Entrevista com Marina Camargo
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1. Marina Camargo esse pensamento cr tico em rela o ao pr prio trabalho que desvia o ar tista de um fazer por fazer Pergunto isso por que teu trabalho em geral parece cuidadosamente constru do e planejado Se h ali alguma pot ncia do acaso em jogo penso por exemplo naquelas fotografias em que recolhes com as m os as letras que se despren deram das l minas de acetato ela diz respeito mais a um momento inicial do trabalho e nunca sua configura o final N o saberia dizer como o pensa mento cr tico altera o fazer do artista mas certamente altera a maneira do artista se situar no mundo na hist ria da arte num contexto de arte con tempor nea Em meu processo n o percebo essa oposi o n tida entre um fazer por fazer e um fazer cr tico E falo isso pensando nos tantos trabalhos que no momento desse fazer pare ciam sem sentido Esse mesmo sentido se fez claro depois em rela o a outros trabalhos e mesmo a quest es cr ticas ou intr nsecas ao pr prio trabalho Ou seja esse fazer por fazer pode ser muito importante no processo de traba lho do artista e durante esse processo surgem as quest es mais importantes para o trabalho e para a investiga o do artista Quer dizer at aqui falei de pro cesso de trabalho Mas importante falar tamb m que esse processo se d entre muitas escolhas experimenta es algo como ir tateando at que em certo momento encontra s2. cidade acho que acabaram tornando me meio desterra da mas num bom sentido Porto Alegre a cidade onde tive praticamente toda a minha forma o mas n o exata mente onde est toda a minha hist ria H mais de 20 anos Macel era uma cidade de interior com poucos eventos culturais Quando nos muda mos para Porto Alegre minha m e eu e minha irm minha m e nos levava a todos os espet culos poss veis peras a shows de m sica popular pe as de teatro exposi es etc Porto Alegre era para mim uma cidade extremamente estimulante tendo sido muito importan te para minha forma o ter crescido ali O que teria sido o teu despertar para a arte Em que momento perce beste que algo era arte e que talvez te interessasse fazer aquilo N o saberia precisar em que momento comecei a me interessar por arte Minhas lembran as mais remotas s o do jardim de inf ncia numa escola montsoriana onde lembro de ter uma grande liberdade e individualidade para fazer as minhas coisas n o diria arte A experi ncia de autonomia e criatividade certamente marcante No entanto n o saberia nem arriscaria definir o que faz um artista se interes sar em ser um artista Em torno dos 15 anos de idade voltei a fazer cursos de artes foi quan do comecei a pintar e ler tudo o que podia sobre hist ria da arte A vontade de cursar o Instituto de Artes da UFRGS veio de uma certeza que eu tinha desde aquela poca d
3. que seja o que me leva a perceber os dese nhos dessa forma que os desenhos sempre foram ligados ou pr ximos ideia ao pensamento Isso torna o desenho de alguma forma atemporal quando digo atemporal n o quero di zer que eles n o tenham caracter sticas da poca em que foram feitos mas que eles guardam um certo frescor um car ter de certo modo sempre pr ximo da contemporaneidade seja um de senho de Da Vinci seja um desenho de Ingres sejam desenhos das cavernas mesmo que isolados de seus contextos originais parecem pertinentes aos dias de hoje e n o como uma arte datada em determinada poca e lugar A palavra escrita ou ainda an tes dela a letra seguidamente apa rece como um elemento importante na constitui o do teu trabalho Eu queria saber como isso come ou Lembras qual foi o primeiro trabalho que apon tou para essa possibilidade Como aconteceu Vem da percep o de que a palavra ou a letra tamb m um desenho 40 REPRESENTA ES Marina Camargo Os primeiros trabalhos com letras en volviam gelo tamb m como Ca a nada que era um ca a palavras onde as le tras de borracha estavam congeladas em blocos de gelo e medida em que o gelo derretia as letras se misturavam e as palavras que se encontravam no in cio se perdiam Ou um v deo de uma letra E de gelo coberta de querosene que eu tentava colocar fogo at que a letra aos poucos se der
4. LUGARES ENTREVISTA REALIZADA POR EDUARDO VERAS Entrevista com Marina Camargo Vamos come ar com alguns dados mais biogr ficos onde nasceste O que os teus pais faziam Ent o comecemos pelas origens curioso come ar falando da minha vida normalmente deixo essas infor ma es de lado e trato das origens do meu trabalho como origens conceitu ais de quest es que s o importantes para os trabalhos que vim a fazer de pois por exemplo Nasci em Macei Alagoas e a cer ta altura da minha inf ncia nos muda mos para Porto Alegre Essa mudan a foi realmente marcante para mim mas s vim a perceber isso atrav s de ou tras mudan as que vieram a acontecer Cada vez que vou morar noutra cidade mesmo que temporariamente fica claro para mim que minhas origens n o est o apenas em Porto Alegre mas tamb m noutros lugares como no nordeste do Brasil As praias e parques de divers es de cidade de interior seja no sert o ou em praias como Paripueira o circo que era um programa indispens vel numa cidade sem muitos atrativos al m das praias e claro muito mar mar mar Mesmo hoje quando chego numa cida de que ainda n o conhe o muitas vezes minhas refer ncias acabam se situando l nas temporadas em Paripueira N o sou de fam lia de artistas minha m e farmac utica e meu pai engenheiro agr nomo Minha m e tinha fam lia no Sule por isso nos mudamos para Porto Alegre Essas mudan as de
5. O humor uma quest o para ti A pergunta pertinente sim mas nunca pensei no humor como um ele mento espec fico do meu trabalho Acho que quest es que s o importantes na minha vida acabam transparecendo nos trabalhos querendo ou n o Seja a rela o com os lugares onde vivo ou vivi livros que li paisagens que vi E o mesmo acontece em rela o ao humor ou ironia como o destocamento mesmo de se ver algo que n o totalmente esperado em uma situa o banal como na leitura de um manual de instru es De qualquer modo senso de humor fundamentalem minha vida 42
6. a sem pre uma converg ncia ou diverg ncia de um centro ou seja dessa mesma id ia de que em algum momento se pode perceber a converg ncia de ques t es dos trabalhos que s o aparente mente distintas Na realidade esse tr nsito entre linguagens mais um problema para o mercado do que para o artista mais c modo para o mercado de arte que um artista produza trabalhos semelhantes e facilmente reconhec veis em sua au toria Talvez a ainda resista uma ideia de estilo que pr pria da arte moderna 39 LUGARES Horizonte Marina Camargo Sem T tulo Letras na Parede Marina Camargo Afinal o que seria estilo na produ o de um artista A repeti o de formas Ou a persist ncia de algumas quest es Parece que o teu trabalho man t m sempre ou quase sempre uma proximidade com o desenho O de senho foi algo determinante no teu percurso Hoje o desenho afeta o teu jeito de perceber as coisas Certamente o desenho funda mentalem meu trabalho e especial mente em minha forma o um tema que sempre me interessa estudar e escrever mas atualmente prefiro n o tentar entender o que fa o apenas atra v s do vi s do desenho prefiro pensar que outras possibilidades podem me fazer compreender diferentes aspectos dos meus trabalhos Quando refiro me a desenho n o estou falando de desenho tradicional de l pis sobre papel Fa o refer ncia a uma no o mais ampla do des
7. abalhos que Entretanto seria ingenuidade pensar que esse deslocamento da representa o aconte a sem consequ ncias Entre o que proponho e o que realizo surgem espa os de interpre 41 LUGARES Open Horizons Project Marina Camargo Guia R pido Brancusino ar Marina Camargo ta o ou mesmo de sentidos que n o previ inicialmente Por vezes os meus trabalhos me surpreendem abrindo outros caminhos n o pensados ou n o esperados Em trabalhos recentes que tenho feito com mapas tem sido sim uma quest o relevante pensar em um outro urbanismo para as cidades em possi bilidades de jogar com a estrutura das cidades Ou como no projeto Open hori zons Atrav s do site do projeto pesso as de diferentes lugares do mundo s o convidadas a enviar fotografias onde um horizonte seja vis vel As fotos s o mostradas no pr prio site alinhadas atrav s dos horizontes em sequ ncias aleat rias que o s o determinas a cada nova visita ou seja a cada vez que voc visita o site h uma nova configura o de imagens Esse projeto para mim absolutamente ut pico Na realidade a pr pria concep o de o que um horizonte j guarda algo de ut pico uma linha que se forma na paisagem mas que n o lugar algum que n o existe de fato como lugar ou espa o apenas como ponto de vista em rela o pr pria paisagem No caso dos trabalhos que t m como refer ncias os manuais de ins tru es o que te
8. e que a arte n o podia ser apenas uma atividade eventual para mim Naquele momento eu n o tinha a menor id ia de como poderia sobreviver de arte mas sabia que era isso o que eu queria fazer Por fim acho que a arte era mes mo fundamental para mim como uma necessidade talvez algo que o centro o eixo mesmo da minha vida embora eu resista um pouco a dizer isso por causa do tom um tanto romantizado que evoca O que foi decisivo na tua passa gem pela gradua o no Instituto de Artes em Porto Alegre O que foi marcante na passagem pelo Instituto de Artes foi essencial mente a consci ncia em termos de quest es pr prias da arte N o a ques t o hist rica tamb m importante mas principalmente a quest o cr tica em rela o arte e ao sistema de arte n o em rela o cr tica mas sim em termos de uma constru o de um pen samento cr tico voltado para o pr prio trabalho do artista 38 REPRESENTA ES JE TEE W aomi LT baar in AE e EO qm pa A E a qa Lt Tm z iP Maa a F Paa e Car Jr r i m Ea r y P gt a ip Ng A nm ms i 1 E E ope im irei pria qea parie da mia E TOA Rb anai i my mee r a fi pm i Kama sh ai fwa As Tl da Eai i qi Daar umi paa cari na Letras Caindo Marina Camargo E al INANA E HERE LLL jit LITT THEEL Ed Eq kN H T HOT Tl BOA EA EE mmn n IH TTH HH Tipografia Urbaniza o NYC
9. e uma configura o mais precisa seja entre formas imagens id ias pensamentos refer ncias etc Concordo com voc quando diz que o acaso no meu trabalho parece estar mais nesse momento inicial H v rios trabalhos que se originaram de situa es totalmente imprevis veis incontrol veis e que marcaram muito a minha produ o Essas fotografias das letras caindo da transpar ncia um timo exemplo disto Foi uma situa o que quando ocorreu n o me levou a pensar em transformar esse acaso em trabalho mas marcou a minha percep o sobre as letras sobre a impress o de um texto se desprendendo de uma folha Apenas anos depois talvez cerca de cinco anos retomei este material que era uma documenta o de trabalho e ent o fiz as fotos Letras caindo como se o acaso trouxesse quest es relevan tes para pensar o meu trabalho e antes disto para fazer o pr prio trabalho Isso n o significa que o acaso seja percepti vel embora ele esteja ali latente como uma mem ria do pr prio processo de trabalho Percebo com entusiasmo o tr n sito tranquilo que tu fazes de um su porte para o outro de uma linguagem para a outra fotografias mapas co lagens sobreposi es textos Queria que tu comentasse o gosto e a possi bilidade desse tr nsito livre Houve um momento em que percebeste que esse poderia ser um caminho Essa uma quest o importante para mim N o foi uma escolha delibe rada em tran
10. enho ligado forma o de um pensamento visual Fala se em escultura em cam po expandido referindo a Rosalind Krauss mas acredito que o desenho tem o potencial de n o apenas se expandir como campo mas de ser entendido como um campo male vel perme vel poroso Quando falo em de senho muitas vezes tenho a impress o de estar falando de pensamento o que de fato parece pertinente Enfim s o quest es que desen volvi durante o mestrado e pretendo dar continuidade no estudo do assunto Tudo isso para comentar que o desenho pode ser uma base do meu trabalho esse desenho que define o pensamento visual e viceversa Isso n o quer dizer necessariamente que tudo o que eu fa a seja desenho O desenho est para mim muito pr ximo do campo das ideias da for ma o das ideias e da percep o do mundo e este processo n o sempre vis vel ou percept vel no trabalho que mostrado Mencionaste que atualmente preferes pensar que outras possibili dades al m do desenho podem te fa zer compreender certos aspectos dos teus trabalhos Cita um exemplo A representa o das coisas do mundo como uma maneira de apre ender o mundo Penso muito nessas representa es que conhecemos e em como alguns deslocamentos de seus significados originais podem alterar mesmo que minimamente a percep o do mundo que nos cerca Falo de representa o em seu sentido original e n o necessariamente a quest o da repr
11. esenta o na hist ria da arte no sentido de uma rela o de conven o e correspond ncia en tre dois elementos A linguagem um exemplo disso se convenciona que um som corresponde a um objeto que de terminado c digo gr fico corresponde a esse som enfim s o representa es que formam a linguagem O mesmo no caso dos mapas como desenhos que reapresentam o urbanismo das cidades ou as formas geogr ficas de regi es Interessa me pensar na quest o da sobreposi o ou cruzamento de duas linguagens distintas que podem criar um ru do entre elas ou formar um outro sentido nesse encontro Disseste O desenho est para mim muito pr ximo do campo das ideias da forma o das ideias e da percep o do mundo e esse processo n o sempre vis vel ou percept vel no trabalho que mostrado H algo curioso a a possibilidade de o de senho no contexto contempor neo manter ainda viva aquela caracter s tica de esbo o de anota o de rascu nho que foi t o cara arte desde os prim rdios Sim e isso parece ser uma carac ter stica pr pria do desenho Quando vejo desenhos feitos em qualquer momento da hist ria da arte tenho a impress o de que eles sempre guardam algo de atemporal como se os estilos de cada poca n o pesassem sobre os desenhos como se eles tivessem uma esp cie de vida aut noma na hist ria da arte Enfim isso uma impress o minha Mas o que fato e acredito
12. motivou ali O que me atrai nos manuais de instru es a objetividade como as informa es s o dadas como a es e significados s o simplificados e esque matizados de modo a serem compreen didos com mais rapidez S o desenhos por excel ncia que coabitam o campo das ideias mas num sentido extrema mente objetivo que o curioso deles Li es de escultura Brancusi no ar uma esp cie de manual que ensina a desenhar esculturas de Brancusi com as m os mostrando quais seriam os movimentos necess rios para repre sentar algumas de suas mais conheci das esculturas O formato do Brancusi no ar como o de um livro de cordel aqueles que s o vendidos em feiras no Nordeste pendurados em um fio Sen timentos distra dos um cartaz feito para ser distribu do onde o desenho de um manual de montagem de um carro de brinquedo cruzado com um texto de outro manual de instru es que ensina como montar e limpar um motor de carro Nesse texto a palavra motor substitu da por sentimento dando um sentido nonsense para o texto ao mesmo tempo que remete a conselhos sentimentais Gosto muito de pensar nesses trabalhos como algo que as pessoas podem ter perto levar pra casa ler ou jogar fora Esses trabalhos que funcionam como manuais de instru es n o chegam a ser engra ados divertidos mas guardam um certo humor um estra nhamento que vem do fato de aquilo n o ser esperado onde est
13. r Na medida em que evocam ci dades que n o existem ou cidades que foram alteradas os teus mapas conduzem por diferentes caminhos ao tema das utopias n o apenas pela representa o de outros mundos Cidades Apagadas a Maine Canales possiveis mas talvez e sobretudo pelo gosto de se apropriar de um c di go e dar uma tor o nele Pode ser N o costumo pensar em utopias em meus trabalhos embora talvez seja uma ideia por vezes presente Mas com os mapas n o penso nesse sentido roco mineiro foi tamb m uma situa o marcante na minha percep o das le tras como elementos gr ficos de certo modo s lidos mesmo que a solidez DE E VAN tivesse a espessura de uma m nima ca ADO NOS IZAN mada de tinta impressa sobre o papel gt GRI Essa situa o de algum modo ins CA ICU ea AV IN N taurou para mim um pensamento em ut pico de criar um outro mundo pos N cm Ea ANN rela o s letras s vel n o Para mim mais presente ANTA yii NNS O mapa como a palavra outro a apropria o de um c digo e nesse elemento muito caro ao teu trabalho O mapa um desenho um c digo que deslocamento de sentido que pode ser M l P 13 pasad 7 apa Paris provocado com essa tor o do mesmo Marina Camargo fala da nossa condi o no mundo o que conhecemos onde estamos o que nos pertence O que te levou aos mapas Foram as viagens que me levaram aos mapas Os primeiros tr
14. retia Essas foram algumas das primei ras experi ncias com letras Vendo com mais distanciamen to percebo que as quest es que me interessam hoje j estavam presentes ali essa perda de sentido original de elementos conhecidos como as letras ou palavras sendo bem importante no trabalho o modo como esse sentido perdido ou minimamente deslocado O gelo dava conta dessa transforma o de um sentido para outro ou para nenhum de uma certa organiza o que se transformava com o derretimento do gelo Depois fui buscando outras ma neiras de tratar as mesmas quest es nem sempre com o uso das letras O interesse pelas letras vem sim dessa percep o de que elas s o em sua origem desenhos Da percep o de que quando escrevemos estamos de senhando No entanto s o como dese nhos esquecidos pois o h bito faz com que a gente n o as perceba mais como desenhos mas como elementos de uma palavra formando sentidos e significa dos como um c digo Houve ainda o caso j menciona do das letras caindo da transpar ncia durante uma apresenta o de um trabalho na faculdade Por um acaso as letras come aram a se descolar da transpar ncia escorregando pela folha e grudando pouco a pouco em meus dedos Se naquele momento a situa o foi constrangedora porque perdia o tex to ali com as letras se embaralhando enquanto tinha que falar sobre o bar fiz com mapas foram durante o per odo em que esta
15. sitar de um suporte ao ou tro mas a necessidade de resolver cada trabalho em sua quest o intr nseca pr pria a esse trabalho mesmo Ou seja n o me preocupa muito se um trabalho vai ter como forma final uma fotografia ou uma tipografia mas sim que a so lu o formal esteja de certo modo en tranhada na quest o conceitual ou no pensamento envolvido no trabalho Ent o nunca pensei nisto como um caminho a seguir foi algo que aca bou acontecendo em decorr ncia do desenvolvimento dos trabalhos que fazia e fa o S o escolhas conscientes sim situadas num contexto de arte es pec fico Sempre acreditei que em meio aparente diversidade de refer ncias e suportes h um centro ou um eixo de interesse que o que realmente im porta no trabalho do artista Atrav s de uma produ o aparentemente diversa torna se mais evidente quais s o as quest es fundamentais para o artista claro que para isso acontecer ne cess rio conhecer uma s rie de traba lhos do mesmo No trabalho de conclus o da fa culdade abordei esta quest o de como seria poss vel falar do processo de tra balho do artista criando uma esp cie de genealogia desse processo A maneira que encontrei para tratar desse assun to foi atrav s de gr ficos de desenhos E por fim a imagem de uma espiral dava conta da id ia de que a produ o diversa de um artista faz parecer que ele est circulando em campos varia dos mas esse movimento indic
16. va vivendo em Barcelona 2003 2004 Foi um per odo em que comecei a buscar nos mapas um sentido de orienta o n o apenas no espa o mas como uma maneira de dar conta de algo maior que era a experi ncia nas cida des al m da sensa o de deslocamen to que era constante Neste per odo comecei a colecio nar mapas de cidades e tamb m mapas de c u Se os mapas urbanos demar cam um espa o os mapas celestes contam sobre o tempo marcam a pas sagem do tempo j que cada configu ra o do c u corresponde a um per odo ou momento do tempo Ambos os tipos de mapas davam conta de modo abs trato deste sentido de deslocamento Talvez seja como uma maneira de mar car um lugar no mundo uma maneira de perceber uma posi o em determi nado lugar e tempo Nesse per odo fiz os trabalhos Cidades apagadas que depois teve um desdobramento em Eclipses trabalho conjunto com Andrei Thomaz o Fun do do mundo e os primeiros mapas de cidade desenhados com letras como Mapa I Paris Depois seguiram se trabalhos como Tipografia Urbaniza o NYC tamb m relacionado a outra experi n cia de viagem e o Atlas do c u azul Os trabalhos que t m como refe r ncia manuais de instru es tamb m se relacionam com os trabalhos de ma pas neste sentido de trazer uma vis o objetiva e mesmo linear para falar de outro tipo de experi ncia ou rela o com a realidade como por exemplo Senti mentos distra dos e Brancusi no a
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