente para as mudan as nas fronteiras entre o p blico e o privado na contemporaneidade Bruno 2005 manifesta certa inquieta o sobre o que antes se restringia esfera privada e era distante do olhar p blico e neste caminho analisa fotologs pessoais weblogs e reality shows como possibilidades tecnol gicas para a exposi o p blica da vida ntima e do cotidiano de indiv duos comuns Sem desconsiderar as diferen as t cnicas entre
228. nclu mos nestes dados de apresenta o os nomes das fan 46 Vide Ap ndices C e D 417 Alguns pseud nimos foram por n s escolhidos j que o pesquisado n o respondeu nossa solicita o de escolha de um apelido para ele para esta pesquisa 101 pages escolhidas por estes jovens que s o divididas em categorias pela pr pria rede social Fan pages s o espa os do Facebook onde um f de um tema de uma personalidade de um time de futebol entre outras possibilidades pode se manifestar A lista destas p ginas escolhidas pelos associados do Facebook mostrada aos visitantes em suas p ginas de perfil configurando assim um diversificado quadro das suas prefer ncias o que nos deixa saber muito a seu respeito Alice Esta aluna de Cabre va sonha em ser professora um dia Quando perguntada quantos amigos tinha no Orkut e no Facebook respondeu de forma r pida e precisa Muito espont nea e segura esta estudante nos contou que gosta muito de crian a e por isso ir se especializar em educa o infantil Como algumas de suas colegas mostrou se bastante curiosa e dispon vel com a pesquisa Suas primeiras palavras em nossa primeira conversa foram Alice Ol Voc ja quer come ar a fazer as perguntas Alice com anteced ncia marcava o dia e hor rio dos contatos assim como o tempo seu tempo de dura o Contou nos que tinha tempo estipulado por seus pais para usar a internet e que cederia grande parte deste tempo pa
229. no facebook durante as f rias por causa da minha prima que usa demais Nem um pouco Hahahaha Eles esperam muito de gente e nos temos que acompanhar Jo o Matta Por que Ela est longe e fica falando com ela Isto bom em uma escola n o 50 N o estamos nos referindo ao executivo de marketing da Apple e sim ao jovem pesquisado que escolheu este nome para ser identificado em nossa pesquisa 138 Steve Jobs Ela mora em S o Paulo Jo o Matta E voc s s o muito amigos pelo jeito sim Steve Jobs As vezes eu penso isso tbm Sempre pensando no futuro Mas complicado muita coisa pra sete dias Jo o Matta hahahaah Steve Jobs Somos sim Desde de pequenos B Jo o Matta Mas l na frente vai valer a pena Steve Jobs Assim espero As redes ub quas possibilitam hoje que usu rios estejam o tempo todo ligados nas redes sociais de que participam A ubiquidade percep o de se estar o tempo todo presente na internet onde quer se esteja caracter stica marcante no universo do jovem atual Steve Jobs tinha todo o tempo dispon vel para acessar suas contas nas redes sociais mas estava sempre com pressa com seus afazeres escolares e do dia a dia quando amos conversar Independentemente de Steve Jobs estar ou n o realmente com pressa quando convers vamos o que importante observarmos que a pressa o motivo alegado sempre a falta de tempo em primeiro lugar Talvez mimetizem seus pais ao alega
230. no per odo das aulas Ele se desculpou no e mail por desmarcar em cima da hora principalmente por ter concordado anteriormente com a participa o da filha Disse ter se esquecido de tal 32 Bruno Levais um dos adolescentes pesquisados reside em uma cidade Monte Azul Paulista que pr xima a Bebedouro onde estuda 3 A restri o no uso da internet por parte dos pais dos pesquisados principalmente entre as meninas foi recorrente durante nosso estudo Alguns pro bem totalmente o uso da internet durante o per odo das aulas e outros limitam o tempo de uso 11 proibi o quando aceitou que sua filha participasse Assim a conversa com Bruno Levais tornou se importante por ser a primeira deste estudo Esta primeira entrevista come ou da seguinte forma Jo o Matta Al Bruno Levais Al Jo o Matta Tudo bem a Bruno Levais Beleeeza Jo o Matta Beleeeeza Ent o deixe me explicar como a pesquisa para voc entender Bruno Levais T A conversa teve in cio com uma simp tica resposta atrav s de uma express o regional para dizer que estava tudo certo beleeeza O estudante n o poupou sorrisos e simpatia neste primeiro contato Contou sobre sua vida seu dia a dia suas prefer ncias escolares pela matem tica e sua avers o a hist ria Espont neo Bruno Levais parecia tranquilo neste primeiro encontro via Skype Como todos seus colegas do interior que foram pesquisados ele possui agenda lotad
231. nogr fico mas por si s n o configuram uma etnografia como a que conduzimos A este tipo de abordagem necess rio somar o envolvimento de longo prazo com o p blico para que o pesquisador seja parte integrante do dia a dia dos pesquisados Assim poss vel que se construa um mapa de significados de quem se quer pesquisar incluindo seus valores sua moral sua forma de entender o mundo sua volta dando maior profundidade ao estudo e adensando seus resultados Um estudo etnogr fico trata especificamente das rela es entre indiv duos e seu meio Para se compreender e refletir de forma aprofundada como isto se d preciso um maior envolvimento entre pesquisador e campo Procedimentos metodol gicos como a an lise de conte do de sites e posts e observa es n o participantes se usados isoladamente n o s o suficientes para desenvolver tal engajamento tal envolvimento do etn grafo com o campo pesquisado Considerando tais fatores a abordagem etnogr fica que conduzimos nesta pesquisa n o deve ser confundida com as proposi es da netnografia as 129 quais nos remetem a pensar em estudos restritos a observa es de sites da internet assim como a acompanhamentos de comunidades de f s nesta rede e tamb m a pesquisas de mercado Segundo Fragoso et al 2011 a netnografia pode ser definida como um neologismo criado no final dos anos 90 net etnografia para demarcar as adapta es do m todo etnogr fico e
232. nos a ideia deste tipo de sucesso que estamos discutindo Entre os adolescentes pesquisados a realidade em rela o escolha de carreira segue esta linha que expusemos O curso de rela es internacionais que relacionado a viagens ao exterior e a uma vida com padr es de retorno internacionais o mais destacado ao lado de publicidade e engenharia H uma tend ncia entre os pesquisados por uma escolha baseada na visibilidade e nas garantias econ micas que uma profiss o oferece em detrimento de seu sonho pessoal A ideia de se escolher o curso que mais se aproxima com os talentos curiosidades e inquieta es pessoais desconsiderada caso esta coloque em cheque o sucesso garantido Lembremos que Steve Jobs quer ser escritor e considera a faculdade como um per odo apenas para adquirir cultura Para ser escritor nem seria preciso um diploma universit rio N o h a obrigatoriedade em nosso pa s de se ter um curso de terceiro grau para ser escritor H uma forte expectativa em rela o ao futuro por parte de Steve Jobs 143 e seus colegas o que naturaliza e d a impress o de tornar as escolhas por estas carreiras inquestion veis diante de suas garantias pr vias de sucesso O jovem do interior paulista conta que tipo de literatura escreve e como o desejo de ser escritor algumas vezes entra em conflito com seu cotidiano como estudante Steve Jobs Nossa Mas penso que se eu for fazer alguma faculdade vai
233. nossa pesquisa de campo A estudante de Bebedouro narra o quanto se incomoda com o que chama de mostrismo Ana D diz que os usu rios do Facebook postam um status procura de status quando enviam sua localiza o exata para o website Ana D Se a pessoa x est NO LUGAR mais badalado de bebedouro por exemplo ela PRECISA deixar expl cito pros outros Jo o Matta Mas voc acha que isso Ela quer mostrar para os outros onde est Voc sabe como funciona Ela escolhe onde quer mostrar que est ou autom tico Ana D Acho que em quase todas essas redes sociais as pessoas se baseiam no mostrismo Preciso mostrar om quem ando como ando onde ando Ana D Eu j vi um apliativo semekhante no twitter Quando voc clica ele busca sua localiza o Ana D Voc n o pode escolher Jo o Matta Mas vc escolhe quando quer mostrar certo Ana D Sim Jo o Matta Ou n o ele te busca e pronto N o tem op o Jo o Matta Quando aparece l por exemplo Jo o at Euston Station London eu que quis naquela hora mostrar ou foi autom tico sem eu saber Ana D Bom eu sei no twitter Ana D No twitter voc escolhe Ana D J no facebook Jo o Matta Escolhe a hora de mostrar Ana D Pelo que voc falou deve ser diferente Ana D no twitter escolhe Jo o Matta Tipo agora eu quero postar onde estou isso Ana D Deixe olhar no face Ana D Isso Jo o Matta Qu
234. nquentes J a vigil ncia digital 172 desenha um outro eixo de individualiza o que n o apaga o anterior sobrepondo se a ele Podemos cham lo de individualiza o transversal ou combinat ria em que s o vigiados arquivados e classificados os indiv duos mais conectados s redes informacionais e especialmente os que nelas s o mais vis veis participativos ou inseridos nos circuitos de consumo e civilidade BRUNO 2008 p 177 O indiv duo contempor neo classificado em bancos de dados de acordo com perfis de consumo Seu comportamento quando realiza compras via cart o de cr dito visita sites de e commerce consome as informa es circulantes pela internet e usa as redes sociais monitorado e alimenta bancos de dados que tentam encaix lo em perfis espec ficos a fim de estabelecer futuras a es de marketing As informa es coletadas servem para simular a partir de modelos estat sticos e probabil sticos uma realidade futura do indiv duo quando e o que comprar quem seria seu melhor amigo online Johnson 2001 versa sobre as inova es do mundo da tecnologia que mudaram o modo que usamos o computador Relata o papel que as diferentes formas de interface como mouse cones e janelas desempenharam neste processo Habituados utiliza o das ferramentas de interface desenvolvidas por designers a servi o dos fabricantes de produtos e acess rios tecnol gicos n o mais nos surpreendemos e nem not
235. nte acesso ao conhecimento Este ltimo depende da experi ncia do aprendizado do tempo da reflex o e da viv ncia da busca pelas melhores fontes o que n o nos livra de conhecer muitas outras A a o humana da busca e escolha pelo que conhecer de n s privada pelos algoritmos curadores No Facebook as informa es produzidas pelos pr prios usu rios e submetidas a o de seu algoritmo curador determinam as pr prias rela es que ali se formam Estas se encontram condicionadas aos limites tecnol gicos e algor tmicos do pr prio site O Facebook funciona enquanto rede social como um tipo de clube do qual se deve ser s cio para participar O acesso ao seu interior se d a partir da identifica o em uma portaria que exige nome de usu rio e senha A associa o a esta institui o feita atrav s de convite enviado por algu m j associado ou pela iniciativa do potencial usu rio em se cadastrar A diferen a em rela o aos clubes tradicionais que n o se paga diretamente uma mensalidade para estar l e nem tampouco h um vesti rio para seus associados Entretanto h outros tipos de custos e capitais simb licos em jogo nesta rede social Os relacionamentos condicionados por esta que se d o a partir de sua a o curadora e automatizada das informa es circulantes um exemplo 169 destes custos mencionados A reputa o online disputada nas p ginas desta rede social um tipo de capital s
236. nte prioriza o ao que melhor parece aos olhos dos vizinhos e amigos O consumo utilizado como forma de forjar a realidade em prol da competi o Desde cedo aprende se que a posse de objetos de desejo comum legitimadora do sucesso Entretanto este fato incomoda alguns dos adolescentes que pesquisamos 154 N o toa Turbul ncia sentiu se confortada pela sua compreens o do final do ltimo filme da saga de Harry Potter em que a ideia de ser sempre o LII mais forte n o fazia sentido o que importava era ser o que realmente voc A adolescente bebedourense narra sua ida ao cinema para assistir ao mais recente filme da saga de Harry Potter Inicia contando que foi ao shopping center da cidade de Castilho onde reside sua av L encontrou alguns que depois de conversarem um pouco foram ao cinema e ela retornou para a casa da av Turbul ncia Foi r pidinho das 15h as 17h Eles foram ao cinema eu cheguei atrasada e a mulher n o quis me vender Turbul ncia Ah tranquilo Turbul ncia Ficamos somente na pra a de alimenta o conversando e se conhecendo n Jo o Matta O que eles assistiram Turbul ncia Harry Potter o ltimo Jo o Matta Voc ainda n o viu Turbul ncia J Turbul ncia Mas foi o PRIMEIRO que eu vi na VIDA Turbul ncia N o entendi nada Jo o Matta O ltimo foi o primeiro da s rie Turbul ncia Exatamente Jo o Matta E o que acha desta moda Ha
237. ntes na hist ria o de massa Em torno do s culo XIX este modo de consumo j se encontrava instalado como um fato social em car ter permanente Entretanto n o houve nesta poca uma explos o de consumo como no s culo anterior Do outro lado do Canal da Mancha a Revolu o Francesa por sua vez j vinha trazendo mudan as importantes Fran a do s culo XVIII Mas n o mudou o gosto das massas de consumidores daquele pa s A nova burguesia francesa do s culo XIX se apropriou do padr o de consumo da aristocracia na luta por um status social elevado Neste aspecto as lojas francesas de departamentos foram aliadas desta classe na busca por aspirar a novas posi es sociais Os bens tornaram se verdadeiros legitimadores simb licos de posi o social naquele pa s Sem d vida a loja de departamento criada a partir deste s culo foi um dos marcos mais importantes na hist ria cultural do consumo moderno Este novo locus comercial trouxe como proposta altera es significativas n o s no local das compras mas tamb m no modo de se consumir Este tipo de loja foi respons vel pela difus o de um modo espec fico de se adquirir bens de consumo agora ainda mais ligado obsolesc ncia da moda e express o simb lica conferida aos consumidores do que propriamente responsabilidade de atribuir status familiar passado de gera o para gera o como vimos ter sido parte da fase embrion ria do consumo moderno Nas palavras
238. nventar eu n o sei se eles inventam pode at ser que inventam pra dar audi ncia mas sacanagem dar reportagem inventada Jo o Matta Esta de Londres voc acha que eles aumentaram 30 Neste trabalho s o inseridas transcri es de nossas entrevistas e conversas com os adolescentes pesquisados Estes fragmentos de nossas falas ser o reproduzidos neste texto exatamente como se deram sem qualquer corre o gramatical e desconsiderando eventuais enganos de digita o 75 Turbul ncia Sim Antes de conversar com voc achei que estava sendo em Londres inteiro A depois que voc falou que era mais nas periferias me tranquilizei mais Jo o Matta sim Mas foi tenso Isso foi verdade mas s vi alguns lugares quebrados hoje quando andei pela cidade Mas fiquei sabendo pela TV sobre o que estava acontecendo Turbul ncia ent o voc ainda andou para ver n o foi s voc sair da sua casa e ver tudo acabado Do jeito que a Globo estava falando parecia que era Londres inteiro Jo o Matta Ent o n o era n o Jo o Matta Foi em alguns bairros e realmente foi feio mas localizado Ficamos com medo sim mas estamos mais tranquilos agora Turbul ncia Entendi A interpreta o dos discursos dos jovens a partir do que consomem da m dia foi parte importante nesta pesquisa Desconfiados em rela o ao que eles pr prios chamaram de sensacionalismo em busca de audi ncia os adolescentes compartilham de
239. nvention of Hugo Cabret The 39 Cubes The Hunger Games trilogy A Serious of Unfortunate Events Beastly Tintenherz I Am Number Four Charlie and the Chocolate Factory The Boy in the Striped Pyjamas Marley amp Me The City of Ember Pig City There s a Boy in the Girls Bathroom and Tina Fey s Bossypants Filmes The Phantom of the Opera A Series of Unfortunate Events Hugo Harry Potter Inception O Pre o do Amanh J Edgar The Iron Lady Lion King 3 Iron Man Toy Story The Producers Hocus Pocus Charlie and the Chocolate Factory Iron Man 2 Rex Disney Pixar Hocus Pocus e Hairspray Televis o Don t Trust the B in Apt 23 Smash Warehouse 13 Bones NCIS Happily Divorced Supernatural New Girl Touch Alcatraz The Finder Rizzoli rsles Heroes Greek The Big Bang Theory Glee House of Lies Unforgettable 2 Brock Girls Body of Proof Castle e American Horror Story Jogos The Sims 3 GTA Vice City Mario Cart DS Plants vs Zombies Angry Birds Where s My Water Fruit Ninja e Cut the Rope Times Atl tico Monte Azul Interesses Technology LEGO Apple Inc Twitter Writing e Reading Books Pessoas que inspiram Steve Jobs J K Rowling e Steve Jobs Outros Apple Brasil Orabrush Ovenbreak Gingerbread Man Run Dr Pepper Canal FOX Brasil Barcelo Bavaro Palace Deluxe iTunes Shawnigan Lake School Steve Jobs Shit That Siri Says Twitter Jovem Nerd NerdTour Disney International Programs Disney D23 You Can Ma
240. o Ayrton Senna e Alexandre Frota Outros CartolaFC Uncharted 3 Drake s Deception Brian Clough A Energia das Torcidas Canal Away Sony Brasil Seguros Unimed Academia de Futebol Comunidade Camisas de Futebol UFC Ultimate Fighting Championship Kibe Loco Premier League Fantasy Football Virgin Gaming Nova Arena Palmeiras Look Esportes Web Jogo Facamp Texas HoldEm Poker Troll Football ATEA Associa o Brasileira de Ateus e Agn sticos OBOstore com Mundo Palmeiras Marcelinho lendo contos er ticos adidas Football Mopbr Verd o Eu Quero Meu PALMEIRAS de volta Invisible Children Marco Bianchi SporTV Pizzaria Sorriso O Mundo Belo Colecionadores de Camisas do Palmeiras Rafinha Bastos LANCENET Eu 115 nasci pra ser Pol cia Vem rir no face Future Book Sony ENQUANTO ISSO EM GOI S e Palmeiras 4 x 2 Vasco Campeonato Brasileiro 2006 Em julho de 2012 Palmeirense apresentava 541 amigos no Facebook Rolf Perguntada qual a melhor forma de nos comunicarmos durante a pesquisa Rolf respondeu Rolf acho melhor conversarmos por Skype porque eu fico online o dia todo Esta habitante de Cabre va trabalha o dia todo e noite frequenta a escola Ainda sobra energia para ajudar a m e no sal o de cabeleireiros nos finais de semana Planeja se tornar uma engenheira civil Rolf flor ao contr rio leitora de Veja e das in meras revistas que encontra no sal o da m e Muito curiosa com nossos
241. o como resultado da a o de poder PRADO 2011 176 mais valia T pica das sociedades capitalistas s poss vel porque o trabalhador direto produz mais valor do que recebe na forma de sal rios Uma das quest es fundamentais a se responder quando se procura compreender as sociedades contempor neas no capitalismo atual houve transforma es expressivas nas formas de produ o e apropria o do valor PRADO E CAZELOTO 2006 p 3 Na teoria marxista a pertin ncia econ mica diz respeito apenas ao que produzido e reproduzido atrav s do trabalho do homem Assim exclui da equa o de valor materiais brutos da natureza e as obras de arte Sob esta perspectiva o trabalho do homem uma mercadoria criada exclusivamente para ser trocada O conceito de valor em Marx est ligado rela o entre capacidade de produ o trabalho socialmente necess rio e taxa de lucro conforme argumentam Prado e Cazeloto 2006 Segundo os autores a equa o de valor que envolve estes fatores diz respeito ao capitalismo industrial do s culo XIX e in cio do s culo XX O contexto capitalista atual traz uma configura o socioecon mica com superprodu es semi ticas e de mercadorias uma intensa atividade publicit ria e de marketing como combust vel para as engrenagens destas superprodu es e um alto grau de especializa o do trabalho diferente da configura o anterior Diante deste contexto Andr
242. o onde o pesquisador registra os acontecimentos suas observa es suas percep es seus achados suas angustias seus insights durante a pesquisa Seja feito em formato manuscrito ou a partir do computador este tem importante significado em uma pesquisa como a que realizamos O di rio de campo companheiro de viagem do pesquisador esteja onde estiver Grava es de entrevistas e outros registros s o importantes tamb m mas do di rio de campo e da an lise de seu conte do que emergem os resultados de uma etnografia Lembremos que a palavra etnografia formada por etno povo e grafia escrita Tratamos da escrita a respeito de diferentes culturas diferentes povos quando falamos de um estudo etnogr fico O di rio de campo exatamente o local onde esta grafia feita esta sua import ncia neste tipo de pesquisa O di rio dos trabalhos de campo nesta pesquisa foi registrado no computador mais especificamente no software Word da empresa Microsoft Este registro foi feito no computador porque nosso campo o inclu a como portal para os contatos com os jovens pesquisados Mantivemos durante toda pesquisa c pias de seguran a do di rio de campo em diferentes lugares para n o corrermos o risco de perd lo devido a uma eventual pane no computador 127 Por mais que queiram nos fazer acreditar os fabricantes destes equipamentos sabemos que n o devemos confiar a eles nossos bens mais preciosos como o caso do di rio de
243. o Brasil Alvo preferido dos ve culos de maior audi ncia do estado de S o Paulo Veja Rede Globo de Televis o Folha de S o Paulo O Estado de S o Paulo nosso governo federal o tema principal entre os escolhidos pelos alunos desta universidade privada para demonstrar esta sua rebeldia eletr nica De forma praticamente l dica mais semelhante a um jogo eletr nico videogame os universit rios compartilham e curtem 5 as diversas reportagens e editoriais destes ve culos citados A sensa o dos jovens nos parece ser a de dever cumprido ap s se rebelarem contra o poder p blico brasileiro Entre os pesquisados este mecanismo de rebeldia l dica contra o governo brasileiro mais discreto Pressionados pela expectativa de sucesso que os abarca os adolescentes do interior paulista revelam uma interessante rebeldia l dica Muitos ainda postam links e fotos da revista Capricho dos shows de m sica a que assistem das in meras festas do pe o de que participam e de seus encontros com namorados ou namoradas Por m Ana D demonstra relevante desconforto quando seu pai e av criticam sua gera o Segundo esta aluna eles dizem que os jovens de hoje s o passivos demais se comparados com os de suas respectivas gera es Segundo a bebedourense em tom nost lgico seu pai e av contam como era o Brasil na poca da ditadura Seu pai orgulha se em contar como chegou a ser 55 Compartilhar uma op o do Facebook
244. o Facebook e os espa os analisados por Bruno 2005 consideramos que este tamb m se configura como um territ rio de exibi o e promo o p blica da vida privada No Facebook tais fronteiras tornam se cada vez mais nebulosas atrav s dos diversos marcadores identit rios dispon veis para os usu rios deste site Marcadores identit rios s o recursos disponibilizados por esta rede social para seus associados constru rem e escolherem o grau de visibilidade que desejam exibir e promover S o exemplos destes marcadores fotos v deos lista de amigos descri o de personalidade perfil profissional e pessoal jogos preferidos grupos em que participa galeria de mensagens recebidas Os marcadores identit rios presentes nas p ginas deste portal comunit rio permitem uma modula o do quanto e como se mostrar ao outro na medida em que os internautas preenchem os espa os dispon veis compartilham as imagens e dizem se curtem ou n o os diferentes posts produzidos no Facebook por seus usu rios Cabe ao usu rio modular o grau de exposi o privacidade que deseja considerando as limita es dos grids impostos pelo pr prio site Os marcadores colaboram para a defini o do perfil identit rio do internauta a partir das informa es dispon veis e dos aplicativos que este usu rio pode eleger como mais adequados aos seus objetivos de auto express o Tudo pode ser mostrado a qualquer visitante a qualquer momento Estes marcador
245. o cen rio de pesquisa como um corpo rede rizom tico Este cen rio constitui se como um espa o simbi tico entre suas partes onde se formaram modificaram se e expressaram se seus atores Ao longo de todo per odo em campo buscamos suavizar a posi o de n dominante deste corpo rede que foi ocupada pelo pesquisador O objetivo era atenuar a esperada assimetria que se estabelece entre pesquisador e pesquisados em processo como este 95 O foco principal em uma etnografia o pesquisador ocupar aos poucos e quando poss vel uma posi o semelhante a dos pesquisados Sem d vida o preciso equil brio entre as partes uma situa o idealizada colocada como objetivo metodol gico para o etn grafo durante seu percurso Quanto maior o sucesso na busca por transformar o bin mio pesquisador pesquisado em uma rela o simbi tica dada em rede maior a chance do engajamento total do pesquisador em seu campo de pesquisa O objetivo transformar o corpo rede em um espa o n o hier rquico n o compartimentalizado e n o arb reo durante os trabalhos de campo o que pode distorcer alguns achados de campo diante da excessiva assimetria entre pesquisador e pesquisados O corpo rede desta pesquisa pode ser entendido como rizom tico no sentido sugerido por Deleuze e Guattari 1995 Rizoma uma express o bot nica apropriada por estes pensadores para apoiar o entendimento de estruturas n o arb reas sem ra zes n o radiculares sem um
246. o gosta de estudar Ser que estes jovens neste contexto aos quinze dezesseis e dezessete anos de idade conseguem decidir de forma clara suas carreiras N o conseguem O que n o quer dizer que n o prosseguir o com suas escolhas e as considerar o acertadas depois de um tempo Entretanto na maioria das vezes optam pelo caminho que lhes imposto a partir da ideia de sucesso garantido O que n o quer dizer que alguns n o se rebelem contra estas imposi es e tracem outros caminhos durante suas vidas O ponto principal aqui sobre a incoer ncia entre sua realidade de curto prazo e o que se espera destes jovens em rela o sua vis o de futuro que n o parece consistente Nesta idade s o obrigados a optar por um caminho certeiro em suas vidas A escolha do curso de gradua o que ir acompanh los por muito tempo obrigat ria s portas de sa da do ensino m dio Sem d vida podem optar mais tarde por outra carreira por uma p s gradua o que os capacite a mudar de trajet ria e seguir outra atividade Entretanto muitos jovens for ados a definir qual caminho seguir nesta fase t o atribulada de suas vidas tornam se errantes por diferentes carreiras sem nunca encontrar sentido no que fazem Podem nesta etapa da vida procurar abrigo para atenuar sua ang stia sofrimento precoce por uma poss vel dor futura 151 NASIO 2007 formas entorpecentes t picas do contempor neo drogas consumismo gan
247. o impressa da revista que acessar o site apesar de fazer isto de vez em quando Os jovens do interior de S o Paulo demonstraram estabelecer clara fronteira entre o modo tradicional de ler as revistas e os novos meios Mais n tida para eles que hipoteticamente imagin vamos tal divis o est relacionada ao tipo de informa o Este determina o meio onde a informa o ser consumida O conte do da Superinteressante com reportagens editoriais interpreta es e opini es a respeito dos temas que a revista trata s o lidas no modo cl ssico na revista impressa Os leitores pesquisados acessam apenas os websites web 1 0 que reproduzem os conte dos publicados Desta forma as 7 Dispon vel em lt https www facebook com Superinteressante gt Acesso em junho 2012 207 revistas tentam expandir seu contrato de comunica o CHARAUDEAU 2007 com seus leitores com jogos e promo es interativas conforme discutimos em Matta 2011 quando trabalhamos como a revista Boa Forma usa estrat gias promocionais em seu website para atrair seus leitores para este espa o Para os adolescentes de Bebedouro e Cabre va o tipo de meio que escolhem para consumir informa o est tanto relacionado s suas caracter sticas tendem a preferir as ditas novas m dias como tamb m origem da informa o Textos produzidos no modo midi tico tradicional conte dos gerados pelas revistas e jornais s o consumidos nas vers es impr
248. o mais curto espa o de tempo poss vel A procura por esta produtividade publicit ria conduz s armadilhas das generaliza es e constru o de estere tipos de consumo Agrupamentos comportamentais com denomina es mercadol gicas tendem a restringir a tr s ou quatro caracter sticas as compreens es e vis es em torno de determinados indiv duos comum nos depararmos com descri es dos jovens contempor neos como indiv duos com habilidades para realizar muitas tarefas ao mesmo tempo inovadores tendo pouca responsabilidade dotados de muita habilidade t cnica para manusear dispositivos tecnol gicos do dia a dia e habitantes de um vasto mundo digital oferecido pela internet Parte da m dia jornal stica tem usado e abusado destas generaliza es J h alguns anos vemos in meras reportagens denominando de Gera o Y os jovens nascidos entre 1978 e 1990 Estes indiv duos segundo estas mat rias jornal sticas independentemente de suas nacionalidades classes sociais e de onde moram apresentam um comportamento padr o principalmente em rela o ao consumo de tecnologia e informa o A reportagem de outubro de 2009 da revista Galileu da Editora Abril por exemplo traz uma descri o da chamada Gera o Y Segundo a revista estes jovens seriam folgados superficiais distra dos e insubordinados ao mesmo tempo em que estariam prontos para mudar o mundo a partir de seus fortes valores morais e da preocupa o c
249. o propriamente comerciais Assim falar de uma economia de relacionamentos mencionar um processo de produ o e circula o de valor a partir de transa es sociais envolvendo pares em um determinado contexto No caso do Facebook o ambiente responde valoriza o da visibilidade como moeda de maior valor e a partir desta constitui rituais de consagra o e troca Os marcadores identit rios neste website servem portanto como meios de exibi o e legitima o dos capitais simb licos acumulados pelos usu rios ao longo do tempo Rolf estudante de Cabre va conta nos como utiliza seu perfil no Facebook Neste fragmento a adolescente descreve o papel que suas postagens de textos e fotos desempenham em sua vida online Jo o Matta Para que serve o Facebook para voc O que faz nele Rolf para conversar com amigos Rolf postar fotos Rolf frases Jo o Matta Que frases Rolf compartilhar pensamentos Rolf as vezes poemas musicas frazes engra adas Jo o Matta Este processo muito interessante n Postar pensamentos e frases no Facebook Rolf mto legal Jo o Matta Qual exatamente a fun o disto para voc Rolf bom olhar tbm o que os outros postam Rolf quando leio frazes penso e reflito no que elas tem em comum na minha vida Rolf no meu dia a dia Jo o Matta interessante este movimento das frases no Facebook n Jo o Matta E as fotos Jo o Matta Qual a sua ideia de postar fotos no F
250. o s culo XX H uma tradicional produ o de trabalhos filiados cr tica da integra o entre o consumo e a comunica o de massa que teria contribu do para uma avalia o negativamente generalizada do consumo associando suas pr ticas s do tipo denunciadas por autores como Paul Lazarsfeld e Robert Merton 1971 por exemplo Estes pensadores problematizaram o gosto popular o consumo e a comunica o de massa em um texto escrito em parceria que foi publicado em uma colet nea de 1948 pela editora Harper amp Brothers de Nova Iorque Neste escrito chamado Comunica o de massa gosto popular e a o social organizada os autores demonstram uma preocupa o com o impacto social dos meios de comunica o de massa e suas consequ ncias no consumo Lazarsfeld e Merton 1971 afirmam que de maneira crescente os principais grupos pol ticos dentre os quais as grandes empresas ocupam a posi o mais espetacular passaram a adotar t cnicas de manipula o das massas atrav s da propaganda em lugar de meios mais diretos de controle As organiza es industriais n o mais obrigam crian as de oito anos a tomarem conta de m quinas durante quatorze horas por dia empenham se em programas refinados de rela es p blicas LAZARSFELD E MERTON 1971 p 231 H nas palavras destes autores um tom de den ncia das pr ticas empresariais da poca as quais caminhavam para a utiliza o das ferramentas 17 publicit rias como fo
251. odos de pesquisa a etnografia apresenta uma caracter stica espec fica no contato com o p blico pesquisado Como este tipo de abordagem metodol gica de longo prazo os envolvimentos entre pesquisador e pesquisados s o praticamente pessoais e as comunica es se d o de forma mais desordenada menos estruturada que nos m todos que se utilizam apenas de entrevistas ou grupos focais Bruno Levais um exemplo de um pesquisado que apesar de ser o primeiro contato participou mais intensamente da pesquisa apenas em seus dois primeiros meses Logo depois pouco se comunicava Quando online alegava n o poder falar pois estava sempre na correria mas que em outro dia teria um tempo maior para conversarmos Mas este outro dia nunca chegava Outros estudantes repetiram o comportamento de Bruno Levais participando apenas do in cio da pesquisa Tr s candidatos a participante marcaram por v rias vezes a primeira conversa e n o compareceram a nenhum dos compromissos Por outro lado alguns se tornaram parte ativa durante todo trabalho de campo Houve estudantes que entusiasmados com a pesquisa confessavam sentir falta dos contatos e das conversas com o pesquisador Chegavam a nos procurar diariamente para contar sobre seu dia a dia e o que haviam pensado sobre os assuntos que tratamos em nosso ltimo encontro Esta varia o de envolvimento dos pesquisados uma importante caracter stica de uma abordagem etnogr fica A forma e a inten
252. olhas metodol gicas as dificuldades e principalmente o modo de constru o do m todo de pesquisa ao longo desta trajet ria Em uma pesquisa etnogr fica n o h um itiner rio pronto a ser percorrido pois este constru do ao longo do caminho diferentemente de outros m todos de pesquisa como survey pesquisa quantitativa e estudo de caso mais comuns aos estudos de consumo dos campos da Economia e da Administra o de Empresas Optamos por uma perspectiva interpretativa da integra o entre a comunica o e as pr ticas de consumo o que nos levou escolha da etnografia como m todo deste estudo Assim este cap tulo conta como o m todo foi estabelecido ao longo de todo 60 caminho que percorremos Mostra tamb m como definimos p blico t cnicas tipos de abordagens hor rios formas formatos cen rio e setting de pesquisa O segundo cap tulo reflete sobre uma press o que constatamos ser exercida sobre os jovens pesquisados causadora de forte ang stia nestes adolescentes Com agendas lotadas estes dizem estar sempre com pressa maneira do capitalismo da sociedade de consumo Suas escolhas expectativas e perspectivas de futuro s o discutidas no cap tulo luz das constata es provenientes do estudo etnogr fico que desenvolvemos Em seguida discutimos uma j esperada contradi o adolescente entre suas falas e seus comportamentos de consumo criticam fortemente suas pr prias pr ticas comunicacionais e de
253. ology of consumption ethnography SUM RIO INTRODU O us aa A RS 11 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA DO CONSUMO 14 PERCURSO HIST RICO DO CONSUMO MODERNO mee 21 ESTA PESQUISA co assa pagaria ARA cnc E aa cane 40 O P BLICO E O CAMPO DE PESQUISA iitstmeeeemeeeemeeeeeemeerrerto 46 PROCEDIMENTOS METODOL GICOS ienes 56 ESTRUTURA DA TESE asia dC Ui duas E nie 60 1 CONEX ES DE LONDRES AO INTERIOR DE S O PAULO 63 T L Percurso de Pesquisas pasarars presta seres aas ion fodae beber ae Da fera paia going E 63 1 2 A constru o do pr prio m todo ese pentear cominaal qem pastagades asas ares iauracre fra vaina as 77 1 3 Cen rio da pesquisa conex es etnogr ficas de Londres ao interior de S o Gs 1S 1 O AES E RAR SR RO RR DR O RD RR OESTE OR RR RIR RR 85 1 4 Os adolescentes pesquisados asas diretas aieal Do aaa a OA nado 98 L 5 T cnicas de pesquisa jas ses cepasiim nonni E dando ada n anita E i 119 1 6 Etnografia atrav s das tecnicidades eee 128 2 PRESSA ANG STIA E AGENDAS LOTADAS cccceereeeeseseenseense 131 2 1 Jovens beira de um ataque de nervos a viv ncia da pressa e a sensa o deta lta deten pO 2a pira ara A Dr ae DD De RO 132 2 2 O sucesso medido atrav s de bens tecnol gicos e idas ao exterior 142 23r Re eldia TO CA rs ei ae eU OS PR RS SD na 158 3 O CONSUMO E O FACEBOOK usares pst
254. olvimento de quem pesquisa com seus pesquisados a tal ponto de se tornar obrigat ria a compreens o do contexto cultural em que vivem Considerando que a abordagem etnogr fica contou com certo grau de ousadia j que se valeu da tecnologia como mediadora dos trabalhos de campo o pr vio conhecimento da cultura da regi o e o que a envolve favoreceu o andamento do estudo Desta forma a dist ncia f sica que poderia trazer alguma lacuna pesquisa foi atenuada pelo pr vio conhecimento da regi o e de seu contexto sociocultural Os jovens do interior de S o Paulo experimentam diariamente este mundo do consumo online que vive sob esta l gica da produ o a cargo do pr prio consumidor Quando mencionamos consumo online n o nos referimos ao conhecido termo e commerce compras online de livros CDs softwares e v rios outros produtos que s o vendidos em lojas na web Tratamos do consumo online que se d a partir e no interior das redes sociais como o Facebook onde os usu rios podem optar por produzir o que consomem Entretanto n o podemos desconsiderar que estes frequentadores deste espa o s o tamb m consumidores fora das redes sociais onde a produ o traz claras e marcadas fronteiras com o consumo nos moldes estabelecidos a partir da revolu o industrial os quais s o mantidos at hoje Neste estudo tamb m discutimos a pr tica de compras de produtos e servi os de tecnologia que tamb m cotidiana na vida dos jovens As
255. om o meio ambiente Al m disso o texto da Galileu argumenta que apesar de seu ego smo traduzido pela revista como umbiguismo de apenas fazerem o que gostam e de sua exagerada mobilidade no mercado de trabalho mudando rapidamente de emprego os indiv duos desta gera o n o se sujeitam a atividades que n o fa am sentido em longo prazo Por outro lado a revista eletr nica IDGNow apresenta uma pesquisa realizada pelo instituto de mercado Nielsen segundo o qual uma certa 2 Dispon vel em lt http revistagalileu globo com Revista Galileu 0 EDG87165 7943 219 00GERACAO Y html gt Acesso em abril de 2012 2 Dispon vel em lt http idgnow uol com br mercado 2012 02 24 esqueca a y geracao c e a mais conectada afirma nielsen amp panel2 1 gt Acesso em abril de 2012 65 Gera o C seria mais conectada que a Y e esta estaria por redefinir o consumo das m dias digitais apresentando um comportamento mais participativo nas m dias sociais que os da gera o Y Sucedendo estas duas gera es que estariam agora mudando o mundo nasceu a gera o Z formada por adolescentes que estariam hoje com idades entre catorze e dezenove anos segundo reportagem de agosto de 2011 da revista Exame Este novo grupo de indiv duos se diferenciaria dos dois anteriores na intensidade maior de utiliza o da internet e das redes sociais al m de fumarem menos Trata se de mais uma pesquisa de mercado realizada para descrev
256. onde a escassez tem sido alicerce das atividades de consumo Historicamente as economias de mercado principalmente do Ocidente desenvolvem se baseadas na administra o da escassez de produtos e na cobran a de altos pre os pelos 17 Um exemplo de uma a o de marketing no Facebook a parceria comercial entre o site e a poderosa multinacional norte americana do setor varejista Wal Mart Esta a o envolve o contato via Facebook com atuais e potenciais clientes usu rios da rede social Dispon vel em lt http tecnologia terra com br noticias 0 015404914EI15608 00WalMart faz parceria com Facebook para conectar clientes html gt Acesso em outubro de 2011 50 produtos dispon veis o que opera de forma oposta ao modelo das redes sociais da internet J o consumo segue outra linha de atua o na web 2 0 o que impacta diretamente na atua o das revistas A participa o do consumidor atenua a fronteira entre produ o e consumo H uma sobreposi o dos limites entre produ o e consumo que torna um ambiente como o do Facebook um territ rio menos favor vel para o alastramento das estrat gias promocionais das revistas As redes sociais est o inundadas de informa es a respeito da vida mundana de seus usu rios De um lado h indiv duos desejosos por comunicar aspectos de sua vida privada em dom nios p blicos e de outro encontramos estas informa es sendo avidamente absorvidas por outros usu rios Trata se de um te
257. onfus o entre express es e abordagens no uso da etnografia em pesquisas envolvendo a internet As autoras tentam organizar tal desordem indicando os diferentes usos das terminologias de pesquisa etnogr fica na internet Termos como netnografia etnografia digital e webnografia s o exemplos de novas express es que 128 surgiram como tentativas de se diferenciar um caminho do outro Entretanto estas formas de pesquisa na internet priorizam as observa es n o participantes nesta rede o que se distancia da etnografia em seu formato mais cl ssico Apesar da Antropologia n o ser o nico campo do conhecimento a se utilizar do m todo etnogr fico como dissemos deste campo que surge tal forma de se pesquisar diferentes culturas atrav s de uma abordagem que engaja o pesquisador no modo de vida do p blico pesquisado Assim esta pesquisa configura se como etnogr fica por oferecer uma combina o de caracter sticas que constituem este m todo Diferentemente de outros caminhos metodol gicos de pesquisa na internet que utilizam de processos de observa o de sites e posts de uma rede social em um curto espa o de tempo a abordagem etnogr fica que apresentamos requer um per odo maior em campo a fim de se desenvolver um relacionamento mais direto e composto por fortes v nculos entre pesquisador e p blico pesquisado Conte dos de websites e posts de usu rios de uma rede social s o sem d vida excelentes fontes para um estudo et
258. ongo da pesquisa desenvolvida foi poss vel constatarmos que a busca por responder a estas quest es nos levaria a outras prov veis Assim este processo de pesquisa n o nos conduziu s simples e bin rias respostas sim ou n o Como colocamos no decorrer destes escritos o senso comum ratificado por pesquisas de mercado e mat rias jornal sticas apoia certa idealiza o em rela o ao jovem contempor neo imaginando o como um ator social nico com comportamentos totalmente generaliz veis principalmente em rela o s suas pr ticas de consumo e sua compet ncia t cnica quando o assunto internet A alta complexidade da din mica do dia a dia dos adolescentes nos mostrou logo de in cio que hav amos escolhido por estudar 229 um objeto em constante movimento que n o iria apresentar comportamentos regulares ao longo dos trabalhos de campo e nem tampouco t o generaliz veis como prega o sendo comum Em suma os adolescentes do interior de S o Paulo nos mostraram que as respectivas respostas s quest es desta pesquisa requereriam alguns debates antes de serem totalmente respondidas Por tudo isto fomos conduzidos a desenvolver tr s principais debates nesta tese O primeiro diz respeito etapa atual do capitalismo em que vivemos a chamada sociedade de consumo que terreno f rtil para o surgimento de um espec fico modo de vida em que o sucesso medido a partir da distin o conferida pela pos
259. onjun o e e e DELEUZE E GUATTARL p 37 O campo de pesquisa desta etnografia onde passamos oito meses de 2011 em contato com os adolescentes do interior de S o Paulo foi constru do durante a pesquisa para ter o funcionamento de um corpo rede rizom tico O cen rio formado pela conex o que estabelecemos entre Londres e o interior de S o Paulo foi portanto onde buscamos uma rela o mais balanceada com os adolescentes a partir da atenua o da natural assimetria entre pesquisador e seus pesquisados Desta forma o trabalho de campo n o se deu nas cidades desta regi o de S o Paulo e nem tampouco nos col gios onde estudam os jovens mas em um territ rio constru do por esse coletivo durante todo processo Uma abordagem etnogr fica permite tal flexibilidade j que seu campo constru do em conjunto com os pr prios pesquisados ao longo dos trabalhos Entramos em campo com algumas premissas e at certezas e sa mos dele com as premissas e certezas transformadas em quest es Podemos afirmar que a condu o desta pesquisa nestas conex es etnogr ficas n o s nos fizeram conhecer as quest es do campo mas tamb m nos fizeram sair modificados do processo O envolvimento com os jovens permitiu uma reflex o mais distanciada da realidade do interior de S o Paulo e do que produzido e consumido nas p ginas do Facebook Estes jovens expressam encobertos pelo desejo de consumo dos aparelhos eletr nicos da moda u
260. onstru o de uma visibilidade exclusiva lugar que supostamente n o pode ser atingido por outro indiv duo A procura pela diferencia o entre os iguais base constituidora do que parece incomodar Ana D uma vida online pautada apenas pelo olhar do outro Neste contexto notamos certo paradoxo Ao mesmo tempo em que o espet culo se mostra grandioso inacess vel e exclusivo a poucos como afirma D bord tamb m se apresenta dispon vel a qualquer um que queira experimentar seus momentos de celebridade atrav s da m dia o que nos distancia em parte da sociedade do espet culo a que se referia o autor Os quinze minutos de fama aos quais se aludiu Andy Warhol s o viabilizados pelas tramas da m dia A estudante Rosa de Cabre va nos contou sobre sua participa o em uma promo o da revista Capricho quando foi entrevistada por um jornalista maneira que fazem com uma celebridade Rosa isso vou te mandar http capricho abril com br home Jo o Matta T Rosa dai Jo o Matta Vc j participou Rosa voc pode participar concorrer a premios ja participei de uma entrevista tenho uma folha guardada ate hoje 219 mais foi do nada nao esperava ser chamada dai participei me inscrevi s por me inscrever mesmo As revistas tamb m seguem a l gica de mercado da extens o do relacionamento com seu leitor assim como fazem diferentes empresas em busca da fideliza o de seus clientes H no caso das revistas um c
261. ontrato de comunica o entre um ve culo como a Capricho por exemplo e seus leitores Conforme Charaudeau 2007 para haver um contrato de comunica o deve haver um rec proco conhecimento entre leitor e ve culo em rela o linguagem e situa o em quest o Ambos devem ser parceiros na troca linguageira e estar ligados por um pr vio tipo de acordo modulado por dados internos e externos Os internos dizem respeito s restri es discursivas do ato de comunica o Est o mais ligados s maneiras de falar e aos pap is de cada ator na pr tica do discurso Por outro lado os dados externos est o relacionados aos dispositivos e s suas restri es materiais S o constitu dos das regularidades comportamentais CHARAUDEAU 2007 p 68 dos atores sociais que participam de trocas discursivas como o caso do processo de consumo de revistas Paralelamente ao fen meno de extens o do contrato de comunica o das revistas tamb m constatamos com destaque na sociedade contempor nea a veicula o pela m dia de celebridades de diferentes origens artistas atletas cantores cantoras pol ticos etc Estas podem servir de matriz de sentido para diferentes indiv duos incluindo os jovens que podem ser influenciados em sua forma de agir de se vestir de se comportar Assim a m dia tamb m assume uma fun o de mediadora de significados entre celebridades e seus admiradores N o recente o fato de nos identific
262. ora do comportamento de sua gera o apresentando ao lado de Ana D potencial perfil de pesquisadora Come ou a ler Veja pensando no vestibular que logo estar sua frente Na p gina de seu perfil no Facebook a jovem de Cabre va apresenta a cidade onde mora sua data completa de anivers rio e sua prefer ncia religiosa Al m disso Gisele exp e sua lista de prefer ncias fan pages M sica A Day To Remember Switchfoot For Today August Burns Red e Underoath Livros Bible Querido John e O Pequeno Pr ncipe Oficial 107 Televis o Odeio Novelas The Simpsons El Chapul n Colorado El Chavo del Ocho e Bola Tv Skate Paradise Programa Meninas de Ouro Once Upon a Time My Life As Liz e Take This Lollipop Atletas Bob Burnquist Paul Rodriguez Karen Jonz e Edgardvovo Pereira Time US Open of Surfing S o Paulo Futebol Clube S P F C e Longbird Girls Crew Atividades Skateboarding e Eating Outros Big Mac Hurley Brasil Volcom Brasil DC Shoes Nike Skateboarding Brasil Switchfoot Bro Am Element Skateboards Brasil 1 Milh o CURTIR e minha mulher aceita o nome do bebe de JASPION Abbey Dawn Vans Girls Hurley Melissa Oficial Componente Visual The Sims Social Dep sito de Tirinhas Coletivo Made Foto V deo Drifting Nomad Hello it s Valentine Dr PDA Tecnologia e Mobilidade Trashy Vogue Fashion Clues Marketing na Cozinha Eudora Solar Priscilla Alc ntara Oficial Irm Zuleide Kelly Prisci
263. oras e horas na internet Atualmente seu lazer se tornou mera pr tica de compras que tamb m est relacionado ao esperado sucesso Os bens tecnol gicos s o trof us que podem ser exibidos nos diversos encontros sociais que comparecem sejam nos shopping centers ou nos col gios As viagens para compras no exterior s o motivo de destaque social em Bebedouro e Cabre va O chamado primeiro 144 mundo idealizado o tempo todo nas falas dos adolescentes com lugar frequentado pelos indiv duos vencedores de sucesso Turbul ncia descreve os jogos de visibilidade que s o instalados em seu col gio a partir da posse dos aparatos tecnol gicos e vestu rios da moda Segundo esta estudante de Bebedouro as novidades s o apresentadas ao grupo de alunos do col gio pelos estudantes mais populares Estes normalmente mais velhos trazem ap s irem a S o Paulo e tamb m aos EUA produtos rec m lan ados como a novidade do momento e rapidamente s o copiados por muitos de seus colegas que correm para comprar roupas t nis e aparelhos que trazem a tecnologia do momento Jo o Matta E ser popular um valor importante Turbul ncia Boa pergunta ein Eu particularmente eu n o vejo diferen as todo mundo igual Mas na onde eu estudo rola muuuito isso Principalmente os meninos mais velhos os populares Eles fazem muita diferen a Turbul ncia E influenciam muito Tanto que um come ou a namorar ai veio a febre
264. orpo rede rizom tico o Orkut In Revista Rastros Vol 1 N 8 Joinville SC IELUSC N cleo de Estudos em Comunica o 2007 O supereu do gozo na m dia impressa o discurso performativo da Boa Forma In Cadernos Camilliani Vol 12 S rie 1 Cachoeira do Itapemirim ES Centro Universit rio S o Camilo 2011 MCCRACKEN Grant Cultura amp consumo novas abordagens ao car ter simb lico dos bens e das atividades de consumo Rio de Janeiro RJ Mauad 2003 MCKENDRICK Neil BREWER John PLUMB J H The birth of a consumer society the commercialization of eighteenth century England Bloomington Indiana Indiana University Press 1982 MILLER Daniel A theory of shopping Itaca NY Cornell 1998 Consumo como cultura material In Revista Horizontes Antropol gicos Ano 13 N 28 p 33 63 Porto Alegre RS IFCH UFRGS jul dez 2007 241 Stuff Cambridge UK Polity Press 2010 Tales from Facebook Cambridge UK Polity Press 2011 The comfort of things Cambridge UK Polity Press 2008 MILLER Daniel SLATER Dan The internet an ethnographic approach New York NY Berg 2000 MINAYO Maria Cec lia de Souza O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sa de S o Paulo SP Hucitec 2004 MUNN Nancy The fame of Gawa Cambridge UK Cambridge press 1996 NASIO Juan David dipo o complexo do qual nenhuma crian a escapa Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2007
265. os celebridades instant neas em revistas e em seus websites como o caso de Rosa na Capricho 3 5 Consumir no o Facebook Bauman 2005 argumenta que uma identidade s se completa quando compartilhada primordial para n s seres sociais o fato de pertencer fazer parte de algo O pertencimento traz significado ajuda a construir um sentido para a vida Pertencer implica ter capacidade de compartilhar ideia ligada possibilidade de identifica o entre os que compartilham Muito do que nos tornamos depende do outro com quem nos identificamos Mediados pelas redes sociais um grupo de jovens pode se reunir para compartilhar ideias opini es sensa es ang stias insatisfa es o caso do Facebook que se constitui como possibilidade para constru es identit rias dos jovens que l frequentam Agrupados pelas semelhan as buscam dentro deste espa o alguns diferenciais que os individualize uma marca que os aproxime mas ao mesmo tempo os distinga uns dos outros Sob a batuta da visibilidade os capitais simb licos disputados no Facebook desempenham este papel de distin o entre os iguais A foto mais curtida e compartilhada o maior n mero de amigos e o v deo mais in dito podem cumprir a miss o de capitalizar simbolicamente um usu rio do Facebook Os jovens tendem a realizar suas experi ncias e construir suas identidades atrav s de materiais comuns ao seu grupo Eles buscam marcadores identit
266. os condicionar os relacionamentos ali estabelecidos MATTA 2008 Estes grids s o pensados de forma estrat gica e a partir da delimitados pelos par metros do desenvolvedor destes sites de relacionamento Portanto importante destacar que estes territ rios trazem para seus usu rios uma liberdade de produ o limitada a uma parametriza o interessada dimensionada a partir da tecnologia utilizada pelo desenvolvedor do site e pelo seu algoritmo curador SAAD E BERTOCCHL 2012 O tipo de tecnologia plataforma de funcionamento Mac PC e ou Linux linguagem de programa o capacidade de armazenamento de dados velocidade de transmiss o tipo de conex o com a internet etc sobre a qual desenvolvida a rede social um fator sem d vida limitador para o usu rio A liberdade na utiliza o do Facebook por exemplo delimitada por capacidade de armazenamento de dados velocidade de resposta e navegabilidade fatores ligados diretamente tecnologia escolhida pelo desenvolvedor e pelo propriet rio do site Entretanto n o apenas a tecnologia modaliza o uso do Facebook por parte de seus usu rios H tamb m por detr s dos grids apresentados aos associados a esta rede social uma sequ ncia de instru es previamente definida que seleciona organiza e proporciona um direcionamento no preenchimento 167 das informa es a partir de crit rios ou recortes inerentes a um interessado A esta sequ ncia de instru es d
267. os em que o contexto conduzia os atores sociais a compras familiares com objetivos coletivos considerando inclusive gera es passadas e futuras Entretanto a partir das compras de moda do per odo Elisabetano os indiv duos iniciaram uma escalada s compras repetitivas e em benef cio pr prio Na modernidade l quida esta individualidade se consolida O contexto social propicia o surgimento de um consumo de marcas mercadol gicas que prometem mais benef cios simb licos que propriamente funcionais a consumidores que buscam a felicidade em produtos e servi os COSTA 2004 Estas marcas oferecem experimenta es subjetivas adaptadas a diferentes tipos de indiv duos e estilos de vida No mundo l quido moderno o consumo de signos se consolida como forma dominante j que as compras se d o predominantemente de forma individual como argumenta Bauman 2001 Remetendo se ao trabalho de Hannah Arendt Costa 2004 p 136 afirma que at a Revolu o Industrial os objetos eram comprados por serem teis e necess rios depois porque haviam sido produzidos e tinham que ser vendidos Entretanto atualmente n o basta haver produ o em larga escala para que haja consumo Os indiv duos consomem porque aprenderam a associar consumo felicidade COSTA 2004 p 137 Para o autor neste in cio de s culo XXI n o consumimos apenas por raz es funcionais mas tamb m em busca da felicidade prometida pelo marketing e pela p
268. os fazer entender as diferentes pr ticas de consumo dos jovens Pode nos levar al m do que fazem estes estudos exageradamente ampliados generalizados e pouco profundos em suas compara es entre os diferentes indiv duos com suas caracter sticas espec ficas O trabalho de Chin 2001 traz elementos que dialogam com estas preocupa es relacionadas ao consumo do p blico jovem do interior de S o Paulo Esta antrop loga norte americana realizou um estudo atrav s de uma abordagem etnogr fica em New Hallville bairro da cidade de New Haven em Connecticut nos EUA Chin 2001 trabalhou com crian as negras com aproximadamente dez anos de idade e que habitavam um gueto de baixa renda daquela localidade Por dois anos a estudiosa morou no bairro acompanhando o cotidiano destas crian as com as quais conviveu regularmente Em seus escritos a autora admite que muitas de suas premissas definidas anteriormente ao campo em sua mesa de trabalho em Nova Iorque sobre o consumo destes jovens n o se confirmaram Ao se aproximar do fen meno Chin 2001 67 constatou que o consumo das crian as est mais relacionado a quest es sociais do que propriamente tnicas diferentemente do que esperava Como exemplo a autora trabalha com a boneca Barbie da fabricante norte americana Mattel Esta empresa apresenta ao mercado vers es etnicamente corretas da boneca S o tr s modelos com a Barbie com a cor da pele negra Destas tr s bonecas seg
269. os refletir sobre o car ter dos pesquisados proposta que nos teria levado a conduzir este estudo de outra forma talvez com outra metodologia e outro arcabou o te rico Entretanto os achados de pesquisa dialogam com Sennett 1999 em rela o sua preocupa o com a falta 136 de no o de longo prazo com a pressa em conduzir a vida em busca apenas de conquistas de curto prazo Na modernidade l quida BAUMAN 2001 a efemeridade e a falta de v nculos tornaram se comuns entre os atores sociais como por exemplo os jovens A pressa para a realiza o de tarefas de curto prazo pode n o os deixar desenvolver la os e compromissos fortes com os outros A preocupa o de Sennett faz sentido nesta pesquisa na medida em que percebemos comportamentos de pressa entre os jovens que denotam a exist ncia de uma imensid o de realiza es de curto prazo provas simulados aulas particulares festas e a internet A efemeridade em suas realiza es caracter stica marcante nos jovens do interior de S o Paulo Atualmente h um discurso da pressa e da falta de tempo que afeta a todos os pesquisados Seja por ter realmente algo urgente a fazer seja para se livrar de uma eventual situa o que n o se pretende vivenciar ou por outro motivo qualquer O que importante notarmos que estar com pressa ocupado e com a agenda lotada de afazeres n o s uma poss vel realidade na vida dos jovens mas tamb m estrat gia discursiva pronta
270. ostei do t tulo gera o testemunha Jo o Matta seu este t tulo Ana D Parafraseei Jo o Matta ahahah Ana D Um texto super legal Jo o Matta De quem Ana D Vou te passar Jo o Matta Me passe sim Ana D Ache Ana D i Ana D http fwwiw administradores com br informe se carreira e rh geracao tHindividuos que sabem de tudo mas nao avaliam nada 45649 Ana D Mas essa coisa de medo que eu falei bem real At eu me sinto assim s vezes Ana D Acho que por isso que coisas como o Twitter aparecem a gente exp e novas id ias s que escondidos atr s de uma foto de perfil um post com algo engra ado Ana D e de 140 caracteres Jo o Matta E tem uma coisa que acho pior Se para contestar s para destruir fazer piadinha tipo P nico na TV e tal N o rola uma interven o com foco em mudan a opini es inovadoras e tal Jo o Matta Faz sentido Ana D Siim Ana D Quando cr tica uma coisa destrutiva 164 Ana D Os jovens est o focados no trivial Jo o Matta No trivial Ana D Meu professor usa um termo muito bom temos a s ndrome do peter pan N o queremos crescer N o queremos responsabilidades Mas queremos os direitos que qualquer outro adulto tem Jo o Matta Mas Ana outras gera es tamb m foram assim n o Ana D POis Mas quando v o apontar os ruins os indicadores sempre sobram pra n s Isso eu acho hipocrisia Jo o Matta Minuto que volto
271. ovendo a juventude e seus estilos de vida modos de ser tipologias de gosto e comportamentos que estariam acess veis a qualquer um Aliado a esta imagem de f cil de acesso juventude enunciadores midi ticos tornam senso comum o estere tipo do jovem contempor neo como um indiv duo multitarefa capaz de acompanhar um n mero infind vel de informa o ao mesmo tempo em que se entret m com as in meras telas presentes em seu cotidiano Castro 2012 problematiza o que denomina mito da gera o net CASTRO 2012 p 70 reivindicando uma devida relativiza o 12 do pressuposto de que os jovens apenas por conviverem com as redes sociais desde que nascem seriam naturalmente desenvoltos em todas as pr ticas da cultura digital Para Castro 2012 o regime de aten o difusa que leva o screenager a realizar m ltiplas tarefas enquanto acompanha simultaneamente informa es em diversas telas o chamado multitasking tem como consequ ncia uma forma de aproveitamento na qual o adensamento e a profundidade cedem lugar ao largo espectro e superficialidade Desse modo pesquisar confunde se com utilizar mecanismos de busca como o Google ou Yahoo sendo a celeridade e aparente facilidade de se obter um grande volume de informa es o principal atrativo N o raro o jovem se sente eximido da reflex o cr tica e n o d a devida aten o a quesitos indispens veis como a corre o e a autenticidade dos dados
272. ovens norte americanos Este estudo apresentado no livro Hanging Out Messing Around and Geeking Out Tal texto uma amostra de um tipo de abordagem diferente da realizada por Elizabeth Chin pois prioriza a amplitude em detrimento da profundidade e densidade nos trabalhos de campo Os autores partem de determinadas premissas em rela o internet e sua pesquisa demonstra servir para buscar informantes que as corroborassem As ideias presentes no senso comum em rela o internet prevalecem de forma majorit ria durante o trabalho A internet entendida pelos autores apenas como um espa o livre e democr tico onde os jovens podem expor sua criatividade vontade sem qualquer risco Alguns apontamentos iniciais sobre a internet chegaram a imagin la desta forma um terreno livre onde os jovens poderiam experimentar plenamente a vida em comunidade sem qualquer risco aparente e sem estarem submetidos a qualquer jogo de poder a exemplo do que n o acontece no mundo offline Estudos mais recentes da cibercultura demonstram que esta hip tese inicial que idealizava uma internet totalmente livre dos interesses pol tico econ micos n o mais poss vel de ser sustentada TRIVINHO 2007 Al m disso trabalhos como o da pesquisadora inglesa Sonia Livingstone 2009 demonstram que a 26 Tradu o livre do autor 71 internet est longe de ser um ambiente livre de riscos para jovens e crian as A autora alerta sobre pr ticas co
273. ovens s consomem m dia e informa o via internet A quest o de que jovens estamos falando quando fazemos esta afirma o Os que participaram desta pesquisa s o todos usu rios da internet e do Facebook j que estas condi es eram filtro de nosso recrutamento Por m a situa o do consumo de tecnologia no Brasil pode nos mostrar realidades um tanto diferentes A pesquisa intitulada TIC Domic lios 20107 desenvolvida pelo Comit Gestor da Internet no Brasil CGlI br apresenta um mapa da posse do uso e dos h bitos da popula o brasileira em rela o s Tecnologias de Informa o e Comunica o TICs Trata se de uma coleta de dados quantitativos realizada atrav s de entrevistas presenciais em 24 607 domic lios brasileiros nos meses de agosto e setembro de 2010 em todo o Brasil A maioria dos lares pesquisados pertenceram regi o Sudeste 46 seguida pela regi o Sul 25 A pesquisa considerou as diversas faixas et rias e classes sociais A B C De E brasileiras No contexto Brasileiro a pesquisa mostra marcantes diferen as regionais em rela o aos domic lios com microcomputador e acesso internet As regi es que apresentam maior percentual de lares urbanos e rurais com computador e internet s o as regi es Sudeste 45 computador e 36 internet Sul 42 computador e 30 internet e Centro oeste 40 computador e 33 internet 75 Dispon vel lt http www cgi br gt Acesso em junho de 2012 19
274. para suas falas di rias Estar ocupado tornou se regra e at sin nimo de status social Muitos jovens se dizem sempre atarefados sem tempo para quase nada O recrutamento para esta pesquisa um exemplo V rios estudantes que inicialmente mostraram se dispostos a nos ajudar no papel de pesquisados alegaram falta de tempo para participar da pesquisa Diziam estar muito atarefados e que n o poderiam perder tempo com a pesquisa Em lugar de n o quero sou t mido n o tenho interesse tenho pregui a isto n o me leva a nada a falta de tempo foi o motivo comum a todos que n o participaram mesmo depois de terem assumido que participariam em um primeiro contato Sem d vida estes jovens t m um dia a dia ocupado com muitas atividades como tamb m t m os que foram pesquisados Estes conseguiram em diferentes formatos de disponibilidade ajudar nos na pesquisa realizando as mesmas atividades que os que alegaram falta de tempo N o queremos aqui realizar um julgamento de valor em rela o a ter mais ou menos responsabilidades no dia a dia ou capacidade para administrar o tempo 137 Entretanto importante lembrarmos que a pressa e a falta de tempo eram mais comuns ao universo adulto n o ao juvenil Percebemos que o tempo de uso das redes sociais considerado pelos jovens dentro das atividades obrigat rias do dia a dia e n o como lazer Para os adolescentes n o h falta de tempo para usar
275. para um jovem n o estar ou n o desejar estar l e imperativamente acess vel t o acess vel quanto obrigat rio 228 CONCLUS O Parti de minhas inquieta es enquanto pesquisador do p blico jovem professor e profissional de comunica o para definir o foco de interesse desta pesquisa Os percursos profissional e acad mico t m me direcionado s quest es que envolvem as pr ticas comunicacionais e de consumo dos jovens na internet Ao mesmo tempo na atualidade tal tema se mostra de emergente relev ncia visto que alvo de v rios estudos de pensadores dos diferentes campos do conhecimento al m de ser constante pauta em diversos ve culos de comunica o Os processos comunicacionais e de consumo ocupam forte centralidade no cotidiano juvenil o que torna os jovens atuais importantes agentes sociais que articulam e negociam sentidos pertencentes cultura contempor nea A partir destas bases delimitamos o objeto de estudo desta pesquisa de forma a contemplar tais premissas No in cio deste trabalho definimos as quest es de pesquisa que nortearam este estudo o que envolveu um recorte constru do a servi o destas indaga es As perguntas de pesquisa colocadas foram os adolescentes do interior de S o Paulo correspondem ao perfil de nativos digitais com ampla viv ncia na internet e alta compet ncia t cnica no uso das redes sociais como difunde o senso comum Estes jovens vivem um intenso cotidiano de consumo Ao l
276. parente ao pesquisador O tempo a dimens o mais importante em um processo etnogr fico 121 As observa es participantes deste trabalho se deram em campo atrav s da inser o do pesquisador no dia a dia dos adolescentes do interior de S o Paulo Durante os oito meses de trabalho de campo encontr vamos diariamente com os jovens tanto no Facebook quanto no Skype Quando citamos os encontros na rede social Facebook n o nos referimos s an lises dos posts dos jovens o que tamb m foi realizado por n s Falamos propriamente dos encontros para longas e tamb m r pidas conversas via chat trocas de links que interessavam aos jovens e relatos de suas atividades cotidianas O mesmo ocorria no Skype onde pod amos conversar tanto via chat escrito como tamb m via webcam Esta ltima forma de contato definitivamente n o a prefer ncia dos jovens n o s por sua timidez mas tamb m porque um tipo de contato mais cansativo para eles Preferem escrever nos chats tanto do Skype como do Facebook porque devido habilidade que t m ao teclar conseguem fazer v rias coisas ao mesmo tempo Assim o processo de observa o se dava de forma intensamente participativa exatamente no ambiente que pesquis vamos a internet Os registros de campo foram facilitados pelas ferramentas que utilizamos j que os recursos tecnol gicos nos propiciaram gravar as conversas tanto via webcam como via chat Para as grava es via webcam utiliz
277. pelo termo prosumer por envolver diretamente a figura do consumidor de informa o no processo de produ o e n o apenas do usu rio da internet como sugere o termo produser Nesta pesquisa debru amo nos sobre o consumo dos adolescentes do interior de S o Paulo quando no Facebook e n o apenas em seu uso comunicacional como site de relacionamento A configura o de consumo que aqui estudamos contempla o prosumption entre suas pr ticas al m do consumo dos aparatos tecnol gicos que d o acesso internet e dos capitais simb licos que circulam pelas redes sociais ESTA PESQUISA Dentro de uma perspectiva interpretativa do consumo desenvolvemos esta pesquisa de forma amparada na vis o antropol gica do consumo a qual o 40 compreende como uma linguagem Ao mesmo tempo como o objetivo aqui foi estudar as motiva es pertencentes ao comportamento dos jovens nas redes sociais servimo nos dos estudos da comunica o da filosofia e da psican lise para nos apoiar ao longo desta pesquisa Conduzimos uma abordagem etnogr fica por oito meses com catorze jovens do interior de S o Paulo na busca por analisar e refletir sobre uma contempor nea configura o do consumo moderno presente na vida juvenil o consumo nas das redes sociais Para estudar o consumo nesta tese buscamos entender a presen a online dos jovens nas redes sociais o que se tornou um imperativo contempor neo Para al m dos processos comunicacionais envolvidos e
278. pelos p blicos pesquisados e a rela o geral entre estes p blicos e as coisas que consomem Tais reflex es do antrop logo encerram uma contribui o para refletirmos o quanto a antropologia pode nos permitir estudar o consumo com diferentes interesses que n o associados apenas maneira da massa da primeira metade do s culo XX Com isto conclu mos que os estudos da cultural material da Europa Ocidental contribu ram diretamente para a constru o de um diferente olhar sobre o consumo Segundo Sassatelli 2010 5 Tradu o livre do autor 20 atrav s do uso de uma variedade de fontes quantitativas e dados qualitativos historiadores est o agora aptos a indicar que o crescimento da cultura material da Europa come ou no in cio da era moderna e portanto antes da revolu o industrial SASSATELLI 2010 p 14 A cultura material portanto transformou se no ponto de partida desta antropologia que prop e olharmos os embri es das pr ticas de consumo como processos formadores da Revolu o Industrial o que inverte a vis o produtivista que credita ao consumo o papel de sua mera consequ ncia PERCURSO HIST RICO DO CONSUMO MODERNO Slater 2002 fortalece a compreens o de que o consumo como parte da cultura n o se estabelece como efeito da Revolu o Industrial pois uma de suas causas Segundo o autor o consumo se fortalece no s culo XVIII apesar dos ind cios de que alguns de seus embri es podem ser
279. pesquisador principal Jo o Osvaldo Schiavon Matta que pode ser contatado atrav s do email jo oOjmatta com br e joaomattaOglobo com e at Dezembro de 2011 per odo em que estar em Londres pelo celular 00 XX 44 7424008292 Esta pesquisa parte do estudo de doutorado do pesquisador principal em Comunica o e Semi tica na PUC SP Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo com um per odo de um ano de est gio de doutoramento na University College London em Londres Inglaterra O participante tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa ou qualquer resultado que seja de conhecimento dos pesquisadores N o haver nenhuma despesa pessoal para voc participar deste estudo assim como tamb m n o haver compensa es financeiras relacionadas sua participa o Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informa es que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo Mini processos de visibilidade na internet o consumo de revistas no Facebook Eu discuti com o pesquisador Jo o Osvaldo Schiavon Matta sobre a minha decis o em participar voluntariamente deste estudo Ficaram claros para mim quais s o os prop sitos do estudo os procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tamb m que minha participa o isenta de despesas Concordo voluntariamente em participar d
280. peti o na ind stria j que poucos detinham o saber de como produzir de forma padronizada e serializada Nas d cadas subsequentes e principalmente no seu final o s culo XX assistiu a uma alta competi o entre fabricantes de produtos como autom veis roupas produtos eletr nicos e eletrodom sticos e fornecedores de servi os como os pr prios bancos seguradoras conv nios m dicos entre outros A Revolu o Industrial intensificou o consumo de massa iniciado no s culo XVIII com a emerg ncia dos mercados a populariza o das diversas op es de produtos e a potencializa o de suas vendas atrav s das estrat gias de marketing e de publicidade A produ o passou a ser padronizada e serializada e o trabalho dividido em etapas com a finalidade de aumentar a produtividade Estas mudan as deram ind stria uma capacidade de produ o sem precedentes na hist ria Esta Revolu o Industrial mudou de forma definitiva a produ o de bens materiais em grande parte do mundo impactando tamb m nossa forma de consumir Atualmente a produ o tem se deslocado fisicamente f bricas para determinadas regi es do planeta concentrando se assim em pa ses espec ficos como China ndia e Mal sia Estes est o especializando se em fornecer m o de obra mais barata aos grandes conglomerados industriais Desta forma constatamos que a Revolu o Industrial impactou fortemente mais o mundo da produ o que propriamente o do consu
281. pos de internet o acesso informa o pode ser confundido com conhecimento Para este pensador os jovens t m a certeza de que n o precisam mais dos adultos para aprender j que acessam as informa es com mais facilidade que seus pais e professores Tal fato traz algumas relevantes dificuldades educa o dos jovens o que precisa ser discutido com mais aten o e n o ponderado nos escritos de Ito et al 2007 O estudo apresentado por Ito et al 2007 n o aborda tais quest es t o pertinentes no contempor neo A superficialidade das reflex es fica mais clara quando os autores restringem seu entendimento do comportamento dos jovens 2 Cyberbulling a pr tica do bullying na internet 12 na internet a apenas tr s categorias relacionadas ao que fazem no mundo online Reduzem o comportamento dos jovens a tr s grupos diferentes os que apenas surfam 28 pela internet os que brincam pela rede e os que a usam de forma mais t cnica mostrando alguns conhecimentos t cnicos de linguagens de programa o e c digos espec ficos Tal redu o no entanto n o contempla as emergentes e importantes quest es em torno da internet pedofilia bullying vigil ncia pornografia seguran a nem tampouco se preocupam em trazer novas contribui es para a discuss o do uso da rede por parte dos jovens Enquanto Chin 2001 expande sua discuss o para a rela o entre consumo etnia e inf ncia os autores
282. press o tamb m associada ao caminho direcionado pelos links dispon veis pelos websites visitados 2 Aqui brincar utilizado no sentido de aprontar com amigos pela rede n o necessariamente no sentido de realizar atos de vandalismo que prejudiquem outros indiv duos online 13 abarcados por um mimetismo consumista apresentam sintonia com seus pares de gera o destas grandes cidades Entretanto outras vezes resignificam seu comportamento enquanto consumidores de produtos de tecnologia e da informa o trazida pela internet adaptando ao seu contorno os diferentes sentidos dados a produtos e servi os como computadores celulares websites da internet e redes sociais Entre diferen as e repeti es no modo e nas pr ticas de consumir as narrativas juvenis do dia a dia dos jovens do interior de S o Paulo nos trazem material para uma densa reflex o a respeito das juventudes contempor neas e do mundo do consumo ROCHA 2012 que corrobora as diferentes press es que sofrem estes adolescentes de agendas lotadas Outra relevante caracter stica deste estudo a estrat gica localiza o f sica do pesquisador em rela o aos seus pesquisados Os estudos etnogr ficos mais conhecidos envolvem viagens do pesquisador a locais como tribos ind genas guetos de grandes cidades pequenos e distantes vilarejos Nesta pesquisa conduzimos os trabalhos de campo a partir de uma diferente disposi o f sica a milhares de quil metros do p b
283. prop sitos de pesquisa sempre que poss vel estava dispon vel para conversar trocar ideias e discutir sobre os temas de nosso estudo Em seu perfil no Facebook a adolescente informa a cidade onde reside a escola onde estuda e o nome de seu namorado com um link para sua respectiva p gina de perfil Rolf n o apresenta uma lista de prefer ncias que trazem as fan pages como fazem todos os outros pesquisados Seu perfil restringe se aos dados pessoais sua galeria com fotos com sua fam lia amigos e namorado e sua timeline Em julho de 2012 Rolf apresentava 186 amigos no Facebook Rosa F da revista Capricho Contou que gosta de participar das promo es da revista chegando a ser entrevistada para uma de suas edi es Al m da revista impressa que compra regularmente nas bancas conta que 116 Rosa entro no site da Capricho todo dia assim dou uma visitada sabe Bem humorada falante e sincera ao contar seus sonhos de menina esta aluna de Cabre va foi uma das entusiasmadas com a pesquisa Disse ter adorado contar sobre suas aventuras no site da Capricho e na internet Segunda ela pr pria joga mais quando est online do que realmente usa as redes sociais Gosta do Facebook mas prefere mesmo usar seu tempo na internet entre as p ginas da revista e os diferentes jogos que encontra por l Rosa participou de todo o trabalho de campo desta pesquisa Todavia desativou seu perfil no Facebook antes de nossa v
284. que estamos querendo dizer Ao mesmo tempo em que assist amos s reportagens ao vivo na televis o em Londres canal BBC convers vamos com alguns informantes que assistiam s transmiss es sobre o mesmo fato na Rede Globo de Televis o Estas condi es singulares de pesquisa s o importantes de serem consideradas no processo de an lise A simultaneidade dos fatos somada s falas dos jovens pesquisados abre diferentes possibilidades de an lise Sem d vida conversarmos com os adolescentes depois de passado algum tempo de terem assistido s reportagens na televis o e depois de terem provavelmente conversado com pais e amigos ou lido a respeito na internet obter amos um resultado diferente pois seu 126 discurso seria outro suas falas teriam sido j modificadas Entretanto importante dizer que n o imaginamos ter dialogado com jovens em um momento sem influ ncia nenhuma de seu entorno Nem tampouco consideramos que poss vel que um pesquisado apresente um discurso em estado puro sem qualquer influ ncia de outros Mas o momento em que falamos com eles era o exato instante em que foram impactados pela reportagem da TV o que nos fez receber suas percep es sem a influ ncia de seus pais amigos e outros ve culos de informa o Di rio de campo O di rio de campo em uma etnografia n o um simples apontamento das atividades de pesquisa Trata se de um importante documento gerado durante os trabalhos de camp
285. que permite que o usu rio encaminhe uma foto um link ou um texto postado por outros para sua lista de amigos No Twitter o compartilhamento feito atrav s da fun o Retwitte 56 Op o do Facebook para demonstrar que se gostou de um post O curtir tornou se capital simb lico disputado pelos usu rios desta rede social Quanto mais curtir like na vers o do software em ingl s tiver um post mais popular este se tornou e consequentemente mais valorizado ser seu autor Usamos autor aqui no sentido de um usu rio que muitas vezes apenas encaminha uma mensagem escrita ou criada por outro que pode ser um ve culo de m dia por exemplo 157 dispensando de um emprego por participar de uma manifesta o pol tica contra o governo Conforme comentamos cada gera o tem suas maneiras e suas ferramentas para propagar suas revoltas A rebeldia seja pelo motivo e modo que for um comportamento esperado dos jovens adolescentes Esta fase da vida traz entre suas principais caracter sticas a busca pelo conflito e a contesta o dos modos vigentes principalmente em rela o aos pais e outros adultos como o caso de professores Os jovens tendem a apresentar um comportamento de confronto associado a uma sensa o de ser sempre incompreendido e ter seus pontos de vista sempre ignorados pelo mundo adulto Apesar de um pensamento mais nost lgico trazer s vezes a ideia de que em outros tempos os jovens eram mais pol
286. que se d o representam mais que estrat gias para tornar mais din mico o perfil do usu rio nesta rede social S o representa es de uma presen a offline que parece s fazer sentido quando registrada online Estar em algum lugar que n o no ciberespa o da internet parece n o se tornar experi ncia poss vel e completa se n o for apresentada em uma rede social Este fen meno contempor neo nos leva a considerar como hip tese a presen a de outra modalidade de consumo quando da utiliza o do Facebook Para al m das pr ticas comunicacionais e do consumo da pr pria tecnologia que viabiliza o acesso rede social das informa es que por l circulam e dos capitais simb licos envolvidos h uma tentativa de legitimar o estar nos lugares offlines a partir de representa es online As presen as online em sites de games de not cias de esportes tamb m seguem esta mesma mec nica de registro nas redes sociais que servem para incrementar os perfis e as participa es em sites como Facebook Tumblr e Twitter Entretanto a necessidade de representar e registrar online uma presen a offline que nos leva a considerar outra varia o desta configura o de consumo das redes sociais que trabalhamos Um modo que surge a partir desta demanda por representar no exato momento que acontece onde se est fisicamente seja postando o nome do local e coment rios em palavras como tamb m enviando fotos e v deos que acab
287. r por exemplo Estes s o espa os previamente parametrizados para serem preenchidos e ocupados pelos seus usu rios Fazem parte do que chamado hoje de web 2 0 que tem seu conte do produzido pelos pr prios internautas a partir de grids pr estabelecidos Estes podem ser pensados de forma estrat gica e a partir da delimitados pelos par metros do desenvolvedor Portanto importante destacarmos que estes territ rios trazem para seus usu rios uma liberdade de produ o limitada parametriza o dimensionada a partir da tecnologia utilizada pelo desenvolvedor do site Entretanto apresentam uma nova e diferente forma de consumir os usu rios n o s consomem a informa o que recebem mas tamb m podem se dar ao trabalho de produzi la Campbell 2005a descreve um emergente tipo de consumidor contempor neo que participa deste contexto o craft consumer O autor rejeita qualquer sugest o de que este tipo de consumidor contempor neo seja simplesmente um manequim indefeso na m o de for as externas a ele Por outro lado tamb m n o o define como um estereotipado modelo p s moderno de consumo que se preocupa apenas com seu estilo de vida e com sua imagem Pelo contr rio o pressuposto de Campbell que o craft consumer consuma principalmente a partir de um desejo de se envolver em atos criativos de auto express o O craft consumer de Campbell discutido pelos estudiosos ingleses Beer e Burrows 2010 como parte ativa no p
288. ra nossas conversas visto seu interesse em participar desta pesquisa Em seu perfil no Facebook a adolescente informa a data de seu anivers rio a cidade onde reside e o col gio onde estuda Al m disso Alice apresenta a seguinte lista de prefer ncias que trazem as fan pages que a jovem participa com destaque para as p ginas de humor entre seus interesses 48 Todos os dados dos perfis do Facebook que ser o apresentados nas descri es dos jovens pesquisados s o abertos consulta dos amigos dos pesquisados Os jovens nos autorizaram consultar e publicar neste trabalho estes dados As informa es s o reproduzidas exatamente como est o nos respectivos perfis Acesso em julho de 2012 102 M sica One direction Bruno Mars Exaltasamba Geral curtindo e Michel Tel Livros Amo amar a vida Televis o Programa P nico Nickelodeon iCarly e O melhor do Brasil Jogos Uno Outros interesses Humor UP Siga em frente Facehumor Humorbook Humor no Face Perco o amigo mas n o perco a piada Tumblr Frases Victoria s Secret Taylor Lauther Guaran Antarctica As Frases Memes Fail TO RINDO MUTTO Frases Curtas Para Voce Rir O Botic rio Capricho Feminina Lounge Risadaemato TrollFace Facebook for Every Phone Face Para Rir Nike Skateboarding Brasil Melisseiras Geral Conectado Amor n o se envelhece Acontece Humor Sarela Meme Mesmo Trollando e Universo do Humor Em julho de 2012 Alice apresentava 240
289. ra em suas palavras o tempo de adapta o que os novos aparelhos levam para parecerem essenciais em nossas vidas Assim como o pr prio celular que chegamos a pensar como um equipamento dispens vel em nosso dia a dia logo depois de seu lan amento aos poucos foi se tornando acess rio praticamente obrigat rio participando de forma at intrusiva das cenas di rias em restaurantes cinemas teatros e salas de aula Este funcionamento em rela o tecnologia bem conhecido dos estrategistas de marketing que montam a es t ticas de lan amento e relan amento de produtos considerando este comportamento de moda caracter sticos destes nossos tempos Entretanto Ana D atrav s de suas pr prias palavras aponta um tema pol mico e de dif cil equacionamento a depend ncia tecnol gica Atualmente entre as nomeadas patologias p s modernas j se discute este tipo de depend ncia H um grupo ligado ao Hospital das Cl nicas de S o Paulo que especializado em depend ncia de internet Segundo o pr prio site do grupo sua miss o oferecer atendimento popula o orienta o e pesquisa de novas terap uticas que tratem de pacientes que desenvolveram alguma forma de depend ncia tecnol gica e que esteja criando preju zo na vida funcional e cotidiana do indiv duo 73 O site deste grupo oferece al m de outras op es um teste que pode ser respondido para saber se somos ou n o dependentes de internet Entre as pe
290. ra mais detalhes da not cia que o interessa Entretanto continuam valendo nossas constata es a respeito das prefer ncias dos jovens pelos meios tradicionais como fontes de informa o produzida da forma cl ssica Jimmy estudante de Bebedouro conta como soube pelo Twitter do assassinato de Osama Bin Laden enquanto narrava sua migra o do Orkut para o Facebook e tamb m contava como consome informa es nas redes sociais Jimmy Bom eu usava o Orkut SEMPRE Qualquer novidade sobre filmes m sicas eu entrava em comunidades pra saber informa es Migrei pro FB porque o Orkut ficou sem gra a Eu s entrava pra ver o anivers rio das pessoas RS Jo o Matta Por que ficou sem gra a Jimmy Sei l n o tinha o porque usar o Orlut Eu criei o Twitter e posso saber de tudo o que rola no mundo em tempo real e comentar sobre com meus amigos ou outras pessoas como por exemplo a morte do Osama no momento que anunciaram na BBC eu vi pelo Twitter e n o haviam passado no Brasil ainda Jo o Matta Entendi O Orkut ficou sem fun o com a vinda do Twitter Jimmy Pelo menos pra mim sim Jo o Matta E o Facebook substituiu o Orkut para voc ou outra coisa Jimmy Acho que sim pelo menos por enquanto Todo mundo usa o Facebook e tem as mesmas fun es do Orkut mas melhoradas Neste fragmento de fala do estudante constatamos sua clareza em rela o s fun es das diferentes redes sociais como fontes de informa o
291. ras narra como se d o processo de distin o e classifica o a partir dos objetos em sua cidade sua inquieta o diante do eventual bullying que pode sofrer ao n o gostar das mesmas coisas que imp em os influenciadores de sua escola inclusive o pr prio iPad da Apple de Steve Jobs 224 Jo o Matta voc se acha consumista Turbul ncia Infelizmente sim Jo o Matta Por que infelizmente Turbul ncia Porque voc sempre quer mais e mais Jo o Matta Como assim Quer sempre mais e mais o que Turbul ncia Voc sempre quer comprar comprar ter ter e ter Turbul ncia Tudo esta ligado a roupa a casa e o carro Sempre observo na escola a garota que anda de BMW mais popular do que a que anda de GOL Turbul ncia Porque eu vi que todos estavam comprando pra mostrar uma reputa o Jo o Matta Voc acha que seus amigos s o super consumistas ne Pelo que voc fala Turbul ncia Chega at ser exagerado Turbul ncia Mal chegou no Brasil eles j tem Jo o Matta E porque acha que o mundo est assim Turbul ncia Devido as facilidades que voc tem para pagar alguma coisa e a vontade de ter aquilo Jo o Matta Acha que est mais f cil comprar Turbul ncia Com certeza N o precisa nem sair de casa hoje em dia Turbul ncia Igual aqueles sites de compra em grupo quanta influ ncia meu deus Turbul ncia Voc acha t o baratonem pensa pra comprar s da aquele clique COMPRAR e pronto co
292. rem pressa mas o que relevante para estes argumentos que na internet o tempo para estes jovens outro ele n o contado da mesma forma que em outras atividades Muitos adultos costumam idealizar ao observar os jovens utilizando dispositivos tecnol gicos que estes fazem muita coisa ao mesmo tempo Por m ao questionarmos se fazem tudo ao mesmo tempo os pr prios jovens n o se veem fazendo muito simultaneamente j que em sua percep o todos os aparatos tecnol gicos que concomitantemente utilizam s o uma s coisa Para eles um aparelho celular um notebook e um tabletst por exemplo s o dispositivos que permitem acessar os mesmos conte dos Assim apesar de v rios aparelhos ligados simultaneamente a converg ncia de conte dos de todos os aparelhos d aos jovens a ideia de que se trata de uma s atividade e n o v rias simult neas como dizem os adultos Na verdade a compet ncia multitarefa que se idealiza no cotidiano juvenil n o foi constatada durante esta 5 Dispositivos tecnol gicos formados por um monitor sens vel ao toque touch screen Um exemplo de um tablet o conhecido iPad da Apple 139 pesquisa Estar sempre online n o significa ao jovem realizar v rias atividades ao mesmo tempo Steve Jobs apesar de vermos estar dispon vel o tempo todo para o chat do Facebook observa que acessa apenas quando n o est fazendo nada ou recebe algum chamado H uma converg ncia tecnol gica
293. remamente valorizados no contempor neo juvenil A visibilidade proporcionada pela rede e a reputa o entre os amigos ocupam destacada posi o de valor durante a adolesc ncia Ficar fora de um site como o Facebook pode significar abrir m o de tudo isso e sentir se isolado O isolamento por n o participar das redes sociais primeira vista pode parecer uma op o do jovem Entretanto atualmente h uma imposi o desigual pela participa o destes no Facebook caracterizando quase uma condi o de exist ncia Assim torna se tarefa rdua para um adolescente do mundo ocidental estar ausente das redes sociais ou decidir por n o participar dos jogos de visibilidade e sociabiliza o condicionada da forma como estas os prop em Al m disso os adolescentes contempor neos s o convocados o tempo todo pelos dispositivos midi ticos a assumirem de forma performativa 175 uma posi o bem determinada de sujeito supostamente feliz e de sucesso nos mesmos moldes que discutimos no cap tulo 2 3 2 O Facebook como dispositivo convocat rio do sujeito contempor neo Prado 2012 afirma que vivemos a era das convoca es quando os dispositivos na concep o de Foucault expandida por Agamben capturam nos o tempo todo e nos definem como sujeitos a partir do resultado da rela o que estabelecida entre n s e estes dispositivos Para Prado 2012 p 4 entre as principais pr ticas dos dispositivos est
294. reocupa es e responsabilidades suficientes ou at em excesso LASSANCE 2011 p 81 Lassance 2011 afirma a partir da an lise dos dados estat sticos da pesquisa citada que os jovens brasileiros tamb m se assemelham em todas as regi es em rela o imagem que t m sobre si mesmos Os diferentes jovens de todas as regi es brasileiros concordam que vivem uma idade caracterizada por preocupa es inseguran as e responsabilidades o que espanta para longe a idealiza o de ser um per odo de vida tranquilo e sem riscos Lassance aponta que os jovens brasileiros est o distantes entre si em termos de expectativas As semelhan as de perfil apresentadas n o significam que suas expectativas estrat gias e canais de atua o sejam os mesmos em cada regi o do Brasil Estar pr ximo diferente de ser igual Quanto mais 54 pr ximos por m mais aparecem as grandes diferen as em detalhes precisamente localizados defende Lassance 2011 p 82 Al m das diferen as brutais que existem na realidade brasileira em rela o a classe g nero ra a emprego e educa o os jovens t m expectativas muito distintas sobre se a vida vai melhorar seja em seu bairro cidade ou no mundo como um todo Estes jovens t m pouca expectativa em rela o a um quadro de mudan a da realidade da pobreza e mis ria do pa s Os adolescentes das regi es Norte e Centro Oeste do Brasil apresentam maior pessimismo em rela o situa o mun
295. rguntas do teste est o a frequ ncia de uso da rede o que deixamos de fazer para estar online entre outras quest es Este r pido teste procura medir o envolvimento social que constru mos e mantemos na internet em detrimento dos de fora Entendemos que este grupo de profissionais de sa de parte do pressuposto de que haveria uma separa o clara entre as rela es sociais estabelecidas dentro do ciberespa o e fora dele e que a depend ncia de internet 3 Dispon vel em lt http www dependenciadeinternet com br gt Acesso em junho de 2012 74 Nosso teste resultou no seguinte diagn stico voc praticamente n o usa a internet O que n o totalmente verdade j que meu computador fica conectado na internet o dia todo 192 seria diferente de qualquer outra e assim poderia ser tratada de forma espec fica Apesar de considerarmos louv vel uma iniciativa que busca tratar de indiv duos que percebam suas vidas pessoais prejudicadas por determinado fator como a internet por exemplo n o poss vel generalizarmos tal patologia da forma proposta pelo grupo Nesta pesquisa n o verificamos uma separa o entre relacionamentos e comportamentos online e offline como o grupo estabelece em seu website Com algumas exce es o que constatamos entre os jovens foi que suas rela es atrav s do Facebook s o majoritariamente estabelecidas com indiv duos de seu conv vio rotineiro ou que conheceram em algumas circuns
296. rma mais atualizada e eficaz para se obter vantagens financeiras As empresas ou organiza es industriais naquele momento investiam pesadamente em an ncios de jornal programas de r dio e organizavam concursos com distribui o promocional de pr mios Tais pr ticas com relativa sofistica o tecnol gica que as torna superficialmente diferentes s o ainda utilizadas pelo mercado para vender seus produtos aos consumidores dos mais diferentes tipos e devem sempre ser problematizadas maneira como fazem os autores Na vis o de Lazarsfeld e Merton 1971 a programa o de r dio os an ncios de jornal e a propaganda institucional das empresas da ocasi o substitu ram as intimida es e coer es de pocas anteriores Para eles os meios de comunica o assumiram a tarefa de ajuste das massas ao status quo social e econ mico Este tipo de cr tica das pr ticas voltadas massa um exemplo de den ncia de atividades que alguns estudiosos associam ao consumo de forma generalizada transferindo s suas pr prias pr ticas uma vis o previamente enviesada O texto de Lazarsfeld e Merton 1971 problematiza uma pr tica do consumo de massa que surge a partir da revolu o industrial e n o pertence necessariamente a outras pocas e situa es nem tampouco o nico olhar poss vel na dire o do consumo Alguns antrop logos solicitam uma contempla o mais ampliada do consumo n o apenas aquela que o conecta com pr ticas
297. rma tradicional de ler jornal em detrimento do novo meio a internet Em rela o ao seu consumo de m dia podemos descrever Ana D como leitora das revistas Superinteressante e Mundo Estranho espor dica leitora de jornal em papel e vida usu ria da internet acessando principalmente redes sociais portais de not cias websites das revistas que l e tamb m os relacionados aos temas de seu interesse O consumo de m dia da aluna bebedourense diz respeito a quais meios em que intensidade e tamb m em como esta estudante acessa as informa es de seu interesse Quando nos referimos ao consumo de informa o por parte de Ana D tratamos mais do tipo dos dados que propriamente onde acesso Por exemplo a jovem relatou ler a revista Superinteressante porque esta sempre traz curiosidades e novidades a respeito de algum assunto do mundo A estudante descreve se como curiosa e se diz f de tudo o que diferente do convencional Na vis o dela a revista supre esta sua curiosidade com informa es e dados a respeito dos mais diversos temas No caso da Mundo Estranho tornou se leitora por gostar de ler sobre extraterrestres e vidas em outros planetas O consumo de m dia est ligado aos meios onde acessamos a informa o que consumimos H inclusive ndices mercadol gicos que medem quantitativamente a intensidade deste consumo S o exemplos o IVC ndice Verificador de Circula o para m dia impressa e a audi ncia mais
298. ro conta que tamb m l a Superinteressante apesar de n o compr la assiduamente 113 Na p gina de seu perfil no Facebook o adolescente bebedourense cita apenas a data incompleta de seu anivers rio sem a data de seu nascimento Al m disso Musician exp e esta lista de prefer ncias fan pages M sica Replace Music Paramore McFly Fresno Nx Zero PlayTech Brasil Cameron Mitchell Beeshop James Bourne Damian McGinty Official Bruno Mars Gloria Super Rock 1 00 Scalene Esteban Tavares Panic At The Disco The Maine T paz Visconde Banda Strike e House of Bones Livros 1984 George Orwell Filmes Apenas o Fim Star Wars e Scott Pilgrim vs the World Televis o MTV Games Nave BBB Supernatural e Rol Gourmet Jogos Xbox Brasil Outros Omelete Pexera Produ es Filmes e Pizza PC Siqueira Revista NOIZE Ultimate Guitar com Humor Negro Fnac Brasil Desafio dos 100 filmes PUC Campinas VEVO O desafio dos 30 dias s ries de TV Workshop Pr ximo Clique vomit3d Tattoo Tatuagem Protocolos Marvel Homens Gourmet Guia do Estudante ProGuitarShop Collective Jenna Mourey Gabriel Simas Kaza Music Bar Tattoo Anglo Da Depress o Nerdbox Texas HoldEm Poker Frases Caio F Abreu Revista Rolling Stone Brasil UFC Ultimate Fighting Championship e Allan c Lighters Bruno Mars Cover Em julho de 2012 Musician apresentava 471 amigos no Facebook Palmeirense Simp tico e de poucas palavras
299. ro do governo norte americano por meio da Arpa Administra o dos Projetos de Pesquisa Avan ada do Departamento de Defesa dos Estados Unidos fundado em 1957 como parte da resposta do governo ao Sputinik BRIGGS E BURKE 2006 p 300 Inicialmente limitada a Arpanet precursora da internet compartilhava informa es entre universidades norte americanas e outros institutos de pesquisa Por volta de 1975 segundo Briggs e Burke 2006 havia dois mil usu rios na rede Por um lado a universidade mantinha seus olhos na rede por conta de seu acesso livre dado a professores e alunos enquanto o Pent gono a via como uma rede capaz de sobreviver a uma eventual destrui o nuclear O tipo de informa o que era compartilhada contemplava a possibilidade de destrui o ou retirada de um dos computadores ligados rede sem comprometer seu desempenho e principalmente a comunica o atrav s da Entrevista de Zygmunt Bauman para a s rie Fronteiras do Pensamento do programa Caf Filos fico da Rede Cultura de Televis o Dispon vel em lt http www youtube com watch v POZcBNo D4A gt Acesso em julho de 2012 35 troca de dados A arquitetura do sistema foi desenvolvida diferentemente da rede telef nica Qualquer computador de qualquer lugar que se ligasse a esta rede tinha acesso instant neo informa o O sistema de envio de mensagens quebrava os dados em partes codificadas que eram juntadas pelo sistema de recep o recons
300. rocesso de pesquisa Tanto foi locus principal do estudo como ve culo da comunica o com os jovens o que enriqueceu nossas reflex es sobre esta rede social Al m disso como premissa metodol gica criamos um perfil espec fico para este estudo nesta rede social Isto nos permitiu uma observa o do comportamento online dos adolescentes de forma mais atenta e n o contaminada pela eventual participa o de indiv duos fora do universo pesquisado Tamb m mantivemos uma conduta padr o no Facebook a fim de proteger a privacidade do nosso setting de pesquisa Utilizamos ainda o e mail para nos comunicar com os pesquisados mas priorizamos as formas de contato que nos possibilitasse conviv ncias ao vivo como chat e conversas via webcam Diante da diversidade de nossas preocupa es em torno do objeto que pesquisamos as refer ncias bibliogr ficas foram definidas como um roteiro a ser percorrido Este nos levou a conhecer parte do estado atual do conhecimento acerca dos temas abordados neste estudo as pr ticas comunicacionais e de consumo Um itiner rio bibliogr fico pode se servir de muitas op es de caminhos Portanto as escolhas bibliogr ficas s o tamb m um recorte feito pelo pesquisador apoiado pelo seu orientador e demais professores do programa No caso deste trabalho escolhemos pensadores de diferentes campos do conhecimento comunica o sociologia antropologia filosofia e psican lise para nos apoiar na compreens
301. rocesso de produ o e cria o das coisas que ir consumir sendo esta participa o chave no processo de consumo H O autor faz refer ncia expressa craft worker que pode ser traduzido para o portugu s como artes o 39 Paralelamente Ritzer e Jurgenson 2010 discutem o prosumer fus o entre produtor e consumidor atribu do a Alvin Toffler em sua obra A Terceira Onda Este um indiv duo que consome ao mesmo tempo em que produz De forma opcional visto que pode haver algu m que apenas se interesse por consumir as informa es na internet o consumidor pode ser um prosumer ao assumir a responsabilidade por criar e produzir as informa es que circulam pelas redes sociais e de forma geral por toda a internet As recentes mudan as sociais especialmente aquelas que envolvem a internet e especificamente a web 2 0 tem dado ao fen meno do prosumption grande centralidade Bruns 2005 por sua vez trabalha outra express o que se encaixa neste contexto colaborativo destes ambientes da web 2 0 que nos referimos o produser Esta resultado da fus o entre producer produtor e user usu rio O produser um usu rio da web 2 0 comprometido com a produ o circula o e o consumo de informa o que convoca o usu rio ao papel de produtor Desta forma o usu rio age com um h brido do bin mio produtor usu rio assim como o prosumer em ato na web 2 0 trabalha como um produtor consumidor Optamos neste trabalho
302. rrit rio que opera sob uma diferente din mica de consumo apesar de n o podermos dizer que l n o haja tamb m n tidas influ ncias de formas mais cl ssicas de se consumir Esta pesquisa debru a se sobre esta diferente din mica de produ o e consumo para entender como se d o uso do Facebook pelos jovens do interior de S o Paulo Por outro lado a escolha pelo interior de S o Paulo como regi o pesquisada explicada a partir de duas raz es principais sua relev ncia socioecon mica e por ser a regi o onde o pesquisador passou longo per odo de sua vida o que se tornou imperativo em uma etnografia conduzida a partir de longa dist ncia f sica O interior de S o Paulo segundo o IBGE 2011 a segunda regi o do pa s em import ncia econ mica al m de agregar cidades com caracter sticas sociais que justificam um estudo aprofundado As constantes transforma es da regi o que j foi palco da monocultura do caf e hoje tende a reeditar a cultura da cana de a car impactam no comportamento e nas atitudes dos jovens o que outorga a estes t picas caracter sticas que valem um foco mais preciso Em intersec o a esta primeira justificativa de nossa escolha o fato do pesquisador ter nascido e vivido grande parte de sua vida na regi o traz ganhos significativos pesquisa O m todo etnogr fico inclui o pesquisador de uma forma particular no processo de estudo Este tipo de abordagem abre espa o 51 para o env
303. rry Potter Turbul ncia Ah eu particularmente n o gosto muito Eu prefiro a moda Crep sculo Apesar que eu n o assisti os outros do Harry Potter mas esse eu gostei Jo o Matta E do que mais gostou Da hsit ria dos efeitos Turbul ncia Da hist ria que eles lutaram tanto pra conseguir uma varinha que eles podiam derrotar todos e no final ele joga fora Isso foi o que mais me chamou a aten o Jo o Matta Como assim Jo o Matta Jogou fora o que se mataram para conseguir Turbul ncia Porque geralmente na vida n s lutamos pra conseguir aquilo que queremos e quando alcan amos n o devemos joga fora ent o eu fiquei meio assim ai o amigo dele um ruivo diz agora podemos derrotar todos e ele simplesmente joga fora como se ele n o quisesse ser o mais forte de todos Jo o Matta Nossa Ou seja tem uma moral a hist ria Turbul ncia Tem com certeza Eu pelo menos entendi que a gente luta tanto por certas coisas pra querer ser o melhor na sociedade e nem assim que funciona Voc s precisa ser quem realmente voc e n o querer ser o mais forte Turbul ncia E por exemplo voc luta luta luta luta pra conseguir alguma coisa e quando voc consegue percebe que n o era t o importante como voc imaginava que seria Jo o Matta E a pergunta no final das contas o que ser melhor Jo o Matta Gostei desta sua conclus o Acha que todo mundo entende o final do filme assim Digo seus amigos
304. rsiva ao universo destes jovens como uma fase de aculturamento de campo Esta n o foi propriamente uma dificuldade diante de alguns obst culos que tivemos no in cio de trabalho de campo quando recrut vamos os pesquisados Como mencionamos a op o foi por alunos de escolas do interior de S o Paulo j que estes j se conheciam de alguma forma e tamb m para garantir pesquisados com perfis pr ximos configurando assim um grupo mais homog neo para pesquisarmos Por m recrutar jovens alunos de uma escola para participar de uma pesquisa como a que conduzimos n o foi uma tarefa r pida e simples Definimos estas cidades do interior de S o Paulo Bebedouro e Cabre va pelo tamanho m dio que ambas apresentam pelas suas caracter sticas socioecon micas que discutiremos a seguir pela sua representatividade demogr fica em rela o ao interior de S o Paulo e tamb m pela conveni ncia de termos contato em algumas escolas de ambas as cidades A colabora o de professoras conhecedoras e apreciadoras da pesquisa acad mica como encontramos em Cabre va e em Bebedouro foi fundamental no processo de recrutamento dos alunos A inten o inicial era contarmos nesta pesquisa com alunos de duas escolas p blicas e de duas particulares de cada cidade Passados alguns dias do contato via e mail com as diretoras das duas escolas de Bebedouro recebemos o retorno positivo de ambas Motivados come amos a nos preparar para o contato com
305. s Desta forma discutimos neste cap tulo a press o que Fa 4 A 1 i s h sobre os jovens por um sucesso esperado no qual as agendas lotadas j seriam parte O consumo considerado pautador destas quest es e assim por n s analisado e refletido nas p ginas a seguir 2 1 Jovens beira de um ataque de nervos a viv ncia da pressa e a sensa o de falta de tempo Um dos acontecimentos mais marcantes nesta pesquisa foi o rein cio das aulas em primeiro de agosto de 2011 uma segunda feira Foi poss vel perceber que este dia mudou de forma significativa n o s as agendas dos jovens mas tamb m seus comportamentos online Desde o in cio das atividades acad micas do segundo semestre de 2011 at as provas finais em novembro os pesquisados passaram por um per odo com caracter sticas importantes de serem discutidas Nas conversas regulares perceb amos muitas vezes que estes estavam estressados e ansiosos Pressionados por uma agenda repleta de compromissos e afazeres escolares os jovens do interior de S o Paulo vivenciavam uma cont nua pressa seguida da ang stia do muito que tinham a fazer e do pouco tempo para isto Destacamos compromisso entre aspas porque o senso comum difunde uma vis o da adolesc ncia como uma idade com poucos compromissos e responsabilidades al m dos afazeres escolares que nesta vis o s o considerados atividades mais tranquilas N o incomum ouvirmos alguns adultos
306. s disciplinas Autores da sociologia e da antropologia reivindicam lugar de destaque ao consumo como artefato hist rico MCCRACKEN 2003 p 21 posi o outrora ocupada apenas pela produ o McCracken argumenta que o consumo moderno apresenta caracter sticas resultantes de um processo de v rios s culos de mudan as sociais econ micas e culturais no ocidente Por esta raz o defende o estudioso deve se encarar a revolu o do consumo com a 14 mesma import ncia que j dada revolu o industrial relacionada diretamente a mudan as sem precedentes na produ o Grant McCraken 2003 visita o trabalho de McKendrick et al 1982 quando reconhece a grande transforma o do Ocidente a partir de duas revolu es a industrial e a do consumo Nesta mesma linha Roberta Sassatelli 2010 argumenta que durante um longo per odo a sociologia e a hist ria implicitamente seguiram uma posi o dual stica a qual deu organiza o da produ o o papel de motor da hist ria Estudos da cultura material do s culo XVII e XVII desacreditaram esta vis o produtivista na qual apresentava a sociedade do consumo como tendo emergido no in cio do s culo XX como uma imediata e mec nica rea o revolu o industrial e assim gradualmente penetrado em todas as classes sociais atrav s do consumo de produtos de massa SASSATELLI 2010 p 13 Nesta vis o o consumo deixa de ser um processo econ mico isolado q
307. s que atingem diretamente estes influenciadores de moda Algumas empresas desenvolvem programas de relacionamento com grupos espec ficos premiando com descontos e vantagens financeiras os que mais influenciarem seus amigos Al m disso os textos promocionais de marcas como a Apple por exemplo buscam persuadir seus potenciais clientes de que seus aparatos conferem a quem os compra certa distin o social maneira de Bourdieu 2008 Pierre Bourdieu 2008 preocupou se com o processo de diferencia o social atrav s dos julgamentos est ticos de valor como forma de distin o As pr ticas culturais e as classes sociais revelam para este autor uma importante correspond ncia que traz tona uma luta pela hierarquia impl cita na quest o das classes O julgamento do gosto e das prefer ncias entendido por Bourdieu 2008 como forma de expressar participa es e v nculos de indiv duos baseados em uma heran a social O autor discorre sobre o consumo das artes entre outros e sua respectiva fun o social criticando os julgamentos e as escolhas por estes serem s mbolos de poder O gosto legitimado portanto seria o pertencente a uma classe social mais alta que busca diferenciar se a partir de prefer ncias distintas das outras classes O consumo atual de tecnologia tamb m forma de reprodu o de diferen as de classifica o econ mica e cultural de uma sociedade que se mant m hierarquizada Bourdieu 2008 discorre sobre
308. s recursos adaptados agora ao contexto Em uma abordagem etnogr fica contamos sempre com o suporte dos pr prios pesquisados para inovar na forma de pesquisar e nos ajudar a flexibilizar nossas t cnicas A riqueza de um percurso etnogr fico se d tamb m no quanto as t cnicas de pesquisas v o sendo modeladas pelos pr prios pesquisados a fim de se chegar aos objetivos propostos Os recursos utilizados no percurso de pesquisa foram Observa o participante A etnografia tradicionalmente est ligada ideia da participa o do pesquisador no contexto social pesquisado Ao tratar dos estudos etnogr ficos a Antropologia defende que para entender o mundo em primeira m o devemos n s mesmos participar ao inv s de apenas observar os fen menos dist ncia Silverman 2010 argumenta que a observa o participante e a 120 abordagem etnogr fica chegam a ser confundidas diante de sua imediata associa o Entretanto o pr prio autor observa que alguns pesquisadores atuais nem sempre observam ao menos diretamente os fen menos em seus estudos ditos etnogr ficos Por esta raz o Silverman 2010 opta por se referir ao termo etnografia em um contexto mais amplo quando se quer fazer refer ncia ao tipo de abordagem como um todo Por outro lado utiliza a express o observa o participante quando trata da t cnica de pesquisa propriamente dita onde o pesquisador participa socialmente do que observa No caso desta
309. s culturais tnicas raciais locais regionais Tal processo de globaliza o converte as em dimens es que protagonizam conflitos internacionais ao mesmo tempo em que chegam a reconfigurar fortemente o sentido dos la os sociais e as conviv ncias nacionais e at mesmo locais Em rela o s tecnicidades Barbero 2006 afirma que 93 o que revolu o tecnol gica introduz em nossas sociedades n o tanto uma quantidade inusitada de novas m quinas mas sim um novo modo de rela o entre os processos simb licos que constituem o cultural e as formas de produ o e distribui o dos bens e servi os um novo modo de produzir confusamente associado a um novo modo de comunicar transforma o conhecimento numa for a produtiva direta BARBERO 2006 p 54 Barbero 2006 preocupa se com a mudan a cultural na sociedade a partir da media o tecnol gica da comunica o que passa de instrumental para estrutural Sem deixar de lado a dimens o pol tica que demanda uma vis o cr tica desta discuss o o autor argumenta que falar de tecnologia hoje n o apenas fazer refer ncia a aparelhos tecnologicamente desenvolvidos e sim de um novo modo de percep o e de linguagem al m de novas sensibilidades e formas de escrita Desta maneira a tecnologia deslocaliza saberes misturando informa o com o pr prio saber arte com ci ncia raz o com imagina o conforme argumenta Barbero Estes novos arranjos que a tecnolog
310. s de cl s de jogos em RGP enquanto outros utilizam o Facebook apenas uma hora por dia contada precisamente no rel gio Tal varia o depende do contexto familiar e da etapa de suas vidas Alguns pais s o mais participativos que outros no uso das tecnologias port teis por parte de seus filhos e em certas fam lias h um nico computador a ser compartilhado entre todos o que restringe seu uso individual Alguns dos jovens da pesquisa narraram como seus pais os procuram em busca de ajuda na utiliza o de um computador e dos sofisticados controles remotos das televis es digitais as quais oferecem uma infinidade de op es de uso para al m do simples ato de assistir televis o passivamente sobre um sof Em alguns casos os adultos da casa costumam esperar seus familiares mais 2 Baccega 2007 refere se em seu texto diretamente linguagem A partir de seu entendimento adaptamos para nossa compreens o sobre o consumo como linguagem 42 jovens chegarem quando querem fazer alguma manobra mais sofisticada na TV a cabo no aparelho de DVD ou no computador Em outros casos apesar de ser a minoria a situa o se inverte sendo ao menos um dos pais o maior conhecedor dos aparatos tecnol gicos A gera o dos pais destes adolescentes pesquisados foi apresentada ao computador internet ao telefone celular e s imagens digitais apenas mais tarde em suas vidas Tiveram que aprender rapidamente como se virar diante destes aparatos
311. s fossem absolutos e n o houvesse qualquer possibilidade de significados 57 Suas f s a reconhecem como punk 160 al m de suas fronteiras Ent o a atua o mercadol gica da m dia fecha um sistema de significa o em torno da id ia da rebeldia atrav s de seus mapas cognitivos Mapas que trabalham com alguns significantes flutuantes do cotidiano juventude divers o felicidade alegria bem estar que s o circunscritos ao discurso midi tico como uma prateleira de oportunidades para a prometida rebeldia Basta o jovem escolher o produto para estar inserido em um contexto de suposto confronto e express o de insatisfa o Tudo isso ligado de forma l dica e com a promessa de divers o Gisele de Cabre va conta que o Twitter seu espa o preferido pra descontar em algum momento de frustra o A estudante do interior de S o Paulo argumenta que assim como seus colegas usa o espa o desta rede social tamb m para demonstrar sua raiva e vis o cr tica seja com assuntos pessoais como em rela o a outros temas como a pol tica como j comentamos Jo o Matta E o Twitter Para que usa Gisele o twitter uso pra falar oq to fazendo ou citar uma parte de uma musica ou pra descontar em algum momento de frustra o HAHAHHAHAHHAHAHA estranho mas bem assim Jo o Matta Mas isto d para fazer tudo isto no Facebook n N o estranho n o assim mesmo O Twitter engra ado Parece que voc d
312. s nossos neg cios Paulinho da Viola Entre as constata es desta pesquisa destacamos uma press o sobre os jovens como um sintoma social contempor neo Os oito meses de conviv ncia com os adolescentes de Bebedouro e Cabre va nos levaram a interpretar suas pr ticas comunicacionais e de consumo Este longo processo nos permitiu entender seu consumo como uma linguagem carregada de significados para al m dos simples atos de compra de produtos e uso da internet Seu conv vio escolar e uma intensa expectativa dos pais em rela o ao sucesso no futuro de seus filhos pressionam diariamente os jovens demandando desempenhos dignos de uma competi o ol mpica onde s a medalha de ouro interessa Os pesquisados apresentaram durante os trabalhos de campo uma pressa acompanhada da alega o da falta constante de tempo o que nos inquietou Sabemos que os jovens chegam mimetizar seus pais para experimentar de forma imagin ria o universo adulto como parte de seu desenvolvimento Tamb m vivem em um contexto que funciona ao modo do neoliberalismo onde a agenda lotada tornou se quase que uma obriga o dos 2 2 atores sociais Fato que por si s j visto como indicador de sucesso neste 131 modo de vida Os adolescentes pesquisados pareciam de fato vivenciar uma pressa uma press o em seu dia a dia o que foi relevado pela ang stia da possibilidade de n o dar conta de tantos afazeres compromissos e desempenhos esperado
313. s novos ritmos de trabalho e divers o e nesse processo foram comercializados BRIGGS E BURKE 2006 p 189 Com o passar dos anos nas sociedades cada vez mais secularizadas e urbanizadas o trabalho foi reconhecido como uma necessidade social tanto no que diz respeito aos per odos de grande oferta de emprego como nos momentos em que o avan o tecnol gico diminuiu o n mero de oportunidades A automa o dos processos industriais come ou a ser poss vel com o desenvolvimento da eletr nica que alterou fortemente n o s as ofertas de trabalho restringindo as mas tamb m toda a m dia A velocidade de circula o 202 da informa o com o advento da eletr nica come ou a impactar diretamente em como esta era produzida e consumida Este impacto dura at hoje quando a alta velocidade da informa o acompanhada pelo seu alto volume de sua circula o chegando a nos sufocar Briggs e Burke 2006 discutem o papel da imprensa como institui o que registra os grandes eventos hist ricos do s culo XX principalmente os da sua segunda metade Problematizam as narrativas de grandes eventos vividos pelo homem do s culo XX que foram transformados em trag dias e mostrados pela m dia com elementos ficcionais mais caracter sticos das linguagens liter ria cinematogr fica e teatral Eventos espec ficos alguns deles dram ticos inclu ram a queda do Muro na Alemanha em 1989 e o colapso da Uni o So
314. s se tornaram um espa o de desabafo das revoltas juvenis Os adolescentes usam nas para criticar o governo seus professores e suas escolas al m destes sites serem lugares de legitima o de suas viagens dos shows a que assistem e dos bares que frequentam Quando um jovem viaja para o exterior do Brasil imediatamente posta na timeline no Facebook ou do Twitter cada momento de sua viagem Caso contr rio esta parece n o ter acontecido O mesmo acontece com shows de bandas da moda e bares mais frequentados Ent o al m de espa o de express o de rebeldia as redes sociais tamb m s o utilizadas como ratificadoras de idas juvenis a lugares desejados por amigos e colegas Entretanto a rebeldia expressa nas redes sociais e que mencionamos chama nos aten o por na maioria das vezes ecoar discursos de ve culos 5 Frase reproduzida aos milhares pelos jovens brasileiros na rede social Twitter 156 dominantes da m dia como as revistas Veja Isto e poca por exemplo Este fen meno de repeti o de discursos de ve culos l deres de mercado apresentou se mais discreto entre os pesquisados que entre outro grupo de jovens que tamb m observamos durante esta pesquisa atrav s de nosso perfil pessoal no Facebook universit rios de uma faculdade privada de S o Paulo Estes alunos compartilham links e posts destes ve culos com reportagens e opini es em sua maioria com cr ticas e den ncias que envolvem o governo federal d
315. s sociais atingir um n mero elevado de amigos postar a foto ou o coment rio com o maior n mero de curtir e ou compartilhar utilizar os aplicativos da moda ter a p gina pessoal mais personalizada postar a exata localiza o onde se est atrav s dos aparelhos celulares e zombar de amigos a partir de coment rios jocosos sobre o mundo midi tico do futebol brasileiro Estes rituais configuram as principais formas de troca de capital nas fronteiras do Facebook Um exemplo destes rituais que se tornou por algum tempo uma prefer ncia entre os usu rios do Facebook foi a postagem da localiza o em sua timeline chamada pelo algoritmo do site de status Automaticamente a partir de um localizador GPS ou manualmente um associado desta rede social pode deixar seus amigos saberem do local exato em que se encontra em um determinado momento Aeroportos cidades fora do Brasil bares e restaurantes da moda est o entre os locais preferidos para serem postados no Facebook Esta publica o do s tio onde se encontra o internauta naquele exato momento parte desta busca desenfreada pela visibilidade nas redes sociais Uma esp cie de legitima o do valor do lugar onde se est naquele momento a partir da vis o do outro O valor atribu do ao local 217 diretamente proporcional ao n mero de visualiza es da postagem do status do usu rio do Facebook Esta moda da localiza o foi discutida por Ana D durante
316. sador Al m disso nosso trabalho de campo inclui diversas t cnicas de pesquisa como requer um trabalho de cunho etnogr fico N o se limita a uma nica t cnica como a observa o ou a aplica o de uma entrevista Utilizamos entrevistas em profundidade observa o participante an lise de discurso e algumas enquetes quantitativas al m das conversas informais que mant nhamos com os adolescentes durante todo o per odo dos trabalhos de campo Miller e Slater 2000 afirmam haver vantagens claras em se optar por uma abordagem etnogr fica quando o objeto de estudo inclui a internet Para estes professores ingleses uma abordagem etnogr fica do uso da internet permite saber como as in meras novas tecnologias s o assimiladas e compreendidas por diversos atores sociais em diferentes partes do mundo 1 2 A constru o do m todo Final de uma ensolarada tarde de primavera em Londres in cio de tarde de outono na cidade de Monte Azul Paulista onde reside Bruno Levais As quatro horas de diferen a de fuso hor rio e as opostas esta es do ano marcavam a dist ncia entre o pesquisador e o primeiro pesquisado Est vamos ansiosos por este contato principalmente depois do insucesso de uma entrevista desmarcada por uma aluna da mesma escola na semana anterior Horas antes da conversa via Skype o pai desta estudante enviou um e mail contando que sua filha n o iria mais participar da pesquisa pois estava proibida de usar o computador
317. sador passa tamb m a ser objeto de sua pr pria pesquisa podendo acompanhar seu pr prio processo de escuta ver como realiza suas observa es ler o que escreve ao interagir com os meios Ao longo do processo de campo observamos que o uso de diversificados dispositivos tecnol gicos contribuiu para o processo de pesquisa ao favorecer o envolvimento do pesquisador com o meio pesquisado conforme destaca Hine 2003 As ferramentas tecnol gicas como Skype Facebook e e mail ao mesmo tempo em que mediaram e viabilizaram o contato entre o pesquisador e os participantes da pesquisa tamb m incrementaram as possibilidades de novos insights a partir da observa o posterior do material registrado Neste contexto o pesquisador tornou se ele pr prio objeto da pesquisa em quest o fen meno intr nseco a qualquer abordagem etnogr fica A leitura e a an lise do material registrado possibilitaram ao pesquisador refletir sobre seu pr prio processo de escuta redimensionando o processo de an lise das observa es e certamente influenciando seu contato subsequente com os pesquisados Barbero 2006 preocupa se em discutir o quanto a revolu o das tecnicidades ao lado da revitaliza o das identidades transformam enquanto processos o lugar da cultura em nossa sociedade Para este estudioso tanto a globaliza o econ mica como a informacional tornaram se neste in cio de s culo revitalizadoras das quest es em torno das identidade
318. sas sintoma desta urg ncia em gozar que impera no modo de vida atual Entretanto como a felicidade n o um produto que se tenha posse e nem tampouco algo que nos garanta nada os jovens sentem se desconfort veis por n o serem felizes o tempo todo Com seus pr prios modos de falar e ser os pesquisados expressam este desconforto este mal estar Gisele e Jimmy exp em seus pontos de vista contr rios ao exagero da exposi o espetaculosa da vida privada dos usu rios do Facebook Ana D e Turbul ncia questionam o consumo grupal de vestu rio e produtos tecnol gicos de seus colegas Ao lado deste desconforto pela incapacidade de atingir plena e constantemente a felicidade a qualquer custo os adolescentes s o convocados como sujeitos de consumo das redes sociais onde s o submetidos s obrigatoriedades que tal papel exige Ficar de fora n o op o Quando participantes submetem se s condi es normativas da participa o em rede e 231 l consomem atrelados s tr s dimens es que apresentamos tecnologia informa o e visibilidade Os aparatos tecnol gicos s o vendidos n o s para dar acesso s redes mas tamb m para trazer distin o social como discutido por Bourdieu Entretanto o consumo de tecnologia n o se limita aos aparelhos Os websites desenvolvidos por linguagens espec ficas de programa o apresentam algoritmos que tentam ordenar o comportamento online dos frequentadores da internet O mundo
319. sconectando amigos nas redes sociais A internet por sua vez parte de uma revolu o tecnol gica que segundo Castells 2005 disponibiliza uma gera o de conhecimentos e de dispositivos de comunica o com a possibilidade de inova o atrav s da realimenta o cumulativa em que os usu rios podem tornar se produtores da tecnologia e art fices de toda a rede CASTELLS 2005 p 28 Uma revolu o que implica n o s em novos aparatos t cnicos mas tamb m em suas aplica es sociais O impacto desta mudan a n o estaria s no desenvolvimento material das m quinas mas no fato de indiv duos poderem se apropriar das tecnologias e a partir da redefinirem nas num processo social de inova o a partir da experi ncia de uso Esses indiv duos podem atuar como co criadores e n o apenas como usu rios passivos Essa revolu o tecnol gica a que se refere Manuel Castells a da informa o Entendemos uma revolu o deste tipo 38 maneira de Thomas Kuhn 2006 trata se de algo que muda um paradigma e assim certas formas de se ver o mundo Estas inova es a partir da experi ncia de uso a que se remete Castells 2005 n o est o apenas relacionadas aos aparatos eletr nicos e nem tampouco s aos sistemas desenvolvidos para os computadores Tamb m se referem s apropria es que os usu rios da internet realizam nos websites das redes sociais como o caso do Facebook do Twitter e do Tumbl
320. scritores pol ticos e atores de TV h muito falam para uma plateia imagin ria para quem eles pensam que os est o assistindo e para quem desejam que os assistam Estas pessoas aprendem a controlar suas pr prias apresenta es antes das audi ncias imagin rias como parte de suas profiss es mas estes atos s o sempre localizados em contextos p blicos Para os adolescentes que realizam suas negocia es p blicas em rede navegar por audi ncias imagin rias parte da vida cotidiana Ao contr rio dos profissionais que buscam atender o p blico em geral os adolescentes n o s o focados em atuar amplamente Embora seu p blico potencial seja global o seu p blico imagin rio local consistindo principalmente de pessoas que conhecem No entanto os adolescentes tamb m enfrentam muitas das mesmas complexidades que os discursadores p blicos enfrentam na elabora o de suas apresenta es pessoais em parte por causa da visibilidade potencial de sua fala BOYD 2008 p 145 Nestas linhas a autora ratifica uma constata o importante desta pesquisa que envolve o dia a dia dos jovens no Facebook Suas vidas online s o 68 Tradu o livre do autor 181 pautadas pelo outro pela forma como este pode v los entend los julg los O perfil de um usu rio no Facebook n o apenas um cadastro a ser preenchido para se garantir a participa o nesta rede social propriamente uma fala um discurso sobre si mesmo consi
321. se de produtos de consumo mistura se com felicidade prometida por estas mesmas mercadorias discursos A chegamos a outro ponto abordado pelos debates nesta tese O consumo foi aqui discutido como uma linguagem um c digo social atrav s do qual se constr i negocia se e se articula sentidos Assim pode ser fonte para a compreens o de formas de ser e estar no mundo para determinados grupos de indiv duos neste caso os jovens Propusemos uma discuss o do consumo das redes sociais pelos jovens do interior de S o Paulo os quais se apresentaram pressionados e angustiados diante de um cotidiano de agendas repletas de compromissos maneira da figura estereotipada de um executivo de uma grande empresa que se orgulha de seu dia repleto de atividades O terceiro ponto em debate neste estudo a adolesc ncia atribulada em que vivem os jovens do interior paulista Seu dia a dia estudantil somado a outros compromissos e ao h bito de estar online o tempo todo tornam o mundo da vida adolescente em Bebedouro e Cabre va uma arena de disputa por um incerto futuro garantido Dentro deste paradoxo os adolescentes est o em busca de garantias de sucesso em suas carreiras futuras e nas posi es sociais que est o em jogo Assim acabam por ocupar pap is sociais que mais os aproximam a produtos do que propriamente a sujeitos que decidem seus pr prios caminhos Note se que a quest o do tempo central nestes debates Entre os termos que mais o
322. se o nome de algoritmo Desta forma podemos dizer que h um trabalho de curadoria automatizada de informa o que realizado pelo algoritmo do Facebook Com efeito mais comum nos depararmos com a express o curadoria aplicada a quest es que envolvem a a o humana e n o propriamente de uma m quina Saad e Bertocchi 2012 argumentam que as representa es de curadoria vigentes vinculam se a o humana e ampliadas para qualquer contexto social referem se sobremaneira s atividades de sele o organiza o e apresenta o de algo a partir de algum crit rio inerente ao indiv duo curador Mais adiante nessa evolu o conceitual vemos o termo vinculado atividade de media o qual seja de um especialista que executa conex es entre grupos p blicos pessoas com propostas objetos exposi es ordenados a partir de modelos de ordem definidos pelo mediador aqui curador SAAD E BERTOCCHI 2012 p 4 Todavia na medida em que ocorre a expans o da sociedade digitalizada o termo curadoria passa a ser utilizado para uma diversidade de a es que envolvem organiza o de dados a partir de crit rios ou recortes Nesse contexto a curadoria de informa o assume uma ideia muito mais de organiza o que de inaugura o de uma nova proposta ou vis o de mundo SAAD E BERTOCCHI 2012 p 5 Assim dialogando com a ideia de algoritmo curador proposta por Saad e Bertocchi 2012 entendemos o Facebook t
323. serta o Mestrado em Comunica o e Pr ticas de 236 Consumo Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM S o Paulo 2008 CAMPBELL Collin The romantic ethic and the spirit of modern consumerism London UK Alcuin Academics 2005a The craft consumer culture craft and consumption in a postmodern society In Journal of Consumer Culture 5 1 23 42 2005b CASTELLS Manuel Gal xia da Internet Rio de Janeiro RJ Jorge Zahar 2003 A sociedade em rede S o Paulo SP Paz e Terra 2005 CASTRO Gisela Screenagers entretenimento comunica o e consumo In BARBOSA L via ORG Juventudes e gera es no Brasil contempor neo Porto Alegre RS Sulina 2012 CHARAUDEAU Patrick Discurso das m dias S o Paulo SP Contexto 2007 CHIN Elizabeth Purchasing Power black kids and American consumer culture Minneapolis USA University of Minnesota 2001 COLEMAN Simon COLLINS Peter Locating the field New York USA Berg 2006 COSTA Jurandir Freire O vest gio e a aura corpo e consumismo na mora do espet culo Rio de Janeiro RJ Garamond 2004 D BORD Guy A sociedade do espet culo coment rios sobre a sociedade do espet culo Rio de Janeiro RJ Contraponto 1997 DELEUZE Gilles Conversa es Rio de Janeiro RJ Ed 34 2002 237 DELEUZE Gilles GUATTARI F lix Mil plat s capitalismo e esquizofrenia Rio de Janeiro RJ Ed 34 1995 DENZIN Norman K LINCOL
324. sidade da participa o de cada adolescente na pesquisa nos dizem muito a respeito de sua personalidade Mesmo nos restringindo a catorze participantes ativos durante os oito meses de trabalho de campo esta pesquisa contou com um n mero maior de participantes que de alguma forma contribu ram para nossas interpreta es sobre o comportamento de consumo juvenil Podemos dizer de forma mais gen rica que os meninos apresentaram se mais t midos que as meninas Mais demorados para iniciar sua participa o na 79 pesquisa e tamb m mais econ micos no uso das palavras durante os encontros regulares As meninas conversavam por horas e horas sem deixar de ter assunto para manter os papos vivos enquanto os meninos restringiam se a um ou dois assuntos por conversa Entretanto mesmo com menos palavras desenvolvemos um pr ximo relacionamento tamb m com os meninos que apresentavam diferentes estrat gias para manter a conversa mais interessante Jimmy um exemplo disto Jimmy Sim S pra descontrair http fwww youtube com watch v ctju7cJS40 amp feature feedlik Jo o Matta Que som este Jimmy Hangar Rock O baterista da banda do meu professor e conhecido nosso Ele era o baterista do Angra Jo o Matta Caramba Que legal De onde Conheceu no cl Jimmy Nada num show em S o Paulo meu professor amig o dele Conheci ele l Eles tocam junto em Bebedouro e tal 5 Ao perceber que o ba
325. sim o dia a dia destes jovens de doze a dezessete anos torna se terreno f rtil para conduzirmos nosso estudo j que s o vidos consumidores nas duas din micas comutam regularmente entre estas duas formas de consumir dentro e fora das redes sociais Os adolescentes atuais diferentemente de suas gera es anteriores nasceram e cresceram em uma paisagem social dominada pela tecnologia o que os torna diferenciados para estudos como este em rela o s gera es anteriores Computadores MP3 players celulares cinemas 3D por exemplo s o acess rios frequentes em seu cotidiano Para eles desenvolver 2 uma conviv ncia online nas redes sociais atividade obrigat ria um 52 imperativo social Estar fora deste mundo coloca eventualmente em risco sua pr pria exist ncia social Diante disto definimos o p blico desta pesquisa como sendo formado por jovens interioranos com idades entre doze e dezessete anos Escolhemos estas idades por estes adolescentes estarem em sua maioria frequentando o mesmo per odo escolar o ensino m dio Acima de dezoito anos muitos indiv duos ingressam em uma vida universit ria que traz outras quest es e viv ncias n o deixando de ser consumidores online das redes sociais alguns chegam at a intensificar sua vida na internet Mas ao longo do tempo distanciam se demais das outras idades o que os torna outro p blico de pesquisa com outras quest es e poss veis abordagens Abaixo d
326. sitivos nada mais fazem do que trazer o mesmo conte do e assim compor a converg ncia Tudo isso sempre com muita pressa 2 2 O sucesso medido atrav s de bens tecnol gicos e idas ao exterior Outro ponto em comum entre os jovens que observamos nesta pesquisa foi a expectativa de sucesso que depositada sobre eles tanto por pais e familiares como por outros indiv duos de seu conv vio Neste caso sucesso significa uma carreira com bons resultados financeiros e proje o social conforme comentamos No interior de S o Paulo h alguns anos para seus habitantes parecia haver apenas tr s op es de carreira consideradas como de sucesso medicina engenharia e direito Qualquer uma delas formaria um doutor ou uma doutora o que no entendimento de muitos indiv duos daquela regi o garantiria aos jovens um elevado status social e um garantido retorno financeiro de longo prazo Ter um filho doutor era um dos objetivos principais dos pais da poca O tempo se passou e a associa o ao sucesso com a carreira promissora foi expandida para outras profiss es mas o sonho de ter um filho formado em um curso de gradua o que lhe garanta destaque social e retorno financeiro permanece Atualmente os jovens do interior paulista podem escolher em um leque um pouco maior de op es mas a forte liga o entre carreira e sucesso est cada vez mais forte A ideia da obrigatoriedade do curso de gradua o naturalizada a t
327. sobre o estudo e eventuais d vidas que tenham surgido Antecipadamente agrade o pela oportunidade deste contato e aguardo seu retorno Atenciosamente Jo o Osvaldo Schiavon Matta Cel Londres 00 21 44 7424008292 Skype joaomattal 250 AP NDICE C TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Mini processos de visibilidade na internet o consumo de revistas no Facebook Esta pesquisa estuda a utiliza o das redes sociais da internet em rela o s revistas brasileiras por parte de jovens e adultos Seu objetivo principal entender de forma comparada s revistas peri dicas o uso que este p blico faz de redes sociais como Facebook e Orkut Pretende se compreender quais as motiva es para se manter um perfil nestes sites e tamb m para expor hist rias mensagens e fotos pessoais public veis aos outros usu rios N o objetivo desta pesquisa julgar a utiliza o das redes sociais por parte dos pesquisados assim como avaliar se os comportamentos observados s o apropriados ou n o O papel do pesquisador ser observar e colher dados para analisar e posteriormente refletir de forma gen rica e n o individual sobre o comportamento deste grupo de indiv duos nas redes sociais Participar o desta pesquisa estudantes de 14 a 17 anos da cidade de Bebedouro SP e seus respectivos pais Este p blico ser convidado a participar pelo interesse deste estudo em seu comportamento online tanto em rela o s redes soc
328. sso o contato com colegas e amigos se d hoje maci amente pela internet Restringir o acesso dos jovens deste acesso nos dias atuais uma atitude que precisa ser bem equacionada e embasada por uma institui o de ensino como o caso da escola p blica da cidade de Bebedouro Livingstone 1999 mostra que a internet traz riscos eminentes s crian as e aos jovens Pedofilia acesso pornografia e cyberbulling como j citamos est o presentes na internet Entretanto esta pesquisadora inglesa discute a import ncia do desenvolvimento de ferramentas de prote o para estes jovens assim como o envolvimento maior de seus pais no controle das pr ticas de seus filhos na internet Inclusive porque os pr prios jovens podem ser tanto v timas como autores de atos conden veis quando est o online Diferentemente de proibir o acesso dos jovens ao ciberespa o o melhor caminho inform los dos riscos envolver se na preven o dos mesmos e se inteirar de seu dia a dia online Nesta pesquisa todos os pais dos alunos pesquisados foram consultados antes de iniciarmos os contatos com seus filhos No caso de Bebedouro todos receberam via e mail uma explica o sobre a pesquisa acompanhada de um pedido de autoriza o para contato com seus filhos Em Cabre va o contato foi feito pessoalmente pela professora que nos apoiou no in cio do recrutamento Esta preocupa o em envolver os pais desde o in cio da pesquisa foi uma premissa deste tr
329. t ncias espec ficas colegas de escola familiares amigos que conheceram em viagens Talvez porque os adolescentes que pesquisamos n o se enquadrem totalmente no perfil desta suposta depend ncia da internet de acordo com os padr es do site para a patologia Mas poss vel dizer que o consumo de tecnologia destes sujeitos p s modernos pesquisados bastante intenso mas est longe de se configurar como uma patologia espec fica nos moldes propostos pelo grupo de profissionais de sa de do Hospital das Cl nicas Pedimos para que os entrevistados realizassem o teste proposto pelo website de depend ncia de internet Seis dos catorze jovens submeteram se ao teste e o resultado foi Gisele 32 pontos Avalia o voc um usu rio m dio da Internet Pode ser que s vezes voc surfe um pouco demais na Web mas voc tem controle sobre seu uso Musician 33 pontos Avalia o voc um usu rio m dio da Internet Pode ser que s vezes voc surfe um pouco demais na Web mas voc tem controle sobre seu uso Duquesa 39 pontos Avalia o voc um usu rio m dio da Internet Pode ser que s vezes voc surfe um pouco demais na Web mas voc tem controle sobre seu uso 193 Palmeirense 33 pontos Avalia o voc um usu rio m dio da Internet Pode ser que s vezes voc surfe um pouco demais na Web mas voc tem controle sobre seu uso Ana D 31 pontos Ava
330. tam como sujeitos WOODWARD 2000 p 55 O conceito de subjetividade nos leva compreens o que podemos ter de n s mesmos enquanto a identidade nos leva s posi es que assumimos e com as quais nos identificamos Um processo de produ o de identidade envolve sentimentos que podem ser abarcados se explorarmos nossa subjetividade Esta capaz de nos explicar certas raz es pelas quais n s nos vinculamos a identidades espec ficas e nos identificamos com determinados espa os H tipos de identidades que nos levam a expor nossas pr prias vidas a riscos para defend las Identidades nacionais folcl ricas e tnicas s o alguns exemplos Conflitos tnicos que aconteceram e ainda acontecem em regi es como a antiga Iugosl via onde s rvios croatas e b snios tentam reafirmar suas identidades supostamente perdidas buscando as no passado WOODWARD 2000 p 11 O estudo da luta identit ria neste fragmentado territ rio relatado pela autora como ilustra o do conceito de identidade Este 186 nos vale aqui para dar nfase ao grande investimento que somos capazes de fazer para defender nossas identidades mesmo que nesta luta construamos novas formas de nos encaixar no mundo Quando o assunto identidade muita coisa entra em jogo inclusive o sentido de nossa pr pria exist ncia Como parte deste processo de negocia o identit ria no Facebook os registros online dos acontecimentos no exato momento em
331. tanto a ideia de grandes centros deve ser aqui relativizada j que as grandes cidades do estado de S o Paulo tamb m t m como pr pria refer ncia 89 alguns centros maiores para compras e estudos o caso de Londres Esta cidade da Inglaterra ao lado de Paris na Fran a e Nova Iorque nos Estados Unidos uma refer ncia para os grandes centros como S o Paulo Ribeir o Preto e Campinas Jovens e adultos de classes m dia e alta destes locais costumam viajar para estas metr poles para compras Alguns se transferem por um per odo de tempo para estas localidades para estudar e trabalhar Fazer interc mbio para estudar ingl s tornou se desejo de consumo o qual s se intensifica ao longo do tempo Esta n o uma pr tica apenas do momento atual mas hoje este percurso ambi o obrigat ria entre os jovens das classes m dia e alta Alguns ainda no ensino m dio passam seis meses e at um ano fora do Brasil para tentar acelerar o aprendizado do idioma ingl s como forma de se diferenciar dos outros estudantes Pacotes de interc mbio s o intensamente comercializados nas grandes m dias e pequenas cidades do interior de S o Paulo Sabemos que nestes interc mbios n o s o ingl s que os jovens interioranos aprendem Voltam influenciados por uma cultura do consumo que os oferece uma falsa conex o com os grandes centros dos EUA e da Europa a partir da compra de produtos importados quando em nosso pa s Al m de ser alvo
332. tapa de campo e que pesquiso exatamente as rela es de consumo entre revistas e Facebook rede social da internet minha intera o com os 249 jovens e adultos se dar via e mail MSN Facebook e principalmente Skype onde poderemos nos falar e nos ver a partir da c mera Escrevo este e mail para solicitar a ajuda da escola na indica o de alunos que estejam dentro do perfil que pesquisarei jovens de ambos os sexos com idades entre 12 e 15 anos que utilizam a internet Meu contato ser primeiramente via telefone e mail Facebook ou Skype com os pais ou respons veis destes alunos para eu apresentar minha pesquisa esclarecer sobre o c digo de tica da pesquisa e esclarecer eventuais d vidas sobre os procedimentos e objetivos do estudo O processo envolver conversas regulares semanais quinzenais ou at mensais com os pais adultos e com os jovens alunos que se disponibilizarem a me ajudar neste trabalho O envolvimento da escola seria apenas no in cio do trabalho para viabilizar meu contato com os alunos que estiverem dentro do perfil do estudo Caso seja do interesse de voc s disponho me a mant los informados sobre o andamento da pesquisa e os principais resultados emergentes em campo Meu objetivo a partir deste email era iniciarmos um primeiro contato no qual eu poderia me apresentar e passar uma ideia geral da pesquisa Podemos conversar por telefone para que eu possa aprofundar os esclarecimentos
333. tarmos na maioria dos usu rios da internet Este tipo de constata o d sentido iniciativa do grupo de profissionais do Hospital das Cl nicas de S o Paulo que prop e uma terap utica para dependentes de internet Podemos at arriscar dizer que em alguns casos nunca antes a express o usu rio da internet fez tanto sentido quanto nos dias atuais Rolf al m de estudar em Cabre va trabalha em uma empresa de transportes Ela conta que no trabalho est online o tempo todo Via Skype conversa com clientes e via e mail trata de formalizar a comunica o com estes 195 Comenta abaixo que o dia em que internet n o funciona as coisas n o andam em seu trabalho Rolf sim mas fac l hoje em dia acesso a internet Rolf ta que a tecnologia esta pirando nossa cabe a Jo o Matta n Jo o Matta Tem gente que n o vive sem um minuto Rolf aqui onde trabalho dependemos mto do computador Rolf esses dias ficamos sem internte e sem rede o dia todo Rolf foi uma loucura Rolf tudo esta salvo ali Jo o Matta Estamos mesmo dependentes cada vez mais Jo o Matta Vejo pelos bancos Aqui consigo movimentar minha conta no Brasil tranquilamente Rolf verdade Rolf eu tamb m fa o tdo pelo net Rolf dificil eu ir ao banco Rolf se encontrava nos hor rios comerciais sempre dispon vel para conversarmos via Skype Estuda noite e passa seu dia de trabalho na frente do computador Nossas conversas er
334. te papo via chat do Facebook poderia esfriar e encaminhar se para o fim Jimmy enviou em seguida ao seu monossil bico sim em resposta a uma pergunta a respeito de astronomia um link para um v deo da rede social Youtube Tendemos a imaginar que quando monossil bicos os meninos n o querem conversa e preferem at ficar calados em seu canto sem falar nada Nem sempre isto se confirma Economia de palavras pode n o querer dizer vontade de ficar em sil ncio Em uma pesquisa como esta cabe ao pesquisador desenvolver estrat gias e formas diferentes de dar voz a estes jovens quando mais calados Muitos se expressavam melhor ao falar de m sica e games outros de futebol enquanto outros adoravam discutir tecnologia Ao falar de seus temas preferidos discorreram tamb m sobre consumo e comunica o aplicados ao seu cotidiano Este foi o caso de Jimmy quando nos enviou o link que trazia um amigo de seu professor de m sica 3 Assim como Turbul ncia Bruno Levais e os outros jovens entrevistados Jimmy ser apresentado a seguir 80 tocando bateria Neste fragmento o jovem nos contou tamb m sobre suas prefer ncias musicais suas aulas de bateria seus contatos sua admira o pelo professor deste instrumento musical Ao se referir m sica Jimmy falou de seus afetos deixou nos saber sobre suas prefer ncias sua rela o com a m sica e seus desejos de consumo Podemos dizer que houve uma necessidade de adapta o discu
335. tem de varias materias Jo o Matta S o aulas Jo o Matta COmo isso Jo o Matta r pido Rolf sim s o aulas 2x por semana Rolf ou aos sabados Rolf eles revisam tdo Rolf meio carinho Rolf mas aprende mto Rolf vou ir na escola hje Jo o Matta Legal Jo o Matta E tem de matem tica e portugu s Jo o Matta a em Cabre va mesmo Rolf aqui na cidade sim Rolf mas em outras unidades tem at de ingl s Rolf sim Rolf e tem tbm em jundiai Jo o Matta que interessante Jo o Matta depois me conta como Os jovens vivem um dia a dia de preparo para uma s rie de provas onde ter o que demonstrar bom desempenho quantitativo e n o podem falhar A expectativa de seus pais alta e eles sabem disso A competi o do vestibular ratifica o que estes jovens j observam pelo contexto atual a necessidade de ser sempre percebido como o melhor Observam um contexto de competitividade desde muito cedo Nas classes m dia e alta os pais destes jovens projetam sobre os jovens uma realidade de competi o que demonstrada desde a escolha da escola onde matricular seus filhos da marca da mamadeira que usam do mais caro autom vel que seja capaz de transportar o carrinho do beb da bab que cuidar de seus filhos tudo tendo que ser reconhecido socialmente como o melhor Enfim est em jogo a reputa o de pai e m e que melhor cuidam de seus filhos na percep o dos outros Neste caso h uma flagra
336. tencentes ao p blico pesquisado tamb m s o leitores de revistas Este fato possibilitou tra armos um comparativo entre o consumo de informa o veiculada em seu formato mais tradicional revistas impressas e um novo formato configurado pela web 2 0 representado neste trabalho pelo Facebook Inclu mos no processo de investiga o uma discuss o das tentativas promocionais nesta rede social utilizadas pelas revistas que os jovens pesquisados leem Neste ambiente observarmos que h um relevante distanciamento entre as revistas lidas e os associados do Facebook Observamos uma prec ria utiliza o desta rede social como espa o esperado para potencializar as leituras das mat rias j publicadas e gerar discuss es em torno destes t picos veiculados pelas edi es impressas Mesmo as publica es com grande circula o como a Veja por exemplo apresentam poucas iniciativas promocionais no Facebook Sem d vida n o falta por parte das revistas qualquer esfor o em planejar a es estrat gicas a fim de aumentar seu mercado consumidor Revistas s o produtos e como tais seguem a l gica do mercado na busca pelo maior lucro poss vel em suas atividades comerciais Inicialmente causou nos estranheza o fato das revistas ainda n o terem inundado o Facebook com a es promocionais em busca de novos leitores e garantir a lealdade dos atuais A presen a das revistas not ria nas redes sociais entretanto demasiadamente menos r
337. teriormente O que aqui colocamos em 0 Rede social pertencente empresa Google que j foi l der absoluta entre as redes sociais na prefer ncia do usu rio brasileiro Dispon vel em lt http www orkut com gt Acesso em junho de 2012 61 Dispon vel em lt http www twitter com gt Acesso em junho de 2012 6 amp 2 Nenhum dos jovens pesquisados apresentava a funcionalidade tecnol gica que integra Twitter e Facebook que est dispon vel na internet Com esta tudo que posta em uma rede automaticamente tamb m postado na outra 6 Dispon vel em lt http www tumblr com gt Acesso em junho de 2012 171 discuss o s o as semelhan as existentes entre estas principalmente na nitidez da presen a de algoritmos curadores nas especificidades de cada uma em condicionar o relacionamento entre seus usu rios Os relatos de que o Twitter mais prop cio para segredos o Facebook para fam lia e o Tumblr para expressar o que se gosta sobrando ao Orkut uma posi o de antigo e lento tamb m dizem respeito s priva es que os grids pr definidos de cada rede social trazem aos seus usu rios N o s o apenas estas apropria es que determinam para o que serve cada uma destas redes sociais na vida juvenil Estas mais nada condicionam o formato o conte do a intensidade e posteriormente as pr prias consequ ncias de cada informa o produzida que d o liberdade para seus usu rios definirem o que
338. ting noticias geracao z e mais conectada fuma menos e le pouco diz pesquisa gt Acesso em abril de 2012 24 Alguns pesquisadores de mercado em busca de diferenciar seus estudos de outros t m denominado os adolescentes atuais de gera o O apesar de n o haver diferen as significativas entre os resultados destes estudos mercadol gicos 66 catorze e dezenove anos gera o Z teriam sempre os mesmos desejos motiva es e comportamentos que os dos grandes centros conforme afirmam tais pesquisas de mercado H diferen as marcantes entre os adolescentes das diferentes regi es em nosso pa s conforme vimos que s o foco de investiga o nesta pesquisa Assim entendemos o interior de S o Paulo como uma regi o que hipoteticamente apresenta caracter sticas pr prias que est o relacionadas ao consumo em especial de seus adolescentes e por esta raz o merece nosso olhar e aten o mais aprofundados Com o intuito da compara o com os grandes centros propomos estudar o comportamento de consumo de tecnologia e nas redes sociais dos jovens interioranos com a inten o de elencarmos as mais contundentes diferen as entre as capitais e o interior no que diz respeito ao universo destes tipos de consumo que colocam a funcionalidade hierarquicamente dependente da felicidade como um imperativo supereg ico do contempor neo Um estudo que acompanhe a narrativa do consumo juvenil em uma regi o como o interior de S o Paulo pode n
339. tives with high experience and extensive technical competence using social network on the internet such as widespread the common sense How is the everyday practice of consumption of young people In order to answer this throughout eight months we use tools like Skype e mail and Facebook to communicate with the young participants of this study whose day to day we have participated The group was made up of students from three high schools of Sao Paulo s countryside two of them being private school and other one public their age ranged between twelve and seventeen years old who are owners of their own technical devices to access the web The theoretical framework from this research includes the Anthropology of Consumption and Material Culture studies which are able to reveal how new technologies are being assimilated into their different users Few important names of these fields of knowledge are Daniel Miller Dan Slater Roberta Sassatelli and Grant McCraken Methodologically the research drove different strategies such as interviews monitoring of participants and building a field diary Considering the three dimensions of this research consumption of technology information and symbolic capital we have seen intense consumption practices related to a routine of hectic schedules which is a source of intense stress and discontents for adolescents as seen in adulthood Key words consumption social networks adolescents Anthrop
340. to pela busca desenfreada da felicidade atrav s de produtos e servi os que nunca cumprir o tal promessa Os que n o t m meios para a compra sem ter ideia disto nem chegam a sofrer de tal insatisfa o S o conformados ao papel de expectadores di rios do deslumbrante espet culo dos que podem agir do modo pelo qual as mensagens sedutoras do mercado demandam Bauman 1998 diz que se o consumo a medida de uma vida bem sucedida da felicidade e mesmo da dec ncia humana ent o foi retirada a tampa dos desejos humanos nenhuma quantidade de aquisi es e sensa es emocionantes tem qualquer probabilidade de trazer satisfa o da maneira como o manter se ao n vel dos padr es outrora prometeu n o h padr es a cujo n vel se manter a linha de chegada avan a junto com o corredor e as metas permanecem continuamente distantes enquanto se tenta alcan las BAUMAN 1998 p 56 Esta satisfa o imposs vel de ser atingida atrav s do consumo a t nica desta terceira etapa do capitalismo caracterizada pela passagem da sociedade de produ o para a do consumo Este per odo tamb m conta com a fragmenta o da vida humana como defende Bauman Atualmente n o mais contamos com um nico projeto para toda vida como em outros tempos Vivemos uma vida fragmentada em curtos epis dios que s o pensados individualmente em fun o da constru o de identidades transit rias agora n o mais t o ligadas vida p
341. trat gico que Elizabeth fez do consumo como instrumento de governo MCCRACKEN 2003 p 51 A rainha aprendeu a utilizar a necessidade de compras regulares de diferentes produtos como um verdadeiro teatro para engrandecer o seu poder monarca Seus s ditos detentores de demasiado poder sofreram com este mecanismo e aos poucos foram empobrecendo Elizabeth n o s os instigava a gastar reativamente s suas demandas como tamb m criou um ambiente socialmente competitivo que levava a nobreza a 22 aumentar seus gastos cada vez mais Ao longo do tempo os nobres da Inglaterra daquela poca tornaram se escravos de um processo de compras competitivo e de moda em que a novidade tornou se a palavra de ordem As consequ ncias desta explos o de aquisi es extravagantes deram origem a importantes mudan as na fam lia e em sua forma de adquirir seus bens O nobre Elisabetano foi conduzido a gastos sem precedentes em sua hist ria Respondia agora a uma competi o feroz por um tipo de status que n o era mais baseado no sistema p tina Suas compras tornaram se individuais e cada vez mais as pr ticas familiares para adquirir bens neste formato anterior perdiam espa o Tais mudan as n o s afetaram a estrutura da fam lia da poca como tamb m modificaram a natureza dos bens produzidos e consequentemente comprados O que antes era valorizado por durar muito e suportar as marcas do tempo p tina come ou a ser produzido
342. triunfo no vestibular neste seu momento de vida No in cio deste fragmento de fala Rolf nos contava a respeito do porqu de sua escolha da revista Veja como fonte de leitura Segundo a estudante foi o t tulo sugerido por seus professores do ensino m dio como leitura preparat ria para os vestibulares Jo o Matta Por que escolheu a Veja Jo o Matta E n o a poca Isto ou outra Rolf porque a que conhe o Rolf mas vou procurar sobre essa poca Rolf estou estudando bastante p vestibular Jo o Matta Que legal O que vai prestar Jo o Matta Voc j me contou isto n Rolf ja Jo o Matta Eu me esqueci Desculpe Rolf engeharia civil Rolf magina Jo o Matta Eu ia arriscar mesmo Jo o Matta ehhehehhe Jo o Matta Lembro que era pr xima da minha forma o Rolf estou cada vez mais nervosa Rolf tenho medo de escolher o curso errado Rolf meus professores disseram p fazr um t cnico primeiro para ter certeza Jo o Matta Ser Jo o Matta Acho que n o Jo o Matta Manda ver Rolf vc ouviu falar no m todo kucom Jo o Matta N o Jo o Matta O que isso Rolf nossa super famoso 153 Jo o Matta vixe Rolf um metodo japones que ensinam aulas de port e matematica Jo o Matta e eu n o conhe o que vergonha hahaahah Rolf vou come ar a fazer de matematica Jo o Matta como isso Rolf eles ensinam mto bem Rolf tipo um cursinho Rolf preparatorio Rolf
343. truindo a mensagem original quando em seu destino final Criou se a partir da um sistema baseado no envio e recebimento de informa o codificada em pacotes de dados que utilizado at hoje na internet Como contam Briggs e Burke 2006 a ideia da quebra de mensagens em pacotes de informa o blocos de mensagens estava nas mentes dos pesquisadores de computa o desde meados da d cada de 1960 entre eles Donald Watt Davies do Laborat rio Nacional de F sica da Gr Bretanha que usou a express o transfer ncia de pacote Ele verificou tamb m que para colocar em rede computadores com faces diferentes e linguagens distintas era necess rio utilizar microcomputadores para agir como interfaces conhecidas nos Estados Unidos como IMPs processadores de mensagens de interface O primeiro deles chegou ao campus da Universidade da Calif rnia em Los Angeles em janeiro de 1969 quando Leonard Kleinrock o instalou e usou em seu laborat rio em dois anos a Arpanet era totalmente operacional As mensagens de e mail eram a base da comunica o e nem todas tratavam de assuntos de defesa J ent o muitas conven es da futura internet encontravam se estabelecidas Assim o sinal no endere o se tornou rotina Em 1986 foram introduzidas as novas abrevia es de com para comercial mil para militar e e para educacional BRIGGS E BURKE 2006 p 301 A amplia o do uso da rede par
344. tuados sem ao certo sabermos o porqu comum principalmente em megal poles como Londres e S o Paulo vermos indiv duos correndo de l para c nas ruas A sensa o de que todos est o atrasados com o tempo contado Inicialmente quando chegamos a Londres nos assustamos com a velocidade com que os londrinos andam pelas ruas e principalmente nas esta es de metr Mesmo acostumados com S o Paulo Londres nos marcou pela pressa de seus habitantes pelo atropelo dos mais lentos pelos mais r pidos e pela intoler ncia dos que correm em rela o aos que optam ou precisam andar em velocidade mais moderada Definitivamente uma cidade que n o d espa o para os que n o t m pressa Passados alguns meses em Londres percebemos que come amos a correr tanto quanto os londrinos O impacto inicial pela correria dos habitantes daquela cidade foi substitu do paulatinamente pela adapta o aos seus h bitos 135 de pressa Sem saber ao certo o motivo in meras vezes sa amos correndo pelos corredores das esta es de metr e pelas ruas como se estiv ssemos em uma competi o de atletismo Corre se para esperar seja o trem o elevador ou o sinal de tr nsito A pressa com ou sem motivo parece ser a regra nas grandes cidades atuais principalmente as pertencentes a pa ses ditos mais desenvolvidos Entretanto n o s nas grandes cidades a pressa facilmente observada Os jovens do interior de S o Paulo mostram se tamb
345. ublicidade dos produtos e servi os que compramos Assim o indiv duo contempor neo estaria exposto a uma configura o in dita no percurso hist rico do consumo moderno Consumir um ato que necessariamente como aponta o pr prio autor n o capaz de levar o indiv duo contempor neo sua satisfa o plena j que o ethos emocional desta configura o de consumo o da insatisfa o Segundo Costa 2004 p 138 Arendt acrescenta a esta discuss o a ideia de que a pr tica econ mica nem suficiente para explicar o consumo nem a insatisfa o a ele relacionada Em 31 rela o a esta afirmativa Costa 2004 argumenta que a restrita vis o da pr tica econ mica A n o suficiente para explicar o consumo porque o mpeto para consumir n o teria existido sem o desejo de felicidade interior n o suficiente para explicar a insatisfa o porque os indiv duos com ou sem consumo nunca poderiam se satisfazer enquanto assumissem que felicidade a soma total dos prazeres menos as dores COSTA 2004 p 138 A complexidade do consumo contempor neo requer ent o uma compreens o a partir de perspectivas mais interpretativas de suas pr ticas que as meramente economicistas Apenas entend lo como um processo de compra e venda de bens restringi lo a uma esfera econ mica e n o sociocultural onde o consumo precisa estar inserido A atual etapa do capitalismo se molda ideia da insatisfa
346. ublicidade para vender suas Barbies etnicamente corretas para uma minoria tnica brincar para aquelas meninas n o uma quest o de etnia e sim de acesso ao brinquedo que desejam uma quest o socioecon mica N o por acaso que grandes estoques das vers es da Barbie negra e de outras vers es tnicas da boneca permanecem nas lojas Ao contr rio do que se pode imaginar Chin argumenta que as crian as daquela parte da cidade aprendem cedo a respeito dos truques do mercado que tentam empurrar produtos a elas e apresentam uma vis o relativamente cr tica da publicidade de produtos infantis n o s identificando suas inten es comerciais como tamb m sabendo discriminar o que pode lhes interessar e o que n o Por outro lado o consumo para as crian as de New Hallville um importante meio atrav s do qual muitos de seus relacionamentos sociais cotidianos e familiares s o criados e mantidos CHIN 2011 p 68 Neste contexto o consumo entendido como interessante forma de se compreender os relacionamentos destas crian as com o meio em que vivem e principalmente pode nos deixar saber detalhes de suas percep es enquanto indiv duos de uma etnia que s o muitas vezes 25 Tradu o livre do autor 69 consideradas perif ricas e deixadas de lado de estudos que envolvem o consumo e suas pr ticas Como fazemos nesta pesquisa Elizabeth Chin 2001 opta por uma delimita o de seu campo de estudo de forma
347. udo requereram maior profundidade ao universo juvenil pesquisado Foi preciso conviver com os jovens de maneira a compreender seus comportamentos suas atitudes e sua forma de consumir dentro e fora das redes sociais Conduzimos ent o uma pesquisa atrav s de uma abordagem etnogr fica que envolveu um per odo de oito meses de conviv ncia online com os adolescentes do interior de S o Paulo Optamos pela etnografia por esta nos permitir m ltiplas abordagens junto ao universo pesquisado incluindo entrevistas em profundidade observa es n o participantes an lise de discurso e tamb m algumas enquetes quantitativas Al m disso a etnografia nos oferece um longo tempo de conv vio com o p blico estudado o que foi de relevante import ncia no caso desta pesquisa com os jovens O tempo nos permitiu tornar nossa rela o mais pr xima de uma conviv ncia cotidiana que um pr requisito de uma abordagem 56 etnogr fica Interessava nos pesquisar as imbrica es do consumo com os processos comunicacionais o que a etnografia nos permitiu fazer No decorrer de uma pesquisa o desenvolvimento da rela o entre pesquisador e pesquisados permite que estes tomem iniciativas em rela o ao processo Foi assim em nosso trabalho de campo onde os jovens desenvolveram o h bito de buscar o contato para narrar suas experi ncias de consumo tanto nas redes sociais como fora destes dom nios A etnografia nos permitiu participar de alguma for
348. ue surge a partir da revolu o industrial para ser compreendido como integrante da cultura com origem em diferentes momentos da hist ria mesmo que apresentado em suas formas apenas embrion rias em outros s culos Assim como McCracken Sassatelli reconhece a import ncia do trabalho de McKendrick na empreitada que busca dar o devido destaque ao consumo ao longo da hist ria moderna assim como posicion lo como o verdadeiro propulsor da revolu o industrial Nesta linha de pensamento ao inv s de seu efeito o consumo se torna uma de suas principais causas Sassatelli 2010 argumenta que atualmente o consumo a partir de seus estados mais primitivos passa a ser visto como tendo participado ativamente do desenvolvimento do pr prio capitalismo e n o como sendo criado apenas a partir de sua terceira etapa a que vivemos atualmente Esta diferente vis o sobre o consumo impulsionou o nascimento de disciplinas como a sociologia e a antropologia do consumo Ambas o estudam como ativo fen meno social participante da cultura e n o como mera consequ ncia do trin mio produ o demanda consumo que mais comum a disciplinas como economia e administra o de empresas 2 Tradu o livre do autor 15 A sociologia do consumo clama por estudos mais abrangentes sobre as pr ticas de consumo os quais deveriam dar conta de compreender algumas das tend ncias atuais que surgem em diferentes reas da vida cotidiana sem se perder nas
349. umo que trazem as gera es das letras X Y e Z Os moradores de 74 do total de domic lios que n o possuem computador alegam n o terem o equipamento devido ao seu elevado pre o Dizem n o ter como pagar por ele b Informa o Al m da necessidade da tecnologia para acessar o Facebook seus associados tamb m s o envolvidos em outro tipo de consumo o da informa o As TICs t m alterado os modos de produ o distribui o e consumo da informa o O espalhamento cada vez maior das m dias sociais e redes m veis 199 de telecomunica o criou um novo cen rio com altera es profundas na forma como consumimos dados informacionais Um novo eixo de consumo de informa o atrav s das redes sociais sobrep e o eixo cl ssico do acesso informa o via revistas jornais televis o e r dio Estes novos formatos atrav s dos quais as informa es nos chegam n o eliminaram os anteriores potencializou os Algumas vis es apocal pticas do per odo do in cio do uso comercial da internet no Brasil em 1995 apontavam para um quadro de fim dos tempos para os meios de comunica o tradicionais Entretanto estes meios se reinventam o tempo todo e buscam formas de manter seu sentido de exist ncia em um contexto editorial cada vez mais digital e influenciado pelo mercado Em rela o ao percurso hist rico dos meios de comunica o Briggs e Burke 2006 argumentam que em nenhuma das eras das ferrovias da radiod
350. undo Chin apenas uma delas identificada pelas meninas de New Hallville como sendo realmente negra As outras duas s o vistas pelas crian as como de outra etnia Entretanto apesar dos esfor os da Mattel em dizer o contr rio em sua publicidade todas as tr s bonecas n o fazem parte das prefer ncias das meninas para brincar Estas se puderem optam sempre pela a vers o original da boneca que apresenta cabelos dourados e pele clara a vers o mais cl ssica da Barbie Ao ler o livro Purchasing Power onde Chin 2001 apresenta seus estudos somos levados a pensar no momento em que a autora descreve a prefer ncia das meninas pela Barbie loira que a autora ir corroborar o senso comum de que a prefer ncia por esta vers o da boneca uma imposi o do mundo publicit rio que criou nas meninas negras de um gueto norte americano o forte desejo de serem loiras famosas e socialmente vis veis a partir de um modelo ideal de beleza Entretanto as meninas negras n o s n o se identificam com as vers es da Barbie negra por estas estarem descaracterizadas como brincam com a boneca loira transformando a no que sua imagina o permitir e n o se importando com a cor da sua pele ou de seu cabelo Segundo Chin 2001 suas informantes daquele bairro n o veem qualquer fun o nas vers es da boneca com pele negra j que brincar para elas transformar seus brinquedos no que bem quiserem no que sua imagina o permitir Assim a Barbie
351. uquesa Mais uma leitora de Capricho Entretanto esta Cabreuvense mais calada que sua colega Rosa Relativamente mais demorada para responder no chat e econ mica nas palavras Duquesa contou que passa bastante tempo nas p ginas de moda da revista Tamb m leitora de Teens que conta comprar regularmente nas bancas assim como faz com Capricho Perguntada sobre seus h bitos na internet respondeu Duquesa entro toda hora no youtube para ouvir musicas Contou ser f de Lady Gaga Rihanna e Katy Perry e relatou passar horas de seu dia assistindo os cliques destas cantoras Na p gina de seu perfil no Facebook a adolescente apresenta apenas o col gio que estuda Al m disso Duquesa exp e poucas de suas prefer ncias fan pages em seu perfil no Facebook Livros O Pequeno Pr ncipe Outros Mionzinho Teena Marcos Mion Oficial Elcio Coronato Felipe Solari Tyler James Williams Academia Podium O Botic rio Capricho Rock in Rio Happy Hospital Fashion Designer Game Diamond Dash Sens vel Feminina e Meiga Webcam Toy Lolitas Selena Gomez Complicada amp Perfeitinha Garota Tequila FEICAN Canarana MT Amor e frases Pensamentos de uma adolescente estranha Facebook for Every Phone Disneyland Apple Inc Melissa Oficial Disney Burger King Brasil letras mus br Club Social Brasil Chiclets C mico Bali Folia Oficial Lady Gaga Cita es e Pensamentos R dio Dumont FM Objetos feminino Juju Salimeni As Frases
352. utados pelo contexto deste universo juvenil que inclui a centralidade dos processos comunicacionais e de consumo e idealizado como um estilo de vida com compet ncias digitais naturalizadas desenvolvemos nossa pesquisa em torno das pr ticas midi ticas e de consumo presentes no cotidiano de jovens do interior de S o Paulo Conduzimos ao longo de oito meses uma etnografia com adolescentes de doze a dezessete anos desta regi o do estado Partimos para o campo com a hip tese de que estas idealiza es em torno dos jovens n o se comprovariam por completo em todo o universo pesquisado Assim nossas perguntas de pesquisa puderam ser definidas como os adolescentes do interior de S o Paulo correspondem ao perfil de nativos digitais com ampla viv ncia na internet e alta compet ncia t cnica no uso das redes sociais como difunde o senso comum Estes jovens vivem um intenso cotidiano de consumo Com estas quest es apresentamos a seguir nossa tese de doutorado convidando o leitor a compreender como se configura a concep o de consumo e suas implica es com os processos comunicacionais que trabalhamos nesta pesquisa SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA DO CONSUMO Atualmente o consumo se tornou tema recorrente nos escritos de in meros pensadores contempor neos Autores como Bauman 2008 Featherstone 1995 McCracken 2003 Miller 2008 Sassatelli 2010 e Slater 2002 entre outros discutem o consumo moderno a partir de diferente
353. utores da informa o que consumimos O prosumption proposto na web 2 0 reconfigura o bin mio produ o consumo de informa o na medida em que permite que o consumidor opte em ser produtor do que posteriormente pode consumir Apesar da op o de produzir muitos podem preferir continuar 203 na condi o de apenas consumidor da informa o que circula pela internet e n o ocupar o papel de produtor Entretanto apesar dos jovens do interior de S o Paulo transitarem diariamente pelas redes sociais onde ocupam papel de produtor e ou consumidor de informa o os meios tradicionais de comunica o tamb m continuam sendo consumidos de forma significativa por estes adolescentes Ana D no fragmento a seguir narra como experimentou a leitura do jornal em papel devido a um problema que teve em seu computador e como viveu a experi ncia Jo o Matta E a O que me conta de novidade Ana D Troquei jornal online por papel Jo o Matta Olha Como assim Jo o Matta Deixou de ler o que e come ou a ler o que Ana D Na verdade troquei quando d eu dou um aolhadinha online tamb m Ana D que estava sem computador essa semana Ana D A tive que me virar n haha Ana D Mas agora vai ser provis rio Vou olhar os dois Jo o Matta E como foi a experi ncia da troca Ana D Tem aquela hist ria toda de que o papel melhor que a tela de computador n Jo o Matta Que hist ria Quem conta esta hist
354. uvimos atualmente est a palavra acelera o Seja da economia do aprendizado nas escolas do tempo de acesso internet do prazo de entrega de 230 um produto ou do ritmo da vida de uma forma geral Dizemos que o tempo no presente est mais acelerado que em outras pocas A impress o que se tem de que desde a revolu o industrial o tempo cronol gico tem aumentado sua pr pria velocidade Ora o tempo por si s n o pode aumentar nem tampouco diminuir seu pr prio ritmo O p que est no acelerador o do capital eletr nico que nos carrega em alta velocidade Agendas repletas de compromissos correria do dia a dia e falta de tempo s o express es comumente ouvidas na atualidade Enquanto constru o social o tempo marca toda e qualquer ordem de uma dada sociedade Cada era assim caracterizada pelo controle do seu tempo Na sociedade de consumo atual os dispositivos midi ticos em sua dimens o biopol tica enla am as formas de vida dos jovens de agendas lotadas Sempre ocupados os adolescentes est o angustiados pela sensa o de que o tempo que disp em para realizar o que t m a fazer curto a sensa o de perda de estar sempre com o saldo no vermelho devendo No contexto atual o imperativo do gozo imposs vel de ser totalmente atingido leva os a uma configura o contempor nea de consumo que promete felicidade COSTA 2004 ideal opressivo nos tempos atuais KEHL 2009 Consumir entre outras coi
355. ve com os nobres abarcou a vida da classe de subordinados o que caracterizou uma nova s rie de desenvolvimentos na hist ria das ra zes do consumo moderno o que percebido de forma definitiva um s culo mais tarde No s culo seguinte o XVIII o mundo do consumo no formato que o conhecemos tem in cio a partir de novas oportunidades para compras de m veis cer micas pratas espelhos cutelaria jardins animais de estima o e tecidos MCCRAKEN 2003 p 36 Naquele per odo o que j sab amos acontecer nos dois s culos anteriores compras individuais ao inv s de familiares e uma escalada da obsolesc ncia para o mundo da moda intensificou se ainda mais Entretanto h outros importantes fatores no s culo XVIII respons veis por formatar o consumo moderno A inova o naquele momento se dava na expans o dos mercados no tempo e no espa o assim como a explos o das escolhas de compras A classe de subordinados que at o s culo XVI apenas observava como seus superiores cultivavam uma nova escala de ostenta es atrav s de suas compras de novos produtos pois agora podia tornar se participante deste consumo McCracken 2003 argumenta que quando tomamos a hist ria da revolu o do consumo no s culo XVIII vemos que o consumo havia se aproximado um pouco mais do centro do palco hist rico Institucionalmente ele adquiriu uma presen a mais ativa e mais formal Os mercadores eram profissionais de marketing e
356. veram atrav s de adapta es que realizaram ao longo do tempo e gra as a uma clientela fiel e tradicional da cidade que prefere realizar suas compras nos mesmos lugares que mudarem seus h bitos procurando novos estabelecimentos Tamb m s o comuns nestas cidades pizzarias sorveterias e bares que abrem e fecham de acordo com o modismo local O passar do tempo n o s trouxe relevantes mudan as aos cen rios de compras no interior de S o Paulo mas tamb m foi dando conta de mudar o acesso s escolas por parte dos jovens interioranos Houve tempos em que as escolas p blicas eram consideradas as melhores op es na maioria das cidades do interior de S o Paulo Havia uma ou outra escola particular que oferecia certa concorr ncia s do estado mas eram nas p blicas onde se concentrava a maioria dos estudantes Diferentes classes sociais misturavam se nas salas de aula dando ao professor o desafio de desenvolver o ensino para indiv duos de diferentes origens Esta mescla trazia aos jovens uma boa experi ncia ao conviverem e terem como colegas de classe indiv duos de diferentes classes sociais Entretanto a competi o pelo acesso s universidades inclusive as p blicas levava a maioria dos estudantes com maior poder aquisitivo a procurar os cursos preparat rios para o vestibular nos grandes centros do estado como S o Paulo Campinas e tamb m Ribeir o Preto Paralelamente a este processo de busca por cursos preparat rios para o
357. vi tica a Pra a da Paz Celestial a derrubada de Ceaucescu na Rom nia o Irangate a Guerra do Golfo o bombardeio da L bia pelos Estados Unidos a desintegra o da Iugosl via a B snia e o ataque da Otan S rvia e a queda de Milosevic mais tarde julgado em Haia como criminoso de guerra foram depois relatados e interpretados de maneiras diversas por historiadores a maioria deles inspirada na descri o dos eventos por parte dos jornalistas Ent o e desde ent o independentemente da tecnologia que tornou poss vel trazer as palavras e ainda mais importante as imagens para dentro de casa parecia estar amea ada a veracidade como valor necess rio por tr s do jornalismo na imprensa escrita e na televis o e n o pela primeira vez na hist ria Tanto os eventos quanto os assuntos eram por vezes secretamente transformados em trag dias com a introdu o de elementos ficcionais As linhas divis rias entre informa o entretenimento e educa o estavam por conseguinte mais emba adas que anteriormente BRIGGS E BURKE 2006 p 306 A nebulosa fronteira entre a tr ade informa o educa o e entretenimento marca o in cio do s culo XXI A m dia ou as m dias como preferem alguns autores oferece nos um processo de espetaculariza o da comunica o que sobrep e linguagens art stica publicit ria cinematogr fica jornal stica e tamb m nos proporciona oportunidades de participarmos como prod
358. vida e na imperfei o do mundo uma perfei o tempor ria e limitada exige uma ordem suprema e absoluta a menor desobedi ncia a esta estraga o jogo privando o de seu car ter pr prio e de todo e qualquer valor HUIZINGA 2007 p 11 13 A rebeldia l dica qual nos remetemos adapta se a estas caracter sticas do mundo l dico A liberdade refere se ao n o pertencimento desta forma de rebeldia ao curso da evolu o natural da mesma maneira que o jogo de Huizinga Jogamos porque h algo no jogo que nos atrai Somos seduzidos a 162 jogar a participar das atividades relacionadas a um determinado contexto l dico No caso dos jovens a participa o como membros da rebeldia nas redes sociais uma atividade aut noma participa quem seduzido a faz lo quem quer se submeter a uma satisfa o que se encerra na realiza o do pr prio jogo Este como citado pelo autor distancia se da vida real distingue se desta pela imagina o constru da a partir do pr prio ato de jogar que alimenta a ilus o de que a vida n o acaba e de que os problemas s o apenas aqueles inseridos pelo pr prio jogo Outra caracter stica que confere rebeldia dos adolescentes seu aspecto l dico sua limita o em tempo e espa o seu car ter ef mero e restrito Suas a es ocorrem sempre em um campo previamente limitado a duas formas material um website de uma rede social e suas reas a serem preenchidas pelos seus usu r
359. vis es por vezes negativas herdadas dos estudos da cultura de massa N o deixando de lado o rigor cr tico diferentes vis es poderiam nos trazer compreens es e entendimentos de alguns processos sociais emergentes que a avalia o negativa do consumo como pr tica apenas alienante n o permite Nesta dire o argumenta Featherstone 1995 a sociologia deveria procurar ir al m da avalia o negativa dos prazeres do consumo herdada da teoria da cultura de massa Dever amos nos esfor ar para explicar essas tend ncias emergentes com uma atitude sociol gica mais distanciada sem acarretar simplesmente uma celebra o populista dos prazeres de massa e da desordem cultural FEATHERSTONE 1995 p 32 No universo juvenil que estudamos uma sociologia do consumo que se preocupe de forma sistem tica com as novas pr ticas que articulam rela es sociais entre os indiv duos faz se urgente e relevante As pr ticas de consumo dos jovens brasileiros devem ser pesquisadas em sintonia com a realidade local mas de forma a contemplar din micas globais fazendo nos entender as especificidades do consumo nacional e tamb m as l gicas de abrang ncia mundial Desta forma como argumenta Rocha 2008 interessa pensar o consumo atrav s dos impactos socioculturais que se revelam nos fluxos de sentido e de sensa o articulados pela produ o e recep o de produtos midi ticos e dos significados grosso modo pol ticos da apropria o
360. zer comunica o com os pais e amigos etc 248 AP NDICE B E MAIL ENVIADO S DIRETORAS DAS ESCOLAS A C nome da diretora Dire o da nome da escola Prezada nome da diretora Sou professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM SP e doutorando do programa de Comunica o e Semi tica da PUC SP Estou em Londres na Inglaterra como pesquisador visitante da University College London onde ficarei at Dezembro de 2011 Minha tese de doutorado discute o consumo de revistas semanais brasileiras na internet Busco tra ar um comparativo entre a leitura de revistas em sua vers o impressa e na internet com o uso do Facebook por adolescentes e adultos Nos pr ximos tr s trimestres de 2011 realizarei o trabalho de campo de minha pesquisa o qual inclui um aprofundado estudo das revistas na internet e uma abordagem de car ter etnogr fico com adolescentes e adultos A abordagem etnogr fica que escolhi como m todo de minha pesquisa envolve necessariamente uma intera o com os adolescentes e adultos que participarem do estudo Desta forma meu ponto de partida deve ser uma ou duas escolas onde os alunos se conhe am h algum tempo Como sou natural de Bebedouro onde reside minha fam lia e por se tratar de um munic pio com menos de cem mil habitantes eu e meu coorientador ingl s definimos esta cidade como o local de minha pesquisa de campo Visto que estarei em Londres durante a maior parte da e

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