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SONHOS PERDIDOS: Reflexão sobre um Caso de Depressão

1. Est o a subir 29 aquela coisa O animal deve ser o mesmo pois t m o mesmo feitio IX 7 9 N o sei Parece um desenho N o vejo feitios de nada G F Art 18 X 13 10 Estes dois amarelinhos parecem N o consigo explicar Dd CF A dois passarinhos mas o resto n o sei o que 36 azul e rosa 80 ESCOLHA VIII e X Pelas cores N o sei acho bonito ESCOLHA IV e VI S o as mais feias n o sei explicar Psicograma R 12 G 6 50 1 F 10 A 7 F 75 Recusas 1 D 4 33 7 3 Ad 4 F 89 T total 3 71 Dd 2 17 t K 1 Art 1 T resp 26 CF 1 A 92 T T lat M d 6 Kan 1 Ban 4 H 0 l T A G D Dd TRE 1K 15C Tipo Ambigual FC 1K 05E RC 25 LA 0 81 ANEXO B Sess es Cl nicas com a Maria Sessao A Maria chega ao HSM hora combinada para a consulta A sua tristeza algo que se sente desde o primeiro contacto embora a tente disfar ar com um sorriso for ado Entramos no consult rio e lhe pergunto o que a traz consulta e emociona se Diz que inicialmente tinha vindo acompanhar a filha mais nova que tem tido alguns problemas escolares mas a psic loga desta aconselhou a a procurar tamb m ela apoio Desde que se separou do marido a 3 anos e meio que a sua vida tem perdido um pouco o sentido refere que a nica raz o para n o cometer nenhuma loucura s o as filhas Diz que desde que se casou o seu sonho era ter uma casa
2. Gabbard G 1998 As Bases Te ricas da Psiquiatria Din mica In Psiquiatria Psicodin mica pp 44 47 Porto Alegre Artmed Editores Greenberg J R e Mitchell S A 2003 Rela es de Objecto na Teoria Psicanal tica Lisboa Climepsi Editores Grinberg L 1978 The Razor s Edge in Depressions and Mourning The International Journal of Psycho Analysis 59 pp 245 254 Grinberg L 2000 Depress o e Culpa Lisboa Climepsi Editores Guntrip H 1984 Schizoid Phenomena Object Relation and the Self London Karnac Books Haynal A 1976 Les Sens du D sespoir Paris Presses Universitaires de France Holmes D S 2001 Psicologia dos Transtornos Mentais Porto Alegre Artes M dicas Laplanche J amp Pontalis J B 2001 Vocabul rio de Psican lise 6 edi p 576 S o Paulo Martins Fontes Matos A Coimbra 2002 O Desejo o Inconsciente e a Rela o de Objecto In O Desespero pp 76 78 Lisboa Climepsi Editores Matos A Coimbra 2002 Psican lise e psicoterapia psicanal tica Lisboa Climepsi Editores Matos A Coimbra 2007 Nota Introdut ria In A Depress o Epis dios de um percurso em busca do seu sentido pp XV XVIII Lisboa Climepsi Editores Depress o Depressividade e Depressibilidade In A Depress o Epis dios de um percurso em busca do seu sentido pp 46 49 Lisboa Climepsi Editores 75 Raz es da M
3. Para o mesmo amor n o h depress o sem culpa e sobretudo sem inferioridade 2007 p XVI porque a retirada de amor pelo objecto considerada a principal causa da depress o por si s desnarcisante da que a baixa auto estima seja o sintoma pr prio da depress o Coimbra de Matos distingue depress o propriamente dita com introjec o da malignidade e depress o limite boderline ou depress o anacl tica por perda do objecto de apoio que corresponde a um sentimento de desamparo por abandono perda do objecto e se liga essencialmente a uma ang stia de separa o Esta ltima trata se de uma depress o inscrita numa estrutura boderline e n o numa estrutura depressiva caracterizando se por uma situa o de helplessness falta de auxilio e n o de hopelessness falta de esperan a como ocorre na verdadeira depress o por abandono afectivo Esta depress o de desamparo aparece numa estrutura ps quica em que ainda n o foi organizada a constru o do bom objecto interno logo n o h mem ria de evoca o aparecendo assim uma grande depend ncia do objecto de vincula o Na depress o limite domina o desamparo e o vazio e n o o sentimento depressivo de falta de amor e nostalgia com a convers o e at hiperinvestimento da representa o do objecto perdido enquanto objecto perdido enquanto objecto de amor como na verdadeira depress o 28 2 3 Os Tipos de Depressao Coimbra de Matos 2007
4. es M mica e express o corporal express o corporal e m mica normais Contacto af vel Consci ncia sem altera es Orienta o Orientado no espa o e no tempo alo e autopsiquicamente Discurso verbal e linguagem discurso coerente e organizado sem altera es qualitativas ou quantitativas Altera es sensorio perceptivas sem altera es aus ncia de ilus es e alucina es Altera es do pensamento sem altera es da forma controlo e conte do embora em momentos de crise haja idea o suicida Altera es da viv ncia do eu sem altera es da unidade identidade e limites do Eu 4 2 Hist ria da psicopatologia actual Maria vem consulta de psiquiatria porque est deprimida Separou se h 3 anos e meio e actualmente est a passar uma fase cr tica pois sente vontade de desistir de tudo v d Anexo B Sess o D Segundo a paciente esta uma situa o que teve origem h j algum tempo e que se refor ou por altura do seu div rcio Desde ent o sente se muito desamparada e incompreendida o que intensificam os seus sentimentos e tend ncia a se auto 41 desvalorizar que consequentemente tem impacto na sua auto estima v d Anexo B Sess o A e Sess o B Desde cedo sofreu muito com o desafecto da m e que sempre a maltratou f sica e psicologicamente ainda mais por esta ser a nica fam lia que tinha O sonho e projecto de vida da Maria era precisamente ter uma vida mel
5. o depressiva 1 2 Fairbairn e a Teoria dos Maus Objectos Internalizados Embora n o fizessem parte do mesmo c rculo Klein e Fairbairn n o deixaram de se influenciar um ao outro Os conceitos de objecto interno e de posi o de Klein veio a ter um papel determinante na teoria de Fairbairn Fairbaim foi talvez dos primeiros a exprimir se com mais clareza e veem ncia contra a teoria cl ssica do instinto pondo na base da sua teoria a afirma o de que o objectivo da libido individual a procura de rela o com o outro e n o apenas a procura de gratifica o de puls es e desejos Para o autor o ser humano tem uma necessidade b sica de boas rela es de objecto e toda a psicopatologia pode ser compreendida em termos de dificuldades pronunciadas em alcan ar e manter essas rela es Quando as rela es humanas s o vividas com grande ansiedade e conflito s o realizados esfor os para negar e eliminar essa necessidade b sica As pessoas fecham se na sua concha refugiam se em tarefas de natureza impessoal suprimem as suas rela es com pessoas e dedicam se a abstrac es ideias teorias organiza es etc Ao negarem a sua necessidade fundamental adoecem Guntrip 1992 19 Para Fairbairn 1981 quanto maior o corte com as rela es humanas no mundo externo maior o peso das rela es de objecto fantasiadas do mundo interno As m s rela es externas na inf ncia conduzem ao retrai
6. o qualitativa utiliza um m todo qualitativo interpretativo e com o qual irei desenvolver um estudo intensivo da an lise de conte do dos dados recolhidos 5 2 Participantes A Maria tem 38 anos divorciada a 4 anos Tem o 4 ano do 1 ciclo de escolaridade e trabalha como auxiliar num lar de idosos Foi atrav s do est gio acad mico no Hospital de Santa Maria Consultas Externas de Psiquiatria que tive contacto com a participante e onde se seguiu o acompanhamento psicoterap utico O pedido de acompanhamento em psicoterapia surgiu por encaminhamento da psic loga da filha mais nova da participante dada a acentuada sintomatologia depressiva 5 3 Procedimentos Os dados para o estudo foram recolhidos ao longo das sess es de Psicoterapia de Apoio no Hospital de Santa Maria onde tive contacto com a participante no decorrer do meu est gio acad mico O acompanhamento teve inicio no dia 17 de Janeiro de 2008 e realizou se ao longo de um ano com sess es semanais Nas duas primeiras sess es foram primordiais para estabelecer uma rela o emp tica com a participante e das quais me auxiliei na constru o posteriormente da anamnese Na 7 e 8 sess o foram aplicados os testes projectivos Rorschach e T A T respectivamente No total ser o apresentadas em anexo 9 sess es de psicoterapia que serviram de base para a discuss o e reflex o final do estudo 35 5 4 Caracterizacao dos Instrumentos Actualment
7. bons pais Grinberg 1978 no artigo O fio da navalha na depress o e no luto considera ser a pr pria vida uma sess o de lutos onde a matura o implica a perda de determinados comportamentos atitudes e relacionamentos com objectos que embora sejam substitu dos por outros mais desenvolvidos originam processos de luto Para a resolu o do luto e consequentemente funda o da experi ncia emocional de identidade fundamental que o sujeito tenha a capacidade de se percepcionar a si pr prio atrav s de sucessivas mudan as A perda tempor ria ou permanente de um objecto invoca na pessoa o sentimento doloroso de que perdeu tamb m algo que sente 25 ser de si pr prio isto quando confrontada com a perda de um objecto a pessoa corre para o espelho para ver o que sucedeu com a pr pria imagem Freud 1917 defende que atrav s de um movimento de desloca o das recrimina es ao objecto amado para o pr prio eu que se d a perda do amor do objecto Consequentemente isto resulta numa identifica o ao outro que abandonou e conduz coexist ncia no eu do objecto que abandona e do objecto abandonado Na opini o de Grinberg 1978 um aspecto ligado com a depress o o narcisismo N o est em causa aquele narcisismo normal e til que origina um amor saud vel dirigido quer ao Eu quer ao objecto garantia de protec o ps quica e som tica onde o Eu capaz de recompensar e ser recompensado de reparar
8. O seguimento do caso realizou se no Hospital de Santa Maria no contexto do Estagio de Psicologia Clinica Mestrado Integrado A metodologia que configura o estudo de caso no m todo cl nico compreende a Entrevista Cl nica que serviria de base para a constru o da Anamnese Sess es de Psicoterapia de Apoio An lise do Rorschach e An lise do T A T Do contacto com a Maria sobressai uma depress o acentuada que se inscreve num estilo relacional onde dominam fortes sentimentos de culpa inferioridade e de abandono Que v o consequentemente reflectir se na forma como se relaciona com todas as pessoas significativas da sua vida e o modo como vivencia as vicissitudes da vida uma depress o acentuada e prolongada do tipo narc sico que possivelmente teve o seu in cio na inf ncia vindo somente a se manifestar aquando de uma perda significativa o div rcio situa o com uma elevada carga emocional e angustiante e onde ela se encontrava fr gil e vulner vel refor ando deste modo fortes sentimentos de abandono de culpa e inferioridade Uma vez que grande parte das rela es que o ser humano estabelece na inf ncia s o determinantes para o seu desenvolvimento ps quico e emocional o objectivo deste estudo entender o funcionamento inter subjectivo e relacional de uma pessoa com sintomatologia depressiva procurando encontrar uma analogia na forma como ela se relacionava com o objecto absolutamente necess rio
9. clarifica o estudo da depress o estabelecendo tr s tipos 1 Depress o reactiva se traduz pela perda do objecto amado enquadra numa estrutura de personalidade genital ou ap s edipiana Trata se de ter a capacidade de elaborar um trabalho de luto equivalente a um sinal de sa de mental A esta possibilidade de se poder deprimir o autor designa de depressibilidade 2 Depress o patol gica se instala quando as rela es objectais t m um cariz essencialmente narc sico o que torna o sujeito demasiado sens vel perda de amor e protec o do objecto interno que funciona como prolongamento do pr prio da ao perder o objecto o sujeito sente que perdeu parte de si Trata se de uma depress o pr genital 3 Depressividade ou disposi o depressiva ao longo do tempo aborrecimento desinteresse pela realidade afecto depressivo latente que resulta de um conflito entre os objectos introjectados pr genitais orais e narc sicos e o Eu ao desejar separa se individualiza se da simbiose a estes objectos no fundo autonomizar se Os objectos introjectados pressionam o Eu de forma a esgot lo num constante esfor o para n o se deprimir no sentido de n o se deixar abater Trata se de uma luta de crescimento Na fase em que o sujeito poder encarar a mudan a de objecto como algo a investir da a introjectar sem receio de perda do amor do objecto inicial sentindo este segundo como complement
10. loga Nutro por todas elas um grande sentimento de gratid o e admira o pelo carinho est mulo e ajuda que me dedicaram pedindo apenas em troca que eu fosse bem sucedida neste desafio A todas elas dedico uma palavra de sincero agradecimento Antes de mais e acima de todos agrade o aos meu pais Aires e Yolanda afinal devo lhes a minha exist ncia e a possibilidade de concretiza o deste sonho Sempre me apoiaram e incentivaram acreditaram nas minhas decis es que foram muitas e decisivas na minha vida mesmo desconfiando que o futuro que me esperava nesta rea poderia n o ser muito promissor Obrigada por acreditarem em mim e nas minhas capacidades pelo orgulho que demonstraram a cada meta atingida e pelo suporte perante aquelas que n o pareciam ating veis Por tudo isto sei que est o orgulhosos de su ni a A toda a minha fam lia A minha irm Eug nia que soube estar presente f sica e afectivamente quando era importante e por confiar em mim incondicionalmente A minha av Carmen que perdi ao longo desta caminhada e quase na recta final mas que sei que me acompanha e guia a cada passo que dou pois o importante o que as pessoas deixam em n s internamente e ela para mim e para toda a fam lia foi sempre um exemplo de dignidade coragem luta e perseveran a e l onde est sentir se orgulhosa das minhas realiza es Ao meu sobrinho Diogo que chegou minha vida quando a caminhada ainda ia a meio
11. ncia e que a acompanharam ao longo da vida A metodologia escolhida a ilustra o de um caso cl nico com enfoque especialmente voltado para certas dimens es das rela es de objecto em especial as rela es com o objecto absolutamente necess rio Para a colecta dos dados foram utilizados os seguintes instrumentos anamnese o Rorschach e o T A T assim como a observa o cl nica e as sess es cl nicas semanais durante um ano uma vez que al m da narrativa da pr pria hist ria de vida tamb m atrav s da forma como discursa determinados acontecimentos que se pode reconhecer tra os da pr pria doen a Os resultados do estudo apontam que s o as viv ncias o individuo experienciou ao longo da sua inf ncia e a forma como se relaciona com elas mesmas que est o na base da perda do prazer de funcionar e investir no mundo tendo como consequ ncia neste caso a depress o Palavras Chaves Depress o Rela o de Objecto Perda Culpa VI ABSTRACT The goal of this study is to study the relational and inter subjective of a person with depressive symptoms under the supposition that at the base of such symptoms and consequential psychopathology are the bad objectal relations established in childhood that have accompanied the subject through their life The methodology chosen is the illustration of a clinical case focused towards certain aspects of the subject s objectal relations particularly those
12. o os dez primeiros enquanto que os cart es com conflitos mais arcaicos encontram se a partir do d cimo cart o Os cart es 1 e 16 s o indispens veis tamb m o cart o 19 muito interessante e deve ser aplicado a todos os sujeitos Por outro lado alguns cart es s o passados a todos os sujeitos apesar da designa o de aplica o especificar um determinado grupo A instru o dada no in cio e n o repetida mas face a um sujeito muito inibido podem colocar se algumas quest es A t cnica de passagem muito semelhante do Rorschach e a instru o constitu da pelas seguintes palavras proferidas o mais laconicamente poss vel Imagine uma hist ria a partir de cada uma das imagens que lhe vou mostrar A ltima prancha a ser mostrada sempre a prancha 16 ou seja a prancha branca com uma instru o adicional Esta prancha n o tem imagens construa a sua propria hist ria Esta prancha tem uma import ncia enorme do ponto de vista diagn stico e progn stico Aplica o Tempos tempo de lat ncia tempo que decorre da apresenta o do cart o at ao momento em que o sujeito come a a falar tempo total por cart o tempo que decorre entre a apresenta o do cart o at ao fim do relato contado pelo sujeito A anota o do relato deve ser integral respeitando todas as suas caracter sticas as abrevia es as reconstru es e as interpreta es devem ser proscritas Com efeito o 5
13. por um lado o que levou a um processo de identifica o ao papel de v tima que manteve na vida adulta numa rela o at certo ponto patol gica com o marido e por outro lado objecto depress geno que em vez de dar amor n o o d absorve o projecta culpa e maus objectos na crian a ao mesmo tempo que a inferioriza e permite uma idealiza o e desculpabiliza o posterior derivada de indu o de culpa Portanto daqui surge automaticamente uma estrutura de personalidade depressiva com uma baixa auto estima auto indu o de culpa e assump o do papel de v tima que com todos os acontecimentos acumulados levou a uma depress o profunda patol gica caracterizada pela culpa e abatimento A pouca resist ncia frustra o evidente nos momentos de crise em que a nica solu o que a Maria encontra a morte Apesar de referir n o ser capaz um pensamento que a acompanha com alguma regularidade atingindo o seu expoente m ximo em situa es de grande ang stia e dor v d Anexo B Sess o C e D Como refere Coimbra de Matos 2007 uma das raz es masoquistas e narc sicas para a morte e de um certo modo explicativas do desejo de morrer precisamente a intoler ncia dor de perda do abandono Toda a situa o agravada pelos abusos na inf ncia por parte dos empregadores e homens do campo e pela rela o de submiss o e desamor que voltou a estabelecer com o marido que tamb m devia ter sido
14. remete para uma proximidade em termos de casal numa rela o onde est o quase exclu das as refer ncias er ticas libidinais s havendo uma refer ncia m nima de uma postura de afecto O cart o n o vivido com afecto ou estes s o expressos m nima como o conte do manifesto facilita Cart o XI Uma floresta Um homem a descansar Parece me ser a cabe a de um animal mas tamb m n o percebo qual T1 17 Tt 46 Procedimento h uma entrada directa na express o B2 A Maria introduz uma personagem que mant m no anonimato C Fos e que lhe permite encenar um cen rio imagin rio B12 o discurso est assente no fazer a descansar C Fa3 e na vivencia subjectiva e n o relacional A descri o dos v rios elementos tendem a isol los AZ A215 Problem tica o conte do deste cart o angustiante e esta ang stia n o reconhecida pela Maria o que implica uma dificuldade por parte da mesma em encontrar uma solu o para o conflito A Maria mostra a sua dificuldade em elaborar a ang stia pr genital dada a sua incapacidade em reconstruir uma paisagem relativamente organizada a partir de um material ca tico Ou seja isto p e em evid ncia a dificuldade da Maria em reconhecer os afectos negativos devido intensa luta antidepressiva na medida em 63 que esta imp e o recurso a mecanismos de defesa como o apego aos detalhe para combater a ang stia solicitada pela
15. resultante da ansiedade produzida pelo instinto de morte consiste em parte numa projec o e em parte na convers o do instinto de morte em agressividade O ego se divide e projecta a parte que cont m o instinto de morte para fora no objecto externo original o seio Assim o seio que sentido como contentor de parte do instinto de morte do beb sentido como mau e como amea ador para o ego dando origem ao sentimento de persegui o Segal 1975 Quando no auge da ambival ncia oral a crian a penetra a sua fantasia e ataca o corpo da m e e os seus conte dos este se torna em objecto de ansiedade que for a a crian a a deslocar o seu interesse do corpo da m e para o mundo sua volta Como referido por 16 Segal 1975 uma certa quantidade de ansiedade constitui instiga o necess ria para esse desenvolvimento Contudo se a ansiedade excessiva todo o processo de forma o simb lica interromper se Para Klein indicado por Segal 1975 a identifica o projectiva tem m ltiplos objectivos pode ser dirigida para o objecto ideal a fim de evitar separa o ou pode ser dirigida para o objecto mau a fim de obter controlo sobre a fonte de perigo V rias partes do eu podem ser projectadas com v rios objectivos partes m s do eu self podem ser projectadas a fim de se livrar delas bem como para atacar e destruir o objecto partes boas podem ser projectadas para evitar separa o ou para mant las a salvo d
16. tanto a filha como a pr pria Maria Conta que at no lar todos a elogiaram e disseram que estava diferente mais bonita e sentiu se muito bem Diz que sente que qualquer coisa est a mudar embora n o saiba muito bem o qu nem se pelas consultas mas sente que algo est a mudar Diz que importante sentir que algo est a mudar pois j deixara de acreditar que as coisas mudariam Falamos das mudan as que come a a sentir e como se sente em rela o a elas Diz que ja n o sente a tristeza que sentia antes que se sente mais leve e melhor com a vida mas que n o sabe quanto tempo vai durar Conta me que sempre se preocupou com o que os outros iriam dizer ou pensar mas agora j n o quer saber pois eu sei o que sou e como sou sic Fala me de alguns aspectos positivos que v nela pois ela sabe que uma pessoa sincera honesta e simp tica se bem que j foi mais simp tica inclusive algumas pessoas por vezes lhe dizem que tem um ar carrancudo Diz que sempre foi orgulhosa mas que n o sabe se positivo ou negativo e ri se Conta que quando era casada e 91 discutia com o marido n o dava o bra o a torcer facilmente e normalmente era sempre ele quem dava o primeiro passo Contudo n o rancorosa um pouco teimosa talvez mas com capacidade de assumir quando erra Continua a ser um pouco pessimista e n o gosto de mim mas isso j sabe sic A sexualidade sempre foi um assunto delicado para a Mari
17. tica esses Dos dai dass Rag age eta o 34 V Metodologia de Pesquisa 5 1 Considera es Gerais sas asagita cenacanaean ioga TARA Ta Coste haart Saaai 35 5 2 Participante Seen ar E E tla utah ihe ute a a 35 Dea SS Procedimentos eiur A E A itt hi ne alte OU ei 35 5 4 Caracteriza o dos Instrumentos 0 ccc ccc e eee e ence eee e eens eneeeenaes 36 24 BMS VISTA quan ira femea bd A a a T E 36 5 4 2 Observa o Cl nica ma paniias cenpavsads cones daniedvcstiabewsaen 38 4 4 2 1 Anamnese da Maria cceceeeeee eee eneeeeeee eee 39 5 4 3 ROS Chachi re paras aa add 42 DA STA RAS RR RR SRD RR SRP ng ee ota eee ae 44 VII VI Resultados An lise dos Resultados Grd Ss Roms RAC hi casa soe ASS rea dra Ed DA 52 6 2 TA T cen cans pes ces ae syed Gea eee oma 58 WI DISCUSS O casey oreo ey de eel ee cee ie oat meld ees eels Oa ae 67 Wl Reflex o Finalan ii ia TR E E tates ad aa 71 Refer ncias BIBHODT LICAS eos vudecs cua kenahesavenaesgaenadesubapeecaesaneeddennaeeuieen a 74 ANEXOS cca aE A beso da ee cea us a DA A o eee aba ca eee ena A 78 INDICE DE ANEXOS ANEXO A Protocolo do Rorschach 0 cece cece arara ANEXO B Sess es Cl nicas com a Maria ccccccccccccscscoccececececececececececececececececscececececccesececesess ANEXO C Carta de Consentimento Informado cccci erre rara A crian a que fui chora na estrada Deixei a ali quando vim
18. velha nunca lhe deu problemas sempre foi muito mais ajuizada calma organizada e estudiosa que a mais nova que s lhe d problemas Falamos de que apesar de terem a mesma educa o e aten o s o pessoas diferentes Que sentem pensam e agem de forma diferente Maria entende que a filha mais nova ainda uma menina que precisa de muita aten o paci ncia e carinho pois na maioria das vezes crescer al m de custar muito um processo extremamente complexo e doloroso Maria recorda que por vezes a filha lhe diz que n o quer ser grande pois os adultos s o muito complicados Contudo o que mais a preocupa o precoce desenvolvimento f sico e a ingenuidade emocional da filha A descreve como uma menina muito soci vel mas a Maria tem medo que por vezes v com pessoas que n o conhece apesar desta a alerta frequentemente para determinados perigos 85 Relata que se sente muito magoada quando algumas pessoas Ihe dizem que ela gosta mais da filha mais nova Muitas vezes quando as coisas correm mal penso que as pessoas que t m raz o e eu que sou m m e sic Falamos em como se sente em rela o as cr ticas das pessoas e o impacto que isso tem para ela Diz que ela pr pria se v de uma forma negativa e qualquer coment rio menos positivo que receba interpreta como uma critica o que faz com se deprecie ainda mais Consequentemente perdeu o interesse de conhecer e de estar com outras pessoas pois sente que n o tem
19. afectos s o pr ximos mas enquanto que o sujeito atribui o desamparo ao objecto ele pr prio se v respons vel pelo desespero A ambival ncia resulta da coexist ncia de amor e dio simultaneamente em rela o ao mesmo objecto o que consequentemente gera um forte conflito no deprimido Uma vez que o objecto se encontra internamente tanto o amor como o dio s o dirigidos ao self ou a partes do self o que gera comportamentos de auto puni o e poder conduzir tend ncia ou mesmo ao suic dio 26 Segundo Grinberg 1978 poder se equacionar a depress o como um fen meno multifacetado que o compreende as manifesta es dolorosas e complexas que s o activadas pelo significado ou pela falta de significado que o indiv duo atribui experi ncia de perda aos sucessivos lutos Todas as perdas sejam elas de um objecto externo ou interno ou de partes do eu podem suscitar um sentimento de que a realiza o do desejo de recupera o da perda imposs vel 2 2 2 A Culpa e a Inferioridade A culpa um sentimento que na maioria das vezes anda de m os dadas com a depress o Segundo Grinberg 2000 traduz se numa necessidade de castigo Freud citado por Grinberg 2000 estabelece duas origens para o sentimento de culpa o medo da autoridade e o medo do Super Eu A primeira conduz ren ncia da satisfa o pulsional que uma forma de expia o o renunciar os impulsos A segunda leva ao castigo que se p
20. complexo de dipo mas tamb m promove o seu desenvolvimento Segal 1975 medida que o beb passa por repetidas experi ncias de luto e repara o perda e recupera o o seu ego se torna enriquecido pelos objectos que ele teve de recriar dentro 18 de si mesmo e que se tornam parte dele A confian a na sua capacidade de reter ou recuperar objectos bons aumenta bem como a cren a no seu pr prio amor e potencialidade Segal 1975 Para Segal 1975 quando na posi o depressiva n o foi suficiente e firmemente estabelecida a cren a no amor e na criatividade do ego bem como a capacidade de recuperar objectos interna e externamente o desenvolvimento muito menos favor vel O ego espreitado por constante ansiedade de perda total das suas situa es internas boas empobrecido e enfraquecido a sua rela o com a realidade pode ser t nue e h um terror perp tuo e algumas vezes uma verdadeira amea a de regress o psicose A posi o depressiva nunca plenamente elaborada uma vez que existem sempre as ansiedades relativas a ambival ncia e a culpa bem como as situa es de perda que reavivam experi ncias depressivas Os objectos externos bons na vida adulta sempre simbolizam e cont m aspectos do objecto bom prim rio interno e externo de modo que qualquer perda na vida posterior reaviva a ansiedade de perder o objecto interno bom e com essa ansiedade todas as ansiedades experimentadas originalmente na posi
21. de demonstrar pouco carinho e afectividade De uma aldeia trasmontana analfabeta e com poucos recursos vivia do trabalho no campo Tratava a muito mal desprezava e inferiorizava a chegando muitas vezes a ofend la chamando lhe nomes grosseiros e muito ofensivos o que a Maria justifica com os poucos estudos que esta possu a Maria lembra se de ser uma crian a alegre e muito apegada m e quando tinha 3 4 anos depois foi sempre um pouco maria rapaz Subia aos muros e rvores mas sempre se sentiu muito rejeitada e posta de parte pelas pessoas por n o ter pai e pelos modos rudes da m e que algumas vezes bebia e provocavam na Maria sentimentos de vergonhada Sempre que era gozada na escola ia contar m e e esta ao inv s de a defender como faziam a m e das outras crian as dizia lhe que ela tinha m os portanto poderia muito bem se defender As viagens que fazia com a banda para apresenta es noutras aldeias s o das recorda es mais felizes que tem da sua inf ncia Gostava muito de m sica e decidiu entrar para a banda da aldeia Maria gostava muito da escola mas devido aos poucos recursos aos 11 anos a m e enviou a para o Porto para trabalhar numa casa de fam lia mas sempre que as coisas corriam mal ela voltava para casa e trabalhava no campo com a m e Recorda que eram das poucas vezes em que sentia que a m e se preocupava com ela pois sempre que ela 83 ia para uma familia a mae pedia que nao lhe batessem q
22. depress o fosse caracterizada exclusivamente por um abaixamento do humor com manifesta es de tristeza choro abatimento desinteresse etc A viv ncia da depress o engloba um leque de sintomas caracter sticos sendo o principal o humor deprimido entendido como uma emo o que se prolonga no tempo com colora o depressiva traduzida quer no comportamento quer na cogni o DSM IV 1996 A tristeza a falta de esperan a o desinteresse e o isolamento s o alguns dos estados facilmente identific veis Associados a este sentimento poder o aparecer alguns sintomas ao n vel do apetite do sono da psicomotricidade e do pensamento A culpa a diminui o de auto estima e as ideias de morte d o nos conta do principal risco de depress o o suic dio Segundo Rodrigues e Gon alves 1997 o DSM IV um manual de diagn stico que possui um conjunto de crit rios objectivos e rigorosos por vezes qualificados para o diagn stico das v rias perturba es assente num sistema multiaxial de cinco eixos com o objectivo de evitar que o acto de diagn stico seja uma mera colagem de etiquetas mas avalie o doente em todos os aspectos p 56 L se na introdu o do DSM TV que esta tem como prioridade fornecer um guia que seja til na pr tica cl nica e que se baseia na evid ncia emp rica 4 ed 1996 pp XV XVD Em rela o s quest es do normal e do patol gico o termo perturba
23. e uma fam lia Nasceu numa aldeia transmontana vindo viver para Lisboa com o ex marido a procura de uma vida melhor contudo hoje pensa se n o ter sido esse o maior erro Claro que a sua vida melhorou muito mas s a n vel monet rio Conta que no in cio foi muito dif cil tendo procurado na altura do div rcio um m dico pois se sentia muito em baixo Durante algum tempo tomou anti depressivos mas assim que se sentiu melhor deixou de os tomar As coisas n o melhoraram e cada dia sente se mais em baixo com vontade de desistir de tudo Parece que tudo corre mal a minha filha mais nova tem vindo a ter alguns problemas na escola e por v rias vezes a Maria chamada escola Diz que at conflitos com as colegas de trabalho tem tido chegando a agredir uma delas algo que n o a caracteriza pois descreve se como uma pessoa muito calma Maria trabalha como auxiliar num lar de idosos e descreve o seu trabalho como muito desgastante mas que a satisfaz muito pois gosta de cuidar de pessoas e muitas vezes faz o que nem os familiares seriam capazes de fazer e f lo faz com prazer Pe o a Maria para fazermos uma viagem no tempo e que me conte um pouco da sua hist ria O seu semblante muda e emociona se Maria a irm mais nova de uma fretaria de 3 Nasceu de uma segunda rela o da m e embora nunca tenha conhecido o pai Refere se a sua m e como uma pessoa nada afectuosa e carinhosa de dif cil trato Conta que teve uma inf
24. ela do desistir de tudo e diz o fim de tudo o fim de todo o sofrimento sic Admite que n o solu o para nada e conclui dizendo que n o tem coragem de o fazer embora pense por vezes nisso Para a Maria o recurso a medica o uma possibilidade que n o p e de parte contudo diz que por agora n o acha que seja necess rio pois tem a certeza que n o far nada Falamos mais um pouco sobre a import ncia de falar com algu m antes de fazer alguma coisa comigo inclusivemente Maria expressa que tem pensando na m e e que n o guarda nenhuma magoa nem rancor mas fica um pouco chateada quando percebe que herdou da m e o pior o seu corpo e um pouco a sua impaci ncia Diz que n o lhe guarda rancor pois ela pr pria se tivesse um filho agora n o teria muita paci ncia que quando se chateia com as filhas exalta se e acaba por perder um pouco a raz o algumas vezes chega a bater lhes precisamente aquilo que ela mais detesta e jurou n o fazer Conta me que quando se separou do marido tinha esperan a que ele se arrependesse e voltasse para casa mas com o passar do tempo se sente cada vez mais cansada e sozinha Tudo come a a desmoronar se sic e come a a chorar Sente se incomodada quando o marido ainda hoje a critique e lhe diga que n o d aten o suficiente s filhas pois s quer trabalhar Diz que ele sempre foi um pai ausente e era sempre ela quem dava aten o e carinho s filhas agora qu
25. erotizada pressupondo simultaneamente movimentos de tens o na medida em que uma rela o de casal n o uma rela o em espelho a imagem suficientemente amb gua para permitir a projec o da representa o de casal do sujeito Pode aparecer uma terceira personagem que quando investida pode acentuar o impacto edipiano da fantasm tica Deve ter se em conta a forma como o sujeito contem e considera uma rela o de casal 47 com essa tens o os mecanismos evocados permitem nos perceber se o casal ou n o represent vel na tens o e na proximidade Cart o V remete para a cena primitiva joga se o movimento de autonomiza o e curiosidade da crian a que leva ao reconhecimento do terceiro elemento a tridimensionalidade da vida mental abre espa o para o conflito edipiano e de um outro tipo de rela o do qual ela est exclu da este movimento inaugura a entrada no dipo acompanhada pelo reconhecimento das diferen as de sexos e de gera es Remete tamb m para a imago materna e para a modalidade de rela o que o sujeito mant m com esta imago pode ser a inst ncia supereg ica podem aparecer fantasmas incestuosos pode assumir a forma de um objecto persecut rio etc Deve ter se em conta o confronto do sujeito com o que est al m isto a exist ncia ou n o da possibilidade de recorrer a fantasias ligadas agressividade intrusividade ou condena o supereg ica a narrativa organiza se em t
26. gradualmente na morte de todo o indiv duo e que no suicida contrariamente agiria de um modo abrupto conduzindo o morte repentina Furst e Ostor 1979 segundo Sampaio 1985 real am seis mecanismos ps quicos que podem conduzir ao suic dio situa es de sofrimento intenso onde o individuo se esfor a para se libertar daquilo que pensa estar na origem da sua dor a dor interna que por ser intoler vel pode conduzir a uma tentativa de eliminar o sitio da dor o surgimento da auto destrui o como forma extrema de pressionar aquele que se ama de modo a obter a resposta desejada suic dio como vingan a face ao objecto de amor n o gratificante o suic dio relacionado com o masoquismo prim rio fruto da fus o imperfeita do instinto de morte com a libido e finalmente o suic dio pode ser relacionado com o desejo de auto destrui o que denuncia a emerg ncia de um forte instinto de morte Para a Psican lise o suic dio est relacionado ao desejo do indiv duo ang stia e a factores ps quicos associados Freud em sua obra Luto e Melancolia 1917 1969 afirmou que um indiv duo s seria capaz de atentar contra a pr pria vida caso renunciasse auto preserva o e que o narcisismo deveria ser considerado como um dos factores desencadeantes de tal acto No mesmo estudo o autor concebeu a exist ncia de apenas dois instintos b sicos Eros instinto de vida do amor e Tanatos instinto de morte destrutivo A finalida
27. interesse nenhum e duvido que algu m me queira sic Concorda que sair um pouco lhe faria bem conhecer novas pessoas distrair se mas sempre que as colegas a convidam ela diz que n o pode ou que n o tem vontade Ainda mais a Maria n o se imagina com mais ningu m embora compreenda que sair com outras pessoas n o implica necessariamente um envolvimento amoroso Conta que nunca se sentiu realmente amada come ando pela m e De como esta a inferiorizava e desvalorizava refere ainda saber que o facto dela se sentir como se sente de achar que n o vale nada e que n o tem interesse nenhum deve se em parte a isso Quando a m e adoeceu a Maria preocupava se com ela mas pensava que se esta morresse n o iria sofrer nem sentir a sua falta na verdade achava que n o a amava ainda mais porque ela sempre me maltratou tanto sic Apesar disso foi busc la aldeia e a trouxe para sua casa e tomou conta dela Esteve l 3 meses e faleceu Foi ent o que a Maria percebeu que na verdade amava a m e independentemente de como ela tenha sido Justifica que ela era uma mulher sozinha j de uma certa idade e sem recursos que fez o que podia sendo provavelmente aquela a nica forma que ela sabia de amar Desde que a m e morreu n o voltou aldeia pois sente um grande vazio quando l chega n o s pelas recorda es mas principalmente porque a m e j l n o est Ela era a nica raz o pela qual ainda l ia
28. mas que me ensinou uma nova forma de olhar estar e amar na vida Aos meus amigos pela capacidade critica e por toda a ajuda por respeitarem e compreenderem os momentos de maior stress e aus ncia por serem sempre a minha fonte de coragem nos momentos dif ceis e por me ajudarem a pensar e rever op es Contudo n o posso deixar de mencionar alguns nomes s minhas duas amiga de e para a vida Cl udia e Filipa a primeira pela imprescind vel verdade e sinceridade e a segunda pelas constantes palavras de carinho e aconchego As minhas colegas e agora IV amigas que surgiram na minha vida no primeiro dia de aulas do 1 ano e at hoje me acompanham fielmente tornando se nas minhas confidentes e refugio em todos os momentos Obrigada Andreia pelas gargalhadas e as lagrimas partilhadas In s pelo abra o Marta pela constante vivacidade no olhar Vania a minha eterna companheira Em especial algu m que conheci j na etapa final e se mostrou dispon vel compreens vel e contentora Raquel Oliveira Ao Ricardo e ao Jo o que apesar de nossas vidas terem tomado rumos distintos estiveram sempre por perto sendo muitas vezes uma fonte de inspira o e de for a onde busquei toda a confian a que necessitava para acreditar e seguir em frente sem fraquejar Por me acompanharem e protegerem ao longo desta e de tantas outras etapa da minha vida Gostaria ainda de agradecer Professora Dra Lu sa Vicente pela oportunidade de
29. n o se diferencia da m e o sentimento de ser rejeitada por esta acompanhado de intensas ang stias persecut rias de desintegra o e aniquilamento do Eu Ou seja numa tal fase de depend ncia a car ncia de amor e de cuidados suficientemente bons sentida como uma amea a pr pria vida Toda a express o da sua necessidade de amor gera consequentemente o medo da sua pr pria destrui o A reac o depressiva por seu lado a t pica de uma fase em que o beb j apresenta um certo grau de diferencia o do objecto e contra a sua pr pria hostilidade que o beb sente doravante necessidade de se defender O seu conflito passa a ser o de como amar o objecto sem o destruir pelo dio isto como superar a sua ambival ncia Ou seja duas s o as reac es poss veis quando se busca o amor de algu m que n o o d ou a frustra o d lugar raiva e a um ataque agressivo ao mau objecto para for lo a tornar se bom o problema do dio que mais n o que amor raivoso e que pode conduzir a depress o pelo receio e culpa de destruir o objecto necessitado ou a frustra o d lugar a um estado de fome e necessidade cada vez maior at se tornar num suplicio doloroso num anseio de possuir total e completamente o objecto amado de forma a n o morrer de fome O depressivo est sempre a ser aguilhoado pela raiva de tal forma que dirige a sua raiva contra si pr prio e sente culpa 21 II DEPRE
30. na inf ncia e como se relaciona na idade adulta e deste modo encontrar uma poss vel tradu o para a depress o que desenvolveu Assim sendo a hip tese colocada a de que a forma como o sujeito se cc relaciona e introjecta tais rela es desde a inf ncia que possivelmente na idade adulta ir o ser respons veis pela perda do prazer de funcionar e investir no mundo desenvolvendo deste modo uma depress o 13 I RELA ES DE OBJECTO Na sua ess ncia a teoria psicodin mica uma tentativa para clarificar as adapta es nicas em m ltiplas camadas conscientes e inconscientes que os indiv duos fazem ao seu ambiente desde o nascimento at morte As formula es contempor neas incluem a psicologia do self a teoria das rela es de objecto a psicologia do ego Aquilo que une estas teorias o foco que poem em estudar como as interac es dos indiv duos com o ambiente moldam a forma como pensam e agem e como ao longo do tempo estes indiv duos progressivamente consolidam um sentido do self ou identidade que regula estas interac es com o ambiente Estes modelos olham para o mundo interno e para o papel as rela es precoces com os outros como formadoras desse mundo As abordagens psicodin micas real am a import ncia dos pensamentos internos inconscientes e de sentimentos escondidos como geradores da psicopatologia Os sintomas s o muitas vezes vistos como Janelas da mente do indi
31. o mental aparece como um anacronismo reducionista do dualismo mente corpo em que cada perturba o mental conceptualizada como um comportamento clinicamente significativo ou s ndrome psicol gica ou padr o que tem lugar num sujeito n o classificando as pessoas mas sim as perturba es que estas t m pp XXI XXII O DSM IV inclui a depress o no cap tulo referente s Perturba es do Humor Este cap tulo est dividido em tr s partes a primeira delas descreve os diferentes epis dios de altera o do humor Epis dio Depressivo Major Epis dio Man aco Epis dio Misto e Epis dio Hipoman aco a segunda refere as perturba es do humor Perturba o Depressiva Major Perturba o Dist mica Perturba o Bipolar I a terceira faz refer ncia aos especificadores ou aos epis dios de humor recentes ou evolu o dos epis dios recorrentes Nas crian as ou adolescentes o humor deprimido toma a forma de humor irrit vel aparecem frequentemente queixas som ticas agita o psicomotora fobias e at alucina es Nos adolescentes a depress o traduz se por um comportamento negativista 23 ou anti social sentimentos de incompreens o e desaprova o por parte dos que os rodeiam isolamento e muitas vezes abuso de lcool ou de outras subst ncias il citas Parece haver uma preval ncia de sintomatologia depressiva no sexo feminino DSM IV 1996 o que se poder
32. o sabe se poder ir de f rias pois n o tem dinheiro Conta que tem uma amiga que lhe empresta uma casa em Sesimbra para ela ir com as filhas mas sem dinheiro n o sabe se vale a pena ir Conversamos sobre o qu o ben fico seria se ela n o desistisse de ir pois uma vez que o seu cansa o agora mais psicol gico se refor ara nos ltimos dias desistir de algo que ela desejava e precisava para seu bem estar s iriam refor ar a sua tristeza Sublinha que um aspecto positivo do que aconteceu al m da aproxima o e preocupa o das filhas que estas n o t m discutido Acha importante que se d em bem pois a fam lia o melhor e mais bonito que se pode ter Nunca tive a oportunidade de ter uma fam lia nem uma boa rela o com os meus irm os e sei o quanto triste sic Contudo apesar do sucedido sublinha n o ter tido pensamentos de acabar com tudo sic Sente se triste e tem sentido dificuldades em adormecer pois n o consegue parar de pensar na sua vida e nas coisas que acontecem Desde o assalto chora todos os dias e perdeu novamente a vontade de tudo chegando muitas vezes do trabalho e indo directamente para o quarto se deitar A filha mais nova tem dormido com ela e tem tentado que ela se sinta melhor e isso a comove ela muito meiguinha sempre foi sic ao contr rio da mais velha que sempre se mostra preocupada mas mais distante e fria 93 Conclui dizendo que a vida continua se bem que
33. o sintoma mais grave dos quadros depressivos e melanc licos caracterizados por uma pronunciada prostra o do Eu com a diminui o da auto estima e com autocensuras Grinberg refere todavia a exist ncia de alguns aspectos caracter sticos da condi o humana que determinam a vulnerabilidade dos indiv duos ao suic dio Entre eles a a puls o de morte que entre as suas proveni ncias cl nicas podemos encontrar o instinto agressivo dirigido para fora e o instinto destrutivo dirigido para dentro b a divis o splitting do Eu baseado no extremo desamparo infantil e c as institui es grupais como a fam lia e a sociedade que exigem uma resposta de culpa de cada membro do grupo Segundo Weiss 1974 citado por Sampaio 1991 1996 Menninger 1938 sublinha que o verdadeiro suic dio engloba o desejo de matar o desejo de ser morto e o desejo de morrer Segundo Menninger referido por Sampaio 1991 1996 o desejo de matar constitui uma reac o instintiva cujo objectivo suprimir uma amea a ou uma priva o podendo ser ultrapassado por mecanismos como a sublima o O desejo de ser morto seria uma forma de submiss o e uma interioriza o da autoridade em que o Eu sofreria em rela o directa da agressividade que desenvolve para o exterior J o desejo de morrer 30 corresponderia a uma qualidade de energia auto destruidora com a anula o progressiva das tens es reflectida na passividade que se esbateria
34. onde podemos encontrar a representa o que o sujeito faz de si mesmo A Prancha VI reenvia para problemas de cariz sexual sobretudo na dimens o f lica A Prancha VII tal como a anterior reenvia para problemas sexuais mas nesta as evoca es s o femininas ou maternais A Prancha VIII reenvia ao mundo exterior e social A Prancha IX onde o sujeito se encontra face a si pr prio e ao mundo A Prancha X quando se produz a ruptura da rela o entre o sujeito e o examinador O seu car cter fragmentado p e em evid ncia a capacidade de unifica o do sujeito 43 Modos de Aplicacao Pede se ao sujeito que nos diga O que que isto lhe faz lembrar ao mesmo tempo que lhe entrega a prancha referindo que esta pode ser manipulada a situa o projectiva pode ser mesmo assimilada a uma situa o de conflito pois as caracter sticas amb guas do Rorschach obrigam o sujeito a mobilizar se activamente isto obrigam o sujeito a imaginar Ao imaginar o sujeito vai ter que conciliar numa s resposta os movimentos conscientes e inconscientes a realidade e a fantasia As respostas dever o conter os elementos propostos pela situa o pelo cart o mas coloridos pelo afecto ou seja pela resson ncia fantasm tica e afectiva O que o sujeito faz conciliar estes dois imperativos consciente e inconsciente O tempo de lat ncia e o tempo por resposta s o anotados assim como em que posi o o sujeito v dete
35. p de ser julgado como se fosse um objecto o objecto abandonado p 281 Um outro problema que colocado neste n vel a dificuldade que o sujeito tem em reconhecer e perda do objecto Freud explica ser a fixa o da libido ao objecto perdido que dever ser confrontada com a realidade Segundo Haynal 1976 Melanie Klein num artigo de 1940 Luto e a sua rela o com os estados man acos depressivos refere que no decurso do luto normal a perda do objecto exterior faz se acompanhar de uma destrui o total ou parcial dos objectos internos fazendo ressurgiu as ang stias de posi o depressiva englobando os sentimentos persecut rios Deste modo o trabalho de luto assim como a posi o depressiva consiste no retomar da confian a nos objectos exteriores o que permite consolidar o mundo interior de tal forma que o sujeito poder recuperar o seu amor pelo perdido Contudo existe uma diferen a importante entre a posi o depressiva e o luto No primeiro caso o objecto vivido como perdido mesmo que ele continue sempre presente enquanto que no segundo ele est mesmo perdido No luto normal h um voltar posi o depressiva precoce reactivada pela perda do objecto amado passando por m todos parecidos ao que o Eu utilizou no decurso da inf ncia podendo o sujeito reinstalar um objecto de amor que efectivamente perdeu e ao mesmo tempo restabelecer em si os seus primeiros objectos de amor que ser o em ultima analise os seus
36. pode gastar e com o que pode contar O ex marido passou a ser um pai mais presente na vida das filhas embora mais f sica do que afectivamente Apesar de sentir falta da companhia percebe que j n o o ama e isso faz me bem pois sei que n o voltaria para ele nem que ele quisesse sic Diz que agora est bem continua a se preocupar demasiado com as filhas e incomoda a muito que o ex marido depois de 4 anos de divorciados ainda a continue a criticar e a culpabilizar de tudo o que acontece ou do que as filhas fazem de errado Por vezes muito complicado lidar com isto tudo sozinha e por isto e nada mais que por vezes sinto me muito desamparada e sozinha sic pois sente que na sua vida falta algu m com quem possa contar e desabafar 95 ANEXO C CARTA DE CONSENTIMENTO INFORMADO Fui requisitada para participar de um estudo de pesquisa nesta institui o O t tulo da pesquisa Sonhos Perdidos Reflex o sobre um Caso de Depress o Este estudo tem como objectivo entender o funcionamento inter subjectivo e relacional de uma pessoa com sintomatologia depressiva relacionando o com as suas rela es objectais significativas ao longo da vida Compreendo que n o existem riscos ou desconfortos previstos assim como procedimentos alternativos para este estudo Estou ciente de que os resultados da pesquisa podem ser publicados mas que meu nome ou identifica o n o ser o revelados Para manter a confidencialidad
37. realizar o est gio acad mico no Servi o de Psiquiatria e Sa de Mental do Hospital de Santa Maria local onde me foi poss vel recolher o material necess rio para a concretiza o deste trabalho Ao Professor Lu s Delgado pela sua disponibilidade e aten o no esclarecimento de algumas d vidas Ao Professor Dr Ant nio Mendes Pedro pela escuta atenta capacidade contentora conselhos e paci ncia ao longo de todo este processo mas principalmente e acima de tudo pela constante inspira o Por fim mas n o a ltima pois sem ela este trabalho n o teria sido poss vel Maria que muito contribuiu para o meu amadurecimento tanto profissional como pessoal e por me ajudar a encontrar o meu caminho na rea da Psicologia Cl nica Ao Pedro Ferreira amigo que perdi recentemente e que me ensinou que a vida estupidamente breve e que s se morre verdadeiramente quando j n o vivermos na mem ria de ningu m Obrigada por me ajudares a descobrir for as que j n o acreditava existir em mim At Sempre meu Amigo A todos o meu sincero e eterno Obrigada por me amarem quando menos merecia mas quando mais precisava RESUMO O que se pretende com este estudo entender o funcionamento inter subjectivo e relacional de uma pessoa com sintomatologia depressiva partindo do princ pio que na base de tal sintomatologia e consequente patologia est o as m s rela es de objecto estabelecidas na inf
38. recusa significativo de uma grande ang stia 6 1 3 Conclus o Trata se de um protocolo muito pobre o que representativo das suas preocupa es ang stia e problem tica principalmente a um n vel emocional H um pequeno esfor o em colaborar contudo o material pela sua forte carga angustiante a faz muitas vezes recuar e estar sempre muito a defensiva Isto por um lado mostra que necessita de confiar em algu m mas que n o o consegue fazer totalmente pois o mundo e as rela es tornam se demasiado amea adores provocado muitas vezes o caos interno O seu lado depressivo evidente no pouco envolvimento e curiosidade com que explorar os cart es As emo es est o contidas ao extremo o que representativo da pobreza de conte do de investimento e de criatividade imagina o Para ela tanto a imagem masculina como a feminina surgem como amea adoras prestes a atacar A autoridade equivalente a desorganiza o caos interno assim como a materna que desestruturante ao inv s de contentora protectora e securizante Embora haja integridade e unidade do eu a problem tica da Maria passa essencialmente pela vivencia dos afectos na rela o consigo e ma rela o com os outros No modo como pode transformar os afectos sem que estes saiam de forma destrutiva mas sim construtiva Os pensamentos de passagem ao acto parecem estar 57 presentes o que tem de ser bem trabalhado de modo a aprende a pensar pensa
39. ser quem sou Mas hoje vendo que o que sou nada Quero ir buscar quem fui onde ficou Ah como hei de encontr lo Quem errou A vinda tem a regress o errada J n o sei de onde vim nem onde estou De o n o saber minha alma est parada Se ao menos atingir neste lugar Um alto monte de onde possa enfim O que esqueci olhando o relembrar Na aus ncia ao menos saberei de mim E ao ver me tal qual fui ao longe achar Em mim um pouco de quando era assim Fernando Pessoa 1916 4 crian a que eu fui XI INTRODUCAO aria perde dia a dia cada vez mais a vontade de viver Muitas vezes sente que vai perdendo o gosto de se levantar da cama pela manha as tarefas de casa tornam se mais dif ceis ir trabalhar tornou se uma obriga o ao inv s de um prazer como outrora vai perdendo o gosto de tudo Pior que a perda da anterior imagem do corpo que cada vez mais vai empalidecendo ao mesmo tempo que a seus olhos se vai deformando pelo excesso de peso pior ver morrer projectos e sonhos de uma vida com o fim do seu casamento Desde crian a Maria sente que nunca foi amada primeiro pela m e que nunca lhe demonstrou afecto depois por um pai que antes mesmo de nascer a rejeitou posteriormente pelo marido que come ou a deixar de ter prazer em estar com ela depois de a desejar at que por fim do amor n o mais resta que a representa o e recorda o do que fora na juventude Maria aos pouco
40. sic Conta que por altura da morte da m e o marido estava com outra mulher N o a primeira vez que Maria refere que desde que se separaram o ex marido j teve duas mulheres e mostra um certo inc modo pois as filhas s o obrigadas a conviver com elas sic N o o facto de ele estar com outra mulher que a incomodam mas sim as filhas terem aceite t o bem as mulheres do marido Contudo manifesta uma prefer ncia pela anterior pois era mais compreensiva e atenciosa inclusive quando a sua m e morreu a Maria pediu ao ex marido que ficasse com as filhas enquanto ela ia aldeia para o funeral contudo a mulher a actual o convenceu a levar as filhas aldeia para 86 que estivessem ao lado da m e num momento t o doloroso o que seria importante e lhe iria fazer bem Foi um gesto bonito sic Sessao C Maria inicia a sess o pedindo desculpas por ter faltado na semana anterior mas teve um problema com a filha mais nova o que a obrigou a ir escola e faltar consulta Pergunto lhe sobre o que gostaria de falar e come a a chorar Conta que a filha tinha desaparecido n o estava na escola e nem em casa j estava desesperada pois a procurei em v rios lugares fomos encontra la num parque toda molhada da chuva sic Manifesta o seu desespero pois pensou o pior Repete que anda cansada e em momentos como o da semana passada tem vontade de desistir de tudo Falamos um pouco sobre o significado para
41. ter outros aspectos positivos mas a vida toda se habituou a ouvir deprecia es que as acabou por as interiorizar Ainda n o consegue gostar de si pr pria e espera sempre a aprova o e aceita o dos outros para poder se olhar Falamos de como importante ela gostar de si pois o facto dela se olhar e sentir de forma negativa faz com que ela transmita isso para os outros e que eles assim a vejam Que mudar isso s depende dela Maria emociona se e chora diz se incapaz de gostar de si pois a vida toda s ouviu cr ticas e recebeu recrimina es o que fez com que ela crescesse a acreditar que realmente n o tinha nada de bom apesar de saber que tem 89 Fala me de como se sente como m e pois tenta fazer tudo o que pode mas sempre que as coisas correm mal pensa que o problema mesmo ela e j n o sabe o que fazer Conta que estes sentimentos come aram a se intensificar quando o ex marido come ou a culp la dos problemas da filha Diz que sabe que ele n o tem raz o pois ela faz o que pode mas sente que ele est a ser injusto pois enquanto estiveram casados foi um pai ausente e desligado nunca tinha tempo para estar com as filhas precisamente por isso que se sente magoada quando v as filhas a se darem t o bem com o pai e aceitarem a nova mulher deste Manifesta claramente o seu desejo de que elas se sentissem como ela se sente que olhassem o pai sem se esquecerem de como ele era antes quando viviam todos juntos Con
42. termos internos compreendendo tr s par metros maiores material instru o presen a do cl nico A situa o TAT assimilada a uma situa o de conflito na medida em que cada par metro do TAT encerra em si um paradoxo o que permite observar como o sujeito resolve e se adapta ao conflito experimental o que d conta da forma como lida com o conflito real O m todo de constru o da hist ria faz transparecer as defesas utilizadas para lidar com o conflito evocado pelo cart o Existe no seio deste material uma contradi o interna entre o conte do manifesto que fixa os limites da fantasia ao fazer apelo para o princ pio da realidade e as solicita es latentes que reactivam os tra os mn sicos individuais em rela o com os fantasmas origin rios ao fazer apelo ao princ pio do prazer Para cada uma das imagens h e Conte do manifesto figurado por elementos maiores em presen a personagens sexo idade postura objectos etc e Contetido solicita es latentes suger veis de reactivar um ou outro n vel de problem tica evidenciando a sua neutralidade e as mensagens de que est saturado 46 A presen a do examinador encerra uma contradi o e Representa o princ pio do prazer liberdade total e movimento transferencial psic logo como representante da fantasia e Representa o princ pio da realidade pois apresenta as pranchas ao sujeito introduzindo o real e transcreve as pala
43. 0 trabalho sobre o TAT vai efectuar se a partir da an lise formal do relato logo essencial transcrever o discurso o mais fielmente poss vel Em geral o cl nico interv m pouco durante a aplica o o que n o significa que n o o deva fazer a situa o TAT antes de mais uma situa o cl nica e cabe ao psic logo regular a rela o com o sujeito em fun o da sua experi ncia e sensibilidade De qualquer forma qualquer interven o deve ser feita no sentido de favorecer o trabalho associativo pessoal do sujeito 51 VI AN LISE DOS RESULTADOS 6 1 Rorschach 6 1 1 I HI An lise de Cada Cart o Inicia a prova com uma precau o verbal o que pode ser visto como uma defesa perante algo desorganizador qual mostra uma certa apreens o perante o desconhecido Manifestando deste modo duvidas e receios Contudo d uma boa resposta o que evidencia o seu esfor o em colaborar na prova e de entrar na rela o A resposta banal remete para uma adaptabilidade passiva Nesta prancha a Maria come a com uma nega o ou evitamento mostrando ap s um breve sil ncio o seu esfor o em prosseguir e colaborar A resposta adequada pois determinada pela estrutura bilateral do cart o o que remete para a rela o com consci ncia de um eu e de um outro uma vez que referida uma proximidade trombas juntas Contudo as partes vermelhas do cart o apesar de serem percepcionadas n o
44. Instituto Superior de Psicologia Aplicada PSICO pe Lo 3 o 7 vayr P y 4 amp A e Sp vw E ISPA SONHOS PERDIDOS Reflex o sobre um Caso de Depress o Yojaira Pita Pernia N 12638 Tese submetida como requisito parcial para obten o do grau de Mestre em Psicologia Aplicada Especialidade em Psicologia Cl nica 2008 Instituto Superior de Psicologia Aplicada SONHOS PERDIDOS Reflexao sobre um Caso de Depressao Yojaira Pita Pernia Disserta o orientada por Prof Dr Ant nio Mendes Pedro Tese submetida como requisito parcial para obten o do grau de Mestre em Psicologia Aplicada Especialidade em Psicologia Cl nica 2008 II Disserta o de Mestrado realizada sob a orienta o de Professor Dr Ant nio Mendes Pedro apresentada no Instituto Superior de Psicologia Aplicada para obten o de grau de Mestre na especialidade de Psicologia Cl nica conforme o despacho da DGES n 19673 2006 publicado em Di rio da Republica 2 s rie de 26 de Setembro 2006 NI AGRADECIMENTOS Foram varias as pessoas que se cruzaram no meu caminho ao longo destes anos que dediquei concretiza o de um sonho ser psic loga Contudo algumas delas merecem especial destaque Algumas surgiram no decorrer desta caminhada outras muito importantes j eram parte integrante da minha exist ncia Todas elas contribu ram para o meu enriquecimento como pessoa e enquanto futura psic
45. SS O Na vida para mim n o h deleite Ando a chorar convulsa noite e dia E n o tenho uma sombra fugidia Onde poise a cabe a onde me deite E nem flor de lil s tenho que enfeite A minha atroz imensa nostalgia A minha pobre M e t o branca e fria Deu me a beber a M goa no seu leite Poeta eu sou um cardo desprezado A urze que se pisa sob os p s Sou como tu um riso desgra ado Mas ser poeta assim como tu s Para gritar num verso a minha Dor Florbela Espanca 1919 in Livro de M goas Dedicado A um grande poeta de Portugal 2 1 Defini o de Depress o A depress o pode ser definida como uma perturba o importante e dur vel do humor que se manifesta essencialmente pela presen a de tristeza perda ou diminui o dos interesses habituais baixa da auto estima ideias m rbidas que podem ser acompanhadas de ideias mesmo de tentativas de suic dio bem com manifesta es som ticas afrouxamento psicomotor perturba o do sono perturba o do apetite etc Doron e Parot 2001 O termo Depress o pode significar tamb m um sintoma que faz parte de in meros dist rbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles Pode significar uma s ndrome traduzida por muitos e vari veis sintomas som ticos ou ainda uma doen a caracterizada por distintas altera es afectivas www psigweb com br 22 Do ponto de vista cl nico seria extremamente f cil e c modo se a
46. a Explica que em parte isso se deve pouca confian a que tem nos homens Recorda um epis dio da sua adolesc ncia que acabou um pouco com o meu sonho de crian a sic Conta que quando era crian a e ajudava a m e no campo uma das vezes em que ia e vinha do campo foi abordada por um homem que a agarrou tapou lhe a boca e come ou a toca la Para se defender a Maria mordeu lhe a m o e ele a soltou aproveitando ela para correr e fugir Este n o foi um caso isolado pois numa das casas em que trabalhou na adolesc ncia foi assediada pelo patr o mas desta vez contou a esposa deste e foi embora Sempre que fala sobre sexualidade emociona se pois a associa causa do seu div rcio Sente que desde que a 1 filha nasceu foi o princ pio do fim sic no fundo acha que ele sempre culpou a filha pelo fim do casamento e por ela ter perdido o interesse pois ele sempre teve uma rela o diferente com ela mostrando se mais dispon vel atencioso e carinhoso com a mais nova Depois come aram a surgir as trai es e a partir da estar com o marido intimamente tornou se quase imposs vel pois sentia nojo e se sentia muito magoada Desde que se separou n o teve outra pessoa embora por vezes sinta saudades de ter algu m mas algu m que seja companheiro em quem possa confiar e me possa amparar com quem possa contar nos momentos dif ceis sic algu m que lhe d carinho mas acha que dificilmente encontrar algu m que queir
47. a das nocturnas com amigos e mulheres numa dessas sa das do marido que Maria conta que com 6 meses de gravidez faz uma tentativa de suic dio por ci mes e inseguran a A rela o come a a deteriorar se uma vez que Maria passa a se dedicar completamente filha descuidando o seu papel de esposa Por diversas vezes o marido a acusa de ter deixado de ser mulher sic desde que engravidou Passados dois anos Maria engravida da segunda filha Desta vez as coisas s o diferentes e o marido participa muito mais e a sua rela o com o beb tamb m notoriamente diferente v d Anexo B Sess o A Decidem vir viver para Lisboa na tentativa de melhorar de vida contudo a rela o se vai deteriorando gradualmente e as infidelidades do marido v o marcando a dist ncia entre o casal Passados 14 anos de casados o div rcio inevit vel 40 H 3 anos que a m e de Maria morreu e desde ent o diz se sentir mais sozinha pois independentemente do tipo de rela o que mantinham sentia que era a nica fam lia al m das filhas que tinha Hoje vive sozinha com as filhas e trabalha num lar de idosos e numa casa de fam lia Nunca mais pensou em ter outra pessoa embora muitas vezes se sinta sozinha e pense como era bom ter algu m com quem contar v d Anexo B Sess o G 4 Hist ria Cl nica 4 1 Dados de Observa o Apresenta o e postura apresenta o pouco cuidada e desinvestida postura adequada e sem altera
48. a estar com ela sem incluir a parte sexual o que a faz acreditar que dificilmente conseguir ter outra pessoa Hoje em dia todos s querem sexo e n o quero algu m comigo s por isso prefiro ficar sozinha sic No dia desta consulta noite a filha mais nova da Maria telefona me A Maria est em plena crise e s oi o os gritos dela ao fundo A filha explica me que foram assaltadas e que todas as economias que a m e guardava em casa foram roubadas A Maria fica desesperada e tem uma crise de p nico Tento falar com ela e acalm la sem grande efeito uma vez que esta mal consegue falar nem respirar e desliga 92 Passado uma hora e meia a Maria telefona me e diz que se sente melhor Que chamaram uma ambulancia e eles deram lhe um calmante Pede desculpa pelo inc modo Falamos mais alguns minutos Despedimo nos at pr xima semana e desligo Sess o H A Maria chega consulta cabisbaixa Antes que lhe diga alguma coisa diz que tudo voltou mesma sic Conta como se sentia bem nas ltimas semanas e em como isso lhe estava a fazer bem pois come ava a acreditar que as coisas poderiam mudar e melhorar Prossegue dizendo que sempre assim que acontece sempre qualquer coisa para a deitar a baixo e que por mais que ela tente nada muda Fala me do assalto Emocionada diz que aquele era o dinheiro que ela vinha juntando a meses para ir uma semana de f rias com as filhas e agora com o sucedido j n
49. abuloso mas que na realidade nunca se viveu 33 IV OBJECTIVOS PROBLEMATICA Uma vez que grande parte das rela es que o ser humano estabelece na inf ncia s o determinantes para o seu desenvolvimento ps quico e emocional o objectivo deste estudo entender o funcionamento inter relacional de uma pessoa com uma acentuada sintomatologia depressiva Para tal procurei atrav s dos relatos da participante em psicoterapia de apoio entender como presente e passado se inter relacionam e podem ser determinantes para a forma como ela se relaciona com consigo com os outros e at comigo Consequentemente como que estas formas relacionais podem estar de algum modo na base da depress o O que realmente define a ess ncia da condi o humana s o as suas rela es inter subjectivas determinado passado relacional concreto e imagin rio o amor o desejo como tamb m o dio e a oposi o as suas viv ncias com encontros e desencontros ganhos e fracassos Neste sentido a hip tese colocada a de que s o todas estas viv ncias e a forma como nos relacionamos e contactamos com elas que ir o ser respons veis pela perda do prazer de funcionar e investir no mundo tendo como consequ ncia em alguns casos a depress o 34 V METODOLOGIA DE PESQUISA 5 1 Considera es Gerais De acordo com o objectivo do estudo o tipo de investiga o adequado a investiga o descritiva Esta modalidade de investiga
50. ac o o que remete para um conflito que muito dif cil de ser elaborado e resultando de uma hist ria muito pobre Problem tica este cart o reenvia para a rela o triangular suscept vel de reactivar a situa o edipiana A Maria evita a situa o edipiana o que remete para a fragilidade identit ria que conduz a indistin o sujeito objecto O facto das personagens n o se relacionarem impede a triangula o e consequentemente impede a resolu o do conflito Cart o HI MB S o sempre situa es tristes D a impress o que est doente ou a chorar s pode Ou ent o um tipo mendigo N o estou a ver mais nada T1 7 Tt 46 59 Procedimento tempo de lat ncia muito curto tal como nos outros cart es Maria come a por fazer uma cr tica das situa es dos cart es pela presen a de afectos fortes C C3 B24 recorrendo como j vem sendo h bito ao conte do manifesto do cart o C Fa Existe um Dd muito significativo revolver que n o identificado nem integrado no relato A216 O relato prossegue com o recurso novamente a uma precau o verbal A23 seguida de um sil ncio intra recito C Fo O impacto fantasm tico tal que ele n o elabora muito como uma forma de defesa h uma poss vel desorganiza o uma vez que este cart o apela para a representa o e afectos tamb m eles maci os A prova disto a pirueta C M3 pela incapacidade de elaborar uma hist r
51. al tenta identificar se assim como com um objecto mau os seus impulsos agressivos foram projectados e s o sentidos como uma amea a para o pr prio beb e para o seu objecto ideal Estes ciclos oscilantes de projec o e introjec o continuam at que a crian a consiga entender que a m e boa e a m e m n o s o de facto diferentes mas na verdade a mesma pessoa Esta nova preocupa o com a m e como um objecto completo denominada por Klein de ansiedade depressiva pr anunciando o aparecimento da posi o depressiva 17 Melanie Klein citada por Segal 1975 define a posi o depressiva como a fase de desenvolvimento na qual o beb reconhece um objecto total e se relaciona com esse objecto Observou que o beb se relaciona cada vez mais n o apenas com o seio m os face olhos da m e como objectos separados mas com ela pr pria como uma pessoa total que s vezes pode ser boa s vezes m presente ou ausente e que pode ser tanto amada como odiada na posi o depressiva que os processos introjectivos s o intensificados Em parte devido diminui o dos mecanismos projectivos e em parte descoberta feita pelo beb da sua depend ncia em rela o ao seu objecto que agora ele percebe como sendo independente e com possibilidades de se afastar A omnipot ncia dos mecanismos introjectivos orais leva ansiedade de que poderosos impulsos destrutivos destruam n o apenas o bom objecto exter
52. amp Dubor P 1998 Entrevista com o paciente em Psicologia Patol gica In Bergeret J Ed Psicologia Patol gica pp 129 135 Lisboa Climepsi Editores Ghiglione R amp Matalon B 1992 Como inquirir As entrevistas In Ghiglione R amp Matalon B Eds O inqu rito Teoria e Pr tica pp 63 104 Oeiras Celta Editora Breakwell G 1995 Interviewing In Breakwell G Hammond S amp Fife Schow C Eds Research methods in psychology p 231 242 United States of America Sage Publications Depress o o que isto Visionado em 10 de Abril de 2008 atrav s de http virtualpsy locaweb com br index php art 298 amp sec 26 Doron R e Parot F 2001 Dicion rio de Psicologia pp 214 215 Lisboa Climepsi Editores Fairbairn R 1981 Uma Revis o Psicopatol gica das Psicoses e Psiconeuroses In Estudos Psicanal ticos da Personalidade Lisboa Vega Freud S 1905a Tr s Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade Lisboa Livros Brasil Freud S 1917 1969 Luto e Melancolia In J Salom o Trad e Rev T cn Edi o Standard Brasileira das Obras Psicol gicas Completas de Sigmund Freud Vol XX pp 107 197 Rio de Janeiro Imago Editora Freud S 1926 1969 Inibi es Sintomas e Ansiedade In J Salom o Trad e Rev T cn Edi o Standard Brasileira das Obras Psicol gicas Completas de Sigmund Freud Vol XIV pp 275 291 Rio de Janeiro Imago Editora 74
53. ao XVI Nao tem nada mesmo Uma folha em branco T1 10 Tt 47 Procedimento e Problem tica no movimento iniciado no cart o precedente face a um material que n o oferece qualquer suporte concreto a partir da qual ele possa fantasmar pensar e elaborar uma hist ria a Maria encontra se confrontada com um vazio interior C Fay C Fos A Legibilidade do Tipo 2 Legibilidade pois h um predom nio dos factores A2 e ou B2 e C H uma produ o alterada pelos mecanismos em ac o permitindo um desimpedimento parcial impacto fantasm tico subjacente Al Bl Bl B2 C gt A2 gt B2 gt A1 BI1 gt E C E 6 2 2 Conclus o O protocolo da Maria n o muito original uma vez que esta apresenta um excessivo apego ao conte do manifesto dos cart es o que resultado de um recurso extremo a defesas de forma a evitar os conflitos e a emerg ncia de sentimentos demasiado angustiantes e desestruturantes para um modo de funcionamento interno demasiado fr gil A presen a a quantidade e a qualidade dos procedimentos do tipo C apontam para um funcionamento com base na inibi o evitamento do conflito do conflito entre o impulso e a defesa entre o Id e o Super Eu E os procedimentos mais frequentes apontam para um registo mais f bico evitamento do conflito contrastado com 65 hist rias baseadas no factual e muito pobres em termos de conte do originalidade e criatividade Os
54. ar do primeiro o que resulta da introdu o do pai j n o vir alimentar como a m e mas aparecer como elemento separador o que implica um separa o individua o e diferencia o dos objectos internos que de modo saud vel n o seria sentido como perda de partes do pr prio Na base da patologia mental est o sempre factores afectivos relacionais que se instalam na dupla sujeito objecto conduzindo a um impasse afectivo As necessidades do sujeito poder o ser ou n o satisfeitas atrav s da resposta do objecto representado pelo outro na fase inicial da vida Esta resposta organizar se em satisfa o e ou frustra o suficientes sendo que a frustra o ser estruturante quando conduz ao nascimento do desejo que se multiplicar e conduzir ao desejo do objecto do outro 29 III BREVE NOTA SOBRE O SUIC DIO Quero ir buscar quem fui onde ficou Fernando Pessoa O fen meno suic dio n o merece uma considera o simplista e bvia no sentido de que n o significa apenas um desejo pela morte ou um sin nimo de morte como muitas vezes e equivocadamente entendido A busca do seu significado pode emergir de uma s rie de envolvimentos inerentes a uma pessoa e ao seu contexto de vida em determinado momento podendo manifestar se n o s num acto suicida mas em tentativas de suic dio e em comportamentos autodestrutivos Para Grinberg 2000 o suic dio tem sido considerado como
55. as ou seja h uma introjec o dos objectos bom e mau Deste modo h um afastamento do objecto real mas acompanhado da conserva o interna da sua representa o Por seu lado o destino do mau objecto duplo em parte introjectado orbitalmente constituindo o mau objecto interiorizado em parte introjectado nuclearmente introjec o maligna ou introjec o da malignidade do objecto Neste sentido a melancolia um conflito de ambival ncia entre o amor e o dio O sujeito deprimido vive na nostalgia do objecto de amor perdido objecto nico imprescind vel e insubstitu vel mas imposs vel porque perdido e porque danoso na medida em que desamante culpabilizante e desvalorizante O impasse depressivo decorre da ambiguidade do objecto concebido como ideal e sentido como mal volo Ambas as representa es boas e m s s o sujeitas ao recalcamento o objecto mau fica na c mara dos dem nios enquanto que o objecto bom fica no santu rio das idealiza es Assim o sujeito deprimido continua em contacto com o real por m as dificuldades relacionais ser o bastantes na medida em que continua fixado no objecto ideal logo os objectos reais s o decepcionantes Na melancolia o mau objecto interiorizado e recalcado sendo portanto internalizado o conflito agressivo com o objecto a preponder ncia da rela o de mau objecto caracteriza o seu mundo interno Neste sentido poss vel const
56. ata se de uma invers o da experi ncia vivida em que o sujeito sancionado e influenciado pelo objecto Deste modo simultaneamente um processo de despojamento da sua bondade 27 e incorpora o da maldade do outro o que conduz a um erro de avalia o da realidade por parte do depressivo eu sou mau e n o o objecto e por isso mere o ser castigado e n o o objecto A rela o depress gena consiste precisamente em o objecto patol gico e patog nico da depress o o objecto depress geno ou agente depress geno culpa o sujeito e idealiza se a si mesmo um objecto projectivo que age por identifica o projectiva libertando se da sua maldade agressividade acusando o outro objecto paran ide e narc sico idealizando se e captando a idealidade qualidade do que ideal do outro A depress o s existe porque existe um objecto depress geno que n o desculpa mas culpa o outro que n o ama mas capta o amor do outro um objecto culpabilizante e desamante Por isso a culpa depressiva uma culpa patol gica e il gica n o normal porque resulta de um erro de l gica Coimbra de Matos 2007 define o objecto depress geno como um objecto inferiorizante que interioriza o sujeito engrandecendo se a si pr prio ou desnarcisante eu sou o maior tu s o menor No seu grau m ximo trata se de um objecto humilhante assim como o objecto culp geno no seu grau m ximo um objecto torturante
57. atar que o sujeito vive num mundo interno saturado de objectos idolatrados e mal volos habita um mundo saturado pelo investimento dos bons 71 objectos e pelo contra investimento dos maus objectos ou seja vive ocupado com a repara o objectal e controlo da agress o Em termos fenomenol gicos podemos dizer que os sintomas essenciais da depress o s o o abatimento a culpa e o sentimento de inferioridade Embora se possam distinguir em tr s tipos distintos de depress o Depress o Simples Depress o de Inferioridade Depress o de Culpa na pr tica est o entrela ados apenas podendo ser mais ou menos evidentes consoante um caso concreto A culpa e os sentimentos de inferioridade sentidos pela Maria adv m de uma racionaliza o isto de uma tentativa que ela faz para encontrar uma explica o para o abandono afectivo A culpa patol gica resulta tamb m da culpa induzida pelo agressor no caso a m e incutida por este na v tima por um processo de identifica o projectiva patol gica e evacuativa identifica o imag ico imag tica ou seja identifica o imago e ou imagem que o outro atribui ao sujeito Assim enquanto que na depressa normal o sujeito desvaloriza o objecto na depress o patol gica h uma intensa auto desvaloriza o a qual facilitada pela depend ncia em rela o ao objecto inflex o da agressividade Neste sentido o indiv duo depressivo muito suscept vel isto p
58. car o outro mas este outro n o representa a alteridade ou complementaridade mas uma esp cie de pr tese do sujeito que serve para sustentar um self n o coeso Por vezes chega mesmo a uma indiferencia o entre o sujeito e o objecto e entre o dentro e o fora O outro n o se constitui como diferente mas permite ao sujeito uma esp cie de introjec o na tentativa de colmatar as falhas narc sicas o que aumenta o sentimento de insufici ncia e inferioridade O objecto em falta e o objecto encontrado aparece com uma qualidade insuficiente da a idealiza o desvaloriza o do objecto O esvaziamento do mundo interno de qualquer conflitualidade aparece numa l gica de recusa do sofrimento em que a quest o essencial a fragilidade da representa o de si coesa homog nea e coerente 66 VII DISCUSS O O que torna os seres humanos como comuns que todos temos um processo de desenvolvimento isto todos nascemos crescemos reproduzimo nos e morremos O que os diferencia o percurso as perdas e os ganhos que s o uma constante e a maneira como vivenciamos estas transforma es que nos poder ou n o enriquecer construir e estruturar Deprimir faz parte do crescimento de todo o ser humano mas o modo como deprimimos que est intimamente ligada ao nosso funcionamento biol gico e relacional Todas as rela es humanas se pautam pelas rela es que os indiv duos estabelecem com os outros contudo se
59. compreende a Entrevista Cl nica que serviu de base para a constru o da Anamnese a Observa o Cl nica An lise do Rorschach e An lise do T A T Nove Sess es de Psicoterapia de Apoio v d Anexo B as quais sustentam a descri o do caso 5 4 1 Entrevista A entrevista pode ser teorizada como um encontro entre dois sujeitos um entrevistador e um entrevistado no qual o entrevistador procura obter informa es opini es etc do entrevistado Ghiglione amp Matalon 1992 Bell 2004 Nunes 1993 As entrevistas s o utilizadas frequentemente nas ci ncias sociais e humanas nomeadamente na psicologia 36 como instrumento de recolha de dados de investiga o ou na pr tica cl nica Breakwell 1995 O que caracteriza a entrevista e a torna t o importante na cl nica psicol gica o tratar se de um encontro em que o sujeito fala e o psic logo tem que ser capaz de escutar e compreender o discurso produzido mas tamb m de suscitar esse mesmo discurso o que depende n o s dos seus conhecimentos te ricos e pr ticos como da sua forma de ser estar empatizar etc Pedinielli 1999 Deste modo cria se uma situa o que apesar de assim trica de intersubjectividade e baseada na rela o estabelecida Bergeret amp Dubor 1998 Pedinielli 1999 A entrevista terap utica enquadra se num acompanhamento psicol gico ou terapia na rela o terap utica propriamente dita permitindo um discurso livre por par
60. culdade em produzir respostas e na X os elementos f bicos quase a bloqueiam Os conte dos s o todos animais embora um pouco variados O A elevado aponta para uma imaturidade emocional e falta de dinamismo tamb m poder o representar algo fobog nico O n mero de banalidades baixo o que se liga s dificuldades de socializa o que temos vindo a identificar como seja nos conte dos animais presentes O Tipo de Resson ncia Intima coartattivo ambos os p los se expressam da mesma forma Ou seja nenhum dos componentes assume uma express o suficiente O que denuncia a clara dificuldade da Maria em se adaptar a uma situa o pouco tolerante a situa es de ten o psicol gica e tamb m fisiol gica em virtude da rigidez dos seus 56 mecanismos de defesa Demonstra assim uma grande dificuldade de se relacionar aceder tanto ao seu mundo interno como externo denunciando deste modo uma grande pobreza emocional e fantasm tica Formula Complementar sentido inverso mostra a presen a de conflitos de tend ncia intra ps quica A Reac o a Cor baixa relaciona se com o impacto desorganizador dos cart es crom ticos Perante a cor perante os afectos o que pensar que possivelmente ela n o sabe muito bem o que fazer com eles pela desorganiza o interna que estes lhe possam causar O Indice de Ang stia de valor 0 embora possa ser apenas aparente uma vez que s o facto de existir uma
61. dade cient fica Pedinielli 1999 A observa o na pr tica cl nica um importante instrumento de recolhe de informa o n o apenas para complementar o que dito pelo paciente mas como fonte prim ria de recolha como acontece nos casos de crian as ou pessoas com problem ticas que impossibilitem ou dificultem severamente o estabelecimento de um di logo Pedinielli 1999 Podem considerar se tr s riscos inerentes observa o cl nica a falta de validade das interpreta es realizadas com base na observa o a objectiva o extrema dos factos e a reifica o do sujeito Pedinielli 1999 importante n o deixar de integrar os dados de observa o com a singularidade do sujeito e com o contexto em que estas observa es surgem Pedinielli 1999 Assim o que caracter stico da observa o cl nica stricto sensu considerar que as condutas s o produ es significativas de um sujeito e que exprimem alguma coisa Elas s o relativas a uma situa o e a um dado espa o e a influ ncia do observador faz que muitos comportamentos se tornem interac es Pedinielli 1999 p 68 Tanto e entrevista e a Observa o Cl nica foram elementos essenciais para a constru o da anamnese da Maria 38 5 4 2 1 Anamnese da Maria 1 Identifica o Nome Maria Sexo Feminino Idade 38 anos Estado civil Divorciada N mero de filhos 2 Profiss o Auxiliar num lar de idosos Habili
62. das secundariza o De qualquer forma a fantasia inconsciente confere ao discurso do sujeito uma estrutura latente e permanente extra da tanto da experi ncia individual como do que transcende a experi ncia individual fantasmas origin rios vida intra uterina castra o cena primitiva sedu o Quando se solicita ao sujeito para contar uma hist ria a partir do est mulo faz se simultaneamente apelo ao deixar se ir e ao controlo Da articula o entre processo prim rio e secund rio depender a transmissibilidade da hist ria ao psic logo Assim tudo depende do potencial organizador do ego ou seja da organiza o pelo ego das representa es e dos afectos reactivados e despertados pelo est mulo Nesta perspectiva n o haveria fantasia nem hist ria TAT se n o houvesse representa es e afectos subjacentes e uma oscila o constante entre consciente e inconsciente O dilema no TAT o de estabelecer o compromisso ideal entre os imperativos conscientes e os imperativos inconscientes 45 O conceito de apercep o tem a ver com o sentido ou a significa o que o sujeito vai dar a cada uma das imagens ao contar uma hist ria fun o de v rios factores mas fundamentalmente da mem ria afectiva que o sujeito tem de situa es semelhantes pelas quais passou TAT como Situa o de Conflito A situa o TAT permite observar como o sujeito elabora as narrativas e a que que remetem essas hist rias em
63. de e uma diminui o dos sentimentos de auto estima No entanto salienta que a perturba es da auto estima est ausente no luto S E Brasil vol XIV p 276 Freud descreve o trabalho de luto da seguinte forma O teste da realidade revelou que o objecto amado n o existe mais passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas liga es com aquele objecto S o executadas pouco a pouco com grande disp ndio de tempo e de energia prolongando se psiquicamente nesse meio tempo a exist ncia do objecto perdido Cada uma das lembran as e expectativas isoladas atrav s das quais a libido est vinculada ao objecto evocada e hiperinvestida e o desligamento da libido se realiza em rela o a cada uma delas pp 276 277 24 Na sua obra Inibi es sintomas e ansiedade 1926 Freud diz que o luto ocorre sob a influ ncia do teste de realidade pois a segunda fun o existe categoricamente da pessoa desolada que ela pr pria deva separar se do objecto visto que ele n o mais existe S E Brasil vol XX pp 197 198 No luto o mundo que se torna pobre e vazio na melancolia o pr prio ego S E Brasil vol VIV p 278 e prossegue dizendo que na melancolia a libido livre n o foi deslocada para outro objecto foi retirada para o ego serviu para estabelecer uma identifica o do ego com o objecto abandonado Assim a sombra do objecto caiu sobre o ego e este
64. de do Eros estabelecer unidades cada vez mais extensas e preserv las ou seja uni las J a finalidade do Tanatos contrariamente romper v nculos e assim destruir coisas ou seja levar o que vivo a um estado inorg nico A actua o concomitante e conflituante dos dois instintos basais d proced ncia a toda abund ncia de fen menos da vida inclusive o do acto suicida A nica maneira do instinto de vida ceder de forma a induzir o indiv duo a buscar a morte seria que este entrasse num intenso estado melanc lico Para a compreens o desse processo preciso levar se em considera o dois aspectos b sicos a estrutura da psique e a quest o do sadismo e masoquismo puls o de morte Para Freud 1917 1969 a an lise da melancolia mostra que o Ego inst ncia ps quica que p e o indiv duo em contacto com a realidade s pode se matar se puder tratar a si mesmo como objecto ou seja se for capaz de dirigir contra si mesmo a hostilidade 31 contra um objecto do mundo externo Na melancolia bem como em outros dist rbios narc sicos emerge um tra o peculiar na vida emocional deste sujeito a ambival ncia ou seja para uma mesma pessoa s o dirigidos sentimentos contr rios tanto amorosos quanto hostis A melancolia apresenta um objecto narc sico que faz parte do indiv duo e a perda desse objecto configura a perda de si mesmo Assim o melanc lico pode se destruir com o objectivo de n o ter de se confrontar com a
65. e o m todo cl nico abrange um conjunto variado de t cnicas que permitem aceder a informa o concreta sobre o funcionamento do sujeito em v rias reas da sua exist ncia Pedinielli 1999 Este m todo tem uma particularidade que o distingue do m todo cientifico e que justifica a necessidade de ter sido criado especificamente para a psicologia tem um objecto nico o sujeito n o se destina avalia o ou estudo de popula es mas ao estudo e compreens o do funcionamento do sujeito individual na sua exist ncia e forma de estar no mundo Pedinielli 1999 o m todo cl nico insere se numa actividade pr tica que visa o reconhecimento e a nomina o de certos estados aptid es e comportamentos com a finalidade de propor uma terap utica uma medida de ordem social ou educativa ou uma forma de conselho que permita uma modifica o positiva do individuo A especificidade deste m todo reside no facto de recusar isolar estas informa es e tentar agrup las inserindo as na din mica individual Pedinielli 1999 p 39 Segundo Pinto 1990 o m todo remete para os procedimentos ou t cnicas os m todos cient ficos as suas potencialidades e limites assim como aos pressupostos subjacentes sua aplica o O objectivo da metodologia n o compreender os produtos da investiga o cient fica mas antes o pr prio procedimento cient fico p 35 A metodologia que configura este estudo
66. e a colagem aos cart es anteriores evidenciando conte do animal pelo que tenta dar uma resposta defensiva e adaptativa embora sem conseguir elaborar nada de concreto E um cart o que reenvia para a problem tica sexual o que not rio na recusa de interpreta o 53 VII VIII IX Tem em conta a configura o bilateral do cart o e centra se nos dois ter os da prancha Nas respostas aparecem duas figuras animais n o inteiras o que se destaca no inqu rito O branco um espa o de conten o remetendo para a rela o prim ria com a pr pria m e A Maria n o consegue percepcion lo muito menos dar lhe valor interpretativo o que evid ncia que este aspecto da sua vida pode ser gerador de algum conflito e ang stia interna da o recurso a mecanismo de defesa por forma a evitar de alguma forma a desorganiza o interna O conte do latente do cart o remete para como a Maria se sente e comporta perante o seu pr prio sexo e ao do outro A escolha do conte do animal transmite uma imagem securizante contudo sempre pela metade Pode tamb m transmitir a dificuldade de viver num corpo sexuado que sente e se transforma O grande n mero de respostas animais at este cart o significa um desenvolvimento social imaturo O tempo de lat ncia tal como o tempo total da resposta relativamente curto como na maioria dos anteriores cart es Aqui os animais resposta banal s o determinados pela f
67. e analisar o luto pelo objecto e pelas partes do eu que foram perdidas Trata se sim no dom nio do simb lico daquilo que particular a cada homem da falta de amor pr prio ou de amor narc sico encontrando se ligado aos sentimentos de necessidade de desamparo e do colapso da auto estima provocando um dist rbio no desenvolvimento do amor pelo objecto A hostilidade e a culpa surgem assim face ao objecto e ao eu iniciando um c rculo vicioso em que o sentimento de dio e de culpa pelo objecto e pelo eu se alimentam mutuamente dando origem a situa es sem sa da ou a sistemas fechados E a depress o narc sica onde o sujeito sente que n o consegue alcan ar os padr es de seu ideal do eu o que significa n o conseguir assegurar a sua auto estima ao mesmo tempo que perde o amor e o respeito pelo objecto Ligado ao dipo Schmale citado por Haynal 1976 diferenciou dois tipos de afecto depressivo o desamparo helplessness e o desespero hopelessness O primeiro liga se separa o e perda da gratifica o O segundo associa se experi ncia de castra o ao sentimento de n o podermos ser aceite pelo parceiro desejado Este sentir se desamparado sem recursos um afecto que acompanha a perda de autonomia do Eu com o sentimento de estar privado e abandonado Pelo contr rio estar desesperado hopelessness um sentimento de frustra o decorrente da incapacidade de obter gratifica o Estes dois
68. e coisas m s internas ou ainda para melhorar o objecto externo atrav s de uma esp cie de primitiva de repara o projectiva Para que o indiv duo ultrapasse a posi o Esquizo Paran ide Klein defende que a pr condi o necess ria que haja uma predomin ncia das experi ncias boas sobre as m s Quando h predomin ncia de experi ncia boa sobre experi ncia m o ego adquire cren a na preval ncia do objecto ideal sobre os objectos persecut rios bem como na predomin ncia de seu pr prio instinto de vida sobre seu pr prio instinto de morte O ego se identifica repetidamente com o objecto ideal adquirindo desse modo maior for a e maior capacidade para enfrentar ansiedades sem recorrer a mecanismos de defesa violentos Klein menciona que o medo dos perseguidores diminui assim como diminui a divis o entre objectos perseguidores e ideais A necessidade de protec o diminui e o ego se torna cada vez mais capaz de tolerar sua pr pria agressividade de senti la como parte de si mesmo n o sendo impulsionado a project la nos seus objectos H uma diferencia o crescente entre o que eu e o que objecto Segal 1975 ao longo dos processos de divis o projec o e introjec o que a crian a ordena as suas percep es e emo es separando as boas das m s Precisamente neste processo segundo Segal 1975 o beb se sente confrontado com um objecto ideal que ele ama tenta adquirir e conservar e com o qu
69. e das ang stias 55 Os D existem em n mero muito baixo embora todas elas associadas a boas formas d o conta da dificuldade em diferenciar os afectos relativamente a si pr pria e aos outros Os determinantes n o s o muito variados ao longo do protocolo o que determina uma certa flexibilidade de pensamento F est ligeiramente acima da norma o que reflecte a preocupa o em fazer uma abordagem realidade racional e socializada O F encontra se dentro da norma o que reflecte uma certa preocupa o em manter rigor no pensamento embora as respostas n o mostrem muita qualidade criativa Pode concluir se que existe uma razo vel liga o ao real Das respostas cinest sicas uma delas tem val ncia relacional cart o III sem g nero e evidenciando uma certa fragilidade o que d conta das dificuldades ao n vel da imagem corporal E em ambos cart es III e V as personagens est o pouco diferenciadas n o tendo uma identidade pr pria e diferente parece que o processo de individua o ainda est em curso Os conflitos parecem estar reprimidos n o s o postos nem cena na cinestesia apenas h referencia a posi o de costas uma para a outra que podem ser vistas como geradoras de conflito mas nada claro A sua capacidade de adapta o parece ser dominada pelos afectos FC lt CF Existe uma certa labilidade afectiva o que se reflecte essencialmente nas pranchas crom ticas em que se nota uma grande difi
70. e e o anonimato dos meus dados o investigador usar um pseud nimo e somente este ter acesso aos verdadeiros dados Fui informado de que n o serei remunerado pela minha participa o Qualquer d vida em rela o pesquisa ou minha participa o antes ou depois de meu consentimento ser o respondidas pelo investigador respons vel Declaro que li todas as informa es acima referidas Recebi explica es sobre a natureza demanda riscos e benef cios do projecto Assumo conscientemente os riscos envolvidos e compreendo que posso retirar meu consentimento e interromper minha participa o a qualquer momento sem penalidade ou perda de benef cio Ao assinar esta carta de consentimento n o estou desistindo de quaisquer reivindica es legais direitos ou medicamentos Uma c pia desta carta me ser dada Assinatura do participante Lisboa 10 de Abril de 2008 96 Para mim o segredo sempre foi fazer e dar tudo com alma e cora o precisamente como defino este meu trabalho Alma e Cora o Foi um trabalho com muitos altos e baixos pois a vida n o feita s de ganhos e vit rias mas tamb m de perdas e fracasso Contudo o que d o gosto de miss o cumprida a constante perseveran a a cada passo sendo capaz de acreditar e continuar mesmo quando muitas metas se mostravam inating veis e quando as for as e motiva o eram quase nulas 97
71. e saiu de casa e tem outra fam lia tem mais tempo para elas e ainda me critica sic Manifesta a sua zanga ainda mais porque as filhas v o passar alguns fins de semana com o pai e ela fica sozinha refere todavia que se sente magoada quando as filhas por vezes d o a raz o ao 87 pai pois se elas se esqueceram como ele era quando viviamos juntos eu n o sic Maria sabe que importante para as filhas estarem com o pai pois na verdade agora que elas t m um pai mas n o consegue deixar de se sentir magoada Desde que o ex marido est com a nova mulher Maria se afastou da fam lia deste pois se sentiu um pouco magoada por a terem tamb m eles aceite sinto que perdi a nica fam lia que tive sic Por algumas vezes admite que o seu maior medo que as filhas queiram ir viver com o pai e gostem mais da nova companheira deste Nos ltimos tempos n o tem tido vontade de nada sai porque tem de ir trabalhar mas assim que chega a casa o que mais quer estar na cama sem ver nem falar com ningu m Um dia destes saiu com as filhas e voltou logo para casa Manifesta a sua preocupa o com a possibilidade de estar a ser negligente com as filhas pois sabe que a sua depress o come a a acentuar se Na verdade n o s a filha mais nova que n o quer crescer tamb m ela n o quer que elas cres am pois isso implica que elas vivam a sua vida e que a Maria fique sozinha Diz que se sente gorda Desde que t
72. ectos externos O processo depressivo organiza se num jogo projectivo introjectivo de efeitos perversos projec o da idealidade e introjec o nuclear da malignidade assim como desculpabiliza o do objecto e inculpa o do pr prio defesa moral segundo Fairbairn donde decorre a inflex o da agressividade Assim a nossa vida mental apresenta ininterruptas oscila es entre situa es persecut rias e situa es depressivas com as respectivas culpas e ang stias ang stias que somos for ados a elaborar continuamente para evitar que as imagens deixam de ser os nossos ideais de vida e se tornem em diabos inspiradores das nossas ang stias de morte Mauro Mancia No decorre do meu estudo foram surgindo alguns elementos que gostaria de ter incluido contudo isso tornaria este trabalho muito mais extenso do que era permitido Deste modo gostaria de real ar um aspecto que n o foi trabalhado e que a meu ver seria tamb m ele muito importante para entender mais aprofundadamente a Maria Assim sendo acho que teria sido importante aprofundar a perda abandono precoce da figura paterna e as implica es que isso teve tanto na sua depress o como na sua forma de se relacionar com os outros e consigo pr pria 73 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS American Psychiatric Association 1996 DSM IV Manual de Diagn stico e Estat stica da Perturba es Mentais 4 edi o Lisboa Climepsi Editores Bergeret J
73. ermos de interdito ou numa l gica limite ou em termos do fantasma destrutivo Cart o VIGF sugere um duplo registo propondo a proximidade sedu o e a interposi o dos interditos face a esta possibilidade e p e prova a capacidade de integrar a identifica o feminina no seio de uma rela o de desejo Deve ter se em conta o contexto mais erotizado e menos problem tico da rela o com o paterno em compara o com a rela o com o materno quando a problem tica narc sica domina observamos um sobre investimento do corpo da postura das personagens Cart o VIGF remete para a rela o com o feminino e o materno reactivando a problem tica da rela o m e filha na sua dupla dimens o de rivalidade identifica o e de interac es precoces Deve ter se em aten o o registo mais ou menos conflitual e denso de significa o e o reconhecimento ou n o da sugest o feita pelo cart o podem aparecer temas de queda Cart o IXGF remete para a rivalidade fraterna feminina a qual remete para a rela o com o materno e arrasta emerg ncias agressivas muito importantes embora tamb m possa aparecer a m e como objecto de apoio importante verificar se h diferencia o das personagens ou pelo contr rio se existe uma confus o e telescopagem de pap is Deve ter se em conta se h ou n o uma colora o edipiana e um reconhecimento da 48 alteridade apesar da proximidade ou se aparecem rela es especulare
74. estas coisas as vezes a fazem pensar se vale a pena Sessao I Fazendo uma retrospectiva Maria diz que por vezes recorda com alguma tristeza a sua inf ncia pois s o muito poucas as recorda es sendo que algumas delas foram contadas por algumas vizinhas N o consegue descrever muito bem a sua m e sendo que o nico que consegue dizer uma mulher analfabeta sic Contudo sempre que se lembra dos ltimos meses de vida da m e e da sua morte sente se triste pois n o imaginava que gostava dela tanto quanto gostava pois sempre tivemos uma rela o dif cil mas hoje sei que provavelmente ela era como era por ser uma pessoa analfabeta e de modos muitos rudes Acho que era a forma natural dela de gostar sic Recordar a inf ncia n o lhe tr s grande alegrias pois a m e era muito agressiva f sica e psicologicamente chegando a Maria a fugir de casa aos 10 anos de idade e a m e foi muito criticada pelas vizinhas pelos seus modos e pela forma como tratava a filha A tristeza tamb m evidente quando falamos sobre a rela o da m e com as suas filhas que era quase inexistente Desde que conheceu o ex marido e come ou a namorar com este a m e foi contra a rela o proferindo muitas vezes que uma vez que o irm o deste n o tinha muito boa fama se um era assim o outro n o devia ser melhor Maria descrever a sua rela o com a m e desde que come ou a namorar com o ex marido como um inferno sic Me
75. eve a primeira filha engordou e n o conseguiu recuperar e quando fica nervosa come mais Mesmo que queira fazer exerc cio n o pode pois n o tem muitos recursos nem disposi o para tal Sess o D Maria chega ao hospital sem atrasos enquanto nos dirigimos para o gabinete noto que hoje est mais arranjada que das outras vezes e elogio a dizendo lhe que est bonita ao que me responde com um sorriso envergonhado e agradece Come o por lhe perguntar sobre o que gostaria de falar hoje Olha me emocionada e tentando conter as l grimas diz que na passada 2 feira teve uma crise Conta me que chegou a casa e se fechou no quarto a chorar que foi muito intenso foi pior que das outras vezes sic N o percebe o que originou o sucedido pois n o h nenhum acontecimento relevante para associar Refere que bateu com o carro mas que n o foi nada de especial que a deixasse preocupada e nem pensou muito no assunto Diz que tudo tem corrido normalmente as filhas foram passar o fim de semana casa do pai e a mais velha voltou para casa mais cedo que o previsto Descreve que naquele dia se sentia muito cansada farta e sem vontade de nada S pensava que nada valia a pena que continuar n o valia a pena pois trabalho tanto e tento fazer tudo o melhor poss vel e no entanto nada muda nem melhora sic e ent o chora 88 Prossegue dizendo que queria muito falar comigo pois sente que agora chegou o momento de ser medicada
76. falta do objecto e por consequ ncia de si pr prio Assim atrav s da teoria freudiana pode se perceber que tanto no luto quanto na melancolia o Ego adquire a fun o de preservar o objecto perdido inicialmente identificando se com ele e posteriormente o incorporando No luto normal h uma percep o gradual da n o exist ncia do objecto amado na realidade e isto compensado atrav s da institui o de um novo objecto amoroso reinvestimento J na melancolia luto patol gico existe a presen a de culpa e hostilidade muito intensas de forma que o objecto se torna fantasioso morto pelo indiv duo Desta forma o objecto torna se um perseguidor interno que exige vingan a Menninger 1970 vislumbra que todo acto agressivo ou destrutivo contra a pr pria vida uma manifesta o do instinto de morte contra o Eu Para ele a pr tica suicida pode ter origem em diversos temas inclusive aqueles que se referem ao meio ambiente ou seja a n o elabora o interna de algumas percep es e viv ncias Este inclusive o factor mais relevante para desencadear o comportamento suicida Voltando a Freud 1917 1969 a pessoa desde o momento em que nasce at seu ltimo f lego vivencia perdas e isso pode induzir ao luto e melancolia Sup e que para o suicida as reac es consigo mesmo ou com o mundo externo frente a essas perdas se deram em algum aspecto de maneira err nea Freud afirma que a maior express o da puls o de m
77. gundo Greenberg e Mitchell 2003 estas deixam marcas que ser o interiorizadas vindo posteriormente a modelar atitudes reac es percep es etc A Maria veio consulta bastante deprimida como uma j prolongada reac o ao seu div rcio A sua vida encontra se marcada por sucessivas perdas e assuntos mal resolvidos inclusivamente a um n vel mais prim rio e interno e este acontecimento div rcio fez com estes conflitos emergissem e se tornassem desorganizadores desestruturantes amea adores e insuport veis a n vel emocional para ela Segundo Segal 1975 as ansiedades relativas a ambival ncia e a culpa bem como as situa es de perda que reactivam experiencias depressivas existir o sempre Segundo Fairbairn 1981 o ser humano tem uma necessidade b sica de boas rela es de objecto e toda a psicopatologia pode ser compreendida em termos de dificuldades pronunciadas em alcan ar e manter essas rela es Neste estudo as viv ncias que constituem e formam o sistema emocional de Maria no mbito da depress o centram se na perda no modo como ou n o sentida no modo como ou n o elaborada pensada no consequente sentimento de culpa e inferioridade Maria apresenta se visivelmente deprimida possivelmente derivada de uma personalidade depressiva uma vez que o que realmente est em falta em toda a sua vida amor por parte dos objectos significativos Tanto que ela apresenta uma estrutura depressiva cl s
78. hach Rorschach uma prova projectiva de personalidade O seu princ pio b sico a projec o na medida em que o sujeito ao deparar se com uma figura sim trica desestruturada lhe d um sentido um nome um significado projectando se corporalmente nas imagens A percep o das imagens d se por um ser biol gico com sentimentos emo es e fantasias e dotado de temporalidade espacialidade e ritmicidade corporal que na com o outro ser est inevitavelmente impl cito todas estas caracter sticas Mendes Pedro A Soubigou D Balanda A B 2001 que ser o 42 transportadas para o suporte Rorschach e nos dar conta do mundo interno biol gico relacional do sujeito A prova composta por 10 pranchas Cada uma delas apresenta um conte do manifesto a mancha que se observa e um conte do latente Assim para Didier Anzieu 1965 citado por Chabert 1983 A Prancha I a que permite um primeiro contacto do sujeito com o examinador e com a prova Deste primeiro contacto podem surgir elementos correspondentes ao registo da rela o pr genital com a m e A Prancha II impulsionar no sujeito a sua sensibilidade afectiva e emotiva devido presen a do vermelho A imagem no alto e baixo atribui prancha um car cter bissexual A Prancha III reenvia para a representa o do casal parental A Prancha IV a prancha supereg ica e da autoridade A Prancha V a da adapta o realidade ou seja
79. hor e uma verdadeira fam lia que se concretizaram primeiro com o casamento e acolhimento da fam lia do marido depois com o nascimento da primeira filha e a vinda para Lisboa procura de novas oportunidades Contudo foi precisamente o nascimento da primeira filha que come ou a ditar a gradual dist ncia entre o casal Mesmo j a viver em Lisboa e com uma vida melhor o div rcio tornou se a nica solu o visto haviam aspectos j incontorn veis entre ambos Sente se muito magoada e incomoda pelo ex marido apesar de ja divorciados a alguns anos continuar a culpabiliza la e critica la pelos problemas das filhas em especial da mais nova As filhas por sua vez aceitaram sempre muito facilmente as mulheres do pai assim como se esqueceram como este era quando viviam todos juntos o que tamb m a magoa muito e a faz algumas vezes pensar que se calhar ela que m m e e as filhas deveriam ir viver com o pai v d Anexo B Sess o C Os seus sentimentos de solid o refor am se quando a m e morre pois apesar da rela o fr gil que mantinham esta sempre foi a nica fam lia que teve Entristece a que as suas filhas mantenham entre elas uma rela o conflituosa uma vez que gostaria que se dessem bem pois a fam lia o melhor e mais bonito que se pode ter Nunca tive a oportunidade de ter uma fam lia nem uma boa rela o com os meus irm os e sei o quanto triste sic v d Anexo B Sess o H 5 4 3 Rorsc
80. ia o que confirmado pela importante ruptura associativa que encerra o relato C Fos Problem tica este cart o reenvia para a problem tica da perda de objecto e p e a quest o da elabora o da posi o depressiva Perante o conflito a Maria reconhece o afecto depressivo mas o conflito totalmente banalizado atrav s de um afecto de circunst ncia A impossibilidade de encontrar uma sa da para o conflito traduz a dificuldade de elabora o da posi o depressiva pois n o consegue fazer uma associa o correcta com uma representa o de perda de objecto nem solucionar o problema de forma a existir uma satisfa o directa das puls es Cart o IV D a impress o que um casal que est a namorar tipo aqueles filmes antigos T121 Tt 43 Procedimento H uma entrada directa na express o B2 antecedida por uma precau o verbal com uma tend ncia geral restri o C Fo gt A23 O conflito n o abordado recorrendo a um relato muito pr ximo do conte do manifesto do cart o C Fa e uma insist ncia no fict cio B215 Problem tica este cart o remete para o conflito pulsional no seio de um casal heterossexual A Maria n o vivencia o conflito evitando o n o h ambival ncia na rela o O recurso ao fict cio uma defesa de forma a controlar a emerg ncia de movimentos pulsionais incontrol veis Deste modo o conflito n o solucionado 60 Cartao V Uma senh
81. ica remete para a rela o m e filha numa situa o de mal estar para a rela o com o materno e para o registo da identifica o interdito da aproxima o edipiana A problem tica narc sica domina atrav s do sobre investimento do ar ou da postura das personagens a sua idealiza o figura masculina e deprecia o figura feminina Isto remete para a impossibilidade de elabora o do conflito pulsional 61 Cart o VII GF Uma m e a falar com a menina ou a contar uma hist ria Qualquer coisa assim T1 11 Tt 30 Procedimento H uma entrada directa na express o B21 com o acento posto nas rela es inter pessoais B23 O sil ncio C Fo2 faz a ponte para uma interrup o que encerra o relato C Fos A hist ria constru da muito pr xima do conte do manifesto do cart o e pr ximo do tema banal C Fa Al com uma tend ncia geral restri o 5C Fo Problem tica Reenvia para a problem tica das rela es m e filha na sua dupla dimens o de rivalidade e de identifica o e de interac o precoce m e crian a O conflito n o abordado pelo que a Maria mostra ficar reduzida a investir numa rela o de submiss o com a m e Cart o IX GF Este n o sei D a impress o que est o a fugir de alguma coisa mas n o sei do qu T1 3 Tt 27 Procedimento ap s um curto tempo de lat ncia inicial muito curto 3 h uma tend
82. imago arcaica Cart o XIII MF Ele est a chorar Ou ela est doente ou morreu s pode T1 12 Tt 28 Procedimento h uma entrada directa na express o B2 com apego ao conte do manifesto do cart o C Fa e afectos de circunst ncia C Fas As personagens surgem sob o anonimato C Fos e os afectos est o ligados a problem tica da morte ou doen a Eo Problem tica a dimens o passional da rela o heterossexual n o percebida evocada O conflito ligado sexualidade e agressividade no casal afastado quase denegado H uma forte carga afectiva contudo n o relacionada como forma de se defender e combater a ang stia que pode provocar Cart o XIX N o vou l mesmo N o se parece com nada T125 Tt 1 4 Procedimento inicia com um tempo inicial de lat ncia relativamente longo C Fo em rela o aos outros cart es Contudo o cart o parece ser demasiado desestruturante para a Maria o que a leva a recusar construir uma hist ria C Fos Problem tica o est mulo reactiva uma problem tica pr genital na evoca o de um continente e de um meio que permite a projec o do bom e do mau objecto Na Maria not ria a incapacidade em diferenciar o dentro do fora e em evocar um continente que permita a projec o do bom e do mau objecto O desgaste de qualquer movimento pulsional arrasta desde logo o escoamento do pensamento 64 Cart
83. inicia se com uma critica de si C N9 seguido de um sil ncio C Fo que mostra perfeitamente o impacto do cart o na organiza o interna do sujeito A hist ria banalizada Al e a narrativa estruturada com base em afectos Bl4 B24 de circunst ncia com forte necessidade de justifica o C Fas gt A22 A precau o verbal com uma tend ncia 58 restri o A2 C Fo2 remetem para a incapacidade da Maria construir uma hist ria com recurso a criatividade Problem tica A identifica o muito pr xima com a crian a confronta a Maria com a sua pr pria ang stia de castra o que remete directamente para a sua incapacidade em utilizar o objecto no aqui e no agora da aplica o construir uma hist ria O reconhecimento da crian a e do violino na sua integridade levam a Maria ao reconhecimento de sentimentos de impot ncia que poder o ser ultrapassados no futuro Cart o IT Faz me lembrar a aldeia uma professora talvez Estes est o a trabalhar a terra Esta senhora d me a impress o que est gr vida e est a olhar para ele T1 13 Tt 58 Procedimento ap s um tempo de lat ncia curto a Maria continua a construir uma hist ria muito pr xima do conte do manifesto C Fa recorrendo novamente a precau es verbais A2 3 Refere cada uma das personagens recorrendo ao anonimato destas C Fos e colocando o acento no fazer C Fa3 sem nunca colocar as personagens em inter
84. irn 1981 a teoria das rela es objectais infere a transforma o das rela es interpessoais em representa es internalizadas de relacionamentos Os objectos s o internalizados ao longo do desenvolvimento da crian a preferencialmente a crian a internaliza um relacionamento completo Um prot tipo de experiencia amorosa positiva transformado durante o per odo em que o beb amamentado Freud 1905 1953 O estudo de rela es segundo Coimbra de Matos 2002 evid ncia a considera o do objecto das suas qualidades intr nsecas e dos seus modos expl citos de agir como agente da maior import ncia na matura o pulsional e na estrutura o do Eu todo o problema das introjec es e identifica es que se dependem por um lado da constitui o e desenvolvimento aut nomos do sujeito dependem de igual forma daquilo que o objecto e fornece p 237 Uma importante fase da evolu o psicol gica a constru o do bom objecto interno total com isto queremos designar o objecto total p s ambivalente o objecto do amor que s se solidifica verdadeiramente com a ultrapassagem do conflito edipiano e o estabelecimento de uma razo vel identifica o homossexual Segundo Shafer 1968 referido por Gabbard 1998 a for a motivadora dos aspectos amorosos positivos da m e na introjec o parece ser o medo do lactente de perd la As raz es para essa introjec o da m e s o mais complexas e ent
85. ivamente crian a Passado quase 2 anos nasce a segunda filha mas desta vez as coisas foram um pouco diferente O marido participa mais na gravidez e quando a filha nasce d lhe mais aten o e brinca com ela algo que n o fazia com a primeira Passados alguns anos decidem vir para Lisboa procura de uma vida melhor Maria considera que de facto a vida deles melhorou a n vel financeiro mas o marido come ou a distanciar se cada vez da Maria e das filhas nunca participando muito na sua educa o muito menos a n vel emocional Sa a muito com os amigos e com outras mulheres algo que a incomodava e magoava bastante Sempre que chegava o fim de semana e a Maria programava algo para fazerem ele dizia sempre que n o podia ir Por mais de uma vez o confronta com a possibilidade deste sentir vergonha dela e das filhas contudo este se justificava dizendo que tinha muitas coisas do trabalho para fazer Por essa altura a rela o de marido e mulher j se tinha deteriorado por completo Maria sabia das infidelidades do marido e j n o suportava mais continuar a fingir Come am as discuss es e um ano antes do div rcio j n o dormiam juntos Foi um processo muito doloroso para a Maria que amava o marido e n o queria que as coisas acabassem assim mas j n o dava mais n o suportava estar com uma pessoa que me traia com 84 outras e j n o fazia quest o de esconder sic Por fim Maria pede o div rcio algo que apesar de d
86. mento e d o origem ao mundo de objectos internos reprimidos essencialmente constitu do por maus objectos Eis um aspecto que distingue Fairbairn de Klein a internaliza o de objectos Enquanto para o primeiro s os maus objectos s o internalizados para Klein tanto os maus como os bons objectos s o internalizados A compreens o deste pensamento de Fairbairn exige que se tenha em conta a distin o entre mem ria e objectos internos Guntrip 1992 Os objectos s s o internalizados segundo Fairbairn 1981 quando a rela o se transforma numa situa o de mau objecto por exemplo quando o objecto deixa de amar ou abandona A experiencia de mau objecto acontece a uma crian a quando a m e recusa amamentar imp e o desmame ou est de mau humor impaciente e punitiva ou se ausenta de forma mais ou menos tempor ria ou definitiva ou ainda quando se apresenta emocionalmente distante amorfa ou indiferente Estas v rias experi ncias podem ser vividas como rejei o ou deser o ou como persegui o e ataque Este mau objecto vai ser internalizado de uma maneira mais fundamental que a mem ria porque corresponde a m s experiencias que n o podem ser digeridas e absorvidas pelo que s o retidas como objectos estranhos que a psique procura projectar Fundamentalmente os maus objectos s o internalizados porque n o se pode aceitar que sejam maus N o podemos domin los e obrig los a transformarem se em bons objec
87. mentos sem que o agir possa por vezes parecer a nica e melhor solu o A presen a de elementos f bicos como a recusa de um cart o tamb m ele saturado em significados emocionais uma tradu o das suas ang stias n o elaboradas temendo e evitando confrontar se com estas pelo recurso maioritariamente de mecanismos de defesa Em suma um protocolo que mostra uma personalidade estruturada de forma muito imatura em que a Maria reflecte neste per odo da sua vida uma n o utiliza o e valoriza o das suas capacidades intelectuais assim como dificuldade de socializa o apesar de conseguir camuflar pela necessidade de aceita o As preocupa es afectivas s o muito intensas assim como as sexuais Percebe se tamb m uma car ncia a n vel dos afectos prim rios com pouca capacidade de dar em troca 6 2 T A T 6 2 1 An lise Cart o a Cart o Cart o I N o tenho muita imagina o N o sei o que isto aponta para o violino violino Um menino que est a olhar para um violino e est a pensar como ser que se toca Mas tamb m tem uma express o triste D a impress o que est triste por querer tocar e n o saber ou n o poder T1 6 Tt 1 07 Procedimento Ap s um curto tempo de lat ncia inicial 6 o relato da Maria desenvolve se muito pr ximo do conte do manifesto do cart o C Fa como se o sujeito tivesse necessidade de se apoiar na realidade objectiva O di logo
88. ncia muito dif cil a m e tinha 41 anos e era vi va quando engravidou da Maria Do seu pai pouco sabe pois nunca chegou a conhec lo O que lhe contaram foi que este tinha aparecido na aldeia para trabalhar como caseiro mas 82 pouco tempo depois de umas festas da aldeia desapareceu Algumas pessoas chegaram a especular que este teria algum atraso mental e ter se ia aproveitado de algumas raparigas da aldeia que tamb m engravidaram Como os alde es decidiram castig lo n o teve outra alternativa sen o fugir Quando era adolescente ainda teve curiosidade em conhece lo s para saber quem era seu pai mas este nunca quis saber e ent o perdeu o interesse pois se ele n o quis saber de mim porque haveria eu de querer conhec lo sic Do primeiro casamento da m e tem 3 irm os um irm o de 55 anos que trabalha no campo uma irm de 53 anos que antes de se reformar era mulher a dias e um irm o que J faleceu e que era 10 anos mais novo que ela Era o nico com quem se dava bem mas foi assassinado por andar atr s de umas raparigas l da aldeia tinha 35 anos De todos a irm era e continua a ser a mais dif cil de se relacionar Quando a m e da Maria soube que estava gr vida decidiu que assim que ela nascesse d la ia para adop o mas foi o irm o mais velho que convenceu a m e a n o o fazer pois lhe disse que esta poderia ser o seu nico amparo na velhice A m e da Maria tamb m era rude grosseira e mulher
89. ncia por parte da Maria para recusar o cart o C Fos ap s um sil ncio seguido de uma precau o verbal C Fo A23 ela tenta construir uma hist ria com personagens an nimas C Fo mas o tema persegui o E14 parece demasiado desorganizador e ela acaba por interromper o relato Problem tica este cart o remete para a rivalidade fraterna feminina a qual remete para a rela o com o materno e arrasta emerg ncias agressivas muito importantes O relato breve com evitamento ao conte do manifesto e latente emerge de uma forma o reactiva que assinala a impossibilidade de lidar com as emo es pulsionais agressivas reactivadas pela rivalidade feminina Parece um cart o bastante desorganizador para a Maria pela problem tica que reactiva A n o diferencia o das personagens nem de g nero indica uma dificuldade no processo de identidade e identifica o 62 Cartao X Acho que um homem e uma mulher j de idade num gesto de carinho T1 7 Tt 42 Procedimento ap s um tempo de lat ncia curto a Maria continua a constr i uma hist ria muito pr xima do conte do manifesto C Fa recorrendo a uma precau o verbal A2 3 Refere cada uma das personagens recorrendo ao anonimato destas C Fo3 e os afectos expressos s o de circunst ncia C Fas A hist ria curta C Fo2 e as solicita es latentes tratadas com um grande distanciamento s o fortemente banalizadas C Fo4 Problem tica
90. no mas tamb m o bom objecto introjectado Segal 1975 p 82 Quando no auge da sua ambival ncia o beb acha se exposto a desespero depressivo lembra se de que amou e de que ainda ama a m e embora sinta que a devorou ou destruiu de modo que ela n o mais estar dispon vel no mundo externo Al m do mais segundo Segal 1975 porque tamb m a destruiu como objecto interno O beb sente internamente em peda os por identifica o com esse objecto e agudos sentimentos de perda s o experimentados bem como de culpa de anseio e desesperan a quanto a recuper lo Esta experi ncia envolve uma forte preocupa o de que poss vel fazer mal a algu m Deste modo a culpa torna se uma parte proeminente da vida afectiva da crian a que tenta resolve la atrav s de um processo denominado por Klein de repara o Segal 1975 A experiencia de depress o mobiliza no beb o desejo de reparar o seu objecto destru do Realiza sucessivas tentativas de reparar o dano causado pela sua fantasia omnipotente por restaurar e recuperar seus objectos amados perdidos e por lhes dar de volta vida e integridade A crian a segundo Klein acredita que tal como foi capaz de destruir o objecto com a sua agressividade ser capaz com o seu amor e cuidado desfazer os efeitos da mesmo Klein reformula o complexo de dipo como um esfor o para resolver as ansiedades depressivas e as culpa atrav s da repara o O superego n o apenas precede o
91. nte torna se importante auxiliar e conter Maria no luto da rela o div rcio com o marido assim como trabalhar ainda algumas quest es da sua inf ncia e adolesc ncia que a perturbam e que a maior parte das vezes tende a evitar pensar como querendo dizer implicitamente se n o penso n o sinto Deste modo torna se importante trabalhar mais a repara o narc sica e menos a repara o objectal deflex o da agressividade com desculpabiliza o do pr prio e inculpa o do objecto depress geno desvaloriza o do objecto e recupera o da idealidade perdida na idealiza o do objecto substitui o da culpa e da vergonha pelo respeito pelo outro e dignidade pessoal 70 VIII REFLEX O FINAL A sa de e o crescimento mental resultam da rela o com objectos s os e expansivos a doen a resulta portanto da rela o de constrangimento com objectos patol gicos e patog nicos uns e outros externos e interiorizados sendo que s o estes ltimos os mais significativos quer para o bem quer para o mal O self uma estrutura din mica em busca de rela o com o objecto sendo em face da responsividade deste que se vai organizar o estilo ou sistema relacional Verificamos que no funcionamento depressivo quando h frustra o na rala o o sujeito revolta se contra o objecto frustrante desejando castig lo Isto acontece porque neste tipo de funcionamento as representa es do mundo frustrante s o guardad
92. o nunca teve para com ela gestos de afecto e apre o Maria refere que a m e talvez pelos seus poucos estudos nunca foi muito afectiva chegando muitas vezes a ser agressiva tanto f sica como psicologicamente para com ela Recebia constantemente deprecia es e era constantemente inferiorizada por esta o que acredita estar na origem de parte dos seus sentimentos de auto desvaloriza o v d Anexo B Sess o B Maria conta com alguma tristeza que n o p de estudar mais pois come ou a trabalhar em casa de fam lias aos 11 anos para ajudar a m e Sempre que as coisas n o corriam bem voltava para casa e trabalhava com esta no campo Da sua inf ncia n o tem muitas e boas recorda es pois sempre foi muito gozada e criticada pela sua hist ria de vida e tamb m pelos modos rudes e grosseiros da m e Grande parte das coisas que sabe e que n o fazem parte das suas mem rias lhe foram contadas por uma vizinha com quem a m e a deixava em pequena para ir trabalha v d Anexo B Sess o A Enquanto trabalhava para uma fam lia no Porto Maria conhece o seu marido tinha nesse ent o 15 anos Namoram 4 anos e casam Vai viver para a casa dos sogros e sente que aquela era a fam lia que nunca tive sic v d Anexo B Sess o C As coisas correm bem a rela o entre ambos boa e come am a planear e a desejar ter uma filha Maria engravida aos 2 anos de casada contudo o marido passa a estar mais ausente com frequentes s
93. o a tens o Maria preocupa se com alguns desentendimentos entre as filhas pois gostaria que elas se dessem bem contudo tenta n o pensar muito nisso para n o perder o sono sic 90 Fala um pouco do trabalho e no quanto este demasiado desgastante Manifesta um excessivo cansa o a nivel f sico pois a n vel psicol gico se tem sentido bem Sente que precisa de umas f rias pois a 2 anos que n o tem usufru do destas preferindo sempre trabalhar pois sempre mais um dinheiro que ganha Contudo j decidiu que este ano vai tirar f rias Tem poupado um dinheiro para isso e sente que lhe far bem e s filhas tamb m Elogio o investimento que tem feito a n vel visual n o deixando de referir que as mudan as s o not rias Ela sorri e agradece refere que antes poupava todo o dinheiro que podia N o tinha gastos sup rfluos pois nunca se sabe quando se pode precisar sic e a maior parte dos gastos eram com a casa e as filhas Contudo como a muito tempo n o comprava nada para ela decidiu que tamb m merecia e lhe faria bem Sess o G Maria chega com um ar jovial e sorridente digo lhe que est bonita e com boa cara ao que me responde com um sorriso e um obrigada Diz me que esta semana correu lindamente sic principalmente no Domingo pois a filha fez a Profiss o de F e se sentiu muito bem e orgulhosa uma vez que a filha foi muito elogiada As pessoas lhe diziam que estavam muito bonitas
94. o se dirige ao psic logo as faltas contradi es lacunas erros etc s o dadas informa es sobre os mecanismos de defesa o tipo de economia ps quica a transfer ncia a organiza o patol gica e o modo de funcionamento do sujeito as rela es objectais predominantes o significado inconsciente de certas manifesta es permitindo ao psic logo intervir da forma mais correcta e eficaz Pedinielli 1999 37 O ouvir e compreender o sujeito s o duas condi es b sicas para o psic logo devendo para tal colocar se numa posi o de neutralidade benevolente que consiste no ouvir o sujeito afastando as suas cren as e ju zos da rela o terap utica Pedinielli 1999 fulcral que o psic logo mantenha uma postura emp tica o que implica uma compreens o do outro sem haver uma confus o com este s assim se poder manter a fun o contentora essencial a qualquer terapia Gabbard 1998 Pedinielli 1999 Esta fun o contentora ou continente no o provinda de teoria bioniana representa uma analogia conten o materna das ang stias da crian a assim passa exactamente por isso por uma conten o est vel das ang stias do paciente permitindo assim a transforma o e melhoramento das suas dificuldades pessoais ou representa es negativas Pedinielli 1999 5 4 2 Observa o Clinica A observa o est na base de toda a compreens o sobre os fen menos e sobre o mundo e portanto de toda a activi
95. objecto de amor repeti o do papel de v tima o que despoletou a actual depress o j bem prolongada Tanto o Rorschach como o T A T s o representativos da sua problem tica uma vez que trata se de protocolos extremamente pobres o que representativo das suas preocupa es ang stia e problem tica principalmente a um n vel emocional O seu lado depressivo evidente no pouco envolvimento e curiosidade com que explorar os cart es As emo es est o contidas ao extremo o que representativo da pobreza de conte do de investimento e de criatividade imagina o 69 Os protocolos s o pouco originais uma vez que esta apresenta um excessivo apego ao conte do manifesto banalidades dos cart es o que resultado de um recurso extremo a defesas de forma a evitar os conflitos e a emerg ncia de sentimentos demasiado angustiantes e desestruturantes para um modo de funcionamento interno demasiado fr gil Deste modo poder se dizer que o grande pesar de Maria um forte e angustiante sentimento de nunca ter sido amada De alguma forma como diz Coimbra de Matos Amar sem ter sido amada sonhar sem ter sido sonhada morrer sem ter vivido Como este acompanhamento ainda se matem torna se importante referir o que ainda falta ser trabalhado Foi dada resposta ao pedido inicial de melhoria da auto estima sendo que os resultados come am a ser gradualmente vis veis ao logo do processo terap utico Actualme
96. oder traduzir por auto puni o Consequentemente os sentimento de culpa castigo ou ren ncia originam um medo de perda de amor do outro medo de perda de amor e protec o do Super Eu o que se liga interioriza o de figuras de autoridade no fundo medo de perda de amor dos pais Winnicott 1962 citado por Grinberg 2000 estabelece um ciclo que d conta da crescente capacidade de sentir culpa 1 experi ncia pulsional em que o sujeito vive sentimentos de amor e dio 2 aceita o da responsabilidade da experi ncia pulsional que origina a culpa 3 elabora o mentaliza o e transforma o desta culpa 4 restitui o repara o ou recupera o do objecto sobre o qual a experi ncia pulsional actuou Qualquer falha neste ciclo poder introduzir d fices enfraquecer ou anular a capacidade para sentir culpa No fundo a culpa est sempre presente de modo inconsciente portanto n o mentalizada o que levar a um ciclo de estrago repara o Estes sentimentos man acos incluem entre outras defesas a nega o a dissocia o a idealiza o e a identifica o projectiva Para Coimbra de Matos 2007 a culpa resulta de duas origens convergentes 1 a idealiza o do objecto com a tend ncia associada de o desculpabilizar e a 2 indu o da culpa pelo objecto do qual ao mesmo tempo se idealiza e faz idealizar O processo em que o sujeito projecta a sua bondade e introjecta a maldade do objecto tr
97. oloroso sucedeu sem complica es Para as filhas que ao longo dos anos assistiram s discuss es dos pais n o foi inesperado Maria uma mulher com uma apar ncia muito mais velha para a idade que realmente tem Racionalmente assume que n o culpada de grande parte das coisas que correram mal na sua vida mas em todo o seu discurso est presente uma auto culpabiliza o associada a uma deprecia o de si pr pria muito fortes Tem uma auto estima muito baixa sente se totalmente desamparada na situa o actual Sess o B Maria chegou um pouco atrasada pedindo desculpas e se justificando pelo sucedido J no gabinete e um pouco abatida fala me da sua semana e diz que n o aconteceu nada de especial Que sempre do trabalho para casa e de casa para o trabalho que anda cansada pois trabalha muito e tenta acreditar que as coisas v o melhorar contudo de dia para dia tudo permanece na mesma o que faz com que se sinta muito em baixo Manifesta At tenho vontade de chorar sic e pouco depois come a a chorar Diz que por vezes pensa que ela que m m e e o melhor para as filhas era irem viver com o pai Conta me que a filha mais nova continua com os problemas na escola que esperava que melhorassem com as consultas mas as coisas continuam na mesma e ja n o sabe o que fazer Fala me de como as suas filhas s o diferentes e inevitavelmente come a a compar las tanto no desenvolvimento como nos comportamentos A mais
98. ora que abriu a porta de um quarto ou uma sala para chamar algu m ou ver se estava algu m T1 19 Tt 37 Procedimento O relato banalizado e impessoal C Fo4 e o acento inscrito no quotidiano C Fa A Maria come a o relato com uma entrada directa na express o B2 embora com recurso ao anonimato da personagem C Fo3 e com o acento posto no fazer C Fas O Ricardo introduziu personagens n o existentes na imagem Bl C Fo3 embora tamb m permane am no anonimato Os motivos dos conflitos n o precisos r citos banalizados a todo o custo C Fo4 Problem tica este cart o reenvia para a imagem materna que penetra e olha A simples referencia a uma cena do quotidiano leva nos a pensar que neste caso a Maria prende se ao factual uma vez que a problem tica do car o demasiado angustiante Cart o VIGF Este parecido com o outro Parece a cena de um filme ou qualquer coisa assim Os homens est o sempre com um sorriso e as mulheres com uma cara sempre fechada Acho que o mal das mulheres T1 8 Tt 1713 Procedimento ap s um curto tempo de lat ncia inicial 8 o relato da Maria desenvolve se pr ximo do conte do manifesto do cart o C Fa com recurso ao fict cio A212 Os afectos s o expressos minima A218 e a hist ria curta C Fo2 com solicita es latentes As personagens surgem an nimas C Fas Finaliza o relato criticando a situa o C C3 Problem t
99. orma o que muito confort vel pois permite evitar o confronto com os afectos A cor em momento algum referida como uma fuga aos afectos um cart o que remete para a troca para a comunica o o que nos permite perceber que a Maria se adapta bem a realidade objectiva contudo tenta n o se envolver demasiado O facto de referir somente os animais de uma forma geral sem precisar a sua esp cie reenvia para um registo mais depressivo sem investimento com uma elevada pobreza e imaturidade emocional e criativa De um modo geral poder se interpretar a resposta como uma recusa Desta vez o sujeito n o faz referencia nenhuma as configura es bilaterais o que n o permite sequer que ponha as duas partes do estimulo em rela o A aus ncia de refer ncia cor faz perceber um certo desinteresse pelo mundo exterior e talvez um certo desinvestimento de si pr prio Todos estes elementos 54 juntamente com a referencia a um simples desenho remete para uma certa regress o tal como uma imaturidade e pobreza emocional X Embora tamb m seja um cart o colorido tem caracter sticas totalmente diferentes dos outros cart es permite a uma maior dispers o Uma vez que remete para a ang stia de fragmenta o o sujeito vai ter mais dificuldade em se unificar H uma tend ncia para decompor o cart o em unidades o que aconteceu no caso da Maria onde s consegue interpretar uma nica unidade dois amarelinho
100. orque na inf ncia lhe foram induzidos por pais desamantes sentimentos de culpa e de inferioridade os quais s o agravados quando sofre uma perda afectiva na vida adulta Estes indiv duos estabelecem modalidade de rela o em que d o mais do que recebem economia depress gena o que caracteriza e ao mesmo tempo gera a depress o A crian a necessita de um amor oblativo em que recebe mais do que d sendo isto essencial para a constru o da auto estima e foi poss vel perceber que no caso da Maria as constantes deprecia es e inferioriza es da m e foram essenciais para a sua prolongada e actua baixa auto estima como sentimentos auto depreciativos e inferiorizante Consideramos assim que o investimento objectal de tipo narc sico que est na base da estrutura depressiva da Maria sendo que deste modo a perda do objecto acompanhada de uma dor dificilmente repar vel pois como se esta perdesse tamb m uma parte de si pr pria Organiza se ent o uma conduta de abandonado abandonante 12 que nao se trata propriamente de um abandono sofrido mas de um receio de ser abandonado Na depress o e neste caso em particular podemos considerar que h uma perda no concreto dos objectos idealizados mas uma persist ncia desses mesmos objectos na fantasia o que impede a sua expuls o atrav s da liberta o da agressividade a eles relacionada mas inflectida sobre o pr prio e ou transferida por obj
101. orte morte da raz o Abordagem Psicanal tica do Suic dio In A Depress o Epis dios de um percurso em busca do seu sentido pp 135 144 Lisboa Climepsi Editores Marta R 1999 Ma Envenenada vincula o e rela o de objecto na Bulimia Nervosa Disserta o de Mestrado apresentada no Instituto Superior de Psicologia Aplicada ISPA Lisboa Mendes Pedro A Soubigou D amp Balanda A B 2001 Le Rorschach en Clinique Psychosomatique In Sami Ali et al Manuel de Th rapies Psychosomatiques Paris Ounod Menninger K 1970 Eros e Tatanos o homem contra si pr prio Tradu o Aydano Arruda S o Paulo Editora Ibrasa Nunes M 1993 Entrevista Psicol gica In Cunha J Ed Psicodiagn stico R pp 28 39 Porto Alegre Artes M dicas Pedinielli J 1999 Introdu o psicologia cl nica Lisboa Climepsi Pinto A C 1990 Metodologia da Investiga o Psicol gica Porto Edi es Jornal de Psicologia Rodrigues V A amp Gon alves 1997 A Banha da Cobra Ensaio sobre a Pr tica Psiqui trica Contempor nea Lisboa Publica es Dom Quixote Sampaio D 1985 Tentativas de Suic dio na Adolesc ncia Interpreta o Sist mica e Redefini o de Estrat gia Terap utica Disserta o de Doutoramento apresentada Universidade de Lisboa Lisboa Sampaio D 1917 1996 Ningu m Morre Sozinho O Adolescente e o Suic dio 6 edi o Lisboa Edito
102. orte seria a agressividade quando esta n o dirigida ao meio pode voltar se contra o sujeito e culminar no acto suicida O ser humano capaz de abster se da auto conserva o para privilegiar a auto estima narcisismo Outro aspecto consider vel seria o caso do sujeito se encontrar em posi o de desprest gio sentindo se com sua auto estima degradada Em ambas as ocorr ncias seria poss vel que o acto suicida viesse a ocorrer Outra hip tese ainda formulada por Freud de que existe um instinto de morte em que a meta levar o indiv duo para um estado de calma ou serenidade caracterizado pela n o exist ncia Quando este instinto torna se mais forte que o instinto de vida pode 32 levar ao acto suicida sendo o equil brio entre os dois impulsos que mant m o controlo da vida Holmes 2001 Coimbra de Matos 2007 refere algumas raz es masoquistas e narc sicas para a morte possivelmente explicativas para um certo desejo de morrer 1 Obter o amor total e duradouro do objecto sem recrimina es acusa es inibi es trai o indiferen a n o disponibilidade ou rejei o e durante toda a vida deste 2 Vulnerabilidade narc sica 3 Intoler ncia dor de perda do abandono 4 Impossibilidade de suportar o orgulho ferido e a derrocada da omnipot ncia A maior tristeza que se pode ter refere Coimbra de Matos 2007 a da saudade daquilo que ardentemente se desejou se construiu em sonho f
103. paran ide Com a divis o est o em conex o a ansiedade persecut ria e a idealiza o Naturalmente ambas se retidas na sua forma original na vida adulta deformam o Julgamento Contudo segundo Segal 1975 alguns elementos da ansiedade persecut ria e da idealiza o est o sempre presentes e desempenham um papel fundamental nas emo es adultas precisamente a pr condi o necess ria para que se seja capaz de reconhecer apreciar e reagir a situa es verdadeiras de perigo em condi es externas Por sua vez a idealiza o a base da cren a na bondade de objectos e na pr pria bondade e precursora de boas rela es de objecto A re introjec o a solu o que a crian a encontra para obter algum dom nio e controlo dos objectos maus ou persecut rios que ser o projectados na m e a fim de separ los dos objectos idealizados Concomitantemente os objectos bons podem ser projectados a fim de coloc los a salvo dos maus que agora se situam internamente Segundo Klein inicialmente o ego primitivo amplamente desorganizado e desde o nascimento o ego imaturo do beb exposto desde o nascimento ansiedade provocada pela polaridade inata dos instintos o conflito imediato entre instinto de vida e o instinto de morte assim como imediatamente exposto ao impacto da realidade externa que produz ansiedade mas tamb m o calor o amor e a alimenta o recebidos da sua m e Essa deflex o
104. paro e do colapso da auto estima provocando um dist rbio no desenvolvimento do amor pelo objecto a depress o narc sica onde o sujeito sente que n o consegue alcan ar os padr es de seu ideal do eu o que significa n o conseguir assegurar a sua auto estima ao mesmo tempo que perde o amor e o respeito pelo objecto Estes dados ajudam a entender como a depress o que a Maria apresenta poder ter tido a sua origem na inf ncia e como um epis dio de mais uma perda como foi o div rcio tamb m ele saturado em sentimentos de ang stias fez que a depress o prolongada e latente se manifestasse v d Anexo B Sess o A e B Para Coimbra de Matos 2007 a culpa resulta de duas origens convergentes 1 a idealiza o do objecto com a tend ncia associada de o desculpabilizar e a 2 indu o da culpa pelo objecto do qual ao mesmo tempo se idealiza e faz idealizar Na Maria h uma forte tend ncia para desculpabilizar o comportamento da m e justificando que provavelmente era a nica forma que esta sabia de amar e tamb m que era normal na 68 idade dela j n o ter paci ncia com crian as procurando justificar que tamb m ela se tivesse um filho agora n o teria muita paci ncia v d Anexo B Sess o C e 1 Desde a inf ncia que foi v tima de maus tratos f sicos e psicol gicos por parte da m e portanto aquele que deveria ter sido objecto de amor tornou se objecto de agress o em vez de proteger agrediu
105. pois pela primeira vez ela pr pria sentiu que n o tinha controlo sobre si e teve medo de fazer alguma errada Acrescenta que sabe que nao fara nada pois n o tem coragem mas que gostaria de ter alguma coisa para se socorrer em momentos de crise Diz me que apesar de as filhas estarem em casa n o se aperceberam de nada pois assim que chegou do trabalho fechou se no quarto Diz que n o consegue falar com as filhas sobre o que sente nem com a mais velha e que se sente triste por estas n o perceberem nem se importarem Sente se sozinha e desamparada o que torna muito dif cil suportar os problemas e dificuldades sem ter com quem contar ou em quem se apoiar Sess o E Maria come a por dizer que continua a se sentir sem vontade de nada que por vezes pensa em como era antes quando ela gostava de sair de ler e ir ao cinema Desde que me divorciei deixei de ter vontade de realizar qualquer tipo de actividade extra laboral ainda mais porque as despesas aumentaram sic Desde o in cio a Maria sempre apontou aspectos negativos nela pr pria referindo muitas vezes que n o valia muito e que n o tinha interesse nenhum para as outras pessoas Em consulta dizia me diversas vezes que ela n o mudaria Dra S tirando esta cabe a e pondo outra N o vale a pena sic Falamos sobre esses aspectos negativos e sobre os positivos dos quais ela nunca falou Diz me que uma pessoa muito correcta e trabalhadora e refere que deve
106. procedimentos do tipo A2 e B2 apontam mais uma vez para a necessidade da Maria recorrer a alguns mecanismos de defesa como uma forma de controlo dos pr prios afectos e da consequente emerg ncia destes Apenas aflorado o conflito interpessoal e intrapsiquico reprimido e v se o desejo de ser completamente extinto mas os restos do recalcado aparecem e inferem se atrav s dos mecanismos de defesa anula o denega o e forma o reactiva As banaliza es est o presentes para assegurar que nada se passe nem ao n vel da agressividade nem da sexualidade se bem que a ang stia de castra o esteja inscrita de uma forma muito t nue o essencial joga se a n vel da depress o ligada ang stia de separa o O pedido de apoio est presente mas podemos questionar nos se n o ser uma maneira de regredir para uma posi o de crian a imatura que espera o socorro do adulto para evitar assim uma posi o onde o eu seria assumido A identifica o a uma m e na sua dupla dimens o de mulher e de genitora encontra se barrada assim como em rela o ao homem Em definitivo a impossibilidade em elaborar a posi o depressiva articula se com a procura de uma rela o de suporte Na falta de introjec o do objecto ausente Maria tem necessidade do objecto real externo a fim de colmatar o vazio interno A Maria apresenta um estilo depressivo em que ao contr rio do estilo narc sico aparece a possibilidade de evo
107. ra Caminho Segal H 1975 Introdu o Obra de Melanie Klein Rio de Janeiro Imago Editora Ltda 76 Shentoub V Coord 2001 Manual de Utiliza o do T A T Lisboa Climepsi Editores 77 ANEXOS Anexo A Protocolo do Rorschach I 7 1 Parece um animal uma borboleta ou Asas o formato e esta G F A ban coisa assim Pelo menos parece parte central 29 I 3 2 Este n o sei s o dois elefantes com O vermelho n o sei D F Ad ban as trombas juntas aqui T o estranho 56 Il 6 3 Dois c ezinhos as patas C es muito magritos G K Ad 18 Continuo sem ver bem o que o vermelho R A Focinho patitas D F Ad IV g 4 o mais feio Que animal este N o me parece com nada GF A Este n o sei com o que se parece Parece que um bicho 45 mas n o sei qual Vv 15 5 Duas aves n o G F A ban 21 R A Parece que est o de G Kan A costas uma para a outra encostadas Aqui parece os bicos Dd F A 79 VI 6 6 N o sei Nao sei mesmo Deve ser tamb m um Recusa 32 animal mas n o estou a ver qual seria VII 17 7 Um coelhinho de cada lado Por causa da orelha D F Ad 26 D a impress o que tem um focinho Aqui tamb m parece a cabe a de um animal mas n o sei se VIII g 8 Dois animais a subir qualquer coisa Isto no meio n o sei o D F A Ban mas n o sei distinguir quais s o que
108. re os factores podemos encontrar a fantasia de controlar o objecto contendo o dentro de si Segal 1964 obter um senso de dom nio atrav s de experi ncias traum ticas repetidas com o objecto Schafer 1968 e a prefer ncia por um objecto mau em vez de nenhum objecto Schafer 1968 Para Meissner 1981 o apego intenso a um objecto hostil internalizado tamb m pode estar ligado com a nsia por uma rela o mais positiva com esse objecto A teoria das rela es objectais reconhece que n o h uma correla o exacta entre o objecto real e a representa o internalizada do objecto Gabbard 1998 1 1 Teoria de Melanie Klein De acordo com Klein citada por Segal 1975 o terror prim rio de aniquilamento ligado ao instinto de morte de Freud experienciado pelo beb nos primeiros meses de 15 vida Melanie Klein observou que crian as pequenas quando dominadas por uma intensa ansiedade na tentativa de introjectar objectos bons e simultaneamente expulsar objectos maus e projectar sentimentos maus tentavam constantemente dividir split os seus objectos e os seus sentimentos Por conseguinte o beb vivencia um medo persecut rio da m e que se caracteriza acima de tudo pelo medo que este o penetre e destrua todo o bem que pelo processo de divis o e introjec o est protegido dentro da crian a este medo que constitui a matriz caracter stica da ansiedade prim ria a qual Klein denominou de posi o esquizo
109. relacionar com as diferen as fisiol gicas no g nero e o seu impacto so n vel do funcionamento mental 2 2 Compreens o Psicodin mica da Depress o 2 2 1 A Perda Segundo Haynal 1976 a depress o na abordagem psicanal tica tem um car cter geral que lhe conferido pelo fantasm tico a situa o infantil evocada por associa o e um car cter espec fico as caracter sticas fantasm ticas de cada situa o Considera se que as etapas evolutivas implicam o abandono de objectos ou aspectos dos objectos afastando os ideias infantis a come ar pela omnipot ncia e assim ser capaz de passar progressivamente do princ pio do prazer ao princ pio da realidade Por outro lado a vulnerabilidade depressiva com todas as perdas e abandonos n o apenas uma entidade nesogr ficas mas antes um conjunto de afectos dolorosos ligados mudan a Mas uma mudan a sentida como negativa traduzindo se na perda ou na incapacidade de realiza o e pressupondo a incapacidade de gradualmente mudar de investimentos A depress o est intimamente relacionada com o luto fazendo parte do processo psicopatol gico activado pela perda de um objecto amado Freud na sua obra mais representativa sobre este tema Luto e Melancolia descreve a melancolia por um des nimo profundo e penoso que se faz acompanhar pelo desinteresse face ao mundo externo e a incapacidade de substituir o objecto de amor assim como a inibi o de toda e qualquer activida
110. relations as an absolutely necessary object The following instruments were used to collect the information the Case Study Rorschach and TAT the weekly sessions during a year and observations since beyond the person s life story the way the subject verbalizes certain events also allows to detect certain traces of the pathological structure The study results indicate that the individual experiences are the experience throughout his childhood and how it relates to themselves on which the loss of the pleasure of working and investing in the world with the result in this case the depression Keywords Depression Object Relations Loss Guilt Vil INDICE THROM UC AG a sra dp SS EE A O ss 12 I Rela o de Objecto 1 1 Teoria de Melanie Klein 0 c ccc cece cece eee eeeeeeeeeeee sees 15 1 2 Fairbairn e a Teoria dos Maus Objectos Internalizados 19 II Depress o 2 1 Defini o de Depress o in iiccu2eceuiices codes envscecan tuyere uhwadses acvladeeone 22 2 2 Compreens o Psicodin mica da Depressa0 c ccc eee eeeene ence er 24 22d lt A Perda sunt ba Pia sas Nisa sas sas tae pa aaa 24 2 2 1 A Culpa e a Inferioridade a scamipnacda ra comia enor sencecAeks DRAG 27 Za Tipos de Depress o sais pia A ey ica a A Meena a eh 29 M Breve Nota sobre O SUIC DIO usiasasics peca AS DARDO CNS amore 30 VI Objectivos e Problem tica 3 1 Objectives Problem
111. res humanos neste cart o confirma pelo inqu rito faz supor uma certa dificuldade de identifica o o que tamb m reenvia para uma imaturidade emocional Aborda o est mulo em G simples banal o que indicativo de recurso a mecanismos de defesa do tipo adaptativo no sentido de lutar contra a emerg ncia da realidade interna pela utiliza o da realidade objectiva Uma vez que este cart o remete para a figura de autoridade este percepcionado com um pouco amea ador e desorganizante e a atitude da Maria perante ele submiss o e passividade A tonalidade emocional quase disf rica isto desagrad vel para o examinando Provoca desconforto e ang stia ficando de tal forma siderada que se poder traduzir numa quase n o resposta E uma das escolhas negativas o que faz sentir o impacto da figura Resposta banal que parece ter tido uma fun o organizadora na sequ ncia do cart o anterior que suscitou sentimentos de amea a Revela adapta o realidade embora sempre com uma certa inseguran a e d vida H integridade e unidade do eu Monstra um certa capacidade para trabalhar mentalmente e elaborar o desorganizado da figura IV disforme produzindo agora uma figura adequada ao real o que denota a capacidade da Maria se adaptar realidade Uma vez que um cart o saturado em significados emocionais apresenta uma elevada tonalidade negativa Inicialmente recusado pela Maria embora no inqu rito patent
112. rminado conte do Finalizadas as dez pranchas pede se que o sujeito escolha duas que mais goste e duas que menos goste justificando a escolha No final faz se um inqu rito em que se pergunta onde viu determinado conte do e permite localizar a resposta dada Todos os dados ser o posteriormente trabalhados e permitir nos o avaliar a personalidade do sujeito quer pelo seu conte do fantasm tico relacional quer pelas defesas utilizadas 5 4 4 T A T O T A T foi criado em 1935 por Henry Murray na Cl nica Psicol gica de Harvard uma prova projectiva que se baseia no mecanismo ps quico universal da projec o uma vez que as hist rias que o sujeito conta s o produto da projec o da afectividade do sujeito uma prova de personalidade porque est fundamentalmente orientada para a pesquisa de informa o sobre o modo de personalidade essencialmente sobre a din mica afectiva e emocional e o modo como est o organizadas um teste ou prova projectiva porque o material figurativo figuras com seres humanos s s em rela o paisagens ou seja cada uma das imagens reenvia para um tema espec fico Segundo Murray 1938 citado por Shentoub e Col 1999 o TAT deveria ser analisado segundo as press es e necessidades do her i o her i central da hist ria comportaria uma identifica o do narrador logo o sujeito estaria assim a falar das suas pr prias 44 press es e necessidades ligadas a situa es h
113. s A resposta da Maria evidencia uma certa rigidez n o s porque n o elabora as suas respostas como aconteceu na passagem dos dez cart es mas tamb m por n o revelar espontaneidade e adapta o ao material apesar de ser uma das suas escolhas para os cart es que mais gostou 6 1 2 An lise do Psicograma Trata se de um protocolo com 12 respostas todas cot veis O baixo n mero de respostas pode implicar ou um sujeito sem grandes capacidades criativas pobre intelectualmente ou uma atitude defensiva O cart o VI recusado e nenhuma prancha manuseada o que d conta de uma certa dificuldade em explorar e pobreza tanto a n vel emocional como criativo imagina o Os tempos s o todos muito baixos o que pode indicar que o sujeito mobiliza rapidamente as suas capacidade ou ent o que o sujeito tem uma atitude de defesa para acabar mais r pido Os modos de apreens o s o principalmente em G resposta global e em D grande detalhe Quanto s respostas em G elas est o acima do normativo 50 Traubenberg N R 1973 mas a maior parte delas 4 associam se ora a 2 boas formas ora 2 a cinestesias o que d conta de por um lado de uma capacidade adaptativa passiva e uma reduzida participa o emocional e afectiva ou seja h uma adapta o a realidade mas sem grande investimento criativo Nos cart es IV e IX o G associa se a F devido a mobiliza o de defesas contra a emerg ncia da realidade interna
114. s o interpretadas provavelmente pelo seu car cter pulsional sexual e ou agressivo que esta tenta evitar A valoriza o do D ponta central superior do cart o que tem uma simboliza o f lica evidencia o esfor o de n o evocar associa es que remetem para uma problem tica de castra o uma vez que este cart o tem caracter sticas maternas ou pode remeter para o casal parental O inqu rito importante para perceber sem que seja necess rio o examinador referir que esta percepciona o vermelho do cart o embora n o o consiga interpretar O conte do das resposta continua muito pobre e pouco elaborado contudo com uma maior adapta o e mostrando um pouco mais de seguran a perante o material Mostra se assim dispon vel para partilhar os seus afectos embora sem os elaborar muito Este um cart o que remete para a rela o e as dificuldades que a Maria sente ao ser confrontada com esta evidente tanto no seu sil ncio como na descri o que no inqu rito d sobre os c es magrinhos quase 52 IV VI como dizendo que a rela o desvitalizada desnutrida A evoca o de animais para representar a rela o quer dizer que h uma patente dificuldade em representar a verdadeira rela o o que denota uma certa imaturidade emocional Mais uma vez percepciona o vermelho mas n o o consegue interpretar pela carga agressiva que este pode representar A aus ncia de percep o de se
115. s ou fantasmas destrutivos a paisagem mar tima pode reactivar fantasmas de rela es arcaicas e mort feras interpreta es de tipo paran ico podem conferir ao olhar da mulher uma conota o persecut ria Cart o X remete para uma proximidade em termos de casal numa rela o onde est o exclu das as refer ncias er ticas libidinais Deve ter se em aten o se a dimens o sombria do cart o faz surgir uma desorganiza o da hist ria ou se a imprecis o dos limites leva ao sentimento de perda identit ria e evoca o de objectos parciais corpo atingido pela fragmenta o podem surgir rela es especulares ou de suporte Cart o XI a imagem contem alguns elementos apreens veis como elementos da realidade mas fundamentalmente uma imagem ca tica e on rica remete para uma regress o mais intensa do que qualquer outro cart o TAT na medida em que apresenta elementos conflituais mais arcaicos evoca o combate contra a natureza m e nos seus aspectos perigosos Verificar se a ang stia ou n o sentida enquanto tal Deve ter se em conta se h desorganiza o o sujeito ou n o capaz de regredir e voltar a emergir reconstruindo uma paisagem relativamente organizada ou evoca o fobog nica Cart o XIIIMF remete para a intrinca o da agressividade com a libido e a sua express o no casal As varia es dadas por temas de culpabilidade e remorso relacionadas com a express o da sexualidade e da agressividade mos
116. s se vai abandonando e perdendo a vontade de viver Tudo se tornou um fardo tudo se tornou aborrecido desvitalizado e sem sentido O que define a ess ncia da condi o humana s o as suas rela es inter subjectivas determinado passado relacional concreto e imagin rio o amor o desejo como tamb m o dio e a oposi o Somos aquilo que vivemos que experimentamos e sentimos e a base da doen a ps quica a rela o traumatizante que perdura no inconsciente no decurso das primeiras fases do desenvolvimento que se estabelecem as primeiras rela es com os objectos privilegiados maioritariamente os pais e s o estas rela es que s o interiorizadas e que t m um papel organizador do psiquismo Simultaneamente as rela es de objecto s o os conte dos do aparelho ps quico e os seus elementos organizadores a forma como o sujeito capta os objectos os assimila e constr i no seu interior que se torna fundamental para a sua organiza o modelando a actividade do sujeito Mais tarde s o estas que v o definir em parte a forma como os sujeitos se relacionam com outras pessoas significativas ao longo da vida A presente investiga o debru a se sobre o estudo de caso da Maria A ideia inicial perceber e compreender o funcionamento psico relacional de algu m que apresente uma clara sintomatologia depressiva 12 O pedido de acompanhamento surgiu camuflado pelos problemas escolares da filha mais nova da Maria
117. sica com interioriza o da culpa desculpabiliza o e idealiza o do objecto portanto projec o do bom no objecto e interioriza o do mau 67 na rela o que estabelecemos desde o inicio que os sintomas da Maria s o patentes muitas vezes sendo expressos por ela verbalmente A rigidez dos seus mecanismos de defesa not ria quando refere que para ela j n o h rem dio e o melhor seria tal como todas as figuras significativas da sua vida que eu desistisse dela v d Anexo B Sess o E Como Freud 1917 1969 referiu o que descreve a melancolia um des nimo profundo e penoso que se faz acompanhar pelo desinteresse face ao mundo externo e a incapacidade de substituir o objecto de amor assim como a inibi o de toda e qualquer actividade e uma diminui o dos sentimentos de auto estima Ao longo das sess es a Maria foi relatando como perdera o interesse por qualquer actividade extra laboral e que antes gostava de realizar Perdeu o interesse em conhecer e estar com pessoas e se auto deprecia dizendo que n o tem interesse nenhum e que ningu m alguma vez olharia para ela v d Anexo B Sess o B Maria descreve a sua tristeza e magoa por nunca se ter sentido amada nem pela m e Ou seja aquele que deveria ter sido objecto securizante e de amor foi um objecto rejeitante e desnarcisante A falta de amor pr prio ou de amor narc sico encontrando se ligado aos sentimentos de necessidade de desam
118. smo depois de casada a m e continuava a manter uma rela o m com o marido contudo Maria refere que a m e nunca aceitou nenhum dos seus namorados e o nico que a m e achava que era ideal para ela era um que ela nem gostava Hoje pensa que pensando na sua vida provavelmente a m e teria raz o Depois de casar passou a viver com o marido e com os pais deste e uma vez que a rela o da m e com o marido n o era muito boa eram poucas as vezes em que estavam juntas Posteriormente mudan a para Lisboa visitou a m e algumas vezes algumas delas j depois do seu div rcio e a m e chegou a dizer lhe que se ele te deixou foi porque algo de mau te viu sic o que acabou por gerar algumas discuss es entre ambas em que a m e mais uma vez a magoou Apesar de saber que o div rcio era inevit vel e de certo modo o melhor acreditou que o marido acabaria por voltar O casamento j tinha terminado a muito tempo e s n o tomou a decis o de se divorciar antes pois por um lado acreditava que as coisas iriam 94 mudar e por outro lado porque tinha medo de n o ser capaz de conseguir seguir a sua vida sozinha de cuidar das suas filhas e tamb m preocupava se com o que as outras pessoas iriam pensar e dizer Hoje nada disso a preocupa e olhando para tr s acha que s ficou a ganhar At o div rcio nunca sabia com o que contar monet ria por parte do marido desde que se divorciou ela que gere as suas finan as e sabe o que
119. ta es liter rias 4 ano do 1 Ciclo de escolaridade Area de Resid ncia Lisboa 2 Data e Motivo de Consulta Maria vem consulta de psiquiatria no dia 17 de Janeiro de 2008 encaminhada pela psic loga da filha mais nova porque apresenta uma acentuada sintomatologia depressiva Aquando do seu div rcio foi medicada com antidepressivos sem acompanhamento psicol gico contudo deixou de os tomar assim que se sentiu melhor 3 Hist ria pessoal 3 1 Dados pessoais Posi o na fratria quarta numa fratria de quatro irm os Hist ria peri natal n o planeada nem desejada sem intercorr ncias neonatais pr ou p s natais parto eut cico de termo Desenvolvimento psicomotor sem altera es Sintomas psicopatol gicos na inf ncia aus ncia de sintomas 3 2 Hist ria familiar Maria nasceu num meio familiar que descreve como complicado A m e vi va h tr s anos tinha 41 anos quando engravidou desta de uma rela o ocasional embora nunca tenha conhecido seu pai Do primeiro casamento da m e Maria tem tr s irm os o mais 39 velho de 55 anos uma rapariga de 53 anos e o mais novo j falecido que teria agora 45 anos Relata nunca ter tido uma rela o pr xima com estes uma vez que nunca aceitaram muito bem a gravidez da m e e as circunst ncias em que esta ocorreu v d Anexo B Sess o A A m e mulher analfabeta de uma aldeia transmontana e de modos muito rudes que vivia do trabalho no camp
120. te do sujeito geralmente em torno das problem ticas que o perturbam Pedinielli 1999 A entrevista cl nica engloba um conjunto de objectivos que passam pela cria o de um espa o onde o sujeito possa fala livremente ouvir etc mas tamb m um espa o relacional sendo que o terapeuta deve dizer algo ao sujeito produzir um discurso que permita ao outro ouvir se e pensar se Pedinielli 1999 um espa o em que se produzem factos de linguagem a partir dos quais se instaura uma troca uma reconstru o dos factos reais Pedinielli 1999 p 45 No que respeita ao sujeito trata se de uma narrativa de evoca o de factos que este vivenciou no real ou no imagin rio a sua posi o perante os mesmos e as expectativas e fantasias que tem sobre a forma como o psic logo os v Padinielli 1999 Segundo Freud citado por Pedinielli 1999 as entrevistas t m uma fun o de ab reac o fun o libertadora acreditando na sua fun o terap utica na medida em que o sujeito pode falar livremente sobre coisas que o preocupam o afectam e o influenciam negativa ou positivamente Pedinielli 1999 No discurso do sujeito e na forma como ele o organiza para expressar o que deseja surgem um in mero de informa es fundamentais para o psic logo assim colocando atrav s da forma o pedido ou queixa seja pelo modo como organiza o discurso em termos da sua constru o e sintaxe o tom de voz utilizado a sua articula o a forma com
121. tos na realidade interna Mas eles nunca chegam a modificar se e no mundo interno inconsciente permanecem rejeitantes ou hostis de acordo com a experiencia externa Estes maus objectos acabam por ser incorporados identificados com e tornam se parte da estrutura ps quica da personalidade O bom objecto parcial primitivo bom seio na concep o Kleiniana tende a ser introjectado com esta introjec o positiva constr i se a imagem de si pr prio o pr prio Eu a identidade estas identifica es primitivas s o totalmente necess rias constru o da personalidade Coimbra de Matos 2002 Do lado oposto temos a introjec o do mau objecto introjec o negativa destrutiva para a personalidade o objecto persecut rio interiorizado Segundo Coimbra de Matos 2002 a introjec o do objecto ambivalente t pica do melanc lico agressivamente internalizado como reac o ao abandono real ou fantasm tico o objecto conservado e atacado e grandemente confundido com o Eu 20 a um tempo venerado no sacrif cio do pr prio culpa expia o e aniquilado no suic dio assassinato Fairbairn 1981 defendia que os estados esquiz ide e depressivo s o os dois tipos de reac o fundamentais s rela es com os maus objectos internos A reac o esquiz ide remete para uma fase do desenvolvimento de profunda identifica o prim ria com a m e Nesta altura em que a crian a ainda
122. tram a oscila o entre o desejo a liberta o pulsional e a defesa em termos de interdito e culpa Num registo mais arcaico podem aparecer movimentos de inibi o e restri o massivos Cart o XIX remete para o a regress o e para o continente protector o sujeito ou n o capaz de organizar a separa o entre o dentro e o fora e evocar um continente que permita a projec o do bom e do mau Deve ter se em aten o se aparecem ou n o procedimentos de sobre investimento dos limites ou ang stia de fragmenta o quando os limites n o s o fi veis a representa o da rela o p e a t nica na intrus o no persecut rio na destrui o e na morte Cart o XVI os sujeitos reagem de acordo com as caracter sticas fundamentais do seu funcionamento a forma como o sujeito estrutura os seus objectos e as rela es com eles de modo que este cart o aparece como uma esp cie de s ntese 49 Aplica o do TAT Escolha dos Cart es e Instru o No TAT h pranchas obrigat rias e outras cuja passagem est dependente do crit rio do examinador A ordem de apresenta o dos cart es deve ser respeitada e o cart o 16 deve ser proposto no final da aplica o a qual feita numa nica sess o A escolha dos cart es deve levar em linha de conta aquilo que j conhecemos do sujeito a partir da escolhem se cerca de 10 cart es tendo em considera o que os cart es que apresentam conflitos claramente relacionais s
123. tudo entende que importante que elas se d em bem com o pai e tenham mesmo que s agora uma figura paterna presente atenciosa preocupada e carinhosa embora certas coisas continuem a magoa la A Maria fala de uma reportagem que viu no dia anterior na televis o sobre depress o e relata como se identificou com alguns testemunhos que ouviu e com algumas das coisas que foram ditas Diz que ficou impressionada como a depress o atinge tantas pessoas e de qualquer classe social Fala de como se sente desamparada e que essa era a diferen a entre ela e muitas daquelas pessoas pois a maioria tinham a fam lia a ajudar e amparar na sua dor no entanto ela n o tinha ningu m e isso o que mais lhe custa Conta ainda que algumas pessoas testemunharam que se auto agrediam para suportar aquela dor que sentiam sem raz o aparente Refere nunca se ter magoado propositadamente mas que entende o que elas querem dizer pois s vezes quando se corta sem querer pensa que aquela dor muito mais suport vel e prefer vel uma dor com raz o de ser e que por vezes alivia a dor psicol gica sic Refor a que nunca pensou nem o fez intencionalmente Sess o F A Maria chega atrasada e pede desculpa A sess o tem a dura o de 20 minutos Entramos no gabinete e sorridente diz que se tem sentido melhor Refere que n o t m tido mais crises e que o facto dos problemas da filha estarem um pouco mais controlados tem aliviado um pouc
124. ue sempre que ela fizesse algo de errado a mandassem embora mas que n o lhe batessem Aos 15 anos enquanto trabalhava para uma fam lia conheceu o seu ex marido Ele era muito atencioso e dava provas de que gostava dela pois sempre que a Maria ia actuar fora da aldeia era capaz de percorrer km de bicicleta s para a ver e estar com ela e isso dava lhe certezas de que ele gostava dela e que as suas inten es eram s rias Namoraram 4 anos e casaram Foram viver para casa dos pais do marido que sempre nutriram um grande carinho por Maria Passados 2 anos nasce a primeira filha e a rela o come a a deteriorar se o marido deixou de lhe dar aten o e muitas vezes a deixava sozinha para sair com os amigos e com outras mulheres Numa dessas sa das nocturnas do marido a Maria com ci mes descontrolou se e tentou suicidar se com comprimidos Tinha 6 meses de gravidez na altura Quem a socorreu foi o marido que quando chegou a casa reparou que Maria estava um pouco estranha e perguntou lhe o que se passava levou a para o hospital mas nunca deu muita import ncia ao sucedido Com o nascimento da primeira filha come a a descuidar o seu papel de esposa para se dedicar por completo ao de m e chegando o marido por v rias vezes a dizer lhe que desde que engravidei deixei de ser mulher sic Era a primeira filha desejada e planeada por ambos mas o medo de ser m m e ou de fazer algo de errado fizeram com que Maria se dedicasse quase exclus
125. umanas cl ssicas isto situa es de conflito universal Deste modo as hist rias reportar se iam ao conflito edipiano nas suas v rias vertentes e desdobramentos Schaffer 1958 citado por Shentoub e Col 1999 actualiza o m todo chamando a aten o para a import ncia da forma das narrativas e n o apenas dos conte dos Existem elementos de tipo externo que moldam as narrativas nomeadamente a instru o e as imagens dos cart es e interagem com os elementos internos Assim as particularidades da constru o da narrativa permite aceder aos processos internos e singularidade do sujeito De facto a forma e n o os conte dos que diferencia os v rios tipos de funcionamento ou seja a forma como os conte dos s o evocados que mostra o registo psicol gico que est por tr s da hist ria Deste modo o m todo de an lise teria que dar conta dos procedimentos de constru o da narrativa sublinhando as qualidades do discurso Constitui se ent o a folha de an lise a qual descreve as caracter sticas dos discursos do sujeito segundo as modalidades de funcionamento tal como aparecem na cl nica A hist ria do TAT pode ser assimilada a uma fantasia consciente induzida O que une esta fantasia induzida a fantasia espont nea antes de mais a elabora o consciente esta interv m tanto numa como noutra se bem que em diferentes graus em que uma admite mais processo prim rio do que outra Mas ambas est o submeti
126. v duo conscientes ou inconscientes talvez esfor os simb licos para comunicar a luta dos indiv duos Jahnson 1995 citado por Rita Marta in Ma a Envenenada 1999 O termo rela o de objecto segundo Laplanche e Pontalis 1967 designa o modo de rela o do sujeito com o seu mundo rela o que o resultado complexo e total de uma determinada organiza o da personalidade de uma apreens o mais ou menos fantasm tica dos objectos e de certos tipos privilegiados de defesa p 576 Todas a actividade humanas se pauta pelas rela es que os indiv duos estabelecem com os outros Na primeira teoria da puls o de Freud 1905a o que constitu a uma das suas principais caracter sticas seria que o objecto de uma puls o as pessoas relativamente qual a puls o dirigida tamb m era visto como a sua fonte e como o alvo A puls o tornou se conhecida atrav s da sua direc o para algum objecto Aceita se segundo Greenberg e Mitchell 2003 que as imagens internas constituem um res duo dentro da mente dos relacionamentos dos indiv duos com as pessoas significativas na sua vida De alguma forma as trocas cruciais com outros deixam as 14 suas marcas s o interiorizadas e deste modo v m a modelar posteriormente atitudes reac es percep es etc Numa compreens o mais ampla da teoria das rela es de objectos as pessoas vivem simultaneamente num mundo interno e num mundo externo Para Fairba
127. vras do sujeito Caracteriza o Cart o a Cart o Cart o I remete para a castra o joga se a imaturidade funcional face a um objecto de adulto E importante analisar se a crian a e violino s o vistos na sua integridade ou n o Deve ter se em conta como que o sujeito reage situa o de castra o exist ncia ou n o do reconhecimento da incapacidade funcional mas transit ria Cart o II remete para o tri ngulo edipiano joga se a rela o da crian a com o casal parental e a quest o do interdito H ou n o diferencia o entre as personagens e rela o triangular Deve ter se em conta a exist ncia ou n o da possibilidade de confronto com o casal parental integrado e de encena o e dramatiza o das personagens tendo em conta os afectos que as ligam Cart o III remete para a problem tica da perda de objecto e para a elabora o da posi o depressiva num contexto de culpabilidade e puni o Verificar se a personagem sexuada ou n o se os sentimentos depressivos s o reconhecidos ou n o e associados representa o da perda do objecto Deve ter se em conta at que ponto o cart o remete o sujeito para dimens es mais arcaicas da posi o depressiva nomeadamente a perda de objecto em termos de ferida narc sica ou o dano corporal Cart o IV n o remete directamente para um conflito intenso mas prop e a situa o de tens o entre o casal joga se a rela o de casal em termos da aproxima o

SONHOS PERDIDOS: Reflexão sobre um Caso de Depressão

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