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Maria Isabel da Silva Morim Alves

1. Pr ticas de recontextualiza o de Maria Isabel da Silva Morim Alves textos em manuais escolares NZ IN UMinho 2013 aN des es supress es e transforma adi Universidade do Minho Instituto de Educa o Maria Isabel da Silva Morim Alves Pr ticas de recontextualiza o de textos em manuais escolares adi es supress es e transforma es julho de 2013 Universidade do Minho Instituto de Educa o Maria Isabel da Silva Morim Alves Pr ticas de recontextualiza o de textos em manuais escolares adi es supress es e transforma es Disserta o de Mestrado Mestrado em Ci ncias da Educa o Area de Especializa o em Supervis o Pedag gica na Educa o em L nguas Trabalho realizado sob a orienta o do Professor Doutor Rui Vieira de Castro julho de 2013 Nome Maria Isabel da Silva Morim Alves Endere o eletr nico isamalves sapo pt Telefone 96 38 41 475 N mero do Bilhete de Identidade 115 5412 T tulo disserta o Pr ticas de recontextualiza o de textos em manuais escolares adi es supress es e transforma es Orientador es Professor Doutor Rui Vieira de Castro Ano de conclus o julho de 2013 Designa o do Mestrado Mestrado em Ci ncias da Educa o area de especializa o em Supervis o Pedag gica na Educa o em Linguas AUTORIZADA A REPRODU O PARCIAL DESTA DISSERTA O in
2. 21 2 1 1 Lugar para a literatura infantil especificidade estatuto e fun o 26 2 2 Pr ticas de recontextualiza o dos textos liter rios ssssssssssesesesseseseseseseseseseeeeeesees 31 2 2 1 Em torno das especificidades do discurso pedag gico 31 2 2 2 Orienta es curriculares leituras e compet ncias das pr ticas leiturais 35 2 2 3 O manual de l ngua portuguesa um suporte privilegiado de leitura sss 42 3 A leitura estudo dos textos compreens o e atribui o de significados 49 3 1 O ato de ler leitor texto e Contexto os cet ee poet E leas 49 3 2 Outros fatores que influenciam a compreens o de textos 53 A E o o a Ea EEE EE eed EE EE A A E E 55 3 2 2 A mancha gr fica e a ilustra o uma rela o formal e ou de sentido 57 RE A a O E deasrnntetovtanes 63 A REJCONSTRU O ESCOLAR DOS TEXTOS ssssssssssssssssssssssssssssssssesssssssssssssssessssssssssssessenee 63 1 Para uma estrat gia de an lise linhas de orienta o e op es metodol gicas 65 2 Base te rica e conceptual do CStUdO c cssecsesessessesssesssseesesesssseeseseesseesseeesseeesstsessssessteesseeeses 66 2 1 A problem tica da mobilidade dos textos erre rererearerearerease rare rsarerses 67 2 2 A circula o do impresso na escola regras e media o
3. Total F Total 1 14 Opera es de adi o Como situa es ou procedimentos de adi o considerar se o os acrescentamentos de sinais palavras frases ou par grafos aos textos Estas ocorr ncias surgir o destacadas a negrito entre chavetas na vers o do manual Incluiremos nas unidades de an lise de natureza gr fica os casos de pontua o do texto PT e de adi o de assinalamentos tipogr ficos AT por exemplo negritos sublinhados ou cores Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual N o aprendi a fazer outra coisa N o aprendi a fazer outra coisa respondeu lhe muito queixosa a respondeu lhe muito queixosa a borracha borracha PT M2 4 p 130 Texto no livro do autor Texto no manual Aproximou se um cego Aproximou se um cego cautelosamente tacteando os troncos cautelosamente tacteando os das arvores troncos das arvores AT M2 3 p 82 Para representar opera es de natureza l xico gramatical delimitaremos situa es de acrescentamento de palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical P SPFG de que s o exemplo as preposi es os conectores adverbiais e preposicionais os pronomes relativos os artigos os verbos auxiliares e de liga o etc e palavras sequ ncias de palavras de conte do P S
4. Texto no livro do autor cego cautelosamente tacteando os troncos Aproximou se um cego cautelosamente tacteando os troncos das arvores M2 32 p 82 Texto no manual Ora um dia aconteceu que Paris principe troiano raptou a lindissima rainha grega Helena e a levou para Tr ia Isto fez com que troianos e gregos se envolvessem em violenta guerra Ulisses como bom grego e valente tinha de ir para a guerra 3 lt L M1 42 p 46 Texto no manual O diabo entrou com as sementes e o lavrador com o trabalho Chegada a altura da colheita l estava a seara e que bela a ondular ao ritmo da brisa mansa do Estio Veio ent o o diabo para as partilhas e diz ao lavrador O diabo entrou com as sementes e o lavrador com o trabalho Chegada a altura da colheita l estava a seara e que bela X Veio ent o o diabo para as partilhas e diz ao lavrador M3 42 p 126 233 As adi es de natureza l xico gramatical s o significativamente inferiores s de natureza gr fica Embora raras e at singulares num ou noutro caso quase todos os manuais cont m ocorr ncias deste tipo Apresentam um valor mais expressivo as adi es de palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical P SPFG Encontr mos maioritariamente exemplos de acrescento de preposi es Sabendo se que a fun o destas palavr
5. 114 Quadro 17 Quadro para registo de ocorr ncias das opera es de adi o 117 Quadro 18 Quadro para registo de ocorr ncias das opera es de supress o 119 Quadro 19 Marcas de valoriza o dos textos e da leitura nas capas dos manuais 129 xili Quadro 20 Distribui o dos textos nos manuais ccseseseceseseseeesssestesssssestesssssteteessesseteeeens 135 Quadro 21 Autores citados em mais de dois MANUAIS cccsscsessesesescessesescessssststeesseseeeeeeees 141 Quadro 22 Obras citadas em mais de dois manuais ccccesesessesestessseseeeesssestetesesestateeeees 142 Quadro 23 Total de autores identificados por manual F 144 Quadro 24 Total de textos prim rios e secund rios por manual F 144 Quadro 25 Assinalamento dos dois modos mais usados para indica o das fontes de autoria POS RMA LIS sta ote rd cela heh des pda do ER Se alte ot do ndo te cado eta E aqu 146 Quadro 26 Marcas expressas de adultera o nos manuais escolares F 151 Quadro 27 Outras refer ncias indicadas nas fontes dos textos F 152 Quadro 28 Caracteriza o da natureza dos t tulos das unidades did ticas 172 Quadro 29 Confronto dos t tulos das unidades did ticas com os t tulos dos textos 173 Quadro 30 Confr
6. x Nas noites de Ver o antes de ir para a cama vinha 8 muitas vezes sentar se lt lt junto ao rio gt gt amp ou ent o deitava se de costas na areia e ficava a olhar para as estrelas do c u que brilhavam como se estivessem todas em festa M1 32 p 104 Texto no manual Delicadamente levantava as uma a uma e ia as metendo entre as p ginas de uma velha lista dos telefones que trouxera no saco Delicadamente a madrinha levantava as uma a uma e ia metendo lt lt as folhas gt gt entre as p ginas de uma velha lista lt lt de gt gt telefones que trouxera no saco M2 32 p 98 215 Texto no livro do autor Texto no manual Os troianos viram aqueles preparativos de partida com imensa surpresa e sem perceberem nada do que estava a acontecer Viram os gregos depois de dez anos a ir embora e a largar as suas portas Mas como sabiam que eles n o eram cobardes ficaram desconfiados e atentos As modifica es vis veis nos exemplos que apresentamos a seguir demonstram que apesar de as palavras sequ ncias de palavras agora em an lise exercerem uma fun o essencialmente sint tica ou gramatical quando alteradas podem conduzir a distor es do sentido Texto no livro do autor Os troianos viram aqueles preparativos de partida com imensa surpresa lt lt gt gt sem perceberem nada do que estava a aconte
7. Naquelas redondezas n o existia Naquelas redondezas n o existia criatura mais ego sta e solit ria criatura mais ego sta e solit ria M2 48 p 94 Percebe se por m em certos casos que a n o inser o destes sinais de pontua o nesses lugares do texto n o configura propriamente uma irregularidade gramatical tratando se mesmo de omiss es admiss veis ou se se preferir de uso opcional Como tal esta pode ser uma quest o meramente relacionada com rasgos estil sticos de un autor ou at depuraciones de estilo Blecua 1983 228 Face ao descrito e aos exemplos dados anteriormente avan amos ainda com a hip tese de que a justificar os procedimentos de adultera o deste tipo se encontra a necessidade de acrescer legibilidade aos textos auxiliando se os seus destinat rios na identifica o na relaciona o e na compreens o das suas partes unidades constituintes Referimo nos em concreto ao aumento de pistas gramaticais de que s o inequ voco exemplo os sinais de pontua o e consequente facilita o do trabalho de identifica o de mecanismos de coes o gramatical Costa 1992 90 Reparemos no refor o da pontua o operado na situa o a seguir isolada Texto no livro do autor Texto no manual Diga me se faz favor senhor Diga me se faz favor senhor sinaleiro conhece um moleiro que veio sinaleiro conhece um moleiro
8. PIOS M3 3 p 42 Enquadraremos os casos de recorte de palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical P SPFG e de palavras sequ ncias de palavras de conte do P SPC nas situa es 117 de natureza l xico gramatical A nosso ver a supress o de palavras sequ ncias de palavras de conte do configura uma redu o contra o de frase Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual P s o fato de banho e foi para a praia a correr P s o fato de banho e foi para a praia 8 correr Texto no livro do autor P SPFG M1 3 p 12 Texto no manual Entretanto ao aparecer para a colheita o diabo ficou de tal modo deslumbrado com tanta verdura que logo procurou arranjar maneira de ficar com a melhor parte Prop s ent o ao lavrador l Entretanto ao aparecer para a colheita o diabo ficou de tal modo deslumbrado 3 lt que logo procurou arranjar maneira de ficar com a melhor parte Prop s ent o ao lavrador P SPC M3 4 p 126 Relativamente s interven es de natureza estrutural formal identificaremos como redu o contra o de texto R CTx todas as opera es de recorte supress o de um ou mais par grafos e como redu o contra o de par grafos R CPar g todas as opera es de recorte supress o de uma ou mais frases de um dado par grafo Exemplos Texto no livro do autor Tex
9. A polui o Olhando para os manuais que prop em temas titulos de natureza temporal podemos perceber que salvo uma ou outra exce o n o h um fio condutor ou de liga o entre estes e os textos que surgem nessas sec es Evid ncias resultantes n o s do confronto desses t tulos mas tamb m da an lise do conte do desses textos revelam a sua fun o meramente indicativa da estrutura dos manuais ou orientadora dos tempos da abordagem de cada unidade Vejam se os exemplos a seguir extra dos de dois projetos da mesma cole o M1 3 e M1 4 e que ilustram nalguns casos bastante nitidamente essa aus ncia de rela o 173 Manuais Quadro 30 Confronto dos t tulos das unidades did ticas com os t tulos dos textos Unidade Did tica Titulo Tema Texto no manual Titulo Conte do Tiveste boas f rias s titulo Chegou o outono A floresta Chegou o Carnaval Protege os animais Ovinhos de P scoa As estrelas Ovinhos de P scoa Os pontos cardeais Tiveste boas f rias s t tulo Est a ficar frio O cavalo de Troia Ano Novo O lago Chegou o Carnaval Galar meu amigo Dias maiores Mem ria aos canecos Como forma de contrapor os exemplos anteriores destacamos as propostas do manual M4 4 Quadro 31 Confronto dos titulos das unidades didaticas com os titulos dos textos Unidade Didatic
10. Estudo das palavras refer ncia a palavras grupos de palavras associados a 162 dificuldades de leitura escrita e finalmente Leitura Recreativa indica o de t tulos de textos propostos para leitura Este manual composto por 160 textos sendo que destes apenas 55 se incluem no grupo dos textos prim rios Muito embora surjam colocados somente nas p ginas pares s o textos mais extensos do que os que constam no manual do 3 ano Tal verific vel n o s pelo espa o ocupado pelas manchas gr ficas mas tamb m pelo menor tamanho do corpo da letra pelo menor espa amento entre linhas e pela mais reduzida dimens o das ilustra es exceto no caso dos poemas Al m disso a necessidade de fazer os textos caberem numa nica p gina leva a que se opte em alguns casos pela sua disposi o em duas colunas Antes de cada texto no topo da p gina indicado esquerda o n mero da unidade did tica a que pertence tamb m identific vel pela cor diferente das demais Apenas no primeiro texto de cada novo tema se acrescenta nessa mesma linha mas direita a sua designa o Coisa que n o acontece nos restantes textos Segue se uma rubrica destacada numa caixa de texto de fundo colorido e de que n o h indica o no ndice intitulada Oralidade O leitor depara se a com quest es relacionadas com o texto que vai ler Depois aparecem os t tulos dos textos real ados a negrito que ora surgem centrado
11. Um dia cansado de fazer sempre a mesma coisa e ja farto de numeros de equa es e de c lculos dif ceis ficou ainda mais triste e sentiu que pela sua carapa a de lata escorriam gotas de gua Os t cnicos analisaram as gotas durante alguns dias e por fim chegaram a uma conclus o S o l grimas O rob Z V rgula Quatro estava a chorar e para os seus inventores e para os donos da f brica onde ele trabalhava um rob que chora um rob que n o presta Um dia cansado X lt sentiu que pela sua carapa a de lata escorriam gotas de gua Os t cnicos analisaram as gotas durante alguns dias e por fim chegaram a uma conclus o S o lagrimas X lt lt gt gt Para os donos da f brica X lt um rob que chora um presta lt lt gt gt rob que n o M5 38 p 21 231 Fazemos refer ncia a seguir a situa es de pontua o que configuram ou podem configurar agramaticalidades llustram no a utiliza o da v rgula entre o sujeito e o predicado ou o modo de delimitar sequ ncias de palavras em frases coordenadas Texto no livro do autor Texto no manual Mas o livro ma ou a e ao fim de um quarto de hora ela pousou o a seu lado Texto no livro do autor Mas o livro macou a e ao fim de um quarto de horaf ela pousou o a seu lado M3 32 p 28 Texto no manual Giz n o respondia e at parecia n o
12. p 64 Mais essencial se mostra ainda este elo se pensarmos que a flu ncia de leitura atualmente n o s imprescind vel mas tamb m uma verdadeira fonte de vantagens e poder Sim Sim 2002 205 O dom nio desta compet ncia constitui sob esta perspetiva a pedra basilar no sucesso escolar da crian a e no percurso de vida do adulto idem ibidem Atentando no facto de que tal como vimos anteriormente por for a da evolu o das sociedades modernas h bitos atividades exig ncias necessidades cultura interesses tecnologias a leitura e as suas pr ticas ou os modos de apropria o dos textos bem como a nossa rela o com a escrita se encontra num momento de r pida transforma o Furtado 2000 347 torna se ent o indispens vel o confronto dos indiv duos com situa es que geram necessidades de processamento da informa o escrita cada vez mais sofisticadas Dion sio 2000 25 sabido portanto que no decorrer da vida quotidiana a leitura continua a ser um instrumento imprescind vel para poder tomar parte no di logo permanente dos indiv duos com a sua cultura Colomer 2003 176 e que por isso s o diversos os textos liter rios e n o liter rios e seus suportes s o diversas as situa es e modalidades de leitura s o diversos os 13 Rui Vieira de Castro no pref cio obra de Dion sio 2000 afirma a este prop sito se nas nossas sociedades o
13. 270 Verificamos a seguir e como pressup nhamos estarem estreitamente relacionadas com o enquadramento tem tico dos textos as opera es de adultera o muitas delas efetuadas em fun o de um ideal de texto para servir um tema uma vis o de mundo um modelo de lingua Os resultados obtidos estabelecem nas como pr tica com presen a sistem tica e naturalmente adotada mas raramente assumida nos manuais qual se recorre em nome de um modelo exemplo de texto e de leitor O que na sequ ncia destes diferentes procedimentos se tornou mais evidente foi que estes se refor am e validam mutuamente atuando de modo convergente para assegurarem vers es dos textos que possam ser recebidas como gramaticalmente corretas e como unidades de comunica o e de sentido verdadeiras Ao serem aplicados n o se escusam no entanto a interferir fortemente na sua composi o e na sua forma moldando os em obedi ncia a um conjunto de predetermina es tem ticas de legibilidade de aperfei oamento corre o de representa o de mundos e ou de leitor entre outras conduzem intencionalmente a sua reconstru o convertendo os num discurso que reduzido e ou transformado e ou acrescentado e cujos peda os se re articulam para dar corpo a um outro texto o texto escolar materializam ainda uma forma de controlar e de dirigir o leitor impondo lhe determinado s caminho s e ou n vel eis de leitura Ficou des
14. Ao contr rio da linguagem falada que se adquire espontaneamente medida que se cresce e comunica com os outros a linguagem escrita requer um esfor o deliberado e sistem tico de aprendizagem Numa escrita alfab tica como a nossa os sinais gr ficos fixados no papel correspondem grosseiramente sequ ncia dos sons da fala os fones Todavia o leitor principiante n o tem partida consci ncia da fala 41 O P L P do 1 CEB n o apresentava nenhuma listagem de conte dos ao contr rio do que acontecia por exemplo no P L P do 2 CEB 38 como uma sequ ncia de fones Esta a raz o principal por que a escrita requer um processo de aprendizagem mais dif cil do que a fala p 107 Eram os processos de operacionaliza o 2 propostos para cada ano de escolaridade que permitiam a extra o de algumas refer ncias e pistas importantes para o trabalho de professores e alunos materiais de leitura etapas de aprendizagem tipo de pr ticas propostas compet ncias e estrat gias de leitura exigidas Pelo lado do universo textual sugerido predominava o texto narrativo e o texto po tico Contudo no sentido de desenvolver o gosto pela Escrita e pela Leitura o programa propunha para o 1 e 2 anos de escolaridade o contacto da crian a com registos escritos v rios nomeadamente produ es pr prias jornais revistas correspond ncia calend rios avisos recados not cias r tulos e afins Previa tamb
15. Apontadas que est o as especificidades do discurso pedag gico apresenta se assim formada a base de que partiremos para analisar os manuais escolares enquanto agentes de recontextualiza o Na sequ ncia deste trabalho e uma vez que os textos program ticos e os manuais escolares designadamente as antologias e as gram ticas escolares regulam aquilo que pode ser dito ao listarem os conte dos e a forma de dizer ao preverem formas de transmiss o Castro 1995 79 80 ser nos poss vel tamb m caracterizar as atua es e 34 pr ticas pedag gicas no que ao uso do texto liter rio diz respeito e subsequentemente tecer considera es relativamente a conce es de ensino e de aprendizagem da leitura Atuando como inst ncias de regula o das a es pedag gicas e representando uma concretiza o de orienta es mais gerais os manuais escolares t m no contexto da an lise do discurso pedag gico pela sua posi o de textos reguladores e de textos regulados uma import ncia not vel s o pass veis de uma descri o orientada para a caracteriza o das formas de reorganiza o dos textos que recontextualizam mas permitem tamb m perceber como se entende e provavelmente como se realiza a transmiss o ao n vel da sala de aula idem 69 70 2 2 2 ORIENTA ES CURRICULARES LEITURAS E COMPET NCIAS DAS PR TICAS LEITURAIS O programa de L ngua Portuguesa do 1 Ciclo do Ensino B sico
16. faz se ent o em torno de aspetos decisivos e determinantes Atualmente a informa o o conhecimento e o saber constituem bases a partir das quais emergem as suas exig ncias liter citas Sim Sim 2001 51 e necessidades em termos do tipo de compet ncias desej veis por parte dos 3 Esta rela o justifica se se pensarmos que a escola encarada como contexto de leitura privilegiado apesar de especializada pelos objetivos e pr ticas que promove estabelece com os outros contextos rela es de interdepend ncia muito fortes Dion sio 2000 40 Isto porque se por um lado a ela se exigem pr ticas congruentes com as necessidades sociais por outro lado as pr ticas que a se promovem dificilmente s o destrin veis das circunst ncias concretas dos seus usos dentro e fora dela idem ibidem 9 indiv duos que delas fazem parte Para o comprovarmos basta que atentemos em v rias revolu es que se t m sucedido e que desembocaram nas mais recentes mudan as ocorridas na materialidade dos suportes textuais e nas formas culturais de organiza o produ o circula o e rece o dos conhecimentos e informa es Almeida 2009 155 Esta situa o tem acarretado necessariamente implica es relativamente forma como a informa o produzida e veiculada relativamente delimita o do conhecimento tanto o de um indiv duo quanto o de uma sociedade Britto 2006 77 e relat
17. o acesso s informa es que permitem reconstruir esse caminho Destaca se o texto a mancha gr fica e remete se para um plano bem mais afastado a sua hist ria a vida at ali vivida O texto encarado como unidade de linguagem e ou ve culo de li es morais ou outras vale por si pelo menos tendo em conta as exig ncias que se colocam quando dele se apropria a escola109 De facto a opera o de inser o num novo contexto e num novo suporte de leitura converte o num modelo Essa condi o pode propiciar e justificar v rias transforma es Por meio de sua nova letra de suas rela es com outros textos e exerc cios que comp em o livro o manual escolar com suas ilustra es e contexto gr fico ele o texto passa a ser agora um exemplo de vocabul rio um exemplo de estrutura de reda o um exemplo de uso da l ngua um exemplo de valores e comportamentos Desse modo encena uma nova leitura Batista 2004 75 109 Este reducionismo associado aos modos de utiliza o dos textos liter rios crendo na sua suposta perfei o auton mica Diogo 1994 46 desconsidera poss veis di logos e rela es com as inst ncias que lhes conferem esse estatuto No quadro da forma o de leitores tal resulta em leitores de circunst ncia n o em leitores vidos de ler em leitores rendidos literatura Segundo Diogo 1994 todos os maus leitores que todos os anos saem das escolas
18. procuram promover o treino e a descoberta das potencialidades da palavra escrita em diferentes situa es p 3 Uma vez identificadas as v rias rubricas propostas neste manual note se no entanto que o esquema de trabalho ou de estudo sugerido para cada texto n o sempre o mesmo Com exce o da rubrica Gosto de ler as restantes podem ser propostas ou n o Tal n o significa contudo que n o apare am em todas as unidades Acompanham os textos pequenas ilustra es cuja posi o vari vel Podemos encontr las entre a designa o da rubrica Gosto de ler e os t tulos entre os t tulos e as manchas gr ficas emolduradas pelos textos forma de 1 2 caixilho mais frequentemente colocadas no seu canto superior direito numa coluna paralelamente aos textos sua esquerda ou sua direita sem no entanto interferirem na disposi o das manchas gr ficas ou perturbarem a sua legibilidade Sobressaem nelas a leveza dos tra os e das cores n o obstante a clareza ou nitidez das formas a vivacidade real ada sobretudo pela impress o do movimento pela pureza e pela for a an mica das express es faciais corporais dos seres representados No que toca conce o e organiza o gr fica deste manual destacamos a conjuga o equilibrada das ilustra es e dos textos Os planos preparados para a disposi o dos textos e das v rias rubricas s o claros n o se notando quaisquer pr
19. Aos Professores Pais e Educadores e na p gina ao lado voltam a constar P ginas exemplificativas do Manual com legendas que destacam as v rias rubricas propostas Em rela o ao 3 ano de escolaridade n o h a assinalar diferen as em termos do conte do e dos objetivos destes textos As duas p ginas seguintes s o ocupadas pela j anteriormente descrita grelha Programa o L ngua Portuguesa 4 ano Mant m se igualmente os cabe alhos e o teor dos seus conte dos Tamb m neste manual os temas das unidades did ticas surgem destacados pela varia o da cor e pelo tamanho da letra Continuam contudo a ser visualizados apenas no topo da primeira p gina de cada unidade junto ao primeiro texto que se prop e para leitura Persistem por isso as fragilidades atr s apontadas relativamente ao manual do 3 ano Comp em este manual 101 textos sendo que destes apenas 29 s o textos prim rios Note se neste mbito que os textos que abrem cada uma das unidades did ticas s o textos in ditos escritos por Lu sa Ducla Soares ou por lvaro de Magalh es a convite da editora respons vel Todos eles respeitam as tem ticas propostas O enquadramento em que os textos prim rios surgem bastante semelhante ao que encontr mos no manual do 3 ano evidenciando se apenas algumas diferen as 164 concretamente ao n vel das designa es de algumas rubricas Prevalece o lugar central que lhes destina
20. Assim sendo os autores dos manuais ao interferirem nesta linha de comunica o autor texto leitor procedendo ao que Blecua 1983 designa por refundici n de textos para adaptarlos a un p blico nuevo p 111 113 quebram essa rela o idealizada e ideal O texto postula a coopera o do leitor como condi o pr pria da sua atualiza o Gerar um texto significa atuar segundo uma estrat gia que inclui as previs es dos movimentos do outro tal como acontece em toda a estrat gia Eco 1993 57 Poder o ser v rias as raz es que os levam a p r em causa a autenticidade e a integridade dos textos ao cometerem tais desvios e altera es emendas corre es aperfei oamentos cortes que por sua vez podem afetar a obra mais localmente ou mais globalmente estruturalmente La refundici n puede afectar a ciertos pasajes o a la obra em sua totalidade por lo que no es f cil trazar una frontera conceptual que delimite el t rmino Blecua 1983 111 Repare se a seguir cf gr fico 6 na distribui o dos valores obtidos a partir da identifica o de situa es de adultera o e que fizemos derivar em transforma es adi es e supress es de natureza gr fica de natureza l xico gramatical e de natureza estrutural formal 113 N s acrescentariamos tendo em conta a miss o da escola que tais adapta es decorrem n o apenas do seu novo recetor mas
21. adi o de palavras com fun o de conex o Texto no manual Perguntou lhe o Cego o que fazia naquele jardim e o Menino falou da cor de laranja do fundo do mar das algas e contou as casas que correra as pessoas a quem falara O Cego sorria Texto no livro do autor X O lt lt menino gt gt falou lt lt do gt gt cor de laranja 8 enquanto lt lt gt gt o lt lt cego gt gt sorria M2 32 p 82 Texto no manual Mas o regedor esse n o dizia nada Parecia ficar indiferente Depois chamava o pai do rapaz e falava com ele sem levantar a voz O rapaz era Mas o regedor 8 3 lt lt lt gt gt X chamava o pai do rapaz e falava com ele 8 O rapaz era castigado mas voltava sempre ao mesmo amp castigado mas voltava sempre ao mesmo O padre amea ava o com o Inferno e ele parecia ouvi lo com aten o Remexia com o dedo grande do p a areia do ch o e mantinha se calado Na doutrina comportava se muito mal e punha se a gritar Padre nosso rilha o osso rilha o tu que eu j n o posso A menina Esteva que dava catequese n o sabia o que fazer com ele M1 48 p 148 D se tamb m a jun o de frases sem rela o com adultera es de outro tipo Esta articula o requer apenas modifica es ao n vel da pontua o e da configura o das letras Como se pode verificar nos exemplos que se segue
22. contextos informais da leitura idem ibidem que possibilitam uma aproxima o aos livros mais prazerosa mais aut noma de certo modo mais natural e mais livre de imposi es 25 Veja se a t tulo ilustrativo a situa o que atualmente se vive relativamente ao uso das Tecnologias de Informa o e de Comunica o e pr pria circula o da informa o nas sociedades em permanente mudan a A este respeito Chartier 2002 afirma que quanto ordem dos discursos o mundo eletr nico provoca uma tr plice rutura prop e uma nova t cnica de difus o da escrita incita uma nova rela o com os textos imp e lhes uma nova forma de inscri o p 23 Esta situa o conduz a altera es ao n vel dos h bitos dos leitores das suas representa es e conce es de leitura da sua compet ncia de leitura 21 desenvolver compet ncias de leitura requeridas pela escola e pela vida Na verdade para alcan arem a mestria de leitura Sim Sim 2002 205 os alunos precisam para al m do n vel b sico de leitura e de escrita de desenvolver capacidades especializadas em v rios tipos de texto Delgado Martins Ramalho amp Costa 2000 17 Logo N o poder o aluno continuar somente a ler na escola mas sim a aprender a ler a perceber o modo como se l a desenvolver compet ncias cognitivas metacognitivas lingu sticas metalingu sticas e liter rias para que o indiv duo n o seja s um
23. desloca o e recoloca o dos textos 2 1 A PROBLEM TICA DA MOBILIDADE DOS TEXTOS Como qualquer material est sujeito a altera es f sicas e qu micas a partir do pr prio momento da sua produ o ent o todos os objetos t m de ser vistos como permanentes contrafa es de si pr prios Eco 2004 194 No Capitulo ponto 1 deste trabalho explanamos sobre a problem tica da mobilidade dos textos nas nossas sociedades em geral e na escola em particular Referimos que nos tempos que correm a escrita por meio do impresso e da sua reprodu o se difunde com facilidade e que dessa forma os textos se tornam cada vez mais objetos m veis sem rela es de depend ncia ou de perten a relativamente a um meio social a um destinat rio ou a um tempo nicos Afigura se relevante que nesta fase retomemos esse t pico no sentido de explicitar os procedimentos as implica es e os riscos inerentes ao processo da sua transmiss o Tendo em considera o o mbito do nosso estudo convocamos para esta reflex o a Critica Textual A import ncia atribu da a esta rea deve se ao facto de ser vista como um recurso a ser utilizado para resguardar os textos em especial os liter rios de poss veis deforma es ocorridas ap s a sua primeira elabora o Oliveira 2008 36 O seu objetivo primordial presentar un texto depurado en lo posible de todos aquellos elementos extra os al autor Blecua 19
24. es de natureza estruturalformal apesar de irrelevantes em termos de frequ ncia s o bastante pertinentes quando a sua an lise se foca no plano de inten es que lhes ter estado subjacente Entretanto repare se na representa o gr fica dos valores obtidos em cada manual Da sua leitura destacamos al m do manual M4 4 j anteriormente referenciado por n o conter adi es de qualquer natureza o manual M1 3 por ser o nico que apresenta as adi es de natureza l xico gramatical com frequ ncia mais elevada M5 4 em Sa so 8 M4 4 h A o Lo d M3 4 2 14 Yo 86 245 T 85 Nat estrutural formal Nat L xico gramatical m Nat gr fica 0 20 40 60 80 100 Grafico 14 Natureza dos procedimentos de adi o em cada manual A exemplifica o das situa es de pontua o dos textos como dissemos vasta Com manifesta express o ocorrem os acrescentos de uma duas v rgulas no interior das frases para delimita o separa o de 228 a palavras com fun o modal ou coesiva adv rbios grupos adverbiais conectores locu es conectivas Texto no livro do autor Texto no manual Delicadamente levantava as uma a uma e ia as metendo entre as p ginas de uma velha lista dos telefones que trouxera no saco Texto no livro do autor Delicadamente a madrinha levantava as uma a uma e ia metendo lt lt as folhas gt gt entre
25. es do Programa de Estudo do Meio mas antes com recurso a um c digo de tr s cores cor de rosa verde e lil s que nos parece estar relacionado com os tr s per odos letivos Essas marcas s o vis veis atrav s de uns tra os enrameados posicionados antes dos textos atrav s da cor usada nos seus t tulos e de duas barras coloridas que surgem paralelamente a encimar as p ginas mpares ao lado das dos textos para real ar a rubrica Ler Compreender Dos 76 textos que comp em este manual 70 incluem se no grupo dos textos prim rios Os restantes foram classificados como Outros textos Sucedem se sem qualquer outro tipo de enquadramento al m do anteriormente referido em posi o invari vel p ginas pares e com t tulos com letras gordas coloridas e em mai sculas A dimens o das manchas gr ficas estende se quase totalidade das p ginas na maioria dos casos n o sendo contudo descurado o espa o para as ilustra es que neste manual s o de dimens o expressiva e surgem posicionadas em rela o aos textos de diferentes formas emolduradas pelas manchas gr ficas 1 2 caixilho mais frequentemente colocadas nos cantos inferiores esquerdo ou direito da p gina depois dos textos paralelamente aos textos ou entre os t tulos e os textos Real amos que a mancha dos textos se molda de acordo com as formas das ilustra es Tamb m aqui n o se percebe que tal afete a sua legibilidade Acrescentamos ainda que as
26. escolariza o adotados por exemplo na sele o de autores obras textos excertos nem todos os mundos e linguagens s o legitimos O destaque que fazemos recair sobre os professores e sobre os autores de manuais escolares na qualidade de mediadores privilegiados de leitura deve se a duas raz es em nosso entender cruciais S o focados os primeiros porque sobre eles pende a responsabilidade de desenvolver capacidades que permitam aos alunos um uso adequado e 31 A quest o do enquadramento dos textos no manual escolar est diretamente relacionada com o facto de ele pelas m ltiplas fun es que det m e pela refer ncia que para a pr tica pedag gica ser encarado como uma voz a voz com poder para estabelecer normas de comportamento face aos textos configurando as formas de os compreender e interpretar e como corol rio ou em simult neo a vontade de os ler Sousa 1999 495 32 De referir ainda as atuais facilidades no acesso a textos on line e que claramente est o a influenciar e a alterar h bitos e pr ticas em contexto de sala de aula Veja se o exemplo do projeto Hist ria do Dia com a disponibiliza o di ria de hist rias produzidas por Ant nio Torrado um autor reconhecido no campo da literatura infantil http Avww historiadodia pt pt index aspx 33 No que escolariza o da literatura infantil diz respeito Soares 2006 afirma o seguinte o que se pode critica
27. inten o do autor o que escreve dispensa aten o aos que produzem o suporte ou objeto em que o texto se inscreve cf Batista 2004 Os textos n o existem fora dos suportes materiais sejam eles quais forem de que s o ve culos Contra a abstra o dos textos preciso lembrar que as formas que permitem sua leitura sua audi o ou sua vis o participam profundamente da constru o de seus significados Chartier 2002 61 62 Assim apesar de serem produzidos por entidades com pap is sociais diversos que originalmente e intencionalmente idealizam e almejam os seus destinat rios h a possibilidade de os mesmos sofrerem altera es na sua configura o gr fica discursiva e social cf Batista 2004 137 quando se deslocam do seu meio de proveni ncia para outro s distinto s Em sociedades em que o uso da escrita se difunde e se amplia e em que se intensifica a mobilidade social e temporal dos textos aumentam as possibilidades de fracasso dessa condi o pragm tica de felicidade dos textos que tendem a assumir dependendo da dist ncia maior ou menor que separa o campo de sua produ o do campo de sua reprodu o e ambos das esferas sociais que o acolhem novas configura es gr ficas novos usos e novos significados idem 19 20 Tais transforma es resultam do encontro com agentes que atuam de acordo com diferentes esquemas de a o que o fazem em nome de diferentes valores e que f
28. o dos textos em contexto escolar e que devem ser respeitados nomeadamente i a sua fidedignidade e a sua autenticidade devendo preservar se todas as palavras que foram escritas pelo autor no original e indicar se com rigor as suas fontes ou proveni ncias ii a sua miss o de informar documentalmente o aluno Castro 1976 149 e dadas as circunst ncias em que usado acrescente se iii a fun o de educar de fornecer modelos de ensinar coisas sobre a lingua e sobre o mundo Exige se por isso que os textos 74 No mbito das altera es inevit veis encontram se as que decorrem de concess es s necessidades do ensino Direcionamo nos concretamente para a modifica o da representa o visual dos textos cf Castro 1976 150 e para os efeitos ou consequ ncias do ato de os recortar fragmentar 75 expect vel que os fragmentos ou excertos de obras de literatura infantil selecionados pelos autores dos manuais apresentem textualidade isto constituam um todo significativo e coerente Soares 2006 34 35 Apesar de termos detetado situa es em que isso n o acontece opt mos por n o averiguar a dimens o dessa forma de atuar uma vez que tal levantaria uma outra quest o que muito embora n o lhe sejamos indiferentes se encontra fora do alcance deste trabalho Tem que ver com o facto de nem todos os fragmentos que figuram nos manuais escolares poderem ser considerados textos Nas m s pr
29. o e dos indiv duos que os leem dos seus suportes e dos espa os em que circulam dos contextos momentos e ou situa es em que s o lidos das finalidades da sua leitura isto das necessidades e exig ncias a que d o ou n o resposta das pr ticas e dos produtos da leitura Para que tal seja poss vel importa contudo que num primeiro momento nos detenhamos nas caracter sticas das sociedades contempor neas como se organizam Como funcionam O que se considera mais decisivo e determinante para o seu desenvolvimento Que modos de vida prevalecem Como organizam quotidianamente os meios social educacional cultural econ mico Que exig ncias imp em e em que se baseiam para tal 1 1 TEXTOS LEITURAS E LEITORES NAS SOCIEDADES ATUAIS BREVE CARACTERIZA O Mudan as transforma es reconfigura es s o palavras de ordem nos tempos que correm As sociedades de hoje organizadas em termos econ micos pol ticos sociais educacionais religiosos e culturais caracterizam se mormente por avan os e mudan as ao n vel das formas e dos meios de comunica o social e cultural e pela circula o r pida e significativa de informa o e de conhecimento E na verdade desta movimenta o e din mica marcada pela extrema mobilidade social dos textos Batista 2004 142 que dependem o seu funcionamento a sua evolu o e desenvolvimento A estrutura o da vida quotidiana a n vel pessoal profissional e social
30. o joelho ferido sobre o joelho o sangue a mago lo O menino estendeu a perna lt lt gt gt L estava o joelho ferido e sobre o joelho o sangue a mago lo M3 32 p 42 235 Noutras ocorr ncias desta natureza visa se suprir desarticula es provocadas por outros procedimentos de adultera o Vemo lo acontecer na sequ ncia de supress es jun es de frases partes de frases que obrigam a rejarticula es do discurso e portanto a sua reorganiza o Texto no livro do autor Texto no manual Um dia o pai tinha de ir a cidade O Jo o que ja lhe pedira v rias vezes para o levar pediu lhe de novo e desta vez o pai resolveu lev lo A dist ncia da aldeia cidade era de cinco quil metros o que n o longe quando se vai de autom vel de comboio ou de bicicleta Mas n o se esque am de que esta hist ria muito velha No tempo que foi contada pela primeira vez n o havia nem autom veis nem comboios nem bicicletas Havia apenas carros de cavalos dilig ncias e o transporte nas dilig ncias ficava caro Ora o pai do Jo o n o era rico e por isso os dois foram a p Um dia o pai tinha de ir cidade lt lt gt gt e 8 os dois foram a p M2 3 p 110 S o tamb m de real ar as adi es de pronomes que tal como nas situa es anteriormente descritas e caracterizadas surgem relacionadas com quest es
31. sombreados a verde Texto no livro do autor vs Texto no manual M5 3 p 50 stava na sua casa do P lo Norte amp seguia pela televis o a cerim nia do desembrulhar das prendas em mundo Que pena que isto me d desabafou Ainda mal tinha acabado de soltar aquele queixumel quando se ouviu bater porta Quem vem l perguntou o Pai Natal Sou eu AMMAN a Menina do Capuchinho Vermelho O Pai Natal abriu a porta e ofereceu lhe uma bonita capa vermelha com capucho Ah ah ah ah riu o Pai Natal Onde est a gra a perguntou BE eu sou RMB bem constitu do capa n o me vai servi a cabe a e disse o era m ideia fazeres uma dieta Podia ser a tua resolu o para o Ano Novo Que achas Ana Saldanha Ningu m d prendas ao Pai Natal Campo das Letras 1996 Tal ocorre por um lado por se reconhecer nisto com certeza alguma efic cia ao n vel do processamento e da compreens o do que se l Tamb m porque a estes atos poder estar subjacente o intuito de vincular o aluno a padr es lingu sticos e ou textuais can nicos uso da pontua o niveis formas de estrutura o sint tica modos de materializa o das conex es entre outros Estas adultera es v o ent o no sentido de o render em determinadas opera es prevenindo se a ocorr ncia de quebras falhas na leitura e com isso potenciando se a sua automatiza o Por outro lado emerge um
32. Ao contr rio do que acontecia em outros n veis do ensino b sico 2 e 3 ciclos por exemplo data de edi o dos manuais em estudo em que os programas oficiais listavam e recomendavam um conjunto de autores e de obras estes n o puderam seguir recomenda es desse tipo uma vez que os programas de ensino do 1 ciclo em vigor na altura n o o propunham N o havendo registo de orienta es oficiais neste processo de escolha e sendo escassos ou inexistentes os crit rios de sele o considerados cf neste cap tulo ponto 1 1 2 uma das justifica es que podemos apontar para os dados recolhidos a partir da distribui o dos autores e das obras a de que s o os pr prios manuais e projetos editoriais que se orientam ou regulam uns aos outros Segue se uma esp cie de tradi o As prefer ncias resultam de um jogo de escolhas Soares 2009 que mostra n o ir al m de um leque de op es limitadas por um certo comodismo porque afeito s escolhas de outros ou submisso a press es do mercado editorial ou at simplesmente agarrado a uma fonte segura e de qualidade reconhecida no campo da literatura infantil 143 Se tivermos ainda em aten o a distribui o dos autores identificados pelos manuais para aprecia o da sua diversidade cf quadro 23 constatamos que de uma maneira geral os valores totais registados s o pr ximos Fora deste n vel de uniformidade encontra se apenas o manual M5 3 c
33. Distribui o dos tipos de texto nos manuais de acordo com a sua fun o 139 Gr fico 4 Origem dos textos nos MANUAIS ccscecsssesessesesesesesessesessestssesessseessestsaseesseesass 175 Gr fico 5 Natureza dos t tulos dos textos nos manuais ras 176 Gr fico 6 Distribui o das adultera es pelas categorias transforma es adi es e supress es por Manual OO essas saias saree a Ran ESSA a paca 182 Gr fico 7 Natureza dos procedimentos de adultera o por manual Yo 185 Gr fico 8 Natureza dos procedimentos de adultera o na globalidade dos manuais 186 Gr fico 9 Natureza das supress es na globalidade dos manuais 187 Gr fico 10 Natureza dos procedimentos de supress o em cada manual 190 Gr fico 11 Natureza das transforma es na globalidade dos manuais Y 207 Gr fico 12 Natureza dos procedimentos de transforma o em cada manual 209 Gr fico 13 Natureza das adi es na globalidade dos manuais 227 Gr fico 14 Natureza dos procedimentos de adi o em cada manual 228 Quadros Quadro 1 Manuais escolares selecionados para an lise series 84 Quadro 2 Designa o a utilizar para cada manual ao longo do estu
34. Fio de Prumo Lingua Portuguesa 3 Ano Areal 47 Lingua Portuguesa 4 Editores SA 78 1 Ciclo do Ensino B sico 24 As Leituras do Jo o 4 Edi es 38 Ano Gailivro 116 62 e arde 126 5 Amiguinhos Lingua Texto 25 Portuguesa 4 ano Editores Lda 134 146 15 Trampolim 4 Lingua 36 p 9 Porto Editora 37 Portuguesa 70 94 34 60 Pirilampo 4 Lingua Edi es Nova 61 Portuguesa Gaia 74 134 Texto no manual T tulo s t tulo A floresta Protege os animais As estrelas Os pontos cardeais Como se faz cor de laranja ATerra A colheita A ponte Estranh es bizarrocos e outros seres sem exemplo Era uma vez um pi o Que avestruz gulosa Imagina o J n o d i nada O Pedro o av e o mar A cidade N o d i nada O ouri o cacheiro O mar est perto A esperteza de um lavrador Cora o de rob De quem a bola A prenda do Pai Natal O casamento do pargo Um segredo s t tulo O cavalo de Troia O lago Galar meu amigo Mem ria aos canecos Os biscoitos da av N o d i nada A chegada da primavera As estrelas A borracha cansada Voar em Guimar es Hist ria de uma gota de gua O diabo e o lavrador s titulo A polui o A ambi o das luas O an o Desejos de um caranguejo Um olhar do Espa o Noite dia Ver o de S Martinho Ao Encontro do Pres pio Uma Viagem ao Espa o Boa Sent
35. Gailivro 280 9 Amiguinhos L ngua Alberta Rocha Carla do Lago Texto Editores 2007 1 2 ed 978 972 47 Portuguesa 4 ano Manuel Linhares Lda se a 2972 5 Trampolim 4 Lingua Felisbina Antunes Fatima 978 972 0 Portuguesa Lance Porto Editora 2006 1 2 ed 11134 0 Edi es Nova 978 972 712 Pirilampo 4 L ngua Portuguesa No mia Torres Gaia 2007 2 2 ed 446 6 TOTAL 10 Manuais de L ngua Portuguesa do 1 Ciclo do Ensino B sico mais adotados no 3 e no 4 ano no ano letivo de 2007 2008 Segue se a designa o a utilizar para cada manual ao longo do estudo Quadro 2 Designa o a utilizar para cada manual ao longo do estudo N vel de A z Designa o a utilizar T tulos manuais ensino ao longo do estudo L ngua Portuguesa 3 3 Ano M1 3 Amiguinhos L ngua Portuguesa 3 ano M2 3 As Leituras do Jo o 3 Ano M3 3 Pirilampo 3 M4 3 Fio de Prumo L ngua Portuguesa 3 Ano M5 3 L ngua Portuguesa 4 M1 4 As Leituras do Jo o 4 Ano M2 4 Amiguinhos L ngua Portuguesa 4 ano M3 4 Trampolim 4 Lingua Portuguesa M4 4 Pirilampo 4 L ngua Portuguesa M5 4 Nota Os n meros atribu dos aos manuais correspondem ordem dos mais adotados para os menos adotados tendo em considera o que estes dados s o relativos aos cinco manuais mais adotados em cada um dos anos de escolaridade indicados no ano letivo de 2007 2008 1 Ciclo do Ensino B sico
36. Institui se como objetivo central do nosso trabalho Inferir conce es e representa es de leitura e de leitor subjacentes aos procedimentos de adultera o a que s o submetidos os textos nos manuais escolares Este objetivo mais abrangente e global implica a considera o de outros objetivos mais espec ficos tra ados a partir da metodologia de trabalho e de an lise adotada S o eles i Identificar e caracterizar os procedimentos de transforma o supress o adi o que mais ocorrem no processo de recontextualiza o dos textos nos manuais escolares ii Depreender as raz es pelas quais os textos s o submetidos a transforma es deste tipo por parte dos autores dos manuais finalidades e intencionalidade 83 iii Aferir o papel fun o que os textos assumem ao serem deslocados do seu contexto de origem para serem recolocados no contexto pedag gico 4 O PROCESSO DE CONSTITUI O DO CORPUS A amostra deste trabalho composta por um corpo de cinquenta textos de tipo liter rio extra dos de um conjunto de dez manuais escolares de L ngua Portuguesa correspondentes ao 3 e ao 4 ano de escolaridade do 1 Ciclo do Ensino B sico Para aprecia o tivemos em conta os manuais enquanto antologias de textos ou seja os suportes que cont m os textos a serem estudados em aula Optamos por abranger este n vel interm dio de aprendizagem por considerarmos que se trata da fase em que se pres
37. Maria L cio Namorado Maria Rosa Cola o aljalala Patr cia Joyce Rosa Lobato Faria Soledade Martinho Costa A Himmel Adriano da Cruz Guimar es Agustina Bessa Lu s Alain Gre Alessia Garilli Alexandra do Carmo Aline de P tigny Am lia Sousa Fernandes alalula 300 TS mS INN TMN DID REINITMNINIOINIMNIODININ CIMNIMNINININIMNINIMNI OA RIO O oo mS mS FMF DD FDO FDO IR PID DO DOD DIDS JD IN DS DID DO IN DO DO DO DD OH vv HLS SHPO DD D D N N NI oo Ana Lu sa Amaral 1 Ana Rita Domingos 1 Ana Saldanha 1 Anabela Batista 1 Anabela Ferreira 1 Anabela Mimoso 1 Andr Gago 1 ngela Casari 1 ngela Furtado Brum 1 Antoine de Saint Exup ry 1 Ant nio Aleixo 1 Ant nio Botto 1 Ant nio C de Almeida 1 Ant nio G Mattoso e A Marques Matias 1 Ant nio Quadros 1 Ant nio San Payo de Ara jo 1 Ant nio S rgio 1 Armindo Reis i Armindo Reis e Beatriz Weigert 1 Artur Correia 1 Aur lia Sousa Fernandes 2 Baltazar Caeiro 1 Becky Bloom 1 Bernardo Pinto de Almeida 1 Carlos Amaro 1 Carlos Letra 3 Carlos Pai o 1 Carlos Pinh o 1 Carmo Pereira da Cruz Catherine Metzmeyer Christine Adams Christopher Rawson Cid lia Fernandes 1 Concei o Marques 1 Costa Barros 1 Cristina de Melo 1 Dean Walley 1 Diana Felizardo 3 Dinis Salgado 1 Elsa Barros baseado no filme A zanga d
38. Texto no manual Risco grande exclamou a borracha O que era isso dantes Risco grande exclamou a borracha O que era isso dantes para mim M2 48 p 130 232 No que toca aos dispositivos de assinalamento tipogr fico detet mos essencialmente tr s tipos de casos H manuais que utilizam o negrito e o sublinhado para destaque nfase de palavras dif ceis dos textos a procurar no dicion rio depois da sua leitura Procuro no dicion rio M1 3 Procura no dicion rio M2 3 Procura no dicion rio as palavras sublinhadas e outras que n o conhe as M1 4 Em alguns deles recorre se tamb m ao uso de retic ncias entre par nteses retos curvos para informar o leitor relativamente a cortes e supress es operados em determinadas partes Este ltimo tipo de assinalamento constitui a Unica marca atrav s da qual os autores dos manuais mostram assumir explicitamente localizando os procedimentos de adultera o Texto no livro do autor Texto no manual Aproximou se um das rvores Texto no livro do autor Ora um dia aconteceu que Paris principe troiano raptou a lindissima rainha grega Helena e a levou para Tr ia Isto fez com que troianos e gregos se envolvessem em violenta guerra Ulisses como bom grego e valente tinha de ir para a guerra tamb m tinha de ir cercar Tr ia
39. X M1 42 p 10 Transforma es As adultera es que mais ocorrem depois das supress es s o as transforma es 322 Como j antes referimos os procedimentos deste tipo respeitam a modifica es e ou substitui es de diferente natureza A diversidade dos casos conduziu nos a um n mero elevado de subcategorias No entanto surgiu a necessidade de realizar afina es decorrentes da falta de ocorr ncias ou de ocorr ncias pouco significativas ou ainda da sua pouca pertin ncia quando analisadas individualmente separadamente Assim se inicialmente a recolha de dados obrigou a 206 uma inventaria o detalhada das situa es vis vel nas subcategorias definidas as raz es atr s apontadas levaram a que se considerasse mais pertinente e interessante do ponto de vista do processo de an lise a defini o de categorias mais alargadas porque mais abrangentes O gr fico que se segue mostra nos que nesta macrocategoria os textos s o mais afetados no seu n vel l xico gramatical 47 demonstrando que tamb m aqui estes procedimentos operam ou interv m particularmente sobre palavras sequ ncias de palavras no interior das frases Chamamos a aten o ainda para as percentagens das adultera es de natureza gr fica 30 e de natureza estrutural formal 23 Tendo como refer ncia a distribui o classifica o dos tipos de supress es vemos neste quadro as primeiras aumentarem significativamente e
40. aquele que C conta a verdade L n o conta a verdade com a inten o de enganar ao contar a verdade engana se sem querer diz que verdade aquilo que sabe que falso M2 3 p 110 At os rob s choram S que as l grimas incomodam muita gente E como sabes chorar nem sinal de fraqueza M5 3 p 21 Todos n s gostamos de receber prendas At o Pai Natal Isso significa que somos importantes para algu m M5 3 p 50 Diz o que pensas sobre as estrelas M2 4 p 116 Os sonhos acontecem enquanto dormimos mas por vezes tamb m sonhamos acordados Conversa na turma sobre o significado desta express o M3 4 p 38 Depois de discutires em grupo o ciclo da gua desenha o e descreve o no teu caderno M3 4 p 62 250 Repar mos na verdade que esta centragem do leitor em determinados mundos modelos leva propens o para extinguir elementos dos textos como se de apartes se trate que possam desviar a sua aten o e perturbar a concretiza o desse des gnio descri es agdes sequ ncias narrativas falas sequ ncias dialogais conhecimentos cultura determinadas realidades sociais mundo do trabalho religi o desigualdades sociais E leva tamb m a alterar acrescentar aqui e ali elementos que fortale am ou que sejam condizentes com essa pretens o cf no exemplo a seguir a natureza de alguns dos aditamentos
41. considerar que dadas as condi es particulares do seu tr nsito no meio social ha a possibilidade de em contexto escolar por for a do inevit vel processo de escolariza o ser submetido a opera es de adultera o modifica o fragmenta o cf Soares 2006 Na sequ ncia deste trabalho ser importante averiguar o que poder estar subjacente s estrat gias de escolariza o adotadas no mbito aqui focado Com efeito este estudo compreende os procedimentos de transforma o supress o adi o que ocorrem no processo de recontextualiza o das obras de autores de refer ncia no campo da literatura infantil em manuais escolares do 1 Ciclo do Ensino B sico A quest o em causa prende se essencialmente com a forma como os textos s o usados em diferentes contextos com a raz o pela qual estes s o retirados de determinados contextos para outros e finalmente com o que lhes acontece neste processo Johnsen 1993 79 com base em Selander 1984 Efetivamente A sele o de um texto dentro de outro texto n o um processo neutro e por isso podemos ver o texto delimitado como uma focaliza o particular de um conte do lingu stico textual ideol gico est tico moral que se pretende mostrar num processo semelhante ao que ocorre com qualquer processo de exemplifica o Dion sio 2000 118 Considerando deste modo que a escola um contexto pedag gico privil
42. o da v rgula por uma conjun o copulativa e Esta opera o revela a preocupa o dos autores dos manuais em marcar com maior evid ncia a liga o entre palavras ora es no interior das frases Tais arranjos ao nivel da coes o fr sica podem efetivamente estar relacionados com um determinado n vel de compet ncia sint tica esperado Texto no livro do autor Texto no manual Jo o Pimp o corou co ou a cabe a arrepelou o bigode Texto no livro do autor Jo o Pimp o corou co ou a cabe a lt lt e gt gt arrepelou o bigode M4 32 p 126 As mudan as na pontua o podem ainda desembocar em intencionadas distor es do sentido dos textos de que constituem exemplo as transforma es de uns tipos de frase noutros Texto no manual M e posso guardar o mar todo no meu quarto M e posso guardar o mar todo no meu quarto lt lt gt gt M3 32 p 136 218 Passamos agora s situa es de altera o da configura o das letras A relev ncia que t m a sua classifica o e a sua an lise deve se principalmente a uma raz o de matriz sem ntica Vejamos especialmente nos textos narrativos as convers es de nomes comuns em pr prios e vice versa onde se incluem refer ncias a personagens lugares coordenadas geogr ficas designa es de s mbolos ou institui es entre outros Texto no livro do autor T
43. permitiu concluir relativamente aos princ pios de valoriza o dos textos e da leitura pela primazia desta compet ncia em rela o a outras Tal verific vel atrav s da natureza das refer ncias direta ou indiretamente feitas tendencialmente focadas no texto e no seu estatuto de recurso central Daqui se depreende al m disso ser a leitura uma compet ncia a desenvolver prioritariamente As inscri es respeitantes aos crit rios tidos como refer ncia no processo de sele o dos textos s o diversas mas espor dicas Ainda assim tanto podem ocorrer escolhas em fun o da estrutura o organiza o sobretudo tem tica do manual como podem ser tidas como refer ncia justifica es relacionadas com o seu meio de proveni ncia com a sua tipologia ou at com as suas caracter sticas lingu sticas estruturais etc A aus ncia de justifica es explicita es neste campo confere aos manuais uma esp cie de legitimidade inata O que neles se inscreve converte se em conte do de qualidade fiabilidade ou verdade inquestion vel Reconhecidamente ausentes s o ainda as indica es sobre as condi es de desloca o dos textos demonstrativas de precau es filol gicas Tamb m aqui se afirma a autoridade ou o estatuto elevado destes suportes quando se escusam a ser transparentes ou expl citos ao n vel dos seus modos de operar neste campo assumindo a n o autenticidade dos 268 seus textos referindo assegurand
44. se a ensinar que h certos textos que se leem de certa maneira p 45 Por analogia ser leg timo considerar que por detr s das pr ticas de adultera o a que podem ser submetidos muitos ou grande parte dos textos que se estudam na escola poder estar igualmente a conce o de que s se aprende a ler s s o desenvolvidas compet ncias de leitura correspondentes a um perfil desej vel de leitor se aqueles forem apresentados depois de adaptada escola muitas vezes desfigurada a sua materialidade sem ntica e formal 71 Tudo tem in cio na constru o de um projeto que procura ser lucrativo e aceite no mercado sobretudo por professores e alunos um trabalho que atende a preocupa es com a forma e o conte do A maneira como os textos s o enquadrados e apresentados nos manuais escolares transparece assim o envolvimento e a articula o de aspetos de ordem pedag gica e de ordem t cnica Obviamente na an lise que aqui nos propomos realizar n o seremos indiferentes de um lado aos objetivos definidos ao conte do do ndice s estrat gias pedag gicas subjacentes ao tipo de manual aos materiais complementares ao p blico alvo ao n mero e organiza o dos cap tulos De outro lado teremos tamb m em linha de conta a sua materialidade nomeadamente o formato a apresenta o geral das p ginas marcas da tipografia e da pagina o as ilustra es a capa as cores entre outros G rard amp Rogi
45. 11 15 Resulta como tal de um projeto que em todos os seus passos transparece entendimentos escolhas e crit rios de atua o 87 A estrutura do manual escolar uma ordem da leitura O manual portador de uma mem ria de uma informa o e de uma proje o H no complexo te rico e na configura o do manual uma modela o do aluno e uma idealiza o da sociedade idem ibidem N o poderemos com isto ser alheios sua materialidade a sua configura o o seu conte do a sua orienta o metodol gica e did tica a natureza mediadora deste suporte que faz dele um objeto de estudo por excel ncia quando o intuito conhecer analisar e avaliar pr ticas de ensino e de aprendizagem da leitura Ser esta a forma de com o rigor que uma an lise de conte do permite encontrarmos raz es que justificam modos de proceder relativamente recontextualiza o dos textos em contexto escolar concretamente na aula de Lingua Portuguesa Como referido atr s come amos pela explicita o de procedimentos e pela defini o de categorias de an lise dos textos de abertura Esta orienta o deve se ao facto de estes serem lugares dos manuais que revestindo uma grande variedade de formas e designa es apresentam com frequ ncia os seus fundamentos e linhas de orienta o neste que constitui o primeiro encontro com os futuros utilizadores Dion sio 2000 217 Prosseguiremos com uma caract
46. 2006 refere se escolariza o como processo inevit vel porque da ess ncia mesma da escola o processo que a institui e que a constitui p 21 16 Desta maneira se exp e uma afinidade inequ voca entre as sociedades as exig ncias as necessidades os circuitos e pr ticas leiturais Furtado 2000 202 inerentes s v rias situa es e contextos atuais da vida quotidiana e a escola institui o de ensino formal e intencional com grandes responsabilidades na constru o de leitores e que desejavelmente se espera os torne aptos para a integra o nessas mesmas sociedades Isto pressup e se que a escola fa a de cada aluno um leitor fluente e cr tico capaz de usar a leitura para obter informa o organizar o conhecimento e usufruir o prazer recreativo que a mesma pode proporcionar Sim Sim Duarte amp Ferraz 1997 28 Esta meta a que se prop e a escola vai ao encontro da vis o de Silva 1988 no sentido em que em certa medida responde a algumas interroga es por si destacadas A observa o cr tica pela escola do que ocorre em sociedade de fundamental import ncia ao trabalho de delineamento de objetivos para as pr ticas de leitura pr ticas estas que no seu conjunto t m em mira a educa o de um tipo espec fico de leitor Leitores e leituras para qu Para a reprodu o ing nua desta sociedade ou para o enfrentamento de suas contradi es e desafios
47. 245 dizeres por via das transforma es sobretudo ao n vel do vocabul rio e ao n vel da organiza o sint tica das frases adequ los lingu stica e semanticamente ao leitor por via das adi es destacadamente ao nivel da pontua o dos textos convert los em modelos exemplos de lingua Em rela o a estes procedimentos real amos duas das suas poss veis e que al m disso se mostraram mais vis veis raz es Deduzimos que uma decorrente muito em particular das supress es esteja relacionada com a economia de espa o na s p gina s e que outra tenha a ver com a economia adequa o de palavras conteudos ou com intuitos de aperfei oamento das produ es textuais Esta ltima por sua vez pode representar um pressuposto de que o leitor em vista n o possui instrumentos conhecimentos cultura vocabul rio etc que lhe permitam aceder a esses n veis mundos dos textos ou que na escola os textos se devem afirmar pelo seu potencial de exemplaridade Ocorre nos a este prop sito destacar o apagamento ou o cancelamento do papel de uma das inst ncias de intermedia o centrais o professor cuja interven o poderia ajudar a ultrapassar estas hipot ticas barreiras Tamb m se pode dar em sentido contr rio um apoderamento que intenta o aumento dos elementos n o ditos Eco 1993 54 dos textos tornando os com isto objetos lingu sticos mais complexos N o dito
48. 44 Assim na qualidade de meio pedag gico central no processo de escolariza o Magalh es 1999 285 mostram os conhecimentos dominantes prop em pr ticas ditam modos de aprender regulam atitudes e comportamentos permitindo deste modo n o s aceder a esses conhecimentos de forma organizada como tamb m obter representa es do que acontece na sala de aula No mbito do ensino e aprendizagem da leitura When the textbook presents a selection of texts structured under certain principals when in a systematic way it emphasises certain reading practices it becomes a vehicle of conceptions about text literature reader reading competence and also more or less explicitly a vehicle of social portrayals of what reading is and what it is for Sousa 1997 88 Para muitos professores desempenham mesmo as fun es de programa da disciplina Pinto 2003 182 Constituem uma imagem vis vel do curr culo isto uma descri o concreta e objetivada do que deve ser ensinado e do que deve ser aprendido cf Dion sio 2000 79 81 S o frequentemente vistos como um plano de aula ou de um conjunto de aulas a seguir quer no que diz respeito sequ ncia dos conte dos e ao seu mbito quer relativamente s formas da sua apropria o cf Pinto 2003 Confirmam no as palavras de Choppin 1992 quando refere que le manuel pr sent alors l l ve le contenu de ce programme d une discipline selon une p
49. Fazem no sobretudo a partir dos manuais escolares suportes com assento privilegiado naqueles lugares que os veiculam e que criam e definem as condi es ideais ou institu das sociais culturais ideol gicas escolares para que ai ocorra a sua circula o Nesse processo a delimita o e a subsequente rejconstru o dos textos opera se n o apenas sobre a sua materialidade mas tamb m ou sobretudo por meio das pr ticas ou situa es discursivas e gr ficas que os envolvem cf por exemplo Sousa 1993 Sousa 2000 Dion sio 2000 A edifica o dos textos escolares particularmente daqueles que n o tendo sido produzidos para a escola s o por ela apropriados reporta se ao ato de reprodu o integral ou parcial das suas vers es iniciais S o extra dos do circuito de destino originalmente previsto e reintroduzidos noutro o escolar Nesse trajeto as vers es dos textos que se obt m podem ser conformes s vozes dos respetivos autores sua inten o original ou podem ter se operado modifica es por vontade de outras vozes que interv m neste processo de acordo com pretens es pr definidas e que assim sendo lhes conferem especificidade e singularidade os autores dos manuais os ilustradores os editores os professores etc Esta desloca o e consequente recoloca o pressup em ent o novas configura es fun es prevendo como destina
50. In Carlos Lomas O valor das palavras I Porto Edi es ASA pp 159 178 CORREA H rcules Tol do 1999 T tulos e macroestruturas textuais In Rev Est Ling vol 8 n 2 Belo Horizonte Centro Universit rio de Belo Horizonte UNI BH pp 53 78 COSSON Rildo 2009 A sele o de textos liter rios em tr s modos de ler In M Z lia Versiani Machado Aparecida Paiva Aracy Alves Martins amp Gra a Paulino Orgs Escolhas liter rias em jogo Belo Horizonte Ceale Aut ntica pp 35 47 COSTA M Armanda 1991 Programas de Lingua Portuguesa Compet ncias Lingu sticas e Pr ticas de L ngua In AAVV Documentos do Encontro sobre os Novos Programas de Portugu s Lisboa Edi es Colibri pp 9 20 COSTA M Armanda 1992 O processo de compreens o na leitura e o conhecimento lingu stico In de AAVV Para a did tica do portugu s Seis Estudos de lingu stica Lisboa Edi es Colibri pp 75 113 COUTINHO M Ant nia 2003 Texto s e compet ncia textual Funda o Calouste Gulbenkien Funda o para a Ci ncia e a Tecnologia COUTINHO M Ant nia 2004 2005 Sobre organizadores textuais Lisboa Faculdade de Ci ncias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa CASTELL Suzanne de LUKE Allan amp LUKE Carmen 1989 Editorial Introduction Language Authority and Criticism In Suzanne de Castell Allan Luke amp Carmen Luke eds Language authority and criticism readings on the school
51. In that sense school may be viewed as the last guarantee of equal development opportunities Yet this is true only to the extent that school uses texts that are physically and linguistically accessible enough to be read understood and used by the majority of pupils Failure on this point will create marked social divisions between an articulate active minority and a linguistically impoverished passive majority Jonhsen 1993 330 331 Retomando o anteriormente referido funcionam como um instrumento que regula a pr tica pedag gica dos professores determinando o que ensinar e influenciando a forma de ensinar e orientam os alunos no caso da disciplina de L ngua Portuguesa condicionando a forma de aprenderem a ouvir a falar a ler a escrever e a refletir sobre o funcionamento da sua l ngua Ainda que o seu fim bvio seja ajudar a resolver os problemas mais comuns da pr tica educativa sugerindo algumas das coisas que quotidianamente se podem fazer nas aulas e facilitar a aprendizagem dos alunos os materiais did ticos s o tamb m a express o de uma determinada conce o do ensino e da aprendizagem assim como no nosso caso de uma determinada conce o da linguagem e da educa o lingu stica e liter ria Lomas 2003 271 A generalidade dos estudos realizados a partir da an lise destes recursos enquanto suportes de leitura evidencia algumas das suas vantagens Em sintese i fornecem e disponibilizam textos
52. OO 1 1 G1 G D D Ni Co Co e A Co Co On O numero de autores mais citados nao tem contudo correspond ncia com o numero de obras mais citadas Reparemos agora no quadro 22 141 Quadro 22 Obras citadas em mais de dois manuais Obras N de cita es por manual M4 3 M5 3 Mi 4 M2 4 A floresta 2 2 A Menina do Mar 3 Da rua do contador para a rua do ouvidor A Menina Gotinha de Agua Hist rias do sono e do sonho Cantar de Amigo Contos de agosto Hist rias Pequenas de Bichos Pequenos O Palha o Verde O que eu quero ser O Sol e o Menino dos p s frios Poemas da mentira e da verdade Segredos co op ajv a C1 CO CO BY CO C1 NI CO 9 G9 GO GO GO CO GO CO BB on on Al m de ser claramente menor o n mero de obras citadas em mais de dois manuais 13 tamb m expressivamente menor o n mero total de cita es registadas para cada obra n o indo al m de um m ximo de nove ocorr ncias A floresta de Sophia de Mello Breyner Andresen e Da Rua do Contador Para a Rua do Ouvidor de Ant nio Torrado Esta situa o diz nos que a diversifica o das obras superior diversifica o dos autores isto muitos dos textos selecionados s o extra dos de diferentes obras de cada um dos autores mais citados Confirma nos ainda a maior representatividade das narrativas umas long
53. PROCEDIMENTOS DE ADULTERA O Manuais Transforma es Adi es Supress es F F F M1 3 21 37 8 14 28 49 M2 3 44 27 29 18 88 55 M3 3 32 40 19 24 29 36 M4 3 17 32 9 17 27 51 M5 3 44 36 28 23 50 41 M1 4 54 27 55 27 94 46 M2 4 39 35 26 23 47 42 M3 4 17 21 26 43 53 M4 4 4 40 0 6 60 M5 4 50 53 20 25 27 Total 322 33 22 437 45 Dos 973 procedimentos de adultera o registados 437 45 dizem respeito a cortes ou omiss es 322 33 a transforma es e 214 22 a adi es Esta abordagem inicial permite nos ainda a perce o de que entre os manuais h discrep ncias acentuadas ao n vel do n mero de ocorr ncias por tipo de adultera o e total Destacam se pelos valores mais elevados os manuais M1 4 M2 3 M5 3 e M2 4 e pelos valores acentuadamente inferiores o manual M4 4 O peso e o impacto das percentagens apresentadas no gr fico 6 n o s o pois os mesmos em cada manual As frequ ncias expressivas evidenciadas por alguns denotam assim a ado o de procedimentos de adultera o dos textos como uma pr tica ou marca assumida naturalmente aparentemente sem constrangimentos S num caso prevalece a ideia de que o proposto rejeita esse caminho M4 4 Os resultados a notados quando comparados com os restantes mostram que esse um modo de operar pontual espor dico e
54. a atividade pedag gica Castro 1995 67 72 Elenc mos argumentos que asseguram ser indispens vel a presen a dos textos na aula de Lingua Portuguesa cf pontos 2 1 e 2 1 1 cap tulo Apontamos no ponto 2 2 1 raz es para o estabelecimento da centralidade dos manuais escolares no processo de constitui o e transmiss o do discurso pedag gico Castro amp Sousa 1998 44 Ent o relativamente estrutura e composi o destes recursos podemos ajuizar que neles os textos devem igualmente constituir presen a obrigat ria e de destaque uma refer ncia prim ria ainda que a par de outros textos secund rios que deles dependam ou que com eles estabele am algum tipo de rela o Os livros escolares de Portugu s Lingua Portuguesa possuem hoje uma estrutura comum de que fazem parte como componentes digamos obrigat rias os textos trechos que constituem o cerne de todas as atividades coment rios e informa es propostos e as atividades textos que normalmente mant m com o primeiro uma rela o de depend ncia formal ou sem ntica e que comportam basicamente uma s rie de procedimentos de regula o que em princ pio possibilitar o a constru o de significados sobre ou a partir do texto nuclear idem 45 A sua configura o macroestrutural e a sua estrutura o discursiva Dion sio 2000 105 resultam nesta medida de representa es sobre a linguagem sobre a
55. a elimina o operada ao nivel de v rios adv rbios ou de express es que materializam figuras de ret rica Texto no livro do autor Texto no manual Isso amarelo alegre risonho 3 lt E Isso amarelo alegre risonho como j 7 ale A a terra de que cor ela o som de um pandeiro E a terra de que cor ela M2 32 82 194 Texto no livro do autor Texto no manual E la foi Nos seus barcos os gregos embarcaram para Tr ia pensando alegremente que iam ter uma vit ria f cil e em breve regressariam ao lar Mas qu Seria esta uma luta que havia de durar dez anos Dez anos sem os gregos verem a p tria a fam lia A certa altura j ningu m sabia suportar a saudade o esfor o de manter um cerco durante tanto tempo Aquilo n o podia continuar assim 8 Nos seus barcos os gregos embarcaram para Tr ia pensando amp que iam ter uma vit ria f cil amp Mas qu Seria 3 lt uma luta que havia de durar dez anos 3 A certa altura j ningu m sabia suportar a saudade lt lt e gt gt o esfor o de manter um cerco durante tanto tempo 3 M1 48 pp 46 O encurtamento das frases ocorre tamb m quando lhes s o retirados grupos verbais referentes as a es sequ ncias de a es ou a estados Verifica se com isto que se for a muitas vezes a liga o entre os acontecimentos nos textos
56. ao integrarem o discurso pedag gico Em que contexto espa o configura o ilustra o s o estes recolocados Que valor estatuto se lhes atribui Fundamentalmente que representa o de leitura e de leitor sustenta estas escolhas 2 Efetivamente um texto emitido para que algu m o atualize mesmo quando n o se espera ou n o se deseja que esse algu m exista concreta e empiricamente Eco 1993 56 4 S o ent o v rias as interroga es que se colocam e para as quais procuraremos encontrar resposta ao longo dos tr s cap tulos em que surge estruturado este trabalho de pesquisa e an lise No Cap tulo enquadramos os textos num contexto geral e ou global de circula o e de leitura destinando particular aten o aos suportes aos objetivos aos cen rios e aos intervenientes envolvidos Direcionamo nos seguidamente para o papel e responsabilidade da institui o escolar em particular da rea disciplinar de Lingua Portuguesa relativamente ao ensino e aprendizagem desta compet ncia A este n vel evidencia se e questiona se a relev ncia dos modos de apropria o e de escolariza o dos textos com vista constru o forma o de leitores O tra ado das linhas de orienta o e das op es metodol gicas seguidas nesta investiga o apresentado no Cap tulo Il A estrat gia de an lise adotada sustenta se assim numa base te rica e conceptual que reconhece o manual como u
57. as pernas magras da velha Luciana lt lt gt gt que acordou sobressaltada 3 Cheia de susto tratou de apagar com as pr prias m os as chamas devoradoras M1 42 p 92 Texto no manual At que chegaram ao lugar onde a estrela tinha parado e Joana viu um casebre sem porta Mas n o viu escurid o nem sombra nem tristeza Pois o casebre estava cheio de claridade porque o brilho dos anjos o iluminava At que chegaram ao lugar onde a estrela tinha parado e Joana viu um casebre sem porta Mas n o viu escurid o nem sombra nem tristeza lt lt gt gt pois o casebre estava cheio de claridade porque o brilho dos anjos o iluminava MS5 42 p 60 Os autores dos manuais procedem ainda segmenta o de frases Muito embora a exemplifica o seja pouco representativa verificamos que em quase todas as situa es colhidas se evidencia a inten o de fracionar unidades fr sicas extensas e complexas convertendo as em unidades menores Texto no livro do autor Texto no manual E o sangue a correr do joelho As m os n o se feriram foram ao ch o mas tinham ficado sobre um tufo de ervas Ervas frescas e macias Texto no livro do autor E o sangue a correr do joelho As m os n o se feriram lt lt gt gt Foram ao ch o mas tinham ficado sobre um tufo de ervas X M3 32 p 42 Texto no manual S Marti
58. compet ncia textual dos sujeitos decorre assim da sua capacidade para identificar caracter sticas e especificidades recorrentes e distintivas nos textos que leem Esse saber ter efeitos positivos n o s ao n vel da compet ncia da leitura mas tamb m ao n vel da produ o escrita Referimos j que os manuais escolares em an lise constituem suporte para textos predominantemente liter rios Contudo repare se que a categoriza o por n s operada n o pressup e que seja aferida a literariedade desses textos Efetivamente se facilmente s o 98 A diversidade de marcas e caracter sticas que podem ser reconhecidas ou identificadas nos textos tornam bastante complexa sen o imposs vel a tarefa de os agrupar de acordo com um conjunto de crit rios estanque Numa reflex o sobre a complexidade desta quest o comprov vel pelo alargado leque de teorias e de crit rios de classifica o definidos a partir dessas bases conceptuais Coutinho 2003 frisa a import ncia de se re conhecerem previamente os textos a ter em considera o caracter sticas em termos dos seus modos de funcionamento das suas estruturas e dos seus contextos de uso antes de se proceder sua tipologiza o Com isto quer alertar para a import ncia de haver um entendimento te rico sustentado de outras no es nomeadamente de texto e discurso de tipos de texto e tipos de discurso de tipos e g neros de texto e de discu
59. e se que a escola professores e materiais did ticos utilizados pelas responsabilidades que lhe s o atribu das na forma o de leitores seja capaz de selecionar textos e de proporcionar contextos de leitura que se coadunem com esses mundos de leitura idem ibidem reais 22 atuam de acordo com diferentes esquemas de a o que o fazem em nome de diferentes valores e que fazem o texto se conformar a esses esquemas e valores Batista 2004 142 A escola apropria se assim dos textos com um determinado prop sito Tanto mais Apple porque os que neste espa o s o dados a ler are not simply delivery systems of facts amp Christian Smith 1991 1 Na realidade They are at once the results of political economic and cultural activities battles and comprises They are conceived designed and authored by real people with real interests They are published within the political and economic constraints of markets resources and power And what texts mean and how they are used are fought over by communities with distinctly different commitments and by teachers and students as well idem 1 2 Depreende se portanto que este modo de apropria o das pr ticas de leitura e dos textos resulta de exig ncias sociais de v ria ordem feitas escola e s quais esta procura dar resposta Por consequ ncia aos textos que neste espa o s o usados porque selecionados e deslocados dos seus contextos de o
60. es de S A Literatura Infantil em Portugal Braga Editorial Franciscana pp 11 15 AGUIAR e SILVA Vitor Manuel de 2006 Teoria da Literatura 8 ed Coimbra Almedina AGUIAR Tarc sia M Travassos de 2002 T tulos para que os quero Brasil Universidade Federal de Pernambuco AGUIAR Vera Teixeira de 2006 Leitura liter ria e escola In Aracy A M Evangelista Heliana M B Brand o amp M Z lia Versiani Machado Orgs A escolariza o da leitura liter ria O jogo do livro infantil e juvenil 2 2 ed Belo Horizonte Aut ntica pp 235 255 ALMEIDA Marco Ant nio de 2009 A cada leitor seu texto dos livros s redes In Encontros Bibli Brasil Universidade Federal de Santa Catarina pp 154 173 http www redalyc org articulo 0a id 14712771011 AMOR Em lia 2006 Did tica do Portugu s Fundamentos e Metodologia 6 ed Lisboa Texto Editores APPLE Michael W amp CHRISTIAN SMITH Linda K 1991 The Politics of the Textbook In Michael W Apple amp Linda K Christian Smith eds The Politics of the Textbook New York London Routledge pp 1 21 ARA JO Manuel Ant nio Teixeira 2008 A emancipa o da Literatura Infantil Porto Campo das Letras AVELINO Cristina 1994 Leituras Preliminares Lisboa Pl tano Editora BAKER Carolyn D amp FREEBODY Peter 1989 Chrildren s First School Books Oxford and Cambridge MA Basil Blackwell BATISTA Ant nio A G 2004 O texto escola
61. ferramentas pedag gicas dispon veis prop e situa es de leitura seleciona textos ensina a ler e a compreender esses textos determina modos de ler e de interpretar 20 2 O S TEXTO S E A S LEITURA S NA AULA DE L NGUA PORTUGUESA 2 1 QUE TEXTOS PRODUZIDOS PARA A ESCOLA OU APROPRIADOS PELA ESCOLA Na escola no mbito do processo de ensino e aprendizagem da leitura os textos assumem uma presen a destac vel e um papel central no desenvolvimento desta e de outras compet ncias Esta abertura da escola especificamente da aula de L ngua Portuguesa variedade dos textos justifica se ainda por estes serem encarados como potenciais portas de acesso a universos de escrita diversificados e de qualidade est tica e formal Sousa 2008 56 n o se esgotando nestes aspetos a sua riqueza Com efeito As atividades de ensino aprendizagem da l ngua materna devem centrar se num intenso e diversificado contacto com a pluralidade dos discursos que tornar patente aos alunos a natureza social da linguagem favorecer neles a descoberta e a frui o de si mesmos e do mundo tanto quanto neles desenvolver uma real capacidade de participa o interven o na vida da comunidade Fonseca 1992 246 Prista 1998 afirma mesmo que na perspetiva de quem prepara o ensino os textos correspondem a recursos a usar em fun o dos objetivos que se pretende atingir Mais longe v o Neves e Oliveira 2001 ao real ar
62. l dica recreativa de frui o est tica Maia 20031 9 Texto e elementos visuais como a capa a diagrama o e a ilustra o s o signos construtores de significa es Aguiar 2006 247 pelo que dever o ser alvo de um tratamento cuidado no plano editorial com efeito no mbito do projeto editorial que se define a forma e o conte do das publica es o tratamento dado ao tema assim como no exame do projeto gr fico de cada obra ou seja no esquema que define as caracter sticas visuais do livro Os olhos do leitor percorrem a p gina respondendo for a visual de cada elemento apresentado o que pode facilitar ou dificultar a leitura O formato da publica o o n mero de p ginas o tipo de papel o tamanho das letras e da mancha o design o equilibrio entre informa o verbal e visual fazem parte do conjunto de elementos que comp em o livro e podem assegurar ou n o as condi es de legibilidade para um leitor ainda em forma o Cademartori 2008 87 88 Tudo isto permite concluir que a rela o que se tece entre a mancha gr fica do texto e a ilustra o de facto uma rela o formal e de sentido Ocorre em suportes com um determinado formato que a sustentam e veiculam em contextos de circula o espec ficos evidencia marcas temporais discursivas e sociais det m igualmente materialidade e autoria pr prias arquitetada luz de uma determinada conce o de leitura e de
63. m a possibilidade de o aluno escrever hist rias em banda desenhada muito embora este tipo de texto n o fosse neste ciclo objeto de estudo Pressupunha se contudo que o aluno tivesse previamente oportunidade para ler analisar e explorar as suas caracter sticas Eram ainda referidas as rimas e as cantilenas Por fim enfatizava se a necessidade de criar e desenvolver h bitos de trabalho e organiza o recolha de informa o e documenta o respetiva organiza o e classifica o consulta de ficheiros dicion rios recolha e organiza o de textos da literatura oral organiza o de dicion rios ilustrados elabora o de um prontu rio Este levantamento permite concluir que no mbito da leitura o programa preconizava a necessidade de ler n o apenas os textos e os livros mas tudo o que pudesse constituir material de leitura Tal princ pio surgia refor ado no Bloco 3 Funcionamento da Lingua An lise e Reflex o quando se previa que o aluno fosse capaz de distinguir diferentes tipos de texto prosa poesia banda desenhada teatro texto oral O tipo de processos de operacionaliza o propostos e a sua distribui o pelos quatro anos de escolaridade transparecia ainda a considera o de fases na aprendizagem da leitura em contexto escolar Assim para os dois primeiros anos de escolaridade inicia o aprendizagem da leitura as atividades sugeridas incidiam sobretudo num trabalho que possibilitasse crian
64. n o adotado Como forma de corroborar as afirma es anteriores real amos a seguir a m dia de ocorr ncias relativas s opera es de adultera o a que cada um dos textos selecionados nos manuais submetido 183 Quadro 38 M dia de opera es de adultera o por texto em cada manual M dia dos procedimentos de adultera o M1 3 11 4 M2 3 322 M3 3 16 M4 3 10 6 Manuais M5 3 24 4 M1 4 57 6 M2 4 22 4 M3 4 16 2 M4 4 2 M5 4 18 8 Estes dados por si s s o no entanto parcos e insuficientes quando se pretende compreender a problem tica em estudo Atentemos por isso nos quadros e nos gr ficos seguintes onde surgem representados os resultados da classifica o dos tipos de adultera o identificados mediante as suas caracter sticas e a sua natureza No capitulo anterior exemplificamos j algumas dessas especificidades mostrando evid ncias dos procedimentos de adultera o adotados pelos autores dos manuais escolares Verificamos ainda que tais opera es os afetavam ao n vel do seu conte do e da sua forma A an lise detalhada a que agora nos propomos torna vis veis marcas ou enfoques em determinados n veis ou estruturas dos textos que nos permitir o algumas conclus es Comecemos por abordar globalmente o mbito e as diferentes naturezas das adultera es subsumidas nos tipos definidos supress es transforma es e adi e
65. ncias em que tendo em conta a gest o dos objetivos escolares o leitor pode ser perspetivado e ou padronizado um leitor que se prev ser nao ser capaz de compreender tais estruturas vocabul rio organiza o e estrutura o sint tica e textual etc um leitor que se pretende formar e para quem h necessidade de tornar essas estruturas adequadas tendo em conta exig ncias de progress o um leitor ao qual se convenciona oferecer ou disponibilizar uma ideia ou um ideal de mundo Note se em rela o a esta ltima perspetiva que n o pretendemos aqui propriamente retroceder para os crit rios de sele o dos textos intentamos sim debru ar nos no modo como os procedimentos de adultera o se colocam ao servi o da vis o ideia de mundo que cada texto disponibiliza ou que se quer que disponibilize Posto isto que textos s o ent o estes Constata se antes de mais que apesar de com frequ ncia a sua estrutura ser invadida e usurpada se pende para a preserva o da sua coes o e da sua coer ncia De uma maneira geral n o parecem pois ser desconsideradas as propriedades que no seu conjunto d o corpo sua textualidade Efetivamente estes procedimentos apagam omitem cortam alteram acrescentam mas a um primeiro olhar e salvo algumas exce es em que claramente h uma adultera o de sentidos n o d o mostras da inten o de os deturpar ou de os tornar falsos Em resultado do observado podemos
66. nestas circunst ncias apenas se torna apto para a leitura dos textos dos manuais e n o de quaisquer textos vi ABSTRACT The master dissertation with the title The recontextualization of texts in school textbooks additions deletions and transformations is focused on the teaching and learning of the reading competence at schools It intends specifically to identify and understand the recontextualizing procedures literary texts are submitted to in school textbooks The recontextualization of those texts involves multiple operations additions deletions and or transformations of different nature may occur causing changes in the linguistic and semantic structure of texts The comparison of the different versions of the literary texts in the selected corpus with their respective authors versions enabled us to identify those operations This was followed by their characterization and analysis in order to assess its impact and repercussion on the one hand and deduce a set of reasons and intentions for such interventions on the other hand Only then we were able to infer the conceptions and representations of reading and reader underlying textbook authors choices The analysis took into consideration five texts appearing in the five more popular textbooks in 3 4 and 4th grades of Primary School in the school year 2007 08 totalizing ten books and fifty texts The corpus consisted of all the fragments of those texts in which changes of
67. o de leitura e nesta medida sujeita o a determinadas condi es que v o influenciar o seu n vel de compreens o do texto Nesta perspetiva o processo de leitura desenha se numa sequ ncia de etapas em que leitor texto e contexto constituem elementos determinantes do sucesso na compreens o do material impresso idem ibidem No que concerne especificamente ao ensino da leitura na sala de aula a quest o est ent o em saber como ensinar a compreender entender os textos Trabalho que ter 52 Cf Giasson 1993 40 que estabelece a distin o entre tr s tipos de contextos o psicol gico o social e o f sico 49 necessariamente de considerar os conhecimentos e processos implicados no ato da leitura Colomer 2003 166 os modos de ler os objetos e os objetivos finalidades da leitura e tamb m os procedimentos e t cnicas de avalia o da compreens o nesta compet ncia O aluno deve igualmente aprender a extrair do texto a informa o literal explicita ou impl cita e com base nestes n veis de informa o aprender tamb m a estruturar opini es a elaborar pareceres a exercer o seu esp rito cr tico personalizando significados e transformando com base no texto os seus conhecimentos anteriores Estas compet ncias espec ficas que abrangem diferentes graus niveis de compreens o de leitura pressup em com efeito a utiliza o de determinado tipo de estrat gias ativadas de acordo com os objeti
68. o de processos e procedimentos relativamente sele o e planifica o de atividades organiza o sequencia o e distribui o de conte dos defini o de metodologias e modos de ensinar e de aprender conduzem constitui o de saberes espec ficos deste meio como tal de conhecimentos ou saberes escolares Surgem assim documentos e recursos oficiais e n o oficiais reguladores e orientadores da atua o pedag gica nomeadamente os curr culos os programas de ensino as disciplinas e as reas curriculares as orienta es metodol gicas os manuais escolares e os textos que d o corpo a esses conhecimentos por conseguinte inevit vel que a escola dados os seus prop sitos e as particularidades e especificidades anteriormente apontadas se aproprie de textos que circulam em outros meios sociais extraindo os dos seus suportes de origem e dos contextos de circula o aos quais estavam inicialmente destinados Ao eleg los como recursos centrais no processo de escolariza o desloca os para novos suportes especificamente concebidos para orientar organizar os procedimentos de ensino e de aprendizagem Torna se pois outro o destino destes textos Consequentemente tamb m outro o circuito em que s o reinseridos o do mercado escolar Batista 2004 142 passando deste modo a deter o estatuto de objetos 66 Termos usados com o sentido que lhes atribui Eco 2004 O aut
69. o e de acultura o daqueles a quem se destina os alunos como um instrumento pedag gico ins parable dans son laboration comme dans son emploi des conditions et des m thodes de l enseignement de son temps p 20 49 A confian a que os professores tamb m os alunos e as fam lias de uma maneira geral depositam nos manuais escolares reconhecendo lhes rigor cient fico e pedag gico leva a que aceitem o que estes prop em como verdades inquestion veis dignas da sua aprova o Deste modo se realiza uma aplica o acr tica dessas propostas consentindo se em muitas situa es inadequa es e impropriedades 45 Al m disso sobretudo atrav s deles que os textos circulam na escola Textos provenientes de outros lugares sujeitos a um processo de desloca o e recoloca o e que por isso surgem como textos transformados idem 117 Assim se assumem como suportes de leitura em v rias situa es contextos os nicos a que alunos e respetivas fam lias t m acesso Motivo pelo qual se apontam ainda como fator de democratiza o idem 81 Efetivamente ao ser possibilitado a todos o acesso a estes recursos e dessa forma aos conhecimentos e pr ticas que eles cont m torna se poss vel nivelar oportunidades de aprendizagem e esbater desigualdades sociais School is the only place where children still gather together under one roof to read and analyze texts of any length
70. o e funcionamento das pr ticas discursivas ou seja favorecer a matiza o e a reorganiza o da gram tica j interiorizada p 247 N o obstante a posi o assumida anteriormente o mesmo autor refere tamb m que o discurso liter rio deve ser em contexto de aula uma presen a a destacar De facto reconhecem se ao texto liter rio qualidades est ticas e formais e intencionalidades comunicativas que lhe conferem especificidades pr prias produz prazer e entretenimento facilita a aproxima o leitura e escrita liter ria ensina esquemas mentais ensina a narrar a es ensina a descrever situa es ensina ajuda a desenvolver outros rumos discursivos outros textos outras linguagens enriquece o poder vocabular e alarga o universo cultural das crian as permite viagens simb licas a outros tempos e lugares conex o com sonhos e fantasias viv ncia de aventuras permite tecer redes de associa es com outros saberes escolares A literatura infantil quer oral quer escrita tem desempenhado uma fun o relevant ssima atendendo aos seus destinat rios na modeliza o do mundo na constru o dos universos simb licos na convalida o de sistemas de cren as e valores Esta fun o modelizadora indissoluvelmente ligada imagina o fantasia e ao prazer l dico manifesta se de modo espec fico na explora o das virtualidades da l ngua que muitos textos da literatura infantil realizam com su
71. orienta es dos programas de ensino em vigor aquando da conce o destes manuais Nestes documentos refere se que para desenvolver o gosto pela Escrita e pela Leitura importante ouvir ler e ler narrativas e poemas de extens o e de complexidade progressivamente alargadas OCPEB 1 Ciclo 2004 155 Alguns manuais apresentam um elevado n mero de textos na categoria Outros o que faz com que se demarquem em rela o aos restantes quando se considera o total dos textos Verificamo lo por ordem decrescente de valores nos manuais M3 3 e M2 4 M1 3 e M1 4 M2 3 e M3 4 Neles para al m dos textos prim rios e secund rios s o apresentados pequenos textos avulsos isto textos que gravitam em torno dos textos centrais nem sempre com um fim expl cito Constituem exemplos com representa o bastante expressiva as produ es com origem na Tradi o Oral prov rbios adivinhas trava l nguas Como se pode perceber nos casos apontados esta uma estrat gia comum entre manuais da mesma editora n o sendo no entanto extens vel aos restantes Esses optam por um n mero mais reduzido de textos Trata se de textos essencialmente os prim rios mais extensos e para os quais s o propostas atividades de leitura e de compreens o M4 4 ou um question rio Demarca se pelo menor n mero de textos o manual M4 4 Nele quase todos os textos s o o recurso por excel ncia para traba
72. os alunos dever o ser capazes de a Executar leitura silenciosa b Ler com clareza em voz alta c Identificar as ideias principais de um texto d Localizar no texto a informa o pretendida e Antecipar conte dos a partir de capas gravuras t tulos e primeiras linhas f Tomar a iniciativa de ler Uma vez elencados os crit rios tidos em considera o na constitui o do corpus a analisar atente se no diagrama seguinte representativo da forma como foi selecionado tratando se efetivamente de uma amostra propositada produtora de dados Figura 3 Delimita o do corpus do estudo Manuais escolares Manuais de L ngua Portuguesa do Ensino B sico Sele o 1 Ciclo 3 e 4 anos 5 manuais por cada ano de escolaridade mais adotados em 2007 2008 Universo de textos propostos n de textos selecionado mediante a representatividade e pertin ncia das situa es Sele o de 5 textos por manual Textos liter rios Campo da literatura infantil Recontextualiza o procedimentos de desloca o e recoloca o Amostragem propositada produtora de dados 81 A sele o desta amostra reflete a preocupa o com aspetos como a diversidade de autores de manuais as v rias editoras o seu peso no mercado editorial e os n veis de ado o dos manuais por parte das escolas Com efeito dada a grande dimens o do mercado editorial e a necessidade de delimita o do trabalho de an lise op
73. os conectores os artigos os verbos auxiliares e de liga o os pronomes e os numerais Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual De quem perde num pi o De quem perde lt lt um gt gt pi o As voltas do pr prio mundo lt lt As gt gt voltas do pr prio mundo SPFG M3 3 p 12 Outra unidade de an lise desta natureza a substitui o modifica o de palavras sequ ncias de palavras de conte do Subst Mod P SPC Fazemos notar que consideramos como palavras sequ ncias de palavras de conte do n o apenas as situa es que a gram tica delimita e a que atribui uma designa o nomes adjetivos grupos nominais grupos verbais etc mas tamb m as sequ ncias de palavras de extens o vari vel Para serem inclu das nesta classifica o bastar que integrem nelas uma ou mais palavras com significado l xico Como tal abarcaremos nesta subcategoria por exemplo situa es de mudan a de tempos verbais MTV de altera o da ordem das palavras AOP e ou do que entendemos constituir uma reconstru o de estruturas lingu sticas e ou de frases REL F Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual eu preferiria ser o que sou U lt lt preferia gt gt ser o que sou um pequeno planeta um pequeno planeta com a sua lua com a sua lua que de vez em quando visitado que de vez em quando visitado por um cometa por um cometa MTV
74. pr ticas leiturais Furtado 2000 352 do dia a dia e no perfil desej vel de leitor As condi es de organiza o e de circula o do conhecimento e da informa o anteriormente enunciadas abrem novos caminhos e possibilidades para os textos e para a leitura que re adquirem assim um determinado valor e novas configura es Sen o vejamos Mesmo abrindo novas e in meras possibilidades a representa o eletr nica dos textos altera completamente a sua condi o a materialidade do livro substitui a imaterialidade de textos sem lugar pr prio s rela es de contiguidade estabelecidas no objeto impresso op e a livre composi o de fragmentos indefinidamente manipul veis apreens o imediata da totalidade da obra tornada vis vel pelo 8 No que aprendizagem das compet ncias comunicativas diz respeito de consenso geral que o objetivo essencial da educa o lingu stica a aquisi o e o desenvolvimento do conjunto de conhecimentos habilidades atitudes e capacidades que permitem nas nossas sociedades um desempenho adequado e competente nas diversas situa es e contextos comunicativos da vida quotidiana Lomas 2003 14 12 objeto que a cont m faz suceder a navega o de longo curso por arquip lagos textuais sem margens nem limites Essas muta es comandam inevitavelmente imperativamente novas maneiras de ler novas rela es com a escrita novas t cnicas intelectuais Se as anteriore
75. privado o acesso a alguns dos lugares dos textos 271 geradores complementadores de outros sentidos Por isso o que neles se deixa e como se deixa o elementar ou o suficiente ou at o adequado para servir tais intentos O valor atribu do aos textos e leitura e por extens o ao leitor sustentado pelas inten es dos autores e pela forma da configura o dos manuais contrasta agora com esta sua castra o Estes suportes colocam se numa posi o que tende a apagar anular as vozes que t m como uma das suas principais tarefas mediar a leitura na escola os professores A voz do manual por meio da voz dos seus autores rejconstr i e oferece como verdadeiros e confi veis os textos que transporta Esse processo assume se como certificador das vers es validas legitimas que poder o ser dadas a ler distinguindo as ou demarcando as das vers es dos seus autores No contexto de leitura que assim se desenha o texto diz apenas o que se quer que ele diga num dado momento e ou numa dada situa o defraudando os leitores na liberdade privada que se pressup e em todos os atos de leitura Este estudo revelou algumas das leituras poss veis sobre os modos de re construgao dos textos na escola e por isso sobre os objetos de leitura que uma vez submetidos a pr ticas de adultera o se constituem como recursos ideais para ensinar e aprender naquele lugar e subsequentemente sobre a fun o des
76. quatro p los que costumam intervir na aprecia o dessa quest o o do texto o do arquitexto o do contexto e o do leitor Branco 2008 90 11 Q texto no papel escrito e lido linearmente sequencialmente da esquerda para a direita de cima para baixo uma p gina ap s a outra o texto na tela o hipertexto escrito e lido de forma multilinear multisseguencial acionando se links ou n s que v o trazendo telas numa multiplicidade de possibilidades sem que haja uma ordem predefinida A dimens o do texto no papel materialmente definida identifica se claramente seu come o e seu fim as paginas s o numeradas o que lhes atribui uma determinada posi o numa ordem consecutiva a p gina 14 Assim sendo independentemente do suporte ou do espa o de escrita ser leitor ou saber ler por esta via ser capaz de aceder informa o de se relacionar com o conhecimento ser capaz de adaptar formas e maneiras de ler e de escrever s situa es ou contextos que o exigem Neste sentido concordamos com o ponto de vista de que Ser leitor aquele indiv duo que al m da alfabetiza o e de um dom nio pragm tico do c digo escrito manipule com relativa frequ ncia por raz es de sua inser o social os valores sistemas de refer ncia e processos de significa o autorizados pelo discurso da escrita Britto 2006 90 O dominio da compet ncia da leitura traduz vel nas formas e nos mod
77. ria da literatura para crian as cf Rocha 2001 e podemos afirm lo na lista das prefer ncias dos autores dos manuais escolares Alertamos no entanto para o facto de entre os autores citados num nico manual cf anexo Il quadro 3 na maior parte dos casos apenas uma vez se encontrarem nomes com obras com valor igualmente reconhecido Alguns deles assumem se mesmo como marcos na hist ria da literatura nacional e internacional De entre os mais relevantes destacamos Hans Christian Andersen Jorge Amado Agustina Bessa Lu s Ant nio Quadros Fernando Pessoa Lu s de Cam es Lu sa Dacosta Miguel Torga contudo curioso pensarmos no que poder ter estado subjacente a este trabalho de sele o e de escolha de quem se l na escola ou atrav s de quem de que modo de escrita se aprende a ler Se repararmos no elevado n mero de cita es de um mesmo autor em alguns manuais Lu sa Ducla Soares Jos Jorge Letria Sophia de Mello Breyner Andresen Maria Isabel de Mendon a Soares Ant nio Mota lvaro Magalh es entre outros quase todos citados em mais de metade dos manuais mais adotados a n vel nacional podemos entender que apesar da diversidade de obras e de autores dispon veis h aqueles que s o os necess rios os imprescind veis para que a escola possa cumprir os seus fins Aos seus textos conferido um car ter exemplar sendo em seu torno que professores e alunos se debru am durante mais tempo
78. significa n o manifesto em superficie a n vel da express o mas precisamente s o estes elementos n o ditos que devem ser atualizados a n vel da atualiza o do conte do E a este prop sito um texto mais decisivamente que qualquer outra mensagem requer movimentos cooperativos ativos e conscientes por parte do leitor idem ibidem A primeira justifica o adv m sobretudo de preocupa es com o enquadramento gr fico estreitamente relacionado com o enquadramento tem tico dos textos lugar que lhes reservado para conviverem com outros textos com as ilustra es e com as atividades que s o propostas antes e depois deles e com imposi es limita es em termos do n vel de leitura esperado aqui sobretudo relacionado com o n mero de palavras ou a extens o dos textos As condicionantes que os autores dos manuais t m de gerir quando coordenam os v rios elementos temas ilustra es atividades que comp em a encena o da leitura dos textos cf Batista 2004 75 e o perfil nivel de leitor a que estes se destinam fazem com que na maioria das vezes os penalizem subtraindo lhes modificando lhes adicionando lhes o que no seu entender face necessidade de dar resposta a ou respeitar essas condi es pode neles ser suprim vel e ou alter vel 246 A segunda motiva o de natureza textual e lingu stica por um lado e de natureza sem ntica por outro remete nos para as circunst
79. ticas associadas sua sele o e recorte se encontram deste modo raz es que justificam a constru o inadequada do conceito de texto por parte de quem na escola aprende a ler a falar e a escrever Soares 2006 atribui a estes exemplos a designa o de pseudotextos Assim sendo apresentam se como textos desvirtuados ao n vel das suas propriedades formais expressividade delimita o estruturalidade e da fun o que exercem na comunidade social em que se originam e a que se destinam Aguiar e Silva 2006 562 563 76 Opondo se frequ ncia desta pr tica Sousa 2010 afirma que a extens o n o poder ser o argumento recorrente para justificar o uso excessivo do excerto real ando ser de extrema import ncia proporcionar aos leitores o acesso a textos integrais Acrescenta que mesmo considerando as necessidades ou usos da escola tal pode ser ultrapassado recorrendo se a textos integrais brev ssimos dos quais d v rios exemplos p 58 77 Da vis o de Eco 2004 a prop sito dos crit rios para ajuizar sobre a import ncia da integridade f sica de um objeto p 194 podemos retirar importantes elementos para reflex o O autor refere que de um ponto de vista est tico costuma afirmar se que uma obra de arte vive da sua pr pria integridade org nica que perde se for privada de uma das suas partes Por m de um ponto de vista hist rico e arqueol gico pensa se mesmo
80. 168 formas e tra os destas ilustra es s o n tidos sobressaindo nelas tonalidades e matizes suaves tendencialmente azulados esverdeados e lilases Nas p ginas que se seguem s dos textos p ginas mpares s o propostas as rubricas Ler Compreender onde s o apresentados question rios e Funcionamento da L ngua e ou bastante mais raramente Escrever e ou Ortografia e ou Pesquisar Escutar Comunicar ou Escutar Dialogar ou Escutar Comunicar Depois de identificadas as rubricas que neste manual surgem em torno dos textos reparamos na preval ncia de um mesmo esquema de trabalho ou de estudo sugerido para cada um deles Ao n vel da conce o e organiza o gr fica deste manual real amos assim o facto de sobressair nele uma padroniza o que torna o seu manuseamento mon tono e o enquadramento dos textos indiferenci vel S o as ilustra es os nicos elementos que quebram esta rotina mostrando se equilibrada a sua liga o com os textos Ainda assim de referir que os planos em que os textos e as rubricas propostas surgem s o claros e espa ados 1 3 2 O RE JENQUADRAMENTO DOS TEXTOS A CONFIGURA O DOS CONTEXTOS DE LEITURA ESCOLAR J vimos anteriormente no ponto 2 2 1 1 deste trabalho cap tulo Il que os manuais escolares de L ngua Portuguesa da atualidade possuem uma estrutura comum na qual se destacam como componente de presen a c
81. 2003 a O cavalo de Troia Maria Alberta Ulisses Edi es Asa 302 2005 S 7 Men res H a 78 O lago Moe ea O segredo do rio Oficina do Livro 2006 avares tiragem 298 M2 4 M3 4 M4 4 De que s o feitos os sonhos 2 Galar meu amigo Ant nio Mota livro Areal Editores 13 sd 93 f f O galo da tia Luciana conto 148 Mem ria aos canecos Agustina Bessa Lu s A Mem ria de Giz Contexto Editora 1994 24 Os biscoitos da av Jos Jorge Letra Hist rias pre emo sonho Desabrochar 1990 38 N o d i nada Matilde Rosa Ara jo O Gato Dourado Livros Horizonte 3 3 1985 O Gato Malhado e a Publica es Dom 94 A chegada da primavera Jorge Amado Andorinha Sinh Uma hist ria a 10 2 2005 de amor cm Pedro e o M gico livro E 116 As estrelas Ant nio Quadros Os candeeiros da noite Pl tano Editora Sie 1986 ss Da rua do contador para a rua 130 A borracha cansada Ant nio Torrado do ouvidor livro Desabrochar 1990 38 Voar em Guimar es Maria Jos Meireles Voar em Guimar es Campo das Letras 3 3 2006 e2 Hist ria de uma gota de Vaz da Silva Hist ria de uma Gota de gua Edi es 22 1979 gua Afrontamento Diabos Diabritos e Outros 126 O diabo e o lavrador Alexandre Parafita Mafarricos livro Texto Editora te 2003 Ana Maria Uma Aventura no Deserto 134 s titulo Magalh es e Isabel livro Editorial Caminho 6 2 1993 Al ada O naufr gio cap tulo 146 A polui o Adriana
82. 3P corresponde quase totalidade do texto Tamb m significativas mas em menor n mero s o as ocorr ncias relativas redu o contra o de par grafo R CPar gr Neste caso verificaram se valores mais elevados 204 no encurtamento dos par grafos correspondente ao intervalo entre uma e quatro frases 1 4F Not mos contudo como mais regular a supress o de uma duas frases sendo escassas as situa es que ultrapassam este limite Como j anteriormente referimos apuramos serem pontuais em cada manual as ocorr ncias de natureza gr fica 49 Relembramos que as situa es de jun o segmenta o de frase s que implicaram a supress o de pontua o n o foram tidas em considera o nesta categoria Assim sendo s classific mos neste mbito o que se apresentava como uma inequ voca omiss o desta natureza supress o de pontua o outros sinais P OS A an lise dos dados recolhidos conduziu nos constata o de que estes cortes incidem quase totalmente sobre os sinais de pontua o particularmente a v rgula em situa o de delimita o de ora es por exemplo em frases complexas de separa o de elementos numa enumera o ou em situa o de realce nfase de palavras e ou express es Texto no livro do autor Texto no manual sempre do meu lado que o Sol se levanta todos os dias Do lado de Leste explicou o ponto cardeal Logo tarde a mim
83. 3X O Francisco entusiasmou se e tendo lhe sa do o remate torto atirou a bola para dentro do quintal do lt lt senhor gt gt Bonif cio 3 lt M5 32 P 29 Texto no livro do autor Texto no manual O ribeiro fazia uma curva e depois mergulhava numa pequena cascata de pedras antes de se alargar e formar um lago mesmo em frente da casa O ch o era de areia e pequenas pedras que se chamam seixos e a gua era transparente e ptima para beber Texto no livro do autor O ribeiro fazia uma curva e depois mergulhava numa pequena cascata de pedras antes de alargar e formar um lago mesmo em frente da casa O ch o era de areia e de pequenas pedras que se chamam seixos 9 a gua era transparente e ptima para beber M1 42 p 78 Texto no manual No dia seguinte depois de jantar quando a m e ia mesmo mesmo a dizer 3 Depois lt lt do gt gt jantar 3 a m e ia mesmo 8 a dizer M2 42 p 116 Assinalamos por fim a omiss o de palavras com fun o de particulariza o identifica o e ou referencia o de indica o c nica Tal acontece por exemplo com determinantes artigo com deiticos ou com pronomes usados para estabelecer rela es anaf ricas cataf ricas deste modo assegurando e materializando elos coesivos cohesive ties no discurso N o completamente evidente a raz o do seu a
84. 47 S o de salvaguardar no entanto os casos de dois manuais por contrariarem esta tend ncia ao valorizarem a identidade dos autores selecionados Num refere se que como complemento ao Manual oferecido ao aluno um Caderno de Biografias levando o de uma forma interativa a conhecer alguns dos nossos escritores infantojuvenis M3 4 Noutro opta se por fornecer nas ltimas p ginas do manual atrav s de uma Galeria de autores informa es sobre a sua vida e obra M4 4 De referir ainda que de uma maneira geral n o relevante o n mero de textos sem indica o das fontes de autoria notando se situa es espor dicas em alguns manuais noutros esta situa o n o se verifica S o no entanto de mencionar algumas inconsist ncias vistas neste mbito por exemplo na indica o dos nomes dos autores e das obras A t tulo exemplificativo destacamos o manual M5 4 onde uma mesma obra aparece designada de diferentes maneiras o mesmo acontecendo com os nomes dos autores citados trocas de mai sculas por min sculas e vice versa omiss o de palavras troca de preposi es Note se que se come am a verificar estas diferen as logo no ndice 147 Exemplos de obras Hist rias do Sono e do Sonho Hist rias do sono e do sonho Da Rua do Contador para a Rua do Ouvidor Da rua do contador para a rua do ouvidor Da Rua do Contador Rua do Ouvidor Contos grandes pequeninos e assim
85. Aplicada ao Ensino do Portugu s Porto Porto Editora 281 FONSECA Joaquim 1992 Lingu stica e Texto Discurso Teoria Descri o Aplica o Lisboa Minist rio da Educa o Instituto de Cultura e L ngua Portuguesa FRANCO Jos Ant nio 1999 A poesia como estrat gia Porto Campo das Letras FREITAS M Teresa de Assun o 2007 Leitura escrita e literatura em tempos de internet In Aparecida Paiva Aracy Martins Gra a Paulino amp Z lia Versiani Orgs Literatura e Letramento Espa os suportes e interfaces O Jogo do livro 2 reimp S o Paulo Aut ntica Editora pp 155 173 FURTADO Jos Afonso 2000 Os livros e as leituras Novas ecologias da informa o Lisboa Livros e Leituras GEE James Paul 2000 New people in new worlds networks the new capitalism and schools In COPE Bill amp KALANTZIS Mary eds Multiliteracies literary learning and the design of social futures London Routledge pp 43 68 GERARD Francois Marie amp ROGIERS Xavier 1998 Conceber e avaliar manuais escolares Porto Porto Editora GIASSON Jocelyne 1993 A compreens o na leitura Porto Edi es Asa GIASSON Jocelyne 2006 Les textes litt raires l cole 2 tirage Bruxelles Edition De Boeck GOMES Jos Antonio 1991 Literatura para crian as e jovens Alguns percursos Lisboa Caminho GOMES Jos Ant nio 2000 Da Nascente Voz Contributos para uma pedagogia da leitura 2 e
86. CEB em vigor data de conce o dos manuais que constituem neste trabalho objeto de estudo foi publicado pelo Minist rio da Educa o em 1991 tendo sido elaborado de acordo com as inten es pedag gicas subjacentes ao projeto educacional global que a Lei de Bases do Sistema Educativo LBSE define Estas finalidades convergem para tr s dimens es educativas essenciais a forma o pessoal nas suas vertentes individual e social a aquisi o de saberes capacidades fundamentais a habilita o para o exerc cio da cidadania respons vel De facto em termos de linhas orientadoras dos programas a LBSE constitui uma refer ncia fundamental pois nesta lei que se apoiam quer os princ pios e conce es globais que os informam quer as op es relativas aos conte dos objetivos e experi ncias de aprendizagem a propor A entrada em vigor do Decreto Lei n 6 2001 de 18 de janeiro da Declara o de Retifica o n 4 A 2001 de 28 de fevereiro e do Decreto Lei n 209 2002 de 17 de outubro vem reequacionar a Organiza o Curricular do Ensino B sico com incid ncia concreta no campo das finalidades de ensino Se at essa data estas finalidades eram definidas em termos de objetivos passaram ent o a ser definidas em termos de compet ncias a adquirir pelos alunos Assim na rea curricular disciplinar de L ngua Portuguesa os conte dos a lecionar ouvir falar ler escrever funcionamento da l ngua e os objetivos gerais cont
87. Cristina Manuela 2008 Ser leitor no s culo XXI import ncia da compreens o na leitura para o exerc cio pleno de uma cidadania respons vel e ativa In Saber e Educar n 13 Porto ESE de Paula Frassinetti pp 235 246 MATEUS M Helena Mira BRITO Ana M DUARTE In s amp FARIA Isabel Hub 2003 Gram tica da L ngua Portuguesa 6 ed Lisboa Caminho MENEGASSI Renilson Jos amp CHAVES Maria Izabel Afonso 2000 O t tulo e sua fun o estrat gica na articula o do texto In Linguagem amp Ensino vol 3 n 1 pp 27 44 MORAIS Jos 1997 A Arte de Ler Psicologia cognitiva da leitura Lisboa Edi es Cosmos NASCIMENTO Aires A 2006 Literacia leitura des bloqueamentos In Peninsula Revista de Estudos Ib ricos n 3 pp 289 309 NEVES Dulce Raquel amp OLIVEIRA Vitor Manuel 2001 Sobre o texto contribui es te ricas para pr ticas textuais Porto Edi es ASA OLIVEIRA Adriane Camara de 2008 A cr tica textual em A Hora da Estrela In Cadernos do CNLF Vol XI n 6 pp 36 44 PAIVA Aparecida MARTINS Aracy PAULINO Gra a amp VERSIANI Z lia Orgs 2007 Literatura e Letramento Espa os suportes e interfaces O Jogo do livro 1 ed 2 reimp S o Paulo Aut ntica PAIVA Aparecida 2008 A produ o liter ria para crian as onipresen a e aus ncia das tem ticas In Aparecida Paiva amp Magda Soares Orgs Literatura infantil pol ticas e conce
88. Este trabalho de categoriza o e classifica o pressup e que a generalidade das interven es ou dos procedimentos de adultera o que ser o isolados independentemente da sua extens o e complexidade acarretam implica es ao n vel da coer ncia e do sentido dos textos Entendemos assim como transversal a dimens o de natureza sem ntica sustentando nos no princ pio de que Todas as estruturas resultantes da atua o de diferentes c digos e subc digos proporcionados pela l ngua interagem com o c digo sem ntico do sistema lingu stico contribuindo para um sentido que o leitor vai reconstruindo pelo recurso a compet ncias de natureza variada Dion sio 2000 169 102 Deste modo os procedimentos de adultera o reconstru o dos textos podem ser encarados sob pelo menos duas perspetivas vis es Uma mais negativa quando deles resultam incoer ncias malforma es deturpa es de sentido erros ruturas desarticula es empobrecimentos que prejudicam a textura a n vel local coes o e a n vel global coer ncia 3 Outra mais positiva quando se verificam casos em que o que acontece exatamente o oposto isto quando a este modo de atuar subjaz a inten o de tornar os textos mais leg veis coerentes e articulados com vista a facilitar o trabalho do leitor O n vel de exig ncia ou o grau de dificuldade na leitura s o portanto menores porque as compet ncias de leitura requeridas s o meno
89. L ngua Portuguesa deve assumir O segundo na p gina ao lado esclarece acerca da estrutura e das rubricas que comp em o manual Nas duas p ginas seguintes encontramos um Gui o de observa o do manual Surgem a v rias perguntas que ajudam o aluno a conhec lo lhe solicitado que observe a capa que observe o seu interior que consulte o ndice que observe as unidades que o constituem que saiba localizar sec es rubricas atividades que conhe a o significado dos s mbolos usados etc S depois ocupando o espa o de duas p ginas apresentado o ndice Trata se de uma tabela encimada por v rios cabe alhos O primeiro Unidade mostra a divis o do manual em unidades Assim nesta coluna encontramos o n mero a designa o e a cor atribu dos a cada uma delas Segue se o cabe alho P g com a indica o das p ginas onde podem ser localizados os textos acrescentando se em alguns deles o s mbolo que permite ao aluno saber quais os que pode ouvir no CD udio Sucedem se ao lado as restantes colunas com os cabe alhos Texto Autor indica o dos t tulos dos textos e dos nomes dos respetivos autores Oralidade Leitura Escrita e Palavra a palavra descri o de conte dos atividades No final de cada unidade apresentada a rubrica Avalia o e autoavalia o Encerra o manual uma Galeria de autores onde s o destacados textos biogr ficos e b
90. M1 4 Autor X X Autor obra Autor obra editora X X Autor obra editora data Autor obra editora n ed data Fontes de autoria dos textos Verifica se de acordo com o quadro 25 a predomin ncia de dois modos de indicar as fontes de autoria Em sete dos dez manuais regista se maior n mero de ocorr ncias nas refer ncias autor e autor obra editora Dois manuais M4 3 e M5 4 apresentam o nome do autor e os nomes dos autor obra como os modos mais utilizados S num M4 4 figuram refer ncias completas relativamente origem dos textos indicando autor obra editora data e autor obra editora n ed data As ocorr ncias registadas demonstram a vig ncia de pr ticas que sobretudo pelo que omitem tendem a despromover ou a desvalorizar a identidade dos textos das obras e dos autores Repare se que com exce o de um manual M4 4 em todos os outros uma das formas mais frequentes de referenciar a autoria dos textos se cinge indica o do nome do autor O outro modo mais usado Autor obra editora ao n o mencionar os n meros de edi o e as datas ignora ou menospreza ainda a possibilidade de exist ncia de v rias publica es edi es dos textos Nestes manuais perde se assim de vista o rumo seguido no processo da sua recontextualiza o Com efeito nega se a quem os l aos alunos aos professores
91. Matilde Rosa Ara jo 2 2 1 23 Jos Jorge Letria 10 32 Sophia de Mello Breyner Andresen 28 Ant nio Torrado wje IN BININ ET O 1 18 Maria Alberta Men res 4 4 5 3 3 1 10 Maria Isabel de Mendon a Soares 2 12 A 25 Ant nio Mota OM MH H o 33 Esther de Lemos RO RD e e alv 8 Fernando Cardoso Arara E 8 lvaro Magalh es N NIN o N N Isabel Lamas q Jos Vaz a lalunl a N Papiniano Carlos Ricardo Alberty Sid nio Muralha slalala lalala tro NISSO O Alexandre Honrado N Ana Maria Magalh es e Isabel Al ada DR M M A Aj lise Losa Maria Candida Mendonga Miguel Sousa Tavares Oo RIN Nat rcia Rocha Alexandre Perafita Alice Vieira Cecilia Meireles Manuel Antonio Pina Orizia Alhinho Te filo Braga Violeta Figueiredo Ad lia Grande Afonso Lopes Vieira atatalmn Aida E Marcuse Ant nio Manuel Couto Viana Ant nio Monteiro Campos de Oliveira Fernanda Fraz o Hans Christian Andersen Henrique Lopes de Mendon a Jorge Amado Jorge Sousa Braga Jos Guedes Jos Viale Moutinho J lio Dinis Lourdes Cust dio M Subtil Madalena Gomes Maria Adelaide Vasconcelos Maria Lamas
92. O marujinho que perdeu o Norte cf neste capitulo as Transforma es O facto de termos identificado exemplos para ilustrar as situa es anteriores mostra nos que ambas s o uma possibilidade nos manuais em circula o Isol mos tamb m um grupo de textos que muito embora correspondam a narrativas breves s o adulterados N o se compreendem nestes as motiva es das adultera es em especial das supress es Real amos a este prop sito que em alguns dos manuais vistos se poder apontar como justifica o o facto de esses textos partilharem o espa o de uma p gina com uma ilustra o de dimens o significativa cf no anexo o texto 5 Noutros por m parece constituir problema apenas o limite da p gina uma vez que mesmo sendo breves e as ilustra es de pequena dimens o o espa o que lhes est destinado continua a ser insuficiente As adultera es constituem ent o solu o nica para acatar esta imposi o Estes s o alguns dos crit rios por que se pautam os autores dos manuais quando procedem sele o delimita o dos textos no seu contexto de origem Alertamos com isto para uma quest o que n o sendo um mbito estudado neste trabalho pode tamb m conduzir ou contribuir para adultera o dos textos pondo em causa a forma da sua disposi o a sua extens o e at mesmo afetar a sua legibilidade No exemplo que referimos anteriormente vemos a ilustra o empurrar o texto para u
93. Texto no livro do autor Texto no manual J no meio do pinhal pareceu lhe ouvir passos Ser um lobo pensou Parou a escutar O barulho dos passos aproximava se At que viu surgir entre os pinheiros um vulto muito alto que vinha caminhando ao seu encontro Ser um ladr o pensou Mas o vulto parou na sua frente e ela viu que era um rei J no meio do pinhal pareceu lhe ouvir passos Sera um lobo pensou 3 lt 3 8 lt lt Um gt gt vulto parou lt lt gt gt sua frente e ela viu que era um rei MS5 42 pp 60 61 Estes ser o ent o movimentos interpretativos tidos como suficientes para responder s solicita es apresentadas e por conseguinte para o n vel de escolaridade em estudo Neste sentido podemos ainda afirmar que a leitura e a interpreta o que os leitores recetores realizam pode por meio dos procedimentos de adultera o ser maniatada Considerando esta rela o texto question rio de compreens o quem serve quem afinal Os textos ser o adulterados preparados para cor responderem a question rios habituais padronizados recorrentes A este prop sito destacamos no texto abaixo o acrescento de uma frase sum rio no seu final cf frase sombreada a verde Texto no livro do autor vs Texto no manual M5 4 p 34 Ver o de S Martinho Num dia B ia S Martinho valoroso solda
94. a proveni ncia e ou a disponibiliza o dos textos realiza se n o s por meio dos manuais 273 mas tamb m de outros suportes e entidades Como tal a constru o do leitor pode n o se operar apenas atrav s dos textos que neles circulam H que considerar a este n vel o entendimento dos professores quanto ao modo e frequ ncia do seu uso Em espa o de aula este mediador soberano no sentido em que lhe cabe decidir sobre os objetos e suportes de leitura por um lado e sobre as condi es e as pr ticas do seu ensino e aprendizagem por outro Neste cen rio apoi mos o nosso trabalho primeiramente no facto de os manuais se constitu rem como recursos privilegiados para se operar a circula o dos textos na escola na sala de aula Tamb m no facto de tais suportes de leitura pela centralidade estatuto e fun o que lhes s o conferidos instruindo direcionando determinando e uniformizando pr ticas espelharem o que tendencialmente se faz aos textos neste processo Base mo nos por isso nas conce es dos seus autores relativamente ao valor e import ncia a atribuir aos textos e leitura aos crit rios e s condi es a ter em conta no processo da sua transposi o ao que de acordo com as suas op es vale como texto como leitor e como leitura tendo em conta o papel e a responsabilidade da escola no ensino e na aprendizagem desta compet ncia Se em causa est a an lise dos manuais mais adotados que adq
95. afirmar que de acordo com os intervenientes deste processo h nos textos sobretudo partes suprim veis Ainda assim n o podemos desconsiderar os casos em que a fus o das partes deixadas nem sempre resulta plenamente Percebem se neles alguns encadeamentos abruptos algumas liga es for adas dando origem a textos de estrutura leitura que aparenta ser mecanizada telegr fica Em certas situa es at pouco coerente Reparemos no texto seguinte onde os sombreados correspondem s zonas submetidas a adultera es o vermelho representa as supress es e os n o sombreados s o relativos as partes que d o corpo a sua vers o no manual 247 Texto no livro do autor vs Texto no manual M2 3 p 82 COMO SE FAZ COR DE LARANJA Deram ao Menino uma caixa de aguarelas Aproximou se um cego cautelosamente tacteando os troncos das rvores nino falou da cor de laranja EESNRSEaNAnaaSaaas Ent o diz me de que cor o sol Eperguatouolcego Amarelo respondeu o Menino Isso amarelo alegre risonho RESMHESSSMNaSNDaRdSHa E a terra de que cor ela A terra castanha e em alguns bocados parece o Menino hesitava Diz parece vermelha Pois vermelha Samom Agora repara o Sol que estende o seu calor sobre a terra faz crescer as rvores abrir as folhas despontar os ramos arredondar os frutos Diz me de que cor s o os frutos Verdes amarelos cor de laranja respond
96. alunos cf Castro 1995 64 iv n o apresentam os textos nos seus suportes aut nticos levantando problemas como o facto de frequentemente os excertos n o serem sequer copiados das obras mas copiados dos manuais a sua segmenta o ser arbitr ria nem sempre s o adequados abordagem pretendida e com regularidade n o apresentarem sequer uma contextualiza o nem ser referido o nome dos autores e das obras originais v limitam um grupo de autores e de obras vi s o constitu dos por um reposit rio de textos escritos sendo que no dom nio da leitura que apresentam mais material vii limitam o conhecimento integral da obra e conduzem a que a crian a n o tenha contacto com o objeto livro de onde os textos foram extra dos viii cont m erros e incorre es cient ficas e lingu sticas ix apresentam limita es ao n vel da diversidade textual x s o muito condensados concebidos mais ou menos como uma esp cie de sum rio de mat rias o que evidencia um tratamento superficial ou parcial dos conte dos n o favorecendo aprendizagens aprofundadas xi s o muito estruturados quer no conte do quer na linguagem o que favorece aprendizagens memorizadas cf por exemplo Sousa 2000 Dion sio 2000 Deste modo se conclui que embora ocupem um espa o importante nas aulas de L ngua Portuguesa n o dever depender nica e exclusivamente dos manuais o desenvolvimento e condu o do processo de ensino e aprendizagem Por
97. aos coices porta da taberna onde estava presa O vendeiro sa a de l com a camisola branca manchada de vinho e dizia Hei de ca ar te malandro Havia um rapaz t o atrevido e mandrido que a m e dele n o parava de lamentar se pelos desgostos que ele lhe dava Faltava escola sempre que podia amp e usava uma fisga para matar pardais tamb m atirava com ela pedradas gua do regedor que se punha aos coices x a porta da lt lt venda gt gt onde estava presa O vendeiro sa a de l 5X e dizia lt lt gt gt 3 lt hei de ca ar te malandro M1 48 p 148 Al m da v rgula mais sinais de pontua o pontos de exclama o travess es pontos finais retic ncias ou outros aspas s o suprimidos Estas ocorr ncias s o singulares ou pouco comuns e sem grande impacto em termos expressivos e ou sem nticos Texto no livro do autor Texto no manual A m e p e um penso sobre a papoula assim como um selo numa carta que vai para uma viagem Ou que j fez a viagem e traz o carimbo Texto no livro do autor A m e p e um penso sobre a 3 lt papoula 3 lt lt lt gt gt assim como um selo numa carta que vai para uma viagem 3 lt M3 32 p 42 Texto no manual Como ser a nova professora Como ser ela Como ser a nova professora Como ser ela
98. apoio disciplinas nucleares em torno ou a partir das quais se processa o ensino da l ngua Sendo essencialmente em fun o dos textos e da sua an lise que se constr i e prepara a aula de L ngua Portuguesa tornam se imprescind veis ensinamentos provenientes de ci ncias como a Lingu stica a Teoria da Literatura a Filologia a Cr tica 5 Textual entre outras Por conseguinte apropri mo nos de informa o por elas produzida sob a perspetiva interdisciplinar que caracteriza a rea de Did tica do Portugu s exatamente por mediar a necess ria rela o entre a teoria e a pr tica A an lise do processo que configura a recontextualiza o dos textos nos manuais escolares faz se no Cap tulo Ill espa o em que se estabelecem e registam tamb m as principais conclus es desta investiga o CAPITULO OS TEXTOS NA ESCOLA MODOS DE CIRCULA O E DE LEITURA 1 SUPORTES E OBJETIVOS DE CIRCULA O DOS TEXTOS NA ESCOLA Refletir sobre a presen a e os objetivos de circula o dos textos na escola enquanto lugar social privilegiado de produ o de leitores e de acesso leitura Dion sio 2000 19 implica que se comece por centrar a aten o no contexto mais global de circula o e de leitura dos textos nas nossas sociedades atuais Tra aremos ent o um quadro caracterizador onde sejam afloradas quest es em torno de conce es e entendimentos de leitura e de leitor do tipo de textos em circula
99. aquelas comunidades Para que ela aconte a tem de haver um longo per odo de aprendizagem e de instru o A leitura entendida como compreens o modos de ler estrat gias pessoais interioriza o de discursos ao ser privilegiada na escola poder ser capaz de se integrar em momentos posteriores nas l gicas de leitura pertencentes a qualquer situa o social p 56 15 De facto muito embora para aprender a ler seja crucial aprender o c digo alfab tico e conseguir automatizar o procedimento de convers o grafo fonol gica Morais 1997 157 saber ler significa fundamentalmente ser capaz de extrair informa o de material escrito qualquer que seja o suporte de papel ou inform tico qualquer que seja o tipo de texto e qualquer que seja a finalidade da leitura transformando essa informa o em conhecimento Sim Sim 2001 51 18 Por m estudos relativamente recentes sobre h bitos de leitura sobre o desempenho em leitura mostram que desta liga o entre as algumas sociedades e a escola n o t m resultado os n veis de compet ncias de leitura desej veis ou desejados Na verdade e considerando desde logo o contexto nacional basta determos a nossa aten o nos resultados pouco satisfat rios obtidos nestes estudos e nos resultados igualmente pouco positivos obtidos pelos alunos em provas de avalia o aferi o realizadas a n vel nacional e internacional Perante estes dados e na tentativa
100. as paginas de uma velha lista lt lt de gt gt telefones que trouxera no saco M2 32 p 98 Texto no manual Mas um dia o pai saiu se com a not cia Amanh vais ver o mar Texto no livro do autor Mas um dia o pai saiu se com a noticia lt lt gt gt Amanh vais ver o mar M3 32 p 136 Texto no manual N o aprendi a fazer outra coisa respondeu lhe muito queixosa a borracha N o aprendi a fazer outra coisa respondeu lhe muito queixosa a borracha M2 42 p 130 b palavras sequ ncias de palavras express es e ou ora es gerundivas explicativas completivas consecutivas com valor temporal locativo ou outro em frases complexas Texto no livro do autor Texto no manual um carreiro de formigas que avan ando atrav s de musgo se dirigia para um buraco Texto no livro do autor um carreiro de formigas que avan ando atrav s de musgo se dirigia para um buraco M1 32 p 30 Texto no manual Todo o governo bebeu vinho do Porto sa de do monstro mas para ele abriu se naturalmente uma garrafa de gasolina super Todo o governo bebeu vinho do Porto sa de do monstro mas para ele abriu se naturalmente uma garrafa de gasolina super M5 42 p 142 229 Texto no livro do autor Texto no manual
101. assim contos grandes e assim assim O Sol e o Menino dos P s Frios O Sol e o Menino dos p s frios Exemplos de autores Sophia de Mello B Andresen Sophia de M B Andresen Sophia de Mello Breyner Andresen M Isabel M Soares M Isabel Mendon a Soares M Isabel Mendon a Maria Isabel Mendon a Soares Sabendo se que podem ser variadas as vers es dos textos que circulam na escola na aula de L ngua Portuguesa o facto de em muitos casos tal n o ser assumido explicitamente pelos autores dos manuais leva a que n o seja dado a conhecer de onde foram extra dos A falta de rigor evidenciada por conta da n o indica o dessas informa es p e em causa a sua fiabilidade e dificulta a tarefa dos seus destinat rios quando intentam o confronto das suas diferentes vers es lhes vedado o acesso s obras de origem ou na sequ ncia das diferentes desloca es e recoloca es a que os textos est o sujeitos as obras de onde foram retirados 1 Tamb m aqui nestes resultados a posi o de Magalh es 2006 encontra base de sustenta o 110 Sobressai aqui a independ ncia dos textos pois parte as sucessivas reprodu es a que est o sujeitos h algo da sua identidade que prevalece que se mant m que os diferencia Por oposi o afirma se a sua subservi ncia em rela o ao olhar dos que deles se apropriam quando peregrinando por diferentes suportes e distintas esferas do mundo so
102. cada disciplina as metas constituem as refer ncias fundamentais para o desenvolvimento do ensino nelas se clarifica o que nos Programas se deve eleger como prioridade definindo os conhecimentos a adquirir e as capacidades a desenvolver pelos alunos nos diferentes anos de escolaridade cf Despacho n 5306 2012 de 18 de abril 39 Elemento legislativo que est na origem da publica o do Curr culo Nacional do Ensino Basico Compet ncias Essenciais 40 Cf Curr culo Nacional do Ensino B sico Compet ncias Essenciais p 9 37 Em s ntese o CNEB n o era um programa n o dizia o que devia ser ensinado Procurava antes assegurar a todos o acesso escola homogeneizar o n vel de exig ncia tornar a avalia o dos alunos mais rigorosa e mais justa Pressupunha igualmente que a escolaridade b sica constitu sse um contributo para construir e desenvolver compet ncias transversais e espec ficas de cada disciplina atendendo diversidade de alunos e consequentemente aos seus diferentes destinos escolares Perrenoud 1999 43 No Programa de Lingua Portuguesa P L P do 1 CEB a leitura surgia inclu da no Bloco dom nio designado por Comunica o Escrita Este documento limitava se a apresentar uma listagem de objetivos para os v rios dom nios a oralidade a leitura e a escrita Comunica o Oral e Comunica o Escrita Nos seus Princ pios Orientadores determinava como essencial uma postura a
103. certo controlo do material de leitura Isto confina se ou alarga se a localiza o identifica o de informa es e ou conte dos nos textos a determinado tipo e n mero A sua atualiza o por parte do leitor por isso balizada moldada Esta sele o dos sentidos que n o se permitem extrair dos textos torna este um ato de apropria o 251 regulado semelhan a do que acontece por meio das solicita es que surgem em seu torno por exemplo atrav s dos question rios cf Sousa 2000 Dion sio 2000 Na verdade recolhemos maioritariamente exemplos em que se pode afirmar tratar se de uma leitura tolhida que limita ou enfraquece processos de elabora o infer ncias racioc nios antecipa es constru o de imagens mentais amplia o de conhecimentos e em consequ ncia tamb m a progress o do leitor a um n vel avan ado Noutras situa es por m mais ocasionalmente percebe se uma clara inten o de dificulta o do processo omitindo se partes dos textos ou criando se espa os que os leitores devem podem por meio das suas estrat gias e dos seus conhecimentos suprir Segue se um exemplo em que se reconhece ter sido propositada a extra o de pistas que permitiriam ao leitor compreender uma determinada palavra atrav s do esclarecimento proporcionado pelo contexto ou enquadramento textual Texto no livro do autor Texto no manual Ent o Ulisses que todos diziam
104. cheirosos Se l se fossem molhar M3 42 p 146 Texto no manual Boa noite disse Joana Boa noite disse a Joana M5 4 p 60 Noutros exemplos parece ser ainda mais evidente a pretens o de evitar equ vocos confus es mal entendidos quando se tornam expl citas rela es informa es que poderiam ser inferidas a partir do contexto ou da situa o discursiva Este ltimo caso ilustrado por exemplo pela adi o de determinantes possessivos Texto no livro do autor Texto no manual S Martinho n o hesitou parou o cavalo poisou a m o carinhosamente na do pobre e em seguida com a espada cortou ao meio a sua capa de militar dando metade ao mendigo S Martinho n o hesitou parou o cavalo lt lt e gt gt lt lt pousou gt gt a sua m o carinhosamente na do pobre 3X lt lt gt gt Em seguida com a espada cortou lt lt a gt gt meio a sua capa de militar dando metade ao mendigo M5 42 p 34 Verificou se esporadicamente o acr scimo de outras palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical de liga o conex o conjun es e conectores Trata se nitidamente de nuns casos tornar expl cita ou assinalar a delimita o de unidades lingu sticas no interior das frases Texto no livro do autor Texto no manual O menino estendeu a perna l estava
105. colagens de partes do texto da obra integral e at de acrescentos de informa o para o aluno poder encontrar no texto o conte do da resposta a uma quest o colocada no mbito da compreens o desse mesmo texto Falta de rigor gr fico modifica o da mancha gr fica do texto em rela o obra original llustragdes desenquadradas e descontextualizadas em rela o ao conte do do texto conduzindo a erros ao n vel da coloca o de hip teses de leitura e ao n vel da antecipa o de sentidos Gralhas e deturpa es do texto original Manipula es distor es e adapta es n o identificadas Textos que n o s o extra dos da obra original sendo antes copiados de outros manuais escolares Sendo assim fica em aberto o assunto sobre o que estar por detr s do processo de sele o dos textos por parte dos autores dos manuais escolares Isto a forma como se extraem os textos das obras integrais os crit rios considerados para a sele o de um excerto e pensamos que ainda mais pertinente o des respeito pelo leitor e pela rela o de sentido que se lhe possibilita construir entre o excerto e a obra da qual foi retirado2 De facto constituir o todos os excertos textos Preservar se o neste processo a sua capacidade comunicativa e a sua potencialidade significativa Eco 1993 56 Enfim qual a intencionalidade que subjaz opera o de sele o dos textos Que fun o assumem estes
106. como o Portugu s p 13 Ainda segundo a mesma autora o ideal que a crian a possa fazer uso dessas estrat gias mediante as dificuldades obst culos com que se vai deparando enquanto l Deste modo a extra o de significado do texto far se pela utiliza o do processamento paralelo ou interativo idem ibidem suportado pelas metodologias ditas mistas resultado da combina o entre os m todos sint ticos e os m todos globais Numa segunda fase de aprendizagem da leitura 3 e 4 anos de escolaridade muito embora a capacidade de descodifica o do texto escrito continue em desenvolvimento as propostas de operacionaliza o surgiam mais direcionadas para a extra o de sentido do que a crian a l A automatiza o do mecanismo de decifra o permite ao aluno fazer uso da leitura para outros fins para estudar e para aprender As atividades sugeridas tornavam evidente que o aluno se encontrava num diferente n vel de compet ncia da leitura Seria nesta medida desej vel que este adquirisse a capacidade para compreender um texto de modo a dele extrair 40 informa es conhecimentos e a fru lo desfrutando da sua leitura e do que esta acrescenta realidade dos seus conhecimentos A primeira preocupa o manifestada neste Programa era a de que o ato da leitura surgisse aliado ao prazer e divertimento dispensando se especial aten o aos gostos e interesses do sujeito leitor A esta prioridade n o
107. complementem o quadro de caracteriza o e an lise dos procedimentos de adultera o identificados Nessas alturas explicitaremos o tipo de enquadramento feito teceremos algumas considera es e realizaremos algumas infer ncias por exemplo relativamente ao teor conte do de algumas solicita es rubricas pelo que isso evidencia em termos de metodologias de ensino de implica es para a aprendizagem de fun o atribu da ou de uso dado aos textos 109 Na verdade uma vez que a forma como os textos s o estudados resulta de propostas feitas para a realiza o desse estudo h s rios riscos de que esse estudo conduza tamb m ele a distor es cf Soares 2006 43 47 2 Abordagem N veis de an lise dos procedimentos de adultera o Antes de iniciarmos uma an lise particularizada dos procedimentos de adultera o discorreremos globalmente sobre as tend ncias que sobressaem nos manuais relativamente aos modos de apropria o dos textos tipos e natureza desses procedimentos Partiremos depois para uma an lise mais espec fica e pormenorizada dos dados come ando pelos que apresentam uma maior regularidade Opera es de transforma o Identificar se o como opera es de transforma o todas as situa es que envolvam a substitui o modifica o troca ou desloca o de sinais de letras de palavras de frases ou de par grafos As adultera es deste tipo surgir o destacadas a negrito entre l
108. das luzes Enquanto atitude sistem tica no processo de edi o ele capaz de transportar consigo na busca ora da adequa o pedag gica da imagem ora da sua domestica o ou subservi ncia a uma interpreta o estandardizada e academizada do texto escrito alguns equ vocos O decorativismo na medida em que aceita a exuber ncia e o excesso de ilustra o rodeia o texto de atributos sup rfluos distratores ou desviantes Maia 20031 5 Se o objetivo a amplia o das possibilidades expressivas da obra Cademartori 2008 80 ent o as ilustra es devem apresentar se investidas de fun es menos simplificadoras e mais complexificadoras menos literais e mais metaf ricas menos esclarecedoras e mais desafiadoras menos submissas e mais inovadoras menos vazias e mais criativas e l dicas menos utilitarias e mais art sticas menos redundantes e mais transformadoras atuando como um potenci metro amplificador de ambiguidades capaz de 62 Calvino 2002 rejeita esse desencontro entre o mundo das palavras e o mundo das imagens quando afirma a prop sito do conceito de visibilidade que h diversos elementos que concorrem para formar a parte visual da imagina o liter ria a observa o direta do mundo real a transfigura o fantasm tica e on rica o mundo figurativo transmitido pela cultura aos seus v rios n veis e um processo de abstra o condensa o e interioriza o da experi nc
109. de legibilidade nuns casos e de organiza o textual noutros Foram ent o encontrados casos de preenchimento de subentendidos de origem isto espa os em branco Eco 1993 55 ou sem realiza o lexical deixados por quem produziu os textos Texto no livro do autor Texto no manual Mas que estranho monstro concluiu o veterin rio ao verificar que n o bebia gua nem leite nem vinho n o comia peixe nem carne nem ovos nem p o nem fruta nem nada Mas que estranho monstro concluiu o veterin rio ao verificar que ele n o bebia gua nem leite nem vinho n o comia peixe nem carne nem ovos nem p o nem fruta nem nada M5 42 p 142 Ha por m situa es em que estes pronomes s o acrescentados por necessidade de preservar a organiza o dos textos depois de operadas adultera es de outra natureza supress es e ou transforma es 236 Texto no livro do autor Texto no manual Estava a gotinha de gua a apanhar banhos de sol quando come ou a sentir que se ia tornando mais leve medida que o sol aquecia at que se sentiu a elevar no Estava lt lt ela gt gt a apanhar banhos de sol quando come ou a sentir se 8 mais leve medida que o sol aquecia lt lt gt gt at que se sentiu a elevar no espa o M3 42 p 62 Destacamos apen
110. de encontrar justifica o para os mesmos interrogamo nos com Nascimento 2006 Mas que oferece a escola Afinal um tempo de exerc cio penoso de escrita e de leitura ou desenvolvimento de capacidades de uma inser o til e transformadora socialmente cr tica e criativa no meio p 292 A julgar pelas atuais medidas legislativas e de interven o adotadas a n vel governamental onde s o vis veis v rias frentes de trabalho e de atua o 8 ainda pelos t tulos e pelo conte do de textos e de obras recentes produzidos por estudiosos da especialidade e por comentadores cr ticos e pessoas de renome na sociedade pelos temas abordados em encontros confer ncias col quios sobre o ensino da L ngua Portuguesa realizados em contexto nacional2 apercebemo nos de que uma grande fatia das causas apontadas para este estado de coisas se refere s pr ticas de leitura propostas no quotidiano pedag gico Situa o que remete ent o para lacunas no trabalho que neste mbito tem vindo a ser desenvolvido na escola Este um campo que como se pode verificar continua a suscitar preocupa o e ao qual se atribui grande import ncia na atualidade In s Sim Sim 2001 traduz deste modo o quadro que de uma maneira geral se tem assumido como ponto de partida central para as reflex es estudos discuss es cr ticas projetos e propostas anteriormente mencionados A dificuldade de extrair informa o de forma r
111. de leitura concretas e espec ficas a partir da convic o de que os diversos procedimentos ou objetos de leitura ao nosso alcance poder o ser agrupados em fam lias ou g neros com base em caracter sticas intr nsecas ou extr nsecas conven es macro jestruturais fun es ou tradi es interpretativas comuns para 13 Usamos textos para fazer coisas no mundo para alcan ar os nossos fins ou os fins de outros seja no contexto da escola do trabalho ou do lazer mas quando nos envolvemos em pr ticas de leitura e escrita tamb m temos de reconhecer que estas pr ticas envolvem rela es sociais que o contexto a hist ria e o poder acrescentam significado tornando se os textos por isso construtos hist rico sociais complexos Dion sio 2004 69 70 Real ada a import ncia da circula o dos textos nas nossas sociedades interessa tamb m saber em que condi es espa os suportes tal acontece A edi o e a difus o dos textos s o hoje feitas essencialmente atrav s do impresso livros revistas jornais etc e do digital Estes suportes n o obstante as diferen as materiais e as rela es nem sempre pac ficas que os caracterizam al m da fun o de comunica o conservam os textos e assim sendo conservam o conhecimento cf Soares 2002 Consequentemente os textos enquanto objetos centrais no ato de ler chegam ao leitor em suportes e formas variados Se no meio impresso o do livro na sua o
112. de leitura e de leitor ent o de toda a pertin ncia a an lise destes instrumentos auxiliares da pr tica pedag gica muitas vezes os nicos em espa o de aula Al m disso a ado o de manuais escolares um processo regulado por documentos oficiais e generalizado maioria das escolas situa o que a um primeiro olhar poderia inspirar confian a nas propostas de pr ticas apresentadas No entanto na origem do nosso estudo est a verifica o de que a inadequa o de muitas delas prevalece O esquema que a seguir apresentamos ilustra o racioc nio seguido para a sele o destes objetos Considerou se a generalidade dos contextos de tr nsito dos textos Elegeram se o mercado editorial e a escola representados pelos autores dos manuais e pelos professores como agentes de media o e de recontextualiza o e questionaram se as suas formas de atuar neste mbito Figura 2 Sele o dos objetos do estudo Contextos sociais de circula o dos textos Agentes de recontextualiza o im lan Autoresdos manuais escolares Professores Mercado editorial manuais escolares Selec o dos textos Selec o dos textos Procedimentos de desloca o e de Procedimentos de desloca o e de recoloca o recoloca o 82 A Lei de Bases do Sistema Educativo no art 41 ponto 2 confere lhe o estatuto de recurso educativo privilegiado 79 3 2 OS OBJETIVOS
113. de leitura e recursos de ensino e aprendizagem privilegiados em contexto escolar os manuais exercem neste processo fun o relevante they signify through their content and form particular constructions of reality particular ways of selecting and organizing that vast universe of possible knowledge They embody someone s selection someone s vision of legitimate knowledge and culture Apple amp Christian Smith 1991 3 4 Dai que os consideremos uma refer ncia importante quando est em causa a possibilidade de sedimenta o de um c none isto de delimita o de um conjunto de textos reconhecidos como adequados para a forma o e para a educa o de leitores 1 2 1 OS TEXTOS E AS FINALIDADES DA LEITURA Neste ponto fazemos incidir a nossa an lise num dos componentes principais dos manuais os textos Procederemos sua caracteriza o quanto ao numero fun o e a tipologia 134 A delimita o do nosso corpus levou nos a come ar por identificar e classificar os textos mediante as fun es por eles desempenhadas em cada manual Chegamos assim caracteriza o de tr s grupos distintos textos prim rios textos secund rios outros textos cf diferen as apresentadas no cap tulo Il ponto 2 2 1 1 Esta distribui o representada a seguir no quadro 20 permitiu nos tecer v rias considera es O facto de quase todos os manuais adotados no 3 e no 4 ano pertencerem mesma edi
114. de letra e o espa amento entre linhas adotados evidenciam a preocupa o em facilitar a legibilidade dos textos A seguir a estes surge dentro de uma caixa de texto de fundo colorido a rubrica Compreendeste o texto S o a apresentadas quest es e dada indica o das p ginas do Caderno de Trabalho onde constam outros exerc cios e atividades relacionadas com os textos lidos Al m dos aspetos j referidos no mbito da conce o gr fica destacamos ainda o facto de sobressairem neste manual cores e tons claros e leves sobretudo azuis amarelos verdes e cinzas notados essencialmente em caixas de texto e nas ilustra es 160 M1 4 O manual M1 4 com o titulo Lingua Portuguesa 4 4 ano 1 2 edi o 4 reimpress o 2007 da Areal Editores foi neste n vel o mais adotado a nivel nacional no ano letivo 2007 2008 A autoria de Cl udia Pereira Isabel Borges Angelina Rodrigues e Lu sa Azevedo Apresenta design da Areal Editores ilustra o de Bayard Christ Cl udia Fonseca e da Areal Editores e capa da Areal Editores composto por 160 p ginas numeradas Pertence cole o do manual M1 3 j descrito anteriormente Possui por isso as mesmas caracter sticas em termos de constitui o e organiza o Apontam se no entanto algumas diferen as nomeadamente ao n vel do n mero de textos da sua extens o e da proposta de outras rubricas Inicia se assim com os mesmos textos in
115. dinheiro que encontraste at que apare a o indiv duo que perdeu somente setecentos mil r is E tu o nico conselho que passo a dar te que tenhas paci ncia at que apare a algum que tenha achado os oitocentos mil r is Um de v s perdeu oitocentos mil r is o outro encontrou um alforge apenas com setecentos Resulta da claramente que o dinheiro que o ltimo encontrou n o pode ser o mesmo a que o primeiro se julga com direito lt lt gt gt Por consequ ncia tu meu bom homem leva o dinheiro que encontraste e guarda o at que apare a o indiv duo que perdeu somente setecentos mil r is E tu o nico conselho que passo a dar te que tenhas paci ncia at que apare a lt lt algu m gt gt que tenha achado os oitocentos mil r is M5 48 p 134 As jun es de frases resultam em parte de encurtamentos ou redu es de texto frases e ou par grafos Estas unidades sint ticas apresentam se seguidas ou intercaladas por outras entretanto suprimidas O que se obt m ent o a contra o da mancha gr fica e do conte do dos textos cf supress es por um lado e a consequente simplifica o de estruturas fr sicas que antes de terem sido submetidas a opera es desta natureza eram mais extensas e 223 Texto no livro do autor lingu stica e semanticamente mais complexas Note se que em certos casos as liga es de ora es ou de express es obrigam
116. do Adulterado M1 3 94 Protege os animais x xX l M1 3 104 As estrelas x x M1 3 110 Os pontos cardeais x x M33 28 Imagina o x x l M4 3 68 O ouri o cacheiro X x M4 3 78 O mar esta perto x x M4 3 126 A esperteza de um lavrador x x M5 3 50 A prenda do Pai Natal xX x M5 3 109 Um segredo X x M1 4 46 47 O cavalo de Troia x x M1 4 78 O lago x x M1 4 92 93 Galar meu amigo x x M1 4 148 Memoria aos canecos x x M2 4 94 A chegada da primavera x x M2 4 116 As estrelas x x M4 4 36 37 O an o x x M4 4 70 Desejos de um caranguejo xX x M4 4 94 Um olhar do Espa o xX x M5 4 60 61 Ao Encontro do Pres pio x x M5 4 74 Uma Viagem ao Espa o X x Por agora apercebemo nos da exist ncia de um grupo de t tulos desta natureza que evidenciam tal como j antes vimos a prop sito dos t tulos das unidades did ticas a pretens o 178 de usar os textos como pretexto para tratar temas conte dos de outras reas Alguns casos ser o aprofundados mais frente quando nos centrarmos nos procedimentos de adultera o Exemplos As estrelas M2 4 Os pontos cardeais M1 3 Um olhar do Espa o M4 4 Uma viagem ao Espa o M5 4 Outro grupo reflete uma preocupa o moralizante pedagdgica ou at de generaliza o de mundos direcionada para comportamentos atitudes desej veis e para determinados mod
117. e de outras compet ncias Como marcas representativas da valoriza o dos textos enquanto recursos da aula teremos em linha de conta exemplos como o seguinte os textos s o sempre o ponto de partida para atividades de leitura e de compreens o M4 4 No que concerne segunda categoria crit rios de sele o dos textos nossa inten o recolher e comentar as refer ncias e ou omiss es que surjam independentemente das inst ncias em fun o das quais tais crit rios tiverem sido pensados e tidos em conta Da que possam ser recolhidos crit rios atinentes aos textos tipologia origem proveni ncia caracter sticas estruturais lingu sticas tem ticas dimensionais pragm ticas crit rios atinentes s caracter sticas dos leitores alunos compet ncias interesses ou outros Este trabalho contribuir para uma caracteriza o da ideia ou conce o que se tem sobre o tipo de textos que devem circular na aula para que servem ou que fun es devem cumprir Tamb m fica em aberto mais uma vez a possibilidade de realiza o de infer ncias quanto a conce es de leitor de leitura e at do que deve ser ou como se deve compor uma aula de L ngua Portuguesa Por tudo o que at agora foi dito certo que os textos e a leitura ocupam nela lugar de destaque Entender se o como evid ncias desta categoria de an lise exemplos como o seguinte Iniciamos o manual com textos muito simpl
118. era alheia a cria o de h bitos de leitura evidenciando se pelas atividades propostas a pretens o de que os momentos de leitura individual e por iniciativa assumissem uma frequ ncia regular em contexto escolar De facto sem prazer ningu m leitor volunt rio Sousa 1998 56 A leitura nas idades abrangidas pela escolaridade particularmente a dos n veis iniciais e interm dios tem assim de andar fortemente associada ao l dico pois s desta forma pode con correr com os jogos pr prios da idade idem ibidem Este cuidado com o fomento do gosto pela leitura era refor ado pela sugest o de leituras integrais e fragmentadas de obras No programa de Lingua Portuguesa do 2 CEB isso era feito atrav s da proposta de uma listagem de narrativas e poemas provenientes de autores de refer ncia no campo da literatura primordialmente da literatura infantil Assim de acordo com o P L P do 1 CEB o sujeito leitor iniciava se na aquisi o de algumas t cnicas e mecanismos considerados essenciais na leitura nomeadamente a sua capacidade para proceder descodifica o do emaranhado gr fico Trata se efetivamente da capacidade de os alunos extrairem significado do texto escrito fazendo uso de compet ncias metafonol gicas e metalexicais que os habilitam a serem capazes de estabelecer correspond ncias entre os s mbolos gr ficos e a cadeia sonora Costa 1991 15 O aluno era claramente encarado como um
119. es Belo Horizonte Aut ntica pp 35 52 PENNAC Daniel 1993 Como um romance Porto Edi es Asa PERRENOUD Philippe 1999 Construir as compet ncias desde a escola Porto Alegre Artmed Editora PINTO Mariana Oliveira 2003 Estatuto e fun es do manual escolar de l ngua portuguesa Viseu Instituto Polit cnico de Viseu PRIEGO Miguel Angel P rez 1997 La edici n de textos Madrid Editorial Sintesis PRISTA Lu s 1998 Textos e prepara o do ensino In 2 Encontro de professores de portugu s Porto Areal Editores RAMOS Ana Margarida 2007 Livros de Palmo e Meio Reflex es sobre Literatura para a Inf ncia Lisboa Caminho ROCHA M Regina Matos 2007 A compreens o na leitura an lise de manuais do 4 ano de escolaridade Disserta o de mestrado em Ci ncias da Educa o Psicologia da Educa o apresentada Faculdade de Psicologia e de Ci ncias da Educa o da Universidade de Coimbra ROCHA Nat rcia 2001 Breve Hist ria da Literatura para Crian as em Portugal 2 ed Lisboa Caminho SANTOS M de Lourdes Lima dos Coord NEVES Jos Soares LIMA M Jo o amp CARVALHO Margarida 2007 A leitura em Portugal Lisboa Gabinete de Estat stica e Planeamento da Educa o GEPE Minist rio da Educa o 283 SEQUEIRA F tima 1989 Psicolingu stica e leitura In F tima Sequeira amp In s Sim Sim Maturidade lingu stica e aprendizagem da leitura Vol Braga Univ
120. es que tomam a forma de resumo de uma por o de texto 238 Texto no livro do autor Texto no manual Sabe vossemec pai aquele c o que vi no campo n o era maior do que um boi era apenas do tamanho dum boi 8 Pai aquele c o 3X n o era 3X do tamanho lt lt de um gt gt boi lt lt gt gt X lt lt gt gt X nem lt lt de um gt gt burro lt lt gt gt 8 nem t o pouco era o c o maior lt lt de gt gt todos os c es que conhe o lt lt gt gt 9X X lt lt gt gt era lt lt apenas gt gt do tamanho doutro c o qualquer O pai n o fez coment rios Os dois continuavam a caminhar e a ponte de cada vez se via melhor O Jo o estava a morder os l bios e s tantas disse Ou a pai afinal aquele c o de que lhe falei era s do tamanho dum burro Agora que me lembro bem Como das outras vezes o pai ficou calado O rio com a ponte j estava perto Notava se bem na cara do Jo o que ele estava muito aflito De repente disse Sabe vossemec pai aquele c o n o era do tamanho dum burro era apenas um c o especial maior do que todos os c es que conhe o Tinham chegado ponte O Jo o parou mas o pai seguiu calmamente Olhou para tr s e vendo o filho entrada da ponte sem se mexer disse lhe Ent o Jo o que tens N o queres entrar na ponte O Jo o exclamou Ou a pai Aquele c o que vi ontem era afinal
121. essencialmente ou sobretudo de um prop sito novo 181 53 ee 60 E 2 O T l M4 4 0 pr 53 E Supress es A 41 m Adi es Transforma es 0 20 40 60 80 Gr fico 6 Distribui o das adultera es pelas categorias transforma es adi es e supressdes por manual Como podemos verificar a partir da leitura do gr fico anterior a delimita o dos textos que figuram nos manuais em estudo faz se predominantemente por recurso a supress es Constata se com efeito que na maioria dos manuais o n mero de ocorr ncias apurado nesta categoria ronda ou ultrapassa os 50 exce o feita aos manuais M3 3 e M5 4 por serem os nicos a n o apresentarem as supress es como a opera o mais recorrente Esta regularidade mant m se para as transforma es e para as adi es que evidenciam percentagens menores mas ainda assim com peso significativo quando comparadas entre si Ressalve se apenas a situa o do manual M4 4 pelo facto de n o conter adi es Nesta primeira fase percebe se j que os textos selecionados que s o dados a ler atrav s destes suportes s o objetos de leitura aos quais maioritariamente se subtraem coisas Vejam se os valores correspondentes s percentagens anteriores anotados no quadro abaixo que al m de o atestarem possibilitam uma vis o quantificada desses dados 182 Quadro 37 Tipos de adultera o nos manuais
122. est o a para provar que de um modo ou de outro a literatura foi banalizada e reduzida a li es de leitura p 47 146 Em virtude da fun o pedag gica que lhe conferida e que assumida esquece se o seu passado ignora se descuida se a sua proveni ncia e os fins para que usado n o contemplam a cria o de la os ou de rela es de proximidade com quem escreve e com os objetos que resultam dessa cria o Fora as inscri es relativas aos modos de indica o das fontes de autoria nada se diz nada se fica a saber sobre a vida dos autores e das obras A sua sele o feita crendo se na bondade dos textos Assim se justificam apropria es instrumentalizadas direcionadas para o que se afigura serem obriga es da escola produzir o uniforme transmiss vel e avali vel Diogo 1994 71 Em contexto escolar se ajuizarmos das pr ticas pelos textos que pretendem orient las guides de leitura por exemplo o que verificamos que a leitura de obras liter rias infantis n o considera minimamente as rela es intertextuais L se em separado um texto depois um outro texto e assim sucessivamente N o parece ter sido pensado que os textos inclusivamente os dos corpora podem relacionar se e que isso importa ao sentido deles A leitura torna se uma pr tica verdadeiramente epis dica o leitor infantil n o estimulado a ter o sentido da exist ncia de uma literatura sua idem
123. estrutural formal Total PT AT P SPFG P SPC Ampl Parag Ampl Tx Total F Total Opera es de supress o Deter nos emos tamb m nas opera es que envolvem a supress o o recorte a omiss o de sinais letras palavras frases ou par grafos dos textos Estas ocorr ncias surgir o assinaladas atrav s do s mbolo da tesoura entre parenteses curvos 3 lt na vers o do manual A localiza o das partes subtra das aos textos far se atrav s do sombreado cinzento na vers o do autor Agruparemos no plano das ocorr ncias de natureza gr fica todas as situa es de supress o omiss o de sinais de pontua o ou outros sinais P OS de que s o exemplo as aspas Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual Os s bios faziam projectos para salvar Portugal do petr leo quando de repente viram o monstro avan ar para o mar de boca aberta Os s bios faziam projectos para salvar Portugal do petr leo quando 3 de repente 3 viram o monstro avan ar para o mar de boca aberta Texto no livro do autor PIOS M5 4 p 142 Texto no manual A m e p e um penso sobre a papoula assim como um selo numa carta que vai para uma viagem A m e p e um penso sobre a 3 lt papoula 3 lt S assim como um selo numa carta que vai para uma viagem
124. gramatical P SPFG Nesta subcategoria detet mos sobretudo a supress o de unidades sintaticas Costa 1992 102 frequentemente ora es frases express es complementos que surgem articuladas com outras Da sua articula o e das rela es hier rquicas que entre si se estabelecem resultam estruturas complexas com diferentes valores e significados Ao analisarmos este tipo de recortes pudemos ver assim ser tra ado o caminho inverso ao da complexifica o e ou da expans o das frases ou das estruturas desta feita simplificando as encurtando as A regularidade dos casos assinalados denota cuidados na segmenta o fragmenta o das frases em unidades que quando sujeitas a movimentos de supress o n o colocam em risco a sua gramaticalidade De uma maneira geral esta contra o n o parece pois ser feita de forma aleat ria nem sem preocupa es com a compreens o antes com respeito pelas ronteiras sint ticas cf Costa 1992 98 104 e por conseguinte com um determinado n vel de expectativas em rela o s compet ncias lingu sticas dos leitores Uma clara evid ncia disso a supress o de frases que surgem intercaladas ou apostas noutras normalmente destacadas entre sinais de pontua o como virgulas e travess es cf exemplos a seguir Procede se depois rejorganiza o sint tica das partes intocadas juntando se a outras Obt m se deste modo o re
125. isso n o devem ser encarados como suportes de leitura nicos uma vez que s o conhecidos os riscos e os efeitos associados ao seu uso acr tico nomeadamente a formata o em muitos casos inadequada de tipos de leitor e de modos de ler A leitura escolar uma leitura instrumentalizada Assim em que medida o manual portador de marcas que indicam e orientam essa instrumentaliza o No seu modo de constru o como na orienta o para um destinat rio o manual escolar distingue se de outros livros porque apresenta orienta es expl citas relativamente ao comportamento do leitor O manual escolar pr ativo disciplinando o ato de ler Como recolher caracterizar e organizar essas marcas no quadro de uma investiga o E no entanto s o estas marcas que conferem um estatuto ao manual escolar e o situam como ponte e como mediatiza o entre a leitura e a pedagogia Magalh es 2006 12 48 3 A LEITURA ESTUDO DOS TEXTOS COMPREENS O E ATRIBUI O DE SIGNIFICADOS 3 1 O ATO DE LER LEITOR TEXTO E CONTEXTO Segundo uma perspetiva psicolingu stica construtivista a leitura evento comunicativo do mbito da rece o consiste essencialmente num processo ativo autodirigido por um leitor que extrai do texto um significado que foi previamente codificado por um emissor Sequeira 1989 54 Subjacente a esta defini o est por isso a principal finalidade que orienta o ato de ler a compreens
126. isto uma unidade de linguagem tanto do ponto de vista sem ntico uma unidade percebida pelo leitor como um todo significativo e coerente quanto do ponto de vista formal uma unidade em que haja integra o dos elementos que seja percebida como um todo coeso Soares 2006 30 Depois necess rio estabelec lo no seu novo suporte o manual escolar reenquadrando o com base nestes pressupostos que passamos defini o de procedimentos e categorias que nos permitam a descri o e a an lise dos textos outro dos componentes dos manuais Como se pode verificar por todas as alus es que fomos fazendo ao longo do estudo relativamente conceptualiza o de texto n o pretendemos ser indiferentes discuss o em torno da sua defini o cf capitulo pontos 3 2 e 3 2 1 Vimos na cita o anterior que Soares 2006 o caracteriza como uma unidade de linguagem um todo significativo e coerente uma unidade em que haja integra o dos elementos p 30 importante no entanto procurar concretizar com maior rigor e consist ncia estas significa es Assim sendo base mos o nosso entendimento na perspetiva de Halliday amp Hasan 1976 para quem um texto n o um conjunto de frases desconectadas ou avulsas mesmo que gramaticalmente corretas n o uma unidade gramatical na medida em que um texto n o se estrutura por frases do mesmo modo que uma frase se estrutura por sintag
127. leitor na escola mas um leitor na sua vida adulta Sequeira 2000 55 Por isso se mostra de primordial import ncia a sele o dos textos que s o dados a ler aos alunos uma vez que estes objetos de leitura como temos vindo a dizer are the social and cultural artefacts of literacy education Luke 1997 Neste processo conveniente atentar na proveni ncia desses textos nos seus tipos nos seus suportes originais nos seus autores nos seus usos na sua fun o e representatividade na escola Tamb m na sua qualidade e nos procedimentos e crit rios adotados com vista a realizar a sua transposi o para este contexto especificamente para a sala de aula Deste modo se procedendo escolariza o dos textos e da leitura2 H uma raz o de ser na aten o destinada a todos estes aspetos que apela a uma reflex o sobre a in adequabilidade do processo de apropria o dos textos e da leitura pela escola Quest o pol mica uma vez que nas palavras de Dion sio 2004 em grande medida as formas que toma a escolariza o da leitura variam em fun o do ideal de leitor que em cada momento hist rico e social se quer formar p 67 Esta perspetiva confirma pois que por detr s dos procedimentos que neste mbito s o adotados se encontra uma inequ voca declara o de inten o Produzido em determinado campo social por agentes dotados de disposi es e pressupostos associados as diferent
128. leitor principiante De referir contudo algum destaque a determinado tipo de pr ticas de leitura envolvendo o leitor compet ncias e estrat gias mobilizadas e que permitiam inferir uma determinada representa o de leitura e de leitor neste Programa Deste modo para al m do reconhecimento das estruturas afetivas do leitor este instrumento regulador previa pr ticas que admitiam por parte do leitor a coloca o de hip teses a identifica o de semelhan as e diferen as entre textos e obras o uso da leitura com finalidades diversas a apreens o do sentido global dos textos e a an lise das suas partes constituintes Era tamb m preconizada a capacidade do leitor para apreciar a dimens o l dica est tica e lingu stica dos textos para relacionar leituras para manifestar opini es acerca de por exemplo atitudes e comportamentos de personagens para antecipar desfechos de narrativas 41 para ler e interpretar textos e depois os ler em voz alta ou propor t tulos Destaca se ainda a proposta de atividades em que o aluno demonstrasse capacidade para mobilizar estrat gias que lhe permitissem localizar identificar e extrair informa es dos textos Ler n o apenas uma quest o de ser capaz de dizer sobre o que o texto uma quest o de dominar t cnicas que permitem a decifra o e a aquisi o de mais ou menos informa o de saber como funciona o alfabeto a que sons correspondem os grafemas de reconhec
129. leitores a quem os manuais se destinam 211 n o suficiente para que saibam o significado de determinadas palavras utilizadas pelos autores dos textos selecionados Ficam deste modo demonstradas algumas das preocupa es que assolam os autores destes projetos aquando da sua conce o Como se v muito embora reconhe am que as lacunas a este n vel se assumem como uma das determinantes dos problemas de compreens o na leitura sempre que entendem que o n vel lingu stico dos textos se posiciona acima do que pretendem negam a esses alunos a possibilidade de desenvolverem e enriquecerem essa compet ncia Com efeito e ainda que tal tome a forma de um contrassenso p em de parte este receio operando simplifica es adequa es condizentes com o que a seu ver aqueles aprendentes s o devem ser capazes de saber conhecer no n vel de aprendizagem em que se encontram Texto no livro do autor Texto no manual Noutras trocas acontece de apenas ser respeitada a fun o ou classe gramatical das palavras substitu das ou at de n o ser notada qualquer rela o entre elas Nessas situa es o Aflita a m e avestruz foi chamar o Mocho dos Cem Anos que era o melhor m dico da selva Com os seus grandes culos ele olhou espreitou de todos os lados e disse que tinha de a operar Aflita a m e avestruz foi chamar o Mocho dos Cem Anosf que era o melhor m dico da lt lt regi o gt
130. liga o de descr dito e de desconfian a Quando os autores dos manuais omitem ou se escusam a explicitar em que consistem e com que inten es s o efetuadas as adultera es nos textos que escolhem al m do desrespeito pela voz do autor e da falta de rigor evidenciados revelam ligeireza na forma como se apropriam de obras cuja propriedade intelectual se encontra devidamente reconhecida Analisamos de seguida o grupo das marcas cuja designa o se inclui nas que indicam o tipo ou algum tipo de adultera o O que aqui se verifica que na maioria das situa es as informa es apresentadas se cingem indica o de supress es sem haver qualquer explicita o por exemplo relativamente ao seu teor sua localiza o ou sua extens o em cada texto Deparamo nos sobretudo com designa es como adaptado e com supress es texto adaptado e com supress es texto com supress es e com supress es Note se que apesar de as adultera es mais referenciadas neste grupo serem as supress es ha adultera es de outros tipos que n o s o especificadas Comprova o a conjun o coordenativa e usada em express es como adaptado e com supress es e texto adaptado e com supress es O recurso s retic ncias com ou sem par nteses curvos retos e 151 combinado ou n o com outras indica es pouco frequente Assinalamos contudo que o maior
131. longo do manual Referimo nos concretamente cor dos t tulos dos textos das barras e dos quadros de destaque de t tulos de nomes de rubricas de textos etc 154 M2 3 O manual M2 3 com o t tulo Amiguinhos Lingua Portuguesa 3 ano 1 2 edi o 4 2 tiragem 2007 da Texto Editores foi neste n vel o segundo mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 Os autores s o Alberta Rocha Carla do Lago e Manuel Linhares Aponta como consultoras Filipa Barradas e Paula Pinto Apresenta design gr fico da Texto Editores ilustra o de S rgio Tavares e Pedro Dantas Constantino e pr impress o impress o e acabamentos da Texto Editores composto por 152 p ginas numeradas Tamb m este manual se inicia com um texto dirigido aos Professores Pais e Educadores Explicita se a em que consiste o projeto organiza o estrutura propostas de trabalho unidades tem ticas rubricas Na p gina ao lado surgem legendadas P ginas exemplificativas do Manual O componente seguinte surge com a designa o Programa o L ngua Portuguesa 3 ano e ocupa duas p ginas Acede se a uma tabela com os seguintes cabe alhos Unidades constam a o t tulo das unidades did ticas os respetivos meses e intervalo de p ginas sendo que em algumas se acrescenta uma rubrica de avalia o Ser que j sei e respetivas p ginas Textos de Apoio refer ncia aos t tulos do
132. n mero de ocorr ncias se verifica nos manuais M1 4 e M3 4 Foram ainda detetadas nos manuais em an lise outras refer ncias relacionadas com a proveni ncia e a autoria dos textos Encontr mos em quatro deles as designa es que constam no quadro que apresentamos a seguir Quadro 27 Outras refer ncias indicadas nas fontes dos textos F Manuais M3 3 M3 4 Outras refer ncias cedido pela autora texto in dito ou in dito 1 excerto 1 Destacamos nos manuais M2 3 e M3 4 da mesma editora a refer ncia texto in dito Diferentemente dos textos que constituem o nosso corpus os agora mencionados foram produzidos como j antes referimos por escritores reconhecidos lvaro Magalh es e Lu sa Ducla Soares para os manuais escolares com o intuito de servir a escola S o portanto textos apresentados na sua vers o original n o sujeitos a um processo de desloca o e de recoloca o J o manual M4 4 quando indica nas fontes dos seus textos a designa o excerto assume e mostra prezar a integralidade das obras selecionadas evidenciando precau es no processo da tua transcri o para o manual escolar Este facto constitui tamb m um incentivo leitura ao contacto com os livros e ao respeito pelas fontes de autoria 1 3 A PR TICA DA RECONTEXTUALIZA O DOS TEXTOS Ocupar nos emos agora dos procedimen
133. nio a preservar passa se forma o de grupos de alunos leitores ativos e cr ticos com gostos pr prios que pelas circunst ncias e exig ncias socioculturais dos tempos que correm s o detentores de necessidades pr ticas Essencialmente evidenciam preocupa o em assegurar um emprego rendoso e socialmente reputado idem 99 Esta mudan a acentua a urg ncia de se reconsiderar o ensino da literatura uma vez que absolutamente necess rio ter em devida conta as altera es entretanto consumadas em termos de gostos e necessidades dos p blicos escolares relacionadas de muito perto com os novos horizontes de realiza o pessoal e comunit ria que assinalam o nosso tempo idem 113 Por conseguinte no contexto da escola atual faz sentido interpelar as finalidades da forma o de leitores Dion sio 2004 68 sendo pertinente a formula o de quest es concernentes ao que a leitura ao que ser leitor finalidade da leitura liter ria aos h bitos atitudes e pr ticas de leitura ao tipo de leitor a formar aos textos a que se deve recorrer s modalidades e contextos de leitura 29 Uma das especificidades da aula de l ngua materna traduz se na sua abertura pluralidade dos discursos que segundo Joaquim Fonseca 1992 ocasionar a interioriza o dos princ pios de ordem idiom tica mas tamb m psicol gica cognitiva cultural e comunicativa que interv m na organiza
134. o De facto se por um lado o ato de ler implica ao leitor o dom nio de uma t cnica a capacidade para reconhecer os sinais gr ficos e para descodific los por outro s quando o leitor atribui sentido ao que l isto s quando o leitor compreende o texto impresso se pode falar de leitura Conclui se por isso que saber ler n o se cinge apenas ao dom nio da t cnica da decifra o Na realidade ler pressup e sobretudo compreender Ler um ato interpretativo que consiste em saber guiar uma s rie de racioc nios at constru o de uma interpreta o da mensagem escrita a partir tanto da informa o que o texto proporciona como dos conhecimentos do leitor Colomer 2003 165 No processo de leitura a rela o entre leitor e texto caracteriza se assim por uma determinada especificidade O leitor encarado como aquele que cria o sentido do texto servindo se simultaneamente dele dos seus pr prios conhecimentos e da sua inten o de leitura Giasson 1993 19 Por seu turno o texto constitui um objeto de leitura produzido por um autor que o constr i com uma determinada forma e com um determinado conte do e por isso obedecendo a uma determinada intencionalidade comunicativa cf Giasson 1993 22 Ainda no mbito das vari veis envolvidas no ato de ler n o se pode descurar em todo este processo a vari vel contexto 2 que incorpora o sujeito leitor numa determinada situa
135. o das condi es de integra o criadas no seu novo suporte espa o localiza o rela o com os 272 titulos e com a ilustra o etc depois porque tal delimita o e deslocamento pressup em determinado fim pelo que podem dar lugar a recortes ou perdas a modifica es e ou aditamentos Nos manuais escolares estudados os textos resultam de uma teia de procedimentos que nem sempre se pauta por uma linha de coer ncia que permita ter perce o de alguma tipifica o lingu stica tem tica estrutural destes das leituras e dos leitores Se nuns casos a tend ncia notada a de preparar o texto sob um ponto de vista global ao n vel dos conte dos que veicula ou que se quer que veicule noutros as interven es s o mais locais e visam entre v rias possibilidades preencher subentendidos ou constru es supostamente incompletas suprimir o que parece estar a mais ou constituir uma perturba o para a leitura substituir o que n o ter sido a op o correta ou a melhor op o por parte do autor original por exemplo ao n vel da escolha das palavras ou at dos sinais de pontua o Estes textos s o assim objetos conform veis inadvertidamente e ou propositadamente desvinculados do seu contexto de origem sujeitos a modifica es de tipo e impacto vari veis Com eles ou principalmente atrav s deles s o criadas as condi es que servem idealmente a pedagogia da leitura visando pelo que os
136. o Pargo ficar casado Tive not cias fresquinhas Dia 2 do m s passado Vive feliz pap J tem um cardume e tanto Aben oada a manh Em que o fui deitar ao mar A correr sem hesitar E esqueci o meu assado Fui a pra a muito cedo Para comprar um peixinho Pensei ass lo no forno 5 lt Carapaus salm o lt lt ou gt gt truta Fanecas lt lt ou gt gt peixe espada Vi pre os e vi frescura Mas nenhum me agradavaf Por fim agarrei um lt lt pargo gt gt Mas dei um grito de horror Pois ele implorou me assim Larga me j por favor Para o forno n o quero ir Estou noivo e vou casar Pega em mim muito depressa Evolta a p r me no mar x Fui ligeira sem parar Despediu se agradecido E afastou se a nadar 3 lt 3 Tive noticias fresquinhas Dia 2 do m s passado Vive feliz papa J tem um cardume e tanto Aben oada a manh Em que o fui deitar ao mar x x M5 32 p 68 Tal como j tinhamos verificado acontecer ao n vel das transforma es tamb m aqui algumas adi es por agora de pontua o s o decorrentes de procedimentos de adultera o de outros tipos de supress es de transforma es e at de adi es de outra natureza Resultam assim como j antes referimos dos movimentos implicados no processo de reconstru o dos textos Texto no livro do autor Texto no manual
137. o apagamento de elementos e ou etapas correspondentes a sequ ncias narrativas a descri es e a sequ ncias dialogais H no entanto exemplos em que ocorrem cortes pontuais ou locais especialmente quando estes s o notados em n mero reduzido e s o relativos a pequenas extens es de texto Como consequ ncia e de um modo geral esses textos correspondem a excertos 115 Relembramos no entanto o facto de essa sua condi o n o ser explicitamente assumida na quase totalidade dos manuais Mais uma vez n o o caso do manual M4 4 dado que nele s o frequentes as men es excerto logo a seguir indica o das fontes dos textos selecionados cf neste cap tulo o ponto 1 2 2 3 Seguem se exemplos de interven es de adultera o supress o que recaem predominantemente sobre descri es ou sequ ncias descritivas Texto no livro do autor Texto no manual A roda da casa havia um pomar com rvores de fruto e como as rvores eram de v rias esp cies havia sempre fruta fresca durante quase todo o ano No Inverno as rvores davam laranjas e tangerinas na Primavera davam p ras e ma s vermelhas no Ver o era a vez das ameixas das cerejas e dos p ssegos no fim do Ver o e no Outono chegavam os figos e os marmelos e a parreira grande que dava sombra enchia se de uvas E quando passava a esta o pr pria de cada fruta podia se comer as compotas que a m e do rapaz ti
138. o de uma mensagem coerente l gica e semanticamente v lida Para al m disso de salientar o recurso a outros componentes textuais usados para real ar aspetos ou partes dos textos promovendo se assim a sua compreens o Exemplos dessas ajudas complementares s o os assinalamentos verbais e n o verbais as ilustra es as quest es auxiliares os objetivos do autor os organizadores pr vios cf Lencastre 2003 116 As ajudas complementares parecem ajudar o leitor a centrar se na informa o importante aumentando potencialmente a reten o dessa informa o em detrimento da informa o acidental Essas ajudas tamb m permitem aos sujeitos processarem o texto de forma seletiva quando necess rio idem ibidem Sendo certo que para a leitura ser eficaz e conduzir compreens o necess rio que o leitor se aperceba dos padr es organizacionais dos par grafos e do texto na sua totalidade idem 110 ent o a promo o da compreens o dos textos come a desde logo a montante da sua produ o Fica assim claro que o trabalho de organiza o do texto por parte de quem escreve crucial para quem o l Um texto bem estruturado organizado exigir menos ao leitor por exemplo em termos da ativa o de conhecimentos pr vios da perce o de rela es sem nticas da realiza o de infer ncias cf Lencastre 2003 110 com base em Birkmire 1985 Kintsch Mandel amp Kozminsky 1977 Kintsch amp Yarb
139. o e pedagogiza o p 17 N o h como ter escola sem ter escolariza o de conhecimentos saberes artes o surgimento da escola est indissociavelmente ligado constitui o de saberes escolares que se corporificam e se formalizam em curr culos mat rias e disciplinas programas metodologias tudo isso exigido pela inven o respons vel pela cria o da escola de um espa o de ensino e de um tempo de aprendizagem idem 20 Considerando o assunto em estudo o s modo s de apropria o ou as formas de escolariza o pela escola do texto liter rio confirma se que n o ha como evitar que a literatura qualquer literatura n o s a literatura infantil e juvenil ao se tornar saber escolar se escolarize Soares 2006 21 N o podem tamb m deixar de ser evidenciados aspetos relativos ao valor e ao estatuto social atribu dos leitura na atualidade nem fun o essencial que neste mbito cabe escola promover uma escolariza o adequada da literatura idem 22 com vista forma o efetiva de leitores Com efeito Ao contr rio dos usos primeiros da l ngua oral para a aquisi o das compet ncias de leitura preciso um suporte de instru o da responsabilidade da escola Esta institui o encarrega se de facilitar a todos os indiv duos a capacidade de utilizar a leitura para todas as suas fun es sociais Colomer 2003 161 162 12 Soares
140. o indispens vel n o s da sua pr pria capacidade comunicativa concreta como tamb m da pr pria potencialidade significativa Eco 1993 56 tamb m os autores do manuais escolares em resultado dos requisitos e imposi es implicados na produ o de um livro desta natureza e mediante a vis o e o entendimento que defendem em rela o ao ensino e aprendizagem da leitura e forma o de leitores re constroem moldam os textos que selecionam com o intuito de servir esses fins ou essa miss o Clearly the books are written to help in the reading instruction of young children however broadly the notion of reading is conceived The books in addition are important stepping stones in a child s progress from facility with the conventions of oral conversational communication towards facility with written literary communication More broadly still the books play a central role in the child s introduction to the culture of schooling Baker amp Freebody 1989 xvii E nosso intuito que ao longo deste estudo seja efetuado um levantamento de evid ncias desse processo de recontextualiza o que o ilustrem e comprovem A nossa aten o recaira agora nos procedimentos concernentes a movimentos e atos volunt rios intencionais intervenciones conscientes Blecua 1983 124 de altera o da sua materialidade gr fica e lingu stica Daremos conta primeiramente do tipo de adultera es operad
141. o seu autor De que obra foi retirado esse texto 133 1 2 CONTRIBUTOS PARA A SEDIMENTA O DE UM C NONE Ser inerente pedagogia da leitura a exist ncia de um c none sedimentado ou da constru o de uma pedagogia da leitura que pode decorrer a sedimenta o de um c none Esta interpela o implica retomar prop sitos e finalidades da escola por um lado e o seu cumprimento atrav s das pr ticas pedag gicas por outro Segundo Ezequiel Theodoro da Silva 1988 vai se escola com a finalidade b sica de aprender a ler para compreender os textos participando criticamente da din mica do mundo da escrita e posicionando se frente realidade p 64 Na pr tica vemos essa finalidade ser cumprida por recurso a determinados textos objetos que pela sua natureza registos verbais da cultura remetem os alunos leitores para determinados referenciais dando origem a espa os discursivos espec ficos em sala de aula e ou fora dela idem 65 Ent o nem todos os textos s o tidos como v lidos e leg timos para servirem esse fim O trabalho de media o que feito para proporcionar o contacto dos alunos com os textos implica delinear previamente objetivos e pensar escolhas Afigura se grande a responsabilidade da escola e dos professores neste mbito j que as crian as tendem a assimilar como verdades os referenciais dos textos aos quais s o expostas idem ibidem Enquanto suportes
142. obras respeitantes aos textos de vertente funcional informativos e instrucionais e os casos em que as refer ncias n o fossem claras ou levantassem d vidas relativamente sua identifica o estatuto Assim pusemos de parte todas as situa es que se limitassem a indicar como fonte endere os eletr nicos o autor do manual ou que indicassem autor desconhecido Lenda popular Lenda Tradicional Os autores Popular V rios i Tradicional Tradu o Adapta o de Baseado em Real amos neste mbito ocorr ncias verificadas num dos manuais M1 3 por as entendermos como uma marca daquele projeto Com efeito nele expressivo o n mero de textos 11 produzidos pelos seus pr prios autores Atent mos primeiramente nos autores dos textos e cheg mos ao quadro 3 no anexo Il Surgem a as frequ ncias com que s o citados em cada manual e na globalidade e o n mero de manuais em que s o citados Al m disso tornou se tamb m poss vel reparar a partir da representatividade verificada na sua maior menor diversidade em cada um e no conjunto dos suportes de leitura em an lise Os dados recolhidos conduziram nos a listagens diferentes e a um total de 201 autores escritores Um grupo destaca se pela elevada percentagem que apresenta 74 e constitu do pelos que s o citados num nico manual Entre estes encontram se muitos autores pouco conhecidos ou
143. procedimentos de adultera o de outro tipo transforma es e ou adi es que nestas condi es se tornam for osos Assinalamos ainda a este n vel cortes pontuais com pouca extens o alguns com import ncia reduzida outros por m bastante representativos da fun o que se pretende que os textos cumpram na escola Veja se o exemplo de um texto do manual M2 4 p 24 com o t tulo Os biscoitos da av vers o do manual Quando o confrontamos com a vers o original vemos que s o operadas duas supress es uma no t tulo e outra no in cio do texto seguidas da adi o de dois par grafos e que estes procedimentos est o relacionados Do t tulo retirado o nome Genoveva na vers o do autor Os biscoitos da av Genoveva Depois anula se o primeiro par grafo onde se particularizam e real am tra os e caracter sticas desta av e os que se 114 A prop sito da estrutura da narrativa Giasson 1993 refere que acontece muitas vezes nos manuais escolares que as perguntas sobre as narrativas n o formam um todo Nesse caso imposs vel encontrar a partir dessas perguntas um fio condutor uma l gica que permita aos alunos terem uma representa o coerente de toda a hist ria A utiliza o da gram tica da narrativa como grelha para se fazerem perguntas sobre um texto narrativo tem a vantagem de centrar a aten o dos alunos nos elementos importantes da hist ria e de facilit
144. processo da sua transmiss o ocorrerem procedimentos que os transformam mediante ou em fun o de novos p blicos A estas opera es est o associados riscos destacando se entre os mais gravosos o de serem corrompidos ou falsificados Por sua vez na escola h agentes especializados que medeiam este processo a partir de conce es relativamente a modelos de leitura e de leitor escolares Com efeito acrescentam e ou subtraem aos textos tra os que em resultado os convertem nos objetos de leitura ideais para ensinar e para aprender Os modos de estrutura o constitui o e organiza o dos manuais objetos que selecionamos por se assumirem naquele lugar como suportes de recontextualiza o centrais dos quais destacamos o enquadramento e a apresenta o delimita o dos textos permitem caracterizar o processo de reprodu o ou c pia que lhes esteve subjacente e com isto evidenciam representa es conce es de texto v lido e de leitura leitor esper vel desej vel Foi a partir destes princ pios que na segunda parte do cap tulo Il come mos por operar a delimita o dos objetos do nosso estudo tra ando um caminho especificador Assim no contexto mais geral de circula o dos textos elegemos a escola como um agente de recontextualiza o especializado privilegiado paralelamente consider mos o mercado editorial e dentro dele o manual escolar como um dispositivo referencial para a sua dis
145. rios etc M3 4 Contacto com tipologias de texto diversificadas M4 4 iv nas caracter sticas lingu sticas estruturais dos textos Inici mos o manual com textos muito simples embora variados aumentando o grau de dificuldade com o passar das unidades M5 3 No final de cada unidade um texto maior um pouco mais complexo M5 3 N o pondo em causa a legitimidade dos crit rios de sele o adotados inquieta nos na interpreta o dos dados recolhidos o que fica por justificar fundamentar relativamente a esta quest o Repar mos na verdade que apesar de os textos e a leitura ocuparem um lugar central nestes suportes n o vis vel uma inten o declarada de explicitar perspetivas e conhecimentos respeitantes por exemplo s caracter sticas dos textos e dos leitores ou s finalidades do ensino da leitura na escola que devem nortear e sustentar um trabalho s rio e pedagogicamente v lido Que poder legitimidade det m os autores dos manuais para se permitirem optar pela n o explicita o das suas escolhas Estando em an lise os dez manuais mais adotados ser v lido concluir que os professores confiam cegamente no que os seus autores prop em como se o simples ato de inscrever coisas neles as torne verdades inquestion veis O que leva os professores a adotarem manuais que n o fundamentam as suas escolhas que n o explicitam os seus entendimentos relativamente a
146. se depois na clarifica o dos procedimentos e instrumentos adotados para a caracteriza o e classifica o dos tipos de interven es de adultera o dos autores dos manuais 5 1 1 1 CATEGORIAS DE AN LISE DOS TEXTOS DE ABERTURA Com o intuito de verificar se os manuais escolares em estudo evidenciam preocupa es e p em em pr tica precau es filol gicas no mbito da desloca o e recoloca o dos textos partimos da an lise de um dos planos que os constituem e com o qual os seus utilizadores professores alunos e ou encarregados de educa o primeiramente estabelecem contacto os textos de abertura Esta sec o dos manuais assume se como o seu rosto Atrav s da leitura do seu conte do torna se poss vel tra ar um quadro de princ pios e orienta es pelos quais se pautam e regem Reconhecida a sua pertin ncia n o podemos deixar de referir tamb m que a sua aus ncia pode ser denunciadora de fragilidades na conce o do projeto N o procuramos o registo de ocorr ncias que permitam uma an lise estat stica quantitativa de dados Interessa nos sobretudo como j antes referimos registar a presen a ou a aus ncia das categorias que definimos para uma an lise qualitativa dos textos em causa S o as caracter sticas espec ficas destes textos que variam ou podem variar de manual para manual dimens o estrutura e conte do e a reduzida dimens o do corpus que justi
147. se meninos s costas dos estranh es Viam se bizarrocos segurando cartazes Queremos J come Finalmente o chefe da pol cia concordou em libertar o inventor J come tinha inventado alguns dias antes um aparelho atravessador de paredes Jos Eduardo Agualusa Estranh es amp Bizarrocos Dom Quixote 2000 pp 8 12 290 Texto 3 Texto no livro do autor vs Texto no manual M2 4 p 24 OS BISCOITOS DA AVO EENGNENA chegada do Outono com as aulas quase a come arem os cinco netos da av Genoveva viam cair as folhas amarelecidas de um velho pl tano que havia no quintal e assistiram partida dos bandos de p ssaros e de patos para as terras mais quentes do sul Eu sou capaz gabou se a av Genoveva num dia cinzento de Setembro de dar aos meus biscoitos a forma de todos os bichos de que voc s gostam mesmo dos mais fant sticos Se calhar n o s duvidou o neto mais velho da av Genoveva Ah n o sou exclamou elal Ent o digam me l os que querem e eu esta noite j os tenho prontos Eles ficaram uns instantes a pensar lembrando se de todas as fotografias e desenhos que tinham visto nos comp ndios de Zoologia e Hist ria Natural e come aram a pedir Eu quero um crocodilo E eu um dinossauro Eu um elefante E eu um golfinho E eu um le o A av Genoveva escreveu com letra miudinha os nomes dos animais num pequeno caderno quadriculado que costu
148. ser o mais manhoso dos homens pensou pensou e teve uma ideia construir um enorme um gigantesco cavalo de pau assente num estrado com rodas para se poder deslocar e dentro do bojo ou seja da barriga desse cavalo se esconderem alguns homens Mas para que seria este cavalo Ulisses imaginou que os gregos deviam fingir que iam todos embora dali e deixar s portas de Tr ia o monumental cavalo sozinho em ar de homenagem Ent o Ulisses que todos diziam ser o mais manhoso dos homens pensou pensou e teve uma ideia construir um enorme um gigantesco cavalo de pau 3 lt e dentro do bojo 3 lt se esconderem alguns homens lt lt gt gt 9 Ulisses imaginou que os gregos deviam fingir que se iam 3 embora 3 lt e deixar s portas de Tr ia o monumental cavalo sozinho em ar de homenagem M1 42 p 46 Por curiosidade fomos procurar depois do texto entre as atividades sugeridas alguma que pudesse justificar esta supress o e verific mos que de facto se solicita ao aluno leitor a busca do significado da palavra bojo no dicion rio Procura no dicion rio as palavras sublinhadas e outras que n o conhe as M1 4 p 47 Posto isto e em sintese constata se que as vertentes lingu stica liter ria expressiva est tica dos textos tendem a ser na sequ ncia do anteriormente referido secundarizadas 252 privilegiando se naqueles objet
149. sobretudo este o comportamento que nos inquieta e que nos leva a formular algumas interroga es e a realizar este estudo 25 que a palavra ao ser impressa n o se converte s por isso em verbo divino que os textos se corrompem com muita facilidade que a confian a s deve ser depositada no que se l ap s verifica o da sua proveni ncia e da sua fidedignidade que afinal a autoridade de um texto a sua qualidade filol gica decorrem exclusivamente da sua conformidade com a vontade do produtor inicial desse texto p 148 Evidentemente estes procedimentos acarretam consequ ncias para o aluno leitor Basta considerarmos que independentemente das transforma es que os textos possam sofrer estes podem ser lhe dados como textos sa dos das m os do autor idem ibidem Al m disso se por um lado os recortes as adi es as trocas as substitui es as adapta es e as reprodu es sucessivas a que os textos s o submetidos na transi o entre os diferentes suportes de leitura podem passar despercebidos sobretudo para quem tem o manual escolar como suporte de leitura nico por outro criam desconfian as junto de professores e alunos mais atentos com uma rela o mais conhecedora e mais ntima com os livros e com a leitura Dai que consideradas as circunst ncias e as condi es particulares de circula o dos textos na escola a sua rece o deva ser cautelosa atenta a eventuais problemas de fia
150. some kind made by the textbooks authors were visible We observed that in their appropriation process and according to certain claims or demands changes are made without any constraints or inhibitions The intellectual property of texts tends to be undervalued Texts are adjusted to serve a pre established schema of the reading lessons That s why we can say that in a certain way text meaning is imposed or in a different perspective it is not made possible for the reader to access all the reading comprehension levels The text changing procedures serve a simplified and more linear reading through the rebuilding of texts in their extension structure and verbal form The result is a conditioned reader that mechanizes procedures methods and reading strategies It is in short an entity that is shaped to read those textbook texts not any texts vii vili NDICE INTRODU O si santo tetas te tence A a PE PA oe i a Bea 1 CAPITULO ea as a Ri a Ra h 7 OS TEXTOS NA ESCOLA MODOS DE CIRCULA O E DE LEITURA 7 1 Suportes e objetivos de circula o dos textos na escola erre 9 1 1 Textos leituras e leitores nas sociedades atuais breve caracteriza o 9 1 2 A escolariza o dos textos e da leitura finalidades e estrat gias 16 2 O s texto s e a s leitura s na aula de l ngua portuguesa 20 2 1 Que textos Produzidos para a escola ou apropriados pela escola
151. sua reformula o mas com a ressalva de serem interpretados luz dos novos princ pios e disposi es constantes nos documentos atr s referidos DGEBS 2004 7 Em consequ ncia os professores tinham que considerar para al m dos programas de ensino outros instrumentos reguladores do quadro de atua o pedag gica Ou seja O Curr culo Nacional do Ensino Basico Compet ncias Essenciais entendido como o conjunto de aprendizagens e compet ncias integrando os conhecimentos as capacidades as atitudes e os valores a desenvolver pelos alunos ao longo do ensino b sico de acordo com os objetivos consagrados na LBSE para este n vel de ensino Decreto Lei n 6 2001 de 18 de janeiro e o trabalho de Sim Sim Duarte amp Ferraz 1997 que surgia referenciado nas notas de rodap do Curr culo Nacional do Ensino B sico CNEB Neste trabalho estabelecida a distin o entre os conceitos de capacidade e de compet ncia s o apresentados os princ pios que devem orientar o ensino da l ngua materna e s o associadas compet ncias essenciais nucleares a n veis de desempenho Procurava se enfim que os Programas de ensino se articulassem com o Curr culo Nacional do Ensino B sico documento este que apresentava o conjunto de compet ncias consideradas essenciais e estruturantes no desenvolvimento do curr culo nacional para cada ciclo de ensino e ao longo da educa o b sica definia o perfil de compet ncias dos
152. tamb m o que neste espa o e a este respeito feito Assim referimos como exemplo ilustrativo e representativo das preocupa es apontadas um conjunto de quest es apresentadas por um dos manuais analisados num Gui o de observa o do manual A nosso ver esta proposta inicial permite ajuizar sobre as linhas de for a que pautaram a forma como o manual em causa foi concebido Temos ent o propostas de perguntas como Que t tulo tem o texto da p gina 54 Quem o seu autor De que obra foi retirado esse texto M4 4 Logo a seguir no mesmo manual encontramos o indice com evid ncias desta categoria Referimo nos ao cuidado em associar o t tulo de cada texto ao nome do respetivo autor e a indica o da exist ncia de uma Galeria de Autores nas ltimas p ginas Por fim alertamos para o facto de que a n o verifica o destas preocupa es pode indiciar desconhecimento ou falta de cuidado e de rigor na transposi o dos textos este modo de atuar consciente ou inconsciente que nos inquieta 91 5 1 1 2 CARACTERIZA O DOS TEXTOS O ato de reproduzir um texto ou de extrair um fragmento de texto do seu contexto de origem implica em primeira inst ncia cuidados essencialmente ao n vel da preserva o das caracter sticas e componentes que fazem dele um texto Com efeito Ao selecionar o fragmento de um texto este tem de constituir se ele tamb m como texto
153. trabalho sobre a quest o da leitura na escola faz refer ncia a uma pr tica que a frequente Trata se da tend ncia para a defini o de objetivos com um elevado grau de generaliza oss n o se estabelecendo liga o a objetivos mais espec ficos Ora e segundo a mesma autora isso traduz se na n o distin o em rela o ao trabalho desenvolvido nos v rios n veis de aprendizagem ainda na n o distin o entre os tipos de pr ticas e operacionaliza es que se realizam nas v rias aulas e por fim nas insufici ncias 53 Um objetivo que ilustra esta situa o e que utilizado em contexto pedag gico surgindo inclusivamente nos programas de ensino interpretar cf Sousa 1989 De facto caracterizam no sobretudo um elevado grau de subjetividade e de abstra o 51 ao n vel do fornecimento de orienta es para as atividades que se prop em para compreender os textos Para se ensinar a ler e a compreender textos portanto fundamental a especifica o das tarefas tipo de opera es que se exigem ao aluno leitor isto a clarifica o do tipo de reflex o que se pretende que os alunos fa am atendendo s suas possibilidades necessidades e s suas dificuldades cf Sousa 1989 47 Deve se por isso evitar a proposta de objetivos nicos que se traduzem em pr ticas avulsas sem intencionalidade vazias de sentido ou indefinidas e com reflexos para a aprendizagem e para a avalia o Media
154. tulo ponto 1 deste trabalho retomamos em s ntese o que relativo ao facto de vivermos num meio que se demarca pela pluralidade de situa es e de contextos de comunica o que se sucedem e entrela am com grande rapidez Verificamos que essa din mica exige algo que bastante valorizado socialmente o dom nio do oral e da escrita nas suas vertentes de produ o e de rece o e o conhecimento de regras b sicas da gram tica isto da estrutura e do funcionamento da l ngua Com efeito n o suficiente o saber lingu stico que natural e funcionalmente cada sujeito vai adquirindo e conhecendo fundamental desenvolver em cada utente da lingua a atitude de distancia o cr tica e o dom nio das metodologias e dos instrumentos que lhe permitam alargar e aprofundar esse conhecimento transformando o e transformando se ao longo de tal processo Amor 2006 8 Para que tal possa ser empreendido isto para que a l ngua se possa instituir como objeto de estudo e de aprendizagem temos a escola a aula de Lingua Portuguesa como o lugar pr prio e os textos como os recursos de excel ncia A este prop sito Amor 2006 refere o seguinte O lugar relevante conferido ao discurso nas aulas de l ngua envolve de imediato a aten o dispensada a sua manifesta o material o texto e s pr ticas que se lhe associam na dimens o textual que se objetiva e melhor se d con
155. uma rubrica s de leitura Lendas e Tradi es e escolha de um dos autores dos seus textos No final de cada unidade tem tica igualmente tratada uma hist ria de tradi o oral LENDAS E TRADI ES cuja proposta de trabalho assenta numa metodologia aberta diferente dos restantes textos proporcionando alguns momentos de magia Ao prendermos a aten o dos alunos suscitamos a sua curiosidade estimulamos a sua imagina o e de uma forma divertida incentivamos o gosto pela leitura M2 3 Gostar amos de salientar e agradecer a participa o neste projeto da conceituada escritora infantojuvenil Lu sa Ducla Soares que escreveu textos in ditos para a abertura das unidades tem ticas enriquecendo este instrumento de trabalho com a sua criatividade ritmo e sensibilidade que certamente far o as del cias das nossas crian as M2 3 127 No conjunto dos manuais do 3 ano no manual M5 3 que mais evidente a valoriza o dos textos e da leitura Este manual come a por apresentar o poema Livro de Lu sa Ducla Soares como forma de sensibiliza o para o reconhecimento da sua import ncia e fun o Segue se depois um pequeno texto dirigido aos alunos onde entre outros conselhos sobre a import ncia da escola e de estudar a L ngua Portuguesa dito Nunca te esque as de fazer pesquisa pessoal consultando livros revistas e enciclop dias etc M5 3 Na
156. umas das outras e do contexto situacional e discursivo Mateus et al 2003 87 Resultam antes objetos dotados de sentido e de unidade produtos coesos internamente e coerentes com o mundo relativamente ao qual devem ser interpretados idem ibidem Estes objetos providos de caracter sticas e propriedades espec ficas designam se por textos Pelo exposto a mat ria verbal dos textos n o o nico elemento da sua composi o que contribui para a produ o apreens o de conte dos e de sentidos Estes objetos emergem numa situa o espec fica num contexto pr prio com um determinado enquadramento H pois uma materialidade que os caracteriza que os diferencia uns dos outros Efetivamente no mbito das produ es textuais a linguagem verbal n o a nica com conte do sem ntico Magalh es 2008 11 15 O processo de configura o dos textos abrangente e complexo envolve aspetos de ordem verbal e n o verbal que para bem da sua legibilidade e compreens o devem evidenciar um bom entendimento e uma boa articula o entre si Este trabalho de concerta o na composi o de um livro de uma p gina cf Silva conte do isto a sua interpreta o se faz mediante crit rios subjetivos Destaca seguidamente a fun o abreviativa explicando que o t tulo resume sintetiza reduz o texto ao fundamental publicitando o seu conte do mas sem o descortinar completamente Fi
157. 1991 173 No que concerne rela o entre o processo de escolariza o e a literatura infantil Soares 2006 apresenta duas perspetivas Uma de apropria o da literatura infantil por parte da escola que deste modo a escolariza e torna objeto de ensino Outra de produ o de literatura infantil para a escola com vista a cumprir os seus fins e objetivos traduzindo se no que a autora designa por literatizagao da escolariza o infantil p 17 30 Segundo este autor la transpositon didactique d signe donc le passage du savoir savant au savoir enseign Or c est la confrontation de ces deux termes la distance qui les s pare par dela ce qui les rapproche et impose de les confronter que l on peut le mieux saisir la sp cificit du traitement didactique du savoir p 20 No que aos textos e as situa es de leitura caracter sticas do meio social diz respeito tamb m eles sofrem este processo ao serem transpostos para a escola e ao serem usados como recursos na forma o de leitores 23 legitimate and truthful They help set the canons of truthfulness and as such also help re create a major reference point for what knowledge culture belief and morality really are Apple amp Christian Smith 1991 4 Se como anteriormente mencionado nas nossas sociedades os textos naturalmente circulam em v rios suportes em v rios contextos e situa es com finalidades e recetores diversos ent o dadas as ca
158. 1997 Textbooks and primers In de D Wagner B Streete R Venezky amp E Nisbet eds Literacy An International handbook New York Garland Press Version I 97 MAGALH ES Justino 1999 Um apontamento para a hist ria do manual escolar Entre a produ o e a representa o In Rui Vieira Castro Angelina Rodrigues Jos Lu s Silva amp M Lourdes Dion sio de Sousa Orgs Manuais escolares Estatuto fun es historia Braga Universidade do Minho MAGALH ES Justino 2006 O Manual Escolar no Quadro da Hist ria Cultural para uma historiografia do manual escolar em Portugal In S sifo Revista de Ci ncias da Educa o pp 5 14 282 MAGALH ES Justino 2008 O manual escolar como fonte historiogr fica In Jorge Vale Costa Margarida Louro Felgueiras amp Lu s Grosso Correia Coord Manuais Escolares da Biblioteca P blica Municipal do Porto Porto Faculdade de Psicologia e Ci ncias da Educa o Faculdade de Letras do Porto pp 11 15 MAIA Gil 2003 As capitais da ilustra o In www casadaleitura org pp 1 24 originalmente para No Branco do Sul As Cores dos Livros Beja 20 e 21 de fevereiro de 2008 MAIA Gil 2003 Entrelinhas quando o texto tamb m ilustra o In Fernanda L Viana Marta Martins amp Eduarda Coquet Coord Leitura Literatura Infantil Ilustra o Braga Centro de Estudos da Crian a Universidade do Minho pp 145 155 MARTINS M da Esperan a de Oliveira amp S
159. 6 a seguir revelam um n mero significativo de textos onde figuram estas marcas ou informa es 109 Assim se em alguns manuais parece tratar se de uma pr tica em que se nota alguma frequ ncia ou regularidade M2 3 M1 4 e M3 4 9 noutros os valores registados s o pouco significativos M3 3 M4 3 M5 3 e M4 4 Ressalve se no entanto o facto de entre estes ltimos poderem ser identificados casos em que efetivamente os textos n o foram alvo de deturpa es transforma es e manuais em que muito 150 embora essa pr tica n o seja expressamente assumida h v rios textos pejados de adultera es Quadro 26 Marcas expressas de adultera o nos manuais escolares F Marcas expressas de Manuais adultera o M5 3 M1 4 Com indica o do tipo de adultera o Sem indica o do tipo de adultera o Total Constata se que o grupo de marcas em que foram assinaladas ocorr ncias em maior n mero 70 o que n o informa o leitor sobre o tipo ou o significado das adultera es efetuadas As designa es que mais ocorrem s o adaptado ou texto adaptado seguindo se outras menos frequentes como adapta o e adapta o de Sai assim fragilizada a rela o que os alunos leitores estabelecem com os textos j que ferindo se a sua identidade autoria e integralidade h s rios riscos de esta se transformar numa
160. 70 2 2 1 Modos de re construgao do texto escolar Os manuais escolares 72 2 2 1 1 Estrutura o Enquadramento e apresenta o dos textos 72 2 2 1 2 O processo de reprodu o ou c pia dos textos 75 3 Objetos e objetivos do estudo c scccesssssscescstessessstsssceessieesnsaneseeesnersersnsuesensersneeesusenseneaneteeesaneates 78 31 OS OPCW Secrets seh ea RD Sa E EE N E EE T ENEA 78 3 2 OS ODJStIVO Se RR DS RONDA PORRA E E EEn 80 4 O processo de constitui o do COML sacra ai eandivanuiaadaried ana Gaandiv aa 80 4 1 Os manuais escolares escolhidos c cccsssessesesesesesessesessesessceessceessceesesensesensesensesensesenees 83 4 1 1 Os textos que configuram o corpus crit rios de sele o 85 5 A recolha de dados nos manuais escolares metodologia procedimentos e instrumentos de ANANISE santista nad da na asa decade iaa ca a E remoto ns 87 5 1 A configura o das pr ticas escolares de recontextualiza o dos textos 87 5 1 1 Levantamento de marcas dos projetos editoriais 87 5 1 1 1 Categorias de an lise dos textos de abertura 89 5 1 1 2 Caracteriza o dos LEXTOS a aides sita chested tlw a Sa di 92 5 1 2 Os procedimentos de desloca o e recoloca o dos textos 101 5 1 2 1 Caracteriza o dos tipos de interven o dos autores dos manuais categorias de ana
161. 77 com base em Zabalza 1992 e s o uma fonte subsidi ria auxiliar da pr tica pedag gica Por essa raz o se instituem como refer ncia n o s para aquilo que pode ser dito na aula os conte dos como para o modo de dizer a pedagogia e as formas de comprovar as aquisi es realizadas a avalia o Castro amp Sousa 1998 44 O mundo editorial adequou a sua oferta aos tempos atuais com o objetivo de responder procura de um setor do professorado confundido pela profundidade das mudan as educativas e pela vertigem de um curr culo semiaberto e flex vel e habituado mera transmiss o dos conte dos inclu dos no livro de texto e qualifica o acad mica das aprendizagens dos alunos Lomas 2003 279 Na perspetiva dos alunos estes recursos t m igualmente uma fun o importante pelo facto de fornecerem quadros informativos do sistema de conhecimentos lingu sticos e liter rios 47 Al m da fun o de estruturar e organizar conhecimentos s o encarados como um guia do pr prio aluno uma esp cie de substituto do professor No entanto s o tamb m muitas as desvantagens e as limita es que lhes est o associadas i conduzem a um ensino afastado dos factos e das coisas e imp em ao professor e aos alunos um determinado ritmo de trabalho ii s o um instrumento redutor visto por muitos como opressor da liberdade pedag gica do professor iii s o escritos para professores e n o para
162. 83 18 19 Com efeito os textos veiculadores dos valores e cren as ideol gica e culturalmente marcadas Dion sio 2000 112 dos seus produtores caracterizam se na atualidade pela sua mobilidade temporal e social de que decorre consequentemente a sua propens o instabilidade e diversidade Batista 2004 17 S o objetos dotados de unidade e de sentido com origem circula o e difus o em diferentes contextos ou campos da sociedade nomeadamente o religioso o pol tico o cultural o profissional idem 142 Tornam se por conseguinte poss veis dois modos de compreens o do texto que na ess ncia se reportam sua materialidade Por um lado ressalta a afirma o da sua independ ncia e da sua autonomia em rela o a quem o produz e reproduz materialmente e a quem o l cf Batista 2004 67 Um texto coincide apenas com sua manifesta o lingu stica assim identificada e com o conjunto de rela es lingu sticas a ela subjacente e independe tanto dos diferentes suportes materiais que o sustentam quanto das pr ticas e dos leitores que dele se apoderam idem 13 Por outro lado essa materialidade lingu stica n o suficiente em termos da sua interpreta o da extra o de significados e de sentidos O leitor aquele que verdadeiramente confere exist ncia ao texto apropria se dele tendo em considera o as v rias vozes que lhe d o corpo Por conseguinte al m da aten o
163. 84 4 1 1 OS TEXTOS QUE CONFIGURAM O CORPUS CRIT RIOS DE SELE O A escola como j antes foi mencionado um contexto onde os textos t m uma presen a efetiva Na verdade em espa o de aula de L ngua Materna o texto constitui o elemento central polarizador de que partem e a que chegam todas as atividades de leitura de escrita de oralidade e de funcionamento da lingua De facto e segundo Sousa 1993 o texto e a sua leitura assumem se como momento fundamental e fundamentante da disciplina p 14 sendo que aqui o termo leitura enquanto a o de descoberta e cria o de significados sin nimo de interpretagao idem ibidem Estes fundamentos levaram formula o de v rios crit rios tidos em considera o na escolha dos textos que ser o submetidos a an lise Quanto origem privilegiaram se textos de autores a quem se reconhece a produ o de obras liter rias com qualidade est tica formal lingu stica por permitirem mais facilmente verificar estudar os procedimentos de recontextualiza o obras e autores que recorrentemente v o sendo selecionados pelos autores dos manuais para recolha de textos textos excertos que se repetem em diferentes manuais cole es Relativamente ao tipo e g nero optou se pelos textos liter rios sobretudo pelo reconhecido n vel de exemplaridade que lhes conferido e pelos g neros narrativa e poesia por serem os que det m maior representa
164. M2 3 90 111 Texto no livro do autor Texto no manual De manh quando acordou estava tudo calmo Texto no livro do autor De manh quando acordou lt lt tudo estava gt gt calmo AOP M1 3 p 12 Texto no manual Estava na sua casa do Polo Norte e seguia pela televis o a cerim nia do desembrulhar das prendas em todas as casas do mundo l lt lt O Pai Natal estava na sua casa do P lo Norte a seguir pela televis o a cerim nia do desembrulhar das prendas em todo o mundo gt gt REL F M5 3 p 50 Inclu mos ainda no conjunto dos procedimentos de adultera o desta subcategoria a substitui o de palavras com rela o sem ntica SPRS e ou com outras rela es A abrang ncia da primeira destas unidades de an lise estender se por exemplo s rela es de sinon mia RS e s rela es de hipon mia hiperon mia RH H Caracterizar se o como outras rela es OR as situa es que forem surgindo n o enquadr veis nas situa es anteriores Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual Essa boa disse Giz embasbacado E que quer que eu fa a Essa boa disse Giz 3 lt lt admirado gt gt E que quer que eu fa a Texto no livro do autor SPRS RS M1 4 p 148 Texto no manual Aflit
165. O acrescento deste texto constitui a nica nota relativa fundamenta o das conce es e escolhas dos autores dos manuais Com efeito as tr s p ginas seguintes s o ocupadas pelo ndice correspondendo cada uma delas a um per odo letivo Essa indica o surge no seu topo no interior de uma seta colorida alinhada direita O ndice apresentado numa tabela posicionada na vertical e dividida em duas colunas Na da esquerda surge a indica o dos meses do ano A cada um deles corresponde uma unidade did tica S o a mencionados os seus t tulos duas tr s designa es correspondentes a datas importantes e aos blocos program ticos de Estudo do Meio e feita refer ncia a umas tabelas colocadas ao longo do manual no in cio de cada unidade did tica Trata se de planifica es mensais onde constam Temas Conte dos Compet ncias Essenciais Compet ncias Transversais Processos de Operacionaliza o Metodologias de Avalia o rea de Projeto Estudo Acompanhado e uma sec o destinada Cidadania Forma o C vica Na coluna da direita s o referidos a par da respetiva pagina o os Textos selecionados indica o dos seus t tulos e as v rias rubricas propostas Gram tica indica o das designa es de conte dos de funcionamento da lingua Ortografia refer ncia a letras grupos de letras associados a dificuldades de leitura escrita
166. PC como o caso dos nomes dos verbos e dos adjetivos ou de grupos nominais verbais entre outros Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual A papoula de sangue lavada na A papoula de sangue foi lavada gua na gua P SPFG M3 3 p 42 115 Texto no livro do autor Texto no manual Delicadamente levantava as uma a uma e ia as metendo entre as p ginas de uma velha lista dos telefones que trouxera no saco l Os casos de natureza estrutural formal surgir o divididos em dois planos Os acrescentamentos de uma ou mais frases constituir o situa es de amplia o de par grafo 0 Ampl Par g e os acrescentamentos de um ou mais par grafos situa es de amplia o de texto Ampl Tx Exemplos Texto no livro do autor Delicadamente a madrinha levantava as uma a uma e ia metendo lt lt as folhas gt gt entre as p ginas de uma velha lista de telefones que trouxera no saco PISPC M2 3 p 98 Texto no manual que eu sou muito bem constitu do respondeu o Pai Natal que acrescentou Parece me que esta capa n o me vai servir l Texto no livro do autor sempre do meu lado que o Sol se levanta todos os dias Do lado de Leste explicou o ponto cardeal Logo tarde a mim que o Sol procura disse o Oeste que estava exactamente do lado opos
167. Ver o de S Martinho Lenda do Ver o de S Martinho Outros casos h contudo em que mantido o t tulo original para excertos que claramente correspondem delimita o de um momento ou parte da obra original Tamb m estas situa es poder o comportar a adultera o de sentidos Vejamos os exemplos a seguir 177 Quadro 35 Natureza dos t tulos dos textos Textos Manuais E E Origem Natureza do t tulo T tulo Integral Excerto Original Atribuido Adulterado M1 3 A floresta M2 3 A colheita M4 3 A cidade M4 4 A ambi o das luas Apesar do risco para que alert mos anteriormente entre as quatro situa es verificadas apenas o texto com o titulo A floresta constitui um exemplo inequ voco de uma rela o de rutura entre o excerto e o t tulo Com efeito obra e excerto focalizam se em diferentes categorias A obra no seu todo centra se no espa o a floresta e o excerto selecionado real a uma das suas personagens Isabel cf texto 1 anexo Direcionando a nossa aten o para os t tulos atribu dos aos excertos analisemos a rela o entre eles e reparemos igualmente em algumas situa es Quadro 36 Natureza dos t tulos dos textos Textos Manuais 5 Origem Natureza do t tulo P g T tulo Integral Excerto Original Atribu
168. a Titulo Tema Texto no manual Titulo Conte do Uma janela para o Espa o A ambi o das luas De que tamanho somos O an o Tanto mar Desejos de um caranguejo Vidas e aventuras Um olhar do Espa o De l s a l s Noite dia Passemos agora an lise dos t tulos dos textos come ando por real ar que dos cinquenta textos que constituem o corpus apenas seis 6 s o integrais Os restantes quarenta e quatro 44 constituem excertos cf gr fico 4 Esta afigura se ser na generalidade dos manuais a condi o privilegiada no processo da sua transcri o Note se que no grupo correspondente percentagem menor se encontram sobretudo poemas e que o grupo de maior percentagem composto essencialmente por narrativas cf neste cap tulo no ponto 1 2 1 dados sobre as tipologias textuais identificadas nos manuais Sabendo se que as narrativas s o habitualmente mais extensas que os poemas podemos afirmar que a dimens o dos textos originais face s condicionantes dos manuais escolares pode aparentemente justificar a ado o de certas pr ticas de recontextualiza o 174 Integral Excerto 88 Gr fico 4 Origem dos textos nos manuais Se considerarmos os dados colhidos ao n vel dos modos de indica o das fontes dos textos cf neste cap tulo pontos 1 2 2 2 e 1 2 2 3 facilmente constatamos que o agrupamento destes em integrais ou excertos n o tem por b
169. a a m e avestruz foi chamar o Mocho dos Cem Anos que era o melhor m dico da selva Texto no livro do autor Aflita a m e avestruz foi chamar o Mocho dos Cem Anos que era o melhor m dico da lt lt regi o gt gt SPRS RH H M3 3 p 18 Texto no manual E o Av confirmou E o av lt lt continuou gt gt OR M1 3 p 94 112 Finalmente contemplaremos nas interven es de natureza estrutural formal as situa es que transformem ou alterem a estrutura organiza o das frases e dos par grafos e consequentemente do texto como um todo A este prop sito pensamos ser de extrema relev ncia questionar refletir sobre as repercuss es de tais procedimentos ao n vel da composi o conte do e mancha gr fica dos textos tendo como refer ncia as edi es obras citadas Esta an lise basear se nas ocorr ncias registadas para as situa es de jun o segmenta o de frases J SF e de jun o segmenta o de par grafos J SP Os casos desta mesma natureza mas n o enquadr veis nas categorias anteriores ser o inclu dos em Outros por exemplo altera o da disposi o do texto na p gina Exemplos Texto no livro do autor Texto no manual Aos sete anos logo que tinha aprendido a ler Isabel tinha lido a historia da Branca de Neve e dos Sete An es Pensava muitas vezes nessa hist ria Parecia lhe
170. a foi neste n vel o quarto mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 A autoria de No mia Torres Apresenta design da Edi es Nova Gaia ilustra o de Jo o Tavares capa da Edi es Nova Gaia impress o e acabamento da EIGAL composto por 144 p ginas numeradas Este manual n o cont m qualquer texto introdut rio Inicia se com um ndice que ocupa tr s p ginas e que se encontra dividido em seis unidades did ticas Cada uma delas apresenta se identificada com designa es dos blocos program ticos de Estudo do Meio descoberta de si mesmo descoberta dos outros e das institui es descoberta do ambiente natural Os cabe alhos desta tabela fazem refer ncia a Texto t tulos dos textos propostos para leitura a Autor nomes dos autores dos textos selecionados a Conte dos Gramaticais designa o desses conte dos e a P g pagina o correspondente a localiza o dos textos e dos conte dos gramaticais Real amos ainda o facto de se recorrer a tr s cores diferentes para destacar no ndice os t tulos dos textos A divis o desta listagem parece ter correspond ncia com os tr s trimestres do ano letivo Note se contudo que nada referido em rela o a esse aspeto Foram selecionados para este manual 72 textos sendo 69 deles textos prim rios E lhes reservado um espa o pr prio nas p ginas pares Os seus t tulos aparecem centrad
171. a Lua 1 Erico Ver ssimo 1 Esopo La Fontaine 1 Esopo 3 F C Domingues e J Guerreiro 1 Felisbina Carvalho 1 Fernanda de Castro 1 Fernanda Montenegro 1 Fernando Bernardes 1 Fernando Pessoa 1 Frances Burnett 1 Francisco Vieira 1 Fran oise Rastoin 2 Garcia Barreto 1 Gianni Rodari 1 Guerra Junqueiro 1 H lio da Costa Ferreira 1 Henriqueta Lisboa 1 In cio Pignatelli 1 Isabella Camino 2 Jo o Mendes 1 Jo o Pedro M sseder 3 Jorge Branquinho 1 alala lalala lala lalalalala alala lala lalala lalalala la z alfalala a ljwola alja alala a a falalatola a fa falo fafa ja jo la tala alalalalalalalalala lala lalalalala lala lalalalalalala alaslola o alalalalatato alalalalalalalalwolalala alalalalalala lalala lala lalala lalalala lalala fala Jos Abrantes 1 301 Jos Eduardo Agualusa 1 Jos Pedrosa Ferreira 1 Jos Alberto Marques 1 La Fontaine F bula de 1 Leonel Neves 1 Leonilde Rodrigues 1 Liliana H 1 Lu s Cruz 1 Lu s de Albuquerque Ana Maria Magalh es e Isabel Al ada 1 Lu s de Cam es 1 Lu s Infante 3 Lu s Matos 1 Lu s Monte Branco 1 Lu s Novo 1 Lu s Silva 1 Lu sa Dacosta 1 M Angelina e Raul Brand o 1 Manuel Alegre 1 Manuel Leit o Raquel Martins 1 Manuel P
172. a a aquisi o de mecanismos b sicos de descodifica o e decifra o com 42 Apesar das orienta es que os processos de operacionaliza o fornecem de real ar algum atabalhoamento na sua apresenta o evidenciando se imprecis es repeti es e ambiguidades 43 Sup e se que esta nfase no texto narrativo advenha da tend ncia atual para n o se fazer uso deste tipo de texto recorrendo se antes ao audiovisual Caber ent o Escola a responsabilidade de dar aos seus alunos a oportunidade por excel ncia de conhecer e dominar um modo de utiliza o da linguagem que n o sendo o mais importante numa perspetiva utilitarista no entanto b sico numa perspetiva corretamente libertadora Fonseca 1994 114 115 44 Na perspetiva de Franco 1999 a poesia pode ser um elemento importante para o desenvolvimento n o s das capacidades de leitura e de escrita mas tamb m do desej vel equil brio s cio afetivo que facilitem o envolvimento de cada crian a no seu pr prio mundo marcado por um passado reconhecido motivador do empenho na constru o de um humanismo corajoso solid rio e livre pp 16 39 vista sua automatiza o Inferem se daqui algumas determinantes do sucesso da aprendizagem da leitura a consci ncia fonol gica conhecimento dos sons da l ngua para lhes poder atribuir a respetiva representa o gr fica trabalhada atrav s de jogos de manipula o de fonemas e de grafemas o desenvolv
173. a e sele o desses objetos ou seja no processo que medeia a sua apropria o por parte desta institui o 108 assim no modo como esse encontro se d que nos centraremos a seguir Aqui destacaremos a import ncia da identifica o do que se l isto do que se pode deve saber e do que se fica deve ficar a saber sobre a proveni ncia de um texto que se l num manual escolar Falamos das refer ncias sua origem e autoria dados que o distinguem e diferenciam de outros Naquele lugar ler um texto significa ler o t tulo ler a mancha gr fica ler a ilustra o e ler tamb m as fontes de autoria O n vel de compreens o conseguido resulta da capacidade de visualiza o constru o deste quadro de liga es Afigura se por isso leg timo referir que a apropria o de um dado texto em que se conhece o autor e a sua obra de outro modo se conhece sobre o seu percurso sobre as suas ra zes sobre a sua vis o do mundo e sobre o seu modo de escrita diferente da que ignora porque de uma mais fr gil mundivid ncia volunt ria ou involuntariamente tais informa es Do expresso anteriormente decorre ainda a quest o do desrespeito pela propriedade e integralidade dos textos Efetivamente importante associar um estilo de escrita a um nome importante saber se que o texto que se est a ler tem autoria que esse texto obra ao sair das m os do seu autor ao ganhar lugar em diferentes contextos de c
174. a essa apropria o H situa es por m em que os textos s o esporadicamente alterados J referimos n o obstante que n o isso que torna essas mudan as menos representativas interessantes em termos de an lise Relacionamos com os agrupamentos anteriores a posi o assumida n o assumida pelos autores dos manuais relativamente s adultera es De acordo com o observado h tamb m a este n vel algumas flutua es Curiosamente entre os textos analisados foram detetadas situa es em que as adultera es s o explicitamente declaradas mas a sua parca ocorr ncia ou a sua insignific ncia n o permitem o reconhecimento das motiva es que ter o estado na sua origem Noutros casos todavia as adultera es n o s o assumidas revelando se ainda assim bastante expressivas O que deste cen rio se conclui que os manuais s o igualmente incoerentes no que toca a este assinalamento S o manifestas a falta de crit rio e a falta de rigor a este n vel Numas situa es h consci ncia declarada das adultera es noutras os textos s o dados a ler como se fossem originais Esta pois uma forma de n o proceder enganosa ou pouco transparente A partir dos dados obtidos na an lise dos modos de incorpora o dos textos nos manuais escolares prevalece uma apropria o que se permite por via das supress es maioritariamente de conte dos conform los a um determinado n mero de passagens ou de
175. a no texto introdut rio do manual Apresenta o o conte do desta barra surja integrado na rubrica designada Motivar preciso ao longo do manual essas perguntas surgem sem qualquer identifica o a encim las Nas p ginas mpares acrescentado ao conte do destas barras o n mero do projeto que surge alinhado direita Antes de iniciares a leitura de um texto vais encontrar algumas quest es Elas transportam te para a ideia central da hist ria ou alertam te para algo que consideramos importante p 3 Ainda relativamente a estas barras de real ar o facto de a varia o da sua cor mostrar a divis o do manual em tr s partes correspondendo cada uma delas a um per odo letivo Recorre se assim a indica es crom ticas tr s cores para fornecer informa es e ou orienta es relativamente organiza o planifica o do trabalho dos professores Depois destas barras encontram se os t tulos dos textos alinhados esquerda da p gina destacados a negrito e com corpo de letra maior do que o usado nas manchas gr ficas Acompanham os textos ilustra es com dimens o expressiva aproximadamente meia p gina nos exemplos mais recorrentes A sua localiza o vari vel destacando se contudo como mais regulares as situa es de posicionamento entre os t tulos dos textos e o seu corpo ou de forma intercalada texto ilustra o texto No respeitante mancha gr fica o tamanho do corpo
176. a regularidade das situa es que o que se verifica poder ser antes uma afirma o de determinados mundos ou de partes deles Efetivamente esta priva o formata o ocorre a v rios n veis e pode tornar estes objetos de leitura refer ncias mutiladas porque menos consistentes para a constru o vis o 249 desses mundos cf supress es e para desempenhos ao n vel da oralidade e da escrita Vemo lo acontecer quando por detr s dos procedimentos de adultera o levados a cabo est o intuitos de focagem do leitor numa estrutura num tema numa personagem numa atitude comportamento eliminando se acrescendo se substituindo se modificando se com a pretens o de lhe facilitar a sua identifica o a sua busca ou de aproximar os textos sua realidade J antes dos textos se pode reparar nesta inten o de direcionar o leitor para determinado mbito inserindo estas unidades de leitura no quadro de uma fun o pedag gica Batista 2004 74 Note se que de acordo com o entendimento de alguns autores dos manuais Motivar preciso M5 3 Fazem no atrav s de observa es em jeito de conselho li o ou apenas de chamada de aten o ou atrav s de interroga es solicita es Seguem se excertos de dizeres e atividades que surgem em alguns manuais Completo a rosa dos ventos com os pontos cardeais M1 3 p 110 Assinala com X a s resposta s correta s Um mentiroso
177. a vez com mais gemidos e ais que n o posso andar Texto no livro do autor Ai minha m ezinha Ai Ai Ai 3 lt lt gt gt Ai que me d i a barriga 8 M3 32 p 18 Texto no manual Tens uma memoria espantosa Eu esque o me de tudo Nunca sei o que fiz ontem Isso traz me complica es Giz achou que o homem era bastante tolo mas n o o interrompeu Tamb m n o tinha l muito que dizer Com o fino ouvido p s se a ver se percebia o canto da carri a que voava rente aos muros para fazer o ninho La mem ria tenho eu Posso at medir a mem ria aos canecos O homem disse Preciso dum criado como tu Tens uma mem ria espantosa Eu esque o me de tudo Nunca sei o que fiz ontem Isso traz me complica es 3 lt lt gt gt Preciso lt lt de um gt gt criado como tu lt lt gt gt M1 48 p 148 V rias s o igualmente as ocorr ncias relativas segmenta o dos par grafos Estes procedimentos refletem a necessidade de preparar os textos neste caso ao n vel da sua estrutura e da organiza o das unidades gramaticais e de sentido que os constituem para figurarem nas p ginas dos manuais dentro de um determinado enquadramento Mais uma vez poder o estar em causa quest es de preenchimento do espa o que lhes destinado ou entendimentos conce es relativamente s compet ncias dos seus recetores concretamente no que se r
178. ados Deste modo se formatam modelos de l ngua modelos de aula modelos de leitor Pode afirmar se nesta medida que os manuais regulam a forma de agir e de atuar dos professores e dos alunos Num primeiro momento da an lise que se segue pretendemos ter uma vis o do que constitui o plano das inten es que subjaz a cada um dos projetos editoriais em estudo Por outras palavras entendemos que antes de descrevermos e caracterizarmos quanto tipologia origem e autoria os textos que comp em a antologia dos manuais e antes de identificarmos e classificarmos os procedimentos de adultera o transforma o adi o supress o a que s o submetidos tendo em linha de conta o seu enquadramento e a configura o da sua textura importante esmiu ar o que no manual se diz sobre o processo da sua recontextualiza o 1 1 SOBRE OS PROJETOS EDITORIAIS O DISCURSO DOS AUTORES O conhecimento das pr ticas de recontextualiza o dos textos nos manuais n o se deve cingir ent o ao conhecimento do modo forma como eles s o a colocados enquadrados 123 tamb m importante considerar o que os autores dos manuais pensam ou defendem em rela o aos procedimentos a adotar em todo este processo Ora esse saber podemos encontr lo num espa o em que a eles que pertence o discurso sobre os seus projetos Dirigem no aos professores e ou aos encarregados de educa o e ou aos alunos sendo nesse local que defendem pont
179. adotados teremos uma vis o mais alargada e abrangente desta quest o Refletiremos acerca dos seus contributos para uma educa o 98 liter ria aberta ao jogo po tico cria o de h bitos de leitura e ao conhecimento e aprecia o da literatura Lomas 2006 85 Com efeito poderemos aferir o tipo de filtragem levado a cabo em todo este processo Identificaremos e elencaremos o que se l quem se l e real aremos o que eventualmente apresentado ou omitido para se ficar a des conhecer sobre estes dois elementos as obras e os autores Caracterizaremos deste modo o que se assume como v lido no campo da triagem das leituras escolares Teceremos enfim considera es quanto ao que cada proposta reconhece como adequ vel para o cumprimento das finalidades pedag gicas e ideol gicas Dion sio 2000 146 147 pr prias da escola Por fim examinaremos indica es ou marcas que de modo expl cito evidenciem procedimentos de recontextualiza o adultera o dos textos Focar nos emos essencialmente na an lise de informa es paratextuais relativas s fontes dos textos e que nos manuais escolares surgem normalmente indicadas a seguir a estes por isso deles fazendo parte Atenderemos a quatro elementos ou dimens es importantes para a identifica o e para o conhecimento da origem dos textos Primeiramente listaremos os nomes dos autores citados e os t tulos das obras selecionadas com o intuito de averigu
180. aiva Teixeira 1 Margarida Monteiro 1 Margarida Of lia 1 Maria Alzira Machado 1 Maria Bradford Mariana Magalh es e Joana Medeiros 1 Maria Brito 1 Maria Cec lia Correia 1 Maria da Concei o Campos 1 Maria de Deus Brito da Silva 1 Maria do Carmo Rodrigues 1 Maria Gracinda Coelho de Sousa 1 Maria Helena 1 Maria Isabel Loureiro 2 Maria Joao Carvalho 1 Maria Jos Meireles 1 Maria Maya 1 Maria Mazzetti 1 Maria Nat lia Miranda 1 M rio Sala Gallini 3 Marques Portugal 1 Mary Katherine Martins e Silva 1 Miguel Torga 1 Mimosa Bastos 1 Mois s Silva Nazar de Castro Nicha Alvim Nuno Garcia Lopes Oliveira Cosme 1 Orlando Amar lis 1 Oscar Wilde 1 Paula Pinto da Silva 1 Pedro Bandeira Pedro Dinis 1 Pedro Homem de Melo 2 Pero Vaz de Caminha 1 Pierre Coran 1 Ramiro S Os rio 1 Raquel Delgado 1 Renata Gil 2 Renata Serrano da Fonseca 1 Roberta Giommi 1 Rog rio Duarte 3 Romeu Correia 1 alalalala lalala alalalala lalala alalalalalalala lalala lalolala ajalalalalalalalalalalalalala a tlalala altalwoja ato alaltalalo alfalalaltalalalalolalalfalalalolalajafajalo alaltalala la falsas altalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalalala lala Ronne Randall 1 302 Rui Pe
181. alunos sa da do ensino b sico e propunha ainda tipos de experi ncias educativas a proporcionar aos alunos 38 Atualmente as metas curriculares uma iniciativa do Minist rio da Educa o e Ci ncia surgem na sequ ncia da revoga o do documento Curr culo Nacional do Ensino B sico Compet ncias Essenciais Despacho n 17169 2011 de 23 de dezembro Conjuntamente com os 36 A marcar a import ncia da L ngua Materna como suporte de aquisi es b sicas e fundamentais surgiu no Decreto Lei n 6 2001 de 18 de janeiro a indica o da necessidade de refor o do n cleo central do curr culo fazendo parte desse n cleo o dom nio da L ngua Materna e era destacada tamb m a necessidade de numa forma o transdisciplinar se proceder valoriza o da l ngua portuguesa O Curr culo Nacional do Ensino B sico come ava por propor um conjunto de compet ncias gerais que cada aluno deveria ser capaz de dominar sa da da educa o b sica depreendendo se daqui uma vis o do tipo de aluno que a escola pretendia formar Contudo as formula es destas compet ncias eram muito gerais n o sendo propostos exemplos de situagdes metas concretas de contextos de trabalhos ou experi ncias que possibilitassem que estas compet ncias se pudessem formar e desenvolver pela pr tica A tarefa de concretiza o e desenvolvimento dessa operacionaliza o era remetida para outras entidades docentes autores d
182. am a disposi o das manchas gr ficas que se ajustam e moldam mediante o espa o por elas ocupado Verifica se tamb m que o tamanho das ilustra es varia consoante se trate de textos de maior ou de menor extens o Alguns destes textos s o seguidos de outros destacados em pequenas caixas de texto coloridas caso dos prov rbios ou assinalados da mesma forma que as restantes rubricas caso das adivinhas normalmente alinhados esquerda ou direita no fundo da p gina a seguir aos textos ou paralelamente a estes Na p gina ao lado s o apresentadas em posi o de destaque rubricas como Ortografia ou Ortografia e Estudo das palavras ou Gram tica Numa coluna cinzenta alinhada direita s o apresentadas outras propostas de trabalho ou atividades Comunica o oral Debate oral Sugest es Treinar a mem ria memoriza o de prov rbios ou ditos populares Na mesma coluna surge no final um espa o destinado rubrica Autoavalia o A rubrica Leitura recreativa proposta cinco vezes ao longo do manual Em termos gr ficos predominam cores fortes e variadas Tons de azul vermelho lil s e laranja s o os que mais sobressaem Verific mo lo em t tulos nas ilustra es e na identifica o das v rias rubricas propostas 157 M4 3 O manual M4 3 com o titulo Pirilampo Lingua Portuguesa 3 3 ano 3 edi o 1 tiragem 2007 da Edi es Nova Gai
183. amente que a escola tenha de os transformar em artistas poetas escritores suficiente que da interven o da escola resulte um apreci vel n mero de leitores de literatura Diogo 1994 55 Na continuidade desta linha de racioc nio ser v lido afirmar que a literatura infantojuvenil uma proped utica literatura funcionando como uma boa isca sedutora agrad vel eficaz para iniciar as crian as na leitura e numa leitura cada vez mais aut noma Chartier 2008 131 132 Se considerarmos que a literatura infantojuvenil mesmo dirigida a um p blico definido uma verdadeira literatura j que ela n o apenas uma Literatura por aproxima o uma literatura que simplifica suas formas mas tamb m uma literatura que inventa novas formas de escrita idem 134 com certeza esta ser um excelente recurso para criar nos alunos o gosto pela leitura e assim descobrirem o prazer de ler Em simult neo desenvolver o a sua compet ncia liter ria e a sua compet ncia comunicativa Lomas 2006 81 crescer o mentalmente e culturalmente 28 A literatura uma forma de express o capaz de alargar o leque de experi ncias de quem l e de quem escreve atrav s da indaga o sobre alguns aspetos do mundo que s vezes permanecem invis veis a um olhar convencional A imensa maioria dos textos liter rios convida a um di logo entre o mundo de quem l e o mundo de quem e
184. aniza o e de enquadramento dos textos a partir da descri o dos procedimentos de adultera o e por conseguinte de constru o forma o de leitores A considera o dos diferentes dispositivos e procedimentos que posicionam os textos nos manuais escolares e a necessidade de tornar a sua descri o relevante obrigaram a sucessivas subcategoriza es Na sua conce o o quadro da an lise ajustou se por isso diversidade e especificidade das marcas indiciadoras de pr ticas por um lado e s interven es efetivamente operadas por outro A discuss o que resultou do dispositivo anal tico constru do e operacionalizado realizou se ao longo do Cap tulo Ill e permitiu o estabelecimento de suposi es e de certezas Efetivamente ao olharmos o quadro anal tico tra ado percebem se dois n veis de evid ncias Algumas suscitaram uma leitura mais ousada dos dados na medida em que nos abriam portas para considera es relativamente aos movimentos operados Outras exigiram cautela nessa an lise encaminhando nos para o plano das hip teses e das suposi es onde os graus de certeza s o vari veis S o disso reflexo as interroga es que ao longo do trabalho fomos deixando sem resposta Na verdade muitas das intromiss es infligidas nos textos aparecem estribadas em impress es n o sendo reconhec veis as raz es que est o na sua origem Posto isto a reflex o sobre os dados recolhidos nos textos de abertura
185. antou a cabe a Esta estrela parece um amigo pensou ela E come ou a seguir a estrela At que penetrou no pinhal J no meio do pinhal pareceu lhe ouvir passos Ser um lobo pensou vulto parou na sua frente e ela viu que era um rei Tinha na cabe a uma coroa de oiro e dos seus ombros ca a um longo manto azul todo bordado de diamantes Boa noite disse 8 Joana Boa noite disse o rei Como te chamas Eu Joana disse ela Eu chamo me Melchior disse o rei E perguntou Onde vais sozinha a esta hora da noite Vou com a estrela disse ela Tamb m eu disse o rei tamb m eu vou com a estrela E juntos seguiram atrav s do pinhal E de novo Joana ouviu passos E um vulto surgiu entre as sombras da noite Tinha na cabe a uma coroa de brilhantes e dos seus ombros ca a um grande manto vermelho coberto de muitas esmeraldas e safiras E Boa noite disse ela Chamo me Joana e vou com a estrela Tamb m eu disse o rei tamb m eu vou com a estrela e o meu nome Gaspar E seguiram juntos atrav s dos pinhais E mais uma vez Joana ouviu um barulho de passos e um terceiro vulto surgiu entre as sombras azuis e os pinheiros escuros Tinha na cabe a um turbante branco e dos seus ombros ca a um longo manto verde bordado de p rolas A sua cara era preta Boa noite disse ela O meu nome Joana E vamos com a estrela Tamb m eu disse o rei caminh
186. ar a an lise a este n vel pensamos ser necess rio atender a todas as rela es que nos possibilitem a realiza o de infer ncias n o s quanto a crit rios de sele o e de enquadramento dos textos mas tamb m relativamente a liga es de coniv ncia ou desconex o com procedimentos de adultera o neles operados Sempre que a relev ncia e a pertin ncia das situa es o justificarem ser analisada a rela o dos textos com a ilustra o Queremos real ar essencialmente o grau de complementaridade n o complementaridade rela o de continuidade descontinuidade ou coer ncia incoer ncia que entre estes elementos se estabelece em termos das condi es criadas nos manuais escolares para a extra o constru o de sentido s dos textos Forcar nos emos assim em tr s frentes para a caracteriza o e an lise desta rela o i a ilustra o acrescenta elementos ao texto desvendando aditando delimitando cen rios ii a ilustra o representa o descrito no texto iii a ilustra o n o estabelece conex o com o texto Finalmente n o seremos indiferentes ao enquadramento interpretativo em que os textos s o colocados Com efeito em torno destes surgem rubricas solicita es mensagens observa es e propostas de atividades cujo objetivo orientarem e guiarem o trabalho de leitura compreens o e interpreta o A este n vel optaremos novamente por destacar apenas as situa es ou os casos que acres am e ou
187. ar assim o reconto p 143 Pensamos que as supress es poder o ter efeito semelhante quando por um lado n o permitem ao leitor obter essa tal representa o global da hist ria Por outro tamb m vi vel pensar se que a inten o subjacente a este tipo de omiss es seja precisamente facilitar o acesso a esse esquema no sentido em que o leitor direcionado para o que no entender dos autores dos manuais importa Evidentemente isso pode conduzir o leitor a conce es aprendizagens deturpadas 188 acrescentam refor am a generaliza o da representa o de av que resulta do t tulo adulterado No mundo descrito neste texto as av s s o assim cf anexo texto 3 Texto no livro do autor Texto no manual Ningu m fazia biscoitos t o doces t o saborosos e t o bonitos como a av Genoveva que ainda por cima sabia contar hist rias em que entravam pr ncipes piratas duendes e fadas A av fez os biscoitos como os netos pediram Pareciam mesmo os bicharocos As av s s o assim M2 42 p 24 Notamos paralelamente as movimenta es anteriores a percentagem bastante inferior 11 obtida a partir do n mero de supress es de natureza gr fica As ocorr ncias registadas neste campo s o realmente muito baixas quando comparadas com as dos outros dois tipos de supress es Os resultados obtidos em cada manual suscitam no entanto uma observa o mais aprofunda
188. ar impondo macroestruturas textuais correspondentes a um padr o lingu stico tido como refer ncia na escola para ensinar e para aprender a ler textos desta tipologia Emerge ainda o risco de as adultera es desta natureza porem em causa ou dificultarem o reconhecimento e a compreens o da estrutura dos textos integrais incutindo nos leitores conce es deturpadas erradas Por conseguinte e na sequ ncia dos atos de adultera o j apontados como mais manifestos revela se aqui um conceito de texto particular Nos manuais circulam ent o unidades textuais reduzidas ou confinadas a determinadas partes textos que n o apresentam a sua estrutura organiza o original que ora se ajustam p gina e ou ilustra o ora se ajustam a um tema ora se conformam ainda a uma unidade textual com fun o modelar exemplar Esta posi o subserviente marcada por laivos de padroniza o vastamente ilustrada pelos exemplos apresentados no ponto anterior Independentemente da intencionalidade subentendida nestes atos patente a abrevia o no sentido de redu o e o inevit vel empobrecimento aparentemente deliberado do conte do dos textos S o chamativas da nossa aten o a natureza e a extens o dos fragmentos hauridos na sua mancha gr fica Isto poder nos ia levar a pensar que a eles se subtraem mais mundos do que aqueles que se transformam ou acrescentam No entanto veremos a seguir com base n
189. ar se do texto lido recriando o em diversas linguagens Desenvolver a compet ncia de leitura relacionando os textos lidos com as suas experi ncias e conhecimento do mundo Utilizar diferentes recursos expressivos com uma determinada inten o comunicativa dramatiza es banda desenhada cartazes publicit rios OCPEB 1 Ciclo 96 Quadro 6 Categorias para descri o dos textos nos manuais Os textos nos manuais Tipos Prim Secund Outros Narrativos Po ticos Dram ticos BD Patrim nio liter rio oral Informativos Instrucionais Outros Usamos esta terminologia por a considerarmos facilmente identific vel e de uso habitual em contexto pedag gico Efetivamente ao ser assumida pelos programas de ensino pressup e se que seja usada por todos com o mesmo entendimento Al m disso o reconhecimento do texto como objeto denso linguisticamente pluridimensional na sua g nese heterog neo na sua composi o Neves amp Oliveira 2001 55 levou a que tais op es terminol gicas permitissem ainda contornar problemas que se colocam quanto defini o de crit rios para categoriza o e classifica o dos textos de acordo com uma determinada tipologia textual Para o efeito torna se pois fundamental o conhecimento do seu objetivo comunicacional da sua esfera social de interven o e da sua macroestrutura sem ntica idem 56 O desenvolvimento da
190. ara O Cego sorria M2 32 p 82 Texto no livro do autor Texto no manual parecendo que a nave se ia partir parecendo que a nave se ia partir aos bocados lt lt dos gt gt bocados M5 49 p 74 Subtis mas igualmente significativas sobretudo pelas distor es altera es que provocam no sentido dos textos s o as transforma es de natureza gr fica 97 relativas s substitui es de pontua o SP e altera o da configura o das letras TCL em in cio de palavra Os procedimentos mais recorrentes s o os operados sobre a pontua o sendo variadas as consequ ncias destas interven es Com efeito os autores dos manuais permitem se acrescentar e ou retirar expressividade ou entoa o escrita por exemplo quando substituem um ponto final por um ponto de exclama o ou o inverso Texto no livro do autor Texto no manual E eu que gosto tanto de ver as focas E eu que gosto tanto de ver as focas no Coliseu a jogar bola no Coliseu a jogar bola lt lt gt gt M1 32 p 94 Texto no livro do autor Texto no manual Barafustava o motorista Barafustava o motorista lt lt gt gt Olhem como o malandro me gasta a gasolina lt lt gt gt Olhem como o malandro me gasta a gasolinal M5 48 p 142 Tamb m vis veis e representativas s o as substitui es de pontua o que c
191. armos a sua diversidade e representatividade Quadro 7 Quadro para recolha de dados referentes aos autores citados nos manuais N de cita es por manual Tot N Autores Escritores Quadro 8 Quadro para recolha de dados referentes s obras citadas nos manuais N de cita es por manual M4 3 M5 3 M1 4 M2 4 Depois analisaremos a indica o omiss o de dados relativos as fontes dos textos nome do autor t tulo da obra nome da editora data e n mero da edi o e refletiremos acerca das implica es e efeitos que lhes est o associados tendo em linha de conta o interesse e a import ncia do seu conhecimento e contributo para o desenvolvimento da compet ncia liter ria dos alunos leitores Elencaremos v rias possibilidades de indica o das fontes e mediante o n mero de ocorr ncias assinaladas em cada manual destacaremos apenas as duas situa es mais frequentes e que a nosso ver constituem uma marca pr tica caracterizadora do projeto editorial 99 Quadro 9 Quadro para assinalamento das marcas de cada manual relativamente indica o das fontes de autoria Manuais Indica o de dados relativos s fontes dos textos M5 3 M1 4 Autor Obra Editora Autor obra Obra data Obra editora Autor obra editora Autor obra editora n ed Autor obra data Autor obra editora d
192. as fundamentalmente a de estabelecerem liga o rela o entre outras unidades lexicais que as antecedem e que se lhes seguem parece nos v lido afirmar que a sua aus ncia nos textos dos manuais em an lise pois encarada como potencialmente provocadora de entraves complica es ou at de distra es na leitura na medida em que obriga poder obrigar o leitor a realizar esse trabalho n o concretizado em palavras Como n o detetamos distor es altera es do sentido a este n vel associamos o preenchimento desses espa os a cuidados com aspetos de legibilidade 8 relacionados com os composantes linguistiques Boyer 1992 7 8 dos textos e subsequentemente a preocupa es com a compreens o do lido Talvez se pretenda poupar o leitor de dificuldades ou de um excesso de esfor o durante a leitura refor ando e tornando vis veis ou expl citas liga es conex es na surface dos textos Texto no livro do autor e come ou a olhar um carreiro de formigas Texto no livro do autor Texto no manual e come ou a olhar para um carreiro de formigas M1 32 p 30 Texto no manual O ribeiro fazia uma curva e depois mergulhava numa pequena cascata de pedras antes de se alargar e formar um lago mesmo em frente da casa O chdo era de areia e pequenas pedras que se chamam seixos e a agua era transparente e ptima para beber O ribei
193. as que se dizem nos textos De facto e ainda que por raz es diferenciadas isso que acontece na generalidade das ocorr ncias delimitadas Entre as diferentes situa es com que nos depar mos detet mos aditamentos que a nosso ver refletem o que Eco 1993 descreve como uma preocupa o didasc lica p 55 237 Texto no livro do autor Texto no manual Vov tamb m disse que sim mas acrescentou A bola para a foca n o um brinquedo nem v cio of cio Desta vez nem teve tempo de perguntar aos netos se tinham percebido porque o Jo o se antecipou Vov Bicho explique l isso E ele explicou Para os meninos a bola uma brincadeira e h at os que t m o v cio de jogar bola mas a foca trabalha com a bola n o se diverte certamente gostaria bem mais de estar l na sua terra no seu mar no seu meio natural O lt lt av gt gt tamb m disse que sim mas acrescentou olhando para o neto 3 3 3 3 Para os meninos a bola uma brincadeira 3 mas a foca trabalha com a bola n o se diverte lt lt gt gt Certamente gostaria bem mais de estar l na sua terra no seu mar no seu meio natural M1 32 p 94 Assinalam se tamb m adi es de ora es resultantes de outros procedimentos de adultera o Quando se trata de supress es estes acrescentos ocorrem em situa
194. as mais duas ocorr ncias de adi o de formas verbais auxiliares Em ambos os casos acrescenta se informa o de valor temporal ao complexo verbal obtido Repare se que se trata de um mesmo procedimento de adultera o operado no mesmo texto mas em manuais diferentes um do terceiro e outro do quarto ano de escolaridade Os casos como os agora identificados constituem fundamento para afirma es como a de que os autores dos manuais poder o n o ter consultado lido a obra original tendo antes copiado o excerto de um outro suporte por exemplo de outro manual escolar Texto no livro do autor Texto no manual A papoula de sangue lavada na gua Texto no livro do autor A papoula de sangue foi lavada na gua M3 32 p 42 Texto no manual O joelho ja esta bem lavado A papoula de sangue lavada na gua Com gua oxigenada tamb m A que tem muito daquele oxig nio que ele respira no ar J corre outra vez O joelho j esta 3 lt lavado A papoula de sangue foi lavada na gua Com gua oxigenada tamb m A que tem muito daquele oxig nio que ele respira no ar J corre outra vez M2 42 p 38 Passamos agora a analise dos acrescentos de palavras sequ ncias de palavras de conte do P SPC detentoras de um valor e de um peso sem nticos mais expressivos Dissemos atr s que as adi es desta natureza representam um aumento das cois
195. as por exemplo A menina do mar de Sophia de Mello Breyner Andresen ou O Palha o Verde de Matilde Rosa Ara jo e outras breves por exemplo Da Rua do Contador para rua do Ouvidor de Ant nio Torrado ou Hist rias Pequenas de Bichos Pequenos de lvaro Magalh es que neste conjunto surgem em n mero acima do registado para a poesia de que s o exemplo A Menina Gotinha de gua de Papiniano Carlos O que eu quero ser de Jos Jorge Letria e Poemas da Mentira e da Verdade de Lu sa Ducla Soares Depar mo nos neste conjunto com nomes e t tulos recorrentemente citados na escola por meio dos manuais Este facto confere lhes um estatuto elevado o dos bons autores obras consagra os como refer ncias com legitimidade para marcar presen a ass dua naquele lugar de leitura e de ensino da leitura Exemplos marcantes deste estado s o os de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Matilde Rosa Ara jo com obras que t m vindo a ser sucessivamente reeditadas ao longo dos anos Se tivermos em considera o as atuais tend ncias da atividade editorial Gomes 2000 46 s o de ressalvar nomes como os de Lu sa Ducla Soares Jos Jorge Letria Ant nio Torrado Ant nio Mota lvaro Magalh es Alice Vieira ou Manuel Ant nio Pina com um expressivo n mero de obras editadas 142 Assim e de uma maneira geral os nomes apontados neste conjunto det m j um lugar consagrado na hist
196. as janelas laterais de bordo a que chamavam escotilhas vendo ao longe a Terra a desaparecer aos poucos tornando se cada vez mais lt lt distantes gt gt e mais pequena amp 3 M5 42 p 74 Residuais s o por fim as situa es de supress o de palavras grupos de palavras que t m nomes como n cleo Numas situa es o expl cito converte se em impl cito ou em algo que se pode subentender noutras perdem se complementos com fun o de definir identificar ou tornar mais facilmente reconhec veis determinadas entidades Texto no livro do autor Texto no manual J come diziam lhe os amigos o que tu fazes s o inutens lios Inventa alguma coisa que preste Por exemplo couves com sabor a chocolate M quinas de fazer sol Pe gas prova de buracos J come diziam lhe X X o que tu fazes s o inutensilios 3 lt M2 3 p 146 196 Texto no livro do autor Texto no manual Era o Rei D Afonso Henriques que vinha apresentar a Rainha D Mafalda de Sabdia as boas e leais gentes de Guimardes depois do seu casamento em Coimbra em 1146 Texto no livro do autor Era o Rei D Afonso Henriques que vinha apresentar a lt lt rainha gt gt D Mafalda 8 s boas e leais gentes de Guimar es depois do seu casamento em Coimbra em 1146 M3 42 p 38 Texto no manual E nesse mesmo dia a Lisnave
197. as n o podemos mais continuar a encarar como ilustra o apenas as imagens Fruto sobretudo da a o do design gr fico a maioria das p ginas destes livros um objeto particular de perce o Maia 20031 1 A unidade textual ent o composta pela mancha gr fica que envolve quest es tipogr ficas de corpo espa amento condensa o e entrelinhamento Maia 20032 145 e por tudo o que gravita em seu torno como o caso das ilustra es Estas ltimas funcionam como uma lente atrav s da qual percecionado o texto e a s mensagem ns que ele cont m recriam no na sua linguagem pr pria recorrendo a elementos como o ponto a linha o contorno a luz ou tonalidade a cor a textura a dimens o ou perspetiva a escala o movimento e a composi o Ramos 2007 13 Neste sentido se pode afirmar que em certos casos isto consoante a s fun o es de que est o incumbidas e os objetivos da sua utiliza o elas medeiam a rela o entre o texto e o leitor 60 Sobre a rela o entre language and image linguagem verbal e n o verbal na pagina Kress 1997 conclui o seguinte the two modes are not doing the same they are not merely coexisting e que there is seemingly a strong interaction which can over time have real effects on language in the written mode p 378 Acrescenta ainda que both modes produce semiotic objects messages textual forms If texts are meta
198. as nos textos e de seguida analisaremos os dados recolhidos luz de linhas de leitura que nos permitam construir um quadro de consequ ncias e de inten es subjacentes a tais procedimentos Concluiremos por fim sobre os modelos conce es de texto de leitura e de leitor que assim se constituem 1 3 3 1 AS OPERA ES DE ADULTERA O A DELIMITA O DOS TEXTOS V LIDOS Temos vindo a analisar as caracter sticas do modo como os textos chegam escola sob a perspetiva de que estes quando ou depois de transpostos para aquele lugar n o s o mais os mesmos Com efeito as circunst ncias da sua difus o aumentam a probabilidade de modifica es inevit veis ou impostas na sequ ncia de exig ncias ou necessidades das 180 editoras dos projetos editoriais Este quadro assemelha se assim ao do processo de edi o de uma obra original Se supone que cuando un autor decide imprimir una obra presentar a la imprenta un original cuidadosamente pulido que posteriormente corregir las pruebas y que el texto impreso reflejar exactamente la voluntad del autor Blecua 1983 189 Contudo El autor puede entregar su obra a la imprenta y desentenderse de ella por completo La obra puede sufrir en esos casos incluso cambios estructurales importantes desde supresiones de pasajes hasta alteraciones en la disposici n del texto para adecuarlo a las necesidades editoriales o por motivos de censura idem ibidem
199. as segundas descerem a sua percentagem aproximadamente na mesma propor o Mesmo assim esta a macrocategoria em que se nota um maior equil brio na distribui o das percentagens pelos principais subtipos de transforma es m Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat estrutural formal 41 Gr fico 11 Natureza das transforma es na globalidade dos manuais Depositamos agora a nossa aten o no quadro em que se registaram os valores obtidos para cada manual a partir da classifica o destas opera es 207 Quadro 40 Natureza dos procedimentos de transforma o em cada manual F TRANSFORMA ES Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat estrutural formal Manuais TCL Subst Mod Subst Mod meoM P SPFG P SPC JISF JISP Outros M1 3 2 M2 3 11 M3 3 1 M4 3 4 M5 3 10 M1 4 M2 4 M3 4 M4 4 M5 4 Co JO JO IN IA A jo jo j a fo ja IN JS o o o IN N Jo INTO o A j N N o A Jo jo O j WwW o jo jo jo jo q N co A o Total F n oa Total Ha manuais que apresentam um numero de ocorr ncias mais pronunciado Sao eles por ordem decrescente de valores M1 4 M5 4 M5 3 M2 3 e M2 4 Alguns deles surgem j destacados entre os que cont m igualmente um maior numero de supress es Olhados os dados recolhidos no s
200. ase informa es apresentadas nos manuais ressalve se apenas o manual M4 4 mas antes o nosso trabalho de confronto desses textos com as respetivas vers es nos livros dos autores Seguiu se a distribui o dos seus t tulos pelas categorias original atribu do ou adulterado Entendemos como t tulos originais os correspondentes aos nomes das obras de origem ou aos nomes dos cap tulos dessas obras de onde os excertos foram extra dos Os restantes constituem t tulos atribu dos ou verificando se alguma modifica o do original t tulos adulterados Na sequ ncia dos dados apresentados no gr fico anterior em que marcam presen a destacada os excertos o esperado seria identificarmos quase na totalidade t tulos atribu dos No entanto o gr fico representativo deste trabalho evidencia uma outra realidade cf gr fico 5 Registou se para os t tulos originais e para os atribu dos uma maior frequ ncia correspondendo lhes igual percentagem 175 Original Atribu do Adulterado Gr fico 5 Natureza dos titulos dos textos nos manuais Pensamos que a s raz o es destes resultados 45 dos t tulos s o originais e outros 45 s o atribu dos se prende m com a ado o de determinados procedimentos de recontextualiza o adultera o dos textos Com efeito foram identificados textos excertos em que nitidamente se nota um trabalho de delimita o ou focaliza o intencional de uma parte ou momento do t
201. ata Autor obra editora n ed data Por ltimo procederemos ao levantamento e an lise do que nos textos constituem marcas expressas de adultera o por exemplo a apresenta o de retic ncias entre par nteses curvos ou retos como marca de corte ou supress o a indica o de designa es como adaptado adaptado e com supress es A natureza das indica es apresentadas levar nos ao seu agrupamento de acordo com duas categorias Reuniremos as marcas com indica o do tipo de adultera o por exemplo adaptado e com supress es Num outro grupo ser o consideradas as marcas sem indica o do tipo de adultera o por exemplo adaptado adapta o Quadro 10 Quadro para recolha de dados referentes a marcas expressas de adultera o Marcas expressas de Manuais adultera o M5 3 M1 4 Com indica o do tipo de adultera o com supress es adaptado e com supress es Sem indica o do tipo de adultera o adaptado adapta o Incluiremos posteriormente em outras refer ncias indica es como texto in dito ou cedido pela autora Tamb m estas informa es nos facultar o dados relativamente proveni ncia dos textos Quadro 11 Quadro para recolha de dados relativos a outras refer ncias indicadas nas fontes dos textos Outras refer ncias nas Manuai
202. azem o texto se conformar a esses esquemas e valores idem 142 Muito embora seja preservada neste processo certa materialidade do texto sempre que re enquadrado isto sempre que este estabelece rela es de contiguidade com elementos resultantes de uma nova configura o de fatores em torno dos quais se constitui Batista 2004 137 ocorrem modifica es que podem p r em causa garant as de fidelidad y autenticidad Priego 1997 21 65 Apontamos neste mbito o formato dos suportes do texto de seus projetos gr ficos de suas diferentes reprodu es das ilustra es que o cercam dos outros textos que o enquadram e com ele dialogam de suas altera es ao longo de suas diferentes edi es e de seus resultados Batista 2004 139 com base em Chartier 1990 68 No processo de sua reprodu o o texto pode receber as marcas das dist ncias sociais e culturais que separam aquele que escreve daqueles que produzem o objeto em que se inscreve O impresso que desse processo resulta portanto pode ter poucas semelhan as com aquele intentado por seu autor ilustradores editores revisores e tradutores podem em maior ou menor grau fazer manifestar no objeto que sustenta o texto as diferen as que os separam do autor no espa o social Nesse mesmo processo no entanto os textos podem se transformar ao serem destinados a novos p blicos diferentes daqueles aos quais foram inicialmente destinad
203. bilidade textual Bernardes 2004 137 S assim poder o os alunos ter acesso a vers es dos textos confi veis fidedignas que lhes permitam leituras e interpreta es v lidas e adequadas 2 1 1 LUGAR PARA A LITERATURA INFANTIL ESPECIFICIDADE ESTATUTO E FUN O Segundo Mercier Faivre 1999 op cit Chartier 2008 se aquilo que se pretende formar futuros leitores p 130 ent o preciso que na escola se reserve lugar para a literatura Escola e literatura mant m assim uma rela o de proximidade alimentada por um objetivo comum a forma o do leitor Preservar as rela es entre a literatura e a escola ou o uso do livro em sala de aula decorre de ambas compartilharem um aspeto em comum a natureza formativa De facto tanto a obra de fic o como a institui o do ensino est o voltadas forma o do indiv duo ao qual se dirigem Embora se trate de produ es oriundas de necessidades sociais que explicam e legitimam seu funcionamento sua atua o sobre o recebedor sempre ativa e din mica de modo que este n o permanece indiferente a seus efeitos Zilberman 2003 25 26 Soares 2006 real a esta liga o ao interrogar sobre as rela es que existem entre o processo de escolariza o e a literatura infantil F lo na sua an lise a partir de duas perspetivas a da escolariza o da literatura infantil em que a escola dela se apropria escolariza a didatiza a pedagogi
204. brica de leitura Lendas e Tradi es M3 3 O manual M3 3 com o t tulo As Leituras do Jo o 3 ano 2 edi o 3 tiragem 2006 Edi es Gailivro foi neste n vel o terceiro mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 Os autores s o Jo o Monteiro e Miguel Paiva A dire o editorial da responsabilidade de Maria da Encarna o Afonso Apresenta ilustra o de Pedro Pires capa de Pedro Pires coordena o de V tor Alves design e fotocomposi o de Carla Costa Sousa impress o e acabamento da EIGAL composto por 144 p ginas numeradas Ao contr rio dos manuais anteriores este n o apresenta qualquer texto introdut rio p gina onde consta a sua ficha t cnica seguem se tr s outras com uma tabela designada como Auxiliar de Planifica o Mensal Encontra se dividida em seis unidades cada uma delas identificada com a designa o atribu da aos blocos program ticos de Estudo do Meio descoberta de si mesmo descoberta dos outros e das institui es etc Os cabe alhos desta tabela posicionada na horizontal percorrem refer ncias aos Meses cada unidade corresponde a um m s diferente aos Textos indica o dos t tulos dos textos prim rios e refer ncia rubrica Leitura recreativa em algumas unidades Gram tica surgem aqui 156 refer ncias a conte dos de funcionamento da l ngua Ortografia refer ncia a letras
205. c vel a qualidade das obras e preservar o seu estado puro e original Se a necessidade de escolarizar torna essas transforma es inevit veis por m necess rio que sejam respeitadas as caracter sticas essenciais da obra liter ria que n o sejam alterados aqueles aspetos que constituem a literariedade do texto p 37 Fica por referir na afirma o anterior o que confere afinal literariedade ao texto ou o que da sua composi o resulta em caracter sticas essenciais Seguro que a passagem dos textos liter rios para o campo pedag gico requer que se reflita sobre as especificidades deste meio concretamente do seu discurso principal respons vel por este processo de deslocamento e sobre os agentes de recontextualiza o envolvidos Com efeito e segundo Castro 1995 trata se de um discurso que se realiza sob a forma de textos produzidos e transmitidos atrav s de ag ncias agentes especializados ag ncias de defini o da pol tica educativa rg os de gest o do sistema educativo professores etc posicionados em contextos espec ficos p 77 Enquadrado num n vel de reprodu o o discurso pedag gico integra e articula dois outros discursos o discurso regulador e o discurso instrucional O primeiro controla a ordem a rela o e a identidade dos sujeitos e das suas pr ticas o segundo controla a transmiss o a aquisi o e a avalia o dos assuntos necess rias aqui
206. camos como uma amplia o de par grafo localizamos pontualmente o acrescento de frases resumo no seu final isto unidades textuais adicionadas para compensar ou sintetizar o corte de uma por o significativa do texto Texto no livro do autor Texto no manual Os amigos come aram a afastar se dele maluquinho comentavam n o faz mal a ningu m mas assim meio maluquinho Um dia J come acordou e percebeu que j n o tinha Os amigos come aram a afastar se dele maluquinho comentavam x Um dia X lt lt gt gt para lhe fazerem companhia inventou lt lt alguns gt gt animais A uns chamou lhes Estranh es e a outros Bizarrocos lt amigos Estava sozinho no mundo Completamente sozinho Tinha os p ssaros a vapor certo e as formigas mec nicas Ent o para lhe fazerem companhia inventou outros animais Um mundo inteiramente novo come ou a nascer na sua oficina eram lagartixas com todas as cores do arco ris camelos de cinco bossas camale es cantores de pele luminosa gatos que pareciam anjos com pequenas asas de seda plantadas no meio das costas Um dia inventou um animal que n o se assemelhava a mais nenhum Chamou lhe Estranh o No dia seguinte criou um segundo igualmente estranho e chamou lhe Bizarroco M2 32 p 146 Constituem amplia es de par grafo de teor moral e ou ideol gico frases que por exemplo enfat
207. cativo temporal ou d o indica es orienta es c nicas a quem l Al m destas fun es ainda complementam refor am muitas das coisas ditas nos textos chegando em algumas situa es a tornar expl cito o impl cito O seu apagamento contribui portanto para o obscurecimento dos textos no sentido em que lhes s o retirados elementos que ora permitem 192 uma melhor compreens o do modo como s o sequencializados estruturados ora possibilitam ao leitor aceder a cen rios pintados com palavras e confrontar se com os modos de ser de agir atuar e de apreciar das personagens Texto no livro do autor Texto no manual Era no m s de Outubro num s bado Era no m s de Outubro num s bado tarde Nos s bados a tarde Isabel n o tarde 8 Isabel n o tinha aulas tinha aulas M3 32 p 28 Texto no livro do autor Texto no manual Esta bola vossa perguntou ele Esta bola vossa perguntou ele estendendo amea adoramente a m o 3 direita com a bola bem vista M5 38 p 29 Texto no livro do autor Texto no manual Que lindo era Enormes e esguias Que lindo era Enormes e esguias praias estendiam se como len is praias estendiam se como len is 3 mesmo beirinha do mar M3 42 p 62 Foram ainda notados cortes com incid ncia nas palavras sequ ncias de pala
208. ce o de leitura e um determinado perfil de leitor 119 120 CAP TULO III LER NA ESCOLA DOS TEXTOS CONSTRU O DO LEITOR 121 122 1 LEITURA S DOS MANUAIS DE L NGUA PORTUGUESA DO PLANO DAS INTEN ES AO PLANO DAS CONCRETIZA ES Entramos neste terceiro cap tulo com uma s ntese das linhas essenciais sobre as quais se alicer a este trabalho Partimos da certeza de que um dos primados da escola a constru o de leitores Avan mos com o entendimento de que esta o faz recorrendo aos textos que circulam em contextos que lhe s o exteriores e utilizando como dispositivos privilegiados para os transportar para o seu meio os manuais escolares Assim h um conjunto de textos e de leituras com origem e proveni ncia vari veis que ao serem selecionados e colocados nestes novos suportes de leitura assumem outro fim outra fun o Por essa raz o os manuais s o suportes da sua recontextualiza o As circunst ncias em que tal ocorre e o uso que lhes dado fazem destes objetos os principais configuradores do c none escolar O modo ou a forma como os textos s o recontextualizados isto os procedimentos e opera es a que s o submetidos transparece determinada conce o de leitura e de leitor Da que n o sejam neutras decis es e escolhas relativamente estrutura o dos manuais aos textos que neles devem figurar ao estatuto que lhes atribu do s formas de enquadramento em que s o coloc
209. centaram marcas e tra os modificadores da sua configura o das suas fun es dos seus sentidos e significados dos seus objetivos Um texto muda a partir do momento em que muda o mundo social em que ele se introduz Se isso verdade ao entrar na esfera escolar um texto se altera e se transforma recebendo dessa configura o social em que introduzido os significados as fun es as marcas enfim dos conflitos das diferentes posi es e das distintas tomadas de posi o envolvidas no jogo que nessa configura o se joga Assim ao entrar na esfera escolar um texto reconstru do e perde e ganha tra os que podem ser reveladores dos processos sociais que nessa esfera se realizam Batista 2004 20 com base em Bourdieu 1994 O trabalho de rejconstru o dos textos pelas inst ncias de media o com vista a cumprir fins did ticos por conseguinte um trabalho de constru o de mundos e linguagens encarados como leg timos A este processo subjazem portanto determinadas conce es do que deve ser a leitura escolar e do perfil de leitor que dessas pr ticas deve resultar Efetivamente neste quadro quando se constr i um mundo legitimo est se a construir um leitor Na escola este processo de media o operado e regulado fundamentalmente pelos professores e pelos autores dos dispositivos pedag gicos como o s o por excel ncia os 87 De acordo com Dion sio 2000 e
210. cer 8 lt Mas como sabiam que lt lt os gregos gt gt n o eram cobardes ficaram desconfiados eatentos M1 42 p 46 Texto no manual Oh Madrinha mas s o folhas velhas Isto para se comer Texto no livro do autor lt lt O gt gt X lt lt madrinha gt gt mas s o folhas velhas 8 3 lt M2 32 p 98 Texto no manual De quem perde num pido As voltas do pr prio mundo De quem perde lt lt um gt gt pido lt lt As gt gt voltas do pr prio mundo M3 3 2 p 12 Texto no livro do autor Texto no manual Pensei ass lo no forno Com batatas e com vinho Carapaus salm o e truta Fanecas e peixe espada Algumas das ocorr ncias registadas nesta subcategoria constituem a nosso ver um aperfei oamento corre o das composi es ou meras gralhas estas ltimas com efeitos de valor pouco pertinente Pensei ass lo no forno x Carapaus salm o lt lt ou gt gt truta Fanecas lt lt ou gt gt peixe espada M5 38 p 68 216 Texto no livro do autor Texto no manual Perguntou lhe o Cego o que fazia amp O lt lt menino gt gt falou lt lt do gt gt cor naquele jardim e o Menino falou da de laranja 8 enquanto o cor de laranja do fundo do mar das lt lt cego gt gt sorria algas e contou as casas que correra as pessoas a quem fal
211. certa maneira Texto no livro do autor Um dia o pai tinha de ir a cidade O Jodo que j lhe pedira v rias vezes para o levar pediu lhe de novo e desta vez o pai resolveu lev lo A dist ncia da aldeia cidade era de cinco quil metros o que n o longe quando se vai de autom vel de comboio ou de bicicleta Mas n o se esque am de que esta hist ria muito velha No tempo que foi contada pela primeira vez n o havia nem autom veis nem comboios nem bicicletas Havia apenas carros de cavalos dilig ncias e o transporte nas dilig ncias ficava caro Ora o pai do Jo o n o era rico e por isso os dois foram a p Ent o tamb m uma maldade que se faz foca x Sim de certa maneira M1 32 p 94 Texto no manual Um dia o pai tinha de ir cidade lt lt gt gt e 3 lt os dois foram a p M2 32 p 110 202 Texto no livro do autor Texto no manual Os olhos do menino j n o sonham Olham os da m e A ternura tamb m tem asas O Amor tamb m tem asas Voa um p ssaro no ar Ou um cavalo na terra veloz como o vento Mas repousado Com a brisa fresca a mandar nos parar a afagar nos a face E o menino pelos tempos fora n o esqueceria aquela papoula com selo aquele instante M2 42 p 38 Texto no livro do autor Texto no manual Eu nao sei se voc s sabem q
212. cet vel a inten o de destacar ou valorizar a leitura em rela o aos outros dom nios Al m de serem mencionadas as v rias dimens es em que se faz uso da l ngua refor ado um princ pio do Programa o de as trabalhar de forma integrada Este manual cumpre o Programa de Lingua Portuguesa do 1 ciclo apresentando os tr s blocos program ticos a Comunica o Oral a Comunica o Escrita e o Funcionamento da L ngua pressupondo ainda uma pr tica integrada dos tr s blocos M1 3 e M1 4 Sucedem se cita es desse texto oficial relativas a cada um dos blocos indicados Conv m salientar contudo que as cita es n o s o integrais sendo apresentada uma montagem que foca ou destaca alguns aspetos do Programa em detrimento de outros Deste modo se d forma perspetiva pedag gica adotada que tamb m se pode considerar adaptada Os autores dos manuais em causa assumem no na indica o da fonte das suas cita es in Programa de Lingua Portuguesa adaptado Pelo que vemos relativo o papel de subordina o que a hierarquia das orienta es pedag gicas oficiais imp e Enquanto dispositivo de media o texto de refer ncia prim ria ao n vel da pr tica pedag gica Dion sio 2000 129 o manual escolar ao recontextualizar esse discurso enfraquece essa regula o No manual M2 3 esta valoriza o import ncia demonstrada atrav s da inten o que subjaz proposta de
213. cia lt lt gt gt at que se sentiu a elevar no espa o M3 42 p 62 Surgem tamb m mudan as de tempos verbais Por que raz o ter o os autores dos manuais sentido necessidade de realizar estas adapta es Estar em causa a suposi o de que os leitores n o saber o ou n o ser o capazes de compreender usar determinadas formas 210 verbais Algumas adulteram mesmo o sentido dos textos nem sempre sendo clara s a s razao 6es destas transforma es Texto no livro do autor Texto no manual Se eu pudesse escolher entre ser um planeta uma estrela ou um cometa Se eu pudesse escolher entre ser um planeta uma estrela ou um cometa eu preferiria ser o que sou um pequeno planeta com a sua lua eu lt lt preferia gt gt ser o que sou um pequeno planeta com a sua lua que de vez em quando visitado que de vez em quando visitado por um cometa por um cometa M2 32 p 90 Texto no livro do autor Texto no manual V s v s disse o vento rindo V s que era f cil o que eu queria V s v s disse o lt lt Vento gt gt rindo V s que lt lt gt gt f cil o que eu lt lt quero gt gt M5 3 p 109 Texto no livro do autor Texto no manual Navegavam pelo espa o h v rios dias dentro da sua pequena nave branca ftaca 3000 Tinham sido lan ados do cora o de frica para
214. cia e a Juventude Porto Porto Editora pp 55 61 SOUSA M Elisa 2010 Quest es de edi o a fidedignidade dos textos In Malasartes 20 Cadernos de Literatura para a Inf ncia e a Juventude pp 57 59 TAPIA Jesus Alonso 2003 A avalia o da compreens o em leitura In Carlos Lomas Org O valor das palavras I Falar ler e escrever nas aulas Porto Edi es Asa pp 179 200 van DIJK Teun A amp KINTSCH Walter 1983 Strategies of discourse comprehension New York Academic Press van DIJK Teun A 1989 La ciencia del texto Un enfoque interdisciplinario 1 reimp Barcelona Ediciones Paidos VILELA Graciete DUARTE Isabel M amp FIGUEIREDO Ol via 1995 Metodologia do Ensino do Portugu s In Adalberto Dias de Carvalho org Novas Metodologias em Educa o Porto Porto Editora WEST Martin L 2002 Cr tica Textual e T cnica Editorial Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian ZILBERMAN Regina 1988 Leitura Hist ria e Sociedade In S rie Id ias n 5 S o Paulo FDE pp 13 17 ZILBERMAN Regina 2003 A Literatura Infantil na Escola 11 2 ed rev atual e ampl S o Paulo Global 285 2 Legisla o e outros textos Curr culo Nacional do Ensino B sico Compet ncias Essenciais 2001 Lisboa ME DEB Minist rio da Educa o Departamento da Educa o B sica DGEBS 2004 Organiza o Curricular e Programas Ensino B sico 1 Ciclo Minist rio da Educa o Depa
215. cial Batista 2004 12 recebem novas configura es 148 Do lado da produ o autoria edi o e circula o os manuais escolares ainda que podendo apresentar marcas espec ficas n o constituem uma boa refer ncia bibliotecon mica pois que tais varia es resultam frequentemente de defici ncias de autoria e de falhas quanto propriedade intelectual devidas em regra adapta o dos conte dos s capacidades dos leitores e aos objetivos da a o escolar p 9 A educa o liter ria que por meio da interven o dos manuais em an lise tem lugar na escola mostra se por isso pouco cred vel Na verdade n o basta proporcionar o contacto com os textos liter rios Este compromisso da escola passa tamb m pela cria o de condi es de comunica o e de di logo com e entre os autores e as obras Neste caminho de aprendizagem e de forma o conhec los t los como refer ncias convoc los n o s quando se quer compreender mas tamb m quando a inten o explicar e ou construir saberes e conhecimentos A educa o liter ria contribui assim tanto para a educa o est tica das pessoas atrav s da aprecia o dos usos criativos da linguagem como para a educa o tica na medida em que nos textos liter rios como ali s quaisquer outros n o encontramos apenas artif cios lingu sticos mas igualmente estere tipos ideologias estilos de vida e formas de compree
216. colar assume em contexto pedag gico na constru o de mundos leg timos e na constru o de leitores Enquanto fonte sobre a textualidade escolar Magalh es 2008 11 15 ele constitui sem reservas uma refer ncia indispens vel para muitos e um suporte material de leitura e de ensino e aprendizagem da leitura Textbooks and primers are intentionally constructed for pedagogical purposes That is they are purpose built for the selection construction and transmission of valued knowledges and practices to novice and apprentice readers and writers Textbooks constitute a formal corpus of texts scientific or fictional secular or non secular that students are required to study in order to be credentialed as literate by schools and other institutions Luke 1997 Face s caracter sticas fun es e modos de atuar dos mediadores de leitura apontados encontramos aqui raz es que porventura explicar o muitas das coisas que mais volunt ria 3 do que involuntariamente se fazem aos textos no processo da sua recontextualiza o Aquando da sua transposi o para o contexto escolar estes de certa forma sofrem uma transforma o Dada a sua natureza fr gil Castro 1976 148 correm o risco de deforma es de modifica es de altera es que os podem adulterar quer em termos de forma quer em termos de conte do e de sentido A prop sito desta problem tica j em 1976 Castro afirmava 3
217. conce es de ensino e de aprendizagem Afinal os manuais recontextualizam as orienta es oficiais ou assumem deliberadamente a fun o de refer ncias primeiras para a regula o do ensino Efetivamente se logo na introdu o uns asseguram Este manual cumpre o programa de Lingua Portuguesa do 1 ciclo M1 3 outros no entanto afirmam O manual de L ngua Portuguesa apresenta uma estrutura e prop e um caminho pedag gico pr prios M2 3 132 1 1 3 CONDI ES DE RECONTEXTUALIZA O DOS TEXTOS IND CIOS DE PREOCUPA ES FILOL GICAS Vimos j que para os textos circularem na escola inevit vel a sua envolv ncia num processo de reprodu o e que isso implica o cumprimento de determinadas condi es e a ado o de determinadas formas de proceder sob pena de poderem ocorrer falhas que os deturpem A import ncia que esta institui o atribui aos textos na forma o de leitores leva nos a querer perceber se h e quais s o os cuidados demonstrados na sua transmiss o Assim no plano das inten es dos manuais em estudo as precau es filol gicas inerentes circula o dos textos n o parecem merecer preocupa o Nada aponta por exemplo para o respeito pela sua integralidade para o ato de recorte limita o de um texto excerto dentro da obra integral para as modifica es inevit veis e para as consequ ncias que isso pode acarretar em termos do seu enquadramento num novo
218. contratou o para limpar no rio Tejo petroleiros de todo o mundo E nesse mesmo dia a Lisnave contratou o para limpar no 8 Tejo petroleiros de todo o mundo M5 48 p 142 Apesar de em menor numero tamb m foram notados bastantes cortes ao nivel da supress o das palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical P SPFG preposi es conectores conjun es artigos pronomes interjei es Algumas destas situa es ainda que com frequ ncia rara configuram uma adultera o ou um enfraquecimento de sentidos Texto no livro do autor Texto no manual P s o fato de banho e foi para a praia a correr P s o fato de banho e foi para a praia X correr M1 32 p 12 Texto no livro do autor Outras traduzem se no apagamento de focos de expressividade e ou de modulagao Texto no manual Pronto Demorei me um bocadinho a falar de mim e de mais coisas necess rias e a tal sombra redonda que vinha a sair dos tojos veio mesmo esborrachar o nariz na biqueira do meu sapato direito Texto no livro do autor 8 Demorei me um bocadinho a falar de mim e de mais coisas necess rias 9X e a tal sombra redonda que vinha a sair dos tojos veio mesmo esborrachar o nariz na biqueira do meu sapato direito M4 3 p 68 Texto no manual Estava bem enganado Ainda mal tinha acabado de soltar aquele queixume qua
219. cou o ponto cardeal Logo tarde a mim que o Sol procura disse o Oeste que estava exactamente do lado oposto sempre do meu lado que o Sol se levanta todos os dias Do lado de Leste explicou o ponto cardeal Ao meio dia est por cima de mim acrescentou o Sul Logo 8 tarde a mim que o Sol procura disse o Oeste que estava exactamente do lado oposto M1 3 p 110 Ainda ao n vel da amplia o de texto salientamos o acr scimo de frases no in cio dos textos aparentemente com o objetivo de introduzir revelar antecipadamente o seu conte do Este caso em particular decorre de duas supress es cf explicita o da situa o atr s no ponto relativo as supress es Texto no livro do autor Texto no manual Ningu m fazia biscoitos t o doces t o saborosos e t o bonitos como a av Genoveva que ainda por cima sabia contar hist rias em que entravam pr ncipes piratas duendes e fadas A av fez os biscoitos como os netos pediram Pareciam mesmo os bicharocos As av s s o assim M2 48 p 24 242 Assume tamb m a fun o de sumariar ou resumir toda a informa o apresentada anteriormente um par grafo como o que se segue incorporado no final do texto Texto no livro do autor Texto no manual E o Ver o de S Martinho M5 49 p 34 Por fim destacamos um exemplo qu
220. cr tico textual e o cr tico liter rio ficam satisfeitos se o texto for aut ntico isto se n o houver discrep ncias entre o original do autor e o texto escolar este deve manter todas as palavras que foram escritas pelo autor no original pela mesma ordem e com a mesma disposi o n o deve ter lacunas nem acrescentamentos nem substitui es de palavras ou frases porque tais discrep ncias iriam prejudicar a clara rece o do sentido do texto tal como desejado pelo autor Castro 1976 149 69 Quando se verificam estas falsifica es e contrafa es 6 constituem um desrespeito pelos autores que veem a integridade de cada obra de arte produzida ser irresponsavelmente posta em causa e pelos leitores que nestas circunst ncias s o privados do acesso a textos confi veis e aut nticos Se concordarmos com o facto de que quando uma falsifica o apresentada como se fosse o original com a inten o expl cita de enganar n o por erro tem se uma mentira emitida desse objeto Eco 2004 185 ent o invi vel assegurar a quem o l no caso o objeto texto leituras e interpreta es v lidas e adequadas 2 2 A CIRCULA O DO IMPRESSO NA ESCOLA REGRAS E MEDIA O Constituem princ pios estruturais e essenciais da escola proporcionar aos alunos um espa o e um tempo para o ensino e para a aprendizagem de saberes de conhecimentos e de valores necess rios sua forma o A formaliza
221. culado mas tamb m com saberes conhecimentos pontos de vista ideologias e cren as do leitor O sucesso da compreens o encontra se com isto depende da sua enciclop dia isto do conhecimento do mundo que este tem guardado na mem ria Da que diferentes leitores tornem poss veis leituras e interpreta es distintas de um mesmo texto cf Aguiar 2002 7 com base em van Dijk 1990 Esta vis o do texto a partir do t tulo facilita ent o a perce o da sua macroestrutura do seu significado global Menegassi amp Chaves 2000 33 com base em van Dijk 1992 Pode fazer se lhe refer ncia como uma esp cie de frase resumo do que o autor entende ser mais importante na mensagem que quer transmitir Na perspetiva da globalidade do texto o t tulo constitui uma pequena parte A sua relev ncia prende se como vimos com o facto de predizer o texto de prometer e criar expectativas de motivar o leitor Avelino 1994 52 58 Por todas essas 57 Na linha da teoria de van Dijk amp Kintsch 1983 A language user need not wait until the end of a paragraph chapter or whole discourse before being able to infer what the text or the text fragment is about globally speaking In other words it is plausible that with a minimum of textual information from the first propositions the language user will make guesses about such a topic These guesses will be sustained by various kinds of information such as titles thematic words the
222. d Lisboa Caminho HALLIDAY Michael A K amp HASAN Rugaiya 1976 Cohesion in English London Longman JOHNSEN Egil B 1993 Textbooks in the kaleidoscope A critical survey of literature and reserarch on educational texts Oslo Scandinavian University Press KINTSCH Walter amp van DIJK Teun A 1978 Toward a Model of Text Comprehension and Production In Psychological Review vol 85 n 5 pp 363 394 KRESS Gunther 1997 Multimodal Texts and Critical Discourse Analysis In Emilia Pedro Discourse analysis Proceedings of the 1 International Conference on Discourse Analysis Lisboa APL Edi es Colibri pp 367 386 LAGES Mario F LIZ Carlos ANT NIO Jo o H C amp CORREIA T nia Sofia 2007 Os Estudantes e a Leitura Lisboa Gabinete de Estat stica e Planeamento da Educa o GEPE Minist rio da Educa o LENCASTRE Leonor 2003 Leitura A compreens o de textos Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian Funda o para a Ci ncia e a Tecnologia LOMAS Carlos 2003 O valor das palavras I Porto Edi es ASA LOMAS Carlos 2006 A educa o liter ria In Carlos Lomas O valor das palavras Il Gram tica literatura e cultura de massas na aula 1 ed Porto Edi es Asa LUKE Allan 1991 The Secular Word Catholic Reconstructions of Dick and Jane In Michael W Apple amp Linda K Christian Smith The Politics of the Textbook New York London Routledge pp 166 190 LUKE Allan
223. da Quadro 39 Natureza dos procedimentos de supress o em cada manual F SUPRESS ES __ Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat estrutural formal Manuais Total RICTx R CParagr P OS PISPFG P SPC 1 3P 3P 1 4F 4F M1 3 2 6 5 6 3 6 0 28 M2 3 5 2 4 16 5 17 2 88 M3 3 3 3 8 7 3 5 0 29 M4 3 5 2 7 4 5 4 0 27 M5 3 5 8 22 911150 50 M1 4 7 49 0 38 0 0 0 94 M2 4 7 8 13 7 4 8 0 47 M3 4 5 1 13 11 2 11 0 43 M4 4 5 1 0 olololo 6 M5 4 5 5 7 4 0 3 1 25 49 85 116 102 23 59 3 Total F 437 49 201 187 Total 11 46 43 100 Demarcam se por um maior n mero de supress es os manuais M1 4 e M2 3 seguidos dos manuais M5 3 M2 4 e M3 4 e pelo reduzido n mero de ocorr ncias o manual 189 M4 4 Este ltimo o nico para o qual se apontam como mais frequentes as supress es de natureza gr fica Dos nove manuais restantes cf gr fico 10 cinco t m valores mais pronunciados nas supress es de natureza l xico gramatical M2 3 M5 3 M1 4 M2 4 M5 4 e quatro nas de natureza estrutural formal M1 3 M3 3 M4 3 M3 4 Ressalve se contudo que excetuando o manual M4 4 nos outros foram identificados procedimentos de supress o de todos os tipos e que nos que apresentam valores mais elevados os textos transpostos foram significativam
224. da Cruz Salver os Rios livro Figueirinhas 1991 Guimar es A polui o poema 14 ER Lendas do mar livro 15 A ambi o das luas Jos Jorge Letria A ambi o das luas conto Terramar 4 2003 36 2 Sophia de Mello eer A 37 O an o Breyner Andresen A floresta Figueirinhas 23 1994 70 Desejos de um caranguejo Luisa Ducla Soares Hist rias de Bichos livro Livros Horizonte 1981 Miguel Sousa O caranguejo verde conto 94 Um olhar do Espa o Tavares O Planeta Branco Oficina do Livro Lit 2005 124 Noite dia Joao Pedro Versos com Reversos livro Editorial Caminho 2001 M sseder Noite dia poema Ver o de S Martinho Fernando Cardoso Flores para crian as livro Lenda do ver o de S Martinho lenda Portugalmundo Ao Encontro do Pres pio Sophia de Mello Breyner Andresen A Noite de Natal Figueirinhas Uma Viagem ao Espa o Miguel Sousa Tavares O Planeta Branco Oficina do Livro Boa Senten a Guerra Junqueiro Contos Para a Inf ncia livro Boa senten a conto Colares Editora O Monstro Lu sa Ducla Soares Seis hist rias s avessas livro O monstro conto 299 Civiliza o Editora Quadro 3 Autores citados nos manuais Autores Escritores N de cita es por manual M2 3 M3 3 M4 3 M5 3 M1 4 M2 4 M3 4 Tot cit N man Lu sa Ducla Soares 11 3 5 5 1 3 12 50 o
225. dados nos reportam formar construir leitores de forma controlada previs vel com um determinado peso e medida Por meio das pr ticas de adultera o dos textos privilegiam se as leituras que dizem apenas o que importa que n o se det m em aspetos aparentemente acess rios que n o desafiam os leitores a ultrapassar ou a resolver dificuldades entraves lingu sticos e ou sem nticos optando se antes por Os sanar que evitam devaneios por zonas dos textos aparentemente desnecess rias que dispensam o leitor do esfor o de ser criativo imaginativo ou de expandir ideias acontecimentos descri es O peso e medida destes textos e destas leituras pendem para a leveza n o no sentido em que permitem aos leitores voar e crescer constituindo e consolidando progressivamente estrat gias e compet ncias mas no sentido em que tornam esses objetos de leitura lineares Retira se lhes subst ncia ou densidade de saberes lingu sticos e sobre o mundo privando os leitores da t o necess ria porque marcante aprendizagem pelo esfor o pela descoberta pela busca de sentidos em diferentes n veis de profundidade e de peso dos textos N o nos foi poss vel neste estudo caracterizar e analisar porque n o era essa a nossa inten o todas as dimens es e n veis que permitem tra ar o quadro das pr ticas e das condi es sob as quais se processa a recontextualiza o dos textos em contexto escolar De facto
226. de ocorr ncias que foram surgindo em cada uma dessas grandes categorias levou a que a partir daqui tais opera es fossem subcategorizadas 97 Referimo nos n o s a diferentes edi es mas tamb m a antologias colet neas ou at outros manuais escolares 98 Como se pode verificar a orienta o metodol gica seguida para a descri o e an lise dos dados n o assentou na defini o de categorias a priori Com efeito foi levado a cabo um trabalho de indu o a partir do enquadramento te rico constru do e do tipo de adultera es identificadas atrav s da delimita o de unidades de an lise palavras ora es sequ ncias A variedade e a complexidade das ocorr ncias obrigaram a que ao longo do processo de estudo e de an lise fossem sendo feitas afina es e repensadas defini es 99 Neste trabalho de confronta o dos textos dos manuais com as edi es ou obras originais consultadas recorremos a um c digo de cores Us mos o amarelo para assinalar as transforma es o verde para as adi es e o vermelho para as supress es 102 Quadro 12 Quadro para assinalamento dos tipos de opera es de adultera o Manual 1 3 ano Tipos de interven es dos Texto do autor Texto no manual autores dos manuais Observa es Transf Adi o Supr Vimos j que o texto uma unidade verbal de sentido a que se chega por meio da constru o da sua textualidade Es
227. destined to move to the margin of our literate culture The idea and the ideal of the book will change print will no longer define the organization and presentation of knowledge as it has for the past five centuries This shift from print to the computer does not mean the end of literacy What will be lost is not literacy itself but the literacy of print for electronic technology offers us a new kind of book and new ways to write and read The shift to the computer will make writing more flexible but it will also threaten the definitions of good writing and careful reading that have been fostered by the technique of printing The computer is restructuring our current economy of writing It is changing the cultural status of writing as well as the method of producing books It is changing the relationship of the author to the text and of both author and text to the reader Bolter 1991 op cit Soares 2002 152 11 Por conseguinte esta nova configura o social derivada da revolu o provocada pelas potencialidades das tecnologias da comunica o baseada e organizada em torno de permanentes transforma es coloca ou faz novas exig ncias em termos da educa o e da forma o isto da escolariza o dos indiv duos enquanto utentes e futuros trabalhadores do conhecimento Drucker apud Furtado 2000 284 A este prop sito Furtado 2000 defende que de facto perante a rapidez da evolu o t cnica e da vida qu
228. dicar caso tal seja necess rio n m ximo de p ginas ilustra es gr ficos etc APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGA O MEDIANTE DECLARA O ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE Universidade do Minho 31 07 2013 Assinatura Para os meus pais os meus irm os e para o Pedro AGRADECIMENTOS Na hora em que paramos em que confortavelmente nos posicionamos em suspenso para olharmos para tr s e vislumbrarmos o trabalho concretizado dois sentimentos tomam a dianteira do caminho o do peso e o da leveza Aprendi que tais sensa es s o insepar veis e que como tal est o presentes em cada passo que damos A constru o e a finaliza o deste projeto de trabalho constituem para mim uma clara representa o da sua viv ncia Permitem me tamb m a reconfortante constata o de que uma viagem como esta nunca se faz solitariamente e que por isso s o partilhados os momentos de descoberta e de ang stia de certezas e de d vidas de confian a e de inseguran a de trabalho e de conv vio de conquista e de des nimo hesita o S o muitos aqueles a quem quero e devo agora agradecer pelo est mulo e encorajamento pelos saberes e li es pelos conselhos pela disponibilidade para me ouvirem e finalmente por terem compreendido as minhas aus ncias por terem pacientemente esperado por mim Ao Professor Rui Vieira de Castro pelo encaminhamento pelas reflex es vigorosas pela partilha de c
229. dice Neste espa o dividido em duas colunas fica se a saber que o manual se apresenta organizado em 16 projetos Cada um deles identificado atrav s da apresenta o de uma r plica da respetiva p gina de abertura que se faz acompanhar dos t tulos dos textos propostos para leitura nesse bloco e da pagina o tamb m feita refer ncia a um Gloss rio na parte final do manual Cada bloco pensado para uma quinzena abre com um texto hist ria ou poesia que o a professor a te vai ler p 3 Estes textos n o surgem inscritos no manual do aluno A proposta que o professor os leia e o aluno os escute Na p gina de abertura de cada bloco sempre uma p gina impar tem se acesso ao n mero do projeto no canto superior esquerdo e ao lado ao t tulo da hist ria ou poesia seguido do nome do a autor a Todo o resto da p gina preenchido por uma ilustra o relacionada com esse texto a que se sobrep e no canto inferior esquerdo uma caixa de texto com propostas de atividades e quest es decorrentes da sua leitura escuta 159 Este manual cont m 107 textos sendo que 95 deles s o textos prim rios Encontram se colocados em lugar de destaque nas p ginas pares e mpares O cimo de cada uma dessas p ginas preenchido por uma barra colorida Nesse espa o surgem algumas quest es com a fun o de motivar para a leitura desses textos Note se no entanto que muito embor
230. divulgados alguns com produ o cuja qualidade se mostra fr gil Aos citados em dois manuais e em mais de dois manuais correspondem como se pode depreender percentagens significativamente menores que a anterior 12 e 14 respetivamente No quadro 21 a seguir constam os autores citados em mais de dois manuais Atrav s dele apercebemo nos ainda que estes s o tamb m citados mais vezes Neste grupo 29 autores quase todos portugueses dezanove s o citados entre tr s e dez vezes Os restantes mais de dez sendo que um deles Lu sa Ducla Soares chega s cinquenta cita es distribu das pelo total dos manuais De notar aqui que em dois manuais M2 3 e M3 4 esta autora apresenta um grande n mero de textos in ditos trabalho resultante de um convite que lhe foi dirigido pelos respons veis dos projetos mencionados Os dados recolhidos levam nos a afirmar que em alguns manuais o elevado n mero de cita es de um leque reduzido de autores poder ser traduzivel na imposi o de um estilo de escrita de temas e vocabul rio de g neros ou at de estruturas textuais Al m do caso j referido apontamos tamb m outros com dez ou mais cita es Jos Jorge Letria M5 3 Maria Isabel de Mendon a Soares M4 3 Ant nio Mota M3 3 e lvaro Magalh es M3 4 140 A sele o das obras de onde s o retirados os textos como vemos um processo de legitimidade H um quadro de refer ncias que per
231. do 84 Quadro 3 Quadro para recolha global de dados nos manuais escolares 88 Quadro 4 Quadro para recolha de dados nos textos de abertura 89 Quadro 5 Quadro para registo do n mero de textos de cada manual 94 Quadro 6 Categorias para descri o dos textos nos manuais 97 Quadro 7 Quadro para recolha de dados referentes aos autores citados nos manuais 99 Quadro 8 Quadro para recolha de dados referentes as obras citadas nos manuais 99 Quadro 9 Quadro para assinalamento das marcas de cada manual relativamente indica o das fontes de AUTOM a San carrear E n ceactacwiansas actabs hanuehatacrecastarsciorbacensnecnadeasiteads 100 Quadro 10 Quadro para recolha de dados referentes a marcas expressas de adultera o 100 Quadro 11 Quadro para recolha de dados relativos a outras refer ncias indicadas nas fontes OVADA ON q e A aa ad O ORIEN Sere E A RR A O eee ene RS eee 100 Quadro 12 Quadro para assinalamento dos tipos de opera es de adultera o 103 Quadro 13 Natureza dos t tulos das unidades did ticas eee 108 Quadro 14 Confronto dos t tulos das unidades did ticas com os t tulos dos textos 108 Quadro 15 Origem dos textos e natureza dos seus t tulos 109 Quadro 16 Quadro para registo de ocorr ncias das opera es de transforma o
232. do montado no seu cavalo quando viu um mendigo quase nul BE tremer de frio que lhe estendia a m o S Martinho n o hesitou parou o cavalo poisou a BU m o carinhosamente na do pobre em seguida com a espada cortou ao meio a sua capa de militar dando metade ao mendigo E apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente preparava se para continuar o caminho cheio de felicidade Mas subitamente a tempestade desfez se O c u ficou l mpido amp um sol de estio inundou a terra de luz e calor para que Se n o apagasse da mem ria dos homens 0 acto de bondade praticado pelo E nessa mesma poca cessa por alguns dias o tempo frio o c u figalazil e Fernando Cardoso Flores Para Crian as PortugalMundo 32 ed Ao que parece este aditamento decorre da necessidade de por um lado os autores dos manuais mostrarem o que pretendem que o leitor compreenda no que l e por outro refor ar o 259 entendimento do leitor relativamente ao teor da resposta esperada para uma das solicita es apresentadas a seguir leitura do texto Explica por palavras tuas em que consiste o ver o de S Martinho M5 4 p 35 Ou pelo contr rio ser o os question rios usados como uma esp cie de garantes da fidedignidade dos textos muito embora possam na verdade estar a refor ar ou at a acrescer lhes adultera es Retomemos para o atestar o exemplo notado no manual M1 3 p 110 no texto
233. do sempre nas p ginas pares e mant m se as propostas de trabalho em torno de tr s rubricas principais apresentadas ao longo de quatro p ginas Na rubrica Antes do texto motiva o para a leitura continuam a ser apresentadas atividades relacionadas com o texto a ler Avan a se para a rubrica Dentro do texto A surgem dispostos os textos mais extensos do que os do 3 ano Com efeito muito embora o espa o ocupado na p gina seja semelhante o tamanho do corpo de letra usado nos textos do 4 ano menor Sobressaem primeiramente os t tulos a negrito com tamanho do corpo de letra maior do que o das manchas gr ficas e alinhados esquerda As manchas gr ficas por sua vez estendem se pelo que resta da p gina cerca de do seu espa o total sempre acompanhadas de pequenas ilustra es Nesta rela o continuam a ser as manchas gr ficas a ajustar se s ilustra es mais recorrentemente emoldurando as 1 2 caixilho ou mantendo em rela o a estas um posicionamento paralelo N o obstante o espa o que lhes concedido dita uma clara domin ncia das primeiras em rela o s segundas Imediatamente a seguir a alguns dos textos surge a rubrica Procura no dicion rio o significado das palavras que desconheces Todos os textos s o seguidos de um question rio para apropria o do seu sentido p 2 e da grande rubrica Al m do texto onde s o apresentadas mais quest es relacionadas com o
234. do Portugu s atas pp 147 156 CASTRO Rui Vieira de 1995 Para a an lise do discurso pedag gico Constitui o e transmiss o da gram tica escolar Braga Instituto de Educa o e Psicologia Universidade do Minho CASTRO Rui Vieira de amp SOUSA M de Lourdes 1996 H bitos e atitudes de leitura dos estudantes portugueses In http www ectep com literacias orientacoes ensaio 01 html CASTRO Rui Vieira de amp SOUSA M de Lourdes 1997 World and language through exempla A discourse analysis of pedagogic texts In Em lia Ribeiro Pedro ed Discourse analysis Proceedings of the 1 International Conference on Discourse Analysis Lisboa APL Edi es Colibri pp 73 86 CASTRO Rui Vieira de 1998 Leitura e escrita em contexto escolar Para a caracteriza o de um campo de investiga o In Rui Vieira de Castro amp M de Lourdes Dionisio de Sousa Entre linhas paralelas Estudos sobre o portugu s nas escolas Coimbra Angelus Novus pp 39 54 CASTRO Rui Vieira de amp SOUSA M de Lourdes Orgs 1998 Pr ticas de comunica o verbal em manuais escolares de Lingua Portuguesa In Rui Vieira de Castro amp M de Lourdes Sousa Lingu stica e Educa o Atas do Encontro da Associa o Portuguesa de Lingu stica Lisboa Colibri APL pp 43 68 CASTRO Rui Vieira de RODRIGUES Angelina SILVA Jos Lu s SOUSA M de Lourdes Dion sio de 1999 Manuais Escolares Estatuto fun es hist ria Braga I
235. do tamanho doutro c o qualquer M2 3 p 110 Surgindo na sequ ncia de transforma es podem curiosamente constituir o refor o ou mesmo o assumir de uma modifica o operada no texto Veja se o exemplo de uma frase de tipo exclamativo que convertida numa frase de tipo interrogativo e qual se acrescenta a seguinte interven o do narrador perguntou lhe o av Texto no livro do autor Texto no manual Tu gostas de ouvir o mar Ent o X Gostas lt lt do gt gt mar lt lt gt gt perguntou lhe o av Ent o vamos lev lo para casa vamos lev lo para casa M3 32 p 136 Claramente representativas de acr scimo de sentido s o as palavras express es que no interior das frases guarnecem e ou intensificam o originalmente descrito Constituem exemplos os adv rbios ou grupos adjetivais antecedidos de adv rbios 239 Texto no livro do autor Texto no manual As ruas estavam cheias de gente e Oriana sentiu se muito perdida e muito tonta no meio de tantas casas de tanto barulho de tanta agita o Olhava por todos os lados procura de algu m que a pudesse ajudar Mas s via desconhecidos que passavam sem sequer a ver Resolveu perguntar ao sinaleiro As ruas estavam cheias de gente e Oriana sentiu se muito perdida muito sozinha e muito tonta no meio de tantas casas de tant
236. dominantemente nas palavras sequ ncias de palavras ou atingindo frases e ou par grafos sequ ncias de par grafos Os textos convergem para manchas gr ficas que se afiguram retalhadas minadas ou corrompidas Estes cortes perpassam toda a sua extens o permanecendo apenas as pe as que d o depois corpo a uma reorganiza o ou a uma rearticula o do emaranhado gr fico e lingu stico O texto integral converte se claramente num texto desbastado um texto que sendo proveniente da vers o original agora outro o texto para do manual com autoria desvirtuada cf exemplo no anexo texto 2 Noutros por m verificam se cortes cont nuos que atingem sequ ncias ou unidades estruturais por exemplo partes de narrativas 14 Tem maior visibilidade a omiss o desta feita ininterrupta de blocos por es de texto de extens o bastante significativa Estas unidades textuais s o deste modo conduzidas a resumos contra es amalgamando se e compactando se as zonas que os autores dos manuais determinaram por alguma raz o ou interesse deixar intactas Apesar das interfer ncias ou perturba es provocadas na progress o l gica Giasson 1993 143 dos textos parece nos a um primeiro olhar e com exce o de alguns casos que n o s o postos em causa os seus n veis de coes o e de coer ncia As desarticula es n o resolvidas na fus o destas partes s o no entanto sanadas com recurso a
237. dos em duas caixas de texto O leitor toma contacto primeiramente com um pequeno texto cabe a de uma p gina cujo conte do se revela centrado numa conce o da aula de L ngua Portuguesa Este manual refor a a dimens o da aula de Lingua Portuguesa como espa o e tempo para descobrir utilizar e fruir da l ngua em que os alunos pensam e falam M4 4 p 2 Na p gina seguinte o segundo texto remete para a estrutura do manual Inicia se com a frase O manual est dividido em dez unidades O manual est dividido em dez unidades Em cada uma delas est o contemplados os quatro dominios em que se exerce a atividade lingu stica M4 4 p 3 Evidencia se uma rela o entre estes dois discursos demonstrada a inten o de aliar a teoria pr tica numa perspetiva de operacionaliza o fundamentada Neste mesmo manual destaca se por ser o nico a faz lo a apresenta o de um Gui o de observa o do manual O seu conte do com orienta es e perguntas que remetem para as suas v rias partes e rubricas possibilita sem d vida um melhor entendimento das linhas de for a que estiveram subjacentes sua conce o Ressalve se que apesar de nem todos os manuais apresentarem textos de abertura o mesmo n o acontece com o ndice Todos eles o possuem ainda que em diferentes posi es e ou com diferentes designa es Dois dos manuais M2 3 e M3 4 misturam
238. dro Monteiro Ruth Rocha Sara Horta Monteiro Semp Goscinny S rgio Bambar n Soeiro Pereira Gomes Sylvie Ram n Teresa Martinho Marques Travassos Lopes V nia Amarante Vaz da Silva Viale Moutinho Vinicius de Moraes Virg nia Mota 303
239. e O que veio o Marujinho procurar Terra vers o do manual Texto no manual Texto no livro do autor Como se falara no verbo procurar o Marujinho lembrou se da raz o por que tinham vindo a terra e p s se de Como se falara no verbo procurar o Marujinho lembrou se da raz o por que tinham vindo a lt lt Terra gt gt e p s p se de p M1 3 p 110 Consideramos por fim a jun o segmenta o de frases J SF jun o segmenta o de par grafos J SP como transforma es de natureza estrutural formal e a De acordo com os dados observados esta a categoria em que se notaram menos ocorr ncias 75 N o obstante a sua baixa frequ ncia h registo de situa es deste tipo em quase todos os manuais Acrescentamos presen a pouco significativa dos procedimentos de adultera o desta natureza o facto de muitos dos casos delimitados serem uma consequ ncia de opera es de outro tipo particularmente de supress es Assim sendo salienta se que se na sequ ncia das supress es de natureza estrutural formal as altera es na disposi o e na configura o gr fica Soares 2006 39 dos textos na p gina s o inevit veis o mesmo pode agora acontecer ao n vel das transforma es de igual natureza dada a sua subordina o em rela o s primeiras Com efeito as supress es est o na origem de algumas das
240. e o os procedimentos de transforma o supress o adi o que ocorrem nos textos selecionados Ser feita uma an lise quantitativa de dados com o fim de que essa informa o seja tamb m ela caracterizada Opera o que se realizar por meio da utiliza o de m todos de estat stica descritiva como por exemplo a frequ ncia e a percentagem Estes dados ser o igualmente registados em quadros grelhas e gr ficos No entanto dadas as caracter sticas do estudo os seus pressupostos e objetivos a quantifica o dos dados n o ser suficiente para explicitar as quest es levantadas Assim importar sobretudo a representatividade dos exemplos a analisar e a pertin ncia das considera es que a partir deles de cada situa o espec fica se possam tecer 5 1 A CONFIGURA O DAS PR TICAS ESCOLARES DE RECONTEXTUALIZA O DOS TEXTOS 5 1 1 LEVANTAMENTO DE MARCAS DOS PROJETOS EDITORIAIS N o obstante ser nossa inten o desde o in cio centrar o nosso estudo nos procedimentos de adultera o que ocorrem nos textos que comp em a antologia de cada manual escolar em an lise entendemos que fundamental procurar compreender o que se encontra a montante e a jusante da sua conce o Assim encaramos cada manual como um objeto que cont m uma informa o cient fica e uma configura o autoral e editorial que lhe conferem autenticidade como representa o da cultura escolar Magalh es 2008
241. e em 1139 M3 4 p 38 Texto no livro do autor No caso dos textos po ticos estas modifica es ocorrem quase sempre em in cio de verso refletindo uma altera o gr fica sem consequ ncias em termos de sentido Texto no manual outros rios se vieram juntar chegaram ao estu rio lt lt Outros gt gt rios lt lt Se gt gt vieram juntar lt lt Chegaram gt gt ao estu rio M4 32 p 78 219 A este prop sito damos ainda conta da curiosa situa o associada transfigura o da configura o da primeira letra da palavra terra num manual Trata se de uma modifica o intencional j que corroborada por uma das perguntas que figuram no question rio que segue o texto na rubrica J posso responder O que veio o Marujinho procurar Terra p 111 17 Apesar de ser claro ao l la que a personagem se desloca ao planeta Terra em busca de algo apercebemo nos que de acordo com o texto o Marujinho ter afinal ido a terra com o sentido de atracar num porto Esta distor o tem origem na convers o de uma letra min scula numa letra mai scula terra em Terra Vemos com este exemplo que a pr pria pergunta acrescenta ou confirma uma adultera o e contribui para a deturpa o do sentido do texto De facto tinham vindo a terra texto do autor diferente d
242. e entendimentos tendo em considera o determinados princ pios e objetivos Por isso ao trabalho de sele o de um dado elenco de textos de autores e de obras concretiz vel no movimento de desloca o de um campo e recoloca o noutro inerente um processo de legitima o detentor do poder de afirma o da sua exemplaridade Dion sio 2000 147 Assim os textos transpostos mesmo que n o tenham sido originalmente concebidos para cumprir fins escolares adquirem esse estatuto privilegiado passando a ser usados como modelos como pretextos como exemplos A elei o destas e n o de outras obras destes e n o de outros textos pela natureza normativa e normalizadora que adquirem ao serem introduzidos no contexto pedag gico institui os como os textos timos para a consecu o dos objetivos definidos para o nivel de ensino em causa o desenvolvimento da compet ncia de falante e nesse sentido reconhecidos pela comunidade escolar e extraescolar como exemplos do bom uso idem 86 A classifica o e caracteriza o dos textos dos manuais em an lise quanto sua tipologia segue se agora a identifica o e caracteriza o dos dados relativos sua proveni ncia suporte de origem e autoria Estes dir nos o coisas sobre a forma que toma ou o modo como se configura o c none escolar na perspetiva de cada manual em particular e do seu conjunto j que estando a analisar os mais
243. e ilustra o facto de um texto ser muitas vezes selecionado com o intuito da abordagem de um determinado tema O acrescento que ocorre numa sequ ncia dialogal resolve um problema de delimita o do excerto assumindo se como mote para o que a seguir tratado e como justifica o para o recorte operado atrav s dos diferentes procedimentos de adultera o Texto no livro do autor Texto no manual Bom meninos s o horas o Tim lt lt Bem gt gt meninos s o horas X disse lhe Mas o Tom s interrompeu N o me deito sem ver as luzinhas e n o e n o M2 48 p 116 2 OS TEXTOS IDEAIS PARA ENSINAR E PARA APRENDER DECIS ES EM FUN O DE UM LEITOR QUE SE PREVE E OU DE UM LEITOR QUE SE QUER CONSTRUIR A necessidade de operar procedimentos de adultera o cortes modifica es acrescentamentos dos textos que circulam nos manuais escolares estudados um facto demonstrado e comprovado pelos dados anteriores Na escola por meio destes suportes de leitura o que mais se evidencia que estes s o efetivamente e por esta via convertidos nos objetos ideais para ensinar e para aprender Aos textos adulterados subjazem assim pelo menos duas fun es essenciais Numa assumem se como modelos de l ngua para ensinar e para aprender n o s a ler mas tamb m a escrever e a falar Prev se pressup e se um modelo ou um ideal de leitor aluno n vel de conhecimento e n v
244. e no manual do 3 ano o projeto gr fico deste manual aposta em cores e tons fortes sobretudo ao n vel das ilustra es e do fundo das caixas para destaque dos t tulos que a se sobrep em em letras brancas De uma maneira geral os diferentes t tulos ou designa es para identifica o das unidades did ticas e das rubricas 163 aparecem bastante real ados n o s pelo tipo e tamanho do corpo de letra usado mas tamb m pelo recurso a cores mais carregadas do que as utilizadas no manual do 3 ano M3 4 O manual M3 4 com o t tulo Amiguinhos Lingua Portuguesa 4 ano 1 edi o 3 tiragem 2007 da Texto Editores foi neste n vel o terceiro mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 Os autores s o Alberta Rocha Carla do Lago e Manuel Linhares Aponta como consultoras Filipa Barradas e In s Hugon Apresenta design gr fico da Texto Editores ilustra o de S rgio Tavares e Pedro Dantas Constantino e pr impress o impress o e acabamentos da Texto Editores composto por 152 p ginas numeradas Pertence mesma cole o do manual M2 3 anteriormente descrito Possui por isso as mesmas caracter sticas em termos de constitui o e organiza o Apontam se no entanto algumas diferen as nomeadamente ao n vel do n mero de textos da sua extens o e da proposta de outras rubricas Tal como o manual M2 3 apresenta na segunda p gina um texto de abertura endere ado
245. e por outros dispositivos privilegiadamente o manual escolar que sendo igualmente regulado em simult neo um instrumento regulador Preponder ncia sustentada pelo estatuto e pelas fun es que adv m das caracter sticas que anteriormente lhe apontamos Referimo nos concretamente ao poder que se lhe admite por exemplo na determina o delimita o de um leque de textos de autores de obras e at no estabelecimento de capacidades de leitura e de modos de ler Relativamente ao re enquadramento dos textos que nele tem lugar verificam se movimentos que v o no sentido da sua formata o do seu emolduramento gr fico e discursivo Dadas estas condi es particulares de apropria o torna poss veis ou incontorn veis opera es de adultera o e ou de transforma o da sua forma original quando esta a vers o de proveni ncia precisamente este ato planeado estruturado e desta feita intencional que justifica o facto de o manual escolar n o ser simplesmente um suporte de recontextualiza o dos textos mas acima de tudo um dispositivo de con forma o de leitores 266 Na primeira parte do Capitulo Il desenh mos as linhas de orienta o em que apoiamos o nosso estudo Constru mos assim uma base te rica e conceptual que trata em primeiro lugar e de um modo geral a problem tica associada mobilidade dos textos especificamente o quadro em que se reconhece haver a possibilidade de no
246. e se essencialmente ao facto de estes assumirem pelo uso que deles se faz uma relev ncia particular naquele lugar Segundo Magalh es 2008 11 15 constituem uma base da a o pedag gica e did tica e como tal s o a principal fonte de informa o sobre a cultura escolar A aten o particular que sobre eles fazemos recair deve se tamb m ao facto de se apresentarem como uma fonte privilegiada de fornecimento de textos por meio de enquadramentos personalizados e como tal assentes em conce es representa es e interpreta es sobre sentidos a construir sobre o que ler e sobre o que esperar de um leitor 81 Na escola o manual reveste se do estatuto de suporte por excel ncia das pr ticas letivas condicionando entre outros aspetos os conte dos a adquirir e as formas da sua transmiss o Pinto 2003 178 78 A materialidade do texto comporta o suporte formato configura o da p gina conven o tipogr fica planos autoral e editorial Tais planos assim como a configura o do texto comportam uma representa o e consignam uma apropria o consagram uma ordem da leitura ou da escuta da leitura A interpreta o e a apropria o do texto ficam condicionadas s formas materiais e media o suporte linguagem t cnica agenciamento idem 1 Se aquilo que se pretende compreender o processo de circula o de textos em meio escolar e subsequentemente inferir conce es
247. efere sua capacidade de reconhecimento da forma como as proposi es dos textos que leem surgem dispostas 222 Texto no livro do autor Texto no manual As ruas estavam cheias de gente e Oriana sentiu se muito perdida e muito tonta no meio de tantas casas de tanto barulho de tanta agita o Olhava por todos os lados procura de algu m que a pudesse ajudar Mas s via desconhecidos que passavam sem sequer a ver Resolveu perguntar ao sinaleiro As ruas estavam cheias de gente e Oriana sentiu se muito perdida muito sozinha e muito tonta no meio de tantas casas de tanto barulho de tanta agita o lt lt gt gt Olhava por todos os lados procura de algu m que a pudesse ajudar Mas s via desconhecidos que passavam sem sequer a ver Resolveu perguntar ao sinaleiro M4 38 p 12 Observ mos no entanto que nestas movimenta es nem sempre s o preservadas regras convencionadas ao n vel da estrutura o dos textos por exemplo quando se interrompe a fala de uma personagem segmentando a e aparentemente convertendo a na voz do narrador Texto no livro do autor Texto no manual Um de v s perdeu oitocentos mil r is o outro encontrou um alforge apenas com setecentos Resulta da claramente que o dinheiro que o ltimo encontrou n o pode ser o mesmo a que o primeiro se julga com direito Por consequ ncia tu meu bom homem leva o
248. eg es classific mo los como outros textos Quadro 5 Quadro para registo do n mero de textos de cada manual Manuais Textos Prim Secund Outros TOTAL Para a descri o e caracteriza o dos textos atenderemos ainda sua tipologia e sua origem e autoria aspetos de que tamb m falaremos a seguir Este trabalho permitir compreender o processo de sele o rejei o e organiza o dos textos um processo intermediado pelos agentes de media o da leitura em contexto escolar que assim procedendo validam e delimitam uma antologia de textos e subsequentemente 93 A leitura recreativa tem como objetivo a aprendizagem da extra o de significado de diferentes tipos de textos que promovam o desenvolvimento do imagin rio do esp rito criativo e do pensamento divergente Sim Sim Duarte amp Ferraz 1997 60 94 uma listagem de autores e de obras A legitimidade que lhes conferida e a legitima o e relev ncia que conferem a saberes e conhecimentos institui os desta forma como exemplos de bom uso Dion sio 2000 86 Assim se evidencia a natureza normativa e normalizadora da antologia na medida em que prop e uma sele o de textos organizada segundo determinados princ pios idem 87 Tipologia Da caracteriza o dos textos das leituras e dos leitores nas sociedades atuais apresentada no cap
249. egiado de circula o dos textos e que estes mesmos textos s o selecionados dentro de outros textos no seu contexto de origem o problema centra se precisamente no tipo de procedimentos que subjazem sua desloca o para o contexto escolar Este processo de recontextualiza o pode ser desencadeado pelos professores ou no caso que se pretende estudar pelos autores do manual escolar instrumento este que segundo Magalh es 2006 o principal ordenador da cultura da mem ria e da a o escolares p 5 De facto ao percorrermos os manuais escolares do n vel de ensino atr s referido constat mos que no mbito da sele o dos textos se verificam aspetos como os seguintes Incorre es na indica o das fontes 1 Ao serem submetidos a regras de recontextualiza o os textos integram o discurso pedag gico Este discurso cria seletivamente os sujeitos pedag gicos por um processo de desloca o e de recoloca o Os sujeitos pedag gicos s o assim sujeitos recontextualizados segundo a ordena o intr nseca do discurso pedag gico Domingos et al 1986 288 3 Falhas quanto propriedade intelectual na medida em que em muitos textos surgem adapta es dos conte dos s capacidades dos leitores e aos objetivos da a o escolar Magalh es 2006 9 Adultera o dos textos transforma es supress es adi es Veja se a t tulo de exemplo a quest o dos cortes e
250. eis de an lise Um mais gen rico em que percebemos a escassez de dados relativamente explicita o dos princ pios que orientaram a delimita o dos textos que comp em cada antologia Com efeito em apenas quatro dos seis manuais com textos de abertura lembramos que se encontram dez em an lise notada a sua presen a Al m disso as refer ncias raras e espor dicas nem sempre surgem com a inten o clara de justificar essas escolhas Algumas parecem ser meras estrat gias comerciais uma esp cie de b nus ou compensa o que faz desse projeto um 130 produto melhor do que os outros que circulam no mercado editorial cf tamb m inscri es propagandisticas nas capas do manuais Destas observa es decorre um n vel de an lise mais espec fico atinente possibilidade de considera o de categorias para classificar os crit rios focados N o obstante a falta de ocorr ncias neste mbito podemos ainda assim ver justificadas as escolhas dos textos com base i na estrutura o tem tica dos manuais as propostas de trabalho quer dos manuais quer das fichas t m por base dez unidades tem ticas comuns a todo o projeto promovendo assim uma efetiva interdisciplinaridade Organizado em torno destes temas transversais o manual de L ngua Portuguesa apresenta uma estrutura e prop e um caminho pedag gico pr prios M2 3 as propostas de trabalho quer dos
251. el de compet ncia de leitura para o qual s o criadas as condi es que permitam a sua progressiva constru o Noutra assumem se como modelos de mundo no sentido em que cont m o que se convenciona ser legitimo 243 oferecer aos leitores Incorporados nesta ltima fun o est o ideais estere tipos de comportamento e de relacionamento com os outros de crian a de inf ncia de aluno de adulto e ou de futuro adulto de conhecimento cultura Education through its materials and its practices is a form of socialization and acculturation Baker amp Freebody 1989 3 Com isto n o restam d vidas de que os textos adulterados valem por si na veicula o de tais conce es na sua subst ncia no que ao leitor n o dado a ler que se vislumbram essas representa es The role of print in our society s organized attempts to acculturate the young along lines that are compatible with adult definitions of order and rationality idem 5 Discorreremos nesta fase sobre o conjunto dos dados obtidos considerando ent o dois campos de a o reflex o Come aremos por salientar o que feito aos textos em estudo Interessa nos agora particularmente aprofundar a an lise sob a perspetiva da atua o divergente convergente dos procedimentos de adultera o tendo em vista as fun es que desempenham na escola Refletiremos a este n vel sobre a natureza das motiva es e sobre o plano de
252. elos a ter como refer ncia Protege os animais M1 3 A esperteza de um lavrador M4 3 A prenda do Pai Natal M5 3 Galar meu amigo M1 4 Memoria aos canecos M1 4 Ao Encontro do Pres pio M5 4 Finalmente um grupo onde se incluem t tulos e excertos com focaliza es diferentes ou com rela o fr gil pouco vinculativa n o sendo evidente s a s raz o es destas incongru ncias Um segredo M5 3 O lago M1 4 A chegada da primavera M2 4 1 3 3 MODOS DE APROPRIA O OU DE EXPROPRIA O DOS TEXTOS Como se pode constatar por for a das circunst ncias de circula o dos textos em contexto social em geral e em meio escolar em particular n o poss vel prever para estes um leitor modelo um contexto de circula o ou uma fun o nicos De facto ainda que subjacente sua gera o possa estar um destino definido as sucessivas recontextualiza es a que v o sendo sujeitos desvirtuam todo este processo e os textos mediante necessidades e exig ncias 179 dos seus utilizadores v o sendo sistematicamente convertidos nos objetos v lidos Na escola ser o os que podem ser lidos os que servem convenientemente a aprendizagem da leitura e a forma o de leitores Assim sendo tal como os escritores autores preveem para os seus textos porque estes assim o imp em um destinat rio como condi
253. em que todas as atividades da aula de l ngua para n o falar das que s o levadas a cabo na generalidade das disciplinas s o textos p 10 Estes autores acrescentam ainda por estes os textos que o aluno acede a diferentes saberes disciplinares pelo trabalho com os textos com a sua familiariza o tanto a n vel oral como escrito que se vai construindo um sucesso educativo mais real idem ibidem Desde j e atendendo aos aspetos apontados at ao momento certo que perante a rapidez da evolu o t cnica e da vida quotidiana Furtado 2000 198 em contexto escolar n o basta o simples contacto com os textos e com as obras para que os alunos possam 23 Quest o levantada a partir das perspetivas de an lise lan adas por Soares 2006 no mbito do estudo A escolariza o da literatura infantil e juvenil p 17 24 N o podemos deixar de referir aqui que a escola enquanto espa o especializado de aprendizagem da leitura de desenvolvimento da compet ncia leitora Sousa 2008 56 dever ser tamb m um espa o que vise a conquista do prazer de ler idem ibidem Se o verbo ler n o suporta o imperativo Pennac 1993 11 ent o o modo como nos contextos escolares os indiv duos se encontram com os textos determinante no seu futuro como leitores Dion sio 2000 44 Assumem assim particular import ncia as bibliotecas escolares na qualidade de
254. em torno dos textos 93 textos de diferentes tipos mas que tratam o mesmo tema ou aos que surgem inseridos num diferente contexto por exemplo numa sec o rubrica com um texto e atividades destinadas a orientar a sua compreens o ou a aferir a aquisi o de conhecimentos Lendas e Tradi es Ser que j sei ou J sou capaz identificamo los como textos secund rios iil os textos que s o explicitamente propostos para leitura recreativa e cuja fun o imediatamente reconhecida a de estimular o gosto pela leitura por exemplo em rubricas intituladas Leitura Recreativa ou para leitura de enriquecimento por exemplo em rubricas intituladas Vou ler sobre A prop sito os textos usados como modelos de escrita como exemplo ou fonte de exemplos de situa es em atividades exerc cios de funcionamento da l ngua ou outros dos quais n o decorrem sugest es de exerc cios ou atividades e que se apresentam por assim dizer avulsamente alguns para por exemplo Treinar a Mem ria outros por se encontrarem a gravitar em torno dos textos prim rios n o se sabe exatamente a fun o que lhes atribu da Decora o Motiva o Refor o da mensagem do texto nuclear Divulga o e tamb m os textos em que o pr prio manual a conferir lhes esse estatuto por exemplo atrav s de instru es dadas Leio o texto ou L os seguintes pr
255. en a O Monstro 297 7 Autor a conforme consta no manual Narrativa Sophia de Mello Breyner Andresen Narrativa Sophia de Mello Breyner Andresen Narrativa Carlos Pinh o Narra iva Miguel Sousa Tavares Narrativa Maria Isabel Soares Narrativa Ant nio Torrado Poesia Jorge Sousa Braga Narrativa Maria Isabel de Mendon a Soares Narrativa lise Losa Jos Eduardo Narrativa Agualusa Poesia Alexandre Perafita Narrativa aria Rosa Cola o Narrati Sophia de Mello arrativa Breyner Andresen Narrativa atilde Rosa Ara jo Narrativa Nat rcia Rocha Narrati Sophia de Mello arrativa Breyner Narrativa atilde Rosa Ara jo Narrativa aria Alberta Men res Poesia Papiniano Carlos Narrativa Lu sa Ducla Soares Narrativa Jos Jorge Letria Narrativa Jos Jorge Letria Narrativa Ana Saldanha Poesia Isabel Lamas Narrativa Esther de Lemos Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narra Narrati Poesia Narrativa Jos Jorge Letria Narrativa Sophia de Mello Breyner Andresen Narrativa Lu sa Ducla Soares Narrativa Miguel Sousa Tavares Poesia Jo o Pedro M sseder Narrati iva Ant nio Mota iva Maria Alberta Men res iva Miguel Sousa Tavares iva Ant nio Mota iva Agustina Bessa Lu s iva Jos Jorge Letria iva Matilde Rosa Ara jo iva Jorge Amado iva Ant nio Quadros iva Ant nio Torrado Maria Jos Meireles iva Vaz da Silva iva Alexandre Parafita Ana Maria Ma
256. ensou Isabel Este pensamento interessou a extraordinariamente Aos sete anos logo que tinha aprendido a ler Isabel tinha lido a hist ria da Branca de Neve e dos Sete An es Pensava muitas vezes nessa hist ria Parecia lhe que os seus pal cios enterrados na terra como as luras dos coelhos ou escondidos em lugares solit rios dentro do tronco das rvores E Sophia de Mello Breyner Andresen A Floresta Figueirinhas 2004 ed pp 12 13 excerto Depois do texto no manual uma das perguntas com que os seus destinat rios s o confrontados Como era o bosque para onde a Isabel se dirigiu M1 3 p 31 Vemos na vers o adulterada que muitos dos elementos a considerar nessa resposta se apresentam omitidos Texto no livro do autor Texto no manual Era um lugar muito solit rio onde nunca passava ningu m Mesmo o jardineiro era raro ali ir pois naquele lugar tudo crescia selvagem e n o havia canteiros nem flores Era um lugar muito solit rio onde O ch o estava todo coberto de nunca passava ningu m 5 lt musgo e das altas copas das rvores descia uma sombra tr mula atravessada aqui e al m por raios doirados de sol M1 32 p 12 257 Observemos mais um exemplo das consequ ncias das supress es cf sombreados a vermelho Texto no livro do autor vs Texto no manual M5 4 pp 60 61 Como que hei de encontrar o caminho perguntava ela E lev
257. ente surge sempre uma pequena atividade motiva o para a leitura relacionada com o texto a ler Este por sua vez ocupa lugar central na p gina sendo frequentemente antecedido por uma ilustra o que preenche geralmente cerca de um ter o desse espa o N o obstante s o de registar casos em que as ilustra es s o apresentadas por baixo da mancha gr fica dos textos estas normalmente s o mais extensas ou a seguir ou paralelamente a estes sobretudo no caso dos poemas ou at emoldurando os Em muitas situa es estendem se at p gina ao lado n o comprometendo no entanto a sua legibilidade Os t tulos dos textos aparecem centrados com cor e em corpo maior do que o usado nas manchas gr ficas Estas ltimas n o sofrem a interfer ncia de quaisquer outros elementos na sua disposi o Comprova o o facto de se sobreporem as ilustra es e n o o de ajustarem o seu corpo sua forma e dimens o Depois de cada um destes textos centrais s o propostas rubricas diferentes umas relacionadas com a sua leitura Procuro no dicion rio e J posso responder outras para trabalhar compet ncias de escrita No meu caderno de oralidade e ou conte dos de funcionamento da lingua Gram tica e Vou praticar Surgem tamb m outros textos adivinhas prov rbios trava linguas lengalengas Em termos da sua composi o gr fica sobressaem tons azuis e verdes cores bastante vis veis ao
258. ente mais encurtados e ou fragmentados Mostra e confirma o de que estes procedimentos ocorrem sem inibi es mediante crit rios cuja prioridade n o com certeza a de serem preservadas a sua integralidade e originalidade I 307 M5 4 2 Seas 48 M4 4 ummm 17 83 6 M3 4 33 M2 4 o 4 ED M1 4 52 m Nat estrutural formal m Nat l xico gramatical M5 3 M 60 1 T Nat gr fica EE 3 O O 33 M4 3 _ o es 52 M3 3 M 738 M2 3 AS M1 3 E 39 0 20 40 60 80 100 Gr fico 10 Natureza dos procedimentos de supress o em cada manual Assim sendo do que neles delimit mos resultaram em maior n mero situa es de natureza l xico gramatical 201 com a supress o de palavras e ou sequ ncias de palavras no interior das frases Nesta subcategoria colhemos evid ncias de dois tipos palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical P SPFG e palavras sequ ncias de palavras de conte do P SPC 190 S o mais recorrentes as supress es de palavras sequ ncias de palavras de conte do P SPC de que s o exemplo os nomes os adjetivos os verbos os adv rbios e os numerais ou os grupos de palavras que os contenham Em tr s dos manuais M2 3 M5 3 e M3 4 esse n mero det m um peso significativo quando comparado com os valores relativos supress o de palavras sequ ncias de palavras com fun o
259. entidos e significados diz respeito e da constru o de um perfil de leitor Tendo em considera o os exemplares em an lise verificou se que de uma maneira geral todos eles apresentam planos constitutivos do mesmo tipo Ressalve se aqui que tal n o se verifica no caso dos Textos de Abertura uma vez que nem todos os manuais os cont m Al m destes encontramos i ndice ii Programa o Plano s mensal ais trimestral ais iil Unidades Didaticas iv Textos v Rubricas Atividades vi Questionarios Independentemente das diferen as sobretudo quanto localiza o e ordem de cada um destes elementos detetamos no modo de enquadrar os textos nestes suportes um padr o ou regularidade que nos permitiu seguidamente vislumbrar em cada um deles a proposta de um dado esquema did tico 106 Nos livros did ticos portugueses os textos n o s o para ser lidos autonomamente pelo contr rio a sua leitura decorre num quadro de normas e linhas de orienta o tamb m institucionais que integram um dos planos de estrutura o discursiva dos livros did ticos e cuja fun o independentemente da sua forma fichas de leitura guides sugest es de trabalho etc a de organizar as opera es interpretativas dos leitores Castro amp Dion sio 2003 4 N o ignoramos antes reconhecemos que tal evid ncia nos conduziria por uma interessante reflex o sobre como do ponto de vista dos autores d
260. entral os chamados textos nucleares Estes textos tamb m j o referimos s o ponto de partida e de chegada para atividades e exerc cios que visam essencialmente a constru o de significados sobre ou a parti deles cf Castro amp Sousa 1998 45 Neste mbito e n o desconsiderando as representa es e conce es que destas propostas emergem interessam nos particularmente os sentidos e os leitores que se fabricam ou podem fabricar tendo como refer ncia os tipos ou de outro modo os n veis de enquadramento em que s o colocados esses textos e que se realizam sob a forma de temas t tulos ilustra es e outras atividades relacionadas com a sua leitura Queremos com isto firmar a ideia de que os sentidos dos textos n o se arquitetam somente quando se descodifica e compreende a sua materialidade lingu stica mas que em seu redor no contexto em que surgem inseridos podem ser identificados outros componentes ou 169 elementos que tornam vis vel a sua fun o naqueles lugares condicionando a sua leitura e subsequentemente a constru o desses significados Les manuels actuels poss dent une structure dans laquelle plusieurs niveaux sont imbriqu s C est d sormais la page ou pour tre plus pr cis la double page qui constitue l unit l mentaire du manuel Cette double page accueille non un texte unique et quelques reproductions mais une s rie de pav s de texte
261. er as letras e as normas para as suas combina es Ler de modo a poder falar se em conquista descoberta viv ncia envolve uma dimens o cultural bem assim como uma dimens o anal tica e cr tica Dimens es que possibilitam ver os textos como mais do que conjuntos de palavras que envolvem rela es sociais cujo contexto de produ o e rece o lhes d tamb m sentido No fundo ver que os textos s o constru es s cio hist ricas complexas Dion sio 2005 33 Finalmente real ava se a valoriza o do livro enquanto objeto de leitura privilegiado e a pertin ncia de nos momentos e atividades de leitura ser reservado um espa o para que os leitores pudessem interagir fazendo ressaltar a possibilidade de interpreta es diferentes para um mesmo texto rela o objetividade vs subjetividade Para que este processo de constru o de sentidos e de compreens o pudesse ocorrer os Programas referiam a necessidade do uso de diferentes estrat gias de leitura Contudo acabavam por n o especificar nem apresentar com clareza o tipo de estrat gias de leitura que desejavelmente os alunos deveriam adquirir e desenvolver nos primeiros anos de escolaridade a fim de enriquecerem esta compet ncia Compreender um texto de modo a retirar dele informa o ou a frui lo exige que o sujeito desempenhe em simult neo uma s rie de automatismos que exigem muito treino e que implicam a atua o de complexos mecanismos percetivos cog
262. erca dos seus conte dos De facto poss vel comprov lo quando a t tulo exemplificativo os confrontamos com os question rios que surgem 256 sobretudo a seguir a estes e verificamos o que ent o solicitado depois da sua leitura Nas vers es dos textos nos manuais as respostas para essas solicita es podem na verdade ter sido abreviadas Atente se nas supress es operadas no texto a seguir cf sombreados a vermelho Texto no livro do autor vs Texto no manual M1 3 p 12 II Era no m s de Outubro num s bado tarde Nos s bados tarde Isabel n o tinha aulas Por isso mal acabou o almo o saiu para a quinta O tempo estava ainda muito quente e nem uma erva bulia Isabel dirigiu se para um pequeno bosque que ficava perto da casa Era um lugar muito solit rio onde nunca passava ningu m BSRONON andlNenONelenlelOlaliNinpOlsniecUeleNUgenivGda Isabel estendeu se ao comprido no ch o junto dum carvalho e come ou a ler Mas o livro ma ou a e ao fim de um quarto de hora ela pousou o a seu lado e come ou a olhar Baka um carreiro de formigas que avan ando atrav s de musgo se dirigia para um buraco que ficava perto da rvore Ent o o olhar de Isabel pousou no tronco do carvalho Era escuro enorme e rugoso e seriam precisos tr s homens para o abra ar As ra zes saindo um pouco da terra formavam arcos e cavidades que lembravam pequenas cavernas Um sitio bom para morarem an es p
263. eriza o global de cada um dos manuais tendo em considera o o n mero de textos o tipo a origem e autoria e o enquadramento Este levantamento permitir nos descrever os textos tecendo considera es n o apenas relativamente a alguns dos procedimentos associados sua recontextualiza o mas tamb m relativamente s circunst ncias em que se delimita e configura o c none liter rio escolar cf Diogo 1994 Dion sio 2000 Isto partindo se do pressuposto de que pelo lado da presen a dos textos da literatura os atuais manuais continuam a assumir a sua fun o de loci de conforma o do canone Dion sio 2000 86 Quadro 3 Quadro para recolha global de dados nos manuais escolares Manual Origem e Autoria Tipos de texto Marcas expressas T int Exc Autor T tulo obra Editora P de adultera o Outras ref Dram BD P L O TEXTOS PRIM RIOS TEXTOS SECUND RIOS OUTROS TEXTOS 88 Relativamente a esta quest o a da conce o ou forma o de um c none liter rio base mo nos em Ceia 1999 que afirma o seguinte seja em teoria liter ria seja em desenvolvimento curricular o c none hoje aceite ser a institucionaliza o de um certo n mero de autores e textos que se tomam como fundamentais para a compreens o de uma dada hist ria e tradi o liter rias p 117 88 A nossa aten o deter
264. ers 1998 74 Ha ent o textos pr prios para se ensinar e aprender a ler na escola Assumir se que o leitor s capaz de ler e compreender textos que sejam adaptados ao seu n vel as suas capacidades ao seu meio Os textos que resultam dos procedimentos de adultera o ditam n veis de leitura e perfis de leitor Efetivamente e de acordo com Dion sio 2000 nos manuais escolares os textos selecionados as atividades apresentadas s o fator constitutivo e constituinte de conce es partilhadas sobre textos e leitores sobre leitura e literatura e sobre o processo do seu ensino aprendizagem bem assim como dos valores a ela associados pp 102 103 A parte por agora estas pertinentes quest es e a inevitabilidade da altera o do contexto textual no processo de transfer ncia dos textos do seu suporte liter rio para os manuais escolares como vimos comum entre os exemplares que circulam no mercado editorial e escolar a forma de os enquadrar ou apresentar naqueles lugares 2 2 1 2 O PROCESSO DE REPRODU O OU C PIA DOS TEXTOS Como temos vindo a referir ao processo de c pia e transcri o dos textos no caso em estudo os impressos inerente a possibilidade de ocorr ncia de transforma es e de erros que podem conduzir adultera o ou corrup o do seu estado original 72 Por conseguinte importante pensar num conjunto de pressupostos que permitem compreender co
265. ersidade do Minho pp 51 68 SEQUEIRA Fatima 2000 A leitura e a crise paradigm tica do S c XXI In M de F tima Sequeira Formar leitores O contributo da biblioteca escolar Lisboa Instituto de Inova o Educacional pp 51 58 SILVA Ezequiel Theodoro 1988 A leitura no contexto escolar In Caderno Id ias 5 Leitura caminhos da aprendizagem pp 63 70 SILVA Ezequiel Theodoro da amp ZILBERMAN Regina 2004 Pedagogia da leitura movimento e hist ria In Regina Zilberman amp Ezequiel Theodoro da Silva Org Leitura Perspetivas interdisciplinares S o Paulo Editora tica pp 111 115 SILVA Susana 2006 A ilustra o de Maria Keil An lise gr fica e composi o de p gina In www casadaleitura org pp 1 16 originalmente publicado em Atas do 6 Encontro Nacional 4 Internacional de Investiga o em Leitura Literatura Infantil e Ilustra o Braga Universidade do Minho pp 199 209 SIM SIM In s DUARTE In s amp FERRAZ M Jos 1997 A L ngua Materna na Educa o B sica Compet ncias Nucleares e N veis de Desempenho Lisboa Minist rio da Educa o Departamento da Educa o B sica SIM SIM In s 2001 A forma o para o ensino da leitura In In s Sim Sim Org A Forma o para o Ensino da L ngua Portuguesa na Educa o Pr escolar e no 1 Ciclo do Ensino B sico Porto Porto Editora pp 51 61 SIM SIM In s 2002 Desenvolver a linguagem aprender a l ngua In Ada
266. es embora variados aumentando o grau de dificuldade com o passar das unidades M5 3 Naturalmente que neste exemplo os crit rios descritos s o suscitadores de d vidas e de subjetividades Ficamos sem saber porque o manual n o o refere o que se entende por textos muito simples estar o em causa estruturas lingu sticas vocabul rio dimens o ou o que se entende por textos variados ser refer ncia diversidade quanto tipologia aos 90 temas O que significar aumentar o grau de dificuldade dos textos ao longo do manual A organiza o e o conte do do manual em causa dir nos o coisas sobre o seu significado Finalmente buscaremos nestes textos de apresenta o dados relativos a uma terceira categoria preocupa es filol gicas concretamente evid ncias do reconhecimento da exist ncia de condi es de reprodu o dos textos j que em torno deles que tudo surge nos manuais Entendemos pelo que at ao momento tem sido defendido que tais cuidados s o incontorn veis sob pena de se descredibilizar todo o projeto editorial Se nos textos de abertura que encontramos explicitados os seus princ pios e linhas de for a ent o desde logo neste plano constitutivo do manual que se podem vislumbrar cuidados inten es ind cios do reconhecimento da responsabilidade que se deve ter neste mbito Neste caso interessa nos n o s o que dito mas
267. es n o s a realiza o de aprendizagens bem sedimentadas e teis para a vida como tamb m a aquisi o e desenvolvimento de compet ncias base leitura escrita e c lculo correspondentes s in meras e variadas exig ncias do quotidiano 10 nova revolu o da informa o Drucker apud Furtado 2000 284 Neste mbito as mais recentes tecnologias det m grandes responsabilidades Os computadores a Internet e outros meios de comunica o e de socializa o por exemplo a televis o os jornais o cinema n o s ampliam aceleram e modificam os modos de circula o dos conhecimentos concretamente e como j anteriormente se mencionou os suportes materiais de leitura dos textos as formas da sua produ o e da sua difus o os modos de ler como tamb m alteram o seu estatuto O mundo moderno tem experimentado de facto enorme avan o tecnol gico com grande repercuss o na rea da comunica o Nos ltimos dois s culos criaram se v rias formas de publiciza o da informa o al m do livro e dos produtos da imprensa gr fica o r dio o cinema a TV as redes de computador Multiplicou se assim a quantidade de informa o e em certa medida neutralizaram se diferen as qualitativas houve modifica es substanciais na pr tica cient fica aumentando tanto a quantidade de verdade conhecida como tamb m de objetos cient ficos Britto 2006 80 81 Ao mais recente avan o
268. es posi es existentes na comunidade em que se origina e para a qual se destina determinado texto se transforma quando migra desse campo para outro no qual encontra agentes que 26 In s Sim Sim 2002 partilha desta ideia do que deve ser o ensino da leitura na escola afirmando que o tipo de material e as finalidades espec ficas da leitura determinam as estrat gias usadas pelo sujeito p 207 Por isso refere ainda a mesma autora n o se aborda uma lista telef nica da mesma maneira que uma not cia de jornal ou um poema A efici ncia da leitura resulta da efic cia das estrat gias utilizadas e essa efic cia que permite distinguir um bom de um mau leitor idem ibidem 27 Delgado Martins Ramalho amp Costa 2000 fornecem exemplos representativos desta diversidade textos em prosa poesia relat rios legisla o artigos de jornais e revistas textos de manuais das diversas disciplinas textos liter rios documentos formul rios gr ficos mapas tabelas mas tamb m banda desenhada e escrita em suportes variados papel ecr de televis o ou de computador telas e quadros eletr nicos p 17 28 Se pensarmos que a inser o dos sujeitos numa comunidade de leitores passa entre outras coisas pela cria o de contextos onde ler e ver ler t o natural como outra atividade qualquer onde a leitura desempenha fun es diversas mas de igual forma valorizadas Dion sio 2000 22 ent o pressup
269. escrita bem como h bitos e valores que as promovem e transformam em pr ticas culturais efetivas Amor 2006 82 Porque a escola na qualidade de mediadora de leitura e enquanto lugar de forma o de leitores legitima o que se l e o modo como se l Sousa 2008 56 Porque dessa forma de atuar resulta a constru o de determinados perfis de leitores deter nos emos concretamente nos textos que esta d a ler aos alunos isto nos textos que neste espa o circulam nos seus suportes e nos objetivos dessa circula o Deste trabalho resultar uma reflex o sobre as formas e as estrat gias adotadas no mbito do processo de escolariza o dos textos e da leitura concretamente dos textos liter rios no seu processo de transi o entre a obra original e o manual escolar Em causa est o escolhas e procedimentos inerentes sele o de obras e autores e transposi o ou deslocamento de textos fragmentos de textos 21 Referimo nos aqui ao universo textual a que o aluno de acordo com o que surge enunciado no Curr culo e nos Programas reguladores do ensino tem dever ter acesso na escola e que lhe permitir n o s aprender a ler mas sobretudo desenvolver a compet ncia leitora 22 Aspeto vis vel atrav s dos materiais utilizados nas v rias situa es de ensino e aprendizagem e das pr ticas de leitura propostas cf Sousa 2008 56 A escola atrav s dos professores e das v rias
270. ess es decorrentes da necessidade falta de espa o Com efeito as v rias sec es do manual encontram se bem identificadas As cores e os tons usados s o alegres e apelativos 167 M5 4 O manual M5 4 com o titulo Pirilampo Lingua Portuguesa 4 ano 1 edi o 1 tiragem 2006 da Edi es Nova Gaia foi neste n vel o quinto mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 A autora No mia Torres Apresenta design da Edi es Nova Gaia ilustra o de Jo o Tavares capa da Edi es Nova Gaia impress o e acabamento da EIGAL composto por 144 p ginas numeradas A sua abertura feita nas p ginas 3 4 e 5 com o ndice Este surge dividido em seis partes cada uma delas com um t tulo correspondente a um bloco do Programa de ensino de Estudo do Meio descoberta de si mesmo descoberta dos outros e das institui es descoberta do ambiente natural descoberta das inter rela es entre espa os descoberta dos materiais e objetos e descoberta das inter rela es entre a natureza e a sociedade Depois surgem subcabe alhos e listagens relativos aos t tulos dos textos selecionados Texto aos nomes dos autores Autor aos conte dos gramaticais focados Conte dos Gramaticais e as p ginas Pag A divis o ou o agrupamento dos textos ao longo do manual n o se faz no entanto tendo como refer ncia as designa
271. esso estrat gico onde a sele o a antecipa o a formula o de hip teses e a infer ncia jogam papel relevante por este processo que o leitor regulado como em qualquer outra situa o comunicativa por exig ncias de negocia o a fim de alcan ar o valor proposicional e ilocut rio da mensagem p e em confronto com o texto os seus conhecimentos da l ngua e do mundo idem ibidem Se a escola constitui um espa o privilegiado para o ensino e para a aprendizagem da leitura ent o importante que a se definam metas e objetivos que operacionalizem os v rios segmentos deste processo Para al m disso indispens vel que os comportamentos resultantes dessas a es sejam submetidos a pr ticas de avalia o S desta forma se podem detetar causas de dificuldades e em sequ ncia definir formas de atua o interven o e ajuda cf Sousa 1989 Tapia 2003 Devido complexidade dos conhecimentos e atividades que o aluno deve p r em jogo quando l para compreender um texto esta capacidade nem sempre se desenvolve de modo adequado preciso por isso que os professores saibam como proporcionar aos alunos as ajudas necess rias a fim de ultrapassarem as dificuldades que estes experimentam quando tentam compreender Para que isto seja poss vel preciso avaliar os alunos previamente a fim de averiguar que fatores determinam tais dificuldades Tapia 2003 179 A este prop sito Sousa 1989 num
272. eu conjunto verifica se que a distribui o dos valores pelas v rias subcategorias definidas para as transforma es evidencia alguma rareza ou baixa frequ ncia das adultera es deste tipo N o obstante alguma escassez da sua presen a isol mos situa es variadas que justificam a sua an lise Antes de o fazermos por m direcionemos a nossa aten o para o gr fico 12 a seguir onde constam as percentagens correspondentes aos dados anteriores e respeitantes a cada manual Nele vemos confirmada a preval ncia das transforma es de natureza l xico gramatical na quase totalidade dos casos em estudo Em v rios os valores atingidos ultrapassam os 50 Assinalam se os manuais M2 3 M4 3 e M5 3 pelo facto de neles serem tamb m bastante expressivas as transforma es de natureza gr fica que caracterizaremos adiante 208 l AO E 24 Ms 4 22 0 M4 4 25 Ao hax M3 4 24 Ao E 21 M2 4 Ds 26 M1 4 M5 32 459 M4 3 41 M3 3 M2 3 2 6 M1 3 2 54 m Nat estrutural formal Nat l xico gramatical m Nat gr fica 52 0 20 40 Gr fico 12 60 80 Natureza dos procedimentos de transforma o em cada manual Retomando o quadro anterior cf quadro 40 podemos observar que ocorrem com maior regularidade opera es de substitui o modifica o de palavras ou sequ ncias de palavras de conte do Subst Mod P SPC A di
273. eu o Menino O Cego estava contente Ora v s que n o dif cil fazer cor de laranja Junta o amarelo do sol ao vermelho da terra ESSRNHSIBANdERaES Vai depressa acabar de pintar O Menino correu para casa misturou as cores e as algas alaranjadas surgiram no papel Ant nio Torrado Como se faz cor de laranja Edi es ASA 1986 4 2 ed 248 Como vemos na vers o do manual suprimida uma grande extens o do texto Al m da n tida altera o da mancha gr fica notam se quebras na jun o das partes deixadas O excerto mostra ser por isso descontextualizado e lac nico em determinados pontos Repare se que nesta narrativa s s o fornecidas as partes iniciais introdu o e complica o e final resolu o da hist ria Em sequ ncia obt m se um exemplo entre alguns dos identificados em que o excerto se torna aut nomo deixa de estar dependente do texto integral De facto subtrai se uma parte significativa do enredo optando se por oferecer ou p r ao dispor do leitor o que lhe despertar mais curiosidade o in cio e o fim da hist ria Obviamente depois da leitura desta vers o abreviada e apressada este pouco se interessar pelo que foi retirado vers o integral Ao privilegiar se esta forma de delimitar o texto extraindo uma parte significativa do seu miolo v rios cen rios se desenham Constituem exemplos disso a pretens o de servir um tema representa o ou a inten o de tipific
274. exto no manual Perguntou lhe o Cego o que fazia naquele jardim e o Menino falou da cor de laranja do fundo do mar das algas e contou as casas que correra as pessoas a quem falara O Cego sorria Texto no livro do autor 8 O lt lt menino gt gt falou lt lt do gt gt cor de laranja enquanto o lt lt cego gt gt sorria M2 32 p 82 Texto no manual A chegada do Outono com as aulas quase a come arem os cinco netos da av Genoveva viam cair as folhas amarelecidas de um velho pl tano que havia no quintal e assistiram partida dos bandos de p ssaros e de patos para as terras mais quentes do sul A chegada do Outono com as aulas quase a come arem os cinco netos da av Genoveva viam cair as folhas lt lt amareladas gt gt de um velho pl tano que havia no quintal e assistiram partida dos bandos de p ssaros e de patos para as terras mais quentes do lt lt Sul gt gt M2 42 p 24 Texto no livro do autor Texto no manual Em destaque a Bandeira da Funda o do Reino Ao lado a Bandeira das Quinas lembrando os cinco reis mouros vencidos na c lebre batalha de Ourique em 1139 Em destaque a lt lt bandeira gt gt da lt lt funda o gt gt do Reino Ao lado a lt lt bandeira gt gt das lt lt quinas gt gt lembrando os cinco reis mouros vencidos na c lebre batalha de Ouriqu
275. exto original tendo lhes sido atribu do um t tulo Em muitas outras situa es por m essa delimita o resulta de supress es operadas na vers o original mais frequentemente em narrativas longas sendo mantidas certas partes ou sequ ncias e outras suprimidas em muitos destes casos que o t tulo original permanece intocado passando se de certo modo a ideia de que os textos as hist rias est o completos cf a seguir os procedimentos de adultera o Ao atuarem deste modo os autores dos manuais assumem perante os destinat rios dos seus projetos que todas essas partes subtra das aos textos s o dispens veis ou pouco relevantes quando toca a atender as expectativas criadas pelos respetivos t tulos Quadro 32 Natureza dos t tulos dos textos Textos Manuais Origem Natureza do titulo Titulo Integral Excerto Original Atribuido Adulterado M2 3 Como se faz cor de laranja M2 3 A ponte Estranh es bizarrocos e outros seres sem exemplo M4 3 N o d i nada M2 4 N o d i nada M3 4 Voar em Guimaraes M2 3 M3 4 Historia de uma gota de agua M3 4 O diabo e o lavrador M5 4 O monstro 176 Acrescentamos aos exemplos anteriores o caso das narrativas breves e dos poemas para os quais s o igualmente mantidos os t tulos originais mas que por serem tamb m eles submetidos a procedimentos de adultera o predominantemente supre
276. ferindo se o seu encadeamento mecanizando os e ou tornando os menos pormenorizados detalhados Ainda ao n vel da frase verificou se o recorte de sequ ncias enumerativas e ou de listagens Temos novamente aqui a omiss o de elementos neste caso das partes que tornam vis vel o todo Texto no livro do autor Texto no manual Aos sete anos logo que tinha aprendido a ler Isabel tinha lido a historia da Branca de Neve e dos Sete An es Pensava muitas vezes nessa hist ria Parecia lhe que viver entre an es devia ser uma coisa maravilhosa Imaginava as casas dos an es os seus pal cios enterrados na terra como as luras dos coelhos ou escondidos em lugares solit rios dentro do tronco das rvores Texto no livro do autor Aos sete anos logo que tinha aprendido a ler Isabel tinha lido a hist ria da Branca de Neve e dos Sete An es Pensava muitas vezes nessa hist ria Parecia lhe que lt lt seria maravilhoso viver entre an es 3 lt nos gt gt lt lt gt gt seus pal cios enterrados na terra como as luras dos coelhos ou escondidos em lugares solit rios dentro do tronco das rvores M1 32 p 30 Texto no manual Quando esse dia chegou o propriet rio chamou dois criados mandou atar a mula carro a e seguir at quinta para carregar o que por acordo lhe pertencia Quando esse dia chegou o propriet rio foi X lt
277. ficam estas op es metodol gicas F lo emos atrav s da recolha de excertos Assim sendo conduzir o e orientar o a nossa an lise os dados relativos s seguintes categorias princ pios de valoriza o dos textos e da leitura ii crit rios de sele o dos textos e lil preocupa es filol gicas Quadro 4 Quadro para recolha de dados nos textos de abertura Textos de abertura Manuais Princ pios de valoriza o dos textos e da leitura Crit rios de sele o dos textos Preocupa es filol gicas Relativamente primeira categoria princ pios de valoriza o dos textos e da leitura pensamos ser importante procurar em cada manual marcas verbais da valoriza o dos textos enquanto recursos da aula usados para cumprir os fins da escola Poder se ainda a partir daqui realizar infer ncias quanto import ncia atribu da leitura na qualidade de compet ncia a 89 desenvolver uma compet ncia til e determinante em contexto escolar e extraescolar cf capitulo pontos 1 2 e 2 1 Parece nos que a caracteriza o do entendimento dos autores dos manuais quanto a este aspeto ajudar a depreender raz es que justifiquem determinadas formas de proceder relativamente aos textos Efetivamente em muitas situa es moldam nos adaptam nos alteram nos como se dessa maneira os estivessem a transformar em recursos bons para servir o ensino e a aprendizagem da leitura
278. ficava com frio de tanto tomar banho o rapaz vinha estender se num pequeno espa o de areia muito grossa que havia na margem do ribeiro e ficava a aquecer se ao sol Nas noites de Ver o antes de ir para a cama vinha tamb m muitas vezes sentar se ali para se refrescar com a brisa fresca que vinha do rio ou ent o deitava se de costas na areia e ficava a olhar para as estrelas do c u que brilhavam como se estivessem todas em festa 3 Nas noites de Ver o antes de ir para a cama vinha 3 muitas vezes sentar se lt lt junto ao rio gt gt 9X ou ent o deitava se de costas na areia e ficava a olhar para as estrelas do c u que brilhavam como se estivessem todas em festa M1 3 p 104 Texto no livro do autor Texto no manual Ficaste a ganhar porque at aqui eu pouco entendia de agricultura condescendeu Texto no livro do autor Ficaste a condescendeu x ganhar M4 32 p 126 Texto no manual Estava ela entretida com estes pensamentos quando de repente um sopro de vento a afastou mostrando agora algo muito diferente daquilo a que estava habituada 9 De repente um sopro de vento lt lt afastou a gt gt mostrando agora algo muito diferente daquilo a que estava habituada M3 42 p 62 Vemos serem igualmente apagadas sequ ncias de palavras que nas frases det m valor lo
279. galh es e Isabel Al ada Adriano da Cruz Guimar es iva Fernando Cardoso Sophia de Mello Breyner Andresen iva Miguel Sousa Tavares iva Guerra Junqueiro Lu sa Ducla Soares Textos no manual Quadro 2 Obras consultadas para confronta o dos textos nos manuais Obras consultadas P g T tulo Autor Obra Editora N ed Data 12 s t tulo Sophia de Mello A menina do mar Figueirinhas 372 1998 Breyner Andresen 30 A floresta Sophia de Melo A floresta Figueirinhas 232 1994 Breyner Andresen 94 Protege os animais Carlos Pinh o Vov Bicho Livros Horizonte 1984 H a 104 As estrelas Miguel Sousa O segredo do rio Oficina do Livro 2006 Tavares tiragem 110 Os pontos cardeais Nantes Oe Camarao qug perdeu o Edi es tica 2 1976 Mendon a Soares Norte 82 Como Pd Ant nio Torrado Como se faz cor de laranja Edi es Asa 5a 1992 90 A Terra Jorge Sousa Braga RO do Esolas INTO Ass rio amp Alvim 2004 A Terra poema Maria Isabel de Logo se v livro E os i prole Mendon a Soares A colheita cap tulo arora yerno JA S A Flor Azul livro 110 A ponte lise Losa Edi es Asa 6 3 1986 A ponte conto 146 Estranh es bizarrocos e Jos Eduardo Estranh es amp Bizarrocos Publica es Dom 12 2000 outros seres sem exemplo Agualusa Quixote 2 E A Mala Vazia e Algumas 12 Era uma vez um pi o Alexandre Parafita Hist rias de Tradi o Oral Ambar 2003 18 Que avest
280. gni o da Lingua Materna Revela se ainda capaz de fomentar a modula o do imagin rio e do sentido criativo a capacidade de ler em clave de raz o e de intui o Bernardes 2005 125 2 2 PR TICAS DE RECONTEXTUALIZA O DOS TEXTOS LITER RIOS 2 2 1 EM TORNO DAS ESPECIFICIDADES DO DISCURSO PEDAG GICO A transfer ncia dos textos do seu suporte original neste caso do livro de literatura infantil para o manual escolar em concreto para a p gina deste instrumento suporte que disponibiliza os textos em contexto pedag gico acarreta necessariamente mudan as a v rios n veis 31 Soares 2006 reconhece que de facto n o h como evitar altera es neste processo de transporta o entre suportes seja pelas caracter sticas f sicas destes objetos seja pelas suas diferentes fun es e pelas finalidades de leitura que lhes subjazem Ao ser transportado do livro de literatura infantil para o livro did tico o texto tem de sofrer inevitavelmente transforma es j que passa de um suporte para outro ler diretamente no livro de literatura infantil relacionar se com um objeto livro de literatura completamente diferente do objeto livro did tico s o livros com finalidades diferentes aspeto material diferente diagrama o e ilustra es diferentes protocolos de leitura diferentes p 37 Depreende se desta asser o que a escola por via de um processo de recontextualizagao 6 se apr
281. gora no s tipo s de adultera o que suportam tais procedimentos Iniciamos esta an lise com um gr fico que espelha o que se faz aos textos quando utilizada a categoria mais recorrente as supress es Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat estrutural formal Grafico 9 Natureza das supressdes na globalidade dos manuais A designa o atribu da a este procedimento reflete de forma contundente os atos de cortar recortar delimitar os textos Tal prefigura inevitavelmente e como j atr s referimos uma contra o ou um encurtamento mais ou menos extenso que se repercute ao n vel da sua mancha composi o lingu stica e gr fica A partir dos dados agora presentificados observamos uma maior frequ ncia de supress es de mbito l xico gramatical 46 muito embora a diferen a m nima notada em rela o ao n mero de ocorr ncias de natureza estrutural formal 43 nos leve a crer que estes dois tipos de opera es coexistem na maior parte dos casos analisados Estas ser o portanto as situa es que melhor ilustrar o o que entendemos apelidar de retalhamento dos textos Textos estes que s o deste modo produto de procedimentos que intentam deliberadamente a redu o da sua textura 187 Encontr mos ent o casos de fragmenta o irregular isto textos em que as diferentes subcategorias de supress es que definimos s o operadas de forma alternada intercalada incidindo pre
282. grupos de letras normalmente associados a dificuldades de leitura escrita ao Estudo das Palavras propostas para trabalhar dificuldades associadas utiliza o de palavras grupos de palavras com semelhan as Para todas as rubricas mencionadas anteriormente indicada a pagina o que surge de forma intercalada ao longo da tabela com o cabe alho Pag Comp em este manual um total de 170 textos 64 dos quais s o textos prim rios Encontram se em posi o de destaque nas p ginas pares tendo a enquadr los no topo da p gina uma pequena caixa de texto colorida cor vari vel de acordo com a unidade did tica No seu interior come a por aparecer em letras bastante pequenas o nome do manual seguindo se a designa o da unidade did tica Em alguns casos por baixo desta caixa de texto ainda apresentado um subt tulo referente a conte dos de Estudo do Meio Estes subt tulos n o s o no entanto mencionados na grelha apresentada no in cio do manual Indicam se a seguir os t tulos dos textos que se destacam por surgirem centrados e por terem um corpo de letra maior do que o usado nas manchas gr ficas Estas por sua vez estendem se por toda a p gina sendo acompanhadas por ilustra es extensas colocadas em diferentes posi es entre os t tulos e a mancha gr fica paralelamente aos textos depois dos textos emolduradas pelos textos Nesta parceria a forma e a dimens o de algumas ilustra es determin
283. gt X Ele olhou lt lt pensou gt gt e disse que tinha de a operar lt lt gt gt Texto no livro do autor M3 32 p 18 Texto no manual Quando toda a mar negra foi devorada o presidente da Republica condecorou o no Palacio de Bel m sentido original claramente alterado Texto no livro do autor Quando toda a mar negra foi lt lt comida gt gt o lt lt Presidente gt gt da Rep blica condecorou o no Pal cio de Bel m M5 4 p 142 Texto no manual Nunca tinha pensado que havia folhas t o diferentes disse ela admirada Redondas aos bicos pequeninas grandes 116 Tapia 2003 indica que o conhecimento do vocabul rio uma das determinantes b sicas da compreens o na medida em que facilita a rapidez do reconhecimento do significado das palavras e por isso permitindo que o aluno possa concentrar a sua aten o noutros aspetos da compreens o p 186 Nunca tinha pensado que havia folhas t o diferentes disse ela admirada Redondas aos bicos pequeninas lt lt brancas gt gt M2 32 p 98 212 Texto no livro do autor Texto no manual A papoula de sangue levada na gua Com gua oxigenada tamb m A que tem muito daquele oxig nio que ele respira no ar J corre outra vez A papoula de sangue lt lt la
284. has lt lt mdezinha gt gt Tantas M2 48 p 116 Finalmente deparamo nos com um conjunto de modifica es relacionadas com quest es gr ficas e ou ortogr ficas Os exemplos recolhidos configuram uma 213 Texto no livro do autor corre o aperfei oamento das composi es ou a manifesta o da preocupa o em fazer os discursos condizerem com regras convencionadas Texto no manual E outra papoula esta de mercurio cromo de um vermelho ba o diferente pega se lhe ao joelho Texto no livro do autor E outra papoula esta de lt lt mercurocromo gt gt 3 de um vermelho ba o diferente pega se 3 ao joelho M3 32 p 42 Texto no manual Resmungava de mau humor e voltava a fechar os olhos como se lhe desagradasse todo o espet culo em redor Resmungava de mau humor e voltava a fechar os olhos como se lhe desagradasse todo o lt lt espect culo gt gt em redor M2 48 p 94 Com frequ ncia bastante abaixo da subcategoria anterior surgem as transforma es que decorrem da substitui o modifica o de palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical Subst Mod P SPFG preposi es interjei es pronomes artigos conjun es S o palavras de liga o que no interior das frases det m uma carga sem ntica reduzida Em maior n mero surgem as adultera es representadas por s
285. ia sens vel de import ncia decisiva tanto na visualiza o como na verbaliza o do pensamento pp 114 115 59 gerar novas quest es e descobertas em cada um dos elementos texto e imagem em presen a Maia 20031 6 H assim tipos de ilustra es a necessitar de ganhar terreno no livro e outros a necessitar de perder protagonismo Quem ilustra tem por isso uma miss o especial na aproxima o do leitor ao texto F lo atrav s das imagens O ideal que esta rela o interativa derive na constru o de sentidos Ramos 2007 13 algo perfeitamente vi vel mediante a certeza de que a leitura das imagens n o s apoia a descodifica o do sentido do texto mas pode interagir com ele complet lo alargar lhe o sentido e a interpreta o idem ibidem O ilustrador al m de autor de pleno direito tamb m leitor privilegiado e muitas vezes atrav s da sua leitura que o texto chega junto dos seus destinat rios preferenciais Por isso um ilustrador tem de ser mesmo antes de ser um artista um bom leitor capaz de ler o texto assim como os espa os em branco que ele contempla cooperar com ele na constru o de sentidos muitas vezes n o textualmente expl citos idem 14 Desta forma se constr i a materialidade do texto que segundo Magalh es 2008 11 15 comporta o suporte formato configura o da p gina conven o tipogr fica A rela o entre o plano gr fic
286. iam todos embora dali e deixar as portas de Tr ia o monumental cavalo sozinho em ar de homenagem Ent o Ulisses que todos diziam ser o mais manhoso dos homens pensou pensou e teve uma ideia construir um enorme um gigantesco cavalo de pau 3 lt e dentro do bojo 3 lt se esconderem alguns homens lt lt gt gt 9 Ulisses imaginou que os gregos deviam fingir que se iam 3 lt embora e deixar s portas de Tr ia o monumental cavalo sozinho em ar de homenagem M1 4 P 46 Encontramos tamb m em grande numero ocorr ncias de natureza estrutural formal 187 que se concretizam em situa es de supress o de paragrafos sequ ncias de par grafos e ou em casos de redu o contra o de par grafo quando em causa est o corte de uma ou mais frases no seu interior No nosso entender estes atos configuram uma redu o contra o de texto enquanto unidade dotada de sentido S o com efeito as supress es deste tipo que mais visivelmente interferem na forma disposi o da sua mancha gr fica 199 Ao confrontarmos os dados do quadro 39 com as manchas de texto suprimidas em cada manual conseguimos ver que em alguns essas pr ticas configuram um encurtamento ou resumo dos textos sobretudo nos casos j anteriormente assinalados por apresentarem frequ ncias mais elevadas Depar mo nos particularmente na situa o das narrativas com a omiss o ou
287. ibliogr ficos sobre alguns dos autores mais conhecidos no campo da produ o liter ria para crian as Dos 55 textos que comp em este manual 29 incluem se no grupo dos textos prim rios Surgem agrupados por unidades did ticas e com enquadramento pr prio Antes de o descrevermos importante referir que ao contr rio do que acontece em todos os outros manuais em an lise neste a abertura dessas unidades faz se n o com a apresenta o de um texto mas destinando lhes um espa o privilegiado Demonstra o o facto de lhes serem disponibilizadas duas p ginas Come a por ser apresentada no seu topo uma barra colorida a cada unidade corresponde uma cor No interior desta alinhados esquerda na p gina par encontram se destacados sobretudo pela dimens o do corpo de letra os respetivos n meros e t tulos Esta barra posicionada na horizontal tem liga o com uma outra posicionada na vertical e alinhada direita na p gina impar Ai aparece mais uma vez o n mero da unidade did tica seguido de duas sec es Textos indica o dos seus t tulos e Conte dos Atividades descri o dos conte dos atividades propostos ao longo das unidades Estas duas barras emolduram forma de 1 2 caixilho uma ilustra o relacionada com o t tulo da unidade did tica e de dimens o bastante expressiva perpassa as duas p ginas Esta por sua vez antecedida 166 por um pequeno bloco de quest es que implicam a sua obser
288. ii constituem um ponto de refer ncia uma fonte de informa o para o 5 Pelo menos o que se encontra salvaguardado desde h muito nos documentos oficiais que reconhecem o seu valor enquanto auxiliares do processo de ensino e aprendizagem e lhes conferem o estatuto de recurso s educativo s privilegiado s cf Lei de Bases do Sistema Educativo art 41 2 51 Ressalvamos aqui o trabalho de autores nacionais e internacionais no mbito dos estudos desenvolvidos em torno do manual escolar particularmente o seu estatuto fun es e hist ria No contexto nacional destaca se o Projeto EME coordenado pelo Professor Rui Vieira de Castro e desenvolvido no mbito do Centro de Investiga o em Educa o da Universidade do Minho Tivemos em linha de conta conclus es e constata es resultantes de estudos realizados at ao momento e que fazem alus o a alguns dos procedimentos de extra o dos textos dos seus suportes originais para serem utilizados em manuais escolares Sousa 2000 Dion sio 2000 Rocha 2007 46 conhecimento de autores e obras iii apresentam sugest es para a abordagem da leitura orientada iv servem de apoio planifica o v oferecem temas e libertam o professor de algumas tarefas disponibilizando o para outras vi realizam sistematiza es vii estabelecem liga o entre a escola e a fam lia que se traduz numa rela o de confian a credibilidade e fiabilidade depositada por professore
289. ilia Ribeiro Pedro Discourse analysis Proceedings of the 1 International Conference on Discourse Analysis Lisboa APL Edi es Colibri pp 87 102 SOUSA M de Lourdes Dion sio de 1998 Agora n o posso Estou a ler In Rui Vieira de Castro e M de Lourdes de Sousa Entre Linhas Paralelas Estudos sobre o portugu s nas escolas Braga Angelus Novus pp 55 70 SOUSA M de Lourdes Dionisio de 1999 N veis de estrutura o e dimens es de transmiss o dos livros de portugu s In Rui Vieira de Castro Angelina Rodrigues Jos 284 Lu s Silva e M de Lourdes Dion sio de Sousa Orgs Manuais escolares Estatuto fun es hist ria Braga Universidade do Minho pp 495 505 SOUSA M Elisa Silva 1999 A forma o de leitores o contributo do manual escolar Um olhar atrav s de um manual de L ngua Portuguesa do 1 C E B In Rui Vieira de Castro Angelina Rodrigues Jos Luis Silva e M de Lourdes Dion sio de Sousa Manuais escolares Estatuto fun es hist ria Braga Universidade do Minho pp 507 513 SOUSA M Elisa 1999 A biblioteca escolar e a conquista de leitores In Malasartes 1 Cadernos de literatura para a inf ncia e a juventude pp 22 24 SOUSA M Elisa 2000 Ler na Escola O Manual Escolar e a Constru o de Leitores Braga Universidade do Minho SOUSA M Elisa 2008 Mist rios da escrita ler para desvendar In Malasartes 16 Il S rie Cadernos de Literatura para a Inf n
290. imento da linguagem oral dom nio lexical e mestria sint tica trabalhada a partir do ler e ouvir ler do relato de experi ncias pessoais dos di logos sobre leituras realizadas etc os comportamentos emergentes de leitura e de escrita por exemplo o reconhecimento dos sinais gr ficos a perce o da organiza o espacial da escrita de refer ncia etc que prov m do contacto com suportes de escrita variados da observa o dos comportamentos e atitudes de leitores em diferentes contextos etc sabido que a inicia o aprendizagem da leitura est envolta na problem tica dos processos e dos m todos de leitura que no quotidiano pedag gico se adotam questionando se a sua efic cia Todavia este programa n o preconizava nenhum m todo de aprendizagem da leitura e da escrita A este prop sito Sim Sim 2004 refere o seguinte O m todo secund rio o importante os mi dos serem expostos a dois tipos de estrat gias o reconhecimento global de palavras e a correspond ncia letra som Mesmo que as crian as estejam a ser ensinadas atrav s de metodologias f nicas de correspond ncia direta som letra devem simultaneamente ser lhes propostas muitas muitas atividades de reconhecimento global de palavras Se as metodologias forem globais h que desenvolver simultaneamente com elas atividades de consci ncia fonol gica para que cheguem correspond ncia letra som caracter stica da escrita alfab tica de l nguas
291. inte independente do seu uso efetivo p 1488 Encontram se nestas condi es de uso os manuais de L ngua Portuguesa em an lise neste estudo objetos que se enquadram nas caracter sticas apontadas anteriormente e que portanto foram concebidos intencionalmente para os alunos para serem usados na escola Castro 1995 tece considera es hist ricas relativamente s formas configura es e caracter sticas estatuto estrutura organiza o conte do destes suportes escritos referindo que n o obstante todas as mudan as ou marcas de evolu o sofridas at ao momento atual tais dispositivos sempre elegeram os textos como componentes fundacionais e fundamentais Nestas circunst ncias estes textos constitu ram e constituem um universo de refer ncia para a pr tica pedag gica e para a aprendizagem de conhecimentos sobre a l ngua pr ticas comunicativas e conhecimentos lingu sticos e sobre o mundo cf Castro 1995 Castro amp Sousa 1998 68 Choppin 1992 refere ainda um segundo tipo categoria de manuais escolares os que muito embora n o tenham sido originalmente concebidos com vista a cumprir fins escolares acabaram por adquirir une dimension scolaire ao serem usados nesse contexto p 15 69 O universo de refer ncia para que remete o autor pressup e a sele o e a organiza o de um determinado n mero de textos a antologia de textos a partir dos quais se desenvolve de uma maneira geral
292. inten es que est ou poder ter estado subjacente a esses procedimentos Em paralelo tra aremos a representa o conce o de leitura emergente e o perfil de leitor que de acordo com os dados colhidos se afigura expect vel desej vel Assinalamos desde j que a variedade de situa es e as inconsist ncias incoer ncias notadas em muitos textos quanto s motiva es que levaram ter o levado sua adultera o n o nos permitem aqui no espa o deste trabalho classific los consoante o peso impacto e a extens o das ocorr ncias neles verificadas Queremos com isto afirmar que num mesmo texto podem confluir a t tulo exemplificativo opera es que ora simplificam facilitam a leitura ora a tornam mais opaca ou ainda opera es que tanto acrescem conte dos sentidos que tornam os seus n s coesivos e sem nticos mais expl citos como reduzem o n vel de coisas ditas ampliando o leque de impl citos ou reduzindo os textos a determinados conte dos Esta instabilidade denota a nosso ver fragilidades relativamente ao entendimento ou conce o de leitor e de leitura adotados No decorrer destas evid ncias uma hip tese que se pode adiantar que algumas dessas raz es ser o externas aos textos concretamente quando o pretendido que sirvam temas e ou atividades propostas em seu torno 244 Da aplica o e an lise das categorias definidas para cada um dos grandes tipos de adultera o sobressai antes de
293. inuaram a ser os mesmos muito embora tivesse sido introduzida a no o de compet ncia Em termos de implica es pedag gicas esta inova o fez com que a no o de compet ncia no curr culo fosse alvo de reflex o De facto muito embora se verificasse que quer 35 a estrutura curricular conte dos e finalidades gerais quer o tipo de cidad o a formar e a informar de acordo com a LBSE se mantivessem uma organiza o curricular que passava a reger se pelo desenvolvimento de compet ncias em vez da formula o de objetivos de aprendizagem conduziu ao repensar de princ pios te ricos pedag gicos e did ticos e como tal gest o de uma melhor articula o entre os programas de ensino tanto no plano horizontal no interior de cada ciclo ou n vel como no plano vertical entre os diferentes ciclos ou n veis A necessidade de serem realizadas altera es nos programas tornou se ainda mais premente com a publica o do documento Curr culo Nacional do Ensino B sico Compet ncias Essenciais Ora se por exemplo ao n vel do Ensino Secund rio o lan amento desta Reforma teve efeitos no conte do estilo e organiza o dos Programas de L ngua Portuguesa e consequentemente na atua o pedag gica relativamente ao Ensino B sico isso n o se verificou uma vez que os programas destes n veis de ensino na altura n o sofreram qualquer altera o Estes documentos mantiveram se desta forma em vigor at
294. io com tipologias textuais diversas Uma vez analisados os manuais com base nas categorias definidas detivemo nos essencialmente nos valores totais obtidos em cada uma delas com o intuito de ter uma vis o global da distribui o dos textos nestes objetos No gr fico 2 representamos o produto desse trabalho Da sua leitura sobressai a perce o de que na pr tica h tipos de texto tidos como maiores na forma o de leitores A disparidade dos valores registados conduziu nos considera o de dois grupos Tendo como refer ncia finalidades b sicas da leitura Sim Sim Duarte amp Ferraz 1997 apontamos um que abrange a quase totalidade dos textos 92 8 com fei o predominantemente recreativa e 137 outro 7 3 de cariz utilit rio leitura para fins informativos cujas ocorr ncias s o em alguns casos nicas Entre os primeiros encontram se os narrativos os que constituem patrim nio liter rio oral os po ticos os dram ticos e a banda desenhada Real amos relativamente a estes a expressiva percentagem dos textos narrativos e as baixas percentagens dos textos dram ticos e da banda desenhada que raramente aparecem Entre os segundos figuram os textos informativos os instrucionais e outros por exemplo programa o de TV ou outra cartazes publicit rios folhetos Relativamente a estes destaca se o facto de a percentagem total apontada ser referen
295. ircula o partilhado ficando dispon vel para diferentes apropria es Tal n o pode fazer crer contudo que neste processo o autor se desvincula ou desapropria da sua obra Em rigor quem a l quem dela faz uso n o pode ignorar essa perten a visto tratar se da nica forma de assegurar a exist ncia de um contexto de proveni ncia e de uma vers o original Do mesmo modo reconhecer o valor das fontes de autoria revela capacidade para apreciar o engenho a arte a intelig ncia de quem cria revela ainda capacidade para apreciar a obra como um todo Assim sendo n o se pode conceber tamb m que os excertos ou os fragmentos independem das obras de que s o oriundos Da an lise realizada aos manuais no mbito da indica o das fontes dos textos resultaram dados que traduzem tend ncias ou marcas que sobressaem nesses recursos 108 Deixemos claro que as empresas editoriais e a escola s o entidades independentes n o obstante as rela es de interesse pedag gico vs econ mico que entre elas se estabelece Assim sendo os textos s o primeiramente apropriados pelas editoras atrav s dos autores dos projetos editoriais ainda que tenham como fim servir a escola Assim se vinca a depend ncia subservi ncia da escola relativamente a imposi es ou escolhas que lhe s o exteriores 145 Quadro 25 Assinalamento dos dois modos mais usados para indica o das fontes de autoria nos manuais Manuais M5 3
296. iro astronauta era Baltazar o mais novo deles negro de Mo ambique que desempenhava as fun es de engenheiro de bordo Era ele que tinha de reparar todas as avarias que acontecessem nos sistemas e por isso passava o tempo todo a testar a quantidade imensa de equipamentos que havia a bordo da taca Mas Baltazar era um brincalh o que nunca conseguia estar quieto Adorava passear se pelo espa o reduzido da nave flutuando no ar devido aus ncia de gravidade que faz com que os corpos n o tenham peso e fiquem suspensos no ar a menos que como sucedia habitualmente com os astronautas estivessem sentados e atados pelo cinto de seguran a s cadeiras O terceiro astronauta era Baltazar o mais novo deles negro de Mo ambique que desempenhava as fun es de engenheiro de bordo Era ele que tinha de reparar todas as avarias que acontecessem nos sistemas e por isso passava o tempo todo a testar a quantidade imensa de equipamentos que havia a bordo da taca Mas Baltazar era um brincalh o que nunca conseguia estar quieto Adorava passear se pelo espa o reduzido da nave flutuando no ar devido aus ncia de gravidade 3 M5 42 p 74 Destacamos a seguir ocorr ncias relacionadas com os exemplos anteriores pelo facto de contribuirem igualmente para a perda de expressividade de valor informagao sem ntica ou para o apagamento de focos de modaliza o Nestes casos
297. iscursivas de onde se destacam t tulos temas ilustra es atividades exerc cios interpretativos e outros textos que com eles interagem Destacamos ainda os textos que n o sendo nucleares se apresentam igualmente enquadrados nos manuais e que d o origem a atividades Design mo los por textos secund rios Face ao exposto s o identific veis para cada texto seja prim rio ou secund rio pelo menos tr s tipos de enquadramento um enquadramento tem tico temas t tulos das unidades did ticas t tulos dos textos um enquadramento gr fico tipo e tamanho das letras cores espa o que ocupa ilustra o e um enquadramento interpretativo rubricas question rios e outras atividades que surgem em seu redor nesta encena o que se atribui sentido aos textos nestes contextos que eles podem ser analisados e interpretados funcionando para os leitores como protocolos ou indicadores da leitura a ser feita Batista 2004 138 A este prop sito e a t tulo exemplificativo Castro amp Sousa 1998 alertam para o plano de inten es e de conce es que pode estar subjacente aos question rios que se seguem aos textos em contexto de aula Quando se fazem em contexto pedag gico perguntas sobre um texto est se a ensinar que aquelas s o as perguntas que se deve fazer aquele texto se para um conjunto de textos semelhantes s o feitas perguntas redut veis a um determinado esquema interrogativo est
298. itua es de modifica o de preposi es contraindo as com ou separando as de artigos Ocorrem tamb m casos em se d a substitui o deste tipo de palavras por outras com igual fun o Altera se assim a figura o lingu stica mas n o o valor sentido das frases express es Texto no livro do autor Texto no manual Ent o o olhar de Isabel pousou no tronco do carvalho Texto no livro do autor Ent o o olhar lt lt da gt gt Isabel pousou no tronco do carvalho M1 32 p 30 Texto no manual Deixou de prestar Temos que o vender como sucata X Temos que o vender lt lt para a gt gt sucata M5 32 p 21 214 Texto no livro do autor Texto no manual Um dia estava Giz deitado debaixo duma oliveira e p s se a contar as azeitonas verdes Faltam seis pensou ele Ontem eram quinhentas e vinte e uma e hoje h s quinhentas e quinze Este assunto pesou um bocado na cabe a de Giz e ele adormeceu Ent o chegou perto dele um homem pequenino com uma barba que ele passava por detr s das orelhas para que n o o incomodasse Fez lhe c cegas nos p s e Giz acordou Um dia estava Giz deitado debaixo lt lt de uma gt gt oliveira e p s se a contar as azeitonas verdes lt lt gt gt Faltam seis 9X lt lt gt gt ontem eram quinhentas e vinte e uma e hoje h s quinhentas e quin
299. ivamente aos modos de ler admitidos ou tidos como leg timos socialmente modificando se igualmente h bitos atitudes e comportamentos dos sujeitos leitores perante os textos e a leitura Ao contr rio do que acontecia em sociedades anteriores no estado atual das coisas privilegia se a produ o e distribui o do saber e da informa o Drucker apud Furtado 2000 283 Vigoram assim alguns imperativos transformadores dos sistemas sociais provocadores de altera es e mudan as substanciais Desde logo o reconhecimento de que a informa o e a atividade informacional formam uma parte essencial da organiza o do quotidiano e de grande parte do trabalho Webster apud Furtado 2000 283 Depreende se portanto que a chave de que depende o sucesso dos indiv duos ser a sua capacidade para aceder informa o e o seu saber formal recurso este imprescind vel para poder desempenhar fun es e participar ativamente nas v rias esferas das sociedades modernas isto As atuais economias globalizadas e multimediadas centradas na produ o difus o e reconhecimento de informa o caracterizadas por uma cada vez maior centralidade do escrito no trabalho e no lazer onde o acesso a e o consumo de informa o s o fator decisivo do posicionamento dos sujeitos na estrutura social Dion sio 2004 68 N o pode deixar de ser referida e destacada tamb m a crescente expans o das novas tecnologias de inf
300. ivo narrar uma pr tica primitiva ligada inf ncia dos indiv duos e das civiliza es Fonseca 1994 111 mas que ao longo da escolaridade se torna expl cito e consciente leva nos a afirmar que de facto mesmo que o fragmento de uma narrativa num manual resultante por exemplo de limita es de espa o n o contenha todas as suas partes ou momentos crucial que nesse processo haja o cuidado de fazer recortes que possibilitem a quem l a constru o ou uma tentativa de do que falta a antecipa o de acontecimentos a continua o da hist ria e ou que pelo menos deixem implantada no leitor a vontade de ir procurar esses momentos ausentes na fonte isto na obra de origem Al m disso os autores dos manuais podem contornar essa dificuldade recorrendo a narrativas breves cf Sousa 2010 92 um simples prov rbio uma pe a de teatro um grito de ajuda etc Trata se efetivamente de uma unidade de linguagem em uso uma unidade sem ntica n o de forma mas de sentido pp 1 2 9 N o obstante a relev ncia de todas estas considera es te ricas depois de uma primeira an lise dos manuais escolares selecionados opt mos por reconhecer como textos todas as entidades que pudessem ser classific veis mediante as designa es que figuram nos documentos reguladores do ensino e que s o de certa forma uma terminologia familiar em contexto escolar Textos Narrativos Textos Po ticos Textos do Pa
301. izam modos atitudes desej veis em determinado contexto ou situa o social O exemplo que se segue ocorre num texto ao qual se acrescentou refor ou o que se considerava faltar lhe para ser v lido til na escola Mais uma marca que denuncia as fun es que os textos ter o poder o ter que cumprir naquele lugar 241 Texto no livro do autor Texto no manual que eu sou muito bem constitu do respondeu o Pai Natal que acrescentou Parece me que esta capa n o me vai servir 8 Eu sou 8 bem constitu do e 2 lt lt gt gt 3 lt esta capa n o me vai servir lt lt gt gt Mas o que importa teres te lembrado de mim M5 38 p 50 Relacionado com a situa o anterior esta o exemplo abaixo classificado como amplia o de texto Neste caso a preocupa o que o texto sirva para ensinar informar sobre Os pontos cardeais t tulo atribu do ao excerto que consta no manual A prova de que esta a fun o que se pretende que cumpra na escola vis vel quando se percebe que a aus ncia de um desses pontos cardeais o sul suprida com a introdu o de um par grafo Entre outros fins poss veis o texto converte se em pretexto para trabalhar conte dos de uma outra rea curricular disciplinar Texto no livro do autor Texto no manual sempre do meu lado que o Sol se levanta todos os dias Do lado de Leste expli
302. ks authors have several options to convey a particular message concerning the acquisition of some kind of attitude behavior or feeling towards as the case may be the world knowledge or for the present case reading These options are not neutral and have to do with what is defensible as reading text or a good reader they also concern conceptions about the ways people become sustained and committed readers reading competence and its development and the role that school plays in achieving that task p 88 43 corresponding evaluation devices as far as we consider time spent by students working on textbooks in classes or doing their homework we are compelled to accept their relevance as loci of definition of legitimate pedagogic knowledge Castro amp Sousa 1997 73 Os manuais escolares sao assim acima de tudo tal como outros documentos oficiais reguladores normativos reposit rios fi is da vers o autorizada do conhecimento socialmente v lido Dion sio 2000 79 Segundo Magalh es 2006 informam e enformam diferenciadamente a leitura perspetivando vis es de mundo igualmente diferenciadas p 7 Ora deste modo n o h como n o sustentarem o discurso da aula isto a transmiss o e a aquisi o de conhecimentos experi ncias e representa es do mundo cf Castro et al 1999 X Como vimos no que ao ensino da leitura diz respeito e tendo por base um determinado perfil de leitor e uma dete
303. l ngua portuguesa e sobre as pr ticas comunicativas Castro amp Sousa 1998 45 a desenvolver pelos alunos enquanto aprendentes e utentes da l ngua Sabendo se que o processo de sele o e escolha dos textos uma fun o exclusiva dos autores dos manuais independentemente das press es editoriais ou outras que sobre eles possam ser exercidas podemos afirmar que estes det m por essa raz o total responsabilidade pelo que lhes acontece no processo da sua incorpora o naqueles suportes Os professores s o aqui agentes de media o passivos Assim sendo as modifica es feitas nos ou aos textos t m em considera o pela m o do s agente s de media o no caso o s autor es do s manual ais voz mediadora conce es de leitor n vel de compet ncias que det m ou que se deseja desenvolver e conce es sobre o que leg timo que os textos transmitam acerca do mundo e das coisas 70 Na constru o de um manual escolar de Lingua Portuguesa os professores est o na verdade isentos de qualquer responsabilidade filol gica na escolha e apresenta o dos textos cf Castro 1976 150 Contudo n o acontece o mesmo quando se trata da sua envolv ncia no processo de sele o e ado o do s manual ais com que v o trabalhar Exige se deles um olhar cr tico e atento no sentido de p r de parte ou rejeitar materiais e recursos desprovidos de precau es filol gicas assim se evitando o contact
304. l de 73 Este procedimento leva nos a assinalar aqui a diferen a pronunciada que se estabelece em rela o s interven es que atingem as estruturas organizacionais dos textos Assim sendo as altera es s o operadas sobretudo ao n vel da pontua o e das unidades lingu sticas que n o v o al m da s palavra s e ou da frase Estar o em causa entendimentos sobre o processamento da palavra e efeitos sobre a compreens o Costa 1992 94 Que rela o se estabelecer entre estes procedimentos de adultera o e as conclus es que se seguem H uma correla o positiva entre a focaliza o da aten o em aspetos de microprocessamento constituintes morfol gicos e a capacidade de evoca o de palavras e uma correla o negativa entre a mesma atividade atencional e o processamento global do texto em que tais palavras se inscrevem Sublinha se que esse efeito varia de acordo com o perfil de leitor dos sujeitos envolvidos Os leitores mais jovens focam a sua aten o na tomada de decis es ao n vel da palavra Assim a diferen a crucial entre leitores fluentes e principiantes parece residir no n vel privilegiado para a tomada de decis es sem nticas idem ibidem 186 Relembramos que s depois da exposi o da totalidade destes dados nos ocuparemos das suas repercuss es Supress es Tendo tomado conhecimento de quais as estruturas ou n veis textuais mais intervencionados detenhamo nos a
305. lberto Dias de Carvalho org Novas Metodologias em Educa o Porto Porto Editora pp 197 226 SIM SIM In s 2004 Sabe se hoje o que preciso fazer para formar bons leitores In Pavras n 26 pp 7 17 SIM SIM In s RAMOS Cl udia SILVA Eveline MICAELO Manuela SANTOS Maria Manuel amp RODRIGUES Palmira 2006 Ler e Ensinar a Ler Porto Edi es Asa SOARES Magda 2002 Novas pr ticas de leitura e escrita letramento na cibercultura In Educ Soc Campinas vol 23 n 81 pp 143 160 SOARES Magda 2006 A escolariza o da literatura infantil e juvenil In Aracy A M Evangelista Heliana M B Brand o amp M Z lia Versiani Machado Orgs A escolariza o da leitura liter ria O jogo do livro infantil e juvenil 2 ed Belo Horizonte Aut ntica pp 17 48 SOARES Magda 2009 O jogo das escolhas In M Z lia Versiani Machado Aparecida Paiva Aracy Alves Martins amp Gra a Paulino Orgs Escolhas liter rias em jogo Belo Horizonte Ceale Aut ntica Editora pp 19 32 SOUSA M de Lourdes 1989 Ler na escola In M de F tima Sequeira Rui Vieira de Castro e M de Lourdes Sousa Orgs O Ensino Aprendizagem do Portugu s Teoria e Pr ticas Braga Universidade do Minho pp 45 75 SOUSA M de Lourdes Dion sio de 1993 A Interpreta o de Textos nas Aulas de Portugu s Porto Edi es Asa SOUSA M de Lourdes Dion sio de 1997 What do Textbooks say about Reading In Em
306. lecionados aquilo a que chamamos o seu contexto de origem Real amos no entanto a este prop sito que n o comport vel neste trabalho comparar todas as edi es de cada obra e ainda confront las com as vers es dos manuais escolares que dificultam impossibilitam esta tarefa ao n o indicarem ou indicarem de forma incompleta as fontes consultadas e por conseguinte os respetivos n meros de edi o Afirmamos contudo que sempre que poss vel foram respeitadas todas as informa es indica es fornecidas pelos manuais a este n vel Esclarecida a forma como se constituiu o corpus deste estudo apresentamos em anexo cf anexo ll uma listagem dos textos que o configuram Quadro 1 e ainda uma grelha onde constam os textos selecionados e as obras edi es tidas como refer ncia para o necess rio trabalho de confronta o e dete o dos procedimentos de adultera o Quadro 2 86 5 A RECOLHA DE DADOS NOS MANUAIS ESCOLARES METODOLOGIA PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE ANALISE A recolha e an lise de dados compreender o pelo menos dois momentos Ser o primeiramente constru das grelhas para a leitura e an lise dos diferentes manuais a fim de ser facilitada a descri o de dados relativos aos textos de abertura e aos textos que constituem a antologia A este n vel realizar se uma caracteriza o global e uma an lise comparativa entre os manuais de diferentes editoras Num segundo momento identificar s
307. leitor 61 62 CAPITULO II A REJCONSTRU O ESCOLAR DOS TEXTOS 63 64 1 PARA UMA ESTRAT GIA DE AN LISE LINHAS DE ORIENTA O E OP ES METODOL GICAS Procedemos agora de forma sint tica explicita o da metodologia de investiga o que est subjacente a este estudo Assim neste trabalho foi identificada uma problem tica de investiga o resultante essencialmente da constata o de determinado tipo de pr ticas de ensino e de aprendizagem em contexto pedag gico cf Introdu o Foi realizada uma revis o de literatura sobretudo a partir de fontes secund rias com o intuito de construir uma base te rica estruturadora de todo o percurso de investiga o A considera o de conhecimentos e saberes produzidos por outros investigadores noutros contextos de investiga o surge neste trabalho pelo recurso a refer ncias e a cita es ora integradas no corpo do texto ora destacadas A partir dos pressupostos te ricos anteriormente mencionados definiu se o problema a investigar Identificou se o contexto do estudo o contexto escolar e dentro deste delimitou se o objeto de estudo o manual escolar referindo se globalmente aquilo que se pretende com esta an lise objetivos do estudo Estas delimita es representam desta forma um desenho e metodologia de tipo qualitativo A an lise dos resultados obtidos ter como j antes foi referido um teor interpretativo e ser elaborada com base n
308. leitura texto e leitor os manuais dirigem direta e indiretamente a aten o para algumas formas de rela o na linguagem relativamente a outras cumulativamente facilitando ou desvalorizando certos modos de pensar e visibilizando ou ocultando certos objetos de pensamento Dion sio 2000 102 Neste estudo tratamos como textos os objetos de leitura que se encontram originalmente registados ou estabelecidos noutro lugar que n o o manual escolar Em concreto textos provenientes do campo da literatura infantil que ao serem submetidos a um processo de escolariza o se convertem em textos did ticos cf cap tulo ponto 2 1 a prop sito das raz es deste processo ficando sujeitos neste trajeto a adultera es enquadr veis em tr s planos o plano das modifica es intencionais volunt rias o plano das modifica es acidentais involuntarias o plano das modifica es inevit veis Estas varia es incidem sobre o seu enquadramento material e gr fico e sobre a sua textura Tais objetos surgem por norma citados sendo raramente respeitada a sua integralidade Na verdade muito embora nem sempre se justifique frequente o recurso ao excerto ao fragmento cita o parcial podendo p r se ou pondo se mesmo em causa o seu valor est tico sem ntico lingu stico e pragm tico Evidenciam se deste modo princ pios ou condi es fundamentais que subjazem ao processo de transcri
309. lhar os v rios dom nios da l ngua em espa os rubricas pr prios Os manuais em que n o se regista a ocorr ncia de textos secund rios M3 3 M4 3 M5 3 M2 4 M5 4 s o compostos essencialmente por textos prim rios Ao contr rio dos restantes n o prop em nenhuma das rubricas que nos levaram identifica o de textos secund rios e de Outros textos A t tulo ilustrativo focamos ao n vel dos textos secund rios a aus ncia de momentos de avalia o por outras palavras de atividades que promovam uma reflex o sobre conhecimentos adquiridos que permitam ultrapassar lacunas e dificuldades e devolvam crian a seguran a no trabalho escolar M4 4 136 M5 4 M4 4 M3 4 M1 4 i D Outros OD Secund Manuais M3 3 M2 3 M1 3 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Gr fico 1 Fun es dos textos nos manuais Passamos agora caracteriza o dos textos tendo como refer ncia a sua tipologia Este um momento de an lise importante para saber que objetos de leitura marcam presen a na forma o de leitores e em simult neo inferir intencionalidades e fins que subjazem sua utiliza o Segundo Fonseca 1994 todos os tipos de discurso t m o seu lugar na aula de l ngua materna p 114 Assente neste princ pio este espa o especializado de circula o de textos e de aprendizagem de formas de os ler permite ao aluno o conv v
310. li mesmo parado imponente brilhando ao sol um cavalo de pau Dentro deste cavalo estava Ulisses e alguns dos seus companheiros muito quietinhos Junto de uma das patas traseiras do cavalo havia uma porta que se abria por dentro Os troianos ficaram pasmados a olhar para o cavalo M1 42 p 46 Adi es Ao n vel das adi es macrocategoria com o valor de frequ ncia mais baixo s o as adultera es de natureza gr fica que det m um peso mais significativo A diferen a de percentagens em rela o s outras duas categorias com efeito bastante acentuada Veja se que enquanto os acrescentos de sinais de pontua o e ou de assinalamentos tipogr ficos cores negrito retic ncias indicadoras de supress o ultrapassam largamente metade do total de ocorr ncias registadas as adi es de natureza estrutural formal apresentam um valor irris rio Cientes do pronunciado n mero de coisas conte dos que s o subtraidos aos textos cf supress es verificamos atrav s do gr fico que se segue que ao n vel da macrocategoria agora em an lise pouco se acrescenta ao j dito 226 3 Nat gr fica Nat L xico gramatical Nat estrutural formal Grafico 13 Natureza das adi es na globalidade dos manuais No quadro 41 encontramos os valores que nos esclarecem relativamente natureza e as especificidades destes aditamentos Quadro 41 Natureza dos pr
311. lise dO CORDS a2 a es ua ttc te cabe et o tes oc ac ao oc be a cla ies 102 CAPITULO ca Or eta 121 LER NA ESCOLA DOS TEXTOS CONSTRU O DO LEITOR s 121 1 Leitura s dos manuais de l ngua portuguesa Do plano das inten es ao plano das concretizate seniorer dacs dda 123 1 1 Sobre os projetos editoriais o discurso dos autores 123 1 1 1 A primazia dos textos e da leitura rien erereererearerearenea 126 1 1 2 Crit rios de sele o dos textos ri rirreere rear reare rare rearenta 130 1 1 3 Condi es de recontextualiza o dos textos ind cios de preocupa es o 1 2 Contributos para a sedimenta o de um c none res 134 1 2 1 Os textos e as finalidades da leitura reter rererearena 134 1 2 2 Origem e autoria dos textos kescctiscousscesvossestavelsenusvatsetdaseisestinsdtetistettenedeceteciavolsemadeedss 139 1 2 2 1 Os autores e as obras comunidades exemplares 139 1 2 2 2 As fontes de QUIONA qua sis as NES Ra PU ada iaet ee 144 1 2 2 3 Marcas expressas de adultera o eres 149 1 3 A pr tica da recontextualiza o dos textos ese 152 1 3 1 A composi o dos manuais breve descri o eee 153 1 3 2 O re enquadramento dos textos a configura o dos contextos de leitura escolar SPE ti nt A ta es ag 169 1 3 2 1 Enquadramento tem tico o fio des condutor 170 1 3 3 Mod
312. m A Ana disse logo H homens que fazem mal s focas Vov confirmou O Chico ficou lt lt a pensar naquela hist ria do av a gt gt falar em homens que n o gostam de animais e quando o apanhou outra vez bem disposto falou lhe nisso 9 lt lt gt gt 0 lt lt av gt gt confirmou M1 32 p 94 Texto no livro do autor Texto no manual O menino olhou a Do a lhe aquele joelho era triste ver o sangue at j a pr pria pe ga estava ensanguentada No joelho na pe ga o sangue como p talas de papoula que afli o Mas aqueles olhos vidrados ansiosos da m e puderam mais que a tristeza desse sangue derramado Texto no livro do autor O menino olhou a Do a lhe aquele joelho era triste ver o sangue lt lt gt gt at j a pr pria pe ga estava ensanguentada No joelho na pe ga lt lt as gotas de sangue pareciam gt gt p talas de papoula que afli o Mas aqueles olhos vidrados ansiosos da m e puderam mais que a tristeza desse sangue derramado M2 42 p 38 Texto no manual Estava a gotinha de agua a apanhar banhos de sol quando come ou a sentir que se ia tornando mais leve a medida que o sol aquecia at que se sentiu a elevar no espa o Estava lt lt ela gt gt a apanhar banhos de sol quando come ou a sentir se 3 lt mais leve medida que o sol aque
313. m estas interven es incidem no modo como os autores dos textos delimitaram e definiram as fronteiras sint ticas nas suas produ es Entender se o essas situa es como desvios complexidades e ou malforma es textuais cf Neves amp Oliveira 2001 27 Considerar se a produ o original inadequada n o correspondente aos padr es e estruturas convencionais aquelas que se pressup e que a escola ensine que o aluno aprenda e que domine Se assim for os autores dos manuais ao optarem por realizar modifica es deste tipo moldando e conformando os textos que selecionam de acordo com as suas conce es de l ngua de leitura e de leitor imp em ainda que n o garantam a aprendizagem dessas estruturas e das regras de constitui o que as presidem 224 Texto no livro do autor Texto no manual Nesse instante o frango entrou na cozinha cheio de precau es procura de migalhas Quando viu o fogo a consumir a saia da dona saltou sem medo para a lareira e desatou a bicar com toda a for a as pernas magras da velha Luciana Que acordou sobressaltada E cheia de susto tratou de apagar com as pr prias m os as chamas devoradoras Texto no livro do autor Nesse instante o frango entrou na cozinha cheio de precau es a procura de migalhas Quando viu o fogo a consumir a saia da dona lt lt saltou para a lareira sem medo gt gt e desatou a bicar 9S
314. m poss vel refletir sobre o tipo de crit rios tidos como refer ncia na sele o dos textos Quadro 14 Confronto dos t tulos das unidades did ticas com os t tulos dos textos Unidade did tica Texto no manual Estabelecem N o estabelecem T tulo g T tulo Conte do comunica o comunica o Manuais Se atendermos apenas aos t tulos dos textos dos que foram submetidos a um processo de transcri o16 deparamo nos com duas situa es Podemos encontrar textos para os quais mantido o t tulo original ou textos aos quais no decorrer deste processo foi atribu do um t tulo seja por se tratar de um excerto resultante de uma determinada focaliza o seja por mediante uma determinada raz o ou crit rio haver inten o de o alterar Interessa nos aferir e inferir inten es e pr ticas de recontextualiza o dos textos subjacentes a estes procedimentos nomeadamente ao n vel da sele o de textos integrais ou do recorte de excertos e ao n vel da preserva o ou atribui o de t tulos 106 A identifica o destes textos torna se poss vel atrav s das refer ncias bibliogr ficas e autorais completas ou incompletas que s o apresentadas nos manuais e nas quais nos base mos para a delimita o do corpus Consideram se como textos n o transcritos os produzidos pelos autores dos manuais e os textos in ditos Relativamente a estes ltimos real amos as diferentes circunst ncia
315. m tica em causa foi importante proceder se recolha das perspetivas de autores e das teorias que pudessem de algum modo sustentar a cria o de uma linha de investiga o prof cua Alguns dos conceitos explorados ao longo do desenvolvimento deste trabalho s o os que constam no esquema que a seguir apresentamos A ordem pela qual estes surgem a forma como se articulam traduz aquela que pensamos ser a espinha dorsal deste projeto de investiga o Repare se ent o Figura 1 Representa o gr fica da base te rica e conceptual do estudo Discurso Pedag gico Oficial Contexto Editorial Autores dos manuais Sele o de textos Aula de L ngua Portuguesa Texto liter rio presen a destacada na aula Contexto Escolar Conce es de texto de leitura e de leitor Processos de recontextualiza o Onde selecionam os textos Onde selecionam os textos Como Que procedimentos Com que inten o Como Que procedimentos Com que inten o De onde vem Como vem Por que vem Texto n o liter rio Mediante este quadro tornou se essencial para o desenvolvimento do estudo a defini o de texto e de tipos de texto fundamentais liter rio e n o liter rio a clarifica o dos conceitos de leitura e de leitor o reconhecimento do estatuto e das fun es de que se revestem os manuais 66 escolares a caracteriza o dos processos procedimentos de
316. m rela o ao seu conte do Assim nos parece ser esta uma forma inicial de mostrar o tipo de textos que neste projeto s o valorizados e desta forma tamb m se inferem crit rios tidos em conta no processo da sua sele o cf M4 4 9 Relativamente a Outras inscri es as situa es registadas parecem cingir se a preocupa es de divulga o e de venda Alguns destes elementos mostram se contudo reveladores da valoriza o concedida aos textos e leitura Constituem exemplos dessas refer ncias Inclu textos in ditos de Lu sa Ducla Soares M2 3 Inclui textos in ditos de Alexandre Honrado M1 4 Inclui textos in ditos de lvaro Magalh es e Lu sa Ducla Soares Oferta ao Aluno Caderno de Biografias Oferta ao Aluno Dicion rio Multim dia de L ngua Portuguesa M3 4 Afirmamos face ao exposto que no plano das inten es que subjazem a cada projeto editorial a leitura uma compet ncia a desenvolver prioritariamente e que os textos constituem o meio privilegiado para atingir esse fim Todas as restantes compet ncias s o trabalhadas a partir ou na sequ ncia da leitura dos textos 1 1 2 CRIT RIOS DE SELE O DOS TEXTOS Uma vez atestado o primado dos textos e da leitura nos manuais em an lise passamos agora busca dos fundamentos e dos crit rios tidos como refer ncia para a sua sele o O trabalho de observa o que empreendemos conduziu nos a dois n v
317. m suporte com peso significativo entre as inst ncias que possibilitam a mobilidade dos textos em meio escolar Os procedimentos operados na sua recontextualiza o refletem entendimentos que se mostram fundamentais para alcan ar o principal objetivo deste estudo inferir conce es e representa es de leitura e de leitor Chegar a este ponto implica em tra os gerais identificar e caracterizar os procedimentos de adultera o a que os textos s o submetidos naqueles lugares e estabelecer as raz es que lhes est o subjacentes Com o intuito de concretizar esta empreitada prossegue se com a delimita o dos objetos e dos objetivos do trabalho assim como com a descri o do processo de constitui o do seu corpus depois delineado o modo de recolha e an lise dos dados Para isso foram pensadas e constru das as categorias e definidos os procedimentos e instrumentos que o possibilitam O trabalho a que nos propusemos inscreve se centralmente no campo espec fico e especializado da Did tica do Portugu s Pretendemos com ele caracterizar e compreender pr ticas de ensino e aprendizagem e deste modo continuar a alimentar discuss es sobre problem ticas que em torno delas se v o desenhando Contribuem para a especificidade deste campo outras reas de conhecimento e de saber que lhe s o absolutamente basilares porque nele se cruzam para fundamentar pr ticas e modos de atuar pedagogicamente Assim sendo serviram nos de
318. ma mancha gr fica que dificulta a identifica o da sua estrutura ou das partes que o constituem aspeto que j vimos ser fundamental para o sucesso da sua compreens o N o ser isto o desej vel para quem tem de pensar adotar estrat gias de leitura que o assegurem O leitor busca ativamente uma macroestrutura textual reconhec vel que lhe permita com efic cia desfazer a incompreens o suscitada pelo t tulo Costa 1992 84 260 Vimos a prop sito das supress es ser incontest vel o facto de se privar o leitor de aceder integralidade dos textos sua constitui o original em termos de conte do e de estrutura lingu stica Podemos entender por um lado que a leitura perde conte do s e por isso perde densidade perde espessura torna se mais leve porque s o ditas menos coisas Portanto ser menor o esfor o de compreens o de reten o memoriza o de relaciona o e convoca o de saberes e conhecimentos Ao serem retirados constituintes elementos lingu sticos ou gramaticais e sem nticos exige se um menor grau de especializa o do conhecimento lingu stico requerido para a compreens o do texto escrito Costa 1992 90 O leitor parece ser por assim dizer centrado no que se pretende que adquira Em termos did ticos para o ensino da leitura se por um lado importante garantir a aquisi o desse conhecimento tamb m a pr pria consci ncia da organiza
319. mais a ideia de que estas opera es s o na maioria dos manuais uma pr tica regular ou habitual Os valores expressivos notados em alguns dos textos estudados fazem nos mesmo colocar como hip tese a cren a de determinados autores na sua licitude Esta talvez legitimada ou a coberto de um pretenso poder ou autoridade da escola Assim se desconsideram ou desrespeitam sem reservas os autores destes objetos de leitura ferindo se a sua inten o o conte do e at a organiza o do que escreveram Estas s o algumas das condi es que se imp em ao leitor e leitura antes mesmo de se registar qualquer outro tipo de intermedia o neste processo Referimo nos obviamente atua o do professor Se tivermos em considera o partida a mancha gr fica atingida verificam se v rias categorias de textos modificados Nuns os procedimentos de adultera o particularmente as supress es atuam de forma ramificada isto propagam se por v rios pontos do tecido textual Podem no entanto em cada um deles conviver adultera es de diferente natureza sendo normalmente acentuado o desfasamento entre estas vers es e as originais Noutros textos sobressaem adultera es de um determinado tipo tornando se mais f cil pelo menos a um n vel superficial visual cf cap tulo Il nota 99 c digo de cores usado para assinalar as adultera es reconhecer e isolar as raz es subjacentes
320. manuais quer das fichas t m por base nove unidades tem ticas comuns a todo o projeto promovendo uma efetiva interdisciplinaridade Organizado em torno de nove temas transversais o Manual de Lingua Portuguesa apresenta uma estrutura e prop e um caminho pedag gico pr prios M3 4 li no campo de origem autoria dos textos Gostar amos de salientar e agradecer a participa o neste projeto da conceituada escritora infantojuvenil Lu sa Ducla Soares que escreveu textos in ditos para a abertura das unidades tem ticas M2 3 Gostar amos de salientar e agradecer a participa o de dois conceituados escritores lvaro Magalh es e Lu sa Ducla Soares que escreveram cada um nove textos in ditos para a abertura das unidades tem ticas M3 4 Os textos s o diversificados mas na sua topologia situam se preferencialmente na rea da literatura para a inf ncia o que permite um trabalho com base em suportes de qualidade est tica e formal M4 4 9 iii na tipologia AL M DO TEXTO conduz o aluno a exerc cios que extrapolam o sentido do texto sendo apresentado logo de seguida um novo texto RELACIONAR TEXTOS preferencialmente num registo diferente do primeiro permitindo lhe estabelecer compara es identificando semelhan as e diferen as e ao mesmo 131 tempo tomar contacto com diversas formas de comunica o banda desenhada pintura programas hor
321. mas e n o definido pelo seu tamanho Um texto antes uma passagem falada ou escrita que independentemente da sua extens o forma um todo unido Esta unidade assegurada pelos elos ties coesivos de natureza sem ntica Pode ser escrito em prosa ou em verso um di logo ou um mon logo 89 Cf com o que acontece com um dos textos com maior representatividade nos manuais o texto narrativo Como consequ ncia das manobras a que sujeito Soares 2006 refere que os fragmentos de narrativas apresentados nos livros did ticos s o quase sempre pseudotextos em que um ou alguns ciclos da sequ ncia narrativa s o apresentados faltando aqueles que os precedem ou os seguem p 31 Justifica a pr tica com a dificuldade em extrair de uma narrativa pensamos que se refere obra integral um fragmento que conserve em si todos os seus ciclos p 31 Entendemos contudo que a perce o que a autora evidencia da situa o descontextualizada em rela o ao que efetivamente se verifica na pr tica pedag gica especificamente nos manuais escolares Giasson 1993 refere que o esquema da narrativa relativo a uma estrutura cognitiva geral no esp rito do leitor que este utiliza para tratar a informa o da narrativa O leitor utiliza este esquema para prever o que se vai passar a seguir na hist ria para determinar os elementos importantes da mesma p 137 Ora esse conhecimento inicialmente intuit
322. mas convencionadas de representa o escrita da linguagem verbal cf Dicion rio Terminol gico para consulta em linha tipos de letra mai scula min scula regras envolvidas na grafia e na acentua o das palavras e uso dos sinais de pontua o A categoria das adultera es de natureza l xico gramatical inclui situa es com visibilidade ao n vel da s palavra s das ora es e ou sequ ncias de palavras que se combinam para formar unidades fr sicas Atenderemos por isso s suas caracter sticas morfol gicas sint ticas e ou sem nticas tendo em conta o seu posicionamento e a sua fun o no interior destas estruturas Esta categoria abrange ainda adultera es de car ter lexical de que s o exemplo situa es de substitui o de palavras por outras que com elas estabele am algum tipo de rela o Muito embora pretendamos centrar a nossa aten o nos tra os sem nticos que possibilitam essas liga es sinonimia antonimia hiperon mia hipon mia n o ser o desconsideradas outras rela es Por fim com base na propriedade que dita que o texto possui uma organiza o interna que o configura como um todo estrutural Aguiar e Silva 2006 563 que contemplaremos na categoria das ocorr ncias de natureza estrutural formal situa es que interfiram nas formas ou esquemas da sua organiza o concretamente ao n vel da composi o e da disposi o dos par grafos e subsequente
323. matic first sentences knowledge about possible ensuing global events or actions and information from the context pp 15 16 58 Na sequ ncia das caracter sticas apontadas Avelino 1994 52 apresenta tr s fun es desempenhadas pelo t tulo Come a por referir a fun o aperitiva e relaciona a com o aliciamento e o despertar do interesse do leitor para a leitura frisando que o processamento do seu 56 raz es se classifica como a macroproposi o mais elevada da hierarquia desempenhando como tal um papel determinante na sua constru o Lencastre 2003 154 com base em Kintsch e van Dijk 1978 O t tulo adquire deste modo fun es contextualizadoras de ordem cognitiva e sem ntica colocando se ao servi o do leitor que o usa estrategicamente para depreender a ess ncia do texto A presen a do t tulo parece facilitar a constru o da macroestrutura o que por sua vez se traduz num duplo efeito relativamente evoca o do texto evoca o seletiva de certas unidades do texto e desempenho superior relativamente a todo o texto Lencastre 2003 154 3 2 2 A MANCHA GR FICA E A ILUSTRA O UMA RELA O FORMAL E OU DE SENTIDO Os falantes ao fazerem uso da sua l ngua atrav s do oral ou da escrita individual ou coletivamente fazem resultar dessa a o um determinado tipo de produtos Dessas situa es n o deriva ent o a produ o e troca de palavras ou frases isoladas desligadas
324. mava trazer no bolso do avental para fazer as contas do talho e da mercearia e quando come ou a anoitecer chamou os netos e mostrou lhes a obra acabada Jos Jorge Letria Hist rias do Sono e do Sonho Desabrochar 1990 pp 15 17 291 Texto 4 Texto no livro do autor vs Texto no manual M2 3 p 82 COMO SE FAZ COR DE LARANJA Deram ao Menino uma caixa de aguarelas Aproximou se um cego cautelosamente tacteando os troncos das arvores nino falou da cor de laranja GiiUnG iGo talaasa Ent o diz me de que cor o sol Eperguatouolcego Amarelo respondeu o Menino Isso amarelo alegre risonho JESHSSSSMIaSNANDARISHO E a terra de que cor ela A terra castanha e em alguns bocados parece o Menino hesitava Diz parece vermelha Pois vermelha Somo Agora repara o Sol que estende o seu calor sobre a terra faz crescer as rvores abrir as folhas despontar os ramos arredondar os frutos Diz me de que cor s o os frutos Verdes amarelos cor de laranja respondeu o Menino O Cego estava contente Ora v s que n o dificil fazer cor de laranja Junta o amarelo do sol ao vermelho da terra asoman Vai depressa acabar de pintar O Menino correu para casa misturou as cores e as algas alaranjadas surgiram no papel Ant nio Torrado Como se faz cor de laranja Edi es ASA 1986 4 ed 292 Texto 5 Texto no manual M3 3 p 18 Que ave
325. mente ao n vel da configura o da mancha gr fica llustrar o ocorr ncias deste tipo a amplia o encurtamento de par grafos por exemplo atrav s da segmenta o da jun o ou da supress o de frases a desloca o de par grafos resultante igualmente da sua jun o segmenta o e a adi o ou a supress o de par grafos 100 Esta delimita o ocorreu ao n vel das microestruturas textuais Todas as unidades de an lise s o por isso inferiores ao texto palavras ora es frases par grafos sequ ncias 101 O car ter estrutural do texto aparece como um processo uma estrutura o que se pode reconstituir atrav s de marcas inscritas na superf cie do texto marcas em que o interlocutor leitor se poder apoiar no seu pr prio percurso de compreens o Poder se ver na identifica o e descri o dessas marcas a tarefa espec fica da lingu stica face organiza o estrutural dos textos Uma lingu stica que se queira do texto no entanto identifica o de marcas juntar o interesse n o menor por aquilo que elas marcam a disposi o do texto isto as partes ou unidades de que se comp e o crit rio tem tico ou pragm tico que as configura a ordem mais ou menos previs vel pela qual elas se disp em Coutinho 2003 55 104 A identidade semi tica de um texto depende a par de outras propriedades do seu car ter estrutural Coutinho 2003 54
326. mento desta institui o demarcando a em rela o a outras inst ncias de leitura e refor am o seu estatuto de autoridade e de refer ncia central no que ao ensino e aprendizagem desta compet ncia diz respeito Em s ntese a coberto de uma demanda e de uma miss o escolares assumem se como segundos autores dos textos 2 parece nos leg timo nesta fase design los desta forma apropriando se deles e permitindo se remodel los em fun o de um leitor que preveem e em simult neo de um leitor que querem formar Podemos agora assinalar que o leitor que assim se constr i tende a ser um indiv duo pouco desafiado que n o se det m na leitura S o lhe impostos fixados limites ao n vel da constru o de representa es modelos ou imagens mentais do conte do dos textos O facto de lhe serem disponibilizadas estruturas textuais discursivas menos expressivas e menos expandidas confina o desenvolvimento da sua enciclop dia e enfraquece a sua capacidade para estabelecer rela es de sentido para realizar articula es entre as ideias proposi es do texto e para identificar a estrutura que lhe d corpo que reflete a sua organiza o 120 Apesar de serem como dizemos segundos autores dos textos n o assumem necessariamente uma posi o secund ria se tivermos em conta que os textos s o modelados de acordo com as suas pretens es desconsiderando desrespeitando a sua origem a sua autoria 254
327. mitem a delimita o daquilo que se considera valioso o suficiente para ser transmitido s pr ximas gera es de leitores Cosson 2009 43 Assim n o se pode concluir que este processo seja desprovido de intencionalidade Os autores e as obras selecionados refletem determinadas conce es sendo usados como meios ou pretextos de legitima o do que deve ser ensinado e transmitido na escola Da que uns sejam preferidos e outros preteridos Quadro 21 Autores citados em mais de dois manuais N de cita es por manual M4 3 M5 3 M1 4 M2 4 Lu sa Ducla Soares 5 1 3 Matilde Rosa Ara jo Jos Jorge Letria Sophia de Mello Breyner Andresen Ant nio Torrado Maria Alberta Men res Maria Isabel de Mendon a Soares Ant nio Mota Esther de Lemos Fernando Cardoso Alvaro Magalh es Autores Escritores E 2 1 1 Isabel Lamas 1 7 Jos Vaz 4 1 Papiniano Carlos 1 2 1 4 1 9 Ricardo Alberty 1 1 2 1 1 6 Sid nio Muralha 2 1 2 1 1 7 Alexandre Honrado 1 9 1 1 12 Ana M Magalh es Isabel Al ada 1 2 2 2 7 lise Losa 1 1 1 1 4 Maria C ndida Mendon a 1 1 1 1 4 Miguel Sousa Tavares 1 2 1 2 6 Nat rcia Rocha 10 Alexandre Perafita Alice Vieira Cec lia Meireles Manuel Ant nio Pina Orizia Alhinho Te filo Braga Violeta Figueiredo 9 GO GO GO GO CO CO BPH HB HY E A On
328. mo que marca a posi o de professores que n o precisam deixam de ter voz e de alunos leitores que trabalham na ilus o de que ao n o necessitarem da sua ajuda e media o est o a trilhar um caminho de aprendizagem s lido e progressivo Acentuam esta perspetiva os procedimentos aos quais subjaz o intuito da clarifica o da facilita o ou a inten o de evitar equ vocos e ou ambiguidades e que mostram haver uma previs o dos movimentos e dos procedimentos de leitura Tal denuncia uma certa expectativa em assegurar garantir o seu sucesso salvaguardando se situa es de fracasso Conclu mos que este modo de operar assenta por isso num esquema plano falacioso e enganador ora se prev um determinado leitor e se adequa os textos a um determinado n vel ora ao faz lo se tolhe a sua progress o Obt m se assim uma vis o da leitura que podemos caracterizar como sendo pouco arrojada Isto no sentido em que os textos que se obt m s o muito semelhantes de caso para caso menos descri es di logos mais curtos estruturas mais simples com menos explica es menos expandidas com menor enredo textos encurtados e por isso com liga es fr geis entre 119 A confirma o fundamenta o deste pressuposto poder ser encontrada atrav s da caracteriza o da rela o estabelecida entre os textos adulterados e as atividades solicita es propostas em seu torno 253 os sentidos que transpor
329. mo s o re construidos os textos na escola mais concretamente no manual escolar O caminho que nestas circunst ncias se tra a envolve pr ticas de sele o tipos temas autores obras pocas de desloca o de adultera o e de leitura desses textos Os textos s o selecionados e deslocados ou copiados para os manuais para que os alunos possam aceder aos mesmos Mediante tais condi es s o pois alvo de uso e inten o declarada Como tal os procedimentos de recontextualiza o adotados permitem explicar de uma maneira geral as causas de discrep ncia textual West 2002 17 que poder o ocorrer Com efeito 72 Blecua 1983 explicita este aspeto destacando que texto original es en t rminos generales todo aquel que alguien escribe diretamente dictandose a si mismo p 17 Diz ainda tratar se de um texto que refleja la voluntad del autor p 61 73 A este respeito Dion sio 2000 refere exemplos daquele processo de recontextualiza o que acaba por dar acrescentar outros sentidos aos textos ou at reduzi los podemos v los entre v rios nos processos de editing cortes simplifica o de linguagem par frases nalguns dispositivos gr ficos ou nos t tulos que o autor do manual atribui em fun o da mensagem que quer revelar e que assim dizem ao aluno o que deve esperar e o que vai encontrar p 118 19 Produzindo e policiando as fronteiras do que conta como
330. nalmente real a a fun o distintiva atinente identidade nica e singular do texto O t tulo nomeia o permitindo distingui lo de outros 59 Para Boyer 1992 Le concept de lisibilit recouvre alors ensemble des composantes linguistiques du texte alors que la compr hensibilit inclut en plus les composants textuelles non linguistiques et les caract ristiques du lecteur ainsi que les facteurs situationnels pp 7 8 57 2006 concretiza se por exemplo atrav s de escolhas e op es gr ficas e tipogr ficas e da aproxima o do mundo das imagens ao mundo das palavras dois mundos que correspondem a dois modos de representa o e de significa o da realidade que devem complementar se n o opor se nem igualar se Calado 1994 34 0 Esta rela o tem vindo a ganhar significativa expressividade no campo da escrita liter ria destinada ao p blico infantil Aqui o livro suporte privilegiado para essa produ o um terreno f rtil para a criatividade tipogr fica Maia 20032 149 Nele desde h muito se reserva para as imagens um lugar de relevo permitindo lhes desempenhar importantes pap is nomeadamente na atra o da aten o do leitor e na cristaliza o da mensagem do texto conferindo lhe um ou mais sentidos e facilitando a comunica o Ramos 2007 18 Hoje em dia nos livros de literatura para a Inf ncia e Juventude a ilustra o conquistou um imenso territ rio m
331. nder e de fazer o mundo Lomas 2006 81 82 1 2 2 3 MARCAS EXPRESSAS DE ADULTERA O O facto de se conseguirem identificar em muitos manuais marcas ou assinalamentos de adultera o permite nos afirmar que neles se assume expressamente a ocorr ncia de altera es nos textos De pronto nos interrogamos relativamente sua natureza ou aos seus n veis de incid ncia sem descurar os efeitos dessas modifica es cf a seguir ponto 1 3 Neste quadro de utiliza o dos textos os procedimentos de recontextualiza o a que s o sujeitos podem assim refletir uma necessidade de os adequar a escola e aos seus destinat rios os alunos 2 Com efeito se algumas modifica es se imp em pelas circunst ncias da inser o destes objetos de leitura no meio escolar outras denunciam uma utiliza o pr definida 111 Veremos que ha tamb m textos que s o adulterados e isso n o assumido nos manuais 112 Esta situa o leva nos a questionar a intencionalidade que poder estar subjacente a esta forma de operar Sendo os textos que circulam nos manuais escolares provenientes maioritariamente do campo da literatura infantil e por isso produzidos para um destinat rio preciso Ara jo 2008 46 a crian a por que raz o haver necessidade da sua adapta o ao destinat rio escolar supostamente o mesmo indiv duo A pr tica anteriormente descrita contrasta com outra em que os textos s o intencionalmen
332. ndo se ouviu bater a porta truz truz truz 3 lt Ainda mal tinha acabado de soltar aquele queixume X quando se ouviu bater porta 3 lt MS5 32 p 50 197 H exemplos em que s o suprimidas palavras cuja fun o assegurar a coes o inter frasica conectores conjun es locu es ou outras express es conectivas Operam se com efeito quebras nas liga es conex es no interior das frases e tamb m entre elas De um lado tornam se menos reconhec veis ou menos facilmente isol veis as unidades lingu sticas conectadas Mateus et al 2003 91 e de outro h uma perda de depend ncia entre algumas liga es sem nticas que se sucedem na superf cie textual Em muitos destes casos isto resultado da forma que tomam determinadas delimita es supress es ou at da segmenta o de frases complexas Texto no livro do autor Texto no manual No meio da praceta ficava a vivenda do Sr Bonif cio que n o gostava de futebol e ainda menos de crian as Por isso eles tinham sempre muito No meio da praceta ficava a vivenda do lt lt senhor gt gt Bonif cio que n o cuidado com as bolas altas Por m o Francisco entusiasmou se e tendo lhe sa do o remate torto atirou a bola para dentro do quintal do Sr Bonif cio que estava a podar e a regar as rosas no canteiro frente da casa gostava de futebol e ainda menos de crian as 5X
333. neste n vel o quinto mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 A autoria de Ant nio Monteiro Apresenta ilustra o de lvaro Pecegueiro e Aur lio Mesquita composto por 128 p ginas numeradas Numa clara inten o de valorizar os livros e a leitura come a por apresentar logo na primeira metade da segunda p gina o poema Livro de Lu sa Ducla Soares acompanhado de uma ilustra o Na segunda metade dessa mesma p gina encontra se uma mensagem do autor do manual dirigida aos alunos dando lhes conselhos para o novo ano escolar A p gina ao lado totalmente dedicada Apresenta o t tulo que surge destacado pela cor e pelo tamanho do corpo da letra alinhado esquerda Nota se a o intuito de explicitar conce es de aula de L ngua Portuguesa de leitura e de leitor Encontra se dividida em partes de acordo com o esquema de trabalho proposto para ler e estudar cada texto e ilustrada por exemplos de p ginas do manual Surgem assim alguns subt tulos como Motivar preciso quest es colocadas antes da leitura dos textos Compreendeste o texto pequeno question rio que surge logo a seguir aos textos ainda feita refer ncia ao Caderno de Trabalho tido como o complemento natural do livro de textos onde os alunos podem encontrar propostas de trabalho muito variadas p 3 Na p gina a seguir sobre um fundo de cor clara indicado o n
334. nha feito e que guardava em tigelas de barro e boi es de vidro que davam sempre um cheiro perfumado a toda a roda da casa havia um pomar com rvores de fruto e como as rvores eram de v rias esp cies havia sempre fruta fresca durante quase todo o ano x M1 3 p 104 115 Note se que nestas circunst ncias o nosso entendimento de excerto referente ao texto entrecortado e n o ao que resulta de extra o de um peda o de texto da obra original sem cortes nem interrup es 200 Texto no livro do autor Texto no manual At que penetrou no pinhal Ent o At que penetrou no pinhal 3 num instante as sombras fizeram uma roda sua volta Eram enormes verdes roxas pretas e azuis e dan avam com grandes gestos E a brisa passava entre as agulhas dos pinheiros que pareciam murmurar frases incompreens veis E vendo se assim rodeada de vozes e de sombras Joana teve medo e quis fugir Mas viu que no c u muito alto para al m de todas as sombras a estrela continuava a caminhar E seguiu a estrela MS5 42 p 60 Os cortes a este n vel estendem se tamb m e de modo bastante significativo a sequ ncias narrativas S o frequentes as supress es algumas muito alargadas operadas sobre a acontecimentos isolados acontecimentos encadeados sequ ncias de a es tarefas acontecimentos hist rias intercaladas em jeito de apartes Texto
335. nho nao hesitou parou o cavalo poisou a m o carinhosamente na do pobre e em seguida com a espada cortou ao meio a sua capa de militar dando metade ao mendigo S Martinho n o hesitou parou o cavalo lt lt e gt gt lt lt pousou gt gt a sua m o carinhosamente na do pobre 3X lt lt gt gt Em seguida com a espada cortou lt lt a gt gt meio a sua capa de militar dando metade ao mendigo M5 42 p 34 Destacamos por fim algumas situa es delimitadas no manual M1 4 que exemplificam o ato volunt rio de modificar nos textos a sua mancha gr fica original Segue se um excerto que o ilustra 225 Texto no livro do autor Texto no manual Passaram dois dias lt lt Passaram dois dias tr s dias quatro dias gt gt e os troianos convenceram se ent o que os gregos tinham partido de verdade 3 Abriram muito devagarinho as portas da muralha e qual n o foi o seu espanto quando viram ali mesmo parado imponente brilhando ao Sol um cavalo de pau Dentro lt lt dele gt gt estava escondido Ulisses e alguns dos seus companheiros 9 Junto de uma das patas traseiras 8 havia uma porta que se abria por dentro 3 tr s dias quatro dias e os troianos convenceram se ent o que os gregos tinham partido de verdade e n o voltavam mais Abriram muito devagarinho as portas da muralha e qual n o foi o seu espanto quando viram a
336. nica tipologia V o antes como um objeto cuja constru o composi o resulta da articula o de estruturas sequenciais b sicas Um texto pode ent o ser composto por diferentes sequ ncias ficando a sua caracteriza o tipol gica assegurada atrav s da verifica o da dominante sequencial Adam delimita cinco sequ ncias protot picas definidoras de tipos discursivos sequencialidades ou tipos narrativo descritivo argumentativo explicativo e dialogal 97 identificados textos aos quais se reconhece esse estatuto textos provenientes de obras e de autores conhecidos e respeitados no campo da produ o liter ria para crian as outros h que seja pela pobreza do discurso seja pela falta de informa es acreditadoras nos deixam inseguros no que se refere sua qualidade por exemplo textos produzidos pelos autores dos manuais textos de alunos ou textos de autores pouco divulgados ou com produ o escassa A defini o de categorias fez se com base no seu n vel de representatividade e de frequ ncia Como tal opt mos por n o contemplar as designa es dos tipos de texto que apresentassem expressividade reduzida ou singular incluindo os numa categoria mais abrangente Outros por exemplo cartazes publicit rios programa es de TV ou outras Origem e autoria A introdu o dos textos na escola em contexto de ensino e de aprendizagem faz se por meio de op es de escolhas e d
337. nitivos e lingu sticos Costa 1991 15 2 2 3 O MANUAL DE LINGUA PORTUGUESA UM SUPORTE PRIVILEGIADO DE LEITURA Na qualidade de agentes de recontextualiza o do discurso pedag gico oficial e por iner ncia modeladores do discurso da aula cf Castro 1995 80 reconhece se aos manuais 45 A este prop sito Sousa 1998 refere o seguinte ao interpretar um texto o aluno v se obrigado n o apenas a confrontar se com o texto mas em simult neo a fazer intervir nesse confronto as perspetivas de outros leitores professor e colegas Em consequ ncia e porque a interpreta o constitu da nesta intera o aluno texto mediada por outros sujeitos o leitor aluno tem de se orientar nos significados n o s sua medida mas tamb m medida dos sujeitos mediadores p 64 46 De acordo com Dion sio 2000 tal papel evidenciado pelo seguinte quando nos referimos a conhecimento curricular aquele que transmitido intencional e explicitamente na sala de aula referimo nos geralmente ao conhecimento constante nos manuais p 79 Efetivamente por detr s da conce o e da produ o dos manuais escolares est a clara inten o de que estes sirvam a escola a pr tica pedag gica sendo 42 escolares autoridade e poder O facto de a sua conce o implicar escolhas por parte dos seus autores quanto aos conte dos e conhecimentos que devem comportar por um lado e quanto forma como esses saberes devem o
338. niza o ou estrutura o global H por isso uma inten o declarada de os converter numa outra coisa A ser assim operar se desta forma com o intuito de se obter bons textos para aprender a ler De facto est provado que o l xico selecionado as estruturas sint ticas usadas a forma como a informa o ordenada s o determinantes para a compreens o do texto a ler Costa 1992 75 76 Ou pretender se o dos textos modelos vers es de mundo ou 185 de conhecimento que sirvam de refer ncia para um ser em forma o Que entendimento ou pretens o ser o dos autores dos manuais que os leva a tais manobras de altera o Veja se no gr fico abaixo que as adultera es de natureza l xico gramatical 42 s o seguidas n o de muito longe pelas relativas s adultera es de natureza gr fica 31 e por fim pelas de natureza estrutural formal 28 m Gr fica L xico gramatical Estrutural formal 42 Grafico 8 Natureza dos procedimentos de adultera o na globalidade dos manuais Considerando as ace es que apresentamos atr s no cap tulo Il o que at este ponto conseguimos ver que relacionados ou n o os atos de que resultam os textos nos manuais evidenciam uma incid ncia mais local do que global Refor amos esta ideia quando somamos as percentagens referentes s adultera es de natureza l xico gramatical as de natureza gr fica e obtemos um tota
339. no Jo o Monteiro Miguel Paiva Edi es Gailivro 2007 2 ed M3 4 Amiguinhos Lingua Portuguesa 4 ano Alberta Rocha Carla do Lago Manuel Linhares Texto Editores Lda 2007 1 ed M4 4 Trampolim 4 Lingua Portuguesa Felisbina Antunes Fatima Lemos Porto Editora 2006 1 ed M5 4 Pirilampo 4 Lingua Portuguesa No mia Torres Edi es Nova Gaia 2007 2 ed 286 287 ANEXO 288 Texto 1 Texto no manual M1 3 p 30 Imagina o Cl algo que se fantasia L uma mentira C um sonho A floresta Era no m s de Outubro num s bado tarde Nos s bados tarde Isabel n o tinha aulas Por isso mal acabou o almo o saiu para a quinta O tempo estava muito quente e nem uma erva bulia Isabel dirigiu se para um pequeno bosque que ficava perto da casa Era um lugar muito solit rio onde nunca passava ningu m Isabel estendeu se ao comprido no ch o junto dum carvalho e come ou a ler Mas o livro ma ou a e ao fim de um quarto de hora ela pousou o a seu lado e come ou a olhar para um carreiro de formigas que avan ando atrav s do musgo se dirigia para um buraco que ficava perto da rvore Ent o o olhar da Isabel pousou no tronco do carvalho Era escuro enorme e rugoso e seriam precisos tr s homens para o abra ar As raizes saindo um pouco da terra formavam arcos e cavida des que lembravam pequenas cavernas Um sitio bom para morarem an es pensou I
340. no com uma proposta de planifica o ao n vel dos conte dos e de atividades transversais e identificam no como Programa o Outros M1 3 e M1 4 dividindo os ndices em trimestres repetem nos ao longo do manual sob a designa o Plano trimestral da atividade pedag gica por exemplo 125 at ao Natal at P scoa at s f rias Apenas num caso M2 4 s o apresentadas ao longo do manual planifica es mensais com orienta es relativas a temas conte dos a compet ncias essenciais a compet ncias transversais a processos de operacionaliza o a metodologias de avalia o rea de projeto ao estudo acompanhado e a cidadania forma o c vica 1 1 1 A PRIMAZIA DOS TEXTOS E DA LEITURA Na aula de Portugu s Lingua Portuguesa a l ngua constitui o objeto e o objetivo Assim sendo o objetivo prim rio desta aula a sensibiliza o l ngua Perspetiva se aqui a reflex o sobre a linguagem consci ncia metalingu stica e o desenvolvimento das compet ncias comunicativas dom nios em que a linguagem se exerce estando ainda subjacentes objetivos atitudinais e cognitivos De facto no espa o reservado ao seu ensino e aprendizagem deve promover se o desenvolvimento e a instala o de compet ncias que conduzam a uma efetiva educa o lingu stica e liter ria em contexto escolar O que diferencia esta aula do res
341. no livro do autor Texto no manual O Menino ajudou o a sentar se ao seu X lado no mesmo banco M2 32 p 82 Texto no livro do autor Texto no manual Faz de conta que enquanto a misteriosa sombra se vai aproximando devagarissimo dos meus sapatos eu vou querer dizer muito depressa que tenho 9 anos e j conhe o muitas terras Mas onde gosto mais de estar aqui no campo a seis quil metros da primeira aldeia Este s tio onde por acaso n o h fonte nenhuma especial chama se A Fonte dos Marmeleiros M4 32 p 68 201 Texto no livro do autor Texto no manual Morando numa casa t o antiga n o era f cil descer as escadas sem elas rangerem Descal o com os t nis na m o f lo cuidadosamente e t o bem que a fam lia continuava a dormir Ah Agora sim junto porta ela a estava a sua bela bicicleta verde prata Perdeu o resto do medo nada o podia impedir de participar na aventura b por es de texto com fun o M3 42 p 38 expansiva e ou explicativa justificativa e ou indicativa c nica que recheiam preenchem os espa os deixados entre os acontecimentos elementos essenciais O facto de serem omitidos faz deles elementos acess rios Texto no livro do autor Texto no manual Ent o tamb m uma maldade que se faz foca Vov Bicho a co ar a cabe a Sim de
342. nos import ncia nesta caracteriza o o seu enquadramento gr fico rela o 274 texto imagem e o seu enquadramento interpretativo rela o das atividades cujo fim guiar orientar a leitura dos textos que nos permitiriam n o apenas confirmar pressuposi es como tamb m refor ar conclus es Al m disso alertamos para o facto de que muito embora e como j antes referimos os dados recolhidos tornem bvio haver uma pr tica enraizada de manipula o dos textos nos manuais escolares com tend ncias vis veis n o era comport vel neste estudo empreender uma an lise rigorosa do seu conte do para quantificar e aferir os efeitos destes procedimentos em termos sem nticos ou por exemplo ao n vel das possibilidades de comunica o interpreta o que n o permitem ou ainda das estrat gias n veis de leitura que requerem ou possibilitam desenvolver Isso obrigar nos ia a outros n veis de recolha e de an lise de dados e como tal cria o de outros instrumentos que servissem de suporte a esse trabalho O que se mostra incontest vel no entanto que a frequ ncia das situa es em que os vemos serem atingidos faz deles alvos f ceis ou mais facilmente adapt veis ajust veis neste processo Apesar disso a an lise e a compreens o dos manuais escolares enquanto recursos por excel ncia para operar a recontextualiza o dos textos e assim possibilitar a sua disponibiliza o em meio escolar deu mostras do seu valor
343. nstituto de Educa o e Psicologia Universidade do Minho CASTRO S o Lu s amp GOMES In s 2000 Dificuldades de aprendizagem da l ngua materna Lisboa Universidade Aberta CEIA Carlos 1999 A Literatura Ensina se Estudos de Teoria Liter ria Lisboa Edi es Colibri CHAROLLES Michel 1988 Les plans d organisation textuelle p riodes chaines port es et s quences In Pratiques n 57 pp 3 13 CHARTIER Anne Marie 2008 Que leitores queremos formar com a literatura infantojuvenil In Aparecida Paiva Aracy Martins Gra a Paulino amp Z lia Versiani Orgs Leituras liter rias discursos transitivos 1 2 reimp Belo Horizonte Ceale Aut ntica pp 127 144 CHARTIER Roger 1997 A ordem dos livros 1 ed Lisboa Vega 280 CHARTIER Roger 2002 Os desafios da escrita Traduzido por Fulvia M L Moretto S o Paulo UNESP CHEVALLARD Yves 1991 La transposition didactique Du savoir savant au savoir enseign Grenoble La Pens e Sauvage CHOPPIN Alain 1992 Les manuels scolaires histoire et actualit Paris Editions Hachette CHOPPIN Alain 1999 Les manuels scolaires De la production aux modes de consommation In de Rui Vieira de Castro Angelina Rodrigues Jos Luis Silva amp M de Lourdes Dionisio de Sousa Orgs Manuais Escolares Estatuto fun es historia Braga Universidade do Minho pp 3 17 COLOMER Teresa 2003 O ensino e a aprendizagem da compreens o em leitura
344. nte o tipo de estrat gias selecionadas no ato da leitura podemos identificar dois perfis de leitores os competentes bons leitores e os que n o dominam a mestria da leitura maus leitores Os primeiros caracterizam se pela capacidade para antecipar sentidos para formular confirmar ou corrigir hip teses lan adas tamb m pela capacidade de integra o e reconstru o do sentido global do texto idem 50 pela capacidade de estabelecer liga o entre as estruturas textuais de superf cie e as suas representa es sem nticas subjacentes idem ibidem e pelo uso de estrat gias de natureza cognitiva Estes leitores fazem assim uso de estrat gias mais sofisticadas isto melhor elaboradas Le lecteur strat gique planifie sa lecture en v rifie le bon d roulement et effectue un retour sur cette derni re S il rencontre un problem en cours de route il est capable de reconna tre qu il y a perte de comprehension et de choisir le moyen qui convient le mieux pour rem dier a ce problem Giasson 2006 91 Ja os leitores com menor grau de profici ncia n o procedem a uma escolha de estrat gias correta sendo que as hip teses que lan am s o continuamente testadas corrigidas e reformuladas Cingem se a uma leitura linear decodificando o texto palavra a palavra e evidenciam grandes dificuldades em realizar antecipa es ao n vel das estruturas sint ticas e sem nticas Deste modo raras s o as vezes em
345. nulamento Pressup e se que 198 se trate apenas do afastamento do que poder ter sido entendido como excesso de zelo por parte dos autores dos textos em rela o ao uso fornecimento destas pistas lingu sticas Os autores dos manuais encaram nas portanto como desnecess rias contorn veis ou at subentend veis O enfraquecimento destas liga es na superf cie do texto revela tamb m perdas sem nticas Texto no livro do autor Texto no manual J n o se ouviam os gemidos do vento Texto no livro do autor J n o se ouviam 3 lt gemidos do vento M1 38 p 12 Texto no manual S do ch o menina S do ch o S o as folhas que as rvores nos oferecem As que ficaram nos ramos pertencem lhes a elas n o s o ainda nossas Texto no livro do autor S do ch o menina amp S o as folhas que as rvores nos oferecem As que ficaram nos ramos pertencem lhes 3S lt lt gt gt n o s o ainda nossas M2 32 p 98 Texto no manual Entdo Ulisses que todos diziam ser o mais manhoso dos homens pensou pensou e teve uma ideia construir um enorme um gigantesco cavalo de pau assente num estrado com rodas para se poder deslocar e dentro do bojo ou seja da barriga desse cavalo se esconderem alguns homens Mas para que seria este cavalo Ulisses imaginou que os gregos deviam fingir que
346. o n o haver discrep ncias entre estes e os originais dos autores Em muitos casos e independentemente dos procedimentos de adultera o a que tenham sido sujeitos os textos que s o dados a ler s o disponibilizados como vers es fidedignas A discuss o dos dados recolhidos a partir da caracteriza o da configura o dos manuais escolares nomeadamente ao n vel dos textos neles propostos para ensinar e para aprender tornou vis vel a concretiza o de pressupostos iniciais relativamente ao privil gio concedido leitura e aos textos Todos os esquemas did ticos a constru dos os tomam como elementos centrais em torno dos quais se trabalham as compet ncias da l ngua Ao n vel do protagonismo e da fun o que assumem prevalece a tradi o do texto centrado na p gina para o qual ou a partir do qual s o propostas atividades de compreens o ou outras Nesse lugar de relevo a leitura incide marcadamente sobre textos narrativos provenientes do campo da literatura infantil Estes s o pois os textos aos quais se reconhecem potencialidades maiores os que cont m um quadro de refer ncias ao que parece assegurador da forma o de leitores Sobre a sua origem e autoria no que diz respeito designadamente aos autores e s obras citadas refor am os manuais o seu tradicional papel antol gico no sentido em que d o conta de recorr ncias que permitem a sua caracteriza o como comunidades listagens exemplares
347. o sendo que v rios s o os indiv duos que experimentam dificuldades De acordo com Tapia 2003 compreender um texto significa ser capaz de construir uma representa o modelo ou imagem mental do seu conte do Para o efeito determinante que se tenha um bom n vel vocabular facilitador da compreens o das palavras e express es que se referem a conceitos chave no texto Al m disso significa ser capaz de estabelecer rela es de sentido ou articula es entre as ideias proposi es do texto e de identificar a estrutura que lhe d corpo que reflete a sua organiza o reconhecendo se o essencial do que o autor tem inten o de transmitir num determinado contexto comunicativo Finalmente a compreens o na 50 leitura requer tamb m que se seja capaz de captar conota es de reconhecer sentimentos e emo es por meio de v rios recursos lingu sticos adjetivos met foras imagens etc Deste modo o trajeto da aprendizagem da compet ncia da leitura afigura se longo e rduo pois diversas s o as hip teses de estrat gias que o aluno ter de aprender e aprender a selecionar para poder ler um texto e remediar as quebras de compreens o idem 187 Essas estrat gias enquanto a es conscientes e controladas orientadas por finalidades podem ser de natureza lingu stica e de natureza cognitiva Sousa 1989 49 Compreender um texto tal como compreender qualquer discurso um proc
348. o barulho de tanta agita o lt lt gt gt Olhava por todos os lados procura de algu m que a pudesse ajudar Mas s via desconhecidos que passavam sem sequer a ver Resolveu perguntar ao sinaleiro M4 3 p 12 Expressam a necessidade de preenchimento dos j neste trabalho referenciados espa os em branco as adi es de palavras sequ ncias de palavras que tornam expl cito o que eventualmente poderia permanecer escondido nos interst cios dos textos Percebe se que de uma maneira geral estes acr scimos s o referentes a a es acontecimentos infer veis a partir da sua leitura Pensamos por conseguinte ser l cito afirmar que se intenta deste modo fazer esvaecer opacidades n o se exigindo ao leitor um trabalho inferencial Eco 1993 55 Texto no livro do autor Texto no manual As crian as que viviam na vizinhan a da f brica juntaram se e pediram que em vez de o deitarem para a sucata O colocassem no meio do jardim onde costumavam brincar O pedido foi atendido Hoje Z V rgula Quatro As crian as que viviam na vizinhan a xX souberam do sucedido juntaram se e pediram 3 lt lt para o colocar gt gt no meio do jardim onde costumavam brincar O pedido foi atendido lt lt gt gt rodeado por crian as e p ssaros j n o chora e o seu cora o sempre que bate de alegria Hoje Z V rgula Quatro 3 rodead
349. o com a estrela e o meu nome Baltasar E juntos seguiram os quatro atrav s da noite No ch o os galhos secos estalavam sob os passos a brisa murmurava entre as rvores e os grandes mantos bordados dos tr s reis do Oriente brilhavam entre as sombras verdes roxas e azuis J quase no fundo dos pinhais viram ao longe uma claridade E sobre essa claridade a estrela parou At que chegaram ao lugar onde a estrela tinha parado e Joana viu um casebre sem porta Mas n o viu escurid o nem sombra nem tristeza Pois o casebre estava cheio de claridade porque o brilho dos anjos o iluminava E Joana viu o seu amigo Manuel Estava deitado nas palhas entre a vaca e o burro e dormia sorrindo Em sua roda ajoelhados no ar estavam os anjos O seu corpo n o tinha nenhum peso e era feito de luz sem nenhuma sombra E com as m os postas os anjos rezavam ajoelhados no ar Era assim luz dos anjos o Natal de Manuel Ah disse Joana aqui como no pres pio Sim disse o rei Baltasar aqui como no pres pio Ent o Joana ajoelhou se e poisou no ch o os seus presentes Sophia de Mello Breyner Andresen A Noite de Natal Figueirinhas s d pp 26 29 Tamb m aqui surgem perguntas depois do texto Uma delas No meio do pinhal Joana ouviu passos De que pensou tratar se M5 4 ficha 28 258 A resposta que poss vel obter na vers o do manual limita o n mero de possibilidades que esta pode abarcar
350. o conhecimento e agudiza o do poder de cr tica por parte do p blico leitor Silva amp Zilberman 2004 112 113 Uma vez apresentadas e caracterizadas ainda que brevemente as condi es de circula o dos textos na atualidade e tamb m atendendo ao assunto em estudo imp e se interrogarmo nos sobre o que lhes acontece no processo da sua escolariza o A que tipo de uma unidade estrutural o hipertexto ao contr rio tem a dimens o que o leitor lhe der seu come o ali onde o leitor escolhe com um clique a primeira tela termina quando o leitor fecha com um clique uma tela ao dar se por satisfeito ou considerar se suficientemente informado enquanto a p gina uma unidade estrutural a tela uma unidade temporal Soares 2002 150 15 opera es h possibilidade de estes serem submetidos Quem e com que inten es interv m neste processo Quais os efeitos destas pr ticas 1 2 A ESCOLARIZA O DOS TEXTOS E DA LEITURA FINALIDADES E ESTRAT GIAS escola enquanto espa o ou contexto privilegiado de ensino e de aprendizagem cabe assumir um compromisso central a forma o integral dos indiv duos pois mediante esta exig ncia que lhe imposta que ela define objetivos pr prios atuando de maneira a atingir os seus fins Assim sendo apropria se de saberes e de conhecimentos sujeitando os segundo Soares 2006 a um inevit vel processo de escolariza o 2 didatiza
351. o da personagem principal aparece apenas no fim do excerto resolu o de forma indireta e sem qualquer liga o ou referente que a anteceda ou seja sem que em nenhum momento antes se tenha percebido ser essa pretens o que leva a personagem a passar pelo dilema Como se faz cor de laranja Texto no livro do autor Texto no manual Ora v s que n o dif cil fazer cor de laranja Junta o amarelo do sol ao vermelho da terra o som do pandeiro ao som do clarim Va depressa acabar de pintar O Menino correu para casa misturou as cores e as algas alaranjadas surgiram no papel Ora v s que n o dif cil fazer cor de laranja Junta o amarelo do lt lt Sol gt gt ao vermelho da terra amp Vai depressa acabar de pintar O lt lt menino gt gt correu para casa misturou as cores e as algas alaranjadas surgiram no papel M2 32 p 82 Podemos desta forma ter aqui exemplo de algumas das fragilidades e das incoer ncias que podem resultar especialmente da supress o de partes ou sequ ncias dos textos Neste caso fica a impress o de que o question rio foi pensado para o texto original e n o para a vers o adulterada preparada para o manual Dissemos no ponto anterior que em alguns textos os cortes incidentes em partes de descri es em sequ ncias de a es acontecimentos em sequ ncias dialogais ou outros podem ser limitadores do que se pode afirmar ac
352. o desse mesmo texto sequenciando o organizando a sua apresenta o e doseando at a quantidade de informa o a disponibilizar ao leitor em cada momento p gina idem 14 Com isto a constru o ou sele o das ilustra es n o pode de todo ser fruto do acaso da intui o do ato irrefletido uma vez que tal procedimento vulnerabiliza o processamento do conte do do texto T o pouco aconselh vel que as ilustra es se reduzam ao mundano papel de bibel s enfeitando os espa os vazios que envolvem a mancha gr fica ou que se limitem a repetir conte dos do texto sobrepondo se a ele como se tudo nele devesse encontrar se a nu perfeitamente vis vel Assim se extinguiriam todas as ambiguidades todos os impl citos todos os mist rios todas as opacidades escondidas nas entrelinhas N o mais a leitura seria um desafio uma aventura uma viagem com infind veis e inimagin veis perip cias nem as ilustra es se constituiriam como uma forma de valoriza o formal de sedu o sobre o leitor e de est mulo ao pensamento visual Maia 20031 3 Encontram se j bem identificados alguns dos efeitos nefastos resultantes da utiliza o exclusiva destas ilustra es de fun o meramente decorativista O decorativismo uma forma de preencher o vazio mas tamb m de impressionar os sentidos uma forma de ocupar um espa o enchendo literalmente os olhos do leitor com o brilho das formas e das cores o ru do
353. o do texto em n veis contribui para a potencializa o do sucesso na compreens o da l ngua escrita idem ibidem Por outro lado quando essas coisas se apagam nos textos pode se pretender que o leitor preencha os espa os deixados e a a leitura torna se mais dif cil menos expl cita Recorremos novamente ao confronto do texto no manual com o question rio que se lhe segue e verificamos que a suposi o levantada pode ter fundamento Fixemos a nossa aten o no texto seguinte cf supress es sombreadas a vermelho Texto no livro do autor vs Texto no manual M5 3 p 21 CORA O DE ROB Andava triste o rob Z Virgula Quatro por n o ter ningu m com quem brincar noite depois de ter ERBNBNESES transportado min rios raros de uns s tios para os outros fechavam no a sete chaves num armaz m escuro onde tinha por companhia ecr s e outros aparelhos esquisitos que ele nem sequer sabia para que serviam Na manh seguinte davam lhe instru es rigorosas sobre o que tinha que fazer As suas tarefas eram SEMPE muito complicadas e ele n o podia falhar Um dia cansado sentiu que pela sua carapa a de lata escorriam gotas de gua Os t cnicos analisaram as gotas durante alguns dias e por fim chegaram a uma conclus o S o l grimas Temos que o vender As crian as que viviam na vizinhan a HENEBREA souberamidolsucedido juntaram se e pediram SP uia ppa no meio do jardim onde cos
354. o dos alunos com vers es impr prias dos textos vers es pejadas de gralhas e deturpa es idem ibidem Quando n o h este cuidado e os professores muitas vezes presos tenta o f cil dos materiais e propostas graficamente apelativos e prontos a usar aceitam como verdadeiras tais vers es v lido afirmar que eles det m responsabilidade ainda que indireta no processo de recontextualiza o dos textos Com isto poder a indiferen a em rela o a estes modos de atua o significar a legitima o das pr ticas de adultera o dos textos em contexto pedag gico Ser a aceita o acr tica destes livros que levar generaliza o destas pr ticas Tratar se do indesculp vel desconhecimento de obras e autores Ou por outro lado do desconhecimento da exist ncia de condi es de reprodu o dos textos De que forma s o estas quest es salvaguardadas no discurso oficial Como que os crit rios de aprecia o e avalia o dos manuais emanados do Minist rio da Educa o contemplam tais preocupa es 73 Apelidamos os textos de que aqui falamos de textos prim rios os que constituem os trechos nucleares Castro amp Sousa 1998 44 S o assim caracterizados por ocuparem um espa o distinto na aula e nas p ginas dos manuais escolares suportes em que se inscrevem e que os difundem Em seu redor ou a partir deles como forma de enquadramento figuram configura es ou disposi es gr ficas e d
355. o e de Desenvolvimento Curricular DGIDC 82 Figura 4 Processo de recolha de dados Manuais escolares 3 e 4 anos Textos liter rios Procedimentos de recontextualiza o Que textos se leem na escola Que fun o assumem Que plano de inten o subjaz sua escolha Que conce o de leitura e de leitor 4 1 OS MANUAIS ESCOLARES ESCOLHIDOS Apresenta se de seguida a listagem dos manuais selecionados para an lise 83 Quadro 1 Manuais escolares selecionados para an lise N vel Ano de T tulos manuais Autor es Editora ST ISBN ensino publica o Cl udia Pereira Isabel Borges F L ngua Portuguesa 3 3 Ano Angelina Rodrigues Luisa w o SM Azevedo Amiguinhos L ngua Portuguesa Alberta Rocha Carla do Lago Texto Editores 2007 1 2 ed 978 972 47 3 ano Manuel Linhares Lda Pa 2799 8 Edi es 978 989 557 Gailivro 2006 2 ed 184 0 Edi es Nova 978 972 712 Caia 2007 3 ed 395 7 Fio de Prumo L ngua Par Rar 978 972 701 Portuguesa 3 Ano Ant nio Monteiro Livraria Arnado 2006 1 2 ed 152 0 As Leituras do Jo o 3 Ano Jo o Monteiro Miguel Paiva Pirilampo 3 No mia Torres Cl udia Pereira Isabel Borges Lingua Portuguesa 4 Angelina Rodrigues Luisa Areal Pie 2007 1 2 ed o Azevedo o 2 D K a o D Lu o 2 2 oO e es As Leituras do Jo o 4 Ano Jo o Monteiro Miguel Paiva Edi es 2007 22ed 978 989 557
356. o e o visual ou pictural resulta por conseguinte de um trabalho intencional de potencializa o destes recursos na produ o de sentidos No que ao processo de compreens o do texto diz respeito estes planos devem por isso ser encarados pelo leitor como a uni o entre v rios elementos que formam o todo que preenche a p gina Language has to be thought about as either speech or writing and each of these has then to be further described in terms of its multiple material aspects all of which are available for the making of signs Writing is not only characterizable by its specific syntax though that is one crucial distinguishing factor but also in material terms such as its multiple forms of visual display on multiple kinds of surface Kress 1997 376 63 Hoje as fun es de decora o de representa o de organiza o e a de interpreta o sendo as fun es presentes em quase todas as obras ilustradas talvez constituam o cerne de um paradigma que faz da imagem um instrumento funcional ao servi o de um objetivo pr determinado Em contrapartida a fun o de transforma o aquela que recodifica na sua pr pria linguagem a informa o presente no texto escrito e eventualmente alguma que l n o est aquela que trouxe ao livro de literatura para a inf ncia uma mais valia estrutural fazendo com que a obra ganhe uma outra natureza mas n o perpetuando a simples anexa o de dois textos onde um s
357. o em todos os manuais selecionados para an lise Quanto ao seu enquadramento nos manuais escolares estabeleceu se a distin o entre textos prim rios textos secund rios e outros textos tendo se optado pela an lise de exemplos dos dois primeiros grupos cf cap tulo Il ponto 2 2 1 1 Os textos foram selecionados nas diferentes unidades did ticas propostas em cada manual Al m disso n o fomos indiferentes a marcas expressas de adultera o por exemplo quando a seguir estes surgem express es como adaptado ou com supress es etc Parece nos como tal que a an lise destes casos pode atestar ou n o a legitima o de pr ticas de adultera o por parte dos autores dos manuais O estudo recair assim privilegiadamente sobre os textos nucleares aqueles a que Fonseca 1992 se refere quando afirma bem sabido que na aula de l ngua materna todas as atividades giram roda do texto Na verdade de um modo ou de outro todas elas partem de um texto ou a ele conduzem A an lise e a produ o de textos constituem sem d vida momento central regularmente presente no ensino da l ngua materna p 227 88 A prop sito da explicita o da problem tica da leitura enquanto ato de interpretar um texto leia se Eco 1993 e 2004 87 Tivemos como refer ncia para este trabalho listagens do Plano Nacional de Leitura PNL revistas da especialidade e outras obras com relevante import ncia relativamen
358. o espa o do calor de frica para o frio que reinava l fora Um foguet o transportara a nave at ao limite da atmosfera terrestre e da com um ltimo rugido dos seus potentes motores empurrara a pequena nave para diante e desintegrara se a si pr prio Navegavam pelo espa o h varios dias dentro da sua pequena nave branca ftaca 3000 Tinham sido lan ados do cora o de frica para o espa o do calor de frica para o frio que reinava l fora Um foguet o lt lt transportava gt gt a nave at ao limite da atmosfera terrestre e da com um ltimo rugido dos seus potentes motores lt lt empurrava gt gt a pequena nave para diante e lt lt desintegrava se gt gt a si pr prio M5 42 p 74 Identific mos ainda casos de altera o de vocabul rio isto de substitui o de umas palavras por outras que com as primeiras estabelecem ou n o uma rela o Efetivamente detetamos exemplos espor dicos mas representativos de rela es sem nticas de sinonimia de hiponimia hiperonimia Se no que diz respeito modifica o de algumas formas verbais n o estamos certos das inten es que lhes subjazem aqui n o nos restam d vidas particularmente ao n vel das rela es sem nticas de sinon mia de que a raz o dessas adapta es simplifica es se deve pressuposi o de que o n vel de compet ncia lexical ou o conhecimento do vocabul rio dos alunos
359. o lugar fazer um levantamento das suas vantagens e tamb m das suas limita es enquanto instrumentos da aula e enquanto suportes de leitura Enfim procurar compreender o porqu de todo o protagonismo que assumem na escola a raz o de serem encarados ou aceites por muitos como uma esp cie de manual de instru es a seguir para que escola e professores possam desempenhar com efic cia o seu papel Far sentido esta forma discorrer sobre estes dispositivos ou recursos pedag gicos Talvez fa a se tivermos em linha de conta que Textbooks are a central device operating in the constitution and transmission of pedagogic discourse Such centrality may be established according to different approaches for teachers textbooks are one of the most important sources for defining pedagogic discourse contents forms of their transmission and que por essa raz o assumem a responsabilidade de conter o conhecimento que deve estar dispon vel em contexto escolar e assim sendo sup e se que reflitam as orienta es dos programas de ensino 47 Como se pode verificar os manuais escolares pelas fun es que lhes s o cometidas podem ser vistos e analisados sob diferentes perspetivas Ao processo da sua conce o subjazem com efeito conce es de ensino e de aprendizagem atestando que as propostas efetuadas n o s o desprovidas de intencionalidade Sousa 1997 refere a prop sito do que os manuais escolares dizem sobre a leitura que textboo
360. o modelos de media o com o mundo idem 14 Assim sendo poder se afirmar que os textos que circulam e que marcam presen a nas nossas sociedades s o ou dever o ser tamb m os textos que circulam e marcam presen a na escola O que se l no dia a dia O que se l na escola Em que situa es Quando Onde Com que fins Que perfis de leitores exigem as sociedades Que trabalho desenvolve a escola com vista a formar esses leitores Que objetivos s o os da escola neste mbito Encontrar respostas para estas interroga es requer que se considere nos tempos que correm e em primeira inst ncia uma constata o incontorn vel Numa sociedade em que a leitura cada vez mais importante em que o acesso informa o se tornou a principal fonte de poder deve se ter em conta a muta o r pida da diversifica o dos suportes de leitura e de escrita Hoje os media os meios audiovisuais a telem tica as chamadas autoestradas da informa o exigem capacidades de leitura diversificadas e capacidade de adapta o s novas tecnologias Delgado Martins Ramalho amp Costa 2000 12 14 Na tentativa de clarificar o que este saber ler significa usamos as palavras de Sequeira 2000 a leitura um processo que envolve uma comunidade de leitores com estrat gias pr prias derivadas da sua vis o do mundo dos seus esquemas mentais dos textos que lhes s o apresentados e das normas interpretativas que regem
361. o momento do trabalho em fases consoante os tipos de adultera es Detivemo nos primeiramente nas supress es por serem as mais recorrentes Depois analis mos as transforma es e as adi es Para a an lise do enquadramento tem tico levaram se em conta dois tipos de t tulos os t tulos das unidades did ticas ou das partes em que os manuais surgem organizados e os t tulos dos textos Percebe se por meio da sua natureza e do seu confronto o posicionamento subserviente dos textos em rela o aos t tulos Esta constata o acresce sobretudo dados sobre os crit rios de sele o considerados aquando da sua delimita o n o podendo ser desvalorizado neste n vel de recontextualiza o o facto de indiciar tamb m pr ticas de adultera o Com efeito i no mbito da sua escolha para os manuais s o tendencialmente encarados como pretextos sobretudo para tratar tem ticas de outras reas ii n o privilegiada no seu re enquadramento a comunica o entre eles e a estrutura o tem tica dos manuais podendo isto significar que tamb m n o estabelecem comunica o uns com os outros iii opera se a sua desvaloriza o enquanto unidade veiculadora potenciadora de sentidos na medida em que por meio destes manuais se privilegiam leituras isoladas desgarradas que nestas circunst ncias mostram ser os textos uma esp cie de objetos descart veis de uso limitado e por conseguinte limitador
362. o por crian as e p ssaros 3 lt lt gt gt M5 38 p 21 Finalmente fazemos refer ncia adi o de grupos de palavras de conte do que ao contr rio das situa es at agora descritas n o exemplificam situa es de acr scimo de sentidos Continuam a ser preenchidos espa os deixados em branco mas desta feita com valor referencial A preocupa o que assim se evidencia a de ser assegurada a coes o do texto sobretudo quando antes ocorreram opera es de supress o que destru ram rela es anaf ricas ou de correferencialidade A rejconstru o do texto obriga ent o retoma de objetos do discurso Coutinho 2004 2005 5 240 Texto no livro do autor Texto no manual Delicadamente a madrinha levantava as uma a uma e ia metendo lt lt as folhas gt gt entre as p ginas de uma velha lista lt lt de gt gt telefones que trouxera no saco Delicadamente levantava as uma a uma e ia as metendo entre as p ginas de uma velha lista dos telefones que trouxera no saco M2 32 p 98 No escasso quadro das adi es de natureza estrutural formal podemos apreciar situa es de amplia o de par grafo Ampl Parag e de amplia o de texto Ampl Tx que expressam sem incertezas algumas das inten es que os autores dos manuais assumem ao procederem desse modo S o ocorr ncias variadas quase todas casos nicos Ao nivel do que classifi
363. oar a composi o ou de a moldar de acordo com determinados intentos lingu sticos morais religiosos est ticos adaptando acrescentando corrigindo transformando limpando de impurezas substituindo omitindo ou suprimindo transpondo simplificando fundindo por es de textos tornando expl cito o que era impl cito Evidentemente tais modos de operar t m implica es que poder o ser nefastas e desfiguradoras da s leitura s de cada texto A altera o de uma obra poder implicar os mais variados graus de deforma o interpretativa Primeiro poder ser apenas com uma ideia determinada at comprometer o texto como um todo Sabemos que numa frase h muitas formas de repensar o mundo uma simples v rgula fora do lugar poder alterar o sentido inicialmente expresso modificando assim a rea o do leitor ao que o autor inicialmente deseja obter Oliveira 2008 40 Questionamo nos pois at que ponto os manuais escolares espelham a realidade aqui relatada Que leitores e que leituras s o fabricados Que compet ncias capacidades se querem ver desenvolvidas Qual a import ncia e fun o dos textos neste mbito Que conce es est o plasmadas nos manuais 3 OBJETOS E OBJETIVOS DO ESTUDO 3 1 OS OBJETOS Interessa nos neste trabalho analisar o contexto escolar como um meio de forma o de leitores e de circula o de textos A sele o dos manuais escolares como objeto de estudo dev
364. ocedimentos de adi o em cada manual F ADI ES Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat estrutural formal Manuais Total PT AT PISPFG P SPC Ampl Parag Ampl Tx M1 4 M2 4 M3 4 M4 4 M5 4 wo N N N Total F Total pois not ria a predomin ncia de situa es de pontua o dos textos PT na generalidade dos manuais S no manual M4 4 n o h registo de quaisquer situa es Ocorre nos afirmar sobre o acrescento de nota es gr ficas deste tipo que tal se dever ao reconhecimento da exist ncia de textos mal ou insuficientemente pontuados estando se assim a corrigi los e ou a aperfei o los Ser porque essas omiss es s o entendidas como erros Ou pretender se tornar os textos mais f ceis de ler acrescendo lhes deste modo legibilidade 227 Os valores anteriores tamb m consolidam o nosso pressuposto inicial quanto ao teor do que acrescentado aos textos Na verdade e ainda que pouco frequentemente nesta categoria adicionam se em maior n mero palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical P SPFG e como tal de valor sem ntico pouco profundo Fica assim atestado o facto de ao n vel das adi es de natureza l xico gramatical e estrutural formal poucos elementos informacionais ou pouca significa o lhes serem aditados Veremos adiante que as amplia
365. ociais culturais pol ticas entre outras Quando os agentes de recontextualiza o se apropriam de um texto este antes de ser recolocado sofre uma transforma o cuja forma regulada por um princ pio de descontextualiza o ou seja o texto 38 Entenda se aqui que the recontextualizing activity on the basis of its internal conflict and external regulation is crucial to the regulation distribution and legitimation of forms of pedagogic consciousness whether of teachers or taught As we shall see not only does it have consequences for the books in the libraries and those not there physically or symbolically but also the structuring of space and time Bernstein 1996 20 37 Cf Bernstein 1996 11 26 32 primeiro deslocado para em seguida ser recolocado Ent o esse texto j n o o mesmo Mudou a sua posi o em rela o a outros textos pr ticas e posi es e foi modificado pela sele o simplifica o condensa o e elabora o foi pois reposicionado e refocado E o princ pio de descontextualiza o que regula o novo posicionamento ideol gico do texto no processo de recoloca o num ou em v rios n veis do campo de reprodu o Domingos et al 1986 301 N o obstante Soares 2006 contesta o que afirma ser um modo impr prio e inadequado de atuar no que concerne ao transporte dos textos liter rios refor ando que em todo este processo preciso acima de tudo manter into
366. ola O seu corpo A seguranga do seu corpo Unidade 8 Principais atividades produtivas nacionais Se relacionarmos os dados anteriores com os crit rios que ter o dado origem sele o ou escolha dos textos depreendemos que no n vel de ensino em estudo os textos s o sobretudo pretexto para satisfazer necessidades curriculares de foro interdisciplinar com particular incid ncia na rea de Estudo do Meio O que assim se vislumbra que na maioria dos manuais mais adotados a n vel nacional os textos conquistam o seu lugar se primeiramente forem capazes de dar resposta a temas conte dos program ticos pr definidos Sinalizamos Dia da M e M2 4 aqui dois dos casos mais evidentes ou que melhor ilustram essa rela o Quadro 29 Confronto dos titulos das unidades didaticas com os titulos dos textos Manuais Unidade Didatica Texto no manual Titulo Tema Titulo Conte do Os amigos investigam Como se faz cor de laranja Os amigos investigam A Terra M2 3 Os amigos e os seres vivos A colheita Os amigos e o espa o local A ponte sy Estranh es bizarrocos e outros seres sem Os amigos tornam se cientistas exemplo Os amigos historiadores Voar em Guimaraes i amigos e 0s fen menos da Hist ria de uma gota de gua PET atureza Os amigos e a produ o nacional O diabo e o lavrador Os amigos e a produ o nacional s titulo Os eco amigos em a o
367. om o n mero de autores mais elevado 61 Diferentemente de todos os outros nele encontr mos mais autores e obras estrangeiros nomes e t tulos que al m de serem pouco conhecidos n o se incluem nos recorrentemente citados Quadro 23 Total de autores identificados por manual F Manuais M1 3 Diversidade de autores Podemos a partir do quadro anterior estabelecer rela o com o n mero total de textos prim rios e secund rios que cada manual apresenta cf quadro 24 a seguir e concluir que as varia es neste campo refletem op es de diferente natureza Quadro 24 Total de textos prim rios e secund rios por manual F a a a Mis cc Diversidade de obras 64 Assim i a um numero de textos mais elevado corresponde um elevado numero de autores quase todos citados uma unica vez ii a um numero elevado de textos corresponde um leque limitado de autores citados mais do que uma vez iii a um menor numero de textos por serem mais extensos e ou apresentarem em seu torno um maior volume de trabalho corresponde um menor n mero de autores 1 2 2 2 AS FONTES DE AUTORIA Ao ato de inscrever textos nos manuais subjaz a inten o de proporcionar encontros de leitura Vimos j que o leitor o aluno um interveniente passivo em todo este processo Os textos chegam lhe s m os por meio de um suporte de leitura referencial na escola N o h 144 pois qualquer participa o da sua parte na escolh
368. ompreens o propostos em seu torno acrescenta dados aos anteriormente colhidos Segue se a an lise de alguns exemplos Come amos por destacar o caso do texto A chegada da primavera do manual M2 4 p 94 Nele al m da notada inten o de que cumpra um fun o moralizante cf solicita o que surge antes do texto Oralidade Diz o que para ti a amizade e o que significa ter um amigo verifica se uma incompreendida porque desencontrada rela o entre esta motiva o e o titulo que lhe foi atribu do cf neste cap tulo o ponto 1 3 2 1 que como se pode verificar traduz uma focaliza o completamente diferente Vemos aqui o exemplo de um re enquadramento que com certeza desorientar o leitor 255 Focamos de seguida um outro caso em que uma das perguntas com que o aluno leitor confrontado depois da leitura do texto Como se faz cor de laranja no manual M2 3 p 82 O que pretendia o menino pintar de cor de laranja M2 3 p 82 A parte onde a resposta poderia ser encontrada contudo suprimida Um dia o Menino quis pintar um submarino no fundo do mar volta do submarino havia algas azuis verdes roxas e vermelhas Mas o Menino queria que houvesse tamb m algas alaranjadas Ficariam bem a ondular ao lado das algas azuis e verdes M2 3 p 82 No texto adulterado cf anexo texto 4 a nica refer ncia a essa inten
369. onfiguram pressup e se uma corre o ou um aperfei oamento das composi es textuais Ilustram no as trocas de sinais de pontua o por outros no interior das frases com a fun o de delimitar os seus constituintes ou no final das frases sobretudo nos textos narrativos quando a seguir apresentada a fala de uma personagem 217 Texto no livro do autor Texto no manual S do ch o menina S do ch o S o as folhas que as rvores nos oferecem As que ficaram nos ramos pertencem lhes a elas n o s o ainda nossas Texto no livro do autor S do ch o menina amp S o as folhas que as rvores nos oferecem As que ficaram nos ramos pertencem lhes a elas lt lt gt gt n o s o ainda nossas M2 32 p 98 Texto no manual E Oriana seguiu empurrada pela multid o Depois perguntou a um vendedor de jornais Texto no livro do autor E Oriana seguiu empurrada pela multid o Depois perguntou a um vendedor de jornais lt lt gt gt M4 32 p 12 Texto no manual E o sangue a correr do joelho As m os n o se feriram foram ao ch o mas tinham ficado sobre um tufo de ervas Ervas frescas e macias E o sangue a correr do joelho As m os n o se feriram lt lt gt gt foram ao ch o mas tinham ficado sobre um tufo de ervas 3 M2 42 p 38 Ocorre do mesmo modo a substitui
370. onhecimentos e pelas discuss es sempre alavancadoras Tamb m pelo apoio e pela confian a A todos os meus professores que pelo exemplo de sabedoria e de vida me marcaram Sobretudo aos que me iluminaram o olhar Aos meus pais e aos meus irm os por tudo Ao Pedro pela partilha da vida de todos os momentos Aos amigos e colegas que me deram for a e que me acompanharam nesta empreitada Obrigada RESUMO A disserta o de mestrado com o t tulo Pr ticas de recontextualiza o de textos em manuais escolares adi es supress es e transforma es situa se no mbito da leitura em contexto escolar Intenta concretamente identificar e compreender os procedimentos de recontextualiza o a que os textos nos manuais escolares s o submetidos no processo da sua transposi o para aqueles suportes Nesse tr nsito operam se adi es supress es e ou transforma es de diferente natureza que os adulteram a n vel lingu stico e ou sem ntico O confronto das vers es dos textos nos manuais 0 nosso corpus com as respetivas vers es de proveni ncia tornou poss vel a delimita o desses movimentos Seguiram se a sua caracteriza o e a sua an lise com o intuito de aferir o seu impacto e as suas repercuss es por um lado e de depreender um quadro de raz es e de inten es para tais interven es por parte dos autores dos manuais escolares por outro Assim se puderam inferir conce es e representa es de leitura e de lei
371. onto de vista do autor Os assinalamentos tipogr ficos mais analisados s o os sublinhados a indenta o indentation letras a cheio negritos e em it lico mai sculas letras a cores setas e esquadrias p 148 Para o nosso estudo consideramos revelar se pertinente determo nos essencialmente na influ ncia dos t tulos de alguns assinalamentos tipogr ficos e das ilustra es na compreens o dos textos apresentados nos manuais analisados 55 Sob a designa o deste conceito s o aqui considerados os processos que dizem respeito organiza o textual isto constitui o e relacionamento de unidades pr prias do texto enquanto n vel de an lise lingu stica Coutinho 2003 160 58 A este prop sito Halliday amp Hasan 1976 3 4 referem que h coes o textual sempre que um elemento no discurso estabelece uma rela o sem ntica com outro Esta liga o que ocorre entre um par de elementos coesivos corresponde ao que os autores referidos chamam de elo coesivo cohesive tie O texto deste modo formado por elos coesivos sendo este tipo de liga es fundamental para a cria o da textura texture Nas suas palavras cohesion occurs where the interpretation of some element in the discourse is dependent on that of another The one presupposes the other in the sense that it cannot be effectively decoded except by recourse to it When this happens a relation of cohesion is set up and the two elemen
372. onto dos t tulos das unidades did ticas com os t tulos dos textos 174 Quadro 31 Confronto dos t tulos das unidades did ticas com os t tulos dos textos 174 Quadro 32 Natureza dos t tulos dos textos cccsescsesssessssesssssscssssssssceesssscscesssssssceessssseseesens 176 Quadro 33 Natureza dos t tulos dos textos cecesesesssesescessssescsssssssseesssscscesssssceteessssceeeasens 177 Quadro 34 Natureza dos t tulos dos textos 0 ccccesesessssessssssssssscessssssstessssssseesssssssceesesssaeasens 177 Quadro 35 Natureza dos t tulos dos textos 0 ceccesesessssessseessssesesssssssseessssscseeessssseeesssseaseeeees 178 Quadro 36 Natureza dos t tulos dos textos eterno receeeerereceerererereenerena 178 Quadro 37 Tipos de adultera o nos manuais e reeeeeeeeeeeereereeerana 183 Quadro 38 M dia de opera es de adultera o por texto em cada manual 184 Quadro 39 Natureza dos procedimentos de supress o em cada manual F 189 Quadro 40 Natureza dos procedimentos de transforma o em cada manual F 208 Quadro 41 Natureza dos procedimentos de adi o em cada manual F 227 xiv INTRODU O A problem tica que se pretende investigar em s ntese a das formas de transmiss o e de circula o do texto liter rio Isto
373. opria de textos oriundos de um meio que est fora dos seus muros produzidos num contexto prim rio de produ o discursiva cf Domingos et al 1986 e que os usa como recursos para atingir os seus fins O discurso educacional que reproduzido no campo de reprodu o discursiva o resultado de um processo que ocorre no contexto de recontextualiza o e que consiste na transforma o dos textos produzidos no contexto prim rio de produ o discursiva O contexto de recontextualiza o estrutura o campo de recontextualiza o isto os campos e subcampos cujas ag ncias discursos e pr ticas est o interessados na passagem de textos e de pr ticas do contexto prim rio ou de produ o discursiva para o contexto secund rio ou de reprodu o discursiva idem 300 com base nesta distin o neste entendimento que Basil Bernstein um especialista de refer ncia neste campo analisa o discurso pedag gico procurando perceber como este se estrutura como se desenvolve que sujeitos interv m e qual o seu posicionamento como e onde se concretiza Neste sentido e no mbito da fun o cometida escola h agentes de recontextualizagao que sujeitam esses textos a procedimentos de sele o modelagem adapta o reconfigura o como se para poderem cumprir devidamente os fins da escola houvesse necessidade de os depurar de os livrar de impurezas de v ria ordem lingu sticas s
374. or real a o qu o dif cil o seu reconhecimento remetendo essa rdua tarefa para os especialistas que sabem como distinguir a diferen a entre uma obra falsa e o seu original pp 181 182 70 pedagogizaveis e a cumprir fins educacionais mesmo que tal n o estivesse previsto cf Dion sio 2000 117 Ora a ser assim o material impresso de que s o constru dos os textos na escola n o resulta de escolhas neutras ou imparciais H com efeito agentes provenientes de v rias esferas sociais que marcam presen a e imp em posi es na dinamiza o de todo o processo de media o que regula a circula o do impresso naquele lugar A institui o escolar n o obstante a responsabilidade pedag gica que lhe cometida assume no entanto uma postura submissa em rela o a todas essas inst ncias O impresso que em grande parte constr i o texto escolar resulta de um processo no qual as tomadas de posi o pedag gicas se encontram em larga medida submetidas a tomadas de posi o editoriais econ micas e pol ticas e se isso verdade que o campo pedag gico ou escolar no processo de produ o do impresso did tico uma esfera social dependente e sem autonomia em face do campo da produ o editorial e do campo do poder Batista 2004 144 Por isso quando chegam escola os textos n o s o mais os mesmos Passaram pelo crivo de v rios dispositivos que lhes retiraram e ou acres
375. orienta o do professor doutor Manoel Mourivaldo Santiago Almeida defendida em 2006 pela UFMT BOYER Jean Yves 1992 La lisibilit In Revue Fran aise de P dagogie n 99 pp 5 14 BRANCO Ant nio 2008 Da leitura liter ria escolar leitura escolar de da literatura poder e participa o In Aparecida Paiva Aracy Martins Gra a Paulino amp Z lia Versiani Orgs Leituras Liter rias discursos transitivos 1 reimp Belo Horizonte Ceale Aut ntica pp 85 110 BRITTO Luiz Percival Leme 2006 Leitura e Pol tica In Aracy A M Evangelista Heliana M B Brand o amp Maria Z lia V Machado Orgs A escolariza o da leitura liter ria O jogo do livro infantil e juvenil 2 ed Belo Horizonte Aut ntica pp 77 91 CADEMARTORI Ligia 2008 Para n o aborrecer Alice a ilustra o no livro infantil In Aparecida Paiva e Magda Soares Orgs Literatura Infantil pol ticas e conce es Belo Horizonte Aut ntica pp 79 90 CALADO Isabel 1994 A utiliza o educativa das imagens Porto Porto Editora CALVINO talo 2002 Seis propostas para o pr ximo mil nio 4 2 ed Lisboa Teorema CARNEY Russel N amp LEVIN Joel R 2002 Pictorial Illustrations Still Improve Students Learning From Text In Educational Psychology Review Vol 14 n 1 pp 5 21 CASTRO lvo 1976 Problemas Filol gicos do Texto Liter rio Escolar In AAVV 1 Encontro Nacional para a Investiga o e Ensino
376. orma o e de comunica o que se encontram a impor uma reconfigura o das sociedades firmando o seu lan amento para o patamar de sociedades de conhecimento Duarte 2006 30 A cultura do impresso print culture tem vindo a desvanecer diante de uma 4 Em causa est o os avan os e inevit veis transforma es que se foram observando ao longo dos tempos desde a inven o da escrita passando por Gutenberg at ao aparecimento da Internet revolu o do presente Desde o c dex tela cf Chartier 1997 Assiste se atualmente a mais uma revolu o da leitura e da escrita porventura mais radical em que a materialidade do livro substitu da pela imaterialidade dos textos sem lugar espec fico Freitas 2007 157 Livros jornais revistas suportes ou meios impressos bem conhecidos e habituais d o lugar ao computador suporte eletr nico ou digital dos textos 5 Referimo nos em concreto s diferen as entre a sociedade atual sociedade de informa o e a sociedade industrial que se organizava em torno da produ o de bens e que assumia como decisivo e determinante a for a muscular e a energia Furtado 2000 281 8 O conhecimento ou saber formal de cada indiv duo remete nos para o contexto privilegiado onde este o pode adquirir a escola seu papel e fun o preparar os alunos para uma integra o plena no meio possibilitando lh
377. ormar e de transmitir valores e h bitos sociais atribui literatura infantil uma tarefa educativa complementar atividade pedag gica exercida no lar e ou na escola idem 64 65 Do ponto de vista de Batista 2004 ler desse modo confunde se com aprender p 29 A literatura infantil apesar de continuar reivindicando seu estatuto liter rio nas dimens es que se queira conferir a esse termo sempre ser uma exce o que de maneira natural de acordo com os usos e pr ticas realizados pela escola desperta em n s o desejo de refletir sobre as condi es que a tornam poss vel uma vez que ela legitimada pelo sistema educacional e as apropria es e rece es feitas conferem lhe sem d vida alguma um estatuto seja ele liter rio ou pedag gico ou ambos dependendo do ponto de vista que se queira adotar Paiva 2008 36 Como se pode verificar o contacto da crian a com a literatura infantil paralelamente ao tra ado do seu percurso de aprendizagem da leitura a princ pio orientado por mediadores 35 Naturalmente ao longo do tempo esta liga o vai se tornando mais individual e mais independente desses agentes de media o 27 Os adultos come am por ser efetivamente respons veis por um circuito que se estende da cria o das hist rias edi o distribui o e circula o culminando com o consumo controlado sobretudo por pais e professores Zilberman 2003 52 E
378. os M2 3 Cada bloco pensado para uma quinzena abre com um texto hist ria ou poesia que o a professor a te vai ler M5 3 Todos os textos s o trabalhados em tr s rubricas principais ao longo de quatro p ginas M3 4 Os textos s o sempre o ponto de partida para atividades de leitura e de compreens o M4 4 Uma nota final para os t tulos para as ilustra es e para as refer ncias e inscri es relacionadas com a leitura e com os textos algumas com intuitos comerciais e publicit rios que surgem nas capas dos manuais Confronte se a este prop sito o quadro seguinte onde o simbolo V representa a presen a de marcas e o s mbolo representa a sua aus ncia Quadro 19 Marcas de valoriza o dos textos e da leitura nas capas dos manuais Manuais Capas M5 3 M1 4 T tulo Ilustra o Outras inscri es 129 Apenas dois manuais da mesma cole o assumem a valoriza o da leitura no t tulo As Leituras do Jo o M3 3 e M2 4 ao nivel das ilustra es das capas que se regista um maior n mero de marcas Com efeito em quase todos os manuais surgem a representa es de livros H um manual que o faz de forma diferente recorrendo a express es Era uma vez palavras relacionadas com a poesia acr stico e excertos de poemas Verdes s o os campos para criar expectativa e
379. os Batista 2004 17 exemplo disso o que se passa na esfera social escolar onde os textos chegam por meio de uma determinada sele o com vista a cumprir fun es de foro educativo did tico pedag gico recreativo social pol tico cultural que lhes s o particulares entre elas fornecer informa es saberes e conhecimentos transmitir valores e atitudes veicular representa es e vis es do mundo Segundo Dion sio 2000 tais caracter sticas conferem lhes nesse contexto o estatuto e o poder de um exemplo p 117 O mago desta problem tica encontra se deste modo nas quest es de origem de autoria e de manuten o da pureza e inteligibilidad Blecua 1983 19 dos textos uma vez que se reconhece que Cuanta mayor difusi n tiene un texto tanto mayores son las probabilidades de que los errores se acumulen hasta el punto de convertirlo en ininteligible idem ibidem Com efeito no decurso do processo de c pia de reprodu o e de transmiss o dos textos ocorrem erros fruto de interven es humanas volunt rias e involunt rias que os corrompem essencialmente ao n vel das suas caracter sticas materiais e ao n vel das inten es dos seus autores cf Castro 1992 op cit Borges 2006 Assim sendo corre se garantidamente o risco de condicionar o acesso ao texto e subsequentemente s suas poss veis leituras tal como previsto aquando da sua conce o O
380. os com letra de corpo maior e cor diferente da usada na mancha gr fica Ainda nestas p ginas surgem ilustra es de dimens o significativa que preenchem metade ou mais de metade deste espa o S o as manchas gr ficas que se ajustam sua forma e dimens o e n o o contr rio Talvez por essa raz o se note um menor espa amento entre linhas e em algumas situa es se recorra disposi o dos textos em coluna alinhados esquerda ou direita Tal como nos manuais j apresentados a posi o das ilustra es juntamente aos textos vari vel Surgem entre os t tulos e os textos paralelamente aos textos em posi o intercalada texto ilustra o texto depois dos textos em alguns casos emoldurando os 1 2 caixilho Mais raras s o as situa es em que s o os textos a emoldurar as ilustra es Esporadicamente aparecem depois dos textos algumas das suas palavras destacadas a negrito e a cor seguidas dos respetivos significados Na p gina ao lado surgem rubricas que decorrem da leitura dos textos Ler Compreender e ou Funcionamento da Lingua e ou Escrever e ou Escutar Comunicar Em termos gr ficos s o mais notados os tons verdes laranjas e azuis usados para real ar os t tulos as designa es das rubricas e as ilustra es 158 M5 3 O manual M5 3 da cole o fio de prumo e com o titulo Lingua Portuguesa 3 ano 1 2 edi o 1 2 reimpress o 2006 da Livraria Arnado foi
381. os de apropria o do escrito a par do dom nio de outras compet ncias por exemplo a escrita e o c lculo constitui por isso uma refer ncia para aferir o n vel cultural e educacional das sociedades em geral e de cada indiv duo em particular Efetivamente a sua pr tica assume se como fundamental para o desenvolvimento intelectual dos sujeitos contribuindo de forma inequ voca para a constru o de uma sociedade mais equilibrada em que haja mais justi a produtividade e criatividade idem 83 Subsequentemente a aten o s transforma es aos avan os e recuos que ocorrem nas sociedades tornam mensur vel o seu n vel e ritmo de evolu o e permitem adapta es reajustamentos sua realidade em termos de medidas pol ticas sociais atitudes h bitos pr ticas e representa es dos sujeitos relativamente leitura e escrita A leitura pode se apresentar na condi o de um instrumento de conscientiza o quando diz respeito aos modos como a sociedade em conjunto repartida em segmentos diferentes ou composta de indiv duos singulares se relaciona ativamente com a produ o cultural isto com os objetos e atitudes em que se depositam as manifesta es da linguagem sejam estas gestuais visuais ou verbais oral escrita mista audiovisual Neste caso a leitura coloca se como um meio de aproxima o entre os indiv duos e a produ o cultural podendo significar a possibilidade concreta de acesso a
382. os de apropria o ou de expropria o dos textos 179 1 3 3 1 As opera es de adultera o a delimita o dos textos v lidos 180 2 Os textos ideais para ensinar e para aprender Decis es em fun o de um leitor que se prev e ou de um leitor que se quer construir cescssssessssssssesessssssesessessscsssssstscsesssscseeesasseeeees 243 3 O antes e o depois dos textos adulterados Algumas notas em torno de enquadramentos SO IMANVOS espada e o estao sra au 255 CONCLUS ES asas a a 263 BIBLIOGRAFIA sao EU ED O OR SR 277 ANEXO l Text0s zon sr did a ia a 287 ANEXO dh Quadros sanar an Dae Dana danauntna doa dar o 295 xi xii NDICE DE FIGURAS GR FICOS E QUADROS Figuras Figura 1 Representa o gr fica da base te rica e conceptual do estudo 66 Figura 2 Sele o dos objetos do CStudo sssescssccsseecseseesesseetesesseseerssneseesseneesteseeanedeseentenecass 79 Figura 3 Delimita o do corpus do estudo c seccesecsesessesesesessesesstssstsesstsesetsesensesensesensesensetenees 81 Figura 4 Processo de recolha de dados scssssscsssssessessseesssesseseesssecssseesesesseseesesessesessesesseees 83 Gr ficos Gr fico 1 Fun es dos textos nos manuais e eeeeeeeeeeeeereeereeerano 137 Gr fico 2 Distribui o das tipologias textuais nos manuais 138 Gr fico 3
383. os de leitura elementos essenciais relativamente a temas representa es de mundos e uma fun o pedag gica e moralizante Verifica se a elimina o de ru dos ou interfer ncias que fa am perigar a compreens o ou a identifica o dos conte dos que os autores dos manuais em sobreposi o aos autores originais querem que sejam comunicados aprendidos Ser ent o leg timo referir que o seu reconhecimento facilitado imposto pela sele o delimita o operada S o desta forma textos que por dizerem menos mais do que por lhes serem acrescidos interst cios diminuem as possibilidades de interpreta o de comunica o de frui o e de acesso a mundos a conhecimentos N o esque amos com efeito que o facto de determinados assuntos n o figurarem no corpo dos textos pode significar a improbabilidade de neles sobre eles se falar cf por exemplo Sousa 2000 Dion sio 2000 Do mesmo modo abrem um campo de incertezas quanto possibilidade de contribuirem para aprofundar complexificar a sua leitura e compreens o evidenciando se pelo contr rio a tend ncia para a tornarem mais superficial mais elementar mais padronizada Assim se arreda o leitor de tarefas de estrat gias e de t cnicas de leitura mais exigentes estando se a contribuir a nosso ver para uma falsa autonomia e para uma fal vel metodologia do ensino desta compet ncia Referimo nos a um manifesto facilitismo simplis
384. os de vista apresentam fundamentos e orienta es que os nortearam em termos dos modos de operar De certa forma torna se poss vel verificar em que contextos ou campos basearam as suas op es pedag gicas cf Dion sio 2000 217 Localizamos o discurso de que aqui falamos nos textos de abertura atrav s deles que se come am a evidenciar marcas dos projetos editoriais Referimo nos concretamente ao que neles referente ao reconhecimento e valor atribu dos aos textos e leitura aos crit rios de sele o escolha dos textos e s condi es da sua desloca o de outro modo s preocupa es filol gicas demonstradas Mais relevante se torna este trabalho se pensarmos que est em causa um discurso que assumido por quem concebe estes recursos e que atendendo a tal responsabilidade se vislumbram nesses textos iniciais princ pios crit rios conhecimentos conce es a ter em considera o nos momentos da an lise que se seguem Dos dez manuais em estudo quatro deles n o apresentam quaisquer textos introdut rios M3 3 M4 3 M2 4 M5 4 Nos seis restantes estes textos podem ser identificados atrav s de designa es variadas Surgem umas indicadoras do s seu s destinat rio s Aos colegas M1 3 M1 4 Aos Professores Pais e Educadores M2 3 M3 4 Dois destes manuais M1 3 e M1 4 apresentam a seguir a um texto dirigido Aos colegas com cita es do Prog
385. os e culturais A sele o dos textos adv m da aplica o de crit rios de discrimina o O professor que se vale do livro para a veicula o de regras gramaticais ou normas de obedi ncia e bom comportamento oscilar da obra escrita de acordo com um padr o culto mas adulto quela cria o que tem indole edificante Todavia necess rio que o valor por excel ncia a guiar esta sele o se relacione qualidade est tica Porque a literatura infantil atinge o estatuto de arte liter ria e se distancia de sua origem comprometida com a pedagogia quando apresenta textos de valor art stico a seus pequenos leitores e n o porque estes ainda n o alcan aram o status de adultos que merecem uma produ o liter ria menor Zilberman 2003 26 Faz ent o todo o sentido reservar lugar para o texto liter rio na escola na sala de aula A sua elei o como objeto de ensino e aprendizagem da l ngua encontra a base de sustenta o no facto de literatura se atribuir expl cita ou implicitamente uma miss o educadora que a escola apenas tem de potenciar Dion sio 2000 60 Esta miss o remete por isso para a constru o de leitores por gosto e com gosto Sousa 1999 23 na escola e para al m dela Por todas estas raz es que o ensino da literatura n o se assumindo como um rem dio para todos os males constitui um contributo importante para desenvolver as potencialidades de comunica o e de co
386. os manuais que no contexto de ensino e aprendizagem das respetivas reas curriculares assumiam todas as responsabilidades No quadro do ensino da L ngua Portuguesa quais eram ent o as compet ncias a serem desenvolvidas e quais os recursos que elas mobilizavam Que tipo de aluno se pretendia formar Na sec o destinada a esta disciplina rea disciplinar referia se que ela um importante fator de identidade nacional e cultural e que o seu dom nio decisivo no desenvolvimento individual no acesso ao conhecimento no relacionamento social no sucesso escolar e profissional e no exerc cio pleno da cidadania CNEB 2001 31 Justificava se assim o papel fundamental que esta disciplina desempenhava no desenvolvimento das compet ncias gerais transversais a todo o curr culo De acordo com as metas estabelecidas pelo curr culo de L ngua Portuguesa na educa o b sica considerava se essencial que o aluno desenvolvesse ao longo deste n vel de escolaridade compet ncias do modo oral ouvir e falar compet ncias do modo escrito ler e escrever e compet ncias relativas ao conhecimento explicito da l ngua Para cada uma das compet ncias espec ficas anteriormente mencionadas eram estabelecidas metas de desenvolvimento por cada ciclo de escolaridade pressupondo se com esta forma de estrutura o assegurar a continuidade de todo este processo ao longo dos tr s ciclos do ensino b sico atuais Programas de
387. os manuais vis o que se vislumbra nos princ pios que defendem e pelos quais se orientam e no tipo de pr ticas que prop em ou deve ser perspetivada a aula de L ngua Portuguesa organiza o estrutura conte do metodologias estrat gias atividades Tal poderia tamb m ser verific vel por exemplo atrav s da an lise das inscri es que nestes recursos s o relativas a instru es para o seu uso Algumas diretamente dirigidas ao professor dizem lhe lembram lhe sem rodeios o que lhe compete decidir e fazer como se na eventualidade de este n o ser capaz de exercer autonomamente ou competentemente as suas fun es fosse sua obriga o ou seu dever alert lo para o que imprescind vel ou propor lhe um caminho pedag gico Vejam se e confrontem se os seguintes excertos retirados de textos de abertura de dois manuais do 4 ano de escolaridade a prop sito da justifica o da forma como se apresentam organizados e estruturados Esta organiza o uma estrutura que orienta o trabalho do professor ao longo de cada m s do ano letivo o que se traduz num apoio planifica o que imprescind vel realizar M1 4 Organizado em torno de nove temas transversais o Manual de L ngua Portuguesa apresenta uma estrutura e prop e um caminho pedag gico pr prios Todos os textos s o trabalhados em tr s rubricas principais ao longo de quatro p ginas M3 4 Contudo intere
388. os prop sitos iniciais do estudo Pensamos deste modo que a descri o aqui apresentada das etapas de trabalho a seguir ao longo do estudo que nos propusemos realizar permitir chegar a conclus es relevantes para a melhoria das pr ticas e atitudes de ensino e aprendizagem em contexto escolar nomeadamente ao n vel da preserva o das obras textos de autores de refer ncia ao n vel da valoriza o do texto por si pela unidade de sentido que este configura e n o como pretexto para tratar outros conte dos ou assuntos ao n vel do respeito pelo leitor dando lhe a ler textos significativos e de qualidade A tratar se de uma an lise quantitativa e qualitativa dos dados com o objetivo de serem realizadas infer ncias e serem extra das conclus es procurar se n o cair no erro de generaliza es excessivas e abusivas De facto este estudo pressup e a an lise de apenas uma parte da realidade dos manuais escolares N o obstante n o deixaremos de de forma prudente e fundamentada tecer considera es e formular opini es relativamente aos dados recolhidos e analisados Pretende se que as conclus es e as reflex es resultantes deste trabalho de investiga o permitam tra ar uma vis o global da problem tica em causa e que as 65 mesmas possam ser postas ao servi o de uma rela o de todo desej vel entre a teoria e a pr tica do quotidiano pedag gico 2 BASE TE RICA E CONCEPTUAL DO ESTUDO Para o estudo da proble
389. otidiana o homem sofre desequil brios que s podem ser corrigidos pela educa o popular permanente e que o principio base que neste mbito deve prevalecer o de aprender a aprender p 198 Em causa est a necessidade de responder a uma nova ordem de coisas de aprender a conviver com um novo mundo com novas compet ncias para entender novas linguagens e perceber o valor dos textos Nascimento 2006 290 Requer se assim no essencial que esse processo de forma o e de aprendizagem seja abrangente e que constitua uma empreitada para a vida Face ao exposto um processo que seja enfim mais orientado para a flexibilidade para o desenvolvimento de capacidades de adapta o s situa es e de resolu o de problemas uma vez que We are living amidst major changes changes creating new ways with words new literacies and new forms of learning These changes are creating as well new relationships and alignments within between and among the spheres of family school business and science In this new world social class works to create characteristic kinds of people in characteristic worlds people and worlds differentially fit for the new capitalism by their orientations in and to the world Gee 2000 43 E neste enquadramento que nos dias de hoje os textos surgem e circulam em diferentes suportes e espa os cumprindo diferentes fins e objetivos e como vimos com efeitos nas
390. ouvir nada Come avam a pensar que ele era surdo mas outras vezes Giz dava mostras de ter uma orelha fina como uma rata Percebia at o ru do que fazem as lagartixas a entrar e sair dos buracos dos muros O nome dele era Gisbergo mas toda a gente o conhecia por Giz Era um al vio para todos n o ter de lhe chamar Gisbergo A mem ria de Giz fazia o espanto das pessoas Este rapaz dizia o professor mede a memoria aos canecos mas isso n o lhe aproveita para nada 8 A mem ria de Giz fazia o espanto das pessoas Este rapaz lt lt vende gt gt a mem ria aos canecos mas isso n o lhe aproveita 3 lt nada lt lt dizia o professor gt gt M1 48 p 148 Antes ao n vel das supress es de pontua o alert mos para ocorr ncias em que esse procedimento se traduzia na perda de expressividade Passa se agora a situa o inversa quando se refor a a pontua o n o para suprir uma aus ncia omiss o mas para acrescer expressividade dar nfase real ar marcando modula es cf Coutinho 2004 2005 7 Com isto os autores dos manuais propdem se tornar mais fortes mais modulares determinadas passagens dos textos Texto no livro do autor Texto no manual Ent o j descobriste o que vamos fazer com as folhas Texto no livro do autor Ent o j descobriste o que vamos fazer com as folhas M2 32 p 98
391. p gina ao lado surge um outro texto intitulado Apresenta o A encontramos essencialmente informa es relativas estrutura do manual e leitura Das afirma es proferidas destacamos importante n o perdermos o h bito de contar e ouvir hist rias conversarmos sobre elas refletirmos M5 3 LER sabermos entender um texto captarmos a mensagem do autor E sermos capazes de emitir um ju zo sobre ele M5 3 O manual M3 4 da mesma editora e projeto do manual M2 3 demonstra valorizar os textos e a leitura quando opta por oferecer aos alunos um Caderno de Biografias e convida dois escritores conceituados para a escrita de textos in ditos Como complemento ao Manual oferecido ao aluno um Cademo de Biografias levando o de uma forma interativa a conhecer alguns dos nossos escritores infantojuvenis M3 4 Gostar amos de salientar e agradecer a participa o de dois conceituados escritores lvaro Magalh es e Lu sa Ducla Soares que escreveram cada um nove textos in ditos para a abertura das unidades tem ticas enriquecendo este instrumento de trabalho com a sua not vel criatividade ritmo e sensibilidade que certamente far o as del cias dos nossos alunos abrindo lhes horizontes para o gosto pela leitura e pela escrita M3 4 De todos os manuais analisados o manual M4 4 o nico em que explicitamente assumida a im
392. pacidade para servir a escola 269 Ainda que de referencia o inconsistente incoerente estas fragilidades s o refor adas confirmadas quando se acrescem as fontes de autoria marcas palavras que tornam expressos procedimentos de adapta o Tais indica es n o esclarecem no entanto os destinat rios destes textos relativamente ao tipo ao significado ou inten o das modifica es realizadas Esta situa o ao inv s de tornar cred vel o processo de transposi o dos textos para os manuais escolares torna ainda mais vis veis as suas debilidades criando nos leitores n o apenas desconfian a mas tamb m um elevado grau de incerteza s em rela o veracidade do que leem A an lise das pr ticas de recontextualiza o dos textos que se seguiu foi dividida em dois momentos O primeiro centrou se nos modos do seu enquadramento isto na descri o de alguns dos elementos componentes que contribuem para a configura o dos contextos de leitura escolar por meio dos manuais o enquadramento tem tico Seguiu se a an lise dos procedimentos de adultera o dos textos incidentes na sua mancha gr fica ou na sua textura A descri o desenvolvida possibilitou particularizar situa es demonstrativas de v rias das caracter sticas e dos pressupostos anotados anteriormente por um lado e permitiu o acesso a um leque alargado de raz es justificativas dessas interven es por outro Repartimos esse segund
393. pai seguiu calmamente Olhou para tr s e vendo o filho entrada da ponte sem se mexer disse lhe Ent o Jo o que tens N o queres entrar na ponte O Jo o exclamou Ou a pai Aquele c o que vi ontem era afinal do tamanho doutro c o qualquer Texto no livro do autor 8 Pai aquele c o n o era 3X do tamanho lt lt de um gt gt boi lt lt gt gt 8 lt lt gt gt X nem lt lt de um gt gt burro lt lt gt gt 8 nem t o pouco era o c o maior lt lt de gt gt todos os c es que conhe o lt lt gt gt X X lt lt gt gt era lt lt apenas gt gt do tamanho doutro c o qualquer M2 32 p 110 Texto no manual O que for melhor disse o diabo Batatas n o que ainda as tenho do ano passado Que tal semearmos um campo de trigo X Que tal semearmos um campo de trigo M3 42 p 126 Os exemplos anteriores denotam que a extens o dos cortes de natureza estrutural formal vari vel Retomando os valores indicados no quadro 39 podemos constatar que as situa es delimitadas e classificadas como uma redu o contra o de texto R Ctx ocorrem mais frequentemente ao n vel de manchas correspondentes a um intervalo entre um e tr s par grafos 1 3P N o obstante fazemos refer ncia aqui a alguns casos em que a supress o de sequ ncias de mais de tr s par grafos
394. phors of the organization of the world then the two modes produce quite distinctly different takes on the world different images of that world and different dispositions by their users whether as text producers or as text consumers towards the world idem ibidem 61 Carney amp Levin 2002 com base em Levin 1981 fazem refer ncia a cinco fun es das ilustra es no mbito do processamento de texto fun o de decora o decorational pictures ilustra es que se limitam a decorar a p gina e que n o se relacionam com o conte do do texto fun o de representa o representational pictures ilustra es que espelham ou repetem parte ou a totalidade do conte do do texto fun o de organiza o organizational pictures ilustra es que auxiliam ao nivel da organiza o das informa es do texto numa estrutura com sentido sendo disso exemplo os mapas os gr ficos e os diagramas fun o de interpreta o interpretational pictures ilustra es que ajudam a compreender e a clarificar um texto de dif cil processamento fun o de transforma o transformational pictures ilustra es que se configuram como mnem nicas estimuladoras da memoriza o do conte do do texto facilitando ainda a recorda o das informa es centrais p 7 58 Correspondendo a uma leitura do texto que acompanha a ilustra o resulta de um processo de aproxima o e recria
395. pida e eficaz de material escrito que caracteriza a mar de iliteracia que amea a muitas das sociedades atuais est relacionada com exig ncias colocadas pela 16 Cf por exemplo Benavente et al 1996 Castro amp Sousa 1996 Delgado Martins Ramalho amp Costa 2000 Santos Neves Lima amp Carvalho 2007 Lages Liz Ant nio amp Correia 2007 17 Cf Resultados da aplica o das Provas de Aferi o divulgadas pelo GAVE Resultados do Estudo Internacional Pisa 2000 18 S o da iniciativa do Governo e da responsabilidade do Minist rio da Educa o em articula o com outros Minist rios o Plano Nacional de Leitura PNL o Programa Nacional de Ensino do Portugu s PNEP A es de forma o replicadas a n vel nacional com a disponibiliza o de materiais did ticos de apoio a defini o de tempos m nimos para leciona o do programa do 1 ciclo No caso da rea disciplinar de L ngua Portuguesa foram estipuladas por altura da conce o e ado o dos manuais em estudo oito horas de trabalho semanal incluindo uma hora di ria para a leitura cf Despacho n 19575 2006 Mais recentemente a revis o dos Programas de Lingua Portuguesa para o Ensino B sico determinada pela Portaria n 476 2007 19 A t tulo de exemplo Sequeira 2000 Martins amp S 2008 20 Constituem exemplos de alguns mais recentes Confer ncia Internacional sobre o Ensino do Portugu s 2007 que decorreu na Funda o Calous
396. ponibiliza o naquele meio e por fim os textos que este veicula A este n vel atendemos a duas das dimens es que os constituem os textos de abertura por serem lugares espacos de inten es de fundamenta o de escolhas e de pr ticas e os textos que comp em a antologia aqui inclu dos a sua tipologia a sua origem e autoria e os seus n veis de enquadramento tem tico gr fico interpretativo como recursos sobre os quais incidem procedimentos de recontextualiza o transforma es adi es supress es reveladores de posicionamentos e de inten es envolvidos no jogo da sua desloca o recoloca o Os objetivos pensados para a an lise das pr ticas de adultera o dos textos nos manuais escolares e do modo como por essa via se criam determinam contextos e condi es particulares de leitura e de forma o de leitores regeu se assim pela pretens o de uma abordagem que abrangesse e ou englobasse em cada projeto editorial e ainda que com diferentes n veis de aprofundamento o plano das inten es e o plano das concretiza es vigentes tendo em conta o mbito em estudo Essa caracteriza o da configura o das pr ticas 267 escolares de recontextualiza o dos textos realizou se atrav s de um quadro de categorias constru das e definidas a partir dos lugares em que se d a fundamenta o das suas escolhas a partir dos seus modos de estrutura o de org
397. por outro Blecua 1983 na obra Manual de Cr tica Textual aponta como poss veis quatro categorias gerais de erros designadas como categorias modificativas aristot licas potencialmente causadores de ruturas de sentido erros por adi o erros por omiss o erros por altera o da ordem e erros por substitui o pp 19 20 A partir desta tipologia o mesmo autor apresenta v rios exemplos de casos poss veis Assim por adi o aponta a repeti o de letras s labas palavras ou frases Como erros por omiss o foca a supress o de letras s labas palavras ou frases de extens o vari vel Relativamente aos erros por altera o da ordem refere a invers o de letras s labas palavras ou frases Por fim apresenta exemplos de erros por substitui o considerando os mais complexos substitui o de letras de palavras sinon mia anton mia e de frases Menciona ainda erros alheios a quem copia e que no mbito do processo de transmiss o se relacionam com las condiciones materiales de difusi n y composici n por exemplo os maus estados de conserva o dos suportes textuais Esses erros podem originar significativas perturba es na integridad del texto perda de palavras frases e sequ ncias textuais por vezes bastante extensas p 30 West 2002 a este respeito elenca um conjunto significativo de causas dessa contamina o dos textos por for a da sua transmiss o 0 Entre elas de
398. port ncia de serem trabalhos os quatro dom nios em que se exerce a atividade lingu stica O que se v desde logo nas designa es atribu das s v rias rubricas Gosto de ouvir Gosto de falar Gosto de ler Palavra a palavra A prop sito Gosto de escrever Por essa 128 raz o os contempla em todas as unidades que prop e Relativamente ao valor que atribu aos textos e leitura apontamos uma rubrica em que surgem propostas de leitura de textos porque possibilitadores da amplia o de conhecimentos Na rubrica A prop sito pretende se ampliar conhecimentos estimular as curiosidades de crian a abrindo portas a pequenos projetos que a levem a querer saber mais M4 4 Procuramos agora compreender o valor e a import ncia atribu dos aos textos e leitura pelas refer ncias relativamente ao lugar e espa o que lhes s os concedidos A este n vel podemos concluir que nos manuais em estudo tudo proposto a partir dos textos Tal verific vel por exemplo atrav s do tipo e n mero de rubricas sugeridas a seu prop sito ou em seu torno Alguns manuais reconhecem lhes declaradamente esse estatuto de recurso central Todos os textos apresentam uma situa o de pr leitura ANTES DO TEXTO De seguida a rubrica DENTRO DO TEXTO apresenta o texto propriamente dito Por ltimo a rubrica AL M DO TEXTO permite ao aluno refletir e emitir ju zos de valor sobre os conte dos tratad
399. quando o intuito avaliar a este n vel a adequabilidade a produtividade e a sufici ncia dos recursos das metodologias e das pr ticas de ensino e de aprendizagem por eles definidos para fazer leitores A reflex o sobre as considera es tecidas ao longo deste trabalho concretamente no que diz respeito aos procedimentos de adultera o dos textos e s inten es a eles subjacentes torna patente um conjunto de restri es e de v cios sob os quais estes s o reproduzidos e conformados Esta impositividade torna necess rio haver uma modifica o de pr ticas uma tomada de consci ncia que valorize mais os textos a leitura e os leitores respeitando se desde logo a propriedade intelectual dos primeiros e afirmando se os manuais n o apenas como seus reposit rios mas tamb m ou sobretudo dado o grau de exemplaridade que se lhes pressup e como refer ncias a seguir no que relativo aos modos da sua apropria o e do seu uso 215 276 277 BIBLIOGRAFIA 278 1 Livros e artigos citados ADAM Jean Michel 1992 Les textes types et prototypes R cit description argumentation explication et dialogue Paris Nathan ADAM Jean Michel 2002 Connecteur Plan de texte e Segmentation graphique In P Charaudeau amp D Maingueneau Dictionnaire d Analyse du Discours Paris Seuil AGUIAR e SILVA V tor Manuel de 1981 N tula Sobre o Conceito de Literatura Infantil In Domingos Guimar
400. que da floresta e que tem onze filhos veio da floresta e que tem onze filhos M4 32 p 12 Tamb m podemos considerar estarem em causa preocupa es did ticas e pedag gicas se olharmos estas opera es sob a perspetiva da exist ncia de uma necessidade de fazer os textos corresponderem a estruturas exemplares ou padronizadas para o ensino da l ngua Nesta medida cada um deles encarado como um exemplo de uso da l ngua Batista 2004 75 Esta como tal uma clara evid ncia das fun es a que os textos s o obrigados na escola Colheram se exemplos de poemas que foram pontuados e por isso convertidos em modelos Assumem se como casos bastante representativos e expressivos do que feito aos textos quando se entende que a sua escrita n o condizente com padr es e regras convencionadas 230 Texto no livro do autor Texto no manual Fui pra a muito cedo Para comprar um peixinho Pensei ass lo no forno Com batatas e com vinho Carapaus salm o e truta Fanecas e peixe espada Vi pre os e vi frescura Mas nenhum me agradava Por fim agarrei um Pargo Mas dei um grito de horror Pois ele implorou me assim Larga me j por favor Para o forno n o quero ir Estou noivo e vou casar Pega em mim muito depressa E volta a p r me no mar Para o livrar de morte certa Fui ligeira sem parar Despediu se agradecido E afastou se a nadar L se foi o meu assado Para
401. que conseguem compreender o texto na sua totalidade cf Sousa 1989 50 51 Le lecteur non strat gique ne r alise p s qu il vient de perdre le fil du texte quand il en prend conscience il ne conna t pas les strat gies susceptibles de l aider r soudre son probl me quand il conna t une strat gie il ne sait pas toujours I utiliser correctement enfin quand il sait utiliser une strat gie il ne poss de souvent pas les connaissances suffisantes pour choisir le moment appropri son utilisation Giasson 2006 91 92 52 3 2 OUTROS FATORES QUE INFLUENCIAM A COMPREENS O DE TEXTOS Como vimos anteriormente o processo de leitura e compreens o dos textos complexo e envolve diferentes vari veis Os fatores implicados relacionam se em concreto com as caracter sticas do leitor tanto do ponto de vista dos seus interesses atitudes motiva o como dos objetivos da leitura dos seus conhecimentos pr vios e das estrat gias que deve conhecer e saber usar em cada situa o de leitura e com as caracter sticas dos textos ou de cada texto em particular conte do estrutura e elementos paratextuais A constru o de um texto implica portanto trabalho a tr s n veis Por um lado a convoca o de informa o a express o e relaciona o de ideias e a mobiliza o de vocabul rio adequado por outro a estrutura o organiza o global e local desse conte do de maneira a tornar poss vel a transmiss
402. que deve e como deve ser ensinado Constituem exemplo do campo de recontextualiza o oficial os programas de ensino na qualidade de textos reguladores de pr ticas Como exemplo representativo do campo de recontextualiza o pedag gica encontramos os manuais escolares recursos que auxiliam a atua o pedag gica cf Domingos et al 1986 Castro 1995 78 Textos program ticos e manuais escolares funcionam como ag ncias de recontextualiza o de discursos produzidos no exterior do campo pedag gico os textos program ticos e os manuais escolares n o criam a totalidade dos seus conte dos ex nouo recontextualizando textos produzidos em contextos prim rios de produ o discursiva os estudos lingu sticos os estudos liter rios as ci ncias da educa o etc que ap s opera es de sele o recolocam no campo da reprodu o assim regulando a circula o dos textos entre os contextos Castro 1995 80 Como se pode verificar no processo de recontextualiza o o discurso pedag gico estabelece rela es com v rios campos de conhecimento e de a o lingu stico liter rio cient fico sendo deste modo constructed by a recontextualizing principle which selectively appropriates relocates refocuses and relates other discourses to constitute its own order In this sense pedagogic discourse can never be identified with any of the discourses it has recontextualized Bernstein 1996 19
403. que diz respeito sua organiza o e conce o gr fica n o h nada a acrescentar O projeto gr fico posto em pr tica o mesmo 161 M2 4 O manual M2 4 com o t tulo As Leituras do Jo o 4 ano 2 edi o 3 tiragem 2007 Edi es Gailivro foi neste n vel o segundo mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 Os autores s o Jo o Monteiro e Miguel Paiva A dire o editorial da responsabilidade de Maria da Encarna o Afonso Apresenta ilustra o de Jorge Miguel capa de Pedro Pires e de Jorge Miguel coordena o de Vitor Alves design e fotocomposi o do gabinete design GAILIVRO impress o e acabamento da EIGAL composto por 144 p ginas numeradas Pertence mesma cole o do manual M3 3 anteriormente apresentado N o obstante evidenciam se algumas diferen as sobretudo ao n vel da estrutura o e da conce o gr fica Ser o por isso inevit veis as compara es na descri o que se segue Tal como o manual M3 3 n o apresenta qualquer texto introdut rio Assinalamos contudo o facto de logo na p gina 2 espa o destinado apresenta o da Ficha T cnica fazer constar a seguir a esta destacado no interior de uma caixa de texto colorida o seguinte O item Treinar a Mem ria tem como finalidade o desenvolvimento das capacidades de memoriza o da crian a e trata se de uma recolha feita pelos autores de ad gios populares p 2
404. que fazem parte do patrim nio liter rio oral prov rbios adivinhas trava l nguas S o textos de dimens o bastante reduzida colocados em alguns manuais em grande n mero N o obstante a elevada percentagem verificada encontram se no grupo de textos a que se atribui menor aten o no sentido em que a sua abordagem ou apropria o menos regulada Nada solicitado sobre ou a partir da sua leitura Em nenhum manual surgem como textos prim rios 80 70 60 50 E Prim rios 40 O Secund rios 30 E Outros 20 10 0 Narrat Po t Dram B D Pat L Inf Inst Outros Oral Gr fico 3 Distribui o dos tipos de texto nos manuais de acordo com a sua fun o 1 2 2 ORIGEM E AUTORIA DOS TEXTOS 1 2 2 1 OS AUTORES E AS OBRAS COMUNIDADES EXEMPLARES Depois de verificada a distribui o das tipologias textuais nos manuais nesta fase damos conta das escolhas feitas ao n vel dos autores e das obras Come mos por listar os seus nomes e de seguida procedemos ao registo das frequ ncias das cita es realizadas e da sua distribui o pelos manuais Para o efeito consideramos todos os textos em que essa informa o apresentada Constatamos que este crit rio abrangia quase exclusivamente os textos com maior representatividade os narrativos e os po ticos 139 Por pretendermos aferir contributos para a sedimenta o de um c none escolar exclu mos os autores e as
405. que o Sol procura disse o Oeste que estava exactamente do lado oposto Texto no livro do autor sempre do meu lado que o Sol se levanta todos os dias Do lado de Leste explicou o ponto cardeal Ao meio dia est por cima de mim acrescentou o Sul Logo 8 tarde a mim que o Sol procura disse o Oeste que estava exactamente do lado oposto M1 32 p 110 Texto no manual Estava bem enganado Ainda mal tinha acabado de soltar aquele queixume quando se ouviu bater a porta truz truz truz 3 lt Ainda mal tinha acabado de soltar aquele queixume 3 lt quando se ouviu bater porta 8 M5 38 p 50 Em alguns casos a supress o de v rgulas constitui uma corre o de agramaticalidades por exemplo suprimindo se sinais que nas vers es dos autores se encontram a separar o sujeito do predicado ou a separar ora es frases coordenadas Texto no livro do autor Texto no manual A primeira vez que eu o vi foi ao A primeira vez que eu o vi X foi ao entardecer entardecer M4 32 p 68 205 Texto no livro do autor Texto no manual um rapaz t o atrevido e mandri o que a m e dele n o parava de lamentar se pelos desgostos que ele lhe dava Faltava escola sempre que podia e usava uma fisga para matar pardais tamb m atirava com ela pedradas gua do regedor que se punha
406. que se deseja perpetuar Com efeito nestes suportes destinado um lugar de destaque a refer ncias consagradas no campo da escrita liter ria infantil frequentemente selecionadas e por isso mais trabalhadas mais exploradas mais conhecidas S o ent o pouco abertos novidade produ o recente particularmente no que se refere cita o de autores escritores emergentes Esta n o sele o ou exclus o traduz algum grau de impenetrabilidade ou de conservadorismo do meio escolar que assim se acomoda ou resguarda no que habitualmente feito escolhido rejeitando determinado tipo de textos cujo estatuto de liter rio recente ou ainda pouco reconhecido entre as comunidades de leitores Registamos que a proveni ncia dos textos dos manuais se averigua sendo as refer ncias completas atrav s das fontes de autoria indicadas a seguir a estes Tamb m a este n vel estes suportes s o omissos sendo pr tica corrente o n o fornecimento da totalidade dos dados que permitem tra ar o caminho da sua recontextualiza o Vigora nestes recursos a despromo o ou a desvaloriza o da sua identidade V se ser operada uma apropria o que ao n o atribuir import ncia a este tipo de informa es refor a a inten o de instrumentalizar estas unidades de leitura O seu valor esgota se assim numa materialidade cuja fidedignidade n o interessa ou n o importante garantir sendo que o que realmente conta a sua ca
407. que viver entre an es devia ser uma coisa maravilhosa Imaginava as casas dos an es os seus pal cios enterrados na terra como as luras dos coelhos ou escondidos em lugares solit rios dentro do tronco das rvores l Texto no livro do autor Aos sete anos logo que tinha aprendido a ler Isabel tinha lido a hist ria da Branca de Neve e dos Sete An es Pensava muitas vezes nessa hist ria Parecia lhe que lt lt seria maravilhoso viver entre an es lt nos gt gt lt lt gt gt seus pal cios enterrados na terra como as luras dos coelhos ou escondidos em lugares solit rios dentro do tronco das rvores JF M1 3 p 30 Texto no manual E o sangue a correr do joelho As m os n o se feriram foram ao ch o mas tinham ficado sobre um tufo de ervas Ervas frescas e macias Texto no livro do autor E o sangue a correr do joelho As m os n o se feriram lt lt gt gt Foram ao ch o mas tinham ficado sobre um tufo de ervas X SF M3 3 p 42 Texto no manual Ent o os troianos arrastaram o cavalo para dentro das muralhas da cidade e colocaram no na pra a principal Nessa mesma noite come aram os festejos em honra dos deuses Ent o os troianos arrastaram o cavalo para dentro das muralhas da cidade e colocaram no na pra a principal lt lt gt gt Nessa mesma noite come aram os fes
408. quinta para carregar o que por acordo lhe pertencia M4 32 p 126 195 Texto no livro do autor Texto no manual J come era um inventor de coisas imposs veis tinta invis vel formigas mec nicas p ssaros a vapor sapatos voadores aparelhos de produzir espirros N o se podia dizer dele que n o tinha imagina o tinha e de sobra N o se podia dizer que n o fosse trabalhador J come trabalhava o dia inteiro O problema era que nada do que ele inventava parecia ter utilidade Texto no livro do autor J come era um inventor de coisas imposs veis amp amp Nada do que ele inventava parecia ter utilidade M2 3 p 146 Texto no manual Os tr s astronautas espreitaram pelas pequenas janelas laterais de bordo a que chamavam escotilhas vendo ao longe a Terra a desaparecer aos poucos tornando se cada vez mais distante e mais pequena as manchas castanhas dos vales e planicies as manchas verdes das florestas as manchas cinzentas das cidades que de noite se iluminavam como um pres pio visto ao longe e as manchas brancas das nuvens e das neves eternas que cobriam os cumes das mais altas montanhas E por entre todas as outras cores o azul dos mares e oceanos parecendo dali de cima formar pequenas ba as como po as de gua entre a areia e as rochas de uma praia Os tr s astronautas lt lt espreitavam gt gt pelas pequen
409. r o que se deve negar n o a escolariza o da literatura mas a inadequada a err nea a impr pria escolariza o da literatura que se traduz em sua deturpa o falsifica o distor o como resultado de uma pedagogiza o ou uma didatiza o mal compreendidas que ao transformar o liter rio em escolar desfigura o desvirtua o falseia o p 22 24 correto da sua l ngua em todas as circunst ncias Vilela Duarte amp Figueiredo 1995 229 e neste mbito os textos apresentados como modelos de linguagem e modelos de mundo Sousa 1999 498 com que se confrontam os alunos e sobre os quais estes refletem s o fundamentais Paradoxalmente apontamos os segundos porque os manuais escolares por estes produzidos have a central place in the organization and practice of teaching and learning in schools Baker amp Freebody 1989 263 Tanto assim que muitas vezes os professores chegam mesmo a demitir se de fun es espec ficas de que est o incumbidos Efetivamente em certas ocasi es os professores delegam nos materiais did ticos quase sempre no livro de textos a tarefa de decidir sobre assuntos de tanta envergadura educativa como a sele o dos conte dos lingu sticos e liter rios o tipo de textos utilizados a sele o e a sequ ncia das atividades de aprendizagem e os m todos de avalia o Lomas 2003 271 Esta constata o confirma a import ncia que o manual es
410. r uma hist ria Belo Horizonte Aut ntica BEAUGRANDE Robert de amp DRESSLER 1981 Wolfgang Introduction to Text Linguistics Londres and New York Longman BENAVENTE Ana ROSA Alexandre COSTA A Firmino amp VILA Patr cia 1996 A literacia em Portugal Resultados de uma pesquisa extensiva e monogr fica Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian Conselho Nacional de Educa o BERNARDES Jos Augusto 2004 A constru o da hist ria da literatura e a din mica do c none escolar o caso de Bernardim Ribeiro In Peninsula Revista de Estudos Ib ricos n 1 pp 131 148 BERNARDES Jos Augusto 2005 A literatura no Ensino Secund rio Excessos expia es e caminhos novos In M de Lourdes Dion sio e Rui Vieira de Castro Orgs O Portugu s nas Escolas Ensaios sobre a l ngua e a literatura no ensino secund rio Coimbra Almedina pp 93 131 BERNSTEIN Basil 1996 Pedagogic Disccourse a sociological analysis In Em lia Pedro Proceedings of 15 International Conference on Discourse Analysis Lisboa Colibri pp 11 26 BLECUA Alberto 1983 Manual de cr tica textual Madrid Editorial Castalia BORGES Maria Aparecida Mendes 2006 Cr tica textual variantes sem nticas sint ticas e lexicais na edi o Uspiana Brasil 500 anos Sintese do capitulo 3 da disserta o de mestrado intitulada Di rio da navega o reprodu o e estudo das variantes da Edi o 279 Uspiana Brasil 500 anos com
411. racter sticas e especificidades do meio escolar como circulam os textos neste lugar Quem os transfere para este contexto Que procedimentos s o adotados para a realiza o dessa desloca o Esta situa o determina condi es particulares de circula o desses textos quais Que suportes ou instrumentos pedag gicos s o escolhidos para difundir e transmitir esses textos e essas leituras No caso espec fico que aqui estamos a estudar cf Introdu o no que concerne mais precisamente s pr ticas de escolariza o verific mos que as principais proveni ncias desses textos s o os manuais escolares dispositivos que disponibilizam os textos com determinado enquadramento as edi es ou obras integrais de onde se extraem os excertos e o professor quando procede sua sele o e reprodu o cf Castro 1976 150 Logo os intervenientes centrais no processo de sele o dos textos s o essencialmente os professores e os autores de manuais escolares Estes ao escolherem os textos de acordo com orienta es do discurso oficial e segundo o que na sua perspetiva reconhecido como exemplar ou leg timo passam a estar implicados in a process of cultural selection Castell Luke amp Luke 1989 VIII Neste sentido parece poder ent o afirmar se que muito embora os textos sejam suportes de vis es do mundo sejam suportes de mundos de linguagem na escola muito por for a das condi es e procedimentos de
412. racteriza o e an lise dos enquadramentos gr fico e interpretativo a explicita es notas observa es ou apontamentos que complementem o estudo a que nos propusemos A op o por esta abordagem resulta fundamentalmente das limita es de espa o tempo e da preocupa o em nos mantermos focados nos objetivos inicialmente tra ados Na verdade a an lise rigorosa e alargada destes tipos de enquadramento obrigar nos ia a abrir outras frentes de trabalho empurrando nos para problem ticas de outra natureza Ainda assim reconhecemos que isso acrescentaria dados importantes ao quadro de investiga o estruturado N o obstante a relev ncia dos elementos anteriores centrar nos emos fundamentalmente na materialidade lingu stica dos textos de outra forma na sua textura Classificaremos os procedimentos de adultera o tendo em considera o os n veis ou estruturas sobre que incidem 101 5 1 2 1 CARACTERIZA O DOS TIPOS DE INTERVEN O DOS AUTORES DOS MANUAIS CATEGORIAS DE ANALISE DO CORPUS Come mos por selecionar os textos o nosso corpus e prosseguimos com a sua confronta o com as edi es originais de maneira a proceder inventaria o de situa es de modifica o adultera o Real amos no entanto as dificuldades e incertezas com que nos defront mos neste processo sobretudo devido aus ncia de refer ncias no que toca s edi es suportes das obras de onde os textos foram ex
413. rama de Lingua Portuguesa um outro texto numa outra pagina cujo t tulo revela o s aspeto s a tratado s Estrutura do Manual S um M5 3 faz figurar no topo de uma p gina o t tulo Apresenta o A p gina anterior por m cont m um poema de Lu sa Ducla Soares Livro seguido de uma mensagem dirigida aos alunos com a inten o expressa de os motivar e de lhes dar conselhos para o novo ano letivo As f rias do ver o chegaram ao fim Est na hora de come ares a preparar o novo ano escolar Conv m que estejas disposto a a trabalhar desde o in cio das aulas porque isso vai fazer com que te sintas mais confiante ao longo do ano E nunca te esque as de assistir s aulas com aten o de participar em todas as tarefas com entusiasmo de fazer os trabalhos de casa de rever a mat ria dada na escola de fazer pesquisa pessoal consultando livros revistas e enciclop dias etc 124 Ver s como a Lingua Portuguesa pode ser estudada de forma simples e divertida Acredita que vale a pena o esfor o que vais fazer O teu futuro depende do modo como encarares esta fase da tua vida Bom trabalho M5 3 p 2 Quatro dos manuais ainda n o mencionados M3 3 M4 3 M2 4 M5 4 apresentam partida o ndice sendo que num deles M3 3 este componente aparece com a designa o Auxiliar de Planifica o Mensal S num caso M4 4 que os textos de abertura surgem sem t tulo destaca
414. reconhecendo o essencial e o acess rio do que o autor tem inten o de transmitir num determinado contexto comunicativo Estas restri es estendem se ainda capacidade para captar conota es para reconhecer sentimentos e emo es por exemplo por meio de v rios recursos lingu sticos adjetivos met foras imagens etc assim forte a possibilidade de este leitor se tornar num indiv duo menos criativo com menos refer ncias e ou vocabul rio para ver descrever o mundo Ser este um sujeito que compreende e ou usa estruturas mais simples que tende a n o expandir ideias enredos n o recorrendo a outras palavras para explicar desenvolver que n o aprofunda vis es reais ou est ticas De facto sobressai nestes textos uma atenua o das exig ncias em termos das compet ncias gramatical e liter ria necess rias para a sua leitura Neles a constru o e organiza o originais tomam por meio dos procedimentos de adultera o outra forma e adquirem outra import ncia Podem tamb m adquirir outro sentido 3 O ANTES E O DEPOIS DOS TEXTOS ADULTERADOS ALGUMAS NOTAS EM TORNO DE ENQUADRAMENTOS DE FORMATIVOS Vimos j atestam no os procedimentos de adultera o operados que nos manuais os textos s o obrigados ao cumprimento de determinadas fun es Reparemos agora que o confronto das suas vers es nos livros dos autores e das adulteradas com as rubricas atividades e ou com os question rios de c
415. reguladores e reproduzidas nos manuais escolares por exemplo Imagina o que vai acontecer nesta historia Quantos versos tem o poema ou Retira da poesia as palavras que rimam com Compara esta banda desenhada com o texto da p gina L o proverbio No seu todo eles os varios tipos de discurso cont m uma imagem correta das virtualidades da lingua e da matizada din mica das pr ticas sociais da comunidade e nesta circunst ncia revelam se constituir a via para a integra o ajustada dos alunos nessas mesmas pr ticas pelo desenvolvimento a que d o azo da compet ncia de comunica o e das outras compet ncias que esta convoca e ativa Fonseca 1992 246 Apresentamos a seguir o conjunto das categorias que julgamos serem recontextualizadoras das orienta es program ticas e expressivas da variedade dos textos existentes nos manuais que constituem objeto de an lise Na recolha de dados teremos tamb m em conta o seu n vel de enquadramento nestes suportes 94 Foram tidos em linha de conta os programas de ensino em vigor aquando da conce o ado o dos manuais que constituem o objeto de estudo neste trabalho 95 Estas orienta es cobrem o agrupamento dos textos mediante uma vertente recreativa e recriativa e uma vertente funcional Utilizar a leitura com finalidades diversas prazer e divertimento fonte de informa o de aprendizagem e enriquecimento da Lingua Apropri
416. rigem sobretudo se asseguram vers es originais coerentes e completas fi is intencionalidade intelectual e est tica dos seus autores cf Chartier 2002 110 em que pela materialidade dos suportes de leitura se associa um tipo de objeto uma classe de textos e usos particulares idem 109 no meio digital a t cnica usada torna os textos m veis male veis abertos e confere formas quase id nticas a todas as produ es escritas correio eletr nico bases de dados s tios na Internet livros etc Chartier 2002 110 Enquanto na cultura impressa editores conselhos editoriais decidem o que vai ser impresso determinam os crit rios de qualidade portanto instituem autorias e definem o que oferecido a leitores o computador possibilita a publica o e distribui o na tela de textos que escapam avalia o e ao controle de qualidade qualquer um pode colocar na rede e para o mundo inteiro o que quiser Soares 2002 155 Os espa os f sicos de escrita apontados estreitamente relacionados com os diferentes g neros de textos e com os seus diferentes usos para al m de implicarem mecanismos pr prios de produ o reprodu o e difus o condicionam as rela es escritor texto leitor determinam maneiras de ler e alteram as pr ticas de leitura Escrever ler um texto no papel n o de facto o mesmo que escrever ler um texto em suporte digital cf Soares 2002 referir pelo menos
417. rigem com vista a cumprir fins educacionais passa a estar subjacente uma fun o pedag gica Sousa 1999 500 As formas de escolariza o da leitura ter o ent o estreita rela o com as situa es e suportes de leitura reais com as representa es conce es e h bitos pr ticas de leitura levados a cabo pelos sujeitos nos contextos sociais em que se inserem Neste processo de transposi o did tica Chevallard 1991 intencional representado como se referiu pelo percurso que vai da desloca o dos textos do seu contexto de origem sua recoloca o em contexto escolar assume particular relev ncia a media o leitora Isto quem sob a al ada da institui o escola e com uma determinada inten o pedag gica define seleciona escolhe os textos e as leituras que no espa o escolar s o tidos como leg timos Texts are really messages to and about the future As part of a curriculum they participate in no less than the organized knowledge system of society They participate in creating what a society has recognized as 29 Note se contudo que se muitos dos textos que circulam na escola s passam a assumir esta fun o quando deslocados para este contexto outros h que s o originalmente constru dos para cumprir esse fim e neste sentido constituem a possible world of seemingly natural social relations orientations to action and linguistic and behavioral norms Luke
418. rim rios um lugar central na p gina Surgem nas p ginas pares e t m a anteced los uma atividade designada Antes do texto motiva o para a leitura Segue se a rubrica Dentro do texto Nesse espa o os textos apresentam o t tulo a negrito e com letra maior e s o acompanhados de pequenas ilustra es a que as manchas gr ficas mostram ter de se ajustar A sua posi o vari vel por baixo da mancha gr fica antes do texto depois do texto intercalada com o texto ao lado do texto N o obstante verificamos ser mais recorrente a sua coloca o no canto superior direito dos textos ficando estes a formar uma esp cie de meia moldura 1 2 caixilho Depois das manchas gr ficas encontramos outras atividades e rubricas O que diz o dicion rio ou Procura no dicion rio e um question rio sobre o texto Por fim s o propostas rubricas e atividades Al m do texto onde se sugere a realiza o de exerc cios decorrentes da leitura do texto Produ o de texto realiza o de exerc cios de funcionamento da l ngua Gramaticando e de treino da corre o ortogr fica Vou recordar Na composi o gr fica dominam tons e cores fortes verdes vermelhos amarelos azuis usados nas ilustra es nos t tulos das unidades did ticas dos textos e das rubricas e na diferencia o de sec es do manual de que s o exemplo a rubrica de avalia o Ser que j sei e a ru
419. rminada conce o do que deve ser o ensino da leitura imp em escolhas tidas como leg timas relativamente aos textos e prop em caminhos interpretativos gui es para a sua leitura ou abordagem em aula Enquanto texto regulador a par dos programas o manual delimita um conjunto de regras e de textos de comportamentos interpretativos definidos por uma comunidade de que tamb m fazem parte professores e autores de manuais tamb m eles professores como os comportamentos v lidos para formar leitores Dion sio 2000 88 Podemos ent o afirmar que a raz o de ser dos manuais escolares se prende com o seu principal fim servir de support crit enseignement d une discipline au sein d une institution scolaire Choppin 1992 16 tendo em considera o o nivel dos alunos e os programas de ensino Atrav s deles s o como se pode constatar transmitidos e veiculados saberes e conhecimentos princ pios e valores Le manuel est le support longtemps privil gi du contenu ducatif le d positaire de connaissances et de techniques dont la soci t juge l acquisition n cessaire la perp tuation de ses valeurs et qu elle souhaite en cons quence transmettre aux jeunes g n rations idem 19 Considerados objetos utilit rios constituem um suporte de apoio ao ensino sendo facilitadores da estrutura o dos saberes que s o veiculados de forma dispersa por outros meios cf Castro 1995 63
420. ro fazia uma curva e depois mergulhava numa pequena cascata de pedras antes de lt alargar e formar um lago mesmo em frente da casa O ch o era de areia e de pequenas pedras que se chamam seixos X lt a gua era transparente e ptima para beber M1 42 p 78 Pensamos que de certo modo o mesmo se poder pressupor tendo em conta a an lise dos exemplos que se seguem Nas situa es isoladas d se a amplia o de grupos nominais atrav s da adi o de determinantes artigo possessivos antes de nomes Vemos mais uma vez que a sua aus ncia no espa o que habitualmente por estes ocupado n o constitui uma 118 Ce domaine correspond ce que l on pourrait appeler la forme s miolinguistique du texte puisqu il concerne la fois l organisation de son contenu s mantique et celui des composantes linguistiques de surface Boyer 1992 9 234 agramaticalidade e t o pouco p e em causa o sentido O que se afigura evidente no entanto a inten o de facilitar a identifica o de entidades num dado contexto discursivo e ou de vincar ou firmar atrav s de dispositivos lingu sticos o seu valor referencial Texto no livro do autor Texto no manual As crian as e idosos N o se podem refrescar Ficariam mal cheirosos Se l se fossem molhar Texto no livro do autor As crian as e os idosos N o se podem refrescar Ficariam mal
421. rogression clairement d finie et sous la forme de le ons ou de s quences p 16 Por vezes afirmam se como um modelo relativamente s atividades e estrat gias que prop em cf Castro 1995 64 65 Dion sio 2000 81 Tal leva a que se estabele am entre estes e os professores estreitos la os de confian a que seja por press es editoriais experi ncia ou forma o s o trespassados por consentimentos de v ria ordem O facto de se apresentarem como tradu o concreta do programa escolar de serem fruto de experi ncias aparentemente validadas de permitirem um acesso imediato a um conjunto de saberes que se apresentam doseados e estruturados s o fatores determinantes no reconhecimento da sua import ncia e aceita o Dion sio 2000 81 48 Referindo se ao estatuto do manual escolar Choppin 1992 18 20 caracteriza o mediante quatro dimens es como um produto de consumo cuja comercializa o e difus o est o dependentes de movimenta es econ micas pol ticas educativas demogr ficas e de rela es p blico privadas inerentes a todo o processo da sua edi o e circula o como um suporte de conhecimentos escolares com vista a perpetuar conhecimentos e valores que uma determinada sociedade num determinado tempo considera deverem ser transmitidos como um ve culo de um sistema de valores de uma ideologia de uma cultura assim se evidenciando a sua elevada participa o nos processos de socializa
422. rough 1982 Real a se que para o sucesso de todo este complexo processo pode contribuir grandemente a utiliza o de diferentes tipos de assinalamentos textuais verbais ou tipogr ficos que n o acrescentam conte dos novos mas 53 d o relevo a certos aspetos do conte do sem ntico e ou da estrutura textual Lencastre 2003 167 Pour qu un texte paraisse digne de ce nom les unit s qui le constituent doivent satisfaire certains crit res d organisation L activit de production textuelle exige par cons quent d autres habilet s que celles qui consistent uniquement aligner des propositions en rapport avec un th me Si le sujet crivant veut tre compris et quand bien m me il ne le voudrait pas il lui faudrait encore faire comprendre qu il ne veut pas tre compris il doit am nager ce qu il dit de fa on ce que ceux a qui il s adresse puissent interpr ter sans dificult s insurmontables les rapports qu il tablit entre les nonc s qu il produit successivement Charolles 1988 4 Um texto n o se cinge deste modo a um corpo resultante do ajuntamento aleat rio e sem sentido de palavras de frases e de proposi es Os mecanismos utilizados na sua conce o processo designado por Charolles 1988 como travail de montage p 4 devem possibilitar reformula es e aperfei oamentos e tornar reconhec vel uma determinada sequencialidade Tal ter repercuss es no desempenho do leitor
423. rpreendente criatividade Aguiar e Silva 1981 14 Sendo ineg vel o seu valor lingu stico sem ntico est tico social e cognitivo bvio que na aula de l ngua materna tem de estar presente o discurso liter rio e desde cedo e de forma insistente N o a literatura um largo complexo de discursos que at pela sua especificidade e sobretudo pela sua exemplaridade obt m um alcance fundamental na proje o e na recria o da forma de vida contida na l ngua N o o discurso liter rio o lugar privilegiado da revela o das potencialidades da l ngua com certeza tudo isso e algo mais como sabemos Fonseca 1992 246 Certamente pela sele o de textos apelativos e significativos portadores das vertentes l dica cultural est tica e pedag gica pelo seu conte do ideol gico e afetivo pela escolha de autores de refer ncia no campo da literatura os momentos de leitura podem tornar se ricos e apeteciveis A leitura de literatura na escola deve ent o ter subjacentes pr ticas que possibilitem ao leitor desde tenra idade interrogar indagar investigar deduzir ter d vidas lan ar hip teses 30 antecipar acontecimentos Dever ser um leitor com liberdade para construir sentidos para mobilizar e ampliar conhecimentos para expressar opini es para relatar experi ncias pessoais para fruir e gostar do que l Enfim para desenvolver compet ncias e conhecimentos liter rios lingu stic
424. rso p 57 A investigadora a partir de Petitjean 1989 faz assim um levantamento apurado de diferentes tipologias mediante as orienta es e os crit rios base que lhes subjazem Pelo lado das designadas classifica es homog neas aponta a utiliza o das marcas lingu sticas de superf cie pelo lado das classifica es interm dias refere a considera o do modo enunciativo da inten o de comunica o e das condi es de produ o perspetiva situacional dos textos pelo lado das classifica es heterog neas destaca a utiliza o da inten o de comunica o do modo enunciativo da estrat gia ilocut ria das marcas lingu sticas de superf cie e dos ndices paratextuais pp 57 85 N o obstante o elevado n mero de possibilidades mediante as quais se podem relevar tra os singulares dos textos importante que a pr tica de ensino e aprendizagem colha e siga orienta es te ricas provenientes de v rios campos de saber lingu stico cognitivo liter rio psicol gico no sentido de estruturar com consist ncia o trabalho a realizar com eles em sala de aula Entre as v rias propostas de agrupamento ou organiza o tipol gica dos textos que podem ser tidas como refer ncia neste mbito encontra se a de Jean Michel Adam 1992 O autor n o se limita a encarar cada texto como uma unidade que cumpre determinado fim e com um determinado destinat rio pertencente a uma
425. rtamento de Educa o B sica D T Dicion rio Terminol gico para consulta em linha http dt dgidc min edu pt Estabelecida pela portaria 1488 2004 a nova Terminologia Lingu stica para os Ensinos B sico e Secund rio assume se como o documento de refer ncia para o ensino das disciplinas de L ngua Portuguesa Lei de Bases do Sistema Educativo 1986 Lisboa Imprensa Nacional da Casa da Moeda Declara o de Retifica o n 4 A 2001 de 28 de fevereiro Decreto Lei n 6 2001 de 18 de janeiro Decreto Lei n 209 2002 de 17 de outubro Despacho n 19575 2006 Despacho n 17169 2011 de 23 de dezembro Despacho n 5306 2012 de 18 de abril Portaria n 476 2007 3 Manuais escolares M1 3 L ngua Portuguesa 3 3 Ano Cl udia Pereira Isabel Borges Angelina Rodrigues Luisa Azevedo Areal Editores SA 2007 1 2 ed M2 3 Amiguinhos L ngua Portuguesa 3 ano Alberta Rocha Carla do Lago Manuel Linhares Texto Editores Lda 2007 1 ed M3 3 As Leituras do Jo o 3 Ano Jo o Monteiro Miguel Paiva Edi es Gailivro 2006 2 ed M4 3 Pirilampo 3 No mia Torres Edi es Nova Gaia 2007 3 ed M5 3 Fio de Prumo Lingua Portuguesa 3 Ano Antonio Monteiro Livraria Arnado 2006 1 2 ed M1 4 Lingua Portuguesa 4 Claudia Pereira Isabel Borges Angelina Rodrigues Luisa Azevedo Areal Editores SA 2007 1 ed M2 4 As Leituras do Jo o 4 A
426. ruz gulosa Maria Rosa Cola o O Cora o 6 0 Fvro livro Desabrochar 1993 Que avestruz gulosa conto os ahaa Sophia de Mello eve 7 2 28 Imagina o Breyner Andresen A floresta Figueirinhas 23 1994 42 J n o d i nada Matilde Rosa Ara jo O Gato Dourado Livros Horizonte 3 1985 136 O Pedro o av e o mar Nat rcia Rocha Contos de agosto livro Desabrochar 1989 Pedro o av e o mar conto 12 A cidade Sophia de Mello A fada Oriana Figueirinhas 192 1994 Breyner Andresen 30 N o d i nada Matilde Rosa Ara jo O Gato Dourado Livros Horizonte 3 1985 o 68 O ouri o cacheiro nm O ouri o cacheiro espreitou 3 Edi es Asa 52 1990 E en res vezes 78 O mar esta perto Papiniano Carlos A Menina Gotinha de Agua Campo das Letras 12 1999 A esperteza de um O Drag o livro 126 Lu sa Ducla Soares As sementes de macarr o Livros Horizonte 1982 lavrador conto 21 Cora o de rob Jos Jorge Letria NSO a peasant Desabrochar 1990 29 De quem 6 a bola Jos Jorge Letra Hist rias de ir bola livro Ambar 2000 De quem a bola conto Ningu m d prendas ao Pai a o 50 A prenda do Pai Natal Ana Saldanha Natal Campo das Letras 1 1996 68 O casamento do pargo Isabel Lamas O Pai Natal Quer Ser Poeta Impala Editores 2 2003 O bal o cor de laranja e 109 Um segredo Esther de Lemos putas hist rias livro Editorial Verbo 1982 O menino pintor e o retrato do vento conto s t tulo Ant nio Mota A aldeia das fores Edi es Asa 83
427. s O pr ximo gr fico resume os resultados globais recolhidos e considerados em cada manual 184 l M5 4 2 49 0 M4 4 20 80 33 M3 4 3 26 M2 4 sm 46 o 28 4 o Mia m Estrutural formal 17 L xico gramatical M5 3 E 48 34 Grafica 30 M4 3 3 2 o 28 M3 3 a 40 o 34 M2 3 RE 41 o di Ye M1 3 47 0 20 40 60 80 100 Gr fico 7 Natureza dos procedimentos de adultera o por manual Como podemos observar predominam as adultera es de natureza l xico gramatical ainda que em alguns manuais a superioridade desse posicionamento seja esbatida pela proximidade dos valores percentuais respeitantes a procedimentos de outra natureza De uma maneira geral n o se registam desfasamentos ou discrep ncias muito acentuadas entre as percentagens obtidas em cada manual Exclu mos desta distribui o o manual M4 4 pelo facto de nele as adultera es de natureza gr fica se demarcarem em rela o s outras abarcando a quase totalidade das ocorr ncias assinaladas Note se tamb m que este al m do reduzido n mero de adultera es o nico que n o apresenta ocorr ncias de mbito estrutural formal Entretanto enfatizamos que a reparti o relativamente equilibrada das frequ ncias em alguns manuais mostra que neles de uma maneira geral os textos s o afetados na sua materialidade gr fica na sua composi o l xico gramatical e na sua orga
428. s alunos e fam lias neste instrumento material viii constituem uma refer ncia para os alunos e oferecem seguran a e coer ncia relativamente ao que se ensina na escola certificando o trabalho do professor o que ensina e como ensina ix na qualidade de s mbolos da escola configuram a garantia de uniformiza o do que a escola deve ensinar cf Castro 1995 64 Dion sio 2000 81 x reconhece se lhes utilidade para os professores pouco aut nomos com pouca forma o com pouco conhecimento da diversidade liter ria que se pode oferecer aos alunos xi proporcionam materiais mais apresent veis do ponto de vista est tico visual crom tico xii permitem que os alunos tenham reunida parte dos materiais textuais que v o sendo abordados ao longo dos anos xiii nem sempre s o teis do ponto de vista das atividades que prop em pelas inadequa es que se verificam havendo contudo exce es que se podem salvaguardar Em tra os gerais os manuais escolares simboliza am uma constru o cultural estrutura am o ato do conhecimento materializa am a rela o pedag gica e configura am o campo epist mico pedag gico da cultura escolar Magalh es 2006 8 Para os professores assumem se como uma fonte de inspira o para o ensino S o considerados autoridade m xima Chegam mesmo a substitu los n o obstante os riscos Apresentam se como guias de estrutura o da aula e da disciplina Pinto 2003 1
429. s des photos des sch mas des graphiques r partis sur la surface de la double page C est la disposition spatiale la typographie polices corps graisses styles couleurs et ou une signal tique particuli re symboles pictogrammes qui conf rent a chaque l ment qu il soit textuel ou iconique une fonction sp cifique et immuable r currente dans le manuel un texte en encadr sur une trame de couleur verte identifie le r sum par exemple Ainsi dans un manuel la typographie et la mise en page participent elles du discours didactique elles constituent un code qui est propre a cet outil et a ce seul outil Choppin 1999 8 Dai considerarmos e questionarmos o papel ou influ ncia dos diferentes enquadramentos na constru o e ou adultera o dos textos Por outras palavras entendemos ser relevante descrever o seu peso na determina o desses processos de adultera o Reafirmamos que os manuais escolares enquanto contextos privilegiados de leitura Dion sio 2000 263 novos suportes de leitura para os textos deslocados do seu contexto de origem enquadram esses textos com o intuito de levar a cabo uma miss o especificamente escolar para a qual estes n o estavam originalmente votados o que nos conduz certeza de que nestes espa os esses textos s o sujeitos s condi es impostas pelos projetos editoriais Os enquadramentos que os enformam e emolduram decorrem da neces
430. s fontes dos textos M5 3 M1 4 texto in dito cedido pela autora excerto 100 5 1 2 OS PROCEDIMENTOS DE DESLOCA O E RECOLOCA O DOS TEXTOS Passamos apresenta o das categorias definidas e dos procedimentos e instrumentos pensados e constru dos com o intuito de possibilitar a descri o a caracteriza o e a an lise das adultera es dos textos nos manuais escolares mais adotados a n vel nacional em 2007 2008 At ao momento centr mos a nossa aten o nos crit rios tidos em considera o para a sua sele o nos tipos de enquadramento que os acolhem e nos elementos paratextuais isto nas informa es que surgem a par ou para al m destes acompanhando os e por isso constituindo dados fundamentais para a sua identifica o Destacar se o assim no momento que se segue as opera es levadas a cabo pelos autores dos manuais no ato da sua desloca o e recoloca o Faremos incidir esse trabalho naquilo a que cham mos o seu enquadramento tem tico gr fico e interpretativo cf neste cap tulo o ponto 2 2 1 1 Com efeito na sua envolv ncia surgem elementos novos que lhes s o adicionados e que por essa raz o se encontram diretamente envolvidos no processo da sua recontextualiza o temas t tulos ilustra es atividades Neste campo destinaremos particular aten o ao enquadramento tem tico Limitaremos a ca
431. s o aos crit rios de avalia o de cada unidade did tica tema ou li o p 272 Prosseguimos com o primeiro momento da an lise que nos conduziu ao agrupamento dos t tulos das unidades did ticas de acordo com o que entendemos ser a sua natureza e que em sequ ncia relacion mos com o que poder o ter constitu do crit rios de sele o delimita o dos textos Assim consideramos de natureza temporal todos os temasy titulos que referem elementos temporais esta es do ano estados do tempo festividades ou outros associados ao calend rio escolar Constituem exemplos Tiveste boas f rias Chegou o outono Est a ficar friol Vem a o Natal M1 3 Designamos de natureza programatica os casos que contemplam ou que aludem a blocos tem ticos ou conte dos de determinada disciplina curricular constantes nos programas de ensino por exemplo de Estudo do Meio Apontam se como exemplos descoberta de si mesmo A descoberta dos outros e das institui es descoberta do ambiente natural descoberta das inter rela es entre espa os M3 3 171 Por fim inclu mos os casos em que not ria a inten o de comunicar sentidos em titulos temas de natureza expressiva Vejam se exemplos Uma janela para o espa o Aventuras e viagens De que tamanho somos Espa os com la os M4 4 Podemos verificar atrav
432. s complexas Esta segunda perspetiva leva nos a considerar que os autores dos manuais ao procederem deste modo e com esta inten o s o tamb m eles autores escritores dos textos que colocam naqueles lugares uma vez que assumem responsabilidades e preocupa es que cabem a quem os gera Com efeito Para organizar a pr pria estrat gia textual um autor deve referir se a uma s rie de compet ncias express o mais vasta que conhecimento dos c digos que conferem conte do s express es que 102 Eco 1993 destaca a responsabilidade do autor do texto na estrat gia seguida para a imbrica o de todos estes c digos e subc digos e na previs o forma o de leitores Refere com efeito que prever o pr prio Leitor Modelo n o significa apenas esperar que exista significa tamb m conduzir o texto de forma a constru lo sublinhado nosso Prossegue afirmando ainda que um texto n o se limita a apoiar se sobre uma compet ncia contribui para a produzir p 59 Interrog mo nos se tamb m os autores dos manuais ao adulterarem os textos ter o subjacente a pretens o de os re conduzir prevendo leitores e leituras que se coadunem com as suas conce es e objetivos 103 No que concerne aos mecanismos de coes o textual est o em causa todos os processos de sequencializa o que asseguram ou tornam recuper vel uma liga o significativa entre os elementos que ocorrem na superf cie tex
433. s dos dados registados no quadro 28 que os temasjtitulos propostos para as varias unidades did ticas ou sec es dos manuais escolares em an lise tendencialmente de natureza program tica Tal ocorre em seis manuais Tr s manuais optam por temas titulos focados em pocas do ano ou festividades M1 3 M1 4 M2 4 e somente um prop e t tulos que se enquadram nos que classificamos como sendo de natureza expressiva Quadro 28 Caracteriza o da natureza dos t tulos das unidades did ticas Natureza dos t tulos das unidades did ticas Manuais Temporal Program tica Expressiva M1 3 X M2 3 X Mas x M43 X M4 4 M5 4 Total F Nestas classifica es particularizam se os casos dos manuais M5 3 e M2 4 Em rela o ao primeiro opt mos por n o enquadrar em nenhuma das categorias criadas as designa es que encabe am as suas v rias sec es Com efeito e contrariamente ao que acontece em todos os outros neste cada unidade surge identificada com inscri es do tipo Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 at um total de dezasseis projetos Destacamos tamb m o manual M2 4 por termos classificado os t tulos em an lise em duas categorias Esta forma de proceder deveu se ao facto de termos verificado que algumas unidades did ticas continham t tulos temas de natureza temporal e de natureza program tica 172 Unidade 1 Regresso esc
434. s em que surgem nestes suportes Com efeito trata se de textos constru dos intencionalmente para cumprir uma fun o escolar Come am a ser comuns situa es de escritores de reconhecida qualidade que mediante convite se submetem a condi es exig ncias das empresas editoriais produzindo textos que se encaixem nos seus projetos Parece tratar se de mais uma forma de auto acredita o promo o claramente para convencer os seus usu rios alunos e professores da utilidade pedag gica dos seus conte dos Lomas 2003 271 ou para atender corresponder a necessidades do mercado editorial Situa o que contrasta com a dos textos transpostos que n o tendo sido originalmente concebidos para cumprir fins escolares acabam por ser usados como pretextos modelos exemplos de l ngua Estes sim s o inevitavelmente sujeitos a novos e diferentes enquadramentos 108 Quadro 15 Origem dos textos e natureza dos seus t tulos Manuais P g T tulo no manual T tulo original Origem do texto T tulo Integral Excerto Original Atribuido Adulterado Outras marcas que permitem caracterizar os textos s o as relativas quilo a que chamamos o seu enquadramento gr fico Referimo nos concretamente a forma do seu estabelecimento no manual tendo em considera o a rela o texto imagem cf cap tulo ponto 3 2 2 Muito embora pelas raz es que j atr s apont mos n o seja nossa inten o aprofund
435. s leitores s o genericamente e em primeira inst ncia uma constru o da escola indiscutivelmente relevante uma abordagem que procure esclarecer como que nessa mesma escola se ensina a ler se ensina quais s o os textos leg timos e quais os sentidos que legitimamente lhes podem ser associados e como nestes processos se constroem comunidades de leitores p 7 17 seus fins Por conseguinte s o tamb m vari veis os graus de complexidade e de exig ncia que subjazem a cada situa o de leitura Imp e se que os indiv duos nos v rios contextos em que se inserem em que se deslocam e interagem possuam h bitos de leitura e saibam efetivamente ler 14 Isto n o se limitem a dominar a t cnica da leitura descodifica o 9 mas encarem a leitura como uma pr tica potencialmente capaz de nos fazer aceder a outros modos de ver o mundo e de conhecer os outros Castro 1998 40 Uma pr tica que seja enfim capaz de possibilitar uma melhor compreens o de n s pr prios e dos contextos sociais que nos cercam idem ibidem Tanto mais porque pelo contacto e pela proximidade com a diversidade dos modelos discursivos e das estrat gias de comunica o que o aluno constr i a sua identidade aprende e constr i conhecimento desenvolve e assume uma postura critica perante os textos que lhe s o dados a ler cf Neves amp Oliveira 2001 13 14 Tamb m porque estes os textos se constituem com
436. s na p gina ora por for a de limita es de espa o s o empurrados para o seu topo e alinhados direita posicionando se no alinhamento da rubrica Oralidade A posi o das ilustra es em rela o aos textos vari vel Podemos encontr las entre os t tulos e as manchas gr ficas depois dos textos paralelamente aos textos ou emolduradas pelos textos meio caixilho ou de caixilho Esporadicamente surgem situa es em que s o intercaladas com os textos ou aparecem estendidas por toda a p gina mas atr s destes textos sobre ilustra es Todos os textos prim rios que iniciam uma nova unidade did tica aparecem seguidos de um texto pertencente ao Patrim nio Liter rio Oral um prov rbio relacionado com o m s do ano que lhe correspondente Na p gina ao lado novamente identificada com o n mero da unidade did tica destacado no seu canto superior direito encontram se as rubricas Gram tica ou Gram tica e Estudo das Palavras ou Ortografia e Estudo das Palavras Surgem ainda alinhadas direita da p gina e real adas no interior de caixas em forma de sticky notes tr s outras rubricas com propostas de atividades decorrentes da leitura do texto Debate oral Sugest o e Treinar a mem ria Em alguns casos este esquema de trabalho ainda complementado com a apresenta o de uma adivinha real ada a azul no p da p gina semelhan a do que acontec
437. s revolu es da leitura aconteceram sem que se alterassem as estruturas fundamentais do livro o mesmo n o acontece no nosso mundo presente A revolu o que come ou antes de mais uma revolu o de suportes e de formas que transmitem a escrita Chartier 1997 142 Perante o confronto e as imposi es destes dois mundos o impresso e o digital de todo pertinente que nos questionemos pois sobre o que caracteriza esta nova leitura e subsequentemente este novo leitor e estas novas pr ticas leiturais Que encontros s o possibilitados entre textos leitores e situa es de leitura O que ler hoje em dia L se o qu Para qu Porqu Quais as condi es e os objetivos de circula o dos textos Que altera es se vislumbram nos modos da sua apresenta o e da sua transmiss o De facto em fun o das exig ncias e das necessidades das sociedades de hoje que diferentes g neros textuais com caracter sticas e especificidades pr prias circulam e se multiplicam Este processo de re produ o circula o e rece o dos textos desencadeia se e desenvolve se em contextos v rios mediante determinados objetivos e intencionalidades Conhecer este circuito isto saber que g neros textuais existem no meio em que suportes como e porqu s o produzidos quem s o os seus destinat rios e qual a inten o que lhes subjaz condi o essencial para o desenvolvimento e participa o
438. s textos e rubrica de leitura Lendas e Tradi es P gs indica o das p ginas onde s o apresentados os textos prim rios Fichas remete se para as fichas que constam no Caderno de Fichas Conte dos descri o de compet ncias Ler e interpretar textos Produzir textos Consultar o dicion rio Funcionamento da lingua Atividades Transversais proposta de jogos atividades e projetos relacionados com os temas trabalhados Ao longo do manual os temas das unidades did ticas surgem destacados pela varia o da cor e pelo tamanho da letra No entanto s o visualizados somente no topo da primeira p gina de cada unidade junto ao primeiro texto que se prop e para leitura perdendo se assim contacto com eles aquando da leitura dos restantes textos Acrescentamos que n o h qualquer outra marca gr fica que indique a delimita o das diferentes unidades did ticas situa o que n o facilita e n o contribui para que a sua utiliza o por parte do aluno seja funcional organizada e coerente Este manual composto por um total de 79 textos sendo que 30 deles s o textos prim rios de real ar que todos os textos que abrem cada uma das unidades did ticas s o textos in ditos escritos por Lu sa Ducla Soares a convite da editora respons vel Todos eles estabelecem comunica o com as v rias unidades tem ticas pensadas 155 reservado para os textos p
439. sabel Este pensamento interessou a extraordinariamente Aos sete anos logo que tinha aprendido a ler Isabel tinha lido a his t ria da Branca de Neve e dos Sete An es Pensava muitas vezes nessa hist ria Parecia lhe que seria maravilhoso viver entre an es nos seus pal cios enterrados na terra como as luras dos coelhos ou escondidos em lugares solit rios dentro do tronco das rvores Sopra de Maila Breyner Angresen 4 Moresta Figuerinhas Lacaptado 289 Texto 2 Texto no livro do autor vs texto no manual M2 3 p 146 Estranh es bizarrocos e outros seres sem exemplo J come era um inventor de coisas imposs veis da do que ele inventava parecia ter utilidade J come diziam lhe o que tu fazes s o inutensilios J come concordava Doe Por m o que sa a das suas m os eram s engenhosos disparates gua em p pregos de papel comprimidos para adormecer carac is Os amigos come aram a afastar se dele maluquinho comentavam Um dia para lhe fazerem companhia inventou Os bichos HENEEMNENHAS pelo quintal pelo p tio e at pelo passeio em frente Os vizinhos resolveram chamar a pol cia stas coisas assustam as nossas crian as N o era verdade As crian as n o se assustavam com os Numa tarde de chuva muit ssimo levaram J come para a pris o Um pouco por toda a cidade as crian as organizavam manifesta es a pedir a liberta o de J come Os bichos iam com elas Viam
440. screve A educa o liter ria contribui assim tanto para a educa o est tica das pessoas atrav s da aprecia o dos usos criativos da linguagem como para a educa o tica na medida em que nos textos liter rios como ali s quaisquer outros n o encontramos apenas artif cios lingu sticos mas igualmente estere tipos ideologias estilos de vida e formas de compreender e de fazer o mundo idem 81 82 Sendo assim em termos dos modos de atua o na pr tica pedag gica avulta daqui a necessidade de pensar com rigor os objetivos e metas da disciplina de L ngua Portuguesa os conte dos as especificidades inerentes ao ensino da l ngua e da literatura o papel do professor de portugu s bagagem de conhecimentos e atitudes pedag gicas as orienta es do discurso pedag gico oficial as pr ticas pedag gicas e as propostas apresentadas nos manuais escolares avaliando neles as formas de apropria o da literatura Inevitavelmente este exerc cio de reflex o n o poder dissociar se da aten o a um quadro de leitura atualizado em que o leitor os textos as compet ncias e as pr ticas de leitura em contexto escolar assumem particular relevo De acordo com Bernardes 2005 da tradicional forma o de alunos leitores na situa o de meros recetores de um saber dominado apenas por especialistas p 103 e para quem a l ngua materna constitu a a afirma o de uma identidade nacional um legado um patrim
441. se essa obra de arte tiver perdido algumas partes que ela ainda autenticamente original desde que o seu suporte material ou pelo menos parte dele tenha permanecido indiscernivelmente o mesmo atrav s dos anos Assim a integridade est tica depende de crit rios diferentes dos usados para afirmar a genuinidade arqueol gica Todavia estas duas no es de autenticidade e genuinidade intercetam se de v rios modos frequentemente de maneira inextric vel p 195 76 sejam leg veis S deste modo poder o ser teis ao ensino no sentido em que v o ao encontro das suas necessidades idem 149 150 Os procedimentos de transforma o a que s o submetidos os textos dos manuais em an lise ser o por n s classificados tendo em considera o conselhos provenientes da Cr tica Textual Segundo Blecua 1983 esta arte resultante da pr tica de an lise dos erros cometidos pelos copistas no ato de la copia de textos delimita uma tipologia de erros que por causas diversas podem surgir durante a sua transcri o N o nossa inten o aqui descrever ou evidenciar as fases do processo de la edici n cr tica dos textos Contudo teremos como refer ncia os seus pressupostos para o trabalho a que nos propomos Assim tendo em linha de conta a ocorr ncia de situa es intencionais e ou acidentais por parte de quem copia por um lado e a ocorr ncia de situa es que lhe s o alheias
442. se texto permitindo 55 lhe realizar antecipa es e suposi es levantar hip teses convocar ou evocar saberes estabelecer rela es com viv ncias e com outras leituras O t tulo uma s ntese precisa do texto cuja fun o estrat gica na sua articula o ele nomeia o texto ap s sua produ o sugere o sentido do mesmo desperta o interesse do leitor para o tema estabelece v nculos com informa es textuais e extratextuais e contribui para a orienta o da conclus o a que o leitor dever chegar idem 28 O t tulo mostra se por conseguinte determinante para a identifica o do tema do texto fornecendo a chave para a sua interpreta o uma vez que informa o leitor sobre o tipo de conhecimento que necess rio para a interpreta o do texto Lencastre 2003 153 Nesta medida o conte do do t tulo funciona como uma proposi o de topo uma macroproposi o global Corr a 1999 59 cuja interpreta o permite ao longo da leitura distinguir o essencial do acess rio e salientar o que realmente importa reter O t tulo tem por fun o ativar de forma seletiva os esquemas ou estruturas de conhecimento necess rias para a compreens o bem como as reas do seu armazenamento ap s o processamento Lencastre 2003 154 Acrescente se que o processamento do t tulo pressup e o estabelecimento de liga es e v nculos n o s com o que por ele transmitido e vei
443. si o das compet ncias espec ficas idem 78 Estes dois discursos concretizam se realizam se ent o em contextos espec ficos e especializados a escola e a aula cf Castro 1995 77 Interessa nos aqui particularmente o que se passa na aula de L ngua Portuguesa Portugu s Os discursos que na escola ou na aula constituem e realizam a pr tica pedag gica na disciplina de Portugu s s o regulados por textos produzidos em outras inst ncias isto e em termos gerais os limites daquilo que se pode dizer e de como se pode dizer na aula de Portugu s s o predominantemente estabelecidos noutros contextos idem 79 33 Por sua vez o discurso pedag gico de certa forma controlado por um outro discurso produzido num n vel superior e que por essa raz o assume uma fun o orientadora definindo caminhos a seguir Cumpre este des gnio o discurso pedag gico oficial ele que condiciona as modalidades de transmiss o educacional designadamente os significados que leg timo associar a forma como esses significados podem ser associados a pr tica pedag gica e os contextos de transmiss o aquisi o os locais organizacionais Castro 1995 78 Assim sendo d origem a dois tipos de recontextualiza o Em termos da pr tica pedag gica uma de cunho oficial relacionada com quest es legislativas e administrativas outra de cunho pedag gico mais direcionada para quest es pr ticas sobre o
444. sidade que os autores dos manuais t m de criar situa es contextos e condi es de ensino e de aprendizagem da leitura que consideram v lidos adequados e teis precisamente sobre essas formas de enquadramento dos textos que nos debru aremos a seguir 1 3 2 1 ENQUADRAMENTO TEM TICO O FIO DES CONDUTOR Retomando o j discutido no ponto 5 1 2 1 capitulo Il deste trabalho o enquadramento tem tico concretiza se atrav s dos temas e t tulos sob os quais os textos surgem apresentados nos manuais Referimo nos deste modo aos temas t tulos dos textos e do que se pode designar por blocos ou unidades did ticas com fun o organizativa estruturadora das suas propostas e 170 consequentemente do processo de ensino e aprendizagem Em quest o est o que resulta da rela o entre os conte dos e as orienta es pedag gicas disponibilizadas e uma desej vel abordagem comunicativa e funcional da educa o lingu stica e liter ria Lomas 2003 272 Com efeito e segundo Lomas 2003 no contexto de sala de aula os materiais did ticos concretizam o trabalho que a deve ser realizado uma delimita o dos objetivos did ticos uma sele o e uma ordena o dos conte dos lingu sticos e liter rios um determinado desenho sele o e sequ ncia das atividades tarefas e exerc cios de aprendizagem uma sele o dos diversos textos de apoio e inclusivamente em certas ocasi es uma ou outra alu
445. social ativa dos indiv duos Nas nossas sociedades os cidad os interagem frequentemente com textos escritos cuja fun o a regula o dos comportamentos sociais com textos escritos que s o elementos constitutivos de contextos de trabalho com textos cuja leitura condi o para a obten o de informa o relevante h por outro lado cidad os que leem para se recrearem eventualmente com inten es de frui o est tica Os atos de leitura que assim se configuram envolvem diferentes situa es de leitura diferentes objetivos diferentes textos Castro 1998 39 Torna se claro portanto que os textos al m de se demarcarem pela sua estrutura exercem nas sociedades determinadas fun es e podem ser localizados em m ltiplos contextos1 Por conseguinte os sujeitos na pr tica das suas a es no mbito da sua viv ncia pessoal e social fazem deles diferentes usos 9 Com efeito devemos ter sempre presente que os documentos impressos ou digitais n o constituem tecnologias isoladas mas s o antes o resultado de um conjunto complexo de circunst ncias econ micas sociais e culturais e das intera es que entre si geram Furtado 2000 362 10 Ler o jornal n o ser a mesma coisa que ler um sms nem no que diz respeito ao suporte da escrita nem s finalidades nem ainda as conven es necess rias a uma leitura produtiva Da poder falar se de transitividades espec ficas ou pr ticas
446. ss es pouco extensas classific mos como excertos A justific lo n o estar o aqui com certeza quest es relacionadas com a sua dimens o extens o Quadro 33 Natureza dos t tulos dos textos Textos Manuais Natureza do t tulo Atribu do Adulterado Origem T tulo Excerto Integral Original M3 3 M5 3 M5 3 M2 4 Que avestruz gulosa Cora o de rob De quem a bola A borracha cansada Entre as narrativas breves est o tamb m aquelas cujos t tulos sofrem pequenas altera es Dada a pequena extens o e a reduzida signific ncia das supress es nelas realizadas opt mos por classificar estes casos como t tulos adulterados e n o como t tulos atribu dos Registamos assim a sua baixa frequ ncia constatando ainda a pouca relev ncia das altera es notadas acrescentamento supress o de palavras e convers o de mai sculas em min sculas Confirmam no os exemplos a seguir Quadro 34 Natureza dos t tulos dos textos Textos Natureza do t tulo Atribu do Adulterado Manuais Origem T tulo no manual T tulo original Integral Excerto Original Pedro o av e o mar O Pedro o av e o M3 3 mar X M5 3 O casamento do pargo O casamento do Pargo X M2 4 Os biscoitos da av Genoveva Os biscoitos da av X M3 4 A polui o A Polui o M5 4
447. ss o ordenada de frases ou proposi es os textos envolvem blocos hierarquizados ou sequ ncias que se disp em numa determinada ordem e est o relacionadas com a elabora o macroestrutural do sentido Para al m dos fen menos de coes o fr sica e interfr sica vistos numa perspetiva de sequencialidade linear haver assim a considerar mecanismos de organiza o textual global que designaremos como organizadores textuais ou marcadores de organiza o textual Coutinho 2004 2005 com base em Beaugrande 1980 Adam 2002 O trabalho de dete o de adultera es permitiu apurar que tais procedimentos s o operados em diferentes n veis focalizando se sobretudo na sua forma o organiza o gr fica gramatical estrutural e sem ntica Foram por isso os c digos os mecanismos e as liga es 103 envolvidos na sua composi o que deram origem s designa es pensadas para as subcategorias de an lise Partimos assim da materialidade gr fica e lingu stica do texto para chegarmos delimita o de situa es que design mos por transforma es adi es e supress es de natureza gr fica de natureza l xico gramatical e de natureza estrutural formal Importa de seguida explicitar as dimens es e ou os c digos lingu sticos consignados em cada uma das categorias anteriores No que s adultera es de natureza gr fica diz respeito est o em causa ocorr ncias relacionadas com as for
448. ssa nos de momento referir que a partir desses contextos criados para ler os textos se tornam vis veis do nosso ponto de vista tipos de enquadramento e por isso grupos de textos que se distinguem como vimos antes pelas diferentes posi es fun es que assumem ou desempenham Com vista a caracterizar os textos neste mbito identific mos em primeiro lugar um enquadramento tem tico Verific mos que em todos os manuais eles se encontram agrupados de acordo com a divis o destes em unidades did ticas ou sec es e que de uma maneira 105 Cf conclus es de Dionisio 2000 a prop sito da an lise desta categoria em manuais do Portugu s do 3 Ciclo do Ensino B sico 107 geral a todas elas atribu do um tema ou um t tulo pois esta a forma como se apresentam organizados Assim nesta fase procuraremos compreender e caracterizar a natureza dos temas t tulos propostos Entendemos que este trabalho constituir uma das refer ncias em que nos apoiaremos para subsequentemente analisarmos e caracterizarmos a natureza dos textos e dos procedimentos de adultera o Quadro 13 Natureza dos t tulos das unidades did ticas Unidades did ticas T tulos Natureza dos t tulos Manuais Procederemos depois ao confronto dos t tulos das unidades did ticas com os dos textos nucleares a fim de encontrar rela es de n o comunica o que entre eles se estabelecem Ser nos a tamb
449. st o em causa conce es sobre os modos como as pessoas se tornam leitores competentes e convictos sobre a compet ncia de leitura e o seu desenvolvimento bem como sobre o papel da escola no desempenho destas tarefas p 106 71 manuais escolares tidos como agentes e lugares de recontextualiza o de textos produzidos em outros lugares cf Castro amp Sousa 1998 44 2 2 1 MODOS DE RE CONSTRUGAO DO TEXTO ESCOLAR OS MANUAIS ESCOLARES 2 2 1 1 ESTRUTURA O ENQUADRAMENTO E APRESENTA O DOS TEXTOS No ponto 2 2 3 cap tulo falamos do estatuto e das fun es do manual escolar Por se tratar de um dispositivo que no seio da pr tica pedag gica disponibiliza os textos com determinado enquadramento centrar nos emos agora nos aspetos relativos sua constitui o e sua organiza o Atentamos nestas dimens es dos manuais escolares por entendermos que a sua an lise poder evidenciar argumentos justificativos de determinados procedimentos associados recontextualiza o dos textos Real amos ainda que ser o tidos em considera o os manuais escolares que Choppin 1992 apelida de livres scolaires stricto sensu referindo que se trata dos que sont definis par l intention explicite titre pr face niveau public ou manifeste pr sentation structure interne de l auteur ou de l diteur O mesmo autor aponta que o car ter escolar destes livros definido a priori e por consegu
450. stacamos a inten o de 78 O nosso entendimento relativamente legibilidade do texto prende se com o nivel de compreens o que ele permite ao leitor De facto muito embora Castro 1976 remeta esta quest o para a ortografia e para o aspeto tipogr fico dos textos consideramos que a este prop sito det m igual relev ncia a sua textualidade ou legibilidade lingu stica cf ponto 3 2 cap tulo O mesmo corroborado por Dion sio 2000 A autora explicita que esta no o diz particularmente respeito s vari veis lexicais e sint ticas tomadas como fator de interfer ncia na qualidade e flu ncia da leitura p 85 Como tal e atendendo s finalidades de uso dos textos na escola s o indesej veis quaisquer procedimentos que conduzam a ruturas de sentido 79 Pr tica ou arte que remonta antiguidade mais precisamente poca das re produ es manuscritas 8 Real amos que as causas indicadas pelo autor t m como refer ncia o trabalho de c pia manuscrita dos textos antigos por parte de escribas ou copistas N o sendo este o mbito do nosso trabalho consideramos contudo que algumas dessas causas sobretudo as resultantes de opera es intencionais ou volunt rias poder o coincidir com as que h possibilidade de serem apontadas como justificativas dos procedimentos adotados pelos autores dos manuais escolares aquando da transposi o dos textos para esses suportes TT aperfei
451. ste circuito em que o destinat rio final a crian a legitima de certo modo confere estatuto literatura infantil N o obstante e dada esta interven o dos adultos pode se afirmar que o circuito de circula o dos livros infantis sendo espec fico n o especificamente infantil Diogo 1994 16 Real ando a import ncia e a responsabilidade desta media o que passa pela escolha criteriosa de obras e de textos adequados ao leitor Anne Marie Chartier 2008 lan a a quest o que leitores queremos formar com a literatura infantojuvenil p 127 O que se entende por futuros leitores Leitores de qu De literatura infantil De literatura Em que s o afinal iniciados os alunos Com que objetivo O trabalho inerente forma o de leitores traduz se unicamente no seu encaminhamento para a leitura de literatura cf Chartier 2008 com base em Mercier Faivre 1999 O estatuto de leitor s se adquire quando se conquista o direito a escolher o que se l de facto esta autonomia esta possibilidade de tomar uma posi o de decidir que se apresenta como o resultado final do processo de forma o do leitor por parte da escola Quer isto dizer que ser leitor pressup e de certa forma que se seja livre ainda que essa liberdade se circunscreva ao mundo das leituras de cada indiv duo Sendo recomend vel que a inicia o dos alunos na leitura se fa a atrav s da literatura tal n o implica necessari
452. struz gulosa Como todas s avestruzes a desta hist ria tinha permas bonitas pesco o comprido uma cabe a pequenina com dois olhos que pareciam rir um bico forte E tinha sempre fome A m e bem lhe dizia O filha Que tenhas apetite est bem N o podes comer tudo que encontras Mas a avestruz n o escutava ningu m comia comia comia At que um certo dia COME O aos gritos Ai minha m ezinha Ai Ai Ail Ai que me d i a barriga Aflica a m e avestruz foi chamar o Mocho dos Cem Anos que era o melhor m dico da regi o Ele olhou pensou e disse que tinha de a operar E sabem o que o doutor encontrou no est mago da gulosa Vejam s vinte e sete parafusos cem laranjas um prato uma roda de bicicleta um sapato velho nove podras quatro esferogr ficas e uma formiguita que entrara por engano Mal acabou a opera o a nossa comilona suspirou disse Ai m ezinha Sinto me t o fraquinha O que me arranjas para o almo o Masa bon elan O Come o r p Lima 293 294 295 ANEXO II 296 Quadro 1 Listagem dos textos selecionados em cada manual Ano T tulo Manual Editora N vel P g Areal 30 Editores SA Lingua Portuguesa 3 3 Ano o Texto 98 Editores Lda Amiguinhos L ngua Portuguesa 3 ano 3 ano oo As Leituras do Joao 3 Ano Edi es Gailivro Edi es Nova 30 Pirilampo 3 Caia 68 Livraria Arnado
453. sumo de estruturas e ou de sequ ncias reduzindo se nelas a quantidade de informa o idem 102 Muito embora os casos detetados n o demonstrem ser posta em causa a articula o e a coer ncia do discurso h lugar a perdas not rias em termos expressivos e lingu sticos Em certo sentido a omiss o destes peda os das frases contribui para conter reduzir a intens o e a extens o do seu conte do Torna se pois inevit vel voltarmos a interrogar nos relativamente ao que intentar o os autores dos manuais quando assim procedem sabendo se que S uma compet ncia muito sofisticada ao n vel sint tico pode permitir ao leitor obter um n vel de compreens o sem custos excessivos o reconhecimento de categorias nominais e pronominais a sua distribui o na frase as fun es sint ticas que podem desempenhar idem 89 191 Constituem exemplos inequivocos deste tipo de adultera o as supress es de express es ora es ligadas a outras e das quais resultam valores e rela es de conex o Em alguns casos os conectores usados para exprimirem esta liga o tornam estas frases grupos de palavras facilmente identific veis isol veis Al m da penaliza o das estruturas lingu sticas que assim s o limitadas a uma determinada forma pelo que vemos mais simplificada tamb m se retiram aos textos correla es e descri es de muitas situa es Texto no livro do autor Texto no manual Quando
454. sup e que o processo de decifra o letra som esteja automatizado e em que toda a aten o dos alunos se centra na extra o de significado Sim 83 Esta quest o relaciona se com o facto de o manual poder ser fortemente condicionado por muta es sociais econ micas pol ticas e culturais pelos tipos de saberes representados e tamb m pelos valores que expl cita ou implicitamente veicula Pinto 2003 174 84 A n o considera o dos manuais do 1 e 2 ano de escolaridade justifica se pelo facto de nestes os textos propostos serem selecionados ou constru dos pr tica comum com o fim nico de iniciar a crian a na aprendizagem da leitura mais concretamente na aprendizagem e treino da decodifica o O risco de envolver neste estudo quest es do mbito de uma outra problem tica igualmente complexa uma das raz es que nos levou a n o considerar os manuais deste n vel de ensino inicial 80 Sim Duarte amp Ferraz 1997 59 Trata se assim da fase terminal de um ciclo um momento de consolida o e de afirma o relativamente ao dom nio de estrat gias e de compet ncias de leitura a base de todo o trabalho a que se prop e a escola ensinar a ler fluentemente i e a extrair o significado do material escrito de forma precisa r pida e sem esfor o idem 35 36 De acordo com Sim Sim Duarte amp Ferraz 1997 59 no momento de transi o entre o 1 e 0 2 ciclo
455. suporte para a indica o das fontes para o tipo de adapta es realizadas etc Embora n o seja evidente estarem em causa precau es filol gicas dois manuais M2 3 e M3 4 optam por recorrer a alguns textos in ditos na composi o das suas antologias Tratando se de pedidos especiais da editora aos escritores pouco prov vel que estes textos cheguem a entrar num sistema de reprodu o n o estando por isso sujeitos a procedimentos de adultera o Alguns manuais muito embora n o fa am refer ncia a este aspeto nos textos de abertura demonstram reconhecimento pelas fontes dos textos quando indicam nos seus ndices n o apenas os seus t tulos mas tamb m o nome dos respetivos autores M4 3 M4 4 e M5 4 9 Outros reconhecendo como importante para o desenvolvimento da compet ncia leitora e liter ria o conhecimento dos autores dos textos e das suas obras facultam aos alunos um Caderno de Biografias M3 4 e uma Galeria de Autores M4 4 Ainda a este respeito destacamos por fim o manual M4 4 pelas preocupa es que demonstra relativamente recontextualiza o dos textos no Gui o de observa o do manual que apresenta a seguir aos textos de abertura A podemos encontrar perguntas que evidenciam tratar se de um projeto que mostra partida n o ser indiferente a preocupa es de ordem filol gica Que t tulo tem o texto da pagina Quem
456. t lt gt gt aspas na vers o do manual A sua localiza o na vers o do autor far se atrav s de sombreado cinzento Posto isto delimitaremos como unidades de an lise de natureza gr fica a substitui o de pontua o SP e a transforma o da configura o das letras TCL mai scula em min scula ou min scula em mai scula Seguem se exemplos Texto no livro do autor Texto no manual M e posso guardar o mar todo no M e posso guardar o mar todo no meu quarto meu quarto lt lt gt gt SP M3 3 p 136 Texto no livro do autor Texto no manual isso vento isso N o te vejo isso lt lt Vento gt gt isso N o te mas sei que tu existes pelas coisas vejo mas sei que tu existes pelas que fazes coisas que tu fazes TCL M5 3 p 109 110 No respeitante s situa es de natureza l xico gramatical consideraremos a substitui o modifica o de palavras sequ ncias de palavras com fun o gramatical Subst Mod P SPFG isto palavras sem um significado l xico ou um referente concreto Lencastre 2003 148 cuja fun o se centra na liga o relaciona o de palavras de frases e de par grafos nos textos dando indica es relativamente organiza o estrutura o e coer ncia resultante da conex o destas unidades S o exemplo deste tipo de palavras as preposi es
457. t mos pela sele o dos cinco manuais mais adotados no 3 e no 4 ano de escolaridade no ano letivo de 2007 200835 A recolha e an lise de dados far se o a partir de duas dimens es constitutivas da estrutura dos manuais os textos de abertura e os textos que comp em a antologia Procederemos de seguida sele o de um corpo de textos para a categoriza o e an lise dos procedimentos de transforma o supress o adi o que ocorrem no seu processo de recontextualiza o nestes suportes Este trabalho basear se na rela o texto procedimento s de desloca o recoloca o efetuado s Importa referir aqui que esta categoriza o ser por n s constru da com base na observa o da amostra e que al m disso tamb m ser tida em aten o para o efeito a literatura dispon vel especificamente conhecimentos te ricos e pr ticas com origem na Cr tica Textual cf cap tulo Il ponto 2 Procuraremos por isso que esta categoriza o seja teoricamente sustentada Para a concretiza o deste estudo considerar se ent o um conjunto de vari veis discretas quantitativas definidas operacionalmente a partir dos materiais a analisar e limitadas a tr s categorias de base que desdobraremos em subcategorias Os dados obter se o por classifica o O m todo para a realiza o desta recolha ser a an lise de conte do Assim temos 85 Dados fornecidos pela Dire o Geral de Inova
458. t ria uma determinada comunidade interpretativa Batista 2004 137 a comunidade constitu da pelos leitores escolares em forma o Tal perspetiva encaminha nos para a inevitabilidade da escolariza o e da instrumentaliza o dos textos convertendo os em meios para atingir fins essencialmente did ticos e pedag gicos Na verdade as rela es e as formas de organiza o que caracterizam a escola e o contexto de aula assentam em documentos reguladores do ensino traduz veis em objetivos conte dos e pr ticas pr prias e t m os manuais escolares como um dos principais meios de recontextualiza o desses textos e orienta es oficiais No quotidiano pedag gico tal verific vel a partir da maneira como estes surgem organizados e estruturados As escolhas dos autores dos manuais relativamente aos seus componentes evidenciam por isso entendimentos quanto aos textos e aos saberes leg timos que devem podem circular na escola e quanto forma como os mesmos devem ser a colocados e transmitidos Esta rela o permite assim inferir conce es de ensino e de aprendizagem de natureza variada entre elas de leitura e de leitor 265 Foi com base neste enquadramento que estruturamos e orient mos a fundamenta o te rica apresentada no Cap tulo sobre os textos e a leitura na escola Come mos por caracterizar globalmente os contextos sociais de circula o dos textos centrando nos par
459. t only at the local microlevel but also at the more global macrolevel idem ibidem The surface structure of a discourse is interpreted as a set of propositions This set is ordered by various semantic relations among the propositions Some of these relations are explicitly expressed in the surface structure of the discourse others are inferred during the process of interpretation with the help of various kinds of context specific or general knowledge idem ibidem 3 2 1 0 T TULO O t tulo por ser uma das partes integrantes do texto estabelece com ele uma liga o especial assume uma posi o de destaque um lugar pr prio det m fun es espec ficas e assim sendo caracteriza se por exercer uma influ ncia significativa sobre o leitor sobretudo como des incentivador da sua leitura e como auxiliar no processamento do seu conte do Trata se especificamente de uma frase que antecede o texto tamb m designado por assinalamento verbal mais concretamente um conjunto de palavras que se antep em ao texto e que influenciam a sua compreens o cf Lencastre 2003 153 De facto quando a leitura se inicia pelo t tulo ele apresenta se como uma porta de acesso ao texto Produzido depois deste e tido como fator estrat gico da sua articula o Menegassi amp Chaves 2000 32 posiciona se acima dele e atribui lhe um nome Como tal este componente que partida orienta o leitor para uma leitura poss vel des
460. ta d o jogo de escolhas entre o que a l ngua permite e obriga a dizer e o que a din mica interindividual e social reflete p 21 O desenvolvimento de compet ncias e estrat gias de leitura por meio de um trabalho que entre outras coisas envolva a defini o de diferentes objetivos de leitura a pr tica de distintas modalidades ou modos de ler o conhecimento das fun es dos textos a adequa o dos textos s situa es de comunica o requer a abertura da aula diversidade de objetos 95 discursivo textuais idem ibidem Esta afirma o encontra base de sustenta o nas palavras de Fonseca 1992 quando este refere que efetivamente a pedagogia da l ngua n o outra coisa que pedagogia dos discursos p 236 A abertura de que falamos compreende por conseguinte a presen a equilibrada idem 246 dos textos liter rios e dos n o liter rios na aula pela raz o de que deste modo se faculta aos alunos um progressivo alargamento dos universos de refer ncia culturais a que esses m ltiplos objetos sincr nica e diacronicamente se reportam e a aten o dirigida para a vast ssima zona das rela es texto cotexto contexto e para a complexa rede de sentidos que nelas se entretecem Amor 2006 21 22 Com vista a caracterizar e a descrever os textos quanto sua tipologia classific los emos tendo em considera o categorias correspondentes s designa es propostas nos documentos
461. ta por sua vez dotada de propriedades que determinam dimens es n veis e par metros envolvidos na organiza o textual cf Beaugrande e Dressler 1981 van Dijk 1989 A forma o do texto compreende deste modo a reuni o de elementos e componentes variados que s o ligados e articulados sequencialmente assim se constituindo os seus n veis microestrutural e macroestrutural cf cap tulo ponto 3 2 A coer ncia de um texto estabelece se a dois n veis a n vel macro e a n vel microestrutural Assim para que se possa falar em texto necess rio que este seja coeso microestruturalmente e coerente macroestruturalmente A coer ncia e a coes o surgem assim como conceitos essenciais organiza o textual e que t m a ver com par metros l gico sem nticos Neves amp Oliveira 2001 28 Esta apresentou se como a base que tivemos como refer ncia para a codifica o de unidades de an lise dos procedimentos de adultera o notados nos textos Neste mbito consider mos particularmente a conce o de Beaugrande 1980 seguida pela Gram tica da Lingua Portuguesa no cap tulo dedicado aos Aspetos lingu sticos da organiza o textual Mateus et al 2003 85 123 a no o de montagem do texto defendida por Charolles 1988 e a no o de plano de texto defendida por Adam 2002 No o de plano de texto enquanto organiza o global n o se reduzindo a uma mera suce
462. ta maneira patente que a atualiza o dos textos por parte dos leitores sofre interfer ncias que em tra os largos ora explicitam o que neles se diz eliminando lhes os supostos obst culos gramaticais lingu sticos sem nticos etc ora tornam o seu discurso mais opaco aditando lhes interst cios Os textos s o por esta via estrategicamente apropriados Controla se o que n o podem dizer quando por meio de supress es lhes s o subtraidos conte dos ou por meio de adi es estes lhes s o acrescentados E controla se o modo como dizem coisas quando se procede substitui o de palavras por outras com o mesmo sentido quando se parafraseiam express es frases ou quando se lhes modificam os sinais de pontua o Esta forma de carrear a sua reconstru o pelo que vimos predominantemente por meio de supress es converte os ou redu los a manchas de texto fragmentadas despojadas do que neles se entende ser tendo em conta estas interven es dispens vel na encena o da leitura que se antecipa O leitor tamb m ele dirigido porque se preveem os n veis de leitura que pode concretizar porque se lhe limita um determinado n mero e tipo de estrat gias de leitura porque se direciona a sua leitura para determinados aspetos do texto e se impede o seu olhar de seguir outros rumos outros sentidos A coberto de uma dada inten o imp e se lhe um caminho e uma vis o sendo lhe na maioria das vezes
463. tam com base nestes objetos de leitura que se ensina os alunos a adquirir a treinar e a automatizar estrat gias que lhes permitam compreender o que leem Assim se elencaram evid ncias e consequ ncias do que se desaproveita ou dispensa do que se substitui ou modifica e do que se acrescenta aos textos no caminho da sua transposi o para os manuais escolares do 3 e do 4 ano de escolaridade Tendo em conta os seus novos suportes a abrang ncia da sua circula o e o estatuto de recursos privilegiados que lhes reconhecido em contexto escolar sera valida a afirma o de que estes objetos de leitura constituem exemplos dos textos ideais para ensinar e para aprender a ler ser O grosso das interfer ncias observadas firma a dimens o utilit ria que lhes conferida naquele lugar As condi es criadas sob pretexto da inevitabilidade do seu reenquadramento servem maioritariamente a pedagogia da leitura e al m disso resolvem preocupa es de foro interdisciplinar relacionadas com a motiva o ou com a contextualiza o no sentido da cria o de um ambiente prop cio dos alunos a prop sito da abordagem de um dado tema assunto A forma como s o preparados adaptados reflete ainda o entendimento de que o que figura na vers o do autor nem sempre corresponde s exig ncias necessidades que a escola imp e determina Ao intervencionar os textos em fun o dos seus objetivos os autores dos manuais acentuam o afasta
464. tam o seu trabalho na no o de coes o textual como uma rela o sem ntica que segundo eles assegurada pelo que no texto se afigura verbally explicit Fonseca 1992 cr tica no entanto a falta de uma abordagem enunciativo pragm tica nesta vis o afirmando que da experi ncia de cada um de n s que a continuidade sem ntica de um texto radica em muitos momentos em informa es dispon veis a partir do contexto n o verbal das coordenadas da enuncia o logo em informa es impl citas agregadas ao texto mas n o verbalizadas Sendo assim ileg timo pretender que a continuidade de sentido t pica do texto seja um dado estritamente dos instrumentos verbais explicitamente realizados e que ela seja em particular assegurada pelos recursos que Halliday Hasan integram na sua no o de coes o p 18 Ser por conta destas circunst ncias que se remete para o leitor o papel de introduzir ou preencher com sentidos os seus espa os em branco Eco 1993 55 91 Esta forma de proceder deixou em suspenso v rias d vidas e interroga es relativamente ao enquadramento dos objetos de leitura propostos na tica desde campo te rico Tal deveu se inviabilidade temporal e espacial de no mbito deste estudo questionarmos o des respeito por estas propriedades textuais no ato da sua sele o 82 O reconhecimento desta condi o far se pelas designa es usadas para identifica o das v rias rubricas sugeridas
465. tante curr culo o facto de a l ngua ser a a pr pria realidade a ser estudada a l ngua flete se sobre si pr pria enquanto nas outras disciplinas a l ngua um mero meio que d acesso realidade Constitui por isso um meio para atingir um fim Tendo como refer ncia esta conce o de aula de Portugu s L ngua Portuguesa a an lise do conte do dos textos de abertura dos manuais que os apresentam permite algumas considera es e infer ncias relevantes Desde logo o privil gio concedido aos textos e leitura verific vel atrav s da import ncia do espa o e lugar de destaque que lhes s o concedidos Em alguns dos manuais este tratamento exclusivo da leitura n o chegando a ser focados outros dom nios Noutros por m entre todos os dom nios focados lhe apenas dado maior destaque Com efeito se considerarmos em primeiro lugar a natureza das refer ncias feitas encontramos afirma es variadas Os manuais M1 3 e M1 4 destacam do Programa de L ngua Portuguesa o seguinte A Comunica o Escrita torna necess rio que na sala de aula surjam m ltiplas ocasi es de conv vio com a escrita e com a leitura preciso que esta pr tica esteja a associada a situa es de prazer de refor o e de autoconfian a M1 3 e M1 4 126 S o os nicos que referem expressamente o Programa de L ngua Portuguesa como documento orientador das escolhas e op es dos seus autores Neles n o per
466. te hist ria conce es e estatuto da literatura infantil cf por exemplo Diogo 1994 Gomes 1991 Rocha 2001 Zilberman 2003 85 O reconhecimento desta centralidade surge nesta medida atrav s da considera o do enquadramento feito isto de tudo o que envolve o texto e que de certa forma funciona como um gui o para a sua leitura Referimo nos aos temas t tulos das unidades did ticas as rubricas e atividades propostas a partir dele ou em seu torno antes do texto motiva o para a leitura depois do texto question rio ilustra o dimens o ao espa o que ocupa Num manual o estatuto de um texto pode ser aferido pelas possibilidades de trabalho que para ele s o sugeridas quer ao n vel dos seus sentidos quer das formas que realizam as suas micro ou macroestruturas As diversas atividades realizadas sobre os textos fazem parte deste dispositivo conformador da comunidade leitora na medida em que definem explicitamente para que servem os textos ou seja qual a sua validade social Atrav s das atividades solicitadas apresentam se os modos de rela o poss veis entre textos v lidos e os modos leg timos de os utilizar condiciona se o acesso a produtos verbais e a processos e pr ticas comunicativas Dion sio 2000 148 149 Um outro crit rio subsidi rio ou adicional a ter em aten o reporta se ao n mero de edi es das obras onde os textos fragmentos textuais foram se
467. te quase exclusivamente aos textos informativos 50 40 30 20 0 9 19 02 0 9 Gr fico 2 Distribui o das tipologias textuais nos manuais Not mos assim ser evidente o consenso relativamente ao privil gio concedido aos textos para recrea o essencialmente os narrativos os que fazem parte do patrim nio liter rio oral e os po ticos em detrimento dos textos para recolha de informa o e para a sua subsequente transforma o em conhecimento cf Sim Sim Duarte amp Ferraz 1997 Se atendermos posi o fun o dos textos nos manuais isto import ncia que nesses lugares lhes atribu da cf gr fico 3 nomeadamente ao n vel do tipo de enquadramento ou das atividades que sobre ou a partir deles s o propostas vislumbramos op es claras no que toca escolha dos textos aos quais se reconhece legitimidade para constituir a base sobre a qual se estrutura toda a aula de lingua materna Podemos destacar pelo lugar central que ocupam por isso tamb m designados como textos prim rios os textos narrativos e mesmo que em percentagem bastante menor os textos po ticos Ao n vel dos textos secund rios 138 continuam a privilegiar se por ordem decrescente de import ncia atribu da os narrativos os po ticos e os informativos Ao n vel dos outros textos para os quais n o s o propostas atividades distinguem se os
468. te Gulbenkian Jornadas sobre o Ensino do Portugu s D vidas e Revis es 2008 que decorreu na FCSH Lisboa Encontro Internacional do Ensino da Lingua Portuguesa 2008 que decorreu na Escola Superior de Educa o de Coimbra Encontro comemorativo dos 20 anos do ILTEC subordinado ao tema Discurso Diversidade e Literacia 2008 que decorreu na Funda o Calouste Gulbenkian etc 19 profus o e diversidade de informa o escrita com que cada cidad o se tem de confrontar nos dias de hoje As exig ncias liter citas da sociedade atual s o qualitativa e quantitativamente superiores s colocadas no passado o que implica uma preocupa o acrescida com o ensino da leitura no per odo de vida escolar do cidad o p 51 Mediante o panorama tra ado onde como se p de apurar se destacam grandes fragilidades ao n vel do desempenho em literacia sobretudo de leitura a nossa aten o centrar se agora na escola pois esta entre as v rias institui es que interv m no ensino desenvolvimento desta compet ncia a mais representativa respons vel pelo processo de alfabetiza o do indiv duo e pela socializa o do sistema da escrita Zilberman 1988 14 Raz o pela qual uma das suas fun es essenciais impreterivelmente mediar a aproxima o entre os indiv duos e os textos levando os primeiros a refletir sobre os segundos e deste modo a desenvolver capacidades inerentes ao ato da leitura e da
469. te adaptados a um leitor n o previsto os livros que interessam s crian as e que n o foram escritos propriamente a pensar nelas ao sofrerem adapta es deliberadas nesta perspetiva de censura como que s o novamente re escritos com um destinat rio preciso idem ibidem 149 Nos manuais em an lise identific mos dois tipos de marcas indicadas a seguir aos textos Aquelas cujas designa es especificam o tipo ou algum tipo de adultera o adaptado e com supress es adaptado com supress es adaptado para teatro texto adaptado e com supress es texto com supress es e texto adaptado e com supressdes e com supress es o Inclu mos tamb m neste primeiro grupo as marcas que muito embora de diferentes tipos quando combinadas resultam no fornecimento de indica es de algum procedimento de adultera o Os exemplos que se seguem informam o leitor sobre situa es de supress o N o obstante h a possibilidade de serem observadas verificadas nestes textos ocorr ncias de outra natureza e texto adaptado e texto adaptado Referimo nos agora s marcas que indicando algum tipo de adultera o adapta o n o explicitam em que consiste adaptado texto adaptado adapta o adapta o de Os dados recolhidos cf quadro 2
470. tecnol gico os computadores e as tecnologias de informa o e de comunica o corresponde assim uma mudan a de paradigma Entramos na era do mundo digital Chartier 2002 11 e da Internet uma vez que no novo modo de desenvolvimento informacional a fonte de produtividade reside na tecnologia de gera o de conhecimento processamento de informa o e comunica o simb lica Furtado 2000 286 Na sequ ncia desta atualiza o ou moderniza o v rias outras revolu es surgiram em redor dos textos da leitura dos leitores e da sua rela o com a cultura escrita A originalidade e a import ncia da revolu o digital apoiam se no facto de obrigar o leitor contempor neo a abandonar todas as heran as que o plasmaram j que o mundo eletr nico n o mais utiliza a imprensa ignora o livro unit rio e est alheio materialidade do c dex ao mesmo tempo uma revolu o da modalidade t cnica da produ o do escrito uma revolu o da perce o das entidades textuais e uma revolu o das estruturas e formas mais fundamentais dos suportes da cultura escrita Da a raz o do desassossego dos leitores que devem transformar seus h bitos e perce es e a dificuldade para entender uma muta o que lan a um profundo desafio a todas as categorias que costumamos manejar para descrever o mundo dos livros e a cultura escrita Chartier 2002 24 7 The printed book seems
471. tejos 3 JP M1 4 p 46 113 Texto no livro do autor Texto no manual Era uma vez uma borracha que quase deixou por assim dizer de apagar Ela que dantes apagava t o bem Risco de l pis risco de tinta nada lhe escapava E agora aquele cansa o sem qu nem porqu De que seria A borracha foi ao m dico Texto no livro do autor Era uma vez uma borracha que quase deixou por assim dizer de apagar Ela que dantes apagava tao bem lt lt gt gt Risco de l pis risco de tinta nada lhe escapava E agora aquele cansa o sem qu nem porqu De que seria A borracha foi ao m dico SP M2 4 p 130 Texto no manual dois dias tr s dias se passaram Estavam j todos ca dos pelos cantos cansados sem defesa plenamente confiantes na vit ria l O registo das ocorr ncias relativas s opera es de transforma o far se num quadro como o que se segue lt lt Um dia dois dias tr s dias gt gt se passaram Estavam ja todos caidos pelos cantos cansados sem defesa plenamente confiantes na vit ria Outros M1 4 p 46 Quadro 16 Quadro para registo de ocorr ncias das opera es de transforma o TRANSFORMA ES Nat gr fica Manual Nat l xico gramatical Nat estrutural formal TCL mM SP Subst Mod P SPFG Subst Mod P SPC J SF J SP Outros
472. tes no complexo quadro da forma o de leitores Pudemos verificar mais consensualidades do que diverg ncias entre os manuais analisados Desde logo a de que neles circulam textos escolares assim adjetivados n o apenas porque se leva a cabo um processo que os extrai do seu suporte de proveni ncia e os transp e para um novo mas tamb m ou sobretudo porque se operam neles transforma es de outra natureza nomeadamente modifica es na sua letra em fun o de um destinat rio espec fico Ainda a de que essas altera es surgem estreitamente relacionadas com a necessidade de lhes serem cometidas fun es instrumentais sendo encarados nesta medida como meios por excel ncia para atender os interesses e as especificidades da escola Na sequ ncia desta inten o emergem textos que servem professores e determinados perfis de alunos leitores Estes s possibilitam ou s podem possibilitar assim uma leitura de fei o marcadamente pedag gica e ou did tica A an lise de algumas das dimens es que concretizam a recontextualiza o dos textos os textos de abertura as fontes de autoria as marcas expressas de adultera o os temas t tulos as interven es realizadas na mancha gr fica reveladora de uma pir mide ou de uma hierarquia de submiss es em que estes s o por norma os objetos pior posicionados e como tal mais facilmente manipul veis Primeiro porque a sua delimita o se realiza em fun
473. textbook London NY Philadelphia The Palmer Press pp vii xi DELGADO MARTINS Raquel RAMALHO Gl ria amp COSTA Armanda Org 2000 Literacia e Sociedade Contribui es pluridisciplinares Lisboa Editorial Caminho DIOGO Am rico Ant nio Lindeza 1994 Literatura Infantil Hist ria Teoria Interpreta es Porto Porto Editora DION SIO M de Lourdes 2000 A Constru o Escolar de Comunidades de Leitores Coimbra Almedina DION SIO M de Lourdes 2004 Literatura e escolariza o A constru o do leitor cosmopolita Palavras pp 67 74 DION SIO M de Lourdes 2005 Pedagogia da leitura princ pios e pr ticas In Fernanda Leopoldina Viana Eduarda Coquet amp Marta Martins Leitura Literatura Infantil e Ilustra o 5 Coimbra Edi es Almedina pp 29 39 DOMINGOS Ana M BARRADAS Helena RAINHA Helena amp NEVES Isabel 1986 A teoria de Bernstein em sociologia da educa o Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian DUARTE In s 2006 Ensinar Portugu s para o Desenvolvimento Diagn stico e Propostas Terap uticas In In s Duarte amp Paula Mor o Ensino do Portugu s para o S culo XXI Lisboa Edi es Colibri pp 25 40 ECO Umberto 1993 Leitura do texto liter rio 2 ed Lisboa Editorial Presen a ECO Umberto 2004 Os Limites da Interpreta o 2 ed Lisboa Difel FONSECA Fernanda Irene 1994 Gram tica e Pragm tica Estudos de Lingu stica Geral e de Lingu stica
474. texto lido e outras rubricas Relacionar textos proposta de leitura de textos num registo diferente alguns deles in ditos com vista a compara los com os textos prim rios Gramaticando apresenta o de conte dos de funcionamento da l ngua e ou realiza o de exerc cios pr ticos Produ o de texto apresenta o de propostas de escrita O projeto gr fico seguido o mesmo que o aplicado no manual do 3 ano Mostram ter estado subjacentes sua conce o e organiza o gr fica op es e solu es da mesma natureza nomeadamente ao n vel das cores da disposi o dos textos e das v rias rubricas dos destaques do espa amento entre outros M4 4 O manual M4 4 com o t tulo Trampolim Lingua Portuguesa 4 ano 1 edi o 2 tiragem 2006 da Porto Editora foi neste n vel o quarto mais adotado a n vel nacional no ano letivo 2007 2008 As autoras s o Felisbina Antunes e F tima Lemos A supervis o da cole o foi feita por Maria Elisa Sousa Apresenta ilustra o de In s Oliveira capa de Ant nio Modesto e ilustra o da capa de Maria Ferrand composto por 144 p ginas numeradas 165 Logo no in cio nas p ginas 2 e 3 surgem destacados no interior de duas caixas de texto com contorno a vermelho posicionadas sobre fundo de tom verde escuro dois textos introdut rios O primeiro centra se na explicita o do entendimento da dimens o que a aula de
475. ticularmente nos suportes e objetivos desse tr nsito Sob este olhar perspetivamo los como motores de que dependem o funcionamento e o desenvolvimento das sociedades modernas nas suas v rias frentes de atua o onde se requerem leitores e leituras que se coadunem com a sua atividade e necessidade de evolu o A Escola det m neste mbito um papel preponderante na forma o dos sujeitos que se movimentam nos meios que lhe s o exteriores pela responsabilidade que se lhe atribui e se lhe exige em torn los h beis e capacitados nessa compet ncia F lo atrav s dos textos objetos que tende a transportar de outros contextos de circula o e que elege como modelos como refer ncias para o trabalho que desenvolve Neles se apoia para atingir os objetivos e as metas que lhe s o cometidos Como atr s dissemos fundamentalmente na aula de L ngua Portuguesa um espa o de ensino e de aprendizagem especializado que esta empreitada tem lugar A se definem e delimitam os objetos de leitura v lidos aqueles a quem se reconhecem subst ncia e caracter sticas lingu sticas cognitivas liter rias etc que permitam a constru o de mundos leg timos e por conseguinte de leitores Ao operar se a sele o e a reconstru o dos textos est se ent o obrigatoriamente a operar a forma o de leitores Este um processo como dissemos regulado no sentido em que regido por textos e documentos oficiais por um lado
476. tiva e interativa na aprendizagem da leitura enfatizando que a cria o do gosto de ler se fizesse nas dimens es cultural l dica e est tica da L ngua OCPEB 1 Ciclo 136 Assim de acordo com os objetivos gerais apresentados a aprendizagem da leitura deveria ocorrer em situa es que permitissem que ela assumisse finalidades v rias l dica e recreativa funcional e a compet ncia de leitura devia ser desenvolvida pelo cruzamento entre os sentidos extra dos do texto e os conhecimentos pr vios do leitor da l ngua e sobre o Mundo N o obstante evidenciava se uma certa superficialidade e ligeireza nos pressupostos te ricos que sustentavam a organiza o e estrutura do programa Sublinhava a necessidade de ter em conta as aprendizagens anteriores as conceptualiza es das crian as sobre a Leitura e a Escrita frisando a import ncia de integrar esses conhecimentos no processo de aprendizagem da leitura E focava ao de leve a import ncia de em contexto de aula serem proporcionadas situa es de conv vio com a leitura e de ser desej vel que a estas estivesse associada uma vertente de prazer e de refor o da autoconfian a Acabava ent o por n o se referir explicita e objetivamente complexidade desta compet ncia as vari veis que envolve o seu processo e fun o as suas finalidades e as estrat gias que exige Como forma de evidenciar esta complexidade atente se nas palavras de Castro amp Gomes 2000
477. tivo o anteriormente referido Plano trimestral da atividade pedag gica Trata se de uma grelha onde s o retomadas algumas informa es do indice e acrescentadas outras A coluna a que corresponde o cabe alho Meses est dividida por meses e respetivas unidades did ticas Seguem se os cabe alhos Temas indica o dos 153 temas abordados ao longo do trimestre Escola Patrim nio Cidadania Leitura t tulos dos textos P g Conte dos refer ncias a conte dos gramaticais e do mbito da Forma o C vica Atividades propostas de atividades de leitura de escrita de funcionamento da l ngua e de Forma o C vica e finalmente Compet ncias listagem do que deve ser capaz o aluno na sequ ncia das propostas de trabalho apresentadas Re ne um total de 116 textos sendo que destes apenas 43 se incluem nos que design mos como textos prim rios cf quadro 20 ponto 1 2 1 Estes ltimos encontram se colocados em p ginas pares Para cada um deles come a por ser apresentada uma caixa de texto colorida uma cor diferente por per odo letivo onde aparece uma inscri o relativa ao t tulo da unidade did tica No primeiro texto de cada m s essa caixa de texto converte se numa barra que perpassa as duas p ginas sendo acrescentadas a inscri es relativas ao m s e um prov rbio com ele relacionado A seguir caixa de texto ou barra descritas anteriorm
478. to Utilizaremos o quadro representado a seguir para registar as ocorr ncias das situa es identificadas ao n vel das opera es de adi o 107 Forma de organiza o do texto caracterizada pela unidade das ideias nele inclu das possuindo sentido completo e independ ncia sint tica O par grafo distingue se do per odo por se iniciar em nova linha e delimitado por ponto final de interroga o de exclama o ou retic ncias J o per odo corresponde a cada uma das partes constituintes de um par grafo caracterizada por conter uma ou mais frases simples ou complexas e por ser delimitada por ponto final de interroga o de exclama o ou retic ncias cf Dicion rio Terminol gico para consulta em linha lt lt Eu sou bem constitu do e esta capa n o me vai servir gt gt Mas o que importa teres te lembrado de mim Ampl Parag M5 3 p 50 Texto no manual sempre do meu lado que o Sol se levanta todos os dias Do lado de Leste explicou o ponto cardeal Ao meio dia est por cima de mim acrescentou o Sul Logo 8 tarde a mim que o Sol procura disse o Oeste que estava exactamente do lado oposto Ampl Tx M1 3 p 110 116 Quadro 17 Quadro para registo de ocorr ncias das opera es de adi o ADI ES Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat
479. to no manual Parou a escutar O barulho dos passos aproximava se At que viu surgir entre os pinheiros um vulto muito alto que vinha caminhando ao seu encontro Ser um ladr o pensou Texto no livro do autor RICTx M5 4 p 60 Texto no manual A m e p e um penso sobre a papoula assim como um selo numa carta que vai para uma viagem Ou que j fez a viagem e traz o carimbo A m e p e um penso sobre a 3 lt papoula 3 lt assim como um selo numa carta que vai para uma viagem x R CPar g M4 3 p 30 Apresentamos a seguir o quadro que utilizaremos para registo das ocorr ncias deste tipo de opera es Quadro 18 Quadro para registo de ocorr ncias das opera es de supress o SUPRESS ES Nat gr fica Nat l xico gramatical Nat estrutural formal RiCTx R CParag 1 3P 3P 1 4F 4F Manual P OS PISPFG P SPC Total F Total Procederemos por fim j num outro ponto e com base nos dados recolhidos caracteriza o dos textos adulterados sob o ponto de vista da conflu ncia convergente divergente das pr ticas de recontextualiza o com particular incid ncia nos procedimentos de adultera o Ser este um momento de reflex o fundamental para retomar e relacionar procedimentos e pr ticas que nos permitam vislumbrar uma dada con
480. tor a elas subjacentes Para alcan ar estes objetivos efetuou se a sele o de um universo de textos do campo da literatura infantil no conjunto dos cinco manuais mais adotados no 3 e no 4 ano de escolaridade do 1 Ciclo do Ensino B sico em 2007 08 perfazendo um total de dez manuais e de cinquenta textos Os dados foram recolhidos a partir de um corpus obtido no tecido desses textos e formado por excertos ou fragmentos onde s o vis veis adultera es N o obstante o facto de este trabalho constituir apenas uma an lise poss vel do processo de recontextualiza o dos textos em meio escolar pudemos verificar que na sua apropria o e em fun o de determinadas pretens es se recorre pr tica das adultera es sem constrangimentos ou inibi es A propriedade intelectual dos textos tende assim a ser desvalorizada operando se uma delimita o que os reduz e conforma a unidades aptas a servir um determinado ou preestabelecido enquadramento da sua leitura Deste modo se imp em sentidos ou se impede o leitor de aceder aos seus diferentes n veis de profundidade A rela o texto procedimentos de desloca o recoloca o traduz essencialmente leituras contidas simplificadas lineares com frequ ncia reconstru das na sua extens o e no seu modo de express o Por meio delas obt m se um leitor condicionado partida que mecaniza procedimentos modos e estrat gias de leitura enfim um sujeito que
481. tora cole o cf M1 3 e M1 4 M2 3 e M3 4 M3 3 e M2 4 M4 3 e M5 4 possibilitou nos tamb m a identifica o daquilo que consideramos ser a afirma o de marcas desses projetos Tornaram se assim vis veis aproxima es e demarca es que poem a descoberto op es e entendimentos Quadro 20 Distribui o dos textos nos manuais 43 30 64 69 95 35 55 29 29 70 519 37 1 38 0 37 6 95 8 88 8 48 6 34 4 28 7 52 7 92 1 51 5 8 21 0 0 0 3 0 44 9 0 85 6 9 26 6 00 0 0 0 0 42 0 0 436 16 4 0 0 84 65 28 106 3 12 34 105 28 17 6 404 56 0 35 4 624 4 2 11 2 47 2 65 6 27 7 30 9 7 9 40 1 116 79 170 72 107 72 160 101 55 76 1008 TOTAL 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 Os valores registados no quadro anterior abrangem a totalidade dos textos que cada Secund Outros manual escolar em an lise cont m Real amos partida o facto de os manuais do 3 ano no seu conjunto possu rem um n mero de textos mais expressivo do que os do 4 ano Algo que tamb m pode ser notado individualmente entre os manuais de 3 e 4 ano que pertencem mesma editora M1 3 e M1 4 M3 3 e M2 4 excetuando se aqui os casos dos manuais M2 3 e M3 4 M4 3 e M5 4 Uma das raz es para o aumento
482. tos de adultera o operados pelos autores de cada manual escolar que configuram neste quadro ou contexto particular de circula o do escrito uma re constru o dos textos Apresentaremos primeiramente uma descri o da composi o de cada um desses objetos de leitura enquanto ve culos privilegiados de transmiss o dos textos De seguida conduziremos a nossa an lise com dois fins caracterizar os tipos de enquadramento em que os textos surgem e assim procedendo efetuar uma an lise das condi es e dos contextos de leitura proporcionados aos alunos caracterizar e analisar quanto ao tipo e natureza os 152 procedimentos de adultera o a que os textos que constituem o nosso corpus s o submetidos e a partir da leitura desses dados inferir conce es de texto de leitura e de leitor Neste cen rio n o ser descurada a an lise do papel e da responsabilidade concernentes aos autores dos manuais Focaremos a nossa aten o nas consequ ncias e nas inten es subjacentes aos procedimentos de adultera o por eles operados Por fim destinaremos as ltimas p ginas deste cap tulo ao registo sum rio das conclus es que os dados apresentados e analisados nos permitirem colher 1 3 1 A COMPOSI O DOS MANUAIS BREVE DESCRI O M1 3 O manual M1 3 com o titulo Lingua Portuguesa 3 3 ano 1 2 edi o 3 reimpress o 2007 da Areal Editores foi neste nivel o mais adotado a nivel nacional no ano leti
483. tra dos Sempre que necess rio opt mos ent o por consultar uma edi o original cientes do risco que corriamos ao n o proceder ao exaustivo e demorado trabalho de compara o de todas as edi es e vers es desses textos obras Note se mais uma vez que a grande dimens o dessa empreitada seria incomport vel neste trabalho e desviaria a nossa aten o das pretens es tra adas Mesmo n o o tendo realizado n o deixamos no entanto de reconhecer a import ncia o rigor e a credibilidade desta forma de proceder com vista a identificar erros ou altera es nos textos Veja se por exemplo o que acontece deve acontecer ao n vel da edi o cr tica de obras Una edici n cr tica de la obra requiere la colaci n de todas las ediciones y traducciones conservadas para intentar reconstruir el impreso perdido al que en ltima instancia se remontan todas las ediciones Blecua 1983 188 Apesar disso a vis o obtida permitiu nos empreender um trabalho de determina o e formaliza o de macrocategorias submetidas posteriormente a sucessivos desdobramentos 8 Assim e recuperando da cr tica textual ensinamentos sobre a tipologia de erros poss veis no antigo ato de c pia dos textos pelos copistas enquadr mos as situa es ou opera es identificadas em tr s unidades classificativas transforma es adi es supress es cf cap tulo Il ponto 2 1 A necessidade de compreender a natureza dos v rios tipos
484. transforma es de natureza estrutural formal Prefigura se nesta medida um quadro de re constru o dos textos em que as modifica es da 117 Sublinhado nosso 220 mancha gr fica s o involunt rias ou que pelo menos n o se apresentam como inten o primeira dos autores dos manuais J as transforma es desta natureza mas n o decorrentes de outros tipos de adultera es intentam deliberadamente afetar a organiza o da sua textura Apresentam um valor mais pronunciado as modifica es de paragrafa o as jun es segmenta es de par grafos J SP Ao n vel das jun es verificam se situa es em que estas ocorrem por op o dos autores dos manuais n o sendo evidentes as raz es destes procedimentos Poder o no entanto estar em causa quest es de espa o ou mais uma vez a pretens o do aperfei oamento das composi es alterando se o modo como os conte dos e as informa es dos textos s o organizados ordenados Vimos j o quanto este aspeto determinante para a sua compreens o cf Costa 1992 75 113 Texto no livro do autor Texto no manual Esta a hist ria do Jo o Pimp o que vivia repimpado num sof encarnado Esta a hist ria do Jo o Pimp o que vivia repimpado num sof encarnado lt lt gt gt tamb m a hist ria do Jo o Espertalh o que um dia lhe bateu porta tamb m a hist ria do Jo o Espertalh o q
485. trim nio Liter rio Oral prov rbios adivinhas trava l nguas lengalengas Textos Informativos Textos Instrucionais Apontamos como primeiro crit rio de identifica o e de caracteriza o do seu estatuto o reconhecimento e an lise dos tipos de enquadramento a que s o submetidos e que explicitaremos mais frente Adiantamos por agora que se compreendem aqui tr s grupos de textos maioritariamente provenientes do campo da literatura infantil aos quais se atribui um dado valor e que como tal s o detentores de diferentes fun es nos manuais Podemos assim encontrar i os textos que s o nucleo das atividades Dionisio 2000 232 isto ponto de partida e de chegada para atividades de oralidade de leitura de escrita e de funcionamento da l ngua 2 s o textos em que se investe mais em termos do seu enquadramento tem tico gr fico e interpretativo design mo los por textos prim rios ii os textos que n o sendo nucleares e n o se encaixando no enquadramento anterior s o tamb m objeto de atividades sobretudo de leitura de escrita e de funcionamento da lingua Referimo nos aos que estabelecem com os prim rios uma determinada rela o ver por exemplo as rubricas Al m do texto ou Relacionar textos em que se estabelece a rela o entre texto liter rio e texto n o liter rio ou se constr i uma rela o comparativa entre 90 Estes autores como vimos assen
486. trodut rios e segue os mesmos princ pios orientadores Tamb m o ndice se apresenta estruturado de igual forma por per odos letivos e por meses H a assinalar em cada sec o algumas altera es Mant m se a indica o dos t tulos das unidades did ticas dos t tulos dos textos das designa es de alguns conte dos gramaticais e de uma rubrica relacionada com a Educa o para a Cidadania Antes desta ltima rubrica acrescentada uma outra com a designa o Vou ler sobre Trata se da proposta de leitura de textos in ditos de Alexandre Honrado sobre personalidades e factos importantes da Hist ria de Portugal Ao contr rio do que acontece no manual M1 3 aqui n o surge nenhuma indica o sobre quando podem os alunos realizar fichas de avalia o Prevalece ao longo do manual no in cio de cada per odo letivo com a mesma estrutura e tipo de conte dos a grelha relativa ao Plano trimestral da atividade pedag gica Re ne um menor n mero de textos De um total de 72 apenas 35 se incluem nos que design mos como textos prim rios Tamb m estes se encontram colocados em p ginas pares de real ar no entanto a sua maior extens o fazendo com que seja ocupado mais espa o da p gina ou ainda que a mancha gr fica se estenda at p gina ao lado Mant m se todas as caracter sticas anteriormente descritas em termos do seu enquadramento t tulos ilustra es e rubricas No
487. ts the presupposing and the presupposed are thereby at least potentially integrated into a text idem 4 Com efeito a textura enquanto propriedade de um texto distingue o de um n o texto conferindo lhe unidade Na l ngua existem mecanismos que permitem criar a textura isto que permitem estabelecer liga o entre as partes pelas quais o texto constitu do S o os chamados mecanismos coesivos 54 leitor caber a identifica o e desmontagem desses n s microestruturais e macroestruturais o que o conduzir compreens o The semantic structure of a discourse is characterized at two levels namely at the levels of microstructure and of macrostructure The microstructure is the local level of the discourse that is the structure of the individual propositions and their relations The macrostructure is of a more global nature characterizing the discourse as a whole These levels are related by a set of specific semantic mapping rules the macrorules At both levels we provide an account of the intuitive notion of the coherence of a discourse A discourse is coherent only if its respective sentences and propositions are connected and if these propositions are organized globally at the macrostructure level Kintsch amp van Dijk 1978 365 Efetivamente a produ o de significados ou a interpreta o do texto tendo em conta a sua materialidade lexical sint tica sem ntica e estrutural must be described no
488. tual Mateus et al 2003 89 Por sua vez a coer ncia textual um fator de textualidade que resulta da intera o entre os elementos cognitivos apresentados pelas ocorr ncias textuais e o nosso conhecimento do mundo idem 115 104 Ser este um dos pressupostos que leva Diogo 1994 a entender ser v lido dizer se que os manuais de L ngua Portuguesa s o tamb m literatura infantil p 16 105 utiliza Deve assumir que o conjunto de compet ncias a que se refere o mesmo do seu leitor Por conseguinte dever prever um Leitor Modelo capaz de cooperar na atualiza o textual como ele o autor pensava e de se mover interpretativamente tal como ele se moveu generativamente Eco 1993 58 Neste ponto do nosso trabalho procuraremos ent o identificar classificar e compreender tais interven es detendo nos ainda nas suas repercuss es ou consequ ncias ao n vel da constru o de leituras e de leitores 1 2 Abordagem Niveis tipos de enquadramento dos textos Expor sobre os n veis de enquadramento dos textos nos manuais obriga a uma aten o pr via sua estrutura e modo de organiza o Constata se a partir da sua observa o que os contextos de inser o dos textos s o estruturados Deduz se por conseguinte que esses contextos configuradores de formas de a eles se aceder se apresentam por sua vez como estruturadores da aprendizagem da leitura por exemplo no que extra o de s
489. tumavam brincar O pedido foi atendido Jos Jorge Letria Hist rias do Sono e do Sonho Desabrochar 1990 pp 7 9 261 Isso torna se vis vel quando explicitamente se solicita ao leitor que preencha o vazio de alguns dos espa os resultantes de cortes Mais um caso de adultera o que evidencia motiva es metodol gicas pedag gicas Que tarefas imaginas que desempenhava o rob na f brica Em fun o destas duas perspetivas confirma se que as supress es podem por um lado configurar uma elimina o de barreiras de empecilhos leitura que a tornem mais dif cil ou que se possam revelar distratores ou desviantes da aten o dos leitores no que interessa importa Por outro lado podem acrescer lhe complexidade opacidade exigindo mais esfor o na defini o e na ado o de estrat gias que os conduzam compreens o O que acab mos de afirmar claramente do mbito das suposi es Aqui e ali O confronto dos textos com as atividades sobretudo os question rios de compreens o que se encontram depois destes permitiu nos ainda que timidamente reconhecer a sua validade 262 263 CONCLUS ES 264 Na escola os textos constituem o fulcro da forma o e da constru o de leitores essencialmente em torno deles que na aula de L ngua Portuguesa alunos e professores comunicam e desenvolvem pr ticas de ensino e de aprendizagem leem falam escrevem pensam o funcionamento da l ngua
490. u podem ser ensinados e adquiridos por outro explica que de uma maneira geral sejam olhados como instrumentos pedag gicos culturais e ideol gicos Castro et al 1999 IX aos quais est o subjacentes conce es de ensino e de aprendizagem Apresentam se na verdade como o principal meio de informa o conhecimento e legitima o da cultura escrita e da a o escolar Magalh es 2006 8 Credibilidade e reconhecimento cient fico e pedag gico que a par da sua evidente capacidade de difus o n o partilham com outros suportes ou objetos de leitura e de aprendizagem Seja pelo aparato burocr tico em que mergulham no decurso dos processos de produ o legitima o aprova o e leciona o seja pela sua centralidade no interior da cultura e da a o escolares uma das marcas socioculturais mais relevantes quando se analisam os manuais escolares a explicita o de ju zos sobre conte dos lugares figuras ou personagens Subjazem aos manuais escolares l gicas de autoridade e de verdade que n o s o comuns a outros livros ou produtos culturais mesmo no interior da cultura escolar O manual escolar mais que um meio de acultura o e de alteridade fator de afirma o e de domina o cultural idem 10 Esta vis o obriga nos inevitavelmente a lan ar algumas quest es Em primeiro lugar pensar sobre a natureza e o conte do destes objetos sobre os seus objetivos as suas fun es Em segund
491. ubserviente relativamente ao outro mas antes contribuindo para o aparecimento de um novo texto A fun o de transforma o aumentou a polissemia da obra e permitiu diferentes leituras conduzindo a que hoje o livro de literatura para a inf ncia seja cada vez mais um g nero ou um dom nio apreciado por todos os n veis et rios Maia 2003 4 64 O trabalho de preenchimento da p gina fica a cargo dos designers que atuam com base na conce o da obra entendida na sua globalidade quer ao n vel das op es gr ficas e de legibilidade quer dos seus m ltiplos aspetos de produ o e execu o tendo em conta os recursos t cnicos os objetivos de divulga o e as op es individuais que levam utiliza o de certos formatos e materiais em detrimento de outros Maia 20032 146 60 Magalh es 2008 11 15 faz tamb m refer ncia ao facto de subjazerem ao processo de constru o da materialidade do texto os planos autoral e editorial que a par da sua configura o transparecem uma determinada representa o e consignam uma apropria o consagram uma ordem da leitura ou da escuta da leitura No contexto de origem do texto de literatura infantil o livro o seu suporte por excel ncia a sua forma o material com face f sica que se apresenta ao leitor e lhe aponta sentidos Aguiar 2006 247 A necessidade de o conquistar e cativar determina algumas das suas fun es espec ficas
492. ue tanto os Gregos como os Troianos n o adoravam um s deus adoravam muitos deuses e por isso dizemos que eles eram polite stas M1 48 p 46 As interfer ncias nas sequ ncias dialogais tornam vis veis supress es e ou contra es de falas de personagens com o consequente encurtamento dos di logos ou resultando em di logos menos expressivos interativos e menos din micos por exemplo quando s o omitidas personagens com uma menor partilha de informa es coment rios aprecia es Note se que algumas das situa es que delimit mos para destacar estas ocorr ncias surgem alternadas com sequ ncias descritivas e ou narrativas 203 Texto no livro do autor Texto no manual Sabe vossemec pai aquele c o que vi no campo n o era maior do que um boi era apenas do tamanho dum boi O pai n o fez coment rios Os dois continuavam a caminhar e a ponte de cada vez se via melhor O Jo o estava a morder os l bios e s tantas disse Ou a pai afinal aquele c o de que lhe falei era s do tamanho dum burro Agora que me lembro bem Como das outras vezes o pai ficou calado O rio com a ponte j estava perto Notava se bem na cara do Jo o que ele estava muito aflito De repente disse Sabe vossemec pai aquele c o n o era do tamanho dum burro era apenas um c o especial maior do que todos os c es que conhe o Tinham chegado ponte O Jo o parou mas o
493. ue um dia lhe bateu M4 32 p 126 Texto no livro do autor Texto no manual Quando o m dico depois de muito se ter feito esperar finalmente chegou quem primeiro atendeu foi o rancho dos l pis de cor porque j tinham Quando 3 lt o m dico 3 chegou quem primeiro atendeu foi o rancho dos l pis de cor 3 lt lt lt gt gt Receitou lhes vitaminas e ares de praia X E consulta marcada h que tempos que fizessem exerc cio e que pintassem primeiro pouco e leve e depois com mais for a 5 lt Receitou lhes vitaminas e ares de praia Veriam que voltavam a ganhar cores como dantes E que fizessem exerc cio e que pintassem primeiro pouco e leve e depois com mais for a Era muito despachado este m dico M2 48 p 130 Noutros casos as jun es de par grafos s o decorrentes de rejcortes com extens o vari vel operados nos textos que for am re articulagdes dos discursos J antes verificamos cf supress es que estes movimentos de supress o a que se juntam agora os de transforma o n o desconsideram o texto enquanto unidade qual deve ser conferido sentido As unidades textuais que da resultam representam no entanto vers es diferentes das originais 221 Texto no livro do autor Texto no manual Ai minha m ezinha Ai Ai Ai Acudiram todos os habitantes da selva Alguns pensaram que o mundo ia acabar E ela cad
494. uirem essa posi o na sequ ncia de terem sido selecionados por quem os usa os professores ent o partimos do pressuposto de que tais entendimentos e posicionamentos s o por eles partilhados j que lhes permitida a liberdade de selecionar adotar tais recursos Ora por isso os dados produzidos e os resultados obtidos abrangem uma parte significativa das possibilidades e n veis de an lise do ato de re constru o dos textos escolares Como tal det m um peso substancial entre as condi es que n o s permitem reconhecer os contornos dessa s pr tica s como possibilitam por iner ncia caracterizar e estabelecer conce es relativas pedagogia da leitura e forma o de leitores Evidentemente que ao fazermos incidir o trabalho sobre alguns e n o todos os dispositivos e todas as dimens es que configuram a recontextualiza o dos textos n o temos aqui forma de assegurar sem reservas que todos os n veis de enquadramento que constituem as condi es da sua integra o nos manuais configuram adultera es de algum tipo e que determinam o modo como os leitores os recebem e com eles se podem devem relacionar facto ineg vel efetivamente que neste processo se preveem e estabelecem os limites de a o e ou de entendimento destes sujeitos no que toca a n veis de compreens o a saberes e compet ncias Elegemos como objetos centrais os textos e o seu enquadramento tem tico sendo que n o s o de some
495. uma vez que lhe facilitar a extra o atribui o de significados e de sentidos Les marques de s quentialit sont l indice d une activit m tadiscursive chez celui qui les utilise Elles d notent un travail explicite d organisation de l nonciation visant en particulier faciliter la t che de l interpr tation idem 9 Analisar a estrutura de um texto requer pois que se atente a um nivel global e a um nivel local no conjunto de rela es l gicas e lingu sticas Lencastre 2003 111 que a preenchem e sustentam S o estas liga es de sentido entre as v rias proposi es selecionadas por quem escreve que diferenciam o texto de um n o texto 5e Halliday amp Hasan 1976 Ao 54 Num estudo intitulado Leitura A compreens o de textos a autora Leonor Lencastre 2003 explicita o entendimento de assinalamentos textuais apresentando a seguinte classifica o pode se identificar duas grandes categorias de assinalamentos tendo em conta a sua natureza verbal ou tipogr fica Dentro dos assinalamentos verbais existem fundamentalmente tr s tipos palavras e frases expl citas sobre a especifica o da estrutura das rela es de conte do frases antecedentes e frases sum rio que cont m informa o revelada prematuramente ou no final de uma passagem textual como conclus o e que abstra da da informa o textual palavras apontadoras tais como um ponto importante que exprimem o p
496. va o e a explora o de sentidos S depois surgem os textos prim rios colocados em posi o central nas p ginas pares No entanto a dimens o mais extensa de alguns deles leva a que se estendam at s p ginas impares O seu enquadramento faz se na maioria das situa es ao longo de quatro p ginas Real amos a facilidade com que podem ser localizados ou associados respetiva unidade did tica Com efeito todas as p ginas cont m uma barra colorida no seu topo No interior desta surgem sempre destacados o t tulo da unidade did tica alinhado esquerda p ginas pares e o numero que lhe corresponde alinhado direita p ginas mpares Em torno de cada texto s o propostas v rias rubricas Antes do texto podemos encontrar a rubrica Gosto de ouvir Gosto de falar com pistas para orientar atividades de fala e de escrita p 3 A centralidade do texto assumida na rubrica Gosto de ler onde o texto encarado como ponto de partida para atividades de leitura e de compreens o p 3 Sugere se a o preenchimento de esquemas e ou question rios Sucedem se as rubricas Palavra a palavra com a proposta de atividades que perspetivam a reflex o sobre a l ngua p 3 A prop sito com vista a ampliar conhecimentos estimular as curiosidades de crian a abrindo portas a pequenos projetos que a levem a querer saber mais p 3 e Gosto de escrever com propostas de atividades que
497. vada gt gt na gua Com gua oxigenada tamb m A que tem muito daquele oxig nio que ele respira no ar 5 M4 48 p 30 Contrariamente aos exemplos anteriores o que se segue decorre de uma supress o a necessidade de preservar a coes o e a coer ncia do texto que obriga a modificar substituir esta palavra Texto no livro do autor Texto no manual E o Av confirmou H esse perigo h v rias esp cies de animais que come am a ser raras que t m de ser defendidas para n o acabarem E o lt lt av6 gt gt lt lt continuou gt gt H lt lt ainda o perigo de v rias esp cies de animais come arem a ser raras e por isso gt gt t m de ser defendidas para n o acabarem M1 32 p 94 Isol mos e agrupamos tamb m ocorr ncias em que as palavras neste caso pertencentes classe dos nomes s o substitu das por outras que correspondem sua varia o em grau Alguns casos refletem um matiz sem ntico por exemplo quando a modifica o tende para a afirma o imposi o de um modo modelo de relacionamento de tratamento ou de conviv ncia Texto no livro do autor Texto no manual Das m ozitas do Jo o Texto no livro do autor Das lt lt m ozinhas gt gt do Jo o M3 32 p 12 Texto no manual J viu m e Tantas luzinhas J viu luzin
498. verificado entre os manuais M2 3 e M3 4 a proposta da rubrica relacionar textos no manual do 4 ano onde s o apresentados textos para estabelecimento de compara es segundo os autores num registo diferente dos textos prim rios os que s o seguidos de um conjunto diversificado de quest es que favorecem a apropria o do sentido do mesmo cf texto de abertura do manual M3 4 A parte a situa o destes manuais a diferen a entre estes dois anos de escolaridade justificar se pelo aumento da dimens o dos textos no ltimo ano do 1 ciclo do Ensino B sico e assim sendo pela redu o do n mero de textos propostos para leitura Repare se que o 135 mesmo pode ser constatado se atentarmos somente nos valores obtidos ao n vel dos textos prim rios os textos que s o n cleo de atividades e que nos manuais ocupam um lugar cimeiro Excluem se desta observa o os manuais M4 3 e M5 4 por apresentaram praticamente o mesmo n mero total de textos Destinam lhes o mesmo espa o uma p gina e o mesmo n mero de p ginas N o obstante de salientar que as manchas gr ficas dos textos no manual do 4 ano s o de maior dimens o e que para as ilustra es reservado um espa o mais reduzido verificando se o oposto no manual do 3 ano manchas gr ficas dos textos mais pequenas e ilustra es mais alargadas Deste modo nos parece estar a ser demonstrada a inten o de fazer cumprir as
499. versidade de situa es com as quais nos depar mos levou nos a aglutinar sob esta designa o outras especificadoras ou delimitadoras dessas opera es e que tornam mais elucidativa a sua an lise Os procedimentos identificados e delimitados distribuem se de forma equilibrada ou equitativa por esses v rios grupos Um dos casos corresponde ao que reconhecemos como uma reconstru o de express es lingu sticas ou de frases Colhemos v rias evid ncias deste tipo Ocorr ncias que a nosso ver resultam na reestrutura o ou par frase de express es frases alterando se a sua posi o ou a ordem das palavras substituindo se grupos nominais por pronomes explicando se de outro modo ou at desconstruindo se estruturas menos expl citas em termos de significado de que s o exemplo alguns dispositivos de ret rica e express es idiom ticas 209 Texto no livro do autor Texto no manual O Chico ficou com aquela ideia a roer lhe na cabe a aquela hist ria de o av falar em homens que n o gostam de animais que os tratam mal que at os matam e quando o apanhou outra vez bem disposto falou lhe nisso Vov Bicho deu um exemplo Se a foca fica com uma faca tamb m lhe fica a pele que tem ningu m lhe toca ningu m ataca Como os netos ainda eram pequenitos Vov Bicho receava sempre que eles n o entendessem bem os versinhos que fazia e por isso perguntava lhes sempre Percebera
500. vo 2007 2008 A autoria de Claudia Pereira Isabel Borges Angelina Rodrigues e Luisa Azevedo Apresenta design da Areal Editores ilustra o de Bayard Christ Claudia Fonseca e da Areal Editores e capa da Areal Editores E composto por 160 paginas numeradas Inicia se com um texto dirigido aos colegas onde feita refer ncia constitui o do projeto L ngua Portuguesa 3 e ao cumprimento do programa de Lingua Portuguesa do 1 Ciclo do Ensino B sico Segue se na p gina ao lado outro texto sobre a Estrutura do manual Nesse lugar explicitada a forma como surge organizado sendo a valorizados o apoio e a orienta o que este instrumento faculta ao trabalho dos professores Apresenta depois o ndice em duas p ginas onde se acede estrutura organiza o do manual Encontra se dividido em tr s partes 1 per odo At ao Natal 2 per odo At P scoa e 3 per odo At s f rias Cada per odo iniciado com um Plano trimestral da atividade pedag gica e est organizado por meses Em cada um s o indicados o t tulo da unidade did tica os t tulos dos textos as designa es de alguns conte dos gramaticais e de uma rubrica relacionada com a Educa o para a Cidadania Pode ler se ainda no final do ndice No final de cada m s pode fazer uma ficha de avalia o mensal p 5 Ao longo do manual encontra se no in cio de cada per odo le
501. vos da leitura Da efic cia destas depende assim a mestria nesta modalidade da l ngua cf Sim Sim et al 2006 44 45 Ler aprender a ler significa por isso tomar consci ncia da diversidade de situa es de leitura que ocorrem em contexto escolar e como tal das finalidades que lhes subjazem Se estas finalidades forem comandadas pela satisfa o de interesses e ritmos individuais pela rui o est tica e pessoal dos textos estamos perante atividades de leitura recreativa Amor 1993 92 Quando a leitura feita a fim de serem extra dos do texto dados e informa es para a resolu o de problemas estamos perante uma atividade de leitura para fins informativos idem ibidem Amor 1993 faz ainda refer ncia aos diferentes modos nas suas palavras modalidades de ordem t cnica de realizar a leitura a leitura silenciosa a leitura em voz alta a leitura r pida etc p 93 Um dos principais objetivos da escola no que relativo pr tica da leitura ensinar os alunos a adquirir treinar e automatizar estrat gias que lhes permitam compreender os textos escritos De facto na escola a leitura enquanto rea de conhecimento pressup e que os professores os ajudem e auxiliem na aquisi o de conhecimentos lingu sticos e n o lingu sticos necess rios para a compreens o de um determinado texto Apresentam se assim diversos e complexos os saberes e atividades envolvidos neste process
502. vras as quais se pode conferir um sentido expansivo descritivo expressivo ou at explicativo Isto s o express es que complementam o que as antecede acrescem informa o tornam mais elucidativo mais visual e ou modalizado o discurso Evidentemente a perda destes elementos ou destes conte dos sinal mais uma vez de enfraquecimento empobrecimento dos textos em todos os aspetos anteriormente apontados Em certos casos tais cortes resultam tamb m em adultera es de sentido Texto no livro do autor Texto no manual Ulisses vivia numa ilha grega que se Ulisses vivia numa ilha grega que se chamava taca muito feliz com sua chamava taca 3 lt mulher Pen lope e seu filho ainda muito pequenino Tel maco M1 42 p 46 Texto no livro do autor Texto no manual Mas Oh Parecia inacredit vel o que ela estava a viver l Mas era verdade O rio em que ela e outras gotinhas tinham ca do descia descia para de repente se espalhar numa vasta superf cie de gua nem mais nem menos o mar donde elas tinham sa do alguns dias antes Era fant stico Texto no livro do autor 8 lt 8 O rio X descia descia para de repente se espalhar numa vasta superf cie de gua nem mais nem menos o mar donde elas tinham sa do alguns dias antes Era fant stico M3 42 p 62 Texto no manual O terce
503. za a para atender a seus pr prios fins e a da literatiza o da escolariza o infantil processo concretiz vel na produ o de literatura com a inten o estrita de servir o mercado escolar p 17 Estes pontos de vista suscitam de imediato uma discuss o para a qual n o oportuno contribuirmos mas que merece ser aqui assinalada Referimo nos a uma reflex o acerca do valor do texto liter rio infantil das suas potencialidades e da diverg ncia de pontos de vista relativamente a quest es em torno da conceptualiza o de literatura de literatura infantil e quanto quilo que deve ser a leitura liter ria em contexto escolar Em causa est o sobretudo quest es de especificidade de estatuto que se materializam na querela sobre a delimita o de campos a identifica o de destinat rios e a defini o de fun es Segundo Diogo 1994 se por um lado nenhuma impossibilidade f sica pode a priori desqualificar a institui o da literatura infantil como literatura por outro h a possibilidade de uma subvaloriza o da primeira mesmo que muito mais cosmopolita em rela o segunda dita sua irm maior p 7 Aspeto que espelha o seu car ter provis rio pr prio da inf ncia e que dada essa condi o a converte num tipo de produ o menor Zilberman 2003 65 Al m disso o facto de ser produzida por adultos evidencia a sua fei o instrumentalizadora A necessidade de f
504. ze lt lt gt gt X e 8 adormeceu lt lt gt gt Ent o chegou perto dele um homem pequenino lt lt e gt gt com uma barbaf que fo 3 lt S lt lt gt gt acordou lt lt gt gt M1 48 p 148 Observamos igualmente a substitui o de palavras com valor referencial por exemplo de ticos pronomes por outras normalmente sequ ncias de palavras correspondentes aos respetivos referentes personagens lugares objetos Note se que nestes casos a necessidade de alterar adaptar decorre quase sempre de movimentos de adultera o ao n vel das supress es Muito embora omitam partes dos textos os autores dos manuais firmam deste modo os cuidados que t m na sua re estruturagao num esfor o para os manter coesos e coerentes Ora isso inevitavelmente obriga ou pode obrigar a altera es em diferentes n veis como o exemplificam os pr ximos excertos Texto no livro do autor Texto no manual Quando ficava com frio de tanto tomar banho o rapaz vinha estender se num pequeno espaco de areia muito grossa que havia na margem do ribeiro e ficava a aquecer se ao sol Nas noites de Verdo antes de ir para a cama vinha tamb m muitas vezes sentar se ali para se refrescar com a brisa fresca que vinha do rio ou ent o deitava se de costas na areia e ficava a olhar para as estrelas do c u que brilhavam como se estivessem todas em festa Texto no livro do autor

Maria Isabel da Silva Morim Alves

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