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santos_ffs_me_arafcl - Repositório Institucional UNESP

1. ao organizarem se por iniciativa pr pria em viola o das normas os trabalhadores est o a afirmar a vontade de decidirem o seu inter relacionamento durante o trabalho e portanto manifestam uma tend ncia pr tica ao controle dos processos econ micos neste sentido que se trata de uma forma de luta E uma forma coletiva pois um dado trabalhador dificilmente poder modificar o seu comportamento de trabalho sem o conjugar com a remodela o do dos colegas portanto uma forma ativa pressupondo a iniciativa e a participa o interessada de todos os que colaboram Na medida em que resultar um aumento da produtividade esta atua o conjunta mant m se no quadro da disciplina capitalista mas na medida em que rompem com as normas estabelecidas e iniciam espontaneamente e em seu pr prio n vel um novo relacionamento sem o submeter pr via aprova o das chefias estes trabalhadores negam a disciplina capitalista da empresa e constituem grupos informais BERNARDO 1991 p 320 Para o autor essas formas coletivas e ativas de lutas s o informais e as nicas com potencial para forjar rela es sociais novas Tendo isso em vista este estudo busca compreender as formas clandestinas de organiza o de base dos metal rgicos de Campinas e Regi o no per odo de 1984 quando a oposi o sindical ganha as elei es at 1991 quando a categoria consegue ap s forte recuo de suas lutas motivado pelas demiss es
2. n o algo acabado aperfei oa se com o tempo A ci ncia deve ser criada e recriada a cada dia dentro de um processo dial tico de ida e vinda do conhecimento pr tica da experi ncia reflex o anal tica Portanto este manual um roteiro para ajudar a mente criativa do conjunto a unificar as ricas experi ncias dispersas Manual T cnico de Organiza o Pela Base Campinas 1987 p 4 Nas orienta es dadas pelo curso os militantes deveriam em suas f bricas reunir companheiros de confian a de prefer ncia aqueles que n o tivessem nenhuma forma o e que fossem de diferentes setores sobretudo os setores estrat gicos das respectivas empresas Caberia aos respons veis pelo agrupamento a tarefa de discutir normas de Nos baseamos neste documento apenas para entender a estrat gia adotada em alguns de seus detalhes De forma alguma entendemos que ele ditou a pol tica de a o sindical pois em cada empresa os militantes se apropriaram das estrat gias segundo suas condi es pol ticas como veremos adiante Da mesma forma n o entendemos que tenha sido elaborado a partir da cabe a de alguns militantes dois economistas ligados ao DIEESE foram os respons veis pela sistematiza o do caderno Ao contr rio surgiu da experi ncia pr tica nos anos de oposi o sindical e das campanhas salariais de 1984 e 1985 66 seguran a com rela o aos patr es e chefias motivar os seus pares a levantar os principai
3. eu me lembro que n s tomamos o Sindicato aqui tomamos posse dia 31 de agosto de 84 e quando n s fomos olhar o caixa do Sindicato n o tinha dinheiro para pagar a folha de setembro dos funcion rios Ent o deixaram o Sindicato arrasado A estrutura do Sindicato estava falida destru da destro ada Depoimento de Durval de Carvalho A solu o encontrada foi cobrar uma taxa assistencial dos trabalhadores s cios em que pese o boicote dos patr es aos descontos que obrigou o sindicato a recorrer na justi a para receber a contribui o MEM RIA E A O 1989 p 21 Malgrados os problemas administrativos estava aberta a partir de ent o a possibilidade do sindicato e das organiza es de base alinhados avan arem nas pautas da categoria Sendo assim em outubro de 1984 na campanha salarial extempor nea sindicalistas e militantes de base diante da rejei o da FIESP s suas reivindica es lan aram um movimento descentralizado f brica por f brica As reivindica es eram as seguintes 110 de reajuste em cima do INPC trimestralidade equipara o salarial estabilidade adicional insalubridade entre outras reivindica es espec ficas Por um lado nas empresas em que n o havia grupos de f brica consolidados os sindicalistas colocaram se frente do movimento buscando mobilizar aqueles trabalhadores atrav s de assembl ias e piquetes Ali o movimento conseguiu algumas importantes conquistas sobretudo n
4. es de trabalho na empresa e sugerissem aos trabalhadores que observassem e denunciassem as m s condi es BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA EXPAMBOX CAMPINAS 27 06 1988 Do mesmo modo na Sigla empresa do setor el trico eletr nico que empregava cerca de 400 funcion rios tamb m em junho de 88 um trabalhador foi mandado embora por ter segundo o boletim do sindicato reivindicado melhores condi es e trabalho A situa o do funcion rio demitido que passava dificuldades financeiras foi explorada politicamente de modo que foi atribu da a responsabilidade pela demiss o ao gerente de produ o que vinha perseguindo os trabalhadores amea ando os com ganchos e demiss es BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA SIGLA CAMPINAS 23 06 1988 Tanto na Sigla quanto na Expambox os trabalhadores conseguiram alcan ar suas reivindica es ainda que momentaneamente no Brasil Ent o isso requer um estudo tem que sentar tem que ler teoria tem que perguntar Depoimento de Durval de Carvalho acima referido 3 Tenha certeza a empresa s est a fim de explorar a sua for a de trabalho e quando voc n o servir para mais nada ela joga fora BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA EXPAMBOX CAMPINAS 27 06 1988 84 Em 1988 portanto al m dos grupos clandestinos j existentes como o da Singer da Mercedes Benz Clark etc tamb m nas pequenas empresas quadros reingressos da vaca brava come avam a se reun
5. o grupo acusa a dire o da Singer ao adotar o sistema just in time ou kanban garantiu nos cursos que n o haveria demiss es pois a m o de obra que sobrasse seria reaproveitada em novas linhas e no aumento da produ o N o o que est acontecendo A Singer deixou passar o melhor momento para implantar o Kanban quando a economia estava aquecida e a produ o crescendo Este per odo foi mais favor vel entre 1985 e 1986 at o Plano Cruzado II Hoje com os sal rios arrochados os juros altos o credi rio imposs vel quem compra m quina de costura no Brasil As vendas ca ram mas exporta es continuam bem Assim um sistema que economiza m o de obra como o Kanban numa economia entrando em recess o s pode gerar demiss es apesar de todos os desmentidos da empresa Queremos garantir empregos para todos E a Singer tem plenas condi es de assegurar o nosso emprego Os lucros que teve com o Plano Cruzado s o mais que suficientes para dar uma grande folga empresa que continua exportando a todo vapor Se necess rio a Singer TER QUE ADIAR O KANBAN e manter o emprego de todos Mas isso s vai acontecer se estivermos unidos e organizados N o vamos pagar o pato pela recess o No sistema capitalista sempre que a economia entra em parafuso quem paga a conta o pe o enquanto e empresa mesmo produzindo menos garante o seu lucro atrav s de outros meios exporta es
6. Mas a empresa se mostrava irredut vel em abandonar o controle mantido sobre os trabalhadores tentando evitar a organiza o no local de trabalho atribuindo tal pol tica a uma certa cultura que a empresa mantinha em Campinas Vale lembrar que a Bosch tinha sido a pioneira na Regi o nas investidas de controlar o sindicato no per odo de Cid Ferreira O Pr prio Cid era um funcion rio da transnacional Quando esse sindicato tornou se um rg o classista de defesa dos interesses dos trabalhadores e deixou de ser um balc o de servi os a empresa abandonou a concilia o e passou a confront lo Dessa forma foi a primeira a eliminar a organiza o clandestina existente e soube aproveitar a vaga pol tico organizativa deixada pelos militantes e dirigentes sindicais na campanha salarial de 1985 quando demitiu 300 funcion rios N o toa os sindicalistas e sua assessoria em conjunto com o com os trabalhadores da Bosch da Alemanha dedicaram se a estudar o passado da empresa expondo aos trabalhadores no Brasil a antiga pol tica de coopta o das Comiss es de F brica na Alemanha em 1913 e 1919 e a contribui o com a pol tica armamentista do Regime Nazista atrav s da produ o de equipamentos b licos Enfim sua postura igualmente anti sindical e truculenta na matriz CADERNO TRABALHADORES E EMPRESAS N 1 JANEIRO FEVEREIRO DE 1988 Ou seja a repress o no local de trabalho e as tentativas de coopta o das organiza es
7. Total da 1307 100 69869 100 Categoria Fonte Sub se o DIEESE Campinas 10 1987 Adaptada Vemos que h um gradativo crescimento da concentra o de trabalhadores por empresa Por m podemos perceber que h poucas metal rgicas na faixa que emprega de 501 a 1000 funcion rios as chamadas m dias empresas revelando uma clara disparidade entre as pequenas empresas e as grandes Comparadas com outras cidades da Regi o a cidade de Campinas era de longe a que mais abrigava as metal rgicas como podemos observar na seguinte tabela que distribui empresas e trabalhadores por cidades N mero de trabalhadores e empresas por cidade em 1987 Cidade N de empresas N de trabalhadores Campinas 901 68 93 39 811 56 98 Sumar 51 3 91 9 440 13 52 Indaiatuba 76 5 81 6 787 9 71 Valinhos 19 6 04 5 896 8 44 Americana 132 10 10 5 875 8 41 Nova Odessa 27 2 07 785 1 12 Paul nia 32 2 45 T771 1 10 Monte Mor 9 0 69 TA 1 10 Total 1307 100 00 69869 100 00 Fonte Sub Se o DIEESE Campinas 10 1987 Os dados da tabela sugerem que aquelas grandes empresas de que falamos acima se concentravam na cidade de Campinas E de fato o que podemos constatar Por exemplo a Singer com mais de 4 mil funcion rios a Mercedes Benz com cerca de 4 mil na poca e a Bosch com quase 77 mil 6867 s o exemplos claros de que a cidade abrigava as grandes plantas muito embora a concentra o de trabalhadores por empresa fosse
8. estava com problemas a gente ia ver em que a gente pode te ajudar enquanto grupo Depoimento de Maria Am lia B de Paula E essa rela o de amizade ou como diz a militante esse outro tipo de rela o que criaram n o se restringiu somente s condi es de trabalho mas extravasou a esfera puramente sindical econ mica e social avan ando numa quest o decisiva para a organiza o dos trabalhadores a quest o da mulher trabalhadora vejamos a incorpora o das mulheres sempre foi uma luta muito grande Porque uma sociedade machista ent o voc sempre v a mulher como ah est vendo ela vai falar por que ela vai falar Por que tem um monte de homem E a gente na Singer conseguimos dar um outro olhar pra isso Tinha eu mas tinha outras mulheres tinha gente casada tinha a Donizete a Domingas era um grupo que tinha muitas mulheres E com todas as limita es porque voc tinha que dar conta da sua casa voc tinha que dar conta de responder para a sociedade porque s vezes o pessoal passava na minha casa e ficavam tudo l de olho porque s vezes vinha um carro me buscar cedinho chegava a noite ent o eles ficavam de olho As pessoas falavam como assim que ela sai e o marido dela n o liga Tinha esse preconceito porque as pessoas n o eram acostumadas a isso Ent o era dif cil Mas gente tinha um recorte no sentido da luta porque era muito forte na gente essa coisa da organiza
9. sim fazer o sindicato dialogar com a massa trabalhadora Mas j estava orientada a dire o sindical do que estava passando pela cabe a dos trabalhadores mais politizados digamos assim que era parte desse trabalhador que vinha para o sindicato Necessariamente n o eram todos que vinham claro era uma minoria mas era para n s um term metro importante de qual era a disposi o desses trabalhadores para a luta que naquele ano e quais eram os temas que eles estavam achando mais importante se era reduzir a jornada se a quest o era aumento de sal rio qual era enfim o que ia pegar para usar essa express o de g ria que o pessoal diz Onde o bicho vai pegar O que que est pegando na f brica o que est pegando na categoria Por sua vez n s v nhamos relacionar isso com os outros sindicatos que na poca n s faz amos campanha salarial juntos No tempo em que o ABC era um Sindicato combativo no saudoso tempo E outros sindicatos aqui eram combativos Ent o isso criava uma unidade muito importante dos sindicatos do ABC com o interior pra conduzir a negocia o fora da federa o Ent o esse grupo de f brica deve ser pra n s a presen a do Sindicato no local de trabalho mas que n o tinha a constitui o jur dica estatut ria porque no Brasil eu volto a afirmar n s nunca tivemos liberdade de organiza o sindical Ela uma farsa o sindicato no Brasil organizado fora da f brica Depoimento de Durval de Carv
10. Mercedes tinha uma caracter stica de que ela n o ia no sindicato Ent o na Mercedes voc tinha uma resist ncia muito grande Para voc fazer uma assembl ia com 50 pessoas no sindicato era muito dif cil Ent o n s decretamos a greve com poucas pessoas no sindicato a noite e o sindicato foi contra achava que n o deveria fazer aquilo e a n s fomos l e a empresa parou 100 Ent o essa greve ela foi uma greve mais dirigida pela milit ncia tanto ligada ao sindicato quanto ligado oposi o tamb m do PT mesmo que vinha nascendo naquela poca Depoimento de Ant nio Jos Os sindicalistas para com o caso espec fico da Mercedes evitaram a greve naquele momento n o porque tinha adotado uma postura conciliat ria com a montadora mas porque n o tinha estabelecido o devido contato com o grupo Afinal o trabalhador da Mercedes tinha essa caracter stica de n o ir mesmo nas assembl ias no sindicato E o sindicato usava isso da para poder n o parar Ah num vem ningu m na assembl ia aqui ent o num d para parar Depoimento de Ant nio Jos Evidentemente o epis dio da frustra o da implanta o da Comiss o de F brica em novembro de 1984 contribuiu para esse distanciamento entre grupo e sindicato na Mercedes o que resultou na avalia o equivocada sobre a possibilidade de greve Tanto era esse distanciamento que mesmo os dois diretores do sindicato que eram da empresa estavam contr rios greve Por m
11. a Singer do Brasil com decidida e total participa o da Pol cia Militar de Campinas tratou todos seus funcion rios como se fossem perigosos marginais como se fossem perigosos bandidos O ocorrido neste dia n o foi um fato isolado mas sim apenas mais uma das diversas a es conjuntas que a empresa e a pol cia desencadearam nos ltimos dias contra os trabalhadores Na semana anterior foi exercida forte persegui o aos companheiros Finotelli e Gerardo funcion rios e diretores do Sindicato n o os permitindo conversar com outros trabalhadores nem mesmo nos intervalos do servi o Na segunda feira no dia da passeata a Pol cia Militar prendeu o companheiro Durval de Carvalho presidente do Sindicato dizendo sentir se ofendida com o que ele havia dito na Assembl ia aos trabalhadores da Singer Na ter a e na quarta feira os trabalhadores da Singer demonstrando uni o consci ncia e organiza o participaram 100 da GREVE GERAL paralisando totalmente a produ o em protesto contra o arrocho salarial imposto pelo PLANO LADR O Mesmo com o movimento pac fico era muito forte o esquema de repress o policial na porta da empresa Na quarta feira o companheiro Finotelli foi preso pelo Capit o Am rico sob a alega o de estar barrando a entrada da Singer Isto um absurdo pois n o havia ningu m j que a GREVE foi decis o consciente dos trabalhadores Na quinta feira forte e violento esquema de repress o po
12. a tamb m alem Mercedes Benz era respons vel por 91 dos nibus em circula o produzidos no Brasil O hist rico da industrializa o da regi o de Campinas sugere os motivos do dom nio econ mico das transnacionais Afinal foram elas as maiores beneficiadas pelos programas de interioriza o da ind stria e portanto gozaram de incentivos fiscais doa es ressarcimentos infra estrutura etc vindos do Estado Al m claro do dado hist rico de composi o desses capitais com raiz na fase monopolista do capitalismo que foram for ados a migrar para outras regi es do globo sobretudo ao final da d cada de 1960 e in cio de 1970 quando o capitalismo internacional enfrentava forte crise e essas i 11 transnacionais necessitavam recuperar suas taxas de lucro Portanto gozando das 10 Sobre isso Sodr vai dizer ainda em 1972 ao Estado caberia no Brasil segundo o chamado modelo brasileiro de desenvolvimento apenas e fundamentalmente montar a infra estrutura destinada a proporcionar s empresas multinacionais um funcionamento satisfat rio Essa infra estrutura vai desde as condi es pol ticas um regime em que os sal rios permanecem estagnados e as greves s o proibidas e os sindicatos de trabalhadores s o mantidos sob vigil ncia e os partidos pol ticos s o formados e as elei es a que concorrem s o processadas sob estritas condi es e limita es at as condi es econ micas que variam
13. as num permitia num permitia voc num instalava a mesma coisa se voc colocar tr s numa comiss o de f brica daqui mais dois anos dependendo do grau de forma o informa o e organiza o de repente numa greve eles podem por mais dois ou mais tr s mudar o estatuto da comiss o de f brica Ent o voc num come a as coisas do jeito que voc quer Ent o na verdade a CUT Pela Base usava isso para n o ter comiss o Voc acha que com uma organiza o que eles tiveram na Singer que parava a f brica at pros caras n o derrubar uma rvore voc acha que eles num tinham condi es de montar uma comiss o na Singer L gico que tinham Nem comiss o de f brica tinha o poder que o grupo de f brica da Singer tinha E era um grupo de f brica que tinha uma estrutura tinha um pessoal que j se sabia quem era Depoimento de Ant nio Jos acima referida Na seqgii ncia o militante do PCdoB questiona sobre os motivos que levaram ent o op o de manuten o dos grupos apontando as ambigiiidades entre a pr tica pol tico organizacional adotada e o que havia sido aprovado nas resolu es do 1 Congresso e ent o n o se montou uma comiss o de f brica porque a diretoria a concep o deles a qual eu n o sei esclarecer claramente era contra a comiss o de f brica Porque n o existia outro motivo Voc acha que na Clark n o tinha condi es de montar uma comiss o de f brica A Clark na Va
14. cnicas de gest o da for a de trabalho pr prias da fase informacional e tecnologicamente avan ado bem como da introdu o ampliada dos computadores no processo produtivo e de servi os Desenvolve se em uma estrutura produtiva mais flex vel recorrendo freqiientemente desconcentra o produtiva s empresas terceirizadas etc Utiliza se de novas t cnicas de gest o e for a de trabalho do trabalho em equipe das c lulas de produ o dos times de trabalho dos grupos semi aut nomos al m de requerer ao menos no plano discursivo o envolvimento participativo dos trabalhadores em verdade uma participa o manipuladora e que preserva na ess ncia as condi es do trabalho alienado e estranhado ANTUNES 1999 p 52 Como dissemos a reestrutura o da produ o na Clark era ainda incipiente embora j apresentasse alguns dos elementos essenciais levantados pelo autor acima No que tange por exemplo ao layout do espa o fabril a empresa reservava um espa o que congregava a maquinaria nova dispondo as em ilhas de produ o ou c lulas de produ o que reunia processos ferramentas e pe as semelhantes realizadas por m quinas automatizadas e operadas por chefes treinados e trabalhadores adestrados para n o questionar O GRIFO Os dois sistemas eram assim definidos pelo Grupo CAD projeto assistido por computador realiza se o projeto com o aux lio do computador que j possui em
15. desde o acordo de garantia de garantia dos investimentos at as concess es na remessa de lucros deixando tudo ao arb trio do investidor estrangeiro e protegendo o com toda sorte de incentivos e de licen as Trata se de assegurar aos monop lios estrangeiros as melhores condi es para vir produzir aqui o que produzem alhures inclusive e principalmente aquelas condi es ligadas exporta o Claro que n o apenas o mercado interno brasileiro embora seja hoje um dos maiores do mundo que atrai os monop lios principalmente a possibilidade de indo al m de suas limita es exportar para o resto do mundo aquilo que aqui fabricam com mat ria prima local barata com for a de trabalho barata com energia barata com a o barato tudo fornecido pelo Estado SODR 1980 p 145 146 1 Sodr denomina o processo de industrializa o brasileira de modelo brasileiro de desenvolvimento Segundo o autor com esse modelo a ind stria brasileira passava a constituir simples ap ndice da ind stria norte americana principalmente ou do imperialismo para generalizar A deforma o surgia como 34 benesses da ascens o do capitalismo nos pa ses centrais sobretudo no p s segunda guerra essas transnacionais tinham infra estrutura suficiente e contaram com ainda mais privil gios ao se alocarem nos pa ses de capitalismo perif rico Tentamos portanto caracterizar o parque industrial da regi o de Campinas por volta
16. es tanto sindicalistas como membros de grupos de f brica difundi las nas empresas Assim ainda em 1988 foram iniciados os trabalhos do sindicato com as pequenas e m dias empresas No dia 27 de junho alguns dirigentes foram porta da Expambox empresa do ramo de Mec nica M quinas que tinha aproximadamente 250 funcion rios expor o impasse gerado entre a empresa e o sindicato As den ncias desses dirigentes estavam relacionadas s v rias irregularidades nas condi es de trabalho constatadas posteriormente com uma visita dos sindicalistas e fiscais da Delegacia Regional do Trabalho DRT tais como ru do excessivo gases e vapores t xicos radia o e fumos etc A empresa se mostrou disposta a reconhecer e solucionar os problemas quando ap s uma mesa redonda com o sindicato e a DRT convocou trabalhadores para exames de surdez ocupacional Os resultados desses exames no entanto contrastaram com os realizados por outras inst ncias competentes levantando d vidas nos sindicalistas no que diz respeito ao n mero de funcion rios lesionados bem como com o a gravidade da doen a Obrigada a realizar esses exames novamente mas agora supervisionados pelo sindicato que da mesma maneira supervisionaria as mudan as nas condi es de trabalho como um todo a Expambox mostrou se intransigente n o permitindo a entrada do sindicato Tal fato narrado no boletim possibilitou que os dirigentes expusessem o car ter predat rio das rela
17. essa mudan a era a disputa da diretoria da empresa A diretoria da empresa aquele setor reacion rio da empresa aqueles caras que ficaram durante trinta anos aqui no Brasil eles n o se conformavam que mesmo a Singer dando mais lucro do que nos anos anteriores o sindicato e os trabalhadores tivessem o n vel de organiza o que n s est vamos tendo Eles n o se conformavam com isso e formaram um compl l dentro e derrubaram aquela diretoria que tinha uma vis o mais social uma vis o de que o capital precisa ter lucro mas que os trabalhadores precisam ter liberdade de organiza o Derrubam aquela diretoria e assume uma diretoria truculenta reacion ria que vem contudo isso no final de 87 Vem pra derrubar a organiza o do grupo E a filosofia deles era a seguinte temos que acabar com o poder do sindicato Depoimento de Gerardo de Melo V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 128 Embora o militante atribua a mudan a na diretoria a uma disputa pol tica de grupos que adotavam filosofias administrativas diferentes entendemos que n o se tratou apenas disso ou melhor se de fato houve tal compl ele foi um motivo secund rio Insistimos em dizer que o impasse gerado em torno da reorganiza o da produ o foi o piv dessa troca Afinal a empresa vinha lucrando mais como diz o depoimento Para que ent o mudar a ger ncia Ora para lucrar ainda mais implantando as novas t cnicas de gest o projeto que
18. estrutura sindical Essa proposta fez com que uma parcela do movimento se dividisse e os dissidentes formassem uma chapa que privilegiava um sindicato apoiado nas bases mas n o tornando as organiza es no local de trabalho aut nomas Por m antes que as elei es ocorressem estourou o movimento grevista na capital que come ou com a Toshiba e se Ver MARONI Amneris Angela A estrategia da recusa analise das greves de maio 78 S o Paulo SP Brasiliense 1982 Antunes Ricardo A rebeldia do trabalho S o Paulo Ensaio Campinas Editora da Unicamp 1988 Obviamente elas n o foram as nicas Suas concep es concorreram com outras igualmente influentes Apenas descreveremos brevemente como surgiram essas pois metal rgicos de outras categorias tais como os de Campinas e Regi o acompanharam criticamente as alternativas propostas por essas tend ncias como veremos adiante 23 espalhou por outras f bricas Em linhas gerais os grevistas reclamavam aumentos salariais de 20 10 de aumento e 10 de antecipa o Estiveram frente das greves nas empresas de grande porte principalmente os membros da Chapa 3 de oposi o sindical que defendiam a autonomia das comiss es Como as greves foram deliberadas sem a participa o do Sindicato dos Metal rgicos de S o Paulo quem assumiu as negocia es foram esses quadros Depois de muitos impasses criados pela DRT Delegacia Regional do Trabalho pelos patr es e pelo presid
19. haja vista a falta de 56 apoio de outros grupos de f brica e ou lideran as de outras empresas ressaltado tamb m os equ vocos da diretoria para conduzir a greve Mas aquele foi um movimento desencadeado sobretudo pelos grupos como vimos E portanto na medida em que os ativistas na base passaram a delegar aos dirigentes sindicais a condu o da greve sem com isso criar espa os de interlocu o entre os grupos estes n o tiveram pernas para continuar Afinal eram apenas 22 diretores para atender diversas empresas que haviam parado Dessa forma a maioria dos militantes demitidos jamais voltou para a categoria A lista negra com seus nomes corria em quase todas as empresas metal rgicas do Estado de S o Paulo N o levantamos nenhum movimento para a recontrata o desses militantes que em certa medida justific vel visto que grupos clandestinos fortes como o da Mercedes Bosch Clark e Dako foram dissolvidos E essa tamb m uma justificativa por n o termos encontrado nenhum registro de um movimento encabe ado pelos diretores sindicais nesse sentido haja visto que at ent o as a es sindicais apoiavam se nos grupos Uma vez sem esses quadros a iniciativa de uma ofensiva estava tolhida Terminada a jornada grevista da campanha salarial sindicalistas e militantes de base remanescentes teriam a dif cil tarefa de retomar as a es O 1 Congresso da categoria que ocorreu entre os dias 6 e 8 de outubro na ci
20. incentivos do governo especula o financeira etc Vamos deixar isso acontecer na Singer BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA SINGER 06 1987 Al m das demiss es a empresa tamb m havia dado f rias aos companheiros e companheiras dos turnos de v rios departamentos O fantasma das demiss es ronda a f brica e p e medo em muita gente O G F S Grupo de F brica da Singer acha que a quest o n o ter medo mas estar organizados para enfrentar as situa es dif ceis que a empresa pode criar nas pr ximas semanas id 123 Para o GF SINGER portanto estava claro que o just in time kanban naquele momento estava sendo adotado com o objetivo de reduzir custos atrav s de demiss es e lan ar uma onda de medo nos trabalhadores Pois mesmo numa situa o de recess o n o havia motivos para demitir j que as exporta es continuavam em alta Na greve geral convocada pela CUT em agosto de 1987 contra as pol ticas recessivas do Plano Cruzado II o GF Singer aproveitou a agita o para dar ainda mais destaque s inten es da empresa em adotar o kanban Em seu boletim al m de convocar a ades o greve aproveita se para alertar o conjunto dos trabalhadores sobre o aumento da jornada de trabalho j em curso atrav s de horas extras e ressalta se os n meros positivos da empresa nas exporta es a Singer depois de um momento mais dif cil est se enquadrando perfeitamente no modelo exportador que o Pla
21. lucros ou melhor preju zos ao inv s dos Cz 56 5 milh es positivos arcaria com um preju zo de Cz 74 295 milh es Se na primeira vez em que publicara os n meros reais a empresa tratou de culpar a seus trabalhadores custos com a folha de pagamentos dessa vez seria mais expl cita e apontaria os gastos com m o de obra como um dos quatro fatores pelo seu fracasso financeiro Em primeiro lugar a empresa alegou a falta de corre o de pre os esperada para o m s de maio de 1986 Curiosamente a especula o da corre o dos pre os foi criada segundo nota da Cobrasma por fontes autorizadas do Governo ora por meio de insinua es ora por meio de informa es verbais oficiosas id Ou seja nem uma nem outra lhes davam garantias de nada Em segundo lugar alegou dificuldades na obten o de mat rias primas e consequentes atrasos Outro fator levantado foi a eleva o nas taxas de juros do mercado financeiro E por fim alta dos custos com a eleva o salarial decorrentes dos movimentos sindicais e dos enquadramentos em rela o ao mercado de trabalho sem possibilidade de repasse id O presidente a empresa foi julgado acusado mas depois absolvido pela Comiss o de Valores Mobili rios As consegii ncias no entanto quem pagou foram os trabalhadores S at abril de 1987 foram 1300 dispensas De um quadro de aproximadamente 3000 funcion rios a empresa desligou quase um ter o em menos de quatro meses e
22. milit ncia sindical que fosse algo mais do que aquela coisa pesada chata que da f brica para a assembl ia do sindicato da assembl ia do sindicato para a f brica aquela coisa do sindicato muito formal voc vai l para discutir s os seus direitos trabalhistas a sua luta contra a f brica Mas tamb m voc deve ter um espa o para o cara ter acesso a outra coisa ouvir m sica ver um filme assistir um teatro a participar de uma confraterniza o uma festividade a id ia de um espa o como um clube associativo recreativo portanto de integra o da categoria com os familiares com os amigos um espa o de amizade de amigos porque s um sindicato assim poderia disputar ideologicamente os trabalhadores com a empresa porque a empresa faz isso desde que o mundo mundo tenta vender para o trabalhador que ela a amiga dele A Bosch por exemplo tinha uma express o que ela deve usar at hoje que a da Fam lia Bosch a fam lia empresa que a tradi o mais conservadora do que o conceito de fam lia a fam lia no sentido mais perverso Ent o eles v o fazendo um trabalho de lavagem cerebral de que o cara tem que vestir a camisa da empresa e isso na medida em que passando o processo ditatorial no Brasil esse trabalho de faze o da cabe a do trabalhador isso foi intensificado nas empresas de maneira avassaladora fort ssimo fort ssimo Da que o Sindicato tinha que entrar tamb m nessa briga q
23. nas importa es mas principalmente nas exporta es E a outra quest o foi a quest o do que n s chamamos de microeconomia ou seja a necessidade da diretoria em conhecer a situa o de cada uma das empresas da categoria Aqui estavam ou est o Bosch aqui est Clark ou seja o setor de auto pe as daqui important ssimo O peso do material de transportes Mercedes a montadora que a nica E o setor de auto pe as pesa na categoria cerca de 50 Ent o como entender essas empresas no contexto da economia nacional e a import ncia das empresas de Campinas no contexto da economia nacional Outra coisa que a Sub Se o tem insistido e que isso faz parte da pol tica da diretoria entender qual a pol tica de pessoal da empresas id Portanto esse era um esfor o de acompanhar a din mica e o comportamento das empresas da Regi o tanto do ponto de vista econ mico como do ponto de vista pol tico que entendemos surge como necessidade ap s os limites pol ticos da diretoria em 1985 quando esperaram uma postura conciliat ria das metal rgicas Ainda que como vimos a rela o afetiva entre diretores e o economista tenha sido igualmente decisiva Em 1987 um curso de forma o deu algumas diretrizes de como os militantes de base deveriam agir para por em pr tica a pol tica de a o sindical O Manual trata de deixar claro no entanto que aquilo s uma ferramenta para ser utilizada pelos militantes e que
24. o afetaria a produ o de muitos setores da metalurgia cujos produtos eram exportados e portanto eram beneficiados com o Plano A Mercedes por exemplo exportava nos cinco primeiros meses de 1987 1252 unidades dos nibus que produzia aumentando em 226 suas vendas ao exterior em compara o com 1986 E mesmo as vendas internas da montadora n o iam mal um s grupo que administrava o transporte p blico da cidade de S o Paulo havia encomendado 150 monoblocos nibus inteiros e 450 chassis representando um faturamento total de 12 quase 800 milh es de cruzados Ainda assim dispensava 21 dos seus funcion rios um n mero baixo mas que n o se justificava como dizia o boletim do GF Mercedes BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA MERCEDES 10 06 1987 Da mesma forma meses depois a General Eletric de maneira mais expl cita comunicava seus trabalhadores que a empresa ia mal que n o havia encomendas para 1988 e que por isso cogitava demiss es Por m o GF GE com base numa mat ria da Revista Exame de setembro de 1987 mostrava que a transnacional do ramo de m quinas liderava o ranking das empresas do ramo Tamb m em seu boletim os ativistas desmentiam a alega o de que n o havia encomendas para o ano seguinte j que a revista Dirigente Industrial informava que 18 locomotivas haviam sido encomendadas pela RFF A mesma revista mostrava ainda que a G E pretendia diversificar sua produ o passando a fabricar re
25. o tinham pois queriam tamb m a quantidade E agente fazia as coisas e isso uma caracter stica do grupo porque a gente era muito bom no que a gente fazia ningu m ia reclamar com algu m do grupo porque ele estava fazendo coisa ruim que ele n o estava trabalhando direito porque pelo contr rio eram os melhores funcion rios no sentido da qualidade e da responsabilidade Voc tem seu trabalho e voc quer apresentar o melhor que voc sabe fazer isso era uma caracter stica e a gente sempre falava isso E era uma coisa legal que a gente tinha no sentido da responsabilidade que a gente tinha com o trabalho Ent o eram os melhores funcion rios E eles queriam que a gente discutisse isso mas acharam que a gente estava boicotando as coisas da empresa Depoimento de Maria Am lia B de Paula Portanto havia tr s elementos que se integravam na reestrutura o da Singer a mudan a do layout a qualidade do ponto de vista da empresa e a quantidade que exigiam 125 O Grupo reagiu quela forma de reestrutura o criando obst culos ao projeto de moderniza o da transnacional e a essa coisa da qualidade n o estava clara para eles Porque quando eles foram ver e a gente foi provar que n o era assim e agente tamb m queria qualidade Porque n s est vamos vendo que as pe as estavam ruins eram refugos e queriam que a gente mandasse pra frente E agente dizendo que estava ruim que n o dava pra mandar e eles dize
26. os setores exportadores Contudo nada no Plano era mais de interesse para as classes trabalhadoras do que a pol tica salarial lan ada e o desempenho que o mercado de trabalho passaria a ter desde ent o No que tange primeira o Cruzado II previa mudan as no c lculo do ndice de Pre o ao Consumidor o IPC No Cruzado T criado em fevereiro de 1986 o Governo adotara o ent o IPC amplo base dos reajustes de quem ganhava at Cz 24 120 e que levava em conta uma lista de produtos extensa que entretanto foi sendo reduzida a ponto de no Cruzado I ficar restrita a uma cesta b sica de mercadorias consumidas pela popula o com rendimento at 5 sal rios m nimos id p 11 Ou seja muitos dos produtos que seriam retirados da lista do c lculo do IPC e que eram consumidos pelos trabalhadores dessa e de outras faixas salariais sofreriam reajustes sem que fizessem parte da base de c lculo dos gatilhos salariais bebidas hortifrutis energia el trica por exemplo Com essas medidas o custo de vida do trabalhador ainda em 86 cresceria 7 88 at o lan amento do Plano e alcan aria 22 9 ao final do ano No que diz respeito ao mercado de trabalho os resultados do Plano seriam sentidos em m dio prazo Por m as empresas se utilizariam do seu car ter recessivo para justificar demiss es e ou constranger os trabalhadores buscando ao mesmo tempo afast los da luta sindical e reduzir custos Isto porque o pacote n
27. ramos oposi o e era bem menos gente Mas a n s surpreendemos da maneira mais dura que foi de novo com a rea o das empresas de cortar o Sindicato pela raiz de acabar com o sindicato naquela greve famosa de 85 a chamada greve da vaca brava que foi a greve pelas 40 horas semanais pelos reajustes trimestrais de sal rios n s sofremos uma retalia o das empresas com demiss es seletivas Todos os ativistas das empresas centenas de ativistas das empresas foram todos colocados para fora foram todos demitidos das empresas da regi o nossa e aquilo criou um quadro de fragiliza o do sindicato muito forte porque no fundo eles destru ram aquela capilaridade que o Sindicato tinha na categoria de trabalhadores com o grau de consci ncia mais elevado com capacidade organiza o de dialogar e persuadir os companheiros a fazerem determinadas movimenta es press es de presen a na assembl ia do Sindicato Depoimento de Durval de Carvalho acima referida O n mero de militantes politicamente selecionados e demitidos passou dos 400 como dissemos Somente na Bosch foram 300 funcion rios demitidos sendo que os tr s diretores do sindicato foram isolados em se es com poucos funcion rios ou receberam vigil ncia cont nua da chefia Os sindicalistas como sugere o depoimento acima demonstraram estarem munidos de pouca informa o sobre a postura pol tica do patronato 2 Pedreira Filho vai mostrar que havi
28. realizasse uma interven o efetiva e sistem tica nas bases metal rgicas da regi o de Campinas principalmente atrav s da solidifica o de um trabalho com organicidade a partir do interior das f bricas Al m disso n o havia uma defini o clara e delineada de uma pol tica de Oposi o Sindical id p 123 O recuo das oposi es sindicais em 1980 for ou uma articula o nacional tendo em vista a unifica o das lutas e propostas Isso s seria poss vel caso as oposi es encampassem uma ofensiva por um sindicato democr tico e independente do Estado apoiado nas comiss es de f brica ou seja criar condi es para a ruptura com a organiza o sindical ent o vigente Os espa os dos bairros e das igrejas foram fundamentais para que houvesse o consenso do esfor o de construir uma oposi o unificada Em Campinas por exemplo a campanha salarial de janeiro de 1981 serviu de base para que a Oposi o pudesse recompor se e enfrentar as elei es que aconteceriam em julho daquele ano Particularmente em Campinas embora as diferen as entre a Pastoral Oper ria PO e o PCdoB n o estivessem resolvidas houve uma aproxima o dos cat licos com os trotskistas das correntes O Trabalho e a Converg ncia Socialista Sobre isso escreve Possan 1996 estudiosa do caso considerando se os grupamentos que compunham a Oposi o Metal rgica de Campinas e tamb m a pr tica e o discurso pol tico dos que s
29. romper definitivamente e disputar o pleito juntamente com a Chapa de Cid Ferreira por avaliarem que n o era poss vel venc lo naquele momento Dessa forma a Chapa 2 de Oposi o Cid seria a alternativa pela segunda vez Agora ela vinha com um projeto pol tico sindical mais amplo com a reafirma o da import ncia da democratiza o da estrutura Buscavam com isso mostrar aos trabalhadores a import ncia de ter um sindicato que atendesse e protegesse seus interesses Por m esse projeto de dire o sindical ficou vago Ele n o dizia como viabilizaria suas propostas de mudan as pol ticas j que se voltava muito para as lutas mais gerais deixando obscura a forma pela qual seria tratada a imediaticidade do trabalhador Por outro lado a Chapa 1 da situa o vinha com um programa com forte car ter assistencialista como coloca Possan 1996 seu programa pautava se em dois pontos b sicos a constru o de uma Cooperativa de Consumo para servir toda a fam lia metal rgica da regi o e a cria o de uma Cooperativa Habitacional com o objetivo de construir casas pr prias para os metal rgicos Boletim da Chapa 1 Um por todos e todos por um 1981 POSSAN 1997 p 145 grifos da autora A plataforma pol tica de Cid atacava duas quest es fundamentais relativas precariedade que caracterizava a vida da maioria dos trabalhadores a falta de moradia e o custo de vida e tinha po
30. s o HI Congresso de 1920 o Partido que abrigava anarquistas e comunistas passou a sofrer com a dissens o entre as duas correntes visto que os primeiros recha avam a burocratiza o e o esvaziamento do car ter libert rio do partido Por m os anarquistas sem terem uma avalia o precisa do papel das organiza es de base os soviets na R ssia n o zelaram pelo fortalecimento desses organismos aqui Junta se isso escalada de repress o do Governo Federal os anarquistas foram perdendo a hegemonia junto ao movimento A dissens o que tivera in cio em 1920 s se aprofundou at que em 1922 os comunistas fundam o PCB abandonando o projeto de um PC Libert rio No que tange s organiza es de base abandonou se aos poucos a discuss o sobre a autonomia e foram ganhando espa o os delegados de base com vistas a fortalecer os 15 sindicatos Dessa forma segundo Filho as alian as pol ticas engendradas pelos Comunistas alinhados com a III Internacional contribu ram para enfraquecer ainda mais as iniciativas de organiza es aut nomas sobretudo as comiss es timidamente criadas at ent o id p 37 revelia das cis es no seio do proletariado o governo de Artur Bernardes lan ava suas pol ticas repressivas para conter o movimento oper rio e tenentista recorrendo ao Estado de s tio Sob Washington Luiz n o foi diferente Tentando estreitar rela es com o movimento oper rio o governo afasta o PCB colocando o na ile
31. Cobrasma a Clark e sobretudo a Singer e que havia impossibilitado por exemplo a participa o dos trabalhadores dessas empresas de aderir ao movimento grevista de 1989 Mas dois fatores levantados pelos congressistas merecem destaque Segundo eles havia problemas na formula o de uma pol tica geral de mobiliza es de massa por parte da CUT Isto fica evidente quando observamos os encaminhamentos das campanhas salariais com exce o da campanha ocorrida um ano antes que envolveu parcela significativa do funcionalismo p blico e de outras categorias num movimento grevista poucas vezes visto no pa s cuja reivindica o em comum era a perman ncia da URP como indexador dos reajustes salariais todas as outras haviam sido encaminhadas pelos Departamentos da Central respons vel pelas respectivas categorias Assim foram conduzidas as campanhas salariais dos metal rgicos de S o Paulo por exemplo sem qualquer participa o de outras categorias Tratava se portanto de um dos problemas que a Central n o conseguia solucionar o corporativismo ainda que nas resolu es dos Congressos realizados at ali a CUT mostrou se contr ria a essa pr tica herdada do sindicalismo forjado por Get lio Vargas Um depoimento de um dirigente da 106 Central da corrente CUT PELA BASE dado a Iram J come Rodrigues um dos estudiosos da CUT demonstra bem esse dilema do sindicalismo cutista embora n s tenhamos criado as CUT s reg
32. Diante do impasse o congresso decidiu por uma forma mista as comiss es de empresa que n o teriam autonomia e contariam entre seus membros com um delegado sindical idem Ao t rmino do per odo grevista de 1978 80 os patr es lan aram forte repress o s tentativas de cria o de comiss es e rejeitaram os delegados sindicais Nos anos seguintes o movimento sofreu com o refluxo das lutas Os empres rios aproveitaram essa conjuntura para proporem comiss es que negociariam os interesses comuns internos s empresas Aos sindicatos restaria o papel burocr tico de negociar os ndices de reajuste Portanto as organiza es no local de trabalho foram aos poucos ficando na mira dos patr es que enxergaram nelas a possibilidade de conciliar os interesses Os oper rios rejeitaram de imediato a tentativa de coopta o e fragmenta o de suas lutas E na ocasi o sem for as reais para enfrentar de forma massiva os abusos patronais recorreram novamente clandestinidade Ao proliferarem nas grandes empresas metal rgicas de S o Bernardo e Diadema os GF s buscavam ampliar as lutas contra as vicissitudes da conjuntura de recess o econ mica Este trabalho objetivava tamb m conscientizar as bases oper rias para a import ncia das comiss es de f brica idem p 180 Autores que se debru aram sobre este per odo de refluxo das lutas recorreram ao exemplo da Ford de S o Bernardo para exemplificar de que modo as greves por emp
33. Mercedes usava muito desses subterf gios para poder os trabalhadores num pararem Porque qualquer movimento de reivindica o eles come avam a encher o p tio de carro Ent o quando come ava a encher o p tio de carro porque num estava vendendo e era um sintoma de que tinha demiss o Ent o ela colocava em volta da Mercedes carros caminh es uns vinham de S o Bernardo nibus nibus branco quando come a a sair nibus branco nego j ficava co ando a cabe a porque era nibus que a Mercedes fabricava e n o tinha para quem vender Mas era uma estrat gia da Mercedes Ent o os caras ficavam preocupados nossa olhem l est cheio de nibus branco no p tio o bicho vai pegar aqui Ent o tinha essas coisas o pe o ele sabe tamb m Mas naquela poca o pessoal estava decido a parar Num tinha jeito Eu mesmo cheguei a ponderar aquela greve naquele momento Achava que a gente deveria desarticular a empresa Poderia rolar essa negocia o mais pra frente Num tem problema dois meses depois negociar Porque voc desarmava a empresa e pegava ela no contrap porque a Mercedes estava preparada para uma greve prolongada Ent o foi um neg cio complicado ela estava preparada para uma greve prolongada Depoimento de Ant nio Jos acima referido Acomodadas a um sindicalismo assistencialista desmobilizador que rar ssimas vezes convocou assembl ias as metal rgicas enfrentaram em 1985 um movimento que ressurgia da base ap
34. a ent o nova diretoria resgatava ap s ter sido frustrado um ano antes companheiros quem ainda n o reparou nas mudan as na rea de montagem do setor 377 ou na implanta o da nova linha de pr montagem na rea do 376 Ou ainda quem n o ouviu falar da campanha Estoque Zero Se voc n o ouviu e n o percebeu est marcando bobeira companheiro O fato que a Singer est modernizando os seus meios de produ o e implantado novas tecnologias que na verdade n o sabemos seus reais benef cios ou preju zos para o conjunto dos trabalhadores Por qu Primeiro porque n o interessa para a Singer que n s trabalhadores tenhamos consci ncia do que bom ou ruim para n s A empresa sabe que esta consci ncia pode gerar uma organiza o forte por parte dos trabalhadores que certamente melar seus planos como aconteceu no ano passado com o projeto kanban Desde aquela poca deixamos bem claro que concordamos com a moderniza o desde que ela n o traga preju zo para n s trabalhadores Nesta nova fase devemos nos perguntar quais os primeiros sinais desta moderniza o Sabemos que no sistema capitalista que vivemos o que interessa para a empresa o lucro e que a moderniza o dentro deste sistema tem um nico objetivo aumentar o lucro diminuindo a compra da nossa for a de trabalho ou seja desemprego na certa At aqui este o nico sinal objetivo que a Singer tem apresen
35. adiantada em 45 dias o que se transformou num trunfo da empresa contra os trabalhadores na ocasi o da greve j que poderia dispensar os grevistas e mesmo assim atender as demandas O GRIFO BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA CLARK 14 06 1989 Por fim na Singer as 400 demiss es e a pol tica repressora lan ada em 16 de mar o no interior da empresa puseram fim a qualquer possibilidade de greve Ap s 10 dias de paralisa o o movimento come ou a recuar quando as montadoras e auto pe as ofereceram 45 de reajuste sobre fevereiro No caso da Filtros Mann de Indaiatuba a greve tinha sido mais extensa e seus trabalhadores foram respons veis por alastrar o movimento para outras empresas da cidade como conta o boletim a greve na Filtros Mann iniciou se em 13 de abril e durou 15 dias Durante todo este per odo a paralisa o foi 100 e n o houve produ o A empresa tentou a t tica de desgastar o movimento mas n o obteve xito Os trabalhadores se mostraram unidos organizados e conscientes que lutavam por uma justa a defesa de seus direitos N o houve outra alternativa aos patr es a n o ser curvar se for a dos trabalhadores e reabrirem as negocia es Al m dos efeitos que a mobiliza o causou especificamente na Filtros Mann ela teve um peso pol tico muito significativo deu in cio a um movimento que alastrou se na cidade 94 paralisando mais de 3000 trabalhadores em Indaiatuba BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FIC
36. amplitude uma presen a mais efetiva nos locais de trabalho id p 124 125 E de fato as organiza es de base n o avan aram dentro do sindicalismo CUT Rodrigues aponta tr s principais motivos a n o aceita o patronal o receio que tinham alguns dirigentes de que as comiss es dividissem ou se opusessem aos sindicatos e por fim a pr pria acomoda o de algumas das lideran as estrutura sindical oficial RODRIGUES 1997 p 148 150 Portanto faltou ao sindicalismo da CUT um projeto pol tico de organiza o de base cuja aus ncia favoreceu a perman ncia de um sindicalismo corporativista no interior da Central ainda que tenha buscado atacar esse problema antigo da estrutura sindical brasileira E dessa forma sem respaldo das outras categorias de outros setores da produ o as a es sindicais dos metal rgicos de Campinas restringiram se s reivindica es e s mobiliza es espec ficas da categoria dos metal rgicos do Estado de S o Paulo muito embora tenham mantido uma pol tica de envolvimento de aproxima o com outras quest es tais como a duplica o da Estrada Campinas Monte Mor o apoio No segundo semestre de 1985 o governador de S o Paulo Franco Montoro liberou Cr 530 bilh es para que a secretaria de transportes realizasse obras rodovi rias dos quais Cr 320 bilh es seriam para a pavimenta o 107 oposi o sindical dos qu micos de Limeira ao Movimento de Emancipa o da cidade
37. aproxima o do sindicato com uma das empresas foi na IBM de Sumar em mar o de 1987 Aquele seria o in cio de um relacionamento que at ent o o sindicato jamais havia tido com a gigante do ramo de inform tica Portanto tratava se de uma empresa estrat gica para por em pr tica um trabalho clandestino No entanto o sindicato reconhecia as dificuldades a serem enfrentadas pois os funcion rios da IBM eram bem remunerados al m de contarem com muitos benef cios o que segundo os sindicalistas os afastavam da luta sindical somado a isso a empresa mantinha uma forte postura anti sindical impedindo por exemplo que os trabalhadores participassem dos piquetes for ando os nestes casos a entrarem por outra portaria improvisada Pr ticas como essa no entanto parecia n o ser exclusiva da empresa em Sumar mas em todas suas unidades espalhadas no mundo pois o boletim trazia aos trabalhadores um fragmento de um documento feito pelos funcion rios da IBM de outros pa ses unidos em torno do IBM Workers United do Estado de Nova York que mostrava uma tabela com os n meros de sindicaliza o de outras transnacionais A compara o n o deixava d vidas da sua postura diante dos sindicatos apenas 3 de todos os seus funcion rios em todo mundo eram sindicalizados sendo que das empresas da tabela nenhuma tinha menos que 50 com destaque para a GM com 95 de seus funcion rios sindicalizados E dos 1200 funcion rios da IBM de Su
38. ar na implanta o das comiss es de f brica sem abrir m o dos grupos clandestinos Assim consta no Caderno de Resolu es 1 Nossa greve mostrou a necessidade de um trabalho permanente de organiza o do trabalhador no local de trabalho A grande arma dos patr es contra o Movimento Sindical deixou de ser a cassa o da diretoria sindical para voltar se demiss o sistem tica das lideran as oper rias de base e suas organiza es dentro da f brica Sem esta penetra o a luta oper ria perde muito de seu poder de fogo O poder oper rio no local de produ o continua sendo um dos principais objetivos a serem constru dos 2 A luta pela exist ncia de organismos dos trabalhadores a n vel de f brica evitando o retrocesso na conquista das comiss es de f brica sem v nculo com a estrutura sindical e da estabilidade dos cipeiros e dirigentes sindicais A exist ncia destes organismos reconhecidos pela empresa fundamental para o avan o do poder oper rio e da conquista de novos espa os Ela n o dispensa no entanto os grupos clandestinos id p 18 3 Quanto aos grupos justificavam da seguinte maneira as suas perman ncias a constru o de organismos clandestinos dos trabalhadores nas f bricas como o Grupo de F brica garante maior dificuldade para que os patr es destruam ou controlem a organiza o dos trabalhadores id p 19 Da mesma forma propunham tamb m os grupos 59 clandestinos de c
39. as bandeiras que o Sindicato deve colocar como bandeiras centrais Ent o era o esfor o de ouvir esse cara conversar com ele A id ia do sindicato participativo sindicato de base Ent o a diretoria n o pode ser um grupo de iluminados que se re ne e decide em nome da categoria o que melhor para ela mas ela tem que ser um grupo de fato muito identificado e relacionar com a categoria Ent o n s vamos fazer assembl ia tal dia para elaborar a pauta de reivindica es salariais da campanha salarial da categoria Ent o inv s da gente chegar a frio na assembl ia n s faz amos primeiro uma reuni o desses grupos de f brica Ora n s vamos pensar campanha salarial tentando discutir qual era a perda econ mica do per odo trazendo a assessoria econ mica o grau de rea o das empresas avalia o da campanha salarial do ano anterior de conquistas e perdas de problemas da campanha anterior pra criar uma massa cr tica na categoria com Na pauta da categoria daquele ano constava al m do reajuste acima dos 100 do INPC reajuste salarial mensal escala m vel estabilidade no emprego at 31 03 1986 sal rio profissional e redu o de jornada para 40hs semanais sem redu o de sal rios Por m nas empresas as pautas expandiam colocando seus problemas espec ficos de condi es de trabalho de arbitrariedades etc 50 aqueles ativistas com aqueles militantes e ativistas para que quando viesse a assembl ia voc podia a
40. comiss o ter maior controle sobre a sua organiza o Vejamos o seguinte depoimento de um ex sindicalista presente na negocia o n s vimos que a empresa queria controlar a comiss o de f brica j no nascedouro desde limitando quantas pessoas podia ter eles davam a ltima palavra como que era o estatuto eles queriam ajudar a redigir o estatuto a n s falamos n o p ra que isso A comiss o de f brica s faz sentido para n s se ela for um espa o de autonomia de independ ncia de autonomia plena dos trabalhadores frente empresa Ent o quem deve decidir quantos quem que organiza o processo eleitoral interno como ela organiza as reuni es como ela se relaciona com os trabalhadores quantos deles ter o tempo livre para circular pela f brica quantas horas por dia e quais s o os dias isso deve ser algo que os trabalhadores decidem claro a empresa pode fazer a pondera o propor sugerir questionar agora os trabalhadores s o quem devem decidir sobre essas quest es Depoimento de Durval de carvalho acima referido O impasse gerado entre sindicato e montadora n o viabilizou a instala o da comiss o Frustrava se a tentativa leg tima de ampliar a democracia sindical que poderia abrir precedentes para os grupos de f brica de outras empresas que da mesma forma pleiteavam a comiss o na poca Dako e Cobrasma por exemplo naquele momento Contrariamente ao caso da Ford o descontentament
41. consci ncia dos trabalhadores um medo onde tirou toda nossa vanguarda de dentro da f brica A press o ainda continua pois a f brica mant m ainda seus capangas mant m seus guardas circulando dentro da f brica entrando no banheiro e penalizando aqueles companheiros que ousam falar o nome do sindicato que ousam se organizar ou que ousam a fazer grupos e discutir os problemas da f brica n Realmente a press o ainda continua a press o interna muito grande Basta um exemplo tivemos no dia de hoje na portaria da f brica passamos pela portaria e tinha um grupo enorme a gente pode at chamar de capangas pra evitar o acesso do sindicato at a portaria principal A press o ainda continua a empresa est adotando m todos de contratar pessoas onde ela faz toda uma pesquisa na vida das pessoas Pegar pessoas que estejam ligadas essas igrejas que a gente chama de igreja de crentes onde os trabalhadores ainda n o adquiriram uma consci ncia onde realmente eles s o doutrinados pela igreja e isso faz com que os trabalhadores comecem a se preocupar porque o emprego est em jogo essa a verdade Infelizmente n s ainda temos muito medo de fazermos alguma coisa ou reagirmos contra os patr es Depoimento de Darci Finotelli V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 A Singer comunicou imprensa dias depois que as demiss es foram motivadas pela retra o dos mercados interno e externo Evidentemente tal al
42. consider vel nos anos seguintes tendo sido fundamentais para os destinos da incipiente abertura pol tica que se iniciava RODRIGUES 1997 p 26 Dos movimentos que surgiram neste instante os das oposi es sindicais oper rias ganhariam mais destaque nos anos seguintes Impulsionados pelas perdas salariais de 31 4 referente ao ano de 1973 reveladas pelo DIEESE em 1977 os metal rgicos de S o Paulo de Osasco mas sobretudo do ABC ao tomarem conhecimento das perdas come am o movimento pela reposi o Em particular os oper rios do ABC aproveitam a ocasi o para p r em pauta outras reivindica es tais como condi es de trabalho acidentes de trabalho horas extras rotatividade da m o de obra escala salarial autoritarismo das chefias condi es de vida representatividade sindical e outras tantas FILHO 1997 p 67 22 A trajet ria de luta dos metal rgicos do ABC e de S o Paulo no per odo de 1978 a 1980 j bem conhecida e n o nos conv m abord las aqui Por m importante que levantemos alguns aspectos importantes em termos de estrat gia de lutas adotadas nos movimentos oposi o Primeiramente importante ressaltar que o movimento que transbordou em 1978 foi tamb m fruto de um trabalho clandestino intenso no interior das f bricas As atua es de grupos dissidentes de esquerda e da igreja no movimento de oposi o serviam de apoio aos militantes que nas empresas denunciavam os abus
43. da Unidade e A o PUA 18 que juntamente ao o PUI seria a base de sustenta o da CGT Comando Geral dos trabalhadores Predominou nessas estruturas as decis es dos dirigentes sindicais refor ando a debilidade da rela o com as bases Quando veio o Golpe em 1964 os trabalhadores estavam desarticulados nos locais de trabalho Desse modo os militares n o enfrentaram resist ncia massiva para consolidar o Golpe bastou tomar os sindicatos FILHO 1997 2 1 RESSURGIMENTO DAS ORGANIZA ES DE BASE DO GOLPE DE 64 REDEMOCRATIZA O Paradoxalmente ap s o Golpe a possibilidade de recome ar os trabalhos de base foi dada No contexto de total aus ncia de liberdade pol tica os Grupos de F brica voltaram a ser priorizados Mais uma vez a exemplo da d cada de 1910 as lutas dos grupos voltam se aos problemas encontrados no cotidiano das empresas e suas a es s o basicamente respostas contingenciais aos desmandos dos patr es Mas embora tenham sido a es restritas ao espa o fabril as experi ncias de organiza es de base foram se espalhando As experi ncias esparsas de resist ncias pequenas lutas no interior das f bricas possibilitaram a aglutina o de for as empreendida pela Igreja Cat lica O ch o de f brica e a par quia passam a ser os espa os privilegiados pelos pequenos grupos de militantes de esquerda O trabalho de base como j dissemos privilegiado por esses grupos sendo o ge
44. da empresa o restante dos funcion rios da se o paralisou em solidariedade ao companheiro A empresa reagiu demitindo todos do setor desencadeando um movimento grevista generalizado a greve de janeiro de 85 foi uma greve pol tica demitiu se um companheiro e em cima dele a fundi o parou uma semana para readmitir o companheiro A rea o da empresa foi uma rea o de demitir 180 por justa causa os companheiros reagem e param a f brica todinha param inclusive a f brica de agulha e a f brica de madeira A a empresa obrigada a negociar E o grande saldo dessa greve de janeiro de 85 que s os companheiros da fundi o participaram efetivamente e o grupo conseguiu se segurar tranquilamente id O depoimento abaixo de uma militante d mais detalhes sobre o fato tinha um movimento dentro da fundi o por melhores condi es de trabalho Porque as temperaturas estavam elevad ssimas e o trabalho muito pesado Eles estavam exigindo equipamento de prote o e n s 5 Na Singer de Viracopos e nas unidades de Indaiatuba foram conquistados 119 do INPC reajustes semestrais equipara o salarial taxa de insalubridade conv nio m dico atendimento da enfermaria redu o das horas extras transporte at os bairros e indeniza o para os demitidos BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA SINGER 12 1984 117 paramos A fundi o era um pr dio isolado e a gente parou a fundi o S homens na poca s
45. de Hortol ndia ent o pertencente a Sumar e a manuten o das a es nos bairros desencadeada sobretudo pelo Departamento de Cultura do Sindicato O outro ponto que destacamos da autocr tica feita no 3 Congresso o da debilidade da pr pria Diretoria no encaminhamento de lutas nas f bricas A diretoria como dissemos adotara desde 1984 o sistema colegiado de dire o sindical Neste sistema que visava romper com a estrutura vertical de exerc cio de poder todos os diretores assumem todos os compromissos coletivamente assim como todas as decis es s o tomadas em conjunto Portanto segundo eles era necess ria maior disciplina de todos bem como empenho nas tarefas delegadas e por falta desse comprometimento da diretoria as Reuni es Mensais Ampliadas foram esvaziadas por um bom tempo CADERNO DE RESOLU ES DO 3 CONGRESSO DOS METAL RGICOS DE CAMPINAS E de estradas vicinais O programa do governo estadual no entanto deixava de fora a duplica o da estrada Campinas Monte Mor uma estrada como j dissemos com alt ssimos ndices de atropelamentos e mortes algumas delas de metal rgicos que cruzavam a estrada para trabalharem nas ind strias que ficavam s suas margens tais como Bosch IBM e Haver Beumer BOLETIM DO SINDICATO CAMPANHA DE DUPLICA O DA CAMPINAS MONTE MOR 12 10 1985 Os metal rgicos desde ent o se envolveram nas atividades pr ximos rodovia para que o governo a
46. de 1987 Trata se de um parque industrial onde predominava ou predominam as transnacionais em termos de capital aplicado S o elas que mais empregavam e concentravam a m o de obra Por outro lado as ind strias de capital nacional empregavam menos da metade da categoria e s o esmagadora maioria em n meros de unidades empresariais Tentamos ainda tra ar os motivos que fizeram das transnacionais os p los em torno dos quais giravam as outras ind strias da regi o De maneira bem breve apontamos o car ter hist rico da industrializa o da regi o campineira que contou com ajuda do Estado Estado e munic pios principalmente bem como o car ter hist rico de ascens o desses monop lios como motivos das disparidades entre empresas nacionais e transnacionais Ao longo da segunda metade da d cada de 1980 esse cen rio pouco mudou ou melhor de alguma maneira ele se aprofundou j que com os planos econ micos de car ter recessivo as empresas nacionais foram prejudicadas por n o contar com um mercado consumidor externo e depender sobremaneira do mercado interno Al m disso gradativamente o mercado nacional foi se abrindo permitindo maior facilidade entrada de mercadorias importadas que passavam a concorrer com as nacionais Contudo como veremos a despeito da nacionalidade das empresas os trabalhadores sofreram com desemprego arrocho salarial rotatividade repress o etc consegii ncia da crise do imperialismo para man
47. de abril a novembro chegavam a 48 42 Por m em algumas empresas o Sindicato adotou estrat gia diferente fazendo a campanha por f brica O motivo que levou o sindicato a adotar essa estrat gia foi a recusa dessas empresas em repassar os 10 concedidos pela FIESP na metade do ano Este foi o caso da Nardini da Indisa e da CCE Evidentemente outras reivindica es surgiram como qualidade nas refei es fim dos ambientes inadequados nos locais de trabalho e sal rios diferenciados para mesmo cargo Com exce o das diferencia es salariais as quais os sindicalistas tomaram conhecimento atrav s das guias de contribui o sindical as outras Os balan os de mar o e abril de 30 empresas da Regi o consultados pela Sub Se o do DIEESE revelou que todas com exce o de 5 apresentaram n meros satisfat rios sendo que 18 delas apresentaram rentabilidade sobre seus investimentos acima de 10 DIEESE 1988 p 6 Tratava se na verdade da segunda tentativa de pacto social proposta desde a abertura lenta e gradual do Regime Militar A primeira transferiu para o Col gio Eleitoral a decis o sobre o nome do sucessor do General Figueiredo proposta que contou com o apoio decisivo do principal partido de oposi o at aquele momento o PMDB Segundo Florestan 1986 essa primeira tentativa sofreu s rios abalos ap s o movimento das diretas j mas o corpo institucional foi preservado Sendo assim gestou se a base para a segu
48. de massas sofriam com o esvaziamento desde a desmobiliza o provocada pelo Plano Cruzado CADERNO DE RESOLU ES DO 3 CONGRESSO DOS METAL RGICOS DE CAMPINAS E REGI O 1990 p 23 A desmobiliza o no entanto n o indicava que a categoria deixou de lutar como se comprova na ades o Greve Geral de 14 e 15 de mar o de 1989 que assistiu maior ades o da categoria nas Greves Gerais ou nas greves por f brica id Refletia por m as limita es e escolhas do sindicato que impediam tais avan os das atividades de massa Vejamos quais foram os obst culos levantados pelos congressistas vit ria parcial dos m todos de repress o patronal largamente utilizados na Regi o o acerto da pol tica salarial vigente no sentido de criar a impress o de ganhos salariais mesmo com a alta infla o atrav s de indexadores elevados a nfase dada s elei es presidenciais mais do que justificada pela conjuntura pol tica do Pa s que levou o metal rgico a uma a o no bairro e na f brica de car ter pol tico partid rio problemas na formula o de uma pol tica geral de mobiliza es de massa por parte da CUT e por fim debilidade da pr pria Diretoria no encaminhamento de lutas nas f bricas id J levantamos alguns desses problemas aqui como a vit ria parcial da repress o patronal que at ali tinha sido determinante para o imobilismo dos metal rgicos de algumas empresas como a Bosch a
49. do limite inv s de voc enfrentar o debate o problema discutir e levar adiante Ent o n s tivemos nesse per odo essas experi ncias Eu me lembro de figuras que s vezes porque o cara era de fato muito cr tico mesmo e estava muito acima do diretor sindical por consci ncia pol tica por forma o capacidade de argumenta o ent o esse cara vai adquirindo poder na vida do sindicato e na pol tica sindical Mas s vezes aparecem essas figuras que vai achando que o sindicato um local para voc ter estabilidade no emprego para voc arrumar a vida ter um status de diretor e para ter alguma benesse que ele acha que o sindicato pode dar para o trabalhador porque isso tamb m aparece com alguma frequ ncia Ent o isso acaba sendo elementos explosivos e da experi ncia sindical Depoimento de Durval de Carvalho Por um lado temos uma organiza o independente e por outro uma organiza o que por mais cr tica que seja regula as rela es entre capital e trabalho canaliza as reivindica es trabalhistas Dono de profunda an lise Gramsci j em 1920 dizia o conselho a nega o da legalidade industrial tende a aniquil la a cada momento tende incessantemente a levar a classe oper ria conquista do poder industrial a fazer com que a classe oper ria torne se a fonte do poder industrial O sindicato um elemento da legalidade e deve se propor a fazer com que ela seja respeitada pelos seus organizado
50. durante dois dias e a partir da foi discutida a import ncia de ter uma assessoria t cnica do DIEESE em Campinas E essa Sub Se o come ou de maneira funcional e juridicamente relacionada com o DIEESE a partir de janeiro de 1987 Ent o foi a partir da necessidade do Sindicato de ter uma assessoria para o trabalho de organiza o de base e tamb m ter mais informa es t cnicas sobre o trabalho sindical Depoimento de Cido Faria V deo V rios Depoimentos em comemora o dos 5 anos de luta Campinas 1989 Efetivada a instala o a Sub Se o teria tr s grandes objetivos tendo em vista cumprir suas finalidades pol ticas de organiza o de base Eram esses os objetivos Campinas uma cidade do interior digamos um sindicato considerado atrasado em rela o ao avan o da luta sindical dos grandes 65 centros urbanos como S o Paulo e o ABC Quer dizer precisava aprimorar inclusive tecnicamente at pra mostrar a import ncia dessa m o de obra desse setor na economia brasileira e na luta sindical Ent o a Sub Se o teve o objetivo de primeiro de levantar pro sindicato as grandes quest es macroecon micas ou seja o estudo sobre as grandes quest es nacionais mas que tinham refer ncia muito clara em Campinas Como por exemplo a quest o do desemprego a quest o dos sal rios e enfim a quest o das importa es a quest o do peso das ind strias metal rgicas de Campinas na economia nacional inclusive
51. durante os primeiros anos da administra o da CUT Pela Base n o tinham sido priorizadas pela pol tica de a o sindical E isso ficou evidente na continua o da campanha Pois o acordo de 45 tinha sido fechado apenas com as montadoras e auto pe as Os demais setores material el trico e mec nica m quinas tinham garantido apenas o reajuste concedido pela Justi a do Trabalho de apenas 29 sendo que as perdas previstas entre o per odo de abril at agosto eram de 31 Dessa forma os sindicalistas deram continuidade campanha salarial focando as empresas destes setores j que essa parcela da categoria acumulava perdas desde janeiro e o reajuste proposto pelo governo repunha muito pouco o seu poder de compra Vale lembrar que nesses setores predominavam sobretudo as pequenas e m dias empresas ou grandes empresas de capital nacional Adotando a estrat gia de negociar empresa por empresa foi poss vel em algumas delas desencadear movimentos grevistas com ganhos bem acima do oferecido pelo governo 95 Por exemplo na Nativa f brica produtora de transformadores el tricos com aproximadamente 390 funcion rios foi desencadeado um movimento grevista no dia 06 de junho quando a empresa n o aceitou negociar o reajuste de 84 18 reivindicados pelos trabalhadores A paralisa o durou sete dias per odo em que foram realizadas passeatas e manifesta es na empresa e na DRT A mobiliza o conseguiu um reajuste de 52 25 e
52. e de uma classe a classe trabalhadora Seus interesses s o definidos n o no campo da classe qual os trabalhadores da IBM pertencem id A outra forma explorada pelos diretores foi confrontar a estabilidade dos que trabalhavam na multinacional com uma crise que segundo eles se aproximava j que comparando os primeiros trimestres dos ltimos tr s anos poderiam observar significativa redu o dos lucros da empresa em n vel mundial que ca a de aproximadamente U 6 09 bi em 1985 para U 785 milh es em 1987 Tais dados buscavam deixar alerta os funcion rios para uma poss vel onda de demiss es como as que aconteciam na It lia no Jap o e nos EUA onde as filiais amea avam fechar as portas embora no Brasil os n meros fossem melhores com um lucro de 2 bilh es de cruzados atribu do baixa remunera o de seus empregados E A IBM do Brasil no entanto se mostrou irredut vel campanha de sindicaliza o criando para isso uma s rie de empecilhos como por exemplo solicitar as especifica es dos m todos da campanha Assim at setembro daquele ano n o foi permitida a entrada dos diretores que ent o amea aram recorrer justi a por viola o dos direitos sindicais Mas o boletim daquele m s sugere que mesmo a permiss o da entrada do sindicato nas depend ncias da empresa n o alteraria o quadro de desinteresse dos ibemistas com a luta pol tico sindical j que tinham direito por lei de associarem e
53. ela come ava todo um trabalho de desestruturar e confrontar com o sindicato E come a inclusive tentar ganhar ideologicamente fazendo boletins disputando etc etc Depoimento de Gerardo de Melo V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 Ap s meses de prepara o a dire o reacion ria coroaria seus esfor os em mar o de 1989 na ocasi o da greve geral de 14 e 15 de mar o quando lan ou de vez m o da viol ncia contra os trabalhadores esse grande confronto vem acontecer na greve geral dos dias 14 e 15 de mar o de 89 Esse o grande momento onde n s sab amos que n s t nhamos um papel importante enquanto trabalhadores e a nossa contribui o pra classe trabalhadora no Brasil e naquele momento precisava comprar o confronto E um dia antes da greve geral no dia 13 n s paramos toda a Santos Dumont pra criar fato A pol cia foi chamada comprou o confronto a empresa militarizou a f brica inteira assustou fez todos os tipos de amea a dizendo que se eles n o trabalhassem seriam Referindo se essa pol tica um Boletim do GFS dizia Para os operadores de m quinas a diferen a entre o maior e o menor sal rio atinge a 157 Com os operadores qualificados chega a 150 entre operadores de linha de montagem 143 montadores qualificados 117 oficiais B 79 para os torneiros ferramenteiros 65 ajustadores 66 escritur rios II 146 e assim por diante A Singer adota esta
54. entendemos que esse n o foi um caso isolado Pois afinal o que possibilitou a Bosch demitir 300 funcion rios muitos deles lesionados sem impulsionar qualquer movimento de recontrata o sen o a falta de articula o entre sindicalistas e grevistas organizados em torno do grupo Portanto embora houvesse mobiliza o nas respectivas empresas o movimento careceu de coordena o e maior intera o dos encaminhamentos pol tico organizacionais entre os grevistas de diversas empresas que ficou restrita apenas s assembl ias e 24 a e Da piquetes Isso em parte foi resultado da refer ncia pol tico organizacional criada desde a 24 p r Ear A r E Gostar amos de ressaltar que foi apenas a intera o dos encaminhamentos pol tico organizacionais que foram d beis Nos bairros foi criada uma rede de ajuda m tua aos desempregados da campanha salarial 55 vit ria da oposi o Ou seja naquele momento o nico rg o a encaminhar as a es dos trabalhadores grevistas foi o Sindicato Dessa forma com o an ncio da conquista da redu o de jornada o movimento come ara a refluir e foi sobre suas lacunas que as empresas aproveitaram para lan ar a onda de demiss es seletivas E o movimento de retorno ao trabalho na Mercedes nos ajuda a compreender isso na verdade a greve Vaca Brava n o foi um desastre sob o ponto de vista pol tico Porque s de voc mobilizar vinte mil trabalhadores fazer uma greve geral
55. ia dele que a comiss o de f brica tem que colaborar com gest o da empresa com o gerenciamento das rela es de trabalho na empresa Mas a tem um problema de princ pio do Sindicato que eles n o conseguiram nos convencer n o conseguiram esse tempo todo N o convenceram enquanto eu estava aqui e num convenceu at agora porque eu vejo que o pessoal n o assinou esse princ pio de que a comiss o de f brica deve ter como um dos seus objetivos a coopera o com a gest o para gerenciar a empresa de co gestora de co gest o Esse um ponto de estrangulamento da comiss o de f brica N s n o aceitamos esse princ pio Depoimento de Durval de Carvalho acima referida Ora as empresas impunham s comiss es um car ter conciliat rio de co gest o e com isso esbarraram nos princ pios pol tico ideol gicos da diretoria sindical impossibilitando a constitui o daqueles organismos De qualquer forma as comiss es n o seriam descartadas mas teriam que responder a um crit rio pol tico bem definido n s acabamos convencendo a diretoria do Sindicato de que n s n o amos nos opor s Comiss es de F brica o Sindicato n o ia se opor s Comiss es de F brica agora desde que ela tivesse um estatuto absolutamente favor vel aos princ pios de independ ncia dessa Comiss o frente empresa e da autonomia dessa comiss o em rela o empresa e tamb m ao Sindicato Ou seja o Sindicato compreendia que a autonom
56. j tinha se enraizado por toda a f brica e demonstrado isso nas duas greves em menos de dois meses Da mesma forma na campanha salarial daquele ano os trabalhadores da Singer acompanhando o movimento generalizado da categoria paralisaram mais uma toda a produ o Por m enquanto a rea o ao movimento nas outras empresas eliminou os 118 quadros combativos na Singer al m das conquistas econ micas houve conquista pol tica de grande import ncia pois conseguiram a demiss o da chefia reacion ria na greve geral da categoria que foi a greve de abril e 85 que essa foi uma greve que toda categoria paralisou mais uma vez a Singer teve um papel importante que foi de retomada de negocia es E ao retomar as negocia es onde est vamos num per odo muito cr tico no Brasil que era poca do Tancredo j morto mas a grande m dia da imprensa n o admitia E a fic vamos suspende ou n o suspende a greve E n s voltamos a negociar E o grande saldo dessa negocia o nossa depois de 12 dias de greve foi um saldo que n s conseguimos derrubar toda diretoria reacion ria da empresa inclusive o Antonelli Esse foi o saldo al m das conquistas que a categoria conquistou a quest o das 44 horas N s conquistamos as 45 horas e depois conquistamos a 44 horas nessa greve E derrubamos toda essa diretoria reacion ria E de 85 a 87 tem um per odo onde o grupo se efetiva reconhecido pela categoria reconhecido pe
57. manifestar a revolta No dia 19 de agosto com muita for a e uni o mostramos nossa solidariedade e decidimos que s voltar amos com a readmiss o dos companheiros S a a Singer se interessou em reconhecer nosso trabalho nossa for a e uni o resolvendo ent o negociar e readmitir o pessoal Foi dado um abono de emerg ncia 10 de antecipa o equipara o de fun o e sal rio entre outros prometendo tamb m acabar com a repress o BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA SINGER 31 10 1988 A greve vitoriosa que atacava a empregabilidade tamb m colocava obst culos reestrutura o da Singer Ou seja a hist ria se repetia pois os trabalhadores mais uma vez come avam a resistir s pol ticas de demiss es ao mesmo tempo em que atacavam a o estoque zero Sem abrir m o de pr ticas conhecidas do movimento sindical da Regi o para desorganizar os trabalhadores tais como a diferencia o de sal rios para a mesma 130 ST Gt fo i fun o e a rotatividade a diretoria da empresa inicia um processo de espionagem dos trabalhadores buscando de vez acabar com o grupo o primeiro grande enfrentamento deles aconteceu no final de 88 Eles fazem um enfrentamento demitem 50 trabalhadores e apostando nessa demiss o demitem todo o grupo de f brica demite CIPA organiza o e tudo dizendo que agora n s conseguimos passar por cima do sindicato Os trabalhadores reagem param a f brica a f brica fica para
58. me engano foram 99 S que tinha um grau tal de organiza o que a gente tinha uma rela o com as fam lias Ent o n o foi um choque sabe Ah eu fui mandado embora por causa da greve N o N s sa mos para comemorar Pra voc ter id ia n s fomos para uma churrascaria na Vale do Sul ali na Prestes Maia com todas as fam lias pra comemorar a vit ria no sentido de que tirou a justa causa n s sa mos com os direitos E comigo eles tiraram minha justa causa Mas eles falavam que a Maria Am lia n o pode mais ficar aqui porque desse jeito a gente n o consegue Ent o eu peguei uma licen a Eles colocaram uma s rie de argumentos porque a gente tinha um enfrentamento com a chefia ent o eles tinham muito receio da nossa organiza o Ent o pelo fato de eu enfrentar muito eles acharam que era melhor eu ficar afastada e eu peguei tipo uma libera o do sindicato por um tempo Eu sai em julho de 85 e voltei pra mesma se o em 87 Depoimento de Maria Am lia B de Paula Portanto quando a empresa toda paralisou n o se tratava mais de reivindica es econ micas ou sociais mas sim de solidariedade aos companheiros da fundi o que tinham sido demitidos E como sugere o depoimento acima a greve mesmo com as demiss es mantidas pela Singer foi considerada vitoriosa pelo fato da empresa ter retirado a justa causa Mas podemos apontar outro xito do movimento o pol tico organizacional afinal a organiza o do grupo
59. ncia oper ria que traduz uma luta de classes e n o uma tend ncia ao conservadorismo no movimento oper rio 3 Os ganhos de produtividade s o criados pelo oper rio Elev los significa incrementar a explora o do trabalho oper rio 4 Concretamente o advento dos m todos japoneses coincide com uma intensifica o do trabalho raramente vista na hist ria 5 Com base nesses elementos pode se p r em d vida se os oper rios t m realmente interesse no desenvolvimento e difus o e uma organiza o do trabalho baseada em um aumento de sua explora o Pelo contr rio eles t m a ganhar opondo se a ela reivindicando a aboli o da explora o id p 93 Mas o sucesso do novo modelo n o depende somente da vontade do patr o antes preciso compreender que ele insepar vel de um contexto institucional sociopol tico pr prio de cada pa s e que ser necess rio constituir um novo contexto favor vel aos novos m todos sem despertar uma feroz oposi o dos fornecedores dos poderes p blicos dos consumidores dos trabalhadores Esse ltimo um elemento chave pois como tratamos de uma organiza o do trabalho preciso que os oper rios aceitem o modelo Aceitar n o significa aderir alguma coisa entre a n o oposi o o n o entrave instala o do sistema e a colabora o em alguns casos at ativa motivando o pessoal para a defesa da competitividade da companhia id p 46 No contexto br
60. necessidade de interven o mais organizada no movimento sindical da regi o Isso se daria pelo apoio e participa o nos planos da CUT bem como apoio s oposi es e sindicatos alinhados com a Central Dois pontos do plano de a o propostos pela categoria no entanto estavam relacionados diretamente com os equ vocos cometidos nas jornadas grevistas Vejamos 1 desenvolver estudos econ micos e pol ticos sobre o empresariado da Regi o de modo a buscar uma a o mais articulada e eficaz durante as negocia es das reivindica es dos trabalhadores 2 fazer um amplo esclarecimento categoria metal rgica referente s causas das greves e as suas consequ ncias especificamente as demiss es e as suspens es de dirigentes sindicais cipeiros e ativistas como querem fazer os patr es atrav s dos meios de comunica o id pg 9 Esses seriam encaminhamentos que s poderiam ser efetivados no entanto caso houvesse ampla participa o das bases afinal as organiza es no local de trabalho j tinham demonstrado desde os anos de oposi o sindical grande potencial para a coleta e difus o de informa es bem como de mobiliza o dos trabalhadores na base Ora esses eram espa os que integravam um raio de a o pol tico sindical mais amplo ou seja a autonomia e a democracia sindicais duas das mais importantes reivindica es do movimento oper rio na d cada de 1980 Tendo isto em vista o congresso decidira avan
61. numa categoria por mais que voc n o tenha um saldo financeiro dela j uma greve positiva O problema que eu acho que teve mal encaminhamento para terminar a greve O sindicato n o soube acabar no momento certo na minha opini o Por exemplo o sindicato ficou como pelego na Mercedes N s tivemos uma reuni o no primeiro de maio no Teatro de Arena com umas cem pessoas da Mercedes que n o iam voltar e iam dar continuidade greve N s chegamos l de manh os trabalhadores pararam com toda press o da chefia Os trabalhadores pararam e foram l pra frente e o Sindicato n o apareceu O sindicato n o foi na porta da Mercedes Os trabalhadores ficaram parados at as 7hs das 6 da manh que era a hora de picar o cart o pra come ar a trabalhar at 7hs e o sindicato n o apareceu l A o chefe chamando individualmente supervisor da Mercedes chamando amea ando dizendo que n s do grupo t nhamos sido mandado embora por justa causa que n o pod amos entrar dentro da Mercedes Ent o por isso que criou essa suspeita de que olha j mandou embora quem tinha que mandar e agora terminou a greve Ent o o sindicato ficou mal na f brica Porque na verdade soou como uma trai o aquilo ali Como que os diretores do sindicato n o est o nas portas da f brica se uma f brica est de greve A os pe es resistiram resistiram resistiram e 7 20hs come aram a trabalhar sem nenhuma lideran a l dentro porque tinha sido ma
62. o Foi uma experi ncia enquanto mulher das dificuldades que a gente sofria porque voc est l e voc vista com outro olho aquele olhar desconfiado Mas eu acho que a gente conseguiu porque est vamos t o convictas daquilo que est vamos fazendo que a gente conseguia superar E como era um grupo grande de mulheres tinha uma se o de mulheres que a gente conseguia mobilizar no sentido de fazer a discuss o porque s o mulheres e tem que fazer a discuss o pol tica e sabe onde a gente est indo E a gente queria fazer essa discuss o porque o sal rio era diferente a maneira de ver a gente era diferente enquanto 127 mulher Ah ent o voc mulher voc menos essa discuss o ela existe at hoje a gente n o conseguiu resolver mas dar passos no sentido da inser o das mulheres Porque a gente est aqui mas n o somos s essa coisa de ir cuidar do fog o e da roupa era um outro car ter e eu acho que a gente conseguiu marcar isso eu acho que a gente mostrou que as mulheres s o capazes de fazer a discuss o pol tica e mostrar que era por um outro prop sito que a gente estava ali Ent o o grupo mostrou isso para a categoria tamb m E eu era casada tinha meus filhos mas tinha tamb m uma refer ncia do que voc fazia de como voc lidava com as coisas Tinha que dar conta de tudo num f cil mas tinha claro que tinha as d vidas as pessoas que ficavam imaginando o que est fazendo l Era muito compli
63. o das f rias coletivas licen as remuneradas redu es de jornadas e sal rio DIEESE 1991 p 7 A conjuntura pol tico econ mica segundo avalia o dos metal rgicos no interior da CUT era semelhante de 1985 o que os levou a cogitarem um movimento grevista generalizado na campanha salarial de abril maio de 1990 como tinha sido o de 1985 Segundo eles havia uma situa o econ mica agravada pelo governo final de Sarney com uma infla o galopante que imp e perdas salariais acumuladas aos trabalhadores e um novo governo que assume em meio grande expectativa de seu eleitorado de solu es imediatas para os problemas sociais e econ micos em confronto com a forte oposi o articulada a partir de sua rejei o nas urnas por parte de mais da metade dos eleitores CADERNO DE RESOLU ES DO 3 CONGRESSO DOS METAL GICOS DE CAMPINAS E REGI O 1990 p 32 A an lise feita no 3 Congresso ocorrido nos dias 03 e 04 de mar o n o previu a r pida ascens o das demiss es e p s abaixo a pol tica de confronto dos metal rgicos de Campinas e da CUT como um todo Hiperinfla o perdas salariais e insatisfa o da maioria dos eleitores com o presidente eleito n o foram suficientes para alavancar um movimento grevista generalizado Pelo contr rio as greves nem sequer ocorreram e a campanha mais uma vez foi encaminhada pela Central nica dos Trabalhadores ou melhor pelo Departamento que representava os metal
64. o Fundo Monet rio Mundial Com o Plano Cruzado II lan ado ainda no final de 1986 n o foi diferente Pois 2 Por fim sugeriam aos trabalhadores que enviassem den ncias e reivindica es para o sindicato ao mesmo tempo em que pediam ao rg o o uso do seu endere o para centralizar todo esse material BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA MERCEDES CAMPINAS ABRIL DE 1987 33 gt 5 a Apontavam que numa determinada se o o piso sujo de resina e p de fibra poderia causar escorreg es al m de cobrarem a instala o de silenciadores nas prensas id 71 a situa o do pa s diante dos credores externos estava muito ruim e a renegocia o da d vida externa est va marcada para dezembro Basta dizer que as divisas passa va m a ser insuficientes para financiar mais de tr s meses de importa es Por exemplo o resultado da balan a comercial de outubro foi de apenas US 210 milh es o pior resultado desde mar o de 1983 Surge ent o o Pacote do Cruzado II para conter o consumo para reduzir os investimentos federais em 1987 de Cz 140 para Cz 90 bilh es e para aumentar impostos pre os e tarifas com a finalidade de arrancar dinheiro para tapar o buraco do Governo e assim cumprir as exig ncias do Fundo Monet rio Internacional e dos banqueiros internacionais para a renegocia o da d vida externa DIEESE 1986 p 4 5 Como medida concreta de incentivo s exporta es reduziu se os impostos para
65. o de sal rios humilha es das chefias etc A situa o ficou ainda mais grave quando em novembro ap s uma paralisa o em solidariedade a Lula que tinha sido enquadrado na Lei de Seguran a Nacional doze oper rios foram demitidos A paralisa o se transformou em greve de protesto na qual os trabalhadores exigiam a recontrata o dos companheiros Foram tr s 27 dias de negocia o da qual n o participou nenhum membro da comiss o somente sindicalistas dentre eles Jair Meneghelli Do ponto de vista pol tico as negocia es foram um fiasco para os oper rios O presidente da comiss o Jos Carlos Brito um dos doze demitidos n o foi recontratado os outros onze tiveram seu retorno condicionado demiss o volunt ria de igual quantidade de trabalhadores embora pudessem ser recontratados em outra unidade Ap s o movimento grevista o Sindicato continuou a intermediar o estatuto da comiss o definitiva J dissemos que a pol tica de a o sindical em S o Bernardo n o privilegiou as comiss es aut nomas Alinhado com essa concep o estrat gica que seu presidente intermediou o estatuto definitivo ap s o movimento grevista em dezembro daquele ano longe daqueles que dificultavam seu andamento id p 169 E portanto em cumplicidade com os sindicalistas os patr es neutralizavam por seu turno os riscos de ter uma comiss o de f brica aguerrida e aut noma cujas consegii ncias j eram vis ve
66. o sendo fechados enfraquecendo o poder de a o do sindicato e dos grupos de f brica que n o estavam preparados N o estavam porque estava casado com as demiss es em massa tamb m Se n s tiv ssemos mantido um grau de empregabilidade mantido aqueles postos de trabalho que n s t nhamos anteriormente eu penso que voc tinha pelos menos condi o de fazer um combate N s t nhamos muni o para fazer o combate Mas quando os caras chamaram para fazer a disputa que o sindicato come a a se preparar para fazer a disputa com as empresas a vem a demiss o em massa A vem a desestrutura o dentro da empresa Isso nos imp s uma derrota hist rica A derrota da reestrutura o produtiva a derrota do final dos anos 80 in cio dos anos 90 foi uma derrota hist rica que n s sofremos como sindicalismo nascente no Brasil Depoimento de Durval de Carvalho Por essa via quantificar quais foram os trabalhadores demitidos em fun o das atividades sindicais imposs vel haja vista o grande contingente de trabalhadores demitidos O marco dessa mudan a se deu com a posse de Fernando Collor e o lan amento do Plano Brasil Novo ou Plano Collor 1 Mas antes mesmo da posse de Collor e da imediata implanta o do Plano de conten o da infla o em meados de mar o de 1990 os cortes de pessoal na categoria dos metal rgicos de Campinas e Regi o j eram significativas Segundo a Sub Se o DIEESE no primeiro tri
67. oposi o aos detentores do capital acumular for as para as reivindica es de maior envergadura e desenvolver a consci ncia de classe dos oper rios FREDERICO 1978 p 91 Por m abandonados s suas pr prias for as sem o socorro do sindicato e dos partidos pol ticos os oper rios da F t m suas lutas restringidas a esses enfrentamentos espor dicos e espont neos no interior da f brica Que na verdade s o os sintomas da desorganiza o do movimento oper rio e da falta de perspectiva de uma a o coletiva organizada 1d p 92 Por fim o autor diz que a situa o da classe continua a impulsionar os oper rios a o tornando assim vis vel o car ter dial tico da falsa consci ncia id id Parece ter sido assim no impulso gerado a partir da sua condi o cada vez mais miser vel que trabalhadores de diversos segmentos anos mais tarde retomariam as a es coletivas J em 1973 d se o in cio de movimentos diversos Comunidades Eclesiais de 21 Base Oposi es Sindicais Movimentos por Creches etc anunciando o fracasso das pol ticas econ micas centralizadas do regime para a classe trabalhadora Das inquieta es dispersas e desorganizadas dos oper rios e de v rios outros segmentos come am a se aglutinar for as coletivas Segundo Sader a consci ncia fragmentada ia compondo no cotidiano dos trabalhadores este um lugar amb guo de conformismo e resist
68. pol tica de sal rios diferentes para uma mesma fun o com o objetivo de desunir os trabalhadores Espera que fiquemos discutindo entre n s impossibilitando nossa uni o Temos que fazer justamente o contr rio Nos organizarmos e mobilizados exigirmos sal rios iguais para o exerc cio de uma mesma fun o Boletim do Grupo de F brica da Singer Campinas 03 1989 131 demitidos Mesmo assim a greve geral dos dias 14 e 15 de mar o foi 100 na empresa no dia seguinte houve o maior massacre que passou como sendo pra categoria pro Estado de S o Paulo e pro Brasil como o massacre da Singer Ela prepara toda a grande imprensa manda telegramas dizendo que vai reduzir 10 da m o de obra manda telegrama pro secret rio de seguran a que compactua com a dire o da empresa manda telegrama pra pol cia militar pros meios de comunica o e prepara o grande enfrentamento E o grande enfrentamento n s j sab amos que isso ia acontecer n o sab amos o dia ela militariza a f brica e come a a demitir todos os trabalhadores compactuado principalmente pela figura do capit o Am rico que ao demitir os trabalhadores tirava da m quina e colocava dentro da perua da Singer para serem demitidos Depoimento de Gerardo de Melo V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 O epis dio das demiss es se deu da seguinte forma na ltima sexta feira al m de demitir arbitrariamente mais de 80 de seus trabalhadores
69. que assumiam reivindica es estritamente corporativas e tinham como estrat gia de luta as a es espont neas que buscavam justapor com um compl insurrecional com o objetivo de destruir o Estado e instaurar a sociedade libert ria atrav s de um nico e grande ato FILHO 1997 p 24 O tipo de organiza o empreendida pelos anarquistas at os anos 1920 foi marcado pela aus ncia de compromisso entre patr es e trabalhadores favorecendo a inadimpl ncia dos capitalistas nos acordos Isto porque os mecanismos de negocia o eram prec rios A tentativa de reconhecimento das organiza es oper rias feita pelo Estado se deu em 1907 iniciativa que buscava influenciar ideologicamente os trabalhadores afirmando a necessidade de evitar os conflitos Por m essa tentativa fracassou frente rejei o dos anarquistas que denunciaram seu car ter manipulat rio idem A inten o do governo em influenciar ideologicamente o movimento oper rio por meio de um decreto ignorou as bases reais das rela es de conflito que existiam no interior do parque oper rio brasileiro em especial o paulistano Bastou um per odo de recess o fruto do conflito mundial no come o da d cada de 1910 para que os embates entre o movimento oper rio e o patronato estourassem A recorr ncia s greves tornou se inevit vel e os empres rios amparados na lei que punia aquelas a es recorreram for a policial Desse modo mesmo recorrendo s assoc
70. repress o e persegui o nas f bricas da Regi o al m da intransig ncia dos empres rios com rela o organiza o de base os metal rgicos de Campinas e Regi o adotaram a forma clandestina como rg o no ch o da f brica por entenderem que essa lhes traria maior liberdade de organiza o Os grupos de f brica clandestinos eram respons veis pelas den ncias de m s condi es de trabalho baixos sal rios chefias truculentas etc al m da organiza o de trabalhadores que se identificavam com a luta pol tico sindical Tais a es subsidiavam o Sindicato nas suas a es que por sua vez subsidiavam os grupos com informa es econ micas e pol ticas relacionadas s empresas da Regi o Diante disso tamb m tentamos analisar qual foi a postura adotada pelos grupos diante das novas t cnicas de gerenciamento da produ o que vinham sendo adotadas por algumas empresas da Regi o Palavras Chaves organiza o de base movimento sindical reestrutura o produtiva Abstract This work has as objective analyzes the maintenance and the development of the politics of organization of base of the Union of the Metallurgists of Campinas and Area in the period from 1984 to 1991 This period is going from the victory of the syndical opposition to the first movement widespread striker in the category after fort retreat motivated by the dismissals of the salary campaign of 1985 Period still marked by the repression and persecution
71. rgicos dentro do rg o junto FIESP A instabilidade no mercado de trabalho n o se resum iria no ano de 1989 somente s demiss es No terceiro trimestre per odo em que as empresas voltaram a contratar a rotatividade atingiu os maiores ndices desde quando a Sub Se o do DIEESE passou a pesquisar a din mica de contrata es na categoria Vejamos o seguinte gr fico que mostra a varia o da rotatividade e o n vel de emprego de maio de 1987 a dezembro de 1990 104 Evolu o de Emprego e Rotatividade de 1987 1990 A 4 Z wa v a W 4 AN A iN y I sOnO FMAMISA SONDI REM AMAS OND EMA Midas O NO MH 1 14 1987 1988 1989 4 1990 P Bresser P Ver o P Collor Rotatividade N Evolu o de Empregos N Fonte Sub Se o DIEESE Metal rgicos Campinas J discutimos os impactos e os motivos pol ticos da rotatividade mas al m disso os dados revelados pelo estudo da Sub Se o DIEESE revelavam que nesse per odo a rotatividade dos metal rgicos de Campinas e Regi o tinha sido programada pelos empres rios pois ela crescia nos primeiros meses do ano e depois apresentava redu o gradativa com ndices menores nos ltimos meses voltando a crescer novamente no in cio do outro ano para depois cair e assim sucessivamente DIEESE 1991 p 7 A explica o para esse comportamento dos empres rios estava na data base da
72. s o os seguintes 1978 a 1988 24 processos 1989 a 1991 34 processos Boletim do Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o Campinas 09 1991 6l Dados colhidos junto ao ex diretor do Sindicato e ex funcion rio da Singer Gerardo Mello 136 Por m a pujan a da Singer durou pouco J em 1995 ela pede concordata alegando que n o conseguia mais competir no mercado mundial E de fato seu produto cada vez mais era rejeitado no exterior como num epis dio em que 15 mil m quinas de costura foram devolvidas da China por apresentarem defeitos A Singer optou por reduzir custos terceirizando a sua produ o Mas a estrat gia da empresa enxuta por ela adotada descuidou da qualidade Os impasses criados com os trabalhadores anos antes a fez adotar a postura de confronto da qual n o abriu mais m o Al m disso desde 1991 o Sindicato mantinha uma campanha que ganhou express o na Regi o que sugeria aos consumidores n o comprarem os produtos Singer pois eles estavam manchados com o sangue do trabalhador BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA SINGER 10 1991 O sangue do trabalhador descia tanto dos cassetetes da pol cia que era mantida na porta da f brica quanto das m quinas e das ferramentas defeituosas que aguardavam conserto em v o por conta do ritmo da produ o A campanha feita nas lojas e locais de grande circula o incomodou os diretores da empresa que chegaram a convocar uma reuni o com o Sindicato para ouvir su
73. seguinte depoimento de um trabalhador sobre esse momento No Teatro de Arena decidimos invadir o sindicato tomar o sindicato E n s invadimos Subimos cantando o Hino Nacional pela Glic rio e fomos para o sindicato Chegamos na porta o sindicato lotado de policiais militares Foi uma coisa terr vel porque a greve n o tinha para onde ir porque estava no relento no meio da rua Depoimento de M rio M de Lima POSSAN 1997 p 90 14 Vale lembrar que a JOC nesse momento j havia desaparecido totalmente os militantes do PCdoB decidiram compor for a dentro do partido A persegui o aos metal rgicos que a compunha acelerou o processo Restou queles que permaneceram no movimento de oposi o integrar a PO 39 do ponto de vista da organiza o a greve de 79 deixou evidente por um lado a aus ncia de dire o e a fr gil organiza o dos trabalhadores na categoria metal rgica de Campinas Por outro lado atrav s desse movimento e at mesmo pelas diverg ncias internas a ele e o debate que isso propiciou novos conceitos e novas reivindica es foram introduzidos e acabaram por ganhar concretude no interior da categoria como por exemplo a necessidade da luta por um sindicato aut nomo democr tico voltado para as suas bases e organizado no interior das f bricas remetendo a uma quest o fundamental mais ampla o papel do sindicato POSSAN 1997 p 97 E isso fica evidente tamb m nas pala
74. sua mem ria desenhos aproximados do produto desejado estes s o trazidos um terminal de v deo onde s o modificados com caneta eletr nica CAM fabrica o assistida por computador fabrica o autom tica de um produto sob o comando do computador O GRIFO BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA CLARK CAMPINAS DEZEMBRO DE 1987 14 BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA CLARK CAMPINAS DEZEMBRO DE 1987 Por m o que havia de mais avan ado em termos de meios de produ o coexistia com pr ticas e rela es j antigas mas n o menos funcional Clark e a outras empresas da Regi o A dualidade das rela es de trabalho no ch o da f brica tornou contradit rio o discurso do presidente da empresa ambigiiidade essa que foi explorada pelos ativistas do grupo de f brica Contra argumentando o discurso dos dois valores da Clark os ativistas diziam que as m quinas eram sim um valor mas produzido por trabalhadores e muitas vezes utilizadas para desempregar e o segundo valor o trabalhador qualificado ironizavam dizendo que eles eram t o importantes que a empresa os obrigam a trabalhar at 62 horas semanais para atender seus interesses al m do controle de assiduidade Relembravam ainda que em 1985 a Clark tinha demitido tendo em vista controlar seus trabalhadores e por isso refor avam a necessidade de organiza o e conscientiza o para questionar as contradi es entre o que a empresa fala e faz O GR
75. trabalhadores cabendo aos membros da chapa mais politizados vislumbrar alguma alternativa s condi es pol ticas e econ micas desfavor veis da categoria Naquele momento no entanto cabia mesmo aos mais politizados apenas a vontade j que atuavam impulsionados pelo espontane smo sem lastro suficiente de organiza o Esses fatores levaram a Chapa de oposi o derrota nas elei es daquele ano principalmente porque n o havia nas propostas das chapas uma diferen a marcante ou seja somente os trabalhadores mais politizados poderiam enxergar as diferen as nas pol ticas sindicais At mesmo a prova de fogo das greves daquele ano em que os integrantes da chapa 2 estiveram ao lado dos trabalhadores n o foram suficientes para esclarecer ao conjunto da categoria as diferen as nas pol ticas sindicais que disputavam a elei o Para Cid bastou negociar harmonicamente com a Justi a do Trabalho e forjar falsas solu es juntos com os empres rios para recompor suas for as e sair vitorioso no pleito 2 Reunindo em si duas formas de a o sindical que a princ pio se n o contradit rias ao menos eram diferentes a efetiva o de uma chapa de oposi o demonstrava uma mudan a de postura desses grupamentos O PCdoB ao se opor dire o de Cid Ferreira rompia com a pr tica que priorizou em v rios momentos de interven o no sindicato sob forma de press o diretoria mantendo no entanto a atua o dent
76. trabalhadores de fora utilizando para isso os encontros nacionais e internacionais dos trabalhadores dessas empresas mesmo que as entidades promotoras n o fossem imediatamente combativas Com rela o s novas tecnologias e t cnicas organizacionais que timidamente vinham sendo implantadas nas principais metal rgicas da regi o os militantes entendiam que embora fizessem parte do controle ideol gico patronal eles deveriam participar do processo tendo em vista orientar os companheiros atrav s do trabalho clandestino id 5 1 O RECUO DA PR TICA E O AVAN O POL TICO IDEOL GICO Os grupos e o sindicato portanto iniciariam uma nova etapa do trabalho pol tico organizacional que consistiria em criar uma massa cr tica bem preparada ideologicamente para os embates com as empresas J dissemos que as persegui es de 1985 criaram um quadro de fragiliza o muito forte que levaram muitos grupos dissolu o E embora tenham restado alguns grupos que continuaram fazendo os trabalhos nas f bricas Mercedes Dako Singer Clark veremos que em muitos casos 67 coube aos sindicalistas lan arem campanhas em v rias empresas tendo em vista elevar a consci ncia pol tica sobre as rela es no interior do espa o fabril como previsto no curso de forma o muito embora os diretores sindicais tivessem em quase todas elas quadros que os auxiliavam na obten o de informa es sobre o cotidiano A primeira experi ncia de
77. 07 E dentro dessa faixa havia uma super concentra o de empresas que empregavam de 1 a 10 funcion rios micro empresas ou popularmente empresas de fundo de quintal elas eram cerca de 890 ou 68 09 do total das metal rgicas da regi o A faixa das empresas que empregavam de 1 a 500 trabalhadores era a que polarizava a categoria no que diz respeito distribui o dos trabalhadores no espa o As empresas com at 500 funcion rios pequenas e m dias somavam 1286 unidades 98 39 empregando um total de 30523 trabalhadores 43 68 da categoria que tinha cerca de 70 000 trabalhadores Por outro lado havia 21 empresas localizadas na faixa de 501 a mais de 5000 funcion rios 1 61 empregando mais da metade dos trabalhadores da categoria 39346 ou 56 32 DIEESE 1987 p 2 Portanto por um lado t nhamos metade da categoria fragmentada em pequenas unidades empresariais enquanto que a outra metade se concentrava nas grandes plantas Esse quadro fica ainda mais claro ao constatarmos que naquele momento apenas quatro empresas com mais de 3 000 funcion rios empregavam 22 3 mil trabalhadores ou 31 96 do total do metal rgicos id Vejamos a tabela abaixo que explicita estes dados Distribui o dos Trabalhadores Por Tamanho das Empresas Tamanho N de N de Empresas Trabalhadores la10 890 68 09 3 702 5 30 1 a 500 1286 98 39 30 523 43 68 501 a 1 000 8 0 61 5 254 7 52 501 a 5 001 20 1 61 39 346 56 3 31
78. 12 1 085 Suprema 103 44 7 21 07 101 IBAF 130 62 21 54 04 514 Eletrocast 129 61 21 00 30 04 348 Bagarolli 97 05 3 85 60 11 170 Filtros Mann 133 2 22 90 60 17 1 411 110 Sonata 140 00 26 48 45 03 160 Sonabyte 140 00 26 48 45 03 247 KS Bombas 127 75 20 03 01 117 Bendix Campinas 129 16 20 77 30 07 2 138 Bosch 129 16 20 77 04 6 866 Nishida Inform tica 89 75 01 83 Nishida Montagem 89 75 01 223 A Villanova 89 75 ii 04 222 Indisa 125 66 18 92 75 11 112 Toolyng 127 36 19 82 75 01 76 Micro Stamp 111 15 11 28 45 04 37 Kron 99 27 5 02 30 02 350 Metal Leve 138 19 25 93 60 01 309 Fonte Sub Se o DIEESE Metal rgicos Campinas N o demitir em fun o da Greve Al m dessas conquistas na Dako o piso ficou 60 42 acima dos Cr 48 000 aprovados pelo TRT SP Na Ks Pist es as negocia es continuaram e meses depois a jornada de trabalho foi reduzida para 42hs semanais A Bagarolli apresentaria outra proposta salarial at 20 de maio Na Filtros Mann os trabalhadores conquistaram a equipara o salarial o fim das tr s faixas salariais na empresa entraria em vigor em maio DIEESE 1991 p 6 7 Mas al m das conquistas obtidas o grande xito da campanha foi pol tico organizacional Afinal foram quase 20 mil trabalhadores paralisados num total de 1092 horashomem em greve DIEESE 1991 p 1 Mais uma vez os trabalhadores das pequenas e m dias empresas demonstraram est
79. 5 000 quando empregasse mais de 700 a Federa o patronal n o oferecia nenhuma estabilidade e nem redu o de jornada A proposta patronal ficou bem abaixo da dos trabalhadores Diante do impasse o TRT SP ofereceu o seguinte conjunto de propostas 104 34 de reajuste piso salarial de Cr 45 000 e Cr 48 000 para empresas com at 700 e acima de 700 funcion rios respectivamente e estabilidade no emprego de 60 dias Mesmo assim a FIESP n o voltou a fazer novas propostas e as negocia es se esgotaram DIEESE 1991 p 3 Sem acordo com a entidade patronal a CUT p s em pr tica a t tica da greve domin movimento que consistiu na paralisa o empresa por empresa Esse movimento conseguiu paralisar cerca de 90 mil metal rgicos paulistas REVISTA DOS METAL RGICOS CAMPINAS 1991 p 26 Em Campinas os metal rgicos adotaram a mesma t tica paralisavam uma empresa e seguiam em caminhada para a empresa mais pr xima O movimento grevista na Regi o come ou na Dako e se espalhou por mais de 20 empresas nas quais em todas elas os trabalhadores conquistaram reajustes acima do oferecido pelos patr es Vejamos o quadro de acordos obtidos em fun o das greves Acordos Obtidos em Fun o das Greves Empresa Total Total Estabilidade Dias em N sobre acima no emprego Greve Trabalhadores Nov 90 Proposta em dias na Empresa FIESP Dako 131 34 21 92 60 05 1 646 CCE 129 76 21 09 60 21 783 KS Pist es 142 38 27 14
80. 5 a gente sentia que podia parar todo mundo Paramos todo mundo teve enfrentamento na Singer n s tivemos conquista at de plano e sa de teve momentos que caiu um diretor ele n o tinha o di logo e a gente queria o di logo A gente no processo fomos conquistando a CIPA Em 85 essa greve mostrou pra gente o potencial que a gente tinha ent o as pessoas come aram a dizer assim isso mesmo E cada vez mais gente passou a acreditar que a gente podia mudar essa rela o dentro da f brica Depoimento de Maria Am lia B de Paula Com a conquista pol tica da vaca brava foi abeto um per odo de consolida o do grupo que ganhou ainda mais for a junto aos trabalhadores inclusive como sugere o depoimento de Maria Am lia possibilitando a cren a de que podiam mudar essa rela o dentro da f brica 119 No caso da CIPA na verdade ela n o foi conquistada em 1985 mas sim 1986 At ent o esse rg o era composto tanto por chefes quanto por membros do grupo Nas elei es de 1986 os trabalhadores ganham em todas as se es Naquela altura ter em m os um rg o de fiscaliza o das condi es trabalho representava um grande avan o Afinal tais condi es eram p ssimas como revelava um boletim no final de 1986 companheiros e companheiras da Singer a CIPA dos trabalhadores da Singer de Viracopos encaminhou ao nosso Boletim o relat rio dos acidentes de trabalho acontecidos nesta f brica em 1986 Es
81. 987 a Clark come ou a investir em novas tecnologias introduzindo m quinas de CNC Controle Num rico Computadorizado que 13 articula os sistemas CAD Computer Aided Design e CAM Computer Aided Manufacturing Z Juntamente com essas iniciativas de moderniza o da sua produ o havia outros elementos que apontavam para uma poss vel mudan a nas rela es de trabalho como um todo Por exemplo teria sido um caso isolado um comunicado do presidente da Clark dizendo que os dois maiores valores da empresa eram as suas m quinas e os trabalhadores sobretudo os treinados na ocasi o em que homenageava os funcion rios com mais de dez anos de empresa uma homenagem na qual Harold Bowman n o discriminou cargos de dire o chefia gerencia com os de operadores Por m a import ncia atribu da aos seus funcion rios e a tentativa de igualar ocupa es com grau de hierarquia t o diferentes combinadas com chegada da maquinaria nova fez daquele comunicado uma clara estrat gia de coopta o dos trabalhadores Isto porque a Clark estava no rol de empresas da regi o que vinham introduzindo o kanban sistema de produ o que busca reduzir os estoques e que articulado a outras t cnicas define o padr o de produ o toyotista ou padr o de acumula o flex vel Segundo Antunes 1999 a acumula o flex vel se fundamenta num padr o produtivo organizacional e tecnologicamente avan ado resultado da introdu o de t
82. AB UNESP I UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA J LIO DE MESQUITA FILHO Faculdade de Ci ncias e Letras Campus de Araraquara SP Fagner Firmo de Souza Santos A ALTERNATIVA CLANDESTINA UM ESTUDO DOS GRUPOS DE F BRICA DE CAMPINAS E REGI O 1984 1991 ARARAQUARA SP 2009 Fagner Firmo de Souza Santos A ALTERNATIVA CLANDESTINA UM ESTUDO DOS GRUPOS DE F BRICA DE CAMPINAS E REGI O 1984 1991 Disserta o de Mestrado apresentado ao Programa de P s Gradua o em Sociologia da Faculdade de Ci ncias e Letras Unesp Araraquara como requisito para obten o do t tulo de Mestre em Sociologia Orientadora Maria Orlanda Pinassi Bolsa CNPQ ARARAQUARA SP 2009 Fagner Firmo de Souza Santos A ALTERNATIVA CLANDESTINA UM ESTUDO DOS GRUPOS DE F BRICA DE CAMPINAS E REGI O 1984 1991 Disserta o de Mestrado apresentado ao Programa de P s Gradua o em Sociologia da Faculdade de Ci ncias e Letras Unesp Araraquara como requisito para obten o do t tulo de Mestre em Sociologia Orientadora Maria Orlanda Pinassi Bolsa CNPQ Data de aprova o 22 04 2009 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA Presidente e Orientador Profa Dra Maria Orlanda Pinassi V nculo Professora do Dep de Sociologia Universidade Universidade Estadual J lio de Mesquita Filho FCL Campus Araraquara Membro Titular Prof Dr Edilson Graccioli V nculo Professor do Dep de Sociologia Unive
83. CO DA BOSCH Campinas 1985 BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA DAKO Campinas 1985 BOLETIM DO SINDICATO DOS METAL RGICOS ESPEC FICO MERCEDES BENZ Campinas 1984 V DEOS 5 anos de lutas v deo comemorativo do anivers rio de cinco anos da elei o da chapa de oposi o Campinas Sindicato dos Metal rgicos 1989 V rios depoimentos v deo comemorativo aos cinco anos de luta Campinas Sindicato dos metal rgicos 1989 DOCUMENTOS Bosch conhec la para transform la Sindicato dos Metal rgicos de Campinas 1993 Mem ria e A o 5 anos de um novo sindicato Campinas Sindicato dos Metal rgicos 1989 1 Congresso dos Metal rgicos de Campinas e Regi o Resolu es Campinas outubro de 1985 Rumo ao 2 Congresso Regimento Interno Campinas junho de 1986 2 Congresso dos Metal rgicos de Campinas e Regi o Resolu es Campinas setembro de 1986 3 Congresso dos Metal rgicos de Campinas e Regi o Resolu es Campinas mar o de 1990 Organiza o de Base Debates para o Congresso Campinas julho de 1992 1 Edi o DEPOIMENTOS Depoimento de Ant nio Jos concedida ao autor em 23 07 08 Depoimento de Durval de Carvalho concedido ao autor em 07 06 2008 Depoimento de Maria Am lia concedida ao autor em janeiro de 2006 Depoimento de Gerardo Mello concedida ao autor em dezembro de 2005
84. E F BRICA DA MERCEDES CAMPINAS ABRIL DE 1987 A intoler ncia da montadora alem no entanto com rela o organiza o dos trabalhadores continuava desde 1985 exemplo do que acontecia com um dirigente sindical na Bosch logo quando come ou o refluxo do movimento grevista na Mercedes desde ent o o Arlindo um dos dois dirigentes sindicais que eram funcion rios da montadora alem recebia vigil ncia homem a homem al m de ter recebido uma advert ncia para deixar de realizar o trabalho sindical limitando se a produzir id Em nota sobre o que acontecia com o Arlindo o GF Mercedes achava que tamb m o Reis o outro diretor ent o licenciado deveria estar presente no ch o da f brica para ajudar a construir a organiza o id O boletim trazia ainda den ncias de ambientes no interior da empresa que por m s condi es e neglig ncia poderiam causar doen as ou acidentes e cobravam solu es da chefia Portanto a confec o do boletim foi uma tentativa de reagrupar o grupo tendo em vista se reunir para discutir os problemas da empresa De um modo geral no entanto os empres rios tentavam naquele ano justificar as demiss es alegando que a economia estava em recess o A recess o de fato foi uma marca da pol tica econ mica da nova Rep blica que arrochou os sal rios e desestimulou o consumo interno buscando nos incentivos s exporta es a sa da para honrar os compromissos assumidos com
85. IFO BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA CLARK CAMPINAS 1987 Especificamente sobre as novas tecnologias o grupo entendia que elas n o eram neutras pois a forma como s o produzidas n o eram neutras pois faz com que a t cnica seja apropriada por uma parcela restrita das pessoas que aproveitam das suas benesses id NOVEMBRO DE 1987 A discuss o levantada pelo GF Clark com o conjunto dos trabalhadores que passou a travar uma disputa pol tico ideol gica com a empresa n o se esgotaria por a Na sequ ncia veremos que aos poucos o grupo foi esclarecendo ao conjunto dos trabalhadores o car ter que assumia a reestrutura o da produ o Contudo parte do esfor o dos ativistas da Clark em difundir o car ter da implanta o dos sistemas de automa o era o resultado dos cursos de forma o oferecido pelo sindicato a esses militantes em parceria com a Sub Se o do DIEESE sobre a introdu o das novas tecnologias Um desses cursos dado em fevereiro de 1987 explicava o mecanismo de funcionamento do kanban sistema que identificavam com a pr pria acumula o flex vel mas que n o deixaram de ressaltar todos os aspectos citados acima O curso fazia parte do objetivo j referido dos dirigentes sindicais e da Sub Se o DIEESE de saber qual o perfil pol tico administrativo dos patr es que em 1986 haviam promovido palestras e semin rios sobre t cnicas japonesas de produ o e de controle dos trabalhadores e com is
86. O FILTROS MANN 05 05 1989 O movimento grevista em Campinas foi localizado como coloca um militante de uma pequena empresa de Sumar voc percebe que n o foi um movimento generalizado igual em 85 Foi muito localizado em algumas empresas Foi um movimento grevista parcial num foi uma greve maci a foi uma greve muito localizada em algumas empresas como a Mercedes Mas n o foi uma greve de paralisa o total igual tinha sido em Indaiatuba teve algumas empresas que fizeram greve Filtros Mann que sempre teve uma tradi o de luta por conta da milit ncia que tinha l dentro que era muito boa tamb m Mas n o foi um movimento generalizado Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho Esse movimento provavelmente teria sido maior n o fossem as conting ncias das grandes empresas como Clark Cobrasma Bosch e Singer De qualquer forma para essa parcela da categoria a campanha salarial no que tange ao aspecto econ mico conseguiu um reajuste acima do que a Justi a do Trabalho estipulara mas que ficou muito aqu m dos 84 14 reivindicados pelos metal rgicos J do ponto de vista pol tico ela revelou uma mudan a qualitativa no quadro de organiza o da categoria pois com as rea es das empresas com tradi o de luta quem passava a encaminhar as mobiliza es ainda que n o de forma generalizada eram os metal rgicos das pequenas e m dias empresas e ou empresas grandes que n o tinham essa tradi o e que
87. a es coletivas e ativas que coloquem em causa a disciplina e a hierarquia capitalista id p 234 O autor portanto reconhece a import ncia desses grupos embora lhes atribua papel secund rio por estarem sujeitos s contradi es pr prias do mercado de trabalho 1d p 235 Por m Pedreira Filho n o tenta teorizar as rela es de for a no interior da f brica Ao contr rio defende a tese de que as estrat gias adotadas pelos trabalhadores diferenciam se de acordo com o curso de cada circunst ncia id p 236 neste sentido tamb m que Ricardo Antunes e Arnaldo Nogueira v o dizer que n o existe teoria acabada sobre as organiza es de base Ora ao visitarmos mesmo que brevemente a hist ria das lutas oper rias no Brasil veremos que a clandestinidade no ch o da f brica foi decisiva para as retomadas das lutas do operariado brasileiro Isto porque o desenvolvimento do capitalismo no Brasil n o teve como contrapartida o desenvolvimento de institui es democr ticas Ao contr rio a burguesia brasileira manteve sempre e de diversas formas o car ter autorit rio do Estado Nesse sentido em Campinas ap s a vit ria da oposi o sindical metal rgica os sindicalistas se deparam com a forte rea o dos empres rios quando estes demitiram mais de quatrocentos trabalhadores muitos por justa causa na ocasi o das greves da vaca brava Antes no entanto os trabalhadores da Mercedes Benz conquistaram
88. a para id ia de um projeto pol tico Depoimento de Durval de Carvalho Ou seja um aprendizado pr tico no qual o militante envolvido aprende como agir dentro do espa o fabril que hostiliza qualquer id ia oposta quela que tem por finalidade adequar o trabalhador ao controle por ele exercido Ao mesmo tempo esse aprendizado procura convencer seus companheiros de um projeto pol tico alternativo Al m disso tratava se tamb m de um trabalho de forma o te rico hist rica econ mica e pol tica 38 Ee A Era P assim como a gente aprende matem tica portugu s geografia ci ncias nos curr culos escolares formais no sindicato a forma o essencial para voc aprender o que sindicalismo a hist ria da nossa classe os direitos trabalhistas as conquistas as lutas que n s tivemos as derrotas as perdas e as derrotas que n s tivemos Ent o esse estudo absolutamente indispens vel para voc melhor desenvolver a atividade sindical Eu me lembro que no per odo do final dos anos 70 e in cio dos anos 80 quando eu me engajei nesse movimento de trabalhadores eu tinha que ler a literatura do movimento oper rio mundial ver os exemplos do sindicalismo mundial Nossa refer ncia era a COB boliviana a central dos mineiros bolivianos que era uma das mais combativas do mundo que n s t nhamos na ocasi o A COB participou de v rios movimentos pra depor governos autorit rios na Bol via Era uma central sindical mui
89. a quando n o era poss vel encabe ar confrontos com os patr es os grupos continuavam seu trabalho de atrair um dois para um projeto pol tico ou seja realizavam um trabalho de m dio longo prazo Mas quando esse esfor o amadurecia dentro das f bricas o resultado quase sempre era a resposta positiva convoca es do Sindicato Desse modo no in cio de 1991 os metal rgicos ainda enfrentavam muitas demiss es e um quadro econ mico de recess o e hiperinfla o Somente no bimestre de janeiro fevereiro de 1991 2 152 metal rgicos foram desligados Pouco menos da metade do n mero de demitidos durante todo o ano de 1990 Com esses n meros a categoria ficara reduzida no curto per odo de um ano em quase dez mil trabalhadores indo do pice de empregabilidade em janeiro de 1990 com 71 694 empregados para 63 415 em fevereiro de 1 991 DIEESE 1991 p 10 Al m disso tamb m no in cio de 1 991 a infla o ultrapassava a casa dos 200 Diante desse fato os sindicatos cutistas decidiram ir para a campanha salarial com a seguinte pauta de reivindica es reajuste salarial de 216 sobre mar o 91 mais o ICV DIEESE 15 de aumento real piso salarial unificado em Cr 105 609 estabilidade no emprego e mais redu o da jornada para 40hs semanais A contra proposta da FIESP foi 109 89 75 sendo 50 sobre novembro 15 sobre maio e 10 sobre junho piso salarial de Cr 38 000 para empresas com at 700 funcion rios e Cr 4
90. a 2 de Cid Ferreira Uma margem modesta cujos votos das grandes empresas foram decisivos O seguinte depoimento demonstra que as divis es entre as correntes do movimento sindical esquerda persistiam a despeito da homogeneidade dos grupos e sugere que nas elei es continuaram a ser decisivas na disputa entre os dois projetos pol ticos diametralmente opostos em 87 na segunda elei o se n s do PCdoB tiv ssemos lan ado uma terceira chapa eu n o sei o que teria dado Seria dividido porque a gente tinha o Preguinho que era cipeiro da Cobrasma que saiu algemado de dentro da Cobrasma A pol cia foi l dentro buscar ele algemado num acampamento que teve l em 86 mais ou menos Quer dizer uma pessoa que est l dentro e tinha mais dois companheiros nosso que estavam l dentro que eu n o me lembro o nome que se montassem uma chapa Tinha eu que tinha sido mandado embora da Mercedes que j estava na Polimec S o pessoas que tinham uma bagagem pol tica entre outros que se entrassem numa chapa ia dar muito trabalho Eu posicionei me contra dentro do PCdoB na poca eu me posicionei contra justamente por isso Porque por mais diverg ncias que a gente tinha com a CUT Pela Base n s n o pod amos pavimentar o caminho para o Pelego voltar porque ele estava muito forte Tanto que demonstrou na elei o Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho acima referido Pavimentar o caminho para a volta d
91. a Comiss o de F brica Esta por m n o p de ser implantada diante da tentativa de controle que os dirigentes da montadora queriam impor sobre o rg o E da mesma forma aconteceram outras tentativas de constitui o de Comiss es por m sem sucesso haja vista a intransig ncia dos patr es em controlar os rg os 12 Sendo assim a aposta na organiza o dos grupos clandestinos foi sendo gradativamente efetivada Por m os grupos enfrentaram o recuo das lutas ap s 1985 momento em que com o subs dio do Sindicato investiram na forma o de novos quadros na base tendo em vista ampliar o n mero de militantes no ch o da das f bricas e da mesma forma retomar as lutas Ao mesmo tempo muitos desses grupos enfrentavam nas suas empresas a reorganiza o da produ o Dessa forma enquanto o capital na Regi o iniciava as mudan as no campo pol tico administrativo e pol tico ideol gico os grupos de f brica buscaram afastar o conjunto de trabalhadores de tais pr ticas inovadoras Foi no bojo dessa disputa da consci ncia do trabalhador que o grupo de f brica da Singer empreendeu forte resist ncia ao denunciar o car ter manipulat rio e predat rio da sua moderniza o O impasse criado com a transnacional a for ou eliminar da maneira mais truculenta o forte grupo de f brica organizado tanto fora quanto dentro da empresa Em linhas gerais os metal rgicos de Campinas e Regi o avaliaram as circunst nc
92. a militar Essa fal ncia segundo eles era demonstrada pelo aumento da d vida externa de 54 para 93 bilh es de d lares entre 1980 e 84 e da infla o que na primeira metade da d cada de 80 passou de 110 2 para 223 8 no plano social o colapso da ditadura se expressava atrav s do n mero de desemprego cerca de 10 milh es de desempregados em 83 pelo aumento da concentra o de renda passava de 12 5 para 14 5 o n mero de pessoas que de 1980 a 84 ganhavam at 1 2 sal rio m nimo e da queda da qualidade de vida revelada pelo aumento do n mero de casos de tuberculose Foi alvo de cr tica tamb m a pol tica de pacto social proposta pela alian a democr tica pois segundo os congressistas significava uma manobra da burguesia e da pequena burguesia para conter o avan o das mobiliza es Portanto aquele governo significava uma farsa e as greves de abril e maio eram as respostas dos trabalhadores id p 4 5 Contrapondo se conjuntura pol tico institucional a qual Fernandes 1986 chamou de golpe dentro do golpe propuseram a defesa da participa o na assembl ia constituinte pois embora n o fosse a solu o ao menos era um avan o Entretanto era necess rio discuti la nos bairros e f bricas atrav s de boletins e semin rios Al m disso colocaram a luta pelo rompimento com o FMI e n o pagamento da d vida externa contra o pacto social pela reforma agr ria radical e direito de greve irrestrito qu
93. a um jogo de interesses de empres rios e governo naquele movimento O autor com base em declara es e pronunciamentos de pol ticos e empres rios descreve que os primeiros endureceram o jogo com os trabalhadores nas negocia es com o objetivo de for ar um movimento grevista generalizado e colocar a pol tica de congelamento de pre os de Sarney na berlinda Al m disso o movimento grevista abria precedentes para as persegui es no interior das empresas J o governo Sarney esperava o desfecho da greve para por fim anarquia sindical que trazia tona os fantasmas do regime militar e poderia comprometer o andamento de seu governo em curto prazo PREDERIA FILHO 1997 p 211 228 54 da regi o n o s com rela o ent o diretoria eleita mas com rela o a qualquer tipo de mobiliza o Em certa medida esse desconhecimento um ind cio de que os dirigentes sindicais n o estavam altura de um movimento daquela envergadura e nem tinha estabelecido a articula o devida com os grupos visto que esses tinham subs dios para encararem sen o a paralisa o ao menos um movimento que buscasse solu es O depoimento a seguir demonstra as limita es da diretoria eleita diante do movimento aquela greve foi dirigida mais pela milit ncia mesmo Porque quem parou a Mercedes fomos n s O sindicato n o queria que n s par ssemos O sindicato n o queria que a Mercedes parasse a verdade essa A
94. abalhadores Em certa medida portanto os grupos conseguiram barrar as investidas do capital mas quando a rea o foi muito forte a outros problemas come aram a transparecer Um deles foi a rela o entre os grupos e o Sindicato O principal agente de forma o dos grupos foi exatamente o Sindicato Isso n o sugere que o Sindicato tutelava os grupos Por m n o conseguia evitar a rela o pol tico partid ria Isto ficou evidente quando em 1990 um m s antes das elei es para a diretoria tr s diretores ligados corrente Articula o Sindical lan aram uma s rie de boletins acusando os demais sindicalistas de neglig ncia na condu o da campanha salarial que estava por vir Isto porque o Congresso fora marcado para mar o daquele ano m s que daria in cio campanha Ao romperem com a diretoria os militantes da Articula o lan aram um boletim no qual levantavam uma s rie de conquistas em empresas em que diziam ter militantes seus organizados em grupos Mesmo contr rios organiza o clandestina priorizavam as comiss es estatut rias esses militantes propagandearam tais conquistas em uma clara tentativa de instrumentalizar esses rg os BOLETIM DA ARTICULA O METAL RGICA 03 e 04 1990 Portanto come ou uma rela o utilit ria com os grupos e o depoimento a seguir mostra que essa n o foi uma estrat gia somente da Articula o o problema que chegou um momento em que esgotou esse processo Qu
95. al rgicos da CUT reivindicou 84 18 de reajuste salarial mais 15 de aumento real al m de escala m vel que substitu ria a URP jornada de 40hs semanais pagamento de f rias em dobro unifica o da data base em 1 de 92 outubro e melhores condi es de trabalho e sa de A Central nica dos Trabalhadores de um modo geral vinha cogitando greve geral desde meados de janeiro quando o Plano foi imposto pelo Governo Federal E foi portanto buscando pressionar os setores empresariais que nos dias 14 e 15 de mar o mais de 20 milh es de trabalhadores paralisaram suas atividades Na categoria dos metal rgicos de Campinas no entanto o movimento foi parcial A categoria como um todo parecia n o estar plenamente preparada para um movimento grevista generalizado Desse modo o nico movimento nas f bricas da Regi o em que houve paralisa o total foi o da Singer e ainda assim com custos pol ticos alt ssimos embora n o tenham sido motivados simplesmente pela greve como veremos Mas a campanha salarial n o acabaria por a A agita o na categoria continuou sendo feita no m s seguinte sobretudo atrav s das assembl ias de porta de f brica ainda que o respaldo maior a essas assembl ias tenha sido dado pelas empresas com organiza o interna e que tinham alguma tradi o de luta como a Singer Dako Cobrasma Mercedes Benz Bendix Clark e Braseixos Segundo os sindicalistas estas eram empresas em que os trabalhadores e
96. alho acima referido Embora diga respeito din mica dos grupos antes durante e depois da campanha salarial de 85 o depoimento acima coloca a import ncia da consolida o da democracia sindical cujo pice at aquele momento tinha sido aquele movimento Afinal foram realizadas v rias assembl ias por f bricas por sub sedes e gerais pr tica h d cadas abandonada As assembl ias gerais chegaram a contar com mais de vinte mil trabalhadores reunidos no Teatro de Arena Ou seja uma t pica greve geral de categoria que contou com alguma integra o entre os trabalhadores das empresas como relata um ex membro do GF Mercedes n s nos reun amos ali no Teatro de Arena Aquilo ali ficava lotado A gente fazia as greves par vamos as empresas sa amos de passeata por v rias empresas e amos nos encontrar no centro de Campinas Ent o sa am em passeata os trabalhadores da Cobrasma e iam parando todas as empresas que tinham pelo caminho Sa am de passeata todos os trabalhadores do distrito industrial que era ali na Singer e eles iam parando todas as empresas Quer dizer foi um movimento t o forte que conseguiu uma redu o de jornada de trabalho de 4 horas de 48hs para 44 Que n o era s Campinas era tamb m todo o ABC No ABC tamb m tinha greve Campinas Sorocaba Porque para voc conseguir uma redu o de jornada de trabalho Ent o foi um movimento muito forte e na Mercedes ele veio com muita for a num trabalh
97. alismo como sistema mundial igualmente necess rio admitir que cada empresa capitalista se relaciona ao sistema mundial por interm dio do Estado Na o e em ltima an lise dele depende id Discutiremos mais a frente o car ter das transnacionais ao analisarmos o papel que cumprira na particularidade da regi o de Campinas 33 J seu quadro de exporta es era composto da seguinte forma 95 das bombas injetoras era exportada para Alemanha matriz que as repassava para a montadora Opel e tamb m para a sua subsidi ria no M xico e 10 da produ o de motores de partida e geradores era exportada para a Venezuela Chile Equador EUA e Alemanha Apenas para nos restringirmos s empresas nacionais da regi o que dedicavam parte da sua produ o tendo em vista as demandas da auto pe as alem temos Graber Icape Rovemar Usimec Tormep Vinoca Mecano Fabril que prestavam servi os de usinagem e se localizavam em Campinas e a Polimec que prestava servi o de estamparia e se localizava em Sumar Nenhuma dessas empregava mais do que 330 funcion rios id A Singer do Brasil EUA do ramo de mec nica m quinas produtora de m quinas de costura outro exemplo pois a sua instala o em Campinas na poca representava o maior conjunto de f bricas do grupo em todo mundo M xico Turquia etc e era respons vel por mais de 90 das m quinas de costura do Brasil e l der de vendas em toda a Am rica Latina Da mesma forma
98. ando bases legisladas burocr ticas de negocia o contando com os sindicatos para sua execu o freando as mobiliza es Contrapondo se a essa a o o movimento de oposi o sindical estimulou a cria o de espa os que discutissem essas pol ticas for ando o movimento de base a criar comiss es salariais por exemplo Mas n o foi suficiente frente desarticula o do movimento Para agravar a situa o a dire o pelega lan ou uma campanha de unidade sindical que na verdade era mais uma manobra para desarticular essa reorganiza o objetivando maior credibilidade da categoria para com o sindicato frente nova pol tica salarial do governo Portanto os v rios grupos de oposi o estavam impossibilitados naquele momento de efetivarem uma organiza o que pudesse contrapor se dire o sindical Isso ficou claro com a greve geral da categoria metal rgica em mar o abril de 1980 Em Campinas 40 a greve durou apenas sete dias e foi deliberado fim da greve por uma assembl ia com apenas 200 trabalhadores Esse fato deixou ainda mais vis vel a desarticula o dos diferentes grupos que faziam oposi o no interior da categoria dado este que refletia tamb m o quadro de indefini es e redefini es do cen rio sindical mais amplo POSSAN 1997 p 123 na verdade n o se tinha conseguido at ent o elaborar uma linha de a o que extrapolasse a simples oposi o dire o sindical e que
99. ando era para voc dar um salto pol tico em cima disso da um salto para preparar o trabalhador n o s para uma perspectiva corporativa de dentro da f brica mas preparar ele para um salto pol tico mais amplo um salto de qualidade de integra o em partidos pol ticos Eu acho que quando chegou nisso da o sindicato parou Ent o o balan o que eu fa o que isso tudo grupos reuni es ampliadas foi positivo mas foi negativo quando come ou a acabar com esses canais de comunica o A que eu acho que come ou a profissionaliza o do sindicalismo A foram todos n o adianta falar que foi s da articula o foi inclusive da minha corrente CSC Acho que come ou um processo de 139 profissionaliza o Porque a voc num tem mais quadro com a qualidade que tinha O balan o num primeiro momento foi positivo apesar do sectarismo tamb m eu achava que isso a tamb m era um processo de sectarismo tamb m de voc tentar isolar do debate pessoas de outras correntes de pensamento Ent o voc come a a criar f bricas tipo ah aquela f brica l do pessoal do PCdoB aquela f brica l do pessoal do PSTU ah n o vamos l n o porque l da Articula o Ent o voc come a a criar uma rela o muito utilit ria com os trabalhadores tamb m Ent o eles pegavam a KS Pist es que tinha uma predomin ncia do pessoal da Articula o s vezes eles paravam a KS s pra mostrar que eles eram fortes
100. ar a pauta da campanha salarial de 1987 promover encontros entre os grupos para aumentar a consci ncia pol tica dos membros etc id Ainda em 1986 tendo em vista o levantamento de informa es sobre as empresas da regi o o Sindicato estreitou rela es com economistas do DIEESE trazendo uma Sub Se o do departamento para assessorar os metal rgicos e as organiza es de base A Sub Se o faria an lises da conjuntura econ mica focando os impactos na categoria e realizaria estudos sobre as empresas da regi o buscando tra ar seus perfis Tais informa es dariam subs dios para os sindicalistas e militantes de base tra arem t ticas para entenderem a din mica econ mica das empresas bem como a postura pol tico administrativa dos patr es Assim relata o economista respons vel pela Sub Se o a entrada de uma Sub Se o aqui em Campinas foi quase que como uma rela o digamos pol tico afetiva Enquanto eu trabalhava como t cnico nos metal rgicos de Santo Andr havia uma rela o muito boa entre o trabalho da gente em Santo Andr e os metal rgicos de Campinas com o Durval o Renato e outros companheiros da diretoria E foi nesse processo de experi ncia dos metal rgicos de Santo Andr de trabalho de organiza o nas f bricas que Campinas se interessou em trazer essa experi ncia de trabalho sindical em termos de organiza o de base pra Campinas A foram dados dois semin rios pra diretoria em Vinhedo
101. ar organizados e responderam ao chamado de greve feito pelo Sindicato Consolidados nessa parcela da categoria os grupos mostravam o grande potencial de mobiliza o alcan ado Mas das f bricas paralisadas o destaque vai para a Bosch Afinal como j dissemos a Bosch mantinha um esquema de seguran a interno na empresa assim como uma pol tica salarial que reajustava sal rios individualmente criando uma rela o social 5I Somados aos trabalhadores das empresas acima cuja paralisa o foi total outras empresas tiveram paralisa o parcial como no caso da Yanmar e da Grabber V deo Campanha Salarial de 1991 Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o 111 de d vidas e favores dando ao chefe um car ter de apadrinhamento de alguns funcion rios BOSCH conhec la para transform la 1993 p 24 Essas estrat gias da empresa impediram ao longo de toda segunda metade da d cada de 1980 que os trabalhadores da Bosch se mobilizassem De qualquer forma a organiza o do grupo de f brica foi mantida e em 1989 foi respons vel por uma pesquisa de opini o na empresa que revelou que os motivos de descontentamento dos metal rgicos da auto pe as eram exatamente a persegui o e o tratamento diferenciado al m dos baixos sal rios id Entretanto a atividade interna do grupo foi basicamente a distribui o de pequenos panfletos os mosquitinhos As not cias eram divulgadas atrav s do boletim
102. as no entanto atribu ram maior import ncia conquista pol tica da comiss o Assim colocavam em seu boletim do in cio de novembro a maior conquista da greve que voc s realizaram foi sem d vida a comiss o de f brica Ela dar muito mais for a para a luta dos trabalhadores da Mercedes E a empresa sabe disso Tanto que est querendo impedir a discuss o sobre a comiss o de f brica marcada para domingo BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA MERCEDES BENZ CAMPINAS 1984 No dia 13 daquele m s a dire o do sindicato se reuniria com a chefia da empresa antes por m foi marcada uma assembl ia no dia nove com os funcion rios para encaminharem as propostas de um estatuto para a comiss o assim como definirem qual seria seu car ter e seu objetivo id Foi portanto um processo semelhante ao que aconteceu no caso da Ford em S o Bernardo na Mercedes coube somente ao sindicato deliberar sobre o estatuto conjuntamente com a chefia da empresa ainda que houvesse interlocu o com os membros do grupo de f brica sobre o car ter que a comiss o deveria assumir Mas os desdobramentos foram diferentes a comiss o n o foi implantada pois segundo os boletins e depoimentos dos ex diretores sindicais n o havia possibilidade de aceitar as condi es impostas pela f brica Os sindicalistas alegaram que a chefia da montadora n o estava 19 Na Bosch tamb m havia um grupo de f brica forte Por m a montadora alem co
103. as f bricas em que a campanha se transformou em movimento grevista como por exemplo na Grabber Nardini Sigla Monte D este Metal rgica Nova Odessa e Cobreq Por outro lado nas empresas em que havia grupos atuando e portanto o n vel de organiza o era maior foram estes rg os que tomaram a frente das mobiliza es e da mesma forma atrav s do movimento grevista conseguiram reivindica es importantes Na Singer de Campinas e Indaiatuba agulhas e madeira a greve durou 12 dias e paralisou cerca de quatro mil funcion rios A greve conquistou aumento de 119 do INPC equipara o salarial taxa insalubridade conv nio m dico melhoria no atendimento 8 A unidade da Singer em Indaiatuba produzia o suporte para as m quinas de costura feitos de madeira e tamb m produzia as agulhas que compunham as m quinas 45 de enfermaria e redu o das horas extras Ainda na esteira das f bricas que contavam com organiza o interna levantamos movimentos vitoriosos na Dako na Bendix e na Mercedes A greve na Mercedes no entanto se destaca pelo fato de ter conquistado a Comiss o de F brica As principais pautas eram al m da comiss o a equipara o salarial com a unidade de S o Bernardo do Campo reajuste salarial equivalente a 100 do INPC e a trimestralidade desses reajustes como as demais empresas Tanto em suas reivindica es econ micas como nas pol ticas a paralisa o foi vitoriosa Os militantes e sindicalist
104. as ocorridas demiss es dos mec nicos e inspetores que haviam perdido suas fun es polival ncia das costuradeiras que a partir de ent o foram obrigadas a cumprir com tr s fun es costuradeiras inspetoras e mec nicas aumento da jornada de trabalho setor de pl stico e intensifica o do ritmo de trabalho em pelo menos dois setores que produziam mais com metade dos funcion rios BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA SINGER 04 08 1988 No mesmo m s os trabalhadores realizaram uma paralisa o contra a pol tica de demiss es que j n o escondia sua rela o com a reorganiza o da produ o a Singer implantou um sistema de produ o com novos gerentes e supervisores Estes armaram uma situa o insuport vel de trabalho pois pressionavam faziam amea as de demiss o e davam cartas injustas de advert ncia por defeitos antigos de pe as os quais j tinham sido comunicados chefia Na mesma poca a Singer recuperou de volta 15 mil m quinas todas com defeitos fazendo com que n s trabalhadores tiv ssemos a culpa Com toda essa injusti a o ambiente de trabalho se tornou tenso demais para realizar um bom servi o e palco para muitas pessoas ficarem com crises nervosas facilitando os acidentes Em 18 de agosto a Singer demitiu muitos trabalhadores e com a inten o de continuar a demitir no dia 19 possibilitando as novas admiss es E como todos n s lembramos isso foi a gota d gua para cruzar os bra os e
105. as pequenas mas em todas as f bricas de um modo geral Vejamos o que diz o ex presidente sobre isso para ser um membro de f brica o cara tinha que ter alguma percep o algu m que tivesse capacidade de interlocu o Se o cara for um tonto n o adianta voc n o vai organizar claro que todo mundo tem medo Agora se o cara for um cara muito medroso e uma pessoa que n o tem capacidade de percep o a sensibilidade de sentir esse movimento claro que ele n o tinha perfil para ser um membro de GF n o d Assim como para ser um diretor do sindicato o cara n o pode ser um tonto sen o num d A op o pol tica tamb m porque sen o vai ser enrolado pelos outros pela oposi o pelas outras propostas outras id ias etc Ent o esse cara um cara que precisa estar como uma lideran a no local de trabalho ele tem que ter um esp rito de lideran a Tamb m n o necess rio ser genial num precisa ser g nio porque tamb m n o o caso aqui Tem que combinar essa sensibilidade talvez a intelig ncia emocional nesse caso seja mais decisiva pra exatamente fazer essa conex o esse contato fazer essa comunica o de ouvir e falar de falar e ouvir Saber qual o momento que de falar ou no outro que de escutar mais tem que estar com os dois ouvidos abertos o tempo todo ligado o cara tem que estar ligado nas rea es dos companheiros de local de trabalho Depoimento de Durval de Carvalho acima ref
106. as pol ticas Esse era o hist rico do esfor o por uma aproxima o dos ibemistas a id ia de uma organzia o internacional nasceu de um encontro entre trabalhadores da IBM dos EUA com o Sindicato da IBM do Jap o em 1982 em Montreal O 1 Encontro realizado em 1984 foi financiado com as indeniza es de um processo ganho pelos sindicatos japoneses contra a IBM por discrimina o de seus membros dentro da f brica O 2 Encontro foi realizado em Atenas na Gr cia em 1985 BOLETIM DO SINDICATO ESPC FICO DA IBM CAMPINAS SETEMBRO DE 1987 70 rela es do espa o fabril abrindo possibilidade de iniciar movimentos mais duradouros com avan os significativos em alguns casos Na Mercedes por exemplo onde grande parte do grupo tinha sa do por conta das persegui es de 1985 a tentativa de novamente reagrupar os trabalhadores come ou em abril de 1987 quando o GF Mercedes lan ou seu primeiro boletim cujo conte do buscava explicar qual a fun o do grupo e a sua import ncia o grupo de f brica dos trabalhadores da Mercedes existe h muito tempo Dele participam trabalhadores de diversas se es que t m uma s preocupa o organizar os companheiros da Mercedes para estarmos prontos para as lutas que nos dizem respeito nossa categoria e classe trabalhadora em geral O grupo uma refer ncia dentro da empresa ele quem organiza as den ncias e reivindica es BOLETIM DO GRUPO D
107. as reivindica es pagamento dos direitos aos lesionados demitidos e melhorias nas condi es de trabalho Depois de um longo processo no qual chegou a abrir fal ncia a empresa foi adquirida por um fundo de investimento estadunidense Kohlberg LCC Company em meados de 2000 e a sim iniciou um processo de reestrutura o transferindo sua unidade produtiva para Juazeiro do Norte no Cear Em Viracopos funciona hoje apenas a f brica de leos lubrificantes Portanto em Campinas funciona apenas uma ind stria de processo cont nuo na qual n o necess ria a utiliza o de um n mero elevado de m o de obra Mesmo assim a empresa mant m 400 trabalhadores empregados todos com processo contra a transnacional em virtude de les es adquiridas na d cada de 1990 2 Jornal Valor Econ mico 17 05 2006 137 CONCLUS O Este estudo n o pretendeu tra ar a trajet ria vitoriosa dos trabalhadores de Campinas e Regi o Nossa pretens o foi mostrar as circunst ncias pelas quais militantes e sindicalistas apostaram na organiza o de base clandestina e como essas reagiram a tais conting ncias Tentamos penetrar na realidade vivida pela categoria no per odo estudado e resgatar as hist rias de lutas e derrotas daqueles metal rgicos A conjuntura era de recess o repress o persegui o rotatividade mudan as tecnol gicas e organizacionais todas favorecidas pelas pol ticas da nova rep blica e apoiada pelas grandes corp
108. as transnacionais em seus setores e ou sub setores Na poca esta transnacional dominava o mercado mundial com 70 dos sistemas de inje o eletr nica de combust vel e sistemas de freios antibloqueantes O grupo Bosch do Brasil possu a o maior investimento de sua matriz no exterior como colocava o documento produzido no 1 Encontro Nacional dos Trabalhadores da Bosch no Brasil o Grupo Bosch possui o maior investimento de sua matriz no exterior atrav s de seu controle sobre a Robert Bosch do Brasil Ltda O grupo det m 71 7 do capital total da subsidi ria e a Robert Bosch Internationale Beteiligungen holding do grupo Bosch na Sui a det m os 28 3 restamtes BOSCH CONHEC LA PARA TRANSFORM LA 1993 p 4 Seus maiores clientes internos eram a FIAT Betim MG para a qual vendia toda a produ o de produtos el tricos automotivos com exce o dos acess rios a Autolatina Volkswagen e Ford para a qual vendia as bombas injetoras a Valmet a Feguson VME e Ford tratores e os caminh es da Mercedes Benz que compravam as bombas hidr ulicas Utilizaremos o termo transnacional por entendermos que aquelas empresas s o de fato organiza es nacionais que funcionam em escala global MAGDOFF apud M SZ ROS 2002 p 229 Sem negar o papel que elas cumprem em integrar o capitalismo mundial e ainda citando Henry Magdoff entendemos que f assim como essencial compreender e analisar o capit
109. asileiro da d cada de 1980 como j dissemos n o foi poss vel ao menos de maneira complexa e efetiva adotar o modelo japon s Os empres rios ainda desfrutavam da conjuntura favor vel herdada da ditadura somado instabilidade econ mica Somente de maneira pontual localizada algumas empresas lan avam m o de programas de benef cios tais como conv nio m dico melhorias das condi es de trabalho e reconhecimento de rg os internos da f brica CIPA Comiss o de F brica etc Tudo tendo em vista enquadrar o trabalhador na l gica da colabora o com a empresa Dessa forma no caso particular da Singer a mudan a da chefia e a nova filosofia de aproxima o com os trabalhadores do reconhecimento de sua organiza o e melhorias 122 ainda incipientes no local de trabalho vieram acompanhadas das novas t cnicas de gest o da for a de trabalho especialmente a elimina o do estoque A aproxima o com os trabalhadores foi a primeira experi ncia tentada para enquadr los na nova pol tica administrativa da transnacional isso no curto per odo de meados de 1985 at o final de 1987 De maneira mais efetiva a empresa passa a propagandear o SEM em meados de 1987 Por m a instabilidade econ mica e a conjuntura recessiva fizeram com que seu programa viesse acompanhado de demiss es Esse foi o ponto de impasse entre o Grupo de F brica e a empresa Num boletim intitulado Todos Unidos Contra o Desemprego
110. assa salarial Por m na Regi o eram poucas as empresas que implantavam novas tecnologias al m do que os processos de mudan as tecnol gicas n o afetam imediatamente o mercado de trabalho A desadapata o segundo o DIEESE ocorre quando h mal gerenciamento de pessoal e conflitos com a m administra o e por condi es de trabalho n o condizentes com o ser humano DIEESE 1988 p 6 O que nos leva a concluir que se tratava de mais um mecanismo de maximiza o dos lucros das empresas E nas metal rgicas da Regi o de maio a dezembro de 1987 7410 trabalhadores rodaram 78 Mas a rotatividade n o se sobressaiu apenas negativo no aspecto econ mico da categoria Para a pol tica sindical adotada na Regi o ela foi um grande empecilho afinal numa conjuntura inst vel o trabalho de conscientiza o e politiza o das rela es de trabalho tornava se ainda mais dif cil como relata o ex presidente do sindicato a rotatividade tem esse duplo sentido para a empresa ela tanto importante para reduzirem sal rios ou manter os sal rios rebaixados para evitar o aumento salarial da massa salarial da categoria mas tamb m como fator de um regime autorit rio pois qualquer regime autorit rio faz isso n o deixar criar raiz em lugar nenhum Ent o a rotatividade tem tanto um sentido de perda econ mica para a categoria e de perda de qualidade pol tica porque o cara vai rodando Mais rodado o cara q
111. aut nomas dos trabalhadores n o eram cultura da Bosch s de Campinas mas do Grupo Bosch como um todo desde os prim rdios revelia dessa pol tica no entanto os trabalhadores que permaneceram na empresa e eram simpatizantes do sindicato tentaram reorganizar o grupo BOSCH CONHEC LA PARA TRANSFORM LA CAMPINAS FEVEREIRO DE 1993 De qualquer forma a campanha salarial extempor nea na Bosch e na categoria como um todo terminaria com reajuste de 45 67 para os metal rgicos de empresas que 89 n o tinham recebido os 10 de agosto e 32 43 para o restante concedidos pela FIESP ap s negocia es com o Departamento dos Metal rgicos da CUT A reposi o das perdas foi significativa e praticamente reajustou os sal rios dos metal rgicos do Estado de S o Paulo Mas o ano de 1989 colocaria desafios ainda maiores sobretudo no car ter pol tico J na primeira semana de janeiro a Cobrasma uma das maiores metal rgicas da Regi o demitiria cerca de 300 trabalhadores e a expectativa era a de que at o final do m s chegassem a 700 os desligados Os metal rgicos da Cobrasma formaram um dos principais n cleos da oposi o sindical projetando dentre outros quadros Durval de Carvalho que veio a encabe ar a Chapa 3 vencedora em 1984 Por m desde dezembro de 1986 os trabalhadores dessa empresa vinham sofrendo com graves consegii ncias de um golpe dado pelo presidente da metal rgica Luis Eul lio Vidigal na
112. ava ningu m Num primeiro momento parou at a rea administrativa a se o de pe as ficou tudo parado Depoimento de Ant nio Jos Nas empresas onde o movimento se encontrava mais organizado se p de avan ar nas ou ao menos pleitear conquistas pol ticas at ent o inimagin veis Por m as sil empresas jogavam com todas as armas para quebrar a organiza o e nos diversos boletins podemos constatar as diferenciadas a es pol ticas por elas utilizadas Por exemplo confeccionado meses depois o boletim do Grupo de F brica da Dako explicava ao conjunto dos trabalhadores da empresa que a responsabilidade por alguns fracassos na greve tinham sido dos chefes infiltrados nas assembl ias Isto porque a trimestralidade e o reajuste salarial acima do INPC n o haviam sido contemplados no acordo embora tivessem conquistado a redu o da jornada E evidentemente isso causou descontentamento em alguns trabalhadores que em alguma medida frustraram se com o movimento e abriram precedentes para que a chefia fizesse propaganda contra o sindicato e demais militantes e suas a es pol ticas Por m na realidade segundo o GF Dako a infiltra o das chefias nas assembl ias teriam sido decisivas pois essas figuras incentivavam os demais trabalhadores a tomarem decis es r pidas que no final trocavam o interesse do conjunto por migalhas Tratava se portanto de uma pr tica comum usada pelas empresas nestas ocasi es ou seja a
113. bases tecnol gicas criadas na regi o de Campinas onde se instalou e ao mesmo tempo p de aproveitar as diferen as salariais Fica em aberto no entanto se os casos de demiss es na Europa Jap o e EUA citados no boletim foram consequ ncias de uma crise da transnacional ou fizeram parte de um processo de adapta o das f bricas da empresa aos respectivos mercados e bases tecnol gicas 69 longos meses n o procuraram o sindicato Uma ltima tentativa de ganhar a consci ncia dos funcion rios foi feita com a publica o no mesmo boletim dos n meros negativos do semestre que revelavam que a transnacional n o tinha alcan ado as metas de crescimento Com a mesma inten o revelavam que internacionalmente os funcion rios da IBM se organizavam publicando not cias do 3 Encontro da Organiza o Internacional da IBM em Orleans organizado pelos Trabalhadores Unidos da IBM e pela Alian a dos Funcion rios Negros da IBM ocorrido em abril daquele ano cujo objetivo foi o de integrar os trabalhadores da IBM do mundo todo e por isso havia acontecido independente das Federa es Sindicais Internacionais e propositalmente na mesma data do encontro dos acionistas e denunciar apoio da IBM ao regime de Apartheid na frica do Sul Por fim publicavam dois depoimentos um de um gerente da empresa no Brasil e outro de um trabalhador da IBM EUA nos quais o primeiro falava da pol tica de pessoal baseada em metas que serviria
114. bolsa de valores O chamado mico da Cobrasma consistiu no lan amento de 25 5 bilh es de a es que foram vendidas a Cz 21 00 o lote com mil a es O lan amento dessas a es em 26 de junho de 1986 fez a empresa arrecadar Cz 535 5 milh es no mercado de capitais Isto foi poss vel gra as ao clima de euforia criado com os n meros previstos pela empresa era prevista uma receita operacional l quida de Cz 1 921 bilh o e um lucro l quido sobre ela de Cz 286 milh es Al m do otimismo com a o lucro l quido a Cobrasma ainda apontava outros tr s fatores para refor ar as suas previs es 1 a exist ncia de capacidade ociosa e esta ocupa o dependia de um suprimento regular de mat rias primas e do preenchimento de m o de obra o que seria poss vel com o novo aporte do capital 2 situa o externa favor vel o grupo venceu uma concorr ncia internacional para fornecimento dos eixos traseiros e dianteiros para a produ o do caminh o Cargo exporta o que chegaria a US 200 milh es at 1995 3 as exporta es previstas para 1986 seriam de US 23 78 milh es ou 61 a mais do que no ano anterior DIEESE 08 1987 p 10 As d vidas quanto sa de financeira da empresa no entanto come ou a surgir em 25 de agosto quando o restante das a es come ou a ser vendida na Bovespa por Cz 13 88 quase a metade do valor dos lotes anteriores As suspeitas tornaram se fato no dia 19 de setembro quando a Cobrasma comuni
115. borda a trajet ria da Comiss o de F brica da Ford com olhar cr tico assinala que a formula o do estatuto n o contou com participa o dos trabalhadores e nem sequer da comiss o provis ria formada durante a greve cujo percurso contou com manobras arquitetas entre o sindicato a empresa e a DRT Enquanto esteve frente das negocia es sobre o estatuto os membros da comiss o provis ria n o aceitaram imposi es da diretoria da montadora tais como tempo livre remunerado processo eleitoral etc Foi ent o que num determinado dia os tr s companheiros da comiss o receberam a not cia de que a Ford arbitrariamente tinha mudado o lugar das conversa es de S o Bernardo para S o Paulo Ipiranga e convocara apenas os tr s representantes do Sindicato para continuar negociando E a partir desse dia at o final dos estatutos os trabalhos prosseguiram sem a presen a dos representantes da Comiss o Provis ria A Comiss o n o questionou estas mudan as O Sindicato aceitou e os oper rios n o opinaram porque n o vinham sendo devidamente informados de todo o processo BRITO 1990 p 163 apud PEDREIRA FILHO 1997 Al m da duvidosa legitimidade do estatuto aprovado e da comiss o a institucionaliza o do rg o segundo o autor engessou as lutas Pois nos meses posteriores aproveitando do recuo das mobiliza es a montadora lan ou sua ofensiva atrav s de demiss es redu o da jornada com redu
116. ca Brava a Clark onde a Eaton hoje as assembl ias na Vaca Brava s da Clark lotava o sindicato num cabia ningu m s de uma f brica Hoje voc faz uma assembl ia no sindicato voc num consegue lotar nem aquele sal o l em cima num d nem 100 pessoas Naquela poca durante as campanhas salariais o sindicato tinha que alugar o Regatas o gin sio de esporte para poder ser l Depois o Regatas num dava mais tinha que ser no Teatro de Arena para voc ter a id ia do tamanho da mobiliza o Ent o se o patr o reduziu a jornada de trabalho de 48 para 44 hs ele num dava uma comiss o de f brica l gico o valor que voc d l gico que mais importante uma redu o da jornada de trabalho do que uma comiss o l gico que importante Porque um valor que ultrapassa porque como se fosse uma heran a para quem est vindo Mas agora a comiss o de f brica tem import ncia tamb m estrat gica dentro da empresa Uma coisa voc escrever eles escreviam porque eles n o tinham condi es de enfrentar esse debate que eram contra N s falamos mas n o fazemos A vis o que eu tinha da CUT Pela Base era essa Depoimento de Ant nio Jos acima referida 62 Os motivos dados pelo ex presidente do sindicato em certa medida justificam a manuten o dos grupos e respondem aos questionamentos levantados pelo militante comunista Afinal naquele momento a decis o em manter os grupos teve car ter conjuntu
117. cado mesmo na fam lia as pessoas ficam meio ah mas voc vai Pegavam voc de manh e com quem que voc vai Ent o sempre dif cil mas eu acho que a gente conseguiu falar olha prestem bem aten o olhem bem E isso foi muito importante Depoimento de Maria Am lia B de Paula Quando dizemos que essa quest o decisiva porque a mulher trabalhadora metal rgica de Campinas perfazia quase que outra categoria dentro de uma categoria O trabalho da Sub Se o DIEESE publicado em ma o de 1988 revelou que 15 5 da categoria era de mulheres das quais 28 4 desempenhavam fun es administrativas e 71 6 na rea da produ o Das mulheres que trabalhavam na produ o 99 3 ganhavam menos de cinco sal rios m nimos A faixa salarial que mais concentrava as metal rgicas era a 2 a 3 sal rios m nimos Al m disso a rotatividade era maior em rela o a m o de obra feminina j que das 10 800 trabalhadoras 56 n o chegavam a ter tr s anos de emprego DIEESE 1988 Ou seja o GF SINGER tornou se inclusive uma refer ncia para a categoria que abrigava brutal desigualdade econ mica entre os g neros Mas num contexto de forte refluxo que a categoria como um todo sofria desde 1985 o grupo viu se isolado ainda que fosse refer ncia para os demais E como dissemos ao obstar a reestrutura o da empresa essa adotou outra estrat gia para fazer atingir seu objetivo come ando pela troca da diretoria
118. categoria que em abril de cada ano Predominou portanto a vis o empresarial de redu o dos custos da produ o via achatamento dos sal rios Os empres rios procuraram eliminar o reajuste salarial da categoria atrav s da rotatividade Os trabalhadores s o substitu dos por outros que receber o apenas uma parte ou nenhuma do reajuste salarial conquistado na data base Outro motivo est na recomposi o dos estoques das empresas que normalmente ocorre no in cio de cada ano havendo portanto maior n mero de admitidos e demitidos id Igualmente programada era a oscila o entre a rotatividade e o n vel de emprego Ambos oscilaram juntos quando o n vel de emprego aumentou a rotatividade tamb m aumentou Por m no terceiro trimestre 1990 o turn over atingiu os maiores ndices do per odo justamente quando o n vel de emprego se recuperava ap s dois trimestres de forte redu o Para piorar nos dois ltimos meses de 1990 seriam demitidos ainda quase dois mil metal rgicos fazendo com que o ano fechasse 5639 postos de trabalho da categoria o pior resultado desde que a Sub Se o DIEESE passou a estudar o comportamento do mercado de trabalho DIEESE 1991 p 6 105 Meses antes no 3 Congresso a diretoria reeleita da corrente CUT Pela Base reconheceu que era preciso avan ar na pol tica de massas Naquele que foi o momento de autocr tica feita pelos dirigentes sindicais foi reconhecido que as atividades
119. cou Comiss o de Valores Mobili rios 44 A y g ES dy gt n s conseguimos criar aqui na Cobrasma um dos principais n cleos da oposi o naquele per odo Daqui sa ram muitos ativistas sindicais que posteriormente se tornaram lideran as sindicais ou sindicalistas como o meu caso o Pedro o caso do Z do companheiro Valdeci Enfim diversos companheiros sa ram para o trabalho para a luta sindical assumindo a fun o de dirigentes sindicais e ao mesmo tempo se espalharam pelo conjunto da categoria em nossa regi o e n s juntos constru mos com outros companheiros de outras empresas Depoimento de Durval de Carvalho V deo V rios Depoimentos em comemora o dos 5 anos de luta Campinas 1989 90 CVM e s bolsas de valores de S o Paulo e do Rio de Janeiro que seu lucro l quido seria de apenas Cz 56 5 milh es bem abaixo das previs es anteriores A empresa alegou que a redu o era fruto das perdas com a receita l quida que por sua vez foram causadas pelos aumentos dos custos principalmente na folha de pagamentos id Interrompidos os lan amentos das a es na bolsa as institui es que os coordenavam Bradesco Crefisul e Banco de Cr dito Nacional BCN tiveram que arcar com os preju zos e os pap is da empresa simplesmente dormiram nos estoques das institui es financeiras desde ent o 1d p 11 Piorando a situa o ao final de dezembro a Cobrasma publicaria a revis o de
120. criticamente o PT nunca se interessou muito em dar forma o para os trabalhadores forma o de uma cultura socialista de uma consci ncia socialista Isto ficou a cargo dos sindicatos e uns fizeram e outros n o fizeram Eu me lembro que quando n s ganhamos o sindicato aqui n s ganhamos o sindicato contra a vontade da dire o do PT N s atropelamos a dire o do PT da cidade Todos n s ramos petistas naquela ocasi o mas n s ganhamos o sindicato atropelando a maioria da dire o do PT Que enxergava uma t tica eleitoral diferente da nossa E como n s est vamos muito enraizados nas f bricas naquele per odo embora eu tivesse fora da f brica tinha sido demitido estava com o nome na lista negra porque tinha encabe ado a chapa nas elei es de 81 mas n s t nhamos uma turma muito enraizada nas f bricas a n s viemos e atropelamos a dire o do nosso pr prio partido Porque como ela n o estava conectada com esse cotidiano com esse mundo da f brica ent o ela n o conseguiu compreender aquele movimento adequadamente Mas o fato que n s conseguimos impor uma din mica pol tica que n s ach vamos mais correta Depoimento de Durval de Carvalho 140 Portanto havia o distanciamento de grupos e os partidos pol ticos Aqueles militantes vinham voluntariamente e n o se identificavam ao menos imediatamente com a luta pol tico partid ria E nem mesmo a rela o entre grupos e sindicatos era harmoniosa M
121. da campanha salarial de 1985 realizar um novo movimento grevista generalizado Ali os trabalhadores apostaram nas organiza es dos Grupos Clandestinos de organiza o de base ou Grupos de F brica 11 Pedreira Filho define Grupos de F brica da seguinte forma pequena organiza o informal na empresa que emerge no instante das greves deixando tra os impessoais de uma linha de lutas de base talvez cont nua mas dif cil de reconstruir resultam da subjetividade oper ria em oposi o s condi es objetivas do processo de trabalho e expressam em suas a es as condi es de explora o da for a de trabalho em um determinado momento da produ o social como as contradi es inerentes s rela es sociais de produ o PEDREIRA FILHO 1997 p 21 No que tange atua o dos Grupos esse mesmo autor diz poder amos afirmar em princ pio que a exist ncia pr via ou circunstancial da pequena organiza o informal clandestina grupos de f brica que resistem silenciosa ou ativamente no quotidiano da produ o contra as m s condi es de trabalho de remunera o e de vida seria a condi o inicial suficiente para o surgimento e manuten o de uma comiss o de f brica Isto parcialmente verdade Apesar da import ncia significativa que se possa a atribuir a esses formuladores de opini o no ch o das f bricas suas a es nem sempre s o suficientes para converterem se em manifest
122. da ditadura da trucul ncia da persegui o da a o policialesca contra os trabalhadores ela continua nas f bricas N s rompemos com a ditadura pol tica na sociedade mas continuamos com a ditadura econ mica a ditadura das rela es de trabalho nas f bricas Como n s temos at hoje a ditadura econ mica na sociedade Como as empresas as f bricas s o os n cleos do espa o da produ o de mercadorias de forma o de riquezas de concentra o delas est claro que elas jamais foram espa os democr ticos A id ia da empresa democr tica que aceita o trabalhador questionar os ritmos da produ o a organiza o da produ o e o tamanho da mais valia uma id ia absolutamente distante da realidade brasileira Ent o n s viemos para o Sindicato ainda com essa id ia de organiza o no local de trabalho clandestina foi um trabalho feito antes de chegar a elei o sindical N s aprendemos isso em 78 com a derrota da oposi o aprendemos isso em 81 com a segunda derrota da oposi o de que s o trabalho cuidadoso o trabalho abnegado o trabalho de juntar dois tr s quatro cinco quando n s t nhamos cinco pessoas num grupo de f brica j estava de bom tamanho Se chegasse a doze a voc estava feliz da vida voc tinha atingido todos os xitos Doze trabalhadores organizados numa f brica em locais estrat gicos para voc trocar informa o para voc fazer um mosquitinho ou seja criar uma agi
123. da dois dias eles voltam atr s readmitem todo mundo admitem a derrota e passam a ter um discurso dizendo que v o negociar Quer dizer no final de 88 eles admitem a derrota readmitem os companheiros que querem voltar readmitem todo o grupo de f brica readmitem a CIPA A essas alturas n s j sab amos que o confronto estava comprado Eram duas linhas uma linha que era a de que n s defend amos o sindicato enquanto organiza o da luta que fazia avan ar a luta e sabia tamb m que a Singer tinha comprado a briga e pra isso ela ia fazer de tudo Ent o ela come a a infiltrar dentro da empresa a pol cia investigador pol cia militar pol cia civil substitui guarda Ela come a a fazer todo um trabalho pra criar bases l dentro pra destruir nosso trabalho dado que ela n o tinha conseguido naquele momento Come a tamb m al m disso uma tentativa de coopta o atrav s do kanbam just int time fazer cursos e a grande desmoraliza o que ela come ava a fazer perante os trabalhadores em confronto com o sindicato ela criava determinadas quest es com o sindicato e n o cumpria negociava acordo por exemplo a quest o do turno de seis horas a quest o da equipara o salarial a quest o do hor rio de guarda hor rio de turno compensa o coisas pequenas quest o da CIPA ela negociava com os trabalhadores n o cumpria e dizia que no sindicato ela assinava concordava e depois dizia que n o cumpria nada disso E
124. dade de Piracicaba serviu para que fosse avaliada a trajet ria daquela gest o at ent o Ali foi dada a oportunidade para encaminharem a es que ao mesmo tempo evitassem o imobilismo sindical e ampliassem a vis o sobre o empresariado da Regi o al m de avaliarem a conjuntura nacional adotando uma postura cr tica com rela o nova Rep blica As greves de outubro de 1984 e abril maio de 85 tinham sido segundo as resolu es do Congresso o marco do crescimento das mobiliza es na regi o bem como do crescimento do movimento oper rio que rompia com a colabora o de classes substituindo a por um sindicalismo classista de luta e organizado pela base RESOLU ES DO 1 CONGRESSO DOS METAL TGICOS DE CAMPINAS outubro de 1985 p 3 Dessa forma buscando manter e avan ar nessas lutas eles aprovaram a filia o CUT assumindo integralmente seus objetivos e planos de luta al m de apoiarem as oposi es sindicais e sindicatos alinhados com a Central visando tra ar em conjunto a es para fortalecer demais categorias contra as diretorias pelegas 357 Alguns outros pontos merecem destaque por demonstrarem que os desdobramentos do movimento grevista daquele ano for aram a redefini o de algumas t ticas pol tico organizacionais Primeiramente avaliando a conjuntura nacional o Congresso entendeu que a nova rep blica era uma alternativa imperialista e da burguesia para superar a fal ncia da ditadur
125. de Gerardo de Melo V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 Fundado portanto em 1980 ap s participarem da primeira experi ncia eleitoral o Grupo Clandestino da Singer continuou seus trabalhos internos na f brica visando as elei es de 1981 Como dissemos ap s 1979 a oposi o sindical redefiniu a sua estrat gia 5 Dados obtidos junto ao ex diretor do Sindicato e ex funcion rio da empresa Gerardo de Melo 114 e decidiu lan ar a campanha de sindicaliza o ao mesmo tempo em que mostravam ao trabalhador a import ncia do sindicato Na Singer esse trabalho de conscientiza o da import ncia do sindicato foi feito da seguinte forma J em 1981 passamos a nos reunir clandestinamente E at aquele presente momento n o ramos reconhecidos as pessoas que apareciam s apareciam as que tinham seguran a e eram cipeiros e tinham garantia de emprego e que para isso n s conseguimos duas pessoas para fazer o trabalho mais aberto todas as demais pessoas eram um trabalho feito clandestinamente mas bem feito onde n s conseguimos reunir at 20 companheiros por semana um trabalho de conscientiza o Estabelecemos uma coordena o pro grupo desenvolvemos todo um trabalho de conscientiza o de que era necess rio a retomada da luta pra conquistar o sindicato id o GF SINGER mais estruturado consegue colocar dois representantes na chapa de oposi o que concorreria as elei es naq
126. dia 30 quando ent o a Bendix decidiu cumprir o acordo e reduzir a jornada Tamb m em janeiro o Governo aprovou o Plano Ver o O novo Plano de estabiliza o da infla o foi o fruto pol tico econ mico gestado com o fracasso do Pacto Social protagonizado meses antes por setores empresariais juntamente com o Governo Federal e uma parcela do sindicalismo pragm tico Ant nio Medeiros principalmente CARDOSO 1999 p 226 240 No que tange ao aspecto salarial o Plano tinha como objetivo acabar de vez com a URP que vinha repondo parte significativa dos sal rios Mas o principal objetivo do Governo Sarney no entanto era conter os reajustes salariais do funcionalismo p blico que se enquadrava no objetivo mais amplo de corte nos gastos p blicos Por m o Plano extrapolava o campo da pol tica salarial para os funcion rios p blicos pois extinguia a URP que era base de c lculo para todas as categorias e n o colocava em seu lugar nenhum ndice pr fixado com o argumento de que o congelamento dos pre os tornava tal ndice desnecess rio Por m o an ncio de congelamento dos pre os uma das medidas do Plano fez os empres rios correrem e aumentarem os pre os fazendo com que subissem muito provocando perdas salariais de cerca de 80 s nos meses de janeiro e fevereiro BOLETIM DO SINDICATO CAMPINAS 26 01 1989 BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA SINGER CAMPINAS 09 03 1989 Diante disso o Departamento dos Met
127. dical e que foram hegem nicas nas diretorias eleitas de 1984 at ent o 47 eles n o atacam a comiss o de f brica mas tamb m n o defendem Eles se posicionam inclusive contra a comiss o de f brica Ent o como a implanta o da comiss o ela teria que ser atrav s do sindicato o sindicato num deu prosseguimento e a comiss o de f brica num saiu Eles abortaram isso a Eles pararam de procurar a Mercedes para negociar num procuraram mais nada e acabou n o vingando a comiss o de f brica Depoimento de Ant nio Jos O passo pioneiro na regi o da conquista da Comiss o de F brica pelos trabalhadores da Mercedes de uma forma ou de outra foi posto por terra acabando com a expectativa dos membros do grupo que j vinham se preparando para avan arem rumo forma estatut ria de organiza o de base Foi frustrada a tentativa mas ao menos os membros endogenamente organizados sa ram ilesos e puderam prosseguir o trabalho de organiza o interna E da mesma forma se deu nas outras ind strias onde o trabalho clandestino continuava a ser o embri o de cada mobiliza o que surgia De fato as a es informais eram uma pol tica priorizada pela diretoria eleita como foi dito pelo militante acima Pois segundo eles a cultura autorit ria persistiu no interior das empresas mesmo com o movimento de redemocratiza o mesmo ap s 84 e 85 que est encerrando o ciclo da ditadura militar mas a cultura
128. do sindicato que com o subs dio dos grupos realizou v rias assembl ias na porta da empresa id As pequenas a es do grupo de f brica da Bosch culminaria depois de anos de refluxo na segunda greve generalizada da empresa Evidentemente pela pol tica que a empresa adotava nessas ocasi es a mobiliza o n o aconteceu sem a presen a da pol cia e seguran as ou sem que fossem tomadas medidas para impedir o movimento na Bosch a greve chegou no dia 18 de abril daquele ano Tomada de surpresa uma vez que a greve n o tinha data nica para come ar a empresa tentou descaracterizar o movimento grevista numa t tica que visava desmoralizar os trabalhadores e o Sindicato A Bosch dispensou todos os funcion rios por tr s dias e convocou atrav s de jornais o retorno ao trabalho Naquela segunda feira dia do retorno a pol cia militar esteve no local O Sindicato declarou nos jornais a presen a de mais de 30 viaturas da pol cia e 300 policiais que escoltavam os trabalhadores para dentro da empresa Na triagem feita na portaria quase 300 trabalhadores foram barrados id O grande contingente de policiais e seguran as na porta e no p tio interno da empresa no dito dia de retorno provocou uma cena inusitada em que os sindicalistas ficaram com o carro de som num canteiro central s margens da rodovia Campinas Monte Mor comunicando aos trabalhadores que a greve n o havia acabado isso feito de uma l
129. dos fornecedores kanban externo e da f brica kanban interno objetivam chegar perfei o de fazer as mat rias primas e insumos chegarem f brica no momento exato em que v o ser utilizados na produ o Para coordenar o fluxo dos materiais utilizado uma s rie de mecanismos como o caso das plaquetas ou argolas com diferentes cores que deram o nome com que o sistema foi batizado em japon s Os objetivos principais do sistema kanban s o a Eliminar estoques de lado a lado fornecedor e fabricante b reduzir custos financeiros c reduzir transportes internos d eliminar a deteriora o das mat rias primas nos p teos da empresa e facilitar a descoberta de defeitos nos produtos enviados pelos fornecedores f aprimorar a qualidade do produto g aumentar a participa o e o envolvimento do trabalhador h reduzir o tempo necess rio para a produ o do produto Na verdade o objetivo fundamental do sistema de produ o kanban obter a maior produtividade poss vel com custos reduzidos O que ganha o trabalhador A filosofia do kanban com rela o ao trabalhador mostrar e insistir em que ele oper rio est fazendo algo que n o imposto e que o faz participante do processo Por isso o sistema kanban exige muito dos oper rios que t m de se tornar capazes de detectar problemas e frequentemente solucion los por conta pr pria Com isso os trabalhadores v o ficar orgulhosos de um programa dif cil que eles tran
130. e Campinas a convocar uma assembl ia um dia antes da deflagra o da greve em S o Bernardo A assembl ia aconteceu no Gin sio do Guarani na regi o central de Campinas e contou com mais de 13 mil trabalhadores Por m para impedir o movimento grevista Cid Ferreira j tinha assinado um acordo com a FIESP acordo este que j tinha sido aceito pela Federa o Na assembl ia apenas Cid obteve a palavra impedindo o conjunto dos trabalhadores de colocar outras propostas Diante dessa manobra foi formado no dia seguinte um movimento grevista na Mercedes que ap s tornar se p blico atrav s de piquetes e assembl ias desencadeou uma s rie de paralisa es Portanto havia um movimento iminente de greve que o Cid quis evitar fechando o acordo A sua justificativa foi que a categoria n o estava preparada para enfrentar uma greve a exemplo dos metal rgicos da ABC Por m como revela o depoimento a seguir Cid estava na realidade tentando evitar um movimento pol tico de grande envergadura em 79 no Gin sio do guarani foi uma assembl ia hist rica que aconteceu na nossa categoria E que na realidade n o que a categoria como disse o presidente do sindicato que a categoria n o estava preparada para ir pra greve Tanto estava preparada como foi pra greve em 79 Porque depois da assembl ia manobrada ele com a carta de princ pios que na realidade pra categoria ele assinou aquele acordo antes de consultar a assembl ia e tumult
131. e Cid Ferreira de Souza que no ano seguinte assumiu ap s o ent o presidente eleito ter seu mandato cassado por motivos n o esclarecidos at ent o POSSAN 1997 p 61 62 Cid Ferreira reuniu em seus mandatos as condi es prop cias para esvaziar os esfor os coletivos de organiza o atrav s do alinhamento com a pol tica sindical ditada pelo regime militar que consistia na a o assistencialista e previdenci ria ibd p 62 Uma vez fechados os canais tradicionais de organiza o o movimento oper rio de Campinas passou a compor sua for a em espa os alternativos sobretudo as vilas e os bairros que articulavam integrantes da esquerda cat lica principalmente a Pastoral Oper ria e a Juventude Oper ria Cat lica JOC A primeira privilegiava o espa o dos bairros local em que atrav s da nucleariza o oferecia forma o sistem tica aos trabalhadores que formavam grupos ligados s lutas locais por gua luz creche etc e acabavam se tornando espa os de encontro para discutir a quest o oper ria e sindical ibd p 67 Portanto tratava se de um trabalho lento o qual abria a possibilidade de surgir uma lideran a capaz de fazer a ponte entre o bairro e a f brica A JOC por outro lado privilegiava a conscientiza o dos trabalhadores para atuarem nos espa os da f brica Composta por crist os militantes do PCdoB e independentes composi o heterog nea que antes de 1978 n o prejudicou suas a es por se
132. e Cid significava rachar os votos que foram para a Chapa 1 sobretudo os das grandes empresas Cobrasma por exemplo que foram decisivos para a manuten o da diretoria cutista Portanto o resultado das elei es demonstrou uma fragilidade da pol tica de a o sindical da diretoria o trabalho de base nas pequenas e m dias ind strias Uma fragilidade que em curto prazo n o seria resolvida A apura o havia come ado pelas urnas das empresas menores onde segundo explica es Cid mantinha predomin ncia eleitoral Mas a empolga o mudou de lado quando foi aberta aurna da empresa Cobrasma uma das grandes concentra es de metal rgicos e reduto da CUT Assim a diferen a foi aumentando ao ir passando pelas urnas da Bendix Clark Singer e Robert Bosch Di rio do Povo 28 06 87 17 A despeito do distanciamento pol tico do sindicato com rela o s pequenas e m dias empresas at aquele momento a categoria como um todo sofreria em 1987 com as flutua es negativas no mercado de trabalho e com as defasagens nos sal rios fruto da pol tica de arrocho do Governo Sarney Segundo o DIEESE 1987 terminou com 1195 metal rgicos a menos na base de Campinas e Regi o Chama a aten o a pol tica utilizada pelas empresas para efetuar os desligamentos o que aconteceu n o foram dispensas alarmantes e sim demiss es met dicas sem que despertassem preocupa es dos Sindicatos e nem mesmo do conjunto dos traba
133. e como ponto de partida a desorganiza o da m o de obra por interm dio de repress o a seus organismos representativos interven o em sindicatos cassa es pol ticas TRAGTENBERG 1989 p 131 Portanto foi na vaga deixada pelos rg os que defendiam o trabalhador que as empresas criaram regras opressoras e degradantes para o operariado id p 132 140 Tratou se desse modo de uma quest o pol tico social em que a correla o de for as favoreceu tais pol ticas dos empres rios E somente na d cada de 1980 que essa correla o come ou a mudar em que pese todos os reveses do movimento oper rio e sindical Particularmente em Campinas os metal rgicos passaram a encaminhar as demandas relativas s condi es de trabalho ap s terem derrotado Cid Ferreira E somente em 1989 lan aram uma campanha sistem tica buscando solucionar os problemas de sa de nas empresas Mas a tarefa parecia ser ainda maior pois somente em 1988 foram tr s acidentes fatais e em 1989 mais um Embora o depoimento acima de um ativista nos revele que a diferen a entre as condi es de trabalho das pequenas e das grandes empresas fosse brutal os acidentes fatais que ocorreram no bi nio 1988 1989 n o discriminaram o tamanho delas eles aconteceram nas grandes como Bendix e Mercedes e nas pequenas e m dias como a Furpresa e a Nativa E na Dako tamb m em 1989 um trabalhador perdia 46 Dessas empresas a GE e a Eletrometal a
134. e da reestrutura o produtiva l gico Mas sutilmente eles iam descartando aqueles que eles viam que eram problem ticos Porque eles tinham pessoas treinadas que at pela forma com que as pessoas falavam eles sabiam se voc era ligado ao sindicato ou n o por causa do palavreado Eles se aperfei oaram nisso da Ent o quando eles n o podiam mandar embora eles isolavam e buscavam desqualificar os trabalhadores Mas com o tempo voc ia retomando porque os trabalhadores iam vendo que isso da era uma cilada Depoimento de Ant nio Jos De maneira geral as empresas recorrem aos c rculos de controle de qualidade CCQ s para que os trabalhadores possam contribuir com sugest es e assim maximizar a produtividade Inserido no conjunto dos elementos que caracterizam o modelo toyotista de produ o e que o diferencia do fordismo os ccg s se caracterizam por congregar grupos de trabalhadores que s o instigados pelo capital a discutir seu trabalho e desempenho com vistas a melhorar a produtividade das empresas convertendo se num importante instrumento para o capital apropriar se do savoir faire intelectual e cognitivo do trabalho ANTUNES 2000 p 55 No Brasil no entanto a inser o dos c rculos na d cada de 1980 ainda que tivessem esse objetivo n o conseguiu envolver os trabalhadores dentro dessa proposta pol tico administrativa das empresas Segundo Alves os ccq s s o instaurados aqui n o como compon
135. e industrial 7 Em 1989 a regi o de Campinas hoje Regi o Metropolitana de Campinas contava com uma popula o de 4 milh es de habitantes 12 8 da popula o do Estado distribu da em 18 cidades S a cidade de Campinas abrigava cerca de 1 2 milh o de habitantes DIEESE 1989 p 5 29 Tal desenvolvimento foi ampliando gradativamente desde a d cada de 1960 a gera o de emprego Em 1970 por exemplo a regi o empregava 29 7 dos oper rios da ind stria de transforma o do Estado e cinco anos depois esse percentual subia a 32 2 passando a 35 8 em 1980 id p 9 Por volta de 1989 a regi o empregava cerca de 450 mil trabalhadores sendo que cerca de 70 mil pertenciam ind stria metal rgica sobre a qual nos deteremos nessa disserta o 30 3 1 CARACTER STICAS GERAIS DA IND STRIA METAL RGICA DE CAMPINAS E REGI O Foi no bojo do desenvolvimento da regi o de Campinas tra ado brevemente acima que o parque industrial metal rgico subdividido nos seguintes setores metal mec nico material el trico e transporte ir surgir e se ampliar Podemos com base em dados do DIEESE levantados em 1987 tentar caracterizar esse complexo industrial Primeiramente aquele era um parque no qual predominava em n meros absolutos de unidades produtivas empresas nacionais de pequeno porte Segundo dados do departamento a faixa de empresas que empregavam de 1 a 50 trabalhadores somavam se 1152 unidades ou 88 13 do total 13
136. e n o dissesse quando e como serem feitas id Em segundo lugar na avalia o que fizeram do movimento sindical regional o congresso retomou o hist rico das lutas s quais a oposi o enfrentou para afastar os pelegos e reformistas E com a experi ncia de pouco mais de um ano e meio frente do sindicato curto per odo mas que j registrava avan os e recuos do movimento oper rio Alguns pontos s o levantados para comprovar suas conclus es 1 A Assembl ia Constituinte composta por not veis escolhidos a dedo pelo sistema e liderados por conhecido reacion rio Afonso Arinos que j prestou o vosso servi o ao regime militar 2 ambigiiidade do governo Sarney que por um lado amea ava romper com o FMI mas por outro mantinha a mesma pol tica econ mica dos militares que o levava assinatura de mais uma carta de inten es com o fundo monet rio internacional 3 o plano de reforma agr ria n o contemplava as reivindica es dos trabalhadores do campo por n o romper com o Estatuto da Terra 4 a nova Lei de Greve repetia as mesmas exig ncias das leis anteriores 5 questionam o car ter da redemocratiza o j que o Ministro do Ex rcito anunciava que ia investigar a infiltra o de subversivos no Projeto de Reforma Agr ria al m do que persistiam as demiss es em massa de militantes nas empresas CADERNO DE RESOLU ES DO 1 CONGRESSO DOS METAL RGICOS DE CAMPINAS 1985 p 3 4 58 insistiram na
137. e n o fazer o papel de colch o entre os interesses do trabalhadores entre a chefia e a empresa de pelegos essas comiss es eram demitidas vupt passavam o fac o e demitiam todo mundo ent o demitiam dois tr s caras que eram os caras que coordenavam os caras que davam din mica quela comiss o A voc fica com aquela comiss ozinha com gente fraca amedrontada e ela come a a virar pelega Inv s de ser uma comiss o de f brica passa a ser uma comiss o da f brica Depoimento de Durval de carvalho acima referida Essa era a defesa da manuten o dos grupos feita pelos militantes da ent o corrente CUT Pela Base da qual fazia parte o presidente do sindicato Durval de Carvalho Por outro lado os militantes comunistas do PCdoB defendiam as comiss es e 61 entenderam que a ent o diretoria naquele momento pouco ou nada fizeram para consolidar os organismos de base estatut rios Vejamos Jna verdade o que a CUT Pela Base na poca fazia pela import ncia que tinha as comiss es de f brica naquele momento era muito dif cil voc falar contra A comiss o de f brica de Osasco por exemplo da Cobrasma que enfrentou a ditadura naquela hist rica greve a comiss o da Azama em S o Paulo ent o era muito dif cil voc falar contra a comiss o Ent o eles n o tinham coragem de falar contra a comiss o Ent o eles pegavam e tentavam jogar a import ncia da Comiss o num patamar maior onde a correla o de for
138. e se um trabalhador vem com o diagn stico de uma doen a ele trabalha com um companheiro numa mesma se o indica que existem ou podem existir outros companheiros com a mesma doen a Ent o a gente busca envolver esses outros trabalhadores da f brica Mas o objetivo na realidade envolver politicamente os trabalhadores num processo de negocia o e organiza o para uma luta sindical maior mais ampla com um sentido de transforma o nessa rela o entre capital e trabalho atualmente no nosso pa s Depoimento de Walmir Azevedo V deo V rios Depoimentos em comemora o dos 5 anos de luta Campinas 1989 A campanha que se estendeu ao longo de 1989 foi feita nas seguintes empresas Dako Eletrometal IBAF GE Bendix Ks Pist es Cobrasma Filtros Mann Mercedes 97 Benz Indisa On a Braseixos Singer e Haver Beumer Em todas elas os maiores problemas levantados foram ru dos excessivos e exposi o a produtos t xicos Essa no entanto n o era uma campanha de curta dura o Afinal a situa o do trabalhador metal rgico e demais setores produtivos como no campo por exemplo no Brasil uma heran a das pol ticas pr prias implantadas pelas empresas sobretudo ap s o golpe militar em que os organismos de classe sofreram interfer ncia do Regime Segundo Tragtenberg 1989 durante o regime militar os trabalhadores perderam os direitos sociais adquiridos na d cada de 1930 Essa perda de direitos tev
139. e vinculavam Igreja ocorria por um lado um distanciamento que conduzia efetivamente possibilidade de ruptura entre os cat licos da Pastoral e os militantes do PCdoB Por outro lado uma grande proximidade estava sendo estabelecida entre a Pastoral Oper ria e a esquerda Trotskista representada na categoria metal rgica de Campinas pela Converg ncia Socialista e o Trabalho na medida em que havia entre esses dois grupamentos algumas afinidades em termos da compreens o da a o e da concep o sindical POSSAN 1997 p 137 Portanto essa aproxima o entre as correntes do movimento oper rio era resultado da converg ncia entre concep es sobre o papel do sindicato e sua estrutura ambas 15 Al m claro das lutas fragmentadas por empresas cria o dos grupos de f brica j mencionadas acima 16 Ver Revista Comemorativa dos 20 anos do Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o 41 valorizavam o trabalho de base atrav s da organiza o de comiss es e grupos de f brica aut nomos A diferen a entre elas evidenciava se a partir da prioridade dos trotskistas pela organiza o clandestina nas f bricas tendo como refer ncia o incipiente Partido dos Trabalhadores j a prioridade da Pastoral era o espa o aberto dos bairros mantendo certa dist ncia da milit ncia nos partidos id p 139 140 A despeito disso nas elei es de 1981 militantes de ambas correntes compuseram a chapa de oposi o ap s o PCdoB
140. ecedentes para que uma nova diretoria assumisse o controle da produ o O Grupo se mostrou irredut vel em discutir a pauta da pol tica administrativa colocada pela empresa dentro dos termos impostos por ela e como vemos acima barrou as primeiras experi ncias de reestrutura o At aquele momento o GF SINGER tinha for as suficientes para barrar aquele processo de reorganiza o Em torno do grupo reuniam se cerca de 400 pessoas quase 10 da f brica mobilizada O depoimento a seguir nos mostra como essa organiza o foi sendo constru da a vinda para o grupo era um pouco por causa das rela es que a gente ia tendo com as pessoas que amos conversando as inquieta es que as pessoas tinham Ent o quando voc n o concorda vamos ver o que poss vel Ent o a gente trabalhava muito com as rela es de trabalho Para voc ter a id ia de como era a dimens o n s t nhamos uma menina que ela trabalhava na minha se o na minha linha de montagem e as m quinas passam na linha e depois que voc termina elas s o lavadas com solvente pra ficar toda limpa e ela tinha um problema de epilepsia ela fazia tratamento e tal e o chefe foi brigar com ela e ela desmaiou porque ela ficou muito nervosa e ela estava fazendo o limite dela e eu 126 fiquei muito brava e n s t nhamos uma rela o de apontar pro gerente isso postura da sua chefia Ent o voc vai criando nas pessoas uma rela o de quest
141. ega o n o encontrou respaldo entre os trabalhadores O que se viu depois desse duro golpe contra a organiza o dos trabalhadores foi uma batalha entre sindicalistas e seguran as Os diretores do sindicato incluindo Gerardo Mello Darci Finotelli e Maria Am lia funcion rios da empresa insistentemente tentavam furar a seguran a na porta da f brica entregar os boletins e conversar com os trabalhadores Isso demonstra que mesmo sendo refer ncia para a categoria o forte grupo da Singer encontrava se isolado Apenas cartas de rep dio da CUT e de sindicatos foram enviadas ao Sindicato empresa e Secretaria de Seguran a P blica por m sem nenhuma medida concreta conjunta De qualquer forma o Sindicato insistiu junto aos trabalhadores por acreditar que a organiza o que tinham l dentro deixara alguma semente n s do sindicato acreditamos n s da diretoria n s acreditamos que dentro da Singer ficou plantada a semente A semente n s acreditamos 134 que ela esteja por l A gente acredita que a qualquer momento vai haver um levante dentro da empresa Porque por onde se passa um processo de luta por onde se passa um processo de organiza o a gente negar que tenha deixado ou ficado alguma coisa n o correto porque vai contra os nossos pr prios princ pios de trabalho N s acreditamos que na Singer ainda exista alguma coisa e eu tenho certeza acredito nisso e falo com toda garantia patr es Depoiment
142. eito com 480 funcion rios O principal ponto levantado foi a reivindica o relativa a sal rios em especial as perdas salariais e a equipara o salarial seguida das reivindica es relativas s persegui es dentro da empresa e condi es de trabalho Esses pontos foram discutidos numa reuni o entre sindicalistas e os diretores da empresa Argumentando que as diferen as salariais era fruto de uma reestrutura o na pol tica salarial da empresa e que essa pol tica passava por mudan as a Bosch decidiu n o negociar a equipara o J no que tange s perdas salariais a empresa estudaria a proposta mas adiou para novembro a decis o e portanto aguardaria o t rmino da campanha extempor nea e as recomenda es da FIESP Por m merece destaque a 88 resposta dos diretores da auto pe as com rela o ao controle e a press o das chefias Com rela o a isso a empresa disse que seria necess rio um pouco de paci ncia por parte dos trabalhadores pois isso um pouco parte da cultura da Bosch de Campinas BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA BOSCH 28 10 1988 Ou seja a Bosch tinha demonstrado ser flex vel ao receber o sindicato para negociar a pauta de reivindica es mesmo ao custo de muito tumulto e intransig ncia Al m disso v rias das reivindica es foram atendidas como regulariza o dos hor rios de refei o redu o gradual das horas extras explicita o da pol tica salarial entre outras
143. em Araraquara quando precisei Aos verdadeiros amigos que fiz e com os quais aprendi muito e compartilhei emo es e tristezas Agrade o a Davi Carvalho Rog rio Macedo e Daniele Tega pelas agrad veis viagens que fizemos e pelas discuss es e momentos de descontra o que tivemos nesses per odos e em tantos outros Agrade o a Juliana Guide Magalh es Pablo Polese Guilherme Rezende Paula Simpl cio pelos debates que tivemos que muitas vezes foi esclarecedor e pelo apoio que me deram Agradecimento especial a Christian Guglielmetti que nos momentos em que mais precisei me ofereceu ajuda incondicional Tudo est trang ilo na f brica mas o problema est se preparando Eisenstein a Greve 1925 No per odo de predom nio econ mico e pol tico da classe burguesa o verdadeiro desenvolvimento do processo revolucion rio acontece sub repticiamente na obscuridade das f bricas e na obscuridade da consci ncia das multid es exterminadas que o capitalismo sujeita s suas leis GRAMSCI 1991 p 92 RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar a manuten o e o desenvolvimento da pol tica de organiza o de base do Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o no per odo de 1984 a 1991 Este per odo vai desde a vit ria da oposi o sindical at o primeiro movimento grevista generalizado na categoria ap s forte recuo motivado pelas demiss es da campanha salarial de 1985 Per odo ainda marcado pela
144. embora no ano de 1988 o quadro de funcion rios tenha terminado pouco acima dos 2000 id p 20 em 1989 as demiss es retomavam com for a e j em janeiro como dissemos era prevista 700 demiss es sendo que das trezentas j efetivadas na primeira semana a empresa nem sequer explicou as motiva es e nem mesmo compareceu DRT BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA COBRASMA 05 01 1989 Somado a isso a Cobrasma tamb m mantinha atrav s do Departamento de Rela es Industriais uma pol tica de militariza o em seu interior que impedia qualquer 91 associa o entre seus trabalhadores e entre esses e o sindicato Dessa forma mesmo com a tradi o de luta n o houve qualquer movimento significativo no per odo estudado Mas os desafios n o paravam por a A Bendix outra grande ind stria do ramo de material de transporte criou tamb m em janeiro um impasse com o sindicato com rela o jornada de trabalho A empresa n o reduzira a jornada desde que foi conquistada em 1985 e permanecia em 48hs semanais A proposta do sindicato apresentada aos trabalhadores numa assembl ia realizada no dia 12 01 foi de redu o imediata para 44hs semanais sendo que o 1 e o 2 turnos trabalhariam somente 4hs aos s bados e o 3 turno somente de segunda a sexta A empresa reunida com os sindicalistas se comprometeu a dar uma resposta at o dia 17 01 Sem respostas os trabalhadores paralisaram a empresa no dia 25 e s retornaram no
145. enos esse o papel que tiveram os grupos de f brica na 1 Rep blica Muito embora isso n o tenha tirado a sua import ncia visto que foram eles os respons veis por grandes mobiliza es como as de 1917 e 1919 mediando os Comit s de Organiza o 2 Segundo Filho a invis vel a o direta dos oper rios nas f bricas tinha como alvo o padr o privativo da domina o patronal e estatal os conflitos inerentes oposi o entre a subjetividade da vida oper ria e as condi es determinadas pela sua submiss o aos elementos objetivos e materiais do processo de produ o FILHO 1997 p 39 16 Durante toda a d cada de 1930 e at a primeira metade da d cada de 1940 o movimento oper rio conseguiu muitos avan os no que concerne a compra e a venda da for a de trabalho Por m foram conquistas forjadas ao custo da ideologia da outorga criada pelo governo de Get lio Vargas Foi assim que o pai dos pobres concedeu v rias das reivindica es que o movimento oper rio exigia desde o in cio da d cada de 1920 ou seja transformando em leis o rol das reivindica es pelas quais o movimento oper rio j lutava h no m nimo uma d cada e meia Vianna 1978 Mas a mudan a mais dr stica se deu no mbito da organiza o dos trabalhadores que sofreu duro golpe durante seu governo No per odo getulista cresceu a influ ncia do Estado nas quest es trabalhistas e sindicais Os trabalhadores que at ent o adotava
146. ente da moderniza o produtiva mas como recurso de controle do trabalho ALVES 2000 p 127 Embora identifique a instala o desses espa os de sugest es ainda na primeira metade dos anos 80 especificamente no per odo de 1981 a 1983 o autor vai dizer que ao final da d cada a reestrutura o produtiva no Brasil n o conseguiu empreender uma nova hegemonia do capital na produ o porque n o conseguiu o comprometimento oper rio id p 158 Foi decisivo para isso ainda segundo Alves o que chamou de insubordina o sindical e a falta de contrapartidas institucionais ou seja concess es aos trabalhadores em troca da sua passividade id p 159 Nas metal rgicas de Campinas levantamos tentativas de instala o dos ccq s apenas no ano de 1989 Antes disso apenas a Clark e a Singer haviam lan ado m o de algum tipo de programa de sugest es mas n o de maneira efetiva e no caso da Singer sem sucesso algum Sendo assim levantamos tr s empresas que de maneira expl cita passavam a adotar pol tica democr tica de relacionamento com os trabalhadores Uma delas foi a Dako que desde o come o de 1989 vinha pregando o discurso de empresa democr tica e que 101 segundo ela mantinha bom relacionamento com os trabalhadores e com o sindicato BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA DAKO 05 1989 A Braseixos ind stria produtora de eixos de trens e caminh es que tinha aproximadamente mil funcion r
147. ente do Sindicato os metal rgicos de v rias empresas conseguiram reajustes nem todos correspondentes ao reivindicado Houve por m forte retalia o s lideran as os l deres grevistas que compuseram as comiss es foram quase todos demitidos enfraquecendo a oposi o que ganhara prest gio junto categoria pela atua o nas greves Num s golpe patr es e Sindicato eliminaram momentaneamente os inc modos opositores abrindo caminho para Joaquinz o como ficou conhecido o presidente do Sindicato que representava o velho sindicalismo se reeleger j que gozava de algum apoio junto aos metal rgicos das empresas de pequeno e m dio porte por manobrar junto ao TRT acordos paralelos No entanto as demiss es dos seus l deres n o eliminaram o MOSM SP Ela permaneceu no interior do movimento sindical com forte express o no interior da CUT FILHO 1997 H dois fatores que estiveram presentes tanto nas deflagra es das greves em S o Paulo como nas do ABC 1 a recusa dos patr es em negociar j que se apoiavam na lei de greve e na pol tica salarial do Governo mesmo desgastada pelas perdas salariais anuais A intoler ncia patronal criou um impasse dif cil de ser solucionado 2 o segundo fator diz respeito organiza o pela base Tanto em um como no outro caso foram as organiza es nos locais de trabalho que possibilitaram a deflagra o das greves Mesmo no ABC que definia sua pol tica de a o sindical po
148. epress o interven o nas rela es trabalhistas sobretudo atrav s da pol tica salarial e combate a qualquer forma de organiza o nas empresas disponibilizando inclusive seus agentes para se infiltrarem nas f bricas A faceta jur dica pol tica desta redefini o institucional se consolidou em dezembro de 1968 com o AI 5 Por m as pequenas a es n o cessaram No interior das empresas a sabotagem da produ o opera es tartaruga entre outras formavam um conjunto de a es de protesto que se tornou recorrente Segundo Frederico 1978 as freagens da produ o foram motivadas por a es individuais psicol gicas resultado do estranhamento da hierarquia al m de reivindica es de aumento salariais Na pesquisa realizada numa empresa em meados de 1971 o autor concluiu que as sabotagens da produ o eram realizadas principalmente pelos oper rios mais qualificados e significava a regress o das lutas oper rias por n o serem a es coletivas Os oper rios desqualificados transitavam entre o conformismo e rea es explosivas e portanto era uma parcela da classe sem o horizonte das a es coletivas quando muito se reuniam em grupos de solidariedade mas desorganizados Dessa forma para o autor enquanto o conflito permanece na esfera individual ou grupal ele faz regredir a consci ncia oper ria busca de solu es individuais enquanto forma de resist ncia coletiva ele poderia manter viva a
149. er grupos clandestinos dentro das empresas n o pode abrir se puder evoluir para uma comiss o de f brica eu acho timo mas sen o evoluir tem que manter clandestinos porque n o adianta eles falam de uma falsa democracia justamente pro cara sair e a fica mapeado quando ele se expor ele vai embora E num primeiro momento os trabalhadores acharam que eles poderiam resolver os problemas dele l por dentro mesmo Depoimento de Ant nio Jos Portanto n o havia por um lado o patr o fazendeiro e por outro o patr o democrata Essas duas posturas pol ticas dos patr es da Regi o levantadas acima pelo economista que assessorava o sindicato n o eram excludentes ao contr rio se completavam A democracia no interior das empresas passou a fazer parte de uma estrat gia que visava eliminar os trabalhadores descontentes ao mesmo tempo em que uma nova concep o pol tico administrativa era adotada tendo em vista a reorganiza o do modelo produtivo ent o elas usaram muito isso a usou muito esse conhecimento que o pe o tem porque ele trabalha duas quatro cinco horas em cima de uma m quina e ent o ele vai pegando o que a gente chama de macete dentro 100 da f brica Ele vai fazendo umas gambiarras na m quina que o conhecimento que ele tem daquilo ali Ent o as empresas come aram a abrir pra sugest es reuni es peri dicas com os trabalhadores para eles falarem os problemas Isso fazia part
150. ereira Tal pol tica substitu a o IPC restrito como base de c lculo dos reajustes salariais pela Unidade de Refer ncia de Pre o URP que extinguia os gatilhos salariais A URP estava prevista para reajustar os sal rios com base na m dia da infla o do trimestre anterior ou seja uma vez calculada a m dia o resultado seria automaticamente somado aos sal rios dos tr s meses seguintes Esse mecanismo de c lculo no entanto defasava os sal rios na medida em que a alta inflacion ria m s a m s defasava o poder de compra dos assalariados Tendo em vista essas demandas os sindicatos cutistas se lan aram na campanha salarial com as seguintes pautas reposi o salarial reajustes mensais de sal rios com base nos dados do DIEESE piso salarial unificado redu o da jornada para 40hs semanais e 19 estabilidade O refluxo do movimento oper rio desde 1985 fez fracassar as iniciativas mais combativas de alguns dos sindicatos da central por exemplo em S o Bernardo do Campo quando apenas 8500 dos 115 mil trabalhadores da categoria paralisaram em resposta negativa das entidades patronais em negociar a reposi o dos res duos inflacion rios da URP CARDOSO 1999 p 225 Da mesma forma fracassara tamb m a iniciativa da central em paralisar o funcionalismo p blico ap s Sarney abandonar momentaneamente a inten o em acabar com a URP Ou seja sem mobiliza o a campanha se resumiu na entrega da pauta de reivindica e
151. erg ncia ela tinha que se expressar na elei o sindical ou numa t tica de greve numa t tica salarial mas tinha que criar um esp rito de colabora o de companheirismo de solidariedade sen o n o sobrevive n o sobrevivia n o tinha chance voc tinha que fazer o m ximo de esfor o de compor essas diverg ncias para manter a unidade do grupo Depoimento de Durval de Carvalho tinha pessoas de diferentes correntes dentro do grupo mas a gente sempre se deu bem respeito m tuo E tinha uma coisa muito nossa da quest o do grupo ou seja est acima das correntes claro que a diversidade ela ajuda voc a crescer mas quando voc come a a ter uma 49 coisa que n o para o meu benef cio e nem pro seu Ent o a gente conseguiu lidar bem com isso Claro que tinha as disputas de que o meu pensamento de que minha corrente ela pensa isso talvez seja melhor mas quando a gente discutia quest o do grupo a gente conseguia falar a mesma l ngua No grupo tinha companheiros da articula o e outras tend ncias mas a gente conseguia lidar Se a quest o do grupo da f brica ent o a gente ia ver o que que a gente est discutindo A gente sempre conseguia superar isso Isso foi uma coisa importante eu acho Depoimento de Maria Am lia B de Paula Essa caracter stica dos grupos foi de fundamental import ncia na prepara o daquela campanha salarial pois dessa forma conseguiu colocar para a o con
152. erido 82 Para que se iniciasse um trabalho de base portanto era preciso quadros com o perfil descrito acima para que pudessem come ar a desempenhar o papel de intera o de sociabilidade com os companheiros de modo que com isso pudessem ouvi lo e ao mesmo tempo falar com ele Enfim buscar com isso realizar um trabalho de conscientiza o de politiza o das rela es de trabalho em que era preciso tamb m ter orienta o pol tica forma o pol tica para n o ser enrolado pelas outras id ias A posi o de lideran a no interior da f brica exigia destreza como sugere o depoimento e ao mesmo tempo fazia parte de uma forma o pr tica permanente ao mesmo tempo um trabalho de aprendizado pol tico Se o cara faz isso voc vai tendo um aprendizado extraordin rio Eu falo da minha pr pria experi ncia penso que n o sou l grande coisa e tenho muito a aprender mas eu aprendi muito nesse trabalho de ativista na f brica Como que voc foge da chefia como que voc engambela o servi o de seguran a da empresa como que voc se comunica com o trabalhador como que voc passa um jornalzinho como que voc passa um mosquitinho na f brica como que voc passa um texto para o cara ler e depois voc volta a discutir com ele como que voc faz esse trabalho que o trabalho de base o trabalho mais prim rio da forma o da mobiliza o de ganhar as pessoas para uma id i
153. espionagem feita por chefes e ou pessoas a mando de suas dire es que identificam os elementos mais combativos e contribu am sobremaneira com a desmobiliza o desses movimentos E contra os quais o grupo de f brica sugeriu que os trabalhadores se organizassem em sua volta esclarecendo que a conquista da redu o da jornada era fruto do esp rito de luta dos trabalhadores e que somente com esse esp rito seria poss vel obter outras conquistas como a comiss o de f brica BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA DAKO CAMPINAS NOVEMBRO DE 1985 Houve por m casos abertos de conflitos em que os patr es n o demonstraram interesse algum em negociar lan ando m o da repress o A Bosch por exemplo amea ava os funcion rios que comparecessem s assembl ias atrav s de guardas e de mestres cooptados Ainda no primeiro dia de greve quando os trabalhadores chegavam porta da empresa enfrentaram forte esquema policial que n o poupou for as para agredir os diretores sindicais A situa o se agravou pelo fato da portaria estar bem pr xima rodovia Campinas Monte Mor Impedidos pela trucul ncia policial de realizar a assembl ia na portaria da empresa militantes e sindicalistas transferiram na para o Bairro Vila Boa Vista no sal o paroquial pr ximo f brica Sendo assim nos dias seguintes foi preciso adotar um esquema de paralisa o interna contando para isso com os arrast es pelas se es A empresa tratou de conter tal m
154. eu de mulher porque era diretora do sindicato estava acompanhando eles e o que aconteceu N s ficamos quase uma semana s a fundi o parada e era um pr dio isolado ent o a gente conseguia fazer manifesta o dentro da empresa passeatas e o pessoal esperando que a gente parasse o restante da f brica N s fomos pra cima e a a empresa montou um estrat gia de demiss o por justa causa da fundi o e minha E ent o n s decidimos que amos parar todo mundo Como a gente tinha sentido o clima ent o Ent o teve um confronto toda a diretoria ger ncia da empresa estava na porta e n s falamos n s vamos entrar Eles estavam implantando as catracas eletr nicas ent o seguraram os crach s e o que a gente fez Bom ou a gente p ra o restante agora ou a gente n o p ra mais porque eles j tinham dado justa causa N s fomos pra cima pulamos a catraca eram 170 se n o me engano demitidos por justa causa Uma forma de press o da empresa A n s fomos e falamos n s vamos parar a f brica toda N s pulamos a catraca Era a forma que a gente tinha de enfrentar aquilo Era assim se voc s n o deixarem a gente entrar a gente taca fogo E o pessoal l dentro esperando a gente para poder parar Teve gente que se assustou Mas conseguimos parar a f brica toda revertemos a justa causa n o deu pra todo mundo Ou seja eles demitiram sim mas pagaram todos os direitos S que a demitiram se n o
155. galidade visto que o Partido tinha forte influ ncia sobre os trabalhadores Sucintamente do surgimento do movimento oper rio combativo e minimamente organizado at o per odo getulista esses foram os desafios enfrentados Quanto s organiza es de base os movimentos ao longo desse per odo n o conseguiram efetiv las Filho 1997 avalia que as medidas editadas pelos governos acompanhadas de forte repress o foram determinantes para a in rcia das comiss es al m das cis es no interior da esquerda Desse modo os grupos de f bricas clandestinos ganharam import ncia diante da aus ncia de formas mais avan adas de organiza o pois se tornou o nico espa o capaz de congregar trabalhadores dispostos a defender os interesses mais imediatos Nesse sentido as organiza es de base ficaram restritas a o espont nea dos grupos e n o avan aram para al m de germes das comiss es de f brica id Portanto os grupos informais expressavam a contradi o pr pria do mercado de trabalho e respondiam s expectativas conscientes ou n o do pr prio instinto da classe queriam negar as condi es econ micas de explora o a que estava submetida e as condi es sociopol ticas da sua exist ncia isso numa conjuntura desfavor vel organiza o do operariado brasileiro FILHO 1997 p 39 Segundo a avalia o que o autor faz da a o dos grupos esses se restringiam s respostas dadas aos patr es Ao m
156. gicos de Campinas terminaria com um quadro de fragiliza o organizacional muito forte nas empresas em que na primeira metade da d cada tinham desempenhado papel decisivo para tirar do sindicato o peleguismo o colaboracionismo e o imobilismo Essa fragiliza o foi fruto sobretudo das pol ticas anti sindicais lan adas por aquelas empresas E tais pol ticas ao final dos anos 80 n o ficavam restritas apenas trucul ncia de uma Bosch ou de uma Singer mas passavam tamb m a caracterizar se pelo discurso da empresa democr tica Ou seja os empres rios come avam abrir mais espa os para os trabalhadores exporem seus problemas ao mesmo tempo em que contribu am com a empresa sugerindo opinando enfim colocando seu conhecimento a servi o das melhorias da empresa Por m ao exporem seus problemas esses trabalhadores eram demitidos ou isolados na empresa muitas vezes sem saber o real motivo elas as empresas come aram a criar canais pros pe es falarem os problemas deles Olha ao inv s de voc ir ao sindicato voc vem aqui que n s vamos resolver o seu problema aqui voc num precisa ir l Voc pode abrir nossa rela o precisa ser democr tica Ent o ele reclamava reclamava duas vezes a a empresa demorava um tempo e mandava ele embora E demorou pra cair a ficha do pessoal e o pr prio sindicato come ou a abrir mais e descuidou um pouco dessa quest o da clandestinidade Eu acho que at hoje tem que mant
157. gra que circulava com seus nomes em todas as grandes empresas do Estado de S o Paulo e por isso alguns ativistas que conseguiram reintegrar se na categoria recorreram s pequenas empresas pois elas n o tinham o mesmo n vel de organiza o das grandes na verdade no primeiro momento que foi a greve de 85 da vaca brava n o teve participa o organizada das pequenas empresas Pararam algumas pequenas empresas mas muito mais em fun o das grandes E a com as demiss es que houve em que as empresas limparam com aquela greve tinha uma lista que eles chamavam lista negra porque as empresas grandes que eram mais organizadas tinham uma lista negra que era em n vel estadual Voc n o arrumava emprego nessas empresas naquela poca Eu lembro que eu fui procurar emprego e me barraram at em Sorocaba fiz tudo certinho l mas depois Ent o os trabalhadores que foram demitidos na vaca brava das grandes empresas foram para as pequenas empresas E se tinha uma realidade triste ruim nas grandes empresas quando o pessoal caiu nas pequenas empresas era um neg cio absurdo Eu mesmo quando sa da Mercedes e vim pra empresa onde trabalho hoje eu assustei Tanto com a quest o do sal rio quanto com a quest o das condi es de trabalho era um neg cio primitivo A come ou a retomar a organiza o nas pequenas empresas porque aquele pessoal que tinha sido demitido das grandes n o tinha mais emprego nas empresas gra
158. ho clandestino Ningu m sabia de onde surgia o material solto l dentro de onde surgiam as filipetas soltas l O que se sabia que tinha gente l dentro organizada Esse trabalho nosso era feito fora da f brica nos mais diferentes pontos da cidade onde n s nos reun amos para discutir nossa participa o na campanha salarial Foi um momento de grande ascens o de luta onde os trabalhadores avan avam e o passo mais marcante que ficou para os trabalhadores da Singer foi a assembl ia de 79 no gin sio do Guarani onde n s sa mos da f brica j tinha sido colocado nos quadros de aviso que o presidente do sindicato o Cid j tinha assinado um acordo com a federa o mesmo a assembl ia estando marcada no gin sio do Guarani s 19 horas Mesmo assim n s sa mos da f brica conseguimos aproximadamente 20 nibus para o gin sio Uma assembl ia hist rica e que se deu a grande revolta dos trabalhadores Passou aquela assembl ia como trai o da categoria e que depois foi efetivada com os companheiros da Mercedes dando uma resposta mais efetiva os companheiros da Cobrasma enfim esse foi um fato que marcou nesse momento Porque nas elei es de 78 o Cid havia ganho com grande margem de vantagem e a partir desse momento com essa trai o a gente conseguiu fazer todo um trabalho organizativo e isso fortaleceu e foi em cima tamb m dessa quest o que n s conseguimos fundar o grupo oficialmente em 80 Depoimento
159. ia es sindicais reconhecidas pelo Estado ao final daquela d cada e com a escalada da repress o sobre o movimento oper rio n o houve a consolida o de um movimento s lido para al m dos quadros j existentes no interior do operariado brasileiro O Decreto 1637 de 05 de fevereiro de 1907 reconhecia o direito de associa o sindical dos trabalhadores de categorias conexas sem a inger ncia do Estado Isso significou um grande impulso organizativo por um lado Por m por outro delineava o vi s ideol gico daquelas associa es na medida em que os estatutos dos sindicatos deveriam ser registrados nos rg os estatais competentes juntamente com o nome dos diretores e al m disso deveriam se pautar pela harmonia entre capital e trabalho 14 o proletariado das f bricas quase n o se destacou no grupo dos dirigentes anarquistas talvez refletindo as condi es da industrializa o brasileira da poca com suas longas jornadas de trabalho a presen a da m o de obra feminina e infantil Seu campo de atividade liga se muito mais pequena organiza o informal na empresa que emerge no instante das greves deixando tra os impessoais de uma linha de lutas de base talvez cont nua mas dif cil de reconstruir FAUSTO 1983 apud PEDREIRA FILHO 1997 p 27 Esvaziadas pela persegui o da pol cia e pela recess o que se abateu na ind stria brasileira quando teve in cio o conflito mundial as organ
160. ia da Comiss o n o era ao sindicato mas em rela o empresa porque ela n o independente do Sindicato ela n o um outro Sindicato ela 63 n o um sindicato por empresa sen o n s estar amos retrocedendo em vez de avan ar O Sindicato por empresa tem no Jap o mas e da um dos Sindicatos mais pelegos do mundo ent o isso n o garantia para nada id Diante portanto desses fatores a busca por maior liberdade de organiza o nas empresas teria um car ter informal clandestino n s apostamos mesmo as fichas no trabalho de Grupos de F brica pra gente ir desenvolvendo algo que fosse mais livre Que era o debate sobre a organiza o no local de trabalho debate sobre os direitos dos trabalhadores Esses Grupos de F brica eram informais com a id ia de que n s n o dev amos estimular os trabalhadores a expor as cabe as para as chefias Porque botou a cabe a para fora os caras cortavam a menos que o cara n o fosse combativo id De qualquer forma a campanha salarial de 1986 de t o t mida contou apenas com agita es e algumas paralisa es lutas fragmentadas arquitetadas por alguns grupos clandestinos que permaneceram o da Singer por exemplo ou de quadros que conseguiram depois de meses reinserir se na categoria novamente e encaminharam algumas lutas de forma clandestina Este ano foi marcado por um forte recuo do movimento oper rio e sindical na Regi o embora n o cessasse
161. ias e adotaram as formas clandestinas de organiza o de base Ao final do per odo estudado demonstraram que mesmo sem a estabilidade de uma organiza o estatut ria Comiss es de F brica era poss vel manter a agita o interna com base nas rela es informais Embora para efeitos metodol gicos identificamos os grupos como o conjunto de quadros que se re nem e discutem os problemas da f brica quadros que mobilizam o conjunto dos trabalhadores de uma empresa etc n o podemos nos restringir essa nica dimens o anal tica Afinal o conjunto formado pelos trabalhadores de uma empresa sabe quem s o essas pessoas e o fato de aceitarem tornam lhes c mplices do trabalho realizado Ou seja um grupo s clandestino se o conjunto dos trabalhadores o aceita enquanto tal o que amplia o raio da sua a o Enfim amplia essas rela es informais 13 2 BREVE HIST RICO DAS ORGANIZA ES DE BASE NO BRASIL dif cil entender a complexidade das formas de organiza es dos oper rios sem situ las historicamente Dessa forma no Brasil a import ncia dos Grupos de F brica s foi reconhecida ap s 1964 quando eles assumem um papel estrat gico efetivo que ser o germe das oposi es sindicais No entanto a estrat gia de organiza es de base j tinha uma longa hist ria de lutas no pa s Segundo Filho 1997 elas j estavam presentes desde a d cada de 1910 Nessa poca foi hegemonizada pelos ideais anarquistas
162. il de 1985 foi decisiva para a dispensa da chefia truculenta Por m no bi nio 1986 1987 a empresa come ou a modernizar a sua produ o introduzindo o sistema SEM Sistema de Estoque M nimo Em outras palavras a Singer tentava adotar o sistema kanban Just in time Diferentemente da Clark que introduzira novas tecnologias a f brica de costuradeiras atacava primeiramente a reorganiza o do pessoal e do processo produtivo atrav s da redu o do estoque Segundo Coriat estudioso do processo cl ssico de reorganiza o da produ o da Toyota Motors Co a elimina o dos estoques um dos princ pios da f brica m nima criada por Taiichi Ohno engenheiro respons vel pela reestrutura o da montadora O autor diz que partir do estoque para descobrir o excesso de pessoal e racionalizar a 120 produ o um ngulo de ataque descoberto por Ohno pois atr s do estoque h um excesso de pessoal excesso de pessoas empregadas em rela o ao n vel de demanda sol vel e efetivamente escoada CORIAT 1994 p 32 33 A elimina o de pessoal e de m quinas ociosas atrav s da elimina o dos estoques desencadeia uma nova forma de gerir a produ o baseada na administra o por olhos e na polival ncia do trabalhador que a partir de ent o passa a ser respons vel por mais de uma tarefa inclusive pelo controle da qualidade Isto porque o estoque representava a garantia de mercado Mas na conjuntura ec
163. in the factories of the Area besides the entrepreneurs intransigence with relationship to the base organization the metallurgists of Campinas and Area adopted the secret form as organ in the ground of the factory for they understand that it would bring them larger organization freedom The secret factory groups were responsible for the accusations of bad work conditions low wages harsh leaderships etc besides the workers organization that you they identified with the political syndical fight Such actions subsidized the Union in your actions that subsidized the groups with economical and political information related to the companies of the Area for your time Before that we also tried to analyze which was the posture adopted by the groups before the new techniques of administration of the production that came being adopted by some companies of the Area Keywords base organization movement syndical productive restructuring SUM RIO O PEETER Dao dad pablo E ade 10 2 Breve Hist rico das Organiza es de Base no Brasil 13 2 1 Ressurgimento das Organiza es de Base do Golpe de 64 redemocratiza o sre i E e E A S 17 3 Breve Hist rico da Industrializa o de Campinas e Regi o 27 3 1 Caracter sticas Gerais da Ind stria Metal rgica de Campinas E RECO Sere E E A A EOE 28 4 O Movimento de Oposi o Sindical em Campinas 33 5 Os novos de
164. inclu sse no programa Ap s muitos abaixo assinados e passeatas a obra exigida foi inclu da no programa e come aram a ser realizadas em 1990 O Departamento de Cultura quando foi criado n o tinha um objetivo claro S depois os sindicalistas se aperceberam que a cultura e o esporte lazer era direito dos trabalhadores e que se isso parecia um sonho cabia a luta para transform lo em realidade A partir da criaram os grupos de dan a teatro capoeira que se apresentaram nos bairros e eram compostos por metal rgicos e ou familiares BOLETIM DO SINDICATO 01 1989 O Departamento mostrou se empenhado tanto que conseguiram uma visita do ator e diretor Gianfrancesco Guarnieri no dia 21 05 1989 na sede do Sindicato ele visitou o grupo de teatro e conversou sobre cultura teatro televis o etc Guarnieri falou tamb m da import ncia dos sindicatos estarem incentivando grupos de teatro m sica de dan a e cinema id 50 e n s apostamos no trabalho nos bairros O Sindicato fazia festas nos bairros N s fizemos v rias experi ncias interessantes A gente organizou umas festas uns eventos culturais nos bairros da cidade N s olh vamos os bairros que tinham mais concentra o de metal rgicos e a gente ia l e fazia um evento cultural Ent o o Sindicato fez um esfor o de combinar pol tica com cultura cultura como arma como instrumento de di logo de pol tica com os trabalhadores tudo isso no sentido de criar uma din mica de
165. indo foi fundamental Tratava se de uma campanha coordenada pela Sub Se o do DIEESE que atacava as m s condi es de trabalho e doen as profissionais bem como as diferencia es salariais para uma mesma fun o Esta campanha seguiu a seguinte estrat gia em assembl ias realizadas nas portas das f bricas era entregue aos trabalhadores um question rio que buscava levantar as opini es sobre as condi es de trabalho e sobre a atua o da CIPA E atrav s das guias de contribui o sindical a Sub Se o mapeava os cargos e as diferencia es salariais Por m em algumas empresas as den ncias dos ativistas de base traziam detalhes das m s condi es de trabalho e catalisavam o objetivo de transformar casos isolados de doen as em quest es organizativas e coletivas Cumpriram papel importante tamb m os ambulat rios de sa de do trabalhador de Campinas e Americana Criado a partir da iniciativa dos sindicatos dos metal rgicos e das prefeituras municipais esses ambulat rios eram destinados a diagnosticar doen as relativas ao trabalho Inserido no projeto organizativo da diretoria a quest o da sa de do trabalhador tinha um objetivo pol tico organizacional como coloca o ent o m dico do Sindicato tendo em m os o diagn stico ou o conhecimento do problema o que a gente procura fazer tornar essa quest o um fato coletivo Ou seja de um problema individual a gente tenta transformar ele num fato coletivo Porqu
166. io pol tica salarial do regime e agravado pelo fim da estabilidade no emprego substitu da pelo FGTS esse movimento logrou xito ao alastrar se e organizar paralisa es de v rias empresas e ocupa o de f bricas Os militares foram r pidos em agir Invadiram a Lonaflex e a Cobrasma agrediram prenderam e mataram dirigentes do movimento No plano de conquistas os oper rios conseguiram um adiantamento de tr s meses do aumento que teriam em outubro N o Filho 1997 assinala que o Grupo de Osasco articulou principalmente membros da diretoria cassada em 1964 do Sindicato dos Metal rgicos de Osasco e militantes das Comiss es de F brica existentes naquele per odo que sofreram repress o por causa da luta e por militantes oper rios que de uma forma ou de outra estavam ligados luta sindical eram dissidentes comunistas que no in cio de 1968 divergiam da Organiza o Revolucion ria Marxista Pol tica Oper ria POLOP e que depois fundaram a Vanguarda Popular Revolucion ria VPR juntamente com grande parte dos ex sargentos e suboficiais do Movimento Nacionalista Revolucion rio promovido por Brizola FILHO apud OZA DA SILVA 1997 p 55 20 conseguiram avan ar nas pautas mais importantes colocadas pelo movimento dentre outros a substitui o da estabilidade pelo FGTS O regime militar j dava sinais da redefini o efetiva do seu papel em rela o ao movimento oper rio ou seja r
167. ionais estaduais CUT nacional os pr prios departamentos na verdade a base sindical em que se molda a estrutura cutista ainda a base sindical corporativa tradicional fragmentada que trabalha com conceitos de categoria determinados pelo Estado no Minist rio do Trabalho pela antiga comiss o de enquadramento e que ainda preserva conceitos como categoria diferenciada etc Me parece que um limite enorme que n s ainda temos de que toda essa estrutura do movimento sindical cutista ainda na sua ess ncia determinada por essa estrutura que fortalece permanentemente essa vis o corporativa RODRIGUES 1997 p 122 grifos do autor Rodrigues conclui com base nos depoimentos de v rios dirigentes das principais correntes da Central na poca que um dos motivos pelos quais n o conseguiu atacar o problema do corporativismo foi a falta um projeto sindical mais n tido de parte do novo sindicalismo protagonizado pela CUT id p 124 Ou seja segundo ele esse novo sindicalismo esbarrou na dificuldade para a aplica o de um projeto sindical nas condi es em que se encontra va o sindicalismo em nosso pa s devido entre outros aspectos fraca implanta o no interior das empresas Ao mesmo tempo que possui um alto grau de incid ncia no processo pol tico n o consegue ter com essa influ ncia que express o da din mica que transforma um movimento social com certo grau de atua o em for a pol tica de
168. ionamento de se perguntar o que isso s o condi es de trabalho indignas Ela estava no limite e ele vai ficar atr s dela porque quer que ela fa a mais e ela est fazendo direito Ent o as pessoas foram sentindo que n s t nhamos essa coisa e tratar voc enquanto ser humano enquanto uma pessoa que estava vendendo sua for a de trabalho mas nem por isso voc tinha que viver em condi es desumanas Ent o as pessoas iam se incorporando porque as pessoas viam que a gente brigava com o chefe Por que voc est calculando a hora do almo o Voc viu o tamanho da fila Porque o refeit rio era longe e a gente tinha 45 min de almo o A voc tinha que pegar a fila a vinha para fazer sua higiene e ir para a sua se o que era longe Ent o a gente tinha essa dimens o As pessoas iam incorporando quando iam vendo que ramos pessoas que davam para confiar ter um outro tipo de rela o E as conquistas que a gente fez Uma das grandes conquistas foi a Unimed porque voc n o tinha pano de sa de Ent o foram v rias coisas que as pessoas foram sentindo firmeza foram vendo aquele processo e foram se incorporando Tinha sempre uma rela o pr xima claro n o vinha todo mundo pra reuni o mas era muito f cil voc mobilizar era muito f cil Voc chegava j passava nos nibus porque tinha nibus e falava aconteceu isso e isso vamos fazer isso e isso E as pessoas foram sentindo essa rela o de amizade Ent o se voc
169. ios atrav s de uma de suas diretoras vinha lan ando m o de um programa de c rculos de controle de qualidade cuja meta era fazer a empresa crescer e se a empresa crescer voc s trabalhadores tamb m crescem pois voc s j viram a empresa produzindo bem pagar mal seus funcion rios dizia a ent o diretora em comunicado aos metal rgicos da Braseixos em meados de setembro BOLETIM DO SINDICATO ESPC FICO DA BRASEIXOS 18 09 1989 O CCQ da Braseixos previa ainda participa o no desenvolvimento do trabalho e um espa o para que os trabalhadores falassem e fossem ouvidos inclusive pela diretoria id E na Clark na segunda metade de 1989 iniciou se um projeto de participa o dos trabalhadores para tentar resolver os problemas O GRIFO BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA CLARK 01 12 1989 evidente que n o s o necess rias mudan as institucionais como a instala o dos c rculos para haja mudan as nas rela es de trabalho Muitas vezes as chefias treinadas mudam seu comportamento autorit rio sem qualquer tipo de mudan a institucional nas empresas como coloca um ex militante o problema que existia de a empresa dar suspens o pro cara ela j num dava mais ia conversar Elas davam cursos direto para todos os chefes e trabalhadores Era curso mesmo voc num pode mais tratar assim Qualquer reclama o que tinha de algum encarregado aqueles tiranos de aldeia eles eram reprimidos A
170. ipeiros para fiscalizarem as condi es de trabalho e incentivar a cria o de CIPAS Comiss o Interna de Preven o de Acidentes nas f bricas Especificamente sobre as comiss es de f brica propuseram que fossem as mais democr ticas poss veis abrindo as elei es inclusive para os n o sindicalizados evitando a restri o de parcela dos trabalhadores Esses rg os estavam previstos para serem independentes dos patr es do Estado dos partidos pol ticos dos credos religiosos ou filos ficos e da pr pria estrutura sindical E a independ ncia em rela o a essa ltima seria a garantia da unidade da classe pela base mesmo que o pluralismo sindical se estabele a id p 11 No que tange ainda articula o das comiss es com a estrutura sindical a categoria de Campinas rejeitava as duas propostas no interior da CUT MOSM SP e Executiva da CUT Estadual de S o Paulo que representavam a concep o dos sindicalistas de S o Bernardo do Campo e Diadema e defendia a articula o pol tica e n o estrutural entre as duas esferas de organiza o Ou seja as comiss es seriam rg os consultivos do sindicato um canal permanente de relacionamento troca de experi ncias e encaminhamento das lutas gerais da categoria e da classe trabalhadora em geral id 12 Dessa forma a rela o das comiss es com o sindicato poderia ser cr tica diante das dire es imobilistas e pelegas ou de apoio s di
171. ir clandestinamente Ou seja a assessoria dada pelo sindicato assim como os espa os que foram abertos para as reuni es e interlocu o demonstrou ser um trabalho de politiza o importante e necess rio Somente assim foi poss vel aos metal rgicos de um modo geral confrontar realidades distintas existentes nas empresas pequenas e grandes O depoimento a seguir aponta o contraste entre os ambientes a diferen a entre as pequenas e grandes empresas era brutal Eu quando cheguei pra trabalhar aqui na Polimec eu assustei Num tinha conv nio m dico era acidente de trabalho num tinha prote o de prensa Era um neg cio primitivo mesmo Numa prensa de 220 330 toneladas num tinha um policarbonato num tinha nada pra proteger O pessoal perdia dedo porque num tinha uma cortina de luz num tinha nada nada de seguran a Era pessoa machucada toda semana Trabalhador num tinha uniforme num tinha sapato trabalhava com t nis e aquele leo no ch o das empresas A realidade das pequenas empresas quando voc se reunia pra discutir a realidade era uniforme era feia a coisa Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho Veremos que somente em 1989 o sindicato atacou efetivamente a quest o das condi es de trabalho Veremos tamb m que em algumas das grandes empresas a realidade pouco mudava Por m enquanto a realidade uniforme das pequenas era primitiva em algumas das grandes predominavam a dualidade das rela e
172. irada na guerra contra o fascismo a popula o almejava maior abertura pol tica Ao t rmino da Guerra algumas categorias entram em greve reivindicando melhorias nas condi es de trabalho e aumento salarial Esse um movimento que ressurge das bases por fora dos sindicatos Os embri es das comiss es de f brica que forjaram essas greves colocaram uma nova 17 reivindica o em pauta nas lutas dos oper rios a autonomia sindical pois passaram a questionar a estrutura consolidada durante Estado Novo ANTUNES amp NOGUEIRA 1982 Diante do crescimento das mobiliza es o governo Dutra cada vez mais pressionado pelos empres rios passa a dar respostas utilizando do potencial desmobilizador dos sindicatos que passam a interferir nos assuntos conflituosos sem abrir m o claro do aparelho repressivo ANTUNES amp NOGUEIRA 1982 FILHO 1997 O PCB por sua vez procura manter certo controle sobre as bases inclusive com tentativas de transformar as comiss es de f brica em c lulas partid rias al m de s vezes compor dire o de sindicato com os ministerialistas Em 1947 diante do impasse do governo com o movimento grevista o partido posto na ilegalidade novamente FILHO 1997 Diante da conjuntura as greves ficam a cargo das comiss es e intercomiss es que ganham maior prest gio com as bases embora circunscrito dura o das greves E apesar dos limites impostos as comiss es multiplicaram se
173. is tanto para uns como para outros como ficara demonstrado nos ltimos confrontos grevistas id 6 importante destacar a presen a e a conduta de Jair Meneghelli j que posteriormente como veremos ele se tornar o candidato da Articula o Sindical corrente que no final da d cada de 1980 tornou se hegem nica na CUT e adotou postura conciliat ria come ando pela restri o da participa o dos delegados de base em seus congressos 28 3 BREVE HIST RICO DA INDUSTRIALIZA O DE CAMPINAS E REGI O J na d cada de 1950 Campinas se destacava pelo crescimento urbano e populacional transformando se em um importante p lo da interioriza o da ind stria paulista Sua popula o crescia nessa d cada a uma taxa de 6 4 a a e empresas como a SINGER do Brasil DURATEX PIRELLI HIPLEX IBRAS CBO ROBERT BOSCH MERCK SHARP E BENDIX se instalavam e come avam a compor o rol das grandes empresas daquela regi o DIEESE 1989 p 2 Por m foi a partir da d cada de 1960 e 1970 que o governo do Estado de S o Paulo passa a se preocupar com a descentraliza o da ind stria ao constatar que em 1959 a Regi o Metropolitana da Capital concentrava 73 8 do valor de transforma o industrial do Estado chegando a 74 7 em 1970 id Assim as pol ticas de descentraliza o tiveram in cio no Governo de Abreu Sodr 1967 1971 quando foi lan ado um programa de medidas de incentivos fiscais para as empresas se transferirem ou se in
174. iza es de base n o amadureceram a ponto de naquele momento se consolidarem Somente ao final daquela d cada que as mobiliza es voltariam com for a E o per odo que vai de 1917 e 1920 ficaria marcado pelo auge e pelo fim da hegemonia da corrente Libert ria no movimento oper rio uma vez que nas mobiliza es daquele per odo essa ainda era a hegem nica e foi respons vel por organizar os trabalhadores naquela ocasi o favorecida pela conjuntura pol tica e econ mica do p s primeira Guerra Mundial 1917 1920 Ao t rmino desse per odo os trabalhadores puderam colher alguns avan os em termos de organiza o voltava cena a mobiliza o pelas comiss es de f brica estimulada pelos Comit s de Organiza o do 1 de maio de 1919 a Federa o Oper ria de S o Paulo que surge da greve geral de 1917 al m claro do exemplo e est mulo da vit ria dos Bolcheviques na R ssia Por m esse ltimo acontecimento iria influenciar sobremaneira a dire o das lutas oper rias no pa s Ao longo de quase duas d cadas os anarquistas tiveram muitas dificuldades em tornar suas organiza es efetivas e legitim las ante aos trabalhadores Com o exemplo do leste europeu at mesmo eles cr ticos da estrutura partid ria passaram a levantar an lises sobre a Revolu o Se espelhando no xito russo em 1919 criam juntamente com os comunistas o PC libert rio Cada vez mais alinhado com a Terceira Internacional sobretudo ap
175. junto da categoria a necessidade de mobiliza o para enfrentar os arrochos salariais e os demais problemas internos enfrentados Essa foi a base sobre a qual se assentou o trabalho cotidiano desses militantes que consistia em observar estarem atentos aos abusos das chefias condi es de trabalho aumentos de jornada etc Uma vez denunciadas as condi es elas serviam de prerrogativas para o movimento ampliar suas reivindica es extrapolando em muito a pauta econ mica dos reajustes acima do INPC o grupo de f brica estava ali para enxergar as rela es de trabalho dentro da empresa onde que tinha uma chefia mais truculenta mais abusada na rela o com os trabalhadores Aonde que tinha uma rela o de trabalho que colocava em risco a sa de do trabalhador ou seja n o era somente um problema da CIPA era um problema pol tico daquela f brica Ao mesmo tempo procurava enxergar os problemas de desvios de sal rio desvios de fun o os trabalhadores tendo a mesma fun o dentro da empresa numa f brica mas com sal rios muitos diferentes um do outro E ao mesmo tempo agindo com o Sindicato na categoria Esse grupo de f brica tinha que levar para dentro da f brica os temas de interesse do Sindicato Os temas que o Sindicato estava trabalhando estava desenvolvendo campanha salarial qual a pauta quais s o os temas que n s tanto no sentido da pauta quanto que vinha de dentro da f brica Ou seja quais s o
176. l dentro s vezes num tinha nenhuma reivindica o de fundo tanto que a empresa botou todo mundo pra fora Na Singer por exemplo voc parava pra usar aquilo ali como trunfo pol tico Ent o ao inv s de voc unir esses trabalhadores independente da corrente pol tica que voc pensava voc come ou a sectarizar isso da voc come ou a afastar Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho Integra o e uni o esses foram fatores que n o foram levados a diante pela pol tica de a o sindical e fragilizaram as lutas dos grupos Os grupos eram criados consolidados e se restringiam ao espa o de suas respectivas f bricas e s lutas espec ficas de suas f bricas e apenas pontualmente conseguiram extrapolar esses espa os quando mapeavam a produ o atrav s das reuni es mensais ampliadas Lutas conjuntas no entanto n o levantamos nenhuma Se essa integra o deveria ser em partidos pol ticos como sugere o depoimento isso outro debate imposs vel de ser esgotado aqui Mas o depoimento a seguir sugere que essa n o seria a melhor forma a ser adotada naquele momento eles militantes dos grupos vinham mais voluntariamente At porque falando critica e autocriticamente os partidos tinham pouca inser o no movimento oper rio no Brasil Sempre tiveram pouca inser o Claro o PCB teve uma inser o forte l no passado depois mais recentemente o PT teve mais essa inser o Mas o PT falando at auto
177. la f brica reconhecido pelos trabalhadores e foi um momento de grande reconhecimento at 87 A diretoria reacion ria cai e assume uma diretoria com uma nova filosofia de ter lucro mas de reconhecer o trabalho do sindicato e reconhecer o trabalho do grupo de f brica de reconhecer a organiza o sindical no seu local de trabalho E que foi um per odo importante para os companheiros da Singer mas tamb m como refer ncia importante para a categoria do Estado de S o Paulo quando eu me refiro categoria eu to referindo a todos os metal rgicos que servia como refer ncia era a grande refer ncia nos cursos que a gente fazia nas experi ncias Depoimento de Gerardo de Melo V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 Na contram o da postura das outras grandes transnacionais a Singer demite a diretoria reacion ria nessa greve A empresa passa ent o a reconhecer a organiza o dos trabalhadores que se torna a partir de ent o a grande refer ncia de organiza o para a categoria como tamb m sugere o seguinte depoimento em 85 a gente teve um enfrentamento muito grande l na Singer A gente tinha uma mobiliza o tinha uma organiza o l dentro A Singer passou a ser depois refer ncia no sentido das conquistas que a gente fez desde 84 a primeira greve que parou todo mundo porque era sempre picadinho e n o conseguia segurar porque tinha gente insatisfeita mas n o conseguia segurar E em 84 8
178. les a situa o Foi naquela poca que entrei na vaca brava e arrumei emprego agora Ent o segura a onda eu vou orientar voc s mas eu n o quero me expor eu n o tenho nenhuma estabilidade eu to com 15 dias a coisa mais f cil eles me demitir E n s fomos orientando o pessoal fomos orientando tal a foi uma esp cie de press o sobre a empresa e ela foi cedendo Depoimento de Ant nio Jos acima referida 28 Ser objeto do Congresso o seguinte tem rio a Avalia o dos dois anos de dire o classista do sindicato b Campanha Nacional de lutas da CUT c Elei es de novembro e acompanhamento das discuss es do Congresso Constituinte d Elei es Sindicais RUMO AO 2 CONGRESSO REGIMENTO INTERNO Campinas 1986 64 REGIMENTO INTERNO Campinas 1986 Com base nisso podemos dizer que a diretoria afirmava a necessidade de organiza o da categoria pela base onde os grupos clandestinos se mantinham como o principal rg o que subsidiava as a es sindicais como por exemplo aquele Congresso E da mesma forma nas resolu es aprovadas com exce o das formalidades das diretrizes das elei es do ano seguinte todas levantam a necessidade dos esfor os a serem tomados pelos departamentos grupos de f brica e militantes sindicais em organizar os trabalhadores nas f bricas e nos bairros para discutirem a Constituinte e as leis a serem aprovadas difundir o car ter recessivo do Plano Cruzado II visando elabor
179. lhadores e da sociedade As empresas reduziram o volume da m o de obra com facilidade e sem protestos Por isso 1987 foi um ano bom para o empresariado na rea social Enfim ficou a impress o de que o n vel de emprego manteve se est vel no decorrer do ano DIEESE 1988 p 1 Como exemplo vale lembrar o caso da Mercedes que mesmo com centenas de pedidos demitira 21 funcion rios N o s a montadora mas todo o setor de Material de Transportes havia trabalhado a todo o vapor haja vista a demanda do mercado internacional E mesmo assim junto com os setores de Material El trico e de Comunica o seria um dos setores respons veis pela esmagadora maioria das demiss es ambos somavam 1150 trabalhadores desligados id p 8 Ou seja tratava se de maximizar a produtividade por trabalhador atrav s das demiss es met dicas sem que isso causasse problemas imediatos com o sindicato ainda que os grupos denunciassem essas pol ticas Ainda com rela o ao mercado de trabalho havia ainda outra estrat gia utilizada pelos empres rios que afetava a categoria n o s no aspecto empregat cio mas tamb m com rela o aos sal rios e pol tica organizacional Trata se da rotatividade ou turn over que foi ou uma pr tica frequentemente utilizada pelas empresas Tr s vari veis levam as empresas a adot lo altera es tecnol gicas no processo produtivo desadapta o dos empregados na fase de experi ncia e redu o da m
180. lho e n o era culpa dele A gente conseguia ter esse grau de avalia o de import ncia de usar os aparelhos de seguran a de ter espa o dentro da f brica Teve uma se o em quase todos tiveram perda de audi o At se a gente for procurar dentro aqui no do Sindicato dentro do departamento de sa de vamos encontrar muitos com problemas de audi o por qu Porque as m quinas eram abertas n o eram enclausuradas onde voc conseguia trabalhar ali e n o expandir barulho Mas imagina 20 m quinas trabalhando ao mesmo tempo numa prensa E tinha um limite para os decib is que era ultrapassado e n s conseguimos mudar tudo isso Mas depois eles come aram a minar um pouco isso a n o dar mais import ncia e a gente n o tinha mais aquela for a que a gente teve Depoimento de Maria Am lia B de Paula 135 pra n s foi meio constrangedor pra n s aquilo ali A n s falamos ah n s vamos ter que abandonar a Singer por uns tempos pra deixar os trabalhadores repensarem Porque com toda campanha que n s fizemos l na Singer os trabalhadores fizeram isso A nessa greve que parou a Dako parou a Tema Terra n s fomos na Singer fazer uma assembl ia sem nenhuma esperan a de o trabalhador parar A gente n o conseguia entregar boletim l dentro t nhamos que entregar dentro dos nibus e fomos l fazer uma assembl ia avisar sobre o plano j era URV j na poca era 93 j e os trabalhadores da Singer pararam e n
181. licial esperava os trabalhadores e o Sindicato logo pela manh na porta da empresa Neste mesmo dia tamb m se realiza mais uma reuni o entre a Singer e a Pol cia Militar atrav s do Capit o Am rico o que j vinha ocorrendo durante toda a semana J na madrugada de sexta feira as viol ncias desrespeito e humilha es da Singer e da Pol cia Militar contra os trabalhadores chegaram ao m ximo Seguran as da empresa e policiais colocavam a luz do farolete na cara dos funcion rios e grosseiramente exigiam identifica o pessoal e o crach da empresa Todos foram tratados como se ao inv s de trabalhadores 132 que produzem toda a riqueza da Singer e do pa s fossem perigosos marginais e bandidos Por volta das 13 30 horas come am as demiss es O pessoal que ia ser demitido nem chegou a entrar na empresa Foram barrados na portaria e tomados seus crach s Quem j estava trabalhando era chamado e escoltado at os banheiros onde tomava o banho sempre sob forte esquema de vigil ncia Era depois sempre sob escolta colocado dentro de Kombis e levado para fora da Singer Muitos trabalhadores foram retirados da f brica sob press o e coa o da pol cia com o Capit o Am rico n o exitando em ofender moralmente com palavras de baixo cal o diversos trabalhadores E tudo isso ainda dentro da empresa Durante todo o dia policiais militares realizaram forte coa o sob todos os funcion rios quando aproximand
182. lises da conjuntura pol tica e econ mica ao ch o da f brica que sindicalistas e militantes de base tentaram ao longo de 1987 criar uma massa cr tica capaz de questionar as rela es de trabalho e acima de tudo de se auto organizarem Essa foi a estrat gia na IBM com a campanha de sindicaliza o que terminou sem sucesso pela intoler ncia da empresa com a atividade sindical al m da apatia dos seus funcion rios e aus ncia de interlocutores da luta sindical em seu interior 76 Da mesma forma nas empresas onde houve comunicados de que a recess o traria demiss es os grupos sistematizaram informa es em seus boletins desmentindo o risco de corte numa tentativa de for ar os seus companheiros a n o temer os desligamentos mas se organizarem para reverter a situa o de arrocho salarial E por fim na Clark onde estava em andamento um processo de reestrutura o da produ o buscou se difundir o car ter daquelas mudan as contrastando as tamb m no seu aspecto ideol gico com rela es de trabalho antigas mas n o menos funcional empresa dif cil no entanto medir qual a repercuss o da pol tica de a o sindical at aquele momento Se levarmos em considera o as elei es sindicais de junho daquele ano como mecanismo de avalia o veremos que a diretoria n o tinha ainda respaldo de uma parcela importante da base Isto porque a chapa cutista n o foi unanimidade ganhou com 1839 votos de diferen a da chap
183. m os esfor os de recomposi o das organiza es de base O 2 Congresso realizado nos dias 26 a 28 de setembro daquele ano em Piracicaba buscou dar o tom das medidas a serem adotadas para que fossem retomadas as lutas Os grupos de f brica juntamente com os membros da diretoria e metal rgicos eleitos em assembl ias seriam os participantes do evento Eles seriam os respons veis por discutirem o tem rio proposto pela coordena o do Congresso que com base nas discuss es dos grupos prepararia uma tabula o das respostas e um texto s ntese da avalia o que ser objeto de discuss o no Congresso RUMO AO 2 CONGRESSO 27 7 f a depois de mais de 6 meses desempregado eu entrei na Polimec Quando eu estava com dez dias que eu estava l o pessoal queria fazer uma greve l Eu trabalhava na rea de materiais estava no almoxarifado dali a pouco chegou vinte caras oh vamos conversar com voc aqui voc estava na greve da Mercedes eu falei pelo amor de Deus vai embora daqui rapaz Voc s querem me derrubar eu to sem nada para comer em casa d um tempo a A marquei uma reuni o aqui num bar e disse voc s sumam daqui me esperem num bar a tarde quando voc s sa rem depois eu vou l falar com voc s Faziam 15 dias que eu estava trabalhando tinha ficado 7 meses parado como que eu ia come ar tudo de novo A era o meu fim A n s nos reunimos num bar aqui a eu orientei eles e expliquei e
184. m para avaliarem os empregados que ent o teriam seus sal rios e a pr pria manuten o do cargo atrelado a tais metas j o outro depoimento esbo ava uma cr tica a essa pol tica que segundo o funcion rio consistia na pol tica do medo BOLETIM DO SINDICATO ESPC FICO DA IBM CAMPINAS SETEMBRO DE 1987 Os esfor os dos sindicalistas na estrat gia adotada com a IBM no entanto fracassaram Os problemas levantados pelo sindicato nas rela es de trabalho controle exercido sobre os trabalhadores atrav s de uma combina o de boas condi es de trabalho e sal rio determinadas por uma pol tica de metas e uma postura anti sindical assim como um prov vel crise que se aproximava n o foram suficientes para o in cio de um trabalho de base Ou seja mesmo com a campanha o sindicato n o conseguiu interlocutores no interior da f brica que pudessem dar continuidade ao trabalho que ent o ficou restrito do port o para fora Acreditamos que esse foi o real motivo pelo qual n o mais ter acontecido qualquer movimento na IBM no per odo por n s estudado Por m nas empresas onde existiam esses interlocutores foi poss vel criar ou retomar a es clandestinas denunciando pr ticas abusivas das empresas e politizando as 31 E GE oa n r P x E NE 5 esta organiza o inclui trabalhadores de organiza es sindicais rivais em seus pa ses mas que pretendem fortalecer a solidariedade entre os trabalhadores acima das diferen
185. m t ticas coletivas de mobiliza o passam a responder a um conjunto de normas jur dicas previstas nas leis do trabalho individualmente Al m disso os sindicatos o nico rg o de representa o coletiva s o obrigados a cumprirem a partir de ent o um conjunto de normas previstas em lei pois somente assim s o legitimados e reconhecidos pelo Estado Uma das medidas previstas em lei a Unicidade Sindical feria com gravidade a espinha dorsal dos movimentos aut nomos a saber a composi o de for as entre categorias As medidas getulistas favoreceram o PCB e a sua t tica de ocupar as diretorias sindicais fazendo dos sindicatos as correias de transmiss o do partido Os comunistas tinham desde ent o apenas os ministerialistas como concorrentes visto que com as mudan as na legisla o sindical a influ ncia anarquista e portanto o car ter aut nomo das organiza es declinou As organiza es de base deixam de vez de ser o eixo estrat gico favorecendo o esvaziamento dos movimentos de massa Durante mais de uma d cada e meia que vai da posse de Get lio at a redemocratiza o no p s Segunda Guerra o movimento oper rio se v rf o desse tipo de organiza o Evidentemente a ditadura do Estado Novo tamb m contribui sobremaneira com a desmobiliza o em que pese o afastamento do PCB das atividades sindicais quando colocado na ilegalidade O movimento oper rio retomaria as lutas em 1945 46 Insp
186. ma mensagem dizendo que n o tinha ficado contente com o aumento e por isso levei o r dio Diante do fato o grupo disse que a raiz das doen as sociais n o est em pessoas mas no sistema capitalista que se mant m em cima da explora o da for a de trabalho dos trabalhadores O GRIFO 01 061988 86 mesmo assim alegavam estarem em crise quando os n meros mostravam o contr rio Somado a isso o Governo implantava pol ticas salariais que n o repunham as infla es e ao mesmo tempo insistia na pol tica do Pacto Social Foi essa conjuntura que levou o Departamento dos Metal rgicos da CUT a pedir em menos de dois meses ap s o t rmino da campanha salarial abertura de novas negocia es com a FIESP quando as perdas salariais chegaram a 20 Portanto em junho de 1988 uma nova campanha salarial foi iniciada inclusive com a convoca o da CUT de uma greve geral Sem sucesso na sua t tica mais ambiciosa a campanha conseguiu 10 de reajuste recomendados pela FIESP que com essa medida evitava a mobiliza o dos metal rgicos o que n o impediu entretanto que na Regi o os trabalhadores da Singer e da Bendix paralisassem totalmente as suas atividades BOLETIM DO SINDICATO CAMPINAS 22 08 1988 Em outubro pelos mesmos motivos apontados acima mas com uma perda salarial maior a repor o Departamento dos Metal rgicos da CUT convocaria novamente a FIESP para negociar As perdas confirmadas pelo Governo no per odo
187. ma visita na porta da Bosch cumprimentando agradecendo os trabalhadores da Bosch pela vit ria mas isso s os que estavam dentro da f brica Os dois mil que foram demitidos nada foi feito Isso marcou muito na f brica Bosch Depoimento de Pedro V deo V rios Depoimentos em comemora o dos 5 anos de luta Campinas 1989 O resultado daquela elei o mostrou para a Oposi o a necessidade de solidificar um projeto para que de fato se mostrasse como alternativa A derrota mostrou que era preciso visando as elei es de 1984 um trabalho de base ainda mais forte incentivando a filia o ao sindicato as comiss es de f brica e a forma o de uma Coordena o Geral que articulasse os trabalhos da Oposi o id p 149 A contribui o mais significativa veio da Pastoral Oper ria atrav s da consolida o e do enraizamento entre os trabalhadores A partir de ent o a Oposi o firmava sua identidade perante a Pastoral Isso foi poss vel por causa do intenso trabalho realizado A Pastoral surgia n o somente como incentivadora e orientadora mas como aparato log stico nos servi os que orientavam as a es dos militantes tais como servi os de comunica o e campanhas de arrecada o de fundos id No que tange s diverg ncias entre os cat licos da PO e dos trotskistas elas foram suprimidas na medida em que ambos constru am a oposi o caracterizada pelo perfil da afirma o da identidade do movimento apresentando
188. mar apenas 53 eram filiados BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO IBM CAMPINAS MAR O DE 1987 Mas afinal precisavam os trabalhadores da IBM Brasil sindicalizarem se Essa era a quest o levantada pelos diretores sindicais aos ibemistas Afinal contavam como j dissemos com altos sal rios boas condi es de trabalho jornada de 40hs semanais e status social Dessa forma buscou se explorar a c moda situa o dos funcion rios da IBM utilizando a para revelar a face pol tico ideol gica escondida atr s da aparente comodidade primeiramente tratando aquilo como mecanismo da empresa para enquadrar os interesses dos trabalhadores dentro dos seus interesses Vejamos faz parte da pol tica de Recursos Humanos da IBM tentar escamotear o conflito entre trabalho e capital E na medida em que este conflito aparece fundamental enquadr lo dentro dos limites da empresa canalizando o atrav s de inst ncias que se esgotam na pr pria estrutura da empresa A id ia de oportunidades iguais para todos 68 n o explicita a id ia de que as oportunidades iguais s o definidas dentro dos interesses da empresa e n o dos interesses dos trabalhadores id MAIO DE 1987 Sendo assim o sindicato deveria ser evitado pois ao contr rio romperia com este esquema j que coloca em cena um elemento novo os trabalhadores da IBM fazem parte de uma categoria os metal rgicos de Campinas e Regi o
189. menor em 48 Campinas do que em Sumar 8 z f Sumar com poucas empresas abrigava a Cobrasma e a Braseixos com respectivamente 1909 e 1062 trabalhadores o que elevava a concentra o de oper rios nessa cidade 32 Mas quais eram as grandes plantas que concentravam mais da metade da for a de trabalho metal rgica da regi o Como dissemos acima em n meros absolutos predominou na regi o as empresas nacionais Por m foram ou s o as estrangeiras que predominaram ou predominam em termos do capital empregado E essa a segunda caracter stica que queremos tra ar Ali em 1987 existiam cerca de 60 empresas transnacionais que empregavam 39 666 trabalhadores ou 56 77 do total Ou seja mais da metade da categoria estava empregada no reduzido n mero de grandes plantas estrangeiras e portanto eram elas que representavam o p lo das unidades fabris que mais concentravam m o de obra Esses dados sugerem ainda que no per odo estudado as transnacionais hegemonizaram seus respectivos segmentos for ando a produ o das empresas de capital nacional tendo em vista as suas demandas Por exemplo somente no setor de material de transporte t nhamos a Clark EUA Bosch alem e a Mercedes Benz alem e a eram not veis empresas em seus respectivos segmentos de vendas caixas de transmiss o de autos autope as nibus e autom veis isso em n vel mundial A Robert Bosch LTDA um claro exemplo da hegemonia d
190. mesmo com a campanha de 30 Segundo Chesnais 1995 a implanta o de f bricas ou unidades de produ o em pa ses diferentes tem por objetivo aproveitar os diferenciais de n veis salariais mas tamb m economizar na especializa o A decomposi o t cnica dos processos de produ o permite em determinadas condi es obter ganhos de especializa o bem como maior homogeneidade de cada segmento produtivo As atividades podem tamb m ser espalhadas no espa o e localizadas livremente seja em n vel das filiais no caso da integra o completa seja por subfornecimento internacional e suprimento no exterior CHESNAIS 1995 p 131 A economia de especializa o pode aproveitar as bases industriais em forma o nos pa ses O caso da IBM citado pelo autor como o caso mais t pico desta integra o industrial Segundo ele a cria o do Mercado Comum europeu bem como a exist ncia de bases econ micas s lidas mas de tradi es distintas em v rios pa ses permitiram IBM adotar uma divis o de trabalho por produto e concentrar numa nica f brica a produ o de um ou outro sistema ou s rie de computadores A norma apregoada pela IBM nos anos 1965 1985 produzir no local o que se vende no local permitiu lhe aparecer em todos os pa ses como produtor nacional e negociar o acesso aos mercados id p 133 Entendemos portanto que a IBM do Brasil seguiu a regra desse tipo de integra o pois aproveitou as
191. mestre de 90 a economia esteve semi paralisada basicamente por dois motivos a o ritmo galopante da infla o sendo janeiro 56 11 fevereiro 72 78 e mar o 84 32 b o clima de expectativas e incertezas gerado entre os agentes econ micos quanto as novas medidas econ micas que viriam com a posse do novo presidente eleito Em fun o desses motivos observamos na categoria metal rgica um quadro de demiss es Foram 1151 postos de trabalho nesse trimestre DIEESE 1991 p 5 Malgrado os motivos levantados pelo departamento o comportamento micro de algumas empresas foram determinantes para que em t o pouco tempo o n mero das demiss es fossem t o elevados Sobretudo a Cobrasma que ainda colhia os frutos do golpe dado pelo seu presidente anos antes S em janeiro a empresa de vag es de trens demitiu 600 dos 1500 funcion rios BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA COBRASMA 16 01 1990 Segundo o sindicato a metal rgica estava com dificuldades para comprar insumos j que em virtude da inseguran a dos seus fornecedores tinha que pagar muitas das suas contas vista id Mas foi ap s a implanta o do Plano Collor que a categoria come ou a sofrer com as demiss es em massa E a reposta dos empres rios ao Plano foi imediata S no bimestre mar o abril foram 1687 demiss es acompanhadas de mais 2604 nos dois meses seguintes 103 DIEESE 1991 p 9 Al m das demiss es o Plano Collor tamb m favoreceu a ado
192. mo veremos em outras ocasi es sempre adotou uma postura bastante r gida com rela o ao movimento dos trabalhadores e desde ent o buscava coopt los com festas brindes e presentes uma tentativa de comprar a consci ncia que como mostra o boletim surtiu efeito Pois se no dia 2 de novembro mesmo j com ocorr ncias de manobras desmobilizadoras a assembl ia do Cine Ouro Verde contou com mil pessoas a assembl ia marcada para o dia 14 de novembro na porta da f brica nem chegou a acontecer em virtude da inseguran a do conjunto dos trabalhadores muito deles combativos em realiz la naquele local A situa o foi descrita assim no boletim espec fico da empresa muitos destes companheiros em cima do muro votaram pela realiza o de uma assembl ia na portaria da Bosch no dia 14 11 Depois deram para tr s Cerca de 100 companheiros telefonaram ou passaram pelo sindicato recomendando a n o realiza o desta assembl ia At os companheiros reconhecidamente mais combativos perceberam que com aquele clima era in til gastar aquele cartucho que poderia se voltar contra os pr prios trabalhadores BOLETIM ESPEC FICO DA BOSCH Campinas NOVEMBRO DE 1984 A assembl ia acabou acontecendo em outra data no mesmo local por m a auto pe as aproveitou o vazio da mobiliza o e simplesmente n o quis negociar a pauta 46 disposta a aceitar as condi es postas pelos trabalhadores pelo contr rio sua inten o era a partir da
193. mos buscando com a assessoria mostrar o que est havendo em termos de evolu o em termos de pol tica de gerenciamento de pessoal quer dizer os patr es est o preocupados mais com o c rebro do que com a for a f sica E n s estamos preocupados mais com a for a f sica do que com o c rebro Ent o n s temos tamb m que ajudar a fazer um trabalho pra que os oper rios entendam que a intelig ncia est a servi o da classe deles e n o a servi o do patr o E nesse sentido n s estamos tamb m tentando avan ar nos estudos em assessoria na quest o das novas tecnologias O c rebro est relacionado com a nova din mica da nova produ o industrial principalmente em fun o das exporta es Hoje o mercado internacional quer qualidade e competitividade e isso se faz com novas tecnologias E a nova tecnologia traz uma nova postura da m o de obra uma modernidade dentro da f brica E isso est acontecendo dentro da categoria com o kanbam ccg Just in time e outros sistemas modernos de gerenciamento e o sindicato tem que entender e ter uma postura de entendimento se vai contra se vai a favor ou como trabalhar com essas quest es do mundo do trabalho Ent o tamb m fun o da Sub Se o a n vel micro a n vel da empresa de entender as quest es da nova tecnologia do mundo do trabalho Depoimento de Cido Faria V deo V rios Depoimentos em comemora o dos 5 anos de luta Campinas 1989 Foi portanto aplicando as an
194. mportante naquele momento o papel do sindicato foi importante porque tinha uma pol tica de participa o da milit ncia Voc tinha a reuni o mensal ampliada onde voc congregava os trabalhadores de todas as empresas independente se era grande ou era pequena E cada um dava seu depoimento e expressava a sua realidade nessas reuni es Era um neg cio interessante porque as reuni es dos grupos de f brica elas levantavam os problemas mapeava as empresas e nessas reuni es mensais ampliadas tinha um relator do grupo uma pessoa do grupo e ia l e dava o raio x daquelas empresas Ent o voc come ava a descobrir que ah ent o aquela pecinha que chega l na Bosch feita l ent o Ah ent o aquele tratamento t rmico feito l ent o Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho A pedra de toque para sucesso da pol tica organizacional do sindicato era justamente essa interlocu o no interior das metal rgicas Sem elas como vimos no caso da IBM era muito dif cil manter qualquer mobiliza o na base Por isso somente em 1988 que passaram a existir movimentos em algumas pequenas empresas Ou seja o tempo que foi necess rio para que os militantes demitidos na vaca brava voltassem e iniciassem a milit ncia contra as p ssimas condi es encontradas Mas por que foi determinante o retorno desses militantes s pequenas empresas O que significava ter um interlocutor nas f bricas n o s n
195. na rede de rela es criadas durante as campanhas eleitorais particularmente nos quadros formados pela PO grupos trotskistas partid rios do PCdoB e sobretudo militantes sem filia o de qualquer tipo que no interior das f bricas reuniam informa es que embasavam as a es sindicais na primeira grande experi ncia de mobiliza o da categoria que contou com essa estrutura Por m nas diferentes empresas da regi o as condi es para o enfrentamento variavam e o term metro eram os grupos de f brica justamente compostos pelos quadros citados acima Foram os grupos informais a exemplo da campanha de outubro que em muitas empresas desencadearam as greves inclusive independente do sindicato Se nas campanhas eleitorais as cis es pol ticas da categoria atrasaram a vit ria da oposi o findo o processo elas permaneceram Por m nas campanhas salariais e nas quest es internas de cada empresa de interesse do trabalhador s quais os grupos ficaram respons veis pelas mobiliza es e discuss es tais cis es foram superadas Nos grupos prevaleceram rela es de respeito m tuo os interesses dos trabalhadores da classe a id ia era que se n s lev ssemos essas diverg ncias para os GF s a gente desagregava ent o infelizmente ou felizmente o GF era uma coisa muito homog nea Ele era muito homog neo Isso n o uma coisa boa n o penso que seja uma coisa boa mas esse foi o caminho que n s adotamos Se tinha div
196. nais a rea o foi forte e pouco a pouco elas foram eliminando os quadros combativos tornando lenta a retomada das lutas A Bosch como vimos aguardou cinco anos para assistir novamente um movimento grevista generalizado mas ele aconteceu muito a contragosto da empresa Na Singer depois do duro golpe das 400 demiss es do dia 16 de mar o de 1989 as lutas s foram retomadas e num n vel bem menor de mobiliza o quatro anos depois Entre os sindicalistas houve o 138 consenso de que a rea o das grandes foi planejado pensado para aos poucos eliminar a organiza o inc moda dos metal rgicos na verdade essa repress o ela n o foi especificamente na Singer Ela j vem anteriormente desde 84 num processo de repress o em algumas empresas onde a Singer era a ltima empresa que n s t nhamos um grupo de trabalhadores mais mobilizados e mais organizados pra enfrentar o dia a dia da explora o que n s somos submetidos pelos patr es Tudo come ou pela Cobrasma logo em seguida a Bendix a Dako os patr es eles montaram um esquema de ir desmantelando a organiza o dos trabalhadores acredito que por etapa acredito que seja por planejado E a ltima era a Singer Depoimento de Darci Finotelli V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 Outras grandes no entanto at ent o sem tradi o de lutas e organiza o tamb m passaram a enfrentar a mobiliza o e a organiza o de seus tr
197. ncia novos projetos que davam forma aos movimentos SADER 1988 Dessa forma Filho 1997 assinala que esses novos movimentos sociais podem ter recorrido ao que Sader chamou de discursos do cristianismo das comunidades de base do marxismo de uma esquerda dispersa e da emerg ncia do novo sindicalismo das bases oper rias de cuja reprodu o esteve incumbido um grande n mero de ag ncias sociais Da Igreja Cat lica surgem as comunidades de base de grupos de esquerda desarticulados por uma derrota pol tica uma busca de novas formas de integra o com os trabalhadores Da estrutura sindical esvaziada por falta de fun o surge um novo sindicalismo FILHO 1997 p 64 Portanto esses movimentos canalizavam as frustra es e inquieta es de diversas camadas sociais postas em movimento como for as coletivas E j em 1974 demonstraram ter razo vel influ ncia quando as oposi es ganharam as elei es nos grandes centros urbanos Segundo Rodrigues 1997 as elei es significaram o marco da retomada das lutas Nas palavras do autor independentemente do que os magos do regime tinham em mente na fase iniciada com o governo Geisel de distens o lenta gradual e segura 1974 funcionou como um bumerangue ao mesmo tempo que atingiu o centro do poder notabilizou formas variadas de organiza o da sociedade civil que tiveram um impulso e efeito multiplicador
198. nda tentativa de concilia o dos interesses que se deu na esfera pol tico institucional da Assembl ia Nacional Constituinte que seria feita de baixo para cima e atrav s de entendimentos democr ticos nas comiss es tem ticas e est va sendo fabricada pelos interesses conservadores da Nova Rep blica FLORESTAN 1989 p 135 As comiss es tem ticas faziam parte de uma estrutura piramidal de tomada de decis es que caracterizou a Assembl ia Constituinte CARDOSO 1999 Dessa forma os mesmos pol ticos e for as sociais que realizaram o enterro das elei es diretas escolheram o col gio eleitoral como uma via de trai o 9e n o de transi o democracia reaparece raJjm com um pacto conservador ainda pior que o primeiro A na o v se enganada depois de iludida e n s podemos dizer que desempenhamos os pap is de palha os da corte FLORESTAN 1989 p 135 87 pautas colocadas sugerem que havia quadros no interior da empresa que subsidiaram o sindicato com detalhes nas informa es repassadas ao conjunto dos trabalhadores Por exemplo na Indisa no final de setembro foi lan ada uma filipeta no interior da empresa convocando os trabalhadores para uma reuni o cuja pauta era a preven o de doen as A reuni o com os sindicalistas revelou que em v rias se es como tornearia estamparia ferramentaria e fura o havia improvisa es que colocavam a sa de dos trabalhadores em risco das quais des
199. ndado embora por justa causa e sem os diretores do sindicato que n o compareceram na porta da empresa E os trabalhadores ficaram parados sozinhos Quando foi 15 pra 8 o sindicato apareceu l j tinha come ado todo mundo trabalhar Ent o voc v que foi assim que terminou a greve em v rias empresas Teve empresas que parou e o sindicato n o teve perna para acompanhar Ent o tem momentos que voc tem que saber como voc conduz esse impasse Foi uma greve que reduziu a jornada de trabalho e entre outras conquistas melhorou muito aquelas clausulas sociais que a gente tem hoje ent o foi uma conquista mas o problema que a forma como foi terminada a greve deu impress o que as coisas vazaram pelos v os dos dedos Voc tinha uma mobiliza o muito grande voc conseguia convencer os trabalhadores os trabalhadores da Singer iam parar os trabalhadores da Mercedes os trabalhadores da Mercedes iam fazer piquete na Singer Os trabalhadores da Dako iam fazer piquete na Cobrasma Voc enchia o nibus de militante da Singer da Dako e traziam para parar a Cobrasma Voc tinha essa organiza o Voc tinha essa vontade da milit ncia Sabendo conduzir poderia potencializar saber como que voc tem que recuar saber como que voc tem que manter Depoimento de Ant nio Jos Podemos notar que na aus ncia das suas lideran as os funcion rios da Mercedes aguardaram os sindicalistas e foram incapazes de manter a paralisa o
200. ndes eles foram para as pequenas empresas Deparando com essa realidade das pequenas empresas a come ou a organizar os trabalhadores Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho Sobre o fortalecimento de Cid nas elei es de 1987 um militante coloca que a extin o gradual do assistencialismo pesou politicamente contra a chapa 1 o que pesou um pouco foi que o sindicato come ou a acabar com todo tipo de assistencialismo Isso a foi uma coisa que pesou um pouco Depoimento de Ant nio Jos acima referido a oposi o assumiu em 84 e a organiza o estava muito focado para as grandes empresas Apesar de que nessa diretoria que ganhou em 84 tinha muita gente das pequenas empresas pessoas que tinham sido em outros movimentos demitidos pela Bosch demitidos pela Clark Ent o j tinha mas era muito pouco Mas o foco era as grandes empresas A partir da com a pr pria exig ncia dos militantes que tinham sido demitidos na vaca brava come ou esses militantes a ir pro sindicato e exigir que focassem um pouco nas pequenas empresas Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho 81 Essa milit ncia que aos poucos foi reintegrada passou a mobilizar os metal rgicos das pequenas empresas e cumprir o papel de interlocutores no local de trabalho e assim atrav s da reuni o mensal ampliada come ou um processo de integra o entre militantes das pequenas e grandes empresas para o qual a pol tica sindical foi i
201. ndo que tinha que mandar que assim E a como a chefia n o estava preparada e eles queriam qualidade e iam implantar a ISO nove mil e n o sei quanto mas sem ter uma discuss o clara com todo mundo e a gente vendo isso Ent o a gente conseguiu sim trabalhar isso a qualidade dentro do ponto de vista dos trabalhadores afinal de conta era a nossa m o de obra A gente conseguiu passar isso daquilo que era qualidade pra gente Teve envolvimento de todo mundo em todos os espa os porque como uma cadeia e a pe a vem de um tal lugar ent o a gente conseguiu fazer isso no conjunto Se no final ela est saindo ruim ent o vamos ver de onde ela vem vindo A gente conseguiu fazer essa reflex o e tinha uma conscientiza o dos trabalhadores porque a press o era pra todo lado n o era s no final pra m quina sair boa mas a quantia de pe as e as pe as ruins Ent o a gente conseguiu fazer isso passar pro conjunto aquilo que a gente queria no sentido de que se quer qualidade ent o qualidade mesmo E a rea o foi boa no sentido de todo mundo entender o que estava se passando E era muito r pido pra gente passar pra todo mundo a discuss o rapidinho a gente passava pra todo mundo aquela coisa da r dio pe o ent o o pessoal j discutia as situa es vividas e j ia passando Era muito f cil Ent o foi uma coisa legal que a gente conseguiu fazer id O impasse criado com a empresa em torno do Kanban SEM abriu pr
202. nh com o gerente o encontro peri dico semanal pro cara plagiando essas igrejas evang licas fala que eu te escuto Ent o isso favoreceu essa conduta que foi uma resposta uma certa democratiza o da sociedade e eles tinham que dizer que estavam democratizando a empresa E claro ali eles ouviam as id ias as contribui es dos trabalhadores e impuseram a reestrutura o que eles queriam Claro com menor gasto poss vel com menor perda poss vel e projetando a empresa para aumentar a produtividade e os percentuais de lucratividade Depoimento de Durval de Carvalho Mas mesmo com o fim daquela aposta pol tico organizacional ficou a heran a do principio da n o colabora o pois durante a d cada de 1990 enquanto outros sindicatos com hist rico de lutas at mais saudoso do que o do Sindicato dos Metal rgicos de Campinas se renderam e apostaram suas fichas na colabora o com os empres rios tendo em vista metas de produtividade e envolvimento em programas de qualidade total os sindicalistas de Campinas e Regi o permaneceram cr ticos a tais programas 142 Refer ncias ALVES G Nova ofensiva crise do sindicalismo e as perpsectivas do trabalho o Brasil nos anos 90 In TEIXEIRA F J S amp OLIVEIRA M A ORGs Neoliberalismo e Reestrutura o Produtiva Fortaleza Cortez 1998 O novo e prec rio mundo do trabalho S o Paulo Boitempo 2000 ANTUNES R Trabalho reestrutura o produti
203. no Bresser veio desenvolver F rias coletivas e demiss es est o mais ligadas ao famoso SEM Kanban do que economia nacional A Singer tem vendido m quinas motores m veis e at tecnologia para o exterior em larga escala No m s passado a Singer exportou cem mil m quinas de costura S para se ter uma id ia a F nix que est sendo produzida a todo vapor custa l fora mais de 500 d lares ou cerca de 27 mil cruzados A Singer de Itu j est negociando a exporta o de 300 000 a 400 000 motores de passo e corrente cont nua para o ano que vem no valor de um milh o de d lares At a Singer Madeiras entra com 700 000 d lares com exporta o de m veis E no caso dos m veis a Singer tem 56 O Grupo tinha clareza sobre o que o Kanban poderia acarretar Num Boletim cuja manchete era O que o Kanban e seus objetivos tenta esclarecer ao conjunto dos trabalhadores as consequ ncias do estoque m nimo Num primeiro momento eles exp em os objetivos de car ter econ mico e organizacional argumentados pelos empres rios e depois alertam sobre os desdobramentos para os trabalhadores Vejamos O Kanban um sistema de produ o que tenta reduzir os custos perda zero buscando a coordena o das opera es e do mercado entre a ind stria e seus fornecedores Ou seja o princ pio b sico do kanban a elimina o dos desperd cios atrav s da redu o dos estoques a n vel m nimo Com isso os ciclos de produ o
204. no de economia 12 Mar o de 1991 Caderno de economia 13 Abril de 1991 Caderno de economia 14 Maio de 1991 Caderno de conjuntura 25 Julho de 1991 FAYARDO R C A Qualidade e trabalho um estudo de caso em sindicato de trabalhadores sobre os programas de controle de qualidade total S o Carlos 2005 Disserta o de mestrado Centro de Ci ncias Exatas e de Tecnologia FERNANDES F Que tipo de rep blica S o Paulo Brasiliense 1986 Nova rep blica Rio de Janeiro Zahar 1986 FERNANDES F A constitui o inacabada S o Paulo Esta o Liberdade 1989 FILHO V S P Comiss es de f brica um claro enigma S o Paulo Entrelinhas Cooperativa Cultural da UFRN 1997 FREDERICO C Consci ncia Oper ria no Brasil S o Paulo tica 1978 GIANNOTTI V NETO S CUT por dentro e por fora Petr polis Vozes 1990 GOUNET T Fordismo e toyotismo na civiliza o do autom vel S o Paulo Boitempo 1999 HARVEY D Condi o p s moderna S o Paulo Loyola 1992 MARCELINO P R P 4 log stica da precariza o S o Paulo Express o Popular 2004 MATTOSO J A desordem do trabalho S o Paulo Editora P gina Aberta LTDA 1995 OLIVEIRA E Toyotismo no Brasil S o Paulo Express o Popular 2004 POSSAN M A A malha entrecruzada das a es Campinas rea de Publica es CMU Unicamp 1997 144 RAMALHO J R Precariza o do trabalho e impasses da organiza o coletiva n
205. nte refluxo da organiza o no interior da f brica n o levantamos qualquer tipo de programa de participa o A empresa optou por terceirizar muitos dos seus servi os e concentrar na f brica de Viracopos apenas a montagem das m quinas Com a redu o no quadro de funcion rios ao longo da primeira metade da d cada de 1990 imprimiu um forte ritmo de produ o sobre seus trabalhadores A estrat gia da terceiriza o fez com que a transnacional se tornasse exemplo entre os empres rios que vislumbravam seus rendimentos nos encontros s 6l empresariais 5 a terceiriza o de setores produtivos era feita da seguinte maneira a empresa despedia pessoas do setor t cnico administrativo e essa pessoa recebia um incentivo para abrir uma empresa em seu nome A Singer custeava os gastos com os bens de capital necess rios o aluguel e ou a constru o de um local onde seria fabricada uma determinada pe a O novo empres rio em contrapartida firmava um contrato com a sua ex empresa no qual se comprometia em vender seus produtos durante cinco anos somente para a Singer com pre os fixos Al m disso o novo empres rio ficaria respons vel por toda log stica bem como pela administra o da sua empresa Depoimento de Gerardo de Mello 6 J em 1991 um boletim do sindicato dava a dimens o da escalada de doen as na Singer O boletim mostra uma tabela que cont m o n mero de processos trabalhistas contra a empresa Os dados
206. o Brasil In ANTUNES R ORG Neoliberalismo trabalho e sindicatos no Brasil e na Inglaterra S o Paulo Boitempo 2002 RODRIGUES I J Sindicalismo emprego e rela es de trabalho na ind stria automobil stica In ANTUNES R ORG Neoliberalismo trabalho e sindicatos no Brasil e na Inglaterra S o Paulo Boitempo 2002 Sindicalismo e pol tica S o Paulo Scritta 1997 Comiss o de f brica e trabalhadores na ind stria S o Paulo Cortez Rio de Janeiro FASE 1990 RODRIGUES L M CUT militantes e ideologia Rio de Janeiro Paz e Terra 1990 SADER E Quando os novos personagens entraram em cena Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 THOMPSON E P 4 forma o da classe oper ria inglesa Vol 1 Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 TRAGTEMBERS M Administra o poder e ideologia S o Paulo Cortez 1989 VIANNA L W Liberalismo e sindicato no Brasil Rio de Janeiro Paz e Terra 1978 WEFFORT F C Participa o e conflito industrial S o Paulo Cebrap 1972 PERI DICOS Revista Comemorativa dos 20 anos do Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o Campinas 2004 BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA SINGER Campinas novembro de 1986 Campinas junho de 1987 Campinas agosto de 1987 Campinas julho de 1988 Campinas mar o de 1989 Campinas abril de 1989 Campinas setembro de 1991 145 BOLETIM DO SINDICATO DOS METAL RGICOS ESPEC FI
207. o capital trabalho ou como dito em muitos boletins uma outra sociedade sem exploradores e sem explorados Mas a maior prova de que era poss vel a partir da organiza o informal enfrentar a hegemonia do capital na f brica seu espa o por excel ncia foi dado pelos trabalhadores e trabalhadoras da Singer 5 2 COSTURANDO A RESIST NCIA A LUTA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA SINGER A Singer empresa de capital norte americano foi a primeira transnacional a se instalar no pa s ainda no governo de Dom Pedro II com lojas de revenda de m quinas na cidade do Rio de Janeiro m quinas essas que eram produzidas nos EUA A f brica de m quinas de costura foi constru da em Campinas no per odo de 1951 1954 ap s receber doa o da Fazenda Palmeiras de 300 alqueires no Bairro Viracopos em 1950 A Companhia Industrial Palmeiras de M quinas e M veis como primeiramente se chamou contava com 548 funcion rios e j em 1958 passava a exportar para o Chile mais tarde essa f brica seria respons vel pela produ o das m quinas de costura que dominariam o mercado latino americano A Singer foi umas das grandes transnacionais que se enquadraram na pol tica de interioriza o da ind stria paulista Inseridas nos programas estaduais de incentivo pr ximo da regi o aonde se instalou muitas obras foram realizadas nos anos 60 e 70 como a cria o do Parque Industrial a constru o da Rodovia Santos Dumond e do aeroporto de Viracopos
208. o de Darci Finotell V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 Mas a rea o dos trabalhadores n o foi imediata e a organiza o no local de trabalho n o foi retomada no mesmo n vel de antes At mesmo a CIPA saiu das m os do grupo Uma pesquisa feita junto aos trabalhadores da Singer no final de 1989 demonstrava que a maioria dos trabalhadores se sentia vigiada 66 considerava as demiss es injustas 83 n o estavam contentes com as condi es de trabalho 60 e achavam importante receber o boletim 85 Al m disso a maioria dos trabalhadores considerava importante a insist ncia do Sindicato em ir at o port o principal mesmo sem autoriza o 77 BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA SINGER 07 11 1989 Por m a resposta dos trabalhadores s veio anos depois a retomada da Singer na verdade foi por causa que o sindicato ele tinha uma virtude quanto mais a empresa endurecia o jogo mais o sindicato ia pra l Por exemplo a cada quinze dias a gente piava na Singer fazia aqueles piquet o S que o que acontecia Devido a repress o dentro da Singer com policiamento com tudo os trabalhadores simplesmente ignoravam o sindicato E foi um neg cio interessante que n s fomos uma vez l na Singer tentamos parar a Singer botamos a faixa l na pista mas os trabalhadores entraram Foi um neg cio muito ruim 58 depois que eles demitiram os 400 nem a CIPA n s conseguimos N
209. o entre os trabalhadores n o veio pela instala o da comiss o mas pela n o efetiva o E o fato gerou um mal estar pol tico entre sindicalistas e os trabalhadores Segundo o depoimento de um ex membro do grupo de f brica da Mercedes o sindicato enquanto institui o j n o era bem visto na empresa E com o retrocesso na implanta o da Comiss o a situa o pol tica ficou ainda mais complicada essa diretoria se voc for pegar das elei es que teve at agora duas ou tr s eles ganharam na Mercedes Me parece que eles ganharam na Mercedes a primeira vez quando eu entrei na diretoria 1990 at ent o nunca tinha ganho as elei es na Mercedes Eu n o tenho certeza mas me parece que sim Houve um problema muito grande com rela o a isso Houve uma desmoraliza o do sindicato na Mercedes por conta de que a gente vinha de uma cultura do Cid Ferreira de vender e o pessoal tinha um p a tr s com a quest o do sindicato E quando as reivindica es n o foram efetivadas criou uma suspeita O sindicato ficou numa situa o ruim dentro da Mercedes Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho Na seqii ncia o ex membro do GF Mercedes chega at mesmo a duvidar se havia pr disposi o da diretoria em implantar a comiss o 20 O militante se refere antiga CUT PELA BASE hoje Alternativa Sindical Socialista ASS correntes nas quais identifica uma continuidade em termos de pol tica de a o sin
210. o nosso trabalho era feito conjuntamente com os grupos de f brica organizados N s nos reun amos mensalmente n s cham vamos reuni o mensal da oposi o onde n s mont vamos estrat gias de finan as pro grupo pra oposi o bingo Ent o as tr s chapas que n s montamos todas elas n s nos reun amos mensalmente al m de nos reunirmos enquanto grupo separado n s reun amos uma vez por m s os grupos de todas as f bricas que eram contra o pelego Em 84 foi importante porque a n s j t nhamos um trabalho credenciado na categoria enquanto oposi o mas n o s enquanto Singer e a j dava pra gente fazer uma chapa pura uma chapa com companheiros de f brica reconhecidos foi a que n s n o topamos fazer a chapa com outras pessoas Foi a que n o topamos mais fazer a chapa com aqueles que estavam rachando com o pelego que tinham contribu do pra gente perder as elei es em 81 Ent o a gente fez uma chapa pura mesmo com companheiros combativos E em 84 vem a grande vit ria A oposi o j era um trabalho consolidado Reconhecidamente por toda categoria J antecipadamente existia um trabalho que era um trabalho da conquista da confian a e de um credenciamento perante a categoria Singer Bosch Mercedes Clark que o grupo que estava na oposi o desde 78 era o grupo que tinha condi es de fazer um trabalho organizativo e fazer com que a luta da classe trabalhadora retomasse Ent o n s ganhamos as elei e
211. o que agitou os sindicatos cutistas de todos os setores da economia como o dos metal rgicos em Campinas que organizaram assembl ias e palestras Mas independente da extin o da URP a hiperinfla o daquele ano arrochava os sal rios das classes trabalhadoras de um modo geral Segundo o DIEESE a press o inflacion ria era fruto das estrat gias de crescimento das grandes corpora es instaladas aqui que indiretamente influenciavam todo o mercado Isto porque as grandes empresas cada vez mais substitu am o mercado interno pelo externo S na Regi o de Campinas no primeiro bimestre de 1988 as exporta es mais que dobravam alcan ando um crescimento de mais de 105 8 DIEESE p 4 Ou seja a conjuntura era de predomin ncia dos oligop lios que ditavam a composi o de pre o ritmo de inova es investimentos etc e Dois curiosos protestos ocorridos na Clark contra os baixos sal rios fizeram o grupo de f brica se posicionar Em um os trabalhadores confeccionaram um caix o e simularam um vel rio em uma das se es Depois da arte os seguran as da empresa come aram a intimidar individualmente os trabalhadores para dedurarem os respons veis O grupo sugeriu que os companheiros mantivessem os nomes dos respons veis em sigilo e amea aram colocar o nome dos seguran as nos pr ximos boletins Num outro protesto dessa vez isolado um trabalhador roubou um r dio de um dos carros da empresa colocando em seu lugar u
212. o salarial e do trimestral id A greve vitoriosa n o s na Singer mas tamb m nas demais empresas grevistas demonstrou que o grupo de fato tinha consolidado como refer ncia aos trabalhadores da empresa A dire o sindical passava a cumprir importante papel de ouvir os trabalhadores e encaminhar seus problemas dando in cio a uma pr tica jamais presenciada pelos trabalhadores o sindicato ele chamava e era uma experi ncia que a gente n o vivia Era uma assembl ia de porta de f brica era chamar o grupo para avaliar como estava l dentro como que estava o clima Se dava para a gente discutir se o pessoal estava satisfeito ou n o Sempre esse di logo sempre mais seguran a esclarecendo o que a diretoria estava fazendo e o processo de decis o era sempre da assembl ia Esse foi o grande momento de voc sentir a diferen a Depoimento de Maria Am lia B de Paula E os problemas a serem enfrentados ainda eram muitos Atuando numa frente aberta com militantes ocupando esferas reconhecidas pela empresa como a CIPA e noutra fechada o grupo atacava tais problemas do cotidiano como a hostilidade das chefias e condi es de trabalho Foram essas as causas de um movimento de protesto na fundi o em janeiro de 1985 os trabalhadores estavam insatisfeitos com as elevad ssimas temperaturas e o trabalho pesado por isso desencadearam um protesto no qual um trabalhador foi demitido Diante da postura
213. o se deles faziam propaganda da Singer e afirmavam que dentro de 15 dias deixariam a firma limpa e em ordem Ainda n o se sabe se foi com a participa o ou n o da TELESP ou da Singer e da Pol cia Militar ou ainda apenas da Singer mas os telefones p blicos no local estavam desligados sem funcionar o que n o permitia que os trabalhadores tivessem qualquer oportunidade de comunicarem se para fora at mesmo com o Sindicato o que estava ocorrendo dentro da f brica Boletim do Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o 17 03 1989 Em apenas uma dia foram 400 demiss es N o por coincid ncia esse era o mesmo n mero estipulado de pessoas organizadas dentro da f brica Mas a persegui o n o se encerrou na sexta feira A diretoria da transnacional tratou de isolar os quadros combativos que j tinham revelado a sua identidade com o grupo e a foi muito dif cil porque ela come ou a pensar isso Demitir 400 pessoas num dia E eram pessoas firmes do grupo Ent o o processo depois foi muito dif cil Por exemplo eu fiquei l dentro eles me isolaram me botaram numa se o que era assim eu trabalhava na linha de montagem onde tinha 500 pessoas me botaram no controle de qualidade e era uma se o pequena de portas fechadas porque tinha a temperatura da m quina a quest o do controle ent o quem ia conversar comigo batia na porta e o meu supervisor ligava imediatamente para o chefe do rapaz da
214. o voltavam mais Inclusive na reuni o o Jo o Zinclar que era diretor do sindicato que defendeu a paralisa o na Singer todo mundo falando que ele estava louco falando que ele era um irrespons vel porque na verdade era isso mesmo porque os trabalhadores passaram por cima de n s havia poucos dias e ent o como n s vamos l parar Voc defender isso numa assembl ia voc est delirando voc est querendo levar o movimento para o fracasso Mas a gente tinha algumas respostas l de dentro de que havia um descontentamento l dentro S que o medo era maior E n s fomos l e a Singer retomou parou mesmo 100 foi um neg cio incr vel parou N s colocamos umas faixas ali e os trabalhadores pararam ouviram a assembl ia votou a greve a pol cia veio retirou as faixas e os trabalhadores n o entraram A pararam os nibus negociamos com a empresa e os trabalhadores s retornaram depois da negocia o A a Singer viu que n o dava mais pra manter aquela pol tica e abriu pra entregar boletim l dentro j come ou a negociar com o sindicato Mas tamb m foi porque os trabalhadores estavam sentindo que a aquela pol tica de abertura da Singer era uma farsa tamb m de uma pol tica de falar que parceria que era fam lia isso a foi caindo Porque tem que ter um tempo para os trabalhadores come arem a entender isso a e eles entenderam Depoimento de Ant nio Jos Apesar da forte rea o da Singer e o conseque
215. ociedade e o Estado e terminou por representar para os oper rios e talvez para os pr prios dirigentes algo mais que um sindicato id A greve foi antes referente aos problemas internos daqueles oper rios do que a problemas externos ela foi menos uma resposta espont nea da massa oper ria a qualquer situa o de priva o aguda que o resultado da forma o de um determinado tipo de consci ncia pol tica na massa como entre seus l deres sobe a condi o de priva o cr nica em que se encontram id p 54 Portanto foi resultado de um processo de conscientiza o dos trabalhadores no qual pesou a conflu ncia de estudantes o surgimento do oper rio estudante e cat licos Juventude Oper ria Cat lica e Frente Nacional do Trabalho com os metal rgicos Weffort atribui moderniza o caracterizado pela industrializa o e urbaniza o as possibilidades de associa es criadas j que pessoas que participavam de um movimento tamb m participavam de outro O autonomismo para este autor cumpriu tamb m papel importante visto que facilitava as associa es Somados a estes fatores entendemos que a forte oposi o ao regime que surgiu em Osasco foi resultado antes de tudo do trabalho de politiza o que cumpriu os grupos dissidentes da esquerda que tinham infiltra o no movimento oper rio e que desde 1964 agiam de forma clandestina O movimento em Osasco que surgiu como um movimento anti arrocho contr r
216. oi a fragilidade da conscientiza o e da sindicaliza o feitas at ent o mas mesmo assim n s perdemos as elei es l dentro porque era uma f brica reduto do pelego e ainda n s n o t nhamos feito um trabalho de conscientiza o e principalmente de sindicaliza o Mas foi o marco mais importante porque o pelego ganha as elei es e imediatamente come a as demiss es na Bosch e diversas empresas demiss es Trata se de Valdemir Jos Martinhago militante do PCdoB Vale lembrar que naquele momento os comunistas decidiram compor a Chapa com Cid Ferreira por avaliarem que a oposi o n o tinha condi es de vencer as elei es e por isso optaram por fazer oposi o dentro da diretoria 115 massacrantes e mesmo dentro da Singer E a a cada dia que passava o grupo se fortalecia mais id O fato de Cid acatar as demiss es na Bosch e em outras empresas foi determinante para que a oposi o ganhasse legitimidade junto categoria mas os pap is que cumpriram tanto a Pastoral Oper ria como j dissemos quanto a organiza o dos grupos nos anos que antecederam a vit ria foram decisivos o trabalho da oposi o se dava e o trabalho do grupo de f brica da Singer tamb m com o trabalho do grupo de f brica da Cobrasma tinha como grande espelho o grupo de f brica da Cobrasma da Mercedes Durante todo esse processo que antecedeu a vit ria n s nos reun amos em diversos locais diferentes E
217. oiado por um sindicato que embora fizesse parte da estrutura oficial demonstrava estar decidido a avan ar para al m de um sindicalismo de c pula Desse modo os patr es reagiram reprimindo se infiltrando em assembl ias e reuni es abertas e 33 cooptando ou seja colocando todo um aparato tendo em vista a desarticula o do movimento grevista Como veremos n o foi em todas as empresas que as tentativas de desarticula o lograram xito mas a onda de repress o persegui o e deduragem lan ada pelas metal rgicas da regi o de Campinas trouxe consequ ncias quase irrevers veis n o s para a campanha salarial mas para o movimento sindical de base Se ao tomarem posse um ano antes os diretores do sindicato esperavam uma atitude mais conciliat ria por parte dos patr es passada as mobiliza es eles foram contrariados e as persegui es se estenderam nos meses seguintes nos quais mais de 400 trabalhadores politicamente selecionados foram mandados embora muitos por justa causa Por conta disso tiveram que arcar com o nus pol tico da greve da vaca brava um movimento longo de 26 dias de paralisa o que trouxe algum desgaste para os sindicalistas e que gerou uma expectativa na categoria que n o foi contemplada em certa medida ap s 84 n s pensamos bom n s ganhamos o Sindicato e as empresas v o recuar um pouco n o v o ser t o agressivas contra a organiza o sindical como antes quando
218. on mica japonesa da d cada de 1950 em que o mercado estava escasso Ohno arquitetou tal ger ncia tendo em vista essa nova realidade Sendo assim quando h demandas de produ o a nova gest o da produ o intensifica o ritmo de trabalho j que o funcion rio tem que desempenhar v rias tarefas Mas quando n o h demandas al m de administrar um n mero menor de trabalhadores estes s o inseridos em programas de qualifica o Tais mudan as nas rela es de trabalho no entanto exigem contrapartidas aos trabalhadores tais como emprego vital cio e sal rio por antiguidade Al m disso o novo modelo de gerenciamento exige um novo perfil de sindicato o sindicato empresa caracterizado por ser corporativo as reivindica es do sindicato incorporam em grande medida as dificuldades de lucro e rentabilidade enfrentadas pela dire o da empresa id p 86 87 Coriat apologeta do novo modelo enxergou nele um c rculo virtuoso j que a efic cia das inova es organizacionais realimenta os investimentos em recursos humanos cursos de qualifica o contrapartidas sociais ganhos de produtividade criando portanto um trabalhador com alto n vel de polival ncia estimulado a produzir mais E quanto mais estimulado maior a produ o maior a efic cia do modelo e maior o investimento etc CORIAT 1994 p 106 107 J Gounet autor cr tico do novo modelo de produ o toyotista toma como base do sistema o ritmo de p
219. onga dist ncia Os metal rgicos atendendo ao chamado dos sindicalistas mantiveram a greve no interior da empresa seguindo em marcha para a sede central do Sindicato A auto pe as diante da manuten o da paralisa o aceitou negociar fechando o acordo acima e mais Cr 10 000 de abono todos empregados em mar o Mas alguns trabalhadores foram demitidos depois de terem recebido telegramas em casa avisando o afastamento e os tr s diretores do sindicato foram suspensos por dois dias e quatro cipeiros receberam carta de advert ncia DIEESE 1991 p 7 52 Aviso aos colaboradores da Robert Bosch LTDA findo o per odo excepcional de dispensa do trabalho concedido a seus funcion rios a Bosch comunica todos os funcion rios devem retornar ao trabalho na segunda feira DI RIO DO POVO 21 04 91 112 Ou seja os metal rgicos da Bosch assim como os da Dako deram demonstra es de que um projeto de m dio ou longo prazo de organiza o de base fundamentado na organiza o informal tinha grande potencial de mobiliza o E da mesma forma os trabalhadores das pequenas e m dias empresas demonstravam a import ncia da interlocu o no ch o da f brica do trabalho de conscientiza o mesmo que essa seja uma consci ncia sindical enfim da sociabilidade forjada para se contrapor s pol ticas empresariais Essa foi a base sobre a qual os grupos de f brica tentaram edificar uma constru o maior uma outra rela
220. onjunto dos trabalhadores da f brica A segunda proposta contempla a exist ncia da comiss o de f brica mas instaura uma dupla representa o dos trabalhadores dentro da f brica dificultando a pr pria exist ncia da comiss o de f brica no atual est gio de organiza o de luta dos trabalhadores CADERNO DE RESOLU ES DO 1 CONGRESSO DOS METAL RGICOS DE CAMPINAS 1985 p 12 60 poss vel e necess rio criar departamentos e dividir entre os diretores as tarefas administrativas com a finalidade de politizar todas as esferas de a o sindical Da mesma forma era necess rio se posicionar diante do car ter da nova rep blica e conscientizar os trabalhadores de que o rumo tomado por ela ficava cada vez mais distante do esperado e exigido pelos movimentos sociais da d cada de 80 Mas no universo da categoria como avan ar rumo s comiss es dentro de um quadro de correla o de for as desfavor vel nas empresas Era preciso portanto consolidar alguma forma de organiza o de base na categoria que atendesse pol tica de a o sindical defendida Mas qual Essa foi a discuss o que ent o surgiu em 85 veio uma repress o muito fort ssima e a partir da que n s entramos na discuss o que a partir da entidade sindical n s t nhamos que propor aos trabalhadores a organiza o dos Grupos de F bricas mais do que nunca Surge uma pol mica se Grupo de F brica ou se Comiss o de F brica n s ent
221. operador trabalhava BOLETIM DO SINDICATO ESPC FICO DA DAKO 27 06 1989 Na Filtros Mann no mesmo ano foram 17 acidentes nenhum fatal mas muitos com gravidade tais como soterramento choques por descargas el tricas atropelamento por empilhadeiras e esmagamento de dedos BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA FILTROS MANN 24 08 1989 Portanto a categoria de um modo geral sofria com a heran a das pol ticas implantadas nas ind strias favorecidas pelas pol ticas desmobilizadoras do sindicato no per odo de Cid Nas pequenas empresas a situa o era pior como apontamos e come ou a mudar depois que o sindicato em articula o com a organiza o dos trabalhadores no interior dessas f bricas pressionou as a depois as condi es de trabalho come aram a melhorar Houve uma press o o sindicato come ou a pressionar Porque tinha uma organiza o nessas pequenas empresas e quando o sindicato ia nessas pequenas empresas os trabalhadores respondiam ao chamado do sindicato devido a pr pria organiza o que foi feita l dentro Come ou a germinar Teve um momento em que na categoria as pequenas empresas tiveram um peso muito forte Depoimento de Ant nio Jos dos Santos Filho Ou seja na medida em que os metal rgicos come avam a alterar a correla o de for as nas empresas abria se a possibilidade de enfrentar tais quest es mesmo que de forma gradual tratava se afinal de contornar uma situa o que h anos
222. ora es instaladas no Brasil algumas delas instaladas na Regi o de Campinas Somados esses fatores dificultaram a pol tica de organiza o de base A recess o a repress o e a persegui o inibiam a ades o dos trabalhadores ao projeto pol tico diferenciado de contesta o E quando havia essa ades o o trabalho era tolhido pela pol tica da rotatividade Al m disso as inova es organizacionais e tecnol gicas ainda incipientes faziam germinar uma nova onda pol tico ideol gica que convocava a classe trabalhadora para um novo tempo o tempo da colabora o co gest o e da participa o Mesmo com tantas dificuldades conseguiram os grupos de f brica barrar essas investidas do capital No per odo estudado os grupos foram importantes na medida em que denunciavam essas pol ticas e as atacavam Nas pequenas e m dias empresas a organiza o dos grupos ap s o retorno de alguns quadros demitidos na vaca brava despertou a diretoria sindical para a situa o daqueles trabalhadores que enfrentavam situa es degradantes Isso foi determinante para despertar quase metade da categoria que at ent o pouco tinha participado da vida sindical e portanto ficavam ainda mais vulner veis s a es lan adas por essa parcela do empresariado E esses trabalhadores responderam e continuaram respondendo aos chamados de luta de enfrentamento e tiveram muita import ncia J nas grandes empresas sobretudo as gigantes transnacio
223. os dos patr es e do governo atrav s de um trabalho sigiloso de entrega de boletins informativos mosquitinhos ou mesmo nas conversas em espa os de sociabilidade poss veis para a milit ncia pol tica Em segundo lugar necess rio destacar as diferentes estrat gias de lutas adotadas ao longo desse per odo que iriam influenciar anos depois todo o movimento sindical no interior da Central nica dos Trabalhadores CUT Em especial desde o surgimento do movimento grevista no ABC e at a funda o da CUT em 1983 o novo sindicalismo representado pelo movimento de S o Bernardo e Diadema e o MOSM SP Movimento de Oposi o Sindical Metal rgica de S o Paulo trariam para o debate sindical nacional duas concep es de organiza o distintas O MOSM SP surgiu como um movimento heterog neo Era composto por grupos de esquerda que buscavam na Pastoral Oper ria prote o para continuar seus trabalhos al m de independentes e ativistas isolados Esses diferentes grupos se uniram em idos de 1975 proposta de privilegiar os trabalhos de base nas f bricas se contrapondo estrutura sindical Evidentemente a uni o em torno dessa proposta de organiza o n o se deu sem cis es no seio do movimento Por m essa foi uma estrat gia mantida pela oposi o durante toda a d cada de 1980 Ao disputar as elei es sindicais em 1978 o MOSM SP buscou se distinguir propondo as comiss es de f brica aut nomas como alternativas
224. ou um desn vel salarial na categoria Pois de um lado os trabalhadores das montadoras auto pe as e empresas em que havia correla o de for as favor veis greve tiveram reajustes acima daquele oferecido pelo Governo por outro a maioria das empresas do setor de mec nica m quinas materiais el tricos e metalurgia n o repassaram nada al m dos 29 Este desn vel for ou a CUT a retomar as negocia es em julho tendo em vista corrigi lo Com xito os sindicatos patronais reunidos em torno da FIESP cederam 62 para as a passeata por fora da f brica a passeata dentro da f brica desafiou um espa o no qual na vis o do patr o destinado produ o e ao lucro e portanto sagrado e a manifesta o na D R T e a assembl ia no sindicato mostraram que sabemos trabalhar e produzir mas sabemos tamb m defender com organiza o e compet ncia nossa dignidade de ser humano BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA NATIVA 14 06 1989 96 montadoras e auto pe as e 82 05 para os demais setores sendo descontado os valores dos reajustes anteriores No que tange ao trabalho clandestino realizado na categoria dos metal rgicos de Campinas e Regi o ele se mostrou importante na medida em que nas pequenas empresas come avam brotar organiza o capaz de paralisar as atividades Mas outra campanha vinha sendo realizada na categoria dos metal rgicos de Campinas e na qual o papel que os grupos vinham cumpr
225. ovimento cortando o fornecimento de gua e refei o al m de fechar port es impedindo a entrada de outros turnos enquanto as 52 chefias e o grupo do RH Recursos Humanos pressionavam a entrada de alguns por outras portarias Por se tratar de um movimento grevista longo a empresa alem tentou atrav s de convoca o de horas extras e promo o de olimp adas marcadas estrategicamente nos dias e hor rios das plen rias esvazi las BOSCH CONHEC LA PARA TRANSFORM LA CAMPINAS 1993 p 20 21 Os esfor os da diretoria no entanto foram em v o e a greve aconteceu sendo que a Bosch jamais tinha enfrentado em sua hist ria um movimento organizado a partir da pr pria f brica De pequenos grupos que se reuniram no sindicato o movimento conseguiu reunir milhares de trabalhadores em assembl ias BOLETIM DO SINDICATO DOS METAL RGICOS ESPEC FICO DA BOSCH NOVEMBRO DE 1985 Da mesma forma a Mercedes fora outra empresa que se preparou sua maneira para aquela greve deslocando sistema de inform tica e lotando o p tio de ve culos dando assim a impress o de que as vendas iam mal e que havia grandes possibilidades de demiss es na verdade tinha um problema naquela greve porque a Mercedes se preparou para aquela greve A Mercedes estava sendo informatizada e ela tirou todo o sistema de inform tica dela trouxe para o Hotel Bahamas aqui em Campinas Tinha um estoque muito grande de ve culos porque a
226. pessoas que vinha falar comigo e falava fulano esteve aqui pra conversar com a Am lia Ent o essa pessoa era mapeada Chegou momentos que eles demitiam e falavam assim voc est sendo demitido porque voc conversou com a Maria Am lia Ent o isso as pessoas vinha falar Ou seja eles montaram tamb m uma estrat gia do desgaste psicol gico Teve momentos muito dif ceis naquele refeit rio enorme eu sentava e as pessoas levantavam As pessoas choravam Tinha meninas que choravam e falavam Am lia a gente n o est agiientando Mas era o medo de ser demitido Porque as pessoas iam embora e falavam que estava demitindo porque entrou em contato comigo porque era do grupo tinha uma rela o e eles n o queriam mais Depoimento de Maria Am lia B de Paula 133 A escalada das demiss es e persegui es n o parou por a A empresa n o respeitava mais os est veis e criou um cen rio de medo dentro da empresa como colocou um militante meses ap s o ocorrido na verdade a situa o est muito cr tica porque a empresa continua com m todo de press o de coer o n s tivemos da ltima greve geral pra c um dia ap s a greve geral uma m dia de 500 demiss es Onde nessa demiss o houve mulheres gr vidas que foram demitidas dirigentes sindicais cipeiros e o pessoal que a gente coloca como mais linha de frente um conjunto de trabalhadores que foram cassados E isso queiramos ou n o vem acarretar na
227. pol tico que fortalecera Cid Ferreira nas elei es de 1987 e outro de car ter imediatamente econ mico Era necess rio portanto investir na organiza o de modo que houvesse melhorias socioecon micas destes trabalhadores bem como se ratificasse n cleos de organiza o pol tica em sintonia com o projeto pol tico organizacional daquela diretoria Afinal se s agora os dados revelavam defasagem salarial desta parcela da categoria vale lembrar que ela j sofria h anos com esta situa o socioecon mica levando muitos dos filiados buscarem os servi os de assist ncia m dica odontol gica farmac utica entre outros 80 oferecidos nas gest es de Cid Ferreira Como aos poucos a diretoria cutista vinha retirando esses servi os o retorno de Cid significava para eles o retorno do assistencialismo e n o a iminente amea a da sua extin o como propunha desde a vit ria em 1984 a chapa da CUT Pela Base Portanto era fundamental que se tivesse um interlocutor nessas empresas e um fato real que pudesse ser explorado politicamente pelos dirigentes Sem tradi o de organiza o e sem nenhuma pol tica espec fica voltada para essa importante parcela da categoria a mobiliza o nas pequenas empresas passou a ser encabe ada em grande parte pela milit ncia demitida ap s a campanha salarial de 1985 e que aos poucos foram retornando s f bricas Isto porque grande parte desses quadros passou a fazer parte da lista ne
228. presentavam inclusive atividades radiativas A GE apresentava as atividades de gamagrafia e raios x A gamagrafia consiste segundo o caderno de sa de do trabalhador na produ o de imagens por sombras atrav s da emiss o de raio gama e utilizado em controle de qualidade de determinados produtos como o controle n o destrutivo de soldas pe as de fundi o ligas de a o an lise de falhas e outras CADERNO DE SA DE DO TRABALHADOR CAMPINAS vol 1 JANEIRO DE1988 p 5 J o raio x tem a mesma fun o mas se utiliza de tecnologia diferente A Eletrometal utilizava apenas o raio x As demais empresas metal rgicas da Regi o de Campinas que utilizavam essas atividades eram CBI Industrial LTDA Fupresa Hitchiner S A SALT S A Todavia n o houve no per odo estudado acidentes envolvendo essas atividades Na Bendix Itamar Suzano morreu esquartejado ap s entrar num misturador para limp lo quando estava desligado por m segundo o boletim algu m a ligou BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA BENDIX 24 03 1988 Na Mercedes Benz Gilberto de Souza foi esmagado por uma plataforma que se sustentava de maneira irregular BOLETIM DO SINDICATO 16 01 1988 Na Nativa o l der da pintura e decapagem Valmir Cardoso dos Santos foi eletrocutado ap s uma fuga el trica enquanto manuseava um 98 tr s dedos por neglig ncia da empresa que n o ouviu as reclama es dos trabalhadores sobre as condi es da prensa em que o
229. principalmente a partir de 1948 inclusive invocando a possibilidade de substituir a estrutura do sindicalismo oficial id p 46 Em 1953 s o retomadas as a es grevistas Mais uma vez soerguido pelas bases o movimento oper rio lan aria uma ofensiva ao longo da d cada amadurecendo suas organiza es As experi ncias dos anos anteriores tinham sido fundamentais para essa retomada No caso espec fico da greve de 1953 conhecida como greve dos 300 mil ela foi um momento de unifica o das lutas parciais e locais da classe oper ria e as comiss es contribu ram para o trabalho de conscientiza o da massa atrav s de piquetes discuss es na f brica etc ANTUNES amp NOGUEIRA 1982 p 88 Desse movimento nasce o Pacto de Unidade Intersindical PUT derivado de uma comiss o intersindical da greve com forte presen a das comiss es Embora tenha contado com o amadurecimento de suas organiza es aut nomas o cupulismo ao final da d cada de 50 e come o da de 60 acabou predominando Antunes amp Nogueira 1982 apontam que a rela o entre base e sindicatos no Brasil sempre foi muito d bil Para os autores os sindicatos sempre sobressa ram como os condutores das reivindica es dos trabalhadores enfraquecendo as organiza es de base e restringindo a atividade sindical a um c rculo restrito de ativistas Filho 1997 assinala como exemplo do triunfo do cupulismo na d cada de 1950 a cria o do Pacto
230. que durante anos funcionou como aeroporto exclusivo para embarque desembarque de v os de carga e portanto fundamental para escoar a produ o das empresas da Regi o bem como para receber os insumos No mesmo per odo a empresa instalou duas outras f bricas na cidade de Indaiatuba a Singer Agulhas f bricas 113 de agulhas instaladas nas m quinas de costura e a Singer Madeira f brica de suporte mesa das m quinas costuradeiras A Singer em Campinas chegou a ter mais de 4 mil funcion rios somados aos das outras unidades de madeira e m quinas chegou a aproximadamente 5 mil funcion rios que fabricavam cerca de 12 mil m quinas costuradeiras por m s A empresa esteve portanto inserida no processo pol tico e econ mico que come a com Juscelino Kubitschek e passa pela Ditadura Civil Militar e portanto se beneficiou das pol ticas de incentivos e da pol tica de repress o lan ada pelos militares ap s 1964 quando o Sindicato passou para a tutela dos interventores Dessa forma seus trabalhadores tamb m estiveram submetidos a p ssimas condi es de trabalho e a pol ticas autorit rias no interior da empresa ou seja submetidos s pol ticas pr prias dos empres rios Foi no contexto da forma o da oposi o sindical em 1978 que ent o esses trabalhadores come aram a se organizar tanto fora como dentro da f brica clandestinamente o trabalho feito pelo grupo at ent o era um trabal
231. que publicaremos O GRIFO 02 09 1988 85 GRUPO DE F BRICA DA CLARK CAMPINAS 02 09 1988 Por outro lado o grupo continuava a denunciar velhas pol ticas da empresa que naquele ano buscou de forma autorit ria ampliar a jornada de trabalho atrav s das horas extras e da cria o de um terceiro turno imposto a muitos oper rios sem consulta Tudo tendo em vista atingir uma meta de produ o di ria de 1300 caixas de transmiss o o que permitiria atender a demanda externa e interna do produto e alcan ar um faturamento de U 130 milh es afastando o risco de dividir esse mercado com a concorrente id 01 06 1988 Mesmo que em grau diferenciado podemos perceber que at mesmo na empresa que mais avan ava em termos de automa o era mantida ainda r gida pol tica de pessoal e de m s condi es de trabalho sobretudo no que tange jornada de trabalho mas tamb m sal rios diferenciados rotatividade etc id 30 03 e 01 06 1988 al m evidentemente dos baixos sal rios que ficavam ainda mais defasados com a pol tica do Governo Sarney E o ritmo inflacion rio daquele ano fazia com que at mesmo a URP que desde a sua cria o defasava os sal rios come asse a repor quantia significativa das perdas levando o Governo Federal a lan ar uma campanha ainda em janeiro para extingui la O funcionalismo p blico seria o primeiro alvo e posteriormente os demais setores n o teriam mais a reposi o pela URP Esse foi um fat
232. r dentro da estrutura embora cr tica e ao lado dos trabalhadores o movimento grevista surgiu das a es clandestinas dos grupos de f brica GF s que posteriormente compuseram for as com os dirigentes sindicais Foi assim que aconteceu com o movimento grevista de 1978 e da mesma forma na campanha salarial de 1979 cuja prepara o contou com as paralisa es mobilizadas pelos GF s que avaliavam as condi es conjunturais de cada empresa e escolhiam os representantes para compor a chamada Comiss o de Sal rios dire o dos sindicatos cabia a tarefa de unificar essa mobiliza o convocando assembl ias gerais da categoria para consolidar a organiza o da campanha FILHO 1997 24 A composi o organizativa bifronte por m havia gerado um impasse meses antes em outubro de 1978 no II Congresso dos Metal rgicos do ABC Entre os congressistas havia correntes que defendiam a autonomia das Comiss es de F brica por outro lado contando com o apoio do presidente do Sindicato Luis In cio havia aqueles que defendiam os delegados de base est veis Os primeiros argumentavam que era necess rio criar as comiss es para evitar que as dire es sindicais enferrujassem A tend ncia liderada por Lula rebatia dizendo que naquela conjuntura criar as comiss es era expor as cabe as de importantes lideran as e portanto era necess ria a estabilidade dos delegados sindicais que abririam conjuntura favor vel s comiss es
233. r objetivo incidir diretamente no cotidiano desses trabalhadores na medida em que essas quest es diziam respeito s condi es objetivas e subjetivas vivenciadas por eles Sendo assim atrav s de um discurso demag gico que se amparava nas necessidades mais prementes dos trabalhadores a proposta assistencialista da dire o do sindicato procurava mais uma vez ganhar legitimidade id p 146 Foi decisiva tamb m para Cid Ferreira a interven o nos boatos de demiss es de 50 do pessoal anunciadas pela Bosch dias antes das elei es O presidente do sindicato mediou as negocia es e impediu que o grande contingente de funcion rios fosse dispensado Passada as elei es a Bosch n o titubeou a apura o dos votos terminou numa sexta feira confirmando a vit ria de Cid Na segunda feira seguinte dois mil trabalhadores 42 foram dispensados Para toda a categoria ficou a amarga sensa o da trai o 5 anos de lutas v deo comemorativo do anivers rio de cinco anos da elei o da chapa de oposi o Campinas 1989 Bosch conhec la para transform la Sindicato dos Metal rgicos de Campinas 1993 em 81 aconteceu um fato muito importante pra gente dizer isso hoje porque em 81 assim que apurou as elei es do sindicato dois dias depois a Bosch demitiu quase dois mil trabalhadores por volta de 1700 1800 trabalhadores e que o sindicato nada fez na poca A nica coisa que o presidente do sindicato fez foi u
234. ral diretamente relacionada onda de persegui es lan ada pelas empresas da regi o ap s as jornadas grevistas de abril maio e experi ncia mal sucedida de implanta o da comiss o de f brica da Mercedes epis dio no qual foi decisiva a intransig ncia da montadora alem em querer cooptar o rg o tendo em vista colaborar com os interesses da empresa J no que diz respeito manuten o dos grupos enquanto pol tica de a o sindical efetiva pesou a mesma postura intransigente de outras metal rgicas de transformar as comiss es em rg os de colabora o de classes houve propostas de comiss es de f brica A Mercedes Benz foi a que mais avan ou na proposta porque j tinha constitu do a comiss o de f brica l em S o Bernardo do Campo N s discutimos isso com a dire o da Singer discutimos com a dire o da Cobrasma na poca discutimos isso na Clark agora Eaton na Dako que agora virou GE N s discutimos isso com as principais empresas f bricas ali s da regi o nossa aqui Tanto grande como m dias empresas Mas o fato que n s n o avan amos n o conseguimos avan ar N o avan amos porque as empresas n o enxergavam n o enxergam at ent o a comiss o de f brica como um direito de liberdade sindical como espa o de liberdade sindical como liberdade de organiza o dos trabalhadores Ela s v a comiss o de f brica como um espa o que tem que colaborar com a empresa Ent o a id
235. ramos nessa pol mica em que v rios companheiros diziam que n s t nhamos que avan ar na id ia da Comiss o de F brica porque a Comiss o ela tinha uma constitui o mais institucional na empresa que voc tinha que negociar o estatuto dessa comiss o os trabalhadores eram eleitos pelos trabalhadores da f brica para compor essa comiss o Ent o surgiu essa pol mica sobre esses dois modelos se n s amos buscar a Comiss o de f brica ou continuar no trabalho clandestino apostar no trabalho dentro das empresas Por que essa pol mica Porque n s t nhamos muita d vida Se num pa s com a hist ria que n s temos de ditaduras de autoritarismos de cultura autorit ria se esses trabalhadores organizados dentro do local de trabalho eles teriam duas op es ou seriam cooptados a empresa iria cooptar eles com muita voracidade ou seriam demitidos seriam perseguidos Por qu Porque n s n o temos cultura democr tica no Brasil nem nas rela es pol ticas institucionais na sociedade e muito menos nas rela es de trabalho no Brasil N s somos um pa s herdeiro de uma tradi o escravocrata O empregador no Brasil ele tem o ran o do feitor do senhor de escravo muito presente na cabe a no imagin rio dele Est no DNA no gene do empregador brasileiro S n o v quem n o quer enxergar Ent o n s fomos vendo que aquelas Comiss es de F brica que sustentava uma postura coerente de representar os trabalhadores d
236. re es efetivamente comprometidas com a luta dos trabalhadores id Por fim tendo em vista consolidar a democracia sindical que propunham previam a cria o dos departamentos os quais seriam enquadrados dentro da proposta da dire o sindical colegiada e que tinham a fun o de assessorar os grupos de f brica a princ pio e as comiss es que fossem surgindo Foram criados os departamentos de administra o jur dico de imprensa forma o sindical e de sa de e engenharia A proposta de integra o do sindicato com as bases organizadas e entre elas previa ainda outro espa o a Reuni o Mensal Ampliada que permitiria diretoria ter uma vis o do que acontece nas f bricas e dos militantes terem uma vis o do que acontece no sindicato id p 16 Evidentemente essas eram redefini es que teriam que superar a peneira feita pelos patr es De acordo com a postura pol tica adotada pelos diretores sindicais era 2 Assim descreviam as duas propostas a articula o da estrutura sindical com a base este ponto pol mico vem sendo objeto de v rias propostas dentro do campo da CUT como a cria o das comiss es sindicais de base Executiva da CUT Estadual de S o Paulo e dos conselhos de delegados sindicais Oposi o Metal rgica de S o Paulo A primeira proposta vincula a comiss o estrutura sindical e d poder de voto apenas ao col gio dos sindicalizados restringindo o seu car ter de representa o do c
237. rem espont neas e isoladas no interior da f brica ela foi tecendo formas clandestinas de atua o no interior das empresas buscando articul las com a participa o no Sindicato 36 Impulsionados pelas den ncias de fraudes nos ndices de infla o de 1973 a exemplo do que ocorrera em S o Bernardo os grupos minimamente organizados passaram espalhar a not cia e de imediato questionar a diretoria do Sindicato a respeito Por m Cid Ferreira desmentiu o ocorrido e n o demonstrou qualquer preocupa o em lan ar campanha de reposi o salarial A atitude de Cid impulsionou os integrantes da JOC a lan arem chapa de oposi o nas elei es que ocorreriam ainda em 1978 Essa primeira tentativa de articula o alternativa ao peleguismo contou com a abdica o das posi es das diferentes tend ncias no interior da JOC sobretudo dos comunistas do PCdoB e crist os da ala progressista cat lica que enfrentaram a chapa da situa o encabe ada por Cid Ferreira A Chapa 2 de oposi o encabe ada por Manoel Dantas de Alcantra tinha o intuito de construir um sindicato com ra zes nas f bricas e contava com quatro pontos b sicos dinamiza o do sindicato melhores sal rios melhores condi es de trabalho autonomia e liberdade sindical POSSAN 1997 p 79 Entretanto esse primeiro momento da experi ncia de organiza o n o conseguiu efetivar a luta em virtude da despolitiza o da grande parte dos
238. resa fragment rias a princ pio foram canalizando os intermin veis descontentamentos dos oper rios Com o Sindicato sob interven o e lideran as presas na Lei de Seguran a Nacional a categoria novamente se apoiou nos grupos informais No caso espec fico da Ford as a es tiveram in cio em julho de 1981 por conta das 450 demiss es Houve deflagra o de greve e os trabalhadores se mostravam irredut veis s reivindica es que continha a exig ncia de reconhecimento da comiss o de f brica O movimento grevista n o conseguiu que os 450 demitidos fossem recontratados por m a Comiss o foi reconhecida 25 Mas as interpreta es sobre a formula o do estatuto da qual esteve envolvido os diretores da Ford dividem os estudiosos do caso Rodrigues 1990 realizou suas pesquisas nas duas unidades da Ford S o Paulo e S o Bernardo Seu objetivo foi comparar o surgimento das Comiss es de F brica em uma e noutra Desse modo assinalou que enquanto em S o Bernardo o Sindicato apoiou as lutas pela conquista deste espa o em S o Paulo a op o pela comiss o foi resultado da desconfian a com rela o ao sindicalismo pelego Portanto foram processos distintos que lograram xito Processos nos quais segundo o autor predominaram a busca pela concilia o harm nica entre capital e trabalho Com base nas suas pesquisas emp ricas a comiss o de f brica interpretada como uma institui o que antecipa os conflitos interno
239. rme das oposi es sindicais Ainda em 1967 um movimento com essas caracter sticas surge em Contagem MG Insatisfeitos com a pol tica salarial centralizada pelo governo que provocava cada vez mais arrocho e com os sindicalistas que privilegiavam o assistencialismo bem como com desemprego galopante os metal rgicos da Cobrasma desencadeiam greve Segundo Weffort 1972 a greve foi espont nea ou seja uma greve em que a massa decide e realiza por si pr pria a paralisa o WEFFORT 1972 p 22 Por m a origem desse movimento estava nas comiss es de f brica e nos movimentos de bairros cineclubes na participa o dos estudantes da igreja etc fato que possibilitou o seu desencadeamento por fora da estrutura sindical em abril de 1968 No mesmo ano em Osasco os metal rgicos desencadearam um movimento grevista atrav s de uma mobiliza o da base articulada com a diretoria eleita na esteira da oposi o sindical id Segundo Weffort a experi ncia de articula o entre comiss o de 19 f brica e sindicato elevou a democracia sindical a n veis poucas vezes vistos no Brasil at ent o for ando a dire o submeter se a uma intensa politiza o pois teria que responder s quest es econ micas e pol ticas id p 53 Esse foi mais um processo muito conhecido na literatura sobre o movimento oper rio em todo mundo o sindicato de Osasco foi assim lentamente esbo ando sua pr pria concep o pol tica sobre a s
240. ro do sindicalismo oficial Os crist os vinculados JOC passavam a apostar agora em um trabalho a partir tamb m do sindicato indicando que havia no interior desse grupo e no interior da pr pria Igreja um processo de mudan as resultando na redefini o de seu papel entre os trabalhadores POSSAN 1997 P 79 37 A derrota da Chapa 2 levou o movimento de oposi o a um forte recuo favorecido pela persegui o e demiss o dos integrantes da chapa O pr prio Cid Ferreira tratou de eliminar seus opositores criando a lista negra com seus nomes que foi entregue nas empresas impedindo a reorganiza o Al m disso passada as elei es acentuaram as diverg ncias das principais tend ncias do movimento oper rio de Campinas sobretudo entre os crist os da JOC e o PCdoB As diverg ncias eram fruto principalmente da concep o de organiza o Basicamente a esquerda cat lica defendia um sindicato menos centralizado formado na base nos bairros e nas f bricas Enquanto o PCdoB defendia um sindicato mais centralizado por entender que a organiza o nas bases abria margem para os sindicatos paralelos No entanto os interesses dos trabalhadores continuaram sendo contrariados pela dire o sindical Em fevereiro de 1979 a categoria mobilizada pelo diss dio coletivo e se espelhando na forte organiza o do movimento oper rio do ABC que caminhava para o confronto pressionou a dire o do Sindicato dos Metal rgicos d
241. rodu o que ele imp e ao trabalhador Este autor tamb m vai assinalar que a redu o do estoque essencial para a reorganiza o do novo modelo Por m para ele o layout constru do visa t o somente eliminar as porosidades da produ o ou seja evitar a demora das atividades que n o agregam valor ao produto transporte estocagem e controle de qualidade e intensificar o ritmo de trabalho Sendo assim as opera es essenciais do oper rio passam a ser por um lado deixar as m quinas funcionando e por outro preparar os elementos necess rios a esse funcionamento de maneira a reduzir ao m ximo o tempo de n o produ o GOUNET 1999 p 27 Para 121 isso adota se o trabalho em equipe que permite ao trabalhador operar de uma s vez at cinco m quinas enquanto quatro delas funcionam automaticamente ele o trabalhador carrega descarrega prepara a quinta Se h duas m quinas para operar ao mesmo tempo ele chama um colega id Portanto para Gounet o novo sistema baseia se em uma explora o maior dos trabalhadores Criticando diretamente a no o de c rculo virtuoso de Coriat o autor vai concluir que 1 S o antes de mais nada os patr es que t m interesse em introduzir a nova organiza o pois ser ela que ir restaurar seus lucros 2 Na pr tica s o eles que pressionam pela implanta o dos novos m todos Isso nem sempre ocorre tranquilamente pois existe uma resist
242. rsidade Universidade Federal de Uberl ndia Membro Titular Prof Dr Ricardo Antunes V nculo Professor do Dep de sociologia Universidade Universidade Estadual de Campinas DEDICAT RIA Daniele e aos Meus Pais Maria J lia de Souza e Ant nio Jos dos Santos AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar gostaria de frisar que n o se trata apenas de citar nomes e coloc los na folha fria de papel Cada pessoa que lembrarei aqui foi uma pe a important ssima deste trabalho Agrade o em primeiro lugar a Profa Maria Orlanda Pinassi que com companheirismo e paci ncia me ajudou e continua ajudando a dar os primeiros passos no dif cil caminho do esclarecimento das contradi es dessa sociedade Ao Prof Edilson Graciolli que num curto espa o de tempo foi fundamental para o encaixe de muitas pe as que faltavam no meu trabalho Aos colegas do Grupo Trabalho Movimentos Sociais e sociabilidade Contempor nea com os quais aprendi muito nos debates de quarta feira a tarde Agrade o aos ex militantes sindicais Durval de Carvalho Gerardo Melo Maria Am lia B de Paula e Jo o Roberto Leite pelas entrevistas concedidas pelas orienta es e pela aten o dispensada s trabalhadoras da se o de documenta o do Sindicato Tina e Magda que foram muito atenciosas e pacientes Sem elas este trabalho teria se tornado imposs vel Aos colegas do mestrado Fernanda Amaral Gustavo Rosolen e Leandro Rodrigues que foram meus bra os
243. s O sindicato respons vel perante os industriais mas respons vel estes enquanto for respons vel perante seus organizados ele 141 garante a continuidade do trabalho e do sal rio ou seja do p o e do teto ao oper rio e fam lia do oper rio O Conselho tende pela sua espontaneidade revolucion ria a desencadear a qualquer momento a guerra de classes o sindicato pela sua forma burocr tica tende a n o deixar que a guerra de classes nunca seja desencadeada GRAMSCI 1981 p 102 A an lise do pensador italiano foi extra da de um processo revolucion rio que vivenciou Embora estejamos nos debru ando sobre outra conjuntura e numa particularidade completamente diferentemente ela v lida Afinal os tra os de legalidade do sindicalismo n o modificaram Mas nada foi t o determinante para o decl nio dos grupos quanto a onda neoliberal O desemprego em massa acompanhado das pol ticas de qualidade total e os incentivos moderniza o das empresas buscaram envolver os trabalhadores e os sindicatos em outra l gica que os afastavam dos confrontos a n s fomos derrotados Os caras entraram com uma for a do cacete de coopta o de toda conversa da reestrutura o da empresa democr tica da empresa aberta a ouvir o estabelecimento do caf da manh com a ger ncia o servi o de oferta do suco de laranja do p ozinho com manteiga do caf com leite frutas para o cara comer de manh no caf da ma
244. s da empresa em ambos os casos sobretudo aqueles que s o frutos do cotidiano do trabalho Dessa forma ela tende a eliminar o despotismo fabril destacado por ele como o maior dos problemas enfrentados pelos oper rios A institucionaliza o das organiza es de base tende por essa caracter stica diminuir a representatividade dos sindicatos que segundo Rodrigues n o atende as demandas end genas dos trabalhadores Aos sindicatos resta a fun o de regular a compra e a venda da for a de trabalho nesse sentido um instrumento contratual de defesa contra a dilapida o do pre o da for a de trabalho frente ao capital e seu espa o o mercado j as comiss es elas nascem em geral se enfrentando com o despotismo fabril e se organiza lutando contra o autoritarismo das chefias exigindo a diminui o do ritmo do trabalho e maior controle sobre as condi es de trabalho etc RODRIGUES 1990 p 80 Podemos notar que nesse tipo de interpreta o admite se a separa o das lutas como momentos distintos das reivindica es trabalhistas entre o papel do sindicato e o das comiss es Para o autor as comiss es consubstanciam se como o nico canal que possibilita aos trabalhadores melhorar suas condi es e democratizar as rela es de trabalho id Por m o estatuto que medeia as negocia es impede a participa o do conjunto dos trabalhadores nas tomadas de decis o As assembl ias n o est o previstas enquan
245. s problemas da f brica atrav s de conversas e observa es elaborar filipetas expondo os problemas e distribu las clandestinamente avaliar a repercuss o das filipetas levantarem as formas de organiza o dos trabalhadores j existentes dentro da empresa est o organizados pelos trabalhadores ou pelos patr es e avaliar as pessoas que ficam perto do grupo e tentar lev los para algum curso de forma o Manual T cnico de Organiza o Pela Base Campinas 1987 Quanto aos sindicalistas eles deveriam ter clareza do projeto e estarem convencidos da sua import ncia e quando n o houvesse contatos militantes em uma determinada empresa caberia a eles levantar os problemas locais nas reas de produ o e iniciar um bombardeio com boletins som assembl ias etc para que os companheiros despertem para os problemas indicados na pesquisa id p 12 Ainda com rela o aos sindicalistas ressaltavam que eles tinham suas limita es O Manual delineava ainda o mapeamento dos principais produtos e identifica o dos gargalos na produ o das empresas o cuidado com o aumento do n mero de integrantes bem como avalia o da possibilidade de se criar uma Comiss o de f brica Uma vez consolidado o grupo deveriam ser feitos novos cursos de forma o visando conhecer a estrat gia da empresa em n vel nacional e internacional mapeando seus clientes fornecedores e outras unidades para a partir da estabelecer contatos com os
246. s de trabalho abrigando em um s espa o m quinas modernas e novas t cnicas de gest o da produ o e de pessoal com pr ticas tradicionais baseadas no autoritarismo jornadas longas de trabalho etc Temos o exemplo da Clark que j mencionamos cujo grupo de f brica havia come ado em 1987 a discuss o sobre as novas t cnicas de produ o adotadas Mencionamos tamb m que a despeito das novas tecnologias implantadas de forma incipiente a empresa mantinha velhas pr ticas de controle do trabalho A manuten o da dualidade das rela es na Clark for ou o grupo de f brica a por um lado expor o car ter das novas t cnicas de produ o e ger ncia buscando ampliar a discuss o com o conjunto de trabalhadores e com isso construir medidas para evitar as consegii ncias do novo modelo que dentre outras levantavam o desemprego elimina o de fun es cargos e postos de servi o e problemas com sa de mental etc O GRIFO BOLETIM DO Assim colocava o boletim n s temos que dar resposta tudo isso estabelecendo junto com o sindicato os crit rios sobre a implanta o de novas tecnologias A pesquisa cient fica n o propriedade da burguesia pois o que a torna poss vel o esfor o coletivo da Classe Trabalhadora Est provado cientificamente as consegii ncias negativas da automa o e novas tecnologias que podem ser evitadas Este debate est sempre inacabado n o se intimide mande nos sua contribui o
247. s do Departamento dos Metal rgicos da CUT SP FIESP que cederia 15 de reajuste em fevereiro posteriormente incorporado no reajuste de mar o de 44 83 Foi conquistado ainda mais 5 17 de aumento real mas que mesmo a soma de reajustes mais aumento ficaria bem aqu m dos 83 3 exigidos no in cio A federa o se aproveitaria desse refluxo para tentar derrubar cl usulas sociais tais como estabilidade dos doentes profissionais e acidentados do trabalho mas n o conseguiu Por outro lado os metal rgicos tamb m n o avan aram nessas cl usulas Nos trabalhos de prepara o da campanha salarial outra quest o de car ter socioecon mico envolvendo a categoria surgiu as defasagens salariais interempresas e entre o piso e os sal rios De um modo geral todas as metal rgicas apresentavam pisos salariais abaixo da m dia Isto porque entravam no c lculo da m dia os sal rios de mensalistas cargos de chefia supervis o etc A diferen a entre um horista pessoal da produ o e um mensalista cargos administrativos era de 67 9 fator determinante para que o maior piso salarial da categoria ficasse 73 abaixo da m dia DIEESE 1988 Por m nas pequenas e m dias empresas a maioria de capital nacional os sal rios chegavam a ficar quase 20 abaixo dos das grandes empresas cuja maioria era de capital estrangeiro id p 13 Com isso o sindicato tinha dois motivos para iniciar trabalhos de base nessas empresas o distanciamento
248. s em 84 Ao ganhar as elei es come ou um grande sentimento de luta da categoria pra isso teve importantes greves antes inclusive das elei es como a greve da Cobrasma outra greve da Cobrasma no ano da posse greve da Bendix greve da Singer greve da Nardini Ent o nesse per odo foi um grande ascenso de luta da categoria porque voc retomava o sindicato depois de ter ficado muitos anos imobilizado ent o tinha todo um trabalho desenvolvido id A nova dire o sindical deu total abertura para as decis es tomadas em assembl ias e a constru o do trabalho nas bases foi determinante para a campanha salarial de novembro de 1984 Particularmente na Singer o movimento grevista veio coroar o trabalho do grupo de f brica realizado desde 1978 a contribui o dos companheiros da Singer foi numa greve importante que foi a greve de 84 Uma greve que retomava a luta dentro da f brica Pela primeira vez a f brica p ra 100 em de 32 anos de funcionamento da Singer no Brasil P ra 100 100 paralisado At a administra o Uma paralisa o onde teve a ades o de todo mundo Inclusive as outras duas f bricas que pertencem a nossa base a f brica de 116 agulha em Indaiatuba e a f brica de madeira tamb m em Indaiatuba param e surge a organiza o mais efetiva dos companheiros Nessa greve n s temos conquistas importantes em termos de reajuste de sal rio temos conquistas importantes com a quest o da equipara
249. s empresas mandaram muitos encarregados embora que tratavam mal os trabalhadores Ent o ela come ou a ganhar os trabalhadores a j E isso dificultou a a o do sindicato N o existia mais aquele radicalismo moment neo de raiva que os trabalhadores tinham do patr o Porque era uma rela o de raiva porque os caras num pediam para voc fazer eles mandavam At na Mercedes era assim imagine nas pequenas empresas Imagine na Bosch que era um regime semi escravocrata Ent o eles come aram a mudar o perfil Depoimento de Ant nio Jos Mas de qualquer forma dif cil avaliar qual o impacto que as mudan as pol tico administrativas das empresas causaram sobre a organiza o dos grupos de f brica Sobretudo porque do ponto de vista econ mico o Brasil intensificaria as pol ticas neoliberais quando Fernando Collor assumiu o poder em mar o de 1990 Iniciou se ali um processo de demiss es em massa que ainda ao longo daquele ano eliminaria milhares de empregos criando um quadro de fragiliza o muito forte na organiza o sindical e favorecendo as novas estrat gias das empresas Afinal a inseguran a dos trabalhadores com rela o manuten o ou n o do seu emprego o faz perceber que mais seguro colaborar com as empresas do que se organizar junto aos sindicalistas Ou seja O 102 comportamento democr tico dos patr es ganha legitimidade entre os trabalhadores na medida em que milhares de postos de trabalho est
250. s faz amos um processo de vota o de voto secreto porque o vice sempre os trabalhadores que escolhem O presidente da empresa e o vice dos trabalhadores Ent o a gente sempre manteve isso se organizava O que eles fizeram Chamaram todo mundo e disse que o voto ia ser aberto A gente falou que n o tentamos recorrer e eles compraram as pessoas que tiveram que votar abertamente Eu perdi a elei o para um outro rapaz que era ligado empresa ele era como se fosse o nico chefe l da se o dele t o engra ado que ele foi vice da CIPA e ele fazia empr stimos para as pessoas sabe aquele cara que trabalha ali e se voc precisa dele ele te empresta dinheiro Ent o isso criou uma rela o todo mundo conversava com ele a gente tinha uma rela o de conversa mas o que a empresa fez Vamos pegar ele porque ele estava junto com a empresa E a gente estava num processo de discutir o papel da CIPA a import ncia dos aparelhos das medidas de seguran a e deu uma baixa nisso Porque a sempre que acontecia um acidente o vice acompanhava fazia um relat rio Antes os relat rios eram assim o funcion rio era negligente E a gente ia discutir isso Como ele era negligente Como que estava a ferramenta de trabalho dele A voc ia constatar que o chefe n o deixava ele sair pra arrumar ele tinha que trabalhar naquelas condi es e o chefe estava pressionando ele para trabalhar mais r pido e isso tamb m causa acidente de traba
251. safios e a alternativa clandestina 43 5 1 O Recuo da Pr tica e o Avan o Pol tico Ideol gico 66 5 2 Costurando a resist ncia a luta dos trabalhadores e trabalhadoras da 10 1 INTRODU O Os trabalhadores em momentos hist ricos de pouca ou nenhuma liberdade pol tica recorrem s formas clandestinas de organiza o J ao final do modo de produ o feudal os artes os e demais trabalhadores europeus recorreram clandestinidade das tabernas para conspirar contra os reis absolutistas Assim foi por exemplo com a Sociedade Londrina de Correspond ncia THOMPSON 1987 Quando aquele sistema capitulou surgiram novas rela es sociais que embora rompessem com as formas tradicionais de domina o impuseram outras mantendo o antagonismo entre as classes E da mesma forma a classe antag nica ao capital em diversas vezes recorreu s organiza es informais clandestinas Esse foi o momento em que o sistema do capital surge como for a dominadora e totalizante a qual tanto no micro quanto no macrocosmo reproduz as rela es de hierarquia e submiss o mediadas pelo dinheiro M SZ ROS 2002 Isto posto mesmo que num n vel alto de abstra o consideramos que todas as rela es que t m como objetivo romper com tal dom nio s o rela es informais Assim como toda forma de organiza o que rompa com a disciplina capitalista informal Jo o Bernardo diz que
252. se como grupo organizado e unificado Em 1983 sob uma conjuntura de demiss es e por isso desfavor vel s greves a Oposi o intensificava seus trabalhos denunciando a omiss o da dire o do Sindicato perante as dispensas e ao aumento do desemprego Ao mesmo tempo chamava os trabalhadores a se filiarem ao Sindicato e incentivavam a forma o dos grupos e comiss es de f brica respons veis pelo encaminhamento de lutas espec ficas nos locais de trabalho Al m de encabe ar uma Campanha Salarial independente da dire o sindical pressionando a a incluir o aumento salarial real na sua pauta de discuss es 43 Ao final deste ano a Oposi o j tinha sido consolidada como for a efetiva no cen rio pol tico sindical sobretudo ap s a funda o da CUT ao passo que os comunistas do PCdoB se opunham central selando por hora seu isolamento do movimento de oposi o ainda que se tenha tentado uma aproxima o na Conven o Metal rgica em mar o de 1984 Por m n o houve consenso entre os membros das duas tend ncias do movimento Por um lado o PCdoB reivindicou na Conven o a presid ncia da Chapa argumentando que eles j tinham feito parte da dire o sindical Por outro lado a PO era majorit ria no movimento de oposi o sindical em Campinas e n o abriria m o de presidir a Chapa A unidade n o foi poss vel e os militantes do PCdoB decidiram encabe ar chapa pr pria Em 1984 iria consolidar se o processo que
253. se instalava nas ind strias do pa s Ainda em 1989 a categoria enfrentaria a campanha salarial extempor nea de outubro novembro Da mesma forma que os demais metal rgicos do Estado de S o Paulo representados pela CUT os metal rgicos de Campinas e Regi o exigiam reajuste salarial de 53 68 20 de aumento real de sal rio estabilidade redu o de jornada de trabalho para 40hs semanais f rias em dobro e unifica o da data base BOLETIM DO SINDICATO CAMPINAS 02 10 1989 A pauta foi entregue FIESP no dia 25 de agosto A contra proposta apresentada pela entidade patronal no dia 27 de outubro concedia 53 75 em cima do sal rio de outubro e 54 10 em cima do de novembro al m da redu o para apenas duas faixas de piso salarial uma conquista que atacava a quest o das diferencia es salariais Mesmo com a concess o em Campinas e Regi o os metal rgicos continuaram a campanha f brica por f brica Sem muito sucesso apenas tr s empresas paralisaram a movimentador de carga BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA NATIVA 08 03 1989 N o encontramos qualquer registro que informasse as causas da morte de Jos Mariano Fernandes da Furpresa 99 pequena Indisa a m dia CCE e a grande KS Pist es Nas tr s foram repassados valores acima dos concedidos pela FIESP BOLETIN DO SINDICATO 20 11 1989 BOLETIN DO SINDICATO ESPC FICO DA KS PIST ES 28 11 1989 Mesmo assim o final da d cada de 1980 na categoria dos metal r
254. se relat rio oficial elaborado pela pr pria empresa ningu m pode duvidar a coisa est preta mesmo No ano passado foram registrados 3 848 acidentes de trabalho na Singer Viracopos Isso significa que quase todos os trabalhadores da Singer se acidentaram e muitos sofreram mais de um acidente no ano A m dia de acidentes foi de 321 por m s Ou seja mensalmente quase 10 dos trabalhadores da Singer se acidentam E bom lembrar que muitos pequenos problemas de sa de nem s o registrados no ambulat rio da empresa Mesmo assim foram registrados 163 afastamentos de trabalhadores que se acidentaram mais gravemente em 1986 Boletim do Grupo de F brica da Singer Campinas 11 1986 Mesmo com a perman ncia desses problemas ainda em 1986 os diretores da empresa se mexeu ampliou o departamento de seguran a contratando supervisores t cnicos e engenheiros de seguran a ampliou e reformou a enfermaria e o restaurante trocou o nutricionista e ampliou o hor rio de reuni o da CIPA BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA SINGER 06 1988 Mas tanto a conquista da CIPA como as mudan as que garantiam melhores condi es de trabalho eram frutos tamb m de uma nova rela o entre empresa e trabalhadores protagonizada por uma chefia com uma nova filosofia Mas o que motivou a diretoria da empresa a mudar a rela o pol tica com os trabalhadores Por que a Singer abriu m o da chefia reacion ria Evidentemente que a greve de abr
255. sformaram em sucesso Assim torna se necess rio reeducar a m o de obra e faz la d cil ao novo sistema Faz se uma grande campanha de apresenta o conclamando participa o volunt ria dos trabalhadores Na verdade o primeiro passo do kanban adestrar a m o de obra Depois disso reorganizar os oper rios e eliminar m o de obra desnecess ria Boletim do Grupo de F brica da Singer Campinas 06 1987 124 ocupado uma importante fatia do mercado nacional Portanto companheiros as A GREVE GERAL contra tanto o Governo que arrocha sal rios e manipula a infla o quanto as empresas que LUCRAM UMA BARBARIDADE com esta pol tica anti oper ria Como justificar as milhares de horas extras na montagem pr montagem e usinagem Como explicar as filas enormes nos s bados nos hor rios de almo o Como justificar o funcionamento das prensas e do Dep De Pl sticos at nos hor rios de refei o 24 horas por dia Recess o N s da Singer estaremos amanh junto com toda a classe trabalhadora lutando pela reposi o das perdas salariais pela escala m vel de sal rios por um sal rio m nimo real e decente pelas elei es diretas e pelos nossos direitos na Constituinte BOLETIM DO GRUPO DE F BRICA DA SINGER 8 1987 Acompanhando o SEM estava o discurso da qualidade que a empresa adotava ao mesmo tempo em que exigia produtividade Vejamos o depoimento de uma trabalhadora tinha um processo que a gen
256. sinas sint ticas em larga escala Entretanto o comunicado desmentido pelo grupo pareceu ser uma resposta da empresa maior mobiliza o ocorrida na categoria desde 1985 quando os funcion rios da G E reivindicavam reajuste salarial A mobiliza o que contou com opera es tartaruga e amea ou a empresa com a paralisa o das atividades chegou a reunir cerca de 1700 trabalhadores na ltima assembl ia que aceitou a proposta da empresa de 15 de reajuste salarial BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA GE CAMPINAS 16 11 1987 Ou seja subsidiados pelo DIEESE com aqueles dados os quadros dos grupos denunciavam no ch o da f brica sobretudo atrav s dos boletins mas tamb m a faceta manipulat ria dos empres rios Al m do fato pol tico criado pelos empres rios que amea avam demitir tendo em vista inibir a mobiliza o dos trabalhadores e que contavam com as pol ticas governamentais de arrocho recess o aos poucos de maneira ainda embrion ria algumas empresas come avam a implantar novas tecnologias O caso pioneiro por n s registrado foi o da Clark ind stria norte americana fabricante de caixas de c mbio para autos Desde 1982 esta empresa vinha implantando mudan as em sua ger ncia primeiramente reorganizando a comunica o dos seus escrit rios atrav s da interliga o de terminais computadorizados ligados a um Centro de Processamento de Dados que controlava a entrada e a sa da dos funcion rios Por m em 1
257. sindicato nesse dia transformou se num verdadeiro quartel dos grevistas POSSAN 1997 p 90 A dire o no entanto persistiu em desqualificar o movimento e buscou de todas as formas impedir que ele ganhasse maiores propor es Suas medidas iam desde o n o reconhecimento do movimento grevista at o fechamento das sub sedes em outras cidades da regi o impedindo que os trabalhadores se reunissem naqueles espa os id p 91 Por m nem mesmo a clara necessidade de oposi o dire o foi capaz de apagar as diverg ncias internas do movimento Ao contr rio as diferen as se acentuaram Elas eram principalmente de car ter organizativo os militantes trotskistas vinculados s correntes O Trabalho e Converg ncia Socialista defendiam a cria o de um sindicato paralelo os militantes do PCdoB defendiam a participa o intensa em assembl ias mecanismo que achavam ser a sa da para mostrar aos trabalhadores quem era Cid Ferreira e por essa via conquistar o sindicato e por fim a Pastoral Oper ria que defendia a organiza o de base como meio para conquistar o sindicato A fr gil organiza o do movimento possibilitou que a dire o do sindicato recompusesse sua for a pondo em pr tica a es desmobilizadoras Mas como coloca Possan 1996 o movimento grevista de 1979 apesar de n o sair fortalecido colocou em pauta outras discuss es tais como o papel do sindicato Na obra de Possan 1996 encontramos o
258. so pago fortunas para que t cnicos estudiosos e empres rios 15 Japoneses viessem ao Brasil explicar aos seus colegas como ganhar dinheiro de forma mais racional DIEESE 1987 p 1 Ou seja diante da difus o das t cnicas japonesas de gerenciamento entre os empres rios da Regi o os metal rgicos se esfor avam para entender qual era o perfil desse novo patr o e o que essas t cnicas traziam de inovador no que tange as rela es de trabalho Assim colocou o economista da Sub Se o n s temos dois tipos de patr o o patr o que fazendeiro que tr s toda a teoria da administra o de uma fazenda pro setor urbano e o patr o moderno o patr o tapinha nas costas o patr o que quer negociar o patr o digamos da nova Rep blica o patr o democrata E com isso come a a surgir novas maneiras de gerenciar o pessoal deixa de ser importante o m sculo a for a e passa a ser importante o c rebro e a mente Ent o os patr es modernos come am a dizer n s n o vamos contratar mais m sculos mas vamos tentar lapidar c rebros porque isso mais importante pra n s Ent o se o sindicato n o entender essa nova postura essa modernidade a m dio longo prazo n s vamos ficar atr s em termos de trabalho Enquanto que o patr o vai ganhando c rebros n s vamos ficando com as den ncias n s ficamos preocupados com o patr o fazendeiro o patr o do enfrentamento da briga Ent o isso que n s esta
259. sse modo dos 450 mil 93 metal rgicos da base estimada pela Central para o Estado no dia 19 de abril 157 mil haviam paralisado suas atividades Em Campinas no in cio do movimento 9200 trabalhadores estavam em greve nas seguintes empresas Yanmar Filtros Mann Mercedes Dako Nardini Fundituba Campineira Isocamp Cabrini e Bemaf Juntar se iam ao movimento ainda no dia 20 do mesmo m s outras duas pequenas empresas Tampas Click e On a O movimento grevista em Campinas e Regi o chegou a ter mais de 10 mil paralisados Como vemos trabalhadores das empresas com tradi o de luta e organiza o como Cobrasma Bosch Singer e Clark n o se juntaram aos grevistas as exce es foram Mercedes e Dako Na Cobrasma o quadro de fragiliza o se deu por conta das demiss es em massa fruto do golpe dado anos antes pelo seu presidente na Bolsa de Valores Na Bosch a forte pol tica de coopta o e repress o impediram qualquer mobiliza o nem mesmo o guarda do refeit rio tinha sido retirado conforme acordo entre sindicalistas e a auto pe as alem feito em outubro de 88 pior que isso mantinha viaturas policiais dentro e fora da empresa em mais uma tentativa de intimidar os trabalhadores e sindicalistas BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICOS DA BOSCH 02 1989 e 26 04 1989 Na Clark a press o da chefia durante os primeiros meses de 1989 para que os oper rios fizessem horas extras e jornadas aos domingos fez com que a sua produ o fosse
260. stalarem nas cidades do interior Paulo Egydio que governou o Estado entre 1975 e 1979 deu continuidade quelas pol ticas formulando o plano denominado Pol tica de Desenvolvimento Urbano e Regional do Estado de S o Paulo que consistia na desconcentra o industrial atrav s da cria o de cidades m dias no interior acompanhadas de programas de cidades pequenas programas para a forma o de v rios macroeixos e outros complementares como apoio a est ncias hidrominerais pol ticas de forma o de m o de obra etc id p 3 Por m os governos estaduais posteriores n o prosseguiram com os programas ficando a cargo das prefeituras suas continua es Os governos municipais passaram a ser respons veis pelos incentivos fiscais pela cria o dos distritos e parques industriais pelos atrativos em forma de ressarcimento por obras de infra estrutura urbana realizadas pelas ind strias etc Dessa forma no per odo de 1975 a 1986 a regi o de Campinas viveu intenso processo de urbaniza o e industrializa o impulsionado tamb m pela instala o de outros p los industriais na regi o como por exemplo o Petroqu mico de Paul nia t xtil em Americana aliment cia e agroind stria de Limeira e no final desse per odo a instala o do CIATEC Centro de Ind stria de Alta Tecnologia id Contando com diferenciados ramos de produ o a regi o campineira caracterizou se pela diversidade de seu parqu
261. stavam conscientes de que ouvir o sindicato na porta da f brica necess rio e um direito Pois param espontaneamente sem que seja preciso fazer piquete BOLETIM DO SINDICATO CAMPINAS 06 03 1989 Na assembl ia do dia 1 de abril os metal rgicos aguardavam a contra proposta da FIESP para decidirem os rumos da campanha A Federa o das Ind strias no entanto havia apresentado at aquela data apenas as propostas relativas s quest es sociais tais como sa de do trabalhador e seguran a do trabalho estabilidade e rela es sindicais BOLETIM DO SINDICATO CAMPINAS 03 04 1989 Malgrado os avan os nessas quest es os metal rgicos n o contavam ainda com nenhuma disposi o da Federa o em negociar os reajustes salariais Por isso uma nova assembl ia geral foi marcada para o dia 09 de abril e mais uma vez os empres rios boicotaram a campanha jogando nas m os da justi a do trabalho a decis o negando se a negociarem sobre reajustes e apresentando apenas 15 de antecipa o sobre janeiro e que mesmo assim seria descontado sobre a porcentagem que a justi a determinasse Al m disso vinham utilizando a campanha salarial para justificarem reajustes de pre os BOLETIM DO SINDICATO CAMPINAS 10 04 1989 A intransig ncia dos patr es fez com que o Departamento dos Metal rgicos da CUT convocasse greve da categoria no Estado de S o Paulo sobretudo depois que a Justi a do Trabalho reconheceu apenas 29 de perdas De
262. ta o interna era uma coisa super positiva porque isso ia provocando a imagina o dos trabalhadores e ia encorajando os trabalhadores de que n s pod amos a Chegaram a serem feitas v rias reuni es com o grupo de f brica para implementar a comiss o de f brica fizemos inclusive alguns cursos sobre comiss o de f brica ent o a gente come ou a ter cursos palestras algumas orienta es mas ficou nisso porque n o tinha inten o deles de implantar a comiss o de f brica eu n o sei porque o sindicato n o tinha controle o sindicato nunca teve controle sobre o grupo de f brica da Mercedes Depoimento de Ant nio Jos 48 fazer algo num d para fazer tudo mas d para fazer algo d para fazer coisas pequenas Ent o quando a gente chegou dire o do Sindicato na vit ria da oposi o em 84 e come amos a fazer a o sindical n s tivemos uma rea o das empresas absolutamente autorit ria de retalia o Depoimento de Durval de Carvalho Tais justificativas para a manuten o dos grupos tiveram ainda mais sentido no ano de 1985 com a greve da vaca brava um movimento que na Regi o teve como vanguarda os militantes desses grupos Na campanha salarial de 1985 na qual foi desencadeada a greve os sindicalistas romperam com a Federa o buscando junto com a CUT negociar sem a interfer ncia do governo Dessa forma em Campinas e Regi o o sindicato dos metal rgicos se apoiou
263. tacamos a prote o contra fagulhas e cavacos e bases de apoio e anteparo para o esmeril BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA INDISA 27 09 1988 Na CCE o impasse quanto ao reajuste dos 10 levou seus trabalhadores greve que durou dois dias 16 11 a 18 11 e s foi solucionado quando a empresa concedeu aumento de 15 em novembro e a mesma porcentagem em dezembro mais a URP que ficou em torno de 16 BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA CCE 22 11 1988 A Bosch foi outra empresa com a qual os sindicalistas negociaram diretamente Vale lembrar que a auto pe as alem foi a respons vel pelo maior n mero de demiss es na campanha de 1985 Al m disso os tr s diretores sindicais funcion rios da empresa sofriam persegui es das chefias A intransig ncia da transnacional para com a atividade sindical n o mudara at ent o Mesmo as assembl ias na porta da f brica sofriam interfer ncias de seguran as da empresa que as tumultuavam colocando em risco a vida dos trabalhadores j que o port o onde eram realizadas ficava muito pr ximo estrada Campinas Monte Mor obrigando os sindicalistas a cancelar as atividades Sem embargo desde in cio de setembro os sindicalistas for avam as negocia es e a empresa foi obrigada a receb los depois que os trabalhadores em mais uma assembl ia tumultuada pelos seguran as realizada no dia 30 daquele m s deliberaram a entrega de uma pauta de reivindica es constru da ap s um levantamento f
264. tado com a moderniza o Depois de alguns meses lutando contra as demiss es em massa que vem ocorrendo na empresa 400 trabalhadores de dezembro para c n o sabemos o que no reserva os pr ximos 60 dias para quando anunciado a implanta o total do projeto Estoque Zero O certo que n o podemos ficar de bra os cruzados diante desta situa o Precisamos conhecer melhor o que a campanha Estoque Zero para que serve e o que representa para n s trabalhadores Propomos ent o desde j que todos os companheiros comecem a discutir as modifica es que est o acontecendo nos departamentos para a partir da organizarmos uma a o de enfrentamento destas novas tecnologias Fique atento tamb m para as reuni es que o Grupo de F brica Singer marcar para discutir o assunto Vamos defender o que nosso Juntos Boletim do GRUPO DE F BRICA DA SINGER 30 06 1988 A estrat gia da Singer para alcan ar xito em seu novo programa era a seguinte n o compraria materiais e nem mat ria prima por 2 meses junho e julho reduziria a 129 produ o em 20 nesses meses que seria coberta pelo estoque conseguido nos primeiros meses do ano mudaria seu layout alteraria a disposi o das m quinas e dobraria a produ o com o m nimo de m o de obra id J em agosto num boletim cuja manchete era Para onde vai a Singer Para onde v o os trabalhadores da Singer o grupo levantava as seguintes mudan
265. te estava discutindo sobre a quest o do kanban a quest o da qualidade e n s tivemos uma briga muito dura na Singer Por qu Porque o importante era voc mandar m quinas pra frente e a gente come ou a perceber a quest o da qualidade Ent o a gente falava que estavam vindo pe as com refugo e a Singer tentando colocar que a gente estava boicotando porque tinha volta de m quina que estava com problema e n s conseguimos provar que n o era isso mas que a chefia eles estavam querendo quantidade e por isso as pe as estavam vindo com refugo e a gente chamou aten o para isso dizendo que n o era assim que tinha a quest o da qualidade que era importante E eles discutiam a quest o da qualidade que todos tinham que fazer Teve se es na f brica que eles discutiram o layout pra tentar melhorar porque voc tinha que empurrar a m quina na linha de montagem ent o o movimento do seu bra o porque voc est em frente a uma pe a que voc vai trabalhar a pr xima voc tem que puxar uma pe a que est com defeito voc perde tempo porque voc tem que tirar ela da linha e no retorno ver o que Ent o eles tentaram trabalhar um pouco isso mas n o conseguiram de uma forma que pudessem responder pra gente porque tinha a quest o da quantidade que eles trabalhavam bastante Eles queriam priorizar informatiza o que as coisas fossem melhores mas com outro olhar que a quest o da qualidade que a gente tinha e eles n
266. ter suas taxas de lucro a ind stria americana n o tinha sen o duas sa das aumentar seus pre os e exportar seus capitais e suas f bricas para pa ses em que a m o de obra fosse barata Os trustes americanos utilizaram as duas sa das ao mesmo tempo seus pre os internos partir de 1966 aumentaram cada vez mais mais depressa do que os sal rios e a parte da produ o que confiaram a filiais estrangeiras tornou se impressionante SODR 1980 p 138 35 4 O MOVIMENTO DE OPOSI O SINDICAL DE CAMPINAS Vimos que as condi es de trabalho impostas aos trabalhadores marcadas pela superexplora o do trabalho e arrocho salarial no fim da d cada de 1970 fizeram ressurgir um movimento oper rio mais combativo Diante das mesmas circunst ncias o movimento oper rio de Campinas tamb m come ava naquele momento a se mobilizar buscando superar as circunst ncias adversas E a exemplo dos movimentos do ABC e principalmente de S o Paulo os bairros e a igreja foram os espa os no quais germinaram um novo movimento sindical no interior paulista Isto porque o Sindicato dos Metal rgicos de Campinas e Regi o fundado em 1947 sofreu interven o no per odo de 1964 a 1967 quando Argeu Quintanilha foi eleito seu presidente Em 1970 ao final de seu mandato Guilherme Sim es assumiu Em 1973 Argeu retornava presid ncia ap s disputar as elei es com outra chapa fruto da cis o da antiga diretoria Quintanilha tinha como vic
267. tinha iniciado em 1978 A greve da Cobrasma ind stria de vag es de trem por exemplo mostrou que a dire o pelega n o tinha mais respaldo dos trabalhadores visto que quem a dirigiu foi um grupo de trabalhadores organizados na f brica ficando apenas a homologa o das decis es a cargo de Cid Este caso favoreceu a Oposi o Sindical que nas elei es daquele ano iria derrotar a Chapa 2 For a Metal rgica composta por militantes do PCdoB e a Chapa 1 da situa o 7 As elei es aconteceram entre os dias 2 e 5 de julho de 1984 e nela concorreram a Chapa 1 da situa o a Chapa 2 For a Metal rgica formada por militantes do PCdoB e dissidentes da dire o sindical e a Chapa 3 A Luta Continua da Oposi o Sindical apoiada pela CUT O resultado final do pleito foi Chapa 1 2 945 votos Chapa 2 1 871 votos Chapa 3 7 743 votos votos brancos 123 nulos 249 cf doc Mimeo da Oposi o Metal rgica Sindical de Campinas e Regi o Elei es 84 Escrut nio Correio Popular Edital de resultados 21 6 1984 POSSAN 1997 p 176 44 5 OS NOVOS DESAFIOS E A ALTERNATIVA CLANDESTINA O primeiro desafio ap s a vit ria foi sanar as d vidas deixadas pela gest o anterior D vidas contra das gra as pol tica assistencialista que por mais de dez anos marcou o sindicalismo da regi o O depoimento a seguir d a dimens o das dificuldades administrativas encontradas pela nova diretoria
268. to rg os consultivos nem tampouco deliberativos nos estatutos das comiss es da Ford No entanto Rodrigues entende que a forma assumida pelas comiss es das unidades no come o da d cada de 1980 ou seja a institucionaliza o representava uma nova postura do oper rio brasileiro mais pragm tico e menos ideologizado id pg 104 Isto porque para ele a institucionaliza o da organiza o oper ria pressup e a negocia o com a empresa e 26 o reconhecimento expl cito da dire o do estabelecimento como interlocutora leg tima para as demandas trabalhistas id pg 106 Particularmente sobre a conquista da comiss o da Ford de S o Bernardo Rodrigues se limita a dizer que mesmo n o tendo conseguido a volta dos trabalhadores dispensados 450 pela empresa a greve foi considerada vitoriosa Conquistou se a representa o oper ria Para a comiss o provis ria foram escolhidos 14 oper rios eleitos nas diversas se es setores ou reas da f brica com estabilidade por 120 dias para negociar com a empresa o estatuto da comiss o definitiva As negocia es s se iniciaram algum tempo depois com a posse da nova diretoria do sindicato e se arrastaram por v rios meses A comiss o de f brica definitiva foi empossada no dia 26 de fevereiro de 1982 na sede do sindicato O n mero de participantes da comiss o passou de 14 para 20 membros id p 53 Pedreira Filho com base tamb m em pesquisa emp rica a
269. to combativa Ao mesmo o Solidariedade Polon s que era um sindicato contra a burocracia de Estado tamb m dominadora e opressora para os trabalhadores poloneses Ao mesmo a leitura do sindicalismo americano o que foi o sindicalismo americano desde a origem at os dias atuais foi o sindicato mais combativo da hist ria do movimento oper rio mundial e que se transformou rapidamente num sindicato arquipelego apelegou completamente virou um sindicato de m fias e que viraram base de apoio do Partido Democrata o limite deles foi virar base de apoio do Partido Democrata que um partido capitalista como o Partido Republicano enfim O que foi a desconstru o do sindicalismo latinoamericano o peleguismo da CGT da central dos trabalhadores mexicanos Ent o n s t nhamos que ler essas experi ncias ver o que foi a experi ncia brasileira do n cio do s culo XIX a primeira tentativa de uma central sindical em 1909 at 1913 a experi ncia e a contribui o que os anarquistas trouxeram para o Brasil com os migrantes europeus a forma o do partido comunista no Brasil como que se desenvolveu isso e a suas pol ticas para os sindicatos o getulismo e a constru o da CLT Ent o tem uma literatura que voc tem que ler tem que estudar tem que conhecer um pouco de economia direito do trabalho como que foi a evolu o do direito do trabalho na sociedade contempor nea tanto no mundo como 83 que possibilitou em v rias ocasi
270. ue uma disputa cultural ideol gica Depoimento de Durval de Carvalho 108 REGI O 1990 p 23 Al m disso havia uma tend ncia departamentaliza o o que possibilitava uma certa burocratiza o id p 24 Portanto a somat ria de um conjunto de fatores at aquele momento resultou num forte recuo da categoria rompida somente nas greves por f brica em 1989 Por m a despeito de todos esses obst culos demiss es em massa rotatividade instabilidade econ mica repress o patronal tentativas de coopta o via ccq s corporativismo e alguma burocratiza o sindical os trabalhos dos grupos na base n o cessaram Eles continuaram a cumprir um importante papel de conscientiza o dos trabalhadores Tanto que no congresso foram mantidos como prioridade na pol tica de organiza o de base pela import ncia estrat gica que tinham para a implanta o de um projeto permanente no interior das f bricas id p 25 Perman ncia da organiza o no interior da f brica essa era uma das virtudes da forma clandestina de organiza o de base que os permitiam mesmo em momentos adversos luta sindical mais combativa realizar trabalhos de conscientiza o organiza o e mobiliza o Esse era portanto um projeto ao mesmo tempo de curto m dio e longo prazo forjado dentro de princ pios democr ticos entre a dire o dos grupos clandestinos numa a o de defesa das organiza es id Dessa form
271. ue come a a reunir Um trabalho duro de convencimento de repente o cara est no olho da rua demora meses pra ele voltar pra categoria pra voc retomar o trabalho com ele em outra empresa Ele demora a se localizar dentro da empresa com os trabalhadores No m nimo ele demora seis meses para se adaptar ali com a galera Vai conquistar a confian a desse cara depois de um ano como a f brica um espa o de ditadura de autoritarismo de trucul ncia a pessoa n o chega falando abertamente o que ele pensa do sindicato da vida do Brasil de partido do capitalismo Ele demora um tempo para adquirir essa confian a Dele para com os trabalhadores e dos trabalhadores para com ele Ent o isso um dos nossos estorvos Ent o essa rotatividade ela sempre imperou como uma das for as desconstrutivas da atividade sindical Depoimento de Durval de Carvalho acima referida Por fim a pol tica recessiva da nova Rep blica fazia piorar a situa o social da categoria Entre abril de 87 e fevereiro de 88 as perdas salariais segundo a Sub Se o do DIEESE atingiam 83 3 com rela o ao ndice do Custo de Vida calculado pelo pr prio departamento Mesmo os dados do Governo revelavam perdas significativas chegando a quase 60 DIEESE 1988 Um dos motivos que teria levado o arrocho a ndices t o elevados era a ent o pol tica salarial em vigor desde maio de 1987 criada pelo Ministro da Fazenda de Sarney Luiz Carlos Bresser P
272. uele ano embora um dos membros escolhido tenha ido compor a chapa com o Cid tinha duas pessoas da Singer na chapa e oposi o uma que era do grupo e outra que tinha sido da Singer participou com a gente depois renunciou foi pra chapa do Cid Mas o mais importante que j nas elei es de 81 tivemos representantes pessoas efetivamente escolhidas pelo grupo que participaram Eram umas pessoas ainda que n o tinham conscientiza o um trabalho com grande destaque na f brica mas que era reconhecida pelo grupo para fazer o trabalho Naquele momento tinha eu a Am lia e o Vitor que ramos pessoas que faz amos um trabalho j mais aberto dentro da f brica discut amos em conjunto com os trabalhadores a a gente pra se garantir tivemos que ir pra CIPA A a gente preferiu colocar esses companheiros com a seguinte vis o era importante ter companheiros na chapa mas era important ssimo ter companheiros l dentro fazendo trabalho Foi por isso que nem eu nem a Am lia participamos da chapa e sim o Donizete que foi o companheiro que representou o grupo mas com todo respaldo onde foi um trabalho important ssimo dentro da Singer id Embora estruturado contando com formas abertas e fechadas de a o o Grupo n o conseguiu convencer o conjunto dos trabalhadores da empresa da import ncia de se ter um sindicato Reduto do pelego tal como a Bosch a oposi o na Singer n o venceu Um dos motivos apontados f
273. uitas vezes era uma rela o conflitiva porque os GF s iam organizando e formando um grupo de trabalhadores muito cr ticos E como eles n o t m responsabilidade de gerenciamento do sindicato de fazer a atividade da diretoria sindical das reuni es das organiza es de se preocupar com o funcionalismo da gr fica da imprensa da frota de carros com os processos jur dicos ent o a tend ncia dos GF s de se formar uma turma muito cr tica dire o sindical de ser cr tico ao sindicato Ele n o aceita ser um pau mandado do sindicato ou ser um grupo de carneiro de dizer am m Pela pr pria forma o que vai ser dada pelo sindicato o cara tem um pensamento cr tico mais livre Ent o isso leva a uma forma o de um n cleo de consci ncia muito cr tica na base do sindicato Ent o claro isso incomoda a diretoria do sindicato Ent o qualquer diretoria por mais que ela seja avan ada progressista de esquerda e democr tica ela reage a uma organiza o como essa porque ela tende a ser uma coisa cr tica e como ela est num espa o de poder sindical ent o onde tem poder sempre vai haver oportunismo Aonde tem poder vai ter a express o das qualidades ou das vicissitudes humanas que o oportunismo A esperteza etc a malandragem Ent o quando pinta um caso desse voc cria um motivo para ah vamos parar com isso porque j est enchendo o saco Vamos parar com isso porque essa galera est passando
274. um calend rio para que acertos de cargos e sal rios fossem regularizados Por m a conquista maior segundo os sindicalistas foi a organiza o dos metal rgicos da Nativa v rios trabalhadores vacilaram mas formou se um grupo de companheiros que traziam no sangue e na consci ncia a resist ncia contra a explora o da for a de trabalho pelo capital A grande vit ria da greve foi mostrar na pr tica que nossa capacidade de trabalho vale muito mais do que podemos imaginar BOLETIM DO SINDICATO ESPEC FICO DA NATIVA 14 06 1989 Na Fairchild empresa produtora de semicondutores que empregava aproximadamente 240 funcion rios os trabalhadores paralisaram a produ o no dia 28 de junho uma quarta feira em resposta intransig ncia da empresa em n o negociar reposi o acima dos 29 Permaneceram paralisados na quinta e na sexta feira quando ent o os sindicalistas receberam a promessa de que seriam recebidos para negociar na semana seguinte Com o sinal de que seriam abertas as negocia es os metal rgicos retornaram ao trabalho mas mantiveram na semana seguinte a opera o tartaruga Por fim a empresa cedeu 62 de reposi o mais a compensa o pelos dias parados e o fim dos descontos por atrasos BOLETIM DO SINDICATO ESPC FICO FAIRCHILD 12 07 1989 A estrat gia n o s dos metal rgicos de Campinas mas do Departamento da CUT de um modo geral em for ar negocia es unilaterais com as empresas cri
275. uou manobrou a assembl ia e em seguida teve muita revolta da categoria rasgando a carteirinha no gin sio do guarani mais ou menos 5 a 8 mil associados rasgaram a sua carteirinha no gin sio E depois em seguida eu estava na GE em 79 teve seis dias de greve na GE e n o s na GE como Cobrasma Mercedes Singer Clark outras f bricas grandes da categoria aderiram greve 38 Ent o isso n o significa que no discurso do sindicato na cabe a do presidente a categoria n o estava preparada Quem n o estava preparada era a diretoria do sindicato porque j tinha assinado o acordo a carta princ pio na FIESP tinha concordado e o ABC n o tinha concordado com a proposta de acordo Ent o ele j tinha preparado pra manobrar e pra fazer passar aquela proposta de n o ir greve Mas mesmo assim sem dire o a categoria sem dire o pois a oposi o n o estava dando dire o pro movimento at aquela altura at aquele momento mas sem dire o a categoria foi pra greve Depoimento de Pedr o V deo comemorativo dos cinco anos de luta Campinas 1989 Embora desarticulado o movimento grevista conseguiu convocar uma assembl ia para o dia 16 de mar o no Teatro de Arena onde foi criado um Comando Geral de Greve que tinha por objetivo organizar o movimento Al m disso nesta assembl ia os metal rgicos decidiram ocupar a sede do sindicato e retirar o presidente Cid Ferreira de dentro Como coloca Possan 1996 o
276. va e algumas repercuss es no sindicalismo brasileiro n ANTUNES R ORG Neoliberalismo trabalho e sindicatos no Brasil e na Inglaterra S o Paulo Boitempo 2002 Os sentidos do trabalho S o Paulo Boitempo 1999 O novo sindicalismo no Brasil Campinas Pontes 1995 A rebeldia do trabalho S o Paulo Ensaio Campinas Editora da Unicamp 1988 ANTUNES R amp NOGUEIRA A O que s o comiss es de f brica S o Paulo Brasiliense 1982 2 Ed BERNARDO J Transnacionaliza o do capital e fragmenta o dos trabalhadores S o Paulo Boitempo 2000 BERNARDO J Economia dos conflitos sociais S o Paulo Cortez 1991 BIHR A Da grande noite alternativa S o Paulo Boitempo 1998 BOITO JR A O sindicalismo na pol tica brasileira Campinas Cole o Trajet ria IFCH 2005 CARDOSO A M A trama da modernidade Rio de Janeiro Revan IUPERJ UCAM 1999 CORIAT B Pensar pelo avesso Rio de Janeiro Revan UFRJ 1994 DEL ROIO M A crise do mundo do trabalho e a atualidade de Gramsci In Revista Novos Rumos ano 18 n39 2003 DIEESE SUB SE O CAMPINAS Caderno de economia 1 Novembro de 1986 Caderno de economia 2 Fevereiro de 1987 Caderno de economia 3 Agosto de 1987 143 Caderno de economia 5 Fevereiro de 1988 Caderno de economia 6 Mar o de 1988 Caderno de economia 8 Maio de 1988 Caderno de economia 11 Julho de 1990 Cader
277. vras de um ex membro do grupo de f brica da Singer o grupo j tinha dado alguns passos antes Mas n s n o conhec amos todos dentro da f brica N s t nhamos trabalho mas era trabalho por sess o Em 78 houve uma greve na fundi o existiam v rios movimentos isolados por sess es etc e com o movimento de 79 fez com que todos n s nos conhec ssemos na f brica no conjunto e sentimos a necessidade de que n o adiantava ter um sindicato que n o lutava pela gente Era necess rio de a gente formar grupo de f brica formar comiss es de f brica e a gente efetivou o grupo nesse momento visando naquele momento a organiza o dos trabalhadores dentro da f brica visando tamb m a elei o que ia acontecer em 1981 que era de fundamental import ncia e pra isso n s t nhamos que sindicalizar os trabalhadores Depoimento de Gerardo Mello in 5 anos de lutas v deo comemorativo do anivers rio de cinco anos da elei o da chapa de oposi o Campinas 1989 Essas quest es foram importantes tamb m na medida em que possibilitaram a forma o de quadros que iriam recompor o movimento de oposi o sindical metal rgica No come o da d cada de 1980 o movimento oper rio como um todo entrava num per odo de refluxo A crise que atingiu o pa s for ou o capital a reestruturar suas bases de acumula o e em busca de frear a ofensiva oper ria o governo lan ou uma nova pol tica salarial que se antecipava s campanhas lan

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