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Cuando el cuy tuvo que salir de la cocina, intimidade e turismo na

1. sessssssssssossssseosseosseosssossssessseesseoeseosseosssoe 126 2 4 Comunidade de Villa Orinoj n na casa de Emilio Mamani Juli e Emerinciana a atua o das ONGs nas fam lias da ilha de Amantan ooommooooo 130 3 A face insular oriental Occosuyo Occopampa e Colquecachi 0 0 0 0 136 CAP TULO III AMANTAN E O DESEJO COLONIAL cccreeerseeemmseeeess 142 1 O contexto tur stico nacional no Peru e a constru o da imagem do ind gena 144 Ze O significado do conte do das interac es sociais existentes entre a populac o local eo TIA PO PPP o amanda aa dura ia SD GO b aaa dal Jadiiadaaad 150 2d O lugar antropol gico como espa o de intera o espont nea 150 2 2 A representa o das fam lias diante dos turistas observadores e o poder simb lico da INCA LO dada cias 152 3 A coloniza o da intimidade e a ressignifica o do espa o da casa 156 CONSIDERA ES FINAIS con 161 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ss ssssssesssssescesssoessssseocesssocesssscoeessooeesssseoeessroeesssseess 166 DOCUMENTOS CONSULTADOS esesessesesossesesessesosossesesesossesossesesescssesossesesesossesossssesesesees 171 PORTAIS ELETR NICOS CONSULTADOS sssseseseeeeesesesesossssssssssssesescececeerererororsrsrsrssss 173 E lp ld la a 174 CEDESOS DIRCETUR INEI MINCETUR ODEI OGD ONG PROMPERU PROTURIS REDTURC TRC UnB UNESCO LIST
2. 112 fam lias que contribu ram no desenvolvimento tur stico na ilha e cuja casa era um verdadeiro lugar de mem ria testemunhando a hist ria do turismo na ilha desde seu surgimento em 1979 21 de julho de 2010 Ao entrar na cozinha da fam lia o meu objetivo era simplesmente estabelecer uma conversa com Julio Borda Por m em sua aus ncia a sua filha Flora convidou me a entrar e me fez sentar mesa da cozinha para me servir um prato de segundo do almo o uma truta com arroz feij o e batatas feitos no fog o a lenha Ela estava servindo o prato a um grupo de dez turistas franceses Na cozinha o ambiente era efervescente O movimento era cont nuo Flora cozinhava enquanto seu irm o Daniel os servia junto com a filha de Flora Madeleyni de cinco anos Flora e Madeleyni vestiam o traje t pico das mulheres de Amantan A filhinha agradava os turistas com este traje que lhes parecia ent o t o bonitinho enquanto ela ajudava sua m e de maneira muito natural Os turistas almo avam na sala do lado com vista para o lago A recep o para o grupo parecia ser de grande escala e a cozinha nesta casa n o tinha mais o mesmo significado que nas outras fam lias O espa o que permitia a intera o vivencial n o aparecia neste contexto O grupo de turistas almo ava numa grande sala um comedor constru do para eles conversando com o guia o qual na verdade era o outro irm o da Flora filho do Julio Borda se chama
3. 113 navegando sobre as guas do lago acolheu me com um grande sorriso Era Julio Borda Mostrou me o quarto em que eu poderia ficar no primeiro andar da casa e convidou me para descer um pouco mais tarde para o almo o pois Flora ainda n o havia chegado e ela que deveria prepar lo No topo da pequena escada a qual levava aos quartos do primeiro andar que dava sobre um p tio interior da propriedade podia se ler uma pequena mensagem escrita com pequenas pedras incrustadas no ch o algumas d cadas antes Bienvenidos a la familia Borda Significava que no interior desta propriedade n o se estava mais numa das fam lias da ilha de Amantan sen o na Fam lia Borda No primeiro andar da casa havia cinco quartos dispostos ao redor do mezanino o qual dava sobre o p tio com uma vista agrad vel sobre o lago Havia ali um banheiro simples no qual a descarga se efetuava jogando se gua no vaso sanit rio Este banheiro parecia ter pelo menos 15 anos de funcionamento Entretanto nas outras fam lias este tipo de banheiro com vaso sanit rio era a ltima novidade a ser colocada ao servi o dos turistas hoje em dia para substituir as cabinas de cor verde O conforto do banheiro com vaso sanit rio n o era o nico elemento que parecia ter aparecido com muito avan o comparando se s outras fam lias Caso similar era relativo ao acesso energia el trica A casa possu a tamb m um sistema el trico o qual tinha
4. En esta poca solamente exist a la casa de mis suegros Gladys Quispe Pueblo 12 07 10 Afirmou Gladys Quispe casada com o irm o da Olga com a qual me entretive um momento enquanto lavava a roupa num balde de gua em frente de sua nova casa situada ao lado da casa de Mama e Papa Grande E referindo se a Gasc n Le encantaban las papas fritas solamente com a papas fritas bien crocantes no quer a verduras Gladys Quispe Pueblo 12 07 10 A presen a do antrop logo espanhol na fam lia dos av s era ainda bem viva na mem ria de Gladys Quinze anos antes ela era ainda crian a e da mesma forma que Alfredo e Olga havia presenciado a estadia do antrop logo que estudou o fen meno tur stico na ilha destacando o controle da atividade tur stica por parte dos donos de lancha A fam lia da Olga pertencia a este segmento um dos principais informantes de Gasc n tinha sido Alfredo Cari o pai de Olga que na poca era dono de lancha A gera o de Olga e Gladys era a gera o de crian as daquela poca e que haviam testemunhado a presen a seguida do antrop logo na sua fam lia O marido da Gladys quase nunca se encontrava na ilha pois trabalhava num hotel em Puno para pagar a sua casa rec m constru da na frente da qual Gladys lavava a roupa Contou me que no tempo da estadia de Gasc n um jardim enorme ficava no lugar de sua casa Em 2001 come aram a construir a casa a qual permaneceu muitos anos inacabada em ra
5. The main purpose of this master thesis is to analyse the concept of authenticity linked with the direct encounter between native population and foreign tourists In that way 1t proposes to analyse the meaning of the touristic experience for the peasant families who accommodate the tourists at home It enables a certain insight on their intimacy Before being lived this experience is represented by a discursive order articulated around the authenticity notion Goffman 1973 and MacCamnell 1976 have been the privilegiate references to understand the social situation created through the interaction between insiders and outsiders Moreover a fieldwork was conducted so as to bring up the ethnographic data It has been concluded that the touristic experience reflects the logic of the quest for the other discursively constructed This logic is renovated through new concepts like the colonization of intimacy and colonial desire which are produced locally but are promoted in a national and global scale by the policies of Peruvian State Keywords Authenticity Tourism Rural Community Tourism Rural Communities Families Colonization of Intimacy Colonial Desire Peru Amantani Island Lake Titicaca NDICE INTRODUCAO Sardinas AA AAA A A 13 1 Apresenta o do tema de investiga o mcoccooncoonnnnoncnnnccnonencnnnccncnnaccnncncn cono noncccnnnonos 13 2 Metodologia siii Aa 15 3 Contextualiza o uma excurs o cultural vive
6. bebidas latic nios e alimentos em geral que os turistas costumam comprar para presentear as fam lias das ilhas Os guias das ag ncias incentivam a compra de alguns alimentos para levar de presente Isso me foi confirmado pela senhora da barraca que me perguntou ao vender me as provis es Para las familias de las islas es no cierto Vendedora porto de Puno 10 07 10 No meu caso como eu ficaria mais tempo queria comprar coisas que talvez n o encontraria na ilha ou caso encontrasse seria a um pre o bem maior do que em Puno Para as fam lias eu havia trazido algumas coisas do Brasil para dar em agradecimento pois eu n o compartilhava a ideia de presentear alimentos desta maneira Desde a minha primeira estadia na regi o n o conseguia deixar de fazer a analogia entre este comportamento e o dos visitantes de algum zool gico comprando amendoins na entrada para dar de comer aos animais Neste aspecto cabe mencionar a pesquisa de Urbanowicz 1989 sobre a transforma o das popula es nativas em zool gico cultural A lancha saiu finalmente s 9h00 O n mero de passageiros ultrapassava a carga m xima autorizada na lancha e as autoridades do porto obrigaram Nicol s a disponibilizar outra lancha para compartilhar a carga Assim eu passei para a segunda lancha na qual permaneceria durante 3h30 at Amantan A bordo encontravam se comigo onze turistas sete franceses acompanhados de um jovem de Puno dois canadenses e
7. o dualismo cultural no pensamento social peruano URIARTE 1998 p 1 com o confronto entre o discurso hispanista da elite crioula limenha e o discurso indigenista dos primeiros indigenistas peruanos Este dualismo teria nascido por consequ ncia do fracasso peruano na guerra do pac fico O primeiro indigenista Manuel Gonzalez Prada atribuiu este fracasso ao fato de os ndios na sociedade peruana serem ignorados e segregados De acordo com o autor era improv vel que os ind genas que formavam parte do ex rcito defendessem um pa s no qual eles estavam sendo exclu dos Pode se dizer nas palavras de Uriarte que Prada redescobriu o ind gena a partir desta derrota militar tomando o como elemento principal para forjar a na o peruana No forman el verdadero Per las agrupaciones de criollos y extranjeros que habitan la faja de la tierra situada entre el pac fico y los Andes La naci n est formada por la muchedumbre de indios diseminados en la banda oriental de la cordillera PRADA 1977 p 23 145 Em reag o ao argumento de Prada a chamada generaci n del 900 preocupada com a situa o do Peru como dois pa ses no interior de um territ rio URIARTE 1998 p 3 e com a forma o da na o peruana prop e redefinir a identidade nacional a fim de criar uma unidade no pa s Neste discurso da mesma forma que nos demais estados latino americanos ap s as independ ncias esta unidade seria poss vel por m
8. o turistas anfitri es Lembramos a defini o de Barretto 2003 na qual aparece que a atividade tur stica coloca em contato pessoas que n o enxergam a si mesmas como pessoas mas como portadores de uma fun o precisa e determinada BARRETTO 2003 p 27 Essa fun o determinada gera uma percep o m tua entre visitante e visitado limitada ao objetivo a ser alcan ado Assim o dinheiro do turista faz falta ao visitado que no olhar do turista seria simplesmente um instrumento para seus fins BARRETTO 2003 p 27 Percebe se que o discurso produzido sobre a excurs o na ilha de Amantan sup e que este tipo de rela o seria ent o evitado permitindo vivenciar uma rela o mais tradicional com as fam lias nas suas casas Este objetivo que faria o sucesso da atividade na ilha seria assim desencadeador de uma verdadeira ordem discursiva da autenticidade Entendemos aqui o conceito de ordem discursiva nas palavras de Foucault o qual define que Em toda sociedade a produ o do discurso ao mesmo tempo controlada selecionada organizada e redistribu da por certo n mero de procedimentos que t m por fun o conjurar seus poderes e perigos dominar seu acontecimento aleat rio esquivar sua pesada e tem vel materialidade FOUCAULT 2008 pp 8 9 Neste contexto preciso entender porque a ilha de Amantan antes de ser explorada pelo turista percebida como um destino mais aut ntico do que outr
9. com muitos quartos para receber os turistas O contato direto com os estrangeiros incentiva David foi entrevistado em 22 de julho de 2010 na Escola Adventista de Amantan Comunidade de Sancayuni Campesina 110 de acordo com C sar um professor do Col gio essa curiosidade para lo extranjero Alguns alunos tamb m expressam sua vontade de sair para o exterior do pa s para trabalhar All se gana bien dicen Por m cabe precisar que um n mero tamb m importante de alunos expressa a sua vontade de trabalhar na ilha com o sistema de produg o tradicional a agricultura sem mencionar obrigatoriamente o turismo David tamb m insistiu acerca da vontade de muitos alunos de se tornarem guias de turismo Segundo ele o guia de turismo possui certo poder preciso atend lo bem porque ele decide na casa de quem ir mandar os turistas O guia aparece como uma figura poderosa na ilha Minha perman ncia na casa de Olga e Alfredo Cari e o contato com o resto desta fam lia permitiram me efetuar uma primeira observag o do cen rio tur stico estabelecido entre eles Minha reflex o se orientava para a transformac o do espago de vida ntimo da fam lia A observac o da modificac o da propriedade da fam lia mostrava que a sua realidade de vida estava sendo deslocada para outra realidade obedecendo cria o do espa o social viabilizado para o turista A destrui o da antiga propriedade e a reconstru o integral d
10. es finais Conta ainda com uma lista de figuras e anexos que compreendem mapas e fotos da regi o de pesquisa al m de documentos coletados com o trabalho de campo 29 No primeiro cap tulo apresento a experi ncia tur stica efetuada no local de pesquisa a partir do encontro tur stico que foi por mim realizado conforme o roteiro padr o estabelecido pelas ag ncias de turismo Trata se do descobrimento da ilha de Amantan a partir da cena propriamente tur stica vivida pelos turistas Neste primeiro cap tulo constru uma narrativa baseada na experi ncia tur stica de forma a ressaltar seus significados contextuais para os turistas As constata es e impress es sugeridas neste cap tulo procuram despertar no leitor os questionamentos e as descobertas que se configuram ao longo da experi ncia tur stica Desvenda se que o encontro tur stico est intimamente ligado com o conceito que elaboro de ordem discursiva da autenticidade No segundo cap tulo apresento o encontro etnogr fico Busco abordar a ilha de Amantan a partir dos bastidores das fam lias a fim de analisar a situa o social e o controle das impress es resultantes da intera o com os turistas Esta an lise se efetua por meio do referencial te rico de Goffman 1973 e MacCannell 1976 Enfatizo minha inser o no campo de pesquisa para mostrar como as intera es id ias e posi es que me foram apresentadas durante o encontro tur stico pr v
11. nom s es Emerinciana Villa Orinoj n 21 07 10 A mesa reduzia pela metade o espa o de vida na cozinha E os cuyes Ser que tamb m tinham sido embutidos na paisagem da casa escondidos da vista Efetivamente a fam lia tem cuyes mas tamb m tiveram que tir los da cozinha quando come aram a receber os turistas El cuy tuvo que salir de la cocina Nosotros tenemos cuyes para vender en el mercado en Puno Bastantes cuyes tenemos Est n ac Falou me mostrando uma portinha ao lado do fog o Emerinciana Villa Orinoj n 21 07 10 Efetivamente no jantar noite eu pude ouvir os gritos agudos que esses animais soltam O jantar aconteceu da mesma forma com o marido da Emerinciana Emilio e a filha maior do casal de 22 anos O marido e a filha pareciam muito intimidados com minha visita e era percept vel que eles n o se sentiam vontade com a minha presen a dentro de sua cozinha Comiam em sil ncio e n o ousavam olhar para mim apesar de estarem na minha frente Ouviam se os gritos soltos dos porquinhos da ndia e o constrangimento era maior O Emilio e a filha riam ent o discretamente para esconder o constrangimento e falavam coisas em qu chua que eu n o entendia 132 Emilio tamb m participou do curso de capacitac o e explicou me o quanto era dif cil assistir a um document rio depois de um dia de trabalho Muitos comegavam a tirar um cochilo e n o se podia Para atender el turista es Nos dec a
12. o cultural de um lugar que existe somente para a atividade tur stica As fam lias aymaras v m ilha para trabalhar e vender o artesanato mas vivem em outro lugar Elas desempenham o papel de atores para dar autenticidade visita na qual elas mais pareciam estar a trabalho do que vivendo a sua vida quotidiana Ver Michael Kent 2011 sobre o fen meno tur stico nos Uros Em seguida a lancha saiu de novo com rumo a Amantan Tal como descrito por Aug ao fazer refer ncia chegada a um famoso parque tem tico a emo o do turista chegando ilha de Amantan navegando pelas guas geladas do lago Titicaca nasce primeiro da paisagem AUG 1997 p 23 Uma vez a lancha sa da da ba a de Puno depois de duas horas de navega o aparece de repente a ilha como que surgida das profundezas do lago Esta experi ncia visual idem ibidem que permite descobrir a ilha num piscar de olhos an loga quela que todo mundo j experimentou uma vez na sua vida ao perceber de longe um lugar ou monumento famoso e se aproximar devagar at toc lo e poder conferir a sua materialidade A ilha se materializa assim pouco a pouco parecendo primeiro uma miragem provocada pelo reflexo dos raios do sol sobre o lago ent o a lancha se aproxima devagar at chegar a um dos portos da ilha Ap s tr s horas e meia de navega o quase duas da tarde hora do desembarque t o esperado na ilha onde o turista far a grande imers o
13. poca nutrido de imagens pr vias influenciadas pela literatura e as lendas Mais tarde a descoberta passou a ser uma fonte de inspira o para os grandes autores do s culo XVI A ilha de Utopia imaginada por Tomas Morus segundo os relatos de viagem de Am rico Vespucci em 1515 e Calib personagem da obra mestra de Shakespeare A Tempestade 1611 morando numa ilha desconhecida foram diretamente inspirados pela descoberta da Am rica e do encontro com o Outro cujo car ter aned tico e misterioso da ilha contribu a na forma o de um imagin rio sobre e espa o americano o qual como no caso da ilha fict cia de Utopia constitu a se como o protot pico n o lugar da imagina o europ ia 40 e the prototypical nowhere of european imagination TROUILLOT 1991 p 23 tradu o minha 61 TROUILLOT 1991 p 23 Assim o imagin rio nascido a partir da descoberta do novo mundo se articulou em torno da imagem do den na qual o Para so Terreal situava se na Am rica BUARQUE DE HOLANDA 2000 p IX Obviamente no decorrer dos s culos este tipo de imagin rio europeu com respeito ao novo mundo n o existe mais tal como definido acima Por m poder se ia dizer que ele ainda sobrevive em outras narrativas atuais suponhamos dentro do contexto tur stico contempor neo Se muitos pa ses latino americanos nesta primeira d cada do s culo XXI ainda est o lutando para criar manter e estabelecer a ideia do
14. transportavam produtos para vender na fronteira ou simplesmente viajavam para visitar os familiares que moravam do outro lado da fronteira que nesta regi o separa as popula es de etnia aymara Instalei me s pressas no 13 A minha primeira viagem ao pa s tinha sido efetuada em fevereiro de 2006 durante a qual visitei as regi es mais conhecidas e tur sticas do roteiro tur stico do sul andino peruano Lima Nazca e Cuzco Machu Picchu 14 A NE a Nome comumente usado n o pejorativo para falar das mulheres camponesas de etnia qu chua ou aymara povoando a regi o andina no Equador Peru e Bol via 32 nico assento livre do ve culo que para n o perder tempo j reiniciava sua corrida a grande velocidade na Panamericana Foi neste contexto que eu conheci Andr s um estudante limenho que havia participado de um congresso na cidade de Coroico ao norte de La Paz e voltava ao seu pa s Andr s aproveitava uma parada em Puno para visitar seus tios os quais quase nunca encontrava por causa da grande dist ncia existente entre esta cidade do extremo sudeste do pa s nos Andes e Lima a capital situada na costa A conversa se estabeleceu automaticamente entre o jovem estudante e eu reduzindo as quatro horas de viagem entre Tiwanaku e Puno a uma viagem muito mais r pida pois as perguntas de Andr s eram numerosas e a sua curiosidade sem fim Um franc s que mora no Brasil que fez um trabalho volunt rio na Bol via e tem um pr
15. Bras lia DAN UnB 2008 MASON Peter Faithful to the Context The Presentation and Representation of American Objects in European Collections In Anu rio Antropol gico 98 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 2002 MATOS MAR Jos La Propri t dans Pile Taquile In Travaux de l Institut Fran ais d Etudes Andines Lima 1951 M NDEZ Cecilia Incas s indios no Apuntes para el estudio del nacionalismo criollo en el Per Documentos de Trabajo n 56 Lima IEP 1996 Dispon vel em http www cholonautas edu pe modulo upload Mendez pdf MORUS Tom s A Utopia Porto Alegre Le PM 2007 NORA Pierre Between Memory and History Les Lieux de M moire In Representations n 26 pp 7 27 abril de 1989 Dispon vel em http links jstor org sici sici 0734 6018 28198921 290 3A26 3C7 3ABMAHLL 3E2 0 C0 3B2 N ORTIZ Pedro e GALDO Ra l El Ind gena de la Isla de Amantan Serie monogr fica n 11 Lima Ministerio de Trabajo y Asuntos Ind genas Plan Nacional de Integraci n de la Poblaci n Aborigen 1963 168 PARRA Marie France Destination mythique Les tr sors du lac Titicaca In Femme Actuelle pp 114 116 dezembro de 2009 PASTOR ALFONSO Mar a Jos El Patrimonio cultural como opci n tur stica In Horizontes Antropol gicos Antropologia e Turismo Porto Alegre ano 9 n 20 pp 97 115 outubro de 2003 P REZ GAL N Beatriz Somos como Incas Autoridades
16. a casa das fam lias e o que dentro dessas acontece as comidas a noite compartilhada e a participa o s atividades da fam lia A casa se torna assim o lugar de intera o da atividade tur stica e se torna o espa o no qual o turista se encontra mais perto do seu objeto de observa o Vimos que a participa o do turista na vida da fam lia banalizada no sentido em que apesar de uma recep o diferenciada nas casas dependendo da origem social da fam lia o turista tem um quarto um banheiro e um lugar designado dentro da casa a mesa na cozinha que foi limpa e reorganizada para a sua recep o Pode se dizer que esta pr pria reorganiza o do espa o para ele diante da presen a de elementos tradicionais do quotidiano das fam lias tem por 155 efeito aumentar a percep o do lugar e da situa o como aut ntica e ex tica no sentido em que tanto no caso da apresenta o como da representa o a presen a de certos objetos estranhos tem por efeito aumentar a qualidade ex tica de cada objeto apresentado ou representado 6 MASON 2002 p 85 Em outras palavras o fato de ter um espaco reservado ao turista colado ao espa o das fam lias teria um efeito exotizante sobre a realidade apresentada que se torna ent o representada para o olhar do turista As fam lias dentro das suas casas se tornam ao meu olhar os representantes de um novo tipo de discurso colonial produzido pela experi ncia tur stica reali
17. com as ru nas dos dois templos arqueol gicos pr incaicos Pode se dizer que a categoria do turismo vivencial nasceu e foi recuperada pelo discurso oficial do minist rio para contribuir em definir um produto cada vez mais valorizado no mercado do turismo internacional o exotismo RIBEIRO e BARROS 1994 p 7 Esta ideia se encaixa perfeitamente no discurso do MINCETUR o qual ao aconselhar o empreendedor em TRC no manual do empreendedor entre outros avisos lhe lembra El turista te visita porque quiere conocer tus costumbres forma de vida y participar en ellas Bailar las festividades disfrutar de la gastronomia y comprar artesan as Esto le fascina porque es aut ntico y totalmente nuevo para l MINCETUR 2008 p 21 64 Esta ltima frase retransmite de certa forma os resultados das pesquisas financiadas pelo MINCETUR considerando a autenticidade como parte integrante do programa de TRC Para estabelecer o perfil dos turistas rurais comunit rios a ag ncia de promo o do turismo PROMPERU efetuou pesquisas para definir as tend ncias do mercado com respeito escolha de um destino tur stico A autenticidade constituiria assim a segunda motiva o experiencial mais importante depois da beleza natural do lugar PROMPERU 2008 Em 2006 e 2007 o Peru foi nomeado em nono lugar na classifica o dos destinos tur sticos com respeito ao tema da autenticidade sendo qualificado como um pa s con
18. distinguimos que desde o ano 2000 por meio da an lise dos dados estat sticos dos fluxos de turistas o n mero de turistas que chegavam ilha triplicou Nomeamos este fen meno de segundo surgimento do turismo em Amantan gerado pela divulga o da ilha como um dos tr s destinos principais propostos pelas ag ncias de viagem e turismo da cidade de Puno Este segundo surgimento ao mesmo tempo em que significou o final do monop lio da atividade tur stica pelos donos de lanchas trouxe uma nova forma de reparti o desigual dos turistas pela m administra o das ag ncias e sobretudo uma explora o das fam lias por estas mesmas ag ncias que n o pagam o pre o convencionalmente estabelecido Mostramos que o monop lio do recurso tur stico persiste hoje em dia com a extrema explora o das ag ncias Por m notamos tamb m que os donos de lanchas coletivas apesar de transportar poucos turistas dado o monop lio das ag ncias continuam enviando os s suas pr prias fam lias No cap tulo I aproximamo nos da ilha de Amantan pela cena tur stica descrevendo a experi ncia do encontro tur stico com as fam lias de acordo com o roteiro padr o estabelecido pelas ag ncias de turismo A atividade tur stica vivida como experi ncia pelos turistas orquestrada por um roteiro nico proporcionado pelas ag ncias por meio da figura do guia Recorremos an lise ritual das impress es criadas na cena tur stica visando
19. dizendo logo que eu ficaria mais de uma semana em Amantan A sua resposta foi instant nea En mi casa te vas a quedar Nicol s porto de Puno 10 07 10 Tive que explicar para ele que meu objetivo era conhecer v rias fam lias e que j tinha um contato na ilha na casa do qual iria ficar na minha chegada e mencionei o nome da fam lia Me voy a quedar en la casa de Olga y Alfredo Cari en Pueblo O dono da lancha ficou ent o convencido de que realmente tinha contatos Ele n o insistiu mais e convidou me a passar na casa da sua fam lia depois para hospedar me durante a minha estadia na ilha convite que muitas outras fam lias da ilha iriam me fazer no decorrer da minha estadia na ilha Anunciado o atraso da sa da devido ao controle das autoridades portu rias punenhas aproveitei para comprar algumas provis es numa dessas numerosas barraquinhas que ficam pr ximas ao porto e nas quais s o vendidos como mencionamos no cap tulo I biscoitos O meu encontro com Susana Orellana em Lima em 05 07 10 ajudou me a obter contatos de algumas fam lias com as quais poderia ficar Susana estudante de Antropologia na Pontif cia Universidad Cat lica de Lima colega de gradua o da minha amiga limenha Maria Fe fizera sua pesquisa de campo em Amantan alguns meses antes sobre o tema do uso da gua na ilha e sugeriu me estabelecer contato com certas fam lias da ilha que seriam uma boa fonte de informa o para mim 79
20. em que o estresse entre h spedes e nativos pode ser m ximo por causa do grande n mero de visitantes vindo com o objetivo de observar e fotografar a vida dos camponeses que passam a ser objetos de estudo SMITH 1989 p 5 Assim o recurso tur stico na ilha n o seria mais um recurso escasso comparado com a ilha vizinha a Taquile como podia ser o caso na d cada de 1980 e 1990 segundo o que foi definido por Gasc n GASC N 2005 p 60 Hoje a ilha vizinha a Taquile continua recebendo maior quantidade de turistas por m Amantan conseguiu tamb m impor a sua import ncia na regi o Ao analisar as estat sticas do fluxo de turistas na regi o confirma se esta transforma o do sentido da excurs o a partir do ano 2000 com o incremento da comercializa o tur stica da ilha por meio das ag ncias de turismo de Puno Consideraremos de maneira quantitativa o fen meno tur stico em Amantan em rela o chegada de turistas em Puno e comparando com as ilhas dos Uros e Taquile De acordo com as estat sticas estabelecidas pelo Instituto Nacional de Estad sticas e Inform tica INEI em Puno o fluxo de turistas nacionais e estrangeiros hospedados nos estabelecimentos hospedeiros da prov ncia de Puno em 1998 foi de 186 395 turistas dos quais 60 357 eram estrangeiros ODEI 2007 Em 2002 foram 243 934 hospedados incluindo 96 782 estrangeiros e para o ano 2007 foram 372 851 turistas hospedados dos quais 177 249 eram estrangeiro
21. ncia aut ntica em Amantan escrito pelo jornalista do Estado de S o Paulo Daniel Brito e publicado em 17 de fevereiro de 2009 Dispon vel em http www estadao com br noticias suplementos a ilha mais escondida do lago titicaca 325109 0 htm 36 da autenticidade inscrevendo a regi o num processo de exotiza o constante por meio do discurso resultante ao n vel comercial e publicit rio Nos artigos relatados acima depois de mencionar a import ncia hist rica e legend ria que tem o lago Titicaca com respeito ao nascimento da civiliza o Inca e a sua presen a na regi o durante a poca pr hisp nica os autores afirmam que os tra os da cultura inca s o hoje em dia ainda onipresentes na regi o e convida o leitor a efetuar uma experi ncia tur stica de conviv ncia direta com as popula es camponesas das ilhas participando de sua vida quotidiana Cabe dizer que esta zona do lago Titicaca apresenta um grande interesse posto que concentra tr s reas insulares diferentes e particularmente desenvolvidas para o turismo na regi o as quais utilizam seu patrim nio imaterial e sua cultura como alternativa para o desenvolvimento Essas tr s zonas insulares s o as principais indicadas de um lado nos guias de turismo internacionais para a regi o de Puno e do lago Titicaca e de outro lado pelas ag ncias de viagem e turismo da cidade as quais vendem pacotes tur sticos incluindo a visita combinada dos tr
22. o ao estrangeiro Nestes n o se vive mais em fam lia atende se ao turista e vende se artesanato antes restrito s ruas e locais p blicos de passagem Este fato relevante em Amantan pois o fen meno aparece como uma din mica em andamento e em escala diferente segundo a origem social de cada fam lia Quase todas as fam lias da mais humilde at a mais rica s o envolvidas nesta din mica da mesma forma e abrem as suas casas 141 CAP TULO II AMANTAN E O DESEJO COLONIAL As como el blanco necesita de lo ind gena para reinventarse el xito de la naci n ind gena depende de su inserci n en el discurso de lo blanco VICH 2003 p 460 Amantan constru da no discurso como uma ilha paradis aca protegida genu na e aut ntica um micromundo gravitando em outra dimens o A trajet ria de uma ilha perdida no lago Titicaca num espa o tempo gerado no contexto tur stico peruano por certo discurso de Estado que sempre buscou um lugar para as popula es ind genas no processo de constru o nacional A partir da segunda metade do s culo XX o estado peruano come a a inserir essas popula es num mercado tur stico que est nutrido por um imagin rio em que as origens pr hisp nicas e as tradi es t m um valor mercantil Interessa me neste cap tulo conclusivo enxergar o turismo na ilha de Amantan como uma representa o simb lica das din micas atuais vigentes n
23. o e os turistas os de dentro e os de fora dentro do marco da intera o exercida durante o encontro tur stico 2 Metodologia Para a realiza o da presente pesquisa foram considerados os dados emp ricos resultantes da pesquisa de campo a pesquisa documental de textos informa es documentadas e outros materiais produzidos pelos atores da atividade tur stica a observa o participante e as refer ncias bibliogr ficas Com respeito aos dados levantados vale ressaltar que esta pesquisa se baseia nos dados resultantes dos discursos oficiais sobre a atividade tur stica por parte do MINCETUR das ONGs das ag ncias de viagem e turismo da cidade de Puno e depoimentos dos pr prios turistas Entretanto com rela o aos dados emp ricos o aspecto que se deve ressaltar que a fonte primordial em que se baseia essa etnografia s o os discursos das fam lias da ilha captados por meio de conversas informais e a observa o da intera o com essas mesmas fam lias Outra fonte importante de informa o decorreu da observa o do espa o e da sua configura o dado de grande import ncia a que fui levado a observar espontaneamente depois da minha chegada no local Vale primeiro distinguir as etapas da minha pesquisa de campo no Peru que foi efetuada durante o m s de julho de 2010 A pesquisa de campo compreendeu um per odo de 30 dias naquele pa s dos quais seis foram passados em Lima cinco foram passados em Puno e 19 foram passad
24. o francesa que desenvolve um turismo de tipo sustent vel e trabalham com turismo rural agroturismo e desenvolvimento local Com sede na cidade francesa de Bourgoin Jallieu situada perto de Lyon a associa o Vision du Monde prop e v rios destinos tur sticos internacionais visando desenvolver uma atividade tur stica incentivada pelas popula es locais da zona de destino vinculada com as atividades tradicionais da zona agricultura pesca artesanato ou cria o de gado respeitosa das popula es da sua cultura e meio ambiente assegurando uma contribui o econ mica m xima para elas No Peru Laurent me explica o circuito seguido A viagem come ou em Lima e continuou passando por Ica Nazca e Arequipa onde ficamos hospedados na casa de fam lias bem humildes que moram na periferia da cidade e desenvolvem um projeto de desenvolvimento atrav s do turismo sustent vel com associa es internacionais Depois nos fomos para o Valle de Colca e agora vamos para Amantan antes de prosseguir para Cuzco e voltar a Lima Laurent na lancha indo para Amantan 10 07 10 Ver p gina do site Vision du Monde http www visiondumonde org presentation php acessado em 09 11 10 81 Em tr s semanas este grupo ter visitado v rios lugares tur sticos acompanhando projetos locais de desenvolvimento sustent vel levado por guias comunit rios Eles ainda n o sabiam na casa de quem iriam ficar e pensavam procurar uma f
25. popula o nativa Parecia bvio que a experi ncia tur stica em Amantan influenciava as suas respostas Turismo en el que m s se mezcla con la poblaci n aut ctona para compartir la cultura y conocer h bitos y costumbres locales Podr a ser un turismo enfocado al adentramiento en culturas particulares para observar pr cticas modos de vida la cotidianidad y dem s rasgos representativos de una comunidad Compartir la vida cotidiana de los nativos Notamos que essas defini es correspondem com lugares comuns que emergem tamb m no discurso antropol gico Apesar de ser diferenciada como bem menos tur stica do que outros lugares j visitados as impress es resultantes da experi ncia tur stica em Amantan mostravam que o elemento marcante majoritariamente era a humildade das fam lias a sua generosidade o seu modo de vida tradicional e sobretudo a pobreza aparente das condi es de vida quotidiana Assim em contraposi o a esta vis o a qualidade dos quartos disponibilizados pelas fam lias deixou uma impress o de modernidade que pareceu agradar Em conclus o a excurs o na ilha majoritariamente qualificada de aut ntica pergunta Com qual palavra voc qualifica esta experi ncia tur stica em Amantan as respostas foram no sentido de dar uma defini o no o do aut ntico A experi ncia parecia como diferente nica rica culturalmente enriqueced
26. 10 Assim em Pueblo a pe a folcl rica organizada noite para os turistas n o se faz de maneira comunit ria no sal o de festas como nas outras comunidades O grupo da fam lia de Olga organiza a festa na sala da tienda de abarrote dos seus parceiros 3 A face insular oriental Occosuyo Occopampa Colquecachi A passagem para o lado oriental representa acima de tudo um trajeto bastante cansativo preciso atravessar a ilha e passar pela parte mais elevada antes de descer at as comunidades de Occosuyo Colquecachi e Occopampa Pode se dizer que o deslocamento resulta similar quele percorrido para passar de uma dimens o a outra A primeira impress o resultante da observa o da paisagem ao chegar nessas comunidades pela parte mais alta da montanha decisiva para entender o processo de mudan a pelo qual est passando a ilha implicando o desempenho individual da maioria das fam lias Num piscar de olhos medida que se aproxima das tr s comunidades orientais todas as casas se v m maiores em obras como se a paisagem se transformasse num imenso campo de casas em constru o generalizado As portas e janelas s o maiores e vistas do outro lado da ilha as casas tradicionais s o minorit rias Passa se para o lado da ilha onde a din mica tur stica parece acelerada incontrolada numa escala de transforma o muito maior do que do lado ocidental caracterizado por uma grande diferencia o entre os modelos de
27. 2 095 1 558 656 1320 662 FEBRERO 3 488 2714 2 606 6 853 2 606 610 MARZO 4 142 2 053 3 626 465 1756 507 ABRIL 4 142 2 053 3 226 465 1753 407 MAYO 4 023 1739 2 650 708 5576 22 JUNIO 3 403 1000 4 818 332 2 627 346 JULIO 4 330 1151 5 135 365 3 754 423 AGOSTO 5 394 212 8 900 740 4 891 669 SETIEMBRE 4 356 3 458 1 234 397 4 351 324 OCTUBRE 5 502 5 393 6 639 1012 3 039 4 059 NOVIEMBRE 4 991 8 621 512 782 2 499 626 DICIEMBRE 3 439 3918 2 617 905 1 998 2 832 TOTAL 49 320 36 322 48 180 13 680 36 170 11 987 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2005 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 5 247 2078 3 679 691 2516 765 FEBRERO 4619 4319 3 031 928 1417 972 MARZO 5 709 2 509 4 689 458 2 259 555 ABRIL 4 434 1485 5 480 480 2 038 1 039 MAYO 4516 1549 5 324 593 2 501 644 JUNIO 1219 1274 2 452 813 1 538 532 JULIO 4 400 1539 2 809 475 1 958 607 AGOSTO 3 443 1 560 2573 204 1 688 297 SETIEMBRE 7 204 1 908 5 865 533 3318 509 OCTUBRE 6015 4 325 5917 1321 3 259 3 246 NOVIEMBRE 5 846 3 759 4 597 652 4176 925 DICIEMBRE 4 947 5810 3 139 729 1 851 860 TOTAL 54999 32 115 49 555 7 877 28 515 10 951 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2006 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 3318 1788 5 863 1 085 2 531 1 258
28. Cristhian Te filo da Silva Orientador CEPPAC UnB Profa Dra Ellen Fensterseifer Woortmann Membro externo DAN UnB Profa Dra L lia Gon alves Magalh es Tavolaro Membro interno CEPPAC UnB Prof Dr Stephen Grant Baines Suplente DAN UnB Aluno Guillaume Maurice Admire Perche Bras lia DF 5 de Agosto de 2011 Dedico este trabalho aos seus protagonistas as fam lias da ilha de Amantan sem cujas ajuda e colabora o n o teria sido poss vel AGRADECIMENTOS s fam lias da ilha de Amantan por me terem aberto a porta de suas casas por me terem nutrido e hospedado pela paci ncia e confian a em transmitirem os seus depoimentos por terem tornado agrad vel a minha experi ncia de campo na ilha Eu n o posso aqui referir me a todos os que me ajudaram As minhas longas idas e vindas nos caminhos das comunidades foram entrelagadas por encontros os quais apesar de terem sido ef meros contribu ram todos para a realiza o deste trabalho E se devo agradecer especialmente a algumas pessoas seria o caso de Alfredo Sua a e Olga Cari da comunidade de Pueblo por terem sido os primeiros a me acolher na ilha Em sua casa pude sentir me como em minha pr pria casa Agrade o tamb m e especialmente s minhas outras fam lias hospedeiras M ximo Juli e Epifania Emilio Mamani Juli e Emerinciana fam lia Borda Miguel Yanarico Pacompia e Florentino Yanarico Tampouco poderia esquecer me da gentileza e dos m
29. Joel eds Nation States and Indians in Latin America Austin University of Texas Press 1992 ARA JO de Silvana Miceli Artif cio e Autenticidade O Turismo como experi ncia antropol gica In Turismo e Identidade Local Uma vis o antropol gica Campinas SP Papirus Editora pp 49 63 2006 AUG Marc L Impossible Voyage Le tourisme et ses images Paris Editions Payot et Rivages 1997 AUG Marc Non Lieux Introduction une Anthropologie de la Surmodernit Paris Editions du Seuil 1992 AVALOS DE MATOS Rosalia Changements culturels dans les les du lac Titicaca In Travaux de l Institut Francais d Etudes Andines Lima 1951 BA Z JORGE F lix Antropolog a e Indigenismo en Latinoam rica Se as de Identidad In Motivos de la Antropolog a Americanista Indagaciones en la diferencia LEON PORTILLA Miguel coord Fondo de Cultura Econ mica M xico 2001 BANDUCCIJR lvaro Turismo e Antropologia no Brasil Estudo preliminar In Turismo e Identidade Local Uma vis o antropol gica Campinas SP Papirus Editora pp 21 47 2006 BARRETTO Margarita e BANDUCCI JR Alvaro Introdu o Turismo e identidade local In Turismo e Identidade Local Uma vis o antropol gica Campinas SP Papirus Editora pp 7 20 2006 BARRETTO Margarita O imprescind vel aporte das ci ncias sociais para o planejamento e a compreens o do turismo In Horizontes Antropol gi
30. Viv amos todos juntos A los cuyes les gustaba quedarse en el nicho abajo del fog n bien calientitos y nos ayudaban a calentarnos a nosotros tambi n Ahora todo eso desapareci La apertura al turismo a todos lados provoc la apertura a la modernidad y por eso mi objetivo es siempre intentar mezclar lo moderno y lo antiguo Alfredo Pueblo 12 07 10 A palavra modernidade voltava ao discurso de Alfredo o qual tentava mostrar me com que se parecia uma cozinha tradicional antes que o turismo se desenvolvesse em grande escala e se generalizasse na ilha Alfredo explicava me a import ncia da nog o de compartilhar a cozinha antes da chegada do turismo e da operac o das diversas transforma es Numa cozinha tradicional de acordo com ele n o tinha essas mesas para turistas posto que todos se reuniam ao redor do fog o e comiam sentados em bancos de pedra com o prato nos joelhos primeiro o pai e a m e com os filhos os quais podiam ser numerosos pois s vezes havia fam lias de quatorze ou quinze filhos A cozinha n o tinha janelas A nica porta ficava aberta para dar um pouco de claridade escurid o deste espa o e deixar escapar a fuma a do fog o Outro elemento chave ressaltado do discurso de Alfredo era a conviv ncia com os animais a qual fazia parte da vida quotidiana tradicional Hoje em dia esta conviv ncia tende a ser evitada quer os turistas estejam presentes ou n o As galinhas da casa do casal s
31. a ilha nacionalmente Com respeito aos recursos materiais tur sticos surgiu o interesse em se recuperar os restos dos templos arqueol gicos pr colombianos situados no topo da ilha at ent o conhecidos sob os nomes de Coanos Acclicancha e Llaquistitis Papa Neste sentido sob a iniciativa de um funcion rio do ent o Ministerio de Ind stria y Turismo os nomes foram mudados para Pachamama e Pachatata Hodiernamente esses templos t m uma import ncia chave na atividade tur stica da ilha pois representam um dos principais elementos do programa tur stico Na poca do desenvolvimento do turismo tamb m foi promovida a festa tradicional de San Sebasti n durante a qual todas as comunidades da ilha encabe adas pelas suas autoridades subiam aos dois templos mencionados para efetuar ritos de agradecimento terra GASC N 2005 p 55 Feita a reparti o dos turistas cada grupo empreendeu a caminhada seguindo a sua m e hospedeira at chegar casa da fam lia a qual pode ficar afastada do porto Neste caso a primeira impress o percebida a dificuldade de acesso aos diferentes lugares da ilha As dist ncias n o s o longas mas o forte relevo do terreno dificulta qualquer deslocamento na ilha Neste esse aspecto h que se acrescentar o problema da altitude que pode provocar uma forte dor de cabe a e dores musculares fen meno comumente chamado nos Andes de soroche Essas experi ncias preliminares intera o direta
32. ao estilo tradicional A impon ncia de uma casa sendo constru da nos fundos do p tio parecia me confirmar o fato de que a propriedade estava habilitada para receber um n mero importante 88 de turistas e minha primeira impress o foi de ter chegado a uma pousada e n o a uma casa de fam lia O almogo j estava sendo servido aos turistas rec m chegados e tamb m fui convidado a entrar na cozinha para almo ar A cozinha era bastante espa osa e tinha muita claridade os raios do sol passavam pelas tr s grandes janelas da parede Havia uma mesa em que podiam sentar se seis pessoas duas pias com torneiras que davam a impress o de ainda n o estarem em funcionamento dada a grande quantidade de objetos legumes e utens lios sobrepostos sobre elas umas cadeiras de pl stico para sentar ao redor da mesa e ao lado de uma parede o lugar n o tinha muito a ver com aquilo que eu imaginava encontrar depois da minha primeira experi ncia na ilha Por m senti certo reconforto quando observei nos fundos da cozinha um recanto onde ficava um fog o a lenha tradicional feito de barro Na cozinha Olga continuava cozinhando ajudada pela sua m e comumente chamada de Mama Grande e o seu marido Alfredo As duas filhas do casal Alisson e Pamela estavam sentadas nas cadeiras de pl stico e brincavam Ao redor da mesa tr s meninas bastante jovens que haviam chegado um pouco mais cedo na lancha de uma ag ncia e respeitando o roteiro padr o que l
33. ao turismo internacional ou seja a partir da d cada de 1960 os urus se mudaram novamente e voltam a se estabelecer mais perto da cidade de Puno Assim incentivados pelo governo a se abrir ao turismo usando o seu pr prio modo de vida como atrativo tur stico os uros desenvolvem a atividade tur stica a partir do final daquela d cada Cabe ressaltar que apesar desta comunidade ter mantido o nome de Uros e tamb m o tipo de constru o tradicional das ilhas e seu modo de vida serem perpetuados at hoje em dia para fins tur sticos e econ micos por outro lado de acordo com v rios guias tur sticos n o existiria mais nenhuma pessoa de etnia Uru na regi o a popula o que nestas ilhas vive especialmente do turismo seria de etnia aymara e a ltima mulher de etnia Uru talvez possa ter morrido em 1959 GLOAGUEN 2009 2010 p 234 Por m considerando o car ter din mico da etnicidade n o se quer afirmar que uma nova identifica o como Uru n o possa surgir ou j tenha surgido por meio do turismo e esteja em processo de estudo A ilha de Taquile localiza se um pouco mais distante a tr s horas da cidade de Puno e recebe turistas desde o come o da d cada de 1970 As autoridades da ilha souberam desenvolver o turismo com base na venda do artesanato local e a apresenta o do uso social da vestimenta tradicional e dos seus c digos ainda em uso no dia a dia da popula o As autoridades estabeleceram pre os fixos para a vend
34. aumentando medida que os anos passam at chegar ao ano de 2005 Neste ano os nomes de origem estrangeira representam uma parte importante nas p ginas do livro As origens dos nomes s o bem diversas como testemunham os exemplos de alguns nomes observados influ ncia rabe Hazsuma Sherzade judia Margoth Yudith Yhimiliz Saul Ismael francesa Jean Paul Yeraldin americana Cliver Nelsen Erick Jhonathan Edy Kramer Sheysen Nelson Evelin Elvis Yeni Lizeth Nataly Clever Jil e Japonesa Mayumi Esses nomes registrados pelos pais das crian as s o mal ortografados pois s o escritos de acordo com a pron ncia espanhola do nome Yudith Yeni Yheesen Sheysen De certa forma nota se que a hist ria do turismo na ilha pode ser lida neste registro de nascimentos Um estudo inteiro dedicado ao fen meno dos nomes estrangeiros poderia talvez mostrar qual foi o avan o do turismo de acordo com as diferentes comunidades pois algumas comunidades se abriram mais cedo ao turismo se comparadas com outras e tamb m um estudo de acordo com os segmentos sociais das fam lias considerando se o fato de que as fam lias dos donos de lancha foram as primeiras a receberem os turistas segundo Gasc n desde a apari o do turismo at o final da d cada de 1990 Como observamos no cap tulo I pode se supor que a generalizac o crescente da atividade na ilha com o forte crescimento do n mero de visitantes devido ao controle da atividade p
35. cena do turismo eram os tr s filhos David Silv rio e Daniel os quais animavam as noites tocando e cantando m sicas ajudados pelo seu pai Julio Essas noites apareciam nesta primeira fase dando lugar a uma intera o mais espont nea com os turistas que cantavam com os garotos e tentavam tocar tamb m O sentido destas noites correspondia de certa forma s noites tradicionais que os membros das fam lias passavam juntos contando hist rias ao lado do fog o Reuni es familiares luz de velas 27 28 03 a noite de ontem com m sicas e cantos 04 12 83 O senhor Borda nos acompanhou tocando flauta peruana 13 01 83 Os guris fazem concertos noite 07 03 87 A noite dan amos e cantamos neste quarto Tinha cinco garotos tocando m sica tradicional e uma menina dan ando com Johan e eu Deduz se aqui a presen a de Flora dan ando sob a m sica dos seus irm os com os turistas 18 12 85 Levantei alguns depoimentos cuja vis o mais cr tica questionava a tend ncia geral de chamar o lugar de para so tentando mostrar o lado etnoc ntrico de querer conservar o lugar tal como era Neste aspecto desvenda se claramente atrav s dos depoimentos que o aut ntico se confunde com o paradis aco Qual seria o objetivo de conservar o lugar e preserv lo de qualquer mudan a Para o bem de quem Da pr pria popula o ou para o prazer do turista vindo visit lo e querendo comprovar essa autenticidad
36. certa representa o do mesmo objeto Naquela poca os objetos eram trazidos da Am rica para Europa Ainda persiste este tipo de apresenta o e representa o em museus e exposi es do ocidente Sally Price 2000 Por m poder amos supor que o turismo hoje em dia recria essas mesmas condi es nos lugares de proced ncia destes elementos tornando certos povos em meros objetos de representa o de uma dita cultura Se considerarmos a apresenta o do quotidiano e a exibi o da vida privada como um modo de representa o assistimos certa transforma o dos atores em meros objetos 85 Refiro me ao cap tulo II conversa com Alfredo p gina 104 154 culturais KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 55 Mesmo se o efeito desejado o contr rio pode se dizer que o produto da observag o na cena tur stica torna as pessoas em representantes de alguma realidade cabe dizer em artefatos Se o turista tem a impress o de vivenciar um encontro espont neo com as fam lias de Amantan as pr prias fam lias se tornam simbolicamente os representantes de uma imagem definida fora da ilha pelo discurso tur stico existente nos n veis regional e nacional A fam lia de Amantan se torna assim uma representa o do modo de vida rural aut ntico pronto a satisfazer um desejo Dessa forma elas representam o conceito do modo de viver rural por meio dos elementos propostos durante a intera o com os turistas que dura apenas
37. cidade de Tumbes O conquistador aproveita o estado de guerra civil no imp rio inca onde os dois irm os Atahualpa e Huascar disputam a sucess o ao trono de imperador para conquistar o territ rio No dia 15 de novembro de 1533 Pizarro chega cidade imperial de Cuzco centro do Tawantinsuyu e conquista o resto do territ rio situado no sul dos Andes peruanos e a regi o do lago Titicaca FAVRE 2003 p 105 A propriedade na ilha Taquile tradu o minha 86 Em 1646 Amantan e Taquile que pertenciam ao encomendero Don Pedro Gonzales de Taquila foram vendidas a Don Pedro Pacheco de Ch vez pelo rei Felipe V em virtude das dilig ncias feitas pelo Governo real em favor do tal encomendero MATOS MAR 1951 p 55 No mbito desta venda foram levantados os planos geogr ficos das duas ilhas Em maio de 1654 uma visita ilha teria sido efetuada por um inspetor mandado pelo rei acompanhado de Gaspar de Loaysa defensor dos ind genas sob reclama o da popula o ind gena insular para a restitui o das suas terras que teriam sido compradas em parte ilegalmente pelo propriet rio de ent o Don Pedro Pacheco de Ch vez Em 1656 aparece a not cia de que a ilha teria pertencido a Don Andr s Aparicio Em 1757 aparece nos t tulos que a ilha teria sido comprada por Do a Mar a Rosa de Bravo mulher de Don Silvestre Cuentas em beneficio do rei A partir de 1757 a ilha passa a pertencer fam lia Cuentas cujos herdeiros sempre
38. com o resto do seu grupo para subirem a Pachamama e Pachatata Enquanto com amos Olga e Alfredo almo avam tamb m sentados com as filhinhas nas cadeiras de pl stico ao lado da parede e comiam com os pratos em seus joelhos 89 Alisson a filha maior de oito anos comia sentada na mesa conosco Ela me aparecia bastante acostumada com a presen a dos turistas em sua casa e a fam lia n o ficava longe de n s como tinha sido na fam lia da Epifania A exist ncia de um espa o dual ainda n o aparecia aos meus olhos nesta cozinha da fam lia bastante jovem Alfredo e Olga que tinham por volta de trinta anos estavam ao nosso lado apesar de n o comerem na mesma mesa e nos deixavam conversar entre n s as turistas interagiam em ingl s comigo fato que exclu a a fam lia da conversa Por m repentinamente eu notei nos fundos da cozinha uma cena que me parecia estranhamente familiar e que me mostrava que certo espa o dual ainda existia nesta cozinha moderna onde a tradi o transparecia atrav s da presen a da Mama Grande a m e da Olga O pai da Olga Alfredo V Cari Mamani estava preparando a campanha eleitoral de outubro para se reapresentar como alcalde da ilha Tendo trabalhado como dono de lancha toda a sua vida tinha se ilustrado na vida pol tica da ilha sendo eleito governador em 1991 1992 e alcalde de 2003 a 2006 Na minha chegada encontrava se em Puno e de fato conquanto estivesse sozinha a Mama Grande ficava com a sua f
39. com trajes tradicionais similares quele de Epifania S a cor da pollera era diferente para algumas delas Todas tamb m fiavam com as suas bobinas sentadas de um lado da pra a Uma m sica sa a dos alto falantes fixados na parede de uma loja de conveni ncia do tipo das pequenas lojas chamadas de tiendas de abarrote situada na 32 Trata se do instrumento que se usava na administra o do imp rio inca para o censo dos dados estat sticos relacionados com a economia e a sociedade da poca Posto que n o existisse linguagem escrita o sistema do quipu funcionava na base da interpreta o de uma sequ ncia de n s feitos com v rias cordinhas coloridas amarradas a uma corda principal 33 Segundo elemento caracter stico que transportava o chaski nas suas corridas atrav s do imp rio o pututu um instrumento musical parecido com um trompete feito de concha ou de corno de animal e servia para avisar da sua chegada 4 Os chaskis eram os corredores oficiais do Inca que eram treinados para entregar mensagens objetos ou bens atrav s de todo o imp rio Eles seguiam os caminhos do Qhapaq an rede de caminhos imperial que vinculava os quatro suyus ou regi es do imp rio Inca Confec o artesanal andina t pica o chuyo um estilo de gorro que serve tradicionalmente para proteger a cabe a e os ouvidos do frio S mbolo da vestimenta t pica andina os turistas s o facilmente reconhec veis j que eles fazem um uso cotidiano dest
40. confeccionado localmente sobre Amantan no Instituto Nacional de Estat sticas e Inform tica INED para obter dados estat sticos sobre o turismo na regi o de Puno e Amantan no escrit rio da Dire o Regional de Comercio Exterior e Turismo DIRCETUR que corresponde representa o regional do MINCETUR em Puno na Biblioteca da Casa del Corregidor e na biblioteca municipal para obter refer ncias bibliogr ficas locais Tamb m conheci dois 16 coordenadores atuando em duas ONGs diferentes de programas de desenvolvimento do TRC na regi o Walter Pizarro CEDESOS e Rafael Toribio Maqque Collachagua C ritas Puno Em Amantan a estadia em diferentes casas de familias construiu a minha trajet ria e proporcionou em grande parte o conte do da minha observa o participante A primeira casa escolhida foi a casa de Olga e Alfredo mencionada por meu contato em Lima e as outras casas visitadas foram escolhidas em fun o das dicas dos habitantes com quem tive contato ou tamb m de forma arbitr ria ao decorrer dos meus encontros com a popula o nos caminhos da ilha uma vez que buscava acenar uma razo vel variedade de pontos de vista sobre a atividade tur stica Todos os dias foram ritmados pelo hor rio do caf da manh do almo o e do jantar preparado por cada fam lia respeitando o servi o que elas prop em pelo pre o estabelecido Dada a minha estadia prolongada na ilha estabeleci junto com as fam lias o valor de 2
41. consideradas em rela o no o de autenticidade percebida como o elemento estruturador da situa o social constru da no contexto da intera o tur stica Inicialmente para definir o pano de fundo desta situa o torna se necess rio referir se conceitualiza o te rica de Goffman com respeito exist ncia de dois espa os diferentes num contexto de intera o social gerando a possibilidade de analisar essa situa o de acordo com uma moldura Ela qualificada nas palavras de MacCannell como uma divis o estrutural dos estabelecimentos sociais MACCANNELL 1976 p 92 5 STOCKING George W Observers Observed Essays on Ethnographic Fieldwork Madison Wisconsin The University of Wisconsin Press 1983 It is no longer sufficient simply to be a man in order to be perceived as one Now it is often necessary to act out reality and truth MACCANNELL 1976 p 92 tradu o minha 73 De acordo com Goffman a zona de frente ou r gion ant rieure corresponde ao lugar onde se desenvolve uma representa o em que o aparelhamento simb lico colocado neste lugar foi definido como aquela parte da fachada que se chama o cen rio GOFFMAN 1973 p 106 2 Nesta zona de frente cabe considerar as duas categorias de normas estabelecidas pelo autor com respeito maneira pela qual o ator trata seu p blico durante uma conversa ou qualquer situa o de di logo e pela qual o mesmo ator
42. de casa correndo entre as pernas do turista enquanto ele come a experi ncia poderia ser considerada ent o de exageradamente aut ntica no sentido em que ultrapassa as concep es ocidentais de limpeza e a concep o de como deve se apresentar o interior de uma casa arrumado c modo e limpo O animal sendo impuro de acordo com esta cosmovis o simplesmente desapareceu de dentro das cozinhas e foi deslocado para lugares alternativos No caso do cuy ele fica escondido da vista dos turistas de tal forma que ele parece ter desaparecido das casas apesar da sua representa o 158 simb lica na vida camponesa andina Em Amantan o cuy continua sendo criado fora das cozinhas onde tradicionalmente ele costumava viver la importancia del cuy en la vida de los campesinos se debe no s lo a su car cter de animal dom stico tradicional y aut ctono sino tambi n a su estrecha convivencia en el interior de las casas y en el mundo ceremonial GUTI RREZ USILLOS 1994 p 280 A sua sa da definitiva do espago ntimo e o fim da conviv ncia ancestral entre o animal e as fam lias demonstra a exist ncia de certa colonizag o da intimidade ao considerar que o cambio de c digos en la producci n provoca igualmente cambios en lo social y en lo cultural GUTI RREZ USILLOS 1994 p 280 A transforma o da intimidade efetua se de forma progressiva na medida em que a atividade tur stica se intensifica nas comunidades e nas fam l
43. desde as zonas rurais para o desenvolvimento de um turismo sustent vel como ferramenta de desenvolvimento socioecon mico do Peru MINCETUR 2008 Desta forma se pretenderia planificar projetos n o s para que as comunidades sejam objetos de mera observa o no mbito tur stico sen o para que o mundo rural seja valorizado e que as popula es camponesas sejam inclu das dentro de um marco de desenvolvimento econ mico por meio do uso tur stico das suas tradi es e a apresenta o do seu modo de vida posto que o elemento chave do produto tur stico desenvolvido seja a cultura rural No n vel cultural este programa pretende assumir um papel fundamental com respeito conserva o e recupera o dos elementos que comp em a cultura rural com iniciativas da pr pria comunidade Para o turista este programa permitiria conocer las costumbres y la realidad social del pa s experimentando el estilo de vida de las comunidades PROMPERU 2008 Para o desenvolvimento deste programa uma estrat gia de diferencia o do produto tur stico tem sido elaborada para vender o destino promovido mediante uma caracter stica nova que qualifica o TRC o turismo vivencial Segundo o MINCETUR o vivencial seria um fator diferenciador e determinante para a elabora o da atividade tur stica no marco deste programa MINCETUR 2006 p 3 O elemento vivencial se caracteriza pela conviv ncia do turista com as fam lias das comunidades rurai
44. do terceiro mundo personagem do destino tur stico que se insere numa l gica de avan o tecnol gico mostraria ao contr rio que est ligado a m todos ancestrais e que se encontra margem da modernidade ocidental como forma de assegurar o sucesso do turismo e n o perder o interesse tur stico apresentado por sua pr definida autenticidade no discurso Nesse sentido Raymond 2003 cita 84 whereby those who are being watched go about their business as if no one were paying attention to them though we have long known that what we observe is changed by virtue of being observed KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 48 tradug o minha 153 A principios del siglo pasado cuando un campesino franc s llegaba a la ciudad o se equipaba en su casa de unas herramientas modernas y dejaba los zuecos de madera por unos zapatos suaves se estaba civilizando Hoy cuando un ind gena del altiplano andino o guatemalteco o de la Amazon a se viste de jeans y toma Coca cola es v ctima de un proceso de aculturaci n criminal Pierde su autenticidad y entonces su inter s antropol gico y tur stico RAYMOND 2003 p 60 N o se pode considerar que as fam lias da ilha n o sejam conscientes deste fato Assim Alfredo apesar de modernizar sua casa com vistas a criar um espa o de acolhimento para o turista est sempre preocupado com a mistura entre o antigo e o moderno com a preserva o desse aspecto aut ntico
45. e uns banquinhos de madeira para sentar do lado da porta da cozinha A cozinha n o comunicava com outro lugar da casa a porta dava sobre o p tio da propriedade Apesar de representar apenas uma parte da casa ela se dividia em dois espa os que automaticamente distingui logo depois de sentar ao redor da mesa Havia o espa o onde nos sentamos mesa os banquinhos e outros bancos colocados do lado das paredes e embaixo de uma janela que parecia ter sido feita recentemente Esse era o espa o de recep o dos turistas hospedados O segundo espa o era onde se cozinhava com o fog o lenha e nos arredores ao fundo da cozinha havia outro 3 Extrato do artigo intitulado A ilha mais escondida do lago Titicaca prepare se para viver uma experi ncia aut ntica em Amantan escrito pelo jornalista do Estado de S o Paulo Daniel Brito e publicado em 17 de fevereiro de 2009 Dispon vel em http www estadao com br noticias suplementos a ilha mais escondida do lago titicaca 325109 0 htm 50 espa o onde se percebiam as frigideiras e utens lios acumulados Foi ao lado deste fog o tradicional feito de barro num recanto no fundo da cozinha que Epifania e suas duas filhinhas almo aram ao mesmo tempo bem distantes de n s Num sil ncio religioso as filhinhas falavam bem baixo com sua m e e nos olhavam de longe de maneira bastante t mida O almo o estava servido Epifania adotou seu papel de gar onete e trouxe os pratos ser
46. em Amantan O caderno de campo embaixo do bra o as minhas duas semanas passadas no meio da poeira de uma montanha de velhos 12 De acordo com o meu relat rio de trabalho volunt rio como Brigadista Internacionalista Solid rio nos arquivos da COMIBOL em Oruro do dia 13 at o dia 24 de julho de 2009 O relat rio citado foi recebido pelo respons vel pelo Arquivo Regional Oruro Daniel Segales Callizaya no dia 24 de julho de 2009 Ver relat rio em anexo 3 p gina 180 31 arquivos me permitiriam mais que tudo observar de que forma o franc s que mora no Brasil ia se integrar equipe de trabalhadores bolivianos do arquivo constitu da de tr s ex mineiros uma arquiteta e dois trabalhadores tempor rios Percebi assim que o meu perfil de residente brasileiro sempre prevaleceu sobre a minha nacionalidade francesa nas conversas e perguntas feitas pelos meus colegas desde a minha chegada Eu fui integrado ao grupo de colegas de forma progressiva compartilhando sua intimidade profissional e adquirindo cada dia mais confian a Sempre lembrarei o gosto daquele p ozinho compartilhado no hor rio do tecito da manh ou da tarde que parecia um verdadeiro ritual de intera o e de partilha que todos esperavam com muita paci ncia O momento de compartir o p ozinho com manteiga e o caf durante esses dois hor rios di rios permitia me exercitar o trabalho do etn grafo sempre preocupado com a percep o m tua e o controle das i
47. entre os dois atores fam lias e turistas s o descritas da seguinte maneira no discurso de turistas N s chegamos a Amantan uma ilha completamente deserta e selvagem onde se vive como n s vivemos h talvez 200 anos Acolhidos pelos habitantes subimos a 47 montanha para chegar casa da fam lia que nos foi atribu da para passar a noite A E 28 casa fica no meio da montanha e tem que caminhar muito para chegar Ao notar a chegada de um barco mulheres com longas saias brancas e v us coloridos descem ao porto Um homem chama uma a uma e distribui os h spedes mais ou menos como se faz quando se monta um time para uma pelada de futebol O desembarque ocorre na hora do almo o quando as anfitri s preparam ch de coca com uma erva chamada mu a excelente para o est mago que a essa altura pode estar reclamando do soroche o tal mal de altitude que tamb m causa tontura falta de ar e dor de cabe a P Esses testemunhos me permitem insistir sobre a met fora da descoberta que representa essa excurs o ilha desde o momento da chegada at o momento da despedida Ao chegar o movimento criado pela presen a das mulheres e o discurso dos guias de turismo permite a cria o de uma din mica que parece natural aos olhos do turista que se encontra dominado pelas impress es que dela resultam Esta din mica cria para algumas pessoas certa irrealidade da experi ncia no mundo tur stico Por m como veremos mais adi
48. estabelecido entre elas e os turistas que chegam ilha e se hospedam dentro do universo ntimo das suas casas Neste contexto apesar de deixar claro o papel do pesquisador neste tipo de ambiente importante ressaltar que algumas fam lias anfitri s consideravam qualitativamente em alguns casos a presen a do pesquisador nas suas casas como a presen a de um turista ou em outros casos como a presen a de um intermedi rio cujo papel podia ser o de contribuir para promover a Eu odeio as viagens e os exploradores LEVI STRAUSS 1955 p 9 Tradu o minha Entrevista de Claude L vi Strauss por Bernard Rapp em 1991 documento do INA Institut National de l Audiovisuel Ver extrato do v deo http ethnolyceum wordpress com 2008 12 01 je hais les voyages et les explorateurs 13 ilha no exterior e incentivar o turismo livre aquele que n o requer passar pelas ag ncias de viagens e turismo da cidade de Puno Como veremos essas ag ncias prop em um roteiro tur stico na ilha vendendo a cultura local com a hospedagem na casa das fam lias nativas sem remuner las ao pre o estabelecido inicialmente Esta segunda percep o foi aquela que mais ressaltou durante a pesquisa de campo fazendo surgir certo discurso de superf cie permanente conforme ser abordado mais adiante Pelo fato de ter efetuado essa etnografia do turismo explorando a ilha de Amantan e as suas comunidades de maneira dual considerando o seu car te
49. fam lia Borda comunidade de Villa Orinoj n A pe a folcl rica organizada nos sal es de festas das comunidades os turistas vestem roupa tradicional para dancar ao som da zampo a e do tambor das bandas de adolescentes locais 199
50. franc s prepararia tamb m as comidas para seus h spedes Ele faria seu caf com sua cafeteira pela manh faria as liga es telef nicas que costuma fazer usaria a internet para poder prever a meteorologia da semana e se organizaria em fun o disso subiria em seus tratores para poder mostrar como se exerce a atividade agr cola na regi o Neste contexto pode se dizer que existiria uma semelhan a com a atividade tur stica efetuada em Amantan Enquanto o agricultor estaria recebendo seus h spedes que se interessam por seu quotidiano o desafio seria evitar uma mera encena o KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 48 Da mesma forma a atividade espont nea do agricultor ser alterada pelo simples fato de estar sendo observado Sendo que aqueles que est o sendo observados fazem as suas coisas como se ningu m lhes estivesse prestando aten o sabemos que aquilo que n s observamos alterado em virtude de estarmos sendo observados KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 48 Este fato marcaria a semelhan a da situa o quer seja na Fran a quer seja em Amantan Por m enquanto essa regra v lida com respeito atua o do observado ou seja de acordo com sua intera o com o turista o mesmo n o v lido com respeito representa o que resulta da intera o Podemos supor que enquanto o campon s franc s tender a mostrar as novas tecnologias e a moderniza o que influi positivamente em sua atividade o campon s
51. ilha mais escondida do lago Titicaca prepare se para viver uma experi ncia aut ntica em Amantan escrito pelo jornalista do Estado de S o Paulo Daniel Brito e publicado em 17 de fevereiro de 2009 Dispon vel em http www estadao com br noticias suplementos a ilha mais escondida do lago titicaca 325109 0 htm 3 Epifania um nome que vem do grego e significa manifesta o ou apari o Na religi o cat lica o nome se refere apresenta o de Jesus aos reis magos Na civiliza o grega antiga o nome se refere s divindades que apareciam aos homens Neste sentido a ironia se refere apari o de Epifania como divindade ou objeto da experi ncia tur stica efetuada pelo grupo de turistas hospedados em sua casa e que vieram com o prop sito de descobrir desvendar e de certa forma adorar a cultura local 48 Epifania nos estendeu o brago para nos cumprimentar e empreendemos em seguida a subida at a sua casa Ao sair do porto o pequeno caminho de pedra que levava at a casa de Epifania parecia novo da mesma forma que os arcos incrustados de s mbolos andinos inspirados da cultura pr incaica de Tiwanaku cujas ru nas da dita capital deste imp rio pr incaico eu acabara de visitar no dia anterior Chegamos a casa O port o de entrada da casa tamb m tinha um arco de pedra similar aquele visto ao subir o caminho na entrada da ilha Epifania mostrou nos diretamente o quartinho que ocuparia com meus
52. ilha para viver uma experi ncia nas fam lias e normalmente trazer um beneficio para elas De maneira estereotipada essas duas massas indistintas uma para a outra se encontram dentro do contexto tur stico padronizado na ilha e apesar de serem conscientes da heterogeneidade existente entre si e em si quase nunca se enxergam assim mutuamente Tentaremos agora entrar nos bastidores ntimos das fam lias da ilha de Amantan e por meio da observa o e participa o da vida quotidiana em v rias fam lias em diferentes comunidades da ilha enxergar a situa o criada de maneira particular para cada fam lia Cabe distinguir nesta massa indistinta de fam lias como a recep o do turista em casa reorganiza a vida ntima familiar Pude distinguir v rias tend ncias diferentes na ilha de acordo com a observa o efetuada para tentar qualificar a heterogeneidade das situa es de intera o existentes nas casas de v rias fam lias por meio do turismo Ze A face insular ocidental Pueblo Lampayuni Villa Orinoj n e Incatiana 2 1 Comunidade de Pueblo na casa de Olga Cari e Alfredo Sua a a nova transformac o dos bastidores O primeiro jantar consumido na casa de Olga e Alfredo n o se fez ao brilho das velas O casal da mesma forma que um n mero crescente de fam lias da ilha h poucos meses 98 aproveita se da luz el trica produzida pelos pain is solares colocados no teto da casa Assim a cozinha e os tr
53. llegaron los primeros turistas Flora tinha mais ou menos dez anos de idade quando chegaram os primeiros turistas em sua casa no comego da d cada de 1980 entretanto aparece no relato a chegada do primeiro turista em 1982 yo no pod a conversar con ellos porque casi no hablaba castellano Tan t mida era Cuando estaba en el colegio ten a que cocinar para ellos Ya llevo mucho tiempo cocinando para ellos Cuando mis hermanos se fueron a Puno a estudiar me qued aqu cocinando Antes los turistas se quedaban varios d as ahora unas horitas nom s se quedan Al principio no sab amos c mo hacerles dormir Les ech bamos lana e frazadas de oveja por el suelo No hab a s banas ramos unos cochinos Est bamos con la cara negra bien sucios est bamos Me acuerdo que los turistas nos llevaban al lago y nos lavaban Antes el champ no exist a nosotros us bamos una mezcla a base de orine fermentada con cenizas para lavarse el cabello Lo peor es que ten amos pulgas tambi n las pod amos ver saltando en nuestras cabezas Flora Villa Orinoj n 22 07 10 Ressaltam se deste relato v rios elementos importantes nas fam lias nas quais o turismo tinha ingressado bem cedo de uma gera o para a outra percebia se uma diferen a de atitude adotada pelas crian as Flora explicava a timidez e a dificuldade para se comunicar com os turistas da mesma forma como ocorria em outras fam lias como veremos mais adiante Hoje em dia a sua f
54. los sudafricanos Franklin Pueblo 25 07 10 Este exemplo de presente deixado pelos turistas para as crian as lembrou me de uma frase de um caderno de recados pertencente fam lia Borda escrita por turistas em agradecimento fam lia A frase dizia N o sei quem teve primeiro a ideia de dar uma bala para as criangas mas essa pessoa nunca devia ter pisado na ilha Nota se que o fato de presentear as crian as com objetos diversos como brinquedos caderninhos canetas balas e bombons estava se tornando um fator de diferencia o social na ilha entre as crian as representativo da desigual reparti o dos turistas entre fam lias 71 Trataremos do valor deste caderno mais adiante p ginas 117 118 e nas fotos do anexo 5 a partir da p gina 189 107 Resolvi efetuar uma pequena pesquisa nas escolas da ilha interrogando professores das escolas ent o existentes Na ilha de Amantan existem tr s escolas prim rias estatais nas comunidades de Pueblo Sancayuni Alto e Occosuyo uma escola prim ria privada adventista a primeira escola aberta na ilha em Sancayuni Campesina e um col gio o nico na ilha situado na comunidade de Lampayuni Encontrei me primeiramente com duas professoras da escola prim ria de Pueblo situada na pra a principal da comunidade Nesse dia as paredes do recinto da escola estavam em obras e notava se na parede que dava para o exterior do recinto da escola a imagem de um inca venerando o
55. meios jur dicos que devem ser eficientes Essas reas naturais protegidas apareceram no Peru a partir do come o da d cada de 1960 com o objetivo de preservar os recursos naturais de lugares que tinham um potencial ecol gico e social vinculado presen a das popula es rurais Essas reas naturais protegidas de tipo Reserva Nacional s o definidas como reas destinadas a conservar a diversidade biol gica e a usar de maneira sustent vel os seus recursos Existem nove reas deste tipo no Peru que s o administradas pelo Sistema Nacional de reas Naturais Protegidas pelo Estado SINANPE A Reserva Nacional do Titicaca assim como as outras reservas nacionais e reas protegidas do pa s permitem ao Estado mostrar a import ncia concedida prote o do meio ambiente e deste modo contribuem de maneira consider vel em vender o pa s como destino tur stico onde a presen a da natureza um elemento chave Segundo o Minist rio do Meio Ambiente MINAM essas reas geram gra as ao turismo um grande benef cio econ mico r 10 para o pa s De acordo com este ponto de vista a atividade tur stica permitiria tamb m contribuir para o desenvolvimento local das comunidades e popula es rurais re valorando e resgatando suas pr ticas culturais Assim para controlar regular e participar na evolu o da atividade tur stica nestas reas que o programa de TRC tem sido iniciado pelo MINCETUR na regi o d
56. nas casas dos seus anfitri es Antes de desembarcar na ilha o guia novamente nos explica como procederemos Van a quedarse en una de las familias de la isla Al desembarcar estar n separados por grupo de tres o cuatro e van a almorzar con las familias Luego nos encontraremos a las cuatro de la tarde en la plaza principal para subir a 2 Kent Michael A import ncia de ser Uros movimentos ind genas pol ticas de identidade e pesquisa gen tica nos Andes Peruanos In Perspectivas Antropol gicas sobre Sa de Gen mica e Identidades no Brasil R V Santos S Gibbon amp J F Beltr o Rio de Janeiro Editora Fiocruz 2011 2 Ver a figura 3 p gina 45 44 Pachamama y Pachatata los restos arqueol gicos situados en el punto m s elevado de la isla Ac en la isla las familias hablan el idioma qu chua En qu chua se saluda diciendo amamanta y se agradece con la palabra esparasunki Guia Amantan 26 07 09 s vezes o guia distribu a um papel com a tradu o de frases b sicas em ingl s espanhol e qu chua para segundo ele facilitar a comunica o entre os turistas e as fam lias Neste momento ele tamb m explica como se passa a noite nas casas das fam lias que em suas palavras s o definidas como casas b sicas Ele recomenda o que levar para a subida aos topos da ilha atividade prevista para o meio de tarde Para terminar ele insiste sobre a humildade das fam lias hospedeiras e aco
57. nos subt tulos a seguir 78 1 A segunda viagem a ilha de Amantan entre frente e bastidores do mundo tur stico insular Assim que sa do t xi na entrada do porto de Puno j fui abordado por um homem que vendia as passagens para a ilha Paguei os 15 NS pre o da passagem de ida para a ilha de Amantan Os outros passageiros pagaram o dobro pois todos fariam ida e volta sem permanecer mais de uma noite na ilha Foi preciso explicar a v rias pessoas da empresa lacustre que eu n o pagaria a passagem de volta posto ficaria mais de uma semana sem voltar para Puno Me voy a quedar all pues soy estudiante y voy a hacer un trabajo de campo en Amantan En la vuelta nom s pago el pasaje de vuelta Normalmente n o usual algu m ficar mais de dois dias na ilha por isso tive que justificar a minha situa o de pesquisador para n o ser percebido como puro turista e ter que pagar os mesmos pre os que os outros gringos que me rodeavam e dos quais sempre tentava me dissociar s 7h30 embarcava numa lancha colectiva pertencendo Empresa de Transporte Lacustre de Amantan cuja sa da estava prevista para 8h20 da manh Subindo lancha o capit o se apresentou para mim Ainda n o tinha ningu m na lancha e aproveitei para estabelecer o contato com o primeiro nativo da ilha que encontrava desde a minha chegada em Puno Nicol s era o dono da lancha gua Marina na qual eu viajaria Apresentei me para ele
58. p r do sol sobre o lago do que uma apresenta o sobre o significado das ru nas Ali s a maioria dos guias leva os grupos para um dos dois templos e n o aos dois Pachatata sempre fica mais cheio porque o p r do sol mais lindo daqui explicou me o guia durante a visita A fun o dos dois templos desta forma mudava de sentido tomando a fun o de certos mirantes naturais Como veremos mais adiante seria poss vel fazer certa releitura das ru nas destes lugares cerimoniais ao estabelecer o roteiro tur stico na ilha 17h30 O sol desapareceu Era hora de voltar para a pra a principal voltando agora pelo mesmo caminho J estava quase escuro e as mulheres de cada lado do caminho tur stico continuavam vendendo artesanato Chegando pra a tudo estava escuro mas a Epifania nos esperava com uma lanterna para voltarmos para casa Da mesma forma que antes do almo o fomos convidados a descansar no quarto antes de jantar Esses per odos de descanso obrigat rio me pareciam na verdade organizados de tal forma que os turistas n o pudessem verdadeiramente participar da vida familiar Sentei me na cama e acendi a vela para fazer as anota es no meu caderno de pr campo O colega franc s e o chileno estavam absolutamente cansados e come aram a dormir Eles estavam verdadeiramente doentes e estavam come ando a viver a experi ncia de vida aut ntica nesta ilha do lago Titicaca como um pesadelo perigoso A sensa o de
59. para so talvez se devesse pens lo atualmente como se fundado dentro de uma l gica de mantimento da ideia do para so atrav s das vias de desenvolvimento MARTINEZ 2009 p 59 Assim os discursos tur sticos produzidos nos pa ses emissores de turistas os quais recebem a propaganda dos pa ses receptores destes mesmos turistas contribuem em construir narrativas sobre os seus destinos tur sticos vendidos e apresentados como para sos atuais mais ainda com este novo conceito de TRC Assim existiria certa continuidade na produ o deste imagin rio alimentado pelos discursos tur sticos e publicit rios que vendem um destino e o trabalho e servi o de suas popula es como se fossem origin rios da poca da descoberta intocados zonas ainda genu nas pequenos para sos escondidos e protegidos do mundo exterior e moderno Na pr tica em Amantan o turista chega de lancha ele sabe que estar em contato direto com fam lias campesinas da ilha na casa das quais ele vai comer dormir poder observar de perto um modo de vida tradicional e talvez poder experimentar aquilo que na maioria dos casos motivou a sua viagem desvendar uma paisagem aut ntica nascendo do seu imagin rio nutrido pelo discurso ao qual ele foi exposto antes da sua chegada no local Neste sentido cabe remeter ao argumento de James Clifford com rela o defini o do trabalho de campo Poderia ajudar perceber o campo sendo ao mesmo tempo
60. para averiguar os tours propostos pelas ag ncias de viagem e turismo da cidade Pensei que a op o mais pr tica e econ mica para conhecer os principais s tios tur sticos seria passar por uma dessas ag ncias Diante da grande 35 concentra o de ag ncias presentes na rua e dos mesmos roteiros apresentados nos cartazes nas entradas entramos por acaso na ag ncia Peruvian Confort A atendente da ag ncia nos apresentou os roteiros propostos nas ilhas do lago promovendo o elemento que prevalece para qualificar as ilhas do lago Titicaca nos discursos sobre o turismo a autenticidade da experi ncia tur stica vivida no contato com as popula es nativas das ilhas O discurso da atendente como a maioria das publicidades tur sticas feitas para promover os destinos das ilhas do lago vendia essa autenticidade da mesma forma que nos artigos publicados em revistas especializadas Por exemplo em artigo publicado numa revista feminina francesa e intitulado LO ye gt 17 E a Destino m tico os tesouros do lago Titicaca afirma se o seguinte A 3 812 metros de altitude no altiplano andino o lago Titicaca consta de quarenta e uma ilhas entre as quais algumas ainda s o povoadas por ind genas que vivem da pesca agricultura e artesanato Dormir na casa deles uma novidade nas ilhas do lago o chamado turismo participativo permite fazer hospedagem nas comunidades ind genas O melhor compartilhar a sua vida participando da
61. pe Pdfs PUB Caso TAQUILE pdf C RITAS PUNO PROTURIS Proyecto Tur stico Integral para el Desarrollo de las Comunidades del Lago Titicaca Pasta com folders e CD do projeto nas comunidades da regi o de Puno DIRCETUR Bolet n Estad stico Regional de Turismo 2008 DIRCETUR PUNO mayo de 2009 DIRCETUR Guia Tur stica del Departamento de Puno Puno Documentos privados de Julio Borda Villa Orinoj n Amantan Documentos privados de Alfredo Sua a Pueblo Amantan INEL Puno Compendio estad stico ODEI Puno 2007 Libro de Nacimientos Registro Civil 1970 2007 Municipalidad del Distrito de Amantan MINCETUR Manual T cnico de Difusi n Educaci n Ambiental para Albergues en Zonas Rurales Plan Nacional de Calidad Tur stica del Per CALTUR Lima 2008 MINCETUR Manual T cnico de Difusi n Manejo de Residuos S lidos para Albergues en Zonas Rurales Plan Nacional de Calidad Tur stica del Per CALTUR Lima 2008 MINCETUR Manual T cnico de Difusi n Sistema de Tratamiento de Aguas Residuales para Albergues en Zonas Rurales Plan Nacional de Calidad Tur stica del Per CALTUR Lima 2008 MINCETUR Manual de Buenas Pr cticas de Gesti n de Servicios para Alojamientos en Zonas Rurales Plan Nacional de Calidad Tur stica del Per CALTUR Lima 2010 MINCETUR e AECID Manual del emprendedor en Turismo Rural Comunitario Lima 2008 MINCETUR e PROMPERU Gu a Tur stica Experiencias exitosas Turismo Rura
62. por la ma ana en el hostal Copacabana en La Paz el colega t cnico archivista Ramiro P rez Apaza para llevarme al Sistema de Archivo de la Corporaci n Minera de Bolivia COMIBOL ubicada en la ciudad de El Alto Recib las salutaciones y bienvenidas del se or Edgar Ram rez Santiesteban jefe del sistema de archivo COMIBOL que me explic c mo se desarrolla el trabajo de conservaci n de los archivos en los varios 180 centros de la COMIBOL en Bolivia y en el centro de La Paz El Alto desde noviembre de 2008 Visit el edificio nuevo construido en este centro destinado a recibir los documentos conservados y archivados en La Paz Conoc tambi n a dos colegas brigadistas colombianas y a un colega brigadista argentino todos archiveros y bibliotecarios profesionales trabajando como voluntarios en el centro de El Alto Despu s de un almuerzo con los colegas sal de La Paz en bus para Oruro capital del departamento de Oruro que queda a unas tres horas de La Paz para empezar mi trabajo en esta ciudad Llegando en la terminal me acogi el encargado del archivo regional de la COMIBOL en Oruro Daniel Segales Callizaya para primer contacto antes de empezar el trabajo al d a siguiente DEL MARTES 14 DE JULIO HASTA EL VIERNES 24 DE JULIO Mi colega Ramiro P rez Apaza me ense en la ma ana del martes 14 de julio el lugar que me fue atribuido para quedarme durante las dos semanas de trabajo ubicado en la Gerencia de la COMIBOL en Orur
63. possu ram maior parte das suas terras constituindo a maior hacienda da ilha MATOS MAR 1951 pp 51 65 Observa se no estudo que a ilha inicialmente possu da pelos ind genas antes da conquista passou a ser propriedade integral de particulares antes de ser fracionada em v rias propriedades diferentes Para a popula o insular as terras sempre t m sido suas posto que lhes foram retiradas injustamente MATOS MAR 1951 p 65 Neste contexto percebemos a conflituosa rela o existente entre a popula o insular e os brancos forasteiros da ilha denominados pelo t rmino de mistis com respeito quest o da propriedade da terra A partir do primeiro propriet rio oficial Don Pedro Gonzales de Taquila at 1930 e meados do s culo XX a ilha se manteve como hacienda possu da por diferentes fam lias de forasteiros mistis da cidade de Puno que foram dividindo e herdando as terras da ilha as quais antes de come arem a ser readquiridas pelos insulares a partir de 1930 eram propriedade de dez hacendados diferentes YUCRA PACOMPIA 2008 p 59 O processo de reaquisi o das terras pelas pr prias fam lias nativas foi finalizado na d cada de 1950 com o final da poca da hacienda A independ ncia total da ilha e das fam lias camponesas intervir em 1965 com a cria o do Distrito de Amantan que foi vivenciado como uma verdadeira independendiza o da ilha com respeito aos de fora Este per odo hist rico ainda mui
64. pr ximamente Este trabajo es un trabajo monumental tomando en cuenta el real mal estado de la documentaci n pero tambi n la cantidad de documentos rescatados y a ser rescatados en las varias empresas 181 mineras orure as Pude observar el avance del trabajo en dos semanas y se pueden imaginar pues los a os de trabajo que ser n necesarios para conservar y archivar la totalidad de esta documentaci n Los documentos que fueron objeto del tratamiento de conservaci n durante mi presencia como brigadista estaban compuestos por archivadores de palanca carpetillas legajos de papeles tarjetas vales recibos y varios documentos empastados Todos proven an de las empresas mineras de Santa F Morococala y de San Jos Machacamarca y correspond an a la gesti n de los a os 40 hasta los a os 90 Aqu establezco una lista de los tipos de documentos conservados informando si posible la proveniencia y el a o de stos Se conservaron durante mi estancia como brigadista e fichas de ingreso al almac n e notas de contabilidad e notas de traspasos e m ltiples radiogramas e fichas de ingreso de materiales e inventarios de almacenes e m ltiples vales y recibos e rollitos de saldos Kardex del a o 1972 proviniendo de Morococala e el registro de entradas y salidas de materiales de la empresa Tin and Tungsten Mines Corporation 1954 e el registro de entrada de materiales en Santa F 1946 hasta 1953 e planillas
65. presencia de culturas distintas genu nas y nicas pelo Country Brand Index PROMPERU 2008 Pode se dizer que a distin o do pa s nesta categoria tur stica vinculada com a autenticidade motivou a cria o oficial do TRC inscrevendo a promo o atual desta nova categoria de turismo dentro do marco da autenticidade discursiva Deixamos agora a esfera do discurso nacional para a esfera do discurso das ONGs tendo trabalhado e ajudado no desenvolvimento da atividade tur stica em Amantan Ao total s o cinco ONGs diferentes que ajudaram ativamente no trabalho de desenvolvimento da atividade de turismo rural e comunit rio na ilha de Amantan a Red Regional de Turismo Comunitario REDTURC TITIKAKA a Organizaci n de Gesti n de Destino OGD PUNO Swisscontact C ritas del Per C ritas Puno e o Centro para el Desarrollo Sostenible CEDESOS Todas essas ONGs t m uma atua o muito forte no trabalho de desenvolvimento do TRC nas comunidades das ilhas e da beira do lago Titicaca na prov ncia de Puno Elas atuam em v rias comunidades diferentes desta regi o ao mesmo tempo N o cabe considerar a atividade de TRC como espec fica somente ilha de Amantan mas numa din mica global do turismo nas comunidades rurais do lago Titicaca na regi o de Puno Amantan se distingue no sentido de que foi a primeira ilha depois de Taquile e das ilhas Uros nas quais as autoridades resolveram abrir oficialmente ind stria do t
66. que deve prevalecer na busca pela satisfa o do p blico turista Em Amantan vimos que o motivo da excurs o ilha a imers o proposta nas casas de fam lias as quais reagiram progressivamente a este tipo de atividade adaptando se modificando e transformando o seu habitat conforme a demanda tur stica crescente O ambiente ntimo permite a intera o e a apresenta o tur stica por meio da dita conviv ncia com as fam lias Por m preciso perceber qual a representa o que emerge deste tipo de atividade Conforme observamos na etnografia estabelecida em Amantan as casas das fam lias est o em progressiva transforma o para a recep o do turista criando assim espa os diferenciados em termos de comodidade e de autenticidade aparente A l gica da apresenta o e da representa o de realidades qualificadas como ex ticas n o uma novidade Desde a descoberta da Am rica numerosos objetos foram trazidos Europa constituindo enumer veis cole es de artes e objetos do outro mundo do outro lado do Atl ntico Essas cole es que formavam em v rios casos a wunderkammer ou gabinetes de curiosidades apresentavam os objetos de forma minuciosamente controlada O controle do espa o e da luz permitia criar efeitos sobre a apresenta o dos objetos os quais mediante sua apresenta o estavam sendo representados MASON 2002 p 53 A apresenta o controlada do objeto permitia configurar ent o
67. representam o produto tur stico b sico promovido e vendido para os turistas Neste contexto a presente pesquisa deve ser a partir de agora desvinculada de qualquer rela o com o simples relato de viagem ou impress es emp ricas sem fundamento cient fico Por m n o se pode negar que num mbito tur stico como aquele da ilha de Amantan ter conhecimento dos relatos de viagens pontos de vista e impress es formuladas pelos turistas exploradores em massa do nosso mundo moderno torna se relevante para qualificar o tipo de turismo realizado na ilha Deste modo os relatos de viagem impress es e testemunhos publicados em blogs variados de turistas na internet ou em artigos de jornais permitem descobrir de maneira subjetiva mas representativa como se faz o turismo na ilha de 14 Amantan Por essa raz o foi escolhido convidar o leitor a chegar ao local da pesquisa pela zona de frente ou fachada tur stica ou seja desembarcando na ilha atrav s da lente de um turista comum para mostrar de que forma se enxerga a ilha no mbito da excurs o comumente realizada Desta maneira usar depoimentos de turistas sobre a sua experi ncia tur stica permite apresentar a particularidade do roteiro tur stico praticado e visualizar o vivido pelo turista no decorrer dessa correntemente chamada excurs o aut ntica numa ilha do lago Titicaca Tenta se desde o comeco fazer aparecer o secular jogo de contato existente entre a popula
68. s destinos As ilhas Uros Taquile e Amantan se transformaram assim nos destinos tur sticos principais e mais representativos do turismo na regi o de Puno Note se que esses destinos se caracterizam por seu interesse cultural e o com rcio feito das tradi es das popula es nativas do lago dentro dos roteiros tur sticos da regi o Neste sentido os tr s destinos s o vendidos sobretudo por meio do discurso publicit rio que adota a autenticidade como argumento principal para exotizar esses destinos garantindo seu sucesso na arena do turismo Lembramos que desde a d cada de 2000 a quantidade de visitantes por ano triplicou em Amantan conforme as estat sticas apresentadas na introdu o assim como em meados da d cada de 1990 a cidade de Puno era o terceiro lugar privilegiado pelos turistas internacionais depois de Lima e Cuzco GASC N 2005 p 53 Este fato se explica pela atra o que exerce o lago Titicaca nesta regi o e tamb m pela sua situa o estrat gica de rea de passagem obrigat ria entre Peru e Bol via Al m disso Puno um lugar de parada b sica dentro de qualquer roteiro tur stico efetuado no sul do pa s no referido corredor tur stico Cuzco Puno La Paz entre as cidades de Cuzco Arequipa e La Paz Assim o circuito leva qualquer turista saindo de Cuzco para o sul a passar pela cidade de Puno Apresentarei brevemente os tr s destinos os quais combinados num tour de dois d
69. s quartos da propriedade familial disp em agora da luz el trica fornecida de maneira sustent vel Alguns meses antes todas as fam lias da ilha usavam velas para obter a claridade necess ria noite O jantar se fez nas mesmas condi es que o almo o Depois do jantar duas das tr s turistas hospedadas foram para a pe a folcl rica organizada numa loja de conveni ncia situada na pra a principal A filha maior do casal Alisson acompanhou as loja enquanto eu me dirigi casa dos pais da Olga situada a alguns metros descendo o caminho que passa pela casa do casal A noite anunciava se fria N o consegui distinguir bem como era a casa dos pais mas me pareceu que a luz da minha lanterna permitia desvendar outra propriedade cujas paredes brancas eram recentes Adormeci s 7h00 levantei me e subi para a casa de Olga onde o caf da manh seria servido para mim e para as tr s turistas antes de sua sa da da ilha P o com manteiga e geleia de morango mate de mu a Empreendi conversa com o Alfredo que durante os quatro dias nos quais fiquei hospedado na sua fam lia mostrou se sempre dispon vel para responder s minhas perguntas Eu estabeleceria pouco a pouco uma rela o de confian a com a fam lia cujo lar se tornaria para mim um lugar de parada obrigat ria em cada dia da minha perman ncia na ilha Desta maneira permaneci os quatro primeiros dias hospedados na casa de Olga e Alfredo que proporcionaram muito conte do m
70. se que a experi ncia tur stica reflete a l gica da busca por uma alteridade constru da discursivamente Essa l gica se renova atrav s de novos conceitos tais como a coloniza o da intimidade e desejo colonial os quais apesar de surgirem localmente s o fomentados no mbito nacional e global pelas pol ticas do Estado peruano Palavras chave Autenticidade Turismo Turismo Rural Comunit rio Comunidades Camponesas Fam lias Coloniza o da Intimidade Desejo Colonial Peru Ilha de Amantan Lago Titicaca ABSTRACT Amantani Island constitutes one of the main touristic attractions of the region of Puno in the Peruvian Highlands The island distinguishes from other local touristic destinations since it offers a cultural immersion which provides tourists with a roof in family houses These tourists visiting the island receive accommodation and food and have the opportunity to live together with the native family in addition to the quick visit of the island This tourism is locally known as vivencial tourism and enables to discover and live the day to day life in an authentic culture situated in the middle of Titicaca Lake at more than 3 000 meters above sea level Amantan has been integrated in a vast touristic program implemented by the State for a few years in order to diversify the national touristic offer and to develop the peasant rural communities Such program is known as the Rural Community Tourism
71. segunda etapa da divis o mencionada A intera o efetua se ent o num comedor grande enfeitado com objetos nas paredes e separado da cozinha criando assim uma configura o parecida com aquela de um verdadeiro restaurante Visto desta perspectiva poder se ia definir numa dimens o temporal o passado como zona traseira se transformando em zona de frente no presente Na casa da fam lia Borda o tempo se l nos diferentes lugares da casa A cozinha e o quarto de Julio e de sua mulher visto do exterior evocam uma dimens o intemporal na qual o turismo n o transparece lemos na segunda cozinha as marcas do avan o e da modifica o progressiva da zona traseira que corresponde ao come o do turismo a partir da d cada de 1980 os banheiros juntados propriedade os quartos do segundo andar para os turistas e os quartos do t rreo que n o mudaram desde a d cada de 1960 e a terceira cozinha com o fog o a g s poss vel qualificar as marcas dos elementos trazidos propriedade para melhorar o acolhimento dos turistas segundo uma estratifica o da mem ria leg vel nas paredes e na paisagem da propriedade ZONABEND 1980 p 226 Aqui o tempo aparece em estratos acumulados onde se l a forma de vida antes do turismo e as diversas formas de intera o com o turista desde a sua primeira chegada h 30 anos o tempo long nquo a inf ncia dos filhos marcada pela chegada dos primeiros turistas e a poca atual na qual a fam lia se tornou
72. simula o da realidade a qual dependendo da qualidade da presta o pode se confundir com a quarta etapa e Na quarta etapa passamos da zona de frente para a zona traseira Esta etapa uma zona traseira aberta aos de fora idem ibidem Ela caracterizada pela sua abertura para aquilo que normalmente fica escondido Revelam se nela elementos da realidade colocados em exibi o e A quinta etapa uma zona traseira que pode ter sido rearranjada ou alterada para a ocasional presen a do turista idem ibidem 17 e A sexta etapa a zona traseira definida por Goffman a qual corresponde ao tipo de espa o social que motiva a consci ncia tur stica idem ibidem Os dados etnogr ficos apresentados neste cap tulo pretendem definir a situa o social criada no cen rio tur stico de Amantan por meio da percep o metaf rica do espa o tur stico descrita acima Dessa forma consideraremos a ilha como um campo social em que se presencia uma multiplicidade de situa es estabelecidas entre zona de frente e zona traseira Veremos assim em que medida poss vel falar da exist ncia de bastidores dentro dos bastidores e projetar a situa o do turismo insular no espa o da cozinha de Epifania descrita inicialmente Entendemos por bastidores ntimos no caso da presente etnografia os lugares frequentados pelos turistas o espa o recentemente aberto para eles a casa das fam lias de Amantan No mbito da intimi
73. socializa o com os meus dois colegas chileno e franc s O papo estava ficando animado entre n s quando Epifania voltou de fora da cozinha na hora do matecito com uma bolsa cheia de artesanato ver artesan as c mprame Epifania Amantan 26 07 09 Surpresos pela proposta de venda da nossa anfitri assim que terminamos o almo o observamos sem dizer nada as pe as de artesanato que Epifania expunha no ch o para que compr ssemos algumas Ela se esfor ava para manter um sorriso no rosto e insistia estendendo bra o com as pe as para que pud ssemos toc las Eram gorros cachec is portas garrafa pe as que os meus colegas j tinham visto em outros lugares da sua rota tur stica no pa s Eles estavam resolvidos a n o comprar absolutamente nada A cena estava me constrangendo bastante posto que a venda deste artesanato parecia uma oportunidade a mais para se beneficiar economicamente da atividade tur stica pois como veremos mais 51 adiante as ag ncias n o pagam s fam lias o pre o normalmente estabelecido para o servi o e oferecido Aproveitei para fazer algumas perguntas a Epifania Qui n hace esta artesan a En d nde las hacen T las hiciste Eu havia percebido que o castelhano de Epifania era muito restrito e que ela tinha dificuldade para se expressar sem que fosse em qu chua Ela n o respondia realmente s minhas perguntas e fazia signos com a cabeca Acabou se o constrangi
74. um dia e que consiste principalmente na conviv ncia dentro da casa Por meio dessa intera o ef mera e da r pida introspec o efetuada pelo turista no espa o ntimo da fam lia pode se dizer que se opera certa constitui o e apresenta o de um todo mediante alguns elementos definidos pelo turismo A representa o assim definida em parte pela forma da apresenta o Neste sentido retomamos o poder simb lico da intera o o qual totaliza uma realidade dada a partir de uma apresenta o controlada da mesma forma que o faz a sin doque no n vel da ret rica Consideremos o argumento de Clifford 1992 o qual ao qualificar o valor do lugar da pesquisa de campo do etn grafo idealizado por Malinowski define que O vilarejo era uma unidade manej vel Ele oferecia uma maneira de centralizar a pr tica de investiga o e ao mesmo tempo servia de sin doque como ponto de interesse ou parte por meio do qual cada um podia representar um todo cultural CLIFFORD 1992 p 98 No sentido em que a experi ncia tur stica em Amantan tenta fundir a experi ncia do turista com aquela de um eventual etn grafo em campo de maneira idealizada o lugar se transforma assim num todo cultural No caso de Amantan a sin doque toma seu sentido com o novo significado atribu do casa Apesar dos empreendimentos feitos para diversificar a atividade tur stica na ilha sobretudo gra as ao desempenho das ONGs o maior atrativo
75. um ideal metodol gico e um lugar concreto de atividade profissional CLIFFORD 1992 p 99 Da mesma forma o turista pode iludir se com todo o romantismo da magia do etn grafo tal como idealizado por Malinowski Toda esta farsa serve para que o turista se desfa a momentaneamente da condi o de turista para assumir um papel mais distinto que se aproxima daquele da magia do etn grafo em contato com um nativo no contexto de um trabalho de campo ou fieldwork It may help to view the field as both methodological ideal and a concrete place of professional activity CLIFFORD 1992 p 99 tradu o minha 62 Entendemos como paisagem ex tica o produto da busca dos turistas em Amantan os quais pode se dizer que se dirigen a poblaciones ind genas con caracter sticas tipificadas como ex ticas o lo que es lo mismo con formas de vida muy diferentes a las de los visitantes que buscan establecer una relaci n en cierto modo similar a la tradicional es decir entre anfitriones e invitados PASTOR ALFONSO 2003 p 106 Neste contexto o turista buscaria um lugar no qual a rela o entre ele e o visitado n o seria compar vel com a rela o propriamente tur stica geralmente existente nos lugares do turismo de massa como Cuzco Nos lugares de turismo de massa o turista experimenta intensamente a rela o b sica existente entre visitante e visitado na qual se expressa o grande paradoxo da rela
76. uma microempresa tur stica familial A estratifica o da mem ria idem ibidem um aspecto que se observa de maneira clara no caso da propriedade dos Borda apesar de poder ser observada de modo geral nas 125 propriedades das fam lias hospedeiras cujos lares testemunham de diversas formas o avan o do tempo e as modifica es operadas para o turismo Essas transforma es n o transparecem obrigatoriamente de maneira vis vel mas a observa o da planta esquem tica das casas permite desvendar a acumula o dos estratos ao passar dos anos Essas transforma es podem ser importantes como na casa de Alfredo e de Julio ou mais humildes como no caso da casa da Epifania para a qual voltaremos agora 2 3 Comunidade de Lampayuni na casa de M ximo Juli e Epifania a outra interpreta o do recanto aut ntico da cozinha A casa n o tinha mudado A reprodu o do arco de pedra no port o da casa elemento que normalmente simboliza a entrada e sa da de cada comunidade da ilha acolhia me uma vez mais na casa da fam lia de Epifania O arco entra na din mica de querer enfeitar o lugar de moradia com o objetivo de torn lo aut ntico aos olhos do turista Ele existe no port o de v rias casas da ilha notadamente nas casas de quem trabalha com as ag ncias de turismo Assim visto de fora a est tica da casa deixava supor uma intensa atividade com o turismo Por m eu descobriria na manh seguinte minha chegada
77. visita de 22 838 estrangeiros em 2002 36 170 em 2004 e 36 256 em 2008 DIRCETUR 2008 As estat sticas mostram claramente que o fluxo de turistas estrangeiros para as ilhas n o parou de crescer durante a ltima d cada A ilha de Taquile tendo sido declarada Obra Mestra do Patrim nio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2005 por seu artesanato t xtil e as ilhas de Los Uros pela sua proximidade com a cidade de Puno e o car ter atrativo das suas ilhas flutuantes sempre atra ram um n mero consider vel de turistas que foi aumentando proporcionalmente 24 Entretanto notamos o crescimento s bito do n mero de turistas para a ilha de Amantan Ele triplicou no espago de dois anos e passou de 8 033 em 1998 para 25 786 em 2000 com a visita de 1 122 estrangeiros em agosto de 1998 e de 4 008 em agosto de 2000 O s bito aumento do fluxo de turistas em Amantan a partir desta data integra a hist ria do turismo na ilha e poderia assim representar um segundo surgimento deste turismo vinte anos depois da chegada dos primeiros turistas ilha os quais chegavam de maneira escassa num mbito de turismo alternativo conforme o que foi definido por Gasc n GASC N 2005 p 20 21 Este segundo surgimento seria marcado pelo come o da explora o da atividade tur stica e o com rcio de Amantan como destino tur stico privilegiado pelas ag ncias de turismo da cidade de Puno gerando o come o de uma poca de tr
78. voltar para as casas nas quais me hospedava no hor rio das refei es eu aproveitava o tempo da manh e da tarde para encontrar contatos estabelecidos e efetuar as minhas peregrina es nos caminhos insulares em busca de elementos a serem estudados As falas dos meus interlocutores n o foram traduzidas para o portugu s da mesma forma que as cita es bibliogr ficas Escolhi manter a cita o destas falas em espanhol para preservar o car ter original da pesquisa considerando que o espanhol n o representa um obst culo para a compreens o do leitor lus fono As palavras ou express es regionais que 18 poderiam dificultar a compreens o foram traduzidas em nota de rodap Entretanto as cita es bibliogr ficas em franc s ou ingl s foram traduzidas para o portugu s v lido ressaltar ainda sobre a pesquisa de campo alguns fatores que influenciaram seus resultados O principal deles o fato de se pesquisar na realidade da regi o andina com uma comunidade camponesa de etnia qu chua as barreiras da l ngua as diferen as conceituais e culturais s o elementos que devem ser considerados O meu conhecimento pr vio do Peru facilitou a minha aproxima o com os habitantes pois a barreira da l ngua j que eu me comunicava em espanhol n o representou problema nenhum Entretanto sendo a l ngua materna da popula o insular o qu chua e esta ltima sendo a l ngua na qual se expressam ao falar entre eles cons
79. 0 NS para a minha estadia di ria em cada casa Ter contato com diferentes fam lias e ficar em v rias casas era imprescind vel para efetuar a observa o participante Entretanto as minhas leituras pr vias tamb m me haviam alertado de que o fato de ficar muito tempo na casa de uma fam lia poderia gerar conflitos dentro da comunidade Considerei as observa es do trabalho de campo de Gasc n em Amantan Tener alojado a uno durante m s tiempo como fue nuestro caso romp a el equilibrio normal de las ganancias de los lancheros Cuando nos dimos cuenta de nuestro error cambiamos r pidamente de alojamiento pero para entonces ya hab an pasado unos tres meses GASCON 2005 p 226 Abaixo seguem as indica es mais detalhadas sobre a dura o das visitas e hospedagens efetuadas nas casas das fam lias 1 Casa de Olga Cari e Alfredo Sua a duas filhas de menos de 6 anos presentes Comunidade de Pueblo Estadia efetuada do dia 10 07 2010 at 14 07 2010 e em 26 07 2010 6 noites 2 Casa de Epifania e M ximo Juli duas filhas de mais ou menos 10 anos presentes Comunidade de Lampayuni Estadia efetuada do dia 15 07 2010 at 18 07 2010 4 noites Em julho de 2010 a convers o do Nuevo Sol NS era a seguinte 1 R 1 66 NS O valor pago diariamente correspondia ao valor de 33 R 17 3 Casa de Emerinciana e Emilio Mamani Juli uma filha de 22 anos e outra de 18 anos presentes Comunidade de V
80. 09 0 htm 173 ANEXOS ANEXO 1 MAPAS DA REGI O DA PESQUISA Fonte usada Google Earth 2011 A 5 goBogot J Colombie ui Br sil EIEN EOE o A PS w TNR E Y Y lino a Google E Ea 11 20 59 05 S 58 51152 52 0 sl v 351 m Altitude 3827 61 km Mapa do continente sul americano com os tr s pa ses citados na pesquisa Peru Bol via e Brasil 174 Amazonas Bolivie amp 2011 Google e gt dka uropa Technologies K G 11 MapLink Tele Atlas q 003 es as a d o i gt 4 9 20 56 04 S 74 32 30 03 O 4 Altitude 2520 92 km a N EE RS sa a i X q qo gt 3 Tr O A 15 51131 80 S 69 18 ar Ar STA Altitude 297 80 km Mapa do lago Titicaca e a fronteira entre Peru e Bol via 175 Amantan p Taquile fa Image Oj2 7 3 ARS S 15 43 53 84058 69 46 51 89 0 l v 3819m Altitude 77 05km CH2011Google S S jes Spotlimage gt res l 5 2011 GeoEyej 5 oog e 2011 Cnes Spot Image z I gt Image 2011 GeoEye y oog e Data SIO NOAA U S Navy NGA GEBCO 15 39 58 62 S 69 42 34 90 O l v 4026 m Altitude 8 57 km Mapa da ilha de Amantan com as comunidades camponesas e os templos arqueol gicos 176 ANEXO 2 ROTEIRO DE PERGUNTAS ENVIADO AOS TURISTAS ENCONTRADOS NA ILHA DE AMANTANI TRADUZIDO EM FRANCES INGLES E ESPANHOL PESQUISA DE TURISMO Prezado a amigo a Solicito a sua colabora o para responder a este qu
81. 1940 foto 123 FIGURA 11 A cozinha intermedi ria 1997 foto eretas 123 FIGURA 12 Fog o a g s e o caldeir o foto eee 124 FIGURA 13 Rela o do n mero de turistas hospedados na casa de Epifania 128 FIGURA 14 Planta esquem tica da propriedade de Miguel Yanarico Pacompia 139 11 LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 Mapas da regi o da pesquisa Fonte usada Google Earth 2011 174 ANEXO 2 Roteiro de perguntas enviado aos turistas encontrados em Amantan 177 ANEXO 3 Relat rio de trabalho volunt rio como brigadista internacionalista solid rio nos arquivos da COMIBOL em Oruro do dia 13 at o dia 24 de julho de 2009 180 ANEXO 4 Quadros estat sticos dos fluxos de turistas estrangeiros e nacionais em Los Uros Taquile e Amantan entre 1998 e 2008 fonte DIRCETUR PUNO o0ococccicicccccoconincnocncnnonononnos 185 ANEXO 5 O ON 189 12 INTRODU O l Je hais les voyages et les explorateurs LEVI STRAUSS 1955 p 9 1 Apresenta o do tema de investiga o Quando Claude L vi Strauss escreveu a frase inicial de sua obra Tristes Tropiques ele quis marcar a diferen a existente entre o seu trabalho de etn logo e aquele dos viajantes e exploradores da poca os quais expunham os seus relatos de viagem em eventos como as famosas confer ncias da Salle Pleye
82. 23 07 10 Esses dois templos pr hisp nicos com fun o ritual de agradecer s duas divindades andinas s o o teatro anual de um ritual chamado de Pago a la tierra durante o qual cada comunidade da ilha sobe aos topos com todas as autoridades insulares para efetuar o rito andino ancestral Antes da chegada do turismo ningu m subia os topos fora desta terceira quinta feira de janeiro para a qual a prepara o do ritual come a no dia anterior e tudo minuciosamente arrumado respeitando uma ordem l gica com alto grau de dramatiza o O ritual tradicional continua sendo feito neste dia Por m apesar de o ritual ser explicado brevemente a cada grupo de turistas na subida aos templos pode se dizer que hoje em dia se ele n o perdeu essa fun o ritual para as comunidades da ilha ele existe em paralelo fun o ritual tur stica da subida nesses templos para admirar a vista sobre o lago do alto dos dois templos redefinidos como mirantes naturais s seis horas da tarde o sol se p e em Amantan No meio daquele m s de julho o c u estava totalmente claro e sem nuvem aparente os topos andinos long nquos se refletiam nas guas im veis do lago Titicaca Num momento como esse a ilha parece ent o presa sendo dividida progressivamente em duas metades opostas que entram em ef mero conflito Do lado leste pode se perceber que a escurid o noturna j venceu o horizonte boliviano do lago deixando esta face da ilha j r
83. 28 1958 197 JUNIO 2 396 1338 3 139 201 459 295 JULIO 3 926 1293 4 260 209 3 533 135 AGOSTO 4 759 127 5 740 475 3 497 2 800 SETIEMBRE 3 362 1912 3 240 208 2 036 179 OCTUBRE 3 389 4 131 3819 310 2 054 259 NOVIEMBRE 2 2 6 660 2 556 594 1312 575 DICIEMBRE 1841 5 771 Hada 626 1324 567 TOTAL 37 351 35 343 42 114 4 455 22 838 7 680 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2003 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 3 295 3 421 2 809 472 1820 869 FEBRERO 2417 4 250 POE 622 1 680 747 MARZO 229 1575 4216 274 1 832 450 ABRIL 3 538 21697 2774 436 1 333 607 MAYO 3221 2168 5 050 28 1958 197 JUNIO 3 495 1338 3 139 201 459 295 JULIO 5 805 1293 4 260 209 3 533 135 AGOSTO 5 440 127 5 740 475 3 497 2 800 SETIEMBRE 4 784 1912 3 240 208 2 036 179 OCTUBRE 3 730 3 290 4 495 328 3115 263 NOVIEMBRE 3 360 3 345 3 930 364 2 364 225 DICIEMBRE 2 490 32 9 3 867 333 2 168 249 TOTAL 44 304 28 691 46 119 3 950 25 795 7 016 186 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2004 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 2110
84. 31 Voc dormiu na ilha Onde Puna assado ra sela aa aa e a ae aE R 178 32 Voc comprou artesanato na ilha ooooonconicinncnnoconnnconnnonnnnnnnnnn non nono nocononnnnnnncrna non ncn nc cnnncnnncnnnos 33 Quais visitas atividades voc praticou na ilha selecione ru nas Pachamama o ru nas Pachatata o vi o p r do sol o Dan as tradicionais com roupa t pica Inka Tiana assento do Inca o P asa Llanu fonte de vida o Calvario santu rio religioso o outros 34 Em que sentido diferencia se Amantan dos outros lugares que voc conheceu no Peru at hoje Ou lhe parece similar aos outros lugares que j visitou no pa s 35 Quais locais voc visitou visitar no pa s nesta viagem Lima Cusco Machu Picchu Nazco BoliVia QUIrOS Soria smne anotando ibn E eO EES Sir Enae ee IRA a Asa ai SRS eds d o erga aaa 36 Qual das duas ilhas visitadas voc preferiu Taquile ou Amantan Me POQUER ARDOR PR RO RR A RR RAP RR PD ORE DN 38 Em que sentido as duas ilhas se diferenciam para voc Ou n o notou diferen a nenhuma O isto nie A DOE dai E do dd di E TT ABRE Do E CC CEU 41 O que mais lhe chamou a aten o na sua viagem para a ilha de Amantan 43 Com que palavra voc qualifica esta experi ncia tur stica em Amantan 44 Coment rios facultativo MUITO OBRIGADO PELA SU
85. 42 las identidades subalternas con el fin de continuar extrayendo de ellas un sinn mero de beneficios VICH 2007 p 314 Esses benef cios visam responder a certa demanda pelo exotismo e assim permitir uma inser o do pa s no mercado mundial O turismo no contexto peruano pode ser qualificado no n vel oficial como uma atividade econ mica que visa desenvolver o pa s e suas regi es rurais como por exemplo a zona andina Entretanto esta atividade tamb m pode ser vista como una gran maquinaria discursiva que produce representaciones sobre la naci n con serias consecuencias no solo en las maneras que se conceptualiza la historia y las identidades culturales sino tambi n en las pol ticas p blicas que son siempre implementadas VICH 2007 p 315 Segundo esta vis o cabe analisar de maneira cr tica a import ncia crescente que tomou a atividade tur stica na trajet ria do desenvolvimento rural por meio de novas concep es da atividade tur stica nas comunidades camponesas rurais como s o os exemplos do turismo rural comunit rio ou vivencial Depois do surgimento espont neo deste novo modo de fazer turismo essas novas concep es foram institucionalizadas pelo Estado para criar nos ltimos anos o novo programa de TRC De acordo com este programa as culturas ind genas subordinadas poderiam usar os seus recursos naturais e culturais para melhorar sua renda implementando estrat gias diversas como o aproveitam
86. 5 2563 609 OCTUBRE 5256 2838 9071 1670 3575 1261 NOVIEMBRE 4168 5938 7862 1683 3159 2102 DICIEMBRE 3246 2471 4860 1186 2145 1521 TOTAL 52263 29023 74463 15419 36256 12689 188 ANEXO 5 FOTOS Tiradas em julho de 2010 Guillaume Perche O Muro Inca Inca Chinkana lugar sem uso tur stico onde existiria um t nel lend rio Os buracos no ch o mostram os lugares onde os comuneros tentaram achar o t nel para fins tur sticos sem sucesso na d cada de 1980 O espet culo do p r do sol sobre o lago visto pelos turistas desde o topo da ilha 189 per YA IS A Ha pas ADS Li R f e A 7 As ru nas do templo pr hisp nico de Pachatata visto desde Pachamama os dois topos da ilha Vin ititigiin 1144 Adalid aldo vi A casa em construc o de Alfredo e Olga comunidade de Pueblo 190 AA 4 E ra Pa Os quartos e a cozinha moderna na frente da casa em construc o LA E EX y lt Gh 3 aa cd A casa da fam lia de Epifania e M ximo Juli comunidade de Lampayuni 191 A gua do manantial do antigo jardim dos pais de Olga Cari comunidad de Pueblo Hoje em dia o jardim foi substitu do pela casa hospedaje do irm o e de sua mulher Gladys Quispe O filezinho de gua testemunha da antiga presen a do po o p X i O recanto da cozinha de Epifania de dia ao preparar o almo o dos alunos da escola o qual se faz por turno pelas m es dos alunos 192 Jantar ao b
87. 6 1 489 1139 378 1122 877 SETIEMBRE 2113 2 003 PERE 395 1116 847 OCTUBRE 2 869 3 120 2 701 411 672 893 NOVIEMBRE 2 344 4 981 1 937 313 567 958 DICIEMBRE 2024 7 629 2 284 464 797 1 266 TOTAL 28 124 30 932 15 952 3811 8 033 9 944 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 1999 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 2278 1 491 1472 212 510 544 FEBRERO 3 140 1349 2 420 451 730 647 MARZO 2910 511 2 540 411 415 780 ABRIL 2611 1641 2413 349 491 814 MAYO 2 541 1733 1997 431 349 310 JUNIO 2 452 1815 1 838 219 441 319 JULIO 2 531 1 531 2 134 130 341 434 AGOSTO 2 233 1433 1945 340 339 431 SETIEMBRE 2911 1540 2 333 412 430 417 OCTUBRE 3 441 1540 819 283 244 314 NOVIEMBRE 1040 1947 887 805 1012 1379 DICIEMBRE 1114 1621 857 790 978 1 244 TOTAL 29 202 19152 21 655 4 833 6 280 7 633 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2000 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 1187 997 2 547 670 2 789 3 421 FEBRERO 1216 1080 2811 504 3 888 4 531 MARZO 853 813 2 987 2 535 1 871 1015 ABRIL 3459 2 036 1 538 532 1219 927 MAYO 3 269 1547 1547 331 983 827 JUNIO 3 082 1 354 3 364 266 1614 838 JULIO 4 400 2513 6 100 470 3016 854 AGOSTO 5567 1666 741 518 4 008 548 SETIEMBRE 3 286 1226 5 299 400 1 288 2 688 OCTUBRE 3 588 3 8
88. 67 4 836 910 2 263 1138 NOVIEMBRE 3 708 8 470 3 260 T32 1976 1 004 DICIEMBRE 1536 6 745 1524 355 871 982 TOTAL 35 151 32314 43 224 11 209 25 786 18 773 185 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2001 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 2 597 1095 2612 387 1 538 644 FEBRERO 2 685 4 545 2 670 650 1177 615 MARZO 2075 18583 2 604 527 1520 830 ABRIL 3295 1724 3 588 307 1 543 641 MAYO 3 032 1529 3816 685 1942 1161 JUNIO 2 496 1195 3885 474 2 094 1057 JULIO 3771 772 6 108 414 4 547 576 AGOSTO 4819 3 031 3 194 641 4 263 869 SETIEMBRE 3 300 2 055 4615 480 2 667 832 OCTUBRE 3 822 5355 4 106 799 2 356 916 NOVIEMBRE 3361 5 043 4 154 617 2 238 6 616 DICIEMBRE 2 209 9 193 2269 2 269 1137 646 TOTAL 37 462 38 390 43 621 8 250 26 962 15 403 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2002 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 2522 3421 2 809 472 1820 869 FEBRERO 2 937 4 250 2099 622 1 680 747 MARZO 2 858 1575 4216 274 1 832 450 ABRIL 3114 21697 2774 436 1 333 607 MAYO 3 520 2 168 5 050
89. A COLABORA O Este trabalho depois de sua aprova o estar dispon vel no acervo da biblioteca da Universidade de Bras lia assim como nas bibliotecas comunit rias da ilha de Amantan Contato guillaumeperche O hotmail com 179 ANEXO 3 RELAT RIO DE TRABALHO VOLUNT RIO COMO BRIGADISTA INTERNACIONALISTA SOLIDARIO NOS ARQUIVOS DA COMIBOL EM ORURO DO DIA 13 ATE O DIA 24 DE JULHO DE 2009 INFORME A s Daniel Segales Callizaya ENCARGADO ARCHIVO REGIONAL ORURO DE Guillaume Maurice Admire Perche BRIGADISTA INTERNACIONALISTA SOLIDARIO REF INFORME DE TRABAJO VOLUNTARIO COMO BRIGADISTA INTERNACIONALISTA SOLIDARIO EN LOS ARCHIVOS DE LA COMIBOL EN ORURO 13 24 DE JULIO DE 2009 Fecha Oruro 23 de julio de 2009 Se or encargado del archivo regional de la COMIBOL de Oruro le presento mi informe de trabajo como brigadista internacionalista solidario en los archivos de la COMIBOL de Oruro iniciado el d a lunes 13 de julio de 2009 con una duraci n de dos semanas hasta el d a viernes 24 de julio de 2009 Este trabajo fue efectuado en el mbito de las II Brigadas Internacionalistas Solidarias para los archivos de Bolivia coordinadas por los se ores Lu s Oporto director de la biblioteca y archivo hist rico del congreso nacional de Bolivia y Javier Gimeno coordinador internacional de las Brigadas Aqu sigue el descriptivo de los trabajos que efectu durante mis dos semanas como brigadista LUNES 13 DE JULIO Me recogi
90. A DE ABREVIATURAS Centro para el Desarrollo Sostenible Direcci n Regional de Comercio exterior y Turismo Instituto Nacional de Estad sticas e Inform tica Ministerio de Comercio Exterior y Turismo Oficina Departamental de Estad stica e Inform tica Organizaci n de Gesti n de Destino Organizag o N o Governamental Comisi n de Promoci n del Per para la Exportaci n y el Turismo Proyecto Tur stico Integral para el Desarrollo de las Comunidades del Lago Titicaca Red Regional de Turismo Comunitario Titikaka Turismo Rural Comunit rio Universidade de Bras lia United Nations Educational Scientific and Cultural Organization 10 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Mapa da regi o de PU cia 40 FIGURA 2 Exemplo de folder distribu do nas ag ncias de turismo de Puno 43 FIGURA 3 A experi ncia visual da apari o da ilha de Amantan foto 45 FIGURA 4 A Plaza de Armas da comunidade de Pueblo foto 53 FIGURA 5 O cruzamento de olhares aos 57 FIGURA 6 O recanto na cozinha de Epifania foto seas 58 FIGURA 7 Mapa da divis o administrativa do Distrito de Amantan 85 FIGURA 8 Planta esquem tica da propriedade de Alfredo e Olga Cari Pueblo 103 FIGURA 9 Planta esquem tica da propriedade da fam lia Borda Villa Orinoj n 121 FIGURA 10 Fog o a lenha na cozinha original da fam lia Borda
91. Amantan o desejo do turista em viver a vida quotidiana das fam lias e observar a vida como realmente vivida no lugar realiza se por meio de sua presen a direta dentro do espa o mais ntimo a casa dentro deste espa o ntimo que o turista segundo ele tende a se aproximar ao m ximo de um modo de vida aut ntico que se apresentaria aos seus olhos de forma espont nea e natural posto que ele se situasse ent o dentro dos bastidores da vida quotidiana familiar Neste contexto sup e se que este espa o ntimo da fam lia torna se ent o um espa o social que est sendo transformado e reorganizado para o desenvolvimento da atividade tur stica Do ponto de vista do turista a complementaridade entre a realidade a intimidade e a participa o na vida quotidiana asseguraria a express o do aut ntico permitindo o sucesso do interc mbio tur stico realizado neste ato No caso da cozinha da Epifania por exemplo o turista tem a impress o de que se encontra nos bastidores onde a divis o entre zona de frente e zona traseira n o aparece mais confundindo se numa nica situa o caracterizada de aut ntica Refletindo um pouco sobre a situa o proposta o interesse da excurs o ilha de Amantan pareceria ser uma oportunidade nica e quase incr vel O turista que est viajando pelo Peru o qual pode j ter conhecido diversas regi es do pa s ainda n o teve um contato ntimo com as popula es ind genas das zon
92. FEBRERO 1787 1135 1 041 205 418 188 MARZO 5 379 1749 4 186 441 1813 734 ABRIL 4433 1361 4753 687 2159 701 MAYO 5 011 1910 5 165 737 2 820 713 JUNIO 6003 1445 3408 401 2230 421 JULIO 6 342 2613 7 518 1148 4 361 1159 AGOSTO 8 840 5228 5 093 3914 3 486 2618 SETIEMBRE 6 598 3825 5 245 1782 2899 1111 OCTUBRE 7 454 5 341 6 974 892 3 367 899 NOVIEMBRE 5 435 3774 6 043 1 363 2 464 991 DICIEMBRE 4171 6 800 2 291 1 295 1 732 1165 TOTAL 64 771 36 969 57 580 13 950 30 280 11 958 187 ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2007 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO FEBRERO MARZO ABRIL MAYO JUNIO JULIO AGOSTO SETIEMBRE OCTUBRE NOVIEMBRE DICIEMBRE TOTAL ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL A O 2008 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 3500 2300 5896 1211 2936 1281 FEBRERO 3987 1983 4320 1350 2987 980 MARZO 4936 3520 5632 1978 2867 812 ABRIL 5246 1965 4952 954 2458 682 MAYO 4325 2869 4587 1068 2549 954 JUNIO 3915 1381 4780 1291 2360 888 JULIO 5376 1276 9268 1004 4917 863 AGOSTO 4561 1206 7501 1009 3740 736 SETIEMBRE 3747 1276 5734 101
93. La Olga estaba embarazada cuando Pamela se qued aqu Muy buena era la Pamela por eso la llamamos Pamela a nuestra hija en recuerdo a ella Alfredo Pueblo 11 07 10 Notei tamb m uma foto de Olga vestida de cal a jeans e posando na frente de um avi o da empresa a rea nacional Aerocontinente Eu pensei Como podia ser que esta mulher que eu via preparar a comida do lado do fog o lenha vestindo pollera e falando qu chua fosse a mesma que aparecia nesta foto 68 A foto tinha sido tirada quando ela trabalhava com uma fam lia em San Isidro bairro de Lima durante oito anos A foto testemunhava esta poca da sua vida Na poca Alfredo tamb m trabalhava em Lima e os dois se conheciam Voltaram a Amantan para casar e ter a primeira filha Alisson Eles eram um exemplo comum de dois jovens que optaram por emigra o tempor ria para trabalhar fora da ilha como se costuma praticar na ilha diante da sobre explora o dos recursos econ micos da sobrepopula o e da falta de trabalho desde a venda das haciendas e da abertura total da ilha s leis do mercado capitalista Ante esta crisis del sistema tradicional agr cola los amantanefios han reaccionado poniendo en pr ctica tres estrat gias que usan conjuntamente La segunda estrat gia ha sido la emigraci n temporal La ltima generaci n de amantane os est abocada en su gran mayor a a la emigraci n absoluta obligada a reducir la presi n sobre los medios d
94. NCETUR o programa de Turismo Rural Comunit rio TRC Se Amantan n o fazia parte de nenhum circuito de turismo tnico ou alternativo no contexto tur stico da d cada de 1990 na regi o GASC N 2005 p 20 21 pode se dizer que ela est hodiernamente vinculada a v rios projetos desenvolvidos em numerosas comunidades da beira do lago Amantan foi inclu da em n vel nacional dentro do programa de Turismo Rural Comunit rio desenvolvido pelo MINCETUR e promovido pela PROMPERU a ag ncia nacional de promo o do turismo Localmente v rias ONGs da 25 regi o de Puno contribuem tamb m para desenvolver este tipo de turismo nas comunidades camponesas rurais promovendo a cultura local por meio de diversas campanhas de capacita es dentro das comunidades desde 2007 como veremos mais adiante O programa de TRC foi implementado na regi o considerando se a vantajosa localiza o da ilha perto de uma rea natural protegida que a Reserva Nacional do Titicaca criada no dia 31 de outubro de 1978 com o objetivo de proteger o ecossistema do lago e conservar a sua flora e fauna As reas naturais protegidas se estabelecem no Peru de acordo com a defini o da Uni o Mundial para a Natureza UICN Trata se de uma superf cie de terra ou de mar especialmente dedicada prote o e ao mantimento da diversidade biol gica tal como os recursos naturais e os recursos culturais associados S o administradas atrav s de
95. Tradicionales en los Andes Peruanos Madrid Ed Iberoamericana vervuert 2004 PRATS Lloren Antropolog a y Patrimonio Barcelona Ed Ariel 2004 PRICE Sally Arte Primitiva em Centros Civilizados Rio de Janeiro Editora UFRJ 2000 PRIMOV George Pantchef Ethnicity in Highland Peru Doctoral dissertation aprovada por Van den Berghe Pierre L Xerox University Microfilms University of Washington 1975 QUISPE ESCOBAR Adri n Recursos tur sticos paisaj sticos y sensoriales de la isla de Amantan In Revista Universitaria de la Universidad del Altiplano n 8 Puno UNA 1998 RAYMOND Nathalie Le Tourisme au P rou De Machu Picchu Fujimori leas et paradoxes Paris L Harmattan 2001 RAYMOND Nathalie El ecoturismo como fuente de desarrollo sustentable Un an lisis cr tico a partir de dos casos andinos y centroamericanos In Espacio y Desarrollo n 15 Lima PUCP Depto de Humanidades 2003 RIBEIRO Gustavo Lins e BARROS Fl via Lessa de A corrida por paisagens aut nticas turismo meio ambiente e subjetividade na contemporaneidade S rie Antropologia n 171 Bras lia 1994 RODRIGUEZ V SQUEZ Walter Ritual de dualidad complementaria en Amantan Gobierno regional de Puno Puno 2007 SHAKESPEARE William A Tempestade S o Paulo Editora Martin Claret 2006 SILVERMAN Helaine Touring Ancient Times The Present and Presented Past in Contemporary Peru American Anthrop
96. Trata se de batata ressecada chu o occa f gado de ovelha e um ch de mu a A fam lia representava umas sete pessoas morando na mesma propriedade Miguel e a sua mulher o filho Joaqu n com a mulher e as duas filhas A fam lia n o mostrava nenhum sinal de timidez ou constrangimento e me acolheu naturalmente apesar da minha chegada imprevista O come o da atividade tur stica nesta parte da ilha lembrado pela fam lia evocando o nome de Elias o famoso dono de lancha Joaqu n e sua mulher voltaram para esta parte da ilha recentemente Antes viviam em Lampayuni do lado ocidental porque l havia turistas e deste lado n o Decidiram voltar para propriedade do pai e ampliar a casa para receber os numerosos turistas que agora chegam nesta parte da ilha A propriedade profundamente transformada pelas obras em realiza o atra a a minha aten o Pedi ao filho de Miguel Joaqu n uma explica o das obras 138 FIGURA 14 Planta esquem tica da propriedade de Miguel Yanarico Pacompia comunidade de Colquecachi Caminho para a plataforma de ES Mo di Quarto para turistas 2005 ea DT Comedor para turistas em obras 2009 Casa do Joaqu n Quartos 1960 Quartos para turistas 2008 em obras Quarto do casal Cozinha Espa o mais antigo intemporal Joaqu n estava na parte final da constru o da sua casa sendo esta habilitada para receber mais turistas com dois quartos suplementares uma cozinh
97. Um segundo andar em cima da cozinha foi constru do ao mesmo tempo para disponibilizar pelo menos dois quartos suplementares A casa disp e hoje em dia de um nico quarto com duas camas para os h spedes Os animais tamb m sumiram de dentro da casa Os cuyes foram deslocados para outro espa o pr ximo cozinha um espa o cuja porta d na cozinha mas nunca fica aberta A presen a do animal dentro da propriedade percept vel pelos gritos que ele faz O muro do recinto de terra e o arco de pedra tamb m foram constru dos para se adequar demanda tur stica e dar um parecer de autenticidade M ximo trabalha a pedra do lado de Pachamama Trabalhar a pedra uma das atividades ainda existentes em Amantan A ilha vende pedra e produtos feitos deste material para a regi o Ele n o teve dificuldade para trazer e enfeitar a sua casa com esses produtos mesas bancos arco vaso sanit rio Na frente da casa h duas casas A primeira abandonada trata se da casa onde M ximo morava com a sua primeira mulher Ele construiu a casa atual quando se casou com Epifania Ao lado desta uma casa suplementar est sendo constru da para os filhos que v m passar alguns dias durante as f rias Na manh do primeiro dia hospedado na sua casa M ximo me trouxe um caderno de escola no qual estavam escritos os nomes de todos os turistas hospedados desde julho de 2002 N o se tratava neste caso de um tipo de Guest Book como aquele consultado na c
98. Universidade de Bras lia UnB Instituto de Ci ncias Sociais ICS Centro de Pesquisa e P s Graduac o sobre as Am ricas CEPPAC Programa de P s Graduac o em Estudos Comparados sobre as Am ricas CUANDO EL CUY TUVO QUE SALIR DE LA COCINA INTIMIDADE E TURISMO NA ILHA DE AMANTAN LAGO TITICACA PERU Dissertac o de Mestrado Guillaume Maurice Admire Perche Orientador Prof Dr Cristhian Te filo da Silva Bras lia DF 5 de Agosto de 2011 Universidade de Bras lia UnB Instituto de Ci ncias Sociais ICS Centro de Pesquisa e P s Graduac o sobre as Am ricas CEPPAC Programa de P s Graduac o em Estudos Comparados sobre as Am ricas CUANDO EL CUY TUVO QUE SALIR DE LA COCINA INTIMIDADE E TURISMO NA ILHA DE AMANTAN LAGO TITICACA PERU Guillaume Maurice Admire Perche Dissertac o de Mestrado apresentada ao Centro de Pesquisa e P s Graduac o sobre as Am ricas da Universidade de Bras lia em cumprimento as exig ncias para a obtenc o do t tulo de Mestre em Ci ncias Sociais Orientador Prof Dr Cristhian Te filo da Silva Bras lia DF 5 de Agosto de 2011 Universidade de Bras lia UnB Instituto de Ci ncias Sociais ICS Centro de Pesquisa e P s Graduac o sobre as Am ricas CEPPAC Programa de P s Graduac o em Estudos Comparados sobre as Am ricas CUANDO EL CUY TUVO QUE SALIR DE LA COCINA INTIMIDADE E TURISMO NA ILHA DE AMANTAN LAGO TITICACA PERU BANCA EXAMINADORA Prof Dr
99. a o de sua intimidade na arena tur stica As fam lias dos donos de lanchas os quais possuem mais recursos financeiros devido ao fato de trabalharem a mais tempo com a atividade tur stica transformam consideravelmente suas vivendas Essas novas casas ao buscarem respeitar o conceito de turismo vivencial poderiam ser consideradas fora da ilha de verdadeiras pousadas segundo concep o brasileira nas quais o vivencial permanece por meio das refei es compartilhadas nas cozinhas A experi ncia amantanenha mostra como a pr pria casa se torna na ilha um argumento para 163 poder receber o turista Ela precisa ser espa osa c moda moderna e ao mesmo tempo resguardar um aspecto r stico Na contraposi o entre o desejo de acessar a uma cultura aut ntica e o desejo de se beneficiar de uma atividade econ mica o turismo leva as fam lias amantanenhas a mostrarem a sua intimidade como um produto comercial Considero que essa intimidade das fam lias passa a ser o meio de produ o da atividade tur stica como recurso econ mico No meu entendimento por tr s do fato de hospedar os turistas nas casas a intimidade constitui o produto mais valorizado na cena tur stica Em toda a ilha se glorifica o valor da casa hospedaje para acessar ao recurso tur stico Este cruzamento de desejos se materializa em Amantan mediante a coloniza o da intimidade das fam lias A minha releitura do fen meno tur stico amantanenho mostr
100. a o o valor de nostalgia relacionado com o conceito de lugares de mem ria De acordo com a defini o do lugar antropol gico as fam lias que se encontram envolvidas com o turismo no mbito de suas pr prias casas podem ser vistas dessa forma como atores espont neos do seu quotidiano Neste aspecto eles n o se constroem no mbito tur stico como ex ticos Pode se dizer que a sua realidade tornada ex tica somente por meio do discurso sobre autenticidade ao qual s o associados mas que n o necessariamente representa sua realidade Assim em seu conv vio quotidiano a din mica criada pelo turismo acaba tornando a sua intera o com o turista em representa o image de ce que nous ne sommes plus AUG 1992 p 71 tradu o minha i 82 Phabitant du lieu anthropologique vit dans l histoire il ne fait pas d histoire AUG 1992 pp 71 72 tradu o minha 151 Nos cap tulos anteriores vimos como a vida das fam lias amantanenhas se transforma em espet culo para quem visita a ilha Recorremos tamb m ao conceito de Dean MacCannell que mostra como a realidade est apresentada de acordo com a autenticidade encenada As zonas de frente e traseira de Goffman s o complementadas por MacCannell nos espa os tur sticos pela exist ncia das zonas intermedi rias articuladas ao redor de um cont nuo dentro do qual ao encenar a cultura em zonas traseiras acabamos presenciando a cria o de
101. a a o em quatro comunidades da ilha Villa Orinoj n Occosuyo Occopampa e Colquecachi O coordenador deste programa Rafael Toribio Maqque Collachagua foi entrevistado em 9 de julho de 2010 nos locais da ONG em Puno O projeto PROTURIS teve uma dura o de tr s anos para ser implementado nas comunidades Come ou em julho de 2007 e acabou em julho de 2010 De acordo com Rafael este projeto funda se sobre v rios componentes De acordo com os depoimentos do Walter coordenador do projeto aplicado em Amantan pela CEDESOS entrevistado no local da organiza o em Puno c Jir n Moquegua 348 em 9 de julho de 2010 Folder de propaganda da associa o de turismo vivencial Rijchary Villa 66 principais melhorar a qualidade de acolhimento do turista nas fam lias por meio de capacita es em atendimento gastronomia cer mica artesanato servicos de guias tratar do tema da revaloriza o cultural das tradi es insulares mediante a visualiza o de um DVD intitulado Isla Amantan Tradiciones en el Para so elaborado pela ONG para as fam lias e da cria o de Centros de interpreta o pequenos museus onde se apresentam alimentos m sica artesanato e vestimenta tradicional O ltimo componente do projeto consiste em promover e comercializar o que foi feito nos dois primeiros componentes Segundo Rafael para o programa hubo un enfoque sobre el tema costumbrista de las comunidades Este programa considerado com
102. a casa em fun o do turismo aparecia como a passagem do universo familiar da zona traseira para uma zona de frente assemelhada segunda etapa da divis o estabelecida por MacCannell A cozinha os quartos o pr prio espa o do quotidiano da fam lia al m de ter sido modificado tinha sido reconstru do conforme certa vis o de realidade tur stica Assim podia se perceber que a fam lia morava atualmente numa nova dimens o definida como uma zona de frente adaptada e decorada para lembrar uma zona traseira Esta reconstru o da casa simbolizava uma reconfigura o do espa o familiar dentro de uma l gica tur stica que redefinia a pr pria funcionalidade da casa Essa funcionalidade era redesenhada para as necessidades dos turistas mais do que para a pr pria fam lia Isso caracteriza a zona de frente da segunda etapa a qual seria funcionalmente uma zona de frente cosmeticamente decorada com elementos lembrando as atividades da zona traseira e criando assim a atmosfera aut ntica MACCANNELL 1976 p 101 Assim os esfor os do Alfredo para adequar a pintura exterior das paredes e enfeit las com desenhos t picos ilustram esta l gica Al m disso o fog o a lenha constru do na cozinha moderna permite criar as impress es de estar nesta zona traseira lembrada A fam lia durante este per odo de reconstru o n o tinha mais nenhum lugar que fosse de uso dom stico e privado O nico espa o privado era ent o o espa o estabelec
103. a confec o durante a sua estadia na regi o 52 esquina da pra a do lado da igrejinha cuja porta estava trancada Os turistas chegavam pouco a pouco pra a criando assim certa estranheza na minha percep o do lugar Neste meio de tarde a pra a parecia se transformar num palco de teatro medida que chegavam os turistas lotando pouco a pouco os seus poucos metros quadrados observando seus quatro cantos e desesperadamente tirando as fotos de tudo aquilo que podia representar algo diferente ou ex tico aos seus olhos Sentia me como se estivesse em um museu a c u aberto FOTO 4 A Plaza de armas da comunidade e o monumento contempor neo Tirada em julho de 2010 Guillaume Perche Finalmente o guia chegou e juntou a trintena de turistas com os quais eu havia chegado de lancha Sentamo nos numa escada e escutamos a primeira das tr s interven es que ele faria durante o passeio Aqu estamos en Pueblo una de las diez comunidades de la isla y comunidad capital del distrito de Amantan Las familias viven de la agricultura cultivan sus 53 tierras y tienen ovejas lana de las cuales hilan tradicionalmente como pueden observarlo con las se oras que est n aqu hilando Las hilanderas de Amantan son muy famosas En la isla existen varios tipos de hierbas medicinales como la mu a que son usadas para curar los dolores de cabeza est mago u otros tipos de males Como pudieron notarlo al almorzar
104. a do artesanato cujos benef cios s o comunit rios e repartidos de maneira igualit ria entre os habitantes da ilha A ilha sempre recebeu um relevante fluxo de turistas gra as import ncia e promo o feita pelo Estado nos n veis nacional e internacional A ilha de Taquile aparece no roteiro dos guias tur sticos vendidos por todo o mundo desde a d cada de 1970 e a sua inscri o na lista do Patrim nio 2 Ver mapa da regi o p gina 40 38 Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO pela sua arte t xtil em 2005 contribuiu para aumentar o fluxo de turistas chegando a regi o e a ilha A ilha de Amantan a maior do lago Titicaca hoje em dia a terceira ilha mais visitada na regi o e onde se desenvolveu o turismo vivencial que tratamos no qual os turistas se hospedam na casa das fam lias e transformam segundo o discurso publicit rio a experi ncia tur stica numa experi ncia aut ntica Na verdade a ilha de Amantan apresentada nos guias tur sticos como um lugar privilegiado para se passar uma noite no lago Titicaca GLOAGUEN 2009 2010 p 235 A situa o geogr fica da ilha afastada da cidade de Puno n o permite fazer a ida e volta no mesmo dia Por essa raz o este tipo de experi ncia tur stica n o em verdade particularmente nova tal como mencionado no artigo acima Desde 1979 os habitantes da ilha de Amantan desenvolveram este tipo de turismo que se popularizou na regi o at se formalizar
105. a fam lia Borda No come o deste livro punham se em movimento as personagens 76 Documentos privados da fam lia de Julio Borda Villa Orinoj n Amantan 117 principais ou atores da hist ria repetida in meras vezes de formas diferentes os Bordas pais e filhos os quais apareciam iguais quilo descrito oralmente um pouco antes por Flora e Julio Os turistas descreviam as cenas espont neas que tinham vivenciado durante a estadia na fam lia A leitura dos depoimentos permitia me observar claramente a exist ncia de dois per odos diferentes correspondendo ao avan o do fen meno tur stico nas ltimas tr s d cadas Nos depoimentos entre 1982 e at mais ou menos 1994 os turistas passavam em m dia dois e quatro dias com a fam lia Eles insistiam sobre o car ter isolado e paradis aco da ilha a qual era assimilada continuamente a um pequeno para so onde a natureza as pessoas e os animais viveriam em harmonia e na simplicidade preservada da realidade tur stica do resto do pa s S pessoas e a natureza sem barulho da sociedade animais e pessoas em harmonia 17 02 82 La naturaleza est adecuada a las necesidades de la poblaci n 26 02 82 Um pouco de sonho neste canto perdido ainda preservado da onda de turistas que nos somos 04 03 82 Aqui como o para so terrestre 14 03 82 Eu acho que acabamos de achar o para so em Amantani 01 05 82 Nos sentimos como os prote
106. a foi transferida para o fundo do p tio principal e teve um uso por seis anos antes da constru o da nova cozinha e do comedor atuais A cozinha intermedi ria n o possui mais nenhum uso hoje em dia Ela permanece na casa apenas como vest gio de certa poca Uma poca intermedi ria na qual a intera o aos poucos ia mudando e se adaptando sempre mais ao conforto do turista o qual sem saber estava incentivando a transforma o progressiva do espa o de vida ntimo da fam lia Na primeira cozinha permanecem uma janela e a porta bastante estreita de tamanho original Uma janela maior tinha sido instalada poca Com respeito aos cuyes sempre permaneceram e ainda existem nesta primeira cozinha Eles n o tiveram que desaparecer posto que a pr pria cozinha foi deslocada para outro lugar Por m eles n o est o mais soltos dentro da cozinha permanecem dentro de grandes caixas em cima das quais se pode sentar O fato de ter uma segunda cozinha a partir de 1997 fez com que a fam lia n o tivesse que coloc los em outro lugar A cozinha intermedi ria um pouco maior que a primeira e coberta com papel de parede A cozinha nova possui hoje um uso puramente tur stico Flora tem sua pr pria casa mas cozinha na casa dos pais quando h turistas hospedados Com respeito aos seus pais eles preferem descansar ou cozinhar na cozinha antiga que nunca perdeu a sua fun o prim ria e Julio me confessou que a sua mulher ainda prepa
107. a maior e um comedor em obras As refei es dos turistas fazem se na cozinha dos pais no fundo da propriedade a parte mais antiga e que inicialmente era a nica constru o da propriedade Miguel n o me soube dizer quando foi constru da a cozinha Ela entra numa dimens o intemporal que data do tempo dos antigos Quando as obras estiverem prontas a recep o dos turistas ser feita na nova cozinha com comedor 139 tarde bati porta de mais uma fam lia tamb m capacitada pela ONG C ritas Puno Silvestre Suafia Calsin da comunidade de Colquecachi recebeu me em sua casa cuja configura o lembra a casa da Emerinciana em Villa Orinoj n Aparecem umas portas decoradas com lixeiras feitas artesanalmente Ele recebe turista h dois anos e construiu esta casa para trabalhar com o turismo Antes ele trabalhava com a agricultura e vendia produtos em Puno Silvestre estava satisfeito da sua atividade por m ele e a mulher pediram me para falar com a C ritas para que sejam oferecidos mais cursos de capacita o particularmente na rea t xtil Eles desejam ter forma o em arte t xtil para mostrar como s o confeccionadas pe as de artesanato t xtil em Amantan O jantar feito na antiga cozinha dos pais do Joaqu n foi compartilhado com tr s estudantes da universidade de Puno que participavam de uma excurs o escolar O sentido do vivencial era ausente durante este jantar A mulher de Joaqu n preparava a comida e nos
108. a para manter a intimidade familiar durante o processo de interag o com os turistas sendo a l ngua o ltimo elemento que permite neste contexto preservar a comunicag o dos membros da fam lia entre si O fato de poder se expressar sem ser entendido cria certa dimens o na qual os membros da fam lia se encontram entre si apesar da presen a dos de fora Dentro desta intera o a l ngua permite a cria o de um bastidor imaginado e impenetr vel no qual somente quem de dentro consegue interagir A popula o da ilha de l ngua materna qu chua O dom nio do espanhol varia sensivelmente dependendo das fam lias nas quais certas pessoas j moraram fora da ilha e se expressam sem dificuldade em espanhol Por m na presen a do turista o qu chua comumente usado para expressar aquilo que n o deve ser entendido e tamb m os coment rios sobre os pr prios turistas e suas rea es Pode se dizer que o uso da l ngua afasta a pessoa de fora do bastidor da zona traseira sendo apresentada no cen rio tur stico O casal recebe turistas desde 2002 trabalhando com ag ncias da cidade de Puno Em nove anos de trabalho recebendo grupos de turistas com as ag ncias de turismo M ximo empreendeu v rias modifica es na casa reorganizando de certa forma o esquema de vida dentro do espa o interior do lar familiar A parte da casa onde fica a cozinha foi ampliada criando assim aquele recanto percept vel desde o interior da cozinha
109. a que a intimidade sempre foi o elemento valorizado no local Por m a vida ntima das fam lias se exibe diante do turista na falsa pretens o de que a presen a estrangeira dentro de casa n o influencia o seu quotidiano Entretanto o poder simb lico da intera o mostra que o fato de estarem sendo observadas leva a uma atua o espont nea O turista levado a fazer infer ncias sobre o modo de vida local diante da observa o de partes limitadas de uma realidade muito mais ampla O turista presencia uma realidade constru da para recepcion lo vivencia essa curta experi ncia e parte levando consigo uma imagem estereotipada da cultura contempor nea camponesa A onipresen a do turista nos lares que seja direta ou indireta por meio da constante transforma o dos espa os privados e da paisagem insular de forma geral testemunham esta din mica de coloniza o da intimidade Pode se dizer que a presente disserta o contribui para a an lise qualitativa da pr tica do TRC H poucos anos o programa de TRC vem sendo amplamente implementado em diversas regi es e comunidades do pa s com a tend ncia de ser visto como um grande avan o para o desenvolvimento dessas comunidades Por m carecem estudos sobre a percep o deste novo tipo de turismo para as pr prias comunidades receptoras Desenvolver economicamente as comunidades rurais significa antes de tudo criar uma narrativa Essa narrativa se constr i a partir do discurso sobre u
110. a que cresce na ilha e que comumente usada pelas fam lias como bebida quente para acompanhar as comidas 56 insaci vel por algum tipo de exotismo e que buscam qualific lo de aut ntico que me dei conta de que experimentava o mesmo tipo de curiosidade Ser que eu mesmo estava sucumbindo a este desejo prim rio de observar umas pessoas na sua casa somente pelo fato de terem eles um modo de vida e costumes bem diferentes dos meus Isso n o se chamaria voyeurismo cultural Engra ado que neste mesmo instante percebi que as duas filhas do casal estavam nos observando enquanto comiam e escondiam seu rosto por tr s das m os timidamente quando olh vamos para elas Quais de todos n s eram os mais ex ticos e aos olhos de quem A fam lia as duas filhas do casal o modo de vida deles tudo era estranho para n s Por m para elas n s tamb m ramos seres diferentes e ex ticos Existia assim um certo jogo de espelhos atrav s do qual todos enfim estavam sendo observados por meio de certo cruzamento de olhares que eu percebia e que tentei representar na figura 5 de acordo com a dist ncia que separava o recanto da mesa tur stica local em que tirei a foto da figura 6 FIGURA 5 O cruzamento de olhares Fog o a lenha Recanto espa o ntimo da fam lia A cozinha da fam lia de Epifania 57 FIGURA 6 O recanto na cozinha de Epifania Tirada em julho de 2009 Guillaume Per
111. a se assim a presen a de um espa o ntimo aquele recanto ao redor do fog o tradicional dentro de um espa o ntimo j existente a cozinha Sentia que n o tinha como estabelecer um contato com a fam lia enquanto com amos pois a cria o deste espa o fazia com que eu me lembrasse do fato de ver uma pessoa de fora dentro do lar familiar A exist ncia aos meus olhos dos dois espa os dentro da cozinha interpretava na verdade a simples distin o entre o espa o dos de fora e o espa o dos de dentro ou seja a distin o da pr pria fam lia em sua pr pria casa Tal como analisaremos no segundo cap tulo a exist ncia deste espa o dual pode ser percebida de diversas formas medida que o fen meno tur stico se amplifica na ilha desde o come o da d cada de 2000 com o come o da oferta tur stica da ilha promovida e vendida pelas ag ncias de turismo da cidade de Puno Naquele momento na cozinha senti um curioso desejo que n o era s meu ao observar o colega franc s tirar uma foto sem flash s escondidas daquele recanto ou espa o ntimo da fam lia Queria poder ter jantado l do lado deste fog o a lenha junto com eles para compartilhar o quotidiano deles exatamente da mesma forma isso ia ser aut ntico pensei Um minuto depois senti uma vergonha no mais profundo de mim mesmo estava t o convencido de n o corresponder a este perfil de turistas que viajam para satisfazer a sua sede 38 A mu a uma plant
112. a sua vida quotidiana para se beneficiar da atividade tur stica Tentaremos a seguir verificar este argumento por meio da an lise do significado do conte do das intera es sociais ocasionadas pelo encontro tur stico nas casas das fam lias amantanenhas 2 O significado do conte do das intera es sociais existentes entre a popula o local e o turista estrangeiro 2 1 O lugar antropol gico como espa o de intera o espont nea A etnografia efetuada na ilha de Amantan nos leva a enxergar a nova situa o tur stica proposta pelo turismo rural como uma nova forma de configura o da ordem colonial num espa o cada vez mais estreito privado e ntimo Nesta configura o Amantan nos leva a refletir em torno da no o do lugar e do espa o Observamos como o espa o ntimo se encontra profundamente transformado adaptado modificado e reconstitu do de maneira diferenciada em vista das experi ncias tur sticas as quais marcam o quotidiano da popula o local Essas transforma es al m de serem percept veis dentro da paisagem insular compartilhada por todos os moradores transcorrem dentro do mbito privado da casa de cada fam lia transgredindo as fronteiras sociais normalmente estabelecidas dentro do espa o privado Assistimos assim reorganiza o de um espa o que contribui em constituir lugares dentro dos quais se estabelecem novas pr ticas sociais Para teorizar a nossa reflex o em torno da no o de
113. a tur stica orquestrada pelas ag ncias N o conseguia tirar da minha cabe a essa vontade de querer passar para o outro lado da fachada para entender o turismo na ilha desde o ponto de vista das fam lias N o esquecia essa vontade prim ria ressentida na cozinha da fam lia da Epifania quando ao brilho das velas tinha eu de repente sentido esse desejo de deixar a minha mesa e os meus colegas turistas para continuar jantando neste recanto da cozinha bem pertinho do fog o imaginando esse deslocamento espacial entre o meu lugar como pessoa de fora para o espa o de dentro 69 fazendo alus o passagem imagin ria entre a cena tur stica e seus bastidores ntimos na ilha de Amantan 70 CAP TULO II OS BASTIDORES NTIMOS OS TURISTAS E AS FAM LIAS DE AMANTAN S bado 10 de julho de 2010 Era a segunda vez que eu embarcava em uma lancha no porto de Puno com destino ilha de Amantan Um ano depois da minha experi ncia tur stica de descoberta da regi o e da ilha o objetivo era agora efetuar a minha pesquisa de campo Naturalmente dessa vez eu n o contrataria nenhum pacote tur stico com uma ag ncia de viagem e turismo da cidade O meu objetivo era chegar ilha fora das infraestruturas tur sticas Queria pegar uma lancha da comunidade para viajar com os pr prios amantanenhos que v m a Puno para comprar ou vender produtos Por m n o tive essa possibilidade Nenhum estrangeiro autorizado a viajar nessas la
114. acion pdf O mapa est dispon vel em YUCRA PACOMPIA Marcelino Amantan en el Titikaka Puno Ed Pedro Rojas L pez 2008 p 16 85 Antes de penetrar na ilha tamb m relevante ter um conhecimento hist rico pr vio da ilha Antes de ser redescoberta pelo turismo em 1979 segundo o pr prio incentivo da sua popula o e inclu da progressivamente dentro do roteiro tur stico da regi o Amantan da mesma forma que o resto das ilhas peruanas do lago com exce o de Taquile e das ilhas flutuantes de Los Uros eram desconhecidas do turista nacional e internacional Por m importante verificar qual foi a rela o entre a popula o insular amantanenha com o estrangeiro e o exterior antes da chegada do turismo Neste sentido ressaltamos o uso de refer ncias bibliogr ficas existentes sobre esta ilha e as outras ilhas do lago Titicaca com os primeiros estudos efetuados na regi o Embora muito cedo as ilhas do lago Titicaca tenham sido estudadas pelos antrop logos a exemplo dos estudos de Bandelier entre 1914 e 1916 o qual estudou as ilhas bolivianas de Koat e Titicaca atuais ilhas da Lua e do Sol as ilhas peruanas do lago n o t m sido objeto de uma pesquisa muito profunda exceto pelos estudos de dois antrop logos em meados do s culo XX Matos Mar e valos de Matos GASC N 2005 p 21 Publicados pelo IFEA Institut Fran ais d Etudes Andines e sob a dire o de Vellard encarregado pela s rie de p
115. adeira volta ao passado que contribui para criar parte da impress o de autenticidade e ilustra a busca do turista por essa autenticidade espacial e temporal que consiste em crer que em algum lugar n o apenas aqui n o exatamente agora talvez ali adiante em algum lugar em algum pa s atrav s de outro estilo de vida em outra classe social exista a sociedade genu na ARAUJO 2006 p 60 cit MACCANNELL 1976 Neste sentido essas impress es s o testemunhadas no discurso dos turistas Enfim chegamos a casa uma pequena constru o de terra com dois quartinhos e duas camas muito pequenas parecendo ser feitas unicamente para peruanos N o tem g s nem eletricidade e o banheiro fica no meio do jardim Na cozinha a m e da fam lia est preparando o almo o quase deitada no ch o perto do fog o Parecia que n s est vamos no come o dos anos 1900 com a cozinha feita integralmente de pedra e um simples fogo para cozinhar A sopa est pronta quinoa com legumes batatas e queijo assado com um ch para terminar O almo o faz se em sil ncio a nossa fam lia muito t mida eles falam qu chua entre eles e o nosso vocabul rio limitado em espanhol restringe a conversa Descemos para a cozinha onde seria servido o almo o juntamente com o resto da fam lia Entramos na escurid o da cozinha onde a mesa j estava pronta Minha primeira impress o foi uma mistura de receio e curiosidade uma mesa talhada na pedra da ilha
116. ais e estrangeiros O n mero de turistas chegando varia dependendo das diferentes pocas do ano constituindo uma temporada baixa de outubro a maio e uma temporada alta de junho a setembro o que testemunha uma chegada muito mais concentrada de turistas estrangeiros Ressalta se dessas estat sticas que o n mero maior de turistas chegando regi o pode ser classificado por nacionalidades aparecendo por ordem de import ncia considerando as estat sticas de fregiienta o dos hot is e albergues da regi o os turistas franceses americanos ingleses e japoneses que mais visitam a regi o Neste mbito de crescimento do fluxo de turistas na prov ncia de Puno observa se o mesmo tipo de crescimento do fluxo de turistas para as ilhas do lago acess veis desde a cidade de Puno entre os anos 1998 e 2008 As ilhas flutuantes de Los Uros atra o principal da regi o receberam a visita de 28 124 turistas estrangeiros em 1998 35 151 em 2000 37 351 em 2002 49 320 em 2004 e 52 263 em 2008 A ilha de Taquile vizinha de Amantan recebeu a visita de 15 952 turistas estrangeiros em 1998 43 224 em 2000 42 114 em 2002 48 180 em 2004 e 74 463 em 2008 Com respeito s estat sticas para o fluxo de turistas na ilha de Amantan registra se que esta recebeu a visita de 8 033 turistas estrangeiros em 1998 Este n mero triplicou durante o ano 2000 com a visita de 25 786 turistas estrangeiros neste ano A partir de ent o este n mero se manteve com a
117. al quando Amantan ainda pertencia ao distrito de Capachica antes da cria o do distrito independente de Amantan em 1968 As autoridades de Capachica se deslocavam ent o regularmente para Amantan exercendo certa press o sobre os camponeses os quais j viviam em posi o de subordina o com respeito aos seus hacendados embora na poca a ilha ainda fosse terra de hacienda Pero quienes han quedado en la memoria de los amantanefios como los individuos m s abusivos son las autoridades pol ticas del distrito de Capachica Estos personajes eran temidos por los campesinos pues todo contacto con ellos siempre conllevaba su explotaci n como mano de obra gratuita o la p rdida de bienes materiales Adem s cuando visitaban Amantan robaban ropas y alimentos a los campesinos GASCON 1999 pp 211 212 De acordo com Alfredo Julio Borda tinha muito conhecimento sobre esta poca e em sua propriedade ainda haviam buracos cavados na rocha onde os comuneros se teriam escondido para escapar das autoridades de Capachica quando estas vieram para enviar homens que combateriam junto com as tropas do ex rcito durante a guerra do pac fico Este aspecto hist rico me interessava e Julio podia representar ent o um bom interlocutor para dialogar sobre o fen meno tur stico na ilha Quando toquei na porta da casa no hor rio do almo o para me apresentar fam lia ainda n o sabia que estava entrando numa das primeiras
118. am lia ao chegar ilha Meia hora antes de chegar ilha meu est mago come ava a reclamar da fome e a agita o voltou a bordo da lancha Assisti ent o a uma cena a qual sem as minhas leituras pr vias talvez n o tivesse me despertado a aten o O dono da lancha pegou seu caderno e come ou a registrar o nome dos passageiros pela segunda vez Perguntava me De novo Por qu Ele estava formando pequenos grupos a serem repartidos nas casas das fam lias hospedeiras as quais ele avisara antes da chegada ilha Vendo que estava viajando sozinho ele insistiu sem sucesso em me incluir num destes grupos Final da viagem Todos desembarcaram Lembrei me do grupo de mulheres com os seus v us pretos e as polleras coloridas que nos acolheram na primeira vez neste mesmo lugar Desta vez o porto de Amantan encontrava se deserto Por m quando descia da lancha fui abordado por um senhor que parecia ter esperado a chegada da lancha colectiva De forma muito direta ele fez o convite para hospedar me em sua casa Hola amigo Solito est viajando Conmigo nom s se va a quedar Habitante da ilha de Amantan na chegada ao porto da ilha 10 07 10 Repeti lhe aquilo que havia respondido para o dono da lancha e empreendi a subida para chegar comunidade mais pr xima do porto a comunidade de Pueblo Imaginei ent o que a possibilidade de chegar ilha de maneira totalmente livre para poder escolher uma fam lia na casa de q
119. ansi o na vida insular da popula o local criando um verdadeiro mapa tur stico e uma reorganiza o da comunidade de acordo com esta atividade Em outra medida esta transforma o tamb m se percebe pelo aumento crescente da promo o da ilha feita nos guias de viagem internacionais Se at 1998 as publica es de guias de viagem n o escreviam mais de um ou dois par grafos sobre Amantan GASC N 2005 p 63 a pesquisa e consultas aos guias de viagens da d cada de 2000 demonstram o reconhecimento progressivo que teve a ilha sobretudo ao n vel internacional Deste modo as edi es de 2004 e 2010 do Lonely Planet dedicaram mais de uma p gina ilha de Amantan Do lado franc s o Guide du Routard dedicou somente um par grafo para a ilha na sua edi o de 2005 considerando a ilha como destino secund rio Por m na edi o de 2010 Amantan ocupa uma p gina inteira e destacada como um dos destinos principais considerando se a sua import ncia dentro do roteiro tur stico sugerido na regi o do lago Titicaca Insiste se no guia sobre o car ter inovador e aut ntico do tipo de turismo proposto na ilha o turismo vivencial de acordo com a categoria definida localmente Isso demonstra o car ter atual do desenvolvimento tur stico na ilha e na regi o de Puno em geral com a sua inclus o dentro de um programa de turismo relativamente novo na Am rica Latina realizado em escala nacional no Peru administrado pelo MI
120. ante para qualificar esta din mica entre discurso e experi ncia refiro me id ia de MacCannell o qual elabora o conceito de dial tica da autenticidade ARA J O 2006 p 58 Pisei pela primeira vez na ilha de Amantan neste contexto de reparti o dos turistas e tamb m me foi designada uma m e hospedeira para essa primeira estadia na ilha Tal como expressado no testemunho do turista anteriormente mencionado lembrei me das minhas aulas de educa o f sica no col gio quando o professor nos deixava a n s alunos montarmos o time para jogar futebol e quase sempre eu ficava entre os ltimos a serem escolhidos No caso de Amantan n o era a minha fraca ou pouca aptid o para jogar futebol que me deixava ficar por ltimo mas a minha situa o de solit rio que me levava a esperar at o final O guia me colocou com outro jovem franc s e um chileno os quais como eu viajavam sozinhos Assim conheci a fam lia e a casa da Epifania De forma ir nica considerando o significado do nome Epifania Amantan me apareceu por primeira vez a partir do conv vio na casa desta fam lia 2 Depoimento formulado por turistas que viajaram ao Peru participaram da excurs o para a ilha de Amantan e publicaram as suas impress es de viagem em blogs variados na Internet Dispon vel em http voyagesbylnetgueg over blog com article 14 2 1 ile amantani sur le lac titicaca 44348834 html 2 Extrato do artigo intitulado A
121. as oficiais para poder fazer parte do programa e obter licen as para hospedar turistas O material recolhido no MINCETUR demonstra uma real vontade de desenvolvimento das zonas rurais por meio desta nova forma de se fazer turismo mantendo um discurso oficial mediante o qual se sup e um objetivo principal o desenvolvimento Assim o Manual del emprendedor en Turismo Rural Comunitario publicado em 2008 o principal material distribu do nas zonas rurais pelo minist rio para de certa forma conscientizar as comunidades sobre a forma na qual deve funcionar o TRC Somos parte de los emprendedores de TRC y junto al MINCETUR queremos apoyar y promover el TRC en tu comunidad TE VAMOS A CONTAR COMO LO PODEMOS LOGRAR MINCETUR 2008 Ele distribu do nas comunidades rurais em conjunto com outro material produzido no marco do Plan Nacional de Calidad Tur stica del Per CALTUR com respeito a v rios assuntos de ordem t cnica para o desenvolvimento do TRC e das hospedagens rurais ofertadas para o turista Manual de buenas pr cticas de gesti n de servicios para alojamientos en zonas rurales MINCETUR 2010 Sistema de tratamiento de aguas residuales para albergues en zonas rurales MINCETUR 2008 Manejo de residuos s lidos para albergues en zonas rurales MINCETUR 2008 Educaci n ambiental para albergues en zonas rurales MINCETUR 2008 interessante observar o papel educativo e civilizador que o minist rio pretende desempenhar po
122. as rurais apesar de ter tido diversos contatos visuais com estas pessoas Chegando a Puno prop e se que ele vivencie uma experi ncia de vida em conjunto com uma fam lia de uma comunidade De certa forma a experi ncia sonhada aparece de repente como facilmente realiz vel Basta pagar um roteiro para satisfazer o desejo mais profundo do turista penetrar nos bastidores do universo tur stico peruano falar comer e viver com ind genas os quais at agora s eram vis veis nas ruas das cidades dentro do espa o p blico Agora seria poss vel conviver com eles dentro do espa o privado de suas moradias Passar se ia assim do p blico ao privado de frente para os bastidores da vida tradicional camponesa Por m a etnografia realizada na casa de v rias fam lias da ilha permitia desvendar a complexidade dessa quest o tendo em vista que nos lugares onde os turistas s o reunidos as quest es s o ainda mais complexas MACCANNELL 1976 p 96 Amantan permite 75 refletir sobre outra passagem do p blico ao privado no sentido em que o espa o privado n o mais um espa o privado sen o um espa o de servi o ao estrangeiro preciso considerar no caso de Amantan a abertura das casas das fam lias aos turistas como o uso de um novo tipo de espa o social destinado aos de fora Neste espa o eles teriam a possibilidade absoluta de observar compartilhar e experimentar detalhes os quais fazem parte normalmente de uma i
123. asa 127 de Julio Borda mas um simples caderno de contabilidade no qual constava uma cruz na frente do nome dos turistas cujo valor para a estadia tinha sido pago pela ag ncia FIGURA 13 Relac o do n mero de turistas hospedados por ano e por m s na casa de M ximo e Epifania Juli Ano M s Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2002 2 13 6 12 2 2003 3 13 31 3 2 2004 2 5 E 2005 8 2 15 18 3 3 3 1 2006 2 2 6 26 3 11 9 2007 4 9 2 6 1 a 2008 5 a E 2009 15 36 9 E z 2010 E z O n mero de turistas recebidos testemunha claramente a intensa atividade tur stica durante o per odo de alta temporada entre julho e outubro Normalmente as ag ncias efetuam a reparti o por fam lias de forma que cada fam lia trabalhando com uma ag ncia receberia um n mero equitativo de turistas a cada m s Por m observamos na rela o que o n mero de turistas hospedados bastante aleat rio Supondo que cada fam lia trabalhasse com v rias ag ncias de turismo cada ag ncia n o sabe exatamente se a fam lia recebeu turistas de outras ag ncias O sistema n o pode ser t o fi vel Al m disso o guia que quem decide a qual fam lia enviar turistas tamb m tem o poder de decis o que n o se funda sobre a equidade sen o no benef cio pessoal O mal reparto se efetua enviando um n mero muito elevado d
124. atividade tur stica ser recolhido aos poucos com o desenvolvimento progressivo da atividade de maneira compartilhada Aquilo que n o foi poss vel no n vel do macro a ilha toda pode ser conseguido no n vel micro as associa es trabalhando com um n mero restrito de fam lias em coopera o Nestor tamb m participou de viagens financiadas pelo MINCETUR para outras zonas rurais onde o turismo rural comunit rio estava sendo implementado como na prov ncia de Ancash e Lambayeque para ver como as popula es se organizavam Por m de acordo com ele resulta complicado implementar o turismo das mesmas formas em Amantan em particular em raz o do car ter insular do espa o O discurso de Nestor configura se como bastante parecido com aquele de Florentino Yanarico Cari presidente da associa o de turismo rural vivencial chamada Inka samana na comunidade de mais dif cil de acesso de Incatiana sendo a comunidade que menos recebe turistas Florentino assim como Nestor come ou a trabalhar com a OGD antes de continuar o trabalho com C ritas em 2006 A associa o em Incatiana representa 21 fam lias trabalhando em conjunto com as mesmas capacita es efetuadas na comunidade Eles recebem poucos 134 turistas por m a cozinha da casa est totalmente adaptada para a recep o dos turistas uma grande mesa com o len ol colorido o arco de pedra na entrada da casa um quarto com as decora es pregadas nas paredes o
125. bastidores ntimos observados Deste lado a modernidade adiantou a tradi o Aqui os turistas chegam em maior n mero S o duas a tr s vezes mais numerosos do que do lado ocidental Existem v rias possibilidades para explicar esta diferen a Essas comunidades t m um acesso menos distante saindo do porto de Puno do que para chegar do outro lado O gasto de combust vel das lanchas tamb m menor Uma outra raz o observada durante a minha estadia deste lado que se recebe um perfil de turista que n o existe do outro lado da ilha os grupos escolares de alunos da cidade e da regi o de Puno Outra raz o exposta pelo funcion rio da prefeitura o qual encontrei no caminho Remijio porque essas comunidades s o mais organizadas e mais solid rias A reparti o dos turistas faz se de P maneira mais igualit ria entre as fam lias e um turno respeitado Este fato me foi 136 confirmado por Marlene Mamani Yanarico que trabalhou com a ONG C ritas Puno em Occosuyo Ela tamb m capacitada para ser int rprete local de turismo Aqui las familias reciben dos o tr s veces por semana en temporada alta y m s o menos una vez por semana en temporada baja Tentamos respetar el turno Tambi n nos organizamos juntos en el sentido de que cada jueves todas las familias hacen la limpieza en la casa Es un ritual de la limpieza aqu el jueves Marlene Occosuyo 24 07 10 A organizag o das comunidades tamb m apar
126. be fr F database htm 54 Observamos neste caso a diversidade dos recursos tur sticos existentes dentro do roteiro que prop e a imers o nas fam lias e o atributo do patrim nio imaterial da cultura local o lado hist rico com a visita s ru nas e o recurso paisag stico natural que definido tamb m como sensorial QUISPE ESCOBAR 1998 p 67 A ilha possuiria portanto tr s tipos de paisagens diferentes florestal de altitude e rida Nessas paisagens o corpo humano usaria ent o os sentidos da vista da audi o do olfato e t til para perceber sensa es diferentes QUISPE ESCOBAR 1998 p 67 O autor se refere afirma o de Barthey com respeito s diversas experi ncias sensoriais sendo pratic veis em Amantan Este recurso sensorial poderia ser vinculado a outros atrativos os quais uma vez combinados seriam facilmente assimilados ao discurso publicit rio que visa criar uma autenticidade At chegar ao alto onde est o os dois topos da ilha descobrimos a vista panor mica acima do lago O guia nos deteve pela ltima vez para explicar como se cumpre o ritual anual do Pago a la tierra que acontece uma vez por ano na terceira quinta feira de janeiro Nos templos surpreendi me ao observar a quantidade t o relevante de turistas presentes numa rea t o pequena Os templos representavam um interesse bem limitado aos visitantes considerando se que os guias neste momento destacassem mais a observa o do
127. be lembrar inicialmente a situa o que me convenceu escolher a ilha de Amantan como lugar para estabelecer a minha pesquisa Tal como tentei mostrar mediante descri o do cen rio de intera o entre os turistas e as fam lias no cap tulo I ressalta se que o meu desejo de analisar a situa o tur stica neste mbito levava a lidar com duas situa es de intera o social diferentes a do turista com as fam lias e a do etn grafo com as mesmas fam lias ainda que estas duas categorias se mostrassem fundidas para os habitantes locais A experi ncia humana vivida nas duas situa es me permitiria analisar a situa o social gerada pelo encontro entre os dois atores nesta cena tur stica e seu significado para a popula o nativa por meio do discurso nativo e da observa o participante Neste sentido a minha observa o participante como pesquisador e como estrangeiro ou estranho na ilha permitiu me transitar entre as duas situa es enunciadas Encontrei me durante a pesquisa consciente de atuar em v rios pap is os quais propiciaram que eu pudesse observar situa es variadas Senti sobretudo ter sido recebido como turista misturado e acolhido junto com outros turistas nas fam lias como pesquisador fazendo um trabalho sobre o turismo na ilha como membro de uma ONG para desenvolver projetos e ajudar as fam lias a se capacitar para melhorar a atividade tur stica e enfim em todas as situa es como simples ajudante o qual vi
128. bitantes Esta transforma o de recurso estruturador que antes era a agricultura n o significa obrigatoriamente que este se torne o principal recurso econ mico El recurso estructurador no tiene necesariamente que ser el m s importante de la comunidad en t rminos econ micos ste es el caso del turismo en Amantan y en especial de una de las actividades que gira a su alrededor la hosteler a Actualmente los grupos de poder social y econ mico se establecen en torno a una actividad que pertenece al sector servicios y ya no alrededor de la agricultura como anta o GASC N 2005 p 76 Assim a experi ncia da abertura do turismo em Amantan em particular ao redor da recep o dos turistas em casa provocou uma importante mudan a estrutural a qual quer ser evitada pelo minist rio mediante seus avisos no manual do empreendedor os quais alertam Atenci n El turismo es una actividad adicional a las actividades econ micas que siempre realizas NO DEBES DESCUIDARLAS MINCETUR 2008 p 14 Neste sentido pode se dizer que aparece como um paradoxo pretender desenvolver a atividade tur stica por meio da hospedagem de turistas em casas rurais de fam lias significando assim uma importante entrada de dinheiro pretendendo manter da mesma forma as outras atividades tradicionais como a agricultura 4 Estrutura da dissertac o A disserta o divide se em tr s cap tulos al m da introdu o e das considera
129. cada ag ncia com respeito ao valor da excurs o pago ag ncia e o valor retribu do a cada fam lia por turista para a hospedagem e as comidas o discurso similar Les pagamos el precio fijo de 35 soles a cada fam lia por persona hospedada Atendente da ag ncia Inka Tours Puno 28 07 10 A nica ag ncia visitada propondo o pagamento da hospedagem e das comidas diretamente s fam lias por parte dos turistas a ag ncia All Ways Travel O discurso dos atendentes de cada ag ncia absolutamente similar com respeito ao roteiro proposto que corresponde ao descritivo do folder a seguir 42 FIGURA 2 Exemplo de folder distribu do nas ag ncias para apresentar os tours poss veis nas ilhas do lago Titicaca T9 INFORMATION U R UROS AMANTAN TAQUILE TOURS TO UROS FLOATING ISLANDS TOURS TO UROS AMANTAN AND TAQUILE ISLANDS ion 3 Hours departure at 9 15 a m Arrival at 12 15 p m We willl Duration 2 Days 1 night Departure at 8 00 a m the first day Arrival at 4 pm take a motorboat to go to Uros island we wil visit three different floating the second day Departure in tourist class motor boats we will visit the famous islands This native islanders speak aymara language The Uros people floating islands of Uros Here we will be able to appreciate the culture live totally interw with the TOTORA reed which grows abundantiy in Amantan Island is a beautiful peaceful island on lake Titicaca it is known for anaiai E it
130. cas para despreciar y segregar al ndio M NDEZ 1996 p 12 Em contraposig o os indigenistas buscaram legitimar a imagem do ndio como principal elemento para forjar a nag o Eles tentaram manter o ndio suas comunidades e suas tradi es para reafirmar a verdadeira face do Peru Estabeleceu se ent o neste discurso uma identidade nacional peruana a partir da valoriza o do ind gena n o s na hist ria com a import ncia do imp rio Inca mas tamb m no presente Por m na medida em que o discurso indigenista integrava o ind gena na o de maneira oposta vis o nacionalista crioula ele estava criando uma imagem do ind gena para legitimar seu projeto Assim se percebemos o indigenismo na Am rica latina como uma constru o discursiva das identidades ind genas preciso perceber a exist ncia de v rias tradi es indigenistas entre as quais prevaleceria a tradi o do ndio arqueol gico no Peru Cabe mencionar neste esfor o de qualificar o indigenismo latino americano de forma regionalizada aquilo definido sobre o ndio arqueol gico 146 Las diversas manifestaciones del indigenismo latinoamericano coinciden en sus intentos por utilizar los valores culturales precolombinos en beneficio de las formaciones nacionales Los mestizos latinoamericanos buscan en el ancestro aut ctono la alteridad definitoria de su identidad Incautaci n y recuperaci n conducen a la revalorizaci n simb lica del indio
131. chave considerar esse paradoxo resultante da percep o do ind gena do passado e do presente A identidade ind gena valorizada no campo tur stico desde o desenvolvimento da atividade n o a cultura ind gena nativa presente sen o uma identidade ind gena tur stica recriada e reinventada no presente em fun o de um passado glorificado e representado no presente Este passado trazido para o presente sendo reconstru do por meio de narrativas tur sticas para ser apresentado e vendido ao turista Isto possibilitado pela import ncia acordada aos restos arqueol gicos os quais combinados com a presen a das popula es ind genas que residem nos seus arredores proporcionam uma verdadeira impress o de continuidade entre passado e presente De acordo com v rios autores tratar se ia de uma constru o contempor nea do passado apresentada ao turista por meio de certo tipo espec fico de aplica o do indigenismo ao Tawantinsuyu nome do antigo imp rio inca o Incanismo VAN DEN BERGHE e FLORES OCHOA 2000 p 10 Nas palavras desses autores o incanismo seria uma ideologia local vigente na regi o de Cuzco articulada ao redor da admira o pelo passado inca e por todos os elementos 147 resgatados da antiga cultura aut ctone como a l ngua qu chua Paradoxalmente esta ideologia n o emergiu do discurso dos camponeses locais de l ngua qu chua herdeiros diretos da antiga cultura pr colombiana sen o do discur
132. che O hor rio da festa a qual me assustei ao ouvir a atendente da ag ncia falar no dia anterior chegou Essa festa era qualificada de tradicional pela ag ncia que me havia vendido o tour e no meu guia de turismo dizia se que era a festa de toda a comunidade GLOAGUEN 2009 2010 p 234 Depois de refletir bem com o colega chileno se ir amos ou n o pois o franc s estava realmente doente e j estava na cama resolvemos aceitar a roupa tradicional trazida por Epifania para vestirmos antes de ir para a festa A ideia de vestir me dessa maneira me desagradava um pouco o fato de usar uma tal roupa me levava a inventar a qualifica o de disfarce cultural para este tipo de atividade Parecia me que este disfarce n o era necess rio para poder ouvir e dangar a m sica dita da regi o Por m achei que a experi ncia seria interessante para observar o comportamento dos turistas neste contexto Vesti a roupa constitu da de um chuyo colorido e um poncho de cor cinza e marrom Epifania nos acompanhou at o sal o de festas da comunidade onde poucas pessoas esperavam os outros chegarem Na entrada um homem vendia bebidas e alimentos que 58 poderiam ser encontrados numa tienda de abarrote Os produtos eram praticamente os mesmos que se encontravam venda numa loja de conveni ncia Para os turistas isso se assemelhava mais com um bar mas n o era um bar Perguntei me por que vender esses produtos num local de fes
133. co C pac e renomear a pra a A obra foi empreendida poca pelo prefeito Toribio Sue a na poca Nadie sab a qui n era Manco C pac esta idea surgi con el desarrollo del turismo en la isla me contou o Alfredo esta obra expresa lo inc ico y muestra que nosotros venimos de la sierra Alfredo V C Cari Plaza de Pueblo 25 07 10 Este desconhecimento ainda atual posto que grande n mero de pessoas confunda o grande fundador m tico com outra figura De acordo com outros habitantes a est tua seria de C pac Kolla uma figura folcl rica importante da regi o de Puno e de apar ncia bem diferente desta de Manco C pac Os grupos de turistas apareciam no meio desta pra a todos os dias tarde da mesma forma como se fosse uma peregrina o quotidiana para os templos arqueol gicos de Pachamama e Pachatata destino da excurs o da tarde para observar o p r do sol sobre o lago Neste sentido parece que uma releitura das ru nas tinha sido feita pelas pr prias fam lias 92 e depois pelas ag ncias de turismo para torn las a principal atividade a se fazer na ilha Outro informante Julio Borda que eu encontraria mais tarde exclamaria M s antes para la fiesta de San Sebasti n sub an los lancheros a Pachatata despu s empezaron a subir las comunidades una vez al a o nom s el tercer jueves de enero para hacer el pago a la tierra pero ahora es diario que sube la gente ah Julio Borda Villa Orinoj n
134. con sus familias aqu se vive de forma muy humilde La poblaci n vive principalmente de la agricultura Vamos a subir a los templos arqueol gicos de la isla de donde van a poder observar la puesta del sol sobre el lago y al regreso bajaremos a esta misma plaza donde sus familias los esperar n Guia Amantan 26 07 10 Empreendemos a subida s ru nas de Pachamama e Pachatata situadas nos dois topos da ilha A caminhada era dif cil por causa da forte subida e da falta de oxig nio Todo mundo caminhava devagar e suspirava para chegar ao topo pelo caminho tur stico que parecia bem recente e visava facilitar a subida Uma crian a esperava todos os turistas num lugar determinado para tocar uma ef mera melodia com a sua pequena zampofia e pedir uma gorjeta O guia nos parou novamente metade do caminho para apresentar o calv rio Aqu estamos en el calvario que representa un lugar sagrado construido por los colonizadores A lo lejos pueden observar las monta as All se encuentra la ciudad de Puno de este lado pueden observar la pen nsula de Capachica y del otro lado lo que pueden ver es Bolivia Guia Amantan 26 07 10 Alguns turistas descreveram a paisagem vis vel durante a caminhada da seguinte forma Para continuar um encontro com o guia e o resto do grupo est programado s 16h00 na pra a principal para subir aos dois templos situados no topo da ilha e observar um fabuloso p r do sol Os caminhos que sobem na
135. cos Antropologia e Turismo Porto Alegre ano 9 n 20 pp 15 29 outubro de 2003 BERENGUER Ester P rez e GASC N Jorge El impacto del turismo y de los proyectos de desarrollo de ONG s en la estructura social y econ mica de dos comunidades andinas Agricultura y Sociedad n 84 1997 pp 225 252 BERREMAN Gerald D Etnografia e controle de impress es em uma aldeia do Himalaia In Desvendando M scaras Sociais Rio de Janeiro Livraria Francisco Alves Editora 1975 BHABHA Homi K O Local da Cultura Belo Horizonte Editora UFMG 1998 BOUYSSE CASSAGNE Th r se Le Lac Titicaca Histoire perdue d une mer int rieure In Bulletin de l Institut Francais d Etudes Andines Lima pp 89 59 1992 166 BUARQUE DE HOLANDA S rgio Vis o do Para so S o Paulo Editora Brasiliense 2000 CLIFFORD James Traveling Cultures In Cultural Studies NELSON C TREICHLER P e GROSSBERG L orgs New York Routledge pp 96 112 1992 CONTRERAS CARRANZA Carlos Historia del Per Contempor neo Desde las luchas por la independ ncia hasta el presente Carlos Contreras y Marcos Cueto 4 Ed Lima IEP 2007 Estudios Hist ricos 27 DOUGLAS Mary Pureza e Perigo Lisboa Edi es 70 1991 FAVRE Henri Les Incas collection Que Sais Je Paris Presses Universitaires de France 2003 FOUCAULT Michel A Ordem do Discurso S o Paulo Edi es Loyola 2008 GASC N Jorge Gringos como en s
136. da configura o da casa Minha entrevista com Julio Borda sobre a configurac o da sua propriedade me permitiria observar como a grande aventura do turismo come ou para ele e em qual contexto de intera o A casa tinha sido transformada para os turistas e podiam se perceber as etapas progressivas desta transformag o ao observar a configura o da casa Entender se ia melhor desta forma como a sua casa testemunhava do progressivo avan o do turismo na ilha e como a tend ncia atual na ilha inteira de certa forma se refletia no exemplo paradigm tico desta casa A cozinha na qual eu estava sentado ao lado de Julio Borda naquela noite do dia 22 de julho seis anos antes era inexistente Esta cocina y el comedor no exist an hab a un pequeiio terreno era un canch n de ovejas Julio Borda Villa Orinoj n 22 07 10 Hoje em dia as ovelhas ficam num espa o muito estreito do lado de fora da casa no n vel da entrada A redu o dos terrenos para a amplia o das casas da mesma forma vista na casa de Alfredo Suafia e do irm o de Olga em Pueblo era um fen meno bastante recente vinculado atividade tur stica Antes todos ten an una casa peque ita con un terreno grande para los animales Ahora es el contrario pues casa grande terreno chiquito nom s tienen Julio Borda Villa Orinoj n 22 07 10 Para entender melhor as etapas sucessivas da reconfigura o da casa ao longo dos anos de explora o do recurso tur stic
137. da cultura local Essa ltima quer se assemelhar a uma inicia o etnogr fica que em muitos casos se revela ser uma experi ncia frustrada para o turista desejoso de descobrir a dita aut ntica cultura camponesa amantanenha Definimos que o turismo vivencial uma categoria que decorre do programa de TRC implementado pelo MINCETUR e promovido pela PROMPERU os quais impulsionam o turismo em Amantan entre outros destinos rurais no pa s como maneira privilegiada para viver e testemunhar uma cultura aut ntica Apesar de a ilha ser vendida como destino de TRC desde 2008 a hist ria do turismo em Amantan n o t o recente Em 1979 a ind stria do 161 turismo se instalou pela primeira vez em Amantan a partir da iniciativa da pr pria comunidade A pesquisa efetuada na d cada de 1990 por Gasc n mostrou que os poucos turistas que chegavam ilha naquela poca beneficiavam o grupo social das fam lias de donos de lanchas Esses ltimos controlavam ent o nico meio de acesso ilha monopolizando a atividade tur stica e gerando conflitos com o restante da popula o Por isso o t tulo de sua pesquisa Gringos como en sue os 2005 procurava ilustrar a dimens o escassa e desigual do recurso tur stico que se tinha transformado no elemento estruturador da comunidade apesar de se assemelhar de certa forma para muitas fam lias a apenas uma miragem do turismo Como forma de dar continua o pesquisa de Gasc n
138. dade de cada fam lia observaremos os contextos de entrada numa zona traseira Neste caso as duas dimens es espacial e temporal s o consideradas para estabelecer esta estrutura dos cen rios tur sticos nas fam lias da ilha A zona traseira definida como zona espacial existe diante dos olhos do pesquisador tamb m numa dimens o temporal dentro da qual um mesmo lugar pode ser ou n o zona traseira Observaremos como o espa o ntimo de cada fam lia transformado num espa o social adaptado modificado e reorganizado entre concep es previamente estruturadas pela ordem discursiva da autenticidade de tradi o e modernidade de acordo com as necessidades para a realiza o da atividade tur stica Esta transforma o observada nos bastidores ntimos das fam lias pode ser resumida ao redor das seguintes perguntas Para onde vai a casa Que tipos de espa os p blicos e privados est o sendo criados Esta transforma o das casas ocorre numa din mica geral de transforma o da paisagem insular por meio do turismo e da reconfigura o da ilha a partir desta atividade Neste contexto foi escolhido dividir o cap tulo em fun o da geografia da ilha seguindo a l gica de diferencia o da atividade tur stica que nela ocorre A este respeito observa se que a face ocidental e a face oriental da ilha se inserem em din micas distintas em termos de desenvolvimento tur stico conforme poder ser constatado nas descri es apresentadas
139. de alguma forma a sua hist ria a hist ria de um sucesso familiar que hoje em dia est nas m os dos filhos Esta pequena antologia tinha para o turista um objetivo bem conhecido pois este tipo de caderno comum em muitos museus exposi es ou galeria de arte e visam deixar um registro da sua presen a no local de maneira quantitativa e qualitativa na mem ria do lugar Por m ser que alguns dos turistas que deixaram escorregar a caneta nas p ginas deste caderno j se teriam perguntado o que representava tal caderno para uma fam lia em Amantan Aquilo do qual se podia ter certeza que este livro constituiu durante v rios anos a nica publicidade existente sobre a ilha Ao me mostrar o livro Julio explicou me que ele sempre levava o livro junto com ele para Puno e mostrava os depoimentos escritos aos turistas que encontrava no mercado como um argumento para convenc los de vir conhecer a ilha pois verdadeiramente existia naquela ilha alguma coisa que podia interess los talvez uma experi ncia de vida diferente numa fam lia de uma comunidade rural do lago Titicaca Ao examinar os depoimentos do livro de convidados percebe se uma evidente mudan a de situa o criada pela din mica tur stica na fam lia O primeiro depoimento data de fevereiro de 1982 e o ltimo de julho de 2011 Abri o livro no meu quarto um pouco mais tarde da mesma forma que se tivesse aberto uma janela sobre o passado ou o passar dos anos n
140. de aportes y pago de salarios de la empresa Santa F e contratos y tarjetas de trabajo San Jos e planillas mensuales de pago de jornales e tarjetas de existencia drogas e casi la totalidad de las fichas de entrada y salida de material de las empresas Santa F Morococala y Japo del 52 hasta los a os 80 e pedidos de material e tarjetas de pedido y consumo 182 e cuadernitos diversos sobre el consumo de carburantes y explosivos sobretiempos y partes puestos gerencia de la planta de volatilizaci n de Machacamarca e planos rusos para almacenes de materiales en Machacamarca 1978 El d a martes 21 de julio fuimos con los compa eros hasta el sitio de la antigua empresa de volatilizaci n de Machacamarca la cual queda a aproximadamente una hora del centro de la ciudad de Oruro para recoger una cantidad importante de tablas de madera destinadas a construir los estantes destinados a ordenar la documentaci n en el edificio nuevo del centro de archivos que todav a no tiene ni estantes ni muebles pues las obras acabaron recientemente Recogimos esta carga de madera en Machacamarca y la descargamos y ordenamos al exterior del edificio en Oruro Fuera de la parte de conservaci n de archivos mi trabajo consisti tambi n a partir del 21 de julio hasta el 24 de julio en dar una hora diaria de clase de franc s a mis nueve compa eros de trabajo Debido al inter s que prestaron a mi lengua y debido a sus preguntas mie
141. dentro da din mica de vida tradicional familiar na qual conviviam a fam lia os turistas e os animais A cozinha tradicional n o separava o turista do resto da fam lia A defini o desta zona traseira como 124 tipo de espa o que motiva a consci ncia tur stica MACCANNELL 1976 p 102 seria justamente o tipo de situa o que alimenta ainda hoje a narrativa articulada ao redor do conceito de autenticidade veiculado fora da ilha Este tipo de espa o que n o existe mais como tal ainda existe no discurso apesar de ser configurado na pr tica de acordo com outros cen rios que tendem em represent lo como original medida que os turistas come aram a chegar de maneira mais cont nua na casa dos Borda a realidade apresentada na zona traseira come ou a se articular ao redor de v rios cen rios tur sticos acompanhados pelas transforma es da casa no decorrer o tempo A janela maior apareceu na cozinha mais antiga seguida da constru o da cozinha intermedi ria onde o papel de parede a desapari o dos cuyes e a nova configura o desta cozinha estrearam a passagem da zona traseira original para uma zona traseira que corresponderia quinta etapa da divis o de MacCannell na qual esta zona alterada e limpada em raz o da introspec o permitida ao turista MACCANNELL 1976 p 102 Progressivamente a partir da constru o da nova cozinha e do seu uso em 2003 o cen rio tur stico passou para a terceira ou
142. dois asi ticos e dois mission rios Elderes m rmons com quem sem o saber eu conviveria alguns dias na ilha O meu objetivo era conversar com o grupo de franceses para saber de que forma eles estavam viajando e onde eles ficariam na ilha Neste contexto no qual pessoas de v rios pa ses do mundo se encontram a possibilidade de esconder a sua nacionalidade pelo fato de ficar calado muito f cil Ainda mais num ambiente como o de uma lancha no qual os turistas que viajam sozinhos podem fazer a escolha entre interagir com os outros ou ficar no seu canto e observar Talvez da mesma forma que muita gente ter experimentado no metr e particularmente no metr de Paris os olhares falam e expressam o que voc sente mas no caso de uma lancha no lago Titicaca o nico que os turistas n o transmitem a sua nacionalidade e l ngua Por enquanto eu me satisfazia ouvir a conversa deles Repentinamente as pessoas come aram a se levantar e subir na parte superior da lancha para tirar fotos A agita o aumentava medida que a lancha se aproximava da rea das ilhas Uros as quais em certo momento surgiram dos capins aqu ticos chamados de totora na regi o Todos estavam admirados diante da vis o das ilhazinhas flutuantes feitas de totora Outra lancha muito menor com umas senhoras camponesas passou do lado e algu m comentou 80 Olha eles devem estar indo fazer compras para a cidade Turista na lancha 10 07 10 Apr
143. dois colegas e nos convidou a entrar para descansar enquanto ela terminaria de preparar o almo o A experi ncia de duas semanas de trabalho a mais de 3000 metros de altitude em Oruro ajudou para que eu n o fosse muito atingido pelo soroche depois desta subida para a casa Infelizmente para os meus dois colegas e para muitos do resto do grupo a resist ncia f sica n o era t o grande e o convite de Epifania para descansar no quarto foi bem vindo A casa era bastante pequena e o nosso quarto ficava no primeiro andar ao qual subimos por uma escada exterior bem estreita feita de madeira Primeiro notei aquele arco na propriedade familiar que era similar queles por baixo dos quais passamos no caminho at a casa logo depois de desembarcar o arco estava reproduzido em pedra talhada no port o de entrada para o p tio da casa de Epifania Os meus colegas visivelmente muito cansados deitaram em suas respectivas camas sem trocar palavra Sentia que esta certa obriga o de ficarmos juntos os tr s n o nos ajudou a nos sentirmos c modos A montagem deste time improvisado com tr s pessoas desconhecidas n o favoreceu um contato r pido entre os meus dois colegas e eu Sentei me numa das tr s camas de solteiro que se encontravam dentro do quarto e passei a observar pela portinha do quarto essa nova paisagem que se abria minha frente Pela primeira vez a paisagem a ser observada n o se encontrava somente frente eu n o a estava obse
144. e 13 Essa a sua primeira visita ao Peru A Puno A Amantanf 14 Voc j tinha planejado visitar Amantan antes de chegar em Puno Sim N o 177 15 Porque voc decidiu visitar Amantan rc eereereeeneereaeeraeenacenaneea SUA PERCEP O PESSOAL DA VIAGEM EM AMANTAN 16 Quais imagens sobre o Peru voc tinha na cabe a antes desta viagem e porque tinha esse tipo de imagem revistas fotos filmes quadrinhos publicidade ag ncia 17 Essas imagens tornaram se realidade ao visitar o pa s ou voc achou a realidade bem diferente Porque 19 Como voc classificaria o turismo praticado na ilha Turismo de aventura Turismo de recrea o Turismo de pesquisa Ecoturismo Turismo cultural Turismo tnico 20 O que turismo cultural para voc 22 Como voc veio na ilha Pacote tur stico com ag ncia Guia privado Sozinho a 23 Com qual ag ncia Nome da ag ncia er eeeereenareraeeraaneaaaea 24 Quais recorda es ou sentimento no ntimo lhe despertaram esta viagem na ilha de Amantan 26 Voc retornaria ao Peru A Puno A Amantanf 2 DOUE Tati A dados doador dd do E do SEER AAA a O 28 O que voc contaria a um amigo sobre essa experi ncia de viagem 29 Quanto tempo voc ter permanecido no Peru nesta viagem conan 30 E em PUNO tia ansia E em Amantani eener
145. e ouro na m o comprovando que o t nel sagrado fora constru do pelos incas Ao promover o turismo no come o da d cada de 1980 para formular uma oferta tur stica os habitantes da ilha empreenderam escava es para encontrar a entrada deste famoso t nel lend rio mas sem resultado Neste hor rio a pra a estava animada pelo encontro dos turistas que chegavam ao ponto de encontro indicado por seu guia A minha observa o di ria desta pra a mostraria que a cada dia se desencadeava o mesmo tipo de cad ncia confirmado pelas testemunhas dos habitantes A partir das 15h30 a pra a se enche de uma trintena de turistas criando certa vis o estereotipada desta massa de pessoas que chegam de repente com culos de sol chuyo pregado na cabe a c meras na m o e a pele embranquecida pelo filtro solar A cada dia esse era o mesmo ritual como se a pra a se pusesse em movimento programado as lojinhas da pra a abrem os turistas descobrem o lugar tiram fotos observam a igrejinha de estilo colonial compram gua numa das lojinhas e observam a est tua do imperador inca o qual do alto da sua coluna contempla esta din mica tur stica desde a sua edifica o em 1996 De acordo com a testemunha de Alfredo Cari o pai da Olga a pra a era antes desta data dedicada a Miguel Grau her i naval nacional A partir de 1996 o nome do her i foi transferido para o porto para que se pudesse edificar a est tua do dito fundador do imp rio inca Man
146. e turistas no mesmo m s 36 turistas em julho de 2009 ou nenhum turista Isso mostra que a fam lia n o pode confiar com a entrada de capital de maneira est vel Outro fato j relatado no come o do cap tulo a explora o das fam lias pelas ag ncias da cidade de Puno A casa de M ximo e Epifania representa um exemplo concreto deste problema A fam lia Juli uma fam lia bastante humilde A casa bastante humilde tamb m e apresenta uma reorganiza o m nima para a hospedagem de turistas A fam lia depende totalmente das ag ncias para receber turistas e precisa receber turistas para manter certo n vel de vida adquirido com o passar dos anos trabalhando nesta atividade Por m 128 notamos que em 2004 2008 e 2010 a fam lia n o recebeu turistas M ximo explicou me a raz o desta aus ncia Son las agencias pues no nos pagan Hospedamos a los turistas les damos la comida la cama sin recibir nada Las agencias nos enga an Por eso decid parar No quiero m s turistas Ning n turista prefiero recibir Ahora terminado M ximo Lampayuni 20 07 10 A nica forma de resistir explora o das ag ncias era para ele e para outras fam lias que relataram casos semelhantes parar de receber turistas e renunciar atividade As ag ncias que n o pagam ou pagam muito pouco s o conhecidas pelas fam lias Durante a minha estadia uma acusa o foi abertamente feita contra a ag ncia de viagem Inka Tours Trata
147. e 2010 a partir de uma visita a dez ag ncias pertencentes s duas ltimas categorias destacam se entre as mais conhecidas Kollasuyo Tours Suri Explorer Cusi Expedition Inti Reisen Inka Tours Tawantinsuyo P Tours American e All Ways Travel pude observar que cada uma delas prop e o mesmo 2 Essas ag ncias oferecem ao turista a possibilidade de efetuar reservas e estabelecer contato direto por meio de endere o eletr nico dispon vel em publicidade kollasuyotours hotmail com suriExplorer hotmail com reservascusi Oterra com pe intireisenQO hotmail com inkaadventure Ohotmail com tawatur Ohotmail com hotel elbuho GQ yahoo com e allwaystravel Otiticacaperu com 41 servigo com quatro tipos de diferentes circuitos poss veis nas ilhas do lago Cada turista pode escolher a excurs o que lhe agrada e Visitar somente os Uros pagando o valor de 30 NS e Excurs o de um dia em Uros e Taquile pagando o valor de 50 NS excurs o mais vendida e Excurs o de dois dias um dia em Uros Amantan e um dia em Taquile pagando o valor de 65 NS e Como ltima op o cada ag ncia prop e a terceira excurs o em tour privado em grupo fechado com o valor maior variando entre 60 e 100 d lares americanos op o raramente escolhida Sobre o valor da terceira excurs o proposta todas essas ag ncias aplicam comumente um desconto de cinco ou 10 NS para os clientes turistas Ao perguntar sobre a pol tica de
148. e Puno De acordo com a defini o oficial do Turismo Rural Comunit rio no Peru ele seria toda actividad tur stica que se desarrolla en el medio rural de manera planificada y sostenible basada en la participaci n de las poblaciones locales organizadas para beneficio de la comunidad siendo la cultura rural un componente clave del producto MINCETUR 2008 Dispon vel em http www areasprotegidasperu com sinanpe htm 19 Dispon vel em http www minam gob pe index php option com content amp view article amp id 424 areas naturales protegidas generaran ingresos por turismo para el pais amp catid 1 noticias amp Itemid 21 26 p 11 Neste contexto interessante considerar a opini o da ministra de com rcio exterior e turismo segundo a qual os desejos do turista mudam e a busca da experi ncia tur stica vivida tamb m muda Entende se o programa de TRC como a melhor alternativa para que as comunidades rurais possam se desenvolver economicamente e melhorar a sua qualidade de vida assim como a melhor op o para responder demanda tur stica atual na sua busca da autenticidade O minist rio pretende assim assumir em n vel cultural a sua grande tarefa para planificar esta atividade que sup e o mantimento da cultura tradicional das comunidades andinas baseada numa estreita rela o entre cultura e natureza PROMPERU 2008 Em n vel econ mico e social d se o objetivo geral de contribuir
149. e era joven en la poca l nos avisaba Va a haber turistas dec a Eso fue diez a os atr s Y poco a poco llegaron los turistas Unos grupitos que l tra a y se quedaban en casa de sus familiares Y as empez el turismo de este lado Alejandro Colquecachi 24 07 10 Esta origem do turismo em Occosuyo e a evoca o do lancheiro Elias que trouxe os primeiros turistas a esta regi o foi me relatada tamb m pela fam lia com a qual eu me hospedaria em Colquecachi a fam lia de Miguel Yanarico Pacompia Para entrar na comunidade de Colquecachi h uma nica entrada um caminho nico que sobe at a plataforma A entrada da comunidade n o mais marcada pela passagem por baixo do arco tradicional vis vel na entrada das comunidades do lado ocidental sen o por um arco edificado recentemente que a reprodu o de estilo neo incaico de uma porta inspirada da arquitetura inca A porta se imp e na entrada do caminho com as inscri es em l ngua qu chua Allin Hamuy Oosqa Kanky Cay Colquecachiman Escolhi aleatoriamente a fam lia com a qual ficaria nesta comunidade Entrei numa propriedade e ao subir o caminho um homem me acolheu e convidou me a passar a noite em sua casa pois tinha um quarto livre para turista Uma fam lia inteira vivia nesta propriedade marcada tamb m por obras Estavam a ponto de almo ar todos juntos Sentados no ch o do jardim comemos o que se come comumente em Amantan para o almo o fiambre
150. e estoy haciendo aqu Alfredo Pueblo 10 07 10 Alfredo ligou o seu pequeno r dio para ouvir o jogo de futebol da copa Ele tinha conhecimento do resultado dos jogos mais importantes e perguntou me sobre o triste desempenho da sele o francesa e sobre a ent o poss vel vit ria da sele o brasileira 1 2 O ritual tur stico visto de dentro 16h00 Resolvi ir pra a para fazer uma visita de reconhecimento da ilha Passada a porta da propriedade de Alfredo e Olga antes de entrar na pra a distante de poucos metros chamou me aten o uma zona abandonada na frente da casa de Alfredo Uma casa meio derrubada e umas ru nas mais antigas e que n o dava para perceber de fora por causa da parede que fechava o recinto o qual era vis vel desde a pra a Entrava se por uma pequena abertura na qual se lia Terrenos de propiedad del Estado PNP Amantan Eu descobriria mais tarde que se tratava do antigo posto policial fechado desde 1988 por iniciativa da prefeitura do distrito de Amantan Este lugar abandonado me proporcionava certa atra o O interior da casa derrubada estava cheio de deje es humanas e as paredes interiores repletas de recados amorosos ou amea as escritos com caneta e giz Do lado de fora uma relevante quantidade de sacos de pl stico e lixo mostrava que o lugar se tornara banheiro p blico e de certa forma um lugar verdadeiramente abandonado e impr prio Entrando um pouco mais no terreno abandonado o meu olha
151. e ex tica Amantan no se describe se vive pero para a n cu nto tiempo 28 03 82 Que arrog ncia falar que a vida deve permanecer do jeito que ela est aqui Nos dever amos aprender a construir o nosso pr prio para so em vez de procur lo em outro lugar 22 01 84 Depois de ler os outros depoimentos h muitos com os quais concordo e muitos com os quais n o concordo Esta ilha linda e as pessoas maravilhosas especialmente os Borda Entretanto para so n o Resulta arrogante assumir essas pessoas perfeitamente felizes e vivendo em harmonia N s chegando do ocidente n s gringos n o poder amos saber qual escolha essas pessoas fariam se dada a oportunidade de viver no nosso mundo e de ter bastante dinheiro e liberdade para viajar da mesma forma que o fazemos 17 03 86 119 Notei pelos depoimentos que depois de 1994 abria se outro per odo da atividade tur stica com menos depoimentos e um tempo de perman ncia muito menor do turista na ilha um dia e meio As cr ticas come avam a ser mais numerosas em rela o ao valor econ mico acordado com o turista A participa o dos turistas festa organizada com trajes t picos aparece por primeira vez em janeiro de 2003 Neste contexto pode se dizer que a casa da fam lia Borda representa um verdadeiro lugar de mem ria mem ria do turismo cujas etapas diferentes al m de testemunhadas pelos turistas no papel se cristalizaram dentro
152. e franceses que estava passando as f rias no Peru e mostrava certo constrangimento diante desse modesto pedido dos m sicos porque a gente est viajando com a fam lia toda todos os gastos s o multiplicados por cinco e at agora parece que n s somos vistos como umas fontes de dinheiro que nunca acaba O pedido de Epifania percebido junto com a reclama o do grupo de franceses ilustrava de certa forma o paradoxo existente nas rela es entre turistas e anfitri es geralmente expressadas no mundo tur stico global Por defini o a atividade tur stica coloca em contato pessoas que n o enxergam a si mesmas como pessoas mas como portadores de uma fun o precisa e determinada BARRETTO 2003 p 27 Essa fun o determinada gera uma percep o m tua entre visitante e visitado limitada ao objetivo a ser alcan ado Assim o dinheiro do turista faz falta ao visitado o qual no olhar do turista seria simplesmente um instrumento para seus fins BARRETTO 2003 p 27 Eram 22h15 todos mostravam sinais de cansa o e a banda tocou a ltima m sica A festa tradicional estava acabando e voltamos para casa na escurid o e no frio Na manh 59 seguinte acordamos s 7h00 para tomar o caf da manh com toda a fam lia no mesmo ambiente do almo o e do jantar do dia anterior Arroz batata frita p ezinhos fritos com geleia e caf instant neo comprado em pequenas por es individuais Ser que isso era u
153. e primeiro de uma divis o geogr fica do pa s em tr s zonas distintas costa serra e selva A divis o entre a costa e a serra marca uma divis o geogr fica mas tamb m desde a poca colonial e a independ ncia do pa s em 1821 uma divis o social pela qual o ind gena povoador da zona andina era al m de exclu do ignorado na constru o da identidade nacional Neste per odo p s independentista o pensamento da elite crioula limenha expressava um forte racismo com rela o popula o andina O discurso racista da poca que buscava excluir o ind gena do sentimento de pertencimento nacional ilustrou se de maneira not vel de acordo com M ndez 1996 depois da forma o da confedera o Peru Boliviana pelo marechal boliviano Santa Cruz em 1837 A elite limenha oposta forma o da confedera o baseou seu discurso de oposi o sobre um car ter racial e n o pol tico El rasgo m s relevante del discurso pol tico fue precisamente la definici n de lo nacional peruano a partir de la exclusi n del indio simb licamente representado por Santa Cruz el delito no era de ser conquistador sino que un indio se atreviese a serlo MENDEZ 1996 p 8 A partir do comego do s culo XX o pensamento social peruano foi marcado pelo confronto entre dois tipos de discursos com respeito import ncia da participa o da identidade ind gena para o forjamento da na o peruana Esses dois discursos marcaram
154. e producci n del grupo dom stico GASC N 2004 pp 195 196 A minha atenc o fora alertada desde a minha chegada a casa deles para a organizag o do espa o ntimo na propriedade privada da fam lia O discurso de Alfredo ressaltava algo sobre o turismo e a chegada da modernidade ilha expressos pela reorganiza o do espa o dentro das casas Essa reorganiza o se observava no espa o interior da cozinha espa o ntimo aos olhos do turista a zona traseira do cen rio tur stico que representa o principal lugar de conviv ncia entre ele e as fam lias 67 Eu havia entrado em contato com Pamela por telefone em Lima Ela junto com a outra estudante limenha que tamb m tinha efetuado uma pesquisa na ilha Susana aconselhou me procurar a fam lia da Olga ao chegar ilha 68 Insisto sobre o efeito de surpresa nesta frase para evidenciar o estranhamento produzido pela vis o de tal imagem no contexto tur stico que visa estabelecer uma autenticidade totalmente voltada ao car ter campon s e ind gena das fam lias isoladas no mundo da ilha 100 Despu s de 1995 1996 todo cambi Antes en la cocina no hab a ni mesas ni sillas sino bancos de piedra alrededor de la sala El humo del fog n se iba por la cocina no hab a tubos de evacuaci n como esas chimeneas Tambi n se conviv a con los animales Las gallinas entraban en la cocina libremente sin que se les impida y los cuyes tambi n se quedaban en la cocina
155. e se ampliar nos ltimos anos por meio do Programa de Turismo Rural Comunit rio implantado pelo Minist rio de Com rcio Exterior e Turismo MINCETUR e pelo trabalho de v rias ONGs em escalas local e nacional A regi o do lago Titicaca representa no Peru a principal rea onde as comunidades rurais demonstraram o desejo de desenvolver a atividade tur stica como novo recurso econ mico aproveitando al m dos seus atributos hist ricos e culturais a sua localiza o estrat gica na Reserva Nacional do Lago Titicaca que tamb m representa um recurso tur stico natural e principal para atrair o turismo nesta zona do sul dos Andes peruanos 39 FIGURA 1 Mapa da regi o de Puno Mapa da ag ncia de atendimento e informa o ao turista I Per Voltamos agora para as modalidades de contratag o dos tours nas ag ncias de viagem A atendente da ag ncia ofereceu me a proposta mais adequada ao meu desejo de conhecer os tr s lugares numa mesma excurs o Sairia no dia seguinte s 08h30 da manh com um grupo de turistas constitu do pela ag ncia para conhecer as ilhas flutuantes dos Uros a ilha de Amantan onde passaria a noite na casa de uma fam lia e no dia seguinte visitaria a ilha de Taquile antes de voltar ao porto de Puno no meio da tarde Aceitei o tour pagando o pre o total de 55 NS O pre o normal era 65 NS mas beneficiei me de um desconto de 10 NS A atendente me assegurou que as fam lias da ilha de Amantan r
156. e superf cies vari veis divididas nos lados peruano e boliviano Como qualquer turista visitando a regi o do alto deste pr dio eu testemunhava a possibilidade de poder qualificar o lago de verdadeiro mar interior o qual de acordo com Bouysse Cassagne 1992 teria tido uma import ncia compar vel aquela do mar mediterr neo na Europa durante a antiguidade antes da conquista espanhola BOUYSSE CASSAGNE 1992 p 55 Neste sentido sabia tamb m que era considerado como um lugar 15 A cidade de Puno fica a 3 827 metros de altitude sobre o n vel do mar 33 m tico e m stico onde segundo a lenda teria nascido a civilizag o andina com o surgimento das suas guas dos fundadores lend rios do imp rio Inca Mama Ocllo e Manco C pac e de onde se desenvolveram numerosas culturas pr hisp nicas A motiva o para efetuar a pesquisa nesta regi o nasceu das minhas conversas com os tios do Andr s Jos e Pamela os quais eram vinculados de maneira indireta ao turismo da regi o Jos arquiteto e trabalhou em v rios projetos arquitet nicos nas comunidades camponesas beira do lago particularmente numa comunidade da pen nsula de Capachica em Chifr n e tamb m numa comunidade da pen nsula de Chucuito De acordo com Jos a atividade tur stica nas comunidades camponesas do lago Titicaca est desde os ltimos cinco anos em processo de grande desenvolvimento e numerosas destas comunidades camponesas se abriram rece
157. e tipo de turismo ser que a rela o entre o turista e as fam lias era t o diferente do que nos outros lugares tur sticos do pa s A pobreza seria um fator determinante para que um lugar pare a mais aut ntico do que outros como no caso da humilde casa dos amantanenhos Como esta presen a estranha dentro de casa ir impactar as fam lias insulares Ser que sem perceber as fam lias n o estariam se tornando atores de uma imagem reduzida e depreciativa de si mesmas por meio da recep o constante de turistas que observam seu modo de viver mais ntimo dentro de suas casas Este tipo de atividade n o estaria transformando as fam lias em estere tipos culturais As impress es emprestadas para a descri o da experi ncia da descoberta de Amantan pelos turistas mostram que a descoberta se revela uma farsa Entretanto essa farsa somente pode ser desempenhada porque os participantes mesmo oriundos de pa ses lugares e culturas distintas formam uma nica comunidade tur stica na qual todos compartilham implicitamente as regras que tornam essa farsa poss vel Neste sentido a atividade tur stica fabrica uma sociabilidade entre estranhos a partir de um sentido compartilhado de troca comercial em que o dinheiro por m velado quando aparece desmascara a farsa Eu sentia ao ver a ilha se afastar da lancha depois de minha primeira visita quele local a minha frustra o de n o ter podido sair da cen
158. ece mais claramente com o uso da vestimenta tradicional pelas mulheres que recebem turistas Usam se polleras coloridas e de forma sistem tica dependendo da comunidade de origem das mulheres Do outro lado da ilha este c digo n o funciona mais por comunidades sen o por grupos Quando os turistas das tr s comunidades s o reunidos na plataforma de Colquecachi para empreender o tradicional jogo de futebol antes de subir para as ru nas distinguem se as polleras vermelhas vestidas pelas mulheres de Colquecachi pretas vestidas pelas mulheres de Occosuyo e verdes vestidas pelas mulheres de Occopampa A grande efervesc ncia de turistas se percebe tamb m nesta plataforma quando todos os grupos se re nem antes da subida s ru nas s o mais ou menos setenta pessoas que se apresentam para empreender a subida Do outro lado na Pra a de Pueblo no meio deste m s de temporada alta o n mero de turistas contabilizados a cada dia mais ou menos de 25 a 30 turistas Al m disso outro elemento interessante notar que nas pequenas lojas abertas ao redor da plataforma de Colquecachi vendem se bolsas de arroz a car e sal como kits j prontos para que os turistas possam comprar de presente para as fam lias sob a recomenda o do guia Nas lojas da Pra a de Pueblo essas pequenas bolsas n o s o vendidas de forma t o sistem tica Foi dentro de uma destas lojas que encontrei com Alejandro Cals n Yuero o vendedor da loja Alejandro es
159. eceberiam o valor de 35 NS pela minha hospedagem em sua casa com as tr s refei es inclu das O nico fato que me preocupou foi ela anunciar um detalhe da excurs o em Amantan a participa o de um grupo de festa tradicional com as roupas tradicionais da ilha A atividade pareceu me 2 O Nuevo Sol a unidade monet ria de uso legal no Peru em circula o desde 1991 Em julho de 2010 a convers o do Nuevo Sol NS era a seguinte 1 Euro 3 71 NS ou 1 R 1 66 NS O pre o m dio da excurs o corresponde assim ao valor de 39 R em 2010 O valor oficial de 21 R seria normalmente retribu do para as fam lias 40 exageradamente dirigida para certo tipo de turista e que eu n o me considerava ser Por m ela afirmou que ningu m estaria obrigado a participar desta festa dita tradicional Voucher na m o eu estava pronto para conhecer as ilhas do lago igual aos outros gringos os quais como eu tinham chegado a Puno no mesmo dia Neste ponto importante que observemos mais de perto as ag ncias de viagem e turismo de Puno A maioria dessas ag ncias se concentra no centro da cidade no qual todos os turistas ficam hospedados durante a sua estadia Elas se localizam sobretudo nas tr s ruas do centro sendo a calle Jir n Lima principal rua comercial para pedestres e que concentra como mencionamos antes ag ncias restaurantes e outros locais de servicos destinados aos turistas a calle Sucre Teodoro e a calle Tacna
160. edagem proporcionado dentro dos seus lares Essa atividade leva ao mantimento da representa o de certo estere tipo cultural articulado ao redor da vida camponesa nas comunidades rurais A representa o deste estere tipo sustenta se com o redimensionamento dos lares de acordo com certa cosmovis o ocidental Neste mbito as fam lias redimensionam as suas casas e aprendem a viver com 86 _ in the case of both presentation and representation the presence of certain bizarre objects has the effect of increasing the exotic quality of each and every object presented or represented MASON 2002 p 85 tradu o minha 156 novas normas que s o definidas n o mais por eles sen o pela interag o com os atores exteriores que participam da atividade tur stica Observa se que se operam transforma es da intimidade que levam as fam lias a misturar sua intimidade com a atividade tur stica Essa atividade tur stica aos olhos das fam lias tem um valor econ mico e comercial que prevalece A abertura da casa e sua transforma o em espa o de servi o ao estrangeiro na medida em que beneficiam diretamente as fam lias contribuem tamb m em transformar a sua intimidade de forma progressiva Pode se dizer que aquilo que ressalta desta l gica de transforma o uma ressignifica o da intimidade que come a com a transforma o do espa o ntimo Esta ressignifica o da intimidade me parece prevalecer sobre uma suposta re
161. eio da assimila o da popula o ind gena pela popula o branca O discurso hispanista tamb m legitimava a heran a hisp nica sendo caracterizada mais forte do que a ind gena para justificar a necessidade de assimilar a ra a ind gena inferior civiliza o de origem hisp nica ocidental superior Por m este discurso anuncia seu car ter paradoxal no sentido em que apesar de segregar o ndio no n vel pol tico a revaloriza o da hist ria nacional se fazia a partir das gl rias do per odo do imp rio Inca De certa forma o ind gena que devia ser assimilado popula o branca na poca era impuro imagem da na o querendo ser ent o constru da O paradoxo se resume ideia de que ndios no passado sim no presente n o URIARTE 1998 p 3 Este paradoxo j dominava o pensamento do campo intelectual no pa s tal como mencionado por M ndez com um discurso racista diante do ind gena do presente contraposto legitima o do nacionalismo peruano con alusiones a la mem ria de los Incas MENDEZ 1996 p 11 Assim a identidade ind gena existia neste pensamento como gl ria no passado mas impureza no presente O car ter ind gena que contribuiria em forjar a na o seria uma identidade ind gena hist rica e acabada a inca que n o poderia mais decorrer da presen a ind gena do presente El ndio es pues aceptado en tanto paisaje y gloria lejana Apelar a la memoria de los In
162. elas ag ncias de turismo de Puno a partir do ano 2000 teria a ver com a din mica deste fen meno O turista onipresente na ilha o que lembrado aqui pelos nomes adotados pelos habitantes Outro fato revelado pelas professoras a diferenciac o social que ocorre em raz o do turismo desde a inf ncia Umas fam lias recebem mais turistas do que outras o que gera mais oportunidades para alguns alunos de receber mais presentes do que outros 73 z Agrade o o Remijio por sua ajuda na consulta aos registros de nascimentos posto que o di logo com as autoridades locais para ter acesso aos documentos oficiais da prefeitura n o me foi facilitado 109 Algunos lo tienen de todo Al preguntarles qui n se lo dio el turista dicen Creo que deber a haber un mejor reparto a este nivel porque los que no reciben turistas tambi n necesitan el material recibido por los dem s y nada est siendo hecho para eso Rosaura Pueblo 20 07 10 Alguns trazem l pis de cor cadernos e borrachas que outros n o t m Assim na hora de fazer alguma atividade alguns possuem mais recursos do que outros A fronteira social se amplifica entre alunos mais pobres que continuam pobres e outros cujas fam lias se beneficiam sempre mais A minha conversa com David professor na escola adventista da ilha demonstrou me a mesma tend ncia Los alumnos vienen con sus regalitos los muestran los comparan Varios de ellos tienen padrinos
163. elo ex tico do lugar onde nada completamente ordin rio E KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 48 Assim pode se dizer que este tipo de intera o leva cada ator observador e observado a fazer compara es sobre o seu quotidiano e a se tornar assim espectador de si 5 The everyday lives of others are perceptible precisely because what they take for granted is not what we take for granted and the more different we are from each other the more intense the effect for the exotic is the place where nothing is utterly ordinary KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 48 tradu o minha 152 mesmo interessante imaginar com respeito observa o da vida quotidiana de forma reativa se nosso modo de vida ocidental interessante para membros de outra cultura A vida quotidiana nas comunidades rurais nos Andes percebida como um estilo de vida interessante para o turista uma vez que representa um estilo de vida definido como milen rio que teria sofrido poucas modifica es ao longo dos s culos e que difere portanto enormemente de nosso modo de vida ocidental e por isso poderia ser associado a um estilo de vida aut ntico Tentemos imaginar um tipo de turismo invertido no qual popula es do terceiro mundo viriam observar o quotidiano de uma fam lia de agricultores na Fran a para os quais a instru o dada seria de viver um dia igual a qualquer outro dia na fazenda Neste tipo de turismo invertido o fazendeiro
164. emoria Antagonismos de la Promesa Peruana Lima Red para el desarrollo de las Ciencias Sociales en el Per 2003 VICH V ctor La Naci n en Venta Bricheros Turismo y Mercado en el Per Contempor neo In Cultura y Neoliberalismo GRIMSEN Alejandro comp Buenos Aires CLACSO Libros 2007 VICH V ctor Magical Mystical El Royal Tour de Alejandro Toledo In Industrias Culturales M quina de deseos en el mundo contempor neo Lima Ed Santiago L pez Magui a Red para el desarrollo de las ciencias sociales en el Per 2007 YOUNG Robert J C Desejo Colonial Hibridismo em Teoria Cultura e Raga S o Paulo Editora Perspectiva 2005 YUCRA PACOMPIA Marcelino Amantan en el Titikaka Puno Ed Pedro Rojas L pez 2008 ZONABEND Fran oise La M moire Longue Temps et histoires au village Paris Presses Universitaires de France Puf Crois es 1980 170 DOCUMENTOS CONSULTADOS APTUR OGD PUNO Informe de avance de actividades Documento de trabajo 2008 ALFARO LOZANO Lu s Turismo Sostenible y reas Naturales Protegidas Una alternativa para el desarrollo y la conservaci n SERNANP I Foro Internacional de Turismo Sostenible Pontificia Universidad Cat lica del Per BARDALES VASSL Ricardo Desarrollo Tur stico e Identidad Cultural La experiencia de la Comunidad de Taquile en Puno Programa de las Naciones Unidas para el desarrollo PNUD Lima 2004 Dispon vel em http www pnud org
165. empre tentavam entrar na cozinha sem sucesso Com respeito aos cuyes ou porquinhos da ndia eu fiquei bastante curioso Pois este animal tradicionalmente criado nesta parte dos Andes para a venda ou a alimenta o mas ouvindo as explica es do Alfredo imaginei que ele tinha absolutamente desaparecido da paisagem Ele parecia como embutido nas paredes ou escondido num bastidor absolutamente invis vel aos olhos de quem n o o buscasse No seu dizer essa grande mudan a tinha ocorrido pouco a pouco nas fam lias da ilha que come aram a receber turistas Este animal fazia parte integrante da vida quotidiana do amantanenho o qual convivia diariamente com os animais mas essa conviv ncia n o combinava com a hospedagem dos turistas para os quais a presen a do animal era sin nimo de sujeira e mau cheiro Ahora cada cosa tiene que estar en su lugar Alfredo Pueblo 12 07 10 Lembro a tradu o para o portugu s do cuy comumente chamado no Brasil e na Fran a de porquinho da ndia 101 Hoje em dia a mesa e as cadeiras juntamente com a aus ncia dos animais mudam a din mica tradicional da cozinha com a qual o casal j estava totalmente acostumado Na aus ncia dos turistas o casal e as filhas comiam comigo ao redor da mesa e uma mini televis o tamb m ficava ligada comumente noite Perguntei ao Alfredo se ainda existiam cuyes Ele me levou ent o grande casa em constru o onde todos ficavam escondid
166. eneficiar do turismo enquanto se preserva tamb m a autonomia e a vida comunit ria GUERR N MONTERO 2010 p 4 Y Tradu o minha 97 Em Amantan este atributo espacial contribui tamb m para criar a farsa tur stica que propulsa o turista num espaco no qual ele se sente totalmente isolado Ele se encontra numa ilha numa dada comunidade desta mesma ilha e al m disso numa dada fam lia de uma das comunidades O isolamento criado mostra como ele existe por meio de certa declina o do espa o Da mesma forma que o espa o se transforma numa totalidade indistinta para o turista importante lembrar aqui a cria o de uma invers o de perspectivas entre os turistas e a popula o local Se o espa o percebido desta forma indistinta de um lado tamb m o caso com rela o s fam lias que recebem os turistas Elas s o percebidas como uma massa indistinta pertencendo ao mesmo lugar e mesma cultura Nenhuma diferen a se faz entre fam lias pois no turismo efetuado o qual se qualifica de comunit rio as diferen as entre fam lias n o devem aparecer ao olho do turista De outro lado importante lembrar tamb m que para a popula o o turista representa essa mesma massa indistinta Ele chamado pelos habitantes de el turista ou el amigo turista Ele forma essa massa dentro da qual n o se faz nem diferen a de nacionalidade nem de poder de compra O turista um gringo que vem
167. ente divulgada na m dia em 1992 marcam o fim do terrorismo O governo Fujimori empreende ent o um desenvolvimento sem precedentes da atividade tur stica visando ao desenvolvimento econ mico do pa s Deste modo a regi o de Puno testemunhou os efeitos desta pol tica com a acelerada abertura de v rios hot is restaurantes e sobretudo a concess o de licen as para 16 Ver mapa da regi o de Puno na p gina 40 e no anexo 1 p gina 175 34 hospedar turistas nas pr prias casas da populac o camponesa nativa do lago Para Pamela a primeira valorizag o da regi o em n vel tur stico se efetuou por meio da abertura das ilhas flutuantes dos Uros para os turistas Los turistas iban a visitar las islas de los Uros y se enfrentaban con una grande pobreza por eso se desarrollaron las agencias de turismo para organizar y preparar a las comunidades Uros para acoger a los turistas tentando mostrar cada vez m s una imagen de limpieza Pamela Puno 27 07 09 Segundo Pamela na d cada de 1970 existiam poucas ilhas Uros cujo n mero foi crescendo drasticamente com a criag o de numerosas outras ilhas objetivando a pura comercializa o na cena tur stica Por m distinguimos a import ncia do testemunho em rela o imagem destas comunidades vendidas como destinos tur sticos e a tentativa de evoc las pela limpeza A imagem da grande pobreza e do ambiente sujo das comunidades causava um impacto negativo sobre a percep o dos
168. ente organizado em fun o da leitura do guia tur stico que acompanha e aconselha o turista livre ao longo da sua viagem RAYMOND 2001 p 128 129 Por m de acordo com essas observa es e a pesquisa de campo pode se dizer que o turismo praticado hoje em dia na ilha de acordo com a classifica o de Smith n o poderia 7 Testemunho de um grupo de turistas franceses na ilha de Amantan em 26 07 2010 Estes franceses contrataram os servi os de uma ag ncia que os abordou assim que pisaram na rodovi ria da cidade de Puno 22 mais ser qualificado de excurs o tnica ou alternativa da mesma forma que era no come o da d cada de 1990 Se ela era um destino alternativo naquela poca recebendo poucos turistas hoje em dia ela foi inclu da como vimos anteriormente dentro do roteiro tur stico da regi o e promovida pelas ag ncias da cidade de Puno que vendem Amantan como destino tur stico junto com as famosas Uros e Taquile recebendo um fluxo de turistas consider vel Desta forma segundo esta classifica o a excurs o em Amantan n o poderia mais ser qualificada de tnica ou alternativa sen o de excurs o cultural Segundo Smith 1989 o turismo cultural inclui o pitoresco ou as cores locais vest gios de um modo de vida desaparecendo que permanece vivo atrav s da mem ria das pessoas Esse tipo de destino cultural inclui comidas t picas festas com trajes t picos Trata se de uma cultura camponesa
169. ente pesquisa e ficar no centro das minhas preocupa es durante os futuros meses e at anos Acabava de finalizar duas semanas de trabalho volunt rio como Brigadista Internacionalista Solid rio nos arquivos da Corporaci n Minera de Bolivia COMIBOL na cidade de Oruro situada a 229 km de La Paz capital da Bol via O meu trabalho tinha consistido em ajudar a equipe de arquivistas profissionais em sua grande tarefa de limpeza conserva o e organiza o dos documentos administrativos de v rias empresas mineiras da regi o os quais tinham sido resgatados pela COMIBOL Este programa de resgate dos arquivos de todas as empresas mineiras bolivianas regidas pela COMIBOL tinha nascido no ano anterior e representava uma iniciativa nova na hist ria nacional da minera o Com este programa todos os arquivos das minas bolivianas regidas pela COMIBOL estavam sendo resgatados e conservados em novos centros de arquivos constituindo verdadeiros centros de mem ria da atividade mineira no pa s a qual al m de ser uma das principais atividades econ micas e s mbolo nacional estruturou e continua estruturando a vida de milh es de bolivianos Foi com o desejo de voltar para o mundo andino e realizar certo trabalho de pr campo que eu me animei em participar deste trabalho volunt rio o qual na verdade se transformaria para mim num verdadeiro rito de inicia o ao trabalho da observa o participante que exatamente um ano mais tarde eu efetuaria
170. ento dos espa os e dos monumentos hist ricos reinterpretando a cultura local URRUTIA 2009 p 9 Este novo conceito sup e a participa o ativa das popula es locais no desenvolvimento de certa criatividade cultural que iria al m do modelo do estere tipo do ex tico e da idealiza o das culturas ind genas do passado Entretanto pode se dizer que em primeiro lugar as popula es ind genas envolvidas no turismo rural est o muito mais voltadas para a melhoria de suas condi es de vida que se torna poss vel com o advento do turismo do que com a cultiva o de seus valores e costumes ind genas Em segundo lugar a exposi o de sua intimidade familiar que se torna uma atividade comercial gera um novo tipo de rela o colonial em que os atores dentro de seus pr prios lares v m representar o objeto de desejo do turista ocidental na busca pelo aut ntico Apesar disso a promo o do turismo por meio do Estado tem um papel importante no desenvolvimento do turismo rural e torna se necess rio para explicar o empreendimento que se faz no mbito familiar na ilha de Amantan como forma de compreender o local n vel microssociol gico dentro de um contexto nacional mais amplo contexto macrossociol gico 143 1 O contexto tur stico nacional no Peru e a construc o da imagem do ind gena Cabe entender primeiramente o contexto tur stico peruano nacional para poder enxergar as fam lias amantanenhas como integrada
171. ervados no mbito da etnografia como produtos de din micas desencadeadas pela atividade tur stica na ilha O lugar antropol gico possui tr s caracter sticas identidade relacionamento e hist ria AUG 1992 p 69 Interessa nos aqui o car ter hist rico deste lugar o qual de acordo com o autor se diferencia dos lugares de mem ria definidos por Pierre Nora NORA 1989 p 18 Dentro dos lugares de mem ria o indiv duo se enxerga com respeito aquilo que o difere do passado ou seja sua autoimagem no presente constru da com base nos elementos caracter sticas que foram se modificando ao longo do tempo a imagem daquilo que n s n o somos mais AUG 1992 p 71 Em contraposi o o habitante do lugar antropol gico n o estabelece dicotomia nenhuma entre uma situa o diferente no passado e no presente uma vez que a sua vida faz parte de um cont nuo hist rico o habitante do lugar antropol gico vive na hist ria ele n o faz hist ria AUG 1992 pp 71 72 Desta forma pode se dizer que a transforma o dos espa os de vida ntima n o proporciona s fam lias um olhar cr tico sobre o presente Na conviv ncia com o turismo elas agem espontaneamente e se adaptam s novas realidades da vida quotidiana Apesar do fato de que o espa o testemunha transforma es que fazem com que n o sejam mais aqueles onde se vivia as fam lias continuam ali convivendo sem atribuir ao esp
172. esentava uma experi ncia de vida sem as comodidades que qualquer turista possui na sua casa A dificuldade de acesso ao banheiro noite no frio o fato de n o poder tomar banho ter que comer uma refei o que pode n o agradar e uma vez na ilha n o ter a possibilidade de alternativas todos esses elementos abordados nas conversas mostravam que a motiva o pela autenticidade tinha os seus limites 2 A Amantan dos turistas em busca de uma paisagem aut ntica A experi ncia tur stica vivida pelo tipo de excurs o definido na ilha de Amantan pode ser assimilada como toda experi ncia tur stica a uma descoberta Por m cabe qualificar no contexto da visita ilha a singularidade do uso deste termo que toma um sentido metaf rico no mbito tur stico nas Am ricas A no o de descoberta que comumente usada ao definir qualquer experi ncia tur stica toma um sentido metaf rico singular no caso de Amantan e de modo geral da Am rica Latina Portanto dif cil n o se referir descoberta da Am rica pelos europeus como uma moldura interpretativa da experi ncia tur stica N o por acaso que ao avistar as primeiras terras do continente sul americano durante a sua terceira viagem Cristov o Colombo estava convencido de chegar a uma ilha Talvez porque as primeiras terras descobertas no Caribe eram ilhas Por m a descoberta das terras povoadas pelo Outro eram ilhas que j existiam no imagin rio da
173. esfriada e escura Entretanto o lado oeste ainda est iluminado e aquecido pelo brilho deste enorme inc ndio cujas chamas avermelhadas e alaranjadas tomam conta dos altos topos andino peruanos refletindo se nas guas do lago num ltimo momento de euforia da natureza Os flashes das c meras disparam sem parar para capturar a ef mera imagem do encontro das cores Rapidamente a batalha chega ao seu fim sempre com a vit ria dessa escurid o noturna cujo representante m gico aparece agora no c u A lua enganadora costuma se desdobrar a cada piscar de olhos sobre as guas do lago Poderosa ela reina sobre um mar de estrelas e gal xias brilhantes que aparecem no c u as quais encobrem a ilha que parece ser convidada a gravitar no espa o como se fosse outro astro 6 Sobre o ritual do Pago a la tierra em Amantan ver RODRIGUEZ V SQUEZ Walter Ritual de dualidad complementaria en Amantan Gobierno regional de Puno Puno 2007 93 Este espet culo natural se repete sob o olhar de centenas de turistas os quais de chuyo pregado na cabeca e armados de sua c mera assistem ao dito espet culo concentrados nos dois estreitos topos da ilha de Amantan Uma centena proximidade do templo arqueol gico de Pachatata e uma dezena proximidade do templo de Pachamama instalados entre as pedras que dominam essa paisagem eles contemplam e fotografam este cen rio natural que parece entrar em movimento exclusivamente para eles como se
174. esquisa sobre o lago Titicaca e o altiplano boliviano tudes sur le Lac Titicaca estes estudos realizados inicialmente na ilha de Taquile permitem coletar dados etnogr ficos e hist ricos sobre a ilha de Amantan destacando a sua singularidade em comparag o com as outras ilhas da regi o e mostrando o tipo de relag o servil que foi estabelecido entre insulares nativos e encomenderos desde a chegada do conquistador Francisco Pizarro regi o em 15332 e que foi vigente durante toda a poca colonial e parte da poca republicana at meados do s culo XX No estudo de Matos Mar intitulado La propri t dans l le Taquile 1951 destacam se alguns dados hist ricos sobre a propriedade das terras na ilha de Amantan pois parte da hist ria das duas ilhas vizinhas similar A quest o da rela o entre nativo e forasteiro na ilha estabelece se a princ pio como no resto da Am rica Latina durante a col nia a partir da quest o da terra Assim segundo Matos Mar as duas ilhas pertenceram ao rei da Espanha Carlos Quinto a partir de 1533 quando os primeiros conquistadores apareceram na regi o 6 BANDELIER Adolfo F Las islas de Titicaca y Koat Dos tomos La Paz Sociedad Geogr fica de La Paz y Direcci n General de Estad stica y Estudio Geogr fico 1 edici n 1910 Em abril de 1532 Francisco Pizarro Gonz lez acompanhado de aproximativamente 180 espanh is desembarcou nas costas do norte do Peru na regi o da atual
175. estar numa ilha longe da costa sem transporte dispon vel proximidade e em qualquer momento para voltar para Puno com um problema 55 de sa de que podia piorar era motivo para que eles n o aproveitassem realmente da experi ncia e come assem a ficar preocupados 19h00 era a hora do jantar Descemos para a cozinha novamente Sentamos ao redor da mesa sopa de quinoa arroz e batata grelhada ch de mu a para terminar Epifania nos serviu os pratos da mesma forma que durante o almo o Comemos com uma vela no meio da mesa os rostos iluminados pelo brilho da chama que dan ava e iluminava o fundo do espa o da cozinha que nos estava reservado O jantar fez se em sil ncio tamb m Ouv amos o barulho da sopa sendo degustada por nossa fam lia hospedeira sentada como no almo o no outro extremo da sala ao redor do fog o a lenha cujas chamas junto com outras velas iluminavam este outro espa o Eles comiam com pratos normais de vidro comum e n s jant vamos nas mesmas bandejinhas de terra cozida Durante o jantar todo a minha aten o foi chamada pelo outro extremo o fundo da cozinha onde se encontrava a fam lia o qual apesar de n o separar verdadeiramente o espa o da cozinha permitia criar dois ambientes diferentes na mesma sala Sentia se claramente que a nossa presen a se restringia mesa na qual est vamos sentados e que aquela parte no fundo da cozinha e perto do fog o era o espa o reservado fam lia Distingui
176. estilo C ritas facilmente reconhecido Na cozinha uma pia de pedra tamb m foi constru da e ouve se o barulho dos cuyes trancados num local perto da cozinha No quarto para os turistas tr s certificados de participa o da mulher de Florentino em cursos de capacita o para o atendimento ao turista estavam pregados na parede A visita ao presidente de outra associa o em parceria com C ritas e a OGD forneceu me outros elementos com respeito atua o das fam lias trabalhando sob forma de associa es Zacar as Mamani o presidente da associa o Ccolono na comunidade de Pueblo e recebe turistas desde 2007 poca em que ele come ou a atividade em parceria com as ONGs Ele confessou me que recebe poucos turistas tamb m Sua casa foi ampliada para construir um comedor e uma cozinha maior onde fica uma grande mesa A atua o da C ritas e da OGD foi importante ajuda para preparar o local e capacitar as fam lias na atividade de recep o de turistas praticando o TRC A atua o da C ritas foi capacitar as fam lias e ajudar o financiamento das obras feitas nas casas A OGD tem uma atua o importante na promo o das associa es fora da ilha e fora da regi o Por m para Zacar as ainda falta a pr tica Nos ayudan para promocionar nuestras asociaciones pero no mandan turistas Zacar as Pueblo 23 07 10 Outra informa o importante trazida no discurso do presidente da associa o relaciona se com a fra
177. estion rio que apoiar uma pesquisa de mestrado em ci ncias sociais especializado em estudos comparados sobre as Am ricas CEPPAC da Universidade de Bras lia UnB sob a orienta o do Professor Dr Cristhian Te filo da Silva Nessa pesquisa estuda se o impacto cultural do turismo internacional praticado na ilha de Amantan Peru sobre a identidade da popula o local IDENTIFICA O 1 INFORMANTE Nome conocccccnnonncnnononnncnonnnnnnns 2 SEXO Feminino Masculino 3 ORIGEM Pa s coooccconoccncoooccncconncononnnos AAA 4 IDADE 5 ESTADO CIVIL Solteiro a Casado a Divorciado a Vi vo a Outro N o responde 6 ESCOLARIDADE 7 Grau 2 Grau Gradua o Mestrado Doutorado N o responde 7 PROFISS O cs psi nao rien MOTIVA ES DE VIAGEM 8 Como voc soube da rea visitada Informa o de amigos ou parentes livros guia de viagem internet v deos televis o jornais publicidade tur stica ag ncia de turismo revista especializada outros Especifique a informa o para cada um dos lugares mencionados em baixo explicando o motivo da escolha desses lugares PERU tinca PUNO APA A A E AE laa ass quere bacana ga dis ia n o AMANTANTE aid acta ato tos A a 9 Voc est viajando em suas f rias Sim N o 10 Com quem Sozinho Fam lia Amigos 11 Com que transporte voc chegou ao Peru i Puno cesesmesecasvesm cin 12 Cidade de origem antes de chegar a Puno ee
178. estivessem sentados no sof de casa na frente do televisor e que faz parte do roteiro que lhes foi proposto para a sua estadia na ilha Pois como veremos mais adiante pode se dizer que a observa o do p r do sol se inscreve dentro da mesma l gica de observa o que aquela realizada durante o resto da estadia no contexto de intera o com as fam lias insulares Entretanto para o pesquisador e os amantanenhos talvez o melhor espet culo seja aquele dado pelos pr prios turistas Sob o brilho da lua eles usam o mesmo caminho pelo qual tinham chegado a este lugar de concentra o parox stica do final da tarde para empreender a descida at a comunidade qual chegaram algumas horas antes e agora voltam para a casa da sua fam lia hospedeira Assim percebemos do alto dos topos da ilha as filas de turistas que empreendem a descida de Pachatata e Pachamama com as suas lanternas saindo por tr s ou at quatro caminhos diferentes os mesmos usados para o trajeto anterior de subida aos templos poss vel descrever a impress o dada por esta separa o s bita da massa de turistas usando a analogia do vulc o em erup o Este solta seu magma em fus o representado pela multid o de turistas os quais concentrados no mesmo ponto no topo se separam de repente para formar tr s ou quatro trilhas luminosas que parecem se deslizar montanha abaixo at se separar de novo depois de chegar s comunidades para voltar s suas fam lia
179. extranjeros otros no Se forman grupitos David Sancayuni Campesina 22 07 10 Os alunos comentam tamb m sobre aquilo que eles ouvem nas conversas de seus pais sobre o turismo David confessa que se formam panelinhas de alunos o que testemunha a diferen a social existente na ilha acentuada pelo sistema de apadrinhamento compadrazgo o qual come ou a incluir turistas estrangeiros como padrinhos Outra observa o dos professores refere se ao grau de aten o menor que t m os alunos na aula e a dedica o menor que t m os pais em rela o aos estudos dos filhos Los padres no se dedican m s a los hijos sino a la plata y eso se observa en los alumnos que tambi n se vuelven flojos estudian menos ya no se preocupan tanto Rosaura Pueblo 20 07 10 As professoras dizem dar um apoio na pr pria escola para as tarefas de casa porque sabem que muitos n o fazem em casa Eso pasa aqu al menos Rosaura Pueblo 20 07 10 Esse apoio foi implementado em Amantan diante da falta de estudos por parte dos alunos em casa Mas normalmente n o sistem tico A ltima observa o interessante relaciona se com o futuro dos alunos e as suas respostas pergunta Qu quieres hacer cuando est s grande Segundo as professoras a maioria das respostas refere se ao campo do turismo Muitos querem se tornar donos de lancha ou guias de turismo alguns pensam sair da ilha para trabalhar e construir casas na ilha
180. facilmente com a presen a deste chaski pintado na coluna dedicada ao inca Manco C pac no meio da pra a N o havia absolutamente ningu m na pra a neste hor rio e as lojas estavam fechadas pois como veremos logo mais chegariam os turistas A casa de Olga e Alfredo ficava na verdade a dois passos da pra a se distinguia de longe pela impon ncia da casa em constru o dentro da propriedade da fam lia Bati porta de ferro vermelho e uma senhora bastante jovem com um beb amarrado s costas abriu a era o meu primeiro encontro com Olga Um pouco surpresa por minha chegada n o avisada ela me disse que n o tinha lugar para eu ficar em sua casa Recibimos tres turistas por la ma ana Pero est bien aqu te puedes quedar Mi madre tiene cuartos en su casa cerquita m s all abajo Aqu vas a comer e ah puedes dormir 30 soles por d a nom s te voy a cobrar Olga Pueblo 10 07 10 Sabendo que o prego convencional para um turista era de 30 soles e que precisaria pagar no total uma quinzena de noites na ilha insisti para abaixar o prego ao valor de 20 soles Olga aceitou sem dificuldades propondo me neste caso ficar mais de uma noite para garantir este pre o Entrando na propriedade da fam lia a minha aten o foi despertada primeiramente pelo car ter muito recente da casa Parecia me que tudo acabara de ser constru do em estilo bastante moderno com portas de madeira e janelas de tamanho muito maior se comparado
181. gares que visita E n o se satisfaz com um conhecimento de fachada superficial tamb m quer penetrar nos bastidores dos lugares por onde anda ARAUJO 2003 p 59 Esse desejo se expressa para MacCannell como um sentimento que consiste em querer sair dos caminhos trilhados e ficar com os nativos MACCANNELL 1976 p 97 A busca feita em dire o ao aut ntico estabelece se por meio da cren a de que em algum lugar n o apenas aqui n o exatamente agora talvez ali adiante em algum lugar em algum pa s atrav s de outro estilo de vida em outra classe social exista a sociedade genu na ARAUJO 2003 p 60 Pode se interpretar esse desejo de proximidade com o nativo e de participa o sua vida Pappareillage symbolique install en ce lieu a d j t defini comme cette partie de la fa ade que l on appelle le d cor GOFFMAN 1973 p 106 tradu o minha on fabrique ouvertement les illusions et les impressions GOFFMAN 1973 p 110 tradu o minha 74 quotidiana assimil vel a certo mimetismo ocasional ou de ocasi o O turista sente a necessidade de se confundir com outro grupo de pessoas Por m cabe insistir sobre o car ter ocasional ou de ocasi o deste mimetismo pode ser o tempo da excurs o ou um momento delimitado dentro da pr pria excurs o pois esta necessidade do aut ntico tem os seus limites particularmente com respeito ao conforto que pode fazer falta Em
182. gmenta o da comunidade em particular da comunidade de Pueblo por causa da atividade tur stica Normalmente os turistas s o recebidos por comunidade mas a tend ncia atual a fragmenta o das comunidades em grupos de fam lias trabalhando em conjunto Por exemplo em Pueblo existe a associa o Ccolono que junta uma dezena de fam lias e outros grupos como o grupo da fam lia de Olga Cari e Alfredo que trabalham em conjunto com outras fam lias pertencentes ao segmento social dos atuais ou ex donos de lancha A divis o do grupo operou se nas palavras de Zacar as por causa de desacordos entre fam lias em rela o s ag ncias de turismo com as quais se trabalhava O objetivo da associa o de Zacar as trabalhar de maneira mais sustent vel rent vel e justa para as fam lias de forma a evitar a explora o que as ag ncias de turismo efetuam Por isso na associa o s o recebidos turistas provindos das ag ncias que promovem um turismo rural mais sustent vel Diferentemente desta vontade de conscientiza o outros grupos segundo Zacar as n o recusam a hospedagem dos turistas vindos das ag ncias exploradoras 135 Ellos piensan as que lo poquito que pueda traer el turismo ya es importante No piensan en el futuro Piensan en la platita nom s Reciben turistas porque lo necesitan y aceptan turistas de las agencias como la Inka por ejemplo que paga poquito y a veces no paga Zacar as Pueblo 23 07
183. grupando e enviando os turistas para a casa dos seus familiares Ressalte se nesta etapa inicial da viagem o meu confronto com os donos da lancha De certa forma ao insistir para n o fazer parte da repartig o que estavam efetuando e desta maneira escapar ao controle que eles estavam exercendo sobre os turistas me destaquei do resto do grupo Notei a surpresa do dono da lancha diante do meu conhecimento pr vio da fam lia na qual ficaria pois n o parecia ser uma situa o habitual para ele A situa o resultante da reparti o dos turistas era normalmente definida por eles e eu me opunha a esta situa o Considerando a figura do dono de lancha como definidora da situa o ent o criada pode se interpretar a minha interfer ncia dentro desta situa o como uma intrus o intempestiva GOFFMAN 1973 p 198 Identificava me fora da situa o que eles estavam criando posto que conhecesse elementos da sua representa o no contexto da atividade tur stica pelos quais normalmente s eles t m conhecimento Al m disso a minha intrus o podia constituir um perigo para o sucesso da reparti o efetuada Eu acabara de passar pela primeira vez da zona de frente para uma zona traseira dentro da situa o social presenciada Estava sozinho subindo o caminho de pedras para chegar comunidade de Pueblo onde morava a fam lia de Olga na qual eu resolvera ficar Cabe para a nossa entrada em Amantan fora da cena tur stica dis
184. gua ou coca e que ningu m ainda tinha feito a escolha da lata de coca Em 131 qualquer restaurante pode se escolher a bebida Era mais um ponto da formac o seguido por Emerinciana para o atendimento ao turista Neste mbito nota se a atua o das ONGs dentro do espa o e de maneira muito percept vel no ritual de intera o com o turista A pr tica discursiva difundida por meio dos cursos de capacita o das ONGs aparece de modo claro no ato de prepara o da comida A cozinha neste caso uma zona traseira compar vel cozinha da Epifania Por m o ritual da gestual cria um cen rio diferente no qual a atua o da Emerinciana deve se encaixar na margem te rica que ela havia aprendido Naquele momento ela estava atuando espontaneamente na minha frente O almo o estava pronto Ela me serviu e sentou se na minha frente para almo ar comigo O vivencial tinha que ser respeitado Emerinciana tinha vivido v rios anos fora da ilha e ela se expressava com facilidade em espanhol em compara o com a sua irm Epifania com a qual a conversa ficava restrita Posto que est vamos sozinhos almo ando na cozinha perguntei a Emerinciana se a mesa na qual eu estava sentado servia de alguma forma para a fam lia quando ali n o havia turistas A resposta foi negativa Ac nom s nos sentamos falou me mostrando as pranchas de madeira dispostas perto do fog o onde ela estava almo ando No nos sentamos en la mesa Para el turista
185. ha percebendo que o seu modo de vida atra a o turista Eles trabalhavam com as lanchas e eram ent o os nicos que possu am o meio de levar pessoas para a sua ilha N o existe nenhum registro oficial deste depoimento o qual somente 116 permanece ancorado na mem ria do velho dono de lancha aposentado Por m em nossa conversa Julio apontou o dedo para uma esp cie de livro o qual estava numa prateleira ao lado da mesa da cozinha Na capa do livro li as palavras em duas escritas diferentes Guest book Libro de invitados Este documento de pelo menos duzentas p ginas tinha o objetivo de recolher o depoimento dos turistas hospedados na casa da fam lia Era na verdade uma acumula o de cadernos avulsos encadernados medida que eles ficavam cheios O primeiro depoimento foi feito por duas chilenas e uma sueca Martha Lilly e Micky e data de 17 de fevereiro de 1982 Ao folhear as p ginas do caderno o qual levei ao meu quarto para uma consulta mais detalhada compreend que tinha entre as m os um documento original o qual de certa forma podia ser reintitulado Pequena Antologia da hist ria tur stica na ilha de Amantan Eu percebia o valor deste livro aos olhos de Julio Borda Ele com certeza n o conhecia o conte do exato do livro posto que mais da metade dos depoimentos estivessem escritos em l nguas estrangeiras Por m ele sabia que esses depoimentos falavam dele da sua fam lia da sua casa e refletiam
186. hes fora vendido permaneceriam a tarde e a noite na ilha Havia tamb m duas americanas e uma inglesa que estudavam espanhol em Cuzco durante as f rias e tinham contratado um four para as ilhas do Titicaca em Cuzco Ao explicar lhes o motivo da minha presen a na ilha por mais de uma semana elas entenderam muito bem o interesse da pesquisa por m para elas o fato de ter que ficar v rios dias na ilha lhes parecia resultar dificilmente conceb vel de acordo com elas por causa da comodidade t o prec ria do lugar O almo o foi servido em pratos copos e x caras comuns de vidro sopa de legumes arroz com um ovo frito e batatas fritas um ch de mu a para terminar As meninas comiam com dificuldade a comida feita por Olga e deixaram boa quantidade no prato Uma delas se sentia doente e tamb m come ava a se preocupar com o fato de n o poder sair da ilha at o dia seguinte Parecia me reviver a experi ncia da primeira estadia com o colega franc s e o chileno que tamb m sentiram problemas de sa de depois da chegada Ao final do almo o Olga pegou uma bolsa de pl stico na qual guardava quantidade de artesanatos para vender aos seus h spedes O ritual de intera o com os turistas estava sendo respeitado por meio deste ato da venda do artesanato e que as meninas n o compraram Olga n o insistiu e arrumou a bolsa em seu lugar instantaneamente As tr s meninas voltaram aos quartos para descansar antes do encontro ritual na pra a
187. hospedeira com rela o Pachamama e Pachatata para efetuar a subida ritual tr s situa es de intera o diferentes depois do almo o e do descanso previsto e Os turistas que desembarcam em Pueblo podem ser hospedados em fam lias de Pueblo Lampayuni Villa Orinoj n Santa Rosa e Incatiana s 16h00 os grupos se encontram na Pra a Manco C pac para observar a pracinha antes de subir A subida um pouco mais demorada neste lado da ilha e Aqueles que desembarcam em Sancayuni podem ser hospedados nas duas comunidades que dividem Sancayuni Alto e Campesina s 16h00 os 96 grupos sobem ao est dio em construg o onde empreendem um jogo de futebol antes de subir a montanha pelo lado oposto para chegar aos topos e Aqueles que desembarcam em Occosuyo podem ficar em fam lias de Occosuyo Occopampa e Colquecachi s 16h00 encontram se na plataforma pequeno campo de futebol em frente ao sal o comunit rio de Colquecachi onde tamb m jogam futebol antes de empreender a subida A subida deste lado mais r pida para chegar aos topos Uma vez reunidos nos dois topos da ilha a massa de turistas n o percebe que cada grupo levar uma impress o geral da ilha apesar de a ter conhecido sob um ngulo diferente dependendo da sua comunidade recebedora Pode se dizer que essa impress o geral cria certa vis o estereotipada da ilha como uma totalidade indistinta na qual todas as comunidades seriam equivalentes a uma e
188. ia em Lima e pelo uso da biblioteca da Pontificia Universidad Cat lica del Per e sobretudo pela amizade nutrida desde o nosso encontro nos bancos da universidade de Paris IV La Sorbonne durante a graduag o num per odo em que o Peru ainda representava para mim uma regi o de pesquisa long nqua Aos colegas do programa de mestrado profissional em turismo no CET especialmente Ang lica Ariana e Gleison pelas conversas construtivas decorridas da disciplina Turismo Mem ria e Identidade administrada pela professora Ellen Fensterseifer Woortmann Aos colegas de trabalho da Alian a Francesa de Bras lia pelos sorrisos e abra os cotidianos e por representar uma grande fam lia aqui em Bras lia A toda minha fam lia que me fez sentir estar sempre ao meu lado apoiando me sem saber muito bem a que eu me dedicava minha m e No lle e ao meu irm o Adrien pela cumplicidade de sempre apesar da dist ncia e pelo amor incondicional e eterno que nos une A minha av Mamie N nette pela import ncia de sua presen a em minha vida por me trazer esta intensa lembran a de uma inf ncia e adolesc ncia passada na fazenda num pequeno peda o do interior da Fran a neste pequeno para so da minha mem ria cujo nome Villejumard RESUMO A ilha de Amantan constitui um dos principais atrativos tur sticos da regi o de Puno nos Andes peruanos A ilha se diferencia dos outros destinos tur sticos da regi o ao pr
189. ias da ilha As casas est o transformadas sempre na perspectiva tur stica e comercial de receber mais turistas Para satisfazer este objetivo as pol ticas p blicas e particularmente o programa de TRC incentivam o car ter qualitativo da recep o impulsionando a melhoria das casas para satisfazer melhor o turista Assim a transforma o arquitetural das casas de acordo com um padr o internacional leva as fam lias a viver em novos espa os obrigando as a se acostumar com os turistas quer eles estejam presentes quer eles n o estejam importante levar em conta que estando o turista presente ou n o dentro da casa as novas configura es do ambiente s o permanentes Os quartos previstos para sua hospedagem as mesas dentro das cozinhas a import ncia maior dada casa em detrimento do terreno para cultivar todos esses aspectos s o permanentes Mesmo se a fam lia recebe um grupo de turistas algumas vezes no ano ela tem de lidar com as novas configura es durante todos os meses do ano Pode se dizer assim que o turista indiretamente imp e a sua presen a durante todo o ano dentro da casa Em suma buscamos elaborar o conceito de coloniza o da intimidade em torno do turismo vivencial na ilha de Amantan no Peru Essa coloniza o diz respeito n o somente ostenta o da imagem do ind gena para a explora o tur stica no pa s como tamb m a exposi o de sua intimidade a partir do acolhimento de turistas naci
190. ias e uma noite no lago constituem a excurs o tur stica realizada pela grande maioria dos turistas que transitam pela regi o de Puno e querem passar uma noite no lago Titicaca 12 Qualificaremos este tipo de discurso respeitando uma ordem discursiva da autenticidade mais adiante 2 Existem duas fronteiras abertas entre Peru e Bol via situadas no departamento de Puno beira do lago Titicaca a primeira fica em Desaguadero na estrada que leva direto para La Paz e a segunda em Yunguyo pr ximo cidade tur stica boliviana de Copacabana 37 A zona mais visitada a zona das ilhas flutuantes Uros Elas atraem turistas pelo seu car ter de ilhas que flutuam sobre o lago gra as a um sistema de constru o tradicional das ilhas e das casas com um material natural presente nesta rea do lago a totora A popula o ind gena que desenvolveu essa t cnica era inicialmente de etnia Uru e povoou inicialmente o lado boliviano do lago antes de empreender esta t cnica de constru o dessas ilhas artificiais sobre o lago para escapar invas o dos incas que a partir de 1450 conquistaram toda a zona andina GLOAGUEN 2009 2010 p 234 As sucessivas secas provocaram a diminui o do n vel das guas do lago obrigando os urus a se mudarem para a parte oeste do lago do lado peruano perto da pen nsula de Capachica Mais tarde diante da prioridade dada ao desenvolvimento do setor do turismo na economia do pa s e da abertura deste
191. icado que o tradicional Seguindo a divis o estudada por MacCannell com respeito aos cen rios em contexto do turismo vimos que os espa os ntimos de vida das fam lias tornam se espa os sociais de intera o com o turista que se diferenciam em fun o da origem social da fam lia Assim o segmento mais rico da popula o as fam lias de donos de lanchas que se beneficiam da atividade tur stica desde a sua apari o aquele 140 que hoje em dia acompanha maior transforma o em seu espa o de vida tradicional tendo se assimilado a um espa o voltado predominantemente para o turismo Esta din mica contudo gradativa ou seja alcan a um maior n mero de fam lias ao longo do tempo contribuindo para seu enriquecimento ao mesmo tempo em que conforme se discutir no cap tulo seguinte contribui para a ambival ncia do desejo colonial Ela se torna ainda mais complexa mediante a interven o das ag ncias de turismo e das ONGs que contribuem para o desenvolvimento da atividade tur stica na ilha de maneira localizada e desigual Tentaremos a seguir interpretar o conte do das intera es resultantes da atividade tur stica que pelo nosso olhar busca espetacularizar o quotidiano como din mica de coloniza o da intimidade Desvendamos neste cap tulo que se trata de uma coloniza o da esfera privada uma expropria o da intimidade na qual a casa e em particular a cozinha s o tornados espa os de servi
192. idero que a pesquisa de campo poderia ser muito mais completa se o pesquisador conseguisse entender e se expressar nesta l ngua Senti pois que aquilo expressado em qu chua ter me ia ajudado no desempenho da observa o participante e nesta vontade de explorar os bastidores da atividade tur stica Infelizmente os fatores tempo dinheiro e falta de recursos para a realiza o da pesquisa de mestrado leva qualquer pesquisador a se conformar com aquilo que eu pr prio j possu a a minha sensibilidade ao observar e ouvir as fam lias para que ganhassem a minha confian a e falassem de si e das suas perspectivas com o turismo Este fato revelou se um grande exerc cio de paci ncia e respeito por parte dos habitantes locais O fator geogr fico e clim tico tamb m representou um desafio As dist ncias entre todas as comunidades consoante ao ngrime relevo da ilha e as dificuldades para respirar a mais de 3 000 metros de altitude tamb m tornaram a pesquisa de campo um certo desafio esportivo Em julho a regi o se encontra no per odo do inverno austral com temperaturas baixas que descem abaixo de zero grau noite A nica op o para se lavar aquela do balde de gua gelada o que tamb m representa um fator ao qual preciso se acostumar durante muitos dias de perman ncia no local apesar de a minha origem francesa tenha a reputa o de n o dar grande import ncia para isto Soma se a isso a dificuldade de pesquisar como estrange
193. ido 75 C sar foi entrevistado informalmente em 20 de julho de 2010 em Pueblo na tienda de abarrote da Pra a principal 111 temporariamente dentro da casa em constru o para poder dormir Esta transforma o em zona de frente levava a pr pria fam lia a se encontrar de certa forma deslocada e ent o hospedada na sua pr pria casa passando a viver na pr pria zona de frente do cen rio tur stico Nestas palavras pode se dizer que se testemunhava mais a constru o de uma pousada do que de uma casa de fam lia A presen a escondida do cuy vivendo agora do lado de fora marginalizado fora de um espa o que tinha sido seu estava acompanhada pela condi o de vida tempor ria da fam lia considerada como errante num espa o em muta o progressiva Defini esta situa o como nova transforma o dos bastidores ntimos de acordo com a l gica de transforma o heterog nea das casas no conjunto da ilha Passaremos agora para a casa de Julio Borda em outra comunidade 2 2 Comunidade de Villa Orinoj n na casa de Julio Borda o espelho da mem ria da atividade tur stica em Amantan A minha estadia de dois dias na casa da fam lia de Julio Borda beira do lago a qual ficava na comunidade de Villa Orinoj n ltima comunidade do bloco de comunidades situadas na parte ocidental da ilha foi decidida por acaso Alfredo Cari orientou me em dire o a esta fam lia ao evocar o per odo hist rico pr distrit
194. ilha Enquanto almo vamos ela nos acompanhava sentada no recanto dos fundos da cozinha ao lado do fog o a lenha A perpetua o da tradi o parecia se manter no comportamento da mama Grande que n o se aproximava dos turistas e ficava no espa o mais ntimo desta cozinha moderna o recanto do fog o a lenha Encontrava me em certo momento como nico estrangeiro dentro da cozinha e Alfredo empreendeu a conversa O sea que eres estudiante Y sobre qu est s haciendo tu investigaci n Alfredo Pueblo 10 07 10 Contei de maneira condensada que o meu trabalho consistia em observar as mudan as culturais operadas pelo fen meno tur stico na ilha e identificar o impacto do turismo sobre a identidade cultural das fam lias da ilha Abordando o tema do turismo ele me explicou o que eu observaria muito rapidamente em toda a ilha e o que ouviria de forma repetida no discurso dos habitantes En el tiempo de mis padres los turistas no eran tan bien aceptados la gente ten a miedo y pocas familias quer an recibir a los turistas en su casa La gente era muy desconfiada con respecto a los turistas pero ahora es lo contrario la gente se muere por el turismo Alfredo Pueblo 10 07 10 Muito ligado ao tema do turismo pois ele se dedicava atividade tur stica Alfredo apontou com o dedo pela janela as v rias partes da casa em constru o 90 Mira ma ana conversaremos sobre el tema del turismo te explicar lo qu
195. ilha percebemos que a ilha de Amantan vendida na cena tur stica como destino ex tico cuja autenticidade seria o maior interesse para a visita Pela descri o do roteiro padronizado fixado para a visita ilha tentei mostrar que se vende um conjunto de elementos as fam lias hospedeiras as suas casas as refei es caseiras preparadas por elas a noite passada em casa a subida aos templos arqueol gicos a observa o da paisagem e do p r do sol a festa dita tradicional Todos esses elementos reunidos formam um todo que tem por objetivo aparecer imut vel aos olhos dos turistas As fam lias da ilha s o descritas como fazendo parte deste pacote cultural e isso faz com que elas sejam percebidas como iguais e parecidas Na cena tur stica n o se faz nenhuma distin o entre as fam lias criando para o turista uma imagem padronizada da popula o que ele vai encontrar Assim o programa de TRC implementado pelo MINCETUR que vende o turismo vivencial como elemento diferenciador da atividade tur stica no local tamb m integra esta ordem discursiva da autenticidade em n vel oficial Em Amantan o ex tico est garantido pelo com rcio articulado ao redor do patrim nio imaterial insular a cultura e as tradi es camponesas com a conviv ncia e a imers o nas casas das fam lias insulares a natureza com a vista dominando o lago Titicaca desde os topos montanhosos da ilha e o patrim nio material pr hisp nico
196. ilha de cinco anos se aproxima deles e interage sem receios da mesma forma que as filhas de Olga e Alfredo A presen a regular do turista em casa parece criar certo costume que se verifica na atitude das crian as que crescem em sua presen a Se 115 compararmos por exemplo a atitude de Flora e dos seus irm os atitude de Olga e Alfredo pode se notar que s o adultos jovens que guardam uma proximidade particular com os turistas posto que desde a sua inf ncia suas fam lias j recebiam turistas pois eram fam lias de donos de lancha Pode se supor que a ltima gera o ou seja a de seus filhos ter em alguns anos uma rela o diferente com o turista a qual tende a ser mais pr xima ainda Mas o relato de Flora inscreve se fortemente dentro de um contexto de mudan a de tempo Constata se claramente que existe o tempo de antes quando o turismo apareceu misturado com o tempo da juventude e o tempo de hoje no qual o turismo faz parte do quotidiano da fam lia e se faz de maneira organizada Esse discurso ilustrado dentro do marco da mudan a espacial e da transforma o da casa da fam lia uma transforma o progressiva que aos poucos se adapta s necessidades do turista Este exemplo da casa da fam lia Borda representa um modelo parox stico de transforma o do lugar privado e ntimo familiar Esse lugar podia ser percebido inicialmente como bastidor pelo turista que chegava Por m foi se transformando aos pouco
197. illa Orinoj n Estadia efetuada do dia 19 07 2010 at 21 07 2010 3 noites 4 Casa de Julio Borda e a sua fam lia sua filha de 32 anos e a neta de 4 anos presentes Comunidade de Villa Orinoj n Estadia efetuada do dia 22 07 2010 at 23 07 2010 2 noites 5 Casa de Miguel Yanarico Pacompia Comunidade de Colquecachi Estadia efetuada em 24 07 2010 1 noite 6 Casa de Florentino Yanarico Comunidade de Incatiana Inca Samana Estadia efetuada em 25 07 2010 1 noite A observa o participante foi efetuada na casa das fam lias que me hospedaram por meio de conversas informais para n o intimidar as pessoas as quais falando espontaneamente j permitiram coletar dados importantes Os momentos mais prop cios para recolher os depoimentos foram os momentos das refei es durante os quais toda a fam lia se reunia na cozinha para comer junto comigo Al m de ser um pesquisador tamb m era um estrangeiro que pagava um valor para ficar nas fam lias as quais de certa forma me recebiam como se fosse um turista Al m da participa o da vida em casas de fam lia nestes momentos de intera o ritual das refei es a aten o ao espa o foi outro elemento central no decorrer da minha observa o participante A paisagem insular a organiza o das comunidades o trajeto dos fluxos de turistas e a organiza o do espa o das pr prias casas dos habitantes me permitiram organizar o meu tempo Supondo que eu deveria
198. imagens folcl ricas da na o para seu consumo local e internacional na cena tur stica SILVERMAN 2002 p 899 Da mesma forma para Hill 2007 o projeto pol tico do governo peruano conhecido sob o nome de incanismo pode ser visto como o uso do patrim nio cultural andino para atrair o turismo na regi o andina promovendo o que se pode chamar de ind stria do turismo Dessa forma o autor afirma que o incanismo insere se na pol tica neoliberal do Estado peruano atual centralizado em Lima que busca atrair investimentos estrangeiros e o turismo internacional para a regi o Nesta articula o entre ideologias locais derivadas da hist ria local e da aposta sobre o desenvolvimento do turismo como principal vetor para trazer benef cios econ micos podemos afirmar que surgem ordens discursivas diferenciadas de acordo com as diferentes regi es do pa s Se de acordo com os autores no caso da regi o de Cuzco o incanismo autentica o produto tur stico e o interesse tur stico permite validar essa ideologia VAN DEN BERGHE e FLORES OCHOA 2000 p 23 ent o podemos supor que da mesma forma as ordens discursivas que nascem em mbitos locais e s o patrocinadas no n vel 148 nacional autenticam o produto tur stico local e que o interesse tur stico permite validar essas ordens discursivas A ambival ncia do desejo entre turista e atores locais do turismo pode ser percebida nesta articula o O turista vem ao pa s para sa
199. inha observa o tornando se interlocutores de grande import ncia Sentado mesa da cozinha deles eu observava a grande quantidade de objetos presentes numa mesa de apoio situada do lado das pias na qual tinha fotos das duas filhas cosm ticos variados lembran as vindas do estrangeiro colheres de madeira fixadas na parede Perguntei lhes o que eram esses objetos os quais pareciam se acumular neste canto da cozinha sem ter um uso quotidiano Son los turistas A veces nos traen regalitos de recuerdo de su estancia aqu en la casa Por ejemplo esas cucharas nos las dejaron una pareja de alemanes este platito fue este a o un chico de Inglaterra la foto de Pamela aqu la sac otro turista Alfredo Pueblo 11 07 10 A passagem de muitos turistas ficava gravada e materializada nos presentes deixados por eles e guardados nesta mesa como testemunhos Os objetos constru am certa mem ria tur stica fato que se constatava pois eles se lembravam exatamente da nacionalidade de quem tinha trazido tal ou tal objeto Essa mem ria tur stica se manifestava tamb m em outro aspecto da mesma forma que para outras fam lias da ilha e no caso da fam lia de Olga estava presente no nome das 99 criancas Pamela a filha do casal com menos de um ano de idade tinha sido batizada assim para lembrar outra Pamela estudante limenha que se hospedou durante v rias semanas na casa deles durante a sua pesquisa de campo
200. inha que servia de cozinha do lado da pequena casa Estaba todo muy chiquito Alfredo Pueblo 13 07 10 No resto da propriedade um jardim e um campo para os animais e cultivos Hoje em dia a propriedade tem sido totalmente transformada e reabilitada 1 DOUGLAS Mary Pureza e Perigo Lisboa Edi es 70 1991 102 FIGURA 8 Planta esquem tica da propriedade de Alfredo e Olga Cari Pueblo Casa em constru o 2008 Zona onde dorme a fam lia enquanto as obras n o s o finalizadas Torneira com gua corrente P tio Q Quartos para turista 2009 interior Banheiro 2010 Quartos para turista 2007 Cozinha 2008 Fog o lenha Depois da morte do pai Alfredo empreendeu a partir de 2007 a constru o da primeira parte nova da propriedade com dois quartos antes de destruir integralmente a casa e as instala es iniciais Agora n o tem mais jardim nem campo sen o um quintal interior sobre o qual se d o os diferentes corpos de casas da propriedade A antiga casa somente permanece na mem ria da fam lia Os limites das antigas paredes ainda s o conhecidos Hasta ac m s o menos ven a la cocina Alfredo Pueblo 13 07 10 Tudo foi destru do e reconstru do em uma escala definida de acordo com o gosto do turista Constr i se ent o com portas e janelas de tamanho maior e mais espa oso para o 103 conforto dos turistas Em 2008 ele construiu a cozinha atual e em 2009 o terce
201. io s o percebidas ao passar para o outro lado da cena tur stica No terceiro cap tulo procuro dar um significado ao conte do destes dois encontros tur stico e etnogr fico Apresenta se o local sob um novo ngulo procurando enfatizar a atua o das fam lias e o tipo de espa o no qual elas atuam Ademais o contexto tur stico local de Amantan e o contexto tur stico nacional s o confrontados neste cap tulo Abordam se ainda os conceitos de coloniza o da intimidade e de desejo colonial cuja intera o permite gerar as novas din micas do TRC 30 CAP TULO I A ILHA DE AMANTAN A CENA TUR STICA Nesta etnografia sobre o turismo as minhas lembran as formam de acordo com L vi Strauss 1955 res duos da mem ria incrustados aos dados e verdades recolhidas em campo Por m esses res duos n o poderiam ser exclu dos sem estragar o fruto da pesquisa Eles fazem parte dela eles testemunham a minha trajet ria e a minha chegada ilha de Amantan no lago Titicaca eles s o a minha mem ria de v rios anos com a mente virada para os Andes peruanos e assim resolvo come ar o primeiro cap tulo com esses res duos S bado 25 de julho de 2009 No meio da tarde eu andava sozinho na Carretera Panamericana no meio do Altiplano boliviano Ainda n o sabia que meu destino era a ilha de Amantan no lago Titicaca Tampouco imaginava que este lugar ia se tornar a minha rea de estudo para a realiza o da pres
202. iro no campo do turismo num local onde a atividade gera numerosos conflitos com os atores externos como as ag ncias de turismo mas tamb m entre as pr prias fam lias ou grupos de fam lias que tentam n o deixar transparecer publicamente o benef cio trazido pela atividade Neste sentido apesar de Tamb m preciso considerar ao falar de deslocamento o tempo gasto dentro do pr prio pa s no transporte que sai de Lima para chegar a Amantan Os nicos v os internacionais chegam e saem de Lima preciso ent o pegar um nibus que demora aproximativamente 17 horas para percorrer os 1 300 quil metros que separam a capital da cidade de Puno De Puno a lancha leva mais ou menos tr s horas para chegar a Amantan Neste sentido deve se levar em conta este longo trajeto de ida e volta efetuado no pa s 19 tentar v rias vezes ter acesso a dados estat sticos sobre o turismo dispon veis na prefeitura do distrito de Amantan em Pueblo n o obtive ajuda das autoridades locais neste sentido Um funcion rio fez me entender que o processo burocr tico seria muito dif cil e o meu tempo de perman ncia limitado n o me permitiria estabelecer os contatos necess rios para acessar a tais dados Em resumo cabe dizer que o reduzido per odo em campo e a necessidade de apreens o de uma realidade muito ampla obrigaram me a coletar o m ximo de dados que me foi poss vel a fim de elaborar a pesquisa e tornar as considera es aqui expo
203. iro quarto com O banheiro com vaso sanit rio e chuveiro os quais acabavam de ser constru dos em minha chegada em julho de 2010 Essas tr s partes recentemente constru das e terminadas constituem o espa o de vida para os turistas e para a fam lia A fam lia passa a maior parte do dia na cozinha ou do lado de fora e dorme por enquanto num espaco tempor rio habilitado para dormir dentro da grande casa em constru o no fundo da propriedade Este peda o em constru o da propriedade o maior Apesar de ter come ado as obras em 2008 ele ainda est em constru o Foram constru das apenas as paredes da casa a qual se eleva sobre dois andares e apresenta as imponentes aberturas para colocar as futuras portas e as janelas Esta parte mais imponente da propriedade servir para v rios quartos outra cozinha e sala de jantar e dois banheiros Mas enquanto as obras continuarem a fam lia parece encontrar se sem espa o privado dentro de sua pr pria propriedade A maior parte do dia passada dentro da cozinha onde se preparam as comidas para os turistas quando os h e para os dois Elderes M rmons que est o hospedados num quarto da fam lia h poucos meses A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ltimos Dias est representada na ilha com o estabelecimento de um pequeno templo Os dois Elderes presentes na ilha cuidam da difus o da religi o na ilha e se hospedam na casa de Olga e Alfredo desde sua chegada Lembramos que
204. istas que chegavam ilha e monopolizava a atividade de hospedagem nas suas pr prias fam lias sem repartir o recurso O interessante da pesquisa observar quais eram as din micas criadas pelo turismo no come o da d cada de 1990 as quais evolu ram e aparecem hoje em dia de maneira ainda mais complexa Enfim a abordagem te rica de Erving Goffman 1973 via Dean MacCannell 1976 auxiliou me a organizar a narrativa de maneira operante para definir a situa o social criada pelo cen rio tur stico Refiro me neste t pico aos dados estat sticos do n mero de turistas que chegam ilha e em cada comunidade e o n mero de casa hospedaje oficial registrado em cada comunidade 20 3 Contextualizac o uma excurs o cultural vivencial e aut ntica um exemplo de Turismo Rural Comunit rio TRC O turismo realizado hoje em dia em Amantan n o um turismo que respeita o circuito cl ssico estabelecido pelos turistas De acordo com Raymond 2001 o turismo no Peru se efetua segundo um circuito bem definido e estabelecido pelo turista antes da sua chegada ao pa s o qual nasce do confronto entre uma imagem tur stica variada e uma desvantagem de tempo e dinheiro RAYMOND 2001 p 113 V rios crit rios entram na elabora o deste circuito Primeiro cabe considerar o car ter centralizado da capital Lima na qual chegam todos os v os internacionais e assim obriga o turista a come ar e terminar s
205. itei a estadia em Lima para encontrar dois pesquisadores do Instituto de Estudos Peruanos e uma professora da Pontificia Universidad Cat lica del Per com a qual participei de um encontro do grupo de estudos sobre antropologia do turismo O acesso s refer ncias bibliogr ficas tamb m foi facilitado em Lima com a possibilidade de consultar o acervo da biblioteca da universidade mencionada da livraria do Institut Fran ais d Etudes Andines IFEA e das refer ncias bibliogr ficas dispon veis nas livrarias da cidade e dos diferentes lugares j mencionados Enfim encontrei me com uma estudante Susana Orellana que efetuou uma pesquisa na ilha de Amantan sobre o tema do recurso da gua e do uso dos mananciais insulares Susana auxiliou me na prepara o da pesquisa de campo e o estabelecimento de um contato inicial com uma primeira fam lia com a qual poderia ficar em minha chegada ao local O contato com as pessoas citadas em Lima e o agendamento dos encontros foram todos estabelecidos por pesquisa e contato pr vio por Internet Em Puno comecei o levantamento de dados propriamente tur sticos na ag ncia da I Per ag ncia de atendimento ao turista regida pela PROMPERU e em v rias ag ncias de viagem e turismo do centro da cidade para perceber de qual forma o local de estudo estava sendo vendido no mercado tur stico nacional e internacional Continuei o levantamento no Centro de Documenta o de Puno CENDOC para recolher material
206. l Comunitario Per Dispon vel em http www turismoruralperu facipub com facipub upload publicaciones 1 80 guia 20turistic a pdf 171 MINCETUR Lineamientos para el Desarrollo del Turismo Rural Comunitario en el Per Agosto de 2006 Dispon vel em http www mincetur gob pe TURISMO Legal LINEAMIENTOS TURISMO RURAL pdf PROMPERU Perfil del Turista Extranjero 20053 Dispon vel em http www cocep org pe store noti 120 ren perfil del turista espanol 2003 pdf PROMPERU Perfil del Turista Rural Comunitario Fevereiro de 2008 Dispon vel em http www turismoruralperu facipub com facipub upload publicaciones 1 80 perfil 20del 2 Oturista 20rural 20comunitario pdf PROMPERU Manual de importancia e impacto del turismo em el Per PROMPERU Lima julio de 2000 REDTURC TITIKAKA Cat logo Lago Titicaca Puno cuna de la Cultura Andina 172 PORTAIS ELETR NICOS CONSULTADOS http www mincetur gob pe newweb http www promperu gob pe http www peru travel es http www ifeanet org index php idioma FRA http www 1ep org pe http www pucp edu pe content index php http blog pucp edu pe category 3923 blogid 1542 http www turismoruralperu org http www observatorioturisticodelperu com http www travelpod com travel blog entries garion 1 1308073317 tpod html http www estadao com br noticias suplementos a 1lha mais escondida do lago titicaca 3251
207. l ou do pavilh o antigo do fundo ao Jardin des Plantes em Paris LEVI STRAUSS 1955 p 10 11 Desta forma L vi Strauss mostrou que na viagem do etn logo se descarta o lado tur stico A viagem n o um objetivo sen o um meio indispens vel que se oferece ao etn logo para poder trazer os conhecimentos sobre outras sociedades Neste sentido como come ar a presente etnografia do turismo num local como a ilha de Amantan sem se remeter famosa e pol mica frase de L vi Strauss Fa o quest o de lembrar desde a introdu o que a ilha de Amantan entrou no presente mapa de pesquisa depois de ter sido realizada uma primeira estadia na ilha a qual foi uma visita de car ter tur stico Uma visita similar quela dos turistas que resolvem dentro do seu circuito atrav s do Peru fazer a excurs o para as ilhas do lago Titicaca aproveitando os pacotes interessantes propostos pelas ag ncias de viagens e turismo da cidade de Puno Exatamente um ano mais tarde a segunda estadia foi realizada no mbito do trabalho de campo para a presente pesquisa Neste contexto foi poss vel vivenciar o fen meno tur stico insular revestindo duas m scaras sociais diferentes aquela do turista e aquela do pesquisador Cabe lembrar que o acesso ilha e a estadia nesta ltima foram poss veis mediante as infraestruturas tur sticas e grande parte da observa o participante foi realizada num contexto de intera o com as fam lias assemelhando se quele
208. legitimar o car ter aut ntico da excurs o Na cena tur stica o turista participa de uma experi ncia que combina a sua percep o visual auditiva olfativa e degustativa para legitimar a autenticidade do produto vendido previamente A ilha na verdade produzida por uma ordem discursiva da autenticidade cuja narrativa remete fortemente narrativa da descoberta de um lugar isolado preservado e nico como se o turista pudesse experimentar uma viagem de descoberta assimil vel descoberta do novo mundo por Colombo Essa ordem discursiva da autenticidade produzida localmente pelas ag ncias de turismo pelas ONGs pelos guias e 162 impulsionada ainda pelas inst ncias de governo o MINCETUR e a PROMPERU que promovem a difus o do turismo na regi o nos n veis nacional e internacional Neste sentido o car ter aut ntico da experi ncia descrita se cumpre muito mais por meio deste discurso do que por meio do pr prio encontro tur stico com as fam lias uma vez que no final da excurs o a aproxima o com a cultura local nem sempre chega a satisfazer o desejo do turista na busca pela autenticidade e pela alteridade Os bastidores da vida camponesa local aparecem aos olhos do turista durante as refei es propostas dentro da cozinha Entretanto a intera o desejada entra ent o num processo de aproxima o que leva a crer que h um contato de fato Ao passar para o outro lado da cena tur stica no cap tu
209. lo II propus me a analisar a atividade tur stica a partir da vis o das pr prias fam lias de Amantan Recorremos aos conceitos de zonas de frente e zona traseira de Goffman complementadas pela dicotomia estabelecida por MacCannell para analisar a percep o dos espa os tur sticos nos quais se realizam os encontros tur sticos rituais A conviv ncia com seis fam lias da ilha assim como as conversas informais com os meus interlocutores locais permitiram desvendar a heterogeneidade de situa es criadas nas casas das fam lias Elas transformam seu espa o de vida ntimo para receber o turista Esta heterogeneidade varia em fun o da origem social de cada fam lia da sua data de entrada na atividade tur stica da sua localiza o geogr fica na ilha da interven o das ONGs mediante capacita es para melhorar a qualidade do atendimento oferecido ao turista Percebemos como a tend ncia em reformar as casas e ampli las um fen meno geral na ilha que est em constante evolu o Essa transforma o progressiva pode ser lida nas paredes das casas naquilo que qualificamos de estratifica o da mem ria do turismo recorrendo ao conceito de Zonabend 1980 Os espa os das casas testemunham desta forma uma passagem do privado para o p blico pela qual as fam lias passam pouco a pouco a serem expropriadas da sua intimidade uma vez que o aut ntico percebido pelo turista consiste do lado das fam lias na comercializ
210. lugar remetemo nos ao conceito de lugar antropol gico definido por Aug 1992 em que o lugar seria uma constru o concreta e simb lica do espa o a qual n o poderia dar conta das vicissitudes e das contradi es da vida social m s qual se referem todos aqueles aos quais ela atribui uma coloca o por humilde ou modesta que seja 0 AUG 1992 p 68 Neste sentido o lugar antropol gico na medida em que significativo para quem o habita tamb m significativo para quem procura entend lo Ele simultaneamente princ pio de sentido e princ pio de inteligibilidade AUG 1992 p 68 o que faz dele no mbito da an lise etnogr fica um elemento privilegiado para entender o comportamento dos atores que o frequentam 9 construction concr te et symbolique de l espace qui ne saurait elle seule rendre compte des vicissitudes et des contradictions de la vie sociale mais laquelle se r f rent tous ceux qui elle assigne une place si humble ou modeste soit elle AUG 1992 p 68 tradu o minha 150 Se o lugar antropol gico uma constru o concreta e simb lica do espa o n o cabe tentar entender a realidade social desses atores como se produzida pelo espaco que eles frequentam Ao contr rio o percurso cultural dos signos institu dos pela ordem social aquele que define o espaco social AUG 1992 p 68 Entendemos assim os espacos constitu dos e obs
211. m caf da manh t pico na ilha de Amantan perguntei me Pela primeira vez desde que chegamos o marido de Epifania se apresentou para n s perguntando se a noite tinha sido agrad vel Ele deixou um caderninho na mesa o qual servia de guest book para escrevermos a data nossos dados e uma pequena nota de aprecia o Despedimo nos e sa mos para voltar ao porto J est vamos descendo para o porto com Epifania quando ouvimos um grito atr s O marido de Epifania estava chamando da janela falando alguma coisa em qu chua e Epifania virou se para n s e perguntou El chuyo Talvez algum de n s tr s havia levado o gorro emprestado pela fam lia para a festa da noite anterior Procuramos em nossas mochilas e um dos meus colegas percebeu que realmente o levou confundindo o com outros que havia comprado antes Ele ficou com a sensa o constrangedora de passar por um ladr o Por m Epifania n o ficou ofendida No porto todos estavam prontos para sair n o sem emo o As mulheres esperaram a sa da da lancha para cumprimentar o grupo se despedindo em castelhano e em qu chua at a lancha se afastar Desta maneira terminou a excurs o na ilha de Amantan Eu descobriria durante a pesquisa de campo efetuada um ano depois que a maioria dos turistas visita a ilha de acordo com este roteiro padr o vendido pelas ag ncias exatamente da mesma forma que eu o fiz em minha chegada na regi o No final desta excurs o proposta
212. m certo olhar vindo de fora o qual atribui uma nova fun o ao espa o ntimo uma fun o tur stica e comercial Ao manter a casa de forma palat vel para o estrangeiro ao separar o espa o de vida das pessoas e dos animais ao oferecer um espa o apropriado de acordo com as concep es ocidentais de espa o ntimo d se um novo significado ao dito espa o Eliminado a n o fazemos um gesto negativo pelo contr rio esfor amo nos positivamente por organizar o nosso meio reordenamos positivamente o espa o que nos rodeia tornamo lo conforme a uma ideia N o h aqui nada de temeroso ou de irracional O gesto que fazemos criativo o que tentamos relacionar a forma e a fun o impor uma unidade experi ncia DOUGLAS 1991 pp 14 15 O t tulo da presente disserta o Cuando el cuy tuvo que salir de la cocina remete de forma simb lica coloniza o da intimidade A conviv ncia ancestral andina com os animais dom sticos foi repensada atrav s da concep o do espa o ntimo de acordo com o modo de pensar ocidental o qual considera essa conviv ncia como impura O mundo animal e particularmente a presen a do porco da ndia nas comunidades rurais andinas integrado cultura GUTI RREZ USILLOS 1994 p 279 O pequeno animal atrai o turista enquanto ele visto do lado de fora Ele participa ent o da cria o desta autenticidade da vida camponesa Entretanto se ele estiver presente dentro
213. m modo de vida aut ntico Entretanto essa autenticidade n o mais meramente visual Existe uma intera o direta com o turista que se satisfaz com uma autenticidade palat vel e com conforto O caso da ilha de Amantan um exemplo que n o deve ser generalizado pois o programa de TRC e o turismo vivencial em geral n o t m por que sempre terem os mesmos resultados Por m a diversidade de contextos locais existentes num pa s s vezes n o permitem que um programa obtenha os efeitos desenhados no n vel 164 te rico de projeto em qualquer lugar Neste sentido os estudos de casos como os estudos de comunidades no mbito microssocial ser o sempre necess rios As pesquisas de campo nas Ci ncias Sociais e na Antropologia do Turismo se revelam necess rias para avaliar a sustentabilidade desses projetos tur sticos Em pesquisas futuras seria interessante analisar algumas perguntas deixadas em aberto Por exemplo se seria poss vel comparar o fen meno tur stico da ilha de Amantan e das comunidades ribeirinhas do lago Titicaca do lado peruano com o mesmo fen meno tur stico vivenciado nas comunidades lacustres do lado boliviano 165 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ABERCROMBIE Thomas Alan Pathways of Memory and Power Ethnography and History Among an Andean People Madison USA The University of Wisconsin Press 1998 ADAMS Richard Strategies of Ethnic Survival in Central America In URBAN Greg amp SHERZER
214. mento com a minha compra de um chuyo gorro t pico da regi o e ent o sa mos da cozinha convidados para descansar novamente antes de encontrar o resto do grupo com o qual t nhamos chegado de manh s 15h30 Epifania nos chamou no quarto para sairmos e percorrermos os dez minutos que nos separavam da pra a principal da comunidade Ela tinha vestido outra pollera de cor mais chamativa e levava a bobina de fio tradicional para fiar enquanto caminhava conosco at a pra a principal Ao chegar pra a meu olhar se congelou no monumento constru do no meio da pra a o qual v rios turistas estavam fotografando Quipu na m o esquerda e pututu na m o direita n o tinha d vida era um chaski que acolhia a dezena de turistas rec m chegados pintado nesta coluna no centro da Plaza de armas da comunidade De chuyos pregados na cabe a e armados de suas c meras v rios turistas imortalizavam o momento desse estranho e m stico encontro entre eles e a representa o moderna dessa figura a qual correndo parecia me emergir do passado vestindo um traje colorido que mais lembrava as cores usadas num mang japon s do que poca do glorioso imp rio inca Ele enfeitava a mesma coluna da qual dominava a est tua do primeiro imperador inca Manco C pac que de acordo com a lenda teria surgido da espuma do lago Neste meio de tarde s havia turistas com as suas respectivas m es hospedeiras ao redor desta coluna Todas vestidas
215. montanha t m alguma coisa de antigo e intemporal e a vista sobre o lago Titicaca nos faz pensar no quadro de Bruegel l Ancien A Queda de Icaro Y Na verdade a aten o dos turistas n o mais se dirigia ao lado cultural dos atrativos da ilha mas ao lado paisag stico insular A paisagem vis vel sobre o lago Titicaca se desenha de acordo com alguns turistas na forma de uma paisagem lend ria e m tica na qual os camponeses encontrados no caminho desempenham o papel de figurantes desta paisagem qual est o integrados e deste quadro ao qual eles est o assimilados A vis o expressada pelos turistas mostra como os habitantes s o instantaneamente mitificados em analogia a paisagens existentes na sua imagina o por meio de imagens pr vias 36 Flauta andina usada nas bandas de m sica tradicional dos Andes Existem numerosos modelos de zampo as 37 O quadro intitulado La Chute d Icare ou A Queda de caro leo sobre madeira pintado por Pierre Bruegel PAncien em 1558 est exposto no Museu de Arte antiga dos Mus es royaux des Beaux Arts de Belgique na cidade de Bruxelas na B lgica Neste quadro que uma representa o do mito grego de caro observa se uma paisagem harmoniosa e tranquila com as montanhas o mar e o sol que d o a impress o de abertura sobre um espa o infinito que contrasta com a presen a de um campon s em primeiro plano trabalhando a terra Quadro e informa es dispon veis em http www opac fabritius
216. mpress es exercido entre os outros e ele Com minha miss o finalizada resolvi aproveitar os ltimos dias da minha estadia na regi o para efetuar algumas visitas tur sticas Como jovem pesquisador rec m entrado no Programa de P s gradua o em Estudos Comparados Sobre as Am ricas CEPPAC UnB essas visitas visavam completar o meu conhecimento do mapa tur stico da regi o considerando o meu interesse em pesquisar no campo do turismo no Peru Ainda tinha um semestre para elaborar uma vers o final do meu projeto para a presente pesquisa e tinha ent o a perspectiva inicial geral de estudar o impacto das pol ticas culturais e tur sticas nacionais peruanas sobre as popula es ind genas sem no entanto saber em que zona geogr fica do pa s estabelecer uma pesquisa Assim depois de ter visitado o sitio arqueol gico de Tiwanaku situado a meio caminho entre La Paz e a cidade fronteira de Desaguadero entre a Bol via e o Peru peguei uma van com rumo fronteira onde uma vez o passaporte carimbado pegaria outro transporte para a cidade peruana de Puno meu destino final para passar dois dias nesta regi o do sul do Peru situada beira do lago Titicaca que eu ainda n o conhecia antes de voltar ao Brasil A van era similar s outras que j havia tomado ao longo da minha viagem Elas est o sempre lotadas e desta forma testemunham a grande mobilidade existente nesta regi o de fronteira entre a Bol via e o Peru As cholitas
217. n Es importante para que puedan trabajar y trabajar bien Feliz se va a quedar el turista Si se duermen no habr turista Emilio Villa Orinoj n 21 07 10 No dia seguinte no caf da manh a cena foi similar Emerinciana ao preparar o meu caf abriu o sach para mim e misturou o p do caf instant neo na x cara o que eu estava acostumado a fazer sozinho nas outras fam lias As panquecas foram preparadas com muito cuidado tamb m O caf da manh do resto da fam lia consistia em um pouco de p o seco com uma x cara de gua quente Emilio me explicou um pouco sobre a configura o da sua casa A casa pertencia aos seus sogros os pais da Emerinciana Antes o quarto deles ficava no primeiro andar onde fica atualmente o quarto dos turistas Eles desceram ao t rreo onde organizaram um quarto no lugar onde se guardava o feno para os animais A parte principal da casa foi constru da na d cada de 1950 Agora a casa estava sendo ampliada na metade em que havia obras come adas no ano anterior 2009 Mostrando me as obras ele explicou que poderia fazer pelo menos dois quartos e um banheiro com chuveiro nesta nova parte a ser finalizada em 2011 A eletricidade com o painel solar fora instalado no m s anterior pois o filho que trabalhava em Puno trouxe para eles No dia que eu fui embora da casa da fam lia propus tirar uma foto com eles Eles estavam vestidos com roupa quotidiana e ficaram um pouco constrangidos Por m vendo q
218. nchas As nicas lanchas que me permitiam como estrangeiro acessar a ilha eram as lanchas das ag ncias ou as lanchas colectivas que saem uma vez por dia por volta das 8h00 da manh e que comparado com as outras transportam turistas que se distinguem por seu estatuto de turistas livres RAYMOND 2001 p 128 129 que viajam sem pacote das ag ncias locais Descobri desde o primeiro momento que a minha posig o de gringo n o me permitira sair do mbito tur stico facilmente sobretudo com um tempo reduzido para a realiza o da pesquisa de campo Al m disso estava consciente do fato de que realizar uma pesquisa sobre o turismo na ilha atividade que gera numerosos tipos de conflitos e concorr ncia entre as fam lias e os agentes privados ou entre as mesmas fam lias n o facilitaria a minha intrus o como estrangeiro embora meu estatuto de pesquisador Assim percebi que deveria aproveitar da minha situa o de estrangeiro em rela o popula o residente privilegiando o aspecto da experi ncia humana que representa o trabalho de campo Entendo experi ncia humana de acordo com a defini o de Berreman 1975 na qual ela constitui o trabalho de campo e traz implica es dentro da tarefa cient fica que a etnografia BERREMAN 1975 p 124 Eu sabia que n o poderia ser curioso demais e que deveria controlar as impress es decorrentes da minha presen a na ilha e dos tipos de contatos estabelecidos incl
219. ncial e aut ntica um exemplo de Turismo Rural Comunit rio TRC esesssssoossssooesssooesssosoossosoossssoossssooesssooeossoooossssoossssooses 21 4 Estrutura da disserta o AAA A 29 CAP TULO I A ILHA DE AMANTAN A CENA TUR STICA cooconcconnncionnssornccrsosss 31 1 A primeira visita ilha de Amantan a descoberta de uma ilha 43 2 A Amantan dos turistas em busca de uma paisagem aut ntica 61 CAP TULO II OS BASTIDORES NTIMOS OS TURISTAS E AS FAM LIAS DE AMANTAN cdi ati s 71 1 A segunda viagem para a ilha de Amantan entre frente e bastidores do mundo tur stico insular aia 79 1 1 A chegada primeira fam lia oooomoommmmmmmmmmmrmmmmmms 88 1 2 O ritual tur stico visto de dentro esssssessseesseossssssssessseessocsseosssosssoessseesseeeseoseo 91 Ze A face insular ocidental Pueblo Lampayuni Villao Orinoj n e Incatiana 98 ZT Comunidade de Pueblo na casa de Olga Cari e Alfredo Sua a a nova transforma o dos bastidores sissssssiiississsdssesvssossrasvssdesr isspsavssisstso ssssivib sstpriisvav b s aaa 98 2 2 Comunidade de Villa Orinoj n na casa de Julio Borda o espelho da mem ria da atividade tur stica em Amantan oooooooononnoonnonnonnnnancnncnnnnnaconanonccnancnncnnnnnn conos 112 2 3 Comunidade de Lampayuni na casa de M ximo Juli e Epifania a outra interpreta o do recanto aut ntico da cozinha
220. ndo de fora pudesse ser o porta voz do discurso nativo e fazer a promo o da ilha e incentivar o turismo livre na ilha sem a contrata o das ag ncias exploradoras de Puno Cabe lembrar tamb m a situa o vivenciada na casa da Epifania quando no jantar ao brilho das velas nasceu em mim esse desejo sem precedentes de querer deixar a mesa tur stica para passar quele recanto o qual me parecia ser ent o a verdadeira matriz de intera o Neste contexto esse espa o duplo dentro da cozinha parecia tomar para mim um sentido metaf rico no qual percebia ent o a clara possibilidade de enxergar o turismo na ilha a partir da abordagem te rica de Erving Goffman A imagem do jantar com a cria o do duplo espa o e do cruzamento de olhares tinham para mim um significado metaf rico da transforma o em atividade etnogr fica a atividade tur stica no espa o ntimo das fam lias de 12 observador externo eu passava a observador observado STOCKING 1983 p 9 Assim marcava se o in cio da dialogia e do encontro etnogr fico Neste sentido parecia existir certa moldura para poder analisar a situa o social criada a partir deste encontro Assim o sentido metaf rico fundava se na exist ncia deste espa o duplo de frente e bastidores definidos por Goffman 1973 em que a implica o do controle das impress es desempenhava um papel importante para o sucesso do turismo na ilha sempre visando manter a imp
221. nheiro situado numa cabine era diferente dos outros Possu a um vaso sanit rio de pedra colocado sobre o simples buraco e a descarga consistia na utiliza o de um regador de gua Um sistema 130 facilitava tamb m a abertura da porta da cabine A observa o do quarto j pressupunha o trabalho feito para cuidar da decora o e da comodidade do turista mas eu descobriria passo a passo a li o dada aos alunos com respeito grande aventura vivencial do epis dio da cozinha Cheguei casa da fam lia de Emerinciana pouco tempo antes do almo o Desci para a cozinha que ficava fora do recinto da casa do lado direito Era uma cozinha tradicional cujo teto ainda era confeccionado de totora Uma dessas cozinhas tradicionais que tendem a desaparecer na ilha mas que persistem na casa de algumas fam lias A fuma a estava saindo do buraco sob elevado feito na totora guisa de chamin O almo o estava sendo preparado Entrei na cozinha Emerinciana estava se agitando ao lado do fog o para preparar a comida e convidou me a sentar mesa Dentro da cozinha bem pequena a mesa forrada com toalha colorida ocupava um grande espa o Ao lado um arm rio com todos os pratos copos x caras e talheres bem arrumados atr s de um pequeno len ol transparente para proteg los da poeira A minha nova m e hospedeira fazia tudo na minha frente O meu espa o como pessoa de fora a mesa e o espa o dela como pessoa de dentro o fog
222. novas zonas de frente criadas espontaneamente pelas fam lias que reagem demanda do turista pelo desejo de autenticidade mas tamb m de comodidade Assim vimos como o espa o est em constante transforma o uma transforma o diferenciada dependendo da origem social das fam lias que prop em assim um cen rio diferente nas suas casas Daqui decorre a heterogeneidade dos espa os de intera o existentes na ilha Mas at que ponto a intera o social vivenciada leva a uma representa o do outro que pode ser considerada estereotipada preciso enxergar a dimens o simb lica desta intera o para entender o seu significado 2 2 A representa o das fam lias diante dos turistas observadores e o poder simb lico da intera o De acordo com Kirshenblatt Gimblett ao penetrar o espa o de vida das fam lias entrando nas casas pisando espa os ntimos da vida privada aquele que recebe o turista se p e em espet culo KIRSHENBLATT GIMBLETT 1998 p 48 Neste espet culo do quotidiano aquilo que normalmente privado ou escondido se torna p blico e de certa forma aquilo que era insignificante para quem vem de dentro se torna exagerado grandioso ou misterioso para quem vem de fora Neste sentido As vidas quotidianas dos outros s o percept veis precisamente porque aquilo que eles levam em considera o n o aquilo que nos levamos em considera o e maior a diferen a entre ambos mais intenso fica o efeito p
223. nselha nos fortemente a levar lhes um pequeno presente Neste sentido ele lembra que poss vel comprar bolsas de a car farinha ou garrafas de azeite nas lojas da ilha Geralmente todo mundo j comprou alguma coisa nas barraquinhas do porto onde as mulheres vendem alimentos variados e doces gritando Para las familias de las islas vendedora Puno 26 07 09 FIGURA 3 A experi ncia visual da apari o da ilha de Amantan no lago Titicaca Tirada em julho de 2010 Guillaume Perche 45 A segunda experi ncia ocorre logo ap s o desembarque Um grupo de mulheres estava esperando no cais do porto Elas estavam vestidas maneira tradicional com v us pretos e bordados camisas brancas com bordado tradicional de Amantan e saias de cores diferentes tradicionalmente chamadas polleras e nos cumprimentaram em qu chua Amamanta A resposta dos turistas foi autom tica o guia acabara de nos ensinar a palavra chave Desta forma o encontro entre os dois grupos passa pela experi ncia lingu stica N o est vamos mais no continente sen o numa ilha separada isolada e mais que tudo de acordo com o discurso publicit rio das ag ncias e publicidades e tur stico do guia aut ntica Este discurso pr vio chegada no local semantizava na zona de frente tur stica a experi ncia ent o vivida O guia intermedi rio entre as fam lias da ilha e os grupos de turistas empunhou ent o seu caderninho e s
224. ntan onde se situam o munic pio sede central do governo local e a Gobernaci n sede do governo na qual o governador do distrito juntamente com os governadores ou tenientes gobernadores de cada comunidade camponesa ficam disposi o da popula o Santa Rosa Lampayuni e Villa Orinoj n situadas do lado noroeste da ilha Alto Sancayuni e Sancayuni campesina situadas do lado norte e nordeste da ilha Occopampa Occosuyo e Colquecachi situadas do lado leste da ilha e Incatiana maior comunidade em superf cie situada na regi o sul sudoeste da ilha formam a ilha de Amantan O distrito de Amantan inclui tamb m a ilha vizinha de Taquile conhecida no n vel pol tico como Centro poblado de 36 O distrito de Amantan foi criado no dia 9 de abril de 1965 mediante a Resoluci n Suprema N 15489 na poca do governo de Fernando Bela nde Terry Ele corresponde s ilhas de Amantan e Taquile as quais antes desta data pertenciam ao distrito vizinho de Capachica 84 1 57 z A E E gt A Taquile No n vel da divis o administrativa nacional o distrito de Amantan se situa na 5 Doa Sh prov ncia e no departamento de Puno FIGURA 7 Mapa da divis o administrativa do Distrito de Amantan MAPA POL TICO LEYENDA Capital del distrito Comunidad Centro Poblado de Taquile Muelle Transporte Santuario Pachatata Santuario Pachamama 7 Centro povoado de Taquile Apesar de Ama
225. ntan e Taquile fazerem parte do mesmo distrito em n vel pol tico a atividade e a organiza o tur stica s o distintas em Taquile e representariam outro trabalho dedicado a esta ilha Desta forma Taquile ser considerada nesta pesquisa como fora do nosso local de estudo 58 A prov ncia de Puno fica beira do lago Titicaca com a cidade de San Carlos de Puno como capital de prov ncia e do departamento de mesmo nome A prov ncia de Puno divide se em 15 distritos e a sua popula o de 229 236 habitantes 5 O Peru est organizado administrativamente em departamentos os quais s o subdivididos em prov ncias que se dividem em distritos Desde 1980 existem 24 departamentos no Peru mais a prov ncia constitucional del Callao em Lima O departamento de Puno foi criado no dia 26 de abril de 1822 logo depois da independ ncia do pa s e se divide em 13 prov ncias Este departamento o quinto departamento de superf cie maior ao n vel nacional com uma popula o de 1 268 441 habitantes e ocupa tamb m o quinto lugar em n vel populacional O departamento de Puno limita com o departamento amaz nico de Madre de Dios ao norte o departamento de Tacna e o Estado Plurinacional de Bol via ao sul e sudeste e os departamentos de Cuzco Arequipa e Moquegua ao oeste A cidade de Puno fica a 1 335 km da capital do pa s Lima Essas informa es s o dispon veis no site do governo peruano http www bcrp gob pe docs Sucursales Puno Puno Caracteriz
226. ntemente ao turismo projetando desenvolver a atividade como forma de desenvolvimento econ mico incentivado pelo Estado Recentemente Jos participou de um projeto para transformar as casas de alguns moradores da pen nsula de Chucuito que desejavam hospedar turistas Como veremos mais adiante este novo planejamento do turismo se inscreve em uma din mica de desenvolvimento do Turismo Rural Comunit rio TRC nome dado a este tipo de turismo na regi o e no pa s e que consiste em oferecer hospedagem aos turistas na pr pria casa dos habitantes Jos tamb m elaborou um projeto para o desenvolvimento tur stico da comunidade de Chifr n em Capachica com a concep o de planos arquitet nicos para a constru o de um grande complexo hoteleiro Pamela sua esposa formada em sociologia e origin ria de Puno Ela testemunhou a transforma o da sua cidade e da regi o conforme o desenvolvimento acelerado do turismo a partir da d cada de 1980 De acordo com ela a ind stria do turismo explodiu em Puno ap s o per odo do terrorismo durante o qual o principal grupo armado Sendero Luminoso tinha instaurado um verdadeiro clima de terror nas comunidades camponesas andinas e sobretudo na regi o andina central de Ayacucho antes de come ar as a es terroristas na capital Lima a partir do final da d cada de 1980 A chegada de Alberto Fujimori presid ncia da rep blica e a captura do l der do Sendero Luminoso Abimael Guzm n amplam
227. ntimidade particular fechada observa o de terceiras pessoas De acordo com a divis o estrutural de Goffman este espa o formaria uma zona traseira ou bastidor Por m este espa o se diferencia na medida em que adaptado para acolher um terceiro e se transforma assim em certo museu vivo MACCANNELL 1976 p 99 Neste sentido n o seria apenas poss vel considerar a oposi o entre dois polos singularmente opostos zona de frente e bastidor mas considerar todas as realidades produzidas no contexto tur stico situadas entre esses dois polos Assim os espa os tur sticos poderiam se diferenciar com respeito ideia de autenticidade encenada e se transformar em v rios cen rios tur sticos A encena o ou mise en sc ne da realidade consistiria em Amantan em expor como o modo de vida rural campon s e para express lo de maneira teatral abrir a cortina vermelha de um cen rio preparado para desvendar a cultura camponesa local cujos atores as fam lias movimentar se iam diante da presen a do turista Assim a impress o de entrar num bastidor aut ntico poderia ser na verdade forjada a partir da entrada pela zona de frente que teria sido previamente preparada para a chegada do turista MACCANNELL 1976 p 101 A assimila o do espa o de intera o tur stico como sendo um espa o de encena o ou cen rios relevante posto que nesta no o de encena o s o c
228. ntras trabajamos juntos pens en preparar una clase de una semana para ense ar algunas bases de franc s a partir de un material que consegu preparar aqu en Oruro Usamos un cuadernito un l piz y algunos ejercicios preparados por el profesor de manera muy simple para empezar nuestra nueva experiencia lingi stica aqu en el centro de archivos de la COMIBOL de Oruro REFLEXIONES FINALES Esta experiencia de trabajo voluntario de dos semanas como brigadista en el centro de archivo de la COMIBOL en Oruro me pareci incre blemente interesante y enriquecedora en varios aspectos Primero como estudiante de postgrado en ciencias sociales en un centro de estudios comparados sobre las Am ricas CEPPAC Universidad de Brasilia Brasil esta experiencia de voluntariado fue muy ben fica para poder observar y entender el proceso de cambio de las pol ticas del estado boliviano con respecto a la cultura y la historia Este proceso de conservaci n y reorganizaci n de los archivos de todas las empresas mineras bolivianas es un proyecto nico en la historia mundial de la miner a y Bolivia siendo uno de los principales pa ses mineros del mundo demuestra un aporte significativo con el sistema nacional de archivo de la COMIBOL en cuanto al desarrollo del pa s Adem s este sistema de archivo 183 representa una necesidad para la sociedad y particularmente para todos los mineros que trabajaron o trabajan en la mina Los documentos conservados
229. ntro etnogr fico representam o pano de fundo da pesquisa de campo Incentivado pelo encontro tur stico inicial e pelo encontro etnogr fico realizado posteriormente poss vel concluir mediante estudo que o turismo em Amantan pode ser visto como uma falsa experi ncia etnogr fica vivida pelos turistas que visitam a ilha Nesse sentido as condi es de acesso cultura local s o mascaradas pela for a do desejo de cada ator que atua no contexto tur stico desejo de acessar uma cultura aut ntica por parte do turista e desejo de se beneficiar economicamente de uma atividade comercial por parte das fam lias das ag ncias de turismo e indiretamente das pol ticas oficiais do Estado A viagem ilha de Amantan considerada excurs o aut ntica e cultural considerando se a ideia de que permitiria fugir do circuito tur stico peruano convencional e permitiria entrar em contato direto com as popula es nativas Durante a excurs o efetua se um turismo definido como vivencial dada a imers o cultural que representa a hospedagem do turista em casas de fam lias das comunidades da ilha Percebemos que o turismo vivencial no mbito do TRC efetuado em Amantan poderia de certa forma assemelhar se a um turismo etnogr fico no qual as atividades propostas para o turista buscam dar uma impress o de descoberta de uma cultura de forma idealizada Assim a experi ncia proposta quer ser vendida como uma descoberta
230. o circuito t pico proposto no sul andino Dentro deste roteiro o turista chega a Puno proveniente de Arequipa Cuzco ou La Paz e reserva comumente um m ximo de tr s dias para conhecer a cidade e os atrativos tur sticos do lago sem conhec los previamente ou seja sem ter planejado exatamente o que fazer em Puno Ele sabe que o lago Titicaca e as suas ilhas representam o maior atrativo e da mesma forma que na Plaza de armas em Cuzco ele geralmente confia seu destino s m os das ag ncias Neste sentido as ag ncias de viagem e turismo da cidade n o t m dificuldade 21 para vender seus pacotes propondo a excurs o de um dia e meio nas ilhas do Titicaca por um prego muito econ mico e acess vel para todos A falta de conhecimento pr vio dos atrativos da regi o faz com que as ag ncias possam abordar os turistas assim que eles descem do nibus em Puno os quais compram imediatamente seus pacotes preocupados com o fato de n o ter que perder tempo Assim Gasc n 2005 define no mbito da sua pesquisa efetuada entre 1990 e 1995 que o turismo realizado em Amantan na esfera de uma excurs o tnica ou alternativa que se inscreve dentro de uma viagem mais longa atrav s do pa s a qual n o tem obrigatoriamente essas mesmas caracter sticas GASC N 2005 p 20 21 O uso da palavra excurs o representa bem a forma como Amantan considerada pelo turismo na regi o O termo estabelece bem o car ter ef mer
231. o A continuaci n llegu al centro de archivo regional el lugar de trabajo que me fue asignado como brigadista donde conoc a los compa eros con quienes trabaj durante las dos semanas Cecilia Mario Limber Emilio Julio Edson y Efrain Me enter tambi n de los horarios de trabajo de lunes a viernes de las 08h00 a las 12h00 y de las 14h00 a las 18h00 y el s bado de las 08h00 a las 12h00 Durante las dos semanas la parte principal de mi trabajo fue siempre en equipo con mis colegas archivistas bolivianos conservar y arreglar en el edificio nuevo los documentos de los archivos de varias empresas mineras de la regi n que fueron rescatados por la COMIBOL para ser juntados y archivados Los colegas empezaron este trabajo en enero de 2009 aqu en Oruro y les di mi contribuci n en esta obra monumental durante mis dos semanas de presencia El trabajo consisti en recoger uno por uno los documentos que hab an sido recogidos en la empresa minera Santa F y trasladados para Oruro el 1 de julio Los documentos se encontraban deteriorados ya sea tanto por el paso del tiempo la humedad y el maltrato dado por los generadores de estos documentos y limpiarlos lo mejor que se pod a sacando el polvo y las partes met licas de los archivadores causando la deterioraci n del papel Despu s de haber conservado la documentaci n de esta manera con la ayuda de escobas se trataba de ordenarla y dejarla dentro del edificio nuevo para ser archivada
232. o cabe observar a planta estabelecida da casa da fam lia Borda com as datas correspondentes destrui o constru o e reforma dos v rios peda os da propriedade familial 120 FIGURA 9 Planta esquem tica da propriedade da Fam lia Borda Villa Orinoj n Cozinha antiga 1940 Nova cozinha 2002 2003 Comedor 2002 2003 Quarto de Julio 1940 1 andar 1 quarto para turistas 1980 Antigo comedor 1995 R i Nx WC 1995 2 Cozinha intermedi ria 1997 sem uso atual Legenda ze Total de 3 fog es tradicionais a lenha A observa o da planta esquem tica da propriedade mostra que o lugar mais antigo o t rreo da casa principal constru do pelo pai do Julio aproximativamente em 1850 De acordo com as suas lembran as existia uma primeira cozinha do lado direito da casa a qual foi destru da em 1940 antes da constru o da cozinha antiga e do quarto de Julio e de sua esposa Esperanza Seguiu se a constru o dos t rreos e dos primeiros andares a partir da d cada de 1980 destinados aos turistas paradigm tico notar a exist ncia de tr s cozinhas a mais antiga a cozinha tradicional constru da em 1940 a segunda cozinha constru da em 1997 e a terceira cozinha nova constru da em 2002 2003 As tr s cozinhas possuem um fog o lenha 121 tradicional id ntico constru do de terra A primeira foi usada para a conviv ncia com os turistas de 1982 at 1997 A partir desta data a cozinh
233. o discurso adotado tamb m em seus folders divulgados aos turistas A associa o de hospedagem e alimenta o vivencial Ccolono a associa o de turismo rural vivencial Inka Samana e a associa o de turismo vivencial Rijchary Villa prop em que o turista venha conhecer o ensue o y encanto en el Titikaka usando a caligrafia criada nos filmes da Disney Esses folders de associa es formulam um convite para que o turista viva com as fam lias a maneira mais simples de conhecer seus costumes ancestrais Numa atmosfera agrad vel e c moda o turista compartilhar uma conviv ncia de vida ancestral conservando os antigos costumes do inc rio vinculados com preceitos morais vestimenta t pica e todo o encanto do seu passado Al m disso o x turista teria a oportunidade de se incorporar vida quotidiana das fam lias para f x A 445 estabelecer um verdadeiro interc mbio cultural e vivencial Al m das atividades comumente realizadas no mbito da recep o pelas ag ncias de Puno essas associa es prop em visitas panor micas da ilha e tamb m uns momentos m ticos de leitura do futuro do turista em folhas de coca A ONG que mais investiu em Amantan a associa o cat lica C ritas Puno A C ritas desenvolveu um verdadeiro programa de desenvolvimento do TRC na regi o do lago em Puno Trata se do Proyecto Tur stico Integral para el Desarrollo de las Comunidades del Lago Titicaca PROTURIS o qual teve um
234. o encontravam se muito pr ximos Lembrava do recanto da cozinha de Epifania que escondia o fog o e o lugar onde a fam lia comia mas nesta cozinha tudo se encontrava na minha frente o turista sentado nesta mesa podia observar cada movimento da cozinheira a qual preocupada com o preparo da comida tamb m tinha que respeitar o cerimonial ensinado durante o curso de capacita o O barulho da sopa fervendo no caldeir o e o cheiro da madeira de eucalipto queimando no fog o tradicional feito de barro acompanhavam os gestos da Emerinciana que pegava um por um os elementos para o meu almo o Ela pegou um prato no qual passou um guardanapo para me assegurar de que estava limpo O copo passou pelo mesmo processo e os talheres foram depositados na mesa sobre um guardanapo dobrado com muita aten o dignos do servi o de um bom restaurante Ela pegou cuidadosamente a bandeja para colocar a sopa fervente a qual ela tomou o cuidado de servir ap s ter deixado esfriar um pouco Diante de tanto cuidado para me servir e cozinhar para mim assim ao vivo eu imaginava que ela deve ter sido uma das melhores alunas do curso de capacita o Emerinciana parecia aplicar tudo o que aprendera durante o curso com grande habilidade Minha aten o foi chamada de repente para a garrafa de gua sobre a mesa ao lado da qual havia uma lata de coca Pareceu me que a lata estava na mesa havia muito tempo ou que ela permitia ao turista escolher a bebida desejada
235. o morava perto Nestor contou me que ele trabalhou tr s anos com C ritas Puno e tamb m com a OGD Antes de fazer parte da associa o em parceria com C ritas ele j havia fundado a sua pr pria organiza o com a participa o de 8 9 fam lias Hoje em dia s o 16 fam lias trabalhando em conjunto A associa o trabalha com duas ag ncias de turismo da cidade de Puno Cusi travel e Allways travel Vimos no cap tulo I que a segunda destas ag ncias seria a mais sustent vel no sentido em que ela deixa os turistas pagarem diretamente s fam lias o pre o da hospedagem A opera o de capacita o da C ritas durou tr s anos e terminara recentemente em junho de 2010 A capacita o em Villa Orinoj n consistiu basicamente de cursos de gastronomia atendimento tur stico para saber como adaptar as instala es na casa constru o de um centro de interpreta o implanta o de letreiros e forma o de tr s pessoas para fazer reconstitui es do pago a la tierra a cerim nia ritual efetuada em Pachamama e Pachatata oficialmente uma vez por ano Nestor confessou me que as capacita es s o feitas por m ningu m ainda trabalhou com essa encena o ritual O que prevalece na mente de Nestor e o que a organiza o tenta fazer entender s outras fam lias a ideia de que Hay que sembrar ahora para cosechar en el futuro N stor Villa Orinoj n 22 07 10 preciso conscientizar as fam lias de que o fruto da
236. o contexto tur stico peruano Veremos a partir das interpreta es precedentes acerca da experi ncia tur stica como essas din micas decorrem de um jogo secular de poder entre o Peru e o Ocidente regido pelas for as coloniais de desejo pelo outro Amantan pode ser percebida como um exemplo paradigm tico para se observar um novo lugar designado aos povos ind genas neste contexto tur stico partindo do n vel local at o n vel nacional Desde este ponto de vista as fam lias amantanenhas n o s o somente sujeitos sen o tamb m objetos de um discurso e de uma representa o da alteridade da qual eles participam espontaneamente Meu argumento de que dessas novas din micas resulta uma dupla coloniza o das pr prias fam lias al m de serem popula es subalternas dentro de um pa s o qual se beneficia de uma identidade criada a partir da imagem ind gena divulgada na cena tur stica internacional elas se veem colonizadas na pr pria intimidade do seu lar o que impulsionado entre outros pelo novo programa de Turismo Rural Comunit rio implantado pelo Estado A coloniza o da intimidade percebida por meio da reconfigura o do espa o ntimo que leva em conta as demandas dos turistas por acesso a uma autenticidade com conforto Certos autores perceberam a partir da atividade tur stica o estabelecimento de uma nova ordem colonial na qual as regi es perif ricas como o Peru inventan turisticamente a 1
237. o da experi ncia e falar de excurs o tnica ou alternativa de acordo com as palavras de Gasc n mostra que se trataria de uma excurs o de pouca gente indo ao encontro de certa popula o que representa um interesse cultural para eles Seria assim uma viagem dentro de outra viagem Por m a pesquisa de campo mostra a necessidade de se discutir o car ter da excurs o proposta hoje em dia na ilha Cabe verificar se a qualifica o de tnica e alternativa estabelecida por Gasc n no come o da d cada passada ainda recorrente Segundo a classifica o de Smith 1989 o turismo tnico aquele que consiste em visitar casas e aldeias nativas observar dan as e cerim nias e comprar objetos produzidos pelos nativos do lugar visitado o qual geralmente fica afastado dos grandes centros que recebem o turismo de massa Esses destinos atraem somente um fluxo reduzido de turistas motivados pela sua pr pria vontade e curiosidade em conhecer o lugar gerando assim um impacto m nimo no destino visitado SMITH 1989 p 4 A excurs o poderia ser qualificada de alternativa nas palavras de Gasc n 2005 pelo fato dela atrair uma quantidade limitada de turistas os quais por sua pr pria vontade sa am dos roteiros convencionais GASC N 2005 p 20 21 Neste caso o turista alternativo poderia ser facilmente assimil vel ao turista livre o qual foge das viagens organizadas para estabelecer um roteiro pr prio geralm
238. o e entre si Um dia enquanto estava comendo os meninos come aram a brigar e de forma espont nea o Franklin falou para a prima De todas maneras yo lo tengo todo casa grande televisi n camas pelota hospedaje Franklin Pueblo 25 07 10 A quest o de ter hospedagem ou n o me aparecia ent o como um crit rio de distin o social presente at mesmo na vis o das crian as da fam lia Alisson j havia surpreendido em um outro dia quando ao olhar a costa long nqua da pen nsula de Capachica que dava para perceber da janela da sua casa perguntou para o pai Papito por qu las casas son tan chiquitas en Capachica es que se reciben turistas chiquitos ah Alisson Pueblo 23 07 10 N o preciso explicar que ela associava o fato de ver de longe as casas que se viam assim pequenas pela dist ncia ideia de que os turistas recebidos l deviam ser baixinhos Desta forma evidencia se que o turista parte integrante do quotidiano deles e que o fato de ter nascido em fam lias t o envolvidas na atividade tur stica moldava o seu esp rito quanto a import ncia da hospedagem e da vida ligada diretamente com o turismo Num outro dia um grupo de turistas hospedados na casa da Gladys deixaram uma bola oficial da Copa do Mundo na frica do Sul como presente para Franklin T sabes c mo se llama Perguntou me Franklin Jabulani se llama quieres jugar conmigo a la escuela la voy a llevar Me la regalaron
239. o fato de hospedar de maneira permanente traz importantes benef cios para a fam lia hospedeira e pode criar conflitos de interesses com os outros grupos de fam lias da comunidade Com rela o ao modo de construir a casa Alfredo insiste sobre a aten o particular dada ao estilo adotado Segundo ele preciso seguir uma l gica chave para o bom desempenho na atividade de recep o aos turistas e que se articula segundo ele ao redor do moderno e do antigo Ele percebe a partir de sua experi ncia de receber turistas que o mais importante preservar certo estilo r stico tradicional do lado de fora para agradar os turistas preservando uma apar ncia aut ntica do lugar Adotar um estilo moderno do lado de dentro visa contribuir para dar maior comodidade e melhor recep o aos turistas Assim do lado de fora ele preserva o uso dos tradicionais blocos de terra para a constru o das paredes da casa as quais s o fortalecidas tamb m com uma mistura de barro e cimento Ele usa uma terra mais farinosa e de cor vermelha para revestir as paredes exteriores melhorando assim a est tica da propriedade e seguindo sempre essa ideia do antigo no espa o As portas e janelas s o maiores do que aquelas das casas tradicionais feitas de madeira de eucalipto Para melhor agradar aos turistas e dar uma impress o de autenticidade ainda mais forte ele pensa decorar as paredes exteriores com uma mistura de desenhos ou s mbolo
240. o um projeto inicial que permitiu semear as sementes Ainda n o tem uma aplica o real das atividades propostas para poder efetuar uma an lise qualitativa dos resultados nas fam lias O que aparece com o trabalho destas ONGs nas fam lias da ilha com certeza uma vontade de desenvolver um modelo de TRC mais sustent vel do que aquele proposto pelas ag ncias capacitar a popula o para diversificar as atividades propostas e assim criar um produto mais completo para a comercializa o tur stica Por m no n vel discursivo o que prevalece a mistifica o da ilha e das fam lias Tal como expressado por Rafael o s mbolo tur stico em Amantan o elemento m stico aquilo que tem a ver com a ancestralidade e a sensorialidade em especial da paisagem O m stico se refere aqui paisagem insular Assim na pr tica o objetivo efetivamente desenvolver a qualidade de vida das fam lias mas no discurso as ONGs se inserem na mesma din mica de exotiza o da comunidade para a atividade tur stica Elas buscam encaixar a ilha a partir de no es que a redefinem de acordo com termos propriamente exotizantes Qual ser o impacto desta ordem discursiva sobre os turistas passando pela regi o Ser que a excurs o proposta permite dar satisfa o a essa vontade de experimentar o aut ntico Para analisar as impress es dos turistas depois da sua estadia na ilha estabeleci um roteiro de perguntas para interagir com
241. ob o olhar surpreso dos turistas estabeleceu a reparti o de cada dois tr s ou quatro turistas por fam lia representada durante este ato pela mulher A reparti o foi estabelecida pela ag ncia de viagem e turismo a qual avisou s fam lias da chegada dos seus convidados algumas horas mais cedo O ato da reparti o dos turistas em cada fam lia pode ser assimilado a um ritual o qual marca o come o da imers o de cada grupo na cultura ind gena local Este car ter de imers o o que na verdade vendido neste tipo de excurs o como uma excurs o aut ntica e cabe ressaltar desde j que fazer turismo em Amantan implica antes de tudo se hospedar na casa de uma das fam lias da ilha Como veremos a seguir a grande preocupa o dos habitantes com a quest o da hospedagem deve se ao fato de que o principal meio de se beneficiar economicamente da atividade tur stica oferecer a hospedagem para v rios turistas A id ia de comercializar esta experi ncia surgiu de iniciativa da pr pria comunidade em 1979 Em 11 de mar o de 19797 a ind stria do turismo em Amantan foi oficialmente inaugurada pelas autoridades da ilha A abertura da ilha ao turismo foi bastante tardia posto que a cidade de Puno e as ilhas flutuantes de Los Uros e Taquile come aram a receber o turismo de massa desde o final da d cada de 1960 Diante do sucesso do modelo de turismo cooperativo adotado pela vizinha ilha de Taquile e a necessidade de diver
242. ofessoras o fen meno dos nomes internacionais era muito mais constatado na ilha do que em outras zonas da regi o de Puno nas quais elas tiveram uma experi ncia de ensino bastante longa Distingue se entre os alunos nomes de origem rabe judia alem americana francesa brasileira Muitos alunos tamb m t m dois nomes um nacional e um ocidental estrangeiro Importante mencionar que muitas crian as tamb m possuem padrinhos estrangeiros e mant m a refer ncia a este padrinho com um nome ao qual se refere Muitos problemas de ortografia existem com 72 Entrevistadas em 20 de julho de 2010 no quintal da escola prim ria da Comunidade de Pueblo 108 respeito a esses nomes internacionais e grande parte deles foi registrada na prefeitura com erros de ortografia por causa da confus o das vogais Tentei observar este fen meno no escrit rio do registro civil da prefeitura Remijio habitante da comunidade de Occosuyo com o qual encontrei nos caminhos da ilha convidou me a passar no seu escrit rio para consultar o Libro de Nacimientos Observei que na d cada de 1970 e 1980 per odo durante o qual o fen meno tur stico se iniciava aos poucos e durante o qual j se praticava a emigra o tempor ria para trabalhar fora da ilha os nomes aparecendo no registro dos nascimentos eram todos nacionais Por m a partir da d cada de 1990 e particularmente a partir de 1992 aparecem v rios nomes de origem estrangeira fen meno que vai
243. oi alterada de forma m nima para poder receber os turistas O cuy desapareceu da cozinha a mesa ocupa um espa o de maneira perp tua apesar de n o proporcionar nenhum uso para a fam lia fora da recep o dos turistas As modifica es e transforma es s o mais simples do 78 Depoimento de C sar professor do col gio de Amantan em 22 de julho 129 que nas fam lias citadas antes posto que esta fam lia seja de origem mais humilde Estabelece se um grau de diferenciac o importante entre fam lias de donos de lancha ou n o para a cria o do cen rio tur stico em casa A diferencia o social entre a popula o insular aparece tamb m nos cen rios tur sticos Percebemos que a modifica o e o deslocamento do espa o ntimo seria uma caracter stica comum Por m cada fam lia se encontra propulsada a uma velocidade diferente dentro deste fen meno de acordo com a sua origem social Os donos de lancha j se encontram portanto em outra etapa como percebemos no caso da fam lia de Alfredo e Olga 2 4 Comunidade de Villa Orinoj n na casa de Emilio Mamani Juli e Emerinciana a atua o das ONGs nas fam lias da ilha de Amantan Cheguei casa de Emerinciana e de Emilio sob indica o de Epifania Sabendo da minha vontade de ficar na casa de fam lias diferentes Epifania me aconselhou a casa de sua irm na comunidade vizinha de Villa Orinoj n Emerinciana Quispe vive com o marido Emilio Mamani Juli e as dua
244. ojeto de fazer uma pesquisa no Peru sempre deve se justificar sobre v rios aspectos para n o ser confundido com um perp tuo turista Nossa conversa levou nos at a cidade de Puno Eu tinha alguns endere os de albergues que como bom mochileiro havia anotado em meu guia de viagem mas o Andr s insistiu que eu passasse a noite na casa dos seus tios em vez de ficar em qualquer albergue A amizade e a confian a nascidas de nossa conversa me permitiram entrar na intimidade de uma fam lia que me acolheu falando para mim como habitualmente se fala no pa s Mi casa es tu casa e na verdade marcou o in cio da minha ef mera pr pesquisa de campo em Puno no sul andino peruano Chegamos casa dos tios Jos e Pamela noite Depois de subir os quatro andares do pr dio que pareciam se desdobrar a cada passo por causa da falta de oxig nio nesta altura descobri olhando pela janela a imensid o do lago que aparecia na minha frente O lago Titicaca surgindo ao fundo desta paisagem mostrava sua impon ncia eu o observava de longe pensando na riqueza cultural que ele abrigava conforme o que eu havia descoberto em minhas leituras pr vias sobre esta regi o do Peru para a qual escolhi dar um pulo por somente dois dias e assim finalizar a minha viagem inici tica Situado a 3 812 metros de altitude sobre o n vel do mar com uma superf cie de 8 300 km o lago naveg vel mais alto do mundo e possui mais de quarenta ilhas d
245. ologist Vol 104 3 pp 881 902 2002 SMITH Valene L Hosts and Guests The Anthropology of Tourism Philadelphia University of Pennsylvania Press 1989 STOCKING George W Observers Observed Essays on Ethnographic Fieldwork Madison Wisconsin The University of Wisconsin Press 1983 TROUILLOT Michel Rolph Anthropology and the savage slot The Poetics and Politics of Otherness In Recapturing Anthropology FOX Richard ed pp 17 44 Santa Fe School of American Press 1991 169 URIARTE Urpi Montoya Hispanismo e Indigenismo o dualismo cultural no pensamento social peruano 1900 1930 Uma revis o necess ria In Revista de Antropologia vol 41 n 1 S o Paulo SCIELO 1998 Dispon vel em http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S0034 77011998000100005 URRY James O Olhar do Turista Lazer e viagens nas sociedades contempor neas S o Paulo Studio Nobel SESC 2001 URRUTIA Jaime Territorio identidad y mercado In El valor del patrimonio cultural territorios rurales experiencias y proyecciones latinoamericanas RANABOLDO Claudia e SCHEJTMAN Alexander Lima IEP 2009 VAN DEN BERGHE Pierre L e FLORES OCHOA Jorge Tourism and Nativistic Ideology in Cuzco Peru Annals of Tourism Research Elsevier Science Ltd Vol 27 N 1 pp 7 26 2000 VICH Cynthia 29 de Julio de 2001 Toledo en el Cusco o Pachac tec en el mercado global In Batallas por la M
246. omentos compartilhados com Juan Mamani e Anselma em sua resid ncia ainda em constru o Ao Mateus pela presen a pelo incentivo dado para participar desta aventura acad mica e sobretudo por me proporcionar a confian a sem a qual o sucesso na minha trajet ria desde a sele o at a defesa da presente disserta o n o teria sido poss vel Ao meu orientador Cristhian Te filo da Silva pelo acompanhamento na vida acad mica desde a minha entrada no CEPPAC como aluno especial pela pertin ncia das aulas administradas pela disponibilidade pela paci ncia e sobretudo pelo car ter especial das conversas esclarecedoras nas quais impress es opini es e leituras confusas se tornaram ideias construtivas Ao CEPPAC pelo aux lio pesquisa de campo que me concedeu A Carolina Vieira minha ex aluna na Alian a Francesa de Bras lia e amiga pela revis o final da disserta o e pelos coment rios Aos amigos de Puno Jos e Pamela pela ajuda durante a minha estadia em Puno e particularmente pela conversa daquele dia 27 de julho de 2009 a partir da qual resolvi estabelecer a minha pesquisa em Amantan s professoras Ellen Fensterseifer Woortmann e Fl via Lessa de Barros pelos coment rios construtivos sobre o projeto Aos colegas do CEPPAC especialmente Annie Lamontagne pelas conversas e compartilhamento de conhecimentos minha amiga Maria Fe Celi pelos coment rios pela ajuda durante a minha estad
247. onais e estrangeiros em seus pr prios lares Uma vez fomentada a atividade tur stica na regi o tanto por meio de programas governamentais como de ag ncias privadas e ONGs os habitantes se v m obrigados a adaptar seus lares de forma a proporcionar uma recep o mais adequada aos seus visitantes Da a ressignifica o do espa o da casa incluindo a mudan a de sua estrutura f sica que se torna um ambiente de intera o com o turista de representa o das fam lias por meio de um discurso de suposta autenticidade e da atua o dessas fam lias de forma espont nea A coloniza o da intimidade percebida desta forma por meio da 159 reconfigurag o do espa o ntimo que leva em conta as demandas dos turistas por uma autenticidade com conforto 160 CONSIDERACOES FINAIS Ap s encontro tur stico que se deu em julho de 2009 e de encontro etnogr fico ocorrido durante o m s de julho de 2010 com as fam lias da ilha peruana de Amantan no lago Titicaca os quais possibilitaram a an lise das intera es existentes entre os turistas e as fam lias no contexto tur stico local esta dissertac o procura demonstrar em que medida uma cultura pode ser qualificada de aut ntica e vendida como produto tur stico Tentamos verificar como se constr i essa autenticidade da cultura camponesa amantanenha por meio da experi ncia tur stica no local de estudo Para este prop sito as no es de encontro tur stico e enco
248. oneses neste per odo do ano inverno austral desidratam a batata proximidade de Pachamama e Pachatata para elaborar o chu o Durante uma das minhas passagens ao local um pouco antes do encontro geral das 16h00 perguntei a alguns camponeses trabalhando nos campos por que a rea estava t o deserta Juana de Incatiana a qual encontrei ali explicou me Ahora no pues almorzando deben estar a las dos almuerzan a las cuatro nom s suben Juana perto das ruinas de Pachamama 10 07 10 A cad ncia tur stica criada pela chegada e sa da di ria dos turistas com a subida aos templos num momento pr definido pelo roteiro das ag ncias leva os habitantes a saberem claramente em que momentos eles ir o encontrar turistas nos caminhos da ilha Percebi tamb m essa cad ncia de maneira clara durante as minhas idas e voltas nos caminhos da ilha A minha perman ncia na ilha testemunhou essa invisibilidade dos turistas pelas manh s Sabia se que chegavam num hor rio preciso com a lancha que almo avam nas fam lias em tal hor rio e que no meio da tarde sa am para a subida a Pachamama e Pachatata para observar o p r do sol antes de jantar e depois fazer a ltima sa da dan ar na pe a folcl rica organizada para eles Neste contexto pode se dizer que o tempo ritmado por esta cad ncia e a paisagem insular passa a ser um palco de teatro invertido na qual o ator n o seria mais a popula o local sen o os pr prios turistas para a pop
249. opor uma imers o cultural na qual os turistas se hospedam nas casas de fam lias hospedeiras Eles recebem assim hospedagem e alimentac o al m de conviverem com a fam lia em complemento da visita r pida ilha Este turismo conhecido localmente como turismo vivencial e permite desvendar e viver o quotidiano de uma cultura aut ntica localizada no meio do lago Titicaca a mais de 3 000 metros de altitude H poucos anos Amantan faz parte de um vasto programa tur stico implementado pelo Estado em vista de diversificar a oferta tur stica no pa s e desenvolver as comunidades camponesas rurais o programa de Turismo Rural Comunit rio Esta dissertag o tem como principal objetivo analisar o conceito de autenticidade relacionado com o encontro direto entre uma popula o nativa e os turistas estrangeiros Nesse sentido ela se prop e a analisar o significado da experi ncia tur stica para as fam lias camponesas que hospedam os turistas no seu lar permitindo dessa forma certa introspec o sobre sua intimidade a qual antes de ser uma experi ncia vivida representada por meio de uma ordem discursiva articulada ao redor da autenticidade Para tanto Goffman 1973 e MacCannell 1976 foram as refer ncias privilegiadas para a compreens o da situa o social criada atrav s da intera o entre quem de dentro e de fora Al m disso foi realizada pesquisa de campo como forma de levantamento dos dados etnogr ficos Concluiu
250. ora humilde lead mas A 48 primitiva e genu na Pode se dizer que ela era percebida como outra viagem dentro da viagem realizada no Peru o que se junta defini o levantada por Gasc n 2005 pp 20 21 com respeito caracterizac o da excurs o Ela ressalta no discurso dos turistas como um intervalo para descansar da efervesc ncia de Cuzco e Machu Picchu proporcionando assim um contato mais natural ou tradicional entre o turista e a popula o ind gena local Neste 47 3 SE do x E ES E a Respostas dos question rios de dez turistas uma finlandesa tr s francesas uma inglesa duas americanas dois espanh is e uma colombiana 48 4 Ver nota de rodap anterior 68 sentido concluiu se a partir do discurso dos turistas que o efeito de autenticidade produzido pelo discurso tur stico publicit rio pr experi ncia possibilitava o sucesso da experi ncia de turismo em Amantan com a satisfac o global dos turistas Diante dessas intera es entre o Estado por meio do MINCETUR das ag ncias de turismo das ONGs e dos turistas para assegurar a comercializa o de um novo produto tur stico distinguido pela sua autenticidade no discurso nos perguntaremos em que dimens o a atua o das fam lias da ilha integra essa ordem discursiva existente fora da ilha Como esta narrativa ao redor da autenticidade ser entendida e aplicada desde a comunidade camponesa nativa da ilha Com est
251. os Tal como enunciado anteriormente a sua situa o geogr fica insular gera um sentimento de que a ilha tem sido afastada mais tempo do mundo exterior e desta forma teria sido protegida da explora o excessiva da sua riqueza cultural Esta ideia redutora da complexidade da situa o faz parte de uma argumenta o que como vimos nos dois primeiros t picos visa definir Amantan e os lugares parecidos ao redor da ordem discursiva da autenticidade A proposta de excurs o em Amantan vendida ao turista por um discurso publicit rio que adota a autenticidade como argumento principal Assistimos assim cria o de um imagin rio sobre um car ter genu no das comunidades rurais do lago em vista de um fim particularmente 63 tur stico A produg o discursiva efetuada nesta arena aparece ent o controlada selecionada organizada e redistribu da FOUCAULT 2008 p 9 com a fun o de conjurar neste caso unicamente os poderes deste tipo de discurso o qual de certa forma re configura o tempo e o espa o no qual vivem as comunidades rurais mediante a ideia de autenticidade No mbito tur stico esta ordem discursiva assegura certo modelo exotizante de representa o da realidade das popula es rurais pela caracter stica da autenticidade Ao analisar o discurso publicit rio das ag ncias de turismo o discurso do Estado com o programa de TRC e o discurso dos turistas que visitam a
252. os era a nica parte da grande casa em constru o realmente reservada fam lia e onde todos Alfredo Olga e as filhas dormiam Muitos cuyes ficavam tamb m atr s de uma parede externa aglutinados nos recantos para procurar um pouco de calor pois o fog o lenha fazia agora parte do passado do pequeno animal andino Remeteremos ao argumento de Mary Douglas com respeito quest o da higiene e ideia de limpeza no pr ximo cap tulo Perguntei me Porque construir uma casa t o grande no fundo do quintal A reorganiza o da propriedade se observava tamb m no espa o exterior das casas com a mudan a de arquitetura Ouvia as explica es de Alfredo sobre a organiza o inicial da propriedade que herdou do seu pai e a cronologia das constru es atuais na propriedade com as suas fun es Essa constru o progressiva da nova propriedade se fez em fun o do or amento de Alfredo e sobretudo da entrada de dinheiro ligada hospedagem de turistas Essa constru o se faz de acordo com Alfredo sempre considerando a vis o do futuro com o turismo Alfredo a herdara da propriedade do seu pai falecido em 2006 Era filho nico e confessou me que n o era natural da ilha Ele nasceu em Arequipa e chegou a Amantan depois de ser adotado aos cinco anos de idade Antes no tempo do seu pai a propriedade somente constava de uma casa muito pequena no fundo da propriedade com uma porta e janelas muito pequenas e uma barraqu
253. os em Amantan Cabe especificar que certa experi ncia de pr campo foi efetuada de forma r pida em julho de 2009 quando fiz a visita tur stica da ilha de Amantan a qual me levou a escolher este local como regi o de pesquisa Aquela primeira visita tinha sido efetuada de forma totalmente tur stica conforme o roteiro estabelecido pelas ag ncias da De acordo com o conceito de front e back region de Goffman trabalhado no mbito desta pesquisa no cap tulo II 15 cidade de Puno e a minha perman ncia nesta regi o n o ultrapassou tr s dias dos quais um dia e uma noite foram passados na ilha de Amantan A pesquisa de campo no Peru se efetuou em tr s etapas diferentes respeitando uma trajet ria na qual me aproximei do local de estudo a ilha de Amantan no lago Titicaca de forma progressiva Tive desta forma tr s trajet rias diferentes de pesquisa para a produg o de dados comegando na capital do pa s Lima prosseguindo na capital da regi o do local de pesquisa ou seja Puno e terminando no pr prio local de estudo a ilha de Amantan Em Lima o objetivo foi coletar dados de fontes oficiais por meio de v rias entrevistas No MINCETUR tive a oportunidade de encontrar a coordenadora de turismo da PROMPERU trabalhando com a regi o sul do pa s Raquel Cuzcano Quispe No mesmo minist rio estabeleci uma entrevista com o coordenador nacional do programa de Turismo Rural Comunit rio TRC Fernando Vera Tamb m aprove
254. oxim vamo nos das ilhas dos Uros nas quais a lancha parou 30 minutos Imaginei ent o que as ilhas flutuantes no mbito tur stico representam uma parada obrigat ria para qualquer lancha que passando pela zona leva turistas Pensando que ir amos direto para Amantan e impressionado diante da fascina o exercida pela grandeza das ilhas flutuantes e das suas popula es nativas sobre os meus colegas passageiros da lancha resolvi n o descer da lancha como os dois mission rios m rmons que j estavam adormecidos Al m disso a descida implicava a compra do bilhete de entrada para a ilhazinha que eu j tinha visitado o ano anterior Observava a cena de longe e percebi que era exatamente a mesma encena o que aquela do ano anterior n o faltava nada a explica o hist rica e geogr fica com o painel a totora e o seu gosto o artesanato para comprar o passeio de barco artesanal de totora e as can es internacionais cantadas pelas mulheres ditas nativas das ilhas A nossa parada obrigat ria ao posto aduaneiro tur stico dos Uros terminada a nossa lancha retomou seu trajeto com rumo a Amantan Ainda tinha umas duas horas e meia de viagem e aproveitava para desenhar o perfil desses turistas at ent o livres que me acompanhavam a bordo da lancha Laurent e Jean Paul se encontraram em Lima com o resto do grupo de franceses com os quais estavam viajando Todos tinham comprado o pacote tur stico por uma associa
255. pelas ag ncias cabia se perguntar qual o tipo de intera o proposto na ilha Considerando o roteiro padr o proposto ser que o acolhimento e a intera o entre as fam lias e os turistas tamb m poderiam ser qualificados de padr o Conhecendo a atividade de um ponto de vista externo atrav s da zona de frente tur stica e das ag ncias que fazem um turismo sobre as fam lias como ser que o fen meno tur stico era percebido pelas comunidades da ilha e pelo ponto de vista das pr prias fam lias De novo a bordo da lancha eu podia agora ouvir os coment rios e impress es dos turistas Apesar de ter pago o mesmo pre o ag ncia e de acordo com os coment rios das atendentes das ag ncias e dos guias pensava que o acolhimento nas fam lias era um acolhimento padr o parecido Por m percebi pela fala dos turistas que o tratamento recebido n o tinha sido o mesmo para todos Para alguns grupos a comida n o tinha sido a mesma Ver o conte do deste caderno e seu uso oficial no cap tulo II figura 13 p gina 128 60 assim como a intimidade das fam lias a qual para alguns turistas parecia ter sido igual ao nosso grupo mas para outros ocorreu de forma mais compartilhada ou com muito maior intimidade do que com a nossa fam lia Por m todos comentavam a mesma coisa n o ficariam mais uma noite na ilha O car ter bastante rudimentar da vida na ilha apesar das comodidades e da hospedagem oferecidas numa casa de fam lia repr
256. perpendicular principal art ria para pedestres a Jir n Lima As ag ncias s o divididas em tr s categorias diferentes maioristas minoristas e mistas ou operadoras de turismo As ag ncias pertencentes primeira categoria elaboram e vendem produtos tur sticos por meio das ag ncias da segunda categoria as quais vendem o produto diretamente ao consumidor Segundo lista estabelecida em junho de 2009 pela DIRCETUR e o Diret rio de ag ncias de viagens e turismo de Puno adequadas ao D S n 026 2004 do MINCETUR a cidade de Puno contaria somente com duas ag ncias maioristas e 20 ag ncias minoristas O restante das ag ncias pertenceriam terceira categoria a das operadoras de turismo As ag ncias desta ltima categoria organizam as viagens contratando diretamente os fornecedores do servi o que elas podem vender s ag ncias minoristas s ag ncias de turismo estrangeiras ou ao pr prio turista Elas representam a maioria das ag ncias de Puno s o 70 ag ncias operadoras de turismo as quais elaboraram o circuito tur stico nas ilhas do lago Titicaca e o roteiro tur stico a ser seguido em cada uma das ilhas As lanchas para o transporte dos turistas assim como as fam lias da ilha de Amantan as quais hospedam os turistas s o ambos contratados pelas ag ncias operadoras e cujos passeios podem ser feitos pagando se um pre o nico de 65 NS para a excurs o de dois dias no lago Durante a pesquisa de campo realizada em julho d
257. quando n o havia turistas se usava o fog o a g s 114 Foi servido o almo o sopa de trigo servida duas vezes arroz com batatas e um ovo frito ch de mu a Enquanto eu comia Madeleyni hoje vestida normalmente da mesma forma que a sua m e ou seja sem roupa tradicional espec fica observava me e tentava brincar comigo De acordo com a sua m e ela vestia o traje tradicional quando tinha um grupo de turistas e estava com vontade Ela n o parecia intimidada por minha presen a na casa e respondia sem problema s minhas perguntas sem mostrar nenhum sinal de constrangimento da mesma forma que as filhas de Alfredo e Olga As crian as nos dois casos pareciam acostumadas com a presen a estrangeira em casa desde a sua pequena inf ncia Comecei a questionar Flora informalmente e minha primeira pergunta foi desencadeadora de um relato inteiro sobre a sua mem ria do turismo na sua casa Enquanto Madeleyni presenciava a atividade tur stica numa etapa transit ria hoje em dia a sua m e em sua inf ncia tinha testemunhado a chegada dos primeiros turistas numa poca na qual a recep o desses ltimos era improvisada sem planejamento pr vio Perguntava para ela se ainda tinham cuyes na casa Esta cocina la tenemos desde hace ocho a os es nueva Pero en la cocina antigua conviv amos con los cuyes todav a tenemos en la cocina antigua Muy distinto era antes Ahora tengo 38 a os pero al principio cuando
258. que eu tinha sido um dos ltimos dez turistas a pisar o ch o desta casa um ano antes em julho de 2009 Epifania tem 47 anos e seu marido M ximo tem 60 anos Epifania a segunda mulher de M ximo cuja primeira mulher saiu da ilha para trabalhar em Arequipa e em Lima Ele teve tr s filhos com a primeira e seis com Epifania Todos moram e trabalham fora da ilha praticando a emigra o tempor ria para trabalhar Eles v m a Amantan durante os per odos de festas Atualmente somente as duas ltimas filhas Raquel Naira e Catherine Lourdes vivem com eles O ambiente da casa tamb m n o mudou N o tem eletricidade e o jantar ainda se faz ao brilho das velas O cen rio do jantar foi similar ao ocorrido no ano anterior apesar de eu estar sozinho na mesa com o mesmo olhar cruzado com as filhas do casal As filhas ainda mostram curiosidade com a presen a do estrangeiro dentro de casa Percebe se claramente a timidez da fam lia diante do estrangeiro uma timidez que prov m talvez do fato deles n o falarem espanhol fluentemente Cabe mencionar a import ncia do qu chua falado na ilha e a sua import ncia no controle das impress es resultantes da intera o com o turista Alguns pesquisadores em seus trabalhos perceberam no uso das l nguas ind genas certa estrat gia tnica ind gena para a sobreviv ncia ADAMS 1992 p 12 Por m podemos enxergar no uso do qu chua no 126 contexto tur stico em Amantan certa estrat gi
259. r de comunidade tur stica no lago Titicaca e o seu car ter de comunidade camponesa que se inscreve numa din mica local camponesa caracter stica do sul andino peruano pode se iniciar esta introdu o com a frase de L vi Strauss por dois motivos em primeiro lugar porque no mbito da presente pesquisa e at mesmo de maneira geral pode se explicitar no enunciado desta cita o o dio que o etn logo poderia ter dos discursos elaborados pelos turistas os quais nos seus relatos de viagem e diante do encontro com o Outro sentem se intensamente capazes de analisar e tirar conclus es s pressas de realidades organiza es e modos de vida para eles apresentados e descobertos num cen rio propriamente tur stico e que caracterizam de ex tico ou aut ntico Em segundo lugar assim como o fez L vi Strauss necess rio nesta introdu o chamar a aten o do leitor sobre o car ter cient fico da narrativa dos cap tulos da presente disserta o A pesquisa se centraliza sobre o fen meno tur stico nas comunidades da ilha de Amantan e visa contribuir em trazer conhecimentos etnogr ficos desta regi o que se inscreve dentro de uma din mica de desenvolvimento vinculado ao turismo A atividade tur stica na ilha envolve a presen a direta ou indireta de diferentes atores sendo as ag ncias de viagens e turismo regionais nacionais e internacionais os guias tur sticos as ONGs os turistas e as fam lias insulares as quais
260. r meio da divulga o deste material cuja concep o pode ser objeto de v rias cr ticas Primeiro ele se dirige de maneira geral a todas as popula es rurais do pa s quer sejam amaz nicas andinas ou costeiras N o seria mais eficiente uma a o dirigida particularmente a cada um desses meios naturais assumindo que os povos da Amaz nia peruana e dos Andes por exemplo vivam numa configura o de mundo totalmente diferente 28 Al m disso o princ pio do TRC apresentado de forma muito ut pica no programa oficial do MINCETUR e no manual de empreendimento deste tipo de turismo Incentivar o desenvolvimento deste tipo de turismo nas zonas rurais desta forma esquematizada e simplificada n o toma em conta os numerosos conflitos que este tipo de atividade pode gerar No caso do TRC desenvolvido em Amantan o minist rio assume o seu papel de planificador e de educador mas ele n o tem nenhuma a o direta sobre a comunidade que sofre de um conflito de interesses entre fam lias e sobretudo com as ag ncias de turismo que exploram as fam lias com objetivo de lucro sem respeitar o car ter comunit rio deste tipo de turismo Al m desses conflitos o caso de Amantan paradigm tico no contexto da mudan a do recurso estruturador da comunidade diante da abertura ao turismo O turismo se transformou em Amantan desde a sua apari o em 1979 no recurso estruturador da comunidade em termos de organiza o e preocupa o dos ha
261. r se congelou ao notar uma parte da parede do recinto interior um muro de estilo inca A vis o do peda o de muro proporcionou me certa impress o euf rica de descoberta No muro apareciam dois nichos cavados caracter sticos deste tipo de arquitetura pr hisp nica Uma coroa de flores vermelhas depositada num dos dois nichos confirmava a origem pr hisp nica do muro que parecia assim considerado como uma huaca pelos habitantes Por m se existia uma parte de muro resgatado desde a poca do imp rio inca t o perto da praga a minha impress o de descoberta tinha nascido da invisibilidade deste elemento aos olhos dos turistas Pode se questionar por que o roteiro tur stico padr o na ilha n o levava em conta o valor patrimonial hist rico deste elemento que ficava ent o como se embutido dentro da paisagem insular margem da praca Descobriria mais tarde a suposta exist ncia de um t nel neste local chamado Inca chinkana situado num espa o delimitado mas cuja entrada coberta desconhecida o qual 64 a Lugar sagrado segundo a cosmovis o andina 91 segundo o dizer dos antigos da ilha levava at a cidade de Cuzco Esse t nel constru do durante O imp rio inca teria ainda a sua entrada aberta No comego do s culo passado os antigos relatam que um homem tinha entrado para ver at onde podia chegar e n o teria conseguido chegar ao final Por m ao voltar ilha teria sa do com um peda o de milho d
262. ra a comida nesta cozinha origin ria 122 FIGURA 10 Fog o a lenha na cozinha original da fam lia constru da em 1940 FIGURA 11 A cozinha intermedi ria constru da em 1997 123 FIGURA 12 Fog o a g s e o caldeir o do fog o a lenha tradicional na nova cozinha constru da em 2002 2003 Fotos tiradas em julho de 2010 Guillaume Perche A casa da fam lia Borda se apresentava para mim como espelho da atividade tur stica em Amantan por v rios motivos decorridos da observa o do espa o ntimo da casa com respeito s diversas modifica es efetuadas no tempo Essas modifica es relacionadas passagem de certo cen rio tur stico a outro permitiam me enxergar a casa dos Borda como o exemplo daquilo que se opera de maneira escalonada nos ambientes das outras casas de fam lias Esta casa juntava uma multiplicidade de situa es diferentes em raz o de sua hist ria relativamente longa no mbito tur stico representadas alegoricamente na exist ncia das tr s cozinhas na mesma casa De acordo com os testemunhos de turistas gravados na pequena antologia do turismo na ilha e o discurso sobre o turismo recolhido da fala de Flora e de Julio eu enxergava a situa o social criada no come o da atividade tur stica na d cada de 1980 como se acontecendo numa zona traseira original um verdadeiro bastidor de certa forma equivalente aquela definida por Goffman Esta zona traseira antiga inclu a o turista
263. rde ou laranja disponibilizados por uma campanha do governo em 2004 sob demanda dos habitantes Essa l gica de transforma o arquitet nica foi me explicada de maneira mais t cnica por Herm genes Mamani o qual trabalhava na constru o civil havia 14 anos Entrevistado em sua casa da comunidade de Lampayuni Herm genes explicou me que existem v rios pontos de transforma o da arquitetura tradicional em acordo com atividade tur stica Antes as casas eram constru das de forma bem r pida Agora o trabalho deve ser feito de maneira mais arrumada e quase perfeita A tend ncia atual s o reformas das casas para amplia o As portas cuja abertura media entre 1m30 e 1m50 agora t m um tamanho maior de 1m90 As janelas tamb m s o maiores O banheiro antes inexistente foi evoluindo para banheiros de cer mica os quais est o aparecendo atualmente em algumas fam lias Herm genes j montou nove banheiros com cer mica De acordo com Herm genes n o h d vida Quien amplia su casa hospeda y amplia para atender mejor a los amigos turistas Los turistas quieren algo natural y r stico pero que sea c modo Herm genes Lampayuni 19 07 10 O exemplo da casa de Alfredo se inscreve dentro desta l gica O quarto no qual eu dormia enquanto permaneci com eles ficava na casa dos pais da Olga O quarto fora ocupado 105 v rios meses pelo antrop logo Jorge Gasc n durante a sua estadia na ilha no comeco da d cada de 1990
264. recer ao turista uma vis o clara e atrativa do pa s por meio das pol ticas de desenvolvimento tur stico que procuram impulsar entre los peruanos el conocimiento y el amor por lo local convirtiendo a cada poblador en un promotor potencial del pa s y en un representante de su zona de origen PROMPERU 2000 p 34 claro que o povoador mencionado neste discurso n o o povoador mesti o da costa ou o limenho mas sim o ind gena habitante alvo da atra o tur stica no pa s redefinido por essas pol ticas de turismo em fun o do desejo do branco do turista O turismo no Peru antes de ser uma atividade econ mica um discurso que redefine as identidades ind genas e as modela em fun o do desejo de descoberta da alteridade pelo turista ocidental Este discurso decorre das pol ticas culturais do Estado as quais antes de promoverem o turismo do pa s por meio da representa o das popula es ind genas buscaram emoldurar sua imagem remetendo exist ncia pr hisp nica dessas popula es importante lembrar que a constru o da identidade ind gena no Peru est diretamente ligada ao pensamento social peruano do final do s culo XIX Por meio desse 144 pensamento a divis o geogr fica do Peru evidenciada o que est por sua vez intimamente ligada divis o social do pa s Nesse contexto pode se dizer que o que melhor qualificaria o Peru at hoje em dia a divis o geogr fica e racial Trata s
265. ress o de autenticidade elemento principal ou ilus o criada para o turista O controle e a interpreta o das impress es no contexto estudado s o nas palavras de Berreman cruciais para poder entender o que se esconde por tr s da pr pria intera o do ponto de vista nativo De acordo com ele as impress es decorrem de um complexo de observa es e infer ncias constru das a partir do que os indiv duos fazem assim como do que dizem tanto em p blico isto quando sabem que est o sendo observados quanto privadamente isto quando pensam que n o est o sendo observados BERREMAN 1975 p 125 No cen rio tur stico da ilha de Amantan o interesse formulado pelo turista em observar e participar da verdadeira vida da popula o camponesa como sin nimo de vida aut ntica ilustra a fascina o exercida sobre os turistas da verdadeira vida De acordo com Goffman esse tipo de fascina o marcaria o estabelecimento das intera es na sociedade moderna mediante representa es culturais da realidade cujos atores s o impactados em sua vida quotidiana para assegurar uma impress o de autenticidade N o mais suficiente ser simplesmente um homem para ser percebido como tal Agora mostra se comumente necess rio representar a realidade e a verdade MACCANNELL 1976 p 92 aL No decorrer este segundo cap tulo as situa es observadas em cada fam lia tendem a ser continuamente
266. riadas as condi es materiais que permitem responder demanda dos turistas por autenticidade ARA JO 2003 p 60 Neste espa o vige uma organiza o social na qual os atores da intera o os de dentro e os de fora participam de maneira escalonada ao longo de certo cont nuo que viabiliza a sustenta o das atividades tur sticas em diversas apresenta es da realidade Al m disso possibilita a cria o das defini es de realidade que viabilizam o acesso ao outro ARA J O 2003 p 60 Assim o movimento dos turistas entre zonas de frente preparadas para parecerem zonas traseiras e zonas traseiras organizadas para receberem os turistas s quais lhes permitida a entrada cria a sensa o de experimenta o de percep o e de introspec o sobre a realidade observada O conceito do cont nuo nas palavras de MacCannell forma a estrutura do espa o tur stico Este conceito diz respeito exist ncia de diversas realidades criadas no cen rio tur stico que coexistem de maneira progressiva entre os dois polos ideais front e back 76 regions definidos por Goffman O cont nuo segundo o autor formado por quatro etapas intermedi rias as quais se estabelecem sempre em fun o de um determinado grau de autenticidade apresentado em certo espa o social tur stico Essas etapas intermedi rias tamb m podem ser interpretadas como diferentes possibilidades de intera o dos atores de dentro com os turis
267. rilho das velas na mesa tur stica da cozinha de Epifania arroz com batata e occa com um mate de coca Exemplo de quarto enfeitado de acordo com aquilo ensinado durante as capacitac es da ONG C ritas Puno casa de Emerinciana comunidade de Villa Orinoj n 193 a le ada A fam lia de Epifania e M ximo Juli na frente da cozinha comunidade de lampayuni percebe se uma janela feita na parede a fim de melhorar o atendimento dos turistas 194 A pequena antologia da hist ria do turismo em Amantani guest book na casa de Julio Borda comunidade de Villa Orinoj n Exemplo de depoimento 195 A Jy RO CA Ea ria 23 montra x NA Al y al ns 0 abbrimo tutlan o ALEA E ND PARRA PIO NADA AA Je x puei AP AD AER Outro depoimento de um turista italiano traduzido no cap tulo II p ginas 118 119 Cuyes porcos da India Condos na cozinha antiga da casa de Julio Borda Hoje em dia esta cozinha n o tem mais uso para o atendimento tur stico 196 Prato de cuy cozido a carne do pequeno animal n o preparada para os turistas o Alfredo me preparou este prato antes da minha despedida O animal criado sobretudo para vender em Puno 197 A transformac o das casas comunidade de Occosuyo A transformac o da paisagem comunidade de Sancayuni Campesina 198 O dono de lancha aposentado Julio Borda e o pesquisador Guillaume Perche na cozinha moderna da
268. rvando de longe posto que estivesse de certa forma j como se fizesse parte desta paisagem Estava dentro da casa dentro da mat ria a ser observada a qual num mbito tur stico normal observar se ia de longe Duas casas feitas de barro ficavam na frente da casa de Epifania e pareciam desocupadas No jardim notei tr s banheiros diferentes o primeiro era feito de barro e parecia condenado o segundo era de barro pintado de branco com um telhado de zinco e o terceiro totalmente feito de zinco parecia de uso di rio N o havia nada cultivado no jardim naquela poca do ano mas dava para ver que uma colheita tinha sido efetuada h pouco tempo Epifania estava no p tio e lavava os legumes Ela vestia da mesma forma que as outras mulheres que esperavam nossa chegada no porto uma pollera violeta e uma camisa com o bordado tradicional de Amantan Eu continuava observando a paisagem esses 49 eucaliptos gigantes que tinha no fundo do jardim quando de repente uma voz nos chamou para descer Almuerzo Hor rio do almo o Os grupos entram ent o num dos espa os ntimos da casa da fam lia a cozinha espa o feminino onde se sentam mesa que foi arrumada para eles e adotam seu papel de espectador para assistir da mesma forma como se tivessem ligado um televisor prepara o da comida com o fog o lenha tradicional e a degusta o da comida dita tradicional Isto no discurso do turista percebido como uma verd
269. s Neste cen rio Julio aparece como o guardi o deste para so posto que ele permitisse naquela poca a passagem de um mundo para outro a passagem do mundo real tur stico peruano em Puno para o para so amantanenho Cuando salimos en el bote Arca de No llegamos a un verdadero para so del Per 18 04 82 Ontem caminhando em Puno O Hugo e eu encontramos o Julio o 77 Ver fotos de alguns desses depoimentos no anexo 5 a partir da p gina 189 Esses depoimentos formulados em diversas l nguas estrangeiras franc s ingl s e italiano est o traduzidos em portugu s pelo meu cuidado 118 propriet rio do Arca de No Um homem verdadeiramente bom e que eu acho tamb m s bio Julio nos prop s de viajar para Amantan com a sua lancha depois de combinarmos o pre o n s vimos a lancha e na hora lhe dissemos que estava combinado Pod amos sair 28 01 90 Os outros atores evocados nos depoimentos eram Esperanza mulher de Julio e sua filha Flora que se ilustravam na prepara o de pratos gostosos sempre a base de batata e de ch s feitos com plantas da ilha las sopas riqu simas de la se ora con mates medicinales 26 02 82 Batatas almo o jantar e caf da manh 07 82 Compartilhando umas refei es fant sticas com todos os animais na cozinha aconchegante 17 09 94 Os ltimos atores que tinham um papel importante na constru o da din mica da fam lia na
270. s A DIRCETUR estabeleceu para o ano 2008 um total de 290 151 turistas hospedados na cidade dos quais 198 773 eram estrangeiros DIRCETUR 2009 Este fluxo de turistas se reparte de maneira desigual ao longo do ano e as estad sticas mostram que existem duas temporadas tur sticas na regi o correspondendo aos per odos de f rias nos principais pa ses emissores de turistas uma temporada alta entre junho e setembro Em 2006 154 666 Os quadros estat sticos dos fluxos de turistas estrangeiros e nacionais em Los Uros Taquile e Amantan entre 1998 e 2008 fonte DIRCETUR PUNO s o dispon veis no anexo 4 p gina 185 23 turistas estrangeiros chegaram prov ncia de Puno entre os quais 8 521 chegaram em janeiro 15 033 em julho e 19 102 em agosto Em rela o nacionalidade dos estrangeiros que chegaram prov ncia estabelecido pelo INEL consta que em 2006 o total de chegadas foi 154 666 estrangeiros em que constam 21 541 franceses 18 819 americanos 18 433 ingleses e 16 416 japoneses Em 2008 verifica se a mesma tend ncia com chegadas no total de 198 773 estrangeiros incluindo 26 974 franceses 23 371 americanos e 20 652 ingleses ODEI 2007 A an lise dessas estat sticas permite verificar tr s informa es para qualificar quantitativamente o turismo na prov ncia de Puno O n mero total de chegadas de turistas na regi o est em crescimento permanente e a cada ano nota se importante aumento na chegada de turistas nacion
271. s modelando a casa familiar segundo as necessidades para a hospedagem dos turistas e mudando o estilo de vida tradicional da fam lia Mais tarde minha conversa com Julio me ajudaria a entender o passado da fam lia e o seu desempenho para o desenvolvimento da atividade tur stica Julio era dono de lancha como o seu pai Do tempo do seu pai navegava se no lago com uma balsa de totora Ele come ou a atividade em 1960 com uma lancha com vela Em 1966 ele recebeu o primeiro motor Julio explicou me que naquele tempo e at a d cada de 1990 as lanchas sa am somente duas vezes por semana na quarta feira e na sexta feira O testemunho de Julio n o aparece no estudo de Gasc n sobre a explora o e o controle do recurso tur stico pelos donos de lancha Por m ele foi um dos primeiros a incentivar o turismo na ilha no final da d cada de 1970 quando Amantan ainda n o era promovida como destino tur stico nos guias ou ag ncias de turismo ao n vel nacional e internacional En esta poca me acuerdo que en Puno lleg bamos e bamos directo al mercado central All se quedaban los turistas Nosotros trata se aqu do grupo de lancheros que empreendia a viagem para Puno habl bamos con ellos y tent bamos convencerlos Quieren conocer Amantan una isla tur stica Les dec amos Julio Borda Villa Orinoj n 22 07 10 De certa forma pode se dizer que os donos de lancha fizeram naquela poca a sua pr pria promo o da il
272. s a um discurso oficial ex tico e orientalista o qual apesar de buscar diversificar a atividade por meio das novas concep es de turismo rural persiste em recriar uma identidade fundada na imagem do ind gena na cena tur stica imprescind vel considerar aqui que o local n o existe independentemente de um contexto regional nacional e global Efetivamente os projetos que buscam diversificar a atividade tur stica para melhorar as condi es de vida das popula es hospedeiras cometem certos erros na concep o dos projetos Es la creencia de que lo local existe independientemente de un contexto regional nacional y global En realidad existen factores determinantes a otras escalas que hacen del turismo y del ecoturismo un sistema bastante r gido con reglas que no se pueden ignorar En primer lugar el turismo es fundamentalmente una cuesti n de im genes Promover un lugar ecotur stico se construye en base de la regi n y del pa s RAYMOND 2003 p 62 No Peru a quest o da imagem vendida na cena tur stica determinante O Peru procura vender uma nova imagem do pa s mediante uma entidade estatal espec fica a PROMPERU a qual promove o pa s no interior e no exterior O objetivo apresentar uma popula o nativa aut ntica mas que seja ao mesmo tempo palat vel para os turistas ocidentais sobretudo em termos de higiene e de conforto Para atrair o turismo esta entidade afirma abertamente que est voltada para ofe
273. s andinos em destaque 104 Cuando esta casa est terminada pienso colocar unas figuras como dise os de chaski Tumi un mapa de la isla para que se ubicara el turista o de repente una imagen del eje eje y tambi n quiero plantar arbolitos como el tumbo Alfredo Pueblo 13 07 10 A figura do chaski do inca e o tumi faca t pica usada no tempo do imp rio inca s o os s mbolos andinos comumente recuperados para a confecg o de qualquer artefato da ind stria tur stica na regi o andina Com respeito ao eje eje eu acabara de mencionar ao conversar com ele sobre esta lenda insular a qual tinha lido na noite anterior O eje eje era um burro mal fico o qual de acordo com a narrativa popular surgia das guas do Titicaca do lado da comunidade de Sancayuni e surpreendia os trabalhadores noturnos com seu grito caracter stico YUCRA PACOMPIA 2008 p 96 A ideia espont nea de Alfredo em querer colocar uma imagem deste animal lend rio na parede depois da nossa conversa testemunhava a sua criatividade para construir o cen rio tur stico da sua casa No interior dos quartos a comodidade do turista e seu bem estar eram privilegiados o moderno era usado nas t cnicas de elabora o do ch o Para limitar a umidade e conservar uma temperatura agrad vel durante a noite uma t cnica especial foi elaborada O banheiro tamb m uma novidade posto que a maioria das outras casas disponha de banheiros exteriores em cabinas de cor ve
274. s atividades do quotidiano cozinha trabalho nos campos Autenticidade garantida PARRA 2009 pp 114 115 Outro artigo publicado em jornal brasileiro qualificava a excurs o em Amantan da seguinte forma Destino ex tico Amantan recebe menos da metade dos visitantes das ilhas flutuantes Uros e Taquile no lado peruano e Ilhas do Sol e da Lua na Bol via Compreens vel quando se sabe que o turismo chegou a Amantan h menos de uma d cada At ent o eram essas outras ilhas os melhores locais para se conhecer a aut ntica cultura do Titicaca BRITO 2009 O interessante destes artigos que eles resumem em poucas linhas o que se destaca no discurso comercial existente sobre o turismo na regi o articulado ao redor de duas no es o exotismo e a autenticidade A atendente da ag ncia de viagem e turismo com a qual o turista na maioria dos casos se entret m logo que chega cidade de Puno inclui dentro da sua apresenta o essas no es de maneira natural e sistem tica para vender os tours Como veremos no terceiro ponto deste primeiro cap tulo podemos qualificar o conte do deste discurso das ag ncias guias e publicidades como correspondentes de uma ordem discursiva 7 PARRA Marie France Destination mythique Les tr sors du lac Titicaca In Femme Actuelle pp 114 116 dezembro de 2009 18 Extrato do artigo intitulado A ilha mais escondida do lago Titicaca prepare se para viver uma experi
275. s e implica a hospedagem na casa dessas fam lias como tipo de imers o cultural na cultura camponesa da regi o Ele por defini o considerado pelo MINCETUR como um turismo gerado pelo interesse de uma comunidade cujos objetivos seriam de natureza cultural educativa e vivencial e no qual a comunidade se veria beneficiada economicamente MINCETUR 2006 p 7 4 Nota introdut ria da ministra do MINCETUR no guia de TRC PROMPERU 2008 27 O turismo vivencial marco dentro do qual os turistas se hospedam nas casas das fam lias das comunidades o g nero com o qual se identificaram as fam lias de Amantan desde o surgimento do turismo na ilha em 1979 antes de ser generalizado com a comercializa o da ilha pelas ag ncias em 2000 Desde el principio nos identificamos con lo vivencial afirmou Alfredo um dos meus informantes em Amantan durante a pesquisa de campo A excurs o cultural dos turistas na ilha de Amantan corresponde exatamente realizag o deste tipo de turismo que se baseia a princ pio no com rcio do patrim nio imaterial local como elemento central Por m cabe especificar que O programa do MINCETUR tem pouca atuag o com respeito planifica o da atividade no local de estudo A nica a o efetuada pelo minist rio produzir um material de capacita o para melhorar a qualidade da oferta tur stica informar as popula es rurais acerca do significado de TRC e das condi es burocr tic
276. s filhas A casa da fam lia situa se na entrada da comunidade uma casa grande com uma caracter stica que se tornou familiar em minha passagem pelos caminhos das comunidades observei que a casa estava sendo ampliada do lado esquerdo Esta parte da casa em constru o se impunha na frente do lado origin rio da propriedade e j dava para perceber as grandes aberturas previstas para as janelas e as portas Levaram me ao quarto que ficava no segundo andar da casa principal quatro camas com cobertores coloridos e s mbolos andinos uma mesa para escrever umas mantas pregadas nas paredes uns recipientes para as necessidades da noite umas cadeiras novas toalhas lixeirinhas confeccionadas artesanalmente de totora e a luz a Emerinciana acabava de concluir um curso de capacita o em atendimento tur stico rural comunit rio dispensado pela ONG C ritas Puno A observa o efetuada na casa desta fam lia permitiu me assim testemunhar da intera o proposta no lar das fam lias que fazem parte do projeto desta ONG A fam lia recebe turistas apenas h um ano e faz parte da Asociaci n de Hospedaje Rural Jamuy cujo presidente o Nestor Mamani Yanarico o qual encontraremos mais adiante Desta associa o dependem v rias fam lias da comunidade de Villa Orinoj n as quais seguiram o curso de capacita o da ONG C ritas Puno Eu ainda n o sabia exatamente quais tinham sido os cursos aplicados no mbito da capacita o Notei que o ba
277. s hospedeiras A observa o do ritual tur stico de subida e descida dos topos da ilha permite fazer duas observa es com respeito percep o do tempo e do espa o insular na presen a dos turistas Em rela o percep o do tempo para quem mora na ilha esta subida dos turistas aos topos da ilha que se repete diariamente contribui em regular o tempo e criar uma din mica de acordo com os fluxos de turistas que chegam e saem da ilha Neste contexto chamaremos esta din mica de cad ncia tur stica A subida a Pachatata e Pachamama ao ser efetuada fora dos caminhos tur sticos permite observar como esta cad ncia tur stica existe de forma geral na ilha e como a paisagem insular se transforma ent o numa verdadeira zona traseira dependendo do hor rio em que se observa a ilha De acordo com alguns turistas empreendendo a subida aos topos da ilha no meio da tarde com o resto dos grupos a subida pode ser assemelhada a uma grande aglutina o de turistas Esta satura o moment nea do 94 espaco leva alguns deles a desistir de subir aos templos para ficarem afastados do grupo e aproveitarem a caminhada com maior liberdade longe desta peregrina o Por m a experi ncia particularmente interessante ao ser efetuada fora deste hor rio de satura o A subida aos dois templos d uma impress o de solid o total se for realizada de manh parte do dia durante o qual nenhum turista vis vel na ilha Os camp
278. s two pre inca temples dedicated to the earth s fertility Built on different hills a this places are sacred ei The islands are cted from many layers of reeds wich rotaway from r sd the bottom and are replaced at the top They also use reed to make houses and boats ded Transfer Hotel Port Hotel English speaking juide entrance fee and motor boat k up From your hotel ort pair speaking guide all in Taquile the 2nd day basic accomodation Amantani Island entrance fee and motor boat Duration 3 hours Departure at 2 15 p m Arrival at 5 45 p m The archaeological site of Sillustani is located at 34 Km fram Puno city 35 ocupied the area before the incas The creators of imposing burial towers are known as Kolla people The most imposing burial pda were biult for the chiests and priests Sillustani sits on a smal hiltop surrounded by the beautiful Umayo Lagoon There you can feel the energy that emanates ransfer hotel Sillustani hotel English speaking guide and Folder da ag ncia operadora Suri Explorer em Puno A A primeira visita ilha de Amantan a descoberta de uma ilha Domingo 26 de julho de 2009 Acordei cedo para esperar o transporte da ag ncia que me levaria at o porto da cidade Olhando pela janela fiquei atento chegada da van quando percebi que ela estava minha espera na esquina da rua Despedi me dos meus amigos conhecidos no dia anterior e desci as escadas do pr dio s pres
279. sas para pegar meu transporte Subi na van onde j estava uma dezena de turistas Ter que parar em cada esquina para recolher mais um turista parecia ser cansativo para as pessoas do grupo recolhidas cedo de seu albergue e que mostravam um rosto meio adormecido ainda Poucos me cumprimentaram e permaneci mudo Chegamos ao porto subimos lancha com o restante do grupo uma trintena de turistas Encontrava me cercado de turistas Depois de mais de duas semanas de perman ncia na Bol via acompanhado de colegas nativos isso marcava a minha entrada na dimens o do turismo de massa numa zona de frente em que tudo estava planejado para o 43 turista Assim nesta zona de frente tur stica eu iria descobrir o local da minha futura pesquisa Encontravam se na lancha fretada pela ag ncia uma fam lia inteira de franceses italianos americanos brasileiros dois limenhos e eu Antes da sa da da lancha o nosso guia se apresentou e falou sobre o circuito que ir amos seguir durante os dois dias destacando as dist ncias que separavam cada lugar Depois de 30 minutos chegamos s ilhas flutuantes dos Uros primeira etapa da excurs o A visita efetuou se em uma hora durante a qual sentados em c rculo nos foi explicada a import ncia cultural do lago Titicaca nos Andes o modo de constru o das ilhas e o modo de viver das comunidades Uros N o entrarei nos detalhes da visita pois me pareceu tratar se de uma grande encena o e reconstru
280. se de uma ag ncia maiorista que tem uma parte do mercado muito grande sobre o envio de turistas La Inka no nos paga Nadie quiere trabajar con la Inka M ximo Lampayuni 20 07 10 Cabe mencionar a import ncia do valor retribu do s fam lias O acolhimento do turista pode variar em fun o do valor retribu do depois particularmente com respeito comida Se o grupo de turistas for enviado por uma ag ncia que n o paga bem a elabora o das comidas pode ser muito mais simples do que se for com ag ncias que pagam o valor devido normalmente A atua o das ag ncias na qualidade de intermedi rias pode desta maneira criar uma diferen a de trato dos turistas pelas fam lias M ximo me confessa a sua tristeza de n o trabalhar mais com o turismo Por m preciso notar que apesar de n o trabalhar mais com a atividade o turismo onipresente na vida da fam lia A cozinha organizada para receber turistas e ele ainda tem o plano de terminar os quartos para mais turistas Apesar de n o representar uma presen a cont nua o turista marca a casa das fam lias de sua impress o no espa o ntimo no cen rio criado para ele Pode se dizer que uma vez que o turista entrou na casa ele n o sai nunca mais Ele proporciona sempre mais perspectivas apesar das desilus es Na casa da fam lia de Epifania viver se ia num cen rio que corresponderia quinta etapa da divis o de MacCannell Trata se de uma zona traseira a qual f
281. se comporta enquanto se encontra diante do seu p blico GOFFMAN 1973 p 106 Os bastidores zona traseira ou r gion post rieure a zona na qual seria poss vel observar os fatos dissimulados e usados para a prepara o do cen rio da zona de frente Seria entre outros o lugar onde se fabricam abertamente as ilus es e impress es GOFFMAN 1973 p 110 gt Entendemos a partir deste modelo simplificado da teoria de Goffman a qual interpretamos como moldura social a rela o existente entre p blico e privado no contexto da rela o tur stica das fam lias e dos turistas primeira vista poder amos enxergar o contexto de intera o entre esses dois atores por meio desta divis o dicot mica b sica Essa divis o imprescind vel na medida em que possibilita definir os limites da realidade e proporcionar uma impress o de autenticidade tendo por objetivo o sucesso do turismo na regi o Por m como analisar esta situa o quando se espera que n o exista uma rela o dicot mica no turismo proposto pelo TRC que remete caracter stica do vivencial do aut ntico e prop e justamente mostrar esses bastidores da vida tradicional camponesa Ser que poss vel perceber a exist ncia de bastidores dentro dos bastidores Sobre quais crit rios a situa o criada poderia ser qualificada de original Por defini o o turista sempre quer ir al m do que normalmente mostrado nos lu
282. sea profesional o cultural Me di cuenta de que el contacto entre el pueblo boliviano y los extranjeros pasando por el pa s es bastante reducido y esta oportunidad de poder conversar intercambiar opiniones durante los almuerzos cenas y sobretodo a la hora de la pausa de la ma ana o de la tarde con el caf fue una experiencia nica para descubrir c mo es realmente la cultura boliviana y los costumbres que parecen totalmente desapercibidos cuando se cruza el pa s de este en oeste parando en los lugares principalmente tur sticos Es cuanto puedo informar para fines consiguientes Guillaume Maurice Admire Perche BRIGADISTA INTERNACIONALISTA SOLIDARIO 184 ANEXO 4 QUADROS ESTAT STICOS DOS FLUXOS DE TURISTAS ESTRANGEIROS E NACIONAIS EM LOS UROS TAQUILE E AMANTAN ENTRE 1998 E 2008 Fonte DIRCETUR PUNO ESTADISTICA DE TURISTAS EXTRANJEROS Y NACIONALES QUE VISITARON LAS ISLAS DEL LAGO TITICACA DURANTE EL ANO 1998 MES UROS TAQUILE AMANTANI EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL EXTRANJERO NACIONAL ENERO 2091 1673 1123 159 599 713 FEBRERO 2405 291 1122 259 219 634 MARZO 1452 1489 734 209 468 712 ABRIL 2 567 1553 402 267 531 883 MAYO 2 443 1 231 548 251 470 721 JUNIO 2 456 1314 768 312 699 711 JULIO 2 784 1539 899 393 813 729 AGOSTO 257
283. servia de maneira muito espont nea A mesa dos turistas encontrava se isolada no fundo da cozinha enquanto a fam lia jantava do outro lado na frente do fog o Depois do jantar ouviam se tr s pe as folcl ricas diferentes os sal es de festas de Occosuyo de Occopampa e de Colquecachi estavam cheios A m sica ritmava a noite iluminada pela lua cheia cujo reflexo parecia dan ar nas guas do lago Titicaca Chegar face oriental da ilha vindo da face ocidental e n o por via lacustre permitia desvendar diretamente uma das realidades tur sticas da ilha em n vel global Eu havia passado a maior parte do meu tempo no lado ocidental dentro do bloco de comunidades formado por Pueblo Incatiana Lampayuni e Villa Orinoj n A simples observa o da paisagem permitia confirmar a heterogeneidade da situa o insular na arena tur stica Os estratos da mem ria vis veis nas casas no n vel do ntimo de cada fam lia tamb m podiam ser lidos no n vel microinsular no qual cada propriedade dentro de cada comunidade dentro da ilha se encontrava propulsada a uma velocidade diferente dentro de um fen meno de desenvolvimento ligado ao turismo e atividade hospedeira como principal recurso para a difus o da identidade cultural local Considero que esta din mica de transforma o da paisagem da ilha e de transforma o do espa o de vida das fam lias testemunha a cria o de espa os deslocados onde a pr pria casa n o tem o mesmo signif
284. sificar os seus recursos econ micos o prefeito e o governador de Amantan decidiram desenvolver o mesmo tipo de atividade para poder se beneficiar deste empreendimento com o transporte a hospedagem dos turistas e a venta de artesanato local 2 Nome dado ao tipo de saia tradicional usado pelas mulheres de etnia qu chua Elas vestem v rias polleras de cores diferentes sobrepostas f 2 Libro de Actas de la Gobernaci n de Amantan LAGA 11 de mar o de 1979 GASCON 2005 p 54 46 Assim segundo Gasc n 2005 a maioria das fam lias empreendeu numerosas a es de envolvimento na atividade para desenvolver o novo recurso definido pelas autoridades de recurso comunal O envolvimento da popula o na promo o e desenvolvimento da atividade na ilha ressaltado em v rios aspectos Convencida de que o turismo se desenvolveria de forma r pida com consider vel chegada de turista e que todos se beneficiariam a maioria das fam lias habilitou em suas casas um espa o para hospedar os turistas posto que a dist ncia entre Puno e a ilha obriga qualquer turista a passar pelo menos uma noite nesta A prefeitura estabeleceu as normas m nimas de limpeza e um pre o fixo para o acolhimento dos turistas nas casas incluindo a alimenta o e a hospedagem Construiu se um local ou sal n artesanal para a venta do artesanato produzido pelas fam lias e o artesanato tamb m foi exposto em v rios lugares do pa s para promover e apresentar
285. so da elite urbana cuzquenha de l ngua espanhola a qual glorifica este passado como sentimento de pertencimento cultural local VAN DEN BERGHE e FLORES OCHOA 2000 p 11 Articulada com o turismo esta ideologia valora e mant m um patrim nio cultural que atrai os turistas e que contribui em comercializar um produto tur stico caracterizado por uma alteridade recriada Pode se dizer que os camponeses locais s o tornados objetos do desejo do turista por meio da sua reconfigura o atrav s deste discurso que n o contribui em apresentar a cultura nativa presente Resulta uma representa o da cultura nativa na qual os seus representantes encontram se congelados no passado Eles se transformam assim no imagin rio do turista em incas viventes da contemporaneidade e esse imagin rio estrutura as intera es e sentidos do encontro inter tnico promovido pelo turismo oficial Neste aspecto Silverman mostra como essas popula es s o tornadas objetos hist ricos antes de serem percebidas como sujeitos contempor neos SILVERMAN 2002 p 899 Este processo resultaria da ordem discursiva criada localmente em cada regi o onde os atores locais encenam o passado como se existissem no presente Trata se da hist ria local que est sendo localmente apropriada para assegurar o sucesso do turismo nessas diversas regi es do pa s Nesta atua o dos atores locais o Estado que patrocina os s mbolos arqueol gicos e as
286. so de ordem discursiva da autenticidade no sentido em que o destino comercializado de acordo com o atrativo do turismo rural comunit rio pela sua presumida maior autenticidade Aqui a cultura apresentada n o emergiria mais do passado sen o do presente Vimos como essa autenticidade amantanenha se articula ao redor de elementos variados A paisagem insular constru da em func o da est tica do paradis aco inscrevendo assim a experi ncia tur stica em certa moldura da descoberta Neste contexto a intera o proposta com as fam lias nativas caracterizada como experi ncia de turismo vivencial pretende imergir o turista na cultura local da mesma forma que o etn grafo se aproxima de uma popula o nativa durante seu trabalho de campo Neste aspecto pode se dizer que a minha pr pria pesquisa de campo sugere uma experi ncia de turismo etnogr fico Cabe ressaltar ent o quem est sendo valorado neste tipo de intera o N o seria mais a imagem do ndio arqueol gico sen o o pr prio campon s qu chua habitante contempor neo da zona andina peruana o qual atuaria no campo do turismo a partir da valoriza o da sua identidade cultural De acordo com essa hip tese ele estaria ent o apresentando a sua cultura camponesa escapando cria o de qualquer tipo de estere tipo cultural N o se trataria da representa o de uma identidade recriada se o campon s se serve 149 da apresenta o d
287. sol em cores verde e amarela bem chamativas Essa e outras imagens eram obviamente destinadas aos turistas os quais todos os dias tarde passavam na frente da escola para chegar pra a da comunidade Mas ser que as crian as eram simples espectadores deste fen meno tur stico ou estavam envolvidas indiretamente na din mica acionada pelo turismo na ilha Quais eram os efeitos diretos ou indiretos que o gringo tinha sobre eles Neste final de tarde Gregoria e Rosaura estavam sentadas no quintal da escola Nomeadas pela secret ria de educa o de Puno para ensinar em Amantan Gregoria estava h tr s meses em Amantan e Rosaura h um ano As duas possu am experi ncia de mais de vinte anos ensinando em outras prov ncias da regi o de Puno Perguntei a elas sobre a sua experi ncia em outros lugares para que pudessem identificar o impacto do turismo na vida dos seus alunos em Amantan em compara o a outras comunidades da regi o As duas confessaram o choque quando come aram a ensinar na ilha O primeiro elemento que elas distinguiram foram os nomes Aqu todos se llaman Johnny Brendan Ronaldo Tienen nombres diferentes que vienen del exterior Rosaura Pueblo 20 07 10 Eu insistia sobre a possibilidade disso ser uma influ ncia da televis o Apesar de n o ter muitas televis es na ilha uma parte importante da popula o da mesma forma que a Olga e o Alfredo trabalharam fora como vimos Por m para as pr
288. son imprescindibles para los tr mites administrativos y representan al nivel administrativo la vida de una persona Por otra parte esta fuente de informaci n una vez el trabajo de conservaci n y organizaci n efectuado tendr un valor hist rico inestimable ya que toda la historia del pasado minero en Bolivia ser accesible para la investigaci n cient fica Los estudios e investigaciones universitarias sobre el mundo minero tendr n una fuente de informaci n precisa e indispensable para producir tesis y art culos sobre la miner a que en el caso de Bolivia adem s de representar un s mbolo nacional alrededor del cual una parte considerable de la poblaci n se organiza tambi n representa una complexa estructura econ mica y social Por otro lado lo importante que quiero destacar en este final de informe es que adem s de adquirir conocimientos sobre el pasado minero en Bolivia y en archiv stica este trabajo me permiti antes de todo compartir dos semanas integrales del cotidiano de trabajadores locales que me ense aron mucho al nivel cultural El grupo constaba efectivamente de una arquitecta dos estudiantes y tres ex mineros de la mina de Caracoles en La Paz As creo que el intercambio cultural que se oper entre mis compa eros y yo durante esas dos semanas contribuyo considerablemente en mi enriquecimiento personal y estoy convencido de que mis colegas tambi n sacaron provecho de esta oportunidad de intercambio de saber que
289. ssignifica o das tradi es Como vimos a atividade tur stica imp e o papel ativo das fam lias dentro das suas casas e daquilo que fazem para melhorar o acolhimento do turista No resto da ilha os turistas se deslocam com seus grupos levados pelo guia tur stico das ag ncias sem implicar o papel ativo dos habitantes As capacita es ofertadas s fam lias para o acolhimento do turista visam educar principalmente em fun o da recep o em casa elemento central na pr tica do turismo vivencial Pode se considerar este fen meno como din mica de cria o de um novo patrim nio ntimo e pessoal a casa e os elementos que trazem o conforto decorrendo do desejo do turista Consideramos o argumento de Gutierrez Samanez 2000 o qual no caso do patrim nio cultural e p blico da cidade de Cuzco afirma En consecuencia las nuevas realizaciones arquitect nicas deber n insertarse en el contexto tradicional debiendo ser recreaciones o reinterpretaciones en un lenguaje moderno a fin de lograr la integraci n y la continuidad con el contexto hist rico Para ello es preciso que los arquitectos y urbanistas posean una adecuada formaci n t cnica y art stica para estar en capacidad de disefiar o proyectar escenarios urbanos no s lo de valor funcional sino tambi n est tico es decir criar patrimonio GUTIERREZ SAMANEZ 2000 p 73 No n vel oficial parece justificada essa rela o entre servi o de qualidade trazido aos t
290. stas acess veis ao leitor que n o conhece a realidade peruana e ainda menos a realidade da regi o de Puno e da ilha de Amantan Com respeito s refer ncias bibliogr ficas vale apresentar alguns autores que permitiram desenvolver a presente pesquisa No campo do Turismo e das Ci ncias Sociais Barretto 2003 e Ara jo 2006 s o dois autores que permitiram abordar os problemas gerados pela atividade tur stica entre os turistas e as popula es locais e tamb m legitimar a presente pesquisa no campo do turismo que traz a sua contribui o nas Ci ncias Sociais Valene Smith 1989 contribuiu na discuss o acerca do tipo de turismo efetuado na regi o da pesquisa A pesquisadora Nathalie Raymond 2001 uma especialista sobre o turismo no Peru e constituiu a refer ncia principal para conceituar os dados emp ricos observados espec ficos ao turismo naquele pa s A refer ncia principal que permeia grande parte desta pesquisa remete ao trabalho do antrop logo catal o Jorge Gasc n o qual fez a pesquisa mais completa sobre o turismo em Amantan entre 1990 e 1995 Em sua pesquisa publicada pelo Instituto de Estudos Peruanos sob o t tulo Gringos como en Sue os Diferenciaci n y conflicto campesinos en los Andes peruanos ante el desarrollo del turismo 2005 ele mostra como a atividade tur stica era ent o controlada por parte do grupo dos donos de lanchas grupo mais rico da popula o o qual transportava os poucos tur
291. ta Sentamos nos bancos e esperamos 20 minutos Todos estavam acompanhados da sua m e hospedeira que ficavam todas agrupadas no fundo da sala esperando a banda come ar a tocar Uma banda de jovens m sicos chegou Zampo as tambores e instrumentos t picos dos Andes come aram a tocar dentro da sala Num primeiro momento ningu m ousava dan ar at que de repente cada m e hospedeira come ou a convidar os seus h spedes para dan ar No meu olhar de ent o parecia me que elas eram respons veis em nos divertir Muita gente tinha lotado o pequeno sal o de festas e as m sicas se seguiam levando todos a dan arem Em determinado momento todos sentiam calor apesar das temperaturas negativas do lado de fora O convite das mulheres para dan ar animava o grupo e o clima come ava realmente a ser de festa Alguns tomavam cerveja resolvi oferecer uma gua para Epifania Ao perguntar o que ela queria tomar grande foi a minha surpresa quando ela mostrou a garrafa de leo de girassol que estava na prateleira do vendedor falando para este ltimo alguma coisa em qu chua O homem guardou a garrafa para ela lev la ao final da festa De repente a m sica parou Os m sicos estenderam o estojo de seu instrumento para recolher uma pequena gorjeta como couvert art stico De novo Declararam algumas pessoas N s pens vamos ter pago por tudo para a ag ncia e novamente temos que tirar a carteira do bolso Conversei com uma fam lia d
292. tas de fora num dado cen rio tur stico cujo espa o social criado representa o palco da intera o Podemos conceber este grau de autenticidade segundo o n vel de proximidade ou de afastamento que se estabelece entre os espectadores e o palco de um teatro que testemunha a complexidade da constru o dos cen rios tur sticos como espa os sociais Assim segundo MacCannell 1976 p 101 o espa o adaptado a priori para receber os turistas se transforma em um cen rio em que a exist ncia das duas zonas de front e back regions resulta serem dois polos ideais da experi ncia tur stica Enumeramos a seguir essas quatro etapas intermedi rias formuladas por MacCannell que se situam entre os dois polos ideais concebidos por Goffman e A primeira etapa a zona de frente tal como Goffman a definiu Ela corresponde ao tipo de espa o social a que os turistas querem acessar MACCANNELL 1976 p 101 O interesse tur stico motivado pela busca da autenticidade observar aquilo que existe por tr s deste espa o considerado artificial e A segunda etapa uma zona de frente tur stica absoluta Esta etapa se diferencia da primeira pois foi cosmeticamente enfeitada com elementos que lembram a atividade da zona traseira a fim de criar um ambiente aut ntico idem ibidem e A terceira etapa uma zona de frente totalmente organizada para parecer uma zona traseira idem ibidem Esta etapa consiste numa
293. tinguir a divis o administrativa da ilha para situar o meu trajeto e a localiza o das casas das fam lias visitadas durante o tempo da pesquisa de campo Essa organiza o da ilha aparece invis vel aos olhos do turista Ele chega num lugar dado da ilha que lhe aparece ent o sendo um todo indistinto da mesma forma que a popula o da ilha lhe aparece sendo uma massa indistinta Apresentaremos a seguir esta divis o administrativa insular Acessa se ilha por um dos seus tr s portos ou muelles situados nas comunidades de Pueblo Sancayuni e Occosuyo O turista desembarca assim diretamente em uma das dez comunidades campesinas que constituem o distrito de Amantan junto com a ilha de Taquile sem ter um conhecimento claro da exist ncia desta divis o administrativa insular que val separ lo dos outros numerosos grupos de turistas durante a estadia no local Neste contexto interessante notar que a divis o administrativa do distrito de Amantan al m de representar uma divis o administrativa tamb m desempenha um papel relevante para mapear a estrutura tur stica na ilha Pode se enxergar a ilha como uma zona traseira geral constitu da de outras zonas traseiras diferenciadas representadas pelas diferentes comunidades que a dividem 83 A organiza o administrativa da ilha constitui assim um micromundo insular dividido em dez comunidades camponesas ligadas por caminhos estreitos feitos de pedra ao redor da ilha e a
294. tisfazer a sua busca pela alteridade e pelo exotismo atra do pela imagem do ind gena transmitida e o ind gena assume seu papel de representante da imagem que lhe foi atribu da para tamb m se beneficiar da atividade Segundo Vich o que ressurge deste mecanismo seria o mantimento da cria o de estere tipos culturais Plantear un desarrollo del Per bas ndose en la dependencia en el turismo es un mero espejismo que esconde un tipo de explotaci n patrocinada por el gobierno en el que el modus operandi es mercadear lo local con el valor a adido de pasadismo autoctonismo diferencia etc para el consumo global turismo capital extranjero etc De hecho no ser a exagerado afirmar que convertirse en destino tur stico es decir incentivar y alimentar la creaci n y el perpetuamiento de estereotipos est ticos de identidad cultural es perpetuar posiciones desiguales desde que es casi imposible liberarse tanto material como simb licamente el mantener la demanda de aquellos que vienen a vernos o vienen a comprarnos estar a ntimamente ligado a la reinvenci n y perpetuaci n de los mitos de la otredad racial del exotismo de la fuente inagotable de recursos explotables a bajo costo VICH 2003 pp 460 461 Na ilha de Amantan vimos que existe localmente um discurso formulado pelo Estado atrav s do MINCETUR e da PROMPERU e pelos atores locais como as ag ncias de turismo de Puno e as ONGs Qualificamos este discur
295. tiva ao longo da minha estadia no local de estudo a explora o do recurso tur stico pelas ag ncias de Puno que n o pagavam ou pagavam muito menos que o pre o estabelecido s fam lias hospedeiras Essa explora o das ag ncias era acentuada pela desigual reparti o dos turistas entre as fam lias de uma mesma comunidade e tamb m entre comunidades da ilha como veremos adiante Por hora a aten o deve voltar percep o do espa o insular no contexto tur stico Qual o interesse de enxergar a descida dos dois topos como a analogia de um vulc o em erup o A minha observa o seguida do ritual tur stico e o meu percurso nas diferentes comunidades ao redor da ilha permitiam me enxergar o espa o insular de formas distintas Cabe distinguir a forma pela qual o espa o aparece diante do turista e como ele existe para os habitantes Como vimos anteriormente pode se desembarcar na ilha via tr s portos diferentes situados nas comunidades de Pueblo Sancayuni e Occosuyo situados respectivamente na parte oeste norte e leste da ilha O ritual tur stico similar para cada turista que chega ilha de Amantan no sentido em que as suas etapas s o efetuadas na mesma ordem de execu o Por m a excurs o principal da tarde representa um momento no qual todos os turistas tendo chegado ao mesmo dia ter o a oportunidade de se encontrar inconscientemente tr s zonas de subida diferentes dependendo da situa o da sua comunidade
296. to presente na mem ria coletiva insular estigmatizada por v rios s culos de vida subordinada aos mistis Entende se assim qual foi o receio de muitas fam lias e o medo em receber turistas na suas casas na poca da abertura ao turismo no come o da d cada de 1980 Hoje em dia uma pessoa de fora desembarcando em Amantan quer seja estrangeira forasteira ou estranha ser suspeita e dificilmente aceita pela comunidade se n o for na posi o de turista 87 1 1 A chegada primeira fam lia Pouco tempo depois da minha chegada reconhecia facilmente a comunidade de Pueblo mesma comunidade em que eu havia desembarcado o ano anterior Procurava a pra a principal da comunidade a qual de acordo com as indica es do meu contato em Lima ficava ao lado da casa de Olga e Alfredo Em meu caminho pela pra a eu encontrava alguns habitantes da comunidade os quais cumprimentava instantaneamente Tinha me sido aconselhado cumprimentar cada pessoa encontrada nos caminhos da ilha de forma a iniciar o trabalho de familiariza o m tua com os habitantes desde a minha chegada Hola se or hola sefiora Perguntava onde ficava a casa da fam lia de Olga e recebi ent o a resposta La Olga Cari all nom s cerquita de la Plaza bajando el camino al lado de la iglesia hay una casa grande frente a una rea abandonada Habitante da ilha Pueblo 10 07 10 Minutos depois entrava na pra a principal da comunidade a qual reconhecia
297. tores de um para so perdido 04 12 83 Foi uma mudan a bem vinda das paradas tur sticas regulares 19 03 83 Esta ilha como se fosse de outro s culo como uma viagem por meio de uma m quina atrav s do tempo 25 03 85 Foram tr s dias de intervalo com o resto do Peru 05 12 87 Um para so que parece vindo de outro tempo 05 87 Se voc quer guard lo similar ao jeito que voc o achou n o avise seus amigos e n o escreva para guia de viagem nenhum 30 07 88 La simplicidad de la gente la imponencia del paisaje y la paz del lugar hacen de esta isla un para so para quien vive en la ciudad 02 89 Esta ilha capturou toda sua beleza na sua paisagem e nas suas pessoas Os dois s o simples ainda intocados pelo homem moderno 29 08 89 Casi olvido que estoy en un pa s al borde de la anarqu a que padece tantas plagas como el terrorismo la corrupci n y el c lera 24 05 91 Percebemos com os depoimentos certa atualizac o da moldura da descoberta das Am ricas por Cristov o Colombo Como mencionamos no cap tulo anterior para ele as terras encontradas tamb m foram relacionadas ao para so Neste contexto essa met fora da descoberta e do para so demonstra quanto a atividade tur stica se pauta por uma orienta o cosmol gica europ ia que faz da diferen a e da dist ncia objetos constantes de sua pr pria mitifica o autopoiesi
298. travessando esta ltima do lado oeste para o lado leste Os habitantes se mobilizam a p nestes caminhos pois n o existe nenhum meio de locomo o a motor na ilha Alguns desses caminhos como os caminos peatonales tur sticos foram constru dos em dezembro de 2002 segundo pode ser visto nas placas indicativas afixadas ao longo do caminho para facilitar o deslocamento dos turistas e o acesso s comunidades mais tur sticas o camino tur stico Patapampa a Pachamama em abril de 2008 para acessar as ru nas arqueol gicas situadas no topo da ilha e os outros caminhos como o camino vecinal circunvalaci n principal caminho que rodeia a ilha e usado principalmente pela popula o local constru do em dezembro de 2007 Antes dessas datas os caminhos existiam sob forma de trilha desenhada na terra e nas pedras pela passagem di ria dos habitantes Muitos caminhos situados particularmente nas comunidades menos tur sticas ou em lugares mais acidentados persistem dessa forma Observa se por parte do governo local uma grande preocupa o para melhorar o acesso e deslocamento na ilha principalmente voltada para o desenvolvimento tur stico Apesar de ter facilitado o acesso ilha para todo mundo a constru o dos caminos peatonales tur sticos em 2002 antecedeu a constru o do principal caminho mais usado pela popula o o camino vecinal circular de cinco anos As comunidades camponesas de Pueblo capital da ilha e do distrito de Ama
299. trucci n del Patrimonio Monumental del Cusco Lima Lluvia Editores 2000 167 GUTI RREZ USILLOS Andr s Rese as ARCHETTI Eduardo El Mundo Social y simb lico del Cuy Quito Centro de Planificaci n y Estudios Sociales CEPLAES 1992 In Revista Espa ola de Antropolog a Americana 24 pp 279 282 Madrid Edit Complutense 1994 Dispon vel em http www ucm es BUCM revistas gh1 05566533 articulos REAA9494110279A PDF HILL Michael D Contesting Patrimony Cusco s Mystical Tourist Industry and the Politics of Incanismo In Ethnos vol 72 n 4 pp 433 460 2007 ITIER C sar Parlons Quechua La langue du Cuzco Paris L harmattan 1997 KENT Michael A import ncia de ser Uros movimentos ind genas pol ticas de identidade e pesquisa gen tica nos Andes Peruanos In Perspectivas Antropol gicas sobre Sa de Gen mica e Identidades no Brasil R V Santos S Gibbon amp J F Beltr o Rio de Janeiro Editora Fiocruz 2011 KIRSHENBLATT GIMBLETT Barbara Destination Culture Tourism Museums and Heritage Los Angeles University of California Press 1998 L VI STRAUSS Claude Tristes Tropiques Paris Terre Humaine Plon 1955 MACCANNELL Dean The Tourist A New theory of the Leisure Class New York Schoken Books 1976 MAROCA DE CASTRO Maria Soledad A reserva Patax da Jaqueira o passado e o presente das tradi es Disserta o de Mestrado orientadora Anton dia Monteiro Borges
300. tudou turismo na Universidade del Altiplano em Puno e soube informar me brevemente sobre a hist ria do turismo deste lado da ilha El turismo ac en Occosuyo y Colquecachi es reciente Antes del otro lado nom s llegaban los turistas Todas estas tiendas de abarrotes que puedes ver alrededor de la plataforma abrieron hace tres o cuatro a os nom s antes no hab a ninguna Existem umas quatro lojinhas ao redor da plataforma Ac vienen muchos grupos porque el acceso desde Puno es m s directo Y la subida a las ruinas de Pachamama y Pachatata tambi n es m s corto Mira a las 16h30 suben los turistas y en quince veinte minutos ya est n en las ruinas Del otro lado tardas por lo menos una horita en llegar Creo que los gu as se acostumbraron con eso y lo ven m s pr ctico Diez a os atr s todo el mundo sab a que del otro lado en el Pueblo nom s llegaban los turistas Al principio un grupito nom s los recib a Lancheros eran los quien recib an el Ricardo Toribio Alfredo Victoriano Benedicto Alejandro n o queria nomear o grupo que recebia inicialmente Tive que mostrar 137 lhe que eu j estava ciente do controle do turismo pelo grupo de donos de lancha para que ele me atribu sse mais confianca Este cuidado onipresente em Amantan onde o conflito de interesse grande entre as fam lias que observam quem recebe mais ou menos turistas Ac en Occosuyo un lanchero nom s hab a el Elias Me acuerdo qu
301. turistas e aos poucos as pol ticas e ag ncias remodelaram certa imagem de fachada das comunidades para que fossem apresentadas na cena tur stica Como veremos em n vel regional importante notar esta caracter stica para considerar as impress es dos turistas diante da visita da ilha de Amantan O car ter aut ntico da ilha pode decorrer do contraste existente entre esta comercializa o euf rica dos Uros e o car ter menos comercial e mais espont neo de Amantan A cidade de Puno aos poucos tamb m se transformou numa cidade adaptada para receber os turistas internacionais o que segundo Pamela pode ser observado de forma clara com a abertura dos restaurantes Al principio los turistas quer an algo simple para comer una mesita una silla una decoraci n simple y r stica para probar la comida local Pero poco a poco los restaurantes fueron innovando y hab a mucha competencia Antes casi no se com a carne en Puno ahora se come carne de alpaca en los restaurantes de la calle principal Jir n Lima Pamela Puno 27 07 09 Efetivamente foi poss vel constatar que a rua Jir n Lima concentra um n mero importante de restaurantes os quais oferecem sandu ches pizzas hamb rgueres comida italiana e gastronomia neoandina com um card pio apresentado em ingl s e os pre os duas a tr s vezes mais caros do que nos restaurantes da rua perpendicular que n o oferecem atributos tur sticos Andr s levou me a esta mesma rua
302. ua viagem passando por esta cidade Em segundo lugar cabe considerar que o Peru um pa s onde os deslocamentos t m que ser previstos de maneira inteligente para perder o m nimo de tempo poss vel Todo mundo tamb m concebe que o tempo significa dinheiro Visitar o Peru apesar de ser um destino no qual o custo de vida mais barato para um turista ocidental significa a compra de uma passagem internacional e v rios deslocamentos dentro do pa s transformando o pa s num destino bastante caro no final RAYMOND 2001 p 59 Qualquer deslocamento in til ou mal previsto pode ocasionar uma perda de tempo e dinheiro muito importante o circuito bem planejado permite prever esse tipo de problema Al m disso a visita ao Peru imp e para a grande maioria dos turistas a visita a Cuzco e a Macchu Pichu entre outros destinos nacionais que fazem parte do roteiro b sico Assim uma vez carimbado o passaporte em Lima o fluxo tur stico quase sempre se dirige na dire o do sul do pa s rumo a Cuzco fazendo uma parada nas cidades que apresentam mais atributos para o turista como Nazca e as suas famosas linhas Arequipa e seu centro colonial Patrim nio Mundial da Humanidade pela UNESCO o canyon de Colca e os seus famosos condores a regi o de Puno por sua situa o na beira do lago Titicaca e o destino final a pr hisp nica e m tica cidade de Cuzco antiga capital do imp rio inca porta de entrada para a cidadela de Machu Picchu Este
303. ue os Diferenciaci n y conflicto campesinos en los Andes peruanos ante el desarrollo del turismo Lima IEP 2005 GASC N Jorge Compadrazgo y cambio en el Altiplano peruano In Revista Espa ola de Antropolog a Americana 2005 vol 35 pp 191 206 GASC N Jorge La pol mica sobre la tragedia de los comunes un caso andino In Debate Agr rio N 25 Lima 1996 GASC N Jorge El control y explotaci n de la mano de obra colona en la hacienda andina peruana Grupo de investigaciones Andinas Universidad de Barcelona 2000 GASC N Jorge Robo y resistencia campesina en los Andes peruanos Grupo de investigaciones andinas Universidad de Barcelona 2000 GASC N Jorge Sublevaciones colonas y reproducci n del sistema de haciendas en el Sur Andino Peruano In Revista Espa ola de Antropolog a Americana 2000 n 30 pp 265 289 GLOAGUEN Philippe Le Guide du Routard P rou Bolivie Paris Hachette 2005 2006 GOFFMAN Erving La Mise en Scene de la Vie Quotidienne La pr sentation de soi 1 Paris Les editions de Minuit 1973 GONZALES PRADA Manuel Discurso en el Politeama 1888 In Ensayos Escogidos BONDY A S Lima Editorial Universo 1977 GUERR N MONTERO Carla Heritage Identity and Globalisation The Case of Island Tourism in the Caribbean In Bulletin of Latin American Research vol 30 n I Janeiro de 2011 GUTIERREZ SAMANEZ Jos Carlos La Des
304. ue podia representar uma ocasi o para tirar fotos eu revesti ent o a minha m scara de fot grafo fazendo lhes o favor de tirar uma foto j que eles possuem pouca ou nenhuma oportunidade para tal Emilio ia deixar um cargo importante que ele tinha havia um ano o cargo de Campo warayog Quem tem este cargo possui uma roupa tradicional para as cerim nias oficiais e a esposa tamb m possui uma roupa tradicional espec fica O momento representava uma oportunidade para eles tirarem algumas fotos de lembran a vestindo essas roupas Eles me pediram um momento foram trocar de roupa e voltaram para tirar as fotos em v rios lugares da propriedade junto com a filha Eles confiaram em mim para escolher as posi es nas quais ficarem Campo Warayog um cargo oficial organizado de acordo com uma hierarquia pr pria Campowarayoq Inspector e Campomayor o qual tem a miss o segundo definido pelas autoridades de vigiar e cuidar dos campos agr colas insulares contra qualquer dano causado por pessoas ou animais organizar e dirigir o ciclo agr cola e controlar a entrada de gado nas diferentes partes agr colas da ilha durante o per odo de abril a maio YUCRA PACOMPIA 2008 p 106 133 Como mencionei anteriormente a fam lia de Emerinciana faz parte de uma associa o de fam lias da comunidade de Villa tendo sido formados pela ONG C ritas Puno O presidente desta associa o chamada Rijchary Villa Nestor Mamani Yanaric
305. uem ficar era quase imposs vel Mesmo viajando sem ter comprado um pacote tur stico das ag ncias os donos da lancha colectiva faziam a sua pr pria reparti o dos turistas Al m disso testemunhara no porto a realiza o do que poderia se chamar de pesca aos turistas por parte de alguns habitantes ao chegar uma lancha colectiva Pode se constatar desta forma a persist ncia de certa tend ncia observada e estudada por Gasc n 2005 quinze anos antes com respeito ao controle da atividade tur stica pelas fam lias que pertencem ao segmento social dos donos de lancha da ilha No come o da d cada de 1990 o n mero de ag ncias de turismo de Puno ainda era m nimo e os poucos turistas que chegavam ilha eram trazidos por eles os quais os repartiam em grupos a serem hospedados nas suas pr prias fam lias e portanto beneficiando sempre as mesmas fam lias Este monop lio existia como definido por Gasc n gra as situa o geogr fica insular que imp e um meio de transporte controlado pelo grupo social destes donos de lanchas el control por parte del grupo beneficiado de los medios que permiten la explotaci n del recurso las lanchas que conectan a Amantan con la ciudad de Puno GASC N 2005 82 p 89 Nesta etapa da pesquisa eu n o podia ainda confirmar a persist ncia deste monop lio Por m podia suspeitar que os donos de lancha continuassem beneficiando as suas fam lias com a atividade tur stica a
306. uindo as pessoas com as quais estabeleceria contatos A mem ria insular tem sido fortemente impactada pela presen a estrangeira e apesar da extrema bondade das fam lias estava consciente de que elas n o me receberiam com absoluta confian a sobretudo Neste aspecto importante notar que essa discrimina o dos pre os para turistas e para nativos no Peru comum e em particular no caso dos transportes As passagens nacionais de trem e de avi o possuem valores diferentes para viajantes peruanos ou n o peruanos A empresa a rea LAN Peru prop e passagens baratas vendidas pela internet Por m se o cliente estrangeiro n o estiver atento ao comprar ter que pagar uma multa de cerca de 200 US por ter comprado uma passagem reservada a peruano Da mesma forma o trem que sai de Cuzco para Aguas Calientes Machu Picchu cujo propriet rio a companhia PeruRail prop e v rias classes de viagem O estrangeiro n o pode viajar na classe mais barata reservada aos cidad os peruanos 71 por eu pesquisar no campo do turismo Neste sentido compreendi desde a minha chegada que a minha etnografia deveria decorrer mais da minha sensibilidade de observa o De acordo com a minha pr pesquisa de campo na cena tur stica e o meu conhecimento pr vio como turista na rea a ser observada cabe definir o contexto te rico dentro do qual se inscreve a observa o realizada e a classifica o estabelecida no contexto da etnografia realizada Ca
307. ula o local A zona traseira ent o percept vel nos per odos em que os turistas est o ausentes e a cena tur stica se p e em movimento a partir da chegada das lanchas e da estreia di ria do roteiro respeitando as etapas de maneira ritual e sendo coroado por esta subida aos topos da montanha Juana continuava a falar me Al Pueblo llegan los turistas Pero nosotros tambi n en Incatiana queremos De d nde viene amigo El a o pasado vinieron dos franceses en mi casa se quedaron uno de Par s otro de Toulouse Sin agencia vinieron Sin agencia hay que venir En mi casa tambi n pasar s a darme una visita Juana perto das ruinas de Pachamama 10 07 10 Mais adiante encontrei o Alberto de Pueblo ele perguntou me 95 De d nde viene amigo Lleg hoy d a En d nde se est quedando Qu familia Hay que venir directamente aqu pues las agencias nos enga an no nos pagan con la pancita llena se quedan me falou mostrando a sua barriga Tengo amigos franceses que vienen hablamos dos tres palabras mostramos la convivencia nuestro trabajo terminou me repetindo tr s vezes o mesmo pedido Tiene que colocar en una p gina web de su pa s venir a Amantan sin pasar por las agencias tomen una lancha directa para Amantan Alberto a caminho de Pueblo 10 07 10 Essas testemunhas me permitiam estabelecer observa es sobre aquilo que decorria do discurso nativo e que ouviria de maneira repeti
308. uma dezena desses turistas culturais tendo participado da visita da ilha junto com grupos de ag ncias de turismo Apresento a seguir a s ntese das respostas trazidas A maioria resolveu visitar a ilha de Amantan depois de ler o resumo em seu guia de viagem no qual como vimos anteriormente a ilha sempre mais destacada e aconselhada para passar uma noite no lago Titicaca Alguns ficaram sabendo da exist ncia da ilha depois de se informar nas ag ncias de turismo da cidade de Puno e todos estavam realizando a sua primeira viagem ao pa s e regi o de Puno Procediam de acordo com os fluxos tur sticos Ver roteiro de perguntas no anexo 2 p gina 177 67 transitando na regi o de Puno da cidade de Arequipa se dirigindo para Cuzco ou ao contr rio de Cuzco para Arequipa Suas imagens pr vias da realidade do pa s ou seja antes de chegar se articulavam ao redor da natureza e das paisagens espetaculares combinadas com o atrativo do patrim nio cultural resultante da civiliza o inca e dos povos ind genas morando na regi o Entre as visitas tur sticas realizadas em geral se destaca a contraposi o existente entre a parte tur stica apresentada e qualificada em grande medida de artificial e a realidade camponesa demonstrando uma grande pobreza Todos caracterizaram a sua estadia em Amantan como uma experi ncia de turismo cultural podendo dar uma defini o r pida e insistindo sobre o aspecto da intera o com a
309. uns doze anos de exist ncia O primeiro painel solar fora instalado na casa no final da d cada de 1990 Esses fios brancos de pl stico os quais tinham apar ncia de bastante usados alimentavam as l mpadas dos quartos Ouvi uma voz feminina a qual vinha do andar inferior Guillermo Chamavam me para o almo o Sentei me mesa da cozinha disposta em frente a outra onde Flora preparava o almo o e cozinhava os alimentos sem falar comigo Percebia se que ela estava acostumada a cozinhar rapidamente Neste dia o almo o deveria ser preparado r pido pois Flora acabava de voltar de uma reuni o na escola da filha Por isso a comida n o seria preparada na minha frente nos caldeir es do fog o a lenha mas nos mesmos caldeir es pretos usando o fog o a g s Eu estava sentado na frente deste espet culo da cozinha e parecia me ter cruzado certa barreira temporal invis vel ao entrar nesta casa Os banheiros e a eletricidade eram coisa comum e aqui se cozinhava no fog o a g s A vis o dos caldeir es pretos dispostos neste segundo fog o representava para mim uma alegoria da situa o da fam lia e de outras fam lias como veremos mais adiante a qual se situa dentro do espa o ntimo das suas casas num per odo de transi o entre tradi o ostentada e modernidade ocultada A tradi o perdurava ao receber os grupos de turistas a comida estava sendo preparada tradicionalmente no fog o a lenha Por m na vida quotidiana
310. urismo no dia 11 de mar o de 1979 A CEDESOS empreendeu opera es de desenvolvimento da atividade na ilha h dois anos Eles trabalharam em tr s comunidades da ilha Lampayuni Villa Orinoj n e Incatiana O primeiro projeto que a ONG efetuou em mat ria de turismo rural foi em Capachica e serviu de exemplo para Amantan Foram dispensados cursos de capacita o sobre alimenta o e artesanato para algumas fam lias destas comunidades Tamb m financiaram a compra de Y Libro de Actas de la Gobernaci n de Amantan LAGA 11 de mar o de 1979 GASCON 2005 p 54 4 Veremos como se organiza a ilha ao n vel administrativo no come o do cap tulo II figura 7 p gina 85 65 pain is solares para essas fam lias O objetivo da CEDESOS foi transformar a atividade tur stica j exercida em atividade de turismo sustent vel A REDTURC TITIKAKA em parceria com a OGD PUNO e Swisscontact t m atua o em n vel regional e agrupam as associa es tur sticas das comunidades qu chuas e aymaras que promovem o desenvolvimento do turismo comunit rio sustent vel na regi o de Puno Na ilha de Amantan a qual qualificada como mayor centro energ tico del planeta por sus centros ceremoniales de Pachamama y Pachatata no folder da REDTURC existem sete associa es de hospedagens rurais e turismo vivencial de v rias fam lias agrupadas com a ajuda dessas ONGs Cabe notar a interessante publicidade feita por cada associa o e
311. uristas e benef cio econ mico para as fam lias Entretanto o que eu reconheci como decorrente desta rela o seria uma coloniza o da intimidade Este novo tipo de coloniza o produzido no n vel local pode parecer quase invis vel aos olhos do turista preocupado com sua busca da autenticidade na ilha A ordem discursiva da autenticidade que constr i o discurso dos folhetos das ag ncias e dos guias tur sticos leva o turista a perceber as fam lias de forma pr concebida A experi ncia tur stica na ilha tem ent o o objetivo de tornar 157 realidade esse discurso o qual o turista aceita uma vez que ele considera tamb m ajudar as fam lias em troca do servico tur stico prestado Consideremos a transforma o do espa o da cozinha e particularmente a concep o da higiene pelas fam lias na perspectiva da recep o tur stica Observamos que a casa se torna espa o de servi o ao estrangeiro que deve refletir normas estabelecidas fora do local Assim o uso da pr pria casa como recurso tur stico e comercial sup e uma retribui o simb lica dos elementos presentes no local para assegurar o sucesso da atividade preciso considerar o argumento de Douglas de acordo com o significado da higiene Tal como a conhecemos a impureza essencialmente desordem A impureza absoluta s existe aos olhos do observador DOUGLAS 1991 p 14 Neste aspecto percebemos como as fam lias s o levadas a enxergar suas casas de acordo co
312. va David Tive a primeira impress o de entrar numa empresa familial onde tudo parecia girar ao redor do turismo Encontrava me simplesmente na casa da fam lia na qual o turismo tinha penetrado havia quase trinta anos Desde este per odo cada membro da fam lia desempenhou um papel importante para o sucesso da atividade tur stica na fam lia Julio Borda o pai destes tr s protagonistas era dono de lancha aposentado Ele era o dono da lancha Arca de No Tinha cinco filhos Flora cozinheira que aprendeu a cozinhar para grupos grandes de turistas David e Silv rio os quais estudaram fora da ilha para se tornarem guias de turismo multiling es Daniel o filho menor o qual vive na ilha e tem uma banda de m sica e outra filha a qual v via e trabalhava na Venezuela A mulher do Julio n o estava com boa sa de mas vivia na casa com ele junto com o filho Daniel Flora morava numa casa nova a poucos metros da casa dos pais com a filha e o marido dono de lancha tamb m que continuava a atividade do sogro com a mesma lancha O perfil da fam lia me pareceu de grande interesse com respeito ao seu forte v nculo com a atividade tur stica e resolvi avisar Flora que eu voltaria no dia seguinte para encontrar me com o Julio e tamb m me hospedar na casa por uns dois dias No dia seguinte ao tocar a campainha um homem veio abrir a porta para mim Aquele rosto bastante marcado pelo sol e pelo passar dos anos de uma vida dedicada a trabalhar
313. vidos em bandejinhas feitas de terra cozida parecidas com um servi o de lou a de terra que tinha na casa da minha m e quando eu era crian a Caldo de quinoa uma bandejinha de batata fria e occa com uns peda os de queijo frito e um mate de coca para terminar essa era a refei o Eu estava com fome e comi rapidamente o meu prato apesar de estranhar a occa legume que eu ainda desconhecia A occa um tub rculo de forma estendida cultivado na ilha o qual para o turista parece estranhamente com uma grande minhoca Os meus dois colegas estavam visivelmente doentes e comeram com dificuldade os pratos trazidos pela Epifania Dava para ouvir os barulhinhos na garganta do colega chileno t picos de algu m que come com um pouco de nojo Para minha grande desilus o percebi durante o almogo que n o tinha e que n o iria ter muita conviv ncia com a fam lia pois est vamos separados enquanto com amos e a cozinha normalmente constitu da de um espago nico se transformava em dois espagos bem distintos em nossa presen a A divis o era clara a cozinha em seus dois extremos mas era poss vel interpretar esta divis o al m do mero car ter espacial O recanto onde ficava o fog o se transformava num espa o ntimo familiar que me parecia inacess vel e que por isso chamava a aten o Isso ficaria ainda mais claro no momento do jantar noite Mas neste momento no almo o nossa aten o estava mais dirigida para a comida servida e a
314. xperi ncia tur stica nica e padronizada oferecida no conjunto da ilha Neste sentido poss vel qualificar o conjunto da ilha como pertencendo a uma zona de frente para o turista posto que ele desconhe a parte da ilha Por m pode se pensar cada grupo de comunidades mencionadas acima com os quais a subida para os topos se faz de maneira distinta criando v rias zonas traseiras uns para os outros Enquanto uns grupos est o visitando a pequena Praga em Pueblo outros est o jogando futebol em Colquecachi e outros Jogando futebol no est dio situado quase na montanha Todos os grupos empreendem uma subida por caminhos diferentes para assistirem finalmente mesma cena do p r do sol Cada grupo prov m assim de um espa o diferente que se torna certa zona traseira para os outros grupos Desta forma testemunha se a cria o de um islamiento dentro do pr prio mundo insular o qual poderia ser usado como estrat gia para separar os turistas de acordo com os espa os das comunidades para limitar os impactos negativos do turismo na vida quotidiana dos habitantes Consideramos o argumento de Guerr n Montero 2010 segundo a qual em contexto de turismo em regi es insulares atributos espaciais s o estrategicamente usados para separar os turistas e os espa os da comunidade enquanto se amplifica a autonomia da comunidade e se minimizam os impactos negativos do turismo na sua vida quotidiana Existem assim estrat gias para se b
315. y del lo indio Dial ctica en la que la imagen del indio arqueol gico emerge como referencia ret rica cuya funci n es legitimar los proyectos indigenistas B EZ JORGE 2001 pp 424 425 Para concluir pode se dizer que os ind genas s o elementos fundadores da identidade nacional peruana na oposig o que decorre do confronto entre discurso hispanista e indigenista Entretanto eles possuem lugar reservado no passado Neste contexto numerosas constru es deixadas pela civiliza o inca e as anteriores culturas pr incaicas s o preservadas e abertas visita o de milh es de turistas que visitam o pa s Elas guardam e refor am a imagem do ndio arqueol gico o principal criador da identidade nacional que deixou heran as para as gera es subsequentes mas cuja cultura original n o existe mais Entretanto esta cultura recriada e reapropriada na cena tur stica por um discurso de Estado que incentiva as pr prias popula es em se assumirem como fieis representantes dos seus ancestrais Da mesma forma que o ndio arqueol gico foi escolhido para forjar a na o peruana ele foi recuperado para ser vendido na cena tur stica nacional e internacional como s mbolo do pa s N o por acaso que a PROMPERU para promover o turismo no pa s escolheu lemas como El pa s de los Incas ou Donde vive la leyenda a partir da metade da d cada de 1990 Neste mbito para entender o contexto tur stico peruano resulta
316. z o de problemas financeiros Aos poucos eles foram construindo as janelas as portas o concreto no ch o a cozinha e no ano passado o banheiro de acordo com a entrada progressiva de dinheiro recebido gra as atividade tur stica Desde 2009 a casa estava pronta quatro quartos e uma sala de jantar na qual ficava o fog o a lenha Enquanto estava sendo constru da a casa o casal e os filhos moravam na casa dos av s Hoje em dia a casa se imp e no antigo jardim dos av s cuja gua do antigo po o escorrega ainda ao lado do terra o de concreto da casa como se fosse a ltima testemunha o ltimo elemento que ficou daquele per odo no qual um jardim existia neste lugar Esta casa nova representava de certa forma uma vers o acabada apesar de ser um pouco menor da futura propriedade de Alfredo e Olga ainda em processo de constru o Nos dias durante os quais Alfredo precisou ir a Puno para comprar as portas da casa as refei es foram no comedor da casa dos av s Este comedor n o ficava na cozinha dos av s Era uma sala situada no t rreo com uma grande mesa Havia ali alguns colch es 106 guardados pois era a nica sala onde os primeiros turistas recebidos pela fam lia se alimentavam h 25 anos atr s Nesta sala passei v rios momentos almo ando e jantando na presen a das crian as Alisson e sua irm Pamela com os primos filhos de Gladys Franklin e sua irm da mesma idade de Pamela Passavam o tempo brincando comig
317. zada A diversidade de situa es observadas nas casas da ilha testemunha de um lado certa criatividade por parte das fam lias com vistas a melhorar a recep o do turista Por m de outro lado enquanto esta diversidade existe no plano espacial a base da encena o a mesma em cada fam lia Cada ator observado e observador fam lia e turista ocupa seu lugar dentro do mesmo espa o e as fam lias se tornam assim mediante sua atua o espont nea representa es estereotipadas da sua pr pria vida de camponeses O poder da sin doque do lar se inscreve assim dentro de uma l gica da ordem colonial descrita por Bhabha 1998 O discurso colonial produz o colonizado como uma realidade social que ao mesmo tempo um outro e ainda assim inteiramente apreens vel e vis vel Ele lembra uma forma de narrativa pela qual a produtividade e a circula o de sujeitos e signos est o agregadas em uma totalidade reformada e reconhec vel Ele emprega um sistema de representa o um regime de verdade que estruturalmente similar ao realismo BHABHA 1998 p 111 No mbito desta pesquisa reconheci essa l gica de coloniza o da intimidade a partir da nova din mica desencadeada pela pr tica do TRC em Amantan 3 A coloniza o da intimidade e a ressignifica o do espa o da casa Em Amantan a atividade tur stica se concentra ao redor do atrativo da intimidade das fam lias que se exp em por meio do servi o de hosp

Cuando el cuy tuvo que salir de la cocina, intimidade e turismo na

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