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1. D se psicologia individual uma import ncia desmedida e se valoriza exclusivamente as a es que visam adaptar o indiv duo Com isso psicologia e ideologia convergem a primeira se torna um dos elementos da t cnica que se aplica para manter a ordem social MAIA 2014 p 139 2 9 Contradi es e forma o da autonomia Ao longo do trabalho podemos entender que na pedagogia construtivista as crian as poderiam ser educadas moralmente quando colocadas em ambientes em que pudessem interagir numa rela o entre iguais sem interven o coercitiva de forma que pudessem 102 desenvolver o respeito m tuo Entretanto ao derivar as leis sociais a partir das leis do jogo de bolinhas Piaget abstrai todas as outras leis que regulam as outras rela es sociais Piaget acaba concluindo que a falta de rela es de coopera o que impede o desenvolvimento do Ju zo moral Quando Piaget inverte a dire o do desenvolvimento pressupondo o de dentro para fora do indiv duo para a sociedade ele imagina que a coopera o gera um ju zo moral aut nomo em que o sujeito capaz de seguir a lei n o porque exista coer o mas porque ele se coloca na posi o do outro Todavia quando invertemos o sentido do desenvolvimento colocando o de fora para dentro da sociedade para o indiv duo compreendemos que pelo fato de a lei ser contradit ria na sociedade ela expressa como moralidade contradit ria no indiv duo Adorno tam
2. 30 puro pois est sempre misturada responsabilidade subjetiva A idade m dia de aquisi o da responsabilidade objetiva de sete anos e da responsabilidade subjetiva 10 anos e se tirarmos a m dia destas unidades segundo os dois tipos objetivos e subjetivos de responsabilidade encontraremos uma idade m dia de sete anos para o tipo objetivo e de dez anos para o outro Como esta estat stica baseia se apenas em crian as de seis a doze anos vemos que em linhas gerais a responsabilidade objetiva tende a desaparecer com a idade em benef cio da responsabilidade subjetiva PIAGET 1994 p 126 Dessa forma surge um realismo moral que nasce do encontro da coa o com o egocentrismo A regra de n o mentir imposta pela coa o adulta lhe parecer desde ent o tanto mais sagrada e exigir a seus olhos uma interpreta o tanto mais objetiva quanto de fato n o corresponde a uma necessidade real e inferior de seu esp rito PIAGET 1994 p 131 Por outro lado a responsabilidade subjetiva inverte as interpreta es uma mentira mais grave quanto menos aparente A an lise das respostas das crian as mais velhas mostra que a inten o um elemento definidor da gravidade da mentira Logo estas respostas confirmam o que vimos a prop sito dos desajeitamentos e do roubo Os pequenos s o levados a desprezar a inten o para se ocupar apenas do pr prio resultado dos atos Os grandes ao
3. es de domina o e sujei o ao outro e tecnologia poderia auxiliar a resist ncia dos sujeitos Assim os problemas da autonomia e da emancipa o que tamb m est o diretamente relacionados ao campo da moralidade representam o n cleo da atividade educativa que visa a emancipa o 107 CONSIDERA ES FINAIS Como parte da reflex o realizada ao longo do texto e para fins de conclus o do trabalho pudemos observar que ao preconizar um percurso a priori de desenvolvimento do ju zo moral nas crian as Piaget Kohlberg e seus seguidores n o consideraram as contradi es presentes tanto em rela o aos indiv duos quanto sociedade Ao final de nosso trabalho pudemos observar que parece haver problemas que precisam ser identificados e discutidos em rela o s propostas de educa ao moral construtivista pois estas ao estabelecerem a equilibra o como uma tend ncia intr nseca dos organismos acabam por colocar como finalidade das intera es sociais no ambiente escolar a adapta o dos indiv duos em rela o ao meio em que se encontram Adapta o a uma suposta sociedade ideal democr tica Disto decorre uma teoria do ju zo moral que tende a ser adaptativa n o cr tica s condi es impeditivas do desenvolvimento de um ju zo moral aut nomo Para Piaget os est gios do ju zo moral se desenvolvem na medida em que a crian a interage com o meio em rela es de coopera o permitindo a constru o de est
4. o dos sujeitos a partir das tramas sociais e do quanto elas determinam suas consci ncias A forma o de sujeitos aut nomos passaria ainda por uma compreens o dos processos sociais e de seus reflexos sobre os indiv duos p 177 A nfase dos processos sociais sobre a subjetividade dos indiv duos marcada a todo momento como elemento primordial para a compreens o dos fen menos acerca de qualquer tentativa de entendimento do que venha a ser o ju zo moral Outros problemas decorreriam ao se considerar que os interesses individuais poderiam ser contr rios ao esperado e socialmente impostos aos indiv duos Maia 2012 ainda diz O problema fundamental da filosofia moral entretanto a diverg ncia entre os interesses do indiv duo o particular e a lei representante universal p 75 As contradi es entre os interesses particulares e universais ser o discutidas a seguir 89 2 6 Ambiguidade das leis Considerando que nossa rela o com a autoridade inescap vel pois nascemos incapazes e apesar de concordarmos com Piaget quando este diz que importante as crian as cooperarem entre si para poderem desenvolver o ju zo moral consideramos que as rela es de coopera o n o acontecem por natureza Al m disso as rela es de coopera o n o desenvolvem necessariamente uma postura cr tica em rela o s rela es de sujei o e domina o que existem na cultura O tipo de socializa o ao qual estam
5. o intelectual Todos notaram o parentesco que existe entre as normas morais e as normas l gicas a l gica uma moral do pensamento como a moral uma l gica da a o PIAGET 1994 p 295 Dessa l gica resulta ainda outra analogia de fundamental import ncia pois remete finalidade da educa o proposta por Piaget a autonomia Esse desenvolvimento moral intelectual resultaria na progressiva autonomia do indiv duo quanto mais cooperativas as rela es mais possivelmente os indiv duos caminhariam rumo a sua autonomia Piaget coloca que Donde uma terceira analogia entre o desenvolvimento moral e a evolu o intelectual s a coopera o leva autonomia PIAGET 1994 p 299 Em muitos momentos Piaget leva a crer que somente a necessidade de coopera o entre as crian as por si s garantiria o desenvolvimento intelectual e moral A solu o para a educa o moral ficaria relegada a se descobrir e desenvolver a melhor t cnica para que esses momentos de coopera o ocorressem A chave para o desenvolvimento da crian a deveria ser procurada na intera o da crian a com o ambiente e a resposta que Piaget encontra no jogo de bolinhas a media o das rela es de coopera o Para Piaget o desenvolvimento moral repressivo inicial gradativamente substitu do por uma moralidade aut noma pois em rela es entre iguais de respeito m tuo ao se estabelecer rela es de coopera o paulatinamente as crian
6. 19 com condutas intermedi rias entre a conduta socializada e as puramente individuais Isso porque a crian a imita a linguagem socializada do adulto por m uma vez que as rela es sociais com os adultos n o s o de coopera o a crian a fica num mundo parte e seu pensamento permanece isolado Nesta fase os objetivos s o basicamente tr s primeiro fazer parte do grupo de crian as segundo desenvolver suas habilidades e por ltimo acertar nos di logos e mon logos coletivos nos quais segundo Piaget as crian as falam apenas para si pr prias mesmo desejando estar frente a interlocutores que lhes servem de excitantes PIAGET 1994 p 43 O terceiro de 7 a 12 anos e quarto a partir de 12 anos est gios ocorrem justamente quando se desenvolve na crian a uma necessidade de entendimento m tuo no dom nio do Jogo o terceiro come a quando a crian a designa ganhar como o fato de vencer os demais Piaget afirma que procurando vencer a crian a se esfor a antes de mais nada por lutar com seus parceiros observando regras comuns PIAGET 1994 p 44 O motor afetivo do jogo n o a simples competi o mas o conv vio social a observ ncia de regras comuns deixando de ser egoc ntrico para tornar se social A diferen a entre o terceiro e quarto est gios apenas no grau de conhecimento das regras maior no ltimo A crian a de 7 anos joga como raciocina as coordena es colet
7. convencional o convencional e o p s convencional Cada um desses n veis era formado por dois est gios Para Freitag 1992 os est gios podem ser definidos dentro de seus tr s n veis No n vel pr convencional s o diferenciados dois est gios o est gio 1 da moralidade heter noma e o est gio 2 do individualismo inten o instrumental e troca Nesse n vel a crian a sens vel s regras sociais distingue o bem e o mal o certo e o errado mas interpreta essas caracteriza es ou consequ ncias f sicas ou hedon sticas da a o puni o recompensa troca de favores como poder f sico dos que formulam as leis que definem o bem o mal o certo e o errado No n vel convencional Kohlberg diferencia o est gio 3 expectativas interpessoais rela es e conformidades interpessoais Neste n vel considerado valioso preservar as expectativas da fam lia do grupo ou da na o a que pertence o sujeito Trata se n o de mera conformidade mas de lealdade para com as expectativas pessoais e a ordem social Enquanto que no est gio 4 trata se de preservar apoiar e justificar essa ordem identificando se com as pessoas e os grupos que a comp em No n vel p s convencional ou n vel regulado por princ pios s o distinguidos os est gios 5 contrato social ou utilidade e 1 Podemos notar aqui a tentativa de utilizar instrumentalmente a psicologia para realizar controle social Ao longo da hist ria os conhecimentos psicol
8. 38 outros uma vez que o sujeito dependente de redes de rela es sociais Entretanto as rela es de coopera o s o suprimidas escondidas recusadas e at negadas pois para a manuten o da sociedade capitalista s o necess rias rela es de competi o As rela es comercias em que o sujeito troca o dinheiro por outras coisas suprimem as rela es de coopera o e estabelecem o interesse ego sta mediado como horizonte motivacional para os indiv duos A aliena o n o produzida pelo conflito entre gera es mas pela luta de classes e a possibilidade de ocorrerem rela es de coopera o limitada drasticamente pelo privil gio que alguns possuem desde a inf ncia e pela preval ncia de interesses particulares contra os interesses gerais Podemos entender como ideol gica a ideia de coopera o na educa o proposta por Piaget pois na medida em que a prop e como m todo de desenvolvimento moral para as crian as ele omite as rela es de competi o existentes na sociedade quando lida com elas como se fossem naturais uma vez que sempre existir o seres humanos mais velhos e quando acena com a possibilidade ing nua de que se produzam rela es de coopera o na escola tal como elas ocorrem no jogo de bolinha Dessa forma Piaget remete ideia de que em nossa sociedade e em nossas escolas do modo em que se encontram poss vel estabelecer rela es de coopera o e formar sujeitos emancipados
9. Assim tamb m a sociedade em Piaget tenderia equilibra o que em ltima inst ncia corresponderia democracia No lugar de uma cr tica democracia burguesa e a seus bvios e brutais limites resulta uma proposi o de construir rela es cooperativas na educa o deixando de lado que a escola faz parte da sociedade Efetivamente a escola deve se diferenciar e rela es de coopera o s o desej veis mas novamente insistimos que isso s poss vel partindo de uma cr tica sociedade Diferentemente de Kant que postulou a exist ncia da rela o entre homens emancipados como um ideal ut pico a ser atingido numa outra sociedade Piaget e seus seguidores construtivistas consideram poss vel que j em nossas sociedades no estado em que se encontram com o sistema educacional existente o desenvolvimento do ju zo moral formal e p s convencional nas pessoas Certamente n o seria o caso da escola abandonar esse ideal de desenvolvimento da moralidade por m numa perspectiva cr tica a escola deveria explicitar os fatores que impedem que efetivamente rela es de coopera o possam existir Podemos considerar que a raz o em Kohlberg se instrumentaliza a ponto de regredir num ponto fundamental em rela o a Piaget Enquanto a raz o subjetiva de Piaget considera em alguma medida o que disse Kant em Kohlberg os conflitos que servem de ponto de partida dos dilemas morais s o completamente abstratos Por mais probl
10. ROUSSEAU 1973 p 15 Para Rousseau Em lio n o um ser destinado a ser adaptado A fun o da proposi o de educa o de Em lio n o ajust lo ao mundo Quando Rousseau diz que preciso respeitar o ritmo de Em lio e que preciso que n o seja imposta a ele uma verdade mas que ele descubra a verdade podemos depreender que o sentido do respeito a suas necessidades que ele n o se acostume a obedecer a regras que n o pode compreender ou seja trata se de uma educa o para a liberdade Estas afirma es t m um sentido negativo pois ao aprender que ele pode descobrir a liberdade Em lio pode ser livre Para Rousseau O homem civil nasce vive e morre na escravid o ao nascer envolvem no em um cueiro ao morrer encerram no em um caix o enquanto conserva sua figura humana est acorrentado a nossas institui es ROUSSEAU 1973 p 17 Claro que a apropria o de Rousseau feita pela pedagogia construtivista l essa inten o como se estivesse sendo realizada pela coopera o mas justamente isso duvidoso considerando os limites que j discutimos Interpretando Rousseau numa leitura de educa o negativa depreendemos que para ele um sujeito com ju zo moral desenvolvido deveria ser capaz de entender que n o livre N o obedeceria ao rei nem s normas meramente porque est o dadas mas se as obedecesse seria por escolha racional pr pria ou seja por liberdade Piaget por outro lado faz uma desvin
11. Sem d vida seria desej vel que rela es de coopera o ocorressem mas sem descuidar da cr tica quilo que as impedem pois justamente disso depende uma pr tica escolar que visa formar sujeitos emancipados Na an lise de problemas morais n o se pode compreender coopera o da mesma forma que no jogo e em outras situa es sociais pois no jogo os conflitos reais podem ser resolvidos por meio de discuss es sobre a regra entre sujeitos com igual poder podendo resultar em novas regras imediatamente aplic veis e test veis por sua vez tamb m sujeitas ao crivo e ao ju zo dos participantes Em resumo no jogo h uma liberdade em rela o s a es que n o est presente em grande parte das a es sociais seja porque nelas as regras s o orientadas por resultados pr ticos cujos fins s o alienados seja por conta de rela es de poder desiguais entre os participantes Quando pensamos em rela es educativas as regras existentes nas institui es destinadas educa o n o s o necessariamente coercitivas mas n o podemos ser ing nuos quanto s rela es de poder que se reproduzem na escola que v o muito al m das rela es geracionais A outra quest o metodol gica ao extrapolar do jogo como modelo de coopera o 13 Entendemos ideologia como discurso ou pr tica que justifica as rela es de domina o tal como apontaram Horkheimer e Adorno 1973 Evidentemente esse conceito n o identifica as formas hist
12. ao contr rio de ser algo dado natural teria proced ncia direta do respeito ao outro Biaggio 2002 salienta que Piaget retira de Kant a ideia de um princ pio universal de moral o imperativo categ rico e de Durkheim a teoria de organiza o da sociedade Ela afirma que Tanto Piaget como Kohlberg foram influenciados pelo fil sofo Kant e pelo soci logo Durkheim De Kant com a no o de imperativo categ rico temos a ideia de princ pios universais de moral e de Durkheim a import ncia do social do coletivo p 20 Por outro lado Freitas nos mostra que Piaget acata a ideia de Bovet de que o respeito existe anteriormente lei moral Freitas diz Nada estaria contudo mais distante de nosso intuito que retomar ou estender esse rol de compara es n o fosse o fato de Piaget ter insistido em contrapor de um lado a posi o do fil sofo Immanuel Kant e do soci logo mile Durkheim e de outro a do psic logo Pierre Bovet Para Kant e Durkheim apesar das diferen as existentes entre esses dois pensadores o respeito consequ ncia da lei moral pelo contr rio para Bovet o respeito s pessoas condi o pr via da lei moral FREITAS 2003 p 59 Como podemos verificar da cita o acima de Bovet que Piaget aproveita a ideia de que o respeito aos indiv duos em si vem antes da lei moral Mas apesar de concordar com Bovet que o respeito um sentimento interindividual Piaget sustenta a tese kantiana da exist
13. de todas as culturas passam pela mesma sequ ncia de est gios na mesma ordem embora nem todas atinjam os est gios mais elevados p 23 O pr prio Kohlberg expl cito em rela o aos pressupostos adotados de que o 14 Para estudiar el desarrollo moral en la adolescencia decid utilizar el m todo y los supuestos generales de Piaget KOHLBERG 1992 p 33 Todas as tradu es em portugu s desta obra ao longo deste trabalho s o de nossa responsabilidade 46 desenvolvimento moral compreendido em est gios evolutivos Nas palavras de Kohlberg Estas constru es de meus sujeitos me convenceram da segunda suposi o do caminho cognitivo evolutivo de Piaget a suposi o dos est gios Se a primeira suposi o de Piaget era o da estrutura cognitiva a crian a como fil sofo que constr i seu mundo sua segunda suposi o era que estas constru es eram qualitativamente nicas e avan avam numa sequ ncia ou ordem invariante KOHLBERG 1992 p 34 Kohlberg e seus colaboradores iniciaram uma s rie de estudos incluindo dados longitudinais e de culturas diferentes Esses experimentos foram realizados nos Estados Unidos Turquia Israel etc Depois da aplica o desses experimentos para avaliar o desenvolvimento moral Kohlberg os replicou e defendeu a tese de uma evolu o igual dos est gios morais em todas as culturas Kohlberg 1992 diz que de acordo com as tend ncias de idade do grupo os est
14. din mica entre lei e liberdade Maia diz A dificuldade em rela o possibilidade de caos portanto seria suplantada pela interven o de uma lei moral o homem n o poderia viver em absoluta liberdade nem em absoluta conformidade com a lei mas o fato de poder ser o fiador da pr pria lei moral que lhe confere a possibilidade de liberdade MAIA 2012 p 79 Para se buscar uma educa o que promova autonomia preciso pensar a educa o a partir de outros princ pios da a import ncia do principio da educa o para a liberdade Ou seja para n o obedi ncia n o sujei o n o aliena o A n o reprodu o da aliena o implica cr tica a uma produ o de consci ncia sobre as contradi es presentes na sociedade Para Leo Maar A sujei o efetivamente uma regress o a partir desse est gio que media o socialmente determinado A forma o Bildung longe de aproxima o sucessiva do ideal emancipat rio reprodu o conformista do vigente pela semiforma o passaporte da sobreviv ncia A semiforma o inicia com os homens no estado de n o liberdade e promove sua regress o de modo que se consideram dotados de poder de a o aut noma consci ncia de si como homens livres enquanto efetivamente s o totalmente subordinados heter nomos MAAR 2003 p 66 Para Wolfgang Leo Maar toda a educa o uma educa o moral n o existe educa o sem dimens o moral Uma educa o m
15. epis dios como o do massacre da Escola de Columbine n o aconteceriam de forma t o recorrente como infelizmente acontecem Freitas et al ao discutirem a educa o moral na escola tamb m preconizam que a escola deveria promov la Os autores dizem Ent o acreditamos que a escola pode ser um lugar de experi ncias compartilhadas na perspectiva da conviv ncia digna e justa A educa o pode oferecer oportunidades significativas para os educandos contribuindo na forma o de sujeitos que primem por condutas cooperativas justas e respeitosas A escola precisa oportunizar aos alunos a viv ncia de valores desabrochados nas rela es de conviv ncia o que significa desenvolver projetos em prol da educa o moral Este pensamento refor a o salutar papel da escola para a constru o de uma sociedade mais tica solid ria e justa Diante de uma sociedade marcada pela intoler ncia precisamos propagar nossas vozes em prol da necessidade da educa o moral no mbito da escola FREITAS 2010 p 269 Certamente nenhum educador seria contr rio ao que a cita o acima preconiza por m o problema estaria justamente em rela o aos m todos e aos fins para se promover o que est sendo colocado Desde Kant depois em Piaget e progressivamente at chegar teoria de Kohlberg perdeu se o ideal de educa o para a autonomia pensada negativamente MAIA 2012 e com um ideal n o cr tico foram criadas t cnicas para a edu
16. es para a compreens o dos limites e possibilidades do conceito de coopera o na teoria do ju zo moral de Piaget principalmente no que se refere cr tica de alguns dos pontos cruciais do que foi desenvolvido por ele e seus disc pulos e que resultaram em proposi es de pr ticas educacionais referentes ao desenvolvimento da assim chamada autonomia moral Justifica se a escolha da Teoria Cr tica pela centralidade do tema da moralidade nos textos de seus representantes e pelas proposi es no campo da educa o escolar que podem resultar das reflex es que se pautam nela A cr tica da forma o da moralidade na crian a ser aprofundada a partir da leitura de alguns dos textos dos autores da Teoria Cr tica da Sociedade que trataram do tema levando se em conta que a proposi o te rica dos autores da Escola de Frankfurt tornar o sujeito consciente das contradi es da moralidade assim como das formas como essas contradi es se expressam em sua subjetividade Essa disserta o portanto uma pesquisa que se apropria de alguns conceitos de Piaget e de suas aplica es para a educa o moral e procura identificar contradi es tanto conceituais como pr ticas Outro ponto a ser destacado que dois autores de tamanho peso para a Psicologia e Filosofia como foram Jean Piaget 1896 1980 e Theodor W Adorno 1903 1969 embora contempor neos nunca dialogaram criticamente entre si O presente trabalho tentar promover esse d
17. es que estimulam suas a es Em rela o educa o Silva diz que A teoria tem como papel a nega o da realidade que portanto precisa ser transformada A educa o nesse ponto pensada enquanto processos educacionais formativos constitui o espa o privilegiado para a interven o na realidade SILVA 2001 p 250 Gruschka contribui para pensarmos o que valorizado nas rela es humanas em nossas sociedades e o que estimulado e ensinado para os sujeitos desde o seu nascimento Gruschka diz que Um mundo no qual os impulsos decorrentes dos sentimentos de amor e raiva tristeza ou alegria compaix o e solidariedade dos homens n o permeiam mais as suas rela es e onde n o podem determinar formas de sua sociabilidade parece n o mais valer a pena de ser vivido Em vez disso os homens devem fazer de tudo e de cada indiv duo um objeto disposi o de seu interesse particular GRUSCHKA 2014 p 6 Para os frankfurtianos a moralidade uma quest o central pois a reflex o cr tica sobre essa dimens o permite aos sujeitos entender que existe uma sociedade que excludente e que por outro lado existem tamb m sujeitos que resistem Faz los compreender suas in meras contradi es seria tamb m fun o da educa o O sujeito que desenvolve a frieza representa mais um sintoma do decl nio do sujeito moral Sujeitos frios n o se importam com o sofrimento do outro compreendem o mundo somente vinculado
18. metro 87 para justamente possibilitar a exist ncia de um ju zo moral A separa o entretanto cobra o pre o de ser afastada da pr xis justamente a fonte material de toda moral Dessa forma Maia diz que tampouco poss vel qualquer certeza moral abstrata como no imperativo categ rico que nos permita uma transposi o direta da teoria para a pr xis MAIA 2012 p 87 Aqui Maia diz que ao se formular uma cr tica a Kant a Teoria Cr tica diz que h uma dimens o te rica na moral que n o admite a pretens o de realiza o direta na pr xis Esse seria o aspecto negativo do ju zo moral em Kant quando ele reconhece que os ju zos existentes empiricamente n o deveriam estar vigentes seu crit rio moral acaba por revelar que o ju zo moral existente necessita ser diferente Ao discutir o conceito de personalidade em Kant Adorno prop e uma critica e diz que ela n o existe mais A personalidade n o existiria justamente porque implicaria um n o ajustamento a ideia de personalidade em grande medida incluiria um desajustamento uma resist ncia Ao inv s de uma lei moral que opera como um universal que se manifesta no sujeito como algo que o constituiu ocorre apenas um mero ajustamento sociedade Em Kant a personalidade est ligada a essa capacidade de resistir Adorno diz Quem resiste aos mecanismos de adapta o j n o considerado como o mais capaz J que n o procura sua pr pria conserva o a
19. porque as coisas devem ser assim em virtude da ordem do mundo PIAGET 1994 p 150 1 7 No es de justi a imanente retributiva e distributiva Piaget estuda a no o de justi a para ter acesso ao desenvolvimento da moral da coopera o ou autonomia Esta no o mais subjetiva o foco uma vez que na coopera o n o h regras fixas mas uma no o subjacente ao julgamento moral se o aspecto afetivo da coopera o e da reciprocidade escapa ao interrogat rio h uma no o a mais racional sem d vida das no es morais que parece resultar diretamente da coopera o cuja an lise psicol gica pode ser tentada sem muitas dificuldades a no o de justi a PIAGET 1994 p 156 32 A no o de justi a deve seu desenvolvimento s rela es de coopera o entre as crian as e seria uma esp cie de condi o imanente ou lei de equil brio das rela es sociais PIAGET 1994 p 157 Compreendemos que para Piaget a media o entre o psicol gico e o social remete somente a distin es de ordem natural como por exemplo a diferen a entre gera es e n o ao contexto da hist ria Sabemos que a sociedade se constitui de in meras diferen as e distin es que em sua grande maioria n o s o naturais como por exemplo as distin es entre classes sociais por m em Piaget essa distin o n o considerada Portanto a no o de justi a proveniente dessa media o de ordem na
20. ricas espec ficas da ideologia liberal monopolista ou fascista mas uma caracter stica comum a elas inclusive quela mais pr xima da sociedade administrada que afirma que o que n o poderia ser diferente 39 para as rela es pedag gicas sem media es Piaget incorre em erro pois recorre a uma situa o muito espec fica na qual a coa o report vel rela o geracional como exemplo aplic vel a situa es muito inespec ficas tais como as que ocorrem na educa o pois nela existem formas de rela es geracionais coercitivas e n o coercitivas al m de outras formas de poder O erro portanto consiste em partir de uma situa o caracterizada pela coopera o mas que muito espec fica e aplicar seus resultados em uma situa o caracterizada pela coa o Al m disso nem todas as rela es com autoridades s o rela es coercitivas pois existe por exemplo a autoridade intelectual t cnica carism tica etc A autoridade pode se sustentar em um saber e remeter ao papel do professor e dessa forma verificamos que o mais velho nem sempre tem uma presen a coercitiva podendo at mesmo ter uma presen a libertadora Horkheimer diz que Em si o homem jovem busca a autoridade consciente ou inconscientemente como uma autoridade positiva e querida como uma pessoa que ajuda ou que constitui um modelo A rebeli o da juventude depende provavelmente em muitos casos pelo fato de que n o
21. A raz o objetiva incide sobre aquilo que poss vel transformar que a pr pria raz o efetivamente considerada como for a material A raz o humana seria tanto biol gica quanto social e de forma alguma poderia ser isolada ou absolutizada em rela o aos outros fatores humanos como nos diz o autor A redu o da raz o a um mero instrumento acaba prejudicando at mesmo a seu pr prio car ter instrumental O esp rito antifilos fico que n o pode ser separado da no o subjetiva de raz o e culminou na Europa com a persegui o do totalitarismo aos intelectuais sendo pioneiros ou n o sintom tico da degrada o da raz o Os cr ticos tradicionalistas conservadores da civiliza o cometem um erro fundamental ao atacar a intelectualiza o moderna sem atacar ao mesmo tempo o emburrecimento que apenas um outro aspecto do mesmo processo O intelecto humano que tem origens biol gicas e sociais n o uma entidade absoluta isolada e independente HORKHEIMER 1969 p 65 Ao postular como g nese do conhecimento o construtivismo Piaget tenta superar tanto Se la conceb a como a un ente como una potencia espiritual que mora en cada hombre Se declar que esa potencia era instancia suprema m s aun que era la fuerza creadora que reg a las ideas y las cosas a las cuales deb amos dedicar nuestra vida HORKHEIMER 1969 p 21 5 La reducci n de la raz n a mero instrumento perjudica en ltimo caso incluso
22. H A Psicologia do Desenvolvimento de Jean Piaget S o Paulo Ed Livraria Pioneira 1988 FREITAG B Itiner rios de Ant gona A quest o da moralidade Campinas Papirus 1992 FREITAS L A Moral na Obra de Jean Piaget Um Projeto Inacabado S o Paulo Ed Cortez 2003 111 FREUD S Volume XVII Edi o Standard Brasileira das Obras Psicol gicas Completas de Sigmund Freud Rio de Janeiro Imago 1969 GRUSCHKA A Frieza Burguesa e Educa o Campinas Ed Autores Associados 2014 HORKHEIMER M amp ADORNO T W 1985 Dial tica do Esclarecimento Rio de Janeiro Jorge Zahar 2006 Temas B sicos da Sociologia S o Paulo Cultrix 1973 HORKHEIMER M Teoria Cr tica uma documenta o S o Paulo Perspectiva 1990 KANT I A Metaf sica dos Costumes Bauru Edipro 2003 Resposta Pergunta O que Esclarecimento Textos Seletos Petr polis Ed Vozes 2005 KOHLBERG L Psicologia del Desarrollo Moral Bilbao Editorial Descl e de Brouwer 1992 MAIA A F Ideologia e Tecnologia Contribui es Cr ticas de T W Adorno Psicologia Disserta o de Mestrado PUC SP 1996 Psicologia Pol tica e Direitos Humanos Ambiguidades e Contradi es Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos Bauru 2014 Dispon vel em lt http www2 faac unesp br revistafaac index php ridh article view 180 96 gt Acesso em 28 julho 2014 As aporias do conceito de autonomia contribui es pontu
23. O pragmatismo metodol gico n o pretende definir a verdade ou a realidade mas apenas um procedimento para determinar o significado dos termos ou melhor das proposi es ABBAGNANO 2000 p 785 A formaliza o da raz o em seu aspecto subjetivo ao esvaziar a raz o dos conte dos objetivos em detrimento da forma tamb m serve para o ajustamento dos sujeitos ao mundo tal como ele existe Para Horkheimer Finalmente nenhuma realidade particular pode aparecer por si s como racional esvaziada de seu conte do todas as no es fundamentais tornaram se meros inv lucros formais Ao subjetivar se a raz o tamb m formalizada A formaliza o da raz o tem implica es te ricas e pr ticas de longo alcance Se a concep o subjetivista fundada e v lida ent o acho que n o serve para determinar se um objeto em si desej vel A aceitabilidade de ideais os crit rios para as nossas a es e nossas convic es os princ pios orientadores da tica e da pol tica todas as nossas decis es passadas vir a depender de outros fatores que n o s o a raz o Eles devem ser uma quest o de escolha e prefer ncia e torna se sem sentido falar da verdade quando se trata de decis es pr ticas morais ou est ticas HORKHEIMER 1969 p 19 Podemos identificar que a assim nominada raz o subjetiva de Horkhiemer correspondente com a l gica formal A raz o subjetiva teria a pretens o de coincidir com a realidade mas a c
24. Uma crian a voltou da escola e contou m e que a professora lhe dera boas notas Mas isto n o era verdade a 29 l cito mentir entre crian as e porque n o se deve mentir Com rela o ao primeiro ponto a defini o da mentira ele encontrou as seguintes situa es a defini o mais primitiva por volta dos seis anos de que a mentira um nome feio o que caracteriza esta etapa como a mais distante da consci ncia moral a palavra feia um tabu A crian a incorpora a mentira a nomes feios porque tal como os improp rios as mentiras s o faltas morais que se comete por meio da linguagem Uma defini o mais adiantada de 6 a 10 anos uma mentira alguma coisa que n o verdade mas preciso saber se com essa defini o a crian a aponta toda e qualquer falsidade ou se s h mentira quando h intencionalidade De 5 a 7 anos as crian as n o acentuam a diferen a Por fim a defini o correta da mentira como uma afirma o intencionalmente falsa s ocorre por volta dos 10 anos embora crian as mais novas j pensem nesses termos PIAGET 1994 p 119 Com rela o ao segundo ponto responsabilidade em fun o do conte do a avalia o do ponto de vista do conte do diz respeito responsabilidade avaliada em fun o do fim ou do grau de falsidade da mentira Piaget prop e hist rias em que por um lado h uma mentira sem inten o mas inveross mil de outro uma menti
25. a condu o a um est gio mais avan ado de ju zo moral Vejamos 99 Mosh Blatt sob orienta o de L Kohlberg prop s uma t cnica de discuss o de dilemas morais hipot ticos capaz de estimular a passagem para est gios mais elevados de julgamento moral Blatt preconizou que a discuss o de dilemas entre indiv duos de est gios distintos provocaria o conflito cognitivo respons vel pela passagem de um est gio a outro mais amadurecido Confrontado com opini es mais amadurecidas que as pr prias na tarefa de resolver um dilema moral o indiv duo experimenta um conflito mobilizador das estruturas cognitivas conduzindo as a um est gio mais amadurecido do desenvolvimento moral SOUZA 2008 p 171 Se tomarmos como exemplo o dilema moral hipot tico mais famoso que foi exposto anteriormente o dilema de Heinz poder amos verificar que sem a media o da categoria contradi o in meras quest es e possibilidades de entendimento ficariam encobertas independentemente das justificativas propostas inclusive se tratando de uma moralidade superior como o sexto est gio de Kohlberg Como foi discutido no cap tulo 2 ao priorizar a forma t cnica a educa o moral afasta se da discuss o dos dilemas materiais concretos por exemplo com conte dos que recorrendo aos fatos reais permitiriam detectar rela es contradit rias indispens veis para se pensar nas sa das morais poss veis Somente outra perspectiva que permitisse i
26. a predomin ncia inicial dos ju zos de responsabilidade objetiva se os adultos n o funcionam como exemplos para as crian as neste caso Para ele a nica resposta adequada que as regras impostas pelo adulto verbalmente ou materialmente constituem antes de ser assimiladas espiritualmente obriga es categ ricas para as crian as Estes ju zos de responsabilidade objetiva por serem ritualizados acabam por se tornar tabus mas considerando o atraso do ju zo moral em rela o s a es Piaget sup e que os Ju zos de responsabilidade objetiva se assentariam sobre um res duo de experi ncia vivida efetivamente Para desenvolver a responsabilidade subjetiva a crian a deve passar por um per odo de obedi ncia aos pais Para Piaget quando a crian a est habituada a agir de acordo com os pais e quando procura mais agradar lhes que obedecer lhes que consegue julgar em fun o das inten es A considera o das inten es sup e assim a coopera o e o respeito m tuo PIAGET 1994 p 112 Piaget entende que o adulto precisa se colocar ao n vel da crian a para que ela tenha um sentimento de igualdade seria um progresso an logo ao desenvolvimento ocorrido na evolu o das regras do jogo de bolinhas justamente com o surgimento do conflito entre a vontade da crian a e a necessidade de obedecer s regras impostas pelos adultos exteriores aos seus sentimentos que Piaget observa que a mentira
27. a um respeito regra do que a heteronomia do est gio anterior o sentido verdadeiramente pol tico e democr tico com o qual crian as de doze treze anos distinguem a fantasia an rquica e a inova o introduzida por via constitucional PIAGET 1994 p 65 O respeito regra conquistado no est gio de coopera o seria melhor e mais desej vel que o simples respeito por meio da coa o Com os resultados desse estudo Piaget chega conclus o de que m todos e t cnicas de ensino que levem as crian as a vivenciarem situa es de coopera o entre iguais s o de fundamental import ncia para o desenvolvimento da moral aut noma Resumindo desde que haja coopera o as no es racionais do justo e do injusto tornam se reguladoras do costume porque est o implicadas no pr prio funcionamento da vida social entre iguais PIAGET 1994 p 67 Do estudo das regras do jogo de bolinhas ele extrai a no o de duas morais distintas O primeiro processo de desenvolvimento da moral est ligado coa o adulta que resulta numa heteronomia e num realismo moral O segundo processo est ligado coopera o e resulta na autonomia do sujeito E com essa preocupa o em rela o aos sistemas pedag gicos de sua poca d cada de 30 que Piaget procura orientar seu m todo de ensino para trabalhos em grupo que propiciem situa es em que o respeito m tuo e a reciprocidade possam se manifestar e educar sujeitos aut nomos A
28. as crian as deveriam avaliar de acordo com cada objetivo programado em algumas s ries de perguntas agrupadas por temas de investiga o Nesse processo percebe se que o interrogat rio referente ao jogo de bolinhas nos permitiu descobrir uma estranha discord ncia entre a pr tica real das regras e a reflex o a respeito da regra PIAGET 1994 p 95 1 2 A diferen a entre ju zo moral e a o moral Antes de nos adentrarmos mais profundamente neste aspecto da obra de Jean Piaget faz se necess rio um esclarecimento de suma import ncia que diz respeito s diferentes concep es conceituais em rela o ao ju zo moral e conduta moral Piaget desde o in cio de sua pesquisa identifica as limita es de seu m todo investigativo e toma uma precau o importante Decidamos e procuremos estudar n o o ato mas simplesmente o julgamento do valor moral Em outras palavras analisemos n o as decis es da crian a nem mesmo as lembran as de suas a es mas a maneira pela qual ela avalia esta ou aquela conduta PIAGET 1994 p 95 Ou seja Piaget limita sua investiga o ao ju zo moral pois opta por estudar somente a avalia o subjetiva das crian as e n o os atos em si Por meio do estudo das regras do jogo de bolinhas Piaget procura encontrar as eventuais correspond ncias e as discord ncias entre o Ju zo moral e a moral em si de forma pr tica Em suas palavras em tal dom nio encontramos uma ce
29. as deixariam a moral egoc ntrica e o respeito unilateral Piaget diz E in til por outro lado pretender transformar do exterior o pensamento da crian a quando seus gostos de pesquisa ativa e sua necessidade de coopera o bastam para assegurar um desenvolvimento intelectual normal PIAGET 1994 p 300 Com suas pesquisas psicol gicas sobre o desenvolvimento da moralidade Piaget termina a obra O Ju zo Moral na Crian a apontando caminhos para futuras pesquisas Entre eles estaria a necessidade de se desenvolver m todos pedag gicos que priorizassem o trabalho em grupo entre as crian as Sua recomenda o a seguinte Portanto se nos fosse necess rio escolher no conjunto dos sistemas pedag gicos atuais aqueles que melhor corresponderiam aos nossos resultados psicol gicos procurar amos orientar nosso m todo no que chamamos o trabalho em grupo e o self government PIAGET 1994 p 301 Partindo dos postulados deixados por Piaget muitos outros pesquisadores retomaram 45 as pesquisas sobre o desenvolvimento moral nas crian as Entre eles encontra se o disc pulo mais renomado Lawrence Kohlberg 1 11 Kohlberg e a moralidade Um dos disc pulos mais importantes de Piaget o psic logo norte americano Lawrence Kohlberg 1927 1987 dedicou se ao trabalho de analisar os est gios do desenvolvimento do Ju zo moral em paralelo ao desenvolvimento da moralidade a partir da teoria piagetiana Para estudar
30. as desde o seu nascimento Todos estes pressupostos apontados ao longo do trabalho que s o comuns s teorias de Piaget e Kohlberg repercutiram estreitamente na proposta defendida pelos Par metros Curriculares Nacionais Disto resultou um enfoque s intera es sociais e s atividades que promovem desequil brios s cio cognitivos com vistas promo o do desenvolvimento moral Consideramos que na educa o moral piagetiana falta um elemento fundamental da educa o moral emancipat ria que a cr tica quilo que produz no sujeito a moralidade o ethos coercitivo Uma educa o moral objetivando a autonomia possivelmente deveria fazer com que os indiv duos percebessem as contradi es da lei e justamente por n o promover uma autocr tica nossas sociedades permanecem profundamente heter nomas Novas pr ticas de educa o moral deveriam levar em conta esse sentido e pensar agora a pr xis como reflex o filos fica como retorno Filosofia a fim de possibilitar a compreens o dessas situa es contradit rias e propiciar a cont nua den ncia da manipula o do indiv duo Nesse ponto podemos resgatar novamente da Teoria Cr tica aquilo que Adorno 2006 diz sobre a educa o que ela tem sentido unicamente como educa o dirigida a uma autorreflex o cr tica p 121 O que propuseram como tarefa imprescind vel para a filosofia e a educa o foi a cr tica imanente como sugere Silva por esse exerc ci
31. atitude da crian a em rela o m stica da regra No terceiro e quarto est gios a regra do jogo n o mais tomada como lei exterior mas como resultado de uma decis o livre que digna de respeito na medida em que livremente consentida e por isso mesmo a crian a deixa de considerar as regras como eternas as regras longe de terem sido impostas pelos adultos foram sendo estabelecidas pouco a pouco pela iniciativa das pr prias crian as PIAGET 1994 p 61 A partir do momento em que a regra de coopera o sucede a regra de coa o ela torna se uma lei moral efetiva Primeiramente a consci ncia da necessidade de codifica o e aplica o integral da regra coincide com o sentimento de autonomia em segundo lugar tornando se legisladora a crian a toma consci ncia da raz o de ser das leis PIAGET 1994 p 64 em terceiro lugar a crian a distingue a fantasia an rquica a cria o ideal de regras e a inova o que ganha o valor de lei ou seja toda opini o v lida e deve ser examinada mas somente o que foi aprovado pela maioria torna se lei Em poucas palavras a lei emana do povo soberano e n o da tradi o imposta pelos antigos PIAGET 1994 p 65 Comparando os est gios das pr ticas com a consci ncia das regras Piaget procura destacar processos de evolu o Ele busca mostrar que h diferen as de estrutura e diferen as de grau nesse desenvolvimento Para ele entre os difer
32. autonomia s aparece com a reciprocidade quando o respeito m tuo bastante forte para que o indiv duo experimente interiormente a 35 necessidade de tratar os outros como gostaria de ser tratado PIAGET 1994 p 155 Piaget sup e que a coopera o a principal media o que permitir s estruturas cognitivas dos sujeitos desenvolverem o ju zo moral por m o procedimento utilizado por ele restringe a coopera o participa o das crian as no jogo de bolinhas Neste momento poss vel estabelecer um limite ao conceito de coopera o da teoria piagetiana pois coopera o no contexto do jogo de bolinhas que consiste numa situa o l dica em que permitido aos sujeitos estabelecerem e modificarem regras em fun o das rela es de coopera o de modo algum se assemelha s caracter sticas das situa es de coopera o em qualquer outra situa o social ou educacional As situa es de coopera o no jogo s o extremamente espec ficas e efetivamente situa es de coopera o acontecem esporadicamente inseridas em contextos de competi o Al m disso situa es de coopera o podem ser meios para se conseguir vantagens em competi es Dessa forma generalizar as rela es cognitivas que se desenvolvem no jogo para rela es cognitivas que se desenvolvem em rela es de coopera o pode ser entendido como um limite ao conceito de coopera o de Piaget No m todo de estudo do jogo Piaget ide
33. chama de raz o subjetiva abrange tanto o positivismo e o empirismo a corrente filos fica para a qual a experi ncia crit rio de norma da verdade que se op e raz o quando esta pretende estabelecer verdades necess rias quanto em alguma medida o racionalismo que confia nos procedimentos da raz o para a determina o de cren as ou de t cnicas de determinado campo Nestas correntes h pensadores que deixaram de identificar o real ao racional e um dos problemas da raz o subjetiva a perda da dimens o do dever ser presente por exemplo em Kant da dimens o da utopia de que necess rio transformar o mundo para que o mundo se torne racional O primado da raz o subjetiva na ci ncia segundo Horkheimer ao restringir o racional ao cientificamente verific vel excluiu a dimens o do ideal que torna poss vel a transforma o do real existente Para Horkheimer De acordo com a filosofia do intelectual moderno mediano existe somente 68 uma autoridade ou seja a ci ncia concebida como a classifica o dos fatos e de c lculo das probabilidades A alega o de que a justi a e a liberdade s o por si melhores do que a injusti a e a opress o n o cientificamente verific vel e portanto resulta in til Em si isso soa t o sem sentido quanto a alega o de que o vermelho mais bonito do que azul ou ovo melhor do que o leite HORKHEIMER 1969 p 34 Como verificamos na cita o acima algo fun
34. contr rio sempre levam mais em conta as inten es PIAGET 1994 p 130 Para Piaget a necessidade de dizer a verdade desenvolve se na medida em que o indiv duo se engaja em atividades cooperativas em que o princ pio da reciprocidade v lido Enquanto n o ocorre o encontro entre o pensamento da crian a com o de seus pares reciprocidade a crian a n o v mal em burlar a verdade Apesar disso as regras s o para ela sagradas enquanto a compreens o do esp rito da lei depende do respeito m tuo e da coopera o nas situa es de coa o somente o sentido literal permanece enquanto as a es de fato n o correspondem lei A passagem compreens o da mentira e o ju zo de responsabilidade objetiva pode ser observada nas respostas s quest es porque n o se deve mentir Qual a utilidade em n o mentir PIAGET 1994 p 134 Novamente Piaget descreve uma evolu o das respostas sobre a mentira por etapas do pensamento moral O pensamento moral da crian a obedeceria a princ pios vindos do respeito unilateral moral da heteronomia e responsabilidade objetiva e a princ pios provenientes do respeito m tuo moral da interioriza o e da responsabilidade subjetiva 31 Parece assim que a evolu o das respostas com a idade marca um progresso no sentido da reciprocidade o respeito unilateral fonte da ordem absoluta tomada ao p da letra cede terreno diante do respeito m tuo fonte da compreens
35. de forma contradit ria De um lado o o indiv duo precisa seguir a lei respeitar a lei pressupondo se que o ju zo moral o respeito lei mas de outro seguir a lei desrespeitar a si pr prio Em rela o a isto dizem Adorno e o Horkheimer O burgu s que deixasse escapar um lucro pelo motivo kantiano de respeito mera forma da lei n o seria esclarecido mas supersticioso um tolo ADORNO HORKHEIMER 2006 p 74 A teoria do ju zo moral em Piaget n o considera o conflito no sujeito Para a Teoria Cr tica essencial demonstrar que as necessidades s o mediadas pela busca do pr prio interesse isto a lei econ mica nas atuais condi es hist ricas implica em buscar a vantagem individual como nos aponta Horkheimer nesta breve passagem O aparelho ps quico de cada um cunhado pelo fato de que nesta ordem a produ o de toda a exist ncia social coincide com a busca da propriedade pelos indiv duos Nesta poca a vantagem econ mica a lei natural que rege a vida individual HORKHEIMER 1990 p 63 Por m o que resulta individualmente como consequ ncia desta busca da propriedade pelos indiv duos em que a vantagem individual sobre o coletivo priorizada nas rela es no m nimo uma inquieta o subjetiva e no plano social a cat strofe Nesta inquieta o encerra se necessariamente uma contradi o do individuo com rela o lei pois simultaneamente as leis sociais da c
36. destas discuss es a pedagogia propriamente dita como psic logos que o fazemos e n o como pedagogos PIAGET 1994 p 244 Dessa forma ele n o est pretendendo desenvolver interven es nas pr ticas pedag gicas por m as proposi es nesse sentido acabam sendo inevit veis tanto que seus futuros disc pulos e colaboradores acabaram por desenvolver interven es nesse sentido A escola e os educadores seriam os principais respons veis pelo desenvolvimento da moral nos indiv duos Piaget acredita que para se realizarem as mudan as que visam o estabelecimento de uma sociedade mais evolu da dever amos pensar e nos dedicar a criar t cnicas e mecanismos que nos auxiliassem a desenvolver em cada um dos indiv duos da sociedade a responsabilidade subjetiva Piaget postula que uma das formas de evolu o moral dos indiv duos seria justamente promover situa es de coopera o entre as pessoas principalmente entre as crian as que entrariam em contato com essas rela es no ambiente escolar e desenvolveriam a moral do respeito m tuo como podemos ver no trecho a seguir Ora se a coopera o sucede assim naturalmente coa o e por consequ ncia a moral do respeito m tuo da autoridade n o vemos por que a responsabilidade subjetiva deveria ser considerada como uma forma degenerada da responsabilidade primitiva PIAGET 1994 p 251 No par grafo acima Piaget sup e que a responsabilidade subjetiva su
37. e o funcionamento do grupo como um todo tanto as sociedades tradicionais quanto as sociedades mais estratificadas gerariam a forma o de personalidades PIAGET 1994 p 87 por m essas personalidades nas sociedades tradicionais implicariam um maior conformismo ao passo que nas sociedades mais estratificadas se expressariam de um modo mais elaborado e refinado Para Piaget haveria um paralelo nos grupos de crian as dos 5 aos 8 anos tal como nas sociedades 25 tradicionais o indiv duo n o diferenciado e predominam a sugest o e a imita o dos 10 aos 12 anos a crian a aumentaria significativamente o rol de rela es que estabelece com grupos e escapa da influ ncia determinante do grupo familiar A press o do grupo sobre o indiv duo explicaria dessa forma o aparecimento desse sentimento sui generis que o respeito origem de toda religi o e de toda moralidade O grupo n o poderia de fato impor se ao indiv duo sem se cobrir com a aur ola do sagrado e sem provocar o sentimento da obriga o moral PIAGET 1994 p 87 Para Bovet segundo a leitura feita por Piaget o respeito e a constitui o das regras sup em a intera o de ao menos dois indiv duos Para que apare a a consci ncia do dever duas condi es s o necess rias a primeira que preciso que um receba instru es de outro e a segunda que preciso que ele as aceite por respeitar aquele que a comunicou Para explicar como a mora
38. e reproduzir se da mesma Se pensarmos a institui o escolar criticamente provavelmente poderemos verificar que muitas das regras s o coercitivas Se voltarmos ao exemplo do jogo como metodologia para o desenvolvimento da moralidade na crian a e se deix ssemos as crian as sozinhas certamente elas reproduziriam a coer o pois esta a regra vigente na maioria das rela es sociais vivenciadas por todos Piaget diz que as crian as de sua poca tamb m n o estavam livres da coer o exercida por outras figuras de autoridade como o professor a fam lia etc Ele reconhece que numa sociedade que almeja ser democr tica mas ainda se encontra num est gio onde predominam as rela es de coer o precisar amos estimular a coopera o Entretanto a sociedade idealizada por Piaget n o parece funcionar exatamente como ele imaginou pois como coloca Freitas se h respeito unilateral h obedi ncia se h respeito m tuo h 83 obriga o moral ou dever FREITAS 2003 p 88 Ao contr rio do que Piaget considera a obriga o moral de nossas sociedades parece muito mais pr xima de entender a coer o como dever 2 5 A quest o da autonomia e da heteronomia Piaget tem como eixo fundamental de sua concep o de ju zo moral o respeito s leis e compara diferentes autores para formular sua hip tese em rela o quest o de como a consci ncia do sujeito chega a respeitar as regras morais A lei moral
39. ela seja feita o sujeito pode fazer coisas erradas sabendo que elas s o erradas e isso Piaget tamb m sabia O problema dessa ideia de ju zo moral que ela toma a lei moral como uma coisa natural Numa an lise mais atenta perceberemos que o motivo moral o respeito lei um apelo contra o ego smo A lei 0 Ao nos referirmos lei estamos dialogando com Adorno que por sua vez se refere Freud psicanalise e as rela es do sujeito com o pai representante origin rio da lei Adorno n o concorda plenamente com Freud mas sua ado o de determinados conceitos psicanal ticos permite que discuta a contrapartida subjetiva da irracionalidade objetiva Assim as refer ncias lei neste t pico ter o esse fundamento e se dirigem s rela es dial ticas que existem entre a sociedade alienada e o indiv duo focando as contradi es que resultam neste da apropria o das normas padr es estere tipos e preconceitos vigentes inclusive no arcabou o jur dico sob a forma de leis e que resultam em um ethos que introjetado comp e o que Freud denomina superego 90 que implica o respeito pelo outro n o favor vel ao sujeito Ao contr rio a regra n o dita que se o sujeito n o respeita a lei e tamb m quando n o respeita o outro ele se favorece Horkheimer nos ajuda a pensar esta quest o da obedi ncia a regras quando diz que Por isso a moral n o de modo algum descartada do materialismo c
40. essa no o permear toda a sua obra futura assim como influenciar um grande n mero de trabalhos realizados posteriormente a partir da ideia de educa o moral Na obra O Ju zo Moral na Crian a o autor pretensamente mostra o processo de desenvolvimento moral pelo qual as crian as passam saindo da anomia estado caracter stico da crian a rec m nascida ausente de regras com dire o autonomia Segundo Piaget durante seu desenvolvimento a crian a descobre que existem regras na sociedade e que a origem dessas regras variada podendo partir dos pais dos mais velhos de Deus etc Nesse caso o termo heteronomia refere se s mais variadas fontes das regras que s o externas ao sujeito e sua capacidade de raciocinar formalmente sobre a moralidade Ao longo da obra ele procura mostrar como o ser humano passa do estado de anomia para o estado de heteronomia e depois para o de autonomia A partir dos jogos com regras Piaget mostra como se d o processo de constru o de valores na crian a Para ele a moral estaria vinculada s regras e a pessoa moral seria aquela que cumpre as regras da sociedade as formais como as legisla es ou as informais como os acordos entre indiv duos na fam lia na escola etc como podemos observar nesta defini o de Piaget Toda moral consiste num sistema de regras e a ess ncia de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indiv duo adquire por essas regras PIAGET 1
41. gicos foram in meras vezes requisitados com vistas a uma aplica o que resultaria em incremento do controle social sobre as classes perigosas desde o movimento higienista at a eugenia 49 direitos individuais e 6 princ pios ticos e universais Nesse n vel h o esfor o vis vel de definir valores e princ pios morais que tenham validade independentemente da autoridade de grupos ou pessoas que os sustentam ou da identifica o do sujeito com essas pessoas ou grupos Dentre os dilemas morais hipot ticos criados por Kohlberg o mais famoso o de Heinz que consiste basicamente na seguinte hist ria Na Europa uma mulher estava quase morte com um tipo espec fico de c ncer Havia um rem dio que os m dicos achavam que poderia salv la Era uma forma de r dio que um farmac utico da mesma cidade havia descoberto recentemente O rem dio era caro para se fazer e o farmac utico estava cobrando mais do que ele lhe custava na fabrica o Ele pagava 200 d lares pelo rem dio e cobrava 2000 d lares por uma pequena dose do rem dio O marido da mulher doente Heinz procurou todo mundo que ele conhecia para pedir dinheiro emprestado mas s conseguiu aproximadamente 1000 d lares a metade do pre o do rem dio Ele disse ao farmac utico que sua mulher estava morrendo e pediu lhe para vender o rem dio mais barato ou deixar ele pagar o restante depois Mas o farmac utico disse N o eu descobri o rem dio e vou ganh
42. gios evolu ram na mesma ordem e em todas as culturas estudadas p 37 Al m de pretender resolver o problema da relatividade individual e cultural dos est gios morais Kohlberg critica conceitua es anteriores caracterizando como vagas ou insuficientes as explica es que remeteriam s ideias de conscientiza o ou interioriza o de ju zos morais pelos indiv duos Kohlberg defende a ideia de a moralidade ser universal e relata que Tal estudo pode levar nos a sair do problema da relatividade individual e cultural uma vez que parece haver valores morais culturalmente universais que se desenvolvem ao longo de uma sequ ncia invari vel de est gios Os est gios de maior julgamento t m caracter sticas formais que os tornam morais e s o mais precisos do que o vago conceito de consci ncia ou internaliza o KOHLBERG 1992 p 45 De acordo com Biaggio 2002 Kohlberg mant m a suposi o de Piaget qual seja a de que o ju zo moral se desenvolveria de dentro para fora Biaggio afirma que Segundo a concep o vigente na poca a moralidade era vista como algo imposto de fora para dentro ou 15 Estas construcciones de mis sujetos me convencieron del segundo supuesto de la v a cognitivo evolutiva de Piaget el supuesto de los estadios Si el primer supuesto de Piaget era el de la estructura cognitiva el nifio como fil sofo que contruye su mundo su segundo supuesto era que estas construcciones eran cualitativamen
43. inclu do tanto a filosofia comteana como os desdobramentos posteriores sob a forma da raz o instrumental postula que o m todo cient fico o nico v lido e a caracter stica desse m todo que ele puramente descritivo justamente para mostrar as rela es constantes entre os fatos e expressa los em leis que permitiriam a previs o dos fatos Assim como no pragmatismo em que a raz o refor ou seu 2 Seg n la filosofia del intelectual moderno promedio existe una sola autoridad es decir la ciencia concebida como clasificaci n de hechos y calculo de probabilidades La afirmaci n de que la justicia y la libertad son de por s mejores que la injusticia y la opresi n no es cientificamente verificable y por lo tanto resulta in til En s misma suena tan desprovista de sentido como la afirmaci n de que el rojo es m s bello que el azul o el huevo mejor que la leche HORKHEIMER 1969 p 34 22 Al abandonar su autonom a la raz n se ha convertido en instrumento En el aspecto formalista de la raz n subjetiva tal como lo destaca el positivismo se ve acentuada su falta de relaci n con un contenido objetivo en su aspecto instrumental tal como lo destaca el pragmatismo se ve acentuada su capitulaci n ante contenidos heter nomos La raz n aparece totalmente sujeta al proceso social HORKHEIMER 1969 p 32 69 aspecto instrumental ao se relacionar com conte dos heter nomos j que em sua rela o com o real
44. ncia de duas morais As duas morais seriam a heteronomia moral provis ria e a autonomia moral efetiva da adv m o termo kantismo evolutivo sustentado por Freitas 2003 afirmando que Piaget prop e que autonomia seja entendida como evolu o da heteronomia O respeito ao outro em Kant n o tem fundamento social Kant mant m um isolamento entre sujeito e objeto e desta forma mant m um certo elemento negativo cr tico pois ao separar o sujeito de realidade Kant distancia o sujeito alienado do sujeito ideal 84 evidenciando a aliena o do sujeito real Para Maia essa evid ncia coloca em separado as duas morais Segundo ele Resulta portanto um dualismo que se de um lado salva a metaf sica e os conceitos universais no campo da moralidade de outro a condena a ser separada da vida real dos homens de suas reais a es MAIA 2012 p 78 Podemos entender que existe um verdadeiro abismo entre a metaf sica e o real no que diz respeito moral kantiana Por m na leitura que Piaget faz de Kant a moral encontra se em est gios que se sucedem evolutivamente O formalismo l gico dessa leitura de Piaget deixa de lado justamente o elemento cr tico kantiano que possibilitaria contrapor a sujeito real heter nomo e o sujeito ideal que age de acordo com os imperativos categ ricos explicitando assim sua contradi o Como se pode constatar partindo de Durkheim e Bovet Piaget n o considera que o desenvolvimento prov m d
45. o dos testes e t cnicas de desenvolvimento moral Podemos ler abaixo Assim torna se coerente afirmar que as pr ticas pedag gicas adotadas nessa unidade dificultam o desenvolvimento da moralidade aut noma e refor am a perpetua o da heteronomia Este argumento corroborado por outros estudos na rea do desenvolvimento s cio moral que t m demonstrado que pr ticas pedag gicas coercitivas est o ligadas moral heter noma enquanto pr ticas que consideram a coopera o negocia o e autonomia do sujeito t m sido relacionadas com o desenvolvimento de uma moralidade aut noma MONTE et al 2012 p 375 60 Mais uma vez a fonte da coer o se vincula a rela es caracterizadas como coercitivas assim como em Piaget e a proposta desenvolver pr ticas de coopera o e negocia o Obviamente ningu m seria contr rio a que uma institui o em que predominassem pr ticas coercitivas se modificasse de modo a promover pr ticas cooperativas e de negocia o mas claramente h um limite entre a necess ria cr tica institui o e a aplica o de dilemas morais Estes centram se no desenvolvimento moral dos indiv duos enquanto a institui o parece ficar em segundo plano Tal como aponta o artigo de Monte et al 2012 parece que se concebe que a sociedade democr tica deriva de sujeitos com ju zo moral desenvolvido at o est gio dos princ pios ticos universais de acordo com Kohlberg A mesma premis
46. o h sujeito mas sim revolta ou conformismo Nesse sentido compreender a educa o moral numa perspectiva cr tica implica apontar que as contradi es na sociedade e em si pr prio t m ra zes numa contradi o fundamental a contradi o das classes sociais da explora o e da aliena o e permite uma sa da a escolha moral Dessa forma se estabelece um sujeito com algum grau de liberdade pela consci ncia aguda de sua n o liberdade Uma sa da do sujeito para outra condi o que ao mesmo tempo respeite a si e ao outro 2 8 Educa o e t cnica Os estudos sobre educa o moral de Piaget apropriados por Kohlberg acabam por se converter em t cnicas de educa o moral destituindo a dimens o pol tica substitu da por um manejo t cnico cognitivo Ao analisarmos grande parte dessas pr ticas de educa o moral verificamos que ao deixar de lado ou n o considerar as contradi es em que a sociedade esta enredada e simplesmente acreditar que conflitos cognitivos fariam evoluir est gios de desenvolvimento moral nos sujeitos essas t cnicas acabam por refor ar o car ter heter nomo e alienante das rela es em que os sujeitos est o envolvidos Podemos utilizar como exemplo a t cnica de discuss o de dilemas morais hipot ticos que aparentemente consistiria na confronta o de ideias e opini es de um sujeito com outros que se encontrem em est gios mais avan ados de desenvolvimento moral de modo que ocorresse
47. o para se tornarem bons m dicos FEITOSA 2013 p 12 Esse decr scimo na escala de ju zo moral pode mostrar que as condi es sociais que caracterizam cursos superiores altamente competitivos levam a uma progressiva regress o da capacidade de realizar um ju zo moral adequado Nesta pesquisa observou se decr scimo na compet ncia de ju zo moral entre os estudantes que conclu ram a grade curricular que precede o est gio de internato m dico com a rela o aos estudantes que iniciaram o curso de Medicina Os autores concluem com base nesses estudos que a educa o m dica n o contribui para o desenvolvimento moral dos alunos FEITOSA 2013 p 9 Claramente ambientes n o democr ticos s o inadequados para uma educa o que vise a autonomia mas essa quest o t o fundamental somente tratada de passagem no texto 65 frisando os autores que urgente aplicar nos cursos de Medicina as t cnicas de discuss o de dilemas morais Uma das propostas cujos achados emp ricos t m demonstrado melhores resultados neste sentido a discuss o de dilemas FEITOSA 2013 p 12 Ou seja se a conclus o da leitura do livro O Juizo Moral na Crian a de Piaget fosse a necessidade de tornar as institui es educativas ambientes democr ticos e cooperativos estar amos de acordo No entanto o que resulta das pesquisas e propostas analisadas nesse campo s o proposi es de aplica o de t cnicas de desenvolvimento de
48. parte da natural tend ncia para o egocentrismo na crian a O problema da mentira na crian a ent o o resultado do encontro das atividades egoc ntricas com a coa o moral do adulto Para melhor se entender as avalia es infantis ele afirma que a mentira cria um problema para a consci ncia da crian a e come a a estudar o seu julgamento em rela o mentira O objetivo estudar como a crian a julga e avalia a mentira por meio de entrevistas Piaget ressalta tr s pontos 1 A defini o da mentira 2 A responsabilidade em fun o do x PORRE E 5 10 E y F k A conte do e 3 As consequ ncias materiais das mentiras Al m disso tamb m investiga se 8 Responsabilidade subjetiva para Piaget seria a evolu o do dom nio moral da responsabilidade objetiva em que supondo rela es de coopera o e respeito m tuo a crian a leva em conta as inten es da a o Piaget iniciava a investiga o da defini o da mentira com a pergunta O que uma mentira Da resposta ele articulava as pr ximas perguntas como por exemplo O que quer dizer coisas feias Por que uma mentira Etc 1 Para compreender a responsabilidade em rela o ao conte do e suas consequ ncias materiais Piaget contava hist rias como esta I a Um garoto passeava na rua e encontrou um grande cachorro que lhe despertou muito medo Voltou ent o para casa e contou m e que vira um cachorro t o grande como uma vaca b
49. por Piaget como um estado patol gico A produ o de desequil brio quando por exemplo uma crian a ainda egoc ntrica levada a cooperar numa situa o social que exige reciprocidade um processo que entendido por Piaget como eminentemente construtivista tem contrapartida interna em termos de assimila o acomoda o e produ o de estruturas que resultar o em um novo equil brio mas depende da rela o do sujeito com uma situa o externa qual ele precisa se adaptar Assim o que parece atraso do ponto de vista do desenvolvimento um movimento no sentido da equilibra o previsto nos sujeitos e em certo sentido teleol gico Piaget diz Levando se em conta ent o esta intera o fundamental entre fatores internos e externos toda conduta uma assimila o do dado a esquemas anteriores assimila es e esquemas heredit rios em graus diversos de profundidade e toda conduta ao mesmo tempo acomoda o destes esquemas situa o atual Da resulta que a teoria do desenvolvimento apela necessariamente para a no o de equil brio pois toda conduta tende a assegurar equil brio entre os fatores internos e externos ou mais em geral entre a assimila o e a acomoda o PIAGET 1967 p 95 Como podemos observar na passagem acima h um descompasso entre as perturba es exteriores e as atividades do sujeito que exige uma s rie de ajustes dos esquemas mentais internos para ent o efeti
50. regra social e um bem pessoal Notamos que todos os autores compreendem os dilemas morais como se fossem dilemas individuais No dilema moral abstrato h como aparentemente solucionar o conflito no mbito individual Por exemplo ao roubar o rem dio Heinz pode se justificar pois sua a o vai salvar uma vida No entanto uma a o individual n o resolve em nada o problema que persiste que seria por exemplo uma sociedade que educa sujeitos para lucrar o farmac utico do dilema de Heinz com a doen a de outro ser humano nem discute a quest o sobre o monop lio de conhecimento que ind strias farmac uticas possuem para conseguir explorar pessoas em situa es de doen a O ju zo moral adequado implica a equilibra o no sujeito o desenvolvimento l gico 66 de reciprocidade quando na realidade seria necess ria a reorganiza o da sociedade pela sua l gica interna pois as rela es sociais em muitos momentos colocam os homens em rela o de competi o n o de coopera o N o podemos supor que a coopera o acontece universalmente mas ela deve ser vista como um ideal a ser atingido A teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg se apresenta como conservadora n o somente ao pressupor como j existente o que no mundo real ainda carece ser constru do mas tamb m por pressupor que a aplica o de uma t cnica de desenvolvimento moral nos indiv duos o principal meio para a democracia na sociedade 67 CAP TU
51. s vantagens pessoais que podem retirar das rela es Por isso a import ncia da educa o que consegue fazer a cr tica e esclarecer essas rela es seja do 105 sujeito ing nuo que entende o mundo como harm nico e sem conflitos como do sujeito canalha que quer obter vantagem de tudo pois os modelos de desenvolvimento moral s o os que det m a propriedade os ricos Adorno diz que Nada pois de acusar os ricos de imoralidade censura que desde sempre integra a armadura da opress o pol tica mas sim dar se conta de que eles representam para os demais a moral Quem rico ou adquire riqueza v se como aquele que consegue por sua pr pria for a como ego aquilo que o esp rito objetivo a realmente irracional escolha de salva o de uma sociedade mantida coesa por brutal desigualdade econ mica deseja ADORNO 2008 p 181 Uma educa o que acaba por justificar as injusti as sociais forma sujeitos frios pois o conjunto das regras sociais que coordenam a moral aceita essas posturas ego stas A a o moral desses sujeitos est abarcada nesta l gica n o haveria contradi o nesse mundo em se preocupar apenas com os pr prios interesses pelo contr rio a moral crist t o compat vel como nosso mundo tem como pressuposto a solidariedade Gruschka nos adverte que A qualidade humana de uma sociedade e com isso a identifica o dos homens com ela depende essencialmente de seu poder econ
52. se 21 tornam h bitos semelhantes aos ritos que segundo Piaget s o como regras individuais Para Piaget durante esse est gio a crian a como j vimos joga bolinhas como bem entende procurando simplesmente satisfazer seus interesses motores ou sua fantasia simb lica S que muito depressa ela adquire h bitos que constituem esp cies de regras individuais PIAGET 1994 p 50 Para Piaget o meio ambiente e alguns acontecimentos f sicos em geral imp em a no o de regularidade o que favorece o aparecimento de esquemas motores de previs o Para a consci ncia da crian a n o haveria distin o entre regras provenientes da natureza ou da sociedade As regras s o acompanhadas de um sentimento de obriga o Em rela o obriga o consciente Piaget acata a tese do soci logo Pierre Bovet de que o sentimento de obriga o s aparece quando a crian a aceita imposi es de pessoas pelas quais demonstra respeito PIAGET 1994 p 52 No entanto Piaget procura ampli la incluindo a situa o do respeito m tuo afirmando que ao lado do respeito unilateral do menor para o maior existiria tamb m o respeito m tuo proveniente de um sentimento de igualdade entre eles Em rela o idade das crian as ocorre uma distin o entre as regras inventadas ou impostas pelo ambiente que s o acompanhadas tanto de uma aprova o rec proca de dois indiv duos como da autoridade de um sobr
53. se expressa em a es e essas respostas culminam na responsabilidade objetiva de forma pr tica O problema saber de onde prov m e qual a evolu o da responsabilidade objetiva Para resolver essa situa o Piaget apresentou dois tipos de hist rias duplas nas entrevistas com as crian as Por exemplo no primeiro tipo as hist rias diziam respeito a desajeitamentos na forma como os fatos ocorrem em a sem inten o mas com grandes consequ ncias e em b com inten o mas sem grandes consequ ncias No segundo tipo diziam respeito ao roubo em duas formas em a justificadamente altruisticamente e em b egoisticamente A partir da indaga o se as crian as nas hist rias eram igualmente culpadas e qual seria a mais culpada as respostas foram agrupadas em dois tipos aquelas em que os eventos s o avaliados em fun o do resultado material independentemente da inten o ou aquelas em que s o avaliados em fun o exclusiva da inten o a despeito dessa ambival ncia a responsabilidade objetiva declina com a idade Para Piaget Essas respostas nos colocam assim em presen a de dois tipos diferentes de atitudes morais julgar os atos segundo seu resultado material ou levar em conta apenas as inten es Essas duas atitudes podem coexistir nas mesmas idades e at na mesma crian a mas em m dia n o podem ser sincronizadas A responsabilidade objetiva diminui em geral com a idade enquanto a respons
54. ser a equilibra o progressiva das a es passando por est gios de simples regula es com retroa es e antecipa es que produz a reversibilidade final exatamente aqui que os resultados da an lise gen tica nos parecem decisivos Como as compensa es correspondem s perturba es e se ajustam de maneira muito progressiva a princ pio incompleta a reversibilidade operat ria que exprime as compensa es completas constitui o resultado e n o a causa desta equilibra o gradual PIAGET 1967 p 105 Notamos que para Piaget a equilibra o um pressuposto do pr prio sujeito do organismo e a reversibilidade somente se desenvolve quando ocorrem perturba es no ambiente Dessa forma o equil brio pode ser compreendido como proveniente de perturba es no ambiente a aprendizagem por m o efeito de um pressuposto no sujeito com uma finalidade que seria a equilibra o e esta levaria o sujeito a construir esquemas como as acomoda es sempre a partir dessas perturba es externas 1 4 A consci ncia das regras motora coercitiva e racional Ap s estabelecer os quatro est gios das pr ticas da regra Piaget passa ao momento seguinte o do desenvolvimento da consci ncia das regras Ao estudar a evolu o da consci ncia das regras ele caracteriza o primeiro est gio da seguinte forma a crian a joga para satisfazer interesses motores ou da fantasia simb lica mas essas atividades do jogo
55. su mismo car cter instrumental El esp ritu antifilos fico que no puede ser separado de la noci n subjetiva de raz n y que culmin en Europa con las persecuciones del totalitarismo a los intelectuales ya fuesen sus pioneros o no es sintom tico de la degradaci n de la raz n Los cr ticos tradicionalistas conservadores de la civilizaci n cometen un error fundamental al atacar la intelectualizaci n moderna sin atacar al mismo tiempo tambi n la estupidizaci n que es s lo otro aspecto del mismo proceso El intelecto humano que tiene or genes biol gicos y sociales no es una entidad absoluta aislada e independiente HORKHEIMER 1969 p 65 71 o empirismo quanto o racionalismo pois considera que ambos falham em compreender o car ter din mico e equilibrador do conhecimento Por m ele parece encontrar se situado no que Horkheimer entende como raz o subjetiva devido a sua concep o da raz o estar vinculada em ltima inst ncia ao ajustamento do sujeito ao mundo tal como o mundo existe ou melhor a propostas de educa o que consideram que n o necess rio e fundamental mudar o mundo mas desenvolver os indiv duos que dessa forma construiriam uma sociedade melhor O conceito de coopera o em Piaget se pauta na l gica formal matem tica pressupondo nos sujeitos uma tend ncia equilibra o sendo que o telos dessa equilibra o existiria a priori e levaria ao desenvolvimento de um ju zo moral aut nomo
56. ticas Na interpreta o dos autores 57 bastaria aumentar a quantidade e a qualidade da educa o para promovermos o ju zo moral e consequentemente as rela es democr ticas Afirma es como essa s o bastante question veis pois n o levam em conta por exemplo in meras outras media es e as rela es de poder e domina o presentes em nossas sociedades que persistem vigentes apesar das apar ncias democr ticas Souza assim como todos os outros autores dos artigos pesquisados tamb m se fundamenta em Kohlberg ao pensar a quest o do desenvolvimento do ju zo moral incorporando sua pesquisa os subest gios criados por ele e sua t cnica da discuss o de dilemas morais abstratos Ela afirma que Kohlberg 1984 postulou uma sequ ncia invari vel hier rquica e universal de est gios de desenvolvimento do julgamento moral Mediante a an lise da estrutura das respostas das pessoas a dilemas morais o autor identificou formas qualitativamente diferentes de racioc nio moral algumas das quais segundo ele Piaget 1994 n o considerou em sua teoria do desenvolvimento moral SOUZA 2008 p 170 Fica evidente na an lise de todos os artigos que sem exce o todos partem da defini o de Kohlberg sobre o ju zo moral e como podemos verificar da cita o acima este autor postula uma sequ ncia invari vel hier rquica e universal de est gios de desenvolvimento moral premissa essa que pass vel de question
57. um ser que certamente se emancipa e se afasta das simples rela es naturais que est desde o princ pio referido sociedade de um modo espec fico que por isso mesmo recolhe se no seu pr prio ser E porque a sociologia enfatizou unilateralmente o primado da sociedade sobre o indiv duo em virtude da posi o peculiar que ocupa na divis o do trabalho entre as ci ncias que se pode afirmar que essa nfase foi um corretivo v lido a t o generalizada ilus o de que cada homem chegou a ser o que atuando essencialmente por si mesmo por sua disposi o natural e por sua psicologia HORKHEIMER ADORNO 1973 p 53 Partir de uma concep o sociol gica cr tica para compreender o desenvolvimento moral implica em reconhecer que as mudan as que podem e devem ocorrer no mbito da moralidade individual devem ser pensadas necessariamente em suas manifesta es sociais ou seja como a es sociais de um indiv duo concreto Assim como tamb m necess rio procurar no indiv duo ind cios de resist ncia ao todo como coloca Adorno 2008 Em face da unidade totalit ria que altissonante proclama como o sentido sem mais a extirpa o da diferen a pode mesmo se ter contra do temporariamente na esfera individual algo da for a social libertadora p 12 Piaget parte da concep o de desenvolvimento da moralidade nos indiv duos e para tanto desenvolve uma teoria baseada na ideia de epistemologia gen tica analis
58. 994 p 23 12 No cerne do desenvolvimento do respeito s regras est a atividade cooperativa a nica segundo Piaget capaz de levar ao desenvolvimento da forma mais desenvolvida de equilibra o no campo moral O objetivo do primeiro capitulo desta disserta o identificar os sentidos poss veis do conceito de coopera o pressuposto na obra O Ju zo Moral na Crian a Assim como tamb m fazer uma analise cr tica dos desdobramentos que historicamente ocorreram na educa o com base neste conceito de coopera o em Piaget por exemplo a cria o de testes exerc cios e ferramentas como o MJI Moral Judgment Interview de Kohlberg passando por t cnicas de educa o moral e sua aplica o numa educa o moral com o uso de exerc cios de dilemas morais para crian as Algumas propostas de aplica o das t cnicas de educa o moral desenvolvidas por Kohlberg ser o descritas com o fim de explicitar o car ter instrumental da educa o moral resultante das teorias por ele desenvolvidas Por fim no segundo cap tulo ser o levadas em considera o as poss veis cr ticas que poder amos depreender a partir da Teoria Cr tica em rela o ao conceito de coopera o que respaldou tanto a teoria do desenvolvimento moral de Piaget quanto a instrumentaliza o da educa o moral proposta por Kohlberg Como eixo dessa an lise cr tica consideraremos a rela o entre a moralidade e o respeito lei como uma rela o essencial
59. AVELL p 60 1988 Em rela o oposi o entre egoc ntrico social veremos no cap tulo 3 desta disserta o qual a cr tica decorrente desta dicotomia Em uma perspectiva dial tica e cr tica o egocentrismo tem tamb m origem social e sua perman ncia no adulto um sintoma not rio disso 20 compreendida como uma tend ncia a priori no organismo Todo sujeito carregaria internamente as determina es de suas estruturas mentais e o processo de concretiza o dessas estruturas irromperia por interm dio da intera o com o ambiente Para Piaget quanto mais a crian a for exposta a contatos entre iguais em que pode ocorrer coopera o devido exist ncia de estruturas e esquemas mentais aprior sticos mais rapidamente ela chegar ao 4 est gio e compreender a din mica da pr tica das regras Ao sintetizar o processo de equilibra o psicol gica que ocorre nas estruturas cognitivas dos sujeitos Piaget recorre ao conceito de reversibilidade que como veremos na cita o abaixo seria um fen meno org nico caracter stico dos sujeitos Como diz Piaget Em resumo o equil brio psicol gico est vel e final das estruturas cognitivas se confunde de maneira id ntica com a reversibilidade das opera es pois as opera es inversas compensam exatamente as opera es diretas Mas ent o se coloca um ltimo problema ser a reversibilidade constitutiva da natureza das opera es que produz o equil brio Ou
60. LO 2 TEORIA CR TICA MORALIDADE E EDUCA AO 21 Racionalidade Instrumental As propostas dos artigos analisados no final do cap tulo anterior apontam para uma apropria o instrumental da educa o moral e dessa forma acabam por produzir t cnicas que podem resultar em uma moraliza o conservadora Com isto utilizaremos a Teoria Cr tica da Sociedade para realizarmos uma cr tica educa o moral proposta por Kohlberg a partir da teoria piagetiana Neste momento faz se necess ria uma distin o entre a raz o objetiva e a raz o subjetiva e para tanto nos apoiaremos na obra Cr tica da Raz o Instrumental de Horkheimer 1969 para um maior esclarecimento destas diferen as Horkheimer faz uma releitura de Hegel que nos permite compreender duas perspectivas distintas da raz o A primeira chamada de raz o objetiva e pretende identificar a raz o ao real Hegel ao identificar a raz o ao real por meio da raz o objetiva nos permitiu visualizar que no mundo tal como ele existe a raz o n o corresponde ao real da a necessidade de transform lo Ao longo do tempo ocorre o que Horkheimer vai caracterizar como uma formaliza o da raz o que traz mudan as significativas na forma de compreendermos e nos relacionarmos com a realidade existente Por exemplo a separa o entre raz o e religi o foi mais um passo da formaliza o da raz o e do enfraquecimento da raz o objetiva A segunda forma de raz o a qual Horkheimer
61. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA J LIO DE MESQUITA FILHO DIOGO ALFONSO GARCIA A EDUCA O MORAL CONSTRUTIVISTA E SUAS CONTRADI ES UMA LEITURA CR TICA Araraquara 2015 DIOGO ALFONSO GARCIA A EDUCA O MORAL CONSTRUTIVISTA E SUAS CONTRADI ES UMA LEITURA CR TICA Disserta o de Mestrado apresentada ao Programa de P s gradua o da Faculdade de ci ncias e Letras Unesp Araraquara por Diogo Alfonso Garcia como requisito para obten o do t tulo de Mestre em Educa o Escolar sob orienta o do Prof Dr Ari Fernando Maia Araraquara 2015 A EDUCA O MORAL CONSTRUTIVISTA E SUAS CONTRADI ES UMA LEITURA CR TICA Disserta o de Mestrado apresentada ao Programa de P s gradua o da Faculdade de ci ncias e Letras Unesp Araraquara por Diogo Alfonso Garcia como requisito para obten o do t tulo de Mestre em Educa o Escolar sob orienta o do Prof Dr Ari Fernando Maia Data da Defesa 30 01 2015 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA Orientador Prof Dr Ari Fernando Maia Unesp Bauru Membro Titular Prof Dr Ligia M rcia Martins Unesp Bauru Membro Titular Prof Dr Divino Jos da Silva Unesp Presidente Prudente Local Unesp Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ci ncias e Letras UNESP Campus de Araraquara Dedico esta disserta o minha m e AGRADECIMENTOS Agrade o aos meus pais Ang lica e Adolfo por sempre acredi
62. a Em primeiro lugar h o que chamaremos as san es expiat rias as quais nos parecem ir a par com a coa o e com as regras de autoridade A san o expiat ria apresenta pois o car ter de ser arbitr ria de n o haver nenhuma rela o entre o conte do da san o e a natureza do ato sancionado a nica coisa necess ria que haja proporcionalidade entre o sofrimento imposto e a gravidade da falta Em segundo lugar est o que denominaremos san es de reciprocidade enquanto v o a par com a coopera o e as regras de igualdade PIAGET 1994 p 161 1 Exemplo de hist ria V Um menino quebrou um brinquedo pertencente ao irm ozinho Que seria preciso fazer 1 Dar ao pequeno um dos seus pr prios brinquedos 2 Consert lo sua custa 3 Priv lo de todos os seus brinquedos por uma semana 33 Piaget fala de uma lei de evolu o no desenvolvimento moral da crian a tamb m com rela o ao dom nio da justi a retributiva em que de um lado estaria a no o de expia o derivada das rela es de coa o e de outro a no o de reciprocidade derivada das rela es de coopera o Com o desenvolvimento do ju zo moral a ltima predominaria sobre a primeira Nas palavras de Piaget Se o que precede exato esta evolu o apenas um caso particular de evolu o geral do respeito unilateral para o respeito m tuo por isso que a ideia de expia o perde progressiva
63. a o sociedade Nossa conclus o foi a que a moral prescrita ao indiv duo pela sociedade n o 81 homog nea porque a pr pria sociedade n o coisa nica A sociedade o conjunto das rela es sociais Ora entre estas dois tipos extremos podem ser distinguidos as rela es de coa o das quais o pr prio impor do exterior ao indiv duo um sistema de regras e conte dos obrigat rio e as rela es de coopera o cuja ess ncia fazer nascer no pr prio interior dos esp ritos a consci ncia de normas ideais dominando todas as regras PIAGET 1994 p 294 Podemos inferir da cita o acima que de um lado estariam as rela es de coa o e de outro as rela es de coopera o e estimular as rela es de coopera o entre os indiv duos seria o caminho para superar as rela es de coa o Novamente o modo como Piaget compreende a sociedade um modo idealista A Teoria Cr tica faz algumas considera es acerca dos preju zos que uma concep o idealista de sociedade pode acarretar Ao discutir a filosofia idealista que acaba por afastar o indiv duo da sociedade Horkheimer compara idealismo a uma f primitiva como nos mostra o seguinte trecho este tra o idealista segundo o qual o mundo j deve estar em ordem desde que no esp rito tudo esteja em ordem esta defici ncia em diferenciar entre fantasia e realidade pela qual a filosofia idealista prova ser uma forma refinada da f primi
64. a o mais exigente Com essas pondera es a escola entendida como mais uma institui o que intenta a forma o do indiv duo inclusive sua forma o moral n o pode ser pensada fora da sociedade Para Adorno a organiza o do mundo converteu se a si mesma imediatamente em sua pr pria ideologia Ela exerce uma press o t o imensa sobre as pessoas que supera toda a educa o ADORNO 2006 p 143 Por isso a escola n o pode ser pensada como se estivesse isenta das press es que se fazem sobre os indiv duos justamente para que tenha a possibilidade de se contrapor aliena o A escola seria um espa o que permitiria a possibilidade de desenvolver no indiv duo percep es sobre as rela es sociais que est o presentes dentro e fora da escola Aqui devemos elucidar o papel da educa o que n o entendido somente em sua fun o de equaliza o social mas necess rio compreender a clareza dos determinantes sociais da educa o e a compreens o do grau em que as contradi es da sociedade marcam a educa o SAVIANI 2008 p 100 A a o pedag gica deve ser apreendida a partir de sua materialidade sendo que a concep o pressuposta nesta vis o da pedagogia hist rico cr tica o materialismo hist rico ou seja a compreens o da hist ria a partir do desenvolvimento material da determina o das condi es materiais da exist ncia humana SAVIANI 2008 p 88 Em rela
65. a A busca de uma efic cia t cnica que encurte prazos e aumente a produtividade acaba sendo incorporada e extrapolada para as rela es entre os homens A dimens o humana entretanto infinitamente mais complexa do que qualquer manual t cnico A imprevisibilidade e as m ltiplas determina es marcam as rela es humanas A utiliza o indiscriminada de t cnicas que em grande medida visam ao aumento de efic cia e diminui o do tempo nas rela es de produ o capitalista tamb m causam um enfraquecimento da experi ncia humana Este enfraquecimento produzido pela aus ncia de tempo e pela imediaticidade das respostas que s o exig ncias dos aparatos tecnol gicos Eles produzem apenas rea es autom ticas mec nicas e dessa forma a t cnica produz um enfraquecimento da experi ncia propriamente humana Adorno diz que Nos movimentos que as m quinas exigem dos seus operadores j est o violento o brutal o percussivamente intermin vel dos maus tratos fascistas Entre os culpados pela morte da experi ncia encontra se a circunst ncia de que segundo a lei da sua pura efic cia as coisas assumem uma forma que 101 restringe a lida com elas mera manipula o sem um excedente seja de liberdade de conduta seja de toler ncia pela independ ncia da coisa que sobreviva como germe de experi ncia por n o ter sido consumido pelo instante da a o ADORNO 2008 p 36 Dessa forma percebemos que a t
66. a e deixar as crian as sozinhas tal como feito no jogo n o soluciona os problemas provenientes 108 dos conflitos entre gera es e dos conflitos n o naturais entre classes sociais A ideia de coopera o no construtivismo omite as rela es de competi o existentes na sociedade ou as considera naturais acenando com a possibilidade ing nua de que se produzam rela es de coopera o na escola tal como elas ocorrem no jogo de bolinha Dessa forma Piaget remete ideia de que em nossa sociedade e em nossas escolas do modo em que se encontram poss vel estabelecer rela es de coopera o e formar sujeitos emancipados n o considerando a necessidade de esclarecimento e de transforma o da sociedade para que possam se desenvolver sujeitos aut nomos Os desdobramentos das hip teses piagetianas sobre o desenvolvimento moral permitiram que Kohlberg fizesse a descri o de um processo homog neo de desenvolvimento da moralidade e criasse uma tecnologia de desenvolvimento moral As t cnicas de discuss o dos dilemas morais abstratos n o estimula necessariamente a coopera o entre os participantes e certamente deixam dilemas concretos de lado Com Kohlberg pressup e se que as rela es de coopera o s o democr ticas e essa dedu o resolveria in meras quest es A teoria moral construtivista acaba por se apresentar de forma contradit ria ao n o se atentar para as contradi es em suas m ltiplas media e
67. a aplica o dos procedimentos e testes de educa o moral Novamente encontramos propostas muito pr ximas entre si Todos os artigos de modo geral tinham como objetivo a aplica o de alguma t cnica de desenvolvimento do ju zo moral ou a identifica o de problemas morais com vistas ao desenvolvimento de estruturas de ju zo moral mais elevadas No artigo de Bataglia Morais e Lepre pode se notar que houve uma introdu o dos instrumentos de avalia o moral na educa o brasileira que foram traduzidos e est o sendo aplicados As pesquisas sobre o desenvolvimento moral fundamentadas em Kohlberg geraram a elabora o de alguns instrumentos de avalia o do ju zo moral e da compet ncia moral que foram traduzidos e adaptados para a realidade brasileira BATAGLIA 2010 p 25 Por m muito pouco ou nada se discute nos artigos em rela o coopera o entre os estudantes o que na avalia o de Piaget o principal fator no desenvolvimento do ju zo 59 moral No trecho abaixo fica claro como s o deixados de lado os problemas relacionados coopera o para substitu la por uma t cnica de discuss o de dilemas morais que dever ser utilizada com o objetivo de desenvolver o ju zo moral nos estudantes Vejamos Espera se que o trabalho possa contribuir na compreens o da aplica o da t cnica de discuss o de dilemas morais como recurso did tico em disciplinas como desenvolvimento moral ou tica profissiona
68. a interioriza o da atividade realizada pelo sujeito e o que ele chama de constru interacionismo parte muito mais do indiv duo para a sociedade do que da sociedade para o indiv duo Contrariamente a Piaget a Teoria Cr tica enfatiza o movimento predominante na forma o do sujeito do social para o individual e vice versa dialeticamente Como nesta passagem em que Adorno discute a influ ncia dos ve culos de comunica o no aprendizado de bons costumes ele diz que tal como os aut nticos processos de forma o avan am muito mais de fora para dentro do que inversamente como pretende a ideologia ADORNO 2006 p 84 Para Piaget o processo de desenvolvimento um processo de socializa o que parte do individual para o sujeito ser socializado Na Teoria Cr tica a dial tica entre indiv duo e sociedade vai al m da alternativa de dentro para fora de fora para dentro A cita o abaixo auxilia a esclarecer que o indiv duo evidentemente se constitui a partir do social mas s o as caracter sticas totalit rias do social atualmente que fazem com que ele se isole e se torne exemplar de um padr o que reproduz o mundo externo sem poder se diferenciar Os autores da Teoria Cr tica colocam que Rigorosamente falando a socializa o afeta o homem como pretensa individualidade exclusivamente biol gica n o tanto desde fora mas sobretudo na medida em que envolve o indiv duo em sua pr pria inte
69. abilidade subjetiva aumenta em import ncia correlativamente Portanto trata se em suma de dois processos que se interferem em parte mas o segundo chega pouco a pouco a dominar o primeiro PIAGET 1994 p 109 Responsabilidade objetiva para Piaget est relacionada ao dom nio moral da crian a em que h desvios entre o julgamento de valor te rico e as avalia es concretas da crian a Por exemplo crian as que no plano verbal n o levam em conta as inten es para avaliar os atos julgam apenas segundo seu resultado material 7 Exemplo de uma hist ria de desajeitamento I a Um menino que se chama Jean est em seu quarto chamado para jantar Entra na sala para comer Mas atr s da porta h uma cadeira Sobre a cadeira h uma bandeja com quinze x caras Jean n o pode saber que h tudo isso atr s da porta Entra a porta bate na bandeja e bumba as quinze x caras se quebram b Era uma vez um menino chamado Henri Um dia em que sua m e estava ausente foi pegar doces no arm rio Subiu numa cadeira e estendeu o bra o Mas os doces estavam muito no alto e ele n o p de alcan los para comer Entretanto tentando apanh los esbarrou numa x cara A x cara caiu e se quebrou 28 Piaget elabora a hip tese de que as avalia es baseadas no preju zo moral s o devidas principalmente coa o adulta n o sendo um fen meno espont neo na psicologia da crian a Ele se pergunta de onde vem
70. ada como algo pr ximo psicologia do desenvolvimento aplicada FLAVELL 1988 p 255 em que os fen menos s o investigados em sua pr pria g nese Em particular o postulado b sico da psicoepistemologia gen tica segundo o qual a explica o de todo fen meno seja f sico psicol gico ou social buscar em sua pr pria g nese e n o alhures contribuiu para dar um novo papel dimens o hist rica tanto na pr tica pedag gica como na reflex o sobre a educa o MUNARI 2010 p 23 Para Piaget epistemologia gen tica seria a gen tica da l gica no indiv duo e esta mesclada epistemologia e entendida como l gica formal Flavell 1988 diz que a 7 Epistemologia ser encontrada como Teoria do Conhecimento no Dicion rio Filos fico e ser definida como 75 orienta o epistemol gica em rela o aos dados de desenvolvimento revela duas coisas 1 explica por que Piaget interessou se principalmente pela aquisi o de conceitos como classe rela es n mero espa o tempo etc essas categorias amplas e fundamentais da experi ncia s o exatamente aqueles aspectos que uma pessoa que considera os acontecimentos evolutivos a partir de um quadro de refer ncia epistemol gico escolheria para estudar 2 traz luz algo muito importante sobre a maneira como Piaget considera seus dados evolutivos os fatos do desenvolvimento cognitivo formam um subconjunto dentro da disciplina mais ampla chamada e
71. ais para a educa o emancipat ria In Teoria Cr tica e Forma o Cultural Aspectos Filos ficos e Sociopol ticos Campinas Ed Autores Associados 2012 ZUTIN A A S LAST RIA L A N GOMES L R Orgs Capinas SP Autores Associados 2012 MARCUSE H Tecnologia Guerra e Fascismo S o Paulo Ed Unesp 1999 MONTE F F C SAMPAIO L R Pr ticas pedag gicas e moralidade em unidade de internamento de adolescentes e autores de atos infracionais Psicolia reflex o e critica Joao Pessoa v 27 n 25 2012 Dispon vel em lt http www scielo br pdf prc v25n2 a19v25n2 pdf gt Acesso em 28 julho 2014 MUNARI A Piaget Recife Funda o Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010 OLIVEIRA G M de CAMINHA I de O FREITAS C M S M de Rela es de conviv ncia e princ pios de justi a a educa o moral na escola Psicol Esc Educ Impr Campinas v 14 n 2 dez 2010 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S141385572010000200008 amp Ing pt amp nrm iso gt Acessos em 07 maio 2014 PIAGET J O Ju zo Moral na Crian a S o Paulo Summus Editorial 1994 112 Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Ed Forense Universit ria 1988 Seis Estudos de Psicologia Rio de Janeiro Ed Forense Universit ria 1967 PUCCI B Org LAST RIA L A N Org COSTA B C G da Org Tecnologia Cultura e Forma o ainda Auschwitz S o Paulo Ed Corte
72. al Como vemos na cita o Nesse sentido a educa o brasileira deve ser norteada por princ pios que assegurem a dignidade da pessoa humana a igualdade de direitos entre as pessoas a participa o e a corresponsabilidade pela vida social Como exemplos de pr ticas escolares nas quais se possa promover a forma o de uma consci ncia cidad os PCNs sugerem atividades nas quais os indiv duos possam construir regras de conviv ncia a utiliza o de discuss es coletivas acerca de situa es problema com tem ticas ligadas ao respeito m tuo e coopera o e o desenvolvimento de projetos nos quais os estudantes realizem a es voltadas para a promo o da cidadania entre outras SAMPAIO 2007 p 592 Como podemos deduzir da cita o acima o artigo deixa expl cita a sugest o de utiliza o dos dilemas morais colocados como discuss es coletivas acerca de situa es problema como proposta de a es voltadas para a educa o brasileira e a sua incorpora o aos Par metros Curriculares Nacionais Ou seja as propostas de implementa o de uma educa o com vistas ao desenvolvimento do ju zo moral utilizando se de t cnicas de dilemas morais baseadas em Piaget e Kohlberg j s o parte da discuss o pedag gica brasileira e de poss veis reformas curriculares que porventura possam vir a acontecer nos mais variados n veis de escolariza o A terceira quest o que norteou a an lise foi qual seria a finalidade d
73. amental a sua natureza social secund ria ou apenas derivada Esse fato biol gico n o esquecido evidentemente uma sociologia verdadeiramente cr tica deve ser formulada de acordo com ele e n o em ltimo lugar para evitar a idolatria da comunidade social Mas por outro lado o conceito de individua o biol gica t o abstrato e indeterminado que n o pode expressar de maneira completa e apropriada o que os Em rela o frieza Adorno diz que se as pessoas n o fossem profundamente indiferentes em rela o ao que acontece com todas as outras excetuando o punhado com que mant m v nculos estreitos e possivelmente por interm dio de alguns interesses concretos ent o Auschwitz n o teria sido poss vel as pessoas n o o teriam aceito ADORNO 2006 p 134 Para uma maior compreens o do conceito de frieza em Adorno ver The Authoritarian Personality ou a Minima Moralia 78 indiv duos efetivamente s o Pode se por aqui de lado o fato de que a mera exist ncia natural do indiv duo j est mediatizada pelo g nero humano e por conseguinte pela sociedade mas strictu sensu indiv duo significa algo que n o apenas a rigor a entidade biol gica HORKHEIMER ADORNO 1973 p 51 Ou seja o indiv duo n o pode ser compreendido apartado de suas determina es sociais Seria imposs vel a partir fundamentalmente de um desenvolvimento biol gico ou de uma concep o limitada da s
74. amento at mesmo pelos autores de alguns dos artigos analisados devido a resultados que n o corroboram tal proposi o Como veremos adiante alguns resultados de estudantes que avaliados em diferentes momentos apresentaram um decr scimo de est gio na escala do ju zo moral de Kohlberg A segunda quest o que norteou a an lise dos artigos nesse momento foi qual o p blico participante da pesquisa ou procedimento pedag gico a que se refere o artigo Encontramos de modo geral aplica es em diferentes mbitos na educa o para estudantes das mais variadas faixas et rias do ensino b sico gradua o de escolas particulares a internos em Unidades de Corre o Infracional Como vemos no exemplo a seguir Participaram da pesquisa 17 dentre os 29 monitores socioeducadores de uma unidade socioeducativa US no interior de Pernambuco PE e 29 dentre os 31 adolescentes internos nesta unidade durante a realiza o da pesquisa As idades variaram de 13 a 18 anos sendo 23 deles do sexo masculino e 6 do sexo feminino MONTE 2012 p 370 58 Tamb m foram realizadas pesquisas com professores e educadores e somente um artigo BATAGLIA et al 2010 que prop e a revis o dos instrumentos de avalia o de ju zo moral n o tem participantes Sampaio 2007 realiza uma revis o te rica que recomenda a aplica o das t cnicas de dilemas morais aos estudantes brasileiros implementando pr ticas que promovam o desenvolvimento mor
75. an a compreendendo a linguagem distingue as regras impostas das regras estabelecidas por ela em seus jogos Al m disso e muito importante para Piaget o social n o uno nunca h pura coa o ou pura coopera o No entanto a cada dosagem de uma ou de outra corresponderia uma qualidade diferente nos estados de consci ncia Piaget examina a que conduzem o respeito unilateral e a regra coercitiva relacionada estritamente conduta egoc ntrica da crian a de tr s anos A forma de supera o do egocentrismo ocorreria por meio da coopera o Somente se libertando da vontade do outro que a crian a se tornaria consciente do seu eu Piaget no entanto afirma que a coa o exercida pelo adulto ou pelo mais velho e o egocentrismo inconsciente do pequeno s o assim insepar veis PIAGET 1994 p 81 Crian as de at oito anos seriam mais facilmente contagiadas pela coa o do mais velho Ele estabelece portanto uma rela o estreita entre o egocentrismo e a imita o assim como entre a autonomia e a coopera o Para compreender a passagem da regra coercitiva regra racional Piaget prop e compreender os valores sucessivos que ocorrem da coa o coopera o Conforme essa passagem acontece a crian a dissocia seu eu do pensamento de outro Somente com a progressiva rela o de coopera o da crian a com o outro ela se faz capaz de descobrir essa fronteira entre o eu e o outr
76. ar momentos de coopera o s crian as com o intuito de faz las avan ar em dire o a uma maior autonomia aplicada de forma positiva como modelo com m todos e t cnicas para tanto n o considera todas as contradi es presentes nos indiv duos particular e nas leis universal Em rela o aos modelos morais Maia registra que qualquer modelo moral qualquer lei apresentada positivamente como boa deixa de reconhecer as contradi es entre particular e universal por isso que a autonomia se pensada como uma rela o pac fica e realizada por completo entre a lei e o eu pura ilus o uma ideologia perigosa que desconhece as consequ ncias tr gicas da cegueira do indiv duo sob condi es de n o liberdade MAIA 2012 p 76 A contradi o est presente tanto no particular sujeito quanto no universal leis O sujeito contradit rio em si assim como tamb m a lei Portanto reconhecer que existe uma tens o entre a lei e o desejo fundamental para a compreens o do sujeito moral Adorno se refere a essa intera o entre particular e universal como essencial para a compreens o da constitui o dos sujeitos como quando diz Na sociedade individualista contudo n o s o geral se realiza atrav s da intera o dos particulares como a sociedade essencialmente a subst ncia do indiv duo ADORNO 2008 p 11 Piaget ao investigar o desenvolvimento do ju zo moral utilizando se de m t
77. ar muito dinheiro com ele Ent o Heinz ficou desesperado e assaltou a farm cia para roubar o rem dio para sua mulher BEE 1984 p 103 Pedindo aos sujeitos para solucionarem os conflitos propostos e justificarem sua resposta Kohlberg n o estava t o interessado no conte do das respostas mas sim em suas justificativas Biaggio nos alerta que importante notar que a teoria de Kohlberg estrutural de modo que os est gios refletem maneiras de raciocinar e n o conte dos morais Assim que uma pessoa pode ser classificada em qualquer um dos est gios tanto dizendo que se deve roubar o rem dio quanto dizendo que n o se deve O importante a justificativa que a pessoa d para sua decis o BIAGGIO 2002 p 32 Como poss vel observar da cita o acima ao privilegiar a justificativa da decis o tomada pelos sujeitos Kohlberg est claramente priorizando a forma em detrimento do conte do assim como o individual em detrimento do social Da decorre a instrumentaliza o de interven es t cnicas relativas ao desenvolvimento do ju zo moral do indiv duo Como veremos no pr ximo cap tulo ao enfatizar a forma t cnica ocorre um distanciamento de elementos do conte do que s o indispens veis para a compreens o das contradi es do fen meno 50 Kohlberg foi o te rico que assumiu e levou adiante o projeto inacabado de Jean Piaget referente ao estudo do desenvolvimento da moralidade A partir dos e
78. ar o desenvolvimento do conceito de coopera o o mesmo fica intimamente relacionado ao procedimento metodol gico de observa o das crian as durante o jogo de bolinhas O jogo consiste em uma atividade dirigida por regras mas essas regras est o em constante discuss o e podem ser alteradas pelos participantes Essa possibilidade pressup e a reciprocidade l gica a ideia de que o que vale para mim tamb m vale para o outro e portanto constitui atividade cooperativa Ju zos morais mais desenvolvidos e equilibrados s o aqueles que pressup em reciprocidade Consequentemente o que levaria ao ju zo moral mais evolu do seria a coopera o Assim como a tend ncia equilibra o a partir da desequilibra o gerada pela coopera o intr nseca ao sujeito Piaget conclui que ao se colocar o sujeito em rela es de coa o n o ocorre o desequil brio e n o se desenvolve o ju zo moral permanecendo o sujeito na heteronomia Pensando criticamente sobre o que diz Piaget podemos apontar que sua teoria do ju zo moral contradit ria pois embora seja desej vel a coopera o em geral suprimida na sociedade capitalista por rela es de competi o e coa o Efetivamente rela es de coopera o na educa o e na sociedade s o mais desej veis que as rela es de coa o e assim o problema n o consistiria naquilo que se est propondo mas em pressupor 37 como efetivamente realizado na sociedade o
79. as que produziriam uma mudan a de estado s o contrabalanceadas por for as iguais e opostas que garantem o status quo FLAVELL 1988 p 245 Essa ideia de que as sociedades tenderiam ao equil brio pode ser mais uma vez entendida como ideol gica pr xima das concep es liberais de sociedade em que a ordena o social viria de forma quase que espont nea Piaget desloca esse modelo de equilibra o para um modelo psicol gico Flavell pontua que Os sistemas aos quais Piaget aplica o modelo de equil brio evidentemente n o s o t rmicos ou mec nicos mas psicol gicos Particularmente s o sistemas de a es impl citas ou manifestas que o indiv duo p e em a o no mundo de objetos e acontecimentos FLAVELL 1988 p 246 A metodologia e o sistema conceitual de Piaget est o profundamente arraigados nas metodologias formais e buscam quase que uma reprodutibilidade em condi es experimentais ou ir ao encontro de leis gerais que possam ser utilizadas em qualquer contexto social Adorno j alertava para o fato de que A ci ncia ela pr pria n o tem consci ncia de si ela um instrumento ADORNO amp HORKHEIMER 2006 p 74 Se a teoria de Piaget ainda continha elementos ideais que permitiam uma confronta o com o mundo estabelecido que dizer das t cnicas de educa o moral elaboradas por Kohlberg Com rela o s condi es artificiais t o almejadas por Piaget Adorno diz As condi es de labor
80. as condutas narradas a ela pelo pesquisador Discute as v rias dificuldades metodol gicas principalmente ao redor da quest o da rela o entre o ju zo moral e a pr tica moral Ele aponta que considerando que no dom nio intelectual h um atraso do pensamento verbal com rela o a o a no o de autonomia aparece assim na crian a com um ano de atraso Provavelmente no mbito moral ocorra a mesma coisa ou talvez a crian a apenas repita o que considera ser o 5 O m todo do Piaget conhecido como m todo cl nico Primeiro o experimentador prop e algum tipo de tarefa qual a crian a apresenta algum tipo de resposta Nem todas as crian as que pertencem a um mesmo grupo de idade recebem exatamente a mesma tarefa e nem uma tarefa apresentada exatamente da mesma forma para todas as crian as Assim que a crian a d uma resposta o experimentador faz uma pergunta coloca uma varia o do problema ou de algum modo cria uma nova situa o estimuladora Esta nova situa o estimuladora em parte uma resposta resposta da crian a Dada a rela o dependente entre o comportamento da crian a e o comportamento do experimentador duas crian as jamais receber o exatamente o mesmo tratamento experimental o tratamento experimental varia muito entre os sujeitos em qualquer investiga o Os protocolos citados anteriormente cont m a ess ncia deste tipo de m todo experimental e s o mais ou menos t picos nos t
81. at rio por m s o a exce o O pensamento que n o consegue harmonizar o sistema e a intui o desrespeita algo mais do que simples impress es visuais isoladas ele 86 entra em conflito com a pr tica real ADORNO 2006 p 72 Ao estabelecer uma metodologia artificial com condi es experimentais de estudo do desenvolvimento do ju zo moral Piaget rompe com a contradi o entre a coisa em si e sua representa o presente na moral kantiana Segundo Adorno a filosofia moral kantiana conteria a contradi o fundamental entre lei e liberdade entre uma ordem social repressiva e a subjetividade contradit ria do sujeito Ao comentar sobre o conceito de personalidade em Kant Adorno coloca que existe a um elemento negativo pois a personalidade em Kant o momento em que a lei moral ganha express o no indiv duo Adorno diz No ideal de personalidade a sociedade do s culo XIX endeusou seu pr prio falso princ pio pessoa correta aquela que se conforma sociedade organizando se a si mesma segundo a norma que a mant m unida em sua estrutura mais ntima ADORNO 1995 p 65 Para Kant a lei moral existe objetivamente por m para ele objetividade tem um sentido cr tico Depois de Kant n o mais poss vel considerar criticamente a uni o entre a coisa em si e sua representa o A partir dele s conseguir amos captar do mundo as representa es Da os imperativos categ ricos referirem se lei m
82. atus social de determinada classe apresentando desde cedo rela es de domina o aprendidas at mesmo por mimese dos pais ou cuidadores Para Adorno a ideologia de nossas sociedades capitalistas submete a maioria das pessoas a condi es materiais objetivas em que as mesmas sentem se impotentes diante de qualquer transforma o de mbito social ou coletivo Esse sentir se impotente diante da organiza o do mundo acaba sendo a justificativa para a manuten o da ordem injusta e desigual derivada de nossas sociedades Adorno diz que 79 De qualquer modo a ideologia dominante hoje em dia define que quanto mais as pessoas estiverem submetidas a contextos objetivos em rela o aos quais s o impotentes ou acreditam ser impotentes tanto mais elas tornar o subjetiva essa impot ncia ADORNO 2006 p 36 Para ilustrar essa impot ncia subjetiva apontada por Adorno ela pode ser claramente constatada quando por exemplo na poca do exame vestibular de ingresso universidade alunos de diferentes origens escolas e classes sociais s o avaliados sem levar em considera o que forma es muito distintas resultam em n veis muito diversos de apropria o do saber Assim alunos que estudaram em escolas de baixa qualidade subjetivam t o fortemente situa es de impot ncia que nem tentam a admiss o na universidade ou quando tentam procuram as de qualidade inferior pois sabem de antem o que sair o fracassados de qualquer avali
83. b m postula que a finalidade da educa o produzir sujeitos aut nomos e esta ideia ele tamb m resgata de Kant como quando diz O nico poder efetivo contra o princ pio de Auschwitz seria a autonomia para usar a express o kantiana o poder para a reflex o a autodetermina o a n o participa o ADORNO 2006 p 125 Por m o pr prio conceito de autonomia cont m elementos contradit rios como diz Maia Mas a ideia de autonomia como se depreende de uma leitura das li es adornianas sobre a filosofia moral um conceito contradit rio do qual n o podemos abrir m o mas que numa apropria o ligeira pode conter desdobramentos perigosos em seu sentido cr tico a autonomia uma for a contra a barb rie que pressup e tanto uma apreens o cr tica da raz o historicamente constitu da como o desenvolvimento de uma aguda autocr tica ao lado da preserva o da sensibilidade em rela o ao sofrimento MAIA 2012 p 74 Al m disso ao apontarmos estas diferentes concep es filos ficas entendemos que poss vel analisar a teoria do desenvolvimento moral sob outra tica Para a Teoria Cr tica a educa o moral deve ser compreendida dentro dessas rela es contradit rias e dessa forma se constitui em um esclarecimento ao indiv duo sobre as contradi es que existem na sociedade e em si mesmo Tanto que o nico imperativo que Adorno prop e educa o j revela a contradi o da forma o
84. ca o moral que pressup em realizado com xito justamente aquilo que deveria estar sob avalia o cr tica a coopera o entre iguais No artigo de Dias que realiza uma discuss o sobre a concep o de autonomia para os professores da Educa o Infantil chega se a resultados semelhantes aos encontrados nos artigos anteriores ao mencionar que a educa o moral pode ser um instrumento importante para tratar a dimens o da autonomia requerida pela pol tica educacional Ela diz Os resultados a que este estudo chegou permitem afirmar que a pr tica das educadoras encontra se informada por concep es de autonomia e de educa o moral constru da por um grupo que por possuir perfil espec fico apropriou se de conceitos e cren as sobre formas de educar que lhes s o pr prios constru dos ao longo de sua forma o acad mica e de suas pr ticas A clareza sobre as quest es que giram em torno da educa o moral enquanto fundamento da autonomia pode influenciar positivamente os encaminhamentos do trabalho pedag gico do professor Neste sentido a educa o moral pode ser considerada um ponto de partida relevante para tratar da dimens o da autonomia tal como requerida pela pol tica educacional como uma das diretrizes ticas da Educa o Infantil DIAS 2005 p 380 64 Da cita o acima podemos destacar que o tipo de cr tica pr tica das professoras resultante dessa proposta somente faz men o forma o dos
85. cederia naturalmente a responsabilidade objetiva pois as crian as ao se encontrarem em rela es de coopera o e respeito m tuo entre iguais consequentemente desenvolveriam a 43 responsabilidade subjetiva Como aponta Flavell 1988 No decorrer do desenvolvimento esta moralidade repressiva parcialmente substitu da por uma moralidade de coopera o constitu da a partir das rela es rec procas entre companheiros e baseadas em respeito m tuo e n o mais unilateral p 301 Da decorre toda a sua preocupa o em fundamentar as bases te ricas com rela o ao desenvolvimento do ju zo moral das crian as Em conclus o e a que quer amos chegar porque este resultado nos ser indispens vel na sequ ncia a coa o social e a coopera o n o chegam a resultados morais compar veis PIAGET 1994 p 253 Aproximando se das conclus es do livro O ju zo Moral na Crian a Piaget 1994 nos leva a pensar que o in cio de toda a moralidade o respeito regra e o respeito regra s se desenvolve em rela es de coopera o Com efeito o indiv duo por si s permanece egoc ntrico p 297 Desta forma as rela es de coopera o seriam como uma tend ncia progressiva no desenvolvimento da sociedade Em suas palavras Podemos conceber que a coopera o constitui a forma ideal de equil brio para a qual tende a sociedade PIAGET 1994 p 258 A partir da a quest o passa a ser
86. cegamente se lhe imp e para n o identificar se cegamente com isso ADORNO 1995 p 68 Para Horkheimer a lei moral algo que vem do geral para o particular No trecho abaixo o te rico da escola de Frankfurt ao criticar Kant nos remete a uma poss vel critica ao modo de entendimento de Piaget que parte do pressuposto de que do respeito s leis que se desenvolver a moralidade Entretanto o motivo moral assenta se no respeito lei moral Mas num ponto a cr tica de Schopenhauer que ele transformou em algo positivo atrav s da elabora o de sua pr pria tica acertou em cheio as verdadeiras raz es do seu agir permanecem ocultas ao agente que age moralmente no sentido kantiano Tampouco ele sabe por que o geral deve sobrepor se ao particular nem como em cada caso se estabelece corretamente a harmonia HORKHEIMER 1990 p 62 Nesse ponto Silva nos auxilia a pensar que quando nos deparamos com as rela es de domina o na sociedade atual a tradi o filos fica cr tica localiza o sujeito n o somente em seus aspectos subjetivos de sua personalidade singular Silva 2001 nos diz tamb m nesse ponto que Horkheimer se diferencia de Kant quanto maneira de pensar a autonomia dos indiv duos Se em Kant o indiv duo responsabilizado pela menoridade pois o libertar se dela depende exclusivamente de uma decis o de vontade em Horkheimer ainda que esses elementos estejam presentes ele busca compreender a a
87. cnica a ordem social e a composi o dos indiv duos encontram se entrela adas umas nas outras Ou seja uma sociedade que valoriza a t cnica como algo externo a si que endeusa m quinas e as elege em rela o ao contato com outros revela uma sociabilidade violenta que os homens acabam por introjetar em diferentes situa es A t cnica ao inv s de ser aliada acaba por ser tornar mais uma ferramenta de domina o e diferencia o nas rela es sociais Em rela o a essa conex o Maia coloca que Frente profunda imbrica o entre a forma de ordem social e o desenvolvimento t cnico e desses com a composi o interna do indiv duo conclui se n o ser poss vel isolar a t cnica o desenvolvimento tecnol gico suas formas de utiliza o por um lado e a forma de ordem social pol tica econ mica por outro j que uma necessariamente encontra se mediada na outra MAIA 1996 p 65 Em Piaget e posteriormente em seus sucessores quanto mais avan a o desenvolvimento moral cognitivo mais did ticas e t cnicas de educa o s o criadas e mais se esvazia o conhecimento moral como conhecimento das contradi es da sociedade e do pr prio sujeito tal como dos sentimentos morais Dessa forma a Psicologia enquanto um vasto conjunto de teorias t cnicas e pr ticas acaba por ser instrumento de adapta o dos indiv duos inclusive quando intenta fazer o oposto Maia em rela o a essa utiliza o da t cnica diz que
88. como finalidade da educa o 94 10 2 8 Educa o e t cnica 99 2 9 Contradi es e forma o da autonomia 102 CONSIDERA ES FINAIS 108 REFER NCIAS 111 11 INTRODU O As ideias de Piaget tiveram grande influ ncia em in meras teorias pedag gicas e em diversas reas da Educa o O presente trabalho partir de uma an lise cr tica do conceito de coopera o a partir do livro O Ju zo Moral na Crian a de 1932 do psic logo su o Jean Piaget para entender as possibilidades educativas e as ambiguidades do conceito de ju zo moral elaborado por ele A partir das elabora es te ricas desse conceito em Piaget outros autores pensaram e propuseram aplica es pr ticas para a educa o moral especialmente Kohlberg e seus colaboradores Nossa hip tese que essas propostas incorporam ao campo da educa o moral a racionalidade instrumental e dessa forma acabam por produzir t cnicas de moraliza o conservadora recusando algumas possibilidades cr ticas que porventura houvessem no conceito piagetiano de ju zo moral Para fundamentar a cr tica educa o moral realizada por meio de dilemas ser o utilizadas como referenciais te ricos a Teoria Cr tica da Sociedade e algumas das obras de seus principais expoentes como Theodor Adorno Max Horkheimer entre outros Apesar de o estudo da moralidade ser considerado na obra de Piaget um projeto inacabado FREITAS 2003 inclusive pelo pr prio
89. cula o da moral na esfera particular no indiv duo e da pol tica na esfera macro Em Piaget o pressuposto uma sociedade democr tica em que o desenvolvimento do ju zo moral um esfor o de adapta o Esse o elemento positivo de Piaget em sua concep o de educa o ou seja apesar de ter feito seus estudos no Instituto Jean Jacques Rousseau Piaget j representa uma supress o do elemento cr tico no pensamento de Rousseau Por sua vez o pensamento de Piaget cont m 98 um elemento idealista nas suas concep es de autonomia e democracia que configura uma ideologia melhor que aquelas da racionalidade t cnica do fascismo ou da ind stria cultural pois ainda permite a confronta o entre suas inten es e suas realiza es Concluindo para Piaget a finalidade da educa o produzir sujeitos aut nomos e a autonomia moral est relacionada ao respeito s leis Piaget por m n o observa que a lei contradit ria e disto resulta um limite importante para sua teoria de ju zo moral Por conseguinte autonomia compreendida num sentido cr tico abarcaria a percep o do acolhimento das contradi es de modo que ao sujeito fosse permitido fazer escolhas No entanto as escolhas dadas ao sujeito em grande medida s o ou romper com a lei completamente ou seguir a lei cegamente Em ambos os casos ter amos um sujeito escravizado tanto por suas inclina es como por um ideal abstrato Nesses dois casos n
90. da dos meios de produ o isto por sua vez geraria a aliena o a semiforma o a luta de classes etc Nesta matriz do materialismo hist rico a sociedade entendida como antag nica de luta entre suas classes economicamente definidas 8 Materialismo hist rico ser definido no Dicion rio Filos fico como Hegel para quem a consci ncia que determina o ser social do homem para Marx pelo contr rio o ser social do homem que determina a sua consci ncia Contudo n o se deve achar que Marx fosse partid rio do fatalismo econ mico segundo o qual as condi es econ micas necessariamente levariam o homem a determinadas formas de vida social Nessas rela es econ micas que dependem de t cnicas de trabalho produ o troca etc o homem elemento ativo e condicionante ABBAGNANO 2000 p 652 11 O materialismo tenta e por certo n o apenas de modo gen rico como foi insinuado recentemente mas considerando sobretudo os diversos per odos e classes sociais demonstrar as condi es reais que d o origem ao problema moral e que embora de maneira contorcida se espelham nas doutrinas moral filos ficas HORKHEIMER 1990 p 64 Isto posto compreendemos que diferentes concep es de sociedade resultar o em diferentes modos de se pensar o problema do ju zo moral Numa sociedade de classes em que a competi o o modelo primordial de sociabilidade pressupor que o est mulo coopera
91. damental como um telos uma finalidade que possibilite a cr tica e a mudan a da realidade existente na raz o subjetiva relegada ao n o comprov vel resultando in til Para Horkheimer 1969 a raz o subjetiva identificada ao c lculo de probabilidades e assim adequar os meios a fins pr determinados Em ltima an lise a raz o subjetiva resulta ser a capacidade de calcular probabilidades e assim ajustar os meios corretos para um determinado fim p 17 Por m os meios s fazem sentido mediante sua vincula o com os fins Nas palavras de Horkheimer a raz o ao se distanciar da realidade perde sua autonomia ele diz Abandonando sua autonomia a raz o tornou se instrumento No aspecto formal da raz o subjetiva tal como o destaca o positivismo acentuada a sua falta de conex o com um conte do objetivo em seu aspecto instrumental como salientou o pragmatismo acentuada a sua capitula o ante conte dos heter nomos A raz o parece inteiramente sujeita ao processo social HORKHEIMER 1969 p32 Com o processo de subjetiva o e formaliza o da raz o ela deixa de ser aut noma e passa a ser utilizada como instrumento dos procedimentos cient ficos como o faz no positivismo que para Abbagnano 2000 seria a romaniza o da ci ncia sua devo o como nico guia da vida individual e social do homem nico conhecimento nica moral nica religi o poss vel p 787 O positivismo neste caso
92. das consequ ncias do m todo piagetiano que a sua base sociol gica que considera a sociedade como um conjunto de rela es harm nicas implica em n o reconhecer que fundamentalmente os conflitos morais s o conflitos sociais e que os conflitos morais n o podem ser restritos a conflitos l gicos Como vimos na discuss o anterior com Horkheimer a l gica em Piaget a l gica formal n o a l gica dial tica Como consequ ncia disso foi poss vel se estabelecer o m todo de dilemas morais que prop e dilemas afirmados abstratamente como por exemplo a seguinte discuss o se para salvar a vida de algumas pessoas o uso da tortura seria ou n o justificado Ao n o discutir dilemas reais com determinantes hist ricos o procedimento acaba por deixar de lado o fato concreto social hist rico conflituoso numa sociedade na qual h luta de classes de que por exemplo a tortura ocorre sistematicamente dentro do aparelho repressivo de nossa sociedade Horkheimer e Adorno enfatizam a import ncia de entender o indiv duo como resultado principalmente de rela es sociais que foram internalizadas de fora para dentro 74 do social para o individual Eles denunciam o car ter ilus rio de se pensar o homem individualmente com a capacidade de mudar as rela es sociais come ando essa mudan a a partir de si pr prio e naturalmente Como os autores afirmam O indiv duo num sentido amplo o contr rio do ser natural
93. dentificar as contradi es da lei assim como explicitar qu o contradit rias s o as condi es sociais e seus conte dos reais abriria a possibilidade de se questionar por exemplo quais s o as condi es sociais existentes que permitem que determinados sujeitos sejam educados para lucrar ou para dizer frases como N o eu descobri o rem dio e vou ganhar muito dinheiro com ele dono da farm cia mesmo quando uma vida humana estivesse em jogo esposa de Heinz O esfor o para a aplica o pr tica da teoria do desenvolvimento moral encontrou em Kohlberg sua convers o em t cnicas para a utiliza o pr tica no ambiente escolar Como diz Maia 1996 A forma mais acabada do esclarecimento positivista a utiliza o da t cnica da tecnologia e do conhecimento voltados para a aplica o pr tica convertidos em meros instrumentos para a administra o do mundo em todos os sentidos p 27 No que concerne utiliza o da t cnica a Escola de Frankfurt faz duras cr ticas a sua utiliza o de modo entusiasta e n o reflexivo lembrando nos que a t cnica nada mais do que uma continua o dos bra os dos homens sua fetichiza o faria com que a t cnica deixasse de ser um meio e passasse a ser um fim em si mesma Adorno diz que Os homens inclinam se a considerar a t cnica como sendo algo em si mesma um fim em si mesmo uma for a pr pria esquecendo que ela a extens o do bra o dos homens Os meio
94. dirigidos pelos maiores no respeito lei e al m disso inclinam se de boa vontade para essa virtude eminentemente caracter stica da dignidade humana que consiste em observar corretamente as normas do jogo PIAGET 1994 p 24 Para estudar o desenvolvimento dessa consci ncia na crian a Piaget prop e se a investigar em especial dois fen menos primeiro a pr tica das regras e segundo a consci ncia das regras finalmente ele realiza a compara o entre as duas coisas As rela es existentes entre a pr tica e a consci ncia da regra s o de fato as que melhor permitem definir a natureza psicol gica das realidades morais PIAGET 1994 p 24 Piaget assinala que existe uma diferen a bastante significativa entre a pr tica e a Bam sda 3 3 1 consci ncia das regras e se prop e por meio do jogo de bolinhas a estudar tanto um quanto Existem in meras varia es nas modalidades do jogo e de modo geral o jogo consiste em desenhar um c rculo 15 outro aspecto do respeito s regras Segundo Piaget Em conclus o a aquisi o e a pr tica das regras do jogo obedecem a leis muito simples e muito naturais cujas etapas podem ser definidas da seguinte maneira 1 Simples pr ticas regulares individuais 2 Imita o dos maiores com egocentrismo 3 Coopera o 4 Interesse pela regra em si mesma PIAGET 1994 p 50 O autor estabelece um conjunto de questionamentos sobre situa es hipot ticas que
95. dos pressupostos te ricos do conceito de ju zo moral elaborado por Piaget Kohlberg em sua obra Psicologia do Desenvolvimento Moral acata algumas suposi es de Piaget como vemos na seguinte passagem Estas constru es dos meus sujeitos me convenceram do segundo pressuposto da via cognitivo evolutiva de Piaget o pressuposto dos est gios Se o primeiro pressuposto de Piaget era o da estrutura cognitiva a crian a como fil sofo que constr i seu mundo seu segundo pressuposto era que estas constru es eram qualitativamente nicas e avan avam seguindo uma sequencia ou ordem invariante KOHLBERG 1992 p 34 A estrita rela o entre l gica e moral um dos primeiros pontos em que poss vel utilizar a argumenta o da Teoria Cr tica para revermos alguns conceitos fundantes da teoria do ju zo moral de Jean Piaget Ao abordar essa quest o em Piaget Flavell diz que A moralidade e a l gica s o fundidas no cadinho do dar e receber espont neos na intera o do pensamento e da a o que tem lugar nas rela es entre companheiros FLAVELL 1988 p 301 Estas construcciones de mis sujetos me convencieron del segundo supuesto de la v a cognitivo evolutiva de Piaget el supuesto de los estadios Si el primer supuesto de Piaget era el de la estructura cognitiva el nifio como fil sofo que construye su mundo su segundo supuesto era que estas construcciones eran cualitativamente nicas y avanzaban siguiendo una sec
96. e o outro Embora Piaget afirme que nos esquemas da crian a no primeiro est gio nada indique a obrigatoriedade da regra o autor sugere que as origens da consci ncia das regras est o condicionadas pelo conjunto da vida moral da crian a PIAGET 1994 p 52 ele diz que vendo as bolinhas do jogo pela primeira vez a crian a j se encontra permeada de regras e imposi es advindas do ambiente Para Piaget o segundo est gio inicia quando a crian a come a a querer jogar de acordo com regras advindas do exterior Para saber como ela entende essas regras Piaget utiliza tr s quest es 1 Pode se mudar as regras 2 As regras sempre foram como s o 3 Como as regras come aram Como resultado geral as crian as de at dois anos que imitam as regras do jogo as consideram sagradas e intoc veis PIAGET 1994 p 53 Por volta dos cinco anos aparentemente as crian as toleram modifica es mas isso significaria que elas creem ter encontrado uma regra j estabelecida Ocorre ent o um paradoxo ao mesmo tempo em que n o se deixam dirigir pelas regras no decorrer do jogo as crian as egoc ntricas t m um respeito m stico pela regra esse 22 paradoxo seria a caracter stica mais significativa da moral egoc ntrica Esta longe de ser antissocial perfeitamente coincidente com as rela es de coa o sendo somente contradit ria com as rela es de coopera o essas rela es podem fazer mudar paulatinamente a
97. e ser asunto de elecci n y de predilecci n y pierde sentido el hablar de la verdad cuando se trata de decisiones pr cticas morales o est ticas HORKHEIMER 1969 p 19 2 La raz n hab a de regular nuestras decisiones y nuestras relaciones con los otros hombres y con la naturaleza 70 A l gica formal tamb m parte de uma falsa pretens o de coincidir com o real mas desde Kant ocorre uma cr tica raz o que n o pode ser contornada qual seja a de que a raz o s poderia conhecer a si mesma de modo que a coisa em si um conhecimento ltimo e absoluto sobre os objetos estaria perdido Kant inaugura o mbito da raz o objetiva mas Hegel que conceitua essa raz o objetiva mostrando que a hist ria da humanidade a hist ria da raz o A raz o passa ent o a ser compreendida com uma dimens o que possui a capacidade de transformar a si pr pria incluindo um dever ser Horkheimer identifica a raz o objetiva com a l gica dial tica o m todo que inclui a contradi o em sua an lise para Abbagnano 2000 o m todo dial tico que o m todo pr prio da raz o segundo Hegel procede exatamente passando da tese ant tese e portanto exige sempre a contradi o mas uma contradi o que sempre se resolve na s ntese p 77 A dial tica superaria por incorpora o tanto o empirismo como o racionalismo pois apesar do racionalismo a incluir o dever ser kantiano ele ainda idealista
98. educa o n o se daria pelo efeito que os princ pios morais quando anunciados poderiam produzir sobre a vida dos indiv duos mas antes requer a es objetivas capazes de repercutir no processo formativo dos indiv duos tanto no mbito social como no psicol gico SILVA 2001 p 248 Em sua obra M nima Moralia Adorno diz que a pr pria moralidade est relacionada a tudo aquilo da pol tica que se encontra numa esfera macro e encontra sua express o no micro no campo da moral N o s o ego est inscrito na sociedade como lhe deve sua exist ncia no sentido mais literal Todo o seu conte do adv m dela ou da rela o com o objeto sem mais ADORNO 2008 p 150 Para Adorno 2008 ocorre um embrutecimento dos pr prios gestos dos indiv duos assim como a linguagem se torna um ponto de disputa e n o um di logo Estes s o elementos do micro que s s o compreens veis nas rela es intercomunicantes com a pol tica com o macro Da a proposta de uma educa o moral negativa que mantenha a conex o entre tica e pol tica e possibilite alguma liberdade mesmo que limitada Rousseau de acordo com a leitura de alguns comentadores da Teoria Cr tica poderia servir como primeiro exemplo de educa o negativa pois em Rousseau pode ser encontrada uma esp cie de liberdade negativa o sujeito desprovido de tudo potencialmente livre para acabar subjugado ou cr tico em rela o a sua condi o de explorado Dessa fo
99. eja subsistem os dois lados no sujeito que ao mesmo tempo constitu do por inclina es solid rias e ego stas No que concerne lei podemos pensar no sujeito que adere e a respeita e para tanto tem que desrespeitar suas inclina es e n o se sentir realizado Simultaneamente para este mesmo sujeito respeitar algumas leis como por exemplo o imperativo categ rico aqui compreendido como a express o m xima embora abstrata da liberdade humana e da autonomia tamb m o conduziria a respeitar a humanidade em si pr prio Nesse sentido h um profundo respeito e realiza o pois deixar de lado as pr prias inclina es e desejos para seguir o imperativo categ rico tamb m respeitar a humanidade ideal em sua m xima realiza o De outro lado aquele sujeito que n o respeita a lei e respeita as suas inclina es pode ter um profundo amor por si e por se sentir realizado Entretanto ao desrespeitar os outros e as melhores potencialidades humanas com vistas realiza o imediata esse sujeito tamb m 91 n o se sente realizado Da mesma forma ao desrespeitar a no o de que o trabalhador tem uma fun o espec fica que n o pode ser extrapolada como a de n o se sujeitar ao seu patr o em uma greve por exemplo pode representar um respeito a si pr prio e a sua humanidade A teoria moral piagetiana ao n o se atentar para as contradi es em suas m ltiplas media es acaba por si mesma se apresentando
100. em tico que possa ser o desenvolvimento do ju zo moral em Piaget ao menos ele mantem a coopera o como um ideal a ser alcan ado e como uma pr tica desej vel Isso n o significa que Piaget efetivou essa contribui o para a educa o moral mas podemos extrair dele um potencial para pr ticas que n o deixam de ser desej veis Certamente promover a coopera o melhor que promover a coa o por m ao propor essa forma de educar inserida em uma estrutura l gica formalizada e naturalizando o 72 desenvolvimento Piaget permitiu que Kohlberg supusesse o desenvolvimento da moralidade num processo homog neo e pensasse a educa o moral por meio de uma tecnologia deixando de lado uma poss vel contribui o de Piaget Por outro lado a raz o objetiva entenderia o mundo em seu constante movimento em sua dial tica partindo das contradi es e explicitando a a o tico pol tica como pr xis Numa compreens o dial tica do desenvolvimento humano o elemento teleol gico n o existiria a priori como uma dado de natureza no individuo N o existiria uma orienta o pr via um sentido dado Al m disso existiria uma obriga o um dever ser que permitiria uma assimila o da raz o que se encontra tamb m nos objetos humanos constru dos pela cultura que seria o ponto de partida para o desenvolvimento cognitivo desse sujeito 2 2 Desenvolvimento L gico e Moral A teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg utilizou se
101. entes tipos de regras que iremos distinguir haver ent o ao mesmo tempo continuidade e diferen a qualitativa continuidade funcional e diferen a de estrutura PIAGET 1994 p 75 Num pr ximo momento Piaget mostra as diferen as qualitativas entre as a es e a consci ncia das regras na crian a e no adulto Para tanto coloca em oposi o a crian a e o adulto civilizado contempor neo e chega aos tr s tipos de condutas a motora a egoc ntrica e a de coopera o Dos dados apresentados at aqui ele define tr s tipos diferentes de regras O conjunto dos dados pesquisados sobre o jogo parece revelar a exist ncia de tr s tipos de regras cujo problema consistir em determinar as rela es exatas a regra motora oriunda da intelig ncia social a regra coercitiva oriunda do respeito unilateral e a regra racional oriunda do respeito m tuo PIAGET 1994 p 76 23 1 5 Os dois respeitos Piaget procura discriminar os processos que comandam a evolu o das diferentes no es de regra Inicialmente a regra motora em sua origem se confunde com o h bito a consci ncia da regra por outro lado implica que o h bito seja contrariado e que do conflito se origine a busca ativa do ritual O car ter obrigat rio da regra produto das rela es sociais o social est por toda parte na forma de regularidades leis que aparecem crian a ao mesmo tempo como f sicas e morais A distin o ocorre quando a cri
102. erg No artigo sobre os instrumentos de avalia o do ju zo moral de Bataglia Morais e Lepre poss vel ler 56 As pesquisas de Kohlberg 1992 incluem se no grupo das teorias cognitivo evolutivas assim como as de Piaget tendo como base o pressuposto de que o desenvolvimento pressup e transforma es b sicas das estruturas cognitivas enquanto totalidades organizadas em um sistema de rela es as quais conduzem a formas superiores de equil brio resultantes de processos de intera o entre o organismo e o meio Kohlberg 1992 afirma que a teoria dos est gios um dos pontos centrais da postura cognitivo evolutiva e da mesma forma que o desenvolvimento cognitivo o moral tamb m ocorre por meio da evolu o de est gios Os est gios de racioc nio moral propostos por Kohlberg s o de racioc nio de justi a e n o de emo es ou a es BATAGLIA 2010 p 26 Como podemos verificar da cita o acima todos os pressupostos da teoria da equilibra o de Piaget s o mantidos e as altera es propostas por Kohlberg s o acatadas e mantidas como suposi es te ricas para a elabora o de instrumentos de avalia o do ju zo moral como vemos em Biaggio 1997 A teoria de julgamento moral de Kohlberg nica pelo fato de postular uma sequ ncia universal da qual os est gios mais altos 5 e 6 constituem o que ele chamou de pensamento p s convencional p 2 No artigo de Feitosa et al 2013 que discute a com
103. esenvolvida por Kolhberg aplicada em contextos educacionais Como resultado desse proce 13 dimento obtivemos 10 artigos os quais foram selecionados e analisados criticamente Entre outros pontos a inten o deste trabalho demonstrar por meio de uma an lise da obra O Ju zo Moral na Crian a e de outras obras que deram continuidade a esse projeto de Piaget que algumas das apropria es do conceito de coopera o acabaram levando a interpreta es de moralidade que levaram a propostas educativas abstratas e idealistas Constatamos por exemplo que nesse entendimento abstrato n o foram consideradas as contradi es da sociedade Fazendo se a an lise da moralidade de forma abstrata acaba se por excluir ideologicamente outra perspectiva que identifica as contradi es da sociedade que se expressam tamb m nas leis Essa outra proposta derivada da Teoria Cr tica admite que as contradi es devam ser reveladas assim como o conte do da ordem social e disto resultaria uma proposta de educa o moral amplamente diversa da piagetiana Mais ainda a proposta ideal e abstrata de Piaget sobre as rela es de coopera o e coa o na sociedade resultou numa educa o moral formalizada de modo instrumental centrada no desenvolvimento de capacidades no indiv duo e que abstrai as contradi es sociais e discute dilemas morais abstratos Supusemos que a Teoria Cr tica um referencial te rico que pode trazer importantes contribui
104. et Por exemplo quando Piaget diz que quer os Julgamentos da moral da crian a sejam heter nomos ou aut nomos aceitos sob uma certa press o ou elaborados livremente esta moral social e Durkheim incontestavelmente tem raz o neste ponto PIAGET 1994 p 256 Ao afirmar que Durkheim tem raz o sobre a moral ser social Piaget soluciona a aparente contradi o postulando que o social converge para o mesmo que aponta Durkheim que relaciona a sociedade com um conjunto funcional de rela es que tendem ao equil brio Somente dessa forma o desenvolvimento no indiv duo de Piaget poderia refletir o social Durkheim analisa a sociedade funcionalmente como um conjunto de rela es em que cada parte realiza sua fun o ele caracteriza essa sociedade em seu estado mais evolu do de organiza o como a democracia Freitas 2003 ao pensar as rela es entre homem e sociedade em Piaget afirma que a origem e o fim da moralidade s o a sociedade Em suas palavras Para ele Durkheim a moral social ao mesmo tempo porque a moral tem origem na sociedade a moral come a com a ades o a um grupo e porque o fim da a o moral a sociedade FREITAS 2003 p 68 Por outro lado a Teoria Cr tica busca em Marx seus pressupostos filos ficos para definir a sociedade e deste modo ser compreendida como trabalho humano expresso por meio dos modos hist ricos de produ o que na atualidade aponta para a propriedade priva
105. ez a influ ncia decisiva e predominante de Jean Piaget nos estudos sobre educa o moral no contexto brasileiro como podemos depreender do trecho a seguir A teoria piagetiana leva nos a acreditar que oportunidades educativas em que se cultivem os valores e permitam aos sujeitos refletirem suas condutas s o essenciais para a constru o de sujeitos morais Ningu m nasce com uma moral j constitu da Nesse sentido compreendemos a escola como um espa o privilegiado para oferecer tais oportunidades OLIVEIRA et al 2010 p 3 Partindo do entendimento central do papel da escola para se pensar o problema do 51 desenvolvimento da moralidade os autores brasileiros procuraram adaptar e colocar em pr tica exerc cios e procedimentos criados por Piaget e seus disc pulos Este pensamento refor a o salutar papel da escola para a constru o de uma sociedade mais tica solid ria e justa Diante de uma sociedade marcada pela intoler ncia precisamos propagar nossas vozes em prol da necessidade da educa o moral no mbito da escola OLIVEIRA 2010 p 7 Para a realiza o desses estudos brasileiros os principais instrumentos de avalia o moral precisaram ser traduzidos adaptados e validados de acordo com nosso contexto Eles serviram como refer ncia para praticamente todos os estudos sobre moralidade realizados no pa s mais recentemente Mais uma vez podemos perceber a grande influ ncia dos estudos sobre moralidade de P
106. h um pai ou alguma outra pessoa querida que se pode imitar que a juventude sente um grande anseio de autoridade HORKHEIMER 1976 p 79 Autoridade n o necessariamente significa uma rela o politica que se restringe a comandar e obedecer Para melhor compreender esse problema retornemos rela o de Piaget com Kant Este ltimo coloca a rela o entre homens emancipados como um ideal ut pico a ser atingido numa outra sociedade Se nos recusamos a considerar com Kant o respeito como inexplic vel do ponto de vista da experi ncia s nos restam duas solu es o respeito se dirige ao grupo e resulta da press o do grupo sobre o indiv duo ou o respeito se encaminha s pessoas e prov m das rela es dos indiv duos entre si PIAGET 1994 p 86 Kant diz que o respeito s leis n o pode derivar da experi ncia pois ao se averiguar os dados emp ricos referentes aos fundamentos do respeito lei verificaremos que al m de multideterminadas as a es humanas podem ser realizadas por motivos n o resultantes por press o do grupo por um dever mas tamb m por uma inclina o ego sta ou seja para Kant os homens podem n o agir por respeito aos outros homens esse respeito n o algo que 40 se possa pressupor e deve ser entendido como um ideal Na obra Metaf sica dos Costumes Kant diz O pr prio conceito de dever j o conceito de um constrangimento coa o da livre escolha da lei Este co
107. humano que nos permite a autonomia e a liberdade Por outro lado Piaget transp e as rela es entre as crian as no jogo de bolinhas para as rela es sociais not vel sob esse aspecto verificar que mesmo agrupamentos t o flutuantes como as sociedades de crian as e agrupamentos cuja atividade essencial o jogo elaboram suas regras que imp em o respeito s consci ncias individuais surpreendente al m disso notar quanto essas regras permanecem est veis em linhas gerais ou em seu esp rito no decorrer de gera es sucessivas e a que grau de delicadeza e estiliza o chegaram Contudo como acabamos de ver as regras na propor o do desenvolvimento da vida social infantil n o permanecem id nticas a si pr prias do ponto de vista da natureza do respeito PIAGET 1994 p 87 Ao contr rio de Kant que pensou a regra como um ideal numa poss vel sociedade de pessoas emancipadas uma utopia Piaget n o observa esta separa o e pressup e como poss veis estas mudan as sem criticar as condi es atuais das rela es de coopera o e 41 coa o entre sujeitos sociais Al m disso Piaget n o considera a necessidade de esclarecimento de desenvolvimento em cada sujeito da raz o pois o que fundamental em Kant o reconhecimento da dist ncia entre a lei moral e o mundo emp rico justamente o que Piaget suprime em seu m todo como ponto de partida Ao considerar as rela es de coa o
108. i logo cr tico entre Adorno e Piaget e outros autores pr ximos do psic logo su o 14 CAP TULO 1 O JU ZO MORAL EM PIAGET E KOHLBERG 1 1 Defini o de moralidade e sua rela o com o respeito s regras A defini o de moralidade em Piaget est diretamente relacionada ao respeito s regras bem como o respeito considerado um sentimento pessoal que se constitui em fun o das trocas que a crian a estabelece com o meio social Ora as regras morais que a crian a aprende a respeitar Ihe s o transmitidas pela maioria dos adultos isto ela as recebe j elaboradas e quase sempre nunca elaboradas na medida de suas necessidades e de seu interesse mas de uma vez s e pela sucess o ininterrupta das gera es adultas anteriores PIAGET 1994 p 23 Primeiramente ele procura determinar qual seria esse percurso de desenvolvimento do Ju zo moral nas crian as partindo de uma rela o inicial em que o respeito regra ocorreria de forma heter noma no primeiro est gio de desenvolvimento da consci ncia da regra para ent o passar para as regras morais prescritas pelos adultos e finalmente para os princ pios provenientes das rela es das crian as entre si Nesse momento a rela o social predominante com os adultos seria a do respeito unilateral em que as crian as somente receberiam ordens n o podendo modific las como se entende do trecho os menores que come am a jogar aos poucos s o
109. ia Cr tica da Sociedade Educa o e Autonomia Coopera o e Educa o ABSTRACT This research presents as goal a critical analysis of the concept of cooperation from the book The Moral Judgment in Children of Jean Piaget and practical applications for moral education developed from this concept We find that these applications incorporate to the field of moral education instrumental rationality and thus may result in conservative moralizing techniques refuting some critical possibilities that perhaps had the Piagetian concept of moral judgment The work uses as a theoretical reference the Critical Theory of Society in particular some works of Adorno and Horkheimer Among the contradictions identified on constructivist proposals stands out the instrumentalization of moral education proposed by Kohlberg from the Piagetian framework which results in moral education techniques and reducing the morality of the problem to a question of individual development We consider the relationship between morality and respect for the law as an essentially contradictory relationship since Piaget assumes that there can be a harmonious relationship between the individual and the rules in capitalist society The theoretical proposition of the authors of the Frankfurt School in the field of morality is to make the subject aware of the contradictions of morality as well as make you aware of the ways in which contradictions are expressed in their subjectivity Fr
110. iaget e Kohlberg e como seus pressupostos filos ficos e te ricos foram tomados sem o questionamento de alguns pontos fundamentais que discutiremos no pr ximo cap tulo As pesquisas sobre o desenvolvimento moral fundamentadas em Kohlberg geraram a elabora o de alguns instrumentos de avalia o de ju zo moral e da compet ncia moral que foram traduzidos e adaptados para a realidade brasileira dentre os quais se destacam a entrevista semiestruturada de Kohlberg MJI o Defining Issue Test DIT e o Moral Judgment Test MJT BATAGLIA 2010 p 1 Uma das experi ncias educacionais mais conhecidas no Brasil foi a chamada Comunidade Justa modelo de experimento de Kohlberg aplicado por Biaggio em 1995 numa escola particular de Porto Alegre RS Uma das caracter sticas principais deste modelo de educa o era a de que se realizavam reuni es entre todos os participantes professores e alunos e nessas reuni es todas as quest es de regras eram discutidas e predominava o voto da maioria Outra importante caracter stica deste modelo referia se aos m todos de discuss o para o desenvolvimento moral do grupo os quais tamb m eram baseados em t cnicas de Kohlberg s v speras das reuni es eram formados grupos conselheiros constitu dos de pequenos grupos de alunos e professores que discutiam quais assuntos seriam mais prop cios para uma discuss o moral relacionados manuten o ou viola o das regras na co
111. io para a efici ncia insistindo no aprendizado elabora o da hist ria e ao contato com o outro n o id ntico o diferenciado ADORNO 2006 p 27 2 7 A autonomia como finalidade da educa o Piaget retoma de Kant a finalidade da educa o que seria a de produzir sujeitos aut nomos considerando que para estes autores o indiv duo com autonomia moral aquele que respeita a lei Estabelecer o desenvolvimento da autonomia como respeito s leis pode acarretar consequ ncias problem ticas pois muitas vezes o sujeito n o sabe por que deveria respeitar as leis nem sabe em que casos deveria respeit las ou n o muito menos sabe as raz es pelas quais ele age ora de acordo com a lei ora contra a lei justamente porque a lei contradit ria As leis morais est o de todo modo subjugadas s leis econ micas do mercado Como nos lembra Silva O sujeito moral compreendido nos termos postos pelo Iluminismo substitu do pelo sujeito consumidor e a identidade do indiv duo definida pelo sucesso enquanto modelo de individualiza o n o havendo portanto nenhum sentido em falar em uma cren a na autonomia do sujeito moral Nesse caso os indiv duos agem e pensam j n o mais orientados por delibera es ticas que levem em conta o bem e o mal mas a partir daquilo que definido pelos interesses do mercado como sendo o melhor SILVA 2001 p 222 Kant recuperou a metafisica tornando a um conjunto de estrut
112. is objetivando a promo o de consci ncia moral em crian as Ela diagnostica o atual modelo escolar brasileiro como incompat vel com as propostas de educa o moral formuladas Seria necess rio avan ar para oferecer subs dios te rico metodol gicos para se colocar as pr ticas de discuss o em grupo em atividade Para Dias 1999 Esse modelo de car ter coercitivo e uniformizante incompat vel com as necessidades sociais de desenvolvimento de pr ticas educativas que tenham como norte a dialogicidade e a comunica o ativa entre os envoltos no processo DIAS 1999 p 3 Assim como nos outros trabalhos de autores brasileiros Dias tamb m considera o pressuposto te rico de Piaget que diz que a coopera o entre os indiv duos os leva a evolu rem em suas etapas pessoais de desenvolvimento moral Para ela O pressuposto 54 te rico principal da discuss o em grupo o de que a educa o moral se d atrav s de intera es sociais em situa es de conflito e n o atrav s do ensino direto da moral DIAS 1999 p 3 Novamente destacamos que a identidade entre intera es sociais em situa es de conflito e o que Piaget chama de coopera o n o problematizada mas um pressuposto para os autores neste momento estudados A viv ncia de conflitos s cio morais criaria uma situa o em que o participante seria for ado a lidar com novos conceitos motivados pela percep o das contradi es apontadas pe
113. ivas s o moment neas e n o h interesse pela legisla o No quarto est gio h prazer em prever e codificar os casos poss veis junto com a coopera o e a realiza o de acordos O interesse pela regra tal como Podemos perceber que os est gios avan am na medida em que a crian a cresce e se desenvolve em sua rela o com o ambiente Piaget interacionista isto para ele fundamental a intera o da crian a com seu meio para o desenvolvimento das estruturas mentais como podemos depreender da passagem Mas nunca se observou uma conduta devida matura o pura sem elementos de exerc cio nem uma a o do meio que n o se v inserir nas estruturas internas PIAGET 1967 p 95 Por m para Piaget ocorreria a naturaliza o dos esquemas e estruturas mentais A matura o ocorre devido ao meio e se insere em estruturas internas visto que a equilibra o de extrema relev ncia para o pensamento piagetiano desde as suas primeiras publica es por ex 1926 Denota um estado cognitivo no qual o sujeito v o mundo de um nico ponto de vista o seu pr prio mas sem saber da exist ncia de outros pontos de vista e perspectivas e a fortiori sem consci ncia de que um escravo de si mesmo Portanto o egocentrismo do qual o sujeito n o pode estar consciente poder se ia dizer que o sujeito egoc ntrico uma esp cie de solipso sem consci ncia do seu eu nem tampouco de seu solipsismo FL
114. ividade do organismo no sentido de se ajustar s demandas que lhe s o feitas pelo ambiente Da que Piaget defenda que n o se trata de equil brio como estado est tico mas de equilibra o entendida como um processo din mico importante notar que esse processo tem como ponto de partida uma tend ncia do organismo equilibra o ou seja essa tend ncia imanente ao organismo 17 Dito isto o atraso ao qual nos refer amos n o seria autom tico mas estaria relacionado no o de equilibra o intr nseca do organismo como podemos compreender na passagem a seguir Deve se observar em primeiro lugar que o equil brio n o caracter stica extr nseca ou acrescentada mas uma propriedade intr nseca e constitutiva da vida mental Uma pedra em rela o ao seu ambiente pode se achar em estados de equil brio est vel inst vel ou indiferente nada disso alterando sua natureza Um organismo em rela o a seu meio apresenta ao contr rio m ltiplas formas de equil brio desde o das posturas at a homeostase sendo estas formas necess rias sua vida Trata se ent o de caracter sticas intr nsecas portanto os desequil brios duradouros constituem estados patol gicos org nicos ou mentais PIAGET 1967 p 94 Para Piaget os organismos tendem equilibra o em rela o ao meio em que se encontram e essa uma caracter stica intr nseca qualquer desequil brio prolongado do organismo compreendido
115. ju zo moral proposi es essas que apresentam s rios limites e que s o potencialmente contraproducentes na medida em que permitem que as institui es e as contradi es da sociedade permane am intocadas Todos os artigos s o convergentes na discuss o sobre a educa o moral eles adotam a defini o de ju zo moral proposta por Kohlberg e objetivam o desenvolvimento moral dos participantes N o foram encontrados artigos que fizessem cr ticas aos procedimentos de educa o moral e aos seus limites Em rela o teoria do ju zo moral de Piaget Kohlberg n o elabora um outro conceito de ju zo moral somente se dedica ao aperfei oamento dos est gios morais O conceito de ju zo moral permanece o mesmo em ambos e a partir desse conceito que Kohlberg elabora uma tecnologia de educa o moral com testes que visam o diagn stico do est gio em que se encontram os estudantes e com os dilemas morais destinados educa o moral Ao deixar de lado as contradi es morais que existem no mundo real os dilemas morais se apresentam de forma abstrata Elegendo o dilema de Heinz como exemplo n o h em nenhum momento um questionamento sobre o significado da ind stria farmac utica no mundo Ao apontarmos o dilema de Heinz como abstrato dizemos que esse dilema se apresenta como um problema vivenciado por um ser humano hipot tico isolado e sua contradi o social vivenciada como se fosse uma quest o de escolha pessoal entre a
116. justamente qual a melhor forma de desenvolver rela es de coopera o nas crian as como a escola poderia contribuir para esta tarefa e quais pr ticas deveriam ser estimuladas pelos professores nas escolas com o intuito de fomentar situa es em que a coopera o entre os estudantes fosse poss vel Piaget expressa sua preocupa o da seguinte maneira Como levar a crian a a este esp rito c vico e humano que postulam as sociedades democr ticas pela pr pria pr tica da coopera o desde que esta seja psicologicamente poss vel pela democracia na escola segundo a feliz express o de Foerster ou por uma inicia o verbal aos mecanismos da sociedade adulta PIAGET 1994 p 275 Por m antes de apontar poss veis caminhos para a escolha do melhor m todo ou t cnica de ensino para o desenvolvimento moral Piaget sublinha um ponto fundamental para a cria o dessas estrat gias pedag gicas Ele compreende que h uma correspond ncia direta entre o desenvolvimento moral e o desenvolvimento intelectual Disto decorrer o importantes entendimentos para o desenvolvimento da moral como por exemplo o simples fomentar situa es de coopera o desenvolveria o indiv duo tanto moralmente quanto intelectualmente como coloca Piaget 44 Esta converg ncia entre nossos resultados e aqueles da an lise hist rico cr tica ou l gico sociol gica conduz nos a um segundo ponto o paralelismo entre o desenvolvimento moral e a evolu
117. l Mais que isso espera se que um novo espa o de reflex o sobre a pr tica profissional do psic logo se abra aos universit rios SOUZA 2008 p 181 Essas aplica es dos instrumentos padronizados de desenvolvimento do ju zo moral no Brasil indicam que est em voga uma apropria o puramente instrumental dos pressupostos de Piaget que a partir de Kohlberg foram transformados em t cnicas de aplica o de dilemas morais em que se perdem at mesmo elementos desej veis embora pass veis de cr tica da teoria do desenvolvimento moral de Piaget principalmente o est mulo ao estabelecimento de rela es de coopera o entre as crian as Evidentemente o conceito de coopera o segundo Piaget merece tamb m ser criticado mas ao menos ainda menciona a dimens o social e pol tica potencialmente em primeiro plano enquanto a aplica o de dilemas morais abstratos a partir de ferramentas t cnicas teste de avalia o e dilemas padronizados n o estimula necessariamente a coopera o entre os participantes No artigo de Franciela F lix de Carvalho Monte e Leonardo Rodrigues Sampaio que objetiva avaliar e propor t cnicas de desenvolvimento de ju zo moral nos educadores e estudantes de uma unidade correcional essa realidade encontra um exemplo not vel pois constatamos que ao inv s de procurar criticar as rela es de coer o dentro da institui o educativa a solu o apontada para o desenvolvimento moral a aplica
118. l do dever leva moral do bem Piaget acata a ideia de Bovet Citando Piaget nesse ponto Bovet op e se doutrina kantiana considerando o respeito como um sentimento que se dirige a pessoas e n o regra como tal n o o car ter obrigat rio da regra prescrita por um indiv duo que nos faz considerar como obrigat ria a regra fixada por ele PIAGET 1994 p 90 Piaget entende ent o que exista inicialmente a consci ncia primitiva que essencialmente heter noma mas medida que aumenta o n mero de influ ncias sobre o indiv duo e surgem contradi es o indiv duo seria obrigado a utilizar sua raz o para construir uma hierarquia de valores que implicaria ent o uma autonomia relativa visto que o indiv duo se limita a escolher entre as regras que recebeu Em segundo lugar h a consci ncia aut noma que Bovet deixa em aberto qual seria sua causa Piaget no entanto aponta que a causa da consci ncia aut noma seria o respeito m tuo PIAGET 1994 p 91 1 6 Responsabilidade objetiva e subjetiva Piaget distingue dois tipos de responsabilidades nos julgamentos morais da crian a A crian a mais nova aplicaria a responsabilidade objetiva e a mais velha a responsabilidade subjetiva obtemos uma m dia de sete anos para a responsabilidade objetiva e de nove anos para a responsabilidade subjetiva PIAGET 1994 p 103 Para chegar a essas conclus es ele procura estudar como a crian a c
119. la Pedro Habimorad Stephanie Otto Assim como os comparsas Marcelo Gon alves Thiago Silva na sala de aula e na cl nica Pelos anos de aprendizagem e divers o que voc s me proporcionam Aos meus amigos irm os de cora o Luiz Fernando de Oliveira e Davi Crystal que desde tempos imemoriais est o me acompanhando de forma fraterna As companheiras de jornada no mestrado Ana Carolina Braga Elaine Santos Ma ra Darido Maria Fernanda Campos com quem pude dividir os melhores momentos dessa jornada Prof Dr Ana Claudia Bortolozzi Be Bruna Ana Carla Vieira Marcela Pastana Raquel Spaziani pelas reuni es com muita conversa e divers o Egle Daros Ma ra Stanganelli e fam lia pela revis o preciosa do trabalho final Ao meu Sensei e amigo Lucas Mattosinho que por meio do Aikido me ensina um caminho mais harmonioso com o mundo Aos meus alunos e pacientes pelos in meros ensinamentos todos os dias A moral n o me ajuda Sou antag nico nato Sou uma daquelas pessoas que s o feitas para exce es n o para regras Mas enquanto eu vejo que n o h nada de errado no que se faz eu vejo que h algo de errado no que a pessoa se torna bom ter aprendido isso Oscar Wilde RESUMO Esta pesquisa apresenta como objetivo uma an lise cr tica do conceito de coopera o a partir do livro O Ju zo Moral na Crian a de Jean Piaget e das aplica es pr ticas para a educa o moral desenvolvidas a par
120. las diferen as dos argumentos Dias realizou a sua pesquisa com 24 crian as entre 10 e 12 anos do Ensino Fundamental de uma escola particular do munic pio de Campina Grande PB Separou 12 crian as como grupo controle e 12 como grupo experimental e submeteu estes ltimos a um programa de educa o moral em que dilemas morais hipot ticos foram discutidos de forma a promover desequil brios conflitos cognitivos em suas estruturas A interven o foi realizada com uma frequ ncia de duas aulas semanais de aproximadamente 40 minutos de dura o cada uma O programa foi efetivado num per odo de quatro meses perfazendo um total de 24 sess es O grupo de controle nesse mesmo per odo frequentou normalmente as aulas Ap s a interven o foi realizada a avalia o com o DIT Defining Issues Test Dentre os resultados houve a constata o de que os m todos de ensino da educa o moral teriam uma relativa efic cia na promo o de avan os nos est gios da moralidade Esse m todo de discuss o em grupo mais uma proposi o que deriva do referencial te rico de Piaget e aparece como poss vel t cnica de desenvolvimento da moralidade A autora do trabalho termina por afirmar que Tais resultados indicam que os participantes experimentais avan aram significativamente em rela o aos participantes do grupo controle no tocante ao pensamento p s convencional Indicam ainda que os participantes experimentais realizaram mais m
121. m import ncia passa a possuir um significado e um sentido pr prio Horkheimer diz Quando uma crian a de doze anos tem a experi ncia de ver como seu pai toma da biblioteca um livro que talvez tenha adquirido numa determinada ocasi o ocasi o que agora ele se refere e quando logo o pai mostra ao filho uma passagem determinada do livro ent o a crian a sabe que n o um livro e uma biblioteca ter deixado de ser para ele uma mera montanha de papel A crian a recebe esta experi ncia de forma mim tica HORKHEIMER 1976 p 82 42 Em suma ao utilizar como procedimento de pesquisa o jogo de bolinhas Piaget acaba por correlacionar tanto a coopera o como a coa o a um dado natural inevit vel e com isso ele projeta um caminho natural do desenvolvimento humano Assim ao naturalizar o desenvolvimento e ao relacionar o problema da coa o a um problema geracional Piaget permite que Kohlberg fa a a descri o de um processo homog neo de desenvolvimento da moralidade e crie uma tecnologia de desenvolvimento moral 1 10 Consequ ncias pedag gicas de Piaget Ao estudar o desenvolvimento do ju zo moral Piaget deixa claro que encara essa quest o como psic logo e entende que a finalidade da educa o a autonomia do indiv duo Ao fazer essa considera o ele reconhece que a pedagogia fundamentalmente diretiva Em suas palavras Digamos de imediato para prevenir qualquer equ voco que se abordamos no decorrer
122. ma Moral Contudo nas discuss es de dilemas s o destacados contra argumentos em vez de argumentos um est gio acima do grupo SOUZA 2008 p 174 Isto posto podemos perceber que foram criados m todos e t cnicas nas ltimas d cadas a partir do referencial te rico de Piaget e posteriormente de Kohlberg sendo que de maneira geral essas t cnicas podem ser caracterizadas por compreender o desenvolvimento moral de forma evolutiva e universal Souza 2008 ao referir se aos est gios de Kohlberg diz que este postulou uma sequ ncia invari vel hier rquica e universal de est gios de desenvolvimento do julgamento moral Disto decorrem consequ ncias pr ticas e te ricas que ser o avaliadas e criticadas no cap tulo seguinte 1 14 A aplica o t cnica da proposta de educa o moral Com o intuito de explicitar as propostas de educa o moral que partem das contribui es de Kohlberg faremos uma an lise sucinta de dez artigos representativos sobre a quest o do uso das ferramentas t cnicas de desenvolvimento moral Articularemos os artigos em torno de algumas quest es centrais para nosso objetivo no trabalho e procuraremos analisar como essas quest es poderiam ser respondidas em cada um dos artigos selecionados para o trabalho A primeira quest o seria em rela o defini o de moralidade presente nos artigos Ao final da an lise dos artigos podemos constatar que todos adotam a defini o de moralidade proposta por Kohlb
123. maio 2014 BATAGLIA P U R A valida o do Teste de Ju zo Moral MJT para diferentes culturas o caso brasileiro Psicol Reflex Crit Porto Alegre v 23 n 1 abr 2010 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S010279722010000100011 amp Ing pt amp nrm iso gt Acessos em 04 maio 2014 BEE H A Crian a em Desenvolvimento S o Paulo Harper amp Row do Brasil 1984 BIAGGIO A M B Kohlberg e a Comunidade Justa promovendo o senso tico e a cidadania na escola Psicol Reflex Crit Porto Alegre v 10 n 1 1997 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S010279721997000100005 amp Ing pt amp nrm iso Acessos em 10 maio 2014 BOTTOMORE T Dicion rio do pensamento marxista 2a ed Rio de Janeiro Zahar 1988 DIAS A A Educa o moral para a autonomia Psicologia Reflex o e Critica Porto Alegre v 12 n 2 1999 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S010279721999000200014 amp Ing pt amp nrm iso gt Acessos em 10 maio 2014 FEITOSA H N et al Compet ncia de ju zo moral dos estudantes de Medicina um estudo piloto Rev bras educ med Rio de Janeiro v 37 n 1 mar 2013 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S010055022013000100002 amp Ing pt amp nrm iso gt Acesso em 04 maio 2014 http dx doi org 10 1590 S0100 55022013000100002 FLAVELL J
124. mente contradit ria pois Piaget diferentemente do que aponta Freud por exemplo sup e que existe uma rela o harmoniosa entre o indiv duo e as regras Do mesmo modo os desdobramentos das hip teses piagetianas sobre o desenvolvimento moral segundo a apropria o de Kohlberg indicam um desenvolvimento instrumental das premissas e conceitos te ricos elaborados pelo su o Foi realizada uma an lise de artigos sobre educa o moral baseados em Kohlberg a fim de selecionar criticamente pesquisas consideradas relevantes acerca da tem tica em pauta a busca de artigos se restringiu ao Scientific Eletronic Library Online Scielo e base de teses da Capes Foram inclu dos artigos originais que apresentassem discuss es em torno da tem tica proposta ou seja aqueles que estabelecessem rela es entre a coopera o o ju zo moral e a educa o Al m disso os artigos selecionados deveriam ter como base dados coletados no Brasil publicados em forma de texto completo entre os anos de 2000 e 2009 Justifica se a escolha desse per odo hist rico como uma tentativa de trazer tona uma discuss o atual sobre a coopera o a partir da educa o moral nas duas ltimas d cadas A busca foi realizada a partir do descritor ju zo moral e foram encontrados 177 artigos publicados no Brasil Posteriormente foram exclu dos aqueles que se afastavam do tema e foram privilegiados estudos de caso pr ticos com a metodologia de educa o moral d
125. mente in cuas as escolhas individuais O ju zo moral precisaria se aproximar de uma educa o cr tica n o reprodutora da aliena o Uma educa ao cr tica deve 109 ter como finalidade produzir consci ncia sobre as contradi es que existem na sociedade e no pr prio indiv duo A conclus o final a que chegamos a de que somente a an lise do conceito de coopera o na obra O Juizo Moral na Crian a j nos revelou importantes limites da mesma assim como apontou para um maior aprofundamento da obra como um todo envolvendo uma maior e mais complexa articula o de outros conceitos fundamentais que permeiam esta e outras obras de Piaget o que seria poss vel realizar em um futuro trabalho 110 REFER NCIAS ABBAGNANO N Dicion rio de Filosofia S o Paulo Martins Fontes 2000 ADORNO T W Educa o e Emancipa o S o Paulo Paz e Terra 2006 M nima Moralia Reflex es a partir da vida lesada Trad Cohn G Rio de Janeiro Azougue Editorial 2008 Palavras e Sinais Modelos Cr ticos 2 Petr polis Ed Vozes 1995 BATAGLIA P U R MORAIS A de LEPRE R M A teoria de Kohlberg sobre o desenvolvimento do racioc nio moral e os instrumentos de avalia o de ju zo e compet ncia moral em uso no Brasil Estud psicol Natal Natal v 15 n 1 abr 2010 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S1413294X2010000100004 amp lIng pt nrm iso gt Acessos em 04
126. mente seu valor e as san es tendem a n o ser mais regulamentadas sen o pela lei de reciprocidade PIAGET 1994 p 179 Investigando a justi a distributiva Piaget coloca tr s novas situa es problema para as crian as nas quais aparece a no o de responsabilidade coletiva Na primeira delas o adulto n o procura a responsabilidade individualmente e pune o grupo todo pela falta de um sujeito na segunda situa o o adulto procura o respons vel pela infra o e nem o pr prio indiv duo muito menos o grupo o denuncia e na terceira situa o o adulto procura o respons vel o indiv duo n o se denuncia e o grupo n o sabe quem respons vel pela infra o A ltima situa o pode sumarizar notavelmente os comportamentos das crian as de acordo com sua faixa et ria pois para os menores necess rio punir todos n o porque o grupo seja respons vel mas porque indispens vel a qualquer custo uma san o mesmo que atinja os inocentes al m do culpado Para os maiores ao contr rio n o se deve punir ningu m porque o castigo infligido aos inocentes mais injusto que a impunidade do culpado PIAGET 1994 p 186 Desses resultados entre outros tantos decorre que em caso de conflito entre justi a retributiva e justi a distributiva os pequenos preconizam a san o e os maiores a igualdade Dessa investiga o sobre o desenvolvimento da justi a distributiva Piaget distingue tr s grandes e
127. mico e das condi es de reprodu o e dos processos de troca da sociedade liberal Ao mesmo tempo tamb m a integra o das pessoas na sociedade impens vel sem uma moral que contradiz justamente essas condi es GRUSCHKA 2014 p 12 O fil sofo alem o nos lembra de que os interesses particulares em detrimento dos interesses coletivos s o protegidos em nossas sociedades e transformar o outro em objeto e meio para ascender socialmente amplamente aceit vel Ele diz que Na verdade a busca do pr prio interesse particular custa do interesse geral protegida pela ordem burguesa Segundo esta qualquer transgress o do sentido da coletividade permitida desde que ela n o esteja proibida explicitamente nas leis de direito O cidad o contempor neo esclarecido pode aceitar que o imperativo categ rico deveria conduzi lo em suas a es Mas em sua pr tica social real ele sempre ter cautela em segui lo de forma consistente Nela ele for ado a fazer do outro um meio de seu interesse GRUSCHKA 2014 p 7 O ju zo moral piagetiano involuntariamente se insere numa contradi o De um lado 106 enquanto ju zo esclarecido ele almeja ir al m do ego smo o qual seria questionado nos sujeitos que avan ariam ao ltimo est gio do ju zo moral No entanto esse ltimo est gio abstrato e esse ju zo abstrato apesar de conter um elemento cr tico tamb m conservador pois ao formalizar ju zos morais corret
128. munidade como coloca Biaggio 52 Blatt e Kohlberg descreveram t cnicas de din micas de grupo atrav s das quais a maturidade de julgamento moral pode ser estimulada Basicamente a t cnica consiste em formar grupos de dez a doze pessoas de diferentes est gios de desenvolvimento moral para discutir dilemas geralmente sob a lideran a de um professor psic logo ou orientador educacional que coordena a discuss o chamando a aten o para argumentos t picos de est gios superiores propostos por elementos do grupo ou do pr prio coordenador Essa t cnica consistindo de v rias sess es tem tido sucesso em promover a matura o de um est gio para outro BIAGGIO 1997 p 5 A proposi o defendida com essas discuss es coletivas era a de que por meio do confronto de opini es entre os integrantes da comunidade se propiciaria o momento e o ambiente para a gera o de um conflito cognitivo e que este por sua vez levaria a uma maturidade do julgamento moral Est pressuposto portanto o esquema geral do desenvolvimento do ju zo moral proposto por Piaget preciso criar situa es que provoquem desequil brio de forma a gerar o desenvolvimento de estruturas mais equilibradas no campo da moralidade A autora que realizou a experi ncia em Porto Alegre conclui em seu artigo que essas t cnicas desenvolvidas por Kohlberg seriam importantes instrumentos para o desenvolvimento moral Tanto a t cnica de discuss o de dilemas em gru
129. n as a escola tamb m pode desenvolver rela es de coopera o Por meio do jogo por exemplo podemos suscitar rela es de coopera o entre os indiv duos Por m pensando nossas sociedades num panorama mais amplo a escola est inserida num contexto em que regras coercitivas de competi o e domina o s o preponderantes nas rela es sociais que se estabelecem no ambiente escolar Prescrever a promo o de metodologias que incentivem o contato cooperativo das crian as para o desenvolvimento da moralidade nas mesmas parece um tanto artificial como se a escola fosse capaz de se separar e se diferenciar do restante da sociedade somente a partir da aplica o de uma t cnica Ao pensar um modelo de experi ncia formativa que rompesse a l gica da adapta o do sujeito na busca de uma maior autonomia perante essa sociedade totalizante Maar 2003 ressalta a import ncia de um momento de resist ncia totalidade imanente Resist ncia pretens o da sociedade de abarcar a totalidade das a es e da subjetividade dos indiv duos Essa pretens o de totalidade falsa por m somente nessa totalidade se torna poss vel encontrar crit rios de falsidade em nossas sociedades que avan am para a administra o de todas as esferas da vida individual Este n o um problema imposto de fora sociedade fortuito e nem gerado de forma subjetiva mas reflete uma tend ncia objetiva da sociedade ao pr prio modo de produzir se
130. nas sociedades capitalistas Ele diz Auschwitz n o representa apenas o genoc dio num campo de exterm nio mas simboliza a trag dia da forma o na sociedade capitalista ADORNO 2006 p 22 Para Adorno a exig ncia de que Auschwitz n o se repita a primeira de todas para a educa o Ou seja preciso que o sujeito compreenda que o que nele o impulsiona viol ncia imediata mediado 103 Ao compreendermos a lei da forma como se apresenta contradit ria entendemos que para o indiv duo abrir m o do interesse ego sta para respeitar a lei significa sua autodestrui o vide in meros exemplos em que o trabalhador adota a l gica dominante Seguir cegamente seus interesses ego stas mediados servir l gica da sociedade de classes ou seja o indiv duo se encontra em uma situa o contradit ria De outra forma ao compreendermos que esse interesse ego sta tamb m n o natural e em si contradit rio podemos depreender que a contradi o est tanto do lado do indiv duo quanto da cultura e ao indiv duo restam possibilidades de escolha de criar sa das novas e emancipat rias A cr tica que se faz a Piaget e a seus continuadores que a pr pria escola n o seria imune a uma sociedade que n o privilegia rela es de coopera o Os m todos e t cnicas de desenvolvimento moral n o parecem estar resolvendo ou mudando a situa o representada pelo fato de a coa o ser aprendida pelas crian
131. nstrangimento pode ser um constrangimento externo ou um autoconstrangimento O imperativo moral torna constrangimento conhecido atrav s da natureza categ rica de seu pronunciamento o dever incondicional Esse constrangimento portanto n o se aplica a seres racionais em geral poderia haver tamb m seres racionais sagrados mas sim a seres humanos seres naturais racionais que s o suficientemente n o sagrados para que o prazer possa induzi los a transgredir a lei moral ainda que reconhe am sua autoridade e mesmo quando efetivamente obedecem lei eles o fazem relutantemente diante da oposi o proveniente de suas inclina es e nisto que consiste tal constrangimento KANT 2003 p 224 Ou seja Kant pressup e que o homem um ser dividido de um lado racional e de outro sujeito s inclina es que o fazem agir contrariamente ao dever Por isso trata se de um constrangimento contr rio s inclina es Da a rela o com a regra ser pensada como absolutamente determinada pois se procur ssemos um suporte emp rico para a regra acabar amos tentando determinar o que absoluto por algo relativo uma contradi o l gica Os homens devem agir por dever mas o que os inclina a isso sua Raz o se op e a muitas outras inclina es pr ticas ou ego stas Por isso fundamental que os homens sejam esclarecidos que sejam educados para que possam desenvolver a raz o e entend la como um universal
132. ntifica a coopera o em meio a um n vel de coa o e se esquiva da coa o que exercida pelos mais velhos da diferen a das gera es e para resolver o problema da coa o preconiza que crian as de mesma faixa et ria brinquem entre si Essa solu o n o poderia ser utilizada em nenhuma outra situa o social de coa o Sumarizando o processo de desenvolvimento do ju zo moral podemos compreender que para Piaget o primeiro est gio seria a anomia que vai at aproximadamente os dois anos e est relacionado com a ritualiza o e a simboliza o de elementos do jogo Nesse est gio a crian a joga para satisfazer interesses motores ou da fantasia simb lica mas essas atividades do jogo se tornam h bitos semelhantes aos ritos Essas regularidades das leis aparecem crian a como ao mesmo tempo f sicas e morais o est gio marcado pelas rela es de coa o onde a crian a fundamentalmente obedece a ordens responsabilidade objetiva ao respeito unilateral e justi a imanente O segundo est gio que vai dos dois aos seis anos o do egocentrismo e definido como o est gio com condutas intermedi rias entre uma conduta socializada e as puramente individuais Nesse est gio a crian a come a a querer jogar de acordo com regras recebidas do exterior fundamentalmente o est gio da consci ncia da regra egoc ntrica em que o indiv duo n o diferenciado e no qual predominam a sugest o e a imita
133. o Teoria Cr tica Adorno entende que a escola um espa o privilegiado mas n o nico da educa o por estar inserida em sociedades competitivas acaba superada por essa ideologia totalizante e supor que a escola poderia simplesmente se organizar em rela es de coopera o seria paradoxalmente desej vel e ideol gico Os efeitos da sociedade 80 burguesa sobre a educa o precisariam ser explicitados em suas mais diversas manifesta es e os educadores precisariam ser conscientes de que h muitas possibilidades de superar as contradi es da sociedade burguesa mas isso demanda uma reflex o constante O educador alem o Andreas Gruschka ao pensar a forma o de sujeitos frios no ambiente escolar ressalta que as rela es sociais permeadas por competi o e coa o s o reproduzidas nas rela es dos educandos e educadores Nem o conformismo em rela o a estas condi es muito menos ignorar o fato de vivermos numa sociedade violenta e desigual ajuda a se pensar caminhos para o problema Para Gruschka Uma grande parte dos educadores responde ao insucesso do projeto do Iluminismo ao fazer da insensatez das condi es sociais um tema do Iluminismo nas escolas Outros esperam conseguir erguer na escola uma verdadeira p lis contra as experi ncias da sociedade Por m na medida em que com isso os educadores entram em oposi o sociedade real eles correm o risco de esquecer que a escola continua send
134. o As rela es de coa o come am a dar lugar s rela es de coopera o assim como a responsabilidade objetiva passa a ceder responsabilidade subjetiva tamb m marcado pela justi a 36 retributiva pois ainda est ligado coa o adulta O terceiro de 7 a 12 anos e quarto a partir de 12 anos est gios ocorrem justamente quando se desenvolve na crian a uma necessidade de entendimento m tuo A diferen a entre o terceiro e quarto est gios apenas no grau de conhecimento das regras maior no ltimo As regras n o s o mais tomadas como leis exteriores mas como resultado de uma decis o livre que digna de respeito na medida em que livremente consentida As rela es de coopera o levariam tomada de consci ncia das regras o que aumentaria significativamente o rol de rela es que o sujeito estabelece com grupos de modo que ele escapa da influ ncia determinante do grupo familiar Esses est gios seriam marcados pela responsabilidade subjetiva pelo respeito m tuo e pela justi a distributiva pois as condi es e inten es passam a ser levadas em conta 1 9 Coopera o e coa o O conceito de coopera o em Piaget pressup e uma estrutura l gica a reciprocidade Ao escolher estudar o jogo de bolinhas Piaget p de constatar na pr tica seu pressuposto de reciprocidade pois o jogo permite s crian as desenvolverem se entre iguais da mesma faixa et ria O problema reside em que ao explic
135. o avan a em dire o ao estabelecimento de um ju zo moral aut nomo entra em contradi o com a realidade da competi o generalizada pois o elemento objetivo que impede a moralidade a concorr ncia baseada na ideologia do ego smo e na a l gica individualista Dessa forma todo ju zo moral do senso comum em nossas condi es sociais objetivas reflete em alguma medida as contradi es da realidade Compreender as contradi es sociais fundamental para superar a ilus o de que poss vel fundamentar um ju zo moral na l gica formal O pressuposto da coopera o e da harmonia social pode gerar consequ ncias ruins para o indiv duo como por exemplo um sujeito ressentido e frustrado que pode adotar um postura individualista gerando o que os te ricos da Teoria Cr tica v o chamar de frieza burguesa Segundo postulam Adorno e Horkheimer A sociologia s econ mica na medida em que economia pol tica e daqui se deduz uma teoria da sociedade que volta a instalar na ordem social as formas vigentes da atividade econ mica isto as institui es econ micas HORKHEIMER ADORNO 1973 p 37 Essas institui es econ micas n o apenas influenciariam como definiriam as rela es entre as classes e o indiv duo n o estaria imune aos seus antagonismos Poder se ia at argumentar de fato que cada homem vem ao mundo como indiv duo como ser biol gico individual e que diante desse fato fund
136. o cr tico cr tica imanente em que se d o confronto entre o existente e a ideologia donde se desencadeia a contradi o interna pr pria hist ria o papel da Filosofia tornar os homens conscientes dessas contradi es SILVA 2001 p 184 A educa o deveria assim entre outras coisas deslindar as rela es de sociabilidade entre os indiv duos as quais est o permeadas pela l gica do mais forte e nas quais se justificam rela es de explora o e viol ncia de acordo com as regras do mercado 104 Novamente Silva diz Nesse ponto retornamos ao problema tico desencadeado por uma educa o que em seus prop sitos e pr ticas n o consegue distanciar se dos interesses apresentados pelo mercado onde as regras e normas que orientam a conduta dos indiv duos s o dilu das na competi o e na busca do sucesso SILVA 2001 p 223 A educa o deveria estar voltada para formar um sujeito moral capaz de sustentar em si a contradi o Dessa forma deveria desenvolver a consci ncia de que mesmo quando a realidade nos coloca uns contra os outros e estimula que ao inv s de pensarmos coletivamente se pense solu es individualistas que consigamos perceber que o mal estar dessas contradi es n o est somente em n s mas em todos Desse modo mesmo sabendo que o sujeito ser valorizado se agir de forma ego sta at com frieza em rela o ao outro ele poder entender de forma cr tica as rela
137. o de pressuposto sociol gico do qual Piaget partiu falso e apontar este fato colocar um limite importante teoria do desenvolvimento moral de Piaget assim como para as t cnicas de educa o moral que se fundamentaram nessa teoria pois as rela es sociais s o de disputa de luta de classes Horkheimer e Adorno chamam a aten o para estes conflitos sociais dos quais nossas sociedades s o constitu das quando dizem que Quando o pensamento sobre o car ter e a natureza da sociedade perde de vista a tens o entre institui es e vida e procura resolver o social no natural n o orienta um impulso de liberta o no que diz respeito press o das institui es mas pelo contr rio corrobora uma segunda mitologia a ilus o idealizada de qualidades primitivas que se referiria na verdade ao que surge atrav s das institui es sociais HORKHEIMER ADORNO 1973 p 32 Horkheimer e Adorno salientam a rela o contradit ria existente entre a lei e a liberdade que se revela necessariamente aos indiv duos A exist ncia de leis inclusive de leis morais condi o indispens vel para se pensar em qualquer grau de autonomia e liberdade 95 individual Piaget considera que as contradi es entre a liberdade e a lei tendem equilibra o mas ao contr rio de Piaget entendemos que somente o desvelamento das pr prias contradi es se revelaria til ao sujeito ajudando o a buscar uma maior liberdade Em rela o
138. o desenvolvimento moral na adolesc ncia decidi utilizar o m todo e os pressupostos gerais de Piaget KOHLBERG 1992 p 33 Kohlberg entendeu diferentemente de Piaget a teoria do paralelismo entre moral e intelecto de forma que n o excluiu o desenvolvimento em separado das estruturas cognitivas com as do desenvolvimento moral Afirmou que h uma rela o entre ambas e que o desenvolvimento cognitivo seria necess rio por m n o suficiente para o desenvolvimento moral Kohlberg sequer valida o postulado piagetiano de que o desenvolvimento l gico provocaria automaticamente o amadurecimento moral Para ele seria atrav s de uma intera o entre condi es internas desenvolvimento cognitivo e externas possibilidade de assumir pap is que o sujeito avan aria em cada est gio moral Outras importantes suposi es de Piaget por m s o mantidas em sua teoria como o de que o comportamento moral evolui por etapas necessitando apenas de oportunidades de conviv ncia de modo solid rio e cooperativo para chegar a um maior desenvolvimento moral Angela Maria Brasil Biaggio psic loga brasileira que se dedicou pesquisa do desenvolvimento do ju zo moral a partir da teoria de Kohlberg nos ajuda a demonstrar que h segundo Kohlberg uma evolu o nas etapas de desenvolvimento moral Biaggio 2002 diz que Para Kohlberg tanto quanto para Piaget a sequ ncia por que passa a pessoa invariante universal isto todas as pessoas
139. o e aprende a compreender o outro e a se fazer compreender por ele PIAGET 1994 p 82 Para Piaget a coopera o um fator importante no desenvolvimento da personalidade entendida como o eu que se situa e se submete para se fazer respeitar s normas da reciprocidade e da discuss o objetiva 1994 p 82 O respeito m tuo seria a forma de equil brio para a qual tende o respeito unilateral quando as diferen as desaparecerem entre a crian a e o adulto 1994 p 83 Entretanto Piaget admite que nem o respeito m tuo nem a coopera o s o verific veis completamente ou seja sua descri o apela a formas ideais O seu ideal de respeito s regras estaria nessa forma de respeito m tuo porque a 24 verdade da regra n o est na tradi o mas no acordo m tuo e na reciprocidade PIAGET 1994 p 82 Ele diferencia ainda o m tuo consentimento do respeito m tuo sendo que o primeiro e pode existir entre vagabundos e assaltantes existindo uma certa honra entre esses indiv duos Para ele por m s pode haver respeito m tuo por aquilo que os pr prios indiv duos considerarem como moralidade PIAGET 1994 p 84 E logo adiante ele diferencia a coa o da coopera o principalmente quanto ao seu m todo de controle rec proco A grande diferen a entre a coa o e a coopera o ou entre o respeito unilateral e o respeito m
140. o moral Podemos de fato distinguir tr s etapas nesta evolu o A mentira inicialmente vil porque objeto de puni o e se suprim ssemos as puni es seria permitida Em seguida a mentira vil em si e se suprim ssemos as puni es permaneceria como tal Finalmente a mentira vil porque se op e confian a e afei o m tuas A consci ncia da mentira interioriza se ent o pouco a pouco e podemos apresentar a hip tese de que isto sucede sob influ ncia da coopera o PIAGET 1994 p 137 Por fim Piaget distingue dois planos no pensamento moral o primeiro derivado da a o moral da experi ncia moral e o segundo que o pensamento moral te rico e ocorre quando a crian a instigada a julgar os atos de outrem A an lise feita por Piaget quanto mentira refere se somente ao segundo plano mas revela resultados coerentes com a an lise da pr tica moral no jogo de bolinhas Piaget pressup e que a moral te rica uma tomada de consci ncia progressiva da atividade moral propriamente dita PIAGET 1994 p 140 O realismo moral resultaria de duas causas paralelas por um lado o realismo infantil caracter stico do pensamento espont neo egocentrismo e por outro a coa o exercida pelo adulto Ocorre ainda uma coincid ncia da regularidade f sica com a regularidade moral Se os barcos flutuam e as pedras afundam n o somente por raz es relativas ao seu peso
141. o parte ou condi o necess ria da sociedade que eles desejam esclarecer ou modificar GRUSCHKA 2014 p 9 Numa concep o idealizada da educa o desej vel colocar na escola a responsabilidade de solucionar conflitos sociais de modo individualizado Em vista disso se busca o desenvolvimento de m todos e t cnicas pedag gicas com o prop sito de harmonizar os sujeitos e pretensamente resolver as contradi es da realidade Parece que as t cnicas de educa o moral se encaixam modelarmente nesse tipo de tentativa de harmoniza o Al m do que supor a escola organizada em rela es de coopera o seria ideol gico pois a sociedade em que vivemos capitalista dividida em classes com interesses opostos e a escola afetada profundamente por estes interesses A manuten o da domina o interesse da classe dominante A escola reproduz as rela es de domina o e coa o inclusive nas escolas que prop e rela es de coopera o entre seus alunos Desta forma entendemos que a escola precisa ser capaz de colaborar para a transforma o da sociedade mas um conjunto de t cnicas de educa o moral n o seria a melhor forma para isso ocorrer Apesar de Piaget reconhecer que existem diferen as importantes nas rela es sociais podemos reiterar que a concep o de sociedade em Piaget idealizada e disso resulta da mesma forma uma vis o idealista de escola como podemos verificar nesta passagem do autor em rel
142. ociedade que a pressup e harmoniosa entender as media es objetivas e subjetivas que est o presentes no desenvolvimento particular de cada indiv duo Como diz Maia r O objeto tamb m mediatizado pois v rias qualidades subjetivas est o projetadas necessariamente nele A tentativa de elimin las isto de eliminar do conhecimento a interfer ncia do sujeito recai em ideologia na medida em que prop e um conhecimento despersonalizado MAIA 1996 p 33 Podemos considerar que a concep o de sociedade da qual Piaget parte uma concep o ideol gica Ideologia deve ser entendida aqui no sentido de pretens o de verdade e de um conjunto de ideias que justificam as rela es de domina o N o nos restam d vidas de que rela es de coopera o podem ser melhores para o estabelecimento de sujeitos mais democr ticos do que rela es de coer o Por m deixar as crian as sozinhas n o estabeleceria necessariamente rela es de coopera o pois as crian as est o inseridas numa sociedade em que as rela es de coopera o est o suprimidas pelas rela es de coa o As crian as em nossas sociedades s o estimuladas desde o ber o pela ind stria cultural busca de interesses imediatos A publicidade e a propaganda dirigidas s crian as de modo perverso fazem com que elas entrem em competi o pela compra do brinquedo da moda para que sejam aceitas em determinado grupo ou ent o para que reproduzam o st
143. odos da logica formal acaba por pensar a lei sem contradi es e o ju zo moral como introje o de uma l gica capaz de tornar a lei pr pria ao sujeito aut nomo Para Adorno ao se pensar esse desenvolvimento baseado na dial tica que parte das contradi es poss vel notar no sujeito de um lado as contradi es da lei e de outro as contradi es do sujeito moral Somente focando o indiv duo com um agudo olhar para aquilo que o constitui sociedade poss vel descobrir o problema da moralidade Ele diz 93 O conhecimento s consegue ampliar horizontes onde ele persiste no singular at que na sua insist ncia se dissolve o isolamento Certamente isso tamb m pressup e uma rela o com o geral mas n o a de subsun o antes quase o contr rio A media o dial tica n o o recurso ao abstrato mas o processo de dissolu o do concreto em si ADORNO 2008 p 70 Adorno aponta a alternativa de desenvolvimento de um ju zo moral capaz de se sensibilizar em rela o ao outro a alteridade Essa a proposi o de educa o da Teoria Cr tica que se mostre nestas contradi es suas origens sociais e suas manifesta es no sujeito possibilitando enxergar as contradi es do todo e do indiv duo e permitindo a compreens o do outro do diferente Adorno diz A educa o cr tica tendencialmente subversiva E preciso romper com a educa o enquanto mera apropria o de instrumental t cnico e receitu r
144. om the Critical Theory admit that contradictions should be disclosed and the contents of the social order and this would result in a moral education proposal widely different from Piaget Keywords Moral Education Critical Theory of Society Education and Self Government Cooperation and Education SUM RIO RESUMO 08 ABSTRACT 09 INTRODU O 12 CAP TULO 1 O JU ZO MORAL EM PIAGET E KOHLBERG 11 Defini o de moralidade e sua rela o com o respeito s regras 15 1 2 A diferen a entre ju zo moral e a o moral 16 1 3 A pr tica das regras 19 1 4 A consci ncia das regras motora coercitiva e racional 21 1 5 Os dois respeitos 24 1 6 Responsabilidade objetiva e subjetiva 26 1 7 No es de justi a imanente retributiva e distributiva 32 1 8 Qual o sentido do desenvolvimento da moralidade 35 1 9 Coopera o e Coa o 37 1 10 Consequ ncias pedag gicas de Piaget 43 1 11 Kohlberg e a moralidade 46 1 12 Kohlberg e as t cnicas de desenvolvimento moral 49 1 13 Estudos sobre a moralidade no contexto brasileiro 51 1 14 Aplica o de t cnicas educativas da moralidade 56 CAPITULO 2 TEORIA CR TICA MORALIDADE E EDUCA O 2 1 Racionalidade instrumental 68 2 2 Desenvolvimento L gico e Moral 73 2 3 A concep o de sociedade em Piaget 77 2 4 A coer o como regra 82 2 5 A quest o da autonomia e da heteronomia 84 2 6 Ambiguidade das leis 90 2 7 Autonomia
145. omo sendo ideologia no sentido de falsa consci ncia Sobretudo a solu o do problema n o est na obedi ncia a mandamentos rigidamente formulados HORKHEIMER 1990 p 65 De modo geral o indiv duo n o sabe por que a lei mais importante que ele mais importante que seus motivos pessoais De outra forma fica complicado pensar numa poss vel harmonia entre a lei o respeito ao outro e o autorrespeito s pr prias necessidades Logo encontrando se a sociedade em conflito esse conflito acaba por se reproduzir no pr prio indiv duo De modo geral ele n o sabe em que situa o ele deve ser ego sta ou ceder ao interesse geral da lei pois a lei altamente contradit ria As contradi es se encontram nos dois lados dessas media es tanto da lei quanto do indiv duo Existem dois lados ao se respeitar a lei assim como existem dois lados ao se respeitar as pr prias inclina es Para elucidar essa din mica pensemos que no sujeito se consolidam tamb m contradi es entre suas necessidades ego stas e suas necessidades de solidariedade Invariavelmente nossas sociedades envolvem redes de coopera o ou seja reconhecemos que em nossas sociedades existem rela es que se dirigem para al m de rela es comerciais capitalistas No entanto essa coopera o n o resultado de uma solidariedade geral o que se sobrep e a essas rela es de coopera o justamente a competi o e o pressuposto individualista Ou s
146. ompeti o e do vencer a qualquer custo colocam esse mesmo individuo como objeto nessas rela es sociais Ele algoz e v tima do mercado de trabalho por exemplo Refletindo sobre essa posi o de objeto e o sentimento de mal estar dos indiv duos no todo social Adorno diz que Em meio prosperidade at mesmo em per odo de pleno emprego e crise de oferta de for a de trabalho no fundo provavelmente a maioria das pessoas se sente como um desempregado potencial um destinat rio futuro da caridade e desta forma como sendo um objeto e n o um sujeito da sociedade este o motivo muito leg timo e racional de seu mal estar ADORNO 2006 p 41 Na obra O Ju zo Moral na Crian a de Piaget podemos depreender que o conceito de 92 ju zo moral do autor n o leva em considera o inclusive que os pr prios desejos s o contradit rios entre si Por conseguinte n o estamos dizendo somente que existem desejos que a lei contraria pois em certa medida al m de desejos que contrariam a lei o sujeito pode at ter desejos que sejam convergentes com a lei ou seja podem existir desejos contradit rios Al m do mais alguns desejos podem ser convergentes com a lei pelos piores motivos poss veis pois a pr pria lei contradit ria a civiliza o marcada por regras contradit rias Piaget postula a coopera o entre as crian as para o desenvolvimento da autonomia nos indiv duos Por m a recomenda o de propici
147. oncebe como um dado independente das a es humanas Na l gica formal um pressuposto a de que os fen menos da natureza s o compreens veis fundamentalmente a partir da linguagem num rica do principio da identidade se A A ent o Az B Essa concep o caracter stica da raz o subjetiva coloca na raz o uma autoridade absoluta sobre os outros fatores Horkheimer diz A raz o devia regular nossas decis es e nossas rela es com os outros homens e com a natureza Ela foi concebida como uma entidade como um poder espiritual que habita cada homem Alegou se que esse poder era a autoridade suprema ali s que era a for a criativa que regia as ideias e as coisas s quais dever amos dedicar nossas vidas HORKHEIMER 1969 p 21 Finalmente ninguna realidad en particular puede aparecer per se como racional vaciadas de su contenido todas las nociones fundamentales se han convertido en meros envoltorios formales Al subjetivizarse la raz n tambi n se formaliza La formalizaci n de la raz n tiene consecuencias te ricas y pr cticas de vasto alcance Si la concepci n subjetivista es fundada y v lida entonces el pensar no sirve para determinar si alg n objetivo es de por s deseable La aceptabilidad de ideales los criterios para nuestros actos y nuestras convicciones los princ pios conductores de la tica y de la pol tica todas nuestras decisiones ltimas llegan a depender de otros factores que no son la raz n Han d
148. oncebe seus 26 deveres e valores morais e admite que tais concep es s o efeitos da coa o adulta Limita se o estudo consci ncia da regra ou melhor ao elemento mais cristalizado e menos vivo dessa consci ncia o ju zo moral por assim dizer te rico em oposi o aos ju zos que interv m na pr pria experi ncia PIAGET 1994 p 92 Piaget procura comparar os ju zos morais com o comportamento moral deduzido do estudo das regras do jogo e demonstra que tais ju zos s o heter nomos na medida em que s o efeito da coa o adulta Piaget chama tais ju zos de realismo moral por analogia com o realismo nominal e o realismo conceptual caracter sticos do plano da raz o te rica nessa fase do desenvolvimento Dessa forma Piaget define o realismo moral como tend ncia da crian a em considerar os deveres e os valores a eles relacionados como subsistentes em si independentemente da consci ncia e se impondo obrigatoriamente quaisquer que sejam as circunst ncias s quais o indiv duo est preso PIAGET 1994 p 93 O realismo moral teria ent o tr s caracter sticas a primeira em que o dever heter nomo ela se define pela obedi ncia a segunda na qual a regra deve ser observada ao p da letra e a terceira em que ocorre uma concep o de responsabilidade objetiva conformidade com a regra O m todo a que ele recorre analisar o modo como a crian a avalia
149. oral e possibilidade da representa o de uma lei moral perfeita por m completamente separada de refer ncias emp ricas Leo Maar ao discutir o entendimento de Adorno sobre a moral kantiana diz a moral kantiana de que o imperativo seria exemplar uma moral privada que corresponde como consequ ncia operante a uma forma o social em que se dissolve o conflito subordinando se a uma imposi o geral que por ser formal e abstrata obstrui o individual embora se apresente como necessidade civilizat ria MAAR 2003 p 67 O fil sofo Leo Maar revela que na leitura adorniana o imperativo categ rico aparece como necessidade civilizat ria O imperativo categ rico uma representa o da lei moral e mesmo sendo somente representa o n o deixa de ter validade Ele lei moral objetiva justamente por ser uma representa o n o contradit ria o que deveria ser sem rela o com 4 o emp rico o que de fato Claro que sendo assim tamb m essa representa o da moralidade tem sua face ideol gica que pode ser apropriada n o criticamente como imposi o autorit ria de normas abstratas aos sujeitos mas em vista da instrumentaliza o da moralidade sua representa o em imperativo categ rico prefer vel A partir de Kant foi inclu da a no o de representa o Representa o esta que coerente consigo mesma n o contradit ria e sua import ncia reside em servir de par
150. oral que visa o ju zo moral coloca dentro do campo da educa o moral um telos uma finalidade objetiva Kant 2005 aproxima a liberdade da autonomia quando diz se servir de sua pr pria tutela sem a ajuda de um outro p 63 A liberdade de uma perspectiva cr tica s pode ser definida num sentido negativo Essa defini o corresponde afirma o de que n o existe liberdade numa sociedade subjugada ao caos do mercado do capital por exemplo Dessa forma o ju zo moral precisaria se aproximar de uma educa o cr tica compreendida neste momento como uma educa o para a n o reprodu o da aliena o Pois afirmar uma moralidade correta a priori seria ignorar o fato de que nenhum comportamento estaria isento de contradi es em sociedades contradit rias portanto o fundamental para uma 96 educa o cr tica seria produzir consci ncia sobre essas contradi es Outro problema decorrente da concep o de ju zo moral na obra piagetiana que ele pensa a moralidade separada da pol tica A educa o do indiv duo perpassa a tica De modo geral pensamos a tica num sentido mais abrangente pol tico e a moralidade mais individual Por m essas duas dimens es a da tica e da moral s o extremidades intercomunicantes Apesar da n o liberdade no campo da moral para o sujeito ainda existe a possibilidade de agir de acordo ou n o com as imposi es sociais Silva diz que o v nculo entre tica e
151. os tanto em rela o ao sujeito como em rela o lei ele contraditoriamente s suas inten es acaba resultando em ideologia Portanto apontar que um ju zo moral correto por exemplo abster se de si mesmo e considerar o interesse comum n o seria poss vel Seria necess rio escancarar as contradi es e mostrar as raz es pelas quais elas ocorrem Adorno diz que a nica concretiza o efetiva da emancipa o consiste em que aquelas poucas pessoas interessadas nesta dire o orientem toda a sua energia para que a educa o seja uma educa o para a contradi o e para a resist ncia ADORNO 2006 p 183 Resist ncia semiforma o dos sujeitos que se encontram na posi o de objetos do mercado que controla e regula suas vidas Nestas condi es eles acabam aceitando situa es de injusti a social como se fossem naturais o que ao mesmo tempo justificam sua posi o de explorados aguardando a remota possibilidade de algum dia poder fazer sofrer um outro tanto ou mais do que se sofreu para estar na posi o em que se encontra Gomes em rela o semiforma o diz Da a necessidade em termos emancipat rios de uma educa o que privilegie a autorreflex o cr tica sobre o processo de semiforma o da sociedade em que ela necessariamente se converteu GOMES 2012 p 139 A Teoria Critica aponta que somente uma educa o moral voltada para a cr tica e a autocr tica das rela
152. os submetidos nos torna amb guos em rela o lei porque a pr pria lei amb gua tendo em vista que de modo geral a autoridade se imp e de forma autorit ria Outro ponto a ser destacado que a lei amb gua porque ela ao mesmo tempo pressup e a igualdade dos agentes econ micos e permite a desigualdade produzida pela l gica da economia No momento da troca do pagamento pelo sal rio do trabalho realizado se afirmam ao mesmo tempo uma igualdade e uma equival ncia ao se pagar determinado valor por um determinado trabalho assalariado obt m se essa rela o de mais valia e se materializam as desigualdades sociais pela explora o das rela es de trabalho A leitura de Karl Marx feita por Adorno ajuda nos a compreender de onde vem essa submiss o da classe prolet ria burguesia Um problema importante para a Teoria Cr tica a quest o de que forma valores alheios classe trabalhadora passam a ser interiorizados e desejados pelos explorados nessa rela o de domina o A ind stria cultural e a educa o servem de instrumentos de controle e apaziguamento destas contradi es Adorno lembra que Marx j assinalara como pela educa o os trabalhadores aceitam ser classe prolet ria interiorizando a domina o por exemplo nos seus h bitos Agora vemos como esta aceita o se d objetivamente no capitalismo tardio ADORNO 2006 p 20 Compreender que uma coisa errada n o evita que
153. ou respeito m tuo mas em qualquer caso interv m um elemento de submiss o que n o estava inclu do no simples ritual PIAGET 1994 p 38 A conclus o obtida por Piaget deste primeiro est gio a de que as regras propriamente ditas s s o poss veis com a presen a do outro das outras crian as no caso Essa ritualiza o e a regularidade encontrada nas rea es das crian as seriam algo pr prio do indiv duo pois para Piaget as crian as n o podem provocar uma submiss o a algo superior ao eu submiss o que caracteriza o aparecimento de toda regra PIAGET 1994 p 39 Este primeiro est gio marcado pela influencia de Freud Ao discutir os processos de socializa o Piaget faz a distin o dos processos mentais prim rios e secund rios baseado em sua leitura de Freud e nesse momento da discuss o do ju zo moral ele abandona a ideia do autismo por m segue com a palavra egocentrismo O segundo est gio de 2 a 6 anos o do egocentrismo e definido como o est gio Para maiores esclarecimentos em rela o a esta afirma o ver A Educa o Moral de Durkheim Flavell nos auxilia a compreender o conceito de egocentrismo em Piaget O estado de indiferencia o e de antagonismo entre as invariantes funcionais define essencialmente o conceito piagetiano que talvez seja o mais conhecido embora talvez seja tamb m o menos compreendido egocentrismo O conceito de egocentrismo
154. ovimentos de avan o que de regress o DIAS 1999 p 12 Outros trabalhos propuseram a metodologia do debate de dilemas morais como o trabalho de Luciana Karina de Souza 2008 em que a estrat gia de debater dilemas morais 20 Kohlberg em 1975 juntamente com Blatt desenvolveu a metodologia da discuss o em grupo atrav s da qual dilemas morais hipot ticos s o propostos aos indiv duos Em 1981 Arbuthnot e Faust sistematizaram e operacionalizaram a t cnica em seis passos forma o dos grupos escolha e prepara o dos dilemas cria o do clima psicol gico adequado in cio da discuss o cria o dos desequil brios t rmino da discuss o DIAS 1999 p 07 55 foi realizada com jovens e adultos em algumas universidades brasileiras Souza nos revela que a produ o de pr ticas em pesquisas nessa rea obtiveram resultados relevantes e considera que no Brasil h trinta anos a teoria e a t cnica s o utilizadas em pesquisas com resultados relevantes SOUZA 2008 p 172 Desta forma surgiram outras metodologias tamb m baseadas nas t cnicas de discuss o de dilemas morais com algumas altera es e aperfei oamentos como o caso do M todo Konstanz desenvolvido por Lind Lind 2005 pesquisador alem o prop s uma interven o educacional para a promo o do desenvolvimento do julgamento moral reunindo aspectos da t cnica de Blatt e Kohlberg 1975 o M todo Konstanz de Discuss o de Dile
155. pet ncia do ju zo moral em estudantes de Medicina e tamb m utiliza a defini o de moralidade proposta por Kohlberg os autores fazem uma rela o direta entre conduta democr tica e desenvolvimento de ju zo moral Segundo os autores A democracia essencialmente uma institui o moral Por seu turno a moral moderna democr tica ou seja ela n o um instrumento complacente em m os de uma classe dominante como parece em conceitos como moral sexual maioria moral ou dupla moral Os princ pios morais constituem a melhor base aceita por todos para as poss veis solu es de conflitos sem viol ncia orientadas ao entendimento e justi a A qualidade e a quantidade da educa o t m sido reconhecidas como o maior fator na promo o da compet ncia de ju zo moral definida por Kohlberg FEITOSA 2013 p 6 Notamos que os autores partem de proposi es pr ximas s de Piaget pois tal como ele imaginam que as rela es entre iguais se dirigem coopera o e a democracia seria a forma ideal na qual rela es de coopera o tenderiam a se estabelecer Efetivamente entretanto os autores do artigo v o al m ao tomar a parte pelo todo ou seja ao afirmar que a democracia uma institui o moral O ju zo moral em seus est gios avan ados levaria a rela es democr ticas entre os sujeitos o que tamb m implica que a educa o moral seria o principal meio para a produ o de sociedades democr
156. pistemologia gen tica FLAVELL 1988 p 256 Para Piaget a l gica formal e se desenvolve de forma evolutiva Mais adiante veremos que esse entendimento evolutivo acaba por encerrar uma limita o s possibilidades de desenvolvimento da teoria do ju zo moral em Piaget Seria necess rio pensar o desenvolvimento da moralidade a partir de uma dial tica O fil sofo Wolfgang Leo Maar ao abordar a forma metodol gica utilizada pelos te ricos da Escola de Frankfurt no caso Adorno deixa em evid ncia as contribui es que se d o ao se trabalhar com a l gica de forma dial tica como na passagem a seguir A perspectiva dial tica de Adorno centra se no que se pode denominar determina es objetivas da subjetividade respons veis pela pereniza o da forma o social vigente Isto a investiga o concentra se na objetividade social tal como desvendada por Marx objetividade que constitui a realidade efetiva do movimento dial tico da hist ria como produ o e reprodu o da vida dos homens em condi es determinadas MAAR 2003 p 63 Mais uma vez os homens precisariam ser entendidos em sua realidade objetiva e subjetiva mas concretamente considerando as m tuas media es entre sujeito e objeto o movimento dial tico auxiliaria a desvelar as contradi es em que as pessoas estariam enredadas pelo todo social O problema cujo tratamento tema espec fico da Teoria do Conhecimento a realidade das coisa
157. po quanto a comunidade justa s o alternativas promissoras para o desenvolvimento moral de pr adolescentes adolescentes e jovens BIAGGIO 1997 p 17 O aspecto que chama mais a aten o neste e em outros trabalhos que o desenvolvimento da moralidade se daria por meio dos debates entre os participantes de um grupo assim como Piaget defendia que a moralidade s poderia evoluir numa rela o de coopera o entre iguais As diferen as entre situa es de coopera o e a discuss o de dilemas morais ou seja como em tais dilemas se desenvolve uma situa o de coopera o um problema em aberto Outras pesquisas foram realizadas no Brasil em moldes semelhantes e postularam e discutiram proposi es similares s debatidas nos par grafos anteriores A evolu o da moralidade caminharia junto s situa es em que ocorressem debates e situa es de coopera o entre indiv duos em diferentes fases do desenvolvimento moral como podemos observar a seguir Esses pesquisadores demonstraram ser poss vel fazer os sujeitos evolu rem um ou dois est gios morais atrav s da promo o de debates coordenados nos quais estejam envoltos temas morais Em linhas gerais a proposta desse programa organizar grupos formados por sujeitos de diferentes n veis de 53 desenvolvimento e estimulando se o respeito entre os membros do grupo fazer com que haja confronto de argumentos promo o de conflitos sociocognitivos e oport
158. pr tica da lei moral e o Ju zo que se faz dela ou dito de outro modo mesmo que a crian a compreenda que uma coisa errada isso n o evita necessariamente que ela seja feita A crian a pode fazer coisas erradas sabendo que elas s o erradas Da Piaget julgar que exista um atraso entre o ju zo moral e a sua a o Ele afirma preciso admitir que o ju zo verbal est em atraso em rela o ao ju zo efetivo PIAGET 1994 p 99 Em rela o a esse atraso Piaget o anuncia na obra O Ju zo Moral na Crian a por m s posteriormente ir recuperar e desenvolver uma explica o para o problema em sua obra Teoria da Equilibra o na d cada de 1950 Podemos recorrer a outra obra de Piaget de 1967 intitulada Seis Estudos de Psicologia para compreendermos a centralidade de sua teoria da equilibra o De forma geral Piaget postula que a equilibra o um processo de compensa o ativa do organismo s perturba es produzidas nele pelo ambiente ou seja ela pode ser considerada como um mecanismo autorregulador pois Piaget a concebe como inerente necess ria para assegurar crian a uma intera o eficiente com o meio ambiente Constantemente o ambiente produz perturba es no organismo o que exige deste uma atividade para se restabelecer A no o de equil brio compat vel com a no o de sistema aberto PIAGET 1967 p 94 Isso quer dizer que o equil brio din mico e implica a m xima at
159. professores e a problemas da pr tica escolar deixando de lado a sociedade e seus dilemas O artigo de Biaggio 1997 tamb m cita que t cnicas de discuss o de dilemas morais s o promissoras na educa o moral de jovens Tanto a t cnica de discuss o de dilemas em grupo Blatt amp Kohlberg 1975 quanto a comunidade justa Power Higgins amp Kohlberg 1989 s o alternativas promissoras para o desenvolvimento moral de pr adolescentes adolescentes e jovens p 22 No artigo de Feitosa sobre a compet ncia de ju zo moral dos estudantes de Medicina a an lise dos resultados contraria em um ponto importante a teoria moral de Kolhberg pois para este n o h decr scimo do n vel de ju zo moral mas o resultado da pesquisa aponta que no decorrer do curso de Medicina ocorreu um decr scimo de ju zo moral de acordo com a escala utilizada Escala C Para os autores esse fato revelaria a import ncia do desenvolvimento de programas de educa o moral para os futuros m dicos Os resultados desta pesquisa que evidenciaram diferen a de escore C entre estudantes que iniciam o curso de Medicina e aqueles que concluem o quarto ano no qual se completa a grade curricular que precede o est gio de internato m dico com menor compet ncia moral no ltimo grupo N o h d vidas de que o modelo atual de educa o m dica falha em desenvolver ou dificulta o desenvolvimento de compet ncias morais que os estudantes necessitar
160. provenientes de rela es entre gera es e n o em ltima inst ncia de rela es de classe Piaget tamb m justifica as diferen as sociais como um fen meno natural Ele diz S que considerando apenas nossas sociedades de crian as percebemos que a coopera o constitui em definitivo o fen meno social mais profundo o mais bem fundado psicologicamente desde que o indiv duo escapa coa o da idade tende para a coopera o como a forma normal do equil brio social PIAGET 1994 p 89 Em Piaget podemos interpretar uma naturaliza o dos conflitos humanos A coa o entre gera es um dado da condi o humana rela o pais filhos por exemplo e ele realiza um caminho natural do desenvolvimento ao colocar o desenvolvimento humano no mbito da natureza seria preciso opor mais do que geralmente se faz a coopera o coa o social esta resultando simplesmente talvez na press o das gera es umas sobre as outras e a outra constituindo a rela o social mais profunda e mais importante para a elabora o das normas sociais PIAGET 1994 p 89 Ao postular que a coa o ocorre devido ao conflito de gera es Piaget desconsidera a exist ncia de um outro tipo de rela o entre gera es o que Horkheimer descrever como uma rela o de amplitude de experi ncia em que at mesmo por mimese a crian a se desenvolve juntamente aos pais ou autoridades mais velhas e algo at ent o se
161. que est por realizar Em Piaget as rela es de coopera o e coa o poderiam ser pensadas distintamente De um lado ter amos as rela es de coa o provenientes das diferen as entre as gera es que seriam promotoras do respeito heter nomo aos mais velhos e a Deus de forma unilateral assim como do ponto de vista psicol gico estabeleceriam estruturas mentais relacionadas ao realismo moral De outro lado as rela es de coopera o promoveriam o respeito m tuo entre crian as da mesma idade um respeito aut nomo s regras e s outras crian as reciprocidade e do ponto de vista psicol gico estabeleceriam a consci ncia moral Percebemos limites na teoria piagetiana sobre o desenvolvimento moral tanto em suas concep es sobre a origem da coa o como no mbito em que identifica a coopera o pois restringir rela es de coa o a intera es geracionais no m nimo question vel visto que Piaget restringe a coa o s rela es intergeracionais assim como restringe a coleta de dados sobre a coopera o s regras que emergem na pr tica dos jogos Em refer ncia educa o a coa o proveniente das rela es geracionais em que h imposi o das regras resultaria no respeito heter nomo Por outro lado as rela es de coopera o e intera o entre as crian as resultariam em formas de equilibra o caracter sticas da autonomia moral Ao estudar o ju zo moral atrav s do jogo de bolinhas Piage
162. ra veross mil mas intencional Com rela o ao terceiro ponto as consequ ncias materiais das mentiras o conte do material das hist rias op e de um lado um desajeitamento com consequ ncias e de outro uma mentira deliberada mas sem consequ ncias O resultado que se observou foi a predomin ncia da responsabilidade objetiva at por volta dos sete anos ou seja o julgamento da mentira mais pelos resultados e consequ ncias materiais do que pela verossimilhan a e pelas inten es Nas palavras de Piaget Essa an lise preliminar das defini es parece assim destacar primeiramente a dificuldade da crian a com menos de oito anos em compreender a verdadeira natureza da mentira Levada naturalmente a pensar por si antes que pelos outros a crian a n o v o alcance real do engano Mente como inventa A obriga o de n o mentir imposta pela coa o adulta aparece lhe por consequ ncia sob seu aspecto mais exterior uma mentira o que n o est de acordo com a verdade independentemente das inten es do indiv duo PIAGET 1994 p 120 A mentira mais grave quanto mais inveross mil e afastada da realidade ou seja afastada daquilo em que os pais acreditariam o que demonstra o dom nio das regras impostas pelos pais ou pela sociedade Mas a responsabilidade objetiva n o se apresenta em estado professora n o lhe dera nenhuma nota nem boa nem m Ent o sua m e ficou muito contente e a recompensou
163. rabalhos de Piaget Piaget refere se sua t cnica experimental como m todo cl nico e chama a aten o para sua semelhan a com os procedimentos psiqui tricos Esta abordagem realmente tem muito em comum com entrevistas diagn sticas e terap uticas com testes projetivos e com o tipo de explora o informal frequentemente usado em pesquisas piloto nas ci ncias do comportamento Seu ponto crucial a explora o de uma variedade de comportamentos da crian a numa sequ ncia est mulo resposta no decorrer desta r pida sequ ncia o experimentador usa todo o insight e a capacidade de que disp e para compreender o que a crian a diz ou faz e para adaptar seu pr prio comportamento em fun o desta compreens o FLAVELL p 28 1988 27 desejo do adulto sem rela o com suas reais convic es Citando Piaget talvez para agradar ao adulto que a crian a interrogada d esta ou aquela resposta e n o para satisfazer a si mesma PIAGET 1994 p 98 Para resolver esses problemas Piaget recorre aos resultados da pesquisa com jogos de bolinhas na qual a correspond ncia entre as a es e a teoria seria um trabalho acess vel ou no m nimo bastante defin vel A hip tese central ent o a de que os ju zos verbal e te rico correspondem aos ju zos pr ticos Ele estuda at onde chega o realismo moral e se a coa o adulta pode desencadear na crian a uma responsabilidade objetiva A forma o do realismo moral
164. referido anteriormente quando se argumentou sobre a eficaz alian a que se pode estabelecer entre desenvolvimento moral e tica profissional a discuss o de dilemas morais pode preparar o estudante tamb m para as viv ncias de est gio que vir a experimentar ao praticar as atividades que exercer ap s a formatura Espera se que o trabalho contribua para a compreens o da aplica o da t cnica de discuss o de dilemas morais como recurso did tico em disciplinas sobre temas associados como desenvolvimento moral ou tica profissional SOUZA 2008 p 179 O artigo de Monte et al sobre as pr ticas pedag gicas utilizadas em uma unidade de internamento de adolescentes conclui que a institui o n o promove o desenvolvimento moral e sugere a aplica o de uma metodologia baseada na discuss o de temas dilemas morais Os autores dizem Assim embora seja o principal objetivo dessas institui es improv vel promover desenvolvimento moral social e afetivo sem que os adolescentes ali assistidos participem ativamente desse processo opinando debatendo criticando e exercendo a cidadania Assim sugere se a aplica o e avalia o de uma metodologia socioeducativa baseada na discuss o de temas como justi a leis direito e deveres durante a qual se possa construir uma atmosfera de participa o ativa e aut noma dos atores envolvidos MONTE 2012 p 376 Os autores MONTE et al 2012 sugerem a coopera o pa
165. rioridade e faz dele um m nade da totalidade social Nesse processo a racionaliza o progressiva como padroniza o do homem faz se acompanhar de uma regress o igualmente progressiva O que outrora talvez acontecesse aos homens de fora para dentro t m eles agora de sofr lo tamb m em seu ntimo justamente por isso que tal socializa o interna dos indiv duos n o ocorre sem atritos o que por seu turno gera conflitos 85 que p em em d vida o n vel de civiliza o atingido at agora e que simultaneamente abrem perspectivas mais amplas e concretas HORKHEIMER ADORNO 1973 p 4 Como podemos inferir da cita o as condi es contradit rias da totalidade social se revelam tamb m nos conflitos internos dos indiv duos resultantes da socializa o violenta em uma sociedade de classes Em uma sociedade conflituosa o desenvolvimento ps quico resulta tamb m em conflitos ou seja Piaget n o somente pressup e uma sociedade harm nica mas um indiv duo harm nico Piaget analisa o mecanismo de transi o entre os est gios de desenvolvimento como um processo de equilibra o do organismo em desenvolvimento com seu ambiente Como coloca Flavell um sistema em equil brio aquele que possui algum tipo de equil brio e estabilidade fr gil ou seguro tempor rio ou duradouro em rela o s for as que agem sobre ele ou dentro dele Num sistema equilibrado for as ou interfer ncias n o opost
166. rma o idealismo de Rousseau em sua ideologia espec fica ainda cont m um elemento de verdade s a liberdade pode ser o telos da educa o moral Rousseau afirma que Nascemos fracos precisamos de for a nascemos desprovidos de tudo temos necessidade de assist ncia nascemos est pidos precisamos de ju zo Tudo o que n o temos ao nascer e de que precisamos adultos nos dado pela educa o ROUSSEAU 1973 p 10 Rousseau quando prop e que a educa o tem que ser uma educa o para a liberdade j se referia ao seu contexto em meados do s c XVIII em que n o existia em absoluto 97 liberdade A educa o de Rousseau negativa pois se refere a educar o homem n o para uma adapta o ao existente mas para a liberdade Como vemos nesse trecho ao propor a educa o de Em lio a suposi o do homem natural de indiv duo gen rico Rousseau 1973 o pensa como uma hip tese cr tica e diz preciso portanto generalizar nossos pontos de vista e considerar em nosso aluno o homem abstrato o homem exposto a todos os acidentes da vida humana p 16 Mais ainda Viver o of cio que lhe quero ensinar Saindo de minhas m os ele n o ser concordo nem magistrado nem soldado nem padre ser primeiramente um homem Tudo o que um homem deve ser ele o saber se necess rio t o bem quanto quem quer que seja e por mais que o destino o fa a mudar de situa o ele estar sempre em seu lugar
167. roblemas relativos sociedade Com Kohlberg pressup e se que as rela es de coopera o s o democr ticas e essa infer ncia resolveria in meras quest es Em certa medida na obra de Piaget O Ju zo Moral na Crian a j estava presente um potencial para tornar a educa o moral uma decorr ncia da aplica o de procedimentos t cnicos no mbito pedag gico Entretanto o conceito de coopera o em Piaget poderia ter sido pensado e utilizado de diferentes formas e a discuss o de dilemas morais abstratos n o deveria necessariamente ter sido aplicada como meta A quarta quest o ponderada para se analisar os artigos foi quais os resultados apresentados por cada um deles No artigo de Bataglia Morais e Lepre as autoras colocam que O objetivo deste artigo foi apresentar as bases objetivos e composi o de dois instrumentos de avalia o do ju zo moral MJI e DIT e um da compet ncia moral MJT que t m sido utilizados em pesquisas brasileiras Fica claro que a op o por um desses instrumentos depende do interesse espec fico do pesquisador BATAGLIA 2010 p 26 O artigo nos permite diagnosticar que esses instrumentos de avalia o e desenvolvimento do ju zo moral t m sido empregados de modo crescente na educa o brasileira No artigo de Souza sobre o debate dos dilemas morais na universidade verificamos que os mesmos s o recomendados como uma ferramenta til para o futuro psic logo A autora diz 62 Como
168. rta correspond ncia de nenhum modo simples entre os julgamentos das crian as a respeito da regra e da pr pria pr tica das regras PIAGET 1994 p 97 Entre outros problemas de investiga o Piaget aponta dois principais ao contar a hist ria a crian a pode fazer uma prova de mem ria ao inv s de uma prova de moral Al m disso se as crian as vivenciassem as situa es contadas provavelmente n o teriam o mesmo ou quadrado no ch o e fazer movimentos com o polegar para que uma bola atinja na outra Tamb m conhecido no Brasil como jogo de bola de gude 16 Ju zo pois n o fariam abstra o da situa o mas estariam diante de pessoas que a afastam ou a atraem Mais ainda ele reafirma a import ncia de se investigar a forma o do ju zo moral justamente por entender que em in meros momentos as crian as s o colocadas em situa es de avalia o moral que s o muito pr ximas das situa es dos interrogat rios elaborados por Piaget e que esse pensamento e reflex o pr vios das condutas morais s o importantes para a conduta moral em si que ser realizada futuramente Novamente citamos Piaget pensamos que na vida quotidiana a crian a se encontra com muita frequ ncia como durante o interrogat rio em presen a n o apenas de atos concretos mas ainda de narra es de a es e avalia es verbais PIAGET 1994 p 100 Por outro lado ele constata que existem diferen as entre a
169. rticipa o ativa para o desenvolvimento de uma moralidade aut noma e para isso recomendam uma metodologia socioeducativa relacionada aos dilemas morais Portanto aqui h uma suposi o de que o simples fato de realizar o debate de dilemas morais seja suficiente para que possa se construir uma atmosfera de participa o ativa dos participantes Entre a possibilidade e a realidade seria necess rio identificar tamb m o que impede que a coopera o ocorra mas os trabalhos n o mencionam nenhuma an lise nesse sentido No artigo de Sampaio o resultado apresentado o de que as teorias psicol gicas de Piaget Kohlberg e Hoffman respaldam pr ticas educacionais que visam a promo o do desenvolvimento moral O artigo ainda recomenda o investimento em programas de educa o moral com base nos programas como os realizados nos Estados Unidos Eles dizem Partindo de teorias psicol gicas como as de Piaget Kohlberg e Hoffman t m se desenvolvido trabalhos de interven o que visam a promover o desenvolvimento s cio moral e afetivo em contextos educacionais De maneira geral pa ses como os Estados Unidos t m investido bastante em programas desse tipo e no desenvolvimento de novas tecnologias educacionais SAMPAIO 2007 p 594 63 Novamente analisando a afirma o de forma cr tica se o sistema de educa o moral dos Estados Unidos tivesse obtido sucesso ainda que nos moldes da moralidade mais desenvolvida
170. ruturas mentais internas Esse pressuposto resultou numa trajet ria universal de desenvolvimento do ju zo moral concebida por Kohlberg que por sua vez criou t cnicas e instrumentos de avalia o do ju zo moral que tamb m seriam aplic veis universalmente o que acabou por excluir as in meras especificidades e contradi es presentes nas diferentes localidades onde ocorrem processos educativos em especial nas escolas Um outro limite importante para a teoria construtivista que para Piaget a coopera o a media o que permitir o desenvolvimento do ju zo moral em dire o autonomia Por m a coopera o no jogo n o se assemelha s caracter sticas de outras situa es tanto sociais quanto educacionais Al m do mais a coopera o em Piaget aparece como uma media o puramente natural entre o psicol gico e o social deixando de considerar em sua an lise as distin es entre classes sociais Consideramos que as rela es de coopera o n o acontecem por natureza muito menos existe alguma indica o clara de que crian as envolvidas nesse tipo de rela o desenvolvem necessariamente uma postura cr tica s rela es de domina o existentes na cultura Na obra analisada Piaget restringe a coa o s rela es intergeracionais propondo como solu o para este problema estimular que crian as de mesma faixa et ria brinquem entre si Entendemos que o conflito de gera es em alguma medida um dado da naturez
171. s e a t cnica um conceito de 100 A meios dirigidos autoconserva o da esp cie humana s o fetichizados porque os fins uma vida humana digna encontram se encobertos e desconectados da consci ncia das pessoas ADORNO 2006 p 133 Em rela o ao uso de t cnicas Adorno mostra que em nossas sociedades a t cnica deixa de ser entendida como um instrumento do homem em busca de melhores condi es de vida de modo que o desenvolvimento da t cnica pudesse ser pensado para a melhoria da humanidade como um todo A t cnica passa a ser fetichizada o sujeito passa a idolatrar coisas e m quinas dessa rela o com as m quinas e as tecnologias decorre um tipo de indiv duo a que Adorno se refere como uma pessoa incapaz de amar que desenvolve uma frieza pelo outro Ele diz No caso do tipo com tend ncias fetichiza o da t cnica trata se simplesmente de pessoas incapazes de amar Elas s o inteiramente frias e precisam negar tamb m em seu ntimo a possibilidade do amor recusando de antem o nas outras pessoas o seu amor antes que o mesmo se instale ADORNO 2006 p 133 Nessa ntima rela o entre homens e m quinas desenvolve se um tipo de experi ncia particular j que ao ocupar se das m quinas o homem o faz de modo muito distinto da forma com que se ocupa dos outros seres humanos A dimens o da l gica da racionalidade da previsibilidade envolve as rela es entre os homens e a m quin
172. s tanto individuais quanto sociais Para a Teoria Cr tica nas atuais condi es hist ricas essencial demonstrar que as necessidades s o mediadas pelos interesses ego stas mediados o que implicaria uma busca constante da vantagem individual n o a coopera o como pressup e os construtivistas Ao pressupor que as rela es de coopera o s o poss veis nas condi es sociais atuais ou que as rela es de coer o s o um dado da natureza a teoria do ju zo moral construtivista n o produz uma pr tica educativa com a finalidade de transforma o da sociedade Nesse sentido entra em contradi o com a finalidade mais importante da educa o que evitar que algo como Auschwitz se repita A Teoria Cr tica nos aponta que a escola n o pode ser pensada fora das rela es de coer o nas rela es sociais As t cnicas de desenvolvimento moral n o est o mudando a situa o de coa o que aprendida pelas crian as desde o seu nascimento Promover metodologias que incentivem o contato cooperativo das crian as para o desenvolvimento da moralidade nas mesmas embora seja desej vel e defens vel nos parece um tanto artificial Em uma perspectiva cr tica fundamental compreender que as contradi es na sociedade e em si pr prio t m ra zes numa contradi o material a contradi o das classes sociais a explora o e a aliena o que embora ainda permitam a sa da da escolha moral pelos sujeitos tornam tendencial
173. s ou em geral do mundo externo A Teoria do Conhecimento apoia se em dois pressupostos 1 o conhecimento uma categoria do esp rito uma forma da atividade humana ou do sujeito que pode ser indagada em universal e em abstrato isto prescindindo dos procedimentos cognoscitivos particulares de que o homem disp e fora e dentro da ci ncia 2 o objeto imediato do conhecimento como acreditava Descartes apenas a ideia ou a representa o e a ideia uma entidade mental exista apenas dentro da consci ncia ou do sujeito que a pensa Trata se portanto de verificar 1 se a essa ideia corresponde uma coisa qualquer ou entidade externa isto existente fora da consci ncia 2 no caso de uma resposta negativa existe alguma diferen a e qual entre ideias irreais ou fant sticas e ideias reais ABBAGNANO 2000 p 183 76 2 3 A concep o de sociedade em Piaget Podemos apontar que a concep o de sociedade de Durkheim que influenciou fortemente Piaget e a concep o de sociedade da Teoria Cr tica s o muito diferentes Piaget diz que A sociedade para os durkheimianos constitui a nica origem da moralidade PIAGET 1994 p 244 Apesar de Piaget discordar de Durkheim neste ponto pois para ele a moralidade algo que se desenvolve tamb m na intera o entre iguais e depende de mecanismos l gicos pr prios dos indiv duos a concep o de sociedade em que ele se respalda a de Durkheim e de Bov
174. sa pode ser identificada na concep o de coer o no artigo de Freitas abaixo Nesse sentido a escola constitui se em um espa o privilegiado para a crian a conviver com outras da mesma faixa et ria e para focar reflex es voltadas moralidade JAssim diante das evid ncias quanto necessidade de se sistematizar pr ticas educativas voltadas para a forma o de sujeitos morais este estudo prop e se a revisar a literatura em torno da moralidade permeada pelas rela es de conviv ncia buscando estabelecer uma rela o entre o saber conviver a apropria o de valores e a compreens o de justi a no espa o escolar FREITAS 2010 p 262 Verifica se nos artigos a express o de uma concep o ing nua de desenvolvimento moral que sup e que o fato de permitir s crian as que discutam dilemas morais entre elas decorra o surgimento espont neo da coopera o Para a escola dada a tarefa de desenvolver sujeitos democr ticos por meio da aplica o de t cnicas que levam ao desenvolvimento moral de modo que princ pios ticos universais seriam o fundamento da democracia social Essa suposi o encontra limites importantes em um dos artigos que utilizam o referencial de Kohlberg No artigo de Feitosa et al 2013 verificamos que a preocupa o identificar problemas de desenvolvimento do ju zo moral nos alunos de Medicina para poss veis aplica es de t cnicas futuras O autor diz A preocupa o com o desen
175. studos destes dois autores pesquisadores de diferentes partes do mundo continuaram pensando em propostas para se estudar avaliar e desenvolver a moralidade nos indiv duos Como diz Biaggio Pesquisadores na rea de julgamento moral v rios dentre eles tendo sido orientandos de doutorado de Kohlberg acrescentaram refinaram criticaram contestaram suas ideias em diversas dire es alguns mais fi is ao mestre outros propondo posi es bastante opostas BIAGGIO 2002 p 76 Isso indica que o estudo do desenvolvimento moral al m de n o ter sido deixado de lado pelos estudiosos de Piaget e Kohlberg tamb m continuou sendo pensado e criticado em contextos culturais diversos pelo mundo inclusive com algumas experi ncias no Brasil 1 13 O estudo da moralidade no contexto brasileiro In meros trabalhos sobre o desenvolvimento da moralidade foram produzidos com base nos pressupostos te ricos de Jean Piaget e Lawrence Kohlberg Numa revis o das produ es brasileiras fundamentadas em Piaget e Kohlberg foram encontrados pelo menos 21 artigos tal como o de Oliveira Caminha e Freitas 2010 abarcando o per odo dos anos 2000 at 2009 que problematizavam o tema da educa o moral na escola O papel central da escola como espa o privilegiado para se pensar e construir estrat gias voltadas para o desenvolvimento moral dos alunos retomado pelos autores do trabalho acima citado e desta forma essa revis o nos mostra mais uma v
176. t identifica como coa o os conflitos entre gera es e encontra a coopera o por meio das rela es de equilibra o das crian as com seus pares Para resolver os conflitos do desenvolvimento moral provenientes dos conflitos geracionais com vistas autonomia Piaget orienta que as crian as sejam deixadas vontade ou em grupos que se formam espontaneamente para que n o ocorra a coa o dos mais velhos como ele diz o m todo de trabalho em grupos consiste em deixar as crian as prosseguir sua pesquisa em comum seja em equipes organizadas seja simplesmente vontade por aproxima es espont neas PIAGET 1994 p 301 Dessa forma os resultados encontrados para o desenvolvimento moral por meio da coopera o no jogo de bolinhas acabam por ser estendidos para outras situa es sociais e educacionais com vistas ao desenvolvimento moral O conflito social por m n o se restringe ao conflito de gera es e as rela es sociais n o possuem as caracter sticas de coopera o pr prias do jogo O conflito de gera es tal como o apresenta Piaget um dado da natureza inexor vel e deixar as crian as sozinhas tal como feito no jogo n o parece uma resposta razo vel para os problemas provenientes dos conflitos entre gera es muito menos dos conflitos mais radicais e por outro lado n o naturais entre classes sociais Em nossas sociedades os homens precisam necessariamente cooperar uns com os
177. tapas A primeira n o diferenciada da autoridade das leis justo o que o adulto 2 Hist ria apresentada crian a Uma m e proibiu a seus tr s meninos brincar com a tesoura em sua aus ncia Mas quando ela saiu o primeiro disse E se brinc ssemos com a tesoura O segundo foi logo procurar jornais para poder recort los O terceiro disse N o mam e proibiu Eu n o mexerei na tesoura Quando a m e voltou viu no ch o todos os peda os de jornal recortados Compreendeu que mexeram na tesoura e puniu os tr s meninos Ser que foi justo 34 manda Na segunda etapa o igualitarismo desenvolve se e prevalece sobre qualquer outra considera o E na terceira etapa o igualitarismo simples cede o passo diante de uma no o mais refinada de justi a que podemos chamar de equidade a qual consiste em nunca definir a igualdade sem considerar a situa o particular de cada um PIAGET 1994 p 215 1 8 Qual o significado do desenvolvimento da moralidade A proposta de compreender o desenvolvimento do ju zo moral na crian a e recomendar uma aten o especial educa o moral tamb m est ligada no o de sociedade e vis o de mundo que o psic logo su o almeja para as futuras gera es Sua preocupa o inclusive pol tica pode ser vista nesta passagem na qual ele afirma o que demonstra o quanto a autonomia conquistada durante esse est gio terceiro conduz melhor
178. tarem em mim Ao professor Dr Ari Fernando Maia pela orienta o paci ncia confian a e liberdade que permitiu desde a gradua o a realiza o deste trabalho al m da imensa contribui o minha forma o acad mica e pessoal Aos professores Dr Ligia M rcia Martins e Dr Divino Jos da Silva pelas valiosas contribui es e leitura atenta do trabalho As minhas irm s Heloisa Giovanna Giulia e Rebecca por todo amor e carinho e especialmente ao meu irm o Fernando por acreditar e me apoiar nos momentos mais dificeis A minha fam lia V Luz Perez Tio Noel V Garcia Helena Eliana Queiroz Juan Gabriel assim como a meus queridos primos Jo o Francisco e Renato Garcia por estarem desde sempre alegrando minha vida A minha querida companheira Maiara da Silva Moura Leite pela paci ncia escuta atenta e apontamentos essenciais para o desenvolvimento do trabalho Aos meus amigos que desde Araraquara caminham ao meu lado Ana Luiza Siqueira Caio Falconi Carolina Yuri Nakamura Claudia Winterstein Eduardo Carneiro Hugo Brito Lidiane Awaihara Ligia Rufine Leandro Franco Marcio Gon alves Marcelo Domingues Mariana Marafante Nicole Estev o Rafael Carneiro Richard Sanches Rog rio Camilo Silvia Coelho Tiago Mayoral e Thiago Eid que de forma inestim vel transformaram positivamente minha vida Aos amigos que Bauru me proporcionou Amanda Destro Caio Galiano Diego Mansano Larissa Moze
179. te nicas y avanzaban siguiendo una secuencia u orden invariante KOHLBERG 1992 p 34 l Estas r plicas indicaron que de acuerdo con las tendencias de la edad del grupo los estadios evolucionaban en el mismo orden en todas las culturas estudiadas p 37 17 Tal estudio puede llevarnos a salirnos del problema de la relatividad individual y cultural puesto que parece ser que existen valores morales culturalmente universales que se desarrollan a lo largo de una secuencia invariante de estadios Los estadios de juicio m s altos tienen caracter sticas formales que los hacen ser morales y que son m s precisos que el vago concepto de concienciaci n o interiorizaci n KOHLBERG 1992 p 45 47 seja uma imposi o de valores pelos adultos s crian as p 11 Com o desenvolvimento desse paradigma universal do desenvolvimento moral Kohlberg iniciou esfor os para juntamente com seus colaboradores criar e colocar em pr tica t cnicas de desenvolvimento moral baseadas na teoria de evolu o dos est gios morais Kohlberg 1992 diz A confian a no paradigma gerou gradualmente esfor os para implement lo Blatt 1969 mostrou que a discuss o de dilemas na sala de aula levou a avan os no julgamento moral em conson ncia com o modelo de sequ ncia de est gios Consequentemente e imediatamente ap s a declara o program tica 1969 de Kohlberg sobre a pesquisa evolutiva eu escrevi uma declara o igualmen
180. te program tica dos est gios de desenvolvimento moral como base para a educa o moral KOHLBERG 1992 p 37 8 Ou seja Kohlberg iniciou pesquisas para compreender quais seriam as sequ ncias dos est gios de desenvolvimento moral mas tamb m procurou estabelecer metodologias pr ticas e t cnicas para o desenvolvimento moral pressupondo nesses est gios universais de sequ ncia evolutiva interven es pedag gicas com o intuito de aplicar uma educa o moral Tomando esses pressupostos Biaggio nos mostra que Em suma parece haver suficiente evid ncia de que a sequ ncia de est gios universal e de que h um cerne de valores universais tais como o n o prejudicar o outrem a lealdade o cumprimento de promessas e o respeito vida humana A cultura atuaria como um fator modulador acentuando alguns valores e tipos de racioc nio moral aqui diminuindo a intensidade de outros ali por m sem anular uma ess ncia humana comum BIAGGIO 2002 p 86 Novamente podemos notar que para Kohlberg e seus colaboradores existe algo na moralidade que essencialmente se desenvolve da mesma forma nas diferentes culturas e seguindo as mesmas sequ ncias de est gios A partir dessas postula es foram colocadas em pr tica diversas tentativas pedag gicas de desenvolver a moralidade dos indiv duos 18 La confianza en el paradigma gener poco a poco esfuerzos para ponerlo en pr ctica Blatt 1969 demostr que el debate de dilemas den
181. tir deste conceito Verificamos que essas aplica es incorporam ao campo da educa o moral a racionalidade instrumental e dessa forma podem resultar em t cnicas de moraliza o conservadora refutando algumas possibilidades cr ticas que porventura houvessem no conceito piagetiano de ju zo moral O trabalho utiliza como referencial te rico a Teoria Cr tica da Sociedade em especial algumas obras de Adorno e Horkheimer Entre as contradi es que identificamos nas propostas construtivistas destaca se uma instrumentaliza o da educa o moral proposta por Kohlberg a partir do referencial piagetiano que resulta em t cnicas de educa o moral e na redu o do problema da moralidade a uma quest o do desenvolvimento individual Consideramos a rela o entre a moralidade e o respeito lei como uma rela o essencialmente contradit ria pois Piaget sup e que possa existir uma rela o harmoniosa entre o indiv duo e as regras na sociedade capitalista A proposi o te rica dos autores da Escola de Frankfurt no campo da moralidade tornar o sujeito consciente das contradi es da moralidade assim como torn lo consciente das formas como as contradi es se expressam em sua subjetividade Partindo da Teoria Cr tica admitimos que as contradi es devem ser reveladas assim como o conte do da ordem social e disto resultaria uma proposta de educa o moral amplamente diversa da piagetiana Palavras Chave Educa o Moral Teor
182. tiva na onipot ncia dos pensamentos ou seja o encantamento constitui apenas um aspecto de sua teoria HORKHEIMER 1990 p 67 A cr tica de Horkheimer v lida apropria o filos fica que Piaget faz da filosofia moral de Kant que revelou se incapaz de diferenciar a realidade do mundo idealizado E como consequ ncia dessa incapacidade o pensamento deixa de se aperceber dos pr prios limites quanto sua capacidade de interven o junto realidade hist rica objetiva 2 4 A coer o como regra Uma das conclus es que podemos deduzir do livro O Ju zo Moral na Crian a de Piaget que se a fonte de toda a moralidade o respeito regra esse respeito s se desenvolve em rela es de coopera o Freitas avalia que Ele herdou sobretudo de Pierre Bovet a ideia de que o estabelecimento de trocas entre os indiv duos trocas sociais portanto condi o necess ria para que esse processo evolutivo se concretize FREITAS 2003 p 110 82 Freitas nos mostra que em muitos momentos o que Piaget prop e que as rela es de coopera o entre pares em que o respeito m tuo predomina espontaneamente fomentariam o desenvolvimento da moralidade Em suas palavras Piaget verificou que as rela es de reciprocidade estabelecidas espontaneamente entre as crian as e entre os adolescentes propiciam o surgimento desse ideal racional FREITAS 2003 p 92 Em rela o ao desenvolvimento moral nas cria
183. trav s da adapta o visto com menosprezo como deformado atrofiado fracote ADORNO 1995 p 66 O sujeito adaptado se subordina ao ju zo moral emp rico do outro ao do superior hier rquico do chefe da autoridade Kant dir que portanto dif cil para todo homem tomado individualmente livrar se dessa minoridade que se tornou uma esp cie de segunda natureza Ele se apegou a ela e ent o realmente incapaz de se servir de seu entendimento pois n o deixam que ele o experimente jamais KANT 2005 p 64 Kant est afirmando que historicamente o sujeito se tornou incapaz de fazer ju zo moral de assumir responsabilidade o sujeito somente cumpre ordens e permanece completamente adaptado Mas ele tamb m aponta que o ideal do esclarecimento a autonomia moral pol tica e intelectual Adorno entende que muitas complica es decorrem desse cont nuo ajustamento dos sujeitos s for as sociais dominantes Segundo ele viver amos um momento hist rico em que o ideologia dominante abarcaria as pessoas quase que na totalidade de suas exist ncias Adorno coloca 88 Sacrifica se o momento da autonomia da liberdade da resist ncia momento que em outros tempos embora corrompido pela ideologia repercutia no ideal de personalidade O conceito de personalidade n o redim vel No entanto na fase de sua liquida o haveria nele algo que conv m conservar a for a do indiv duo o potencial para n o confiar se
184. tro del aula llevaba a avances de juicio moral en la misma l nea que el modelo de secuencia de estadio Consecuentemente e inmediatamente despu s de la declaraci n program tica de Kohlberg 1969 sobre la investigaci n evolutiva escrib una igualmente program tica exposici n de los estadios de evoluci n moral como base para la educaci n moral 48 1 12 Kohlberg e as t cnicas de desenvolvimento moral Barbara Freitag nos lembra de que para Kohlberg al m do interesse cient fico pelo campo da moralidade existiria uma motiva o pr tica muito forte no contexto hist rico norte americano nas d cadas em que foram desenvolvidas as pesquisas visando resultados sociais como a diminui o da criminalidade Ela relata que A pesquisa psicol gica da moralidade tinha al m do interesse te rico e metodol gico uma motiva o pr tica educar a juventude americana para a solidariedade e a coopera o a fim de controlar e superar os problemas da prolifera o das drogas da criminalidade e outras anomalias registradas nas public schools e colleges daquelas d cadas FREITAG 1992 p 192 A partir da teoria dos est gios morais de Piaget Kohlberg desenvolveu um instrumento denominado Moral Judgment Interview MJI que constitu do por uma s rie de dilemas morais hipot ticos A partir desse instrumento ele reformulou e criou outra tipologia de tend ncias morais e as distinguiu em tr s grandes n veis de moralidade o pr
185. tuo que a primeira imp e cren as ou regras completamente feitas para serem adotadas em bloco e a segunda apenas prop e um m todo de controle rec proco e de verifica o no campo intelectual de discuss o e de justifica o no dominio moral PIAGET 1994 p 83 Piaget compara os pressupostos dos soci logos Durkheim e Bovet sobre a fonte da natureza psicol gica do respeito Ele nega a considera o kantiana de que a experi ncia adquirida pela sensibilidade n o pode ser a fonte do respeito Restam duas op es o respeito se dirige ao grupo e resulta da press o do grupo sobre o individuo ou o respeito se encaminha s pessoas e prov m das rela es dos indiv duos entre si PIAGET 1994 p 86 A primeira tese defendida por Durkheim a segunda por Bovet Neste ponto Piaget est em busca de um m todo para abordar a quest o das rela es entre indiv duo e sociedade Para Durkheim a mera exist ncia de agrupamentos humanos faria surgir obriga es e regularidades e o que explicaria o aparecimento do respeito seria a press o do grupo sobre o individuo Comentando Durkheim Piaget afirma que A regra outra coisa n o que a condi o de exist ncia do grupo social e se aparece como obrigat ria consci ncia porque a vida comum transforma esta consci ncia em sua pr pria estrutura inculcando lhe o sentimento do respeito PIAGET 1994 p 87 Autonomia e heteronomia estariam em rela o com a forma
186. tural entendida a partir da reciprocidade possibilitada na rela o entre indiv duo e meio remete a uma lei de equilibra o das rela es sociais Existem tr s no es de justi a para Piaget uma imanente uma que diz respeito igualdade e outra que diz respeito correla o entre os atos e sua retribui o Na justi a imanente a crian a acredita que h na justi a declarada pelos adultos algo de sagrado e imut vel a primeira no o de justi a referente s crian as muito pequenas A cren a na Justi a imanente prov m portanto de uma transfer ncia para as coisas dos sentimentos adquiridos sob a influ ncia da coa o adulta PIAGET 1994 p 199 A justi a retributiva est mais ligada coa o adulta e a justi a distributiva leva em conta as condi es e inten es Em rela o a estes dois tipos de justi a ele nota diferen as importantes pois para uns a san o justa e necess ria tanto mais justa quanto mais severa eficaz no sentido de que a crian a devidamente castigada saber melhor que outras cumprir seu dever Para outros a expia o n o constitui uma necessidade moral PIAGET 1994 p 158 Ap s a an lise dos resultados aos questionamentos de hist rias em que outras crian as hipot ticas cometeram pequenas infra es e sobre qual seria a puni o mais justa para cada situa o Piaget chegou a algumas categorias de san o ou justi a retributiv
187. uencia u orden invariante KOHLBERG 1992 p 34 73 Em rela o ao entendimento de Piaget de que o desenvolvimento moral viria juntamente com o desenvolvimento l gico Freitas nos mostra que desde as suas primeiras pesquisas no campo da Psicologia ele chamou a aten o para a semelhan a entre o desenvolvimento do pensamento l gico e o desenvolvimento moral do ser humano FREITAS 2003 p 109 O princ pio do qual parte Piaget quase sempre l gico e n o sociol gico e como veremos mais adiante justamente porque ele sofre influ ncia de Durkhein que ele naturaliza a sociedade A sociedade um dado natural como se ela fosse por natureza democr tica com tend ncia a rela es de domina o e rela es de coopera o mas numa ordem harm nica Nas palavras de Piaget A sociedade come a a partir de dois indiv duos desde que a rela o destes indiv duos modifica a natureza de seus comportamentos e podemos descrever todos os fen menos t o bem em termos de consci ncia interindividual como em termos globais de sociologia propriamente dita PIAGET 1994 p 282 Dessa forma Piaget pressup e que o social se organiza racionalmente quase matematicamente ou seja ainda h em Piaget um resqu cio da concep o kantiana de que a raz o que organiza o real mas ao contr rio de Kant ele n o sup e que exista uma separa o radical entre o mundo das ideias e o dos objetos das coisas em si Uma
188. unidades de tomadas de perspectivas SAMPAIO 2007 p 4 Este ltimo autor promove uma discuss o confrontando a quest o da educa o moral e os Par metros Curriculares Nacionais os PCNs e afirma que apesar de a moralidade ser teoricamente um preocupa o dentro dos PCNSs na pr tica ela n o existiria e a sa da seriam proposi es t cnicas e a es que deveriam ser pensadas para tanto Segundo Sampaio A educa o deve estar voltada n o s para o ensino de conte dos acad micos tradicionais mas tamb m preocupada com a forma o de cidad os comprometidos com o respeito pelo meio ambiente a diversidade cultural a dignidade e o valor da vida humana SAMPAIO 2007 p 9 Ou seja mais uma vez a discuss o se fundamenta na forma em que se daria o desenvolvimento moral sendo a intera o social e as rela es de coopera o sua forma por excel ncia De maneira geral observa se que existem pressupostos comuns entre as teorias de autores como Piaget e Kohlberg e a proposta defendida pelos Par metros Curriculares Nacionais Considera se por exemplo o destaque que ambos d o s intera es sociais e s atividades que promovem desequil brios s cio cognitivos com vista promo o do desenvolvimento moral SAMPAIO 2007 p 10 Outra autora que procurou discutir propostas de educa o moral no Brasil foi Adelaide Alves Dias que utilizou como recurso metodol gico as discuss es em grupo de dilemas s cio mora
189. uras a priori tanto para 94 o entendimento quanto para a sensa o demonstrando seus limites e possibilidades Por m ao recuperar esse mundo metaf sico onde h regras a priori Kant acaba por revelar que ao respeitar a lei o sujeito desrespeita a si pr prio Dessa forma ele escancara a incompatibilidade que diz respeito lei moral que se d a despeito de todas as inclina es individuais e francamente incompat vel com elas Em rela o origem dessa autoconsci ncia individual abstrata Horkheimer nos mostra que ela n o ocorre de modo aut nomo ao mesmo tempo em que o indiv duo influencia a sociedade tamb m influenciado pela mesma Ao libertar se das unidades envolventes da Idade M dia o indiv duo adquiriu consci ncia de si mesmo como ser aut nomo Todavia essa r autoconsci ncia abstrata o modo como cada indiv duo atrav s do seu trabalho influencia o andamento da sociedade toda e por sua vez por ela influenciado permanece totalmente no escuro HORKHEIMER 1990 p 63 A autonomia para Kant e Piaget puramente l gica racional por m entre esses dois autores h uma diferen a essencial para o primeiro h uma incompatibilidade fundamental entre a lei moral e os desejos individuais enquanto para o segundo h uma tend ncia para a equilibra o para a harmonia diferentemente do processo identificado pelas teorias materialistas Segundo a Teoria Cr tica podemos entender que o tip
190. var uma resposta equilibrada O mecanismo de equilibra o o conceito fundamental para compreender o desenvolvimento porque atua 18 como explica o da causalidade intr nseca que leva o organismo a se adaptar 1 3 A pr tica das regras Piaget inicia sua investiga o sobre as pr ticas relacionadas s leis morais estudando observando e questionando o jogo de bolinhas entre as crian as da cidade de Neuch tel na Su a Observando a pr tica das regras ele conclui que existem quatro est gios O primeiro est gio at 2 anos est relacionado com a ritualiza o e a simboliza o de elementos do jogo A crian a obt m prazer com a repeti o desses rituais pois estes seriam uma forma de comunica o pr via das regras futuras dos jogos juntamente com o s mbolo que se segue aos ritos Eles embasariam a estrutura ou a condi o necess ria ao desenvolvimento das regras e dos sinais coletivos mas isso n o condi o suficiente Isso porque a regra n o se restringe regularidade como a encontrada no rito mas inclui a consci ncia de um dever Piaget diz isso baseado no soci logo Emile Durkheim A regra neste momento implica que um ritual seja imposto crian a ou constru do por ela em colabora o com outras crian as e que tenha esse car ter de obriga o contra do mediante rela es sociais Segundo Piaget Esse car ter pode variar segundo o tipo de respeito que predomina respeito pelo mais velho
191. volvimento da moralidade dos estudantes de Medicina e a import ncia do tema na pr tica m dica nos motivaram a desenvolver esta pesquisa com o objetivo de comparar a compet ncia de ju zo moral entre os estudantes que iniciam o curso de Medicina e aqueles que concluem o curr culo formal que precede o est gio de internato m dico bem como a influ ncia de fatores como idade e g nero na compet ncia moral FEITOSA 2013 p 6 61 Notamos que o objetivo do artigo acima demonstrar que os cursos de Medicina do pa s necessitam realizar procedimentos de desenvolvimento moral nos alunos com o que novamente percebemos que a solu o sempre pensada no mbito individual isto a solu o do problema se encontraria em uma interven o a ser realizada com os alunos Em nenhum momento os autores criticam a pr tica da Medicina que muitas vezes ocorre de forma desumana tal como praticada nos hospitais escola muito menos ocorre uma cr tica sociedade que possivelmente estaria relacionada aos problemas morais apontados pelos autores Em todos os artigos estudados percebemos que adv m uma apropria o cada vez mais instrumental e problem tica dos pressupostos do desenvolvimento moral de Piaget Na teoria do psic logo su o ainda poss vel encontrar algumas problematiza es das quest es morais por m a partir das apropria es das t cnicas de Kohlberg ocorre um afastamento progressivo da educa o moral dos p
192. z 2003 FRANCIA V H R El Papel del rol y el Contexto en la Competencia del Juicio Moral Estudiantes de Negocios vs Bur cratas Rev fac cienc econ Bogot v 18 n l Jun 2010 Dispon vel em lt http www scielo org co scielo php script sci arttext amp pid S012168052010000100010 amp In g en amp nrm iso gt Acesso em 07 maio 2014 ROUSSEAU J J Emilio ou da Educa o S o Paulo Ed Difus o Europeia do Livro 1973 SAMPAIO L R A Psicologia e a educa o moral Psicol cienc prof Bras lia v 27 n 4 Dez 2007 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S141498932007000400002 amp Ing en amp nrm iso gt Acesso em 07 Maio 2014 SAVIANI D Pedagogia hist rico cr tica primeiras aproxima es Campinas Autores Associados 2008 SILVA D J tica e Educa o para a Sensibilidade em Max Horkheimer Iju Ed Uniju 2001 SOUZA L K de O debate de dilemas morais na universidade Psicol Esc Educ Impr Campinas v 12 n 1 jun 2008 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S141385572008000100012 amp Ing pt amp nrm iso gt acessos em 11 maio 2014 113

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