Home

A centralidade do direito na cultura política

Contents

1. 99 2 1 Da reifica o da cultura do bem estar a ofensiva neoliberal 112 2 2 A realidade do Brasil nos anos 90 Desestrutura o e perda de direitos 1277 2 3 A cultura antidemocr tica no Brasil p s 64 aaa 136 2 4 O compromisso das classes na luta pela democracia 140 2 5 As tend ncias do debate sobre os direitos no Brasil o constitucionalismo democr tico o Ro RS jo o PARE ARARUNA RPG QUER RD RR RO RR RR 144 2 5 1 A judicializa o da pol tica e das rela es sociais reeset 150 2 5 2 Direito alternativo o debate jur dico brasileiro 154 HI CAP TULO Cultura de direitos e Servi o Social tend ncias contempor neas 159 3 Servi o Social e cultura de direitos no Brasil ea 160 3 1 A renova o ideo pol tica do Servi o Social no contexto da cultura pol tica brasileira no DOS DA cn san a Rai Oi on ad Cas E E EE RR A O Rd dao Ron a 164 3 2 Tend ncias presentes da cultura de direitos no Servi o Social 174 3 2 1 A perspectiva hist rica dos direitos na concep o marshalliana 178 3 2 2 A defesa dos Direitos Humanos como forma o de cultura profissional 186 3 2 3 Os desafios de construir consolidar e afirmar direitos tend ncias presentes no XI Congresso Brasileiro de Servi o Social
2. rir 190 3 2 4 O discurso do direito a ter direitos na pr tica profissional 203 3 2 5 A valoriza o das lutas por direitos no campo pol tico profissional 207 CONSIDERA ES FINAIS eeeeeeeeceeeeeeeeeeeererereeeereeeceereeeeeeeeero 232 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS eres 244 11 INTRODU O Esta Tese de Doutorado intitulada A Centralidade do Direito na cultura pol tica contempor nea Tend ncias presentes no Servi o Social tem como objetivo analisar a particularidade da fun o social do direito no contexto da cultura pol tica atual verificando em que medida os vetores que constituem as tend ncias predominantes do debate centrado no pluralismo democr tico e recortado pelo discurso da cidadania da justi a social da equidade e da exclus o social aparecem no Servi o Social e s o apropriados como forma o de cultura profissional Trata se de demonstrar como no mbito da vida social e na direcionalidade da pr tica pol tica o debate sobre o direito tem assumido centralidade m xima sendo auferido pelos mais diferenciados sujeitos pol ticos coletivos que o tomam para si como inst ncia de realiza o da igualdade e da justi a social neutralizando seu car ter contradit rio e reduzindo a totalidade social a especificidades epifenom nicas Sob esse pressuposto o estudo se firma na suposi o de que ao ganhar gen
3. a maioria dos que se reivindicaram socialistas no s culo XX curiosamente abandonou a perspectiva revolucion ria e uma parte consider vel dos revolucion rios desconhecia o marxismo 2004 p 31 Deste modo a inflex o da tradi o revolucion ria neste momento hist rico coincidiu tanto com o processo de luta dos sujeitos coletivos atrav s dos movimentos dos pr prios trabalhadores quanto pela a o estrat gica dos sujeitos pol ticos pela via do partido fazendo com que a vontade de classe fosse imperativa abrindo caminho para que a vaga revolucion ria viesse a acontecer De fato a hist ria in concreto mostrou que a estrat gia escolhida pela esquerda social democrata que M sz ros 2002 denominou de linha de resist ncia m nima afetou profundamente o movimento socialista a n vel mundial donde a parcialidade do movimento oper rio em sua posi o defensiva retirou da agenda hist rica a necessidade efetiva da ofensiva socialista enquanto pressuposto necess rio para que os homens se emancipem inclusive intelectual moral e emocionalmente do poder e da ordem existente Certamente no decurso hist rico que marca o desenvolvimento do capitalismo no Il p s guerra expresso pelo compromisso fordista de retomada do equil brio das for as produtivas com ganhos imediatos para os trabalhadores sobretudo no campo dos direitos sociais acompanhante ao avan o das pr ticas reformistas da soc
4. De acordo com Ana Elizabete MOTA em Cultura da Crise e Seguridade Social um estudo sobre as tend ncias da previd ncia e da assist ncia social brasileira nos anos 80 e 90 S o Paulo Cortez 2000 p 121 123 na experi ncia fordista keynesiana os sistemas de seguridade social foram ampliados por for a das negocia es entre as empresas sindicatos e institui es do Estado De modo geral condensa caracter sticas espec ficas no jogo de for a entre as classes dependendo do est gio de desenvolvimento das for as produtivas do grau de socializa o da pol tica e das formas hist ricas assumidas pelo confronto entre as classes 107 em suas rela es com o esgotamento do modelo social democr tico de desenvolvimento Bem ao gosto dos franceses foram les trente glorieuses dos pa ses industrializados avan ados que registraram as mais altas taxas de crescimento econ mico com surtos de expans es internacionais aumento de cerca de tr s quartos da produ o mundial amplia o das exporta es manufaturadas redu o das tend ncias de crises acr scimo da riqueza popular com o pleno emprego e manuten o dos regimes democr ticos entre outros Os trinta anos gloriosos do capitalismo monopolista foram marcados profundamente por uma enorme ofensiva em favor do trabalho com ganhos efetivos do conjunto das massas de trabalhadores sobre a qual viu estreitarem se desta feita as enormes disparidade
5. 74 anunciadas comunicativamente possam ser promulgadas e formalizadas atrav s de leis levando os agentes envolvidos com os sistemas sociais a considerar a melhor estrat gia de a o a partir da l gica conveniente de cada sistema Al m disso sua cr tica filos fica tem como pressuposto a an lise da Mudan a estrutural da esfera p blica 1984 l cus privilegiado da forma o da opini o p blica uma vez que no seu entendimento a esfera p blica burguesa imp s limites a seu car ter origin rio Neste particular assegura que especialmente no continente europeu onde a t cnica do direito Romano herdado foi manipulada como instrumento de racionaliza o do interc mbio social o papel da burocracia incluindo se a os juristas assumiu papel primordial na forma o da esfera p blica 1984 p 35 37 Explica que a aut ntica e velha camada de burgueses a dos artes os e pequenos comerciantes passa a ser substitu da pela nova burguesia que a dos homens cultos aqueles que frequentavam os caf s e sal es e emitiam public opinion fazendo assim com que a vida domestica e privada passasse a fazer parte do p blico um p blico que julga Tal transfer ncia constituiu uma esp cie de consci ncia da res p blica ou da esfera p blica no correto sentido habermasiano e que tem na pol tica e no 3 De acordo com Jo o Bosco da ENCARNA O O direito em Habermas
6. No Estado desp tico os indiv duos singulares s t m deveres e n o direitos No Estado absoluto os indiv duos possuem em rela o ao soberano direitos privados No Estado de direito o indiv duo tem em face do Estado n o s direitos privados mas tamb m direitos p blicos O Estado de direito o Estado dos cidad os BOBBIO 1992 p 61 Cumpre notar que a id ia de Estado de direito a n o tem um fim em si mesmo encontra se no plano te rico do contratualismo com seu fundamento na democracia condi o sine qua nom para a preserva o dos direitos fundamentais da pessoa humana que est o na base do Estado liberal Portanto como finalidade ltima o Estado de direito apresentar se ia enquanto media o para a realiza o do homem como sujeito de direitos poss vel somente dentro da organiza o jur dico pol tica do Estado Contribui o advinda do jusnaturalismo e da maior import ncia para Bobbio visto que na rela o entre o indiv duo e o Estado aquele em rela o a este que passa a ser o ponto de partida para a constru o de uma doutrina do direito Posi o que afirma estar prescrita na pr pria Declara o de 1789 Neste entendimento o indiv duo enquanto pessoa de direito passa a ser a finalidade do Estado e o objeto da regulamenta o jur dica consistindo os direitos naturais al m de imprescrit veis inatos originais e inalien veis precedentes porque naturais ao desenvolvimen
7. o das classes na conquista por hegemonia Por isso afirma o pr prio autor que tudo pol tica sendo a totalidade social constantemente envolvida pela pr xis criadora Nesta dire o as mudan as vis veis na esfera pol tica contempor nea especialmente a rela o entre Estado e sociedade civil fizeram alterar as formas cl ssicas do movimento organizado da classe trabalhadora como o partido e os sindicatos incluindo na arena pol tica a presen a dos movimentos sociais entidades de categorias profissionais entre outros Para Soares a perspectiva gramisciana 171 do poder passa ent o a considerar os espa os moleculares da ambiguidade da contradi o da organicidade estabelecida entre dirigentes dirigidos nas modernas sociedades ocidentais 1987 p 127 128 Esta linha de an lise leva ao melhor entendimento das fun es pol ticas da profiss o de Servi o Social e sua media o com as pr ticas sociais Nesta perspectiva compartilho da concep o daqueles que atribuem ao assistente social condi o de intelectual org nico mas longe do reducionismo do terreno do militantismo de que foi anteriormente mencionado antes portanto vinculado ao processo de forma o das classes sociais e da organiza o da cultura com vistas a constru o da hegemonia emancipat ria das classes subalternas Como afirma Simionatto A constru o da hegemonia exige assim compromissos de classe supera
8. o de uma esfera p blica aut noma no pa s se distingue de uma perspectiva cr tica de fortalecimento do poder das classes na correla o de for as entre sociedade pol tica e sociedade civil porque rep e ao marco de uma nova agenda a rela o Estado sociedade civil Nesta dire o elucida Amaral em seus escritos sobre sociedade civil e desindentidade de classe 226 o conceito de sociedade civil adquire um valor estrat gico que ao mesmo tempo o de subsumir o conceito de classe ao de cidadania e democracia e o de naturalizar e universalizar os conte dos classistas dominantes nas praticas da sociedade civil essa pluralidade sem ntica permitir que discursos de parte da esquerda deslizem sutilmente para o pensamento liberal sem maiores problemas AMARAL 2006 p 53 54 Ao construir as bases de uma nova hegemonia que se pretende do consenso que tem no discurso dos direitos a sua refer ncia mais significativa a cultura pol tica contempor nea promove um boicote sistem tico a o das classes subalternas isolando suas formas de representa o leg tima sindicatos partidos pol ticos movimento social no enfrentamento da quest o social introduzindo um paradigma individualizante na rela o capital e trabalho redirecionando assim sua correla o de for as Portanto a clara tend ncia que hipostasia sociedade civil notoriedade na regula o social com o mercado parte da estrat gia
9. o e organiza es volunt rias deve ser vista com bastante cautela sobretudo porque os problemas estruturais colocados democracia pelo capitalismo contempor neo n o s o explorados pelo autor Portanto a confort vel confian a que Habermas deposita na organiza o democr tica da discuss o pol tica donde s h lugar na boa discuss o o argumento racional apresenta se estritamente como um paradigma formal estilizado e com um n vel muito elevado de abstra o Esquece o autor que a voca o para uma pr tica pol tica fundamentada em argumentos racionais n o s desigualmente produzida na sociedade de classe como se torna privil gio de determinados grupos sociais que gra as ideologia dominante mant m o monop lio do debate Talvez por isso seja t o dif cil ver onde reside a diferen a das teorias democr ticas liberais das Habermas diz que n o pode imaginar a tentativa de ordenar democraticamente uma sociedade a n o ser como processo controlado de aprendizagem ou seja o consenso a aprova o n o coercitiva id ibid Neste sentido o consenso que a base para o agir comunicativo s poss vel gra as s pretens es de validade universal quais sejam a verdade a justeza e a veracidade 84 declara es de inten es de Habermas para um mundo melhor Ali s no mundo do faz de conta de sua teoria parece que tudo est resolvido Contudo basta olhar para a hist ria
10. o te rica e na academia que passa a problematiz la como tema de pesquisa Estas quest es apontam neste estudo para a necessidade de uma an lise sobre as tend ncias atuais do debate contempor neo que informam a cultura profissional verificando como elas t m se expressado influenciado e contribu do para o fortalecimento da cultura emancipat ria que pressuposta e vem condicionada pelo ac mulo do debate promovido pela categoria ao longo dos ltimos vinte anos e no seu esfor o em materializar os princ pios e valores contidos no projeto profissional e nas frentes de luta em defesa da democratiza o da sociedade das pol ticas p blicas dos direitos de cidadania e do compromisso com as lutas sociais anticapitalistas Como apresentado aqui e amplamente divulgado pela literatura profissional a vincula o do Servi o Social brasileiro ao universo dos direitos n o recente tampouco desconhecida os esfor os coletivos dos profissionais em construir uma cultura profissional sintonizada com as tend ncias s cio hist ricas postas pelo programa da modernidade vinculado a um projeto social anticapitalista Contudo considerando a conjuntura contempor nea em que se avan a com a concep o hegem nica neoliberal e o aprofundamento de uma cultura da p s modernidade HARVEY 1996 como express o de um projeto que se declara antimoderno a indica o de um certo esgotamento das possibilidades civilizat rias nessa
11. particularmente imperativa numa sociedade de mercado em que a propriedade se transforma num direito de usar de excluir totalmente os demais do uso e de transferir e alienar terras e outros bens para estabelecer e manter os direitos individuais de propriedade 1979 p 105 Este o caminho que leva o Estado a se constituir como a inst ncia universal leg tima capaz de fazer com que os indiv duos abdiquem de seus direitos naturais para se realizarem na vida social Esta exig ncia traz impl cita a necessidade do direito natural superar se para se realizar enquanto direito positivo ou seja enquanto norma universal e de validade civil para todos Por isso o Estado se p e como determina o fundante na declara o das leis de modo que para Hobbes s o Leviat capaz de garantir que sejam cumpridas ordenando o qu os indiv duos devam fazer Na interpreta o de Teixeira para Hobbes o direito positivo acaba por se apresentar como sendo uma aboli o dos direitos naturais dos indiv duos no sentido de que a liberdade de que gozam no estado de natureza destru da para se poder construir uma sociabilidade artificial na qual ningu m tem a liberdade de resistir espada do Estado 1995 p 46 47 Como se pode aferir da an lise hobbesiana poss vel dizer que a necessidade de todos os indiv duos serem compelidos competi o permanecendo num constante estado de guerra coincide com a emerg
12. SUS Sistema nico de Sa de URSS Uni o da Rep blica Socialista Sovi tica SUM RIO INTRODU O sacas aan AS LR dd 11 CAP TULO Direito liberdade emancipa o elementos da cultura pol tico filos fica moderna e contempor nea e erereeeeareaaanaareaaanaaneranaa 23 1 Direito liberdade e igualdade no horizonte da tradi o liberal 24 l Jusnaturalismo 6 ContralualISMO ssa assar pmtadsanesipido detaia do aesindo a vadaa da dva fdc Deada a a dae dai ah 25 1 2 Direito e moral no pensamento kantiano erra 32 1 3 Filosofia do Direito de Hegel liberdade e reconhecimento 39 1 4 Emancipa o humana como cr tica de Marx aos limites do direito burgu s 47 2 A centralidade do direito na cultura pol tico filos fica contempor nea 58 2 1 A era dos direitos em Norberto Bobbio ssssss ss sis sseeceeeeeeeeenanaenaaaaanaaa 59 2 2 A cidadania indiferenciada de Marshall sssss css ss sis sceeceeeeeeeeaaaananaaaananaa 65 2 3 O discurso emancipado do direito na raz o comunicativa habermasiana 71 2 4 A cr tica ao direito burgu s no campo do marxismo contempor neo 84 II CAP TULO Crise do capital Neoliberalismo e a luta pelos direitos no Brasil 98 2 Express es da crise no capitalismo contempor neo
13. economia e administra o do governo foi fagocitado silenciosamente pelas elites brasileiras Segundo Guilherme dos SANTOS 1999 p 80 o cen rio social era este O Estado regulava quase tudo ou tudo sempre que o conflito amea asse ultrapassar os limites que a elite considerasse apropriados O Estado autorit rio brasileiro que em verdade se estende de 1930 a 1945 buscou sua legitimidade como acentuou Azevedo Amaral na necessidade de conter os conflitos sociais nos limites da sobreviv ncia da comunidade tal como os entendia e definia a elite dirigente Era em sentido estrito um Estado de legitimidade hobbesiana Suas institui es sociais e econ micas foram aparentemente adequadas aos prop sitos da elite no poder mas ap s 1945 tratava se de administrar uma ordem relativamente democr tica em termos pol ticos em um contexto social e econ mico extremamente regulado E importante relembrar que o contexto hist rico dos anos 30 atrav s do projeto pol tico liderado pelo ent o Presidente Get lio Vargas uma refer ncia importante na demarca o de um per odo em que historicamente se pode localizar a emerg ncia das classes no Brasil Classes aqui entendidas como aquelas que representam a contradi o fundamental da ordem capitalista qual seja de um lado o capitalista do outro o trabalhador assalariado Nesse momento fatores da conjuntura econ mica e pol tica do in cio dos anos 30 desencadearam o debate
14. epis dio Silva amp Silva recorda dizendo O ano da virada como ficou conhecido 1979 marcado por um movimento de oposi o dire o conservadora do Conselho Regional de Assistentes Sociais de S o Paulo dando se a rearticula o da Associa o Profissional das Assistentes Sociais tamb m de S o Paulo com vit ria da chapa de oposi o na busca do fortalecimento do movimento sindical no interior da categoria 1995 p 40 Esta vincula o s tend ncias pol ticas de esquerda espraia se e impulsiona a elabora o intelectual do Servi o Social envolvendo matizes os mais diferenciados marcando a renova o em seu princ pio constitutivo por um tra o ecl tico sincr tico e heter ciito dividindo se os seus protagonistas em dois grandes blocos os reformistas democratas rigorosamente desenvolvimentistas e os radical democratas para os quais o desenvolvimento supunha a supera o da explora o domina o nativa e imperialista como ilustra Netto 2005 p 10 Assim em larga medida pode se dizer que o movimento de reconceitua o no Servi o Social reproduziu expressamente as posi es da esquerda naquele momento mas n o sem resist ncias e confrontos em torno da unidade te rico cr tica do seu projeto profissional sobretudo a interlocu o com a tradi o marxista que 168 nesse momento se deu de forma enviesada realizada atrav s da milit ncia pela via pol
15. es hist ricas que formam o seu extrato e conte do em segundo lugar falsa a informa o de que o marxismo havia formulado a tese da impossibilidade da ditadura pessoal durante todo o per odo da ditadura do proletariado L nin por exemplo n o s nunca fez essa afirma o como disse certa ocasi o o contr rio s d p 9 Para o fil sofo italiano tanto Marx e Engels quanto L nin n o conseguiram desenvolver nem uma an lise cient fica da estrutura e das fun es do Estado moderno nem uma proposta alternativa no plano institucional No seu entendimento o argumento para os marxistas de que o problema do governo n o se resolvia com a substitui o de uma forma m por uma forma boa mas com a aboli o de toda forma de governo pol tico diga se com a extin o do Estado e com o fim da pol tica n o poderia ser considerado como uma alternativa verdadeiramente pol tica ao Estado burgu s E ironicamente diz por isto que as previs es feitas pelos grandes mestres do pensamento sobre o curso do mundo acabaram por se revelar quase sempre erradas a come ar daquelas feitas por aquele que boa parte da humanidade considerou o fundador de uma nova e infal vel ci ncia da sociedade Karl Marx 2000b p 56 Considerado um autor pol mico e flagrantemente contradit rio em 1989 ano do desmoronamento do socialismo sovi tico Bobbio j alertava para os desafios que 65 continuavam para a de
16. o ideol gica 31 nova ordem social marcada pelo capitalismo nascente e o pensamento pol tico moderno Ainda para Locke qualquer que seja a forma de governo o mesmo n o tem outra fun o al m de amparar a propriedade prescrita portanto no contrato social que n o mais do que um pacto de consentimento onde os homens combinam livremente em constituir a sociedade pol tica ou civil para resguardar ainda mais os direitos que possuem no estado de natureza Com isto ele est querendo dizer que os direitos naturais s o inalien veis do indiv duo compondo portanto o n cleo da sociedade civil e pol tica devendo assim ser resguardada pelo mesmo poss vel dizer que o jusnaturalismo lockeano adota uma vis o negativa de liberdade e Estado tendo em vista a exist ncia do aparelho legal s ter sentido na medida em que evite constrangimentos aos indiv duos E o Estado tal como ente invis vel precisa cumprir o fim a que fora destinado ser apenas o fiador da frui o social da liberdade nos termos do pr prio Locke 1973 p 127 Estes tra os do pensamento lockeano s o fundamentais para se compreender a concep o cl ssica do Estado de direito Um Estado que deveria dominar um government of laws not of mem num horizonte onde a lei posta como media o dial tica do particular indiv duo e do universal sociedade visto como teleologia garante dos direitos do indiv duo contra o pode
17. o de uma nova forma de organiza o do processo de produ o de mercadorias mas de reprodu o do controle social que se constituiu a partir do interior da f brica requerendo tanto um novo trabalhador quanto um novo tipo homem com atributo moral e intelectual capaz de adequar se a nova cultura marcado portanto por uma forma societal fundada pelo trabalho assalariado De modo que ao dizer que a ideologia nasce na f brica Gramsci quer indicar o quanto de carga ideol gica de alta efic cia e expans o ativa e hist rica produziu o fordismo Portanto como concep o de mundo representou a dire o de um projeto hegem nico no qual as classes subalternas como for as antag nicas em presen a no interior da organiza o social passa a ser integrada como part cipe no processo de produ o do consentimento das classes permitindo que se realizasse de forma hist rica uma verdadeira revolu o passiva que Gramsci precisa como chave interpretativa para identificar um caso especifico de revolu o sem revolu o em pocas hist ricas de complexas transforma es e de iniciativas hegem nicas Pois bem como j indicado a prerrogativa da crise operada pelo esgotamento do padr o fordista taylorista keynesiano que caracterizou a reestrutura o produtiva como indicativa da ruptura com o modelo anterior paradigm tica da constitui o de um novo ciclo de desenvolvimento e acumula o do capital no fi
18. o pol tica sem d vida um grande progresso ela n o decerto a ltima forma de emancipa o humana no interior da ordem do mundo at aqui op cit p 73 Mais do que a dimens o de uma reivindica o justa em termos civis reclamada e suposta pela emancipa o pol tica ainda esta n o a forma consumada de emancipa o humana uma vez que n o aponta para uma reconfigura o das bases materiais de exist ncia ao inv s reproduz o modo de viver alienado do cidad o como burgu s De outra forma situa se a tend ncia comprometida com as lutas das classes subalternas voltadas emancipa o social a qual sup e superar os limites da luta ao campo da conquista por direitos Sob este horizonte os direcionamentos da cultura profissional mant m o projeto profissional inscrito no programa da modernidade portanto no rastro da reconceitua o Quando em maio de 1848 em artigo publicado na Nova Gazeta Renana Marx afirma que o direito revolu o no final das contas o nico direito hist rico real cravado de maneira idel vel na consci ncia universal 2004 p 238 quer dizer com isso que a estrat gia revolucion ria inapel vel contra a ordem social burguesa e deve ser tomada como suposto na organiza o pol tica da classe trabalhadora Para isso diz ser indispens vel a arma da cr tica esfor ando se para transform la em poder material ibid p 225 z Hoje diant
19. tem de reverter a terra e de assomar como decidida cr tica do Estado pol tico 1997 p 90 anotando ainda que Toda emancipa o recondu o do mundo humano das rela es ao pr prio homem A emancipa o pol tica a redu o do homem por um lado ao membro da sociedade civil ao indiv duo ego sta independente por outro lado ao cidad o de Estado pessoa moral id ibid O problema de fundo que Marx leva a cabo constitui se na flagrante contradi o posta entre a esfera pol tica onde se pressup e que todos partilham de uma igualdade de direitos regulada pelo Estado e a sociedade civil fundada na livre individualidade e sob os mais diversos interesses ego stas dos homens em suas rela es privadas que realizada exatamente pela emancipa o pol tica como tra o constitutivo da modernidade significando a supera o da velha sociedade feudal na qual as esferas da vida p blica e privada estavam irrevogavelmente submetidos ordem vigente sendo nesta medida a revolu o pol tica da sociedade civil No entanto o fato da emancipa o pol tica efetivado na plenitude do Estado moderno conferir estatuto de cidadania ao homem que ent o se libera dos ordenamentos feudalizantes n o significa seguramente o aperfei oamento da vida social Deste modo na tentativa de desvendar a l gica da estrutura econ mica e social da sociedade Marx rejeita radicalmente a concep o liberal que
20. 2005 ENDERLE Rubens O Jovem Marx e o Manifesto filos fico da escola hist rica do direito Cr tica Marxista Artigos p 11 126 Dispon vel em lt http Auww scielo criticamarxista html gt Acesso em 25 fev 2006 ESPING ANDERSEN Gosta As tr s economias pol ticas do Welfare State In Lua Nova Revista de cultura e pol tica S o Paulo n 24 p 108 109 set 1991 EVANGELISTA Jo o E Crise do marxismo e irracionalismo P s moderno 3 ed S o Paulo Cortez 2002 Cole o quest es da nossa poca v 7 FALC O Frederico Jos As Liga es Perigosas O Servi o Social e o Partido dos Trabalhadores da crise do regime militar ao governo Lula da Silva In Crise Contempor nea emancipa o pol tica e emancipa o humana X ENPESS Recife PE UFPE 04 a 08 dez 2006 p 183 190 CD ROM FALEIROS Vicente de Paula Reconceitua o do Servi o Social no Brasil uma quest o em movimento In Reconceitua o do Servi o Social 40 anos Revista Servi o Social amp Sociedade n 84 ano XXVI nov p 21 36 2005 Servi o Social quest es presentes para o futuro In Revista Servi o Social amp Sociedade n 50 ano XVII abril 1996 p 09 39 Confrontacions te ricas de la reconceptualiza o In Acci n cr tica 21 51 56 Lima Celato 1987 FELIPE S nia T Rawls uma teoria tico pol tica da Justi a In Correntes Fundamentais da Etica Contempor nea Org Manfredo de A Oliveira
21. Cortez 1998 COTRIM L via A contra revolu o na Alemanha Marx e a Nova Gazeta Renana Margem S o Paulo n 16 p 223 227 dez 2002 COLBARI Antonia L tica do trabalho S o Paulo Letras amp Letras FCAA UFES 1995 COMPARATO F bio K R quiem para uma Constitui o In O desmonte da na o Balan o do Governo FHC Ivo Lesbaupin Org 3 ed Petr polis RJ Vozes 1999 COSTA Regenaldo da Discurso direito e democracia em Habermas In Direito e Legitimidade MERLE Jean Christophe MOREIRA Luiz Orgs Trad Cl udio Molz Tito L vio Cruz Rom o S o Paulo Landy 2008 COUTINHO Carlos Nelson Org Andr a de Paula Teixeira Ler Gramsci entender a realidade Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2003 Contra a corrente ensaios sobre democracia e socialismo S o Paulo Cortez 2000 253 Pluralismo dimens es te ricas e pol ticas In cadernos ABESS n 4 Associa o Brasileira de ensino de Servi o Social Pluralismo e forma o profissional S o Paulo Cortez 1991 p 5 22 Gramsci Cole o Fontes do Pensamento Pol tico Vol 2 Porto Alegre L amp PM 1981 O estruturalismo e a mis ria da raz o Rio de Janeiro Paz e Terra 1972 COUTO Berenice Rojas O direito social e a assist ncia social na sociedade brasileira uma equa o poss vel S o Paulo Cortez 2004 COVRE Maria de Lourdes Manzini O que cidadania 2 ed S o Paulo Editora Brasilien
22. H Silveira de Introdu o fundamenta o da metaf sica dos costumes de l Kant Porto ed Contraponto 1994 CACCIA BAVA JR Augusto Exclus o Social na identidade brasileira In Revista Praia Vermelha Estudos de Pol tica e Teoria Social Programa de P s Gradua o da Escola de Servi o Social PPGESS UFRJ Vol 1 n 2 primeiro semestre 1999 p 127 140 CAPELLETTI Mauro Ju zes legisladores Porto Alegre S rgio Ant nio Fabris 1998 CAMPOS Jos Roberto O que Trotskismo 6 ed Cole o primeiros passos n 40 S o Paulo brasiliense 1988 CRAMPE CASNABET Michele Kant uma revolu o filos fica Trad Lucy Magalh es Rio de Janeiro Zahar 1994 250 CARVALHO Jos Murilo Cidadania no Brasil o longo caminho Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2002 CARVALHO Alba Maria Pinho de A Garantia dos Direitos dos as usu rios as no Sistema Unico de Assist ncia Social SUAS Oficina realizada no 31 Encontro CFESS CRESS Bras lia 07 de nov 2005 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 15 dez 2006 CARVALHO Amilton Bueno de Direito alternativo na jurisprud ncia S o Paulo Acad mica 1998 CASTEL Rober As metamorfoses da Quest o Social Petr polis Rio de Janeiro Vozes 1998 CAYGILL Howard Dicion rio Kant Trad lvaro Cabral Rio de Janeiro Jorge Zaar 2000 CERQUEIRA FILHO Gis lio A quest o social no Brasil cr tica do discurso pol
23. Martins Fontes 2003 Ontologia do ser social a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel Trad Carlos Nelson Coutinho S o Paulo Ci ncias Humanas 1979a a dial tica de Hegel em meio ao esterco das contradi es Trad Carlos Nelson Coutinho S o Paulo Ci ncias Humanas 1979b MACIEL D bora A KOERNER Andrei Sentidos da judicializa o da pol tica duas an lises In Lua Nova Revista de Cultura e Pol tica n 57 S o Paulo 2002 Dispon vel em lt http www scielo br cgi bin wxis exe iah gt Acesso em 12 junh 2005 p 07 25 262 MACPHERSON C B A Teoria pol tica do individualismo possessivo de Hobbes at Locke Trad Nelson Dantas Rio de Janeiro Paz e Terra 1979 MALISKA Marcos Augusto Os operadores Jur dicos enquanto intelectuais org nicos ARRUDA JR Edmundo Lima de FILHO Nilson Borges Org Cole o Ensaios Gramsci Estado Direito e Sociedade ensaios sobre a atualidade da filosofia da pr xis Florian polis SC Letras contempor neas 1995 p 71 98 MANDEL Ernest O lugar do marxismo na hist ria 2 ed S o Paulo Xam 2001 O capitalismo tardio Trad Carlos Eduardo Silveira Matos et ali In Os economistas S o Paulo Abril Cultural 1990 forma o do pensamento econ mico de Karl Marx de 1843 at a reda o de O Capital Trad Carlos Henrique de Escobar Rio de Janeiro Zahar 1967 MAQUIAVEL Cole o Os Pensadores Dispon vel em lt
24. Tese Doutorado em Servi o Social Centro de Ci ncias Sociais Aplicadas UFPE H necessidade dos direitos humanos para a forma o de uma cultura pol tica emancipat ria In Revista Temporalis Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social ano 3 n 5 jan junh 2002 Bras lia ABEPSS p 23 24 SANTOS Wanderley Guilherme dos Globaliza o converg ncia e exclus es In Os sentidos da democracia pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis RJ Vozes Bras lia Nedic 1999 p 291 306 D cadas de espanto e uma apologia democr tica Rio de Janeiro Rocco 1998 Cidadania e justi a a pol tica social na ordem brasileira 2 ed revisada e atualizada Rio de Janeiro Campus 1987 SANTOS Laymert Garcia dos Tecnologia perda do humano e crise do sujeito do direito In Os sentidos da democracia pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis RJ Vozes Bras lia Nedic 1999 p 291 306 SIMIONATO Ivete O social e o pol tico ao pensamento de Gramisci Dispon vel em lt http Avww artnet com br gramisci textos html gt Acesso em 15 de mai 2006 SINGER Paul A raiz do desastre social a pol tica de FHC In O desmonte da na o Balan o do Governo FHC Ivo Lesbaupin Org 3 ed Petr polis RJ Vozes 1999 2 2 SILVA Adriano Nascimento A via democr tica para o socialismo na obra de Carlos Nelson Coutinho Recife Macei 200
25. dizendo que esses sujeitos s o sujeitos que trocam e portanto na condi o de sujeito da troca sua rela o a da igualdade Ademais o conte do dessa rela o jur dica que se explicita atrav s da equival ncia s pode se realizar na rela o de troca porque os sujeitos s o um para o outro voluntariamente meio do equivalente isto eles pr prios s o de igual valor e se afirmam no ato da troca como sujeitos de igual valor e ao mesmo tempo como mutuamente indiferentes ibid p 04 Tal indica o consequentemente n o poderia deixar de vir dotada de um conte do de classe da porque a exist ncia de interesses em conflito o pressuposto que explica o direito que por sua vez permite a negocia o o contrato 89 nas rela es entre produtores diretos e trabalhadores assalariados constituindo se um fen meno de natureza contradit ria Sen o vejamos na estrutura do modo de produ o capitalista as a es de tipo reivindicativo s o constitutivas da classe antag nica fundamental se colocando como m dium por excel ncia entre as condi es de explora o do trabalhador e os propriet rios de mercadorias dentro dos limites da explora o de classe Paradoxalmente o direito burgu s ao produzir o trabalhador juridicamente livre distinguindo o do trabalhador escravo ou servo produziu a figura do sujeito de direito com capacidade ainda que limitada de reivindicar de negar a
26. girando em torno da defesa dos princ pios de justi a social direitos humanos consolida o da cidadania pol ticas p blicas universais e garantia de direitos sociais O que uma reivindica o salutar se entendidas como conjunto de reformas reais e favorecedoras de ganhos efetivos para a massa dos trabalhadores ainda que sob a ordem do capital Em consequ ncia disto h uma tend ncia muito forte no interior da cultura profissional que vem se afirmando na perspectiva da inser o profissional voltada para a democratiza o da gest o p blica com base nos princ pios da equidade e justi a social donde as pol ticas sociais atrav s dos seus v rios programas passaram a ser sin nimo do que se tem de mais atualizado em mat ria de combate a desigualdade social De acordo com esta orienta o o discurso da afirma o consolida o e amplia o de direitos entoa como uma orquestra afinada no seio da profiss o sendo recorrente na literatura profissional pol tica e acad mica que passa a supervalorizar o debate sobre os direitos corroborando com as tend ncias mais gerais da cultura pol tica contempor nea resguarda as diverg ncias pol tico te ricas para postular atrav s do discurso do direito um ideal de sociedade justa que seja compat vel com o pluralismo democr tico do mundo atual Sem a pretens o de homogeneizar e dissimular as diferen as no interior da cultura profissional que se expressam atrav s de
27. habita o ao trabalho n o podem ser simplesmente atribu dos aos indiv duos Exigem eles ao contr rio permanente a o do Estado com vistas a financiar subs dios remover barreiras sociais e econ micas para enfim promover a realiza o dos problemas sociais fundamentais destes direitos e das expectativas por eles legitimadas apud SOUZA FILHO 1993 p 318 Neste sentido os direitos sociais se materializam atrav s de pol ticas p blicas ou programas de a o governamental traduzindo a possibilidade de satisfa o das necessidades das classes subalternas e seu bem estar constituindo se um componente fundamental para o equil brio de for as no campo da reprodu o da for a de trabalho sendo orientada e sustentada pela esfera da reprodu o estatal Institu dos assim nos termos do consenso fordista keynesiano e expressando as lutas do prolet rio pela seguridade social a cultura pol tica contempor nea atribui car ter emancipat rio aos direitos sociais uma vez que porta valores pol ticos do socialismo ainda que em sua variante reformista Portanto como express o do projeto social democr tico nos paises desenvolvidos a luta pelos direitos sociais se tornou refer ncia marcante no horizonte dos processos reivindicat rios e das pr ticas de resist ncia dos trabalhadores porque tanto representou a den ncia do car ter dominador explorador e desigual do capitalismo quanto significou no plano
28. impacto das tens es de classe provocadas pelas medidas rigorosas Para Mota a amplia o da cobertura dos programas sociais em que se incluem as pol ticas de seguridade social respondeu preponderantemente pela estrat gia de moderniza o autorit ria adotada pelos governos militares 2000 p 137 Os direitos pol ticos e civis foram suspensos o que acabou por provocar tamb m retrocesso em alguns direitos sociais conquistados durante o interr gnum democr tico principalmente os de trabalho Mas os governos militares continuaram a enfatizar os direitos sociais da mesma forma que o ent o governo Vargas A no o de cidadania continuava desvinculada de qualquer conota o p blica ou universal sendo ainda concebida como privil gio pessoal produzida pela benemer ncia das autoridades p blicas donde grande parte da popula o tamb m encontrava se sem quaisquer direitos fundamentais apesar das garantias individuais estarem previstas no artigo 150 da Constitui o de 1967 e os direitos sociais no artigo 158 Neste sentido o projeto que se foi constituindo e impondo a todos acabou por apagar definitivamente da legisla o social as marcas das lutas oper rias dos anos 20 e 40 respectivamente aprofundando o que fora denominado de ideologia da outorga ou ideologia do favor e que se tornaram cl ssicas na literatura sociol gica poss vel afirmar que o governo de Get lio Vargas foi a poca em que se in
29. n o obstante tenha posteriormente tamb m se transformado em princ pio dominador logo comprometedor da liberdade que pretendeu tutelar Esclarece o pr prio autor a positividade do direito significa que ao se criar conscientemente uma estrutura de normas surge um fragmento de realidade social produzida artificialmente a qual s existe at segunda ordem porque ela pode ser modificada ou colocada fora de a o em qualquer um de seus componentes singulares a validade do direito positivo aparece como a express o pura de uma vontade a qual empresta dura o a determinadas normas para que se oponham possibilidade presente de virem a ser declaradas sem efeito HABERMAS 2003a p 60 A for a da norma expressa pelo direito mediante a pretens o de validade jur dica justifica o pr prio poder legitimante do Estado que no seu entendimento implica em organiza o do poder pol tico empregado para impor legitimamente o direito e o emprego autorit rio do direito poder pol tico ao qual o direito deve a sua positividade ibid p 61 5 A esfera p blica burguesa desenvolve se no campo de tens es entre Estado e sociedade de modo tal que ela mesma se torna parte do setor privado e a pol tica intervencionista do neo mercantilismo acaba sendo uma refeudaliza o da sociedade id ibid 77 Neste sentido o direito burgu s se caracteriza pelo ordenamento jur dico pol tico como mecanismo
30. ncia portanto de realiza o dos direitos subjetivos Deste modo transpondo conceitos da filosofia cl ssica a modernidade vai provocar um deslocamento da raz o pr tica referida s formas de vida cultural e s ordens da vida p blica fundada em ltima inst ncia na commun tas tis comunidade para o primado do indiv duo enquanto fac ltas tis faculdade raz o subjetiva o que favoreceu a expans o da filosofia da subjetividade que no campo da teoria pol tica deu prioridade ao princ pio do individualismo caracterizada pelo interesse particular como regra para a constitui o do interesse geral Como anota Teixeira a modernidade nasce como um verdadeiro divisor de guas entre duas pocas distintas na evolu o da humanidade 1995 p 17 criando assim uma forma espec fica de sociabilidade onde emerge como princ pio eixo de determina o social a autonomia e a autodetermina o do indiv duo Assim ao focar sua aten o plenamente no indiv duo negando as cosmovis es comunit rias da tradi o a modernidade vai ser parteira de um tipo de individualismo que se tornar a posi o te rica fundamental para a sociedade modificada e mais complexa do s culo XVII e posteriores Para Rouanet O individualismo gera consequ ncias importantes O indiv duo passa a ser titular de direitos e n o apenas de obriga es como nas antigas ticas religiosas e comunit rias Entre esses
31. ncia institucional da esfera p blica liter ria A esfera p blica burguesa desenvolvida baseia se na identidade fict cia das pessoas privadas reunidas num p blico em seus duplos pap is de propriet rios e de meros seres humanos HABERMAS 1984 p 72 74 Conjectura Habemas que a atua o pol tica da esfera p blica se caracteriza primeiro na Inglaterra na virada do s culo XVIII atrav s da busca por legitima o quando esta era ainda na Fran a do s culo XVII restringida pelo rei Com a Constitui o de 1791 atrav s das Declara es dos Direitos do Homem e do Cidad o proclama se a livre comunica o de id ias e opini es fortalecendo se o jornalismo Cumpre notar que no direito Romano a ordem jur dica privada em sentido estrito n o era garantida na forma da lei Com a ascens o do capitalismo o c lculo do lucro demanda probabilidades fazendo se necess ria a interven o de uma justi a formal sendo a lei positiva obrigat ria para todos Privilegia se a racionalidade e a objetividade E isso porque as leis do Estado devem corresponder s o os propriet rios privados nicos senhores de si e que portanto podem votar Embora protegidos pela lei os n o propriet rios n o podem faz la Kant achava como os liberais que a privatiza o da sociedade civil burguesa corresponderia o estabelecimento da base natural do Estado de Direito A sociedade burguesa converte como ordre naturel os private vic
32. neo que se afirma nas condi es hist ricas de crise de acumula o do capital e instaura o de um novo conformismo em que a dimens o da luta por direitos assume um significado espec fico no campo das lutas sociais em refluxo dado as consequ ncias basilares da crise mundial do capital recortada pela ofensiva neoliberal que rep e ordem do dia um programa de contra reformas extremamente nefasto para o conjunto da sociedade e dos trabalhadores Consequentemente procura demonstrar a conjuntura brasileira nos anos 90 fazendo uma esp cie de passeio pela hist ria do Brasil evidenciando os vetores constitutivos de sua forma o social e sua emancipa o pol tica numa captura das determina es mais profundas que incidem na constitui o da cultura ideo pol tica do pa s O foco privilegiado nesse processo recai com mais nfase no bojo das circunst ncias dos anos 60 per odo que antecede a abertura democr tica e se constitui como cena pol tica no jogo de for as classistas de que se faz protagonista o Servi o Social rumo constru o do seu projeto profissional emancipador Situa as formas de enfrentamento das classes diante do aprofundamento da barb rie e como estruturam suas respostas coletivas dando visibilidade s tend ncias que articulam o debate em torno dos direitos No terceiro e ltimo cap tulo apresentado sob o t tulo Cultura de direitos e Servi o Social Tend ncias contempor neas revela os resultados
33. o o homem em sua integralidade mas apenas como membro da comunidade pol tica E por consequ ncia aceitando ainda que implicitamente a comunidade pol tica como o nico e melhor espa o para a autoconstru o humana 2002 p 101 183 Assim a nfase dada a no o de cidadania nos estatutos profissionais reproduz em certa medida esta tend ncia revisionista da social democracia que procurou equacionar perspectivas anal ticas paradoxalmente contr rias Notoriamente salvo algumas diverg ncias no interior da cultura profissional a rigor todos se afinam com o discurso de que os direitos de cidadania conferem um estatuto importante para o sistema normativo democr tico Nesta considera o a cidadania e seu respectivo sistema de direitos s o compreendidos como objetiva es universais que tem validade para al m das limita es classistas porque s o resultados da hist ria e da presen a das classes na fronte das disputas por projetos pol ticos hegem nicos os quais incluem as lutas travadas em torno da amplia o da cidadania e da democracia no Estado moderno Numa leitura recortada pela concep o de seguridade social diz Boschetti a amplia o e a consolida o da cidadania entendidas como tarefa de toda sociedade s o vistas como condi o para a garantia dos direitos civis pol ticos e sociais das classes trabalhadoras J4 que inserido em um projeto societ rio mais amplo capaz
34. o S o Paulo Ci ncias Humanas 1981 NOGUEIRA Marco Aur lio Um estado para a sociedade civil temas ticos e pol ticos da gest o democr tica 2 ed S o Paulo Cortez 2005 Os direitos de cidadania como causa c vica o desafio de consolidar direitos no mundo globalizado In XI Congresso brasileiro de Assistentes Sociais III Encontro Nacional de Servi o Social e Seguridade Fortaleza CE 2004 Confer ncia proferida em 17 de out Dispon vel em lt http Avww cfess org br gt Acesso em 23 jan 2005 O DONNELL Guillermo Teoria democr tica e Pol tica Comparada Dados v 42 n 4 Rio de Janeiro 1999 Dispon vel em lt http Awww scielo br scielo php script sci home Ing pt nrm iso gt Acesso em 17 set 2005 OLIVEIRA Gilberto Callado de A verdadeira face do Direito Alternativo 4 ed Revista e atualizada com estudo da influ ncia do Gramscismo no Direito Alternativo Curitiba Juru 2006 OLIVEIRA Francisco de Privatiza o do p blico destitui o da fala e anula o da pol tica o totalitarismo neoliberal In Os sentidos da democracia Pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis RJ Vozes Bras lia NEDIC 1999 p 55 81 Os direitos do antivalor Cole o zero esquerda Petr polis RJ Vozes Bras lia NEDIC 1988 Vanguarda do atraso e atraso da vanguarda Globaliza o e Neoliberalismo na Am rica Latina In Praga Revista de Estudos marxistas n 4 ed HU
35. o Estado sociedade fazendo aparecer como mais virtuoso o homem cidad o contra o homem ego sta Esta representa o atomizada da vontade pol tica burguesa realizada universalmente concentrada no Estado e interiorizada pelo cidad o ao mesmo tempo em que interdita a pol tica classe trabalhadora embarga a luta de classe Pois bem a radicalidade com que pensa Pachukanis a rela o entre o direito e o Estado fundada na constru o te rica comprometida com o m todo marxiano o faz defender a tese da impossibilidade de existir um direito socialista Considera o jurista sovi tico se referindo ao per odo de transi o que o fato da classe oper ria tomar o poder de Estado como consequ ncia da revolu o n o faz com que se eliminem em definitivo as rela es mercantis Ora se o pressuposto do direito se relaciona com as formas mercantis da economia burguesa e a transi o para o socialismo significa sua pr pria antinomia a id ia de um direito prolet rio se revela despojado de qualquer sentido uma vez que a extin o das categorias do direito burgu s significar a extin o do direito em geral isto o gradual desaparecimento do momento jur dico nas rela es humanas como explica Naves traduzindo o autor ibid p 89 Importa saber que esta concep o jur dica cl ssica do materialismo dial tico prevaleceu praticamente em todo o per odo dos anos 20 contribuindo para a organiza o
36. o sempre abertas a redefini es e revis es visto que a realidade sempre movimento e o desafio mesmo do pensamento se coloca como captura de s nteses apenas provis rias do todo social 244 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ABBAGNANO Nicola Dicion rio de Filosofia Trad Ivone Benedetti Revista por Alfredo Bosi 4 ed S o Paulo Martins Fontes 2000 ABRAMIDES Maria Beatriz Costa O projeto tico pol tico do Servi o Social In Crise Contempor nea emancipa o pol tica e emancipa o humana X ENPESS Recife UFPE 04 a 08 dez 2006 p 183 190 CD ROM As novas faces da barb rie capitalista Desigualdade se combate com direitos As mudan as no mundo do trabalho o exerc cio profissional e a organiza o pol tica da categoria Palestra In CFESS Confer ncias e Delibera es do 31 Encontro Nacional CFESS Cress realizado em Bras lia 02 set 2002 Dispon vel em lt http yww cfess org br gt Acesso em 15 dez 2005 ABREU Marina Maciel A dimens o pedag gica do Servi o Social bases hist rico conceituais e express es particulares na sociedade brasileira In Servi o Social forma o e projeto pol tico Revista Servi o Social amp Sociedade Ano XXV n 79 p 43 71 S o Paulo Cortez set 2004 Servi o Social e a organiza o da cultura perfis pedag gicos da pr tica profissional S o Paulo Cortez 2002 ADEODATO Jo o Maur cio Filosofia do direito uma cr tica ver
37. p 59 Argumenta o autor que na sociedade brasileira a constitui o da esfera p blica se deu sob a experi ncia de regras pactadas pelo Estado e a esfera privada para promover a acumula o capitalista no pa s o qual a utiliza o do fundo p blico constituiu se como pressuposto incondicional financiando tamb m a reprodu o da for a de trabalho abrangendo por meio dos gastos sociais parcelas significativas das classes subalternas Este processo como particularidade da forma o social e de expans o capitalista no pa s subsidiado desde suas ra zes pelo Estado condotiere como de costume se refere Oliveira no atual cen rio neoliberal na sociedade brasileira tem interditado a possibilidade de constru o de uma esfera p blica n o burguesa ou 217 cidad no sentido mesmo habermasiano de se fazer pol tica de que exemplar a a o das classes no processo de abertura democr tica entre os anos 70 80 onde todas as reivindica es que significam pol tica como processo mediante o qual se p e em xeque a reparti o da riqueza apenas entre os que s o propriet rios ganhou uma forma talvez a mais acabada que as condi es hist ricas permitiam como prefere o pr prio autor 2000 p 65 Entende portanto Oliveira que contr rio experi ncia welferiana de publiciza o do privado o Brasil desde sempre realizou o processo de privatiza o da esfera p blica levando este fato s ltim
38. para um processo de socializa o da pol tica e da economia apontando para um quadro de fortalecimento do Estado tendo como resposta o resgate e a amplia o dos direitos sociais para o enfrentamento da quest o social A revers o e integra o do governo s estrat gias do capital financeiro internacional logo revelou a tend ncia da cultura pol tica da esquerda democr tica traduzida por Antunes 1999 por uma atitude de acomoda o dentro da ordem Para o coletivo profissional comprometido com as lutas das classes e o movimento progressista no pa s a vit ria de Lula representou a chegada ao poder de um partido de oposi o que sempre expressou compromissos com as lutas e movimentos sociais Se por um lado isso suscitou uma grande esperan a do pa s ser administrado por princ pios comprometidos com a justi a social a equidade e a democracia por outro o n o rompimento do governo Lula com a dire o neoliberal transformou a aquela esperan a em apreens o BOLETIM ELETR NICO CFESS 2005 210 O quadro desolador J no primeiro ano de mandato petista frente do Estado brasileiro os acordos de campanha come am a aparecer notadamente na condu o pol tico econ mica acertada com o FMI que se mostra atrav s das altas taxas de juros e no super vit prim rio para o pagamento dos juros da d vida externa que em 2005 chegou a casa dos 4 89 BENJAMIM O governo se conduziu em dar continuid
39. particularidades em diferentes momentos de objetiva o subjetiva o da sociedade sendo tamb m diversificado o modo e as formas de apropria o das decorrentes explica es sobre o mesmo Portanto perceber a particularidade da fun o social do direito na totalidade da vida social significa apreend lo como media o no campo da pol tica determinado pelas rela es de produ o Por seu car ter contradit rio e poder se mover no campo da luta social imprescind vel que seu conte do absorva a ideologia das classes subalternas em seu horizonte emancipat rio o que significa em ltima inst ncia articul lo ao trabalho como categoria que determina a exist ncia social e se p e antag nica ao capital Quando digo por m que o direito situado no campo do trabalho significativo para o campo da luta social sobretudo nesta quadra hist rica n o estou assumindo a posi o daqueles que defendem no campo do marxismo que o direito do trabalho por exemplo poderia romper com o principio da igualdade jur dica pr prio do direito burgu s constituindo assim em uma esp cie de direito alternativo Sob esta via do debate cabe recordar as anota es de Marx e Engels em A ideologia alem sobre a hip tese de constitui o de um direito para al m da forma jur dica burguesa no que toca ao direito j sublinhamos ali s como muitos outros a oposi o entre o comunismo e o direito quer se trate do p blico do p
40. quando da mudan a de paradigma do direito formal burgu s para o direito materializado do Estado social No entanto essa reinterpreta o n o pode ser confundida com uma revis o dos princ pios e conceitos fundamentais os quais apenas s o interpretados de maneira diferente quando os paradigmas mudam HABERMAS 2003a p 198 fato inconteste que a expans o do Estado social trouxe para o campo do direito a aspira o da justi a como argumento compensat rio para as rela es entre o capital e o trabalho promovendo um reordenamento dos pressupostos liberais caracterizado pelo vi s igualit rio por meio da publiciza o da esfera privada Anota Habermas que a pretens o do Estado social democrata realizar a justi a por meio de direitos sociais n o tem legitimidade uma vez que a fun o do direito n o a de justi a ao menos no seu sentido de justi a distributiva pois a raz o comunicativa n o requer esse conceito Ademais o direito estatizado e coativo imp e se como controle e guia do agir social mediante meios Nesta vers o na sociedade estatalmente organizada h necessidade de legitima o para que o poder pol tico tenha a for a de integra o social por meio de san o Isso tamb m deve se dar com o ordenamento jur dico que composto de leis das quais precisam ser legitimadas isto reconhecidas pelos cidad os Deste modo o p lo neuvr gico que constitui sua cr tica situa se na antinomi
41. reformas cl ssicas espec ficas do capitalismo moderno n o conseguiu alterar os ndices de desigualdade social Ao contr rio a hist ria mostrou que a democracia pela qual se instituiu foi mais formal que substantiva e a reforma como explica Amaral levada a cabo principalmente pelas ag ncias financeiras internacionais foi apenas adaptada onda globalizante conformando o sistema ideol gico que d sustenta o ao que se pode chamar de novo padr o de domina o capitalista 2002 p 59 democracia interna estudantes organizam entidades livres de influ ncias do poder e associa es profissionais s o reativadas ou constru das atraindo novos filiados 145 Curiosamente ao tempo em que se criavam no Brasil mecanismos jur dicos e s cio pol ticos que assentassem as bases da din mica democr tica no pa s a reforma institu da pelos ltimos governos brasileiros retraiu o movimento de organiza o da sociedade civil especialmente dos movimentos sociais que viu no processo de abertura democr tica toda a for a de suas reivindica es transformarem se em foros de direito legalmente constitu dos pela Constitui o de 1988 que passa a adotar um complexo e exaustivo sistema de direitos prevendo tamb m os instrumentos processuais elaborados para garantir a sua efetividade CITTADINO 2004 p 43 Neste sentido a Constitui o de 1988 foi um avan o porque apontou para dois f
42. respons veis pela organiza o e mobiliza o da categoria t m sido fundamentais para a forma o da identidade de classe dos profissionais constitu dos como parte da classe trabalhadora contribuindo para que o assistente social se legitime nos espa os institucionais como intelectuais org nicos comprometidos com os interesses de sua classe 165 O car ter contradit rio dos fen menos e processos s cio hist ricos surge aqui em toda a sua efetividade ao refuncionalizar a contextualidade da pr tica profissional e redimensionar as condi es da forma o dos quadros por ela respons veis o regime autocr tico burgu s deflagrou tend ncias que continham for as capazes de apontar para o cancelamento da sua legitima o NETTO 1994 p 129 Ancorada em uma pr tica subalternizada via pol ticas assistenciais objetivadas na ajuda psicossocial individualizada ou no m ximo na participa o integrativa express o da cultura pol tica autocr tica a profiss o passa a contest la e refuncionaliz la avan ando se para alterar a rela o entre os usu rios e os servi os institucionais estas concebidas em sua dimens o ideol gica como benesse e mecanismo de controle Ao lado disso os vetores que sumariamente apontavam para o colaboracionismo de classe come am a se fortalecer no interior da profiss o fruto do processo de politiza o das rela es sociais e do processo de correla o de for as da classe tr
43. rico pol ticas radicalmente diversas Sen o vejamos Ao resgatar o debate contempor neo em torno do movimento de afirma o dos direitos para os quais convergem liberais social democratas cr ticos deliberativos e socialistas moderados evidenciou se como em situa es socialmente cr ticas o recurso aos valores e princ pios expressos pelos direitos humanos constituem uma m xima moralia comum em sociedades democr ticas Assim numa perspectiva anal tica discursiva que aparece na tradi o pol tico filos fica contempor nea atrav s do debate sobre a legitimidade que incorpora conte dos inerentes tica e a justi a reduzidos a princ pios e valores abstratos estaria dissimulada a concep o insincera da igualdade e da justi a reclamada em nome dos direitos humanos ao menos que ainda se acredite que o modelo kantiano de fundamenta o da igualdade fundada em valores imagin rios de uma justi a formal legal possa materialmente ser realizada Ora por tr s do discurso de direitos humanos universais efetivamente institucionalizado esconde se a id ia abstrata de que os cidad os de um Estado nacional possam ser protegidos por institui es supranacionais ou comunidades pol ticas internacionais indistintamente Por que ser ent o que trabalhadores mulheres homossexuais exilados imigrantes e tantos outros grupos oprimidos de todos os tempos tiveram que travar lutas pol ticas dur ssimas em nome de direito
44. stica mais central a forma o de uma cultura de nova ordem requerida atrav s da produ o de um novo ethos que redireciona o sentido hist rico do projeto societal instaurado pelas classes subalternas na perspectiva da emancipa o humana O marco hist rico que delimita tal crise ou per odo em que o mundo se esfacelou nos termos de Hobsbawm 1995 segue se logo ap s os vinte e cinco anos de crescimento econ mico e social decorridos da segunda grande guerra mundial cujos pa ses que compunham o bloco hegem nico do grande capital puderam experimentar significativas transforma es em termos de avan os e ganhos civilizat rios sobretudo pela classe trabalhadora com uma profundidade e materialidade outrora inimagin vel na hist ria do capital No livro Capitalismo Tardio Mandel 1990 p 23 ao fazer uma an lise sobre a crise no p s 45 considera a como uma crise cl ssica do capitalismo que significa uma crise de superprodu o Afirma ainda que uma avalia o deste per odo deve levar em considera o os dois tra os que dominam a evolu o da conjuntura a longo prazo A recess o de 1974 75 a conclus o de uma fase t pica de queda da taxa m dia de lucros Ele demonstra que essa recess o generalizada anuncia o colapso do que chamou de onda longa expansiva referindo se ao per odo de 1940 e 1960 aproximadamente nos pa ses capitalistas centrais que empregaram pol ticas anticrise
45. tico moderno Campinas S o Paulo Pontes Fortaleza Universidade Estadual do Cear 1995 TEXIER Jacques Revolu o e democracia em Marx e Engels Trad Duarte Pacheco Pereira Rio de Janeiro Editora UFRJ 2005 273 TOCQUEVILLE Alex de A democracia na Am rica In Os Cl ssicos da Pol tica Francisco Weffort 2 Vol Ed Atica 1989 p 161 188 TONET lvo Artigo Cidadania ou emancipa o humana In Revista espa o acad mico n 44 Rio de Janeiro jan 2005 Mensal Dispon vel em lt http lt www espa oacademico com br gt Acesso em 08 abr 2006a Artigo Qual marxismo In Marxismo vivo n 5 abr 2002 Dispon vel em http lt www marxismalive org marxismovivo5port html gt Acesso em 08 abr 2006b Para al m dos direitos humanos Novos rumos ano 17 n 37 2002 p 64 72 Educa o cidadania e emancipa o humana Mar lia S o Paulo 2001 216 p Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Filosofia e Ci ncias de Mar lia da Universidade Estadual Paulista Marx e a pol tica Pref cio s Glosas Cr ticas Marginais Revista Pr xis Belo Horizonte MG 1995 p 45 68 TUGENDHAT Enerst Li es sobre tica Trad Grupo de doutorado do curso de P s Gradua o em Filosofia da Universidade do Rio Grande do Sul Revis o e organiza o da tradu o Ernildo Stein e Ronai Rocha Petr polis RJ Vozes 1996 VALC CEL Am lia Hegel y la tica sobre la superaci n de la mera mora
46. Cadernos do C rcere Trad Carlos N Coutinho Vol 2 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 256 Maquiavel Notas sobre o Estado e a Pol tica Cadernos do C rcere Trad Carlos N Coutinho Vol 3 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2000 Os Intelectuais e a Organiza o da Cultura Rio de Janeiro Civ Brasileira 1988a Antologia Trad Manuel Sacristan 11 ed M xico Siglo Veintiuno 1988b Americanismo e Fordismo In Maquiavel A Pol tica e o Estado Moderno Rio de Janeiro Civ Brasileira 1982 Concep o dial tica da hist ria Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1978 GOMES Alexandre Travessoni tica direito e paz perp tua In Direito e Legitimidade MERLE Jean Christophe MOREIRA Luiz Orgs Trad Cl udio Molz Tito L vio Cruz Rom o S o Paulo Landy 2003 p 298 308 GOMES Cl udia M Costa A luta pela afirma o de direitos Um fato sintom tico In Crise Contempor nea emancipa o pol tica e emancipa o humana X ENPESS Recife UFPE 2006a CD ROM Desigualdade se combate com direitos In Direitos humanos e Multiculturalismo perspectiva para a humanidade Ill Semin rio Internacional de Direitos Humanos CCJ UFPB Jo o Pessoa 2006b CD ROM A Cr tica tica do Sistema Vigente uma abordagem a partir da racionalidade instrumental e do formalismo moral de tipo utilit rio Presen a Etica tica Pol tica e emancipa o humana Revista
47. Pessoa PB pela UFPB ABEPSS NE 03 de dez 2008 Cultura da crise e seguridade social um estudo sobre as tend ncias da previd ncia e da assist ncia social brasileira nos anos 80 e 90 2 ed S o Paulo Cortez 2000 266 Reestrutura o produtiva e Servi o Social In Revista Praia Vermelha Estudos de Pol tica e Teoria Social Programa de P s Gradua o da Escola de Servi o Social PPGESS UFRJ Vol 1 n 2 primeiro semestre 1999 p 33 50 AMARAL A Santana Reestrutura o do capital fragmenta o do trabalho e Servi o Social In MOTA Ana Elisabete Org A Nova F brica de Consensos S o Paulo Cortez 1998 p 23 44 MUSTAF Maria Alexandra Monteiro Reflex es sobre o projeto tico pol tico profissional do Servi o Social In Revista do grupo de estudos e pesquisas sobre tica GEPE Programa de P s Gradua o em Servi o Social da UFPE Recife Provisual divis o gr fica Ltda Ano III n 3 2003 p 59 71 rela o tica e pol tica como fundamento da filosofia pr tica na antiguidade In Temporalis Revista da Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social ABEPSS ano 3 n 5 jan a junh Bras lia 2002 p 07 22 Poss veis interpreta es dos princ pios ticos do servi o social a partir da an lise das tend ncias ticas contempor neas In Revista do grupo de estudos e pesquisas sobre Etica GEPE Programa de P s Gradua o e
48. Petrop lis Vozes 2000 FERREIRA Oliveiros S Os 45 cavaleiros h ngaros uma leitura dos Cadernos de Gramsci S o Paulo Bras lia Hucitec UnB 1986 p 352 255 FICHTE Cole o Os Pensadores Biblioteca Dr Romeu Ritter dos Reis Porto Alegre S o Paulo Abril Cultural 1980 FIORI Jos Lu s Os moedeiros falsos Petr polis 4 ed Rio de Janeiro Vozes 1997 Aos condenados da terra o equil brio fiscal In Praga Revista de Estudos marxistas n 1 ed Boitempo S o Paulo set dez de 1996 p 45 53 Em Busca do Dissenso Perdido Ensaios Cr ticos sobre a Festejada Crise do Estado Rio de Janeiro editora Insight 1995 FLORESTAN Fernandes Org Marx Engels Hist ria Trad Florestan Fernandes et al S o Paulo tica 1989 revolu o burguesa no Brasil Rio de Janeiro Zahar editores 1975 FREDERICO Celso Raz o e desraz o a l gica das coisas e a p s modernidade In Revista Servi o Social amp Sociedade n 55 ano XVII nov 1997 p 174 188 O jovem Marx 1843 44 as origens da ontologia do ser social S o Paulo Cortez 1995 FURET Fran ois Ensaios sobre a revolu o francesa Lisboa A regra do jogo Edi es 1978 GENRO Tarso Introdu o Cr tica do Direito Fabris editora Porto Alegre 1988 GIANNOTTI Jos Arthur Certa heran a marxista S o Paulo Companhia das Letras 2000 GRAMSCI A Os intelectuais O princ pio educativo Jornalismo
49. a organiza o dos trabalhadores urbanos e rurais um bloco contra hegem nico que revitaliza o protagonismo das classes e influencia uma grande maioria de assistentes sociais Esse fen meno que Michel Lowy 1991 p 25 denominou de cristianismo para a liberta o caracter stico do movimento social dos anos 60 na Am rica Latina e tinha como objetivo dirimir os v nculos que separavam crist os e marxistas unindo os na luta contra a explora o e a domina o capitalista no rumo ao socialismo Identificado como Teologia da Liberta o esse movimento conseguiu influenciar v rios segmentos da igreja cat lica formando te logos extremamente politizados e comprometidos com os setores mais pobres da sociedade surgindo da as famosas experi ncias das comunidades eclesiais de base CEBs respons vel por se criar um novo ethos nas referidas classes subalternas com padr es de conduta moral e social que valorizavam as experi ncias cotidianas das comunidades populares se colocando contr rio assim ao modo de vida individualista da sociabilidade do capital Estas experi ncias n o s repercutiram em todo o pa s como passaram a ser a for a social a qual materializada prepararam os fundamentos que dariam concretude ao devir profissional em sua perspectiva emancipadora Assim na milit ncia cat lica e na luta contra a ditadura e suas estrat gias de sobreviv ncia que se tornou poss vel constitui o do proj
50. a teoria do valor do trabalho reelaborando a e inferindo a teoria da mais valia e da explora o do trabalho Neste sentido Marx herdeiro da heran a cl ssica que a burguesia abandonou cita o verbal 51 A bibliografia cr tica acerca do neoliberalismo tem sido cada vez mais abrangente mas registro os trabalhos de Perry ANDERSON Balan o do neoliberalismo In P s Neoliberalismo As pol ticas sociais e o estado democr tico Rio de Janeiro 1995 p 9 23 Jos Paulo NETTO Crise do Socialismo e ofensiva neoliberal S o Paulo 1995 Ruy BRAGA A Restaura o do Capital um estudo sobre a crise contempor nea S o Paulo Xam 1996 125 socializa o num processo que se radica na inter rela o entre diferentes agentes econ micos Para Braga o neoliberalismo como doutrina e pol tica econ mica n o pode ser nada muito al m do que uma resposta determinada do capital em tentar conferir sentido e dire o portanto inteligibilidade a sua mais profunda crise Uma resposta determinada somada a outras como a reestrutura o produtiva em curso que se apresenta enquanto um movimento de contra ofensiva social e ideol gica em escala mundial dada sua disposi o de transformar todo o mundo a sua imagem e semelhan a 1996 p 220 Nesta mudan a o essencial nas novas formas de consumo da for a de trabalho se materializa pelo maior controle da for a de trabalho e dos sal rios pela quebra de direitos so
51. abstrata na forma inscrita pela id ia de exclus o Isto posto a quest o central que se coloca neste estudo se reporta an lise de algumas das muitas formula es cl ssicas e contempor neas sobre o direito Cada uma reservando para si um car ter irrefut vel E nesta dire o tanto os liberais quanto os cr tico deliberativos e os marxistas procuram encontrar no direito um fundamento adequado para o ordenamento pol tico democr tico que se auto justifica pelo pluralismo do mundo contempor neo constituindo um fen meno social que se porta em uma cultura que se pretende do consenso No Brasil este debate perpassado pelo processo de contra reforma implantado no pa s a partir dos anos 90 tendo como marco o aprofundamento da ofensiva neoliberal por extens o fortemente conectado com os circuitos s cio econ micos mundializados Por fim a tese procura demonstrar que no seio deste contexto cultural e s cio hist rico que a luta pela defesa radical da democracia e a reivindica o pela afirma o de direitos se coloca com mais nfase na agenda program tica do Servi o Social contempor neo como tend ncia que aparece com mais nitidez no atual projeto profissional e que se limita aos compromissos da interven o profissional alterando assim como forma o de cultura profissional a perspectiva emancipat ria constitu da a partir do horizonte das classes subalternas Palavras chave Direito Cultura Pol tica Servi o Soc
52. agenda dos movimentos sindical e popular Fen meno refor ado pelo discurso da cidadania e da democracia universal mediante a qual a burguesia dirigente procura velar a diferen a de classe numa aparente generaliza o de todos as mesmas regras do contrato Em Para al m do Capital 2002 M sz ros ao se referir s concess es proporcionadas classe trabalhadora atrav s do consenso estabelecido pelo Estado de Bem Estar europeu afirma que al m de nutrirem grandes ilus es sobre a margem de poss veis ganhos para o trabalho debilitaram a sua combatividade refor ando as mistifica es do reformismo ibid p 918 919 120 Explica que os ganhos materiais e pol ticos capitulados pelo trabalho n o foram favorecedores de um imagin vel enfraquecimento do capital nem induziram a rela o de for as em favor do trabalho como a esquerda social democr tica reformista conjectura ao inv s de um modo autocontradit rio provocou um colapso desastroso na esfera de atua o do movimento dos trabalhadores com grande custo para emancipa o socialista E neste sentido categ rico ao dizer Que as ilus es associadas s concess es ao longo da hist ria da social democracia reformista devem ser expostas pelo que realmente s o e n o pela fantasia sobre a viabilidade do trabalho a partir da alternativa econ mica estrat gica neokeynesiana Tal alternativa n o apenas totalmente irreal nas cir
53. ar progressivamente os n veis de cidadania Isso faz com que cumpram a fun o de integrar as classes subalternas vida social e pol tica consequentemente ordem s cio econ mica Sendo assim passam a ser entendidos como um elemento fundamental no pacto entre as classes Esta tend ncia ao tomar a cidadania e seus respectivos direitos como solo matizador a partir do qual poss vel se constituir uma outra forma de sociabilidade perde de vista a centralidade real e contradit ria entre emancipa o pol tica e emancipa o humana recusando se esta para afirmar a outra como nica forma poss vel e leg tima na constru o de uma outra civilt Como insiste Tonet n o se trata simplesmente de uma quest o de termos que poderiam ser mudados ao bel prazer do sujeito Com efeito pode se utilizar o termo cidadania e estar pensando em uma sociedade efetivamente livre Trata se do conte do concreto das inten es objetivos e dos termos Conte do este que n o um construto meramente subjetivo mas a tradu o conceitual de um determinado processo real Por isso mesmo n o podemos nos fiar apenas nas boas inten es nem atribuir aos termos o conte do que quisermos Assim se utilizarmos o termo cidadania para designar o objetivo maior entendendo que ela significa uma comunidade real e efetivamente emancipada estaremos confundindo emancipa o pol tica e emancipa o humana estaremos ignorando que cidad o n
54. assumem um direcionamento pol tico na defesa concreta do trabalho da democracia e dos direitos e na afirma o das pol ticas p blicas de car ter estatal como eixos estrat gicos CFESS MANIFESTA 2002 p 16 Parece necess rio esclarecer que princ pios em teoria do direito se referem reflex o te rica e ou busca pelos fundamentos de tais direitos Implica uma no o substantiva e tico pol tica cujo solo matizador se movimenta atrav s de cren as convic es e valores os quais n o t m a for a da norma e dos preceitos jur dicos que regulam os textos legais estando sujeita apenas a crit rios de consensualidade Assim tal como defendida a bandeira de defesa de direitos humanos a proposi o a meu ver n o pode deixar de apresentar uma tens o de fundo posta fundamentalmente pela particularidade da atual crise da sociabilidade do capital e que sugere desdobramentos cruciais no mbito da luta pela hegemonia de um projeto classista emancipador Trata se da aparente dilui o do debate contempor neo a meu ver equivocadamente realizado em nome do pluralismo democr tico entre o discurso do direito a ter direitos baseado em uma alocu o 189 moral e a luta hist rica das classes trabalhadoras em suas diferentes trincheiras e inser es pela garantia de direitos Este tensionamento prenhe de contradi es revelador de como um mesmo fen meno social pode mover for as coletivas com dire es te
55. categoria econ mica que d conta de taxas t o escandalosas ibid A esta afirma o segue a ratifica o de que a ordem do capital tem sido emancipador e civilizat rio comportando tensionamento oper rio protesto oper rio que se traduziu em ganhos efetivos para os trabalhadores NETTO 2004a s p o que no Brasil se torna mais complexo dado os n veis de explora o e subsun o sobre as classes subalternas e o cont nuo processo de contra reformas institu dos por governos conservadores e anti democr ticos Diante desta realidade sugere que toda medida ou qualquer ganho de direito sempre um avan o para o conjunto dos trabalhadores Entretanto cumpre notar que a sua refer ncia aos direitos sempre apontada para aqueles referentes ao trabalho como o mais fundamental porque articula e ancora o conjunto dos direitos sociais portanto como categoria central e 199 organizadora da luta dos trabalhadores em torno da emancipa o pol tica De acordo com esse princ pio fundamental o trabalho considerado socialmente um direito posto que movimenta os vetores que o transformam em instrumento com capacidade de for a social Os demais direitos a exemplo dos direitos humanos s cio assistenciais e outros s o subsidi rios e no geral meramente formais Nesta perspectiva verifica se que o marco da concep o explicitada por esta tend ncia aponta o trabalho como elemento fundamental do horizont
56. cio hist rico em sua caracter stica burguesa Dessa elucida o poss vel verificar no bojo das concep es jusnaturalistas e do racionalismo metaf sico toda a for a da tradi o liberal que exalta o ideal supremo do indiv duo do qual tamb m no horizonte do direito desempenha papel central correspondente a uma compreens o subjetivista de direito com n tidas influ ncias kantianas Como suposto antag nico desse pensamento aparecem s considera es hist rico cr ticas de Marx constituindo se inicialmente em sua cr tica a filosofia do direito de Hegel como vigorosa rea o a toda a tradi o do direito natural e positivista colocando os termos do debate no seu devido lugar na discuss o sobre a emancipa o Dos vetores que comp em o debate cl ssico delineiam se as tend ncias contempor neas mais significativas das muitas formula es te rico pol ticas sobre o direito imbricadas por um amplo movimento social reclamado em nome dos ideais 21 democr ticos Cada uma reservando para si um car ter irrefut vel Em um per odo hist rico de crise societal tanto liberais como cr tico deliberativos e marxistas procuram encontrar no direito um fundamento adequado para o ordenamento pol tico democr tico que se auto justifica pelo pluralismo do mundo contempor neo O segundo cap tulo Crise do capital Neoliberalismo e a Luta pelos direitos no Brasil direciona a an lise para o horizonte societ rio contempor
57. com os meios deslocando a teoria da pr tica e a suposta garantia dos direitos humanos com sua finalidade na medida em que a emancipa o pol tica realizada pelos revolucion rios franceses n o passou da emancipa o da sociedade civil em rela o pol tica Por isso insiste em dizer Marx o homem n o se libertou da religi o obteve isto sim a liberdade religiosa N o se libertou da propriedade obteve a liberdade de propriedade id ibid Ressalte se que nesses termos liberdade e emancipa o n o s o conceitos hom logos apesar de muitos advogarem como sin nimos guardam diferen as constitutivas na sociabilidade do capital Ora a liberdade obtida pelos revolucion rios franceses e contida na forma da lei foi apenas uma liberdade com postulados individuais fundados no liberalismo donde o o homem real s reconhecido sob a forma de indiv duo ego sta e o homem verdadeiro somente sob a forma de citoyen abstrato ibid p 42 Sob este prisma o conceito de liberdade s poderia ser visto por Marx como express o do poder do mercado e do dinheiro o que ser confirmado com seu amadurecimento intelectual Explica Pogrebinschi 57 nos Grundrisse que Marx identifica a equa o liberdade igualdade como uma representa o idealizada da circula o das mercadorias e do dinheiro e em seguida no Capital esta rela o se mant m na cr tica da universaliza o da propriedade enquant
58. coment rios sobre o Tratado da economia pol tica de Wagner onde diz Para ele Wagner o direito precede a circula o na realidade ocorre o contr rio a circula o que vem antes e a partir dela que se desenvolve em seguida uma ordem jur dica Ao analisar a circula o de mercadorias eu demonstrei que no comercio de trocas desenvolvido os indiv duos que trocam se reconhecem tacitamente como pessoas e propriet rios iguais dos respectivos bens que eles possuem para trocar isso ocorre j no momento em que eles oferecem seus bens para os outros e se p em de acordo a negociar E essa rela o de fato que surge primeiro como resultado da troca enquanto tal recebendo depois uma forma jur dica no contrato etc MARX apud NAVES p 55 Como se v h uma clara indica o da not vel preval ncia da rela o jur dica no contrato revelando se como media o entre a vincula o dos sujeitos privados e os produtos de trabalho transformados em mercadoria Isto faz com que Pachukanis identifique na no o de sujeito de direito o componente que re ne em si a especificidade de determinada rela o social cuja forma se apresenta 88 juridicamente permitindo o afirmar que s no modo de produ o capitalista que os indiv duos adquirem o estatuto universal de sujeitos idem p 102 Sem essa condi o jur dica que permite a circula o de vontades livres e iguais n o seria poss
59. como tarefa n o fazer aparecer como leg timas a desigualdade real Obviamente para manuten o de tal racionalidade n o se dispensa da id ia do pacto social como configura o burguesa da pol tica que faz crer na democracia liberal como o imp rio do di logo e do consenso Por isto mesmo que a nova ordem inaugurada em 1985 n o p de resolver o problema da desigualdade e dos antagonismos que constituem a quest o social como legado de um passado presentemente hist rico de explora o sem precedentes Ainda que o discurso do direito inscrito na Constitui o tenha operado no sentido de constituir uma esfera p blica comprometida com o prof cuo avan o social promovido pelas lutas conduzidas por setores democr ticos do pa s 150 Ali s como bem diz lanni 2004 p 92 ainda permanece uma luta aberta e surda pela cidadania e os desdobramentos ideo pol ticos que demarcaram os anos 90 s serviram para apontar que a redemocratiza o no Brasil apenas escondeu o v cuo das promessas fundadas em medidas corretivas 2 5 1 A judicializa o da pol tica e das rela es sociais Desde a transi o pol tico democr tica no Brasil tem se verificado um aumento na presen a de institui es jur dicas e de seus procedimentos na esfera da vida pol tica e institucional do pa s Tal visibilidade tornou se p blica medida que foi acompanhada pelo debate da ci ncia pol tica e das ci ncias sociais que
60. como universal concreto expressa pelas rela es dos sujeitos socializados com o mundo em seu todo Na leitura de Thadeu Weber a eticidade 43 definida como a identidade do bem e da vontade subjetiva a eticidade o campo da moralidade social O indiv duo se libera de si para realizar se plenamente na comunidade representa o momento da s ntese de toda a Filosofia do Direito ou seja a realiza o da id ia da liberdade que se converte em mundo existente Vale dizer que a eticidade n o se situa ao n vel das opini es subjetivas e caprichos pessoais mas ao n vel das institui es e leis existentes em e para si WEBER 1993 p 95 96 No desdobramento l gico que configura o seu sistema de eticidade e num minucioso trabalho de constru o cognitivo epistemol gica de cada movimento dessas rela es de reconhecimento Hegel procura em ltima inst ncia conforme ilustra Honneth Esclarecer quais experi ncias repletas de exig ncias um sujeito precisa ter feito ao todo antes de estar em condi es de conceber se a Si mesmo como uma pessoa dotada de direitos e nessa medida poder participar ent o na vida institucionalmente regulada de uma sociedade isto no esp rito efetivo 2008 p 73 As formula es iniciais de Hegel levam no a intuir que a constitui o de rela es jur dicas fundadas no reconhecimento intersubjetivo das particularidades de todos os indiv duos quer sejam de ca
61. condi o de sujei o pessoal comum nos modos de produ o pr capitalistas Portanto circunscrito o direito ordem capitalista a forma jur dica se apresenta como um produto da media o real das rela es de produ o mas n o enquanto determina o imediata a rigor ela depende do modo espec fico de organiza o do trabalho e neste circuito de trocas de mercadorias o poder estatal emana como tutor dessas rela es aparecendo como poder pol tico com for a coercitiva atrav s de normas e leis gerais acima das partes em lit gio e estranhas a elas portanto se apresentando como vontade geral abstrata que atenta pela observ ncia das normas jur dicas Como afirma tienne Balibar A ideologia jur dica burguesa se esfor a com xito em fazer crer que o Estado mesmo est acima das classes e s tem a ver com os indiv duos id ia de dom nio de uma classe se op e na ideologia jur dica a representa o do Estado como a esfera a organiza o dos interesses p blicos e do poderio p blico por oposi o aos interesses privados dos indiv duos ao seu poderio privado a distin o jur dica do p blico e do privado o meio pelo qual o Estado pode subordinar todos os indiv duos aos interesses da classe que ele representa dando lhes a plena liberdade privada de vender e de comprar a plena liberdade de ne ociar ou vender a sua for a de trabalho no mercado 1997
62. da an lise sobre as tend ncias atuais que incidem na cultura profissional sendo direcionado pela pol mica em torno da dire o s cio pol tica do projeto tico pol tico que se expressa na correla o de for as existentes no campo profissional e nas contradi es nele contidas Atravessado pelos vetores que constituem o debate contempor neo na profiss o destacam se os elementos te ricos que comp e a concep o de direito forjado no caldo da cultura profissional e as tend ncias pr tico pol ticas que se expressam no movimento de correla o de for as das classes sociais justificadoras da dire o social que atualmente tem se afirmado no campo da democratiza o do capitalismo Em vista disso recuperar alguns vetores da cultura profissional do 22 Servi o Social que se articula a um projeto nacional de transi o democr tica no pa s significa n o apenas demonstrar que os componentes do projeto profissional t m expl cita rela o com a totalidade social como exige um exame atento das tend ncias que perpassam as suas bases 23 I CAP TULO DIREITO LIBERDADE EMANCIPA O ELEMENTOS DA CULTURA POL TICO FILOS FICA MODERNA E CONTEMPOR NEA N s n o queremos antecipar dogmaticamente o mundo mas apenas queremos encontrar a partir da critica do mundo velho o mundo novo n s n o enfrentamos ent o o mundo doutrinariamente com um princ pio novo est aqui a verdade ajoelhai vos N s d
63. de Desenvolvimento Social MDS de maio de 2006 indicaram s para quele m s um n mero de 9 241 167 de fam lias beneficiadas pelo bolsa fam lia dispensando um volume de recursos da ordem de R 567 630 177 00 or amento este que representava em m dia simplesmente vinte vezes menos os recursos gastos com os juros da d vida ou se quiser pouco menos da metade do que todo setor p blico empenha para pagar em juros da d vida Esta forma petista de governar totalmente submetido s orienta es das ag ncias internacionais como o FMI e o BM tem atualizado a ordem do dia o atraso da vanguarda e o retr grado modelo anti democr tico e perdul rio de que se socorre a pol tica brasileira demonstrando que o Estado nosso de cada dia continua inquestionavelmente sendo uma fortaleza inconquist vel IANNI 1994 Por certo que a ascend ncia predat ria do projeto neoliberal por exemplo no Brasil tem levado o pa s a uma crise sem precedentes especialmente pelo intuito nefasto de destruir a sociabilidade do trabalho garantido MOTA 2004 abolindo direitos trabalhistas direitos sindicais direitos previdenci rios e garantias sociais previstas na Constitui o de 1988 repondo ordem do dia tra os t picos do formato de regulamenta o do in cio da a o estatal de estilo liberal ortodoxo tanto no que se refere s coberturas sociais dos programas considerados em seu formato burocr tico e seu car te
64. de liberdade polemizado o com o de emancipa o A princ pio importante relembrar a cren a dos jacobinos nos direitos humanos modernos como sendo a verdadeira possibilidade de instaura o da democracia no seu estilo cl ssico isto no sentido greco romano Furet dir que na cr tica de Marx os jacobinos confundiam a Fran a do s culo XVII com a Roma antiga e ao n o distinguir sociedades faziam de sua ideologia um anacronismo 1978 p 21 Al m disso crera que o jacobinismo representava o 56 verdadeiro esp rito da Revolu o por expressar a mais absoluta forma de ilus o da preponder ncia do pol tico sobre o social Como se sabe as regalias feudais passam a ser substitu das pelo direito que desde ent o se constitui na medi o por excel ncia entre os homens potencializando sua separa o em rela o a si mesmo e a sociedade O homem pol tico o m nada da sociedade burguesa se torna pois o amparo do Estado pol tico reconhecido pelos direitos civis e humanos Diante disso afirma Marx obvio que a pr tica revolucion ria est em contradi o flagrante com a teoria mas este fato torna se ainda mais estranho quando verificamos que os emancipadores pol ticos rebaixam at mesmo a cidadania a comunidade pol tica ao papel de simples meio para a conserva o dos chamados direitos humanos 1997 p 38 Isso significa dizer que na realidade os jacobinos confundiram os fins
65. declara o p blica se refere a interesses individuais J a lei positiva que emana o direito p blico proclama a vontade do legislador e caracteriza se pelos interesses coletivos No direito privado a quest o basilar a propriedade ou o dom nio de posse Ela para Kant emp rica e balizada apenas na vontade individual do possuidor que n o tem outra garantia a n o ser a do uso Estabelecer a posse pressup e que seja constitu da a sua rela o com a liberdade e esta s se realiza concretamente exteriorizando se 38 Como pontua Crampe Casnabet minha propriedade s pode estar garantida respeitada pelo outro se o ato unilateral da vontade de cada um substitu do por uma vontade unilateral reconhecida por todos 1994 p 111 Logo esta vontade geral s pode ser reconhecida por uma inst ncia puramente racional capaz de decidir com for a de lei a contenda sobre os direitos Sendo assim de ordem pol tica ou jur dica caracterizada como direito p blico Portanto apenas o Estado pol tico avaliza os contratos que os indiv duos fazem entre si exclusivamente ele capaz de realizar o direito privado na medida em que eleva as rela es interpessoais a uma universalidade subordinando a vontade individual a uma vontade coletiva Segue se que esta rela o do direito privado com o direito p blico tem uma semelhan a para Kant do direito a que se prop e no estado de natureza e no estado civil Por isso quand
66. denominaram o fen meno de judicializa o da pol tica e ou politiza o da justi a termos correspondentes que indicariam os efeitos da amplia o influ ncia do poder judici rio nos processos decis rios das democracias contempor neas Ao abordar os diversos sentidos que esta tend ncia vem assumindo no debate atual Maciel refere a judicializa o tomada como um processo objetivo utilizado para defender propostas de mudan a na organiza o do Judici rio ou na cultura jur dica considerada defasada face s novas necessidades sociais outros concentram sua aten o no pr prio Poder Judici rio suas atribui es as pr ticas e cultura de seus agentes ou na legisla o defasada Reale 2000 O termo aplica se n o s a o dos ju zes mas tamb m os profissionais de outras carreiras judiciais especialmente os membros do Minist rio P blico que seriam os respons veis pela judicializa o da pol tica por utilizar excessivamente suas atribui es para levar os conflitos justi a ou para resolv los extra judicialmente tendo a lei e seu savoir faire como refer ncia A express o faz parte do repert rio das a es de grupos pol ticos que defendem o recurso das arenas judiciais para ampliar a prote o estatal efetividade de direitos de grupos discriminados ou exclu dos 2002 p 18 151 No livro A Judicializa o da pol tica e das rela es sociais no Brasil 1999 We
67. diferentes e determinadas concep es te rico pol ticas adoto como par metro para a an lise com recorte ao objeto de estudo a perspectiva orientada pelo projeto profissional que entendo ser uma refer ncia formadora da cultura contempor nea no Servi o Social O que significa n o ver a profiss o como uma unidade identit ria mas em confronto aberto e democr tico na disputa por sua dire o Neste ponto a pesquisa te rica pautar se pelas diversas elabora es registradas na literatura profissional resultado de 177 estudos pesquisas e experi ncias pr tico operativas do exerc cio profissional revelando as tend ncias que marcam o complexo da cultura profissional no cen rio atual Assim sendo a partir de 1997 com o agravamento da situa o s cio econ mica do pa s que decorria de uma conjuntura pol tica do governo brasileiro sob total orienta o neoliberal e cujos desdobramentos incidiram diretamente na redu o dos direitos econ micos sociais e culturais os profissionais de Servi o Social atrav s de sua entidade representativa se declaravam contra qualquer medida que leve cassa o dos direitos j conquistados constitucionalmente bem como as reformas que sucateiam os servi os p blicos e aprofundam a exclus o social CFESS 1997 p 01 Este enfoque j demonstrava como seguiria o tom do debate no interior da profiss o na d cada seguinte participando na defesa e resguardo das conq
68. direitos avulta o direito felicidade o que leva difus o do eudemonismo numa escala sem precedentes O todo existe para o indiv duo e n o este para o todo 1993 p 16 26 No tocante a autonomia se encontrava no seio desse projeto o desejo de libertar o homem do despotismo pr social do tirano governante De torn lo indiv duo aut nomo no espa o p blico Nisto consistiu o ideal da autonomia pol tica advogado pelos grandes pensadores da filosofia pol tica moderna No coment rio de Schneewind 2001 p 30 a nova perspectiva que emergiu no fim do s culo XVIII concentrou se na cren a de que todos os indiv duos normais s o igualmente capazes de viver juntos em uma moralidade de autogoverno A concep o mais antiga de autonomia n o tinha essa implica o Deste modo a filosofia pol tica moderna proporciona uma estrutura conceitual onde a autonomia entendida como autogoverno prevaleceu ascens o da vis o liberal das rela es do indiv duo com a sociedade promovendo a suposi o til de que no meio social cada indiv duo pode corretamente reivindicar conduzir suas pr prias a es sem interfer ncia do soberano do Estado da igreja ou daqueles que se arrogam ser melhores ou mais s bios Neste sentido autonomia e individualismo como for as que se autodeterminam mutuamente passaram a ser amplamente aceitos no debate pol tico filos fico da modernidade sendo tamb m constitutiva e co
69. do Servi o Social e que em si mesma produto de um equ voco conceitual entre a rela o teoria e pr tica fazendo confundir o exerc cio Essa aproxima o largamente presente na literatura contempor nea da profiss o ainda que sob concep es reducionistas contribuiu significativamente para a profiss o ao amadurecer a revis o cr tica dos fundamentos conservadores que lhe serviam de refer ncia superar a explica o e orienta o te rico metodol gica positivista e finalmente construir um projeto profissional que se qualifica pela matriz cr tico dial tica 169 profissional com a pr tica social o que resultou na expans o do militantismo messi nico como concep o distorcida da pr tica profissional Subjacente a esta indica o que diz respeito ao car ter pol tico do exerc cio profissional a rela o entre pr tica profissional e a o pol tico partid ria produziu naquele momento uma tend ncia na cultura do Servi o Social que lamamoto 1992 qualificou de messianismo ut pico para designar a vis o dramat rgica e burlesca das possibilidades transformadoras da pr tica profissional que privilegiam a vontade e o voluntarismo dos sujeitos coletivos profissionais sem considerar as determina es sociais que limitam a profiss o em sua rela o com a pr tica social Esta compreens o da dimens o pol tica da profiss o e que impulsionou os estratos mais progressistas da int
70. do grupo de estudos e pesquisas sobre Etica GEPE Programa de P s Gradua o em Servi o Social da UFPE Recife Provisual divis o gr fica Ltda Ano III n 3 p 72 85 dez 2008 O Logro do Empresariado Uma Discuss o sobre o Trabalho Precoce Recife 2000 Disserta o Mestrado em Servi o Social Centro de Ci ncias Sociais Aplicadas UFPE O Trabalho como Nega o dos Direitos da Crian a e do Adolescente Caderno de Anais IX CBAS CFESS Bras lia 1998 257 GUERRA Yolanda O discurso do Direito a ter Direitos In In Crise Contempor nea emancipa o pol tica e emancipa o humana X ENPESS Recife UFPE 2006 CD ROM BORGIANNI Elisabete MONTA O Carlos Orgs Servicio social critico hacia la construcci n del nuevo proyecto tico pol tico profesional S o Paulo Cortez Biblioteca latinoamericana de Servicio Social 2003 Instrumentalidade do processo de trabalho e Servi o Social In Revista Servi o Social amp Sociedade n 62 ano XXI mar o 2000 p 05 34 for a hist rica ontol gica e cr tico anal tica dos fundamentos Quest o Social e Servi o Social Fundamentos e pr ticas In Revista Praia vermelha estudos de pol tica e teoria social n 10 primeiro semestre 1997a p 12 45 A ontologia do ser social bases para a forma o profissional In Revista Servi o Social amp Sociedade n 54 ano XVI julho 1997b p 09 25 GURZA Valle Adri n
71. do sistema monet rio internacional simbolizado pela proclama o da inconversibilidade do d lar em ouro todos os governos imperialistas foram obrigados a aplicar simultaneamente uma pol tica antiinflacion ria mesmo que apenas pela press o da concorr ncia MANDEL 1990 p 12 13 Assim do ponto de vista da economia esta crise se apresenta por uma situa o de superacumula o do capital se tornando manifesta em meados dos anos 70 com o aumento dos pre os do petr leo bruto no mercado internacional e se materializando nos anos 80 atrav s da expans o do mercado financeiro e das altas taxas de juros requerendo do grande capital medidas de ajustes com vistas reestrutura o da economia mundial Neste sentido as medidas de enfrentamento da crise geram a necessidade de recomposi o e ajuste entre as for as produtivas e os aparelhos de hegemonia requerendo uma nova forma de reestruturar a produ o flexibilizando sobremaneira o mundo do trabalho e a sua divis o social e t cnica implementando mecanismos s cio pol ticos que assegurem a sua reprodu o Na an lise de Harvey a acumula o flex vel marcada por um confronto com a rigidez do fordismo Ela se ap ia na flexibilidade dos processos de trabalho dos mercados dos produtos e padr es de consumo Caracteriza se pelo surgimento de setores de produ o inteiramente novos novas maneiras de fornecimento de servi os financeiros e sobretud
72. e ditatoriais comunistas no caso da antiga URSS Bobbio diz que se Marx Engels e L nin tinham bons motivos hist ricos para dar mais import ncia ao problema dos argumentos do que ao das institui es 2000b p 52 isto n o eximia seus seguidores de reconhecer que tais indica es eram gen ricas sum rias e o que mais grave irrealistas Concluindo que sua teoria do Estado incompleta 17 A prop sito das rela es entre pol tica e cultura italiana Bobbio polemizaria com Palmiro Togliatti e com Galvano Della Volpe o primeiro l der pol tico comunista que difundiu o pensamento de Gramsci e o segundo fil sofo que identificou em Marx uma intensa liga o com o idealismo hegeliano procurando atrav s de um dialogo civilizado entender as raz es que levariam estes autores a defender o estado de coisas na Uni o Sovi tica decorrentes da proclamada ditadura do proletariado 64 Ao indicar as posi es cr ticas elaboradas por te ricos italianos n o liberais ao equ voco de interpreta o de Bobbio sobre a tem tica do marxismo anota Mondaini Segundo Valentino Gerratana a argumenta o de Bobbio pecaria por uma raz o de interpreta o hist rica e outra de documenta o Em primeiro lugar absolutamente equivocado atribuir ao marxismo uma concep o metaf sica da teoria pol tica segundo a qual as formas de governo s o boas ou m s em si independentemente das condi
73. e justi a social garantia do pluralismo etc CODIGO DE ETICA 2006 p 83 84 Neste ponto do debate penso que necess rio distinguir a leitura cr tica constitu da a partir de princ pios de uma leitura pol tica sobre os direitos especialmente porque luz da cultura profissional a defesa de uma apropria o estrat gica desses princ pios para a luta em torno da constru o de uma outra hegemonia como salienta Ramos 2005 p 225 188 Neste sentido v rias s o as indica es em que a defesa de princ pios aparece nitidamente como estrat gia pol tica na luta por uma nova ordem societ ria S o defesas propositivas tal como enfatizado no C digo de tica em vigor e largamente expresso em documentos boletins informativos revistas e na produ o acad mica de modo geral como tend ncia que converge com o discurso da cultura pol tica contempor nea integrada luta pela democratiza o das institui es face as necessidades imediatas das classes subalternas Em carta aberta aos presidenci veis nas elei es de 2002 a profiss o declara sua posi o reafirmando a defesa de princ pios democr ticos como o reconhecimento da liberdade como valor tico central defesa intransigente dos Direitos Humanos amplia o e consolida o da cidadania e democracia posicionamento a favor da equidade justi a e participa o social Tais princ pios s o traduzidos por n s em compromissos que
74. enquanto classe e enquanto classe que det m o poder e a produ o estatal de direitos ibid p 137 58 Contra tal concep o Marx prop e a id ia de liberta o ou liberdade como n o domina o pr pria do seu conceito de emancipa o pol tica que a autora acima citada acredita se aproximar do conceito robespierrista de resist ncia opress o Deste posicionamento pois Marx quer explicitar a falta de radicalidade que conforma as determina es causais na an lise dos direitos enquanto inst ncia por excel ncia de realiza o da emancipa o pol tica uma vez que deixa intactas as contradi es econ micas e sociais de fundo se limitando apenas em demandar uma compatibilidade abstrata entre individualidade burguesa pr tica e uma cidadania sobrepairante arvorada em estatuto apenas moral como afirma Barata Moura 1997 p 37 2 A centralidade do direito na cultura pol tico filos fica contempor nea Com a mesma caracter stica circunscrita ao pensamento moderno e seguindo as suas id ias valores e concep es a cultura pol tica contempor nea chega ao s culo XX profundamente preocupada com a constru o de um projeto civilizat rio atrav s da expans o da denominada era dos direitos BOBBIO 1992 e das lutas pela amplia o da cidadania na constru o de um Estado democr tico Hegemonicamente constitu da sobre a vis o de mundo neoliberal que instrumentaliza formalmente as r
75. enunciada como componente dessa qualifica o relacionados a uma configura o de institui es p blicas n o estatais s o considerados na perspectiva de cria o de uma nova ordem democr tica valorizadora da universaliza o dos direitos sociais 2002 p 213 218 Esta perspectiva por demais preocupante na cultura profissional quando verifica se o est mulo a uma s rie de a es delegativas sociedade civil no campo social passando se a conceber a id ia de uma esfera p blica da cidadania como a forma o de uma ampla rede de a es que venham a fortalecer grupos associa es e os cidad os para intervirem e participarem da administra o da res p blica privada ou estatal atrav s dos conselhos centros de defesa de direitos humanos entidades associativas e ONGs como canais de di logo para a promo o e formula o de pol ticas p blicas e servi os sociais qualificados Deste modo as considera es sobre o modelo de regula o social nas formas assumidas pelo projeto neoliberal na peculiaridade do cen rio brasileiro t m mobilizado a categoria profissional no debate sobre as novas configura es da quest o social e a refuncionaliza o das pol ticas sociais Nesta dire o n tido na literatura profissional e pol tico acad mica o registro de concep es e compreens es variadas em torno da denominada quest o social convergindo clara e explicitamente com a cultu
76. exig ncias da acumula o mundial do capital e os pr prios fundamentos de ades o e consentimento do status quo Como lembra o autor da Sardenha 1982 p 286 os per odos de crise org nica sintetizam de forma aguda a tend ncia da taxa de lucros via pela qual se revela a crise de domina o crise de autoridade da burguesia ao n vel da produ o imediata e das condi es de produ o Neste sentido nunca demais lembrar as li es de Marx e Engels sobretudo quando no auge de suas capacidades cr ticas e expressivas lucidamente afirmavam numa passagem atualizad ssima do Manifesto de 1848 111 para oprimir uma classe preciso garantir lhe condi es tais que permitam pelo menos uma exist ncia de escravo O servo em plena servid o conseguia tornar se membro da comuna da mesma forma que o pequeno burgu s sob o jugo do absolutismo feudal elevava se categoria de burgu s O oper rio moderno pelo contr rio longe de se elevar com o progresso industrial desce cada vez mais abaixo das condi es de sua pr pria classe O oper rio cai na indig ncia e esta cresce mais rapidamente que a popula o e a riqueza E pois evidente que a burguesia incapaz de continuar desempenhando o papel de classe dominante e de impor sociedade com lei suprema as condi es de exist ncia de sua classe N o pode exercer o seu dom nio porque n o pode mais assegurar a exist ncia de seu escravo mes
77. for as pol ticas que sustentam a domina o e a hegemonia da classe burguesa e a perpetua o do sistema capitalista as alian as da classe trabalhadora com a burguesia s favorecem os interesses desta e atrasam ou impedem o avan o da organiza o daquela bem como o caminho para o socialismo 1986 p 253 O PT afirma se como alternativa de democratiza o real para os trabalhadores portanto como partido de luta a favor da liberdade da autonomia e dos direitos sociais voltado para conquista do poder pol tico e a constru o de um governo dos Trabalhadores Com base em princ pios socialistas defendia o fim da Conforme Frederico Jos FALC O em As Liga es Perigosas O Servi o Social e o Partido dos Trabalhadores da crise do regime militar ao governo Lula da Silva 2006 p 134 X ENPESS estas bases program ticas e organizativas conformariam a partir de ent o o que se poderia denominar de imagin rio pol tico do PT Com elas o Partido conseguiu atrair a simpatia de muitos dos que atuavam nos movimentos organizados Naquele momento diversos setores sociais constru fam ou reconstru fam instrumentos para a conquista de suas reivindica es Funcion rios p blicos criam associa es e posteriormente sindicatos desvinculados do Estado e com ampla 144 opress o do homem e a constru o de uma sociedade democr tica e solid ria com as classes subalternas oprimidas e os trabalhadores ex
78. forma o de uma cultura emancipat ria no interior da profiss o E se h veracidade na m xima de L nin que sem teoria revolucion ria n o h pr tica revolucion ria pensar o real concreto desvelar suas determina es e produzir conhecimento comprometido com a constru o de uma nova cilvit tarefa que n o diz respeito apenas aos intelectuais org nicos mas sua dire o Refletindo com Dias diria que este um momento em que a constru o da identidade de classe decisiva Ela pode permitir subtrair os trabalhadores do dom nio do capital A contraposi o a esse processo de constru o a subordina o ao discurso do antagonista a perda da capacidade estrat gica A constitui o dos intelectuais da classe portanto fundamental Estes n o s o necessariamente eruditos possuidores de diplomas universit rios mas os que pensam as quest es e as pr ticas de sua classe elevando se da imediaticidade constru o da racionalidade para tornar poss vel a autonomia do projeto classista antag nico ao do capital 2006 p 109 Outrossim na Confer ncia denominada A constru o e consolida o dos direitos no Brasil considerada aqui a mesa mais significativa do congresso em rela o ao tema sobre os direitos foi conduzida por duas perspectivas anal ticas opostas portanto uma colidindo absolutamente com a outra Sua import ncia consiste por um lado por apresentar uma abordagem mais
79. gica na qual a a o orientada pelo xito cada vez que os agentes obedecem lei por temor da coer o quanto pela racionalidade comunicativa donde a a o norteada para a procura cooperativa de entendimento rec proco quando os indiv duos atuam motivados pelo respeito lei convencidos de tal modo de sua legitimidade Pode se dizer ent o seguindo o racioc nio de Habermas que o direito labora mutatis mutantis como um transformador ling stico traduzindo a locu o estrat gica dos sistemas para a linguagem comunicativa do mundo da vida de modo rec proco fazendo com que as reivindica es advindas do mundo da vida e Anota Aylton Barbiere DUR O idem ibidem no pensamento habermasiano Existem duas formas b sicas de racionalidade na sociedade complexa a racionalidade comunicativa empregada pelos agentes no mundo da vida e se caracteriza pela busca cooperativa do entendimento rec proco enquanto a racionalidade estrat gica usada nos sistemas sociais consiste na orienta o da a o para o xito a partir de uma avalia o das condi es dadas Outrossim se emancipa o no velho estilo iluminista tem a ver com a realiza o da raz o racionalizar o mundo da vida o que importa O que sugere portanto o emprego da raz o comunicativa para uma discuss o geral e livre de dom nio No tocante ao direito ele se encontra na Raz o Pr tica de acordo com a cl ssica concep o de Kant
80. id ia de sociedade civil contraposta ao 216 mbito do mercado e ao do Estado que se comp e nas palavras do pr prio autor de movimentos organiza es e associa es os quais captam ecos dos problemas sociais que ressoam nas esferas privadas e os transmitem a seguir para a esfera p blica pol tica 2008 p 103 No Brasil este debate se reveste de uma complexidade ainda maior e tem sido problematizado por Francisco de Oliveira 1998 que procura analisar a especificidade do desenvolvimento capitalista brasileiro e o real papel do Estado no processo de acumula o burguesa Em sua avalia o v na experi ncia do pa s uma aus ncia de regras no tipo de regula o econ mica que denomina de regula o ad hoc marcada pelo predom nio das elites burguesas e de uma esfera p blica estatal voltada para fortalecer os seus interesses e promover a expans o capitalista o que faz notar a forma o da sociedade brasileira se a reconstituirmos pela interpreta o de seus intelectuais demi rgicos a partir de Gilberto Freire Caio Prado jr Machado de Assis Celso Furtado e Florestan Fernandes um processo complexo de viol ncia proibi o da fala mais modernamente privatiza o do p blico interpretado por alguns com a categoria de patrimonialismo revolu o pelo alto e incompatibilidade radical entre domina o burguesa e democracia em resumo de anula o da pol tica do dissenso 1999
81. iniciam as pilastras de constru o de um projeto profissional contra hegem nico e explicitamente comprometido com as demandas sociais das classes trabalhadoras e subalternizadas Tempo de reivindica es que se internaliza no Servi o Social o qual passa a negar as bases conservadoras da profiss o aproximando se das demandas e necessidades das classes subalternas o que de pronto acaba por inflexionar a moderniza o conservadora promovida pela autocracia tal como esclarece Netto 7 Nesta dire o importante tamb m ressaltar a atua o das entidades representativas da categoria no processo de organiza o pol tica da profiss o nos dois ltimos dec nios notadamente o papel do Conselho Federal de Servi o Social CFESS rg o respons vel pela fiscaliza o do exerc cio profissional e principal entidade na articula o dos assistentes sociais brasileiros com institui es internacionais como a Federa o Internacional de Trabalhadores Sociais FITS e o Comit Mercosul al m dos Conselhos Regionais de Servi o Social CRESS que t m se evidenciado nos f runs de debates discuss es e no controle das pol ticas sociais atrav s da inser o nos conselhos de assist ncia sa de crian a e adolescente entre outros Destacando se ainda o protagonismo da Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social ABEPSS em torno do debate te rico pol tico no projeto de forma o profissional Tais entidades
82. modelo reformista legal das lutas institucionais e no potencial da racionalidade jur dica como instrumento de transforma o 159 HI Cap tulo CULTURA DE DIREITOS E SERVI O SOCIAL TEND NCIAS CONTEMPOR NEAS preciso acumular for a com a cr tica A hist ria dos nossos desastres n o come ou ontem Esse pa s tem cinco s culos de exist ncia a d vida social n o se salda em um ou outro governo uma tarefa de gera o N s temos que ser uma ponte para o futuro Jos Paulo Netto 2005 Philosopher Iluminated by the Moon Foto Salvador Dali 160 3 Servi o Social e cultura de direitos no Brasil Desde os anos 80 vem se afirmando na literatura do Servi o Social que a sua constitui o s cio hist rica vincula se a divis o social e t cnica do trabalho como atividade e profiss o sociamente til surgida no transito do capitalismo concorrencial idade dos monop lios requerida para administrar atrav s de instrumentos t cnico operativos e ideol gicos as express es da quest o social nos quadros determinados pelo Estado e a sociedade burguesa Esta indica o amplamente difundida na profiss o e fundamentada luz do pensamento hist rico cr tico e legat ria do movimento de Reconceitua o marco decisivo no processo de revis o e renova o cr tica do Servi o Social brasileiro e Latino Americano tem nos permitido fundamentar a an lise da contextualidade social
83. movimento hist rico da Reconceitua o O desdobramento desse debate encontra auferido nos embates te ricos e pol ticos no campo profissional voltados para a dire o sociopol tica constru da e materializadada no projeto tico pol tico 17 Assim no mbito da cultura profissional especialmente os anos que marcam o in cio do s culo XXI ser o investidos em uma agenda de interven o e debates em torno da defesa e radicaliza o por direitos com destaque para o XI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais realizado em 2004 sob o titulo O Servi o Social e a esfera p blica no Brasil o desafio de construir afirmar e consolidar direitos Tendo em vista a profiss o ter protagonizado ao longo dos anos 90 a constru o de um projeto profissional explicitamente comprometido com as demandas da classe subalternizada e vinculado s lutas sociais anticapitalistas a tend ncia a reiterar o contexto cultural e s cio hist rico das democracias contempor neas tem sido bastante vis vel no debate profissional aparecendo inclusive como forma o de cultura pol tica No quadro das transforma es contempor neas h uma tend ncia muito forte no interior da cultura profissional que vem se afirmando na perspectiva da inser o profissional voltada para a democratiza o da gest o p blica com base nos princ pios da equidade e justi a social donde as pol ticas sociais atrav s dos seus v rios programas passaram a
84. n o mais integrar mediante as pol ticas p blicas Neste sentido compreende Castel que o desmonte do Estado provid ncia e da rela o trabalho e prote o social que representou a grande inova o do s culo XX jaz no centro da nova quest o social sob a qual os supranumer rios e desfiliados do sistema representam apenas seu efeito Nesta mesma dire o tamb m Rosanvallon 1998 p 125 vai identificar na inatividade for ada pela falta de trabalho a for a desagregadora da sociedade securit ria o que conduziu a que governos reduzissem gastos para estimular empresas a criarem empregos ampliando os benef cios a categorias de desempregados redefinindo a l gica da seguridade pela solidariedade 220 Portanto diante da constata o do esgotamento das formas cl ssicas de prote o social inclu dos a os modelos estatais bismarckiano beveridgiano e misto o autor defende a busca por novos contratos sociais com vistas a restabelecer os v nculos de solidariedade uma vez que os Estados n o conseguiram superar os d ficits cr nicos Rosanvallon prop e uma redefini o do Estado provid ncia o qual deve dispensar encargos sociais juntando obriga es positivas com a redefini o dos direitos cl ssicos avan ando para o direito inser o que se traduz em pol ticas alternativas baseadas no emprego solidariedade favorecendo a uma esp cie de economia intermedi ria da integr
85. nio filos fico hegeliano Marx colhe sua cr tica fazendo contrastar a partir das formas pr prias da realidade concreta as sementes da raz o que contradit ria e dialeticamente pesam sobre ela reafirmando a cr tica radical ao direito em meio ao debate cerrado de sua poca e diante de seus cr ticos denunciando que no in cio da Revolu o Francesa o liberalismo ou seja os propriet rios privados liberais deram uma apar ncia liberal propriedade privada ao declararem que ela constitu a um direito do homem 1974 p 261 Quando se recorda o padr o de racionalidade desigual apontado por Locke donde o individualismo possessivo levado s ltimas circunst ncias e pelos quais os aparatos jur dico normativos reproduzem e mant m a desigualdade n o se admira a c ustica cr tica de Marx e sua ir nica posi o aos chamados direitos do homem e ou cidad o dizendo que neles muito longe do homem ser apreendido como ser gen rico antes a pr pria vida gen rica a sociedade que aparecem como um quadro exterior aos indiv duos como limita o da sua autonomia original 1997 p 86 Como visto tal ju zo cr tico norteador da sua d marche se fundamenta nas determina es gerais que confere centralidade a rela o social especifica da sociedade burguesa a qual contradita e invalida essencialmente os direitos do cidad o uma vez que sua pr pria estrutura provoca promove a desigualdade porque
86. o m ximo que se pode chegar com a efetiva garantia de direitos o bem estar promovido pelo Estado como media o necess ria para a sua realiza o mas n o a supera o da desigualdade haja vista a propriedade permanecer intocada ainda que a expans o do direito social intimide o livre desenvolvimento do capital Por isso previamente recuso a conjectura de que na contemporaneidade qualquer processo reivindicat rio se traduza efetivamente em linguagem de direitos Nem toda conquista por direitos resultado da luta social Ao contr rio grosso modo o direito nasceu e se reproduziu para defender a classe burguesa O fetiche est justamente na facilidade com que o direito tem de ser absorvido pela falsa moral que associa direito inclus o social Se n o captado o movimento deste conceito e suas contradi es que se conformam nas reais complexidades da rela o entre o direito e a sociabilidade capitalista portanto na din mica contradit ria da luta de classes precipita se a um universalismo abstrato reiterando os postulados malogrados da cultura da ordem Aqui h uma clara indica o que me parece amplamente aceita no debate pol tico contempor neo do not vel sentido de perten a da cidadania numa 15 comunidade democr tica leg tima como inst ncia universal capaz de equacionar e reconhecer nos planos simb licos e pol tico institucional as diferen as s cio econ micas abissais pelas quais a efe
87. o Pol tica Direito de Resist ncia e Direitos Humanos em Robespierre e Marx In Revista de Ci ncias Sociais Rio de Janeiro Vol 46 n 1 2008 p 129 152 POULANTZAS Nicos O Estado o poder e o socialismo Rio de Janeiro Graal 1981 QUIRINO C lia Galv o Tocqueville sobre a liberdade e a igualdade In WEFFORT Francisco C Org Os Cl ssicos da Pol tica 2 S rie Fundamentos n 63 Vol 2 S o Paulo tica 1989 p 149 188 270 RAMALHO Jos Ricardo Precariza o do trabalho e impasses da organiza o coletiva no Brasil ANTUNES Ricardo Org In Neoliberalismo Trabalho e Sindicatos reestrutura o produtiva no Brasil e na Inglaterra 2 ed S o Paulo Boitempo 1997 RAMOS Cesar Augusto A Cr tica de Schmitt e de Hegel ao Liberalismo Transforma o Revista de Filosofia V 18 S o Paulo UNESP 1995 RAMOS S mya Rodrigues A media o da organiza o pol tica na rejconstru o do projeto profissional o protagonismo do Conselho Federal de Servi o Social Recife 2005 331 p Tese Doutorado em Servi o Social Centro de Ci ncias Sociais Aplicadas UFPE RIBEIRO Renato Janine Thomas Hobbes O medo e a esperan a In WEFFORT Francisco C Org Os Cl ssicos da Pol tica 1 S rie Fundamentos n 62 10 ed 1 Volume S o Paulo tica 1998 p 51 89 RICUPERO Bernardo Caio Prado Jr e a nacionaliza o do marxismo no Brasil S o Paulo editora 34 Fapesp 2000 ROUANE
88. o apelo sociocultural contempor neo s institui es pol ticas e a confian a na democracia burguesa o que significa dizer entre outras coisas o orgulho de ter conseguido superar duradouramente o facismo estabelecer um Estado de direito e ancor lo em uma cultura pol tica que a despeito de tudo mais ou menos liberal HABERMAS 1996 apud CITTADINO 2004 p 224 Esta tend ncia do discurso contempor neo que se justifica pela tentativa de constituir um consenso razo vel em torno dos compromissos democr ticos dos quais a agenda por direitos humanos sociais civis pol ticos e ou de cidadania tornou se uma esp cie de regra universal cuja for a legitimadora funda se em uma 237 racionalidade que defende a autonomia a liberdade a igualdade sobre os quais devem estar de acordo institui es pol ticas democr ticas Por isso preciso ainda que n o o digam explicitamente estabelecer novos conceitos seja em rela o ao direito ao Estado a cidadania ou a democracia E se eles se coadunam com a realidade contempor nea evidentemente ser o conceitos que obter o um consentimento entre a comunidade pol tica razoavelmente consensual Do lado da esquerda tamb m o pensamento reformista participou na pr tica desse consenso abandonando a compreens o da realidade como totalidade contradit ria o fato de colocar a imediaticidade das conquistas como elemento estrat gico central levou necessa
89. o da ordem burguesa e constru o de uma nova sociedade a socialista a qual sup e a ultrapassagem das lutas no campo dos direitos nos limites da chamada democracia burguesa 2002 p 154 grifos meus Diante desse quadro submetemos nossa an lise com o recorte dado pelo debate contempor neo sobre os direitos ao exame dessas duas dire es com o objetivo de identificar as tend ncias pol tico culturais que as informam e como repercutem conforme forma o de cultura profissional e dire o social assumida pela profiss o A hip tese aqui levantada de que a tend ncia que atravessa o debate no Servi o Social determinado pela reorganiza o da cultura imposta pelo capital contempor neo como express o de um novo conformismo social tem alterado vulnerabilizado como forma o de cultura profissional a perspectiva emancipat ria vinculada luta anticapitalista constitu da no projeto profissional Sen o vejamos 176 No mbito da cultura profissional os anos que marcam o in cio de um novo s culo ser o investidos em uma agenda de interven o e debates em torno da defesa e radicaliza o dos direitos com destaque para a realiza o do XI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais realizado em 2004 cujo tema exemplar O Servi o Social e a esfera p blica no Brasil o desafio de construir afirmar e consolidar direitos A perspectiva apontada centra se no interior dos marcos democr ticos
90. oferecer massivamente as comprova es emp ricas da morte do marxismo o colapso do socialismo real posto como prova cabal do falso e do arbitr rio te ricos de Marx 1995 p 33 Assinalado como uma conjectura metaf sica este movimento envolvendo sobremaneira o ambiente intelectual e as estruturas formativas da sociedade 124 muito bem expresso pelo ataque expl cito aos grandes projetos explicativos das teorias sociais cl ssicas do movimento Ilustrado especialmente e com mais vigor como se refere a cita o logo acima o arcabou o heur stico marxista que passa a ser desacreditado e visto como uma ilus o rom ntica apontado inclusive como respons vel pela cat strofe hist rica do colapso do socialismo sovi tico Em tal ambiente o conte do te rico pr tico dos conceitos que distinguiam humaniza o reformista de suplanta o revolucion ria da ordem prescinde um tanto quanto do vocabul rio cient fico e de maneira especial das ci ncias sociais que ao negar a heran a do caldo cultural da qual fez parte o movimento Ilustrado acaba por refor ar na contram o da hist ria a invers o surpreendente do reformismo pessimista e c tico dos fan ticos do laissez faire HOBSBAWM 1995 A influ ncia dessas id ias veio acalorar o projeto pol tico do qual tem exercido maior influ ncia no mundo desde o segundo quartel da d cada de 80 principalmente nos pa ses em desenvolvimento o p
91. os tempos 2004 p 253 Mesmo com o aprofundamento da barb rie nesta conjuntura de capitalismo neoliberal penso que h algo de estranho nessas premissas E pergunto qual o n vel de aceita o e aceitabilidade democr tica do acesso pela garantia estatal na concretiza o de direitos numa conjuntura onde neoliberalismo e Estado de Direito tem um p thos com o grande capital Decerto que considero essencial a import ncia da luta em benef cio de qualquer reforma democr tica no mbito do capitalismo sobretudo em um pa s com n veis extremados de desigualdade como o Brasil por m resta saber se o horizonte da luta deve se circunscrever ao limite da emancipa o pol tica Ora ineg vel e a hist ria tem mostrado que nos pa ses onde a democracia se fortaleceu redundaram em benef cios aos trabalhadores Mas tamb m verdade o fato de que elas s se realizaram muito pontualmente o que faz permanecer v lido os argumentos de Marx de que revolu es pol ticas n o significam em hip tese alguma revolu o social Como visto anteriormente j incorreram neste equ voco toda a tradi o de esquerda social democr tica desde Kautsky e Bernstein Ao que tudo indica hoje em dia caminhando por essa mesma via o socialismo democr tico Como anota Tonet a esquerda pensa que a revolu o de Outubro nunca teve xito porque se menosprezou a democracia que a forma da emancipa o pol tica Po
92. proferida em 19 de out Dispon vel em VHS Cinco Notas a Prop sito da Quest o Social Temporalis Ano 2 n 3 p 45 2001 A Constru o do projeto tico pol tico do Servi o Social frente crise contempor nea In Crise contempor nea quest o social e Servi o Social Cadernos de Capacita o em Servi o Social e Pol tica Social Bras lia n 3 CFSS ABEPSS CEAD UNB 1999a FHC e a pol tica social um desastre para as massas trabalhadoras In O desmonte da na o Balan o do Governo FHC Ivo Lesbaupin Org 3 ed Petr polis RJ Vozes 1999b p 75 89 Transforma es societ rias e Servi o Social notas para uma an lise prospectiva da profiss o no Brasil In O Servi o Social no s c XXI Revista Servi o Social amp Sociedade Ano XVII n 50 S o Paulo Cortez abril de 1996 p 87 132 Crise do socialismo e ofensiva neoliberal S o Paulo Cortez 1995 Ditadura e servi o social uma an lise do servi o social no Brasil p s 64 2 ed S o Paulo Cortez 1994 Capitalismo monopolista e servi o social S o Paulo Cortez 1992 Crise do socialismo Teoria marxiana e alternativa comunista In Revista quadrimestral de Servi o Social amp Sociedade n 37 ano XII dez 1991 S o Paulo Cortez p 05 48 268 A Redefini o da Democracia In Revista Servi o Social amp Sociedade n 20 abr 1986 S o Paulo Cortez p 17 26 Capitalismo e reifica
93. quest o social e suas multifaces conferem singularidade que normalmente denomina se de id ia de brasilidade entendida na sociologia como uma imagem simb lica buscando expressar o car ter amb guo e tardio da forma o social do Brasil Como assinalado no decorrer da tese mostra a literatura sociol gica brasileira que os direitos civis pol ticos e sociais se desenvolveram tardiamente tendo em vista o peso hist rico do liberalismo ortodoxo e a heran a institucional corporativa e antidemocr tica que formaram no pa s um legado de entraves emancipa o pol tica A experi ncia republicana brasileira abundante em exemplos de retrocessos na ordem pol tica vigente especialmente no que diz respeito a importantes decis es no campo da cidadania ainda que burguesa Se como afirma Dias a cidadania uma forma espec fica de conviv ncia contradit ria das classes pela qual a classe dominante e ou hegem nica capaz de absorver a sociedade assimilando a ao seu n vel cultural 1997 p 51 numa amplia o constante do campo de classe no Brasil os direitos de cidadania n o 239 foram introduzidos a partir do jogo de for as entre as classes sobretudo da press o da classe trabalhadora em fun o de sua luta organizada mas antes resultado da concess o benem rita do Estado Como amplamente difundido pelo pensamento cr tico brasileiro embora o in cio do s culo XX j tenha
94. ram para ampliar o sistema de direitos Ademais alega que foi a afirma o do indiv duo como princ pio por excel ncia do liberalismo cl ssico que criou o alicerce para o reconhecimento dos direitos do homem o qual n o v como paradoxo mas como triunfo do individualismo num sentido mais amplo N o por acaso afirma Perry Anderson A filosofia do direito de Bobbio revela por um lado que ele tem sido um expoente mais resoluto do positivismo legal que o pr prio Kelsen salientando o car ter historicamente contingente da norma fundamental deste ltimo que s pode ser vista como express o da ideologia liberal Por outro lado ele compartilha dos valores do Rechtsstaat tais como foram essencialmente concebidos por Kelsen sendo assim levado a uma posi o de direito natural do tipo que foi o objeto da cr tica positivista original agora transposta no que Bobbio denomina de um plano meta jur dico 1996 p 53 61 Em seus escritos sobre democracia diz o filosofo italiano o individualismo a base filos fica da democracia uma cabe a um voto Ibid p 61 Com isso quer chamar a aten o para o fato de que o individualismo em sua rela o com o Estado favoreceu o surgimento de doutrinas e pr ticas que exigiam a participa o no poder Patrocinou sobretudo o surgimento do Estado de direito incidindo na passagem do pr ncipe para o cidad o Argumenta ainda
95. rela o contradit ria entre capital e trabalho de fundamental import ncia registrar que nesse momento em que a pobreza se generalizava e assolava violentamente a vida e o cotidiano dos trabalhadores europeus suas express es tiveram que ser reconhecidas pela burguesia ascendente que passa a dar respostas numa atitude de defesa e salvaguarda dos princ pios e privil gios conquistados Tal resposta por um lado se deu atrav s do campo te rico via pensamento conservador laico e confessional que para justific la passa a naturaliz la reconhecendo inclusive como pertinente Por outro lado o enfrentamento se d de forma extremamente violenta por meio de pr ticas repressivas e disciplinares impostas aos trabalhadores com vistas manuten o garantia e defesa da propriedade e da ordem Portanto a an lise de Marshall uma das respostas a essa problem tica Assim ao discutir ao longo de seu conhecido terceiro cap tulo Cidadania e Classes Sociais a exist ncia da desigualdade no capitalismo Marshall formula uma quest o que das mais problem ticas na sua an lise tentando combinar direitos iguais em uma ordem desigual sugerindo uma poss vel concilia o entre esse dois princ pios indagando qual o grau de desigualdade compat vel com os princ pios de cidadania A resposta de pronto logo aparece e feita por Marshall a partir do pressuposto do debate sobre a pobreza realizada pelos vitorianos que procu
96. revisionistas dos social democratas que entendiam ser a democracia um m dium por excel ncia para a via ao socialismo consistindo em um regime leg timo da luta das classes subalternas na conquista de direitos e liberdades civis e pol ticos Como se sabe o det ur tem in cio logo ap s a primeira guerra mundial com a pol mica da Il Internacional e o Komintern dividindo se entre reformistas e revolucion rios Da forma o de um bloco estrat gico do movimento oper rio alem o a perspectiva da social democracia ganha hegemonia que sob a influ ncia das an lises de Kautsky passa a difundir um conjunto de interpreta es te rico metodol gico de cunho eminentemente economicista mais conhecido como marxismo da Il Internacional De acordo com Netto Caracterizado enquanto um marxismo vulgar de car ter positivista os postulados da Il Internacional erige como a espec fica contribui o te rica de Marx uma concep o simultaneamente reducionista e indevidamente generalizadora Reducionista enquanto dissolve as concretas media es e determina es hist rico sociais com a sua inser o num esquema l gico interpretativo e indevidamente generalizadora enquanto imp e esse esquema realidade com um todo 1981 p 20 As interpreta es sobre o processo de desenvolvimento das for as produtivas realizadas de forma reducionista e a hist rica promoveram uma esp cie de cren a em que a din mica econ mi
97. rico metodol gico no interior da categoria profissional a partir de 1986 e a sua incisiva organiza o pol tica tornaram se condi o sine qua non na proje o coletiva para a materializa o do projeto tico pol tico profissional e da dire o social que o informa Como anota Abramides O projeto profissional se vincula ao projeto societ rio emancipat rio ancorado em instrumentos jur dicos express o das refer ncias te rico metodol gicas e tico pol ticas que sustentam a dire o sociopol tica do projeto de forma o e exerc cio profissional que se encontra cal ado nas determina es s cio hist ricas da realidade 2006 p 184 164 Por esta raz o o significado da constru o desse projeto tem sido amplamente referendado pela cultura profissional contempor nea sobretudo pelos estudos que v m analisando o protagonismo e as bases s cio pol ticas da profiss o 3 1 A renova o ideo pol tica do Servi o Social no contexto da cultura pol tica brasileira no p s 64 Pois bem em suas ra zes na particularidade da conjuntura pol tica econ mica e social latino americana dos anos 60 notadamente expresso por um tempo hist rico de reivindica es com uma clara e objetiva dimens o pol tica cr tica e radical s imposi es imperialistas norte americanas e as estruturas de explora o e espolia o capitalista marcado por um processo de lutas e resist ncia em toda a Am rica latina que se
98. s suas institui es e no limite negavam a ordem burguesa e seu estilo de vida em todos os casos recolocavam na agenda as ambival ncias da cidadania fundada na propriedade privada e redimensionavam a atividade pol tica multiplicando os seus sujeitos e as suas arenas 2005 p 07 Assim nos circuitos pol tico culturais progressistas a resist ncia democr tica cada dia crescia mais formando uma massa cr tica e um novo pensamento social de oposi o com inspira o de esquerda e intencionalmente marxista sobretudo nos espa os acad micos Por m importante tamb m lembrar que a atua o da esquerda no Brasil sobretudo antes de 64 era an mica em mat ria de organiza o da luta de classes O grande cone pol tico da esquerda como o Partido Comunista Brasileiro PCB defendia a estrat gia de concilia o de classes inclusive com a forma o de 142 grandes alian as com a burguesia nacional com objetivos claros de conservar a luta dentro dos limites das reivindica es democr ticas Esta tend ncia ali s t o difundida pelo PCB tornou se a pr pria express o ideol gica da esquerda naquele momento Esta observa o importante apenas para lembrar que o movimento que impulsionou as aspira es da esquerda no p s 64 e em outros tantos momentos da hist ria do pa s se explicitou t o somente em uma defesa democr tica radical abertamente contra o facismo da ditadura e suas estra
99. se insere as an lises divergentes de Rog rio Arantes 1997 que utiliza a id ia de judicializa o da pol tica para referir se ao 154 ativismo voluntarista do Minist rio P blico que o v em suas implica es a es negativas para a probidade das fun es pol ticas das institui es representativas Particularmente o autor critica o uso que os promotores fazem da sua legitimidade ativa para propor a es civis p blicas dando a entender que haveria nestes procedimentos uma esp cie de substitui o da sociedade civil por parte da institui o Dado a morosidade do judici rio os seus efeitos negativos reca ram sobremaneira na inefici ncia econ mica dado que restringiria a seguran a jur dica dos direitos privados de propriedade levando diminui o dos investimentos privados no pa s Arantes trabalha com a hip tese de que as mudan as institucionais do Minist rio P blico iniciadas na transi o democr tica foram determinadas internamente pelas lideran as da institui o que os levou a construir sua nova identidade institucional conquistando independ ncia e aproximando se pretensiosamente da figura de quarto poder da Rep blica 1997 p 22 Isto favoreceu a que o Minist rio P blico incorporasse o papel de promotor da conscientiza o e de responsabiliza o da sociedade brasileira em rela o s demandas sociais notadamente as de natureza coletiva Essa caracter stica indica uma
100. se na concep o de mundo de uma classe hegem nica que se manifesta no plano da superestrutura distingue ideologias historicamente org nicas de ideologias arbitrarias ou racionalistas As primeiras s o essenciais a uma determinada estrutura s o historicamente necess rias tem validade psicol gica pois organizam as massas humanas formam o terreno sobre o qual os homens se movimentam adquirem consci ncia de sua posi o lutam etc GRAMSCI 1978 p 62 enquanto as ideologias arbitr rias n o criam sen o movimentos individuais e pol micos Seu conte do o conjunto de id ias e valores que asseguram a regularidade e estabiliza o das rela es sociais Gramsci reconhece assim o car ter positivo da fun o ideol gica preponderante sobre seu car ter ilus rio que fica em segundo plano cada forma o social encontra na ideologia concep o de mundo o lastro de sua unidade 93 Como se sabe a velha ordem burguesa para instituir o capital necessitou liberar os regimes de feudos ampliando progressivamente a mercantiliza o da for a de trabalho e da vida social promovendo a ideologia da liberdade individual como express o do ocultamento da domina o pol tica sob as classes trabalhadoras Neste sentido ao criar uma nova racionalidade como formas de pensar a estrutura do real e das classes a burguesia no seu processo de revolu o criou um Estado e tamb m uma nova concep o d
101. se plena de sentido uma vez que a intencionalidade de fato eternizar e ideologizar o existente E por for a dessa tend ncia cultural que se torna poss vel sustentar at hoje o mito da igualdade proclamada na forma do discurso sobre os direitos humanos que tomado ideologicamente como seu n cleo estruturador O Iluminismo ap s a Revolu o de 1793 reflete bem essa forma mentis GRAMSCI e as implica es conservadoras que assumiram os liberais na aceita o da nova ordem em nome do leg timo direito de fazer contratos iguais entre indiv duos desiguais No entanto ao qualificar os termos do debate sobre os direitos na cultura pol tica contemporanea fundamental dar um passo frente da diferencia o entre as elabora es no mbito do marxismo v siveis tamb m na cultura profissional 3 2 3 Os desafios de construir consolidar e afirmar direitos tend ncias presentes no XI Congresso Brasileiro de Servi o Social Para responder a pol mica em torno da possibilidade ou n o de se construir uma matriz conceptual que pudesse estabelecer uma compreens o emancipadora ad infinitu para os direitos associado ao resgate pelo marxismo da compreens o coletiva e fun o social para a luta social vou procurar polemizar os termos da quest o a partir do que se tem produzido na pr pria profiss o tomando como exemplo o XI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais que foi conduzido por uma ref
102. social produziu uma intensa reifica o do sentido da proposta socialista como perspectiva de emancipa o humanamente poss vel O compromisso de estabelecer o socialismo em doses homeop ticas comprovou ser ilusoriamente imposs vel Quis os fatos que a realidade pol tica do socialismo e a vontade dos sujeitos coletivos se realizassem contraditoriamente desta maneira liquidando a possibilidade da transforma o como projeto revolucion rio Neste sentido n o foram somente as conquistas e concess es do pacto fordista que levaram os partidos socialistas a aquiescerem a um programa estrat gico de reformas tanto a social democracia quanto o stalinismo j haviam renunciado a um projeto revolucion rio anticapitalista muito antes do consenso social welferiano Ora em nome do bom senso pol tico ad hoc e do logro de uma raz o que antes desraz o esconde se o vazio de promessas m rbidas que s servem para seduzir os menos desavisados a uma resigna o e autojustifica o falsa realidade do existente LUK CS Nestas condi es a crise espec fica das sociedades p s capitalistas apresenta se n o s como uma crise estrutural de um determinado padr o 128 econ mico e s cio pol tico implantado na antiga URSS refor ado pela crise mais geral do capital mas demonstrou que as inflex es realizadas no plano te rico conceitual do legado deixado por Marx e Engels contribu ram para o fracasso da
103. tamb m defendem os direitos inalien veis da posse exclusiva Trata se assim de uma cr tica a liberdade inescrupulosa Manifesto de 1848 propostas pelos liberais o que de pronto j se coloca radicalmente contr rio ao seu conceito de emancipa o Portanto Marx categ rico ao dizer que n o se trata s pois de que a liberdade e a igualdade s o respeitadas na troca 235 baseada em valores de troca sen o que a troca de valores a base produtiva real de toda igualdade e liberdade 1978 p 183 Eis o sentido de uma afirma o que se pode inferir a Marx n o se deixar conduzir pelo debate sobre os direitos visto que os via como uma tentativa da burguesia os impor como um modelo comum a que todos deveriam almejar Seu compromisso ao contr rio era com a organiza o da multiplicidade das lutas oper rias com vistas a um movimento anticapitalista universal Nela sim radica a substancialidade pr pria de toda sua teoria e da transforma o pr tica que a rigor reclama a emancipa o social de que trata A rigor p de se observar na tese que a despeito dos profundos desacordos que separam modernos e contempor neos os acontecimentos recentes provocados por uma tens o assinalada pela multiplicidade de tend ncias no mbito da teoria pol tica retornam intensificados no n vel do direito resgatando o sentido da autonomia pol tica dos cidad os a partir da cultura pol tica Este o di logo que pre
104. tem na refer ncia hist rica da lutas concretas travadas no interior da profiss o as marcas de renova o e supera o de seu projeto conservador avan ando na qualifica o de trabalhadores profissionais e intelectuais org nicos dotados de princ pios e valores sensibilizados com a condi o humana em sua universalidade onde a translucidez de sua pr tica pol tica profissional em conjunto com outros sujeitos coletivos abra caminhos para a demarca o de uma nova e superior civilt 232 CONSIDERA ES FINAIS Ao longo de todo este trabalho procurei demonstrar que s o muitas e significativas as diferen as de concep es quando se enfrenta o tema do direito na cultura pol tica contempor nea sobretudo em uma ordem societ ria em crise onde cada vez mais juridifica suas rela es sociais Nesta dire o identifiquei duas tend ncias que contribu ram terminantemente para a expans o de uma linguagem e ou cultura de direitos no cen rio atual a ofensiva neoliberal e o discurso da cidadania Estas tend ncias circunscritas ao contexto de crise do capital constitu das portanto sobre a emerg ncia de uma reorganiza o da cultura como express o de um novo conformismo social permitiu que eu trabalhasse a seguinte hip tese ao ganhar generalidade e efic cia para os mais diversos interesses pol ticos econ micos ou sociais o debate sobre o direito se coloca como mais uma forma de obten o do consenso que passa
105. tico partid ria mormente via os agrupamentos de esquerda influenciados pela igreja cat lica situados fora do leito hist rico do PCB como esclarece Netto 1991 p 268 ocasionando assim equ vocos e distor es de uma leitura positivista do marxismo com consequ ncias incontestes no mbito da profiss o Pois bem muito importante recordar que o movimento social entre as d cadas de 60 70 portava uma concep o assaz revolucion ria potencializando politizando e produzindo no cotidiano das classes trabalhadoras uma nova cultura pol tica de car ter emancipado extremamente cr tica e contr ria cultura hegem nica da autocracia burguesa o que no mbito da profiss o promoveu uma esp cie de supervaloriza o da cultura popular Nas anota es de Abreu o desdobramento dessa tend ncia gerou algumas cren as das quais se refere dizendo a sacraliza o da cultura popular considerada em si mesma como pr tica transformadora refor a portanto o pragmatismo no interior da profiss o reiterando uma vis o distorcida da unidade org nica entre teoria e pr tica na medida em que o compromisso ideol gico com as classes subalternas passa a ser considerado por si s a possibilidade de conquista dessa unidade 2002 p 147 Credita se a esta tend ncia uma concep o muito referida na literatura profissional identificada pois de metodologismo como uma das tantas propostas inscritas no marco renovador
106. unifica o e o fortalecimento da na o Tal movimento adquiriu um efeito integrador entre os cidad os um sentimento de lealdade a uma civiliza o sentida como patrim nio comum Nas palavras do pr prio Marshall quando a liberdade se fez universal a cidadania passou de institui o local institui o nacional 1967 p 69 Assim ao identificar na esteira do desenvolvimento dos direitos um processo de amplia o para novos setores da sociedade inglesa caracterizados por Marslhall como exclu dos via nesse processo a forma o de um car ter universalista desses direitos que por traz de uma burocracia eficiente configurou o estabelecimento de um modo de legitima o democr tica e uma nova forma de integra o social Para Habermas esta trajet ria cont m um significado amb guo sendo forjado a partir das conting ncias hist ricas De um lado tra ou se uma id ia de na o volunt ria dos cidad os que proporcionaram legitima o democr tica de outro a na o herdada ou atribu da por nascidos nela facilitando a integra o social 1995 p 94 Portanto as considera es sobre o transcurso ingl s em rela o forma o do Estado Na o a exist ncia de uma burocracia eficiente e o progressivo estabelecimento dos direitos e deveres dos s ditos transformados em cidad os para Marslhall refletia cautelosamente certa lucidez por parte das elites a respeito da interdepend ncia entre o
107. vinha sendo 55 trabalhada na tradi o setecentista e oitocentista passando de Ricardo a Rousseau e deste at Hegel Notadamente analisada em v rios de seus textos a sua obje o em rela o fic o legal e abstrata da id ia de igualdade e liberdade que em Para a Quest o Judaica tematizado a partir da problem tica dos direitos do homem na esfera da pol tica Explica Tonet O Estado n o apenas um instrumento de defesa dos interesses particulares da burguesia mas tamb m uma express o invertida da desigualdade social de raiz Invertida porque o interesse particular que reina soberano na sociedade civil apresenta se na sociedade pol tica sob a forma de interesse geral 2001 p 65 Em termos reais o problema dos direitos c vicos reclamados pelos judeus e t o celebrados pelos droits de l homme apontado por Marx com censura sarc stica como elemento ilus rio sendo os direitos de liberdade igualdade e fraternidade referidas nas Declara es instituintes duvidosos por que carregam em sua contextualidade origin ria os ideais abstratos postulados por uma realidade desconcertante regida por for as sociais desumanizadas onde a competi o antag nica e o ganho implac vel expressam a condi o do homem ego sta separado de si mesmo Nos escritos sobre a Declara o dos Direitos do Homem e do cidad o de 1789 Marx tamb m debate com Robespierre sobretudo no que diz respeito ao conceito
108. voc deve agir em conformidade 1998 p 105 Deduzindo que no direito est pressuposta certa condi o de vantagem diferenciando se da esfera da moralidade onde a condi o para que um imperativo categ rico se realize que a vontade seja livre Da porque a liberdade passa a ser entendida como autonomia da vontade que se determina de acordo com a forma legislativa dos imperativos categ ricos A saber na Fundamenta o da Metaf sica dos Costumes a vontade reporta se id ia de autonomia representada pelo conceito de liberdade porque segundo Kant a autonomia da vontade a qualidade que a vontade tem de ser lei para si mesma independente de uma qualidade qualquer dos objetivos do dever 1974 p 67 Neste sentido esta defini o de autonomia se identifica com a id ia de liberdade no sentido rousseaniano como obedi ncia lei que cada um prescreve para si mesmo por m tendo como crit rio o principio da raz o posto que somente o ser livre e racional capaz de agir com autonomia uma vez que sua a o motivada por interesses universais Assim sendo esta compreens o de uma liberdade racional que ordena imperativamente somente pode se realizar no dom nio do direito A doutrina do direito ser encontrada assim como a doutrina da moral na Metaf sica dos Costumes e a distin o entre as duas meramente formal podendo ser caracterizada tamb m pela id ia de liberdade Da a fa
109. 10 J4 A produ o e organiza o do consentimento uma batalha competitiva cujo prop sito reproduzir e disseminar uma dada concep o de mundo de modo que se torne historicamente verdadeira o que por sua vez significa sua transforma o em senso comum GRAMSCI 2001 389 Ensina Gramsci que a crise embora constituinte do modo de produ o e de troca resultante da lei da queda da taxa de lucro reflete profundamente a esfera pol tica uma vez que circunst ncias imediatas produzidas por situa es econ micas expressam conjunturas pol ticas estrat gicas Da que no centro de suas reflex es economia e pol tica estabelecem um v nculo profundo Como esclarece Fontana 2003 p 115 a pol tica envolve a dial tica opositiva e contradit ria mas interconectada e complementar entre conflito e comunidade luta antag nica e acordo interesse privado e bem p blico Portanto no momento atual o que est em jogo mais do que o aprofundamento do processo de mercantiliza o da vida social o rearranjo dos mecanismos pol tico institucionais a uma adequa o hom loga e terminante s novas condi es de acumula o do capital Neste sentido pode se inferir que a crise atual apenas uma manifesta o particular radicada em uma crise org nica do capitalismo que se apresenta sobretudo como uma crise de hegemonia revelando assim a incapacidade da burguesia dirigente em administrar as
110. 100 bilh es de d ficit de caixa no INSS R 90 bilh es de sonega o evas o e elis o contributiva R 35 bilh es de ren ncias contributivas CARTA DE MANAUS CFESS Cress 2005 Por sua vez estas diretrizes direcionadas ao desmantelamento da seguridade social rebatem na cultura profissional de forma contundente sendo assumidas e defendidas em diferentes dimens es tanto no mbito pol tico profissional quanto atrav s das entidades da categoria os quais v m envidando esfor os na perspectiva de confronto com o modelo proposto Na ent o Carta de Macei intitulada Seguridade social p blica poss vel elaborada no XXIX Encontro Nacional CFESS Cress realizado em Macei no ano de 2000 o coletivo profissional j lan ava as bases de um movimento de defesa e resgate a favor da publiciza o da seguridade social brasileira vislumbrando a possibilidade de a seguridade social superar a l gica restrita do seguro e avan ar na institui o de uma cidadania social com direitos amplos universais e equ nimes N o restam d vidas que esta proposi o conjuga reflex o cr tica produ o te rica sobre o tema e posi o pol tica de profissionais engajados nos espa os s cio ocupacionais nos movimentos sociais conselhos de defesa direito e cidadania merecendo destaque a proposta de avan o no conceito de seguridade pautado pelos princ pios da universaliza o contra a l gica contratual do seguro
111. 3 169 p Disserta o Mestrado em Servi o Social Centro de Ci ncias Sociais Aplicadas UFPE UFAL SILVA Maria Ozanira da Silva e Org O Servi o social e o popular resgate te rico metodol gico do projeto profissional de ruptura S o Paulo Cortez 1995 SCHNEEWIND J B A inven o da autonomia Uma hist ria da filosofia moral moderna Trad Magda F Lopes S o Leopoldo RS ed UNISINOS 2001 SCHWARZ Roberto Cultura e pol tica 2 ed S o Paulo Paz e Terra 2005 SOUKI Lea Guimar es A atualidade de T H Marshall no estudo da cidadania no Brasil Civitas Porto Alegre v 6 n 1 jan jun 2006 p 39 58 SOUZA FILHO Carlos Frederico Mar s de Os direitos invis veis In Os sentidos da democracia Pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis RJ Vozes Bras lia NEDIC 1999 p 307 334 TELLES Vera da Silva Pobreza e cidanania precariedade e condi es de vida In Terceiriza o Diversidade e negocia o no mundo do trabalho Org Heloisa H T de Souza e Jos R Ramalho S o Paulo Hucitec CEDI NETS 1994 Direitos sociais afinal do que se trata Dispon vel em lt http www bibliotecavirtualde direitoshumanos html usp gt Acesso em 18 set 2005 THIELEN Helmuth tica e Experi ncia In tica do Discurso e Filosofia da Liberta o Org Antonio Sidekum S o Leopoldo Ed Unisinos 1994 TEIXEIRA Francisco Jos Soares Economia e filosofia no pensamento pol
112. C sar Bom Combate Rio de Janeiro Contraponto 2004 Qual Futuro Revista Caros Amigos n 61 abril 2002 BENTHAM Jeremy Uma Introdu o aos Princ pios da Moral e da Legisla o Cole o os Pensadores Trad Luiz J Bara na S o Paulo Abril Cultural 1974 248 BIHR Alain Da grande noite alternativa o movimento oper rio europeu em crise Trad Wanda Caldeira Brant S o Paulo Boitempo Editorial 1998 BOBBIO Norberto Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant Trad Alfredo Fair 2 ed S o Paulo Martins Fontes 2000a O Futuro da Democracia Trad Marco Aur lio Nogueira 7 ed S o Paulo Paz e Terra 2000b et al Dicion rio de Pol tica Vol 1 Trad Carmem C Varriale et al 9 ed Bras lia UNB 1997 A era dos direitos Tradu o de Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 O marxismo e o Estado Rio de Janeiro Graal 1979 BORON At lio Estado capitalismo e democracia na Am rica Latina Trad Emir Sader Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 BOSCHESTTI Ivanete Seguridade social em risco desafios consolida o dos direitos e implanta o do SUAS In CFESS Anais do 34 Encontro Nacional CFESS Cress Defendendo direitos radicalizando a democracia realizado em Manaus AM 05 set 2005 Seguridade Social e projeto tico pol tico do Servi o Social que direitos para qual cidadania In Servi o Social amp Sociedade Revista quad
113. CITEC S o Paulo dez de 1997 p 31 42 OLIVEIRA M Ara jo de tica e Sociabilidade S o Paulo Loyola 1993 ORLANDO Tambosi Bobbio e o labirinto da hist ria s l jan 2004 Dispon vel em lt http lt www criticanarede com his bobbio html 23k gt Acesso em 12 jan 2007 269 PASCAL Georges O pensamento de Kant Trad Raimundo Vier 2 ed Petr polis Vozes 1985 PEGORARO Olinto A Etica justi a Petr polis Rio de Janeiro Vozes 1995 PILLATI Adriano A Educa o nas Constituintes Brasileiras Campinas editora Autores Associados 1996 PEC 40 03 Ementa apresentada por Jos Pimentel Proposta de Reda o do Vencido em primeiro turno Dispon vel em formato paf lt http www camara gov br sileg Prop_Detalhe asp id 113716 gt Acesso em 02 mai 2006 PINTO Jo o Bosco O Projeto de Disserta o Sugest es para sua Elabora o Recife UFPE 1992 mimeo PRADO JR C A revolu o brasileira S o Paulo Brasiliense 1966 PRZEWORSKI A Capitalismo e social democracia S o Paulo Companhia das Letras 1991 POCHMANN M rcio Ricardo Amorim Orgs Atlas da exclus o social no Brasil S o Paulo Cortez 2003 POGREBINSCHI Thamy Emancipa o um conceito em busca de uma teoria Trabalho apresentado no 40 Encontro Nacional da ABCP Associa o Brasileira de Ci ncia Pol tica Area Teoria Pol tica Painel 2 21 24 julho 2004 PUC Rio de Janeiro Emancipa
114. CL UDIA MARIA COSTA GOMES A CENTRALIDADE DO DIREITO NA CULTURA POL TICA CONTEMPOR NEA Tend ncias presentes no Servi o Social UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CI NCIAS SOCIAIS APLICADAS DOUTORADO EM SERVI O SOCIAL RECIFE PE 2007 Philosopher Iluminated by the Moon Foto Salvador Dali CL UDIA MARIA COSTA GOMES A CENTRALIDADE DO DIREITO NA CULTURA POL TICA CONTEMPOR NEA Tend ncias presentes no Servi o Social Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P s Gradua o em Servi o Social Centro de Ci ncias Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco UFPE como requisito para o exame de Qualifica o de Tese Orientadora Profa Dra Alexandra Monteiro Mustaf Gomes Cl udia Maria Costa A centralidade do direito na cultura pol tica contempor nea tend ncias presentes no Servi o Social Cl udia Maria Costa Gomes Recife O Autor 2007 275 folhas abrev e siglas Tese doutorado Universidade Federal de Pernambuco CCSA Servi o Social 2007 Inclui bibliografia 1 Direito 2 Cultura pol tica 3 Servi o Social 1 T tulo 36 CDU 1997 UFPE 361 CDD 22 ed CSA2007 087 CL UDIA MARIA COSTA GOMES A CENTRALIDADE DO DIREITO NA CULTURA POL TICA CONTEMPOR NEA Tend ncias presentes no Servi o Social Aprovada pela Comiss o Examinadora em 3 _ de maio de 2007 BANCA EXAMINADORA d ANDES AM 4 Dra Eres Monteiro Mustaf Profa Servi o So
115. Cadernos de forma ampla e restrita a pol tica identificada com a liberdade e a universalidade quando de modo gen rico est voltada para a totalidade das rela es objetivas e subjetivas da sociabilidade De modo restrito quando se reduz ao conjunto das a es ligados as rela es de poder entre governantes e governados Na interpreta o de Coutinho 2003 o conceito mais pr tico de teoria pol tica o de Estado ampliado que articula dial tica e contraditoriamente sociedade pol tica e sociedade civil coer o e consenso ditadura mais hegemonia Ao trabalhar com a concep o ampla de pol tica o pensador sardo faz notar que ela sin nima de catarse para indicar o movimento de supera o eleva o do momento econ mico ego stico passional ao tico pol tico ou a consci ncia pol tico universal como elabora o superior da estrutura em superestrutura E se uma classe social n o capaz de efetuar esta catarse n o pode se tornar uma classe nacional ou seja n o pode representar os interesses universais de um bloco hist rico estrutura superestrutura e por conseguinte n o pode conquistar a hegemonia na sociedade ibid p 71 Sendo assim a pol tica abrange um conjunto de elementos que articulam o conjunto do pensamento de Gramsci envolvendo todas as suas reflex es a exemplo das rela es entre economia e pol tica reforma moral e intelectual correla o de for as e a a
116. Chasin et ali S o Paulo Ensaio 1987 Introducci n para la cr tica de la Filosofia del Derecho de H gel por Karl Marx In Filosofia del Derecho G F Hegel Traducci n Ang lica Mendoza de Montero Juan Pablos Editor S A 1980 Cr tica da filosofia do direito de Hegel Trad Concei o Jardim Eduardo L cio Nogueira Lisboa Editorial Presen a s d Manuscritos econ mico filos ficos e outros textos escolhidos Sele o de textos de Jos Arthur Giannotti Tradu es de Jos Carlos Bruni et ali In Os Pensadores 2 ed S o Paulo Abril Cultural 1978a Troca igualdade liberdade In Tema de Ci ncias Humanas n 3 1978b Introdu o cr tica da economia pol tica In Marx S o Paulo Abril Cultural 1978c Elementos fundamentales para la critica de la economia pol tica Grundrisse Vol 1 M xico Siglo Veintiuno editoras 1987 O 18 de Brum rio de Lu s Bonaparte Portugal Editorial Estampa 1976 Cuadernos de Paris M xico Era 1974 264 In Manuscristos econ micos filos ficos Textos filos ficos Trad Arthur Mor o Edi es 70 Lisboa Portugal 1963 MARX K amp ENGELS F O 13 de junho de 1849 as lutas de classe na Fran a de 1848 a 1850 In Marx Engels Hist ria Florestan Fernandes Org Trad Florestan Fernandes et al Cole o grandes cientistas sociais n 36 S o Paulo tica 1989 Manifesto do partido comunista Cole o Uni
117. Chau Tradu es de T nia Maria Bernkopf et al In Os Pensadores 2 ed S o Paulo Abril Cultural 1984 Fundamenta o da Metaf sica dos Costumes Trad Paulo Quintela In Os Pensadores S o Paulo Abril Cultural 1974 KOJEVE Alexandre Introdu o leitura de Hegel Trad Estela dos Santos Abreu Rio de Janeiro Contraponto EDUERJ 2002 LAKATOS Eva Maria Metodologia do Trabalho Cient fico 5 ed S o Paulo Atlas 2001 LAURELL Asa Cristina Org et ali Avan ando em dire o ao passado a pol tica social do neoliberalismo In Estado e pol ticas sociais no neoliberalismo Tradu o de Rodrigo Leon Contrera S o Paulo Cortez 1995 LEFORT Claude A inven o democr tica os limites da domina o totalit ria 2 ed Trad Isabel Marva Loureiro Apresenta o de Marilena Chau S o Paulo Ed Brasiliense 1987 LESBAUPIN Ivo et al O desmonte da na o Balan o do Governo FHC Ivo Lesbaupin Org 3 ed Petr polis RJ Vozes 1999 LESSA S rgio Contra revolu o trabalho e classes sociais In Revista Temporalis n 4 p 75 86 ABEPSS 2001 Beyond Capital a atualidade do projeto socialista Resenha em Cr tica Marxista n 6 p 139 148 S o Paulo Xam 1998a Beyond Capital Estado e Capital In Revista Servi o Social amp Sociedade n 56 p 135 151 S o Paulo Cortez 1998b ontologia de Luk cs Macei Edufal 1997 Cr tica ao praticismo revolu
118. Cidadania igualdade e diferen a In Revista Lua Nova 76 n 59 2008 p 75 94 GUANABARA Ricardo Vis es alternativas do direito no Brasil Revista Estudos Hist ricos n 18 1996 p 1 14 Dispon vel em http yww cpdoc fgv br revista arq 202 pdf gt Acesso em 02 mai 2006 HABERMAS J rgen Para o uso pragm tico tico e moral da raz o pr tica Estudos vol 3 n 7 S o Paulo Sept Dec 1989 Dispon vel em lt http www scielo br scielo php script sci home Ing pt nrm iso gt Acesso em 03 nov 2004 Direito e democracia entre facticidade e validade Vol I 2 ed Trad Fl vio Beno Siebeneichler Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 2003a Sobre a legitima o pelos direitos humanos In Jean Christophe Merle Luiz Moreira Orgs Direito e Legitimidade Trad Cl udio Molz Tito L vio Cruz Rom o S o Paulo Landy 2003b Mudan a estrutural da esfera p blica Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 258 HARDMAN Francisco Foot LEONARDI Victor Hist rico da ind stria e do trabalho no Brasil das origens aos anos vinte S o Paulo Global 1982 HARVEY David Espa os de esperan a Trad Adail Ubirajara Sobral Maria Stela Gon alves S o Paulo Loyola 2004 A condi o P s moderna S o Paulo Loyola 1996 HEGEL G F Filosofia Del Derecho Introducci n de Carlos Marx Trad Ang lica Mendoza de Montero 2 ed M xico Juan Pablos 1986 Princ pios da Filosofia do Direito Tra
119. FESS informa especial defendendo direitos radicalizando a democracia In 34 Encontro Nacional Gest o 2002 2008 31 agost de 2005 Dispon vel em lt http Anww cfess org br gt Acesso em 15 dez 2005e Carta de Curitiba Trabalho direitos radicalizando e democracia a gente faz um pa s In Relat rio das confer ncias e delibera es do 33 Encontro CFESS CRESS Gest o 2002 2005 Dispon vel em lt http Anww cfess org br gt Acesso em 08 dez 2005f Carta aos Presidenci veis CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2005 Trabalho direitos e democracia a gente faz um pa s p 13 20 Dispon vel em lt http Awww cfess org br gt Acesso em 15 dez 20059 Carta de Manaus defendendo direitos radicalizando a democracia In Relat rio das confer ncias e delibera es do 34 Encontro CFESS CRESS Manaus AM 04 07 set 2005 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 20 dez 2004a Programa Fome Zero e a Seguridade Social no Brasil Trabalho direitos e democracia a gente faz um pa s In CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2005 Julh de 2004b p 13 20 IV Confer ncia Nacional de Assist ncia Social Trabalho direitos e democracia a gente faz um pa s In CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2005 07 a 10 dez de 2003 Dispon vel em lt http Anww cfess org br gt Acesso em 20 dez 2004c V Confer ncia Nacio
120. Gramsci como nos diz Portantiero afirmar a originalidade gramsciana significa reafirmar a pr tica pol tica e a hist ria como laborat rios reais da teoria 95 quest o do direito cujo conceito dever ser ampliado nele incluindo aquelas atividades que hoje s o compreendidas na f rmula indiferente jur dico e que s o de dom nio da sociedade civil que atua sem san es e sem obriga es taxativas mas que nem por isso deixa de exercer uma press o coletiva e de obter resultados objetivos de elabora o nos costumes nos modos de pensar e de atuar na moralidade etc GRAMSCI 2000 p 23 24 A principio a experi ncia hist rica de uma nova forma estatal espec fica nos pa ses do ocidente colocava sob novas determina es a disputa pela dire o moral e intelectual da sociedade civil guerra de posi o portanto de uma luta pela hegemonia que deveria ser assumida como tarefa n o apenas do partido e do sindicato mas tamb m da escola da imprensa entre outros isto como possibilidade real e hist rica de resposta das classes subalternas aos problemas colocados pelos seus antagonistas Ao elaborar assim sua teoria do Estado como uma unidade articulada de consenso e coer o Gramsci pensa o como produtor da organiza o desorganiza o da totalidade social DIAS 2006 p 32 Portanto ao cindir sociedade pol tica e sociedade civil o liberalismo d foros de le
121. Neste panorama as determina es destas mudan as e a configura o das altera es provocadas na vida da classe trabalhadora t m ampliado o debate sobre os direitos no pa s entrando na agenda da esquerda como estrat gia de luta e de resist ncia ofensiva neoliberal seguindo os mesmos significados reivindicat rios instaurados pelas experi ncias do Welfare State e da social democracia Na an lise de Ricardo Antunes em Os Sentidos do Trabalho 2000 ele demonstra como todo esse movimento tem provocado consequ ncias dr sticas do ponto de vista da subjetividade e das formas de consci ncia e organiza o dos trabalhadores Valores t o caros ao movimento social dos s c XVIII e XIX como a liberdade a igualdade e os direitos est o sendo sucumbidos a uma l gica de coopta o num discurso apelativo que coloca os trabalhadores na condi o indiferenciada de colaboradores e associados E isto tem causado amplos debates sobre os avan os e retrocessos do ordenamento pol tico democr tico e das conquistas hist ricas dos trabalhadores nesta conjuntura a que Mota 2004 p 04 lucidamente identifica como fen meno de transformismo nos conte dos das bandeiras de esquerda Esclarece ainda a autora para realizar sua reforma as classes dominantes precisam exercitar sua condi o dirigente sitiando os projetos sociais dos trabalhadores n o somente atrav s da for a e coer o mas confundindo seus referencia
122. O tra o eminentemente hom logo desta tend ncia crise do capitalismo contempor neo apontado portanto dentro dos marcos democr ticos que gira em torno da defesa dos princ pios de justi a social direitos humanos consolida o da cidadania pol ticas p blicas universais e garantia de direitos sociais do ponto de vista ideo pol tico no campo da esquerda uma reivindica o salutar se entendidas como conjunto de reformas reais e favorecedoras de ganhos efetivos para a massa dos trabalhadores ainda que sob a ordem do capital No entanto na defesa destes princ pios a quest o que me parece fulcral a dificuldade em avan ar nas defini es de um projeto de car ter emancipat rio social apesar das boas inten es de que se socorrem 13 A premissa desse debate no mbito da cultura de esquerda tem se pautado no pressuposto de que na conjuntura de crise e com o avan o da ofensiva neoliberal imperativo se garantir ao trabalhador pol ticas compensat rias ao real desmonte do Welfare State Contudo parece indubit vel que as possibilidades de amplia o do conjunto de reformas proporcionadas no Il p s guerra esgotaram se Importa reconhecer que na atualidade pol ticas keynesianas e Estado de Bem estar parecem ter se tornado in cuos e in beis para transformar a fase atual de crise em retomada de prosperidade propriamente dita Neste sentido presumo que o trato s respostas frente a atual crise prescinde de um e
123. Social nos ltimos dois anos a preocupa o com a tem tica sobre os fundamentos te rico pol ticos da concep o de direito que vem sendo apreendida pelo coletivo profissional comece a ser problematizada por alguns n cleos de estudos no Brasil Registro aqui duas pesquisas que fazem avan ar o debate ora encaminhado nesta Tese Crise contempor nea e suas express es na Cultura profissional desenvolvida pelo N cleo de Estudos e Pesquisas sobre os Fundamentos do Servi o Social na contemporaneidade NEFSSC UFRJ coordenado pela Professora Dra Yolanda GUERRA cujo objetivo justamente expor as perspectivas de an lise que fundamentam o exerc cio profissional do assistente social no intuito de contribuir para a desmistifica o do discurso do direito a ter direitos Parte se da hip tese de que este discurso insere se nas formas de regula o social utilizadas pelos Assistentes Sociais em tempos de ajuste neoliberal 2006 p 1281 Outrossim recentemente apresentada no ENPESS UFPE 2006 a pesquisa em andamento sob o t tulo Direito e Servi o Tend ncias te rio pol ticas desenvolvida pelo Centro de Estudos Oct vio lanni VERJ UFRN PROCAD e coordenado pela Professora Dra Silvana M Morais dos SANTOS UFRN reproduz o objeto de estudo aqui desenvolvido direcionando seu objetivo para analisar a massa cr tica da categoria direito em sua rela o com a sociabilidade vigente considerando os elementos
124. T S rgio Paulo O mal estar da modernidade S o Paulo Cia das Letras 1995 ROUSSEAU Jean Jacques Do Contrato Social ou princ pios do direito pol tico Trad Pietro Nassetti S o Paulo Martin Claret 1712 ROSA L dio Andrade da Magistratura e democarcia In ARRUDA JR Edmundo Lima de FILHO Nilson Borges Org Cole o Ensaios Gramsci Estado Direito e Sociedade ensaios sobre a atualidade da filosofia da pr xis Florian polis SC Letras contempor neas 1995 p 119 140 ROSANVALLON Pierre A nova Quest o Social repensando o estado provid ncia Trad S rgio Bath Bras lia Instituto Teot nio Vilela 1998 ROSENFIELD Denis Introdu o ao pensamento pol tico de Hegel S o Paulo tica ISBN 85 08 0431608 SADER Emir A Hegemonia neoliberal no Brasil e a luta pelo P s neoliberalismo Dispon vel em lt http www outrobrasil net gt Acesso em 18 nov 2005 211 N s que am vamos tanto O Capital In Praga Revista de Estudos marxistas n 1 ed Boitempo S o Paulo set dez de 1996 p 55 78 SALAMA Pierre VALIER Jacques Pobrezas e desigualdades no 3 mundo Trad Catherine M Mathieu S o Paulo Nobel 1997 SALDANHA Nelson Sociologia do direito 5 ed rev e aum Rio de Janeiro Renovar 2008 SANTOS Silvana Mara de Morais O pensamento da esquerda e a pol tica de identidade as particularidades da luta pela liberdade de orienta o sexual Recife 2005 327 p
125. a Deste modo a cr tica a este arqu tipo aristot lico hegeliano elaborada por Marx esbo a uma outra posi o em rela o ao Estado Do ponto de vista hegeliano o indiv duo alcan a sua realidade efetiva no Estado se constituindo inclusive como sujeito de direitos e a sociedade civil burguesa se funda como media o pac fica nesse movimento o que levou Marx a dizer que n o h por que criticar a Hegel por descrever a ess ncia do Estado moderno tal como mas por fazer passar o que pela ess ncia do Estado s d p 12 Na leitura e interpreta o de Jos Paulo Netto ele esclarece Marx n o examina as categorias hegelianas e sua coer ncia e articula o espec ficas isto n o faz cr tica interna e externa O seu procedimento outro revolucion rio procura apanhar a din mica mesma da filosofia hegeliana do Estado enquanto movimento constituinte do seu objeto no plano do pensamento a cr tica marxiana n o incide destarte sobre componentes da filosofia hegeliana do Estado mas sobre esta tout court investe contra toda a constru o hegeliana do Estado desmontando os seus v cios l gicos seu misticismo e seu empirismo no mesmo movimento de desmontagem das suas falsifica es hist ricas Marx investe contra a filosofia do Estado de Hegel porque esta falseando o seu objeto o Estado falseia se enquanto constru o te rica 2004a p 28 50 Como se verifica na cr tica ao E
126. a o do mundo da vida e consequente socializa o do Estado no sentido habermasiano constituindo assim uma identidade pol tica que favoreceu a que se dirimissem a dist ncia que separava Estado e sociedade civil nos termos da ins gnia liberal das liberdades negativas Ao lado disso com a valoriza o da cidadania no Estado de bem estar a esfera p blica agrega valor a id ia de participa o ativa ou co presen a dos sujeitos na vida em sociedade refundida como o espa o da pol tica por onde os problemas ganham uma dimens o p blica toma forma e s o resolvidos Por assim dizer na origem da legisla o welferiana marcada pelo movimento social que a esfera p blica se afirmou no terreno da sociedade civil atrav s da media o dos partidos pol ticos e do movimento oper rio e sindical 81 Cf HABERMAS Junger Mudan a estrutural da Esfera p blica Tempo Brasileiro Rio de Janeiro 1984 215 Ademais esse processo que deu partida o welfare recondiciona tamb m a autonomia entre o direito p blico e o direito privado pondo tanto o mercado quanto a for a de trabalho sob a jurisdi o da administra o p blica fazendo do Estado o grande gestor do social o que sugere uma extensa rede de programas projetos e pol ticas sociais Por isso a social democracia valorizou a esfera p blica porque nela o discurso pol tico reafirma o estatuto de uma sociedade civil fundada em rela es de tipo contratual
127. a o social ibid p 145 Assim tanto Castel como Rosanvallon a despeito das diferen as que os separam expressam em suas reflex es a necessidade de se reinventar o Estado para adequ lo s novas transforma es sociais apoiando se na realidade dos novos sujeitos sociais em seu car ter espec fico de indiv duos desfiliados e exclu dos da rede de prote o social juridicamente constitu da justificados a em fun o da crise da sociedade salarial do desemprego e da precariza o do trabalho nas formas em que se apresentam na contemporaneidade Esta proposi o de redu o das fun es do Estado na reprodu o da for a de trabalho leva a reboque a redefini o do significado das pol ticas sociais concebidas como modalidade de enfrentamento da quest o social retirando o conte do dos direitos sociais que lhes empregavam sentido na perspectiva welferiana Tal perspectiva acompanhando a tend ncia da cultura pol tica neoliberal tende a subordinar a pol tica social macroeconomia precarizando e comprometendo seu padr o de publiciza o e universalidade Note se que para os neoliberais as pol ticas sociais como a es do Estado na tentativa de ajustar os desequil brios provocados pelo acr scimo da acumula o 82 Modelos implantados na Alemanha na Inglaterra e na Fran a O bismarckiano refere se ao sistema de seguro social obrigat rio baseado em cotiza es sobre o sal rio e proporcional
128. a posta por ele entre os conceitos de autonomia e bem estar provocado pelo discurso salv fico do Welfare State e a inevit vel indetermina o do direito que ele gerou Neste sentido entende que a autonomia e n o o bem estar a chave normativa da compreens o de justi a devendo os cidad os se reconhecerem como autores no seu direito e n o como os seus destinat rios conforme esclarece Cittadino 2004 p 209 Para fundamentar seu argumento o fil sofo alem o se aproxima de Rousseau colocando sob novas bases a quest o do soberano e a conforma o da vontade geral numa interpreta o que tem seu fundamento pol tico e intelectual ancorado no republicanismo democr tico radicado nos vest gios da Revolu o Francesa Nessa concep o cl ssica rousseauniana a f rmula da vontade geral 80 em detrimento da vontade da maioria deve ser traduzida por meio de garantias institucionais e procedimentais que permitam ao povo constituir seu pr prio direito Ao explicar o argumento habermasiano comenta Vianna forma o da vontade da maioria deveria anteceder a forma o de um consenso pr vio na sociedade civil por meio de uma livre e generalizada delibera o sem o que ela se expressaria margem da opini o de todos N o haveria muralha da China entre raz o e vontade consenso e governo da maioria entre a totalidade do corpo social e seus representantes dimens es posta
129. a Hermen utica lt http br geocities com paginadehermeneutica autor hntml gt Acesso em 21 jun 2005 Habermas considera que desde o Direito Romano at a Idade M dia com a id ia de res publica n o havia obrigat ria diferen a entre p blico e privado como por exemplo era a casa do senhor feudal P blico significava um poder superior Com a separa o sociedade Estado separam se tamb m esferas p blicas e privada sendo que j no s culo XVI privado significava o que era exclu do privado do aparelho estatal Por outro lado p blico era o Estado absoluto objetivado na pessoa do soberano Aqui a personalidade p blica do nobre o que ele reproduz se contrapunha ao burgu s que o que ele produz ou seja o seu patrim nio Habermas estabelece para a clarifica o da g nese da Esfera P blica Burguesa o paralelo que se d no capitalismo O Estado moderno burocracia e necessidade de dinheiro e tributa o P blico ent o sin nimo de Estatal e tem como contrapeso a Sociedade Civil Burguesa A economia passa de dom stica para pol tica de uma administra o da casa para uma administra o p blica Aqui talvez seja de se notar que a interpreta o de Habermas a respeito da conviv ncia que se d na esfera p blica seja kantianamente uma quest o de conveni ncia ou seja um modo de se assegurar a pr pria individualidade 4 A id ia de esfera p blica burguesa encontra sua formula o cl ssic
130. a classe trabalhadora privilegiar o processo de decis es coletivas e incentivar a participa o dos usu rios no processo de decis o e gest o institucional CFAS 1986 p 09 Como afirma Faleiros 2005 p 31 essa op o tico pol tica refletia uma nova dire o da categoria profissional que vinha dos movimentos sociais da luta sindical e de uma forma o marxista nas universidades se definindo abertamente por uma pr tica pol tica e profissional consoante com o movimento social Verifica se a partir da e tendo como legado a reconceitua o o esfor o extraordin rio de uma frente profissional em construir um projeto profissional que jogasse por inteiro numa ruptura com o seu passado conservador adequando a profiss o com os ideais de uma cultura pol tica emancipadora das estruturas de explora o e domina o da sociabilidade vigente 174 3 2 Cultura de direitos e Servi o Social tend ncias contempor neas A conjuntura pol tica desde o in cio dos anos 90 intensificada no pa s pelas estrat gias da ofensiva neoliberal como resposta crise mundial do capital vem tencionando o debate profissional cujas inflex es apontam tend ncias mais gen ricas no mbito da cultura pol tica contempor nea do qual o debate sobre a luta pela defesa dos marcos democr ticos especialmente a reivindica o pela afirma o de direitos se apresenta nos debates promovidos nacionalmente pela categoria na produ
131. a cultura pol tica emancipat ria que se v amputada na sua consci ncia coletiva Como resultado desse movimento o que se verifica s o consci ncias coletivas d beis e transformadas em abstrato 127 2 2 A realidade do Brasil nos anos 90 Desestrutura o e perda de direitos Como assinalado anteriormente o devir hist rico a partir da profunda complexidade pela qual passa a realidade social com a crise societal dos anos 90 anuncia um influxo radical no processo de reprodu o das classes incidindo diretamente nas esferas da vida pol tica e na constitui o das for as de esquerda No Brasil este debate marcado por uma divis o social inconcili vel em que a complexidade da quest o social e suas multifaces assumem singularidade pr pria no processo de emancipa o pol tica do pa s esta representada pela id ia de brasilidade entendida na sociologia como uma imagem simb lica para expressar o car ter amb guo e tardio da forma o social brasileira E assim que o pa s chega ao s culo XXI marcado por um legado de aus ncia de direitos e de cidadania e tendo que enfrentar o avan o de mais uma forte ofensiva do capital que mercantiliza as rela es sociais e solapa as j t o fr geis bases do Estado neutralizando deste modo qualquer possibilidade de constru o de uma democracia e cidadania ainda que em sua forma cl ssica Ao iniciar os anos 90 se prop e a acertar as contas com o seu p
132. a de Ci ncias Sociais vol 16 n 46 S o Paulo 2001 p 01 83 como a esfera da comunica o e da vida p blica poderia permanecer intacta com rela o ao poder do dinheiro e da burocracia Como ela poderia escapar aos imperativos funcionais que dominam a vida econ mica e estatal Como a sociedade que constitui necessariamente um todo estruturado poderia ser dividida em duas esferas hermeticamente separadas dois compartimentos estanques Como seria poss vel uma comunica o livre de qualquer domina o na esfera p blica se a economia e a administra o permanecem nas m os das pot ncias capitalistas e burocr ticas E se a reprodu o material da vida e sua gest o administrativa est o entregues auto regula o sist mica o que os cidad os v o discutir na Agora LOWY p 2006 p 84 Em consequ ncia disso dif cil escapar da conclus o de que a an lise de Marx mais realista que o sonho id lico de Habermas Ora pr ticas democr ticas n o excluem discursos e ideologias dominantes ao contr rio muitas vezes aparecem emaranhadas com for as econ micas estruturais impondo severos constrangimentos sobre o que poss vel em termos de consensos pol ticos quanto ao grau de democracia que pode ser tolerado na sociabilidade do capital Al m do mais a convic o na democracia deliberativa como um campo alternativo de cria o de consensos na constitui o do poder a partir de redes de comunica
133. a e pressup e uma interven o social organizada firme e direcionada a uma reconfigura o das bases materiais de exist ncia No cerne desta quest o inscrita em uma narrativa ainda maior no mbito da hist ria do pensamento pol tico do Iluminismo franc s e do Idealismo Alem o encontra se a rela o entre a opress o e a domina o em suas m ltiplas formas abordadas de modo geral por uma perspectiva da liberdade da qual Marx objeta propondo o conceito de emancipa o como um contra conceito oposto liberdade como domina o Em Para a Quest o Judaica apresenta portanto a emancipa o como um processo auto reflexivo e auto execut vel isto que depende dos sujeitos coletivos e n o como algo subordinado exclusivamente a uma vontade externa a exemplo do Estado que tematizado pelo idealismo Alem o como agente por excel ncia da emancipa o Numa avalia o dessa natureza o objetivo da emancipa o por conseguinte s pode ser precisamente o de liberta o do Estado e de suas institui es a exemplo do direito e da pol tica Neste ensaio v rios temas estiveram em pauta e na ordem do dia entre eles n o s a problem tica da religi o e da pol tica que se transformou num pretexto para Marx realizar a cr tica ao problema da antinomia entre sociedade civil e Estado mas especialmente o posicionamento do Estado prussiano que ao reafirmar seu car ter crist o negava aos judeus igualdade d
134. a forma uma subvers o do ordenamento jur dico existente seja a partir de dentro do Estado seja a partir de fora com a mobiliza o de setores organizados da sociedade Assim a proposta do uso alternativo do direito de reconhecida influ ncia europ ia parte da pr pria pr tica judicial e coloca a magistratura no centro do movimento V rios magistrados utilizam se do direito oficial vigente para colocar a Justi a ao lado dos oprimidos A segunda perspectiva de matriz latino americana coloca n o os ju zes mas as pr prias comunidades como atores principais na luta pelos seus direitos reivindicando um maior grau de educa o para os segmentos populares para que possam demandar solu es para seus problemas 1996 p 01 Tomarei como refer ncia para estudo o uso alternativo do direito A perspectiva apontada se fundamenta a partir de princ pios democr ticos e atrav s do apelo a uma atitude pluralista reclamada por magistrados que buscam superar as estreitas e tortuosas dimens es da ortodoxia e dogm tica jur dica colocando o aparato normativo e o direito vigente a servi o de uma sociedade mais justa e comprometida com a emancipa o dos trabalhadores Tecendo uma apropriada cr tica a estrutura jur dica enquanto fen meno ideol gico e a servi o da classe dominante o defensores do uso alternativo do direito negam a validade indiscriminada da lei sobretudo se elas expressarem injusti as flagrantes Prop
135. a na doutrina kantiana do direito e passa a ser problematizada por Hegel e Marx Ainda conforme ENCARNA O ibid p 10 11 opini o significa em si mesmo opini o p blica Opini o verdadeira a que se submeteu ao crivo da esfera p blica e precisa ser orientada para a sua dupla fun o controle social o censor seu porta voz e legisla o legislador Para os fisiocratas o absolutismo completado por uma esfera p blica criticamente atuante e para Rousseau a democracia sem discuss o p blica Para ambos a mesma rubrica de opinion publique Para Kant a opini o p blica racionaliza a pol tica em nome da moral A publicidade o princ pio de ordena o jur dica como media o entre Estado e sociedade e cujo m todo o iluminista Aqui Iluminismo emancipar se pela raz o intermediando se pela publicidade ou seja pensar e comungar o pensamento O p blico politicamente pensante por m 75 conceito rigoroso da lei o crit rio confi vel a respeito das discuss es da justi a e dos direitos natos que passam a ser legitimados atrav s da emana o de normas gerais e abstratas que remetem ao contrato Relembra o problema da contraposi o entre a t tica maquiav lica do segredo de Estado e o princ pio da publicidade concluindo que A consci ncia de si mesma que a esfera p blica pol tica tem e que foi demonstrada na central categoria da norma legal intermediada pela consci
136. a que de modo peculiar flutua entre ambas as constela es Para o autor duas tend ncias dialeticamente interrelacionados assinalam uma decad ncia da dimens o p blica ela penetra esferas cada vez mais extensas da sociedade e ao mesmo tempo perde a sua fun o pol tica ou seja a de submeter os fatos tornados p blicos ao controle de um p blico cr tico ENCARNA O 2005 p 93 Portanto a sa da habermasiana est endere ada defesa da democracia deliberativa como a principal alternativa vis o liberal e do bem estar social que n o favorece segundo ele um ideal espec fico de sociedade Ademais a arg i o racional a publicidade a aus ncia de coer o participa o de todos e igualdade s o valores que devem balizar as tomadas de decis o em regimes democr ticos Por isso entende Habermas que o principio do discurso advindo do conceito de racionalidade comunicativa tem validade como norma de a o sendo o direito leg timo aquele que conseguiu aceita o racional por parte de todos os membros do direito numa forma o discursiva da opini o e da vontade HABERMAS 2003a p 172 Numa formula o um tanto abstrusa e formalmente estilizada o paradigma procedimental de Habermas pretende que as decis es pol ticas sejam tomadas por uma comunidade de comunicantes por meio do racioc nio p blico e livre entre iguais numa perspectiva de racionalidade pr xima das fantasias do lib
137. a rela o entre o direito a pol tica e a democr cia confluem malgrado suas boas inten es para uma ratifica o da for a avassaladora do neo liberalismo econ mico Destaco queles que na atualidade se apresentam como mais representativos especialmente por retomarem antigas inquieta es em filosofia teoria da moral e do direito 2 1 A era dos direitos em Norberto Bobbio Considerado como um dos maiores representantes do liberalismo contempor neo o fil sofo Italiano Norberto Bobbio reflete acerca do significado do direito da democracia e da cidadania no seu tempo Seu objetivo resgatar o sentido do pol tico na atualidade conferindo centralidade ao papel do Estado democr tico para a resolu o dos conflitos Assim direito e democracia s o mais do que valores liberais e se configuram como espa o privilegiado do pol tico no sentido de dire o e motiva o para promo o do bem p blico Sua concretude e inscri o nas rela es sociais faz com que as exig ncias por igualdade liberdade e garantia de direitos adquiram centralidade na sociedade Nos seus estudos jur dicos afirma que a emerg ncia da doutrina dos direitos do homem do cidad o dos direitos humanos produto da hist ria moderna nascidas com as revolu es liberais do s culo XVIII e com o engajamento de pensadores Iluministas como Locke Montesquieu Voltaire e Rousseau No seu famoso ensaio intitulado L eta dei diritti 1990 defende
138. a ser agenciado e imposto pela cultura da ordem Assim o estudo objetivou analisar a particularidade da fun o social do direito no contexto atual identificando como ele se articula com a totalidade do debate cl ssico e contempor neo da cultura pol tica para ent o verificar sob que condi es as tend ncias deste debate v o se constituindo como forma o de cultura profissional no Servi o Social No processo de investiga o te rica pude verificar que ao operar com antinomias tens es e contradi es o direito produz uma esp cie de ideologia que torna justific vel a vida social sendo reproduzido atrav s dos costumes e valores partilhados pela for a das tradi es contraditoriamente compondo os sistemas de liberdade para os liberais os processos reivindicat rios socialistas e as rela es de poder presentes na estrutura de classe Neste sentido ao longo do desenvolvimento da cultura pol tica medida que o sistema capitalista avan ava se desenvolviam diferentes concep es de direito Inicialmente como avan o em rela o ao dom nio da nobreza passando pela afirma o da burguesia e suas explica es justifica o da perpetua o de sua domina o Nesse processo e em per odos diferentes foram produzidas muitas 233 elabora es com destaque neste estudo para os te ricos do nascente mundo burgu s a exemplo dos liberais Locke e Kant seguidos igualmente na contemporaneidade po
139. a tese de que os direitos naturais s o direitos hist ricos nascem no in cio da era moderna juntamente com a 60 concep o individualista da sociedade tornam se um dos principais indicadores do progresso hist rico 1992 p 02 Esses elementos permitiram uma guinada na hist ria da humanidade se configurando para o autor o n cleo central de uma revolu o que tem seu fim nos ideais de liberdade Na modernidade o conceito de direitos do homem como ess ncia indiscut vel do jusnaturalismo ainda que abstrato adquire na contemporaneidade objetividade no sentido mesmo de realiza o concreta com a Carta de direitos anunciada pela Organiza o das Na es Unidas em 1948 Isto significa para o fil sofo liberal que se em um determinado momento os jusnaturalistas prescreveram uma universalidade abstrata dos direitos vida propriedade liberdade no transcurso dos dois ltimos s culos verificou se a positiva o no sentido jur dico institucional procedimental de novos direitos ao trabalho educa o organiza o sindical entre outros Tudo isso inscrito no universo da luta pol tica como forma de regular o conflito Para Bobbio a luta do liberalismo pelos chamados direitos de liberdades apesar de estar ligada a um contexto hist rico espec fico onde havia uma disputa por hegemonia entre a burguesia e a nobreza foi o que impulsionou diversas lutas das quais contribu
140. a unidade identit ria mas em confronto aberto e democr tico na disputa por sua dire o Neste ponto a pesquisa te rica pautar se pelas diversas elabora es registradas na literatura profissional resultado de estudos pesquisas e experi ncias pr tico operativas do exerc cio profissional revelando as tend ncias que marcam o complexo da cultura profissional no cen rio atual Face ao exposto a presente investiga o conduzida no sentido de identificar as tend ncias que estruturam a concep o de direito no debate do Servi o social contempor neo examinando em que medida repercute como forma o de cultura profissional e dire o social assumida pela profiss o Este estudo fundamenta se na tradi o marxista privilegiando o conceito de direito na sua forma jur dica burguesa segundo o entendimento de que ainda que n o se constitua como uma particularidade exclusiva das rela es de produ o capitalista como fen meno s cio hist rico est subsumido a estrutura das rela es sociais numa dada sociedade Portanto compreender sua fun o social e dimens o contradit ria requer situ lo no contexto da analise das forma es sociais Nesta perspectiva e do ponto de vista assumido neste trabalho o direito se constitu como um fen meno s cio hist rico que possui particularidades em 1 Com refer ncia ao objeto de estudo aqui investigado muito revelador que na produ o de conhecimentos no Servi o
141. abalhadora com o Estado e as classes dirigentes Desta perspectiva constituem se as bases origin rias de uma tend ncia cultural e institucional voltada para conceber o usu rio como portador de direito o que sup e naquele momento a necessidade de se pensar estrat gias profissionais que dessem conta de organizar e mobilizar as classes premissa que porta um princ pio educativo e integra a possibilidade de preparar as classes subalternas para a tarefa da contra hegemonia de modo que esta se constitua com base em uma nova cultura fundada sob uma nova racionalidade a fim de se construir uma outra sociabilidade Para Abreu a solidariedade e a colabora o intraclasses subalternas bem como a mobiliza o a capacita o e a organiza o das mesmas classes apresentam se como elementos constitutivos de um novo princ pio educativo base de uma pedagogia emancipat ria na medida que em condi es hist ricas determinadas contribuem para subverter a maneira de pensar e agir isto a ordem intelectual moral estabelecida pelo capital e plasmam novas subjetividades e condutas coletivas indicativas de uma nova cultura 2002 p 135 166 No plano pol tico end geno profiss o um outro elemento que faz acompanhar esta nova tend ncia do Servi o Social refere se ao crescimento da politiza o de parcelas significativas da igreja expressamente caracterizada como esquerda crist que passa a compor junto com
142. ade p de determinar como indispens veis para promover uma vida digna sendo por sua vez a cobertura de um sistema de prote o social definidora do quantum de segmentos sociais ser o contemplados pela cidadania Cumpre notar que para al m das fronteiras inglesas o car ter efetivamente universalisante da cidadania e sua possibilidade de alargamento cristalizada nos direitos comp e um cen rio crivado de limita es ante as mudan as s cio culturais e o aprofundamento da barb rie no ltimo s culo malgrado as controv rsias e os dissensos irreconcili veis entre aqueles que n o acreditam na plausibilidade das respostas forjadas pela cultura dos oitocentos expresso pela for a categorial da universalidade no pensamento ilustrado em sua capacidade de problematizar a contradi o fundante da sociedade de classe igualdade desigualdade Neste aspecto de fundamental considera o lembrar que a defini o linear que Marshall imprime ao seu conceito de cidadania representado por uma esp cie de evolu o dos direitos e status de cidad o reside no fato de ter introduzido em sua teoria o conceito de inclus o exclus o o que permitiu uma leitura extremamente reificada no terreno da igualdade Esta tend ncia como bem esclarece Lessa 180 expressa fielmente a consci ncia fenom nica superficial n o haveria mais explorados apenas exclu dos E com duplo sentido O primeiro claramente preconceituoso refor a o c
143. ade a contra reforma iniciada por seu antecessor fortalecendo a abertura comercial a desregulamenta o do mercado de trabalho e do setor financeiro a redu o dos direitos sociais a desindexa o dos sal rios o pagamento da d vida e outra s rie de medidas que negaram a hist ria pol tica que marcou a origem do Partido dos Trabalhadores Na avalia o de Dias Na campanha eleitoral se prometeu o c u mas pratica se o inferno Diante do quadro brutal de desemprego concentra o de renda aumento da viol ncia degrada o de gera es inteiras o m nimo requerido era um balan o para saber o que fazer Nada disso foi feito pelos rec m chegados ao Planalto A transi o foi civilizada aceitou se n o apenas a estrat gia de FHC FMI mas tamb m as contas Sem nada a contestar O custo social imenso 2006 p 182 obvio que n o se pode negar a hist ria e ignorar a grande contribui o que o partido deu a na o na reconstru o da democracia atrav s das lutas que travou contra a ditadura na Campanha pelas Diretas j na abertura pol tica no movimento pr constituinte al m da cria o da Central nica dos Trabalhadores CUT e do Movimento dos Sem Terra MST Alhures defendendo os interesses e reivindica es da classe trabalhadora nas lutas sindicais atrav s dos movimentos populares e dos movimentos sociais o que torna mais patente os refluxos em sua concep o classista e em seu p
144. ades a capacitar os profissionais para a defesa destes direitos uma vez que est o centrados no contexto mais geral da defesa pela cidadania portanto devendo ser assumidos por todos como obriga o profissional da seguindo a consequente orienta o 185 Imprimir luta pela defesa de Direitos Humanos a perspectiva de classe social entendendo que a defesa dos direitos vida ao trabalho sa de a educa o e outros interessam luta pela constru o de uma sociedade alternativa ao capitalismo CFESS Cress 2002 Seguindo o entendimento de que n o parece haver incompatibilidade entre os direitos humanos e os direitos de cidadania tal perspectiva tende a conceber em um o n cleo fundante do outro naquela refer ncia de expans o e incorpora o de novos direitos ao status de cidadania Se considerados no debate mais abrangente da cultura pol tica qualquer perspectiva anal tica sobre as quest es que envolvem os complexos desafios do jogo democr tico consensualmente tem incorporado tais direitos no campo da cidadania contempor nea separando apenas por efeito did tico as origens que demarcam o campo de diferencia o entre ambos tal como tamb m defende Bobbio que v na ess ncia dos direitos humanos e de cidadania uma mesma unidade os direitos do homem nada s o mais do que direitos do cidad o e s o direitos daquele somente enquanto s o direitos destes 1992 p 30 No Servi o Socia
145. ador do seu tempo uma concep o prenhe de ideologia a do individualismo que se socorre burguesia 1 2 Direito e moral no pensamento kantiano O pensamento pol tico e jur dico de Immanuel Kant encontra se em uma de suas grandes obras intitulada A Metaf sica dos Costumes que de 1797 e est dividida em duas partes uma que se refere doutrina do direito e outra que diz respeito doutrina da virtude Seguindo a tradi o grega Kant vai ratificar a compreens o da filosofia que era dividida em tr s ci ncias a f sica a l gica e a tica A primeira ocupando se das leis da natureza a segunda do formalismo e a terceira tratando as leis que se referem liberdade denominada tamb m por Kant filosofia da moral Portanto quando Kant se refere a uma Metaf sica dos Costumes pretende tratar do objeto tradicional da tica ou da filosofia moral mas o far de modo que nenhum outro pensador do seu tempo o fez elevando a a um n vel tal de racionalidade que resultou em uma teoria impregnada de abstra o Por isto diz se que a moral 5 O conceito de ideologia utilizado neste trabalho segue o ngulo da an lise gramsciana o qual expressa uma perspectiva ampla portanto o significado mais alto de uma concep o de mundo que se manifesta implicitamente na arte no direito na atividade econ mica em todas as manifesta es da vida individuais e coletivas GRAMSCI 1978 p 16 Como concep o de mundo
146. advoga a tese de que cidadania e democracia s o conceitos universais portanto trans hist ricos e se tornados plenos atravessa a modernidade e termina por se chocar com a l gica do capital Cumpre notar que na cultura pol tica esta tend ncia foi disseminada no interior do marxismo ap s 1945 tendo como inspira o o socialismo reformista que passou a defender o car ter universal dos direitos sociais e humanos apostando de modo cada vez mais intenso na capacidade democr tica do Estado para ampliar a cidadania atrav s das reformas s cio pol ticas levando paulatinamente o capitalismo a transforma es substantivas Ao se referir criticamente a esta concep o explica Tonet a luta pelos direitos humanos pela cidadania e pela democracia teria por si mesmo um car ter revolucion rio na medida em que no limite se chocaria com a din mica do capital de modo que sua plena realiza o somente seria poss vel com a supress o desse ltimo 2002 p 6 182 Deriva da o entendimento de que a luta por direitos se localiza num plano pol tico sobreposto justificado como causas c vicas universais uma vez que parte constitutiva da cultura moderna e extremamente estrat gico nos tempos de incertezas em que projeta a todos a sociabilidade contempor nea Nesta perspectiva os direitos s o concebidos como funcionais e corretivos diante dos efeitos produzidos pela acumula o do capital fazendo avan
147. al notadamente realizadas por Korsch Luk cs Rosa Luxemburgo Gramsci entre outros n o foi bastante para arrefecer os nimos provocados pela revolu o de Outubro sobretudo pelo fato do partido comunista russo ter conquistado hegemonia nos debates da Ill Internacional no que resultou em um dos registros da hist ria mais dram ticos ao se combinar pr tica pol tica revolucion ria com teoria pretensamente marxista Trata se do desenvolvimento da autocracia stalinista deixando para o movimento socialista revolucion rio uma heran a funesta de equ vocos te rico metodol gicos e pr ticas pol ticas arbitr rias e dessocializadoras do humano Sobre ele discorre Dias criou se um campo de barb rie burocr tica Neutralizou se n o apenas a possibilidade da liberdade mas e fundamentalmente se inviabilizou a pr pria possibilidade de se constru rem formas distintas de materialidade e subjetividade hist ricas ou seja de uma nova racionalidade 1997 p 103 116 Identificando como um fen meno de natureza complexa este contexto s cio pol tico n o se limita s diferen as de an lise sobre as rela es entre economia e pol tica reforma ou revolu o Atravessado tamb m por determina es hist ricas esse momento se constitui por um processo difuso perpassado por tens es e contradi es Em As esquinas perigosas da Hist ria Val rio Arcary ao fazer um balan o hist rico das revolu es afirma que
148. al de Servi o Social CFESS Tamb m abrange a pesquisa bibliogr fica produ es udio visuais como CD ROM e fitas cassetes Assim o objeto de estudo foi recortado 1 por amplo rastreamento bibliogr fico e documental sobre o tema seguido pela an lise rigorosa efetuado em todo processo de apreens o do real 2 sele o estudo e an lise das fontes selecionadas 3 sistematiza o deste material focalizando a produ o e refer ncia em que a tem tica sobre os direitos apare a e 4 an lise imanente do material coletado operando te rico metodologicamente com o objetivo de captar as tend ncias te rico pol ticas que informam o debate sobre os direitos na cultura pol tica e profissional No processo de exposi o o trabalho foi organizado em tr s partes seguindo um racioc nio tem tico mas procurando acompanhar a processualidade hist rica do objeto de estudo priorizando em cada cap tulo um determinado ngulo da quest o No primeiro cap tulo denominado Direito Liberdade Emancipa o elementos da cultura pol tico filos fica moderna e contempor nea o estudo procura numa vis o panor mica submeter an lise sobre o direito a um processo de atualiza o hist rica passando em revista a sua incorpora o pelas maiores express es do pensamento iluminista indo desde as formula es origin rias liberais at a cr tica radical de Marx sendo poss vel verificar como se constitui como fen meno s
149. alizado de maneira sutil mas ostensiva no campo da pol tica pelo jur dico institucional e por conven es morais na sociedade constitu da sobremaneira pelo car ter fragment rio dos 238 processos reivindicat rios com pautas voltadas para as denominadas minorias pol ticas ou grupos minorit rios Paradoxalmente este processo revela a dificuldade no campo da esquerda em construir pautas universais voltadas a um projeto que potencialize a identidade das classes subalternas na perspectiva de transcender a vis o de mundo imposta pela cultura dominante na busca incessante pela conquista da hegemonia AMARAL 2006 p 75 Assim parece ter se tornado un nime no pensamento pol tico contempor neo o debate em torno da defesa da democracia como princ pio n o s fundador da aspira o dos indiv duos liberdade o que sup e uma rela o intr nseca entre direitos pol ticos e liberdades individuais mas sobretudo como ordena o universal nica e leg tima capaz de proteger tais liberdades nem tanto atrav s de direitos positivos mas apoiados com base em uma concep o de justi a e direito que possa ir al m do meramente arbitr rio primordialmente que corresponda a intui es morais aceit veis igualmente por todos e reconhecidas consensualmente pela comunidade pol tica No Brasil a tend ncia deste debate marcada por uma divis o social inconcili vel em que a complexidade da
150. all o status n o foi eliminado do sistema social O status diferencial associado com classe fun o e fam lia foi substitu do pelo status uniforme de cidadania que ofereceu o fundamento da igualdade sobre a qual a estrutura da desigualdade foi edificada 1967 p 79 181 Conflui na defini o dessa compreens o inclusiva de integra o e mobilidade social a que o alargamento do status de cidadania p de promover como possibilidade de um padr o de civilidade que se d pelo reconhecimento e garantia de direitos os ganhos auferidos no conjunto das conquistas welferianas donde o modelo de prote o social se caracterizou como via de acesso ou de transi o ao estatuto de cidadania Neste sentido essa concep o tem sido em larga medida difundida reproduzida e disseminada na cultura profissional vis vel na organiza o coletiva nos espa os de debate e socializa o da produ o intelectual atrav s da inser o nos espa os de gest o das pol ticas sociais nos ambientes s cio ocupacionais entre outros onde a no o de exclus o inclus o explicita os conte dos s cio pol ticos definidores dos n veis de igualdade desigualdade sendo reconstru da conceptualmente e promovida ao estatuto de categoria da teoria social marxiana numa leitura que tem nos direitos sociais sua maior expressividade Um exemplo privilegiado dessa interpreta o encontra se nas an lises de Coutinho 2000 p 66 a qual
151. almente atrav s de Vyschinski 1883 1954 A primeira proposi o consagra o esfor o not vel dos autores em resgatar a teoria social marxiana em sua espec fica apreens o sobre as determina es materiais do direito Com destaque sobretudo para a obra de Pachukanis que rigorosamente retorna a Marx isto n o apenas s refer ncias ao direito encontradas em O Capital mas principalmente inspira o original ao recuperar o m todo como explica Naves 2000 p 16 No seu livro A Teoria Geral do direito e o marxismo o autor procura superar as interpreta es vulgares que apresentam o direito como instrumento de classe assente em seu aspecto normativo negando assim as exig ncias metodol gicas de Marx que procura demonstrar como determinada rela o social sob certas condi es adquire uma forma particular de fen meno social Inicialmente o objetivo de Pachukanis apreender a natureza real do fen meno jur dico em sua determina o social burguesa inscrito portanto no 31 Para uma melhor compreens o das tend ncias ideo pol ticas que transpassam o contexto da elabora o te rica pachucaniana Cf M rcio Brilharinho NAVES Marxismo e direito um estudo sobre Pachukanis Boitempo S o Paulo 2000 Para este texto a t tulo de nota transcrevo da p 22 23 o esclarecimento do autor sobre este ponto o que vamos procurar demonstrar que desde a sua obra principa
152. amento e da pr tica conservadora para poder efetivamente criar estrat gias contra hegem nicas com lucidez criativa tornando atual e urgente as palavras de luta do passado Afinal pergunto com M sz ros 2002 p 37 como entender a pol tica como a busca do poss vel socialmente confi vel se a viabilidade de qualquer alternativa aos imperativos da ordem vigente est a priori exclu da por ser imposs vel Tal perspectiva n o ser poss vel sem um exame prof cuo das contradi es que perpassam o sistema de direitos situado no mago da democracia e da emancipa o pol tica como l cus privilegiado do processo de antagonismo da sociedade civil qual seja classe e revolu o Um balan o atento deste quadro mostrar que a perspectiva de luta por direitos na dire o de um projeto orientado na constru o de uma alternativa contra a ordem exigir uma cr tica amarga e contundente cultura pol tica contempor nea da ordem avan ando para a organiza o de uma nova reforma moral e intelectual na perspectiva emancipat ria das classes subalternas que no dizer de Dias possa objetivamente sair dos limites do aqui e do agora da limita o da imediaticidade e reconstruir a pol tica como atividade fundadora de uma nova ordem social para al m do capital 2002 p 143 231 Nesta angula o a ades o desta preposi o pela cultura profissional parte de um projeto de constru o coletiva que
153. ania esta sendo identificada como um atributo comum a todos os membros da sociedade portanto utilizada como medida efetiva de igualdade MARSHALL vis vel no corpus da cultura pol tica contempor nea a not vel centralidade ganha pela cidadania no debate das ltimas d cadas do s culo XX o que permitiu um certo alargamento do perfil sem ntico dessa categoria para al m de sua compreens o como atributo ou como mero estatuto jur dico Recorde se que em Marshall e para diz lo com suas pr prias palavras Cf Rojas Couto 2004 Coutinho 2000 Barroco 2002 Boschetti 2004 179 A cidadania um status concedido queles que s o membros integrais de uma comunidade Todos aqueles que possuem o status s o iguais com respeito aos direitos e obriga es pertinentes ao status N o h nenhum princ pio universal que determine o que estes direitos e obriga es ser o mas as sociedades nas quais a cidadania uma institui o em desenvolvimento criam uma imagem de uma cidadania ideal em rela o qual o sucesso pode ser medido e em rela o qual a aspira o pode ser dirigida MARSHALL 1967 p 76 Nestes termos a subst ncia da cidadania remete aos processos no qual a sedimenta o por direitos equacionou em sociedades modernas os dilemas hist ricos da integra o social o que corresponde aos componentes do bem estar formando parte do patrim nio cultural e material do s culo XX cada comunid
154. ania reduzida ao distributivismo das pol ticas sociais a cultura profissional acaba absorvendo a ofensiva ideol gica contempor nea que tenta a todo custo suprimir a perspectiva de classe e as possibilidades de constru o de uma nova cultura avan ando para elabora es mais abrangentes no campo da pol tica apoiadas para n o sair do campo progressista nas bem intencionadas concep es colhidas na fonte de que se socorre t tica aliancista respons vel tamb m pela perda de referencia dos trabalhadores como classe em si e para si No plano ideo pol tico essas configura es assumem uma din mica ainda mais complexa medida que corrobora com a frente ideol gica que marca a cultura contempor nea a qual submete a exist ncia alienada e mortificada dos indiv duos para al m da produ o material propriamente dita negando o trabalho como n cleo decisivo enquanto fen meno origin rio gerador da vida social e que se transforma em for a motriz da pr pria hist ria Deste modo concordo com o ponto de vista de Mota quando diz que no campo anticapitalista o que est em discuss o a constru o da alteridade do trabalho da apropria o do valor de uso do trabalho pelos trabalhadores processo que op e radicalmente mercantiliza o das rela es sociais 2006 p 9 Neste sentido a tend ncia que se apresenta na cultura profissional por mais identificada que esteja com demandas voltadas constru
155. ansi o a um padr o igualit rio de civilidade que come a pelo reconhecimento e garantia de direitos no capitalismo mas n o se esgota nele Contudo constitui requisito fundamental na institui o de bases objetivas para radicaliza o da democracia CARTA DE MANAUS CFESS Cress 2005 Apontada na leitura profissional com base na estrat gia de enfrentamento crise atual imposta pelas pol ticas recessivas neoliberais a proposi o ainda que sugira n o esgotar se nos limites da cidadania burguesa a partir do que considera fundamental para o avan o democr tico parece nem sempre ultrapass las em termos prepositivos pois ao apontar sa das visando a articula o de pol ticas p blicas universais que combatam as desigualdades sociais e promovam a efetiva redistribui o de riqueza socialmente produzida no pa s ibid id centraliza a luta por direitos no mbito dos interesses imediatos do conjunto das classes subalternas cuja refer ncia se mant m no padr o de garantias da emancipa o promovida pela cultura do bem estar sem evidenciar os v nculos desse processo com a luta mais abrangente pela emancipa o social Uma consequ ncia disso talvez seja a dissemina o de uma tend ncia dentro da cultura profissional de associar os compromissos profissionais ao fortalecimento do Estado no enfrentamento da quest o social referidos nos 214 interesses das classes subalternas o que demanda interes
156. aprofundando e particularmente refor ando as linhas de for a que desde sempre pactuaram formal e descaradamente contra o desenvolvimento democr tico no pa s Neste sentido a instaura o do golpe de abril representou a conquista de uma conspira o hegemonizada pela burguesia nacional e internacional expressando o dom nio das for as mais retrogradas do pa s sobre as mais democr ticas constituindo se assim um processo que se denominou de moderniza o conservadora para expressar o car ter concentrador do desenvolvimento econ mico do pa s De acordo com Mazzeo os interesses iam um pouco al m dizendo que as transforma es externas do capitalismo mundial e do imperialismo aprofundam ainda mais as dificuladades dessa burguesia for ando a a entender que ela n o podia reintegrar o Brasil no quadro da economia mundial sem romper tamb m com a utopia da democracia burguesa em um pa s de tradi o colonial e com a ilus o de um nacionalismo burgu s dada a subordina o estrutural da economia brasileira aos p los centrais do capitalismo 1999 p 137 137 Como pano de fundo al m dos fundamentos econ micos de promo o em larga escala da mais valia absoluta a estrat gia ideo pol tica implementada pela ditadura girava explicitamente em torno da cristaliza o do processo s cio pol tico iniciado anos antes com a emers o das for as democr ticas no cen rio pol tico brasileiro inflexionand
157. ar ter de p rias que os explorados sempre ocuparam na sociabilidade burguesa O segundo torna a quest o da explora o n o uma quest o da supera o da sociedade de classes mas uma quest o de inclus o dos p rias sociedade capitalista LESSA 2001 p 13 E continua dizendo ao ser incorporada ao discurso pretensamente cient fico a enorme imprecis o da express o exclus o social possibilita uma ampla gama de manipula es ideol gicas Acima de tudo confere uma apar ncia contestadora a um termo que pode ser empregado indistintamente pelos burocratas do Banco Mundial do governo FHC e tamb m pelos que se pretendem cr ticos ao status quo ibid id Nesta perspectiva a estrutura da rela o do direito como possibilidade dos sujeitos se reconhecerem como inclu dos socialmente promove um deslocamento do conceito de igualdade assente no sistema das rela es concretas da reprodu o do capital para uma esfera abstrata inscrita pela id ia de inclus o A rigor esta no o resulta de um ideal de sociedade estruturalmente funcionalizada onde um quantitativo crescente de indiv duos adquire direitos de participa o e acesso a bens e servi os quer se trate de mercadorias empregos cargos funcionais pol ticas sociais cultura comunica o associa es pol ticas entre outros relevantes vida social e semelhante aos consagrados pelo status de cidad o propriet rio Como afirma o pr prio Marsh
158. arismo Diante deste quadro e nas condi es hist ricas brasileiras o campo da emancipa o pol tica numa conjuntura regressiva por que passa a sociedade desde os anos 90 que sup e a n o interven o do Estado na quest o social a flexibiliza o do mercado de trabalho a regress o de direitos constitucionalmente garantidos a refilantropiza o da assist ncia entre outros faz com que a luta por direitos assuma concretamente o significado de resist ncia no confronto das classes em presen a O que salutar e extremamente necess rio para o campo da socializa o da pol tica o que de pronto desfaz qualquer possibilidade de interpreta o de que este estudo possa vir a condenar como est ril todo intento de luta pelos direitos O que se procura demonstrar a import ncia de se qualificar o debate e a luta em torno dos direitos sobretudo nesse momento hist rico em que acontecimentos dram ticos ganham dianteira com o avan o do consenso neoliberal que a todo custo procura negar as for as e contradi es das classes Nestas circunst ncias as tend ncias advindas desse processo din mico e contradit rio s o reproduzidas no interior da categoria com peso ponder vel na forma o da cultura profissional fazendo com que o tensionamento de fundo que balisa as estruturas imanentes do projeto profissional se coloquem novamente em flanco aberto remanescendo o jogo de for as e as disputas internas de que foi exemplo o
159. as consequ ncias com o colapso da d vida externa nos anos 80 constituindo assim a sua revers o em d vida interna p blica fazendo a opini o p blica burguesa a acusar as despesas sociais p blicas estatais como o grande vil o da crise no pa s justificado a em nome da desmoraliza o da pr pria fun o social p blica gerando portanto a necessidade de se criar pol ticas p blicas abstra das dos princ pios do direito social N o por acaso vem ganhando espa o na cultura pol tica contempor nea a defesa de uma esfera p blica como espa o n o institucionalizado que tem lugar as rela es de coopera o e experi ncias locais e pol ticas por onde se realiza a din mica da cidadania na esfera da sociedade civil ou do terceiro setor como defende o neoliberalismo Este processo inserido na cultura profissional aparece referido no discurso da democratiza o e universaliza o das pol ticas sociais sugerindo o compromisso profissional com o fortalecimento da cidadania e da sociedade civil na constru o de uma esfera p blica n o estatal Ao apontar esta tend ncia no discurso profissional anota Abreu a publiciza o dos recursos institucionais colocada como parte do componente estrutural da nova rela o sistem tica do Assistente social com os usu rios dos servi os por ele repassados a qual se sustenta no compromisso com a qualidade dos servi os prestados popula o A publiciza o ent o
160. assado e as insufici ncias de um Estado ineficiente desmedido e perdul rio cristalizando na opini o p blica o ros rio neoliberal Por extens o com uma agenda de reformas profundamente conectadas com os circuitos s cio econ micos mundializados e com o compromisso de fortalecer o regime democr tico Os estudos que tratam sobre a ofensiva neoliberal ao longo deste per odo tendo como marco o pleito eleitoral de 1989 com a coroa o do pr ncipe das alagoas demonstram claramente as contradi es que envolveram os projetos de sociedade que vinham se debatendo com a transi o democr tica no Brasil indicando a todos que a p fia da vanguarda do atraso OLIVEIRA desde sempre operou a favor da integra o passiva dos dominados No curso dos acontecimentos pol ticos especialmente deflagrados pelo governo de Fernando Henrique Cardoso 1994 2002 que dando continuidade ao desmonte da na o LESBAUPIN 1999 iniciado por Collor de Mello 1990 52 Segundo Elaine Rossetti BEHRING O passaporte brasileiro para a mundializa o a ofensiva neoliberal dos anos 1990 In Brasil em Contra Reforma desestrutura o do Estado e 128 1992 submete o pa s a uma profunda crise econ mica controlada pelo Fundo Monet rio Internacional FMI o Banco Mundial BM e as receitas neoliberais resultando no curso dos seus dois mandatos em um sucateamento das empresas estatais e deteriora o dos servi os p blicos
161. atado sobre o Governo onde termina a lei come a a tirania se a lei for transgredida em preju zo de outrem Quem quer que exercite a autoridade para ir al m da lei e fa a uso da for a sob seu comando para furtar se ao que a lei determina n o deixa de atuar como magistrado Como n o tem autoridade para isso pode sofrer oposi o como qualquer homem que viola pela for a do direito alheio 1973 p 169 Para ele a legitimidade do poder s deve ser considerada medida que se garantam os direitos naturais dos indiv duos como a vida a propriedade e a liberdade Indiv duo este que dotado de direitos naturais emerge de maneira imperativa na tradi o cl ssica liberal como indiv duo sujeito de direitos Esta de ser sujeito de direitos n o apenas vai revolucionar concep o ontol gica toda uma compreens o de homem e sociedade at ent o concebida pela humanidade como fornecer as bases reais e concretas para a constitui o de uma Ontologia ovto ser Xoya discurso discurso acerca do ser o campo da filosofia que estuda o ser sua estrutura fundamentos e movimentos Aqui o termo uso compreens o n o se vincula ao entendimento da ontologia do trabalho numa perspectiva marxiana presente no conjunto das obras do fil sofo H ngaro George Luk cs 1885 1971 O termo na tradi o da filosofia liberal adquire um status epistemol gico usualmente identificado como metaf sico com clara fun
162. atores institucionalizou nos marcos jur dico legais a abertura democr tica e positivou ao mesmo tempo direitos individuais e coletivos favorecedores do bem estar social e da cidadania burguesa o que levou Jos Paulo Netto a afirmar que sem ferir a ordem burguesa ela assentou os fundamentos a partir dos quais a din mica capitalista poderia ser direcionada de modo a reduzir a n veis toler veis o que os pr prios segmentos das classes dominantes ent o denominavam de d vida social 1999 p 77 No entanto esta assertiva n o seria peculiar se n o se apresentasse numa conjuntura de contraponto a mais nova crise do capital que nos pa ses centrais se consolidava com pol ticas de ajustes macroecon micos Em vista disso se o contexto mundial na d cada de 80 foi de severa depress o nos termos de Hobsbawm 1995 com o colapso dos padr es pol ticos de vanguarda tanto das economias de capitalismo avan ado como das apontadas de socialismo real estas se desmoronando catastroficamente a partir de 1989 com a emblem tica queda do Segundo F bio k COMPARATO R quiem para uma Constitui o In O desmonte da Na o Balan o do Governo FHC Ivo Lesbaupin Org 1999 p 16 A Constitui o Moderna um instrumento de defesa dos governados contra os governantes Se ela n o exerce esse papel se ela se limita a suprimir os freios ou obst culos ao exerc cio do poder em nome da governabilidade
163. atureza particular dessas normas Fato que tem aprofundado o processo de passiviza o das rela es entre Estado e sociedade provocando um novo conformismo que tende a neutralizar com mais vigor as lutas pol ticas de car ter classista e emancipat rio Penso que a atual subsun o jur dica vida social e pol tica com seu correlato discurso do direito a ter direitos inaudita no campo pol tico os caminhos para se construir uma cidadania que leve em considera o os antagonismos e a luta de classe no dram tico enfrentamento contempor neo da quest o social Ali s a considera o de uma cidadania concebida como o direito a ter direitos neutraliza a contradi o atinente ao direito como fen meno social gerando s rias consequ ncias em termos de t ticas e estrat gias constru das pela a o pol tica das classes subalternizadas nas suas lutas por emancipa o Tal como expresso esse quadro n o pode deixar de apresentar uma tens o de fundo que sugere desdobramentos cruciais no mbito da luta pela hegemonia de um projeto classista emancipador Trata se da aparente dilui o do debate contempor neo a meu ver equivocadamente realizado em nome do pluralismo democr tico entre o discurso do direito a ter direitos e a luta hist rica das classes trabalhadoras em suas diferentes trincheiras e inser es pela garantia de direitos 207 Contraditoriamente refletir sobre o discurso do direit
164. bsequente 105 Para as classes trabalhadoras esse movimento provocou ranhuras numa cultura pol tica que historicamente comportava alternativas ordem do capital fundada no ide rio socialista Sua principal consegu ncia a fragmenta o de uma postura anticapitalista no interior dos movimentos sociais das classes subalternas ou at mesmo nas lutas por algumas reformas sociais 2000 p 91 Assim esse processo de reestrutura o e crise como unidade org nica real e que se tornou mundial e sem precedentes reeditava com mais vigor problemas afetos quest o social da qual a era de ouro parecia ter eliminado O mundo se viu novamente s voltas com o desemprego em massa o aprofundamento da pauperiza o da classe trabalhadora as rigorosas depress es c clicas e uma forte ofensiva ao Welfare State que em sua articula o com o chamado processo de social democratiza o pelo qual uma esquerda redistributivista acabou por permitir um arco de alian as aparentemente duradouro em rela o s necessidades do capital DIAS 1997 p 16 entrou em profundo retrocesso Vistos em sua totalidade a base material dessa cultura do bem estar revela um tempo s cio hist rico rico de movimenta o da a o das classes num duelo escancarado na busca pela constru o da hegemonia n o obstante a intensifica o das pol ticas keynesianas representarem no jogo classista de for as um movi
165. ca do capitalismo pudesse levar ao esgotamento e ou colapso o pr prio sistema supervalorizando assim a concep o economicista da realidade social e a transformando numa aut ntica teoria fatorialista da hist ria id ibid p 19 A partir de ent o operou se uma certa cristaliza o dos princ pios e fundamentos cr ticos do pensamento de Marx com repercuss es dr sticas para o movimento organizado da classe trabalhadora e a pr pria condu o da luta de classe Suas consequ ncias indubitavelmente se viram notar no cotidiano da pr tica 115 pol tica da classe trabalhadora e nos partidos de esquerda identificados com a luta socialista Deste modo a cria o de um campo f rtil de pol micas e cr ticas presentes no interior da tradi o marxista que n o se apresenta como um modelo indiferenciado de pensamento abre espa o para o embate de id ias contra hegem nicas no interior do marxismo o qual ficou conhecido pelo pensamento da III Internacional que ao disporem de um arsenal te rico metodol gico coerente com a filosofia da pr xis e o materialismo hist rico herdado de Marx desmistificam os postulados da Il Internacional identificando o como um pensamento mecanicista e determinista fazendo do marxismo uma filosofia da consci ncia pr xima do idealismo hegeliano e distante do materialismo FREDERICO 1995 p 9 N o obstante as fecundas tentativas dos cr ticos da Il Internacion
166. cada um dos dois s cuida de si mesmo A nica for a que os junta e os relaciona a do proveito pr prio da vantagem individual dos interesses privados id ibid Esse processo criar portanto todas as condi es necess rias para a absoluta mercantiliza o das rela es sociais o que significa tamb m a completa realiza o do momento jur dico na organiza o social e nele a express o cabal da sociedade burguesa Sen o vejamos se os pressupostos da produ o se coisificam as rela es entre as pessoas tamb m aparecem como derivadas dessas coisas A 52 invers o se completa sob a forma de fetiche social e os ideais de liberdade individualidade e igualdade s o conceitos correlatos ao fetichismo da mercadoria Os homens passam ilusoriamente a creditar s suas esperan as uma id ia aparente de liberdade e igualdade universais e reconhecimento pleno de direitos Tais limites ficam expostos por Marx logo no primeiro par grafo do texto A Burguesia e a Contra Revolu o onde afirma de forma categ rica jamais o escondemos Nosso terreno n o o terreno do direito Rechtsboden nosso terreno revolucion rio 1987 p 35 Com isso ele quer enfatizar que o vetor social imprescind vel ao movimento de transforma o situa se no terreno da luta de classe cuja realiza o do pol tico passa pela cr tica ao privado e pela sua supera o em dire o sociedade humanamente emancipada que reclam
167. cia ao desenvolvimento santo ou m rtir A id ia era melhorar as condi es de vida dos pobres tarefa que lhes parecia poss vel 70 dos direitos civis pol ticos e sociais significando em ltima inst ncia uma forma de rationale das classes dominantes inglesas de evitar conflitos e viol ncia importante tamb m lembrar que para al m das fronteiras inglesas a rela o entre cidadania e classe social j configurava um campo de confronto entre o pensamento conservador e o pensamento reformista tendo em vista a terminante problematiza o elaborada por Marx Portanto ao tematizar sobre tais direitos de cidadania o estudo de Marshall ter como pano de fundo a indaga o conforme nos esclarece Barbalet 1989 p 12 se um alargamento da participa o na cidadania poder reduzir a desigualdade de classes ou afetar a estrutura das rela es entre as pessoas de sexos ou ra as diferentes Dado o percurso a que chegou defini o desta problem tica sua proposi o ofuscada pela id ia oculta da desigualdade confere elementos formais e abstratos concep o de cidadania N o obstante estas limita es o estudo marshalliano ainda permanece considerado relevante para muitos enfoques sobre direitos de cidadania sobretudo ap s as experi ncias do Welfare State com o avan o dos direitos sociais Assim ao periodizar os fatos hist ricos relativos esfera dos direitos na Inglaterra Marsha
168. ciais e uma maior subordina o do trabalho sobre o capital Seguindo esta dire o h uma tend ncia do Estado mudar a regula o e o controle sobre as condi es de uso da for a de trabalho bem como seu papel nas reas de pol ticas de prote o social Tais altera es s o requeridas como ajuste do Estado para potenciar ao m ximo as interven es do capital na sua hist ria de acumula o Se na ideologia cl ssica do laisses faire o mercado e o Estado s o constitu dos por princ pios antag nicos portanto inconcili veis sendo o primeiro aquele que assegura e preserva o direito liberdade econ mica e o segundo o n cleo fundamental da coer o com o neoliberalismo esta tend ncia redimensionada medida que o mercado consegue passivizar o Estado assegurando a sociedade civil o pleno desfrute dos bens sociais sem interfer ncia de nenhuma ordem De acordo com Chesnais O triunfo da mercadoriza o isto daquilo que Marx chamava de fetichismo da mercadoria total mais completo do que jamais foi em qualquer momento do passado O trabalho humano mais do 126 que nunca uma mercadoria a qual ainda por cima teve seu valor venal desvalorizado pelo progresso t cnico As legisla es em torno do emprego do trabalho assalariado que haviam sido estabelecidas gra as s grandes lutas sociais e s amea as de revolu o social voaram pelos ares e as ideologias neoliberais se impa
169. cial UFPE Orientadora ta Profa Servi o Social UFPE Examinadora Aua daudana ob Dra ngela Santana do Amaral Profa Servi o Social UFPE Examinadora Dra Yolanda e Profa Servi o Social UFRJ Examinadora Dra Ana Elizabete Dr Fernando M alh os Prof Filosofia UFPE Examinador Dedicat ria Aos meus pais que muito amo Ailton e Lindacy De tudo ficaram tr s coisas A certeza de que estamos sempre come ando A certeza de que precisamos continuar A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar Portanto devemos Fazer da interrup o um caminho novo Da queda um passo de dan a Do medo uma escada Do sonho uma ponte Da procura um encontro Fernando Sabino Agradecimentos A todos que contribu ram para a realiza o deste trabalho especialmente P s gradua o em Servi o Social da UFPE e ao CNPQ que financiou parte desta pesquisa Igualmente P s gradua o em Servi o Social da UFRJ a qual propiciou atrav s do conv nio UFPE UFRJ o Doutorado sandu che A minha orientadora Alexandra Monteiro Mustaf e ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre tica GEPE ligado ao Programa de P s gradua o em Servi o Social da UFPE Aos Integrantes da banca examinadora a qual este trabalho foi submetido pela oportunidade da interlocu o e substantivas cr ticas e sugest es s professoras Ana Elisabete Mota e Denise C mara de Carvalho pelo e
170. cial arrog ncia das classes dirigentes e de uma sociedade que se ostenta da riqueza de uns em detrimentos da mis ria de muitos 112 A express o de agonia reverberada pelo cr tico em 1938 conservar se t o atual o quanto regurgita na s tira devastadora do ent o sistema civilizador da ordem burguesa que sob o signo do obscurantismo para usar uma express o machadiana 1839 torna se sin nimo de ang stia de toda a humanidade Mas atente se por ser org nica esta crise n o teve repercuss es apenas no aspecto econ mico e pol tico suas ra zes atingiram o n cleo central dos valores e ideais a que serviam o capital desde que os burgueses ganharam o duelo contra o absolutismo nos idos do s culo XVIII Uma crise que vem colocar em xeque o conte do hist rico social produzido no lastro da modernidade notadamente as teorias racionalistas e humanistas compartilhadas tanto pelo capitalismo liberal como pelo socialismo real 2 1 Da reifica o da cultura do bem estar a ofensiva neoliberal Ao escrever Crise do Socialismo e Ofensiva Neoliberal Jose Paulo Netto tamb m tematiza a conjuntura contempor nea a partir do esgotamento do padr o de bem estar promovida pelo Estado democr tico do p s Il guerra e pelo colapso do designado socialismo real argumentando que a crise envolve o campo como um todo e suas express es nacionais particulares matizando agudizando e ou peculiarizando o processo que as concr
171. cial come a a romper com o tradicionalismo profissional e se vincula ao circuito s cio pol tico latino americano da referida d cada acompanhando pari passu as tend ncias da cultura De acordo com Carlos Nelson COUTINHO em Pluralismo dimens es te ricas e pol ticas Cortez 1991 p 5 6 o pluralismo um fen meno do mundo moderno do mundo gerado pela ascen o da classe burguesa e pela constru o do capitalismo no terreno da ci ncia natural ou social n o o pluralismo n o pode implicar o ecletismo ou o relativismo E sin nimo de abertura para o diferente de respeito pela posi o alheia 3 Express o referida ao Presidente eleito no Brasil Luiz In cio Lula da Silva 136 pol tica democr tica perpetradas pelo protagonismo da classe oper ria pelos intelectuais org nicos e pelos partidos de esquerda e seus aliados o que para o estudo significa buscar pistas na qual expliquem a caracter stica que acompanha o movimento de defesa mais contundente dos direitos de cidadania na cultura profissional 2 3 A cultura antidemocr tica no Brasil p s 64 O processo s cio hist rico condutor do ciclo ditatorial no Brasil p s 64 acompanha de forma contundente e perempt ria uma tend ncia de desenvolvimento ideo pol tica e econ mico social do capitalismo hegem nico norte americano marcado pelo per odo dos monop lios expandindo em dimens es antes inimagin veis o processo de contra revolu o
172. cientam de que ainda restem alguns cacos delas CHESNAIS 1996 p 42 O neoliberalismo sendo constitu do por uma vis o de mundo burgu s procura imprimir a id ia de que o mercado a nica via poss vel para a obten o da liberdade pol tica A consequ ncia desta ideologia a redefini o de um outro modelo de Estado agora subsumido grande burguesia transnacionalizada e suas institui es guardi s como por exemplo o FMI Fundo Monet rio Internacional e o Banco Mundial Na explica o de Dias 1997 p 13 assim a combina o da contra revolu o com a reforma da gest o e da produ o maximizadas uma e outra pela aparente desapari o tempor ria do antagonismo Esta estrat gia revestida de uma concep o modernizante n o deixa para tr s o projeto da classe burguesa ao contr rio vem exatamente para reorganizar o conjunto da sociedade com processo de ampla e profunda reforma intelectual e moral concretizando a difus o massiva de id ias e valores que reconceituam as reivindica es e conquistas hist ricas das classes trabalhadoras nos termos de Mota 1998 p 35 Neste panorama observa se ao longo das duas ltimas d cadas especificamente na Europa central o estilha amento de um conjunto de sistema de direitos que fazem parte de uma tradi o hist rica de lutas de resist ncia de conquistas e avan os da classe trabalhadora assim como o esgar amento de uma dad
173. cion rio In Revista Pr xis n 04 Belo Horizonte Projeto 1995 261 LOCKE John Segundo tratado sobre o Governo Trad Jacy Monteiro In Os Pensadores S o Paulo Abril Cultural 1973 L WY Michael Habermas e Weber Dispon vel em lt http Awww unicamp br cemarx criticamarxista critica9parte4lowy pdf gt Acesso em 12 dez 2006 Estado Na o Nacionalismo Globaliza o Internacionalismo In Revista Praia Vermelha Estudos de Pol tica e Teoria Social Programa de P s Gradua o da Escola de Servi o Social PPGESS UFRJ Vol 2 n 4 segundo semestre 2001 p 62 69 Marxismo e teologia da liberta o Cole o Pol micas do nosso Tempo v 39 S o Paulo Cortez 1991 cr tica rom ntica da civiliza o capitalista e sua rela o com a cultura cat lica In Servi o Social amp Sociedade Revista quadrimestral de Servi o amp Social ano IX n 28 dez 1988 p 127 154 LOSURDO Domenico Hegel Marx e a tradi o liberal Liberdade Igualdade Estado Trad Carlos Alberto Fernando Nicola Dastoli revis o t cnica Marco Aur lio Nogueira S o Paulo Funda o Editora da UNESP 1998 LUCENA Ant nio de Ara jo Corisco o diabo louro montado na besta fera Literatura de Cordel Campina Grande Pb FUNCESP 1993 LUK CS Georg Hist ria e consci ncia de classe estudos sobre a dial tica marxista Trad Rodnei Nascimento Revis o da tradu o Karina Jannini S o Paulo
174. co de suas lutas Ao mencionar as crises dos referenciais pol ticos das classes na conjuntura neoliberal esclarece Mota para as classes trabalhadoras esse movimento provocou ranhuras numa cultura pol tica que historicamente comportava alternativas ordem do capital fundada no ide rio socialista Sua principal consegu ncia a fragmenta o de uma postura anticapitalista no interior dos movimentos sociais das classes subalternas ou at mesmo nas lutas por algumas reformas sociais 2000 p 91 208 inconteste que nas condi es objetivas da atual crise do capital com a forte ofensiva dirigida contra as pr ticas sociais as lutas e conquistas dos trabalhadores a subjetividade da consci ncia coletiva desses sujeitos enquanto classe tenha sido BO situadas em torno do abalada fazendo os recorrer as revolu es pol ticas regime democr tico burgu s para resolverem suas tarefas hist ricas no s culo XX A aposta no entanto ter se ia tornado um fiasco segundo a avalia o de Val rio Arcary ao mencionar os processos de luta na Am rica Latina dizendo que suas espetaculares vit rias democr ticas resultaram em mudan as econ mico sociais insuficientes conquistas sempre incompletas e frustraram as classes que as fizeram 2004 p 28 29 Aos que apostaram que a realiza o das transforma es necess rias nossa sociedade poderia se dar sem rupturas profundas com os projetos pol ti
175. como foram considerados uma amea a ordem liberdade e cidadania burguesa anota Welmowicki privado dos meios de produ o ao trabalhador s restava um caminho buscar seus direitos por meio da a o coletiva a nica esfera em que poderia se opor ao capitalista na disputa pelos frutos do trabalho Sua unidade para impor a amea a da aus ncia da for a de trabalho a greve e obrigar o capital a recuar ainda que parcialmente era sua nica arma Exatamente por isso o capitalista se opunha decididamente ao direito de coliga o ou coaliz o possibilidade de associa o oper ria que pudesse se contrapor for a do capital 2005 p 08 8 Cf 20026 p 854 118 Desta organiza o pol tica e do reconhecimento da exist ncia de direitos coletivos derivam os direitos sociais t o caros aos trabalhadores por terem sido concebidos como direitos advindos da esfera econ mica e determinados pela esfera pol tica atrav s da luta de classe a partir da a o do movimento oper rio e sindical conquistados no s culo XX Sendo assim s o direitos que tendem a satisfazer a equaliza o de situa es sociais desiguais no qual os indiv duos t m direitos e o Estado obriga se a garanti los Segundo Capelletti Diversamente dos direitos tradicionais para cuja prote o requer se apenas que o Estado n o permita a sua viola o os direitos sociais como o direito assist ncia m dica e social
176. concreto do 119 cotidiano dos oper rios o atendimento de interesses imediatos e necessidades referentes sa de habita o educa o cultura lazer previd ncia e assist ncia social em sentido universal constituindo se desse modo instrumento de barganha das classes subalternas e instrumento de luta na perspectiva de uma sociedade emancipada Para esta tend ncia paradigm tica a refer ncia de Marx a cr tica ideol gica burguesa contra as lutas dos trabalhadores pelos direitos ao trabalho em 1824 na Revolu o Francesa evidenciadas como uma das primeiras manifesta es prolet rias em sentido revolucion rio o direito ao trabalho no sentido burgu s um contra senso um desejo m sero piedoso mas por tr s do direito ao trabalho est o poder sobre o capital e por tr s do poder sobre o capital a apropria o dos meios de produ o sua subordina o classe oper ria associada portanto a supera o dial tica do trabalho assalariado do capital e de suas correla es Por tr s do direito ao trabalho estava a insurrei o de junho 1989 p 260 Contudo importa reconhecer que as lutas das classes subalternas suas conquistas pol ticas e sociais embora tenham expressado uma imposi o de limites a explora o do capital nos marcos do pacto fordista keynesiano contraditoriamente representou o processo de despolitiza o das classes subalternas levando para o campo das lutas corporativas a
177. cos que comp em a base de sustenta o do capital acabaram por refor ar a racionalidade que alhures negava realizando o chamado transformismo No mbito das pr ticas organizativas a exemplo do movimento sindical enquanto sujeito coletivo dos mais significativos para o conjunto dos trabalhadores e para o projeto socialista s o inumer veis as an lises que apresentam os retrocessos n o s em rela o s altera es em suas estrat gias pol ticas e concep o classista socialista e anticapitalista como tamb m em rela o as formas de enfrentamento ofensiva materialista do neoliberalismo objetivadas atrav s da substitui o do sindicalismo de resist ncia pelo sindicalismo de resultados de que exemplar no Brasil as mudan as operadas nos anos 90 na Central nica dos Trabalhadores CUT totalmente contr ria a orienta o que marcou o in cio de sua trajet ria nos ano 80 caracterizada pela postura de combate pol tica de desenvolvimento pr monopolista pr imperialista e pr latifundi ria do Estado brasileiro BOITO JR 1999 p 132 Tamb m discutindo sobre o protagonismo dos sindicatos e o modo como redirecionaram suas pr ticas de classe anota Amaral 2 Val rio ARCARY op cit p 39 identifica as revolu es pol ticas como sendo revolu es de Fevereiro e as revolu es sociais como a do Outubro russo Explica ainda Revolu es s o portanto um fen meno hist rico que
178. cunst ncias da crise estrutural do capital mas se por algum milagre pudesse ser implementada nem mesmo chegaria a constituir uma alternativa MESZAROS 2002 p 919 Nestas condi es a estrat gia pol tica da social democracia muito expl cita estatizar o capitalismo reformando a concep o estrutura do Estado que em ltima an lise neutralizado como fen meno s cio hist rico velado portanto do papel que desempenha na reprodu o das classes e submetido a uma id ia fetichizada de poder Entifica se o Estado atribuindo lhe um car ter pol tico transcendente A l gica deste modo oculta o complexo e contradit rio processo de determina o dos constituintes reprodutivos que perpassam a din mica do Estado na rela o entre a ordem sociometab lica do capital e o trabalho Portanto a vertente reformista ou mais explicitamente social democrata acabou por creditar no poder e na conquista do Estado a via pela qual a emancipa o das classes subalternas poderia se realizar Como assinala Bihr mais precisamente 121 tenta se conquistar o poder de Estado pela via legal eleitoral e seu exerc cio efetuado em um quadro institucional burgu s parlamentar Da as caracter sticas da pr tica pol tica dessa variante reformista legalismo juridicidade parlamentarismo para o partido busca de contratos coletivos para os sindicatos Quanto ao socialismo progressivamente reduzido nessa via a uma s
179. cuperando a totalidade tica da sociabilidade entendida de forma adequada como m dium social no qual deve realizar a integra o das liberdades coletivas e individuais Neste sentido a Filosofia do Direito de Hegel se apresenta como a forma mais elevada de todo o sistema de direito natural desde Hobbes at Kant posto que sendo nega o tamb m supera o do que o antecedeu 47 Assim quando se reporta tradi o da Filosofia alem cl ssica percebe se o segredo da teoria idealista da raz o que n o absolutamente outra coisa sen o o pensar abstrato que renuncia a si e decide pela intui o segundo a l cida an lise de Marx 2004 p 134 nos Manuscritos Econ mico filos ficos Logo entende se por que s a virada hist rico materialista p de ser capaz de conferir luta social um lugar adequado na realidade social e as raz es de Marx em dialogar com Hegel recuperando largamente sua dial tica transformando a em seguida ao recoloc la sobre seus pr prios p s LUK CS Portanto quando Marx afirma que o ideal nada mais do que o material invertido e traduzido na cabe a do homem 1983 p 23 porque come a a esbo ar uma nova concep o do real uma nova ontologia operando com o potencial constituinte de uma teoria que procura ir ao encontro do fundamento do ser em vez de espiritualiz lo como o fez Hegel desvendando ao contr rio seu car ter material e seu p
180. d Orlando Vitorino 2 ed Lisboa Guimar es amp C Editores 1976 HELER Agnes A Heran a da tica Marxiana In Hist ria do Marxismo Org Hobsbawn E J 2 parte vol 12 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 HIRST Paul Q A democracia representativa e seus limites Trad Maria Lu za X de A Borges Rio de Janeiro Jorge Zahar 1992 HOBBES Thomas Leviat Edi o 1 Serie Cole o de Ouro S o Paulo Martin Claret 2002 HOBSBAWM Eric Era dos extremos o breve s culo XX Trad Marcos Santarrita Revis o t cnica Maria C lia Paoli S o Paulo Companhia das Letras 1995 Org Hist ria do Marxismo O marxismo na poca da III Internacional De Gramsci crise do Stalinismo Trad Carlos Nelson Coutinho 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Barb rie o guia do usu rio In O mundo depois da queda Eric Hobsbawm Org et ali Trad Jamary Fran a S o Paulo Paz e Terra 1995 p 15 30 HONNETH Axel Luta por reconhecimento a gram tica moral dos conflitos sociais Trad Luiz Repa S o Paulo Ed 34 2008 HORKHEIMER M e ADORNO T Dial tica do Esclarecimento Trad Guido de Almeida Rio de Janeiro Zahar 1985 259 HOUAISS Ant nio VILLAR Mauro de Salles Dicion rio Houaiss da L ngua Portuguesa Elaborado no Instituto Ant nio Houaiss de Lexicografia e banco de dados da L ngua Portuguesa S C Ltda Rio de Janeiro Objetiva 2001 IAMAMOTO Marilda Villela Renova o e co
181. da que comprometida com os interesses das classes subalternas e inscrita a partir de um horizonte societ rio contr rio conjuntura neoliberal posta pela atual crise do capital tem se limitado a esfera das reivindica es assentadas pela cultura do bem estar portanto reduzida ao universo dos direitos sociais institu dos pelo pacto fordista keynesiano que se traduziu em conquistas pol ticas e sociais da classe trabalhadora Nesta perspectiva no seio deste contexto cultural e s cio hist rico que a luta pela defesa dos marcos democr ticos especialmente a reivindica o pela afirma o de direitos se coloca com mais nfase na agenda program tica do Servi o Social contempor neo tendo em vista a profiss o ter protagonizado ao longo dos anos 90 a constru o de um projeto profissional explicitamente comprometido com as demandas da classe subalternizada e vinculado s lutas sociais anticapitalistas Em suas ra zes estas elabora es dentro do Servi o Social apontam para um conte do eminentemente ideo pol tico uma vez que ao se fundar e legitimar no seio do movimento democr tico e popular num contexto s cio hist rico de intensas lutas e conquistas no campo social a profiss o faz avan ar a tend ncia contra hegem nica de disputa pela dire o social que at a d cada de 70 tinha suas pilastras no campo do conservadorismo o que para Jos Paulo Netto 3 A dire o social est explicitada no C dig
182. da sociedade socialista sovi tica Por m com a mudan a de orienta o ideo pol tica ao longo dos anos 30 sob o dogma pol tico do stalinismo a influ ncia dessas teses deixaram de sintonizar se com os objetivos da c pula burocr tica do partido bolchevique 91 Nestas condi es o direito volta a assumir uma perspectiva normativista passando agora a ser constitu do por regras decorrentes do Estado dos trabalhadores expressando portando a vontade da c pula do soviet supremo Centrado na defesa do te rico oficial do partido Andrey Vjschinski 1883 1954 a tese amplamente difundida e contr ria a de Sthuchka e Pachukanis a da exist ncia de um direito socialista origin rio da ditadura do proletariado e que transformado em lei materializa a aspira o do Estado socialista sovi tico estando inteiramente voltado contra a explora o e os exploradores um direito socialista convocado a servir na luta em favor do socialismo e na causa da constru o de sua sociedade Ao se referir aos postulados do direito sovi tico tamb m reconhece Bobbio A luta empreendida pela nova escola liderada por Vjschinski em defesa da legalidade sovi tica pela restaura o da concep o do Direito como conjunto de regras gerais e abstratas impostas pelo poder coativo do Estado contra as doutrinas sustentadas por Pachukanis segundo o qual o direito n o seria sen o uma superestrutura da sociedade burguesa e portanto destinad
183. dade na tica e na ci ncia 2 ed rev e ampl S o Paulo Saraiva 2002 ALAY N Noberto Acerca del movimiento de reconceptualizaci n In Reconceitua o do Servi o Social 40 anos Revista Servi o Social amp Sociedade n 84 ano XXVI nov p 37 47 2005 AMARAL ngela Santana do A categoria Sociedade Civil na tradi o liberal e marxista In O Mito da Assist ncia Social Ensaios sobre Estado Pol tica e Sociedade MOTA A Elizabete Org Recife Ed Universit ria da UFPE 2006a 47 86 Constru o de hegemonia e reformas capitalistas nos anos 90 a forma o dos trabalhadores no embate de projetos classistas In Crise Contempor nea emancipa o pol tica e emancipa o humana X ENPESS Recife PE 04 a 08 dez UFPE 2006b p 235 250 CD ROM 245 Crise capitalista e Aggiornamento das pr ticas sindicais In Temporalis Revista da Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social ABEPSS 2002c p 57 70 ANDERSON Perry Zona de Compromisso Trad Raul Fiker S o Paulo Ed UNESP 1996 Balan o do neoliberalismo In P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado democr tico SADER Emir GENTILI Pablo Orgs Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 p 9 23 ANDRADE L dio da Rosa Magistratura e Democracia In ARRUDA JR Edmundo Lima de FILHO Nilson Borges Org Cole o Ensaios Gramsci Estado Direito e Sociedade ensaios sobre a atualidade da filosof
184. de cimentar as condi es econ micas sociais e pol ticas para construir as vias da equidade num processo que n o se esgota na cidadania burguesa 2004 p 121 Decerto que a luta em torno dos direitos de cidadania historicamente tem regulado as pr ticas sociais que tentam impedir a todo custo o aprofundamento da barb rie o que permite extrair da seu potencial civilizat rio e neste sentido a refer ncia ao seu limite constitutivo n o significa a sua interdi o como complexo social importante para o avan o pol tico da emancipa o em torno das objetiva es democr ticas mas da ser tomado como estrat gia na constru o de uma sociedade verdadeiramente livre e igual h uma grande diferen a Portanto como conseq ncia desta formula o suponho que o m ximo ao que se pode chegar com a efetiva garantia de direitos o bem estar promovido pelo Estado como media o necess ria para sua realiza o mas n o a supera o da 184 desigualdade haja vista a propriedade permanecer intocada ainda que a expans o dos direitos intimide o livre desenvolvimento do capital Assumida e disseminada em diferentes dimens es a defesa por direitos se move sobre v rios aspectos na cultura profissional sendo divulgada tamb m em documentos que expressam formula es te rico pol tica representando com maior propriedade a posi o do coletivo profissional a exemplo das Cartas deliberativas que divulgam o momento
185. de do direito na cultura pol tica contempor nea verificando em que medida os vetores que constituem as tend ncias predominantes deste debate centrado no pluralismo democr tico e recortado pelo discurso da cidadania da justi a social da equidade e da exclus o social aparecem no Servi o Social e s o apropriados como forma o de cultura profissional Trata se de demonstrar que a funcionalidade do direito no contexto atual se apresenta sob a forma de obten o de um novo consenso neutralizando seu car ter contradit rio e reduzindo a realidade social a especificidades epifenom nicas No levantamento dos estudos acerca do direito verifiquei que um dos argumentos explicativos para a defesa contundente deles nos marcos democr ticos est fundamentado no pressuposto de que o n o reconhecimento destes direitos revela a natureza excludente de processos sociais em uma associa o quase atomizada entre priva o de direitos e n veis de degrada o das formas de vida das classes subalternas Nesta formula o direito e exclus o social s o conceitos que dialeticamente se auto explicariam em um entendimento de que o reconhecimento de uma seria a nega o da outra Nesta perspectiva a estrutura da rela o do direito como possibilidade dos sujeitos se reconhecerem como inclu dos socialmente promove um deslocamento do conceito de desigualdade assente no sistema das rela es concretas da reprodu o do capital para uma esfera
186. de reflex o debate e planejamento anual do conjunto das entidades Na Carta de Bras lia elaborada no 31 Encontro Nacional CFESS Cress realizado em Bras lia no ano de 2002 cujo tema intitulado as novas faces da barb rie capitalista desigualdade se combate com direitos foi lan ado como enuncia o de um movimento que reflete o posicionamento do coletivo profissional no debate sobre os direitos De modo geral as formula es registradas nos documentos apresentam caracter sticas consensuais na reflex o referente tem tica do encontro que centraliza o debate nos Direitos humanos tomada como uma pol tica estrat gica nesta conjuntura de crise justificado a em fun o do crescimento da viola o de direitos humanos os quais passaram a ser considerados dentro da cultura pol tica atual indispens veis ao desenvolvimento valoriza o e melhoria das condi es humanas Verseja neste texto ainda que sin ptico o esfor o em traduzir duas importantes reflex es 1 localiza o sentido e os limites dos Direitos humanos no contexto da sociabilidade do capital vinculando seu tratamento anal tico aos princ pios e valores do projeto profissional portanto situado numa perspectiva cr tica e hist rica chamando a aten o assim para seu significado e fun o social nesta ordem societ ria 2 estabelece e prop e uma agenda pol tico profissional de interven o na rea dos direitos humanos convocando as entid
187. de sa de previd ncia assist ncia educa o e moradia elevando os n veis de desemprego e renda bem como a d vida externa e interna e a concentra o de renda do pa s Ao que denominou se de programa de estabiliza o a marcha pol tica deveria passar por tr s momentos a primeira consagrada estabiliza o macroecon mica tendo como prioridade absoluta um super vit fiscal prim rio envolvendo invariavelmente a revis o das rela es fiscais intergovernamentais e reestrutura o dos sistemas de previd ncia p blica a segunda dedicada ao que Banco Mundial vem chamando de reformas estruturais libera o financeira e comercial desregula o dos mercados e privatiza o das empresas estatais e a terceira etapa definida como a de retomada dos investimentos e do crescimento econ mico FIORI 1995 p 02 No livro Brasil em Contra Reforma 2003 a Professora Elaine Behring analisa com muita acuidade o processo de reforma implantada no pa s que ela n o se intimida em colocar lhe aspas ao longo de toda a obra denotando o car ter fetichista e contraproducente de tal proposta revelando que se esteve diante de uma contra reforma do Estado que implicou um profundo retrocesso social em benef cio de poucos ibid p 22 perda de direitos 2008 p 150 Collor colocou em marcha s chamadas reformas estruturais a exemplo do programa de privatiza es e da redu o de tar
188. de se dizer que ante festum era dif cil ter clareza a respeito dessas quest es Isto ineg vel Mas que post festum se proponha o caminho da revolu o democr tica ou seja atrbua se ao Estado a tarefa de suprimir os seus pr prios fundamentos a raz o mesma da sua exist ncia de pasmar 1995 p 67 230 Neste sentido quando a esquerda democr tica toma como finalidade de sua dire o pol tica a tend ncia reformista da democracia burguesa como horizonte estrat gico da luta social em prol da participa o pol tica e a luta por direitos vem refor ar a dire o da hist ria no seu car ter contra revolucion rio contraditoriamente avigorando a a o destrutiva do capital em seu processo de des sociabiliza o da humanidade nos termos de Antunes 2000 p 249 Penso que as premissas desse debate emergente parecem estar se traduzindo na cultura contempor nea pelos contornos pr tico e espiritual que tem perpassado a nossa civiliza o com o enfraquecimento do projeto democr tico fundado nas lutas sociais e no socialismo e o esfor o coletivo que ele representa para o avan o material e as fontes liberadoras do humano ainda que na ordem do capital Assim se verdade que na cultura profissional do Servi o Social h uma vincula o expl cita defesa e articula o com princ pios socialistas exposto inclusive em seu projeto profissional se sup e que preciso adentrar reas especializadas do pens
189. der a elas recuperam se pr ticas j banidas da nossa profiss o fazendo ressurgir a for a das abordagens clinicas terapia familiar pessoal psicodrama hol stica entre outras Prop e se uma reconstru o de abordagens e pedagogias psicossociais 2004 p 39 Paradoxalmente esta din mica posta pela ofensiva neoliberal adotadas pelo Estado brasileiro e incorporado pelo debate pol tico cultural do pa s tendendo a inflexionar a incurs o do direito na esfera da luta social para o campo do discurso do direito a ter direitos parece indicar que na atualidade ele mesmo elemento de um novo consenso tido como marca fundamental das sociedades democr ticas aglutinando n o s liberais comunit rios e cr ticos deliberativos mas tamb m diversos segmentos da esquerda e ou de setores progressistas que diante do desencantamento do mundo WEBER e do aprofundamento da barb rie v em na luta por direitos uma exig ncia democr tica Na pr tica profissional contraditoriamente esse processo tende a promover uma brutal despolitiza o dos assistentes sociais que ao absorverem o discurso do Express o cunhada por Hannah ARENDT em As origens do Totalitarismo S o Paulo Cia das Letras 1998 ao analisar as express es pol ticas do nazismo e do stalinismo como particularidade do Totalitarismo que a princ pio nega o exerc cio da liberdade e da defesa de direitos 205 direito a ter direitos e
190. direito moderno no complexo processo de integra o social que para ele origin rio das rela es de solidariedade decorrente do entendimento rec proco entre os indiv duos no mundo da vida Habermas procura alterar em Facticidade e Validade por um lado o papel desempenhado pelo sistema jur dico utilizando como recurso proped utico teoria da a o comunicativa e por outro lado o pr prio conceito de direito que tem na modernidade o legado da filosofia pol tica e do direito em especial do direito natural e racional moderno Nesta perspectiva o autor se coloca entre aqueles que se dedicam ao desenvolvimento do direito e da moral pois entende que o direito deve ser recuperado para a filosofia j que Hegel est marginalizado por este saber na periferia das faculdades de direito No entanto n o se prop e a uma cr tica radical ao direito como o fez Marx que viu nele mais um instrumento de opress o entre as classes antes pretende uma recupera o do direito tomando como refer ncia o princ pio da universalidade baseado no imperativo categ rico de Kant para o qual o direito subjetivo desempenha papel central em sua obra constituindo se tamb m refer ncia fundamental na modernidade No dizer do pr prio Habermas Do ponto de vista hist rico os direitos subjetivos privados que foram talhados para a busca estrat gica de interesses privados e que configuram espa os leg timos para as liberdades de a o
191. distingue sua Teoria Pura do direito de toda a vincula o com o direito ideal ou justo descarta tanto o conte do social da regra jur dica quanto a compreens o de um direito supralegal porque a l gicidade da Ci ncia jur dica estuda a exata realidade das normas Cf Antonio Carlos WOLKMER Ideologia Estado e Direito Revista atualizada e ampliada S o Paulo ed Revista dos Tribunais 2008 p 163 87 Essa defini o que faz aparecer a forma jur dica como reflexo da rela o econ mica de troca portanto situado na esfera da circula o de mercadorias sugere a Pachukanis considerar o direito como parte constitutiva de uma rela o social espec fica que tem na rela o dos propriet rios de mercadorias entre si a sua express o sob forma jur dica Neste sentido o que o autor quer demonstrar que numa sociedade marcada pela divis o do trabalho na qual prevalece o circuito mercantil da troca imprescind vel a realiza o jur dica como forma de garantir o contrato e ou o acordo de vontades equivalentes Neste sentido a id ia de equival ncia como forma jur dica que estabelecida post factum permite que se compreenda a especificidade do direito e seu car ter intrinsecamente burgu s Cumpre notar que a rela o que Pachukanis faz entre a esfera da circula o de mercadorias e a produ o das v rias figuras do direito nitidamente sustentada por Marx em v rios dos seus textos como a exemplo nos
192. do direito como conte do das pol ticas sociais e da gest o democr tica descentralizada e participativa Todavia importante ressaltar que a tend ncia do debate contempor neo marcada pela no o indiferenciada de cidadania recortada pelo discurso da inclus o dos exclu dos tem parametrado abordagem sobre a seguridade social 224 deslocando a do seu trip origin rio trabalho sa de previd ncia e restringindo a ao campo da assist ncia como categoria central e organizadora Exemplo claro tem sido a ampla defesa do Sistema nico de Assist ncia Social SUAS no interior da categoria vis veis sob v rios aspectos Sen o vejamos A nossa pretens o trabalhar numa linha de concep es de direitos para avan ar na configura o dos direitos socioassistenciais como direitos a serem garantidos pela Pol tica de Assist ncia Social via SUAS A perspectiva consolidar a Assist ncia Social como POL TICA SUBSTANTIVA DE DIREITOS Tal tarefa de cunho anal tico e pol tico exige afirmar a IDENTIDADE da Assist ncia Social como Pol tica P blica de Prote o Social E a afirma o desta identidade implica definir a ESPECIFIDADE da Assist ncia Social no campo da Prote o Social Essa especificidade da Pol tica de Assist ncia Social vincula se justamente aos direitos que a Assist ncia Social deve garantir como pol tica de prote o social no mbito da Seguridade Social CARVALHO 2005 p 8 9
193. do uma sociedade extremamente desigual e de outro a presente fase do processo de transi o Ela n o expressa diretamente a correla o de for as classes e grupos na sociedade mas a apresenta de modo distorcido como uma lente que refletisse a configura o pol tica estabelecida durante a transi o 1992 p 22 Ressalte se ainda n o haver d vidas de que com a Constitui o cidad e a abertura democr tica ampliaram se os direitos civis e pol ticos e positivaram se os direitos sociais incorporando definitivamente ao debate pol tico e ao ordenamento jur dico brasileiro a linguagem de uma cultura de direitos com que expressaram as for as mais progressivas do pa s naquela quadra hist rica No entanto como chama a aten o Adriano Pilatti De acordo com a autora citada na nota anterior a participa o popular foi uma marca expressiva do processo constituinte diz ainda foram apresentadas 122 emendas populares que reuniram um total de mais de 10 milh es de assinaturas N o seria exagerado afirmar que o amplo sistema de direitos fundamentais assegurados na Constitui o Federal em boa parte resultado desse processo de participa o pol tica id Ibid p 50 149 em princ pio e como regra no meu entender os movimentos populares acabaram seduzidos pela ilus o jurisdicista da consagra o ret rica de direitos substantivos deixando em segundo plano a previs o de instrumento
194. duais devendo promover o bem p blico Diga se a juridicidade das rela es interpessoais garantindo a cada um a liberdade atrav s da lei 1 3 Filosofia do Direito de Hegel liberdade e reconhecimento No pr logo da Filosofia do Direito 1986 p 34 Hegel afirma de forma imperiosa comprender o que eis a tarefa da filosofia porque o que a raz o Logo de in cio procura indicar o caminho de onde partir sua an lise sobre o direito a tica e o Estado E ela se far necessariamente tendo como fundamento ltimo a raz o como inst ncia de media o do real que se realiza na ordem do desenvolvimento da id ia isto porque segundo Hegel somente pelo pensamento o objeto torna se e ou eleva se ao universal conservando a particularidade abstrata negada dialeticamente Como id ia a unidade do conceito e da realidade determina uma ci ncia que para ser conhecimento filos fico tem que ser objetivo Aqui a id ia o verdadeiro em si e a unidade absoluta do conceito e da objetividade o principio da filosofia ou da id ia seguindo as intui es de Plat o Diz pois Hegel o que racional real e o que real racional ibid p 33 Ao enunciar esta proposi o que se tornou c lebre ele quer demonstrar que h 8 Kant vai ampliar essa id ia de contrato dentro do Estado para outros Estados propondo uma esp cie de liga das Na es organizada como uma associa o de autoridades s
195. e um reformismo incapaz de se completar e de se desdobrar em resultados socialmente expressivos 1992 p 08 Nem preciso sublinhar que o autor se refere s reformas fracassadas prometidas pela social democracia que em vez de conduzir a sociedade a um regime democr tico e livre como estrategicamente defendia ao normatizar o campo da pol tica atrav s da institucionaliza o das lutas condenou se como inspira o social e pol tica emancipat ria Numa constante recorr ncia a uma tend ncia cultural reformista o discurso do conferencista efetivamente mais saliente dado o tom de formula es do tipo no fundo todo governo reformador caminha hoje sobre uma corda estreita temos que aprender a mant lo de p em equil brio para podermos aprofundar o que j se conquistou e para impulsion lo num sentido mais radical Temos de descobrir o modo de critic lo sem inviabiliz lo sic 194 Aqui n o interessa a cr tica s orienta es id o pol ticas e perspectivas t orico metodol gicas e intelectuais do autor Apenas e t o somente identificar dentro do contexto do debate coletivo profissional as tend ncias ideo pol ticas que v m aparecendo e contribuindo como forma o de cultura profissional como exemplar o Encontro Nacional da categoria Num tempo onde o fragmento deixou de ser surreal a pulveriza o de certas id ias e apreens o delas pode ser efetivamente comprometedora para a
196. e da emancipa o corretamente identificada ao direito enquanto subst ncia social como resposta da sociedade aberta aos desafios da luta de classe Ent o apesar de todas as desconfian as na id ia de uma suposta galit de que portador o debate sobre os direitos universais e ou de cidadania as condi es e limites da emancipa o pol tica particularizados pela especificidade da forma o social do Brasil acaba inevitavelmente assumindo um significado importante para as classes subalternas no pa s Contudo se considerado que os direitos no modo de produ o capitalista se localizam contraditoriamente nos sistemas de liberdade liberal nos processos reivindicat rios luta social e nas rela es de poder disputa por hegemonia a rela o expressa portanto entre os vetores direito e trabalho centraliza o debate no campo correto da luta social porque presente nas rela es de classe incide diretamente na rela o capital trabalho Desta forma no modo de produ o capitalista que articula numa totalidade as rela es entre economia e pol tica a forma que o direito assume nesta sociabilidade a configura o jur dica expressa a universaliza o de rela es concretas necess rias produ o e circula o de mercadorias para a reprodu o ampliada do capital Desse modo ainda que o direito n o se constitua como uma particularidade exclusiva das rela es de produ o capitalista como fe
197. e das sucessivas derrotas da perspectiva do trabalho muito revelador para um projeto que realmente se considere anticapitalista levar a cabo as lutas sociais que venham a fortalec lo Exercit lo consiste tamb m na capacidade dos intelectuais de participarem da forma o de uma nova concep o de mundo de elaborarem uma proposta transformadora de sociedade a partir de baixo fazendo com que toda uma classe participe de um projeto radical que envolva toda a vida do povo e coloque cada um brutalmente diante da pr pria responsabilidade inderrog vel Gramsci 1977 816 SIMIONATTO s d sic Assim tal como sugerida os desdobramentos desta pesquisa que centralizou o debate em torno da defesa e luta por direitos inseridos no mbito da cultura 243 profissional colocou no centro da an lise a pol mica em torno da dire o s cio pol tica do projeto profissional revelando que os desafios postos profiss o e ao projeto tico pol tico exigir o do coletivo profissional em ltima an lise colocar prova seus interesses e os de sua dire o pol tica o que j aparece como inapel vel dado s reflex es e pesquisas que vem surgindo no interior do debate acad mico Portanto realizar um balan o cr tico deste movimento revela em sua ess ncia que no mago da quest o os poss veis desencontros tamb m se colocam como desafios hist ricos e ainda que sobrepujado como hip tese as avalia es estar
198. e direito que mediante uma reforma moral e intelectual tratou de obter passivamente do conjunto da sociedade um conformismo de novo tipo Tamb m como forma de materializar seu projeto de classe dirigente elaborou assim por dizer um projeto pol tico fundado em uma luta ideol gica que passa pela quest o da hegemonia entendido segundo Dias como projeto que permite expressar o programa o horizonte ideol gico no qual as demais classes devem se mover 1997 p 38 Para o pensador sardo o s culo XX deixara para traz a concep o oitocentista de um Estado restrito representante exclusivo da classe hegemonicamente dirigente e que se mantinha especificamente pelo uso da for a A nova forma estatal ampliava suas bases para o plano da sociedade civil respons vel pela constitui o da hegemonia e do consenso e da sociedade pol tica que impunha a domina o e a coer o tornando se deste modo um Estado n o monol tico mas produto das lutas entre as classes Nos Cadernos do C rcere em uma pequena nota intitulada O Estado e a concep o do direito argumenta Gramsci Ainda segundo Edmundo Fernandes DIAS em Pol tica Brasileira embates de projetos hegem nicos S o Paulo ed Instituto Jos Lu s e Rosa Sundermann 2006 p 62 63 a hegemonia a elabora o de uma nova civilt uma reforma intelectual e moral projeto de eleva o civil dos estratos deprimidos da sociedade essa hegemon
199. e direitos perante a lei como explica Frederico 1995 p 95 53 O problema dos direitos c vicos dos judeus favoreceu assim o debate em torno da cidadania que Marx polemizando com Bauer o qual tratou a quest o do ponto de vista religioso afirma ser a sua natureza de ordem essencialmente pol tica cujas ra zes encontram se em inst ncias bem mais profundas do viver social Como visto anteriormente desde 1842 Marx j havia se proposto a uma reflex o mais acurada em torno do Estado e da hist ria recente da Alemanha ao fazer a cr tica do direito de Hegel o qual se explicita nos Manuscritos de 1843 Nota se que ali prontamente h uma clara indica o das limita es da emancipa o circunscrita esfera meramente pol tica que vem ser enriquecida no debate com Bruno Bauer Na perspectiva baueriana a emancipa o reclama uma universalidade como um problema que diz respeito a todos por igual n o sendo exclusivo apenas dos judeus posto num horizonte de alcance da autoconsci ncia das massas desumanizadas e entregue a sorte de todo tipo de interesse de grupos que se perfilam em fazer valer seus privil gios Neste entendimento est suposto a exig ncia de uma universalidade radical mas que se opera como uma reivindica o que se fundamenta na verdade numa suposta liberdade de tutela religiosa como condi o sine qua non para se alcan ar a condi o plena ao estatuto de cidad o Como esclarece Ba
200. e hist rica que tornou poss vel ao Servi o Social o romper com as amarras ideol gicas do tradicionalismo e a heran a conservadora da profiss o constituir atrav s de uma profunda reforma moral e intelectual um projeto profissional extremamente cr tico comprometido tica e politicamente com a classe trabalhadora subalternizada com os valores civilizat rios mais emancipados inscritos no caldo cultural da modernidade inspirados portanto na democracia na cidadania como na igualdade social Neste sentido a profiss o e o conhecimento que a iluminam explicam se no movimento hist rico da sociedade que produto de rela es sociais de a es rec procas dos homens entre si no complexo processo de reprodu o social da vida Em sua particularidade e no horizonte s cio cultural em cuja esfera se inscreveu as refer ncias ideo pol ticas que delimitam a rela o entre profissionalidade e sociedade expressam o car ter contradit rio que o Servi o A an lise aqui desenvolvida segue a tese apresentada por Jos Paulo NETTO em Capitalismo monopolista e Servi o Social S o Paulo Cortez 1992 p 70 o qual entende que a emerg ncia profissional do Servi o Social em termos hist rico universais uma vari vel da idade do monop lio ela cria e funda a profissionalidade do Servi o Social portanto n o se relaciona decisivamente evolu o da ajuda racionaliza o da filantropia nem a or
201. e industrializa o vinculado ao avan o da democracia como um caso sui generis entre os pa ses europeus tornou se refer ncia significativa para os estudos do soci logo ingl s T H Marslhall Nos diversos pa ses do sul e do leste da Europa em sua maioria sob regimes autorit rios os direitos sociais eram concedidos a grupos seletos de 66 trabalhadores resultado de jogo de alian as coopta o entre outros Portanto sem nenhum conte do universalista ou como express o da luta organizada do movimento oper rio Assim ao analisar a experi ncia da Inglaterra atrav s da implanta o de uma pol tica de expans o de direitos aos oper rios atingidos pela crise Marshall ent o retoma a no o de cidadania origin ria esfor ando se para adequar formula es cl ssicas sobre os direitos pol ticos civis e sociais em rela o situa o do capitalismo brit nico do p s guerra Em texto considerado cl ssico na an lise da cidadania moderna Classe Social e Status 1967 Marshall discorre sobre o desenvolvimento hist rico dos direitos situando os no moderno Estado democr tico de direito e em sua rela o com as classes sociais Embora partindo de um caso emp rico espec fico o m todo comparativo utilizado por Marslhall acabou se tornando uma refer ncia importante para os estudos sobre cidadania multiplicando se em tal medida que passou a ser apontado como obra cl ssica durante as duas ltimas d cadas Passado
202. e necessidades coletivas Assim a institucionaliza o do direito na cultura pol tica atual teria incorporado princ pios da filosofia pol tica da modernidade modificando os em formas de atua o disposi o do homem comum para participar da cria o do direito estatal tanto atrav s da democracia representativa como pela via judicial Afirma Vianna que a crescente institucionaliza o do direito na vida social presente no mundo democr tico tem se tornado cada vez mais dominante visto que a imposi o do livre mercado tamb m passou a ser mat ria jurisdicionada pelo direito requerida pelos grupos organizados corporativamente fazendo do direito e dos seus procedimentos uma presen a constituinte do capitalismo organizado 1999 p 17 152 Vianna analisando os estudos de Garapon que segue o veio anal tico de Tocqueville Ca 1835 1840 sobre a antinomia entre liberdade e igualdade no mundo democr tico demonstra como o autor desconfia que tanto a judicializa o da pol tica como das rela es sociais pode provocar na contemporaneidade um certo esvaziamento do conte do libert rio e reivindicat rio da cidadania social Desse racioc nio viria a compreens o de que a invas o do direito na vida social mesmo que reclamada em nome da igualdade levaria perda da liberdade ao gozo passivo de direitos privatiza o da cidadania ao paternalismo estatal na caracteriza o de Haber
203. e outorgam liberdades de a o para os indiv duos na sociedade moderna isso porque parte da autonomia moral das pessoas regidas pelo imperativo categ rico da qual obt m o princ pio do direito como uma vers o do princ pio liberal que garante a prote o das liberdades subjetivas de a o Com efeito no curso da hist ria e sobre a hist ria da filosofia Hegel referindo se ao n cleo do pensamento alem o Kant Fichte e Schelling dir que elas expressam a revolu o pelo pensamento na qual o esp rito progrediu na Alemanha daqueles tempos fazendo a um paralelo entre a Revolu o Francesa e a filosofia cl ssica alem Na cr tica a subjetividade idealista transcendental kantiana sugere uma objetividade realista dial tica procurando superar o direito natural e o direito formal desenvolvendo sua teoria da totalidade tica como solu o jur dica do 234 conflito existente no contrato social constituindo assim a luta por autoconserva o por reconhecimento HEGEL na rota afirmativa da liberdade Mas observando melhor o fio das rupturas hist ricas e das diversas tend ncias modernas poss vel perceber como a configura o de um projeto de emancipa o moral universal Kant de extens o da liberdade e do direito a toda a sociedade Hegel encontram em Marx o coroamento e a supera o dial tica na pr xis hist rico pol tica das classes trabalhadoras Assim do imperioso patrim
204. e por um lado a presen a da a o das classes foi um marco importante para a processualidade da revolu o e do fortalecimento da luta dos trabalhadores que conseguiram capitanear demandas a seus interesses pr prios por outro a efetiva o induzida atrav s de pol ticas keynesianas no impacto da produ o da taxa m dia de lucros n o aumentou a riqueza do valor produzido na realidade s houve crescimento da riqueza do valor realizado sendo tais pol ticas tamb m financiadas pela mais valia internacional uma vez que pa ses desenvolvidos n o s geram capital excedente mas tamb m expropiam mais valia de pa ses subalternizados Como anota Mandel 109 A expans o acelerada de longa dura o do p s guerra resultava da superexplora o da classe oper ria realizada pelo fascismo e pela Segunda Guerra Mundial que permitiu uma alta pronunciada da taxa de mais valia e dessa forma da taxa de lucro Tal fato levou a uma acumula o amplificada de capitais utilizada para tornar poss vel p r em marcha em grande escala terceira revolu o tecnol gica semi automa o energia nuclear Aumentando consideravelmente a produ o de mais valia relativa e os superlucros dos monop lios tecnologicamente de ponta rendas tecnol gicas essa revolu o permitiu o prolongamento da expans o em condi es ideais para o capital ao mesmo tempo com uma taxa de lucro elevada e um n vel de vida real das
205. e pudesse ser sanado com o aperfei oamento da sociedade ao contr rio esta em si mesma uma contradi o inelimin vel Portanto o aprofundamento e degrada o das condi es de vida e trabalho das classes subalternizadas n o um problema que pode simplesmente ser corrigido com medidas pol ticas corretivas administrativas governamentais ou legais Elas s o consequ ncias da forma contradit ria das rela es sociais donde a propriedade privada a sua base Assim ao sair do mbito da luta anticapitalista para a defesa da democracia burguesa na configura o que assumem as pr ticas dos sujeitos coletivos no cen rio atual t m se incorrido em grandes equ vocos se distanciando de uma perspectiva cr tica que seja capaz de fazer prosseguir na compreens o e na luta emancipat ria Como deduz Santos ao colocar a centralidade da pol tica na vida social a esquerda democr tica n o considera as determina es estruturais e isto implica no entendimento de que a pol tica a moral o direito a cultura dentre outros complexos sociais parciais s o apreendidos exclusivamente a partir de seu pr prio movimento e do desenvolvimento da vontade humana 2005 p 22 Portanto o tra o francamente agiornado do discurso contempor neo da cultura pol tica em face do novo conformismo social imposto pela ofensiva neoliberal do capital em crise tem neutralizado o car ter efetivamente pol tico das lutas hist ricas do segme
206. e que ela a lei seja um referencial concordante com os princ pios norteadores universais da humanidade como o s o os direitos que 156 defendem a vida a liberdade a igualdade etc Se uma lei agrava tais princ pios sua nulidade deve ser considerada pelo agente da lei de maneira especial pelo juiz que ao dispor do aparato jur dico positivado deve recorrer as contradi es ambig idades e lacunas do direito legislado sob uma tica democratizante com vistas a buscar espa os que possibilitem o avan o das lutas populares e permitam uma democratiza o das normas CARVALHO 1993 p 11 A concep o norteadora desta perspectiva alternativa do direito recusa a suposta neutralidade do direito positivo e de uma id ia de justi a descomprometida com as classes subalternas Defende o acesso justi a como forma de democratiza o do Estado para que este possa estabelecer condi es reais de efetivar direitos realizando a cidadania em sua plenitude De acordo com Tarso Genro defensor desta proposta alternativa do direito o seu uso faz parte de um ato de constru o de valores que j est o postos pela hist ria no sentido da afirma o da liberdade humana do direito vida da luta pela reparti o do produto social pela redu o da desigualdade e pela defesa do produto do homem preservando lhe o ambiente e a natureza 1996 p 26 Neste sentido o uso alternativo do direito n o descarta os va
207. e vermos que poucos avan os foram realmente dados compreens o de uma cultura democr tica emancipadora Conforme bem anotou Atilio Boron pr prio do liberalismo o dom nio a vis o de um c u pol tico completamente independentizado da base material 1995 p 72 que na bem intencionada teoria democr tico deliberativa de Habermas totalmente discursiva Portanto sem uma an lise do idealismo que subjaz a essa x concep o qualquer cr tica democracia realmente existente fica comprometida 2 4 A cr tica ao direito burgu s no campo do marxismo contempor neo Como visto basta um breve exame da hist ria do Iluminismo para perceber como o pensamento pol tico do s culo XVIII refletiu nas condi es sociais econ micas e jur dicas da burguesia capitalista ascendente N o obstante uma larga documenta o j ter sido disposta a narrar tal fato n o inoportuno lembrar que a indica o do jusnaturalismo libert rio ao clamar por direitos naturais que formalisticamente consagravam a liberdade a fraternidade e a igualdade de todos os homens evidencia em ltima inst ncia o complexo de contradi es que a burguesia revolucion ria teve para superar as regalias do ancien r gime at se afirmar no poder Dos princ pios da Revolu o Francesa surge o direito do homem ego sta e de uma sociedade voltada para seus pr prios interesses Como recorda Poulantzas a concep o ideol gica do l
208. edimentos democr ticos que levam produ o da lei a cidadania social lhe d acesso procedimentaliza o na aplica o da lei por meio de m ltiplas formas individuais ou coletivas de um simples requerimento a uma a o p blica proporcionando uma outra forma de participa o na vida p blica ibid p 372 Esta representa o operacional favoreceria pois na pr tica o acesso do cidad o aplica o efetiva o do direito instituindo o que designa de direito responsivo aberto aos interesses e concep es ticas do homem comum sem abrir m o da integridade de seus princ pios Nesta perspectiva tamb m discute Cittadino 2000 tomando como refer ncia os fundamentos ticos e jur dico normativos do constitucionalismo democr tico Entende que ao contr rio do constitucionalismo liberal que tem como marco a defesa do individualismo racional a garantia restrita dos direitos civis e pol ticos e a clara separa o dos poderes o constitucionalismo democr tico prioriza os princ pios da dignidade humana e da solidariedade social e a amplia o da prote o dos direitos e a redefini o das rela es entre os poderes do Estado Para a autora esta concep o abrir se ia ao Judici rio um novo espa o p blico no qual participam novos agentes a comunidade de int rpretes dedicados interpreta o aberta dos valores compartilhados pela comunidade com vistas a sua efetiva o Nesse controverso debate
209. ela es da vida em sociedade colocando praticamente toda a atividade pol tica e as rela es sociais no mbito do discurso o pensamento pol tico filos fico contempor neo radica com muito mais for a e com uma nova vers o na atualidade e com a tend ncia de ignorar cinicamente os afetados das mesas de negocia o A partir de uma compreens o da fun o ideol gica que cumprem algumas teorias no que pesem as propostas em estabelecer par metros ticos para uma redefini o do modelo de justi a de liberdade e direitos apregoada pela tradi o liberal que vem atropelando os direitos s necessidades b sicas da humanidade pela sua voracidade econ mica em defender a ilimitada liberdade de acumular 15 N o seguirei esta linha de argumenta o mas o estudo apresenta uma bela compara o Cf Thamy POGREBINCHI Emancipa o Pol tica Direito de Resist ncia e Direitos Humanos Revista de Ci ncias Sociais Rio de Janeiro Vol 46 n 1 2008 p 129 152 59 riquezas e concentrar expandir a mis ria do mundo elas n o conseguem criticar o capitalismo n o sugerem uma eticidade p s convencional cr tica como parecem propor mas se at m a uma p s convencionalidade formal no interior da hegemonia pol tica da cultura e do sistema dominante sem consci ncia expl cita da sua cumplicidade Respaldada nas vis es de alguns pensadores contempor neos apesar de elaborarem todo um leque de teorias distintas acerca d
210. electualidade no Servi o Social naquela circunst ncia parecia diluir num todo indiferenciado o tema das pr ticas organizativas e estrat gias pol ticas que podem assumir as pr ticas de resist ncia dos trabalhadores o que sup e diferenciar a rela o entre sindicato e partido e suas articula es com as profiss es Neste sentido fundamental compreender tal qual define Netto como na particularidade pr tico social de cada profiss o se traduz o impacto das transforma es societ rias 1996 p 89 o que significa identificar as media es que articulam respostas profissionais a processos sociais 7 Na an lise de Marilda Villela IAMAMOTO em Renova o e Conservadorismo no Servi o Social S o Paulo Cortez 1992 p 115 o messianismo que privilegia as inten es os prop sitos do sujeito profissional individual num voluntarismo marcante n o d conta do desvendamento do movimento social e das determina es que a pr tica profissional incorpora nesse mesmo movimento O messianismo traduz se numa vis o her ica ing nua das possibilidades revolucion rias da pr tica profissional a partir de uma vis o m gica da transforma o social Por conseguinte o militantismo foi atribu do por caracterizar o superdimensionamento da pr tica pol tica do assistente social voltada aos espa os do partido pol tico Em O capital Marx explica que a passagem da explora o fundada na mais valia absolu
211. elo abusivo do programa de estabiliza o n o poderia ter atingido melhor seu objetivo Ao se referir aos dados do primeiro ano do governo FHC C sar Benjamim em mat ria escrita revista Caros Amigos de abril de 2002 diz que a d vida interna de R 59 bilh es saltou para R 685 bilh es e o or amento de 2001 mostra que o Estado gastou um total de R 53 bilh es em sa de educa o erradica o da pobreza ci ncia e tecnologia contra R 140 bilh es na rolagem da d vida interna Na realidade o governo brasileiro n o estava apenas preocupado em garantir o crescimento e o equil brio macroecon mico do pa s mas em adaptar se s exig ncias inescrupulosas do capitalismo mundial mesmo custa do empobrecimento geral da popula o e do endividamento da na o junto ao capital estrangeiro O resultado n o poderia ser mais desastroso e as consequ ncias incalculavelmente t o perversas Todos os ndices da poca registraram aumento do desemprego redu o de postos de trabalho encolhimento dos empregos no 131 setor formal jogando milh es de trabalhadores para a informalidade altas nas taxas de juros corte nos gastos em seguridade p blica e nas pol ticas sociais de um modo geral consequentemente flexibilizando se direitos e depauperando se a j nfima rede de prote o social que havia no pa s que como se n o bastasse passou a ser acusado do custo Brasil A pesquisa Pobreza e desi
212. em burguesa na medida em que poria em evid ncia a sua capacidade de assimilar toda sua forma de dom nio estatal 2005 p 6 Nesta chave de leitura o processo de amplia o do Estado pela sociedade civil como express o da sua fun o tico moral na produ o do consenso levaria no limite a realiza o do homem coletivo ou do conformismo social eticidade do direito e do Estado cujo objetivo se p e concep o de novos e altos n veis de civilidade Nesta perspectiva explica Vianna o direito para Gramsci n o se reduz a um instrumento de controle social o direito se deve tornar um lugar de mudan a social ao admitir como uma de suas fontes o dom nio da sociedade civil id ibid ou tal como diz com suas palavras o pr prio Gramsci ii Escapa ao objetivo desta Tese problematizar uma s rie de quest es que envolvem a tradi o do pensamento gramsciano sobretudo os desdobramentos das apreens es e interpreta es feitas no Brasil Contudo a t tulo de nota registro o esclarecimento de Edmundo Fernandes DIAS em Gramsci em Turim a constru o do conceito de hegemonia ed Xam S o Paulo 2000 p 13 0 qual afirma os debates sobre a obra de Gramsci tem revelado desde logo que o tipo de leitura feito sobre ela tem sido frequentemente bastante instrumental Essa leitura reduz quase sempre as verdades de Gramsci s teses que o leitor quer provar isto usa se
213. entalmente para garantir a coaliz o de poder que daria sustentabilidade as novas composi es de for a do mercado internacional Na explica o de Elaine Behring 130 os impactos dessa engenharia de curto prazo do Plano Real tem sido o bloqueio de qualquer possibilidade de desconcentra o de renda uma despropor o entre a acumula o especulativa e a base produtiva real cujo custo recai sobre o Estado na forma de crise fiscal e compress o dos gastos p blicos em servi os essenciais aliena o e desnacionaliza o do patrim nio p blico constru do nos ltimos cinquenta anos um remanejamento patrimonial de grandes propor es e com fortes consequ ncias pol ticas BEHRING 2008 p 157 A rigor pode se dizer que o conjunto dessas mudan as como refer ncia ao pragmatismo pol tico e econ mico que se instalou no Brasil e que parte constitutiva da hegemonia neoliberal corresponde a uma estrat gia de passiviza o do Estado numa dire o clara de constru o de contrat ndencias que pudessem reverter por um lado a crise de acumula o do capital nacional herdeira da moderniza o conservadora ditatorial e por outro o avan o das for as de esquerda no pa s anulando em todos os sentidos a possibilidade cl ssica de combina o entre coer o e consenso resultando portanto numa verdadeira reforma intelectual e moral compat vel com as novas exig ncias do atual projeto do capital O mod
214. ente inovadora FERREIRA 1986 p 270 Exemplo claro se encontra na Antologia ao dizer Gramsci que Se cada Estado tende a criar e manter certo tipo de civiliza o e de cidad o e portanto de conviv ncia e de rela es individuais e tende a provocar a desapari o de certos costumes e atitudes e a difundir outras ent o o direito ser o instrumento dessa finalidade junto com a escola e outras institui es e atividades e ter que ser elaborado para que seja conforme a esse fim maximamente eficaz e produtivo de resultados 1988b p 400 Para alguns especialistas como Arruda J nior 1995 esta tens o presente em Gramsci decorre de seus poucos estudos sobre o direito a julgar pelas poucas p ginas que lhe dedica nos Cadernos sugerindo em alguns momentos uma cr tica contundente ao positivismo jur dico que restringe o direito lei e em outros a uma defesa de fundo eminentemente jusnaturalista ao apreender a juridicidade fora da sociedade pol tica Entretanto este mesmo tensionamento pr prio em algumas interpreta es da obra do autor italiano faz com que na It lia Fran a e no Brasil a concep o do direito passe a ser relido a partir de uma perspectiva ampla do conceito de hegemonia notadamente pelos denominados operadores jur dicos que comprometidos com um projeto de sociedade democr tica e assumindo a postura de 97 intelectuais org nicos constituem a id ia do direito alt
215. eralidade e efic cia para os mais diversos interesses pol ticos econ micos e sociais o debate sobre o direito na atual conjuntura se coloca como mais uma forma de obten o do consenso imposto pela cultura da ordem z Diante desse quadro o tema submetido ao exame das tend ncias que informam a atualidade das discuss es as quais se portam como formadoras de uma cultura que se pretende do consenso Tend ncias que incidindo na articula o de t ticas e estrat gias que se p em como media o entre o presente e o futuro edificado na pr tica pol tica se apresentam como uma urg ncia de resposta ao presente demonstrando a vis o de projeto e sociabilidade que se logra em construir Por isso se faz conseq ente discutir a cultura pol tica hoje uma vez que no atual est gio do capitalismo em crise incide uma l gica cultural que vem provocando transforma es significativas no mbito dos projetos classistas Tal como anota Simionato as manifesta es culturais dessa nova velha ideologia reatualizam no presente tend ncias pol ticas e s cio culturais fortalecedoras de a es corporativas individuais e despolitizantes s d sic 12 No seio dessa cultura duas tend ncias se apresentam como emergentes e favorecedoras de um novo conformismo social imposto pelos interesses do capital mundializado que tende a neutralizar as lutas sociais de car ter emancipat rio a ofensiva neoliberal e o discurso
216. eralismo do s culo XIX Ademais mesmo que primeira vista o fant stico princ pio da democracia deliberativa ofere a pouco motivo para pol mica em uma sociedade onde a desigualdade e a domina o nela t m lugar pergunto com Michael Lowy 29 1 Na teoria democr tica das ltimas d cadas vis vel a amplia o da influ ncia das vertentes deliberativas Com sua nfase nos aspectos discursivos do processo pol tico e a vis o normativa associada da participa o de todos no debate como crit rio de legitimidade os cnamados deliberacionistas ocupam hoje o lugar central nas discuss es sobre o significado da democracia De diferentes formas est o vinculados a corrente nomes como James Bohman Joshua Cohen Iris Marion Young Amy Gutmann John Rawls e Cass Sustein al m do seu principal inspirador J rgen Habermas Fundada na tradi o da teoria cr tica a democracia deliberativa tornou se a principal alternativa vis o liberal pluralista hegem nica em vez da defesa da participa o direta e da democracia industrial que estiveram em voga nos meios radicais dos anos 1960 e 1970 Mais importante ainda ela levada em considera o pelos pr prios expoentes da percep o hegem nica que se v em obrigados a refut la ou como ocorre cada vez mais frequentemente a incorpor la em suas pr prias constru es te ricas Luis Felipe MIGUEL Promessas e Limites da democracia deliberativa In Revista Brasileir
217. ernativo e do direito insurgente ou achado na rua o qual ser objeto de an lise no pr ximo capitulo 38 De acordo com Ricardo GUANABARA em Vis es Alternativas do direito no Brasil Revista Estudos Hist ricos n 18 1996 p 01 por tr s do r tulo direito alternativo encontram se correntes diferentes com propostas distintas apesar de apresentarem inequ vocos pontos de contato A primeira denominada uso alternativo do direito capitaneada por magistrados ga chos e se prop e usar o arcabou o legal da justi a de modo mais flex vel a segunda tamb m chamada alternativa n o valoriza o arcabou o jur dico existente e prop e se construir um novo direito denominado insurgente ou achado na rua 98 II Cap tulo CRISE DO CAPITAL NEOLIBERALISMO E A LUTA PELOS DIREITOS NO BRASIL A palavra ordem tem um poder taumat rgico a conserva o das institui es pol ticas conferida em grande parte a este poder a ordem presente se apresenta como algo harmoniosamente coordenado forma se na fantasia a imagem de algo violentamente dilacerado n o se v a possibilidade de uma nova ordem melhor organizada do que a velha mais vital do que a velha porque o dualismo se contrap e a unidade a imobilidade est tica da in rcia din mica da vida movendo se por si mesma V se apenas a lacera o violenta e o nimo temeroso det m se no medo de perder tudo de ter d
218. es em public virtues Hegel por m duvida disso No conceito hegeliano de opini o p blica a esfera privada burguesa mera ideologia Embora Hegel compartilhe com Kant a id ia de que na publicidade ou seja no debate que se esclarece j n o se trata para Hegel de uma id ia liberal de esfera p blica onde a raz o se realiza A publicidade aqui apenas o meio de integra o da opini o subjetiva na objetividade que o esp rito se deu na figura do Estado e Marx vem denunciar a opini o p blica como falsa consci ncia que esconde em si mesma o seu verdadeiro car ter de m scara do interesse de classe burgu s 76 as leis do mercado ambas n o toleram reservas ao cidad o nem pessoa privada s o objetivas n o podendo deste modo ser manipulada e nem endere ada a determinados indiv duos Inscrito na quadra hist rica do direito burgu s resumido por Marshall no conceito de cidadania civil que foi profundamente positivado o Estado de direito estabelece a esfera p blica como instrumento leg timo capaz de assegurar o v nculo entre a lei e a opini o p blica Ali s para Habermas o auge da ousadia da consci ncia burguesa se deu justamente com o positivismo jur dico o que n o o deixa reconhecer por isso mesmo a sua import ncia na sociedade civil burguesa uma vez que o direito subjetivo privado imp s regras contra a domina o no caso do poder absolutista ou estamentais do Renascimento
219. es enquanto socialistas as suas elabora es te ricas se resumiram em tentar provar que era socialismo o que gritantemente n o passava de uma nova forma de explora o do homem pelo homem 1995 p 38 Fundamentalmente a quest o que aparece como mais cr tica pelas pr prias condi es com que o padr o de desenvolvimento econ mico social do campo de for as que se autodeclaravam socialistas haviam institu do situa se no complexo problema gerado pelas contradi es postas entre a restrita socializa o do poder pol tico e a necessidade de p r sob o regime de associa o as for as produtivas estabelecendo se concretamente um leque de contradi es entre as exig ncias do desenvolvimento das for as produtivas no marco de uma economia planejada e os mecanismos pol ticos que a instituiam Evidentemente a crise de dire o pol tica inequivocamente aceite entre os te ricos do marxismo contempor neo apenas uma particularidade dentro da crise mais ampla por que passou o socialismo sovi tico mas n o menos essencial se considerado como elemento mutatis mutantis na deflagra o da crise conduzida at a Perestr ica A consequ ncia pol tica desse processo come a com a convers o gradual do n cleo duro da esquerda bolchevique conservadas as diferen as e posi es marcadas pela tradi o de importantes revolucion rios do Leste europeu como 114 L nin Trotski Buch rin entre outros s teses
220. esenta o Aqui Hegel se referindo ci ncia positiva do direito faz uma cr tica ao formalismo das defini es kantianas sobre o direito acusando as de afirmar e apreender imediatamente como dados da consci ncia as id ias em geral e em particular a do direito e suas determina es ibid p 19 Para ele isto significa tomar como absoluto aquilo que relativo Decerto que os cem anos que separaram o jovem Hegel ao come ar a esbo ar seus primeiros escritos de filosofia pol tica em 1802 dos pensadores ingleses o colocaram num contexto te rico e hist rico muito particular tornando se lhe problem ticos os pressupostos jusnaturalistas at ent o formulados especialmente o paradigma da teoria individualista da moral kantiana que permaneceu no horizonte do pensamento alem o por muitos anos Acrescente se a isto a leitura acurada que Hegel fez dos escritos pol ticos de Plat o e Arist teles introduzindo o numa perspectiva te rica que atribui intersubjetividade da vida p blica uma import ncia cabal na esfera da sociabilidade humana Estas impress es permitiram ao jovem Hegel um discernimento mpar em rela o s tentativas ulteriores dos seus contempor neos convencendo o de que era necess rio parafraseando Honneth superar os equ vocos atom sticos a que estava presa tradi o inteira do direito natural moderno 2003 p 38 tanto na sua perspectiva emp rica quanto formal re
221. esenvolvemos para o mundo princ pios novos a partir dos princ pios do mundo Karl Marx 1843 Philosopher Iluminated by the Moon Foto Salvador Dali 24 1 Direito liberdade e igualdade no horizonte da tradi o liberal Os escritos pol tico filos ficos da cultura moderna refletem a arena dos acontecimentos da hist ria em que a vida social definida em seu conceito fundamental como uma rela o de luta por emancipa o Entre os s culos XVII e XIX exemplar uma forma de leitura que tem no debate sobre o direito a liberdade a autonomia e a emancipa o toda a tentativa de realiza o do liberalismo e dos interesses da burguesia no seio dessa cultura que se encontra portanto o embate necess rio entre emancipa o pol tica e emancipa o humana ao qual pretendo aludir Para argumentar a favor do car ter contradit rio entre esses dois conceitos abordarei atrav s dos elementos da cultura pol tico filos fica moderna de um lado a defesa da abstra o e da universalidade dos direitos e da liberdade empreendida pela tradi o liberal e de outro a cr tica marxiana da concretude e do particularismo desses mesmos direitos e sua respectiva liberdade Caracterizado pelas revolu es inglesas em defesa da liberdade e dos direitos naturais o s culo XVII faz emergir o antagonismo entre o Absolutismo e o Parlamento levado a cabo pela burguesia ascendente partid ria de um novo ide rio o liberalismo Ta
222. esfera estatal permanece concentrando o maior n mero das institui es empregadoras dos assistentes sociais o que significa dizer tamb m que o setor com maior concentra o desses profissionais distribu dos sobretudo no mbito das pol ticas de seguridade social com destaque para as reas da sa de e da assist ncia social stricto sensu especialmente a interven o junto situa o da crian a e do adolescente e em menores propor es no que se refere s pol ticas de educa o previd ncia habita o bem como ao campo da justi a e outros n o especificados op cit p 182 204 assinalam tend ncias adversas na condu o de uma pr tica identificada com projetos societ rios que portem como necess rias formas de vida emancipadas Assim diante de pol ticas sociais regressivas que afetam diretamente o cotidiano profissional associado ao avan o de um neoconservadorismo que se incorpora s a es governamentais e impregna as institui es pelo vi s do assistencialismo do filantropismo do cooperativismo entre outros colabora sua capitula o nos espa os s cio profissionais pela aceita o acr tica Como verifica Guerra em face da frontal perda de direitos conquistas trabalhistas e civilizat rias surgem novas e ou mais complexas express es da quest o social o que p e novas e diversificadas demandas e cada vez menos instrumentos coletivos para seu enfrentamento Para respon
223. ess o tornada leg tima e natural pela id ia de contrato O direito declara que contratos se realizam apenas entre iguais 1997 p 70 71 Paradoxalmente o direito burgu s ao conferir capacidade jur dica plena ao produtor direto e apresentando a rela o de explora o como uma rela o contratual estimulou em vez de impedir a negocia o em torno das condi es de trabalho e dos ganhos do trabalhador E ainda que esse direito tenha estabelecido o contrato como rela o individual a organiza o e a luta coletiva dos trabalhadores Em rela o s diferen as existentes entre o direito escravista e o feudal D cio SAES em Estado e Democracia Ensaios Te ricos 1998 p 37 diz de um lado os dois tipos de direito implicam um tratamento desigual aos desiguais aspecto comum que indica a filia o desses dois sistemas de normas a uma mesma grande fase de desenvolvimento hist rico a forma o secund ria a que se refere Marx em an lise comparativa 201 facilitada pela infra estrutura econ mica do modo de produ o capitalista puderam transpor esse individualismo que tem como objetivo obstaculizar a organiza o de sindicatos e promover um giro no direito burgu s restabelecendo a id ia de contrato num terreno que vincula n o mais indiv duos socialmente desenraizados mas coletivos variados de trabalhadores Do meu ponto de vista o direito um fen meno s cio hist rico que possui
224. et ria lembra que a constru o dos direitos no pa s contraditoriamente come a a ser atacada j no seu nascedouro com mais for a a partir de 1922 numa ofensiva expl cita aos direitos sociais Diz ainda que 1930 foi um marco importante no sentido de emancipa o pol tica incorporando demandas que vinham desde 1917 NETTO 2004a s p Na remiss o desse processo a heran a conservadora e anti democr tica do pa s o tempo todo reposta pelo autor que procura demonstrar o car ter irremiss vel e inconcluso da emancipa o pol tica que se configura pelo privil gio da classe dominante promovidos por viesses tendentes pela incorpora o pela corrup o ideol gica pela neutraliza o pol tica pela coopta o entre outros ibid como meios de impedir a incid ncia das for as populares nos processos de decis o pol tica Por esta raz o o autor p e no centro da reflex o sobre a constru o e consolida o dos direitos a an lise da forma o social brasileira explicitando sua dimens o contradit ria com o capitalismo tardio observando o movimento das classes no processo de emancipa o pol tica Ao se reportar particularidade do pa s que se inclui entre os perif ricos e dependentes com uma extrema concentra o de renda e propriedade afirma que quando se trata de direitos s poss vel pensar por um apelo a moralidade porque n o h categoria estat stica ou
225. etizam 1995 p 19 Por esta raz o e particularmente para o projeto socialista bolchevique a crise dizia respeito base real dos processos e contradi es em curso no interior da ex URSS e da centralidade pol tica que a acompanhava Mais precisamente uma forma espec fica de entran amento entre as estruturas internas do poder do Estado e o aparelhamento do partido que se volta para a um tipo de pr tica pol tica que ao se tornar hegem nica substitui o protagonismo das classes subalternas e da inteira sociedade Ironicamente tal como se deu a tentativa de supera o dos processos de reprodu o sociometab licas do capital M SZ ROS 2002 para uma ordem radicalmente alterada como propunha o socialismo sovi tico de maneira especial prospectados pelo leninismo stalinista fracassou em sua pretens o origin ria 118 enquanto alternativa emancipadora marcada pela Revolu o de Outubro A proje o mostrou se uma ilus o e o discurso ter se ia tornado c nico pois por tr s da ideologia facista da defesa do proletariado na verdade o que caracterizou a experi ncia p s revolucion ria de Petrogrado foi a perda de sentido da luta e da pr pria revolu o como constru o tico pol tica da hegemonia da classe trabalhadora para a supera o da velha ordem de coisas impostas pelos desmandos do capital Como expressa Lessa Quando os revolucion rios assumiram como tarefa defender o pa s dos soviet
226. eto profissional de ruptura com a heran a conservadora e sobre a qual marcou profundamente as constru es te rico metodol gicas do Servi o Social no Brasil at os anos 70 SILVA amp SILVA 1995 p 14 Pois bem quando em meados dos anos 70 come a a ruir as pilastras que ofereceriam sustentabilidade ditadura no Brasil e as demandas democr ticas s o revigoradas pelo protagonismo das classes trabalhadoras operou se no campo profissional como decisivo para o fomento de novos sujeitos pol ticos no interior da categoria a formula o de um pensamento cr tico expressamente ligado a posi es de esquerda que ao questionar o movimento do real se interroga a si 167 mesmo em seus equ vocos conceptuais e pol ticos realizada tecnicamente permitindo se romper com as pr ticas reiterativas orientadas por uma tica liberal conservadora constituindo em sua g nese as bases que conformariam o denominado projeto tico pol tico profissional Estas transforma es ocorridas no interior da categoria ganham visibilidade e dimens es concretas ao passo que a sociedade civil aviva seu processo de reorganiza o pol tica nesta conjuntura rearticulando o movimento sindical especialmente com as greves do ABC paulista que influenciaram decisivamente nos posicionamentos do coletivo profissional Exemplo not vel disso foi realiza o do Ill Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais em 1979 Ao se referir a esse
227. etrata a condi o de vida pr social da humanidade consiste na suposi o de que para se ter um estado soberano capaz de assegurar os direitos naturais e liberdades dos indiv duos estes precisariam mediante um acordo m tuo transferir para um soberano todos os seus poderes naturais Explica com suas pr prias palavras isto mais do que um consentimento ou conc rdia uma verdadeira unidade de todos eles numa s pessoa realizada por um pacto de cada homem com todos os homens de um modo que como se cada homem dissesse a cada homem cedo e transfiro meu direito de governar me a mim mesmo a este homem ou a esta assembl ia de homens com a condi o de transferires a ele teu direito autorizando de maneira semelhante todas as suas a es Feito isto multid o assim unida numa s pessoa se chama Estado HOBBES p 105 106 Segue se da que esta transfer ncia incondicional como queria Hobbes de direitos e poder a um soberano faz dele autoridade absoluta com dom nio ad infinito para fazer cumprir as regras da vida em sociedade o que significa garantir que se cumpra todo tipo de contrato ou acordo de direitos condicionais de propriedade estabelecidos entre os s ditos No entanto este postulado da obriga o pol tica absoluta do soberano assim deduzido por ele pressup e o dever que cada 29 indiv duo tenha com o poder que os proteger Para Macpherson essa necessidade de um poder soberano nico
228. excludente de processos sociais numa associa o quase atomizada entre priva o de direitos e n veis de degrada o das formas de vida da popula o trabalhadora em geral Portanto a partir deste mote e naquilo que mais relevante para o estudo o entendimento bastante disseminado na cultura profissional desde os anos 90 de que a transforma o social poss vel a partir do reconhecimento e acesso ao status de cidadania para todos CFESS 2008 p 41 feito a partir de uma leitura entificada do conceito de desigualdade sugerindo a id ia de que a constru o de uma sociedade democr tica cidad elevaria plenitude as dimens es do direito e da pol tica levando ao limite as pr prias contradi es do capital na exata pressuposi o falsa de que esta esfera da cidadania o l cus da realiza o da liberdade humana como aponta Tonet 2001 p 102 Esta perspectiva cujas inflex es assinalam tend ncias a estrat gias defensivas em rela o luta social tende a restringir ao campo da preven o as conquista imediatas adquiridas pelas classes subalternas refor ando o car ter fragment rio das propostas e proposi es defendidas pela esquerda democr tica 242 Contudo o fato de as coisas se passarem desta maneira n o retira o significado hist rico concreto e o alcance pr tico efetivo realizado pela emancipa o pol tica O pr prio Marx que o diga a emancipa
229. experi ncia p s revolucion ria que expresso na autocracia stalinista arroga se a inteira demiurgia social nos termos de Netto 1995 p 21 Porque a hist ria n o um repositum de fatos que se insurge contra um passado fict cio de registros precedentes mas se constitui num processo concreto de possibilidades aonde a pr pria realidade vai captando do devir a transforma o que projetada pelos homens ela n o pode ser adjudicada do movimento das contradi es que no seu seio se desenvolvem nem silenciada a riqueza das determina es que lhe p e em movimento Ora s as ideologias como todas as manifesta es superestruturais n o possuem uma hist ria aut noma como disse Chasin 1978 p 77 e imposta o da crise do socialismo real crise do marxismo explica de modo contundente o que o autor quer elucidar Realmente s a mistifica o da dialeticidade concreta da hist ria capaz de promover os equ vocos te rico metodol gicos que foram notavelmente operados no interior desta tradi o de maneira especial pelo stalinismo e todos os condescendentes com a apologia do socialismo real Como reclama Netto Em circunst ncias de uma vigorosa intensifica o do que os velhos bolcheviques chamavam de luta ideol gica ainda que travestida e edulcorada com os chav es do fim da ideologia mobilizam se em escala planet ria os meios de comunica o e manipula o social para
230. exto Hegel entendia que Kant precisava ser superado isto era bvio para ele e sugere pois uma s ntese entre sujeito e objeto onde as antinomias pudessem ser ao mesmo tempo superadas e conservadas numa concep o de realidade como dial tica do esp rito que se move em dire o ao absoluto e a totalidade como a unidade que confere significado ao mundo e extingue a dicotomia entre o ser e o n o ser Nesta ocasi o o caminho da subjetividade que havia sido posta at aquele momento com Kant estava para Hegel consumido e encerrado uma vez que o conhecimento da objetividade como real existente haveria de realizar se historicamente Dir Valc cel si la objetividad sin olvidar nunca el peculiar realismo hegeliano exigia de la subjetividade que se le habia opuesto por ejemplo en Kant su derecho los nuevos tiempos y la nueva filosofia habr an de proporcionarle tal plato 1998 p 277 10 Atrav s do m todo dial tico hegeliano o esp rito aparece quando o sujeito deixa de ser apenas em si e passa a ser tamb m para si constituindo ao mesmo tempo a natureza do objeto Contudo importante n o perder de vista o car ter c clico de sua dial tica pois ela que mostra o movimento e a exist ncia do esp rito por exemplo a subjetividade do esp rito se mostra num primeiro momento como simplesmente para si em sua objetividade realidade apenas em si se realizando t o somente em si e para si enquanto esp
231. fera da acumula o para a esfera da equidade como concep o de cidadania impl cito na pr tica pol tica do ent o governo Vargas Assim a pol ticas sociais eram concebidas como privil gio e n o como direito j que uma s rie de trabalhadores ficava margem dos benef cios concedidos pelo sistema previdenci rio Por m para surpresa de muitos e insatisfa o de poucos mesmo com os direitos pol ticos civis e sociais hipertrofiados a esquerda no Brasil ainda que d bil n o foi aniquilada pela ditatura muito embora os esfor os e intentos tenham sido assaz ao contr rio a conting ncia abre caminho para que a fortiori o efeito que a causa autorit ria fascista produziu retorne como causa em rela o a si mesmo 2 4 O compromisso das classes na luta pela democracia Neste per odo a presen a das classes se movimenta no pr prio seio da autocracia afirmando os compromissos de luta pela democracia advindos do per odo anterior ao golpe A resist ncia bem ou mal de ativistas sindicais oper rios trabalhadores rurais estudantes e intelectuais promoveu uma atmosfera ideol gica no pa s incompat vel com o status quo irreverentemente cr tica criativa e combativa o que se traduziu em for a material indispens vel e determinante para o momento posterior de restaura o pr democr tica no pa s Elucida mais exatamente Mazzeo mem ria das classes subalternas que apareceriam como impotentes e i
232. ganiza o da caridade mas parte constitutiva de um universo deo pol tico e te rico cultural que se apresenta no pensamento conservador e envolve modalidades de interven o caracter sticas do caritativismo ambos envolvendo igualmente a assist ncia organizada e o Servi o Social 8 Movimento constituinte do processo de cr tica ao tradicionalismo profissional demarcado pelo circuito s cio pol tico latino americano na d cada de 60 donde a ruptura com o Servi o Social tradicional se inscreve na din mica de rompimento das amarras imperialistas de luta pela liberta o nacional e de transforma es da estrutura capitalista excludente concentradora exploradora FALEIROS 1987 p 51 161 Social polariza e reproduz atrav s dos mais variados interesses contrapostos nas rela es sociais e na busca por construir uma cultura profissional emancipat ria Assim no mbito das pr ticas organizativas de resist ncia dos trabalhadores os quais envolvem o conjunto do movimento social e entre eles o partido o sindicato e as categorias profissionais a luta por direitos sociais e humanos marcou a cultura pol tica no campo da esquerda entre os anos 80 90 e influenciou de modo contundente o Servi o Social sobretudo no seu processo de constru o de um projeto profissional comprometido com projetos coletivos mais abrangentes e com valores emancipat rios Esta tend ncia no campo da luta social ain
233. gitimam socialmente delimitam e priorizam os seus objetivos e fun es formulam os requisitos te ricos e institucionais e pr ticos para o seu exerc cio prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas da sua rela o com os usu rios de seus servi os com as outras profiss es e com as organiza es e institui es sociais privadas e p blicas NETTO 1999 p 95 Portanto a vincula o do projeto profissional do Servi o Social a um projeto societ rio transformador se constituiu na medida em que a profiss o criou as condi es para estabelecer uma dire o sociopol tica voltada para os interesses das classes subalternas norteando sua forma o e seu exerc cio profissional para al m de seu horizonte imediato e sua utilidade social Do ponto de vista legal e institucional as bases que orientam o atual Projeto tico Pol tico Profissional do Servi o Social Brasileiro est o configurados atrav s do C digo de tica Profissional de 1993 na Lei de Regulamenta o da Profiss o de n 8662 de 07 06 1993 e nas Diretrizes Curriculares de 1996 Por isso este projeto carrega consigo a nitidez seguindo a heran a cultural da teoria social marxiana de que no movimento hist rico da realidade social que a luta pela transforma o do existente se gesta numa perspectiva de futuro de devir num constitutivo horizonte de concre o emancipadora Neste sentido o amadurecimento te
234. gitimidade a aparente oposi o entre a coisa p blica e a privada Nesta perspectiva o lugar privilegiado do direito no mbito espec fico da sociedade pol tica revela o qu o de fetiche est carregada a sua concep o o que n tido para Gramsci ao dizer que o aparelho de coer o estatal assegura legalmente a disciplina dos grupos que n o consentem e o dom nio direto se expressa no Estado e no governo jur dico 2000 p 20 21 Por um lado as indica es do pensador sardo parecem sugerir que a ordem do capital ao anular os antagonismos presentes entre sociedade civil e sociedade pol tica cindindo pois dire o e coer o mistifica a suposta igualdade reclamada em nome do direito burgu s que sob tal l gica n o poder jamais ser o l cus privilegiado da luta por hegemonia uma vez que seu car ter rep e no n vel dos arranjos legais a estrutura o do poder e da desigualdade estrutural do capitalismo No limite a racionaliza o da esfera pol tica pelo direito leva a uma adequa o do conformismo pela sociedade civil Por outro lado como chama a aten o Oliveiros Ferreira 96 parece ser dif cil ter a no o exata que Gramsci tinha do direito Ao mesmo tempo que enfatizava o car ter negativo admitia a fun o pedag gica do direito Ao mesmo tempo que se referia aos t cnicos do direito como zonas de indiferen a prop e a constru o de uma concep o essencialm
235. grifos da autora Tamb m as entidades como o CFESS Cress se posicionam devemos entender e defender a implanta o do Sistema nico de Assist ncia Social SUAS como espa o de reestrutura o e amplia o de direitos Este processo desencadeado pela Secretaria Nacional de Assist ncia Social do Minist rio de Desenvolvimento Social e Combate Fome e impulsionado pelo Conselho Nacional de Assist ncia Social expressa o compromisso de setores do governo Federal com a constru o coletiva dos direitos sociais no Brasil e resgata diretrizes fundamentais da Lei Org nica da Assist ncia Social LOAS como a primazia do Estado a amplia o dos benef cios programas projetos e servi os a quem deles necessitar a afirma o da Assist ncia como pol tica de Seguridade Social CFESS MANIFESTA 2004 grifos meus 225 Esta perspectiva ainda que procure dar visibilidade necessidade de enfrentamento das desigualdades sociais trazendo para o debate a ampla defesa e garantia de direitos como possibilidade de consolida o dos processos de emancipa o pol tica no pa s no plano te rico vincula se a configura es cujas refer ncias centrais esvaziadas de conte dos classistas apresentam se saturadas de um intenso debate gen rico sobre democracia e cidadania tal como se refere Amaral 2006a p 51 Portanto circunscrito ao debate moderno que inflexiona a luta pelos direitos sociais ao mbito da cidad
236. grupos sociais e pol ticos Criou se uma esfera p blica ou um mercado institucionalmente regulado 108 financiamento de servi os sociais p blicos a utiliza o dos recursos se deu sobretudo para a estrutura o da reprodu o do capital e a que se encontra uma das raz es da crise Frente a isso medida que o c rculo do financiamento p blico reprodu o da for a de trabalho e acumula o capitalista foi se rompendo em fun o de um aumento crescente da internacionaliza o a estabilidade desse modelo come a a oscilar provocando um retraimento nos investimentos e na renda que deixam de ser cada vez mais nacionais crescendo com isto a internacionaliza o que retirou parte dos ganhos fiscais deixando aos fundos p blicos nacionais o of cio de permanecer articulando e financiando a reprodu o do capital e da for a de trabalho Sem embargo como visto anteriormente a an strofe desta onda longa foi originada pela amplia o da composi o org nica do capital terceira revolu o tecnol gica integrada capacidade de luta da classe trabalhadora e aquisi o das conquistas sociais e trabalhistas o que refor ou consideravelmente o peso objetivo da classe oper ria a for a de suas organiza es de massa sobretudo dos sindicatos e em rela o a um ciclo aut nomo de luta de classe sua combatividade MANDEL 1990 p 27 No entanto fundamental tamb m lembrar que s
237. gualdade no Brasil o esgotamento dos efeitos distributivos do Plano Real encomendada pelo Ipea 2000 demonstrou que entre 1993 e 1996 o Real estabilizou o n mero de pobres em 34 passando a crescer a partir de 1997 Tamb m foram eliminados cerca de 1 2 milh o de empregos para os que tinham escolaridade de apenas quatro anos Segundo M rcio Pochmann em 1997 houve um aumento do n mero de indigentes pobres absolutos entre a popula o brasileira que passou naquele ano de 23 4 milh es para 26 2 milh es da PEA J o Censo de 2000 confirma que houve um aumento de 2 1 milh es de pessoas PEA sendo 15 desocupados Entre os 64 7 milh es de ocupados 51 9 recebiam de zero a dois sal rios m nimos e apenas 2 6 da PEA embolsavam mais de vinte sal rios m nimos Como se n o bastasse o famigerado programa imp e uma forte ofensiva ao conjunto dos direitos sociais ent o garantidos na Constitui o de 1988 com o desvio redu o na aloca o dos recursos para a rea social causando um impacto imediato e direto nas pol ticas sociais O resultado desta pol tica que Netto 1999 qualifica de intencional sabotagem foi a perda de bilh es de reais em investimentos em todas as reas sociais notadamente aquelas mais expressivas para o conjunto da popula o como sa de educa o trabalho assist ncia e previd ncia Esta ltima rea exemplo emblem tico do ataque das receitas cometido pelo governo FHC De acord
238. http www pensadores com br autores asp gt Acesso em 02 mai 2006 MARSHALL T H Cidadania classe social e status Rio de Janeiro Zahar editores Biblioteca de Ci ncias Sociais 1967 MARX Karl Manuscritos econ mico filos ficos Tradu o e notas de Jesus Ranieri S o Paulo Boitempo Editorial 2004 O Capital Cr tica da Economia Pol tica Livro Vol 1 20 ed Trad Reginaldo Sant Anna Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2002a O Capital Cr tica da Economia Pol tica Livro Vol 2 20 ed Trad Reginaldo Sant Anna Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2002b Nova Gazeta Renana Traduzidos por L via Contrim Margem S o Paulo n 14 p 229 259 dez 2002c Mis ria da filosofia resposta filosofia da mis ria do senhor Proudhon 1847 Trad Paulo Ferreira Leite S o Paulo Centauro 2001 263 Introdu o cr tica da filosofia do Direito de Hegel Transcrito por EduardoVelhinho Dispon vel em lt http www marxists org portugues marx 1844 criticafilosofiadireito nml gt por Jos Braz para The Marxists Internet Archives Acesso em 07 jan 2001 Para a quest o Judaica Trad Jos Barata Moura Lisboa Edi es Avante Biblioteca do marxismo leninismo 1997 Glosas Cr ticas Marginais ao artigo O rei da Pr ssia e a reforma social De um prussiano Revista Pr xis Belo Horizonte MG 1995 p 68 91 burguesia e a contra revolu o Trad J
239. ia atua no sentido da transforma o das condi es de exist ncia das classes subalternas 94 A revolu o provocada pela classe burguesa na concep o do direito e portanto na fun o do Estado consiste especialmente na vontade de conformismo logo eticidade do direito e do Estado As classes dominantes precedentes eram essencialmente conservadoras no sentido de que n o tendiam a assimilar organicamente as outras classes ou seja ampliar t cnica e ideologicamente sua esfera de classe a concep o de casta fechada A classe burguesa p e se a si mesma como um organismo em cont nuo movimento capaz de absorver toda a sociedade assimilando a a seu n vel cultural e econ mico toda a fun o do Estado transformada o Estado torna se educador etc uma classe que se ponha a si mesma como pass vel de assimilar toda a sociedade e ao mesmo tempo seja capaz de exprimir este processo leva perfei o esta concep o do Estado e do direito a ponto de conceber o fim do Estado e do direito tornados in teis por terem esgotado sua miss o e sido absorvidos pela sociedade civil GRAMSCI 2000 p 271 grifos meus Alguns comentadores de Gramsci como a exemplo de Werneck Vianna no ensaio Americanismo e Direito interpretaram esta passagem como express o da assimila o do autor sardo concep o hegeliana sobre o Estado e a sociedade civil como a mais adequada sua realidade efetiva na ord
240. ia da pr xis Florian polis SC Letras contempor neas 1995 p 119 140 ANDRADE Regis de Castro Kant a liberdade o indiv duo e a republica In Os Cl ssicos da Pol tica 2 Francisco Weffort Org S rie Fundamentos n 63 Vol 2 S o Paulo tica 1998 p 47 71 ANTUNES Ricardo O caracol e sua concha ensaios sobre a nova morfologia do trabalho S o Paulo Boitempo 2005 Os sentidos do trabalho ensaios sobre a afirma o e a nega o do trabalho 2 ed S o Paulo Boitempo 2000 Org et ali Trabalho reestrutura o produtiva e algumas repercuss es no sindicalismo brasileiro In Neoliberalismo Trabalho e Sindicatos reestrutura o produtiva no Brasil e na Inglaterra 2 ed S o Paulo Boitempo 1997a Adeus ao trabalho ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho 4 ed S o Paulo Cortez 1997b ARANTES Rog rio Judici rio e pol tica no Brasil S o Paulo Sumar FAPESP EDUC 1997 ARCARY Val rio As esquinas perigosas da hist ria situa es revolucion rias em perspectiva marxista Pref cio de C sar Benjamin S o Paulo Xam 2004 246 ARENDT Hannah As origens do totalitarismo S o Paulo Cia das Letras 1998 ARISTOTELES tica a Nic maco Trad Leonel Vallandro et ali Cole o os Pensadores S o Paulo Abril Cultural 1973 ARRUDA JR Edmundo Lima de Gramsci A democracia enquanto racionalidade jur dico normativa reflex es p
241. ia durante a ditadura Na an lise de lanni a ditadura desenvolveu aperfei oou ou modernizou o aparelho estatal de modo a garantir a estabilidade social e a pol tica conveniente ao capital financeiro nacional e estrangeiro Todas as esferas da vida social passaram a ser vigiadas controladas dinamizadas ou reprimidas de modo a garantir as condi es de seguran a desejadas pela grande burguesia nacional e estrangeira para o desenvolvimento do capital 1981 p 43 O fato que o Estado p s 64 em sua vers o ditatorial totalmente redefinido para atender s demandas e interesses das for as s cio pol ticas da elite autocr tica burguesa projetando num curto lapso de tempo uma expans o assustadora do processo de pauperiza o das classes subalternas e radicalizando sem medidas a coer o s for as de resist ncia democr ticas Conduzido pelos militares o pa s se submete a um austero controle social imposto por rigorosas medidas repressivas que incluiram a perda total de direitos pol ticos de participa o e representa o de classe instaura o de uma cultura do medo do terror das pris es e torturas configurando se o que ficou conhecido pela doutrina de Seguran a Nacional e Desenvolvimento Neste ltimo aspecto sintom tico o amplo investimento em programas de assist ncia e previd ncia social 139 tamb m como parte das estrat gias de controle social com vistas a reduzir o
242. ial RESUMEN Esta tesis Doutoral tiene por objetivo analizar la centralidade de lo derecho en la contempor nea de la pol tica de la cultura verificando en que medida los vectores que constituyen las tendencias predominantes de este debate centradas en el pluralismo democr tico y recortado por el discurso de la ciudadan a de la justicia social de la equidad y de la exclusi n social aparece en el servicio social y es apropiado como formaci n de la cultura profesional Se trata de demostrar que la funcionalidad de lo derecho en el contexto actual si presenta sobre la forma de obtenci n de un nuevo consenso neutralizando su car cter contradictorio y reduciendo la realidad social las especificidades de los fen menos secund rios ocultos En el examen de los estudios acerca de lo derecho verifiqu que un de los argumentos explicativos para la defensa contundente de elles en los marcos democr ticos est fundamentado en lo presupuesto de que el no reconocimiento de estes derechos revela la naturaleza excludiente de procesos sociales en una asociaci n casi atomizadas entre privation de derechos y niveles de degradaci n de las formas de vida de las clases subordinadas En esta formularization derecho y exclusi n social son conceptos que dialeticamente si auto explicar an en un entendimiento de que lo reconocimiento de una ser a la negaci n de la otra En esta perspectiva la estructura de la relaci n de lo derecho como posibi
243. ial democracia serviu de base para que o consenso e a concilia o de classe fossem ainda mais defendidos pelos partidos social democratas gerando no inconsciente coletivo dos trabalhadores uma esp cie de abandono aos ideais da luta revolucion ria em troca da utopia de sua suposta seguridade social Como relembra Bihr 117 a perspectiva de sair da mis ria da instabilidade da incerteza do futuro e da opress o desenfreada que basicamente caracterizaram at aquele momento a condi o prolet ria E juntamente garantia de adquirir direitos n o s formais direitos civis e pol ticos mas reais direitos sociais cujo respeito seria garantido pelo Estado e de ter acesso a uma vida se n o agrad vel pelo menos suport vel BIHR 1998 p 38 grifo meu Recorde se que no contexto da cultura pol tica no per odo que vai de 1940 70 o debate girava em torno do bem estar da cidadania e da social democracia tendo como pano de fundo o consenso pol tico que oscilava entre os projetos liberal conservador e reformista democr tico Este contexto favoreceu a que a luta de classe se intensificasse num jogo de for as onde o Estado passou a ser tencionado pela a o pol tica dos segmentos dos trabalhadores que incorporaram em suas pautas reivindica es em torno da luta por direitos Ao recordar a an lise que Marx faz em O Capital sobre a luta contra os Trade Unions os primeiros sindicatos e as greves e de
244. iante de si o caos a desordem inelut vel Gramsci 1917 Philosopher Iluminated by the Moon Foto Salvador Dali 99 2 Express es da crise no capitalismo contempor neo A desigualdade que se aprofunda radicalmente com o processo de mundializa o do capita CHESNAIS 1996 no ltimo quartel do s culo XX e in cios do s c XXI um problema que afeta a realidade concreta de milhares de seres humanos condi o absoluta de aprecia o da tica e dos projetos alternativos j presentes de liberta o humana nesta experi ncia do processo de sociabilidade O ponto de partida ou contexto desta conjuntura evocado pelo processo de mundializa o do capital e ratifica os seus vincos com o ordenamento da produ o e reprodu o social reafirmando de maneira imperativa o significado das inst ncias pol ticas e econ micas consolidando a estrutura o multifacetada de uma cultura e um ethos que se apresenta sobretudo como uma estrat gia de enfrentamento dos problemas que paradoxalmente solapa as bases do seu pr prio sistema Na avalia o de Ricardo Antunes Expansionista destrutivo e no limite incontrol vel o capital assume cada vez mais a forma de uma crise end mica como um depressed continuum como uma crise cumulativa cr nica e permanente com a perspectiva de uma crise estrutural cada vez mais profunda ao contr rio da sua conforma o anterior c clica que alternava fazes de desen
245. ias apresentadas notadamente tr s se remeteram discuss o espec fica sobre os direitos todas sendo tencionadas por posi es diferenciadas entre intelectuais do Servi o Social e de reas afins garantindo assim o pluralismo e o confronto aberto de id ias Logo de in cio o evento foi conduzido por uma reflex o que atendia prontamente ao tema central que fora o n cleo gerador do Congresso A confer ncia de abertura cujo tema Os direitos de cidadania como causa c vica o desafio de construir e consolidar direitos no mundo globalizado ofereceu ao debate uma concep o extremamente articulada com o debate contempor neo sobre a defesa de direitos e fortemente referenda na tend ncia liberal socialista de Norberto Bobbio Partindo do entendimento que a luta por direitos situa se num plano pol tico superior defendidos como causas c vicas coletivas o conferencista considera por um lado o tema fulcral uma vez que parte constitutiva da hist ria moderna e por outro extremamente estrat gico nos tempos de incertezas em que 192 projeta como um todo a sociabilidade contempor nea Nesta perspectiva se pergunta dadas s amea as e as dificuldades que hoje se antep em aos direitos de cidadania e particularmente aos direitos sociais estariam estes direitos beira do precip cio prestes a desaparecer ou a perder a legitimidade de que se valeram sistematicamente no decorrer do s culo XX Co
246. iberalismo jur dico burgu s definia claramente que em face de sua lei todos eram livres e iguais mas sob a condi o de que todos fossem e se tornassem burgueses 1981 p 102 Diria que este o pano de fundo exposto na problem tica da Revolu o Francesa e sobre o qual a hist ria convocou ao debate filos fico pol tico e ideol gico liberais hegelianos de esquerda e de direita marxianos e tantos outros pensadores da cultura pol tica N o por acaso dizia Hegel 1976 p 52 n o s as luzes s o uma revolu o que produz ou faz 85 avan ar a liberdade absoluta como toda a transi o dos tempos mais antigos para os novos gira em torno de uma revolu o no mundo Entretanto no horizonte da contemporaneidade pode se dizer especificamente que somente a partir do Il p s guerra sob a influ ncia da Uni o Sovi tica na Europa que cresce o interresse na literatura revolucion ria pela teoria marxista do direito o qual se p e a princ pio e n o deixaram de vir sem pol micas e conflitos ideo pol ticos contra o ordenamento pol tico jur dico herdado da tradi o jusnaturalista Nesta quadra hist rica duas concep es tornaram se cl ssicas e assumiram o debate em torno do direito a primeira seguindo a orienta o da Il internacional notadamente vislumbrada nas obras de Stuchka 1865 1932 e Pachukanis 1891 1937 e a segunda marcada pelo per odo do sovietismo estalinista especi
247. icas cujas caracter sticas pressup em uma ordem pol tica democr tico liberal e nesta ordem as quest es sociais foram acrescentadas margem ibid p 17 18 z Neste sentido amplamente aceito que a estrat gia da pr pria transi o controlada pelos militares promovida pela abertura do Governo Figueiredo 1978 84 delineia os consensos forjados em torno da nova Constitui o que absorve o car ter de continuidade do per odo anterior instituindo muito mais uma democracia regulada de modelo liberal comunit rio do que como credita o commum sense uma democracia social bvio que n o se nega a import ncia do protagonismo das Gisele Cittadino em Pluralismo Direito e Justi a Distributiva Elementos da Filosofia Constitucional Contempor nea 2004 especialmente no subt tulo O constitucionalismo Comunit rio no Processo constituinte p 32 procura demonstrar que a influ ncia do campo progressista na Comiss o de Estudos Constitucionais com importantes nomes da esquerda adv m do pensamento constitucionalista societ rio e comunit rio de origem europ ia que toma a Constitui o como uma estrutura normativa que envolve um conjunto de valores cujo sentido jur dico consequentemente s pode ser apreciado em rela o totalidade da vida coletiva atrav s da realiza o dos valores que apontam para o existir da comunidade Para a autora tal perspectiva sinal
248. icipa o dos usu rios no sistema e melhoria universaliza o dos benef cios e servi os Essas mudan as permitiram atenuar as defici ncias de natureza gerencial at ent o existentes e atenderam a hist ricas reivindica es das classes trabalhadoras 222 se transformarem na realidade no principal crit rio de acesso a servi os e benef cios Sob essa l gica inaudita se sob todos os aspectos os esfor os de mudan a e a possibilidade de reordenamento das pol ticas sociais anotadas na Constitui o de 1988 demonstrando que elas n o podem tudo ali s escapa as suas capacidades reverter ou mesmo reduzir n veis t o altos de pobreza e desigualdade quanto os apresentados pelo Brasil no cen rio atual sobretudo quando o meio econ mico em que opera o do baixo crescimento de forte desemprego de fragiliza o das situa es de gera o sustentada de renda e de restri es fiscais t o duras situa o que fragilizam elas pr prias as pol ticas sociais mesmo quando melhoradas e aperfei oadas por reformas Ao transferir para o mercado a responsabilidade dos encargos sociais e chamar a sociedade para ser parceira no trato com a quest o social o Estado refor a ainda mais a nossa velha e persistente pobreza de todo dia Caso expressivo refere se s propostas de reforma da Previd ncia Social apresentadas ao pa s em 1998 por Fernando Henrique Cardoso e em 2003 pelo governo Lula que al m de fragi
249. ida pela m xima que a determina ou seja pelo princ pio da vontade e nunca por um fim em si mesmo 3 n o pode ser levada por qualquer inclina o a n o ser pelo respeito lei Deste modo para que uma a o seja moral necess rio que seja cumprida pelo dever se ela ao inv s cumprida apenas em conformidade ao dever cai no mbito da legalidade Na Fundamenta o da Metaf sica dos Costumes o pr prio Kant esclarece o puro acordo ou desacordo de uma a o com rela o lei sem respeito algum ao impulso da mesma chama se legalidade conformidade lei quando ao inv s a id ia do dever derivada da lei ao mesmo tempo impulso para a a o temos a moralidade 1974 p 394 Aqui percebe se claramente a distin o entre moral e direito apontada como uma prerrogativa meramente formal quer dizer que n o diz respeito ao conte do da quest o mas forma O que diferencia a a o n o a lei mas a atitude perante a mesma moral quando o sujeito age por respeito a ela e torna se legal quando age apenas por interesse Neste sentido a lei moral deve conter valores a partir de si mesmo e como vontade racional deve imprimir a si pr pria a sua lei que se constitui como um imperativo este caracterizado como uma f rmula para exprimir a rela o de leis objetivas da vontade em geral com a subjetiva imperfei o da vontade deste ou daquele ser racional ibid p 138 7 Os imperativo
250. idade entre cotiza es e benef cios Originalmente foi institu do por Bismarck na Alemanha em 1883 1898 para cobrir riscos de acidentes do trabalho doen a velhice e invalidez e assegurar o n vel de vida dos trabalhadores seu objetivo era aplacar os nimos oper rios O modelo beveridgiano foi criado na Inglaterra em 1942 com a finalidade de abolir a mis ria ap s a segunda guerra mundial Proposto pelo lord Beveridg o sistema pretendia se completo e unificado cobrindo todos os riscos sociais integrando seguridade e assist ncia e oferecendo um m nimo de servi os p blicos para todos No caso do sistema franc s o modelo foi considerado misto porque adotou parte dos dois sistemas anteriores somando tradi es de assist ncia seguridade e solidariedade 221 capitalista s o consideradas como um dos maiores entraves sua pr pria expans o e em grande parte respons vel pela crise que atravessa a sociedade constituindo se uma amea a aos interesses e liberdades individuais impedindo a livre iniciativa a concorr ncia privada e ao livre mercado De acordo com Mota se evidenciam a presen a de uma concep o neoliberal da pol tica social na medida em que mercantilizam servi os restringem a a o da seguridade aos programas seletivos de combate a pobreza e estimulam a descentraliza o das a es no sentido de criar um novo federalismo fomentador de um suposto poder local aut nomo e independente financeiro e adm
251. ifas aduaneiras Para Paul SINGER A raiz do desastre social a pol tica de FHC In O desmonte da na o Balan o do Governo FHC Ivo Lesbaupin Org 1999 p 28 ele lan ou a economia em profunda recess o a ponto duma infla o de 80 na primeira quinzena de mar o 1991 transformar se em defla o na quinzena seguinte como plano de estabiliza o o fracasso n o poderia ser mais completo Apenas dois anos depois come ou a se revelar o imenso plano de extors o que se implementava a partir do Planalto o que levou ao impeachment Para S mya R RAMOS A media o da organiza o pol tica na re constru o do projeto profissional o protagonismo do Conselho Federal de Servi o Social 2005 p 62 Collor iniciou e FHC deu forte impulso as propostas de desregulamenta o flexibiliza o privatiza o acelerada e desendustrializa o o que gerou dentre outras quest es a intensifica o do processo de desmontagem dos parcos direitos trabalhistas 129 Vistos em seu conjunto o corol rio reformista tinha como objetivo prec puo desregulamentar o Estado limitar os gastos estatais e suprimir os direitos sociais mercantilizando a previd ncia a sa de e a educa o reduzindo ao m nimo a legisla o de prote o ao trabalho e as garantias constitucionais Chamando a aten o para a fun o ideologizante desta estrat gia assevera Amaral A necessidade de dar mais nfase s reformas n
252. ifica pelo pluralismo do mundo contempor neo constituindo um fen meno social que se porta em uma cultura que se pretende do consenso N o por acaso a raz o comunicacional habermasiana como uma situa o ideal de fala se apresenta como resposta resolu o dos conflitos no mundo da vida onde o princ pio da democracia deve se estabelecer em nome de um consenso racional institucionalizado em discursos jur dicos por meio da autolegisla o empreendida pelos pr prios cidad os A complac ncia de Habermas diante do status quo o faz considerar a burocratiza o e o mercado como formas necess rias ao processo de moderniza o acusando Marx de n o entender que o contexto sist mico da economia capitalista e da administra o do Estado representa tamb m um n vel de integra o superior e um n vel vantajoso do ponto de vista da evolu o hist rica Teoria do agir comunicacional p 373 Estes dois subsistemas regulados pelo direito como m dium social leg timo em um Estado democr tico ocupa o lugar da emancipa o convertendo se em seu agente e principal instrumento Enquanto para Marx a emancipa o era antes a emancipa o do pr prio Estado e de suas institui es e entre elas especialmente o direito para Habermas o direito ele pr prio emancipat rio devendo n o apenas ser preservado como refor ado A regress o habermasiana s ilus es liberais do s culo XIX demonstra claramente
253. imples democratiza o da sociedade capitalista concretiza o na sociedade civil dos direitos e ideais da democracia pol tica liberdade igualdade fraternidade que as reformas de estruturas anteriormente indicadas devem realizar BIHR 1998 p 21 grifos meus Em Hist ria e Consci ncia de Classe Luk cs 2003 p 471 ao denunciar a influ ncia positivista no marxismo inflexionada pelos reformistas da Il Internacional afirma que ao conceber o Estado como objeto de combate e n o como advers rio na luta os pseudo marxistas j se colocam espiritualmente no solo da burguesia Ora o Estado democr tico de direito constitu do num campo contradit rio de nega o e afirma o dos processos sociais que se expressam pela institucionalidade burguesa como l cus privilegiado de afirma o da igualdade formal e da lei positiva este pseudo sujeito que assume fun es da maior import ncia para manter tal contradi o que com esfor o mistificador a social democracia apresenta como instrumento indiferenciado de poder acima das classes baseado na id ia reguladora do estatuto jur dico pol tico como t tica na luta pelo socialismo O esquema originariamente antigo e o programa sem d vida advoga at hoje a tese da vulgata marxista esbo ada pelo oportunismo de Kautsky que parafraseando Coutinho 1972 p 171 fetichizados passam a se apresentar como autentico marxismo Assim obje
254. indiferenciado da cidadania Nesta perspectiva constitui se o solo matizador determinante desta cultura a crise estrutural do capitalismo contempor neo sob as condi es postas pelo neoliberalismo crise dos partidos de esquerda e a ofensiva do pensamento p s moderno jogando de modo dram tico contra o avan o da din mica hegem nica das lutas anticapitalistas Nesta dire o a tend ncia s cio hist rica de inspira o socialista amparadas na defesa da socializa o do poder pol tico e da riqueza materializadas em lutas pela reapropria o do valor de uso social e coletivo do trabalho humano MOTA 2006 p 09 que se tornou predominante no mbito das lutas sociais at os anos 70 passa a ser redesenhada destacando se quela voltada para o campo da democratiza o do capitalismo mediante a luta defensiva centrada na defesa dos direitos de cidadania consubstanciadas no horizonte do welfare e no compromisso das classes em presen a Neste argumento est contida a suposi o de que a emerg ncia do discurso da defesa de direitos adquire especificidade e singularidade pr pria nesta conjuntura de recomposi o do processo de acumula o do grande capital dado o brutal refluxo nos ganhos materiais da classe trabalhadora que se v destitu da e alijada de sua autodetermina o como sujeito individual e coletivo ao perder a centralidade de que desfrutaram na articula o do social com o Welfere State
255. individuais constituem o n cleo do direito moderno 2003 p 47 Neste sentido o autor da raz o comunicativa parte do pressuposto da tese da voca o pr tica do direito situando a no campo de aplica o da Filosofia por m o faz a partir da observa o de uma certa tend ncia juridiciza o expans o dos 73 direitos na esfera civil do mundo da vida ou seja crescente invas o do mundo da vida pelos sistemas sociais atrav s da economia e da pol tica que passam deste modo a regular cada dia mais o cotidiano dos cidad os implicando no encolhimento da racionalidade comunicativa e sua gradual substitui o pela racionalidade estrat gica Como esclarece Dur o Nesse quadro o direito aparece como um sistema social que utiliza a racionalidade estrat gica para realizar a fun o de estabiliza o das expectativas de comportamento mediante uma racionalidade processual formal que serve para gerar um confian a dos cidad os na domina o legal o qual tamb m invade o mundo da vida aumentando a juridifica o das rela es sociais e fomentando a retra o dos agentes para sua esfera privada 2006 p 02 Ao fazer a cr tica ao direito moderno a partir da Teoria da a o comunicativa Habermas afirma que o direito pode sim ser respons vel pela integra o social entre o mundo da vida e os sistemas sociais mas apenas na medida em que consentir aos cidad os tanto o uso da racionalidade estrat
256. inistrativo do poder central 2000 p 17 Neste sentido os neoliberais impetram para a pol tica social a es estatais descentralizadas articuladas com a iniciativa privada a fim de conservar a possibilidade de cada um se p r na estrutura da sociedade de acordo com seus pr prios m ritos Portanto a nova institucionalidade das pol ticas sociais que da surge caracteriza se na perspectiva de uma seguridade social privatizada focalizada e descentralizada regulada pelos organismos financeiros internacionais No Brasil a quest o se torna ainda mais complexa em fun o do pa s carregar a heran a de um sistema de prote o social caracterizado por um alto grau de centraliza o com defini o de prioridades e diretrizes ditadas pelo clientelismo mediante superposi o de programas e servi os com parcelas significativas dos servi os sendo prestadas j pelo setor privado lucrativo ou filantr pico onde o n vel de renda ou inser o no mercado de trabalho acaba por 33 De acordo com MOTA loc cit p 142 Relativamente prote o social o maior avan o da Constitui o de 1988 a ado o do conceito de seguridade social englobando as reas de sa de da previd ncia e da assist ncia Al m desta inova o h que se real ar a redefini o de alguns princ pios pelos quais foram estabelecidas as novas regras relativas a fontes de custeio organiza o administrativa mecanismos de part
257. is Pela instrumentalidade da profiss o v o passando elementos progressistas pressionando a profiss o as for as progressistas internas e externas conduzem na a rever seus fundamentos e suas legitimidades a questionar sua funcionalidade e instrumentalidade GUERRA 2000 p 30 178 Assim num movimento dial tico de nega o e supera o em busca do novo ethos profissional ao identificar se enquanto classe procura no engajamento pol tico criar as bases de uma nova tica e uma pr tica pol tica voltada para a articula o da luta pol tica luta social Este processo de organiza o da pr pria categoria profissional e sua participa o social e pol tica na luta em torno da resist ncia ao imperialismo e ordem dominante acompanhou pari passu o movimento de vanguarda entre as for as de esquerda no idos de 70 80 tanto que seus objetivos finalidades e inten es est o claramente expressos no C digo de tica profissional de 1986 cuja articula o profissional prescreve uma rela o ntima com as lutas da classe trabalhadora O referido C digo aponta como deveres dos profissionais devolver as informa es que colhe aos sujeitos envolvidos incentivar a democratiza o das institui es contribuir com a altera o da correla o de for as no espa o profissional para o fortalecimento dos usu rios respeitar a tomada de decis es dos usu rios o saber popular e a autonomia das organiza es d
258. is desenvolvem se como direitos positivos particulares para finalmente encontrarem sua plena realiza o como direitos positivos universais 1992 p 30 Mediante os duros anos da resist ncia antifascista na It lia Norberto Bobbio prop e o que caracteriza como sendo um di logo civilizado entre a tradi o liberal e a socialista n o obstante h tempos serem compreendidos como tradi es intelectuais e pol ticas antag nicas e com boas raz es em virtude tanto da aparente incompatibilidade de seus pontos de partida te ricos como do hist rico real de conflito tal como esclarece Perry Anderson 1996 p 9 10 De acordo com Perry ANDERSON em As afinidades de Norberto Bobbio In Zona de Compromisso 1996 p 33 34 a ponte de Bobbio do liberalismo ao socialismo n o foi um epis dio intelectual relativamente isolado ele fazia parte de um movimento coletivo que desempenhou um importante papel pol tico numa poca de guerra civil e nacional em contraste tornou se liberal socialista de certa forma num nico impulso na luta contra o fascismo e ent o reagiu contra os crimes do socialismo estabelecido 63 Particularmente trata se por assim dizer de seu inc modo com o beco sem sa da o qual o socialismo italiano igualmente se meteu levando o nos anos 70 a contribuir com o debate pol tico em seu pa s na revis o dos postulados do socialismo perguntando Qual o socialismo O que
259. is na propor o em que dotam de novos conte dos as bandeiras pol ticas hist ricas dos trabalhadores brasileiros J o fizeram com a no o de cidadania instituindo a figura do cidad o consumidor o mesmo acontece com a banaliza o da solidariedade ou ainda com formas mistificadas de equidade id ibid Neste quadro aonde as classes subalternas v m sendo derrotadas em seu projeto emancipador pelo avan o mundial do neoliberalismo que triunfa 134 ideologicamente a discuss o sobre at onde avan a o capital pressuposto para refletir mesmo em um momento de resist ncia sobre o modo como essas classes v m direcionando seus processos de luta haja vista a atualidade demonstrar como n o s vai se destruindo o direito social e trabalhista conquistados historicamente pelos trabalhadores como suas pr ticas v m sendo agiornadas pol tica e ideologicamente na perspectiva de uma cultura emancipat ria Portanto concordo com a an lise daqueles que entendem corretamente que preciso ter clareza desse debate no campo das lutas sociais submetendo o ainda que num contexto de resist ncia a perspectiva anal tica de uma cr tica negativa do Estado e da pol tica como supera o necess ria dessa forma de sociabilidade com vistas a um projeto hist rico emancipador na perspectiva das classes subalternas Como Anota Abramides Em que pese o processo defensivo em que as massas trabalhadoras se encontram no lti
260. is revolu es marco no transcurso para a modernidade ficaram conhecidas por terem projetado certa consci ncia do L esp rit des lois registrado nas obras dos grandes fil sofos pol ticos da poca Desde ent o a lei passou a ser em toda Europa ocidental definidora dos par metros de razoabilidade dos limites do exerc cio do poder Cumpre notar que os registros pol ticos de Maquiavel 1469 1527 preparam o solo para uma compreens o segundo a qual os sujeitos individuais se contrapunham numa concorr ncia constante de interesses tornando se convic o b sica para o modelo conceitual do contrato de Hobbes 1588 1679 que fundamenta a soberania do Estado como nico garante de pondera o de tais interesses Tal perspectiva constitutiva do lastro hist rico da vida social moderna representa o esgar amento dos componentes nucleares da doutrina pol tica cl ssica que estivera em vigor at o fim da Idade M dia onde o homem fora concebido em seu conceito fundamental como um ser capaz de estabelecer 25 comunidade um zoon politikon que dependia do quadro social de uma coletividade pol tica para realizar sua natureza interna como esclarece Axel Honneth 2008 p 31 1 1 Jusnaturalismo e Contratualismo O jusnaturalismo o marco que caracteriza esse movimento distinguindo se radicalmente como teoria da concep o virtuosa e intersubjetiva da civitas grega ao definir a liberdade como um fato individual inst
261. izava no sentido de se romper com a influ ncia extremamente positivista do pensamento jur dico brasileiro 147 classes trabalhadoras e do movimento social organizado no processo constituinte e na consolida o democr tica at porque era imposs vel impedir s press es sociais provocadas por estes segmentos recorde se como diz Gisele Cittadino a emerg ncia nos anos 70 dos movimentos de defesa dos direitos humanos especialmente dos direitos relativos daqueles que lutavam contra o regime autorit rio a luta na primeira metade dos anos 80 pela reconquista dos direitos de participa o pol tica a efetiva participa o na segunda metade dos anos 80 de diversos setores organizados da sociedade civil no processo constituinte do qual decorreu a Constitui o de 1988 as frequentes den ncias a partir dos anos 90 das viola es dos direitos fundamentais das camadas populares tanto aqueles relativos vida e integridade f sica como os referentes aos benef cios econ micos e sociais assegurados notadamente pela nova Constitui o 2004 p 11 No entanto o que se quer aqui chamar a aten o para al m das apar ncias e da facticidade da ocasi o em si para as contradi es que perpassaram aquele momento hist rico A realidade mostrou que a reda o do texto constitucional se deu de forma extremamente consensuada sintonizada com os fins autojustificadores que a envolviam qual seja a defesa da democracia
262. ko Os Princ pios do Direito P blico e o Estado A dial tica dos interesses p blicos e dos interesses privados na Teoria da Justi a de John Rawls e na Teoria da A o Comunicativa de Jurgen Habermas s l agost 2004 Dispon vel em lt http jus2 uol com br doutrina texto asp id 7010 amp p 3 gt Acesso em 13 mai 2004
263. l A Teoria geral do direito e o marxismo Pachukanis pensa a forma espec fica de que se reveste o direito em uma sociedade de transi o socialista ao mesmo tempo em que nega a possibilidade de que esse direito possa adquirir uma natureza prolet ria ou socialista a reformula o que opera em suas concep es se d de modo gradual em um esfor o de ajustamento as diretrizes oficiais a partir do final de 1929 justamente quando ocorre a grande virada na orienta o pol tica e econ mica sovi tica As exig ncias de natureza pol tica se sobrep em l gica 86 processo de circula o mercantil por meio da troca de mercadorias que numa perspectiva radicalmente cr tica o mesmo que analisar a forma do direito como determina o hist rica Para esta d marche o autor aplica ao seu campo de an lise sobre o direito o crit rio metodol gico tra ado por Marx na Introdu o cr tica da economia pol tica que como se sabe procura ir do abstrato real ca tico ao concreto real pensado num movimento dial tico em que as categorias exprimem portanto formas de ser condi es de exist ncia nas palavras do pr prio Marx 1978c p 116 117 Portanto nesta dire o tamb m deve ser examinado o direito em suas determina es gerais e n o apenas como um sistema normativo de id ias e ou produto de uma elabora o conceitual antes como o resultado do desenvolvime
264. l Ed Anthopos Espa a 1998 VALADIER Paul Moral em Desordem Um discurso em defesa do ser humano Trad Paulo Menezes S o Paulo Loyola 2008 VANCOURT Raymond Kant Lisboa Ed 70 s d VASCONCELOS Ana Maria O trabalho do assistente social e o projeto hegem nico no debate profissional In O trabalho da assistente social e as pol ticas sociais Cadernos de Capacita o em Servi o Social e Pol tica Social Bras lia n 4 CFSS ABEPSS CEAD UNB 2000 214 VASCONCELOS Eduardo Mour o Estado e Pol ticas Sociais no capitalismo uma abordagem marxista In Servi o Social amp Sociedade Revista quadrimestral de Servi o Social ano IX n 28 dez 1988 p 5 32 V ZQUEZ A S nchez Entre a Realidade e a Utopia Ensaios sobre Pol tica Moral e Socialismo Trad Gilson Soares Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 tica Trad Jo o Dell Anna 17 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1997 Filosofia da Pr xis S o Paulo Paz e Terra 1977 VERGARA Francisco Introdu o aos fundamentos filos ficos do liberalismo Trad Catherine M Mathieu S o Paulo Nobel 1995 VIANNA Lu s Werneck et ali Americanismo e Direito In Gramsci e o Brasil Dispon vel em lt http Awww gramicidireito html gt Acesso em 06 nov 2005 A Judicializa o da pol tica e das rela es sociais no Brasil Rio de Janeiro Revan 1999 Liberalismo e sindicato no Brasil Rio de Janeiro Paz e Te
265. l o tratamento dado concep o dos direitos humanos a n o aceita tal como subordinada sua concep o origin ria portanto deslocada das determina es estruturais da sociedade de classe Ao contr rio recusando tal perspectiva que a profiss o propugna uma outra compreens o defendida numa perspectiva emancipadora que tem na reflex o cr tica e na a o educativa instrumentos desmistificadores dos limites dos direitos humanos nesta sociedade como define Brites amp Barroco 2002 p 99 A princ pio a incorpora o da discuss o sobre a tem tica se reveste de uma an lise que tem como fundamento o discurso pol tico dos anos 70 80 no Brasil e em outros pa ses da Am rica Latina que em fun o da oposi o ditadura tomaram o discurso da cidadania para afirmar direitos antes interditados sobretudo os direitos humanos que refletiam a luta contra a tortura a favor da anistia e mais um conjunto de opress es pessoais sendo portanto a sua defesa uma necessidade hist rica 186 3 2 2 A defesa dos Direitos Humanos como forma o de cultura profissional Tem sido comum na literatura profissional dos anos 90 a defesa aos direitos humanos que passa a ser atribu do ao conjunto dos direitos universais e do sistema jur dico democr tico tornando se leg timo e valorizado pela agenda pol tica do Servi o Social que o insere no conjunto dos instrumentos estrat gicos para a luta em defesa de uma o
266. lasse por outra na disputa hegem nica pelo poder sendo portanto imposs vel de se realizar sob os ausp cios do capital Ao situar esse debate no quadro brasileiro considera a conjuntura atual problem tica para a garantia dos marcos democr ticos que se fazem presentes na atualidade aludindo ao processo retardat rio da emancipa o e autonomia pol tica brasileira o n gordio da quest o Nesta dire o entender o processo de constitui o da forma o social do pa s condi o sine qua nom para explicar sua situa o presente Assim faz notar que no marco de um liberalismo sem qualquer posicionamento democr tico que marcou claramente o deslocamento da nossa hist ria de qualquer pretens o de transformar conquistas e consolid las na forma de direitos id ibid Atribui tal fato ao tipo de capitalismo institu do no pa s marcado sempre pela absoluta aus ncia de reformas NETTO 2004c passim o que no campo dos direitos adquire um contorno diferenciado para o direcionamento da vida social ganhando uma nova dimens o e sendo reequacionado com a Constitui o de 1988 que pela primeira vez coloca o direito como seu n cleo articulador fazendo avan ar as linhas de for a progressista do ponto de vista s cio pol tico 198 O avan o que se processa nessa reflex o inequ voco sobretudo quando faz men o a racionalidade pr pria da forma o social brasileira Na nfase desta traj
267. lex o que teve como n cleo tem tico gerador o debate sobre os direitos 191 Antes importante notar que o Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais CBAS tem sido desde os anos 40 o maior evento produzido pelo Servi o Social brasileiro que se realiza a cada tr s anos reunindo sempre um grande n mero de profissionais e estudantes tornando o assim um encontro da maior import ncia para a categoria um evento de natureza pol tico cient fica e um importante espa o de divulga o da cultura profissional donde os debates e encaminhamentos realizados ao longo de todo o evento contribuem para a constru o da agenda das entidades nacionais da categoria conjunto CFESS Cress ABEPSS e ENESS Por isso o congresso sobressai se neste estudo como paradigm tico porque ainda que traduza n veis diferenciados do compromisso profissional pelo seu peso e caracter sticas poss vel destacar as tend ncias mais presentes que informam o debate atual no interior da categoria O XI CBAS contou com um n mero de aproximadamente quatro mil profissionais de todo o Brasil registrando igualmente uma quantidade significativa de trabalhos que foram apresentados atrav s das dezessete sess es tem ticas organizadas por eixos com destaque aos que se referiram as discuss es sobre Estado direito e democracia com cinquenta e sete trabalhos expostos e direitos humanos com um total de dezoito Tamb m das quatro grandes confer nc
268. liberal e sua correspondente liberdade Neste sentido nunca demais lembrar que concep es te ricas e suas pr ticas s o modos de explica o do real se projetando em determinados momentos hist ricos explicitamente como luta ideol gica em torno de projetos hegem nicos Por isso muito elucidativo o que assevera Dias quando diz que a Constitui o a forma do pacto social impl cito ou expl cito que atua no cotidiano da pol tica para conformar as perspectivas classistas Quando aceita como leg tima ela determina o modo concreto da regula o dos conflitos e quando colocada em quest o funciona como poderosa arma de conserva o 2006 p 61 148 O fato que nas circunst ncias pol ticas da poca as press es por demandas sociais advindas do campo da esquerda tiveram muito mais expressividade no ordenamento jur dico pol tico anunciado na formalidade da lei do que na conforma o do poder em torno de um governo classista democr tico Levar as ltimas consequ ncias o pacto social plasmado no processo constituinte seria para a elite burguesa do pa s se deparar com um processo de constru o de aparelhos democr ticos com fun es de controle social o que contra restaria com as pr ticas de manipula o pol tica mais rude e de que faz parte a heran a cultural e ideo pol tica do Brasil Ao se referir a este confronto insiste Weffort Por tudo isso tal ordem pol tica reflete de um la
269. lidad de los sujetos si reconoceren como inclu do socialmente promueve un dislocaci n del concepto del desigualdad asientos en el sistema de las relaciones concretas de la reproducci n del capital para una esfera abstracta en la forma alistada para la idea de exclusi n Esto puesto la cuesti n central que si coloca en este estudio si reporta en la an lisis de algunas de las muchas formularizations cl sicas y contempor neos sobre lo derecho Cada una reservando para s un car cter irrefutable E en esta direcci n tantos los liberales cu nto los cr tico deliberativos y los marxistas buscan encontrar en lo derecho un fundamento adecuado para el ordenamiento pol tico democr tico que si auto justifica por el pluralismo del contempor neo del mundo constituyendo un fen meno social que si puerta en una cultura que si pretende del consenso En el Brasil este debate es perpassado por el proceso de contra reforma implantado en el pa s a partir de los a os 90 teniendo como marco el profundamento de la ofensiva neoliberal por extensi n fuertemente conectado con los circuitos socio econ micos mundializados Finalmente la tesis busca para demostrar que es en el seio de este contexto cultural y socio hist rico que la lucha por la defensa radical de la democracia y la reivindicaci n por la afirmaci n de los derechos si coloca con m s nfasis en la agenda programmatical del servicio social contempor neo como tendencia que aparece con
270. lista Palestra In CFESS Confer ncias e Delibera es do 31 Encontro Nacional CFESS Cress As novas faces da barb rie capitalista Desigualdade se combate com direitos realizado em Bras lia 01 a 04 set 2002 tica e Servi o Social fundamentos ontol gicos S o Paulo Cortez 2001 BEAUD Michel Arte da tese como preparar e redigir uma tese de mestrado uma monografia ou qualquer outro trabalho universit rio Trad Gl ria de Carvalho Lins 2 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1997 BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Pol tica social fundamentos e hist ria S o Paulo Cortez 2006 Biblioteca b sica de servi o social v 2 Brasil contra reforma desestrutura o do Estado e perda de direitos S o Paulo Cortez 2008 Pol tica Social no capitalismo tardio 2 ed S o Paulo Cortez 2002 BENASSI S rgio Qual cidadania Dispon vel em lt http Awww vermelho org br museu principios anteriores asp edicao 42 amp cod not 7 03 gt Acesso em 25 nov 2005 BENEVIDES Maria Victoria de Mesquita A quest o social no Brasil os direitos econ micos e sociais como direitos fundamentais Out de 2005 Dispon vel em lt http www a Quest o Social no Brasil os direitos econ micos e sociais como direitos fundamentais htm gt Acesso em 30 de out 2005 Cidadania e democracia In Lua Nova Revista de cultura e pol tica CEDEC Cidadania S o Paulo n 33 p 5 16 1994 BENJAMIN
271. lizar a situa o social dos trabalhadores n o garante mais nenhum sistema de prote o social p blica Nos dados apresentados por Boschetti na Confer ncia realizada no XXXIV Encontro Nacional do Conjunto CFESS Cress no ano de 2005 em Manaus poss vel vislumbrar a dram tica situa o da seguridade social no Brasil 34 A proposta da Reforma da Previd ncia ent o apresentada pela PEC 40 03 no primeiro mandato do governo Lula e contida no Relat rio do Deputado Federal Jos Pimentel foi aprovada no dia 23 07 03 pela Comiss o especial da C mara dos Deputados Federais como a justificativa de corrigir distor es dos planos de benef cios em especial no regime de servidores p blicos extinguir privil gios injustific veis capazes de inviabilizar o sistema e evitar que seus problemas afetem o crescimento econ mico 223 Em 2001 o Tesouro Nacional repassou R 18 9 bilh es 13 99 das despesas do or amento fiscal para custeio da seguridade social em 2004 repassou apenas R 12 669 743 5 58 das despesas Em 2001 a seguridade social deixou de arrecadar aproximadamente R 8 bilh es devido s ren ncias previdenci rias a entidades filantr picas assist ncia sa de e educa o micro e pequenas empresas e clubes de futebol Em 2004 esse valor j seria de R 13 bilh es segundo ANFIP Segundo a ANASPS Associa o dos Servidores da Previd ncia Social entre 2003 e 2005 p governo acumulou R
272. ll acredita ser poss vel atribuir a s culos diferentes o surgimento de cada tipo de direito Assim os direitos civis seriam os primeiros surgidos no s culo XVIII os pol ticos no s culo XIX e os sociais no s culo XX Numa leitura vastamente difundida no campo das ci ncias sociais seguindo esta ordem l gico cronol gia os direitos sociais s o os mais significativos no campo da cidadania sendo direitos de terceira gera o s plaus veis de realiza o depois do exerc cio prof cuo dos direitos civis e pol ticos al m de se referir a tudo o que vai desde o direito a um m nimo de bem estar econ mico e seguran a ao direito de participar por completo na heran a social bem como levar a vida de acordo com os padr es que prevalecem na sociedade portanto objetivados em reduzir a desigualdade entre os que possuem propriedades e bens sociais e aqueles que nada disp em sendo ainda garantidos pelo Estado e organicamente vinculados ao status de cidadania Cumpre notar que na contemporaneidade a formula o de Marshall deparou se com in meras cr ticas por terem sido considerados por muitos pesquisadores como sendo etnocentrista e apol tico pelo fato de sua an lise tomar 71 como base espec fica o caso ingl s e ter dispon vel uma vasta bibliografia que aponta diverg ncias significativas quanto ao seu esquema interpretativo Al m daquelas que recusaram o entendimento de uma suposta ordem cronol gica dos direito
273. lores constitutivos dessa sociabilidade ao contr rio reclama a constru o de uma dogm tica jur dica que potencialize os valores libert rios e comunit rios circunscritos na Constitui o alargando assim os aparatos normativos legais que possibilitem concretude a tais valores segundo o entendimento de que em si mesmo a melhor op o para se construir um sistema jur dico verdadeiramente democr tico portanto capaz de produzir um bom direito que ofere a a todos uma vida mais justa e civilizada importante referir que uma certa leitura de Gramsci no Brasil tem estimulado os operadores jur dicos a refletir e tematizar sobre o uso alternativo do direito sobretudo quando se pensa na possibilidade de se construir um novo 157 fundamento tico pol tico que regule socialmente o mundo em processo de emancipa o Categorias gramscianas como intelectual org nico guerra de posi o e hegemonia s o largamente utilizadas para fundamentar o arcabou o te rico desta perspectiva alternativa do direito O representante mais importante no Brasil desta concep o te rica sobre o direito explica O que nos parece fundamental indagar sobre a estrat gia geral de interc mbio social concebida por Gramsci aceitando a enquanto processualidade dentro da qual a inst ncia jur dica aqui definida como conjunto de operadores jur dicos e Institui es jur dico pol ticas tem papel n o negligenci vel na
274. luta por reformas democr ticas corre se o risco n o s de reduzir ao mbito dos sujeitos privados a explora o vivenciada por uma massa de indiv duos oprimidos como se distanciar da correta compreens o dos efeitos que a produ o ideol gica pode acarretar s pr ticas sociais em sua elabora o de vis o de mundo e movimentos de resist ncia Na interpreta o de Santos 206 a no o do direito a ter direitos refor a a tend ncia dos sujeitos individuais e coletivos permanecerem sob a domina o ideol gica lberal burguesa os grupos espec ficos mesmo sem direitos passam a reproduzir ideologicamente a no o de que s o sujeitos que tem direito a ter direitos quando na verdade s o sujeitos que expressam cotidianamente o n o acesso ao direito e justi a A escassez ou total aus ncia dos direitos fica subsumida na dimens o positiva de uma subjetividade que afirma possuir direitos Com isso o modo de estruturar as reivindica es e as t ticas de visibilidade adotadas explicitava mais a vontade que os sujeitos possu am de ter direitos do que a situa o de opress o vivenciada SANTOS 2005 p 138 Com o crescente processo de judicializa o das rela es sociais h uma tend ncia para que institui es democr ticas incorporem um conjunto de normas elaboradas no mbito das rela es de poder interestatais aceitas sem que a sua validade seja questionada e ou justificada quanto n
275. m s nitidez en el actual proyecto profesional y que si reduci a los compromisos de la intervenci n profesional as modific ndose como formaci n de la cultura profesional la perspectiva emancipat ria constituyda a partir del horizonte de las clases subordinadas Palabra clave Derecho Pol tica de la Cultura Servicio Social ABSTRACT This Doctorate Thesis aims to analyze the centrality of Rights in the contemporary political culture verifying in which grade the vectors that constitute prevailing tendencies in this debate focused on democratic pluralism and sliced by the speeches of citizenship of social justice of equity and social proscription are part of the Social Work development and are appropriated to its professional graduation It demonstrates that the functionality of Rights in the present circumstances reveals itself under the shape of the attainment of a new agreement neutralizing its conflicting nature and reducing the social reality to epiphenomenal specificities Through the study of Rights have confirmed that one of the arguments of its defense in democratic boundaries is based on the estimation that the non recognition of these rights exposes the excluding nature of social processes in a nearly atomized match between the deprivation of rights and the levels of degradation that subservient groups lives are yielded to In this sense right and social exclusion are dialectically related concepts that elucidate one an
276. m Servi o Social da UFPE Recife Provisual divis o gr fica Ltda Ano l n 1 2001 p 59 71 NAVES M rcio Brilharinho Marxismo e direito um estudo sobre Pachukanis S o Paulo Boitempo 2000 NETTO Jos Paulo Quest es de teoria social M dulo I Disciplina oferecida pelo Programa de P s gradua o em Servi o Social pela UFRJ em 04 de abril a 13 de maio de 2005a Seguridade social em risco desafios consolida o dos direitos e implanta o do SUAS In CFESS 34 Encontro Nacional CFESS CRESS Defendendo direitos radicalizando a democracia Confer ncia apresentada e realizada em Manaus AM 05 set 2005 Produzido por lt http www imagemeciaDvivax com br gt CD ROM Dispon vel em 1 DVD 1h 28mm O movimento de reconceitua o 40 anos depois In Reconceitua o do Servi o Social 40 anos Revista Servi o Social amp Sociedade n 84 ano XXVI nov p 05 20 2005c 267 Marxismo Impenitente contribui o hist ria das id ias marxistas S o Paulo Cortez 2004a conjuntura brasileira O Servi o Social posto prova In Servi o Social forma o e projeto pol tico Revista Servi o Social amp Sociedade Ano XXV n 79 p 5 26 S o Paulo Cortez set 2004b constru o e consolida o dos direitos no Brasil In XI Congresso brasileiro de Assistentes Sociais Ill Encontro Nacional de Servi o Social e Seguridade Fortaleza CE 2004c Confer ncia
277. m colocar em xeque tal l gica penso que o discurso do direito esvaziado de seu conte do pol tico soa como canto de sereia e um tipo de fetiche que permeia e informa o debate e a cultura contempor nea se apresentando como express o leg tima e necess ria para o enfrentamento dos reais problemas da classe trabalhadora No Brasil este debate perpassado pelo processo de contra reforma implantado no pa s a partir dos anos 90 tendo como marco o aprofundamento da ofensiva neoliberal por extens o fortemente conectado com os circuitos s cio econ micos mundializados 16 Apreender a particularidade do movimento contradit rio das rela es afetas pela crise no contexto brasileiro passa pela evid ncia na heran a da forma o s cio hist rica do pa s n o s para entender o movimento de constitui o da formalidade dos direitos e sua incorpora o no texto constitucional mas para relembrar que a burguesia tanto no contexto da moderniza o conservadora e diga se n o deixando de continuar presente no lastro da hist ria do Brasil at a atualidade n o avan ou para um projeto pol tico nacional como queria se fazer acreditar ao contr rio forjou se como protagonista da transforma o do pa s sempre utilizando o discurso da modernidade e do progresso para atender aos seus interesses de classe e ou corpora o operando constantemente com as heran as do escravismo coronelismo clientelismo e autorit
278. malismo kantiano e superar ao mesmo tempo a sua deontologia abstrata Por outro lado e fundamentalmente interessa ao pensador Alem o em sua filosofia pol tica desenvolver teoricamente um modelo de totalidade tica segundo o qual o reconhecimento o conceito chave para o estabelecimento de institui es garantidoras da liberdade Segundo Honneth s quando o curso hist rico universal do vir a ser da eticidade concebido como um entrela amento de socializa o e individua o pode se aceitar que seu resultado seria tamb m a forma de sociedade que encontraria sua coes o org nica no reconhecimento intersubjetivo da particularidade de todos os indiv duos 2008 p 45 O reconhecimento como a o rec proca entre os indiv duos passa a ser subjacente rela o jur dica em Hegel que na sua l gica assume uma din mica interna num movimento de reconhecimento que integra o seu sistema de eticidade passando pelo processo intersubjetivo das dimens es da individualidade representadas num primeiro momento pelas rela es familiares estendendo se ap s a uma etapa subsequente da sociedade civil que resulta do conv vio social donde os indiv duos passam a ser reconhecidos como sujeitos de direitos portadores de pretens es jur dicas contratualmente garantidas pelas suas rela es de troca e propriedade s quais cabe o direito formal regular finalmente realizando se na rela o de reconhecimento do Estado
279. mancipa o recebe maior aten o sobretudo com Fichte 1813 no entanto o agente de emancipa o ainda o Estado E ele que tem a tarefa de realizar a emancipa o pol tica da humanidade caracter stica refor ada por outros autores do per odo como Schelling e Hegel Ser apenas com Marx que o conceito de emancipa o se libertar do Estado Ali s a supera o do Estado o aufhebung constitui o momento m ximo de emancipa o e n o apenas da emancipa o pol tica que apenas um momento de algo maior a emancipa o humana 49 Na revis o que fez dos estudos de Hegel vai analisar especificamente a terceira se o da terceira parte da Filosofia do Direito notadamente os par grafos 261 313 que se referem eticidade ou seja parte sobre a qual Hegel dedica ao Estado Em decorr ncia disso os desdobramentos de seu trabalho o levam a negar os pressupostos te ricos hegelianos do Estado no quadro de uma sobrevaloriza o e hipostasia o da id ia investida de um fant stico poder determinante e origin rio como explica Barata Moura 1997 p 34 Na hist ria da filosofia a an lise que privilegia o Estado como fundamento da realidade social ressaltando a matriz positiva e aut noma do valor do poder do Estado como bem universal para o qual os indiv duos tendem remonta aos escritos de Plat o e Arist teles e encontra na filosofia pol tica de Hegel uma formula o sistem tica bem elaborad
280. mas e de Garapon a clericariza o da burocracia a uma justi a de salva o com a redu o dos cidad os ao estatuto de indiv duos clientes de um Estado providencial 1999 p 23 24 Com esta afirma o Vianna segue as pegadas dos estudos de Antoine Garapon o qual observa na incurs o do direito dentro da cultura pol tica contempor nea uma coincid ncia com o que denomina de desest mulo do agir orientado para fins c vicos fazendo com que o ju z e a lei tenham se tornado as derradeiras refer ncias de esperan a para indiv duos socialmente isolados 2000 apud VIANNA p 24 Ainda assim para este autor os esgar amentos dos v nculos sociais produzidos na contemporaneidade pela disfuncionalidade do tat Providance e a decad ncia de sua f rmula autonomizada de uma agenda igualit ria teriam provocado na sociedade uma expectativa moral fundada a partir da id ia de justi a social como um ltimo ref gio de um ideal democr tico desencantado ibid p 25 De acordo com C lia Galv o QUIRINO em Tocqueville sobre a liberdade e a igualdade 1989 p 155 a democracia para Tocqueville est sempre associada a um processo igualit rio que n o poder ser sustado desenvolvendo se tamb m diversamente em diferentes povos conforme suas varia es culturais Por m ser sobretudo a a o pol tica desse povo que ir definir se essa democracia ser liberal ou
281. massas trabalhadoras em eleva o isto um mercado em expans o MANDEL 1990 p 26 27 Isto revela o movimento contradit rio que demarca esta quadra hist rica sobretudo o fetiche envolto no programa do Welfare State o qual apresenta um conte do eminentemente classista e que num lapso curto de tempo p de ser usado para comprar a paz social Portanto a ideologia gerada por esse conjunto de pol ticas que numa leitura acr tica tende a esconder a sua funcionalidade ordem do capital demonstra mais do que nunca capacidade transformista do capital para efetivar sua domina o realizada mutatis mutantis num processo cont nuo de passiviza o da ordem donde o Estado se redireciona para organizar o consenso e articular as pr ticas classistas Trata se da produ o e organiza o do consenso atrav s de uma s rie de mecanismos inscritos no interior da estrutura pol tico administrativa e cultural do Estado que utiliza de sua capacidade de instituir medidas socioecon micas e de bem estar pois atrav s dessa rela o pensada como movimento que vai do particular ao universal no tr nsito entre a economia e a pol tica que Gramsci reflete sobre a produ o e organiza o do consenso sob o qual se realiza a hegemonia se constituindo como dire o moral e intelectual de determinados grupos dos quais disputam interesses e alian as com grupos antagonicamente opostos Explica ele nos Cadernos do C rcere 1
282. meiro mandato sem bem aventuran as para o segundo n o se diferenciou da estupidez pol tica comandada pelo Presidente Cardoso As reformas da Previd ncia de 1998 e 2003 incidiram ainda mais o quadro de restri o de direitos trabalhistas e previdenci rios com consequ ncias desastrosas para a popula o contribuinte sem contar os 40 6 milh es de trabalhadores do setor informal IBGE que n o foram inclu dos nos crit rios da reforma o que um escarc u se levado em considera o os dados do IPEA 2005 que demonstram que esta popula o subcontratada e informal representa mais da metade da for a de trabalho no pa s crescendo segundo o IBGE 2005 entre 1992 e 2004 a um percentual de 38 3 para 51 2 Na sa de a falta de recursos e investimentos p blicos transformou o Sistema nico de Sa de SUS em um pacote de cesta b sica BERING amp BOSCHETTI 2006 A Assist ncia velha conhecida de todos n s continua sendo utilizada como solu o para combater a pobreza e os super ndices de desigualdade social n o 212 obstante todos os esfor os investidas e proposi es da Lei Org nica da Assist ncia LOAS A prop sito n o foi por acaso que o governo Lula investiu expressivamente nos programas de transfer ncia de renda ampliando os bols es estrategicamente idealizados pelo marketing pol tico de escola alimenta o vale g s e fam lia Tamb m dados do Minist rio
283. mento de contra tend ncia enquanto resposta do capital a mais importante ofensiva das classes subalternas o projeto societ rio bolchevique Decerto que este per odo foi favorecedor da afirma o de um pacto aceit vel entre o patronato e os sindicatos fazendo com que a burguesia reconhecesse uma ampla gama de direitos sociais em benef cio dos trabalhadores Os elevados ndices das taxas de lucros dos capitalistas consentiram negocia o de altos sal rios com parcelas significativas da classe trabalhadora sem que isto afetasse a lucratividade e a capacidade de novos investimentos O que significou conforme esclarece Hobsbawm 4 Quest o social entendia aqui como constitutiva do desenvolvimento do capitalismo 4 elementarmente determinada pelo tra o pr prio e peculiar da rela o capital trabalho a explora o Jos Paulo NETTO Cinco Notas a Prop sito da Quest o Social Temporalis Ano 2 n 3 p 45 2001 106 Consenso t cito ou expl cito entre patr es e organiza es trabalhistas para manter as reivindica es dos trabalhadores dentro de limites que n o afetassem os lucros e as perspectivas futuras de lucro suficientemente alto para justificar os enormes investimentos sem os quais o espetacular crescimento da produtividade da m o de obra da Era de Ouro n o poderia ter ocorrido HOBSBAWM 1995 p 276 Este compromisso fundado no consentimento das classes ao novo padr o de acumula
284. mo fazer para reiter los e defend los quando tudo parece contra eles conspirar NOGUEIRA 2004 p 1 Circunscrito no debate moderno que caracteriza os direitos de cidadania como parte do ordenamento pol tico e das lutas sociais que refletem o movimento democr tico do s c XX o autor considera os direitos n o como uma d diva nem uma concess o mas como express o da luta organizada da classe oper ria que tem funcionado como importante fator de reprodu o social e de reposi o da for a de trabalho id ibid Nesta perspectiva os direitos s o concebidos como funcionais e corretivos diante dos efeitos produzidos pela acumula o do capital fazendo avan ar progressivamente os n veis de cidadania como um fator que viabiliza o sistema e ao mesmo tempo um fator que ajuda a que avance a oposi o ao sistema por dentro do sistema id p 02 como explica o pr prio autor Isso faz com que cumpram a fun o de integrar as classes subalternas vida social e pol tica consequentemente ordem s cio econ mica Sendo assim passam a serem entendidos como um elemento fundamental no pacto entre as classes A confer ncia se desenvolve a partir de uma constante recorr ncia a perspectiva anal tica de Bobbio utilizando inclusive o mesmo esquema de A era dos direitos Uma de suas hip teses permite claramente inferir tal conclus o 198 Apesar de vivermos numa era de di
285. mo nas condi es da sua escravid o porque obrigada a deix lo cair numa situa o tal que tem de ser ela a aliment lo em vez de ser alimentada por ele MARX amp ENGELS 1988 p 87 Cumpre assim notar que tal crise exprime na realidade um contexto de total expans o e plenitude da liberdade do capital para se desenvolver e autovalorizar se permitindo a burguesia dirigente abrir m o do consenso social democrata a que se submeteu no p s 45 onde para realizar sua hegemonia incorporou demandas dos trabalhadores e favoreceu o alargamento das bases hist ricas do Estado moderno Eis um capitalismo onde o laisses faire realiza se totalmente livre dos entraves que fora obrigado a submeter se do qual com facilidade reencontrou a capacidade de manifestar barbaramente os interesses de classe nos quais est fundado Do mesmo modo ao dizer que a cat strofe que se aproxima enche de ang stia as massas mais profundas da humanidade Trotski 1938 revela n o apenas o sentimento posto pela guerra que se avizinha sua express o vibra como que saltando aos olhos assustados a hist ria que vir Uma hist ria que reedita com a mais escandalosa das crises a profundidade da degrada o acelerada das condi es de exist ncia da classe trabalhadora sobre a qual se caracteriza pelo ressurgimento e perman ncia do desemprego em grande escala destitui o da prote o social alargamento da fome novo decl nio individual e so
286. mo per odo face ao desmonte brutal das pol ticas p blicas estatais da destrui o de direitos sociais e trabalhistas da precariza o do trabalho est na ordem do dia a retomada de uma perspectiva de luta classista e internacional dos trabalhadores 2002 p 45 Assim quando a cultura pol tica contempor nea dissemina o misticismo perdul rio da m o invis vel e ou a formula o hegeliana da universalidade abstrata para toda a hist ria espera que se acredite na cren a tranquilizadora do controle benevolente do capital e nas desigualdades estruturais que essa diferen a permanentemente constitui e refor a atuando na amplia o aparente dos direitos DIAS 1997 p 50 O fato que num pa s donde a democracia foi sempre mais formal que substantiva e as lutas de classe tomadas como ileg timas e subversivas o apelo 135 democr tico toler ncia e ao pluralismo soa no m nimo como uma grande suspeita Ora em um mundo constru do imagem e semelhan a do capital a l gica s poderia advir de um discurso metaling stico em ess ncia fetichizador do processo de compreens o e transforma o do real Constr i se uma id ia deformada de democracia espa o por excel ncia da cidadania e igualdade formal produzindo um cidad o gen rico que torna se sujeito de direitos escamoteando de forma assaz sua diferen a de classe Ali s por c no reino das terras brasiles a no
287. mocracia dizendo que num mundo de espantosas injusti as n o se pode pensar que a esperan a de revolu o tenha morrido s porque a utopia comunista faliu Para ele a quest o continuava aberta e se perguntava estar o as democracias que governam os pa ses mais ricos do mundo em condi es de resolver os problemas que o comunismo n o conseguiu resolver A democracia venceu o desafio do comunismo hist rico admitamo lo Mas com que meios e com que id ias disp e se a enfrentar os mesmos problemas que deram origem ao desafio comunista BOBBIO 1990 p 21 N o h como negar que esta uma pergunta profundamente relevante que Bobbio faz a nossa ordem pol tica contempor nea ao se referir as promessas e expectativas de liberdade n o cumpridas pela democracia representativa O seu problema que ao apostar em um modelo de democracia procedimental pela via doutrin ria de garantias constitucionais acredita na possibilidade desinteressada de uma sa da equ nime para o antagonismo de classe como se compromissos democr ticos pudessem realmente ser tomados como acordos poss veis Na realidade esse modelo liberal burgu s de democracia t o bem definido por Bobbio joga a favor da classe hegem nica dirigente que ao aggiornar o seu conte do emancipador interdita o seu potencial insurgente 2 2 A cidadania indiferenciada de Marshall A experi ncia inglesa de desenvolvimento do processo d
288. mosa defini o kantiana do direito como sendo o conjunto das condi es por meio das quais o arb trio de um pode estar de acordo com o arb trio de outro segundo uma lei universal da liberdade 1974 p 407 Kant vai diferenciar liberdade moral de liberdade jur dica A primeira entendida como a capacidade que o indiv duo tem de se adequar s leis que a sua pr pria raz o d a si mesmo eliminando as inclina es os interesses e as paix es advindas da faculdade de desejar A liberdade jur dica ao contr rio decorre justamente da isen o dos estorvos que prov m dos outros eficiente portanto no mbito da sociedade Pode se dizer assim que h uma diferen a entre a moral e a ordem jur dica na forma da legisla o a primeira atua imperativamente na esfera da 36 consci ncia do sujeito a segunda relaciona se com a capacidade de coer o operada no mbito do Estado Com efeito a fun o do direito decididamente regular atrav s da coer o a liberdade de um indiv duo em rela o a outro Em outras palavras o direito considerado no pensamento kantiano como um instrumento de coer o Assim sendo a vontade jur dica se distingue da vontade moral especificamente porque tem o poder de obrigar e coagir o indiv duo a cumprir a lei Disso poss vel dizer que nas regras do direito n o h uma preocupa o com as vantagens ou desvantagens no cumprimento do contrato mas t o somente com a
289. mundo sens vel da moral e da pol tica aos princ pios da experi ncia e da raz o como inst ncias reguladoras e normatizadoras da vida social que s reconhece na vontade do homem aquilo que ele produz segundo seus pr prios planos 27 m dium de sociabilidade no sentido de que agrega os indiv duos em torno da satisfa o de suas necessidades materiais mediatas e imediatas Como recorda ainda Rouanet Antes do contrato o homem pr social um grupo de indiv duos dispersos Depois do contrato ele pode estar sujeito a leis t o severas quanto as do Estado Leviat mas a sociedade continua sendo pensada como uma agrega o mec nica de indiv duos e n o como uma comunidade org nica No estado de natureza como no estado civil o homem s existe como indiv duo 1993 p 15 Os escritos pol ticos desta poca refletem bem o processo acelerado de uma mudan a estrutural da sociedade que encontrou no Renascimento seu ponto m ximo levando s ltimas consequ ncias a for a libertadora do individualismo definida em seu conceito fundamental como uma rela o de luta entre sujeitos individuais que se contrap em numa disputa permanente de interesses Esta nova forma de sociabilidade onde cada indiv duo passou a ser considerado apenas como um meio para a realiza o dos seus pr prios fins particulares demanda para sua concretiza o enquanto realidade efetiva a inven o de uma inst ncia pol tica q
290. n meno s cio hist rico est subsumido a estrutura das rela es sociais numa dada sociedade Portanto compreender sua fun o social e dimens o contradit ria requer situ lo no contexto da an lise das forma es sociais Sobre isto anota Luk cs 200 o direito surgido porque existe a sociedade de classes por sua ess ncia necessariamente um direito de classe um sistema para ordenar a sociedade segundo interesses e o poder da classe dominante LUKACS 1981 p 208 Em sua particularidade o direito na sociedade capitalista representa o ideal de uma sociedade que estabelece o contrato como uma rela o individual equiparando no plano formal o trabalhador como homem livre ou sujeito de direito o que permitiu a negocia o entre o capital e trabalho superando assim as formas pr capitalistas de escravid o mercadoria contidas no direito escravista e feudal Ao se referir ao processo de naturaliza o das determina es econ micas constitu dos atrav s do contrato de trabalho observa Dias capitalista e trabalhador ao se realizar o cnamado contrato de trabalho parecem constituir vontades iguais dotadas de liberdade o contrato o resultado final no qual suas vontades ganham uma express o jur dica comum a igualdade pois compradores e vendedores s contratam como possuidores de mercadorias trocando equivalente por equivalente o processo de trabalho se funda na explora o opr
291. n o se est diante de uma Constitui o 146 muro de Berlim como explicar e sobretudo entender na quadratura hist rica do Brasil as complexas determina es s cio pol ticas institu das pelo movimento constitucional de 1988 Grosso modo salvo as injun es conjunturais espec ficas de cada momento da hist ria da forma o s cio politica do pa s poss vel dizer que as mudan as realizadas em 1985 absorveram a cultura restritiva e antidemocr tica que conforma o projeto pol tico da elite brasileira que tem se mostrado em todos os sentidos avesso a id ia de reformas sociais o que contribuiu para que se criassem no pa s institui es eminentemente carnavalescas que s serviram para legitimar os cartolas em seu brutal dom nio de classe Em Qual Democracia Francisco Weffort 1992 ao analisar o per odo hist rico que marcou a nova ordem pol tica institucional no Brasil em 1988 89 quando da passagem da constru o de uma mentalidade pr restaura o democr tica que come a j no pr prio seio da ditadura com o desenvolvimento da massa cr tica dos trabalhadores e de sua politiza o e repolitiza o para a efetiva consolida o da democracia enquanto regime s cio pol tico no pa s chama a aten o para o car ter conciliat rio corporativista institu do pelas for as pol ticas interessados na transi o defendendo a hip tese de que a nova Constitui o define institui es pol t
292. na restri o de direitos Observe se como o direito o elemento jur dico est presente assim desde a origem do conceito de 48 desenvolvido a partir do direito romano o refor ava como elemento transcendente obstando assim a sua express o e ao mesmo tempo autolimitando o Assim o itiner rio do pensamento de Marx que vai da filosofia e do direito economia pol tica pode ser entendido como a express o hist rica da cultura pol tica do s culo XIX que de um lado configurou a opress o e a domina o em suas m ltiplas formas e de outro portou os germes de sua pr pria supera o atrav s da emancipa o Foi contra a fraqueza metaf sica da filosofia de Hegel usando uma express o de Mandel 2001 que Marx vai construir assim o caminho de sua cr tica ao direito filosofia e hist ria come ando seu manifesto pela Cr tica filosofia do Estado de Hegel na Introdu o Cr tica da Filosofia do Direito e em Para a quest o judaica 1843 Nos anos de 1842 43 como redator da Gazeta Renana passou a se ocupar da dif cil faina de ter de opinar sobre os chamados interesses materiais 1969 p 22 como assim mesmo o disse em A Quest o Judaica antecipando sua preocupa o fundamental na maturidade a cr tica a sociabilidade do capital Ainda nos tempos do jornal Marx se depara com o problema do direito consuetudin rio dos camponeses fazendo o tomar parte nas discuss es sob
293. nal do ltimo s culo mas que n o se restringe apenas a esse aspecto suas consequ ncias atingem o n cleo central dos referenciais pol ticos das classes subalternas notadamente marcadas pela crise da cultura do bem estar e o colapso do socialismo real Na an lise de Mota Na leitura de David HARVEY em A condi o P s moderna S o Paulo Loyola 1996 p 122 131 o modo como o sistema fordista se estabeleceu constitui com efeito uma longa e complicada hist ria que se estende por quase meio s culo Isso dependeu de uma mir ade de decis es individuais corporativas institucionais e estatais muitas delas escolhas pol ticas feitas ao acaso ou respostas improvisadas s tend ncias de crise do capitalismo particularmente em sua manifesta o na grande depress o dos anos 30 Por conseguinte o fordismo p s guerra tem de ser visto menos como mero sistema de produ o em massa do que como um modo de vida total O longo per odo de expans o do p s guerra dependia de modo crucial de uma maci a amplia o dos fluxos de comercio mundial e de investimento internacional De desenvolvimento lento fora dos Estados Unidos antes de 1939 o fordismo se implantou com mais firmeza na Europa e no Jap o depois de 1940 como parte do esfor o da guerra Foi consolidado e expandido seja diretamente atrav s de pol ticas impostas na ocupa o ou indiretamente por meio do Plano Marshall e do investimento direto americano su
294. nal dos direitos da crian a e do adolescente desigualdade se combate com direitos CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2005 Trabalho direitos e democracia a gente faz um pa s Julh de 2004e p 13 20 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 18 dez 20040 Seguridade Social P blica e Universal poss vel e necess ria defendendo direitos radicalzando a democracia CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2008 30 nov de 2005 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 15 dez 2004e 252 CHASIN Jos Marx Estatuto ontol gico e resolu o metodol gica In TEIXEIRA F Pensando com Marx S o Paulo Ensaio 1996 Integralismo de Pl nio Salgado forma de regressividade do capitalismo hiper tardio S o Paulo Ci ncias Humanas 1978 CHAU Marilena Ideologia neoliberal e Universidade In Os sentidos da democracia Pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petrop les RJ vozes Bras lia NEDIC 1999 p 27 51 CHESNAIS Fran ois A mundializa o do capital Trad Silvana Finzi Fo S o Paulo Xam 1996 CITTADINO Gisele Pluralismo direito e justi a distributiva Elementos da Filosofia Constitucional Contempor nea 3 ed Rio de Janeiro L men J ris 2004 C DIGO DE TICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL In Servi o Social e Etica convite a uma nova pr xis Dils ia A Bonetti Org et al 2 ed S o Paulo
295. ncapazes de reivindicar seus direitos elementares por si s s Diz Wanderley Guilherme dos SANTOS em Cidadania e Justi a 1987 p 74 Por cidadania regulada entendo o conceito de cidadania cujas ra zes encontram se n o em um c digo de valores pol ticos mas em um sistema de estratifica o ocupacional e que ademais tal sistema de estratifica o ocupacional definido por norma legal 141 como um elemento contradit rio a mais o padr o de acumula o engendrada no per odo 1962 1974 possibilitou o desenvolvimento de um proletariado moderno e particularmente de uma classe operaria com um poder de reivindica o maior que acaba por operar com as mobiliza es sindicais realizadas no final dos anos 70 MAZZEO 1999 p 145 Como analisado anteriormente a crise do padr o de desenvolvimento por que passa o capitalismo do segundo p s guerra que salta aos olhos do mundo e espelha se no movimento de 68 gestou se enquanto condi o hist rica prop cia para que o protagonismo da classe trabalhadora se fizesse aparecer no cen rio internacional registrado atrav s das variadas express es de organiza o da luta em favor dos sujeitos sociais mais vulner veis mulheres negros jovens emigrantes etc por reivindica es de direitos emergentes e pelo combate das amarras imperialistas ditatoriais Conforme relembra Netto aqueles movimentos punham em quest o a racionalidade do Estado burgu
296. ncia s cio hist rica da sociedade de mercado donde todos os valores e direitos est o sujeitos a esta determina o posta como unidade concreta entre os poderes dos indiv duos Ora se este postulado do mercado j estava claramente presente na teoria pol tica de Hobbes que discerniu a forma como suas determina es penetravam as rela es essenciais de sua sociedade John Locke a tomar como inst ncia criadora de integra o social levando a as ltimas consequ ncias onde a propriedade como direito individual natural passa a ser central em seus escritos 30 Em sua concep o tanto o Estado como a ordem pol tica v o girar em torno dos direitos naturais que para ele constitu a se como absoluto inalter vel e sagrados sobretudo o direito propriedade Sendo a propriedade origin ria do estado de natureza portanto anterior sociedade n o poderia ser violada pelo Estado Concep o que difere totalmente de Hobbes para a qual o Leviat que instituiu tal direito ap s a forma o da sociedade civil podendo assim extinguir a propriedade dos s ditos Como opositor confesso do absolutismo Locke desconfiava do poder tanto que na sua filosofia pol tica defendia abertamente a id ia de que os indiv duos deveriam despertar para uma consci ncia de resist ncia aos governos usurpadores Acreditava ser leg timo aos cidad os deporem os governos que ferissem seus direitos naturais afirmando no ensaio Segundo Tr
297. neoliberal para escamotear a luta de classe mediante um discurso consensual que refor a a reifica o dos trabalhadores em sua condi o antag nica fazendo o perder a sua dimens o de homem mercadoria e apresentando o como cidad os e benefici rios no crescimento do consumo portanto part cipe do seu projeto de inclus o Este cen rio repleto de contradi es demonstra como mais complexa tem se tornado a estrutura de poder e as rela es que se estabelecem no capitalismo de tempos neoliberais jogando contra a presen a das classes e sua organiza o todo o seu cotejo de domina o fazendo sumir na poeira da estrada as proposi es anti capitalistas de inspira o socialista marcas de um projeto socialmente emancipat rio Se considerado o avan o da politiza o das classes subalternas no Brasil nos anos que sucederam a abertura democr tica a estrat gia de domina o da burguesia nacional no cen rio atual representa decididamente a precipita o de uma ofensiva sem precedentes destinada a retroceder e desviar o caminho da luta de classes no pa s 221 Ora no seu ato fundante a quest o social e toda uma s rie de consequ ncias sociais advindas de suas express es n o ser o eliminadas por mais esfor o pol tico que se fa a para aperfei oar a ordem social existente E a grande contribui o de Marx foi exatamente demonstrar que a n o se trata de um defeito ou uma falha do modo de produ o qu
298. no processo decis rio das democracias contempor neas Para Jurgen Habermas em Direito e Democracia entre facticidade e validade Volume l 2 ed Tempo Brasileiro Rio de Janeiro 2003 p 172 o elemento central do processo democr tico s o os procedimentos da pol tica deliberativa As nicas normas de a o v lidas entre as quais est o as que estabelecem um procedimento leg timo para a elabora o das leis s o aquelas com as 81 do direito democracia Habermas retorna ao problema republicano da vontade geral nos termos de Rousseau deixando claro que a fun o da Corte Constitucional origin ria ou n o do poder judici rio seria a de zelar pelo respeito aos procedimentos democr ticos para uma forma o da opini o e da vontade pol tica a partir da pr pria cidadania e n o a de se arrogar o papel de legislador pol tico HABERMAS 2003a p 138 Nesta leitura est impl cita a id ia de cidadania ativa numa concep o de liberdade entendida como autonomia do povo donde o cidad o ao inv s de ser um simples consumidor de burocracias de bem estar se constituiria como autor de sua vontade e de sua opini o no mbito da sociedade civil se fazendo inteiramente presente na esfera p blica ungido portanto de igual oportunidade de participa o na constitui o da vontade do soberano Assim ao associar a Constitui o vontade direta do povo Habermas se aproxima mais da cr
299. nova ordem que tende a projetar a vida social a um n vel de barb rie mais acentuado a meu ver tem conduzido o debate da cultura pol tica atual incluindo a os herdeiros das melhores tradi es democr ticas para uma esp cie de consenso em torno do direito que vem se apresentando como express o leg tima e necess ria 175 para o enfrentamento dos reais problemas postos pela ofensiva neoliberal do capital em crise Estas dire es se redesenham com mais nitidez no debate pol tico brasileiro dos anos 90 quando a investida neoliberal se intensifica no pa s passando a ser tencionado no interior do Servi o Social com o avan o dos debates em torno do projeto profissional Desse direcionamento poss vel diferen ar se as tend ncias que v m se delineando nesta conjuntura em rela o ao compromisso profissional com a luta das classes na perspectiva emancipat ria Segundo os estudos de Abreu no mbito do projeto profissional poss vel destacar duas dire es uma que se limita aos compromissos com as lutas das classes subalternas pela defesa dos direitos civis sociais e pol ticos da democracia e justi a social portanto no horizonte das conquistas que consubstanciaram a experi ncia do chamado Estado de bem estar muitas vezes tida como o fim ltimo da interven o profissional e outra que se coloca considerando o compromisso profissional com as lutas das classes subalternas no sentido de supera
300. nservadorismo no Servi o Social Ensaios cr ticos S o Paulo Cortez 1992 IANNI Octavio A id ia de Brasil moderno S o Paulo Brasiliense 2004 Sociedade Global 11 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2003 O colapso do Populismo no Brasil 5 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1994 A dial tica da hist ria In Hist ria e ideal ensaios sobre Caio Prado Junior Org Maria Angela D incao S o Paulo Unesp Brasiliense 1989 O ciclo da revolu o burguesa 2 ed Petr polis Vozes 1985 ditadura do grande capital Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1981 INGRAM David Habermas e a dial tica da raz o Trad S rgio Bath Bras lia Editora Universidade de Bras lia 1993 c1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT TICA IBGE Pesquisa Nacional por amostra de domic lios PNAD Bras lia IBGE v 26 2005 INSTITUTO DE PESQUISA ECON MICA APLICADA IPEA Boletim de Mercado de Trabalho Informalidade Dispon vel em lt http www ipea gov br gt Acesso em mar 2006 ISKANDAR Jamil Ibrahim Normas da ABNT comentadas para trabalhos cient ficos 2 ed ano 2003 3 tir Curitiba Juru 2005 JAEGER Werner Wilhelm Paid ia A forma o do homem grego Trad Arthur M Parreira revis o do texto grego Gilson C sar Cardoso de Souza 3 ed S o Paulo Martins Fontes 1994 260 KANT Immanuel Textos selecionados Sele o de textos de Marilena
301. nstituinte do liberalismo como esfor o narrativo de uma poca para articular a cren a normativa sobre o valor do indiv duo como legislador da lei moral dos direitos naturais e da pr pria vontade Como legat rio desse movimento s cio hist rico o liberalismo portanto o que se pode denominar de express o cabal do triunfo das liberdades individuais e dos direitos naturais fato que gerou certa consci ncia de respeitos s leis Neste aspecto o reconhecimento jur dico normativo dos direitos naturais e das liberdades individuais que se expressam no contrato social passa a se constituir como um Conforme J B Schneewind em A Inven o da autonomia 2001 p 29 o conceito de autonomia inicialmente representando uma concep o pol tica no pensamento grego o termo passou a ser usado em controv rsias religiosas durante a Reforma mas seu principal uso no in cio dos tempos modernos foi nas discuss es pol ticas Kant parece ter sido o primeiro a atribuir lhe um significado mais amplo usando o tanto em sua filosofia te rica quanto em sua filosofia pol tica E importante elucidar que os conceitos de individualismo e autonomia n o refletem por excel ncia as determina es categoriais que fundamentam a modernidade O pensamento moderno procura dar respostas s novas exig ncias s cio hist ricas produzidas naquela poca se confrontando com toda a tradi o da filosofia grega e medieval submetendo o que adv m do
302. ntendimento que passa pela luta de classes uma vez que ela a determina o causal da distribui o do valor pela taxa de mais valia Por isso autores como Mandel entendem que o recurso s t cnicas neokeynesianas de retomada apenas ter efeitos positivos muito restritos especialmente limitados no tempo 1990 p 238 Neste sentido a influ ncia exercida pelas id ias mistificadoras do reformismo via Welfare State na atualidade mais expl cita porque representa um interl dio reacion rio ou seja uma revers o do pensamento social e hist rico do s culo XVIII e XIX que desde L Espirit des lois j aponta para um fetichismo institucional abstrato que tudo deve permear invertendo ideologicamente a cren a nas concep es formais como a democracia pol tica o sistema de direitos a economia de mercado e uma sociedade civil livre como nicas express es institucionais modernas necess rias e leg timas socialmente Seguindo esse rastro anal tico o processo de investiga o levou a identifica o de outra tend ncia muito presente no debate contempor neo referendado pelo discurso da cidadania a qual evidencia a dimens o universalizadora integradora ampliada e despolitizadora da sociedade civil em contraposi o s refer ncias classistas que marcam a sociedade capitalista e que devem ser abandonadas para que os neoliberais realizem seu programa tal como elucida Amaral 2006 p 54 No le
303. nto das condi es sociais e de produ o 2 Numa longa observa o esclarece Naves Relacionar a forma da mercadoria com a forma jur dica resume para Pachukanis o essencial de seu esfor o te rico Em v rias passagens tal determina o claramente enunciada a g nese da forma do direito se encontra na rela o de troca a forma jur dica o reflexo inevit vel da rela o dos propriet rios de mercadoria entre si O princ pio da subjetividade jur dica decorre com absoluta inevitabilidade das condi es da economia mercantil monet ria essa economia mercantil a condi o pr via fundamental o momento fundamental e determinante do direito a forma jur dica gerada pela forma mercantil a rela o de troca deve existir para que surja a rela o jur dica 2000 p 54 da elabora o intelectual e se abre um per odo de revis o em todos os dom nios te ricos grifos meus 32 Neste ponto Pachukanis se diferencia radicalmente do normativismo ou positivismo jur dico o qual defende a tese de que a jurisprud ncia deve se manter dentro dos limites l gico formal da categoria do dever ser situando o direito exclusivamente numa hierarquia de normas Maior representante desse normativismo dogm tico Hans Kelsen 1881 1973 que harmoniza uma forma o de matriz neokantiana com influxos recebidos do neopositivismo l gico da Escola de Viena ele
304. nto do trabalho pela garantia e realiza o dos direitos Tudo se passando como se fosse mesma coisa Na linguagem ret rica discursiva no cen rio atual a dissolu o dos marcos de refer ncia ideo pol tica foi transformada estrategicamente em slogan de propaganda aglutinando em nome do pluralismo democr tico projetos e concep es de mundo eminentemente antag nicos Por 228 isto concordo com assaz avalia o de Abreu quando aponta para a necessidade de se ponderar sobre a defesa intransigente da luta por direitos nesta conjuntura a luta por direitos recoloca se na atualidade num fronte em que a necessidade de resist ncia e enfrentamento das pol ticas econ mico sociais de cunho neoliberais passa pela desmistifica o da ret rica dominante Esta ret rica incorpora conquistas constitucionais para implementar medidas contr rias perspectiva hist rica das lutas sociais das classes subalternas 2002 p 229 Conduzido assim o tratamento da tem tica se diferencia radicalmente das proposi es anteriores demonstrando claramente que esta diferen a est justamente no modo de condu o na elabora o de um programa de lutas direcionado para o revolucionamento social que sustente e aponte para um processo de constru o de uma sociedade emancipada dos grilh es s cio metabolicos do capital Para autores como M szaros 2002 este programa deve por via de consequ ncia ser direcionado pelo horizon
305. o 2 Em Teoria da A o Comunicativa 1983 Habermas descreve a sociedade moderna segundo o modelo da sociedade complexa dividida entre o mundo da vida composto pelas rela es sociais cotidianas que utilizamos uns com os outros e os sistemas sociais dos quais os mais importantes s o a economia o direito e a pol tica Cada sistema al m de possuir um conjunto de institui es espec ficas regido por uma racionalidade pr pria de modo que o agente modifica a l gica que governa as suas a es medida que transita de um sistema para outro Cf Aylton Barbiere DURAO A tens o entre Faticidade e Validade no Direito segundo Habermas lt www cfh ufsc br ethicO et51art7 pdf gt Acesso em 21 julh 2005 1 O princ pio da tica do Discurso procedimental e formal Tende ao exame de normas propostas o que n o abstrai conte dos N o se ocupa com os valores mas com a validez de ntica de normas de a o Habermas insere a tica do discurso no mbito das ci ncias reconstrutivas que se reportam aos fundamentos racionais do conhecer do falar e do agir 72 anglo sax nica muito embora n o tenha abandonado o di logo com a tradi o alem e o legado luminista Suas preocupa es advindas do debate sociol gico fizeram no transitar para o campo da filosofia do direito notadamente em sua ltima obra intitulada Direito e Democracia entre Facticidade e Validade 2003 Com a inten o de esclarecer a fun o do
306. o Tal consci ncia que se tornou absoluta para Hegel representa uma esp cie de mecanismo social que na interpreta o de Honneth for a os sujeitos a se reconhecerem mutuamente no respectivo outro de modo que por fim sua consci ncia individual da totalidade acaba se cruzando com a de todos os outros formando uma consci ncia universal ibid p 64 Reinterpretando o modelo hobbesiano de luta natural de todos contra todos Hegel mostrar que a passagem para o contrato social implica em certa medida o processo pr tico donde os sujeitos compartilham suas rela es pr vias de reconhecimento No entanto num movimento racional de expans o e supera o do estado de natureza a eleva o consciente de rela es jur dicas intersubjetivas que se realiza sob determinadas condi es hist ricas representa o ingresso da vontade universal como efetividade espiritual da sociedade na luta por reconhecimento jur dico de modo que s na rela o tica do Estado a pretens o do sujeito enquanto vontade individual tem validade universal Assim o diz no par grafo 260 da Filosofia do Direito 45 o Estado a realidade em ato da liberdade concreta ora a liberdade concreta consiste em que a individualidade pessoal e seus interesses particulares recebam seu pleno desenvolvimento e reconhecimento de seus direitos para si nos sistemas da fam lia e da sociedade civil ao mesmo tempo que se integram no interesse geral o
307. o express o da ess ncia do homem tal como promovida pela pol tica burguesa POGREBINSCHI 2003 p 133 Assim tal como posto nas boas inten es das Declara es de 1789 seguida pela de 1948 a liberdade definida como um direito o direito de fazer tudo que permitido por lei sendo o Leviat no sentido mesmo proposto por Montesquieu uma esp cie de mediador entre os homens e a sua pr pria liberdade Esta cr tica recai portanto sobre a exist ncia de um limite a o humana que se constitui na lei como a estaca que demarca a pr pria liberdade do homem Eis a liberdade burguesa a definida pelos direitos humanos a liberdade do homem ego sta do homem m nada que incide sobre si mesmo Tal como cunhado esta liberdade totalmente desprovida de alteridade j que implica na separa o do homem em face aos seus semelhantes e de si mesmo como ser gen rico No balan o deste percurso pode se dizer portanto que justamente o conceito de liberdade que fundamenta a propriedade privada consequentemente a que promove a emancipa o pol tica da burguesia que engendra em si a irrup o de classe tal como revestida no mundo moderno Por isso refuta Pogrebinschi o desejo de universaliza o da Declara o de direitos antes a ambi o ao mesmo tempo universalista e universalizante da burguesia de seu modo de vida de sua hegemonia de sua necessidade de se manter est vel de sua pr pria garantia
308. o levou que a burguesia dirigente aceitasse a institui o de um amplo sistema de direitos ancorado em pol ticas compensat rias de eleva o salarial e de pleno emprego em favor do trabalhador coletivo ao pre o de ver hipotecado o avan o do fascismo e bolchevismo o que de pronto tamb m cedeu o movimento oper rio em troca da garantia de sua seguridade Neste sentido os trabalhadores ao renunciarem aventura hist rica BIHR 1998 na perspectiva de luta de classe perdem sua negatividade e seu car ter universal de classe para si tal como identificada por Marx em sua Cr tica filosofia do direito de Hegel porque movidos por seus interesses e direitos particulares n o mais reivindicam a emancipa o de toda a humanidade Contraditoriamente salutar fazer se lembrar que tamb m esse consenso entre capital e trabalho foi travado por intensas lutas sociais donde todas as conquistas sinalizadas neste per odo a supress o do desemprego em massa a aquisi o de pol ticas sociais universais e em certa medida uma distribui o de riquezas n o igualit ria foram decorrentes de conflitos pelejas e contradi es sendo os chamados direitos sociais express o das lutas coletivas no campo da emancipa o ainda que nos limites do capital Na realidade houve uma altera o substantiva no plano econ mico objetivo e ideo subjetivo que repercutiram na produ o reprodu o das classes assim como
309. o taxas altamente intensificadas de inova o comercial tecnol gica e organizacional 1996 p 140 102 Sob o ponto de vista da produ o a reestrutura o produtiva se realiza genericamente atrav s do uso de novas tecnologias baseada na microeletr nica e num conjunto de inova es organizacionais A produ o em s rie e de massa s o substitu dos pela flexibiliza o da produ o buscando se novos padr es de gest o da for a de trabalho e novas formas de adequa o de meios propulsores da produ o de que s o exemplos a cria o dos c rculos de controle de qualidade CCQS os novos m todos de controle de fluxos de informa es produtivos mais conhecido como just in time a gest o participativa a qualidade total etc Esta mudan a porta novas formas de organiza o da produ o numa reedi o de processos de trabalho t picos do capitalismo concorrencial como o caso do trabalho em domic lio cooperativado entre outros ocasionando diminui o de postos de trabalho aumento do controle da for a de trabalho precariza o nas rela es contratuais e desemprego estrutural A realidade se torna mais complexa porque nela a reestrutura o medida que edita formas novas para o mundo do trabalho como a implementa o de linguagens instrumentos e estilos organizacionais em v rios setores da economia tamb m implementa pr ticas de um capitalismo primitivo Tais tend ncias tamb m envolvem r pida
310. o a desaparecer na sociedade socialista 1979 p 53 Fica assim evidente que a imposi o dos bolcheviques organiza o de um sistema jur dico ainda que em nome de um direito socialista n o passou sen o de uma justificativa ideol gica de garantir a normatiza o da ordem social e econ mica do capitalismo de Estado prolet rio Em ltima inst ncia poderia dizer que esta experi ncia reveladora do quanto de ideologia o fen meno jur dico cont m em si mesmo reproduzindo em cada momento hist rico representa es id licas que revelam a ret rica normativa e o senso comum legislativo de um modo de produ o predominante Outrossim tomando em considera o as pol micas no interior dos debates promovidos pela Il e Ill Internacional v rios expoentes desse legado se destacaram por n o concordarem com a ortodoxia da c pula dos sovietes que em nome de uma 92 ideologia equivocada e um cego poder tentaram mitigar a hist ria e as mais leg timas diferen as no campo do marxismo Longe da cena Russa mas intrinsecamente ligado a ela encontra se na It lia Antonio Gramsci 1891 1937 determinado em fortalecer o Partido Comunista Italiano PCI e o socialismo em seu pa s Recorda Edmundo Dias descrevendo o autor sob sua pena passava tudo a irresponsabilidade dos pol ticos o abuso dos ricos o jesuitismo o problema dos alugu is a vida oper ria sob a coa o a mobiliza o b lica a censura a cult
311. o com os estudos de Mota O termo largamente usado na imprensa fazendo parte do jarg o econ mico e pol tico local para identificar medidas hipot ticas de an lise do Brasil relacionadas respectivamente com o investimento financeiro e com o investimento produtivo em compara o com o resto do mundo Em outras palavras medidas comparativas do Brasil em rela o a outros pa ses para facilitar a decis o do investidor de trazer recursos para investir em a es ou t tulos brasileiros ou na produ o interna 132 ao lado das medidas de ajuste econ mico as mudan as no sistema de seguridade social brasileiro constituem o maior destaque da agenda das reformas liberais que t m como principais formuladores os organismos financeiros internacionais os empres rios vinculados ao grande capital e a burocracia estatal a eles associada MOTA 2000 p 42 43 Obviamente estes aspectos trouxeram tona a gravidade da quest o social e as tens es que a constituem nesta conjuntura O balan o da d cada de 90 demonstra claramente os efeitos da pol tica macroecon mica do Plano Real com um agravamento inconteste das condi es sociais expressos pelo aumento dos ndices de viol ncia urbana precariedade e instabilidade de renda desagrega o familiar etc produzindo um agravamento da situa o s cio econ mica do pa s cujos desdobramentos incidiram diretamente na redu o dos direitos econ micos e sociais e na
312. o de tica de 1993 que porta como valor central liberdade o trabalho fundado na perspectiva da ontologia do ser social e toma como princ pios fundamentais democracia e o pluralismo optando por um projeto profissional vinculado ao processo de constru o de uma nova ordem societ ria sem domina o explora o de classe etnia e g nero CFESS 1998 p 218 162 engendrou uma cultura profissional muito diferenciada prenhe de diversidades mas que acabou ao longo da d cada de oitenta e na entrada dos anos noventa por gestar e formular uma dire o social estrat gica que colide com a hegemonia pol tica que o grande capital pretende construir dire o suficientemente explicitada no C digo de Etica em vig ncia desde mar o de 1993 dire o que pondo como valor central liberdade fundada numa ontologia do ser social assentada no trabalho toma como princ pios fundamentais democracia e o pluralismo e posicionando se em favor da equidade e da justi a social opta por um projeto profissional vinculado ao processo de constru o de uma nova ordem societ ria sem domina o de classe etnia e g nero NETTO 1996 p 116 117 Ao seguir estes princ pios cr tico valorativos de que fala Netto este projeto profissional se compromete com projetos coletivos de maior abrang ncia que se remetem sociedade e situa se no campo de transforma o da ordem vigente afirmando se assim para que se l
313. o de interesses particularistas e individuais abertura de espa os para congregar as v rias fra es de classe Exercit la consiste tamb m na capacidade dos intelectuais e do partido pol tico participarem da forma o de uma nova concep o de mundo de elaborarem uma proposta transformadora de sociedade a partir de baixo fazendo com que toda uma classe participe de um projeto radical que envolva toda a vida do povo e coloque cada um brutalmente diante da pr pria responsabilidade inderrog vel Gramsci 1977 p 816 s d sic a pr xis pol tica por assim dizer o lugar adequado a forma es de subjetividades de culturas valores e de pr ticas voltadas ao exerc cio da correla o de for as na disputa hegem nica por projetos que vislumbrem a constru o de uma nova civilta Neste estudo portanto situo a reflex o da dimens o pol tica do Servi o Social quando este se articula aos processos mais amplos das pr ticas sociais inseridos no contexto mais geral da luta pela constru o afirma o e consolida o dos direitos no Brasil Assim poss vel dizer que em sua dimens o hist rica as condi es s cio pol ticas dos anos 70 80 e a produ o social voltada a uma 172 concep o cr tico marxiana constituem se nas media es fundamentais na rela o entre o projeto profissional e o projeto societ rio emancipat rio Retomando o fio condutor da an lise no fim da ditadura os assis
314. o do trabalho igualmente a quest o social torna se alvo de novas interpreta es Para te ricos como Rober Castel 1998 e Pierre Rosanvallon 1998 existe uma dificuldade em se pensar a quest o social no cen rio atual em fun o da diversidade e do modo como a sociedade vem se organizando Em suas avalia es o p s teylorismo vai demarcar uma mudan a significativa no pacto social que encontrar se ia em crise em fun o do princ pio orientador n o ser mais capaz de responder aos problemas atuais provocando o que denominam de nova quest o social designado para explicar o fen meno que apoiado no desemprego e na exclus o social contribui para o enfraquecimento da condi o salarial constitu da como o Estado de bem estar Considera Castel que a caracter stica mais perturbadora da situa o atual sem d vida o reaparecimento de um perfil de trabalhadores sem trabalhos 1998 p 496 situa o que p e em risco todas as vantagens sociais adquiridas pela condi o salarial poss vel pela presen a e papel do Estado social Particularmente considera o autor que o processo de quebra de uma estrutura organizacional ancorada no trabalho tem afetado parcelas significativas da popula o que n o t m como concorrer com as novas exig ncias do mercado de trabalho criando se portanto uma popula o sup rflua que n o consegue nem mesmo ser explorada com o agravante do fato de o Estado
315. o e revertendo decididamente a possibilidade concreta de constru o de uma nova hegemonia capaz de romper com o arcaico padr o de desenvolvimento dependente e desigual at ent o instaurado no Brasil O panorama pol tico no pr 64 foi de intensa movimenta o em torno do campo democr tico sobretudo com a ascens o de Jo o Goulart Presid ncia da Rep blica e as for as burguesas conservadoras sabiam que os desafios postos pela realidade social requeriam mudan as imperativas e categ ricas pois estava em jogo um projeto pol tico nacional classista diga se com conte dos revolucion rios que pela primeira vez na hist ria do Brasil tinha condi es efetivas de reverter mais a si as condi es de explora o do capitalismo latifundi rio e cartorial O significado de tal inflex o representou n o s a derrota das for as democr ticas e populares de ent o mas reafirmou o padr o hegem nico burgu s de domina o expresso pelas piores tradi es da nossa cultura pol tica e que se O p s 45 embora possa ser caracterizado como um per odo de relativa democracia principalmente no tocante aos direitos pol ticos e civis n o significou uma ruptura com as estruturas consolidadas pelo governo Vargas Entretanto a conjuntura mundial mudara e as id ias do economista John M Keynes foram incorporadas por grande parte dos pa ses europeus do p s guerra O ide rio social democrata principalmente no que se refere
316. o na cena atual requer que se separe o joio do trigo enfrentando a explicitamente sobretudo porque h a um consenso que n o se esgota apenas na necessidade de respostas s exig ncias democr ticas A rigor a debilidade do pensamento pol tico contempor neo e das for as sociais cr ticas tem forjado em torno da cultura pluralista e da tradi o democr tica um discurso que se auto proclama emancipador mas que na realidade tem mesmo favorecido a um aggiornamento do projeto burgu s que na sua condi o dirigente redesenha os vetores subsidi rios da sua domina o com o concurso de formas democr ticas restritas como salienta Netto 1986 p 21 Portanto diante da vis vel plastifica o do discurso emergente forjado no mito da cidadania indiferenciada para todos que recorre for a meton mia do direito como aposta institucionalizada da democracia urge perguntar em que dire o a luta por direitos deve se encaminhar 3 2 5 A valoriza o das lutas por direitos no campo pol tico profissional Em sua totalidade o dicurso emergente contempor neo como express o de uma cultura da crise MOTA definida pelo processo de reorganiza o das determina es operadas pela atual crise estrutural do capital vem inflexionando a dire o dos processos pol ticos e culturais das classes subalternas alterando os valores sociais que informam seus projetos coletivos e redefinindo o programa estrat gi
317. o se refere ao estado civil est falando do Estado como uma inst ncia pol tica que tem sua m xima express o na Constitui o civil Republicana Para Andrade Pressupondo se necessariamente a juridicidade provis ria do estado natural o ato pelo qual se constitui o Estado o contrato origin rio concebido como id ia a priori da raz o sem essa id ia n o se poderia pensar um legislador encarregado de zelar pelo bem comum nem cidad os que se submetem voluntariamente s leis vigentes 1989 p 58 Sendo assim o contrato origin rio ao qual se refere Kant diz respeito id ia de um princ pio racional de sociedade que explica como ela deve ser Trata se do contrato original como sendo o ato pelo qual um povo se organiza num Estado onde nele todos trocam sua liberdade externa pela liberdade civil 1974 p 315 O qual significa dizer que consentem a um poder constituinte o exerc cio da 39 autoridade na realiza o da vontade coletiva Por assim dizer o contrato permite deste modo a legitimidade de um Estado Nesta dire o se pressup e no contrato que a vontade do legislador represente efetivamente a vontade coletiva de todo o povo como se a lei advinda do soberano fosse lei que cada um d a sim mesmo ou como se o direito expressasse a lei moral que h em cada indiv duo Nesta perspectiva o Estado idealizado por Kant como um organismo imperativo da liberdade de sujeitos indivi
318. o sistema jur dico na fun o p blica e nas pol ticas sociais s o mecanismos invocados de forma recorrente trata se de estrat gia de desconstitucionaliza o dos direitos da retirada deles das normas jur dicas e das investidas para flexibilizar ainda mais as rela es trabalhistas 2002 p 61 grifo meu Nesta dire o o Estado tendeu a mudar sua regula o e o controle sobre as condi es de uso da for a de trabalho assim como seu papel na rea de pol ticas de prote o social o que favoreceu por um lado uma acelerada mercantiliza o da previd ncia e por outro uma redu o extrema da legisla o de prote o ao trabalho ajustando se deste modo s novas exig ncias do processo de valoriza o e acumula o do capital Tanto Collor quanto FHC salvo raras diferen as pautaram sua agenda pol tica em torno de um reordenamento institucional e programas de governos intimamente conectados com o pacto neoliberal expresso em uma ampla reforma administrativa planos de privatiza es liberaliza o de capitais dolariza o direta arrocho salarial mudan a na moeda etc tudo em fun o de garantir o programa de estabiliza o do FMI e do Banco Mundial como procedimento ad hoc da rearticula o de for as do capital no Brasil O Plano Real adotado como a galinha dos ovos de ouro da campanha eleitoral de FHC em 1998 n o serviu apenas para levar o candidato vit ria nas urnas mas fundam
319. oberanas Da esta doutrina ser considerada origin ria da Organiza o das Na es Unidas Para Plat o 427 347 A C a id ia frequentemente considerada como sendo a ess ncia ou a subst ncia do que mult plice A unidade do vis vel na multiplicidade dos objetos e por isso a sua esp cie Objetos dos quais pode se afirmar com certeza que existem id ias Estes s o a os objetos matem ticos igualdade um muitos etc b os valores o belo o justo o bem etc Os objetos dos quais duvidoso que existam id ias as coisas naturais como o fogo a gua e o homem os objetos dos quais h a certeza de que n o existem id ias estes s o as coisas vis e as coisas que n o t m valor Cf ABBAGNANO Nicola Dicion rio de Filosofia 2000 p 525 40 uma iman ncia entre o real e o racional No entanto Hegel n o fala de qualquer racionalidade sobretudo daquela que expressa na tradi o filos fica um humanismo extremo fechado em si mesmo e fundado numa concep o transcendental e subjetiva de homem abstra da da universal realidade Essa racionalidade diz no par grafo 200 da Filosofia do Direito proveniente do intelecto abstrato e dos doutrinadores vis uma vez que n o o homem que atribui racionalidade ao real pois o mundo e o real constituem uma racionalidade pr pria A este ju zo atribui em espec fico o projeto de uma raz o metaf sica que Kant levou s ltimas consequ ncias Neste cont
320. ocial que s o trabalho como for a criadora tem obvio que em pa ses perif ricos como o Brasil que ficou de fora do horizonte societ rio instaurado pelas experi ncias do Welfare State as bandeiras de luta por direitos assume um significado maior e mais complexo como demonstrou Jos Paulo Netto mas tamb m elas expressam contraditoriamente uma perspectiva de ingresso tardio a partir desse horizonte fazendo nos indagar pelo sentido dessa luta no campo espec fico da defesa e amplia o das pol ticas p blicas como garantia de direitos centralizada nos espa os institucionais e no processo de democratiza o da gest o p blica pela via do Estado No argumento de Behring amp Boschetti poss vel vislumbrar as justificativas deste direcionamento Dentro desta l gica portanto empreender reformas democr ticas num pa s como o Brasil poderia implicar um processo de radicaliza o e de ultrapassagem do Estado burgu s j que elas podem superar a si mesmas considerando se a cultura visceralmente antidemocr tica e conservadora da burguesia brasileira 2006 p 151 208 Portanto marcada pela cultura do protecionismo na sociedade brasileira esta tend ncia tomada por um apelo forte da interven o estatal no atendimento das necessidades das classes subalternas tende a reeditar o car ter conservador da modalidade de enfrentamento da quest o social vinculado luta institucional por meio da a o e
321. ogre conceber no tr nsito deveniente das diversas particularidades que envolvem os interesses sociais presentes na sociedade as demandas que portam as reais necessidades da classe subalterna De modo geral os projetos profissionais se vinculam aos projetos coletivos que por sua vez se caracterizam por estarem inclu dos nas diversas particularidades que dizem respeito aos v rios interesses sociais presentes numa dada sociedade articulados e perpassados por quest es culturais pol ticas e econ micas como pressupostos que remetem a projetos de maior abrang ncia como os societ rios Em linhas gerais poss vel dizer que os projetos societ rios apresentam caracter stica de transforma o ou conserva o da ordem proporcionando uma id ia de sociedade que se quer constru da o que sup e a concep o de valores para justific la e a cria o de determinados meios materiais e culturais para objetiv la Ent o a rela o entre projetos profissionais e societ rios salvaguardados as particularidades pr prias de cada um se vincula na medida em que suas proje es s o co part cipes de perspectivas pol ticas e te ricas comuns ainda que um n o se confunda com o outro nem tampouco tenham as mesmas finalidades Ao caracterizar os projetos profissionais incluindo o projeto tico pol tico do Servi o Social Netto afirma que eles 163 apresentam a auto imagem de uma profiss o elegem os valores que a le
322. or desenvolveu se um conceito de pol tica instrumental o qual permitiu por exemplo a Maquiavel coloc la inteiramente disposi o do Pr ncipe assim como fez Hobbes ao conceber o Estado de direito como o detentor do privil gio exclusivo do abuso legal que o indiv duo poderia exercer sobre os demais no estado de natureza Tais concep es tiveram a pretens o de justificar que a tens o co origin ria entre pol tica e direito no interior do Estado de direito em princ pio poderia ser anulada em favor de um modelo de pol tica que usa o poder de maneira a manipular os cidad os e que se serve do direito simplesmente para revestir se de legalidade 78 por isso que a id ia burguesa de Estado de direito passa a atrelar o Estado a um sistema jur dico normativo medida do razo vel sem lacunas e legitimado pela opini o p blica para elimin lo ideologicamente enquanto instrumento de domina o Neste sentido sugere Habermas que o poder pol tico e o direito sancionado pelo Estado surgem como dois componentes dos quais se origina o poder do Estado organizado de acordo com o direito 2003a p 180 Isto explica porque o direito se transformou na figura do contrato enquanto am lgama da sociedade moderna de tal modo que os sujeitos emancipados da sociedade burguesa podiam saber se unidos aos seus concidad os em suas prec puas qualidades a de sujeitos livres e iguais propriet rio a de sujeito
323. ora encontraria seu lugar A subjetividade transcendental do dever ser de Kant estaria superada atrav s de sua objetividade realista que se ocupa do real do que Por isto insiste na sua Filosofia do Direito a miss o da filosofia est em conceber o que porque o que a raz o ibid p 14 Este processo do qual Hegel denomina esfor o do conceito prescinde de hip teses aprior sticamente formuladas trazidas atomisticamente de fora para manipular o fen meno e assim descrev lo Esclarece Teixeira Este saber para ser verdadeiramente saber absoluto portanto saber livre saber n o condicionado n o pergunta pelas condi es a priori de sua possibilidade como o faz Kant Tal pergunta implicaria negar de princ pio o pr prio absoluto ele deve ser causa de si mesmo automovimento 1995 p 73 Aqui Hegel se empenha em repor o problema do ser e do dever ser contrapondo se a Kant que criou uma teoria baseada numa vis o de mundo tal 42 como entendia dever ser enleada em pura abstra o n o atingindo o sentido concreto da realidade nem a raz o como esp rito consciente Neste sentido no mundo dos valores e da cultura impens vel para Hegel a formula o de normas vazias abstratas e sem conte do real E a o direito a moral e a eticidade s o refer ncias constantes ao dever ser por m com subst ncias reais Atrav s dessa tr ade ele procura decompor o for
324. oraro s moralmente leg timo justo o direito a lei que garanta a cada cidad o uma liberdade compat vel com aquela dos outros 1995 p 64 A rela o jur dica antes de tudo a rela o externa com o outro e a justi a consiste exatamente em fazer com que cada sujeito possa gozar da liberdade que lhe permitida na medida em que n o interfira na liberdade do outro Neste conceito a liberdade atua na esfera do n o impedimento e o instrumento leg timo para a realiza o deste obst culo o Estado poss vel dizer pois que adv m desta inspira o a teoria do Estado liberal sendo a doutrina kantiana do direito um dos seus fundamentos tratados especificamente na esfera do direito p blico de que exemplar as v rias Declara es dos Direitos como a da Fran a de 1789 o qual se encontra junto com o direito privado na teoria geral do direito Como jusnaturalista Kant vai distinguir a lei natural da lei positiva assim como os direitos inatos e os direitos adquiridos Com base nisso o estado de natureza caracterizado como um estado de sociedade mas que n o comporta um estado jur dico No estado de natureza h uma sociabilidade expressa por grupos conjugais paternos e dom sticos mas falta inst ncia pol tica propriamente dita que o Estado Em consequ ncia pode se dizer que as leis naturais apontam para o direito privado porque elas expressam princ pios a priori n o pretendem
325. oridade do fen meno que simplesmente dado e buscar os fundamentos de sua ess ncia como pretens o ltima de encontrar a raz o das coisas mesmas Segue se da que a preocupa o de Hegel perguntar pela validade do direito enquanto direito posto na forma de leis positivas n o para justific lo historicamente mas para compreend lo e dar lhe uma justifica o v lida em si e para si Deste modo eis a tarefa da Filosofia do Direito tomar o direito como realidade que e elev la pelo conceito enquanto id ia tal como e n o como deve ser Esta unidade direito existente e conte do da id ia do direito formam para Hegel a verdade do direito entendida como correspond ncia do conceito com a realidade 46 Na Introdu o da Filosofia do Direito Hegel sugere uma corre o da defini o do direito como necessidade de esclarecer a diferen a entre conte do e forma do direito afirmando que no conhecimento filos fico a necessidade de um conceito de longe a coisa principal Segue se o que h de mais importante para Hegel a identidade entre ser e pensar ou seja entre forma e conte do Diz ele no mesmo par grafo quanto mais incoer ncias e contradi es houver no conte do das regras de um direito menos poss veis ser o as defini es que devem conter as regras gerais 1976 p 18 Portanto a corre o do direito passa pela exig ncia da correspond ncia entre conceito e repr
326. other when we understand that the recognition of one would imply the denying of the other In this perspective the structure of Law conceived as the opportunity that different people have to see themselves as socially included promotes the displacement of inequality s concept settled on the system of relations that supports the reproduction of capital to an intangible place where lies the idea of exclusion With that in mind the bottom line of this study is the examination of some of the many conceptualizations traditional and contemporary about Rights Each one encloses irrefutable aspects In this direction both Liberals and Marxists are trying to find in Rights a proper explanation to the political democratic order that justifies itself based on the modern world s pluralism and is responsible for a social phenomenon inside a culture supposed to be consensual In Brazil this discussion is marked by the counter reformation established in the country from the 90 s which exposed the neoliberalism offensives therefore strongly connected to the global social economical course At last this thesis tries to demonstrate that it is in the bosom of this cultural and social historical context that the struggle for democracy and the claim for rights are stronger especially when they are incorporated to the modern Social Work curriculum as it has been seen in its current professional project and is circumscribed to the commitment of professional inte
327. out 2006 MONDAINI Marco O Socialismo Liberal de Norberto Bobbio s l nov 2000 Dispon vel em lt http www artnet com br gramsci arquiv199 htm gt Acesso em 04 nov 2006a Norberto Bobbio e os Comunistas Italianos s nov 2000 Dispon vel em lt http www acessa com gramsci page visualizar amp id 75 gt Acesso em 04 nov 2006b MONTESQUIEU Do esp rito das Leis S o Paulo Martin Claret 2004 MORA Ferrater Dicion rio de Filosofia Trad M Stela Gon alves et ali S o Paulo Loyola 2001 MOREIRA Luiz A superinstitucionaliza o da eticidade em Hegel In Direito e Legitimidade Jean Christophe Merle Luiz Moreira Orgs Trad Cl udio Molz Tito L vio Cruz Rom o S o Paulo Landy 2003 MOTA A Elizabete Org O fetiche da Assist ncia Social um debate necess rio In O Mito da Assist ncia Social Ensaios sobre Estado Pol tica e Sociedade Recife Ed Universit ria da UFPE 2006 p 7 12 Seguridade social no cen rio brasileiro Exposi o realizada na mesa redonda Seguridade social no Cen rio brasileiro In XI Congresso brasileiro de Assistentes Sociais III Encontro Nacional de Servi o Social e Seguridade Fortaleza CE 2004 Confer ncia proferida em 18 de outubro Dispon vel em lt http Auww cfess org br gt Acesso em 03 mar 2005 Trabalho e seguridade social Mini curso proferido no Il Encontro Regional de Pesquisadores em Servi o Social realizado em Jo o
328. p 45 33 A respeito da constitui o das formas de organiza o e dos movimentos reivindicativos dos trabalhadores e de sua impossibilidade de se realizarem nas sociedades de classe pr capitalista conferir o brilhante ensaio de Armando BOITO JR Pr capitalismo capitalismo e resist ncia dos trabalhadores notas para uma teoria da a o sindical In Cr tica Marxista Artigos Dispon vel em lt http ANWwW uUnicamp br cemarx criticamarxista 04boito pdf gt Acesso em 29 de mai 2006 p 77 104 34 Cf tienne BALIBAR Sobre la dictadura del proletariado M xico 1997 tradu o minha 90 Esta representa o jur dica do Estado fundada ideologicamente na separa o entre o Estado esfera p blica pela qual se exprime a vontade geral e a sociedade civil esfera privada onde se manifesta os interesses particulares em conflitos favorece a anula o da contradi o das classes substituindo a posi o social dos indiv duos pela condi o fetichizada de cidad os Como anota Naves tal determina o corresponde integralmente representa o jur dica do indiv duo isto a sua base o seu fundamento a categoria de sujeito de direito o indiv duo ao qual o direito atribui as determina es da liberdade da igualdade e da propriedade 2000 p 83 Tudo se passa como se os indiv duos agora cidad os tivessem superado sua condi o de classe anulando com isso a pr pria contradi
329. peculativa de Hegel uma vez que esta se constitui como uma abstra o ideizante que mesmo considerando o homem concreto e o tempo real o faz para nisso desvendar a possibilidade isto a ess ncia o conceito a id ia que nele se realiza Assim o Estado e todo o seu aparato jur dico normativo se esvaziam do conte do substantivo que emprestava consist ncia no discurso de Hegel Em termos reais numa sociedade concreta o Estado s pode ser reconhecido pelas suas fun es sociais logo numa sociedade fundada na apropria o privada desigual suas regras e o direito correspondente tender o a invadir de igual modo o universo das rela es sociais Como sublinha Vianna uma vez que a 13 De acordo com MULLER apud TEIXEIRA 1995 p 77 a filosofia concebe a hist ria a partir do que Hegel chama do esfor o do conceito que nada mais do que o esfor o de um pensamento que deve se despojar de suas opini es preconceitos e hip teses externas ao objeto e que deve abdicar daquela desenvoltura que paira vaidosamente acima do conte do para mergulhar decididamente no objeto e considerar apenas o movimento pr prio do conte do e apenas trazer consci ncia este trabalho pr prio da raz o 51 propriedade est distribu da desigualmente entre homens que se rivalizam para a sua obten o reclamam interven o de meios coercitivos e institucionais para se imporem sobre a sociedade ci
330. plorados do mundo Por conseguinte foi esse mesmo clima pol tico e movimento cultural o qual marcou a origem do PT que alimentou ideol gica e politicamente consider veis segmentos profissionais fazendo com que v rias profiss es tamb m passassem a promover certa contesta o de suas pr ticas profissionais a exemplo das Ci ncias Sociais da Pedagogia e de maneira especial do Servi o Social Ao fazerem uma revis o cr tica de seus projetos profissionais questionam portanto o funcionalismo o positivismo e o pragmatismo superficial que as impregnavam Portanto esse processo rico em contradi es e com particularidades que j foram exaustivamente aprofundadas na literatura sociol gica e pol tica do Brasil sinaliza para o fato de que a composi o da domina o burguesa no pa s sempre matreira e afinada com as mudan as do capitalismo mundial tem forjado a cada tempo hist rico bases pol ticas com elementos anti reformadores que lhes permite a manuten o do poder e a visibilidade na pol tica nacional ainda que para isso tenham que reconfigurar se numa esp cie de transformismo para constru rem novos blocos hegem nicos 2 5 As tend ncias do debate sobre os direitos no Brasil o constitucionalismo democr tico de 1988 O fato de o Brasil ter conduzido e avan ado ao longo dos anos 90 a normatiza o da vida democr tica no pa s e ter se comprometido em ajustar as contas com seu passado de aus ncias de
331. poderia ser feito para resolver a grande contradi o entre os dois modelos contrapostos j que tanto um quanto outro t m se revelado profundamente insatisfat rios Embora tenha declarado que se n o tivesse aprendido como o marxismo a ver a hist ria do ponto de vista dos oprimidos ganhando assim uma nova e imensa perspectiva do mundo humano n o haveria salva o para n s BOBBIO 1955 apud ANDERSON 1996 p 17 o aborrecia uma poss vel pretens o de o marxismo ser a nica ci ncia apropriada da sociedade o que lhe parecia um equ voco especialmente porque segundo ele a utopia socialista de um ideal perfeito de sociedade sem classes e com o predom nio das rela es econ micas sobre as institui es pol ticas a despeito do acaso e da hist ria n o se cumpriu O que atribui ao fato da doutrina marxista obter apenas uma teoria da conquista do poder e n o do exerc cio do poder Deste modo nas discuss es sobre democracia e socialismo Bobbio se interroga sobre a exist ncia de uma doutrina marxista do Estado O que de pronto rebate sua pr pria ret rica ao demonstrar n o ter d vidas de que a resposta negativa Nesse ponto terminante ao dizer que n o h ci ncia da pol tica no marxismo porque a teoria marxista da pol tica e do Estado a teoria da pr pria extin o da pol tica e do Estado Portanto ao olhar a experi ncia dos regimes nazi fascistas a exemplo da It lia
332. pol tico da quest o social que passou a ser encarada como um fen meno mundial resultado da din mica espec fica do capital monopolizado portanto elementarmente determinada pelo tra o pr prio e peculiar da rela o capitaltrabalho a explora o nos termos de Jos Paulo NETTO em Cinco Notas a respeito da Quest o Social 2001 p 45 No decurso dessa hist ria a program tica do governo Vargas foi de responder ao enfretamento das classes dentro de uma estrat gia de cria o da legisla o trabalhista O Minist rio do Trabalho na perspectiva de legalidade do enfrentamento da quest o social aparece como marco da funcionalidade constru o da hegemonia burguesa 138 encontra t o travejada na forma o social brasileira A conspira o formada pelos segmentos mais retr grados da burguesia encontra na coer o a estrat gia de impor se na o refrigerando o jogo de interesses e conflitos das classes em oposi o revertendo o processo democr tico em curso antes de 64 Ao lado disso e ao mesmo tempo em que se desenvolvia o processo de monopoliza o do capital a mais valia ascendia num crescendo cont nuo orientando se de modo radical subsun o do trabalhador urbano e rural favorecendo de todas as formas a acumula o da burguesia nacional que para manter seus interesses captura o poder do Estado a seu favor desenvolvendo uma estrutura pol tica poderosa de estatiza o da econom
333. pr pria das classes em presen a as ideologias se referem pois s elabora es filos ficas desde as folcl ricas que expressam o senso comum quelas constru das intelectualmente em n veis abstratos mais complexos situadas no campo da hist ria da filosofia Nesta perspectiva as ideologias orientam a a o pr tica dos interesses de classe 33 kantiana formal uma vez que ela considera t o somente a forma racional da a o ou da conduta humana independente da experi ncia e dos conte dos emp ricos Esta id ia remonta s fontes do saber metaf sico que Kant 1974 p 388 vai retomar e definir como a cr tica da faculdade da raz o com respeito a todo o conhecimento a priori puro ou seja um saber que emana do intelecto puro e que n o se diferencia absolutamente da matem tica pura ou da l gica formal caracterizado assim como saber filos fico puro neste sentido que as id ias da metaf sica ser o recuperadas por ele ao estudar as leis que regulam o comportamento humano e assumir o uma import ncia fundamental no trato da moralidade Se para Kant a raz o constitui se como princ pio fundante do saber intelig vel apenas o estudo dos princ pios racionais a priori da conduta humana corresponder a exig ncia de uma exposi o dos fundamentos da doutrina moral Isto significa que a experi ncia emp rica a realidade concreta somente tem significado no contexto da raz o formal e s neste
334. pr xima s tend ncias da cultura pol tica contempor nea com formula es e refer ncias de preocupa es que expressam a atualidade do debate no contexto democr tico e constitucionalista 195 e por outro lado pela excelente condu o da tem tica fundamentada luz da teoria social marxiana proferida por um intelectual de Servi o Social que faz uma reflex o sobre os direitos articulada no marco de uma compreens o dos processos s cio hist ricos e da particularidade da forma o social capitalista de modo tal que possa ser poss vel entender sua origem fun o social e determina es estruturais Na primeira exposi o representada pelo jurista Dalmo Dallari pode se observar que as refer ncias e formula es s o contempor neas de preocupa es que expressam a atualidade do debate te rico no contexto brasileiro especialmente em rela o aos direitos humanos Compartilhando de um movimento denominado de Magistratura democr tica defensor da id ia de um novo constitucionalismo que se expressa pela for a jur dica que caracteriza a Constitui o Cr tico do liberalismo defende uma concep o de direito que se aproxima do ideal comunit rio como forma de garantia da participa o ativa dos cidad os nos assuntos p blicos Trata se do uso de uma linguagem comunit ria inscrita na Constitui o o qual prev a ado o de um regime democr tico participativo Seguramente afirma se o direito
335. r Esta escolha exige a compreens o do conceito de intelectuais 158 org nicos proposto a partir de Gramsci relido nas teses do uso alternativo do direito por Poulantzas que o define como representante da hegemonia ou seja aquele que assegura o consenso idelol gico da massa em torno do grupo dirigente que serve de elo entre a superestrutura e a infraestrutura MALISKA 1995 p 80 Sendo assim para o movimento do uso alternativo do direito fundamental o papel do operador jur dico como intelectual org nico uma vez que sua pr tica politizada pode ser favorecedora no rompimento de dogmas estabelecidos pelo direito positivo dirimindo as discrep ncias entre o mundo jur dico e os problemas sociais sobretudo tentando transformar um dos mais eficazes aparelhos ideol gicos e repressivos do Estado o Poder Judici rio num mecanismo que contribua para construir a democracia e a emancipa o ANDRADE 1995 p 131 A julgar pelo car ter extremante conservador burocr tico e anti democr tico das institui es brasileiras que na maioria das vezes n o salvaguarda os direitos consagrados na Constitui o Federal antes toma a democracia como algo formal diante da manipula o ideol gica dos dirigentes pol ticos talvez nessa medida o movimento do uso alternativo do direito considere fundamental investir em solu es que impliquem no real impedimento da reprodu o dessa l gica apostando no
336. r ncias materiais ou espirituais s o elas mesmas inclu das mediante liberdades negativas do direito formal Dessa suposi o resulta a sua cr tica tradi o do direito natural que ele designa como teorias fundadas em premissas atom sticas e a ticas numa perspectiva transcendental de raz o pr tica onde uma comunidade de homens s pode ser pensada segundo o modelo abstrato dos muitos associados HEGEL 1976 apud HONNETH 2003 p 39 numa vincula o de indiv duos socialmente isolados por m sem uma unidade tica universal 44 O caminho pelo qual chega a desenvolver a condu o desta totalidade tica universal e absoluta que Hegel assinala como nova rela o social constitu da pelo processo de universaliza o jur dica descrita pela supera o das rela es pr ticas que os indiv duos possuem atrav s das formas elementares de reconhecimento meramente pessoal das suas car ncias relativas aos bens necess rios vida transformados em ltima inst ncia em pretens es de direito universais contratualmente garantidas pelo Estado No sistema da eticidade consequentemente o Estado se constitui no ponto de refer ncia central da an lise de Hegel por ser a categoria precisa capaz de efetuar atrav s de uma s rie de media es pr pria do processo de reconhecimento a experi ncia do reconhecer se no outro como consci ncia que supera as pretens es meramente subjetivas do ser reconhecid
337. r Marshall e Bobbio e entre os que formam o n cleo racional da matriz cr tico dial tica hegeliana partindo do pr prio Marx at os te ricos contempor neos da revolu o como Pachukanis Gramsci Mandel M sz ros entre outros Como visto no decorrer do estudo a for a das tradi es pol ticas e juridicas remontam ao s culo das luzes em uma poca onde as grandes narrativas idealizavam uma realidade aut ntica a qual se buscava medir a id ia pelo existente por meio de um conte do abstrato e atemporal preconcebido por um pensamento afinado com exig ncias eternas e naturais Pelo lado da filosofia pol tica cl ssica nas suas li es vimos que Hobbes desenvolveu o seu conceito de direito a partir da id ia de liberdade de contrato e de propriedade promulgado atrav s da figura do contrato social e por isso concebeu as normas do direito moderno como direitos subjetivos adquiridos atrav s do pacto social de submiss o civil Desde ent o os direitos subjetivos se constitu ram no paradigma do direito moderno Por sua vez embora Kant tenha reagido contra este intuito hobbesiano de fundamentar os direitos subjetivos no ego smo racional de indiv duos atrav s do contrato social porque entende o contrato origin rio n o como um contrato mercantil entre pessoas privadas mas como um fim em si mesmo e portanto um dever incondicionado tamb m ele formula o conceito de direito a partir do modelo dos direitos subjetivos qu
338. r executivo passando pelo esquema de financiamento e a forma de articula o das pol ticas sociais presumidamente voltada para maximizar a acumula o com o m nimo de equidade e distribui o de renda O impacto desta perigosa tend ncia pol tica sob a ret rica neoliberal reflete nas inst ncias democr ticas do pa s e perpassa pela cultura profissional de forma muito assaz fazendo com que no seu confronto imediato a defesa da luta por direitos de cidadania assuma um car ter estrat gico necess rio Na defini o apontada na Carta de Manaus elaborada no 34 Encontro Nacional CFESS Cress realizado na cidade de Manaus em 2005 cujo tema 213 Defender direitos e fortalecer movimentos sociais atribui es tica pol tica e profissional do assistente social para radicalizar a democracia traduz a posi o do coletivo profissional no seu esfor o em dar respostas qualificadas luta por direitos em tempos neoliberais o enfrentamento a essa dire o econ mica e social s poss vel com a organiza o coletiva dos trabalhadores e o fortalecimento dos movimentos sociais comprometidos com a defesa dos direitos como processo estrat gico de luta democr tica e popular visando a emancipa o e a constru o de uma sociedade n o submetida aos ditames do capital E nesse sentido que a conquista por direitos na ordem do capital n o pode ser vista com um fim com um projeto em si mas como via de tr
339. r pol tico Essencial para se compreender a realiza o desse processo na doutrina lockeana a concep o de liberdade idealizada como liberdade civil como dom nio que escapa a interven o do poder estatal Tal como posta a liberdade assim correlata sociedade de mercado que institui a modernidade Para Cumming Na poca do capitalismo nascente isso se explicitou sobretudo como liberdade econ mica o processo de produ o um jogo livre de mercado onde o Estado n o deve intrometer se O Estado no m ximo exerce a fun o de vigia para garantir os contratos que regem as rela es dos indiv duos entre si apud OLIVEIRA 1998 p 116 32 Esta compreens o de liberdade que se efetiva no usufruto da propriedade como um direito inalien vel vai constituir a base argumentativa que dar fundamento a moral burguesa e capitalista legitimadora da explora o e aliena o do homem Na observa o de Macpherson Locke justificou a apropria o especificamente capitalista da terra e do dinheiro seu postulado individualista o postulado pelo qual transforma a massa dos indiv duos iguais licitamente em duas classes com direitos muito diferentes os que t m propriedade e os que n o t m 1979 p 220 Talvez por isso e n o sem motivos Marx observou no pensamento lockeano uma teoria que defendeu a nova burguesia em todas as suas formas sobretudo por ter criado como nenhum outro pens
340. ra o e capazes de governar a si mesmos Destitu da de seus significados s cio hist rico a aspira o democracia tornou se lugar comum o tema aglutinador em torno de projetos os mais diferenciados Noutra perspectiva e colidindo absolutamente com o vi s exposto por seu companheiro de mesa o Professor Jos Paulo Netto inicia sua apresenta o chamando a aten o exatamente para a abordagem que ir referendar sua exposi o conferida a partir da teoria social Portanto pela import ncia da exposi o do debate sobre os direitos no campo do marxismo promovido pela profiss o a refer ncia desta confer ncia torna se imprescind vel para a an lise do objeto desta discuss o sobretudo porque 197 atrav s dela poss vel caracterizar os termos do debate Preliminarmente o autor situa o campo da reflex o dizendo Se n s vivemos numa sociedade burguesa pensar os direitos nessa sociedade pensar numa limita o essencial essa a sociedade onde se pode realizar a emancipa o pol tica ningu m mais dependente formalmente mas a emancipa o humana nesta sociedade imposs vel invi vel NETTO 2004a sic De pronto j indica para o campo onde opera e situa o solo matizador da constitui o dos direitos a emancipa o pol tica lembrando as considera es que Marx fizera no s culo XIX e sua cr tica de que a emancipa o humana n o significa a substitui o pol tica de uma c
341. ra da ordem portanto radicalmente oposta referida nesta tese a qual concebida como fen meno constitutivo do pr prio desenvolvimento do capitalismo e que diz respeito aos problemas de ordem social econ mica pol tica cultural e ideol gica que perpassam a rela o contradit ria entre capital e trabalho Quest o social que tem haver com a emerg ncia da politiza o da classe oper ria por meio das lutas desencadeadas em defesa dos direitos atinentes ao trabalho que se desdobra no per odo do desenvolvimento hist rico do capitalismo na passagem da fase concorrencial para a dos monop lios mais conhecido como padr o de acumula o fordista keynesiano favorecendo a cria o de um grande consenso entre capital e trabalho cuja media o se deu atrav s do Estado de bem estar Constru do sob esse legado ent o poss vel dizer que foram as lutas sociais que romperam o dom nio privado nas rela es entre capital e trabalho favorecendo o transito da quest o social para a esfera p blica sendo respondida pelo Estado que passa a administr la atrav s de controle e consenso dando origem a uma ampla esfera de direitos consubstanciados em servi os e pol ticas sociais 219 No entanto quando o capitalismo chega contemporaneidade em crise e com o triunfo e a fa anha de ter potencializado ao m ximo a produ o de uma popula o relativamente sup rflua inflexionada pelas transforma es no mund
342. racional sendo o positivismo a legalidade e o formalismo seus princ pios fundamentais Al m disso o Estado moderno amplia e garante o direito burgu s desenvolvendo um processo economicamente despolitizado e livre de normas ticas passando o direito a ser instrumento coercitivo que organiza o poder pol tico Na interpreta o de Dur o Habermas considera que o Estado democr tico de direito se constitui atrav s de uma conex o interna entre direito e pol tica Esta conex o pode ser reconstru da a partir da antropologia desde os come os da civiliza o humana pois o direito e a pol tica somente podem cumprir suas fun es espec ficas de estabilizar as expectativas de comportamento e definir programas coletivos de a o respectivamente enquanto tamb m executem fun es rec procas entre si pois o direito empresta pol tica seu pr prio meio o que possibilita que se governe atrav s de leis enquanto a pol tica confere ao direito a for a para se impor coercitivamente 2006 p 14 Desta vincula o entre direito e pol tica no Estado de direito pode se dar a entender a id ia equivocada de uma rela o harm nica entre o direito positivo e o poder pol tico No entanto a hist ria da filosofia pol tica demonstra que desde o princ pio da modernidade quando em decorr ncia da racionaliza o derrocou se a fundamenta o teol gica e metaf sica que o direito natural oferecia para as decis es do legislad
343. rata Moura Por conseguinte para Bauer o t pico fundamental que se prende com a emancipa o e que se coloca como problema a que urge dar solu o gira em torno do estabelecimento de um Estado pol tico de cidad os e n o mais de s ditos libertos de qualquer tutela p blica de inspira o religiosa Mais do que acomodar os direitos civis dos judeus a um Estado crist o que se conserva nos seus tra os determinantes da aboli o da confessionalidade do Estado que tem de tratar se 1997 p 24 14 Segundo Jos BARATA MOURA em Uma introdu o a Zur Judenfrage de Karl Marx 1997 p 21 Marx fora aluno de Bruno Bauer em Berlim convivera com ele no c rculo de amizades em torno de Doktorklub em comum haviam delineado e desenvolvido projetos de colabora o E todavia um distanciamento em breve transformado em rompimento veio surgir entre ambos em fun o de suas pr prias posi es te ricas e pol ticas 54 Marx submete cr tica os fundamentos os quais permite Bauer assumir este ponto de vista dizendo que a exig ncia do ate smo como igualdade civil por um lado do judeu para com o juda smo e por outro do homem para com a religi o pura e simplesmente n o garante de per si o advento da emancipa o pol tica uma vez que n o esgota nem atinge a raiz hist rico material em que se assenta o problema Para ele n o basta sublimar a cr tica a um intento eminentemente teol gico
344. ravam De acordo com Lea Guimar es SOUKI in A atualidade de T H Marshall no estudo da cidadania no Brasil Civitas Porto Alegre 2006 p 47 48 A era vitoriana cobre um tempo longo com diferentes situa es econ micas pol ticas sociais os valores conhecidos como vitorianos tamb m se transformaram durante o per odo e tinham na moralidade a centralidade dos debates O pressuposto dos vitorianos tardios era que a compaix o seria um sentimento desmesurado e pouco pr tico Nessa perspectiva o sofrimento de uma crian a capaz de nos encher o cora o de compaix o enquanto a not cia de uma batalha com centenas de morte nos indiferente Diante disso os vitorianos tardios filantropos reformistas e cr ticos da sociedade colocaram se a tarefa de dar a tal sentimento um senso de propor o Para os vitorianos tardios a compaix o agora n o significaria simplesmente mais um sentimento de puro altru smo ela passaria a ter uma implica o pr tica e at mesmo cient fica no sentido de ter um tratamento sujeito a c lculos aritm ticos Ter compaix o significaria t la de maneira apropriadamente compreendida sem a aspira o de ser 69 reconciliar o homem trabalhador ao homem cavalheiro aquele que carregava consigo a virtude do cidad o A preocupa o portanto dos vitorianos n o era com a desigualdade em si mas com o alarmante n vel de indig ncia que estava submetido muitos trabalhadores brutalizado
345. re as delibera es do Parlamento Renano a prop sito do roubo da madeira da decidindo se logo ap s retirar do cen rio p blico para o gabinete de estudos afirma o que faz em anota es sobre si mesmo emancipa o e de todos os modos poss veis que pode assumir como pressuposto a extin o do p trio poder como forma o ato jur dico como conte do substantivo a mudan a de estatuto jur dico civil de pessoa alieni j ris a sui juris e como efeito a concess o e restri o de direitos a partir do s culo XVIII o conceito de emancipa o passa por mudan as sem nticas mais significativas e mais definitivas E aqui que pode se falar propriamente em conceito pol tico de emancipa o Da esfera jur dica a emancipa o passa a agir tamb m na esfera pol tica se expandido no sentido de referir a grupos institui es e povos inteiros E precisamente com este car ter de um processo pessoal de auto autoriza o que o conceito de emancipa o se afirma no Iluminismo Nesse momento o ato unilateral do Estado que fazia da emancipa o meramente um atestado de capacidade jur dica desafiado pelas reivindica es daqueles que a partir de ent o passavam a saber como legitimamente se emancipar a si mesmos N o por acaso Kant 1784 definia o Iluminismo n o como emancipa o mas como a liberta o do homem de uma imaturidade auto imposta No contexto especifico do Idealismo Alem o o conceito de e
346. reitos repleta de conquistas e avan os os direitos sociais parecem hoje viver muito mais como direitos proclamados direitos em sentido fraco ou expectativas de direitos como diria Norberto Bobbio do que como direitos efetivamente usufru dos ou seja direitos em sentido forte H no campo dos direitos sociais um maior grau de defasagem entre a norma jur dica e a sua efetiva aplica o NOGUEIRA 1992 p 07 Ao focar o texto na an lise dos direitos sociais alude a perspectiva de Bobbio entendendo que estes no conjunto do sistema de direitos s o os mais problem ticos de serem garantidos na contemporaneidade j que demandam de uma a o efetiva do Estado que tem seu acolhimento resguardado na Constitui o Ao se referir a crise do Estado de direito por um lado o autor se refere a uma esp cie de mal estar no espa o estatal o que p e em risco a preserva o das institui es democr ticas que em sua tica se revela pela pouca regula o pouca justi a social e pouca igualdade efetiva id p 08 o que exige a luta mediante institui es dentro de institui es e em defesa de institui es concluindo que n o h como lutar por direitos sem luta institucional ainda que esta n o substitua a luta social id ibid De outro lado diz que o reformismo instaurado no s culo XX acabou por despolitizar se em rela o a si mesmo adiantando que tratou se d
347. reliminares In ARRUDA JR Edmundo Lima de Filho Nilson Borges Org Cole o Ensaios Gramsci Estado Direito e Sociedade ensaios sobre a atualidade da filosofia da pr xis Florian polis SC Letras contempor neas 1995a p 09 26 Gramsci e o Direito Reflex es sobre novas juridicidades In ARRUDA JR Edmundo Lima de FILHO Nilson Borges Org Cole o Ensaios Gramsci Estado Direito e Sociedade ensaios sobre a atualidade da filosofia da pr xis Florian polis SC Letras contempor neas 1995b p 27 42 ASSIS Machado Dispon vel em lt http Avnww machadodeassis org br gt Acesso em 04 nov 2005 BALIBAR tienne Sobre la dictadura del Proletariado Siglo veintiuno editores M xico 1997 filosofia de Marx Trad Lucy Magalh es consultor Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Jorge Zahar 1995 BARBALET J M A cidadania Trad M F Gon alves de Azevedo Lisboa Editorial Estampa 1989 BARATA MOURA Jos Uma intodu o a Zur Judenfrage de Karl Marx In Para a quest o judaica Karl Marx Lisboa Edi es Avante Biblioteca do marxismo leninismo 1997 Marx e a cr tica da Escola Hist rica do Direito Lisboa Caminho Editorial 1994 BARBOSA Rui Trabalhos Jur dicos Obras Completas v XLI Tomo IV Minist rio da Cultura Funda o Casa de Rui Barbosa Rio de Janeiro 1914 247 BARROCO Maria L Silva Direitos humanos e as novas faces da barb rie capita
348. riamente desqualifica o de todo esse conjunto de quest es Discursos e pr ticas que essas an lises das esquerdas n o conseguiram capturar DIAS 2006 p 33 Assim ao incorporar o tema da justi a distributiva como estrat gia em torno das formas de opress o e explora o vivenciadas pelo cotidiano de diversos sujeitos individuais e coletivos a esquerda democr tica influenciada pelos desdobramentos das tend ncias da cultura pol tica contempor nea promove um movimento denominado de retorno ao direito que na interpreta o de Cittadino 2004 p 141 parece estar intimamente vinculado derrocada da grande utopia igualitarista e ao reconhecimento de que em sociedades democr ticas o pluralismo n o apenas inevit vel como desejado No mbito da dimens o pol tica a luta por direitos absorvido indiscriminadamente pelo discurso do direito a ter direitos tem sido esvaziado de um conte do classista reduzido s bandeiras de luta ao campo legal das reformas democr ticas fazendo portanto com que a esquerda n o s perca a compreens o objetiva da produ o ideol gica e suas consequ ncias na elabora o de uma vis o de mundo emancipadora como reduza ao mbito dos sujeitos privados a explora o vivenciada por uma massa de indiv duos oprimidos Sobre o discurso do direito esta tend ncia aparece tacitamente carregada de significa es direcionadas para um jogo de regras form
349. rimestral de Servi o Social amp Sociedade ano XXV n 79 S o Paulo Cortez dez p 108 132 2004 BOITO JR Armando Pr capitalismo capitalismo e resist ncia dos trabalhadores nota para uma teoria da a o sindical Cr tica Marxista Artigos Dispon vel em lt http Awww unicamp br cemarx criticamarxista 04boito pdf gt Acesso em 29 de mai 2006 p 7 104 hegemonia neoliberal no governo Lula Revista Cr tica Marxista n 17 Campinas Revan 2008 249 Pol tica neoliberal e sindicalismo no Brasil S o Paulo Xam 1999 Org et al O sindicalismo brasileiro nos anos 80 In Reforma e persist ncia da estrutura sindical Rio de Janeiro Paz e Terra 1991 p 43 91 BOTTOMORE Tom Dicion rio do pensamento Marxista S o Paulo Jorge Zahar 1988 1 ed BRAGA Ruy A restaura o do capital um estudo da crise contempor nea S o Paulo Editora Xam 1996 BRAND O Gildo Mar al Hegel O Estado como realiza o hist rica da liberdade In Os Cl ssicos da Pol tica 2 Francisco Weffort Org S rie Fundamentos n 63 Vol 2 S o Paulo tica 1998 p 101 110 BRILHANTE tila Amaral Liberalismo e tica A Critica de John Stuart Mill ao Estado M nimo Fortaleza EUFC 1998 BRITES amp BARROCO A centralidade da tica no curr culo de Servi o Social Revista Temporalis v 1 n 2 Bras lia Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social 2000 BRITO Jos
350. rito absoluto como s ntese dos momentos anteriores se a objetividade sem nunca esquecer o peculiar realismo hegeliano exigia da subjetividade que se havia oposto por exemplo em Kant seu direito os novos tempos e a nova filosofia haviam de proporcionar lhes tal feito tradu o minha 41 Logo na introdu o da Filosofia do Direito anota Hegel o objeto da ci ncia filos fica do direito a id ia do direito 1976 p 17 o que significa dizer o conceito do direito e sua realiza o Entenda se o objeto da ci ncia do direito desenvolver a partir do conceito a id ia em sua evolu o imanente Pois bem se a id ia representa para Hegel a inteligibilidade de todas as coisas e ela mesma o pensamento id ntico a si mesmo somente no pensar o objeto se torna universal isto tem a natureza da universalidade Esta ser a maneira pela qual Hegel tratar o direito como id ia elevando o universalidade e conservando a particularidade negada dialeticamente superando o a priori kantiano que se fundamenta numa concep o formal e abstrata do entendimento Se para Kant o saber a priori que proveniente do intelecto puro e de uma raz o transcendental o saber por excel ncia da filosofia Hegel mostrar que o real e a consci ncia objetivamente haviam se desenvolvido historicamente e a filosofia metaf sica de Kant j n o servia mais para explicar o presente uma vez que cada pensamento ag
351. rivado ou da formula o mais gen rica enquanto direitos do homem Ver os Anais Franco Alem es onde o privil gio considerado como correspondendo propriedade privada ligada a um estado na acep o que a palavra toma na express o terceiro estado e o direito como correspondendo s condi es da concorr ncia da propriedade privada Do mesmo modo o pr prio direito do homem estudado enquanto privil gio e a propriedade privada enquanto monop lio 1974 p 265 grifos meus 202 Frente a essas considera es importa ter presente que esta perspectiva conduzida nesses termos aponta para a necessidade de se avan ar na pauta das reivindica es por direitos centralizando os termos da luta no mbito da rela o capital trabalho porque tal como foi conduzido as reivindica es por direitos por meio da conquista da seguridade social welferiana mediatizada pela via das pol ticas sociais amplamente defendida no atual contexto de ofensiva neoliberal pelo coletivo profissional corre se o risco de se refor ar o car ter reificado da modalidade de enfrentamento da quest o social no campo contradit rio de nega o e afirma o de direitos Decerto que a fun o do direito em seu aspecto regulador em determinadas conjunturas favoreceu e garantiu ganhos ao trabalhador no entanto preciso n o incorrer no equivoco de atribuir ao direito situado no campo da emancipa o pol tica a capacidade emancipat ria s
352. rneck Vianna analisa o processo de invas o do direito nas esferas da vida social brasileira a partir da Constitui o de 1988 Resultado de uma pesquisa sobre o poder judici rio em suas rela es com a pol tica e a socialidade do pa s demonstra como atrav s dos Juizados Especiais C veis as expectativas por direito e cidadania de setores socialmente emergentes t m se tornado um fen meno social cada dia mais expressivo presentes na explos o da demanda por jurisdi o ibid p 11 em todo pa s Embora considere ser um fato corrente em pa ses de democracia avan ada o autor acredita que este processo num pa s como o Brasil aponta para duas dire es por um lado pode ser enriquecida e renovada pela representa o pol tica como espa o de media o para uma democracia mais participativa mas por outro pode se tornar uma panac ia da rationale pol tica aos valores perversos do poder historicamente constitu dos no pa s A hip tese principal que orienta o estudo a de que o processo tardio de consolida o institucional da democracia brasileira experimentaria um d ficit no modo do seu funcionamento consequ ncia da influ ncia do executivo sobre o legislativo e do isolamento da esfera parlamentar em rela o sociedade civil Com base na discuss o habermasiana da procedimentaliza o do direito Vianna explica que as transforma es contempor neas do direito o teriam tornado aberto s aspira es
353. ro e os Organismos Internacionais pressionados em certa medida pela sociedade civil De maneira especial esta tend ncia aparece registrada na literatura profissional tamb m pelo avan o dos estudos e pesquisas relacionados a Etica e Servi o Social passando a ser recortado pelos temas da justi a social da equidade e dos Direitos Humanos 187 produ o de novos conhecimentos sobre o tema como para a constru o de pr ticas sociais e profissionais vinculados a esta perspectiva falar em uma cultura cr tica dos Direitos Humanos significa em nosso entendimento elucidar as media es ticas e pol ticas presentes nas diversas pr ticas s cio culturais tendo como referencia os direitos b sicos universais voltados para a constru o de uma sociabilidade democr tica o que pressup e assegurar a igualdade dos direitos e o respeito diversidade NEPEDH 2002 p 55 Cumpre notar que no debate travado no interior do Servi o Social sobretudo a partir do C digo de tica profissional de 1993 paradigm tica a observa o dos princ pios que norteiam a cultura profissional todos forjados a partir de uma concep o que se prop e radicalmente oposta aqueles concebidos pelo pensamento liberal como o reconhecimento da liberdade como valor tico central defesa intransigente dos direitos humanos amplia o e consolida o da cidadania defesa do aprofundamento da democracia posicionamento em favor da equidade
354. rocesso de vida efetivo 1 4 Emancipa o humana como cr tica de Marx aos limites do direito burgu s A cr tica fundamental que Marx fez sociedade burguesa resultante da Revolu o Francesa e das guerras napole nicas reflete n o apenas o esp rito de uma poca mas a sua atualidade universal e necess ria Enquanto na Fran a o iluminismo fez da liberdade e da igualdade antecedentes absolutos e universais na Alemanha o idealismo redescobria o conceito de emancipa o N o por acaso foram justamente nas fontes do pensamento revolucion rio franc s e do idealismo alem o que o jovem Marx se alimentou quando concebeu um conceito de emancipa o radicalmente oposto ao do significado origin rio que 12 Em sua origem o conceito de emancipa o era de car ter eminentemente privado De acordo com Thamy Pogrebinschi em Emancipa o um conceito em busca de uma teoria 2004 p 5 6 a origem do conceito em sua formula o latina original emancipatio deriva de e manu capere o ato jur dico por meio do qual o paterfamilias da Rep blica Romana podia libertar seu filho do p tio poder passando a ser de acordo com o direito civil romano uma pessoa sui j ris A emancipa o apenas poderia decorrer de um ato de vontade exclusivo do paterfamilia O que significa a um ato jur dico b que depende da vontade e execu o de outra pessoa que n o o pr prio emancipado e c que implica simultaneamente na concess o e
355. rojeto neoliberal denominado tamb m por alguns autores como consenso de Washington que significa em ltima inst ncia segundo Mota amp Amaral 1998 p 30 um ide rio econ mico e pol tico expresso nos princ pios da economia de mercado na regula o estatal m nima e na forma o de uma cultura que deriva liberdade pol tica de liberdade econ mica Neste sentido tal projeto passa a ser agenciado pelo capital como possibilidade para as mudan as que haveriam de ser institu das como forma de responder crise Mudan as que colocariam o mercado como princ pio eixo de 5 Segundo o Professor Jos Paulo NETTO em anota es de aula na disciplina Quest es de teoria social M dulo oferecida pelo Programa de P s gradua o em Servi o Social pela UFRJ em 05 de abril 2005 sic o bloco Ilustrado com seu acervo cultural no s c XIX foi invadido pelo capital n o pela raz o 1848 o marco divis rio central em face da heran a ilustrada aquele programa da modernidade tal como se formulou deixa de ser o legado burgu s Marx vai assumir o legado deixado pela modernidade tirando desta heran a a program tica do operariado extraindo um elemento importante a teoria social que pela primeira vez na hist ria da humanidade cnamada de economia pol tica A dissolu o da heran a ilustrada a dissolu o da economia pol tica cl ssica e Marx herdeiro dela vai analis la incorporando
356. rojeto pol tico combativo caracter sticos de sua origem Nas respostas de outros autores a exemplo de Boito J nior 2003 o PT seguiu um fen meno mundial de direitiza o dos partidos de esquerdas imposto pela inconsequente reforma moral e intelectual promovida pelo grande capital 211 mundializado j na avalia o de Jos Paulo Netto a sua convers o do PT ao credo do livre mercado aparece como mais um epis dio travestido de um transformismo que ainda tornou poss vel a convers o pol tico ideol gica do partido em militantismo conformista 2004 p 18 Tamb m Ricardo Antunes ao se referir a virada petista direita nos anos 90 faz notar o mais forte partido de esquerda do Brasil e da Am rica Latina que se tornou refer ncia internacional n o foi capaz de consolidar esse caminho alternativo Com o enorme processo de desertifica o social do pa s resultado das transforma es ocorridas ao longo dos anos 1990 o PT tamb m acabou por converter se num partido da ordem Exauriu se como partido de esquerda capaz de transformar a ordem societal para se qualificar como gestor dos interesses dominantes no pa s 2005 p 126 Neste sentido esta inflex o tendeu a fragilizar ainda mais a d bil democracia brasileira potencializando suas contradi es e n o revertendo as consequ ncias de quase uma d cada de ofensiva neoliberal Ali s o saldo do balan o do governo Lula no pri
357. rra 1976 VIEIRA Evaldo Amaro Os direitos e a pol tica social S o Paulo Cortez 2004 As Pol ticas Sociais e os Direitos Sociais no Brasil avan os e retrocessos In Revista quadrimestral de Servi o Social Servi o Social amp Sociedade Ano XVIII mar 1997 S o Paulo Cortez p 67 73 WEBER Thadeu Hegel Liberdade Estado e Hist ria Petr polis RJ Vozes 1998 WEFFORT Francisco Correia Qual Democracia S o Paulo Companhia das Letras 1992 275 Org Os Cl ssicos da Pol tica Maquiavel Hobbes Locke Montesquieu Rosseau O Federalista 1 Vol 6 ed S rie Fundamentos S o Paulo Ed tica 1995 Org Os Cl ssicos da Pol tica Burke Kant Tocqueville Stuart Mill Marx 2 Vol S rie Fundamentos S o Paulo Ed Atica 1989a Org Marx Pol tica e Revolu o Os Cl ssicos da Pol tica Burke Kant Tocqueville Stuart Mill Marx 2 Vol S rie Fundamentos S o Paulo Ed Atica 1989b WELMOWICKI Jos Artigo O discurso da cidadania e a independ ncia de classe Dispon vel em lt http Avww pstu org br cont ffsm discursocidadania doc gt Acesso em 08 nov 2005 WOOD Ellen Meiksins Democracia contra capitalismo a renova o do materialismo hist rico Trad Paulo Cezar Castanheira S o Paulo Boitempo 20083 WOLKMER Antonio Carlos Ideologia Estado e Direito 4 ed Revista atualizada e ampliada S o Paulo Revista dos Tribunais 2003 YABIKU Roger Mo
358. rvention altering from that matter the emancipatory perspective built from the lower classes horizon Key words Rights Political Culture Social Work LISTA DE SIGLAS ABEPSS Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social BM Banco Mundial CBAS Conselho Brasileiro de Assistentes Sociais CCQS C rculos de Controle de Qualidade CEBS Comunidades Eclesiais de Base CFAS Conselho Federal de Assistentes Sociais CFESS Conselho Federal de Servi o Social CRESS Conselho Regional de Servi o Social CUT Central nica dos Trabalhadores ECA Estatuto da Crian a e do Adolescente ENESS Encontro Nacional de Estudantes de Servi o Social ENPESS Encontro Nacional de Pesquisadores em Servi o Social FMI Fundo Monet rio Internacional GEPE Grupo de Estudos e Pesquisa sobre tica IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IPEA Instituto Pesquisa Econ mica Aplicada LOAS Lei Org nica da Assist ncia MDS Minist rio de Desenvolvimento Social MST Movimento dos Sem Terra NEFSS N cleo de Estudos e Pesquisa sobre os fundamentos do Servi o Social na contemporaneidade ONGs Organiza o n o Governamental PCB Partido Comunista Brasileiro PCI Partido Comunista Italiano PUC SP Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo PT Partido dos Trabalhadores SUAS Sistema nico de Assist ncia Social
359. s condi es formais com base nas quais dever ser cumprido Este car ter formal do direito quer dizer que o mesmo indica nem tanto o que se deva fazer mas como fazer Neste sentido o direito vai pertencer ao mundo pr tico das rela es que o homem deve estabelecer com outros homens Aponta para os costumes que uma emana o direta da consci ncia moral Entendido assim pode se dizer que a moral assinala para o aspecto formal da tica enquanto o direito para o aspecto pr tico da conduta humana Por isso diz Bobbio a legisla o jur dica n o pede ao cidad o que mantenha as promessas por respeito ao dever pede lhe manter as promessas e nada mais e o ato aceito como juridicamente perfeito ainda que o motivo pelo qual foi cumprido tenha sido meramente utilit rio 20004 p 93 Ent o o problema que Kant vai procurar resolver est no campo do dever ser uma vez que ele n o busca saber o que o direito mas como ele deve se constituir N o h uma preocupa o com a realidade hist rica concreta mas com a procura de um crit rio racional que defina como deve ser o direito para corresponder id ia de liberdade 37 O objeto de reflex o aqui a busca pelo problema do valor do direito que se relaciona com certa id ia de justi a O que Kant procura saber que fundamento da legisla o pode determinar as rela es entre os indiv duos segundo o princ pio de justi a Neste caso como esclarece Peg
360. s moralmente livres homem privado e igualmente de sujeitos politicamente livres cidad o do Estado democr tico expressando porquanto a legalidade a moralidade e a soberania Em sociedades modernas o procedimento de positiva o do direito no sentido de sua racionaliza o t pico e permanece como um equivalente funcional para a estabiliza o de expectativas da opini o p blica e da vontade geral o qual bastante percept vel para Habermas com a tend ncia do Estado social democrata de direito presumivelmente apto a realizar a justi a como resposta ao desiderato da m o invis vel do mercado A partir da carece de explica o para Habermas o fen meno de expans o do direito nas democracias do Estado Provid ncia o qual se prop e como equivalente dos pr prios meios jur dicos garantidores da liberdade de seus supostos benefici rios visando sua prote o e a afirma o do equil brio social negado pelo mercado livre Para o autor institui se a o direito social donde elementos do direito privado e do direito p blico se fundem com a tend ncia de substitui o dos contratos individuais pelos coletivos acabando se por publicizar o direito privado e privatizar o direito p blico atrav s de uma esp cie de socializa o do Estado e estatiza o da sociedade fundindo se pois esfera p blica e privada Habermas argumenta dizendo 79 Certamente o direito privado passa por uma reinterpreta o
361. s onde a cidadania se apresenta historicamente como uma pir mide e os direitos se sucedem uns aos outros Assim portador de uma vis o evolucionista da hist ria inglesa o estudo marshalliano nega o aspecto conflituoso do desenvolvimento da cidadania moderna como tamb m oculta a estrat gia das classes dominantes em rela o produ o da desigualdade Centrada no cidad o a forma o do povo na o logra em Marshall eliminar os sujeitos coletivos que s o as classes sociais substituindo os pelo cidad o Neste discurso pol tico liberal a rela o Estado cidad o apresenta se como predominante omitindo as determina es de classe na estrutura e no funcionamento do Estado capitalista onde o cidad o antes de tudo integrante de determinada classe social Portanto penso que o expediente corriqueiro em setores de esquerda de abandonar o discurso classista pela palavra de ordem da cidadania descarta na maioria das vezes a possibilidade de articula o das no es de cidadania e classe social E no fundo n o faz mais do que repetir as pretens es do discurso liberal de negar a realidade das coisas pelas palavras 2 3 O discurso emancipado do direito na raz o comunicativa habermasiana O fil sofo alem o J rgen Habermas 1929 autor da Teoria do Agir Comunicativo cuja reflex o fundamentada numa tica do discurso vem se afirmando nos ltimos anos como um pensador pragm tico com forte inspira
362. s para impedir o ciclo das recess es e obter uma elevada taxa de crescimento econ mico Diz Mandel Para Hobsbawm na Era dos extremos o breve s culo XX 1995 p 15 podemos ver esse per odo como uma esp cie de Era de Ouro e assim ele foi visto quase imediatamente depois que acabou no in cio da d cada de 1970 Tanto Mandel 1990 quanto Hobsbawm 1995 reconhecem que as d cadas de 50 e 60 tiveram uma taxa de crescimento econ mico explosiva Segundo Hobsbawm lbid p 257 a produ o mundial de manufaturas quadruplicou entre o in cio da d cada de 1950 e o in cio da d cada de 1970 e o que ainda mais impressionante o com rcio mundial de produtos manufaturados aumentou dez vezes 101 a t cnica principal utilizada pelos governos burgueses para tentar controlar o ciclo depois de 1945 foi a pol tica de expans o e controle sucessivos do cr dito Assim para frear a amplitude das crises peri dicas cont nuas de superprodu o que vinham ocorrendo havia 25 anos aplicaram a expans o do cr dito e a expans o monet ria Entretanto as t cnicas anticrise eram e continuam fundamentalmente inflacion rias A longo prazo a aplica o repetida de uma pol tica de expans o monet ria a cada cinco ou seis anos deveria conduzir a uma acelera o mundial da infla o A partir do momento que a infla o se acelerou em todos os pa ses imperialistas e levou ao desmoronamento
363. s pretensamente iguais Por que n o foram apenas reconhecidos como seres humanos com tratamento respectivo concep o universal e igualit ria de tais direitos Ser que os parcos avan os de emancipa o pol tica sob o julgo do capital n o foram capazes de identificar a fun o ideol gica que os direitos humanos mais que hoje como dantes v m assumindo Diria que a resposta nem precisa de um fundamento t o radical igualmente Habermas 2003a p 73 reconhece que cada vez o pleito igualit rio por validade e inclus o universal serviu tamb m para escamotear a desigualdade de fato dos que foram mantidos silenciosamente exclu dos 190 Como visto ao longo desta tese n o privil gio das circunst ncias hist ricas da sociedade contempor nea ignorar as categorias de totalidade contradi o e classe vem de um passado long nquo e de uma raz o decadente que obstaculiza a todo custo a possibilidade da transitoriedade da ordem estabelecida fazendo prevalecer a tend ncia ao conformismo e a naturaliza o dos processos e pr ticas sociais e no limite os seus fundamentos N o excessivo lembrar ainda que a tarefa ideol gica da burguesia reificar a hist ria como totalidade cindindo o movimento real dos processos sociais atrav s de uma grosseira redu o das particularidades dos fen menos e suas media es singulares Deste ponto de vista a fragmenta o como n cleo gerador da realidade torna
364. s de desigualdades produzidas pelo capital que por sua vez v se amea ado n o na sua ordem mas na sua base de acumula o Instalada a crise os ide logos de plant o logo se habilitaram para as devidas explica es Diziam eles conforme nos recorda Chau Esta crise fora causada pelo poder excessivo dos sindicatos e dos movimentos oper rios que haviam pressionado por aumentos salariais e exigido o aumento dos encargos sociais do Estado Teriam dessa maneira destru do o n vel de lucro requerido pelas empresas e desencadeado os processos inflacion rios incontrol veis 1999 p 28 Tal explica o al m de simplista ardilosa uma vez que o n cleo causal da crise n o se reportava t o somente dificuldade de escassez ou ao problema do desemprego crescente como decorr ncia da queda da taxa de lucro e da eleva o dos sal rios mas ao efeito do esgotamento do padr o de financiamento p blico da economia capitalista que se desenvolveu no p s guerra Isso equivale a dizer que ao longo dos anos o modelo de financiamento estatal provocou um enorme d ficit p blico nos pa ses industrializados Entretanto o fato que por detr s do De acordo com Francisco de OLIVEIRA em Os direitos do antivalor p 09 1988 o sistema capitalista impens vel sem a utiliza o de recursos p blicos e a partir de 1945 tornou se abrangente est vel e marcado por regras assentidas pelos principais
365. s de efetiva o Segundo me parece a batalha real n o se esgota na consagra o de direitos e princ pios mas come a realmente com eles passando necessariamente pela estrutura o de uma instrumentalidade tal que permita a cobran a de sua implementa o PILATTI 1996 p 299 Ainda que a presen a do ide rio da democracia participativa se revele no texto constitucional institu da pelos f runs coletivos e institutos organizados seu conte do eminentemente abstrato expressa contemporaneamente pela id ia de uma comunidade de int rpretes que seja capaz de representar atrav s de uma a o comunicativa efetivamente a vontade nacional popular S um pensamento fabricado pela ideologia burguesa concebe a possibilidade de constru o democr tica e participativa por decreto Ao entender o enigma da din mica capitalista percebe se claramente como se opera na esfera da pol tica as contradi es que permeiam o antagonismo entre dominantes e dominados A chave de compreens o Marx j decifrou e ensinou a todos E ela encontra se como se sabe no desenvolvimento contradit rio e desigual entre as classes sociais e as rela es de produ o Portanto o lugar por excel ncia onde se produz e reproduz a domina o A racionalidade do capital uma velha matreira Resguarda a para si o espa o da produ o e entrega reg ncia da sociedade o fetiche da igualdade perante a lei Igualdade jur dica que tem
366. s diversos setores da sociedade baseada no avan o da divis o do trabalho e na consci ncia da necessidade da conviv ncia pac fica realiza o do projeto de na o Consci ncia atenta que para o autor foi crucial para solucionar o problema da pobreza pelo qual crescia na raz o direta em que aumentava a produ o da riqueza como anotava Marx se caracterizando portanto como um fen meno novo e sem precedentes na hist ria europ ia ficando mais conhecida como pauperismo No entanto quando o proletariado como classe aut noma passa a problematizar politicamente o fen meno do pauperismo expresso por caracterizar a pobreza generalizada e ou em massa da classe trabalhadora apontando para o 18 poca do trabalho de T H Marshall na Inglaterra n o era recente a preocupa o expl cita com a pobreza no debate p blico Na verdade ela come ou no s culo XVIII e no s culo XIX foi marcada por um intenso debate seja por parte das elites seja por parte dos reformistas oriundos das classes m dias 68 n cleo gerador dos desdobramentos e contradi es nsitos no pr prio seio do projeto burgu s passando a contestar e responder de diversas formas chegando a tornar se mesmo uma amea a real a ordem social existente configura se a denominada quest o social corretamente conceituada ao se referir aos problemas de ordem social econ mica pol tica cultural e ideol gica que perpassam a
367. s em comunica o pela media o do debate e da produ o do discurso p blico 1999 p 30 grifos meus A inflex o de Habermas ao pensamento de Rousseau deriva assim de uma vers o do contrato social que ele procura renovar numa esp cie de transfer ncia do monop lio do poder do soberano para a esfera p blica este devendo ser na contemporaneidade o l cus privilegiado da competi o pol tica ou o meio para um processo multivocal de forma o da opini o que transforma entendimento m tuo em poder e motiva racionalmente as decis es majorit rias HABERMAS 2003a p 136 O seu argumento segue sugerindo que a incorpora o do crit rio de justi a pelo Welfare State provocou uma esp cie de judicializa o da pol tica ampliando o cen rio de disputa em torno da divis o dos poderes revestindo a jurisdi o constitucional de uma compet ncia legislativa por parte do judici rio na produ o da lei o que institucionaliza a soberania do povo comprometendo a rela o entre democracia representativa e deliberativa Deste modo ao associar a legitimidade D bora A MACIEL et ali em Sentidos da judicializa o da Pol tica duas an lises Lua Nova Revista de Cultura e Pol tica n 57 S o Paulo 2002 p 2 explica que judicializa o da pol tica e politiza o da justi a seriam express es correlatas que indicaram os efeitos da expans o do Poder judici rio
368. s lutas construtivas de democracia e de transi o ao socialismo enquanto co constituinte de rela es s cio culturais umbilicalmente articuladas com a quest o da explicita o da cidadania sin nima de democracia ARRUDA JUNIOR 1995 p 31 Esta tend ncia toma como pressuposto o entendimento de que o terreno da cultura se constitui no cus privilegiado para a deflagra o de a es que visem o controle ou a nega o de qualquer poder estabelecido exercido este em nome da democracia ou de um projeto autocr tico Para os defensores do uso alternativo do direito o jacobinismo n o em absoluto a estrat gia mais contundente para a conquista manuten o do poder em sociedades modernas Desta forma aceita se como v lida a proposta do reformismo revolucion rio de Carlos Nelson Coutinho cunhada para designar o car ter processual da estrat gia revolucion ria Explica Arruda J nior idem p 32 ela extremamente oportuna e rica para a artesania dos canais institucionais de media o social base e express o de democracia visualizada enquanto m todo e projeto fim e n o projeto meio A guerra de posi o tomada como a busca de amplia o dos espa os hegem nicos que deve ser articulada atrav s da luta pol tica em v rias frentes envolvendo trabalhadores os mais diferenciados notadamente grupos s cio profissionais comprometidos com pautas pol ticas voltadas para um projeto emancipado
369. s mais de cinquenta anos de publica o de Classe social e Status Bottomore chama a aten o para o fato de que a profus o de an lises e notas de p de p gina relativas sua obra oferece provas da influ ncia que ele vem exercendo 1988 p 9 Pois bem ao se deparar com a experi ncia da cidadania inglesa Marslhall afirma ser ela nacional por defini o uma vez que seu desenvolvimento implicou numa esp cie de converg ncia entre os direitos universais no mbito do estado na o Explica Guimar es Souki A rigor no caso ingl s o processo de fus o come ou no s culo XII quando a justi a real adquiriu o poder de definir e defender os direitos civis dos indiv duos Come a ent o o desgaste dos costumes locais em benef cio do direito comum do pa s Os tribunais eram institui es de car ter nacional tend ncia que se configuraria com mais nfase no s culo XVIII Quanto aos direitos pol ticos o Parlamento passou a concentrar em si os poderes pol ticos da na o a burocracia que dava acesso s institui es pol ticas reconfigurou se especificamente no que diz respeito s regras do sufr gio e aos crit rios para definir quem poderia ser membro do parlamento 2006 p 43 67 Para Marshall medida que os direitos se especializavam fortalecia tamb m as institui es os tribunais civis o parlamento e o executivo em conformidade com as pol ticas sociais convergindo para a
370. s mudan as no aparato institucional estatal e privado que passam a requerer mudan as no modo de regula o com vistas a eliminar os obst culos e assegurar juridicamente os novos processos sem o risco de desestabiliza o pol tica Para isso era urgente e preciso refundar o pacto com o Estado nacional de modo a torn lo eficiente e operante aos interesses da internacionaliza o do capital processo que Braga 1996 p 227 identificou como 427 correspondente a estrat gia de passiviza o da vida estatal que se integra as formas mais gerais das altera es em sua totalidade Desta forma a reorganiza o no processo de produ o de mercadorias marcada por uma inquestion vel revolu o tecnol gica a rigor representa um processo de profunda transforma o do capitalismo desde o desenvolvimento do padr o fordista taylorista keynesiano refer ncia maior de uma cultura de bem Esse termo utilizado pelo autor a partir de uma an lise te rica a respeito da categoria de revolu o passiva em Gramsci na obra A reestrutura o do capital um estudo sobre a crise contempor nea 1996 108 estar forcejada no contexto societ rio do Welfare State que segundo a an lise gramsciana caracterizou se pela modalidade de hegemonia do capital ao constituir mecanismos de contra tend ncia queda da taxa de lucro Qualificado pois de americanismo No texto Americanismo e fordismo 1982 Gramsci
371. s pela explora o do trabalho degradante e excessivo Desde ent o a desigualdade passou a ser tolerada compreens o necess ria para a conviv ncia no mesmo espa o entre trabalhadores e cavalheiros Por sua vez Marshall substitui o cavalheiro pelo homem civilizado reinterpretando a id ia de igualdade humana b sica latente na concep o dos vitorianos como cidadania o que n o entraria em choque com as desigualdades pr prias de uma economia de mercado Ao contr rio a desigualdade do sistema de classes seria aceit vel sempre que fosse reconhecida a igualdade da cidadania 1967 p 94 A quest o central n o se tratava mais para Marshall apenas de como compensar a pobreza dos estratos mais explorados dos trabalhadores mas de transformar o modelo conceptual vigente da id ia de desigualdade o qual diz com suas pr prias palavras o que importa que se produza um enriquecimento geral do conte do concreto da vida civilizada uma redu o generalizada do risco e da inseguran a uma iguala o em todos os n veis entre o menos e os mais afortunados A iguala o n o se produz tanto entre as classes como entre os indiv duos dentro de uma popula o que por isto j consideramos uma classe A igualdade de status mais importante que a igualdade de rendas ibid p 95 Neste entendimento a cidadania teria provocado um efeito integrador no sistema de desigualdade na Inglaterra que Marslhall asso
372. s pr ticas de resist ncia dos trabalhadores As medidas de ajuste econ mico e as reformas institucionais fundadas na cultura privatista t m feito com que o Estado reordene suas a es inflexionando sua regula o e transferindo dos seus ordenamentos a gest o estatal nas reas de seguridade social alterando assim sua modalidade de interven o na quest o social A desresponsabiliza o das fun es b sicas do Estado em rela o s pol ticas de prote o sociais com o montante de verbas direcionadas ao pagamento da d vida externa associadas a uma s rie de privatiza o de estatais levaram ao sucateamento dos servi os e pol ticas p blicas no pa s transferindo atrav s de um audacioso marketing propagand stico esta responsabilidade para o conjunto da sociedade civil Tais direcionamentos desencadearam um processo de refilantropiza o da quest o social destituindo assim a perspectiva de direitos contida nas pol ticas sociais em seu car ter universalizante redistributivo e equitativo Com isso o pacto dos direitos econ micos sociais e culturais que fizeram parte da cultura pol tica nos anos 80 e dos quais envolve uma s rie de direitos 133 assegurados pela Constitui o de 1988 como a sa de a habita o a educa o o trabalho entre outros passa a ser reconfigurado destitu do desvalorizado e mercantilizado para atender aos interesses do grande capital internacional
373. s s o assim expressos pelo verbo dever e indicam f rmulas que representam segundo a vontade do sujeito o comando da raz o S o classificados por Kant como hipot ticos e categ ricos Os hipot ticos s o f rmulas que indicam uma a o boa para se alcan ar um determinado fim ordena regras de habilidade e prud ncia por exemplo fa a isso se voc quiser obter aquilo Por isso se relacionam com o direito J os imperativos categ ricos prescrevem a es boas por si mesmo ou seja declara ser uma a o necess ria por si mesma sem nenhuma finalidade por exemplo voc n o deve mentir n o para agradar outrem mas porque a mentira conden vel em si Por isto segundo Kant a moral s conhece os imperativos categ ricos porque eles n o se relacionam com a mat ria da a o e com o que deva dela resultar mas com a forma e o princ pio de que ela mesma deriva 1974 p 416 Outra caracter stica dos imperativos categ ricos que eles declaram a universalidade da lei moral por exemplo haja de modo que a m xima da sua a o possa se tornar uma lei universal ibid idem ou seja haja por dever porque lei Nisto constitui se o formalismo da moral kantiana 35 No caso do Direito em sua leitura Norberto Bobbio dir que o imperativo jur dico n o formulado desta maneira voc deve manter as promessas mas desta outra maneira porque o fato de manter as promessas vantagem para voc
374. sa as estruturas imanentes do projeto profissional se coloquem novamente em flanco aberto remanescendo o jogo de for as e as disputas internas de que foi exemplo o movimento hist rico da Reconceitua o Ao se posicionar a favor de compromissos emancipat rios suposto no projeto tico politico profissional do Servi o Social que se vincula abertamente defesa e articula o com princ pios socialistas uma vertente progressista do coletivo profissional portanto protagonista desse projeto disp s se de hegemonia capaz de fazer avan ar a cultura profissional para al m de sua determina o s cio ocupacional Neste cen rio marcado por uma conjuntura de contra tend ncias e de produ o de um novo conformismo social precisamente esta vertente no interior da profiss o que se p e prova igualmente todo o esfor o coletivo que ele representa para o avan o sociopol tico da profiss o Em vista disso recuperar alguns vetores da cultura profissional do Servi o Social que se articulou a um projeto nacional de transi o democr tica no pa s significou n o apenas demonstrar que os componentes daquele projeto t m expl cita rela o com a totalidade social como exigiu um exame atento das tend ncias que perpassam as suas bases Substantivamente a investiga o dirigida para a cultura profissional demonstra que duas tend ncias aparecem na atualidade com maior nitidez redimensionando o projeto profissional o que
375. se 1993 CRAMPE CASNABET Michele Kant uma revolu o filos fica Trad Lucy Magalh es Rio de Janeiro Zahar 1994 DIAS Edmundo Fernandes Pol tica brasileira embate de projetos hegem nicos S o Paulo Ed Instituto Jos Lu s e Rosa Sundermann 2006 Estado capital trabalho e organiza o sindical a re constru o das classes trabalhadoras no Brasil In Outubro Revista do Instituto de Estudos Socialistas S o Paulo n 12 p 45 69 1 semestre 2005 Pol tica e cidadania Gramsci e a pol tica hoje In Universidade e sociedade S o Paulo ano XI n 27 p 129 144 jun 2002 Gramsci em Turim a constru o do conceito de hegemonia S o Paulo Xam 2000 liberdade im poss vel na ordem do capital reestrutura o produtiva e passiviza o IFCH UNICAP Campinas SP Textos did ticos n 29 ago 1997 DIAS M rcio A dos Santos A Quest o da Liberdade e o Problema da Fundamenta o Moral em Kant Jo o Pessoa 1999 Disserta o Mestrado em Filosofia Centro de Ci ncias Humanas Letras e Artes UFPB 254 DUR O Aylton Barbieri A tens o entre facticidade e validade no direito segundo Habermas Dispon vel em lt http www cfh ufsc br ethicO et51 art7 pdf gt Acesso em 13 de set 2005 ENCARNA O Jo o Bosco da Filosofia do direito em Habermas a hermen utica Dispon vel em lt http br geocities com pagissadehermeneutica autor html gt Acesso em 21 junh
376. segue pari passu o processo de configura o dos Estados Unidos em sua expressiva proje o sobre o mundo europeu sobretudo no modo de organizar a produ o o qual se constitui no segundo p s guerra por um padr o de regula o e autoridade que atinge n o s o processo de trabalho mas a vida cotidiana dos trabalhadores caracterizando uma modalidade de hegemonia que nasce na f brica de tipo fordista com repercuss es no conjunto da organiza o da vida social que vinculado a outros fatores favorece a forma o de uma nova cultura que na poca ficou conhecida por americanismo Na interpreta o de Ruy Braga o americanismo transforma se pois no conte do de socializa o da fase imperialista do desenvolvimento capitalista isto a tradu o de um projeto de hegemonia mais afinado com o objetivo progressista para as classes dominantes tradicionais de contrarrestar a queda tendencial da taxa de lucro a partir a multiplica o das vari veis nas condi es do aumento regulado pelo capital constante 1996 p 176 43 Este entendido como um conjunto de pol ticas estatais mediadoras da rela o capitalftrabalho que contraditoriamente favoreceu de um lado o acesso a direitos at ent o nunca alcan ados pela classe trabalhadora na hist ria do capitalismo e de outro lado possibilitou ao capital um aumento expressivo da taxa de mais valia 104 Neste sentido o fordismo significou n o s a produ
377. ser sin nimo do que se tem de mais atualizado em mat ria de combate a desigualdade social De acordo com esta orienta o o discurso da afirma o consolida o e amplia o de direitos entoa como uma orquestra afinada no seio da profiss o sendo recorrente na literatura profissional pol tica e acad mica que passa a supervalorizar o debate sobre os direitos corroborando com as tend ncias mais gerais da cultura pol tica contempor nea resguarda as diverg ncias pol tico te ricas para postular atrav s do discurso do direito um ideal de sociedade justa que seja compat vel com o pluralismo democr tico do mundo atual A hip tese aqui levantada de que a tend ncia que atravessa o debate no Servi o Social determinado pela necessidade de reorganiza o da cultura nos marcos da crise do capital contempor neo tem alterado vulnerabilizado como forma o de cultura profissional a perspectiva emancipat ria vinculada luta anticapitalista constitu da no projeto profissional Sem a pretens o de homogeneizar e dissimular as diferen as no interior da cultura profissional que se expressam atrav s de diferentes e determinadas concep es te rico pol ticas adoto como par metro para a an lise com recorte ao 18 objeto de estudo a perspectiva orientada pelo projeto profissional que entendo ser uma refer ncia formadora da cultura contempor nea no Servi o Social O que significa n o ver a profiss o como um
378. ses pol ticos e recursos institucionais para a democratiza o e universaliza o das pol ticas sociais Esta tend ncia fundamentada na perspectiva de fortalecimento da esfera p blica se coloca radicalmente contr ria ao ide rio neoliberal de privatiza o do fundo p blico anunciada pelo corol rio da focaliza o seletividade fragmenta o precariza o e terceiriza o das pol ticas p blicas o qual tem permitido um flanco aberto a pr ticas neo assistencialistas Como se sabe a id ia de esfera p blica na contemporaneidade analisada especialmente por Habermas que a caracteriza como o espa o dos sujeitos privados demarcados por sua participa o pol tica no espa o p blico de modo tal que ao se institucionalizar passou a ser regulado por uma racionalidade administrativo normativa com vistas a ajustar o conflito de interesses entre o mercado e a for a de trabalho Originariamente a esfera p blica burguesa se desenvolveu em contraposi o ao poder aristocr tico no interesse de estabelecer um Estado de direito que assegurasse por lei e san es a circula o de mercadorias e o trabalho formalmente livre sem interfer ncias na din mica do mercado Contudo quando a massa de trabalhadores assalariados conseguiu penetrar na cena pol tica e o intervencionismo estatal de tipo welfariano impulsionou a transfer ncia de compet ncias privadas para o setor p blico houve um processo de estatiz
379. sido marcado por uma agenda de direito trabalhista no pa s o Estado sempre se apresentou omisso diante das quest es do trabalho E mesmo com a redemocratiza o e a Constitui o de 1988 os direitos sociais permaneceram sem acr scimo substancial j que muitos deles proclamados na d cada de 30 n o foram largamente promulgados Aqui n o se trata de fazer uma apologia da fic o jur dica cl ssica da cidadania liberal que converte necessidades sociais da vida em sociedade em princ pios formais e abstratos ocos de materialidade mas de recolocar na agenda da an lise pol tica do pa s o problema que diz respeito a uma tradi o hist rica onde a ordem que viabiliza a vida social constantemente privatizada constitu da ao rev s das experi ncias cl ssicas da tradi o liberal comprometedora portanto da emancipa o pol tica A rigor a sociedade brasileira tem refundado o pacto da cidadania regulada jogando no campo indiferenciado e nebuloso do espa o p blico um contrato social regido sob a hierarquia de grupos corporativos esta l gica que procurou se compreender como um dos aspectos mais desconcertantes do modo de fazer da pol tica brasileira que n o s imp e limites a emancipa o pol tica como inflexiona em fun o dos interesses da classe dirigente os ganhos democr ticos voltados para a sociedade Deste modo a cidadania brasileira franquia a participa o efetiva dos trabalhadores enquan
380. significou trazer tona as tens es presentes no interior da cultura profissional que n o se arroga ass ptico de contradi es e disputas internas em torno de projetos e concep o de estrat gias a 241 caminho de outra sociabilidade Sen o vejamos 1 a que inscreve os compromissos profissionais mediante a defesa dos direitos de cidadania e da democratiza o do Estado portanto aos limites das conquistas welfarianas 2 a que vincula a profiss o as lutas no horizonte anticapitalista voltada para uma perspectiva de emancipa o das classes subalternas e constru o de uma outra civilta No estudo ficou patente que a primeira tend ncia reiterada pela posi o dominante da cultura pol tica contempor neas incluindo o movimento social e de esquerda dos anos 90 tem despertado a aten o das discuss es mais recentes do coletivo profissional o qual circunscreve o eixo de an lise das lutas em torno dos direitos tendo como refer ncia os estudos de Marshall sobre a expans o dos direitos do cidad o e sua crescente inclus o atrav s dos processos de moderniza o capitalista Como apontado na tese o esquema sugerido em Cidadania classe social e status segundo o qual a amplia o dos direitos do cidad o representada como resultado de uma evolu o social se caracteriza a partir do que os soci logos denominam de inclus o e se baseia no pressuposto de que o n o reconhecimento de direitos revelaria a natureza
381. sob uma agenda igualit ria A consequ ncia dessa amplia o da esfera p blica burguesa fez com que as rela es sociais passassem a ser mediadas por institui es pol ticas democr ticas em vez de permanecerem dependentes da esfera privada caracter stica de um capitalismo organizado tal como identificou Przeworski 1991 p 247 Embora Habermas reconhe a a import ncia da esfera p blica burguesa na constru o da sociabilidade democr tica exp e o problema da escalada do Estado administrativo welfariano para a adjudica o da cidadania ativa na esfera da sociedade civil Em sua cr tica a crescente e invasora presen a do Estado na esfera p blica teria comprometido a forma o de uma cidadania ativa com um agir orientado por fins c vicos constituindo ao contr rio uma cidadania tutelada dependente do Estado Vianna ressalta que no paradigma procedimentalista de Habermas o cidad o n o seria um simples participante de um jogo mercantil nem um cliente de burocracias de bem estar e sim o ator aut nomo que constituiria a sua vontade e a sua opini o no mbito da sociedade civil e da esfera p blica canalizando a em um fluxo comunicacional livre para o interior do sistema pol tico 1999 p 29 Portanto na esfera p blica habermasiana os homens exercitam se na arte da conviv ncia e do di logo constituindo assim o cen rio par excellence de uma vida social democr tica Ganha relevo aqui
382. ssa destorcida democracia de todos os dias praticamente conduzida sem discuss o sem debate p blico e dentro dela todos podem fazer o que quiserem recordando Plat o em sua Rep blica s c IV a c ao se referir ao estado de anarquia que se instalou na democracia ateniense De tempos long nquos se arrasta essa sali ncia pol tica no pa s na figura do Presidente n o por acaso Rui Barbosa 1914 p 232 j dissera que o presidencialismo brasileiro n o sen o a ditadura em estado cr nico a irresponsabilidade geral a irresponsabilidade consolidada a irresponsabilidade sistem tica do poder executivo Pois bem o saldo pol tico dos ltimos vinte anos no Brasil inclusive com a proeza hist rica de elevar Pr ncipe um filho do povo demonstra claramente a disposi o da classe dirigente em manter a racionalidade do capital interditando a resist ncia dos trabalhadores e eliminando a golpe de mestre a possibilidade de constru o da contra hegemonia dos sujeitos hist ricos na transforma o social Portanto para uma compreens o mais prof cua dos condicionamentos das pr ticas de resist ncia dos trabalhadores no Brasil e da tica que me interessa neste trabalho importa empreender no decurso da investiga o a particularidade da constitui o da formalidade dos direitos no pa s institu da a partir da queda da ditadura burguesa p s 64 momento em que tamb m o Servi o So
383. st mulo e apoio sempre dispensados na minha trajet ria profissional Devo agradecer as amigas Jordeana Davi Pereira e Sheyla Sueli por terem me incentivado para a realiza o deste doutorado Igualmente a M rcio Adriano part cipe inconteste desse processo Aos amigos de turma do Doutorado Irma Moroni Na res Farias Walfrido Menezes Aurineida Cunha e Lucinda Macedo Em Recife pelo acolhedor apoio e solid ria amizade Tadeu Souza Ver nica Fernandes Luiz Augusto e Gisele Couto Aos amigos do Rio de Janeiro de maneira especial a Ary C sar Rodrigues Fl vio R go e a querida amiga Cleier Marconsin que t o generosamente me acolheram durante a estadia do Doutorado sandu che Por extens o Professora Nobuco Kameyama respons vel por mim na ESS UFRJ professora Yolanda Guerra sempre dispon vel para interlocu es e ao Professor Jos Paulo Netto pelas refer ncias bibliogr ficas sobre o marxismo cedidas gentilmente de seu acervo pessoal as quais n o se encontram traduzidas para o portugu s no Brasil As minhas queridas irm s de modo muito especial a Andr a Patr cia pelo aux lio nas corre es e formata o do texto final profissionalmente realizado com carinho e compet ncia M rcia um particular muito obrigada Aos meus pais pelo amor incondicional carinho e apoio afetivo que sempre tiveram em todos os momentos de minha vida RESUMO Esta Tese de Doutorado tem por objetivo analisar a centralida
384. stado hegeliano Marx quer mostrar o car ter aparente da comunidade pol tica burguesa assinalando para a contradi o entre o Estado e a sociedade civil entre o homem e o cidad o como resultado de uma abstra o assinalando para o fato de que na sociedade desenvolvida sob aquelas condi es hist ricas determinadas o Estado se afasta abstrai da vida do indiv duo e passa a existir como uma realiza o imagin ria do ser gen rico do homem Portanto o indiv duo que hipostasia seu ser gen rico no Estado o indiv duo alienado da sua pr pria ess ncia Por isso Marx diz que a sociedade burguesa completou a transforma o das classes pol ticas em sociais ou seja fez das diferen as de classe da sociedade civil meras diferen as sociais diferen as da vida privada que n o t m significado algum na vida pol tica s d p 12 Essa idealiza o da comunidade pol tica Estado por mais desenvolvida que se pretenda encontra um limite hist rico no capitalismo e nas pr prias contradi es que ele apresenta entre as necessidades individuais e um universal abstrato entre uma produ o social baseada no concurso dos trabalhadores e a apropria o privada do produto e dos meios necess rios para produzi lo entre o homem social e o homem pol tico Obviamente que ao propor a apresenta o da realidade atrav s dos seus conte dos hist ricos e autoprodutivos Marx n o poderia seguir na dire o da filosofia es
385. statal Para o Servi o Social esta perspectiva assume uma particularidade pr pria na cultura profissional uma vez que os espa os hist ricos do mercado de trabalho do assistente social desde sempre foram definidos com base no compromisso entre Estado igreja empresariado no enfrentamento dos problemas afetos quest o social mantendo se at a atualidade Nesta dire o a luta pela defesa dos marcos democr ticos se recoloca como urgente na agenda program tica do Servi o Social quando se concretiza entre outros aspectos o desmonte do Estado para o enfrentamento da quest o social sinalizando uma tend ncia particular no enfrentamento coletivo dos assistentes sociais que ao referir se na ampla defesa pela democratiza o e universaliza o das pol ticas p blicas mediante as necessidades imediatas das classes subalternas resguarda a si o terreno pr prio das condi es objetivas da profiss o 3 2 4 O discurso do direito a ter direitos na pr tica profissional Se observado o que se passa no mbito do exerc cio profissional esse processo tem provocado uma s rie de tensionamentos entre os compromissos da profiss o e a pr tica cotidiana dos assistentes sociais que se v em pressionados pelas demandas emergentes das pol ticas recessivas neoliberais acarretando consequ ncias significativas para o campo da pr tica profissional cujas inflex es 78 Nas anota es de Marina Maciel ABREU a
386. stituiu os direitos sociais no Brasil O problema efetivo desse per odo foi a invers o na ordem proposta por Marshall Os direitos sociais foram introduzidos em momento de supress o dos direitos pol ticos e sobretudo n o em decorr ncia da luta pol tica organizada dos movimentos sociais mas como benesse ou gra a da chefatura do Poder Executivo da Rep blica Isto sugere a suposi o de que no Brasil a Lei como express o jur dica do direito foi institu da como forma de constranger os avan os da luta organizada da classe oper ria e consequentemente sua emancipa o pol tica Tanto que a legisla o social no mbito do Estado Novo ser explicitamente assinalada pelo controle pol tico e social que assumiu perante as classes subalternas Para Luiz Weneck VIANNA 1976 p 35 a ideologia da outorga ser sem d vida resultante de um pacto Por m n o entre o Estado e as classes subalternas e sim entre as diferentes fac es das classes dominantes tendo como principal implica o a supress o da 140 no Brasil marcando como afirma Jos Paulo Netto claramente o deslocamento da nossa hist ria de qualquer pretens o de transformar conquistas e consolid las na forma de direitos 2004b No marco dessa cultura pol tica a id ia de cidadania regulada tamb m fora reposta como conceito chave que permitiu a todos compreender a pol tica econ mico social do p s 30 quando da passagem da es
387. svaziado do seu sentido pol tico passam a respaldar os projetos conservadores que reproduzem a ordem social e suas institui es antidemocr ticas utilizando se desse discurso mediante um ide rio moral que lhe serve de refer ncia Ademais a condu o dessa tend ncia coloca em situa o delicada a posi o da vanguarda profissional que h d cadas vem enfrentando a quest o social como express o e resultado inevit vel da contradi o entre capital e trabalho Ao analisar as repercuss es desta tend ncia no mbito do exerc cio profissional diz Yolanda Guerra Tal discurso autonomizado das medidas que buscam alcan ar a efetiva o dos direitos despolitiza a quest o social naturalizando a e ao secundarizar as classes sociais acoberta as desigualdades de classe e equaliza as condi es de acesso aos bens e servi os sociais Ao ser tratado como categoria instrumental no exerc cio profissional visando resultados imediatos o discurso do direito a ter direitos abranda a tensionalidade posta na situa o imprimindo uma certa resigna o do usu rio frente ao n o atendimento da sua demanda Com isso os direitos perdem sua possibilidade de operar mudan as nas condi es de vida do usu rio e a pr pria legitimidade da profiss o posta em risco 2006 p 1282 83 grifo meu Pois bem ao se absorver indiscriminadamente o discurso do direito a ter direitos como lema em torno das bandeiras de
388. t gias autorit rias isto porque j era vis vel a aus ncia de um ac mulo te rico do pensamento marxista no Brasil o que ocasionou um enquadramento pol tico ideol gico da esquerda com irrepar veis implica es t ticas e estrat gicas Diz Jos Paulo Netto a frequente utiliza o de vers es pol ticas particulares da tradi o marxista para legitimar uma pr tica determinada nomeadamente o confronto armado com a autocracia fez do referencial te rico derivado de Marx um reposit rio de cita es e f rmulas rituais Se for verdade que protagonistas dessa quadra dram tica da vida brasileira sobrevivendo guerra de exterm nio que lhes moveu a ditadura ulteriormente puderam realizar aportes te ricos e cr ticos de valia igualmente verdadeiro que nestes segmentos da esquerda generalizou se uma cultura marxista de pacotilha no seio da qual a peti o voluntarista e praticista gestou um simplismo intelectual que se mostra inteiramente vulner vel a qualquer antagonista medianamente informado 1994 p 110 Exemplo maior o protagonismo do Partido dos Trabalhadores PT que carregado de for a simb lica se constitui a partir da necessidade s cio hist rica de reconstru o do regime democr tico no pa s transformando se em um partido de De acordo com Werneck VIANNA a linha pol tica da esquerda colocava se a reboque da burguesia o PCB era uma organiza o delet ria uma submiss o ao re
389. ta para a opress o fundada na mais valia relativa tem como uma das for as propulsoras a luta oper ria pela redu o da jornada de trabalho No caso do sindicalismo Boito Jr esclarece que esse movimento formou se e se desenvolveu gra as ao esfor o pertinaz dos trabalhadores e a despeito da resist ncia da burguesia E bastante conhecido o fato de a Revolu o Francesa a justo t tulo considerado o processo mais extremado de revolu o burguesa ter atrav s da lei Le Chapelier vedado aos trabalhadores o direito de greve e de organiza o sindical Na Inglaterra apenas em 1824 os trabalhadores ap s muita luta conquistaram tais direitos na Fran a tal conquista se deu ainda mais tarde em 1884 No plano mais geral o movimento sindical um movimento reivindicativo est vel organizado e socialmente leg timo da classe dominada fundamental visando a negocia o das condi es de explora o do trabalhador pelo propriet rio dos meios de produ o Cf MOTA 2000 p 2004 p 77 78 170 Estas media es perpassam o mbito da pol tica aqui concebida numa perspectiva gramsciana a qual acresce elementos ricos de determina es para a an lise da pr tica pol tica dos assistentes sociais Em Gramsci o fen meno pol tico se p e como criador da pr xis humana determinada pela hist ria o que significa poder dizer que todas as esferas da vida social est o transpassadas pela pol tica Caracterizada nos
390. te anticapitalista mediante a forma o de uma vontade pol tica universal que independe da inser o dos sujeitos sociais na estrutura social op cit p 100 178 dado os problemas herdados do passado recente mais ainda uns e outros novos e emergentes todos por m exprimindo a pr pria inser o do Servi o Social na malha das concretas rela es da sociedade brasileira 1995 p 108 Portanto a principio suponho que o debate sobre os direitos se coloca ele mesmo como forma o de cultura profissional subscrito a partir do contexto da crise profissional dos anos 70 com a nega o de suas bases conservadoras estando neste sentido intimamente vinculado aos esfor os do coletivo profissional em avan ar na objetiva o do seu projeto profissional perpetuado junto s for as progressistas no seio da cultura pol tica democr tica do pa s 3 2 1 A tend ncia hist rica dos direitos na perspectiva marshalliana Submetido a an lise sobre os direitos a uma compreens o que corrente e amplamente difundida na literatura profissional quela que privilegia o car ter hist rico dos direitos inspirados na classifica o geracional Marshalliana o qual divide cronologicamente os direitos em primeira gera o surgidos no s culo XVIII direitos civis segunda gera o no s culo XIX direitos pol ticos e terceira gera o no s culo XX direitos sociais tend ncia que vincula direitos ao status de cidad
391. te ricos que estruturam suas concep es de direito e seus reflexos no debate do Servi o social contempor neo Trata de examinar em que medida o debate profissional permeado pela nfase dos direitos e qual a dire o social assumida na produ o intelectual referente a no o de direito sic 19 diferentes momentos de objetiva o subjetiva o da sociedade sendo tamb m diversificado o modo e as formas de apropria o das decorrentes explica es sobre o mesmo O estudo procura assim se aproximar do conceito de direito buscando desvendar as reais complexidades de sua rela o com outro conjunto de fen menos sociais sempre buscando capturar suas determina es l gicas sua vincula o ideol gica e fun o social adquirida na hist ria do capitalismo segundo as formas de apropria o e justifica o da cultura pol tica cl ssica e contempor nea Assim na forma de uma reconstru o te rica a pesquisa busca resgatar o modelo conceitual burgu s de uma linguagem de direitos contida nos elementos da filosofia pol tica cl ssica cujas tend ncias centralizam se no debate da liberdade da moralidade e da emancipa o promovendo uma analogia com a cultura pol tica contempor nea que retoma com toda a for a da tradi o o discurso do direito centrado no pluralismo democr tico recortado pela tend ncia da cidadania da justi a social da equidade e da exclus o social Logo o percurso investiga
392. te da pot ncia emancipadora do trabalho que ao ser o antagonista do pr prio capital se afirma como elemento constitutivo central na organiza o da luta na perspectiva da emancipa o social De igual modo defende Antunes ao falar da necessidade hist rica de se construir um programa capaz de responder s reivindica es imediatas do mundo do trabalho mas tendo como horizonte uma organiza o societ ria fundada em valores socialistas e efetivamente emancipadores e que n o tenha ilus es quanto ao car ter destrutivo da l gica do capital 1999 p 243 Assim sendo a formula o de proposi es igualit rias com base no princ pio da luta por direitos de cidadania fundada na equidade e na justi a social legalmente decretada e como necess ria a uma sociedade bem ordenada s precipita se a um erro categ rico Por sua pr pria natureza a rela o entre capital e trabalho a revela o da contradi o estrutural insuper vel da desigualdade substantiva Nestes 229 termos qualquer tentativa de conciliar os princ pios de igualdade e direito ainda que justo inevitavelmente contraproducente uma vez que constitutiva e inerente a esta forma de sociabilidade a injusti a efetiva Como dantes dizia o velho Marx A vantagem est do lado do rei O direito est do lado do poder A frase sobre o direito est do lado da impot ncia revolu es tamb m contradizem os princ pios jur dicos de todos
393. tem como caracter stica definidora mais importante a interven o ativa das massas na arena pol tica com uma abrupta eleva o da intensidade das lutas de classes e aceleradas mudan as nas rela es de for a entre as classes Por mais aguda que seja a crise econ mica por mais severas as sequelas das cat strofes sociais por mais dram tica que seja a agonia do regime sem que as massas entrem em cena n o se abre uma situa o revolucion ria 209 Esse posicionamento determinou um amplo campo para a produ o de consensos que se estendeu na sociedade mediado pelo Estado e suas institui es A sociedade civil passou a ser tratada como o lugar das negocia es das media es entre Estado sociedade mercado e da resolu o dos conflitos inerentes rela o capital e trabalho AMARAL 2006 p 333 Outrossim no cen rio brasileiro p s elei es presidenciais de 2002 com a vit ria do governo democr tico popular esse movimento torna se ainda mais complexo sobretudo porque as mudan as que poderiam ser provocadas no campo s cio pol tico do pa s gerou uma grande expectativa na sociedade civil como um todo e de modo particular nos movimentos sociais e partidos de esquerda Frente a esse direcionamento mpar na hist ria do pa s em um primeiro momento a elei o de Lula aparecia por um lado como possibilidade concreta de revers o da pol tica econ mica conduzida por FHC e por outro lado sugeria abrir se
394. tende os te ricos como Marshall Bobbio e Habermas ainda que sob concep es distintas traduzindo um compromisso com certos ideais Por isso escapa de suas an lises a compreens o da insustentabilidade social e material do capitalismo contempor neo em promover emancipa es de ordem social deixando claro que suas interpreta es esvaziam de sentido a realidade Suas capacidades em responder as grandes perguntas de nosso tempo entre outras coisas tornam se cada vez mais emp ricas portanto mais pass veis de serem integradas ao sistema de domina o vigente Para eles as classes sociais desapareceram as desigualdades metamorfosearam se em exclus es e por a adiante Problemas de ordens profundas t m agora suas resolu es reduzidas a pautas de governabilidade normatividade e jurisdi o Neste sentido a problem tica da democracia e dos direitos certamente indica que os termos do debate que separam modernos e contempor neos permanecem em flanco aberto repondo a ordem do dia velhas concep es que esvaziadas de sua historicidade ganham f runs de universalidade Por sua vez o estudo procurou demonstrar que na tend ncia do debate pol tico contempor neo recortado pela crise organica do capital e uma forte ofensiva neoliberal tanto os liberais quanto os cr tico deliberativos e os marxistas procuram 236 encontrar no direito um fundamento adequado para o ordenamento pol tico democr tico que se auto just
395. tentes sociais ainda que em minoria ao engajarem se politicamente expressam seus interesses pelas demandas das classes trabalhadoras aliando se ao protagonismo da esquerda em torno da resist ncia autocr tica e em prol da restaura o democr tica no pa s Num giro extremamente curto produziu um novo ethos na profiss o que em oposi o a suas tradicionais pr ticas come a a construir as bases que dar o sustentabilidade a uma nova tica profissional submetendo o seu projeto a uma op o pol tica de cariz progressista Num primeiro momento a organiza o da categoria vinculada organiza o das classes trabalhadoras e inspirada nas reivindica es das mais importantes pelas lutas sociais recentes na hist ria do pa s se insere no movimento de reprodu o das classes sociais realizando pela luta a consci ncia de si que ao fazer se reconhecer necessariamente identifica a realidade humana produzida como social que nada mais do que a express o dial tica do senhor e do escravo HEGEL isto da consci ncia da domina o e da sujei o como realidade hist rica que se realiza de modo universal ainda que surgindo no universo das pr ticas psicologizantes e moralizantes que visam controlar e adaptar comportamentos forjar personalidades e formas de sociabilidade exigidas pelos padr es de acumula o capitalista o Servi o Social vai ampliando suas fun es at colocar se no mbito dos direitos socia
396. tica de Marx salvaguardado as diferen as substanciais concep o de Hegel sobre a influ ncia do poder legislativo na Constitui o do que a convic o de Locke sobre a primazia do poder constituinte do povo em detrimento da legisla o ordin ria Em sua leitura os princ pios constitucionais n o deveriam estar referidos constitui o de direitos materiais mas ao desenvolvimento de procedimentos da opini o p blica e da forma o discursiva da vontade por meio do livre acesso dos cidad os aos direitos de comunica o e participa o pol tico deliberativa Pontua Encarna o quais todas as pessoas por elas afetadas poderiam concordar como part cipes de discursos racionais 8 Cf Karl Marx Critica da Filosofia do Direito de Hegel Lisboa Editorial Presen a s d p 88 Para que a Constitui o se transforme realmente para que essa apar ncia ilus ria n o seja destru da pela viol ncia para que o homem realize conscientemente aquilo que a natureza da coisa o obriga a fazer inconscientemente necess rio que o movimento da Constitui o que o progresso se transforme em princ pio da Constitui o ou seja que o verdadeiro representante da Constitui o o povo se transforme em princ pio dela Se assim for a Constitui o ser o pr prio progresso 82 conclui Habermas que nem o modelo liberal nem o socialista s o adequados para o diagn stico de uma dimens o p blic
397. tico Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1982 CFAS Conselho Federal de Assistentes Sociais C digo de tica profissional do Assistente Social 1986 CFESS Conselho Federal de Servi o Social N o ao corte de or amento para as pol ticas sociais defendendo direitos radicalzando a democracia CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2008 22 agost de 2005 Dispon vel em lt http ynww cfess org br gt Acesso em 15 dez 2006 Carta Programa do Servi o Social Carta Programa Defendendo direitos radicalizando a democracia Per odo Eleitoral 11 a 13 de abril de 2005 Bras lia 2002 As novas faces da barb rie capitalista desigualdade se combate com direitos In Confer ncias e delibera es do 31 encontro CFESS CRESS Bras lia 2002 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 15 dez 2005b Seguridade Social p blica e universal poss vel e necess ria Defendendo direitos radicalzando a democracia Boletim eletr nico In Confer ncias e delibera es do 31 encontro CFESS CRESS Bras lia 30 de nov 2005 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 15 dez 2005c 251 Avan os e desafios na implementa o do SUAS defendendo direitos radicalizando a democracia CFESS Manifesta An lises Conjunturais Gest o 2002 2008 out de 2005 Dispon vel em lt http www cfess org br gt Acesso em 15 dez 20050 Boletim eletr nico C
398. tir nica Essa quest o da possibilidade da democracia vir a ser uma tirania a principal preocupa o de Tocqueville aparecendo claramente expressa em todas as suas obras pois para ele o processo de igualiza o crescente pode envolver desvios perigosos que levem perda da liberdade Cf Alex de Tocqueville A democracia na Am rica In Os Cl ssicos da Pol tica Francisco Weffort 2 vol ed tica 1989 pp 161 188 158 Tal processo identificado por ele como um fen meno universal de migra o do lugar simb lico da democracia para o da justi a sendo o avan o e expans o deste ltimo inversamente proporcional ao descr dito que afeta as institui es pol ticas cl ssicas em raz o do desinteresse existente sobre elas e a perda do esp rito p blico a justi a assumiria o lugar da pol tica na falta deste VIANNA 1999 27 De outro modo tamb m compreende o autor que a transforma o procedimental teria expandido os espa os para o exerc cio de uma soberania complexa que incidiria no pacto de duas dimens es da cidadania a pol tica e a social A primeira expressa pelo parlamento com base nos procedimentos democr ticos e a segunda atrav s da forma o de uma comunidade de int rpretes que inclui tamb m os agentes judiciais legitimados pela Constitui o Portanto exp e o autor se a cidadania pol tica d as condi es ao homem comum de participar dos proc
399. tiva o de direitos reclama o que sugere pensar no ideal hegeliano de sociedade reconciliada entendida como possibilidade de uma comunidade eticamente integrada de cidad os livres donde o Estado seria o medium social o v nculo tico por excel ncia capaz de realizar a liberdade a justi a e a igualdade propriamente dita No contexto da argumenta o aqui apresentada se encontra inferida a id ia de que a media o social imediata que caracteriza nossa epocalidade passa a ser a luta por autoconserva o por reconhecimento HEGEL na rota afirmativa da igualdade sendo a mobiliza o do direito suas categorias e procedimentos considerados um indicador de democratiza o social nos termos de Vianna 1999 p 19 Enfrentando algumas pol micas o estudo sugeriu levantar uma quest o que parece se tornou dominante e auto evidente na cultura pol tica contempor nea como orientar o projeto democr tico com seu potencial antit tico ao capitalismo de forma que ele possa efetivamente reverter mais a si as consequ ncias j conhecidas daquela ordem Qual o alcance do direito como possibilidade transformadora se sua voca o est submetida ao Estado e a cidadania como instrumentos criados para t o somente promover uma certa distribui o de bens materiais sem colocar em risco as rela es constitutivas e desiguais geradas pelo capital Circunscrita por uma estrutura conceitual que n o aceita discutir se
400. tivado na pr tica pol tica do movimento oper rio da social democracia esta tend ncia de esquerda h muito tem inflexionado sua elabora o Refiro me ao conhecido Programa de Erfurt apresentado por Kautsky e Bernstein no Congresso de Gotha em 1875 pelo Partido Social Democrata Alem o cuja posi o pol tica era explicitamente reformista como dito anteriormente defendendo inclusive a via parlamentar como estrat gia para se alcan ar as conquistas democr ticas favorecedoras de melhorias sociais e legais para os trabalhadores 122 de projeto pol tico emancipat rio direcionando sua interven o para a democratiza o e a conquista legal do poder atrav s da garantia da governabilidade o enfrentamento de resist ncias localizadas Dir ainda M sz ros por omiss o a postura defensiva representou ostensiva ou tacitamente a aceita o da ordem pol tica e econ mica estabelecida como a estrutura necess ria e pr requisito das reivindica es que poderiam ser consideradas realisticamente vi veis entre as apresentadas demarcando ao mesmo tempo a nica forma leg tima de solu o de conflitos resultantes das reivindica es opostas dos interlocutores 2002 p 24 Esta conforma o abertamente processada pela hegemonia da esquerda revisionista que centra no processo de conquistas democr ticas e na proje o da reforma e amplia o de direitos sociais sa da de p r termo desigualdade
401. tivo buscou 1 determinar o contexto s cio hist rico que permite a entifica o do conceito de direito fazendo refer ncia heran a cultural iluminista que possibilitou sua g nese conceitual 2 demonstrar suas tend ncias te rico pol ticas e 3 apresentar a fun o social que ocupa na contemporaneidade Seu veio anal tico foi tratado por um marco referencial que tem suporte nas seguintes rela es tem ticas referidas ao objeto de estudo como crise do capital neoliberalismo cultura pol tica cultura profissional de Servi o Social emancipa o pol tica emancipa o social Os suportes te ricos da pesquisa abrangem dados secund rios mediante uma vasta bibliografia em que comparecem estudos cl ssicos sobre o tema de estudo principalmente elabora es que se referem s fontes diretas da hist ria da cultura pol tico filos fica moderna e contempor nea e da forma o social brasileira Na literatura do Servi o Social foram analisadas diversas publica es que comp em a cultura profissional livros artigos em revistas especializadas teses de doutoramento e disserta es de mestrado na rea resumos publicados nos anais do XI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais CBAS dos quatro ltimos Encontros Nacionais do conjunto da categoria CFESS Cress e do X Encontro de Pesquisadores em Servi o Social ENPESS Al m de documentos oficiais e 20 informativos produzidos nas duas ltimas gest es do Conselho Feder
402. to de qualquer sociedade pol tica e portanto de toda a estrutura do Estado 62 Deste modo se a finalidade do Estado cuja ratio essendi a realiza o da liberdade s advindo se declarados afirmados e exercidos os direitos fundamentais da pessoa de direitos consubstanciando se no ideal de justi a o regime pol tico capaz de garantir formal e objetivamente tais direitos somente poder ser a democracia Portanto o centro de suas reflex es repousa no entendimento de que a democracia nasce de uma concep o individualista de sociedade sendo o Estado liberal o suposto hist rico jur dico do Estado democr tico de direito este somente se desenvolvendo plenamente onde os direitos de liberdade forem reconhecidos por uma Constitui o compreendido por ele como um conjunto de regras que estabelece quem est autorizado a tomar as decis es coletivas e quais s o os seus procedimentos Finalmente um regime que delibera sobre o bom governo como sendo quele que age em fun o do bem comum se movendo atrav s de leis estabelecidas e claras para todos N o por acaso Bobbio 2000b p 185 afirma dizer preferir o governo das leis e n o o governo dos homens seguindo na dire o kantiana de que ao direito que a pol tica e o Estado devem se adequar uma vez que a express o mais elevada da liberdade objetivada insistindo na defesa de que os direitos do homem nascem como direitos naturais universa
403. to sujeitos pol ticos mutilando sua consci ncia coletiva e de classe neutralizando sua organiza o atrav s da segmenta o estratifica o e hierarquiza o de direitos modelados de acordo com as exig ncias e a legalidade do mercado E ainda que a Constitui o brasileira vigente tenha se comprometido com os ideais comunit rios e sugerido Rep blica construir uma sociedade livre justa e solid ria art 3 CF 1988 as contradi es operadas por uma conjuntura pol tica internacional de aprofundamento das sequelas da quest o social vis veis mundialmente em fun o da l gica pan tica e destrutiva do capital n o tem levado o pa s a reduzir os altos ndices de desigualdade social expressa 240 por uma mis ria sem precedentes e pela persistente pol tica olig rquica e elitista que impera desde os tempos da Col nia Para o Servi o Social esse ascenso de movimentos n o passaria inc lume A explicita o e consolida o do pensamento cr tico marxiano sobreposto ao seu projeto profissional do qual lhe confere base de sustenta o ideo pol tica o projeta por inteiro na conjuntura hist rico societ ria de que palco o debate contempor neo Nestas circunst ncias as tend ncias advindas desse processo din mico e contradit rio s o reproduzidas no interior da categoria com peso ponder vel na forma o da cultura profissional fazendo com que o tensionamento de fundo que bali
404. tocante ela pode se transformar em raz o pr tica Para ele a natureza das coisas regida por leis e somente o homem como ser racional tem a capacidade de agir conforme estas leis atrav s de princ pios ou m ximas cumpridas por meio da vontade Diz portanto que para derivar a a o das leis se requer a raz o e a vontade n o outra coisa sen o a raz o pr tica ibid p 932 Desse modo na esfera do comportamento humano que regulada pelas leis morais denominada como leis da liberdade dois problemas se apresentam e s o tratados j na Fundamenta o da Metaf sica dos Costumes os quais se referem distin o entre as formas das a es a moral e a jur dica isto do cl ssico problema entre moral e direito Assim de acordo com os pressupostos kantianos em que consiste a lei moral e como reconhecer racionalmente nas nossas a es a conformidade sua norma Tr s requisitos s o fundamentais na a o moral 1 ela deve ser realizada desprovida de interesses materiais cumprida apenas pela lei do dever 2 somente Nome denominado no mundo grego ao conjunto dos escritos Aristot licos 384 383 322 A C que veio depois da f sica Na Idade m dia foi tratado por Tom s de Aquino 1125 1274 com a filosofia primeira ou ci ncia suprema por tratar de objetos de conhecimento que independem da mat ria para seu ser como Deus os anjos etc Isto a transcend ncia 34 deve ser exerc
405. u ent o o reconhecem consciente e voluntariamente como a subst ncia de seu pr prio esp rito agindo para ele como o seu objetivo final Disso resulta que nem o universal vale e se realiza sem o interesse a consci ncia e a vontade particulares nem os indiv duos vivem como pessoas privadas orientadas exclusivamente para os seus pr prios interesses sem querer o universal eles t m uma atividade consciente de seu fim O princ pio dos Estados modernos tem esta for a e esta profundidade de permitir que o princ pio da subjetividade chegue extrema autonomia da particularidade pessoal e ao mesmo tempo de reconduzi la unidade substancial mantendo assim essa unidade em seu pr prio princ pio HEGEL 1976 P 45 Assim sendo o Estado encarnando o esp rito absoluto se constitui para Hegel o m dium social de universaliza o por excel ncia que carrega em si O esp rito do povo e nesse sentido igualmente o conte do de seus costumes Pode se dizer portanto no sentido hegeliano que o direito existente as normas jur dicas positivas pois a manifesta o atrav s do qual se explicita a justi a o modo pelo qual sua ess ncia se mostra mais pr xima da raz o entendida como express o de determinado momento hist rico Todavia embora sendo o revelar da liberdade n o significa a subst ncia mesma do direito isto porque Hegel diferencia o real e o existente Noutras palavras necess rio ir para al m da exteri
406. udente o que pressup e ambas a interven o do Estado como parte que garante o sistema legal z Neste sentido o tempo todo a confer ncia do Professor Dallari resposta com afirma es e cr ticas a essa concep o liberal do direito entretanto f lo com base na refer ncia a luta em defesa das Declara es Universais dos Direitos Humanos de 1948 e a Constitui o brasileira de 1988 o que n o lhe permite atravessar os caminhos que colocam em evid ncia os fundamentos hist rico sociais que incidem sobre essa ordem A cr tica ainda que orientada para recolher a imposta o do fen meno jur dico na sociedade capitalista n o opera com conceitos e categorias pr prias do legado deixado por Marx Considera es desta ordem mesmo que realizada questionando a realidade social e o processo hist rico em que ela se manifesta se n o fundadas em uma compreens o radicalmente cr tica do sistema capitalista em vez de apurar e enriquecer os procedimentos conceituais necess rios bloqueiam o acesso a esse poder totalizador pela negativa de sua unidade sist mica e pela insist ncia na impossibilidade de conhecimentos totalizadores como anota Wood 2008 p 13 Ademais a defesa da Constitui o atrav s de seu sistema de direitos fundamentais n o garante por si mesmo que seja respeitada pelos membros de uma comunidade politicamente democratizada e que seja os cidad os sujeitos com direitos a igual respeito e conside
407. ue ao mesmo tempo possa preservar a particularidade das a es individuais sem colocar em risco a viabilidade da vida em sociedade Tal concep o tem na obra de Hobbes uma guinada propositiva que se torna a base da teoria do contrato social No famoso cap tulo XIII do Leviat diz ele As consegu ncias negativas manifestas da situa o duradoura de uma luta entre os homens o temor permanente e a desconfian a rec proca devem mostrar que s a submiss o regulada por contrato de todos os sujeitos a um poder soberano pode ser o resultado de uma pondera o de interesses racional com respeito a fins por parte de cada um 1998 p 104 28 importante lembrar que o homem desta poca estava inserido num contexto de uma sociedade mercantil emergente onde a mercadoria se expandia em escala cada vez mais acentuada transformando as rela es dos indiv duos com base na troca de mercadorias Portanto o homem de uma poca que era produtor de mercadorias e que s conseguia ver o outro como meio para realizar seus fins para satisfazer suas necessidades individuais Nestas condi es em que todos est o voltados para seus pr prios interesses Hobbes encontrou uma hip tese l gica para tornar vi vel a vida em sociedade a dedu o do pacto como sendo um acordo plaus vel e leg timo que tornaria poss vel uma vida soci vel Por conseguinte seu argumento baseado na id ia de um estado de natureza o qual r
408. uistas e garantias constitucionais voltadas prote o social e a democratiza o do Estado de direito no pa s Na medida em que se aprofundavam a passiviza o ao n vel do Estado brasileiro que materializava se pela via da contra reforma intensificando a din mica da desigualdade e da precariza o das condi es de vida e trabalho das classes subalternas e reordenava se a cultura democr tica que vinha sendo constru da ao longo da d cada de 80 no pa s o Servi o Social reafirmava seus compromissos vinculando se tanto aos setores de esquerda que se colocavam claramente contr rio ao projeto neoliberal quanto aos movimentos sociais e ONGs de car ter suprapartid rios que organizavam as emergentes campanhas nos anos 90 contra a fome a favor da cidadania e dos direitos humanos pela tica na pol tica entre outras Esse movimento na realidade constitui se como parte do esfor o da profiss o em legitimar se frente s classes subalternas consolidando seu projeto profissional na perspectiva de uma pedagogia emancipat ria ABREU problem tica que na an lise de Netto ainda permanece em aberto no campo profissional nos anos 90 74 Na an lise de MOTA sobre a cultura da crise ao se referir as particularidades do Brasil nos anos 90 a autora identifica um discurso gen rico colaboracionista e salv vico no mbito da esfera p blica que tem como consequ ncia o solapamento de um projeto de classe de cor
409. um produto da vida social temos que exigir do legislador que ele ou a o povo ou a o que vem das pessoas considerando o que elas acham que seja justo DALARI 2004 s d Ao versar sobre a constru o dos direitos diz que a modernidade instaura o governo das leis e a partir da ela a lei passa a ser considerada sin nimo de direito Deixa de ser natural e passa a ser produzida isto fabricada pelos burgueses para atender seus interesses id ibid Reconhece o car ter instrumental do direito na medida em que s o estabelecidos para atender as conveni ncias de uns tantos privil gios segundo as conveni ncias do grupo dominante sic Como se v efetivamente aparece no discurso do autor uma cr tica concep o liberal do direito na medida em que aponta sua finalidade como sendo mantenedor do uso da coer o contra os cidad os ou grupos corporativos Esta perspectiva em suas pr prias palavras a manuten o do pr prio direito DALARI 2004 Contudo recusa a id ia de que o direito contenha em si uma concep o negativa de justi a tal como identificado pelo liberalismo que n o se ocupa com elabora es dessa natureza propondo uma mudan a institucional para se adequar ao direito justo 196 Defensor do constitucionalismo democr tico o autor recorre defesa institucionalizada do regime democr tico e da cidadania pol tica com seu car ter universalista e incl
410. ura etc Um novo discurso socialista surgia 2000 p 16 Sua preocupa o em pensar sobre a organiza o da revolu o socialista na It lia o levou a debru ar se sobre a pr tica do PCI e a necessidade de transform lo em um estado em pot ncia ou como embri o de uma nova forma estatal Seu discurso se voltaria assim para a elabora o e articula o das pr ticas pol ticas e a constru o de uma nova ideologia adequada s classes subalternas portanto de uma teoria das classes sociais N o obstante a racionalidade jur dica ser herdeira das luzes Gramsci n o assumir particularmente este debate uma vez que o seu suposto se funda na pr pria ordem do Estado capitalista Nos Escritos Juvenis registrado entre 1914 e 1918 dir o autor da Sardenha As ordens atuais foram suscitadas pela vontade de realizar totalmente um principio jur dico Os revolucion rios de 1789 n o previam a ordem capitalista Queriam realizar os direitos dos homens queriam que fossem reconhecidos aos componentes da coletividade determinados direitos Esses depois da ruptura inicial da velha concha foram se afirmando foram se concretizando e transformados em for as operantes sobre os fatos plasmaram tais fatos caracterizaram nos e disso resultou a civiliza o burguesa GRAMSCI apud BADALONI 1987 p 16 grifo meu 3 De acordo com Antonio Carlos WOLKMER 2003 p 106 em Gramisci a ideologia constitui
411. utra ordem social ampliando assim seu horizonte ainda que sejam conhecidos os limites e contradi es de sua fun o social na sociabilidade do capital Ali s a profiss o tem defendido o debate sobre os direitos humanos entendendo que estes s o necess rios e fundamentais para a forma o de uma cultura pol tica emancipat ria de tal forma que possam integrar se ao movimento reivindicat rio das lutas sociais identificadas ao projeto classista na disputa por hegemonia Para Santos reconhecer a necessidade quanto amplia o do universo da cultura pol tica dos Direitos Humanos passa pela valoriza o da diversidade quanto orienta o sexual etnia ra a gera o etc submetidos s tens es s cio pol tico culturais na disputa entre projetos societ rios distintos 2002 p 38 Tamb m para o N cleo de Estudos e Pesquisa em tica e Direitos Humanos NEPEDH da PUC SP ligado P s gradua o em Servi o Social a forma o de uma cultura cr tica em direitos humanos objetivo primordial n o s para a 8 No leito dessa conjuntura e frente aos desafios impostos pela ofensiva neoliberal temas emergentes como Etica e Direitos Humanos passaram a fazer parte da cultura profissional endossando uma tend ncia particular da cultura pol tica brasileira inspirada pelo constitucionalismo que nesse campo refletia os v rios acordos Cartas de inten es e Declara es firmadas entre o governo brasilei
412. vantamento dos estudos acerca do direito verifiquei que um dos argumentos explicativos para a defesa contundente deles nos marcos democr ticos est fundamentado no pressuposto de que o n o reconhecimento destes direitos revela a natureza excludente de processos sociais numa associa o quase atomizada entre priva o de direitos e n veis de degrada o das formas de vida da 14 popula o trabalhadora Em geral tal argumento referendado na maioria dos estudos que tomam a categoria de exclus o inclus o como explicativa da desigualdade social Nesta formula o direito e exclus o social s o categorias que dialeticamente se auto explicariam num entendimento de que o reconhecimento de uma seria a nega o da outra No entanto este estudo procura recolocar esta quest o ao pensar a desigualdade como ant tese da propriedade privada portanto compartilhando do ponto de vista daqueles que entendem que o conceito de exclus o inclus o ideol gico uma vez que n o d conta de revelar a din mica da sociedade MOTA 2003 Nesta perspectiva a estrutura da rela o do direito como possibilidade dos sujeitos se reconhecerem como inclu dos socialmente promove um deslocamento do conceito de desigualdade assente no sistema das rela es concretas da reprodu o do capital para uma esfera abstrata na forma inscrita pela id ia de exclus o Como consequ ncia desta formula o parto do pressuposto de que
413. vel realizar a troca de mercadorias Como anota Marx em O Capital as mercadorias s o coisas portanto inermes diante do homem Se n o d cil pode o homem empregar for a em outras palavras apoderar se dela Para relacionar essas coisas umas com as outras como mercadorias tem seus respons veis de comportar se reciprocamente como pessoas cuja vontade reside nessas coisas de modo que um s se aposse da mercadoria do outro alienando a sua mediante o consentimento do outro atrav s portanto de um ato volunt rio comum E mister por isso que reconhe am um no outro a qualidade de propriet rio privado Essa rela o de direito que tem o contrato por forma legalmente desenvolvida ou n o uma rela o de vontade em que se reflete a rela o econ mica O conte do dessa rela o jur dica ou de vontade dado pela pr pria rela o econ mica As pessoas aqui s existem reciprocamente na fun o de representantes de mercadorias e portanto de donos de mercadorias 2002a p 109 110 grifos meus Seguindo rigorosamente esta indica o de Marx o jurista sovi tico n o tem d vidas de que o direito corresponde na sociabilidade capitalista a real produ o de mercadorias sendo o sujeito de direito por determina o um sujeito equivalente Nos Grundrisse 1978c p 03 Marx desvela essa rela o ao demonstrar a partir da troca de mercadorias a g nese da igualdade e da liberdade
414. versidade popular Vol 7 ed S o Paulo Global 1988 A ideologia alem Feuerbach S o Paulo Grijalbo 1977 MAZZEO Antonio Carlos Sinfonia Inacabada a pol tica dos comunistas no Brasil S o Paulo Boitempo 1999 MELLO Leonel Itaussu Almeida John Locke e o individualismo liberal In Francisco C Weffort Org Os Cl ssicos da Pol tica 1 S rie Fundamentos n 62 10 ed 1 Volume S o Paulo tica 1998 p 79 90 MERLE Jean Christophe MOREIRA Luiz Orgs Direito e Legitimidade Trad Cl udio Molz Tito L vio Cruz Rom o S o Paulo Landy 2003 M SZ ROS Istv n O poder da ideologia Trad Paulo Cezar Castanheira S o Paulo Boitempo Editorial 2004 Para al m do capital Rumo a uma teoria da transi o Trad Paulo C sar Castanheira S rgio Lessa S o Paulo Editora da UNICAMP Boitempo Editorial 2002 Filosofia ideologia e ci ncia social ensaios de nega o e afirma o Trad Laborat rio do CENEX FALE UFMG S o Paulo Ensaio 1993 MIGUEL Lu s Felipe Promessas e limites da democracia deliberativa In revista brasileira de ci ncias sociais vol 16 n 4 S o Paulo 2001 Dispon vel em http www scielo br cgi bin wxis exe iah gt Acesso em 12 junh 2005 265 MINIST RIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL MDS Estat sticas do Bolsa fam lia Dispon vel em lt http Awww mds gov br programas transferencia de renda programa bolsa familia gt Acesso em
415. vil 1976 p 09 Portanto quando atenta se para a tradi o do jusnaturalismo pode se dizer que s com a constitui o do indiv duo cidad o e a consequente afirma o do interesse particular foram permitidos o desenvolvimento da propriedade privada e o direito da pessoa abstrata pressupostos in condiction da sociedade mercantil o que levou Marx a afirmar que a esfera que estamos abandonando da circula o ou da troca de mercadorias dentro da qual se operam a compra e a venda da for a de trabalho realmente um verdadeiro para so dos direitos inatos do homem 2002a p 206 No universo das mercadorias ou seja no processo de circula o torna se indispens vel a dissemina o livre da troca de bens apropri veis e alien veis o que pressup e um certo padr o igualit rio donde os sujeitos envolvidos se reconhe am como propriet rios de um bem com valor de troca E continua Marx s reinam a liberdade igualdade propriedade e Bentham Liberdade pois o comprador e o vendedor de uma mercadoria a for a de trabalho por exemplo s o determinados apenas pela sua vontade livre Contratam como pessoas livres juridicamente iguais O contrato o resultado final a express o jur dica comum de suas vontades Igualdade pois estabelecem rela es m tuas apenas como possuidores de mercadorias e trocam equivalente por equivalente Propriedade pois cada um s disp e do que seu Bentham pois
416. vis o tutelar das institui es brasileiras sobre a cidadania acarretando ao seu desenvolvimento uma superinstitucionaliza o representativa por meio de um poder externo e a pol tico Todo este debate acabou por conferir crescente visibilidade p blica cultura jur dico pol tica brasileira abrindo espa o para a divulga o de outra tend ncia no mbito do judici rio em sua rela o e comprometimento com o fortalecimento da democracia no pa s o qual ser abordado logo a seguir 2 5 2 Direito alternativo o debate jur dico brasileiro Este crescente processo de normatiza o da vida jur dica nas diversas esferas da vida social que tem se constitu do como movimento de retorno ao direito tamb m tem mobilizado intelectuais e agentes do direito no Brasil em torno 155 de uma proposta jur dica alternativa que possa ir de encontro racionalidade estrat gica e instrumental do positivismo jur dico burgu s Denominado de direito alternativo duas correntes destacam se no campo jur dico brasileiro uma designada de uso alternativo do direito que se prop e a flexibilizar o arcabou o legal jur dico e outra que se intitula tamb m alternativa s que sugerindo uma radicalidade no campo normativo vigente com a substitui o e ou constitui o de um novo direito nomeado de insurgente ou achado na rua Explica Ricardo Guanabara O direito alternativo no Brasil busca de cert
417. volucionarismo inconsequente de caudilhos pequeno burgueses 1992 p 52 Para MAZZEO O PCB procurar refor ar a imagem de partido da ordem e da trang ilidade o eixo de a o era permeado por um politicismo taticista que privilegiava a unidade ampla para a consolida o da democracia por meio de uma luta ordeira e pac fica 1999 p 73 143 coaliz o com forte fasc nio e poder de persuas o entre os trabalhadores os intelectuais org nicos e a massa da popula o reivindicando a si a tarefa de organizar o consenso em torno de um projeto que se intitulasse classista levando a reboque um contingente de aliados e simpatizantes Abrindo se assim uma temporada de utopias De fato os componentes hist rico pol ticos que movimentaram o cen rio social brasileiro naquele momento pareciam conduzir o PT como o porta voz da classe trabalhadora em torno da reconstru o democr tica do Brasil e do que foi denominado de nova esquerda No seu per odo de constitui o a t nica do partido girava em torno de tend ncias socialistas com forte influ ncia do cristianismo radicalizado com base na teologia da liberta o demonstrando j uma clara converg ncia com a esquerda reformista ainda que utilizando um discurso de bravatas dos tempos da resist ncia Inicialmente compunham nas resolu es oficiais do Partido teses do tipo imposs vel supor alian as estrat gicas com a burguesia e com as
418. volvimento produtivo com momentos de tempestade 2005 p 120 3 Segundo Fran ois CHESNAIS em A mundializa o do Capital 1996 p 17 a express o mundializa o do capital a que corresponde mais exatamente subst ncia do termo globaliza o que traduz a capacidade estrat gica de todo grande grupo oligopolista voltado para a produ o manufatureira ou para as principais atividades de servi os de adotar por conta pr pria um enfoque e conduta globais O mesmo vale na esfera financeira para as chamadas opera es de arbitragem A integra o internacional dos mercados financeiros resulta sim da libera o e desregulamenta o que levaram abertura dos mercados nacionais e permitiram sua interliga o em tempo real Mas baseia se sobretudo em opera es de arbitragem feitas pelos mais importantes e mais internacionalizados gestion rios de carteiras de ativos cujo resultado decide a integra o ou exclus o em rela o s benesses das finan as de mercado Como veio lembrar a crise mexicana de 1994 1995 basta pouca coisa para que um lugar financeiramente atraente deixe de s lo em quest o de dias e de certa forma fuja da rbita da mundializa o financeira 100 Na realidade este cen rio se configura como uma profunda crise deste projeto societ rio e se expressa em uma conjuntura hist rica particular capaz de revelar o movimento org nico que estrutura a vida social Sua caracter

Download Pdf Manuals

Related Search

Related Contents

Discover life`s hidden moments  安全管理規程 - 手賀沼トラスト  st 10l-2.indd    manual-pride-sundanc..  取扱説明書（装着方法）  Manual de instrucciones Termómetro infrarrojo  

Copyright © All rights reserved. Failed to retrieve file