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uma proposta para a abordagem dos gêneros em sala de aula

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1. MARI Hugo SILVEIRA Jos Carlos C Sobre a import ncia dos g neros discursivos In MACHADO Ida L cia MELLO Renato de orgs G neros reflex es em an lise do discurso Belo Horizonte NAD POSLIN FALE UFMG 2004 MIRANDA Florencia Marcadores de g nero uma pista para identificar a ficcionaliza o de g neros textuais In Anais do 4 Simp sio Internacional de Estudos de G neros Textuais IV SIGET Tubar o UNISUL 2007 p 1045 1055 Dispon vel em CD Rom ANEXOS TEXTOS PRODUZIDOS POR ALUNOS TEXTO 1 REFORMA ORTOGR FICA INGREDIENTES Letras k wey Palavras com trema Palavras com os ditongos abertos oi e ei Palavras com duplo o e duplo e com acento circunflexo Palavras com acentos diferenciais Algumas palavras com h fen MODO DE PREPARO Acrescente as palavras k w e y ao alfabeto que agora ter 26 letras Retire de palavras como tranquilo e biling e o trema mas conserve este sinal em palavras estrangeiras Corte o acento agudo das palavras com os ditongos abertos ei e oi como her i heroi e id ia ideia Corte tamb m o acento circunflexo de palavras com duplo e e duplo o como cr em creem e v o voo Retire os acentos diferenciais de palavras como p ra do verbo parar para e p lo substantivo pelo Separe o h fen de palavras que come am com s ou r como anti semita antissemita e anti rel
2. Reflexions au tour de la notion de genre discursif In Actes des XI mes RJD268 Language e langue Paris II 30 31 mai 2008 DELL ISOLA Regina L P Retextualiza o de g neros escritos Rio de Janeiro Lucerna 2007 FIORIN Jos Luiz A no o de texto em Semi tica Organon Porto Alegre v 9 n 23 p 163 173 1995 Introdu o ao pensamento de Bakhtin S o Paulo tica 2006 LARA Glaucia M P M dia g neros do discurso e transgress o Revista Caligrama Belo Horizonte FALE UFMG dez 2005 jan 2006 A transgress o de g neros em textos de publicidade e propaganda no Brasil Genre Transgression in Brazilian Commercial and Informative Advertisement Stockholm Review of Latin American Studies Instituto Latino Americano da Universidade de Estocolmo Su cia n 2 M dia e transgress o casos brasileiros nov 2007 Dispon vel em www lai su se MAINGUENEAU Dominique Novas tend ncias em an lise do discurso Campinas SP Ed UNICAMPO PONTES 1993 An lise de textos de comunica o S o Paulo Cortez 2001 Diversidade dos g neros de discurso In MACHADO Ida L cia MELLO Renato de orgs G neros reflex es em an lise do discurso Belo Horizonte NAD POSLIN FALE UFMG 2004 MARCUSCHI Luiz Ant nio G neros textuais defini o e funcionalidade In DION SIO Angela P MACHADO Anna Rachel BEZERRA M Auxiliadora orgs G neros textuais e ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002
3. normalizando quando a dist ncia diminuir retornando ao padr o esperado N O TOME MEDICAMENTOS SEM O CONHECI MENTO DE SEU M DICO PODE SER PERIGOSO PARA A SA DE INFORMA ES T CNICAS Caracter sticas AmortecQ possui amor fortalecedor que em sua sub f rmula apresenta muito amor eu te amo em c psulas vermelhas e motivos pelos quais eu te amo em c psulas azuis Abaixo segue a lista detalhada dos motivos Porque voc me entende Porque voc meu melhor amigo Porque eu me sinto protegida com voc Porque eu posso contar com voc sempre Porque voc me ama mesmo quando eu estou errada Porque voc me completa Porque quando eu te vejo meu cora o dispara Porque voc me ensina muitas coisas Porque temos timos momentos juntos Porque voc sente bastante ci me de mim Porque eu sinto s um pouquinho de ci me de voc Porque eu choro de saudade Porque voc me faz chorar de alegria Porque voc me aperta quando eu to com dor Porque voc enxuga minhas l grimas Porque voc me faz sonhar acordada Porque juntos podemos n o fazer nada e ainda assim ter momentos maravilhosos Porque juntos temos um sonho Porque nosso namoro perfeito Porque eu s desejo voc Porque s voc pode me dar o que preciso Porque voc mais do que sonhei pra mim Porque quando fecho os olhos voc que eu vejo Porque n s somos o casal mais feliz do
4. As reflex es aqui apresentadas buscaram responder mesmo que de forma provis ria e parcial a essa quest o Se elas servirem de ponto de partida para novas experi ncias pelo vi s da transgress o j teremos dado a nossa modesta contribui o para o ensino de g neros na escola REFER NCIAS BAKHTIN Mikhail Est tica da cria o verbal 3 ed S o Paulo Martins Fontes 2000 BERTRAND Denis Caminhos da Semi tica liter ria Tradu o Grupo CASA Bauru Edusc 2003 Letras e contou com bolsa do PROBIC FAPEMIG no per odo de mar o de 2007 a fevereiro de 2008 embora as atividades propriamente ditas tenham se desenvolvido apenas no 2 semestre de 2007 BRAND O Helena N A articula o g neros do discurso e ensino In F VERO Leonor L org L ngua portuguesa pesquisa e ensino S o Paulo EDUC FAPESP 2007 v II p 157 168 BRUN Edna P A inter rela o tipo e g nero na forma o de alunos produtores de textos Campo Grande MS CCHS UFMS 2008 Disserta o de mestrado ightCHAR AUDEAU Patrick Grammaire du sens et de expression Paris Hachette 1992 Visadas discursivas g neros situacionais e constru o textual In MACHADO Ida L cia MELLO Renato de orgs G neros reflex es em an lise do discurso Belo Horizonte NAD POSLIN FALE UFMG 2004 CHAVES Aline Quel cadre th orique pour analyser Vintertextualit intrag n rique dans le discours m diatique presse e publicit
5. Logo se levarmos em conta esse aluno leitor ativo descrito por Bertrand teremos que admitir que os par metros que normatizam os g neros levando nos a reconhec los e a operar produtivamente com eles n o apagam o papel ativo dos sujeitos que podem respeitar esses g neros mas tamb m podem subvert los ou transgredi los como prop e Charaudeau 1992 para quem o texto se produz como resultado de uma confronta o entre as coer es do g nero e as estrat gias assumidas pelo locutor Nessa mesma perspectiva Marcuschi 2002 afirma que se os g neros enquanto entidades s cio discursivas contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia eles n o constituem instrumentos estanques e enrijecedores da a o criativa Trata se ao contr rio de fen menos male veis e din micos que surgem modificam se e mesmo desaparecem em fun o das necessidades e das atividades relacionadas s diferentes esferas de utiliza o da l ngua presentes numa dada sociedade Concordando com os autores citados assumimos que o g nero se situa na zona de tens o entre um conjunto de restri es ou de regularidades e um horizonte de possibilidades ou de varia es poss veis o que implica um sujeito capaz de operar sobre o convencional sobre o previamente institu do assumindo o ou subvertendo o em busca da constru o de outros novos efeitos de sentido Essa quest o passa naturalmente pela
6. Manifesto Pe a de teatro Carteira de identidade Capa de revista Pictograma Artigo de opini o Classificados Cr nica jornal stica Carta pessoallassificados Document rio Quadrinhos Panfleto pol tico Receita culin ria Poema Hor scopo Poema Estatuto Conto Narrativa b blica Declara o de amor Bula de rem dio Peti o Prega o religiosa Bula de rem dio Cart o comercial Convite Bula de rem dio Not cia informe Poema Receita culin ria Examinando o quadro 1 podemos chegar a algumas constata es ainda que parciais sobre o trabalho com a transgress o de g neros a a publicidade de fato tem se valido da transgress o como recurso para promover seus produtos destacando os no mar de ofertas que cercam o consumidor no seu dia a dia Os g neros transgressores s o bastante variados poema carta pessoal quadrinhos manual de instru o etc ultrapassando largamente o dom nio midi tico b os g neros de imprensa not cia classificados cr nica jornal stica artigo de opini o etc tamb m situados no dom nio midi tico mostram se igualmente prop cios transgress o o que faz desse dom nio um espa o privilegiado para o estudo desse fen meno c um mesmo g nero pode transgredir ou ser transgredido o que acontece por exemplo com o poema transgredido no caso do estatuto e transgressor no da publicidade da
7. encenado como uma conversa ao telefone MAINGUENEAU 2001 p 86 Transgress o intertextualidade inter g neros intertextualidade intragen rica intertextualiza o imita o capta o mudan a de cenografia A diversidade de termos conceitos ainda que haja pontos significativos de converg ncia entre eles mostra que n o se trata de uma quest o simples Ali s a dificuldade de abordar a no o mais ampla de hibridismo ou mescla de g neros corol ria da pr pria complexidade e extens o do conceito de g neros Afinal de contas nem sempre f cil decidir sobre os limites entre um g nero e outro reconhecer subg neros no interior de um g nero maior e mesmo arrolar crit rios que permitam enquadrar um determinado texto discurso num g nero x e n o num g nero y Essa dificuldade leva Mari amp Silveira 2004 p 65 a admitirem que a concep o de g neros apresenta uma mobilidade pr tica ou uma funcionalidade intuitiva inversamente proporcional sua clareza conceitual Ou seja mesmo n o sabendo explicitar o que entendem por g neros os usu rios s o capazes de reconhec los e de operar de forma produtiva com os diferentes g neros que circulam socialmente percebendo inclusive as transmuta es que sofrem e as quebras de expectativa que os afetam Afirmando que um dos problemas centrais no cruzamento de g neros em um texto exatamente reconhecer o fen meno Miranda 2004 p 1048 se per
8. exist ncia de g neros mais ou menos padronizados 2 Na esteira de Bakhtin Se a reflex o sobre os g neros de discurso remonta Antigiiidade Cl ssica a Bakhtin j no s culo XX que devemos sua retomada e amplia o para al m das tradi es da Ret rica e da Po tica O autor tornou se assim n o apenas uma refer ncia para grande parte dos pesquisadores das ci ncias da linguagem como atesta o grande n mero de trabalhos vinculados a disciplinas que v o da Teoria Liter ria An lise do Discurso e que via de regra retomam em maior ou menor grau as concep es do te rico russo mas tamb m para o ensino de l nguas como comprova a incorpora o da no o de g neros de inspira o bakhtiniana nos PCNs Segundo Bakthin 1992 p 279 287 quando o locutor utiliza a l ngua numa determinada esfera da atividade humana ele o faz sob a forma de enunciados orais e escritos concretos e nicos que passam a refletir as condi es espec ficas e as finalidades de cada uma delas O enunciado tomado pois como a unidade real da comunica o verbal defini o essa que o aproxima da concep o atual de texto Nessa perspectiva os enunciados refletem as condi es espec ficas e as finalidades de cada uma dessas esferas por seu conte do tem tico que remete aos assuntos das diferentes atividades humanas por seu estilo sele o operada nos recursos lexicais fraseol gicos e gra
9. pesquisadores tem se debru ado sobre o estudo dos g neros buscando descrever suas especificidades e mostrar seu funcionamento Al m disso eles v m ganhando cada vez mais um espa o consider vel no ensino da l ngua materna sobretudo com o aval dos Par metros Curriculares Nacionais de L ngua Portuguesa PCNs 1998 No entanto vemos que a escola tem se pautado por uma tica mais tradicional no para o ensino dos g neros focalizando muito mais as coer es as regularidades do que a liberdade de que o sujeito falante disp e para operar com eles Com isso ela acaba por adotar um vi s normativo na abordagem dos g neros vi s muito pr ximo ali s daquele assumido para o ensino de gram tica FIORIN 2006 p 60 Apenas para citarmos um exemplo a pesquisa de Brun 2008 constatou que em quatro livros volume nico de L ngua Portuguesa para o Ensino M dio todos recomendados pelo PNLEM 2006 havia um nico exerc cio num deles focalizando a hibridiza o ou mescla de g neros Al m disso n o podemos perder de vista que o aluno leitor de textos e g neros n o pode mais ser visto como uma inst ncia abstrata ou universal que recebe apenas de forma passiva os sentidos depositados no texto mas antes como um centro do discurso que constr i interpreta avalia aprecia compartilha ou rejeita as significa es BERTRAND 2005 No presente trabalho partiremos das concep es de Bakhtin rumo ao quadro ma
10. transformar se num outro g nero Essa vertente desenvolvida amplamente por Del Isolla 2007 implica por exemplo transformar uma reportagem sobre moradia num regulamento de condom nio ou uma not cia numa tira humor stica Aqui a transforma o se d por completo a forma e a fun o do g nero primeiro s o substitu das pelas do g nero segundo c A transgress o quando um g nero assume a fun o de outro emprestando lhe ao mesmo tempo sua forma Por exemplo um an ncio publicit rio sob a forma de um verbete de dicion rio vide LARA 2005 2006 ou um convite sob a forma de uma bula de rem dios Nos dois casos mant m se a fun o do g nero primeiro o que denominamos transgredido vender um dado produto ou convidar algu m para um evento Essas fun es s o assumidas ent o pelo g nero transgressor no caso o verbete e a bula Ou seja h uma esp cie de camuflagem de um g nero por outro portanto a perspectiva c que nos interessa aqui Como se v ela retoma com pequenas modifica es sobretudo terminol gicas aquilo que Marcuschi 2002 na esteira de Ursula Fix chama de intertextualidade inter g neros Trata se do aspecto da hibridiza o ou mescla de g neros em que um g nero assume a fun o de outro o que subverte o modelo global de um g nero pela viola o de seus c nones MARCUSCHI 2002 p 31 Citando como exemplo desse fen meno o caso em que um artigo de opini o assum
11. Simp sio Internacional de V S F Estudos de G neros Textuais International Symposium on Genre Studies O Ensino em Foco Agosto de 2009 Caxias do Sul RS Brasil ISSN 1808 7655 UMA PROPOSTA PARA A ABORDAGEM DOS G NEROS EM SALA DE AULA Glaucia Muniz Proen a Lara Doutora em Semi tica e Ling stica Geral Faculdade de Letras UFMG gmplara O gmail com Resumo Retomando as concep es de M Bakhtin no quadro dos estudos textuais discursivos propomos que a abordagem dos g neros na escola se d n o a partir de suas regularidades o que tem sido feito tradicionalmente mas do ponto de vista da transgress o no o inspirada na intertextualidade inter g neros de L Marcuschi que ocorre quando um g nero assume a fun o ou a forma de outro Essa proposta tem a vantagem de favorecer uma reflex o mais cr tica e profunda sobre a no o de g neros pois leva os alunos a reconhecerem as especificidades de diferentes g neros observando ao mesmo tempo como elas se articulam e se desviam na constru o de determinados efeitos de sentido de humor de surpresa etc Como pretendemos mostrar experi ncias desenvolvidas com alunos de Letras e cursos afins da UFMG t m se mostrado produtivas como forma de contribuir para a forma o de leitores produtores de textos proficientes na utiliza o dos g neros em diferentes situa es Palavras chave discurso g neros transgress o e
12. abordar o cruzamento de g neros usa o termo intertextualiza o definindo a da seguinte maneira Este processo pode ser sumariamente definido como aquele em que se estabelece uma rela o de co presen a entre elementos ou tra os associ veis a par metros de textualiza o que relevam de g neros textuais diferenciados dois ou mais no espa o de um nico texto Em outras palavras um dado texto que se inscreve em um g nero textual determinado recorre intertextualiza o quando introduz tra os que se associam a outros g neros diferentes do pr prio MIRANDA 2007 p 1047 Cabe esclarecer que intertextualiza o e intertextualidade n o se confundem a intertextualidade tomada em sentido estrito implica p r em co presen a dois ou mais textos emp ricos em um mesmo espa o textual MIRANDA 2007 p 1047 N o envolve portanto g neros como a intertextualiza o mas textos emp ricos A autora retoma ainda o conceito de intertextualidade inter g neros proposto por Marcuschi 2002 na esteira de Fix para lembrar que embora tal no o se aproxime da de intertextualiza o esta n o se limita aos casos em que existe uma mescla de formas e fun es de g neros como prop e Marcuschi Trata se portanto de uma no o mais ampla em que o g nero convocado ou hipog nero pode preencher a totalidade do texto pastiche global de um g nero ou ser integrado como parte s do texto Nesse
13. caso o hipog nero serve de alguma forma aos interesses do hiperg nero ou seja do g nero convocante Finalmente Maingueneau 1993 p 102 104 ao estudar os fen menos da heterogeneidade discursiva prop e a no o de imita o que segundo ele pode incidir sobre um texto particular e seu g nero ou apenas sobre um g nero n o remetendo portanto a nenhum texto espec fico Seriam duas as formas de imita o de textos e ou de g neros capta o e subvers o Acreditamos que a no o de transgress o aqui proposta aproxima se mais da no o de capta o de Maingueneau uma vez que por subvers o o autor entende a Al m disso o hipog nero pode ser atualizado caso em que se at m aos par metros do g nero ou ficcionalizado quando introduz elementos n o previstos no g nero em quest o Essa ltima no o se aproxima do que chamamos de estiliza o em outro trabalho vide LARA 2007 entendendo tal no o de forma simplificada como o ato ou efeito de modificar suprimindo substituindo e ou acrescentando elementos para obter determinado s efeito s est tico s cf Novo Dicion rio da L ngua Portuguesa p 721 No caso tratava se de um an ncio publicit rio de uma institui o banc ria g nero funcional sob a forma de uma f bula que no entanto apresentava par metros um pouco diferenciados dos de uma f bula tradicional protot pica desqualifica o de um texto g nero no pr
14. cial etc 5 natureza dos objetivos Depois disso 3 etapa os alunos escolhem livremente textos transgressivos e os analisam da mesma maneira ou seguindo a mesma metodologia por m sem a ajuda do professor Os trabalhos feitos geralmente em grupo s o apresentados em forma de semin rio e incluem ainda a produ o de um texto que envolva a transgress o utilizando se nesse caso os mesmos g neros do texto tomado como objeto de an lise ou n o A t tulo de ilustra o listamos abaixo vide quadro 1 aleatoriamente e sem a preocupa o de exaustividade alguns exemplos de textos transgredidos e transgressores que foram trabalhados pelos alunos de gradua o e de p s gradua o de algumas turmas que assumimos desde mar o de 2007 em disciplinas como Oficina de textos e Introdu o an lise do discurso A autora tamb m distingue os marcadores auto referenciais os que explicitam o g nero do texto como as etiquetas colocadas no peritexto entrevista carta do leitor etc e os inferenciais aqueles que indicam os par metros gen ricos de modo impl cito ou indireto como o l xico a sintaxe e a organiza o enunciativa etc como o caso dos marcadores que acabamos de descrever cf MIRANDA 2007 p 1048 1049 Quadro 1 G nero transgredido G nero transgressor Anuncio publicit rio Poema Carta pessoal Quadrinhos Manual de instru es Teste de m ltipla escolha
15. da quanto ao amor e poss veis suspeitas de enrola o Siga a orienta o do seu m dico respeitando sempre os hor rios as doses e a dura o do tratamento Interrup o do tratamento Ap s iniciado o tratamento n o pode ser interrompido sem a autoriza o de seu m dico TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIAN AS Rea es adversas Informe ao seu m dico o surgimento de ci mes excessivos inseguran a sensa o de aus ncia de saudade falta de aten o dores fortes no peito vontade de chorar e qualquer impress o que remeta a tristeza Esses sintomas n o s o compat veis com o resultado esperado pelo medicamento e caso ocorram deve ser investigado o motivo possibilitando o aumento da dosagem Ingest o concomitante com outras subst ncias AmortecQ reage bem com subst ncias alco licas especialmente aquelas que criam clima de romance como champanhe e vinho Caso associe o tratamento a doses di rias de doces os resultados ser o mais r pidos e mais eficazes Contra indica es Durante o tratamento o paciente deve manter se extremamente longe de tietes Caso ele se encontre perto desse tipo de subst ncia o AmortecQ perde sua efic cia e pode gerar efeito contr rio sendo extremamente prejudicial sa de daquele que ingere a medica o e daqueles ao seu redor Caso o paciente se mantenha longe da fonte de amor por muito tempo as rea es esperadas ir o diminuindo progressivamente s
16. e o formato de um poema o autor afirma que n o haveria dificuldades interpretativas uma vez que o predom nio da fun o supera a forma na determina o do g nero Assim o leitor recuperaria sem maiores problemas o g nero funcional artigo de opini o apesar de o formato remeter a um outro g nero Chaves 2008 por sua vez prefere falar de intertextualidade intragen rica para se referir ao comportamento heterog neo de certos g neros discursivos sobretudo daqueles que est o menos submetidos a uma coer o prescritiva da parte do dom nio discursivo que os produz A express o intertextualidade intragen rica como explica a autora foi forjada pela O uso dos termos transgressor e transgredido tal como foram aqui definidos bastante c modo no momento da an lise Reconhecemos no entanto a fragilidade da distin o que depende antes de mais nada do ponto de vista assumido poderia perfeitamente ser o contr rio numa outra perspectiva articula o da dimens o dialogal intragen rica proposta por Brand o 2007 com a intertextualidade inter g neros de Marcuschi 2002 Ter amos assim um tipo particular de intertextualidade em que um g nero enunciante GE assume a forma e por vezes mesmo a fun o de um outro g nero efetivamente enunciado GE cuja cena gen rica protot pica pertence a um dom nio discursivo exterior CHAVES 2008 p 2 J Miranda 2007 ao
17. edicamento leia esta Bula com aten o TEXTO 3 Amortec amor fortalecedor FORMA FARMACEUTI CA E APRESENTA O C psulas 12mg embalagens com 62 unidades Uso oral Uso adulto COMPOSI O Cada c psula de Amortec 12mg cont m amor fortalecedor na forma triidratada compactada m s m ssm smi memre L2MO Excipientes q 5 p cu C psula INFORMA ES AO PACIENTE A o esperada do medicamento AmortecQ indicado para casos de car ncia e de falta de carinho Embora apresente mimos excessivos em sua composi o h casos de meninos bobos que ainda se sentem judiados e pouco amados Nesses casos alie ao tratamento uma terapia intensa de beijos Cuidados de conserva o Manter em temperatura ambiente 15 C a 30 C Proteger da luz e manter em local seco Prazo de validade O n mero do lote e a data de fabrica o est o impressos no r tulo do medicamento N o necess ria a preocupa o com a validade do medicamento AmortecQ foi especialmente desenvolvido para durar para sempre Gravidez e lacta o Casos de gravidez podem causar turbul ncias no tratamento com amor fortalecedor Por m n o suspenda o tratamento pois ele pode auxiliar em crises ocorridas nesse per odo Em 8 semanas os maus sintomas tendem a desaparecer naturalmente Cuidados de administra o Antes de iniciar o tratamento deve ser feito exame geral detalhado procurando eliminar qualquer suspeita de d vi
18. gunta como poss vel identificar os g neros em intera o Ora como a pr pria autora responde o reconhecimento do que ela chama intertextualiza o poss vel pela presen a dos marcadores de g nero Trata se de pistas semi ticas verbais como o l xico a sintaxe a posi o enunciativa ou n o verbais como a apresenta o do material e a varia o crom tica que permitem ao leitor identificar os par metros que apontam para um dado g nero por isso que num an ncio publicit rio de uma cacha a que assume o formato de um verbete de dicion rio marcas como a express o ritualizada Consuma com modera o ou o endere o eletr nico para a aquisi o do produto permitem resgatar o g nero publicidade camuflado pelo verbete vide LARA 2005 2006 Ali s Miranda 2004 p 1048 destaca que nos casos de pastiches que incidem sobre a totalidade do texto casos que tratamos como transgress o podem ocorrer apenas marcadores do hipog nero ou g nero transgressor na nossa terminologia sendo o hiperg nero ou g nero transgredido para n s recuper vel por outros aspectos que n o os semi ticos como os elementos situacionais produtor suporte etc por exemplo Apesar das dificuldades que um trabalho com a mescla de g neros suscita os pontos de vista de Mari amp Silveira 2004 e de Miranda 2007 mostram que poss vel adotar essa abordagem para o ensino de g neros na pela escola ao inv
19. igioso antirreligioso Dica Nessas palavras as letras s e r devem ser dobradas Reserve o h fen para palavras em que o prefixo termina em r ou s como hiper sens vel e super requintado Bata todos os ingredientes no liquidificador despeje numa gram tica e coloque na geladeira Sirva gelado para n o esquentar a cabe a de ningu m TEMPO DE PREPARO Mais ou menos 2 anos RENDIMENTO 8 por es divididas para a CPLP Comunidade dos Pa ses de L ngua Portuguesa Brasil Portugal Angola Mo ambique Cabo Verde Guin Bissau S o Tom e Pr ncipe e Timor Leste gt Texto produzido pelas alunas B rbara do Vale Daiane Evelyn Denize Frade Grace Alves e Ta s Dutra REGRA RS SO SR TEXTO 2 HOR SCOPO DO ARIANO Se a sorte puder ajudar E voc ouvir o que digo Ariano ou ariana filhos de Marte prestem bastante aten o Os assuntos materiais E as finan as hoje s o a quest o Olhe pra frente e ver seu futuro tra ado Na palma de sua m o Quanto ao trabalho renove se Tudo vai de acordo com os objetivos tra ados Deixe as ang stias de lado e sorria pros de agora ent o Amor qual o qu Ariano e ariana saibam Contenham a emo o e o apego a quem se ama A liberdade e o respeito o que se deve fazer valer gt Texto produzido pelas alunas Alessandra Deusdete de Jesus Ana Rachel Le o Carolina Fonseca e Caterina Picorelli Para evitar o uso impr prio do m
20. is amplo das teorias do texto do discurso buscando propor uma metodologia alternativa para o ensino dos g neros na pela escola abord los n o a partir de suas regularidades o que tem sido feito tradicionalmente mas do ponto de vista da transgress o isto da hibridiza o ou mescla de g neros em um mesmo espa o textual tal como explicaremos detalhadamente na se o 3 Essa abordagem alternativa tem a vantagem de favorecer uma reflex o mais cr tica e profunda sobre a no o de g neros uma vez que leva os alunos a reconhecerem as especificidades de diferentes g neros observando ao mesmo tempo como elas se articulam e se desviam na constru o de determinados efeitos de sentido de humor de surpresa etc Embora reconhe amos que texto e discurso n o se equivalem uma vez que o texto constitui a materializa o do discurso consistindo pois na jun o de um plano de conte do o do discurso com um plano de express o cf FIORIN 1995 n o tra aremos no presente trabalho uma fronteira r gida entre as duas no es tomando as como as duas faces de uma mesma moeda o que nos permitir falar indiferentemente de g neros discursivos do discurso ou de g neros textuais Trata se evidentemente de uma situa o confort vel pois nos permite incorporar contribui es de pesquisadores ligados a disciplinas diferentes como por exemplo a Lingu stica Textual e a An lise do Discurso Francesa
21. maticais da l ngua e por sua constru o composicional que corresponde grosso modo estrutura textual e s rela es que se instituem entre os parceiros da comunica o As esferas de utiliza o da l ngua passam pois a compor um repert rio de tipos relativamente est veis de enunciados que s o os g neros do discurso BAKHTIN 1992 p 279 Esses g neros s o considerados inesgot veis pela riqueza e variedade que representam a partir das in meras esferas de atividades humanas e pela capacidade de ampliar se a partir dos tipos est veis O conceito de g neros adquire pois um car ter mais amplo referindo se tamb m aos textos que empregamos nas situa es cotidianas de comunica o Vemos que a defini o de g nero proposta por Bakhtin atesta sem d vida alguma uma certa estabilidade ou normatividade nas produ es verbais dos falantes No entanto ao caracterizar os g neros como tipos relativamente est veis de enunciados o autor abre espa o para a transgress o uma das formas de hibridiza o de g neros quest o que nos interessa mais de perto no presente trabalho 3 Transgress o o que como se faz Embora transgredir seja um termo forte tomado no sentido corrente como desobedecer a deixar de cumprir infringir violar postergar como consta do Novo Dicion rio Aur lio da L ngua Portuguesa FERREIRA 1985 p 1701 preferimos tom lo nesta outra acep o tamb m presen
22. me a fun o do outro emprestando lhe ao mesmo tempo sua forma Portanto para n s n o basta a presen a de tra os de um outro g nero para caracterizar a transgress o como acontece em propostas mais amplas como o caso da intertextualiza o ou da mudan a de cenografia abordadas no item 3 A identifica o dos g neros que se cruzam depende como vimos dos marcadores de g nero No trabalho aqui descrito assumimos os tr s componentes propostos por Bakhtin conte do tem tico estilo verbal acrescido de elementos n o verbais se for o caso e constru o composicional Outra possibilidade seria adotar a proposta de Miranda 2007 que fala de marcadores composicionais que remetem organiza o do plano de texto t tulos figuras legendas disposicionais ou materiais como a varia o tipogr fica e a pagina o interativos que implicam redund ncias entre o verbal e o n o verbal tem ticos que resultam da organiza o l xico sem ntica enunciativos relacionados aos indicadores de pessoa tempo e espa o estrat gicos ou intencionais atos de linguagem presen a ou aus ncia de elementos valorativos etc Ou ainda observar os aspectos arrolados por Marcuschi 2002 1 natureza da informa o do conte do veiculado 2 n vel de linguagem formal informal etc 3 tipo de situa o p blica particular solene etc 4 rela o entre os participantes conhecidos desconhecidos de mesmo n vel so
23. miliarizar os alunos com a concep o de g neros e com a no o correlata de transgress o ou similar Embora essa ltima no o n o seja ainda muito explorada no mbito das teorias do texto do discurso dispomos de excelente material te rico metodol gico como mostram os trabalhos e autores citados na se o anterior ver refer ncias completas no final do artigo Em seguida 2 etapa buscamos aplicar as no es estudadas em textos emp ricos de um banco de dados que estamos organizando e que pretendemos disponibilizar aos professores pesquisadores interessados na etapa final do projeto prevista para 2010 Alguns exemplos desses textos podem ser consultados em LARA 2005 2006 2007 Nessa perspectiva diante de textos em que ocorre transgress o os alunos com o aux lio do professor s o levados a identificar as especificidades do g nero transgressor ou seja aquele que empresta a forma tamb m chamado de hipog nero ou de g nero enunciado em outras abordagens e do g nero transgredido isto aquele que mant m a fun o hiperg nero ou g nero enunciante Por exemplo no caso de um artigo de opini o apresentado sob a forma de uma carta o g nero funcional artigo de opini o seria o transgredido e a carta o g nero transgressor j que ele camufla o primeiro ocupando a totalidade do espa o textual Lembramos que por transgress o entendemos o processo em que ocorre uma mescla de g neros na qual um deles assu
24. mundo Porque n s somos c mplices um do outro Porque eu n o tenho vergonha de voc e posso ser eu mesma ao seu lado Porque ao seu lado sinto me a mulher mais completa Porque nosso amor cresce cada dia Porque voc n o desistiu de mim mesmo depois de crises Porque voc meu menino s meu Porque voc voc INDICA ES Casos agudos de car ncia em garotos bobos que necessitam serem mimados a todo instante PRECAU ES E ADVERT NCIAS Antes de iniciar o tratamento com Amortec devem ser feitos exames e caso contestada a necessidade de tratamento com o medicamento o paciente dever passar constantemente por exames para a averigua o dos efeitos obtidos Intera es Medicamentosas AmortecQ n o pode ser ingerido junto a nenhum outro tipo de amor ou carinho Posologia Ingerir primeiramente uma c psula de muito amor vermelha para iniciar o tratamento A partir de ent o ingerir nova c psula de 12 em 12 horas alternando as motivos pelos quais eu te amo muito amor motivos pelos quais eu te amo Superdosagem A superdosagem pode causar amor excessivo saudade incontrol vel e poss veis dores devido car ncia Somente o tempo poder normalizar a situa o VENDA SOB PRESCRI O M DICA gt Texto produzido pela aluna L via Pimenta 3K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K
25. nsino R sum En reprenant les conceptions de M Bakhtine dans le cadre des tudes textuelles discursives nous proposons l enseignement des genres l cole non pas du point de vue de leurs r gularit s comme on fait traditionnellement mais partir de la transgression notion inspir e de la intertextualit inter g n rique de L Marcuschi comprise comme la situation dans laquelle un genre prend la fonction ou la forme d un autre Cette approche favorise une r flexion plus critique et plus profonde sur la notion de genres parce qu elle permet aux l ves de reconna tre les sp cificit s des diff rents genres et au m me temps d observer comment celles ci s articulent et se d tournent pour construire des effets de sens d humeur de surprise etc Comme nous avons l intention de montrer quelques exp riences d velopp es avec des tudiantes de Lettres et autre cours similaires de P UFMG prouvent l efficacit de cette approche pour la formation de lecteurs producteurs de textes capables de bien utiliser les genres dans des diff rentes situations Mots cl s discours genres transgression enseignement 1 Introdu o Os g neros do discurso fazem parte da nossa vida Como afirma Marcuschi 2002 p 22 imposs vel se comunicar verbalmente a n o ser por algum g nero Tornam se por essa raz o merecedores de aten o e an lise Constatamos assim que um n mero cada vez maior de
26. os de regularidades discursivas que como tais se prestam a deslocamentos desvios e rupturas Ali s o pr prio Bakhtin parece j ter previsto essas possibilidades quando conceituou os g neros como tipos relativamente est veis de enunciados elaborados pelas diferentes esferas de utiliza o da l ngua Essa margem poss vel de manobra de que o sujeito disp e para trabalhar com e sobre os g neros que propicia uma abordagem alternativa como a que aqui se prop e Se queremos formar leitores produtores de textos mais cr ticos e din micos cidad os que se integrem plenamente ao contexto atual globalizado em que a mobilidade grande precisamos fornecer lhes instrumentos adequados para transitar entre diferentes g neros e dom nios reconhecendo e respeitando suas especificidades mas tamb m sendo capazes de jogar com elas subvertendo as transgredindo as em busca de determinados efeitos de sentido Para n s a quest o fundamental que se coloca pois a de buscar a articula o entre as coer es e o espa o de liberdade do sujeito enunciador no trabalho com os g neros investindo mais nesta do que naquelas se queremos formar o aluno leitor e acrescentamos produtor de textos ativo de que nos fala Bertrand 2003 Como afirma Charaudeau 2004 p 19 aceitar que existem g neros reconhecer que a produ o linguageira submetida a restri es Mas em que n vel estas restri es interv m
27. prio movimento de sua imita o o que lembra a par dia Ora nos textos com que trabalhamos at agora oriundos de diferentes dom nios publicit rio de imprensa cient fico administrativo liter rio etc os g neros transgressores agem muito mais no sentido de valorizar ou refor ar os g neros transgredidos construindo efeitos de sentido diversos de surpresa de estranhamento de humor etc do que no sentido de desqualific los Esta evidentemente uma possibilidade que n o pode ser descartada a priori quando falamos de transgress o mas que n o ocorreu nos corpora que j examinamos No entanto Maingueneau n o aceita a id ia de transgress o de g neros O que ocorre na sua opini o uma mudan a de cenografia nos g neros menos padronizados Quanto a essa quest o o autor prop e quatro modos de genericidade institu da que v o do modo I mais padronizado como o caso de fichas administrativas cat logo telef nico registros de cart rio etc ao modo IV mais criativo o que remete aos g neros liter rios Nos modos intermedi rios estariam os g neros que seguem uma cenografia preferencial ou esperada mas toleram desvios modo Il como por exemplo um programa pol tico eleitoral em forma de carta ou aqueles que incitam inova o modo III n o apresentando portanto uma cenografia preferencial embora com o tempo possam tornar se estereotipados como ocorre em publicidades m sicas e
28. programas de TV MAINGUENEAU 2004 p 50 53 Assim ter amos textos que se limitariam a cumprir seu contrato gen rico como os do modo I acima e outros que por incitarem inova o requerem a inven o de cenografias variadas caso em que um g nero poderia assumir integralmente o formato de outro como o exemplo apresentado no modo II acima que tomar amos como transgress o ou apenas introduzir elementos n o esperados pelos nos par metros de um dado g nero Isso ocorre no exemplo citado pelo autor MAINGUENEAU 2001 p 89 de um guia de turismo que embora siga as normas impostas pelo g nero defini o de lugares dignos de ser visitados informa es pr ticas como hor rio de funcionamento acesso etc n o se limita a cumprir uma cena gen rica do tipo did tico habitual no g nero guia ao contr rio p e em cena o estilo falado de um enunciador jovem que se dirige a outros jovens no estilo mochileiro o que resulta numa cenografia original Diante disso o que chamamos de transgress o seria um caso particular de mudan a de cenografia Lembramos que para o autor seriam tr s as cenas da enuncia o 1 a cena englobante dom nio de discurso 2 a cena gen rica g nero do discurso 3 a cenografia ou seja aquilo com que se defronta o leitor diretamente sendo portanto uma cena constru da pelo pr prio texto o que implica que um an ncio publicit rio de um produto para emagrecer possa ser
29. receita culin ria da not cia e do hor scopo d mesmo os g neros mais padronizados como a bula de rem dios ou a carteira de identidade s o pass veis de transgress o mas ao que tudo indica eles aparecem preferencialmente na posi o de transgressores e a transgress o n o se limita a um mesmo dom nio havendo intensa circula o entre g neros oriundos de dom nios diferentes Por exemplo um panfleto dom nio pol tico pode transformar se em quadrinhos dom nio midi tico ou uma prega o dom nio religioso pode assumir a forma de uma bula de rem dios dom nio cient fico A t tulo de ilustra o apresentamos em anexo tr s exemplos dentre os muitos que constam do nosso acervo de textos transgressivos de diferentes g neros que foram produzidos por alunos de gradua o em Letras UFMG de duas turmas uma de Oficina de textos em l ngua portuguesa e a outra de Introdu o an lise do discurso disciplinas por n s oferecidas no 1 semestre de 2008 Analisando os percebemos que seus autores de fato compreenderam a transgress o e foram capazes de operar produtivamente com ela o que comprova a efic cia do ensino de g neros pelo vi s alternativo que estamos propondo Pode se alegar que por se tratar de uma abordagem que envolve maior complexidade ela seria pouco vi vel para alunos do Ensino B sico No entanto foi realizado com alunos da Oficina de Alfabetiza o e Letramento Digital Cen
30. s de assumir a postura mais tradicional de estud los apenas pelo vi s de suas regularidades e coer es Mesmo porque para transgredir nos moldes que estamos propondo preciso que os alunos leitores e produtores de textos reconhe am antes os par metros gen ricos ou os condicionamentos dos g neros que se cruzam num mesmo espa o textual Na pr xima se o descreveremos o trabalho que temos realizado com alunos de gradua o e de p s gradua o de Letras e cursos afins no mbito do projeto maior G neros do discurso e ensino que vimos desenvolvendo na Faculdade de Letras da UFMG desde mar o de 2007 Terminaremos apresentando alguns textos envolvendo a transgress o que foram produzidos pelos pr prios alunos participantes 4 Experimentando a transgress o Nosso trabalho tem privilegiado textos do dom nio midi tico sobretudo textos publicit rios uma vez que se trata de g neros menos padronizados modo III de genericidade institu da na vis o de MAINGUENEAU 2004 e portanto mais prop cios transgress o ou mudan a de cenografia como prop e o autor Chaves 2008 por sua vez admite que a mescla de g neros ou a intertextualidade intragen rica como prefere corresponde atualmente a uma estrat gia cada vez mais recorrente no discurso midi tico Da nossa prefer ncia por esse dom nio embora como se ver mais adiante n o nos restrinjamos a ele O passo inicial 1 etapa fa
31. te no mesmo dicion rio Passar al m de atravessar o que no mbito do presente trabalho implica ir al m de um dado g nero ultrapass lo para construir outros novos efeitos de sentido Veremos que alguns autores que se t m debru ado sobre essa quest o usam terminologias diferentes para conceitos que muitas vezes se aproximam dos nossos A t tulo de ilustra o citaremos alguns deles Mas antes queremos deixar claro que quando se pensa num trabalho que envolve dois ou mais g neros pelo menos tr s vertentes s o poss veis Segundo Marcuschi 2002 p 29 pesquisas feitas por linguistas alem es chegaram a arrolar mais de 4000 g neros o que atesta n o apenas a riqueza desses artefatos lingii stico discursivos mas tamb m nossa incapacidade de apreend los em sua totalidade Da segundo o autor a desist ncia cada vez maior de teorias com pretens o a uma classifica o geral dos g neros a A incorpora o quando um g nero se articula a outro para refor lo o que ocorre por exemplo quando um an ncio publicit rio de produtos de beleza abre espa o para depoimentos de consumidores as Nesse caso cada um dos dois g neros publicidade e depoimento mant m sua autonomia de forma e fun o apontando no entanto para uma fun o maior que pr pria do primeiro a de vender tais produtos b A retextualiza o quando um texto de um dado g nero reescrito de modo a
32. tro Comunit rio do Barreiro Belo Horizonte um trabalho de leitura e interpreta o de textos midi ticos sobretudo an ncios publicit rios sob a tica da transgress o e os resultados tamb m se mostraram satisfat rios apesar de os alunos terem apresentado um grau maior de dificuldade na produ o do texto transgressivo Isso sugere a necessidade de mais tempo para desenvolver esse tipo de experi ncia no Ensino B sico sobretudo quando se trata de turmas mais fracas como foi o caso n o invalida por m a nossa proposta A Oficina de Letramento e Inclus o Digital CAC Barreiro inclui se entre as atividades realizadas pelo Programa de Ensino Pesquisa e Extens o A tela e o texto Faculdade de Letras UFMG que tem como principal objetivo melhorar o n vel de leitura da popula o de baixa renda A oficina em quest o conta com um p blico bastante heterog neo adolescentes do Programa de Liberdade Assistida pacientes de sa de mental e pessoas da terceira idade o que pode explicar as dificuldades de escrita apresentadas por seus integrantes alunos O trabalho orientado por n s foi conduzido pela professora da turma Juliana Xavier de Castro ent o aluna de 5 Conclus o Os g neros do discurso tomados como formas socialmente maturadas em pr ticas comunicativas funcionam como geradores de expectativas de compreens o m tua MARCUSCHI 2002 p 35 N o s o no entanto algo pronto e acabado mas conjunt

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