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Andressa Aita Ivo_Tese - Guaiaca

1. a partir da total confian a na efici ncia da competi o onde as atividades do setor p blico ou estatal s o vistas como ineficientes improdutivas antiecon micas e como um desperd cio social enquanto que o setor privado visto como eficiente efetivo produtivo podendo responder por sua natureza menos burocr tica com mais rapidez e presteza s transforma es que ocorrem no mundo moderno TORRES 1995 p 115 Como salienta Ball 2004 p 1117 o discurso que sustenta as parcerias celebra a superioridade da gest o do setor privado em parceria com o Estado sobre e contra a modalidade conservadora burocr tica e ap tica de administra o do setor p blico 56 A pol tica de privatiza o uma pr tica recorrente em modelos neoliberais como observa Torres 1995 p 125 com a privatiza o de empresas do setor p blico reduz se a press o sobre o gasto fiscal al m disso nas palavras do autor a privatiza o constitui um instrumento muito apropriado para despolitizar as pr ticas regulat rias do Estado nas reas de forma o de pol ticas p blicas Conforme Dale 1995 p 138 para al m do deslocamento direto do p blico para o privado o que se percebe um conjunto muito mais complexo de mudan as nos mecanismos institucionais atrav s dos quais s o regulados o que continua a ser essencialmente sistemas educacionais estatais Assim para o autor o que est em quest o s
2. 1 0 8 0 6 E Anos iniciais 0 4 E Anos finais Indicador de Fluxo 2005 2007 2009 2011 Figura 3 Evolu o do Indicador de Fluxo 2005 2011 da escola Amarela Fonte Portal IDEB 2012 Escola Verde A Escola Verde recebeu a autoriza o de funcionamento em abril de 2004 a escola est localizada na regi o oeste da cidade de Santa Maria surgiu segundo o seu Projeto Pol tico Pedag gico PPP com a necessidade de atender uma demanda de crian as situadas em rea de risco e periferia oriunda de uma invas o Uma significativa parcela da comunidade da regi o vive numa situa o de extrema mis ria e desemprego Muitos exercem atividades de trabalho historicamente desvalorizadas tais como carroceiros pedreiros biscateiros ou catadores de materiais recicl veis sobrevivendo das sobras encontradas principalmente no lix o da regi o denominada Caturrita oeste de Santa Maria Devido s condi es de vida da grande maioria dos alunos cabe escola investir em a es como a cria o de h bitos relacionamentos higiene 117 tica e equil brio emocional para ent o promover as a es de ensino dos conte dos escolares A escola apresenta como um de seus principais problemas o grande ndice de evas o e repet ncia que ocorre em muito devido movimenta o das fam lias em busca de melhores condi es de vida Assim constantemente deslocam se de uma regi o para outra muitas vez
3. Com isso tais avalia es visam difundir nos estabelecimentos de ensino uma determinada concep o de avalia o que se finda em novos mecanismos de controle que estimulam a competi o entre as escolas bem como a responsabilza o das mesmas pelo sucesso ou fracasso escolar Como mostra Brooke 2008 por uma s rie de raz es o uso de sistemas externos de avalia o n o encontra amplo apoio entre os professores dentre os motivos o autor destaca os riscos educacionais reais associados a curr culos orientados por testes a aparente amea a autonomia dos professores e d vidas quanto validade das conclus es a respeito do desempenho das escolas conclus es estas provenientes de sistemas de mensura o de larga escala que s o pouco sens veis s caracter sticas especificas das escolas ou distritos escolares BROOKE 2008 p 94 Ao tratar sobre as pol ticas de avalia o e a redefini o do papel do Estado bem como sobre a defini o do que dever ser avaliado Peroni 2006 b p 152 aponta que o processo de avalia o se iniciou em parte por determina o dos organismos internacionais que exigiam nos seus projetos a avalia o mas tamb m foi influenciado por discuss es sobre a qualidade do sistema educacional a democratiza o e a transpar ncia na gest o enfim os eixos que caracterizamos como sendo inerentes aos anos 80 A Confer ncia Mundial de Educa o para todos realizada em Jomtien
4. importante deixar claro que n s temos alunos carentes com necessidades bem s rias at antigamente era uma realidade mais diferenciada porque no momento que passou a ser feito pela central de vagas vem alunos de outras escolas que n o tem todo o ensino fundamental completo vem pra c e a central que organiza alunos mais distantes do em torno daqui as vezes vem alunos de vilas mais distantes e n s temos ent o um grande n mero de alunos carentes principalmente comparando com outras pocas gestora Am lia EA bem n s temos crian as com poder aquisitivo alto mas ao mesmo tempo n s temos crian as bem carentes tem crian as inclusas no ano passado tinham tr s teve que ter adapta o no curr culo eu acho que esta escola j foi uma escola com crian as de poder aquisitivo mais alto mas agora est bem misturado eu n o posso dizer que uma clientela s de uma classe professora Margarida EA z Com contextos educacionais t o diferentes o que n o raridade na rede municipal de ensino de Santa Maria j que a rede apresenta v rias realidades educacionais distintas no m nimo paradoxal que uma gest o t o preocupada com a melhoria da qualidade da educa o do munic pio de tanta nfase aos sistemas de avalia o em larga escala desconsiderando as disparidades existentes na rede Pois como afirma Santos 2002 p 364 o docente s poder realmente assumir sua fun o e seu papel de
5. Figura 15 IDEB das escolas da rede municipal nos anos finais Fonte Portal DEB Merit 2012 sapataria LS ASR EVA dai Sia na O Figura 16 Evolu o do IDEB das escolas da rede municipal nos anos iniciais e finais 2005 2011 Fonte Portal DEB Meritt 2012 159 Figura 17 Evolu o do Indicador de Aprendizado das escolas da rede municipal nos anos iniciais e finais 2005 2011 Fonte Portal IDEB Meritt Figura 18 Evolu o do Indicador de Fluxo das escolas da rede municipal nos anos iniciais e finais 2005 2011 Fonte Portal DEB Meritt 2012 162 Figura 19 Evolu o do IDEB nos anos iniciais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal DEB Meritt 2012 163 Figura 20 Evolu o do IDEB nos anos finais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 164 Figura 21 Evolu o do Indicador de aprendizado nos anos iniciais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Senine SR DERA RR DD DDR SIP E RR DRDS DRDS 05 Figura 22 Evolu o do Indicador de Fluxo nos anos iniciais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 sas Da RS np SD a OO Figura 23 Evolu o do Indicador de Fluxo nos anos finais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Porta
6. o antiestatista e anti socialista de Ludwig Von Mises Assim o neoliberalismo surgiu como uma rea o te rica e pol tica veemente contra o Estado intervencionista e de bem estar ANDERSON 1995 p 9 A teoria neoliberal inicialmente aponta os grandes problemas do Estado intervencionista como relata Moraes 2001 p 38 a regula o legislativa a atua o do Estado empres rio e a oferta de bens p blicos e os servi os de prote o social confundem os sinais emitidos pelos mercados o que leva ao emprego irracional dos recursos materiais e n o menos importante dos empenhos subjetivos dos agentes deseduca os indiv duos O Estado transforma se em instrumento de grupos de press o que tentam firmar seus privil gios utilizando o discurso demag gico das pol ticas sociais O crescimento das despesas p blicas leva ao aumento das necessidades financeiras dos governos endividamento emiss o monet ria infla o O crescimento da tributa o pode provocar efeitos indesej veis que que se propagam por todos os poros da sociedade falta de estimulo ao trabalho evas o e fraudes fiscais desenvolvimento de economia subterr nea informal A partir da grande crise do modelo econ mico taylorista fordista em 1973 as ideias neoliberais passaram a ganhar espa o De acordo com Gentili 1995 p 230 o neoliberalismo expressa uma sa da pol tica econ mica jur dica e cultural especifica para a crise heg
7. o da comunidade escolar infraestrutura e condi es de trabalho quadro docente e gest o escolar Uma vez que entendemos que o cen rio no qual est o inseridas as atuais pol ticas educacionais apresenta uma complexidade tamanha buscamos respaldo para nossas an lises nos v rios contextos que circundam o campo educacional para melhor compreender as dimens es dos fen menos desencadeados pelo IDEB e consequentemente pelas a es da SMED no contexto escolar O seguinte relato nos d ideia da complexidade a que nos referimos anteriormente Eu sou professora h 17 anos atualmente eu trabalho na Escola Verde e em outra escola do munic pio que tamb m j foi premiada ent o quando tu me falou sobre os motivos de porque ser premiada em uma escola e n o na outra eu fiquei tentando fazer um paralelo entre as duas para ver quais as diferen as mas na verdade esta reflex o ela muito dif cil nem n s mesmos conseguimos diagnosticar quais s o as diferen as aonde que n s falhamos e aonde que n s acertamos porque falhas todas as escolas tem alias tem falhas na escola X muito mais graves ao meu ver do que na Escola Verde ent o eu mesma fiquei me questionando quais s o os pontos positivos e os negativos de cada escola e n o foi f cil Assim nosso objetivo n o consiste em avaliar ou analisar o modelo de gest o ou o trabalho pedag gico desenvolvido em cada escola para a partir desses elementos tra ar consid
8. o em larga escala trabalho docente curr culo dentre outras tem ticas de modo especial no sentido de compreender as imensas diferen as existentes entre os sistemas de educa o do Brasil e do Canad bem como as diferen as culturais sociais e econ micas Fatores de extrema relev ncia para a analise de pol ticas educacionais implementadas no Brasil muitas vezes tendo como base modelos educacionais de pa ses desenvolvidos desconsiderando os contextos nos quais as pol ticas s o criadas e implementadas O est gio do Programa de Doutoramento no Exterior foi realizado no per odo de mar o de 2012 a fevereiro de 2013 e teve os seguintes objetivos a Continuidade da pesquisa bibliogr fica com nfase aos estudos que dizem respeito ao trabalho docente especialmente estudos desenvolvidos no Canad e em outros pa ses 30 b Participa o nas atividades do Centre de Recherche Interuniversitaire sur la formation et la profession enseignante CRIFPE c Discuss o com o Prof Clermont Gauthier acerca das reformas educacionais e suas repercuss es na forma o e no trabalho docente d Participa o em semin rios e disciplinas oferecidas pela Universidade Laval de interesse para os estudos da tese e Reda o de um cap tulo da tese com descri o e an lise dos dados j coletados levando em conta a pesquisa bibliogr fica a participa o nas disciplinas e Grupo de Estudos e Pesquisa bem como nas discuss es e
9. qualidade com contratos e conv nios com escolas e sistemas privados de ensino para transfer ncia sum ria de m todos e t cnicas de ensino e de compra de materiais unificados e adequados para o sucesso nas provas ou exames nacionais reservando se ao Estado a fun o exclusiva de definir o produto esperado educa o para a cidadania e os mecanismos de aferi o da qualidade do produto efetivamente produzido aluno civilizado e cidad o ARELARO 2007 p 917 De acordo com o que se observa no discurso de muitos empres rios a sa da para a crise educacional vivida no Brasil e a melhoria no n vel de escolaridade da popula o estaria no repasse da administra o das escolas por parte do Estado para a iniciativa privada Enquanto isso n o acontece s parcerias p blico privado se proliferam nos sistemas educacionais na grande maioria dos Estados e munic pios brasileiros 62 CAP TULO Il GERENCIALISMO TRABALHO DOCENTE E POL TICAS DE AVALIA O REPERCUSS ES NA EDUCA O NO BRASIL Este cap tulo tem como objetivo discorrer acerca da reestrutura o educacional no Brasil a partir da reconfigura o do Estado bem como suas repercuss es nas pol ticas p blicas voltadas para o campo educacional Para tal o cap tulo est subdividido em tr s se es Na primeira se o trata se da inser o do gerencialismo na gest o p blica e suas repercuss es nas reformas educacion
10. que os resultados sobre o desempenho escolar ser o percebidos Desta forma em um futuro pr ximo possivelmente teremos novamente uma acentuada queda 168 nas taxas de n o promo o sem que haja altera es na melhoria do desempenho escolar ALVES 2007 p 539 A influ ncia do Indicador de Fluxo no IDEB das escolas pode ser observado por exemplo no valor do IDEB da escola 1 relativos aos anos finais uma vez que embora a escola tenha subido sua m dia no Indicador de Aprendizado ver fig 19 diminuiu seu IDEB devido a diminui o do Indicador de Fluxo ver fig 18 Portanto para a escola ter um IDEB satisfat rio n o basta melhorar o desempenho dos alunos na Prova Brasil necess rio tamb m diminuir o ndice de reprova o como apontamos anteriormente O Indicador de Anprendizado apresentou crescimento nas quatro escolas estudadas quantitavamente ainda assim todas as escolas obtiveram resultados abaixo do valor adequado em Matem tica e apenas uma escola obteve m dia acima do valor adequado em Portugu s 7 2009 2011 Indicador de Aprendizado 1 2 3 4 Escolas anos finais Figura 24 Evolu o do Indicador de Aprendizado nos anos finais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Ao analisarmos a performance das escolas de acordo com a localiza o geogr fica no munic pio de Santa Maria os dados revelam que a maioria das escola
11. crist o na Alemanha Ocidental etc Harvey 1992 aponta que esses criaram tanto um crescimento econ mico est vel como um aumento dos padr es materiais de vida atrav s de uma combina o de Estado de bem estar social administra o econ mica keynesiana e controle de rela es de sal rio 35 Durante um bom per odo o New Deal americano e o Estado de bem estar europeu adotaram uma pol tica de conviv ncia do capitalismo com um forte setor p blico negocia es sindicais pol ticas de renda e segularidade social etc MORAES 2001 o Estado assume importante papel em v rios setores na cria o de pleno emprego na manuten o de uma estrutura de servi o de bem estar habita o sa de previd ncia transporte urbano etc na gradual implanta o de pol ticas sociais que atenuassem desigualdades materiais acentuadas pelo funcionamento n o monitorado do mercado etc MORAES 2001 p 30 31 Ainda onde o Estado de bem estar social estava mais desenvolvido as negocia es trabalhistas n o atingiam todos e as desigualdades produziram tens es sociais acarretando a emerg ncia de movimentos em meio aos exclu dos PERONI 2003 Para contornar os problemas o Estado passou a garantir o que Harvey 1992 denomina sal rio social conforme o autor a legitima o do poder do Estado dependia cada vez mais da capacidade de levar os benef cios do fordsmo a todos e de encontrar meios de oferecer assist ncia m dic
12. es do trabalho Revista da FAEEBA Educa o e Contemporaneidade v 17 n 30 p 43 58 jul dez 2008 258 LESSARD C BRASSARD A LUSSIGNAN J Les tendances des politiques ducatives en matiere de structures et de r gulation d imputabilit et reddition de comptes les cas du Canada Otario et Colombie Britannique de la France et du Royaume Uni Montr al LABRIPROF CRIFPE Facult des Sciences de Education Universit de Montr al 2002 LIMA K Terceira via ou social liberalismo bases para a refunda o do projeto burgu s de sociabilidade DF Ano XIV N 34 outubro de 2004 LOPES A e LOPEZ S A performatividade nas pol ticas de curr culo o caso do ENEM Educa o em Revista v 26 n 1 p 89 110 abr 2010 MAINARDES J e MARCONDES M Entrevista com Stephen J Ball um di logo sobre justi a social pesquisa e pol tica educacional Educa o amp Sociedade Campinas vol 30 n 106 p 303 318 jan abr 2009 MAU S O Os organismos internacionais e as pol ticas p blicas educacionais no Brasil In GON ALVES L A O Curr culo e Pol ticas P blicas Belo Horizonte Aut ntica 2008 p 9 28 MAU S O Regula o educacional forma o e trabalho docente Revista Estudos em Avalia o Educacional n 44 p 1 20 set dez 2009 MERCH N IGLESIAS F J La introducci n en Espa a de la pol tica educativa basada en la gesti n empresarial de la escuela El caso de An
13. o para os professores e grupos restaurativos visando uma comunica o n o violenta Al m desses projetos a escola possui outras atividades tais como caminhadas envolvendo toda a comunidade escolar O objetivo da escola de acordo com o PPP proporcionar ao educando educador a oportunidade de buscar subs dios para a continuidade de sua forma o moral social afetiva e intelectual bem como os meios para sua intera o como cidad o participativo na sociedade promovendo a dignidade do ser humano pela democratiza o e busca do saber Na avalia o de 2009 a escola ficou com IDEB igual h 3 8 nos anos iniciais e 3 9 nos anos finais Devido aos seus resultados A Escola Verde neste ano ficou entre as 26 escolas com menor IDEB do munic pio por esta raz o a Escola foi inserida no plano de a es da SMED com vistas a melhorar o IDEB da Escola na pr xima avalia o Sendo assim no ano de 2010 os professores da escola e os gestores foram convocados pela SMED para participar de v rios cursos de capacita o al m disso foram aplicados alguns exames simulados na escola pela SMED com vistas a verificar o desempenho dos alunos e melhorar os resultados na prova Brasil Ao analisarmos a evolu o do IDEB da escola Verde podemos observar na fig 19 que a escola tem apresentado melhora significativa nos ndices referentes aos anos iniciais Embora a escola em todas as avalia es tenha obtido m dias abaixo da m dia municipal pa
14. repassando responsabilidades que s o de sua al ada para uma entidade privada Independente da qualidade dos servi os prestados pela institui o parceira ao nosso entender obriga o do munic pio ofertar uma educa o de qualidade para todos os estudantes e n o transferir esta responsabilidade para uma entidade privada por meio de parcerias se eximindo de suas fun es Al m disso essa parceria ainda mais preocupante do que aquelas estabelecidas com institutos privados por meio da compra de pacotes pedag gicos ou sistemas de apostilamento Pois no caso da parceria firmada com a Sociedade Vicente Pallotti a escola deixa de fazer parte da rede municipal de ensino passa a ser cat lica e a seguir as orienta es e preceitos do projeto de vida de S o Vicente Pallotti Ou seja a escola ir seguir orienta es pr prias diferentes das demais escolas da rede municipal com autonomia pedag gica e com corpo docente e de funcion rios contratados pela pr pria escola e utilizar as instala es das antigas escolas que at ent o eram mantidas e de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Santa Maria A partir das an lises aqui empreendidas do car ter das atuais pol ticas educacionais e dos depoimentos dos gestores da SMED podemos evidenciar nas a es da SMED algumas caracter sticas que apontam para um modelo de gest o influenciado pelas pol ticas de accountability uma vez que o conceito de accontabilit
15. EV eu sou formada em geografia e sou diretora da escola da tem uma professora de matem tica com dois dias de atestado da eu vou dar aula no teu lugar N o tem como eu posso at pegar um exerc cio que tu mandaste e tentar desenvolver na aula mas eu n o vou desenvolver uma aula de matem tica como tu com tanta compet ncia quanto uma pessoa formada na rea Joutro problema estrutural o diretor e o vice diretor t m l no anexo 2 e 3 do plano de carreira e tamb m na lei de gest o a fun o do diretor do vice diretor do supervisor e do coordenador pedag gico e n o esta a fun o deles atuar como um substituto na escola eles t m uma folha inteira de atribui es e se eles conseguirem cumprir com todas aquelas atribui es j est muito bom eles t m o que fazer na escola professora Marisol EV A gente achou complicado por exemplo a vice diretora a supervisora muitas vezes elas n o s o formadas numa rea especifica por exemplo eu sou supervisora e sou formada em pedagogia a da tarde formada em artes ent o como que a gente vai dar uma aula de matem tica para os anos finais 144 complicado mas a gente sempre procura substituir os professores gestora Neuza EV Como apontam os depoimentos anteriores a substitui o dos professores que est o afastados ou que por alguma raz o est o ausentes na escola j uma pr tica corriqueira nas escolas mas isso n o significa que se
16. PERONI V et al Dilemas da educa o brasileira em tempos de globaliza o neoliberal entre o p blico e o privado Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 BRASIL Minist rio da Administra o Federal e Reforma Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasil 1995 254 BRASIL Minist rio da Educa o PDE Plano de Desenvolvimento da Educa o Prova Brasil ensino fundamental matrizes de referencia t picos e descritores Bras lia MEC SEB Inep 2008 BROOKE N Responsabiliza o Educacional no Brasil Revista lberoamericana de Evaluaci n Educativa v 1 n 1 p 93 109 2008 BEAUD M Hist ria do capitalismo de 1500 aos nosso dias S o Paulo Editora Brasiliense 1989 BERTAGNA R H Progress o continuada limites e possibilidades 2008 Tese Doutorado Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campinas Campinas BOURDIEU P A escola conservadora as desigualdades frente escola e cultura Educa o Revista Belo Horizonte 10 p 3 15 dez 1989 CAMARGO R et al Sobre o financiamento no Plano de Desenvolvimento da Educa o Cadernos de Pesquisa S o Paulo v 38 n 135 dez 2008 CARABANA J Las diferencias entre pa ses y regiones em las pruebas PISA Documento 2 del Colegio Libre de Em ritos 2009 CARNOUY M Educa o economia e Estado base e superestrutura rela es e media es S o Paulo Cortez Autores Associados 1987 CARVALHO E J Reestr
17. elas passaram a ser operacionalizadas em conjunto j que uma amostral e a outra censit ria cumprem objetivos diferentes Por ser universal a Prova Brasil amplia o alcance dos resultados oferecidos pelo SAEB Como resultado a Prova Brasil fornece as m dias de desempenho para o Brasil regi es e unidades da Federa o para cada um dos munic pios e escolas participantes Peroni em seus estudos tra a algumas semelhan as entre a Prova Brasile o SAEB de acordo com dados oficiais do Minist rio da Educa o e S o avalia es para diagn stico em larga escala desenvolvidas pelo Inep MEC que objetivam avaliar a qualidade do ensino a partir de testes padronizados e question rios socioecon micos e Ambas avaliam as mesmas disciplinas L ngua Portuguesa e Matem tica e Nas duas testagens o foco da L ngua Portuguesa a leitura e da Matem tica a resolu o de problemas e No question rio socioecon mico os estudantes fornecem informa es sobre fatores de contexto que podem estar associados ao desempenho Logo ap s a realiza o dos testes os alunos dever o responder a um question rio socioecon mico e cultural com 44 quest es que serve para a caracteriza o dos estudantes Professores de L ngua Portuguesa e Matem tica das s ries avaliadas al m dos diretores das escolas tamb m s o convidados a responder question rios que possibilitam conhecer a forma o profissional pr ticas pedag gicas n vel s
18. es estandardizadas baseadas em processos e produtos estandardizados de tal forma a possibilitar compara es para que os consumidores tenham informa es relevantes a fim de fazerem escolhas no mercado APPLE 2005 Nesta perspectiva o a estudante cada vez mais mercantilizado Assim cada estudante posicionado a e avaliado a de uma forma diferente no mercado educacional ou seja o processo de competi o institucional no mercado apela a uma economia do valor do a estudante BALL 2001 p 108 Dentro desse processo de mercantiliza o da educa o e com os novos mecanismos inseridos no campo educacional Ball 2010 argumenta que algumas institui es educacionais se transformar o no que quer que seja 52 necess rio para florescer no mercado O cerne do projeto educativo arrancado e esvaziado Gentili 1996 observa que nas reformas implantadas pelos governos neoliberais dois aspectos s o muito importantes por um lado a necessidade de estabelecer mecanismos de controle e avalia o da qualidade dos servi os educacionais na ampla esfera dos sistemas e de maneira espec fica no interior das pr prias institui es escolares por outro a necessidade de articular e subordinar a produ o educacional s necessidades estabelecidas pelo mercado de trabalho GENTILI 1996 p 24 Na perspectiva neoliberal um conceito espec fico de qualidade ganha espa o sendo proveniente das pr tica
19. es no campo educacional no qual alguns apresentam um posicionamento favor vel meritocracia como forma de valoriza o do trabalho docente e como uma 199 pol tica de incentivo enquanto outros se posicionam desfavor veis remunera o associada ao desempenho dos alunos em sistemas de avalia o em larga escala Uma vez que esta pr tica pode resumir o trabalho docente ao cumprimento de metas e pr ticas pedag gicas restritas aos resultados vinculando o processo educacional a padr es de desempenho sem levar em considera o o contexto escolar e a realidade local A partir dos depoimentos dos sujeitos desta tese podemos evidenciar diferentes posicionamentos em rela o ao Pr mio Qualidade na Educa o assim alguns professores s o favor veis pol tica de premia o como aponta os seguintes relatos a gente foi bem criticada quando n s recebemos a premia o porque a meritocracia uma coisa que a maioria n o gosta eu achei que foi uma valoriza o os professores se sentiram mais motivados tanto que eles nos disseram n s vamos ganhar o premio novamente eu senti assim para a escola foi muito bom para a comunidade escolar foi muito bom os pais adoraram a escola ganhou premio em dinheiro tamb m a gente reformou toda a sala dos professores Ent o eu particularmente gostei do pr mio e eu acho que a gente vai lutar para ganhar de novo Gestora Maria EA agora sinceramente o q
20. gest o na gest o que a administra o p blica se torna mais efetiva e eficiente onde ocorrem as mudan as culturais necess rias e onde as pr ticas administrativas gerenciais de fato ocorrem Na gest o se definem os indicadores de desempenho que se treina e motiva o pessoal que se desenvolvem estrat gias flex veis para o atingimento das metas estabelecidas Para Damesceno 2010 p 118 a Reforma Gerencial do Estado no Brasil em 1995 envolveu uma mudan a na estrat gia de gest o a partir de uma estrutura administrativa que al m de propor a descentraliza o para os estados e munic pios e a desconcentra o de autoridade para os dirigentes das ag ncias estatais federais estaduais e municipais tamb m prop s uma nova classifica o das atividades do Estado delimitando com clareza as suas fun es a partir de tr s reas as atividades exclusivas do Estado os servi os sociais e cient ficos e a produ o de bens e servi os para o mercado Peroni et al 2009 p 772 aponta a gest o democr tica da educa o est sendo subsumida por outra l gica de gest o que tomou como imperativo a persecu o da administra o por objetivos em escala organizacional com fortes componentes de divis o do trabalho de racionalidade instrumental e hierarquia estrutural com vistas qualidade total do setor educacional A partir desse novo paradigma gerencialista das ltimas d cadas os modelos buroc
21. gest o com performatividade e com transforma es na natureza do pr prio Estado As reformas possuem tecnologias de pol ticas como explica Ball 2001 tais tecnologias se manifestam por meio de tr s formas a forma do mercado gest o e performatividade Assim as tecnologias de pol ticas envolvem a 99 implementa o calculada de t cnicas e artefatos para organizar as for as e capacidades humanas em redes funcionais de poder BALL 2001 p 105 A sobreviv ncia no mercado educativo torna se a nova base de prop sito comum pragmatismo e auto interesse e n o mais tica e julgamento profissional passam a ser as bases para os novos jogos de linguagem organizacional BALL 2001 p 107 Segundo o autor o mercado educacional tanto de socializa quanto re socializa cria novas identidades e destr i a sociabilidade encorajando o individualismo competitivo e o instrumentalismo BALL 2001 p 107 108 A partir das rela es de mercado no campo educacional Ball 2001 p 108 destaca que o conceito e o prop sito da educa o a natureza das rela es sociais da escolariza o as rela es professor a estudante professor a pais estudante estudante s o todas desafiadas pelas for as e micro pr ticas do mercado e a sua implementa o em locais espec ficos e ambientes institucionais No que tange gest o Ball 2001 p 108 afirma que esta tem sido um mecanismo chave tanto na reforma pol tica quanto na
22. localizada nas proximidades de uma rea de invas o e de extrema miserabilidade a maioria da comunidade enfrenta graves problemas econ micos e sociais Em fun o da Escola Verde possuir um espa o f sico maior do que a Escola Amarela existem diferen as significativas nos dados relativos ao n mero de professores e alunos das escolas A Escola Verde apresenta um n mero maior de alunos nas salas de aula chegando a ter turmas com 36 alunos enquanto que na Escola Amarela a m dia das turmas de 25 alunos hoje n s temos 440 alunos com uma m dia de 25 alunos por turma n s s temos menos alunos no 1 ano porque uma sala menor e no 1 ano n s temos v rios alunos inclu dos gestora Maria EA eu tive turma este ano com 36 alunos tem espa o f sico e a SMED controla isso se tem espa o f sico enche a sala professora Hort ncia EV Sobre isso em estudo realizado por Gomes 2005 p 285 constatou se que escolas pequenas de 300 a 500 alunos alcan am aproveitamento mais alto maior assiduidade menor evas o e menos indisciplina considerando assim o tamanho da escola como vari vel importante Do mesmo modo o autor enfatiza que resultados mais positivos para a aprendizagem se operam em turmas que variam entre 16 e 27 alunos GOMES 2005 Outro fator relevante concerne popula o atendida pela Escola Verde que por se tratar de alunos com graves problemas econ micos e sociais produzem diferentes efeito
23. m considerei relevante escolher um munic pio que possu sse uma pol tica de bonifica o visto que no Rio Grande do Sul esta pol tica n o comum Escolhido o munic pio a minha primeira a o foi buscar o m ximo de informa es poss vel sobre a rede municipal de ensino e as a es desenvolvidas pela SMED Nesse sentido realizei uma primeira visita a Secret ria buscando autoriza o para a realiza o da minha pesquisa e aproveitei para agendar uma entrevista com a supervisora pedag gica respons vel pelo plano de a es do setor pedag gico importante salientar que j na primeira visita a SMED fui muito bem recebida por todos que ali trabalham e tive a autoriza o para dar continuidade na pesquisa bem como consegui agendar a minha primeira entrevista com a supervisora pedag gica A partir da primeira entrevista com a supervisora e tendo acesso ao plano de a es da SMED decidi que seria fundamental investigar o contexto escolar o que certamente enriqueceria a pesquisa Com isso fazem parte do 103 campo emp rico da pesquisa a Secretaria Municipal de Educa o SMED e duas escolas da rede municipal de ensino de Santa Maria RS Tendo em vista que o IDEB tem sido o eixo norteador das a es da SMED este indicador foi fundamental para a escolha das escolas assim optei por investigar duas escolas que possu ssem diferen as consider veis nos indicadores do IDEB Escolhi portanto uma das escolas com ma
24. mas que se integram numa rede complexa de servi os e informa es resultantes em parte da terceiriza o das economias Essa crescente permeabiliza o do campo educativo relativamente ao tecido econ mico respons vel por importantes 65 transforma es na estrutura curricular e na defini o dos atores e dos interesses a quem se reconhece uma legitimidade para intervir na defini o da vida das escolas bem como nos mecanismos de planifica o e gest o dos sistemas educativos Trata se de um novo padr o desenvolvimentista no qual o campo econ mico o eixo central e a partir desse se articulam o social e o educacional al m de ser o par metro maior de orienta o das pol ticas p blicas em geral e educacionais em particular Souza 2002 p 89 Como explica Ball 2004 p 1109 as pol ticas sociais e educacionais est o sendo articuladas e legitimadas expl cita direta e muitas vezes exclusivamente em fun o do seu papel em aumentar a competitividade econ mica por meio do desenvolvimento das habilidades capacidades e disposi es exigidas pelas novas formas econ micas da alta modernidade A educa o passa a ser pensada e analisada a partir da l gica do mercado donde surge a necessidade de novos modelos de gest o De acordo com os neoliberais os sistemas educacionais enfrentam uma profunda crise de efici ncia efic cia e produtividade Portanto o que existe de fato n o uma
25. ndice dobrado e 4 triplicados A partir desses dados constata se uma melhora muito significativa no DEB de alguns munic pios o que desperta curisiosidade uma vez que sabido que em se tratando de educa o os resultados costumam levar anos para gerar efeitos concretos e portanto as redes de ensino n o apresentam saltos desta natureza em prazo t o curto Segundo os autores Quando analisamos os munic pios que apresentaram crescimento igual ou maior de 50 constatamos que a varia o decorreu principalmente da varia o positiva na taxa de aprova o um dos dois componentes do IDEB Sabe se que se pode alterar a taxa de aprova o simplesmente atrav s de uma medida administrativa introdu o de promo o continuada por exemplo sem qualquer impacto real na qualidade do ensino oferecido Os estudos na rea mostram que as notas dos alunos est o muito vinculadas ao n vel socioecon mico das fam lias e portanto n o sofrem grandes 163 varia es em intervalo curto de tempo Por isso tamb m demandam de investiga o os 185 munici pios que apresentaram uma varia o entre 2005 e 2007 igual ou superior a 20 na nota m dia padronizada para as s ries iniciais do ensino fundamental CAMARGO et al 2008 p 831 832 Conforme j exposto anteriormente o plano de a es da SMED teve como principal objetivo melhorar os ndices de 21 escolas da rede municipal de ensino que na avalia o de 2009 alcan aram m di
26. o apresentar sua pr pria caracteriza o hist rica disciplinar s cio economica e pol tica justifica a import ncia de estudar sua hist ria na dire o de aprofundar as especificidades e desenvolvimentos Com isso poss vel compreender a tend ncia de fortalecimento desaparecimento ou poss veis modifica es nos diversos campos de atua o o que implica na necessidade de explicar as profiss es na sua g nese desenvolvimento tend ncias e perspectivas suscept veis de mudan as RAMALHO NUNES E GAUTHIER 2004 p 49 De acordo com Ramalho Nu es e Gauthier 2004 p 50 O processo de profissionaliza o da doc ncia representa uma mudan a de paradigma no que se refere forma o o que implica sair do paradigma dominante baseado na racionalidade t cnica para se procurar um paradigma emergente ou da profissionaliza o no qual o professor construtor da sua identidade profissional segundo os contextos espec ficos de produ o dessa identidade O significado do termo profissionalismo como assinala Hypolito 1999 pode variar conforme quem o pronuncia e o lugar de onde pronunciado Sob a tica dos professores e das professoras a profissionaliza o tem um significado preso forma o de qualidade a condi es de trabalho que favore am um trabalho reflexivo ao controle sobre os processos de ensinar e aprender e democratiza o da organiza o escolar J sob a tica
27. os e benef cios sociais de alcance universal promovidos pelo Estado com a finalidade de garantir uma certa harmonia entre o avan o das for as de mercado e uma relativa estabilidade social suprindo a sociedade de benef cios sociais que significam seguran a aos indiv duos para manterem um m nimo de base material e n veis de padr o de vida que possam enfrentar os efeitos delet rios de uma estrutura de produ o capitalista desenvolvida e excludente Nas palavras de Torres 1995 p 112 o Estado de bem estar representa um pacto social entre s organiza es institucionais do capitalismo do in cio do s culo na Europa especialmente nas origens da social democracia europ ia com as express es mais vigorosas nas social democracias escandinavas No caso brasileiro alguns autores como Gomes 2006 p 221 entende que mesmo considerando suas especificidades n o se constituiu um sistema de seguridade social pr ximo do modelo que ficou conhecido como welfare state Talvez seja mais coerente considerar que durante todo o processo hist rico de forma o e estrutura o das formas do Estado moderno no Brasil n o se tenha implementado mais do que apenas algumas pol ticas de bem estar social Embora as formas de intervencionismo estatal fossem diferentes entre os pa ses capitalistas avan ados e as suas grandiosas diferen as ideol gicas governamentais gaullista na Fran a trabalhista na Gr Bretanha democrata
28. par metro de qualidade do trabalho que desenvolvido pelas institui es e seus profissionais A pr tica docente passa a ser influenciada tamb m pelos ndices e pela performance dos alunos como expressam os seguintes depoimentos Eu acho que tem uma press o muito grande queira ou n o queira por mais que eu n o me importe ah se a escola n o 190 for t o bem mas acaba que o olhar se volta sempre para mim para a professora do 5 ano ent o uma press o muito grande quem era a professora o que ela trabalhou ent o uma press o muito grande eu tento n o me deixar levar por isso mas a cobran a vem Professora Margarida EA todos os professores v o reclamar da press o que a dire o exerce querendo que os alunos sejam aprovados segundo os professores sem aprender ent o se a reprova o passa dos 30 considerado um valor muito ruim e realmente ruim mas em certos casos n o h o que fazer Professora Hort ncia EV a gente est pensando vamos reprovar s mesmo o extremo aquele que n o sabe mesmo que n o tem o m nimo de pr requisito para o pr ximo ano o restante a gente vai aprovar da a gente vai aprovar e vai indicar aquelas crian as que passaram fracas com problemas de aprendizagem no pr ximo ano para o turno integral que o Mais Educa o Gestora Neuza EV A refer ncia que a professora Hort ncia EV faz quanto press o que os gestores exercem para que se tenh
29. problemas das escolas em posi o vantajosa na disputa por recursos Com isso as escolas bem situadas podem exterioriza os seus problemas e assegurar melhores condi es para seu funcionamento sabendo que o sistema escolar vai garantir o direito a matricula aos alunos que delas se transferem RNICA e BATISTA 2012 p 657 Do mesmo modo os autores argumentam que escolas melhores situadas conseguem mais facilmente assegurar alunos e profissionais que atendem aos requisitos o que lhes assegura um melhor funcionamento Ao ser questionada sobre o comportamento dos demais professores no que concerne a sua premia o na escola X a professora tece os seguintes coment rios Olha eu n o percebi nenhuma resist ncia pessoal porque as pessoas costumam fazer piada disso quem sabe tu duas pessoas diferentes l tu uma e aqui tu outra eu acho que isso n o levado muito a s rio eu n o senti nenhuma resist ncia geralmente o que fazem piada mesmo justamente porque os professores percebem que estas avalia es elas tem falhas elas n o expressam a realidade ent o eles n o d o tanta import ncia assim eu acho que os professores d o muito menos import ncia para estes ndices e estas avalia es do que o governo gostaria Para Andrade 2008 p 455 um sistema mais completo que envolve bonifica es e penalidades tende a apresentar um resultado mais eficaz contudo o autor esclarece
30. professora Hort ncia EV Os relatos acima fazem alus o dificuldade que os professores apresentam em trabalhar na Escola Verde as quais n o est o atreladas as condi es de infraestrutura da escola que s o muito boas mas est relacionada a popula o atendida pela escola uma vez que os alunos apresentam in meras car ncias sejam elas sociais econ micas afetivas intelectuais que produzem diversas repercuss es no trabalho docente como fica evidente nos depoimentos De acordo com estudos realizados por rnica e Batista 2012 p 656 as escolas situadas em territ rios de alta vulnerabilidade acumulam desvantagens e tendem a se consolidar como locais de decanta o dos diversos problemas das escolas em posi o de vantagem Os autores apontam dois grandes problemas enfrentados por essas escolas em primeiro lugar essas escolas tendem a concentrar os alunos com baixos recursos culturais familiares e em segundo lugar essas escolas t m maiores dificuldades para atrair e manter um quadro est vel de profissionais qualificados e engajados Em seu depoimento a professora Hort ncia EV ressalta eu nunca trabalhei numa escola que os alunos precisassem tanto de mim como eles precisam l e isso bom porque a gente se sente necess rio eu n o pretendo sair da Escola Verde porque tem certos alunos que n o precisam de n s eu tenho muitos alunos que aprendem sozinhos e ali n o eles realmente necessi
31. que mudam expectativas e indicadores que nos fazem 100 continuamente responsabilizados e constantemente vigiados BALL 2001 p 110 No atual contexto das reformas educacionais a performatividade a gest o e o mercado entrela ados t m diferentes repercuss es seja no aumento das press es e do estresse emocional provocado pelo aumento do ritmo e intensifica o do trabalho seja nas altera es das rela es sociais mediados pela competi o entre os docentes da pr pria escola bem como entre as escolas Para a an lise das pol ticas a abordagem do ciclo de pol ticas proposto por Ball traz significativas contribui es visto que a partir dos ciclos poss vel pensar sobre as pol ticas e a forma como s o elaboradas O ciclo de pol ticas composto por cinco contextos contexto de influencia contexto de produ o de texto contexto da pr tica contexto dos resultados ou efeitos e contexto da estrat gia pol tica no contexto de influ ncia que geralmente as pol ticas p blicas s o iniciadas e os discursos pol ticos s o constru dos contudo muitas vezes podem se originar de demandas e press es surgidas em outros contextos Atuam nesse contexto as redes e movimentos sociais partidos pol ticos governos e processos legislativos nesse contexto que grupos de interesse disputam para influenciar a defini o das pol ticas p blicas das finalidades sociais da educa o e do que significa ser educador Aq
32. sica ou outros dois pedagogos que substituem eles neste hor rio e eles v o para a sala dos professores planejar as suas atividades ent o dentro da escola que acontece este planejamento muito bom gestora Neusa EV n s temos o hor rio de planejamento das aulas para os professores da uma vez por semana a coordenadora 241 pedag gica faz o planejamento com as professoras depois do recreio gestora Olga EV Ainda que as gestoras se esforcem para desenvolver um trabalho em conjunto com os professores podemos observar que predominam os trabalhos com grupos menores de acordo com o ano em que trabalham ou por turno Com isso mesmo havendo reuni es semanais com os professores as gestoras encontram dificuldades em reunir todo quadro docente da escola ou boa parte dele visto que a maioria dos professores s possui 20 horas na escola portanto o trabalho acaba sendo desenvolvido de acordo com o turno em que o professor ministra suas aulas sem haver uma integra o entre o conjunto de professores da escola como pondera a professora Hort ncia os professores s o um grande grupo ent o a dire o at faz um esfor o no sentido de integrar tem v rios eventos durante o ano reuni es com todos os professores e a comunidade mas mais dif cil de haver uma integra o O envolvimento dos professores e a sua participa o no processo de gest o da escola muito importante uma vez que a comunidade escolar quem
33. uma no inicio e outra ao t rmino do ano letivo Conforme seus 91 idealizadores a inten o oferecer aos professores e gestores escolares um instrumento que permita acompanhar avaliar e melhorar a qualidade da alfabetiza o e do letramento inicial oferecidos s crian as Assim a partir das informa es obtidas pela avalia o os professores teriam condi es de verificar as habilidades e defici ncias dos estudantes Os resultados da Provinha Brasil n o s o divulgados ficando restrita apenas a escola No Rio Grande do Sul para refor ar e complementar essas avalia es foi criado o Sistema de Avalia o do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul SAERS S O SAERS foi criado por meio de decreto do Governo do Estado em 2007 para obter informa es sobre a qualidade do ensino nas escolas ga chas Participam da avalia o as escolas da rede p blica estadual urbanas e rurais independente do n mero de alunos E as redes municipais e particulares cujas mantenedoras aderirem ao SAERS S o avaliadas as turmas da 22 e 5 s rie do Ensino Fundamental de oito anos letivos ou do 3 e 6 ano do Ensino Fundamental de nove anos letivos e as turmas do 1 ano do Ensino M dio A prova contempla as disciplinas de L ngua Portuguesa leitura e interpreta o de textos e ditado de frases na 2 s rie 3 ano e Matem tica resolu o de problemas Tamb m s o aplicados question rios aos alunos professores e diretores para id
34. Avalia o da Educa o B sica SAEB composto pela Avalia o Nacional da Educa o B sica ANEB e a Avalia o Nacional do Rendimento Escolar Prova Brasil Como observa Hypolito 2010 p 1344 o conjunto desses programas e pol ticas de avalia o demonstram a centralidade nos aspectos econ micos 175 em detrimento dos aspectos pol ticos e sociais como deslocamento da educa o para a esfera do econ mico Trata se do desenvolvimento de uma pol tica de possibilidades de escolha para o p blico em geral e de modo particular para os pais que se d por meio dos resultados dos estabelecimentos de ensino a partir do que mensurado como eficiente ou ineficiente HYPOLITO 2010 p 1344 No que concerne s pol ticas curriculares Hypolito Leite e Vieira 2011 p 5 destacam que os exames e os sistemas de avalia o funcionam como reguladores das pr ticas curriculares e das decis es pedag gicas das escolas muito embora se tenha um discurso de que o curr culo n o seja prescritivo visto que n o temos um curr culo nacional mas t o somente par metros e referenciais curriculares as avalia es padronizadas t m o car ter prescritivo do curr culo Mons 2009 p 107 observa que as avalia es padronizadas definem e imp em claramente os conte dos de ensino entendidos como priorit rios 4 3 1 Pol ticas curriculares e sistemas de avalia o uma an lise a partir das percep es dos p
35. CRIFPE EA ENEM ENCCEJA EV FHC FNDE FMI FUNDAE GEEMPA GQT Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica de Santa Maria Instituto Nacional de Estudos Pedag gicos Minist rio da Educa o Manuten o de Desenvolvimento do Ensino Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico Organiza o Mundial do Com rcio Plano de Desenvolvimento da Educa o Programa Dinheiro Direto na Escola Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Programa Institucional de Bolsa de Inicia o Doc ncia Primeira Inf ncia Melhor Partido do Movimento Democr tico Brasileiro Programa Nacional do Livro Did tico Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento Parcerias P blico Privada Projeto Pol tico Pedag gico Programa de Preven o a Viol ncia Programa de Atendimento Especializado Municipal Programa de Educa o para o Tr nsito IBGE IDEB IDESM INEP MEC MDE OCDE OMC PDE PDDE PDRAE PIBID PIM PMDB PNLD PNUD PPP PPP PPV PRAEM PROET Projeto Olhar Brasil Programa Universidade para todos Programa Nacional de Tecnologia Educacional Programa Municipal de Forma o em Educa o Ambiental Rede Municipal de Educadores Ambientais Rio Grande do Sul Sistema de Avalia o da Educa o B sica Sistema de Avalia o do Rendimen
36. DEB das escolas da rede municipal de ensino foi poss vel constatar que na avalia o relativa ao ano de 2011 a maioria das escolas avaliadas obteve um crescimento nos resultados do IDEB Uma vez que o c lculo do IDEB composto pelo Indicador de Aprendizado e Indicador de Fluxo entendemos necess rio analisar os resultados das escolas em cada indicador 245 Tal an lise nos possibilitou verificar que a rede na sua maioria teve um crescimento em ambos os Indicadores tanto nos Anos Iniciais como tamb m nos Anos Finais Contudo cabe ressaltar alguns aspectos referentes aos Indicadores No que tange ao Indicador de Aprendizagem preciso considerar que esse crescimento pode estar atrelado a muitos fatores que podem mascarar os resultados como por exemplo o treinamento cont nuo dos alunos para a realiza o do exame com aplica o de vers es anteriores da Prova Brasil a realiza o de simulados tanto pela escola como pela SMED a sele o pr via dos alunos que realizam a Prova dentre outros O uso desses mecanismos podem influenciar profundamente nos resultados dos alunos na Prova Brasil o que significaria uma melhora do Indicador e n o uma educa o de qualidade como apontamos no decorrer desta tese Do mesmo modo o Indicador de Fluxo tem sido alvo de muitas escolas na tentativa de melhorar os seus resultados no IDEB no caso da rede municipal de ensino de Santa Maria observamos um crescimento desse Indicador na maiori
37. Do mesmo modo ficou evidente que as a es da SMED n o produzem os mesmos efeitos em todos os contextos escolares As diferen as existentes entre as escolas o contexto escolar de modo geral refletem no desempenho dos alunos na Prova Brasil e consecutivamente no resultado obtido no IDEB Entretanto cabe ressaltar que o resultado da escola no IDEB a nosso ver n o significa que determinada escola seja melhor do que outra mas sim que os sistemas de avalia o em larga escala desconsideram elementos essenciais para uma Educa o de qualidade 243 CONSIDERA ES FINAIS N o temos a pretens o nessas considera es finais de encerrar o debate acerca das pol ticas educacionais no Brasil nas ltimas d cadas Com base na literatura que foi objeto desta tese o que pretendemos ampliar as reflex es bem como recuperar e discutir os principais achados da pesquisa tendo como base as quest es centrais que mobilizaram e orientaram os caminhos investigativos desse trabalho O objetivo central da pesquisa analisar as pol ticas de gest o educacional na rede municipal de ensino de Santa Maria RS que se apresentam com nfase na meritocracia nos ndices educacionais e nas pol ticas de avalia o relacionadas aos temas da gest o escolar trabalho docente curr culo e sistemas de avalia o Para alcan ar este objetivo foi necess rio situar o objeto de estudo no contexto mais amplo de discuss o acad mica e pol tica s
38. Entre o gerencialismo e a democracia In WERLE Fl via org Contribui es e Debates sobre Avalia o em Larga Escala prelo HYPOLITO A M VIEIRA J PIZZI L Reestrutura o curricular e auto intensifica o do trabalho docente Curr culo sem Fronteiras v 9 n 2 p 100 112 Jul Dez 2009 HYPOLITO M LEITE M C L VIEIRA J S Pol ticas curriculares gest o e trabalho docente Trabalho encomendado GT Curr culo Pol ticas de Curr culo e Escola 342 Reuni o Anual da ANPEd 2011 AIES G Evaluar l s evaluaciones In IAIES G ETA al Evaluar las evaluaciones uma mirada pol tica acerca de las evaluciones de la calidad educativa Buenos Aires IPE Unesco 20083 P 15 36 Dispon vel em lt www oei es evaluacioneducativa evaluar evaluciones iipe pdef gt KLEIN R Como est a educa o no Brasil O que fazer Ensaio Avalia o e Pol ticas P blicas em Educa o Rio de Janeiro v 14 n 51 p 139 172 abr jun 2006 LAWN M Os professores e a fabrica o de identidades Curr culo Sem Fronteiras v 1 n 2 jul dez 2001 LARR F La mise em incitation des enseignants solution th orique ou r ponse pragmatique Revue Fran aise de P dagogie n 166 p 27 43 jan fev mar 2009 LESSARD C L cole communaut de sens ou produit de consommation T lescope v 10 n 2 p 12 17 mar 2008 LESSARD C Reformas curriculares e trabalho docente natureza e graus de prescri
39. Escola sempre obteve m dias abaixo dos valores adequados em ambas as disciplinas ficando em 2011 com dois pontos abaixo do valor adequado em L ngua Portuguesa e 18 pontos abaixo do valor adequado em Matem tica O fato da escola apresentar indices muito satisfat rios nos anos iniciais e ndices n o t o satisfat rios nos anos finais merece aten o pois os mesmos alunos que na avalia o do 5 ano obtiveram bom desempenho tiveram na avalia o do 9 ano uma queda no desempenho No que se refere ao Indicador de Fluxo observamos que na escola Amarela nos anos iniciais este indicador se manteve est vel nos anos de 2007 20 Rd a a E E TA hots TEP No caso da disciplina de Matem tica nos anos iniciais foi na avalia o de 2011 a primeira vez que a Escola alcan ou m dia acima do valor adequado nos demais anos de avalia o a m dia da Escola sempre ficou abaixo dos valores adequados para esta vari vel 21 A SET P Tamb m conhecido como indicador de rendimento calculado pelas taxas de aprova o nas etapas de cada ciclo escolar O valor m ximo 1 indicando que todos os alunos foram aprovados 116 e 2009 e obteve um crescimento de 4 em 2011 Enquanto que nos anos finais ocorreu uma varia o maior no Indicador de Fluxo no decorrer dos anos como nos revelam os dados Em 2007 o indicador caiu 8 na avalia o de 2009 houve um crescimento de 6 conquanto no ano de 2011 o indicador teve uma queda de 1
40. Escolas anos finais Figura 20 Evolu o do IDEB nos anos finais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 muito prov vel que o plano de a es da SMED seja em grande parte o respons vel pela melhoria dos ndices da rede municipal de ensino entretanto necess rio levar em considera o todos os aspectos relativos ao indicador de aprendizado e ao Indicador de Fluxo como j apontamos anteriormente Sendo assim acreditar fielmente que uma m dia elevada no IDEB signifique uma educa o de qualidade seria no m nimo leviano pois um alto ndice n o representa a melhoria de todos os alunos j que se um determinado n mero de alunos sair se bem na prova a m dia subir mesmo que muitos outros continuem com baix ssimo n vel de aprendizagem escolar Al m disso ao analisamos o IDEB das escolas fundamental lan ar um olhar para os indicadores de Aprendizado e de Fluxo Nesse sentido observamos que em 89 47 das escolas o Indicador de Aprendizado teve um acr scimo o que teoricamente significa uma melhora nos resultados dos alunos em portugu s e matem tica na Prova Brasil 165 Entretanto esta melhora no indicador de aprendizado pode estar associada ao treinamento cont nuo com aplica o de vers es anteriores da Prova Brasil realiza o de simulados prepara o dos alunos para a resolu o das quest es e outras estrat gias utilizadas pela SMED em co
41. SMED esta capacita o para a Prova Brasil bem focado nas disciplinas de l ngua portuguesa e matem tica trabalhando estas quest es pra poder ajudar o professor a investir neste processo de aprendizagem dos alunos e qualificar o resultado da pr pria escola Gestora Catarina SMED Como demonstram os depoimentos da gestora Catarina a preocupa o dos gestores foi em viabilizar uma forma o continuada voltada para os sistemas de avalia o em larga escala almejando a melhoria dos resultados das institui es nessas avalia es adequando por vezes o trabalho docente em fun o dos resultados A maneira como os cursos de capacita o t m sido desenvolvidos com os professores nos parece um pouco problem tica uma vez que o planejamento do ensino passa a ser realizado em fun o dos resultados nos exames externos a fun o da escola que educar trabalhar com conte dos mais amplos com o comportamento e as rela es sociais pol ticas e afetivas desenvolver um esp rito cr tico enfim ajudar na educa o para cidadania fica comprometida Do mesmo modo o fato dos professores de L ngua Portuguesa e Matem tica que trabalham nas escolas com IDEB igual ou a baixo da m dia nacional terem sido convocados a fazer os cursos de capacita o gerou certo desconforto entre os professores como mostram os depoimentos a seguir Olha eu n o me senti nada satisfeita porque eu n o sou uma pessoa incompetente eu n o sou uma
42. a busca por resultados como apontam os depoimentos acima da gestora Maria e da professora Rosa Dentre os argumentos mais utilizados por aqueles que s o favor veis ao pagamento de bonifica o para os professores por desempenho reside no fato de que os b nus em dinheiro servem de est mulo e motiva o para os professores melhorarem o seu desempenho Contudo o professor Romualdo Oliveira posicionando se contrariamente a bonifica o por desempenho pontua que os modelos de incentivo monet rio trabalham com a ideia de que o nico elemento que define o comportamento o dinheiro ou est mulo financeiro o que j discut vel no caso do magist rio esta l gica ainda mais complicada uma vez que normalmente quem opta por ser professor provavelmente n o usou o crit rio econ mico como o nico crit rio Oliveira 2008 ressalta ainda que muito pouco prov vel que esse modelo ancorado nica e exclusivamente no est mulo financeiro tenha impacto em longo prazo Embora ainda n o se tenha um consenso entre os professores sobre a bonifica o por desempenho os seguintes depoimentos trazem alguns posicionamentos contr rios a esta pol tica como seguem mas eu vejo como uma coisa negativa eu acho que n o precisava existir esta coisa do pr mio se eles querem qualidade n o pode ser desta forma tem que ser com forma o de professores com forma o desde a educa o infantil at os 8 9 anos mas n o atrav
43. a curr culos padronizados concerne ao fato de tais pol ticas presumirem que alunos de diferentes posi es sociais e pertencentes a diferentes grupos sociais recebem o curr culo da mesma maneira ou ainda desconsideram os condicionamentos do contexto da pr tica como faz refer ncia o depoimento a seguir eu j ouvi muita discuss o a respeito disso de que uma das coisas que ajudariam a melhorar a educa o no Brasil que houvesse uma uniformiza o no curr culo do pa s que houvessem conte dos m nimos uma base m nima para todos os alunos mas eu tenho as minhas d vidas eu n o sei se isso realmente funciona n o s pelas diferen as regionais mas tamb m pelas diferen as sociais porque se s vezes a nica forma do aluno ter acesso a cultura a escola se os pais s o analfabetos se eles n o t m livros em casa muitas vezes nem televis o porque eles tem pouco vocabul rio a compreens o deles mais limitada do que um aluno que tem uma realidade diferente ent o eu n o posso querer cumprir uma determinada lista de conte dos com todos os alunos igualmente isso nunca vai funcionar professora Hort ncia A introdu o de curr culos padronizados nas escolas devem tamb m considerar que a interpreta o de pol ticas curriculares no contexto da pr tica tamb m objeto de disputas pois os professores com seus dogmas e concep es exercer o influ ncia na implementa o das pol ticas Assim esse
44. a educa o p blica do munic pio de Santa Maria RS e regi o atrav s da excel ncia da vis o sist mica e articulada pelas pol ticas de gest o de desenvolvimento profissional e de processos educacionais A secretaria tem como meta melhorar a qualidade de ensino no munic pio tendo como par metro o IDEB A partir dos resultados da avalia o da prova Brasil de 2009 e demais dados a rede municipal possu a 21 escolas com IDEB igual ou inferior m dia nacional 3 2 2 2 Caracteriza o das Escolas Municipais de Ensino Fundamental estudadas Com vistas a compreender melhor os desdobramentos das a es da SMED no mbito escolar ser o investigadas neste estudo duas escolas o Informa es coletadas nas Diretrizes Curriculares Municipais de julho de 2011 109 municipais denominadas de Escola Amarela e Escola Verde A escolha das escolas ocorreu devido ao desempenho das mesmas no IDEB a Escola Amarela est entre as escolas com maior IDEB do munic pio e a Escola Verde possui IDEB abaixo da m dia nacional estando entre as 21 escolas municipais com IDEB igual ou inferior m dia nacional O estudo dessas duas escolas tem como objetivo analisar as repercuss es das a es da secretaria nesses espa os escolares em termos das pr ticas de gest o modifica es no ensino e no curr culo e no trabalho docente Visa ainda melhor entender a realidade escolar na qual est o inseridas contudo n o se busca avaliar os seus
45. as demais 16 horas num regime de 20 horas tu tens que cumprir frente ao aluno como docente n s come amos a fazer um ajuste de carga hor ria nas escolas o que n o foi muito f cil porque este sistema vinha acontecendo ao longo dos anos foram nomeados professores para todas as modalidades de ensino desde a educa o infantil ensino fundamental mais 350 novos professores gestora Catarina SMED Outro fator que tamb m foi levado em considera o foi os contratos em regime suplementar modalidade de servi o recorrente na rede municipal de ensino uma vez que grande parte dos professores possui esses contratos como uma possibilidade de aumentar os sal rios O Regime Suplementar de Trabalho trata se de outro tipo de contrato que a Lei municipal n 4696 03 permite e que tem por objetivo suprir a necessidade de professores nas escolas O Regime Suplementar de Trabalho prev conforme a legisla o Art 24 O professor que estiver exercendo suas fun es no Sistema Municipal de Ensino sempre que as necessidades de servi o o exigirem poder ser convocado para cumprir Regime Suplementar de Trabalho de mais dez 10 horas mais vinte 20 horas ou vinte e cinco 25 horas semanais nos seguintes casos Suprir licen as de sa de superiores a quinze 15 dias Il Suprir afastamentos que n o por sa de superiores a trinta 30 dias Il Suprir conv nios com escolas particulares filantr picas IV Suprir ced ncia ou af
46. avaliados no teste de l ngua portuguesa SIMAVE PROEB 2002 In Revista Brasileira de Educa o n 29 mai jun jul ago 2005 SOUZA A L Estado e Educa o P blica tend ncias administrativas e de gest o In OLIVEIRA D A Pol tica e Gest o da Educa o Belo Horizonte Aut ntica 2002 p 89 104 SOUZA F A pol ticas educativas avalia o e trabalho docente o caso de um programa de interven o pedag gica no Rio Grande do Sul 2011 176 f Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Federal de Pelotas Pelotas 2011 SOUZA S e OLIVEIRA R Pol ticas de avalia o da educa o e quase mercado no Brasil Educa o amp Sociedade vol 24 n 84 setembro 2008 p 873 895 SOUSA S M Poss veis impactos das pol ticas de avalia o no curr culo escolar Cadernos de Pesquisa n 119 p 175 190 julho 2003 SU REZ D O princ pio educativo na Nova Direita neoliberalismo tica e escola p blica In APPLE M et al Pedagogia da exclus o o neoliberalismo e a crise da escola p blica Petr polis RJ Vozes 1995 p 253 270 SCHNEIDER M e NARDI E Pol ticas de accountability na Educa o B sica repercuss es em munic pios catarinenses In Reuni o Anual da ANPED 35 2012 Porto de Galinhas Anais Pernambuco 2012 SHIROMA E O EVANGELISTA O Profissionaliza o docente In OLIVEIRA D A DUARTE A M C VIEIRA L M F DICION RIO trabalho profiss o e condi o docente Bel
47. bem como compreender outros aspectos que comp em as pol ticas p blicas de educa o do munic pio As entrevistas foram pautadas nas seguintes categorias trabalho docente parcerias p blico privadas sistema de avalia es em larga escala pol tica de bonifica o IDEB e curr culo e tiveram em m dia a dura o de duas horas e meia No contexto das escolas foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os professores e equipe gestora Do quadro que comp e a equipe diretiva 104 foram entrevistados o diretor da escola e a coordenadora pedag gica e no que tange o corpo docente foram entrevistados os professores das disciplinas de portugu s matem tica e de uma terceira disciplina escolhida de forma aleat ria A escolha pelos professores de portugu s e matem tica se justifica pelo fato dessas duas disciplinas fazerem parte da prova Brasil e a escolha por um professor de outra rea se d justamente para compreender como os professores das demais disciplinas tem se relacionado e percebido as avalia es externas bem como as pol ticas da SMED No espa o escolar as quest es tiveram como objetivo analisar as percep es dos gestores e docentes frente s a es da SMED n o somente no mbito da prova Brasil e da prova municipal mas tamb m nos demais aspectos que repercutem no trabalho docente e na gest o escolar As entrevistas tiveram em m dia dura o de 2 horas As quest es foram pautadas nas seguintes categor
48. br index2 html acessado dia 15 de Janeiro de 2012 s 18h49min 58 t cnicos que atuam na rea educacional pais associa es comunit rias e autoridades respons veis pelo planejamento e execu o da pol tica educacional c Forma o e orienta o de professores t cnicos e profissionais ligados educa o O GEEMPA est organizado a partir de tr s grandes projetos o programa de corre o de fluxo escolar forma o de professores de alunos em classes extra idade e projeto SEC UNESCO UNDIME Na rede municipal de ensino de Santa Maria a parceria se deu atrav s do programa de corre o de fluxo escolar do GEEMPA As seis escolas contempladas para esta proposta foram analisadas e selecionadas com base nos dados do EDUCACENSO 2009 Nos dois primeiros anos de parceria o programa foi implantado em escolas com grande n mero de reprova o no 2 ano contudo a partir de 2012 o programa ser desenvolvido numa escola piloto com algumas turmas regulares que apresentam um desempenho insatisfat rio em rela o ao letramento dos alunos como mostra o depoimento da gestora Catarina este convenio permanece em 2012 com uma proposta numa escola n s teremos o GEEMPA em turmas regulares a gente vai ter esta proposta Geempiana trabalharia ent o com a corre o de fluxo e tamb m no processo de ler trabalhando com a proposta Geempiana no ensino regular Conforme a metodologia do programa os alunos permanecem frequentando as au
49. com vistas a aumentar efici ncia efic cia e produtividade HYPOLITO 2010 Portanto o atual modelo de gest o p blica no campo educacional caracteriza se por novas formas e combina es de financiamento fornecimento regula o e controle CARVALHO 2009 p 1153 Um novo elemento nas reformas educacionais apontado por Ball 2004 condiz ao que o autor denomina de acordo pol tico do p s Estado da Provid ncia ou seja trata se da emerg ncia de um novo conjunto de rela es sociais de governan a provenientes das mudan as nos pap is do Estado do capital das institui es do setor p blico e dos cidad os e nas suas rela es entre si E duas tecnologias pol ticas gen ricas est o sendo utilizadas para provocar determinadas mudan as a privatiza o e a performatividade Performatividade nas palavras de Ball 2010 corresponde a uma tecnologia uma cultura e um modo de regula o performances de sujeitos individuais ou organiza es servem como medidas de produtividade ou resultados como formas de apresenta o da qualidade ou momentos de promo o ou inspe o BALL 2010 p 38 A presta o de contas e a competi o para Ball 2010 p 38 correspondem l ngua franca desse novo discurso de poder Conforme Ball 2005 p 544 A performatividade alcan ada mediante a constru o e publica o de informa es e de indicadores al m de outras realiza es e materiais instituc
50. conservadora ou neoliberal a profissionaliza o pode significar docentes bem preparados que aplicam pacotes pedag gicos controlam tecnologias e seguem adequadamente o curr culo e o livro did tico HYPOLITO 1999 Tardif e Lessard 2007 tecem algumas considera es acerca da profissionaliza o docente a partir de um diagn stico da Europa e da Am rica do Norte A pr pria estrutura o das organiza es escolares e do trabalho dos professore se presta pouco a uma profissionaliza o s ria desse oficio fechados em suas classes os professores n o tem nenhum controle sobre o que acontece fora delas eles privilegiam consequentemente pr ticas marcadas pelo individualismo aus ncia de colegialidade o recurso experi ncia pessoal como crit rio de compet ncia etc Em suma longe de estar se profissionalizando constata se que esses diferentes fatos levantam no fundo toda a quest o da proletariza o do trabalho docente ou ao menos da transforma o de grupos de professores em equipes de executivos que n o tem nenhum v nculo com as decis es que os afetam TARDIF LESSARD 2007 p 27 74 As reformas educacionais da d cada de 1990 tiveram como eixo central a expans o da educa o b sica contudo como afirma Oliveira mesmo que isso signifique um aumento de escolariza o a expans o tem sido constru da em conson ncia com as exig ncias dos novos modelos de organiza o e gest o do trabalho que a
51. contexto possui em si os demais contextos inter relacionados sem fronteiras bem definidas mas articuladas entre si e em si com isso uma mesma pol tica pode sofrer diferentes interpreta es provocando mudan as nela pr pria quando implantadas nos contextos escolares A elabora o das Diretrizes Curriculares Municipais est inserida no plano de a es da SMED em busca de uma melhoria na qualidade da educa o municipal que tem no IDEB seu eixo norteador As metas e a es propostas pela SMED permitem compreender que nesta gest o as avalia es em larga escala seja a Prova Brasil ou a Prova Santa Maria tem papel fundamental na gest o do sistema de ensino e das escolas Nesse sentido uma s rie de a es est o sendo empreendidas de modo geral voltadas para melhorar o desempenho das escolas na Prova Brasil A pol tica empreendida pela atual gest o demonstra uma preocupa o intensa 179 n o s com a realiza o dos exames mas tamb m com a apropria o dos resultados tanto pelos rg os gestores do sistema quanto pelas escolas como relata a gestora Catarina foi um ano em que se preparava a escola os professores preparavam os seus alunos faziam simulados os simulados vinham para a SMED a secretaria fazia uma avalia o dava um retorno sobre a produtividade daqueles alunos retomava pontos com os professores que deveriam ser novamente trabalhados e assim foi uma sequ ncia de simulados e de encontros e
52. crise educacional e sim uma crise gerencial como observa Gentili em seus escritos para os neoliberais transformar a escola sup e um enorme desafio gerencial promover uma mudan a substantiva nas pr ticas pedag gicas tornando as mais eficientes reestruturar o sistema para flexibilizar a oferta educacional promover uma mudan a cultural n o menos profunda nas estrat gias de gest o agora guiadas pelos novos conceitos de qualidade total reformular o perfil dos professores requalificando os implementar uma ampla reforma curricular etc GENTILI 1996 p 18 Para implementa o de novos modelos de gest o ag ncias internacionais como FMI o Banco Mundial a Organiza o de Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OCDE a Organiza o Mundial do Com rcio OMC a Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura Unesco o Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia Unicef entre outras elaboraram e divulgaram diretrizes gerais e orientadoras das Reformas do Estado e de seus respectivos sistemas educacionais Como apontam Fonseca e Oliveira 2009 p 235 na d cada de 1990 no Brasil o Banco Mundial na educa o b sica projetou se como a principal agencia internacional de coopera o seja pela amplitude territorial e temporal de seus projetos seja pela magnitude dos financiamentos 66 Souza 2002 p 90 destaca quatro grandes objetivos centrais nas orienta es inter
53. de capacita o para os gestores a secretaria deu in cio a uma s rie de a es espec ficas para as 21 escolas com IDEB menor ou igual m dia nacional uma vez que a SMED tem como meta fazer com que todas as escolas da rede municipal de ensino alcancem m dias satisfat rias no IDEB porque n s partimos do principio de que toda a crian a aprende ent o o que n s fizemos N s estabelecemos uma meta n s n o queremos mais que Santa Maria uma cidade universit ria uma cidade cultura ainda apresente dados de 21 escolas com baixo IDEB ent o n s fomos no xtase da discuss o o que n s poder amos fazer enquanto gestores para que esta realidade pudesse mudar gestora Catarina SMED O relato da gestora Catarina reitera a preocupa o da SMED com os ndices das escolas assim os mecanismos de avalia o externa e o IDEB s o assumidos como instrumentos para a melhoria na qualidade da educa o E a partir dessa perspectiva o sistema educacional passa a ser planejado e pensado a partir de ndices e indicadores O cronograma da secretaria teve in cio na segunda quinzena de agosto de 2011 com a visita da equipe pedag gica da secretaria s escolas para esclarecer as a es que seriam realizadas e tamb m explicar para os alunos a import ncia da avalia o nacional Durante o m s de agosto foi aplicada uma prova simulada de portugu s leitura e interpreta o e de matem tica resolu o de problemas para os estudantes
54. de ensino de Santa Maria como segue n s temos escolas mais pr ximas da base rea e da universidade por exemplo que tem um outro tipo de clientela diferente da nossa aqui que numa vila bem afastada da cidade e a n s vamos comparar o desempenho daqueles alunos com o dos nossos daqui os nossos v o sempre estar em desvantagem mas a prefeitura n o para para discutir isso conosco professora Marisol EV a nossa realidade diferente os alunos s o do em torno da nossa regi o o Camobi um bairro diferenciado se a gente for ver ent o isto tamb m a gente n o pode simplesmente anular este dado porque ele um fator diferencial tamb m gestora Am lia EA Como demonstram diversos estudos o desempenho cognitivo dos alunos em sistemas de avalia o em larga escala depende de uma teia complexa de fatores envolvendo as caracter sticas sociais econ micas e culturais das fam lias as habilidades dos alunos os fatores escolares em suma fatores intra e extraescolares A fim de compreender como os fatores intra e extraescolares podem interferir no desempenho dos alunos nas avalia es externas como tamb m analisar de que maneira as a es da SMED tem se constitu do nos diferentes espa os escolares elencamos algumas categorias centrais no nosso entendimento para a an lise dos contextos investigados Escola Verde e a 216 Escola Amarela organizados nos seguintes t picos popula o atendida e participa
55. de flexibiliza o e abertura com a chamada de leigos para colaborar na tarefa de ensinar todavia esses leigos deveriam ter primeiramente um compromisso com os princ pios e com a voca o de ensinar da igreja HYPOLITO 1999 No momento em que o Estado passou a se encarregar da institui o escolar o trabalho educativo passou a ser dirigido e controlado no sentido de garantir a manuten o e o fortalecimento da ordem econ mica e social baseada na propriedade privada dos meios de produ o e na economia de mercado Mesmo com o recrutamento de um novo corpo de professores as formas de controle e a rigidez permaneceram contudo agora sob as normas do poder estatal COSTA 1995 A escola como institui o moderna tem estado historicamente ligada ao progresso da sociedade industrial e dos Estados modernos sendo uma institui o t pica das sociedades do trabalho Tardif e Lessard 2007 p 24 relatam que a escola tem sido concebida pelo Estado tanto nas suas formas quanto no conte do estritamente relacionada aos modelos organizacionais do trabalho produtivo e regulamenta o dos comportamentos e atitudes que sustentam a racionaliza o das sociedades modernas A profiss o de ensinar sofreu diferente influencias seja da Igreja com a concep o do magist rio baseada na voca o no sacerd cio e no paroquialismo seja da concep o moderna liberal baseada no profissionalismo na laicidade no esp rito democr tico
56. desqualifica o da forma o profissional dos docentes pela pedag gica oficial das compet ncias a intensifica o do trabalho dos professores em decorr ncia do alargamento das fun es no trabalho escolar e das jornadas e trabalho os baixos sal rios docentes a padroniza o dos curr culos do ensino b sico e a institui o de exames nacionais GARCIA e ANADON p 67 2009 A partir de um discurso sedutor empregado pelo gerencialismo os professores adotam novas formas de agir de pensar e de realizar sua atividade docente incutidos de valores empregados pela l gica do mercado Vieira Del Pino e Hypolito 2009 Damasceno 2010 os professores s o sensibilizados a mudar seu comportamento por meio da mobiliza o da subjetividade dos trabalhadores Ball 2002 Desenvolve se uma nova cultura na qual os professores e gestores das escolas sentem se respons veis pelo gerenciamento da escola e por uma presta o de servi os de qualidade para a sociedade civil Nessa l gica Garcia e Anadon 2009 apontam que as reformas educacionais para educa o b sica em curso no Brasil desde a d cada de 1990 estimulam uma moral de autoresponsabiliza o e culpa por parte das professoras que aliada deteriora o dos sal rios e das condi es de trabalho vem contribuindo para intensifica o e autointensifica o do trabalho docente e para a gera o de frustra es e desencantos GARCIA e ANADON p 65 2009 Outro fator a
57. deve estabelecer as metas e seus objetivos educacionais e ser a participa o de cada sujeito que tornar esse processo efetivo favorecendo a escola para apresentar resultados mais positivos Assim quanto maior a intera o entre os professores com a equipe gestora maiores s o as chances de sucesso no desenvolvimento das atividades claro que independente do contexto escolar o modelo de gest o adotado por cada escola ter repercuss es diferentes no trabalho desenvolvido segundo Lib neo 2004 p 30 uma boa organiza o e gest o da escola favorece o trabalho dos professores No tipo de modelo de gest o assumido pela SMED como j apontamos no decorrer do texto fica evidente que a figura do gestor se torna cada vez mais importante assumindo um papel central na conjuntura dessa pol tica educacional Como mostra Carvalho esse modelo de gest o exige que o gestor da escola seja capaz de influenciar motivar assumir ao inv s de impor ou s exigir sendo sua a o identificada como um dos fatores determinantes do sucesso da escola 2009 p 1156 As categorias que elencamos nesta etapa da an lise popula o atendida e participa o da comunidade escolar infraestrutura e condi es de 242 trabalho quadro docente e gest o escolar nos possibilitaram compreender como os diferentes contextos escolares podem refletir em diferentes desempenhos dos alunos nos sistemas de avalia o em larga escala
58. diante A pol tica de responsabiliza o aqui definida segundo Brooke 2008 p 94 uma tentativa de melhorar os resultados das escolas mediante a cria o de consequ ncias para a escola ou para os professores individuais sejam elas materiais ou simb licas de acordo com o desempenho dos alunos medido por procedimentos avaliativos estaduais ou municipais Nessa perspectiva no ano de 2010 foi institu do no munic pio de Santa Maria RS o Pr mio Qualidade na Educa o conforme j descrito anteriormente nesta tese um Pr mio que leva em conta para sua distribui o os resultados em avalia es em larga escala O pagamento de b nus aos profissionais de educa o vinculados performance dos alunos nas avalia es externas j uma realidade tamb m em outros estados brasileiros como S o Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Cear entre outros O pagamento de b nus baseado no desempenho dos alunos est fundado na concep o de que existe uma rela o direta entre o trabalho docente e a qualidade da educa o que pode ser demonstrada principalmente atrav s do desempenho dos alunos Ganha espa o entre os gestores p blicos a ideia de que preciso valorizar o trabalho dos docentes por meio de instrumentos de reconhecimento do m rito como forma de estimular incentivar os profissionais da educa o e consequentemente a qualidade da educa o Esse projeto bastante controverso introduz v rias discuss
59. dos 5 e 9 anos n s come amos a trabalhar com a quest o da Prova Brasil o que esta prova o que ela representa em termos de pol tica p blica o que ela representa em termos de recursos para o 135 munic pio e para a escola como ela pode ser usada como ferramenta de qualifica o do processo e agora as escolas tamb m t m a tarefa de articula o com os pais no sentido de mobiliz los sobre a import ncia desta avalia o para a educa o ent o foi um plano de a o que envolve todos os segmentos e que busca poder melhorar o trabalho a qualidade do ensino n o s para a prova Brasil gestora Magn lia SMED Outra estrat gia da secretaria esteve relacionada com o Curso de capacita o para os professores de L ngua Portuguesa e Matem tica que foi ministrado por docentes do Centro Universit rio Franciscano Unifra em quatro m dulos e com carga hor ria de 36 horas A parceria da Prefeitura com os cursos de Letras Matem tica e Pedagogia Os professores das 21 escolas municipais que ficaram com os n meros do IDEB abaixo ou igual m dia nacional foram convocados a fazer o Curso os demais poderiam participar do Curso mediante inscri o Esta capacita o para a Prova Brasil bem focada nas disciplinas de l ngua portuguesa e matem tica trabalhando estas quest es pra poder ajudar o professor a investir neste processo de aprendizagem dos alunos e qualificar o resultado da pr pria escola gest
60. dos professores e gestores 186 4 3 3 Os sistemas de avalia o e a pol tica de gest o da SMED seus efeitos e repercuss es nos contextos da Escola Verde e da Escola Amarela 212 4 3 3 1 Contextualiza o das escolas perfil do alunado escolar e participa o da comunidade escola ssa ia qa a a a iR 216 4 3 3 2 Infraestrutura e condi es de trabalho a 227 4 3 3 3 Forma o dos professores e gestores das Escolas Verde e Amarela a E E DR RR O A EAAS 233 CONSIDERA ES FINAIS treeeremeereeeeeeeemeeeeeeeemeermeereeereeeemeerareeremseranes 243 REFER NCIAS matas dos EA AEE Di 251 APENDICES ariii a 264 21 INTRODU O APRESENTANDO A PESQUISA PROPOSTA O capitalismo mundial a partir do final da d cada de 70 do s culo XX enfrentou um novo momento de crise associada de modo geral com a fal ncia do modelo de acumula o taylorista fordista da administra o keynesiana e do Welfare State Estado de bem estar social Com o intuito de enfrent la os Estados passaram por uma reconfigura o de seu papel assim novos modelos de gest o ganharam espa o e seus reflexos s o percept veis nos diferentes setores produtivos e institucionais Durante o processo de reestrutura o do Estado com as mudan as sofridas pelo capitalismo e os novos paradigmas pol ticos sociais e econ micos o campo educacional passou por in meras reformas educacionais as quais resultaram
61. e Sociedade v 26 n 90 jan abr 2005 p 107 125 VIEIRA J S Pol tica educacional curr culo e controle disciplinar implica es sobre o trabalho docente e a identidade do professorado Curr culo sem Fronteiras v 2 n 2 p 111 136 2002 VIEIRA J S Um neg cio chamado educa o qualidade total trabalho docente e identidade Pelotas Seiva 2004 VIDAL E M e VIEIRA S L Gest o educacional e resultados no IDEB um estudo de caso em dez munic pios cearenses Estudos em Avalia o Educacional S o Paulo v 22 n 50 p 419 434 set dez 2011 AP NDICES 265 AP NDICE A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido T tulo do projeto Pol ticas p blicas em educa o e Gest o efeitos sobre trabalho docente curr culo e avalia o Pesquisador respons vel Prof Dr lvaro Moreira Hypolito Autora Andressa Aita Ivo Institui o Departamento Universidade Federal de Pelotas Telefone para contato 55 91698727 55 32214230 Endere o Co nvidamos o a prezado a professor a a participar deste estudo o qual tem como objetivo analisar Para se atingir o objetivo desta pesquisa ser necess rio realizar entrevistas com a equipe diretiva e professores da rede municipal de ensino de Santa Maria RS bem como com alguns membros da equipe da Secretaria Municipal de Educa o de Santa Maria RS Ser importante a grava o das mesmas se assim aceitarem os colaboradores para que n o se perc
62. e corromper os processos sociais que ele deve monitorar Donald T Campbell AGRADECIMENTOS Ao Prof Dr lvaro orientador pela amizade generosidade e confian a no desenvolvimento dos meus estudos Ao Prof Dr Clermont Gauthier orientador na Universidade Laval pela acolhida e oportunidade de trabalharmos juntos CAPES por ter me possibilitado a Bolsa de estudos em todo o per odo de desenvolvimento do doutorado no Brasil como tamb m no Doutorado Sandu che Aos sujeitos deste estudo professores e gestores da Educa o B sica e a Secretaria Municipal de Ensino de Santa Maria que aceitaram dispor de seu precioso tempo para fornecerem as informa es necess rias para o desenvolvimento da pesquisa Ao meu marido Ezequiel Cesar Carvalho Miola pelo companheirismo amor generosidade dedica o e compreens o em todos os nossos dias Aos meus pais Volnei De Lima Ivo e N ia Maria Aita ivo a quem devo tudo pelo amor incondicional suporte e base familiar que s o fundamentais em cada dia da minha vida Aos meus irm os Fabricio Aita vo e Guilherme Aita Ivo por todo o amor e a certeza de estarem sempre ao meu lado A todos os meus familiares que sempre compreenderam as minhas aus ncias e nunca esqueceram o qu o s o importantes na minha vida Ao nosso grupo de estudos pelas contribui es no desenvolvimento desta Tese As minhas amigas e colegas Franciele Let cia e Fernanda que sempre estiveram presente nesse
63. e detalhados de todo sistema educacional brasileiro bem como um acompanhamento ao longo do tempo da evolu o dos desempenhos das escolas A Prova Brasil foi criada em 2005 trata se de uma avalia o para diagn stico em larga escala desenvolvida pelo INEP realizada a cada dois anos Tem como objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e question rios socioecon micos A prova aplicada aos alunos do 5 e 9 anos do ensino fundamental e 3 ano do ensino m dio A prova avalia as habilidades em l ngua portuguesa com foco em leitura e matem tica com foco na resolu o de problemas No question rio socioecon mico os estudantes fornecem informa es sobre fatores de contexto que podem estar associados ao desempenho Professores e diretores das turmas e escolas avaliadas tamb m respondem a question rios que coletam dados demogr ficos perfil profissional e de condi es de trabalho A Prova Brasil avalia as escolas p blicas localizadas em zonas urbanas sua avalia o quase universal visto que todos os estudantes das s ries avaliadas de todas as escolas p blicas urbanas do Brasil com mais de 20 alunos na s rie devem fazer a prova E a partir de 2011 as escolas rurais de 89 ensino fundamental com mais de 20 alunos nas s ries avaliadas tamb m far o a Prova Brasil A metodologia de avalia es da Prova Brasil e do Saeb a mesma Em 2007
64. ele poderia trabalhar s 20 horas ao inv s de trabalhar 40 ou 60 horas porque trabalhando 20 horas ele planejaria melhor as suas aulas ele faria cursos de forma o compraria mais livros veria mais filmes e da todo esse conjunto de coisas tanto a redu o da carga hor ria como o aumento do sal rio contribuiria para torn lo um profissional melhor e isso traria resultados para a melhoria da qualidade da educa o a premia o nunca vai funcionar ent o este o pensamento da maioria dos professores e por isso a revolta com a SMED e com a Prefeitura em rela o a isso professora Hort ncia EV como eu te digo aqui em Santa Maria as coisas acontecem na contra m o eu quero qualidade s que eu n o invisto em qualidade n o tem condi es assim eles tem que ver que educa o se faz com investimento tem que realmente investir em educa o e investir principalmente no professor que quem esta esquecido professora Marisol EV O depoimento das professoras faz refer ncia a melhores condi es de trabalho como fator principal na melhoria da qualidade da educa o ou seja maiores investimentos no professor Estudos realizados por Oliveira 2004 2005 2007 dentre outros t m apontado que as pol ticas educacionais 210 implementadas nas ltimas d cadas t m contribu do para um processo de desqualifica o e desvaloriza o dos professores Retomando algumas iniciativas e mecanismos que t m estado
65. em 1990 um marco para o desenvolvimento de novos programas e agendas para os pa ses emergentes Dentre as varias iniciativas e pol ticas educacionais realizadas no Brasil a partir da d cada de 90 com implementa o de sistemas de avalia o em larga escala como o SAEB sistemas estaduais pr prios de avalia o entre outros em abril de 2007 a partir do Decreto n 6 094 foi institu da uma nova agenda com diretrizes e metas para a Educa o no Brasil com vistas a atingir novos patamares e cumprir com as metas firmadas na confer ncia mundial de educa o para todos realizada em Jomtien em 1990 O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educa o vem a ser a conjuga o dos esfor os da Uni o Estados Distrito Federal e Munic pios em regime de colabora o das fam lias e da comunidade com objetivo de promover a melhoria da qualidade da educa o b sica A ades o ao 81 Compromisso volunt ria contudo os sistemas municipais e estaduais que aderirem ao Compromisso seguir o 28 diretrizes pautadas em resultados de avalia o da qualidade e de rendimento dos estudantes Ainda em 2007 o Governo Federal por meio do MEC lan ou o Plano de Desenvolvimento da Educa o PDE com objetivo de melhorar a educa o ofertada no sistema p blico brasileiro sistematizando um emaranhado de a es na busca de uma educa o de qualidade O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educa o parte integrante do PDE Tamb m oriu
66. em significativas mudan as na gest o escolar a partir de modelos gerencialistas transferindo para as escolas diretrizes empresariais A Nova Gest o P blica como denominam alguns autores PETERS MARSHALL FITZSIMONS 2004 interferiu no trabalho docente com a redefini o das novas fun es e exig ncias dos profissionais nos curr culos escolares com tentativas de padroniza o do ensino sistemas de avalia o em larga escala e parcerias entre o setor p blico e o privado No Brasil a d cada de 1990 marcou o in cio da reestrutura o do Estado Em 1995 o governo federal promulgou o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado PDRAE que delineia o perfil das atuais reformas Fonseca e Oliveira 2009 argumentam que as reformas fazem parte do conjunto de mudan as que compuseram a reforma do Estado brasileiro no contexto da reestrutura o produtiva capitalista e das orienta es pol ticas econ micas e educacionais de inspira o neoliberal 1 O PDRAE foi elaborado pelo Minist rio da Administra o e Reforma do Estado na gest o do ministro Luiz Carlos Bresser Pereira Foi aprovado em 21 de setembro de 1995 pela C mara da Reforma do Estado no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso 1995 1998 22 Desta forma o Estado e as suas a es passam por um processo de reestrutura o constituindo um novo cen rio para suas pol ticas visto que as mudan as que acontecem no ide rio de Estado m
67. encontra se subdivido em tr s se es que discorrem acerca dos modelos de gest o centrados no gerecialismo e seus desdobramentos na gest o escolar as repercuss es das reformas educacionais no trabalho docente e os atuais sistemas de avalia o em larga escala no campo educacional 29 O cap tulo Il intitulado Metodologia da Pesquisa define o aporte te rico metodol gico e pr tico metodol gico que sustentaram o desenvolvimento desta pesquisa Discorremos acerca da abordagem da pesquisa do contexto investigados e dos sujeitos que far o parte desse estudo E o cap tulo IV se dedica a an lise dos dados obtidos com os instrumentos de coleta pesquisa documental entrevistas e observa es a partir de uma discuss o cr tica sobre as repercuss es das pol ticas da SMED no contexto escolar Est gio doutoral O est gio doutoral realizado na Universit Laval de Quebec Facult des Sciences d ducation no Canad no per odo de mar o de 2012 a fevereiro de 2013 sob orienta o do Professor Doutor Clermont Gauthier contribuiu de maneira significativa para o aprofundamento do referencial te rico tendo em vista o alto grau de recursos bibliogr ficos dispon veis n o s da Universit Laval mas tamb m no acervo pessoal do professor Clermont A experi ncia profissional e acad mica do orientador representou um recurso not vel ao desenvolvimento dos estudos sobre as pol ticas educacionais sistemas de avalia
68. escola um diferencial para a qualidade do trabalho Pois os professores acompanham todo o cotidiano da escola e desenvolvem um trabalho em conjunto n o s com a equipe gestora mas tamb m com as turmas em que ministram as aulas Como destaca a gestora Am lia alguns professores trabalham com o mesmo ano tanto no turno da manh como no da tarde isso da uma uniformidade para o trabalho e os ganhos s o indiscut veis Outro diferencial da escola Amarela est relacionado ao fato dos professores estarem a muitos anos trabalhando na escola com isso a escola foi crescendo junto com os professores o trabalho foi sendo desenvolvido em conjunto como salienta a professora Rosa a professora de matem tica de geografia a diretora a vice diretora a coordenadora muitas colegas j trabalhavam aqui quer dizer o grupo fez a escola crescer porque nem tudo que tem aqui foi dado pelos governos foi a dire o pais e professores que conseguiram que fizeram com que a escola crescesse J a presen a dos professores desde o inicio da escola eu cheguei mais tarde mas tem professores que est o aqui desde o inicio da escola porque a nossa escola foi crescendo junto com eles J a escola Verde por ser uma escola mais nova e tamb m em decorr ncia de outros fatores conforme j apontamos anteriormente os professores n o est o h muito tempo trabalhando na escola al m disso a maioria possui apenas 20 horas na escola como relata a g
69. essa pol tica entender a que ela vem e depois para ajudar o professor a entender a matriz de refer ncia que cobrada nesta prova e como trabalhar com os alunos efetivamente para desenvolver aquelas habilidades e compet ncias que ali est o colocadas gestora Magn lia SMED Come ou um terceiro momento nas a es da secretaria sob responsabilidade do setor pedag gico O primeiro passo se destinou aos cursos de capacita o para os gestores de todas as escolas da rede municipal de ensino com o objetivo de orientar as a es das equipes diretivas na organiza o do fazer pedag gico elabora o do PPP prepara o dos alunos para a Prova Brasil Nesse contexto alguns sujeitos s o autorizados a falar sobre educa o com autoridade para enunciar e prescrever aquilo que supostamente falta escola e oferecer aos docentes e equipes gestoras direcionamentos para a pr tica docente Nesse processo se d a produ o de discursos que sustentam as a es da SMED o que nas palavras de Ball podemos denominar de pol ticas como 133 discurso assim neste campo discursivo se constr i a ideia de uma pol tica educacional que proporciona melhorias na qualidade da educa o e traz solu es para os problemas da escola em oposi o ao ensino desqualificado que n o tem obtido bons resultados Al m disso tal discurso busca estabelecer uma ponte ou seja uma liga o entre a SMED e os professores no sentido de mobiliz
70. exclusivos que funcionam diretamente sob seu comando quanto os competitivos que estar o apenas indiretamente subordinados na medida que se transformem em organiza es p blicas n o estatais operem muito mais eficientemente O PDRAE apresenta caracter sticas singulares a Terceira Via o que muito embora n o signifique dizer que o discurso neoliberal n o esteja mais 46 presente Lima 2004 p 19 em seus estudos salienta que a terceira via a express o mais clara do social liberalismo uma constru o te rica e de a o pol tica que tem de fato como objetivo pol tico consolidar e aprofundar o projeto burgu s de sociabilidade envernizado pelo discurso de um projeto democr tico popular Em linhas gerais como sustenta Barroso 2005 podemos considerar que a pol tica empregada a partir das ltimas d cadas do s culo XX no capo educacional tem como principais caracter sticas a descentraliza o a autonomia das escolas a livre escolha dos pais o uso de procedimentos de avalia o e presta o de contas a diversifica o da oferta escolar a contratualiza o da gest o escolar e a presta o de determinados servi os 1 2 Estado neoliberal e Educa o Nas ltimas d cadas as pol ticas neoliberais est o tendo um forte impacto na educa o as ag ncias internacionais interferem diretamente nas pol ticas p blicas voltadas para a Educa o al m de estipularem uma nova agenda para os si
71. fizeram o curso de capacita o da SMED gostaram muito porque s vezes a gente n o trabalha bem com aquele conte do que vai cair na prova Brasil e agora n s vamos come ar a trabalhar com estes conte dos desde a educa o infantil porque s vezes a gente foge um pouco do foco do conte do ent o a gente vai come ar se adequar mais um mal necess rio n o adianta n o vai mudar ent o agente tem que se educar gestora Neuza EV A preocupa o com o desempenho dos alunos nas avalia es padronizadas tem recebido tanta aten o no mbito escolar que os gestores j est o reorganizando seus planos de estudo e o curr culo da escola de acordo com os conte dos e as habilidades cobradas nas provas como denunciam os depoimentos das professoras esses s o alguns dos efeitos dos contextos de produ o de texto e de influ ncia no contexto da pr tica O que se v na realidade uma prepara o dos alunos ao longo de toda educa o infantil e s ries iniciais para que obtenham xito nas avalia es 184 Essa reorganiza o curricular em fun o das avalia es externas tem como base as pr prias orienta es da SMED como apontam os seguintes depoimentos Na verdade n s auxiliamos os professores e gestores a se situarem e poderem direcionar o seu trabalho a partir de agora e poder estar se organizando para trabalhar com estas quest es n o s com o objetivo da prova mas porque s o habilidades importa
72. foi lan ado em 2007 por meio do Minist rio da Educa o MEC com o objetivo de melhorar substancialmente a educa o oferecida s crian as jovens e adultos O PDE contempla o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educa o As informa es referentes ao PDDE foram obtidas em http www fnde gov br programas dinheiro direto escola dinheiro direto escola funcionamento acessado em 13 de abril de 2013 as 14h34min Em 2009 a m dia nacional do IDEB para os anos iniciais da rede municipal foi igual a 4 4 e a m dia nacional do IDEB para os anos finais foi igual a 3 6 Informa es obtidas em ideb inep gov br resultado resultado resultadoBrasil seam cid 452280 acessado em 29 de agosto de 2012 as 16h32min 26 Esta tese se prop e a investigar e analisar as repercuss es das reformas educacionais orientadas pelo gerencialismo na gest o escolar no trabalho docente e no curr culo escolar assim como alguns efeitos dos sistemas de avalia o em larga escala que configuram o IDEB a partir de a es programas e estrat gias articuladas pela Secretaria de Educa o do Munic pio de Santa Maria RS Trata se portanto de situar a pol tica educacional municipal e buscar apreender um olhar sobre os contextos nos quais tais pol ticas s o elaboradas sem perder de vista os demais agentes que interferem nesse processo N o se tem como objetivo discutir os programas e as a es por si s mas sim a l gica que norteia todo o
73. gradua es introduzidas nas 183 competi es entre os grupos podem criar sentimentos individuais de orgulho culpa vergonha e inveja Os efeitos das avalia es externas podem ser observados tamb m nas disciplinas que s o avaliadas como argumenta a professora Margarida EA em matem tica tem coisas que no nosso curr culo n o t m e que caem na prova Brasil ent o da a gente fica naquele dilema inclu mos no nosso curr culo ou n o trabalhamos com estes conte dos ou n o trabalhamos acaba que mexe no curr culo da escola O relato da professora aponta a preocupa o da escola em adequar os conte dos ao que cobrado nas avalia es com isso a sele o dos conte dos da disciplina de matem tica fica subordinada aos sistemas de avalia o Entretanto a preocupa o em adequar os conte dos ao que cobrado nas avalia es padronizadas n o influencia somente as disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica mas tem repercuss es em todo o curr culo como podemos observar nos demais depoimentos o que se viu foi uma discuss o toda dos conte dos se reviu o plano de estudos em fun o das habilidades do que a prova Brasil vai cobrar l no 5 ano de certa forma agora as escolas est o reformulando os seus curr culos em fun o da Prova Brasil gestora Am lia EA no nosso plano de estudos estamos pensando em adequar mais de acordo com a prova Brasil as professoras dos 5 e 9 anos que
74. imagem de governos fortes capazes de restaurarem a economia de seus pa ses pondo em pr tica assim o programa neoliberal Em meio reestrutura o do Estado o neoliberalismo e a ideologia do capitalismo na era de m xima financeiriza o da riqueza a era da riqueza mais liquida a era do capital vol til e um ataque s formas de regula o econ mica do s culo XX como o socialismo o keyneisianismo o Estado de bem estar o terceiro mundismo e o desenvolvimento latino americano MORAES 2011 O neoliberalismo se tornou hegem nico predominando enquanto orienta o pol tica econ mica e social obrigando o Estado a passar por um processo de reconfigura o de seu pr prio papel nas diferentes esferas e em rela o as suas determina es de car ter social pol tico e econ mico A partir da reconfigura o do Estado com a globaliza o financeira a liberaliza o da economia mundial a internacionaliza o das atividades econ micas o Estado tem sua a o limitada e com isso Moraes 2001 prop em que o poder do Estado se d em duas dire es para baixo transferindo se compet ncias para as coletividades locais constru o escolar forma o profissional servi os urbanos sa de e assist ncia social etc para cima os Estados nacionais cedem parte de suas compet ncias a outros tipos de organiza es Grupo dos sete G 7 Acordo Geral de Tarifas e Com rcio Gatt Organiza o Mund
75. industrial nos principais pa ses capitalistas O fordismo segundo Beau 1989 representa n o somente um novo m todo de organiza o do trabalho como tamb m um novo modelo de produ o da mercadoria capitalista com sal rios relativamente elevados para uma fra o da classe oper ria grande aumento da produtividade devido produ o em massa e racionaliza o e de realiza o do valor assim criado com desenvolvimento do consumo em massa que se alargou a uma parte da classe oper ria cujas condi es de vida se aproximam daquelas camadas sociais m dias BEAU 1989 p 259 De acordo com Antunes 2005 p 38 o bin mio taylorismo fordsmo representaram a forma mais avan ada da racionaliza o capitalista do processo de trabalho ao longo de v rias d cadas do s culo XX sendo somente entre o final dos anos 60 e in cio dos anos 70 que esse padr o produtivo estruturalmente comprometido come ou a dar sinais de esgotamento O per odo p s guerra trouxe consigo a ascens o de uma s rie de ind strias as quais impulsionaram o crescimento econ mico concentrados numa s rie de regi es de grande produ o da economia mundial A industrializa o desencadeou uma s rie de mudan as sociais que iriam mais tarde repercutir em problemas sociais De acordo com Arretche 1995 p 8 a consolida o da f brica como n cleo central da atividade produtiva implica uma transforma o radical das s
76. isso uma n o anula a outra Ou seja o fato do munic pio pagar o piso que nada mais do que o cumprimento de uma Lei Federal n o deve ter rela o alguma com a pol tica de bonifica o pois esta sim uma pol tica pr pria do munic pio al m disso o piso n o deve ser entendido como um instrumento para silenciar os professores O contexto de produ o de textos como aponta Ball 1997 o local no qual documentos e propostas s o codificados via lutas disputas interesses negocia es e interpreta es do governo e decodificados pelos significados atribu dos pelos sujeitos envolvidos no processo No caso do Pr mio Qualidade na Educa o a implementa o da pol tica no contexto da pr tica gerou as manifesta es contr rias dos docentes e do sindicato fazendo com que a SMED junto ao prefeito revisse o texto da Lei pois o texto quando institu do como pol tica tamb m resultado de conflitos e disputas sociais Assim em janeiro de 2012 foi sancionada a Lei Municipal n 5 610 que acresce os incisos IV e V a Lei n 5 341 Com isso conforme a Lei Municipal n 5 610 art 2 o pr mio contempla I Os professores efetivos e a equipe diretiva das escolas municipais de Santa Maria classificadas com a melhor nota de avalia o do IDEB nos anos iniciais e nos anos finais individualmente com o valor de R 1 000 00 132 Il As escolas classificadas com a segunda melhor nota na avalia o do IDE
77. lia ent o no momento que o governo estimula os pais a saberem dos ndices estas informa es tamb m fazem diferen a na hora de matricular o filho e com isso acaba rotulando as escolas no momento em que tu divulga na m dia e mant m na m dia a quest o dos ndices de cada escola tu cria um rotulo ontem mesmo eu comentava em casa vendo uma propaganda na TV que dizia para os pais buscarem informa es sobre o IDEB das escolas do seu munic pio da no outro dia n s t nhamos uma fila imensa aqui na escola pedindo transfer ncia mas n s n o temos vagas 212 Como argumentam Lopes e Lopez 2010 p 101 o interesse por tais rankings gera as apressadas conclus es extra das desses resultados vinculando de forma imediata e simplificadora as notas dos alunos com a suposta qualidade das escolas uma vez que o resultado obtido pela escola nem sempre transparece a realidade da escola conforme j demonstramos anteriormente 4 3 3 Os sistemas de avalia o e a pol tica de gest o da SMED seus efeitos e repercuss es nos contextos da Escola Verde e da Escola Amarela Ainda que n o se tenha um consenso acerca da implanta o de sistemas de avalia o em larga escala no sistema educacional e que existam diverg ncias quanto aos efeitos dessas avalia es sobre o contexto escolar ineg vel a import ncia que as avalia es padronizadas t m assumido nas ltimas d cadas nas gest es p blicas Atualmente o
78. los a se comprometerem com as metas e propostas da secretaria como relatam as gestoras ent o no primeiro semestre 2011 n s investimos na forma o dos gestores e dos coordenadores pedag gicos no intuito de sensibiliz los porque eles s o os articuladores no processo de discuss o com a comunidade escolar e no sentido de sensibiliz los para estas diretrizes para a necessidade de discuss es na escola e da necessidade de sensibilizar os professores na forma o continuada neste sentido sensibilizar o gestor por isso n s institu mos um f rum mensal que busca uma discuss o com os diretores e com os supervisores em momentos diferentes porque o supervisor trabalha muito na quest o pedag gica na rela o com o professor e o gestor ent o na articula o com a pr pria comunidade como um todo e isso tem acontecido e iria acontecer at o final do ano os f runs de discuss es mensais com este grupo gestora Magn lia SMED num primeiro momento a secretaria trabalhou com os coordenadores colocando a import ncia destes conte dos a serem trabalhados e posterior a serem avaliados pela Prova Brasil ent o o coordenador fazia um trabalho junto com a secretaria primeiro sensibilizando este professor da necessidade que ele tinha de se apropriar desta nova proposta da SMED e desse modelo de trabalho e de se estender para os alunos para depois poder colher os resultados atrav s do desempenho na Prova Brasil gestora Catari
79. nem a comunidade e s o realizados durante o ano tais como festa junina dia das m es vendas de risotos A Escola participa dos programas abaixo discriminadas promovidos pela SMED Aquisi o de Salas de Recursos Multifuncionais Forma o de Gestores e Educadores que visa promover a forma o continuada a Gestores e Educadores do Munic pio de Santa Maria a fim de implementar pol ticas p blicas de inclus o que garantam o desenvolvimento de a es efetivas para o acesso perman ncia e a aprendizagem de todos os alunos na escola Parceria MEC e SEESP Secretaria de Educa o Especial Programa de Atendimento Especializado Municipal PRAEM pretende oferecer apoio especializado aos alunos do Sistema Municipal de Ensino no que concerne caracteriza o desenvolvimento de estrat gias e acompanhamento nas reas afetivas cognitivas psicol gica social psiqui trica social familiar ou de outra natureza que n o possa ser resolvido no espa o escolar articulando com outros servi os Institui es rg os e Entidades locais promo o de condi es que assegurem a inclus o educacional e sobretudo processos educativos de qualidade Programa de Desenvolvimento da Autonomia Escolar PRODAE que tem como objetivo manter a autonomia administrativa e pedag gica das escolas Nesse Programa o munic pio repassa verbas mensalmente para as escolas municipais em contas espec ficas de acordo com o n mero de alunos informados no Ce
80. no contexto escolar sobretudo no curr culo como aponta o relato da professora Olga eu acredito que a repercuss o nos curr culos vai ser direta uma vez que a cobran a tem sido muita em cima destas avalia es 180 As an lises aqui despendidas acerca dos efeitos dos sistemas de avalia o em larga escala no curr culo partem do conceito de curr culo proposto por Santom 1998 p 95 assim o curr culo pode ser descrito como um projeto educacional planejado e desenvolvido a partir de uma sele o da cultura e das experi ncias das quais deseja se que as novas gera es participem a fim de socializ las e capacit las para ser cidad o solid rios respons veis e democr ticos Toda institui o escolar quer estimular e ajudar os alunos a compreender e comprometer se com a experi ncia acumulada pela humanidade e mais concretamente com a sociedade na qual vivem O curr culo exprime aqueles conte dos que s o considerados socialmente v lidos e por isso o curr culo concebido como elemento discursivo da pol tica educacional em que os diferentes grupos sociais em especial os dominantes expressam sua vis o de mundo seu projeto social sua verdade SILVA 2006 p 10 Nesta perspectiva para Lessard 2008 p 48 todo curr culo uma constru o social que inevitavelmente comporta escolhas prioridades e arbitragens e que isso quase sempre fonte de conflitos e debates De modo geral
81. o seus efeitos sobre o trabalho docente a partir das percep es dos professores e gestores As reformas educacionais empreendidas no Brasil a partir da ltima d cada do s culo XX t m provocado mudan as significativas sobre os trabalhadores docentes observa se que as pol ticas educacionais n o s tentam imprimir uma nova estrutura a organiza o do trabalho escolar como tamb m um novo comportamento docente atrav s da constru o de uma nova identidade profissional A d cada de 1990 marca um novo momento na educa o brasileira a partir de uma pol tica neoliberal que prop em uma transfer ncia da l gica do mercado para o sistema educacional estudos como 187 de Oliveira 2004 Hypolito Vieira e Pizzi 2009 e Garcia e Anadon 2009 t m destacado a precariza o intensifica o e flexibiliza o em curso sobre o trabalho dos professores brasileiros Com isso a educa o passa por profundas transforma es nos seus objetivos na sua finalidade e nas suas fun es a fim de responder e de atender s novas demandas de uma sociedade globalizada Trata se de reformas que atuam tanto no n vel escolar como tamb m sobre todo o sistema educativo repercutindo em profundas mudan as na natureza do trabalho docente Para ilustrar tais mudan as Garcia e Anadon 2009 elencam alguns aspectos que apontam para a precariza o do trabalho dos professores e a emerg ncia de novas estrat gias de controle como a
82. o conseguindo nenhuma revitaliza o b sica do capitalismo avan ado Socialmente ao contr rio o neoliberalismo conseguiu muitos dos seus objetivos criando sociedades marcadamente desiguais embora n o t o desestatizadas como queria Pol tica e ideologicamente todavia o neoliberalismo alcan ou xito num grau com o qual os seus fundadores provavelmente jamais sonharam disseminando a simples ideia de que n o h alternativas para os seus princ pios que todos seja confessando ou negando tem de adaptar se as suas normas ANDERSON 1995 p 23 Na concep o de Salama 1995 p 51 duas foram as mais graves consequ ncias das pol ticas de ajuste neoliberal em especial na Am rica Latina sejam elas a amplia o das diferen as sociais e a quebra do aparato industrial Ainda de acordo com o autor quando o neoliberalismo fracassa as raz es n o s o atribu das ao pr prio programa de ajuste mas aparente aus ncia do mercado e onipresen a do Estado Embora Fernandes 1995 concorde com os aspectos referidos por Salama 1995 quanto s consequ ncias do neoliberalismo o autor chama aten o para outros dois aspectos referentes ao ordenamento democr tico das sociedades que adotam o neoliberalismo e a soberania dos povos quanto 44 ao desenvolvimento dos seus pr prios pa ses Ou seja para Fernades 1995 p 56 e 57 a viragem econ mico social implementada pelo neoliberalismo vem sendo acompanhad
83. o da escola Como a escola enfrenta as quest es relativas ao IDEB Quais as repercuss es do IDEB no contexto escolar 10 Qual a sua concep o acerca do Premio de Qualidade da Educa o 11 De que maneira essa pol tica de premia o tem influenciado o contexto escolar curr culo trabalho docente gest o 12 Quais os projetos desenvolvidos pela escola 13 A escola participou do GEEMPA Como voc avalia este programa e os resultados obtidos pela escola 14 Quais as repercuss es da Lei 5545 piso salarial atribui es dos gestores Prova Santa Maria no contexto escolar 15 Como voc avalia as a es da SMED nestes ltimos anos e quais as suas perspectivas para 2012 271 AP NDICE E Roteiro de entrevista para os professores 1 Dados de identifica o tempo de carreira tempo de trabalho na escola carga hor ria de trabalho disciplina forma o Para iniciarmos a nossa conversa eu gostaria que voc fala se um pouco sobre este contexto escolar um panorama da sua escola De que maneira voc tem percebido as a es da SMED no contexto escolar Quais as repercuss es das a es da SMED no seu trabalho Qual a sua concep o acerca do IDEB Como tem sido a prepara o dos alunos para a Prova Brasil Voc tem participado dos cursos de capacita o oferecidos pela SMED Como voc avalia a cria o do Premio de Qualidade da Educa o e quais as repercuss es do Premio
84. o do papel do Estado In ADRIAO T PERONI V P blico e privado na educa o novos elementos para o debate S o Paulo Xam 2008 p 111 127 PERONI V et al Estado e terceiro setor as novas regula es entre o p blico e o privado na gest o da educa o b sica brasileira Educa o amp Sociedade Campinas vol 30 n 108 p 761 778 out 2009 PERONI V Pol tica educacional e papel do Estado no Brasil dos anos 1990 S o Paulo Xam 2008 PERONI V Mudan as na configura o do Estado e sua influ ncia na pol tica educacional In PERONI V et al Dilemas da educa o brasileira em tempos de globaliza o neoliberal entre o p blico e o privado Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 a PERONI V Perspectivas da gest o democr tica da educa o avalia o institucional In Gest o escolar democr tica concep es e viv ncias 1 ed Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 b v 1 p 149 155 PEERENOUD F Obligation de comp tence et analyse du travail rendre compte dans le m tier d enseignant Texte d une intervencion au colloque Jacques Cartier Symposium L obligation de resultants en education Montreal 3 6 octobre 2000 PETERS M MARSHALL J FITZSIMONS P Gerencialismo e Pol tica Educacional em um contexto global Foucault neoliberalismo e a doutrina da auto administra o In Burbules N e Torres C A eds Globaliza o e Educa o perspectives cr ticas Porto Alegre
85. o entre as escolas e n o na busca de melhorar a qualidade uma avalia o boa no sentido de proporcionar um diagn stico para da pensar em a es alternativas estabelecer metas mas n o por um premio em si gestora Am lia EA Conforme o depoimento da gestora Am lia os resultados obtidos nos sistemas de avalia o deveriam ter outra conota o no contexto escolar servindo de forma positiva para a escola pensar e refletir sobre o trabalho que est sendo desenvolvido como prop e Viana 2005 p 17 Os resultados das avalia es n o devem ser usados nica e exclusivamente para traduzir certo desempenho escolar A sua utiliza o implica em servir de forma positiva na defini o de novas pol ticas p blicas de projetos de implanta o e modifica o de curr culos de programas de forma o continuada dos docentes e de maneira decisiva na defini o de elementos para a tomada de decis es que visem a provocar um impacto ou seja mudan as no pensar e no agir dos integrantes do sistema Entretanto como aponta a gestora Am lia no momento em que se associa o desempenho dos alunos com a premia o as avalia es servem apenas como instrumentos que incitam competi o e busca por melhores resultados sem haver uma reflex o sobre o significado dos desempenhos das institui es escolares E geralmente esta tem sido uma das principais cr ticas em rela o bonifica o por desempenho o fato de criar u
86. o novas formas e combina es de financiamento fornecimento e regulamenta o da educa o Empregando uma vis o mercadol gica ao campo educacional Apple 2003 p 45 em seus escritos aponta que os alunos s o vistos como futuros profissionais e por isso devem ser dadas qualifica es e disposi o para competir eficiente e efetivamente Assim para os neoliberais investir na escola p blica s se justifica se esta servir s necessidades do capital Ao entender de Hypolito no momento atual n o se busca somente induzir a educa o a assemelhar se aos m todos e pr ticas de mercado agora trata se de inserir o mercado n o apenas como l gica mas como atividade lucrativa e mercadol gica 2011 p 62 portanto as mudan as podem ser observadas tamb m no que se refere s formas de administra o e mercantiliza o dos servi os ou seja passa a ser importante transferir servi os para o setor privado indiretamente como o aumento da oferta de matr culas escolares por institui es privadas ensino superior assim como de forma mais direta pela terceiriza o de servi os complementares limpeza setores administrativos e de servi os cruciais como aquisi o de materiais e m todos de ensino e at mesmo ofertas mistas p blico privadas como se pode ver em alguns casos da Educa o a Dist ncia HYPOLITO 2011 p 62 Os servi os educacionais ficam livre de todo conte do e julgamento
87. o professor desenvolver em sala de aula e consequentemente na aprendizagem dos alunos Assim a falta de identidade da fam lia em rela o escola ou com a educa o dos filhos torna se um obst culo na aprendizagem dos alunos como mostra o seguinte depoimento N o adianta eu mandar temas para casa por que eles n o levam ent o todo o processo de aprendizagem se d exclusivamente dentro da escola n o tem um auxilio em casa eles n o tem um suporte de pessoas para ajudar em casa a aprendizagem vai acontecer na escola n o tem outro lugar ent o por isso que o processo mais lento em algumas escolas principalmente nas escolas de periferia eu n o estou dizendo que a aprendizagem inexistente em escolas de periferia n o isso todo mundo pode aprender s que uns aprendem mais r pido porque tem recursos e est mulos que favore am isso agora tem outros que a gente sabe professora Violeta EV Pesquisas Franco et al 2007 Klein 2006 apontam que o dever de casa ou temas como denomina a professora Violeta apresenta efeitos positivos no aumento do desempenho m dio das escolas em exames nacionais importante que o professor passe o dever de casa e que os alunos o fa am pois trata se de uma vari vel importante no processo de aprendizagem dos alunos Ao que se refere ao apoio familiar observa se que a inexist ncia desse ter repercuss es na trajet ria escolar de cada indiv duo nas palavras de Bourdieu
88. o social s novas configura es do desenvolvimento do capital A implementa o de tais pol ticas se d por meio de modelos de gest o baseados na nova gest o p blica todos dedicados a formas regulativas do trabalho docente do curr culo e da gest o escolar HYPOLITO 2010 p 1339 Nesta perspectiva o gerencialismo tem sido apresentado como o mais eficiente modelo de gest o para alcan ar a melhoria da qualidade da educa o Centrado nos conceitos de efici ncia efic cia e produtividade o gerencialismo implica um novo olhar gest o p blica por meio de indicadores avalia es exames premia es dentre outros mecanismos Conforme aponta Hypolito 2010 p 1339 a introdu o de sistemas de avalia o da educa o e do desempenho docente crucial para essa regula o por parte do Estado como demonstram v rios estudos Mons 2009 Hypolito 2008 Darling Hammond e Ascher 2006 os atuais sistemas de avalia o n o se tratam de simples instrumentos de avalia o preocupados em avaliar as compet ncias e saberes dos alunos mas sim de um instrumento utilizado como uma nova forma de regula o politica dos sistemas educativos Ou seja o sistema de avalia o padronizado adquiriu um novo estatuto 173 pol tico que faz dele um instrumento central na regula o dos sistemas educativos MONS 2009 p 102 O uso desses mecanismos de avalia o n o verdadeiramente uma novidade nos s
89. pol ticas sociais Para a Terceira Via o Estado deve repass las para a sociedade atrav s do Terceiro Setor para o Neoliberalismo deve transferilas para o mercado atrav s das privatiza es Para Lima 2004 p 13 com base em Giddens a terceira via advoga a constru o de um programa pol tico capaz de adaptar a social democracia s transforma es ocorridas no mundo nas ltimas d cadas do s culo XX reformar e governar o capitalismo reafirmando consequentemente o projeto burgu s de sociabilidade LIMA 2004 p 13 No Brasil o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 1995 apresenta claras caracter sticas da Terceira Via embora a presen a do discurso neoliberal seja muito forte O PDRAE tem como objetivo criar 45 condi es para a reconstru o da administra o p blica em bases modernas e racionais Sendo o modelo de administra o p blica gerencial o escolhido tal modelo conforme o PDRAE baseado em conceitos atuais de administra o e efici ncia voltada para o controle dos resultados preciso reorganizar as estruturas da administra o com nfase na qualidade e na produtividade do servi o p blico na verdadeira profissionaliza o do servidor que passaria a perceber sal rios mais justos para todas as fun es PDRAE 1995 O PDRAE prop e uma nova forma de governan a que se aproxima muito do conceito de governan a ou governa o para a terceir
90. pol ticos como bens que se compram se vendem se possuem se consomem no contexto de um mercado educacional SUAREZ 1995 p 260 Como afirma Ball 2001 p 105 os processos de reforma n o se prendem simplesmente introdu o de novas estruturas e incentivos mas tamb m exigem e trazem consigo novas rela es culturas e valores 57 Grandes redes de escolas privadas atrav s de parcerias com o setor p blico tem avan ado sobre os sistemas p blicos de educa o b sica vendendo materiais apostilados para redes municipais e estaduais sendo inclusive avaliados no mbito do programa nacional do livro did tico PNLD OLIVEIRA 2009 p 739 A exemplo dessas parcerias em n vel local citamos a parceria realizada pela Prefeitura Municipal de Santa Maria e o Grupo de Estudos sobre Educa o Metodologia de Pesquisa e A o GEEMPA desenvolvida desde abril de 2010 Ao serem questionados sobre os motivos que levaram a SMED a firmar esta parceria com o GEEMPA os gestores tecem os seguintes coment rios come amos a estudar se esta proposta Geempiana ela poderia neste momento recuperar este aluno ser uma maneira satisfat ria para conseguir recuperar de uma maneira mais r pida este aluno e n s buscamos ent o este convenio com o GEEMPA n s j temos este convenio h dois anos onde n s trabalhamos com a corre o de fluxo ent o o aluno tem num turno o seu ensino regular e no contra turno ele t
91. processo As mudan as empreendidas nas reformas educacionais remetem a modelos gerenciais de gest o com redu o de custos e enfoque na efici ncia efic cia e produtividade das institu es escolares Nesse sentido as avalia es em larga escala tem sido um aliado e o Estado de executor das pol ticas passa a ser o coordenador e financiador Diante desses breves apontamentos acerca da atual conjuntura do Estado as reformas da Educa o e as transforma es pelas quais o Estado vem passando o problema de pesquisa que orienta esta tese quais os desdobramentos das pol ticas educativas da secretaria municipal de educa o de Santa Maria RS no trabalho docente na gest o escolar e no curr culo escolar a partir do acionamento de mecanismos dos sistemas de avalia o em larga escala da pol tica de qualifica o profissional e da l gica meritocr tica Outras quest es oriundas da problem tica a ser investigada nortearam o desenvolvimento desta pesquisa Dentre elas Qual o papel dos sistemas de avalia o em larga escala no contexto escolar Qual o papel da meritocracia nas atuais pol ticas educacionais na rede de ensino municipal Quais as repercuss es da meritocracia no contexto escolar Quais as implica es desse movimento para o curr culo escolar Como os sujeitos e atores gestores e docentes percebem e ou resistem a tais pol ticas Neste estudo parto da tese de que o conjunto de reformas educa
92. profiss o que tem como fun o cuidar de crian as a possibilidade de compatibiliza o de hor rios entre o magist rio e o trabalho dom stico j que aquele pode ser 72 realizado em um turno a aceita o social para que as mulheres pudessem exercer essa profiss o Quanto sa da dos homens do magist rio Hypolito 1997 destaca alguns aspectos tais como a busca por melhores empregos os homens teriam atribui es que as mulheres n o possu am por serem chefes de fam lia respons veis por manter as obriga es do lar ou seja o sustento da fam lia n o depende do emprego da mulher Ao que se refere carreira docente os homens que permaneciam no magist rio diferentemente das mulheres faziam carreiras r pidas HYPOLITO 1997 p 63 O autor destaca ainda que o processo de feminiza o do magist rio uma rela o complexa entre estado controle profissional e magist rio Hypolito 1997 p 73 aponta que o processo de feminiza o do magist rio coincide com o processo de transforma o do trabalho docente em trabalho assalariado controlado pelo Estado submetido a formas de controle externas ao pr prio processo de trabalho retirando dos professores formas aut nomas de controle sobre o qu e como ensinar O processo de racionaliza o e parcelamento do trabalho docente simult neo transforma o desse trabalho em trabalho feminino A feminiza o do magist rio n o remete apenas a u
93. recebemos n o tem como a n o ser que a gente seja especialista ou que fa a educa o especial ou curso de libras n s recebemos os esclarecimentos necess rios tanto sobre a legisla o como na forma de trabalhar o mais no dia a dia porque inclus o uma coisa que n o vem com uma formula pronta as pessoas est o ainda aprendendo como fazer professora Hort ncia EV os cursos de capacita o da SMED foram voltados pra aquelas escolas que tinham um baixo IDEB n s n o participamos destas reuni es uma vez teve um curso que todos n s fizemos mas que n o tinha essa finalidade professora Rosa EA Sim at no ano passado teve um curso sobre inclus o e tem tido varias palestres sobre v rios temas mas eu acho assim que e muito amplo a gente ficar s indo em palestras eu acho que preciso tamb m cursos mais aprofundados oficinas produ o de material ent o eu acho que estes cursos s o muito superficiais n o conseguem mobilizar capacitar formar os professores porque deveriam ter cursos com mais leituras produ o de material discuss o de curr culo que n o se tem muito nas escolas metodologias uma forma das pr prias escolas interagirem entre si no fim a gente muito pouco interage com as outras escolas tamb m ent o eu acho que a forma o como ela dada sinceramente ela ajuda muito pouco vieram palestrantes bons mas uma coisa muito superficial eu acho que precisaria mudar professor
94. rela o a estas crian as foram tomadas que da vai desde uma merenda extremamente qualificada olha se tu for andar nas escolas tu vai ver que em todas as escolas da rede a merenda extraordin ria demos uniformes tamb m tudo que valorizasse as crian as gestora Joana SMED Todas as escolas da rede municipal receberam kits com material l dico did tico recursos de m dia como televis o e data show uniformes tinta para pintura externa e interna dos pr dios para promover a revitaliza o das escolas Al m de equipar as escolas com materiais teve in cio uma s rie de reformas cerca de 42 escolas foram reformadas 2 escolas foram ampliadas e a uma escola foi constru da As reformas inclu ram melhorias nas cozinhas refeit rios muros paredes forros al m disso todo material pl stico dos refeit rios foram substitu dos por material de inox e nas escolas de educa o infantil todos os colchonetes e len is foram trocados Contudo h de se considerar que a rede composta por 80 escolas ou seja um n mero significativo de escolas n o foi contemplado pelas reformas e ainda existem escolas que enfrentam graves problemas de infraestrutura como aus ncia de cozinha e refeit rios adequados sala de biblioteca quadra esportiva coberta dentre outros Ap s o ajuste no quadro funcional da rede e as melhorias na infraestrutura das escolas teve in cio um terceiro momento nas a es da secretaria agora destinad
95. s da premia o porque se n o a gente vai ficar competindo Professora Margarida EA Certamente n o foi vista com bons olhos porque teve aqueles professores que receberam e que n o acharam correto como teve tamb m aqueles professores que receberam e acharam correto sim mas de modo geral os professores da rede municipal n o olharam com bons olhos tanto que n s fomos para a c mara de vereadores protestar contra este Pr mio 33 Entrevista concedida em 19 de novembro de 2008 ao Observat rio da Educa o obtida por meio do Seguinte endere o http www observatoriodaeducacao org br index php view article amp id 589 3A depoimentoromualdo portela professor da faculdade de educacao da usp amp option com content amp lItemid 104 acessado em 23 de maio de 2012 201 mas eu acredito que a premia o para fazer uma divis o mesmo os bons est o aqui os ruins est o aqui para refor ar uma discrimina o que j existe entre a periferia e o centro Professora Violeta EV ent o n s achamos que a meritocracia isso de premiar professores com pr mios materiais isso n o contribui para melhorar a qualidade da educa o tem muitos outros fatores que contribuem professora Hort ncia EV N s somos contra porque n o desta maneira que a gente quer que seja avaliado o desempenho dos professores do munic pio porque o que que ele faz Ele joga uns contra os outros ele elege algumas escolas que tem
96. se no topo da escala nacional da qualidade da educa o nos anos iniciais do ensino fundamental conforme DEB alcan ados tiveram a taxa de fluxo como principal respons vel para a melhoria de seus ndices Ainda que as escolas da rede municipal de ensino de Santa Maria tenham apresentado de modo geral melhoria no Indicador de Aprendizado tamb m podemos observar as altas taxas no Indicador de Fluxo sobretudo nos anos iniciais Em an lise realizada por Alves 2007 acerca do IDEB a autora argumenta que A diwmilga o do IDEB e a defini o de metas para serem cumpridas por estados e municipios at 2022 coloca o tema do efeito composicional novamente em voga As metas s o demandantes uma vez que est o relacionadas com a supera o de dois dos maiores problemas da educa o brasileira elevada taxa de n o promo o e baixo desempenho escolar Para que o Brasil consig atingir um IDEB igual a 6 0 at 2022 necess rio a quase total regulariza o do fluxo escolar e que o desempenho das escolas brasileiras melhore sensivelmente E bem prov vel que os esfor os de governantes para dar conta da exigencias impostas pelas metas tenham efeitos em momentos diferenciados Provavelmente nos pr ximos anos os primeiros resultados das pol ticas implementadas para a regulariza o do fluxo come ar o a aparecer Somente em um segundo momento com o fluxo escolar quase regularizado ou est vel em patamares baixos
97. segue como a SMED n o tem condi es de qualificar estes professores de portugu s e de matem tica para desenvolver este trabalho a secretaria est ouvindo algumas empresas em n vel nacional estadual e at local empresas que prestam este tipo de servi o para qualificar os professores para preparar o material elaborar a prova e aplicar a prova ser elaborado tanto o material did tico para o professor como tamb m a prova mas isso tudo com o acompanhamento do nosso setor pedag gico porque tanto este material como a prova devem estar adequados s nossas diversidades regionais gestora Catarina SMED A Prova ser realizada anualmente pelos alunos do 4 e 8 anos do ensino fundamental das escolas urbanas e rurais contendo quest es de Portugu s e Matem tica Ser obrigat ria a divulga o dos resultados das escolas na Prova Santa Maria do mesmo modo que j ocorre com a divulga o dos resultados do IDEB A pol tica educacional proposta pela gest o 2009 2012 em muitos momentos n o foi bem recebida pelos professores pois as diretrizes e 140 recomenda es lan adas pela SMED n o s o simplesmente recebidas e implementadas na pr tica Uma vez que nesse contexto tamb m se encontram articulados outros contextos assim as pol ticas na pr tica ficam sujeitas s interpreta es podendo ser recriadas e reconfiguradas como sustenta Ball 2009 p 305 a pr tica composta de muito mais do
98. seja deve restringir se ao estudo da cogni o dos m todos e das did ticas que melhor ensinem as habilidades e as compet ncias exigidas pela sociedade globalizada Os professores s o muito visados pelos programas governamentais como agentes centrais da mudan a nos momentos de reforma Como indica Martin Lawn 2001 o magist rio sempre chamado a um projeto de na o O magist rio tem sido considerado o principal respons vel pelo desempenho dos alunos da escola e do sistema O professor diante das variadas fun es que a escola p blica assume tem de desempenhar pap is que est o al m de sua forma o OLIVEIRA 2008 p 32 Como aponta Vieira 2002 p 120 as reformas e os planos educacionais sob a influ ncia do modelo de gest o neoliberal desenvolveram no caso latino americano uma rede de informa es e de pesquisas que no limite tem produzido uma potente forma de controle sobre toda a pr tica educativa das redes s escolas e destas s salas de aula Oliveira 2003 p 33 sinaliza que a partir dessas reformas o trabalho docente n o tem sido mais definido apenas como atividade em sala de aula compreende tamb m a gest o da escola Essa gest o est relacionada dedica o dos professores ao planejamento elabora o de projetos discuss o coletiva do curr culo e da avalia o contudo sem que as condi es de trabalho necess rias sejam proporcionadas tais como tempo de prepar
99. semin rios sobre reformas educacionais com o Professor Clermont Gauthier co orientador Durante o est gio doutoral tive a oportunidade de conhecer e participar de discuss es com alunos provenientes de diversos pa ses como Congo Gab o Marrocos Fran a Haiti Senegal o que certamente foi de grande valia pois me possibilitou um olhar para realidades t o diferentes mas que de modo geral passam por reformas educacionais muito semelhantes Outro aspecto que cabe salientar se refere ao fato de ter realizado o est gio doutoral na prov ncia do Quebec residindo durante todo o per odo na cidade de Quebec nica prov ncia do Canad de l ngua e coloniza o francesa o que me possibilitou compreender as diferen as existentes tanto na organiza o do sistema educacional daquele pa s como tamb m observar seus reflexos nos contextos escolares Sendo assim a experi ncia do estagio doutoral foi de suma import ncia tanto para minha forma o acad mica como tamb m pessoal Contribuindo significativamente no desenvolvimento desta tese CAP TULO I ESTADO NEOLIBERALISMO E EDUCA O O objetivo deste cap tulo discutir a reconfigura o do papel do Estado a partir das crises vividas pelo Estado capitalista em especial a partir dos anos 80 do s culo XX em que o Estado passou por uma profunda transforma o estrutural pol tica social e econ mica No per odo posterior primeira guerra com a crise da bolsa de
100. sica no Brasil tem como meta fazer com que todas as escolas de Educa o B sica do pa s alcancem m dia 6 0 ndice at 2022 A fixa o da m dia 6 0 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An sio Teixeira INEP MEC considerou o resultado obtido pelos pa ses da OCDE uma vez que 6 0 foi a nota obtida pelos pa ses desenvolvidos que ficaram entre os 20 mais bem colocados do mundo Agora ser poss vel comparar o resultado obtido pelos pa ses desenvolvidos com os resultados esperados pelo Brasil o que torna poss vel que esses pa ses alcancem tais m dias Do mesmo modo cabe ressaltar o que significaria para o Brasil alcan ar m dia 6 0 esse ndice corresponderia a uma educa o de qualidade Estar o os nossos alunos 6 0 no mesmo n vel dos alunos de outros pa ses como a Finl ndia China Cor ia Canad O que tem por tr s desse ndice Com base na an lise realizada aqui at o momento e levando em considera o outras pesquisas conforme j citamos anteriormente nesta tese os resultados obtidos pelas escolas no IDEB em todo o territ rio brasileiro ainda levantam muitos questionamentos Sobretudo no que tange ao ndice de fluxo utilizado para a composi o do IDEB al m claro de outros mecanismos simulados treinamento dos alunos pr sele o dos alunos que realizam a Prova que podem ser utilizados para mascarar os resultados das escolas na Prova Brasil Ao se comparar os res
101. sistema educacional brasileiro apresenta uma s rie de exames nacionais padronizados conforme j foi descrito no capitulo Il desta tese al m dos exames nacionais alguns Estados e munic pios tamb m tem realizado exames pr prios de avalia o para a rede p blica de ensino O que refor a a import ncia dos sistemas de avalia o educacional nas atuais pol ticas Como mostra Afonso 2009 as pol ticas de avalia o de presta o de contas e de responsabiliza o accountability foram ganhando uma certa imunidade s concep es pol tico ideol gicas dos governos disseminando e homogeneizando muitos dos seus efeitos como se essas mesmas pol ticas ganhassem o seu verdadeiro sentido situando se acima das realidades culturais pol ticas econ micas e educacionais nacionais AFONSO 2009 p 17 Dentre as cr ticas aos sistemas de avalia o em larga escala argumenta se sobre o fato das avalia es padronizadas n o levarem em considera o o contexto escolar ainda que diferentes pesquisas Viana 2005 Nogueira et al 2009 j tenham demonstrado a relev ncia do contexto escolar na aprendizagem dos alunos Como argumenta Paz 2010 p 67 213 duras cr ticas t m sido tecidas contra esse tipo de pol tica de avalia o visto que desconsideram que parte dos problemas educacionais adv m do pr prio formato do projeto ideol gico neoliberal no qual se reduz a qualidade igualdade de acesso s escolas mas em co
102. social com graves problemas sociais e econ micos De modo geral os alunos s o provenientes de fam lias desfavorecidas que vivem em condi es prec rias nesse contexto os professores e os gestores s o chamados e desafiados a educar essa popula o Como mostra Santos 2002 em estudos realizados com realidades semelhantes 218 trata se de uma tarefa que para ser desempenhada termina passando por v rias outras como resolver problemas de alimenta o e doen as dos alunos ajud los a superar problemas emocionais orient los em rela o ao comportamento sexual trabalhar com a preven o ao crime e s drogas entre outros SANTOS 2002 p 364 Em contra partida a Escola Amarela apresenta um contexto educacional que se diferencia bastante da Escola Verde mesmo fazendo parte da mesma rede de ensino sobretudo ao que se refere popula o atendida Ainda que a escola Amarela tamb m receba alunos de classe sociais menos favorecidas com problemas sociais e financeiros a grande maioria dos alunos oriunda de uma classe social m dia Como apontam os seguintes depoimentos A nossa clientela aqui ela n o uma clientela de periferia n s temos alunos que v m transferidos de outras escolas que s o alunos mais carentes mas a maioria dos alunos s o de classe m dia os pais trabalham na universidade na base a rea gestora Maria EA a nossa clientela um p blico com melhores condi es financeiras embora
103. tendem a piorar uma vez que os efeitos artificiais est o presentes nos primeiros anos de realiza o dos exames Corroborando com Mons 2009 os resultados dos estudos realizados por Merch n Iglesias 2012 em Andaluc a Espanha mostram que depois da realiza o de quatro avalia es de diagn stico n o h nenhuma evid ncia emp rica pelo contr rio de que de fato tenha se verificado uma melhoria no desempenho dos alunos ou na pr tica educacional No caso do munic pio de Santa Maria a premia o a partir do desempenho das escolas nos sistemas de avalia o em larga escala acarretou outro fen meno muito interessante que se refere ao fato de um mesmo professor ter recebido o Pr mio de Qualidade de Educa o numa escola e ser tamb m professor de outra escola que tenha IDEB igual ou menor do que a m dia nacional J que muitos professores da rede possuem contratos de 40 horas mas n o cumprem todas as horas na mesma escola n s temos professores que trabalham aqui e que ganharam o Pr mio pela outra escola em que tamb m trabalham e ser que este professor trabalha diferente aqui do que ele trabalha na outra escola s porque os alunos daqui s o mais pobres a escola a mesma do munic pio gestora Olga EV isso aconteceu mesmo eu tenho uma colega que trabalha comigo l ent o a nossa escola tem o IDEB baixo e ela esta trabalhando numa outra escola que foi premiada e at a diretora brincou com ela p
104. vel em http www observatoriodaeducacao org brindex php option com content amp vie w article amp i d 602 pesquisador avalia politica de premiacao por bonus amp catid 56 entrevistas amp ltemid 2 Acesso em 23 05 2012 ALVES M T G Dimens es do efeito das escolas explorando as intera es entre fam lias e estabelecimentos de ensino Estudos em avalia o educacional S o Paulo v 21 n 46 p 271 296 maio ago 2010 ALVES F Qualidade da educa o fundamental integrando desempenho e fluxo escolar Ensaio Avalia o e Pol ticas P blicas em Educa o Rio de Janeiro v 15 n 57 p 525 542 out dez 2007 ALVES F ORTIG O e FRANCO C Origem social e risco de repet ncia intera o ra a capital econ mico Cadernos de pesquisa v 37 n 130 p 162 180 jan abr 2007 ANDERSON P Balan o do neoliberalismo In SADER E GENTILLP P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado democr tico Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 ANDRADE E School Accountability no Brasil experi ncias e dificuldades Revista de Economia Pol tica vol 28 n 3 p 443 453 jul set 2008 252 ANTUNES R Os sentidos do Trabalho Ensaios sobre a afirma o e a nega o do trabalho S o Paulo Boitempo Editorial 2005 APPLE M Interromper a direita realizar trabalho educativo cr tico numa poca conservadora Curr culo sem Fronteiras v 2 n 1 p 80 98 jan jun 2002 APPLE M Educando a direit
105. 009 a meta era 4 0 e em 2011a meta era 4 3 160 Em rela o evolu o do indicador de aprendizado os dados revelam uma situa o positiva em ambas as etapas de ensino uma vez que desde 2007 o ndice tem apresentado um crescimento Nos anos inciais obervamos que em 2011 ocorreu o maior crescimento com um aumento de 10 no ndice alcan ando a m dia 5 55 Entretando nos anos finais o aumento do ndice em 2011 n o foi t o significativo com um acr scimo de 5 e se comparamos com o crescimento ocorrido em 2009 de 4 a taxa de crescimento em 2011 n o mostra um aumento significativo mesmo com a implementa o do plano de a es da SMED E Anos iniciais E Anos finais 5 6 5 55 Indicador de aprendizado 2005 2007 2009 2011 Figura 17 Evolu o do Indicador de Aprendizado das escolas da rede municipal nos anos iniciais e finais 2005 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Ainda que os dados apontem para uma situa o favor vel quanto ao indicador de aprendizado cabe salientar que para a disciplina de Matem tica o valor adequado deveria ser superior a 225 pontos para os anos iniciais do Ensino Fundamental e de 300 pontos para os anos finais do Ensino Fundamental No caso da disciplina de L ngua Portuguesa a pontua o 30 Tecnicamente conhecido como nota m dia padronizada calculado pelas m dias dos resultados dos alunos em portugu s e matem tica na Prova Brasil O valor adequado 200 em Port
106. 1989 p 9 ainda que o xito escolar diretamente ligado ao capital cultural legado pelo meio familiar desempenhe um papel na escolha da orienta o parece que o determinante principal do prosseguimento dos estudos seja a atitude da fam lia a respeito da escola ela mesma fun o como se viu das esperan as objetivas de xito escolar encontradas em cada categoria social Corroborando com Bourdieu pesquisa realizada por Alves 2010 p 288 apontou que os alunos que t m desempenho alto pertencem a fam lias mais 223 educ genas isto que re nem caracter sticas favor veis ao desempenho escolar dos filhos e s o mais propensas a garantir a longevidade escolar Do mesmo modo Charlot 1996 sustenta que o apoio da fam lia ou a demanda familia como denomina o autor funciona como motivo principal da mobiliza o dos jovens em rela o escola Nesse sentido Charlot 1996 ressalta que mesmo quando os pais n o t m condi es t cnicas de ajudar os filhos a fazer os temas a for a de uma demanda inscrita na rede das rela es familiares que sustenta a mobiliza o dos jovens em rela o escola Somado a isso os alunos da Escola Verde enfrentam uma imensa precariedade de condi es m nimas de vida como argumenta a professora Hort ncia a grande maioria dos alunos s o miser veis eles moram em condi es prec rias muitas vezes eles n o tem uma roupa limpa e seca para vestir n o t
107. 46 out 2007 DOURADO L F OLIVEIRA J F A qualidade da educa o perspectivas e desafios Caderno Cedes Campinas vol 29 n 78 p 201 215 maio ago 2009 DUBET F D clin institutionnel et travail enseignant Bulletin Formation et Profession vol 18 n 1 p 37 38 maio 2011 ESTEBAN M T Provinha Brasil S sifo Revista de Ci ncias da Educa o n 9 p 47 56 mai ago 2009 RNICA M e BATISTA A A A escola a metr pole e a vizinhan a vulner vel Cadernos de Pesquisa v 42 n 146 p 640 666 maio ago 2012 FERNADES L Neoliberalismo e reestrutura o capitalista In SADER E GENTILI P P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado democr tico Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 FERNANDES R e GREMAUD A Qualidade da educa o avalia o indicadores e metas In VELOSO F et al Educa o B sica no Brasil construindo o pa s do futuro 1 ed Rio de Janeiro Elsevier 2009 v 1 p 213 238 FERR O M E e FERNANDES C O efeito escola e a mudan a d para mudar evidencias da investiga o brasileira Revista Electr nica lberoamericana sobre Calidad Eficacia y Cambio en Educaci n 2003 vol 1 n 1 FONSECA M O Banco Mundial e a Educa o reflex es sobre o caso brasileiro In APPLE M et al Pedagogia da exclus o o neoliberalismo e a crise da escola p blica Petr polis RJ Vozes p 169 195 1995 256 FONSECA M OLIVEIRA J F A gest o escolar no contexto d
108. A exemplo de munic pios que desenvolveram um sistema de avalia o pr prio para al m daquelas j efetuadas em n vel federal e estadual o munic pio de Santa Maria RS elaborou a Prova Santa Maria A Prova ser fundamentada nas diretrizes curriculares estabelecidas para a educa o municipal servindo seus resultados para nortear decis es administrativas e tamb m pedag gicas no desenvolvimento de metodologias de ensino para melhorar o aprendizado dos alunos A Prova ser realizada anualmente pelos alunos do 4 e 8 anos do ensino fundamental das escolas urbanas e rurais contendo quest es de Portugu s e Matem tica A divulga o dos resultados das escolas ser obrigat ria Al m da Prova Santa Maria a SMED tamb m elaborou as Diretrizes Municipais Curriculares a fim de organizar todo o sistema municipal de ensino bem como uma base curricular comum a todas as escolas como declara a gestora Catarina SMED Hoje n s temos um documento que s o as diretrizes curriculares municipais que organizam todo esse sistema de ensino e n s estamos trabalhando dentro desses conte dos ent o n s n o temos mais aquilo de a professora X falou que deve ser trabalhado tal conte do n o agora tudo est organizado nessas novas diretrizes Acerca de 10 anos a SMED trabalhava na elabora o desse documento tendo em vista o longo processo de elabora o das diretrizes muitas coisas se perderam no decorrer dos anos Quando inicia
109. ArtMed 2004 PINO M VIEIRA J HYPOLITO A Controle e intensifica o do trabalho docente c meras novo gerencialismo e pr ticas de governo In Fernando Fidalgo Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira Org A intensifica o do 261 trabalho docente tecnologias e produtividade Campinas Papirus 2009 p 113 133 RAMALHO B L NUNES IB GAUTHIER C Formar o professor profissionalizar o ensino perspectivas e desafios Porto Alegre Sulinas 2004 Ravitch D Vida e morte do grande sistema escolar americano como os testes padronizados e o modelo de mercado amea am a educa o Porto Alegre Sulina 2011 RODERICK M JACOB B amp BRYCK A The impact of high stakes testing in Chicago on student achievement in promotional gate grades Educational evaluation and policy analysis vol 24 n 4 2002 p 333 357 SADER E A hegemonia neoliberal na Am rica Latina In SADER E GENTIL P P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado democr tico Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 SADER E Pref cio In M SZ ROS A educa o para al m do capital S o Paulo Boitempo 2008 SALAMA P Para uma nova compreens o da crise In SADER E GENTILLP P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado democr tico Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 SANTA MARIA Lei municipal n 4696 03 de 22 de setembro de 2003 Estabelece o plano de carreira do magist rio p blico do munic pio institui
110. B nos anos iniciais e nos anos finais individualmente com o valor de R 3 000 00 ll As escolas classificadas com a 1 2 e 3 melhor nota na avalia o do IDEB nos anos inicias e nos anos finais com o certificado de reconhecimento IV Os professores efetivos e equipe diretiva da escola municipal de Santa Maria que demonstrou o maior crescimento na nota de avalia o do IDEB nos anos iniciais e finais conjuntamente com valor de R 1 000 00 V Os professores efetivos e a equipe diretiva da escola municipal de Santa Maria que demonstrou o segundo maior crescimento na nota de avalia o do IDEB nos anos iniciais e finais conjuntamente com o valor de R 500 00 reais O Pr mio Qualidade na Educa o entregue aos professores e gestores uma vez ao ano em solenidade p blica Tanto professores como gestores premiados s o convocados a participar da solenidade O Pr mio Qualidade na Educa o sinaliza e refor a a import ncia que a gest o 2009 2012 atribui ao IDEB como refer ncia de qualidade da educa o municipal Nessa perspectiva uma agenda de a es que atua em contextos de influ ncia e no contexto da pr tica foi desenvolvida pela SMED tendo como prioridade as 21 escolas com IDEB menor ou igual m dia nacional esse plano de a o foi aplicado nas escolas com baixo IDEB para que a gente possa ajudar a escola a se reconhecer nos seus limites e possibilidades primeiro tamb m para compreender o que
111. Com isso os professores s o apontados como os principais respons veis pelo desempenho dos alunos das institui es de ensino do sistema escolar o que certamente tornou os professores sujeitos a maiores avalia es e criticas por parte de setores da sociedade contribuindo para a eleva o das exig ncias de ordem moral e profissional GARCIA e ANADON p 79 2009 Segundo afirma Oliveira 2007 p 356 a nova organiza o escolar reflete um modelo de regula o educativa produto de novas articula es entre as demandas globais e as respostas locais muito embora as escolas tenham adquirido maior autonomia e flexibilidade atrav s da descentraliza o administrativa pedag gica e financeira novos modos de regula o foram inseridos no contexto escolar A qualidade do trabalho docente tem sido cada vez mais associada ao desempenho dos alunos em sistemas de avalia o em larga escala com isso os profissionais da educa o s o incentivados a basearem suas a es e seu trabalho pedag gico em fun o dos resultados os 189 conceitos de produtividade efici ncia efic cia passam a fazer parte do cotidiano escolar Assim o gerencialismo como sugerem v rios estudos Ball 2005 Hypolito 2010 Garcia e Anadon 2009 faz se acompanhar de uma grandiosa cobran a em torno da performatividade uma pol tica de resultados baseada em desempenhos quantific veis Fato que no Brasil pode ser observado por meio dos diverso
112. D n s est vamos assumindo bem no in cio do ano letivo com um quadro funcional de mais de 300 vagas em aberto com falta de professores e que n s t nhamos que suprir essas necessidades de imediato gestora Catarina SMED A partir dessa situa o foi desenvolvido um levantamento acerca da realidade da rede municipal de ensino e suas necessidades bem como do quadro funcional da rede municipal e ao cumprimento da carga hor ria de trabalho dos professores Apenas professores concursados atuam na rede municipal e os concursos s o realizados para regime normal de trabalho do professor de 20 horas semanais conforme a Lei municipal n 4696 03 sendo 127 que 4 horas s o destinadas ao planejamento das atividades e 16 horas s o de trabalho direto com os alunos Assim considerando as bases legais a equipe gestora da SMED realizou um levantamento sobre o quadro docente da rede considerando as vagas que se encontravam em aberto nas escolas e o cumprimento da carga hor ria dos professores n s come amos a estudar os quadros de lota o dos profissionais de cada escola e neste sentido n s come amos a perceber que as horas trabalhadas pelos professores ou as horas que os professores cumpriam eram horas m nimas um professor tinha carga hor ria de 20 horas ele ficava 8 horas frente aluno e o restante ele fazia em projetos em planejamento no nosso entendimento o que se tem pela pr pria lei s o 4 horas de planejamento e
113. IDEB mais alto e paga uma quantia em dinheiro para a escola e para os professores e existem n situa es no munic pio cada escola uma realidade Professora Marisol EV Um aspecto interessante a se destacar a partir dos depoimentos anteriores concerne ao relato da professora Margarida que embora tenha recebido o Pr mio se posiciona contrariamente a esse tipo de bonifica o por desempenho Visto que a professora entende que a melhoria na educa o ir ocorrer mediante uma s rie de investimentos no campo educacional e n o com pol ticas de bonifica o Os depoimentos nos remetem ainda a outras reflex es acerca da meritocracia j que trata se de uma pol tica que provoca diferentes efeitos sobre o campo educacional tanto no que se refere ao trabalho docente como tamb m nas rela es sociais O primeiro efeito que podemos observar a partir dos depoimentos refere se competi o que o Pr mio instaurou entre as escolas ineg vel que o fato das escolas estarem preocupadas em melhorar seus ndices pode ter reflexos positivos na qualidade da educa o contudo alcan ar as metas e receber as premia es n o podem se tornar o objetivo da escola uma vez que podemos estar distorcendo a sua real finalidade Outro aspecto importante a considerar consiste no fato dessa bonifica o estar atrelada unicamente ao desempenho dos alunos nos sistemas de avalia o em larga escala o que resulta numa simplifica o do tra
114. L 2005 O discurso empregado pelo Estado gerencial engendra a l gica empresarial no contexto escolar seduzindo os professores e gestores a assumirem novos comportamentos baseados em uma nova atitude profissional que canaliza todos os seus esfor os para cumprirem metas aumentar a produtividade com o menor custo poss vel Desenvolve se uma nova cultura na qual os professores e gestores criam um esp rito de perten a e de responsabiliza o pela organiza o e qualidade do ensino prestada aos pais e alunos Nesta perspectiva os sujeitos s o incentivados a basearem as suas a es em resultados associados a sua produtividade Com isso a performatividade age nos professores atrav s da subjetividade dos mesmos assim os professores s o encorajados a refletir sobre si mesmos num processo de automonitoramento Ainda que o discurso se baseie numa maior autonomia dos professores esse modo de agir e pensar se constitui numa regula o do sujeito pois na medida em que proporciona 95 uma autonomia controla por meio de compara es avalia es de desempenho e exposi es BALL 2002 As pol ticas educacionais pautadas em sistemas de avalia o em larga escala desenvolvidas em diversos pa ses da Am rica Latina bem como em alguns pa ses da Europa e EUA demonstram resultados decepcionantes no entanto a resposta que os governos t m dado a este insucesso n o tem sido no sentido de mudar a pol tica ao contr rio tem sido no
115. NEP portal do MEC e Portal IDEB Meritt jornais documentos legais como pareceres resolu es leis entre outros al m de entrevistas semiestruturadas realizadas com alguns membros da Secretaria Nesta primeira parte do estudo observamos que o plano de a es elaborado e desenvolvido pela SMED tinha no IDEB o principal eixo norteador para as a es da equipe gestora Sobretudo no que se refere aquelas escolas que na avalia o de 2009 obtiveram resultados iguais ou inferiores m dia nacional do IDEB O plano de a es da SMED tinha como objetivo melhorar o IDEB daquelas escolas para tal a Prova Brasil foi o alvo central do plano de a es j que a Prova produz indicadores que comp em o c lculo do IDEB Nessa perspectiva v rias iniciativas e atividades foram implementadas pela SMED como cursos de forma o continuada simulados da Prova Brasil reuni es pedag gicas elabora o das Diretrizes Curriculares Municipais Prova Santa Maria etc Outra iniciativa do Prefeito foi a cria o do Pr mio de Qualidade da Educa o que bonifica as escolas a equipe gestora e os professores daquelas escolas que alcan arem os melhores resultados no IDEB ou aquelas que apresentarem o maior crescimento no ndice Tais iniciativas demonstram a relev ncia que os sistemas de avalia o em larga escala possuem no contexto da gest o 2009 2012 e nas a es da SMED A partir da an lise quantitativa empreendida nesse estudo acerca do
116. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de P s Gradua o em Educa o EDE quivE RSin o Sti oras S e AS pras Tese Pol ticas educacionais e pol ticas de responsabiliza o efeitos sobre o trabalho docente curr culo e gest o Andressa Aita Ivo Pelotas 2013 Andressa Aita Ivo Pol ticas educacionais e pol ticas de responsabiliza o efeitos sobre o trabalho docente curr culo e gest o Tese apresentada ao Programa de P s Gradua o em Educa o da Faculdade de Educa o da Universidade Federal de Pelotas UFPel como requisito parcial para obten o do t tulo de Doutor em Educa o Orientador lvaro Luiz Moreira Hypolito Pelotas 2013 Andressa Aita Ivo Pol ticas educacionais e pol ticas de responsabiliza o efeitos sobre o trabalho docente curr culo e gest o Banca examinadora Prof Dr lvaro Luiz Moreira Hypolito Orientador Universidade Federal de Pelotas UFPel Prof Dr L via Maria Fraga Vieira Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Prof Dr Maria de F tima C ssio Universidade Federal de Pelotas UFPel Prof Dr Maria Cec lia Lorea Leite Universidade Federal de Pelotas UFPel Prof Dr Valdelaine da Rosa Mendes Universidade Federal de Pelotas UFPel Quanto mais qualquer indicador social quantitativo for usado para tomadas de decis es sociais mais ele ser sujeito a press es corruptas e mais apto ele estar para distorcer
117. a es impostas aos pa ses emergentes ap s a Confer ncia de Educa o para Todos realizada em mar o de 1990 em Jomtien e ao mesmo tempo constitui se em um exemplo de parceria p blico privado Trata se de um movimento financiado exclusivamente pela iniciativa privada que congrega sociedade civil organizada educadores e gestores p blicos Com o objetivo de alcan ar uma educa o de qualidade o movimento lan ou 5 metas que devem ser atingidas at setembro de 2022 s o elas Toda crian a e jovem de 4 a 17 anos na escola Toda crian a plenamente alfabetizada at os 8 anos Todo aluno com aprendizado adequado sua s rie Todo jovem com Ensino M dio conclu do at os 19 anos Investimento em Educa o ampliado e bem gerido As metas s o monitoradas a partir da coleta sistem tica de dados e da an lise de s ries hist ricas de indicadores educacionais oficiais O movimento desenvolve a es de articula o pol tica e institucional advocacy que t m como objetivo somar esfor os e estabelecer pontes entre a iniciativa privada a sociedade civil organizada e o setor p blico Essas parcerias desenvolvidas pelo movimento corroboram com o que Vieira 2004 p 48 em seus estudos j apontava ou seja a forte influencia do empresariado na defini o dos rumos do pa s frente s exig ncias da globaliza o o empresariado tornou se um vigoroso aliado e influente personagem nas defini es das pol ticas p blicas S
118. a o na nova fase do processo de internacionaliza o 4 a maior concentra o de capitais gra as s fus es entre as empresas monopolistas e oligopolistas 5 a crise do welfare state ou do Estado do bem estar social e dos seus mecanismos de funcionamento acarretando a crise fiscal do Estado capitalista e a necessidade de retra o dos gastos p blicos e sua transfer ncia para o capital privado 6 incremento acentuado das privatiza es tend ncia generalizada s desregulamenta es e flexibiliza o do processo produtivo dos mercados e da for a de trabalho entre tantos outros elementos contingentes que exprimiam esse novo quadro cr tico ANTUNES 2005 p 29 Foi no contexto anteriormente referido que se aponta o cen rio cr tico da crise do capitalismo a partir dos anos 70 conhecido como crise do padr o de acumula o tayloristafordista que trouxe entre tantas outras consequ ncias a necessidade de reestrutura o do capital De acordo com Antunes 2005 o capitalismo iniciou um processo de reorganiza o das suas formas de domina o societal n o s procurando reorganizar em termos 37 capitalistas o processo produtivo mas procurando gestar um projeto de recupera o da hegemonia nas mais diversas esferas da sociedade O capital promoveu ent o v rias transforma es no pr prio processo produtivo a acumula o flex vel como denomina Harvey 1992 marcada por um confronto direto c
119. a o os debates internacionais No entanto como afirma Akkari 2011 p 17 os Estados na es n o t m o mesmo poder de regula o e de negocia o nem a mesma margem de manobra em face dessa crescente internacionaliza o Com a reconfigura o do Estado e a partir das diretrizes internacionais Sader 2008 p 15 salienta que a Educa o tornou se uma pe a do processo 49 de acumula o de capital e de estabelecimento de um consenso que torna poss vel a reprodu o do injusto sistema de classes E assim os processos educacionais e os processos sociais mais abrangentes de reprodu o est o intimamente ligados M SZ ROS 2008 p 25 Nos processos de reestrutura o do capital a educa o tamb m sofre modifica es neste caso o sistema educacional tem sido submetido s mesmas regras que regem a esfera da produ o A partir das op es ideol gicas mais capitalistas e neoliberais defende se e tenta se impor um modelo de sociedade em que a educa o acabe reduzida a mais um bem de consumo SANTOM 2003 p 39 Sendo assim o neoliberalismo precisa n o somente mas tamb m despolitizar a educa o conferindo lhe um novo significado como mercadoria para garantir assim o triunfo de suas estrat gias mercantilizantes e o necess rio consenso em torno delas GENTILI 1995 A forte influ ncia neoliberal no setor social e em especial na educa o de acordo com Silva 1996 se apoi
120. a habita o e servi os educacionais adequados em larga escala mas de modo humano e atencioso Nos pa ses do terceiro mundo a insatisfa o com o fordismo era muito grande visto que o processo de moderniza o que prometia desenvolvimento na pr tica proporcionava maior dom nio capitalista e poucos ganhos para a maioria da popula o em termos de qualidade de vida e de bem estar social garantidos pelo Estado HARVEY 1992 Conforme observa Gomes 2006 p 216 com a grande crise econ mica dos anos 70 as correntes liberais passaram a acusar o Estado como o grande vil o da Depress o O sistema capitalista come a a entrar em crise e conforme Harvey 1992 a crise de 1973 1975 derivou em parte de um confronto com a rigidez acumulada de pr ticas e pol ticas de governo implantadas no per odo fordista keneysiano As pol ticas keynesianas se mostraram inflacion rias medida que as despesas p blicas cresciam e a capacidade fiscal estagnava tendo em vista que para a pol tica fordista as redistribui es deviam se fundamentar no crescimento a redu o do crescimento inevitavelmente traria problemas para o Estado de bem estar social Harvey 1992 Para Antunes 2005 a crise do 36 fordismo e do keynesianismo exprimia uma crise estrutural do capital demonstrando o sentido destrutivo da l gica do capital presente na intensifica o da lei de tend ncia decrescente do valor de uso das mercadorias como tamb m a incont
121. a Margarida EA A maneira como os professores percebem os cursos de forma o continuada promovidos pela SMED mostra algumas diverg ncias em especial 235 o depoimento da professora Margarida que demonstra a sua insatisfa o com os cursos uma vez que esses n o abarcam alguns aspectos que a professora elenca como importantes a serem discutidos e que trariam benef cios para o contexto educacional Para al m do depoimento da professora Margarida no relato da professora Rosa fica evidente a preocupa o da SMED com cursos de forma o continuada voltados na sua maioria para prepara o dos professores para a Prova Brasil Retomando nossas an lises acerca do quadro docente das escolas investigadas observamos que ambas as escolas possuem um grupo de professores bem qualificado No caso da Escola Amarela apenas tr s professores num total de 23 n o possuem especializa o e a escola possui tr s professores com mestrado Na Escola Verde a realidade muito similar apenas uma professora no total de 54 n o possui especializa o e duas professoras t m mestrado A grande diferen a entre as escolas est relacionada carga hor ria dos professores na escola e ao tempo de servi o que o professor possui na mesma escola dois aspectos de grande relev ncia para a qualidade da educa o A Escola Amarela possui nesse sentido um grande diferencial pois a maioria dos professores possuem 40 horas na escola e al m disso mu
122. a mercados padr es Deus e desigualdade S o Paulo Cortez Instituto Paulo Freire 2008 APPLE M Para al m da l gica do mercado Compreendendo e opondo se ao neoliberalismo Rio de Janeiro 2005 ARA JO L Os fios condutores do PDE s o antigos Jornal de Pol ticas Educacionais n 2 p 24 31 setembro 2007 ARELARO L Formula o e implementa o das pol ticas p blicas em educa o e as parcerias p blico privadas impasse democr tico ou mistifica o pol tica Revista Educa o amp Sociedade Campinas vol 28 n 100 Especial p 899 919 out 2007 ARRETCHE Marta T S Emerg ncia e Desenvolvimento do Welfare State Teorias Explicativas in Bib Boletim Informativo e Bibliogr fico de Ci ncias Sociais no 39 semestre de 1995 p 3 40 AYED C B BROCCOLICHI S L appr hension des in galit s de scolarisation Ou comment Y voir clair das la jungle des id es re ues et des fausses oppositions Savoir agir n 17 Set 2011 BALL S J Performatividade Privatiza o e o P s Estado do Bem Estar Educ Soc Campinas vol 25 n 89 p 1105 1126 Set Dez 2004 BALL S J Diretrizes Pol ticas Globais e Rela es Pol ticas Locais em Educa o Curr culo sem Fronteira V 1 n 2 p 99 116 Jul Dez 2001 BALL S J Profissionalismo Gerencialismo e Performatividade Cadernos de Pesquisa vol 35 n 126 p 539 564 Set Dez 2005 253 BALL S J Performatividades e fabrica es na ec
123. a os A complexidade da pesquisa qualitativa est relacionada aos fatores condicionantes que perpassam as rela es sociais 102 uma vez que todo ser humano traz consigo uma bagagem cultural sentimental emocional guiadas pelas suas convic es pol ticas religiosas sociais etc Para as an lises dos fen menos que envolvem as rela es entre os indiv duos e desses com o meio preciso se considerar um aparato de possibilidades que podem constituir o contexto Contudo as pesquisas qualitativas n o podem perder de vista suas bases te rico metodol gicas a fim de dar sustenta o e rigorosidade cient fica s suas produ es A partir desse pressuposto te rico pesquisei o modelo de gest o assumido pela Secretaria Municipal de Educa o do munic pio de Santa Maria RS A escolha por este munic pio como campo emp rico ocorreu por diversas raz es dentre elas destaco algumas Inicialmente pensei em realizar a minha pesquisa neste munic pio por se tratar da minha cidade natal este fator teve respaldo nos anos de 2010 e 2011 quando iniciaram uma s rie de manifesta es dos professores da rede municipal de ensino em detrimento da pol tica educacional adotada pelo munic pio As manifesta es dos professores por meio de greve pequenas paralisa es das aulas passeatas entre outras despertaram ainda mais o meu interesse em investigar o modelo de gest o adotado pela Secretaria Municipal de Educa o SMED Tamb
124. a secretaria processo que somente foi finalizado em 2011 como demonstram os relatos das gestoras as diretrizes estavam numa gaveta h anos e n s conseguimos fazer este documento e as resolu es j est o a para a educa o infantil para os anos iniciais para os anos finais para a EJA para educa o inclusiva gestora Joana SMED Ent o estas diretrizes foram retomadas n s conservamos a legitimidade delas que foram constru das pelos professores da rede num processo longo de muitos anos atrav s de forma o continuada de textos sistematizados inclusive estas diretrizes que at foram encaminhadas ao conselho municipal de educa o em 2008 por m o conselho n o autorizou n o aprovou na ntegra os textos porque fez alguns apontamentos e depois disso n o foi retomado a partir dos apontamentos ent o de onde n s partimos De um texto sistematizado que foi constru do coletivamente com os professores da rede de apontamentos do conselho municipal de educa o e com tudo isso em dezembro 2011 novas pol ticas p blicas nacionais novas diretrizes no ensino fundamental novas diretrizes para a educa o b sica que sa ram em julho e em dezembro do ano passado 2011 ent o o nosso trabalho foi finalizar dar um contexto novo a este texto dentro das novas pol ticas nacionais e finalizar a partir desses apontamentos e das pol ticas nacionais fizemos o qu Finalzamos este texto context
125. a tu tem que melhorar muita cobran a muito desgaste A frustra o muito grande Professora Marisol EV Esta forma de pensar em que os docentes se sentem responsabilizados pelos resultados e pela qualidade do ensino os sentimentos de culpabiliza o individualiza o competitividade produtividade podem ser compreendidos a partir dos terrores da performatividade Ball 2002 conforme j discutimos anteriormente Assim a pr tica pedag gica se resume aos resultados e o trabalho docente vai sendo aos poucos condicionado a se desenvolver centralizado no desempenho em alcan ar as metas previamente e externamente definidas com isso cria se uma concep o de que somente os aspectos mensur veis tem significado para a avalia o do trabalho do professor como tamb m para a avalia o da aprendizagem dos alunos em outras palavras a efic cia s existe quando medida e demonstrada BALL 2005 p 453 Eu acho que n o deve avaliar educa o e atua o de professores s por uma prova o nosso trabalho em sala de aula vai muito al m de uma prova que s avalia portugu s e matem tica e n o as demais reas do conhecimento e tamb m n o leva em considera o outros aspectos por exemplo eu tive alunos que entraram no inicio do ano e n o tinham nenhuma socializa o mas durante o ano eles foram se desenvolvendo e isso a prova n o leva em conta Professora Marisol E V O relato da professora Mari
126. a Armando Ceccin n 165 Vila P rcio Reis A Escola Amarela tem como meta alcan ar n veis de excel ncia no processo ensino aprendizagem mantendo ou elevando os ndices do IDEB bem como reduzir os ndices de repet ncia nos anos que apresentam ndice de reprova o Atualmente a Escola est classificada entre as escolas com maior IDEB nos anos iniciais e anos finais da rede municipal e j recebeu o Pr mio Qualidade na Educa o conforme a Lei municipal n 5341 2010 No que concerne evolu o do IDEB da escola Amarela os dados mostram uma situa o positiva tanto nos anos iniciais como tamb m nos anos finais uma vez que a escola apresenta ndices acima da m dia municipal desde a primeira avalia o realizada em 2005 bem como um crescimento consider vel no decorrer dos anos Nos anos iniciais a escola tem apresentado um desempenho maior do que nos anos finais como mostra a fig 16 Nos anos iniciais a escola tem aumentando os ndices em todos os anos de avalia o mas sobretudo no ano de 2011 em que a escola obteve a maior m dia dentre as escolas da rede municipal municipal atingindo a pontua o 7 2 com um crescimento de 31 1 7 pontos percentuais no ndice Nos anos finais os ndices da escola revelam um crescimento nos tr s primeiros anos de avalia o contudo em 2011 a escola manteve o mesmo ndice de 2009 Mesmo atingindo a meta prevista para 2011 o IDEB ficou abaixo do valor de refer ncia Al m d
127. a das escolas o que significa uma maior aprova o dos alunos O valor m ximo para o Indicador de Fluxo 1 o que significaria 100 de aprova o no caso da rede de ensino investigada observamos que a maioria das escolas possuem m dias pr ximas de 0 8 Assim podemos observar que alguns mecanismos utilizados pelas escolas podem facilmente burlar o sistema e mascarar os resultados no IDDEB Em suma o aumento do IDEB nem sempre significa uma melhora na qualidade da Educa o da escola Outro fato que destacamos condiz com a correla o existente entre a localiza o geogr fica das escolas no munic pio e os resultados do IDEB a partir de nossas an lises foi poss vel constatar que aquelas escolas localizadas na regi o central do munic pio apresentam os melhores resultados no IDEB enquanto aquelas localizadas na periferia apresentam as piores m dias Tal fen meno a nosso ver demonstra o quanto o contexto s cio econ mico no qual as escolas est o inseridas e o perfil dos alunos tem influ ncia sobre o DEB Aspecto tamb m importante se refere ao fato das m dias do Ensino Fundamental n o estarem crescendo na mesma velocidade que as m dias dos 246 Anos Inicias como observamos na maioria das escolas Destacamos o caso de uma escola da rede municipal que possui uma das melhores notas do IDDEB nos Anos Iniciais e no entanto nos Anos Finais sua m dia est entre as piores da rede Elencamos algumas hip teses poss veis pa
128. a do poss vel a gente libera os professores mas da vai um representante e ele traz o que foi conversado para a escola no dia da reuni o pedag gica a gente sempre procura liberar Gestora Neusa EV No entanto ao que se refere participa o dos gestores nos cursos de forma o promovidos pela SMED podemos observar algumas diferen as entre as escolas como segue N s participamos e assim olha nos Cursos teve muito a quest o da legisla o da organiza o escolar das diretrizes curriculares municipais de como organizar n s t nhamos que refazer o regimento e o PPP da escola ent o a forma o foi muito nesse sentido de orienta es de revis o de teorias para a reformula o do PPP do regimento que sem d vida era uma coisa muito importante ent o todas aquelas coisas que a gente queria alterar os problemas que a gente tinha na escola e n o sabia como resolver durante este ano foi se retomando para poder fazer ent o a SMED fazia estas reuni es de forma o dando estas orienta es de como n s poder amos atrav s da legisla o organizar estas situa es gestora Am lia EA Sim eu sempre participei todos os anos t m cursos para os gestores Olha eu n o percebo muita diferen a eu como j estou na dire o ha bastante tempo eu n o vejo que acrescente muita coisa porque tudo o que eles falam n s j estamos fazendo a gente j conhece mas claro que a cada ano vem se renovando sempre va
129. a igual ou inferior m dia nacional em alguma das etapas avaliadas anos iniciais e anos finais Tendo em vista que algumas escolas n o pariticiparam da Prova Brasil nas duas etapas anos iniciais e finais ou obtiveram m dia igual ou abaixo da m dia nacional somente em uma das etapas avaliadas do total de 21 escolas que participaram do plano de a es da SMED tem se 19 escolas com m dia igual ou inferior m dia nacional nos anos iniciais e 5 escolas com m dia igual ou inferior m dia nacional nos anos finais na avalia o de 2009 Ap s o plano de a es da SMED desenvolvido durante os anos de 2010 e 2011 com prepara o das escolas para a Prova Brasil os dados relativos a avalia o de 2011 nos revelam que nos anos inicias do total de 19 escolas que realizaram a prova 15 escolas 78 94 obtiveram em 2011 um crescimento no IDEB 3 escolas 15 78 baixaram a m dia e 1 escola 5 26 manteve a mesma m dia da avalia o do ano anterior E 2009 m 2011 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 171819 IDEB Escolas anos iniciais Figura 19 Evolu o do IDEB nos anos iniciais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 164 No que se refere aos anos finais os dados mostram que das 4 escolas estudadas de forma quantitativa o IDEB aumentou em 3 escolas e somente em uma a m dia baixou E 2009 E 2011 IDEB 1 2 3 4
130. a meritocracia nos ndices educacionais e nas pol ticas de avalia o relacionadas aos temas da gest o escolar trabalho docente curr culo e sistemas de avalia o Partindo desse objetivo geral delinearam se os seguintes objetivos espec ficos a Identificar e analisar as repercuss es das a es da Secretaria Municipal de Educa o baseadas em modelos gerencialistas e suas pol ticas de gest o no contexto escolar com uma aten o especial aos programas espec ficos orientados pelas avalia es em larga escala b Analisar as repercuss es das a es da Secretaria Municipal de Educa o a partir das avalia es em larga escala no curr culo escolar c Analisar as repercuss es das pol ticas e a es da Secretaria Municipal de Educa o a partir das avalia es em larga escala sobre o trabalho docente d Analisar as repercuss es estabelecidas pelas premia es e seus impactos sobre o plano de carreira e o trabalho docente 28 e Analisar como os docentes percebem e ou resistem a essas pol ticas de educa o Um dos interesses deste estudo investigar de que maneira a atual conjuntura das pol ticas educacionais do Brasil a partir dos programas do governo Federal podem provocar uma reestrutura o na gest o educacional dos munic pios Uma vez que muitos programas nacionais de educa o est o atrelados ao IDEB o que pode provocar uma reorganiza o na gest o da secretaria municipal de educa o e c
131. a numa s rie de importantes estrat gias ret ricas 1 deslocamento das causas o eixo de an lise do social deslocado do questionamento das rela es de poder e de desigualdade para o gerenciamento eficaz e eficiente dos recursos 2 culpabiliza o das v timas a mis ria e a pobreza resultam de escolhas e de decis es inadequadas por parte dos miser veis e dos pobres 3 despolitiza o e naturaliza o do social as presentes condi es estruturais e sociais s o vistas como naturais e inevit veis e abstra das de sua conex o com rela es de poder e subjuga o 4 demoniza o do p blico e santifica o do privado o mercado e o privado s o tomados como modelos de tudo que bom e eficiente enquanto o estatal e o p blico s o vistos como exemplares de tudo que ruim e ineficiente 5 apagamento da mem ria e da hist ria a tend ncia a reprimir e a silenciar as ra zes hist ricas as hist rias de subjuga o e resist ncia da presente situa o 6 recontextualiza o as categorias e o l xico das lutas democr ticas s o seletivamente reciclados e reincorporados depois obviamente de terem seu conte do anterior devidamente higienizado SILVA 1996 p 168 Segundo Apple 2003 as pol ticas neoliberais envolvendo solu es de mercado podem de fato servir para reproduzir e n o para subverter as hierarquias tradicionais de classe e ra a Assim o Estado neoliberal se instala como uma esp
132. a pedag gica do professor como tamb m no desempenho dos alunos Normalmente alunos de classes mais favorecidas possuem um valor acrescentado em rela o aos alunos de classe menos favorecidas LARR 2009 Do mesmo modo as expectativas que os alunos possuem em rela o ao seu futuro e a escola tamb m fazem diferen a no comprometimento dos alunos tanto com os seus estudos como na maneira como eles percebem e veem a escola conforme ilustram os seguintes relatos Eu acredito que tem uns 80 dos alunos que j pensam nos concursos porque a nossa clientela aqui ela faz a prova para o t cnico mas tem outros que n o querem mas eles sabem que se eles fizerem um primeiro grau bem feito eles far o um segundo grau bom ent o se eles fizerem um bom primeiro grau e um bom segundo grau depois tudo fica mais f cil ent o eles v o se preparando ao longo do tempo professora Rosa EA 226 mas eu n o noto nem este objetivo neles eles n o tem essa aspira o de terminar o ensino m dio quando se fala em universidade para eles parece uma coisa de outro mundo eles n o querem estudar eles n o tem incentivo um modelo a seguir eles n o v em isso na fam lia ou na comunidade professora Hort ncia EV uma realidade muito complicada porque eles n o v em na educa o algo que possa fazer eles melhorarem de vida se hoje eu tenho para comer timo eu n o preciso me preocupar com amanha a vis o que a gente v n
133. a pesquisa adotou os pressupostos da abordagem qualitativa uma vez que o estudo pretendeu entender o contexto investigado levando em considera o os sujeitos atores participantes para a partir deles fazer as interpreta es do fen meno estudado Nesta perspectiva o pesquisador desenvolve conceitos ideias e procedimentos a partir dos dados A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados motivos aspira es cren as valores atitudes o que corresponde a um espa o mais profundo das rela es dos processos e dos fen menos que n o podem ser reduzidos operacionaliza o de vari veis MINAYO 1994 p 22 Ao estudar os desdobramentos das pol ticas educacionais da SMED no contexto escolar a partir do enfoque qualitativo Araujo Kapuziniak e Veiga 2005 destacam que esse orienta se pelos fatos reais construindo o conhecimento com base na realidade propriamente dita e nos depoimentos dos interlocutores envolvidos no processo Ela possibilita ainda assumir a investiga o numa perspectiva que confere s v rias dimens es lugares privilegiados Resulta da a import ncia de captar a multiplicidade das dimens es do fen meno estudado 2005 p 12 Os dados oriundos da pesquisa qualitativa n o tem por objetivo a comprova o estat stica mas sim a compreens o de fen menos e problemas que interpelam as intera es sociais e aos diversos fatores condicionantes que se constituem nesses esp
134. a por uma viragem pol tica de sentido claramente antidemocr tico Quanto soberania dos povos o autor argumenta que a ado o do projeto neoliberal implica no desmonte de instrumentos fundamentais de defesa da soberania nacional Entre a social democracia e o neoliberalismo est a Terceira Via conforme afirma Giddens 2001 p 36 Terceira Via se refere a uma estrutura de pensamento e de pr tica pol tica que visa a adaptar a social democracia a um mundo que se transformou fundamentalmente ao longo das ltimas duas ou tr s d cadas E uma Terceira Via no sentido de que uma tentativa de transcender tanto a social democracia do velho estilo quanto o Neoliberalismo Para Antunes 2005 a Terceira Via de Tony Blair tem como objetivo dar continuidade ao projeto de reinser o do Reino Unido iniciado na era Thatcher e que pretende redesenhar a alternativa inglesa dentro da nova configura o do capitalismo contempor neo Sendo assim a Terceira Via tem se configurado como uma forma de continuidade do que essencial da fase thatcherista contudo o tra o de descontinuidade da Terceira Via aparece em algumas decis es pol ticas de Tony Blair ANTUNES 2005 p 97 A Terceira Via tem como estrat gia o terceiro setor em substitui o a privatiza o proposta pelo neoliberalismo Conforme Peroni 2006 a p 17 ambos concordam que a crise esta no Estado que gastou demais e deve se retirar da execu o das
135. a realiza um trabalho mais voltado para prova ou seja uma prepara o dos alunos para a realiza o das avalia es externas Da mesma maneira podemos perceber o sentimento de perten a que ela possui em rela o avalia o externa como se os resultados nessa prova representassem n o s o seu trabalho como tamb m todo o trabalho da escola fica expl cito o desejo da professora de que os alunos tenham um bom resultado Conforme aponta Arelaro 2007 p 911 A competitividade apresentada como uma sadia vari vel que estimula e emula as crian as e jovens a se dedicarem s atividades escolares Sair se bem nas provas nacionais deve ser portanto o desejo e o objetivo de todos Como tal pais professores e dirigentes escolares devem consider las como um saud vel sistema de avalia o extema objetivo e adequado s diferentes realidades nacionais e adotar os seus conte dos como referencial indispens vel nas propostas pedag gicas H que se considerar tamb m a maneira como os resultados nas avalia es externas s o tratados uma vez que se tem a publiciza o dos resultados de acordo com cada institui o de ensino isso permite a cria o de rankings entre as escolas Atualmente a m dia tem servido de meio para divulga o dos resultados bem como temos presenciado campanhas governamentais que incentivam os pais a saber sobre o IDEB da escola de seus filhos como ilustra o depoimento da gestora Am
136. a via Governo assim torna se menos identificado com o governo o governo nacional e mais abrangente A governa o torna se um conceito mais relevante para designar algumas formas de capacidades administrativas ou reguladoras Ag ncias que ou n o s o parte de nenhum governo organiza es n o governamentais ou s o de car ter transnacional contribuem para a governa o GIDDENS 2000 p 42 No Plano Diretor a reforma do aparelho do Estado visa garantir a esse aparelho maior governan a ou seja maior capacidade de governar maior condi o de implementar as leis e pol ticas p blicas Significa tornar muito mais eficientes as atividades exclusivas de Estado atrav s da transforma o das autarquias em ag ncias aut nomas e tornar tamb m muito mais eficientes os servi os sociais competitivos ao transform los em organiza es p blicas n o estatais de um tipo especial as organiza es sociais A governan a como aponta Lima 2004 significa a capacidade reguladora que articula a esfera estatal e a esfera privada A reforma do Estado compreende a amplia o das organiza es p blicas n o estatais como forma de amplia o das parcerias em que o Estado passa a dividir responsabilidades e a es com o setor privado Conforme o PDRAE 1995 a reforma do Estado permitir que seu n cleo estrat gico tome decis es mais corretas e efetivas e que seus servi os tanto os
137. acidade do sistema operar suas fun es baseado em provas nacionais com a decorrente classifica o das escolas uma esp cie de ranking b projetos de reformas visando uma organiza o curricular central nacional ou regional c organiza o de programas r pidos de forma o e atualiza o docente p ex Educa o a Dist ncia Magist rio Superior d gest o financeira descentralizada com a crescente desobriga o do Estado com a educa o p blica ado o de escolas por empresas amigos da escola terceiriza o da administra o pol tico pedag gica p blica p ex HYPOLITO VIEIRA E PIZZI 2009 p 102 93 Ainda assim destacamos a grande relev ncia dada s avalia es nas pol ticas educacionais visto que as avalia es v m assumindo um papel de indutores da qualidade da educa o como aponta Estaban 2009 p 48 uma vez que nesses programas de avalia o se associa de modo linear a quantidade do desempenho com a qualidade da educa o Com isso observa se que a cultura do desempenho transfere para o campo educacional as t cnicas empresarias de aumento da produtividade como garantia para uma educa o de qualidade Assim sendo a cultura do desempenho tem sido frequentemente utilizada nos discursos que permeiam as atuais reformas educacionais bem como motivo de preocupa o para os docentes e gestores no mbito escolar Essa vis o mercadol gica da educa o acarreta profundas modifica es no
138. acionais haver uma adapta o desajeitada dos sistemas que se criaram nas economias desenvolvidas e em particular nos Estados Unidos Assim nestes pa ses o sistema constitui antes de tudo um compromisso entre um mundo que a nossa classe dirigente tenta imitar e as duras realidades da na o CARNOY 1987 pg 6 O nosso sistema educacional adaptado dos pa ses capitalistas desenvolvidos Por tr s desta adapta o h uma ret rica impl cita quanto mais avan ado o sistema imitado maior o progresso para quem imita O erro evidentemente consiste em n o ver que o avan o do sistema educacional dos pa ses desenvolvidos n o resulta meramente da constru o de belas cidades universit rias e da tranquilidade das bibliotecas de p s gradua o Estas que resultam de um lento amadurecimento social e econ mico e de profundas 48 transforma es estruturais na pr pria base das forma es sociais CARNOY 1987 pg 8 A partir do final do s culo XX por interm dio das ag ncias internacionais como FMI o Banco Mundial a Organiza o de Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OCDE e a Organiza o Mundial do Com rcio OMC podemos observar que a esfera econ mica estabelece as normas que os governos devem adotar para n o ficarem as margens ou serem considerados inimigos dessas organiza es mundiais Conforme Santom 2008 p 19 este tipo de institui es FMI OCDE Banco Mundial OMC com o apoi
139. acordo com 219 aquilo que posto pelas pol ticas p blicas no campo educacional quando forem criadas condi es para que ele possa dedicar se solu o dos problemas educacionais Do mesmo modo v rios estudos destacam o papel da comunidade escolar e de seu entorno como elemento chave para o sucesso de pol ticas educacionais e para o desenvolvimento de uma educa o de qualidade Nesse sentido podemos observar que a Escola Verde tem na participa o da comunidade escolar um de seus principais desafios como apontam os seguintes relatos H uma participa o bastante ativa de algumas fam lias nas atividades da escola mas h respons veis que nunca comparecem sequer para receber os boletins no final do ano letivo H pais que levam as crian as todos os dias na porta do pr dio conversam com os professores ou com a diretora perguntam sobre o desempenho dos filhos demonstram valorizar a educa o a escola e o trabalho dos educadores independentemente de sua pr pria escolaridade alguns s o analfabetos Mas h pais que os professores nem conhecem embora lecionem para os filhos durante anos H casos extremos em que os respons veis desconhecem at o ano que as crian as est o cursando professora Hort ncia EV os pais participam das atividades da escola mas aquelas fam lias problema que n s quer amos que viessem para a escola elas n o participam que em torno de 10 e a esta o foc
140. ada em Anos Iniciais 1 ao 5 Anos e Anos Finais 6 ao 9 anos Os Anos Iniciais s o atendidos por professor ou professora unidocente com forma o espec fica para a rea A sua oferta de uma turma no turno matutino e vespertino A sala do 1 ano comporta 20 alunos e as salas do 2 ao 111 5 anos comportam 25 alunos considerando a metragem estabelecida garantindo uma rea de 1 20m por aluno A oferta de vagas varia conforme o n mero de alunos matriculados que apresentam Necessidades Educacionais Especiais de acordo com a Resolu o N 02 de novembro de 2011 Os Anos Finais s o ofertados nos turnos matutino 8 e 9 anos e vespertino 6 e 7 anos As salas dos 6 s e 8 anos comportam 30 alunos e dos 7 s e 9 s anos comportam 25 alunos conforme a metragem garantindo uma rea de 1 20m por aluno Nos Anos Finais o n mero m ximo de alunos inclu dos por turma de 3 tr s alunos Nos 6 s e 8 s anos tendo um 1 aluno inclu do ser o ofertadas 27 vagas respeitando a redu o de 10 de alunos No caso de dois 2 a tr s 3 alunos ser o ofertadas 24 vagas respeitando a redu o de 20 Nos 7 e 9 s anos tendo um aluno inclu do ser o ofertadas 23 vagas respeitando a redu o de 10 de alunos No caso de dois 2 a tr s 3 alunos inclu dos ser o ofertadas 20 vagas respeitando a redu o de 20 assegurado aos professores hora atividade de 20 do total do regime de 20 horas sendo que os
141. ada vez mais amplos da popula o potencializando o car ter estruturalmente dualizado que caracteriza historicamente as sociedades capitalistas GENTILI 1995 p 233 Para solucionar a crise do capital seria necess rio um Estado ao mesmo tempo forte e fraco Nas palavras de Bazzo 2006 p 26 forte para realizar as reformas necess rias ao novo padr o de acumula o romper com o poder dos sindicatos combater movimentos sociais reduzir gastos p blicos Fraco para n o intervir nos neg cios deixando o mercado livre e ao sabor de suas pr prias leis Com a reconfigura o do Estado novas teorias come am a ser empreendidas e o neoliberalismo passa a servir de base te rica ao sistema capitalista O neoliberalismo nasceu logo depois da Il Guerra Mundial na 38 regi o da Europa e da Am rica do Norte onde imperava o capitalismo No p s guerra o pensamento neoliberal desdobrou se em algumas linhas ou concep es sendo tr s as principais Escola austr aca liderada por Friedrich August von Hayek o patrono de todo o pensamento neoliberal contempor neo escola de Chicago de T W Schulz e Gari Becker e em especial Milton Friedman 1912 e a escola de Virginia ou public choise capitaneada por James M Buchanan 1919 Contudo a grande referencia do pensamento neoliberal Friedrich August von Hayek integrante da escola austr aca de economia seu pensamento descendente das reflex es de Carl Menger e da posi
142. ado f na precariza o do trabalho docente mais evidente na intensifica o do trabalho nas contrata es tempor rias na redu o da autonomia pedag gica e no controle externo sobre o trabalho O discurso neoliberal estabelece um diagn stico da educa o como aponta Torres atualmente inclusive nos pa ses mais pobres n o faltam escolas faltam escolas melhores n o faltam professores faltam professores mais qualificados n o faltam recursos para financiar as pol ticas educacionais ao contr rio falta uma melhor distribui o dos recursos existentes GENTILI 1996 p 18 Para Bazzo os alicerces das pol ticas implementadas na reforma educacional no Brasil tem como princ pios a universaliza o a descentraliza o a municipaliza o a participa o das comunidades na gest o das escolas um maior controle social do gasto p blico e dos resultados educacionais al m da defini o de crit rios justos e objetivos para a distribui o e o repasse de recursos BAZZO 2006 p 71 Para garantir a efici ncia e efic cia os neoliberais s o contr rios a um sistema escolar r gido conforme enfatiza Gentili 1996 p 19 e prop em a competi o interna e o desenvolvimento de um sistema de pr mios e castigos com base no m rito e no esfor o individual dos atores envolvidos na atividade educacional O processo de mercantiliza o da educa o de escolha requer a produ o de informa
143. ado desvia a culpa das desigualdades muito evidentes no acesso e no resultado que ele prometeu reduzir de si para as escolas pais e crian as individuais Assim com o quase mercado como mostra Peroni 2008 p 9 a propriedade permanece sendo estatal mas a l gica de mercado que orienta o setor p blico Principalmente por acreditar que o mercado mais eficiente e produtivo do que o Estado Nas palavras de Arelaro 2007 a fase do quase mercado est sendo superada segundo o autor j estamos na fase seguinte de privatiza o sum ria em nome da efici ncia com redu o significativa dos investimentos nas pol ticas sociais ARELARO 2007 p 913 Assim o atual modelo de gest o atua sobre os diversos setores da sociedade e como argumenta Ball 2004 tanto a performatividade quanto a privatiza o ir o produzir mudan as estruturais nas rela es privado p blico Estado cidad o e mudan as culturais ticas na dire o dos neg cios do setor p blico Nas palavras do autor a privatiza o n o muda apenas nossa maneira de fazer as coisas como tamb m nossa maneira de pensar a respeito do que fazemos e nossa maneira de nos relacionarmos conosco e com outras pessoas e coisas significativas Isso vale tanto para os prestadores como para os clientes BALL 2004 p 1119 60 No Brasil o movimento Todos Pela Educa o criado em setembro de 2006 d sinais da aplica o pr tica das orient
144. ais A forte influencia das agencias internacionais no contexto educacional bem como a transfer ncia da l gica do mercado para os sistemas educativos propondo uma Nova Gest o P blica baseada na efic cia efici ncia e produtividade Na segunda se o descreve se a respeito das repercuss es das pol ticas e reformas educacionais de car ter gerencialista sobre o trabalho docente E por fim na ltima se o ser o analisadas as pol ticas de avalia o das ltimas d cadas no Brasil imbrincadas nos processos educacionais e suas repercuss es nos diferentes segmentos do sistema educacional brasileiro 2 1 Gerencialismo e gest o educacional e gest o escolar Com as crises do Estado capitalista das ltimas d cadas do s culo XIX at meados do s culo XX e em especial no per odo p s guerra o Estado passou por uma profunda transforma o estrutural pol tica social e econ mica Um novo paradigma come a a se instaurar no sistema capitalista tendo repercuss es nas diferentes esferas sejam elas p blicas ou privadas Com o intuito de superar a crise do sistema capitalista e o modelo do Estado de bem estar social nos anos 70 diminuindo significativamente a interven o do Estado nas reas social e econ mica o Estado atrelou se a v rias correntes gerencialistas que foram se desenvolvendo O eixo central da 63 reforma do Estado concentra se na substitui o da administra o burocr tica pela administra o gere
145. ais e o retorno seria mais significativo Concentrar e manter os professores nas mesmas escolas certamente uma boa iniciativa da SMED visto que estudos Paul e Barbosa 2007 Coelho 2008 t m demonstrado que a rotatividade de professores numa mesma escola age negativamente sobre a aprendizagem dos alunos Na mesma perspectiva Campos 2005 sustenta ainda que servidores concursados podem trazer melhores resultados no trabalho pedag gico e consequentemente no rendimento escolar Outra sugest o apontada Paul e Barbosa 2007 Coelho 2008 condiz com a aloca o de professores mais experientes junto s escolas que atendem alunos provenientes de grupos sociais desfavorecidos Realizado os ajustes necess rios no quadro docente e solucionadas as quest es referentes ao quadro de recursos humanos o segundo momento foi dedicado melhoria da infraestrutura das escolas atrav s de reformas amplia es constru es e fornecimento de equipamentos para tal foi realizado um levantamento das nossas demandas de infraestrutura das nossas escolas porque n s entendemos que necess rio um m nimo de adequa o da escola desde o quadro funcional das quest es de infraestrutura de equipamentos necess rios para que este professor possa desenvolver as suas atividades gestora Catarina SMED Outra situa o foi come ar a dar sentimento de perten a a essas crian as de pertencerem rede e da uma s rie de 129 a es em
146. al de 33 escolas que realizaram a Prova Brasil 28 escolas 84 84 subiram a m dia enquanto que 3 escolas 9 09 baixaram a m dia e 2 escolas 6 01 mantiveram a mesma m dia que na avalia o do ano anterior m2009 m2011 w q N oo n IDEB w e 1 3 S 7 9 TL 13 15 17 19 21 23025 27 29 31 33 Escolas Anos Iniciais Figura 8 Rela o entre os pr prios ndices das escolas nos anos iniciais entre 2009 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Tratando se dos anos finais ao se considerar a evolu o das m dias das escolas entre os anos de 2009 e 2011 do total de escolas 19 escolas que realizaram a Prova Brasil tivemos que considerar para esta an lise o montante 153 de 18 escolas pelo fato de que uma das escolas que realizou a Prova Brasil em 2011 n o havia participado em 2009 do exame nacional o que n o permite estabelecer qualquer rela o entre os dois anos de refer ncia Dito isso observamos que do total de escolas 18 escolas que realizaram a Prova Brasil nos anos finais em 2011 11 escolas 61 11 subiram a m dia 5 escolas 27 27 baixaram a m dia e 2 escolas 11 11 mantiveram a mesma m dia do ano anterior Em decorr ncia desses dados notamos que os anos finais t m apresentado um menor crescimento nas m dias quando comparado com os anos iniciais E 2009 E 2011 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 4 2 1 0 1 2 3 4 5 Figura 9 Rela o dos ndices das escolas nos anos fi
147. alia o financiamento e gest o que invocam conceito at agora ausente do nosso sistema educacional a responsabiliza o e como decorr ncia a mobiliza o social BRASIL 2007 p 19 A exemplo disso podemos citar o Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE A partir do PDDE as escolas urbanas de ensino fundamental que cumprirem com as metas do IDEB recebem uma parcela suplementar de 50 do valor do repasse enquanto que aqueles munic pios com resultados menores ficam sujeitos a um mero apoio t cnico ou financeiro insuficiente Em meio a este cen rio as prefeituras t m buscado por estrat gias e planos de a es capazes de responder as demandas do Plano de Desenvolvimento da Educa o Assim uma das metas da SMED foi inicialmente desenvolver a es junto s escolas com IDEB igual ou menor do que a m dia nacional referente ao ano de 2009 uma vez que a secretaria se prop e a melhorar a qualidade da educa o no munic pio fazendo com que todas as escolas obtenham resultados satisfat rios na prova Brasil e tenham IDEB acima da m dia nacional O IDEB foi elaborado pelo MEC a partir de estudos realizados pelo INEP para avaliar o n vel de aprendizagem dos alunos O indicador calculado a partir dos dados sobre aprova o escolar obtidos no Censo Escolar e m dias de desempenho nas avalia es do Inep o Saeb para as unidades da federa o e para o pa s e a Prova Brasil para os munic pios O PDE
148. alunos ser o atendidos pelo professor de Educa o F sica de L ngua Estrangeira e de Artes conforme Artigo 31 da Resolu o do CNE 07 2010 Nos Anos Iniciais e Anos Finais assegurado o ensino atendendo os pressupostos da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional assegurando a Base Comum e Parte Diversificada com organiza o curricular semanal e di ria contemplando os objetivos previstos no Projeto Pol tico Pedag gico e nos respectivos Planos de Estudo O recreio de 25 minutos nos primeiros 10 minutos os alunos comem o lanche em suas salas depois s o liberados ao p tio para brincar mais 15 minutos Os recursos materiais did ticos e financeiros utilizados pela Escola s o oriundos dos repasses da Lei de Gest o por meio do Programa de Desenvolvimento da Autonomia Escolar PRODAE do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o FNDE por meio do repasse do PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola e outra verbas oriundas de contribui es espont neas organizadas pelo COM festas comunit rias promovidas pela Escola e Clube de M es 112 Conforme algumas visitas j realizadas a escola foi poss vel observar que a comunidade muito envolvida nas atividades da escola Al m dos professores alunos funcion rios e familiares dos alunos tamb m h participa o dos moradores do bairro Camobi em projetos e ou reuni es com o clube de m es artesanato pinturas e aulas complementares Muitos eventos re
149. am detalhes importantes das suas falas Ap s a realiza o das entrevistas elas ser o transcritas O material coletado atrav s das entrevistas ser utilizado exclusivamente com car ter cient fico sendo lidas apenas pelo pesquisador respons vel e pela autora da pesquisa estando estes respons veis por qualquer extravio ou vazamento das informa es confidenciais O anonimato dos sujeitos ser preservado em quaisquer circunst ncias previstas nesta pesquisa Os sujeitos ser o livres para desistirem de participar da pesquisa a qualquer momento sem que isto venha a prejudic lo n o gerando preju zos morais f sicos ou custos a estes A autora compromete se em esclarecer devida e adequadamente qualquer d vida ou questionamento que os participantes venham a ter no momento da pesquisa OU posteriormente atrav s dos telefones 55 91698727 55 32214230 ou por e mail dessaaita Dyahoo com br Ap s ter sido devidamente informado a de todos os aspectos desta pesquisa seus prop sitos procedimentos e garantias de confidencialidade e ter esclarecido minhas d vidas eu concordo voluntariamente em participar deste estudo e autorizo a realiza o de entrevista sobre a tem tica proposta podendo retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou preju zo 266 Assinatura e Cl do entrevistado Declaramos abaixo assinado que obtivemos de forma apropriada e volunt ria o Consentime
150. am bons ndices de aprova o tem sido um fen meno comum nas escolas Uma vez que o Indicador de Fluxo comp e o c lculo do IDEB a aprova o tem sido uma estrat gia utilizada por muitas escolas para melhorar o seu desempenho no IDEB Em pesquisa desenvolvida por Vidal e Vieira 2011 com 10 munic pios cearenses os autores constataram que na maioria dos munic pios cearenses a melhoria do IDEB est fortemente associada evolu o nos resultados do Indicador de Fluxo VIDAL E VIEIRA 2011 p 430 As pr ticas pedag gicas ficam atreladas aos indicadores de desempenho e os novos mecanismos de controle e regula o que produzem mudan as no campo educacional em geral s o acompanhados de discursos sobre a efici ncia a responsabilidade a efic cia e a qualidade das pr ticas pedag gicas A preocupa o do professor deixa de ser com a aprendizagem do aluno e passa a ser com os resultados dessa forma ensinar constitui apenas um trabalho um conjunto de compet ncias a serem adquiridas BALL 2005 p 548 O trabalho docente passa a ser avaliado a partir do desempenho dos alunos como aponta o depoimento da professora Margarida e ainda que os professores tentem resistir a essa pol tica eles acabam inseridos na performatividade pela press o que sofrem e pelo empenho com que tentam 191 alcan ar as metas estabelecidas como sugere Ball 2005 p 548 a combina o das reformas gerencial e performativa atinge p
151. an as significativas no papel do Estado com intuito de adequ lo nova realidade econ mica Nesse contexto a educa o tem recebido destaque e assume uma posi o estrat gica uma vez que respons vel pela forma o do trabalhador Nesse sentido os pa ses aumentaram os investimentos com a educa o visto que um sistema de educa o bem estruturado capaz de formar 19 trabalhadores qualificados condi o primordial para atrair capitais externos Uma vez que aumentam os gastos o Estado adota novas tecnologias de controle sobre o sistema educacional nesse sentido a implanta o de sistemas de avalia o em larga escala tem sido central pois os pa ses com os melhores resultados tornam se mais atrativos para os investidores financeiros internacionais Nas palavras de Mau s a partir da reforma do Estado o que se observa que este deixou de executar uma s rie de atividades que at ent o lhe eram pertinentes passando para outros n veis a incumb ncia da a o ficando com a responsabilidade de estabelecer as metas a serem atingidas e criando mecanismos de controle dos resultados obtidos MAU S 2009 p 3 Assim como demonstra Lessard 2003 o Estado n o se retira do campo educacional mas ele reformula seu papel com isso o Estado regulador e avaliador quem define orienta es diretrizes e metas e estabelece um sistema de monitoramento e avalia o para atender os resultados por ele desejados O
152. anciamento a gest o os curr culos a forma o de professores a avalia o tudo foi revisto pelo Estado em seu af de adequar a educa o aos novos imperativos econ micos que passaram a determinar as pol ticas p blicas Os princ pios da efici ncia e da efic cia transformaram se nas justificativas centrais das reformas apregoadas pelas pol ticas p blicas para a educa o Assim as pol ticas neoliberais no campo educacional puderam ser sentidas de variadas formas como demonstram Hypolito e Leite prelo a nas pol ticas de forma o docente campo em que surgiram novas de diretrizes curriculares com redefini es das ag ncias formadoras com financiamento e incentivo de modalidades n o tradicionais programas especiais EAD cursos semi presenciais b na implementa o de modelos de avalia o com nfase em avalia es de larga escala com exames e indicadores baseados em crit rios economicistas c no direcionamento a modelos de gest o mimetizados das novas formas capitalistas de organiza o da produ o tamb m denominadas modelos p s fordistas ou modelo gerencialista d nas pol ticas curriculares definidas por par metros e compet ncias o que deve ser verificado pelos exames de avalia o e pelos resultados projetados e no incentivo a formas de 51 financiamento e administra o caracter sticas das parcerias p blico privado pr ximas das rela es do que vem sendo definido como quase merc
153. aria Municipal de Educa o baseadas nos modelos gerencialistas adotados em suas pol ticas de gest o no contexto escolar com aten o especial aos programas espec ficos orientados pelas avalia es em larga escala b Analisar as repercuss es das a es da Secretaria Municipal de Educa o no curr culo escolar a partir do sistema de avalia es e resultados baseados em premia es e puni es c Analisar as repercuss es das pol ticas e a es da Secretaria Municipal de Educa o baseadas na meritocracia sobre o trabalho docente d Analisar as repercuss es estabelecidas pelas premia es e seus impactos sobre o plano de carreira e o trabalho docente e Analisar como os docentes percebem e ou resistem a essas pol ticas de educa o 3 1 Indica es te rico metodol gicas 98 A compreens o de pol tica assumida nesta tese segue as orienta es te ricas de Ball 1994 Nesta perspectiva a pesquisa em pol tica educacional disp e de v rias posi es estilos e preocupa es que est o posicionadas diferentemente em rela o aos processos e m todos da reforma e em rela o as tradi es e pr ticas das ci ncias humanas BALL 2006 De acordo com Ball 2007 as pol ticas s o constru das por e ao redor de discursos espec ficos que s o sobre o que pode ser dito e pensado mas tamb m sobre quem pode falar quando onde e com que autoridade p 98 Em suma para Ball 2007 os discursos
154. articipa o da comunidade nas atividades propostas pela escola mas tamb m na forma como a comunidade percebe e se relaciona com a escola Como mostram os seguintes depoimentos este eu acho que outro diferencial nesta quest o dos nossos resultados tamb m porque h uma grande participa o envolvimento das fam lias claro que n o de 100 a gente tamb m tem problemas com pais que n o participam mas eu acho que at pelas reuni es que eu participo com os coordenadores de outras escolas eu vejo que na nossa comunidade tem um engajamento muito bom E a comunidade tamb m busca pressiona muitas vezes v o at a secretaria buscam representantes da comunidade ent o n s temos vereadores que levam os problemas e buscam solu es por exemplo a faixa de seguran a e o sem foro que a comunidade pediu aqui pr ximo escola foram atendidos ent o foi feito um abaixo assinado pela comunidade gestora Am lia EA uma escola que anda junto com a comunidade a gente da muita abertura para os pais eu acho que para funcionar tem que ter o apoio n o s da comunidade mas tamb m dos professores gestora Maria EA a nossa vantagem a seguinte que os pais s o comprometidos n s temos uma clientela com um patamar social um pouquinho melhor que as outras escolas mas n s temos crian as de classes social baixa tamb m com problemas financeiros de aprendizagem mas eu penso assim que o comprometimento dos pais esta
155. as Escolas Verde e Amarela muito semelhante visto que ambas as escolas possuem um quadro docente qualificado o que na realidade caracter stica de toda rede municipal de ensino conforme aponta a gestora Magn lia n s temos um quadro de recursos humanos extremamente bem qualificado n s temos hoje 1558 professores hoje na rede e desses 1558 1131 tem p s gradua o 252 tem gradua o e apenas 18 n o tem gradua o temos 127 mestres e alguns doutores 234 Quanto forma o continuada a SMED tem promovido v rios cursos tanto para os gestores como para os professores no ano de 2011 foram realizados v rios cursos de capacita o destinados apenas aos professores de L ngua Portuguesa e Matem tica das escolas com IDEB igual ou menor a m dia nacional com foco na Prova Brasil Ainda no mesmo ano foram realizados cursos de forma o com os gestores investimos nos gestores nos diretores nos vice diretores nos coordenadores ent o foram realizados v rios cursos mostrando como voc deve administrar financeiramente pedagogicamente uma escola gestora Joana SMED Al m desses cursos foram tamb m organizados cursos sobre a Educa o Inclusiva e outros temas pertinentes ao contexto escolar como apontam os seguintes depoimentos Sim eu fiz dois cursos que foram organizados pela SMED foram cursos muito bons trouxeram profissionais de fora n s recebemos uma boa forma o eu acho at que mais do que nos
156. as ao setor pedag gico J no primeiro ano de mandato da atual gest o o Prefeito sancionou a Lei Municipal n 5 341 que cria o Pr mio Qualidade na Educa o Conforme o art 1 o pr mio ser concedido s Escolas Municipais de Santa Maria que se destacarem na avalia o do IDEB as escolas j premiadas foram aquelas que se destacaram desde a avalia o de 2007 Contudo importante salientar que o Pr mio foi criado e institu do pelo prefeito como aponta o relato a seguir o prefeito sempre dizia que esta iniciativa era dele e n o era da secretaria de educa o e que ele entendia o Pr mio como um incentivo como uma maneira de fazer com que esta escola e principalmente com que este professor buscasse se envolver mais se comprometesse mais gestora Catarina SMED A aprova o da Lei causou certo desconforto e resist ncia em grande parte da categoria docente por isso o sindicato promoveu ampla 130 movimenta o contr ria premia o Como resposta a secretaria de educa o sugeriu algumas modifica es na Lei a fim de qualific la como segue eu acho que se deu toda a revolta justamente por n o haver compreens o do que significa esta pol tica p blica de avalia o ent o a falta de discuss o pr via que gerou todo este manifesto na verdade a gente j reformulou esta Lei no sentido de n o premiar o professor mas premiar a escola porque o conjunto da escola que proporciona o res
157. as fa am uma boa Prova Brasil e assim nosso IDEB passe a outro patamar Eu acredito que teremos um avan o muito significativo nessas escolas que apresentaram dificuldades expressou o secret rio Concomitante aos simulados a equipe gestora da SMED realizou v rias visitas s escolas no sentido de mobilizar os professores alunos e gestores para a realiza o da Prova Brasil e tamb m para buscar apoio e comprometimento das escolas em rela o s propostas da SMED como mostra o relato da gestora Catarina num primeiro momento visitar a escola e verificar como est sendo trabalhado este aluno que vai prestar uma prova e que desta prova vai sair um resultado que mostra seu trabalho e de que forma n s estamos realizando este trabalho Muitas escolas n o preparavam seus alunos pra prestar este tipo de prova e mesmo com todo o trabalho que se fez ainda encontrou se muita resist ncia do professor para se abrir e se envolver nesta nova proposta da SMED Outros cursos de forma o continuada para os professores foram oferecidos pela SMED como o curso de Educa o Inclusiva e o Curso de Capacita o de Inform tica O curso de Educa o Inclusiva teve como objetivo auxiliar os professores e gestores no desenvolvimento de a es efetivas para o acesso perman ncia e a aprendizagem dos alunos J o curso de inform tica buscou capacitar os professores para a utiliza o da sala de inform tica como pontua a gestora Joana i
158. as no site lt http www ibge gov br cidadesat painel painel php codmun 43 1690 gt Acessado dia 10 de novembro de 2011 s 9 horas 1 Informa es coletadas no site http www ibge gov br cidadesat topwindow htm 1 do Censo 2010 Ensino matr culas docentes e rede escolar 2009 Acessado em 06 de janeiro de 2012 as 14h28min 5 Informa es coletadas no site http www santamaria rs gov br smed index php secaosrevista Acessado em 14 de dezembro de 2011 s 14h15min 108 Ensino Fundamental 45 localizadas na zona urbana e 09 na zona rural 24 escolas de Educa o Infantil sendo 01 na zona rural 19 na zona urbana e 04 conveniadas 02 escolas de ensino profissionalizante Em seu quadro de recursos humanos a rede possui 1 558 professores que atendem 19 338 alunos matriculados O Sistema Municipal de Ensino tem 405 alunos inclu dos nas modalidades que compreendem a Educa o Infantil Ensino Fundamental anos iniciais e anos finais e Ensino de Jovens e Adultos Quadro 1 Dados ilustrativos sobre a rede municipal de ensino Escolas A Secretaria Municipal de Educa o SMED no per odo de an lise desta investiga o esteve sob a coordena o do Prof Jo o Luiz de Oliveira Roth Secret rio da Educa o e da Prof Silvana Costabeber Guerino Secret ria Adjunta da Educa o Esta equipe assumiu a secretaria em abril de 2010 no segundo ano do mandato da atual administra o A SMED tem como miss o qualificar
159. as recentes reformas educacionais brasileiras Revista Brasileira de Pol tica e Administra o da Educa o RBPAE n 2 v 25 p 233 246 mai ago 2009 FRANCO C et al Qualidade e equidade em educa o reconsiderando o significado de fatores intra escolares Ensaio Avalia o e Pol ticas P blicas em Educa o Rio de Janeiro v 15 n 55 p 277 298 abr jun 2007 FREITAS L C Elimina o adiada o acaso das classes populares no interior da escola e a oculta o da m qualidade do ensino Educa o amp Sociedade Campinas vol 28 n 100 p 965 987 out 2007 FREITAS D N T A avalia o nacional como objeto de recomenda o internacionais Estudos em Avalia o Educacional v 16 n 31 p 79 100 jan jun 2005 GARCIA M ANADON S Reforma educacional intensifica o e autointensifica o do trabalho docente Educa o amp Sociedade Campinas vol 30 n 106 p 63 85 jan abr 2009 GENTILI P Neoliberalismo e educa o manual do usu rio In GENTILI P SILVA T T Escola S A Quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo Bras lia CNTE e Organizadores 1996 p 9 49 GENTILI P Adeus escola p blica a desordem neoliberal a viol ncia do mercado e o destino da educa o das maiorias In APPLE M et al Pedagogia da exclus o o neoliberalismo e a crise da escola p blica Petr polis RJ Vozes 1995 p 228 252 GEWIRTZ S BALL S Do modelo de gest
160. as tamb m para preparar o aluno para a prova para aquele momento porque a gente sabe que para qualquer prova ou para qualquer concurso que tu vais prestar a quest o emocional 139 interfere muito ent o tu vais preparar o aluno para esse momento de testar os seus conhecimentos gestora Catarina SMED e agora neste ano n s vamos fazer a Prova Santa Maria toda a rede todas as escolas v o participar para a gente mensurar como est a rede ent o ela vai te dar uma radiografia espec fica do aluno para atacar justamente o que est acontecendo observar se um problema do aluno ou se um problema pedag gico ou onde est o problema E ela vai ser aplicada com os 4 e 8 anos um ano antes da prova Brasil gestora Joana SMED A partir dos relatos dos gestores fica evidente a preocupa o dos mesmos em preparar os alunos para a Prova Brasil ou seja o ensino e o curr culo ficam subordinados s avalia es externas A pr pria Prova Santa Maria servir como um instrumento de preven o para a realiza o da Prova Brasil ou seja os resultados dos alunos na prova Santa Maria servir o de guia para que os professores possam melhor preparar os alunos para a prova Brasil e assim obterem melhores resultados Para a realiza o e desenvolvimento da Prova Santa Maria os professores receber o anteriormente cursos de capacita o espec ficos para esta avalia o inclusive com suporte de material did tico como
161. assim para as gestoras da Escola Amarela eles est o bem focados na educa o este ano temos a prova Santa Maria e assim eles tem procurado dar o melhor para as escolas agora no inicio do ano letivo o secretario nos ligou para saber se estava come ando tudo bem se t nhamos todos os professores para saber sobre as condi es f sicas gestora Maria EA Existe um dialogo aberto a gente sempre busca pela SMED qualquer d vida que a gente tem a gente busca pela SMED s vezes somos atendidos outras vezes n o agora mesmo para atender alguns professores a gente busca pela SMED independente da administra o a escola sempre teve um bom dialogo gestora Am lia EA A SMED tem um papel significativo para as gestoras da Escola Amarela e essas sempre que precisam buscam amparo na SMED para resolverem os problemas da escola a SMED serve de apoio para o trabalho desenvolvido na escola J a rela o da Escola Verde com a SMED um pouco diferente como apontam os seguintes relatos eu dificilmente vou at a SMED eu sou uma pessoa que n o sou muito de estar na SMED porque eu acho que se o problema esta aqui a gente tem que tentar resolver aqui n o 239 adianta eu ir l contar o problema por que eu sei que n o vai resolver gestora Olga EV Olha eu acho que a SMED tenta ajudar as escolas no que ela pode na forma o se a gente precisa que eles venham na escola eles vem eles tem feito forma o conti
162. astamento de professores no exerc cio de fun o gratificada V Suprir o afastamento de professores no exerc cio de Dire o e Vice dire o de Escola Art 28 O membro do Magist rio quando convocado para cumprir os Regimes Suplementar ou Especial de trabalho ter seu vencimento b sico acrescido de Vinte e cinco 25 por cento em regime de mais cinco 5 horas semanais 128 Il Cinquenta 50 por cento quando em regime suplementar de mais dez 10 horas semanais Il Cem 100 por cento quando em regime suplementar de mais vinte 20 horas semanais PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA LEI MUNICIPAL N 4696 93 DE 22 09 2009 Com o ajuste na carga hor ria dos professores e a nomea o de 350 novos professores no ano de 2010 a secretaria buscou diminuir ao m ximo os contratos em regime suplementar como relata a gestora Catarina SMED a nossa meta quando assumimos a secretaria de educa o era al m de enxugar esse quadro de funcion rios fazer com que este quadro fosse de professores lotados porque quando um regime suplementar muitas vezes um per odo tempor rio que o professor vai ficar na escola ele n o se apropriava daquela comunidade daquele contexto ele ia l fazia o seu trabalho e no final do ano ele n o sabia se iria retornar ou n o ent o n o havia tanto comprometimento assim o professor lotado ele iria se apropriar muito mais daquela proposta pedag gica ele iria se envolver muito m
163. autor aponta ainda que os mecanismos criados pelo Estado para assumir o seu novo papel s o m ltiplos contudo tais mecanismos possuem caracter sticas comuns de um pa s para outro como segue uma forte nfase sobre a avalia o externa percebida como garantia de controle sobre o rendimento dos alunos dos professores e dos administradores os sistemas de avalia o s o baseados em dados quantitativos e na sua divulga o p blica trata se de um acordo nem sempre sutil de press o e de apoio de recompensas e de san es para incentivar os atores a respeitar as normas de funcionamento desses sistemas e um claro desejo de obter melhores resultados num curto per odo de tempo com a categoriza o das escolas baixo desempenho e alto desempenho No Brasil como aponta Souza 2003 s avalia es desenvolvidas pelo poder executivo federal depois dos anos 90 formam se a partir desta nova concep o acerca do papel do Estado sendo essas reproduzidas pelos sistemas de gerenciamento da educa o Assim para Mau s com o surgimento do modelo de regula o p s burocr tica o Estado avaliador passa a governar pelos resultados estabelecendo os objetivos e instituindo um sistema de avalia o externa da performance dos estabelecimentos e um sistema de incentivos simb licos ou materiais mesmo de san es para favorecer a 80 realiza o ou a melhoria do contrato realizado entre o Estado e a educa o MAUES 2009 p 4
164. balho docente uma vez que a qualidade do trabalho docente fica subordinada aos resultados dos alunos nas avalia es externas Com isso se desconsidera os v rios elementos que influenciam nos resultados dos alunos nas avalia es Como aponta Perrenoud 2000 n o poss vel nem leg timo 202 exigir resultados pr definidos no ensino pois como aponta o autor existem quatro t picos fundamentais que devem ser levados em conta 1 n o se trata de um problema exclusivamente t cnico 2 a atua o dos professores depende da coopera o profissional e da mobiliza o de indiv duos ou grupos 3 o estado de conhecimento sobre o ensino n o permite uma a o eficaz e clara e 4 no ensino existe uma diversidade de situa es e mesmo com qualifica o id ntica os profissionais enfrentam situa es distintas Sendo assim o trabalho docente mesmo quando excelente n o garantia de sucesso para os alunos porque entre outras raz es requer a coopera o o que questiona a responsabilidade dos professores sobre o resultado Tendo em vista que nem todo o xito e nem todo o fracasso pode ser atribu do ao trabalho docente praticamente imposs vel determinar sua porcentagem de responsabilidade e consequentemente a medida justa de incentivo ou de puni o Na mesma perspectiva o professor Ocimar Munhoz Alavarse 2011 alega que o grande problema est em associar qualidade de ensino a desempenho e entender desempenho com
165. busca da dire o dos professores da supervis o este trabalho em conjunto faz com que a escola tenha um crescimento professora Rosa EA Os depoimentos acima apontam n o s a participa o da comunidade nas atividades propostas pela escola como tamb m um comprometimento da comunidade em rela o escola um sentimento de perten a A comunidade se mostra parceira da escola as conquistas n o s o da escola mas sim de todos os envolvidos e isso um diferencial que a Escola Amarela possui pois a gest o consegue desenvolver um trabalho conjunto com toda a comunidade escolar Entretanto alguns fatores podem contribuir no sucesso desse trabalho como a localiza o da escola e a popula o atendida fato ressaltado pela gestora Am lia 221 por serem fam lias com maior n vel de estudo tamb m d o uma import ncia maior para a educa o ent o eles se interessam eles buscam alternativas juntos com a gente e principalmente incentivam os filhos nos eventos que a escola faz eles participam direto os eventos promovidos pela escola s o sempre um sucesso e nisso tamb m que se consegue muita coisa de material did tico porque com recursos que a pr pria escola angaria que faz toda a diferen a no desenvolvimento dos alunos em sala de aula gestora Am lia EA Assim tanto o relato anterior da professora Rosa como o da gestora Am lia remete nos ao tipo de concep o e percep o que os pais possuem em rela
166. ca o portanto perpassada pelos limites e possibilidades da din mica pedag gica econ mica social cultural e pol tica de uma dada sociedade DOURADO e OLIVEIRA 2009 p 202 Assim ao se pensar em qualidade da educa o n o podemos simplesmente ignorar os fatores intra e extraescolares que interagem e influenciam nesse processo ou seja tem que se considerar os diferentes atores a din mica pedag gica os processos de ensino aprendizagem os curr culos as expectativas de aprendizagem bem como os diferentes fatores extraescolares que interferem direta ou indiretamente nos resultados educativos DOURADO e OLIVEIRA 2009 p 205 Sendo assim o que se observa a partir dos relatos dos gestores da SMED que os fatores extraescolares presentes na rede municipal de ensino s o simplificados ou ignorados pelos gestores e como mostra Bourdieu 1989 p 10 tratando todos os educandos por mais desiguais que sejam eles de fato como iguais em direitos e deveres o sistema escolar levado a dar a sua san o s desigualdades iniciais diante da cultura Tendo em vista as desigualdades sociais culturais econ micas que interpelam a rede municipal de ensino de Santa Maria no m nimo pretensioso esperar resultados iguais entre as escolas da rede de ensino nos sistemas de avalia o padronizada 4 3 3 3 Forma o dos professores e gestores das Escolas Verde e Amarela No que concerne forma o dos professores d
167. ca o b sica aferida objetivamente com base no IDEB calculado e divulgado periodicamente pelo Instituto Nacional de Estudos Pedag gicos INEP O calculo do IDEB se d a partir dos dados sobre rendimento escolar aprova o e evas o combinados com o desempenho dos alunos constantes do censo escolar e do Sistema de Avalia o da Educa o B sica SAEB composto pela Avalia o Nacional da Educa o B sica ANEB e a Avalia o Nacional do Rendimento Escolar Prova Brasil 82 O IDEB um dos eixos do PDE que permite realizar uma transparente presta o de constas para a sociedade de como est a educa o em nossas escolas Assim a avalia o passa a ser a primeira a o concreta para se aderir s metas do Compromisso e receber o apoio t cnico financeiro do MEC para que a educa o brasileira d um salto de qualidade BRASIL 2008 p 4 Portanto o IDEB ser o indicador objetivo para a verifica o do cumprimento de metas fixadas no termo de ades o ao Compromisso nas palavras de Ara jo 2007 p 27 o IDEB mais um instrumento regulat rio do que um definidor de crit rios para uma melhor aplica o dos recursos da Uni o visando alterar indicadores educacionais O resultado de cada munic pio e de cada Estado ser e j est sendo utilizado para ranquear as redes de ensino para acirrar a competi o e para pressionar via opini o p blica o alcance de melhores resultados Assim como a
168. ca Novos pap is e subjetividades s o produzidos medida que os professores s o transformados em produtores fornecedores empres rios da educa o e administradores e ficam sujeitos avalia o e an lise peri dicas e a compara es de desempenho BALL 2005 p 546 Nessa mesma dire o de pensamento mas a partir do conceito de Novo Gerencialismo Del Pino Vieira e Hypolito descrevem que O professorado das escolas p blicas se v envolvido nessa rede por meio de discursos dirigidos s subjetividades docentes Num primeiro momento o problema de desempenho dos estudantes s o diretamente relacionados m forma o do professorado Subliminarmente ou nem tanto os docentes sofrem uma cr tica que lhes acusa de acomoda o e de n o atender aos apelos e ao esfor o do govemo que busca uma educa o de qualidade p 119 Com isso os profissionais da educa o assumem os discursos das pol ticas oficiais e acabam associando as novas exig ncias como uma maneira de melhorar a qualidade de seu trabalho e por consequ ncia a qualidade do ensino na escola O depoimento de alguns professores e gestores vincula a qualidade da educa o ao desempenho dos alunos nas avalia es externas com isso atingir as metas propostas significaria uma melhora na qualidade da educa o 197 Por m esse fen meno nos remete a algumas reflex es acerca do significado de educa o de qualidade uma vez que entendemos q
169. caminho acad mico que muitas vezes t o solit rio A todos aqueles que de uma forma ou de outra fizeram parte da minha trajet ria acad mica RESUMO VO Andressa Aita Pol ticas educacionais e pol ticas de responsabiliza o efeitos sobre o trabalho docente curr culo e gest o 2013 272f Tese Programa de P s Gradua o em Educa o Universidade Federal de Pelotas Pelotas Este estudo versa sobre as pol ticas educacionais implementadas nas ltimas d cadas no Brasil a partir de modelos de car ter gerencialista com nfase na produtividade na efici ncia na competitividade na meritocracia transferindo para as escolas as diretrizes e modelos de gest o empresarial Analisaram se as pol ticas de gest o educacional na rede municipal de ensino de Santa Maria RS que se apresentam com nfase na meritocracia nos ndices educacionais e nas pol ticas de avalia o relacionadas aos temas da gest o escolar trabalho docente curr culo e sistemas de avalia o O recorte temporal definido para a an lise das pol ticas educacionais corresponde ao per odo de 2009 a 2012 a pesquisa utilizou dados quantitativos e qualitativos e procedimentos metodol gicos variados como a an lise documental e entrevistas Participaram da pesquisa tr s membros da equipe administrativa e pedag gica da SMED cinco professores e quatro membros da equipe gestora das escolas da rede municipal de ensino investigadas A an lise apo
170. campo educacional sobretudo no que tange o trabalho docente como v rias pesquisas j t m demonstrado Oliveira 2010 Souza 2011 Souza e Arcas 2010 onde se evid ncia que tais pol ticas v m produzindo uma nova l gica nas escolas findando na cria o de uma nova cultura escolar Conforme aponta Nosella 2010 p 547 a cultura do desempenho mede resultados estabelece estrat gias fixa metas e estimula a produ o entretanto n o percebe o real da educa o O professor sempre uma m quina arcaica e pregui osa o aluno um atleta um cavalo de corrida a ser adestrado a escola uma empresa que fabrica produtos de conhecimento para o mercado o mercado o grande a priori metaf sico Nesta perspectiva a rela o entre a sociedade e a escola tamb m sofre altera es a qual passa a ser de car ter mercadol gico O mercado na cultura do desempenho usa a escola a seu favor promovendo uma educa o que visa formar e inserir o aluno para o mercado de trabalho Do mesmo modo a cultura do desempenho empreende uma nova visibilidade ao campo educacional que passa a ser visualizado a partir de rankings e classifica es assim a qualidade do ensino fica estritamente atrelada ao desempenho das institui es Com isso a preocupa o das escolas pelo seu lugar nos rankings pressiona e reconfigura as fun es cotidianas dos professores A publiciza o dos resultados serve para sociedade poder acompanhar a qualida
171. cas atuais HYPOLITO 2011 p 66 Conforme apontamos no decorrer desta tese nas ltimas d cadas temos presenciado momentos decisivos na reestrutura o do sistema educacional a partir de reformas educacionais e curriculares e com a implanta o de novas pol ticas educativas que trazem mudan as significativas para o trabalho docente e para todo o contexto escolar Fazendo com que os efeitos sobre a gest o escolar tenham repercuss o direta sobre o trabalho docente e sobre as pr ticas curriculares o que torna o curr culo e a a o docente insepar veis como nos mostram Hypolito Vieira e Pizzi 2009 p 102 os processos de controle de um s o insepar veis das formas de controle sobre o outro como fica evidente nas pol ticas de avalia o 124 Nessa perspectiva propomos uma an lise conjunta destes segmentos gest o escolar trabalho docente e curr culo uma vez que segundo nosso ponto de vista cada vez mais esses segmentos t m se mostrado indissoci veis produzindo efeitos e repercuss es diretas entre si Para analisar essa quest o na qual se discute os efeitos das pol ticas de gest o e dos sistemas de avalia o em larga escala sobre o trabalho docente o curr culo e a gest o escolar optamos pelo aporte te rico que Ball 2004 nos proporciona a partir de seus estudos sobre pol ticas educacionais Assim este cap tulo se organiza em tr s se es a saber a primeira se o analisa os sistemas de ava
172. cie de refor o ao capitalismo como modo de produ o e de vida aumentando as divis es sociais na medida em que incentiva a 50 competitividade Mau s 2003 denomina tal fen meno como o darwinismo social Com isso inclui se todo o processo educacional na esfera do mercado e generalizam se os procedimentos e valores t picos do capitalismo competitivo na gest o dos sistemas e das institui es educacionais SOUZA e Oliveira 2008 p 874 Como aponta Santom 2008 p 82 as pol ticas educacionais neoliberais introduzem os estudantes procedentes de fam lias mais desfavorecidas em uma espiral que tem todas as probabilidades de acabar com as suas expectativas de eliminar as suas possibilidades reais de adquirir a bagagem cultural e as capacidades indispens veis para poder exercitar os seus direitos e deveres c vicos Nas ltimas d cadas no Brasil as pol ticas p blicas tem se caracterizado por uma racionalidade t cnica instaurado por meio do paradigma pol tico que conforme Mau s 2003 pode ser identificado com o neopragmatismo A l gica dessas pol ticas tem sido a institucionaliza o das determina es de organismos internacionais que v em na Educa o um dos meios para a adequa o social s novas configura es do desenvolvimento do capital MAU S 2003 p 10 A d cada de 90 no Brasil pode ser vista como um per odo das reformas educacionais De acordo com Bazzo 2006 p 31 o fin
173. cionais de car ter gerencialista implementadas nas ltimas d cadas est o propiciando uma transfer ncia de responsabilidades por parte do Estado para as institui es escolares especialmente por meio dos sistemas de avalia o em larga escala e de pol ticas de bonifica o provocando significativas mudan as 27 no contexto escolar em especial na gest o escolar no trabalho docente e nos curr culos escolares No caso do munic pio de Santa Maria RS o plano de a es da secretaria municipal de educa o tem no IDEB o eixo norteador para a melhoria da qualidade do ensino no munic pio e a Prova Brasil tem sido o foco das pol ticas p blicas Outro mecanismo presente na rede o sistema de premia o por performance tanto para os docentes como tamb m para as equipes diretivas das escolas Tal mecanismo vem estimulando a competi o entre as escolas bem como entre os pr prios professores da mesma institui o de ensino O discurso que perpassa as atuais pol ticas p blicas tende a responsabilizar os docentes e a gest o escolar pelo sucesso ou fracasso dos alunos nas avalia es externas Com isso o desempenho das institui es de ensino se mostra diretamente atrelado ao trabalho desenvolvido pelos professores e pela equipe gestora das escolas O objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar as pol ticas de gest o educacional na rede municipal de ensino de Santa Maria RS que se apresentam com nfase n
174. cionais e a tomada de decis es com essa nfase simplista e reducionista nos resultados das avalia es o que distorce e degrada o significado e as pr ticas da educa o A educa o de qualidade n o pode ser alcan ada por uma estrat gia de testar alunos de responsabilza o dos professores de meritocracia e 250 sobretudo pela transfer ncia de responsabilidades por parte do Estado para as institui es escolares 251 REFERENCIAS ADRI O T GARCIA T Oferta educativa e responsabiliza o no PDE o plano de a es articuladas Cadernos de Pesquisa v 38 n 135 set dez 2008 AFONSO A J Nem tudo o que conta em Educa o mensur vel ou compar vel Cr tica accountability baseada em testes estandardizados e rankings escolares Revista Lus fona de Educa o 2009 13 13 29 AGOSTINHO P Produ o curricular e forma o docente no cotidiano escolar pr ticas de enuncia o e atividade pol tica 2007 140 f Disserta o Mestrado em Educa o Universidade do Estado do Rio de Janeiro ALMEIDA L e STOCO S Desempenho escolar e vulnerabilidade social elementos para se pensar a formula o de pol ticas p blicas educacionais In Reuni o Anual da ANPED 35 2012 Porto de Galinhas Anais Pernambuco 2012 ALAVARSE O M Pol tica de premia o por b nus depoiment 10 de Dezembro de 2008 S o Paulo A o Educativa Entrevista concedida ao Observat rio da Educa o Dispon
175. co da educa o b sica alcan adas pelo Art 7 da Emenda Constitucional n 41 de 19 de dezembro de 2003 e pela Emenda Constitucional n 47 de 05 de julho de 2005 Art 3 As despesas decorrentes da execu o desta lei correr o a conta de dota es or ament rias do Fundo Municipal da Educa o em especial os recursos do Fundo de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica FUNDEB e os recursos do MDE Manuten o e Desenvolvimento da Educa o Art 4 S o atribui es do vice diretor de escola al m da prevista no Art 62 da Lei Municipal n 4740 2003 I Representar a escola responsabilizando se pelo seu funcionamento assim como por todas as atribui es do diretor nos casos de seu impedimento ou aus ncia Il Apoiar o diretor em conson ncia com o Conselho Escolar na coordena o elabora o execu o e avalia o de projeto administrativo financeiro pedag gico atrav s do Projeto Pol tico Pedag gico da Escola observadas as pol ticas p blicas da Secretaria de Munic pio da Educa o II Apoiar o diretor na coordena o da implementa o do Projeto Pedag gico da Escola assegurando sua unidade e o cumprimento do curr culo e do calend rio escolar IV Organizar conjuntamente com o diretor o quadro de recursos humanos da escola com as devidas especifica es submetendo o orienta o aprecia o e aprova o da Secretaria de Munic pio da Educa o V Submeter na aus ncia
176. condicionados das salas de aula foram doa es de pais 228 de alunos da escola j os demais foram adquiridos com recursos pr prios da escola Como apontam alguns estudos Franco et al 2007 Franco e Albernaz 2004 entre outros a infraestrutura f sica da escola produz efeito positivo sobre o desempenho dos alunos contudo a pura e simples exist ncia dos recursos escolares n o condi o suficiente para que os recursos fa am diferen a faz se necess rio que eles sejam efetivamente usados de modo coerente no mbito da escola FRANCO et al 2007 p 282 Com essa preocupa o a gestora da Escola Amarela busca promover v rias atividades para angariar fundos e assim realizar melhorias na infraestrutura da escola bem como proporcionar boas condi es de trabalho para os professores como mostra o seguinte depoimento um trabalho conjunto entre a escola e a comunidade eu acho que n o adianta pensar que s porque a nossa escola mais centralizada que a escola de periferia n o tem condi es n o eu acho que as escolas do munic pio todas t m os mesmos recursos isso depende muito da administra o a gente n o espera s pelo que a prefeitura nos d a gente faz muitas promo es e por isso tamb m que a escola desde anos atr s n s j temos data show ar condicionado em todas as salas tudo isso foi conseguido com recurso pr prio isso a eu acho que tamb m estimula o aluno e o professor tamb m
177. da pela escola e n o uma funcion ria p blica do munic pio Devido ao sucesso dessa parceria em 2012 mais uma escola passou a integrar este conv nio Assim em mar o de 2012 a Escola de Ensino Fundamental Assistencial Pallotti iniciou suas atividades ocupando as instala es da antiga Escola de Ensino Fundamental Renato Zimermman localizada no bairro Camobi de Santa Maria RS A Escola de Ensino Fundamental Assistencial Pallotti segue os mesmos princ pios e orienta es da Escola de Ensino Fundamental Vicente Pallotti primeira escola a participar do conv nio A parceria estabelecida entre a SMED e a Sociedade Vicente Pallotti n o foi bem recebida pelo sindicato dos professores de Santa Maria SINPROSM como afirma a gestora Joana ent o esta parceria foi t o positiva que neste ano 2012 n s resolvemos expandir esta parceira para mais outras duas escolas mas o sindicato j alegou que eu queria privatizar a rede que todas as escolas com baixo IDEB eu iria privatizar e n o nada disso a rede est crescendo e cada vez que eles assumem uma escola eu trago os professores e abro mais turmas e aquelas crian as que s o de grande vulnerabilidade v o ser muito bem atendidas 149 Ainda que a gestora Joana em seu depoimento esclare a que n o pretende privatizar a rede com esta parceria e aponte a sua satisfa o em rela o Sociedade Vicente Pallotti nos parece que o munic pio por meio desse conv nio est
178. daluc a Archivos Anal ticos de Pol ticas Educativas 20 32 2012 M SZ ROS A educa o para al m do capital S o Paulo Boitempo 2008 MINAYO C Ci ncia T cnica e Arte o desafio da Pesquisa Social In MINAYO C Pesquisa Social teoria m todo e criatividade Petr polis RJ Vozes 1994 MORAES R Neoliberalismo de onde vem para onde vai S o Paulo Editora SENAC 2001 259 NEGRI S Um curr culo democr tico na contemporaneidade desafios e possibilidades te ricas Educa o em Perspectiva Vi osa v 1 n 2 p 274 292 jul dez 2010 NOGUEIRA C et al A influencia da fam lia no desempenho escolar estudo de dados da gera o escolar 2005 Revista Contempor nea de Educa o n 8 v 4 p 1 18 2009 NOGUEIRA C e NOGUEIRA M A A sociologia da educa o de Pierre Bourdieu limites e contribui es Educa o amp Sociedade ano XXII n 78 p 15 36 abril 2002 OLIVEIRA D A nova regula o de for as no interior da escola carreira forma o e avalia o docente Revista Brasileira de Pol tica e Administra o da Educa o RBPAE v 27 n 1 p 25 38 jan abr 2011 OLIVEIRA D As pol ticas educacionais no governo Lula ruptura e perman ncia Revista Brasileira de Pol tica e Administra o da Educa o RBPAE v 25 n 2 p 197 209 mai ago 2009 OLIVEIRA D As reformas educacionais e suas repercuss es sobre o Trabalho Docente In OLIVEIRA D Reformas e
179. de da educa o nesse sentido a analise do desempenho individual e coletivo a quest o central para a l gica gerencial que busca instaurar 94 pol ticas educacionais que garantam a cria o de novos pap is e a es na subjetividade dos indiv duos produzindo uma nova identidade docente que se d por meio da performatividade A performatividade se instala como uma tecnologia que institui novas ferramentas de controle e regula o docente por meio da competitividade de compara es de julgamentos os sentimentos de culpabilza o e responsabiliza o passam a ser recorrentes entre os docentes BALL 2004 2005 A partir dos rankings e da publiciza o dos resultados aumentam as possibilidades de escolha para os pais e os alunos que provavelmente ir o optar pelas escolas melhores classificadas com isso as escolas acabam sendo rotuladas de um lado est o s escolas de boa qualidade e do outro as escolas ruins Do mesmo modo os professores tamb m ter o a sua imagem vinculada ao resultado da sua escola e automaticamente ser o enquadrados entre os bons professores ou entre os ruins A cultura da performatividade por centrar se na visibilidade do individuo ou dos estabelecimentos acaba notoriamente evidenciando mais os pontos negativos do que os positivos no desenvolvimento do trabalho docente e da gest o escolar desconsiderando os contextos e os fatores favor veis e desfavor veis do meio em que foram produzidos BAL
180. de discuss es justamente para preparar tanto para o professor como o aluno para esta avalia o A partir do depoimento da gestora Catarina podemos observar um redirecionamento nos objetivos e finalidades das escolas da rede municipal de ensino de Santa Maria em conson ncia com o que vem acontecendo em outros Estados como apontam algumas pesquisas Damasceno 2010 Souza e Arcas 2010 ou seja cada vez mais a forma o integral cede espa o a forma o voltada para os resultados Nessa perspectiva os alunos terminam desde os primeiros anos da educa o fundamental por ser treinados para obter bons resultados nos testes em vez de serem educados no sentido amplo deste termo SANTOS 2004 p 1 153 Contudo a de se considerar que a aprendizagem em leitura e matem tica por exemplo s o tamb m objetivos da escola por m como alertam alguns autores os resultados dos alunos em exames padronizados n o servem para medir o trabalho das escolas em proporcionar tal aprendizado Segundo observa Santos 2002 uma escola que recebe alunos carentes com escassa bagagem cultural pode realizar um excelente trabalho e ainda assim n o ter seus alunos entre aqueles com melhores resultados p 363 A ado o de sistemas de avalia o padronizados o uso de ndices e indicadores de qualidade a performatividade e os demais aspectos que comp em a atual pol tica conforme j descrito anteriormente t m provocado diferentes efeitos
181. dem engendrar sentimentos individuais de orgulho de culpa de vergonha e de inveja que tem uma dimens o emocional status assim como a apar ncia de racionalidade e objetividade BALL 2010 p 40 Os professores est o tendo uma carga de trabalho consideravelmente maior e exig ncias sempre crescentes em termos de avalia o uma programa o intermin vel de reuni es e em muitos casos uma escassez crescente de recursos tanto emocionais quanto f sicos APPLE 2008 p 95 De acordo com Ball 2002 esta nova vis o de gest o de qualidade e de excel ncia e as novas formas de gest o empresarial atrav s do marketing e da competi o provocaram profundas altera es tanto no ato de ensinar 18 como na subjetividade do professor Sendo assim Ball 2004 observa alguns efeitos das atuais reformas sob o trabalho docente uma vez que o trabalho do professor passa a ser reorientado pelo mercado esperado que os professores organizem e dirijam seu trabalho em fun o dos indicadores de resultados que possam mostrar o bom desempenho da sua institui o Dessa forma passam a ser julgados em termos de sua contribui o na amplia o do valor de mercado da institui o a que pertencem Esses julgamentos em muitos casos t m sido estendidos ao mercado interno que se desenvolve nas escolas mudando as formas como os professores s o avaliados e valorizados De maneira crescente os professores est o submetido
182. des em ambas as escolas em especial quanto adequa o de uma metodologia de ensino que favore a a aprendizagem dos alunos Assim as diferen as na pr tica pedag gica da professora n o sinalizam para um trabalho melhor ou pior em detrimento da escola onde ela est mas ao contr rio na busca de estrat gias para otimizar o processo de ensino aprendizagem na Escola Verde Os diferentes resultados no desempenho dos alunos na Prova Brasil podem ser resultado de v rios aspectos que s o desconsiderados pelas avalia es em larga escala Como mostra um estudo realizado por Caraba a 2009 referente aos diferentes desempenhos entre os pa ses no Programa Internacional de Avalia o de Alunos PISA o autor constatou que tais Com o intuito de preservar a identidade da Escola seu nome real foi substitu do pela letra X premia o recebida pela escola referente ao Pr mio de Qualidade de Educa o foi no valor de 3000 00 reais uma vez que a escola obteve a segunda melhor m dia municipal no IDEB nos anos finais 207 diferen as n o se devem as caracter sticas das escolas ou ao sistema de ensino de cada pa s mas o nico fator que tem uma grande influ ncia sobre o aprendizado dos alunos consiste sobre as diferen as entre os pa ses quanto composi o social de suas popula es Conforme argumenta rica e Batista 2012 escolas situadas em territ rios de alta vulnerabilidade acabam muitas vezes por receber os
183. desempenhos ou lan ar julgamentos sobre as mesmas O quadro a baixo nos ajuda a visualizar as metas e resultados do IDEB em n vel nacional municipal e das duas escolas investigadas em rela o ao DEB Quadro 2 Dados ilustrativos do IDEB municipal e escolas investigadas 2011 DEB Brasil Escola Santa Maria Escola Verde Amarela NS RR Resultado 4 4 9 7 2 4 5 Resultado 8 3 8 4 3 5 4 ano Fonte Inep e portal IDEB 2012 Escola Amarela A escola Amarela foi fundada em 1972 e a partir de 1992 e 1998 3 A fim de preservar a identidade das escolas e da comunidade escolar seus nomes reais foram substitu dos por nomes fict cios 1 Os dados quantitativos apresentados no quadro foram obtidos atrav s do site http ideb inep gov br e no site http www portalideb com br acessado em 20 de janeiro de 2012 s 19h29min 110 respectivamente foi autorizado o Ensino de 7 e 8 s ries de 1 Grau no Munic pio de Santa Maria sob a jurisdi o da 8 Delegacia de Educa o sediada no mesmo munic pio A escola est localizada no centro do bairro Camobi pr ximo a v rios pontos comerciais bem como da UFSM o que a torna um local de f cil acesso A situa o socioecon mica da comunidade considerada boa sendo que grande parte s o funcion rios do com rcio bancos UFSM militares da Base a rea de Santa Maria BASM o que n o exclui tamb m fam lias com baixo poder aquisitivo e alguns carentes Co
184. do GEEMPA mostra lacunas e falhas E quando este cen rio se apresenta a a o da SMED terminar com o conv nio naquela escola e deixar que os professores e gestores resolvam os problemas que ali se encontram A outra parceria que destacamos teve in cio em 2011 e trata se de uma parceria entre a SMED e a Sociedade Vicente Pallotti por meio de um conv nio que se desenvolve em duas situa es distintas uma das parcerias desenvolvida em apenas duas escolas da rede municipal e a outra parceria se d atrav s do Centro de Conviv ncia Pallotti onde mais de 100 alunos foram 23 O Centro de Conviv ncia Pallotti um projeto social que tem por objetivo oferecer o Servi o de Prote o Social B sico a crian as de 6a 15 anos desenvolvido no turno inverso ao da escola tendo como atividades dan a canto artes percuss o e apoio pedag gico 147 atendidos no contra turno escolar com oficinas pedag gica Como elucida o depoimento da gestora Joana n s temos algumas parcerias Publico privada mas uma parceria importante que n s temos com a Pallotti n s temos duas situa es numa um centro de conviv ncias as crian as no contra tumo v o para l e l elas t m psic logo psicopedagogo m sica bal dan a merenda tudo de primeira a outra situa o n s fizemos uma parceria e eles assumiram um col gio para n s isso muito bom porque este col gio passa a ser um referencial e l eles const
185. do diretor ao Conselho Escolar para exame e parecer no prazo regulamentar a presta o de contas Rua Ven ncio Aires 2277 3 andar Santa Maria RS Brasil CEP 97010 005 Telefone 55 3921 7153 Site www santamaria 1s gov br 273 Estado do Rio Grande do Sul Prefeitura Municipal de Santa Maria s Secretaria de Munic pio de Gest o e Moderniza o Administrativa Superintend ncia de Sistemas Administrativos VI Coordenar juntamente com o diretor o processo de avalia o das a es pedag gicas e t cnico administrativo financeiras desenvolvidas na escola VI Apresentar anualmente conjuntamente com o diretor ao Conselho Escolar os resultados da avalia o da escola e as propostas que visem melhoria da qualidade do ensino e ao alcance das metas estabelecidas VII Apresentar anualmente conjuntamente com o diretor Secretaria de Munic pio da Educa o e Comunidade Escolar a avalia o do cumprimento das metas estabelecidas no Projeto Pol tico Pedag gico a avalia o interna da escola e as propostas que visem melhoria da qualidade do ensino e ao alcance das metas estabelecidas IX Auxiliar o diretor na manuten o atualizada do tombamento dos bens p blicos zelando em conjunto com todos os segmentos da Comunidade Escolar pela sua conserva o X Cumprir e fazer cumprir a legisla o vigente XI Suprir a falta de docente se outra alternativa n o for proposta pela equ
186. do e sobretudo pensar sobre o prop sito essencial da escola N o haver melhoria na educa o se as pol ticas educacionais continuarem promovendo a reorganiza o administrativa e estrutural das escolas sem levar em considera o os demais aspectos que comp em o contexto escolar A partir do plano de a es da SMED fica evidente a import ncia dos sistemas de avalia o em larga escala para a atual gest o com a prepara o dos alunos especificamente para a Prova Brasil com a nfase nas disciplinas de Portugu s e Matem tica e os cursos de forma o continuada para os professores de tais disciplinas ineg vel a repercuss o dos sistemas de avalia o em larga escala no curr culo escolar pois como mostraram v rios depoimentos dos sujeitos deste estudo o plano de ensino das escolas vem sendo elaborado no sentido de atender as exig ncias das avalia es externas seja a Prova Brasil ou a Prova Santa Maria Quanto aos efeitos do plano de a es da SMED sobre o trabalho docente a an lise dos dados nos mostrou o quanto essa pol tica educacional balizada pelos ndices e indicadores com nfase nos resultados na produtividade na responsabiliza o e na meritocracia tem influenciado as pr ticas pedag gicas Constr i se uma forma de pensar em que os docentes se sentem responsabilizados pelos resultados e pela qualidade do ensino os sentimentos de culpabiliza o individualiza o competitividade e 248 produ
187. do processo de urbaniza o A virada do s culo e as primeiras d cadas do s culo XX significaram para a educa o escolar brasileira um momento fundamental para a organiza o do trabalho escolar Nesse per odo que muitas das caracter sticas de nossa escola atual come aram a ser delineadas HYPOLITO 1997 p 31 A trajet ria de constru o do trabalho docente mostra contradi es vivenciadas pelo professorado como relata Hypolito 1997 p 24 enquanto o professor permanece muito pr ximo da sua comunidade parece tamb m permanecer distante de uma perspectiva de profissionalismo Quanto mais os docentes se organizam e buscam um estatuto profissional mais v o rejeitar as atividades n o docentes e mais v o lutar por restringir suas atividades as a es t cnico profissionais Nesse caso a concep o profissional dos docentes vai se afastando do ide rio sacerdotal e na busca de conquistar e manter uma identidade profissional o esp rito corporativo vai sendo criado Outro aspecto de fundamental import ncia que deve ser considerado acerca do trabalho docente est relacionado feminiza o do magist rio fen meno que teve in cio no final do s culo XIX Segundo Hypolito 1997 p 55 a feminiza o do magist rio pode ser vinculada a proximidade das atividades do magist rio com as exigidas para as fun es de m e as habilidades femininas que permitem um desempenho mais eficaz de uma
188. dos em ambas as disciplinas No ano de 2011 o crescimento foi o mais significativo com acr scimo de 16 No que se refere aos anos finais os dados revelam que o indicador em 2009 caiu 8 em rela o a 2007 mas ainda assim o IDEB da escola se manteve o mesmo Fato que pode ser explicado pelo Indicador de Fluxo uma vez que a escola apresentou um crescimento de 7 neste indicador em 2009 como aponta a fig 21 em rela o ao ano de 2007 121 6 5 31 E Anos iniciais E Anos finais 4 9 4 98 5 ES 4 27 4 28 ES 3 92 5 44 c o v 31 5 t o s E 14 0 2005 2007 2009 2011 Figura 5 Evolu o do Indicador de Aprendizado 2005 2011 da escola Verde Fonte Fonte Portal IDEB 2012 14 E Anos iniciais ao i 0 91 0 79 0 8 0 79 0 8 0 74 o x 3 0 6 VU Ko J f ge S 0 44 ge 0 2 0 2005 2007 2009 2011 Figura 6 Evolu o do Indicador de Fluxo 2005 2011 da escola Verde Fonte Portal IDEB 2012 Assim como sugerem v rios estudos Paz 2011 Camargo et al 2008 Schneider e Nardi 2012 Bertagna 2003 entre outros o Indicador de Fluxo muitas vezes o respons vel pelos bons resultados obtidos pelas escolas no DEB visto que a aprova o dos alunos uma vari vel de grande relev ncia para o c lculo do IDEB Contudo como j dito anteriormente a aprova o dos alunos n o significa uma educa o de qualidade e a preocupa o excessiva 122 com ess
189. ducacionais na Am rica Latina e os trabalhadores docentes Belo Horizonte Aut ntica 2008 p 13 38 OLIVEIRA D A REESTRUTURA O DO TRABALHO DOCENTE PRECARIZA O E FLEXIBILIZA O Revista Educa o amp Sociedade Campinas vol 25 n 89 p 1127 1144 Set Dez 2004 OLIVEIRA R A transforma o da educa o em mercadoria no Brasil Educa o amp Sociedade Campinas vol 30 n 108 p 730 760 out 2009 OLIVEIRA R IDEB vincula o da qualidade do ensino remunera o docente depoimento 19 de novembro de 2008 S o Paulo A o Educativa Entrevista concedida ao Observat rio da Educa o Dispon vel em lt http www observatoriodaeducacao org br index php view article amp id b589 3A depoimentoromualdo portela professor da faculdade de educacao dausp amp option com content amp ltemid 104 gt Acesso em 23 05 2012 260 PAULA Ana Paula P A nova gest o p blica limites e potencialidades da experi ncia contempor nea Rio de Janeiro Editora FGV 2005 p 53 64 PERONI V Avalia o Institucional controle da produtividade e controle ideol gico Revista Brasileira de Administra o da Educa o 2001 v 17 n 2 p 233 244 PERONI V Avalia o institucional em tempos de redefini es no papel do Estado Revista Brasileira de Administra o da Educa o 2009 p 285 300 PERONI V ADRI O T A rela o p blico privado e a gest o da educa o em tempos de redefini
190. e 2012 a SMED de forma sistematizada chamou os professores da rede municipal de ensino para cursos de forma o que envolvia a tem tica das diretrizes curriculares municipais O objetivo da SMED foi abrir um espa o para discuss o com os professores da rede de todas as etapas de ensino sobre os conte dos previstos nas diretrizes bem como a import ncia de um curr culo m nimo comum para toda rede municipal de ensino Estudos empreendidos acerca do curr culo t m mostrado que as propostas pedag gicas s o fruto de debates e de disputas de diferentes origens assim toda a proposta curricular mesmo quando elaborada por um grupo mais coeso ir apresentar diverg ncias de vis es concep es percep es o contexto de influ ncia e o contexto de produ o de textos est o intrinsecamente relacionados nesse processo produzindo efeitos diretos entre si e em si Portanto sempre haver disputas conflitos vozes que ser o silenciadas e outras que ser o ouvidas Santos 2002 mostra que dificilmente um curr culo apresenta coer ncia e consist ncia muito fortes p 352 ou seja uma proposta vitoriosa conseguir se manter enquanto o grupo que a defender for bem organizado e tiver capacidade de dialogar democraticamente aceitando cr ticas e sugest es novas Caso contr rio estar fadado a tornar essa vit ria algo bastante transit rio SANTOS 2002 p 352 178 Outro aspecto que os estudiosos ponderam em rela o
191. e Aquisi o de Salas de Recursos Multifuncionais Programa de Forma o de Gestores e Educadores em Educa o Inclusiva Programa de Atendimento Especializado Municipal PRAEM Oficinas Pedag gicas Programa Resgatando Cidadania Programa Municipal de Forma o em Educa o Ambiental PROMFEA Rede Municipal de Educadores Ambientais REMEA Sa de e Preven o na Escola SPE Brasil Alfabetizado Programa de Educa o para o Tr nsito PROET Programa de Preven o a Viol ncia PPV Trabalho Justi a e Cidadania TJC Programa Pr Letramento Primeira Inf ncia Melhor PIM Programa 145 Mais Educa o Programa Institucional de Bolsa de Inicia o Doc ncia PIBID GEEMPA e Sociedade Vicente Pallotti O Programa Institucional de Bolsa de Inicia o Doc ncia PIBID promovido pela Capes em parceria com o MEC A SMED parceira do Centro Universit rio Franciscano UNIFRA e da Universidade Luterana do Brasil ULBRA A parceria com UNIFRA atende quatro escolas municipais realizando dentre outras a es alguns cursos de capacita o para os professores da rede Com a ULBRA a parceria ocorre em quatro escolas municipais e o programa desenvolvido em conjunto com o curso de Educa o F sica A SMED possui tamb m algumas parcerias p blico privadas na rede municipal de ensino de Santa Maria RS dentre as quais destacamos a parceria com o GEEMPA e a parceria desenvolvida com a Sociedade Vicente Pallott
192. e carreira que prejudicam alguns colegas professora Marisol EV Bem em rela o ao piso n o deveria ter tido tanto barulho assim porque Santa Maria foi o primeiro governo a dizer que pagaria o piso s que junto com o piso at por entendermos que tudo deve estar bem regrado para que as coisas funcionem a proposta do governo era pagar o piso mas condicionado a algumas situa es que elas n o eram t o bem regradas na rede e por este motivo por este condicionamento que houve todo este barulho ent o n s t nhamos que achar uma maneira de pagar o Piso ou seja fazer com que o prefeito cumprisse esta lei federal pagando mas n s t nhamos que encontrar uma maneira tamb m de regrar estas outras situa es que eram necess rias para que n s tiv ssemos sucesso com as metas que n s t nhamos que atingir o prefeito Cesar Schirmer retirou ele separou ent o este condicionamento passou a fazer parte das diretrizes curriculares de Santa Maria e se instituiu atrav s de uma Lei o pagamento do piso salarial dos professores e da ent o a categoria se acalmou e aceitou de uma forma mais tranquila a proposta do governo gestora Catarina SMED Como pontuam os relatos anteriores s discuss es em torno do piso se deram por diferentes raz es inicialmente devido ao fato dos concursos no munic pio serem apenas para contratos de 20 horas semanais os professores e o sindicato alegam que o piso deveria ser integral para
193. e de Santa Maria localizada na regi o central do Estado do Rio Grande do Sul com 261 027 habitantes conforme dados do censo IBGE 2010 A cidade foi criada a partir de acampamentos de uma comiss o demarcadora de limites entre terras de dom nio espanhol e portugu s que passavam pela regi o em 1797 A emancipa o da cidade ocorreu em 1858 Segundo o censo IBGE 2010 o munic pio considerado uma cidade de porte m dio exercendo grande influ ncia na regi o central do Estado a quinta 5 cidade mais populosa do Rio Grande do Sul e a maior de sua regi o Santa Maria possui uma rede de Ensino Superior composta por uma universidade cinco faculdades e um Centro Universit rio que recebem alunos oriundos de diversas regi es do Estado e do pa s A rede de Educa o B sica formada por Escolas P blicas federais municipais e estaduais e Escolas Privadas que atendem em seu conjunto um total de 49 494 alunos Atualmente a administra o municipal compete ao prefeito Cesar Schirmer do partido PMDB que assumiu a prefeitura de Santa Maria em janeiro de 2009 ap s dois mandatos consecutivos do Partido dos Trabalhadores A atual administra o tem dado destaque para a educa o do munic pio empregando cerca de 27 do or amento p blico na rea educacional A rede municipal de ensino campo de estudo desta pesquisa constitu da por 80 escolas dividas nas seguintes tipologias 54 escolas de i Informa es obtid
194. e em outros pa ses onde os resultados dos testes s o ponderados levando se em conta o perfil socioecon mico dos alunos e o tamanho das escolas dois fatores com forte influ ncia nos resultados o MEC divulga simplesmente as notas sem esse cuidado m nimo CAMARGO et al 2008 p 832 Nesta mesma perspectiva Mons 2009 aponta que pesquisas realizadas no Estado Americano do Texas e no distrito de Chicago demonstraram que os resultados obtidos nos sistemas de avalia o em larga escala nem sempre significam uma boa qualidade de educa o mesmo 205 quando aparentemente os dados expressam situa o positiva necess rio aprofundar as an lises e considerar as diferentes vari veis envolvidas como tempo de analise das pesquisas os efeitos das avalia es estandardizadas devem ser analisados em longo prazo tipo de exames locais regionais nacionais disciplinas e conte dos avaliados dentre outros Pois conforme alguns estudos Mons 2009 Roderick Jacob e Bryck 2002 Treisman e Fuller 2001 geralmente os melhores resultados s o encontrados nos primeiros anos de aplica o dos exames o que normalmente est associado a um treinamento dos alunos para realiza o das provas os alunos geralmente s apresentam bons resultados nas disciplinas e nos conte dos que s o cobrados nos exames os professores tendem a classificar os alunos em v rias categorias conforme seu desempenho em longo prazo os resultados dos alunos
195. e p blico da educa o HYPOLITO 1997 Com a ascens o do liberalismo e a consolida o do Estado Republicano as propostas que se articulavam por interm dio de associa es profissionais e movimentos de professores inclu am novos princ pios Dentre esses princ pios pode se identificar a ado o de crit rios mais liberais de 71 cria o de normas para a organiza o profissional de novas especializa es de fun es e rejei o de fun es n o escolares de defesa da laicidade do ensino e do fortalecimento do car ter p blico da educa o HYPOLITO 1999 As contradi es entre a vis o sacerdotal e a vis o profissional de doc ncia tiveram profundas repercuss es no professorado pois mesmo que o professorado tentasse escapar de um controle da Igreja ingressava numa outra forma de controle agora estatal O desenvolvimento quantitativo da escola p blica e do magist rio faz com que medida que a categoria profissional aumenta quantitativamente tornando se assalariada empregada pelo Estado e tendo sua profiss o regulamentada reduz se seu prestigio social sua autonomia e o controle sobre seu pr prio trabalho reduz se tamb m o controle que a comunidade pode exercer sobre a educa o de seus filhos HYPOLITO 1997 p 21 No Brasil o sistema p blico de ensino efetivamente iniciou se no s culo XIX paralelamente a constitui o do Estado Liberal ambos oriundos do desenvolvimento do capitalismo e
196. e refere m dia nacional para os anos iniciais esses dados apresentam uma pequena melhora uma vez que do total de escolas 33 escolas 15 escolas 45 45 possuem m dias abaixo da m dia nacional 17 escolas 51 51 apresentam m dia acima da m dia nacional e 1 escola 5 03 possui m dia igual a m dia nacional 8 M dia Municipal M dia Nacional e IDEB 6 e e e e e s AU II o P fer fp E A fp pp e o meia e a co 4 RARE ve s5 a 44 o 3 e 2 1 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 293133 Escolas Anos Iniciais Figura 12 Rela o entre o IDEB das escolas nos anos iniciais com a m dia nacional 4 7 e a m dia municipal 4 9 para o ano de 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Em rela o ao IDEB alcan ado pelas escolas da rede municipal nos anos iniciais observando a fig 13 percebemos que do total de escolas avaliadas 33 escolas 16 escolas 48 48 possuem m dias que variam entre os ndices 4 0 e 5 0 13 escolas 39 39 possuem m dias que variam entre os ndices 5 0 e 6 0 Apenas duas escolas 6 06 possuem m dias acima de 6 0 157 Parado I 35 Po 9141 13 19 17 19 21 23 25 27 29 31 33 Escolas Anos Iniciais Figura 13 IDEB das escolas da rede municipal nos anos iniciais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Para os anos finais a m dia da rede municipal em 2011 foi 4 3 Assim do total de escolas avaliadas 19
197. eja um programa curricular como sustenta Lessard 2007 p 53 deve antes de tudo operacionalizar uma vis o um projeto pol tico de forma o do cidad o capaz de ocupar seu lugar na sociedade e de contribuir para o desenvolvimento dela A nfase nas disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica podem ser observadas nas pr prias a es da SMED uma vez que a secretaria preocupada em melhorar o desempenho das escolas municipais na Prova Brasil oportunizou aos professores dessas disciplinas um curso de capacita o no qual os professores foram convocados a participar Conforme a gestora Magn lia SMED esta capacita o para a Prova Brasil bem focado nas disciplinas de l ngua portuguesa e matem tica trabalhando estas quest es para poder ajudar o professor a investir neste processo de aprendizagem dos alunos e qualificar o resultado da pr pria escola O depoimento da gestora Magn lia demonstra a preocupa o da SMED com as disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica e sobretudo o poder que as avalia es em larga escala vem assumindo nas atuais pol ticas definindo o que como e para que ensinar Al m disso o depoimento da professora refor a a ideia de um curr culo fragmentado com a sobreposi o de algumas disciplinas em suma as avalia es externas ignoram as demais disciplinas focando apenas na L ngua Portuguesa e na Matem tica Esse fen meno pode ser observado do mesmo modo no depoimento da professo
198. elecimentos de ensino uma corrida desenfreada em busca de ndices e resultados Como apontam Lopes e L pez 2010 p 97 Busca se reduzir e subordinar a pr tica do ensino aprendizagem exterioridade a partir da ado o de regras e da utiliza o de um suporte material liwos m dia institucional par metros que se quer prescritivo estandardizado e por isso mesmo pass vel de ser classificado mensurado e comparado sempre com a finalidade de se atingir metas Ainda que o objetivo seja responsabilizar o professor pela melhoria na qualidade da aprendizagem dos alunos muitas vezes as pr ticas pedag gicas ficam t o subordinadas a determinados m todos que n o s o professor perde toda a sua autonomia como tamb m o aluno perde o seu poder de cria o O que em muitos casos pode fazer com que os alunos aprendam menos uma 174 vez que seus conhecimentos podem ficar restritos aos conte dos cobrados nas avalia es padronizadas Esta regula o externa que induz pr ticas pedag gicas modelos de gest o e de curr culo est fortemente atrelada s avalia es externas e em torno desta l gica de avalia es criam se os sistemas de avalia o em larga escala exames padronizados ndices e indicadores de qualidade pacotes pedag gicos que servem como orientadores na busca da melhoria da qualidade da educa o No caso do sistema de ensino de educa o b sica do Brasil podemos destacar v rios exames que segu
199. eles essa uma falta de objetivo na vida ent o a realidade bem acentuada por car ncia gestora Olga EV Os depoimentos acima evidenciam as diferentes formas com que os alunos se relacionam com a educa o para os alunos da Escola Amarela de um modo geral a educa o vista como um meio para galgar um futuro melhor os alunos est o no Ensino Fundamental e j se preparam para o Ensino M dio e para as Escolas T cnicas Enquanto que os alunos da Escola Verde n o possuem essas aspira es a escola tem outro significado para esses alunos como mostraram os depoimentos da professora Hort ncia e da gestora Olga A fala dos sujeitos nos remete mais uma vez a Bourdieu visto que o autor considera que as atitudes dos membros das diferentes classes sociais pais ou crian as e muito particularmente as atitudes a respeito da escola da cultura escolar e do futuro oferecido pelos estudos s o em grande parte a express o do sistema de valores impl citos ou expl citos que eles devem sua posi o social Bourdieu 1989 p 7 Devido s condi es de vida dos alunos da escola Verde eles n o veem na educa o uma oportunidade para melhorarem suas condi es de vida como uma possibilidade futura ou seja o capital cultural e o ethos ao se combinarem concorrem para definir as condutas escolares e as atitudes diante da escola que constituem o princ pio de elimina o diferencial das crian as das diferentes c
200. em nica que come a a atravessar a economia do mundo capitalista como produto do esgotamento do regime de acumula o fordista iniciado a partir do fim dos anos 60 e come o dos 70 Dentre os argumentos utilizados pelos neoliberais contra o Estado de bem estar Moraes 2001 p 36 destaca buscando proteger o cidad o das desgra as da sorte o Estado aparentemente benfeitor acaba na verdade 39 produzindo um inferno de inefic cia e clientelismo pesadamente pago pelo mesmo cidad o que a primeira vista procurava socorrer Para superar o per odo de crise os neoliberais propunham um Estado forte de acordo com Anderson 1995 forte em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro mas fraco em todos os gastos sociais e nas interven es econ micas tendo o governo como objetivo central a estabilidade monet ria Nesta perspectiva seria necess ria uma disciplina or ament ria com a conten o dos gastos de bem estar e a restaura o da taxa natural de desemprego ou seja a cria o de um ex rcito de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos ANDERSON 1995 p 11 Conforme alguns autores as vit rias eleitorais de Margaret Thatcher 1979 e Ronald Reagan 1980 no Ocidente s o apontadas como uma ruptura da pol tica do per odo de p s guerra Gradativamente os governos deixaram de apoiar o Estado de bem estar social como forma de superar a crise de 1973 1975 assumindo uma
201. em andamento Quais os pressupostos que norteiam o modelo de gest o da SMED Quais foram as principais a es da SMED nos ltimos anos Quais os seus desdobramentos para 2012 Esses desdobramentos s o fruto de um processo de avalia o e s o repensados ano a ano ou s o resultado de um projeto de gest o implantado no inicio do governo Qual o papel do IDEB nas a es da SMED de que maneira o IDEB tem influenciado nas a es da SMED De que maneira as a es s o voltadas para a melhora do IDEB na rede municipal contribuem para a melhoria da qualidade da educa o no munic pio De que maneira a SMED tem enfrentado a necessidade de melhorar o IDEB da rede municipal Em rela o as 24 escolas com os menores resultados no IDEB do munic pio quais est o sendo as a es da SMED Em termos financeiros h um repasse maior de verbas para estas escolas Como nasceu a id ia do Premio de qualidade na educa o Como voc s tem observado e lidado com as repercuss es do premio no contexto das escolas municipais Qual a sua percep o do Premio Quais os resultados ou mudan as nas escolas ou nos gestores ou nos professores ou nos alunos que a SMED tem percebido ap s a cria o do Premio Como s o distribu dos os recursos financeiros para a rede municipal H formas de descentraliza o de recursos para as escolas onde a comunidade decide onde e como investir os recursos A Lei 5545 gerou certa desconfian a e at mesm
202. em cal ados v o descal os para a escola a gente sabe que eles s o subnutridos que eles passam fome eles n o tem aquele material m nimo para assistir a aula as vezes eles chegam s com o corpo da o professor tem que dar uma folha de papel um l pis e uma borracha porque ele n o tem eles n o tem este material b sico eles n o tem l pis de cor eles n o tem r gua e por mais que a gente diga que qualquer pessoa possa aprender em qualquer condi o imposs vel que isto n o tenha nenhuma influencia eu acho que tem Ou seja o trabalho que os professores precisam desenvolver com os alunos da Escola Verde vai muito al m do ensino habitual das escolas as condi es de vida as quais os alunos est o submetidos fora do mbito escolar t m forte influ ncia no cotidiano escolar Com isso muito prov vel que o desempenho desses alunos nas avalia es externas n o seja aquele esperado pela SMED pois as conquistas desses alunos dos professores e da gest o escolar v o muito al m de dados quantitativos Eu acho que n o deve avaliar educa o e atua o de professores s por uma prova o nosso trabalho em sala de aula vai muito al m de uma prova que s avalia portugu s e matem tica e n o as demais reas do conhecimento e tamb m n o leva em considera o outros aspectos por exemplo eu tive alunos que entraram no inicio do ano e n o tinham nenhuma socializa o mas durante o ano eles foram se desenv
203. em esta l gica tais como Exame Nacional do Ensino M dio ENEM prova para avaliar o desempenho dos estudantes ao fim da escolaridade b sica pode ser utilizado para ingresso em universidades como tamb m para obten o do certificado de conclus o do ensino m dio O Exame Nacional para Certifica o de Compet ncias de Jovens e Adultos ENCCEJA tem como objetivo avaliar as habilidades e compet ncias b sicas de jovens e adultos O Sistema Nacional de Avalia o da Educa o B sica SAEB o exame avalia uma amostra representativa dos alunos regularmente matriculados nas 4 e 8 s ries do Ensino Fundamental e no 3 ano do Ensino M dio de escolas p blicas federal estadual e municipal e privadas localizadas em rea urbana ou rural Prova Brasil prova de avalia o de L ngua Portuguesa e Matem tica para alunos de 5 e 9 anos de escolas p blicas urbanas do Brasil com mais de 20 alunos na s rie Existem ainda muitos Estados que est o criando exames de avalia o pr prios como tamb m alguns munic pios com provas especificas para rede municipal de ensino Al m desses exames e avalia es em larga escala o Brasil possui o ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica IDEB calculado e divulgado periodicamente pelo Instituto Nacional de Estudos Pedag gicos INEP a partir dos dados sobre rendimento escolar obtidos por meio do Censo Escolar combinados com o desempenho dos alunos atrav s do Sistema de
204. em sempre condizem com a realidade da escola como expressam os seguintes depoimentos As a es da SMED geralmente visam em investir mais para melhorar o ndice quer dizer uma busca pelo ndice z propriamente e at que ponto isso investimento na educa o na qualidade da educa o Parece que o ndice remete a realidade da escola e a gente sabe que n o bem assim gestora Am lia EA ent o ao inv s dos professores se ocuparam com as atividade normais que s o necess rias para a produ o do conhecimento das crian as eles est o ensinando a como responder a prova Brasil ent o eu acho uma tremenda perda de tempo mas tem uma press o para que estes professores fa am isso professora Hort ncia EV 198 Como denuncia Ball 2005 p 551 nessa l gica existe uma poss vel ruptura entre aquilo que os pr prios professores veem como boas pr ticas e necessidades dos alunos por um lado e os rigores do desempenho de outro Nessa busca desenfreada por resultados os compromissos e objetivos primordiais da escola s o deixados de lado n o se tem mais como preocupa o em educar cidad os para vida de se formar sujeitos cr ticos capazes de lutar por um mundo melhor de discutir sobre o seu espa o na sociedade ao inv s disso nessas escolas pode se instaurar a l gica do mercado fundada nos conceitos da produtividade da efici ncia da competitividade da individualidade e assim por
205. encionismo estatal na economia e na regula o do mercado TORRES 1995 p 114 Desde os anos 1970 em toda parte houve uma forte acolhida ao neoliberalismo nas pr ticas e no pensamento pol tico econ mico A desregula o a privatiza o e a retirada do Estado de muitas reas do bem estar social t m sido muito comum Na Am rica Latina como na Europa o neoliberalismo fruto da crise fiscal do Estado para Sader 1995 p 35 o surgimento do neoliberalismo est delimitado pelo esgotamento do Estado de bem estar social onde ele chegou a se configurar e principalmente da industrializa o substitutiva de importa es A primeira experi ncia neoliberal na Am rica Latina ocorreu no Chile sob a ditadura de Pinochet segundo Anderson 1995 p 19 o governo de Pinochet come ou seus programas de maneira dura ou seja desregula o desemprego massivo repress o sindical redistribui o de renda em favor dos ricos e privatiza o de bens p blicos 41 No Brasil a elei o de Fernando Collor marcou o in cio da aplica o do projeto neoliberal e os anos 90 ficaram ent o conhecidos como a d cada do desmonte do Estado e da supremacia do mercado BAZZO 2006 De acordo com Gomes 2006 a implanta o do modelo econ mico neoliberal adotado no Brasil e os impactos na reestrutura o do papel do estado a partir dos anos 90 tiveram grande repercuss o sobre a estrutura estatal O autor aponta ainda q
206. enha ocorrido a partir das d cadas de 1990 e 2000 a pr tica de avaliar percorre h hist ria h alguns s culos muito embora a import ncia que tem ganhado 83 atualmente nas pol ticas educacionais reflete cada vez mais o seu poder regulador e seletivo a partir de pr ticas e discursos que associam diretamente os sistemas de avalia o como procedimentos que asseguram a melhoria da qualidade do ensino De acordo com Mons 2009 s avalia es padronizadas t m sido ainda mais centrais nas pol ticas educativas dos pa ses da OCDE Em linhas gerais podemos caracterizar o sistema de avalia o em larga escala como um modelo de avalia o educacional que pauta se em avalia es do rendimento escolar dos alunos por meio de exames nacionais padronizados aplicados ao universo de alunos de certas faixas et rias ou a amostras representativas dos estudantes No caso do Brasil geralmente s o avaliadas as disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica com foco na leitura e no racioc nio l gico respectivamente Para Peroni 2009 p 287 o conte do das avalia es ter como par metros compet ncias e habilidades exigidas pela reestrutura o produtiva Outro aspecto fundamental desse modelo de avalia o refere se ao tratamento dado aos resultados Trata se de um instrumento importante para presta o de contas tanto para a sociedade como tamb m para os agentes envolvidos e financiadores Essas avalia es t m
207. ent o sustentam ou privilegiam certas rela es e tipos de intera o certas formas e pr ticas organizacionais certas formas de auto percep o e auto apresenta o e ao mesmo tempo excluem outras p 98 Ball 1994 2001 afirma que a maior parte das pol ticas s o fr geis produto de acordos algo que pode ou n o funcionar elas s o retrabalhadas aperfei oadas ensaiadas crivadas de nuances e moduladas atrav s de complexos processos de influ ncia produ o e dissemina o de textos e em ltima an lise recriadas nos contextos da pr tica Com isso Ball 2001 em seus estudos tem investigado as estrat gias das reformas gen ricas que repousam na instala o de um conjunto de tecnologias de pol ticas que produzem ou promovem novos valores novas rela es e novas subjetividades nas arenas da pr tica Com isso Ball 2001 p 103 aponta que no n vel micro em diferentes Estados Na o novas tecnologias de pol ticas t m produzido novas formas de disciplina novas pr ticas de trabalho e novas subjetividades de trabalhadores E no n vel macro em diferentes Estados Na o estas disciplinas geram uma base para um novo pacto entre o Estado e o capital e para novos modos de regula o social que operam no Estado e em organiza es privadas O autor destaca a complexidade das atuais reformas visto que elas amarram um conjunto de pol ticas tecnol gicas que relacionam mercados com
208. ent o agora est no papel est legalizada uma pr tica que para n s acontecia sempre mas n s aqui sempre coordenador diretor vice diretor sempre que faltou professor entramos para sala de aula n o se dispensa o aluno ent o s regularizou uma situa o claro que estando na Lei diferente porque tu te preocupas quando uma coisa est na Lei porque est alterando de certa forma uma coisa que at ent o n o estava no plano de carreira n o estava nas atribui es ent o a gente tem que tomar certo cuidado em rela o a isso mas n o causou maior impacto na escola porque uma pr tica que n s t nhamos O acontecia era que sempre havia atestados com menos de 15 dias a gente fazia um remanejamento e via em cada dia quem poderia assumir a classe entre os pr prios professores trocando os hor rios desta forma n o foi uma coisa que impactou gestora Am lia EA z Bom isso uma coisa que j acontecia h muito tempo sempre aconteceu de faltar professores e a gente ter que ir para dentro da sala de aula claro que n o tantos dias mas a gente sempre foi ent o eu acho que isso n o mudou muito claro que quando tu tens que estar numa secretaria como que tu vais ir para dentro de uma sala de aula ou a supervisora vai ficar 15 dias dando aulas e quem que vai fazer o trabalho dela eu acho que 15 dias muito eu acho que o tempo deveria ser no m ximo 3 dias mais do que isso n o gestora Olga
209. entificar as condi es internas e externas da escola que interferem no desempenho escolar dos alunos Em setembro de 2011 a secretaria da educa o do Rio Grande do Sul encaminhou para o Centro dos professores do estado do Rio Grande do Sul sindicato dos trabalhadores em educa o CPERS Sindicato o projeto de um novo sistema de avalia o para toda rede estadual de ensino que ir substituir o SAERS O Sistema Estadual Articulado de Avalia o Participativa SEAAP RS ser utilizado em todas as inst ncias da Rede Estadual de Ensino e nos processos de percurso individual junto aos docentes dire es de escola servidores de apoio e alunos 13 Os ltimos resultados do SAERS s o referentes a 2009 nos anos seguintes n o houveram novas avalia es no entanto as informa es referentes ao SAERS continuam no site da secretaria da educa o do RS e n o se tem um parecer decisivo do governo quanto a continuidade ou fim desse sistema de avalia o 92 O SEAAP tem como proposta a composi o de um nico Sistema Estadual Articulado de Avalia o envolvendo processos individuais e institucionais de desempenho tanto dos alunos quanto do magist rio avaliados anualmente No que se refere avalia o do percurso individual do aluno o SEAAP articula se ao Sistema Nacional de Avalia o da Educa o B sica e as Diretrizes e Par metros Curriculares estabelecidas nacionalmente considerando quatro reas do conhecimento
210. entificar os seus pontos fortes e as suas dificuldades e a partir das suas dificuldades ela estabelecer um plano de a o junto ao professor focando na melhoria da aprendizagem e a secretaria em conjunto oferecendo a capacita o para estes professores focado bem nas quest es metodol gicas gestora Magn lia SMED O relato da gestora Joana SMED corrobora com a ideia da adequa o dos conte dos trabalhados em sala de aula com aqueles cobrados nos exames nacionais como mostra Arelaro 2007 p 912 nesse processo fica evidente a valoriza o de uma determinada sele o de conte dos que garanta a aprova o ou o sucesso dos alunos nos exames nacionais realizados colocando o aluno e a escola no patamar dos vencedores Os simulados servem n o s para escola se adequar as avalia es externas como tamb m para treinar os alunos para fazerem as provas O processo de ensino aprendizagem se resume aos resultados nas avalia es externas preocupa o com o IDEB e o desempenho dos alunos Dessa forma as avalia es externas tornam se mecanismos reguladores do curr culo que por sua vez passa a ser prescritivo como denuncia o depoimento da professora Margarida EA porque acaba que eles que v o definir o curr culo das nossas escolas Como pondera Agostinho 2007 p 27 sob os efeitos das atuais pol ticas o professor se tornaria um 186 mero executor de curr culos elaborados por outros send
211. era es sobre os resultados alcan ados pelos estabelecimentos de ensino Ao contr rio o que pretendemos neste estudo analisar de que maneira o contexto escolar influencia na performance dessas escolas nos sistemas de avalia o em larga escala e quais os efeitos das atuais pol ticas da SMED nesses espa os educacionais ou seja de que forma os gestores e os professores tem recebido e entendido as a es da SMED para assim compreendermos seus efeitos e repercuss es no contexto escolar 4 3 3 1 Contextualiza o das escolas perfil do alunado escolar e participa o da comunidade escolar Como afirmam Ferr o e Fernandes 2003 sempre a que se considerar que a contribui o da escola no desenvolvimento intelectual e social das 217 crian as est condicionada s caracter sticas extraescolares que essas carregam p 1 A partir das an lises dos dados que envolvem esta pesquisa poss vel observar que as diferen as social econ mica e cultural entre a Escola Verde EV e a Escola Amarela EA no que concerne a popula o atendida como tamb m a comunidade local na qual a escola est inserida gerar diferentes repercuss es no desempenho das institui es de ensino bem como respostas ao plano de a es da SMED Os depoimentos que seguem ilustram o contexto educacional no qual est inserida a Escola Verde como segue Grande parte dos nossos alunos s o filhos de catadores ou s o catadores ou melh
212. erencia de recursos humanos GRH Indicadores quantitativos de gest o de qualidade mensurados pelos resultados nfase sobre a avalia o Racionalidade substantiva Racionalidade t cnica Coopera o Competi o recursos e remunera o ligados a performance premia es de acordo com os resultados Gerentes socializados dentro da rea e Gerentes socializados genericamente dentro valores espec ficos do setor de Bem Estar da rea dos valores da ger ncia Social educa o sa de assist ncia social As distintas caracter sticas entre o modelo do discurso de Bem Estar Social e do novo gerencialismo denotam uma nova l gica imposta nas reformas educacionais que transp e o discurso do mercado para o campo educacional Assim o neoliberalismo transfigura se em modelos aparentemente democr ticos que se hibridzam e formam o que se pode nomear como gerencialismo cujo crit rio b sico reside em tornar a administra o p blica mais eficiente em harmonia com os interesses do mercado e a ele submetida HYPOLITO p 07 2011 A d cada de 1990 nesse contexto global de reorganiza o marca no Brasil um per odo de reformas educativas Conforme apontam Correia e Matos 1999 p 10 Estas reformas se pautam pela preocupa o global de aumentar a permeabilidade da escolariza o s transforma es econ micas que n o s o encaradas apenas como transforma es t cnicas das ind strias tradicionais
213. es indicies associados a melhora no IDEB pode na realidade ter um efeito contr rio com repercuss es negativas na aprendizagem dos alunos CAP TULO IV Pol ticas de gest o educacional e sistemas de avalia o seus efeitos sobre o trabalho docente o curr culo e a gest o escolar a partir das percep es dos professores e gestores Este cap tulo tem como finalidade discutir acerca dos efeitos da pol tica educacional desenvolvida pela SMED 2009 2012 sobre o trabalho docente o curr culo e a gest o escolar a partir da vis o dos professores e gestores da rede municipal de ensino bem como das perspectivas dos gestores que elaboraram e d o continuidade ao plano de a es da SMED A atual pol tica desenvolvida pela SMED tem se demonstrado de car ter gerencialista com nfase nos sistemas de avalia o padronizados na meritocracia nos ndices e indicadores de qualidade conforme j descritos anteriormente nesta tese A pol tica gerencialista a qual nos referimos nesta an lise segue a perspectiva de gerencialismo adotada por Hypolito 2011 p 66 que conforme o autor se caracteriza por certos princ pios que podem ser encontrados nos preceitos te ricos e t cnicos da Administra o P blica da Gest o do Governo Empreendedor e da Governan a P blica tais como a qualidade o mercado a efici ncia a responsabiliza o a avalia o as parcerias p blico privadas o quase mercado dentre outros aspectos das pol ti
214. es retornando Por ser uma comunidade de invas o n o h um apego hist rico cultural com a regi o em que vivem A escola atende um total de 754 alunos da Educa o Infantil Ensino Fundamental e Educa o de Jovens e Adultos Em seu quadro de recursos humanos a escola possui 54 professores e 6 funcion rios Todos os professores possuem especializa o e 3 professores possuem mestrado A equipe diretiva constitu da por uma Diretora uma Vice diretora geral tr s Vices de turno tr s Coordenadores Pedag gicos e tr s Orientadores Educacionais A escola adota o Ensino Fundamental de 9 anos com 29 turmas sendo 04 turmas de Educa o Infantil 10 turmas de Anos Iniciais 06 turmas de anos Intermedi rios 05 turmas de Anos Finais e 05 turmas de Educa o de Jovens e Adultos Funciona de 2 6 feira nos tr s turnos manh 7h 45min s 12 horas Tarde 13h83min s 17h30min e noite 18h45min s 22h45min com uma carga hor ria conforme a legisla o vigente O atendimento Educa o Infantil iniciou em 2005 Os recursos materiais did ticos e financeiros utilizados pela Escola s o oriundos dos repasses da Lei de Gest o por meio do Programa de Desenvolvimento da Autonomia Escolar PRODAE do FNDE por meio do repasse do PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola e do Programa Mais Educa o Atrav s do PRODAE o munic pio repassa verbas mensalmente para as escolas municipais depositados em contas espec fica
215. escolas 8 escolas 42 10 obtiveram m dias acima da m dia municipal 9 escolas 47 36 obtiveram m dias abaixo da m dia municipal e apenas duas escolas 10 52 obtiveram m dias igual a m dia municipal para os anos finais Ao relacionarmos as m dias das escolas da rede municipal com a m dia nacional para os anos finais 3 8 no ano de 2011 observamos que a maioria das escolas alcan aram m dias superiores m dia nacional para os anos finais ficando apenas 3 escolas com m dias inferiores m dia nacional como mostra a fig 14 IDEB B M dia Municipal 158 M dia Nacional e IDEB 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Escolas Anos Finais Figura 14 Rela o entre o IDEB das escolas nos anos finais com a m dia nacional 3 8 e a m dia municipal 4 3 para o ano de 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Em rela o aos ndices das escolas da rede municipal conforme pode ser observado na figura 15 do total de escolas avaliadas em 2011 19 escolas nos anos finais 57 89 das escolas obtiveram m dias no ndice 4 0 e somente 2 escolas 10 52 obtiveram m dias com o ndice acima de 5 0 2011 IDEB Us ae 7 9 11 13 15 17 19 Escolas Anos Finais Figura 15 IDEB das escolas da rede municipal nos anos finais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 159 Em rela o evolu o do IDEB tanto nos anos iniciais co
216. esta jornada de trabalho e n o proporcional ao regime de 20 horas semanais de trabalho O segundo aspecto se refere aos condicionamentos que o prefeito estava 142 impondo para os professores para conceder o piso virando assim moeda de troca Depois de muitas discuss es de ampla movimenta o dos professores e do sindicato tais condicionamentos foram retirados do projeto de lei e o piso salarial aos professores da rede municipal de Santa Maria foi concedido a partir da Lei municipal n 5545 de outubro de 2011 que reajusta em 14 20 o valor padr o referencial da remunera o dos membros do magist rio p blico municipal Com o reajuste e a atualiza o do Piso Nacional do Magist rio de 22 aos professores da Rede Municipal em abril de 2012 o sal rio b sico do professor passou de R 593 00 para R 725 50 Ainda ao que tange a Lei n 5545 esta prev no Art 4 s atribui es do vice diretor da escola e do supervisor escolar coordenador pedag gico dentre elas destacamos o inciso XI suprir a falta de docente se outra alternativa n o for proposta pela equipe diretiva da escola nos afastamentos inferiores a 15 dias Uma vez que tais atribui es ao nosso entendimento n o deveriam ser atribu das ao diretor ou supervisor da escola quando se pensa em melhorar a qualidade do ensino Ao ser questionada sobre o inciso XI a gestora Catarina faz o seguinte coment rio isso a secretaria tem falado o que n s n o p
217. estora Olga a grande maioria dos professores tem 20 horas na escola com exce o da equipe diretiva que tem s 40 horas aqui essa realidade dificulta a participa o do coletivo nas reuni es pedag gicas num envolvimento maior com o ambiente escolar e com os pr prios colegas de trabalho Quanto libera o dos professores das escolas para cursos de forma o continuada ambas as escolas incentivam e liberam os professores para participarem de cursos de forma o ou capacita o como segue quando tem cursos de capacita o para os professores a nossa escola ela libera os professores sempre que s o 237 convidados ou convocados e n o o caso da maioria das escolas ent o por isso que eu te digo que o trabalho aqui na escola ele bem em conjunto com os professores ent o se um professor convidado para fazer um curso da SMED outro professor assumi as suas aulas se n o tiver outro professor a dire o vai para sala de aula e o professor liberado para fazer o curso ent o este um diferencial porque tem muitas escolas que a dire o n o libera os professores gestora Maria EA se procura fazer hor rios ent o se combina muitas vezes com os professores se tem dois professores da mesma rea que fez este curso da no pr ximo vai outro colega quando poss vel a gente tenta organizar para que todos possam fazer mas s o adequa es feitas pelas escolas gestora Am lia EA Bem na medid
218. gestora da SMED foram todos denominados de gestora um nome fict cio e a sigla da SMED n o havendo distin o sobre o cargo de trabalho ocupado No caso dos gestores das escolas todos foram denominados como gestora um nome fict cio e a sigla da escola na qual trabalham EV para a Escola Verde e EA para a Escola Amarela os professores tiveram os nomes substitu dos por outros fict cios e seguidos da sigla da escola na qual trabalham da mesma maneira que os gestores N o houve distin o de g nero assim todos os sujeitos foram nomeados como sendo do g nero feminino 4 1 Sistemas de avalia o e pol ticas de gest o uma an lise acerca das a es da Secretaria Municipal de Educa o de Santa Maria RS A atual equipe gestora da secretaria municipal de educa o SMED desde que iniciou suas atividades em 2010 tem desenvolvido um amplo plano de a es que prop em um salto para o futuro da educa o em Santa Maria Nesse sentido uma s rie de programas foram formulados e implementados no decorrer da gest o 2009 2012 fazem parte desse processo o contexto de influ ncia contexto de produ o de texto e o contexto da pr tica entrela ados por fios comuns a implementa o de uma pol tica municipal que corresponda as exig ncias das atuais pol ticas p blicas educacionais 126 Dentre as preocupa es que assolam a SMED a melhoria do IDEB das escolas do munic pio tem sido central na elabora o e desenvolvime
219. gregado s atuais pol ticas tem sido a publiciza o dos resultados das escolas em sistemas de avalia o em larga escala em prol de 188 um discurso que visa uma qualidade de educa o para todos e que instiga a sociedade a cobrar dos professores e gestores das escolas uma educa o de qualidade mensurada por meio do IDEB elemento chave nesse processo O discurso educacional oficial tem chamado a sociedade a corresponsabilizar se junto com o Estado na implementa o na fiscaliza o e na manuten o das pol ticas educacionais Em geral o resultado disso tudo o refor o de uma imagem negativa do ensino p blico e a culpabiliza o principalmente dos professores vistos como mal formados desqualificados sem preparo etc Na perspectiva neoliberal como sustenta Carvalho 2009 os mecanismos de avalia o dariam voz e ouvidos aos clientes no controle dos servi os p blicos revtalzando a participa o da comunidade ao mesmo tempo divulgando os resultados e premiando com maiores verbas e recursos as institui es que apresentassem melhor desempenho na escala avaliativa estimulariam a responsabiliza o pelos resultados escolares e a competi o entre as intui es CARVALHO 2009 p 1151 Os professores t m recebido uma centralidade no contexto das atuais reformas e nos programas governamentais Vieira 2004 Hypolito 2010 Mons 2009 como agentes respons veis pelas mudan as empreendidas pelas reformas
220. hos tempo que os pais dedicam a leitura e a quantidade de livros presentes em casa MERCH N IGLESIAS 2009 p 8 Do mesmo modo em pesquisa realizada por rnica e Batista 2012 em um munic pio de S o Paulo os autores constataram a partir da an lise do IDEB das escolas e do desempenho dos alunos na Prova Brasil o chamado efeito de territ rio conceito utilizado por esses autores sobre o desempenho das crian as Nas palavras dos autores Crian as com os mesmos recursos culturais t m desempenhos diferentes conforme o n vel de vulnerabilidade social do local em que se situa a escola em que estudam Quando alunos com baixos recursos culturais familiares estudam em escolas situadas nas reas mais vulner veis o conjunto deles tende a ter desempenho pior do que alunos desse mesmo grupo que estudam em escolas localizadas nas reas menos vulner veis Por sua vez alunos com maiores recursos culturais t m notas mais baixas quando estudam em escolas localizadas em territ rios com alta vulnerabilidade social ERNICA e BATISTA 2012 p 647 Os resultados dessas pesquisa refor am a ideia de que o n vel socioecon mico dos alunos deve ser considerado como uma vari vel relevante 171 nas an lises de avalia o do desempenho do aluno e da escola E portanto deve ser considerado tamb m no momento em que as pol ticas publicas s o pensadas ou elaboradas Cabe ressaltar que a agenda pol tica engendrada para a Educa o B
221. i A parceria com o GEEMPA ocorre por meio do programa de corre o de fluxo escolar que teve in cio devido ao elevado n mero de reten o dos alunos nos anos iniciais como afirma a gestora Catarina como n s n o t nhamos reten o no 1 ano dos anos iniciais a crian a passava do 1 para o 2 sem reten o e consequentemente chegava l sem saber ler e nem escrever e ficava naquele ano n s come amos a fazer este levantamento de dados e analisar minuciosamente este quadro e n s constatamos absurdos numa matricula de 40 alunos numa determinada escola n s t nhamos 18 reprovados e n s t nhamos que buscar uma maneira de recuperara esta crian a As escolas foram analisadas e selecionadas com base nos dados do EDUCACENSO 2009 At 2011 seis escolas foram contempladas com o programa conforme a gestora Catarina a parceria tem sido um sucesso e os alunos t m obtido bons resultados das seis escolas que participaram do GEEMPA apenas em uma escola o programa n o ter continuidade n s s tivemos problema em uma escola que um problema que a pr pria escola enfrenta e por isso n o houve a perman ncia porque os alunos eram muito infrequentes e na corre o de fluxo um dos crit rios para que este aluno consiga avan ar e ter sucesso que este aluno seja frequente gestora Catarina SMED 146 Em 2012 houve uma expans o da parceria e o programa foi desenvolvido numa escola piloto com algumas tur
222. i ter uma melhora Gestora Maria EA A partir dos relatos acima podemos perceber que embora a gestora Maria tenha certa ressalva em rela o aos cursos de forma o as gestoras da Escola Amarela participam dos cursos e acabam levando em considera o o 238 que foi discutido ali trabalhado depois no desenvolvimento das atividades da escola No caso da Escola Verde o relato da gestora Olga demonstra que as gestoras n o d o tanta relev ncia para os cursos de forma o e a participa o ocorre dentro das possibilidades do trabalho desenvolvido na escola n o h um planejamento para as gestoras poderem participar dessas atividades olha dentro do poss vel a gente participou mas s vezes eu acho assim que os cursos da secretaria trazem uma realidade muito distante uma realidade muito diferente daquela da nossa escola a gente n o tem o tempo dispon vel para essa forma o tamb m aqui na escola a gente secretaria diretor as vezes o conselheiro do aluno o que tem que sair para fazer as compras quem tem que fazer a presta o de contas em fim o que se consome de tempo isso tu n o tem tempo de ficar num curso as vezes tu at que participa o de um curso de forma o mas como que tu vai deixar uma ou duas pessoas s aqui na escola n o tem como gestora Olga EV Da mesma forma podemos notar que a rela o das gestoras com a SMED apresenta diferen as significativas entre as escolas
223. ia que os sistemas de avalia o em grande escala t m ganhado nas escolas e o modo como influencia o trabalho pedag gico refor ando pr ticas tradicionais de avalia o e a prepara o dos alunos para este tipo de instrumento de avalia o com nfase nas habilidades cobradas nos exames Assim a centralidade que as avalia es externas v m adquirindo na organiza o do trabalho escolar nos permite afirmar que os sistemas de avalia o em larga escala est o cada vez mais sendo apropriados pelas escolas como nos remete o seguinte depoimento n s chegamos l nos anos finais com um trabalho um pouco mais voltado para a prova Brasil claro que a gente intensifica mais o trabalho agora o que eu fa o mostrar para os alunos que importante eles fazerem aquela prova de forma comprometida porque muitas vezes o que acontece que o aluno vai ali faz aquela prova r pida de qualquer jeito e vai 211 embora e eu procuro mostrar para eles que uma prova importante que representa a nossa escola e que o nosso nome que esta ali ent o eles tem que tentar resolver as quest es que est o ali como se fosse um concurso uma chance de emprego porque o nosso nome que esta ali ent o isso importante professora Rosa EA A partir do relato da professora Rosa podemos ressaltar dois aspectos importantes primeiro a professora deixa claro a sua preocupa o e comprometimento com a prova desse modo a professor
224. ial do Com rcio OMC Comiss o Europ ia etc O Estado nacional deixa de ser a fonte nica do direito e das regulamenta es Prerrogativas 40 reguladoras delibera es sobre pol tica econ mica monet ria cambial tribut ria etc s o transferidas para administra es supranacionais que aparecem como as quardi s de uma racionalidade superior imunes as pervers es limites e tenta es alegadamente presentes nos sistemas pol ticos identificados com os Estado nacionais MORAES 2001 p 41 E discorrendo sobre a ideologia do neoliberal Moraes 2001 aponta que embora esta pregue o desmantelamento das regula es produzidas pelos Estados nacionais ela acaba transferindo muitas dessas regula es para uma esfera maior ou seja as organiza es multilaterais tais como G 7 a OMC o Banco Mundial o FMI dominadas pelos governos e banqueiros dos pa ses capitalistas centrais De acordo com Harvey 2008 p 12 o neoliberalismo em primeiro lugar uma teoria das pr ticas pol tico econ micas que se prop e que o bem estar humano pode ser melhor promovido liberando se as liberdades e capacidades empreendedoras individuais no mbito de uma estrutura institucional caracterizada por s lidos direitos a propriedade privada livres mercados e liwe com rcio Ou seja os governos neoliberais prop em no es de mercados abertos e tratados de livre com rcio redu o do setor p blico e diminui o do interv
225. ias contexto escolar pol ticas de bonifica o sistemas de avalia o em larga escala IDEB curr culo parcerias p blico privadas trabalho docente e condi es de trabalho Para al m das entrevistas neste estudo a pesquisa documental foi fundamental no levantamento de dados e informa es acerca das pol ticas educacionais desenvolvidas pela SMED bem como para acessar o contexto de influencias e de produ o de textos Nesse sentido foram analisados os documentos oficiais disponibilizados pela secretaria e pelas escolas e atrav s do acesso online ao portal de gest o da SMED No que tange aos sistemas de avalia o em larga escala foram coletados documentos e dados quantitativos por meio do acesso online aos portais de gest o do Minist rio da Educa o da Secretaria Estadual de Educa o do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educa o INEP entre outros No contexto escolar foram analisados os Projetos Pol tico Pedag gicos PPP das escolas a fim de compreender as propostas pedag gicas de cada institui o bem como o contexto no qual est o inseridas A relev ncia desta etapa da pesquisa em que se analisam diversos documentos leis programas de governo etc est segundo Chizzotti 1998 na reuni o dos conhecimentos produzidos e na escolha criteriosa do material necess rio ao estudo de uma problem tica 105 Nessa perspectiva foram coletados diversos documentos tais como Leis Federais Le
226. ias Sa NA Figura 7 Total de escolas da rede municipal de ensino e quantidade de escolas que realizaram a Prova Brasil Fonte Portal DEB Meritt 2012 151 Figura 8 Rela o entre os pr prios ndices das escolas nos anos iniciais entre 2009 2011 Fonte Portal DEB Meritt 2012 li 152 Figura 9 Rela o dos ndices das escolas nos anos finais entre 2009 2011 Fonte Portal DEB Meritt 2012 0 1 DO Figura 10 Rela o entre os ndices das escolas que realizaram provas nos anos iniciais e finais entre os anos de 2009 e 2011 referente aos anos iniciais Fonte Portal DEB Meritl 2012 ae passa aonL o ars al obs esa ana ea eres DD Figura 11 Rela o entre os ndices das escolas que realizaram provas nos anos iniciais e finais entre os anos de 2009 e 2011 referente aos anos finais Fonte Portal DEB Meritt 2012 000 1 DD Figura 12 Rela o entre o IDEB das escolas nos anos iniciais com a m dia nacional 4 7 e a m dia municipal 4 9 para o ano de 2011 Fonte Portal DEB Meritt 2012 stat aaa ai pe A GR CR a a as se DO Figura 13 IDEB das escolas da rede municipal nos anos iniciais Fonte Portal DEB Meritt O ais in PG a Rea O Figura 14 Rela o entre o IDEB das escolas nos anos finais com a m dia nacional 3 8 e a m dia municipal 4 3 para o ano de 2011 Fonte Portal DEB Mert 0240 24 PROERD ARO o RD RR RD RANA RR RENO 15
227. ias conservadoras tentam reorientar os sistemas educacionais para reafirmar os seus projetos como sendo os nicos poss veis e v lidos com base na imposi o de um pensamento nico SANTOM 2003 p 9 Para Gentili 1996 o neoliberalismo deve ser compreendido como um complexo processo de constru o hegem nica e possui uma estrat gia de poder que se implementa em dois sentidos articulados por um lado atrav s de um conjunto razoavelmente regular de reformas concretas no plano econ mico politico jur dico educacional etc e por outro atrav s de uma s rie de estrat gias culturais orientadas a impor novos diagn sticos acerca da crise e construir novos significados sociais a partir dos quais legitimar as reformas neoliberais como sendo as nicas que podem e devem ser aplicadas no atual contexto hist rico de nossas sociedades GENTILI 1996 p 9 As reformas educacionais baseadas na l gica do mercado ocorreram em larga escala em v rios pa ses e aos poucos foram se difundindo no mundo inteiro Apple 2005 alerta que as pol ticas desenvolvidas nos Estados Unidos e na Inglaterra est o sendo exportadas e em seguida apropriadas em v rias outras na es sem terem consci ncia das cr ticas a elas feitas ou dos efeitos negativos gerados quando nos pa ses que as originaram Para Carnoy 1987 este fen meno decorre do fato de os pa ses emergentes se tratarem de sociedades dependentes e em seus sistemas educ
228. ica Latina disseminou se a partir dos anos 1980 conforme relata Moraes 2001 p 32 33 Nos anos 80 os programas neoliberais de ajuste econ mico foram impostos a pa ses latino americanos como condi o para a renegocia o de suas d vidas galopantes Passou se ent o vigil ncia e ao efetivo gerenciamento das economias locais pelo banco mundial e pelo FMI Diferentemente do modelo de Estado de bem estar social onde o Estado exercia um mandato de pacto social entre trabalho e capital o Estado 42 neoliberal decididamente pro business ou seja apoia as demandas do mundo dos neg cios TORRES 1995 p 116 A doutrina neoliberal op e se s teorias do Estado intervencionista o neoliberalismo defende o Estado m nimo j que para os neoliberais o Estado est em crise ele precisa ser reformado diminuindo a sua atua o para superar a crise Conforme Peroni 2006 a p 14 importante frisar que o Estado m nimo para as pol ticas sociais Na realidade o Estado m ximo para o capital Nesta mesma perspectiva Harvey 2008 adverte que o neoliberalismo enfatiza a significa o das rela es contratuais no mercado Ele sustenta que o bem social maximizado se se maximizam o alcance e a frequ ncia das transa es de mercado procurando enquadrar todas as a es humanas no dom nio do mercado HARVEY 2008 p 13 Assim para o neoliberalismo o Estado n o deve investir em pol ticas sociai
229. idelines and models of corporate management k was analyzed the policies of educational management at the municipal school system of Santa Maria RS which are presented with an emphasis on meritocracy in educational indices and in policies of evaluation related to issues of school management teaching curriculum and evaluation systems The time frame defined for the analysis of educational policies corresponds to the period from 2009 to 2012 the research used quantitative and qualitative data and varied methodological procedures such as documental analysis and interviews Participated in the research three members of the administrative and pedagogical staff of SMED five teachers and four members of the management team of the schools in the municipal education system investigated The analysis was based on the discussion of performativity accountability meritocracy and responsibility The study evidenced the importance of evaluation systems largely in the actions of SMED and its repercussion in the school curriculum to prepare students specifically for Prova Brasil As for teaching it builds up a way of thinking where teachers feel responsible for the results and the quality of teaching the terrors of performativity are recurring among teachers We observed that managers of schools have a central role in the policy of SMED because they are seen as articulators of the process Finally a quality education cannot be achieved by a strategy of te
230. idualmente para cada escola tem levado as redes de ensino a construir estrat gias e planos de a es capazes de alterar os resultados municipais provocando significativas mudan as nos contextos escolares como se observa na rede municipal de ensino de Santa Maria No entanto a maneira como cada rede de ensino responde s demandas das pol ticas nacionais cria o de pol ticas de bonifica o provas municipais indicadores municipais pode refor ar ainda mais essa perspectiva gerencialista colocando as avalia es externas e os indicadores no centro do plano de a es O depoimento da professora Hort ncia demonstra a sua insatisfa o com o atual modelo municipal de gest o ao car ter gerencialista assumido que coloca em evid ncia os conceitos de efici ncia produtividade e efic cia e que desconsidera o papel dos docentes no campo educacional bem como suas preocupa es interesses concep es dentre outros elementos Ah eles s se preocupam com n meros eles querem fazer o IDEB aumentar mas na contra m o o que significa na contra m o educa o de qualidade se faz com investimento educa o n o economia ah eles querem economizar dinheiro mas ao mesmo tempo eles querem que o IDEB cres a mas vai cobrar IDEB alto sem investir pra cobrar IDEB alto tem que investir em educa o e isso n o existe em Santa Maria s existe a cobran a a cobran a em cima dos diretores em cima dos professores a gen
231. ig 10 e 11 de modo especial no caso da escola 1 classificada em 2011 com a 2 melhor m dia 6 4 entre as escolas da rede municipal de ensino nos anos iniciais e simultaneamente com a 3 pior m dia 3 6 entre as escolas da rede municipal de ensino nos anos finais 155 E 2009 E 2011 5 4 4 3 2 14 0 10 11 12 13 14 15 16 17 IDEB Escolas anos iniciais Figura 10 Rela o entre os ndices das escolas que realizaram provas nos anos iniciais e finais entre os anos de 2009 e 2011 referente aos anos iniciais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 E 2009 E 2011 4 4 3 2 1 0 10 11 12 13 14 15 16 17 IDEB l Escolas anos finais Figura 11 Rela o entre os ndices das escolas que realizaram provas nos anos iniciais e finais entre os anos de 2009 e 2011 referente aos anos finais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Em estudo realizado por Vidal e Vieira 2011 os autores tamb m constataram que a evolu o do IDEB nas s ries finais n o est se dando na mesma velocidade que o crescimento do IDEB nas s ries iniciais contudo os autores n o conseguiram no referido estudo identificar vari veis que expliquem tal fen meno 156 Ainda que a maioria das escolas da rede municipal de ensino 84 84 nos anos iniciais tenha subido suas m dias na avalia o referente ao ano de 2011 18 escolas 56 25 continuam com m dias abaixo da m dia municipal para os anos iniciais Ao que s
232. indicador teve um crescimento o que siginifica dizer que a taxa de aprova o nos anos iniciais aumentou na maioria das escolas O valor m ximo para este indicador 1 que siginificaria a aprova o de todos os alunos Como mostra a fig 22 apenas tr s escolas apresentam valores abaixo de 0 80 e as demais possuem m dias pr ximas de 0 90 uh 09 E 2009 E 2011 0 8 0 7 0 6 0 5 0 4 0 3 0 2 0 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 171819 j Indicador de Fluxo j Escolas anos iniciais Figura 22 Evolu o do Indicador de Fluxo nos anos iniciais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Quanto aos anos finais os dados mostram que apenas uma escola baixou o Indicador de Fluxo enquanto que as demais tiveram um acr scimo Contudo os valores s o mais desfavor veis nos anos finais se comparados com os anos iniciais uma vez que podemos constatar um ndice de reprova o mais alto nos anos finais chegando a 0 68 no caso da escola 2 como mostra a fig 28 0 9 0 8 0 7 0 6 0 5 0 4 0 3 0 2 0 1 Indicador de Fluxo 167 E 2009 2 3 4 Escolas anos finais Figura 23 Evolu o do Indicador de Fluxo nos anos finais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Em estudo realizado por Paz e Raphael 2010 observou se que os munic pios que em 2007 encontravam
233. ionais de car ter promocional como mecanismos para estimular julgar e comparar profissionais em termos de resultados a tend ncia para nomear diferenciar e classificar 69 A performatividade alia se a ado o de medidas de presta o de contas ou accountability responsabiliza o Nas palavras de Adri o e Garcia 2008 p 780 o que se pretende introduzir na gest o p blica mecanismos que permitam aos usu rios e gestores responsabilizar os prestadores de determinado servi o por aquilo que oferecido sociedade Ou ainda como aponta Hypolito 2011 p 9 trata se de regular um modo de ser por meio de uma interpela o por meio de pr ticas discursivas que v o constituindo um modo de gestar de ensinar de estar de constituir os espa os coletivos O trabalho do gestor conforme Ball 2002 p 8 envolve o insuflar da atitude e da cultura segundo o qual o trabalhador se sente ele pr prio respons vel e ao mesmo tempo comprometido ou pessoalmente empenhado na organiza o No processo de implementa o desse novo paradigma nas organiza es do servi o p blico Ball 2001 p 104 afirma que o uso de uma nova linguagem importante as novas organiza es de gest o p blica encontram se agora populadas de recursos humanos que necessitam ser geridos aprendizagem rebatizada produto final de pol ticas custo eficazes realiza es passam a ser um conjunto de objetivo
234. ior IDEB no munic pio e que j havia recebido o Premio Qualidade na Educa o que nomeei de Escola Amarela e uma escola com IDEB a baixo da m dia nacional classificada entre as 24 escolas do munic pio com IDEB igual ou menor do que a m dia nacional inserida no plano de a es proposto pela SMED para melhorar os ndices que nomeei de Escola Verde A escolha por tais escolas teve como objetivo entender quais s o as repercuss es e efeitos das a es da SMED em contextos escolares diferentes com in meras especificidades ainda que perten am a mesma rede de ensino Ou seja analisar de que maneira os gestores e os professores de ambas as escolas percebem e reagem a pol tica educacional desenvolvida pela SMED Realizada a escolha pelas escolas o pr ximo passo destinou se ao acesso as escolas Nesta etapa da pesquisa procurei inicialmente s coordenadoras pedag gicas de ambas as escolas para uma conversa inicial e para verificar a possibilidade de desenvolvimento da pesquisa nas escolas Em ambas as escolas tamb m fui muito bem acolhida e tive autoriza o para realizar a pesquisa No contexto da SMED foram realizadas entrevistas semiestruturadas com o Secretario de Educa o a Secretaria Adjunta e a Supervisora Pedag gica As quest es tiveram como objetivo identificar algumas caracter sticas do modelo de gest o empregado na secretaria maneira como as a es da secretaria est o sendo pensadas planejadas e executadas
235. iou se na discuss o da performatividade da accountability da meritocracia e da responsabilza o O estudo evidenciou a import ncia dos sistemas de avalia o em larga escala nas a es da SMED e sua a repercuss o no curr culo escolar com a prepara o dos alunos especificamente para a Prova Brasil Quanto ao trabalho docente constr i se uma forma de pensar em que os docentes se sentem responsabilizados pelos resultados e pela qualidade do ensino os terrores da performatividade s o recorrentes entre os professores Observamos que os gestores das escolas tem um papel central na pol tica da SMED pois s o vistos como articuladores do processo Enfim a educa o de qualidade n o pode ser alcan ada por uma estrat gia de testar alunos de responsabilza o dos professores de meritocracia e sobretudo pela transfer ncia de responsabilidades por parte do Estado para as institui es escolares Palavras chave Pol ticas educacionais Trabalho docente Curr culo Gest o ABSTRACT IVO Andressa Aita Educational policies and responsibility policies effects on teaching curriculum and management 2013 272f Tese Programa de P s Gradua o em Educa o Universidade Federal de Pelotas Pelotas This study deals with the educational policies implemented in recent decades in Brazil ffom managerialist character models with an emphasis on productivity efficiency competitiveness meritocracy transferring to schools the gu
236. ipe diretiva da escola nos afastamentos inferiores a 15 dias e XII Desempenhar as fun es delegadas pelo diretor Art 5 Fica criada a gratifica o de Supervisor Escolar Coordenador Pedag gico para o membro do magist rio detentor do cargo ou emprego de professor no efetivo exerc cio das fun es no sistema municipal de ensino definidas na Lei Municipal n 4696 2003 1 A gratifica o de que trata o caput somente ser devida se o professor preencher os requisitos para provimento da fun o previstos no Anexo 3 da Lei Municipal n 4696 2003 2 Al m das atribui es previstas no Anexo 3 da Lei Municipal n 4696 2003 cabe ao Supervisor Escolar Coordenador Pedag gico suprir a falta de docente nos afastamentos inferiores a 15 quinze dias se outra alternativa n o for proposta pela equipe diretiva da escola Art 6 Ao membro do Magist rio Municipal designado para exercer as fun es de Supervisor Escolar Coordenador Pedag gico atribu da uma gratifica o mensal incidente sobre o valor da Licenciatura Plena Classe A no mesmo percentual atribu do ao vice diretor de escola previsto no Art 3 da Lei Complementar n 065 2008 1 Ao membro do Magist rio no efetivo exerc cio das fun es de Supervisor Escolar Coordenador Pedag gico que atuar junto Secretaria de Educa o ser devida a gratifica o prevista no Art 6 da presente lei no percentual de 50 cinquenta por cento do percentual pre
237. is Municipais Diretrizes Curriculares Municipais planilhas de dados da Secretaria Municipal de Educa o sobre ndices e resultados do desempenho das escolas projetos e programas da Secretaria Municipal de Educa o PPP das escolas investigadas entre outros As informa es obtidas por meio dos documentos foram analisadas e se constitu ram em importantes fontes de onde foi poss vel retirar evid ncias para fundamentar afirmativas e declara es no decorrer da an lise da problem tica investigada Realizada a coleta de dados dei inicio ao tratamento dos dados coletados a An lise de Conte do t cnica que ganhou reconhecimento a partir do trabalho desenvolvido pela professora assistente da Universidade de Paris Laurence Bardin no ano de 1977 foi escolhida para esta etapa da pesquisa Conforme Bardin o procedimento da an lise de conte do pode ser sintetizada da seguinte forma trata se de um conjunto de t cnicas de an lise das comunica es visando por procedimentos sistem ticos e objetivos de descri o do conte do da mensagens obter indicadores quantitativos ou n o que permitam a infer ncia de conhecimentos relativos s condi es de produ o recep o vari veis inferidas das mensagens 2010 p 44 A autora explica de modo did tico que a an lise pode ser submetida basicamente a dois tipos de documentos 1 documentos naturais produzidos espontaneamente na realidade e 2 documentos suscitado
238. ismos que estimulem a competi o entre as escolas responsabilizando as em ltima inst ncia pelo sucesso ou fracasso escolar SOUSA 2008 p 180 Outro aspecto que Vianna 2008 p 53 destaca em seus estudos refere se a algumas caracter sticas dos instrumentos de medidas voltados para o 88 rendimento escolar ou seja a validade de conte do e a validade consequencial A validade de conte do extremamente importante uma vez que um instrumento de medida pode ser v lido para um curr culo mas n o para outro para um professor mas n o para outro inclusive pode ser v lido para uma escola Vianna 2003 p 53 nesse sentido a quest o da validade extremamente delicada em especial num contexto educacional como no caso brasileiro que apresenta uma ampla diversidade cultural territorial social e econ mica Quanto validade consequencial que se refere ao impacto da avalia o sobre o sistema determinando mudan as de pensamento gerando novos comportamentos formando novas atitudes e promovendo novas a es Vianna 2004 p 53 preciso muita cautela no tratamento dos resultados Ainda que as configura es do SAEB frequentemente visem atender s pol ticas de regula o e responsabiliza o das escolas e sistemas de ensino Paz 2010 p 54 e ainda receba varias criticas de se considerar a relev ncia do SAEB para o campo educacional uma vez que ele oportuniza dados pontuais
239. isso n o se tem uma grande varia o entre os resultados obtidos pela escola ao longo dos anos como ocorre com os anos iniciais 114 Ar POR 7 2 E Anos iniciais E Anos finais 6 4 5 4 55 54 5 4 IDEB gt 2005 2007 2009 2011 Figura 1 Evolu o do IDEB 2005 2011 da escola Amarela Fonte Portal IDEB 2012 Ao analisarmos o Indicador de Aprendizado da Escola Amarela podemos observar um crescimento do indicador de aprendizado em todos os anos de avalia o tanto nos anos iniciais como nos anos finais Entretanto a varia o mais significativa ocorreu no ano de 2011 com um crescimento de 25 nos anos inicias J nos anos finais o crescimento desse indicador em todos os anos de avalia es n o apresentou muita varia o tendo crescido em 2011 apenas 1 115 8 E Anos iniciais E Anos finais 7 32 7 6 5 73 5 78 5 84 5 88 Indicador de aprendizado B 2005 2007 2009 2011 Figura 2 Evolu o do Indicador de aprendizado 2005 2011 da escola Amarela Fonte Portal IDEB 2012 As m dias alcan adas pela escola Amarela nesta vari vel nos anos iniciais nem sempre ficaram acima dos valores adequados sendo que somente em 2011 a Escola atingiu m dias significativamente acima dos valores adequados obtendo 42 pontos acima do valor adequado para os anos iniciais em L ngua Portuguesa e 35 pontos acima do valor adequado em Matem tica No entanto nos anos finais os dados revelam que a
240. istemas educativos os pa ses desenvolvidos j utilizam tais instrumentos longa data contudo as d cadas de 1990 e 2000 foram marcadas por uma grande expans o na utiliza o de tais instrumentos como aponta Mons 2009 p 100 inicialmente implementado em alguns pa ses os sistemas de avalia o hoje est o integrados grande maioria dos sistemas educativos dos pa ses da Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OCDE Assim esses dispositivos est o agora associados s novas tend ncias que caracterizam as pol ticas educativas desenvolvidas nos pa ses da OCDE desde os anos 1980 MONS 2009 p 101 Um aparato tem se constru do em torno das atuais reformas educacionais nesse sentido Ball 2008 em seus estudos analisa as atuais reformas a partir de tr s categorias o mercado a ger ncia e a performatividade denominadas pelo autor de tecnologias da reforma Embora saibamos da relev ncia das demais categorias neste momento nos deteremos na performatividade a qual Ball 2003 p 216 define como uma tecnologia uma cultura e um modo de regula o que emprega julgamentos compara es e termina revelando se como meio de controle de desgaste e de mudan a Tal tecnologia gera nos docentes e nas equipes gestoras um verdadeiro terror sentimentos de responsabilza o e culpabiliza o s o recorrentes O uso de sistemas de avalia o a nfase e a publiciza o dos resultados instalam nos estab
241. itos trabalham na escola desde a sua funda o como mostram os seguintes depoimentos E este um ponto diferencial da nossa escola o nosso quadro de professor porque a maioria tem 40 horas ent o s o professores que est o aqui o dia todo est o envolvidos est o comprometidos com a escola e com todo o trabalho os professores que d o aula no 1 ano da manha d o aula no 1 ano da tarde agora isso foi uma coisa que n s conseguimos ao longo do tempo formar um quadro de professor que esta junto h muito tempo isso da outra qualidade ao trabalho gestora Am lia EA Olha n s temos um grande n mero de professores que tem 40 horas na escola este ano vai ser um pouco diferente porque n s tivemos algumas professoras que se aposentaram no ano passado ent o n s estamos recebendo professores novos inclusive assim professores com 10 horas s com carga hor ria mais baixa dividindo com outro professor ent o isso vai ficar um pouco mais complicado este ano em fun o inclusive para a participa o nas reuni es porque tem professores que n o v o conseguir participar porque eles tem problema com o 236 hor rio nas outras escolas antes era mais f cil mas a maioria sim s o professores que j est o aqui a 15 anos gestora Maria EA Sem d vida as condi es de trabalho exercem grande diferen a na qualidade do trabalho docente e o fato da maioria dos professores da escola Amarela possu rem 40 horas na
242. izados e a administra o das escolas foi entregue a grandes empresas as escolas p blicas s o constantemente comparadas com outras privadas supostamente mais eficientes ao mesmo tempo o controle estatal intensificado e torna se mais forte ainda em especial seu controle sobre o saber e os valores nas escolas e sobre os mecanismos de avalia o do sucesso ou fracasso institucional nessa reprodu o cultural Peroni corrobora com a ideia de Apple 2003 no que tange a redefini o das fronteiras entre o p blico e o privado a autora evid ncia ainda que tal fen meno pode ser observado principalmente atrav s do p blico n o estatal e do quase mercado e o esvaziamento da democracia como direitos materializada em pol ticas sociais neste contexto PERONI 2008 p 9 No entender de Barroso 2005 assiste se a tentativa de criar mercados ou quase mercados educativos transformando a ideia de servi os p blicos em servi os para clientes onde o bem comum educativo para todos substitu do por bens diversos desigualmente acess veis p 742 Os efeitos das pol ticas neoliberais de enxugamento da estrutura do Estado conforme aponta Hypolito 2011 s o percebidas cotidianamente com os processos de privatiza o e retirada do Estado de setores at ent o exclusivos que passam a ser gerenciados por setores privados HYPOLITO 2011 p 61 Nessa conjuntura o Estado n o trabalha em conjunt
243. ja uma boa pr tica ou que n o prejudique a qualidade do ensino Assim a partir da Lei n 5545 se tem a materializa o de uma pr tica que j ocorria nas escolas no formato de texto Outro aspecto apontado pela gestora Am lia que a substitui o at ent o era feita entre os pr prios professores por meio da troca de hor rio ou remanejamento e n o com a entrada das gestoras em sala de aula o que poderia ter um menor impacto sobre a aprendizagem dos alunos A de se considerar tamb m que essa Lei refor a a precariza o e desvaloriza o do trabalho docente uma vez que n o se investe em melhores condi es de trabalho e ao inv s disso o Estado repassa responsabilidades suas para a escola ou seja faltam professores n o h contrata o e sim intensifica o do trabalho docente A Lei n 5545 define portanto o reajuste salarial dos membros do magist rio define as atribui es do vice diretor da escola al m daquelas j previstas na Lei Municipal n 4740 2003 institui a gratifica o para o supervisor Escolar Coordenador Pedag gico e institui a Prova Santa Maria O processo de elabora o de desenvolvimento e implanta o da Lei n 5545 conforme n s mostramos no decorrer deste texto evidenciam as articula es entre os contextos de influ ncia de produ o de texto e da pr tica A SMED possui atualmente mais de 20 projetos e programas em andamento tais como Programa Escola Acess vel Programa d
244. l gica empresarial no contexto educacional Ainda que o plano de a es da SMED tenha como objetivo promover um salto para o futuro da educa o em Santa Maria os resultados deste estudo nos permite concluir que uma pol tica educacional baseada em sistemas de avalia o em larga escala associada a pol ticas de bonifica o dificilmente ir alcan ar uma educa o de qualidade Visto que tal pol tica acaba por produzir nos contextos escolares uma obsess o pelos resultados incita a competitividade entre as escolas a individualidade os sentimentos de culpabiliza o e com a intensa press o gerada pelas demandas de responsabilza o muitos educadores e diretores tendem a aumentar os resultados das escolas de maneira que nada tem a ver com a aprendizagem e sim com formas de burlar o sistema como foi demonstrado Muitos professores quando est o pr ximos da data da avalia o concentram as atividades na prepara o dos alunos para os exames usam os simulados selecionam previamente os estudantes etc Com isso os alunos muitas vezes se tornam h beis na resolu o das quest es da prova mas s o incapazes de ler e interpretar um texto Os alunos nesse caminho acabam sendo treinados e n o educados N o estamos negando a relev ncia dos sistemas de avalia o os resultados importam como indicadores mas n o podem definir o que vem a ser uma boa educa o As avalia es externas n o podem orientar as pol ticas educa
245. l ticas de ndices e indicadores de qualidade da educa o Ou seja a l gica do mundo privado a sua nfase no mercado no individualismo na competitividade na performance invadem o espa o p blico escolar 24 Assim a partir da d cada de 1990 o Minist rio da Educa o tem atuado diretamente na elabora o de um amplo sistema de avalia es em larga escala como o Sistema Nacional de Avalia o da Educa o B sica SAEB Exame Nacional do Ensino M dio ENEM Prova Brasil Provinha Brasil dentre outros Al m das avalia es o MEC tamb m criou o ndice de Desenvolvimento da Educa o IDEB a fim de assegurar uma melhoria da qualidade da educa o no Brasil Os novos paradigmas de gest o que tem influenciado as pol ticas p blicas de educa o implicam em uma reorganiza o do espa o escolar assim muitas a es oriundas dos rg os nacionais estaduais e municipais respons veis pelos sistemas educacionais imprimem um novo formato a gest o escolar Com isso o contexto escolar tenta se adequar as novas diretrizes o que pode provocar mudan as significativas no curr culo escolar bem como ter repercuss es sobre o trabalho docente Esta tese tem como tema de estudo as pol ticas educacionais de perspectiva gerencialista implantadas nas ltimas d cadas no Brasil e suas repercuss es na gest o escolar no trabalho docente e no curr culo escolar tendo a rede municipal de ensino de Santa Maria RS como camp
246. l IDEB Meritt Figura 24 Evolu o do Indicador de Aprendizado nos anos finais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 202 mein e a a A ta Di oa DO Figura 25 IDEB das escolas localizadas no centro e na periferia da cidade referente aos anos iniciais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 169 Figura 26 IDEB das escolas localizadas no centro e na periferia da cidade referente aos anos finais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 169 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Avalia o Nacional da Educa o B sica Apoio Socioecon mico em Meio Aberto Base A rea de Santa Maria Banco Mundial Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul Sindicato dos Trabalhadores em Educa o Conselho de Defesa do Meio Ambiente Coordenadoria Regional de Educa o Centre de Recherche Interuniversitaire sur la formation et la profession enseignante Escola Amarela Exame Nacional do Ensino M dio Exame Nacional para Certifica o de Compet ncias de Jovens e Adultos Escola Verde Fernando Henrique Cardoso Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa o Fundo Monet rio Internacional Funda o Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfei oamento da Educa o e da Cultura Grupo de Estudos sobre Educa o Metodologia de Pesquisa e A o Gest o pela Qualidade Total ANEB ASEMA BASM CEPERS CONDEMA CRE
247. las de suas turmas regulares mas passam a integrar pelo per odo de tr s meses uma nova turma inteiramente constitu da de alunos com o mesmo n vel de conhecimentos A carga hor ria do curso para cada turma corresponde a tr s aulas semanais com a dura o de tr s horas no turno inverso ao de sua classe regular O objetivo da metodologia do programa consiste em acertar o passo das aprendizagens escolares a partir do seu limiar fundamental que a aquisi o da leitura e da escrita de um texto mas tamb m a partir do 2 ano O p blico alvo do programa consiste nos alunos n o alfabetizados em turmas de 2 3 4 ano s rie ou alunos que embora j alfabetizados n o desenvolveram compet ncias compat veis com ano s rie que est o 59 frequentando As turmas s o compostas por um n mero m nimo de 12 alunos e m ximo de 25 alunos O material did tico trabalhado nas aulas todo desenvolvido pelo GEEMPA tanto para os professores como para os alunos Em termos te rico conceituais a proposta geempiana de alfabetiza o est situada na conflu ncia das obras de Jean Piaget Henri Wallon L S Vygotski Sara Pain Emilia Ferreiro e Paulo Freire Vis es neoliberais de quase mercados costumam fazer se acompanhar de press o conservadora para regulamentar o conte do e o comportamento por interm dio de coisas como curr culos nacionais padr o de qualidade nacional e sistemas de avalia o APPLE 2003 p 92 O Est
248. lasses sociais BOURDIEU 1989 p 9 37 As escolas t cnicas aqui referidass o o Col gio Polit cnico da Universidade Federal deSanta Maria UFSM e o Col gio T cnico Industrial de Santa Maria UFSM para ambos os col gios o ingresso dos alunos realizada mediante Prova de Sele o 227 4 3 3 2 Infraestrutura e condi es de trabalho Quanto infraestrutura ambas as escolas apresentam condi es similares estando muito bem equipadas e dispondo praticamente da mesma estrutura f sica e dos mesmos recursos did ticos A infraestrutura das escolas da rede municipal de ensino de modo geral tem recebido aten o da SMED que desde 2010 vem realizando um trabalho de reformas e amplia o da rede como apontam os seguintes depoimentos Tanto para o professor ter um local adequado para desenvolver o seu trabalho mas tamb m para o aluno ter um local adequado para estudar para o aluno ter o prazer de estar na escola n s fizemos um levantamento da infraestrutura das nossas escolas do que cada escola precisava para que aquele fosse um ambiente seguro um ambiente adequado um ambiente agrad vel para os alunos e da n s come amos uma revolu o de reformas de amplia es da infraestrutura das nossas escolas n s equipamos as escolas com diversos recursos onde daria condi es para melhorar a pr tica do professor ent o foram dadas TVs de 42 polegadas data show diversos tipos de jogos mate
249. lia o em larga escala e seus efeitos sobre as pol ticas p blicas implementadas na rede municipal de ensino de Santa Maria a partir do plano de a es desenvolvido pela SMED a segunda se o aborda a vis o dos professores e gestores acerca dos efeitos das pol ticas de gest o e dos sistemas de avalia o em larga escala no que tange o curr culo e por fim a terceira se o discute as percep es dos professores e gestores acerca dos efeitos das pol ticas de gest o e dos sistemas de avalia o em larga escala sobre o trabalho docente e a gest o escolar Contudo para melhor compreender os efeitos e repercuss es das atuais pol ticas de gest o e dos sistemas de avalia o em larga escala sobre o contexto escolar as an lises empreendidas nas duas primeiras se es se debru aram sobre a atual pol tica de gest o da SMED e suas repercuss es no sistema escolar no que tange aos depoimentos dos professores e gestores das escolas Nessa etapa da pesquisa nossas an lises foram independentes do contexto escolar no qual os sujeitos est o inseridos J na ltima se o as an lises realizadas levaram em considera o o contexto no qual os sujeitos atuam ou seja nesse momento nossas an lises pretenderam entender como os mecanismos da avalia o externa e as a es da SMED repercutem nas escolas Verde e Amarela levando em considera o as peculiaridades de cada escola e o contexto no qual os sujeitos est o inseridos C
250. linguagens matem tica ci ncias da natureza e ci ncias humanas no que se refere avalia o do percurso individual dos membros do magist rio a expectativa de que os resultados dos indicadores avaliados possibilitem uma a o de valoriza o do profissional e da carreira do magist rio como ponto chave na qualifica o da rede de ensino com oferta de forma o continuada apropriada repercuss o nas promo es por merecimento e aprimoramento da Comiss o de Avalia o Escolar e da Comiss o de Promo es do Magist rio A elabora o do SEAAP ainda est em tramita o e por isso ainda n o se tem maiores informa es nem mesmo sobre o in cio desse novo sistema de avalia o Al m das avalia es nacionais e estaduais alguns munic pios est o elaborando um exame municipal como o caso de Santa Maria RS com a cria o da Prova Santa Maria A Prova tem dentre seus objetivos alcan ar aquelas escolas que n o s o contempladas pela Prova Brasil al m de criar um ndice de educa o municipal Conforme o secret rio de educa o do munic pio a Prova dever ter sua primeira edi o em 2012 A avalia o contar com quest es de matem tica e l ngua portuguesa e ser aplicada aos 4 e 8 anos do ensino fundamental Como nos mostram Hypolito Vieira e Pizzi 2009 em linhas gerais as pol ticas educacionais desenvolvidas no Brasil incluem os seguintes aspectos a um sistema de avalia o pela incap
251. lity sistemas educacionais escolas e em alguns casos at por professores individuais O sistema de incentivos pode conter ou n o pr mios e puni es atrelados aos resultados dos alunos FERNANDES e GREMAUD 2009 p 216 Como referido anteriormente alguns aspectos da pol tica de gest o da SMED podem ser evidenciados nos programas de accountability entretanto n o podemos considerar que o modelo de gest o adotado pela SMED seja unicamente pautado pelo accountability dado a diversidade de elementos que comp em o plano de a es da SMED Assim acreditamos que o accountability seja um dos elementos presentes nesse modelo de gest o que bem se identifica com os modelos gerencialistas ou simplesmente gerencialismo como denomina Hypolito 2011 dada mistura de preceitos te ricos e t cnicos de diferentes modelos de gest o Assim o gerencialismo ao qual aqui nos referimos se caracteriza por alguns princ pios tas como a qualidade o mercado a efici ncia a responsabiliza o a avalia o em larga escala as parcerias p blico privadas o quase mercado pol ticas de bonifica o a produtividade entre outros Conforme Freitas 2007 a nfase dada aos sistemas de avalia o a busca desenfreada pelos ndices a tentativa de alcan ar as metas propostas para os munic pios e os demais fatores que acompanham as atuais pol ticas educacionais ter o significativos efeitos sob as administra es p blicas Nesta perspecti
252. ll METODOLOGIA DA PESQUISA ERR PANE E PB SN SOR RD CR A ARO E RSA EEE E ER E DR 97 3 1 Indica es Te rico Metodol gicas asas assista ires aba dt boa 97 3 2 Delineamento do CSTUdO pps a Ui Ras aa ea ea ara tal eg 101 3 2 1 Percursos CrICrIAMENTAS aee A a ra ral e 101 3 22 0 c nt xto da PESQUISA iara ne ae aaa ara 106 3 2 2 1 Contexto da pol tica municipal e caracteriza o da rede municipal de ENSINO ese ia RR CR pe a 107 3 2 2 2 Caracteriza o das Escolas Municipais de Ensino Fundamental ESTUCA AS asaenr sans sa ao at a oO ra aan ua esa aranha 108 CAP TULO IV Pol ticas de gest o educacional e sistemas de avalia o seus efeitos sobre o trabalho docente o curr culo e a gest o escolar a partir das percep es dos professores e gestores ne 123 4 1 Sistemas de avalia o em larga escala e pol ticas de gest o uma an lise acerca das a es da Secretaria Municipal de Educa o de Santa Maria RS 125 4 2 A rede municipal de ensino mapeada em indicadores 151 4 3 Pol ticas curriculares e sistemas de avalia o rsrsrs eese resrsrsrsrsrsrses 172 4 3 1 Pol ticas curriculares e sistemas de avalia o uma an lise a partir das percep es dos professores e dos gestores ereeeereereereareereneanesa 175 4 3 2 Pol ticas de gest o educacional e sistemas de avalia o seus efeitos sobre o trabalho docente a partir das percep es
253. ltados das institui es de ensino nas avalia es externas embora isso nos pare a bvio e j tenha sido denunciado em outros estudos um dos grandes problemas dos sistemas de avalia o em larga escala e das a es da SMED consistem justamente em n o considerar as diferen as entre os contextos escolares como mostram os seguintes relatos bem n s temos um quadro docente muito qualificado porque 95 dos nossos professores possuem curso superior a grande maioria deles possuem especializa o e muitos com mestrados e um numero tamb m bem significativo com doutorado ent o n s temos um quadro docente altamente qualificado n s temos uma infraestrutura de escolas que hoje n s podemos dizer que boa escolas que tinham uma infraestrutura prec ria n s conseguimos fazer algumas mudan as foram 21 escolas e estas realmente precisavam de reformas escolas que em dia de chuva chovia dentro tanto quanto chovia fora ent o n s estamos com uma infraestrutura boa talvez ela n o seja a melhor mas ela esta boa n s temos equipamentos que possibilitam ao professor ter uma pr tica mais inovadora use uma metodologia mais diversificada com recursos ent o porque n s temos 24 escolas com baixo IDEB gestora Catarina SMED secretaria de educa o preocupada com o baixo IDEB de muitas escolas at porque n s n o encontramos uma justificativa pra isso uma vez que Santa Maria tem escolas 232 com recursos as escolas est
254. m predom nio do sexo feminino ocupando cargos docentes mas a um processo ainda mais complexo que denuncia as diferentes discrimina es a que as mulheres s o submetidas na sociedade industrial capitalista como aponta Hypolito 1997 p 66 As diferencia es e discrimina es pol ticas econ micas e sociais identificadas em rela o professora como ser social que ocupou uma determinada posi o dentro do mundo do trabalho s o encontradas em outras profiss es e ramos de trabalho Esse movimento do final do s culo passado at hoje que as mulheres professoras experimentaram parte de um movimento maior vivido pelas mulheres na sociedade urbano industrial capitalista Portanto essas rela es entre o masculino e o feminino no magist rio e na educa o devem ser entendidas como rela es mais amplas dessa sociedade capitalista culturalmente assentada no patriarcado Na d cada de 80 do s culo passado teve in cio nos Estados Unidos e posteriormente nos demais pa ses dependentes do modelo de forma o norte americanos a discuss o acerca do professor como profissional Conforme Shiroma e Evangelista 2010 duas vertentes de estudo se destacam uma aborda a profissionaliza o como processo de forma o profissional do professor a segunda o processo hist rico de constru o da doc ncia e identifica as transforma es sofridas pelos docentes 13 Para Ramalho Nufes e Gauthier 2004 o fato de cada profiss
255. ma competi o entre os professores e os estabelecimentos de ensino Tal competi o pode ter efeitos danosos para qualidade da educa o pois tanto os professores como as institui es de ensino podem criar mecanismos para manipular os resultados como a sele o pr via de alunos que realizar o os testes nfase na aprova o dos alunos treinamento dos alunos para a realiza o do teste entre outras como apontam os seguintes depoimentos para fazer a prova tem que ter no m nimo 20 alunos ent o tem escolas que tem por exemplo tr s turmas na mesma s rie ent o ao inv s de fazer a prova com as tr s turmas tu seleciona faz uma amostragem o professor faz uma amostragem porque ele sabe quais s o os melhores alunos 204 ent o mais uma forma de mascarar os resultados professora Violeta EV em todas as escolas do munic pio a dire o fica sempre muito presente controlando sabe para que os ndices de reprova o n o sejam muito altos e isso no resultado do IDEB faz muita diferen a e as escolas que tem baixo IDEB elas v o procurar aumentar os ndices de aprova o mesmo que de forma artificial ent o esta avalia o ela n o funciona professora Hort ncia EV existem muitas escolas que mascaram os seus resultados eu conhe o bem a realidade das minhas colegas da rede municipal e sei de escolas que em outubro se tu fosse observar se tu fosse analisar os alunos que come am no in cio do ano e
256. mas regulares que apresentam um desempenho insatisfat rio em rela o ao letramento dos alunos e as demais continuaram seguindo o programa de corre o de fluxo Embora a gestora Catarina SMED e a gestora Joana SMED demonstrem satisfa o em rela o a esta parceria alguns estudos t m demonstrado que tais parcerias n o t m apresentado resultados significativos para uma melhoria da qualidade da educa o Nesse sentido Souza 2011 em estudos realizados acerca das parcerias p blico privado mostra que tais parcerias n o t m obtido grande sucesso uma vez que os institutos que geralmente s o contratados trabalham com metodologias desenvolvidas para um tipo particular de escola de aluno de fam lia de professor de estrutura de estado que na pr tica muitas vezes n o funciona tornando essa parceria indispens vel para a boa qualidade da educa o SOUZA 2011 p 164 A ideia proposta por Souza corrobora com o depoimento da gestora Catarina quando esta faz refer ncia a uma das escolas que n o participar mais do conv nio devido aos problemas enfrentados pela pr pria escola com os seus alunos o que inviabiliza a metodologia trabalhada pelo GEEMPA Ou seja quando a escola real apresenta problemas que fazem parte do cotidiano dos professores e gestores que ali trabalham e que ainda assim s o cobrados a realizar um trabalho de qualidade e obter bons resultados nas avalia es externas observa se que a metodologia
257. mo demonstra o relato acima a SMED tem investido em cursos de forma o continuada para os docentes e gestores o trabalho tem sido realizado no sentido de sensibilizar os profissionais para aderirem ao plano de a es da secretaria Com os profissionais sensibilizados s o maiores as probabilidades de sucesso na implementa o da pol tica visto que a consolida o de uma pol tica de modo geral d se no contexto da pr tica Uma vez que os professores e os gestores s o concebidos aqui como agentes sociais que possuem suas concep es ideologias perspectivas sempre h negocia es reinterpreta es inova es resist ncias e ades es que modificam substancialmente as pol ticas no contexto da pr tica fazendo com que algumas sejam ineficientes umas sejam alteradas e outras sejam rejeitadas 192 A partir da preocupa o da SMED em melhorar o desempenho das escolas na Prova Brasil v rios cursos de capacita o foram destinados aos professores que ministram as disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica contudo somente para aqueles que trabalham em escolas com IDEB igual ou inferior a m dia nacional no ano de 2009 n s come amos a trabalhar com a quest o da Prova Brasil o que esta prova o que ela representa em termos de pol tica p blica o que ela representa em termos de recursos para o munic pio e para a escola como ela pode ser usada como ferramenta de qualifica o do processo Gestora Magn lia
258. mo nos anos finais a partir de 2005 at 2011 podemos observar que em ambas as etapas de ensino ocorreu um crescimento no ndice da rede municipal de ensino Os dados relativos aos anos iniciais revelam uma situa o positiva com o maior acr scimo do ndice entre os anos de 2009 e 2011 0 5 pontos percentuais Ainda que os ndices relativos aos anos finais tamb m sejam favor veis constatamos que nos dois primeiros anos de avalia o 2005 e 2007 n o houve diferen a entre os ndices e nas duas ltimas avalia es 2009 e 2011 mesmo havendo um acr scimo em 2011 o IDEB cresceu apenas 0 3 pontos percentuais quando comparado com 2009 Quanto s metas estabelecidas para o munic pio nos anos iniciais apenas em 2009 a m dia da rede municipal de ensino ficou abaixo da meta j em 2007 a m dia ficou acima da meta e em 2011 a m dia do munic pio ficou igual meta proposta para os anos iniciais Como expressa a fig 16 nos anos finais desde 2007 a rede municipal sempre atingiu a meta proposta embora nunca tenha ficado com m dia acima da meta E Anos iniciais E Anos finais 4 9 4 1 4 2 aii 4 3 IDEB w 2005 2007 2009 2011 Figura 16 Evolu o do IDEB das escolas da rede municipal nos anos iniciais e finais 2005 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 28 Em 2007 a meta para os anos iniciais era 4 1 em 2009 a meta era 4 5 e em 2011 a meta era 4 9 29 Em 2007 a meta para os anos finais era 3 8 em 2
259. mudadas em fun o da avalia o da Prova Santa Maria ou da Prova Brasil mas cada escola uma realidade gestora Olga EV A padroniza o das bases curriculares e a adequa o aos conte dos cobrados nas avalia es externas desconsideram as particularidades dos contextos escolares como ressalta a professora embora as escolas perten am mesma rede de ensino elas apresentam realidades diferentes e esses aspectos nesta perspectiva n o s o levados em considera o nem pelo 185 curr culo e muito menos pelos sistemas de avalia o Pois como sustenta Negri 2010 a unifica o curricular em torno de um padr o supostamente uniforme em sociedades heterog neas provoca novas divis es visto que os alunos recebem o curr culo de diferentes modos de acordo com a posi o social e cultural que ocupam na sociedade p 280 Os depoimentos das gestoras Joana e Magn lia n o s refor am a ideia da adequa o dos conte dos trabalhados em aula com aqueles cobrados na Prova Brasil como tamb m reafirmam a concep o de um curr culo disciplinar que desconsidera m ltiplas necessidades e diversidades sociais e culturais da popula o atendida fazendo simulados damos cursos para os professores trabalhamos com os alunos trabalhamos os conte dos basicamente com letramento porque n s trabalhamos em cima da Prova Brasil gestora Joana SMED ent o este simulado possibilita a escola a id
260. mudan a administrativa ou de gest o das escolas e das redes de ensino b os planos e as propostas de mudan a nos curr culos na pedagogia e na did tica Ao primeiro conjunto correspondem programas de descentraliza o financeira das escolas promovendo modifica es da gest o escolar e das redes de ensino Nesta dimens o as experi ncias de gest o empresarial s o as prevalentes e os modelos de gest o pela qualidade total GQT fornecem os principais elementos de orienta o Ao segundo conjunto correspondem os programas de controle da qualidade do ensino traduzidos em taxas de aprova o e reprova o dos alunos e uma nova defini o do tipo de forma o produzida pelas escolas O novo modelo de gest o p blica baseado em valores de efici ncia efic cia e competitividade ocorre simultaneamente ao movimento de reforma do Estado e de seu aparelho No Brasil a reforma do aparelho do Estado tem in cio na d cada de 1990 tendo como base o novo modelo de gest o p blica 67 que guarda as seguintes caracter sticas a separa o institucional entre o rg o financiador e o provedor uma distin o entre resultados e produtos uma redu o a rela es m ltiplas de responsabilidades e uma nfase em recompensas e san es econ micas PETERS MARSHALL FITZSIMONS 2004 No Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 1995 a gest o foi o foco a reforma concreta do aparelho do Estado ocorre na dimens o
261. muito expl cita a retirada do Estado das pol ticas sociais universais a nfase no lucro a mercantiliza o da sociedade e a consequente desigualdade social PERONI et al 2009 43 Embora ocorra nas pol ticas neoliberais uma retirada do Estado em rela o s pol ticas sociais esta n o ocorre totalmente isto o desmonte das pol ticas p blicas do Estado de Bem Estar social n o se faz indiscriminadamente mas seletivamente dirigindo se a alvos espec ficos raz o pela qual n o s se levam a cabo pol ticas de solidariedade para os mais pobres como tamb m se incrementam subs dios e transfer ncias de recursos para setores m dios e classes dominantes TORRES 1995 p 116 Na concep o de Gentili 1995 o que os neoliberais combatem a forma hist rica especifica que assume a interven o estatal no per odo fordista propondo junto com isso um novo padr o de interven o de car ter mais autorit rio e antidemocr tico Assim os neoliberais precisam recriar um tipo de interven o estatal mais violenta tanto no plano material como no simb lico GENTILI 1995 p 237 Apesar das pol ticas neoliberais terem se expandindo largamente a atua o dos governos neoliberais n o ocorrem da mesma forma nos diferentes pa ses Anderson em seus estudos faz um breve balan o acerca da atua o do neoliberalismo nos pa ses mais ricos do mundo economicamente o neoliberalismo fracassou n
262. n es da burocracia central para estados e munic pios e para as denominadas organiza es sociais configuradas como entidades de direito privado mas oferecendo servi os p blicos sendo consideradas p blicas n o estatais Outro aspecto fundamental nesse processo foi a expans o das ag ncias internacionais como o Banco Mundial FMI UNESCO entre outras sobre o campo educacional a partir de diretrizes e orienta es que prop em maiores investimentos na Educa o B sica e com o deslocamento das fronteiras entre o p blico e o privado as parcerias com entidades p blicas n o estatais est o cada vez mais presentes no sistema de ensino Barreiros 2008 p 23 salienta que in meros programas de apoio voltados ao desenvolvimento de pol ticas educacionais condicionam o aporte de recursos financeiros aos projetos que 23 apresentam metodologias consistentes de busca de indicadores de impacto nos sistemas educativos Assim desde a d cada de 90 diversos eventos internacionais foram promovidos pelas ag ncias multilaterais como o Banco Mundial BM o Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento PNUD a Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO a Organiza o de Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OCDE e o Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF entre outras embasados por discursos de qualidade e equidade da Educa o Os eventos e os textos produzid
263. na SMED A preocupa o da SMED em melhorar o IDEB da rede municipal de ensino a cria o do plano de a es e todas as estrat gias desenvolvidas pela secretaria nesse sentido est o fortemente atreladas as exig ncias do MEC Uma vez que o IDEB tem sido o eixo norteador do PDE muitas de suas a es est o atreladas ao desempenho das escolas no IDEB Pois como alerta Paz 2010 a obten o dos n veis mais elevados de qualidade constituem se no entrela amento de pol ticas distintas mas com fins semelhantes sob a tica do Plano que n o procura ocultar que seu interesse antes de tudo a eleva o do IDEB mesmo que se recorra a pol ticas de 134 responsabiliza o accountability e mobiliza o social PAZ 2010 p 60 61 A exemplo disso citamos o Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE uma forma que o MEC encontrou para atrelar o IDEB ao repasse de recursos financeiros para a escola Ao passo que por meio do PDDE o MEC passou a oferecer recursos financeiros adicionais 50 a mais de recursos financeiros aos munic pios que superarem seus ndices em detrimento daqueles com resultados menos satisfat rios que ficam submetidos a um mero apoio t cnico ou financeiro insuficientes Com isso n o queremos justificar as escolhas ou atitudes da SMED mas buscamos demonstrar como o contexto de influ ncia atua nas pol ticas locais Dando continuidade ao plano de a es da SMED concomitantemente com o curso
264. nacionais para as Reformas do Estado em especial a partir do in cio da d cada de 90 em v rios pa ses e continentes a Melhoria da efic cia da atividade administrativa b Melhoria da qualidade na presta o dos servi os p blicos c Diminui o das despesas p blicas d Aumento da produtividade na Administra o do Estado Com isso os pa ses perif ricos que adotaram essas diretrizes internacionais promoveram v rias modifica es nos servi os de administra o P blica Para Tardif e Lessard 2007 a educa o escolar cada vez mais pensada como um investimento rent vel o que se traduz por uma racionaliza o das organiza es escolares e enxugamentos substanciais nos or amentos Os autores destacam ainda que os governos visam simultaneamente aumentar sua efic cia e sua imputabilidade por meio de pr ticas e normas de gest o e de organiza o do trabalho provenientes diretamente do ambiente industrial e administrativo Dessa forma a escola e o ensino tem sido historicamente invadidos e continuam ainda a s lo por modelos de gest o e de execu o do trabalho oriundos diretamente do contexto industrial e de outras organiza es econ micas hegem nicas TARDIF e LESSARD 2007 p 25 Vieira 2002 p 119 120 em seus escritos considera que os planos e as reformas educacionais propostos e ou executados pelos governos locais podem ser agrupados em dois conjuntos a os planos e as propostas de
265. nais entre 2009 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 IDEB UV Escolas Anos Finais Ao estabelecermos uma an lise comparativa entre os ndices das pr prias escolas que realizaram a Prova Brasil tanto nos anos iniciais como nos anos finais entre os anos de 2009 e 2011 os dados revelam situa es bem interessantes No que se refere evolu o do IDEB entre as duas etapas de ensino observamos que do total de escolas 17 escolas que realizaram a Prova Brasil 4 escolas 23 52 subiram o ndice nos anos iniciais e baixaram o ndice nos anos finais 2 escolas 11 76 mantiveram o ndice nos anos iniciais e subiram o ndice nos anos finais 9 escolas 52 94 subiram o ndice nos anos iniciais e nos anos finais e 2 escolas 11 76 subiram o ndice nos anos iniciais e mantiveram o ndice nos anos finais 154 Evolu o do IDEB Total de escolas N 17 4 Subiram os ndices dos 11 76 anos iniciais e baixaram os ndices nos anos finais Mantiveram os ndices nos anos iniciais e subiram os ndices nos anos finais Subiram os ndices nos 11 76 anos iniciais e mantiveram os ndices nos anos finais Subiram os ndices nos 52 94 anos iniciais e nos anos finais Mesmo no caso de algumas escolas que obtiveram os maiores ndices de toda a rede municipal de ensino nos anos iniciais notamos significativa diferen a no que tange aos anos finais Esse fen meno pode ser observado nas f
266. ncia tal sistema consiste em mensurar e codificar padr es de resultados e prever determinadas consequ ncias quando se atinge ou n o esses resultados AFONSO 2009 p 18 Ap s a implanta o do accountability nos Estados Unidos alguns autores apontam diferentes dimens es do accountability Mons 2009 Mc Domnel 2005 Phelps 2005 podendo ser classificado como modelo de accountability forte ou modelo de accountability fraco Conforme Mons 2009 o modelo de accountability forte baseado no high stakes testing para os alunos e as escolas como o modelo americano ou ingl s nesse modelo os resultados dos alunos nas avalia es s o associados a uma s rie de puni es e recompensas que podem ter grandes consequ ncias para as escolas O modelo de accountability fraco seria o modelo seguido pelas escolas do continente Europeu nesta perspectiva os resultados t m como fun o permitir aos pais e aos alunos uma melhor informa o sobre a aprendizagem e constituem uma ferramenta de dialogo com a equipe de professores j para os professores os resultados fornecem dados sobre o ensino Assim o modelo de accountability fraco n o responsabilza os professores e a escola pelo desempenho dos alunos t o pouco utiliza dos resultados para puni los ou bonific los No caso do Brasil Andrade 2009 p 446 considera que o governo federal adotou uma pol tica branda de accontalibity uma vez que o modelo de accontalibity foi sendo impleme
267. nciadas nos discursos do prefeito e tendo em vista que as a es da SMED em muito s o pautadas pelo IDEB isso pode influenciar na rela o das gestoras com a secretaria Assim as gestoras n o se sentem a vontade para participar das atividades promovidas pela SMED bem como acabam apresentando certa rejei o ou resist ncia ao que proposto pela secretaria Outro diferencial entre as escolas investigadas est relacionado ao n mero de professores de cada escola a Escola Verde por se tratar de uma escola maior que atende a 754 alunos possui um quadro docente mais amplo enquanto que a Escola Amarela por atender 439 alunos possui um quadro 240 docente menor com 23 professores Por se tratar de um grupo menor de profissionais e a maioria possuir 40 horas na escola as gestoras da Escola Amarela conseguem desenvolver um trabalho muito pr ximo dos professores e contam com o apoio desses no desenvolvimento das a es e projetos da escola como sugerem os seguintes relatos os nossos resultados devido a um trabalho de anos dos professores dos diretores e dos supervisores que se empenharam se dedicaram que n s j fizemos este trabalho a muito tempo e eu acho isso tamb m que a motiva o e o comprometimento do professor faz muita diferen a e eu acredito que seja isso professora Rosa EA aqui os professores trabalham junto com a gente os professores se ajudam muito ent o se um tem um problema de
268. ncial Em recente estudo realizado por Gewirtz e Ball 2011 p 196 os autores apontam dois tipos ideais de discursos sobre a gest o escolar bem estar social e novo gerencialismo tratando de uma mudan a de discurso conforme descrevem os autores uma mudan a de perspectiva das necessidades dos alunos em dire o a uma perspectiva das necessidades institucionais inserida em uma l gica paradoxal de disciplina de mercado a qual sugere que os interesses pr prios deste ltimo o mercado levar o aos benef cios impessoais dos primeiros os alunos GERWIRTZ e BALL 2011 P 196 O Bem Estar Social nas palavras de Gerwirtz e Ball 2011 p 197 mais do que uma forma organizacional espec fica visto que ele envolve tamb m uma maneira de gerenciar com cren as particulares sobre os fins e prop sitos da lideran a A mudan a de discurso corresponde mudan a do perfil e das atitudes dos administradores educacionais enquanto que os administradores do modelo de Bem Estar Social tendiam a ser socializados dentro do campo e valores do setor social em que atuavam os novos administradores tendem a ser genericamente socializados dentro do campo e valores do gerencialismo GERWIRTZ e BALL 2011 P 199 Durante o governo de Margareth Thatcher na Inglaterra teve in cio o movimento da Nova Gest o P blica que ganhou for a no governo de Ronald Reagan nos Estad
269. nda da Conferencia de Jomtien a Declara o Mundial de Educa o para Todos define que o Ensino Fundamental dentro da Educa o B sica deve ser a prioridade da d cada e estabelece no art 3 a exig ncia de melhoria da qualidade da educa o J no artigo 4 refor a que a garantia desta qualidade deve estar relacionada necessidade de implementa o de sistemas de avalia o do desempenho dos alunos Assim o processo avaliativo considerado fundamental na produ o de indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais com isso o MEC tem imposto uma regula o do sistema educacional essencialmente baseada em instrumentos de avalia o de larga escala e em indicadores de qualidade Como mostra Dias Sobrinho 2002 p 29 a avalia o assumiu basicamente as caracter sticas de accoutability uma forma tecnocr tica de valorar e um procedimento burocr tico de exigir cumprimento de obriga es E inevit vel a conex o entre a accountability e a ideologogia da efici ncia A responsabilidade antes entendida nos mbitos universit rios como pertin ncia e equidade ou em outras palavras a presta o de contas sociedade como um todo referida como accountability se transforma na exig ncia de demonstra o na obten o de determinados resultados atrav s do emprego dos meios mais eficientes E portanto a capacidade de prestar contas n o sociedade mas aos governos e aos clientes No Brasil a qualidade da edu
270. nifesta uma concep o de cr tica e de rejei o a press o exercida com os sistemas de avalia o e por vezes manifesta uma vis o positiva a essa pol tica como condi o para a melhoria da qualidade da educa o como expressam os seguintes depoimentos eu acho que isso serviu para muitas escolas se mexerem porque inclusive eu conversei com colegas de outras escolas e 196 elas me disseram que agora estavam fazendo simulados com os alunos e eles estavam se saindo bem ent o quer dizer que eles correram atr s professora Neuza EV mas desde quando n s tivemos o resultado do primeiro IDEB a gente tentou manter ou melhorar o nosso IDEB mas esse foi um esfor o conjunto com todos os professores mas o nosso ensino eu acho que sim diferenciado o aluno que vem transferido para c ele sente que o nosso ensino mais puxado que tem mais cobran a gestora Maria EA Eu acho assim que toda essa nfase na Prova Brasil tem um lado positivo porque os professores dessas escolas agora v o correr atr s e com isso se pressup em que ir gerar uma melhora na qualidade gestora Am lia EA Esta percep o de que a maior cobran a sobre o trabalho docente e a necessidade de melhorar os ndices como resposta qualidade do ensino demonstram a capacidade que as tecnologias da reforma a performatividade e o gerencialismo possuem para remodelar a vis o de educa o dos docentes e gestores em fun o dos preceitos desta pol ti
271. njunto com as escolas Esse plano de a es que antecipa a Prova Brasil pode na realidade servir para mascarar os resultados e n o corresponder a uma real melhoria na aprendizagem dos alunos Ainda assim a maioria das escolas possuem m dias abaixo do valor adequado para o indicador de Aprendizado que 6 como mostra a fig 21 7 E 2009 E 2011 6 5 4 3 2 a 1 0 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Indicador de Aprendizagem Escolas anos iniciais Figura 21 Evolu o do Indicador de aprendizado nos anos iniciais das escolas que participaram do plano de a es da SMED Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Este mesmo fen meno pode ser observado em outros Estados como aponta a pesquisa realizada por Schneider e Nardi 2012 considerando um conjunto de munic pios catarinenses Conforme apontam os autores o conjunto de munic pios avaliados vem demonstrando crescimento no seu IDEB muito embora os dados revelem a baixa pontua o na profici ncia dos alunos em L ngua Portuguesa e Matem tica A maioria dos munic pios investigados pelos autores n o alcan aram as m dias adequadas no indicador de aprendizado Schneider e Nardi 2012 acrescentam que a melhora nas taxas de aprova o registradas nos munic pios pesquisados teve grande influ ncia no crescimento do IDDEB 166 Quanto ao Indicador de Fluxo da rede municipal de ensino de Santa Maria os dados revelam que em 84 21 das escolas este
272. no trabalho docente Quais as suas considera es acerca da meritocracia n o s para o trabalho docente mas tamb m para todo o contexto escolar 10 Como voc avalia a cria o da Prova Santa ANEXO 272 Estado do Rio Grande do Sul Prefeitura Municipal de Santa Maria s Secretaria de Munic pio de Gest o e Moderniza o Administrativa Superintend ncia de Sistemas Administrativos LEI MUNICIPAL N 5545 DE 26 DE OUTUBRO DE 2011 Reajusta o valor do padr o referencial da remunera o dos membros do magist rio p blico municipal empregados p blicos e cargos efetivos define atribui es cria vantagem salarial e d outras provid ncias CEZAR AUGUSTO SCHIRMER Prefeito Municipal do Munic pio de Santa Maria Estado do Rio Grande do Sul FA O SABER em conformidade com o que determina a Lei Org nica do Munic pio em seu artigo 99 inciso III que a C mara Municipal aprovou e Eu sanciono e promulgo a seguinte LEI Art 1 Fica reajustado em 14 20 quatorze virgula vinte por cento o valor do padr o referencial da remunera o dos membros do magist rio p blico municipal previsto no art 34 da Lei Municipal 4696 03 Par grafo nico O padr o referencial fixado no caput deste artigo entrar em vigor a partir de 1 de outubro de 2011 Art 2 As disposi es relativas ao reajuste de que trata esta lei ser o aplicadas a todas as aposentadorias e pens es dos profissionais do magist rio p bli
273. nos Finais Figura 26 IDEB das escolas localizadas no centro e na periferia da cidade referente aos anos finais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 170 Esses resultados nos permitem concluir que de modo geral as escolas localizadas no centro da cidade possuem um melhor desempenho nas avalia es externas alcan ando os melhores ndices Tal an lise coincide com diferentes estudos Barros et al 2001 Torres Ferreira e Gomes 2005 Soares 2005 Almeida e Stoco 2012 que apontam para o fato de persistirem significativas desigualdades no interior do sistema escolar inclusive as que decorrem regi es em que se localizam as escolas De acordo com estudos realizados por Torres Ferreira e Gomes 2005 mesmo quando s o controladas as vari veis cl ssicas como renda sexo ra a e escolaridade dos pais ainda assim persistem importantes diferenciais entre indiv duos com caracteristicas sociais similares quando s o moradores de regi es diferentes da cidade sendo a performance escolar dos moradores de reas pobres e perif ricas significativamente pior O estudo de Merch n Iglesias 2009 corrobora com essa ideia em pesquisa desenvolvida em Andaluc a Espanha o autor constatou que existe uma rela o direta entre os resultados dos alunos com outros indicadores de contexto que s o claramente dependentes do anterior tais como escolaridade dos pais expectativa dos pais em rela o ao n vel de estudo almejado para os fil
274. nsidera se uma comunidade com bom n vel educacional visto que a escola n o tem conhecimento de analfabetos a maioria tem pelo menos ensino fundamental e grande parte dos pais tem curso superior Cabe destacar que muitos dos atuais pais s o ex alunos que retomam com seus filhos favorecendo tamb m a forma o de um v nculo afetivo com a escola Em seu quadro de recursos humanos a escola conta A escola ainda conta com 36 colaboradores entre eles 31 professores que garantem o ensino a mais de 400 alunos Todos os professores possuem especializa o e 4 professores possuem mestrado Atualmente o espa o f sico da Escola Amarela compreende 09 salas de aula Sala dos Professores Sala do SOE Servi o de Orienta o Educacional Sala da Dire o Secretaria Sala Multifuncional Biblioteca Cozinha e refeit rio juntos Laborat rio de Ci ncias Laborat rio de Inform tica 01 banheiro para os professores 06 banheiros para alunos 01 banheiro para o 1 ano Uma passarela coberta desde a cal ada externa que permite o acesso s duas entradas da escola No p tio encontra se a casa do zelador a pracinha o bar e a quadra de esportes equipada com tabela de basquete goleiras redes e corredor com cal amento Todas as salas de aula s o equipadas com ar condicionado sendo que seis aparelhos foram adquiridos pela escola e tr s foram doa es de pais de alunos da escola A escola oferece modalidade do Ensino Fundamental e est organiz
275. nso Escolar do ano anterior ao exerc cio vigente Esses valores s o pagos com recursos do Sal rio Educa o e MDE Manuten o do Desenvolvimento do Ensino 25 dos recursos da Educa o e o Programa Municipal de Forma o em Educa o Ambiental PROMFEA tem como objetivo geral criar uma rede de a es articuladas em prol da forma o em educa o ambiental dos diversos atores sociais seguindo as orienta es princ pios e objetivos da Lei n 9 795 99 que institui a Pol tica Nacional de Educa o Ambiental e complementada pela Lei n 11 730 02 que institui a Pol tica Estadual de Educa o Ambiental O PROMFEA uma Pol tica 113 Municipal que observa as orienta es do CONDEMA Conselho de Defesa do Meio Ambiente coordenado pelas Secretarias de Prote o Ambiental e Educa o sendo composto por um comit gestor formado por representantes destes bem como da UFSM 8 CRE e Associa o S o Paulo Ap stolo Um dos objetivos desta pol tica a cria o da REMEA Rede Municipal de Educadores Ambientais articulando esfor os e iniciativas de diferentes profissionais e institui es que atuam no campo da Educa o Ambiental a fim de discutir e propor estrat gias para a incorpora o da dimens o ambiental no mbito das pol ticas educacionais e territoriais do munic pio Fazem parte desta REDE 16 escolas Municipais distribu das nas diferentes regi es de Santa Maria A Sede da REMEA localiza se na Ru
276. nta Maria ser fundamentada nas diretrizes curriculares estabelecidas para a educa o municipal servindo seus resultados para nortear decis es administrativas e tamb m pedag gicas no desenvolvimento de metodologias de ensino para melhorar o aprendizado dos alunos Art 9 Torna se obrigat ria a divulga o dos resultados da Prova Santa Maria igualmente a divulga o dos resultados do IDEB ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica nos termos do disposto no art 10 inc X da Lei Municipal n 4740 2003 bem como das propostas que visem melhoria da qualidade do ensino e ao alcance das metas estabelecidas Art 10 A presente lei entra em vigor na data de sua publica o retroagindo seus efeitos a partir 1 de outubro de 2011 Gabinete do Prefeito Municipal de Santa Maria aos 26 vinte e seis dias do m s de outubro do ano de 2011 Cezar Augusto Schirmer Prefeito Municipal Rua Ven ncio Aires 2277 3 andar Santa Maria RS Brasil CEP 97010 005 Telefone 55 3921 7153 Site www santamaria rs gov br 215
277. ntado ao longo das ltimas d cadas no sistema de ensino de Educa o B sica Assim a partir da segunda d cada de 1990 o governo implantou o Sistema Nacional de Avalia o da Educa o B sica que teve sua primeira edi o realizada em 1995 al m disso em 1998 o governo criou o Exame Nacional de Ensino M dio ENEM Na d cada seguinte o governo criou em 2005 a Prova Brasil que teve os resultados por escola divulgados a partir de 2006 e em 2008 o governo aplicou a primeira edi o da Provinha Brasil 85 Em n vel Estadual podemos observar algumas experi ncias de programas de responsabilza o como nos estados do Rio de Janeiro Programa Nova Escola S o Paulo Paran Boletim da Escola Minas Gerais Informativo da Escola Municipal de Belo Horizonte e Cear Pr mio Escola do Novo Mil nio Com base em pesquisas j realizadas Apple 2002 p 87 considera que um controle mais apertado do curr culo o espectro do teste a ensombrar o professor e o curr culo uma maior press o ou planos contabil sticos mais austeros tudo isto pode conduzir a resultados menos e n o mais justos Para Peroni 2001 p 243 a avalia o institucional n o o resultado de um consenso entre todos os envolvidos no processo educacional mas um produto encomendado que atende ao poder centralizador do Estado que assume cada vez mais o papel de prescri o e controle para a perpetua o da ordem social vigente Ba
278. nte desconsiderada nesse aspecto eles n o querem saber o que n s pensamos o que nos achamos correto n o querem saber o que n s aprendemos com as nossas experi ncias eles querem n meros um modelo bem capitalista bem empresarial que eles querem implantar professora Hort ncia EV Os depoimentos anteriores nos remetem ao modelo de gest o assumido tanto pela atual pol tica municipal como tamb m pela SMED a qual possui um plano de a es inserido num plano de governo que dentre os seus objetivos visa atender s exig ncias das avalia es externas E no que tange a Prova Brasil melhorar a posi o do munic pio em rela o ao IDEB com isso v rias a es desenvolvidas pela SMED t m como principal objetivo melhorar o desempenho da rede municipal de ensino na Prova Brasil e consequentemente elevar o IDEB das escolas 214 Contudo cabe salientar que o Estado vem determinando por meio dos princ pios e das bases da avalia o um modelo de gest o visto que o Estado quem desenvolve os exames nacionais que os aplica corrige os e divulga os resultados A partir dos resultados obtidos as redes e institui es de ensino s o chamadas a prestar contas criando a es e estrat gias com vistas a reverter as situa es indesej veis Com isso se observa o contexto de pol ticas nacionais interpelando o contexto de pol ticas locais A imposi o de metas educacionais tra adas para cada rede de ensino e indiv
279. ntes e conhecimentos b sicos gestora Magn lia SMED ajudar o professor a entender a matriz de refer ncia que cobrada nesta prova e como trabalhar com os alunos efetivamente para desenvolver aquelas habilidades e compet ncias que ali est o colocadas gestora Magn lia SMED Ou seja para viabilizar o controle e a regula o por meio da avalia o cria se um estreitamento entre os programas curriculares e os sistemas de avalia o a articula o entre os contextos de influ ncia de produ o de textos e o contexto da pr tica Assim para o sucesso dos sistemas de avalia o empregados torna se fundamental a exist ncia de referenciais curriculares como aponta Afonso 2000 p 91 a defini o pr via de objetivos curriculares nacionais torna se tamb m pr requisito para que seja poss vel criar indicadores que me am as performances dos sistemas educativos num movimento que se caracteriza precisamente pela exig ncia de acompanhamento dos n veis da educa o aos quais se atribui em ltima inst ncia a capacidade competitiva das economias nacionais numa poca de crescente globaliza o Nessa perspectiva o relato da gestora Olga aponta para o fato das mudan as nas bases curriculares estarem sendo realizadas no sentido de uma adequa o aos conte dos cobrados nas avalia es padronizadas se tu for ver toda a base curricular a grade curricular das escolas est o sendo
280. nto Livre e Esclarecido deste sujeito de pesquisa para a participa o no estudo Assinatura do pesquisador respons vel Cl Assinatura da autora do estudo CI Santa Maria de de 20 _ 267 AP NDICE B Termo de Confidencialidade T tulo do projeto Pol ticas p blicas em educa o e Gest o efeitos sobre trabalho docente curr culo e avalia o Pesquisador respons vel Prof Dr lvaro Moreira Hypolito Institui o Departamento UFPel FAE Telefone para contato 55 91698727 55 32214230 Local da coleta de dados Os pesquisadores do presente projeto se comprometem a preservar a privacidade dos sujeitos cujos dados ser o coletados atrav s de grava o em udio Concordam igualmente que estas informa es ser o utilizadas nica e exclusivamente para execu o do presente projeto As informa es somente poder o ser divulgadas de forma an nima e ser o mantidas por um per odo de cinco anos sob a responsabilidade da pesquisadora respons vel Ap s este per odo os dados ser o destru dos Santa Maria CE O SSD lvaro Moreira Hypolito Andressa Aita Ivo 268 AP NDICE C Roteiro de entrevista para a equipe gestora da SMED 1 Para iniciar a nossa conversa eu gostaria que voc fala se um pouco sobre a educa o no munic pio de Santa Maria um panorama Como foi assumir a SMED depois de oito anos de gest o de um partido de oposi o Quais os principais projetos
281. nto das pr prias diretrizes nas quest es te rico pr tico na organiza o do trabalho pedag gico na escola Conforme os depoimentos j citados podemos observar a relev ncia que os sistemas de avalia o em larga escala possuem no contexto da atual gest o nessa perspectiva em outubro de 2011 com a Lei n 5545 no art 8 fica institu da a prova Santa Maria que tem como objetivo criar um sistema pr prio de avalia o municipal o IDESM ndice de Desenvolvimento da Educa o de Santa Maria A Prova ser fundamentada nas diretrizes curriculares estabelecidas para a educa o municipal servindo seus resultados para nortear decis es administrativas e tamb m pedag gicas no desenvolvimento de metodologias de ensino para melhorar o aprendizado dos alunos n s acreditamos que era necess rio fazer uma avalia o nossa dentro de par metros avaliativos pr prios avaliando a educa o em Santa Maria ent o n s vamos instituir neste ano e estamos trabalhando para isso n s vamos ter o nosso instrumento de avalia o ent o neste ano ser aplicado para todos os alunos dos 4 e 8 anos por que para estes anos Porque da n s j vamos ter um par metro de dados de como est o os nossos alunos para no ano seguinte realizar a Prova Brasil que aplicada no 5 e no 9 ent o a Prova Santa Maria ser aplicada no 4 e no 8 ano n o s para ver como que est a aprendizagem dos nossos alunos m
282. nto de valores a vontade de descobrir conhecimentos o compromisso com a sabedoria etc Todas estas coisas que n o s o avaliadas pelas provas psicom tricas Em definitivo a finalidade da educa o colocada de lado no processo educativo uma vez que n o avaliada Em sistemas de ensino com realidades t o distintas como o caso do Brasil em que a pobreza ainda assola uma grande parcela da popula o as avalia es externas acabam reafirmando as diferen as e desigualdades 96 sociais culturas e econ micas vigentes Assim o sistema de ensino revela e promove a desigualdade e ao inv s de incluir seleciona CAP TULO Ill METODOLOGIA DA PESQUISA Neste cap tulo apresenta se o caminho metodol gico escolhido para o desenvolvimento da pesquisa nesta perspectiva apontam se alguns aspectos te ricos que fundamentam a abordagem adotada como tamb m os procedimentos metodol gicos que guiar o o percurso da pesquisa Como forma de responder ao objetivo geral da pesquisa pretende se analisar as pol ticas de gest o educacional na rede municipal de ensino de Santa Maria RS que se apresentam com nfase na meritocracia nos ndices educacionais e nas pol ticas de avalia o relacionadas aos temas da gest o escolar trabalho docente curr culo e sistemas de avalia o Os objetivos espec ficos do estudo podem ser formulados da seguinte forma a Identificar e analisar as repercuss es das a es da Secret
283. nto do plano de a es uma vez que o IDEB de modo geral tem sido o eixo norteador dos programas desenvolvidos pelo MEC por meio do Plano de Desenvolvimento da Educa o PDE Com isso encontramos contextos de pr ticas nacionais que se posicionam como contextos de influ ncia junto organiza o e formula o de pol ticas locais Em 2010 a SMED deu in cio a um plano de a es que tem como base o DEB das escolas municipais referente ao ano de 2009 ano em que o munic pio de Santa Maria RS apresentou 21 institui es de ensino com ndices igual ou abaixo da m dia nacional Tendo em vista que a Prova Brasil fornece n meros para composi o do IDEB a SMED desenvolveu um programa de acompanhamento pedag gico com essas institui es com o objetivo de melhorar o atual cen rio educacional do munic pio A secretaria municipal de educa o em 2010 deu in cio a um plano de a es que pode ser dividido em tr s momentos principais recursos humanos infraestrutura e setor pedag gico Assim no primeiro momento as a es se voltaram para o reconhecimento e an lise do quadro de recursos humanos da rede municipal de ensino como explicam os depoimentos que seguem algumas situa es foram estabelecidas como meta a primeira delas foi que n o faltassem professores a primeira atitude foi a contrata o de 350 professor isto j foi a primeira demonstra o de que a educa o iria ser levada a s rio gestora Joana SME
284. ntrapartida se estimula a competi o e o ranqueamento entre elas gerando espa os para ricos e espa os para pobres segregando ainda mais as camadas populares no interior dos sistemas de ensino O plano de a es elaborado pela gest o 2009 2012 da SMED demonstra a relev ncia que os sistemas de avalia es externas t m assumido na conjuntura da SMED como tamb m na atual pol tica do munic pio como mostram os seguintes depoimentos na verdade como eu te disse o trabalho da gest o pedag gica ele est atrelado a um plano de governo bom este trabalho partiu do governo municipal n o come ou do nada a primeira coisa a gente foi atr s do que este governo municipal pretendia para educa o o que as equipes que me precederam j tinham feito e o que me caberia fazer ent o para concluir um plano n o foi uma coisa que surgiu do nada ent o a gente fica atrelado a um plano de governo sim em termos pedag gicos n s estamos preocupados com pol ticas p blicas nacionais o pedag gico nem tanto plano de governo como tamb m plano de pol tica nacional de educa o que tu tem que atender gestora Magn lia SMED o prefeito acha que este o modelo de educa o adequado para o nosso munic pio e ele n o admite ser questionado ent o ele quer implantar o m ximo poss vel desta proposta que ele acha que certa independente do que n s pensamos Ja nossa opini o como especialistas em gest o ela totalme
285. nuada a gente tem reuni es com a supervis o pedag gica Gestora Neusa EV Os relatos das gestoras da Escola Verde demonstram um distanciamento entre a escola e a SMED ainda que a gestora Neusa considere positivas as a es da SMED n o se percebe um envolvimento entre a escola e a institui o No entanto esse fen meno pode ter como causa os sentimentos que as gestoras possuem em rela o ao modo como as escolas com baixo IDEB s o mencionadas como mostram os seguintes depoimentos Assim olha Cada reuni o que eu vou eu sinto muita vergonha at quando eu chego aqui na escola eu comento com as gurias com a vice diretora com as coordenadoras e comento com as professoras que eu n o aguento mais ir em reuni es que o prefeito fala sempre das escolas que envergonham o munic pio Eu enquanto gestora eu sinto muito orgulho de ser desta escola se ela envergonha Santa Maria azar o do prefeito que n o conhece a realidade do munic pio dele gestora Olga EV O que mais me deixa triste ouvir o prefeito dizer que as escolas que tem baixo ndice envergonham ele e o munic pio a gente n o gostaria que fosse assim mas a realidade que a gente tem essa a gente tenta mudar atrav s de estudos atrav s de reuni es atrav s de metodologias diferentes para os alunos mas dif cil gestora Neusa EV Os depoimentos das gestoras demonstram a sua insatisfa o em rela o ao modo como as escolas com baixo IDEB s o pronu
286. nvestimos em forma o come amos desde a quest o da dessacraliza o da sala de inform tica demos cursos mas n o eles indo at os cursos mas o cursos vindo at eles resultado mais de 500 professores capacitados Os cursos de forma o s o inegavelmente de grande import ncia para os professores contudo no caso do curso de inform tica algumas ressalvas se fazem necess rias At 2009 as escolas da rede municipal de ensino possu am um monitor para sala de inform tica que mantinha a sala aberta durante todo o hor rio de atendimento das escolas e auxiliava os professores nas atividades a partir de 2009 a SMED reduziu o n mero de monitores e E Informa o coletada no site http www santamaria rs gov br smed link noticias acessado em 24 de outubro de 2011 s 16h23min 137 ofereceu o curso de forma o para os professores com isso a SMED reduziu tamb m os custos com os funcion rios e os professores ficaram respons veis pela utiliza o da sala de inform tica que muitas vezes n o possuem nenhum apoio pessoal Ou seja por traz da capacita o dos professores podemos observar a intensifica o do trabalho docente que est diretamente relacionada com o tempo carga de trabalho e o ritmo Outra a o do setor pedag gico foi finalizar as Diretrizes Curriculares Municipais para Educa o B sica um processo que teve in cio em 2005 quando as escolas foram chamadas a construir as diretrizes em conjunto com
287. o Educa o pois no momento em que os pais t m um comprometimento com a educa o dos seus filhos esses atribuem outro valor a escola Conforme Alves Ortig o e Franco 2007 p 173 os in meros estudos quantitativos que t m investigado aspectos dos diferentes tipos de capital apontam que a instru o familiar apresenta um forte impacto nas quest es relacionadas vida escolar como resultados escolares e continuidade dos estudos Alves 2010 em estudo realizado com escolas p blicas de Belo Horizonte corrobora com essa id ia A autora constatou no referido estudo que filhos de pais com escolaridade m dia ou superior t m desempenho escolar melhor do que aqueles cujos pais t m menor escolaridade ALVES 2010 p 279 resultado semelhante ao de outros estudos Nas palavras de Bourdieu 1989 esse fen meno pode ser explicado pela forma que cada fam lia transmite a seus filhos um certo capital cultural e um certo ethos sistema de valores impl citos e profundamente interiorizados que contribui para definir entre outras coisas as atitudes face ao capital cultural e institui o escolar A heran a cultural que difere sob os dois aspectos segundo as classes sociais a respons vel pela diferen a inicial das crian as diante da experi ncia escolar e consequentemente pelas taxas desiguais de xito BOURDIE 1989 p 5 36 Nas palavras de Nogueira e Nogueira 2002 a partir de Bourdieu cada indiv duo
288. o respectivo quadro de cargos e d outras providencias SANTA MARIA Lei municipal n 4740 de 24 de dezembro Institui a gest o democr tica SANTA MARIA Lei municipal n 5341 de 10 de agosto de 2010 Cria o Premio Qualidade na Educa o e da outras providencias SANTA MARIA Lei municipal n 5545 de 26 de outubro de 2011 Reajusta o valor do padr o referencial de remunera o dos membros do magist rio p blico municipal empregados p blicos e cargos efetivos define atribui es cria vantagem salarial e d outras providencias SANTA MARIA Lei municipal n 5610 de 05 de janeiro de 2012 Acresce incisos IV e V ao Art 2 da Lei municipal n 5341 10 que cria o Premio Qualidade na Educa o e d outras providencias SANTOM J T A educa o em tempos de neoliberalismo Porto Alegre Artmed 2003 262 SANTOS L L Pol ticas p blicas para o ensino fundamental Par metros Curriculares Nacionais e Sistema Nacional de Avalia o SAEB Educa o amp Sociedade Campinas vol 23 n 80 Setembro 2002 p 346 367 SILVA T T O projeto educacional da nova direita e a ret rica da qualidade total In n GENTILI P SILVA T T Escola S A Quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo Bras lia CNTE e Organizadores 1996 p 167 188 SOARES J F Avalia o da qualidade escolar brasileira 2008 SOARES T Modelos de tr s n veis hier rquicos para a profici ncia dos alunos de 4 s rie
289. o Horizonte UFMG Faculdade de Educa o 2010 CDROM TARDIF M LESSARD C O trabalho docente elementos para uma teoria da doc ncia como profiss o de intera es humanas Petr polis RJ Vozes 2007 263 TEODORO A A educa o em tempos de globaliza o neoliberal os novos modos de regula o das pol ticas educacionais Bras lia Liber Livro 2011 TORRES C A Estado privatiza o e pol tica educacional elementos para uma cr tica do neoliberalismo In APPLE M et al Pedagogia da exclus o o neoliberalismo e a crise da escola p blica Petr polis RJ Vozes 1995 p 109 136 TORRES H G FERREIRA M P e GOMES S Educa o e segrega o social explorando as rela es de vizinhan a In MARQUES E e TORRES H G orgs S o Paulo segrega o pobreza e desigualdade S o Paulo Editora do Senac 2005 p 123 142 TREISMAN P amp FULLER E Comment by Philip Uri Treisman and Edward J Fuller In D Ravitch dir Brookings papers on education policy Washington Brookings institution 2001 p 208 218 VIANNA H M Avalia es nacionais em larga escala an lises e propostas Estudos em Avalia o Educacional n 27 jan jun 2003 VIANNA H M Fundamentos de um Programa de Avalia o Educacional Bras lia Liber Livro Editora 2005 VIANA M As pr ticas socializadoras familiares como locus de constitui o de disposi es facilitadoras da longevidade escola em meios populares Educa o
290. o algo que prov m exclusivamente do trabalho do professor visto que n o h meios estat sticos para determinar o quanto cada professor contribui na aprendizagem de cada aluno Assim para Alvarse 2011 qualidade mais do que desempenho uma vez que este decorre de um conjunto de fatores dentre os quais se insere o trabalho dos professores assim o desempenho nas avalia es constitui um indicador importante do trabalho desenvolvido na escola Alvarse 2011 considera ainda que os sistemas de avalia o n o seriam de todo modo negativo desde que os resultados fossem considerados pela escola como refer ncias para a gest o da escola A bonifica o atrelada aos sistemas de avalia o em larga escala na maioria das vezes gera uma disputa uma competi o entre os professores e os estabelecimentos de ensino Com isso as escolas n o se apropriam dos resultados a fim de realizar uma discuss o acerca dos sistemas de avalia o e do desempenho dos alunos mas se preocupam apenas em obter melhores ndices com isso o risco de um afunilamento das pr ticas pedag gicas nas 34 Entrevista concedida ao Observat rio da Educa o em julho de 2011 Acesso dia 23 de maio de 2012 203 escolas brutal O que seria empobrecer brutalmente o processo educativo Oliveira 2008 como demonstra o seguinte depoimento todas as coisas que acontecem entre as escolas para se sa rem melhor na prova Brasil em fun o de uma competi
291. o brasileira As decis es pol ticas do governo Lula em rela o ao que vinha sendo proposto pelo governo anterior do ent o presidente Fernando Henrique Cardoso no campo educacional foi marcado muito mais por perman ncias do que rupturas em rela o ao governo anterior OLIVEIRA 2009 p 198 Ainda nas palavras da autora no mbito educacional o governo Lula desenvolveu uma serie de programas estabelecendo parcerias com os munic pios e com as escolas diretamente muitas vezes sem a media o dos estados consolidando assim um novo modelo de gest o de pol ticas publicas e sociais OLIVEIRA 2009 p 198 Outras parcerias tamb m se firmaram nesse novo modelo de gest o com as denominadas organiza es sociais configuradas como entidades de direito privado publicas n o estatais Assim ainda que esse modelo de gest o tenha iniciado no governo Fernando Herrique Cardoso FHC a partir da reforma do aparelho do Estado observou se uma continuidade tanto no governo Lula como tamb m no atual governo da presidenta Dilma Rousseff 1 3 As reformas educacionais e as parcerias p blico privadas Com as reformas educacionais das ltimas d cadas e a redefini o do papel do Estado tem havido tamb m uma redefini o das fronteiras entre o p blico e o privado Apple 2003 p 35 aponta algumas transforma es estrat gicas que envolvem este processo Como explica o autor muitos 54 recursos p blicos foram privat
292. o com a iniciativa privada na realidade ele cede espa o ele deixa o caminho livre O Estado e as institui es privadas passam a estabelecer novas formas de rela o e nesta rela o bin ria Estado institui es privadas est o come ando a se dissolver as fronteiras entre os campos sociais e econ micos as quais se tornam cada vez mais porosas Os efeitos de recontextualiza o est o se enfraquecendo Existe uma multiplica o e uma efervesc ncia do discurso sobre o privado e os neg cios no setor p blico articulado em especial por meio de no es como a de parceria Ball 2004 p 1110 Essas novas rela es e paradigmas se desenvolveram como parte do processo de reorganiza o do capitalismo No entanto a desenvoltura com que tal processo penetra na esfera da administra o p blica e em particular na gest o educacional e escolar depende consideravelmente de qu o penetrante essas pol ticas gerenciais est o no Estado HYPOLITO 2011 55 No modelo gerencial as parcerias p blico privado ganham espa o uma vez que neste paradigma a sociedade civil representada pelo p blico n o estatal pelo chamado terceiro setor organiza es n o governamentais ONGs institui es filantr picas e comunit rias e outras associa es similares Estes organismos criados com o objetivo de prover servi os sociais na rea de sa de educa o prote o contra o crime transpor
293. o controlado pelo princ pio da excel ncia atrav s de formas diversas de monitoramento Ou ainda como aponta a gestora Neuza EV em seu depoimento Eu acho que cada vez mais a escola tem que se adequar a estes sistemas de avalia o porque se n o a gente se sa mal nas provas assim a adequa o do curr culo aos sistemas de avalia o se mostra como condi o para que a escola tenha um bom desempenho nas avalia es A partir do relato da Gestora podemos observar alguns dos efeitos de uma pol tica educacional que conforme Ball 1997 podem ser divididos em efeitos de primeira e de segunda ordem e fazem parte do contexto de resultados Neste caso podemos notar os efeitos de primeira ordem os quais provocam mudan as nas pr ticas ou estruturas ocorridas dentro do pr prio sistema educativo J os efeitos de segunda ordem envolvem mudan as de padr es de acesso social oportunidade e justi a social decorrentes das mudan as educacionais O relato da gestora Neuza elucida ainda as inter rela es entre os contextos de produ o de texto de influ ncia da pr tica e dos resultados demonstrando como esses interagem e se articulam entre si provocando efeitos rec procos Com isso notamos como os contextos de produ o de texto e de influ ncia geram mudan as no pensar e agir pedag gico da escola provocando uma reconfigura o do campo da pr tica 4 3 2 Pol ticas de gest o educacional e sistemas de avalia
294. o curr culo o trabalho docente e a gest o escolar A partir da an lise qualitativa dos dados nos foi poss vel n o s compreender os efeitos das a es da SMED sobre o trabalho docente o curr culo e a gest o escolar como tamb m as poss veis raz es para que algumas escolas obtenham resultados muito satisfat rios no IDEB enquanto que outras ficam muito aqu m das metas propostas para a rede municipal de ensino Quanto s a es da SMED referentes ao curr culo destacamos a conclus o do documento das Diretrizes Curriculares Municipais que tem como objetivo definir uma pol tica de curr culo norteadora para as escolas municipais 247 de Santa Maria A partir dessas diretrizes curriculares a SMED elaborou os par metros curriculares para a rede e com isso a rede possui agora conte dos m nimos que devem ser trabalhados em todas as escolas de acordo com o ano de ensino Conforme j foi discutido nesta tese ainda existem muitas diverg ncias acerca da implementa o de um curr culo comum para todas as escolas Sobretudo quando os curr culos s o pensados a partir dos conte dos cobrados nas avalia es externas o que acaba refor ando as disparidades entre as disciplinas a nfase no Portugu s e na Matem tica e o treinamento dos alunos De todo modo pensar acerca do curr culo deve significar pensar a escola a sala de aula o professor a comunidade as quest es culturais e de g nero o espa o escolar como um to
295. o das grandes empresas multinacionais s o o verdadeiro c rebro das pol ticas neoliberais construindo uma grande trama de redes para obter o consentimento da popula o com rela o s suas respostas Nas palavras de Freitas 2005 p 82 O governo da educa o se encontra portanto mergulhado em um contexto marcado pela ruptura e ultrapassagem de fronteiras nacionais e ao mesmo tempo pela re configura o do papel regulador interno do Estado As for as internacionais influenciam externamente as pol ticas educacionais nacionais sendo os quadros interpretativos nacionais moldados tanto supranacional como nacionalmente No Brasil desde 1971 o Banco Mundial vem prestando coopera o t cnica a Educa o Brasileira por meio de projetos de co financiamento desenvolvidos no mbito do Minist rio da Educa o FONSECA 1995 p 169 Essa nova agenda proposta por esses organismos como o caso do Banco Mundial t m exigido dos pa ses perif ricos programas de ajuste estrutural visando implanta o de pol ticas macroecon micas que venham a contribuir para a redu o dos gastos p blicos e a realoca o de recursos necess rios ao aumento de super vts na balan a comercial buscando com essas medidas aumentar a efici ncia do sistema econ mico MAU S 2003 p 10 Ainda assim as pol ticas educacionais nacionais de Educa o nos diferentes pa ses s o concebidas e implementadas levando em consider
296. o de materializa o dessas pol ticas levando em considera o as concep es pol tico pedag gicas que norteiam as a es da secretaria municipal de educa o SMED O recorte temporal definido para a an lise das pol ticas educacionais corresponde ao per odo de 2009 a 2012 gest o do Partido do Movimento Democr tico Brasileiro PMDB sendo prefeito municipal Cezar Augusto Schirmer A educa o tem recebido destaque na gest o 2009 2012 uma vez que o prefeito tem acompanhado de perto as a es da secretaria al m de participar de diversos encontros com os professores e gestores da rede No or amento anual de 2011 a secretaria municipal de educa o recebeu o valor de R 77 615 679 70 reais A SMED vem empreendendo um conjunto de a es voltadas para a melhoria da qualidade da educa o na rede municipal tendo como principal i Informa es obtidas no site http www santamaria rs gov br docs contaspublicas OA201101240 pdf acessado em 19 de janeiro de 2012 s 16h12min 25 par metro o ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica IDEB que tem no Plano de Desenvolvimento da Educa o PDE a estrutura b sica da pol tica nacional para a educa o O IDEB no mbito do PDE e seu Plano de Metas est atrelado a maioria das a es previstas pelo PDE como afirma o MEC o PDE promove profunda altera o na avalia o da educa o b sica Estabelece inclusive in ditas conex es entre av
297. o de crian as com problema de aprendizagem de crian as que n o vem na aula que s o turistas na sala de aula tem crian as com muita falta gestora Neuza EV mas tu percebe assim aquela crian a que tem problema de assiduidade problema de aprendizagem problema de comportamento e disciplina a fam lia dessa crian a dificilmente participa as outras tu percebe que eles vem que eles est o presentes nas reuni es de pais vem bastante pais e isso uma coisa que cresceu bastante eu considero boa a participa o deles por m as fam lias que realmente precisariam vir essas n o vem Essas fam lias elas tem em m dia cinco filhos matriculados na escola ent o tem um no 1 um no 3 um no 5 um no 7 um no 8 ent o todos s o da mesma fam lia a gente j at conhece pela fam lia a gente j conhece aonde esta o problema a gente s n o sabe como solucionar este problema a gente at tenta mas n o consegue gestora Olga EV Embora tenha aumentado participa o dos pais nas atividades promovidas pela Escola Verde ainda assim podemos perceber que a escola tem dificuldades em trazer os pais para o contexto escolar fen meno que se 220 torna ainda mais significativo nas fam lias que apresentam uma grande quantidade de filhos matriculados na escola como apontou a gestora Olga J a escola Amarela apresenta uma realidade que se diferencia daquela vivenciada pela Escola Verde n o s em termos de p
298. o do Bem Estar Social ao novo gerencialismo mudan as discursivas sobre gest o escolar no mercado educacional In BALL S MAINARDES J Pol ticas educacionais quest es e dilemas S o Paulo Cortez 2011 GOMES C A A escola de Qualidade para Todos abrindo as camadas da cebola Ensaio avalia o e pol ticas p blicas em Educa o Rio de Janeiro v 13 n 48 p 281 306 jul set 2005 GOMES F G Conflito social e welfare state Estado e desenvolvimento social no Brasil RAP Rio de Janeiro 40 2 201 36 Mar Abr 2006 HARVEY D O neoliberalismo hist ria e implica es S o Paulo Edi es Loyola 2008 HARVEY D Condi o p s moderna uma pesquisa sobre as origens da mudan a cultural S o Paulo Edi es Loyola 1992 257 HYPOLITO A M Trabalho docente classe social e rela es de g nero Campinas SP Papirus 1997 HYPOLITO A M Trabalho docente e profissionaliza o sonho prometido ou sonho negado In VEIGA l CUNHA M orgs Desmistificando a profissionaliza o do magist rio Campinas SP Papirus 1999 HYPOLITO A M Pol ticas curriculares Estado e regula o Educa o amp Sociedade Campinas v 31 n 113 p 1337 1354 out dez 2010 HYPOLITO A M Reorganiza o Gerencialista da Escola e Trabalho Docente Educa o Teoria e Pr tica Vol 21 n 38 p 1 18 out dez 2011 HYPOLITO A M LEITE M C L Modos de Gest o e Pol ticas de Avalia o
299. o do Estado que governa a dist ncia governando sem governo Ela permite que o Estado se insira profundamente nas culturas pr ticas e subjetividades das institui es do setor p blico e de seus trabalhadores sem parecer faz lo Ela performativdade muda o que ele indica muda significados produz novos perfis e garante o alinhamento Ela objetifica e mercantiliza o trabalho do setor p blico e o trabalho com 53 conhecimento knowedge work das institui es educativas transforma se em resultados n veis de desempenho formas de qualidade Os discursos da responsabilidade accountability da melhoria da qualidade e da efici ncia que circundam e acompanham essas objetiva es tornam as pr ticas existentes fr geis e indefens veis a mudan a torna se inevit vel e irresist vel mais particularmente quando os incentivos est o vinculados s medidas de desempenho As a es e programas educacionais j implementados no Brasil nas ltimas d cadas representam a complexidade das reformas como salienta Dourado 2007 p 928 trata se de um cen rio amb guo no qual um conjunto de programas parece avan ar na dire o de pol ticas com car ter inclusivo e democr tico enquanto de outro lado prevalece a nfase gerencial com forte vi s tecnicista e produtivista que vislumbra nos testes estandardizados a naturaliza o do cen rio desigual em que se d a educa
300. o e tempo para reuni es Assim 76 novos papeis e subjetividades s o criadas conforme os professores s o re trabalhados como produtores proporcionadores empreendedores educacionais e gestores e s o sujeitos a avalia es aprecia es regulares a revis es e compara es do seu desempenho BALL 2002 p 8 A esse respeito considerando algumas das consequ ncias das reformas educacionais da d cada de 1990 para o trabalho docente Barreto e Leher 2003 analisam que estrat gias dos organismos internacionais e dos governos buscaram enfraquecer material e simbolicamente os professores Materialmente os docentes foram for ados a aceitar gratifica es de desempenho que pretensamente premiam os mais capazes e produtivos Com isso os sal rios permaneceram sem reajustes ou com corre es muito inferiores infla o e somente a fra o vari vel teve alguma recomposi o Assim por meio de estrat gias de avalia o o controle da disciplina do trabalho pelos governos tornou se muito mais intenso e a luta dos sindicatos tornaram se mais complexas Do ponto de vista simb lico os professores foram reiteradas vezes acusados de corporativismo em um processo desqualificador que resultou na constru o de uma imagem extremamente negativa para a categoria BARRETO e LEHER 2008 p 41 As agencias internacionais promovem uma imagem negativa dos professores e associam o fracasso da educa o ao magi
301. o fisicamente bem estruturadas e com recursos suficientes e at bem distribu dos para aprendizagem como laborat rio de inform tica como equipamentos eletr nicos a estrutura b sica merenda transporte em fim todos os investimentos porque n s temos escolas com 100 dos professores com p s gradua o e que o IDEB baix ssimo e isso nos preocupa muito e n s entendemos que parte disso pode ser at a pr pria falta de compreens o desta pol tica p blica de avalia o externa e por isso esse movimento de nega o de resist ncia Ent o um corpo docente extremamente qualificado isso n o justifica ou pelo menos derruba o mito de que a qualifica o do professor garantia de qualidade na escola porque n s temos escolas com 100 dos professores com p s gradua o e que o IDEB baix ssimo Gestora Magn lia SMED inconceb vel que tu tenha uma rede com 1 500 professores e destes 1 100 com mais do que a gradua o e como que tu tem 24 escolas a baixo do IDEB n o tem como da ent o o que a gente fez trabalhamos em cima destas escolas fazendo simulados damos cursos para os professores trabalhamos com os alunos trabalhamos os conte dos basicamente com letramento porque n s trabalhamos em cima da prova Brasil ent o se h investimento se h um corpo docente bem qualificado se tu tem as crian as bem alimentadas com merendas maravilhosas se tu tem o professor valorizado em fim tu tem q
302. o polemica entre o professorado e gestores como a SMED esta percebendo a implanta o desta Lei e quais t m sido as repercuss es da Lei Quanto as altera es nas atribui es dos gestores trazidas pela Lei 5545 voc s j percebem alguma resist ncia dos gestores 269 10 O que levou a SMED a criar a Prova Santa Maria Quais foram os objetivos dessa pol tica Quais os reflexos vis veis na comunidade escolar 11 Como a SMED e a gest o municipal tem enfrentado as quest es referentes a implanta o do piso salarial 12 A SMED possui parceiras p blico privado E com quais institui es E com quais objetivos 13 Qual o balan o que voc faz da gest o da SMED at agora e quais as suas perspectivas para 2012 270 AP NDICE D Roteiro de entrevista para a equipe gestora da Escola Para iniciar a nossa conversa eu gostaria que voc fala se um pouco sobre este contexto escolar um panorama da sua escola Qual o modelo de gest o assumido pela escola Voc poderia fazer algumas considera es acerca do quadro docente da escola forma o carga hor ria rotatividade tempo de trabalho na escola Como foi a participa o dos gestores no curso de capacita o oferecido pela SMED Quais as principais contribui es do Curso para a gest o da escola Quais t m sido as repercuss es das a es da SMED no contexto escolar curr culo trabalho docente gest o Como o processo de avalia
303. o se envolvem com as atividades propostas Este um desafio para a escola trazer esses pais para o conv vio escolar O p blico atendido pela escola vive em situa o de risco a grande maioria dos pais s o analfabetos trabalham com reciclagem ou outros tipos de trabalho informal Muitos projetos s o desenvolvidos na escola tais como o Apoio S ciocecon mico em Meio Aberto ASEMA com oficinas de jud artes ludoteca futebol acelera o da aprendizagem alfabetiza o apoio pedag gico especial urbaniza o e horta escolar A escola parceira do Centro Universit rio Franciscano UNIFRA nas reas de Enfermagem Odontologia Pedagogia e Psicologia Conta ainda com o Programa Mais Educa o um Programa do Governo Federal que visa melhorar o IDEB ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica e atende alunos com dificuldade de aprendizagem e defasagem idade s rie em tumo inverso S o atendidos 120 alunos com aulas de Inform tica teatro canto coral xadrez letramento da Matem tica e Portugu s e projeto Socioambiental O conv nio com a Funda o Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfei oamento da Educa o e da Cultura 119 FUNDAE que compreende o projeto Ritmos Art sticos que transformam que consiste em um Grupo de Flauta doce que atende alunos do 2 ao 9 Ano O projeto Justi a Restaurativa Parceria entre escolas e Promotoria da Inf ncia e da Juventude promove a forma
304. obre a tem tica investigada Do mesmo modo foi necess rio localizar a problem tica investigada no seu contexto espec fico Inicialmente a tem tica das pol ticas educacionais foi estudada buscando no seu contexto mais amplo de discuss es acad micas compreender as reformas educacionais empreendidas nas ltimas d cadas no Brasil Esse processo foi fundamental para posteriormente investigarmos de que maneira a atual conjuntura das pol ticas educacionais do Brasil a partir dos programas do governo Federal podem provocar uma reestrutura o na gest o educacional dos munic pios visto que muitos programas nacionais de educa o est o atrelados aos ndices o que poderia provocar uma reorganiza o na gest o da secretaria municipal de educa o e consequentemente na gest o escolar a fim de as escolas alcan arem as condi es necess rias para implantar tais programas na rede municipal de ensino 244 Em seguida voltou se para o contexto espec fico da realidade tomada como objeto de pesquisa a rede municipal de ensino de Santa Maria RS Foram analisadas as principais pol ticas educacionais municipais e o plano de a es implementado pela Secretaria Municipal de Educa o no per odo de 2009 a 2012 Para isso foram utilizados como materiais de pesquisa dados estat sticos informa es disponibilizadas por meio impresso e eletr nico levantadas junto a SMED ao site do Instituto de Estudos e Pesquisas Nacionais I
305. ociedades transforma o esta que determina o surgimento de novos mecanismos de garantia da coes o e integra o sociais Com isso a industrializa o teve efeito sobre a estrutura da popula o sobre a estrutura da estratifica o social sobre a estrutura de renda e a distribui o do poder sobre os mecanismos atrav s dos quais se realizar a socializa o mudan as estas t o radicais que exigiram novas formas de integra o social ARRETCHE 1995 p 8 Como afirma Harvey 1992 o crescimento fenomenal da expans o de p s guerra dependeu de uma s rie de compromissos e reposicionamentos por 34 parte dos principais atores dos processos de desenvolvimento capitalista Harvey 1992 p 125 argumenta o Estado teve de assumir novos keynesianos pap is e construir novos poderes institucionais o capital corporativo teve de ajustar as velas em certos aspectos para seguir com mais suavidade a trilha da lucratividade segura e o trabalho organizado teve de assumir novos pap is e fun es relativos ao desempenho nos mercados de trabalho e nos processos de produ o z Conforme alguns estudiosos a partir do per odo do p s Il guerra mundial que a pol tica do Welfare State Estado de bem estar social ganha dimens es quase universais propondo programas de prote o social habita o sa de educa o etc Em seus escritos Gomes 2006 p 203 define o nelfare state como um conjunto de servi
306. ocioecon mico e cultural estilos de lideran a e formas de gest o e S o coletadas ainda informa es sobre o clima acad mico da escola clima disciplinar recursospedag gicos dispon veis infraestrutura e recursos humanos Na mesma ocasi o preenchido pelos aplicadores dos testes um formul rio sobre as condi es de infraestrutura das escolas que participam da avalia o objetivando o estudo dos fatores associados ao desempenho dos alunos e A base metodol gica a mesma a diferen a est na popula o de estudantes aos quais s o aplicadas e consequentemente aos resultados que cada uma oferece 90 e A metodologia utilizada permite que os dados sejam compar veis ao longo do tempo ou seja pode se acompanhar a evolu o dos desempenhos das escolas das redes e do sistema como um todo A metodologia adotada na constru o e aplica o dos testes do SAEB e Prova Brasil feita para avaliar redes ou sistemas de ensino e n o alunos individualmente Os resultados s o produzidos a partir da aferi o das habilidades e compet ncias propostas nos curr culos para serem desenvolvidas pelos alunos em determinada etapa da educa o formal e Como os curr culos s o muito extensos um aluno n o responde a todas as habilidades neles previstas em uma nica prova Um conjunto de alunos responde a v rias provas Desta forma os resultados n o refletem a porcentagem de acertos de um aluno respondendo a uma prova ma
307. odemos deixar o nosso aluno sem aula n o necessariamente que esse diretor e esse vice diretor tenham que trabalhar especificamente aqueles conte dos do professor daquela rea que est afastado ele pode trabalhar com tantos outros conte dos que s o necess rios para aquele aluno n s entendemos que a coordenadora de rea precisa ter dom nio de ao menos um pouco de cada conte do das diversas disciplinas como que eu vou ser coordenador dos anos finais se eu n o domino estas reas ent o n o teria por que o profissional na fun o de vice diretor ou de coordenador se n o tivesse como ir para sala de aula num dado momento e substituir um professor o nosso entendimento que todos n s quando prestamos um concurso para ingresso no sistema de ensino prestamos para o cargo de professor depois a gente vai desempenhar determinadas fun es mas tu n o tem crit rios chega um dado momento na fun o de diretor que substituir um professor Ainda que a gestora demonstre a sua preocupa o com rela o ao fato dos alunos n o ficarem sem aulas em decorr ncia do afastamento do 143 professor repassar para os gestores da escola a responsabilidade de substitu rem os professores em afastamento por v rias raz es n o nos parece o mais aconselhado Como podemos constatar nos depoimentos que seguem sobre a entrada dos gestores na sala de aula na verdade uma pr tica que j acontecia na nossa escola
308. odificam a concep o de Estado Na o e nesse movimento trazem ao contexto educacional outra concep o de pol tica educacional e de gest o da educa o Como mostra Oliveira 2009 a grande marca das atuais reformas s o a descentraliza o administrativa financeira e pedag gica tendo como resultado um significativo repasse de responsabilidades para o n vel local atrav s da transfer ncia de a es e processos de implementa o atribuindo grande relev ncia gest o A gest o passa a ser a figura chave nas atuais pol ticas que empreendem um novo car ter gerencial as atividades escolares a l gica do mercado penetrando no contexto escolar Assim a estrat gia do neoliberalismo no campo educacional est centrada em transferir a educa o da esfera da pol tica para a esfera do mercado questionando assim seu car ter de direito e reduzindo a sua condi o de propriedade GENTILI 1996 p 20 A nfase na efici ncia na efic cia e na produtividade faz com que os sujeitos se sintam respons veis pelo seu sucesso ou pelo seu fracasso a competi o e o individualismo tornam se pe as fundamentais numa perspectiva neoliberal Fonseca e Oliveira 2009 em seus escritos apontam que a administra o p blica adquiriu um formato gerencial mais gil e flex vel com o intuito de imprimir efici ncia ao desempenho do Estado Assim uma das a es priorit rias foi descentraliza o atrav s da qual foram transferidas fu
309. ois l na outra escola tu competente aqui tu incompetente entendeu isso mais 206 uma prova de que isso uma coisa bastante mascarada e precisa ser revista professora Violeta EV Dentre as professoras por n s entrevistadas a professora Hort ncia enquadrava se nessa situa o ou seja ela trabalhava em uma das escolas que haviam sido premiadas e tamb m na Escola Verde quando questionada sobre o trabalho por ela desenvolvido em ambas as escolas a professora tra a algumas considera es como mostra o seu depoimento o mesmo tipo de material que eu uso numa escola eu uso na outra o que varia um pouco a lista dos conte dos o conte do na Escola Verde ele tem que ser um pouco simplificado ajustes de vocabul rio se eu der um vocabul rio muito complexo eles v o perder o interesse porque n o conseguem entender a quantidade de conte dos tamb m ela diferente eu consigo vencer uma quantidade maior de conte dos com os alunos da escola X na Escola Verde eu desenvolvo uma quantidade menor de conte dos eu acredito assim que o conte do n o t o importante porque a quantidade n o quer dizer nada se eu n o puder me aprofundar em alguma coisa eu prefiro n o ver porque eu prefiro me aprofundar bem numa quantidade limitada de temas do que desenvolver uma grande quantidade de forma superficial O depoimento da professora Hort ncia faz refer ncia forma como ela desenvolve suas ativida
310. olvendo e isso a prova n o leva em conta n s temos uma clientela com muita dificuldade de aprendizagem que para a gente chegar neste IDEB alto cada pontinho que a gente cresce uma vit ria para n s mas talvez a gente n o 224 consiga chegar naquele ideal dele t o r pido quanto eles esperam a gente espera que um dia vai chegar professora Marisol EV ent o eu acho assim que o que deveria ser visto o que tinha que ser considerado o crescimento da escola a mesma coisa que a gente faz com a avalia o do aluno ser que a gente s aprova o aluno naquela prova ali ou agente leva em considera o que o aluno X n o sabia ir ao banheiro n o sabia saber sentar numa cadeira se posicionar na classe ela n o sabia ficar numa sala com os demais colegas e hoje ela sabe ser que ela cresceu ou n o As conquistas da nossa escola n o se resumem ao resultado de uma prova muito mais que isso a nossa conquista esta em levantar a auto estima de um aluno da aluna n o engravidar de n o desistir de estudar de permanecer na escola pra gente isso um crescimento que em nada muda o IDEB A gente tem o problema da gravidez na adolesc ncia muito s rio as meninas com 13 anos j s o m es n o de modo geral mas acontecem casos gestora Olga EV Olha o nosso IDEB baixo mas o que a gente percebe com isso que n o depende somente do professor tem N fatores que influenciam e como se calcula o IDEB E o
311. om a rigidez do fordismo Caracterizando se pelo surgimento de setores de produ o inteiramente novos novas maneiras de fornecimento de servi os financeiros novos mercados e sobretudo taxas altamente intensificadas de inova o comercial tecnol gica e organizacional HARVEY 1992 p 140 A flexibiliza o como aponta Carvalho 2009 expressa uma mudan a na forma do trabalho segundo a autora a racionalidade t cnica burocr tica e normativa substitu da por compet ncias de intera o e responsabilidade pessoal que tornam o trabalho mais funcional ajustando o as necessidades de uma sociedade cada vez mais competitiva exigente e sujeita a imprevistos CARVALHO 2009 p 1142 Ou seja o per odo p s taylorismo e p s fordismo ir implicar em profundas transforma es nesta perspectiva Gentili tece as seguintes considera es a organiza o p s taylorista do trabalho tem implicado uma mudan a radical na estrutura de qualifica es das empresas tanto como nas qualifica es requeridas para o desempenho das novas e velhas fun es no mercado de trabalho uma redefini o das formas produtivo organizacionais vigentes a modifica o substancial dos padr es de disciplinamento da for a de trabalho e de reordenamento hier rquico na pr pria empresa etc O p s fordsmo tamb m se caracteriza pela cristaliza o de um modelo social fundado na dualiza o e na marginalidade crescente de setores c
312. omam se ao movimento uma s rie de projetos e a es que est o sendo implementados nas escolas p blicas muito embora o movimento tenha como bandeira a melhoria da qualidade da educa o no Brasil ou ainda a educa o que o Brasil merece Vieira 2004 p 56 entende que as propostas empresariais de modo geral colocam os objetivos educacionais a trabalhar para os interesses econ micos Assim conforme o autor os interesses econ micos ditam as regras de redistribui o dos gastos em educa o concentrando naquilo que acreditam ser o importante para o crescimento do pa s isto 10 As informa es foram obtidas atrav s do site http www todos pelaeducacao org br institucional guem somos acessado em 06 de janeiro de 2012 s 20h18min 61 forma o r pida de uma for a de trabalho produtiva eficiente e apta para atender as necessidades do mercado Em estudos realizados por Arelaro 2007 a autora adverte que as consequ ncias da implementa o da atual pol tica s o previs veis cada vez mais o Estado buscar parceiros para dividir sua responsabilidade educacional tanto com rela o ao atendimento da demanda e da oferta em especial por meio do estabelecimento de contratos com creches comunit rias ou conv nios para o atendimento em educa o especial ou mesmo para o funcionamento de classes de educa o de jovens e adultos em associa es filantr picas ou comunit rias quanto com rela o
313. onomia educacional rumo a uma sociedade peformativa Educa o e realidade 35 2 p 37 55 Maio Ago 2010 BALL S J Reformar escolas Reformar professores e os terrores da performatividade Revista Portuguesa de Educa o vol 15 numero 2 p 3 23 Universidade do Minho Braga Portugal 2002 BARDIN L An lise de Conte do Lisboa Portugal 2002 BARREIROS D O sistema nacional de avalia o da Educa o B sica v nculos entre avalia o e curr culo 2003 110 f Disserta o Mestrado em Educa o Universidade do Estado do Rio de Janeiro BARRETO R e LEHER R Trabalho docente e as reformas neoliberais In OLIVEIRA D Reformas educacionais na Am rica Latina e os trabalhadores docentes Belo Horizonte Aut ntica 2003 p 39 60 BARROS R et al Determinantes do desempenho educacional no Brasil In IPEA Textos para discuss o 834 Rio de Janeiro IPEA 2001 BARROSO J O Estado a educa o e a regula o das pol ticas p blicas Educa o amp Soiedade Campinas vol 26 n 92 p 25 751 Especial Out 2005 BAUER A Usos dos resultados das avalia es de sistemas educacionais iniciativas em curso em alguns pa ses da Am rica Revista Brasileira de Estudos Pedag gicos Bras lia v 91 n 228 p 315 344 maio ago 2010 BAZZO V L As consequ ncias do processo de reestrutura o do Estado brasileiro sobre a forma o dos professores da educa o b sica algumas reflex es In
314. onsequentemente na gest o escolar a fim de alcan arem as condi es necess rias para implantar tais programas na rede municipal de ensino Reiterando a hip tese anterior observa se que a secretaria municipal de Educa o de Santa Maria RS vem implementando uma s rie de a es com o intuito de melhorar a qualidade da educa o no munic pio e obter os melhores resultados na Prova Brasil fazendo com que o sistema de ensino municipal torne se uma refer ncia nacional Esta pesquisa foi organizada em quatro Cap tulos descritos brevemente a seguir O cap tulo intitulado Estado neoliberalismo e educa o pretende discutir a reconfigura o do papel do Estado a partir das crises sofridas pelo capitalismo a partir dos anos 80 do s culo XX O cap tulo foi subdivido em tr s se es que pontuam alguns aspectos referentes s crises do sistema produtivo capitalista e a ascens o do neoliberalismo as repercuss es do Estado neoliberal nas reformas educacionais bem como as parcerias p blico privadas no mbito escolar O cap tulo Il intitulado Gerencialismo Trabalho Docente e Pol ticas de Avalia o repercuss es na educa o no Brasil se prop e discutir acerca das repercuss es da reconfigura o do Estado na reestrutura o do sistema educacional a partir de modelos de gest o atrelados a correntes gerencialistas pautadas pelos conceitos de produtividade efici ncia e efic cia Para tal o cap tulo
315. or recicladores j que hoje em dia n o se diz mais catador e sim reciclador ent o existe um grande problema financeiro social e cultural eles v m de outras localidades ent o existe tamb m aquele ir e vir eles v o pegam uma transfer ncia ficam l dois meses e depois retornam para c ent o tamb m tem este fluxo de vai e volta gestora Olga EV Ent o s o alunos problema s o pais que n o tem emprego que n o tinham resid ncia da eles vem aventurar aqui uma boa quantia de gente com este perfil gestora Neuza EV a escola aonde eu trabalho o IDEB n o foi um IDEB alto mas vai l olhar s o filhos de catadores de lixo crian as que muitas vezes s o evadidas da escola porque tem que ajudar no sustento familiar n o o que acontece nas escolas com IDEB alto professora Violeta EV H bastante ocorr ncia de viol ncia familiar talvez maior do que supomos considerando que a mesma banalizada e encoberta pelos envolvidos A infrequ ncia alta e os alunos muitas vezes justificam sua aus ncia com motivos tais como tive que cuidar de meus irm os para minha m e trabalhar porque a creche n o funcionou meu t nis rasgou n o serve mais e eu n o tinha cal ado para vir todas as minhas roupas molharam com a chuva etc professora Hort ncia Como apontam os relatos das professoras e gestoras da Escola Verde podemos observar que a escola est inserida num contexto de grande vulnerabilidade
316. ora Magn lia SMED O Curso foi desenvolvido em dois momentos articulando o contexto de influ ncia o contexto de produ o de texto e o contexto da pr tica uma parte inicial que teve como objetivo mobilizar os professores sobre a import ncia da prova Brasil e o atual cen rio das pol ticas educacionais em que a pol tica como discurso incorpora significados e concep es como regimes de verdade que se entrela am e se articulam com a pol tica como texto por meio da divulga o de materiais did ticos como livros apostilas com nfase nos descritores cobrados na prova Brasil para serem usados no trabalho em sala de aula se materializando assim a pol tica no contexto da pr tica E num momento posterior os professores foram divididos por rea L ngua Portuguesa e Matem tica a fim de participarem de cursos em que foram trabalhados os conte dos espec ficos cobrados na prova Brasil Ap s o Curso a Secretaria da Educa o voltou a aplicar mais uma prova simulada para que o trabalho pudesse ser comparado e avaliado com vista ao desenvolvimento do plano de a o um grande mutir o de todo 23 O Centro Universit rio Franciscano Unifra uma institui o de ensino superior privada localizada no munic pio de Santa Maria RS 136 setor pedag gico Estamos trabalhando em dois eixos motivar os professores e qualific los em rela o Prova Brasil Estamos dando assessoria para todas as escolas para que el
317. orroboramos com a id ia de Ball 2009 de que as pol ticas n o s o implementadas visto que este termo sugere um processo linear pelo qual elas se movimentam em dire o pr tica de maneira direta contudo na tradu o para o portugu s n o encontramos um sin nimo mais adequado Sendo assim no decorrer do texto o termo implementar implementa o aparecer com certa frequ ncia mas este dever ser interpretado levando em considera o a ressalva j descrita 125 Entretanto o nosso objetivo n o foi tra ar um comparativo entre as escolas ou avaliar as suas pr ticas escolares mas sim compreender de que maneira as a es da SMED t m repercutido em espa os escolares diferentes Levando em considera o o contexto escolar a partir da vis o desses sujeitos acerca dos sistemas de avalia o em larga escala e da pol tica de gest o desenvolvida pela SMED O referencial te rico anal tico que possibilitou essa leitura o ciclo de pol ticas elaborado por Stephen Ball e Richard Bowe 1992 1998 visto que essa abordagem favorece a articula o entre momentos de produ o e implementa o de pol ticas bem como seus efeitos e resultados considerando as rela es entre os contextos de influ ncia de produ o de textos e da pr tica No intuito de facilitar a compreens o da leitura e de preservar a identidade dos sujeitos participantes da pesquisa usamos uma nomenclatura fict cia sendo assim os membros da equipe
318. os Unidos O gerencialsmo nos Estados Unidos se apresentou como um culto a excel ncia j na Inglaterra sua caracter stica principal era a de se constituir em uma cultura empreendedora PAULA 2005 Esse Novo Gerencialsmo ou Nova Gest o P blica baseia se teoricamente por um lado no modelo de gerencialismo empresarial e em estilos de gest o do setor privado e por outro na teoria da escolha p blica e na nova economia institucional de maneira mais not vel na teoria da ag ncia e na an lise de custo de transa es PETERS MARSHALL FITZSIMONS 2004 p 77 O seguinte quadro nos ajuda a melhor compreender as principais caracter sticas dos discursos do modelo de Bem Estar Social e do novo gerencialismo numa perspectiva ocupada E Quadro formulado por Gewirtz e Ball 2011 p 200 com algumas adapta es 64 Sistema de valores voltado ao servi o Sistema de valores orientado ao cliente p blico Decis es guiadas pelo comprometimento com Decis es instrumentalistas guiadas pela padr es profissionais e valores tais como efici ncia custo efic cia busca por igualdade assist ncia justi a social competitividade Reduzir os gastos p blicos fazer o melhor com menos nfase nas rela es coletivas com os nfase nas rela es individuais mediante funcion rios por meio dos sindicatos marginaliza o dos sindicatos e de novas t cnicas gerenciais tais como gerencia da qualidade total GQT e g
319. os alunos fica comprometida Nessa perspectiva todos os alunos s o vistos como sujeitos iguais em mesmas condi es de aprendizagem desconsiderando por completo as individualidades dos alunos e os diferentes contextos escolares As implica es da nfase atribu da s duas disciplinas t m diferentes repercuss es n o s na organiza o curricular como tamb m nas rela es sociais como demonstram os seguintes depoimentos Assim oh da fica aquela coisa tu joga uns contra os outros n porque da os professores das outras reas ficam pensando porque portugu s e matem tica que valor a gente tem ent o no curr culo complicado isso Professora Marisol EV Teoricamente parece que os incompetentes da escola s o apenas os professores de matem tica e de portugu s ent o se assim os professores das outras disciplinas n o precisariam mais existir Professora Violeta EV As disputas por espa o e poder sempre estiveram presentes nos contextos escolares contudo os atuais sistemas de avalia o aumentam ainda mais essas tens es fazendo com que exista cada vez mais uma fragmenta o n o s no curr culo como tamb m entre a categoria docente O depoimento da professora Violeta aponta tamb m para o sentimento de culpabiliza o e responsabilza o que se imp em aos professores de L ngua Portuguesa e de matem tica em rela o aos demais professores Conforme Ball 2002 p 11 as classifica es e
320. os com o patroc nio dos organismos multilaterais visam estabelecer diretrizes e orienta es a partir de uma agenda global de reformas para a Educa o A circula o e constru o desses discursos se da num contexto de influencias marcado por disputas interesses negocia es e alian as que buscam articular diversos pa ses num movimento de reformas educacionais mundiais Nesta perspectiva a Educa o B sica e de modo especial o Ensino Fundamental tem recebido grande aten o nas ltimas d cadas no decorrer do governo do ent o presidente Luiz In cio Lula da Silva e atualmente no governo da presidenta Dilma Roussef in meros programas foram criados com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino al m disso v rias entidades privadas passaram a desenvolver projetos nas redes de ensino por meio das parcerias p blico privada PPP Tais parcerias podem ser observadas atrav s da venda por parte de empresas privadas de materiais pedag gicos e pacotes educacionais para a Educa o B sica que incluem mecanismos de franquias avalia o e cursos de forma o para professores Como tamb m por meio das tecnologias com softwares educativos e pelo recurso da educa o dist ncia Concomitante as parceiras p blico privadas e a nfase em programas voltados para Educa o B sica ocorre cria o e implementa o dos sistemas de avalia o em larga escala exames padronizados classifica es rankings po
321. os conte dos cobrados nas avalia es externas s o relativos s disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica a nfase nessas disciplinas traz para o curr culo algumas consequ ncias imediatas conforme apontam os seguintes relatos a matriz curricular ela envolve s matem tica e portugu s N o n ela envolve muitas outras disciplinas geografia hist ria e tantas outras e onde que est o estas outras ci ncias na Prova Brasil Professora Violeta EV mas da tu avaliar s portugu s e matem tica que educa o essa que a gente quer E s ler escrever e calcular s isso que a gente quer s este tipo de aluno que a gente quer na sociedade que saiba somente essas coisa Professora Marisol EV De acordo com Cerqua e Gauthier 2010 p 16 o curr culo determina precisamente a matriz curricular assim ele estipula quais s o as disciplinas que o comp e como tamb m define a carga hor ria de cada uma delas e especifica ainda quais ser o os conte dos abordados nas disciplinas selecionadas travam se aqui disputas de poder e de espa os Por isso o 181 planejamento e a organiza o curricular n o consiste em um simples reflexo de uma cultura inquestion vel NEGRI 2010 p 277 Portanto o curr culo n o se constitui unicamente em uma ou em outra disciplina como destaca a professora Violeta ao contr rio ser o conjunto de diferentes reas de conhecimentos que ir o constitu lo Ou s
322. ovens e Adultos ENCCEJA trata se de uma avalia o volunt ria e gratuita ofertada a jovens e adultos que n o conclu ram seus estudos em idade apropriada tendo como objetivo avaliar as habilidades e compet ncias b sicas desses O exame pode ser realizado para obter certifica o em n vel de conclus o do Ensino Fundamental para aqueles que t m no m nimo 15 anos completos na data de realiza o da prova O participante se submete a uma prova e alcan ando o m nimo de pontos exigido obt m a certifica o de conclus o daquela etapa educacional O exame aplicado anualmente e a ades o das redes de ensino opcional As certifica es s o feitas diretamente nas secretarias municipais e estaduais de educa o que aderem ao exame No que tange os sistemas de avalia o em larga escala o Exame Nacional do Ensino M dio ENEM foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes ao fim da escolaridade b sica Podem participar do exame os alunos que est o concluindo ou que j conclu ram o ensino m dio em anos anteriores conforme os respons veis pelo ENEM o exame foi concebido para avaliar compet ncias e habilidades O ENEM utilizado tamb m como crit rio de sele o para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos ProUni al m disso o resultado do exame pode ser utilizado pelas universidades como crit rio de sele o para o ingresso no ensino superior
323. passa a ser caracterizado por uma bagagem socialmente herdada Essa bagagem inclui por um lado certos componentes objetivos externos ao indiv duo e que podemser postos servi o do sucesso escolar Fazem parte dessa primeira categoria o capital econ mico tomado em termos dos bens e servi os a que ele d acesso o capital social definido com o conjunto de relacionamentos sociais influentes mantidos pela fam lia al m do capital cultural institucionalizado formado basicamente por t tulos escolares A bagagem transmitida pela fam lia inclui por outro lado certos componentes que passam a fazer parte da pr pria subjetividade do indiv duo sobretudo o capital cultural na sua forma incorporada do ponto de vista de Bourdieu o capital cultural constitui o elemento da bagagem familiar que teria o maior impacto na defini o do destino escolar NOGUEIRA e NOGUEIRA 2002 p 21 222 Em pesquisa desenvolvida por Ferr o e Fernandes 20083 os resultados obtidos pelos autores sugerem que o sucesso educativo promovido por fam lias com maior capital social assim para os autores qualquer atitude pr educativa da fam lia tal como cobrar a realiza o dos trabalhos de casa garantir o cumprimento dos hor rios escolares conversar sobre o que se passa na escola e ajudar a dignificar o papel do professor potencializa o efeito escola FERR O E FERNANDES 2003 p 10 Portanto esses fatores ir o influenciar no trabalho que
324. performatividade desenvolvido pelo autor Busquei trabalhar sobretudo com os contextos de produ o de textos de influ ncia e da pr tica Os contextos de resultados e de estrat gicas foram menos referenciados no estudo uma vez que entendemos que tais contextos nos auxiliaram em estudos futuros como ferramenta para analisar os efeitos a longo prazo das pol ticas educacionais Os contextos de produ o de textos de influ ncia e da pr tica foram analisados neste estudo de forma conjunta tentando estabelecer articula es entre esses nas diversas etapas e contextos das pol ticas educacionais Pois como sugere Ball 2010 os contextos n o devem ser analisados separadamente pois n o se trata de etapas lineares e hierarquicamente constru das os contextos est o inter relacionados e podem ser percebidos uns dentro dos outros 3 2 2 O contexto da pesquisa Esta se o se dedica caracteriza o do contexto em que a pesquisa foi realizada Nesse sentido prop e se um breve panorama da realidade do munic pio e uma caracteriza o mais detalhada da rede municipal de ensino campo de estudo desta pesquisa Ademais ser o apresentadas as escolas investigadas neste estudo com algumas considera es acerca do quadro de recursos humanos infraestrutura contexto escolar dentre outros aspectos 107 3 2 2 1 Contexto da pol tica municipal e caracteriza o da rede municipal de ensino Este estudo desenvolve se na cidad
325. ponta Peroni 2009 p 287 a avalia o em larga escala um dos principais pilares das pol ticas educacionais e o destaque dado s avalia es parte de uma concep o atual em que o Estado deixa de ser o executor das pol ticas e passa a ser o coordenador e por vezes o financiador Freitas 2010 destaca ainda a responsabiliza o imposta s escolas com a inten o de desresponsabilizar o Estado de suas pol ticas para a escola todo o rigor para o Estado a relativiza o do que poss vel fazer FREITAS 2010 p 975 Em meio a este cen rio em que a grande maioria das reformas educacionais se pautam em sistemas de avalia o em larga escala em propostas para curr culos nacionais e unificados padr es de desempenho j h provas suficientes a n vel internacional como aponta Apple 2002 p 84 de que estas pol ticas podem efetivamente reproduzir ou at agravar as desigualdades de classe sexo e ra a Portanto complementa o autor ainda que o que pode ter come ado por ser na mente de alguns educadores ou legisladores uma tentativa de melhorar as coisas acaba frequentemente por se transformar em mais um conjunto de mecanismos de estratifica o social APPLE 2002 p 84 Os sistemas de avalia o em larga escala n o s o uma novidade na realidade eles j s o utilizados em v rios pa ses como Estados Unidos Fran a Cor ia Chile Inglaterra embora a expans o desses sistemas t
326. pontam para a forma o mais s lida e geral dos trabalhadores a partir do desenvolvimento de compet ncias e habilidades compat veis com a din mica atual dos processos produtivos OLIVEIRA 2003 p 22 Os novos modelos de organiza o e gest o do trabalho t m sofrido constantemente a influencia dos mais variados organismos internacionais que passaram a manifestar interesse pela educa o de modo a serem considerados por alguns autores os definidores da nova ordem educacional mundial Na perspectiva de Mau s 2009 p 5 o interesse desses organismos est vinculado concep o utilitarista da educa o como instrumentos que pode promover o crescimento econ mico por meio da forma o de capital humano que possa servir sobretudo aos interesses do mercado Uma vez que as reformas nos sistemas educacionais tem seguido esta l gica as pol ticas educacionais t m incidido fortemente sobre o trabalho docente Da adv m no o predominante no discurso educativo em que o termo profissionaliza o nas reformas atuais aparece justaposto a conceitos como compet ncia efici ncia qualidade autonomia responsabilidade accountability e avalia o no plano de uma nova gest o p blica Em decorr ncia reestruturam se as escolas a gest o e as rela es entre professores e Estado SHIROMA e EVANGEJISTA 2010 A expans o da educa o b sica e as reformas educacionais ter o como fica demonstrado for
327. por chegar numa sala de aula e ter recursos para trabalhar com o aluno n s temos sala de inform tica temos sala de recursos n s temos condi es de trabalho gestora Maria EA Muito embora o relato da gestora Maria demonstre o seu comprometimento com a escola e a sua preocupa o em proporcionar boas condi es de trabalho para os professores h que se considerar o apoio e a ades o da comunidade local frente s atividades e iniciativas da gestora No caso da Escola Verde os professores e gestores t m justamente como desafio preservar o patrim nio da escola em detrimento n o s dos alunos como tamb m da comunidade local como apontam os seguintes relatos A Escola Verde uma das escolas mais novas da Rede Municipal com apenas sete anos considerada ideal sob o aspecto da infraestrutura um ponto negativo a esse respeito a depreda o realizada n o somente pelos pr prios alunos mas tamb m por indiv duos de fora que t m acesso ao pr dio porque a escola n o possui muro externo Tem sido dif cil desenvolver nos alunos o respeito pelos bens p blicos Professora Hort ncia EV 229 N s temos uma infraestrutura muito boa porque uma escola nova o nosso grande problema a localiza o Gestora Neuza EV Sendo assim a escola al m de n o ter o apoio da comunidade para angariar fundos ainda precisa proteger a escola do vandalismo dos alunos e dos membros da comunidade J que a escola est
328. por obriga o elaborar relat rios t cnicos detalhados e especializados para os agentes pol ticos e relat rios simplificados para os professores e gestores com intuito de auxiliar na interpreta o dos resultados individuais de cada escola Al m disso s o elaborados relat rios de divulga o ou publiciza o com uma s ntese dos resultados individuais das escolas destinados sociedade de modo geral A partir da d cada de 1990 diversos estados dos Estados Unidos passaram a adotar a pol tica do School accountability com o intuito de promover uma maior responsabiliza o por parte dos gestores educacionais em rela o implanta o e avalia o dos resultados das novas pol ticas DAMASCENO 2010 O termo tem sido utilizado no campo educacional no sentido de responsabiliza o e de presta o de contas Como mostra Andrade 2008 em linhas gerais as principais caracter sticas desta pol tica s o estabelecimento de padr es educacionais m nimos para cada ano escolar realiza o de testes de profici ncia para averiguar os conhecimentos adquiridos pelos alunos divulga o dos resultados dos testes por escola e ado o como objetivo expl cito de pol tica a 84 melhoria no desempenho dos estudantes nestes testes ANDRADE p 443 2008 O sistema de accountability pode apresentar modos informais ou sistemas formais como pontua Afonso 2009 atualmente os sistemas formais de accountability tem ganhado import
329. porque os outros estavam te olhando de forma atravessada vamos dizer assim ficou uma situa o bem complicada e principalmente para os professores que trabalham em outras escolas por que 209 aquela quest o quando mexe no bolso entre as pessoas sempre gera problemas e a virou uma quest o de competi o gestora Am lia EA Naquele ano em que n s ganhamos o pr mio a gente sempre foi muito presente nas assembl ias e a gente sentiu uma rejei o tanto que n s chamamos o sindicato aqui na escola e falamos como est vamos nos sentindo mas muito complicado porque tu sabe que quando envolve dinheiro complicado Professora Rosa EA No momento em que se instaurou uma competi o entre as escolas em virtude de alcan arem melhores resultados nas avalia es externas para terem chances de receber o Pr mio e com as cr ticas feitas pelo sindicato em rela o meritocracia ocorreu de certa maneira uma desarticula o entre a categoria Ainda que os estudiosos tenham diverg ncias quanto aos efeitos sucesso ou fracasso das pol ticas de bonifica o e que as pesquisas n o apontem certezas quanto aos benef cios de tais pol ticas sobre a melhora na qualidade da educa o os seguintes relatos fazem alus o ao que de fato as professoras entendem que faria diferen a na qualidade da educa o como segue O que faria diferen a seria um sal rio melhor porque se o professor ganhasse um sal rio mais alto
330. presente atualmente nos contextos escolares relacionados aos sistemas de avalia o em larga destacamos a utiliza o dos simulados No caso da rede municipal de ensino de Santa Maria RS os simulados foram aplicados tanto pela equipe da SMED para aquelas escolas que ficaram com IDEB igual ou inferior a m dia nacional como tamb m pelos pr prios professores em sala de aula conforme apontam os relatos que seguem no ano passado eu fiz simulado com os alunos eu peguei a prova do no anterior no site do MEC e eles fizeram mas tudo bem tranquilo vamos ver como que fazem o que voc s sabem professora Margarida EA Para enfrentar as provas impostas pelo governo os professores t m feito simulados com os mesmos tipos de quest o o que pode consistir em um erro grave pois desvirtua o objetivo e desperdi a o tempo que poderia ser usado de forma mais produtiva e adequada professora Hort ncia EV Nas 26 escolas que ficaram com o IDEB igual ou abaixo da m dia nacional n s fizemos simulados em todas e j retornamos nas escolas com os resultados nos reunimos com a equipe gestora e realizamos uma descri o de onde os alunos est o bem e o que eles precisam a partir dos descritores que foram avaliados dos objetivos que foram avaliados e a ideia foi a de sugerir que a escola realiza se um plano de a o para alcan ar os objetivos que ainda n o foram atingidos gestora Magn lia SMED O uso de simulados reitera a import nc
331. profissional incompetente nas entre linhas da para perceber que n s n o sabemos dar aula n s n o sabemos ensinar n s n o sabemos auxiliar os nossos alunos a terem uma boa aprendizagem e eu n o me considero uma pessoa incapaz uma pessoa incompetente professora Violeta EV 193 A gente se sente inferiorizado n o adianta querer negar eu escutei no curso colegas dizerem reuniram os burrinhos para ensinar fazer prova a tu acaba pensando puxa vida que desvaloriza o do meu trabalho eu fa o tanto planejamento eu estudo eu pesquiso olha o monte de livro que eu levo para a sala e isso se resume tudo numa prova at que ponto o meu esfor o o meu trabalho esta sendo valorizado professora Marisol EV parece assim que tu n o sabe ensinar eu n o sei se as gurias sentem isso mas eu acho que uma coisa muito assim ah eu estou indo fazer o curso porque eu n o sei ser professor eu n o tenho conhecimento para ser uma boa professora gestora Olga EV Como mostram os depoimentos os sentimentos de inferioridade de incompet ncia de desvaloriza o profissional s o evidentes com isso os cursos n o foram vistos como uma oportunidade de qualifica o profissional mas como um mecanismo de regula o do trabalho docente Outro aspecto que os professores salientaram est relacionado com o fato de somente os professores de L ngua Portuguesa e Matem tica terem sido convocados para fazer o curso porque
332. projeto pol tico espec fico Toda pol tica p blica ainda que parte de um projeto de domina o reflete como arena de luta e como caixa de resson ncia da sociedade civil tens es contradi es acordos e desacordos pol ticos s vezes de grande magnitude TORRES 1995 p 110 A partir do final do s culo XX s o v rios os sinais das modifica es nos processos sociais pol ticos e econ micos Harvey 2008 aponta os anos 1978 80 como um ponto de ruptura revolucion rio na hist ria social e econ mica do mundo O per odo entre a Primeira Guerra Mundial at os anos 1970 1980 foi marcado pela centraliza o do poder com amplia o do papel econ mico do Estado tanto na regula o quanto na condu o da acumula o resultando na amplia o da burocracia e na gest o autorit ria da m quina estatal PERONI 2005 p 39 O sistema produtivo e o processo de trabalho que vigorou na grande ind stria ao longo de todo o s culo XX em especial a partir da segunda metade do s culo ficou conhecido como o bin mio taylorismo fordismo 33 Conforme Antunes 2005 este modelo baseava se na produ o em massa de mercadorias que se estruturava a partir da produ o mais homogeneizada e enormemente verticalzada O processo de produ o taylorista fordista transformou a produ o industrial capitalista expandindo se a princ pio para toda a ind stria automobil stica dos EUA e depois para praticamente todo o processo
333. que para o sistema de incentivos ser eficaz fundamental que professores diretores sejam recompensados com base na sua real contribui o para os resultados obtidos pelos alunos ANDRADE 2008 p 445 Nesse sentido o autor salienta a necessidade de se levar em considera o o valor agregado das escolas por exemplo as escolas cujo alunato tenha um perfil socioecon mico mais favorecido tende a levar vantagem na disputa pelo pr mio revelia do verdadeiro esfor o dos professores diretores ANDRADE 2008 p 449 208 Como alternativa para suprir a quest o do valor agregado pelas escolas o autor sugere experi ncias j realizadas em Estados Americanos em que as escolas s o divididas em grupos com caracter sticas semelhantes e competem pelos pr mios e bonifica es entre si com isso procura se eliminar as principais diferen as dos fatores n o escolares que afetam o desempenho dos estudantes ANDRADE 2008 p 445 Mesmo que tenhamos clareza sobre os diferentes aspectos que influenciam no processo de ensino aprendizagem dos alunos bem como nos diferentes desempenhos das institui es de ensino nos sistemas de avalia o em larga escala S o tantas as vari veis inseridas que muito dif cil eliminar todas elas para que se concretizem as pol ticas de bonifica o de maneira justa e que venha colaborar na melhoria da qualidade do ensino Al m disso mesmo quando o valor agregado das escolas levado em con
334. que a soma de uma gama de pol ticas e tipicamente investida de valores locais e pessoais e como tal envolve a resolu o de ou luta com expectativas e requisitos contradit rios acordos e ajustes secund rios fazem se necess rios Podemos destacar dois epis dios de grande enfrentamento entre a categoria docente e a SMED o primeiro epis dio concerne ao Pr mio Qualidade na Educa o que foi visto pela categoria como uma tentativa de implantar a meritocracia na rede municipal de ensino Conforme a vis o da gestora Catarina n s tivemos aqueles que consideraram a institui o do Pr mio Qualidade na Educa o como uma forma positiva de se desafiar a atingir os melhores ndices a n vel nacional e tivemos um outro grupo que dizia que era a meritocracia e que este premio institu do traria muita competi o entre as escolas J na concep o da professora Hort ncia a maioria dos professores se posicionaram contr rios cria o do Pr mio fato que conforme a professora pode ser observado nas pr prias assembleias como mostra seu depoimento a participa o nas assembleias dos professores para as discuss es e depois as manifesta es contr rias as passeatas e os atos p blicos tiveram muita ades o quando a quest o em pauta era esta era especifica era a meritocracia por isso eu acho que a maioria porgue o sindicato conseguir reunir num evento 700 professores E um verdadeiro milagre nem agora quando a
335. quest o era as mudan as no plano de carreira e o aumento salarial conseguiram fazer assembleias t o cheias quanto naquela poca ent o eu acho sim que a maioria por causa disso professora Hort ncia EV O Pr mio ainda gera muitas discuss es entre os professores e os gestores N o se tendo um consenso acerca desse mas independente disso a premia o continua existindo no munic pio O segundo epis dio que destacamos est relacionado implanta o do piso nacional do magist rio que gerou uma s rie de discuss es embates 141 pol ticos enfrentamentos reivindica es e movimenta es dos professores e do sindicato como apontam os seguintes relatos a gente queria que ele pagasse o piso integral na primeira reuni o deste inicio de ano 2012 ele j prometeu isso ent o o piso a primeira coisa porque a gente tem que ser valorizado tamb m gestora Ana EA N s t nhamos um entendimento err neo do piso porque a gente pensava que aquele piso era para 20 horas e n o aquele piso era para 40 horas 20 horas meio piso mas a gente queria e lutava por um piso integral para 20 horas porque o munic pio de Santa Maria n o tem contrato para 40 horas ent o na realidade n s temos o meio piso gestora Neuza EV Para o munic pio de Santa Maria o piso virou uma moeda de troca vem o piso nacional e ele prefeito usa isso para chantagear a categoria querendo incluir outras coisas no plano d
336. r ticos de gest o est o sendo gradativamente substitu dos provocando uma s rie de transforma es nos setores sociais O gerencialismo para Ball 2005 p 544 desempenha o importante papel de destruir os sistemas tico profissionais que prevaleciam nas escolas provocando sua substitui o por sistemas empresariais competitivos Em estudos j realizados por Hypolito e Leite prelo os autores observaram que 68 as pol ticas gerencialistas t m obtido sucesso em construir um discurso pol tico hegem nico ampliando seu raio de a o para prefeituras e governos estaduais prometendo solu es t cnicas e cient ficas para a educa o p blica com base nos preceitos neoliberais e gerenciais articulados com a l gica do mercado refor ando as pol ticas de parceria p blico privado e impondo os modelos de avalia o em larga escala Contudo o realizado est muito distante dos efeitos esperados Este modo de gest o tem aprofundado a desarticula o dos espa os coletivos reduzido o poder decis rio dos docentes quanto aos processos de ensino e s pol ticas curriculares provocado um alto grau de precariza o do trabalho docente submetido as escolas aos des gnios do quase mercado e s regras r gidas de avalia o externa As diretrizes do gerencialsmo podem ser observadas tanto na organiza o do ensino como na gest o da escola a partir de diferentes estrat gias que visam melhoria da qualidade da educa o
337. ra Rosa EA Eu tenho quatro horas semanais por turma isso tamb m foi uma reivindica o nossa porque era muito conte do para trabalhar com as turmas e dar conta para as avalia es e da conversando com a coordenadora ela conseguiu colocar a educa o f sica para o turno inverso e aumentou uma hora aula para o portugu s e para a matem tica porque s o disciplinas que exigem mais e tr s horas para trabalhar com os alunos muito pouco ent o esta uma conquista bem importante 182 O aumento na carga hor ria das disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica e a mudan a de hor rios na disciplina de Educa o F sica sinalizam para alguns dos efeitos das avalia es externas no curr culo escolar Al m disso a partir do depoimento da professora Rosa fica evidente a sua preocupa o em ensinar todos os conte dos que est o atrelados s avalia es externas Em estudos realizados por Souza e Arcas 2010 p 195 os autores apontam que a preocupa o em ensinar todos os conte dos em um tempo predeterminado pode comprometer uma das no es mais elementares que norteiam o trabalho pedag gico que a de que os alunos podem apresentar ritmos diferenciados de aprendizagem Dessa forma a flexibilidade curricular necess ria para atender s necessidades e ritmos diferenciados dos alunos fica comprometida Com isso a necessidade de um curr culo flex vel que atenda as particularidades e os diferentes ritmos d
338. ra explicar tal fen meno o n mero de reprova o nos Anos Finais consideravelmente maior do que nos Anos Iniciais o que teria repercuss o no Indicador de Fluxo da escola e consecutitavemnte no seu IDEB o fato de nos Anos Finais a carga hor ria destinada Lingua Portuguesa e Matem tica ser menor do que nos Anos Iniciais em que a professora possui uma flexibilidade relativamente maior para desenvolver os conte dos o d ficit de aprendizagem com que muitos alunos chegam nos Anos Finais Ainda assim necess ria a realiza o de outros estudos acerca desta tem tica para melhor compreendermos tal fen meno Quando analisamos especificamente o IDEB daquelas escolas que participaram do plano de a es da SMED foi poss vel identificar o aumento do DEB na maioria das escolas Fato que n o nos surpreendeu visto que era muito prov vel que o plano de a es da SMED surtiria um efeito positivo em rela o ao IDEB da rede pois como j demonstramos os mecanismos utilizados pela SMED tamb m podem ter ajudado a mascarar os resultados Entendendo que a pol tica de bonifica o proposta pelo prefeito em conson ncia com as a es desenvolvidas pela SMED teriam efeitos e consequ ncias no contexto da pr tica escolar optamos por investigar duas escolas da rede municipal de ensino de Santa Maria escolhidas a partir de seus resultados no IDEB O que nos forneceu subs dios para melhor compreender os efeitos das a es da SMED sobre
339. ra os anos iniciais ainda assim h que se considerar o crescimento do IDDEB No ano de 2011 a escola Verde teve um crescimento de 18 0 7 pontos percentuais no IDEB relativo aos anos iniciais e ficou 15 acima da meta estabelecida para a escola 3 9 para o ano de 2011 Devido ao n mero de alunos matriculados nos anos finais a escola Verde participou da prova Brasil para os anos finais apenas em 2007 e 2009 e os dados revelam que em ambas as avalia es a escola obteve o mesmo 120 ndice 3 9 ficando em 2007 acima da m dia municipal 3 8 e no ano de 2009 abaixo da m dia municipal 4 0 para os anos finais 4 5 E Anos iniciais E Anos finais t5 4 3 9 38 39 35 1 31 3 Em 2 5 a al 1 5 4 4 0 5 0 2005 2007 2009 2011 Figura 4 Evolu o do IDEB 2005 2011 da escola Verde Fonte Portal IDEB 2012 Em rela o ao Indicador de Aprendizado no caso da escola Verde os dados apontam que nos anos inicias a escola apresentou em todas as avalia es um crescimento Ainda que os valores alcan ados pela escola tanto nos anos iniciais como nos anos finais do Ensino Funadamental tenham ficado abaixo dos valores adequados No caso da L ngua Portuguesa nos anos iniciais a m dia ficou 23 pontos abaixo do valor adequado e na disciplina de Matem tica a m dia ficou 26 pontos abaixo do valor adequado No que tange os anos finais quando avaliada a Escola obteve m dias inferiores aos valores adequa
340. rabalhado com a proposta Geempiana s trabalhando com os alunos do 2 ano que foram reprovados gestora Catarina SMED Olha pelo tipo de resultado que a metodologia do GEEMPA d e n s vamos ampliar a metodologia do GEEMPA neste ano n s vamos incluir a metodologia do GEEMPA em algumas turmas regulares n s trabalhamos na corre o de fluxo e o resultado 100 entrou l sai alfabetizado maravilhoso gestora Joana SMED O GEEMPA uma associa o civil de car ter cient fico sem fins lucrativos tem sua sede e foro na cidade de Porto Alegre RS e tem por finalidade a O estudo e a pesquisa das ci ncias da educa o b A es efetivas visando produ o de aprendizagens escolares junto a professores e 7 Podemos destacar algumas institui es privadas como os Cursos Osvaldo Cruz COC Objetivo Positivo Pit goras e Instituto Ayrton Senna o Programa Nacional do Livro Did tico PNLD tem como principal objetivo subsidiar o trabalho pedag gico dos professores por meio da distribui o de cole es de livros did ticos aos alunos da educa o b sica Ap s a avalia o das obras o Minist rio da Educa o MEC publica o Guia de Livros Did ticos com resenhas das cole es consideradas aprovadas O guia encaminhado s escolas que escolhem entre os t tulos dispon veis aqueles que melhor atendem ao seu projeto pol tico pedag gico As informa es foram coletadas no site http www geempa org
341. ram as discuss es sobre o documento os gestores e professores da rede municipal foram chamados para elabora o do mesmo v rias reuni es e encontros aconteceram e o documento foi sendo elaborado com a participa o de todas as escolas contudo o documento n o foi finalizado ainda naquele momento Foi ent o com a gest o 2009 2012 da SMED que as discuss es das diretrizes curriculares municipais foram retomadas neste novo processo a 177 SMED partiu do que j havia sido elaborado at ent o e concluiu o documento Um dos objetivos da SMED com a elabora o das diretrizes curriculares concerne ao fato da rede municipal de ensino at ent o n o possuir uma base curricular comum como argumenta a gestora Joana n s investimos pesadamente no setor pedag gico foi em rela o aos par metros curriculares porque antes cada escola tinha uma carga hor ria os conte dos eram completamente diferentes n o havia uma bibliografia recomendada n o havia uma participa o efetiva do setor pedag gico e nem legislativa do conselho municipal de educa o sobre o que era trabalhado nas escolas era uma colcha de retelhados bem da o setor pedag gico assumiu isto e montou um documento Ainda segundo a gestora Joana a elabora o e conclus o do documento das diretrizes curriculares municipais foi o maior ganho da secretaria de educa o ter conseguido fazer as diretrizes curriculares da educa o No decorrer do ano d
342. reengenharia cultural no setor p blico Tem sido a forma principal atrav s da qual se tem reconfigurado a estrutura e a cultura do servi o p blico Enquanto os mercados trabalham de fora para dentro a gest o funciona de dentro para fora A gest o nas reformas recentes insere se num modelo gerencialista que estabelece um novo modelo de gest o seguindo a l gica daqueles empregados nas empresas capitalistas que tem na produtividade efici ncia e nos resultados o sistema mais adequado para a administra o da educa o e das escolas Nesse conjunto de pol ticas a performatividade desempenha um papel crucial nas palavras do autor No seio do funcionamento da performativdade a organiza o do poder de acordo com formas definidas de tempo espa o sistema de produ o fabris ou de escrit rio menos importante O que est em quest o a base de dados as reuni es de avalia o o balan o anual relat rios escritos e solicita es de promo o inspe es avalia o por colegas Mais do que somente uma estrutura de vigil ncia h na verdade um fluxo de performatividades cont nuas e importantes isto um espet culo O que est em jogo n o a poss vel certeza de ser sempre vigiado tal como no cl ssico pan ptico e sim a incerteza e a instabilidade de ser avaliado de diferentes maneiras por diferentes meios e por distintos agentes o surgimento do desempenho da performance o fluxo de exig ncias
343. rescimento foi de 2 e para os anos finais o crescimento foi de 1 Conforme o proposto pelo MEC desej vel uma uniformidade e proximidade a 100 De acordo com Freitas 2007 esse modelo educacional que vem sendo proposto pelas atuais reformas educacionais introduzem novas formas de organiza o escolar com progress o continuada progress o autom tica liberando o fluxo de alunos no interior da escola contudo desconsideram que a aus ncia de reprova o n o sin nimo de aprendizagem e qualidade BERTAGNA 2003 162 1 E Anos iniciais E Anos finais 0 85 0 87 0 87 ad Indicador de fluxo 2005 2007 2009 2011 Figura 18 Evolu o do Indicador de Fluxo das escolas da rede municipal nos anos iniciais e finais 2005 2011 Fonte Portal IDEB Meritt 2012 O Indicador de Fluxo tem sido alvo de in meras investiga es sobretudo quando se analisam dados de munic pios que tiveram uma alta melhora nos ndices em t o curto espa o de tempo Como exemplo apontamos o estudo realizado por Camargo et al 2008 p 831 que ao analisar os dados divulgados pelo MEC de 1236 munic pios referentes s s ries iniciais do ensino fundamental constataram que mais da metade 668 munic pios apresentou uma varia o positiva do IDEB na compara o igual ou maior que 30 entre 2005 e 2007 287 23 tiveram uma varia o igual ou maior a 40 167 13 5 viram seu IDEB crescer 50 ou mais 18 munic pios tiveram o
344. resultado da prova Brasil e o fluxo e da faz m dia ent o pega os nossos maiores problemas na escola evas o e reprova o porque n o que a gente queira que eles se saiam mal nas provas mas o problema que eles t m muita dificuldade de aprendizagem fator econ mico fator social fator familiar tudo influencia na aprendizagem e aqui um local muito complicado gestora Neuza EV Os depoimentos acima fazem refer ncia aos problemas sociais de diversas ordens que aparecem na Escola Verde e que atingem a maioria dos alunos da escola assim na aus ncia de pol ticas p blicas sociais o trabalho desenvolvido pelos docentes e os gestores da Escola Verde centram se muitas vezes em resolver ou contornar problemas sociais por meio de atividades assistencialistas e sociais que acabam reduzindo o tempo para organiza o e sistematiza o dos conte dos avaliados pelos exames padronizados Como apontam os estudos realizados por Klein 2006 p 156 Todas as avalia es mostram associa es positivas entre desempenho e ndice socioecon mico Quanto mais alto o n vel socioecon mico maior a m dia da distribui o de desempenho dos alunos Todas as avalia es mostram tamb m que quanto maior a idade em uma s rie isto quanto maior o atraso mais baixa a m dia da distribui o dos alunos Corroborando com este estudo Alves 2010 p 292 em pesquisa realizada mostra que as fam lias con
345. riais para educa o f sica bolas redes tabelas de basquete bambol s melhoramos toda a parte da cozinha n s quer amos acabar com a era pl stico ent o substitu mos todos os copos pratos por inox para todas as escolas para as escolas de educa o infantil n s trocamos todos os colch ozinho as escolas receberam travesseiros novos len is novos a gente deu uma redimensionada tamb m nas nossas escolas em rela o aos equipamentos gestora Catarina SMED n s come amos um trabalho de recupera o da escola da parte f sica do espa o escolar dando uma manuten o que a muitos anos as escolas n o viam ent o tu encontrava escolas com um padr o muito bom e outras escolas que dava pena da come amos um trabalho excepcional de reformas em fim a secretaria de educa o hoje parece um quintal de obras em fim estamos expandindo a rede num segundo momento n s estabelec ssemos que a sala de aula deveria ser um lugar atrativo equipando ent o se tu andar pelas escolas do munic pio todas elas tem computadores data show uma biblioteca contempor nea ou seja deixamos a sala de aula atrativa e esse foi um investimento muito pesado em termos financeiros gestora Joana SMED Uma das poucas diferen as entre a infraestrutura das escolas investigadas concerne ao fato da Escola Amarela ter em todas as salas de aula na sala dos professores e na sala da equipe gestora aparelhos de ar condicionado Os ares
346. rico e n o procura ent o este foi o nosso crit rio escolas que est o com baixa procura onde a comunidade altamente vulner vel em fim gestora Joana SMED 26 As informa es acerca da Escola de Ensino Fundamental Vicente Pallotti foram obtidas no blog da escola escolaciventepallotti blogspot ca acessado em 30 de julho de 2012 as 14h 25 min 148 Ao ser questionada sobre as motiva es que levaram a SMED a estabelecer esta parceria e como ela se desenvolve a gestora fez as seguintes considera es para te dar uma id ia em S o Leopoldo j existem parcerias em 20 escolas aqui somente em duas mas vamos expandir porque uma parceria que d certo a dire o nossa a supervis o pedag gica nossa os professores s o deles porque se trata de uma entidade filantr pica e como eles n o pagam impostos ele tem que dar um retorno naquilo que eles t m de melhor e a educa o uma dessas coisas os Pallotinos tem um experi ncia muito boa em educa o e a nossa parceria tem sido muito boa S o contratos de um ano renov vel ent o se o contrato n o renova a escola volta para o munic pio com todas as benfeitorias que foram feitas gestora Joana SMED Embora a gestora sustente que a dire o e supervis o da escola sejam realizadas pela SMED consta no blog da escola que o diretor administrativo da escola o Padre Cl sio Facco e a coordenadora pedag gica da escola uma professora contrata
347. rme Torres 1995 p 111 as defini es de 32 quais s o os problemas educacionais e suas solu es dependem em grande parte das teorias do Estado n o s porque justificam o diagn stico e solu o mas tamb m porque conduzem as novas modalidades de a o estatal muitas vezes definidas como estado neoliberal e refletem uma mudan a significativa na l gica da a o p blica do Estado na Am rica Latina A no o de Estado aqui desenvolvida esta relacionada com as perspectivas cr ticas do liberalismo em especial as que encontram sua fonte nas teorias da democracia o neo marxismo e a sociologia pol tica Torres 1995 analisa o Estado como um instrumento heur stico ou seja a no o de Estado reflete a imagem de condensa o de poder e for a na sociedade Portanto o poder do Estado pode refletir um projeto pol tico espec fico uma alian a de classes e portanto interesses econ micos sociais culturais at morais e ticos espec ficos O Estado aparece como alian a ou pacto de domina o social TORRES 1995 p 110 Nesta perspectiva o Estado entendido como uma arena de confronta o de projetos pol ticos ou seja Como arena de confronta o n o somente expressa as vicissitudes das lutas sociais as tens es dos acordos e desacordos de for as sociais mas tamb m as contradi es e dificuldades de estabelecer uma a o unificada coerente e marcada pelos par metros centrais de um
348. roem em fim um col gio para classe A com tudo que tu possas imaginar A segunda parceria da qual a gestora Joana se refere ocorreu por meio da Escola Municipal Sergio Lopes que ap s a parceria passou a se chamar Escola de Ensino Fundamental Vicente Pallotti A escola iniciou suas atividades em mar o de 2011 mas tem como data oficial de cria o o dia 06 de abril de 2011 usando as mesmas instala es da antiga Escola Municipal Sergio Lopes fechada em fevereiro de 2011 Trata se de uma escola filantr pica mantida pela Sociedade Vicente Pallotti tendo em vista que a escola faz parte de uma congrega o cat lica o trabalho orientado pelo projeto de vida de S o Vicente Pallotti e visa oportunizar ao educando e ao educador o crescimento integral atrav s da viv ncia interdisciplinar e comunit ria incentivando a humaniza o e a valoriza o da vida em busca de uma cultura de paz e solidariedade A escola oferece tamb m o servi o de Educa o Especial atendimento psicol gico e odontol gico aos seus educandos a escola atende aproximadamente 140 alunos de pr escola n vel Be 1 ao 9 ano do ensino fundamental Segundo a gestora Joana a escolha pela escola que faria parte dessa parceria com a Sociedade Vicente Pallotti se deu devido baixa procura de pais e alunos como segue s o escolas com baixa procura ent o esta escola tem capacidade para 500 alunos mas a comunidade n o gosta da escola do seu hist
349. rofessores e dos gestores No caso da rede municipal de ensino de Santa Maria RS contexto desta pesquisa os sistemas de avalia o t m recebido bastante aten o dentro do plano de a es da Secretaria Municipal de Educa o SMED sobretudo a Prova Brasil e a Prova Santa Maria o que demonstra como o contexto de pr ticas nacionais tem influenciado o contexto de pr ticas locais A Prova Brasil tem como objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e question rios socioecon micos Trata se de uma avalia o para diagn stico em larga escala desenvolvida pelo INEP realizada a cada dois anos avalia as habilidades nas disciplinas de L ngua Portuguesa com foco em leitura e em Matem tica com foco na resolu o de problemas S o avaliados os alunos de 5 e 9 anos de escolas p blicas urbanas e rurais do Brasil a prova aplicada somente em turmas com mais de 20 alunos na s rie A partir da m dia de desempenho dos alunos na Prova Brasil e da taxa de rendimento escolar aprova o e evas o calculado o IDEB ndice que 176 tem servido de fio condutor para muitas pol ticas p blicas Uma pol tica baseada em grande parte no desempenho dos alunos em uma prova que avalia apenas duas disciplinas nos remete a diversas indaga es e reflex es acerca das interpela es que o curr culo tem sofrido a partir dos sistemas de avalia o padronizados
350. rofundamente a pr tica do ensino e a alma do professor assim a pr tica pedag gica reformulada para responder as demandas desta pol tica No atual contexto das pol ticas educacionais as avalia es em larga escala definem praticamente tudo a tomada de decis es baseada em dados estat sticos a bonifica o por m rito e a competi o entre as escolas recorrente Em suma tudo aquilo que n o pode ser mensurado n o conta n o tem valor A SMED realizou cursos de capacita o tanto para os professores como para os gestores da rede municipal de ensino com o objetivo de capacitar os profissionais para as novas exig ncias das atuais pol ticas educacionais como relata a gestora Magn lia SMED ent o no primeiro semestre 2011 n s investimos na forma o dos gestores e dos coordenadores pedag gicos no intuito de sensibiliz los porque eles s o os articuladores no processo de discuss o com a comunidade escolar e no sentido de sensibiliz los para estas diretrizes para a necessidade de discuss es na escola e da necessidade de sensibilizar os professores na forma o continuada neste sentido ent o sensibilizar o gestor no segundo semestre n s estamos ent o investindo na forma o do professor regente a segunda faze do nosso programa de forma o continuada diretores sensibilizados coordenadores sensibilizados se abriu a discuss o nas escolas agora hora de trabalhar com o professor Co
351. rolabilidade do sistema de metabolismo social do capital ANTUNES 2005 Com isso as d cadas de 70 e 80 foram marcadas pela reestrutura o econ mica e o reajustamento social e pol tico Antunes 2005 tamb m entende a crise do capitalismo a partir do in cio dos anos 70 e elenca seis pontos centrais mais evidentes neste per odo e oferece um bom diagn stico da crise 1 queda da taxa de lucro dada dentre outros elementos causais pelo aumento do pre o da for a de trabalho conquistado durante o per odo p s 45 e pela intensifica o das lutas sociais dos anos 60 que objetivavam o controle social da produ o A conjuga o desses elementos levou a uma redu o dos n veis de produtividade do capital acentuando a tend ncia decrescente da taxa de lucro 2 o esgotamento do padr o de acumula o taylorista fordista de produ o que em verdade era a express o mais fenom nica da crise estrutural do capital dado pela incapacidade de responder retra o do consumo que se acentuava Na verdade tratava se de uma retra o do consumo que se acentuava Na verdade tratava se de uma retra o em resposta ao desemprego estrutural que ent o se iniciava 3 hipertrofia da esfera financeira que ganhava relativa autonomia frente aos capitais produtivos o que tamb m j era express o da pr pria crise estrutural do capital e seu sistema de produ o colocando se o capital financeiro como campo priorit rio para a especul
352. s cujo montante definido de acordo com o n mero de alunos informados no Censo Escolar do ano anterior ao exerc cio vigente Esses valores s o pagos com recursos do Sal rio Educa o e MDE Manuten o de Desenvolvimento do Ensino 25 dos recursos da Educa o 118 Outros recursos financeiros s o arrecadados em conjunto com a Associa o de Pais Professores Alunos e Funcion rios atrav s de festividades de integra o com a comunidade escolar A escola recebe tamb m material did tico enviado pelo Minist rio de Educa o MEC A estrutura f sica est divida em 12 amplas salas de aula 01 biblioteca 01 sala de inform tica 01 sala de recursos multifuncional quadra de esportes e gin sio de esportes coberto banheiros 01 cozinha com despensa 01 refeit rio 01 sala que congrega a Dire o Supervis o Orienta o Dire o Vice dire o 01 secretaria 01 sala de professores O laborat rio de inform tica fica aberto duas vezes na semana em cada turno visto que o professor respons vel tem 40 horas na escola para atender aos tr s turnos Quanto biblioteca n o h profissional para ficar durante os tr s turnos ent o um professor assumiu 20 horas na biblioteca e divide a carga hor ria entre os tr s turnos da escola Conforme j se observou a comunidade bastante participativa e se envolve com os projetos oferecidos pela escola Contudo uma parcela de pais que s o o foco da equipe diretiva ainda n
353. s pois o financiamento de pol ticas sociais tem como consequ ncia para o Estado o endividamento e a infla o para a teoria neoliberal as teorias sociais s o um verdadeiro saque propriedade privada visto que s o formas de distribui o de renda al m de tamb m ser um obst culo ao livre andamento do mercado visto que os impostos oneram a produ o PERONI 2006 a A partir de estudos realizados por Lessard Brassard e Lusignam 2002 sobre as tend ncias evolutivas das pol ticas educativas no Canad Estados Unidos e Reino Unido os autores concluem que O Estado n o se retira da Educa o Ele adota um novo papel o do Estado regulador e avaliador que define as grandes orienta es e os alvos a atingir ao mesmo temo que monta um sistema de monitora o e de avalia o para saber se os resultados desejados foram ou n o alcan ados Se por um lado ele continua a investir uma parte consider vel do seu or amento em educa o por outro ele abandoa parcialmente a organiza o e a gest o cotidiana fun es que transfere para os n veis intermedi rios e locais em parceria e concorr ncia com os atores privados desejosos de assumirem uma parte significativa do mercado educativo LESSARD BRASSARD E LUSIGNAM 2002 p 35 Portanto o papel do governo criar um clima de neg cios favor vel e n o cuidar das necessidades e do bem estar da popula o em geral Portanto para a teoria neoliberal est
354. s a de um conjunto de alunos respondendo s habilidades do curr culo proposto distribu das em v rias provas diferentes e As m dias do SAEB e da Prova Brasil n o v o de zero a dez como as avalia es tradicionais cujas notas refletem o volume de conte do que o estudante acerta As m dias s o apresentadas em uma escala de desempenho capaz de descrever em cada n vel as compet ncias e as habilidades que os estudantes desses sistemas demonstram terem desenvolvido H uma escala descrita para as habilidades em L ngua Portuguesa e outra para Matem tica e Dentro de cada uma das disciplinas a escala nica e acumulativa para todas as s ries avaliadas isto quanto mais o estudante caminha ao longo da escala mais habilidades ter o acumulado Portanto a expectativa que alunos da 8 s rie alcancem m dias num ricas maiores que os da 4 s rie e A ades o volunt ria nas duas provas mas no SAEB por sorteio e na Prova Brasil as secretarias estaduais e municipais de educa o decidem sobre a participa o isto todas que quiserem podem participar PERONI 2009 p 288 290 As m dias de desempenho na Prova Brasil e no SAEB subsidiam o c lculo do ndice de Desenvolvimento da Educa o B sica IDEB ao lado das taxas de aprova o nessas esferas A Provinha Brasil uma avalia o diagn stica aplicada aos alunos matriculados no 2 ano do ensino fundamental a avalia o acontece em dois momentos
355. s ao monitoramento vigil ncia ao julgamento e s compara es realizadas pelo sistema de mercado das escolas H pouca oportunidade e espa o em tais sistemas para eles perceberem ou debaterem sobre seus valores que ficam margem no sistema de mercado escolar no qual tem import ncia apenas o que funciona para a institui o Qualquer coisa a mais apenas ret rica 2004 p 14 15 Assim como denuncia Hypolito 2011 p 13 as formas de controle e regula o impostas a partir desse contexto introduzem um volume de novos requisitos que o professorado passa a se sentir responsabilizado e culpado pelo seu desempenho medido e avaliado desde fora do que acontece no seu espa o de trabalho impelido a obter mais forma o e buscar privadamente alternativas para melhorar seu desempenho como se isso n o fosse responsabilidade do coletivo escolar e do sistema de ensino Esses novos mecanismos de controle e a perversidade das atuais pol ticas despertam nos professores sentimentos variados de culpa de responsabiliza o de revolta e mesmo quando o professor tenta resistir ele acaba sendo interpelado e se v respondendo as exig ncias do sistema j instaurado no contexto escolar 2 3 As reformas educacionais e os sistemas de avalia o em larga escala As transforma es ocorridas no mundo do trabalho nas ltimas tr s d cadas em decorr ncia de uma profunda reestrutura o da economia mundial provocaram mud
356. s de produtividade etc Esta l gica da performatividade vem ganhando espa o nas secretarias estaduais municipais de ensino no Brasil norteando suas a es e pol ticas p blicas bem como no cotidiano das escolas repercutindo nos curr culos na gest o escolar e no trabalho docente 2 2 O trabalho docente e as reformas educacionais O processo de constru o da identidade dos professores como trabalhadores da educa o sofreu uma s rie de transforma es no decorrer da hist ria tendo sido influenciado por diferentes aspectos e perspectivas em especial pelas diferentes formas de estrutura e organiza o escolar De acordo com Hypolito 1997 p 17 as formas de organiza o da escola impuseram um jeito de ser e agir ao profissional do ensino que como ser coletivo foi historicamente constru do e formado pelas rela es sociais que se desenvolveram no interior do processo de trabalho na escola 70 Uma das primeiras institui es a se voltar para o trabalho de ensino foi igreja num momento em que as atividades escolares funcionavam especialmente nas igrejas e conventos e o ensino era ministrado pelo clero o que ocorria num momento de passagem para o sistema capitalista Contudo o processo de urbaniza o resultante do avan o das rela es capitalistas tornou necess ria a amplia o da oferta escolar de modo que o clero j n o era mais suficiente para atender toda a demanda Com isso ocorreu um processo
357. s empresariais que s o transferidas para o campo educacional Nesse sentido as institui es escolares s o pensadas e avaliadas como se fossem empresas produtivas com isso produz se nelas um tipo especifico de mercadoria e consequentemente suas pr ticas devem ser submetidas aos mesmos crit rios de avalia o que se aplicam em toda empresa din mica eficiente e flex vel GENTILI 1996 Com as transforma es nos sistemas educacionais e as recentes reformas educacionais Ball 2004 considera que n o mais poss vel ver as pol ticas educacionais apenas do ponto de vista do Estado Na o a educa o deve ser vista como um assunto de pol ticas regional e global e cada vez mais um assunto de com rcio internacional A educa o em v rios sentidos uma oportunidade de neg cios cada vez mais o mundo dos neg cios enfoca os servi os de educa o como uma rea em expans o na qual lucros consider veis devem ser obtidos A complexidade do processo em que se constituem as reformas impressionante visto que nelas interage um conjunto de pol ticas tecnol gicas que relacionam mercados com gest o com performatividade e com transforma es na natureza do pr prio Estado BALL 2004 A performatividade ocupa um papel central e estrat gico nas pol ticas de cunho neoliberal como explica Ball 2004 p 1116 Ela funciona de diversas maneiras para atar as coisas e reelabor las Ela facilita o papel de monitorament
358. s localizadas na regi o do centro da cidade tanto aquelas de anos 31 A escola 1 nos anos finais obteve em 2009 IDEB iguala 3 5 e em 2011 a escola obteve IDEB igual a 3 3 2 O indicador defluxo da escola teve em 2011 uma queda de 7 o que significa queaumentou o n mero de reprovados na escola 169 iniciais como as de anos finais t m IDEB acima da m dia do munic pio como apontam as fig 24 e 25 J as escolas localizadas na periferia do munic pio apresentam uma situa o diferente em especial aquelas que trabalham com os anos iniciais Como mostram os dados das escolas localizadas na periferia 70 83 apresentam IDEB abaixo da m dia municipal nos anos iniciais e 61 35 possuem IDEB abaixo da m dia municipal nos anos finais 9 8 M dia Municipal O Escolasdocentro Escolas da periferia aa di o 6 9 e A e ul TN Bo 8 P EEN VER LE EPA LA EO E e S pi HED HS E p HA LR o E E pa Ta g gt AT A x F A UE 11 2 4JA A 34 4 2 E L a 0 1 3 50 7 9 TL 13 2517 19 21 23 25 27 29 31 33 Escolas Anos Iniciais Figura 25 IDEB das escolas localizadas no centro e na periferia da cidade referente aos anos iniciais Fonte Portal IDEB Meritt 2012 FP M dia Municipal O Escolasdocentro 4 Escolas da periferia IDEB Bs gt gt gt o d 1234567 8 910111213 14 15 16 17 18 19 Escolas A
359. s pelas necessidades de estudo como respostas a question rios testes experi ncias 2010 p 41 Quanto organiza o da an lise Bardin 2010 especifica tr s diferentes etapas que correspondem ao que a autora classifica como p los cronol gicos os quais sejam a pr an lise a explora o do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpreta o A pr an lise se refere organiza o do material para esta fase a autora define cinco procedimentos 1 a leitura flutuante em que se deixa invadir pelas primeiras impress es 2 a escolha de documentos a qual deve ser regida pelos crit rios de exaustividade representatividade e pertin ncia 3 a formula o de hip teses e objetivos 4 a referencia o de ndices e elabora o de indicadores e 5 a prepara o do material 106 Na descri o anal tica o material de documentos que constitui o corpus submetido a um estudo aprofundado orientando este os princ pios das hip teses e referencias te ricos S o b sicos nesta etapa do estudo os procedimentos como a classifica o a categoriza o e a codifica o Na interpreta o referencial as an lises realizadas at esta fase s o submetidas a uma reflex o mais intensa buscando desvendar elementos ocultos Outro aporte te rico fundamental para o desenvolvimento da analise dos dados foi aquele oferecido por Ball tanto ao que tange o ciclo de pol ticas como tamb m por meio do conceito de
360. s reformas educacionais e com forte repercuss o no trabalho docente a performatividade tem sido recorrente e age no sujeito atrav s da incerteza e da instabilidade de ser julgado de diferentes maneiras por diferentes meios por meio de diferentes agentes o levar a termo das performances o fluxo de demandas expectativas e indicadores em constante mudan a que nos fazem continuamente respons veis e constantemente registrados BALL 2010 p 39 Segundo Ball 2010 questionamentos como Estamos fazendo o suficiente Estamos fazendo a coisa certa Nosso desempenho ser satisfat rio fazem parte do cotidiano dos professores Os professores operam dentro de uma imensid o de dados indicadores de performance compara es e competi es com a exposi o de resultados o professor est sujeito a julgamentos de todas as ordens Esse fen meno pode ser observado na rede municipal de ensino de Santa Maria a partir do Pr mio Qualidade na Educa o que opera dentro de uma l gica perform tica premiando aqueles que tiverem os melhores resultados no IDEB e punindo aqueles que n o obtiveram os resultados desejados Al m disso o Pr mio estimula a competi o entre as escolas e entre os professores bem como exp e os resultados das escolas responsabilizando as mesmas pelo resultado negativo nos ndices Avalia es e classifica es postas dentro da competi o entre grupos dentro das institui es po
361. s sistemas de ensino no Brasil Ap s o SAEB os sistemas educacionais puderam ser analisados n o s em rela o a sua capacidade de atendimento as crian as em idade escolar mas tamb m em rela o ao aprendizado de seus alunos Pela primeira vez tornou se poss vel avaliar aquelas caracter sticas das escolas que mais se associavam a aprendizagem Mediante o cruzamento de informa es sobre as condi es de funcionamento das escolas as caracter sticas socioecon micas dos alunos e o n vel de aprendizagem alcan ado a pesquisa brasileira come ou a quantificar o efeito escola e a desvendar as especificidades da escola eficaz Assim a an lise dos resultados dos levantamentos do SAEB permite acompanhar a evolu o do desempenho dos alunos e dos diversos fatores incidentes na qualidade e na efetividade do ensino ministrado nas escolas possibilitando a defini o de a es voltadas para a corre o das distor es identificadas e o aperfei oamento das pr ticas e dos resultados apresentados pelas escolas e pelo sistema de ensino brasileiro Essas informa es s o utilizadas por gestores e administradores da educa o pesquisadores e professores contudo como aponta Sousa 2003 s analises dessas informa es pelo Estado n o tem sido no sentido de definir e implementar pol ticas para a educa o b sica mas difundir nos sistemas escolares uma dada concep o de avalia o que tem como finalidade a instala o de mecan
362. s sistemas de avalia o em larga escala que j foram implementados como o Exame Nacional do Ensino M dio a Prova Brasil a Provinha Brasil o Sistema de Avalia o da Educa o B sica al m das avalia es existem os ndices e indicadores de qualidade no que se refere Educa o B sica o IDEB tem sido o eixo norteador de muitas pol ticas p blicas em v rios Estados brasileiros Os discursos que permeiam as atuais reformas educacionais e a maneira como as pol ticas de gest o educacional tem sido implementadas no Brasil nas ltimas d cadas t m implicado em grandes mudan as e transforma es sobre o trabalho docente No caso do munic pio de Santa Maria RS podemos observar mudan as significativas no trabalho docente a partir das a es empreendidas pela SMED Uma vez que a gest o 2009 2012 tem atribu do grande import ncia aos sistemas de avalia o em larga escala e pautado a maior parte de suas pol ticas a partir dos desempenhos das institui es de ensino nessas avalia es v rios ser o os efeitos sobre o trabalho docente Como aponta Damasceno 2010 p 236 a forma o quando direcionada predominantemente no enfoque dos resultados provoca uma s rie de exig ncias ao trabalho docente em rela o aos ndices de aprova o dos alunos pelas escolas Assim s o atribu das novas fun es ao trabalho dos professores e os resultados dos alunos e das institui es de ensino passam a servir de
363. s sobre o trabalho dos professores quando a gente vem trabalhar aqui nesta escola a gente sabe que a realidade dif cil todo o professor que vem para c j vem preparado ent o tem que ter perfil para trabalhar nesta escola n o qualquer professor que aguenta trabalhar aqui a press o muito grande As turmas s o grandes dif ceis d trabalhar mas quem gosta quem tem amor camiseta fica gestora Neuza EV quando eu fui para a Escola Verde eu levei um choque eu acho que eu levei um meio ano para me adaptar para come ar a me comunicar com as crian as e entender qual o tipo de 230 linguagem eu precisava utilizar para que eles me entendessem ent o eu aprendi muito com eles agora eu gosto mas eu tive bastante dificuldade para me adaptar porque eu nunca tinha trabalhado com crian as assim t o pobres crian as que n o tinham material ou que iam para aula com fome ou que iam de bermuda e camisetinha num frio de 5 graus no inverno nunca tinha me acontecido isso ou crian as que n o conseguiam entender o que eu falava porque eles n o entendem dependendo da classe social com condi es muito prec rias se n o tem uma fam lia que de suporte o vocabul rio deles t o restrito que eles n o conseguem entender o que a gente fala tem que tomar cuidado com as palavras que tu vai usar como que tu vai dizer as coisas para que eles possam entender qual o teu objetivo o que tu esta pedindo
364. sa de ou se precisa sair por alguma raz o o outro substitui ent o a gente n o tem este problema de ter um professor que exclusivamente professor da sala de aula dele gestora Maria EA Uma vez que a Escola Verde atende um n mero maior de alunos o quadro docente da escola consta de 54 professores por se tratar de um grupo maior o trabalho desenvolvido pelas gestoras junto aos docentes se diferencia da Escola Amarela no caso da Escola Verde o grupo de professores maior e da dif cil haver uma uniformidade nos procedimentos uma linha de trabalho semelhante que eu acho que importante tem que ter uma linha de trabalho semelhante em todo o grupo porque se n o j n o funciona se tem uma descontinuidade tudo o que tu trabalhar com os alunos vai ser perdido Jent o se esta forma de ver a educa o n o tiver ideias que unam o grupo dos professores um m nimo de coisas em comum o trabalho n o funciona e eu acho que esse um dos problemas muitos professores trabalham individualmente de acordo com as suas pr prias ideias n o h muito trabalho em equipe interdisciplinaridade praticamente n o h em escola nenhuma l ent o nem pensar ent o tudo isso prejudica uma das coisas professora Hort ncia EV isso um ponto positivo da nossa escola toda a semana por exemplo os professores do 1 ano eles se encontram e enquanto isso fica um professor de apoio com a turma o professor d educa o f
365. seados nos conceitos de efic cia escolar os sistemas de avalia o em larga escala sofreram grande expans o nas d cadas de 1990 e 2000 entretanto a implanta o de tais instrumentos vem sendo cada vez mais questionada no mbito acad mico pois como sustenta Mons 2009 p 100 distante de ser como no passado um simples instrumento de avalia o das compet ncias e saberes dos alunos ele agora imposto como um instrumento maior de uma nova regula o pol tica dos sistemas educacionais Conforme aponta Sousa 2003 p 177 a avalia o tem tido o maior potencial para concretizar a transforma o do papel do Estado na gest o da educa o p blica o qual tem assumido como fun es priorit rias a de legislar e avaliar O Brasil segundo Brooke 2008 ao longo de duas d cadas de experi ncia acumulou dom nio t cnico consider vel em avalia es educacionais de larga escala estando entre os l deres nesse campo na Am rica Latina Nesse sentido e como j assinalamos a partir da perspectiva gerencialista de gest o o Estado criou um amplo sistema de avalia o em n vel Federal existindo avalia es nacionais em todos os n veis educacionais 86 incluindo o ensino superior Para educa o b sica o sistema de avalia o envolve Prova Brasil Provinha Brasil ENEM e SAEB Al m dos sistemas de avalia o para educa o b sica o governo criou o Exame Nacional para Certifica o de Compet ncias de J
366. sentido de aprofundar a pol tica atual centrando a em pol ticas de Standards e em mais avalia es quantitativas No entendimento de Casassus 2009 o sistema de avalia o oficial constitui um atraso para o desenvolvimento da educa o e contribui para diminuir a qualidade da educa o O autor argumenta ainda que a estandardiza o dos resultados estabelece um ranking entre os indiv duos examinados tal fen meno se repete tamb m entre as escolas uma vez que seus resultados s o expostos Como v rios estudos j demonstraram os sistemas de avalia o s o mecanismos que tem como resultado as pol ticas de accountability a performatividade as disputas internas as puni es os incentivos Isto parece ser t o paradoxal especialmente quando se almeja a melhoria da qualidade da educa o O sistema de avalia es t o perverso que transforma a pontua o em sin nimo de qualidade da educa o Assim a escola com melhor desempenho nas provas sejam elas nacionais estaduais ou municipais torna se a escola de melhor qualidade Como aponta Casassus 2009 p 75 a nfase dada aos resultados pode ter v rios efeitos uma vez que faz com que o foco da educa o seja a resposta a provas psicom tricas e n o o ensino que o fundamento da profiss o Esconde aspectos que s o importantes finalidades da educa o a saber o desenvolvimento da personalidade o respeito a cidadania a curiosidade o desenvolvime
367. sidera o como prop em Andrade 2008 a l gica das pol ticas de bonifica o se mant m a mesma apenas existe uma altera o no grupo de escolas que competem pelos pr mios ou seja a competi o se dar agora entre escolas com as mesmas caracter sticas socioecon micas No que tange o Pr mio Qualidade na Educa o embora os professores tenham opini es divergentes acerca da premia o maioria dos sujeitos entrevistados nesta pesquisa concorda que o Pr mio promoveu uma desarticula o na categoria como apontam os seguintes relatos z mas eu acho que uma coisa que n o precisava ter porque tu sabe que as escolas te olham diferente e a categoria acaba se desunindo cada vez mais porque isso uma competi o cada escola cada professor quer se sair melhor vai querer este dinheiro e da a qualidade se questiona porque da eu vou estar preocupada em ganhar um premio ou n o eu vou continuar trabalhando da forma como eu sempre trabalhei e da se eles forem bem foram se n o outros caminhos ter o que serem escolhidos professora Margarida EA at nas primeiras reuni es que a gente ia nas assembleias do sindicato a gente era descriminado isso aconteceu muitas vezes ent o este que o melhor col gio o col gio mais visado ent o a nossa escola ficou bem visada gestora Maria EA No dia em que nos fomos receber o pr mio estava todo mundo com vergonha de estar recebendo o pr mio
368. sol elenca dois aspectos importantes o descontentamento da professora em rela o atual pol tica baseada em sistemas de avalia o e a nfase dada somente aos aspectos mensur veis A professora tem consci ncia do seu papel de educadora a partir de uma concep o global de educa o que leva em considera o diferentes aspectos que n o se resumem ao que avaliado nos exames externos Seguindo a linha de argumenta o da professora Marisol laies 20083 p 20 21 sustenta que Constru fram se indicadores que se definiram tecnicamente e que consideram quase com exclusividade as habilidades acad micas Nossos ndices n o consideram o aumento das taxas de escolariza o a capacidade do sistema para homogeneizar atores de uma sociedade cada dia mais segmentada dar conta dos novos 195 p blicos que a escola tem sido capaz de abrigar da capacidade de conter outras realidades sociais etc E essas defini es implicam uma tomada de postura ideol gica utilizar umas vari veis e abandoar outras o certo que a experi ncia dos anos 90 faz pensar mais em uma n o tomada de posi o pol tica no sentido de que os tomadores de decis es n o se posicionaram nesse ponto As escolas enfrentam uma forte cobran a para melhorarem o desempenho dos alunos nas avalia es externas os ndices e as metas s o impostos independente das realidades locais o que provoca em determinados momentos uma mudan a de postura nos s
369. somente os professores de matem tica e de portugu s t m que receber esta capacita o Ent o os outros professores n o precisam os outros professores n o fazem parte n o s o importantes ent o na qualifica o da educa o todos os professores s o importantes todas as ci ncias s o importantes e da todos deveriam estar aqui mais uma vez isso n o aconteceu professora Violeta EV N o eu n o participei dos cursos de capacita o porque eles s o voltados para os professores de l ngua portuguesa e de matem tica porque isso a que avaliado na Prova Brasil s o as habilidades e compet ncias nestas reas da os demais professores n o participaram do curso n o foram convidados professora Hort ncia EV Os sistemas de avalia o agem como mecanismos reguladores sobre o trabalho docente o discurso que acompanha as atuais reformas com nfase na autonomia escolar e no trabalho docente est na realidade atrelado a novos mecanismos de controle como sugere Ball 2002 p 5 o Estado proporciona um novo modo geral de regula o menos vis vel mais liberal e autorregulado a vigil ncia continua a existir mas agora feita dist ncia e 194 com mecanismos muito eficazes A maneira como esses mecanismos agem sobre o trabalho docente e alguns dos efeitos desta pol tica est o ilustrados no seguinte depoimento a gente vem tensa tu tem que cumprir com tal coisa tu tem que cumprir tal met
370. st rio Em documentos do Banco Mundial poss vel identificar uma cuidadosa constru o da imagem docente corporativista desqualificado obsessivo por reajustes salariais descompromissado com a educa o dos pobres partid rio da oposi o etc BARRETO e LEHER 2008 p 48 A implementa o da reforma neoliberal n o conta apenas com a constru o de uma imagem negativa dos professores mas conta ainda com curr culo centralizado par metros e diretrizes com tradu o para os professores aliados da sua concep o modalidades de avalia o unificada centradas nos produtos e nos indicadores quantitativos SAEB ENEM Prov o duas pontas ligadas pelos programas e material de educa o ensino a distancia TV Escola Prolnfo Proforma o etc caracterizados pelo uso intensivo das tecnologias da informa o e da comunica o TIC BARRETO e LEHER 2008 p 51 Com a reforma neoliberal as estrat gias das ag ncias internacionais e os programas da reforma os trabalhadores docentes se veem for ados a responder a expectativas que antes n o lhes eram atribu das Como observa Ball 2002 p 6 os professores s o representados e encorajados a refletir sobre si pr prios como indiv duos que fazem c lculos sobre si pr prios 77 acrescentam valor a si pr prios aumentam a sua produtividade vivem uma exist ncia baseada em c lculos Dentre os mecanismos e estrat gias utilizados na
371. stemas educacionais em especial nos pa ses em desenvolvimento Nas institui es intergovernamentais como FMI Banco Mundial e a OCDE ap s os anos 1970 multiplica se um discurso baseado em algumas palavras chaves como atesta Teodoro 2011 p 52 a desregula o e privatiza o com recuo do Estado nos setores sociais como a sa de e a educa o apresentados como servi os e n o como institui es que t m um papel de respeito pelo cumprimento de direitos humanos fundamentais O advento da globaliza o foi respons vel por uma s rie de modifica es nas rela es do Estado bem como na sua pr pria natureza No caso da educa o a globaliza o trouxe significativas transforma es para o sistema educacional Oliveira 2009 p 740 identifica quatro consequ ncias centrais todas elas permeadas de tens es e contradi es a crescente centralidade da educa o na discuss o acerca do desenvolvmento e da prepara o para o trabalho decorrente das mudan as em curso na base t cnica e no processo produtivo b a crescente introdu o de tecnologias no processo educativo por meio de softwares educativos e pelo recurso educa o a dist ncia c a implementa o de reformas educativas muito similares entre si na grande maioria dos pa ses do mundo d a transforma o da 47 educa o em objeto do interesse do grande capital ocasionando uma crescente comercializa o do setor O discurso neoliberal e as ideolog
372. sting students of teacher accountability meritocracy and above all by the transfer of responsibilities from the state to the schools Keywords Educational policies Teaching Curriculum Management LISTA DE AP NDICES AP NDICE A Termo de Confidencialidade AP NDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido AP NDICE C Roteiro de entrevista para equipe gestora da SMED AP NDICE D Roteiro de entrevista para equipe gestora da Escola AP NDICE E Roteiro de entrevista para equipe os professores da rede municipal de ensino LISTA DE ANEXOS ANEXO A Lei Municipal n 4545 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Dados ilustrativos sobre a rede municipal de ensino QUADRO 2 Dados ilustrativos do IDEB municipal e escolas investigadas LISTA DE FIGURAS Figura 1 Evolu o do IDEB 2005 2011 da escola Amarela Fonte Portal Figura 2 Evolu o do Indicador de aprendizado 2005 2011 da escola Amarela Fonte Portal IDEB 2012 1 1D Figura 3 Evolu o do Indicador de Fluxo 2005 2011 da escola Amarela Fonte Portal DEB 2012 ane ss ig atrai ee O Figura 4 Evolu o do IDEB 2005 2011 da escola Verde Fonte Portal DEB Figura 5 Evolu o do Indicador de Aprendizado 2005 2011 da escola Verde Fonte Fonte Portal DEB 2012 12 Figura 6 Evolu o do Indicador de Fluxo 2005 2011 da escola Verde Fonte POMaLIDEBA2012 cara O RISE RSRS pelo DSR USE a ca
373. tam da gente mas n o f cil O contexto no qual a Escola Verde est inserida traz outras exig ncias ao trabalho dos professores que n o se restringem apenas ao ensino mas a uma adapta o s necessidades dos alunos E nessa perspectiva importante 231 salientarmos que mesmo com todas as dificuldades que esses alunos apresentam existe uma preocupa o por parte dos professores e gestores com a aprendizagem dos alunos como aponta o seguinte depoimento eu n o estou dizendo que eles n o aprendem mas como eu falei o processo diferente eles aprendem Aprendem mas s que o processo deles mais lento e a gente precisa respeitar e mais uma vez eles est o sendo discriminados s que na Prova Brasil avaliado apenas o que apenas compet ncias intelectuais que na maioria das vezes a crian a da periferia acaba sendo prejudicada mas n o que ela n o possa ela mais lenta para aprender mas ela vai aprender professora Violeta E V O relato da professora Violeta aponta a preocupa o dos professores com a aprendizagem dos alunos levando em considera o as necessidades dessa popula o respeitando assim o ritmo as dificuldades e o processo de ensino aprendizagem pois se trata de um contexto que possui diversas peculiaridades que n o podem ser ignoradas Dentre os objetivos propostos nesta tese busca se demonstrar que o contexto no qual as escolas est o inseridas tem repercuss es nos resu
374. tanto complementando ou substituindo o vestibular como j acontece em v rias universidades brasileiras O Sistema Nacional de Avalia o da Educa o B sica SAEB foi criado em 1988 e implantado em 1990 coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INEP e conta com a participa o e o apoio das Secretarias Estaduais e Municipais de Educa o das 27 Unidades da 2 As informa es aqui descritas sobre os sistemas nacionais de avalia o foram retirados do site do Minist rio da Educa o dispon velem http www mec gov br e do site do INEP dispon velem http www inep gov br 87 Federa o Em 1995 passou por uma reestrutura o metodol gica a fim de possibilitar a compara o dos desempenhos ao longo dos anos Os levantamentos de dados do SAEB s o realizados a cada dois anos em uma amostra probabil stica representativa de todas as unidades da federa o O exame avalia uma amostra representativa dos alunos regularmente matriculados nas 5 e 9 anos do Ensino Fundamental e no 3 ano do Ensino M dio de escolas p blicas federal estadual e municipal e privadas localizadas em rea urbana ou rural Para Brooke e Soares 2008 p 9 A consolida o do SAEB Sistema de Avalia o da Educa o B sica a partir de 1995 e a consequente publica o regular de dados compar veis sobre o desempenho dos alunos da educa o b sica provocaram uma mudan a profunda na forma de analisar o
375. te p blico enfim de al vio pobreza t m em comum o fato de serem n o lucrativos e fazerem parte da sociedade civil PERONI et al 2009 p 768 O discurso neoliberal como argumenta Apple 2003 p 44 defende um Estado fraco no qual o que privado necessariamente bom e o que p blico necessariamente ruim Nesse sentido as institui es p blicas como as escolas s o buracos negros nos quais se derrama dinheiro que depois parece sumir mas que n o oferece em parte alguns resultados que sequer se aproximem do m nimo necess rio APPLE 2003 p 44 Nas palavras de Gentili 1995 p 244 o neoliberalismo ataca a escola p blica a partir de uma s rie de estrat gias privatizantes mediante a aplica o de uma pol tica de descentraliza o autorit ria e ao mesmo tempo mediante uma pol tica de reforma cultural que pretende apagar do horizonte ideol gico de nossas sociedades a possibilidade mesma de uma educa o democr tica p blica e de qualidade para as maiorias A rela o p blico privada ganha novos contornos n o apenas passando para o setor lucrativo mas tamb m para o p blico n o estatal a execu o das pol ticas ou ainda mudando a l gica de gest o do p blico tendo como par metro o privado por julg lo padr o de efici ncia e produtividade PERONI e ADRI O 2008 Assim para os defensores das parcerias e a justificativa dos neoliberais para a privatiza o se d
376. te repercuss o no trabalho docente Assim essas reformas acabar o por determinar uma reestrutura o do trabalho docente resultante da combina o de diferentes fatores que se far o presentes na gest o e organiza o do trabalho escolar e a partir de ent o OLIVEIRA 2003 p 24 Conforme Dubet 2011 as pol ticas consideram que a educa o um investimento e por isso importante mensurar sua efici ncia efic cia e rentabilidade e os professores ser o os respons veis pelos resultados 15 Nesta perspectiva Ball 2005 aponta que o termo profissionalismo p s reforma emprega um novo car ter ou seja o p s profissionalismo o profissionalismo de um outro n o o profissionalismo do profissional Ao profissional cabe a responsabilidade por seu desempenho mas n o o julgamento sobre se esse desempenho correto ou apropriado apenas se satisfaz os crit rios de auditoria BALL 2005 p 543 Ainda conforme o autor os professores perderam a possibilidade de exigir respeito exceto em termos de desempenho Ficaram sujeitos a um discurso do rid culo e j n o podem mais falar por si mesmos em debates p blicos sobre sua pr tica BALL 2005 p 543 O trabalho docente e a pr tica pedag gica ficam subordinados ao mercado e como observa Vieira 2002 quando o professor chamado a participar das decis es sobre a educa o sua participa o j est determinada ou
377. te tem que aprovar aprovar alunos mas que qualidade essa de aprovar alunos sem condi es Ent o eles querem que a gente fa a milagre ganhando mal sem muitas condi es mas que melhore o IDEB professora Marisol EV Como sustenta Ball 2009 as pol ticas educacionais s o pensadas e em seguida escritas com rela o s melhores escolas poss veis com pouco reconhecimento de varia es de contexto em recursos ou em capacidades locais p 306 Nessa perspectiva observamos que as diferen as presentes 215 no contexto das escolas da rede municipal de Santa Maria RS tem sido desconsideras pelo plano de a es da SMED e pelas pol ticas educacionais do munic pio Em estudos realizados por Ayed e Broccolichi 2011 no contexto da Fran a buscando compreender as varia es no rendimento escolar dos alunos conforme os espa os territoriais que as escola e os alunos est o inseridos os autores apontam como elemento fundamental que considerar o efeito territ rio como denominam os autores na performance das institui es de ensino Visto que como sugerem os autores as caracter sticas sociais culturais e econ micas dos alunos produzem diferentes resultados no desempenho escolar e essas variantes s o de suma import ncia para se compreender as diferen as nos resultados das escolas Nesse sentido os seguintes relatos fazem refer ncia aos diferentes contextos escolares que comp em a rede municipal
378. texto de influ ncia o espa o no qual a pol tica p blica se inicia em que seus discursos s o constru dos ainda nesse contexto as pol ticas exercem poder por meio de um discurso de produ o de verdades e de conhecimento Esse discurso assumido pelos proponentes e pelos seguidores das pol ticas como podemos observar nos depoimentos anteriores quando os gestores da SMED assumem esta pol tica de bonifica o dentro do plano de a es da SMED 131 A pol tica de bonifica o proposta pelo prefeito em conson ncia com as a es desenvolvidas pela SMED ter efeitos e consequ ncias no contexto da pr tica escolar A partir dos relatos dos gestores da SMED podemos notar que estes percebem essa pol tica de bonifica o como forma de incentivar os professores e gestores a se empenharem mais para alcan arem melhores resultados nas avalia es externas Nas palavras de Oliveira 2010 p 30 tais pol ticas expressam uma regula o direta sobre o trabalho docente vinculando diretamente os resultados da avalia o remunera o dos mesmos e indiretamente responsabilizando os docentes pelo desempenho dos alunos Outro aspecto que destacamos est relacionado ao relato da gestora Joana que al m de minimizar a movimenta o dos professores estabelece uma rela o direta entre o pagamento do piso e o fim das reivindica es no entanto entendemos que tratam se de tem ticas distintas e por
379. tividade os terrores da performatividade s o recorrentes entre os professores A pol tica de bonifica o implementada na rede municipal por meio do Pr mio Qualidade na Educa o refor ou a competitividade entre as escolas a busca pelos indicadores a nfase nas avalia es externas Ainda que n o exista um consenso entre os professores acerca do Pr mio evidente o desconforto que a premia o causou na categoria Do mesmo modo a partir da an lise dos dados n o foi poss vel encontrar evid ncias de que a cria o do Pr mio tenha favorecido a qualidade do ensino da rede como sustenta Ravitch 2011 os incentivos e san es podem ser bons para empresas para quem o lucro a prioridade absoluta mas n o s o bons para as escolas Outro aspecto relevante ao que se refere ao Pr mio condiz ao fato de um mesmo professor da rede que trabalha em duas escolas ter sido premiado em uma e ao mesmo tempo trabalhar em outra que est entre os piores resultados do IDEB da rede municipal Tal fen meno deixa evidente que o trabalho do professor n o o nico ou o principal fator para a aprendizagem dos alunos mas sim que existem diversos fatores interescolares e extraescolares que influenciam no processo de aprendizagem Ser que o professor possui m rito em uma escola e n o na outra A diferen a a nosso ver parece estar muito mais associada popula o atendida do que restritamente pr tica pedag gica do professor o q
380. to Escolar do RS Sistema Estadual Articulado de Avalia o Participativa Secretaria de Educa o Especial Sindicato dos Professores de Santa Maria Secretaria Municipal de Educa o Servi o de Orienta o Educacional Trabalho Justi a e Cidadania Tecnologia da Informa o e Comunica o Universidade Federal de Santa Maria Universidade Luterana do Brasil Uni o Nacional de Dirigentes Municipais de Educa o Organiza o das Na es Unidas para a Educa o Ci ncia e Cultura Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia Centro Universit rio Franciscano PRODAE PROUNI PROINFO PROMFEA REMEA RS SAEB SAERS SEAAP SEESP SINPROSM SMED SOE TJC TIC UFSM ULBRA UNDIME UNESCO UNICEF UNIFRA SUM RIO INTRODU O APRESENTANDO A PESQUISA PROPOSTA 21 CAP TULO ESTADO NEOLIBERALISMO E EDUCA O meses 31 1 1 O Estado e o neoliberalismo ac reraareaeenaannaa 31 1 2 Estado neoliberal e Ediica o ss ada Seda Ea AD Gaga 46 1 3 As reformas educacionais e as parcerias p blico privado 53 CAP TULO Il GERENCIALISMO TRABALHO DOCENTE E POL TICAS DE AVALIA O REPERCUSS ES NA EDUCA O NO BRASIL 62 2 1 Gerencialismo e gest o escolar rrenan 62 2 2 O trabalho docente e as reformas educacionais 69 2 3 As reformas educacionais e os sistemas de avalia o em larga escala 78 CAP TULO I
381. todos os alunos que de uma maneira for ada s o obrigados a pegar transfer ncia para uma outra escola porque eles v o baixar o IDEB da escola e isso eu te garanto n o nem uma nem duas escolas que fazem isso eu sei de v rias escolas que chamam os pais e dizem leva para a escola tal porque aqui ele n o vai ser aprovado e l ele tem chance de ser aprovado olha eu n o falo o nome porque n o seria tico mas eu sei de muitas escolas que fazem isso gestora Olga Estudos de Camargo et al 2008 corroboram com os depoimentos anteriores e nesse sentido os autores ponderam dois dos maiores problemas estruturais relacionados ao IDEB ou seja falta ao IDEB uma dimens o que leve em conta os insumos educacionais qualifica o dos professores recursos colocados disposi o dos alunos etc Da maneira como o ndice est montado ao inv s de investir em medidas de longo prazo que sabidamente melhoram a qualidade do ensino os munic pios para n o verem minguar o repasse de recursos do governo federal tendem a adotar medidas cosm ticas ou mesmo a valer se de fraude A imprensa noticiou casos de escolas que diziam a determinados alunos aqueles que tinham as maiores dificuldades que n o precisariam vir escola no dia da Prova Brasil por exemplo O outro grande problema do IDEB que a sua l gica leva inevitavelmente ao estabelecimento de ranking entre munic pios e entre escolas Ao contr rio do que acontec
382. tribuem para a estratifica o escolar 225 desde o momento da escolha do estabelecimento de ensino passando pelos investimentos escolares e pelas atitudes e expectativas em rela o escolariza o dos filhos Nesse sentido muito prov vel que os resultados da Escola Verde no DEB ou na Prova Santa Maria continuar o muito baixos e por isso seria necess rio que a SMED se interessasse em ver quais t m sido as repercuss es e os resultados dos trabalhos desses sujeitos na redu o da evas o escolar na eleva o do ndice de autoestima desses alunos na redu o das taxas de gravidez na adolesc ncia na redu o do ndice de viol ncia entre os alunos no aumento do ndice de qualidade de vida entre outros fatores que perpassam a realidade desse contexto educacional Para al m do que j mencionamos Larr 2009 com base em pesquisas realizadas na Fran a e nos Estados Unidos aponta que existem diferen as significativas e persistentes entre o desempenho do aluno de acordo com o professor sugerindo que os professores t m uma influ ncia importante sobre os resultados dos seus alunos no entanto os pesquisadores s o muito cautelosos quanto interpreta o desse efeito professor pois destacam o risco de se atribuir caracter sticas pessoais do professor sem levar em considera o o contexto escolar J que conforme os pesquisadores a classe social dos alunos e o contexto escolar podem influenciar na pr tic
383. ualizado Fizemos isso e encaminhamos para o conselho municipal foi uma tarefa muito grande e muito envolvente gestora Magn lia SMED O processo de elabora o desenvolvimento e finaliza o do Documento das Diretrizes Curriculares como mostram os relatos anteriores expressam as articula es entre o contexto de influ ncia de produ o de texto e o contexto da pr tica Uma vez que o contexto de influ ncia com seus dogmas e interesses est intrinsecamente relacionado ao contexto de produ o de textos em que acontece a documenta o da pol tica articulando v rios 138 interesses que encontram materialidade neste caso nas Diretrizes Curriculares Municipais que trazem in meras consequ ncias para o contexto da pr tica Pois conforme expresso no Documento a principal finalidade das Diretrizes Curriculares Municipais definir uma pol tica de curr culo norteadora as escolas municipais de Santa Maria A partir das diretrizes curriculares a meta da SMED era construir os par metros curriculares para a rede municipal para tal ser o realizados discuss es e cursos de forma o para os professores como aponta a gestora Magn lia ent o n s vamos colocar um prazo at a metade do ano que vem 2012 de capacita o de discuss o com a rede para a gente fazer a constru o destes par metros curriculares para a rede municipal de acordo com a realidade que vivemos em Santa Maria que na verdade o desdobrame
384. uantidade de escolas que realizaram a Prova Brasil Fonte Portal IDEB Meritt 2012 Al m disso importante salientarmos que o plano de a es da SMED foi desenvolvido apenas com as escolas que na avalia o de 2009 obtiveram m dia igual ou abaixo da m dia nacional nos anos iniciais ou finais totalizando 21 escolas o que restringe ainda mais o campo de atua o da SMED no sistema municipal de ensino 7 De acordo com as normas do MEC s realizam a prova Brasil as turmas com no m nimo 20 alunos fator que justifica a quantidade de escolas da rede municipal que participam da prova Brasil 152 Podemos observar ainda que das 34 escolas que realizaram a Prova Brasil em 2011 apenas 18 escolas realizaram a prova tanto nos anos iniciais como nos anos finais O que reduz ainda mais a quantidade de alunos que realizaram a prova na rede municipal de ensino na ltima avalia o O plano de a es da SMED teve como par metro os ndices obtidos pelas escolas no ano de 2009 Foi a partir desses dados que a SMED elaborou o seu plano de a es para as escolas da rede municipal em especial aquelas que obtiveram em 2009 m dia igual ou abaixo da m dia nacional O plano de a es da SMED teve como objetivo melhorar o desempenho das institui es de ensino na avalia o seguinte que foi realizada em 2011 Ao analisarmos a evolu o das m dias das escolas referentes aos anos iniciais entre 2009 e 2011 podemos constatar que do tot
385. ue o Estado tem aprofundado a dist ncia que mant m dos interesses sociais e com isso ampliado seu papel de intervir mais fortemente em favor dos interesses de certas fra es do capital com seus principais centros decis rios sendo internacionalizados e servindo ao processo de acumula o do capital em escala global GOMES 2006 p 230 z Em novembro de 1995 elaborado no Brasil o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado com aval do ent o presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso tendo como objetivo promover uma reforma no aparelho do Estado e superar a sua crise conforme o documento a crise do Estado define se como uma crise fiscal caracterizada pela crescente perda do cr dito por parte do Estado e pela poupan a p blica que se torna negativa o esgotamento da estrat gia estatizante de interven o do Estado a qual se reveste de v rias formas o Estado do bem estar social nos pa ses desenvolvidos a estrat gia de substitui o de importa es no terceiro mundo e o estatismo nos pa ses comunistas e a supera o da forma de administrar o Estado isto a supera o da administra o p blica burocr tica PDRAE 1995 Os argumentos desenvolvidos no documento visam uma administra o p blica denominada gerencial sendo baseada em conceitos atuais de administra o e efici ncia voltada para o controle dos resultados e descentralizada O modelo neoliberal na Am r
386. ue eu penso a respeito do Pr mio eu acho bom podem at achar que eu estou errada porque este ano n s ganhamos pode ser que no outro ano outro ganhe mas n s vamos tentar eu penso assim se isso serve como alavanca para fazerem mais para tentarem mais bom eu n o sou contra professora Rosa EA Para n s foi o reconhecimento de um trabalho embora a gente n o esperasse todo mundo se sentiu bem foi muito bom para a autoestima dos professores e da equipe diretiva at porque a gente n o sabia que iria ter essa premia o Ent o foi uma coisa diferente deste ultimo ano porque agora tu j sabe ent o parece que agora virou uma busca uma competi o e quando aconteceu na primeira vez n o foi de uma forma espont nea n o tinha aquela preocupa o em os alunos fazer a prova Brasil claro que tinha uma preocupa o porque uma avalia o mas n o pela premia o porque hoje parece que virou uma competi o Gestora Am lia EA No depoimento da gestora Am lia a dois pontos a se considerar num primeiro momento a gestora demonstra a sua satisfa o com o Pr mio entendido como uma pol tica de valoriza o do trabalho realizado pela escola 200 contudo num segundo momento a gestora aponta sua insatisfa o com o Pr mio j que a premia o deixa de ser vista como um reconhecimento do trabalho e adquiri um novo car ter passando a servir como um instrumento que incentiva a competi o entre as escolas e
387. ue significa afirmar que quando se muda a popula o de estudantes atendida os resultados nas avalia es externas tamb m mudam Conceder o Pr mio aos professores daquelas escolas que os alunos alcan am os melhores resultados n o significa necessariamente estar premiando os melhores professores Ao contr rio significa dizer que as repercuss es e os resultados do trabalho docente na redu o da evas o escolar na eleva o do ndice de autoestima dos alunos na redu o das taxas de gravidez na adolesc ncia na redu o do ndice de viol ncia entre os alunos no aumento do ndice de qualidade de vida n o s o importantes Significa dizer que tudo aquilo que n o pode ser mensurado n o tem valor Quanto aos efeitos do plano de a es da SMED sobre a gest o escolar observamos que os gestores das escolas tem um papel central na pol tica da SMED uma vez que os gestores s o vistos como articuladores do processo A 249 SMED promoveu v rios cursos de forma o continuada para os gestores no sentido de mobiliz los para a ades o ao plano de a es bem como para convenc los da import ncia dos sistemas de avalia o em larga na atual conjuntura pol tica Com isso a SMED tenta promover uma maior responsabiliza o por parte dos gestores nos resultados das escolas nas avalia es externas o que tende a gerar uma maior cobran a por parte dos gestores sobre os professores para alcan arem as metas estabelecidas a
388. ue ter resultados Jvoc ainda n o tem uma uniformidade na rede voc vai encontrar escolas com um desempenho muito acima da m dia e outras abaixo da m dia e o nosso trabalho esta focado em primeiro dar uma uniformidade para a rede Gestora Joana SMED Os depoimentos acima demonstram a preocupa o dos gestores com a qualifica o dos professores com uma boa infraestrutura nas escolas enfim com boas condi es de trabalho o que inegavelmente fundamental para uma boa qualidade de ensino Contudo cabe ressaltar alguns aspectos apontados nos relatos dos gestores primeiro a qualidade do ensino nas falas fica atrelada a bons resultados no IDEB segundo ainda que os professores apresentem de modo geral a mesma qualifica o profissional em termos de forma o e que as escolas tenham uma boa infraestrutura os contextos nos quais esses est o inseridos n o s o os mesmos conforme j demonstramos anteriormente sendo assim diversas vari veis que interferem no processo de aprendizagem dos alunos n o est o sendo consideradas Dourado e Oliveira 2009 ao debater sobre o que significa uma educa o de qualidade no Brasil argumentam a import ncia de se considerar alguns elementos nessa perspectiva para os autores 233 fundamental ressaltar que a educa o se articula a diferentes dimens es e espa os da vida social sendo ela pr pria elemento constitutivo e constituinte das rela es sociais mais amplas A edu
389. ue uma educa o de qualidade vai muito al m de bons resultados em duas disciplinas de ensino Conforme pontua Peroni 2008 entender avalia o como indutor de qualidade uma total invers o ao objetivo proclamado das avalia es institucionais que deveriam ser diagn sticas dando elementos para a elabora o de pol ticas e ao contr rio acaba por ser meritocr tica culpabilizando as escolas e mais especificamente os professores pelo sucesso ou fracasso escolar como se o sistema p blico n o fosse respons vel pela rede de escolas e sua qualidade PERONI 2008 p 7 Al m disso uma s rie de fatores extraescolares fatores sociais econ micos e culturais e intraescolares infraestrutura n mero de alunos por turma acesso perman ncia e desempenho escolar contribuem para a qualidade da educa o e n o podem ser desconsiderados quando se pensa numa educa o de qualidade claro que a qualidade da educa o passa tamb m pelos saberes curriculares mas esses n o se resumem a duas disciplinas e sim devem contemplar toda a matriz curricular Em uma educa o voltada para os resultados a qualidade do ensino colocada em risco uma vez que os professores e os gestores podem encontrar maneiras de burlar os resultados tais como se dedicarem apenas a essas duas disciplinas trabalhar apenas com as habilidades e compet ncias cobradas nas avalia es favorecer a aprova o dos alunos Assim os ndices n
390. ugu s e 225 em Matem tica para um aluno do 5 ano e 275 em Portugu s e 300 em Matem tica para um aluno do 9 ano Portal do IDEB Meritt acesso 07 12 2012 as 17h 161 adequada deveria ser superior a 200 pontos para os anos iniciais do Ensino Fundamental e 275 pontos para os anos finais do Ensino Fundamental Ao recorrermos pontua o m dia obtida pela rede municipal de ensino nos anos iniciais identificamos que a rede n o alcan ou em nenhuma das disciplinas a pontua o adequada O mesmo ocorre com os anos finais do Ensino Fundamental com m dias sempre abaixo do valor adequado No caso dos anos finais a situa o mostra se ainda mais desfavor vel com destaque para a disciplina de matem tica uma vez que a m dia alcan ada pela rede municipal em Matem tica ficou 34 pontos abaixo do valor adequado e na disiplina de L ngua Portuguesa registrou 17 pontos abaixo do valor adequado Com isso observamos que mesmo quando o IDEB alcan a as metas propostas para o mun cipio isso n o significa que os valores de aprendizado tamb m tenham atingido os valores adequados Portanto a melhora da qualidade da educa o bastante relativa quando levamos esses dados em considera o Quanto ao Indicador de Fluxo os dados apontam para uma situa o favor vel visto que em ambas as etapas de ensino o ndice havia se mantido est vel nos anos de 2007 e 2009 e apresentou um aumento em 2011 No caso dos anos iniciais em 2011 o c
391. ui os conceitos adquirem legitimidade e formam um discurso de base para as pol ticas No contexto de produ o de texto os textos est o mais articulados com a linguagem do interesse p blico mais geral Assim os textos pol ticos representam d o sentido e expressam as pol ticas um momento importante de difus o e dissemina o das pol ticas O contexto da pr tica onde as pol ticas entram em a o e est o sujeitas a interpreta es e recria es o contexto onde se produzem efeitos e consequ ncias que podem representar mudan as e transforma es significativas na pol tica original um espa o sem previs o poss vel ambiente recontextualizador por excel ncia onde a conting ncia da pr tica reinterpreta e ressignifica as pol ticas educativas pretendidas por formuladores que em geral desconhecem os ambientes escolares e a realidade do trabalho docente 101 O contexto dos resultados ou efeitos preocupa se com quest es de justi a igualdade e liberdade individual Nesse contexto as pol ticas deveriam ser analisadas em termos do seu impacto e das intera es com desigualdades existentes Por fim o contexto da estrat gia pol tica envolve a identifica o de um conjunto de atividades sociais e pol ticas que seriam necess rias para lidar com as desigualdades criadas ou produzidas pela pol tica investigada 3 2 Delineamento do estudo 3 2 1 Percursos e ferramentas metodol gicas da pesquisa Est
392. ujeitos evolvidos no processo como aponta o seguinte relato eu at digo s vezes para as gurias n s vamos melhorar este IDEB mas da tu cai numa contradi o eu mesma s vezes eu entro em contradi o porque quando eu chego das reuni es eu chego t o chateada em rela o a isso em ouvir o prefeito falar que as escolas o envergonham eu acho que ningu m envergonha algu m porque quer e dentro da educa o n o deveria existir isso de envergonham porque todo mundo tem um bom trabalho a gente deveria envergonh lo se agente ficasse aqui sem dar aula se n s roubasse ou desvia se dinheiro da prefeitura se n s agred ssemos os nossos alunos mas n o ent o eu acho isso muito chato Gestora Olga EV O relato da gestora Olga demonstra a perversidade da atual pol tica ou os efeitos da performatividade embora a gestora queira resistir aos ditames dessa pol tica de gest o em alguns momentos se sente pressionada a entrar nesse jogo A gestora est tendo um problema real consigo mesma ao se ver como uma gestora que s se preocupa com o desempenho da sua institui o de ensino e cumprir com as metas ou ser ela mesma e dar continuidade h um trabalho que ela acredita ser o melhor para sua escola mas que talvez n o tenha repercuss o imediata no IDEB da escola A quest o da obriga o de resultados aparece nos depoimentos dos professores em forma de uma consci ncia bifurcada SMITH 1987 que por vezes ma
393. ultado e n o somente o professor porque se a gente entende todo esse processo a escola recebe uma verba o pr mio pelo esfor o da comunidade gestora Magn lia SMED causou mas tu tens que dar um desconto na quest o partid ria teve faz parte mas eu nem acho que isso tenha sido uma coisa t o importante foi importante porque naquela poca n o se tinha o Piso ent o diziam que eles d o o m rito mas n o d o o Piso agora j ganharam o Piso ent o fica por isso mesmo O que n s fizemos foi melhorar a lei porque antes era s a escola com o melhor IDEB agora continua a escola que tiver o melhor IDEB e a escola que tiver o maior avan o ent o n s premiamos aquela que for a melhor e a que teve o maior avan o para todos os professores gestora Joana SMED a gente continua afirmando que este pr mio um motivador um incentivador para que as comunidades escolares para que elas busquem se aproximar das melhores notas ent o todas as escolas que estiverem acima ou que estiverem no limite do IDEB que se aproximarem ou que demonstrarem um melhor crescimento ser o premiadas n o somente aquelas que conseguiram alcan ar mas todas aquelas escolas do sistema de ensino que demonstraram crescimento da produtividade desses alunos gestora Catarina SMED No processo de cria o e elabora o do Pr mio Qualidade na Educa o podemos identificar os contextos de influ ncia e de produ o de textos em geral o con
394. ultados dos alunos de pa ses desenvolvidos com os alunos do Brasil diversas vari veis que geralmente s o descartadas devem ser consideradas come ando pelo n vel s cio econ mico dos pa ses fator de suma import ncia ao se tratar de educa o Do mesmo modo cabe uma an lise acerca das condi es de trabalho dos docentes infraestrutura das escolas classe social dos alunos dentre outros aspectos A n o considera o desses elementos na formula o das pol ticas p blicas educacionais ou na realiza o de an lises comparativas entre os 172 resultados obtidos pelos alunos de pa ses desenvolvidos com os alunos dos demais pa ses negligente e superficial 4 3 Pol ticas curriculares e sistemas de avalia o As pol ticas p blicas no Brasil nas ltimas d cadas t m seguido as orienta es de modelos pol ticos de car ter neoliberal ainda que com um discurso marcado pela descentraliza o administrativa e autonomia mecanismos de controle e regula o t m sido adotados como sugere Ball 2004 p 1106 o Estado passa do estatuto de provedor para o de regulador Outra marca dessas pol ticas tem sido a forte presen a de organismos internacionais postulando diretrizes e orienta es para o campo educacional segundo Mau s 20083 p 10 a l gica dessas pol ticas tem sido a institucionaliza o das determina es de organismos internacionais que veem na educa o um dos meios para a adequa
395. utura o produtiva reforma administrativa do Estado e gest o da educa o Educa o e Sociedade Campinas vol 30 n 109 p 1139 1166 set dez 2009 CASASSUS J Uma nota cr tica sobre a avalia o estandardizada a perda de qualidade e a segmenta o social S sifo Revista de Ci ncias da Educa o n 9 p 71 78 mai ago 2009 CHARLOT B Rela o com o saber e com a escola entre estudantes da periferia Caderno de Pesquisa S o Paulo n 97 p 47 63 maio de 1996 CHIZZOTTI A Pesquisas em Ci ncias Humanas e Sociais 2 Ed S o Paulo Cortez 1998 COSTA M C Trabalho docente e profissionalismo Porto Alegre Sulinas 1995 255 COELHO M Vinte anos de avalia o da educa o b sica no Brasil aprendizagens e desafios Ensaio Avalia o e Pol ticas P blicas em Educa o Rio de Janeiro v 16 n 59 p 229 258 abr jun 2008 DALE R O marketing do mercado educacional e a polariza o da educa o In APPLE M et al Pedagogia da exclus o o neoliberalismo e a crise da escola p blica Petr polis RJ Vozes 1995 p 137 168 DIAS SOBRINHO J Campo e caminhos da avalia o a avalia o da educa o superior no Brasil In FREITAS L Avalia o construindo o campo e a cr tica Florian polis Insular 2002 p 13 62 DOURADO L F Pol ticas e gest o da Educa o b sica no Brasil limites e perspectivas Educa o amp Sociedade Campinas vol 28 n 100 Especial p 921 9
396. va o autor prev o seguinte fen meno os prefeitos implantar o progress o continuada e liberar o o fluxo no sistema Depois contratar o sistemas privados de ensino do tipo Objetivo COC etc para enquadrar a metodologia usada pelos professores quando n o entregar o escolas inteiras s OSCIPS ampliando o mercado educacional Finalmente treinar o os alunos para as provas do SAEB e da Prova Brasil entre outras a es criativas FREITAS 2007 p 974 No caso do munic pio de Santa Maria RS os elementos pontuados por Freitas 2010 j podem ser identificados em v rias a es da SMED o que demonstra a forte influ ncia das atuais pol ticas p blicas sobre os sistemas de 151 ensino bem como as estrat gias utilizadas pela secretaria municipal de educa o para atender as demandas do MEC 4 2 A rede municipal de ensino mapeada em indicadores Tendo em vista que grande parte do plano de a es da SMED tem como objetivo melhorar o rendimento das escolas na Prova Brasil como j descrito anteriormente nesta tese os dados relativos quantidade de escolas que realizam a Prova Brasil revelam que de um total de 80 escolas que comp em a rede municipal de ensino apenas 34 escolas participam da Prova Brasil Ou seja 46 escolas 57 5 da rede municipal n o realizam o exame nacional E Realizaram a Prova Brasil E N o realizaram a Prova Brasil Figura 7 Total de escolas da rede municipal de ensino e q
397. valores de Nova York e a profunda depress o dos anos vinte a sa da encontrada pelo Estado capitalista foi investir em uma pol tica keynesiana favorecendo um Estado Social fortemente intervencionista No per odo que se segue segunda guerra ap s uma revigora o do fordismo e do Estado Social come a a se presenciar uma nova crise cuja sa da para o capitalismo foi reorganiza o do Estado a partir de orienta es neoliberais para a economia e de uma nova gest o para a administra o p blica O cap tulo encontra se dividido em tr s se es na primeira delas s o analisados alguns aspectos referentes reconfigura o do papel do Estado as crises do sistema produtivo capitalista e a ascens o do neoliberalismo Na segunda se o descreve se acerca do Estado neoliberal e as repercuss es desta pol tica no mbito educacional Nesse sentido s o analisadas as medidas pol ticas e administrativas que afetaram a administra o p blica de modo geral e consequentemente a educa o no contexto do neoliberalismo no Brasil E por fim na terceira se o s o discutidos elementos referentes ao atual cen rio das pol ticas educacionais as parcerias p blico privadas e suas repercuss es na educa o p blica 1 1 O Estado e o neoliberalismo O Estado de suma import ncia no sistema capitalista e por isso a discuss o acerca da no o de Estado e da teoria do Estado tem grande relev ncia para a Educa o Confo
398. visto no inciso V do Art 4 da Lei Municipal n 4768 04 que alterou o Art 48 da Lei Municipal n 4696 03 desde que preencha os requisitos para provimento da fun o 2 A gratifica o de Supervisor Escolar Coordenador Pedag gico n o ser devida a servidor detentor de Cargo em Comiss o ou Fun o Gratificada Art 7 A gratifica o de Supervis o Escolar Coordena o Pedag gica assim como a gratifica o de vice diretor de escola criada pela Lei Complementar n 065 2008 integrar o c lculo do provento de aposentadoria se o professor contar com pelo menos cinco anos consecutivos ou dez intercalados de efetivo exerc cio na fun o e desde que se encontre no seu exerc cio na condi o de titular da fun o por ocasi o da aposentadoria pelo prazo m nimo de dois anos Art 8 Fica institu da a Prova Santa Maria que ser realizada anualmente a partir de 2012 pelos alunos do ensino fundamental nos anos iniciais quarto ano e nos anos finais oitavo ano tendo como principal objetivo avaliar a aprendizagem no Sistema Municipal de Ensino Rua Ven ncio Aires 2277 3 andar Santa Maria RS Brasil CEP 97010 005 Telefone 55 3921 7153 Site www santamaria 1s gov br 274 Estado do Rio Grande do Sul Prefeitura Municipal de Santa Maria s Secretaria de Munic pio de Gest o e Moderniza o Administrativa Superintend ncia de Sistemas Administrativos Par grafo nico A Prova Sa
399. y tem exercido grande influ ncia nas reformas educacionais Como aponta Bauer 2010 p 325 Percebe se um forte car ter ideol gico no debate do accountability em que discursos aparentemente democr ticos e leg timos como a transpar ncia de informa es s o utilizados para respaldar a es centralizadoras e antidemocr ticas cuja principal caracter stica a manuten o do controle sobre o sistema de ensino pelo governo sem que este assuma diretamente a responsabilidade integral pelos servi os prestados Embora existam v rios aspectos que diferenciem os programas de accountability Fernandes e Gremaud elencam alguns elementos comuns nfase no aprendizado dos alunos o qual pode ser aferido por testes padronizados Os indicadores para accountability podem incluir outras informa es frequ ncia evas o e alguma medida da qualidade e quantidades dos insumos escolares mas o destaque dado aos 150 resultados dos testes padronizados professores diretores e gestores s o co respons veis pelos resultados de seus estudantes e assim eles devem ao menos em parte responder pelo desempenho dos estudantes nos exames presen a de um sistema de incentivos para que os respons veis pela educa o dos estudantes moldem suas a es com o objetivo de que seus alunos obtenham bons resultados nos exames Esse sistema de incentivos envolve necessariamente a publicidade dos resultados dos testes por unidade de accountabi

Andressa Aita Ivo_Tese - Guaiaca

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