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ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - colegioobjetivocabreuva.com.br

1. Oh Ent o Bill quem vai descer pela chamin disse Alice a si mesma Parece que eles p em tudo em cima desse Bill Eu n o queria estar no lugar de Bill por nada deste mundo Esta lareira estreita verdade mas acho que posso dar um pontapezinho Ela esticou o p o quanto p de sob a chamin e esperou at ouvir um pequeno animal ela n o conseguiu descobrir qualera arrastar se e arranhar a chamin bem acima dela Ent o dizendo asi mesma Bill deu um pontap certeiro e esperou para ver o que acontecia A primeira coisa que ouviu foi um coro geral dizendo L vai Billl depois s a voz do Coelho V o peg lo voc s a perto da cerca depois sil ncio e depois uma outra confus o de vozes Levantem a cabe a dele Um pouco de conhaque 54 r pido Cuidado para n o asfixi lo O que foi amigo velho O que houve com voc Conte para n s Em seguida ouviu se uma vozinha fraca e esgani ada Bill pensou Alice Bem n o sei ao certo Basta obrigado Estou melhor agora Mas ainda estou abalado demais para contar Tudo o que sei que algo me empurrou uma esp cie de boneco de mola e eu disparei feito um foguete Foi isso mesmo amigo velho disseram os outros melhor p r fogo na casa disse a voz do Coelho Ent o Alice gritou o mais alto que p de Se fizerem isso eu solto Din em cima de voc s P
2. N o faz mal disse o Rei com grande al vio Chamem a pr xima testemunha E acrescentou a meia voz para a Rainha Na verdade minha querida melhor que voc interrogue duplamente a pr xima testemunha Isso est me dando uma tremenda dor de cabe a Alice ficou observando o Coelho Branco enquanto ele percorria atrapalhadamente a lista de nomes curiosa por saber quem seria a testemunha seguinte pois at agora eles n o t m l muitas provas pensou Qual n o foi a surpresa dela quando o Coelho Branco leu com sua vozinha estridente o nome Alice 62 Apreensivo preocupado inquieto 142 CAP TULO 12 O DEPOIMENTO DE ALICE na excita o do momento do quanto havia crescido nos ltimos minutos deu um pulo com tanta pressa que derrubou o banco do j ri com a barra de sua saia arremes sando todos os jurados de cabe a sobre a plat ia Os coitados ficaram espalhados pelo ch o aqui e ali fazendo a recordar o aqu rio de peixinhos dourados que ela acidentalmente derrubara na semana anterior Oh pe o lhes desculpas exclamou desolada e come ou a levant los o mais r pido que p de pois o acidente com os peixinhos n o sa a de sua cabe a e ela tinha uma vaga id ia de que eles deveriam ser recolhidos um a um e colocados de volta ao banco sen o morreriam O julgamento n o poder prosseguir disse o Rei com voz muito grave at que todos os jurados retornem aos
3. Do que se trata indagou a Rainha Ainda n o abri respondeu o Coelho Branco mas parece ser uma carta escrita pelo prisioneiro para para algu m S pode ser isso disse o Rei a menos que tenha sido escrita para ningu m o que n o muito usual voc sabe A quem endere ada perguntou um dos jurados N o propriamente endere ada disse o Coelho Branco na verdade n o h nada escrito do lado de fora Enquanto falava desdobrou o papel acrescentando Nem uma carta afinal de contas s o versos Est o escritos com a caligrafia do prisioneiro perguntou outro jurado N o n o est o respondeu o Coelho Branco e isso o mais estranho de tudo Todos os jurados pareciam perplexos Ele deve ter imitado a caligrafia de outra pessoa disse o Rei Todos os jurados animaram se outra vez Com licen a de Vossa Majestade disse o Valete eu n o escrevi isso e ningu m poder provar o contr rio n o h nenhum nome assinado embaixo Se voc n o assinou disse o Rei isso s piora a situa o Voc certamente deve ter feito algo de errado ou ent o teria assinado seu nome como qualquer pessoa honesta Houve uma salva de palmas nesse momento foi a primeira coisa inteligente que o Rei dissera naquele dia Isso prova a sua culpa claro disse a Rainha Logo 63 C digo conjunto de leis
4. sem figuras nem di logos Assim meditava com seus bot es tanto quanto podia porque o calor aquele dia era tal que ela se sentia sonolenta e entorpecida se o prazer de fazer uma guirlanda de margaridas valeria o esfor o de levantar se e colher as margaridas quando de repente um coelho branco com olhos rosados passou correndo perto dela N o havia nada de t o not vel nisso nem Alice achou t o estranho ouvir o Coelho murmurar para si mesmo Ai meu Deus Ai meu Deus Estou muito atrasado quando pensou nisso bem mais tarde ocorreu lhe que deveria ter estranhado por m naquele momento tudo lhe pareceu perfeitamente natural Mas quando o Coelho tirou um rel gio do bolso do colete deu uma olhada nele e acelerou o passo Alice ergueu se porque lhe passou pela cabe a que nunca em sua vida tinha visto um coelho de colete e muito menos com rel gio dentro do bolso Ent o ardendo de curiosidade ela correu atr s dele campo afora chegando justamente a tempo de v lo sumir numa grande toca sob a cerca No instante seguinte Alice entrou na toca atr s dele sem ao menos pensar em como que iria sair dali depois A toca do coelho no come o alongava se como um t nel mas de repente abria se como um po o t o de repente que Alice 19 n o teve um segundo sequer para pensar em parar antes de se ver caindo no que parecia ser um buraco muito fundo Ou o po o era profundo demais ou ela ca a muito devagar
5. 34 Feita vez 35 Af vel cort s de trato delicado agrad vel 81 direita ILUSTRA O 20 P G 77 82 Ent o ela soltou a criaturinha no ch o 83 mora um Chapeleiro naquela outra agitando a outra pata mora uma Lebre de Mar o Visite ou um ou outro ambos s o loucos Mas eu n o quero me encontrar com gente louca observou Alice Oh n o se pode evitar disse o Gato todos s o loucos por aqui Eu sou louco Voc louca Como sabe que eu sou louca indagou Alice Voc deve ser respondeu o Gato ou ent o n o teria vindo aqui Alice n o achou que isso comprovava nada todavia continuou E como voc sabe que louco Para come ar disse o Gato um cachorro n o louco Concorda Acho que sim respondeu Alice Bem prosseguiu o Gato voc v um c o rosnar quando est bravo e abanar o rabo quando est feliz Agora eu rosno quando estou feliz e balan o o rabo quando estou bravo Logo sou louco Eu chamo isso ronronar n o rosnar disse Alice Chame como quiser disse o Gato Voc vai jogar croquet com a Rainha hoje Gostaria muito falou Alice mas at agora n o fui convidada Voc me encontrar l disse o Gato e desapareceu no ar Alice n o se surpreendeu tanto pois j ia se habituando a esses acontecimentos estranhos Enquanto ainda olhava o l
6. vejo o que como a mesma coisa que como o que vejo Assim voc afirmaria acrescentou a Lebre de Mar o que gosto daquilo que tenho a mesma coisa que tenho aquilo de que gosto Assim voc afirmaria ajuntou o Dormidongo que parecia falar enquanto dormia que respiro quando durmo a mesma coisa que durmo quando respiro 1 No seu caso a mesma coisa disse o Chapeleiro Nesse ponto a conversa parou e o grupo ficou calado durante um minuto enquanto Alice p s se a recordar tudo o que podia sobre corvos e escrivaninhas o que n o era l muita coisa O Chapeleiro foi o primeiro a quebrar o sil ncio Que dia do m s hoje disse dirigindo se a Alice Ele tinha tirado seu rel gio do bolso e estava olhando o com preocupa o sacudindo o de quando em quando e segurando o junto ao ouvido Alice refletiu um pouco e depois respondeu dia quatro Dois dias atrasado suspirou o Chapeleiro Eu disse a voc que a manteiga n o ia adiantar acrescentou ele olhando 88 furioso para a Lebre de Mar o Mas era a melhor manteiga respondeu a Lebre de Mar o com brandura Sim mas devem ter ca do migalhas de p o resmungou o Chapeleiro voc n o devia ter usado a faca de p o na manteiga A Lebre de Mar o pegou o rel gio e olhou o melancolica mente ent o o mergulhou na sua x cara de ch e olhou o de novo
7. 1865 e Atrav s do Espelho e o que Alice Encontrou L 1872 Para crian as publicou ainda o extraordin rio poema em oito cantos 4 Ca a ao Snark 1876 o romance Sylvie e Bruno 1889 e sua segii ncia Conclus o de Sylvie e Bruno 1893 e tamb m em 1889 uma 1 Daresbury e Cheshire pron ncias aproximadas d rsbary e tch cha onde o g indica uma vogal breve de timbre entre e 2 Charles Lutwidge Dodgson pron ncia aproximada tchdriz l twedj dodjsan 3 Lewis Carroll pron ncia l is k ral 4 Christ Church College pron ncia aproximada kr ist tch rch c led College aqui significa faculdade 9 vers o reduzida de Alice para crian as pequeninas A timidez excessiva sempre foi o mais not vel dos tra os do car ter de Carroll Talvez por isso ele nunca se casou No entanto sempre manifestou grande afei o por meninas pequenas curiosamente ele n o suportava meninos Em companhia de suas amiguinhas Carroll transformava se inteiramente deixava de lado o acanhamento e revelava um temperamento am vel e at mesmo descontra do Em todas as suas viagens carregava consigo uma bolsa cheia de brinquedos e pequenas curiosidades para entreter as meninas com quem se encontrava Al m do enorme talento e interesse que demonstrava por l gica e literatura Carroll desenvolveu tamb m uma outra atividade art stica ainda nova em seu tempo a fotografia Especializou se em retratar meninas chegando a ser con
8. 19 Estufa para pepinos estrutura envidra ada na qual se mant m a temperatura aquecida para o cultivo de pepinos 52 ILUSTRA O 10 P G 47 O que aquilo na janela 53 gostando nada disso Excel ncia nada nada Fa a como estou dizendo seu covarde Enfim ela espalmou a m o de novo e fez outro gesto brusco como se agarrasse o ar Desta vez ouviram se dois gritinhos e mais barulho de vidro quebrando Quantas estufas para pepinos deve ter a pensou Alice Eu s queria saber o que eles v o fazer agora Puxar me pela janela eu bem que gostaria que eles pudessem S sei que n o quero ficar aqui por muito tempo Esperou algum tempo sem escutar mais nada Finalmente ouviu o ru do de uma carro a e muitas vozes falando ao mesmo tempo Conseguiu escutar Onde est a outra escada Ora s pude trazer uma Bill est com a outra Bill traga a aqui rapaz Aqui aqui neste canto N o amarre as duas primeiro elas n o chegam nem na metade Chegam sim N o seja t o exigente Aqui Bill Segure esta corda Ser que o telhado agiienta Aten o com aquela telha solta Oh est caindo Abaixem a cabe a grande estrondo Quem fez isso Foi Bill aposto E quem vai descer pela chamin Eu n o V voc Ent o eu tamb m n o vou Bill quem vai Bill vem c O patr o diz que voc quem vai descer pela chamin
9. Est s velho Pai William o mo o lhe disse e grisalho tamb m a maneira adequada a teu ver de passar a velhice plantar horas a fio bananeira Quando jovem Pai William falou para o mo o eu temia les es cerebrais como nunca hoje sei tive um c rebro posso fazer dessas e cada vez mais Est s velho seu filho falou lhe e anormal o tamanho da tua barriga frente porta por m deste um salto mortal que faz com que algu m o consiga Quando jovem o s bio de c s disse no ato manteve me l pido e forte este ungiiento n o queres compr lo barato eu vendo a um tost o cada pote Est s velho e as maxilas que tens disse o mo o talvez n o mastiguem nem banha mas devoras um ganso e n o poupas nem osso nem bico sequer qual a manha PER privado deles depois Carroll n o apenas parodiou todas as estrofes do poema mas ainda acrescentou algumas 26 Juntou as m os Era nas escolas a postura convencional para recitar 27 C s cabelos brancos 64 DAIQUDUDG opubjubjd WDM 10d Oyjaa O 6S DYd SI OY VALSATI 65 i E ge et 38 Quando jovem e justo o pai disse eu argiiia caso a caso com minha mulher e o exerc cio que fiz h de dar me energia mand bula enquanto eu viver Est s velho falou lhe o rapaz e eu diria que a tua vis o ruim equilibras por m no
10. Pois disse a nadadora amiga h praias do outro lado Se longe da Inglaterra ent o pr ximo da Fran a Assim n o temas cara lesma e vem entrar na dan a Vais ou n o tu vais ou n o tu vais entrar na dan a Vais ou n o tu vais ou n o tu vais entrar na dan a Muito obrigada uma dan a muito interessante de ver disse Alice sentindo se aliviada que enfim tivesse acabado e gostei muito dessa curiosa can o sobre o peixe martelo Ah sim o peixe martelo disse a Falsa Tartaruga voc conhece algum n o conhece Sim foi dizendo Alice sempre os vejo no jan mas controlou se a tempo N o sei onde que fica o Jan disse a Falsa Tartaruga mas se voc j os viu tantas vezes claro que deve saber como s o Acho que sim respondeu Alice pensativa Eles t m o 51 Merluza peixe semelhante ao bacalhau 124 SIDU 9 ADSSOAD SIPOJ DUS9 Y ISSIP DZNJA2V VY bel DVd IE OY VALSATI 125 rabo na boca e s o cobertos de farelo de p o Quanto ao farelo de p o voc est errada disse a Falsa Tartaruga o farelo se desmancharia no mar Mas eles de fato t m o rabo na boca e a raz o disso Neste ponto a Falsa Tartaruga bocejou e fechou os olhos Fale para ela a raz o disso e tudo o mais pediu ao Grifo A raz o disse o Grifo que eles queriam muito ir com as lagostas dan ar a quadri
11. UM ENCARGO A BILL ra o Coelho Branco que voltava devagarinho olhando em volta impaciente como se tivesse perdido alguma coisa Ela o ouviu murmurando para si mesmo A Duquesa A Duquesa Oh minhas pobres patas Oh meu p lo e meus bigodes Ela me far executar t o certo quanto um fur o um fur o Eu s queria saber onde foi que deixei isso cair onde Alice adivinhou na hora que ele estava procurando o leque e o par de luvas brancas e muito gentilmente come ou a procurar tamb m Mas n o estavam em lugar nenhum e tudo parecia ter se transformado desde que ela ca ra na lagoa de l grimas a grande sala com a mesa de vidro e a portinha tinha desapareci do completamente N o demorou para o Coelho descobrir Alice que continua va procurando as luvas Disse a ela em tom spero Ora essa Mary Ann o que voc est fazendo aqui V para casa j e me traga um leque e um par de luvas R pido agora Alice ficou t o apavorada que disparou correndo na dire o que o Coelho apontara sem tentar explicar o engano que ele cometera Ele pensou que eu fosse sua criada disse a si mesma enquanto corria Vai se surpreender quando descobrir quem eu sou Mas melhor eu trazer seu leque e suas luvas isto se conseguir encontr los Ao dizer isso deparou com uma linda casinha em cuja porta havia uma brilhante placa de bronze com 17 Fur o pequeno mam fero domestic vel de unhas longas
12. nsens sem sentido absurdo 11 inteiramente imagin rio e desconhecido O maravilhoso desponta logo no in cio do primeiro cap tulo quando Alice entra na toca do Coelho a partir desse momento toda a narrativa vai transcorrer num plano m gico at o retorno para o plano da realidade no cap tulo final O nonsense um elemento t pico da literatura inglesa do s culo XIX e foi Lewis Carroll quem mais inventivamente o utilizou Caracterizado pelo emprego do absurdo o nonsense uma forma liter ria que por meio da subvers o da linguagem revela diversos n veis de cr tica cr tica s normas naturais que regem nossa vida cr tica sociedade conservadora e moralista daquela poca cr tica da pr pria linguagem S o manifesta es do nonsense as brincadeiras com a l gica a explora o dos v rios sentidos das palavras as situa es absurdas a impress o de um mundo de pernas para o ar Outra caracter stica de Alice a ser levada em conta a presen a de poesia em meio narrativa O poema de abertura do livro diz respeito evidentemente ao c lebre passeio de barco que o autor fez em 1862 com as irm s Liddell e n o se relaciona com a narrativa propriamente dita tendo antes a fun o de dedicat ria do livro menina Alice J os poemas que apresentam rela o articulada com a narrativa s o de dois tipos Um a par dia isto a imita o distorcida e c mica de poemas e cantigas tradicionais inglesa
13. o a ser colocada era logicamente como secar outra vez fizeram uma consulta e em alguns minutos pareceu bastante natural a Alice o fato de estar conversando familiarmente com eles como se j os conhecesse h muito tempo Na verdade teve at uma longa discuss o com o Louro que por fim ficou ressentido e s dizia Sou mais velho que voc devo saber melhor E isso Alice n o podia aceitar sem antes saber se de fato ele era mais velho mas como o Louro recusou se terminantemente a dizer sua idade a discuss o terminou a Finalmente o Rato que parecia exercer alguma autoridade sobre eles conclamou Sentem se todos e escutem me Eu vou faz los secar rapidamente Todos sentaram se de uma vez num grande c rculo com o Rato ao meio Alice fixou os olhos nele ansiosamente porque estava certa de que pegaria um resfriado se n o secasse logo Hum come ou o Rato com ar importante Est o todos prontos Vou contar a hist ria mais rida que conhe o Fa am sil ncio por favor Guilherme o Conquistador cuja causa foi 14 Ressentido magoado melindrado 15 rido seco Sentido figurado ma ante chato 38 favorecida pelo Papa logo obteve a submiss o dos ingleses que precisavam de um l der e nos ltimos tempos j estavam habituados usurpa o e conquista Edwin e Morcar condes de M rcia e Nort mbria Brrr fez o Louro arrepiado Pois n o disse o Rato
14. o pode explicar disse o Grifo com pressa Pros siga com a pr xima estrofe Mas e os bot es insistiu a Falsa Tartaruga Como ela podia ajeit los com o nariz a primeira posi o na dan a disse Alice Mas ela estava terrivelmente embara ada com aquilo tudo e ansiava por mudar de assunto Prossiga com a pr xima estrofe repetiu o Grifo come a 52 In cio do poema moralizante O Pregui oso de Isaac Watts 129 com Ao passar no jardim Alice n o ousou contestar embora tivesse certeza de que tudo sairia errado E prosseguiu com voz vacilante Ao cruzar seu jardim via coruja e a pantera Dividindo uma empada segunda coubera Massa molho e recheio por m pelo trato S cabia primeira ficar com o prato Finda a empada a coruja ganhou a colher Como brinde e a pantera que ap s receber Garfo e faca rosnara acabou de lambuja Esse belo banquete comendo a Que sentido tem ficar repetindo tanto disparate interrompeu a Falsa Tartaruga se voc n o explica nada enquanto vai dizendo Isto de longe a coisa mais confusa que jamais ouvi Sim acho melhor voc parar disse o Grifo E Alice ficou content ssima em obedec lo Vamos tentar outra figura da Quadrilha da Lagosta prosseguiu o Grifo Ou voc preferiria que a Falsa Tartaruga cantasse outra can o Oh uma can o por favor se a Falsa Tartaruga
15. 146 cortem lhe Isso n o prova nada interveio Alice Ora voc s nem sabem o que dizem aqueles versos Leia os ordenou o Rei O Coelho Branco p s os culos Por onde devo come ar Majestade perguntou ele Comece pelo come o disse o Rei muito seriamente e continue at chegar ao fim ent o pare Fez se um sil ncio mortal no recinto enquanto o Coelho Branco lia os seguintes versos Contaram que falaste a meu respeito Com ele ao v la e que apesar De em meu car ter n o notar defeito Ela acha que eu n o sei nadar Ele falou lhes que eu n o tinha ido e n o h d vidas aqui se ela insistisse neste desmentido o que seria ent o de ti Dei um a ela a ele deram dois Deste nos tr s ou mais de tr s E ele te devolveu todos depois Que foram meus alguma vez Caso ela ou eu tenhamos de verdade Nos envolvido nessa hist ria Coloca os ele o pede em liberdade Como estiv ramos outrora Parece me contudo que eras antes Do acesso dela um empecilho Que se criou para manter distantes Ele de n s e n s daquilo 147 Oculta dele que ela os preferia E que isso seja at o fim Segredo para os outros todavia Sabido s por ti e por mim a prova mais importante que examinamos at agora disse o Rei esfregando as m os portanto o j ri poder Se algu m aqui puder explicar me isso disse Alice ela crescera ta
16. Alice n o precisou andar muito at chegar diante da casa da Lebre de Mar o Ao menos achou que devia ser aquela casa porque as chamin s tinham formato de orelhas e o telhado era coberto de pele Era uma casa t o grande que ela n o quis aproximar se sem antes mordiscar mais um pedacinho do cogumelo da m o esquerda at alcan ar setenta cent metros de altura Mesmo assim caminhou em dire o casa com muita timidez dizendo a si mesma Imagine se ela estiver delirando Eu quase chego a desejar que tivesse ido visitar o Chapeleiro 85 ILUSTRA O 21 P G 80 E desta vez ele foi desaparecendo bem devagar 86 CAP TULO 7 UM CH DE LOUCOS avia uma mesa posta na frente da casa sob uma rvore a Lebre de Mar o e o Chapeleiro tomavam ch Um Dormidongo estava sentado entre eles profundamente adormecido enquanto os outros dois usavam no como almofada apoiando nele o cotovelo e falando por cima de sua cabe a Muito desconfort vel para o Dormidongo pensou Alice pelo menos como ele est dormindo acho que n o se importa A mesa era bem grande mas os tr s estavam amontoados no mesmo canto N o tem lugar N o tem lugar gritaram ao ver Alice aproximar se Tem lugar at demais disse Alice indignada sentando se numa grande poltrona numa das cabeceiras da mesa Tome um pouco de vinho disse a Lebre de Mar o num tom muito amig vel Alice olhou em toda a mesa
17. Sou um pobre homem Majestade come ou ele Voc um pobre orador disse o Rei 61 Tremeluzir brilhar com luz tr mula cintilar tremer 138 Neste ponto um dos porquinhos da ndia aplaudiu mas foi imediatamente abafado pelos oficiais da corte Como esta talvez seja uma express o dif cil de compreender explicarei o que foi feito Eles tinham um grande saco de estopa cuja boca se fechava com cadar os enfiaram o porquinho da ndia ali de cabe a para baixo e sentaram se em cima Estou feliz por ter visto isso pensou Alice pois muitas vezes li nos jornais que no final de um julgamento Houve tentativas de aplausos imediatamente abafadas pelos oficiais da corte mas nunca tinha entendido Se tudo o que tem a dizer sobre o caso pode descer disse o Rei N o posso abaixar mais disse o Chapeleiro j estou no ch o Ent o pode sentar se replicou o Rei Neste ponto o outro porquinho da ndia aplaudiu e tamb m foi abafado Muito bem acabaram os porquinhos da ndia pensou Alice Talvez agora as coisas melhorem Gostaria de terminar meu ch disse o Chapeleiro lan ando um olhar suplicante Rainha que continuava lendo a lista dos cantores Pode ir disse o Rei E o Chapeleiro imediatamente abandonou o tribunal sem sequer recolocar os sapatos e corte lhe a cabe a l fora acrescentou a Rainha a um dos oficiais
18. a pressa de peg lo caiu de cabe a Alice ent o achando que aquilo era como brincar com um cavalo e temendo a cada instante ser esmagada sob suas patas correu de volta para 21 Espreitar espiar perquirir 22 Cardo tipo de arbusto 57 ILUSTRA O 12 P G 52 Bill o pobre lagartinho estava no meio amparado por dois porquinhos da ndia 58 ILUSTRA O 13 P G 54 0 c ozinho saltou no ar 59 o cardo O c ozinho come ou ent o um s rie de investidas contra o graveto indo a cada vez um pouco para frente e muito para tr s rosnando o tempo todo at que se cansou e sentou se mais adiante ofegando com a l ngua de fora e seus olh es quase fechados Pareceu a Alice uma boa oportunidade para escapar disparou num mpeto e correu at cansar e ficar sem f lego e at que o latido do c ozinho quase sumisse na dist ncia Apesar de tudo era uma gra a de c ozinho falou Alice enquanto se recostava num ran nculo para descansar e abanar se com uma folha Eu adoraria ensinar lhe umas brincadeiras se se eu tivesse o tamanho certo para isso Oh meu Deus Quase me esqueci que tenho de crescer outra vez Deixe me ver como se faz isso Acho que devo comer ou beber alguma coisa mas a grande quest o O qu A grande quest o certamente era O qu Alice olhou as flores e as folhas de relva ao redor mas n o viu nada que parecesse a coisa certa para comer
19. a primeira figura disse a Falsa Tartaruga ao Grifo Podemos fazer sem as lagostas voc sabe Quem vai cantar Cante voc disse o Grifo Eu esqueci a letra Ent o come aram a dan ar solenemente ao redor de Alice pisando lhe algumas vezes na ponta dos p s quando passavam muito perto dela e agitando as patas dianteiras para marcar o tempo enquanto a Falsa Tartaruga muito lenta e melanc lica cantava assim 49 Cabriolar dar cabriolas ou cambalhotas 50 Figura sequ ncia de passos de uma dan a A quadrilha dan a de sal o muito popular no s culo XIX era constitu da de cinco figuras 122 99UY 9P 10p24 OD ajuauiauajos A0SUDP V MDIDJAMOI ODIUT cel Dyd 0E OVIVALSATI 123 A merluza disse lesma Podes apressar te mais Pisoteando minha cauda vem um boto logo atr s H lagostas tartarugas cada qual tem pressa e avan a Todos l na praia aguardam vais ou n o entrar na dan a Vais ou n o tu vais ou n o tu vais entrar na dan a Vais ou n o tu vais ou n o tu vais entrar na dan a E n o fazes nem id ia de qu o bom h de ficar Quando junto das lagostas atirarem nos ao mar Mas a lesma desconfiada disse muita essa dist ncia Agrade o te merluza mas n o vou entrar na dan a N o queria nem podia mesmo entrar na dan a N o queria nem podia mesmo entrar na dan a Dist ncia ou n o quem que liga s seguir a nado
20. caretas enquanto falava Desimportante claro o que eu queria dizer corrigiu se apressadamente o Rei e continuou a meia voz falando para si mesmo importante desimportante desimportante importante como se estivesse provando qual palavra soava melhor Alguns dos jurados escreveram importante outros desimportante Alice p de observar isso porque estava perto o bastante para ver por cima das lousas mas n o faz a menor diferen a pensou Neste momento o Rei que estivera ocupado por algum tempo escrevendo em seu caderno de notas gritou Sil ncio e leu Artigo Quarenta e Dois Todas as pessoas com mais de um quil metro e meio de altura devem deixar o tribunal Todo mundo olhou para Alice Eu n o tenho mais de um quil metro e meio de altura disse ela Tem sim disse o Rei Tem quase tr s quil metros acrescentou a Rainha Bem mas n o irei de jeito nenhum disse Alice al m do mais este artigo n o legal voc acabou de invent lo 145 o mais antigo do c digo disse o Rei Nesse caso deveria ser o n mero Um disse Alice O Rei empalideceu e fechou apressadamente seu caderno de notas Fa am o seu veredicto disse ao j ri com voz baixa e tr mula Com licen a de Vossa Majestade ainda h provas a examinar disse o Coelho Branco dando um salto este documento acaba de ser encontrado
21. croguef que jogava contra si mesma pois esta menina curiosa adorava fingir que era duas pessoas Mas de nada serve agora pensou a pobre Alice fingir que sou duas pessoas Porque tudo o que sobrou de mim mesma pouco at para ser uma s pessoa respeit vel Logo seus olhos deram com uma caixinha de vidro que es tava embaixo da mesa Alice abriu a e encontrou um pequenino bolo com as palavras COMA ME lindamente escritas sobre ele com groselha Bom vou com lo falou Alice e se me fizer crescer de novo poderei alcan ar a chave se me fizer diminuir ainda mais poderei passar debaixo da porta de qualquer maneira chegarei ao jardim e pouco importa o que acontecer Comeu um pedacinho e disse a si mesma ansiosamente E agora E agora enquanto apertava a m o no alto da cabe a para 5 Croquet jogo em que bolas de madeira impelidas por um taco em forma de marreta devem passar sob pequenos arcos seguindo um trajeto predeterminado 25 ILUSTRA O 2 P G 16 a pobrezinha sentou se e chorou 26 sentir se estava crescendo ou diminuindo E qual n o foi sua surpresa ao descobrir que ficara do mesmo tamanho Para dizer a verdade isso o que geralmente acontece quando se come um bolo mas Alice estava t o acostumada a s esperar por coisas extraordin rias que ent o lhe parecia muito tolo e tedioso que a vida continuasse de modo comum Assim ela se p s obra e logo
22. de novo era irritante descobrir que o ouri o tinha se desenrolado e estava se movendo mais para adiante al m disso sempre havia uma sali ncia ou um sulco por onde quer que ela pretendesse lan ar o ouri o e como os soldados dispostos em arcos sempre se levantavam e mudavam de lugar pelo campo Alice logo chegou conclus o de que de fato era um jogo bem dif cil Todos os participantes jogavam ao mesmo tempo sem esperar a pr pria vez discutindo sem parar e disputando os ouri os Em pouco tempo a Rainha j estava furiosamente pos 42 Ouri o animal que tem o corpo coberto de espinhos 43 At nito perplexo embara ado 104 ILUSTRA O 26 P G 102 ele se virava e olhava a com uma express o t o at nita 105 sessa batendo com os p s no ch o e gritando Cortem a cabe a dele ou Cortem a cabe a dela uma vez por minuto Alice come ou a ficar preocupada na verdade ela ainda n o tinha se confrontado com a Rainha mas sabia que isso poderia ocorrer a qualquer momento E ent o pensou o que ser de mim Eles s o loucos para decapitar as pessoas de espantar que ainda reste algu m vivo Olhava ao redor procurando uma sa da e perguntando se se conseguiria escapar sem ser vista quando percebeu algo de estranho aparecendo no ar a princ pio ficou muito espantada mas ap s observar alguns instantes percebeu que era um sorriso e disse a si mesma o Gato de Che
23. de tr s p s toda feita de vidro n o havia nada em cima a n o ser uma chavezinha dourada A primeira id ia de Alice foi que a chave deveria ser de uma das portas mas que nada ou as fechaduras eram grandes demais ou a chave era muito pequena de qualquer forma n o abria nenhuma delas Entretanto ao fazer um segundo giro pela sala Alice encontrou uma cortina baixa que n o tinha notado antes Atr s havia uma pequena porta de cerca de quarenta cent metros de altura experimentou a chavezinha dourada na fechadura e para sua alegria serviu Alice abriu a porta e viu que dava para uma pequena passagem n o muito maior que um buraco de rato ajoelhou se e entreviu pela passagem o jardim mais agrad vel que jamais vira Como ela queria sair daquela sala escura e passear entre aqueles canteiros de flores esplendentes e aquelas fontes fresquinhas Mas n o conseguia passar sequer sua cabe a naquele buraco e mesmo que minha cabe a passasse pensou a pobre Alice de nada serviria sem meus ombros Ah como eu gostaria de poder encolher como uma luneta Acho que seria poss vel se eu soubesse como come ar Tantas coisas extraordin rias tinham acontecido ultimamente voc s sabem que Alice come ava a pensar que quase nada seria realmente imposs vel de acontecer Como parecia in til ficar esperando diante daquela porta ela voltou para a mesa meio esperan osa de encontrar uma outra chave ou pelo menos um manu
24. ela imaginou como seria sua irm zinha quando no futuro se transformasse em uma mulher adulta e como conservaria com o avan ar dos anos o cora o simples e afetuoso da inf ncia e como reuniria em torno de si outras crian as e deixaria os olhos delas brilhantes e atentos a muitas hist rias estranhas talvez mesmo com o sonho do Pa s das Maravilhas de tantos anos atr s e como compartilharia as suas pequenas tristezas e as suas simples alegrias recordando se de sua pr pria inf ncia e de seus felizes dias de ver o 67 Prosaico trivial corriqueiro 152 ILUSTRA O 39 P G 152 Alice Pleasance Liddell 153
25. em latim Secunda Alice que tinha dez anos era a segunda em idade e Tertia terceira Carroll anotou em seu di rio que tinha sido um dia de timo tempo Alice recordava se de momentos de intenso calor Contudo curiosamente os servi os meteorol gicos registraram uma tarde encoberta e mida Alento f lego nimo ou inspira o T bio frouxo fraco 17 Faz se o sil ncio e elas j seguem Como num sonho et reo A crian a sonho que conversa Com bichos o mist rio Deste Pa s das Maravilhas Que levam quase a s rio A inspira o se esvai narrar Drenou seu po o e embora Quem fatigado a conta queira Adiar um pouco a hist ria Mais tarde eu conto alegres vozes gritam Mais tarde agora Assim surgiu evento a evento A hist ria lentamente Deste Pa s das Maravilhas Que est pronto Contente Toda a tripula o regressa Ao lar sob um sol poente Alice Aceita e deposita No templo da mem ria L onde a Inf ncia entran a sonhos Com m os gentis a hist ria Guirlanda murcha que um romeiro Colhera ao longe outrora 4 Et reo de ter sublime celestial 18 CAP TULO 1 NA TOCA DO COELHO lice estava come ando a se cansar de ficar ali sentada ao lado da irm no barranco e n o ter nada que fazer uma ou duas vezes espiara o livro que sua irm estava lendo mas n o tinha figuras nem di logos e para que serve um livro pensou Alice
26. espiar o jardim com um olho s Agora mais do que nunca n o havia a menor esperan a de passar por ali ent o ela sentou se e come ou a chorar outra vez Mas que vergonha exclamou uma garota grande como voc podia muito bem dizer isso chorando dessa maneira Pare com isso j estou mandando Mas continuou do mesmo jeito despejando baldes de l grimas at que se formou uma lagoa em torno dela com uns dez cent metros de profundidade e abrangendo em largura quase a metade da sala Pouco depois Alice come ou a escutar um rumor de passos dist ncia e mais que depressa enxugou os olhos para ver quem se aproximava Era o Coelho Branco que voltava elegantemente vestido com um par de luvas brancas de pelica em uma das m os e um grande leque na outra vinha saltitando com muita pressa e murmurando para si mesmo Oh a Duquesa Oh a Duquesa Como poder n o se enfurecer se eu a fizer esperar Alice estava t o desesperada que pediria ajuda para qualquer um assim quando o Coelho passou por ela come ou a falar em voz baixa e t mida Por favor senhor O Coelho sobressaltou se violentamente deixou cair as luvas brancas de pelica e o leque e desapareceu na escurid o o mais r pido que p de Alice apanhou o leque e as luvas e como a sala estava muito quente come ou a abanar se enquanto falava Ai meu Deus Como tudo est esquisito hoje E pensar que ontem tudo estava normal Ser
27. fizer esta gentileza respondeu Alice t o entusiasmada que o Grifo disse em tom ofendido Hum Gosto n o se discute Quer cantar para ela a Sopa de Tartaruga amiga velha A Falsa Tartaruga suspirou profundamente e com voz entrecortada por solu os come ou a cantar assim Que bela sopa rica e verdinha vem fumegando numa terrina 53 O que segue uma par dia em tradu o de Isabel De Lorenzo do poema Estrela da Tarde de James M Sale cujo in cio Bela estrela t o brilhante no c u 130 Por tal del cia quem n o se inclina Sopa da noite sopa gostosa sopa da noite deliciosa Que bela sopa opa opa Que bela sopa ooopal Sopa da noite opa opa que boa sopa Que bela sopa farta e quentinha quem comeria peixe ou galinha Quem n o d tudo pela sopinha apetitosa rica e verdinha Quem n o d tudo pela sopinha Que bela sopa opa opa Que bela sopa ooopal Sopa da noite opa opa que boa sopa O coro outra vez clamou o Grifo e a Falsa Tartaruga apenas come ara a repeti lo quando se ouviu um grito dist ncia O julgamento est come ando Vamos berrou o Grifo e tomando Alice pela m o saiu correndo sem esperar o final da can o Que julgamento perguntou Alice arquejando enquanto corria Mas o Grifo apenas disse Vamos e correu ainda mais r pido enquanto se podiam ouvir cada vez mais sumidas carregadas p
28. franzindo a testa mas muito polidamente Voc disse alguma coisa Eu n o respondeu apressado o Louro Pareceu me disse o Rato Continuando Edwin e Mor car condes de M rcia e Nort mbria apoiaram no e at mesmo o patriota Stigand arcebispo de Cantu ria achando isto conveniente Achando o qu perguntou o Pato Achando isto replicou o Rato muito irritado natural mente voc sabe o que isto quer dizer Eu sei muito bem o que isto quer dizer quando eu acho alguma coisa disse o Pato em geral uma r ou um verme Mas a quest o o que o arcebispo achou O Rato n o tomou conhecimento dessa pergunta mas prosseguiu apressado achou conveniente ir com Edgar Atheling encontrar Guilherme e oferecer lhe a coroa A conduta de Guilherme foi a princ pio moderada Mas a insol ncia dos seus normandos Como est se sentindo agora minha cara perguntou voltando se para Alice Mais molhada do que nunca disse Alice num tom melanc lico essa hist ria n o me secou nem um pouco Assim sendo disse solenemente o Dodo erguendo se eu proponho que esta assembl ia seja suspensa em vista da ado o imediata de medidas mais en rgicas Fale claro reclamou a Aguieta N o sei o que significa nem a metade dessas palavras compridas e o que pior tamb m n o acredito que voc saiba E a Aguieta abaixou a cabe a pa
29. logo acabou todo o bolo 27 CAP TULO 2 O MAR DE L GRIMAS 22 66 ue estranhissimo que muito estranhissimol gritou Alice ela estava t o surpresa que por um momen to se esqueceu de falar conforme a gram tica Agora estou espichando como a maior luneta que j se viu Adeus p s pois quando olhou para seus p s eles estavam quase fora do alcance de sua vista de t o longe Oh meus pobres pezinhos quem que vai cal ar os sapatos e as meias em voc s de agora em diante meus queridos S sei que eu n o poderei ser Estarei longe demais para cuidar de voc s melhor arranjarem se como puderem Mas tenho de ser gentil com eles pensou Alice ou talvez n o queiram mais levar me aonde eu queira ir Vamos ver Vou dar lhes um novo par de botas todo Natal E prosseguiu combinando consigo mesma como iria resolver a quest o Vou enviar pelo correio pensou como vai ser engra ado mandar um presente para os pr prios p s E como soar estranho o endere o Ilmo Sr P direito de Alice Tapetinho junto ao degrau Perto da lareira da Alice com amor Oh meu Deus quanta bobagem estou dizendo Exatamente naquele momento sua cabe a bateu no teto da sala estava agora com mais de dois metros e meio de altura Pobre Alice O m ximo que p de fazer foi deitar se de lado 28 ILUSTRA O 3 P G 20 Agora estou espichando como a maior luneta que j se viu 29 e
30. mas n o p de encontrar nada mais interessante para dizer do que sua primeira observa o era a melhor manteiga juro Alice estivera olhando tudo por cima do ombro com certa curiosidade Que rel gio engra ado observou Ele mostra o dia do m s mas n o mostra as horas Por que deveria murmurou o Chapeleiro Por acaso o seu rel gio mostra o ano Claro que n o respondeu Alice prontamente mas porque se permanece no mesmo ano durante muito tempo exatamente o caso do meu disse o Chapeleiro Alice sentiu se terrivelmente embara ada O coment rio do Chapeleiro parecia n o fazer o menor sentido embora era certo que falassem a mesma l ngua N o o compreendo bem disse ela da maneira mais polida poss vel O Dormidongo adormeceu de novo disse o Chapeleiro despejando um pouco de ch quente no nariz dele O Dormidongo abanou a cabe a com impaci ncia e disse sem abrir os olhos claro claro justamente o que eu ia dizer Voc j decifrou a adivinha o perguntou o Chapeleiro voltando se outra vez para Alice N o desisto respondeu Alice Qual a resposta N o fa o a m nima id ia disse o Chapeleiro Nem eu disse a Lebre de Mar o Alice suspirou enfadada Acho que voc deveria aprovei tar melhor o tempo disse ela em vez de gast lo com adivinha 89 OAOU 9P O NOYJO 2 VYJ Ip DADIIX VNS DU
31. me lembro agora nem da metade Pertence a um fazendeiro sabe Ele diz que o c ozinho muito til e que custou bem caro Diz que ele pega gatos e ratos oh meu Deus gritou Alice num tom desesperado Temo que o tenha ofendido de novo De fato o Rato estava nadando o mais longe poss vel dela e produzindo uma grande agita o na gua por onde passava Ela chamou docemente por ele Volte Rato querido Volte N o falaremos mais de gatos nem de cachorros se voc n o quiser Ao ouvir isso o Rato virou se e come ou a nadar devagarinho em dire o a ela seu rosto estava p lido de raiva pensou Alice e ele disse em voz baixa e tr mula Vamos at a margem que vou lhe contar a minha hist ria Voc entender por que odeio c es e gatos J era tempo de sair pois o mar estava ficando cheio de p ssaros e outros animais que ca ram ali havia um Pato um Dodo um Louro uma Aguieta e v rias outras criaturas bizarras Alice tomou a frente e toda a turma foi nadando at a praia 12 Dodo ave dom stica semelhante a um peru origin ria das ilhas Maur cio e extinta j em 1681 13 Bizarro estranho esquisito 37 CAP TULO 3 UMA CORRIDA ELEITORAL E O LONGO RABO DE UMA HIST RIA ra de fato bizarro o grupo que se reuniu na margem os p ssaros arrastando a plumagem os outros animais com o p lo grudado ao corpo todos ensopados desconfort ve is e contrariados A primeira quest
32. minutos Alice pensou com seus bot es N o sei como poder terminar se n o come a nunca Mas esperou pacientemente Outrora disse enfim a Falsa Tartaruga dando um profundo suspiro eu fui uma verdadeira Tartaruga Seguiu se a estas palavras um longu ssimo sil ncio quebrado somente pela exclama o ocasional do Grifo Hjckrrh e pelo solu o fundo e constante da Falsa Tartaruga Alice estava quase levantando se e dizendo Muito obrigada senhora por sua interessante hist ria mas n o podia deixar de pensar que deveria ter algo mais a ser dito ent o permaneceu sentada e n o disse nada Quando ramos pequenas continuou por fim a Falsa Tartaruga j um pouco mais calma mas ainda solu ando de tanto em tanto amos escola no mar A professora era uma velha Tartaruga e n s a cham vamos Tartarruga Por que a chamavam Tartarruga se era uma tartaruga indagou Alice Porque era muito encarquilhada respondeu a Falsa Tartaruga aborrecida Voc mesmo bem ignorante Deveria envergonhar se de fazer uma pergunta t o est pi da acrescentou o Grifo E os dois ficaram em sil ncio obser vando a pobre Alice que teve vontade de afundar sob a terra Enfim o Grifo falou Falsa Tartaruga Vamos adiante minha velha N o fique o dia inteiro nisto E ela continuou assim Bem amos escola no mar mesmo que voc n o acredite Eu nun
33. n o estava com apar ncia muito boa E aquele o banco do j ri continuou pensando e aquelas doze criaturas ela era obrigada a dizer criaturas porque alguns deles eram animais e p ssaros devem ser os jurados Repetiu esta ltima palavra duas ou tr s vezes para si 55 Pergaminho manuscrito em pele de cabra ou ovelha muito fina tratada para servir de material escrita 133 ILUSTRA O 34 P G 133 0 Rei e a Rainha de Copas estavam sentados no trono 134 mesma cheia de orgulho pois pensava e com raz o que poucas garotas da sua idade saberiam o seu significado Contudo se dissesse membros do j ri tamb m estaria certa Os doze jurados estavam ocupad ssimos escrevendo sobre lousas O que est o fazendo Alice sussurrou para o Grifo eles n o t m nada para escrever ali antes que o julgamento comece Eles est o escrevendo seus pr prios nomes sussurrou o Grifo em resposta por medo de esquec los antes do final do Julgamento Que est pidos disse Alice indignada em voz alta mas s bito se conteve pois o Coelho Branco gritou Sil ncio no tribunal e o Rei p s os culos e come ou a olhar em volta interrogativamente para ver quem estava falando Alice p de ver t o bem como se estivesse olhando sobre os ombros deles que todos os jurados estavam escrevendo Que est pidos nas suas lousas p de at mesmo observar
34. n o havia nada sen o ch N o estou vendo vinho algum observou ela N o tem mesmo disse a Lebre de Mar o Ent o n o foi nada educado da sua parte oferec lo disse Alice brava Tamb m n o foi educado da sua parte sentar sem ser convidada falou a Lebre de Mar o Eu n o sabia que a mesa era sua disse Alice est arrumada para muito mais que tr s pessoas Voc precisa cortar o cabelo disse o Chapeleiro Ele estivera observando Alice com grande curiosidade e essa foi a primeira vez que falou E voc precisa aprender a n o fazer coment rios pessoa is falou Alice com gravidade muito grosseiro 87 O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso mas tudo o que disse foi Por que um corvo se parece com uma escrivani nha Muito bem vamos nos divertir agora pensou Alice Estou feliz que eles tenham come ado a propor adivinha es Acho que posso decifrar esta acrescentou em voz alta Quer dizer que voc pensa que pode encontrar uma resposta para isso indagou a Lebre de Mar o Exatamente respondeu Alice Ent o voc deve dizer o que pensa continuou a Lebre de Mar o Eu digo o que penso Alice apressou se em dizer ou pelo menos pelo menos eu penso o que digo a mesma coisa n o N o a mesma coisa de jeito nenhum interveio o Cha peleiro Ora assim voc afirmaria que
35. nariz uma enguia que torna algu m gil assim Respondi tr s quest es tolas fim da sess o o pai disse lhe abaixa teu facho pois n o tenho mais tempo e d o fora sen o eu chuto te escadas abaixo N o recitou certo disse a Lagarta N o muito certo de fato disse Alice com timidez acho que algumas palavras sa ram erradas Saiu errado do come o ao fim disse a Lagarta com firmeza Depois seguiram se alguns minutos de sil ncio A Lagarta foi a primeira a falar De que tamanho voc quer ficar perguntou ela Oh n o fa o quest o do tamanho respondeu Alice prontamente mas ningu m gosta de ficar mudando tanto assim a senhora sabe N o eu n o sei disse a Lagarta Alice n o disse nada Ela jamais tinha sido t o contestada em toda sua vida e sentiu que estava perdendo a paci ncia Voc est satisfeita desse jeito indagou a Lagarta Bem eu gostaria de ficar um pouquinho maior se a senhora n o se importar falou Alice sete cent metros e meio uma altura t o insignificante 28 Argiiir discutir questionar 66 ILUSTRA O 16 P G 61 Pai William equilibrando uma enguia no nariz 67 uma altura muito boa ora respondeu rispidamente a Lagarta erguendo se enquanto falava ela tinha exatos sete cent metros e meio de altura Mas eu n o estou acostumada lamentou a pobre Alice em tom de
36. ncia daquela criatura mas pensou que afinal de contas poderia ser mais seguro estar com ele do que continuar em companhia da feroz Rainha Assim esperou O Grifo sentou se e esfregou os olhos ent o observou a Rainha at que ela sumisse de vista depois sorriu Que engra ado disse o Grifo meio para si mesmo meio para Alice Qual a gra a perguntou Alice Ora ela disse o Grifo tudo fantasia dela voc sabe eles nunca executam ningu m Vamos Todo mundo por aqui diz Vamosl pensou Alice enquanto o seguia devagar Nunca recebi tantas ordens em toda a minha vida nunca N o andaram muito at avistar de longe a Falsa Tartaruga que estava sentada sobre uma rocha triste e sozinha Apenas se aproximaram dela Alice p de ouvi la suspirar profundamente como se tivesse o cora o partido Ficou com muito d Por que ela sofre perguntou ao Grifo que respondeu mais ou menos com as mesmas palavras de antes tudo fantasia dela voc sabe ela n o tem sofrimento nenhum Vamos E foram at a Falsa Tartaruga que os olhou com grandes olhos cheios de l grimas mas n o disse nada Esta jovem aqui disse o Grifo quer conhecer a sua hist ria quer mesmo 117 Vou lhe contar disse a Falsa Tartaruga num tom cavo e profundo Sentem se voc s dois e n o digam uma s palavra at eu terminar Sentaram se e ningu m falou durante alguns
37. o estava atracado lutando com outro ouri o o que pareceu a Alice uma oportunidade excelente para fazer um im 107 ILUSTRA O 27 P G 105 e n o me olhe dessa maneira 108 ILUSTRA O 28 P G 107 O ouri o estava atracado lutando com outro ouri o 109 pelir o outro e assim marcar o ponto A nica dificuldade era que seu flamingo tinha escapado para o outro lado do jardim onde Alice p de v lo tentando sem resultados al ar v o at uma rvore Quando recapturou o flamingo a luta tinha terminado e ambos os ouri os desaparecido N o tem muita import ncia pensou Alice afinal todos os arcos se foram para o outro lado do campo Ent o segurou firme o flamingo debaixo do bra o de modo que ele n o pudesse escapar de novo e voltou para conversar um pouquinho mais com seu amigo Ao se aproximar do Gato de Cheshire ficou surpreendida ao ver uma multid o reunida em volta dele era uma grande pol mica O carrasco o Rei e a Rainha falavam ao mesmo tempo enquanto todos os demais permaneciam em profundo sil ncio e pareciam muito malcontentes Quando Alice apareceu foi interpelada pelos tr s para resolver a quest o Repetiram para ela seus argumentos por m como todos falavam de uma s vez era muito dif cil compreen der exatamente o que diziam O argumento do carrasco era que n o poderia decepar uma cabe a se n o houvesse um corpo de onde cort la Jamais fiz
38. o seria nenhuma vantagem falou Alice sentindo se muito feliz por ter uma oportunidade de mostrar um pouco de seus conhecimentos Imagine s o que aconteceria com o dia e a noite A senhora sabe que a terra leva vinte e quatro horas para em torno de seu pr prio eixo executar uma rota o Falando em execu o disse a Duquesa cortem lhe a cabe a Alice lan ou um olhar cheio de ansiedade para a cozinhei ra para ver se ela pretendia aceitar a sugest o mas a cozinheira continuava empenhada em mexer a sopa e parecia nem escutar Ent o ela continuou Vinte e quatro horas eu acho ou seriam doze Eu Oh n o me aborre a disse a Duquesa Eu jamais suportei cifras E ent o recome ou a acalentar seu beb can TI tando uma esp cie de can o de ninar e dando lhe um violento safan o ao fim de cada verso Espanca de forma violenta Teu filho se espirrar Ele sabe que isso atormenta E quer nos irritar CORO em que entram a cozinheira e o beb Irra Irra Irra Enquanto a Duquesa cantava a segunda estrofe da can o continuava sacudindo o violentamente de um lado para o outro e o pobrezinho berrava tanto que Alice mal p de ouvir as palavras Vou ter de tornar me violenta Com ele se espirrar Pois pode apreciar a pimenta Se assim o desejar CORO Irra Irra Irra Tome Pode nin lo um pouquinho se quiser disse a Duquesa
39. para o bosque Se ele crescesse mais disse consigo se tornaria uma crian a horrivelmente feia mas at que um bonito porco eu acho E p s se a pensar em outras crian as que ela conhecia que pode riam muito bem ser porquinhos e estava justamente dizendo a si mesma se algu m soubesse um jeito certo de transform las quando tomou um susto ao ver o Gato de Cheshire sentado num galho de rvore poucos metros adiante O Gato apenas sorriu ao ver Alice Parecia af vel pensou ela mas como tinha garras muito longas e tantos dentes sentiu que deveria trat lo com respeito Gatinho de Cheshire come ou muito timidamente por n o saber se ele gostaria desse tratamento ele por m apenas alargou um pouco mais o sorriso timo at aqui est conten te pensou Alice E prosseguiu Voc poderia me dizer por favor qual o caminho para sair daqui Depende muito de onde voc quer chegar disse o Gato N o me importa muito onde foi dizendo Alice Nesse caso n o faz diferen a por qual caminho voc v disse o Gato desde que eu chegue a algum lugar acrescentou Alice explicando Oh esteja certa de que isso ocorrer falou o Gato desde que voc caminhe o bastante Alice percebeu que era imposs vel negar isso ent o arriscou outra pergunta Que tipo de gente vive por aqui Naquela dire o disse o Gato ondulando sua pata
40. por m o Chapeleiro sumira de vista antes que o oficial chegasse porta Chamem a pr xima testemunha disse o Rei A testemunha seguinte era a cozinheira da Duquesa Estava segurando o pote de pimenta e Alice adivinhou quem era antes mesmo de sua entrada no tribunal pois todos os que estavam perto da porta come aram a espirrar ao mesmo tempo 139 ILUSTRA O 35 P G 139 Sou um pobre homem Majestade come ou o Chapeleiro 140 ILUSTRA O 36 P G 141 enfiaram o porquinho da ndia ali 141 D o seu depoimento disse o Rei Eu n o disse a cozinheira O Rei olhou apreensivo para o Coelho Branco que lhe disse em voz baixa Vossa Majestade deve interrogar dupla mente esta testemunha Bem se devo terei de faz lo disse o Rei com ar melanc lico E depois de cruzar os bra os e franzir as sobrance lhas at que seus olhos quase sumissem perguntou com voz cavernosa Do que s o feitas as tortas De pimenta principalmente respondeu a cozinheira De melado retrucou uma voz sonolenta atr s dela Peguem esse Dormidongo gritou a Rainha Cortem lhe a cabe a Ponham esse Dormidongo para fora do tribunal Abafem apertem esse Dormidongo Arranquem os seus bigodes Por alguns minutos houve grande confus o na sala enquanto se expulsava o Dormidongo Quando todos se acomodaram outra vez a cozinheira havia desaparecido
41. que chegava at as crian as apenas em vers es adaptadas ou simplificadas perdendo muito da sutileza e gra a originais Desde sua primeira edi o na Inglaterra Alice foi um gran de sucesso Estima se que tenha vendido at a morte do autor cem mil c pias um n mero estrondoso tanto na poca como hoje Desde ent o Alice j teve in meras edi es em ingl s e foi traduzido em dezenas de l nguas inclusive em chin s e em alguns dialetos africanos Muito contribu ram para a difus o mundial de Alice o desenho animado de Walt Disney 1951 e o filme para televis o dirigido por Jonathan Miller 1966 e interpretado pelos timos atores ingleses John Gielgud e Peter Sellers No Brasil a hist ria de Alice tornou se conhecida entre as crian as gra as adapta o feita por Monteiro Lobato 1882 1948 interessante do ponto de vista da ampla divulga o do texto propiciada pelo renome de Lobato por m empobrecedora da rica linguagem de Carroll com solu es muitas vezes simpl rias Merece destaque a cuidadosa tradu o efetuada por Sebasti o Uchoa Leite S o Paulo Fontana Summus 1977 pioneira na proposta de recria o n o s da f bula ou seja a 13 sequ ncia narrativa das aventuras mas tamb m dos complexos jogos de linguagem que constituem o principal sabor deste livro de salientar que em alguns dos poemas constantes do texto Uchoa Leite utilizou brilhantes tradu es de Augusto de Campos A pre
42. se pelas ilustra es do gravador americano Peter Newell 1862 1924 por serem bem menos conheci das que as de John Tenniel que acompanham a maior parte das edi es da obra desde a primeira O trabalho de Newell publicado em 1901 causou controv rsia pois n o se concebiam as hist rias de Alice separadas das imagens j cl ssicas de seu primeiro ilustrador Hoje podemos ter vis es muito diversas do mundo m gico deste livro como demonstra o quadro utilizado na capa do artista alem o contempor neo Sigmar Polke INTRODU O Isabel De Lorenzo 1 Vida e obra de Lewis Carroll Em 27 de janeiro de 1832 na cidade de Daresbury regi o de Cheshire Inglaterra nasceu Charles Lutwidge Dodgson que mais tarde se tornaria escritor famoso com o pseud nimo de Lewis Carroll Filho de um pastor protestante homem culto e severo Carroll estudou em renomados col gios religiosos e desde cedo se destacou como aluno brilhante revelando forte interesse por literatura e principalmente por matem tica Em 1854 formou se em Ci ncias Matem ticas no Christ Church College na Universidade de Oxford e j no ano seguinte foi aceito como professor daquela c lebre institui o permanecen do nesse cargo at o fim da vida Publicou com seu verdadeiro nome diversos livros e artigos sobre l gica e matem tica Com o pseud nimo de Lewis Carroll publicou livros infantis dos quais os mais conhecidos s o Alice no Pa s das Maravilhas
43. seus lugares certos todos repetiu com grande nfase olhando severamente para Alice Alice olhou para o banco do j ri e viu que na sua pressa tinha colocado o Lagarto de cabe a para baixo e o pobrezinho estava agitando melancolicamente a cauda sem poder fazer nada Ela logo o pegou e recolocou o do jeito certo N o que isso adiante muito disse a si mesma pois acho que a utilidade dele no julgamento seria exatamente a mesma de um jeito ou de outro Assim que os jurados se recuperaram um pouco do choque e que suas lousas e l pis lhes foram devolvidos empenharam se diligentemente em escrever a hist ria do acidente Todos com 66 Pen gritou Alice E completamente esquecida 143 D1210 d V a4gos viagra ap sopvanl so sopoy OPUDSSAMOA1D1 trI DVd LE OVIVALSATI 144 exce o do Lagarto que parecia esgotado demais para fazer qualquer coisa a n o ser ficar sentado com a boca aberta olhando com ar apalermado para o teto do tribunal O que voc sabe a respeito do caso o Rei perguntou a Alice Nada respondeu ela Nada mesmo insistiu o Rei Nada mesmo confirmou Alice Isto muito importante disse o Rei voltando se para o j ri Eles estavam come ando a escrever isso em suas lousas quando o Coelho Branco interrompeu Desimportante o que Vossa Majestade quer dizer claro disse em tom muito respeitoso embora franzindo as sobrancelhas e fazendo
44. tomou coragem e prosseguiu Eu n o sabia que gatos de Cheshire sempre sorriem para dizer a verdade eu n o sabia que gatos podiam sorrir Todos podem disse a Duquesa e a maior parte o faz N o conhe o nenhum que o fa a disse Alice muito 32 Cheshire cidade na Inglaterra Sobre a pron ncia desta palavra ver acima p g 9 nota 1 76 polidamente sentindo se assaz satisfeita de ter come ado uma conversa Voc n o sabe muita coisa disse a Duquesa esta a verdade Alice n o gostou nada do tom dessa observa o e achou que seria melhor introduzir um outro assunto na conversa Enquanto tentava encontrar um a cozinheira tirou o caldeir o de sopa do fogo e de repente come ou a atirar tudo o que estava a seu alcance na Duquesa e no beb primeiro foram os utens lios de ferro depois uma chuva de frigideiras travessas e pratos A Duquesa n o prestou a menor aten o mesmo quando atingida e o beb j estava berrando tanto que era imposs vel dizer se os golpes o atingiram ou n o Por favor preste aten o no que est fazendo gritou Alice pulando aterrorizada Oh l se vai seu precioso nariz exclamou enquanto uma frigideira extraordinariamente grande voava rente ao nariz do beb e quase o arrancava fora Se todos se preocupassem com suas pr prias coisas disse a Duquesa num spero grunhido o mundo giraria muito mais r pido O que n
45. tudo o que diziam passou por ela sem notar sua presen a A seguir veio o Valete de Copas trazendo a coroa do Rei numa almofada de veludo vermelho Por fim encerrando este grandioso cortejo vieram O REI E A RAINHA DE COPAS Alice ficou em d vida se devia ou n o atirar se ao ch o 39 Ma a arma em forma de bast o com uma extremidade esf rica com pontas agu adas clava 40 Paramentado adornado enfeitado 41 No campo de croquet da Rainha de Copas as personagens s o cartas do baralho As figuras Valete Dama e Rei representam a aristocracia enquanto as demais cartas desempenham fun es sugeridas pelo nome de cada naipe paus que em ingl s significa tamb m bast es representado pelos soldados espadas que em ingl s significa tamb m p s representado pelos jardineiros ouros representado pelos cortes os e copas pelas crian as reais 100 como os jardineiros mas n o se recordava de ter ouvido falar em tal procedimento durante cortejos Al m disso pensou se as pessoas se atiram com o rosto para o ch o como podem ver o cortejo E permaneceu parada onde estava esperando Quando o cortejo passou diante dela todos pararam e olharam na A Rainha disse severamente Quem essa Dirigia se ao Valete de Copas que em resposta apenas se incli nou e sorriu Idiota disse a Rainha empinando a cabe a com impaci ncia E voltando se para Alice continuou Qual o
46. voltar de trem disse para si mesma Alice tinha ido praia s uma vez na vida mas chegara conclus o geral de que em qualquer ponto do litoral da 33 Inglaterra sempre se encontram cabines de banho no mar crian as brincando com pazinhas na areia uma fileira de casas para alugar e atr s disso tudo uma esta o ferrovi ria Por m logo se deu conta de que estava no mar de l grimas que chorara quando tinha dois metros e meio de altura Seria melhor n o ter chorado tanto lamentou se Alice enquanto nadava tentando sair dali Parece que serei punida agora por isso afogando me em minhas pr prias l grimas Ser uma coisa esquisita com certeza Mas tudo est muito esquisito hoje Naquele momento percebeu que algo estava se movendo na gua n o longe dali e foi nadando para ver o que era a princ pio achou que era uma morsa ou um hipop tamo mas ao lembrar se do quanto estava pequena atinou que era apenas um rato que escorregara na gua assim como ela mesma Ser que adiantaria pensou Alice falar com este rato agora Tudo est t o anormal por aqui que seria bem poss vel ele responder em todo caso n o custa nada tentar E come ou Rato voc sabe como se sai deste mar Estou cansada de nadar aqui Rato Alice imaginava que fosse essa a forma correta de dirigir se a um rato ela nunca fizera algo assim antes mas se lembrava muito bem de ter visto na Gram tica Latin
47. ALICE NO PA S DAS MARAVILHAS LEWIS CARROLL ALICE NO PA S DAS MARAVILHAS Ilustra es PETER NEWELL Tradu o introdu o e notas ISABEL DE LORENZO Tradu o dos poemas NELSON ASCHER Apresenta o FRANCISCO ACHCAR 2 edi o revista S o Paulo 2000 T tulo original Alice s Adventures in Wonderland Dire o editorial capa e notas suplementares Francisco Achcar NDICE APRESENTA O unida Ds kep vin ASAS vut 7 INTRODU O cas ri Sh de oi a 9 ALICE NO PA S DAS MARAVILHAS 15 Cap tulo 1 Na toca do Coelho soni noi bene cri dps penas 19 Cap tulo 2 O mar de l grimas nin it sit TRA 28 Cap tulo 3 Uma corrida eleitoral e o longo rabo de uma hist ria 38 Cap tulo 4 O Coelho d um encargo a Bill 48 Cap tulo 5 Conselhos de uma lagarta i aiiac 61 Cap tulo 6 Porco e pimenta a iria a pe OR 73 Cap tulo 77 Um ch de loucos gt anseia da rs 86 Cap tulo 8 O campo de croquet da Rainha 97 Cap tulo 9 A hist ria da Falsa Tartaruga 111 Cap tulo 10 A quadrilha da lagosta anaana 120 Cap tulo 11 Quem roubou as tortas aaa 132 Cap tulo 12 O depoimento de Alice i a aaa aiianii 142 APRESENTA O Francisco Achcar Alice no Pa s das Maravilhas n o como pensam muitos um livro para crian as Por que ent o indicar sua leitura para quem n o mais cria
48. Alice tentando conter o mais poss vel sua irrita o N o disse a Lagarta Alice pensou que podia muito bem esperar pois n o tinha mesmo nada para fazer e al m disso talvez a Lagarta lhe disses se algo que valesse a pena Por alguns minutos a Lagarta s fu mou sem dizer nada Por fim descruzou os bra os tirou o nar guil da boca e disse Ent o voc acha que mudou muito Tenho a impress o que sim falou Alice Eu n o consigo me lembrar das coisas como antes e eu n o fico do mesmo tamanho nem dez minutos seguidos N o consegue se lembrar de que coisas perguntou a Lagarta Bem eu tentei recitar A abelhinha diligente mas saiu tudo errado respondeu Alice com voz melanc lica Recite Est s velho Pai William sugeriu a Lagarta 25 Poema de Robert Southey para a edifica o moral dos jovens presente em antologias escolares na poca e decorado pelos estudantes As duas primeiras estrofes em tradu o literal d o uma id ia do seu teor Est s velho pai William gritou o mo o Os poucos cabelos que te restam est o grisalhos s robusto pai William s um velho vigoroso I Pe o que me digas a raz o Nos dias de minha juventude pai William respondeu Eu me lembrei de que a mocidade passaria logo E n o abusei de minha sa de nem esgotei o meu vigor Para n o ficar 63 Alice juntou as m os e come ou
49. Alice com rispidez pois estava come ando a ficar irritada Tem tanto direito disse a Duquesa quanto os porcos t m de voar E a mo Mas neste ponto para grande surpresa de Alice a voz da Duquesa sumiu bem no meio de sua palavra favorita moral e o bra o que estava enla ado ao seu come ou a tremer Alice al ou os olhos e ali estava a Rainha diante delas cruzando os bra os e franzindo as sobrancelhas como um trov o 115 Lindo dia n o Majestade come ou a Duquesa com voz baixa e fraca Vou lhe dar um aviso agora berrou a Rainha batendo o p no ch o enquanto falava Ou voc ou sua cabe a devem desaparecer daqui imediatamente A escolha sua A Duquesa escolheu desaparecendo no mesmo instante Continuemos a partida disse a Rainha a Alice que estava apavorada demais para dizer qualquer palavra e apenas a seguiu devagar de volta ao campo de croquet Os outros convidados tinham aproveitado a aus ncia da Rainha e estavam descansando na sombra Contudo assim que a viram correram de volta ao jogo enquanto ela simplesmente advertia que um minuto de atraso poderia custar lhes a vida Durante todo o tempo em que jogaram a Rainha n o cessou nem um instante de brigar com os outros jogadores e gritar Cortem a cabe a dele ou Cortem a cabe a dela Os condenados eram levados em cust dia pelos soldados os quais naturalmente para fazer isso tinham que deixar d
50. a Deixe me em paz Serpente repito insistiu a Pomba por m num tom menos enf tico E acrescentou com uma esp cie de suspiro Eu tentei de tudo mas nada parece adiantar com elas 29 Silvo assobio 69 ILUSTRA O 17 P G 65 Serpente gritou a Pomba 70 N o fa o a m nima id ia do que voc est falando disse Alice Eu tentei as ra zes das rvores tentei as ribanceiras tentei as cercas continuou a Pomba sem dar aten o a ela mas estas serpentes n o d o sossego Alice estava cada vez mais embara ada todavia achou que n o adiantaria dizer coisa alguma enquanto a Pomba n o parasse de falar Como se n o bastasse ter de chocar os ovos disse a Pomba eu sou obrigada a vigiar serpentes noite e dia Ora faz tr s semanas que eu n o consigo pregar o olho Eu sinto muito por esses aborrecimentos todos disse Alice come ando a entender a situa o E justo quando arranjei a rvore mais alta do bosque continuou a Pomba erguendo a voz at gritar e justo quando pensei que estava livre delas de uma vez por todas elas v m se enrolando l do c u Ugh Serpente Mas eu n o sou uma serpente j disse falou Alice Eu SOU EU SOU Bem O que voc disse a Pomba Percebo que voc est tentando inventar alguma coisa Eu eu sou uma menina disse Alice muito encabulada r
51. a longa e triste como uma cauda 44 Voc n o est prestando aten o disse o Rato para Alice em tom de censura em que est pensando Pe o desculpas disse Alice humildemente voc j tinha chegado na quinta volta n o Ndo eu estava na nona linha gritou com rispidez o Rato furioso N na linha disparou Alice querendo ser prestativa e olhando ansiosamente em volta me deixe ajudar a desat lo De jeito nenhum disse o Rato levantando se para ir embora Voc me insulta dizendo tais bobagens N o foi por mal defendeu se a pobre Alice Mas voc se ofende com qualquer coisa Como resposta o Rato apenas resmungou Por favor volte e termine a sua hist ria implorou Alice E todos disseram em coro Sim por favor volte Mas o Rato limitou se a balan ar a cabe a impaciente e apressou se ainda mais Que pena ele n o querer ficar suspirou o Louro assim que o perdeu de vista E uma velha Carangueja aproveitou a oportunidade para dizer a sua filha Viu minha querida Que isso sirva de li o para voc nunca perder a sua calma Fique quieta m e replicou a jovem Carangueja com certa petul n cia Voc faz at uma ostra perder a paci ncia S queria que Din estivesse aqui queria mesmo disse Alice em voz alta mas sem se dirigir a ningu m em particular Ela o traria de volta num inst
52. a que conduzia ao jardim Depois foi mordiscando o cogumelo ela guardara um peda o no bolso at ficar com trinta cent me tros de altura Da atravessou a pequena passagem ent o achou se finalmente no lindo jardim entre canteiros resplande centes e fontes fresquinhas 97 CAP TULO 8 O CAMPO DE CROQUET DA RAINHA a entrada do jardim havia uma grande roseira as rosas que ali nasciam eram brancas mas tr s jardineiros ocupavam se em pint las de vermelho Alice achou aquilo curioso e aproximou se para observar Assim que chegou mais perto ouviu um deles dizer Preste aten o Cinco N o jogue tinta em mim desse jeito N o tenho culpa disse o Cinco amuado foi o Sete que empurrou meu cotovelo Ouvindo isso o Sete ergueu a vista e disse Muito bem Cinco Sempre pondo a culpa nos outros melhor voc ficar quieto disse o Cinco Ontem mesmo eu ouvi a Rainha dizer que voc merecia ser decapita do Por qu perguntou o que falara primeiro N o da sua conta Dois disse o Sete E da conta dele sim disse o Cinco e vou dizer a ele foi porque levou ra zes de tulipa para a cozinheira em vez de cebolas Sete jogou o pincel e estava come ando a dizer Ora essa de todas as injusti as que quando seu olhar topou com o de Alice que ainda os observava Cessou imediatamente os outros tamb m se voltaram e os tr s fizeram uma rever
53. a Alice arremessando lhe o beb enquanto falava Eu 33 O texto ingl s da can o de ninar da Duquesa que come a com as palavras Speak roughly fala com dureza uma par dia do in cio do poema Speak gently fala com suavidade de autoria incerta e muito popular na poca Em tradu o literal Fala com suavidade bem melhor Governar com amor do que com medo Fala com suavidade e que nenhuma palavra spera Manche o bem que podemos fazer aqui 78 ILUSTRA O 19 P G 75 cantando uma esp cie de can o de ninar 79 tenho de aprontar me para jogar croquet com a Rainha e saiu apressada A cozinheira atirou lhe uma frigideira enquanto ela se afastava mas n o acertou Alice pegou o beb com certa dificuldade pois ele era uma criaturinha de formato estranho com bra os e pernas esticados em todas as dire es tal qual uma estrela do mar pensou Alice O pobrezinho estava bufando como uma locomotiva quando ela o tomou nos bra os e continuou contorcendo se e esticando se por um ou dois minutos de tal modo que o m ximo que ela podia fazer era tentar segur lo Assim que descobriu um jeito adequado para sosseg lo que consistia em at lo numa esp cie de n segurando bem presos sua orelha direita e seu p esquerdo para impedir que ele se soltasse Alice carregou o para fora dali Se eu n o levar comigo esta crian a pensou com certeza v o mat l
54. a de seu irm o Um rato de um rato a um rato um rato rato O rato olhou a de modo interrogativo e pareceu at que piscava um de seus olhinhos mas ele n o disse nada Talvez ele n o entenda ingl s pensou Alice Quem sabe n o um rato franc s que veio Inglaterra com Guilherme o Conquistador Com todo o seu conhecimento de Hist ria Alice n o tinha uma no o muito clara de h quanto tempo as 8 Cabines de banho no mar inventadas em 1750 eram pequenos compartimentos de madeira que al m de ser usados na praia como vesti rios individuais possu am rodas e podiam ser puxados por cavalos at o mar servindo assim para o banhista entrar na gua e nadar sem ser visto 34 coisas aconteceram Come ou de novo O est ma chatte que era a primeira frase de seu livro de franc s O Rato teve um sobressalto e pulou fora d gua tremendo arrepiado de medo Oh Perdoe me por favor gritou depressa Alice com medo de ter ferido os sentimentos do pobre animal Esqueci completamente que voc n o gosta de gatos N o gosto de gatos gritou o Rato com voz estridente e exaltada Voc gostaria de gatos se fosse eu acho que n o falou Alice num tom suave Mas n o fique bravo Sabe eu gostaria que voc conhecesse nossa gata Din Acho que voc simpatizaria com gatos na mesma hora se a visse t o meiga t o quietinha prosseguiu Alice faland
55. a logo logo N o seria um crime deix la para tr s Falou essas ltimas palavras em voz alta e a criaturinha grunhiu em resposta a esta altura tinha parado de espirrar N o grunha falou Alice n o uma maneira educada de se expressar O beb grunhiu outra vez e Alice olhou para ele muito preocupada querendo saber qual o problema N o havia d vida de que ele tinha um nariz muito para cima parecendo mais um focinho do que um verdadeiro nariz tamb m seus olhos eram pequenos demais para um beb em suma Alice n o gostou nem um pouco da apar ncia dele Mas talvez seja de tanto solu ar pensou ela E olhou de novo para os olhos dele para ver se havia l grimas N o n o havia nenhuma l grima Se voc se transformar num porco meu querido disse Alice seriamente n o terei mais nada com voc Pense bem O pobrezinho solu ou de novo ou grunhiu era imposs vel distinguir e eles continuaram por algum tempo em sil ncio Alice estava come ando a pensar e agora o que que eu vou fazer com esta criatura quando chegar em casa quando ele 80 grunhiu de novo desta feita com tanta for a que ela olhou assustada para o seu rosto Desta vez n o poderia haver nenhum engano era nem mais nem menos do que um porco e Alice percebeu que seria absurdo demais continuar carregando o Ent o ela soltou a criaturinha no ch o e sentiu se bastante aliviada ao v lo correr tranquilamente
56. a sem um pingliim mesmo exclamou Alice com grande surpresa Claro que disse a Falsa Tartaruga Ora se um peixe viesse me dizer que estava saindo para uma longa jornada eu lhe perguntaria Com que pingiiim Voc quer dizer Com que fim perguntou Alice Quero dizer o que disse respondeu a Falsa Tartaruga em tom ofendido E o Grifo acrescentou Bem agora queremos ouvir algumas das suas aventuras Eu podia contar minhas aventuras a come ar desta manh disse Alice um pouco envergonhada N o adiantaria falar sobre ontem porque at ent o eu era uma pessoa diferen te Explique isso tudo disse a Falsa Tartaruga N o n o As aventuras primeiro disse o Grifo com impaci ncia explica es tomam um tempo medonho Ent o Alice come ou a contar lhes as suas aventuras desde quando vira pela primeira vez o Coelho Branco No in cio ficou um pouco nervosa porque as duas criaturas encostaram se muito nela uma de cada lado com olhos e boca muito abertos Mas criou coragem e prosseguiu Seus ouvintes permaneceram completamente calados at que ela chegou ao ponto em que recitou Est s velho Pai William para a Lagarta e as palavras sa ram todas diferentes Ent o a Falsa Tartaruga deu um longo suspiro e disse Isso muito curioso a coisa mais curiosa que pode existir acrescentou o Grifo Saiu tudo diferente repeti
57. al de instru es para encolher as pessoas como lunetas dessa vez encontrou uma pequena garrafa que certamente n o estava aqui antes disse Alice 23 Presa ao gargalo havia uma etiqueta de papel com as seguintes palavras BEBA ME lindamente impressas em letras grandes Era f cil demais dizer BEBA ME mas a inteligente pequena Alice n o iria fazer isso assim com tanta pressa N o disse ela vou olhar primeiro e ver se n o est marcado veneno pois ela j lera tantas hist rias de crian as que tinham acabado queimadas ou comidas por animais ferozes ou outras coisas desagrad veis tudo porque n o se lembravam das regras mais simples que pessoas amigas lhes tinham ensinado tais como um ati ador em brasa quando segurado por muito tempo queima a m o quando se corta o dedo muito profundamente com uma faca em geral sangra e ela nunca se esquecera de que quando se bebe de uma garrafa marcada veneno quase certo que mais cedo ou mais tarde vai fazer mal No entanto naquela garrafa n o estava marcado veneno e assim Alice aventurou se a dar um gole como achou muito gostoso tinha de fato um sabor misto de torta de cereja pudim de leite abacaxi peru assado caramelo puxa puxa e torradas quentes com manteiga em pouco tempo j tinha bebido tudo 1 Que sensa o estranha exclamou Alice devo estar encolhendo como uma luneta E de fato estava tinha ag
58. ante E quem Din se que posso ousar esta pergunta disse o Louro Alice respondeu com entusiasmo pois estava sempre disposta a falar de seu animalzinho Din a gata l de casa E ela perfeita para pegar ratos voc s n o podem imaginar S queria que voc s a vissem ca ando passarinhos olhar e pegar num segundo Este discurso causou extraordin ria sensa o no grupo Algumas aves debandaram de vez uma velha Gralha cautelosa 22 45 mente encolheu se toda e observou Acho melhor eu voltar para casa este sereno faz mal minha garganta Uma Can ria chamou seus filhotes com voz tr mula Vamos embora meus queridos hora de estarem todos na cama Assim sob v rios pretextos todos se afastaram e Alice acabou ficando sozinha Era melhor n o ter falado de Din disse a si mesma em tom melanc lico Parece que ningu m gosta dela por aqui mas eu tenho certeza que ela a melhor gata do mundo Ah querida Din ser que algum dia vou ver voc de novo E ent o a pobre Alice recome ou a chorar porque se sentia muito sozinha e deprimida Logo em seguida por m ouviu outra vez um ranger de passos dist ncia Al ou os olhos com impaci ncia esperan osa de que o Rato tivesse mudado de id ia e estivesse voltando para terminar sua hist ria 46 ILUSTRA O 8 P G 39 sob v rios pretextos todos se afastaram 47 CAP TULO 4 O COELHO D
59. ar sem isso Talvez seja sempre a pimenta o que deixa as pessoas t o exaltadas continuou a pensar satisfeita por ter encontrado uma nova esp cie de regra e o vinagre o que as deixa azedas e a camomila o que as deixa amargas e o a car o que deixa as crian as doces e am veis Queria que as pessoas grandes soubessem disso assim n o seriam t o mesquinhas com doces e que tais A esta altura tinha se esquecido totalmente da Duquesa e teve um leve sobressalto quando ouviu a voz dela em seu ouvido Voc est pensando em algo minha querida e isso faz voc se esquecer de falar N o posso lhe dizer agora qual a moral disso mas daqui a pouco me lembrarei Talvez n o tenha nenhuma Alice arriscou se a observar Ora ora minha crian a disse a Duquesa Tudo tem 6 Vi n o imagina como estou feliz em rev la 45 Camomila com a camomila fazia se um rem dio extremamente amargo muito utilizado no tempo de Carroll 46 Que tal coisa semelhante do mesmo tipo 112 uma moral basta saber encontr la E chegou ainda mais perto de Alice enquanto falava Alice n o estava gostando nada daquela proximidade primeiro porque a Duquesa era muito feia e segundo porque ela tinha a altura exata para apoiar o queixo em seu ombro e tinha um queixo desagradavelmente pontudo Entretanto Alice n o queria ser indelicada e por isso teve de agiientar do jeito que p de Parece que a par
60. arei aqui embaixo at que eu seja outra mas oh meu Deus gritou Alice com uma explos o repentina de l grimas Como eu gostaria que eles pusessem a cabe a aqui embaixo Estou t o cansada de ficar sozinha aqui Enquanto falava olhou para suas m os e surpreendeu se ao notar que tinha vestido uma das luvinhas brancas de pelica do Coelho Como posso ter feito isso pensou Devo estar diminuindo outra vez Levantou se foi at a mesa para medir se e concluiu pelos seus c lculos que devia estar com pouco mais de meio metro de altura e continuava a encolher velozmen te logo percebeu que a causa disso era o leque que estava segurando e descartou o imediatamente a tempo de evitar que desaparecesse por completo Escapei por pouco exclamou Alice bastante assustada com a s bita mudan a mas muito satisfeita por estar ainda existindo Agora ao jardim E voltou correndo para a pequena porta mas que azar a pequena porta estava fechada outra vez e a chavezinha dourada estava sobre a mesa de vidro como antes As coisas est o piores do que nunca pensou a pobre menina pois nunca fui t o pequena assim antes nunca E declaro que ruim demais isso o que Ao dizer essas palavras seu p escorregou e num segundo splash estava mergulhada at o queixo em gua salgada A primeira id ia que lhe passou pela cabe a foi que tinha ca do no mar e nesse caso posso
61. bos os criados observou Alice usavam perucas empoadas e encaracoladas Alice ficou muito curiosa por saber o que era tudo aquilo e saiu um pouquinho do bosque para escutar O Mordomo Peixe tirou de baixo do bra o uma grande carta mais ou menos do seu pr prio tamanho e entregou a ao outro dizendo em tom solene Para a Duquesa Um convite da Rainha para jogar croquet O Mordomo Sapo repetiu a frase no mesmo tom solene apenas trocando a ordem das palavras Da Rainha Um convite Duquesa para jogar croquet Da ambos inclinaram se e suas perucas enredaram se uma na outra Alice riu tanto com isso que teve de voltar para o bosque com medo de que a ouvissem Quando espiou de novo o Mordomo Peixe tinha ido embora e o outro estava sentado no ch o junto porta olhando estupidamente para o c u Alice aproximou se um pouco t mida e bateu porta 30 Libr uniforme de criado em casas nobres 31 Empoado coberto de p de arroz 73 ILUSTRA O 18 P G 70 ambos inclinaram se e suas perucas enredaram se uma na outra 74 De nada adianta bater disse o Mordomo Sapo e isso por duas raz es Primeiro porque eu estou do mesmo lado da porta que voc est Segundo porque est o fazendo tanto barulho l dentro que ningu m a ouviria E de fato havia um barulho fora do comum vindo de l uivos e espirros constantes e de quando em quando um grande estrondo como se quebras se
62. ca falei isso interrompeu Alice Falou sim disse a Falsa Tartaruga Controle sua l ngua acrescentou o Grifo antes que Alice pudesse falar qualquer coisa A Falsa Tartaruga continuou 48 Cavo rouco cavernoso 118 Tivemos a melhor educa o na verdade amos escola todos os dias Eu tamb m ia escola todos os dias disse Alice n o precisa orgulhar se tanto disso Com mat rias adicionais perguntou ansiosamente a Falsa Tartaruga Sim respondeu Alice aprend amos tamb m Franc s e M sica E lavagem perguntou a Falsa Tartaruga claro que n o disse Alice indignada Ah Ent o n o era uma escola realmente boa disse a Falsa Tartaruga com grande al vio Pois na nossa eles acrescentavam no final do programa Franc s M sica e lavagem adicionais Acho que voc s n o precisavam muito disso falou Alice vivendo no fundo do mar Eu n o podia pagar esses adicionais disse a Falsa Tartaruga com um suspiro Fiz apenas o curso regular E o que ensinavam indagou Alice Remeler e Desencrever para come ar claro respondeu a Falsa Tartaruga e depois os diferentes ramos da Aritm tica Ambi o Distra o Putrifica o e Derris o Nunca ouvi falar em Putrifica ao Alice arriscou se a dizer O que O Grifo ergueu as patas num gesto de surpresa O q
63. cansada deste Meu voto que a senhorita nos conte uma hist ria Acho que n o sei nenhuma disse Alice muito assustada com a proposta Ent o o Dormidongo conta gritaram todos Acorde 36 Par dia do poema infantil A Estrela de Jane Taylor Pisca pisca estrelinha 92 Dormidongo E beliscaram no de uma s vez dos dois lados O Dormidongo abriu os olhos devagar Eu n o estava dormindo disse com voz fraca e rouca escutei tudo o que voc s disseram companheiros Conte nos uma hist ria disse a Lebre de Mar o Por favor pediu Alice E seja r pido acrescentou o Chapeleiro ou voc dormir outra vez antes de terminar Era uma vez tr s irm zinhas come ou o Dormidongo cheio de pressa que se chamavam Elsie Lacie e Tillie Viviam no fundo de um po o E de que viviam perguntou Alice que sempre tinha grande interesse em assuntos de comida e bebida Viviam de melado respondeu o Dormidongo ap s alguns instantes de reflex o Isso n o poss vel observou gentilmente Alice Elas teriam ficado doentes E ficaram disse o Dormidongo muito doentes Alice tentou imaginar um pouco como seria esse modo de vida t o incomum mas ficou muito confusa Ent o prosseguiu Mas por que elas viviam no fundo de um po o Tome um pouco mais de ch disse a Lebre de Mar o para Alice com a
64. consigo mesma numa esp cie de devaneio Gatos comem morcegos Gatos comem morcegos e s vezes Morcegos comem gatos pois como ela n o conseguia responder pergunta n o importava muito a ordem em que era colocada Sentiu que estava adormecendo e come ou a sonhar que passeava de m os dadas com Din dizendo lhe muito s ria Agora Din diga me a verdade voc j comeu algum morcego quando subitamente catapimbal caiu em cima de um monte de gravetos e folhas secas A queda tinha acabado Alice n o estava nem um pouco machucada por isso le vantou se num instante olhou para cima mas estava tudo escuro Diante dela havia outro longo corredor e o Coelho Branco ainda estava vista correndo apressado N o havia tempo a perder Alice foi atr s dele como um raio a tempo de ouvi lo dizer ao dobrar uma esquina Ai minhas orelhas e meus bigodes como est ficando tarde Estava bem perto dele 21 ILUSTRA O 1 P G 13 caiu em cima de um monte de gravetos e folhas secas 22 quando fez a curva mas o Coelho desaparecera Alice achou se numa sala comprida e baixa iluminada por uma fileira de l mpadas pendentes do teto Havia muitas portas em volta da sala mas todas estavam fechadas Depois de percorrer a sala de um lado e de outro tentando abrir todas as portas ela foi tristemente para o centro perguntando se como iria fazer para sair dali De repente topou com uma mesa
65. depoimento repetiu o Rei furioso ou ent o mandarei execut lo estando voc nervoso ou n o Sou um pobre homem Majestade come ou o Chapelei ro com voz tr mula e mal tinha come ado a tomar meu ch h cerca de uma semana mais ou menos e as fatias de p o com manteiga estavam ficando t o finas e o tremeluzir do ch O tremeluzir do qu perguntou o Rei Do ch Come ou com o ch respondeu o Chapeleiro bvio que ch come a com ch disse asperamente o Rei Voc pensa que sou um est pido Continue Sou um pobre homem continuou o Chapeleiro e quase tudo tremeluziu desde ent o mas a Lebre de Mar o disse Eu n o disse nada interveio rapidamente a Lebre de Mar o Disse sim afirmou o Chapeleiro Nego disse a Lebre de Mar o Ela nega disse o Rei deixemos isso de lado Bem de toda maneira o Dormidongo tamb m disse prosseguiu o Chapeleiro olhando ansiosamente para ver se o Dormidongo tamb m negava mas este n o negou pois estava em sono profundo Desde ent o continuou o Chapeleiro eu cortei mais fatias Mas o que o Dormidongo disse quis saber um dos jurados N o me lembro disse o Chapeleiro Voc deve lembrar se observou o Rei ou ent o mandarei execut lo O pobre Chapeleiro derrubou a x cara e o p o com manteiga e ajoelhou se
66. e afiladas da mesma fam lia das lontras e das ariranhas usado para ca ar coelhos e ratos 48 ILUSTRA O 9 P G 42 Ora essa Mary Ann o que voc est fazendo aqui 49 o seguinte nome gravado COELHO B Ela entrou sem bater e subiu correndo as escadas com grande receio de encontrar a verdadeira Mary Ann e ser expulsa da casa antes de encontrar o leque e as luvas Como esquisito disse Alice a si mesma estar cumprindo ordens de um coelho Na pr xima vez ser Din a me passar incumb ncias E come ou a imaginar o tipo de coisa que poderia acontecer Senhorita Alice Venha aqui imediatamente e esteja pronta para o passeio S um minuto ama Tenho que vigiar este buraco de rato at que Din volte para ver se o rato n o sai Mas eu n o acredito muito Alice continuou pensando que v o deixar Din ficar l em casa se ela come ar a dar ordens desse jeito Nesse momento ela adentrou um quarto pequeno e asseado com uma mesa junto janela e sobre a mesa como ela esperava um leque e dois ou tr s pares de pequenas luvas branqu ssimas Ela j ia saindo do quarto quando seus olhos toparam com uma garrafinha que estava perto do espelho Dessa vez n o havia nenhum r tulo com os dizeres BEBA ME n o obstante ela destapou a garrafa e levou a boca Eu sei que algo interessante sempre acontece disse consigo quando eu como ou bebo alguma coisa
67. e dizia h uma grande mina de mostarda aqui por perto E a moral disso Quanto mais mina para mim tanto menos mana para voc Oh j sei exclamou Alice sem ter prestado aten o a este ltimo coment rio um vegetal N o parece mas Concordo inteiramente com voc disse a Duquesa e a moral disso Seja aquilo que voc pareceria ser ou ent o dizendo de um modo mais simples Nunca imagine que n o ser diferente daquilo que pode parecer aos outros que voc fosse ou pudesse ter sido n o seja diferente daquilo que tendo sido poderia ter parecido a eles ser diferente Acho que eu compreenderia melhor disse Alice muito educadamente se pudesse ver tudo isso escrito n o consigo acompanhar muito bem o que a senhora diz Isso n o nada diante do que eu poderia dizer se quisesse respondeu a Duquesa em tom satisfeito Por favor n o se esforce em diz lo de modo mais com prido do que j disse falou Alice Oh n o fale em esfor o disse a Duquesa Eu lhe darei de presente tudo o que j disse at agora Eis a um presente bem barato pensou Alice com seus bot es Ainda bem que n o se d o presentes assim de anivers rio Mas n o se aventurou a diz lo em voz alta Pensando outra vez perguntou a Duquesa dando mais uma espetada em Alice com seu queixo pontudo Tenho o direito de pensar redargiiiu
68. e ser arcos de modo que ap s cerca de meia hora n o restara nenhum arco e todos os jogadores com exce o do Rei da Rainha e de Alice estavam presos sob senten a de execu o Ent o a Rainha parou j quase sem f lego e disse para Alice Voc j viu a Falsa Tartaruga N o respondeu Alice e nem imagino o que seja uma Falsa Tartaruga aquilo com que se faz a Falsa Sopa de Tartaruga disse a Rainha Nunca vi nem ouvi falar disse Alice Ent o venha disse a Rainha e ela ir lhe contar sua hist ria Enquanto caminhavam Alice ouviu o Rei dizer em voz 47 Sopa de Tartaruga iguaria muito custosa e apreciada por m rara j nos tempos em que foi escrito Alice e por isso muitas vezes substitu da pela assim chamada Falsa Sopa de Tartaruga feita com carne de vitelo 116 baixa ao grupo de condenados Est o todos perdoados Bem isto uma boa coisa disse Alice a si mesma pois estava se sentindo muito aflita com o n mero de execu es que a Rainha ordenara Logo aproximaram se de um Grifo que dormia profunda mente ao sol Se voc s n o souberem o que um Grifo vejam a figura Acorde coisa pregui osa disse a Rainha e leve esta senhorita para ver a Falsa Tartaruga e ouvir sua hist ria Eu preciso voltar e tratar de algumas execu es que ordenei E afastou se deixando Alice sozinha com o Grifo Alice n o gostou muito da apar
69. elembrando todas as mudan as que tinha sofrido aquele dia Uma bela hist ria de fato disse a Pomba com o mais profundo desprezo Eu j vi muitas garotinhas na minha vida mas nunca vi alguma com um pesco o assim N o essa n o Voc uma serpente n o adianta negar S falta voc me dizer que jamais provou um ovo Eu j provei ovos sim falou Alice que sempre dizia a verdade mas as meninas comem ovos tanto quanto as serpentes saiba disso Eu n o acredito disse a Pomba mas se for verdade ent o elas s o uma esp cie de serpente tudo o que posso dizer Esta id ia era t o nova para Alice que ela ficou em sil ncio 71 por um ou dois minutos o que deu oportunidade Pomba para acrescentar Voc est procurando ovos sei disso muito bem Que diferen a faz para mim se voc uma menina ou uma serpente Faz muita diferen a para mim foi dizendo Alice mas acontece que n o estou procurando ovos e mesmo se estivesse eu n o quereria os seus n o gosto de ovos crus Saia daqui ent o concluiu a Pomba irritada indo se acomodar outra vez em seu ninho Alice fez o poss vel para agachar se entre as rvores pois seu pesco o se enroscava nos galhos e a todo minuto ela tinha de parar para desenrosc lo A certo ponto lembrou se de que ainda estava segurando os peda os do cogumelo e com muito cuidado come ou a mordiscar primeiro um depois o
70. elo vento que os seguia as melanc licas palavras Sopa da noite opa opa que boa sopa 54 Arquejar respirar com dificuldade ofegar 131 Of O NO119Q jSOUIDA IEI DYd EE OVIOVALSATI 132 CAP TULO 11 QUEM ROUBOU AS TORTAS uando eles chegaram o Rei e a Rainha de Copas estavam sentados no trono cercados por uma multid o havia ali todo o tipo de aves e bichos bem como todas as cartas do baralho O Valete estava diante deles acorrentado com um soldado de cada lado para guard lo Pr ximo ao Rei estava o Coelho Branco com uma corneta em uma m o e um rolo de pergaminho na outra Bem no meio do tribunal havia uma mesa com um grande prato cheio de tortas em cima pareciam t o gostosas que Alice ficou com gua na boca Gostaria que eles encerrassem logo o julgamento pensou ela e passassem ao lanche Mas parecia n o haver a menor probabilidade ent o para passar o tempo ela come ou a observar tudo o que estava acontecendo em volta Alice nunca tinha ido a uma corte de justi a mas j lera sobre o assunto em livros e estava muito satisfeita de ver que sabia o nome de praticamente tudo o que havia ali Aquele o juiz disse a si mesma por causa de sua grande peruca O juiz por falar nisso era o pr prio Rei E como ele usava sua coroa em cima da peruca olhem a p gina seguinte se quiserem saber como parecia n o sentir se muito confort vel e com certeza
71. em um pouco a testemunha ele come ou a apoiar se ora num p ora noutro olhando assustado para a Rainha e na sua confus o mordeu um bom peda o da x cara em vez do p o com manteiga Neste exato momento Alice teve uma sensa o muito estranha que a deixou muito embara ada at que descobrisse do que se tratava estava come ando a crescer outra vez A princ pio quis levantar se e deixar o tribunal mas refletindo melhor decidiu permanecer onde estava ao menos enquanto houvesse espa o suficiente Gostaria que voc n o me empurrasse tanto disse o Dormidongo que estava sentado ao lado dela Mal posso respirar N o posso fazer nada disse Alice docemente Estou crescendo Voc n o tem o direito de crescer aqui disse o Dormi dongo N o diga besteira disse Alice com mais firmeza Voc sabe que tamb m est crescendo Sim mas eu cres o em um ritmo razo vel afirmou o Dormidongo n o desse modo rid culo Dizendo isso levantou se indignado e foi para o outro lado do tribunal Durante todo esse tempo a Rainha n o parou de encarar o Chapeleiro e bem na hora em que o Dormidongo atravessou a sala ela disse a um dos oficiais do tribunal Traga me a lista dos cantores do ltimo concerto Ao ouvir isso o Chapeleiro estremeceu de tal modo que seus dois sapatos escorregaram dos 60 Oficial funcion rio da corte de justi a 137 p s D o seu
72. ente para Alice quando ela apareceu Por m ela correu o mais r pido que p de e logo se achou a salvo em um bosque fechado A primeira coisa a fazer falou Alice a si mesma enquanto observava o bosque ao redor voltar ao meu tamanho normal e a segunda encontrar o caminho para aquele lindo jardim Acho que este o melhor plano Parecia um plano excelente sem d vida muito simples e bem organizado a nica dificuldade era que ela n o fazia a menor id ia de como realiz lo E enquanto ia espreitando ansiosamente entre as rvores um latido estridente bem acima de sua cabe a a fez erguer o olhar com pressa Um enorme c ozinho estava olhando para ela com olhos arregalados e esticando timidamente uma pata para tentar alcan la Pobre bichinho disse Alice em tom suave E tentou assobiar para ele mas estava o tempo todo terrivelmente amedrontada com o pensamento de que ele poderia estar com fome e nesse caso seria bem prov vel que a devorasse apesar de toda a suavidade dela Sem dar conta do que estava fazendo Alice apanhou um pequeno graveto e o estendeu para ele na mesma hora o c ozinho saltou no ar com as quatro patas de uma vez soltando um ganido de alegria e investiu contra o graveto como se fosse agarr lo com os dentes Alice escondeu se atr s de um grande cardo com medo de ser pisada E quando ela apareceu do outro lado o c ozinho investiu outra vez contra o graveto po r m com
73. era uma tal coisa antes e n o iria come ar a esta altura de sua vida O argumento do Rei era que qualquer coisa que possu sse uma cabe a poderia ser decapitada e tudo o mais era bobagem O argumento da Rainha era que se algo n o fosse feito imediatamente ela mandaria executar todos que ali estavam Foi esta ltima observa o que fez todos da comitiva parecerem t o s rios e perturbados Alice n o achou nada melhor para dizer do que Ele pertence Duquesa seria melhor perguntar a ela o que fazer Ela est na pris o disse a Rainha ao carrasco v busc la E o carrasco disparou como uma flecha Assim que ele partiu a cabe a do Gato come ou a 44 Malcontente descontente 110 desaparecer quando ele voltou trazendo a Duquesa j tinha sumido completamente O Rei e o carrasco come aram a correr para cima e para baixo procurando a por toda parte enquanto o restante do grupo voltou a jogar 111 CAP TULO 9 A HIST RIA DA FALSA TARTARUGA querida amiga disse a Duquesa enquanto afetuo samente tomava Alice pelo bra o e sa am cami nhando juntas Alice ficou muito contente por v la bem humorada e pensou com seus bot es que talvez tenha sido s a pimenta o que a deixara t o feroz quando se encontraram na cozinha Quando eu for Duquesa disse a si mesma todavia num tom n o muito esperan oso em minha cozinha n o haver pimenta nenhuma A sopa pode muito bem pass
74. go antes de ela ficar louca sabe apontou com sua colher para a Lebre de Mar o foi no grande concerto oferecido pela Rainha de Copas e eu tinha de cantar Pisca pisca morceguinho Aonde vais nem adivinho Voc conhece a can o n o J ouvi algo parecido disse Alice 91 E continua sabe emendou o Chapeleiro assim La no c u como travessa Para ch voas depressa Pisca pisca Nesse ponto o Dormidongo estremeceu e come ou a cantarolar enquanto dormia pisca pisca pisca pisca E continuou por tanto tempo que tiveram de dar lhe um belisc o para que parasse Bem eu nem acabara o primeiro verso disse o Chapelei ro quando a Rainha bradou Ele est matando o tempo Cortem lhe a cabe a Mas que selvageria exclamou Alice E desde ent o continuou o Chapeleiro num tom pesaroso ele n o faz nada do que eu pe o S o sempre seis horas isso mesmo disse a Lebre de Mar o com um suspiro sempre hora do ch e n s n o temos tempo de lavar a lou a nos intervalos por isso que voc s ficam girando em torno da mesa disse Alice Exatamente disse o Chapeleiro conforme as lou as v o ficando sujas Mas o que acontece quando voc s retornam para o come o Alice ousou perguntar Que tal se mud ssemos de assunto interveio a Lebre de Mar o bocejando Estou
75. hando nas guas do Nilo Cada escama dourada Expondo as garras e os seus dentes Alegre ei lo sorrindo E engole os peixes entrementes Como quem diz bem vindo Tenho certeza de que essas n o s o as palavras certas disse a pobre Alice e seus olhos encheram se outra vez de l grimas 6 Diligente trabalhadora A refer ncia a um poema de Isaac Watts frequentador de antologias escolares O t tulo do poema expl cito em sua finalidade moralizante Contra a ociosidade e a travessura Tradu o literal perdendo portanto o ritmo e as rimas das duas estrofes iniciais que Lewis Carroll parodia em seguida Olha como a abelhinha diligente melhora cada bela hora e colhe mel o dia todo de toda flor que desabrocha Como ela constr i engenhosamente sua casa Como ela espalha direitinho a cera E trabalha duro para guard la bem com o doce alimento que prepara 7 Entrementes nesse meio tempo entretanto 32 Devo ter me transformado mesmo em Mabel e terei de viver naquela casa t o pequena sem brinquedos por perto e oh meu Deus com tantas li es para estudar N o j tomei uma decis o se eu for Mabel vou ficar por aqui mesmo De nada vai servir que eles ponham a cabe a e digam aqui para baixo Volte querida Eu olharei para cima e direi somente Quem sou eu ent o Respondam me primeiro e ent o se eu gostar de ser essa pessoa voltarei se n o fic
76. ileira ao longo da praia Duas fileiras protestou a Falsa Tartaruga Focas tartarugas salm es e assim por diante da ap s tirar todas as medusas do caminho O que geralmente leva algum tempo interrompeu o Grifo deve se andar dois passos para frente Cada um com uma lagosta como parceira gritou o Grifo Claro disse a Falsa Tartaruga andar dois passos para frente fazer uma mesura diante da parceira trocar de lagosta e voltar mesma posi o continuou o Grifo Ent o voc sabe prosseguiu a Falsa Tartaruga Falsa Tartaruga suspirou profundamente passando o 121 preciso atirar as As lagostas berrou o Grifo dando um pulo no ar no mar o mais longe poss vel E sair nadando atr s delas gritou o Grifo Dar uma cambalhota no mar berrou a Falsa Tartaruga cabriolando descontroladamente Trocar outra vez de lagosta berrou o Grifo com o m ximo de sua voz E voltar para a praia esta a primeira figura disse a Falsa Tartaruga abaixando subitamente a voz E as duas criaturas que tinham pulado como loucas o tempo todo sentaram se outra vez tristes e quietas olhando para Alice Deve ser uma dan a muito bonita disse Alice timida mente Voc gostaria de ver um pouquinho perguntou a Falsa Tartaruga Gostaria muito disse Alice Vamos experimentar
77. infantil Embora tenha lecionado at o final de sua vida Carroll nunca chegou a fazer uma brilhante carreira como professor nem tampouco se dedicou orat ria eclesi stica que seria uma das possibilidades oferecidas por seu cargo em Oxford porque se envergonhava profundamente de sua gaguez Abandonou a fotografia em 1880 recusando se a adotar inova es t cnicas como o uso da pel cula em vez da antiga chapa fotogr fica Nos ltimos meses de vida Charles Dodgson passou a repudiar tudo o que dizia respeito a Lewis Carroll recusando se at mesmo a receber as cartas endere adas a este nome Morreu em 1898 em conse qu ncia de uma bronquite 2 Alice no Pa s das Maravilhas Nas aventuras de Alice no Pa s das Maravilhas duas s o as caracter sticas mais not veis a presen a do maravilhoso e principalmente do nonsense O elemento maravilhoso em uma narrativa aquilo que irrompe subitamente no mundo real negando ou contradizendo suas regras algo m gico ou absurdo que de repente se manifesta em meio ao universo cotidiano Trata se de uma caracter stica que na verdade remonta aos contos de fadas Mas nesses contos o elemento m gico surge somente em determinadas situa es como aquelas em que uma fada com sua varinha de cond o interv m para realizar um sonho ou desejo imposs vel J nos livros de Alice o maravilhoso penetra na vida cotidiana e a transforma em algo estranho num mundo 6 Nonsense pron ncia n
78. lha Ent o foram jogados para fora do mar Da como tinham que cair muito longe prenderam o rabo na boca E da n o puderam soltar mais tudo Muito obrigada disse Alice muito interessante Nunca aprendi tanto sobre o peixe martelo Posso contar lhe mais coisas se quiser disse o Grifo Voc sabe por que ele se chama peixe martelo Nunca pensei nisto antes disse Alice mas deve ser porque Porque ele faz botas e sapatos concluiu o Grifo solenemente Alice ficou completamente perplexa Ele faz botas e sapatos repetiu em tom de espanto Ora quem que faz os seus sapatos perguntou o Grifo Quero dizer quem os conserta Alice olhou para baixo antes de responder o sapateiro Pois no fundo do mar continuou o Grifo com voz grave botas e sapatos s o feitos pelo peixe martelo com aux lio do peixe prego e do peixe agulha Entendeu E do que que s o feitos indagou Alice com grande curiosidade De couro de peixe boi claro replicou o Grifo com muita impaci ncia qualquer camar ozinho poderia lhe dizer isto Se eu fosse o peixe martelo disse Alice cujo pensamen to ainda estava voltado can o teria dito ao pingiiim Afaste se por favor N o queremos voc conosco Mas eles eram obrigados a aceit lo falou a Falsa 126 Tartaruga Nenhum peixe sensato vai a parte algum
79. m pratos e panelas Ent o por favor disse Alice como fa o para entrar Teria algum sentido voc bater prosseguiu o Mordomo sem dar aten o a ela se a porta estivesse entre n s Por exemplo se voc estivesse dentro poderia bater e eu a deixaria sair n o mesmo Ele olhava para o c u todo o tempo enquanto falava o que Alice considerou definitivamente grosseiro Mas talvez ele n o possa evitar isso pensou ela afinal seus olhos est o muito no topo da cabe a Mas de toda maneira ele poderia responder perguntas Como fa o para entrar repetiu em voz alta Ficarei sentado aqui observou o Mordomo at ama nh Nesse momento a porta se abriu e um grande prato veio voando para fora na dire o da cabe a do Mordomo por m apenas ro ou seu nariz e foi despeda ar se contra uma rvore atr s dele 0u depois de amanh talvez continuou o Mordomo exatamente no mesmo tom como se nada tivesse acontecido Como fa o para entrar Alice perguntou de novo mais alto Voc tem de entrar mesmo disse o Mordomo Esta a primeira quest o n o Era sem d vida s que Alice n o gostou nada que lhe falassem assim realmente espantoso murmurou Alice consigo como essas criaturas gostam de discutir de enlouquecer qualquer um Parece que o Mordomo achou a uma boa oportunidade para repetir com algumas varia e
80. maior seriedade Mas eu ainda n o tomei nenhum replicou Alice ofendida como posso tomar mais Voc quer dizer que n o pode tomar menos disse o Chapeleiro bem mais f cil tomar mais do que nada Ningu m pediu a sua opini o disse Alice Quem que est fazendo coment rios pessoais agora interpelou o Chapeleiro com ar de triunfo Alice n o sabia muito bem o que dizer quanto a isso ent o serviu se de um pouco de ch e de p o com manteiga virou se para o Dormidongo e repetiu a pergunta Por que elas viviam 37 Interpelar dirigir a palavra a algu m pedindo explica es 93 no fundo de um po o Ap s mais um ou dois minutos de reflex o o Dormidongo enfim falou Era um po o de melado N o existe um po o assim exclamou Alice come ando a ficar irritada mas o Chapeleiro e a Lebre fizeram Psiu Psiu enquanto o Dormidongo melindrado observou Se n o consegue ser educada melhor voc mesma terminar a hist ria N o por favor continue disse Alice resignada N o vou interromper de novo Posso admitir que exista um Um disse o Dormidongo indignado No entanto concordou em continuar E ent o essas tr s irm zinhas elas estavam aprendendo a tirar sabe Tirar o qu disse Alice esquecendo se da promessa Melado disse o Dormidongo desta vez sem refletir Gostaria de uma
81. menos essa mas queria saber qual a Latitude e a Longitude em que estou Alice n o tinha a menor id ia do que fosse Latitude muito menos Longi tude mas achou que eram belas palavras formid veis de dizer E logo recome ou Queria saber se vou passar direto atrav s da Terra Seria engra ado se eu sa sse no meio das pessoas que andam de cabe a para baixo Os Antip ticos eu acho estava muito feliz que dessa vez n o havia ningu m 20 escutando porque aquela n o lhe pareceu a palavra correta mas eu vou ter de perguntar qual o nome do pa s claro Por favor minha senhora aqui a Nova Zel ndia ou a Austr lia e tentou fazer uma mesura enquanto falava imaginem fazer uma mesura enquanto se est caindo Voc s conseguiriam E que menina ignorante ela vai pensar que eu sou por perguntar isso N o melhor n o perguntar nada quem sabe eu veja escrito em algum lugar Caindo caindo caindo N o havia nada a fazer e ent o Alice come ou a falar outra vez Acho que Din vai sentir muito a minha falta esta noite Din era sua gata Espero que se lembrem do seu pires de leite na hora do lanche Din querida Queria que voc estivesse aqui caindo comigo N o tem nenhum rato no ar infelizmente mas voc bem que poderia pegar um morcego quase igual a um rato voc sabe Ser que gatos comem morcegos E aqui Alice come ou a ficar com sono e continuou dizendo
82. n a A Duquesa uma das personagens mais loucas deste livro louco diz a Alice Seja aquilo que voc pareceria ser e logo passa a explicar a coisa de um modo mais simples Nunca imagine que n o ser diferente daquilo que pode parecer aos outros que voc fosse ou pudesse ter sido n o seja diferente daquilo que tendo sido poderia ter parecido a eles ser diferente O c lebre gato de Alice prova que louco com uma curiosa demonstra o l gica Para come ar disse o Gato um cachorro n o louco Concorda Acho que sim respondeu Alice Bem prosseguiu o Gato voc v um c o rosnar quando est bravo e abanar o rabo quando est feliz Agora eu rosno quando estou feliz e balan o o rabo quando estou bravo Logo sou louco As numerosas e divertid ssimas loucuras dos dois livros de Alice este e Atrav s do Espelho e o que Alice Encontrou L implicam quest es de l gica com uso freqiiente do absurdo f sica antecipando em rela o s dimens es de tempo e espa o o horizonte espantoso da ci ncia contempor nea e filosofia Neste ltimo caso est o o enigma da identida de pessoal tema que veio a se constituir num dos assuntos centrais da filosofia contempor nea controv rsias sobre tica portanto sobre valores associados ao nosso comportamento disputas sobre linguagem o problema do sentido das palavras que aparece na discuss o com a Duque
83. n o ter entrado na toca do coelho apesar disso apesar disso bem curioso sabe este tipo de vida Eu queria saber o que foi que aconteceu comigo Quando eu lia contos de fadas imaginava que esse tipo de coisa nunca acontecia mas agora eis me no meio de uma hist ria dessas Deve ter algum livro escrito sobre mim deve ter E quando eu crescer vou escrever um Mas eu j cresci acrescentou num tom lastimoso pelo menos aqui n o h espa o para crescer mais Mas ent o pensou Alice ser que eu nunca vou ficar mais velha do que estou agora Deve ser reconfortante por um lado nunca ser velha mas ent o ter sempre li es para aprender Oh disso eu n o gostaria Ah Alice sua tola respondeu a si mesma Como voc poderia ter li es aqui Ora quase n o tem espa o para voc quanto mais para os livros da escola E assim continuou de um lado formulando perguntas de outro respondendo como se conversasse consigo mesma Mas de repente ouviu uma voz do lado de fora e parou para escutar Mary Ann Mary Ann dizia a voz Traga j minhas luvas Em seguida ouviu se um barulhinho de passos na escada Alice compreendeu que era o Coelho que vinha procurar por ela e tremeu tanto que sacudiu a casa toda esquecida de que 18 Lastimoso triste choroso 51 agora estava umas mil vezes maior que o Coelho e por isso n o tinha nenhuma raz o para tem lo Nes
84. ncia Poderiam me dizer falou Alice um pouco t mida por que est o pintando essas rosas Cinco e Sete ficaram calados mas olharam para Dois Dois falou em voz baixa Veja bem senhorita o fato que neste 38 Amuado mal humorado aborrecido 98 ILUSTRA O 24 P G 95 N o jogue tinta em mim desse jeito 99 lugar deveria haver uma roseira vermelha mas por engano n s pusemos uma branca e se a Rainha a descobrir todos teremos nossas cabe as cortadas compreende Ent o veja bem senhorita estamos fazendo o melhor poss vel antes que ela chegue para Neste ponto o Cinco que ficara espreitando com muita ansiedade pelo jardim gritou A Rainha A Rainha e os tr s jardineiros instantaneamente atiraram se ao ch o Ouviam se muitos passos e Alice olhou em volta curiosa por ver a Rainha Primeiro surgiram dez soldados armados com ma as Eram todos iguais aos jardineiros retangulares e achatados com as pernas e os bra os nos quatro ngulos Em seguida vieram dez cortes os paramentados com diamantes em forma de losangos Caminhavam de dois em dois assim como os soldados Depois vieram os infantes reais tamb m em n mero de dez saltitando alegremente de m os dadas em pares todos enfeitados com cora es Atr s vieram os convidados na maior parte Reis e Rainhas entre eles Alice reconheceu o Coelho Branco que conversava de maneira apressada e nervosa sorrindo para
85. ndo ansiosamen te para tr s enquanto falava Ent o ergueu se na ponta dos p s aproximou se do ouvido de Alice e sussurrou Ela foi condenada morte Por qu indagou Alice Voc disse Que pena perguntou o Coelho Eu n o disse Alice n o acho que seja uma pena Eu 103 disse Por qu Ela deu uma bofetada na orelha da Rainha come ou a dizer o Coelho Alice deu uma sonora risada Quieta sussurrou o Coelho apavorado A Rainha pode ouvir Mas a Duquesa chegou muito atrasada sabe e a Rainha disse Aos seus lugares trovejou a Rainha E todo mundo come ou a correr em todas as dire es trope ando uns nos outros Em poucos minutos por m estavam todos acomodados e O jogo come ou Alice pensou que nunca vira um campo de croquet t o curioso em toda a sua vida era cheio de sali ncias e sulcos as bolas eram ouri os vivos os tacos eram flamingos e os soldados tinham que se dobrar e apoiar os p s e as m os no ch o para formar os arcos A principal dificuldade que Alice encontrou no in cio foi manejar o seu flamingo ela conseguia bastante confortavelmen te segurar o corpo dele sob seu bra o deixando as pernas penduradas por m toda vez que esticava o pesco o dele para golpear o ouri o ele se virava e olhava a com uma express o t o at nita que ela n o conseguia conter uma risada e quando abaixava a cabe a dele para come ar
86. nfim o Dodo falou todo mundo ganhou e todos devem ser premia dos Mas quem vai dar os pr mios indagou um coro de vozes Ora ela claro respondeu o Dodo apontando com um dedo para Alice E todo o grupo ajuntou se em volta dela numa confus o clamando Pr mios Pr mios Alice n o tinha a menor id ia do que fazer desesperada meteu a m o no bolso tirou uma caixa de confeitos por sorte 40 ILUSTRA O 6 P G 33 A corrida eleitoral a gua salgada n o tinha entrado ali e come ou a distribu los como pr mios Tinha exatamente um para cada Mas ela tamb m deve ser premiada n o disse o Rato 41 claro respondeu o Dodo com ar s rio O que mais voc tem no bolso prosseguiu ele voltando se para Alice S um dedal respondeu tristemente Alice D me aqui disse o Dodo Ent o todos se ajuntaram outra vez em volta dela enquanto o Dodo solenemente lhe oferecia o dedal dizendo Rogamos lhe que aceite este elegante dedal Assim que ele encerrou este breve discurso todos aplaudiram Alice achou tudo um grande absurdo mas todos pareciam t o s rios que ela n o ousou dar risada E como n o achava nada para dizer ela simplesmente fez uma mesura pegou o dedal e olhou para ele da maneira mais solene poss vel Em seguida come aram a comer os confeitos Isso causou grande barulho e confus o pois os p ssaros maiores reclama vam
87. no primeiro dia disse a Falsa Tartaruga nove no segundo e assim por diante Que hor rio curioso exclamou Alice por isso que se chamavam cursos observou o Grifo porque ficavam cada dia mais curtos Era uma id ia t o nova para Alice que ela teve de pensar um pouco antes de fazer outro coment rio Ent o o d cimo primeiro dia devia ser sempre feriado n o claro disse a Falsa Tartaruga E como voc s faziam no d cimo segundo insistiu Alice Chega de falar de li es interrompeu o Grifo em tom muito decidido Conte lhe agora alguma coisa sobre jogos 120 CAP TULO 10 A QUADRILHA DA LAGOSTA dorso de uma nadadeira sobre os olhos Olhou para Alice e tentou falar mas por um ou dois minutos os solu os lhe abafaram a voz Parece que ela tem um osso entalado na garganta disse o Grifo E come ou a chacoalh la e bater lhe nas costas Finalmente a Falsa Tartaruga recobrou a voz e p de prosseguir Voc n o deve ter vivido muito no fundo do mar Na verdade nunca disse Alice e talvez voc jamais tenha sido apresentada a uma lagosta Alice come ou a dizer Uma vez provei mas controlou se a tempo e disse N o nunca voc n o faz id ia de qu o deliciosa seja a Quadrilha da Lagosta N o mesmo disse Alice Que tipo de dan a Bem disse o Grifo primeiro forma se uma f
88. noyjn sow o opjua S8 DVd TT OVIVALSATI 90 es sem resposta Se voc conhecesse o Tempo t o bem quanto eu conhe o disse o Chapeleiro voc n o falaria em gast lo como uma coisa Ele algu m N o sei o que voc quer dizer disse Alice claro que voc n o sabe disse o Chapeleiro inclinando a cabe a com desd m Eu diria at mesmo que voc nunca falou com o Tempo Talvez n o respondeu Alice com cautela mas sei que devo marcar o tempo quando aprendo m sica Ah Isso explica tudo disse o Chapeleiro Ele n o suporta ser marcado Agora se voc mantivesse com ele boas rela es ele faria qualquer coisa que voc quisesse com o rel gio Por exemplo suponha que fossem nove horas da manh justamente a hora de come arem as li es voc teria apenas de sussurrar uma dica ao Tempo e o ponteiro giraria num piscar de olhos uma e meia hora do almo o Como eu gostaria que fosse assim mesmo sussurrou a Lebre de Mar o para si mesma Seria fant stico com certeza disse Alice pensativa mas ent o eu ainda n o estaria com fome n o N o a princ pio talvez disse o Chapeleiro mas voc poderia permanecer uma e meia por quanto tempo quisesse assim que voc faz indagou Alice O Chapeleiro balan ou a cabe a com desgosto Eu n o disse N s brigamos em mar o passado lo
89. nto nos ltimos minutos que n o estava nem um pouquinho receosa de interromp lo eu lhe pagarei seis pence Pois eu acho que n o tem um pingo de sentido em tudo isso Todos os jurados anotaram em suas lousas Ela acha que n o tem um pingo de sentido em tudo isso por m nenhum arriscou se a explicar o documento Se n o faz sentido algum disse o Rei temos um problema a menos pois n o precisaremos tentar encontrar um Mas n o sei continuou ele estendendo os versos sobre seu joelho e espreitando os com um olho s acho que afinal de contas algum sentido eu vejo aqui disse que eu n o sei nadar Voc n o sabe nadar sabe perguntou voltando se para o Valete O Valete balan ou a cabe a com tristeza Pare o saber disse ele E com certeza n o parecia sendo todo feito de cartolina Tudo bem at aqui disse o Rei e continuou a murmurar para si mesmo os versos 0 que verdade trata se do tribunal claro se ela insistisse na quest o deve ser a Rainha o que seria de voc s pode ser dei lhe uma deram lhe duas ora deve ser o que ele fez com as tortas n o acham Mas e a continua o dele a voc voltaram todas indagou Alice Ora est o todas ali exclamou o Rei com ar de triunfo apontando para as tortas sobre a mesa N o h nada mais evidente do que isso E depois vem quando ela teve aq
90. o um pouco para si pr pria enquanto nadava pregui osamente naquele mar e ela fica ronronando t o lindinha perto da lareira lambendo suas patas e limpando seu rosto e t o macia de se acariciar e t o necess ria para ca ar camundongos Oh Perdoe me por favor implorou Alice de novo pois dessa vez o Rato estava todo eri ado e ela teve certeza de que o ofendera verdadeiramente N o falaremos mais dela se voc preferir N s N o diga berrou o Rato que estava tr mulo at a ponta do rabo Como se eu tivesse falado de um tal assunto Nossa fam lia sempre detestou gatos animais s rdidos reles vulgares N o me fale essa palavra de novo Juro que n o falarei mais disse Alice com pressa de mudar o assunto da conversa Voc gosta de gosta de cachorros O Rato n o respondeu ent o Alice prosseguiu entusiasmada Tem um cachorrinho t o bonito perto de nossa casa queria que voc o conhecesse Um pequenino terrier com olhos brilhantes sabe e com um longo p lo castanho encaraco lado Ele vai buscar tudo o que atiramos para ele sabe sentar se 9 O estma chatte franc s onde est minha gata pron ncia u ma chatfe 10 Eri ado arrepiado 11 Terrier ingl s pron ncia t rier pequeno c o ca ador 35 DnEp p baoJ nojnd 2 ojjpssaaqos UN 2421 O01PY O LU DYd SOVIVALSATI 36 e pedir sua refei o e tantas outras coisas n o
91. o estava t o apertado contra os p s que ela mal podia abrir a boca Por fim conseguiu engolir um pouco do peda o da m o esquerda x x x x x 68 Que bom ao menos minha cabe a est livre falou Alice com grande al vio que logo depois se transformou em susto quando ela percebeu que seus ombros n o estavam em lugar nenhum tudo o que ela conseguia ver ao olhar para baixo era uma imensa extens o de pesco o que parecia erguer se como uma chamin do mar de folhas verdes que estavam bem abaixo dela O que ser todo aquele verde perguntou se Alice E onde foram parar meus ombros E minhas pobres m ozinhas como que eu n o vejo voc s Ela chacoalhava as m os enquanto falava mas sem nenhum resultado s via uma ligeira agita o em meio s distantes folhas verdes Como n o parecia haver a menor chance de trazer suas m os para perto da cabe a Alice tentou levar sua cabe a at as m os e ficou encantada ao descobrir que podia mover seu pesco o facilmente em qualquer dire o como uma serpente Ela conseguiu curv lo em um gracioso ziguezague e ia mergulhar entre as folhas que descobriu serem nada mais que a copa das rvores sob as quais estivera vagando quando um silvo agudo a fez recuar s pressas Uma grande pomba voara de encontro ao seu rosto e estava batendo nela violentamente com as asas Serpente gritou a Pomba Eu n o sou uma serpente disse Alice indignad
92. onho de sua irm zinha As longas folhas de relva farfalhavam sob seus p s enquanto o Coelho Branco passava apressado O Rato amedrontado agitava a gua ao passar na lagoa ali pertinho Ela podia ouvir o tinir das x caras de ch enquanto a Lebre de Mar o e seus amigos compartilhavam seu infind vel lanche e a voz aguda da Rainha condenando execu o seus infelizes convidados Outra vez o beb porquinho espirrava no colo da 65 Farfalhar fazer ru do de folhas 66 Tinir soar agudamente 151 Duquesa enquanto pratos e travessas se estra alhavam ao redor Outra vez o guincho do Grifo o ranger do giz do Lagarto os aplausos abafados dos porquinhos da ndia encheram o ar misturados com os long nquos solu os da pobre Falsa Tartaruga Continuou ali sentada com os olhos fechados quase acreditando estar no Pa s das Maravilhas mas sabendo que bastaria abrir de novo os olhos e tudo voltaria prosaica realidade o farfalhar da relva se deveria apenas ao vento e a agita o da lagoa apenas ao ondular dos juncos o tinir das x caras se transformaria no chocalho das ovelhas que por ali pastavam e os berros estridentes da Rainha na voz do pastor os espirros do beb o guincho do Grifo e todos os outros estranhos ru dos se transformariam ela sabia disso no confuso burburinho das atividades do campo enquanto o mugido do rebanho ao longe tomaria o lugar dos profundos solu os da Falsa Tartaruga Por fim
93. or um momento fez se um sil ncio mortal e Alice pensou O que ser que eles v o fazer agora Se tivessem bom senso tirariam o telhado Ap s um ou dois minutos come aram a mover se de novo e Alice ouviu o Coelho dizer Uma carriola cheia basta para come ar Uma carriola cheia de qu pensou Alice Mas n o teve muito tempo para pensar pois logo em seguida uma chuva de pedrinhas come ou a sacudir a janela e algumas lhe acertaram o rosto Vou p r um fim nisso disse consigo e gritou melhor voc s pararem o que produziu mais um sil ncio mortal Alice percebeu com certa surpresa que todas as pedrinhas estavam se transformando em pequenos bolos conforme ca am no ch o E teve uma brilhante id ia se eu comer um desses bolos pensou certo que ocorrer alguma mudan a no meu tamanho E como n o posso crescer mais acho bem prov vel que eu diminua Engoliu um dos bolinhos e surpreendeu se ao ver que tinha come ado a encolher instantaneamente Assim que atingiu o tamanho suficiente para passar pela porta correu para fora da 20 Carriola carrinho de duas rodas 55 ILUSTRA O 11 P G 49 V o peg lo voc s a perto da cerca 56 casa e encontrou uma pequena multid o de bichos e aves esperando ali Bill o pobre lagartinho estava no meio amparado por dois porquinhos da ndia que lhe davam algo para beber de uma garrafa Todos se voltaram bruscam
94. ora n o mais que trinta cent me tros de altura Seu rosto iluminou se ao pensar que atingira o tamanho certo para passar pela pequena porta que dava naquele belo jardim Por m antes de mais nada ela esperou alguns minutos para ver se diminuiria ainda mais ficou um pouco nervosa com isso porque precisa ter um fim n o disse Alice a si mesma sen o acabarei como uma vela O que seria eu ent o E tentou imaginar como pareceria a chama de uma vela depois que a vela acabasse mas n o se lembrava de ter 22 24 visto alguma vez na vida coisa semelhante Depois de esperar um pouco vendo que nada mais acontecia decidiu ir de uma vez por todas ao jardim Mas que azar da pobre Alice quando chegou porta lembrou que tinha esquecido a chavezinha dourada e ao voltar mesa para apanh la constatou que seria imposs vel alcan la podia v la muito bem atrav s do vidro e tentou de tudo para escalar uma das pernas da mesa mas era muito escorregadia Quando se cansou de tentar a pobrezinha sentou se e chorou Vamos de que serve chorar assim disse Alice a si mesma asperamente Aconselho voc a parar com isso agora mesmo Ela geralmente dava conselhos muito bons a si pr pria embora raramente os seguisse e s vezes se repreendia t o severamente que seus olhos se enchiam de l grimas lembrou se que uma vez tentara dar um pux o nas pr prias orelhas por ter trapaceado numa partida de
95. ou beber naquelas circunst n cias Havia por m um grande cogumelo ali perto mais ou menos da sua altura depois de olhar embaixo dele dos lados e atr s ocorreu lhe que poderia muito bem olhar em cima e ver se havia algo ali Esticou se na ponta dos p s e espiou em cima do cogumelo Seus olhos imediatamente encontraram os de uma grande lagarta azul que estava sentada bem no topo do cogumelo com os bra os cruzados fumando calmamente um longo narguil sem prestar a m nima aten o a ela ou a qualquer outra coisa 23 Ran nculo tipo de arbusto 24 Narguil tipo de cachimbo oriental composto por um longo tubo e um recipiente com gua que a fuma a atravessa antes de chegar boca 60 CAP TULO 5 CONSELHOS DE UMA LAGARTA Lagarta e Alice olharam se por algum tempo em sil ncio Por fim a Lagarta tirou o cachimbo da boca e dirigiu se a Alice com voz l nguida e sonolenta Quem voc N o era um come o de conversa encorajador Alice respondeu muito t mida Eu j nem sei minha senhora nesse momento Bem eu sei quem eu era quando acordei esta manh mas acho que mudei tantas vezes desde ent o O que voc quer dizer com isto perguntou a Lagarta com rispidez Explique se melhor Acho que eu mesma n o posso me explicar melhor senho ra disse Alice porque eu n o sou eu mesma compreende N o n o compreendo respondeu a Lagarta Temo n o poder ex
96. ou em sil ncio O Dormidongo a esta altura fechara os olhos e estava cochilando Por m ao ser beliscado pelo Chapeleiro despertou soltando um gritinho e continuou tudo o que come ava com L como por exemplo luneta livro l pis letras sabe Como quando se diz tirar de letra Voc s j viram algo como tirar da letra a letra Para dizer a verdade agora que voc perguntou disse Alice cada vez mais confusa eu n o sei se Ent o n o deveria dizer nada disse o Chapeleiro Esta indelicadeza ia al m do que Alice podia suportar indignada levantou se e caminhou afastando se dali O Dormidongo dormiu imediatamente e nenhum dos outros prestou a menor aten o sua sa da embora ela tivesse olhado uma ou duas vezes para tr s com a esperan a de que a chamassem de volta A ltima vez que os viu estavam tentando enfiar o Dormidongo na chaleira Aconte a o que acontecer jamais voltarei quele lugar falou Alice tomando a dire o do bosque Foi o ch mais absurdo de que j participei em toda a minha vida Ao dizer isto percebeu que no tronco de uma das rvores havia uma porta Muito estranho pensou Mas tudo est estranho hoje Acho que posso muito bem ir entrando E entrou 96 Mais uma vez se achou na grande sala perto da mesinha de vidro Desta vez farei tudo certo disse consigo E come ou pegando a chavezinha dourada e destrancando a port
97. outro crescendo um pouco e encolhendo outro tanto at conseguir voltar sua altura normal Fazia tanto tempo que ela n o tinha o seu tamanho normal que a princ pio sentiu se um pouco estranha Mas logo se habituou e como de costume come ou a conversar consigo mesma Muito bem j realizei metade do meu plano Que confus o essas mudan as todas Nunca sei o que vai me acon tecer de um momento para o outro Pelo menos voltei ao meu tamanho normal a pr xima etapa entrar naquele delicioso jardim Eu s queria saber como fazer isso Enquanto dizia estas palavras encontrou se diante de uma clareira com uma casinha de aproximadamente um metro de altura no meio Seja quem for que more a pensou Alice n o seria bom que eu entrasse com este tamanho tomariam um susto de matar Ent o outra vez comeu um pedacinho do cogumelo da m o direita e n o se aventurou a se aproximar da casa antes que diminu sse at uns vinte e cinco cent metros de altura 72 CAP TULO 6 PORCO E PIMENTA urante um ou dois minutos Alice ficou parada diante da casa perguntando a si mesma o que fazer De repente surgiu correndo do meio do bosque um mordomo de libr ela achou que era um mordomo por causa da libr pois a julgar apenas pela sua cara ela diria que era um peixe o qual bateu ruidosamente porta com os n s dos dedos Abriu a um outro mordomo de libr com uma cara redonda e grandes olhos de sapo Am
98. pas a Vossa Majestade come ou ele por trazer isso at aqui mas eu ainda n o acabara meu ch quando fui chamado Devia ter acabado disse o Rei Quando come ou O Chapeleiro olhou para a Lebre de Mar o que o acompanhara ao tribunal de bra os dados com o Dormidongo Quatorze de mar o eu acho disse ele Quinze emendou a Lebre de Mar o Dezesseis prop s o Dormidongo Tomem nota disso disse o Rei ao j ri E o jurados prontamente anotaram as tr s datas em suas lousas depois as somaram e por fim converteram o resultado em shillings e pence Tire o seu chap u disse o Rei ao Chapeleiro N o meu respondeu o Chapeleiro Roubado exclamou o Rei voltando se para o j ri que instantaneamente tomou nota do fato 57 Esses versos traduzidos por Isabel De Lorenzo s o o in cio de um poema infantil da poca que se tornou c lebre por aparecer em Alice 58 Veredicto decis o proferida pelo tribunal senten a 59 Shillings e pence subdivis es da libra unidade monet ria inglesa 136 Eu os uso para vender prosseguiu o Chapeleiro explicando se nenhum deles meu Sou um chapeleiro Neste ponto a Rainha p s os culos e come ou a encarar o Chapeleiro que ficou p lido e tr mulo D o seu depoimento disse o Rei e n o fique nervoso sen o mandarei execut lo imediatamente Parece que isso n o encorajou n
99. plicar melhor replicou Alice educa damente porque eu mesma n o posso entender para come ar ter tantos tamanhos diferentes em um s dia muito confuso N o n o falou a Lagarta Bem talvez a senhora ainda n o tenha passado por isso disse Alice mas quando a senhora se transformar numa cris lida e isso vai acontecer um dia a senhora deve saber e depois numa borboleta eu acho que vai sentir se um pouco estranha n o vai Nem um pouco respondeu a Lagarta Bem talvez os seus sentimentos sejam diferentes disse Alice mas o que sei que tudo isso parece muito estranho para mim Voc falou a Lagarta com desprezo Quem voc Isso as conduzia de novo ao in cio da conversa Alice ficou 61 ILUSTRA O 14 P G 57 A Lagarta e Alice olharam se por algum tempo 62 um pouco irritada com o fato de a Lagarta ficar fazendo tais interrup es Empinou se e disse em tom muito s rio Acho que a senhora que devia me dizer primeiro quem Por qu disse a Lagarta A estava outra quest o complicada Como n o encontrou nenhuma boa raz o e a Lagarta parecia estar num esp rito muito desagrad vel Alice virou as costas para ir embora Volte chamou a Lagarta Tenho algo importante a dizer Isto sem d vida parecia promissor Alice voltou Mantenha a calma disse a Lagarta tudo perguntou
100. pois teve tempo de sobra durante a queda para olhar em volta e perguntar se o que iria acontecer em seguida Primeiro tentou olhar para baixo para ver aonde estava indo mas estava escuro demais para ver qualquer coisa ent o olhou para as paredes do po o e notou que estavam cheias de arm rios e prateleiras aqui e ali viu mapas e quadros pendurados Enquanto passava pegou de uma das prateleiras um pote tinha o r tulo GEL IA DE LARANJA mas para seu desapontamento estava vazio n o quis jogar fora o pote com medo de acertar mortalmente algu m l embaixo ent o esfor ou se por coloc lo de volta em uma das prateleiras enquanto passava Bom pensou Alice depois de um tombo desses n o vou achar nada demais cair de uma escada Todos l em casa v o pensar que fiquei muito corajosa N o lhes vou contar nada mesmo se cair do telhado O que era bem poss vel que acontecesse Caindo caindo caindo Esta queda n o acabaria nunca Queria saber quantos quil metros j desci nesse tempo todo disse em voz alta Devo estar chegando perto do centro da terra Deixe me ver devem ser uns seis mil quil metros por a porque como se v Alice aprendera muitas coisas desse tipo na escola e embora essa n o fosse uma oportunidade l muito boa para mostrar seus conhecimentos uma vez que n o havia ningu m para escut la contudo era sempre bom praticar um pouco sim a dist ncia mais ou
101. que eu mudei durante a noite Vamos ver eu era a mesma quando me levantei esta manh Estou quase me recordando que me sentia um pouquinho diferente Mas se eu n o sou mais a mesma a pergunta Quem afinal eu sou Ah a que est o problema E come ou a pensar em todas as meninas que conhecia e que tinham a sua idade para ver se teria se transformado em alguma delas Com certeza n o sou Ada disse porque ela tem longos cabelos cacheados e eu n o tenho um cacho sequer Com certeza 30 ILUSTRA O 4 P G 23 O coelho sobressaltou se violentamente tamb m n o sou Mabel porque eu sei muitas coisas e ela ah ela n o sabe quase nada Al m do mais ela ela e eu sou eu e oh meu Deus como complicado isso tudo Quero saber se ainda sei tudo o que sabia Vamos ver quatro vezes cinco doze quatro vezes seis treze quatro vezes sete oh meu Deus Desse jeito nunca chegarei a vinte Em todo caso vamos deixar de lado a Tabuada e tentar Geografia Londres a capital de Paris Paris a capital de Roma Roma N o est tudo errado tenho certeza Devo ter me transformado em Mabel Vou tentar recitar A abelhinha diligente Cruzou as m os sobre o colo como se estivesse decorando uma li o e come ou a recitar Mas sua voz parecia rouca e estranha e as palavras n o sa ram como costumavam sair Olha o pequeno crocodilo Que ao sol estende a cauda Ban
102. que quase n o tinham podido sentir o gosto enquanto os menores engasgavam e tiveram de levar tapinhas nas costas Enfim tudo terminou e todos sentaram se outra vez em roda pedindo ao Rato que lhes contasse mais alguma coisa Voc me prometeu contar sua hist ria lembra se falou Alice e dizer por que detesta tanto os c os g acrescentou num sussurro com medo que ele se ofendesse de novo Minha hist ria longa e triste como uma cauda disse o Rato voltando se para Alice e suspirando De fato uma longa cauda disse Alice olhando com espanto para o rabo do Rato mas por que dizer que triste E ela continuou remoendo esta pergunta enquanto o Rato falava de modo que a id ia que ela guardou da hist ria foi mais ou menos assim 16 Um dos muitos trocadilhos deste livro tale pron ncia t il pode significar tanto hist ria conto quanto cauda rabo 42 Lino en contra na sala um ratinho e lhe fala vou le var te Justi a pois se r s pro cessa do Che ga j de ar gumen to h de h ver jul gamento dado que esta ma nh n o estou 0 cupado Senhor tal julga mento se r perda de tem po diz o rato ao felino sem Juiz juri ou corte Lino astuto lhe diz serei juri e juiz vou julgar teea senten a ser a pe na de morte 43 ILUSTRA O 7 P G 37 Minha hist ri
103. que um deles n o sabia escrever est pido e teve de pedir ajuda ao vizinho Imagino a confus o em que estar a lousa deles quando o julgamento acabar pensou Alice Um dos jurados tinha um giz que rangia E isso evidente mente Alice n o podia suportar Deu a volta no tribunal e postou se atr s dele at encontrar uma oportunidade de tomar lhe o giz Ela foi t o r pida que o pobre jurado era Bill o Lagarto n o se deu conta do que acontecera ent o depois de procur lo por toda parte foi obrigado a escrever com o dedo pelo resto do dia o que n o adiantava muito pois o dedo n o deixava marca alguma na lousa Arauto leia a acusa o disse o Rei E ent o o Coelho Branco soou tr s vezes a corneta desenrolou o pergaminho e leu o que se segue 56 Arauto mensageiro que na Idade M dia anunciava publicamente as proclama es oficiais 135 A Rainha de Copas assou umas tortas num dia de ver o O Valete de Copas roubou essas tortas sem nenhuma raz o Profiram o veredicto disse o Rei ao j ri Ainda n o ainda n o interveio apressadamente o Coelho Ainda falta muita coisa antes disso Chame a primeira testemunha disse o Rei O Coelho Branco soou tr s vezes a corneta e bradou Primeira testemu nha A primeira testemunha era o Chapeleiro Ele entrou com uma x cara de ch numa m o e um peda o de p o com manteiga na outra Pe o descul
104. ra esconder um sorriso as outras aves riram descaradamente O que eu ia dizer prosseguiu o Dodo com voz ofendida era que nada melhor para nos secar do que uma corrida 39 eleitoral E o que uma corrida eleitoral perguntou Alice n o porque quisesse realmente saber mas porque o Dodo fizera uma pausa como se algu m devesse perguntar mas ningu m parecia inclinado a dizer nada Ora disse o Dodo a melhor maneira de explicar isso fazer E como voc s talvez queiram experimentar essa tal corrida em algum dia de inverno vou contar lhes exatamente o que fez o Dodo Primeiro demarcou a pista tra ando uma esp cie de c rculo a forma exata n o importa muito explicou ele depois toda a turma foi colocada em fila ao longo da pista aqui e acol N o havia nada de Um dois tr s j pois cada um come ava a correr quando quisesse e parava tamb m quando quisesse de modo que n o era nada f cil saber quando a corrida terminava Todavia depois de terem corrido por mais ou menos meia hora e estarem j quase secos de novo o Dodo gritou de repente Acabou a corrida E todos se juntaram em torno dele ofegantes perguntando Mas quem ganhou O Dodo teve de refletir muito antes de responder a essa pergunta Ficou por longo tempo com um dedo apoiado sobre a fronte na mesma posi o em que geralmente se v retratado Shakespeare enquanto todos esperavam em sil ncio E
105. s quero ver o que esta garrafa faz Espero crescer de novo pois estou realmente cansada de ser uma coisinha t o pequena E de fato aconteceu mas muito mais r pido do que ela esperava antes de ter bebido a metade da garrafa sentiu sua cabe a batendo contra o teto e teve de curvar se para n o quebrar o pesco o P s logo a garrafa no ch o dizendo para si mesma acho que basta espero n o crescer ainda mais pois assim como estou j n o conseguirei passar pela porta seria melhor n o ter bebido tanto Coitada Era tarde demais para desejar isso Continuou crescendo e crescendo e logo teve de ajoelhar se mais um minuto e j nem caberia mais no quarto Tentou deitar se no ch o com um cotovelo apoiado porta e o outro bra o enrosca 50 do sobre a cabe a Mas ainda continuou crescendo e como ltimo recurso p s um bra o para fora da janela e uma perna por dentro da chamin dizendo para si mesma agora n o posso fazer mais nada aconte a o que acontecer O que ser de mim Para sorte de Alice o efeito da garrafinha m gica termina ra e elan o cresceu mais por m ainda estava muito desconfor t vel e como n o lhe parecia existir nenhuma chance de sair daquele quarto naturalmente ela se sentia infeliz Era muito mais agrad vel l em casa pensou a pobre Alice quando n o se ficava crescendo e diminuindo o tempo todo nem recebendo ordens de ratos e coelhos Eu quase desejaria
106. s sua observa o Ficarei 75 sentado aqui foi dizendo ele de vez em quando por dias e dias Mas e eu como devo fazer falou Alice Como voc quiser disse o Mordomo e come ou a assobiar Ora n o adianta falar com ele falou Alice desesperada um perfeito idiota Ent o abriu a porta e entrou A porta abria se diretamente para uma ampla cozinha que estava enfuma ada de uma ponta outra A Duquesa estava sentada no centro num banco de tr s pernas ninando um beb A cozinheira estava inclinada sobre o fog o mexendo um enorme caldeir o que parecia cheio de sopa Com certeza tem pimenta demais naquela sopa disse Alice a si mesma enquanto espirrava Tinha certamente muita pimenta naquele ar At a Duquesa espirrava de quando em quando E quanto ao beb espirrava e berrava alternadamente sem um instante de pausa As duas nicas criaturas naquela cozinha que n o espirravam eram a cozinheira e um grande gato que estava deitado junto ao fogo sorrindo de uma orelha outra Por favor disse Alice um pouco t mida pois n o estava certa se era de bom tom ela falar primeiro poderia me dizer por que o seu gato sorri daquele jeito um gato de Cheshire falou a Duquesa por isso Porqueira Ela pronunciou a ltima palavra com tal viol ncia que Alice quase deu um pulo mas logo percebeu que se dirigia ao beb e n o a ela ent o
107. s que naquele tempo eram bem conhecidos de todos e portanto deviam provocar riso imediato S o exemplos deste tipo Olha o pequeno crocodilo cap 2 Est s velho Pai William cap 5 a cantiga de ninar da Duquesa cap 6 a Quadrilha da Lagosta cap 10 O pregui oso falou cap 10 a Sopa de Tartaruga cap 10 Ainda hoje compreendidos no contexto da narrativa esses poemas s o engra ados mesmo para um leitor que j n o conhe a os versos originais a que se referem satiricamente O outro poema que aparece em Alice o da cauda do Rato cap 3 um tipo de poesia especial muito raro embora exista desde a Antigiidade um poema figurado ou em forma de 12 coisa em que os versos s o organizados para compor figuras Neste exemplo not vel Carroll utiliza o tamanho das letras cada vez menores e a disposi o inusitada das linhas no espa o da p gina para produzir a figura do rabo de um rato 3 Fortuna de Alice Ao contr rio de muitos livros que inicialmente foram concebidos como literatura para adultos e que somente depois passaram a ser considerados como literatura infantil exemplos Robinson Crusoe de Daniel Defoe e As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift Alice no Pa s das Maravilhas foi desde sempre imaginado como texto para ser lido por crian as Mas curiosamente sofreu um caminho inverso passando com o tempo a ser considerado um texto para adultos
108. sa central na lingii sti caena filosofia a rela o corpo mente uma das preocupa es mais intrigantes da filosofia em todos os tempos etc Diante disso n o seria exagero afirmar que este foi considerado um livro para crian as porque discrepava muito dos padr es convencionais para poder ser pacificamente aceito pelo universo adulto de sua poca Depois isso deixou em parte de ser verdade porque as hist rias de Alice passaram a ser lidas tanto por crian as em adapta es pois para elas o livro demasiado complexo quanto por pessoas mais velhas desde jovens em busca de divers o at especialistas em literatura ou filosofia cada um buscando o que corresponde a seu interes se e cada um vendo um lado real deste livro de muitos lados N o obstante Alice nunca deixou de ser o que sempre foi um livro de prazer para leitores de todas as idades uma experi ncia das mais surpreendentes e deliciosas que o mundo dos livros pode oferecer narrativa fluente e rica linguagem brilhante e simples divers o num ritmo de intelig ncia veloz n o de burrice veloz como ocorre hoje em clips games e em muito da televis o e do cinema Que uma obra assim pudesse ser lida at por crian as hoje parece um verdadeiro milagre E que sua leitura seja dever escolar para um estudante que n o se deixe levar por preconceitos a demonstra o de que escola e prazer n o precisam estar separados Sobre as ilustra es Optou
109. sanimado E pensou S queria que essas criaturas n o se ofendessem com tanta facilidade Com o tempo voc vai se acostumar disse a Lagarta colocando o cachimbo na boca E come ou a fumar outra vez Desta vez Alice esperou pacientemente at que ela resolvesse falar de novo Ap s um ou dois minutos a Lagarta afastou o narguil bocejou uma ou duas vezes e espregui ou se Depois desceu do cogumelo e saiu rastejando pela grama dizendo simplesmente enquanto se afastava Um lado far voc crescer o outro far voc diminuir Um lado de qu O outro lado de qu pensou Alice com seus bot es Do cogumelo disse a Lagarta como se Alice tivesse perguntado em voz alta Logo depois sumiu de vista Alice ficou olhando pensativamente para o cogumelo durante um minuto tentando descobrir quais seriam os dois lados pois como o cogumelo era perfeitamente redondo pareceu lhe uma dif cil quest o Entretanto ela esticou os bra os em volta dele o mais distante poss vel um do outro e tirou um pedacinho de cada lado E agora qual qual disse a si mesma E experimentou um pedacinho da direita para ver o efeito Imediatamente sentiu um violento impacto sob o queixo ele tinha batido nos p s Ela ficou assustad ssima com esta s bita mudan a mas achou que n o havia tempo a perder pois estava encolhendo r pido demais esfor ou se ent o para comer um pedacinho do outro lado Seu queix
110. sente tradu o apesar de destinada a um p blico jovem recusa a diferencia o entre um texto para crian as e um texto para adultos e pretende oferecer leitura agrad vel para todos aqueles que desejem conhecer acompanhar e divertir se com as aventuras de Alice mais uma vez recriadas na medida do poss vel em portugu s Os poemas que permeiam o texto com a exce o de dois Sopa de Tartaruga e A Rainha de Copas assou umas tortas foram traduzidos especialmente por Nelson Ascher 14 ALICE NO PA S DAS MARAVILHAS N s deslizamos vontade Na tarde que dourada Bracinhos remam de maneira Mais que desajeitada Enquanto em v o m ozinhas fingem Guiar nossa jornada Ah trio cruel que em tal momento Num tempo encantador Pede me um conto e eu sem alento Nenhum Que pode opor por m uma nica voz t bia A um triplo Por favor Prima imperiosamente exige Come a sem demora Secunda doce e quer que seja Meio insensata a hist ria Enfim Tertia interrompe o conto Somente a toda hora Tarde dourada O c lebre passeio de barco pelo Rio T misa em Oxford reuniu Carroll um professor seu colega e as tr s irm s Liddell Foi durante esse passeio ocorrido em 4 de Julho de 1862 que Carroll elaborou a hist ria b sica de Alice no Pa s das Maravilhas inventando a medida que a contava s meninas o trio cruel aqui designadas como Prima primeira
111. seu nome menina Meu nome Alice s ordens de Vossa Majestade disse muito educadamente E pensou com seus bot es Afinal s o apenas um baralho N o preciso ter medo deles E quem s o aqueles perguntou a Rainha apontando para os tr s jardineiros que ainda estavam no ch o perto da roseira Pois voc s podem imaginar que como eles estavam com o rosto virado para ch o e o desenho de suas costas era igualzinho ao do restante do baralho ela n o podia saber se eram jardineiros soldados cortes os ou seus pr prios filhos Como que eu vou saber disse Alice surpresa com sua pr pria coragem N o da minha conta A Rainha ficou vermelha de raiva e ap s encar la por alguns instantes como uma fera selvagem gritou Cortem lhe a cabe a Cortem lhe Bobagem disse Alice com voz alta e decidida enquanto a Rainha ficou calada O Rei tocou o bra o da esposa e disse timidamente Pense bem minha querida apenas uma crian a A Rainha furiosa afastou se dele e disse ao Valete Desvire os O Valete desvirou os cuidadosamente com o p Levantem se bradou a Rainha com voz estridente Os tr s jardineiros imediatamente se levantaram e come aram a fa zer rever ncias ao Rei Rainha aos infantes e a todo o mundo 101 ILUSTRA O 25 P G 99 Cortem lhe a cabe a 102 Parem com isso gritou a Rainha Est o me deixando ton
112. shire Agora terei com quem conversar Como vai indo disse o Gato assim que houve boca suficiente para falar Alice esperou aparecerem os olhos e ent o acenou com a cabe a in til falar com ele pensou antes que apare am as orelhas ou pelo menos uma delas Instantes depois surgiu a cabe a inteira Alice p s seu flamingo no ch o e come ou a fazer um relato do jogo sentindo se muito feliz de ter algu m para escut la O Gato devia estar pensando que j era suficiente aquela por o sua que estava vista pois o resto do corpo n o apareceu Acho que eles n o jogam de maneira correta come ou Alice em tom de queixa al m disso brigam tanto que imposs vel ouvir o que algu m fala e acho que n o t m regras muito definidas ou ent o ningu m obedece a elas e voc n o faz id ia de como confuso as coisas serem vivas Por exemplo o arco sob o qual eu deveria passar minha bola foi andando para o outro lado do campo e agora mesmo bem quando eu ia acertar o ouri o da Rainha ele saiu correndo ao ver o meu se aproximando Voc est gostando da Rainha disse o Gato em voz baixa Nem um pouco falou Alice ela t o Justo neste 106 momento notou que a Rainha estava atr s dela ouvindo tudo Da continuou competente no jogo que nem sei se vale a pena 1r at o final da partida A Rainha sorriu e passou ao largo Com quem e
113. sidera do por muitos como um dos mais importantes fot grafos do s culo XIX A fotografia possibilitou lhe tamb m aproximar se de muitas menininhas e travar pequenas amizades que por vezes chegaram a perdurar longos anos Em 1855 seu primeiro ano como professor em Oxford tornou se amigo do novo decano da faculdade Henry George Liddell No ano seguinte conheceu suas tr s filhas Lorina Charlotte Alice Pleasance e Edith esse dia foi registrado em seu di rio com particular entusiasmo Num dia de ver o de 1862 Carroll e um seu amigo o reverendo Duckworth fizeram um passeio de barco pelo rio T misa com as irm s Liddell Alice sua preferida entre as tr s contava ent o dez anos de idade Esse passeio marcou para sempre a vida do escritor foi ali com a mera inten o de divertir e agradar suas queridas crian as que Lewis Carroll inventou boa parte das aventuras de Alice no Pa s das Maravilhas Ele as inventava enquanto animadamente remava e as contava para as meninas para grande espanto do amigo que chegou a perguntar lhe se ele j 5 Liddell pron ncia aproximada l dl 10 n o tinha elaborado antes aquela narrativa extraordin ria A pedido da pr pria Alice Carroll escreveu a hist ria De pois de muitas altera es e de submeter o manuscrito aprecia o de alguns amigos publicou o texto em 1865 S muito mais tarde veio a escrever Atrav s do Espelho e as suas outras obras voltadas para o p blico
114. st falando disse o Rei aproximando se de Alice e observando a cabe a do Gato com grande curiosidade um amigo meu um Gato de Cheshire disse Alice permita me que o apresente A apar ncia dele n o me agrada muito disse o Rei em todo caso ofere o lhe minha m o para ser beijada Preferiria n o faz lo replicou o Gato N o seja insolente disse o Rei e n o me olhe dessa maneira Enquanto falava escondeu se atr s de Alice Um gato pode olhar de frente um rei disse Alice Li isso em algum livro n o me lembro em qual Bem ele deve ser removido da disse o Rei muito decididamente E chamou a Rainha que estava passando naquele momento Minha querida Eu gostaria muito que voc mandasse remover da este gato A Rainha s conhecia um jeito de solucionar todas as dificuldades fossem elas grandes ou pequenas Cortem lhe a cabe a clamou sem sequer olhar ao redor Eu mesmo vou buscar o carrasco disse o Rei com entusiasmo e saiu s pressas Alice pensou que o melhor seria voltar e ver como andava a partida uma vez que podia ouvir de longe a voz da Rainha gritando furiosamente J tinha ouvido a condena o morte de tr s jogadores por haver perdido a vez e n o estava gostando nada da situa o pois o jogo era de tal forma confuso que ela nunca sabia se chegara sua vez ou n o Ent o saiu procura de seu ouri o O ouri
115. ta E voltando se para a roseira prosseguiu O que voc s estavam fazendo aqui As ordens de Vossa Majestade disse o Dois em tom muito humilde ajoelhando se enquanto falava n s est vamos tentando Estou vendo disse a Rainha que enquanto isso examinara as rosas Cortem lhes a cabe a E o cortejo continuou tendo tr s dos soldados permanecido atr s para executar os infelizes jardineiros que por sua vez correram para Alice em busca de prote o N o ir o decapit los disse Alice E colocou os num grande vaso de flores que havia ali perto Os tr s soldados vagaram durante alguns minutos procurando os jardineiros mas depois seguiram sossegadamente atr s do cortejo Cortaram lhes as cabe as berrou a Rainha Suas cabe as se foram s ordens de Vossa Majestade berraram os soldados em resposta Muito bem berrou a Rainha Sabe jogar croquet Os soldados ficaram em sil ncio e olharam para Alice pois a pergunta era evidentemente dirigida a ela Sei gritou Alice Ent o venha rugiu a Rainha Alice juntou se ao cortejo querendo muito saber o que aconteceria em seguida Que dia que dia bonito n o murmurou uma vozinha t mida ao lado dela Alice estava caminhando ao lado do Coelho Branco que a observava com ar muito inquieto mesmo exclamou Alice Onde est a Duquesa Psiu Psiu fez o Coelho apressado olha
116. te momento o Coelho chegou porta e tentou abri la Mas como a porta abria para dentro e o cotovelo de Alice estava apoiado nela a tentativa do Coelho falhou Alice ouviu o dizer Vou dar a volta e entrar pela janela N o vai n o pensou Alice E ficou esperando at ouvir o Coelho chegar bem debaixo da janela Ent o fez um gesto brusco com a m o no ar como se fosse agarrar alguma coisa N o agarrou nada mas ouviu um gritinho uma queda e um barulho de vidro quebrando o que a fez concluir que ele possivelmente tivesse ca do numa estufa para pepinos ou coisa parecida Em seguida ouviu se uma voz col rica a do Coelho Pat Pat Onde est voc E ent o uma voz que ela nunca ouvira antes claro que estou aqui Estou colhendo ma s Excel ncia Colhendo ma s ora essa disse o Coelho irado Venha c Ajude me a sair disso Mais barulho de vidro quebrado Agora me responda Pat o que aquilo na janela claro que um bra o Excel ncia Ele pronunciava Incel ncia Como um bra o seu pateta Quem j viu um bra o desse tamanho Ora ora ele ocupa a janela inteira claro que ocupa Excel ncia mas n o deixa de ser um bra o Bem seja como for ele n o deveria estar ali V e tire o de l Houve um longo sil ncio depois disso e Alice s p de ouvir sussurros aqui e ali Tais como claro que eu n o estou
117. tida est bem melhor agora observou Alice para alongar um pouco a conversa mesmo disse a Duquesa e a moral disso O amor o amor que faz girar o mundo Ouvi algu m dizer murmurou Alice que isso ocorre quando cada um cuida de seus pr prios interesses Exatamente Quer dizer a mesma coisa falou a Duquesa fincando seu queixo pontudo no ombro de Alice e acres centando e a moral disso Cuide dos sentidos que os sons cuidar o de si mesmos Como ela gosta de achar uma moral em tudo pensou Alice com seus bot es Aposto que voc est pensando por que eu n o ponho o bra o em torno de sua cintura disse a Duquesa ap s uma pausa e a raz o que estou em d vida quanto ao temperamen to de seu flamingo Posso tentar Ele pode bicar respondeu Alice com prud ncia nem um pouco animada a tentar a experi ncia verdade disse a Duquesa os flamingos e a mostarda podem picar E a moral disso P ssaros da mesma plumagem voam em bando Acontece que a mostarda n o um p ssaro objetou Alice Certo como sempre disse a Duquesa Mas que clareza voc tem para expor as coisas um mineral eu acho concluiu Alice 113 ILUSTRA O 29 P G 111 Ora ora minha crian a disse a Duquesa 114 Claro que disse a Duquesa que parecia disposta a concordar com tudo o que Alic
118. u Nunca ouviu falar em Putrifica o exclamou ele Voc sabe o que significa purificar n o sabe Sim disse Alice indecisa significa deixar uma coisa mais pura Pois ent o continuou o Grifo se voc n o entende o que putrificar voc uma aparvalhada Alice n o se sentiu encorajada a fazer nenhuma outra pergunta sobre o assunto ent o virou se para a Falsa Tartaruga e disse O que mais se ensinava na escola Bem havia Esc ria respondeu a Falsa Tartaruga 119 enquanto contava as mat rias na nadadeira Esc ria antiga e moderna e tamb m Maregrafia e ainda Desdenho a professora de Desdenho era uma velha Lesma do Mar que vinha uma vez por semana e nos ensinava desdenhar e fintar sobre vela E como era isso perguntou Alice Bem n o posso mostrar agora disse a Falsa Tartaruga estou muito circunspecta E o Grifo nunca aprendeu isso N o tive tempo disse o Grifo pois freqiientei as Mat rias Cl ssicas O professor era um velho encaranguejado isso era Nunca estudei com ele disse a Falsa Tartaruga com um suspiro dizem que ele lecionava Letras Crespas e Ladinas Isso mesmo isso mesmo disse o Grifo solu ando por sua vez E as duas criaturas esconderam a face entre as patas E quantas horas de aula por dia voc s tinham perguntou Alice com pressa de mudar de assunto Dez horas
119. u a Falsa Tartaruga pensativa Gostaria muito de ouvi la tentar outra vez agora Pe a lhe para come ar E olhou para o Grifo como se pensasse que ele exercesse algum tipo de autoridade sobre Alice 127 ILUSTRA O 32 P G 127 Ent o Alice come ou a contar lhes as suas aventuras 128 Fique em p e recite O pregui oso falou disse o Grifo Como estas criaturas d o ordens e obrigam a recitar li es pensou Alice At parece que estou na escola Todavia levantou se e come ou a recitar mas sua cabe a estava t o cheia da Quadrilha da Lagosta que ela mal sabia o que estava dizendo E de fato as palavras sa ram muito estranhas A lagosta falou Me passaram do ponto vou cobrir os cabelos de a car e pronto N o com c lios qual pato mas sim com nariz Ela arruma se e exp e seus artelhos feliz Quando a areia est seca ela exulta zombando De qualquer tubar o mas sem d vida quando Na mar cheia muitos se agrupam por perto Sua voz desce a um tom meio t mido e incerto diferente do que eu aprendi quando era crian a disse o Grifo Bem eu nunca ouvi isso antes disse a Falsa Tartaruga mas me parece um absurdo fora do comum Alice n o disse nada sentou se com a cabe a entre as m os indagando a si mesma se alguma vez as coisas voltariam a ser como antes Eu gostaria de uma explica o disse a Falsa Tartaruga Ela n
120. uele 148 ataque mas voc nunca teve nenhum ataque n o querida disse ele Rainha Nunca berrou a Rainha furiosa atirando um tinteiro no Lagarto enquanto falava O pobrezinho do Bill tinha parado de escrever com o dedo na lousa quando descobrira que isso nada adiantava por m nesse momento recome ara diligentemente usando a tinta que escorria em seu rosto enquanto n o secava Ent o essas palavras n o atacam voc disse o Rei olhando para todos os presentes com um sorriso Fez se um sil ncio mortal brincadeira acrescentou em tom col rico e todo mundo riu Agora o j ri deve fazer o veredicto disse o Rei mais ou menos pela vig sima vez naquele dia N o n o berrou a Rainha Primeiro a senten a depois o veredicto Besteira bobagem disse Alice em voz alta Onde j se viu a senten a antes do veredicto Dobre sua l ngua disse a Rainha enrubescendo de raiva N o dobro n o retrucou Alice Cortem lhe a cabe a gritou a Rainha com o m ximo de sua voz Ningu m se moveu Quem se importa com voc disse Alice ela acabara de crescer at o seu tamanho normal Voc s n o passam de um ma o de cartas Naquele momento todo o baralho voou pelos ares e come ou a cair em sua dire o Alice deu um gritinho meio de susto meio de raiva e tentou abat los mas quando deu por 64 Enrubescer tornar
121. ugar onde o Gato tinha sumido de s bito ele reapareceu A prop sito o que aconteceu com o beb falou o Gato Quase ia me esquecendo de perguntar Virou um porquinho respondeu Alice muito tranquila mente como se o Gato tivesse voltado de maneira normal Era o que eu achava disse o Gato e desapareceu de novo 84 Alice esperou um pouco meio esperan osa de v lo outra vez mas ele n o apareceu Depois de um ou dois minutos p s se a caminhar na dire o em que morava a Lebre de Mar o J vichapeleiros antes disse consigo uma Lebre de Mar o deve ser bem mais interessante e al m disso como estamos em maio talvez ela n o esteja t o delirante ao menos n o t o louca quanto em mar o Ao dizer isto olhou para cima e l estava outra vez o Gato sentado num galho de rvore Voc disse porquinho ou coquinho 7 perguntou o Gato Eu disse porquinho respondeu Alice Eu gostaria muito que voc n o ficasse aparecendo e desaparecendo t o repentinamente Voc deixa qualquer um tonto Tudo bem disse o Gato E desta vez ele foi desapare cendo bem devagar come ando na ponta do rabo e terminando no sorriso que ainda permaneceu por algum tempo no ar depois que o resto j tinha sumido Epa Eu j vi muitos gatos sem sorriso pensou Alice mas nunca um sorriso sem gato a coisa mais curiosa que j vi em toda a minha vida
122. vermelho ruborizar 149 ILUSTRA O 38 P G 152 Naquele momento todo o baralho voou pelos ares 150 si estava deitada no barranco com a cabe a no colo de sua irm a qual delicadamente afastava algumas folhas secas que tinham ca do sobre seu rosto Acorde Alice querida disse sua irm Que sono pesado voc teve Ah eu tive um sonho t o esquisito disse Alice E come ou a contar irm tanto quanto podia recordar todas essas estranhas aventuras que voc s acabaram de ler Quando acabou sua irm a beijou e disse Foi um sonho curioso com certeza minha querida mas agora corra para tomar seu ch j est ficando tarde Ent o Alice levantou se e saiu correndo pensando enquanto isso que sonho maravilhoso tinha sido aquele Mas sua irm continuou onde estava com a cabe a apoiada na m o admirando o p r do sol e pensando na pequena Alice e em todas as suas maravilhosas aventuras At que ela mesma come ou a sonhar a seu modo e foi este o sonho Primeiro sonhou com a pequena Alice mais uma vez suas m ozinhas delgadas abra avam se ao joelho e seus olhos v vidos e brilhantes a fixavam podia at ouvir os tons de sua voz e ver aquele gesto singular que sempre faz com a cabe a para manter atr s as mechas de cabelo que teimavam em cair sobre seus olhos E enquanto escutava ou pensava escutar todo o ambiente em torno dela foi ocupado pelas estranhas criaturas do s
123. x cara limpa interrompeu o Chapeleiro Vamos todos mudar de lugar E avan ou um lugar enquanto falava O Dormidongo fez o mesmo A Lebre de Mar o foi para o lugar do Dormidongo Alice contra vontade foi para o lugar da Lebre de Mar o O nico que tirou alguma vantagem da mudan a foi o Chapeleiro Alice ficou bem pior do que antes pois a Lebre tinha acabado de derramar um jarro de leite no prato Como n o queria ofender outra vez o Dormidongo Alice recome ou com muita cautela N o estou entendendo De onde elas tiravam o melado Pode se tirar gua de um po o de gua n o disse o Chapeleiro Ent o suponho pode se tirar melado de um po o de melado n o imbecil Mas elas estavam dentro do po o disse Alice ao Dormidongo achando melhor n o tomar conhecimento desse 94 ILUSTRA O 23 P G 90 Viviam no fundo de um po o 95 ltimo coment rio claro que estavam disse o Dormidongo Estavam bem dentro do po o Esta resposta confundiu a tal ponto a pobre Alice que ela deixou o Dormidongo continuar por algum tempo sem interromp lo Elas estavam aprendendo a tirar prosseguiu o Dormi dongo bocejando e esfregando os olhos pois come ava a ficar com muito sono e tiravam todo tipo de coisas tudo o que come ava com a letra L Por que com L perguntou Alice E por que n o disse a Lebre de Mar o Alice fic

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