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LÍDIA CLÉMENT FIGUEIRA MOUTINHO

1. J Mauricio Godinho Delgado conceitua a discrimina o como sendo a conduta pela qual nega se pessoa tratamento compat vel com o padr o jur dico assentado para a situa o concreta por ela vivenciada E aproximando se das considera es tecidas por Jos Claudio Monteiro de Brito Filho relativamente rela o estabelecida entre preconceito e discrimina o esclarece Godinho que a causa da discrimina o na maioria das vezes apenas e 19 MARQUES 2002 p 41 conforme consulta realizada ao dicion rio Aur lio em seu endere o eletr nico lt www dicionarioaurelioonline com br gt Acesso em 12 fev 2010 BARROS 2009 p 1128 2 BRITO FILHO 2002 p 40 3 DELGADO Mauricio Godinho Prote es contra discrimina o na rela o de emprego In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 97 108 24 t o somente o preconceito ou seja um ju zo sedimentado desqualificador de uma pessoa em virtude de uma sua caracter stica Al m das defini es doutrin rias existem tamb m conceitos legais de discrimina o sendo que a maior parte deles pode ser extra da de documentos internacionais Inclusive buscando exatamente uma defini o de discrimina o lvaro Cruz socorre se de tais conceitos apresentados em Conven es Internacionais e com suped neo nos mesmos afirma em s ntese que a discrimina o
2. e consistindo a doen a num entrave ao bom desempenho das atividades laborativas n o h como se afastar a conclus o no sentido de que a demiss o acaba se tornando o meio do qual os empregadores se valem para fins de evitar os preju zos da enfermidade V rios s o os casos de obreiros dispensados do trabalho em raz o de serem v timas de acidente de trabalho ou de doen as ocupacionais e mais uma vez os relatos de trabalhadores inseridos nesta situa o demonstram com exatid o todo o sofrimento que este fato causa em suas vidas Uma empregada v tima de acidente de trajeto narra que sofria constantes amea as de dispensa todas elas relacionadas com a sua produtividade Foi transferida de setor em diversas oportunidades at que por fim de fato teve seu contrato de trabalho rescindido Esta uma pr tica e uma realidade j conhecida pelos obreiros tanto que quando retornam de seus afastamentos convivem com o medo de que a qualquer momento ser o desconsiderados pelo empregador A fala de uma obreira acometida por les o por esfor os repetitivos clara quanto ao particular A empresa manda os doentes embora Adoeceu rua Agora eles querem mocinhas jovens Eles dizem que as que passaram de trinta j v o trabalhar doentes e que depois dizem que adquiriu a doen a dentro da empresa 0 BARRETO 2006 p 106 01 Ibid p 167 02 Ibid p 159 3 BARRETO loc cit 404 Ibid p 165
3. nas rela es de trabalho as consequ ncias da discrimina o s o ainda mais s rias porque ela retira do empregado aquele que seu maior patrim nio o pr prio trabalho 8 Como se v os aspectos gerais relativos discrimina o de uma forma ampla aplicam se tamb m discrimina o efetivada na rela o de emprego Trata se assim de tratamento diferenciado dirigido a determinado empregado ou grupo de obreiros em raz o de uma certa caracter stica que n o possui qualquer rela o com o bom desenvolvimento das atividades laborais mas encontra fulcro em crit rios que via de regra n o se revelam importantes para fins da presta o de servi os como por exemplo a cor a op o sexual a religi o o g nero entre outros Portanto uma vez elucidado o conceito da discrimina o no trabalho passa se an lise dos outros aspectos que tamb m cercam a sua defini o a saber as diversas esp cies de discrimina o tipologia e os momentos nos quais ela levada a efeito 2 1 3 Tipologia da Discrimina o Consoante j asseverado a discrimina o no trabalho pode ocorrer por diversas raz es todas elas injustific veis Pode ademais ser levada a efeito sob v rias formas 38 OLMOS 2008 p 57 Apenas a t tulo de complementa o oportuno esclarecer que alguns autores a exemplo de Maur cio Godinho Delgado referem se discrimina o no trabalho sob dois enfoques afirmando a exist nc
4. 155 Ademais o elevado n mero de demandas judiciais nas quais se busca o reconhecimento da nulidade da dispensa por ofensa estabilidade conferida pelo artigo 118 da Lei 8123 91 tamb m confirma de modo inequ voco a realidade enfrentada quanto a este particular Portanto ante os coment rios supra tecidos resta assentado que a discrimina o do empregado acidentado ou v tima de doen a ocupacional pode se manifestar por diversas formas Pode ser verificada por meio das tentativas de se impor a culpa da doen a ocupacional ao pr prio obreiro efetivando se assim esfor os para afastar a rela o de causalidade entre os eventos doen a e trabalho Da mesma forma a discrimina o tamb m ocorre mediante condutas levadas a efeito no curso da rela o de emprego que refletem o sistem tico tratamento desrespeitoso dirigido a tal categoria mormente quando lhe atribu da a pecha de simulador ou de pessoa n o disposta ao labor Ainda na mesma esteira por diversas vezes n o s o engendrados esfor os com vistas efetiva reabilita o dos empregados acidentados que s o deixados em estado de ociosidade durante o curso do per odo da estabilidade E por fim a discrimina o revela se evidente com a rescis o do contrato de trabalho mantido com estes empregados Desta forma em raz o de tudo que foi posto compartilha se aqui das conclus es obtidas por Margarida Barreto segundo a qual as principais formas de
5. 2 Em que pese alguma proximidade os dois conceitos s o distintos eis que a readmiss o significa admitir novamente ao passo que a reintegra o quer dizer que a dispensa foi tornada nula e que por isso o empregado foi reintegrado ao seu posto de servi o Ainda a respeito da reda o do artigo 4 Christiani Marques posiciona se em sentido diverso ressaltando que na realidade o que tal dispositivo legal prev uma readmiss o com ressarcimento ou readmiss o indenizada Marques assevera quanto ao particular que al m de a readmiss o ser acompanhada da indeniza o afeta aos valores que deveriam ter sido pagos no interregno de afastamento do obreiro haver tamb m a contagem do tempo de servi o durante o qual o trabalhador esteve afastado Entende se neste estudo que de fato o artigo 4 faz men o reintegra o do empregado sua atividade laborativa o que se dar em decorr ncia da nulidade da rescis o contratual fundada em motivo discriminat rio E posto que nula a dispensa operada entende se tamb m que o empregado faz jus a todas as parcelas que perceberia caso estivesse trabalhando bem como contagem do tempo de servi o para todos os fins Acompanha se assim o entendimento de M rcio T lio Viana que especificamente com rela o a esta celeuma afirma que o empregado na verdade ser reintegrado como se fosse est vel Nos termos das considera es acima tecid
6. 4 DISCRIMINA O DO EMPREGADO ACIDENTADO OU V TIMA DE DOEN A OCUPACIONAL Doen as sempre serviram para pr ticas discriminat rias Algumas enfermidades pela sua natureza forma de exterioriza o e desenvolvimento podiam e podem ser escondidas A partir do momento em que por uma ou outra raz o as doen as n o podem mais ser escondidas escondem se os doentes Afinal a segrega o mais f cil e na maioria das vezes incomoda menos Luiz Ot vio Linhares Renault 4 1 ASPECTOS GERAIS DO ACIDENTE DE TRABALHO E DA DOEN A OCUPACIONAL Consoante ressaltado na introdu o do presente estudo os acidentes de trabalho e doen as ocupacionais possuem n meros alarmantes no Brasil Quanto ao tema as considera es tecidas por Raimundo Sim o de Melo s o de grande valia eis que as mesmas demonstram exatamente a situa o cr tica enfrentada relativamente aos acidentes de trabalho n o s no contexto brasileiro mas em todo o mundo Fazendo uma compara o com outras causas de morte e com suped neo em dados da pr pria OIT Melo afirma que na ltima d cada do s culo XX ocorreram por ano no mundo 1 1 milh o de mortes por acidentes de trabalho 999 mil por acidentes de tr nsito e 563 mil por viol ncia e 502 mil em guerras 26 MELO 2010 p 66 124 Ademais especificamente no Brasil os dados da Previd ncia Social demonstram eleva o do n mero de acidentes de trabalho nos anos de 2005 a 2007
7. es tal aspecto substancial evidenciado Isso ocorre por exemplo no inciso L do pr prio artigo 5 que autoriza que as presidi rias mulheres possam permanecer com seus filhos no per odo da amamenta o Portanto ante o que foi exposto verifica se que o combate discrimina o vem disposto de forma ampla na Constitui o Brasileira atrav s do teor dos artigos 1 inciso III 3 inciso IV e 5 caput os quais exaltam a igualdade como fundamento e objetivo da Rep blica Federativa do Brasil e ainda como direito fundamental a todos assegurado S o estas conforme j alinhavado as previs es mais gerais a respeito da igualdade e por conseguinte da veda o discrimina o as quais embora sob uma perspectiva formal ressaltam a sua import ncia num Estado que visa alcan ar de modo efetivo e portanto substancial a plena democracia e o respeito dignidade da pessoa humana Por seu turno no que se refere s disposi es constitucionais que versam sobre a igualdade de modo mais espec fico imperiosa a refer ncia s previs es do artigo 7 as quais tamb m nos termos do que j foi asseverado referem se realiza o de tal direito fundamental na seara das rela es de emprego Da mesma forma que se viu em rela o previs o do caput do artigo 5 tamb m os direitos enunciados neste artigo 7 enquadram se como fundamentais posto que os direitos sociais exatamente os previstos neste artigo 7
8. facilitar a compreens o da an lise que ser feita a respeito da situa o de exclus o na qual esta categoria de empregados acidentados acaba sendo posta 4 1 1 Conceito de Acidente de Trabalho e Doen a Ocupacional 2 Ibid p 69 28 MELO 2010 p 69 125 Inicialmente sobreleva notar que os conceitos relativos ao acidente de trabalho e doen a ocupacional podem ser extra dos do pr prio diploma legal que regula a mat ria qual seja a j mencionada Lei 8213 91 que disp e sobre os benef cios da Previd ncia Social complementada pelo Decreto n 3048 1999 que traz em seu bojo o Regulamento da Previd ncia Social Os eventos tecnicamente arrolados como acidente de trabalho est o previstos nos artigos 19 a 21 da referida Lei O primeiro conceito apresentado pelo legislador o de acidente de trabalho contido no artigo 19 do qual decorrem as demais defini es legais que ser o tratadas na sequ ncia Nesse sentido inclusive a advert ncia feita por Dallegrave Neto na qual ressalta que quando se fala em acidente de trabalho est se diante do g nero que abrange acidente tipo doen as ocupacionais e acidentes por equipara o legal Trata o artigo 19 consoante asseverado por Sebasti o Geraldo de Oliveira do conceito de acidente de trabalho t pico ou acidente de trabalho em sentido estrito A previs o legal no sentido de que o acidente de trabalho aquele que ocorre em raz o do
9. o Quanto ao particular Alice Monteiro de Barros salienta que a rea o social aos deficientes passou pelo menosprezo pela concess o de vantagens e pela exalta o por se acreditar nesse ltimo caso que tais pessoas eram enviadas pelos deuses Todavia ineg vel que o quadro quase sempre observado o de uma efetiva segrega o dos indiv duos portadores de necessidades especiais Nos mesmos termos do que j foi exposto em rela o s demais formas de discrimina o referenciadas neste estudo discrimina se o deficiente em raz o de um preconceito nutrido pela id ia de que tal pessoa n o cont m os requisitos reputados normais o que lhes atribui uma conota o de v timas ou de pessoas dignas de piedade MARQUES 2002 p 84 OLIVEIRA 2000 p 140 BARROS op cit p 1183 OLIVEIRA 2000 p 140 39 Tal preconceito aliado extremada competitividade que atualmente impera no mercado de trabalho determina a discrimina o desta categoria de pessoas no mundo laboral exatamente como afirmado por Emmanuel Te filo Furtado que em obra tamb m voltada an lise do preconceito no trabalho destaca a segrega o dos deficientes tanto nos processos seletivos quanto durante o curso da rela o de emprego Neste contexto oportuno citar a Conven o n 159 da Organiza o Internacional do Trabalho voltada inclus o dos portadores de necessidades especiais no mercado de trabal
10. o ou qualquer outro procedimento relativo esteriliza o ou a estado de gravidez IIl a ado o de quaisquer medidas de iniciativa do empregador que configurem a indu o ou instigamento esteriliza o gen tica b promo o do controle da natalidade assim n o considerado o oferecimento de servi os e de aconselhamento ou planejamento familiar realizados atrav s de institui es p blicas ou privadas submetidas s normas do Sistema Unico de Sa de SUS Da leitura das disposi es acima transcritas resta evidenciado que um dos focos de prote o mais intensos da Lei 9029 95 a mulher posto que a maioria das situa es previstas no texto legal s o espec ficas ao sexo feminino E da mesma forma s o as mulheres que mais sofrem na pr tica os efeitos da discrimina o efetivada em raz o da situa o familiar pelas raz es que j foram expostas no cap tulo anterior especialmente no t tulo no qual se discorreu a respeito da discrimina o fundada no g nero S o desnecess rios outros coment rios a respeito desta tem tica neste ponto cabendo apenas ressaltar mais uma vez que a Lei 9029 95 observa quanto prote o discrimina o engendrada contra a mulher a tend ncia das demais legisla es mormente as internacionais que t m buscado cada vez mais a efetiva o do princ pio da igualdade entre os sexos e a tutela da mulher Menciona se aqui apenas a t tulo de exemplo a apro
11. sociedade justa e fraterna PARANA Tribunal Regional do Trabalho 9 Regi o TRT PR 00699 2007 017 09 00 5 ACO 11833 2009 2 Turma Relatora Desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimp o Curitiba 28 de abril de 2009 Dispon vel em lt http www trt9 jus br gt Acesso em 10 maio 2010 RUPTURA DA RELA O DE TRABALHO DISCRIMINA O ET RIA IMPOSSIBILIDADE VIOLA O AOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS A Constitui o Federal de 1988 formadora do Estado democr tico de direito fundada dentre outros princ pios na dignidade da pessoa humana nos valores sociais do trabalho e no pluralismo disp e que a lei punir qualquer discrimina o atentat ria dos direitos e liberdades fundamentais em virtude de origem ra a sexo cor idade e outras formas de discrimina o Igualmente a Conven o n 111 da OIT veda qualquer comportamento que tenha por finalidade a elimina o ou altera o da igualdade de tratamento no mbito profissional quer quanto admiss o demiss o ou perman ncia no trabalho Ainda que o princ pio da igualdade eludido pelo artigo 1 do texto constitucional tamb m verse tratamento desigual aos desiguais qualquer tipo de exce o discriminat ria somente pode ser aceita se em car ter positivo e desde que prevista em lei tornando inaceit vel a discrimina o et ria perpetrada nos autos uma vez que desprovida de amparo legal MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o
12. 8 213 91 com o contrato a prazo notadamente o contrato de experi ncia porque a garantia de emprego pressup e a prote o da continuidade do v nculo de emprego nos contratos por prazo indeterminado Recurso de revista de que n o se conhece BRASIL Tribunal Superior do Trabalho RR 31300 66 2005 5 09 0668 5 Turma Relatora Ministra K tia Magalh es 107 Para o Tribunal Superior do Trabalho portanto a exist ncia de uma garantia de emprego teria como pressuposto a continuidade do v nculo de emprego o que a toda evid ncia n o se verifica como certo nos contratos de trabalho por prazo determinado Todavia consoante j alinhavado em rela o s demais quest es que decorrem dos termos do artigo 118 da Lei 8213 91 o tema tamb m n o pac fico No mbito do pr prio TST podem ser encontradas decis es em sentido contr rio nas quais se entende que mesmo nos contratos por prazo determinado poss vel a irradia o dos efeitos do artigo 118 em exame desde que por certo o empregado preencha os requisitos necess rios como o afastamento do trabalho por per odo superior a quinze dias e a consequente percep o de benef cio previdenci rio Raimundo Sim o de Melo cita julgado proferido quanto ao particular no qual reformando decis o do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o o Tribunal Superior do Trabalho destacou que al m de haver uma expectativa de transforma o do contrato por prazo determinado
13. AIDS na maioria das vezes assentado na falta de informa es m dicas seguras sobre a doen a Tal desinforma o refere se sobretudo s formas de cont gio da doen a o que acaba ensejando o medo de ser infectado pelo simples contato com a pessoa que porta o v rus certo portanto como j adiantado que essa discrimina o levada a efeito pela sociedade de um modo geral evidenciada tamb m no espec fico contexto das rela es de trabalho sem que contudo isso seja efetivamente justific vel Pode se afirmar de fato que em algumas atividades espec ficas a possibilidade de transmiss o do v rus HIV maior como o caso de cozinheiros que utilizam facas ou de enfermeiros que lidam diariamente com objetos cortantes No entanto esta circunst ncia n o pode ser estendida maioria das atividades sob pena de se verificar uma verdadeira segrega o destes indiv duos do mercado de trabalho o que com efeito o que se tem verificado na pr tica Al m da proibi o a qualquer forma de discrimina o pelo ordenamento jur dico p trio com fulcro principalmente no pr prio princ pio da igualdade h que se atentar para o fato de que a sobrevida dos portadores de HIV vem aumentando com o passar dos anos em raz o da evolu o da medicina e que a doen a por si s n o representa bice ao exerc cio de atividades profissionais Assim como foi afirmado em rela o aos portadores de necessidades especi
14. RA A NEGRA Por direito e lei firmemente repudiado em nosso pa s qualquer ato de discrimina o em fun o de cor ra a sexo idade religi o ou condi es especiais e individuais que diferencie a pessoa Nas rela es de trabalho especialmente n o se pode tolerar atos discriminat rios e humilhantes impingidos ao empregado de ra a negra com ofensas verbais assacadas contra sua pessoa em fun o exclusiva da cor de sua pele Fatos como tais devem ser denunciados sempre a fim de que n o se torne comum e usual a viola o de um direito garantido constitucionalmente refor ando preconceito e pr tica discriminat ria inaceit vel RO a que se d provimento para fixar indeniza o por danos morais em fun o da viola o da honra e sentimento de dignidade pr pria do empregado que como qualquer outra pessoa merece apre o e respeito de seus superiores hier rquicos n o podendo aceitar ou resignar se com frases como negro safado crioulo ou se voltasse a escravid o eu iria te colocar no tronco O dano moral ntimo irrepar vel mas o ato discriminat rio pode e deve ser estancado por esta Justi a MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO 5207 99 1 Turma Rel Juiz Washington Maia Fernandes Belo Horizonte 19 de maio de 2000 Dispon vel em lt http Ayvww tri3 jus br gt Acesso em 20 abr 2010 BARRETO Margarida Maria Silveira Viol ncia sa de e trabalho uma jornada
15. es de Khrisam Kumar que analisando as principais teorias que circundam a sociedade moderna tamb m tece coment rios acerca da solid o que a caracteriza principalmente em decorr ncia do fortalecimento da id ia de indiv duo em detrimento de uma no o de coletividade KUMAR 2006 180 Outro exemplo no mesmo sentido o filme O Enigma de Kasper Houser que tamb m demonstra a hist ria de vida de um homem que sempre viveu de forma alheia ao conv vio social e que em raz o da solidariedade de algumas pessoas pode demonstrar ainda que tardiamente as suas potencialidades e a sua capacidade de adapta o vida em sociedade Diferentemente do que se v em O Homem Elefante o estigma retratado neste filme n o decorre de uma deformidade f sica mas sim do fato de o personagem principal se distanciar dos padr es de comportamento do homem m dio na medida em que n o sabia se comunicar sentar se mesa para realizar refei es ou mesmo caminhar Esta circunst ncia um diferencial bastante relevante principalmente porque o conceito mais comum de estigma aquele relacionado apenas a um defeito f sico Todavia tanto num filme quanto no outro retratada com propriedade a situa o de estigmatiza o do indiv duo que se distancia da normalidade imposta pelo meio social e assim desacreditado no meio em que vive Os coment rios acima postos al m de evidenciar o acr scimo que as artes podem prop
16. o de igualdade em qualquer sentido que se possa consider la Diferen as existem logicamente No entanto elas n o autorizam ju zos de valor em rela o s pessoas e apenas respaldam os tratamentos diferenciados que se fazem necess rios para fins de redu o das disparidades negativas entre os indiv duos Ademais esse r tulo atribu do a alguns grupos espec ficos agravado pelo fato de que os fatores normalmente utilizados para fins de categorizar as pessoas n o refletem efetivamente a realidade e por serem afetos a aspectos exteriores ou pouco relevantes para a dignidade do homem sequer constituem se em par metros v lidos de compara o Afirmar por exemplo que as pessoas que se originam de determinada regi o do Brasil n o s o dadas ao trabalho um exemplo bastante claro de preconceito eis que n o reflete a realidade mas sim um ju zo de valor equivocado que encontra fulcro muitas vezes numa situa o isolada irracionalmente estendida a toda uma categoria de indiv duos Avaliar o desempenho laboral de algu m com base na sua origem certamente n o razo vel eis que tal caracter stica em nada interfere na forma da presta o de servi os Neste caso portanto v se como um preconceito um ju zo interno e equivocado passa a ensejar uma discrimina o no mercado de trabalho BARROS 2009 p 1130 47 Ainda no que atine ao conceito de preconceito oportuno ressaltar que existem diversas d
17. 2007 p 48 22 BRITO FILHO 2002 p 66 221 BRITO FILHO loc cit 22 BRITO FILHO loc cit 95 Consoante ressaltado acima n o ser feita uma aprecia o exaustiva do conte do da Lei 8213 91 eis que a mesma est sendo tratada aqui apenas como um exemplo dentre os mecanismos legais direcionados tutela dos grupos ou indiv duos discriminados Portanto a investiga o a ser levada a efeito se restringir aos dispositivos afetos a este tema ou seja somente aqueles que consistem em normas anti discriminat rias Tais dispositivos s o os artigos 93 e 118 sobre os quais se passa a tecer alguns coment rios 9228 O artigo 9 est inserido na parte da Lei 8213 91 relativa habilita o e reabilita o profissional no24 A habilita o consiste no conjunto de caracteres que s o necess rios para o desempenho de determinadas fun es no mercado de trabalho Afirma se assim que o empregado que possui tais caracter sticas est de fato habilitado a trabalhar Por outro lado a reabilita o conceito que decorre da exist ncia de alguma sequela integridade f sica do empregado Sua finalidade justamente recuperar a capacidade produtiva do empregado para integr lo novamente ao mercado de trabalho Quanto ao particular o artigo 89 da Lei 8213 9122 que disp e a respeito dos objetivos da habilita o e da reabilita o profissional estabelecendo que as 2 Art 93 A empr
18. GUNTHER Luiz Eduardo Coords Transforma es do direito do trabalho Curitiba Juru 2000 p 365 383 28 MELO Raimundo Sim o Direito ambiental do trabalho e a sa de do trabalhador 4 ed S o Paulo LTr 2010 p 218 101 Relativamente constitucionalidade do artigo 118 da Lei 8213 91 o registro que se faz meramente hist rico na medida em que tal celeuma encontra se j pacificada inclusive mediante a edi o de S mula pelo Tribunal Superior do Trabalho Oportuno mencionar entretanto que foram muitos os debates a respeito do tema eis que parte da doutrina entendia que ap s a Constitui o Federal de 1988 n o cabia mais ao legislador ordin rio criar qualquer esp cie nova de estabilidade aos empregados Esse posicionamento tinha suped neo no contido no artigo 7 inciso da CF 88 que estabelece o direito do trabalhador prote o da rela o de emprego contra despedida arbitr ria ou sem justa causa nos termos de lei complementar que prever indeniza o compensat ria entre outros direitos Com respaldo nesta disposi o entendia se que a partir da Constitui o Federal de 1988 apenas a lei complementar poderia versar a respeito de uma eventual estabilidade ou garantia de emprego para o empregado sendo vedado lei ordin ria dispor sobre tais assuntos Consoante ensina Raimundo Sim o de Melo tal interpreta o era equivocada mormente porque meramente gramatical Assim sobretudo
19. Proclamando o ac rd o recorrido a ocorr ncia do acidente de trabalho afastado por m dico da pr pria empresa com solicita o da emiss o da respectiva CAT fato ignorado pelo empregador que optou pela dispensa do empregado n o se verifica a contrariedade a S mula n 378 do TST a qual est direcionada s hip teses em que o empregador cumpre as normas legais de afastamento do empregado acidentado e o benef cio previdenci rio n o ultrapassa os primeiros 15 quinze dias de afastamento Arestos inespec ficos n o impulsionam a admissibilidade do recurso de revista Agravo de instrumento a que se nega 106 Para al m das discuss es travadas em rela o constitucionalidade do artigo 118 e aos requisitos que s o necess rios obten o da estabilidade por ele conferida existem diverg ncias tamb m quanto possibilidade de sua aplica o aos contratos de trabalho por tempo determinado como por exemplo os tempor rios e os de experi ncia z O entendimento que tem prevalecido no sentido de que apenas os empregados contratados por tempo indeterminado que possuem o direito estabilidade acident ria posto que nos contratos por prazo determinado j se sabe de antem o a data da ruptura contratual e assim seria descabida qualquer forma de estabilidade ou garantia no emprego O TST a respeito do tema tem se manifestado exatamente neste sentido eis que na maioria de suas decis es tem sido ressaltada a incompa
20. RO Ac 1 T 20050884799 Rel Lizete Belido Barreto Rocha DOE 13 12 05 BARROS 2009 p 1138 BRITO FILHO op cit p 45 54 OLMOS 2008 p 77 34 Muito embora se esteja diante de uma evidente discrimina o est tica n o h como se olvidar tamb m que a hip tese mencionada encerra uma discrimina o em raz o da idade eis que n o h qualquer bice para que uma pessoa com idade superior a vinte e cinco anos exer a a fun o de recepcionista Ademais diferentemente do que acontece em rela o aos jovens tal discrimina o daqueles com idade avan ada pode ser efetivada tanto antes da contrata o quando se nega a oportunidade do trabalho quanto ser utilizada como fundamento para a rescis o contratual portanto verificada comumente em dois momentos distintos da rela o de emprego Finalizando esta exposi o cabe ressaltar que na esteira de posicionamento que tem sido reiteradamente defendido na doutrina p tria a discrimina o dirigida aos empregados reputados mais velhos retrata uma ofensa sua dignidade 5 Quanto ao particular oportuno referenciar alguns julgados proferidos a respeito desta tem tica e que bem destacam a discrimina o et ria perpetrada tanto no momento da admiss o quanto na ruptura do contrato de trabalho Veja se A O CIVIL P BLICA OFERTA DE EMPREGO DISCRIMINA O RELATIVA A IDADE SEXO E TIPO DE DEFICI NCIA PREENCHIMENTO DA COTA SOCIAL LEI
21. RO 00019 2008 443 02 00 1 ACORDAO 20091069348 6 Turma Relatora Ju za Ivete Ribeiro Belo Horizonte 18 de dezembro de 2009 Dispon vel em lt http www trt3 jus br gt Acesso em 10 maio 2010 35 mormente por retirar dessas pessoas a sua fonte de subsist ncia conduzindo os miserabilidade 2 1 3 3 G nero Quando se fala de discrimina o em raz o do g nero refere se discrimina o dirigida s mulheres no mercado de trabalho Trata se de quest o complexa que carrega consigo ran o hist rico e tra os definidores das diferentes culturas ostentadas pelas sociedades Nesse sentido as pondera es feitas por Alice Monteiro de Barros estudiosa detida desta forma espec fica de discrimina o e que tratando do tema d destaque aos diversos fatores que ensejam a discrimina o contra a mulher Destaca a referida autora que a discrimina o dirigida mulher relaciona se com conceitos afetos vida familiar e social e que quase sempre decorre de uma inferioridade atribu da ao sexo feminino e advinda de mitos cren as e outras considera es arbitr rias No Brasil entretanto a igualdade entre os sexos mandamento constitucional e assim a discrimina o negativa dirigida mulher n o aceit vel Inclusive a respeito do tema Mauricio Godinho Delgado destaca que a primeira significativa modifica o constitucional encontra se no tocante situa o da mulher trabalhadora Contudo as
22. Vers til Home Video 1975 110 min VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 211 VIANA M rcio T lio A prote o trabalhista contra os atos discriminat rios an lise da lei n 9029 95 In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 354 367 GLOSS RIO apud citado por et al e outros loco citato no lugar citado opus citatum na obra citada 212
23. al m de propiciar a pr pria manuten o do poder acaba operando como verdadeira neutraliza o institucional justamente porque reduz o valor do indiv duo estigmatizado inferiorizando o frente s pessoas que se encaixam nos padr es socialmente institu dos Mant m se assim consoante mencionado as estruturas de poder at ent o vigentes na sociedade Tal circunst ncia inclusive tamb m mencionada na obra de Joaquim Barbosa Gomes que se refere exist ncia de uma tend ncia perpetua o das mais diversas formas de discrimina o a qual seria decorrente dos seus efeitos persistentes Esses efeitos se revelam na chamada discrimina o estrutural espelhada nas abismais desigualdades sociais entre grupos dominantes e grupos marginalizados 153 OLIVEIRA 2000 p 139 155 154 BACILA 2005 p 29 ee Importante neste ponto observar os coment rios tecidos por Carlos Roberto Bacila Afinal o estigma n o deixa de representar uma forma de neutralizar o inimigo isto quando se estigmatiza algu m diminui se artificialmente o valor da pessoa Nesse sentido a cr tica de Ayush Morad Amur providencial para a compreens o do tem Se eu n o posso ser t o bom como S crates posso pelo menos neutralizar seu sucesso rebaixando o para meu n vel Ibid p 30 15 GOMES 2001 p 47 157 GOMES loc cit 66 Al m da exclus o das rela es sociais normais da visibilidade e
24. cio ocorreu em raz o do advento do termo e da inabilita o do obreiro acidentado na experi ncia Revista conhecida por diverg ncia jurisprudencial e provida no t pico Brasil Tribunal Superior do Trabalho ED RR 70400 16 2007 5 03 0089 3 Turma Relatora Ministra Rosa Maria Weber Bras lia 23 de outubro de 2009 Dispon vel em lt http Awww tst jus br gt Acesso em 10 mar 2010 248 MELO 2010 p 221 222 249 ESTABILIDADE CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO O trabalhador que se acidenta no curso de contrato de trabalho por tempo determinado tem assegurada pelo ordenamento jur dico a manuten o do emprego por doze meses ap s o t rmino do benef cio previdenci rio H que se ponderar que o legislador n o contemplou qualquer exce o quanto esp cie ou ao objeto do 109 Por fim cumpre ressaltar que a dispensa realizada em ofensa aos termos do artigo 118 da Lei 8213 91 nula por inobservar a garantia no emprego qual faz jus o empregado acidentado Portanto em decorr ncia de tal nulidade cab vel tanto a reintegra o do obreiro ao posto de servi o como a condena o do empregador ao pagamento de indeniza o substitutiva a qual ser composta por todas as verbas trabalhistas que o empregado teria direito caso estivesse trabalhando Ademais em que pesem as previs es legais deve se considerar tamb m que o dever de reintegrar um trabalhador doente ou com sequelas decorrentes de acidente de trabalho de
25. m direcionada elimina o de desigualdades no que se refere a emprego Recurso provido para determinar a reintegra o do autor no emprego com pagamento de sal rios e vantagens do per odo de afastamento PARANA Tribunal Regional do Trabalho 9 Regi o TRT PR 00188 2006 025 09 00 7 ACO 11621 2008 2 Turma Relatora Desembargadora Marlene T Fuverki Suguimatsu Curitiba 15 de abril de 2008 Dispon vel em lt http www trt9 jus br gt Acesso em 10 mar 2010 Quanto ao particular oportuna a refer ncia a alguns documentos que foram publicados pela Organiza o Internacional do Trabalho a respeito do tema quais sejam o Repert rio de Recomenda es Pr ticas da OIT sobre o HIV AIDS e o Mundo do Trabalho e Diretrizes para os Empregadores os quais podem ser conferidos no endere o eletr nico da OIT lt http www ilo org gt 43 Por fim o tema que ainda suscita an lise relativamente discrimina o no trabalho aquele afeto aos momentos nos quais ela levada a efeito S o tr s A discrimina o assim engendrada na fase de contrata o durante o curso da rela o laboral ou quando da dispensa Nesse sentido as pondera es de Marcelo Alessi que classifica as hip teses de discrimina o no trabalho exatamente em raz o dos tr s momentos espec ficos nos quais ela pode ocorrer isto na admiss o no desenvolvimento e na termina o do contrato Na admiss o a discrimina
26. o de sua capacidade laborativa possam retornar ao mercado de trabalho ou dele vir a fazer parte pela primeira vez Assim com vistas a esta finalidade que em acr scimo s previs es constantes dos mencionados artigos 89 a 92 a Lei 8213 91 vem j em seu artigo 93 a estabelecer que tamb m a sociedade deve fazer a sua parte neste processo de inclus o social atrav s do trabalho a o fornecimento de aparelho de pr tese rtese e instrumentos de aux lio para locomo o quando a perda ou a redu o da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necess rios habilita o e reabilita o social e profissional b a repara o ou a substitui o dos aparelhos mencionados no inciso anterior desgastados pelo uso normal ou por ocorr ncia estranha vontade do benefici rio c o transporte do acidentado do trabalho quando necess rio 97 E especificamente quanto ao particular a participa o social consubstanciada na pessoa do empregador que desde que possua mais de cem empregados est obrigado a preencher de 2 a 5 dos seus cargos com benefici rios reabilitados ou pessoas portadoras de defici ncia tamb m habilitadas O referido artigo traz a propor o que cada tipo de empregador deve observar e em raz o dos seus pr prios termos n o h como se negar que tal norma de fato respons vel por acrescer ao nosso sistema jur dico mais um exemplo de medida afirmativa Na mesma est
27. o em que ela se desenvolva salvo comprova o de que resultante de exposi o ou contato direto determinado pela natureza do trabalho Aqui cabe referenciar a advert ncia que feita pela doutrina no sentido da aprecia o com reservas de tal previs o legal na medida em que muitas doen as ocupacionais s o de natureza degenerativa Segundo Sebasti o Geraldo de Oliveira n o se deve se apegar demasiadamente interpreta o literal deste par grafo nico do artigo 20 eis que existem diversos tipos de enfermidades degenerativas que s o desencadeadas pelo trabalho como a surdez ocupacional por exemplo Por fim o artigo 21 do mesmo diploma legal disp e a respeito de outras situa es que s o equiparadas ao acidente de trabalho pela pr pria lei 8 08 DALLEGRAVE NETO loc cit 34 OLIVEIRA 2007 p 50 305 Ibid p 50 51 3 Art 21 Equiparam se tamb m ao acidente para efeitos desta Lei o acidente ligado ao trabalho que embora n o tenha sido a causa nica haja contribu do diretamente para a morte do segurado para redu o ou perda de sua capacidade para o trabalho ou produzido les o que exija aten o m dica para a sua recupera o Il o acidente sofrido pelo segurado no local e no hor rio do trabalho em consequ ncia de a ato de agress o sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho b ofensa f sica intencional inclusive de te
28. o sujeitos E por outro lado demonstram tamb m a evidente necessidade de que se atente para essa problem tica S o v rias as consequ ncias dos infort nios laborais Com frequ ncia dado destaque aos danos que os acidentes ou as doen as ocupacionais ensejam sa de dos empregados mormente por serem eles mais facilmente visualizados Fala se assim a respeito dos danos f sicos bem como dos preju zos morais e materiais No entanto os danos decorrentes dos acidentes de trabalho suplantam as esferas f sica e moral e podem ser verificados tamb m em outras searas da vida dos trabalhadores Exemplo disso a discrimina o no trabalho qual os empregados acidentados passam a ser expostos ap s a ocorr ncia do infort nio O presente trabalho portanto volta se exatamente a esta problem tica Vislumbra se o aprofundamento do estudo desta espec fica discrimina o do empregado v tima de acidente de trabalho ou acometido por doen a ocupacional com vistas a se perquirir se os mecanismos jur dicos existentes no ordenamento p trio s o de fato eficazes na prote o que pretendem conferir a estes trabalhadores no contexto da rela o de emprego 1 Reportagem extra da do site lt http www sinpaf org br gt Acesso em 14 jan 2010 OLIVEIRA Sebasti o Geraldo Indeniza es por acidente de trabalho ou doen a ocupacional 3 ed rev ampl e atual S o Paulo LTr 2007 p 23 Trata se de tema pouco estuda
29. p 75 BARROS 2009 p 1184 38 Christiani Marques explica que al m de a express o deficiente f sico ter se tornado pejorativa a mesma seria tecnicamente incorreta porque se refere apenas a uma espec fica esp cie de defici ncia a f sica quando na realidade as pessoas portadoras de necessidades especiais podem conviver tamb m com outros tipos de defici ncia consoante as considera es acima tecidas Por outro lado as defici ncias podem ser cong nitas ou seja podem acompanhar o homem desde o seu nascimento ou surgirem ao longo de sua vida em raz o de fatores gen ticos ao passo que podem tamb m ser adquiridas dentre elas as decorrentes de acidentes de trabalho e acidentes de tr nsito cujos n meros s o assustadores se comparados com estat sticas de outros pa ses Neste ponto imperioso ressaltar que a discrimina o que afeta os portadores de necessidade especiais revela se bastante importante para os fins do presente estudo visto que consoante se procurar expor na sequ ncia muitas vezes a discrimina o que dirigida aos empregados v timas de acidentes de trabalho decorre justamente da defici ncia que o infort nio laboral lhes ensejou Confundem se portanto a discrimina o do deficiente e do empregado acidentado numa mesma pessoa A vis o que a sociedade possui a respeito das pessoas portadoras de alguma defici ncia sofreu diversas altera es ao longo de toda a sua evolu
30. partir de categorias amplas para que se possa ao final alcan ar a espec fica situa o que se pretende tratar Assim o primeiro cap tulo dedicado an lise da discrimina o no trabalho aqui tratada como g nero bem como dos conceitos de preconceito e de estigma temas estes que guardam necess ria rela o entre si Quanto discrimina o no trabalho sua an lise nos termos do que j foi ressaltado imperiosa para que se possa na sequ ncia do estudo compreender a contextualiza o que ser levada a efeito em rela o aos empregados acidentados Ademais a relev ncia da abordagem deste tema reside na pr pria atualidade do mesmo eis que a discrimina o no trabalho bastante presente no contexto contempor neo no qual se assiste precariza o do trabalho e do pr prio papel do trabalhador dentro da estrutura produtiva Desta forma com vistas apresenta o de um quadro geral e amplo desta discrimina o no trabalho ser o apresentados a rela o da discrimina o com o princ pio da igualdade o conceito de discrimina o e algumas das suas esp cies Por fim ser o analisados os principais momentos nos quais a discrimina o no trabalho poder ocorrer fazendo se refer ncia s fases pr contratual contratual e p s contratual Na continuidade do trabalho ainda no primeiro cap tulo a an lise fica adstrita aos conceitos de preconceito e de estigma Nos termos do que j foi alinhavado o pre
31. situam se no mesmo T tulo da Constitui o Federal que se refere aos Direitos e Garantias Fundamentais 171 BRITO FILHO 2000 p 35 172 OLMOS 2008 p 40 173 OLMOS 2008 p 40 74 As discrimina es vedadas pelo artigo 7 s o aquelas previstas nos seus incisos XXX XXXI e XXXII as quais s o afetas respectivamente proibi o de diferen a de sal rios de exerc cio de fun es e de crit rios de admiss o por motivo de sexo idade cor ou estado civil proibi o de qualquer discrimina o no tocante a sal rio e crit rios de admiss o do portador de defici ncia e proibi o de distin o entre trabalho manual t cnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos Embora haja uma refer ncia expl cita igualdade salarial n o h como se olvidar que a prote o aqui conferida mais ampla Como se v a tutela expressamente prevista refere se tamb m veda o discrimina o no ato da distribui o de fun es proibindo assim que determinadas categorias sejam preteridas no seu acesso s fun es melhores em raz o de motivos injustific veis como o fato de ser mulher por exemplo bem como na pr pria admiss o o que se refere aos crit rios de sele o utilizados pelo empregador os quais da mesma forma n o podem ter fulcro em motivos desarrazoados Aqui portanto o combate discrimina o desloca se do campo mais abstrato da gen rica propo
32. tica entre outras Contudo no caso dos empregados acidentados inclusive nos termos dos coment rios j feitos h uma car ncia neste sentido posto que ausentes an lises detidas de tal problem tica N o obstante oportuno mencionar que alguns autores dedicaram se ao estudo do tema confirmando assim a efetiva inser o deste grupo em situa o de discrimina o na rela o de emprego 322 A t tulo de refer ncia cita se aqui o artigo de Alice Monteiro de Barros Discrimina o no emprego por motivo de sexo In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 36 76 bem como a obra de Thereza Cristina Gosdal entitulada Discrimina o da mulher no emprego Curitiba Genesis 2008 323 A respeito de tais temas observam se refer ncias bastante detidas nas obras de Cristina Paranhos Olmos Christiani Marques e Jos Cl udio Monteiro de Brito Filho todas elas j referenciadas e utilizadas como aportes te ricos neste trabalho 136 Cristina Paranhos Olmos destaca que dentre as v rias formas de discrimina o no trabalho aquela engendrada relativamente aos empregados v timas de acidentes de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais deve ser mais repudiada visto que o empregado adquiriu a condi o discriminat ria em raz o do pr prio trabalho 2 O fator de d scrimem neste caso surge exatamente em raz o da rela o de emprego mui
33. 156 474 OLMOS 2008 p 55 45 OLMOS loc cit 8 ACKERMAN apud MARQUES 2002 p 79 188 Com efeito n o se pode esperar que as leis mormente aquelas que apenas pro bem condutas determinem altera es de comportamento sobretudo quando se tratam de pr ticas j enraizadas no seio social A atua o deve ser dirigida s causas da discrimina o combinando se as prescri es legais com outras medidas Da portanto a aus ncia de efetividade no plano pr tico dos mecanismos jur dicos que consistem apenas na prescri o legal da proibi o da discrimina o Por sua vez as causas da discrimina o s o combatidas atrav s da educa o de modo a se desconstruir os ju zos equivocados formados a respeito da superioridade de g neros ra as ou quaisquer categorias de indiv duos em rela o as outras Nesta esteira s o os coment rios tecidos por Christiani Marques que se refere exatamente import ncia dos mecanismos legais desde que associados a medidas voltadas ao sistema educacional mormente porque sob seu ponto de vista quanto maior o empobrecimento do conhecimento maior ser cerceada a constru o da cidadania e a perda da dignidade Por outro bordo tamb m posicionando se no sentido da maior efetividade das previs es legais que trazem em seu bojo medidas afirmativas de combate discrimina o Jos Claudio de Brito Filho destaca que a simples repress o de determinadas condutas
34. AIDS DISPENSA ARBITRARIA REINTEGRA O O direito vida dignidade humana e ao trabalho erigem presun o de que a dispensa sem motivo ponderoso de trabalhador contaminado com o v rus HIV em si discriminat ria atentando contra os direitos humanos e indeclin veis princ pios constitucionais e disposi es legais CF arts 1 III e IV 3 IV 5 XLI Conven o 111 da OIT Lei 9029 95 art 1 In casu o reclamante encontrava se gravemente enfermo em cont nuo tratamento de doen a incur vel 84 Exemplo corriqueiro deste fato observado relativamente ao caso dos empregados portadores do v rus HIV aos quais embora j protegidos pela tutela constitucional geral t m sido deferida a tutela espec fica da Lei 9029 95 consoante ensina Luiz Ot vio Linhares Renault Tamb m Jos Claudio Monteiro de Brito Filho exemplifica essa amplitude da prote o contida na Lei 9029 95 fazendo remiss o senten a proferida pela 5 Vara do Trabalho de Bel m PA no ano de 2001 na qual a Ju za L a Helena Pessoa dos Santos Sarmento optou por com base no artigo 4 da Lei em comento mandar reintegrar empregado portador do v rus HIV ao concluir que a extin o do seu contrato de trabalho havia ocorrido exatamente em raz o desse fato N o h como se olvidar entretanto a exist ncia de posicionamentos em sentido contr rio na medida em que alguns estudiosos defendem a impossibilidade de interpre
35. Dispon vel em lt http Ayww scielo br gt Acesso em 15 jul 2009 331 BARRETO 2006 138 No que atine discrimina o por orienta o sexual verifica se tamb m a sua rela o com o preconceito existente no meio social como um todo em raz o da viola o das regras de comportamento adotadas pela sociedade e tra adas assim como um padr o de normalidade Quanto ra a ou etnia os motivos da discrimina o s o hist ricos e reiteram pensamentos infundados de pocas nas quais a domina o de um povo sobre o outro permitia que se dispensasse tratamento diferenciado a determinada categoria de indiv duos equivocadamente reputada inferior Todas essas formas de discrimina o consoante j afirmado anteriormente n o se justificam e t m suped neo em crit rios equivocados No entanto seus motivos ainda que de todo injustific veis s o mais facilmente apontados Por seu turno no que atine discrimina o do empregado v tima de acidente de trabalho muito embora seja afeta essencialmente sa de entende se que a mesma resultado de uma combina o de fatores Ou seja a motiva o da discrimina o dirigida aos empregados acidentados complexa visto que assentada em duas circunst ncias combinadas quais sejam a perda ou a redu o de sua capacidade laborativa ainda que apenas temporariamente e as imposi es decorrentes das novas formas de organiza o do trabalho Estes dois elementos ass
36. Estes instrumentos internacionais ganham relevo na medida em que estimulam o desenvolvimento de pol ticas p blicas voltadas ao combate AIDS No caso do Brasil isso ficou evidenciado pela Campanha Interna de Preven o da AIDS criada por meio de Portaria Conjunta do Minist rio do Trabalho e do Minist rio da Sa de com a finalidade de divulgar conhecimentos a respeito da doen a no local de trabalho Iniciativas com esta devem ser buscadas relativamente s demais enfermidades que tamb m possuem elevada incid ncia e tamb m ensejam reflexos na ambi ncia da rela o de emprego principalmente porque consistem em medidas voltadas educa o as quais nos termos do que j foi exposto s o essenciais para que uma vez combinadas com outros meios de a o como medidas de promo o e de inclus o possam contribuir para a redu o da pr pria doen a e do preconceito e consequente discrimina o em torno da mesma Nesse sentido s o os coment rios tecidos por Alice Monteiro de Barros que referindo se Declara o da OIT e da OMS acima mencionada sustenta que a mesma reconhece que a informa o e a educa o s o fundamentais para se manter um clima de confian a m tua indispens vel prote o das pessoas infectadas pelo HIV AIDS contra toda estigmatiza o e discrimina o se o V B4 508 Corrobora se portanto o posicionamento de Alice Monteiro de Barros no sentido de que falta de legisla o es
37. Groger destaca que o legislador ordin rio atento a este cr tico quadro verificado em rela o aos acidentes vislumbrou a necessidade da cria o desta regra com vistas prote o do empregado acidentado at que o mesmo pudesse restabelecer sua plena aptid o ao exerc cio de suas fun es anteriores ocorr ncia do sinistro Tamb m Raimundo Sim o de Melo adverte a respeito da fun o social da estabilidade prevista pelo dispositivo legal em an lise tecendo acerca do assunto coment rios no sentido de que o papel mais relevante deste artigo reside no fato de que o mesmo visa a manuten o do emprego daqueles indiv duos que possuem in meras dificuldades de recoloca o no mercado de trabalho formal Desde a promulga o da Lei 8213 91 os termos do artigo 118 foram objeto de acirradas discuss es visto que muito se discutiu e ainda atualmente se discute a respeito de sua constitucionalidade de sua amplitude bem como dos requisitos que s o necess rios para que o empregado efetivamente fa a jus estabilidade prevista 26 Art 118 O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida pelo prazo m nimo de doze meses a manuten o do seu contrato de trabalho na empresa ap s a cessa o do aux lio doen a acident rio independentemente de aux lio acidente 2 GROGER Vanessa A estabilidade no acidente de trabalho e doen a profissional In DALLEGRAVE NETO Jos Afonso COUTINHO Aldacy Rachid
38. HIV eis que tamb m se observa uma desinforma o dos empregadores mormente no que atine s doen as ocupacionais Neste contexto portanto que a atua o da Organiza o do Trabalho assume relev ncia e deve de fato ser estendida para outras hip teses de discrimina o principalmente porque conforme constatado durante o presente estudo n o apenas o portador do HIV que discriminado mas tamb m aquele acometido por outras doen as que estigmatizam Da mesma forma sobreleva referenciar de modo espec fico tamb m as recomenda es de n 150 168 e 169 da OIT as quais se voltam respectivamente BARROS 2009 p 1189 509 Oportuna aqui a refer ncia a alguns documentos que s o publicados pela Organiza o Internacional do Trabalho quanto ao particular sobretudo o Repert rio de Recomenda es Pr ticas da OIT sobre o HIV AIDS e o Mundo do Trabalho e Diretrizes para os Empregadores em rela o AIDS os quais podem ser visualizados no endere o eletr nico da Organiza o Internacional do Trabalho lt http www ilo org gt Acesso em 21 mai 2010 501 BARROS 2009 p 1189 198 as medidas que podem ser tomadas em rela o s pessoas que tenham dificuldades em se recolocar no mercado de trabalho forma o orienta o profissional e reintegra o dos minorados f sicos e mentais vida produtiva e s pol ticas para assegurar igualdade de oportunidades a tais minorados
39. Sendo id ntica a fun o a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo empregador na mesma localidade corresponder igual sal rio sem distin o de sexo nacionalidade ou idade 81 Trabalho de igual valor para os fins deste Cap tulo ser o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfei o t cnica entre pessoas cuja diferen a de tempo de servi o n o for superior a dois anos 82 Os dispositivos deste artigo n o prevalecer o quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira hip tese em que as promo es dever o obedecer aos crit rios de antiguidade e merecimento 83 No caso do par grafo anterior as promo es dever o ser feitas alternadamente por merecimento e por antiguidade dentro de cada categoria profissional 84 O trabalhador readaptado em nova fun o por motivo de defici ncia f sica ou mental atestada pelo rg o competente da Previd ncia Social n o servir de paradigma para fins de equipara o salarial 183 Com rela o ao particular oportuno referenciar a obra do Professor Mauricio Godinho Delgado Sal rio teoria e pr tica Belo Horizonte Del Rey 1997 a qual versa em seus cap tulos XVII e XVIII a respeito das situa es discriminat rias relativas tem tica salarial 79 por exemplo id ntica a fun o realizada por dois empregados entre outras peculiaridades que s o atinentes a este instituto Apenas a t tulo de complementa o cumpr
40. Turma Relatora Ju za Marlene Fuverki Suguimatsu Curitiba 27 de janeiro de 2006 Dispon vel em lt http www trt9 jus br gt Acesso em 10 mar 2010 250 MELO 2010 p 224 251 BARROS 2009 p 993 22ACIDENTE DO TRABALHO GARANTIA DE EMPREGO ARG I O DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART 118 DA LEI 8213 91 O art 118 da Lei 8213 91 est em perfeita sintonia com a Constitui o da Rep blica de 1988 que estabelece os princ pios da fun o social da propriedade e da busca do pleno emprego colocando a valoriza o do trabalho como suporte da ordem econ mica A exig ncia de lei complementar insculpida no art 7 da Constitui o refere se prote o contra a despedida que abranja a generalidade dos trabalhadores n o vedando a institui o de garantia de emprego para situa es especiais A condi o do acidentado ap s a cessa o do benef cio previdenci rio delicada porque retorna ao emprego inseguro fora do ritmo dos colegas de trabalho comportando se de forma semelhante ao motorista que volta a dirigir ap s s rio acidente de tr nsito Diante dessa constata o o comportamento comum dos empregadores era promover a dispensa sum ria insens veis ao momento de fragilidade do empregado que busca gradativamente readquirir as condi es habituais de trabalho e produtividade A obten o de novo emprego fica ainda mais dif cil porque inexplicavelmente a CLT exige no art 30 que o acidente seja anotado na CTPS co
41. a abordagem feita pela autora quanto a tal ponto sendo oportuna a cita o de suas coloca es Nas empresas comum afirmar se que o a trabalhador ra doente faz corpo mole para n o trabalhar que descuidado e por isso adoece ou sofre acidentes que pregui oso parece porcelana neur tico e mentiroso S o afirma es que v o decompondo o modo de ser dos trabalhadores BARRETO 2006 p 37 437 LIMA 2000 p 120 174 Assim considerando se que tamb m nos termos dos coment rios j tecidos o mercado de trabalho e as pr prias formas de organiza o do trabalho acentuam a import ncia da alta produtividade e do rendimento acima da m dia de qualquer empregado o obreiro acidentado visto como um indiv duo que potencialmente n o se encaixa mais nestes padr es Portanto outra perspectiva que se vislumbra do efeito de descr dito exatamente este descr dito em rela o ao trabalho em si porque se acredita que aquele empregado n o ser mais capaz de desempenhar o seu of cio e de exercer as suas atividades laborativas com a mesma habilidade rapidez e produtividade que lhe s o exigidas O efeito de descr dito sob este vi s afeto capacidade laborativa do empregado acidentado ou acometido por doen a ocupacional e portanto torna o indiv duo desacreditado sob o ponto de vista de suas potencialidades profissionais O depoimento de uma empregada do setor de cosm ticos
42. acaba se tornando tamb m um desempregado A partir de ent o mormente tendo em vista o elevado valor que o trabalho possui perante a sociedade contempor nea este ex empregado passa a carregar consigo a pecha de ocioso improdutivo e desocupado suportando os efeitos da exclus o social Exclus o esta que n o encontra fulcro apenas no preconceito impl cito condi o de desempregado mas que possui car ter tamb m econ mico na medida em que o indiv duo perde seu meio de subsist ncia e passa a estar fora da produ o e do consumo Celso Amorim Salim em suas considera es relativas s doen as ocupacionais destaca exatamente este aspecto referindo se s ndrome da exclus o a qual acompanha os empregados acidentados e faz com que os mesmos percam o referencial de vida que a sociabilidade pelo trabalho era capaz de lhes fornecer Este efeito descr dito em ltima inst ncia traz consequ ncias pr pria cidadania do empregado posto que atualmente a porta de acesso a uma exist ncia digna se d pela via do emprego Por seu turno no que se refere visibilidade emba ada trata se de consequ ncia do estigma que da mesma forma bastante presente no caso dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais que em raz o do acidente de trabalho verificado todas as potencialidades do empregado passam a ser desprezadas em seu ambiente laboral O empregador visualiza
43. as demais conceitua es legais e mesmo doutrin rias de discrimina o Vale ressaltar ainda que com vistas a evitar eventual interpreta o restritiva dos seus termos o pr prio artigo 1 da Conven o estabelece em sua al nea b que em acr scimo s situa es expressas na aliena a podem os Estados Membros ap s consultar organiza es representativas dos empregados e dos empregadores definir tamb m qualquer outra distin o exclus o ou prefer ncia que tenha por efeito anular ou impedir a igualdade de oportunidades ou tratamento no emprego ou na ocupa o Entretanto al m do conceito a Conven o n 111 possui tamb m outras previs es igualmente importantes mormente porque n o cuida apenas de enunciar o que seria uma conduta discriminat ria mas tamb m determina aos Estados Membros que adotem medidas voltadas redu o da desigualdade e elimina o da discrimina o no plano pr tico neste sentido o seu artigo 2 cujos termos pede se v nia para transcrever Todo Membro onde vigore esta Conven o compromete se a formular e aplicar uma pol tica nacional para promover por meios adequados s condi es e s pr ticas nacionais a igualdade de oportunidades e de tratamento em mat ria de emprego e ocupa o visando a elimina o de toda discrimina o nesse sentido 0 271 Tanto Cristina Paranhos Olmos como Jos Claudio de Brito Filho enaltecem a utilidade pr
44. bastante rico acerca do assunto Aduz o jurista citado que s o tr s os efeitos mais not veis dos estigmas a exclus o da rela o social normal a falta de percep o de qualidade da pessoa e expectativas ruins dos normais em rela o aos estigmatizados A exclus o da rela o social normal consubstancia se no fato de que os estigmatizados s o vistos de modo diferenciado em quase todas as rela es que travam com os demais indiv duos Al m de distanciarem se dos padr es de conduta estabelecidos pela sociedade o que por si s j lhe enseja um tratamento discriminat rio e lhes empurra um mundo diferente as pessoas que convivem com algum tipo de estigma t m de lidar diariamente com quest es afetas manipula o de sua identidade o que fazem principalmente com vistas a atenuar o quanto poss vel a diferen a de tratamento de que s o alvo Por estas raz es portanto afirma se que os estigmatizados n o t m uma rela o social normal tal como ocorre com as demais pessoas que vivem suas vidas dentro de um padr o de normalidade Diversas situa es podem ser verificadas neste contexto Algumas se referem as tentativas de encobrimento da caracter stica negativa que lhes enseja o estigma 1 Oportuno neste particular citar o conceito enunciado por lvaro Ricardo Souza Cruz para quem a discrimina o seria toda e qualquer forma meio instrumento ou institui o de promo o da
45. com desprezo como meros simuladores e ainda como culpados pela pr pria enfermidade que os acomete 203 Na ambi ncia da rela o de emprego n o diferente pois os empregados acidentados s o vistos como ressalvas por colegas de trabalho e superiores seja em raz o da invisibilidade que muitas vezes impl cita doen a seja porque sua produtividade n o os agrada seja em raz o dos diversos afastamentos m dicos que se fazem necess rios Neste momento tamb m carregam a m cula daqueles que n o s o dados ao labor Sem embargos esta discrimina o suplanta os limites do ambiente de trabalho uma vez que estes obreiros acabam encabe ando a lista dos empregados dispensados e a partir da passam pouco a pouco a perder a sua cidadania dados os evidentes entraves que lhes s o impostos nas suas tentativas de recoloca o no mercado de trabalho Enfim em raz o deste aprofundamento da espec fica situa o de discrimina o dos empregados acidentados e da detida an lise de todos os seus principais aspectos confirma se a hip tese de que estes obreiros de fato s o estigmatizados tanto sob a perspectiva da rela o de emprego quanto sob o enfoque das demais rela es sociais por eles travadas Todas as principais caracter sticas que circundam o conceito t cnico do estigma s o verificadas em rela o aos empregados discriminados pelo fato de terem sofrido acidentes de trabalho ou serem acometidos por doen as o
46. como esta sequer tivessem de constar das legisla es brasileiras na medida em que a consci ncia em rela o necessidade de inclus o social de todas as categorias de indiv duos deveria ser uma manifesta o natural das pessoas decorrente sobretudo de sua pr pria educa o No entanto enquanto n o esta a realidade verificada regras compuls rias como essa estampada pelo artigo 93 devem estar presentes mormente com vistas constru o desse processo de inclus o dos portadores de defici ncia e desconstru o de todas as barreiras que em face deles t m sido postas Assim ao contr rio de se prestar para o est mulo da discrimina o entende se que aos poucos o sistema de cotas estabelecido pelo artigo 93 ser respons vel por tornar normal a presen a de tal categoria no mercado de trabalho Se inicialmente a norma pode causar repulsa aos empregadores que resistem contrata o dos empregados reabilitados a sua obrigatoriedade de cumprimento far com que com o desenvolvimento das rela es de emprego travadas com tais pessoas passem as empresas a observar que esses empregados 2 PASTORE 2000 p 58 20 MARQUES 2002 p 54 21 MARQUES loc cit 99 tamb m possuem as suas potencialidades funcionais e que assim podem se adequar estrutura produtiva com benef cios para ambas as partes envolvidas S o neste sentido inclusive as pondera es de Jos Cl udio de Brito Filho que afir
47. corre o das distor es que ainda agem de modo a dificultar a igualdade entre os g neros no mercado de trabalho Em suma portanto s o estes os dispositivos constitucionais e celetistas reputados mais relevantes neste contexto do combate discrimina o 188 Art 373 A Ressalvadas as disposi es legais destinadas a corrigir as distor es que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas vedado publicar ou fazer publicar an ncio de emprego no qual haja refer ncia ao sexo idade cor ou situa o familiar salvo quando a natureza da atividade a ser exercida p blica e notoriamente assim o exigir Il recusar emprego promo o ou motivar a dispensa do trabalho em raz o de sexo idade cor situa o familiar ou estado de gravidez salvo quando a natureza da atividade seja not ria e publicamente incompat vel IIl considerar o sexo a idade a cor ou situa o familiar como vari vel determinante para fins de remunera o forma o profissional e oportunidades de ascens o profissional IV exigir atestado ou exame de qualquer natureza para comprova o de esterelidade ou gravidez na admiss o ou na perman ncia no emprego V impedir o acesso ou adotar crit rios subjetivos para deferimento de inscri o ou aprova o em concursos em empresas privadas em raz o do sexo idade cor situa o familiar ou estado de gravi
48. da Lei 7 670 88 que se estende aos portadores da S ndrome da Imunodefici ncia Adquirida SIDA AIDS Decis o por maioria S O PAULO Tribunal Regional do Trabalho 2 Regi o RO 03796 2003 201 02 00 5 ACORDAO N 20070213989 Relator Juiz Ricardo Arthur Costa e Trigueiros S o Paulo 13 de abril de 2007 Dispon vel em lt http www trt2 jus br gt Acesso em 10 abr 2010 19 RENAULT 2000 p 127 138 20 BRITO FILHO loc cit 201 SEHLI 2000 p 101 85 No presente trabalho consoante alinhavado defende se que a reda o do artigo 1 embora efetivamente pudesse contar com uma t cnica melhor n o um fator que constitui bice efetividade da Lei 9029 95 At porque tamb m nos termos das considera es j tecidas n o s o as previs es de condutas discriminat rias que consistem no ponto forte deste diploma legal mas sim as san es por ele arroladas E por outro lado a interpreta o extensiva que se pretende dar afeta apenas ao artigo 1 o qual como visto n o tipifica crimes mas apenas exemplifica algumas condutas discriminat rias que podem ser efetivadas no seio da rela o laboral Assim a amplia o dos termos do referido artigo 1 sequer tem o cond o de ofender princ pios privilegiados pela esfera penal mormente o pr prio princ pio da legalidade N o obstante outra cr tica que tamb m se faz a este dispositivo que ele se refere t o somente discrimina o efetivada p
49. de 2 anos o quadro geral da empresa tenha no m nimo 30 de empregados do sexo feminino al m de prefer ncias nas promo es No mesmo sentido ademais o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado pelo Minist rio P blico do Trabalho da 8 Regi o por meio do qual a empresa se comprometeu al m de realizar campanha educativa com vistas ao esclarecimento de quest es atinentes ao ass dio moral tamb m a coibir eventuais atos de discrimina o por raz o de sexo Por fim tamb m da obra de Jos Cl udio de Brito Filho extraem se outros exemplos de pr ticas inclusivas nesta seara do combate discrimina o no trabalho como por exemplo aquelas engendradas pelo Estado que possui um projeto voltado implementa o da pluralidade nos seus quadros funcionais de modo que o mesmo em breve espa o de tempo passe a ter pelo menos 20 de negros 20 de mulheres e 5 de portadores de defici ncia Como se v portanto o arcabou o de medidas jur dicas afetas quest o da discrimina o e por conseguinte pr pria efetiva o do princ pio da igualdade de fato bastante rico Existem previs es legais que se voltam ao combate da discrimina o em diversas esferas e variadas searas em raz o do que se pode afirmar que os mecanismos legais s o efetivamente presentes de modo bastante significativo no ordenamento jur dico p trio Ademais s o ricas tamb m as previs es contidas em Tratados In
50. de execu o e suas quest es pol micas 5 ed S o Paulo Saraiva 2009 p 16 126 Consoante afirmado s o diversos os aspectos que podem ser extra dos da previs o legal podendo se afirmar com fulcro nos mesmos que o acidente de trabalho t pico o evento danoso decorrente da execu o do trabalho a servi o do empregador cuja ocorr ncia pode ser apontada de modo certo tanto em rela o ao local quanto no que se refere ao tempo e do qual decorre uma les o corporal ou uma perturba o funcional ensejando ainda a morte do obreiro a perda ou a redu o de sua capacidade laborativa Por seu turno quanto s doen as ocupacionais antes de adentrar especificamente no seu conceito relevante apontar o intenso aumento no n mero de suas ocorr ncias no Brasil Infere se de dados oficiais da Previd ncia Social apresentados por Sebasti o Geraldo de Oliveira que de 2001 a 2005 exemplificadamente o n mero de doen as ocupacionais saltou de 18 487 para 30 334 por ano raz o pela qual pode se afirmar de modo inequ voco o car ter j end mico de tais enfermidades Oportuno mencionar tamb m quanto ao particular os coment rios tecidos por Celso Amorim Salim que em artigo espec fico sobre a exclus o dos portadores de doen as ocupacionais atenta para o aumento de suas ocorr ncias Ressalta este autor que em toda a d cada de noventa foi poss vel verificar um significativo crescimento do n mero de doen as relacio
51. de humilha o S o Paulo EDUC 2006 p 118 5 OLMOS 2008 p 77 33 aproxima o ao tr fico de drogas al m de os excluir tamb m do mercado de consumo evidentemente ante a aus ncia de renda Oportuno ressaltar quanto ao particular que o Minist rio P blico do Trabalho tem se destacado nesta seara do combate discrimina o no trabalho em raz o da idade firmando termos de compromisso com os empregadores que utilizam os crit rios de beleza e idade para fins de admiss o e manuten o do emprego Por seu turno para al m de atingir os mais jovens a discrimina o ocorre tamb m em raz o da idade avan ada de determinados trabalhadores Muitas vezes a conduta discriminat ria dirigida a tal categoria vem camuflada sob as vestes de planos de incentivo demiss o os quais utilizando se a express o contida em julgado mencionado por Alice Monteiro de Barros acabam por impingir uma ociosidade for ada a pessoas que ainda se encontram ativas e na plenitude de sua condi o f sica Tal aspecto inclusive passa a ser preocupante quando se percebe que muitas empresas consoante afirmado por Jos Claudio Monteiro de Brito Filho t m procurado contratar empregados com idade at 30 anos Ou seja sequer se pode efetivamente afirmar que essa discrimina o de fato volta se queles que possuem idade avan ada ao passo que o que se v uma exclus o de um contingente bastante grande de indiv du
52. de trabalho posto que as investiga es com vistas a aferir as condi es de sa de s o cada vez mais minuciosas e voltadas a diversos aspectos tanto f sicos como psicol gicos O que se v portanto que a discrimina o do empregado acidentado pode ocorrer tamb m na fase pr contratual mormente quando tal obreiro preterido em processos de sele o justamente em raz o da anterior ocorr ncia do infort nio Por outro lado verifica se tamb m que a discrimina o al m de presente nas fases contratual e pr contratual observada tamb m no per odo p s contratual Consoante j afirmado o empregado acidentado ou v tima de doen a ocupacional acaba sendo dispensado do labor e contando agora com a redu o de sua capacidade de trabalho praticamente deixado pr pria sorte O amparo que lhe fornece a lei sobretudo no que atine s formas de responsabiliza o civil do empregador nem sempre efetivamente apto LIMA 2000 p 121 1 BARRETO 2006 p 163 2 Ibid p 162 413 Em rela o a este ponto oportuna a refer ncia s considera es tecidas por Margarida Barreto que relativamente aos processos seletivos para admiss o de empregados destaca V em se diante de exig ncias e requisitos complexos e contradit rios que revelam uma cotidianidade heterog nea e organizada simplificada na l gica dos aptos ou inaptos para produzir fazendo nos crer na incorpora o de princ p
53. direito vida liberdade igualdade seguran a e propriedade nos termos seguintes 71 nosso ordenamento jur dico n o tolera qualquer forma de discrimina o o que ademais observa a tend ncia internacional que caminha no mesmo sentido A Constitui o Federal de 1988 considerada um marco em rela o a diversos aspectos mormente no que diz respeito consagra o de direitos fundamentais do homem Por esta raz o inclusive que normalmente chamada de Constitui o Cidad Oportuno ressaltar neste ponto as li es de Ingo Wolfgang Sarlet o qual afirma que apenas com a Constitui o Federal de 1988 que os direitos fundamentais foram tratados com a relev ncia que lhes inerente motivo pelo qual se assevera que a novel ordem constitucional instaurada a partir de ent o trouxe modifica es bastante significativas nesta seara E de modo espec fico quanto prote o contra a ocorr ncia de discrimina o n o foi diferente posto que a Constitui o de 1988 traz consigo avan os not veis tamb m com rela o a esta problem tica avan os estes que inclusive acabaram propiciando a evolu o das normas anti discriminat rias previstas nos mais diversos ramos do Direito dentre os quais o Direito do Trabalho Tal conclus o assenta se em an lise feita por Mauricio Godinho Delgado em artigo espec fico acerca das prote es contra a discrimina o na rela o de empreg
54. dirigidas no pr prio ambiente de trabalho Colegas de trabalho ou superiores hier rquicos sem possuir a compreens o que a maioria das doen as requer passam a enxergar os empregados doentes como se eles n o tivessem disposi o para o trabalho ou seja como se n o quisessem trabalhar Tal fato se agrava porque algumas enfermidades mormente as pr prias les es por esfor os repetitivos n o s o visualiz veis por terceiros n o possuem sintomas externos e assim ao menos aparentemente o empregado n o se mostra debilitado para aqueles que com ele convivem Esta invisibilidade da doen a portanto dificulta a compreens o dos demais empregados em rela o ao estado de sa de do obreiro enfermo e faz com que n o se crie um sentimento de solidariedade nesta espec fica hip tese dos empregados acometidos por enfermidades ocupacionais Neide Tiemi Murofuse e Maria Helena Palucci Maziale destacam exatamente estas circunst ncias eis que em estudo realizado com vistas a apurar as mudan as no trabalho e na vida dos empregados banc rios portadores de les es por esfor os repetitivos foi constatado que as pessoas com LER geralmente n o se enquadram no padr o de doente comumente conhecido 82 Tal fator ainda nos termos da pesquisa supra citada efetivamente contribui para a discrimina o dos empregados doentes eis que a mencionada invisibilidade faz com que os colegas de trabalho n o entendam os prolongados per o
55. distin o da exclus o restri o ou prefer ncia baseada em crit rios como a ra a cor da pele descend ncia origem nacional ou tnica g nero op o sexual idade religi o defici ncia f sica mental ou patog nica que tenha o prop sito ou efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento gozo ou exerc cio em p de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos pol tico econ mico social cultural ou em qualquer atividade no mbito da autonomia p blica ou privada CRUZ 2005 p 15 BACILA 2005 p 28 142 Ibid p 103 63 quando isso de fato poss vel No entanto determinados tipos de estigmas como as deformidades f sicas n o podem ser escondidos e assim n o se engendram esfor os neste sentido Muitas vezes as pessoas estigmatizadas tamb m v o a extremos na tentativa de corrigir aquilo que consideram como a base objetiva de seu defeito Segundo Goffman isso se verificaria naqueles casos nos quais uma pessoa fisicamente deformada se submete a uma cirurgia pl stica uma pessoa cega a tratamento ocular um analfabeto corrige sua educa o e um homossexual faz psicoterapia Outros questionamentos decorrem das diversas formas pelas quais os estigmatizados relacionam se com as outras pessoas eis que como dito esses indiv duos invariavelmente acabam tendo de enfrentar situa es que n o s o t picas para os demais membros da sociedade A caracter stica ne
56. e Ibid p 131 44 Para a autora verifica se na atualidade um sindicalismo sem for as BARRETO 2006 p 181 183 182 No entanto sem embargos tal estigma existe tamb m de forma independente ou seja simplesmente pelo fato de que o obreiro sofreu um acidente de trabalho ou foi acometido por uma doen a profissional E isso porque consoante o que j foi apontado no decorrer do trabalho a forma de discrimina o afeta aos empregados acidentados possui ra zes tamb m em fundamentos de ordem econ mica encontrando fulcro na conclus o de que o empregado que n o est na sua plena forma f sica n o ter o mesmo rendimento e produtividade que aqueles que est o integralmente sadios Um dos efeitos mais significativos do estigma a redu o das possibilidades de sobreviv ncia do indiv duo que justamente por ostentar um diferencial em rela o aos padr es de normalidade estabelecidos de modo geral pela sociedade acaba sendo recha ado nos mais variados meios de conv vio Na hip tese especificamente tratada neste estudo ou seja no que atine ao estigma do empregado acidentado exatamente isso que se verifica O empregado acidentado distancia se do modelo de obreiro eleito pelas atuais formas de organiza o do trabalho e em raz o disso acaba sendo exclu do do mercado de trabalho e potencialmente se tornar mais um a aumentar ainda mais os j elevados n meros de exclu dos sociais no Brasil Assim conso
57. e ainda os momentos nos quais pode ser verificada Na sequ ncia com vistas ao enriquecimento da abordagem ser feita remiss o a alguns casos espec ficos de empregados acidentados em situa es diferenciadas mormente porque a pr pria din mica social determina que a todo momento surjam quest es novas em diversas searas e no que atine aos acidentes de trabalho n o diferente 4 2 4 Situa es Espec ficas Acidentes Biol gicos e Empregados com Alta Previdenci ria N o Aceita pelo Empregador At o momento os coment rios tecidos foram voltados queles empregados que uma vez acidentados no trabalho ou acometidos por doen as profissionais sofrem perda ou redu o de sua capacidade de trabalho e assim acabam sendo v timas de discrimina o na ambi ncia da rela o de emprego cada vez mais exigente relativamente ao rendimento e produtividade do obreiro S o hip teses que embora dotadas de peculiaridades normalmente subsumem se facilmente aos comandos legais ou seja enquadram se quase sempre de modo perfeito s situa es legalmente previstas O empregado acidentado afasta se do labor recebe benef cio previdenci rio e ap s a sua alta protegido pela estabilidade prevista pelo artigo 118 da Lei 8213 91 7 OLIVEIRA 2000 p 153 161 Contudo em raz o da pr pria din mica social bem como diante da variedade de ocorr ncias que podem ser verificadas no ambiente de trabalho existem al
58. em lt http Anww anamatra org br gt Acesso em 19 jan 2010 GOMES Joaquim Benedito Barbosa A o afirmativa amp princ pio constitucional da igualdade O direito como instrumento de transforma o social A experi ncia dos EUA Rio de Janeiro Renovar 2001 GOSDAL Thereza Cristina Discrimina o da mulher no emprego rela es de g nero no direito do trabalho Curitiba Genesis 2008 GROGER Vanessa A estabilidade no acidente de trabalho e doen a profissional In DALLEGRAVE NETO Jos Afonso COUTINHO Aldacy Rachid GUNTHER Luiz Eduardo Coords Transforma es do direito do trabalho Curitiba Juru 2000 p 365 383 JINKINGS Nise O Trabalho banc rio em face da finan a mundial desregulada In SOUSA Ant nia de Abreu NETO En as de Ara jo Arrais FELIZARDO Jean Mari CARDOSO Maria Jos Pires BEZERRA T nia Serra Azul Machado Organizadores Trabalho capital mundial e forma o dos trabalhadores Fortaleza Senac Cear 2008 208 JUNIOR Benedito Tuponi MINARDI Fabio Freitas GOMES Miriam Cipriani Gomes As rela es de trabalho e o panorama s cio econ mico da p s modernidade In Conhecimento interativo S o Jos dos Pinhais v 3 n 2 p 55 74 jul dez 2007 KUMAR Krishnam Da sociedade industrial p s moderna novas teorias sobre o mundo contempor neo 2 ed Rio de Janeiro Zahar 2006 LAVALLE Ana Cristina Ravaglio A discrimina o nas rela es de trabalho Revi
59. em contrato por prazo indeterminado especialmente no caso de contrato de experi ncia deveria se atentar para o fato de que o artigo 118 ao dispor a respeito da estabilidade acident ria n o faz qualquer tipo de distin o entre os tipos de contrato de trabalho Arruda Bras lia 20 de junho de 2008 Dispon vel em lt http Awww tst jus br gt Acesso em 10 mar 2010 CONTRATO DE EXPERI NCIA ACIDENTE DE TRABALHO INEXISTENCIA DE DIREITO A ESTABILIDADE PROVISORIA A superveni ncia de acidente de trabalho no curso do contrato de experi ncia n o confere ao trabalhador o direito estabilidade provis ria prevista no artigo 118 da Lei n 8 213 1991 haja vista que tal modalidade contratual possui termo final prefixado resolvendo se naturalmente com o advento deste caso qualquer das partes opte pelo n o prosseguimento do v nculo de emprego A aludida estabilidade provis ria pressup e a exist ncia de um contrato por prazo indeterminado porquanto sua finalidade consiste em evitar que o empregado acidentado seja dispensado sem justa causa nos doze meses posteriores cessa o do aux lio doen a acident rio Recurso de revista conhecido e desprovido BRASIL Tribunal Superior do Trabalho RR 452735 56 1998 5 02 5555 2 Turma Relator Juiz Convocado Altino Pedrozo dos Santos Bras lia 25 de outubro de 2002 Dispon vel em lt http www tst jus br gt Aceso em 10 mar 2010 6 MELO 2010 p 222 2 GAR
60. empregador baseia se na rela o de poder que impl cita rela o de emprego e exatamente por isso ocorre em circunst ncia ideal mormente diante da necessidade do empregado de trabalhar e assim garantir a sua subsist ncia e de sua fam lia Nesta esteira imperiosa tamb m a remiss o s palavras de Joaquim Barbosa que apoiando se da mesma forma na sujei o do empregado em rela o ao seu empregador ressalta o car ter quase sempre oculto da discrimina o verificada internamente rela o de emprego Destaca este autor que al m de se materializar por meio de um tratamento sistematicamente diferenciado por parte do empregador a discrimina o na rela o de emprego normalmente pode ser percebida em raz o dos comportamentos empresariais que indicam uma tend ncia voltada a conferir privil gios para determinados grupos e em contrapartida a estigmatizar outros BRITO FILHO 2002 p 15 3 Ibid p 43 38 GOMES 2001 p 160 161 3 GOMES loc cit 28 Ademais a gravidade da discrimina o efetivada no ambiente laboral consubstancia se tamb m no fato de que ela quase sempre tem como consequ ncia a ruptura contratual atrav s da dispensa imotivada do obreiro Assim al m de discriminado o empregado perde seu meio de sustento e torna se mormente ante as dificuldades de recolocar se no mercado de trabalho absolutamente exclu do na sociedade Portanto n o h como se olvidar que efetivamente
61. empregos e alcan a tamb m a pr pria prote o da fam lia e da inf ncia Portanto a igualdade de sal rios deve encontrar respaldo apenas na fun o executada sendo este o crit rio mais relevante para fins de fixa o da remunera o No entanto a mesma autora destaca ainda que de um modo geral essa avalia o a respeito do valor do trabalho acaba encontrando fundamento em fatores que favorecem as caracter sticas masculinas como a for a f sica n o se valorizando a habilidade manual e perseveran a enfrentadas pelas mulheres nas tarefas complexas e mon tonas que muitas vezes causam mais fadiga do que os trabalhos que dependem de for a f sica Ali s neste mesmo sentido s o tamb m as conclus es de Christophe Dejours que em sua obra A Loucura do Trabalho exp e que as consequ ncias mais graves da organiza o do trabalho na sa de dos obreiros n o s o sentidas sob o ponto de vista da integridade f sica mas sim relativamente ao aspecto ps quico dos empregados Por fim ainda na esteira das li es de Alice Monteiro de Barros anota se que os principais obst culos encontrados para fins de efetiva o desta Conven o residem no fato de que na maioria dos pa ses os governos n o interv m diretamente na fixa o de sal rios do setor privado o que geralmente fruto de 2 BARROS 2009 1142 2 Ibid p 1142 1148 282 DEJOURS Christophe A loucura do trabalho estudo de p
62. es de Ronald Dworkin quando assevera que a igualdade um ideal pol tico popular mas misterioso Por esta raz o seu conceito que foi constru do ao longo da evolu o do pr prio homem j passou por v rias acep es sendo visto sob uma perspectiva meramente formal a igualdade estampada pela lei a igualdade de todos perante a lei e modernamente sob o ponto de vista material isto voltada sua efetiva o no plano pr tico Atualmente portanto de forma diversa do que se verificou no constitucionalismo cl ssico do S culo XIX a igualdade jur dica consistente apenas no tratamento igual dispensado pelo ordenamento jur dico j n o se revela suficiente motivo pela qual a sua orienta o dirige se ao sentido de se preconizar a igualdade de oportunidades mormente para as categorias de indiv duos que s o socialmente menos favorecidas Assim as medidas voltadas efetiva o da igualdade material e a uma eficaz inclus o social tornam se imperiosas Nesse sentido s o os coment rios de Joaquim Barbosa que a respeito da igualdade substancial destaca exatamente que a mesma considera as desigualdades concretamente verificadas no seio social com vistas a estabelecer tratamentos diferenciados para as pessoas que est o em situa o distinta e assim evitar o aprofundamento e a perpetua o de desigualdades engendradas pela pr pria sociedade Ainda segundo este autor a igualdade material dimana dos o
63. exerc cio do trabalho ou a servi o da empresa e que provoca les o corporal ou perturba o funcional que venha a ensejar a morte ou a perda ou redu o da capacidade de trabalho de modo permanente ou apenas tempor rio Tal defini o em que pese seja permeada por diversos aspectos como por exemplo os pr prios efeitos que necessariamente devem decorrer do infort nio deve ser complementada por contornos doutrin rios para que seja melhor delineada Oportuno ressaltar assim o conceito apresentado por Ant nio Lopes Monteiro e Roberto Fleury de Souza Bertagni autores que em acr scimo ao que consta do dispositivo legal supra transcrito afirmam que o acidente de trabalho evento nico subit neo imprevisto bem configurado no espa o e no tempo e de consequ ncias geralmente imediatas 289 DALLEGRAVE NETO Jos Afonso Responsabilidade civil no direito do trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2008 p 228 20 OLIVEIRA 2007 p 40 2 Art 19 Acidente de trabalho o que ocorre pelo exerc cio do trabalho a servi o da empresa ou pelo exerc cio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei provocando les o corporal ou perturba o funcional que cause a morte ou a perda ou redu o permanente ou tempor ria da capacidade para o trabalho 292 MONTEIRO Ant nio Lopes BERTAGNI Roberto Fleury de Souza Acidentes de trabalho e doen as ocupacionais conceito processos de conhecimento e
64. indiv duos e as diferen as de tratamento para as diversas categorias de pessoas podem ou n o representar ofensa ao princ pio da isonomia Quanto ao particular importante referenciar o paralelo tra ado por Christiane Marques que discorrendo a respeito da discrimina o no contrato de trabalho pontua exatamente que a prote o dispensada pelo Direito do Trabalho aos empregados n o pode ser vista como ofensa isonomia na medida em que busca justamente compensar uma situa o de inferioridade no contrato de trabalho Por outro bordo a exist ncia de diferen as entre as diversas categorias de indiv duos n o autoriza que lhes seja dispensado tratamento diferenciado de um modo geral mas apenas o tratamento diferenciado que seja til promo o das potencialidades de cada pessoa e necess rio redu o das desigualdades sociais At porque inobstante as inafast veis diferen as entre os indiv duos a id ia de pessoa incompat vel com a desigualdade entre elas Nesta esteira inclusive as pondera es feitas por lvaro Cruz autor que em obra centrada na quest o das a es afirmativas apresenta um conceito de igualdade fundado justamente na inclus o social de determinadas categorias ou seja uma igualdade que respeita a pluralidade e que voltada para viabilizar que 11 GOMES 2001 p 4 12 Conclus o esta assentada tamb m nas li es do Professor Joaquim Barbosa na obra referida 13 MARQUES Chr
65. manifesta o da discrimina o dirigida aos empregados acidentados s o sem preju zo de outras as seguintes menosprezar os acidentes considerados leves n o 303 Apenas a t tulo exemplificativo colaciona se julgado a respeito do assunto o qual versa justamente acerca da viola o da garantia prevista pelo artigo 118 da Lei 8213 91 veja se ACIDENTE DE TRABALHO TRAJETO GARANTIA PROVISORIA DO EMPREGO CARACTERIZA O Pela interpreta o sist mica da Lei 8 213 91 o acidente de trajeto equiparado ao infort nio laboral gera todos os efeitos preconizados na mencionada norma inclusive a garantia provis ria do emprego estabelecida no art 118 respectivo Ressalte se o fato de que o caput do art 21 procede equipara o do acidente de percurso para Efeitos desta lei Ora a garantia provis ria do acidentado embora norma de direito do trabalho inseriu se na Lei de Benef cios Previdenci rios sendo imposs vel afastar tal garantia da hip tese em an lise A interpreta o entretanto n o poderia ser outra Com efeito a garantia preconizada na Lei 8 213 91 art 118 apresenta se como uma prote o ao empregado acidentado e logicamente menos propenso a cumprir as exig ncia do mercado de trabalho O estigma de acidentado reabilitado persegue qualquer trabalhador independentemente da natureza do infort nio laboral Trata se portanto de prote o provis ria do emprego moldada em fun o de uma situa o ob
66. na mesma esteira Goffman analisa detidamente a manipula o da identidade ensejada pelo estigma Interessante perceber relativamente a este aspecto como as pessoas que convivem com um estigma possuem uma identidade social virtual que muitas vezes diferencia se da sua identidade social real 118 GOFFMAN 1988 p 13 119 BRITO FILHO 2002 p 38 120 BACILA 2005 p 24 121 Ibid p 25 55 Perante a sociedade o indiv duo que possui um estigma visto t o somente a partir de seu aspecto diferencial negativo o que lhe reduz a ess ncia e toda a percep o que se pode fazer sobre ele Tal processo bem descrito por meio das coloca es de Erving Goffman que destaca que quando se est diante de um estranho e se evidencia que ele possui um atributo que o diferencia das demais pessoas deixa se de consider lo como um indiv duo comum e passa se a enxerg lo apenas como uma pessoa diminu da Este atributo negativo exatamente o estigma e em raz o do efeito de descr dito que ele proporciona cria se uma discrep ncia entre a identidade social virtual e a identidade social real do indiv duo Sem pretender aqui um aprofundamento a respeito desta din mica de rela es sociais que se estabelecem entre os indiv duos reputados normais e aqueles que s o estigmatizados o que se deve evidenciar que os estigmas exercem influ ncia na forma o da identidade social das pessoas Identidade social esta que p
67. o facilmente verificada e ocorre quando o empregador funda se em crit rios injustificados para selecionar os empregados para as vagas de trabalho Assim com fulcro em diversas raz es infundadas como a apar ncia a idade o estado civil ou a op o sexual por exemplo o empregado pode manter se margem da sociedade produtiva A respeito do assunto s o interessantes as considera es de Margarida Barreto ao afirmar que os processos seletivos voltados admiss o est o cada vez mais rigorosos na medida em que introjetam exig ncias diversificadas e hierarquizadas contidas em caracter sticas sociais culturais sexuais religiosas raciais tnicas e de g nero Ademais a discrimina o engendrada nos processos seletivos e portanto ainda na fase pr contratual bastante evidenciada atrav s de an ncios de jornal de ofertas de emprego os quais muitas vezes trazem como condi o para que o empregado fa a jus a determinada vaga algumas caracter sticas que n o s o relevantes para as atividades laborativas que ser o desempenhadas Quanto discrimina o realizada no curso do contrato de trabalho normalmente consubstanciada em medidas que imp em disparidade salarial O o empregados que exercem as mesmas atividades que dificultam a promo o e 33 ALESSI Marcelo Discrimina o no direito do trabalho aspectos legais e jurisprudenciais In DALLEGRAVE NETO Jos Afonso COUTINHO Aldacy Ra
68. o aprofundamento que a mesma dimana distancia se dos objetivos tra ados para o presente trabalho sendo que a refer ncia feita discrimina o positiva muito embora seja absolutamente necess ria meramente informativa H de se atentar ademais para o fato de que a discrimina o positiva para al m da abordagem afeta s a es afirmativas e s cotas tamb m prevista pelo artigo 5 da j citada Conven o n 111 da OIT que em seu inciso 1 disp e expressamente que as medias especiais voltadas prote o de determinado grupo n o ser o consideradas como discrimina o Assim considerando se os fins aos quais este estudo se volta e mormente com suped neo nos termos da pr pria Conven o n 111 da OIT entende se que a discrimina o pode ser vista como o tratamento injustificavelmente diferenciado dispensado a determinada pessoa ou grupo de indiv duos atuando como fator de redu o de oportunidades no seio social A discrimina o certo verifica se nos mais diversos ambientes sociais Em todos eles constitui conduta grave dotada de s rias consequ ncias sobretudo em 31 BRITO FILHO 2002 p 69 2 Favoravelmente s a es afirmativas posicionam se sem preju zo de outros autores Alvaro Ricardo de Souza Cruz e Joaquim Barbosa Gomes nas obras que j foram referenciadas anteriormente e no sentido contr rio Ali Kamel jornalista e soci logo autor da obra N o Somos Racistas Ei A
69. o Racial Xenofobia e Intoler ncias Correlatas Dispon vel em lt http Awww dhnet org br direitos sos discrim relatorio htm gt 10 BRITO FILHO op cit p 38 50 Discorrer a respeito do preconceito quase sempre algo dotado de significativa complexidade na medida em que todas as pessoas s o dotadas de impress es a respeito da outras e na maioria das vezes nutrem dentro de si alguma forma de preconceito em rela o aos demais Talvez seja esta a raz o pela qual Christiani Marques advirta j no in cio de sua exposi o sobre o tema que para se tratar do tema preconceito seria necess rio um certo grau de despojamento das id ias preconceituosas pois rduo reconhecer que somos preconceituosos em rela o a alguma situa o ou coisa Contudo no que pertine a este particular discorda se no presente estudo dos posicionamentos que inserem o preconceito numa seara distinta da discrimina o entendendo se que os dois conceitos travam entre si uma indissoci vel rela o Toda e qualquer forma de discrimina o necessariamente tem como antecedente um ju zo de reprova o em rela o a alguma pessoa ou categoria de indiv duos e esta valora o negativa por mais singela que seja nada mais reflete do que um puro preconceito O preconceito assim elemento que obrigatoriamente comp e a categoria da discrimina o Tal conclus o corroborada pelas considera es tecidas por Cristina Paranhos Olmos que
70. o bandido em tal situa o tente esconder seu gosto pela leitura Ibid p 13 125 GOFFMAN op cit p 119 56 O pr prio Estado por meio das institui es que lhe representam tamb m tem suas a es ditadas por esses ju zos negativos de valor como se v exemplificadamente pela atua o da pol cia e do pr prio Poder Judici rio Carlos Roberto Bacila refere se a esta caracter stica do estigma utilizando a express o meta regra O estigma visto como meta regra estaria no inconsciente das pessoas influenciando os seus comportamentos tal como uma regra ou um princ pio que devem por todos ser observados Assim seguindo se esse racioc nio uma vez verificada a presen a da marca em determinada pessoa marca esta que pode ser efetivamente corporal ou n o pode estar consubstanciada numa defici ncia f sica na cor da pele no g nero ou numa caracter stica social como ser pobre a regra a ser cumprida a discrimina o ou o descr dito em rela o ao indiv duo Desta forma em diversas searas da nossa vida civil seja em atitudes particulares seja atrav s de condutas institucionais poss vel verificar a influ ncia dos estigmas j que estes sob a tica analisada residiriam na consci ncia de cada um e seriam respons veis por condicionar o comportamento das pessoas Para Bacila como se a meta regra fosse o estigmatizado o alvo a ser atingido Procurando ilu
71. o de medidas que possam contribuir para a revers o do quadro de segrega o no qual s o postos os empregados acidentados Palavras chave discrimina o estigma acidente de trabalho doen a ocupacional empregado acidentado ABSTRACT The present work aims to investigate the specific discrimination of an injured or affected by occupational disease employee due to an employment relationship Envisions to verify whether legal mechanisms that exists in the Brazilian law system are or not effective when intending to implement protection to workers Assuming that the current forms of work organization consider the perfect physical condition of the employee as an important variable remains evident that those workers that do not have their physical healthiness are seen with caveats in the work environment and therefore discriminated The discrimination addressed to them is even more unjustifiable than the others since in this case the discrimination reason arises from the own employment relationship Because of his dedication to work or as result of inadequate conditions of work employees suffer damage to their physical integrity losing total or partially their ability to work and still being discriminated The discrimination focused on the injured employee in addition overcome the ambience of the relationship employment determining effects also in other social relations handled by the individual mainly due to the position that wo
72. o risco de afastamento do corpo ao trabalho Toda essa din mica confirma sob o ponto de vista defendido neste estudo duas constata es A primeira a de que em termos gerais o trabalho ocupa a centralidade na vida dos indiv duos que dele dependem para o seu sustento e o de sua fam lia e nele se ap iam para a forma o de suas pr prias identidades e para sua integra o social 3 DEJOURS 1992 Quanto ao particular oportuna a transcri o de um relato de um empregado v tima de acidente do trabalho t pico no qual fica bastante evidenciada essa quest o da vergonha impl cita doen a Eu tinha vergonha vergonha de ficar em casa e os vizinhos vendo um homem dentro de casa No in cio quando minha mulher sa a para trabalhar eu apagava tudo dentro de casa e ficava no escuro N o ligava luz n o ouvia r dio n o ligava a televis o n Eu s vezes acordava muito chateado e isso me dava muita tristeza Eu ficava nervoso A eu resolvi sair cedo e todo dia eu sa a bem cedo pra os vizinhos ver que eu estava trabalhando Ficava andando na rua at de tardinha BARRETO 2006 p 186 38 DEJOURS 1992 p 29 30 39 Ibid p 34 145 A segunda a conclus o inafast vel de que a sa de e a integridade f sica s o vari veis determinantes para a efetiva o de pr ticas discriminat rias no ambiente de trabalho Cientes destes fatos os empregados empreendem esfor os com vistas a oculta
73. o social determinando condutas e por conseguinte os pr prios rumos pelos quais a sociedade deve caminhar Uma vez demonstrado que a mera proibi o de condutas discriminat rias pela via legal n o surte os efeitos pr ticos que dela se esperam entende se que uma alternativa que pode tornar as previs es legais mais eficazes justamente torn las promocionais por meio de san es positivas que estimulem pr ticas inclusivas nas mais diversas searas mormente no mundo do trabalho e em especial em rela o aos empregados v timas de acidente de trabalho Almeja se por meio desta fun o promocional do direito e por consequ ncia mediante a utiliza o das san es positivas provocar comportamentos socialmente desej veis Assim para al m da pr pria utiliza o de dispositivos legais que determinem a efetiva o de medidas alternativas n o h qualquer bice para que as condutas de inclus o sejam de fato estimuladas pela lei at mesmo para que o cumprimento das previs es legais seja mais significativo Consoante j asseverado em rela o ao artigo 93 da Lei 8213 91 verifica se que muitas vezes os sistemas de cotas legalmente previstos acabam sendo inobservados pela aus ncia de um est mulo para o empregador como contrapartida pela sua conduta Assim neste contexto que as san es positivas assumem import ncia eis que podem vir a servir como uma forma de estimular as pr ticas inclusivas como ocorre por exemp
74. ou n o eficazes na prote o que pretendem conferir ao trabalhador Sendo certo que as atuais formas de organiza o do trabalho consideram como vari vel relevante a perfeita condi o f sica do empregado resta evidenciado que aqueles obreiros que n o disp em de sua higidez f sica s o vistos com ressalvas no ambiente laboral e portanto discriminados A discrimina o que lhes dirigida ainda mais injustific vel do que as demais na medida em que nesta hip tese o fator de discr mem oriundo da pr pria rela o de emprego Em raz o de sua dedica o ao trabalho ou em decorr ncia das condi es inadequadas de labor os empregados sofrem danos sua integridade f sica perdem totalmente ou apenas em parte a sua capacidade de trabalho e ainda s o discriminados A discrimina o voltada ao empregado acidentado ademais suplanta a ambi ncia da rela o de emprego determinando efeitos tamb m nas demais rela es sociais travadas pelo indiv duo mormente ante a centralidade que o trabalho ocupa na vida da maioria das pessoas Pretende se assim investigar com profundidade esta espec fica forma de discrimina o verificada nas rela es de trabalho de modo a se constatar se de fato esta categoria de empregados estigmatizada neste contexto Ainda analisando se a efetividade pr tica dos mecanismos jur dicos voltados prote o do trabalhador em face de eventual discrimina o objetiva se tamb m a proposi
75. para pessoas portadoras de necessidades especiais S o Paulo LTr 2006 DEJOURS Christophe A loucura do trabalho estudo de psicopatologia do trabalho Tradu o de Ana Isabel Paraguay e L cia Leal Ferreira 5 ed S o Paulo Cortez 1992 DELGADO Mauricio Godinho Curso de direito do trabalho 4 ed S o Paulo LTr 2005 207 Prote es contra discrimina o na rela o de emprego In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coord Discrimina o S o Paulo LTr 2000 p 97 108 Sal rio teoria e pr tica Belo Horizonte Del Rey 1997 DWORKIN Ronald A virtude soberana a teoria e a pr tica da igualdade Tradu o de Jussara Sim es S o Paulo Martins Fontes 2005 FREITAS Maria Ester HELOANI Roberto BARRETO Margarida Ass dio moral no trabalho S o Paulo Cengage Learning 2009 FURTADO Emmanuel Te filo Preconceito no trabalho e a discrimina o por idade S o Paulo LTr 2004 GAEDKE Maria ngela KRUG Suzane Beatriz Frantz Quem eu sou A identidade de trabalhadoras portadoras de LER DORT Dispon vel em lt http revistaseletronicas pucrs br gt Acesso em 18 abr 2010 GOFFMAN Erving Estigma notas sobre a manipula o da identidade deteriorada 4 ed Tradu o de M rcia Bandeira de Mello Leite Nunes Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1988 GOLDSCHIMIDT Rodrigo Discrimina o no mercado de trabalho consci ncia e a es de resist ncia Dispon vel
76. participa o do Brasil em Confer ncia Internacional das Na es Unidas sobre o racismo consta de modo expresso que embora seja condi o suficiente o preconceito n o condi o necess ria da discrimina o uma vez que nem sempre a discrimina o guarda com o preconceito uma rela o necess ria de causa e efeito 1 Tais diverg ncias relativas exata conota o que deve ser dada ao preconceito revelam na realidade as dificuldades de se conceituar e mesmo de se atribuir contornos espec ficos a uma a o do homem que para al m de ser sempre injustific vel do ponto de vista racional assume diferentes fei es e manifesta se de modo variado consoante a situa o pr tica na qual acaba ocorrendo Assim tamb m conclui Jos Claudio de Brito Filho que ressalta a exist ncia de aspectos constantes e aspectos vari veis do preconceito conforme o mesmo seja dirigido a um determinado objeto ou a outro alvo distinto SUA respeito do tema conferir as coloca es de Christiani Marques que em obra j referenciada 2002 p 179 menciona o posicionamento de autores que sustentam exatamente o posicionamento de que o preconceito por si s determina ofensa aos termos estabelecidos na Constitui o Federal de 1988 102 BRITO FILHO 2002 p 40 103 OLMOS 2008 p 26 104 Relat rio do Comit Nacional para a participa o do Brasil na III Confer ncia Mundial das Na es Unidas contra o Racismo Discrimina
77. pela solu o de sua situa o No entanto nesta espec fica hip tese existem duas circunst ncias que n o podem ser relevadas A primeira o fato de que a alta do empregado foi concedida pelo rg o apto a tanto ou seja pelo INSS que tem a compet ncia de dizer se ap s o per odo de afastamento decorrente do acidente de trabalho ou da doen a ocupacional o obreiro deve ou n o retornar ao seu trabalho E a segunda a constata o de que o contrato de trabalho ainda est em vigor E vigendo a rela o de emprego seus principais deveres devem ser observados pelos contratantes quais sejam o de prestar servi os e o de pagar sal rio Assim sobretudo considerando se que n o dado ao empregador simplesmente rejeitar o retorno s atividades laborais do empregado que obteve alta previdenci ria eis que como dito tal alta foi concedida pelo rg o oficial para tanto e o contrato de trabalho encontra se em pleno vigor a medida que se imp e nestes casos sem embargos o imediato retorno do obreiro ao trabalho Inclusive se a recusa do empregador encontra respaldo no efetivo estado de sa de do obreiro tem fundamentos m dicos respeit veis n o h como se olvidar 168 que o empregado realmente inapto ao labor disp e dos meios legais de se insurgir em face da alta concedida pelo INSS No entanto enquanto n o houver qualquer revis o da alta concedida deve a mesma ser devidamente respeitada tanto pelo empr
78. procurarem trabalho s o imediatamente rejeitados caso na carteira profissional conste registro de acidente ou doen a Esta circunst ncia foi tamb m mencionada por Sebasti o Geraldo de Oliveira que ao proferir julgado relativo quest o da garantia de emprego decorrente de acidente de trabalho destacou que a obten o de novo emprego fica ainda mais dif cil porque inexplicavelmente a CLT exige no art 30 que o acidente seja anotado na CTPS colaborando para a discrimina o e marginaliza o do candidato a emprego junto ao mercado de trabalho Quanto ao particular interessante mencionar mais um relato de um empregado que se acidentou e que revela que a anota o em sua carteira de 8 BARRETO 2006 p 108 ACIDENTE DO TRABALHO GARANTIA DE EMPREGO ARGUI O DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART 118 DA LEI 8213 91 O art 118 da Lei 8213 91 est em perfeita sintonia com a Constitui o da Rep blica de 1988 que estabelece os princ pios da fun o social da propriedade e da busca do pleno emprego colocando a valoriza o do trabalho como suporte da ordem econ mica A exig ncia de lei complementar insculpida no art 7 da Constitui o refere se prote o contra a despedida que abranja a generalidade dos trabalhadores n o vedando a institui o de garantia de emprego para situa es especiais A condi o do acidentado ap s a cessa o do benef cio previdenci rio delicada porque retorna ao em
79. que a toda evid ncia n o foi o objetivo do legislador Assim com vistas a afastar essa equivocada interpreta o o entendimento doutrin rio tem sido no sentido de que as previs es da Lei 9029 95 podem sim ser estendidas a outras hip teses de discrimina o diversas daquelas que foram expressamente referidas em seu texto No que pertine ao particular partilha se neste estudo do posicionamento externado por Jos Claudio de Brito Filho exatamente no sentido de que embora falha a reda o legal n o se justifica uma interpreta o restritiva dos seus termos que podem de fato ser estendidos para outras hip teses de discrimina o E da mesma forma endossa se as conclus es de Cristina Paranhos Olmos autora que tamb m defende a possibilidade de extens o acima referida salientando que as san es para as hip teses de discrimina o previstas na Lei 9029 95 do ponto de vista trabalhista devem ser aplicadas por analogia a todo e qualquer tipo de ato discriminat rio Por oportuno imperiosa a men o ao fato de que n o apenas em sede doutrin ria que este entendimento tem prevalecido posto que tamb m em diversas decis es judiciais verifica se a amplia o dos termos da Lei 9029 95 a hip teses que n o foram previstas de modo expresso em seu artigo 12 198 BRITO FILHO 2002 p 65 198 BRITO FILHO loc cit 19 OLMOS 2008 p 44 f 3 Exemplo disso o ac rd o cuja ementa colaciona se
80. que devem ser extra das algumas sugest es Neste contexto por conseguinte que se revela necess rio atentar para a efetiva reabilita o profissional do obreiro Os dispositivos legais que se volam a esta quest o da reabilita o do empregado acidentado n o imp em um efetivo engajamento do empresariado nesta quest o posto que tal processo fica a cargo exclusivo da Previd ncia Social cabendo ao empregador apenas admitir obreiros que s o reputados reabilitados pelo INSS na forma do artigo 93 da Lei 8213 91 Sendo certo que a indeniza o eventualmente quitada em raz o da redu o da capacidade laborativa decorrente do acidente n o ser suficiente para a manuten o da vida digna do empregado mormente porque na maioria dos casos apenas proporcional perda constatada e em se verificando que a maioria dos obreiros acaba sendo dispensada pelo empregador ap s o curso da estabilidade conferida pelo artigo 118 da Lei 8213 91 n o h como se olvidar a import ncia de se priorizar a reabilita o profissional Ante tais constata es o que se prop e a efetiva o de medidas que visem uma maior participa o dos empregadores no processo de reabilita o dos empregados de modo que sejam incitados a colaborar para a forma o do obreiro para o desempenho de outras fun es Esta alternativa poderia ser combinada com a proposta anterior de modo que se estabelecessem benef cios e incentivos aos empres rios q
81. que j foi apontado a LER por exemplo tamb m uma doen a que estigmatiza o indiv duo em seu ambiente de trabalho Tal tem tica entretanto mormente com vistas ao efetivo alcance do objetivo proposto para o presente trabalho ser melhor aprofundada na sequ ncia deste estudo sobretudo no cap tulo quarto 2 1 4 Momentos da Discrimina o no Trabalho 831 REINTEGRA O PORTADOR DO V RUS HIV DISCRIMINA O PRESUMIDA PRINC PIOS CONSTITUCIONAIS CONVEN ES 111 E 159 DA OIT discriminat ria a dispensa de empregado portador do v rus HIV por empregador que tem ci ncia dessa circunst ncia quando comunicado da rescis o N o se exige prova de qualquer outra atitude discriminat ria pois a possibilidade de rever a inten o da dispensa cria a presun o de que houve discrimina o no ato da dispensa A reintegra o no emprego medida que se imp e como forma de assegurar o respeito dignidade humana e ao valor social do trabalho fundamentos do Estado Democr tico de Direito e princ pios constitucionais de observ ncia obrigat ria Da mesma forma atende se Conven o 111 da OIT ratificada pelo Brasil que cont m o compromisso de abolir qualquer pr tica tendente a destruir ou alterar a igualdade de oportunidade ou tratamento em mat ria de emprego ou profiss o O empregado portador do v rus HIV enquadra se ainda na defini o de pessoa deficiente para efeito de aplica o da Conven o 159 da OIT tamb
82. r gidos acabam sendo efetivamente alijados do mercado de trabalho o que inegavelmente conduz tamb m a uma exclus o social O objeto do trabalho al m de socialmente relevante tamb m encontra ader ncia linha de pesquisa n 2 deste Curso de Mestrado qual seja Atividade Empresarial e Constitui o Inclus o e Sustentabilidade O aprofundamento do estudo da espec fica situa o de discrimina o dos empregados acidentados ser realizado justamente com vistas a se contribuir para efetiva o da inclus o desta categoria exclu da mormente porque ser o analisados tamb m os mecanismos jur dicos voltados sua prote o bem como propostas algumas alternativas para revers o do quadro verificado N o h como se olvidar que apenas por meio do estudo aprofundado de uma problem tica que se pode propor solu es eficazes para a sua corre o e assim os objetos de investiga o da linha de pesquisa n 2 encontram espa o neste estudo mormente a atividade empresarial e a pr pria quest o da inclus o Este trabalho trata exclusivamente da discrimina o engendrada nas rela es de emprego regidas pelos artigos 2 e 3 da CLT em raz o do que n o ser o abordadas as demais formas de presta o de servi os inclusive o trabalho dom stico e o v nculo de natureza estatut ria A abordagem iniciada mediante a apresenta o de conceitos cuja compreens o imperiosa para os objetivos almejados A inten o
83. rio por MUROFUSE e MARZIALE foi posto que a disposi o dedica o responsabilidade a satisfa o e o reconhecimento profissional ren ncia aos projetos pessoas em favor das necessidades da empresa foram algumas das caracter sticas vislumbradas nos empregados portadores de les es por esfor os repetitivos MUROFUSE Neide Tiemi MARZALE Maria Helena Palucci Mudan as do trabalho e na vida de banc rios portadores de les es por esfor os repetitivos LER Dispon vel em Dispon vel em lt http Awww scielo br gt Acesso em 15 jul 2009 p 23 32 OLMOS 2008 p 90 327 OLIVEIRA 2000 p 152 137 Referenciam se aqui sem preju zo de outras as an lises efetivadas por Maria Elizabeth Antunes Lima voltadas justamente aprecia o da discrimina o dirigida aos empregados portadores de les es por esfor os repetitivos LER E tamb m os estudos de Celso Amorim Salim a respeito da segrega o relativa s doen as do trabalho e de lvaro Roberto Crespo Merlo e outros afeto realidade dos empregados portadores de LER Ademais imperiosa tamb m a cita o do trabalho de Margarida Barreto n O qual ao discorrer a respeito de viol ncia sa de e trabalho resta assentada a discrimina o e a humilha o s quais est o sujeitos os empregados doentes Assim evidente a situa o de discrimina o que se pretende aprofundar passa se an lise de sua motiva o das formas pelas quais el
84. si s promover a equidade o progresso social e a erradica o da pobreza Assim estes instrumentos internacionais efetivamente s o dotados de significativa import ncia eis que t m por fim a amplia o do quadro de prote o aos empregados somando se s disposi es legais j existentes em cada pa s e estimulando a cria o de novas previs es Por outro bordo oportuno ressaltar tamb m que consoante salientado por H ctor G Bartolomei de La Cruz no pr logo apresentado obra de Arnaldo Sussekind hoje se est diante de um mundo em constantes altera es em processo din mico de mudan as e assim imperiosa a atua o da Organiza o Internacional do Trabalho mormente porque seus objetivos se voltam a evitar que em raz o de todas estas inova es constantemente verificadas os empregados sejam postos ainda mais em situa o de precariedade de seus direitos na rela o de emprego Especificamente no que se refere tem tica da discrimina o s o tr s as Conven es da OIT que de modo inequ voco merecem ser referenciadas quais sejam as de n mero 100 111 e 159 254 Organiza o Internacional do Trabalho Perfil do trabalho decente no brasil Escrit rio da Organiza o Internacional do Trabalho Bras lia e Genebra 2009 p 35 e Declara o da OIT sobre os princ pios e direitos fundamentais no trabalho e seu seguimento Dispon vel em lt http Ayvww oitbrasil org br gt Aces
85. social que acompanha o homem em todas as fases de sua hist ria e de sua pr pria evolu o O preconceito caracteriza se por ser um ju zo pr vio negativo e normalmente equivocado realizado por uma pessoa com rela o a outro indiv duo ou a um determinado grupo de pessoas 31 Art 4 O rompimento da rela o de trabalho por ato discriminat rio nos moldes desta lei faculta ao empregado optar entre a readmiss o com ressarcimento integral de todo o per odo de afastamento mediante pagamento das remunera es devidas corrigidas monetariamente acrescidas dos juros legais Il a percep o em dobro da remunera o do per odo de afastamento corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais BRITO FILHO 2002 p 16 Ibid p 37 46 Nesta mesma esteira inclusive os ensinamentos de Alice Monteiro de Barros ao afirmar que o preconceito nada mais do que uma opini o formada de modo dissociado da realidade sem conhecimento correto dos fatos e sem considerar os aspectos racionais que evidenciam exatamente o contr rio do que se pensa A constata o de que o preconceito tem suas ra zes em ju zos equivocados decorre da pr pria constata o de que todas as pessoas s o iguais sob a perspectiva de que todas consistem em seres humanos dignos de respeito Assim rotular determinados indiv duos que possuem certa caracter stica como melhores ou inferiores que os demais algo que atenta contra a no
86. t tulo deste cap tulo 3 3 PR TICAS INCLUSIVAS Vistos nos t tulos anteriores deste cap tulo os mecanismos legais voltados ao combate da discrimina o bem como os Tratados Internacionais que versam a respeito do tema especialmente as Conven es da Organiza o Internacional do Trabalho oportuno mencionar algumas pr ticas inclusivas nesta seara Os coment rios por ora tecidos t m t o somente o objetivo de finalizar a abordagem levada a efeito bem como de demonstrar que em que pese a import ncia das disposi es legais as medidas efetivadas na pr tica assumem papel ainda mais relevante Com rela o ao particular n o h como n o se referir atua o do Minist rio P blico do Trabalho rg o que tem se mostrado bastante ativo nesta seara e que por meio de a es civis p blicas inqu ritos civis tutela os indiv duos na busca da igualdade de oportunidades e tratamento quando falamos em emprego e ocupa o Exemplo claro de tal atua o aquele referido por Jos Cl udio Monteiro de Brito Filho que faz men o a Termo de Compromisso firmado perante o Minist rio 20 MARQUES 2002 p 83 84 2 MARQUES 2002 p 75 121 P blico do Trabalho da 9 Regi o em dezembro de 2001 pela Procuradora do Trabalho Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes em raz o do qual a empresa al m de se comprometer a n o adotar pr tica discriminat ria comprometeu se ainda a contratar mulheres para que no per odo
87. tendo em vista o alcance social referido linhas atr s a tese que prevaleceu tanto doutrin ria como jurisprudencialmente foi no sentido da inexist ncia de qualquer inconstitucionalidade no artigo 118 eis que a regra do art 7 inciso da Constitui o gen rica enquanto a Lei 8213 91 especial em rela o garantia de emprego provis ria para trabalhador acidentado pelo per odo de doze meses Inclusive a prova de que tal posicionamento efetivamente assentado foi a edi o da S mula n 378 pelo Tribunal Superior do Trabalho a qual traz em seu inciso justamente a afirma o no sentido de que constitucional o artigo 118 da Lei n 8 213 1991 que assegura o direito estabilidade provis ria por per odo de 12 meses ap s a cessa o do aux lio doen a ao empregado acidentado Outra discuss o superada decorre tamb m de uma interpreta o apenas literal do artigo 118 posto que o mesmo se refere expressamente ao segurado que sofreu acidente de trabalho e cessa o do aux lio doen a acident rio 2 MELO 2010 p 219 24 MELO loc cit 102 Assim de modo evidentemente equivocado alguns operadores do direito passaram a entender que a garantia da estabilidade prevista neste dispositivo apenas poderia ser concedida aos empregados que sofreram acidente de trabalho t pico excluindo da prote o legal os demais obreiros que tamb m se enquadram no conceito de acidentados c
88. vedar os atos discriminat rios engendrados no mundo do trabalho posto que criado para a prote o do empregado no mbito das rela es de trabalho E mesmo sendo a primeira a tratar do tema da discrimina o na rela o de emprego de forma espec fica j poss vel afirmar que a Lei 9029 95 representa um avan o nesta seara eis que diferentemente do que se verifica quanto s disposi es constitucionais e celetistas tal lei j traz em seu bojo as consequ ncias que decorrem da pr tica discriminat ria Assim o diploma legal em quest o de fato consubstancia se numa inova o neste campo da efetiva o da igualdade pois al m de tratar da quest o da discrimina o no trabalho de forma mais ampla retira da esfera penal a exclusividade na previs o da repress o das condutas discriminat rias 187Gujo conte do na ntegra est disponibilizado no endere o lt http www planalto gov br gt Acesso em 18 jan 2010 188 MARQUES 2002 p 63 18 BRITO FILHO 2002 p 64 82 por tudo isso inclusive que se pode afirmar que a edi o da Lei 9029 95 foi passo de import ncia imensur vel ao tratar se das medidas de combate discrimina o Ainda no que atine import ncia da lei objeto de an lise cumpre referenciar os coment rios tecidos por M rcio T lio Viana que al m de ressaltar que a Lei 9029 95 regulamenta v rias das regras de isonomia previstas no Texto Constitucional s
89. vida dos empregados e levam em conta que negar a prote o legal conferida pelo artigo 118 significa deixar o obreiro acidentado totalmente desamparado e sua pr pria sorte N o h como se olvidar que seja em sede de contrato de trabalho por prazo determinado ou n o o empregado sofreu um acidente em raz o do exerc cio de atividade laboral em prol do empregador Assim tendo de se optar pelos nus patrimoniais que podem ser impostos ao empres rio e os nus sociais que recaem sobre o empregado e sobre toda a coletividade de modo indireto a escolha deve ser pela maior prote o do obreiro sobretudo tendo em vista que o mesmo certamente encontrar dificuldades maiores que os demais ao tentar obter uma recoloca o no mercado de trabalho Assim j que a norma em an lise eminentemente protetiva sua interpreta o deve tamb m estar voltada a tal finalidade ou seja deve estar orientada a minorar as consequ ncias negativas que o acidente de trabalho determina aos empregados No mbito do Estado do Paran embora o posicionamento majorit rio ainda seja no sentido da impossibilidade de concess o da estabilidade acident ria aos empregados contratados por prazo determinado pode se verificar alguns julgados em sentido contr rio os quais t m reconhecido a extens o dos efeitos do artigo 118 principalmente aos contratos de trabalho de experi ncia art 118 da Lei 8 213 91 alegando que a extin o do liame empregat
90. vistos Por esta raz o que M rcio T lio Viana entende que ao se pensar a respeito de solu es para a quest o da discrimina o seria necess rio inicialmente desmistificar os poderes m gicos da lei 4 j que esta pouco ou quase nada pode fazer no plano pr tico frente aos fatores supra mencionados Tamb m Cristina Paranhos Olmos manifesta se a respeito da efetiva o da prote o contra a discrimina o asseverando da mesma forma que n o basta que a garantia de observ ncia do princ pio da igualdade esteja apenas prevista em lei Para esta autora a n o discrimina o deve ser praticada e n o apenas prevista legalmente sendo indispens vel que as pr ticas discriminat rias sejam combatidas de maneira eficaz com a ado o de medidas pr prias E por que raz o apenas a previs o da lei n o suficiente nesta seara espec fica da elimina o de pr ticas discriminat rias que no termos do que j foi alinhavado anteriormente neste trabalho a discrimina o decorre diretamente do comportamento das pessoas e nessa medida n o alterada pela simples exist ncia de previs es legais mormente as meramente repressoras S o estas tamb m as li es de M rio Ackerman colhidas da obra de Christiani Marques das quais se infere que apenas a lei e suas san es n o resolvem o problema 47 LAVALLE 2009 p 176 177 41 VIANA 2000 p 356 472 VIANA loc cit P Ibid p
91. 009 BRASIL Lei 9 029 de 13 de abril de 1995 Pro be a exig ncia de atestados de gravidez e esteriliza o e outras pr ticas discriminat rias para efeitos admissionais ou de perman ncia na rela o jur dica de trabalho e d outras provid ncias Dispon vel em lt http www planalto gov br gt Acesso em 10 jan 2009 BRITO FILHO Jos Claudio Monteiro de Discrimina o no trabalho S o Paulo LTr 2002 COUTINHO Aldacy Rachid DALLEGRAVE NETO Jos Afonso coords Transforma es do direito do trabalho Curitiba Juru 2000 COUTINHO Aldacy Rachid WALDRAFF C lio Horst cords Direito do trabalho e processo do trabalho temas atuais Curitiba Juru 2000 COUTINHO Aldacy Rachid A autonomia privada em busca da defesa dos direitos fundamentais dos trabalhadores In SARLET Ingo Wolfgang Org Constitui o direitos fundamentais e direito privado Porto Alegre Livraria do Advogado 2008 p 167 185 CRUZ lvaro Ricardo de Souza O direito diferen a as a es afirmativas como mecanismo de inclus o social de mulheres negros homossexuais e portadores de defici ncia 2 ed Belo Horizonte Del Rey 2005 DALLEGRAVE NETO Jos Afonso Responsabilidade civil no direito do trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2008 DALLEGRAVE NETO Jos Afonso GUNTHER Luiz Eduardo POMBO S rgio Luiz Rocha Direito do Trabalho reflex es atuais Curitiba Juru 2007 DARCANCHI Mara Vidigal Teletrabalho
92. 111 Sobre a discrimina o em mat ria de emprego e profiss o Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 10 jan 2010 Conven o n 159 Sobre reabilita o profissional e emprego de pessoas deficientes Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 10 jan 2010 PASTORE Jos Oportunidades de trabalho para portadores de defici ncia S o Paulo LTr 2000 RENAULT Luiz Ot vio Linhares Prote o ao portador do v rus HIV e ao aid tico enfoque trabalhista a um projeto de lei In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 139 155 SACHS Ignacy Rumo ecossocioeconomia teoria e pr tica do desenvolvimento S o Paulo Cortez 2007 210 SALIM Celso Amorim Doen as do trabalho exclus o segrega o e rela es de g nero Dispon vel em lt http www scielo br gt Acesso em 01 ago 2009 SARLET Ingo Wolfgang A efic cia dos direitos fundamentais uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional 10 ed rev atual e ampl Porto Alegre Livraria do Advogado 2009 Org Constitui o direitos fundamentais e direito privado Porto Alegre Livraria do Advogado 2003 SEHLI Daniele Lucy Lopes de A ruptura do contrato de trabalho e as pr ticas discriminat rias In DALLEGRAVE NETO Jos Afonso COUTINHO Aldacy Rachid GUNTHER Luiz Eduardo coords Transforma es do direito do traba
93. 2000 p 117 118 Quanto ao particular oportuno esclarecer sucintamente o teor destas ideologias voltadas ao afastamento do nexo causal entre trabalho e doen a Segundo Maria Elizabeth Antunes Lima E interessante observar que essas tentativas de esvaziamento do conte do ocupacional dessas patologias preenchem um amplo leque que vai da identifica o das LER com doen as reumatol gicas sem qualquer nexo com o trabalho passando pela sua vincula o a fen menos puramente hist ricos at chegarmos aos discursos mais sofisticados que tentam associ las com processos psicossom ticos Todas elas buscam a partir de argumentos mais ou menos elaborados negar o nexo entre as LER e fatores relativos ao trabalho associando as a caracter sticas pessoais sejam elas org nicas psicol gicas ou ambas Seja qual for o caminho escolhido o resultado o mesmo isto as dimens es relativas ao trabalho perdem sua import ncia e as dimens es pessoais ocupam o seu lugar LIMA 2000 p 118 388 LIMA loc cit 39 RENAULT 2000 p 127 148 Os trabalhadores se dirigem ao espa o da medicina procurando conforto e al vio para a sua dor a confirma o de um diagn stico certo e a compreens o dos m dicos Enfim estando em um ambiente no qual h conhecimento a respeito da doen a e principalmente de todas as limita es que ela pode determinar os obreiros imaginam que ser o tratados com respeito e que ser o finalmente comp
94. 287 Oportuno ressaltar que mesmo sendo preocupantes as estat sticas apresentadas as mesmas sequer revelam completamente a realidade do mundo do trabalho na medida em que muitas doen as ocupacionais s o diagnosticadas como doen as comuns e ainda h um elevado contingente de trabalhadores que est o concentrados na informalidade ou seja laborando sem registro em sua Carteira de Trabalho Portanto mesmo os dados oficiais da Previd ncia Social n o refletem o que de fato ocorre nesta ambi ncia das rela es de trabalho de um modo geral N o h como se olvidar assim que os acidentes de trabalho fazem parte de um quadro que merece maior aten o dos juristas que sobretudo na esfera juslaboral necessariamente devem voltar os olhos aos infort nios laborais O aprofundamento do conhecimento j existente a respeito destes institutos e a melhor compreens o de seus contornos e de suas causas s o imperiosos para que sejam propostas medidas voltadas redu o dos efeitos dos acidentes de trabalho no meio social Assim imbuindo se deste esp rito e tamb m considerando que o objetivo final deste ensaio justamente analisar a espec fica hip tese de discrimina o dos empregados v timas de acidentes de trabalho necess rio discorrer breves linhas a respeito dos aspectos gerais do acidente de trabalho e da doen a ocupacional Esclarecendo o conceito de cada um destes institutos e referindo se aos seus efeitos o que se pretende
95. 4 BARRETO 2006 p 103 3 BARRETO loc cit 144 Assim exige se mais dos empregados sem em contrapartida proteg los de eventuais danos que podem ser causados no ambiente laboral Inclusive quanto ao particular s o bastante oportunas as li es extra das da obra de Christophe Dejours que estudando exatamente os impactos da organiza o do trabalho sobre a sa de dos trabalhadores destaca a exist ncia de um sentimento de vergonha que os empregados ostentam por estarem acometidos por qualquer doen a Parece evidente que esta vergonha decorre do fato de que aquele que se tornou enfermo n o est apto ao trabalho e assim n o possui o mesmo valor que os demais empregados ou que os demais indiv duos do seu meio social A doen a principalmente para o suprotelariado que a classe objeto de estudo de Dejours est bastante associada quest o da vagabundagem e da decorrem tanto as tentativas de se evit la posteriormente de escond la e inclusive a pr pria discrimina o que a ela se dirige 8 Em raz o destes fatos e principalmente em virtude das dificuldades que os obreiros t m para assumir seus problemas de sa de s o criadas as ideologias defensivas as quais consistem em mecanismos que os empregados adotam com vistas a mascarar os efeitos negativos que determinadas atividades causam sa de A finalidade prec pua de tais ideologias segundo o pr prio Dejours manter dist ncia
96. 51 2000 5 10 5555 2 Turma Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva Bras lia 11 de abril de 2006 Dispon vel em lt hitp www tst jus br gt Acesso em 10 mar 2010 RECURSO DE REVISTA ESTABILIDADE ACIDENT RIA REQUISITOS ARTIGO 118 DA LEI N 8 213 1991 AUSENCIA DE COMUNICA O DO ACIDENTE PELA EMPRESA O afastamento do servi o por per odo superior a 15 dias e a consequente percep o do aux lio doen a acident rio constituem pressupostos para a aquisi o do direito estabilidade provis ria prevista no artigo 118 da Lei n 8 213 1991 No entanto se tais exig ncias n o foram atendidas pelo trabalhador por culpa exclusiva do empregador que deixa de cumprir a obriga o de comunicar o acidente de trabalho Previd ncia Social art 22 caput da Lei 8 213 1991 l cito consider las implementadas luz da regra contida no artigo 129 do CC 2002 Recurso de revista conhecido por diverg ncia jurisprudencial e provido BRASIL Tribunal Superior do Trabalho E RR 864200 52 2002 5 02 0900 1 Turma Relator Juiz Convocado Altino Pedrozo dos Santos Bras lia 13 de maio de 2005 Dispon vel em lt http www tstjus br gt Acesso em 10 mar 2010 245 RECURSO DE REVISTA CONTRATO DE EXPERI NCIA ACIDENTE DE TRABALHO ESTABILIDADE PREVISTA NO ARTIGO 118 DA LEI N 8 213 1991 PRECEDENTES DA SDl 1 DO TST INCID NCIA DA S MULA N 333 DESTA CORTE incompat vel a garantia de emprego a que alude o artigo 118 da Lei n
97. 8213 91 A Constitui o Federal de 1988 consagrou os direitos fundamentais no est mulo ao bem de todos sem preconceitos e quaisquer outras formas de discrimina o art 3 IV al m da igualdade entre os cidad os art 5 caput e proibi o de distin o de sal rios fun es crit rio de admiss o por motivo de sexo idade cor ou estado civil art 7 XXX na justi a social garantida pela busca do pleno emprego e na redu o das desigualdades sociais art 170 VII e VIII A aprecia o da controv rsia relativa discrimina o na admiss o de pessoal h de ter como pano de fundo as garantias e princ pios constitucionais que fundamentam o Estado Democr tico de Direito para que n o haja ofensa aos postulados fundamentais exortados na Lei Maior concernente dignidade da pessoa humana n cleo fundamental e informador de todo sistema jur dico ao valor social do trabalho igualdade n o discrimina o e busca do pleno emprego art 1 III 3 IV 5 caput e 7 XXX e 170 VII e VIII dentre outros igualmente incidentes Os preju zos causados n o se restringem por outro lado aos indiv duos portadores de defici ncias Antes alcan am toda a coletividade que se submetendo aos mais variados e nem sempre equ nimes e justos crit rios pata obten o de emprego sofre a estigmatiza o das diferen as e a exclus o injustificada em manifesto preju zo ao bem estar e paz sociais imprescind veis
98. 95 e 8213 91 bem como a Declara o de Princ pios Fundamentais e Direitos no Trabalho da Organiza o Internacional do Trabalho e as Conven es de n 100 111 e 159 tamb m da OIT Finalizando este cap tulo s o apresentadas ainda algumas pr ticas inclusivas levadas a efeito nesta seara da discrimina o no trabalho No terceiro cap tulo ser realizada a contextualiza o da discrimina o no trabalho para a espec fica situa o dos empregados acidentados e v timas de doen as ocupacionais Partindo se dos principais aspectos do acidente de trabalho como o seu conceito e as suas consequ ncias objetiva se o aprofundamento do estudo da discrimina o dos empregados acidentados demonstrando ent o a sua motiva o as formas pelas quais ela se verifica e os momentos nos quais ela pode ser engendrada Para al m das pr prias li es doutrin rias quanto ao particular ser o utilizadas neste ponto do trabalho pesquisas efetivadas com empregados que vivenciaram a situa o que se quer retratar as quais s o extra das de outros estudos efetivados neste mbito e que por meio de relatos selecionados facilitam n o apenas a reuni o de dados a respeito do assunto mas tamb m a pr pria compreens o da realidade da problem tica abordada Sendo certo que a quest o da discrimina o no trabalho bastante din mica e acompanha a pr pria complexidade impl cita s rela es sociais ser o tecidos ainda alguns comen
99. A SR ea Got aa rn dra 30 Aa B52AM Vo 2 6 MAPA RR RGPS E PRO RR RR NE RO RR PRN PNAD RO a 32 2 3S DC Io p po PRERESI q RD PR EE S 35 2 1 3 4 Portador de necessidades especiais rreren 37 2 1 3 9 Portador do VIRUS HIV rie ne e a E E ong 40 2 1 4 Momentos da Discrimina o no Trabalho 42 22 PREGONGEITO onna a aa DA aaa iza e ESTARA 45 2 SESTIOMA donde sand Deo CA a OE Rd 51 2 3 1 Otigemda EXPrOSSaO rriren na aia arii 51 2 3 2 Conceito e Caracter sticas dos Estigmas 53 2 3 3 Classifica o dos Estigmas ssmsmaaansassonusadagosbadasiicalams sa anta grasa Fa and ada lindaa 59 2 3 4 Consequ ncias dos Estigmas serrana 61 3 MECANISMOS JUR DICOS DE COMBATE DISCRIMINA O 68 3 MEDIDAS ILEGAIS onpespea raras Ceasa raa a Ce TE Sa 69 3 1 1 Normas Constitucionais e Dispositivos Celetistas 69 31 2 L 9029 95 NOR RENDA e UNDER O RP DS RO aL EN 81 DS LOBO dn AT CS SS a 93 3 2 CONVEN ES DA OlT nao nesta ias ds alga as a 111 3 3 PR TICAS INCLUSIVAS aum os GAL DS 120 4 DISCRIMINA O DO EMPREGADO ACIDENTADO OU V TIMA DE DOEN A OCUPACIONAE sais nara a cr a E a ae a a 123 4 1 ASPECTOS GERAIS DO ACIDENTE DE TRABALHO E DA DOEN A OCUPACIONAL SAE EEEE T EA E EA A A EA ES 123 4 1 1 Conceitos de Acidente de Trabalho e Doen a Ocupacional 124 4 1 2 Consequ ncias do Acidente de Trabalho 131 4 2
100. ANTIA DE EMPREGO ACIDENTE DE TRABALHO CONTRATO DE EXPERI NCIA COMPATIBILIDADE Diferentemente dos demais contratos a termo no contrato de experi ncia empregado e empregador buscando o desenvolvimento de rela o de emprego duradoura celebram contrato de curto prazo destinado avalia o subjetiva rec proca a fim de viabilizar ao seu t rmino a transforma o em contrato de trabalho por tempo indeterminado Assim h uma leg tima expectativa quanto convola o do contrato de prova em contrato por prazo indeterminado expectativa esta que se v usualmente frustrada na hip tese de acidente de trabalho pois o empregador muito embora respons vel pela observ ncia das normas de higiene sa de e seguran a do trabalho bem como pela repara o dos danos ocorridos em raz o do risco da atividade exercida com frequ ncia sen o sempre buscar esquivar se do respeito garantia de emprego prevista no 108 O mesmo autor d ainda outros exemplos de decis es que divergem do posicionamento majorit rio acima referido as quais t m respaldo no fato de que o artigo 118 da Lei 8213 91 apenas prev a necessidade de preenchimento de dois requisitos sendo que por se tratar de norma que visa conferir maior prote o aos empregados n o se poderia acrescentar outros pressupostos diversos daqueles expressamente estabelecidos Entende se que estas decis es consideram as consequ ncias desastrosas do acidente de trabalho para a
101. BARROS 2009 p 992 993 334 BARRETO 2006 p 124 335 KUMAR Krishnam Da sociedade industrial p s moderna novas teorias sobre o mundo contempor neo 2 ed Rio de Janeiro Zahar 2006 140 Essas circunst ncias influenciam em grande escala toda a gama de rela es que se travam num ambiente social mormente as econ micas por esta raz o que quando se prop e analisar as recentes modifica es ocorridas tanto no mercado de trabalho como nas formas de organiza o do pr prio trabalho deve se considerar que elas fazem parte de um fen meno mais abrangente de altera es ocorridas no pr prio modelo que influencia as rela es sociais num dado momento isto de transforma es sociais e econ micas propriamente ditas Verifica se portanto que h uma complexidade impl cita a esta reestrutura o produtiva especialmente porque al m de ser composta por diversos processos paralelos a reorganiza o do trabalho decorre de fatores variados os quais v o determinando altera es nos modelos organizacionais nos valores e pr ticas de gest o e ainda no pr prio perfil dos trabalhadores E por seu turno o fator mais relevante a determinar a modifica o das formas de organiza o do trabalho foi a reestrutura o do pr prio modelo de Estado que ap s a Segunda Guerra Mundial e em rea o ao chamado Estado de Bem Estar Social passou a seguir as diretrizes do neoliberalismo Benedito Tuponi J nior F bio F
102. CENTRO UNIVERSIT RIO CURITIBA PROGRAMA DE P S GRADUA O stricto sensu MESTRADO EM DIREITO L DIA CL MENT FIGUEIRA MOUTINHO DISCRIMINA O PRECONCEITO E ESTIGMA DO EMPREGADO ACIDENTADO AN LISE DOS MECANISMOS JUR DICOS DE PROTE O DO TRABALHADOR EM FACE DA EMPRESA CURITIBA 2010 L DIA CL MENT FIGUEIRA MOUTINHO DISCRIMINA O PRECONCEITO E ESTIGMA DO EMPREGADO ACIDENTADO AN LISE DOS MECANISMOS JUR DICOS DE PROTE O DO TRABALHADOR EM FACE DA EMPRESA Disserta o apresentada ao Curso de Mestrado em Direito Empresarial e Cidadania do Centro Universit rio Curitiba como requisito parcial para a obten o do T tulo de Mestre em Direito Orientador Professor Doutor Eduardo Mill o Baracat CURITIBA 2010 Presidente Professor Doutor Eduardo Mill o Baracat Orientador Professor Doutor Luiz Eduardo Gunther Professora Doutora T nia Mara Guimar es Pena Curitiba de de 2010 Aos meus pais M RCIA e DENY por terem me dado todas as oportunidades da vida A RAPHAEL meu eterno companheiro cuja dedica o aos seus projetos pessoais representou fonte inesgot vel de est mulo para mim AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos especiais ao Doutor Eduardo Mill o Baracat pela orienta o sempre esclarecedora cujo exemplo n o s como Mestre mas tamb m como Magistrado serviu de inspira o e est mulo para a conclus o do presente trabalho e para a continuidade de minha carreira profission
103. DISCRIMINA O DO EMPREGADO ACIDENTADO 134 4 2 1 Motiva o da Discrimina o do Empregado Acidentado 137 4 2 2 Formas de Discrimina o asas ladaari ndo raia dao DIE San 145 4 2 3 Momentos da Discrimina o sarepasissstiressispastesoLde N O db lsadgared RI eae tado 156 4 2 4 Situa es Espec ficas Acidentes biol gicos e empregados que recebem alta do INSS e n o s o aceitos pelo empregador errar 160 4 3 ESTIGMA DO EMPREGADO ACIDENTADO ieemes 171 4 4 AN LISE DA EFIC CIA DOS MECANISMOS JUR DICOS DE TUTELA DO EMPREGADO ACIDENTADO etnias 183 4 5 MEDIDAS PROPOSITIVAS eteeeeeeeeeneeeeareeemeeeeeeeeieenieteaaas 190 5 CONCLUS O renina nn Ain A RF GA Sa A 199 REFER NCIAS ennenen a A O a 204 GLOSS RIO sato a A a SA 211 1 INTRODU O De acordo com dados da Organiza o Internacional do Trabalho divulgados no ano de 2008 o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em mortes por acidente de trabalho Perde apenas para China Estados Unidos e R ssia nessa ordem Sebasti o Geraldo de Oliveira afirma que no Brasil diariamente por volta de cinquenta empregados deixam definitivamente o mundo do trabalho por morte ou por incapacidade laborativa permanente e muitos deles em raz o de acidentes causados por culpa do empregador Esses n meros expressivos revelam a realidade das condi es prec rias de trabalho s quais os empregados brasileiros est
104. KE KRUG loc cit 42 Embora sendo espec ficos a uma regi o do Estado do Rio Grande do Sul e a um setor tamb m determinado na ind stria s o interessantes os coment rios das autoras neste ponto As lacunas deixadas pela aus ncia de uma organiza o sindical fortalecida e atuando no munic pio e na regi o aliada forma de organiza o do processo produtivo do ramo de confec es acaba implicando em consequ ncias vida dos trabalhadores deixando marcas profundas e constituindo se em fator de sofrimento adoecimento e de dificuldades em perspectivas futuras na aten o sa de desses trabalhadores Demonstra se dessa forma a fragilidade de um amplo sistema que tem como inten o proteger o trabalhador em seus diversos aspectos sejam eles de assist ncia preven o e promo o da sa de atrav s da necess ria e importante media o de uma pol tica de organiza o sindical Nesse vi s Santos 2006 refere se crise atual do sindicalismo com sua baixa capacidade de agrega o e pequena lealdade de sua base de representa o Cita que os novos processos produtivos que dispensam o trabalho humano em larga escala e o atual padr o de individualismo dos trabalhadores imp em situa es de salve se quem puder como determinantes desta crise acarretando uma redu o significativa de filiados enfraquecimento de autoridade pol tica e da representatividade dos sindicatos GAEDKE KRUG p 122 123
105. O 2008 p 226 131 Uma vez expostas as diversas modalidades de acidentes de trabalho sobreleva notar que todas estas esp cies ensejam os mesmos efeitos previdenci rios Isto seja tratando se de acidente t pico de doen a do trabalho ou de acidente de trajeto o obreiro far jus aos mesmos benef cios previdenci rios caso seja necess rio o seu afastamento das atividades laborativas por per odo superior a quinze dias A diferen a entre o acidente de trabalho t pico e as demais situa es a ele equiparadas ser sopesada apenas para fins de repara o civil eis que para a responsabiliza o civil do empregador necess rio o preenchimento de determinados requisitos mormente a culpa da empresa pelo infort nio verificado Para al m dos efeitos previdenci rios e da pr pria responsabilidade civil os acidentes de trabalho tamb m determinam a ocorr ncia de diversas outras consequ ncias sobre as quais se discorrer no pr ximo t tulo deste trabalho 4 1 2 Consequ ncias do Acidente de Trabalho O acidente de trabalho e a doen a ocupacional consoante j ressaltado possuem consequ ncias que se disseminam por diversas searas da vida do indiv duo Normalmente verificam se danos de ordem material na medida em que o preju zo integridade f sica do obreiro acaba por reduzir ou mesmo extirpar a sua for a de trabalho al m de ensejar despesas com tratamentos m dicos e rem dios Ademais a redu o patri
106. Presume se o abandono de emprego se o trabalhador n o retornar ao servi o no prazo de 30 trinta dias ap s a cessa o do benef cio previdenci rio nem justificar o motivo de n o o fazer ESTABILIDADE PROVIS RIA AUX LIO DOEN A ACIDENT RIO NULIDADE DE CL USULA CONVENCIONAL QUE IMPEDE O RETORNO DO ACIDENTADO AO EMPREGO E nula a cl usula coletiva de trabalho que faculta ao servi o m dico da empresa impedir o retorno do empregado declarado novamente apto pelo INSS ap s usufruir de aux lio doen a acident rio se entender que este trabalhador ainda n o se encontra em condi es de reassumir suas fun es expedindo lhe relat rio para apresentar ao rg o previdenci rio a fim de revisar a alta concedida porque aumenta a condi o de hipossufici ncia do empregado em afronta a princ pio basilar de tentativa de equil brio da rela o de trabalho MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO 7443 2000 4 Turma Relator Juiz Luiz Ot vio Linhares Renault Belo Horizonte 07 de outubro de 2010 Dispon vel em lt http www trt3 jus br gt Acesso em 30 mar 2010 171 como os imperativos de uma racionalidade econ mica e o pr prio preconceito afeto doen a em si mesma considerada Suas consequ ncias ademais s o desastrosas eis que na maioria das vezes a efetiva o de pr ticas discriminat rias neste contexto acaba contribuindo para o aumento do contingente de desempregados no Brasil Em acr
107. Tomado como um conceito cient fico preconceito dirige se invariavelmente contra algu m Consoante se infere do trecho acima transcrito a defini o de preconceito ali apresentada parece bastante completa eis que compila tra os mencionados nos outros conceitos trazidos pelos autores j referenciados neste estudo Pode se afirmar portanto com fulcro em todas as an lises apresentadas que o preconceito um ju zo antecipado formado sem o conhecimento necess rio para tanto que implica numa conclus o negativa a respeito de determina pessoa grupo ou caracter stica de algum indiv duo e que em ltima inst ncia determina a segrega o desta pessoa ou deste grupo na ambi ncia das rela es sociais Por ser um ju zo uma pondera o ou uma valora o pessoal e interna isto ainda localizada no ntimo das pessoas afirma se que o preconceito n o pode consistir numa categoria jur dica mormente por n o ser uma conduta sancionada pelo ordenamento jur dico p trio Tal vis o inclusive refor ada no Relat rio do Minist rio da Justi a mencionado linhas atr s onde consta expressamente a men o ao fato de que o direito n o pune a mera cogita o raz o pela qual o preconceito circunscrito apenas consci ncia das pessoas n o seria objeto de san o no Estado Democr tico de Direito H contudo posicionamentos em sentido contr rio visto que muito embora n o se possa contrariar a id ia de que o nosso o
108. a A dificuldade existe inclusive porque o pr prio tema da discrimina o em si j bastante evitado na medida em que o seu combate implica na realiza o de 48 BARROS 2009 p 1191 488 Nesse sentido os coment rios de Marcus Aurelio Lopes que destaca que o trabalhador que adquire LER se encontra nas mesmas condi es do portador de HIV AIDS Embora as doen as tenha etiologias distintas padecem igualmente de estigmas sociais muito intensos o que provoca a discrimina o no trabalho LOPES 2002 p 266 192 diversas altera es no ambiente de trabalho na organiza o da empresa e nas diretrizes a serem observadas raz o pela qual visto com ressalvas por aqueles que j se encontram em situa o confort vel dentro da estrutura consolidada No entanto entende se que a proposi o de medidas para revers o do quadro verificado sempre bastante til sobretudo para demonstrar que n o obstante a constata o de uma situa o de flagrante ofensa aos princ pios constitucionais como o caso da discrimina o no trabalho que representa evidente viola o do princ pio da igualdade existem meios de se promover a efetiva o da dignidade da pessoa humana no plano pr tico Ademais a finalidade buscada tamb m abrir perspectivas para a continuidade do estudo que poder futuramente se voltar ao aprofundamento das solu es propostas para o quadro que por ora foi constatado Portanto
109. a o do poder de despedir A aplica o do art 7 da Constitui o Federal aos casos de despedida abusiva de empregados portadores de doen as n o ocupacionais Revista LTr S o Paulo vol 74 n 02 p 242 250 fev 2010 45 SILVA SALADINI 2010 p 242 167 Al m da quest o do acidente de trabalho biol gico outra situa o que igualmente ofensiva dignidade dos empregados e que tem restado sem resposta a dos obreiros que embora tendo alta previdenci ria n o s o aceitos pelo empregador no retorno s suas atividades laborativas Isto sendo v tima de acidente de trabalho ou acometido por doen a ocupacional o empregado afastado pelo INSS recupera se e ap s a sua alta previdenci ria considerado pelo seu empregador como n o sendo apto ao exerc cio de suas atividades laborativas Quanto ao particular o que se verifica que da contradi o entre as conclus es do INSS que concedeu a alta previdenci ria e aquelas obtidas pelo empregador que n o admite o retorno do empregado ao trabalho as consequ ncias mais negativas s o suportadas pelo empregado inconteste que o obreiro acaba sendo colocado em situa o humilhante e praticamente reduzido miserabilidade eis que n o conta mais com o recebimento do benef cio previdenci rio e ao mesmo tempo n o retorna ao trabalho Ademais fica o obreiro literalmente vagando entre o rg o previdenci rio e o seu empregador na busca
110. a Cristina Ravaglio Lavalle discorrendo exatamente a respeito da discrimina o nas rela es de trabalho esclarece com suped neo em dados oficiais por ela apresentados que a mesma persiste na pr tica n o obstante as in meras disposi es legais que pro bem as pr ticas discriminat rias no ordenamento jur dico p trio Conclui Lavalle portanto que a problem tica afeta discrimina o no trabalho n o decorre da aus ncia de previs es legais mas sim da efetividade do arcabou o legislativo p trio vigente constitucional e inconstitucional posto que o mesmo funda se essencialmente em normas apenas proibitivas que na maioria 469 LAVALLE Ana Cristina Ravaglio A discrimina o nas rela es de trabalho Revista do tribunal regional do trabalho 9 regi o Curitiba a 34 n 62 Jan Jun 2009 p 147 178 187 das vezes n o s o acompanhadas de medidas inclusivas ou quando o s o n o estimulam o seu cumprimento por parte do empregador M rcio T lio Viana tamb m tece coment rios quanto ao particular referindo se inefic cia da lei como instrumento nico de combate discrimina o Referido autor destaca que o quadro da discrimina o complexo e determinado por diversos fatores como o jugo econ mico e o jogo pol tico os quais sob seu ponto de vista desmentem a cada instante o ideal de isonomia propondo solu es que acentuam a desigualdade em n veis nunca
111. a o art 461 da CLT refere se em princ pio ao mesmo munic pio ou a munic pios distintos que comprovadamente perten am mesma regi o metropolitana BRITO FILHO 2002 p 67 80 Assim a combina o da proibi o com a inser o de fato representa caminho mais acertado nesta tarefa de combate discrimina o mormente aquelas engendradas nas rela es de emprego Dos dispositivos que foram acrescentados ao Texto Celetista pela Lei 9799 99 o que merece destaque no presente estudo o artigo 373 A 8 o qual nos seus seis incisos disp e a respeito de diversas situa es que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho Neste artigo na esteira do que j foi asseverado podem ser encontradas previs es que simplesmente vedam a pr tica de atos discriminat rios no contexto da rela o de emprego como por exemplo considerar a situa o familiar como vari vel determinante para fins de oportunidades de ascens o profissional E tamb m aquelas voltadas efetiva o da igualdade no plano pr tico o que se vislumbra do seu par grafo nico que permite que sejam levadas a efeito a es positivas no combate discrimina o dirigida contra a mulher N o h como se olvidar assim que tais disposi es legais consistem em avan os nesta seara da tutela jur dica conferida aos indiv duos discriminados o que se d especialmente em raz o da expressa previs o da necessidade de medidas positivas para a
112. a se manifesta bem como dos momentos nos quais ela se verifica 4 2 1 Motiva o da Discrimina o do Empregado Acidentado Antes de tra ar alguns aspectos relevantes desta esp cie de discrimina o oportuno que se justifique a sua exist ncia na medida em que a princ pio h de se considerar a hip tese daqueles que n o conseguem visualiz la com xito A origem ou o motivo determinante das outras formas de discrimina o verificadas na rela o de emprego efetivamente s o compreendidas de forma mais clara mormente porque normalmente tratadas de modo aprofundado em sede doutrin ria Com rela o mulher poss vel perceber como alguns aspectos espec ficos do sexo feminino sobretudo a pr pria maternidade podem vir a representar queda da produtividade e preju zos aos empregadores ainda que tais conclus es sejam question veis 328 LIMA Maria Elizabeth Antunes A discrimina o no contexto de trabalho o caso dos portadores de les es por esfor os repetitivos In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 115 126 SALIM Celso Amorim Doen as do trabalho exclus o segrega o e rela es de g nero Dispon vel em lt http www scielo br gt Acesso em 15 jul 2009 330 MERLO lvaro Roberto Crespo et al O trabalho entre prazer sofrimento e adoecimento a realidade dos portadores de les es por esfor os repetitivos
113. a tem sido cada vez mais frequente na sociedade atual uma vez que as pr prias doen as 163 desta magnitude a AIDS principalmente tamb m t m se tornado mais corriqueiras Assim havendo uma habitualidade na ocorr ncia de casos como este e ainda sendo evidente a viola o de direitos fundamentais que eles encerram n o mais aceit vel que se defenda simplesmente que as previs es legais n o se prestam para a prote o do empregado v tima de acidente biol gico sobretudo num Estado de Direito que tem como fundamento o respeito dignidade da pessoa humana H portanto que se cogitar da possibilidade de que em conformidade com o aparato fornecido pelo pr prio ordenamento jur dico se possa de alguma forma proteger os obreiros inseridos nesta problem tica sempre com vistas materializa o dos direitos erigidos como fundamentais pela Constitui o Federal Posicionamentos neste sentido j t m sido defendidos Exemplo disso a tese apresentada pela magistrada Sara Lucia Davi Sousa e devidamente aprovada no Congresso Nacional dos Magistrados da Justi a do Trabalho no ano de 2008 entitulada de A Estabilidade Provis ria nos Acidentes Biol gicos sem Afastamento Previdenci rio como Instrumento de Garantia do Princ pio da Dignidade da Pessoa Humana face os Riscos Inerentes ao Meio Ambiente Laboral Nesta tese como seu pr prio nome j indica apregoa se a id ia de que a estabilidade conferida pelo a
114. ado atividade laborativa Este entendimento encontra fulcro no fato de que a n o aceita o pelo empregador da alta concedida pelo rg o previdenci rio n o deve acarretar efeitos para o obreiro mormente o pr prio agravamento de sua condi o de hipossufici ncia Cabe ressaltar quanto ao particular a posi o de Sebasti o Geraldo de Oliveira que ao proferir julgado no qual se discutia esta quest o esclareceu que cabe ao empregador que questiona a conclus o do rg o previdenci rio insurgir se em face da mesma com vistas sua revis o A decis o do INSS que goza de f p blica deve ser acatada integralmente pelo empregador eis que o questionamento da mesma n o autoriza que se transfira ao empregado o nus da retic ncia patronal Esta obriga o do empregador em acatar a decis o da Previd ncia Social relativamente alta m dica do obreiro pode ser afirmada tamb m sob uma perspectiva inversa j que em contrapartida compete ao empregado retornar imediatamente ao trabalho ap s o reconhecimento de sua capacidade laborativa pelo INSS Cabe referenciar neste ponto os termos da S mula n 32 do Tribunal Superior do Trabalho a qual disp e exatamente a respeito da caracteriza o do APTID O PARA O TRABALHO LAUDO PERICIAL M DICO EMITIDO PELO INSS ACATAMENTO PELA EMPRESA Cabe ao empregador que questiona o resultado do laudo m dico pericial do INSS e n o ao empregado que pretende seu re
115. ado Quando saio baixo os olhos porque me sinto totalmente inferior Quando ando na rua parece me que n o posso ser comparado a um cidad o comum que todo mundo est me apontando Instintivamente evito encontrar qualquer pessoa Conhecidos e amigos antigos de melhores pocas n o s o mais t o cordiais Quando nos encontramos eles me sa dam com indiferen a N o me oferecem mais cigarros e seus olhos parecem dizer Voc n o tem valor voc n o trabalha 1 Ademais al m do isolamento o indiv duo estigmatizado pode optar por aproximar se de contatos mistos com agressividade E por outro lado pode ser tamb m que o indiv duo alterne momentos de isolamento com momentos de agressividade Por sua vez no que se refere segunda consequ ncia supra mencionada qual seja a falta de percep o das qualidades da pessoa interessante referir se express o visibilidade emba ada A visibilidade emba ada reflete na realidade a grande for a que os estigmas possuem ao influenciar o comportamento das pessoas na medida em que de fato impedem que se consiga enxergar outras caracter sticas nos indiv duos estigmatizados diversas daquela que ensejou a pr pria cria o do estigma Muitas vezes deixamos de ver a pr pria pessoa e de trat la como tal para enxergar apenas o suposto atributo negativo e suposto porque fundado em cren as absolutamente infundadas como j ressaltado Acumulam se assim r tul
116. ais n o se encaixa nos padr es atuais do exigente mercado de trabalho e logo visto como uma pe a que n o se adapta ao sistema Assim neste contexto parece certo que os empregados que n o est o na plenitude de sua capacidade f sica acabam sendo alijados do mundo do trabalho eis que os mesmos n o s o aptos a observar todos estes padr es de produtividade que s o impostos na atualidade O capitalismo de fato exclui aqueles que n o representam for a de 353 trabalho conclus o que corrobora por completo a discrimina o dos empregados v timas de acidente de trabalho ou portadores de doen as ocupacionais Afirma se assim que para al m do aumento do capital e da produ o em massa de bens de consumo as novas tecnologias empregadas na organiza o do trabalho e a reestrutura o capitalista est o criando tamb m uma sociedade de desempregados despossu dos impossibilitados de consumir ou mesmo de sobreviver 355 E segundo Margarida Barreto esse quadro se verifica tamb m porque as exig ncias voltadas ao aumento da produtividade e qualidade do produto n o t m sido acompanhadas por pol ticas voltadas prote o da sa de dos trabalhadores 32 BARRETO 2006 p 91 33 GAEDKE Maria ngela KRUG Suzane Beatriz Frantz Quem eu sou A identidade de trabalhadoras portadoras de LER DORT Dispon vel em lt http revistaseletronicas pucrs br gt Acesso em 18 abr 2010 p 133 3
117. ais t m sido engendrados esfor os tamb m em aten o gravidade da situa o dos portadores do v rus HIV no mercado de trabalho Tal gravidade apenas a t tulo de complementa o consubstancia se no fato de que a discrimina o dirigida a tal grupo enfermo determina a perda do emprego e assim a exclus o social por completo bem como na constata o de que uma discrimina o de dif cil comprova o o que ali s comum em se tratando de discrimina o no trabalho As medidas voltadas a conferir uma prote o aos portadores do v rus HIV nas rela es laborais decorrem de posicionamentos dos Tribunais P trios a respeito da RENAULT 2000 p 130 7 RENAULT 2000 p 130 Ibid p 128 8 OLMOS 2008 p 94 42 quest o que t m considerado presumidamente discriminat ria a dispensa de tal categoria de empregados Ademais relevantes tamb m nesta seara as atua es da Organiza o Internacional do Trabalho as quais se voltam entre outros aspectos justamente ao esclarecimento em rela o ao tratamento que deve ser conferido pelo empregador aos empregados com AIDS Estas medidas tanto as de iniciativa do Poder Judici rio como aquelas efetivadas por rg os imbu dos do esp rito de materializa o da igualdade e dos demais direitos fundamentais na seara juslaboral podem perfeitamente ser aplicadas situa o dos empregados v timas de doen as ocupacionais eis que na mesma esteira do
118. ais direitos garantidos aos indiv duos sobretudo os que se inserem no r tulo dos direitos fundamentais Assim se deve o empregador fazer com que sua conduta no momento da admiss o n o seja discriminat ria deve tamb m manter tal comportamento durante a execu o do contrato de trabalho evitando que a promo o de determinados empregados por exemplo venha a ferir o direito de todos eles ao tratamento igualit rio Portanto toda e qualquer escolha a ser efetivada pelo empregador durante o curso da rela o de emprego n o pode revelar por tr s de si uma pr tica discriminat ria nos termos do pr prio artigo 1 sob pena de se fazer sentir os efeitos previstos na Lei os quais ser o apontados na sequ ncia Tanto M rcio T lio Viana como Cristina Paranhos Olmos nas obras j referenciadas discorrem a respeito dessa restri o liberdade do empregador imposta pela Lei 9029 95 A rela o entre empregado e empregador quase sempre determina a ocorr ncia de um conflito de direitos conflito este que na realidade inerente ao sistema capitalista m xime diante da insuper vel separa o e antagonismo de interesses Em diversas situa es ser visualizado o embate entre o direito propriedade privada que cabe ao empregador e alguns direitos fundamentais dos empregados Em outras de modo mais espec fico ser clara a necessidade de harmoniza o entre o direito imagem do empregado e o exerc ci
119. al Ao Doutor Luiz Eduardo Gunther meus agradecimentos pela ajuda constante com vistas concretiza o deste trabalho e mais ainda por ser um grande respons vel pelo amadurecimento intelectual e pessoal que tive durante o curso de mestrado Doutora Ana Gledis Tissot Benatti do Valle exemplo em diversos sentidos e cuja compreens o possibilitou o xito deste trabalho Aos irm os Let cia e Fernando Kulaitis que desde o come o desta caminhada foram os grandes incentivadores dos meus estudos s amigas de mestrado Larissa e Vanessa pelo carinho compreens o e apoio nos momentos dif ceis A todos aqueles que de alguma forma compartilharam o desenvolvimento deste trabalho seja com o acr scimo de id ias seja mediante a compreens o pelos momentos de aus ncia Quem s o pode ficar doente A doen a significa um dano totalidade da exist ncia N o o joelho que d i Sou eu em minha totalidade existencial que sofro Portanto n o uma parte que est doente mas a vida que adoece em suas v rias dimens es em rela o a si mesmo em rela o com a sociedade em rela o com a vida Leonardo Boff 1999 RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de investigar a espec fica discrimina o do empregado acidentado ou acometido por doen a ocupacional engendrada na rela o de emprego Vislumbra se aferir se os mecanismos jur dicos existentes no ordenamento jur dico p trio s o
120. alienta tamb m que o ponto mais relevante a se considerar que a mesma relativamente pr pria Constitui o caminha na mesma dire o e n o de marcha a r como t o comum no Brasil A Lei 9029 95 portanto respons vel pelo aumento da efetividade da norma constitucional da igualdade na medida em que n o apenas prev as possibilidades de condutas discriminat rias que podem ser efetivadas no seio da rela o de emprego mas estabelece san es penais trabalhistas e administrativas para tais atos il citos E seguindo a tend ncia das demais legisla es trabalhistas n o h como se olvidar que o que a Lei 9029 95 procura de fato estabelecer condi es de trabalho mais ben ficas para os obreiros condi es estas que sejam favor veis para a integridade f sica e moral do trabalhador retirando o mesmo da inferioridade e permitindo uma condi o digna de trabalho J de plano isto logo em seu artigo 1 o referido diploma legal traz em seu bojo uma disposi o geral vedando as pr ticas discriminat rias que podem ser levadas a efeito pelo empregador para efeito de acesso ou manuten o do emprego em raz o do sexo origem ra a cor estado civil situa o familiar ou idade Como se v tal artigo refere se a algumas das motiva es de discrimina o mais frequentemente utilizadas na ambi ncia da rela o de emprego nos termos da tipologia apresentada no cap tulo anterior deste e
121. amb m privilegiada pela ordem constitucional instaurada a partir de 1988 e assim deveria ser um aspecto considerado pelo empregador O que se observa nesta hip tese espec fica de discrimina o que para al m do preconceito nutrido em rela o ao trabalho da mulher e pr pria mulher em si vista como inferior nos termos do que j foi exposto h tamb m um aspecto econ mico sopesado de modo bastante significativo Um aspecto considerado no plano econ mico maior custo da empregada mulher enseja assim a discrimina o no plano jur dico A discrimina o que afeta as mulheres no mercado de trabalho pode ser levada a efeito em todos os momentos da rela o de emprego Pode ser usada como crit rio para a admiss o vedando o acesso das mulheres ao mercado de trabalho em raz o dos fatores apontados pode ocorrer durante a rela o de emprego obstando se promo es e o acesso da mulher a cargos altos de chefia e dire o bem como atrav s da diferen a de sal rio entre homens e mulheres que desempenham as mesmas fun es e finalmente pode verificar se na rescis o do contrato de trabalho sendo a discrimina o a motiva o para a ruptura do v nculo Tal forma de discrimina o consiste tamb m em objeto de preocupa o da comunidade internacional n o se podendo deixar de referenciar a Conven o n 100 da OIT que versa sobre a igualdade de remunera o entre homens e mulheres e a Conven o da ONU qu
122. amente se distanciam pertence fundamentalmente vida p blica colocando se em p lo oposto intimidade Corroborando a rela o entre os estigmas e os comportamentos sociais segundo a qual consoante alinhavado os estigmas determinam as formas de atua o das pessoas afirma se tamb m a exist ncia de uma din mica social determinadora de estigmas Verifica se assim que de fato h uma estreita intera o e at mesmo uma fus o entre o estigma e os comportamentos sociais pois a sociedade que estabelece os padr es de comportamento reputados normais e por consequ ncia aqueles que s o vistos como dissonantes dos par metros estabelecidos 129 BACILA loc cit 13 BACILA 2005 p 29 131 GOFFMAN 1988 p 62 132 GOFFMAN 1988 p 11 12 58 No entanto esse estabelecimento de comportamentos pela sociedade feito logicamente com suped neo naquilo que est na consci ncia dos indiv duos eis que a sociedade apenas se corporifica na pessoa de todos os cidad os que a comp em Os indiv duos e portanto a sociedade s o respons veis por categorizar as pessoas e estabelecer padr es de conduta e assim suas pr prias atitudes e seus comportamentos s o guiados por estes padr es ou para utilizar a express o de Bacila por estas meta regras Goffman bem resume tal din mica social determinadora dos estigmas afirmando que a sociedade categoria as pessoas e estabelece os atributos considerados comun
123. ante ressaltado por Gaedke e Krug o caminho que percorrido pelos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais acaba sendo marcado pela nega o de sua pr pria cidadania A sociedade se nega a v lo estigmatizado torna se mais um entre tantos onde al m de ter sua for a de trabalho diminu da sucateada sente se tamb m um cidad o sucateado Portanto dada a problem tica exposta revelam se imperiosos os mecanismos jur dicos fornecidos pelo ordenamento jur dico p trio que podem de alguma forma contribuir para a revers o do quadro formado E j tendo sido apontados quais s o estes mecanismos passa se na sequ ncia a tecer alguns coment rios a respeito de sua efetividade no plano pr tico 45 GAEDKE KRUG 2008 p 134 468 GAEDKE KRUG loc cit 467 GAEDKE KRUG loc cit 183 principalmente porque a sua pr pria exist ncia apenas se justifica se suas finalidades forem de fato alcan adas 4 4 AN LISE DA EFIC CIA DOS MECANISMOS JUR DICOS DE TUTELA DO EMPREGADO DISCRIMINADO Uma vez retratada uma espec fica discrimina o engendrada no contexto das rela es de emprego bem como constatada a situa o de estigmatiza o na qual os obreiros v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen a ocupacional s o postos cumpre agora analisar se os mecanismos jur dicos de tutela dos empregados discriminados de fato s o eficazes na prote o que
124. apenas a condi o de empregado acidentado reabilitado ou portador de mol stia e n o enxerga que para al m desta circunst ncia a ess ncia do obreiro comp e se por diversas outras caracter sticas e potencialidades inclusive profissionais 441 SALIM 2008 p 22 2 Neste sentido as considera es tecidas por lvaro Roberto Crespo Merlo et al ao afirmar que n o obstante as modifica es verificadas em rela o ao trabalho ele continua a inscrever se como um dos dispositivo centrais na constitui o de modos de exist ncia e subjetiva o MERLO et al 2008 p 134 176 A visibilidade emba ada aqui considerada faz com que o nico atributo considerado na seara da rela o de emprego seja o fato de o empregado ser acidentado e com isso quase sempre s o eliminadas as chances de uma readapta o funcional e de recoloca o do obreiro em outra fun o em decorr ncia desta visibilidade emba ada que n o s o engendrados esfor os com vistas a uma efetiva reabilita o profissional dos obreiros acidentados Nos termos do que j foi alinhavado ap s o retorno do afastamento previdenci rio os obreiros s o constantemente mudados de setor e de atribui es processo este que acaba culminando com a rescis o do pacto laboral Por fim quanto aos reflexos na identidade do indiv duo j foi dito neste trabalho que as pessoas portadoras de um estigma procuram se adequar aos padr es de normalidade impost
125. apital impedindo qualquer a o quo Ademais para al m da pr pria crise do sindicalismo e de um individualismo dos pr prios empregados este ltimo determinado pelas formas atuais de organiza o do trabalho S o tamb m apontados como causa da falta de forma o destes grupos de apoio o desconhecimento em rela o s doen as e de a es que poderiam ser empreendidas nos espa os representativos bem como a desinforma o sindical a respeito de dados desta realidade dos empregados acometidos por alguma enfermidade ou com redu o de sua capacidade laboral No mesmo sentido s o as considera es de Margarida Barreto ao referir se ao ambiente sindical como um espa o no qual muitas vezes tamb m s o efetivadas pr ticas discriminat rias voltadas aos empregados acidentados n o havendo um engajamento dirigido prote o destes obreiros Concluindo esta parte do estudo verifica se que o estigma do empregado acidentado persegue lhe em raz o de v rios motivos Pode consistir num estigma correlato quele que atribu do ao indiv duo portador de alguma defici ncia eis que muitas vezes de fato tais figuras se confundem e o empregado passa a ser estigmatizado em raz o de possuir uma cicatriz uma deformidade f sica ou pela perda de um membro como consequ ncia do infort nio Da mesma forma pode o estigma do empregado acidentado identificar se com o estigma que atribu do pessoa desempregada 461 GAED
126. ar que os requisitos necess rios obten o da estabilidade s o aqueles previstos de modo claro pela S mula n 378 do TST quais sejam a ocorr ncia do acidente de trabalho o afastamento das atividades laborativas por per odo superior a quinze dias e percep o do respectivo benef cio do aux lio doen a acident rio exceto se caracterizada a doen a ocupacional ap s a ruptura do contrato de trabalho hip tese na qual dispensado o pressuposto da percep o do benef cio previdenci rio N o obstante ainda que seja claro o entendimento consubstanciado na S mula n 378 n o se pode olvidar que a quest o do acidente de trabalho complexa por sua pr pria natureza Al m de as consequ ncias do infort nio se irradiarem por diversas esferas surtindo efeitos para a pessoa do empregado para o empregador e indiretamente para toda a sociedade imperioso que se considere tamb m que a sua pr pria ocorr ncia quase sempre cercada por diversas peculiaridades A complexidade das rela es modernas que faz surgir quest es novas e pendentes de solu o em diferentes reas do conhecimento humano atua tamb m nesta esfera do acidente de trabalho determinando que a cada momento os operadores do Direito se deparem com quest es que n o s o dirimidas pela simples reda o da lei Ademais s o muitas as quest es que podem decorrer do acidente de trabalho justamente tendo em vista que se trata de evento cuja din mica per
127. araiva 2009 MUROFUSE Neide Tiemi MARZIALE Maria Helena Palucci Mudan as do trabalho e na vida de banc rios portadores de les es por esfor os repetitivos LER Dispon vel em lt http Ayvww scielo br gt Acesso em 15 jul 2009 209 OLIVEIRA Sebasti o Geraldo Indeniza es por acidente de trabalho ou doen a ocupacional S o Paulo LTr 2007 Prote o jur dica ao trabalho dos portadores de defici ncia In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 139 155 OLMOS Cristina Paranhos Discrimina o na rela o de emprego e prote o contra a dispensa arbitr ria S o Paulo LTr 2008 ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO Repert rio de recomenda es pr ticas da OIT sobre o HIV AIDS e o mundo do trabalho Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 29 mar 2010 Perfil do trabalho decente no Brasil Escrit rio da Organiza o Internacional do Trabalho Bras lia e Genebra 2009 Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 10 mar 2010 Declara o da OIT sobre os princ pios e direitos fundamentais no trabalho e seu seguimento Dispon vel em lt http Ayvww oitbrasil org br gt Acesso em 27 mar 2010 Conven o n 100 Sobre a igualdade de remunera o de homens e mulheres por trabalho de igual valor Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 10 jan 2010 Conven o n
128. articipa o do Brasil na Ill Confer ncia Mundial das Na es Unidas contra o Racismo Discrimina o Racial Xenofobia e Intoler ncias Correlatas ocorrida na frica do Sul no ano de 2001 Neste documento no qual s o apresentados alguns aspectos introdut rios a respeito do racismo do preconceito e da discrimina o e tamb m algumas conclus es acerca da situa o de discrimina o na qual est o inseridas algumas minorias como os negros os homossexuais e os portadores de defici ncia feita remiss o seguinte defini o de preconceito BRITO FILHO 2002 p 37 BRITO FILHO loc cit MARQUES 2002 p 179 8 O qual pode ser visualizado no s tio do Minist rio da Justi a especificamente no endere o lt http Avww dhnet org br direitos sos discrim relatorio htm gt 48 S ntese dicionarizada atribui ao voc bulo preconceito os seguintes significados 1 Conceito ou opini o formados antecipadamente sem maior pondera o ou conhecimento dos fatos id ia preconcebida 2 julgamento ou opini o formada sem se levar em conta o fato que as conteste preju zo 3 supersti o crendice preju zo 4 suspeita intoler ncia dio irracional ou avers o a outra ra as credos religi es etc Categoria pertencente psicologia o preconceito pode ser definido como um fen meno intergrupal dirigido a pessoas grupos de pessoas ou institui es sociais implicando uma predisposi o negativa
129. as formas de organiza o do trabalho oportunas as coloca es de Raimundo Sim o de Melo MELO 2010 p 76 que referindo se aos coment rios de Guilherme Purvin de Figueiredo assevera que tanto a doen a como o acidente e a pr pria morte no trabalho constituem efeitos indesejados de um sistema de domina o sobre a classe trabalhadora que elegeu como valor maior a produtividade e o seu pr prio crescimento em lugar do bem estar social 351 Trabalho despersonalizante consoante terminologia utilizada por MERLO et al no j citado artigo O trabalho entre prazer sofrimento e adoecimento a realidade dos portadores de les es por esfor os repetitivos 143 ainda que temporariamente em muitos casos n o h como se olvidar que a sua ocorr ncia vista com muitas ressalvas em qualquer ambiente de trabalho O mercado de trabalho atual imp e severos crit rios de sele o de m o de obra dentre os quais est a capacidade de adequa o s novas exig ncias supra referidas as quais por sua vez pressup em plena integridade e higidez f sica e mental Para Margarida Barreto o neoliberalismo utiliza exatamente essa concep o de sa de perfeita como pr requisito para que o indiv duo ingresse no mercado de trabalho que cada vez mais conta com um n mero reduzido de ofertas de emprego Por conseguinte o empregado que n o disp e integralmente de sua for a de trabalho seja em virtude de problemas f sicos ou mesmo ment
130. as verifica se que a Lei 9029 95 efetivamente tem o escopo de tornar mais eficaz a prote o contra a discrimina o na rela o de emprego Tal finalidade alcan ada tanto por meio da previs o de atos que s o reputados discriminat rios como em raz o da fixa o de san es penais OLMOS 2008 p 45 214 BRITO FILHO 2002 p 66 215 MARQUES 2002 p 90 21 MARQUES loc cit 7 VIANA 2000 p 366 93 administrativas e trabalhistas a serem impostas aos empregadores que incorrerem em condutas desta esp cie certo que este diploma legal pass vel de cr ticas consoante os pr prios coment rios j feitos e que o mesmo por si s n o fornece resposta plena e satisfat ria aos empregados que s o v timas de discrimina o no seu ambiente de trabalho A quest o da discrimina o complexa e est cercada por diversas outras dificuldades que n o foram objeto de tratamento pela lei como por exemplo os pr prios obst culos que o empregado encontra no momento em que tem de comprovar em ju zo a conduta discriminat ria levada a efeito pelo empregador No entanto n o h como se relativizar a import ncia desta Lei nesta seara espec fica do combate discrimina o sendo que neste estudo compartilha se do posicionamento no sentido que a Lei 9029 95 analisada em conjunto com as demais disposi es legais e constitucionais que versam a respeito desta problem tica faz com que a prote o
131. b um ponto de vista afeto ao Direito Penal a maioria dos militares absorviam mais a m o de obra escrava enriquecendo ainda mais e tornando o escravo cada vez mais uma coisa Outra forma de submiss o similar era o exerc cio de atividades at ent o consideradas inferiores como os of cios Esta escravid o foi ent o respons vel por estabelecer uma diferen a econ mica e estigmatizar as ra as das pessoas que por quaisquer eventualidades eram tornadas escravas ou submissas criando se ent o o racismo 8 MIRANDA Pontes de Democracia liberdade igualdade Os tr s caminhos Campinas Bookseller 2002 p 577 117 Neste sentido s o as considera es do autor As pessoas a quem repugna que o Negro seja homem consultam o seu sentimento a maneira de viver de seus antepassados e da sua fam lia ou nos pa ses que tiveram escravid o o sentimento de superioridade de mando de crueldade que lhes ficou A pessoa que pensa que o Negro n o e homem em vez de ouvir a ci ncia ou a sua consci ncia deduziu o de algum princ pio falso que se colocou base do seu pr prio racioc nio MIRANDA 2002 loc cit 54 autores que se voltam ao estudo do assunto o fazem a partir das perspectivas das demais ci ncias sociais No presente trabalho por conseguinte n o ser diferente Muito embora o ponto de partida e o de chegada do estudo engendrado situem se no mbito do Direito especificamente na seara j
132. balos imensur veis vida do empregado Da mesma forma n o h como se olvidar tamb m que a redu o da for a de trabalho acaba ensejando uma diminui o do pr prio indiv duo que n o mais gozar da plenitude de sua higidez f sica para desempenhar a atividade que se revela como forma de sua inclus o social qual seja o trabalho Nesta mesma esteira o posicionamento de Jos Affonso Dallegrave Neto que especificamente com rela o aos danos morais entende que os mesmos restam efetivamente caracterizados diante da ocorr ncia de um acidente de trabalho 8 Dallegrave Neto esclarece que todos os sentimentos t picos do dano moral como o sofrimento a humilha o e a tristeza s o de fato verificados quando h um infort nio laboral devendo ser considerados tamb m os in meros constrangimentos perante familiares amigos e a sociedade em geral em face da ofensa sofrida em sua imagem original de pessoa sadia e fisicamente perfeita Quanto ao particular s o relevantes tamb m as coloca es de Raimundo Sim o de Melo que ao apontar as hip teses mais frequentes de ocorr ncia de dano moral no Direito do Trabalho se refere ao descumprimento pelo empregador das obriga es contratuais no tocante s normas de seguran a higiene e medicina do trabalho provocando consequentemente acidentes e doen as ocupacionais Por fim para al m dos danos materiais e morais os acidentes de trabalho possuem ainda outras c
133. bem define esse descr dito eis que a mesma ressalta que enquanto produzia era valorizada pelo empregador ao passo que foi perder minha sa de na empresa e agora j n o sirvo para eles porque estou doente Segundo as li es de Margarida Barreto n o produzir como antes e retornar do afastamento previdenci rio s o fatores que efetivamente significam perder o cr dito n o apenas da chefia mas tamb m de seus pr prios pares no ambiente de trabalho A pr pria exist ncia deste descr dito verificada diante do elevado n mero de rescis es contratuais que s o efetivadas ap s a ocorr ncia do acidente de trabalho ou da confirma o da doen a ocupacional mesmo antes de se esgotar o per odo estabilit rio assegurado pela lei N o obstante as coloca es j feitas oportuno mencionar ainda que este efeito de descr dito muitas vezes suplanta as fronteiras da rela o de emprego e do pr prio trabalho em si mesmo considerado e passa a ser verificado tamb m em outras esferas da vida do obreiro Os adoecidos encontram em outros lugares a repeti o da humilha o sofrida no espa o fabril num c rculo vicioso perverso e cruel 38 BARRETO 2006 p 55 439 Ibid p 36 0 Ibid p 186 175 Principalmente considerando se que a discrimina o do empregado acidentado com frequ ncia culmina na rescis o do seu contrato de trabalho o que se observa que o obreiro estigmatizado em seu labor
134. ca se a apresenta o de um quadro completo desta situa o ampla que a pr pria discrimina o no trabalho de um modo geral para que se possa por fim apreciar outra mais espec fica que exatamente a discrimina o dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais BRITO FILHO 2002 p 40 BACILA 2005 p 24 25 2 1 DISCRIMINA O NO TRABALHO O tema da discrimina o no trabalho bastante amplo e por si s dimanaria um estudo a ele integralmente dedicado Assim com vistas apresenta o desta problem tica ser o esclarecidos alguns pontos que comumente s o reputados como sendo os mais relevantes nas obras jur dicas que versam sobre o assunto Entretanto consoante j alinhavado o objetivo almejado no presente estudo a an lise da discrimina o enfrentada pelos empregados acidentados no contexto das rela es de emprego de modo que todos os assuntos ser o tratados tamb m com vistas a este fim e de modo a contribuir para a sua compreens o 2 1 1 Princ pio da Igualdade e Discrimina o O tratamento da quest o da discrimina o est de todo atrelado ao princ pio da igualdade n o havendo como se discorrer a respeito de um dos assuntos sem se referir ao outro A raz o pela qual a discrimina o defesa no ordenamento jur dico p trio decorre da consagra o da igualdade como um dos pilares do Estado Democr tico de Direito erigido pela Constit
135. chid GUNTHER Luiz Eduardo Coords Transforma es do direito do trabalho Curitiba Juru 2000 p 147 156 Ibid p 149 33 BARRETO 2006 p 118 3 Quanto ao particular vale ressaltar o exemplo j referenciado no t tulo 2 1 3 2 extra do da obra de Cristina Paranhos Olmos 44 acesso a cargos mais elevados para determinada categoria de obreiros ou mesmo atrav s da delega o de tarefas inferiores que n o requeiram qualifica o Consubstancia se portanto em a es sistem ticas efetivadas durante a rela o de emprego com vistas a reduzir as oportunidades de determinada categoria de pessoas ou determinado obreiro ofendendo lhe a dignidade e causando ineg vel preju zo moral Por fim quanto discrimina o ocorrida na rescis o contratual h quem ressalte que tal esp cie se revela a mais prejudicial ao obreiro na medida em que bastante dificultosa a sua comprova o ante a possibilidade da dispensa imotivada do obreiro no ordenamento jur dico p trio Nesse sentido inclusive as coloca es de Alice Monteiro de Barros ao ressaltar que a discrimina o no trabalho de dif cil comprova o normalmente por ser dissimulada agrava se ainda mais no momento da rescis o do contrato pois os atos resilit rios se baseiam no direito potestativo n o sendo exigido do empregador que motive a dispensa Neste caso portanto a discrimina o efetivada atrav s da utiliza o de motivos inf
136. com vistas a tal desiderato passa se a tecer alguns coment rios a respeito de medidas que podem se revelar v lidas neste contexto de combate discrimina o engendrada em face dos empregados acidentados a saber a utiliza o de dispositivos legais promocionais a maior aten o em rela o efetiva reabilita o do obreiro que tem a sua capacidade laborativa reduzida e por fim a extens o das atua es da Organiza o Internacional do Trabalho empreendidas em rela o aos portadores do v rus HIV tamb m para a situa o dos empregados acidentados Inicialmente no que atine promo o de condutas atrav s da lei ressalta se 490 que a proposi o encontra respaldo nas li es de Norberto Bobbio que aborda exatamente a relev ncia de uma fun o mais promocional do Direito e das san es positivas no contexto social atual Consoante Bobbio Uma an lise funcional do Direito que queria considerar as mudan as ocorridas nas rela es sociais e no pr prio ordenamento jur dico que as acompanha n o pode deixar de integrar uma fun o promocional tradicional fun o protetivo repressora 489 MARQUES 2002 p 83 4 BOBBIO Norberto Da estrutura fun o novos estudos da teoria do direito Trad Daniella Beccaria Versiani Barueri SP Manole 2007 91 Ibid p 208 209 193 Por meio desta fun o promocional o Direito passa de forma de controle social para forma de controle e dire
137. conceito um elemento impl cito discrimina o que faz parte muitas vezes do pr prio conceito a ela atribu do e assim necessariamente deve ser tratado O estigma por sua vez um conceito que se pretende utilizar como forma de enriquecer a an lise da discrimina o do empregado acidentado Normalmente a maioria dos estudos que versam a respeito da discrimina o se referem estigmatiza o de determinadas categorias mas no entanto n o se vislumbra uma preocupa o em se aferir o exato sentido desta express o Neste estudo portanto procurar se analisar a origem da express o estigma seu conceito t cnico bem como suas caracter sticas e consequ ncias A finalidade desta an lise aferir se os empregados discriminados no contexto da rela o de emprego de fato carregam consigo um estigma isto se os mesmos efetivamente s o estigmatizados na rela o de emprego No segundo cap tulo uma vez apresentado o tema afeto discrimina o no trabalho discorre se a respeito dos mecanismos jur dicos existentes no ordenamento p trio voltados tutela do trabalhador em face da empresa Vislumbra se neste ponto investigar qual a reposta que o Estado apresenta para os obreiros que se encontram em situa o de discrimina o na ambi ncia da rela o de emprego E para este fim ser o abordados os dispositivos constitucionais e celetistas que versam a respeito da discrimina o os termos das Leis 9029
138. contra a discrimina o esteja positivada de modo suficiente E sendo certo que um dos meios de combate discrimina o exatamente o cumprimento da legisla o vigente revela se como efetivamente significativa a contribui o da Lei 9029 95 em todos os seus termos 3 1 3 Lei 8213 91 A Lei 8213 91 diversamente do que se verificou em rela o ao diploma legal anteriormente tratado n o versa especificamente sobre a discrimina o no trabalho Disp e essencialmente a respeito dos Planos de Benef cios da Previd ncia Social No entanto para os fins da an lise que se pretende fazer neste trabalho esta Lei se revela essencial posto que se refere de modo espec fico situa o dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais 8 OLMOS 2008 p 47 94 Ademais n o h como se olvidar que embora o foco da Lei 8213 91 n o seja propriamente a quest o da discrimina o tal problem tica acaba sendo tratada de modo reflexo posto que alguns dos seus dispositivos consubstanciam se em t picas normas anti discrimina o Assim ainda que indiretamente o diploma legal em quest o traz em seu bojo regras que de fato se prestam efetiva o do princ pio da igualdade E em raz o disso muito embora a Lei 8213 91 trate dos planos de benef cios da Previd ncia Social h quem diga como por exemplo Cristina Paranhos Olmos que a Lei 8213 91 na realidade disp e a r
139. corre da responsabilidade social da empresa Concluindo a exposi o a respeito deste dispositivo legal deve restar assentado na esteira das li es de Alice Monteiro de Barros que agiu com acerto o legislador ao prever essa modalidade de garantia provis ria no emprego pois a realidade demonstra a frequ ncia de despedidas de trabalhadores egressos de afastamentos motivados por acidentes e a dificuldade que encontram na obten o de novo emprego mormente quando o infort nio deixa sequelas Inclusive quanto ao particular oportuno referenciar um julgado proferido por Sebasti o Geraldo de Oliveira no mbito do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o o qual embora seja datado de 1995 poca na qual ainda se aventava a contrato de trabalho tampouco previu tratamento distinto conforme a modalidade de extin o da rela o de emprego Simplesmente afirma que o emprego ser mantido ap s um ano da cessa o da percep o do aux lio doen a acident rio E como cedi o onde a lei n o restringe n o cabe ao int rprete restringir A manuten o no emprego ap s um ano de cessa o da percep o do aux lio doen a acident rio direito do empregado mesmo que contratado por prazo determinado e com muito mais raz o na modalidade de experi ncia em que sem d vida o teste fica prejudicado por eventuais sequelas do acidente PARANA Tribunal Regional do Trabalho 9 Regi o Ac rd o n 2219 206 2
140. culo de propriedade do segurado Sebasti o Geraldo de Oliveira enfatiza o peso estat stico de tal esp cie de acidente de trabalho cuja causa sob seu ponto de vista estaria inserida num contexto mais amplo de viol ncia do tr nsito brasileiro 307 Art 21 Equiparam se tamb m ao acidente do trabalho para efeitos desta lei o acidente ligado ao trabalho que embora n o tenha sido a causa nica haja contribu do diretamente para a morte do segurado para a redu o de sua capacidade para o trabalho ou produzido les o que exija aten o m dica pra a sua recupera o DALLEGRAVE NETO 2008 p 226 39 OLIVEIRA 2007 p 52 310 Ibid p 54 130 De fato s o elevados os n meros afetos aos acidentes de trajeto sendo que s no ano de 2005 o INSS acusou a ocorr ncia de 67 456 acidentes dessa modalidade o que representa em m dia 185 por dia ou 14 da totalidade dos acidentes do trabalho no Brasil A caracteriza o do acidente de trajeto enseja algumas diverg ncias mormente ante a possibilidade de que o obreiro modifique o caminho de sua resid ncia at o local da presta o de servi os por interesses pessoais expondo se assim a mais riscos do que estaria sujeito caso fizesse um trajeto mais curto Assentou se quanto ao particular o entendimento de que apenas pequenos desvios de rota s o aceit veis desde que mesmo assim ainda haja compatibilidade com o percurso a ser observado Por outro la
141. cupacionais Com efeito estes obreiros s o desacreditados socialmente seja em raz o do descr dito relativo sua enfermidade sua pessoa ou sua capacidade de trabalho Da mesma forma apenas a aus ncia de sua plena capacidade laborativa vislumbrada sendo ocultadas por detr s de uma visibilidade emba ada todas as demais potencialidades destes indiv duos Por fim dada a exclus o laboral e a segrega o social s quais s o sujeitos verifica se que os empregados acidentados perdem suas identidades dado que o trabalho ocupa papel central na sociedade contempor nea Ademais aqueles que est o alijados da produ o e do consumo v em seu pr prio lugar de cidad o alterado eis que este atualmente praticamente se funde na pessoa do homem consumidor Constr i se um estigma e desconstr i se uma identidade um cidad o 204 Esta desconstru o por seu turno n o tem sido acompanhada por mecanismos aptos sua revers o eis que como visto poucas medidas jur dicas voltadas tutela do empregado discriminado efetivamente surtem efeitos pr ticos Assim as investiga es efetivadas prestam se para sanar uma car ncia relativamente an lise desta espec fica hip tese de discrimina o uma vez que embora em grande n mero os estudos voltados a outras formas de discrimina o engendradas no mundo do trabalho s o ainda t midas as an lises afetas ao empregado acidentado sobretudo na pr pria seara jur
142. da discrimina o motivada pela redu o da capacidade de trabalho compreende se tamb m que esta medida atende aos problemas que t m sido verificados na seara da repara o de danos decorrentes do acidente de trabalho principalmente em raz o da aus ncia de uma efetiva repara o dos preju zos causados eis que as indeniza es proporcionais arbitradas n o s o suficientes para proporcionar uma vida digna aos empregados e das dificuldades encontradas no momento da execu o das condena es impostas pelo Poder Judici rio Assim ante tais circunst ncias e sobretudo considerando se que os danos suportados pelos empregados decorreram do pr prio exerc cio de suas atividades laborativas essencial que se busque uma maior participa o do empregador nesse processo de reabilita o profissional Os meios para tanto consistem em objeto de outros estudos a serem realizados eis que por ora a inten o apenas a apresenta o de solu es para o quadro de segrega o verificado Por seu turno a terceira alternativa proposta para a problem tica objeto de exame seria uma extens o da aplica o de alguns instrumentos internacionais especificamente as recomenda es da Organiza o Internacional do Trabalho afetas quest o do empregado portador do v rus HIV tamb m para a hip tese do obreiro v tima de acidente de trabalho ou acometido por doen a ocupacional j que consoante visto em ambos os casos est a se tratar
143. da organiza o do trabalho destacam se as imposi es mais exigentes de metas de produtividade as quais muitas vezes v m acompanhadas de um elastecimento das jornadas de trabalho ou da associa o da produ o ao pagamento de pr mios inclusive a pr pria participa o nos lucros e resultados e outras formas de remunera o vari vel Na mesma esteira oportuno referir se tamb m s inova es tecnol gicas implantadas as quais imprimem uma maior velocidade ao trabalho e ensejam uma MELO 2010 p 65 2 BENITEZ Gisela Maria Bester Quando por que em que sentido e em nome de que tipo de empresa o estado contempor neo deixa de ser empres rio In TONIN Marta Mar lia GEVAERD Jair Coordenadores Direito empresarial e cidadania quest es contempor neas Curitiba Juru 2004 p 138 343 MELO 2010 p 76 344 JINKINGS 2008 p 144 145 345 Ibid p 150 142 consequente sobrecarga para o empregado ocorrendo a intensifica o do seu ritmo de labor E ainda n o h como n o citar as terceiriza es instituto utilizado com a finalidade prec pua de redu o de custos e isen o de responsabilidades para o tomador dos servi os bem como a erradica o dos grandes centros de concentra o de trabalhadores como o fim dos centros de processamento de dados dos grandes bancos por exemplo A respeito do assunto interessante a abordagem de Nise Jinkings que embora se referindo esp
144. da rela o mencionada no inciso 27 OLIVEIRA 2007 p 47 298 MONTEIRO BERTAGNI 2009 p 17 29 MONTEIRO BERTAGNI loc cit Quanto LER interessantes as considera es tecidas por Maria Elizabeth Antunes Rocha no sentido de que elas representam a maioria das doen as ocupacionais chegando a assumir 80 1 do total de benef cios concedidos pelo INSS no Estado de Minas Gerais Conferir em LIMA Maria Elizabeth Antunes A discrimina o no contexto de trabalho o caso dos portadores de les es por esfor os repetitivos In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 115 126 31 DALLEGRAVE NETO 2008 p 224 2 DALLEGRAVE NETO loc cit 128 J as doen as do trabalho s o enfermidades comuns que pelo empregado s o adquiridas em raz o das condi es especiais em que o trabalho realizado Tais condi es irregulares devem ser demonstradas e assim o nexo com o trabalho deve ser objeto de comprova o Da mesma forma al m das doen as ocupacionais o artigo 20 da Lei 8213 91 cuidou de mencionar as doen as que n o podem ser consideradas como sendo causadas por fatores relacionados ao trabalho desta feita em seu par grafo nico Relacionou assim a doen a degenerativa aquela inerente a grupo et rio a que n o produziu qualquer incapacidade laborativa e por fim a doen a end mica adquirida por segurado habitante de regi
145. da vez mais normal da decorrendo como consequ ncia l gica a redu o da pr pria discrimina o Neste sentido s o as pondera es de Goffman que ao aprofundar o estudo a respeito do estigma explica que o estabelecimento de uma rotina normal de 480 GOMES 2001 p 44 481 MARQUES 2002 p 83 84 482 BRITO FILHO 2002 p 67 190 contato di rio com pessoas estigmatizadas pode fazer com que as restri es que se colocam em rela o a elas sejam amenizadas No entanto o pr prio autor menciona que este efeito esperado a redu o da discrimina o nem sempre ocorre na medida em que muitas pessoas continuam a nutrir preconceito mesmo em rela o s pessoas de seu habitual conv vio De fato e consoante j exposto a discrimina o um processo complexo e por isso n o h como se considerar que a efic cia em rela o ao seu combate estaria presente em uma nica esp cie de mecanismo jur dico A combina o de diversas frentes de a o diante desta problem tica o caminho mais acertado restando evidente sob o ponto de vista defendido neste trabalho que as medidas afirmativas como aquelas contidas nos artigos 373 A da CLT e 93 da Lei 8213 91 exercem um papel mais eficaz na esfera do combate o discrimina o sendo imperiosas em acr scimo tamb m as iniciativas dirigidas educa o e com vistas desconstru o de ju zos equivocados Em que pese certa abstra o n o se
146. dade de exemplificar as afirma es feitas 241 ressalta se aqui o posicionamento de Raimundo Sim o de Melo que defende a possibilidade de que mesmo ocorrendo acidente de trabalho t pico poss vel reconhecer ao empregado o direito estabilidade acident ria sem que tenha o obreiro usufru do do aux lio doen a acident rio Inclusive tal entendimento encontra fulcro em decis es jurisprudenciais a respeito do tema como aquela proferida pelo Egr gio Tribunal Regional da 3 Regi o especificamente por sua 52 Turma na qual se reconhece que embora a 241 MELO 2010 p 218 a Comprovado o acidente de trabalho o direito estabilidade independe da concess o de aux lio doen a Desde que comprovado o acidente de trabalho sofrido o empregado tem direito a estabilidade provis ria garantida em lei ainda que o requerimento de aux lio doen a acident rio tenha sido negado pelo INSS E este o entendimento da 5 Turma de Ju zes do TRT que manteve a condena o da empresa reclamada ao pagamento da indeniza o correspondente ao sal rio e demais vantagens trabalhistas de todo o per odo em que o reclamante teria direito a permanecer no emprego em raz o da estabilidade acident ria O Juiz relator Emerson Jos Alves Lage explica que embora o gozo de aux lio doen a acident rio seja requisito previsto pela lei para a garantia da 105 percep o de benef cio previdenci rio seja um dos requisitos legais para
147. de estigmas sociais bastante significativos 49 OLIVEIRA 2007 p 121 8 LOPES 2002 p 267 197 Assim como se viu em rela o medida anteriormente referida a proposta tamb m se volta para a maior participa o do empregador neste processo de reconhecimento da doen a de investiga o e preven o de suas causas e de conscientiza o dos demais empregados a respeito das consequ ncias das enfermidades e dos acidentes Essa tem tica abordada por Alice Monteiro de Barros que investigando as a es voltadas ao combate da discrimina o dirigida aos empregados portadores do v rus HIV ressalta a import ncia de algumas recomenda es da OIT principalmente porque ainda se verifica um desconhecimento bastante acentuado em rela o AIDS Os empregadores muitas vezes n o sabem como agir diante de um empregado portador do v rus HIV e o que estes documentos emitidos pela Organiza o Internacional do Trabalho visam exatamente oferecer um norte quanto ao particular estabelecendo as medidas que devem ser tomadas em casos como tais Oportuna aqui a refer ncia a alguns textos espec ficos como o caso do Repert rio de Recomenda es Pr ticas da OIT sobre HIV AIDS e o Mundo do Trabalho bem como as Diretrizes para os Empregadores em rela o AIDS E nos termos do que j foi exposto a situa o dos empregados acidentados bastante pr xima aquela dos obreiros portadores do v rus
148. dentar se tendo contato com sangue contaminado por v rus de doen as graves como as que foram citadas no conceito acima transcrito A especificidade desta quest o reside no fato de que o obreiro mesmo tendo se acidentado n o se afasta do trabalho pois do infort nio n o decorre automaticamente qualquer incapacidade laborativa 8 Nos termos de tese apresentada por Sara L cia Davi Sousa ao CONGRESSO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA JUSTI A DO TRABALHO CONAMAT no ano de 2008 e devidamente aprovada cuja ementa foi posta nos seguintes termos Presume se discriminat ria a dispensa do empregado que sofreu acidente biol gico no trabalho no per odo de car ncia ou lat ncia da doen a que segundo a ci ncia m dica ensejaria tratamento preventivo em at 12 meses depois do seu t rmino Dispon vel em lt http www amatra3 com br gt Acesso em 10 maio 2010 162 Da mesma forma sequer constatada de forma imediata a efetiva exist ncia de uma doen a eis que para se saber ao certo se houve contamina o s o necess rios exames que dimanam algum lapso temporal para ficarem prontos Em raz o destes fatores consubstancia se uma hip tese efetivamente sui generis H o acidente mas o mesmo n o se amolda perfeitamente ao conceito previsto pela Lei 8213 91 na medida em que n o se verifica a imediatidade dos seus resultados Por outro lado sequer se tem certeza quanto caracteriza o da doen a do trabalho N o obs
149. dez V proceder o empregador ou preposto a revista ntimas nas empregadas ou funcion rias Par grafo nico O disposto neste artigo n o obsta a ado o de medidas tempor rias que visem ao estabelecimento das pol ticas de igualdade entre homens e mulheres em particular as que se destinam a corrigir as distor es que afetam a forma o profissional o acesso ao emprego e as condi es gerais de trabalho da mulher 81 Passa se assim an lise dos termos da Lei 9029 95 que versa especificamente a respeito das condutas discriminat rias levadas a efeito na ambi ncia laboral 3 1 2 Lei 9029 95 A Lei 9029 95 consoante j se adiantou nas considera es prefaciais deste cap tulo volta se especificamente ao combate discrimina o no trabalho Promulgada pelo ent o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso em 13 de abril de 1995 ela disciplina a proibi o da exig ncia de atestados de gravidez e esteriliza o e outras pr ticas discriminat rias para efeitos admissionais ou de perman ncia da rela o jur dica de trabalho Sua prote o essencialmente conferida mulher entretanto possui car ter mais amplo eis que como se demonstrar na sequ ncia seu artigo 1 refere se tamb m a outras formas de discrimina o diversas daquela motivada na ocorr ncia de um acidente de trabalho Segundo Christiani Marques a Lei 9029 95 o primeiro diploma legal que tem a finalidade espec fica de
150. dica Portanto muito mais do que a convic o de se estar diante de um complexo e grave quadro de discrimina o e de estigmatiza o de uma categoria de empregados j prejudicados em raz o do pr prio dano s suas integridades f sicas este estudo consiste em motiva o para a continuidade da pesquisa Mormente considerando a constata o da pouca efetividade no plano pr tico dos mecanismos voltados tutela do empregado discriminado as investiga es futuras se centrar o na proposi o de outras alternativas para a revers o da situa o sobretudo para que possa de fato trazer mais acr scimos sociedade posto que se acredita que toda e qualquer atividade intelectual deve sempre estar voltada para tal fim 205 REFER NCIAS ALESSI Marcelo Discrimina o no direito do trabalho aspectos legais e jurisprudenciais n DALLEGRAVE NETO Jos Afonso COUTINHO Aldacy Rachid GUNTHER Luiz Eduardo coords Transforma es do direito do trabalho Curitiba Juru 2000 p 147 156 BACILA Carlos Roberto Estigma um estudo sobre preconceitos Rio de Janeiro Ed Lume Juris 2005 BANDEIRA DE MELLO Celso Ant nio Conte do jur dico do princ pio da igualdade S o Paulo Malheiros 1999 BARBOSA Maria do Socorro Al cio SANTOS Regina Maria dos TREZZA Maria Cristina Soares Figueiredo A vida do trabalhador antes e ap s a les o por esfor o repetitivo LER e doen a osteomuscular relacionada ao trabalh
151. discrimina o em geral envolvem tipos diversos e variados de empregados ou tipos diversos de 8 MARQUES 2002 p 151 177 MARQUES loc cit 178 DELGADO 2000 p 98 77 179 situa es contratuais o que n o impede entretanto que seus efeitos repercutam tamb m na esfera salarial Mas por outro lado ainda na esteira das li es de Maur cio Godinho as prote es especificamente voltadas veda o da discrimina o em mat ria salarial versam a respeito de algumas hip teses determinadas como por exemplo o instituto da equipara o salarial o da terceiriza o entre outros No presente estudo a fim de evitar uma exaustiva exposi o acerca de todos os dispositivos celetistas que tratam de alguma forma de veda o discrimina o ser feita remiss o apenas a alguns deles mormente aqueles cuja aplica o mais corriqueira na pr tica Assim tendo em vista tal crit rio bem como considerando os coment rios tecidos por Cristina Paranhos Olmos e Jos Claudio de Brito Filho nas obras j referenciadas imperiosa a refer ncia aos artigos 3 5 373 A e 461 do Texto Celetista A disposi o do artigo 3 especificamente em seu par grafo nico ampla e veda a efetiva o de qualquer discrimina o em raz o da esp cie de emprego da condi o de trabalhador e da natureza do trabalho intelectual t cnico e manual Sem nenhuma dificuldade o que este dispositi
152. do mormente na seara juslaboral visto que apenas ap s as altera es de compet ncia promovidas pela Emenda Constitucional n 45 de 2004 que a quest o dos acidentes de trabalho passou a ser objeto de aten o mais detida dos estudiosos do Direito do Trabalho No entanto sua relev ncia evidente e n o reside apenas nas estat sticas que foram apresentadas no in cio desta exposi o as quais sem embargos j revelam uma situa o alarmante H que se atentar tamb m para o fato de que atualmente o contexto das rela es de emprego dominado por novas formas de organiza o do trabalho voltadas a privilegiar os obreiros que contam com a plenitude de sua higidez f sica eis que ao menos em tese apenas eles s o aptos a atender s demandas de alta produtividade e de rendimento acima da m dia que lhes s o impostas Impera nas sociedades modernas uma racionalidade quase que puramente econ mica a qual influencia todas as formas de rela o que se travam no meio social dentre as quais por excel ncia as rela es de emprego Portanto em aten o a este particular que a quest o a ser estudada mostra se ainda mais pertinente e atual na medida em que muito embora a perfeita condi o f sica do empregado sempre tenha sido um atributo considerado pelo empregador evidente que na contemporaneidade esse dado tem sido mais valorizado E por conseguinte aqueles que n o se encaixam nestes padr es cada vez mais
153. do se o empregado se desvia sobremaneira de seu trajeto alterando substancialmente o caminho de sua resid ncia at o local da presta o de servi os ser afastada a possibilidade de caracteriza o do acidente de trabalho Por fim apenas com vistas a encerrar a exposi o relativa aos conceitos de acidente de trabalho e doen as ocupacionais oportuno mencionar a classifica o apresentada por Dallegrave Neto qual insere os diversos tipos de acidente de trabalho em categorias diferentes Segundo este autor os acidentes de trabalho tipo quais sejam aqueles previstos como g nero no artigo 19 da Lei 8213 91 teriam como caracter sticas tanto a instantaneidade de sua causa como de seu resultado ao passo que as doen as ocupacionais mencionadas pelos artigos 20 e 21 A se caracterizariam pela progressividade e mediatidade do seu resultado Por seu turno os acidentes caracterizados pela concausa aqueles dispostos no inciso do artigo 21 consistem na terceira esp cie de acidentes de trabalho referida por Dallegrave Neto e possuem no trabalho uma de suas causas diretas por m n o exclusiva E complementando a sistematiza o feita os acidentes previstos nos incisos Il a IV do artigo 21 possuem apenas uma causalidade indireta em rela o s atividades laborativas e assim via de regra n o ensejam a responsabiliza o civil do empregador 311 OLIVEIRA loc cit 312 OLIVEIRA 2007 p 55 313 DALLEGRAVE NET
154. dos de afastamento do trabalho para o tratamento e julguem tal situa o como se fosse um privil gio Muito embora a maior parte destas constata es seja voltada situa o dos empregados que foram acometidos por les es por esfor os repetitivos entende se que elas s o aplic veis tamb m para outros casos de doen as ocupacionais diversas ou mesmo para a hip tese dos obreiros que sofreram acidentes de trabalho 381 MUROFUSE MARZALE 2001 p 23 382 MUROFUSE MARZALE loc cit 383 MUROFUSE MARZALE loc cit 151 t picos na medida em que o ambiente de trabalho atual marcado pela aus ncia de solidariedade de um modo geral e pela perda do senso de coletividade Ademais n o h como se olvidar tamb m que as les es por esfor os repetitivos s o de fato os casos mais frequentes de doen as ocupacionais e assim as situa es que delas decorrem acabam sendo comuns nas rela es de emprego e podem perfeitamente ser utilizadas para retratar a situa o da maioria dos obreiros enfermos em virtude do labor Mais uma vez alguns relatos extra dos de estudos levados a efeito nesta seara demonstram a realidade dos coment rios acima tecidos Num deles a obreira exp e justamente essa quest o da invisibilidade da doen a afirmando o meu bra o n o deforma s incha fica duro trava tudo e d i n o tem o que eu fazer vou ter que amputar o bra o para eles verem que eu t com uma dor c
155. e a escolha pelo conceito enunciado pela Conven o n 111 deve se ao seu car ter mais geral e por conseguinte mais abrangente Nestes termos a integralidade do referido artigo 1 1 Para os fins desta Conven o o termo discrimina o compreende a toda distin o exclus o ou prefer ncia com base em ra a cor sexo religi o opini o pol tica nacionalidade ou origem social que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profiss o b qualquer outra distin o exclus o ou prefer ncia que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou tratamento no emprego ou profiss o conforme pode ser determinado pelo Pa s membro concernente ap s consultar organiza es representativas de empregadores e de trabalhadores se as houver e outros organismos adequados Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 31 jan 2010 25 Cristina Paranhos Olmos tamb m imbu da do objetivo de estudar a discrimina o verificada nas rela es de emprego apresenta conceito til para os fins aos quais se destina o presente estudo considerando a discrimina o como decorr ncia de uma diferen a entre determinada caracter stica considerada normal pela sociedade e aquela ostentada por certa pessoa ou grupo de indiv duos caracter stica esta que quase sempre n o guarda qualquer rela o com o bom desempenho do trabalho A discrimina o sob tal perspec
156. e ent o que al m dos dispositivos legais e celetistas e dos termos das Leis 9029 95 e 8112 93 tamb m as Conven es da OIT atuam como mecanismos jur dicos voltados tutela dos empregados que se encontram em situa o de discrimina o na ambi ncia da rela o de emprego A Conven o de n 100 disp e a respeito do Sal rio Igual para Trabalho de Igual Valor entre o Homem e a Mulher Foi aprovada na 34 Reuni o da Confer ncia Internacional do Trabalho Genebra 1951 e entrou em vigor no plano internacional em 23 05 1953 Muita embora a disparidade salarial entre os g neros ainda seja uma realidade no Brasil n o se pode olvidar a influ ncia desta Conven o no contexto brasileiro posto que ap s a sua ratifica o em 25 de abril de 1957 e a sua entrada em vigor um ano depois diversas normas conformes a esta Conven o foram acrescentadas ao ordenamento jur dico p trio A t tulo de exemplo menciona se aqui a incorpora o desta diretriz ao pr prio Texto Constitucional posto que a Constitui o de 1988 traz em seu artigo 7 inciso XXX a proibi o de diferen as de sal rio em raz o do sexo consoante j referido anteriormente Ainda que essa disposi o constitucional tenha sido tamb m influenciada pelos pr prios termos da Consolida o das Leis do Trabalho que como j dito desde 1943 dispunha em seu artigo 5 a respeito da necessidade de igual sal rio para igual trabalho independentemente do sex
157. e mencionar a S mula n 06 do Tribunal Superior do Trabalho a qual versa exatamente sobre os termos do artigo 461 da CLT e traz em seu bojo diversas especifica es de quest es que derivam de tal previs o Por fim cumpre fazer refer ncia ainda Lei 9799 99 a qual acrescentou alguns dispositivos ao Texto Celetista O objetivo desta Lei segundo seus pr prios termos foi a inser o na Consolida o das Leis do Trabalho de regras sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho E uma circunst ncia bastante significativa deste diploma legal que o mesmo abriga de forma simult nea a pol tica repressiva com a conduta estimuladora da 185 A inser o o que de fato importante eis que a pr pria din mica social tem demonstrado que apenas a proibi o de condutas discriminat rias por si s n o se revela eficaz BRASIL Tribunal Superior do Trabalho S mula n 0 6 Equipara o Salarial Art 461 da CLT Para os fins previstos no 82 do art 461 da CLT s v lido o quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Minist rio do Trabalho excluindo se apenas dessa exig ncia o quadro de carreira das entidades de direito p blico da administra o direta aut rquica e fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente II Para efeito de equipara o de sal rios em caso de trabalho igual conta se o tempo de servi o na fun o e n o no empreg
158. e parte de sua jornada de trabalho sem a atribui o de qualquer atividade Tal fato al m de demonstrar a evidente discrimina o do empregado que possui redu o de sua capacidade laboral aponta tamb m para a ocorr ncia de inequ voco ass dio moral Esse ass dio efetivamente se torna bastante claro quando os empregados acidentados s o segregados dos demais dentro da estrutura da empresa Margarida Barreto discorre a respeito deste particular esclarecendo que em alguns casos os empregados que retornam do afastamento previdenci rio s o tachados de incapazes e separados daqueles reputados normais Destaca a autora que tais obreiros s o colocados em setores denominados de compat veis ou de retrabalho os quais passam a ser conhecidos pejorativamente como INPS setor dos inv lidos dos podres ou dos in teis 389 FREITAS Maria Ester HELOANI Roberto BARRETO Margarida Ass dio moral no trabalho S o Paulo Cengage Learning 2009 p 21 3 OLIVEIRA 2000 p 152 391 Ibid p 153 392 Autos de AIND n 1275 2008 892 09 00 com senten a proferida pela Dra Ana Gledis Tissot Benatti do Valle 2 Vara do Trabalho de S o Jos dos Pinhais PR estando at o momento de conclus o deste trabalho ainda em fase de recurso para o Egr gio Tribunal Regional do Trabalho da 9 Regi o 33 BARRETO 2006 p 112 153 Os relatos dos empregados que vivenciam situa es com
159. e se enquadram em alguma hip tese de exclus o no seu ambiente laboral Assim com vistas a este objetivo trata se inicialmente das medidas legais nas quais se incluem as disposi es constitucionais e celetistas a Lei 9029 05 e a Lei 8213 91 Ap s ser o abordadas as normas internacionais consubstanciadas nos documentos emitidos pela Organiza o Internacional do Trabalho em especial a Declara o sobre os Princ pios e Direitos Fundamentais no Trabalho e as Conven es de n 100 111 e 159 E por fim ser o mencionadas ainda algumas pr ticas inclusivas mormente aquelas propostas pelo Minist rio P blico do Trabalho o que ser levado a efeito 69 com o objetivo de demonstrar como a quest o da discrimina o tem sido tratada na pr tica do mundo do trabalho 3 1 MEDIDAS LEGAIS Consoante j adiantado na introdu o supra as medidas legais a serem abordadas s o os dispositivos constitucionais e celetistas que versam a respeito da veda o discrimina o bem como os termos da Lei 9029 95 e da Lei 8213 91 Dentre estas medidas apenas alguns artigos da Constitui o e da CLT e a Lei 9029 95 versam especificamente a respeito da discrimina o no trabalho ao passo que somente a Lei 8231 91 traz em seu bojo tratamento espec fico situa o dos empregados acidentados ou v timas de doen a ocupacional Todas as previs es no entanto merecem necess rio destaque Seja tratando da discrimina o de um modo
160. e trata da elimina o de todas as formas de discrimina o contra a mulher Art 10 At que seja promulgada a lei complementar a que se refere o artigo 7 da Constitui o Il fica vedada a dispensa arbitr ria ou sem justa causa b da empregada gestante desde a confirma o da gravidez at cinco meses ap s o parto f OLMOS 2008 p 63 37 2 1 3 4 Portador de necessidades especiais A pessoa portadora de necessidades especiais ou deficiente de fato v tima de discrimina o na maioria das rela es sociais que trava em seu cotidiano Segundo Sebasti o Geraldo de Oliveira o deficiente j discriminado antes de pensar em trabalhar E quando efetivamente manifesta sua vontade de ingressar no mundo do trabalho tal realidade n o diferente Pelo contr rio a situa o de discrimina o a mesma havendo grande chance de ser ainda mais agravada eis que o ambiente de trabalho trata se de seara espec fica na qual a higidez f sica e mental bastante valorizada Portanto nesta ambi ncia qualquer esp cie de defici ncia vista com muitas ressalvas mormente porque enseja o questionamento a respeito da capacidade de produtividade dos indiv duos que a ostentam As defici ncias podem ser de diversas ordens Mara Vidigal Darcanchy apoiando se em classifica o ratificada pela Organiza o Mundial de Sa de em 1990 afirma que as defici ncias podem ser f sicas sensoriais menta
161. ece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias Os ambientes sociais estabelecem as categorias de pessoas que tem a probabilidade de serem neles encontrados GOFFMAN 1988 p 11 12 59 Considerando se que a caracter stica que posteriormente vai gerar o estigma n o um dado natural de determinada pessoa ou pelo menos n o desde logo vista de uma forma apenas negativa verifica se ent o que o estigma criado pelas circunst ncias de determinado momento circunst ncias estas que sob a tica j apontada decorreriam de meros acasos Por sua vez tamb m a rela o dos estigmas com a din mica social e portanto a pr pria varia o que se verifica em rela o aos estigmas de cada contexto hist rico relaciona se com a necessidade supra apontada voltada ao estudo das origens destes elementos Entender como a problem tica se coloca no per odo que nos contempor neo certamente algo que para al m de demonstrar a diversidade de estigmas formados nas mais diversas fases de evolu o do homem um facilitador dos esfor os engendrados para fins de supera o dos estigmas Portanto de tudo que foi exposto imperioso que reste assentado que os estigmas s o fatores de discrimina o criados pela sociedade a partir dos quais se estabelecem padr es de conduta reputados normais e consequentemente aqueles que deles se distanc
162. ecificamente ao setor banc rio demonstra como as novas formas de gest o ensejam a precariza o do trabalho determinando inclusive uma altera o do pr prio perfil dos empregados em bancos Como se v todas estas altera es nas formas de organiza o do trabalho visam a obten o do aumento dos lucros da empresa e sua maior competitividade nesse novo cen rio internacional propiciado pela globaliza o e pelos ditames neoliberais Essa reestrutura o produtiva al m de ensejar danos sa de dos empregados posto que o esfor o f sico deles exigido ainda maior mormente ante o aumento de suas atribui es tem como consequ ncia tamb m uma maior segrega o daqueles obreiros que n o se adequam s novas exig ncias Os modelos de produ o atuais embora classificados como flex veis s o r gidos no que pertine s exig ncias de rendimento e produtividade dos empregados bem como no que se refere padroniza o da execu o dos servi os As cobran as s o intensas e o ritmo de trabalho extremamente acelerado Assim mormente considerando se que os acidentes de trabalho e as doen as ocupacionais via de regra s o respons veis pela redu o da capacidade laborativa 6 MERLO et al 2008 p 129 347 MELO op cit p 77 48 JINKINGS op cit p 158 349 JINKINGS 2008 p 149 350 Quanto ao particular especificamente no que atine aos danos sa de decorrentes dessas nov
163. efini es doutrin rias sejam elas extra das do ramo do Direito ou mesmo de outras searas distintas como a Psicologia Jos Claudio Monteiro de Brito Filho apresenta em sua obra alguns conceitos distintos facilitando a pesquisa por ora engendrada relativamente ao tema mormente no que pertine investiga o em outros ramos que n o o jur dico Menciona por exemplo defini o dada por Aroldo Rodrigues que discute a quest o sob a perspectiva da Psicologia Social e assevera que o preconceito al m de n o ser inato mas sim condicionado consiste em atitude negativa aprendida dirigida a um grupo determinado Com suped neo nestas pondera es Brito Filho posiciona se no sentido de que o preconceito seria extra do do meio social na medida em que a pr pria vida em sociedade os modelos de educa o e os modos de comportamento que influenciam diretamente a atua o das pessoas levando as a nutrir ou n o ju zos negativos em rela o aos demais Tamb m se referindo ao ineg vel car ter negativo do preconceito e pr pria rela o deste conceito com a discrimina o Christiani Marques ensina que uma vez presente o preconceito as qualidades da pessoa s o visualizadas apenas em seu aspecto negativo circunst ncia respons vel pela ulterior discrimina o de determinado grupo ou indiv duo exclu do Outro conceito que tamb m digno de men o aquele contido no Relat rio do Comit Nacional para a p
164. egado quanto pelo empregador certo contudo que o retorno do empregado ao labor deve se dar mediante o devido respeito s suas condi es f sicas devendo o empregador promover o remanejamento de fun o que se fa a necess rio para fins de colocar o obreiro em atividade compat vel com o seu estado de sa de Por outro lado exatamente o retorno do empregado s suas atividades que ir facilitar a eventual concess o de novo benef cio previdenci rio uma vez que se o obreiro efetivamente n o estiver apto ao labor o empregador deve efetivar todas as medidas que lhe competem com vistas ao seu afastamento seja emitindo CAT seja possibilitando a concess o de atestado m dico para fins de afastamento por per odo superior a quinze dias No entanto em que pesem estas possibilidades certa a obriga o do empregador de submeter se decis o do rg o previdenci rio at que a mesma seja devidamente modificada o que implica a sua responsabilidade pelo pagamento dos sal rios e demais vantagens trabalhistas devidas no interregno situado entre a alta concedida pelo INSS e o efetivo retorno do obreiro ao trabalho eis que a pr pria exist ncia deste lapso temporal se deve recusa injustificada do empregador em receber o obreiro para a continuidade da presta o de servi os Da mesma forma que se viu em rela o situa o anteriormente retratada imperioso ressaltar que esta quest o tamb m j foi apreciada pelos Trib
165. eira do exposto pelo artigo 89 tamb m o artigo 93 insere se neste contexto de inclus o dos portadores de defici ncia e empregados reabilitados ao mercado de trabalho sendo que aqui tal inclus o vem expressa numa norma de cunho obrigat rio A respeito da utilidade deste dispositivo s o interessantes os coment rios tecidos por Sebasti o Geraldo de Oliveira que al m de ressaltar que a norma de fato traz a influ ncia ben fica da a o afirmativa aduz tamb m que a mesma serve como meio de se verificar quais empregadores adotam ou n o uma postura discriminat ria em rela o aos empregados portadores de defici ncia ou reabilitados Assim a mera inobserv ncia do disposto no artigo 93 pelo empregador j seria suficiente para demonstrar a pr tica de discrimina o em face dos reabilitados ou deficientes E ao rev s aqueles que possuem em seus quadros funcionais empregados de tais categorias cumprem o papel social que lhes cabe quanto ao particular colaborando para a inser o dos mesmos no mercado formal de trabalho Muito embora o artigo 93 seja objeto de elogios pela doutrina como o caso das considera es de Jos Cl udio de Brito Filho e as de Sebasti o Geraldo de Oliveira j expostas n o se pode olvidar que o mesmo tamb m criticado por alguns doutrinadores Jos Pastore por exemplo seguindo a linha de racioc nio que normalmente adotada por aqueles que se op em ao sistema de cotas afirma q
166. ela o que travam entre si sobretudo quando o objetivo vislumbrado a supera o dos mesmos no meio social 134 GOFFMAN 1988 p 14 13 BACILA 2005 p 32 138 GOFFMAN loc cit 61 Afirma Bacila Quanto ao particular que muitas vezes uma pessoa estigmatizada em raz o de sua ra a tamb m o por decorr ncia de sua religi o havendo de fato uma discrimina o que decorre do somat rio de algumas caracter sticas Da portanto que uma vis o separada ou fragmentada dos estigmas enfraqueceria um objetivo comum de supera o ou nega o de estigmas Para al m de um estudo a respeito das diversas classifica es dos estigmas pode se afirmar que a li o mais importante a ser extra da das tipologias apresentadas mesmo o fato de que a sociedade a todo momento pode dar ensejo forma o de novos fatores de discr mem entre os indiv duos E tal circunst ncia de fato verifica se na pr tica na medida em que a pr pria din mica social faz com que atualmente se visualize algumas formas de discrimina o que n o eram reconhecidas ou ao menos n o tinham presen a t o ostensiva at bem pouco tempo atr s Exemplo disso a discrimina o est tica no ambiente laboral que nos dias atuais cada vez mais presente em raz o dos r gidos padr es de beleza impostos e da constante preocupa o da sociedade com a apar ncia Da mesma forma algumas doen as passam tamb m a serem vistas como ve
167. elar os cidad os diante da norma legal posta mas que a pr pria lei n o pode ser editada em desconformidade com a isonomia Assim portanto o comando constitucional estampado no caput do artigo 5 dirige se tamb m ao legislador posto que a pr pria edi o da lei e n o apenas a sua aplica o deve ser norteada pelo princ pio da igualdade e assim assujeita se ao dever de dispensar tratamento equ nime s pessoas Embora esta previs o da Carta Magna n o seja suficiente efetiva o da igualdade no plano pr tico sobretudo porque consoante alinhavado nela a perspectiva da igualdade meramente formal n o se pode deixar de reconhecer a sua import ncia posto que seu teor serve de fundamento e sustenta o para toda e 168 MARQUES 2002 p 15 169 MELLO 2008 p 9 170 MELLO loc cit 73 qualquer forma de exclus o de desigualdade reprimindo as e estimulando comportamentos que conduzam inclus o Inclusive ainda com rela o a este particular adverte Cristina Paranhos Olmos que tal perspectiva formal da igualdade expressa no caput do artigo 5 n o pode consistir no nico prisma sob o qual deve ser entendida a igualdade importando principalmente a igualdade material 2 Infere se das considera es tecidas pela referida autora que para al m da igualdade formal tamb m a igualdade material est presente no texto constitucional posto que em algumas de suas disposi
168. elativamente s dificuldades enfrentadas por este Programa voltado implementa o da Conven o n 111 especialmente porque o pr pria tema da discrimina o em si ainda bastante temido eis que representa uma amea a aos direitos que as pessoas j adquiriram em seus postos de trabalho ou uma esp cie de perturba o ao ambiente de trabalho Por sua vez quanto Conven o de n 159 insere se a mesma dentro desta mesma linha de promo o da inclus o de algumas categorias atrav s de sua inser o no mercado de trabalho Tal Conven o versa sobre a Reabilita o Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes Foi aprovada na 69 reuni o da Confer ncia Internacional do Trabalho em Genebra e passou a vigorar na comunidade internacional em 20 06 1985 No Brasil sua vig ncia teve in cio quase seis anos depois isto em 18 05 1991 Segundo Sebasti o Geraldo de Oliveira essa Conven o teve ampla ades o internacional pois j contava no final de 1998 com a ratifica o formal de 63 273 BRITO FILHO loc cit 274 MARQUES 2002 p 82 83 275 MARQUES loc cit 28 MARQUES loc cit 77 SUSSEKIND 1998 p 399 119 pa ses valendo citar dentre eles Alemanha Argentina Bol via Chile Espanha Fran a Jap o Paraguai Peru Su a Uruguai e Venezuela Da mesma forma que se viu em rela o Conven o de n 111 a Conven o 159 traz em seu bojo importantes conceitos principa
169. em suas pondera es a respeito da discrimina o no contrato de emprego declina exatamente que por discrimina o entende se o desprezo e ou preju zo imposto a uma pessoa ou grupo de pessoas por conta de um preconceito Enquanto mantido internamente apenas no ntimo ou na consci ncia das pessoas o preconceito de fato negativo simplesmente por se tratar de uma conclus o err nea a respeito de determinado indiv duo Entretanto efetivamente n o se pode negar que seus efeitos apenas s o visualizados no meio social quando h uma exterioriza o deste ju zo de reprova o o que se d segundo as li es de Brito Filho quando presente uma situa o de estigmatiza o ou estereotipagem de determinados grupos ou pessoas 10 MARQUES 2002 p 178 107 OLMOS 2008 p 26 108 BRITO FILHO 2002 p 38 51 O estigma surge neste contexto tamb m com sentido de uma conota o negativa ou depreciativa atribu da a algu m decorrente muitas vezes da aus ncia de respeito e considera o pelas diferen as entre os indiv duos Sobre este tema portanto passa se a discorrer na sequ ncia 2 3 ESTIGMA 2 3 1 Origem da Express o A palavra estigma foi criada pelos gregos e de in cio foi utilizada para referir se a sinais corporais atrav s dos quais se pretendia evidenciar uma determinada qualidade geralmente negativa dos indiv duos que os apresentavam Tais marcas no corpo em regra eram fe
170. ente se referem situa o dos empregados v timas de acidentes de trabalho Esta omiss o entretanto em parte justificada pois apenas com a Emenda Constitucional n 45 de 08 de dezembro de 2004 que os acidentes de trabalho passaram a estar mais presentes no cotidiano dos operadores do Direito do Trabalho em raz o das altera es por ela promovidas no artigo 114 da Constitui o Federal mormente na pr pria compet ncia da Justi a Especializada Desta forma embora os acidentes de trabalho sempre estivessem de alguma forma relacionados com a seara juslaboral simplesmente por ocorrerem no seio de uma rela o de emprego apenas a partir do final de 2004 que esta tem tica despertou aten o mais detida no mbito do Direito do Trabalho Essa contudo uma realidade da qual n o se pode afastar e que j grave por sua pr pria natureza corre o risco de tornar se ainda mais s ria ante a falta de um tratamento espec fico e aprofundado Consoante dito em rela o a outras formas de discrimina o verifica se que tal aprofundamento j existe No caso da discrimina o engendrada contra a mulher por exemplo observa se a exist ncia de diversos estudos nos quais se analisa de forma bastante detida todas as peculiaridades de tal forma de viola o do direito ao tratamento ison mico 2 O mesmo diga se em rela o discrimina o engendrada com fulcro na ra a a discrimina o por idade a discrimina o est
171. entemente combatida Contudo tendo em vista que no nosso cotidiano algumas circunst ncias tornam a discrimina o mais prov vel de ocorrer a tipologia apresentada ter por fim exatamente retratar tais formas mais corriqueiras de discrimina o Alice Monteiro de Barros al m de classificar a discrimina o quanto forma por meio da qual ela efetivada ou seja em direta indireta e oculta destaca os seguintes crit rios de discrimina o no contrato de trabalho ra a estado civil idade sexo defici ncia f sica AIDS e orienta o sexual direito do trabalho 6 ed S o Paulo LTr 2007 p 778 Neste trabalho ao se referir discrimina o no trabalho est a se tratar da discrimina o em geral ainda que em algumas oportunidades seja feita remiss o discrimina o que se verifica tamb m no tocante remunera o OLMOS 2008 p 57 41 Embora n o seja esclarecimento indispens vel ao desenvolvimento feito a respeito da discrimina o no trabalho vale ressaltar as li es de Alice Monteiro de Barros quanto classifica o da discrimina o no trabalho em direta indireta e oculta A discrimina o manifesta se de forma direta indireta e oculta em v rios segmentos da sociedade inclusive no trabalho A primeira conceituada como o ato por meio do qual se atribui ao empregado um tratamento desigual com efeitos prejudiciais fundado em raz es proibidas ra a sexo estado c
172. ersas tarefas do seu 370 BARRETO 2006 p 169 371 Ibid p 175 2 BARRETO 2006 p 169 37 BARRETO loc cit 374 Que em suas obras ambas j referenciadas se valem de in meros relatos de empregados extra dos de pesquisas de campo por eles mesmo realizadas os quais acabam imprimindo um tom de realidade bastante significativo s teses expostas servindo tamb m a uma melhor compreens o delas 375 BARRETO op cit p 23 149 cotidiano como por exemplo segurar seus filhos no colo Ela aponta a discrimina o que teve de suportar quando procurou o INSS durante a sua gesta o eis que quando da realiza o de exames duvidavam de sua doen a e falavam se voc doente ent o por que engravidou Em outro exemplo o empregado descreve que desenvolveu les o por esfor os repetitivos ap s doze anos de trabalho para o mesmo empregador e que de todo o sofrimento pelo qual tem passado o mais insuport vel a indiferen a que percebe no tratamento dado ao paciente no INSS O desprezo em rela o aos sintomas da doen a como j dito bastante comum nos atendimentos m dicos dos empregados acidentados ou acometidos por doen as ocupacionais e pode ser expresso com clareza numa frase dita a um paciente Se voc ganhar na loteria amanh sua dor vai passar Na mesma esteira o depoimento de uma empregada da ind stria pl stica acometida por h rnia discal em raz o de suas atividades lab
173. erven o estatal ou ainda aquela que deve estar envolvida com o crime O exemplo exposto revela apenas uma das incont veis formas de a es guiadas por elementos discriminadores qual seja a atua o da pol cia colocando as pessoas pobres como principais suspeitas de um crime Contudo a influ ncia dos estigmas bastante ampla at porque n o raras vezes a categoriza o de indiv duos acaba sendo utilizada como forma de manuten o de situa es j estabelecidas mormente no que se refere inferioriza o de determinados grupos A imagem social criada e difundida a respeito de algu m se presta portanto tamb m para fins de controle e manipula o do pr prio poder o que representaria al m do meio atrav s do qual os normais sustentam seu poder em detrimento dos estigmatizados uma forma de neutraliza o institucional Com efeito a constata o de que o estigma direciona a vida em sociedade por atuar como uma esp cie de condicionante do comportamento humano decorre do fato que o estigma um conceito t pico da vida p blica um conceito que apenas encontra seu maior sentido e sua aplica o dentro da din mica das rela es sociais na medida em que se relaciona percep o que uma pessoa possui a respeito de outra Inclusive a pr pria manipula o da sua identidade que as pessoas estigmatizadas s o impulsionadas a fazer em raz o dos padr es tra ados pela sociedade e do qual elas cert
174. es proporcional s pr prias possibilidades de discrimina o criadas pelos homens O estudo desta categoria ampla presta se a possibilitar a compreens o da especifica o que ser feita ulteriormente e com vistas a este objetivo que o tema foi tratado Assim dando se continuidade a este desiderato passa se aprecia o dos mecanismos existentes no ordenamento jur dico p trio voltados ao combate da discrimina o na rela o de emprego an lise mediante a qual se pretende demonstrar qual a resposta que as diversas categorias de pessoas discriminadas t m diante da situa o de exclus o que acabam a experimentar 68 3 MECANISMOS JUR DICOS DE COMBATE DISCRIMINA O Todos s o iguais perante a lei sem distin o de qualquer natureza garantindo se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa s a inviolabilidade do direito vida liberdade igualdade seguran a e propriedade Artigo 5 caput da Constitui o Federal de 1988 Vista no t tulo anterior a quest o da discrimina o no trabalho bem como tecidos alguns coment rios a respeito dos conceitos de preconceito e de estigma passa se neste terceiro cap tulo abordagem dos mecanismos jur dicos existentes no ordenamento jur dico brasileiro voltados ao combate discrimina o Uma vez apresentada a tem tica da discrimina o objetiva se investigar tamb m as respostas que s o dadas pelo Estado aos indiv duos qu
175. esa com 100 cem ou mais empregados est obrigada a preencher de 2 dois por cento a 5 cinco por cento dos seus cargos com benefici rios reabilitados ou pessoas portadoras de defici ncia reabilitadas na seguinte propor o at 200 empregados 2 Il de 201 a 500 3 Ill de 501 a 1 000 4 IV de 1 001 em diante 5 1 A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 noventa ias e a imotivada no contrato por prazo indeterminado s poder ocorrer ap s a contrata o de substituto de condi o semelhante 82 O Minist rio do Trabalho e da Previd ncia Social dever gerar estat sticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados fornecendo as quando solicitadas aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados 224 MARQUES 2002 p 50 225 MARQUES loc cit 26 Art 89 A habilita o e a reabilita o profissional e social dever o proporcionar ao benefici rio incapacitado parcial e totalmente para o trabalho e s pessoas portadoras de defici ncia os meios para a rejeduca o e rejadapta o profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive Par grafo nico A reabilita o profissional compreende 96 mesmas dever o proporcionar ao benefici rio incapacitado parcial
176. espeito da inser o de portadores de necessidades especiais nas empresas Antes contudo de se discorrer a respeito dos dispositivos legais da Lei 8213 91 que podem ser enquadrados como mecanismos jur dicos de combate discrimina o oportuno ressaltar a import ncia deste diploma legal A respeito do tema Jos Cl udio de Brito Filho exp e com clareza que assim como se viu em rela o Lei 9029 95 a Lei 8213 91 tamb m traz inova es ao ordenamento jur dico p trio Tradicionalmente e especificamente no que se refere discrimina o o aparato legislativo brasileiro conta normas que s o do tipo repressor ou seja que se voltam apenas mera proibi o das condutas discriminat rias N o h entretanto a preocupa o em se impor ou estimular qualquer conduta no sentido de valorizar a contrata o e ou manuten o da rela o de emprego com pessoas integrantes de grupos sociais sujeitos a estigmas A Lei 8213 91 todavia pode ser apontada como sendo um exemplo em sentido contr rio que como ser melhor demonstrado na sequ ncia tal diploma preocupa se com a quest o da inclus o dos portadores de defici ncia ao mercado de trabalho fixando inclusive cotas para serem preenchidas nas empresas por empregados reabilitados ou deficientes Isso faz tamb m nos termos das li es de Brito Filho que essa lei possua um perfil nitidamente distinto das anteriores 219 OLMOS
177. eventualmente se afastar o do trabalho para algum tipo de tratamento m dico Corroboram esta conclus o as considera es tecidas por Alice Monteiro de Barros e Marcus Aurelio Lopes quando asseveram a frequ ncia na qual os empregados que retornam do afastamento s o dispensados pelo empregador mesmo antes do t rmino do per odo estabilit rio Na mesma esteira s o tamb m as pondera es de Margarida Barreto que destaca inclusive uma nova caracter stica na massa atual de desempregados qual seja justamente sua condi o de reabilitados ap s a ocorr ncia de acidente de trabalho 39 BARRETO 2006 p 112 395 Ibid p 148 3 Ibid p 167 37 BARROS 2009 p 992 993 38 LOPES 2002 p 267 39 BARRETO op cit p 106 154 S o interessantes os dados apresentados por esta autora em rela o ao particular dos quais se infere que de todos os atendimentos realizados no Sindicato que era objeto de sua pesquisa Sindicato de Trabalhadores nas Ind strias Qu micas Pl sticas Farmac uticas Cosm tico e Similares de S o Paulo 85 deles envolvia empregados dispensados ou em aviso pr vio e destes 95 apresentavam doen as ou sequelas de acidentes de trabalho Parece bastante claro portanto que os empregados acidentados representam uma parcela bastante significativa do total de obreiros que s o dispensados pelos empregadores Imperando uma tica empresarial comprometida apenas com a produtividade
178. firmativas quando necess rio N o h como se olvidar portanto que estas Conven es refletem alguns dos valores que t m sido privilegiados pelas sociedades democr ticas quais sejam o da inclus o social do indiv duo e o seu consequente acesso cidadania atrav s do trabalho 278 OLIVEIRA 2000 p 145 219 Artigo 1 1 Para efeito desta Conven o entende se por pessoa deficiente todas as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma defici ncia de car ter f sico ou mental devidamente comprovada 120 Contudo observa se que em que pesem todas estas disposi es relevantes ainda s o poucas as medidas voltadas efetiva o pr tica da igualdade H que se mencionar aqui a t tulo de complementa o a Portaria n 604 2000 editada no Brasil pelo Minist rio do Trabalho e Emprego a qual tem por fim exatamente a implementa o do disposto nas Conven es n 100 111 e 159 78 Dita Portaria criou os N cleos de Promo o da Igualdade de Oportunidades e de Combate Discrimina o no mbito das Delegacias Regionais do Trabalho os quais s o justamente encarregados de coordenar a es de combate discrimina o em mat ria de emprego e ocupa o Outros exemplos de pr ticas inclusivas t m sido efetivados pelo Minist rio P blico do Trabalho e sobre os mesmos ser o tecidos alguns coment rios no pr ximo
179. gativa ou at mesmo considerada repugnante daqueles que carregam consigo um estigma notada pelas outras pessoas que com ele se relacionam o que muitas vezes causa constrangimentos ou por outro lado tentativas do interlocutor da conversa de tentar transparecer certa normalidade Para Goffman esse momento no qual os estigmatizados e os normais se encontram revela uma das cenas fundamentais da sociologia por ele denominada de contatos mistos Normais e estigmatizados se colocam frente a frente e assim t m de lidar diretamente com as causas e consequ ncias do estigma A resposta a essa cena pode ser o isolamento do indiv duo que possui o atributo negativo que passa ent o a evitar contatos com aqueles reputados normais 47 em raz o do seu temor de ser destratado ou simplesmente visto com indiferen a Exemplo desse isolamento pode ser visualizado com clareza pelo trecho que abaixo reproduzido o qual revela a situa o de um homem que carregava o estigma de ser desempregado atributo este que efetivamente visto de modo bastante negativo na atualidade onde a inser o do indiv duo na produ o e por 143 GOFFMAN 1988 p 18 144 GOFFMAN 1988 p 18 14 Ibid p 23 148 GOFFMAN loc cit 147 Ibid p 22 64 decorr ncia no mundo do consumo promovem sua inclus o social de uma forma geral e s o extremamente valorizados Como duro e humilhante carregar a fama de um homem desempreg
180. gen rico seja combatendo a apenas em rela o a algumas espec ficas situa es tais normas comp em o arsenal legislativo que o nosso ordenamento jur dico apresenta com vistas efetiva o da igualdade da decorrendo a sua ineg vel relev ncia 3 1 1 Normas Constitucionais e Dispositivos Celetistas Como alinhavado anteriormente a discrimina o representa ofensa a um dos pilares do Estado Democr tico de Direito qual seja o Princ pio da Igualdade Por outro bordo sem igualdade n o se pode cogitar da efetiva o do Princ pio da Dignidade da Pessoa Humana o qual tamb m consiste num dos objetivos a serem alcan ados pela maioria das sociedades modernas 70 Especificamente no caso do Brasil a dignidade da pessoa humana dos fundamentos da Rep blica nos termos do que disp e a Constitui o Federal j em seu artigo 1 inciso II1 Talvez seja esta a raz o pela qual Maur cio Godinho Delgado tenha afirmado que dentre as regras de car ter negativo presentes no nosso ordenamento as mais importantes s o aquelas dirigidas ao combate discrimina o no contexto social E isso se deve ao fato de que ao combater a discrimina o tais regras acabam por promover a igualdade e assim colaborar para a efetiva o do princ pio da dignidade da pessoa humana Por outro lado um dos objetivos da Rep blica Federativa do Brasil desta feita nos termos do artigo 3 inciso IV justamente
181. gn sticos provis rios de LER LIMA 2000 p 116 38 MUROFUSE MARZALE 2001 p 23 387 MERLO et al 2008 p 134 388 TREZZA Maria Cristina Soares Figueiredo A vida do trabalhador antes e ap s a les o por esfor o repetitivo LER e doen a osteomuscular relacionada ao trabalho Dispon vel em lt http www scielo br gt p 494 152 atribui o intencional de tarefas para for ar a ociosidade e a inutilidade da v tima a suposi o e atribui o p blica de doen as mentais refer ncias pejorativas Tamb m Sebasti o Gerado de Oliveira tece alguns coment rios quanto ao particular referindo se situa o dos empregados que s o reabilitados ap s a ocorr ncia de acidente de trabalho e que s o vistos pelo empregador como for a de trabalho a ser exclu da Destaca este autor que tais empregados al m de discriminados acabam tendo de optar entre ficar sem qualquer atribui o espec fica aguardando o curso da estabilidade que lhes legalmente garantida ou formular seu pedido de demiss o Interessante apontar relativamente a esta falta de compreens o da chefia e coloca o do obreiro em estado de ociosidade um recente caso apreciado pela Justi a do Trabalho do Estado do Paran no qual a obreira ap s ser dispensada pelo empregador enquanto estava em tratamento de sa de foi reintegrada por determina o judicial e ainda assim mantida no vesti rio da empresa ficando durante grand
182. gosto Art 23 O empregador n o pode praticar qualquer discrimina o directa ou indirecta baseada nomeadamente em ascend ncia idade sexo orienta o sexual estado civil situa o familiar patrim nio gen tico capacidade de trabalho reduzida doen a cr nica nacionalidade origem tnica religi o convic es pol ticas e ideol gicas e filia o sindical Dispon vel em lt http Avww mtss gov pt gt Acesso em 10 maio 2010 185 N o obstante a legisla o brasileira tamb m consubstancia prote o a esta espec fica situa o dos empregados acidentados seja por meio das previs es mais gerais que abrangem toda e qualquer forma de discrimina o seja reflexamente pela via de normas que t m exatamente a finalidade de proteger o empregado acidentado ainda que n o haja refer ncia espec fica sua discrimina o o artigo 118 da Lei 8213 91 exemplo disso Assim ap s analisar os mecanismos jur dicos luz da espec fica situa o de discrimina o retratada percebe se que aqueles que trazem em seu bojo apenas a proibi o da discrimina o possuem uma carga de efetividade reduzida em rela o aos mecanismos que contam com alguma san o discrimina o ou aqueles que determinam a realiza o de alguma medida afirmativa neste contexto No primeiro grupo isto dentre aqueles que apenas pro bem a pr tica da discrimina o e exaltam a necessidade de observ ncia do princ pio da igualdade enq
183. gumas situa es que embora tamb m tragam em seu bojo a ocorr ncia de acidente de trabalho e a discrimina o do empregado vitimado n o s o respaldadas pela lei dada a sua extrema especificidade Quanto ao particular em que pese a exist ncia de in meras hip teses opta se por tratar neste trabalho a respeito de duas delas quais sejam a dos empregados que s o v timas de acidentes biol gicos e a dos obreiros que embora com alta m dica concedida pelo rg o previdenci rio n o s o autorizados a voltar ao labor pelo seu empregador Nestes dois casos verifica se a efetiva ocorr ncia de pr ticas discriminat rias dirigidas aos empregados ainda que n o haja redu o de suas capacidades de trabalho Inclusive talvez em raz o disso seja ainda mais dif cil a verifica o da pr pria discrimina o que j dissimulada como regra nestas hip teses espec ficas ainda mais velada ou n o t o evidente Ademais s o situa es que se tornam cada vez mais frequentes e que ainda n o contam com uma resposta satisfat ria principalmente sob o ponto de vista doutrin rio No que se refere ao acidente biol gico consiste o mesmo naquele que ocorre com trabalhadores expostos a sangue ou outros fluidos corp reos que possam conter v rus de hepatite B hepatite C ou HIV assim como outras doen as infecto contagiosas O que se verifica nestes casos que o empregado em geral laborando na rea da sa de vem a aci
184. ho data de 1943 e a esta poca a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho era um tema debatido de forma bastante incipiente N o obstante em que pese o fato de que a necessidade de efetiva o da igualdade entre homens e mulheres hoje uma id ia que j se encontra assentada e indene de d vidas a realidade efetivamente ainda distante Portanto sendo certo que a mulher continua sendo objeto constante de diversas ordens de discrimina o levadas a efeito na ambi ncia laboral a disposi o do artigo 5 muito embora bvia e inclusive ampliada pelo pr prio Texto Constitucional continua sendo bastante relevante e mesmo necess ria Em complemento disposi o do artigo 3 tem se tamb m as previs es do artigo 461 da CLT o qual amplia sobremaneira a prote o discrimina o em mat ria salarial Disp e o artigo a respeito do instituto da equipara o salarial e prev em seu caput que Sendo id ntica a fun o a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo empregador na mesma localidade corresponder igual sal rio sem distin o de sexo nacionalidade ou idade Tal dispositivo consoante dito afeto especificamente quest o da equipara o salarial cujo detalhamento n o ser feito no presente trabalho Tanto a doutrina como os pr prios Tribunais P trios tratam com profundidade desta tem tica estabelecendo os crit rios para que possa considerar 182 Art 461
185. ho documento este que juntamente com outras medidas at mesmo legais como se ver na sequ ncia deste estudo tem propiciado alguns avan os relativos ao combate desta espec fica hip tese de discrimina o Tal evolu o tem sido propiciada por exemplo pela maior utiliza o do chamado teletrabalho modalidade inserida num contexto de revolu o tecnol gica que permite a presta o de servi os a dist ncia pelo empregado utilizando os meios de comunica o mais modernos E justamente por permitir a execu o do labor sem o efetivo deslocamento do empregado que tal forma de presta o de servi os acaba sendo favor vel aos portadores de defici ncia mormente a f sica Nos termos do que discorre Mara Vidigal Darcanchy como os deficientes f sicos geralmente encontram dificuldades para se deslocarem o teletrabalho surge como uma real oportunidade de serem produtivos No entanto em que pese a efetividade de algumas a es dirigidas a uma maior inclus o dos portadores de necessidades especiais na vida em sociedade e em especial no mundo do trabalho n o se pode olvidar que muito ainda h a ser fazer necessidade esta que perdurar enquanto os ndices de desemprego dos deficientes ainda for duas ou tr s vezes superior aqueles afetos s demais categorias FURTADO Emmanuel Te filo Preconceito no trabalho e a discrimina o por idade S o Paulo LTr 2004 p 231 7 DARCANCHI 2006
186. ho e das doen as ocupacionais bem como sobre os aspectos mais relevantes da pr pria discrimina o no trabalho e os conceitos de estigma e de preconceito buscou se nos cap tulos anteriores oferecer os contornos destes institutos que se faziam necess rios para a compreens o da efetiva inten o do presente estudo que de fato a investiga o de uma espec fica situa o de discrimina o verificada no seio da rela o laboral Dispensou se um n mero mais elevado de p ginas a tais temas por se entender que somente atrav s de uma efetiva compreens o das dimens es do acidente de trabalho e de toda a sua complexidade que se pode atentar para a gravidade dos problemas que ele encerra estando a inclu da a discrimina o que muitas vezes s o suportadas por estes obreiros tanto na ambi ncia da rela o de emprego quanto fora dela Tal esp cie de discrimina o segundo o posicionamento defendido neste estudo n o tem sido objeto das aten es que suas propor es dimanam o que se conclui em raz o de simples pesquisa doutrin ria e jurisprudencial a seu respeito A maioria das obras que tratam da quest o da discrimina o no trabalho apenas tecem coment rios relativos discrimina o em raz o do g nero da ra a e adoecimento a realidade dos portadores de les es por esfor os repetitivos Dispon vel em lt http Awnww scielo br gt 135 da orienta o sexual entre outras hip teses e dificilm
187. ia de discrimina es em geral que s o afetas a v rios tipos de empregados e tamb m a diversos tipos de rela es contratuais e discrimina es com direta e principal repercuss o na tem tica salarial hip tese na qual se enquadram situa es como o instituto da equipara o salarial ou a organiza o dos empregados em quadro de carreira DELGADO Mauricio Godinho Curso de 29 Existem por decorr ncia l gica modos distintos de se classificar a discrimina o ou seja de apresentar uma tipologia da discrimina o mormente para fins did ticos Considerando se a variedade de ensinamentos doutrin rios que podem ser referenciados com rela o ao particular busca se no presente estudo a apresenta o dos tipos mais comuns de discrimina o N o se pretende aqui fazer uma rela o exaustiva das formas de discrimina o verificadas na rela o de emprego o que de fato seria imposs vel S o in meras as circunst ncias que podem ser levadas em conta para fins da efetiva o de pr ticas discriminat rias ao passo que as constantes mudan as ma sociedade criam novos fatores de discr men a todo momento Da mesma forma a finalidade da presente exposi o n o a apresenta o das formas de discrimina o reputadas mais graves Nos termos do que j foi asseverado anteriormente toda forma de discrimina o negativa representa ofensa ao princ pio da igualdade tem s rias repercuss es e assim deve ser veem
188. ia de indiv duos estigmatizada em seu ambiente laboral e tamb m fora dele Segundo conclui Margarida Barreto A doen a passa a ser um s mbolo de estigma social Goffman 1988 e os adoecidos j n o conseguem retornar ao mercado formal quando demitidos N o obstante as investiga es levadas a efeito demonstram que no caso dos empregados acidentados h um diferencial importante que merece ser destacado que via de regra os indiv duos que s o estigmatizados pela sociedade seja em raz o do seu g nero de sua ra a ou mesmo em virtude de alguma defici ncia acabam se reunindo em grupos o que facilita a elabora o de medidas que visam revers o do quadro de discrimina o no qual est o inseridos BARRETO 2006 p 128 447 BARRETO 2006 p 153 48 Ibid p 162 178 Isto facilmente constat vel por exemplo relativamente s mulheres que unidas obtiveram diversos avan os quanto ao reconhecimento de sua igualdade relativamente aos homens Quanto ao particular Erving Goffman tamb m tece alguns coment rios afirmando que os membros de uma categoria de estigma particular tendem a reunir se em pequenos grupos sociais cujos membros derivam todos da mesma categoria estando esses pr prios grupos sujeitos a uma organiza o que os engloba Para este autor esses grupos acabam exercendo um papel relevante posto que atuam com a finalidade de promover a situa o desta
189. iam visto como um elemento depreciativo por um n mero elevado de pessoas o que influencia as rela es sociais de forma determinante na medida em que os comportamentos dos indiv duos s o todos influenciados por estes ju zos de valor equivocados que acabam atuando como esp cies de meta regras no seio social Por fim o estigma atua sobre a identidade dos indiv duos que o carregam determinando a sua constante manipula o com vistas ao enquadramento do estigmatizado aos padr es de normalidade socialmente estabelecidos 2 3 3 Classifica o dos Estigmas Vistos o conceito bem como as caracter sticas mais relevantes dos estigmas passa se a tecer alguns coment rios a respeito das classifica es atribu das aos mesmos De acordo com uma primeira forma de classifica o os estigmas podem ser divididos em tr s esp cies a saber os estigmas do corpo dentre os quais estariam 60 as deformidades f sicas os estigmas relacionados s culpas de car ter individual ou de conduta identificados com a quest o da vontade fraca paix es tir nicas ou n o naturais cren as falsas e r gidas e que teriam como exemplo as diversas formas de v cio o homossexualismo o desemprego dist rbios mentais etc e por fim os estigmas afetos ra a etnia e op o religiosa 4 Bacila por seu turno apresenta quatro estigmas que em sua vis o seriam os de maior relevo quais sejam o do pobre o da mulher o da
190. ido bastante frequente no mercado de trabalho n o obstante uma s rie de esfor os engendrados para combat la sobretudo as campanhas estatais dirigidas efetiva o do primeiro emprego e inclus o dos idosos Possui um aspecto curioso na medida em que direcionada tanto queles considerados muito jovens quanto aos empregados de idade j avan ada No caso dos jovens o que se observa que a discrimina o levada a efeito ainda na fase pr contratual eis que a idade para eles tem sido considerada um entrave para o ingresso no mercado de trabalho As prefer ncias assim recaem sobre aqueles profissionais de meia idade os quais supostamente possuem maior experi ncia A busca por trabalhadores mais jovens reside apenas no mbito do contrato de est gio por meio do qual as empresas t m buscado reduzir seus gastos contratando ao inv s de empregados as pessoas com idade abaixo dos trinta anos que cursam o terceiro grau Cristina Paranhos Olmos tece coment rios bastante relevantes a respeito do car ter prejudicial da discrimina o dos jovens no mercado de trabalho ressaltando sobretudo as consequ ncias de tal exclus o refletidas no mbito da criminalidade e da economia j que o desemprego de tal categoria fator respons vel pela Desembargador Arnor Lima Neto Curitiba 12 de julho de 2005 Dispon vel em lt http www trt9 jus br gt Acesso em 20 abr 2010 DISCRIMINA O NAS RELA ES DE TRABALHO
191. ientemente para transpor barreiras preconceituosas e discriminat rias as quais inegavelmente ainda s o erguidas em rela o aos portadores de defici ncia Por conseguinte enquanto verificados tais entraves inclus o no mercado de trabalho disposi es como esta do artigo 93 continuar o sendo importantes mecanismos de combate discrimina o 232 BRITO FILHO 2002 p 67 28 O tema objeto de estudo detido pelo autor Norberto Bobbio em sua obra Da estrutura fun o novos estudos da teoria do direito Trad Daniella Beccaria Versiani Barueri SP Manole 2007 234 MARQUES 2002 p 54 235 BARCANCHY 2006 p 83 100 Por seu turno igualmente relevante para os fins do presente estudo a disposi o contida no artigo 118 da Lei 8213 91 Tal artigo como se ver espec fico hip tese dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais e apenas por essa raz o j n o poderia deixar de ser aqui referido Disp e o mencionado dispositivo a respeito da estabilidade de doze meses que garantida aos empregados acidentados ap s a cessa o do seu benef cio previdenci rio evidente o alcance social desta regra principalmente porque a realidade brasileira preocupante no que pertine ao n mero de acidentes de trabalho verificados inclusive nos termos do que j foi posto na introdu o do presente trabalho Discorrendo a respeito de tal estabilidade Vanessa
192. imina o em primeiro lugar eis que se trata do conceito mais amplo consistindo tanto no preconceito em sua forma ativa como representando uma das consequ ncias da atribui o de um estigma Em segundo lugar o preconceito eis que ainda que situado no ntimo das pessoas revelando atitude interior sequer pun vel pelo Direito quando n o manifestada ele quem determina a forma o de ju zos e opini es a respeito dos indiv duos e de seus comportamentos O estigma ao final por ser uma marca depreciativa atribu da a algumas pessoas justamente em raz o do preconceito afeto a determinadas caracter sticas vistas como distanciadas dos padr es de normalidade Dentre as tr s hip teses discrimina o preconceito estigma o estigma que determina marcas mais profundas no indiv duo ensejando lhe maior preju zo moral mormente ante os efeitos que causa relativamente identidade da pessoa Ademais a grada o acima exposta pode ser justificada sob o ponto de vista da especificidade na medida em que partindo se da discrimina o para se alcan ar o estigma aborda se inicialmente as categorias mais amplas discrimina o e preconceito que inclusive s o comumente tratadas de uma perspectiva mais coletiva para ao final tratar de um conceito afeto ao indiv duo de modo mais particular estigma Portanto nos termos do que j foi alinhavado analisando a discrimina o no trabalho o preconceito e o estigma bus
193. imo em termos de conviv ncia social Portanto al m da igualdade de oportunidades no mercado de trabalho que se faz imperiosa o combate discrimina o do empregado acidentado presta se para o resgate da cidadania destes obreiros e do seu papel no meio social atualmente tomado pela centralidade ocupada pelo trabalho 58 DELGADO 2007 p 776 200 5 CONCLUS O Consoante se verificou durante todo este estudo buscou se o aprofundamento da an lise de uma espec fica forma de discrimina o efetivada nas rela es de emprego qual seja aquela voltada aos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais Assim todas as demais quest es abordadas foram sempre voltadas a este tema seja para facilitar a sua compreens o seja com vistas a acrescentar algo sua aprecia o Portanto a discrimina o do empregado acidentado foi efetivamente o fio condutor deste trabalho e a id ia que constantemente permeou as an lises efetivadas Inicialmente foram retratadas algumas situa es gerais como a discrimina o no trabalho a quest o do preconceito e tamb m a tem tica do estigma Estas an lises para al m de se prestarem enuncia o de conceitos que seriam imprescind veis para a investiga o que se pretendia levar a efeito ao final do trabalho serviram tamb m para a compreens o da inter rela o entre as quest es Demonstrado restou que a discrimina o encontra suas
194. importantes disposi es relativamente a esta problem tica Da mesma forma tamb m exercem papel nesta seara as Conven es da Organiza o Internacional do Trabalho sobre as quais se passa a discorrer na sequ ncia ao mercado de trabalho Em verdade a norma do art 118 da Lei 8213 91 veio como coroamento das negocia es coletivas que diante da relev ncia e repercuss o social do problema ajustavam a estabilidade provis ria do acidentado tanto que o Colendo TST j havia adotado o Precedente Normativo n 30 assegurando 180 dias de garantia de emprego Ademais o Supremo Tribunal Federal na sua composi o plen ria no julgamento da medida cautelar da A o Direta de Inconstitucionalidade 639 por vota o un nime indeferiu a medida cautelar de suspens o do art 118 mencionado O Relator Ministro Moreira Alves enfatizou no seu voto que foi acompanhado por todos os demais Ministros Nem h qualquer motivo de conveni ncia para suspender norma que a par da finalidade social a que visa n o causa maior preju zo ao patr o S resta concluir portanto pela irrelev ncia da arg i o de inconstitucionalidade MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO n 6353 1995 Relator Juiz Sebasti o Geraldo de Oliveira Belo Horizonte 10 de outubro de 1995 Dispon vel em lt http yww trt3 jus br gt Acesso em 29 mar 2010 111 3 2 CONVEN ES DA OIT Embora j se tenha afirmado que as Conven e
195. inam efeitos na pr tica do mundo do trabalho ou seja se os mesmos s o aptos ou n o revers o do quadro de discrimina o O objetivo deste trabalho suplanta a resposta ao problema proposto e se volta tamb m a suprir uma car ncia de refer ncia espec fica a respeito da discrimina o dos empregados acidentados a qual nos termos do que j foi exposto bastante presente na realidade das rela es de emprego mas no entanto pouco estudada Ante o exposto para al m de todas as an lises que s o levadas a efeito espera se efetivamente que o presente estudo seja til sob a perspectiva da coletividade e sob o ponto de vista social 2 DISCRIMINA O NO TRABALHO PRECONCEITO E ESTIGMA Todo sujeito capaz de viver com liberdade Ningu m melhor do que o outro eis uma grande verdade Padre Jocy Rodrigues Declara o Universal dos Direitos Humanos 1978 No presente cap tulo o objetivo perseguido a apresenta o de dois conceitos e de uma situa o infelizmente comum na atualidade Os conceitos s o o de preconceito e o de estigma e a situa o com a qual cada vez mais se depara a discrimina o no trabalho Estas tr s tem ticas interligam se mutuamente e ademais s o relevantes para que se cumpra um dos objetivos perseguidos neste estudo que exatamente o aprofundamento da an lise da discrimina o engendrada em face dos empregados v timas de acidentes de trabalho ou acometidos por doen as ocu
196. ionamentos que surgiam da reda o legal vai um pouco al m dos pr prios termos do artigo 118 eis que estabelece que nos casos de doen a profissional constatada ap s a rescis o contratual n o se exige que o empregado tenha percebido benef cio previdenci rio durante a contratualidade Tal entendimento de fato torna mais efetiva a prote o almejada pelo legislador mormente porque sem d vida a finalidade nica do dispositivo legal uma maior prote o do obreiro v tima de acidente de trabalho ou acometido por doen a ocupacional 103 Por raz es de diversas ordens muitas vezes o empregado n o consegue comprovar durante o curso da rela o de emprego o nexo de causalidade entre a doen a por ele suportada e as suas atividades laborativas e assim n o obt m o direito ao benef cio do aux lio doen a acident rio Outras vezes sequer consegue afastar se do trabalho por per odo superior a quinze dias eis que antes disso dispensado pelo seu empregador No entanto comprovando tal rela o causal entre os eventos doen a e trabalho ap s a rescis o n o se afigura justo negar a estabilidade a tal obreiro principalmente porque o aspecto mais significativo a ser observado que sem embargos este empregado foi v tima de acidente de trabalho Assim merece ele toda a prote o legal que dispensada a esta situa o n o se podendo exclu lo da estabilidade conferida pela Lei 8213 91 Em s ntese pode se afirm
197. ios eug nicos na sele o de m o de obra BARRETO 2006 p 109 159 repara o integral dos danos decorrentes do acidente sobretudo considerando se as dificuldades de comprova o em ju zo da efetiva rela o de causalidade entre a atividade laboral e os preju zos causados ao obreiro bem como tendo em vista as dificuldades muitas vezes inerentes ao pr prio processo de execu o trabalhista Os obst culos enfrentados para a sua reinclus o ao mercado de trabalho s o indenes de d vidas sobretudo diante da discrimina o que acompanha a circunst ncia de que a partir de ent o o empregado visto como acidentado reabilitado ou portador de alguma mol stia de origem ocupacional N o h como se olvidar assim que a discrimina o do empregado acidentado extrapola a esfera da rela o de emprego e acaba ingressando na seara das demais rela es sociais que o indiv duo trava A discrimina o efetivada no momento p s contratual acaba se identificando assim com a discrimina o que dirigida aos desempregados de um modo geral sobretudo na sociedade contempor nea voltada ao imperativo do consumo e na qual o ter mais valorizado do que o ser O indiv duo o cidad o esgota se no seu papel de consumidor e em raz o disso verifica se a presen a de um sentimento de impot ncia e mesmo de inferioridade daqueles que n o possuem uma coloca o no mercado de trabalho Por outro lado outra ques
198. irmar se o mesmo foi ou n o acometido por doen a adquirida em raz o do trabalho e exatamente em virtude disso n o poderia ser efetivada O reconhecimento da possibilidade da rescis o do contrato de trabalho nestes termos uma forma de outorgar ao empregador o direito de ver se livre de uma responsabilidade antecipadamente isto antes mesmo de confirmada a efetiva o de um evento prejudicial sa de do empregado ocorrido unicamente em raz o do exerc cio do labor E ao rev s a extens o dos efeitos do artigo 118 da Lei 8213 91 a esta situa o espec fica significa interpretar tal dispositivo legal em conformidade com os ditames constitucionais de modo a fazer com que a previs o da lei de fato se volte a assegurar os principais valores que d o unidade a todo o sistema jur dico mormente ap s 1988 e em especial a dignidade da pessoa humana sda Oportuno referenciar trecho do citado ac rd o que bem sintetiza o posicionamento por ora defendido Embora n o se cogite aqui de doen a profissional e n o tendo a Autora usufru do do aux lio doen a acident rio ou comum nada impede o reconhecimento do direito na medida em que uma exegese sistem tica e teleol gica do artigo 118 da Lei 8 213 91 permite concluir que a empregada v tima de acidente biol gico deve receber tratamento especial tendo em vista a especificidade da situa o vincenciada n o parecendo justo que a empresa mantenha seu direito potestativ
199. is ou m ltiplas No mesmo sentido as coloca es de Alice Monteiro de Barros que tamb m as divide em f sica mental e sensorial Inclusive com fulcro nestas classifica es que se prefere o termo portador de necessidades especiais em detrimento da express o deficiente f sico OLIVEIRA Sebasti o Geraldo de Prote o jur dica ao trabalho dos portadores de defici ncia In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 139 155 Oportuno transcrever aqui a classifica o apresentada pela autora De acordo com a C mara t cnica sobre reserva de vagas para Pessoas Portadoras de Defici ncia da Coordenadoria Nacional para integra o da Pessoa Portadora de Defici ncia CORDE na classifica o que foi ratificada pela Organiza o Mundial de Sa de 1990 enquadram se como tipos de defici ncia as seguintes categorias Defici ncia f sica o comprometimento da fun o motora paraplegia tetraplegia amputa o paralisia cerebral etc defici ncia sensorial a defici ncia auditiva e visual defici ncia mental aquela que apresenta padr es intelectuais reduzidos dificuldades cognitivas defici ncias m ltiplas quando uma pessoa apresenta simultaneamente um ou mias tipos de defici ncia DARCANCHI Mara Vidigal Teletrabalho para pessoas portadoras de necessidades especiais S o Paulo LTr 2006
200. istas as motiva es desta espec fica forma de discrimina o em exame passa se investiga o relativa s formas por meio das quais ela se manifesta 4 2 2 Formas de Discrimina o 3 BARRETO 2006 p 103 381 OLMOS 2008 p 90 146 A discrimina o no trabalho de modo geral velada ou seja realizada de indiretamente e n o atrav s de atitudes expl citas Nos termos das li es de Joaquim Barbosa a discrimina o levada a efeito nas rela es de emprego quase sempre dissimulada e assim sua demonstra o se faz em geral mediante a an lise de certos comportamentos empresariais e gerenciais que indicam uma certa tend ncia indisfar avelmente voltada a privilegiar uns e a excluir e estigmatizar outros 2 No caso espec fico dos empregados acidentados a discrimina o que lhes dirigida ocorre tanto dessa maneira dissimulada referida por Joaquim Barbosa como tamb m de forma expl cita Afinal a comum pr tica de dispensa do empregado acidentado antes mesmo de decorrido o per odo de estabilidade assegurado pelo artigo 118 da Lei 8213 91 a toda evid ncia um exemplo claro da discrimina o dirigida a estes obreiros Ocorre todavia que a rescis o do contrato de trabalho apenas uma da formas pelas quais a discrimina o dos empregados acidentados engendrada eis que outras pr ticas efetivadas no contexto geral da rela o de emprego demonstram como tais obreiros s o
201. istiani O contrato de trabalho e a discrimina o est tica S o Paulo LTr 2002 p 28 14 BARROS Alice Monteiro de Curso de direito do trabalho 5 ed rev e ampl S o Paulo LTr 2009 p 1127 22 um n mero crescente de cidad os possa simetricamente participar de pol ticas p blicas do Estado e da sociedade Feitas estas coloca es a respeito da vis o contempor nea de igualdade as quais certamente n o t m o escopo de esgotar o tema n o h como se olvidar que a grande oposi o que se coloca em rela o ao princ pio da igualdade exatamente a exist ncia de discrimina es il citas no seio social A discrimina o tema que tem sido objeto de estudos detidos por parte dos juristas justamente ante esta evidente contradi o que encerra em rela o ao princ pio da igualdade pilar do Estado Democr tico de Direito como j se alinhavou Assim na luta pela constru o de uma sociedade de fato democr tica imp e se o combate a toda e qualquer forma de discrimina o para o que se faz necess ria a investiga o a respeito de suas causas suas principais formas de manifesta o e seus respectivos desdobramentos O estudo do tema portanto essencial para que o seu enfrentamento seja eficaz e para que possa haver a proposi o de alternativas efetivas para a revers o do quadro de verdadeira exclus o no qual determinadas categorias de indiv duos s o inseridas Inclusive nessa esteira s o a
202. itas com l minas ou atrav s do fogo e tinham por fim avisar que o indiv duo era portador de uma esp cie de m cula Por exemplo havia sinais que determinavam que determinada pessoa era escrava que tinha cometido determinado crime ou que era traidora da p tria O estigma como se v trata se de um elemento sempre presente na hist ria do homem e que em que pese algumas altera es de acordo com o contexto hist rico no qual analisado foi constantemente dotado de car ter depreciativo consistindo em efetivo meio de discrimina o Por esta raz o inclusive que se recai em tautologia ao utilizar a express o estigma negativo O estigma como elemento depreciador que sempre visto sob uma perspectiva negativa Ainda acerca das origens dos estigmas Carlos Roberto Bacila faz uma interessante abordagem discorrendo sobre as modifica es que os principais estigmas sob sua perspectiva o da mulher o do pobre e o da ra a n o 10 Ibid p 39 110GOFFMAN Erving Estigma notas sobre a manipula o da identidade deteriorada 4 ed Tradu o de M rcia Bandeira de Mello Leite Nunes Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1988 p 11 111 GOFFMAN loc cit 112 BACILA 2005 p 45 46 52 predominante foram experimentando ao longo das diversas formas de organiza o social que se tem not cia Ademais ressalta ainda a pr pria import ncia do estudo hist rico dos estigmas como sendo um pressuposto para uma com
203. ivil idade ou outra caracter stica enumerada na lei enquanto a discrimina o indireta traduz um tratamento formalmente igual mas que produzir efeito diverso sobre determinados grupos J a discrimina o oculta prevista no direito franc s se funda em motivo proibido mas n o confessado Ela pressup e a inten o de discriminar tra o que a distingue da discrimina o indireta em que est ausente tal inten o A discrimina o oculta vem disfar ada sob a forma de outro motivo e o verdadeiro ocultado da a sua inten o de discriminar BARROS 2009 p 1132 30 Portanto com suped neo nestas considera es passa se a tecer coment rios a respeito da discrimina o afeta ra a idade ao g nero aos portadores de necessidades especiais e aos portadores do v rus HIV frisando se novamente que n o se trata de abordagem exaustiva posto que o aprofundamento do tema ser feito apenas em rela o discrimina o engendrada em face dos empregados v timas de acidente de trabalho ou doen as ocupacionais 2 1 3 1 Ra a A discrimina o em raz o da ra a consiste modernamente numa das constantes preocupa es da comunidade internacional expressa sobretudo por meio da Conven o Internacional da ONU sobre Elimina o de Todas as Formas de Discrimina o Racial voltada aos empregados pertencentes determinada ra a conceito este de dif cil e duvidosa defini o Inclusive
204. jetivamente descrita na lei que n o comporta ila es ou avalia es subjetiva Recurso Ordin rio do reclamante provido PARAIBA Tribunal Regional do Trabalho 13 Regi o RO 00593 2008 005 13 00 0 Relator Juiz Wolney de Macedo Cordeiro Jo o Pessoa 21 de agosto de 2009 Dispon vel em lt http www trti3 jus br gt Acesso em 29 mar 2010 156 dando a aten o que os mesmos dimanam culpabilizar o trabalhador por sua doen a ou acidente rejeitar os obreiros que contam com alguma redu o de sua for a de trabalho ainda que m nima segrega o e discrimina o daqueles que retornam do afastamento previdenci rio coa o voltada demiss o dos empregados que gozam de estabilidade mudan as constantes de fun o e de setor conceder atribui es que est o abaixo da capacidade profissional ou sobrecarregar de atividades Assim com vistas finaliza o da an lise desta espec fica forma de discrimina o passa se aprecia o afeta aos momentos nos quais ela pode ser engendrada buscando se aferir se al m do momento contratual a mesma de fato se verifica tamb m nas fases pr e p s contratuais 4 2 3 Momentos da Discrimina o Nos termos das considera es j tecidas no presente trabalho as investiga es efetivadas a respeito do assunto revelam a efetiva ocorr ncia da discrimina o dos empregados acidentados durante a vig ncia da rela o de emprego Neste espec fico momento ou seja na fa
205. laborando para a discrimina o e marginaliza o do candidato a emprego junto 110 quest o da inconstitucionalidade do artigo 118 deixa clara a situa o de fragilidade na qual se inserem os empregados que retornam de um per odo de afastamento em raz o de acidente de trabalho Consoante visto a Lei 8213 91 embora n o seja especificamente voltada quest o da discrimina o no trabalho traz em seu bojo regras que visam justamente o combate discrimina o Essa portanto a raz o pela qual tal diploma foi tratado neste estudo como sendo um dos mecanismos legais voltados a tutelar os empregados que s o discriminados na ambi ncia da rela o de emprego As disposi es dos artigos 93 e 118 se destacam nesta seara visto que inegavelmente t m por finalidade a prote o de grupos que normalmente s o tratados de forma n o igualit ria no mundo do trabalho quais sejam os empregados portadores de defici ncia os reabilitados e aqueles que foram v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais Assim muito embora n o se tenha esgotado a an lise da Lei 8213 91 e sequer se tenha tratado de modo exaustivo de todas as discuss es que s o travadas em raz o das pr prias previs es dos artigos 93 e 118 o objetivo aqui almejado foi o de chamar aten o para estes artigos os quais n o s o normalmente inseridos no rol de normas voltadas ao combate da discrimina o mas por outro lado trazem consigo
206. legal uma amplitude maior Assim na mesma esteira do que j foi alinhavado linhas atr s tamb m no que pertinente a este artigo 4 entende se que as op es previstas em seus incisos devem ser conferidas a todos os empregados discriminados ainda que a discrimina o em face deles n o tenha sido engendrada em raz o de sexo origem ra a cor estado civil situa o familiar ou idade Outro ponto que deve ser destacado que nos termos da clara reda o do artigo 4 do empregado a escolha pela consequ ncia aplic vel no caso de dispensa discriminat ria Portanto a decis o a respeito do que mais conveniente ap s a constata o da ocorr ncia da dispensa discriminat ria consiste em op o que n o cabe ao Poder Judici rio ou menos ainda ao empregador o empregado quem escolhe por uma das hip teses legalmente previstas quais sejam a sua readmiss o acompanhada do pagamento integral do per odo de afastamento ou o pagamento de indeniza o compensat ria composta pelo dobro do que seria devido ao obreiro no per odo de afastamento O artigo 4 como ali s j se verificou em rela o ao pr prio artigo 1 da Lei 9029 95 tamb m foi objeto de cr ticas 92 As observa es feitas entretanto s o de fato bastante oportunas visto que tecnicamente a reda o do dispositivo falha Isto porque quando fala em readmiss o na realidade o que o legislador quis dizer foi reintegra o
207. lei do que se infere que tal previs o n o afeta apenas aos crimes previstos no artigo 2 mas tamb m s pr ticas constantes do artigo 1 certo que os crimes previstos no artigo 2 ser o cumulativamente apenados tanto com a pena de deten o prevista como pelas san es administrativas mas no entanto a pr tica discriminat ria enquadrada nos termos do artigo 1 por si s tamb m ser combatida com a aplica o das penalidades do artigo 3 que ali s s o multa administrativa de dez vezes o valor do maior sal rio pago pelo empregador elevado em cinquenta por cento em caso de reincid ncia e proibi o de obter empr stimo ou financiamento junto a institui es financeiras oficiais A respeito de tais penalidades especialmente no que toca multa M rcio T lio Viana adverte que exatamente por ser administrativa ela n o se reverte em benef cio do trabalhador mas aos cofres da Uni o 2 Por fim no artigo 4 da Lei 9029 95 que se encontram as consequ ncias da ruptura contratual motivada por ato discriminat rio Tal dispositivo portanto refere se tamb m a momento espec fico da rela o de emprego qual seja a sua rescis o no seguinte sentido a disposi o legal sub examen 211 Art 2 Par grafo nico S o sujeitos ativos dos crimes a que se refere este artigo a pessoa f sica empregadora II o representante legal do empregador como definido
208. lho Curitiba Juru 2000 p 97 108 SILVA Cristiane de Melo M S Gazola SALADINI Ana Paula Sefrin Da limita o do poder de despedir A aplica o do art 7 da Constitui o Federal aos casos de despedida abusiva de empregados portadores de doen as n o ocupacionais Revista LTr S o Paulo vol 74 n 02 p 242 250 fev 2010 SOUSA Sara L cia Davi A estabilidade provis ria nos acidentes biol gicos sem afastamento previdenci rio como instrumento de garantia do princ pio da dignidade da pessoa humana face aos riscos inerentes ao meio ambiente laboral Dispon vel em lt http Anww amatra3 com br gt Acesso em 10 maio 2010 SPULDARO Daniella Bianchini Discrimina es no trabalho In COUTINHO Aldacy Rachid WALDRAFF C lio Horst cords Direito do trabalho e processo do trabalho temas atuais Curitiba Juru 2000 p 191 216 SUSSEKIND Arnaldo Conven es da OIT S o Paulo LTr 1993 THE ELEPHANT MAN Dire o David Linch Produ o Jonathan Sanger Int rpretes John Hurt Anthony Hopkins Anne Bancroft e outros Roteiro Christopher De Vore Eric Bergren e David Lynch baseado em livro de Sir Frederick Treves e Ashley Montagu Brooksfilms Inc Paramount Pictures 1980 01 hs 58 min THE MISTERY OF KASPER HOUSER Jeder f r sich und Gott gegen alle Dire o Werner Herzog Produ o Jonathan Sanger Int rpretes Bruno S Walter Ladengast Brigitte Mira e outros Roteiro Werner Herzog
209. lizabeth Antunes Lima discorre a respeito do assunto e esclarece em suas considera es que na maioria dos casos que envolvem diagn sticos de les es por esfor os repetitivos poss vel verificar uma tentativa de impor ao pr prio empregado a culpa pela sua doen a Segundo tal autora haveria todo um esfor o ideol gico no sentido de se afastar o nexo entre os eventos doen a e trabalho para fins de se desviar das verdadeiras causas da maioria das doen as ocupacionais dentre as quais consoante j ressaltado se colocam as altera es nas formas de organiza o do trabalho impostas nos ltimos anos Assim como os diagn sticos tendem a inserir as doen as ocupacionais como enfermidades apenas reumatol gicas sem qualquer rela o de causalidade com o trabalho ou a associ las a processos psicossom ticos tudo passa a ser percebido como um ind cio de fragilidade ps quica ou org nica e ficam criadas as condi es para que os indiv duos acometidos por essa doen a passem a ser v timas de todo tipo de preconceito At porque nas palavras de Luiz Ot vio Linhares Renault as doen as sempre serviram para pr ticas discriminat rias No mesmo sentido ademais s o as considera es tecidas por Margarida 370 Barreto que em sua abordagem tamb m discorre a respeito do tratamento que dispensado aos empregados acidentados no mbito dos consult rios m dicos 3 LIMA
210. lmente o de pessoa deficiente enunciado j no seu artigo 1 no item 1 2 No mesmo artigo 1 mas desta feita em seu item 2 observa se tamb m que a Conven o 159 esclarece as finalidades do processo de reabilita o a saber a de permitir que a pessoa deficiente obtenha e conserve um emprego e progrida no mesmo e que se promova assim a integra o ou a reintegra o dessa pessoa na sociedade Na Parte Il da referida Conven o encontram se as diretrizes que a Organiza o Internacional do Trabalho estabeleceu para fins da cria o de uma Pol tica de Reabilita o Profissional e Emprego para Pessoas Deficientes ou seja para que a efetiva o da igualdade para esta categoria de pessoas saia da abstra o e ingresse no plano pr tico O artigo 4 tamb m seguindo a orienta o das demais Conven es que versam a respeito do combate discrimina o prev a possibilidade de que sejam efetivadas medidas afirmativas voltadas efetiva o da igualdade de tratamento as quais n o ser o portanto consideradas como discriminat rias Todas estas Conven es nos termos do que j foi alinhavado revelam se atualmente como importantes mecanismos jur dicos voltados ao combate da discrimina o De suas disposi es infere se o dever dos Estados Membros de dirigir seus esfor os para a es pr ticas voltadas redu o da discrimina o e consequente efetiva o da igualdade inclusive engendrando a es a
211. lo com os incentivos fiscais concedidos em hip teses espec ficas Nesse sentido s o as considera es tecidas por Ana Cristina Ravaglio Lavalle que ao estudar o tema da discrimina o nas rela es de trabalho conclui pela necessidade de uma atua o estatal mais orientadora por meios de normas que al m de trazer comandos coatores e proibitivos consistam tamb m em incentivos para a ado o de pr ticas inclusivas pelos empregadores No que se refere segunda medida proposta consiste a mesma na maior aten o que deve ser dada reabilita o dos empregados acidentados 2 BOBBIO 2007 p 208 209 493 LAVALLE 2009 p 176 177 194 N o h como se olvidar que como j exposto a discrimina o voltada a esta categoria de obreiros funda se na fragilidade de sua sa de e engendrada em raz o da perda ou da redu o de sua capacidade laborativa Essa perda ou redu o da capacidade laborativa que portanto estigmatiza o empregado que passa a ser visto no mundo do trabalho como improdutivo ou inapto a atender os r gidos padr es de produ o que lhe s o impostos Portanto sendo certo que o combate discrimina o deve ser voltado elimina o de suas causas torna se imperiosa a efetiva o de esfor os dirigidos a minorar os impactos que os acidentes de trabalho e doen as ocupacionais determinam integridade f sica dos empregados Poder se ia por bvio afirmar que na realidade a melh
212. lus o tornando rotineira a observ ncia dos princ pios da diversidade e do pluralismo de tal sorte que venha a operar se uma transforma o no comportamento e na mentalidade dos membros da sociedade Afirma se assim que exatamente a constata o a respeito da inefic cia dos mecanismos meramente proibitivos exalta a relev ncia das pr ticas inclusivas n o apenas aquelas levadas a efeito pelo Minist rio P blico do Trabalho mas tamb m outras empreendidas pelo pr prio Poder Executivo como as iniciativas voltadas implementa o das Conven es n 100 111 e 159 da Organiza o Internacional do Trabalho por meio da cria o de N cleos de Promo o da Igualdade de Oportunidades e de Combate Discrimina o em sede das Delegacias Regionais do Trabalho Tais pr ticas inclusivas se prestam para a transforma o do quadro no qual as pessoas estigmatizadas s o postas eis que de exclu das passar o a fazer parte de diversos meios sociais na medida em que aos poucos sua capacidade de concorrer pelas oportunidades sociais ser o igualadas quelas que sempre couberam aos indiv duos que n o sofrem qualquer tipo de discrimina o Ademais sua finalidade tamb m voltada para que seja embutida uma familiaridade no conv vio dos demais indiv duos com estas categorias injustificadamente segregadas E esta familiaridade por sua vez faz com que as rela es entre diversos grupos de indiv duos se torne ca
213. m como primazia o aspecto econ mico que se sobrep e a qualquer outro Sucintamente portanto esse o contexto maior no qual a reestrutura o produtiva se insere isto um ambiente global de invers es do capital de inova es tecnol gicas de privatiza es de empresas de desregulamenta o da economia de altera es na legisla o trabalhista com vistas sua flexibiliza o e de diminui o da aten o do Estado em rela o s quest es sociais N o h como se olvidar que por decorr ncia l gica todas as modifica es do processo produtivo que decorreram destas altera es no modelo econ mico voltam se tamb m aos imperativos do capital e a uma racionalidade quase que puramente econ mica Raimundo Sim o de Melo analisando os efeitos da globaliza o econ mica no Direito do Trabalho destaca que o ponto principal de atua o da filosofia capitalista atual reside na busca pelo lucro a qualquer custo o que sob sua tica torna cada vez mais dif cil defender e preservar a id ia de justi a social No caso espec fico do Brasil essas modifica es das formas de organiza o do trabalho determinadas pela domina o do modelo neoliberal verificaram se principalmente a partir da d cada de noventa e vieram acompanhadas de ondas de n344 privatiza o e de a es voltadas flexibiliza o das condi es de trabalho Dentre os aspectos mais relevantes dessa reestrutura o
214. m suas considera es a respeito do tema que a utilidade do mencionado dispositivo legal justamente proporcionar seguran a ao empregado numa fase na qual apresenta redu o de seu ritmo de trabalho e por outro lado s o frequentes as dispensas pelo empregador N o h como se olvidar que a integridade f sica sempre foi um atributo bastante considerado pelos empregadores principalmente ante a sua evidente rela o com o desempenho laborativo No entanto na contemporaneidade esse aspecto parece ser ainda mais not vel e relevante na medida em que a transforma o do obreiro em pura mercadoria e do seu trabalho meramente em capital s o sem d vida caracter sticas muito marcantes das atuais formas de organiza o do trabalho Utilizando se das express es mencionadas por Margarida Barreto afirma se que o indiv duo livre de doen as expressa o paradigma p s moderno do trabalhador propriet rio individual da sa de perfeita Assim nos termos do que j foi alinhavado a redu o da capacidade de trabalho associada a estes novos m todos produtivos efetivamente consubstancia a motiva o da discrimina o do empregado que se acidentou ou foi acometido por doen a ocupacional E quanto a tais altera es na organiza o do trabalho algumas considera es devem ser feitas Vive se atualmente numa sociedade rotulada de p s moderna sob a gide de um Estado dito neoliberal 332 LOPES 2002 p 267 333
215. ma que a tend ncia a ser observada que a inser o compuls ria determinada pela Lei 8213 91 d origem em determinado momento a uma inser o consolidada e que n o precise mais ser estimulada 2 certo que talvez a obrigatoriedade na contrata o de empregados deficientes ou reabilitados poderia vir acompanhada de algum incentivo para a empresa Atribuir um car ter promocional norma criando est mulos para a sua observ ncia de fato poderia torn la mais efetiva na pr tica consoante as li es extra das da obra Da Estrutura Fun o de Norberto Bobbio mormente porque o que se observa hoje que as empresas sem qualquer compensa o de benef cios recursos e est mulos deixam de adotar mecanismos para participa o no mercado de trabalho do portador de defici ncia Todavia a disposi o do artigo 93 j representa algum avan o nesta seara da inclus o social de determinadas categorias a qual certamente e como se verifica em rela o a qualquer medida positiva deve tamb m ser acompanhada de outras pol ticas sociais voltadas educa o que de modo inequ voco o meio mais eficaz para se fulminar o preconceito uma vez que este o vetor da discrimina o Compartilha se aqui portanto do entendimento no sentido da efetiva necessidade e utilidade do dispositivo legal por ora analisado principalmente com fulcro na constata o de que a sociedade ainda n o amadureceu sufic
216. mat ria de trabalho decente no pa s desde o ano de 1992 e serve como uma importante base de dados a respeito dos mais variados temas apontando todos os principais avan os na promo o do trabalho e tamb m as searas nas quais as defici ncias ainda s o significativas 28 Organiza o Internacional do Trabalho Perfil do trabalho decente no brasil Escrit rio da Organiza o Internacional do Trabalho Bras lia e Genebra 2009 112 A t tulo de complementa o menciona se aqui as conclus es relativas ao indicador Igualdade de Oportunidades e de Tratamento no Emprego que apontam para a persist ncia da discrimina o com fulcro no g nero e na ra a em que pesem as medidas que t m sido adotadas pelo Governo Brasileiro para o seu combate Al m dos importantes projetos que t m sido desenvolvidos pela Organiza o Internacional do Trabalho n o h como se olvidar que as suas Conven es no cen rio contempor neo assumem relev ncia mpar Isso porque n o obstante o supra citado status de norma constitucional que possuem no ordenamento jur dico brasileiro ante os termos do 83 do artigo 5 inserido na Constitui o Federal por meio da EC 45 1004 verifica se na atualidade uma maior vulnerabilidade do empregado em decorr ncia do imperativo econ mico que rege as rela es de trabalho Inclusive a pr pria OIT faz quest o de frisar que o crescimento econ mico essencial por m n o suficiente para por
217. mba ada e da pr pria manuten o de poderes n o h como se olvidar que o estigma determina tamb m um efeito de descr dito em rela o ao indiv duo Sob o ponto de vista defendido neste estudo esta de fato a consequ ncia mais grave da estigmatiza o de determinada pessoa ou grupo Ao afirmar que o estigma surge pela discord ncia entre os atributos que esperamos que as pessoas possuam e aqueles que elas realmente t m e s o considerados indesejados ou maus poss vel perceber que o estigma poderia se aproximar de um descr dito apenas Mas Erving Goffman evidencia com propriedade que o estigma tem efeitos muito mais significativos posto que determina por exemplo que se acredite que um indiv duo com uma certa marca n o considerado completamente humano ou um humano inferior o que consistiria n o em um simples descr dito mas sim num efeito de descr dito totalizador Esse efeito de descr dito totalizador por sua vez reduz significativamente as possibilidades do indiv duo no seio social inclusive as chances de sua pr pria sobreviv ncia ensejando consoante j exposto a sua absoluta exclus o Significa afirmar que os indiv duos estigmatizados s o desacreditados pela sociedade ou seja uma vez que se distanciam dos padr es de normalidade s o vistos apenas com desprezo e sem a possibilidade de viverem uma vida normal Suas potencialidades s o desconsideradas apenas a circunst ncia que de
218. meada por circunst ncias que se fazem presentes em diversos meios como por 104 exemplo a concess o de um diagn stico m dico o resultado de uma per cia levada a efeito no rg o previdenci rio ou ainda o reconhecimento da efetiva redu o da capacidade de trabalho ou a alta deferida ao empregado que se acidentou Menciona se aqui apenas com o fim de dar uma maior concretude aos coment rios tecidos a situa o dos acidentes biol gicos e dos empregados que mesmo tendo alta pelo INSS n o s o aceitos em exame de aptid o f sica realizado pelo empregador Essas situa es s quais ser o feitas outras refer ncias do decorrer deste trabalho s o exemplos de que de fato a ocorr ncia de um acidente de trabalho pode ensejar questionamentos v rios para os quais n o se tem uma resposta direta da lei O empregado sofre um acidente de trabalho mas no entanto fica desamparado na medida em que as peculiaridades afetas ao seu caso concreto n o permitem a subsun o dos fatos norma e assim a prote o conferida pela lei n o lhe estendida Todos esses fatores somados ainda evidente constata o de que a quest o do acidente de trabalho de grande repercuss o social fazem com que sejam proferidos entendimentos diversos a respeito do tema em que pese como dito a clareza da reda o do artigo 118 da Lei 8213 91 e da pr pria S mula n 378 do Tribunal Superior do Trabalho E mais uma vez com a finali
219. mencionar que a quest o objeto de an lise j foi submetida aprecia o pelo Poder Judici rio e de modo acertado sob o ponto de vista defendido neste trabalho restou decidido que de fato ao empregado v tima de acidente de trabalho biol gico deveria ser concedida a estabilidade acident ria O julgado proferido pelo Egr gio Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o e de relatoria do Dr Luiz Ot vio Linhares Renault afeto a um caso no qual a obreira t cnica de enfermagem vem a acidentar se perfurando seu dedo com agulha contaminada com o v rus HIV A agulha havia sido utilizada em paciente que veio a bito dois dias ap s o acidente E a dispensa da empregada ocorreu menos de tr s meses depois da ocorr ncia do infort nio 1 Ibid p 3 422 ACIDENTE BIOL GICO AGULHA UTILIZADA EM PACIENTE PORTADOR DO V RUS DA AIDS PERFURA O DO DEDO DA EMPREGADA ESTABILIDADE PROVISORIA CONVERTIDA EM INDENIZA O SUBSTITUTIVA O reconhecimento da estabilidade provis ria decorrente do acidente de trabalho ou de doen a profissional em princ pio exige a conjuga o de dois requisitos o afastamento do servi o por prazo superior a quinze dias a percep o do aux lio doen a acident rio Entretanto n o se pode valorizar a frieza da letra da lei em detrimento do esp rito do legislador que pretendeu proteger a sa de da trabalhadora e evitar sua dispensa arbitr ria ou sem causa conforme artigo 7 inciso da Co
220. monial suportada pelo obreiro fica bastante evidenciada naqueles casos nos quais a ocorr ncia do acidente acaba determinado a rescis o do seu contrato de trabalho pr tica que ali s bastante comum na atualidade Neste caso n o h como se olvidar que a reinclus o de tal empregado acidentado ao mercado de trabalho ser dificultosa e ante a redu o de sua 314 Conforme artigo 59 e seguintes da Lei 8213 91 132 capacidade laborativa certamente n o lhe proporcionar o mesmo padr o salarial que possu a antes do evento danoso E quanto ao particular tamb m n o se pode ignorar que os empregados enfrentam muitas dificuldades para a concess o do aux lio acidente benef cio previdenci rio voltado justamente a indenizar a redu o da capacidade laborativa do obreiro depois que a mesma se consolidou consoante previs o expressa do artigo 86 da Lei 8213 91 A esse respeito bem discorre Raimundo Sim o de Mello afirmando que de fato s o muitas as negativas da Previd ncia Social em rela o concess o de tal benef cio o que se verifica principalmente nos casos em que s o leves as les es decorrentes do acidente Tamb m no caso de aposentadoria por invalidez hip tese na qual o benef cio previdenci rio concedido n o deixa o empregado totalmente desamparado o valor percebido pelo obreiro certamente ser inferior remunera o que recebia quando estava em atividade Assim com rela o aos danos mate
221. n o suficiente sendo necess rio estimular a participa o de grupos minorit rios e ou exclu dos em detrimento de outros E o referido autor vai al m fazendo expressa men o ao relevante papel que as medidas afirmativas exercem neste contexto esclarecendo ainda que para impedir a discrimina o de modo eficaz necess rio ultrapassar a mera repress o criando pol ticas de favorecimento de grupos e pessoas visando a sua inclus o Assim sobretudo considerando que se busca atualmente uma igualdade inclusiva bem como tendo em vista que as diversas discrimina es verificadas no seio social decorrem de ju zos equivocados que j est o arraigados aos modos de pensar da maioria das pessoas de fato imperioso que se pense nas medidas afirmativas como forma de efetiva o desta igualdade no plano material 4 MARQUES 2002 p 200 48 BRITO FILHO 2002 p 61 Ibid p 98 189 Basta ver que n o obstante as diversas previs es legais que se voltam a inserir a igualdade como direito fundamental a todos assegurado existem in meras hip teses de discrimina o que s o a todo momento efetivadas bem como novas formas de viola o igualdade que surgem na sociedade Este da mesma forma o entendimento manifestado por Joaquim Barbosa que discorrendo a respeito das a es afirmativas defende justamente que para al m da proibi o torna se imperiosa a promo o de pr ticas voltadas inc
222. na legisla o trabalhista IIl o dirigente direto ou por delega o de rg os p blicos e entidades das administra es p blicas direta indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da Uni o dos Estados do Distrito Federal e dos Munic pios 2 VIANA 2000 p 366 91 Art 4 O rompimento da rela o de trabalho por ato discriminat rio nos moldes desta lei faculta ao empregado optar entre a readmiss o com ressarcimento integral de todo o per odo de afastamento mediante pagamento das remunera es devidas corrigidas monetariamente acrescidas de juros legais Il a percep o em dobro da remunera o do per odo de afastamento mediante pagamento da remunera es devidas Como se v o que o artigo 4 apresenta a consequ ncia da efetiva o de uma dispensa discriminat ria E quando se fala em ato discriminat rio nos moldes da lei oportuno que se esclare a que a disposi o efetivamente compreende qualquer conduta discriminat ria levada a efeito pelo empregador com vistas ruptura contratual inclusive aquelas que n o s o expressamente arroladas no artigo 1 Consoante j salientado a extens o dos efeitos da Lei 9029 95 para al m das hip teses de discrimina o por ela referidas de modo expresso apenas n o se verifica relativamente tipifica o das condutas consideradas como crime em seu artigo 2 mas quanto ao restante imperioso que se d a este diploma
223. nadas ao trabalho o que sob sua tica decorreu das novas formas de organiza o do trabalho que passaram a ser utilizadas a partir de ent o A express o doen a ocupacional designa um g nero de doen as relacionadas com a atividade laborativa dos indiv duos S o equiparadas ao acidente de trabalho t pico nos termos da pr pria lei De tal g nero por decorr ncia l gica infere se a exist ncia de duas esp cies quais sejam as doen as profissionais e as doen as do trabalho Novamente ressalta se aqui a exist ncia de dispositivos legais voltados conceitua o destes dois tipos de enfermidades especificamente o artigo 20 da Lei 293 OLIVEIRA 2007 p 31 32 294 SALIM Celso Amorim Doen as do trabalho exclus o segrega o e rela es de g nero Dispon vel em lt http www scielo br gt Acesso em 01 ago 2009 29 SALIM loc cit 127 8213 91 que em seus incisos e Il trata de modo claro das defini es de doen as profissionais e doen as do trabalho A doen a profissional pr pria de determinada profiss o Ou seja tem nexo causal presumido com o labor desenvolvido na medida em que est diretamente relacionada com o exerc cio de uma atividade espec fica z Exemplo t pico e que auxilia a compreens o da defini o o caso de minerador que trabalha em contato com o p de s lica e contrai silicose S o tamb m conhecidas como ergopatias tecnopatias ou doen as profissionais
224. ncluir portanto pela irrelev ncia da arg i o de inconstitucionalidade MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO n 6353 1995 Relator Juiz Sebasti o Geraldo de Oliveira Belo Horizonte 10 de outubro de 1995 Dispon vel em lt http www trt3 jus br gt Acesso em 29 mar 2010 158 trabalho acerca da ocorr ncia do acidente potencializou a discrimina o a ele voltada eis que o empregador ao perceber essa informa o descarta o imediatamente Segundo ele as empresas n o querem assumir um doente Nos mesmos termos tamb m o depoimento de um obreiro acometido por asma ocupacional o qual narra que ap s a sua dispensa n o consegue mais emprego Assevera o trabalhador que n o obt m nova coloca o no mercado de trabalho em raz o do carimbo posto em sua Carteira Profissional Quando eles v em passam a folha da carteira e que v em o carimbo do INPS l atr s a cara deles muda Eu creio que seja isso Isso me incomoda e eu fico muito triste Incomoda por causa como se eu fosse inv lido Com efeito ter em sua carteira de trabalho o registro de doen a ou ter uma doen a do trabalho motivo suficiente para serem barrados no port o da empresa 2 N o h como se olvidar ademais que al m da anota o do acidente na Carteira de Trabalho os pr prios processos de sele o de empregados em si j vetam o retorno dos obreiros acidentados ao mercado
225. ni Spuldaro que em artigo a respeito das discrimina es levadas a efeito no ambiente laboral bem destaca o car ter infundado da discrimina o em raz o da ra a Para esta autora o racismo que sempre acompanhou a sociedade n o ci ncia n o dogma pois os conflitos raciais t m apenas car ter econ mico e n o racial servem unicamente de pretexto para encobrir o n vel econ mico e os conflitos de classe A discrimina o com fulcro na ra a possui contudo ra zes hist ricas assentada que nos v rios anos em que a escravid o era regra na maioria das sociedades dominantes Talvez estas ra zes profundas consistam no maior entrave ao seu combate posto que determinados conceitos como a equivocada superioridade do branco em rela o ao negro encontram se enraizados nas mais diversas culturas e assim dimanam a es intensivas voltadas a uma reconscientiza o racial Destaca se quanto ao particular o papel exercido pelo pr prio Poder Judici rio que por meio de suas decis es deve buscar a elimina o de pr ticas que se tornaram comuns no meio social mas que de modo inequ voco refor am a discrimina o engendrada em raz o da ra a 45 Art 5 XLII a pr tica de racismo constitui crime inafian vel e imprescrit vel sujeito pena de reclus o nos termos da lei 4 SPULDARO Daniella Bianchini Discrimina es no trabalho In COUTINHO Aldacy Rachid WALDRAFF C lio Horst coo
226. nstitui o Federal de cujo texto se deve extrair o m ximo de efetividade em contraste com a legisla o ordin ria sem que essa possa obnubilar a efetividade daquela denominada da Carta Magna porque enverga os princ pios os objetivos os fundamentos os institutos e as normas do Estado Democr tico de Direito A jurisprud ncia avan ou e se sedimentou sobre a desnecessidade de haver o recebimento do aux lio doen a acident rio para que seja reconhecida a estabilidade do art 118 da Lei 8 213 91 nos casos de doen a profissional consoante a S mula 378 item II TST Existe fundamento jur dico l gica equidade e justi a nesse posicionamento pretoriano No caso em exame inconteste que a Reclamante sofreu acidente biol gico ao se perfurar com uma agulha utilizada em paciente portador do v rus HIV Assim ainda que ela n o tenha usufru do o aux lio doen a acident rio ou comum avulta o direito estabilidade provis ria na medida em que uma exegese sistem tica e teleol gica do artigo 118 da Lei 8 213 91 permite sem muita controv rsia concluir que empregada v tima de acidente biol gico se deve preservar o emprego tendo em vista a especificidade da situa o vivenciada n o parecendo justo que a empresa mantenha ntegro o seu direito potestativo de dispens la ao menos durante o per odo de acompanhamento cl nico laboratorial acerca de eventual contamina o A lei que precisa ser interpretada de acordo com as di
227. o evidente tamb m a contribui o desta Conven o n 100 na medida em que na Constitui o Federal de 1988 este direito foi elencado dentro do rol afeto aos direitos e garantias fundamentais do homem Todos os dispositivos desta Conven o voltam se quest o da igualdade salarial entre os g neros sendo que os artigos 1 a 4 especialmente tra am alguns conceitos como o de remunera o por exemplo e referem se a medidas que devem ser tomadas pelos empregadores com vistas efetiva o de tal isonomia como tamb m a t tulo de exemplo a avalia o objetiva dos postos de trabalho e das tarefas a serem executadas SUSSEKIND 1988 p 213 115 Alice Monteiro de Barros tece coment rios relevantes a respeito da Conven o n 100 destacando que a igualdade de remunera o dever fundar se em um conjunto de opera es realizadas e n o nos resultados obtidos afirmando se n o se poder levar em considera o que a m o de obra feminina possa resultar mais custosa 28 O empregador n o pode inserir na apura o dos custos da contrata o de uma mulher as despesas que ter de suportar em raz o da exist ncia de alguns benef cios que apenas s o afetos condi o feminina como por exemplo a licen a maternidade e a estabilidade ap s o parto Tais tutelas especiais do trabalho da mulher fazem parte do papel que o empres rio exerce perante a sociedade o qual vai al m da gera o de
228. o IIl A equipara o salarial s poss vel se o empregado e o paradigma exercerem a mesma fun o desempenhando as mesmas tarefas n o importando se os cargos t m ou n o a mesma denomina o IV E desnecess rio que ao tempo da reclama o sobre equipara o salarial reclamante e paradigma estejam a servi o do estabelecimento desde que o pedido se relacione com situa o pret rita V A cess o de empregados n o exclui a equipara o salarial embora exercida a fun o em rg o governamental estranho cedente se esta responde pelos sal rios do paradigma e do reclamante VI Presentes os pressupostos do art 461 a CLT irrelevante a circunst ncia de que o desn vel salarial tenha origem em decis o judicial que beneficiou o paradigma exceto se decorrente de vantagem pessoal ou de tese jur dica superada pela jurisprud ncia de Corte Superior VII Desde que atendidos os requisitos do artigo 461 da CLT poss vel a equipara o salarial de trabalho intelectual que pode ser avaliado por sua perfei o t cnica cuja aferi o ter crit rios objetivos VIII E do empregador o nus da prova do fato impeditivo modificativo ou extintivo da equipara o salarial IX Na a o de equipara o salarial a prescri o parcial e s alcan a as diferen as salariais vencidas no per odo de 5 cinco anos que precedeu o ajuizamento X O conceito de mesma localidade de que trat
229. o Dispon vel em lt http www scielo br gt Acesso em 15 jul 2009 BARRETO Margarida Maria Silveira Viol ncia sa de e trabalho uma jornada de humilha o S o Paulo EDUC 2006 BARROS Alice Monteiro de Curso de direito do trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2007 Discrimina o no emprego por motivo de sexo In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 36 76 BENITEZ Gisela Maria Bester Quando por que em que sentido e em nome de que tipo de empresa o estado contempor neo deixa de ser empres rio In TONIN Marta Mar lia GEVAERD Jair Coordenadores Direito empresarial e cidadania quest es contempor neas Curitiba Juru 2004 BOBBIO Norberto Da estrutura fun o novos estudos da teoria do direito Tradu o de Daniella Beccaria Versiani Barueri SP Manole 2007 BRASIL Constitui o da rep blica federativa do Brasil de 1988 Dispon vel em lt http www planalto gov br gt Acesso em 10 jan 2009 BRASIL Consolida o das leis do trabalho Decreto lei 5 252 de 1 de maio de 1943 Aprova a consolida o das leis do trabalho Dispon vel em lt http Awww planalto gov br gt Acesso em 10 jan 2009 206 BRASIL Lei 8 213 de 24 de julho de 1991 Disp e sobre os planos de benef cios da previd ncia social e d outras previd ncias Dispon vel em lt http Iwww planalto gov br gt Acesso em 10 jan 2
230. o Constitucional a saber aquela engendrada contra a mulher contra o menor contra o estrangeiro contra o deficiente e contra o trabalhador avulso Vistas as disposi es constitucionais constantes dos artigos 1 3 5 e 7 oportuno mencionar que n o s o apenas estes os comandos que se referem quest o da igualdade que ap s a entrada em vigor da Emenda Constitucional n 45 de 2004 foi inserido ao artigo 5 mais um par grafo o terceiro dispondo justamente que ser o equivalentes s emendas constitucionais os tratados e conven es internacionais que versem sobre direitos humanos desde que aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos e por tr s quintos dos votos Assim diante de tal altera o verifica se a exist ncia de in meros tratados internacionais que exatamente por se preocuparem com a quest o da igualdade direito fundamental nos termos do pr prio artigo 5 da CF possuem agora status constitucional e podem da mesma forma ser cnamadas de normas constitucionais ainda que num sentido mais amplo Tal inova o de fato bastante positiva nesta seara espec fica do combate discrimina o posto que ao reconhecer o referido status constitucional a determinados Tratados n o se pode afastar a conclus o no sentido de que estes documentos passam a gozar de uma efetividade muito mais significativa e acentuada no ordenamento jur dico E considerando se que as disposi es de diver
231. o no qual destaca exatamente que na medida em que foram sendo ampliadas as franquias democr ticas contidas no conjunto social ampliou se tamb m a prote o contra a ocorr ncia de discrimina es no contrato de trabalho Para este autor a Constitui o Federal de fato representou um divisor nesta tem tica da prote o aos direitos fundamentais sendo que a partir de 1988 observa se o surgimento de um largo e consistente sistema de prote es jur dicas contra discrimina es empregat cias Especificamente no que atine tutela que dispensada com vistas efetiva o da igualdade ou seja aquela voltada ao combate da discrimina o verifica se a exist ncia de normas constitucionais gerais como o caso da previs o 164 Nesse sentido s o as coloca es de Ot vio Brito Lopes em seu artigo A quest o da discrimina o no trabalho no qual afirma que As Constitui es de praticamente todos os pa ses civilizados consagram o direito igualdade dentre os direitos fundamentais dos cidad os repudiando a discrimina o e os privil gios Dispon vel em lt http Avww planalto gov br gt Acesso em 18 dez 2009 16 SARLET Ingo Wolfgang A efic cia dos direitos fundamentais uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional Porto Alegre Livraria do Advogado 10 ed 2009 p 63 16 DELGADO 2000 p 99 1 DELGADO loc cit 72 do artigo 5 supra citada bem como no
232. o tempo at endividar se poderia representar um perigo de escravid o Os reis e comandantes 53 Inclusive tais coloca es aproximam se muito das pondera es tecidas por Pontes de Miranda em sua obra Democracia Liberdade e Igualdade os tr s caminhos quando ao discorrer justamente acerca da igualdade entre os indiv duos aponta que a origem da discrimina o residiria em ju zos de valor e portanto n o em situa es f ticas em premissas equivocadas e em princ pios falsos a respeito de determinado indiv duo N o h como se afastar quanto ao particular a relev ncia destas considera es que al m de demonstrarem a rela o dos estigmas com a pr pria discrimina o que lhe consequ ncia corroboram a j apontada intera o deste conceito com a quest o do preconceito Feitos estes coment rios que apenas tiveram por fim demonstrar que os estigmas acompanham o homem desde a forma o das sociedades mais remotas sendo imperioso assim um estudo aprofundado acerca das origens destes verdadeiros crit rios de discrimina o passa se ent o an lise do real conceito da palavra estigma bem como de suas caracter sticas suas classifica es e seus efeitos 2 3 2 Conceito e Caracter sticas de Estigma O estudo aprofundado do estigma n o comumente levado a efeito na seara jur dica exce o da j referenciada obra de Carlos Roberto Bacila que analisa a quest o do estigma so
233. o ao particular enfatizando contudo a pr pria altera o do papel familiar que os indiv duos portadores de les es por esfor os repetitivos suportam MUROFUSE MARZIALE 2001 p 23 S SALIM 2008 p 22 177 partir do infort nio o obreiro passa a ser visto pela sociedade como cidad o improdutivo Dessa forma mormente considerando a relev ncia que o trabalho possui para a vida da maioria das pessoas estar desempregado ou ficar em casa mesmo que temporariamente devastador para a identidade Por outro lado verifica se tamb m que o estigma do empregado acidentado determina a manipula o da identidade na medida em que estes obreiros certamente ter o de engendrar diversos esfor os com vistas a ocultar as defici ncias que passaram a ostentar para que consigam se reinserir no mercado de trabalho Aqui portanto a doen a ou a redu o da capacidade de trabalho faz com que o empregado perca sua refer ncia como trabalhador e assim as principais caracter sticas que o identifica no seio social Ao perderem a identidade de trabalhador perdem ao mesmo tempo a dignidade ante o olhar do outro Como se v portanto as principais consequ ncias dos estigmas efeito de descr dito visibilidade emba ada e efeitos relativos identidade s o verificadas na hip tese dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais o que faz com que se possa afirmar que de fato esta categor
234. o de direitos que decorrem dos poderes de dire o dos neg cios do empregador 205 VIANA 2000 p 357 359 20 OLMOS 2008 p 45 207 COUTINHO Aldacy Rachid A autonomia privada em busca da defesa dos direitos fundamentais dos trabalhadores In SARLET Ingo Wolfgang Org Constitui o direitos fundamentais e direito privado Porto Alegre Livraria do Advogado 2003 p 167 185 88 E conforme as rela es sociais v o ficando mais complexas a tend ncia que tais conflitos se tornem cada vez mais constantes o que de fato tem se verificado na atualidade eis que os operadores do Direito cada vez mais se deparam com quest es relativas invas o da privacidade e da intimidade dos empregados as quais certamente s o fruto das mais recentes inova es tecnol gicas No caso espec fico do artigo 1 em comento embora n o se possa afirmar que h um conflito oriundo da modernidade das rela es travadas entre empregados e empregadores na medida em que a discrimina o fato que tem acompanhado a sociedade em toda a sua hist ria n o h como se olvidar que mais uma vez verifica se o choque de direitos Efetivamente ao empregador compete o direito de escolher quem ir contratar mas em contrapartida deve observar direitos que se colocam em n vel superior da escala de valores estabelecida pelo ordenamento jur dico como o caso aqui do direito igualdade Da mesma forma compete ao empregador dirigir
235. o de dispensar uma empregada que foi v tima de acidente biol gico ao menos durante o per odo de investiga o acerca de eventual contamina o Com efeito durante o per odo em que a empregada v tima de acidente biol gico permanece sob tratamento s o in meras as dificuldades para recoloca o no mercado de trabalho j t o reduzido podendo se destacar em especial a precariza o de suas condi es f sicas e emocionais seja em raz o do tratamento ou pelo estresse e inseguran a decorrentes do risco de se desenvolver uma doen a bem como as inevit veis condutas discriminat rias e preconceituosas quando se trate de doen a t o grave AIDS 166 Inclusive apenas a t tulo de complementa o tamb m pelos mesmos fundamentos e sobretudo com suped neo no fato de que a valoriza o do trabalho um dos vetores axiol gicos da Constitui o Federal de 1988 que cada vez mais tem sido defendida a pr pria possibilidade de se considerar abusiva a dispensa dos empregados que s o portadores de doen as n o ocupacionais Consoante ressaltado por Cristiane de Melo Gazola Silva e Ana Paula Sefrin Saladini tornou se muito comum que o empregado acometido por doen a que n o guarda rela o com o labor seja considerado apto para o trabalho sem a concess o de qualquer benef cio previdenci rio e ainda assim seja dispensado pelo empregador por motivos impl citos de preconceito discrimina o ou apenas para se afas
236. o esta bem demonstram a humilha o que lhes imposta quando do retorno do afastamento previdenci rio Uma obreira portadora de h rnia discal descreve que ap s a constata o do seu problema de sa de era chamada de doente pelos demais colegas Vai pr l pra sala do INPS L pra quem tem problema como voc Gente doente atrapalha Voc n o d produ o voc est atrapalhando Ademais outro exemplo de desrespeito ao empregado acidentado explicitado atrav s da fala de uma trabalhadora acometida por LER que afirma que quando n o podia trabalhar em raz o de suas dores era colocada em p de castigo olhando para as paredes Como as divis rias da empresa eram transparentes ficava a obreira visualizando as suas colegas em plena atividade e da mesma forma era vista pelos demais empregados que riam de sua situa o Por fim n o h como se olvidar que consoante j alinhavado talvez a forma mais expl cita de discrimina o dos empregados acidentados seja manifestada por meio da sua dispensa ou seja da rescis o do contrato de trabalho Com efeito em raz o das novas exig ncias do mercado de trabalho j referenciadas no t tulo anterior deste trabalho os empregados que contam com alguma redu o na sua capacidade de trabalho acabam sendo vistos com ressalvas pelos seus empregadores eis que potencialmente s o trabalhadores que n o ter o o mesmo rendimento que os demais e que al m disso
237. o menos l em revistas e v em filmes e quando n o podem faz lo escutam os membros do grupo porta vozes do problema em sua localidade Uma vers o intelectualmente elaborada de sua perspectiva assim acess vel maioria das pessoas estigmatizadas Ibid p 35 5 Ibid p 35 179 Exemplo evidente disso o filme O Homem Elefante no qual o personagem principal possui uma acentuada deformidade f sica que para al m de exclu lo totalmente do conv vio com as demais pessoas serve ainda como meio de degrada o de sua personalidade dada a exposi o que feita do seu problema no meio social O interessante que o filme n o se preocupa apenas em retratar a experi ncia de vida do indiv duo que convive com a deformidade mas demonstra tamb m como o seu m dico teve a sensibilidade de quebrar a visibilidade emba ada que acompanhava a sua estigmatiza o enxergando que aquele homem hostilizado pela sociedade possu a diversas caracter sticas al m do estigma e que o mesmo era um ser humano dotado de dignidade e portanto pass vel de respeito A relev ncia deste filme bastante significativa e sua abordagem demonstra que a arte efetivamente pode exercer influ ncia nas mais diversas searas inclusive na jur dica Neste trabalho certamente como em muitos outros o filme colabora para uma compreens o mais concreta das consequ ncias do estigma mormente consoante mencionado a pr pria q
238. o n o vincula o ju zo trabalhista que pode analisando a situa o concreta concluir pela caracteriza o das condi es ensejadoras do direito estabilidade At porque h a possibilidade de que a negativa do benef cio seja resultado da a o maliciosa da pr pria empregadora para desfavorecer o empregado como por exemplo o n o fornecimento da documenta o necess ria MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO n 00683 2005 103 03 00 9 5 Turma Relator Desembargador Emerson Jos Alves Lage Dispon vel em lt http www trt3 jus br gt Acesso em 09 mar 2010 243 ESTABILIDADE ACIDENT RIA DOEN A PROFISSIONAL PRESSUPOSTOS S MULA 378 ITEM Il DO TST Decis o recorrida em conson ncia com o item Il da S mula 378 do TST S o pressupostos para a concess o da estabilidade o afastamento superior a quinze dias e a consequente percep o do aux lio doen a acident rio salvo se constatada ap s a despedida doen a profissional que guarde rela o de causalidade com a execu o do contrato de emprego BRASIL Tribunal Superior do Trabalho E RR 512927 25 1998 5 03 5555 Subse o Especializada em Diss dios Individuais Relator Ministro Jo o Batista Brito Pereira Bras lia 05 de setembro de 2008 Dispon vel em lt http www tst jus br gt Acesso em 10 mar 2010 24AGRAVO DE INSTRUMENTO RECURSO DE REVISTA ESTABILIDADE ACIDENT RIA REQUISITOS CULPA DO EMPREGADOR MAT RIA F TICA
239. o se que igualdade que se visa a substancial ou seja aquela que confere igualdade de tratamento e de oportunidades na pr tica com concretude sob tal vi s que deve ser analisada a efetividade dos mecanismos legais que visam tutelar os indiv duos frente s condutas discriminat rias em face deles engendradas E exatamente sob tal ponto de vista que se afirma que as normas que v o al m da mera proibi o s o de fato mais efetivas As normas apenas proibitivas n o determinam qualquer resultado no plano pr tico se aplicadas isoladamente sendo necess ria a sua conjuga o com aquelas previs es legais que trazem em seu bojo algo mais do que a simples repress o Portanto raciocinando em termos de uma escala de efetividade ou uma escala de resultados pr ticos com vistas realiza o da igualdade material caminhando se dos mecanismos menos eficazes para aqueles dotados de maior efetividade estabelece se a seguinte ordem previs es legais que apenas reprimem as condutas discriminat rias normas que al m de proibir expressamente a discrimina o tamb m prev em san es para tais atos e por fim as previs es legais que efetivamente estabelecem alguma medida afirmativa com vistas efetiva o da igualdade Ap s as investiga es levadas a efeito a respeito do tema verifica se que esta a conclus o daqueles que se dispuseram ao estudo da quest o da discrimina o sobretudo sob a tica da sua revers o An
240. objeto das Conven es dentre os quais se destaca aqui a elimina o da discrimina o em mat ria de emprego e ocupa o Portanto para al m das pr prias Conven es da OIT a Declara o de 1998 tamb m traz consigo uma carga de convencimento importante visto que seus termos obrigam todos os pa ses membros os quais mesmo que n o tenham ainda ratificado as Conven es t m um compromisso derivado do simples fato de 258 pertencer Organiza o e devem assim tornar realidade todos os direitos fundamentais que s o objeto das Conven es 2 Das 183 Conven es da OIT aprovadas at junho de 2001 as delibera es da estrutura tripartite da OIT designaram oito como fundamentais as quais integram a Declara o de Princ pios Fundamentais e Direitos no Trabalho da OIT 1998 Estas conven es devem ser ratificadas e aplicadas por todos os Estados Membros da OIT Outras quatro conven es referem se a assuntos de especial import ncia e foram consideradas priorit rias Todas as outras conven es foram classificadas em 12 categorias Informa es extra das do site lt http uww ilo org gt Acesso em 16 mar 2010 98 Declara o da OIT sobre os princ pios e direitos fundamentais no trabalho e seu seguimento Dispon vel em lt http www oitbrasil org br gt Acesso em 27 mar 2010 114 Feitas essas considera es prefaciais e sem perder de vista o objetivo tra ado para este cap tulo destaca s
241. ociados s o determinantes para a discrimina o espec fica que se est a tratar Quanto perda da capacidade laborativa j foi asseverado no item anterior deste cap tulo que uma das consequ ncias dos acidentes de trabalho em sentido amplo exatamente o dano integridade f sica do indiv duo Tal dano por sua vez normalmente determina tamb m a redu o da for a de trabalho eis que de modo inequ voco aquele empregado que perde um membro ou que vem a ser acometido por uma doen a ocupacional n o mais possui a mesma capacidade laborativa que possu a antes do infort nio ainda que isso se verifique apenas por um determinado lapso temporal Assim por n o conseguir mais executar a mesma fun o na qual laborava ou por n o realiz la com a mesma destreza o empregado de fato visto com ressalvas em seu ambiente de trabalho e consoante afirmado por Marcus Aurelio Lopes passa a ser candidato a encabe ar as listas de despedidos com ou sem 139 justa causa na primeira oportunidade em que o empregador resolver ajustar seus quadros funcionais 2 Inclusive tal discrimina o do empregado acidentado em raz o da fragilidade de sua condi o f sica implicitamente afirmada pelo legislador no artigo 118 da Lei 8213 91 j comentado no cap tulo anterior deste trabalho e no qual assegurada a estabilidade no emprego de doze meses ao obreiro Nesse sentido entende Alice Monteiro de Barros eis que destaca e
242. ode guardar conota es distintas seja porque determinada caracter stica vista de um modo positivo num certo meio e em outro 124 repelida seja porque h uma distin o clara entre a forma pela qual a pessoa estigmatizada se v muitas vezes como um cidad o normal e a vis o que as demais pessoas t m dele a de um ser marginalizado Outra circunst ncia que deve ser apontada relativamente aos estigmas que eles s o fatores de discrimina o que determinam o comportamento da sociedade isto a sua exist ncia influencia a forma pela qual as pessoas agir o umas em rela o s outras Essa influ ncia ademais n o fica adstrita apenas esfera privada ou seja n o se verifica somente em rela o atua o dos particulares em suas rela es sociais 122 GOFFMANN 1988 p 12 123 GOFFMAN 1988 p 12 124 Apenas a t tulo de complementa o e para melhor elucida o do coment rio tecido relevante a cita o do exemplo apresentado por Goffman no qual se refere diferen a entre um garoto de classe m dia ingressando numa biblioteca e o mesmo ato sendo levado a efeito por um bandido Embora a conduta seja exatamente a mesma ela vista dentro dos padr es da normalidade no primeiro caso e no segundo de forma suspeita sobretudo por aqueles que fazem parte do mesmo grupo do bandido que certamente veriam com ressalvas a sua entrada em local que n o comumente freq entado fazendo que
243. ojo aspectos que v o al m de uma simples dor moral e que ultrapassam as fronteiras de um dano meramente est tico Trata se de um elemento depreciativo que determina um efeito de descr dito em rela o quele que o possui que oculta os seus potenciais sejam pessoais ou profissionais e que em ltima inst ncia enseja a perda da pr pria identidade do indiv duo reduzindo lhe as chances de uma vida digna no seio social Assim sob o ponto de vista dos danos causados ao indiv duo n o h como se afastar a conclus o no sentido de que o estigma representa o pice de todo o sofrimento e todo o preju zo que podem ser impostos a uma pessoa na sociedade Por seu turno com vistas a perquirir as respostas fornecidas pelo Estado aos indiv duos que s o postos em alguma situa o de discrimina o em seu ambiente laboral constatou se que a maioria dos mecanismos jur dicos reproduzem um modelo de ordenamento jur dico meramente repressor e proibitivo de pr ticas que atentem contra o princ pio da igualdade Poucos portanto os meios que de fato s o aptos a ensejar altera es no comportamento das pessoas mormente porque para tanto necess rio se voltar s causas da discrimina o combinando medidas afirmativas de inclus o de determinadas categorias com iniciativas dirigidas educa o de modo a se desconstruir ju zos equivocados que continuam bastante arraigados aos modos de pensar e agir da maioria dos indiv duos Dentre
244. olve a estigmatiza o O estudo da Hist ria o caminho seguro para a compreens o da atual civiliza o em seus diversos aspectos e para o presente estudo de forma especial como se ver Somos o produto do nosso passado isto basta ver o que fomos para compreender o que somos O passado nunca morre N o se trata pois somente de compreender a racionalidade dos estigmas nos dias atuais pois a hist ria fornece elementos complementares indissoci veis de uma tradi o que vinculou todas as cren as populares e o direito e n o se pode viver de l gica pura ou de generaliza es Da porque as regras que se estabelecem sobre as pessoas e que s o vinculadas a valores negativos e interpretadas sistematicamente na aplica o do Direito n o podem se dissociar do entendimento que ocorreu no passado das civiliza es BACILA loc cit 114 Ibid p 21 S Neste ponto interessante observar a explica o dada por Carlos Roberto Bacila na obra supra citada acerca a origem do estigma da ra a predominante As tribos que perdiam suas colheitas ou passavam fome quer porque a produ o n o era suficiente para todos quer porque a seca ou as enchentes destru am as planta es precisavam reagir para sobreviver e em estado de necessidade atacavam outros povoados para apanhar v veres Aqueles que perdiam as batalhas resistiam at morrer ou se tornavam escravos O vencedor estigmatizada a ra a dos vencidos Com o passar d
245. om problema 98 Em outro trecho ressaltada al m da invisibilidade tamb m a pecha de simulador que acaba sendo atribu da aos empregados vitimas de alguns tipos de doen as ocupacionais Veja se O mais triste que a doen a da gente os outros n o podem v A gente se queixa de dor mas uma dor que as pessoas n o v eles acham que a gente est mentindo fingindo e a gente sofre Ainda no que pertine a este particular uma obreira descreve a discrimina o por ela suportada declinando que Fui discriminada ningu m acreditava em mim passei a ser vista pelas chefias como se n o quisesse trabalhar Inclusive embora se referindo ao ass dio moral dispensado aos empregados deficientes Maria Ester de Freitas Roberto Heloani e Margarida Barreto acabam arrolando algumas condutas que s o levadas a efeito com vistas discrimina o dos empregados que contam com alguma incapacidade laborativa a saber cr ticas sobre sua vida privada o posto de trabalho era totalmente isolado de contato a n o 384 MERLO et al 2008 p 123 385 Importante colocar aqui as informa es fornecidas por Maria Elizabeth Antunes Lima no sentido de que no ano de 1997 os dados oficiais da Previd ncia Social indicaram que no Estado de Minas Gerais do total de benef cios concedidos por doen as ocupacionais 80 1 eram relativos s les es por esfor os repetitivos e em segundo lugar com 13 45 encontravam se os dia
246. omo por exemplo aqueles acometidos por doen as ocupacionais Tal controv rsia entretanto facilmente solucionada pelos pr prios termos da Lei 8213 91 que equipara em seu artigo 20 incisos e Il as doen as ocupacionais profissionais e do trabalho ao acidente de trabalho t pico Portanto atualmente n o h d vidas de que a estabilidade do artigo 118 da Lei 8213 91 voltada tamb m prote o dos empregados acometidos por doen as ocupacionais No que se refere aos requisitos necess rios para que o obreiro fa a jus estabilidade acident ria n o h como se olvidar que os mesmos tamb m encontram previs o expressa no pr prio diploma legal O artigo 118 refere se necessidade de que o empregado tenha percebido benef cio previdenci rio do que decorre a conclus o de que teve o mesmo de se afastar das atividades laborativas por per odo superior a quinze dias em raz o do infort nio Ademais tamb m a S mula n 378 do Tribunal Superior do Trabalho j mencionada disp e em seu inciso Il especificamente a respeito dos pressupostos necess rios obten o da estabilidade acident ria a saber o afastamento superior a 15 dias e a consequente percep o do aux lio doen a acident rio salvo de constatada ap s a despedida doen a profissional que guarde rela o de causalidade com a execu o do contrato de emprego O que se verifica que a S mula n 378 exatamente com vistas a pacificar quest
247. onde ressalta a necessidade inicial de se conhecer profundamente o problema da discrimina o para num segundo momento conceber as a es pr ticas que possam combat la Dispon vel em lt http Avww anamatra org br gt Acesso em 19 jan 2010 1 8 BARROS 2009 p 1130 23 do emprego que coloca o empregado em situa o ainda mais suscet vel no seio da rela o empregat cia Assim passa se nos pr ximos t tulos deste cap tulo an lise dos principais aspectos que circundam a discrimina o efetivada na ambi ncia laboral quais sejam conceitua o tipologia e momentos nos quais verificada 2 1 2 Conceito de Discrimina o Existem ante a variedade de abordagens do tema diversas conceitua es para a discrimina o passando se pela simples refer ncia ao tratamento desequiparador injustificado at as acep es mais complexas dotadas de mais detalhes Inicialmente n o se pode ignorar que a palavra discrimina o nos remete no o de segrega o distin o diferencia o Isto se deve ao pr prio sentido sem ntico da express o eis que sob tal perspectiva de fato que dizer separa o distin o Alice Monteiro de Barros usando linguagem simples e objetiva conceitua a discrimina o como sendo o car ter infundado de uma distin o Jos Claudio Monteiro de Brito Filho apresenta defini o interessante afirmando que a discrimina o o preconceito em sua forma ativa
248. onsequ ncias S o v rios estudos que objetivam demonstrar os efeitos que os acidentes de trabalho e doen as ocupacionais determinam na vida dos empregados trabalhos estes quase todos situados na seara da sa de ocupacional 318 DALLEGRAVE NETO 2008 p 256 39 DALLEGRAVE NETO loc cit 320 MELO 2010 p 473 474 ACita se aqui apenas para fins exemplificativos os seguintes estudos SALIM Celso Amorim Doen as do trabalho exclus o segrega o e rela es de g nero Dispon vel em lt http www scielo br gt BARBOSA Maria do Socorro Al cio SANTOS Regina Maria dos TREZZA Maria Cristina Soares Figueiredo A vida do trabalhador antes e ap s a les o por esfor o repetitivo LER e doen a osteomuscular relacionada ao trabalho Dispon vel em lt http www scielo br gt e MERLO Alvaro Roberto Crespo et al O trabalho entre prazer sofrimento 134 Em tais estudos o fator preponderantemente apontado com maior relevo aquele relativo exclus o dessa categoria de indiv duos podendo se afirmar que talvez o tipo mais grave de preju zo que tais trabalhadores tenham de suportar seja a discrimina o qual passam a ser sujeitos no seu ambiente laboral Sobre este tema portanto se passa a discorrer nos pr ximos t tulos deste trabalho 4 2 DISCRIMINA O DO EMPREGADO ACIDENTADO OU V TIMA DE DOEN A OCUPACIONAL Discorrendo a respeito das defini es e dos principais efeitos dos acidentes de trabal
249. or alternativa para o problema posto de fato o investimento na maior prote o sa de dos empregados e na preven o dos acidentes eis que assim os danos integridade f sica seriam inequivocamente reduzidos 495 s o autores Sebasti o Geraldo de Oliveira e Raimundo Sim o de Mello que especificamente quanto ao particular ressaltam que j poss vel se verificar uma crescente preocupa o dos empres rios com a sa de e a seguran a do trabalhador No entanto os mesmos autores destacam tamb m que essas medidas preventivas apenas s o efetivadas quando convenientes para o empregador sob o ponto de vista econ mico Assim fica evidente que a preocupa o em foco com as condena es que t m sido impostas pelo Poder Judici rio com vistas repara o dos danos decorrentes do acidente de trabalho e n o com a sa de e o bem estar f sico dos obreiros Desta forma sendo certo que a busca por solu es n o pode se afastar da realidade sob pena de ficar restrita apenas ao plano da abstra o necess rio cogitar de alternativas que reconhe am que a ocorr ncia de acidentes de trabalho e o elevado n mero de doen as ocupacionais s o um fato consumado nas rela es de trabalho atuais OLIVEIRA 2007 p 33 S MELO 2010 p 73 195 Portanto ainda que efetivamente seja de import ncia imensur vel toda e qualquer medida voltada prote o da sa de partindo da realidade supra mencionada
250. or ocasi o da admiss o ou durante a manuten o do contrato de trabalho deixando de lado a quest o da discrimina o p s contratual Inclusive as pondera es feitas por M rcio T lio Viana v o ao encontro desta constata o esclarecendo tal autor que o artigo 1 da Lei 9029 95 atua especificamente em dois momentos quais sejam na fase pr contratual e contratual olvidando se assim da fase p s contratual na qual por outro lado ainda podem ser sentidos os efeitos de uma discrimina o engendrada em raz o do trabalho Em que pese o argumento acima exposto n o h como se olvidar a relev ncia da disposi o contida no artigo 1 da Lei 9029 95 posto que a mesma permite que se analise a quest o da discrimina o sob duas ticas distintas isto tanto no que se refere s admiss es como no que atine dispensa Quanto ao momento da admiss o o que se verifica que muito embora o empregador tenha a possibilidade de escolher o empregado que melhor atenda s suas expectativas ele n o pode certamente fundar a sua escolha em motivos discriminat rios 202 VIANA 2000 p 357 86 Tal afirma o pode parecer contradit ria eis que a princ pio quem pode mais pode tamb m menos Assim se o empregador pode n o contratar algu m sem que tenha de apresentar qualquer motivo ou seja pode optar pela n o contrata o sem qualquer raz o o mais l gico seria permitir tamb m que ele pudesse embasar a s
251. orais que ao descrever o atendimento em per cia m dica afirmou Uma vez eu fui ao m dico do INPS e ele nem me examinou e deu alta Eu disse Mas Doutor Ele disse O que Voc est de unha pintada de batom e acha que t doente Quem t doente n o pinta as unhas O que se verifica portanto um processo de culpabiliza o do doente e menosprezo em rela o doen a o qual nos termos das considera es acima tecidas nada mais faz do que potencializar a discrimina o dos empregados acometidos por doen as ocupacionais Tais obreiros j tendo de conviver com o sofrimento pr prio da enfermidade s o submetidos tamb m a tal tratamento desrespeitoso justamente na ambi ncia na qual esperavam ser compreendidos Assim pode se afirmar que uma das formas de manifesta o da discrimina o dirigida aos empregados acidentados verifica se exatamente quando se atribui ao doente a pecha de simulador ou culpado por sua pr pria 380 enfermidade ainda no momento do diagn stico da doen a que o acomete do atendimento m dico e das per cias realizadas no rg o previdenci rio 378 LIMA 2000 p 121 377 LIMA loc cit 378 BARRETO 2006 p 169 37 Ibid p 173 380 LIMA op cit p 124 150 N o obstante os estudos realizados com vistas ao aprofundamento da quest o demonstram ainda que a discrimina o de tal categoria de empregados ocorre tamb m por meio de condutas em face deles
252. orcionar an lise de um determinado conceito demonstram a import ncia da no o de um grupo ou da forma o de uma categoria para aqueles indiv duos que s o por qualquer raz o estigmatizados Contudo especificamente no que se refere aos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais pouco se vislumbra neste sentido sendo esta uma caracter stica espec fica de tal categoria At por ser uma forma de discrimina o ainda pouco estudada n o se verificou a exist ncia destes grupos voltados viv ncia de experi ncias comuns desta categoria de obreiros o que contudo se revela imprescind vel para a melhoria do status social por eles ostentado nos termos das considera es tecidas Esta conclus o corroborada pelos coment rios tecidos por Mari ngela Gaedke e Suzane Beatriz Frantz Krug que ressaltam exatamente a aus ncia de uma atua o coletiva voltada para a defesa desta categoria Para estas autoras haveria uma fragilidade de articula o da classe trabalhadora e tamb m das institui es sindicais representativas verdadeiros ref ns 9 THE MISTERY OF KASPER HOUSER Jeder f r sich und Gott gegen alle Dire o Werner Herzog Produ o Jonathan Sanger Int rpretes Bruno S Walter Ladengast Brigitte Mira e outros Roteiro Werner Herzog Vers til Home Video 1975 110 min 40 GAEDKE KRUG 2008 p 122 181 dos des gnios capitalistas e dos detentores do c
253. os julgamentos e opini es sobre os indiv duos sem que entretanto eles sejam efetiva e verdadeiramente conhecidos Verifica se desta forma um processo de exclus o de uma vida igual para todas as pessoas e um mundo diferente empurrado para pessoas que n o s o assim t o diferentes 2 148 GOFFMANN 1988 p 26 14 Ibid p 27 15 BACILA 2005 p 28 151 BACILA loc cit 152 Ibid p 103 65 Inclusive em raz o desta invisibilidade das potencialidades do indiv duo 153 referindo se costuma se afirmar como o faz Sebasti o Geraldo de Oliveira especificamente ao deficiente f sico que o estigma acaba fazendo com que a sociedade acredite que todas as pessoas estigmatizadas s o iguais E isso se d obviamente pelo fato de que a maioria da popula o apenas consegue enxergar a caracter stica que determinou o estigma deixando de vislumbrar todas as demais circunst ncias que em conjunto formam a ess ncia e a personalidade de um ser humano Por outro lado n o obstante os efeitos da exclus o social e da discrimina o os estigmas tamb m acabam consistindo em forma de manuten o do poder posto que atrav s deles se perpetuam opini es e julgamentos sobre determinadas categorias de pessoas os quais por sua vez acabam servindo como fonte de sustenta o das situa es j consolidadas como se verifica em rela o ao poder que det m as classes mais privilegiadas O estigma sob tal ngulo
254. os em idade plenamente ativa Cristina Paranhos Olmos exemplifica a discrimina o em raz o da idade atrav s de an ncio de emprego divulgado no jornal Folha de S o Paulo o qual exige para a fun o de recepcionista entre outros fatores a idade entre 18 e 25 anos 51 Neste sentido s o as coloca es de Jos Claudio Monteiro de Brito Filho que destaca not cias publicadas no Boletim Informativo da Procuradoria Regional do Trabalho da 9 Regi o relativamente a estes termos de compromisso firmados com o objetivo de obstar a discrimina o em raz o da idade BRITO FILHO 2002 p 50 O julgado mencionado pela autora possui a seguinte ementa Discrimina o por idade Ociosidade imposta Rescis o indireta Danos morais A ociosidade imposta uma das mais graves ofensas ao trabalhador Ainda mais ao intelectual que por longos anos contribuiu para o engrandecimento do nome da empresa N o bastasse tal situa o humilhante a ela fora levada a autora por motivos discriminat rios em raz o de sua idade Superaram se os limites do poder potestativo da empresa ferindo se n o somente a dignidade da trabalhadora mas princ pios constitucionais ticos e sociais A ociosidade imposta autora se dera com a finalidade de esta deixar a empresa e se firmara em bases discriminat rias infringindo normas expressas na Constitui o Federal e na Lei 9029 95 Devida a indeniza o por danos morais TRT SP 03138200005202007
255. os pela sociedade e neste processo muitas vezes atuam sob a sua pr pria identidade promovendo as modifica es que julgam necess rias para a sua plena aceita o social Observa se assim um distanciamento entre a identidade real destes indiv duos e a sua identidade social sendo que esta ltima pode ser vista sob dois enfoques como esp cie de identidade constru da com vistas a uma melhor integra o sociedade e como a vis o e o conceito que os outros nutrem a respeito de uma pessoa No caso dos empregados acidentados poss vel perceber um processo semelhante Ao serem exclu dos do mercado de trabalho em raz o do estigma que passam a portar os empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais assistem altera o do seu papel social De produtivos passam a ser vistos como ociosos E de inseridos na produ o e no consumo passam exclus o social Assim embora n o se verifique uma significativa altera o na identidade real do indiv duo eis que o mesmo continua sendo uma pessoa dotada de suas fraquezas e potencialidades a sua identidade social bastante modificada pois a 443 Este o tema essencialmente estudado por Erving Goffman na obra j referenciada eis que a preocupa o deste autor justamente a manipula o da identidade dos indiv duos estigmatizados GOFFMAN 1988 Neide Tiemi Murofuse e Maria Helena Palucci Marziale tecem alguns coment rios quant
256. ou totalmente para o trabalho e s pessoas portadoras de defici ncia os meios para a rejeduca o e rejadapta o profissional indicados para participar do mercado do trabalho e do contexto em que vivem O par grafo nico desse mesmo artigo d detalhes acerca do que a reabilita o profissional efetivamente compreende sendo oportuno citar apenas a t tulo de exemplo a possibilidade do fornecimento de pr tese ou de instrumentos de aux lio de locomo o quando a perda ou a redu o da capacidade funcional puder ser atenuada por seu respectivo uso Por seu turno tamb m o artigo 31 do Decreto 3298 99 que disp e sobre a Pol tica Nacional para Integra o da Pessoa Portadora de Defici ncia enuncia expressamente os conceitos de habilita o e reabilita o profissional previs o esta que se pede v nia para transcrever Art 31 Entende se por habilita o e reabilita o profissional o processo orientado a possibilitar que a pessoa portadora de defici ncia a partir da identifica o de suas potencialidades laborativas adquira o n vel suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso e reingresso no mercado de trabalho e participar da vida comunit ria O que estas normas visam a toda evid ncia que a Previd ncia Social preste todo o aux lio bem como forne a a capacita o que se faz necess ria para que os indiv duos portadores de alguma defici ncia e tamb m aqueles que sofreram perda ou redu
257. p 39 Ibid p 72 7 OLIVEIRA 2000 p 139 40 2 1 3 5 Portador do v rus HIV Conforme j alinhavado nas considera es supra tecidas s o diversos os fatores que podem determinar a discrimina o e a exclus o de um determinado indiv duo ou de um grupo Pode se afirmar que as doen as sempre estiveram dentre tais circunst ncias pass veis de ensejarem um tratamento diferenciado Alice Monteiro de Barros quanto ao particular refere se discrimina o de todos aqueles que s o acometidos por doen as que estigmatizam Por seu turno entre tais enfermidades est a AIDS ou SIDA S ndrome de Imunodefici ncia Adquirida doen a transmitida pelo v rus HIV Como se infere das li es de Luiz Ot vio Linhares Renault os portadores do HIV s o inequivocamente discriminados no seio social sofrem discrimina o pelo indiv duo pelo grupo pela sociedade e pela empresa Pensar o contr rio negar a realidade Concordam Luiz Ot vio Linhares Renault e Alice Monteiro de Barros no que pertine causa da discrimina o dirigida a estas pessoas asseverando que a desinforma o sobre a doen a provavelmente a principal causa do preconceito 73 BARROS 2009 p 1189 74 No que pertine aos significados das siglas necess rios alguns esclarecimentos Para este fim adota se aqui as pondera es de Marcus Aurelio Lopes postas nos seguintes termos Adoto a sigla em ingl s acq
258. pacionais O preconceito como julgamento antecipado e normalmente equivocado a respeito de um indiv duo ou de um grupo interno pois tem ra zes subjetivas e n o necessariamente exteriorizado Relaciona se com a discrimina o por ser esta o meio mediante o qual o preconceito levado a efeito nas rela es sociais residindo a a raz o pela qual muitas vezes a discrimina o conceituada como sendo o pr prio preconceito em sua forma ativa J o estigma um fator de discrimina o fundado tamb m em ju zos equivocados ou seja encontra fulcro no pr prio preconceito nutrido pelas pessoas Tem como consequ ncia ou como um dos seus efeitos exatamente a discrimina o dispensada determinada categoria de indiv duos Nessa medida o estigma que possui o preconceito como um dos seus componentes tamb m um conceito que est impl cito pr pria no o de discrimina o eis que apenas se discrimina aqueles que foram por qualquer forma categorizados no meio social 3 BRITO FILHO Jos Claudio Monteiro de Discrimina o no trabalho S o Paulo LTr 2002 p 40 BACILA Carlos Roberto Estigmas um estudo sobre os preconceitos Rio de Janeiro Lumen Juris 2005 p 24 25 Assim com vistas a evidenciar a rela o entre estes tr s conceitos afirma se que se fosse poss vel estabelecer uma grada o entre eles poderia se falar em discrimina o preconceito e estigma nessa ordem A discr
259. pec fica a respeito do tema no ordenamento jur dico brasileiro eis que n o h norma afeta n o discrimina o por motivo de sa de h que se atentar para os preceitos de normas internacionais que poder o servir de par metro para que o int rprete evite a viola o dos direitos humanos reagindo contra a discrimina o no ambiente de trabalho 52 BARROS 2009 p 1202 503 Ibid p 1204 504 Ibid p 1208 505 Ibid p 1191 1192 58 Ibid p 1209 50 BARROS loc cit 199 Assim nos termos das considera es j tecidas embora de fato se esteja diante de um quadro bastante grave de discrimina o nas rela es de emprego uma vez que consoante constatado no decorrer deste estudo os empregados acidentados s o discriminados e estigmatizados na ambi ncia laboral existem iniciativas que podem ser tomadas com vistas sua revers o Neste trabalho tais alternativas foram apenas pontuadas posto que sua investiga o detida dimana um aprofundamento que se distancia do objetivo almejado No entanto relevante verificar a exist ncia de medidas que podem ser tomadas de forma a contribuir para a efetiva o dos princ pios constitucionais no plano pr tico mormente o pr prio princ pio da igualdade Estas alternativas ademais assumem papel significativo posto que s o voltadas tamb m realiza o do princ pio da n o discrimina o o qual labora sobre um piso de civilidade que se considera m n
260. peradores do direito uma atua o bastante atenta de modo a impedir que o dogma liberal da Nesta esteira as coloca es de Celso Ant nio Bandeira de Mello em obra cl ssica sobre a igualdade qual seja O conte do jur dico do princ pio da igualdade sobretudo s p ginas 10 11 DWORKIN Ronald A virtude soberana a teoria e a pr tica da igualdade Tradu o de Jussara Sim es S o Paulo Martins Fontes 2005 p 3 10 GOMES Joaquim B Barbosa A o afirmativa amp princ pio constitucional da igualdade o direito como instrumento de transforma o social A experi ncia dos EUA Rio de Janeiro Renovar 2001 p 4 21 igualdade formal impe a ou dificulte a prote o e a defesa dos interesses das pessoas socialmente fragilizadas ou desfavorecidas O aspecto interessante desta perspectiva da igualdade que ela parte de uma premissa que pode se considerar inversa isto tem fulcro exatamente na exist ncia de diferen as entre as pessoas e al m disso da pr pria discrimina o inevitavelmente levada a efeito pela sociedade Com efeito para que se alcance a efetiva igualdade n o h como se olvidar que um dos primeiros passos a se engendrar o reconhecimento das desigualdades entre os indiv duos mormente para que se saiba em que medida as pessoas devem efetivamente ser tratadas em p de igualdade ou n o H de se ponderar portanto a fim de se entender de que modo as diferen as entre os
261. permite concluir que houve a forma o de um estigma assim considerado no sentido exato da express o 42 SILVA SALADINI 2010 p 242 172 O estigma al m de ser visto um atributo negativo tem como principais consequ ncias o efeito de descr dito em rela o ao indiv duo a visibilidade emba ada daqueles que estigmatizam falta de percep o das qualidades da pessoa e a verifica o de reflexos em rela o identidade do estigmatizado No caso dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais ap s as investiga es que foram efetivadas com rela o ao conceito de estigma e tamb m relativamente s peculiaridades da sua espec fica discrimina o conclui se que de fato se est diante de uma hip tese de estigma E isso se d uma vez que o empregado acidentado realmente suporta as consequ ncias supra referidas tanto no mundo do trabalho quanto fora dele No que se refere ao efeito de descr dito sua presen a para os obreiros v timas de acidente de trabalho certa e ainda direcionada para v rios sentidos Inicialmente considerando se os pr prios coment rios que j foram tecidos relativamente s formas por meio das quais a discrimina o dos empregados acidentados engendrada verifica se que o obreiro desacreditado j na primeira oportunidade na qual exp e o seu estado de sa de Embora essa circunst ncia seja mais evidenciada nos casos dos indiv duos
262. pode olvidar a necessidade de que por meio da educa o sejam introduzidos novos valores sociedade sobretudo para que se possa eliminar as bases sob as quais se assenta o preconceito intoler ncia 323 e ignor ncia segundo Alice Monteiro de Barros e para que de fato seja atribu do a todas as pessoas o tratamento compat vel com o padr o jur dico assentado para a situa o concreta por elas vivenciada O que sem embargos a ess ncia da igualdade No entanto ainda s o poucos os mecanismos neste sentido presentes no nosso ordenamento jur dico raz o pela qual se sustenta que ao menos at o momento a resposta que o Estado tem dado aos indiv duos que se encontram em situa o de discrimina o n o tem sido satisfat ria posto que como visto a mesma est essencialmente assentada em normas que apenas pro bem a efetiva o de pr ticas discriminat rias mas que por outro lado nada determinam quanto efetiva inclus o de tais pessoas Por fim no que atine s normas internacionais sobretudo as Conven es da OIT mencionadas neste estudo verifica se que suas previs es tamb m se situam 483 GOFFMAN 1988 p 62 84 Ibid p 63 BARROS 2009 p 1130 48 DELGADO 2007 p 774 191 num plano mais formal eis que as normas ali contidas enunciam conceitos e pro bem de modo mais geral a discrimina o efetivada nas rela es de emprego Contudo oportuno ressaltar que as mesmas
263. por diversas formas na norma que ocupa o mais alto n vel no ordenamento jur dico p trio Com vistas efetiva o da igualdade faz se necess rio estarmos atentos 176 para o modo como essa igualdade aplicada mormente porque a efetividade do princ pio da igualdade est em reconhecer a diferen a a fim de tutelar poss vel conflito de maneira menos estigmatizante como garantia da cidadania Assim sem desmerecer de qualquer forma a relev ncia de todas as previs es supra analisadas h de se salientar que a complexidade impl cita igualdade enseja dificuldades pr ticas de sua efetiva o que muitas vezes passam despercebidas diante da clareza dos comandos constitucionais Por seu turno no que se refere s previs es contidas na Consolida o das Leis do Trabalho existem diversos dispositivos que versam sobre a quest o da igualdade e da mesma forma que se viu em rela o ao texto constitucional tal tem tica tratada sob v rias ticas distintas Mauricio Godinho Delgado Quanto ao particular tamb m classifica as previs es da CLT sobre a discrimina o entre gerais e espec ficas com a diferen a de que aqui as normas espec ficas s o aquelas voltadas tutela da discrimina o em mat ria salarial e as gerais versam sobre a prote o do tratamento desigual em rela o a v rias situa es n o especificadas Assevera o referido autor que as prote es jur dicas contra a
264. por esta raz o que alguns autores a exemplo de Cristina Paranhos Olmos preferem falar em etnia e n o em ra a Destaque se aqui as considera es tecidas por tal autora nas quais esclarece que a etnia o termo t cnico mais correto na medida em que a etnia e z n o a ra a apenas a humana que respons vel pelas diferen as f sicas culturais sociais e outras entre as pessoas Normalmente os mais prejudicados com a discrimina o racial s o os negros a despeito da origem bastante variada da sociedade brasileira O racismo sob o ponto de vista defendido neste estudo de fato existe inspirando no ordenamento jur dico brasileiro a promulga o de diversas leis todas elas voltadas repress o de tal conduta injustific vel N o h como n o se dar o devido destaque pr pria previs o constitucional relativa ao particular na medida em que o artigo 5 inciso XLII da Constitui o de 1988 tipificou o racismo como crime inafian vel e imprescrit vel sujeito pena de 4 BARROS 2009 p 1135 43 OLMOS 2008 p 58 OLMOS loc cit 31 reclus o Tal dispositivo nos pr prios termos da Constitui o foi posteriormente regulamentado pela Lei 7 716 de 1989 a Lei do Racismo Esta forma de discrimina o funda se como todas as outras em crit rio absolutamente injustificado eis que nenhuma ra a superior outra Nesse sentido inclusive as afirma es de Daniella Bianchi
265. portadores de doen as ocupacionais a sua import ncia inconteste sobretudo tendo em vista os elevados n meros de afastamentos previdenci rios por este motivo Vislumbra se quanto ao particular que diante da tentativa de se desvincular a doen a do trabalho os empregados acabam sendo culpabilizados por suas pr prias enfermidades e assim instala se um descr dito em rela o afirma o de que a doen a foi de fato adquirida ou agravada em raz o do exerc cio da atividade laborativa Ademais h tamb m um descr dito em rela o pr pria doen a pois muitas vezes os empregados que procuram o rg o previdenci rio recebem o r tulo de simuladores eis que se duvida at mesmo da efetiva exist ncia de alguma enfermidade di Consequ ncias estas que foram tratadas de modo espec fico no t tulo 2 3 3 deste trabalho e que consoante j referido encontram suped neo nas li es de Erving Goffman e Carlos Roberto Bacila 432 LIMA 2000 p 118 LIMA loc cit 173 Nesta toada s o relevantes as constata es de lvaro Roberto Crespo Merlo et al para quem a dor experimentada pelos indiv duos portadores de enfermidades ocupacionais estende se para al m da dor de perder a sa de e afeta tamb m decep o ao ser exclu do do ambiente de trabalho ao n o reconhecimento humilha o nos locais de per cias m dicas e principalmente ao fato de ter que comprovar a pr pria dor Nas palavra
266. preens o completa do tema e por conseguinte para o apontamento de alternativas para a corre o do quadro que ele determina Como se verifica em rela o maioria das dificuldades enfrentadas em qualquer seara as solu es mais eficazes s o aquelas que surgem a partir do conhecimento completo da causa conhecimento no qual certamente se inclui a investiga o a respeito do nascedouro da quest o sub examen Da mesma forma com o estudo das origens dos estigmas torna se facilitada a cria o de uma consci ncia a respeito do tema o que de forma inequ voca tamb m ben fico para fins da pr pria supera o destes elementos discriminadores Isto porque em geral os estigmas t m origem inespec fica e assim como foi colocado em rela o ao preconceito n o surgem de situa es concretas avaliadas de uma forma racional Surgem de meros acasos isto de fatos que n o podem ser justificados com motivos efetivamente consistentes sendo que o conhecimento aprofundado destes acasos poderia se prestar exatamente ao tratamento e supera o dos estigmas ns Oportuna a transcri o de trecho dos coment rios tecidos pelo Autor quanto ao particular Como surgiram os estigmas Esta parece ser uma pergunta fundamental pois se acompanharmos o nascedouro destas marcas sociais provavelmente poderemos ter id ias de como lidar com o assunto E o conhecimento hist rico ser altamente revelador da verdade que env
267. prego inseguro fora do ritmo dos colegas de trabalho comportando se de forma semelhante ao motorista que volta a dirigir ap s s rio acidente de tr nsito Diante dessa constata o o comportamento comum dos empregadores era promover a dispensa sum ria insens veis ao momento de fragilidade do empregado que busca gradativamente readquirir as condi es habituais de trabalho e produtividade A obten o de novo emprego fica ainda mais dif cil porque inexplicavelmente a CLT exige no art 30 que o acidente seja anotado na CTPS colaborando para a discrimina o e marginaliza o do candidato a emprego junto ao mercado de trabalho Em verdade a norma do art 118 da Lei 8213 91 veio como coroamento das negocia es coletivas que diante da relev ncia e repercuss o social do problema ajustavam a estabilidade provis ria do acidentado tanto que o Colendo TST j havia adotado o Precedente Normativo n 30 assegurando 180 dias de garantia de emprego Ademais o Supremo Tribunal Federal na sua composi o plen ria no julgamento da medida cautelar da A o Direta de Inconstitucionalidade 639 por vota o un nime indeferiu a medida cautelar de suspens o do art 118 mencionado O Relator Ministro Moreira Alves enfatizou no seu voto que foi acompanhado por todos os demais Ministros Nem h qualquer motivo de conveni ncia para suspender norma que a par da finalidade social a que visa n o causa maior preju zo ao patr o S resta co
268. pretendem conferir Isto posto que verificado um quadro bastante grave nas rela es de emprego imperioso perquirir se efetivamente satisfat ria a resposta que o Estado fornece a tal ordem de viola o de direitos inclusive fundamentais Como j visto tais mecanismos jur dicos foram devidamente apresentados no terceiro cap tulo deste trabalho no qual foram analisados de forma detida as medidas reputadas mais relevantes nesta seara do combate discrimina o quais sejam os dispositivos constitucionais e celetistas a Lei 9029 95 a Lei 8213 91 as normas internacionais consubstanciadas nas Conven es n 100 111 e 159 da Organiza o Internacional do Trabalho bem como a Declara o sobre os Princ pios e Direitos Fundamentais no Trabalho tamb m da OIT e ainda algumas pr ticas inclusivas Tamb m nos termos dos coment rios j feitos o que se vislumbra inicialmente que n o h no ordenamento jur dico p trio um mecanismo jur dico que seja especificamente voltado discrimina o dos empregados acidentados Existem outros ordenamentos nos quais essa prote o significativamente mais ampla sendo v lida a refer ncia ao Direito Portugu s por exemplo o qual menciona em seu artigo 23 item 1 do C digo do Trabalho a veda o 184 discrimina o fundada em capacidade de trabalho reduzida defici ncia ou doen a cr nica 6 C digo do Trabalho Portugu s Lei n 99 2003 de 27 de a
269. promover o bem de todos sem preconceitos de origem ra a sexo cor idade e quaisquer outras formas de discrimina o Para Jos Claudio Monteiro de Brito Filho esta previs o constitucional por si s j seria bastante eloquente posto que orienta uma atua o do Estado n o apenas voltada para a veda o de atos discriminat rios mas tamb m dirigida no sentido de perseguir sociedade mais igualit ria com a elimina o de todas as formas de desigualdade Mais adiante certamente com a mesma motiva o e com vistas efetiva o de seus fundamentos a Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil garante a igualdade tamb m como direito fundamental referindo se expressamente em seu artigo 5 caput que todos s o iguais perante a lei sem distin o de qualquer natureza Pode se dizer assim que por meio destas previs es essencialmente mas sem o preju zo de tantas outras o legislador constituinte optou por afirmar que o 160 Art 12 A Rep blica Federativa do Brasil formada pela uni o indissol vel dos Estados e Munic pio e do Distrito Federal constitui se em Estado Democr tico de Direito e tem como fundamentos Ill a dignidade da pessoa humana 161 DELGADO 2000 p 97 162 BRITO FILHO 2002 p 62 163 Art 52 Todos s o iguais perante a lei sem distin o de qualquer natureza garantindo se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa s a inviolabilidade do
270. que o obreiro fa a jus estabilidade acident ria n o estaria o magistrado adstrito a uma decis o do rg o previdenci rio e assim mesmo n o sendo concedido o aux lio pelo INSS poderia o julgador ante as peculiaridades do caso concreto concluir pelo direito do empregado estabilidade Por outro bordo mediante pesquisa jurisprudencial voltada a aferir a posi o que tem sido assumida pelo Tribunal Superior do Trabalho a respeito do tema constata se que o rg o m ximo em mat ria juslaboral tem se manifestado quanto necessidade de observ ncia dos termos da S mula n 378 ou seja tem exigido al m da ocorr ncia do acidente e do afastamento por per odo superior a quinze dias tamb m a concess o do benef cio do aux lio doen a acident rio para que se possa cogitar do deferimento de estabilidade acident ria ao obreiro No entanto imperioso ressaltar que esta orienta o fica restrita aquelas hip teses nas quais o empregador agiu em conformidade com todas as regras legais aceitando atestados m dicos emitindo a Comunica o de Acidente do Trabalho enfim engendrando todas as medidas que lhe cabem quando da ocorr ncia de um acidente de trabalho Caso contr rio isto agindo o empregador de modo a obstar os direitos do empregado a estabilidade acident ria pode sim ser deferida independentemente do preenchimento dos pressupostos legais estabilidade a decis o do INSS pela concess o ou n o do benef ci
271. r tica Nos termos da lei o acidente por concausa aquele que embora n o seja causado exclusivamente pelo trabalho ligado atividade laborativa que contribui diretamente para a morte do empregado para a redu o de sua for a de trabalho ou para a ocorr ncia de les o que dimana tratamento m dico para a sua recupera o Infere se do contido na disposi o supra transcrita que haver acidente de trabalho desde que ainda que existindo diversas causas para determinado infort nio o labor consista numa delas tendo contribu do de forma direta e decisiva para o dano sa de do obreiro Assim tamb m entende Dallegrave Neto afirmando exatamente que ainda que a execu o do trabalho n o tenha sido a causa nica e exclusiva do acidente ou da doen a mesmo assim tais sinistros ser o considerados acidentes do trabalho Observa se que em diversas situa es existe uma concorr ncia de fatores laborais e extralaborais que juntos determinam a ocorr ncia do acidente de trabalho em sentido amplo Assim desde que a contribui o da atividade laborativa seja decisiva ou ao menos eficiente para o desencadeamento do infort nio do trabalho verificar se a caracteriza o da concausa nos termos em que prevista pela lei Por seu turno o acidente de trajeto ou acidente in itinere aquele que ocorre no percurso da resid ncia para o trabalho ou vice versa qualquer que seja o meio de locomo o inclusive ve
272. r as suas doen as pois t m conhecimento de que elas determinam a perda do emprego elemento central em suas vidas Aqueles que adoecem no e do trabalho s o demitidos aumentando o contingente de adoecidos de marginalizados no processo produtivo dos bens de consumo e dos servi os da sociedade Portanto ap s as conclus es acima expostas entende se que os empregados acidentados efetivamente s o discriminados na ambi ncia da rela o de emprego e essa discrimina o encontra fulcro na associa o de dois fatores Isto est assentada tanto no fato de que o obreiro n o conta com a plenitude de sua for a f sica quanto na circunst ncia de que o mesmo n o consegue atender aos r gidos padr es de produtividade impostos na atualidade mormente com a mesma efici ncia que possu a antes do infort nio Partilha se assim das considera es tecidas por Cristina Paranhos Olmos acerca de tal problem tica especialmente seus coment rios no sentido de que a discrimina o do empregado acidentado ou acometido por doen a ocupacional mais repugnante do que as demais E isso se deve ao fato de que consoante alinhavado o fator de d scrimen nasce dentro da pr pria rela o de emprego decorre do trabalho prestado e muitas vezes da pr pria dedica o intensa do empregado s suas atividades laborativas Acarreta ademais a perda da identidade do indiv duo que tem o trabalho como centralidade em sua vida E uma vez v
273. ra a n o predominante e o da religi o As classifica es feitas em torno dos estigmas n o s o de forma alguma exaustivas e sequer pretendem engessar o tema Goffman ao mesmo tempo em que prop e uma divis o mais r gida entre os tr s principais tipos de estigma preocupa se j na sequ ncia em ressaltar a sua relativiza o o que se atribui ao pr prio contexto social sempre em movimento Ademais demonstra ainda a exist ncia de um tra o em comum entre todos eles evidenciando assim que em todas as esp cies de estigma o fator preponderante sempre a dist ncia que se coloca entre o estigmatizado e os padr es sociais ditos normais bem como a exclus o social da decorrente Um indiv duo que poderia ter aceita o social plena possui uma caracter stica que o distingue dos demais que afasta as demais pessoas e que ainda inviabiliza que sejam visualizados todos os demais tra os de sua personalidade Esta caracter stica nos termos do que j foi alinhavado exatamente o estigma Verifica se portanto que o surgimento de novos estigmas um fen meno ilimitado sendo certo que a pr pria investiga o em torno do tema n o poderia se circunscrever apenas s classifica es j existentes Inclusive apregoa se a necessidade de tratamento universal de todos os estigmas mormente porque na medida em que todos eles invariavelmente ensejam discrimina es diversas n o h como se afastar a necess ria r
274. ra zes sobretudo no preconceito nutrido pelos indiv duos no seio social sendo que a maioria das pr ticas discriminat rias engendradas nas rela es de trabalho guardam ntima rela o com alguns dos ju zos equivocados que s o tamb m enunciados pela pr pria sociedade mormente no que atine s desequipara es injustificadas em raz o da ra a do g nero e do fato de a pessoa ser portadora de alguma defici ncia Verificou se assim que o preconceito na realidade um conceito que est impl cito no o de discrimina o que por conseguinte pode ser definida como o preconceito em sua forma ativa Especificamente quanto discrimina o no trabalho em que pesem os v rios aspectos abordados imperiosa a refer ncia gravidade do quadro constatado eis que na ambi ncia da rela o de emprego o obreiro est em posi o de subordina o ao empregador al m de ser hipossuficiente economicamente Assim sem a possibilidade de abrir m o do seu posto de servi o o empregado em prol de sua subsist ncia e de sua fam lia se sujeita s mais 201 diversas ordens de viola o de direitos sobretudo a pr pria ofensa ao princ pio da igualdade por meio de sistem ticos comportamentos efetivados com vistas a privilegiar uns e estigmatizar outros Viu se da mesma forma que tais comportamentos s o tamb m determinados pelo estigma que acompanha algumas categorias de indiv duos Este conceito por sua vez traz em b
275. rceiro por motivo de disputa relacionada ao trabalho c ato de imprud ncia de neglig ncia ou de imper cia de terceiro ou de companheiro de trabalho d ato de pessoa privada do uso da raz o e desabamento inunda o inc ndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de for a maior III a doen a proveniente de contamina o acidental do empregado no exerc cio de sua atividade IV o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e hor rio de trabalho a na execu o de ordem ou na realiza o de servi o sob a autoridade da empresa b na presta o espont nea de qualquer servi o empresa para lhe evitar preju zo ou proporcionar proveito c em viagem a servi o da empresa inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacita o da m o de obra independentemente do meio de locomo o utilizado inclusive ve culo de propriedade do segurado d no percurso da resid ncia para o local de trabalho ou deste para aquela qualquer que seja o meio de locomo o inclusive ve culo de propriedade do segurado 129 N o se discorrer sobre todas estas hip teses neste trabalho por m imperiosa especial refer ncia ao acidente de trabalho por concausa previsto no inciso deste artigo 21 e ao acidente de trajeto constante da al nea d do inciso IV do mesmo dispositivo pois dentre as situa es de equipara o previstas parecem ser estas as que mais se verificam na p
276. rdadeiros estigmas para seus portadores como o caso da AIDS dando ensejo a um novo tipo de discrimina o verificado nos mais diversos ambientes sociais Assim embora seja v lido o conhecimento relativo s classifica es dos estigmas o mesmo se presta consoante alinhavado para a apresenta o de quadro amplo a respeito do tema em quest o Revela se por conseguinte essencial perquirir a respeito das consequ ncias decorrentes dos estigmas as quais ser o apreciadas no t tulo que se segue 2 3 4 Consequ ncias dos Estigmas 137 BACILA op cit p 33 138 BACILA 2005 p 33 139 A respeito do tema oportuno que se referencie a obra de Christiani Marques sobre a Discrimina o Est tica no Contrato de Trabalho na qual ressaltada a influ ncia do sentido da est tica nas rela es sociais 62 Visto que os estigmas s o sinais que atribuem determinada pessoa uma caracter stica negativa s o bvios e bastante graves os efeitos da decorrentes O principal deles a discrimina o a nega o da igualdade que estaria impl cita nos estigmas j que baseados nestes fatores de diferencia o os indiv duos dirigem suas condutas e seus comportamentos Consequentemente da discrimina o decorrem a exclus o e a segrega o social Neste ponto Bacila faz uma abordagem interessante a respeito dos efeitos dos estigmas a qual mais uma vez aliada vis o de Goffman acerca do tema fornece um panorama
277. rdenamento jur dico de fato n o oferece puni o aos atos que n o s o exteriorizados n o se pode por outro bordo olvidar o contido no artigo 3 inciso IV da Constitui o Brasileira de 1988 que estabelece como um dos objetivos fundamentais da Rep blica Federativa do Brasil BRITO FILHO 2002 p 40 Refer ncia retirada do documento j referido s fls 06 extra do do endere o lt http www dhnet org br direitos sos discrim relatorio htm gt 49 o bem de todos sem preconceitos de origem ra a sexo cor idade e quaisquer outras formas de discrimina o Apoiando se portanto em tal disposi o constitucional mencionam alguns autores que o preconceito de fato uma conduta a ser reprimida principalmente em se considerando que o legislador n o utiliza palavras in teis Al m do fato de o preconceito n o consistir propriamente em uma categoria jur dica outro ponto do Relat rio supra mencionado que tamb m suscita d vidas a rela o do preconceito com a discrimina o Todos os conceitos aqui apresentados trazem em seu bojo essa rela o de forma bastante clara sendo que algumas das defini es referidas s o fundadas exclusivamente nesta intera o entre as duas categorias como por exemplo a de que a discrimina o o preconceito em sua forma ativa discrimina o o preconceito em movimento S Ou a de que a No entanto no documento elaborado com vistas
278. rds Direito do trabalho e processo do trabalho temas atuais Curitiba Juru 2000 p 191 216 Ibid p 197 198 Neste ponto oportuno referenciar alguns julgados que imbu dos exatamente deste esp rito de elimina o da discrimina o racial efetivada nas rela es de emprego procuram obstar a viola o do princ pio da dignidade da pessoa humana que esta forma de discrimina o certamente encerra Veja se DANO MORAL DISCRIMINA O RACIAL A discrimina o extremamente perversa e deve ser coibida O fato de ignorarmos a discrimina o racial sabendo que ela existe inadmiss vel O direito ali s tem mesmo esse papel de corrigir as nossas defici ncias coagindo nos a atuar de modo diverso no sentido do ideal e o ideal neste tema respeitar a condi o humana ou em outras palavras n o discriminar O artigo 3 da Constitui o Federal em seu inciso IV estabelece como um dos objetivos fundamentais da Rep blica promover o bem de todos sem preconceitos de origem ra a sexo cor idade e quaisquer outras formas de discrimina o Portanto a pr tica de referir se aos empregados utilizando se de termos tais como negrinho pretinho evidenciam a discrimina o racial sendo devida a repara o por danos morais PARANA Tribunal Regional do Trabalho 9 Regi o TRT PR 00804 2004 019 09 00 6 ACO 17365 2005 Relator 32 2 1 3 2 Idade A discrimina o motivada pela idade tem s
279. re os sexos no mercado de trabalho de modo a tornar se imperiosa uma prote o mais abrangente Assim sendo certo tamb m que a discrimina o n o se manifesta apenas por meio de medidas relativas ao sal rio editou se a Conven o n 111 de 1958 visando a coibir a discrimina o em v rios dom nios Sua relev ncia efetivamente destacada neste mbito do combate discrimina o no mundo do trabalho especialmente porque enuncia conceitos e segundo Ot vio Brito Lopes fixa alguns par metros que facilitam o trato das quest es jur dicas envolvendo o problema da discrimina o no trabalho Inclusive um dos pontos mais importantes desta Conven o o pr prio conceito de discrimina o por ela enunciado em seu artigo 1 al nea a qual seja toda distin o exclus o ou prefer ncia com base em ra a cor sexo religi o 2 BARROS op cit p 1143 264 SUSSEKIND 1988 p 245 285 BRITO FILHO 2002 p 60 28 SUSSEKIND loc cit 2 BARROS 2009 p 1151 8 BARROS loc cit 29 LOPES 2009 p 3 117 opini o pol tica nacionalidade ou origem social que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profiss o Nos termos das considera es j tecidas no cap tulo anterior deste trabalho tal conceito visto como sendo uma das melhores defini es da discrimina o e certamente por esta raz o serviu de inspira o para
280. reendidos No entanto a resposta obtida quase sempre outra raz o pela qual ainda na esteira das li es de Margarida Barreto conclui se que a maior humilha o suportada pelos empregados acidentados a humilha o imperdo vel aquela a qual s o submetidos nos consult rios m dicos eis que era este o espa o no qual eles poderiam em tese ser de fato entendidos Mas ao rev s trabalhadores e trabalhadoras defrontam se com m dicos que ironizam e menosprezam suas queixas negam diagn sticos n o fornecem laudos pois sequer os examinam ret m exames inferiorizam e ridicularizam seus sintomas Para dar mais concretude s afirma es postas e observando a mesma metodologia adotada por Christophe Dejours e pela pr pria Margarida Barreto oportuno fazer refer ncia a alguns relatos verdadeiros de empregados que experimentaram a situa o de discrimina o supra referida isto a discrimina o em raz o da doen a ocupacional por eles suportada efetivada por meio da tentativa de culpabiliz los pelo seu pr prio estado de sa de Esses depoimentos por representarem o pensamento e a linguagem dos indiv duos que est o inseridos na problem tica abordada permitem que melhor se visualize as suas emo es e que lhes seja dispensada a compreens o necess ria O primeiro relato de uma mulher de 27 anos que foi acometida por LER e que em raz o disso encontra dificuldades para efetivar div
281. reitas Mainardi e Miriam Cipriani Gomes destacam alguns efeitos da implementa o deste modelo neoliberal afirmando que al m de o mesmo j estar de fato arraigado no pensamento econ mico mundial na atualidade inconteste tamb m a sua influ ncia nos modos de produ o sempre objetivando a maximiza o dos lucros Assim n o h como se ignorar a influ ncia do modelo neoliberal em rela o ao Estado que a partir de ent o tem seu papel bastante reduzido e passa a ser m nimo para n o dizer ausente nos pa ses perif ricos 338 JUNIOR Benedito Tuponi MINARDI Fabio Freitas GOMES Miriam Cipriani Gomes As rela es de trabalho e o panorama s cio econ mico da p s modernidade In Conhecimento interativo S o Jos dos Pinhais v 3 n 2 p 55 74 jul dez 2007 337 JINKINGS Nise O trabalho banc rio em face da finan a mundial desregulada In SOUSA Ant nia de Abreu NETO En as de Ara jo Arrais FELIZARDO Jean Mari CARDOSO Maria Jos Pires BEZERRA T nia Serra Azul Machado Organizadores Trabalho capital mundial e forma o dos trabalhadores Fortaleza Senac Cear 2008 p 143 159 338 TUPONI J NIOR MAINARDI GOMES 2007 p 60 339 Ibid p 61 4 TUPONI J NIOR MAINARDI GOMES loc cit 141 Com o neoliberalismo o que se v a imposi o de um capitalismo cada vez mais duro o qual n o prioriza solu es para as quest es sociais e humanit rias e te
282. riais causados aos empregados evidente a exist ncia de duas esp cies distintas quais sejam a dos danos emergentes e a dos lucros cessantes Os danos emergentes s o os preju zos imediatos suportados muitas vezes pelo pr prio empregado em raz o do infort nio laboral tais como as despesas m dicas acima referidas J os lucros cessantes por sua vez representam o que o obreiro deixou de ganhar notadamente a redu o patrimonial operada por uma eventual rescis o do contrato de trabalho em raz o das consequ ncias do acidente de trabalho S o no mesmo sentido ademais as considera es tecidas por Sebasti o Geraldo de Oliveira que ressalta que os danos decorrentes dos acidentes de trabalho s o de duas esp cies e ora produzem o efeito de diminuir o patrim nio do credor ora o de impedir lhe o aumento ou o acrescentamento pela cessa o de lucros 315 Art 86 O aux lio acidente ser concedido como indeniza o ao segurado quando ap s consolida o das les es decorrentes de acidente de qualquer natureza resultarem sequelas que impliquem redu o da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia 316 MELO 2010 p 85 317 OLIVEIRA 2007 p 201 133 Por sua vez evidentes s o tamb m as ofensas extrapatrimoniais que decorrem dos infort nios laborais eis que tanto o dano integridade f sica como a necessidade de submeter se a tratamentos m dicos e eventualmente a cirurgias ensejam a
283. rimina o dos empregados acidentados ou acometidos por doen as ocupacionais E ap s a investiga o afeta motiva o desta discrimina o das formas por meio das quais ela engendrada e dos momentos nos quais se verifica evidenciado um quadro efetivamente preocupante N o obstante os elevados n meros de acidentes de trabalho e doen as ocupacionais verificados no Brasil e da mesma forma j sendo significativa a dor f sica que os empregados t m de suportar em raz o do infort nio laboral do qual foram v timas convivem tais obreiros tamb m com dor ainda mais profunda que sem embargos a da discrimina o qual s o sujeitos na ambi ncia da rela o de emprego Diante do preconceito impl cito pr pria doen a e em raz o do imperativo de uma racionalidade econ mica n o h espa o no mercado de trabalho formal para aqueles que n o disp em da integralidade de sua capacidade laborativa Verifica se portanto a situa o de discrimina o na qual estes empregados acidentados s o postos a qual por encontrar fulcro em fatores impl citos pr pria rela o de emprego e decorrer da pr pria atividade laborativa parece mais repugnante do que as demais Desde o momento dos atendimentos m dicos da confirma o do diagn stico e da realiza o de per cias m dicas junto ao rg o previdenci rio tais obreiros convivem com a viola o do seu direito fundamental igualdade na medida em que tratados
284. rk occupy in the lives of most people So the objective is deeply investigate this particular form of discrimination found in working relationships in order to verify if in fact this employee category is stigmatized in this context Analyzing the practical effectiveness of legal mechanisms dedicated to protect workers against possible discrimination the objective is also propose measures that can contribute to revert the segregation outlook where injured employees are exposed to Keywords discrimination stigma accidents at work occupational disease injured employee LISTA DE SIGLAS CF Constitui o Federal CLT Consolida o das Leis do Trabalho OIT Organiza o Internacional do Trabalho STF Supremo Tribunal Federal TRT Tribunal Regional do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho SUM RIO RESUMO ainsi paia 7 ABSTRACT aspect dire 8 LISTA DE SIGLAS e sans a aa SS tnt tarrtnr taren ne neen n ee 9 INTRODU O sis mesa tia ron a A pad 12 2 DISCRIMINA O NO TRABALHO PRECONCEITO E ESTIGMA 17 2 1 DISCRIMINA O NO TRABALHO n in ererrerrerrererererea 19 2 1 1 Princ pio da Igualdade e Discrimina o 19 2 1 2 Conceito de Discrimina o esssiaimasaelsmossntoeasamalo raisashasMiaDa DE iuercamaai acanE nad adas 23 2 1 3 Tipologia da Discrimina o sata arsstasisqranss 2UsRD ass asa Pes paia UR seia asas saias LA 28 Era bi A A ar cndraaas aa od Carai a
285. rmas espec ficas s rela es de emprego as quais se encontram dispostas no artigo 7 Ser o tecidos alguns coment rios a respeito de ambas as modalidades de prote o tanto gerais como espec ficas dada a relev ncia de todas elas para o presente estudo A previs o contida no caput do artigo 5 ao anunciar que todos s o iguais perante a lei consubstancia uma igualdade meramente formal Inclusive esta a conclus o apresentada por Georgenor de Sousa Franco Filho que ao prefaciar a obra de Christiani Marques e comentando exatamente tal regra constitucional nos ensina que se trata de igualdade jur dica apenas A real aquela que se conquista a cada dia e todos os dias fruto de ju zo de valor sobre o ser humano A norma inserta neste artigo 5 portanto significa que a aplica o da lei n o pode ser feita de modo a ferir a regra de isonomia ou seja n o s o admitidas interpreta es do comando legal que possam determinar tratamentos injustificadamente diferenciados entre os indiv duos N o h como se olvidar entretanto que tal dispositivo constitucional pode ser interpretado sob outro prisma permitindo que se afirme tamb m que a pr pria lei n o pode estabelecer em seu bojo desequipara es injustific veis Nesse sentido s o as afirma es de Celso Ant nio Bandeira de Mello que em sua cl ssica obra a respeito da igualdade assevera que o alcance do princ pio n o se restringe a niv
286. rtigo 118 da Lei 8213 91 deve ser estendida aos empregados v timas de acidente biol gico ainda que os mesmos n o preencham os requisitos previstos no dispositivo legal Funda se tal posicionamento na viola o do princ pio da dignidade da pessoa humana j que o empregado embora fique sujeito a controle peri dico de contamina o e em alguns casos seja submetido tamb m medica o preventiva pode contraditoriamente ser dispensado pelo empregador sem qualquer garantia no emprego 49 SOUSA Sara L cia Davi Tese A estabilidade provis ria nos acidentes biol gicos sem afastamento previdenci rio como instrumento de garantia do princ pio da dignidade da pessoa humana face aos riscos inerentes ao meio ambiente laboral apresentada ao CONAMAT 2008 p 4 Dispon vel em lt http www amatra3 com br gt Acesso em 10 maio 2010 2 Ibid p 2 164 Assim nos termos da tese aprovada presume se discriminat ria a dispensa do empregado que sofreu acidente biol gico no trabalho no per odo de car ncia ou lat ncia da doen a que segundo a ci ncia m dica enseja tratamento preventivo 4 Sendo certo que a exposi o do empregado ao agente de risco ocorreu em raz o das atividades laborativas desenvolvidas imperioso reconhecer a nulidade da dispensa efetivada nestes termos inclusive com a extens o dos efeitos da estabilidade assegurada pela j mencionada Lei 8213 91 Nessa mesma esteira oportuno
287. rtigo 5 1 As medidas especiais de prote o ou de assist ncia previstas em outras conven es ou recomenda es adotadas pela Confer ncia Internacional do Trabalho n o s o consideradas como discrimina o Dispon vel em lt http www ilo org gt Acesso em 31 jan 2010 27 raz o de seus principais efeitos que s o como j dito a exclus o social e a nega o do princ pio da igualdade Na ambi ncia da rela o de emprego a discrimina o revela se ainda mais prejudicial porque dirigida a um grupo de pessoas os empregados que j se encontra em situa o de sujei o em rela o ao empregador Assim justamente em virtude da subordina o impl cita rela o de emprego o obreiro acaba ficando mais suscet vel pr tica discriminat ria e na maioria das vezes n o possui meios de resist ncia eis que depende do trabalho para a sua sobreviv ncia e a de sua fam lia Fica o empregado portanto em situa o absolutamente passiva diante de tal ordem de viola o de direitos Nesse sentido s o as coloca es de Jos Claudio Monteiro de Brito Filho que revelando sua preocupa o com a discrimina o levada a efeito no ambiente laboral destaca que o empregador encontra no empregado hipossuficiente econ mico e vulner vel na rela o uma condi o favor vel para que a discrimina o possa ser engendrada Para este autor a discrimina o levada a efeito pelo tomador de servi os ou pelo
288. s coloca es de Alice Monteiro de Barros que referindo se necessidade de uma profunda investiga o a respeito da discrimina o destaca que a efetiva compreens o do tema requer sobretudo o conhecimento a respeito das suas causas que sob sua tica residiriam no dio a superioridade racial a antipatia os preconceitos a ignor ncia o temor a intoler ncia e a pol tica meditada e estabelecida Esta compreens o revela se ainda mais oportuna em tempos nos quais a discrimina o no trabalho torna se frequente mormente em raz o da crise do n vel 1 CRUZ lvaro Ricardo Souza O direito diferen a as a es afirmativas como mecanismo de inclus o social de mulheres negros homossexuais e pessoas portadoras de defici ncia 2 ed Belo Horizonte Del Rey 2005 p 12 Nesse sentido inclusive as pondera es de Ot vio Brito Lopes que em artigo espec fico a respeito da discrimina o no trabalho afirma N o se pode falar em democracia justi a ou estado de direito sem que o princ pio da igualdade seja lembrado e observado Um Estado nunca ser democr tico justo ou de direito se os cidad os forem tratados desigualmente Dispon vel em lt http www planalto gov br ccivil 03 revista Rev 17 Artigos art otavio htm gt Acesso em 18 jan 2009 Assim tamb m o pensamento externado por Rodrigo Goldschmidt no artigo Discrimina o no mercado de trabalho consci ncia e a es de resist ncia
289. s da Organiza o Internacional do Trabalho por versarem justamente sobre direitos fundamentais possuem hoje status constitucional optou se por tratar das mesmas em t tulo apartado para que Ihes seja dado o destaque que suas relevantes disposi es dimanam E antes mesmo de ingressar na espec fica apresenta o das Conven es que para os fins deste estudo se revelam as mais importantes necess rio tecer alguns coment rios a respeito da pr pria OIT A Organiza o Internacional do Trabalho foi criada em 1919 e sua finalidade regular as rela es de trabalho de modo a se fazer com que as mesmas possam efetivamente servir como um meio de trazer dignidade ao homem A OIT tem desenvolvido projetos bastante relevantes criando conceitos como o de trabalho decente o qual idealizado em 1999 possui o intuito de promover o acesso ao emprego produtivo lastreado na igualdade de oportunidade e nos direitos ao trabalho na prote o social e na promo o do di logo social 2 Inclusive em raz o de tal conceito a OIT desenvolveu um relevante projeto com vistas a avaliar diversas categorias de indicadores afetos s condi es de trabalho sendo que o Brasil serviu como um dos pa ses que aceitaram ser avaliados mediante a realiza o de um teste piloto Ap s a aplica o deste teste foi preparado pelo Escrit rio da OIT no Brasil um relat rio sobre o Perfil do Trabalho Decente no Brasil o qual avalia o progresso em
290. s de MERLO d i porque d i e d i porque tem que provar que doi No mesmo sentido tamb m as considera es de Margarida Barreto que afirma que a via crucis dos empregados doentes tem in cio justamente quando eles t m que provar que est o adoecidos no trabalho e em raz o das atividades laborativas Tais circunst ncias entretanto j foram abordadas nos t tulos anteriores e n o h a necessidade de novos coment rios Sobreleva notar entretanto que para Maria Elizabeth Antunes Lima o descr dito verificado neste momento al m de ser afeto ao indiv duo significa um total desrespeito pessoa do empregado sendo que em raz o dele muitos obreiros passam tamb m a desenvolver quadros depressivos N o obstante para al m deste momento inicial n o h como se olvidar que tal efeito de descr dito evidenciado tamb m na pr pria ambi ncia da rela o de emprego de forma mais significativa Com a ocorr ncia do infort nio e principalmente em raz o das suas sequelas o empregado passa a ser visto com ressalvas em seu ambiente de trabalho Para o empregador o obreiro que sofreu o acidente ou que desenvolveu alguma doen a ocupacional aquele que provavelmente ter de se afastar do trabalho para eventuais tratamentos m dicos e que ademais n o possui mais a mesma forma f sica que tinha antes da ocorr ncia do infort nio 434 MERLO et al 2003 p 135 435 MERLO et al 2003 p 153 438 Interessante
291. s e naturais para as diversas categorias de indiv duos O estigma caracteriza se assim como uma qualidade negativa socialmente constru da n o se tratando de um atributo natural do indiv duo Ele nasce do pr prio sentido que dado normalidade contudo numa perspectiva inversa na medida em que o estigmatizado seria identificado exatamente com tudo aquilo que em tese ficaria margem do que considerado pelo senso comum como sendo o normal O que se pode extrair desta abordagem que os estigmas n o existem em si mesmos eles se estabelecem como acima ressaltado a partir de uma rela o que se trava entre os padr es sociais e todo o resto das coisas que a eles n o se subsumem Pelas considera es acima tecidas tem se como certo que os conceitos e as contribui es dadas pelos dois autores referidos n o s o colidentes entre si mas muito pelo contr rio complementam se harmoniosamente Al m de referirem se aos estigmas como elementos depreciadores e como fontes de discrimina o entre os indiv duos o que ali s n o poderia ser diferente s o facilmente identific veis outros pontos de intersec o entre as duas vis es apresentadas Observe se neste particular que as li es de Bacila quanto origem apenas casual dos estigmas convergem e s o justamente corroboradas pela no o transparecida na obra de Goffman afeta inexist ncia de estigmas por si mesmos 133 a sociedade estabel
292. s pessoas estigmatizadas seja para o governo seja para a pr pria imprensa Uma tarefa bastante importante dos representantes destes grupos que eles quase sempre engendram esfor os com vistas a tentar convencer o p blico a usar um r tulo social mais flex vel categoria em quest o E da mesma forma tentam atrav s de publica es que versam a respeito da situa o de vida dos indiv duos estigmatizados mostrar s demais pessoas quais s o as reais experi ncias por eles suportadas suas supera es e principalmente o fato de que podem integrar se normalmente sociedade Assim por meio destes grupos organizados verifica se que as mais diversas categorias possuem uma esp cie de representa o p blica O mesmo autor supra referido vai al m e menciona que nos Estados Unidos da Am rica al m da representa o p blica os grupos estigmatizados acabam tendo tamb m alguma forma de representa o por meio da arte seja a literatura seja o pr prio cinema As artes se prestam portanto para retratar a vida destas categorias fazendo com que as mesmas tenham acesso a uma vers o intelectualmente elaborada de sua perspectiva 449 GOFFMAN 1988 p 32 Ibid p 33 451 GOFFMAN loc cit 2 Ibid p 34 43 GOFFMANN loc cit 454 Relevantes os coment rios do Autor quanto ao particular no sentido de que Se eles n o l em livros sobre a situa o de pessoas como eles pr prios pel
293. scimo n o se pode deixar de anotar que especificamente no caso que se est a tratar s o postos em situa o de miserabilidade indiv duos que sequer contam com a plenitude de sua capacidade f sica para o labor e que em raz o disso dificilmente se recolocar o no mercado formal de trabalho O quadro formado tem seus efeitos irradiados para toda a sociedade principalmente porque n o se pode olvidar que grande parte dos problemas sociais enfrentados no pa s decorre do desemprego que gera a mis ria e culmina na marginalidade Retratada esta forma espec fica de discrimina o passa se na sequ ncia deste estudo a um exerc cio de associa o dos conceitos e situa es delineadas nos t tulos anteriores com vistas a aferir se efetivamente correto afirmar que a discrimina o dos empregados acidentados ou acometidos por doen as ocupacionais respons vel pela gera o de um estigma relativo a esta categoria de indiv duos 4 3 ESTIGMA DO EMPREGADO ACIDENTADO Consoante j alinhavado anteriormente neste trabalho muitas vezes a palavra estigma utilizada pelo senso comum de forma dissociada do seu verdadeiro sentido do seu conceito t cnico e demais caracter sticas fornecidas sobretudo pela seara da Sociologia comum se ouvir falar que determinado grupo de indiv duos estigmatizado pela sociedade mas no entanto n o h uma preocupa o em se aferir se a situa o desta categoria efetivamente
294. se contratual n o h como se negar a verifica o do tratamento discriminat rio dispensado a tais obreiros especialmente porque como visto o fator de discr mem nesta hip tese determinada nasce durante o per odo da presta o de servi os e inclusive em raz o desta presta o Quanto ao particular assevera Cristina Paranhos Olmos que tal tipo de discrimina o ao contr rio das hip teses j tratadas s pode ocorrer durante o contrato de trabalho e causar seu encerramento Entretanto n o obstante a conclus o acima aposta entende se que a forma de discrimina o em exame tamb m pode ocorrer nas fases pr e p s contratual Discorda se assim da autora supra citada relativamente a este ponto visto que na pr tica evidente que a discrimina o do empregado acidentado suplanta a fase meramente contratual 6 BARRETO 2006 p 115 OLMOS 2008 p 90 157 Uma das raz es para isso o fato de que a Consolida o das Leis do Trabalho em seu artigo 30 determina que os acidentes de trabalho sejam anotados pelo INSS na carteira profissional dos empregados Indubitavelmente esta anota o de acidente de trabalho traz dificuldades ao empregado que busca recolocar se no mercado de trabalho uma vez que pelas raz es que j foram mencionadas anteriormente o empregador n o v com bons olhos o fato o de obreiro ter se acidentado Segundo afirma Margarida Barreto os demitidos ao
295. servem de inspira o e fundamento para a es desenvolvidas na pr tica mormente pela pr pria Organiza o Internacional do Trabalho que se destaca em algumas frentes de combate discrimina o no trabalho em especial aquela engendrada em face dos empregados portadores do v rus HIV Essas a es inclusive servem de exemplo para a hip tese dos empregados v timas de acidentes de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais uma vez que em ambos os casos se est a tratar de discrimina o relativa sa de e de doen as que trazem consigo este estigma social No entanto a an lise desta perspectiva ser realizada no pr ximo t tulo deste estudo que se volta especificamente proposi o de algumas medidas que podem ser teis para a revers o do quadro de discrimina o no emprego no qual se encontram os obreiros acidentados 4 5 MEDIDAS PROPOSITIVAS Posto um problema assentado tamb m que a grande parte dos mecanismos jur dicos voltados sua revers o n o enseja efeitos no plano pr tico revela se imperioso que se tragam alternativas para a situa o verificada que neste estudo a espec fica discrimina o da qual s o v timas os empregados acidentados ou acometidos por doen as ocupacionais na ambi ncia da rela o de emprego Certamente que as considera es tecidas neste ponto n o t m a pretens o de dar solu o definitiva problem tica apresentada complexa por sua pr pria naturez
296. si o de recurso junto ao INSS mas todavia dando cumprimento determina o oficial enquanto a mesma n o for revista Por fim corroborando o posicionamento majorit rio a respeito da quest o objeto de an lise oportuno referenciar tamb m decis o proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o de relatoria de Luiz Ot vio Linhares Renault na qual restou reconhecida a nulidade de cl usula convencional que impede o retorno do empregado ao trabalho caso o m dico do trabalho da empresa discorde da alta concedida pelo INSS justamente com suped neo no fato de que conduta como essa imp e ao empregado o agravamento de sua situa o de hipossufici ncia Com a an lise destas situa es espec ficas comumente verificadas na pr tica do mundo do trabalho encerra se a exposi o afeta discrimina o do empregado acidentado Buscou se consoante alinhavado j no in cio deste quarto cap tulo a apresenta o de um quadro completo a respeito desta situa o de discrimina o mormente com vistas a se suprir uma car ncia neste sentido visto que ainda s o poucas as remiss es espec ficas acerca de tal problem tica Pelas investiga es que foram levadas a efeito o que se vislumbra que a discrimina o dos empregados v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais de fato complexa eis que motivada por diversos fatores 8 BRASIL Superior Tribunal do Trabalho S mula n 3 2
297. si o do artigo 5 para uma esfera mais pr tica posto que as remiss es s situa es cotidianas do mundo do trabalho tais como a admiss o e a atribui o de fun es aos empregados s o expressas Sobre o tema interessante apontar a abordagem feita por Rodrigo Goldschmidt que tamb m tecendo coment rios a respeito das prote es contra a discrimina o conclui que de tais previs es dos incisos XXX XXXI e XXXII do artigo 7 da Constitui o poss vel se extrair uma tipologia da discrimina o no trabalho inclusive em moldes muito pr ximos aquela j apresentada anteriormente neste estudo Para tal autor assim as hip teses especificamente referidas no texto constitucional revelariam algumas das situa es de discrimina o mais comumente verificadas na pr tica das rela es de trabalho a saber a discrimina o em raz o do sexo da idade da cor ra a do estado civil e dos portadores de defici ncia Ainda que se referindo a esp cies de discrimina o distintas na mesma esteira tamb m o racioc nio de Mauricio Godinho Delgado que em artigo voltado 174 GOLDSCHIMIDT Rodrigo Discrimina o no mercado de trabalho consci ncia e a es de assist ncia Dispon vel em lt www anamatra org br gt Acesso em 19 jan 2010 75 justamente an lise das prote es contra a discrimina o na rela o de emprego aborda as hip teses de discrimina o que sob sua tica podem extra das do Text
298. sicopatologia do trabalho Tradu o de Ana Isabel Paraguay e L cia Leal Ferreira 5 ed S o Paulo Cortez 1992 116 conven es coletivas bem como na aus ncia de crit rios objetivos para a avalia o das opera es realizadas pelos trabalhadores Por seu turno a Conven o n 111 de modo mais amplo afeta quest o da discrimina o em mat ria de emprego e ocupa o Foi aprovada na 42 reuni o da Confer ncia Internacional do Trabalho em Genebra e entrou em vigor no plano internacional em 15 06 1960 No Brasil passou a vigorar em 26 11 1966 Jos Claudio de Brito Filho afirma que em se estabelecendo uma ordem de import ncia entre as Conven es da OIT que versam a respeito da quest o da discrimina o no trabalho certamente a de n 111 se sobressairia justamente em raz o do seu car ter gen rico e abrangente de toda uma gama de situa es Esta Conven o encontra suped neo na veda o discrimina o j presente no texto da Declara o Universal de Direitos do Homem e parte da constata o de que todos os seres humanos seja qual for a ra a credo ou sexo t m direito ao progresso material e desenvolvimento espiritual em liberdade e dignidade em seguran a econ mica e com oportunidades iguais 28 Ademais assenta se ainda na conclus o de que apenas a isonomia salarial enunciada pela Conven o n 100 n o foi suficiente para minorar as desigualdades verificadas ent
299. sim como se verifica em rela o maioria dos ditames legais que vedam qualquer forma de ofensa igualdade a previs o da Carta Magna n o impede que no plano pr tico tal forma de discrimina o de fato ocorra Em que pese todo o desenvolvimento profissional alcan ado pelas mulheres e mesmo diante do aumento de sua representa o nos mais variados meios inclusive no pr prio mercado de trabalho n o se pode ignorar a discrimina o ainda presente Tal discrimina o sob o ponto de vista defendido neste estudo encontra seu fundamento no fato de que a mulher em raz o da maternidade est apta a ensejar maiores custos para o empregador o que se d em raz o da necessidade de seu 5 OLMOS 2008 p 78 BARROS 2009 p 1139 BARROS loc cit DELGADO 2000 p 101 36 afastamento do trabalho para licen a maternidade e tamb m da pr pria garantia no emprego assegurada no Ato das Disposi es Constitucionais Transit rias especificamente em seu artigo 10 II p Contudo tal fundamento n o plaus vel uma vez que o empregador deve procurar ater se apenas ao resultado do trabalho e n o ao seu custo final para fins de avaliar a igualdade entre o trabalho do homem e o da mulher Nesse sentido s o as pondera es de Cristina Paranhos Olmos que ressalta que os custos mais elevados do trabalho da mulher decorrem de uma tutela social que lhe dispensada mormente porque a prote o da fam lia t
300. so em 27 mar 2010 2 SUSSEKIND Arnaldo Conven es da OIT 2 ed S o Paulo LTr 1998 p 12 113 A import ncia dessas Conven es n o decorre apenas do fato de que o elemento central que permeia o presente trabalho a discrimina o A pr pria Organiza o Internacional do Trabalho criou categorias nas quais classificou as suas Conven es estabelecendo por exemplo que algumas delas s o consideradas fundamentais e outras priorit rias E das tr s Conven es que ser o referidas aqui duas delas quais sejam a 100 e a 111 s o consideradas como pertencendo categoria das fundamentais pela pr pria OIT Inclusive tais Conven es reputadas fundamentais integram a Declara o de Princ pios Fundamentais e Direitos no Trabalho da OIT adotada durante a Confer ncia Internacional do Trabalho em Genebra no ano de 1998 Esta declara o tamb m serve como referencial para este estudo especialmente por possuir um efeito persuasivo bastante significativo na medida em que lembra a todos os membros da Organiza o que os mesmos ainda que n o tenham ratificado todas as Conven es possuem o compromisso de zelar pela observ ncia dos princ pios fundamentais nelas estabelecidos Assim todos os pa ses ao incorporarem se livremente OIT e pelo simples fato de a ela pertencerem devem engendrar esfor os no sentido de atingir os objetivos gerais da Organiza o efetivando os direitos fundamentais que s o
301. sos tratados s o bastante ricas e t m muito a acrescentar neste contexto da efetiva o da igualdade certo que se tem nas m os um aparato muito mais apto a ensejar altera es do quadro que se tem na atualidade qual seja o de uma ineg vel exclus o de oportunidades para diversas categorias de indiv duos Dentre tais Tratados Internacionais certamente o de alcance mais amplo a Declara o Universal dos Direitos do Homem documento datado de 1948 e que cont m disposi es relativas igualdade em diversos dos seus artigos No entanto no presente estudo opta se por se fazer uma an lise mais detida das Conven es da Organiza o do Trabalho o que se d n o apenas em raz o da 1 DELGADO 2000 p 101 108 76 import ncia destes documentos mas tamb m porque a contextualiza o que ulteriormente ser levada a efeito no pr ximo cap tulo insere se no espec fico ramo do Direito do Trabalho e assim as disposi es da OIT assumem relev ncia mpar Tal aprecia o entretanto ser feita na sequ ncia deste cap tulo sendo que por ora voltamos o trabalho ainda para as previs es internas ao pr prio Texto Constitucional e para os dispositivos celetistas E antes de se passar abordagem das normas da Consolida o das Leis do Trabalho e j encerrando os coment rios afetos Constitui o de 1988 de se destacar ainda que na realidade n o basta apenas a compreens o de que a igualdade preconizada
302. sta do Tribunal Regional do Trabalho 9 Regi o Curitiba a 34 n 62 Jan Jun 2009 p 147 178 LIMA Maria Elizabeth Antunes A discrimina o no contexto de trabalho o caso dos portadores de les es por esfor os repetitivos In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coord Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 115 126 LOPES Marcus Aurelio Discrimina o nas rela es de trabalho Disserta o Mestrado em Direito Universidade Estadual de Maring Maring 2002 LOPES Ot vio Brito A quest o da discrimina o no trabalho Dispon vel em lt http Awww planalto gov br ccivil 03 revista Rev 17 Artigos art otavio htm gt Acesso em 16 dez 2009 MARQUES Christiani O contrato de trabalho e a discrimina o est tica S o Paulo LTr 2002 MELO Raimundo Sim o Direito ambiental do trabalho e a sa de do trabalhador 4 ed S o Paulo LTr 2010 MERLO lvaro Roberto Crespo et al O trabalho entre prazer sofrimento e adoecimento a realidade dos portadores de les es por esfor os repetitivos Dispon vel em lt http www scielo br gt Acesso em 01 ago 2009 MIRANDA Pontes de Democracia liberdade igualdade Os tr s caminhos Campinas Bookseller 2002 MONTEIRO Ant nio Lopes BERTAGNI Roberto Fleury de Souza Acidentes do trabalho e doen as ocupacionais conceito processos de conhecimento e de execu o e suas quest es pol micas 5 ed S o Paulo S
303. strar as considera es acima tecidas atrav s de um exemplo cita se o estigma que carrega a pessoa pobre Objetivamente o indiv duo pobre aquele desprovido dos bens materiais necess rios sua subsist ncia e subjetivamente a sociedade faz uma aprecia o negativa da pessoa que pobre ou da pr pria pobreza em si mesma considerada Assim condicionada por este valor social negativo a pol cia interpreta as normas jur dicas de modo a entender que a pessoa pobre aquela que deve ser o 12 Neste sentido s o as coloca es de Bacila 2005 p 116 117 ao afirmar que N o se deve esquecer que o estigma n o s a marca objetiva mas traduz se tamb m no valor negativo que n o deixa de ser uma regra se tem a marca ruim Trata se o valor negativo do estigma de conceito gen rico que pode ter diversas interpreta es no meio social Para a pol cia por exemplo a interpreta o de princ pios gen ricos de valores negativos significa a interpreta o discriminat ria de leis e a sele o de pessoas para e pelo sistema penal Ent o vem o representante do minist rio p blico que tamb m ser influenciado pelos estigmas e depois o juiz e o pr prio advogado do r u E as discrimina es n o encontram limites pois atingem todos os segmentos sociais BACILA 2005 p 116 128 BACILA loc cit 57 objeto das san es penais aquela que est mais suscet vel e que reage menos int
304. studo na qual foram abordadas justamente as condutas discriminat rias engendradas em raz o da ra a do g nero 19 OLMOS 2008 p 46 191 VIANA M rcio T lio A prote o trabalhista contra os atos discriminat rios an lise da lei n 9029 95 In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 354 367 192 Ibid p 357 193 MARQUES 2000 p 27 o Artigo 1 Fica proibida a ado o de qualquer pr tica discriminat ria e limitativa para efeito de acesso a rela o de emprego ou sua manuten o por motivo de sexo origem ra a cor estado civil situa o familiar ou idade ressalvadas neste caso as hip teses de prote o ao menor previstas no inciso XXXIII do art 7 da Constitui o Federal 83 da idade e aquelas voltadas aos portadores de necessidades especiais e portadores do v rus HIV certo como n o poderia deixar de ser que tal previs o do artigo 1 n o contempla todas as hip teses de discrimina o que podem vir a ocorrer numa rela o de emprego Entretanto muito embora n o se possa efetivamente fazer uma refer ncia exaustiva de todas as hip teses discriminat rias ainda assim a reda o deste artigo acabou sendo um dos pontos que ensejam cr ticas Lei 9029 95 E isto ocorre porque a remiss o expressa a apenas alguns dos tipos de discrimina o pode determinar uma interpreta o restritiva dos termos da Lei o
305. sua atividade econ mica livremente desde que ao exercer os direitos que decorrem desse poder de dire o n o ultrapasse outros direitos reputados mais relevantes pelo pr prio Texto Constitucional mormente os fundamentais dos artigos 5 e 7 E na esteira do que j foi afirmado esse artigo 1 pretende apenas harmonizar esses direitos acima apontados e especialmente com foco na quest o da efetiva o do direito igualdade disp e a respeito das pr ticas discriminat rias que n o podem ser levadas a efeito no momento da admiss o do empregado bem como durante a manuten o do contrato de trabalho J no artigo 2 verifica se uma das raz es pelas quais se afirma que a Lei 9029 95 efetivamente constitu uma evolu o nesta tem tica do combate discrimina o visto que neste dispositivo est o contempladas algumas situa es que foram tipificadas como crime e que assim s o reprimidas pelo Estado com san es penais Desta forma muito embora o artigo 1 se refira genericamente aos atos discriminat rios praticados na admiss o ou na manuten o da rela o de emprego em raz o do sexo origem ra a cor estado civil situa o familiar ou idade n o toda e qualquer pr tica discriminat ria prevista na Lei 9029 95 que constitui crime 89 A criminaliza o ficou restrita s hip teses expressamente previstas no artigo 2 a saber a exig ncia de teste exame per cia laudo atestado declara
306. t o a ser sopesada a pr pria centralidade que o trabalho ocupa na vida dos empregados e que faz com que ap s a dispensa os obreiros sintam sua pr pria identidade modificada A perda da sa de aqui acompanhada pela perda da dignidade proporcionada pelo trabalho A discrimina o engendrada em face do empregado acidentado portanto sem embargos ultrapassa as fronteiras da rela o de emprego e estende se tamb m para o per odo p s contratual e para as demais rela es sociais travadas pelo obreiro Os empregados acidentados s o assim reprimidos duplamente tanto na empresa empregadora como na pr pria sociedade de um modo geral s o expropriados da sa de e desconsiderados como for a de trabalho 44 FREITAS HELOANI BARRETO 2009 p 4 5 BARRETO 2006 p 37 6 Ibid p 109 160 Talvez seja por isso que segundo Sebasti o Geraldo de Oliveira o trabalhador que foi v tima de acidente de trabalho convive com a sua dor estampada no corpo e na alma porquanto n o consegue esconder a marca da mutila o nem apagar da sua mem ria o acidente sofrido que matou um peda o da sua vida Dos coment rios expostos infere se a abordagem dos principais aspectos da discrimina o do empregado acidentado ou acometido por doen a ocupacional Foi demonstrada a exist ncia desta discrimina o na ambi ncia da rela o de emprego a sua motiva o as formas por meio das quais se manifesta
307. t picas 8 J as doen as do trabalho n o guardam com a atividade laborativa uma direta e presumida rela o Ao rev s decorrem das condi es nas quais o trabalho desenvolvido e exatamente por esta raz o o nexo causal com o labor deve ser objeto de prova Assim embora tamb m seja desencadeada no ambiente de trabalho n o est especificamente atrelada a uma profiss o determinada S o chamadas de 9 mesopatias ou doen as profissionais at picas e entre seus exemplos est o exatamente as Les es por Esfor os Repetitvos LER e Doen as Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho DORT 301 Dallegrave Neto tamb m exp e com clareza a diferen a entre as doen as profissionais e as doen as do trabalho No primeiro caso a enfermidade tem no trabalho a sua causa nica e eficiente por sua pr pria natureza de modo que o nexo causal em rela o ao labor presumido pela lei 2 26 Art 20 Consideram se acidente de trabalho nos termos do artigo anterior as seguintes entidades m rbidas doen a profissional assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exerc cio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva rela o elaborada pelo Minist rio do Trabalho e da Previd ncia Social II doen a do trabalho assim entendida a adquirida ou desencadeada em fun o de condi es especiais em que o trabalho realizado e com ele se relacione diretamente constante
308. t rios a respeito de situa es discrimina o de empregados acidentados que embora dotadas de significativa especificidade tornaram se bastante frequentes na atualidade Tratam se assim de hip teses espec ficas que n o se subsumem s previs es legais existentes a respeito da mat ria quais sejam aquelas afetas aos acidentes biol gicos e aos empregados que com alta concedida pelo rg o previdenci rio n o s o aceitos pelo empregador no retorno ao posto de servi o Ademais uma vez abordada com profundidade a quest o da discrimina o dos obreiros v timas de acidente de trabalho ou acometidos por doen as ocupacionais ser efetivada a investiga o acerca da efetiva exist ncia ou n o de um estigma atribu do a tais empregados Visa se assim perquirir se a situa o da discrimina o dos empregados acidentados de fato permite afirmar que tais obreiros s o estigmatizados na ambi ncia da rela o de emprego o que ser levado a efeito mediante a realiza o de um exerc cio de associa o entre os conceitos apresentados no primeiro cap tulo e a espec fica discrimina o retratada no neste ltimo cap tulo do trabalho Por fim se analisar a efic cia dos mecanismos jur dicos voltados prote o dos empregados inseridos em situa o de discrimina o laboral bem como propostas algumas alternativas para a revers o deste quadro A inten o verificar se estes mecanismos jur dicos efetivamente determ
309. ta o extensiva do rol previsto pelo artigo 1 da Lei 9029 95 o qual seria portanto numerus clausus Tal posicionamento funda se em s ntese no fato de que a Lei 9029 95 tipifica crimes e exatamente por isso n o poderia ser interpretada de modo extensivo Os que entendem neste sentido defendem que os princ pios atinentes ao Direito Penal n o permitem a amplia o de efeitos das previs es legais apenas se podendo considerar como crimes todas as condutas que foram expressamente referidas em lei Neste sentido as considera es tecidas por Daniele Lucy Lopes de Sehli que ao analisar a quest o da ruptura contratual motivada por pr ticas discriminat rias expressamente afirma a timidez da Lei 9029 95 a qual ao referir se apenas a algumas hip teses de discrimina o perdeu a oportunidade de tornar nitidamente efetiva a igualdade de tratamento na rela o de trabalho AIDS e desse fato a empresa tinha manifesta ci ncia de sorte que o ato de dispensa n o pode subsistir pois atenta contra os princ pios constitucionais que velam pela dignidade humana pela vida e pela n o discrimina o A dispensa arbitr ria do empregado gravemente enfermo tem fei o obstativa ao gozo do aux lio doen a previsto no art 476 da CLT sendo nulo o ato patronal a teor do disposto no art 9 consolidado Outrossim n o podia a recorrida simplesmente dispensar o recorrente sem que este pudesse pleitear os benef cios
310. tante tais incertezas revela se certo o abalo emocional do empregado ante os fatos ocorridos posto que o obreiro passa a conviver com a possibilidade de ter sido acometido por enfermidade grave e incur vel o que sem embargos consiste em raz o suficiente para desestruturar emocionalmente qualquer indiv duo E da mesma forma certo tamb m que durante este per odo de tempo situado entre o acidente biol gico e o resultado dos exames que visam apurar a eventual contamina o o empregado vitima de discrimina o em seu ambiente de trabalho especialmente porque passa a ser visto como um potencial portador de doen a incur vel Entretanto em que pesem as circunst ncias mencionadas bem como o fato de que o empregado acidentou se durante o exerc cio de sua atividade laboral de risco o que se observa que o obreiro n o amparado pelas prote es legais afetas s demais ocorr ncias de acidente de trabalho o que se d consoante alinhavado eis que a situa o em exame n o se subsume aos comandos legais Assim inexiste qualquer bice legal para a rescis o do seu contrato de trabalho conclus o que torna ainda mais grave o quadro apresentado uma vez que os empregados v timas de acidente biol gico acabam sendo dispensados em momento no qual a sua fragilidade emocional n o lhes permite empreender esfor os na busca por uma recoloca o profissional Muito embora as peculiaridades que circundam essa situa o el
311. tar do encargo de ter um empregado doente Nesta hip tese a dispensa embora sob as vestes de imotivada na realidade encontra fulcro na doen a que acomete o obreiro n o havendo como se olvidar que se trata de rescis o contratual fundada em motivo discriminat rio contr ria aos termos da Constitui o Federal e tamb m ao que foi estabelecido pela Lei 9029 95 E quanto aos empregados v timas de acidentes de trabalho biol gicos n o diferente eis que a rescis o do contrato de trabalho tamb m se d em raz o da suspeita de que a partir daquele momento o empregado se torna doente Da mesma forma portanto a dispensa do obreiro realizada no per odo de investiga o da contamina o tamb m deve ser reputada nula Assim sob o ponto de vista defendido neste trabalho acertado o posicionamento segundo o qual os efeitos da estabilidade acident ria devem ser estendidos aos empregados v timas de acidente biol gico principalmente porque o mesmo reflete a efetiva o de uma interpreta o teleol gica da Lei 8213 91 e conforme j dito tamb m em conson ncia com os princ pios preconizados pela ordem constitucional Nada impede ademais que o obreiro postule em ju zo outras formas de repara o dos danos que suportar em virtude da situa o na qual foi inserido inclusive pleiteando indeniza o pelos danos morais experimentados SILVA Cristiane de Melo M S Gazola SALADINI Ana Paula Sefrin Da limit
312. tas vezes em decorr ncia da pr pria dedica o do empregado s suas atividades laborais Portanto ainda na esteira das li es da autora referida de fato revela se lament vel que este empregado que desenvolveu uma enfermidade ou sofreu um acidente justamente em raz o de seu esfor o para com o trabalho venha ainda a ser objeto de persegui o e discrimina o pelo empregador 2 Quanto ao particular relevantes s o os coment rios tecidos por Sebasti o Geraldo de Oliveira que especificamente com rela o aos empregados acidentados que passam pelo processo de reabilita o destaca a discrimina o que lhes dirigida especialmente em raz o da baixa produtividade nos primeiros meses de retorno ao trabalho ap s a alta concedida pelo INSS Da mesma forma para al m da seara jur dica verifica se a exist ncia de diversos estudos a respeito do assunto situados em outras esferas como a sa de ocupacional e a psicologia Infere se de tal constata o que o tema por ora analisado dotado de certa interdisciplinaridade na medida em que dimana investiga es que n o se restringem t o somente quest o da discrimina o jur dica efetivada na ambi ncia da rela o de emprego e visam tamb m aferir quais as consequ ncias da doen a e da discrimina o para a sa de e a vida em geral dos empregados 324 OLMOS 2008 p 90 E Oportuno mencionar quanto ao particular que em estudo realizado no setor banc
313. terminou a estigmatiza o vislumbrada e assim n o se abrem oportunidades para que determinadas categorias efetivamente se incluam nas mais diversas searas da vida civil sobretudo o emprego e a educa o Conforme se evidencia da exposi o acima o tema afeto aos estigmas em que pese pouco estudado reveste se de significativa import ncia na medida em que intimamente ligado a um dos problemas que mais aflige o mundo atual qual seja a discrimina o Recentes acontecimentos mundiais a exemplo dos atentados promovidos por grupos isl micos nos Estados Unidos despertam as sociedades para a necessidade 158 GOFFMAN 1988 p 15 159 GOFFMAN loc cit 67 urgente da redu o de preconceitos seja qual for a esfera na qual se verifiquem isto sejam eles afetos ra a ao g nero etnia ou religi o Atuando como verdadeira nega o da igualdade entre os indiv duos o estigma se coloca como um contraponto ao Princ pio da Igualdade tendo por decorr ncia l gica a discrimina o como um dos seus efeitos Concluindo se o presente cap tulo mister que se ressalte mais uma vez que a sua finalidade foi a apresenta o de um quadro geral a respeito da discrimina o efetivada nas rela es de emprego e de conceitos que com ela se relacionam A mat ria por bvio e consoante se evidencia da pr pria an lise feita n o se esgota nas considera es supra tecidas mormente porque a sua riqueza de peculiaridad
314. ternacionais e embora incipientes n o se pode olvidar da exist ncia de pr ticas inclusivas neste contexto No entanto isso n o significa que na pr tica seus efeitos tenham se revelado satisfat rios visto que n o h como se ignorar que a discrimina o um problema cotidianamente enfrentado no meio social em praticamente todos os seus ambientes 2 BRITO FILHO 2002 p 55 56 8 Ibid p 59 84 Ibid p 57 122 Assim apesar desse aparato legislativo de repress o refor ado a partir da Constitui o Federal de 1988 a verdade que os n meros indicam que o problema ainda est longe de ser solucionado no Brasil 2 Todavia a quest o da efic cia dos mecanismos jur dicos apresentados neste cap tulo n o ser por ora abordada mas sim postergada ao ltimo t tulo deste trabalho no qual se pretende apresentar as conclus es a respeito de todos os temas que foram tratados no decorrer do presente estudo Isto posto feitas as considera es a respeito dos aspectos gerais da discrimina o no trabalho bem como dos mecanismos jur dicos voltados ao seu enfrentamento passa se neste quarto cap tulo contextualiza o da hip tese espec fica de discrimina o afeta aos empregados acidentados ou v timas de doen as ocupacionais o que ser feito com vistas ao aprofundamento deste quadro e an lise da efetividade do tratamento jur dico que lhe dispensado 85 LOPES 2009 p 5 123
315. tibilidade da garantia de emprego prevista pelo artigo 118 da Lei 8213 91 com os contratos por prazo determinado provimento BRASIL Tribunal Superior do Trabalho AIRR 409640 87 2002 5 09 0010 6 Turma Relator Juiz Convocado Luiz Ant nio Lazarim Bras lia 08 de junho de 2007 Dispon vel em lt http www tst jus br gt Acesso em 10 mar 2010 ESTABILIDADE ACIDENTARIA Conforme se extrai do quadro f tico delineado pelo TST a n o percep o do aux lio doen a decorreu do fato da reclamada n o ter homologado atestados m dicos apresentados pelo autor bem como de n o ter diligenciado no sentido de encaminhar o paciente para per cia de profissionais do INSS Ademais a Corte de origem soberana na an lise da prova assentou que no caso dos autos restou comprovado tratar se de doen a profissional vinculada s atividades laborais do autor ainda que de dif cil constata o em decorr ncia da forma insidiosa com que se instalou a enfermidade A v decis o regional encontra se portanto em sintonia com a S mula n 378 do TST que em seu item Il disp e S o pressupostos para a concess o da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percep o do aux lio doen a acident rio salvo se constatada ap s a despedida doen a profissional que guarde rela o de causalidade com a execu o do contrato de emprego Recurso de revista n o conhecido BRASIL Tribunal Superior do Trabalho RR 712657
316. tica de tal previs o na medida em que a mesma autoriza que cada pa s possa definir pol ticas que importem em favorecimento a determinados grupos dentro do que se chama genericamente a o afirmativa 70 OLMOS 2008 p 43 271 BRITO FILHO 2002 p 61 2 BRITO FILHO loc cit 118 Assim principalmente considerando que as a es afirmativas t m sido vistas na atualidade como uma das principais formas de se garantir a inclus o social 79 fica evidenciada a relev ncia da Conven o n 111 da OIT Por fim oportuno ressaltar que podem ser verificadas no Brasil algumas medidas tomadas na esfera executiva com vistas efetiva o dos termos desta Conven o 111 Quanto ao particular Christiani Marques afirma que tanto a pr pria OIT como o Minist rio do Trabalho e Emprego t m destacado as a es desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho Multidisciplinar GTM no mbito do Programa de Coopera o T cnica para Implementa o da Conven o n 111 724 Al m da institui o dos N cleos de Combate Discrimina o e Promo o da Igualdade de Oportunidades no mbito das Delegacias Regionais do Trabalho este programa tamb m lan ou algumas campanhas voltadas inclus o de determinadas categorias como por exemplo aquela entitulada de Brasil g nero e ra a 2 Ademais ainda na esteira das li es de Christiani Marques s o interessantes as conclus es apostas pela autora r
317. tiva de an lise seria aleat ria sem qualquer causa justificativa que n o a ignor ncia e o preconceito das pessoas que discriminam e que t m em seu ntimo sentimentos de que as pessoas diferentes do padr o tra ado como ideal s o inferiores Oportuno ressaltar apenas a t tulo de complementa o que nem toda discrimina o de fato negativa A forma mais comum de discrimina o que se conhece a discrimina o injustificada e prejudicial que nos termos das considera es acima tecidas procura diminuir o indiv duo com fulcro em crit rios absolutamente equivocados No entanto mormente na atualidade s o cada vez mais expressivas as formas de discrimina o positiva voltadas justamente a reduzir os efeitos da desigualdade entre as pessoas O exemplo t pico de discrimina o positiva s o as a es afirmativas que origin rias do direito norte americano s o objeto de estudos detidos por parte de Joaquim Barbosa B Gomes e lvaro Cruz nas obras j referenciadas anteriormente S o assim medidas que visam a restaurar o equil brio entre todas as categorias de indiv duos n o com o objetivo de se estabelecer uma situa o de absoluta igualdade o que seria de fato inconsistente ante as diferen as naturais entre todas as pessoas mas sim de modo a propiciar a igualdade de oportunidades e de desenvolvimento de potencialidades para todos 8 OLMOS 2007 p 27 OLMOS loc cit E Opor
318. toda e qualquer forma de promo o da distin o ou da exclus o levada a efeito com fulcro em crit rios como a ra a a descend ncia a origem tnica o g nero a op o sexual a religi o a idade entre outros que tenha por fim anular ou impedir o reconhecimento ou o gozo de direitos humanos em p de igualdade em qualquer mbito da vida p blica ou privada Especificamente no que pertine discrimina o no trabalho e na esteira das defini es extra das de documentos internacionais oportuno referenciar o conceito apresentado pela Conven o n 111 da OIT sobre a discrimina o em mat ria de emprego e profiss o o qual sob o ponto de vista aqui defendido revela conceito por si s suficiente Para tal norma internacional discrimina o toda distin o exclus o ou prefer ncia com base em ra a cor sexo religi o opini o pol tica nacionalidade ou origem social que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profiss o DELGADO 2000 p 97 2 CRUZ 2005 p 15 Dispon vel em lt http Awvww ilo org gt Acesso em 31 jan 2010 Importante destacar a exist ncia de outras Conven es da OIT que versam tamb m a respeito da quest o da discrimina o quais sejam a de n 100 sobre sal rio igual para trabalho de igual valor entre o homem e a mulher e a de n 159 sobre reabilita o profissional e emprego de pessoas deficientes sendo qu
319. todos os mecanismos jur dicos apreciados quais sejam os dispositivos legais e celetistas a Lei 9029 95 a Lei 8213 91 as Conven es da OIT e as pr ticas inclusivas conclui se que determinam efeitos pr ticos apenas aqueles que v o al m da mera repress o e imp em a realiza o de condutas voltadas inclus o das categorias que comumente s o discriminadas na ambi ncia da rela o de emprego Relevante neste contexto o artigo 93 da Lei 8213 91 que determina a obrigatoriedade de contrata o de empregados com defici ncia f sica ou reabilitados pela Previd ncia Social 202 No entanto a efic cia deste dispositivo no plano pr tico poderia ser potencializada caso sua previs o fosse tamb m acompanhada por san es positivas eis que atualmente o empregador n o encontra na lei qualquer est mulo para a sua observ ncia Portanto longo o caminho a se percorrer com vistas revers o do quadro de discrimina o observado nas rela es de emprego j que se trata de quest o complexa determinada por diversos fatores e de lenta modifica o no plano pr tico As considera es afetas discrimina o no trabalho ao preconceito ao estigma e aos mecanismos jur dicos existentes no ordenamento p trio com vistas prote o dos empregados discriminados tiveram por fim consoante alinhavado apresentar os esclarecimentos que se faziam necess rios a uma an lise profunda a respeito da espec fica situa o de disc
320. torno ao emprego buscar a solu o para a diverg ncia de opini es acerca da capacidade ou incapacidade laborativa do empregado Constatando se que por diversas vezes o empregado tendo recebido alta da Previd ncia Social foi considerado inapto pelo m dico do trabalho da empresa ficando assim privado de receber tanto o benef cio previdenci rio quanto os seus sal rios faz ele jus ao pagamento dos ltimos porquanto al m de ser merecedor de f o documento p blico que deve ser acatado o empregado cumpriu sua parte no contrato de trabalho colocando se disposi o da empresa naqueles per odos O questionamento da decis o do rg o previdenci rio n o autoriza que se transfira ao empregado o nus da retic ncia patronal MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO 00234 2009 129 03 00 7 2 Turma Relator Juiz Sebasti o Geraldo de Oliveira Belo Horizonte 05 de mar o de 2010 Dispon vel em lt http www trt3 jus br gt Acesso em 30 mar 2010 170 abandono de emprego caso o empregado n o retorne ao trabalho no prazo de trinta dias ap s a cessa o do benef cio previdenci rio Portanto o que se vislumbra na realidade s o obriga es rec procas tanto do empregador como do pr prio trabalhador de acatamento decis o do rg o previdenci rio mormente porque como j salientado caso pretendam insurgir se em face da alta m dica concedida devem valer se dos meios adequados para tanto interpo
321. tuno ressaltar o conceito de a es afirmativas apresentado por Joaquim Barbosa Atualmente as a es afirmativas podem ser definidas como um conjunto de pol ticas p blicas e privadas de car ter compuls rio facultativo ou volunt rio concebidas com vistas ao combate discrimina o racial de g nero e de origem nacional bem como para corrigir os efeitos presentes da discrimina o praticada no passado tendo por objetivo a concretiza o do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como a educa o e o emprego GOMES 2001 p 40 26 O que se pretende atrav s de tais medidas inegavelmente a inclus o social sendo que a forma mais conhecida de sua efetiva o pr tica tem sido as cotas cuja finalidade a facilita o do ingresso de determinadas categorias s universidades ou a empregos p blicos e privados Atualmente um exemplo de a o afirmativa promovido no Brasil o Estatuto da Igualdade Racial cujo projeto de Lei de autoria do Deputado Roberto Paim do Rio Grande do Sul tramitou por dez anos no Congresso Nacional e foi aprovado em definitivamente em junho de 2010 Tal Estatuto disp e a respeito de diversas medidas voltadas inclus o dos negros nos mais diversos meios e atividades sociais O tema suscita diversas discuss es havendo posicionamentos v lidos tanto contra quanto a favor de sua implanta o N o cabe aqui contudo a an lise detida da quest o sobretudo porque
322. ua op o pela n o contrata o em qualquer fato seja ele justific vel ou n o No entanto tal direito do empregador deve ser analisado de modo mais profundo principalmente porque no nosso ordenamento toda e qualquer liberdade deve sempre ser exercida com limites o que ocorre em raz o da pr pria necessidade de harmoniza o dos interesses de todos no meio social bem como da exist ncia de princ pios e direitos fundamentais que se sobrep em aos demais Assim se certo que o empregador tem uma margem de liberdade impl cita a esse seu direito de escolher quem ir contratar certo tamb m que tal direito deve ser exercido dentro dos limites impostos pelo ordenamento jur dico de um modo geral dentre os quais se encontra justamente a veda o a toda e qualquer pr tica discriminat ria Os coment rios de M rcio T lio Viana mais uma vez bem elucidam tal quest o e demonstram como de fato h uma limita o a esse direito de escolha do empregador no momento da admiss o Portanto como se v a norma inserta neste artigo 1 em comento tem o cond o de fazer uma harmoniza o entre direitos e deveres do empregador Embora essa compatibiliza o j possa ser extra da de outras previs es constitucionais e mesmo legais revelou se necess ria para explicitar ainda mais que o exerc cio do direito de escolha do empregador no momento da admiss o n o pode ultrapassar a fronteira delimitada por outros direitos mormente os f
323. uadram se alguns dos dispositivos constitucionais mencionados a exemplo do pr prio caput do artigo 5 que disp e a respeito da igualdade formal bem como o artigo 3 da Consolida o das Leis do Trabalho E por seu turno no grupo das normas que combinam a repress o com outras medidas encontram se por exemplo o artigo 373 A da CLT os artigos 2 e 4 da Lei 9029 94 e ainda os artigos 93 e 118 da Lei 8213 91 A conclus o de que as normas t o somente proibitivas da discrimina o t m grau de efetividade reduzido em rela o quelas que tamb m prev em san es para a discrimina o ou que determinam a implanta o de medidas positivas tem como perspectiva de an lise o plano pr tico ou o palco onde se desenvolvem as rela es de emprego Isso porque as normas proibitivas tamb m possuem seu papel relevante sob a tica da positiva o de valores e condutas condizentes com os princ pios que foram eleitos pelo Estado Democr tico de Direito Assim se certo que a democracia tem como fundamentos tanto a igualdade como a pluralidade e portanto o respeito diferen a parece mesmo necess rio que a Constitui o Brasileira contemple as normas que pro bem a efetiva o de qualquer pr tica discriminat ria ainda que num plano meramente formal porque este foi um dos valores adotados pela sociedade como um todo e que apenas por esta raz o deve estar presente no texto constitucional 186 No entanto considerand
324. ue a determina o estampada neste artigo 93 pode ter efeito contr rio ensejando uma discrimina o adicional 228 227 OLIVEIRA 2002 p 148 8 PASTORE Jos Oportunidades de trabalho para portadores de defici ncia S o Paulo LTr 2000 p 58 98 Para este autor o sistema previsto pelo dispositivo legal em quest o consistiria numa prote o exagerada mormente porque a empresa que entra no sistema de cotas n o pode mais sair dele ainda que por justo motivo venha a suspender as atividades nas quais trabalham os portadores de defici ncia J para Christiani Marques a cr tica direcionada para outro sentido eis que sob seu ponto de vista o fato de existir um sistema de cotas n o significa que o mesmo ser cumprido O que tal autora ressalta em s ntese que apenas a previs o legal n o garante que as empresas efetivamente ir o observar os percentuais de contrata o de empregados reabilitados ou portadores de defici ncia especialmente porque tal tratamento igualit rio n o discriminat rio e digno n o deveria decorrer de uma regula o compuls ria mas estar presente na forma o de cada indiv duo Em que pesem tais pondera es neste estudo partilha se do posicionamento de que a previs o contida no artigo 93 da Lei 8213 91 de fato positiva para fins de inclus o dos portadores de defici ncia ao mercado de trabalho O ideal realmente seria que previs es
325. ue desenvolvessem programas voltados reabilita o dos empregados acidentados Inclusive a pr pria estabilidade acident ria que atualmente conferida pelo prazo de doze meses contados da alta previdenci ria poderia a exemplo do que se verifica no sistema franc s ter seu prazo iniciado apenas ap s a efetiva reabilita o do empregado em outra ou na mesma atividade profissional que desempenhava anteriormente ao infort nio Apenas a t tulo de complementa o firma se neste estudo o posicionamento de que tal alternativa proposta n o vem a onerar exageradamente a atividade econ mica 48 Artigos 89 a 92 da Lei 8213 91 e 30 a 33 do Decreto 3298 99 j referidos no cap tulo 3 deste trabalho 196 Al m de ser combinada com medidas promocionais verifica se que na realidade o empres rio estar sendo respons vel por uma reabilita o que se tornou necess ria exclusivamente em raz o do exerc cio da atividade econ mica Assim o empregador nada mais faz neste caso do que suportar os nus decorrentes dos riscos da atividade por ele empreendida j que consoante posto por Sebasti o Geraldo de Oliveira para al m da garantia da livre iniciativa no exerc cio da atividade econ mica os ditames da justi a social exigem que as v timas involunt rias dessas atividades n o sejam entregues pr pria sorte suportando pessoalmente parte do risco da atividade econ mica E para al m da quest o
326. uest o da visibilidade emba ada Sendo o estigma um conceito de complexa defini o e ante as dificuldades que s o inerentes pr pria visualiza o a respeito do que de fato ele consiste ineg vel a contribui o que as artes mormente o pr prio cinema fornecem Ademais na esteira das pr prias li es de Goffman a arte aqui exerce seu papel tamb m influenciando a realidade visto que sobretudo atrav s do cinema busca sensibilizar a coletividade para os problemas enfrentados por alguns grupos o que de fato de grande valia eis que no mundo moderno as pessoas vivem num estado de solid o que n o lhes permite se compadecer com as situa es alheias 458 THE ELEPHANT MAN Dire o David Linch Produ o Jonathan Sanger Int rpretes John Hurt Anthony Hopkins Anne Bancroft e outros Roteiro Christopher De Vore Eric Bergren e David Lynch baseado em livro de Sir Frederick Treves e Ashley Montagu Brooksfilms Inc Paramount Pictures 1980 01 hs 58 min 457 A t tulo de exemplo menciona se aqui a obra de Christiani Marques na qual a autora tratando da quest o da discrimina o est tica no contrato de trabalho refere se exatamente ao filme mencionado O Homem Elefante ressaltando que a sensibilidade de uma pessoa em rela o ao indiv duo estogmatizado salvou o da condi o de indignidade e explora o na qual estava inserido MARQUES 2002 p 114 58 A respeito do assunto s o interessantes as pondera
327. ui o Federal de 1988 Por outro lado a grande contradi o encerrada em rela o ao princ pio da igualdade de fato a discrimina o residindo a portanto a evidente vincula o entre os dois temas Segundo Pontes de Miranda a igualdade princ pio fundamental perseguido pelas sociedades modernas e que juntamente com a liberdade e a democracia forma uma tr ade interdependente e necessariamente presente nos Estados Democr ticos de Direito 7 Neste sentido as considera es tecidas por Pontes de Miranda em sua obra Democracia liberade e igualdade Os tr s caminhos na qual destaca os liames entre estes tr s postulados b sicos aos quais toda sociedade deveria se orientar Tamb m os ensinamentos de Joaquim B Barbosa Gomes em A o afirmativa amp princ pio constitucional da igualdade que coloca a igualdade juntamente com a liberdade como um dos pilares da democracia moderna e componente essencial da no o de justi a 20 A not ria afirma o de Arist teles no sentido de que a igualdade consiste em tratar de forma igual os iguais e de maneira desigual aqueles que se encontram em situa o desigual revelou apenas um conceito inicial da igualdade mas certamente n o a define por completo e nem encerra toda a ordem de discuss es que a pr pria igualdade enseja ante a sua evidente e impl cita complexidade Inclusive pode se afirmar que tal complexidade evidenciada pelas coloca
328. uired immunological deficiency syndrome porque AIDS muito mais corrente no Brasil apesar de os pa ses latinos e Portugal preferirem referir se a SIDA s ndrome da imunodefici ncia adquirida N o o caso nesse trabalho de se aprofundar acerca das caracter sticas m dicas dessa doen a tampouco detalhar o impacto social que a epidemia de AIDS provoca na sociedade moderna Nesse espa o basta lembrar que se trata de doen a viral de cura desconhecida que afeta o sistema imunol gico das v timas altamente transmiss vel por meio de rela es sexuais e transfus es de sangue Atualmente o desenvolvimento das drogas extremamente complexas tem permitido a sobrevida dos doentes com relativa qualidade mas ainda se est longe da cura ou da preven o sen o pela ado o de pr ticas sexuais seguras com o uso de preservativo e o n o compartilhamento de seringas ou instrumentos que penetrem o corpo humano Para maiores informa es acessar www unaids com LOPES Marcus Aurelio Discrimina o nas Rela es de Trabalho Disserta o Mestrado em Direito Universidade Estadual de Maring Maring 2002 p 262 7 RENAULT Luiz Ot vio Linhares Prote o ao portador do v rus HIV e ao aid tico nnfoque trabalhista a um projeto de lei In VIANA M rcio T lio RENAULT Luiz Ot vio Linhares Coords Discrimina o estudos S o Paulo LTr 2000 p 139 155 7 BARROS 2009 p 1189 41 e que o preconceito relativo
329. unais P trios E de pesquisa efetivada nesta seara jurisprudencial um aspecto not vel o fato de que v rias decis es proferidas se referem ao elevado n mero de casos nos quais t m sido verificada esta recusa do empregador em receber o empregado ap s a alta previdenci ria 426 A t tulo exemplificativo oportuno mencionar julgado proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o no qual o respectivo Relator refere se frequ ncia com a qual situa es como esta t m ocorrido A ementa do ac rd o iniciada exatamente com essa constata o afirmando se Tem se tornado bastante comum nesta Justi a do Trabalho o caso em que o trabalhador se apresenta para retomar seu posto de trabalho ao receber ata m dica do rg o previdenci rio mas n o aceito pelo empregador porque o exame m dico ocupacional constata a inaptid o para o trabalho MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO 00570 2009 063 03 00 2 9 Turma Relator Juiz Ant nio Fernando Guimar es Belo Horizonte 17 de mar o de 2010 Dispon vel em lt http www tri3 jus br gt Acesso em 30 mar 2010 169 Isso demonstra a relev ncia do tratamento da quest o uma vez que efetivamente corriqueira na atualidade Ademais dos julgados proferidos infere se que os posicionamentos majorit rios s o de fato no sentido de que o empregador deve acatar a conclus o obtida pelo INSS ou seja deve aceitar o retorno do empreg
330. undados para a rescis o do contrato de trabalho como ocorre por exemplo quando o empregado dispensado em virtude de algum aspecto que o discriminou Ou o que se revela mais grave quando a dispensa feita sem qualquer motiva o aparente mas no fundo encontra fulcro em alguma caracter stica que n o seria de qualquer forma determinante para a ruptura contratual Muito embora seja reputada a mais grave nos termos das considera es acima tecidas a discrimina o efetivada na dispensa a que possui maior regramento legal posto que a Lei 9029 95 em que pese contenha veda o expressa discrimina o realizada em todos os momentos da rela o de emprego prev san es mais severas para a hip tese da discrimina o levada a efeito na BARROS 2009 p 1129 38 Nesse sentido as pondera es feitas por Daniele Lucy Lopes de Sehli Nada obstante tornou se comum a dispensa do empregado de maneira aparentemente desvinculada de uma causa mas que de fato revela se motivada por fatores de discr men n o tolerados pelo ordenamento jur dico Isto porque ao contr rio do que ocorre nas fases pr contratual e contratual propriamente dita na dispensa da rela o empregat cia muito mais dif cil visualizar o empregado como alvo de persegui o do empregador SEHLI A ruptura do contrato de trabalho e as pr ticas discriminat rias In DALLEGRAVE NETO Jos Afonso COUTINHO Aldacy Rachid GUNTHER Lui
331. undamentais como o caso da igualdade 203 VIANA 2000 p 358 l 04 Quanto ao particular oportuno transcrever as considera es tecidas pelo autor E o que se d com a discrimina o Se a lei d ao empregador a faculdade de escolher entre Jo o e Pedro em aten o ao princ pio da propriedade privada mas tamb m em raz o de seu fim social tantas vezes declarado e t o poucas vezes cumprido Se o empregador se vale daquela faculdade para dar vas o aos seus preconceitos est n o apenas traindo o destino daquela norma mas ferindo a literalidade de outra norma exatamente a que impede em todos os n veis a discrimina o Da a necessidade ou at sob certo aspecto a desnecessidade do artigo em quest o que surge como uma terceira norma fazendo uma esp cie de silogismo se todos s o iguais perante a lei e se a liberdade de contrata o tem o fim de atender s necessidades da empresa quem escolhe A ou B com prop sitos discriminat rios age ilicitamente Ibid p 359 87 Por outro bordo e consoante j exposto o artigo 1 disp e tamb m a respeito da necessidade de observ ncia da veda o discrimina o durante a vig ncia da rela o de emprego esse como dito o segundo momento tratado por esta norma o qual no entanto se orienta pelo mesmo racioc nio supra invocado na medida em que todos os poderes impl citos condi o de empregador devem ser exercidos em total respeito aos dem
332. uslaboral os aportes te ricos aqui utilizados s o aqueles que de forma mais aprofundada se detiveram a esta quest o mormente Erving Goffman autor das Ci ncias Sociais que se tornou refer ncia neste tema Goffman j no in cio de sua exposi o revela conceito simples de estigma ao afirmar que o mesmo seria um atributo profundamente depreciativo 8 No mesmo sentido aponta Jos Claudio de Brito Filho que se refere ao estigma como sendo caracter stica negativamente avaliada por um grande n mero de pessoas E tamb m Carlos Roberto Bacila ao enunciar que o estigma um sinal ou marca que algu m possui que recebe um significado depreciativo 2 De tais conceitos pode ser extra da o aspecto mais relevante dos estigmas qual seja o fato de que eles est o sempre atrelados a uma caracter stica negativa vista como diversa dos padr es de normalidade estabelecidos pela sociedade Aprofundando se ainda mais a an lise do estigma os autores supra mencionados sobretudo Goffman e Bacila apresentam outros pontos caracter sticos dos estigmas que revelam mais a seu respeito Concordam os estudiosos do tema que o estigma n o est estritamente relacionado aos atributos f sicos do indiv duo mas principalmente com a imagem social que se faz de algu m Bacila expressa tal posicionamento referindo se ao fato de que atualmente a no o do estigma apenas como marca corporal n o mais se sustenta ao passo que
333. v timas desta ofensa ao princ pio da igualdade Al m da pr pria ruptura contratual entende se que os empregados acidentados s o discriminados durante as per cias realizadas junto ao rg o previdenci rio mormente porque em tais oportunidades s o realizadas diversas tentativas de afastar se o nexo causal entre a enfermidade e o trabalho imputando se ao pr prio obreiro a culpa pela sua doen a Ademais durante suas rotinas laborais enfrentam tais obreiros sistem ticos tratamentos diferenciados seja por colegas de trabalho seja por seus superiores hier rquicos posto que muitas vezes s o expostos a situa es humilhantes sobretudo em decorr ncia da falta de compreens o e de solidariedade em rela o doen a Passa se na sequ ncia deste estudo a tecer alguns coment rios a respeito das situa es acima arroladas com vistas a demonstrar como a discrimina o do empregado acidentado se manifesta na pr tica do mundo do trabalho 382 GOMES 2001 p 160 161 383 BARROS 2009 p 992 993 384 LIMA 2000 p 117 118 35 BARRETO 2006 p 115 147 Inicialmente o que se observa que o empregado v tima de acidente de trabalho ou acometido por doen a ocupacional tem seu primeiro contato com um tratamento discriminat rio j no momento do diagn stico de seu quadro cl nico da les o ou enfermidade por ele suportada e da sua poss vel rela o com as atividades laborativas realizadas em prol do empregador Maria E
334. va o pelo Brasil do texto do Protocolo Facultativo Conven o sobre Elimina o de Todas as Formas de Discrimina o contra a Mulher assinado em Nova lorque em 13 de mar o de 2001 a edi o da Lei 11 340 2006 que tamb m cria mecanismos para coibir a viol ncia dom stica e familiar contra a mulher e por fim a pr pria Lei 9 99 99 que alterando a reda o do artigo 373 do Texto Celetista permite em seu par grafo nico que sejam efetivadas no mercado de trabalho pol ticas de igualdade entre homens e mulheres 208 BARROS 2009 p 1157 209 Ibid p 1168 20 Ibid p 1170 90 A pena para as condutas tipificadas neste artigo 2 consta do seu pr prio texto e consiste na deten o de um a dois anos e multa Da mesma forma especialmente considerando que os crimes previstos s o praticados na ambi ncia da rela o de emprego e certamente com vistas a evitar futuras discuss es a respeito do tema a pr pria lei cuidou tamb m de indicar aqueles que podem ser considerados como sujeitos ativos o que fez no pr prio artigo 2 desta feita em seu par grafo nico No artigo 3 encontram se as penalidades administrativas previstas pela Lei 9029 95 as quais diferentemente do que foi visto em rela o ao artigo 2 aplicam se a todas as condutas discriminat rias previstas no diploma legal Isso porque a reda o do pr prio artigo 3 clara ao referir se s infra es ao disposto na
335. versas situa es f ticas e n o a realidade que deve se acomodar lei Se a reintegra o for desaconselh vel deve ser convertida em indeniza o substitutiva MINAS GERAIS Tribunal Regional do Trabalho 3 Regi o RO 00114 2009 137 03 00 4 4 Turma Relator Juiz Luiz Ot vio Linhares Renault Belo Horizonte 18 de dezembro de 2009 Dispon vel em lt http www trt3 jus br gt Acesso em 29 mar 2010 165 O entendimento defendido nesta decis o fundamentou se no argumento de que a interpreta o da lei deve se amoldar s diversas situa es f ticas que surgem em raz o da complexidade das rela es travadas atualmente na sociedade sendo rente com a realidade social e com as particularidades do caso concreto Assim muito embora fosse evidente que a situa o em exame n o se amoldava especificamente s disposi es que regulam a mat ria mormente o pr prio artigo 118 da Lei 8123 91 e os termos da S mula n 378 do TST foi imperioso reconhecer que as dificuldades de recoloca o da obreira no mercado de trabalho durante o interregno no qual aguarda os resultados dos exames voltados a aferir a sua contamina o bem como a pr pria discrimina o qual a mesma era sujeita neste per odo obstavam o exerc cio do poder do empregador de rescindir o contrato de trabalho Como j dito esta dispensa se opera em per odo no qual o obreiro convive com a inquieta o da espera do resultado do exame que vai af
336. vo apregoa a igualdade de todos os empregados entre si n o sendo cab veis distin es injustificadas fundadas na natureza do trabalho por eles prestado Todos os tipos de servi os executados possuem a sua espec fica relev ncia social e o fato de se tratar de um trabalho intelectual ou de um trabalho manual n o pode ser utilizado com vistas realiza o de pr ticas discriminat rias Tal previs o ali s foi repetida pela Constitui o Federal que nos termos do que j foi exposto neste t tulo refere se em seu artigo 7 inciso XXXII proibi o da distin o entre trabalho manual t cnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos Por sua vez a regra contida no artigo 5 da Consolida o das Leis do Trabalho especificamente afeta igualdade salarial entre os g neros eis que estabelece que a todo trabalho de igual valor corresponder sal rio igual sem distin o de sexo 13 DELGADO loc cit 18 DELGADO loc cit 181 Art 3 Par grafo nico N o haver distin es relativas esp cie de emprego e condi o de trabalhador bem entre o trabalho intelectual t cnico e manual 78 Uma an lise superficial de tal dispositivo pode ensejar a conclus o de que se trata de norma b sica sobre a igualdade entre os sexos princ pio este j suficientemente positivado na pr pria Constitui o Federal No entanto n o h como se olvidar que a Consolida o das Leis do Trabal
337. z Eduardo coords Transforma es do direito do trabalho Curitiba Juru 2000 p 97 108 BARROS 2009 p 1138 ALESSI 2000 p 150 45 ruptura contratual podendo o empregado nos termos do artigo 4 de tal diploma optar pela reintegra o ao posto de servi o ou pelo pagamento de indeniza o compensat ria Vistos os aspectos mais gerais a respeito desta categoria ampla que a discrimina o no trabalho passa se an lise dos conceitos que a comp em e que s o assim situados numa esfera mais espec fica 2 2 PRECONCEITO O preconceito uma das motiva es da discrimina o e neste fato reside uma forte raz o para a sua an lise Com efeito se o objetivo almejado o estudo detido da discrimina o mormente com vistas ao seu combate torna se relevante a investiga o tamb m de suas respectivas causas Desta feita tendo em vista que a discrimina o al m de ser ensejada pela ignor ncia e pela intoler ncia funda se tamb m de forma bastante significativa nos preconceitos nutridos pelas pessoas perquirir a respeito deste conceito acaba sendo de grande valia Consoante a defini o de Jos Claudio Monteiro de Brito Filho o preconceito a doen a que persegue parte da humanidade desde o in cio dos tempos z Como esclarece o pr prio autor a express o doen a utilizada aqui em z sentido figurado na medida em que o preconceito na realidade um fen meno

LÍDIA CLÉMENT FIGUEIRA MOUTINHO

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